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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL Concepção e projeto estrutural para construções de múltiplos pavimentos: definição, elementos estruturais, métodos de cálculo. Paulo Sérgio Borro Alcântara Júnior Trabalho apresentado ao departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de São Carlos como requisito para obtenção do grau de Engenheiro Civil. Orientador: Prof. Dr. Jasson R. de Figueiredo Filho São Carlos DEZEMBRO DE 2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

Concepção e projeto estrutural para construções de múltiplos pavimentos: definição,

elementos estruturais, métodos de cálculo.

Paulo Sérgio Borro Alcântara Júnior

Trabalho apresentado ao departamento de

Engenharia Civil da Universidade Federal de

São Carlos como requisito para obtenção do

grau de Engenheiro Civil.

Orientador: Prof. Dr. Jasson R. de

Figueiredo Filho

São Carlos

DEZEMBRO DE 2011

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a meus pais e todas as pessoas

que, de alguma forma, cooperaram

para que eu chegasse até aqui.

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AGRADECIMENTOS

Meus sinceros agradecimentos a todos os professores do Departamento de Engenharia

Civil da Universidade Federal de São Carlos por compartilhar seus conhecimentos com

todos os alunos, preparando-os para a vida, tanto profissional como pessoal.

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RESUMO

Devido à base teórica da área de estruturas ainda ser bastante limitada nos cursos

de graduação em Engenharia Civil no Brasil, este trabalho vem trazer uma combinação de

sistemas, modelos e análises estruturais a fim de disseminar conhecimentos importantes

sobre a concepção estrutural de edifícios em concreto armado. Não há um aprofundamento

muito grande como exemplos de cálculos, mas sim uma quantidade de informações teóricas

suficientes para enriquecer a base de conhecimento do aluno graduando em Engenharia

Civil. O trabalho trouxe uma revisão das matérias de concreto, seguido de informações

sobre diversos sistemas de lajes (onde implantar, como funciona, viabilidade, dentre outros).

Fala-se também dos sistemas de contraventamento, métodos de para se resolver estruturas

em concreto armado e tipos de análises que podem ser realizadas. Por fim, passa-se pela

teoria de análise global, citando os pontos importantes e porque devemos considerá-la.

Palavras-chave: estruturas, concreto armado

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ABSTRACT

Since the theoretical basis of the structures area is still quite limited in undergraduate

courses in Civil Engineering in Brazil, this work brings a combination of systems, models and

structural analysis in order to disseminate important knowledge about the structural design of

reinforced concrete buildings. There isn’t a depth of calculations but a sufficient amount of

information to enrich the theoretical knowledge base of students of Civil Engineering. The

work brings a review of concrete structures, followed by information about various systems of

slabs (where to deploy, how it works, feasibility, among others). There is also talk of bracing

systems, methods for solving concrete structures and types of analysis can be performed.

Finally, we go by the theory of global analysis, citing the important points and why we should

consider it in the analysis.

Key-words: structure, concrete

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Domínios de deformação de ruína .............................................................. 6

Figura 2 - Principais elementos estruturais de um edifício .......................................... 7

Figura 3 - Lajes trabalham como placas ..................................................................... 7

Figura 4 - Pilares e viga .............................................................................................. 8

Figura 5 - Laje maciça ............................................................................................... 12

Figura 6 - Viga T ........................................................................................................ 13

Figura 7 - Laje com capitéis ...................................................................................... 15

Figura 8 - Ruptura por punção .................................................................................. 15

Figura 9 - Laje cogumelo com capitel ........................................................................ 16

Figura 10 - Laje lisa sem capitel ................................................................................ 16

Figura 11 - Efeito da protensão nas lajes (SOUZA & CUNHA, 1994) ....................... 18

Figura 12 - Lajes alveolares pré-moldadas e protendidas vencendo grandes vãos (FERREIRA, 2003) ............................................................................................. 18

Figura 13 - Relação de custos entre lajes protendidas e convencionais de concreto armado (EMERICK, 2002) ................................................................................. 19

Figura 14 - Cordoalha engraxada (CAUDURO, 1997) .............................................. 20

Figura 15 - Protensão com monocordoalhas engraxadas (CAUDURO, 1997) ......... 20

Figura 16 - Lajes alveolares, painéis montados por justaposição lateral (FERREIRA, 2003) .................................................................................................................. 22

Figura 17 - Pisos pré-fabricados e coberturas de grande vãos para edifícios de uso geral (FERREIRA, 2003) .................................................................................... 23

Figura 18 - Seções transversais típicas para pisos com vigotas e blocos de preenchimento (FERREIRA, 2003) .................................................................... 24

Figura 19 - Tipos de vigota ........................................................................................ 24

Figura 20 - Painel treliçado........................................................................................ 25

Figura 21 - Enchimento de concreto celular .............................................................. 26

Figura 22 - Enchimento com lajota cerâmica ............................................................ 26

Figura 23 - Armaduras complementares ................................................................... 27

Figura 24 - Armaduras complementares superiores ................................................. 27

Figura 25 - Foto real: armaduras treliçadas, complementares e de distribuição. ...... 28

Figura 26 - Comparativo de consumo entre lajes maciças e lajes nervuradas ......... 29

Figura 27 - Laje nervurada ........................................................................................ 29

Figura 28 - Exemplo de laje lisa e laje nervurada lisa ............................................... 31

Figura 29 - Distribuição dos moldes sobre os painéis de compensado ..................... 31

Figura 30 - Moldes apoiados sobre escoras metálicas ............................................. 32

Figura 31 - Posicionamento das armaduras das nervuras e armadura de mesa ...... 32

Figura 32 - Retirando-se as fôrmas ........................................................................... 33

Figura 33 - Laje nervurada concluída ........................................................................ 34

Figura 34 - Montagem dos blocos para as lajes nervuradas moldadas "in loco" (BOCCHI JÚNIOR, 1995) ................................................................................... 35

Figura 35 – Deformação da estrutura. À esquerda: estrutura contraventada com nós rígidos. À direita: estrutura sem contraventamentos. ......................................... 37

Figura 36 - Diferentes Tipos de Contraventamentos. a) travamento em uma diagonal; b) travamento em “x”; c) travamento vertical em “k”; d) travamento com solda; e) travamento horizontal em “k”; f) travamento em grade. ....................... 38

Figura 37 - Esquema de edifício recebendo ação horizontal com contraventamento em núcleo rígido (FERREIRA, 2003) ................................................................. 39

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Figura 38 - Estruturas de contraventamento do tipo tubo de periferia: a) tubo de periferia; b) tubo de periferia associado a núcleo tubular; c) tubo de periferia associado a núcleo central (DIAS, 2004) ........................................................... 40

Figura 39 - Exemplo: grelha de vigas ........................................................................ 41

Figura 40 - Exemplo: modelo grelha de vigas e lajes ................................................ 42

Figura 41 - Modelo de BECK (1966) ......................................................................... 46

Figura 42 - Linha elástica de pilar com rigidez equivalente ao edifício ...................... 47

Figura 43 - Associação plana de painéis ................................................................... 48

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Espessuras mínimas segundo a NBR 6118 ............................................. 14

Tabela 2 - Enchimentos mais utilizados .................................................................... 25

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 1

1.1 Justificativa ................................................................................................. 1

1.2 Objetivos ...................................................................................................... 2

2. CONCEITOS GERAIS ......................................................................................... 3

2.1 Estados Limites........................................................................................... 3

2.1.1 Estado limite último ................................................................................... 4

2.1.2 Estado limite de Serviço ............................................................................ 4

2.2 Ações ........................................................................................................... 4

2.3 Carregamentos ............................................................................................ 4

2.3.1 Carregamento Excepcional ....................................................................... 4

2.3.2 Carregamento Normal ............................................................................... 4

2.3.3 Carregamento de Construção ................................................................... 5

2.3.4 Carregamento Especial ............................................................................. 5

2.4 Estádios ....................................................................................................... 5

2.5 Domínios ...................................................................................................... 5

2.6 Projeto estrutural geral ............................................................................... 6

2.7 Elementos estruturais usuais .................................................................... 7

2.8 Projetos padrões ......................................................................................... 8

2.9 Qualidade e vida útil ................................................................................... 9

2.10 Fundações ................................................................................................... 9

3. CONCEPÇÃO ESTRUTURAL DO PAVIMENTO .............................................. 10

3.1 Sistemas Estruturais ................................................................................ 11

3.1.1 Lajes, pilares e vigas ............................................................................... 11

3.1.2 Lançamento da estrutura ......................................................................... 11

3.2 Lajes ........................................................................................................... 12

3.2.1 Lajes maciças .......................................................................................... 12

3.2.2 Lajes cogumelo e lisas ............................................................................ 13

3.2.3 Lajes protendidas .................................................................................... 17

3.2.4 Lajes pré-moldadas e pré-fabricadas ...................................................... 20

3.2.5 Lajes nervuradas ..................................................................................... 29

4. ANÁLISE ESTRUTURAL .................................................................................. 36

4.1 Ações do vento e contraventamentos .................................................... 36

4.1.1 Pórticos ................................................................................................... 37

4.1.2 Pilar-parede ............................................................................................. 38

4.1.3 Sistema tubular de periferia ..................................................................... 39

4.2 Modelos estruturais .................................................................................. 40

4.2.1 Teoria da elasticidade e vigas contínuas isoladas................................... 40

4.2.2 Grelhas .................................................................................................... 41

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4.2.3 Pórticos ................................................................................................... 42

4.3 Análise estrutural ...................................................................................... 43

4.3.1 Análise linear e análise linear com redistribuição .................................... 43

4.3.2 Análise não linear .................................................................................... 44

4.3.3 Análise plástica........................................................................................ 44

4.3.4 Análise através de modelos físicos ......................................................... 45

4.4 Estabilidade global ................................................................................... 45

4.4.1 Parâmetro de instabilidade alfa ............................................................... 45

4.4.2 Coeficienta gama z .................................................................................. 49

5. CONCLUSÃO .................................................................................................... 52

6. REFERÊNCIAS ................................................................................................. 53

7. BIBLIOGRAFIA ................................................................................................. 56

7.1 Lista de imagens ....................................................................................... 56

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1. INTRODUÇÃO

Quando se descobriu o concreto armado a Engenharia Civil passou a receber grandes

avanços e tecnologias. Apesar de todo o estudo realizado durante vários anos sobre o

concreto e suas propriedades, os engenheiros ainda encontram dificuldades em analisar seu

comportamento tanto em cálculos como em ensaios de laboratório. Diante da dificuldade

encontrada, uma alternativa era dividir a estrutura em partes (vigas, pilares, lajes), pois não

havia recursos suficientes para se realizar uma análise mais detalhada. Apesar de funcionar,

este método era bastante simplista e acabava não levando em consideração vários fatores

que afetavam a estrutura no geral. Com o advento dos computadores e softwares começou-

se a realizar análises de maior complexidade e globais (todos os elementos juntos). Ficou

mais fácil visualizar estruturas complexas no espaço.

Embora toda esta tecnologia traga muitos benefícios, deve ser utilizada com cautela. O

Engenheiro Civil deve estar preparado para trabalhar com um software de análise e ter

vasto conhecimento sobre os materiais, estrutura, dentre outros itens.

O presente trabalho trás uma base sobre a concepção de um edifício em concreto

armado desde seus elementos básicos como tipos de lajes, pilares e vigas até análises

globais.

1.1 JUSTIFICATIVA

O ensino brasileiro de graduação em Engenharia Civil possui certo atraso em relação ao

cálculo de estruturas em concreto armado. Ainda ensinam-se métodos de cálculo utilizados

há décadas e que já não utilizamos em soluções atuais (para grandes edificações como

edifícios). Antigamente fazia-se uma análise isolada dos elementos para facilitar.

Despendia-se enorme quantidade de tempo e trabalho para cálculos manuais além de não

se considerar o vento (devido à dificuldade de análise dos mesmos). Visando estes

problemas, diversas soluções foram criadas e descobertas (com auxílio da computação)

para melhorar a qualidade e desempenho dos projetos estruturais. O Método de Grelhas e

Elementos Finitos proporcionou aos projetistas uma melhor visão do que realmente

acontece com a estrutura. Este tipo de solução ainda é vista praticamente em cursos de

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pós-graduação e, por este motivo, o trabalho aqui apresentado trás o conteúdo com foco

para graduandos.

1.2 OBJETIVOS

O presente trabalho possui objetivo de trazer até o aluno de graduação em

Engenharia Civil uma quantidade maior de soluções e técnicas para elaboração de projetos

de edifícios em concreto armado a fim de complementar estudo previamente realizado.

Também apresentam em seu conteúdo novas formas e aplicações realizadas em escritórios

de projetos para compatibilizar o projeto estrutural com o projeto arquitetônico.

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2. CONCEITOS GERAIS

Ao trabalhar com a engenharia civil e, principalmente na área de estruturas, se tem uma

grande preocupação com a segurança. O engenheiro projetista deve ter conhecimento

sobre o comportamento dos materiais utilizados como o concreto, o aço e também sobre os

elementos estruturais como vigas, lajes e pilares.

“O projeto deverá ter indicações explícitas dos materiais adotados: resistência

característica à compressão aos 28 dias (fck); o módulo de deformação tangente inicial (Eci)

considerado no projeto; relação água/cimento” (ABECE, 2005)

“Um arranjo estrutural adequado consiste em atender, simultaneamente, os aspectos de

segurança, economia (custo), durabilidade e os relativos ao projeto arquitetônico (estética e

funcionalidade). Em particular, a estrutura deve garantir a segurança contra os Estados

Limites, nos quais a construção deixa de cumprir suas finalidades.” (ALVA, 2007)

Além disso, é necessário ter bom senso e conseguir trabalhar corretamente interagindo o

projeto arquitetônico ao projeto estrutural para que a edificação atenda os

quesitos/finalidade para os quais foi projetado.

"Nota-se hoje que, pouco a pouco, os engenheiros vêm perdendo a sua função original,

ou seja, a de aplicar os conhecimentos científicos e empíricos, e certas habilitações

específicas, à criação de estruturas, dispositivos e processos para converter recursos

naturais em formas adequadas ao atendimento das necessidades humanas" (ARDUINI,

1991).

Considerando estes aspectos, faz-se necessário uma coletânea de conhecimentos

básicos para que, a partir deles, se possa aprofundar nos tópicos principais deste trabalho,

assim segue-se adiante. Começaremos com os materiais: concreto e aço.

2.1 ESTADOS LIMITES

“O objetivo da análise estrutural é determinar os efeitos das ações em uma estrutura,

com a finalidade de efetuar verificações de estados limites últimos e estados limites de

serviço” (NBR 6118:2003 Projeto de estruturas de concreto).

Os estados limites são situações às quais as estruturas não apresentam grau de

segurança satisfatório, eles são definidos em estado limite últimos e estado limite de serviço.

O primeiro está relacionado à ruína da estrutura e o segundo a utilização irregular em

serviço.

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2.1.1 ESTADO LIMITE ÚLTIMO

Este estado está relacionado à máxima carga suportada pela estrutura. Ao atingir

esta situação a estrutura deve deixar de ser utilizada até que se corrija o problema.

2.1.2 ESTADO LIMITE DE SERVIÇO

Devido à repetição de ações ou grande duração destas o estado limite de serviço

pode ser atingido e, desta forma, a estrutura começa a trabalhar fora dos padrões normais

que se havia calculado.

2.2 AÇÕES

As ações são responsáveis por causarem forças ou deformações nas estruturas e

podem ser classificadas em diretas ou indiretas. Além disso, são divididas em três tipos:

ações permanentes, ações variáveis e ações excepcionais.

As ações permanentes são ações que ocorrem praticamente por toda a vida da

estrutura com valores médios e podem ser subdivididas em diretas (peso próprio da

estrutura) ou indiretas (peso de elementos como paredes, por exemplo).

As ações variáveis ocorrem esporadicamente com valores mais significativos ou não.

Entram nesta categoria, por exemplo, pessoas, frenagem de veículos, mobiliário, entre

outros.

As ações excepcionais são ações que ocorrem uma vez ou nunca durante toda a

vida da estrutura. Sua probabilidade de ocorrência é extremamente pequena. Seriam ações

decorrentes, por exemplo, de uma explosão de botijão de gás.

2.3 CARREGAMENTOS

Ao projetar um edifício devem-se levar em consideração todos os tipos de

carregamentos que a estrutura poderá estar submetida. Estes carregamentos devem ser

considerados em conjunto de forma a se encontrar o carregamento mais desfavorável, são

eles: carregamento excepcional, carregamento normal, carregamento de construção e

carregamento especial.

2.3.1 CARREGAMENTO EXCEPCIONAL

Este carregamento decorre de ações raras e deve ser calculado para o estado limite

último da estrutura quando não se é possível eliminá-lo na fase de concepção estrutural.

2.3.2 CARREGAMENTO NORMAL

Este é o carregamento previsto em projeto e deve ser calculado tanto para o estado

limite último como para o estado limite de serviço da estrutura.

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2.3.3 CARREGAMENTO DE CONSTRUÇÃO

Este deve ser previsto com cautela, pois é o carregamento que aparece durante a

fase de elevação das estruturas. Aqui é importante fazer o cálculo para que as peças não

atinjam os estados limites e acabem não trabalhando como o projetado

.

2.3.4 CARREGAMENTO ESPECIAL

O carregamento especial se dá em um pequeno espaço de tempo comparado com

toda a vida útil da estrutura. São carregamentos especiais e que podem decorrer da

natureza como o vento, por exemplo.

2.4 ESTÁDIOS

Os estádios servem para se verificar o desempenho do sistema a ser calculado.

Temos três estádios possíveis para trabalho, o Estádio I, Estádio II e Estádio III.

No Estádio I, o concreto trabalha unicamente suportando as cargas de compressão e

tração. Como o concreto suporta muito bem a compressão e muito mal a tração é de se

esperar que ele comece a fissurar na área tracionada. Quando este cenário aparece o

Estádio I está em seu valor final e o Estádio II se inicia. O Estádio I é, portanto, essencial

para que se possa calcular a quantidade de armadura mínima necessária. O Estádio II já

possui fissurações na parte tracionada e esta deve ser desprezada no cálculo. Com isto a

linha neutra e as fissuras se elevam para o sentido da compressão e a armadura tem sua

tensão aumentada podendo chegar ou não ao escoamento. Por fim, chega-se ao Estádio III

onde o concreto atinge sua plastificação e está próximo da ruptura. Aqui são realizados os

cálculos “na ruptura” e “no estádio III”.

2.5 DOMÍNIOS

Para se realizar cálculos de elementos como vigas retangulares de concreto armado

utiliza-se um diagrama de domínios (NBR 6118, 2003) onde podemos verificar os limites

mecânicos do aço e do concreto (ruína por deformação plástica excessiva do aço, e ruína

por ruptura do concreto), veja a Figura 1.

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6

Figura 1 - Domínios de deformação de ruína

2.6 PROJETO ESTRUTURAL GERAL

Como dito anteriormente, após conhecer o comportamento dos materiais a serem

utilizados deve-se ter uma noção básica dos elementos de um projeto estrutural. Na Figura

2 (ALVA, 2007) podemos notar a quantidade de elementos e detalhes presentes em uma

construção de concreto armado padrão.

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Figura 2 - Principais elementos estruturais de um edifício

Acima podemos notar os detalhes para se cumprir as condições arquitetônicas, de

segurança, conforto e acessibilidade que a construção deve ter. Todos os elementos devem

cumprir sua função sem atingir os estados limites (vistos anteriormente).

2.7 ELEMENTOS ESTRUTURAIS USUAIS

Lajes: São elementos de superfície trabalhando como placas (Figura 3). Geralmente

submetidos à flexão estes elementos recebem os esforços realizados no piso e os

transmitem para as vigas em que se apoiam.

Figura 3 - Lajes trabalham como placas

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Vigas: As vigas são peças lineares (barras) onde uma de suas dimensões é muito

maior que as outras duas. Sua função é receber os carregamentos provindos das lajes e

paredes e distribuí-los entre os pilares. Em sua maioria são submetidas à flexão.

Figura 4 - Pilares e viga

Pilares: Assim como as vigas os pilares são peças lineares (barras). A diferença do

pilar é que este é executado na forma vertical e recebe em sua maioria esforços de flexo-

compressão. São utilizados para receber as cargas das vigas e transmiti-las aos pavimentos

inferiores. No caso do subsolo, transmite os esforços para a fundação.

2.8 PROJETOS PADRÕES

Um projeto padrão nos dias atuais é composto dos seguintes itens:

o Subsolo: geralmente utilizado para garagem;

o Pavimento térreo: as atividades de integração do condomínio ficarão aqui, tais

como salões de festas, piscina, parquinhos, entre outros. Também é o local

que dará acesso aos apartamentos (entrada do edifício);

o Pavimento tipo: apartamento previsto em projeto, este é o projeto de onde os

moradores irão ficar;

o Ático: pequeno espaço no topo do edifício destinado à casa de máquinas e

caixa d’água, por exemplo.

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Ao realizar o projeto estrutural destes itens o engenheiro “calculista” deve tomar

várias precauções, principalmente com a questão arquitetônica e de instalações (hidráulicas

e elétricas). O importante aqui é compatibilizar todos os projetos para que não haja

problemas na hora da execução do edifício. A compatibilização é uma forma bastante

eficiente de se evitar patologias e retrabalhos tanto na obra quanto no escritório.

Os itens acima são apresentados para um projeto padrão. Existem diversos outros

tipos de construções. Edifícios com a área de lazer no topo ou então com uma parte

comercial e outra residencial. Para cada um destes deve-se elaborar um projeto

diferenciado. Aqui, iremos nos manter aos edifícios padrões.

2.9 QUALIDADE E VIDA ÚTIL

Algo imprescindível para a construção de um edifício e que muitas vezes passa

despercebida é a qualidade e vida útil do mesmo. Em projeto é muito importante levar em

conta variáveis que definirão a qualidade e durabilidade de sua edificação. Itens como a

escolha correta do nível de agressividade do ambiente, a classe de resistência do concreto,

especificação do nível água/cimento a ser utilizado e tamanho do cobrimento das peças

estruturais ajudam a elevar a qualidade e durabilidade de seu projeto.

Obviamente os itens projetados deverão ser executados com o máximo possível de

compatibilidade definida anteriormente em projeto. De nada adianta um excelente

planejamento nos itens citados e uma péssima execução.

2.10 FUNDAÇÕES

Temos dois tipos de fundações dependendo da capacidade do solo, as fundações

profundas e as fundações superficiais.

Fundações superficiais: Este tipo de fundação é empregado quando o solo possui

elevada resistência e pouca compressão. Basicamente, são utilizados os radiers e as

sapatas. Por se tratar de um solo bastante resistente, estes elementos costumam transmitir

as cargas pela sua base.

Fundações profundas: Quando o solo possui baixa capacidade para absorver as

cargas elevadas de uma edificação, faz-se necessário o uso de elementos que atinjam

maior profundidade. Estes elementos transmitem os esforços por todo o seu comprimento

(maior área de atrito) e também pela base. Como exemplos podem ser citados as estacas

pré-moldadas de concreto e tubulões.

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3. CONCEPÇÃO ESTRUTURAL DO

PAVIMENTO

A base de um projeto estrutural é, sem dúvida, o projeto arquitetônico. Ele deve

respeitar toda a divisão de ambientes através do posicionamento dos elementos estruturais.

Além do projeto arquitetônico, os projetos das instalações prediais, impermeabilização,

iluminação, dentre outros precisam ser compatibilizados com a estrutura. Para isto, os

projetistas dos diversos projetos devem manter-se em comunicação constante para chegar

à melhor solução. Além disso, o engenheiro projetista deve ter conhecimento total das

condições iniciais de projeto, isto é, conhecer o local do empreendimento, as condições

climáticas dali, a finalidade da obra, dentre outros.

Em LOURENÇO (1992) podemos ver a distribuição de um projeto como:

Concepção: Este é o passo mais importante. Uma boa prática do projetista obriga a

uma visão global que forneça o suporte para as fases seguintes.

Dimensionamento: Significa definir as dimensões e armaduras da estrutura. Este é

um processo iterativo, intimamente ligado à concepção da estrutura, uma mistura de

racionalidade e intuição, onde a experiência subjetiva do projetista e as condições objetivas

da estrutura analisada se entrelaçam.

Validação: É o processo de substanciar os passos anteriores recorrendo a uma

análise final e completa. Esta análise confirma ou não o que já é conhecido.

Assim, a concepção estrutural fica definida como a etapa do processo que analisará

a viabilidade do projeto em relação aos sistemas estruturais disponíveis, materiais a serem

utilizados e ações a ser consideradas. Ao mesmo tempo, atendendo todos os requisitos de

leis e normas em relação à durabilidade, segurança, estética, funcionalidade, dentre outros.

Alguns dos recursos utilizados na fase de concepção estrutural são embutir os

elementos estruturais nas paredes de alvenaria preservando a estética, fazer com que a

transferência de esforços tome o caminho mais curto possível (evitando apoios indiretos e

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vigas de transição), limitar o tamanho das estruturas para que não sofram efeitos da

variação de temperatura, aperfeiçoar a localização de pilares em subsolos para conseguir-

se a maior quantidade de vagas de estacionamento possível e, principalmente, realizar uma

análise global, pois o vento (ação horizontal) possui valores expressivos.

3.1 SISTEMAS ESTRUTURAIS

Os elementos estruturais citados no item 2.7 podem formar um sistema estrutural em

conjunto ou isolados. O mais comum é que se trabalhe com os três elementos usuais (vigas,

pilares e lajes).

3.1.1 LAJES, PILARES E VIGAS

Diz-se uma estrutura convencional aquela formada por estes três elementos

estruturais. As estruturas convencionais estão presentes na maioria das edificações, tanto

as de pequeno porte (sobrados e casas) como as de grande porte (edifícios). As paredes

não possuem função estrutural (ao contrário da Alvenaria Estrutural) e, assim, as cargas são

distribuídas na laje que por sua vez as transmitem para as vigas (geralmente situadas à

borda da laje e em seus quatro lados). Em seguida, a viga transmite a carga para os pilares

que repassam às fundações que, finalmente, lança-as no solo.

3.1.2 LANÇAMENTO DA ESTRUTURA

Uma das poucas, se não a única, etapa da concepção de um projeto estrutural que

não se utiliza ferramentas computacionais. Nesta etapa o projetista deve compatibilizar o

projeto estrutural com a arquitetura, o que muitas vezes é bastante complicado, além disso,

deve-se pensar na mão de obra, preço da estrutura, tempo de construção, dentre outros.

Para se conseguir aperfeiçoar gastando o mínimo possível, deve-se contar com a

experiência do projetista, ou seja, quanto mais experiente o profissional maiores as chances

de um lançamento ótimo.

Para o lançamento das vigas o ideal é que se siga o caminhamento das paredes

para que após acabado, o elemento estrutural fique escondido beneficiando a estética da

construção. Além disso, deve-se levar em consideração a carga horizontal sofrida pelo

edifício, o tamanho dos vãos das lajes e o menor caminhamento das cargas até os apoios. A

partir daí, pode-se definir as posições dos pilares. O desejável seria possui um pilar em cada

encontro de vigas, mas nem sempre isso é possível da mesma forma que não se consegue

dividir as cargas do pavimento igualmente entre seus elementos. Sempre haverá partes

recebendo mais carga que outras.

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Além do sistema estrutural convencional, pode-se utilizar um sistema apenas de lajes

e pilares, excluindo-se as vigas. A este sistema podemos chamar de “laje lisa”. Apesar da

retirada das vigas, elas ainda se fazem necessárias em pontos mais críticos como as caixas

de escada, elevadores e áreas de circulação comuns próximas a estes locais. Com a

retirada das vigas, as lajes transmitem os esforços diretamente aos pilares. Dependendo do

tipo de laje utilizada, deve-se tomar cuidado com o efeito de punção (tendência do pilar de

furar a laje). A seguir, iremos tratar com mais detalhe os tipos de lajes que podemos utilizar

para a construção de um edifício.

3.2 LAJES

3.2.1 LAJES MACIÇAS

Lajes maciças possuem toda a sua espessura preenchida por concreto e trabalham

com armaduras longitudinais e eventualmente transversais. Elas são diretamente apoiadas

em paredes ou vigas. Apesar das lajes cogumelos e lisas também serem preenchidas por

concreto armado, no Brasil utiliza-se o termo maciça apenas para as lajes que são

diretamente apoiadas em vigas e paredes.

Figura 5 - Laje maciça

Apesar desse tipo de laje ser o que mais consome concreto em uma obra, ela é a

mais utilizada devido ao fácil método de dimensionamento (não se faz necessário uso de

computadores) e também sua fácil execução. Como as lajes possuem duas dimensões

maiores e uma menor (altura), quando esta altura/espessura aumenta, a quantidade de

concreto utilizado cresce muito. Na prática, a espessura de uma laje como esta varia de 7 a

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15 cm. Espessuras superiores a estes valores não são utilizadas, pois o peso da laje

começa a crescer muito e aparecem deformações excessivas. Na norma NBR 6118 é

possível conferir as espessuras mínimas das lajes para diversas situações como lajes de

cobertura com e sem balanço, lajes bi-apoiadas, lajes de piso contínuas, lajes lisas, lajes

cogumelos, etc.

Para se garantir a economia deste tipo de laje, os vãos não costumam ser superiores

a 5 metros, pois a partir deste valor, a espessura da laje deve ser aumentada e,

consequentemente, o preço final sobe. Outro importante fator a se citar é que, como estas

lajes possuem espessura muito pequena, o isolamento térmico e acústico fica prejudicado.

Desta forma, estes isolamentos devem ser supridos com outros materiais como mantas

isolantes, etc. Uma forma de vencer vãos maiores é trabalhar as lajes como painéis

apoiados em vigas intermediárias (que poderão ser calculadas como vigas T, diminuindo a

altura dessas vigas). Além disso, a maior quantidade de vigas irá aumentar a rigidez da

estrutura, facilitando o caminhamento das cargas e permitindo que os elementos sejam mais

esbeltos. Apesar dos benefícios, esta solução também é cara, pois a quantidade de fôrmas

específicas irá subir (aumenta consumo de madeira), elevando o preço final do produto.

Figura 6 - Viga T

Como esta laje é uma das mais utilizadas, existe mão de obra capacitada para

executá-la. Um benefício em sua execução é que os condutores das instalações elétricas

são espalhados diretamente antes da concretagem ao contrário de outros tipos de lajes em

que se devem prever furos para passagem destes.

3.2.2 LAJES COGUMELO E LISAS

Estes tipos de lajes são como lajes maciças sem vigas. Estes elementos são

apoiados e transmitem os esforços diretamente aos pilares ou capitéis, sem a participação

de vigas no processo.

Estas lajes possuem um método muito simples de montagem além de trazer redução

de custos e tempo já que não são necessárias fôrmas e execução de vigas. Fora isto,

consegue-se um ganho na utilização dos espaços do empreendimento.

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Como qualquer elemento estrutural, as lajes cogumelos e lisas também possuem

desvantagens. Como não há a utilização de vigas, sua espessura é maior que as das lajes

maciças. Como podemos notar da NBR 6118/03 na Tabela 1.

Tabela 1 - Espessuras mínimas segundo a NBR 6118

APLICAÇÃO ESPESSURA MÍNIMA

(cm)

Lajes de cobertura não em balanço 5

Lajes de piso ou de cobertura em

balanço 7

Lajes que suportem veículos de peso

total menor ou igual a 30 kN 10

Lajes que suportem veículos de peso

total maior que 30 kN 12

Lajes com protensão apoiadas em vigas 15

Lajes de piso bi-apoiadas L/42

Lajes de piso contínuas L/50

Lajes lisas 16

Lajes cogumelos 14

Como se vê acima, para as lajes lisas tem-se uma espessura de 16 cm, para as lajes

cogumelos 14 cm enquanto uma laje maciça comum pode-se ter espessuras menores como

7 cm.

Até aqui, abordamos as lajes lisas e cogumelos, mas não foi dita ainda a diferença

entre as duas. O que diferencia uma laje lisa de uma laje cogumelo é a presença de um

capitel. Veja na Figura 7 abaixo que o capitel é um aumento da espessura da laje nas

proximidades dos pilares. Quando não há presença de vigas, as lajes sofrem um efeito

chamado punção (pilar “tenta” furar a laje) e, muitas vezes, a ruptura se dá neste ponto sem

sinal de aviso. Não é a toa que a resistência destas lajes muitas vezes é ditada pelo

cisalhamento e não pela flexão. O capitel aumenta a resistência a este cisalhamento

evitando que a ruptura (Figura 8) aconteça.

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15

Figura 7 - Laje com capitéis

Outra forma de se evitar que o efeito de punção vença é utilizar-se de concreto de

alta resistência e, também, armaduras de cisalhamento. Caso seja possível, conectores e

chapas metálicas podem ser inseridos entre o pilar e a laje para aumentar a resistência ao

cisalhamento.

Figura 8 - Ruptura por punção

Com a utilização de capitéis nas lajes cogumelos, o pavimento inferior tem seu

aspecto visual prejudicado devido ao “dente” que se forma. Uma grande vantagem da laje

lisa é não possuir este tipo de elemento, deixando o ambiente mais agradável aos olhos

(Figura 9 e Figura 10).

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Figura 9 - Laje cogumelo com capitel

Figura 10 - Laje lisa sem capitel

A definição destas lajes se dá, principalmente, pela não utilização de vigas embora

seja necessário colocá-las nas periferias em algumas situações. As vigas nas bordas

externas ajudam na rigidez do edifício, evita a propagação do fogo em casos de incêndio e

também evitam o efeito de punção que é maior nas extremidades devido à menor área de

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contato entre o pilar e a laje. Além das vigas periféricas, deve-se analisar o posicionamento

dos pilares. Estes devem ser espaçados, de preferência, igualmente nas duas direções. Seu

cálculo pode ser realizado através do método dos pórticos equivalentes, viga contínua ou

método dos elementos finitos.

3.2.3 LAJES PROTENDIDAS

As lajes protendidas são elementos que se utilizam de aços de alta resistência para

comprimir o concreto. Máquinas especiais tracionam o aço e o deixam nesta posição. A

tendência comum do material é voltar ao estado em que estava e, desta forma, o aço acaba

comprimindo o concreto evitando fissurações (concreto trabalha mal a tração, por isso

aparecem fissuras. Neste caso, ele está sendo comprimido, diminuindo os efeitos da

tração), diminuindo a flecha (aparece uma contra-flecha) e aumentando a capacidade

resistente. Ao contrário do concreto armado em que a armadura trabalha de forma passiva

(recebendo os esforços), no concreto protendido a armadura trabalha de forma ativa

(criando esforços no concreto). Estas armaduras podem estar “ligadas” ao concreto

diretamente ou apenas por suas extremidades.

O concreto protendido pode ser classificado em três tipos: Concreto com armadura

ativa pré-tracionada; Concreto com armadura ativa pós-tracionada com aderência; Concreto

com armadura ativa pós-tracionada sem aderência.

A principal vantagem do concreto protendido é a possibilidade de vencer vãos

maiores (Figura 12). Isso acontece, pois a contra-flecha gerada pela compressão do

concreto “combate” as flechas e fissuras que apareceriam caso a estrutura fosse de

concreto armado clássico. Acarreta-se, então, numa resistência maior à flexão possibilitando

o aumento dos vãos a vencer. Segundo SOUZA & CUNHA (1994), “os cabos protendidos

numa laje-cogumelo possuem o traçado indicado na Figura 11. Conforme já foi visto, a

protensão dos cabos tende a retificá-los, criando um carregamento dirigido para o centro de

curvatura desses cabos (de baixo para cima nos vãos das lajes). Deste modo, a protensão

gera um pré-carregamento transversal, de sentido oposto ao do carregamento externo. Se,

em cada vão, houve uma distribuição uniforme de força ascendente igual, em valor absoluto,

à carga a ser equilibrada, então a laje não será solicitada à flexão e, consequentemente não

apresentará deslocamentos e nem fissuração, estando submetida a uma ação de uma

compressão uniforme. Esta situação é bastante favorável, uma vez que o concreto

apresenta uma boa resistência à compressão”.

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Figura 11 - Efeito da protensão nas lajes (SOUZA & CUNHA, 1994)

Figura 12 - Lajes alveolares pré-moldadas e protendidas vencendo grandes vãos

(FERREIRA, 2003)

Apesar de principal, outras vantagens podem ser citadas além do vencimento de

grandes vãos. O concreto protendido, por acabar com as fissuras, permite com mais

facilidade a criação de estruturas pré-moldadas (vistas com mais detalhes adiante), pois

como elimina a fissuração, facilita o transporte destas. Outra vantagem é que, como a carga

aplicada à estrutura é extremamente alta, a protensão por si só já serve como uma prova de

carga da estrutura.

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Como qualquer outro sistema, a protensão apresenta desvantagens. A maior delas é

em relação ao preço. A mão de obra deste tipo de sistema é extremamente escassa fora de

grandes centros tornando-a muito cara. Outra grande desvantagem seria no quesito

segurança, pois se uma das cordoalhas se romper (corrosão, por exemplo), a estrutura virá

abaixo de uma só vez sem “avisar” as pessoas que possam estar naquele local.

A protensão é bastante utilizada em obras que se necessita vencer grandes vãos

como é o caso de pontes. Com o crescimento econômico do Brasil e a necessidade de se

criar apartamentos de alto padrão únicos (cada cliente decorando e dividindo seu

apartamento como preferir), a protensão passou a ser mais utilizada também em edifícios

residenciais e comerciais. Para se ter ideia, num sistema de lajes convencionais os vãos em

um estacionamento variam entre 4m e 6m enquanto que, com a utilização de lajes

protendidas, estes vãos chegam até 10m. Isto significa duas vagas de carros contra três,

respectivamente. Estas lajes protendidas costumam ser lajes nervuradas, mas nada impede

de se criar um sistema de lajes protendidas através de lajes lisas.

Figura 13 - Relação de custos entre lajes protendidas e convencionais de concreto

armado (EMERICK, 2002)

Para tornar-se viável em edificações a protensão sofreu algumas alterações e o

método utilizado atualmente (mais simples e econômico) é o de cordoalhas engraxadas.

Apesar dos princípios fundamentais serem os mesmos, este é destinado a locais com

cargas menores. Além disso, não há existência de bainha metálica e o número de

cordoalhas por bainha muda (utiliza-se monocordoalhas de sete fios engraxadas e envoltas

com plástico). Dispensa-se, também, a injeção de nata de cimento.

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20

Figura 14 - Cordoalha engraxada (CAUDURO, 1997)

Abaixo se vê um esquema de laje protendida.

Figura 15 - Protensão com monocordoalhas engraxadas (CAUDURO, 1997)

3.2.4 LAJES PRÉ-MOLDADAS E PRÉ-FABRICADAS

A construção em pré-fabricados está diretamente relacionada ao processo industrial.

Nesta forma de produção, as peças são criadas com antecedência (sob rígido controle) e

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chegam à obra prontas para serem montadas. Segundo FERREIRA, 2003 “O uso de

concreto pré-moldado em edificações está amplamente relacionado a uma forma de

construir econômica, durável, estruturalmente segura e com versatilidade arquitetônica. A

indústria de pré-fabricados está continuamente fazendo esforços para atender as demandas

da sociedade, como por exemplo: economia, eficiência, desempenho técnico, segurança,

condições favoráveis de trabalho e de sustentabilidade”. Devido à sua própria natureza, as

estruturas protendidas trabalham com excelência quando utilizadas de forma pré-fabricadas.

Entre os tipos mais utilizados de pré-fabricados, podemos citar as lajes alveolares e duplo T

(ambas protendidas), lajes treliçadas, pré-lajes e lajes com vigotas. Por ser um sistema de

construção rápido, vários empreendimentos buscam a alternativa dos pré-fabricados. Como

exemplo podemos citar a Universidade Federal de São Carlos que atualmente investe em

novos edifícios e departamentos sendo todos pré-fabricados com lajes alveolares.

3.2.4.1 LAJES PRÉ-FABRICADAS PROTENDIDAS

As lajes alveolares (Figura 16) são painéis que são encaixados um ao lado do outro

e possuem vazios em seu interior. Para realizar a junção destes painéis, utiliza-se uma capa

de concreto. Já a seção duplo T (Figura 17) é muito parecida com o sistema de lajes

nervuradas.

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Figura 16 - Lajes alveolares, painéis montados por justaposição lateral (FERREIRA,

2003)

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Figura 17 - Pisos pré-fabricados e coberturas de grande vãos para edifícios de uso

geral (FERREIRA, 2003)

3.2.4.2 LAJES PRÉ-MOLDADAS COM VIGOTAS

As vigotas são pequenas vigas pré-moldadas em concreto armado ou protendido.

Segundo FERREIRA, 2003, “Esse tipo de laje composta é feita com os seguintes

componentes:

o vigotas pré-moldadas (componentes portantes principais) posicionadas

paralelamente entre si, espaçados entre 0.4 e 0.8 m. As vigotas pré-moldadas

podem ser em concreto armado ou protendido. Um tipo especial de vigota

armada é a chamada vigota treliçada, formada por um painel estreito de

concreto com uma armadura treliçada (Figura 18b).

o Os blocos pré-fabricados de preenchimento, colocados entre as vigotas,

podem ser cerâmicos (Figura 18a e Figura 18d), de concreto normal ou leve

(Figura 18b), de poliestireno expandido (Figura 18c), etc.

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o O concreto de enchimento algumas vezes é combinado com uma camada de

cobertura integral de concreto, e se necessário pode ser armado“.

Figura 18 - Seções transversais típicas para pisos com vigotas e blocos de

preenchimento (FERREIRA, 2003)

Figura 19 - Tipos de vigota

Existem também os painéis treliçados que podem ser considerados uma extensão

das vigotas. Diferente das vigotas treliçadas este sistema permite se formar algo mais

próximo a uma laje maciça devido ao conjunto dos painéis possuírem grandes dimensões.

Eles também podem trabalhar como fôrma para uma laje maciça, neste caso, denominados

pré-laje.

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Figura 20 - Painel treliçado

O enchimento utilizado, a principio, pode ser de qualquer material leve que não

danifique o concreto ou a armadura uma vez que sua função na laje é apenas de preencher

vazios. Como o enchimento eleva a altura da laje e fica abaixo da linha neutra, este não

resiste a nenhum esforço além do peso da capa de concreto. Assim, os enchimentos

comumente utilizados são de blocos de concreto celular, bloco de isopor (EPS) e blocos

cerâmicos (lajotas). Sua utilização dependerá do projeto e do projetista, pois cada um tem

suas especificações, veja abaixo.

Tabela 2 - Enchimentos mais utilizados

BLOCO CERÂMICO BLOCO DE CONCRETO CELULAR

Pesado, isolante acústico e térmico, fácil

de encontrar.

Leve, uniformidade facilita execução, baixa

condutividade térmica, bom isolamento

acústico.

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Figura 21 - Enchimento de concreto celular

Figura 22 - Enchimento com lajota cerâmica

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Além da armadura treliçada, utilizam-se também armaduras complementares e de

distribuição a fim de aumentar a resistência das lajes a momentos fletores tanto positivos

como negativos. Na Figura 23 podemos ver armaduras complementares dentro da placa de

concreto. Estas armaduras poderiam estar também sobre a placa, nos banzos inferiores da

treliça.

Figura 23 - Armaduras complementares

Há também a necessidade de se colocar armaduras complementares longitudinais

negativas como mostra a Figura 24. Sua função é aumentar a resistência da laje aos

momentos que aparecem em sua parte superior.

Figura 24 - Armaduras complementares superiores

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Além das armaduras complementares, utilizam-se armaduras denominadas de

distribuição posicionadas transversalmente às estruturas. Estas armaduras servem para

distribuir melhor os esforços sofridos pela laje, eliminando cargas concentrada em um único

ponto. Na Figura 25 pode-se ver uma foto real deste tipo de armadura.

Figura 25 - Foto real: armaduras treliçadas, complementares e de distribuição.

Apesar de ser uma laje, estruturalmente as lajes com nervuras pré-moldadas

possuem um comportamento diferente de uma placa. Elas possuem um comportamento

parecido ao de vigas. Este comportamento só não é 100% igual ao de vigas bi-apoiada, pois

existe a capa de concreto unindo os elementos. Na parte de cálculo, apesar do

caminhamento dos esforços se darem nas direções das vigotas, é desejável que se adote

uma porcentagem da carga (25% a 30%) como sendo descarregada nas vigas laterais

(paralelas às vigotas), a favor da segurança. Apesar desta consideração, a carga na direção

da vigota não deve ser reduzida a 75% do total, deve-se continuar utilizando 100%.

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29

3.2.5 LAJES NERVURADAS

Um grande problema das lajes maciças é a dificuldade que se tem para vencer

grandes vãos. Quando um vão é muito amplo, para se respeitar as deformações mínimas de

segurança, a espessura da laje maciça deve ser aumentada. Desta forma, se gasta muito

material e boa parte do concreto não trabalha (Figura 26). Isto ocorre, pois o concreto

trabalha bem a compressão e não trabalha bem a tração. Assim, toda a parte de concreto

abaixo da linha neutra da laje serve apenas para proteger a armadura e garantir que a

mesma adquira os esforços de tração (aderência).

Figura 26 - Comparativo de consumo entre lajes maciças e lajes nervuradas

A laje nervurada acaba com este problema, já que se substitui o concreto da região

tracionada por um material inerte e mais leve. Assim, consegue-se atingir vãos maiores e

suportando a mesma ou maior quantidade de carga. Para entender melhor como é uma laje

nervurada, veja a Figura 27.

Figura 27 - Laje nervurada

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Veja que a parte superior será comprimida. Na parte inferior há presença de concreto

apenas para cobrimento da armadura. A parte em branco pode ser vazia ou preenchida com

algum tipo de material inerte. Caso fosse uma laje maciça, toda a parte em branco deveria

ser preenchida com concreto, aumentando muito o peso e deslocamento da laje.

Com este sistema, as lajes nervuradas conseguem atingir vãos de 10 a 12 metros. Em

alguns casos, até 15 metros para edifícios residenciais tornando-se uma excelente

alternativa para garagens. Os valores recomendados para a altura de uma laje nervurada

são entre:

[3.1]

Sendo L igual o menor vão da laje.

Existem dois modos de se armar uma laje nervurada. Um deles é armada em uma

direção. Este tipo de laje costuma ter suas nervuras no sentido da menor dimensão entre os

vãos. Há também as lajes nervuradas armadas em duas direções. Neste caso, ao invés de

trabalhar apenas em uma direção, a armadura formará uma malha. Este segundo tipo é

indicado para lajes que não possuam grandes diferenças entre seus vãos (laje tendendo a

um quadrado). A NBR 6118/03 diz que o cálculo para as lajes nervuradas armadas em uma

direção pode ser simplificado como uma laje maciça, desde que se respeitem alguns

critérios. A laje armada em duas direções pode ser calculada como uma malha. Neste caso,

podem-se utilizar métodos mais avançados de cálculo como o Método dos Elementos

Finitos.

Além das lajes nervuradas que se apoiam em vigas, existem também as lajes

nervuradas lisas que, assim como as lajes lisas, apoiam-se diretamente sobre pilares. Estas

também podem ser armadas em uma ou duas direções. Seu grande diferencial é a

economia já que não se gasta com fôrmas e mão de obra para se concretar vigas. Embora

encontremos este benefício, a preocupação com o efeito de punção que atingia lajes lisas

também é encontrada aqui. Deve-se ter bastante cuidado ao utilizar lajes nervuradas lisas e

verificar sempre a deformação da flecha atingida.

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Figura 28 - Exemplo de laje lisa e laje nervurada lisa

Sobre os materiais inertes utilizados para preencher ou criar os espaços vazios

podem ser reaproveitáveis ou fôrmas perdidas. Além disso, quando se calcula uma laje

nervurada, não se deve levar em consideração a resistência destes materiais para aumentar

a resistência da laje.

Os moldes reaproveitáveis são aqueles que deixarão vazios na estrutura e são

usualmente denominados caixotes. Estes moldes podem ser feitos de diversos materiais

como plástico, metal, polipropileno e são de fácil execução (veja a seguir).

Primeiramente, distribuem-se os painéis de compensado, escoram e logo em

seguida os operários vêm colocando os moldes um a um lateralmente. É muito importante

nesta etapa que os moldes estejam completamente unidos para que quando a concretagem

se iniciar não seja perdido material através de frestas. Além da perda de material, a estética

ficará comprometida para o pavimento inferior.

Figura 29 - Distribuição dos moldes sobre os painéis de compensado

Além dos painéis de compensado, os moldes podem ser apoiados sobre estruturas

metálicas como mostrado na Figura 30.

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Figura 30 - Moldes apoiados sobre escoras metálicas

Após posicionar tudo corretamente, o operário deve passar uma camada de

desmoldande sobre os moldes a fim de facilitar a retirada destes quando o concreto estiver

curado. Segue-se para a próxima etapa, posicionar as armaduras em seus respectivos

locais. Além das armaduras que resistirão à tração (armaduras das nervuras), coloca-se

uma armadura em malha sobre os moldes (denominada armadura de mesa), Figura 31.

Figura 31 - Posicionamento das armaduras das nervuras e armadura de mesa

Concreta-se. Após a concretagem, deve-se aguardar a cura até que as escoras

estejam aptas a serem retiradas. Os caixotes possuem um furo onde se pode injetar ar

comprimido para retirá-los com maior facilidade. Quando isto não ocorre, deve-se tirar o

molde cuidadosamente com cunhas evitando que a forma se quebre. Um molde comum

pode durar até 100 concretagens!

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Figura 32 - Retirando-se as fôrmas

Quando pronta, a laje nervurada possui boa estética além de possibilitar a passagem

das instalações prediais utilizando forros falsos (não embutidos na estrutura). Veja na Figura

33 um exemplo de laje nervurada concluída. Os vãos são muito grandes permitindo carros

manobrarem com maior facilidade e maior quantidade de vagas de estacionamento entre

um pilar e outro.

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Figura 33 - Laje nervurada concluída

Ao contrário dos caixotes, existe outro tipo de fôrma denominado como fôrmas

perdidas. Estas fôrmas são aquelas que não são retiradas após a concretagem da laje

nervurada (material inerte), mas também não significa que suas resistências contribuam

para aumentar a capacidade resistiva da laje. Como citado anteriormente, utiliza-se

materiais leves que possam interagir com o concreto.

O método de se montar é o mesmo do de fôrmas reutilizáveis. Na Figura 34 é

possível ver um operário posicionando um bloco de concreto celular autoclavado. Após

posicionamento correto de todos os blocos, posicionam-se as armaduras e concreta-se.

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Figura 34 - Montagem dos blocos para as lajes nervuradas moldadas "in loco"

(BOCCHI JÚNIOR, 1995)

O concreto celular autoclavado e o isopor são os dois materiais mais utilizados para

este sistema. Blocos cerâmicos podem ser utilizados, mas são mais difíceis de encontrar

para esta finalidade, apesar de terem bom isolamento acústico.

Um grande benefício das fôrmas perdidas é que não há necessidade de se fazer um

forro já que o resultado final, depois de retirada das escoras, é uma superfície

completamente lisa. Em compensação, a passagem de instalações fica comprometida.

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4. ANÁLISE ESTRUTURAL

Para iniciar-se a análise estrutural de um edifício, devemos primeiramente encontrar

todas as ações que agem sobre ele nas situações de serviço e na fase de construção.

Como citado nas primeiras páginas, as ações encontradas são classificadas entre ações

variáveis e ações permanentes. As lajes transmitem todos estes esforços para as vigas que

os repassam para os pilares e, por fim, fundações. A NBR 6118/03 indica métodos

simplificados para se encontrar os esforços pelos diversos elementos. Assim que

descobertos todos os esforços, deve-se realizar uma verificação de segurança levando-se

em consideração os estados limites últimos e de serviço.

Existem vários métodos de análise, manuais e computacionais. Os métodos que mais se

assemelham com o produto real são as análises de pórticos tridimensionais. Alguns

programas disponíveis no mercado (de forma paga) realizam este tipo de análise (TQS,

SAP, dentre outros). Quando não é possível a utilização de programas, podemos realizar os

cálculos através de outros métodos, como por exemplo, o método de viga contínua, onde a

análise seria feita através do Processo de Cross.

Um fator importante na análise estrutural é o tipo de esforço causado. Existem dois tipos

de esforços: os de primeira ordem e os de segunda ordem. Os esforços de primeira ordem

são aqueles provocados diretamente à estrutura devido às ações que a mesma está

submetida. Os esforços de segunda ordem são provocados “indiretamente” por outros

fatores como, por exemplo, o vento que causa um deslocamento em um edifício alto e,

desta forma, um momento aparece (devido à falta de prumo).

4.1 AÇÕES DO VENTO E CONTRAVENTAMENTOS

Em um edifício, graças à sua altura, é comum que os ventos da região em que está

construído causem esforços horizontais. De fato, estes esforços são significativos para

causar esforços à estrutura e são ainda mais críticos em sistemas de lajes lisas e cogumelo

onde não existem vigas e, consequentemente, possuem menor rigidez (capacidade do

material de se manter indeformado). Por isso, a NBR 6118/03 indica que a consideração das

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37

ações de vento na estrutura é obrigatória e indica a NBR 6123/88 como prescrição a ser

seguida.

Conforme citado anteriormente, os ventos causam grandes ações horizontais

principalmente às estruturas altas e esbeltas. Uma forma de se transmitir estas ações para

os elementos do edifício de forma que os esforços possam ser liberados no solo é através

de contraventamentos.

Os contraventamentos são elementos estruturais com uma rigidez muito grande às

cargas horizontais. Sua função é “segurar” a estrutura diminuindo seu deslocamento

horizontal. Desta forma, o conjunto estrutural possui maior estabilidade. Além da rigidez, a

vinculação dos elementos também interfere em sua resistência às ações horizontais. Veja

na Figura 35 como o deslocamento da estrutura muda de acordo com o contraventamento e

a vinculação.

Figura 35 – Deformação da estrutura. À esquerda: estrutura contraventada com nós

rígidos. À direita: estrutura sem contraventamentos.

Existem duas categorias de contraventamentos: os elementos de contraventamentos e os

elementos contraventados. A primeira categoria define elementos com maior rigidez como

pilares-parede, treliças e pórticos de grande rigidez. A segunda define elementos que não

conseguem absorver as cargas horizontais devido à sua baixa rigidez como os pilares.

4.1.1 PÓRTICOS

Pórticos são elementos formados por vigas e pilares onde a ligação entre eles é feita

de forma rígida. Na Figura 35, podemos ver uma estrutura formada por pórticos. Sendo o

vínculo rígido, as ações submetidas a um destes elementos é transmitida ao outro. Daí

origina-se a importância de criar linhas de pórticos em projeto para aumentar a rigidez da

edificação, isto é, não se devem lançar os pilares aleatoriamente pela planta do projeto. O

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38

engenheiro calculista deve analisar criteriosamente o vento de forma a criar pórticos que

suportem suas ações em ambas as direções (de nada adianta um edifício com grande

rigidez em apenas um sentido, pois ficaria frágil na outra direção causando fissuras à

alvenaria, por exemplo) e que compatibilizem com o projeto arquitetônico. Mesmo com toda

a rigidez que os pórticos proporcionam, ainda são deslocáveis.

Uma forma de se transformar um pórtico deslocável em um pórtico sem

deslocamento algum é através de diagonais de contraventamento. As diagonais podem ser

de qualquer material, desde que resistam aos esforços a elas estabelecidos. Em edifícios de

concreto armado sua utilização é rara. As diagonais são utilizadas, em sua maioria, em

estruturas metálicas. Diagonais de concreto são de difícil execução ao contrário das

metálicas, mais comumente utilizadas.

Figura 36 - Diferentes Tipos de Contraventamentos. a) travamento em uma diagonal;

b) travamento em “x”; c) travamento vertical em “k”; d) travamento com solda; e)

travamento horizontal em “k”; f) travamento em grade.

4.1.2 PILAR-PAREDE

Foi citado pórticos no item anterior onde os elementos trabalham em conjunto de

forma a aumentar a rigidez da edificação. O pilar-parede, assim como elementos dos

pórticos, não costuma ser implantado isoladamente, apenas em alguns poucos casos como,

por exemplo, em sistemas laje-pilar ou pré-fabricados de baixa altitude. Em edifícios de

grande altura, o contraventamento apenas com estes elementos resultaria numa grande

quantidade de peças, pois a maior parte das cargas horizontais é absorvida por pilares. Isso

porque quando a laje trabalha como um diafragma rígido (laje maciça, por exemplo), todas

as ações absorvidas são repassadas aos pilares e pilares-parede. Assim, deve-se verificar

se o contraventamento com pilares é viável economicamente para o empreendimento.

Uma boa solução é trabalhar os pilares-parede de forma a se formar núcleos

estruturais de grande rigidez. Nesta configuração os elementos deixariam de trabalhar

isoladamente para trabalhar em conjunto.

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Em grandes edificações comumente se loca o núcleo rígido em caixas de escadas e

elevadores, sendo estes formados por concreto ou pilares metálicos. Esta solução é

bastante adotada devido à grande resistência às cargas horizontais e ser economicamente

viável.

Figura 37 - Esquema de edifício recebendo ação horizontal com contraventamento em

núcleo rígido (FERREIRA, 2003)

4.1.3 SISTEMA TUBULAR DE PERIFERIA

Os tubos de periferia, assim como núcleos rígidos, têm por finalidade aumentar ainda

mais a rigidez do edifício. Nesta solução, são empregados pórticos pela face externa da

edificação possuindo vãos menores entre eles e, consequentemente, aumentando a rigidez

do edifício. Comumente, este tipo de sistema está associado a um núcleo rígido,

principalmente em grandes edificações.

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Figura 38 - Estruturas de contraventamento do tipo tubo de periferia: a) tubo de

periferia; b) tubo de periferia associado a núcleo tubular; c) tubo de periferia

associado a núcleo central (DIAS, 2004)

4.2 MODELOS ESTRUTURAIS

Dentre as fases de um projeto, a estrutural é com certeza a mais importante. É nesta

etapa que será definida todas as ações e esforços da estrutura e que irão ditar o

caminhamento do edifício futuramente. Com o advento da computação, as análises ficaram

mais rápidas e os projetistas acabam pecando em algumas situações ou não dando tanta

relevância quanto seria necessária. A análise estrutural consiste em uma avaliação e

otimização criteriosa do projeto e, por isso, deve-se escolher o modelo que melhor se

encaixa para o seu empreendimento.

4.2.1 TEORIA DA ELASTICIDADE E VIGAS CONTÍNUAS ISOLADAS

Este clássico modelo caiu em desuso devido ao grande grau de simplificações que

apresenta. Com as ferramentas computacionais, este modelo passou a ser utilizado

basicamente para pequenas estruturas. Nele, a estrutura não é considerada como um todo,

e sim por elementos. O cálculo é elaborado para cada elemento separadamente, por

exemplo, calculam-se as cargas da laje, depois das vigas e, por fim, dos pilares. Sabe-se

que isto de fato não ocorre. A estrutura trabalha com interação entre seus elementos, como

um todo. Além disso, este modelo não considera cargas importantes impostas pela norma

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como, por exemplo, o vento. Mesmo com todas estas características, este modelo ainda

serve de ajuda, pois não é necessário ferramentas computacionais. Assim, sua utilização

para pequenos dimensionamentos e conferência de valores ainda é válida, dado sua

facilidade de cálculo. Para dimensionar uma estrutura através deste método, seguem-se os

seguintes passos: calcular os esforços e flechas nas lajes a partir de tabelas da teoria da

elasticidade (Marcus, Czerny, etc); transferir cargas das lajes para as vigas por área de

influencia; calcular flechas e esforços nas vigas pelo processo de viga contínua; transferir

cargas dos apoios das vigas para pilares e, pilares para fundações.

4.2.2 GRELHAS

O método de grelhas é mais avançado que o descrito no item 4.2.1. Consiste em se

dividir a estrutura em vários segmentos menores com intuito de se formar uma grelha.

Manualmente, é um método demasiado trabalhoso, mas com o advento da informática, o

computador pode resolver os sistemas rapidamente. Porém, neste modelo, ainda não é

possível computar os efeitos horizontais (vento, empuxo, etc) e, assim, conseguimos utilizar

este modelo apenas para pavimentos. Posteriormente, pode-se fazer a análise horizontal

através dos modelos de pórticos.

Existem dois tipos de modelos de grelhas, as grelhas de vigas e grelhas de vigas e

lajes. No modelo de grelha de vigas, apenas as vigas irão trabalhar como grelhas.

Diferentemente do método de vigas contínuas, o método de grelhas de vigas trabalha com a

interação entre as vigas e não as trata isoladamente, trazendo um modelo mais realístico. A

laje não entra como elemento de grelha e as cargas destinadas às vigas continuam

calculadas através de área de influência. Os pilares são considerados apoios articulados.

Figura 39 - Exemplo: grelha de vigas

A partir dos resultados, o projetista pode analisar, por exemplo, as flechas das

posições que não possuem apoios e determinar se há necessidade de alterações naquele

local. Também é possível determinar as armaduras uma vez que se conhecem as ações

atuantes nas seções.

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Diferente do modelo de grelhas de vigas, o modelo de grelha de vigas e lajes

trabalha interagindo as vigas e a laje em um único dimensionamento. O conceito é o

mesmo, dividem-se os elementos em várias barras as quais irão representar aquele trecho

da laje/viga (é muito importante que o projetista tenha noção do tamanho de cada elemento,

pois a rigidez a flexão e à torção são difíceis de quantificar). O carregamento pode ser

distribuído pelas barras ou concentrado em seus nós, além disso, o carregamento

distribuído nas vigas não é mais realizado por área de influência e sim pelas barras. Este

modelo sobe um degrau no nível de realidade (quando comparado com os anteriores), pois

permite a interação entre lajes e vigas.

Figura 40 - Exemplo: modelo grelha de vigas e lajes

4.2.3 PÓRTICOS

Os pórticos são as estruturas formadas por pilares e vigas e podem ser de dois tipos:

planos ou tridimensionais. Diferente dos métodos já vistos, no modelo de pórticos é possível

analisar as cargas horizontais, como a do vento.

Nos modelos de pórticos planos os nós sofrem três tipos de ações: duas translações

(x e y) e uma rotação. Neste modelo, por se tratar de um plano, não é possível realizar o

cálculo de momentos torçores. As lajes devem ser calculadas pelo método das grelhas e

suas resultantes irão aparecer nas cargas das vigas. Também é interessante ressaltar que

podemos separar a estrutura em diversos pórticos planos e ligá-los através de diafragmas

rígidos. Assim, as ações horizontais serão divididas igualmente entre os elementos.

Nos modelos de pórticos tridimensionais, diferentemente do pórtico plano, existem

em cada nó seis graus de liberdade (três translações e três rotações) possibilitando uma

análise mais detalhada da estrutura (mais complexa também). Com a computação, pôde-se

analisar e verificar que edifícios assimétricos sofrem grandes esforços torçores. Estas

estruturas só podem ser calculadas através de modelos espaciais. Este é o grande benefício

do modelo de pórtico tridimensional, pode-se trabalhar com todos os tipos de ações. É tão

abrangente que pode ser utilizado para todos os tipos de estruturas, pequenas ou grandes.

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43

Atualmente é o modelo mais utilizado para análise de estruturas juntamente com o modelo

de grelhas de lajes.

4.3 ANÁLISE ESTRUTURAL

Além dos modelos estudados anteriormente, o engenheiro deve possuir

conhecimento suficiente sobre os materiais que serão utilizados. Para isto, a NBR 6118/03

indica cinco tipos de análise estrutural.

o Análise linear;

o Análise linear com redistribuição;

o Análise plástica;

o Análise não-linear;

o Análise através de modelos físicos.

4.3.1 ANÁLISE LINEAR E ANÁLISE LINEAR COM REDISTRIBUIÇÃO

Esta análise considera que os materiais constituem comportamento elástico-linear. A

capacidade que um elemento tem de se deformar e retornar ao seu estado de origem é

definida como elasticidade. Então, um material dito elástico-linear significa que possui

propriedades elásticas. Além disso, suas deformações são proporcionais às ações sofridas

por ele. Daí, podemos citar a Lei de Hooke, de onde se deriva a relação entre deformação e

tensão.

[4.1]

Onde:

σ é a tensão;

ε é a deformação;

E é o módulo de elasticidade.

A Lei de Hooke é válida até certo ponto. Caso este seja ultrapassado, o material não

retornará ao seu estado original. Neste caso, a análise deverá mudar. Esta informação é

utilizada para determinação dos Estados Limites de Serviço (ELS) vistos no item 2.1.2.

“Uma vez realizada a análise linear de uma estrutura, pode-se proceder a uma

redistribuição dos esforços calculados, decorrente da variação de rigidez dos elementos

estruturais. A fissuração, e a consequente entrada no Estádio II, de determinadas seções

transversais, provoca um remanejamento dos esforços solicitantes, para regiões de maior

rigidez. É o caso de vigas contínuas, por exemplo. Ao aumentar-se progressivamente o

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carregamento de uma viga contínua, fissuras aparecerão primeiramente nos apoios, onde

os momentos fletores são maiores. A região do apoio entra no Estádio II quando o concreto

tracionado deixa de contribuir na resistência, por ação das fissuras. Ainda sob o

carregamento crescente, nota-se um aumento mais rápido dos momentos fletores nos vãos,

que ainda estão no Estádio I (seção não fissurada), do que nos apoios. Esse processo

continua até a entrada também da região do vão no Estádio II” (FONTES, 2005).

4.3.2 ANÁLISE NÃO LINEAR

Na análise linear, quando uma ação era imposta sobre o material, sua deformação

aparecia proporcionalmente (linearmente) a esta ação. Na análise não linear existe

deformação com o aumento de ações, mas não existe uma proporção. Assim, não se

consegue um valor constante para o módulo de elasticidade. Para se estudar um elemento

através de análise não linear necessita-se de ferramentas computacionais, pois tudo é feito

através de um processo iterativo. Inicia-se trabalhando com valores de uma análise linear e,

a partir deste, faz-se diversas iterações até que o erro fique muito pequeno dentro de um

intervalo aceitável.

A análise não linear pode ser definida em dois tipos: não linearidade física e não

linearidade geométrica.

A não linearidade física, assim como o próprio nome diz, tem relação com os efeitos

físicos que porventura aparecem no material tais como fissuras, fluência, escoamento das

armaduras, dentre outros. Como dito anteriormente, o módulo de elasticidade (E) é variável

para este caso, alterando a rigidez do material (já que rigidez é E.I). Em particular, no

concreto, há uma grande preocupação principalmente em relação à fissuração. Quando o

elemento fissura, sua sessão diminui (diminui inércia I), cooperando para a alteração da

rigidez da peça.

A não linearidade geométrica tem sua relação com os efeitos de 2ª ordem. Quando

uma estrutura deforma, surgem ações adicionais a ela, tais como momentos fletores. Desta

forma, a análise linear da estrutura não basta, pois ela deve ser analisada em sua

configuração deformada. Isto é, a estrutura não irá deformar linearmente com este “novo”

carregamento embora exista deformação.

4.3.3 ANÁLISE PLÁSTICA

Como citado anteriormente, um material elástico-linear trabalha deformando

proporcionalmente às ações aplicadas a ele. Após certo ponto, o material atinge sua fase

plástica e não “tenta voltar” ao seu estado original, permanecendo deformado. Este ponto

limite é chamado de tensão de escoamento. Quando o concreto trabalha em regime

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plástico, diz-se que ele está na iminência de ruptura. Neste estado, pode-se encontrar o

valor da carga limite suportada, chamada de carga última ou de ruína.

4.3.4 ANÁLISE ATRAVÉS DE MODELOS FÍSICOS

Os modelos físicos são criações reais, reduzidas em escala, das estruturas que se

deseja analisar. É muito importante que o modelo físico reduzido mostre realmente o que irá

acontecer com a estrutura (semelhança mecânica) e sua análise deve ser realizada de

forma bastante criteriosa.

Este tipo de análise é bastante limitada devido ao grande trabalho despendido e

também ao valor econômico (elevado).

4.4 ESTABILIDADE GLOBAL

Conforme o edifício em concreto armado sofre ações verticais e horizontais, os nós da

estrutura se deslocam causando uma não linearidade geométrica. A esta decorrência,

aparecem os efeitos de 2ª ordem. O mesmo efeito acontece nos elementos estruturais, pois

estes sofrem variações retilíneas e de prumo. Além disso, o material concreto armado não é

linear na prática. Se olharmos a curva tensão x deformação veremos que não há uma

linearidade do material e, portanto, os valores dos momentos sofridos também variam de

acordo com o trecho da estrutura em que aparecem.

4.4.1 PARÂMETRO DE INSTABILIDADE ALFA

Para se medir os efeitos de 2ª ordem em uma estrutura, BECK (1966) desenvolveu um

parâmetro α que seria analisado em um sistema simples, um pilar engastado no solo com

topo livre sobre ação vertical uniformemente distribuída. Neste modelo, o pilar deveria

possuir sessão constante e trabalhar no regime elástico. Para BECK (1966) este parâmetro

servia como referência para se determinar a capacidade de deformação do pilar.

Posteriormente, este parâmetro recebeu o nome de parâmetro de instabilidade por

FRANCO (1985).

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46

Figura 41 - Modelo de BECK (1966)

A expressão abaixo define o valor de α segundo BECK (1966).

[4.1]

Onde:

H é a altura total do pilar;

Fv é a ação vertical total no pilar;

EI é o módulo de rigidez da seção transversal do pilar.

A maior conclusão que BECK (1966) conseguiu retirar desta análise foi que ela pode

ser estendida a um edifício como sendo o pilar. De acordo com a proposta apresentada,

quando α atinge valor inferior a 0,6 os momentos fletores de 2ª ordem que aparecem na

estrutura representam menos de 10% dos momentos fletores de 1ª ordem já existentes e,

desta forma, podem ser desprezados. Quando o valor é superior os momentos de 2ª ordem

devem ser considerados. No primeiro caso (momento de 2ª ordem desprezível) denomina-

se a estrutura como sendo de nós fixos (“indeslocável”) e, no segundo (momento de 2ª

ordem considerado), de nós móveis (deslocáveis). Além do parâmetro α, outro índice

também é utilizado para se determinar se uma estrutura é de nós fixos ou móveis, o

coeficiente .

Assim, para análise de um edifício, define-se o parâmetro α como:

[4.2]

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Onde:

H é a altura total do edifício, medida a partir do topo da fundação;

Nk é o somatório de todas as ações verticais atuantes no edifício a partir de H;

EI é o módulo de rigidez da estrutura do edifício equivalente a um pilar de seção

constante engastado na base e livre no topo.

Para se definir o valor do módulo de rigidez da estrutura, devemos considerar as

estruturas de contraventamento do edifício que absorvem grande parte das ações

horizontais. A partir daí, deve-se encontrar o maior deslocamento horizontal do edifício

quando submetido a uma ação lateral uniformemente distribuída, ou seja, o deslocamento

horizontal no topo deste. Com estes dados, pode-se criar uma analogia do edifício com um

pilar submetido às mesmas condições (altura, carregamentos, deslocamento) e de seção

constante.

Figura 42 - Linha elástica de pilar com rigidez equivalente ao edifício

Da mecânica, sabe-se que a equação da linha elástica é:

[4.3]

Onde:

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H é a altura total do edifício;

q é a ação lateral uniformemente distribuída;

a é o deslocamento do topo do edifício devido à carga q horizontal;

EI módulo de rigidez equivalente (a ser utilizado na fórmula 4.2).

Existe outro modelo mais simples para cálculo da rigidez equivalente da estrutura,

embora necessite maior cautela ao ser analisado. Consideram-se as lajes atuando como

diafragma rígido e todos os pórticos que contribuem para o contraventamento são indicados

como rotulados. A rigidez dos elementos deve possuir valor compatível para que não haja

deformações na estrutura que modifiquem o real deslocamento do edifício. Na análise plana,

o coeficiente de rigidez resultante será menor que na análise tridimensional. Assim, nesta

análise estamos à favor da segurança.

Figura 43 - Associação plana de painéis

Embora BECK (1966) tenha definido α = 0,6 como valor limitante entre considerar ou

não os efeitos de segunda ordem, posteriormente descobriu-se que este não era um valor

aceitável. Para se determinar se os efeitos de segunda ordem serão ou não considerados,

deve-se calcular um . VASCONCELOS (1987) propôs que este valor fosse calculado

através da seguinte equação:

[4.4]

Onde n é o número de pavimentos do edifício.

Já a NBR 6118/03, indica que uma estrutura reticulada simétrica pode ser de nós

fixos (sem momentos de 2ª ordem) se α da equação 4.2 for menor que definido como:

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49

Onde n é o número de andares acima da fundação.

Além disso, a NBR 6118/03 também diz que o valor de é influenciado pelo tipo de

contraventamento utilizado em cada edificação:

(estruturas contraventadas por pilares-parede)

(estruturas contraventadas por associação de pórticos e pilares-parede)

(estruturas contraventadas somente por pórticos)

Lembrando que pilares-paredes são todos os pilares onde sua maior dimensão é

igual a, pelo menos, quatro vezes sua menor dimensão. Estes tipos de pilares são

comumente utilizados em caixas de elevadores e escadas, muitas vezes chamados de

núcleos rígidos ou estruturais. Devido à sua grande rigidez, podem ser os principais

responsáveis pelo coeficiente α ser menor que . Esta afirmação é bastante importante

pois com um não é necessário fazer análises de 2ª ordem e, consequentemente, o

trabalho e tempo gasto em projeto serão reduzidos.

Quando têm-se três opções:

o Levar em conta os efeitos de 2ª ordem;

o Realizar uma aproximação dos efeitos de 2ª ordem majorando-se as ações

horizontais do vento (fator K);

o Aumentar as seções dos elementos a fim de aumentar a rigidez da estrutura.

Neste caso, calcula-se α novamente.

4.4.2 COEFICIENTA GAMA Z

Como citado anteriormente, o coeficiente também é utilizado para avaliação global

de estruturas. Desenvolvido por FRANCO e VACONCELOS (1991) através do processo P-Δ

em estruturas regulares submetidas a forças verticais e horizontais distribuídas, o tem

como objetivo trazer uma forma mais simples e direta para analisar e quantificar os efeitos

de 2ª ordem. Trabalha basicamente majorando os esforços já existentes na estrutura a fim

de obter os esforços finais, já incluídos os de 2ª ordem. Ou seja, o é mais completo que o

parâmetro α, pois, com ele, conseguimos estimar valores para os esforços de 2ª ordem. De

fato, abaixo sua equação:

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[4.5]

Onde:

é o momento de tombamento, ou seja, a soma do produto das forças

horizontais multiplicadas pela altura em que está aplicada em relação à base do edifício;

é a soma do produto das ações verticais pelos deslocamentos horizontais,

obtidos da análise em 1ª ordem.

Para melhor entendimento, veja:

[4.6]

[4.7]

Onde:

é a força horizontal no andar n;

é a distância do andar n até a base do edifício;

é a força vertical do andar n;

é o deslocamento horizontal no andar n.

Após calcular , assim como o parâmetro α, devemos compará-lo com valores

indicados pela norma para chegar à conclusão se a estrutura deverá ser considerada de nós

fixos ou móveis. A NBR 6118/03 diz que “uma solução aproximada para a determinação dos

esforços globais de 2ª ordem consiste na avaliação dos esforços finais (1ª ordem e 2ª

ordem) a partir da majoração adicional dos esforços horizontais da combinação de

carregamento considerada por . Esse processo só é válido para ”. Caso se

opte por utilizar o valor de , o projetista estará mais próximo dos valores que se

encontraria num processo mais complexo como o P-Δ. Este processo é o utilizado, também,

caso .

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Assim, se:

a estrutura de nós fixos;

a estrutura de nós móveis.

Caso uma estrutura seja considerada de nós móveis, assim como mostrado para o

parâmetro α, podem-se reorganizar as posições dos pilares e aumentar as seções de

elementos estruturais na tentativa de diminuir o valor de . Após modificações, é importante

que o projetista não “saia fazendo logo de cara” o novo projeto. Algumas vezes um projeto

que era viável, passa a se tornar inviável financeiramente após algumas alterações em seu

layout. O ideal é comparar os novos resultados com outros tipos de sistemas a fim de

aperfeiçoar o projeto estrutural o máximo possível. Essa é a principal motivação para que se

realize uma análise global da edificação na fase de anteprojeto.

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5. CONCLUSÃO

A área de estruturas em Engenharia Civil é muito vasta e ainda há muito a se explorar.

Neste trabalho, citou-se um pouco de vários assuntos relacionados à concepção estrutural

de edifícios em concreto armado a fim de trazer um conhecimento, mesmo que básico, aos

leitores.

Com as informações obtidas, podemos analisar que um projetista possui grande

responsabilidade (se não a maior) na tomada de decisões sobre um empreendimento.

Também podemos dizer que a experiência é um fator diferencial na hora de se elaborar um

projeto.

Com o advento dos computadores, a área de projetos ficou bastante limitada, pois os

eles devem ser elaborados com agilidade impossibilitando o projetista de criar a melhor

solução. Como vimos, a teoria é bastante densa para ser aplicada com tamanha rapidez,

então é possível afirmar que há um déficit no Brasil na hora de se elaborarem os projetos

estruturais.

De uma forma geral, é interessante notar que um mesmo empreendimento pode ser

implantado de diversas maneiras, cabendo ao projetista decidir qual a melhor solução. Por

isso, quanto maior o leque de informações o projetista possuir, maior a chance de criar uma

solução totalmente otimizada. Os programas computacionais irão ajudá-lo, mas não irão

nunca substituir a capacidade de decisão de um engenheiro.

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6. REFERÊNCIAS

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Departamento de Estruturas e Construção Civil, 2007.24 p. Apostila.

ARDUINI, A. M. V.. Algumas diretrizes para a elaboração de um projeto de estrutura

em concreto armado. 1991. 191 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Estruturas) –

Departamento de Estruturas. Escola de Engenharia de São Carlos – USP. São Carlos, 1991

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENGENHARIA E CONSULTORIA ESTRUTURAL.

Recomendações para Elaboração de Projetos Estruturais de Edifícios de Concreto. São

Paulo, ABECE, Agosto, 2005.

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concreto – Procedimento - NBR 6118. Rio de Janeiro, ABNT, Março, 2003.

BOCCHI JUNIOR, C. F. Lajes nervuradas de concreto armado: projeto e execução.

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CAUDURO, E.L. Em favor da leveza. Téchne – Revista de tecnologia da construção, ano

5, n.26, p.30-33. Jan/Fev, 1997.

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Iniciação Científica.

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CAUDURO, E. L. ; LEME, A. J. H. A protensão em edifícios sem vigas - Novas técnicas

aumentam a qualidade e reduzem o custo total do edifício, s/d..

CLETO , F. R.. Referênciais tecnológicos para a construção de edifícios. 2006. 232 f.

Dissertação (Mestrado em Engenharia de Construção Civil e Urbana) – Departamento de

Engenharia Civil. Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2006

DIAS, R. H. Importância e interferências da concepção dos subsistemas verticais em

edifícios altos na arquitetura. Texto Especial 270, Portal Vitruvius, 2004.

EMERICK, A. A.. Projeto e Execução de Lajes Protendidas. Brasília, 2002.

FERREIRA, M. A.. Manual de Sistemas Pré-Fabricados de Concreto-Tradução.

ABCP/ABCIC, 2003.

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para Dimensionamento de Edifícios Residenciais. In: VI Simpósio EPUSP sobre Estruturas de

Concreto, nº 302, 2006. São Paulo. Anais. São Paulo: USP, 2006. p. 606-618

FERREIRA, M. P.; OLIVEIRA, D. R. C.. Viabilidade Técnica e Econômica de Sistemas

Estruturais em Concreto Armado para Edifícios de Múltiplos Pavimentos com Layout

Flexível. In: VI Simpósio EPUSP sobre Estruturas de Concreto, nº 303, 2006. São Paulo.

Anais. São Paulo: USP, 2006. p. 2114-2128

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Paulo: USP, 2006. p. 233-250.

FONTES, F.F.. Análise Estrutural de Elementos Lineares Segundo a NBR 6118:2003.

2005. 137 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Estruturas) – Departamento de

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7. BIBLIOGRAFIA

7.1 LISTA DE IMAGENS

Abaixo, listam-se as figuras presentes neste trabalho encontradas na internet (fora de

artigos, teses, dentre outros).

Figura 7 e Figura 29 -

http://www.altoqi.com.br/suporte/Eberickgold/Dimensionamento/Dimensionamento_de_lajes

_a_puncao.htm Último acesso em: 20/11/2011

Figura 8 -

http://www.set.eesc.usp.br/cursos/SET5863/old/Lajes%20Lisas/apresenta%87%C6o-

lajes%20lisas.ppt. Último acesso em 25/11/2011

Figura 10 - http://www.arcoweb.com.br/arquitetura/ximenes-leite-arquitetura-e-mario-biselli-

residencia-guaruja-07-11-2006.html. Último acesso em 20/11/2011

Figura 9 - http://www.estrutural.eng.br/servicos/detalhes.asp?nrseq=7. Último acesso em

22/11/2011.

Figura 20 - http://www.masterlajescampinas.com.br/Produtos.php?id=7. Último acesso em

25/11/2011.

Figura 21 - http://www.celucon.com.br/home.htm. Último acesso em 22/11/2011.

Figura 22 - http://www.brasilajes.com.br/?p=35. Último acesso em 20/11/2011.

Figura 26 - http://cessconsultoria.blogspot.com/2009/11/uma-laje-bem-montada.html. Último

acesso em 25/11/2011.

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Figura 27, 30, 31, 32, 33, 34 -

http://www.avelox.com.br/down/03/Apresenta%C3%A7%C3%A3o%20F%C3%B4rmas%20Pl

%C3%A1sticas%20para%20Laje%20Nervurada.pdf. Último acesso em 24/11/2011.

Figura 37 - http://plexarquitetura.com.br/novidades/john-hancock-center/. Último acesso em

23/11/2011.