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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE QUÍMICA Sofia Azevedo de Almeida Cesar EDUCAÇÃO NO BRASIL E NO REINO UNIDO: BREVE ANÁLISE DO SISTEMA DE ENSINO COM ÊNFASE NA FORMAÇÃO DOS PROFESSORES DE CIÊNCIAS/QUÍMICA Viçosa MG Julho/2015

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Sofia Azevedo de Almeida

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Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Sofia Azevedo de Almeida

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS

DEPARTAMENTO DE QUÍMICA

Sofia Azevedo de Almeida Cesar

EDUCAÇÃO NO BRASIL E NO REINO UNIDO: BREVE ANÁLISE DO SISTEMA DE

ENSINO COM ÊNFASE NA FORMAÇÃO DOS PROFESSORES DE

CIÊNCIAS/QUÍMICA

Viçosa – MG

Julho/2015

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Sofia Azevedo de Almeida

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS

DEPARTAMENTO DE QUÍMICA

Sofia Azevedo de Almeida Cesar

EDUCAÇÃO NO BRASIL E NO REINO UNIDO: BREVE ANÁLISE DO SISTEMA DE

ENSINO COM ÊNFASE NA FORMAÇÃO DOS PROFESSORES DE

CIÊNCIAS/QUÍMICA

Monografia apresentada ao Departamento

de Química da Universidade Federal de

Viçosa, como parte das exigências de

conclusão do Curso de Licenciatura em

Química.

Viçosa – MG

Julho/2015

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Sofia Azevedo de Almeida

Sofia Azevedo de Almeida Cesar

EDUCAÇÃO NO BRASIL E NO REINO UNIDO: BREVE ANÁLISE DO SISTEMA DE

ENSINO COM ÊNFASE NA FORMAÇÃO DOS PROFESSORES DE

CIÊNCIAS/QUÍMICA

Monografia apresentada ao Departamento

de Química da Universidade Federal de

Viçosa, como parte das exigências de

conclusão do Curso de Licenciatura em

Química.

Data de aprovação: ___/___/____

_____________________________ ____________________________

Prof. Vinícius Catão de A. Souza Profª. Regina Simplício Carvalho

Coordenador da Disciplina Orientadora

_____________________________ ____________________________

Prof. Mayura Marques M. Rubinger Prof. Aparecida de Fátima A. da Silva

Membro da Banca Examinadora Membro da Banca Examinadora

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Sofia Azevedo de Almeida

Agradecimentos

Primeiramente, agradeço a Deus, por ser minha fonte inesgotável de força.

À minha professora e orientadora Regina, pelo apoio, incentivo e

ensinamentos. Obrigada pelo sorriso e pela atenção de cada encontro.

Ao professor Vinícius, por transmitir um pouco de seu vasto conhecimento.

Às professoras Mayura Marques Magalhães Rubinger e Aparecida de Fátima

Andrade da Silva, por aceitarem fazer parte da banca examinadora.

Aos meus pais, Reinaldo e Leila, pelo amor incondicional e pelo meu maior

legado: minha educação. Vocês são a razão do meu viver, é por vocês que luto e

são para vocês todas as minhas conquistas.

Aos meus irmãos, Júlio César e Paulo César, por serem meus exemplos de

determinação. Obrigada por incentivarem a ser sempre mais.

Ao Arthur, por ser meu destino e minha paixão. Obrigada por ouvir minhas

preocupações e por sempre me incentivar, até quando eu mesma não acreditei em

meu potencial.

A minha prima-irmã, Clarice, pela amizade fundamental.

Aos meus familiares, Metralhas e Azevedo, pelos incontáveis momentos de

alegria.

À QUI09, principalmente Nathália, Carol Marota, Aline, Paula Santana, Bibi,

Luiz Phillip, Sabrina, Silvana, Paula Salino, Timóteo, Raul, Diego, Libardi, Teresa,

Alana, Karine e Bryan. Aos amigos de Raul/Viçosa/Liverpool, em especial Álex,

Despina, Maria Rita, Laura, Ono, Lud, Talles, Shanice e Bea. À Velha Guarda,

principalmente Paula C., Lari, Mari, Celle, Beta, Brunão, Zozis, Titis, Dani, Ane e

Thatis. Aos Blackbirds, Guilherme, Nanda, Tchuco, Boi e Ju. Às Paçocas, Lucyara e

Victória. Obrigada pelas melhores recordações. Sem vocês eu não seria a Sofis

que sou hoje.

À Katie, por estar sempre ao meu lado, mesmo com toda a distância que existe

entre nós, e por sempre responder às minhas intermináveis e afobadas perguntas.

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Sofia Azevedo de Almeida

Ao PIBID, ao LAQUA, ao SAAE, ao CCAA, à Universidade de Liverpool, aos

mestres e, principalmente, à Universidade Federal de Viçosa pelos aprendizados e

pela formação que me proporcionaram.

Tenho muito orgulho de ser UFV!

“Se não fosse imperador, desejaria ser professor.

Não conheço missão maior e mais nobre que a de

dirigir as inteligências jovens e preparar os homens

do futuro” - Dom Pedro II.

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Sofia Azevedo de Almeida

Sumário

Resumo ....................................................................................................................... i

Abstract ....................................................................................................................... ii

1. Introdução ............................................................................................................ 1

2. Objetivos .............................................................................................................. 3

3. Referencial Teórico .............................................................................................. 4

3.1. Estrutura e organização da educação no Brasil ............................................ 5

3.2. Estrutura e organização da educação no Reino Unido ................................. 8

4. Metodologia ....................................................................................................... 13

5. Resultados ......................................................................................................... 14

5.1. Matriz Curricular .......................................................................................... 14

5.1.1. Matriz Curricular - Brasil ....................................................................... 14

5.1.2. Matriz Curricular - Reino Unido ............................................................ 16

5.2. Formação de professores ........................................................................... 17

5.2.1. Formação de professores - Brasil ......................................................... 17

5.2.2. Formação de professores - Reino Unido .............................................. 19

5.3. Disciplinas ................................................................................................... 22

5.3.1. Estágios Supervisionados em Química I, II e III - QUI 444, 445 e 446 . 22

5.3.2. Comunicação em Ciência - CHEM 390 ................................................ 23

6. Discussão .......................................................................................................... 26

7. Considerações Finais ........................................................................................ 30

8. Referências ....................................................................................................... 32

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Sofia Azevedo de Almeida

i

Resumo

CESAR, Sofia Azevedo de Almeida. Universidade Federal de Viçosa, 2015.

Educação no Brasil e no Reino Unido: breve análise do sistema de ensino com

ênfase na formação dos professores de Ciências/Química. Orientadora: Regina

Simplício Carvalho.

Estudos com relação às experiências educativas em outros países podem

fornecer informações importantes para a formulação de novas propostas para uma

melhor formação dos profissionais da área. A elaboração deste trabalho partiu da

curiosidade que foi despertada durante uma vivência de intercâmbio realizado na

Inglaterra como parte do Programa Ciência sem Fronteiras. O estudo levou à

descoberta de semelhanças e diferenças com relação aos dois cenários em análise.

Entre as semelhanças estão os objetivos da educação em todos os seus níveis. Já

as diferenças são inúmeras e começam pela organização do sistema educacional,

que apresenta divisões distintas entre as etapas do ensino, bem como, as idades

dos estudantes em cada uma delas. Tendo como foco o Ensino Superior, viu-se que

o Brasil apresenta uma matriz curricular estabelecida por lei, havendo pequenas

diferenciações entre cada instituição. Por outro lado, no Reino Unido, as

universidades possuem maior autonomia na elaboração das matrizes curriculares

de cada curso. A fim de estudar, mais profundamente, o processo de formação de

professores, foi possível perceber que, ao contrário do que acontece nas

universidades brasileiras, que são responsáveis por oferecer disciplinas de cunho

pedagógico como componentes curriculares, assim como Estágios Supervisionados,

no Reino Unido, a formação docente se dá por meio de cursos em nível de pós-

graduação, sendo que os alunos podem optar pela rota que considera mais

apropriada para alcançar o Qualified Teacher Status (QTA), requerido para o

exercício da profissão. Apesar da maior carga horária de disciplinas pedagógicas

dos cursos de licenciatura no Brasil, os resultados dos índices avaliadores da

educação a nível internacional não refletem a eficácia deste processo. Por isso, a

reformulação das disciplinas e dos Estágios Supervisionados oferecidos durante a

graduação, de forma a estabelecer uma reflexão mais efetiva sobre a relação entre

teoria e prática de ensino, surge como uma sugestão de melhoria.

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Sofia Azevedo de Almeida

ii

Abstract

CESAR, Sofia Azevedo de Almeida. Universidade Federal de Viçosa, 2015.

Education in Brazil and at the United Kingdom: a brief analysis of the

education system with emphasis on the Science’s/Chemistry’s teacher

training. Orientadora: Regina Simplício Carvalho.

Studies regarding educational experiences in other countries are useful to the

formulation of new proposals and better training of professionals. This academic

work started with the curiosity that was aroused during the interchange conducted in

England as part of the Program Science without Borders. The study led to the

discovery of similarities and differences in relation to the two scenarios under

consideration. Among the similarities, are the aims of education at all levels. The

differences are numerous and begin with the system organization, which have

distinct divisions between the stages of education, as well as the ages of the

students in each of them. Focusing on Higher Education, it was seen that Brazil has

a curriculum established by law, with small differences between each institution. On

the other hand, in the UK, universities have more autonomy in preparing the

curriculum matrices for each course. In order to study more deeply the process of

teacher training, it was revealed that, contrary to what happens in Brazilian

universities, which are responsible for offering courses in educational profile as

curriculum components, and Supervised Internship, in the UK, teacher training takes

place through postgraduate level courses, and students can choose the route

considered the most appropriate to achieve Qualified Teacher Status (QTA),

required to the professionals. Despite the higher workload of teaching disciplines of

undergraduate courses in Brazil, the results of the international education indices do

not reflect the effectiveness of this process. Therefore, the reformulation of

disciplines and Supervised Internships offered during the graduation, in order to

establish a more effective reflection on the relation between theory and teaching

practice, appears as a suggestion for improvement.

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Sofia Azevedo de Almeida

1

1. Introdução

A principal fonte de motivação para o desenvolvimento desta monografia são

as palavras de Schneider e Scheibe (2011, p. 232): “Conhecer as experiências

realizadas em outros países é sempre importante para os pesquisadores e

educadores preocupados com a formação dos professores”. O incentivo à pesquisa

floresceu em razão de uma experiência de intercâmbio. Como participante do

Programa Ciência sem Fronteira, do governo Federal, vivi por aproximadamente um

ano e três meses em Liverpool, na Inglaterra. O contato com o diferente despertou

em mim curiosidades como a mencionada por Schneider e Scheibe.

Por isso, desde então, autoindagações passaram a ser cada vez mais

frequentes, em especial, porque me encontrava inserida no contexto acadêmico.

Revelar o modo como funciona o sistema educacional britânico faria a minha

experiência ainda mais proveitosa. Questionava-me também sobre o processo de

formação de professores de Ciências e Química e sobre qual seria a carga

pedagógica dos cursos de graduação na área de ciências na Inglaterra.

Ao retornar ao Brasil, havia então uma certeza, meu projeto de monografia

para a licenciatura seria sobre as semelhanças e as diferenças entre os sistemas

educativos brasileiro e britânico. A opção por restringir o objeto da pesquisa à

questão da formação dos professores foi resultado da descoberta de grandes

disparidades entre os modelos educacionais, interessantes de serem retratadas e

discutidas. No Reino Unido, a formação de professores não acontece por meio de

disciplinas com cunho pedagógico durante a graduação. Tal especialização é

realizada por cursos de pós-graduação.

Outra passagem de Schneider e Scheibe (2011) é importante e serve para

direcionar o meu pensamento na análise dos dois cenários debatidos no presente

trabalho:

[...] importa certamente ter clareza dos seus limites e da necessidade de

levar em conta cada situação e realidade específica. O desempenho dos

professores, sabemos, depende de um conjunto de fatores entre os quais

estão os recursos, a carreira docente e a qualidade de seus formadores

(SCHNEIDER & SCHEIBE, 2011, p. 232).

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Sofia Azevedo de Almeida

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Como bem definiram as autoras, durante o processo de comparação, é preciso

levar em consideração a realidade dos dois países sob análise. A averiguação das

discrepâncias e similitudes, para ser precisa, deve ser abrangente, levando em

conta fatores sociais, econômicos, culturais e políticos. Somente assim se faz

possível extrair aprendizado a partir das diferenças.

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Sofia Azevedo de Almeida

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2. Objetivos

O presente trabalho tem como objetivo delinear um estudo comparativo entre o

sistema de ensino no Brasil e no Reino Unido, com ênfase no Ensino Superior. O

foco da pesquisa inclui as diferenças e semelhanças entre a formação dos

professores nas universidades brasileiras e britânicas, a partir da legislação

reguladora do processo, assim como, as competências exigidas aos profissionais da

educação nos dois cenários.

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Sofia Azevedo de Almeida

4

3. Referencial Teórico

Para iniciar uma comparação entre o contexto brasileiro e o britânico, é

importante fornecer alguns dados dos cenários a serem explorados. De acordo com

a OCDE (Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico), em 2012,

a população total do Brasil era de 196.877.328 pessoas, enquanto a do Reino Unido

(Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte) era de 63.256.154

habitantes. A população de cada país por faixa etária é mostrada na Tabela 1

abaixo. Os dados da tabela têm como base a OCDE, para o ano de 2012.

Tabela 1. População do Brasil e do Reino Unido de acordo com a faixa etária, para

o ano de 2012.

05-09 anos 10-14 anos 15-19 anos 20-24 anos

Brasil 16.520.180 17.236.180 16.508.800 16.752.980

Reino Unido 3.641.000 3.576.400 3.926.600 4.332.200

Foi dada ênfase às faixas etárias de 05-09, 10-14, 15-19 e 20-24, pois

representam os intervalos de idade contemplados, majoritariamente, pela a

Educação Básica e a Educação Superior, no regime regular de ensino.

De acordo com a OCDE (2014), no Brasil é de 44,9% concluíram o ensino

médio, muito abaixo da média mundial que é de 75%, esse resultado dá ao país a

posição de número 33 em 36 países pesquisados. Já no Reino Unido o resultado é

78,1%, o que garante a posição de número 20 no ranking.

A fim de se estabelecer um estudo sobre a qualidade da educação recebida, a

OCDE criou o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA) que

reflete a aquisição de conhecimentos e habilidades fundamentais para a

participação dos cidadãos em sociedade. No ano de 2014, o PISA priorizou a

avaliação sobre as habilidade de leitura, matemática e ciências, por serem áreas

protagonistas para a melhora social e econômica de um país. O desempenho médio

de um aluno com 15 anos de idade é de 497 pontos. O Brasil tem o pior

desempenho entre todos os 36 países pesquisados, enquanto o Reino Unido possui

uma pontuação superior à média e ocupa a posição de número 14 na classificação.

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Sofia Azevedo de Almeida

5

3.1. Estrutura e organização da educação no Brasil

O sistema de ensino no Brasil, organização e estrutura, está representado no

Diagrama 1 a seguir.

Diagrama 1. Organização e Estrutura da Educação Brasileira

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6

No Brasil, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB (Lei nº 9.394/96)

organiza a educação escolar e orienta as diferentes instituições de ensino do país.

O Estado tem o dever de fornecer educação básica gratuita e obrigatória entre as

idades de quatro a dezessete anos (BRASIL, 2013). Quando a LDB foi publicada em

1996, a idade inicial era de sete anos, passando, em 2005, para seis e, a partir de

2013, a Lei nº 12.796 ampliou o acesso à educação, gratuita e obrigatória, para

crianças com quatro anos de idade (BRASIL, 2013).

A Educação Básica é dividida em: Pré-escola (para crianças entre quatro e

cinco anos de idade), Ensino Fundamental (com duração mínima de nove anos,

iniciando-se aos seis anos de idade) e Ensino Médio (com duração mínima de três

anos) (BRASIL, 1996).

A continuação do ensino é facultativa. As instituições de Educação Superior,

públicas ou privadas, têm como objetivos: formar profissionais capacitados nas mais

diferentes áreas do conhecimento para participar ativamente no desenvolvimento do

país; incentivar o pensamento científico e reflexivo, principalmente através de

trabalhos de pesquisa e criação cultural; estimular a vontade de formação

continuada dos profissionais diplomados; conscientizar os estudantes, futuros

diplomados, a cerca dos problemas mais recentes do mundo, bem como, incluí-los

na solução dos mesmos (BRASIL, 1996).

A concessão de financiamento para as instituições de Ensino Superior,

públicas e privadas, por uma ação conjunta entre o Ministério da Educação e o

Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, levando em consideração

os cursos, o desempenho dos estudantes e aspectos como ensino, pesquisa,

extensão, responsabilidade social, gestão da instituição e corpo docente (BRASIL,

2014). Para as universidades privadas, além de apresentar boa qualidade de

ensino, é preciso que elas tenham aderido ao Fundo de Financiamento ao

Estudante do Ensino Superior (FIES), ao Programa Universidade para Todos

(PROUNI) e ao Fundo de Garantia de Operações de Crédito Educativo (FGEDUC).

O dinheiro desses investimentos pode ser utilizado para a melhoria da infraestrutura

das instituições, bem como, para a compra de equipamentos, de livros para compor

o acervo das bibliotecas, de softwares didáticos e para projetos de reestruturação

financeira (BRASIL, 2009). Com o objetivo de garantir as condições para as

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Sofia Azevedo de Almeida

7

atividades de entidades responsáveis pela manutenção das instituições federais de

Ensino Superior, a Lei nº 12.688 de julho de 2012 instituiu o Programa de Estímulo

à Reestruturação e ao Fortalecimento das Instituições de Ensino Superior (PROIES)

(BRASIL, 2012).

As universidades brasileiras possuem autonomia para instituir e programar

cursos de graduação e pós-graduação, bem como, extingui-los quando assim for

necessário. É de responsabilidade das universidades, elaborar e incentivar projetos

de ensino, pesquisa e extensão (BRASIL, 1996). A fim de assegurar a qualidade

das instituições de Ensino Superior, assim como os cursos criados por elas, a Lei n.

10861, instituiu o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES)

(BRASIL, 2004).

O SINAES tem por finalidades a melhoria da qualidade da educação

superior, a orientação da expansão da sua oferta, o aumento permanente

da sua eficácia institucional e efetividade acadêmica e social e,

especialmente, a promoção do aprofundamento dos compromissos e

responsabilidades sociais das instituições de educação superior, por meio

da valorização de sua missão pública, da promoção dos valores

democráticos, do respeito à diferença e à diversidade, da afirmação da

autonomia e da identidade institucional (BRASIL, 2004, p. 1).

O regimento criado pelas universidades ou demais instituições de ensino deve

ser aprovado pelo Ministério da Educação. O descumprimento do protocolo de

compromisso por parte da instituição de Ensino Superior será passível de punição,

como: suspensão do processo seletivo, cassação da autorização de funcionamento

ou perda, cassação ou suspensão do dirigente responsável pela instituição

(BRASIL, 2004).

Os currículos variam de instituição para instituição, porém são orientados por

uma diretriz geral (BRASIL, 1996). As Diretrizes Curriculares para os mais variados

cursos fizeram parte das discussões sobre a LDB e foram elaboradas pela

Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação (ZUCCO, 1999). As

Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Graduação asseguram a

liberdade das instituições de Ensino Superior com relação à carga horária dos

currículos; indicam os tópicos de estudo que deverão compor os currículos;

incentivam a formação geral, permitindo a construção de conhecimentos e

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Sofia Azevedo de Almeida

8

habilitações diferenciadas em um mesmo programa; estimulam a autonomia

profissional e intelectual de cada graduando (BRASIL, 2007).

3.2. Estrutura e organização da educação no Reino Unido

A educação no Reino Unido é obrigatória dos cinco aos dezesseis anos de

idade, sendo dividida em: Pré-escola (Early Years – três e quatro anos – não

obrigatória), Escola Primária (Primary School – cinco a onze anos), Escola

Secundária (Secondary School – onze a dezesseis anos), Educação Adicional

(Further Education – dezesseis a dezoito anos) e Educação Superior (Higher

Education), conforme pode ser observado no Diagrama 2 (CAPDEVILLE, 1994).

O Diagrama 2, a seguir, traz algumas siglas que serão previamente explicadas.

A sigla ISCED (International Standard Classification of Education) significa Padrão

Internacional de Classificação para a Educação. O ISCED 0 é o nível para a

Educação Infantil (Early Childhood Education) cujo programa busca desenvolver

física, social, emocional e cognitivamente as crianças, introduzindo-as a instruções

fora de um contexto familiar. O ISCED 1, Educação Primária (Primary Education),

tem como objetivo desenvolver habilidades básicas aos alunos: leitura, escrita e

matemática, estabelecendo uma base sólida para os futuros aprendizados. O

ISCED 2 inclui a Educação Secundária Inferior (Lower Secondary Education) e

busca consolidar os conhecimentos do ISCED 1, já o ISCED 3, Educação

Secundária Superior (Upper Secondary Education), complementa o ISCED 2. O

ISCED 4 é a Educação Pós-secundária e não-superior (Post-secondary non-tertiary

Education) propicia ensinamentos baseados no nível anterior com foco para a

inserção dos alunos no mercado de trabalho. O ISCED 5, Ensino Superior de Ciclo

Curto (Short-Cycle Tertiary Education) proporciona conhecimentos profissional,

habilidades e competências. O ISCED 6 é o nível do Bacharelado (Bachelors’ or

equivalente level) que leva os participantes a alcançar habilidades e competências

acadêmicas, sendo exigida a conclusão dos níveis ISCED 3 e 4 com posterior

acesso ao Ensino Superior. O último, ISCED 7, Mestrado (Master’s or Equivalente

Level) que avança nos conhecimentos obtidos pelo conclusão do nível anterior

(EUROPE, 2014). O diagrama não contempla o nível de doutorado, cujo programa

requer que o estudante desenvolva uma pesquisa em uma instituição de Ensino

Superior.

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Sofia Azevedo de Almeida

9

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Sofia Azevedo de Almeida

10

Fonte: European Commission – The Structure of the European Education System 2014/2015

Diagrama 2. Estrutura do Sistema de Ensino do Reino Unido

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Sofia Azevedo de Almeida

11

Observam-se pequenas diferenças no sistema educacional entre os países

constituintes do Reino Unido (Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte).

Para o presente trabalho foi selecionado o sistema educacional da Inglaterra. Além

disso, é importante salientar que a Educação Adicional, em muitos casos, é apenas

uma continuação da Escola Secundária, não havendo essa estrita diferenciação em

muitas instituições de ensino.

A base legal da Educação Superior na Inglaterra e no País de Gales é parte da

Seção 120 do Ato pela Reforma Educacional de 1988 (Education Reform Act 1988).

A legislação pode variar entre cada instituição. Em comum, tem-se que todas as

instituições de Ensino Superior são legalmente independentes do governo federal. O

poder dessas instituições em conceder diplomas aos seus alunos é adquirido por

meio de uma Carta Régia (Royal Charter), por uma Lei do Parlamento (Act of

Parliament) ou por meio do Conselho Privado (Privy Council) que é um comitê de

governo do Reino Unido (UNITED KINGDOM, 2009/2010).

O documento da Agência Executiva para Educação, Audiovisual e Cultural

(2009/2010) aponta quatro finalidades principais para a Educação Superior, sendo

essas: ensinar qualificações profissionais adequadas para as diferentes áreas de

trabalho; auxiliar na formação de cidadãos reflexivos; promover um avanço no nível

de aprendizagem dos estudantes e transmitir cultura e normas de cidadania. Além

disso, o desenvolvimento intelectual promove benefícios econômicos para o país

(UNITED KINGDOM, 2009/2010).

O financiamento do Ensino Superior na Inglaterra é regularizado pelo Conselho

de Financiamento do Ensino Superior para a Inglaterra (Higher Education Funding

Council for England – HEFCE) criado pela Lei de Educação Superior de 1992

(Further and Higher Education Act, 1992) (UNITED KINGDOM, 2009/2010). A

legislação institui a quantidade de membros para o Conselho, assim como suas

funções e responsabilidades, uma vez que a universidade é considerada uma

instituição conduzida por uma corporação ou uma instituição designada para tal

atividade (UNITED KINGDOM, 1992).

Cada conselho é responsável pela utilização dos recursos disponibilizados para

o município pelo Secretário de Estado, para fins de prestação de apoio financeiro a

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Sofia Azevedo de Almeida

12

atividades como: oferta de educação e de pesquisa a instituições de Ensino Superior

na área do município; prestação de serviços para melhora da infraestrutura da

instituição e conexão entre o ensino e a pesquisa, com apoio de empresas ligadas

ao município. Além disso, o conselho pode fazer doações, empréstimos ou outros

pagamentos para o órgão executivo de qualquer instituição de Ensino Superior em

matéria de despesas que julgar necessário. Caso os termos e condições para a

concessão dos empréstimos não forem respeitados, o conselho pode exigir o

reembolso total ou parcial do dinheiro, podendo requerer juros sobre o valor

emprestado (UNITED KINGDOM, 1992).

As próprias Instituições de Ensino Superior (Higher Education Institutions –

HEIs) são responsáveis por regulamentar os programas dos cursos. Tipicamente,

alguns módulos abrangem o conhecimento básico do assunto, podendo ser

combinado com outras opções destinadas a atender às necessidades da

comunidade local (UNITED KINGDOM, 2009/2010).

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Sofia Azevedo de Almeida

13

4. Metodologia

O trabalho foi realizado por meio de uma pesquisa exploratória, que consisti no

entendimento geral de determinado assunto, através de uma revisão bibliográfica

mais ampla (OLIVEIRA, 2012). Para o melhor desenvolvimento da pesquisa,

algumas etapas foram traçadas:

1ª Etapa – Fontes: pesquisa de artigos, livros e documentos que

respondessem às perguntas pertinentes ao tema em estudo. Coleta de Dados:

leitura rápida que tem como objetivo verificar se as fontes encontradas são

realmente importantes para a construção das ideias.

2ª Etapa – Leitura pormenorizada dos trechos que foram utilizados como fonte

de dados. Para isso, um registro detalhado dos autores, ano de publicação,

metodologia, resultados e conclusões tornou-se necessário.

3ª Etapa – Análise e Interpretação dos Resultados: organização e sumarização

das informações contidas nas fontes pesquisadas.

4ª Etapa – Discussão dos Resultados: elaboração de novas propostas da

pesquisa com base nas leituras realizadas anteriormente.

Além disso, foram analisados, de uma forma geral, os programas analíticos das

disciplinas de Estágio Supervisionado em Química I, II e III (QUI 444, QUI 445 e QUI

446) do curso de Licenciatura em Química da Universidade Federal de Viçosa e o

programa analítico da disciplina Comunicação em Ciências (Science Communication

– CHEM390) do curso de Química da Universidade de Liverpool, disciplina

recomendada para alunos com interesse pela prática docente.

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Sofia Azevedo de Almeida

14

5. Resultados

Após a análise com relação à estrutura e a organização do sistema de ensino

no Brasil e no Reino Unido, percebeu-se que dentre as similaridades estão os

objetivos do Ensino Superior nos dois cenários de estudo. Segundo o artigo 43 da

Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n. 9394/96), a educação

superior tem como objetivo formar profissionais habilitados para atuar nas mais

diversas áreas do conhecimento, com constante estímulo para o desenvolvimento

cultural e científico desses profissionais. Para isso, as instituições de ensino devem

incentivar a pesquisa científica e a produção cultural, com finalidade de promover o

desenvolvimento da sociedade. Além disso, é de interesse que a educação superior

promova a inserção da população e a difusão dos conhecimentos gerados durante o

processo de formação dos profissionais (BRASIL, 1996).

Os mesmos objetivos são identificados pelo documento da Agência Executiva

para Educação, Audiovisual e Cultura (Education, Audiovisual & Culture Executive

Agency) de 2009/2010 que norteia vários aspectos do Ensino Superior, assim como,

dos demais patamares do sistema de ensino britânico. Um foco especial é dado ao

poder que o Ensino Superior tem em produzir desenvolvimento intelectual dos

indivíduos que, através dos ensinamentos das instituições, podem contribuir tanto

para seu próprio bem quanto para o bem da sociedade, nos mais diversos aspectos:

social, cultural e econômico (UNITED KINGDOM, 2009/2010).

As metas com relação ao Ensino Superior também se igualam para o Brasil

(2014) e para o Reino Unido (2009/2010): expansão da educação superior para 50%

(cinquenta por cento) e promover acesso igualitário às instituições de ensino e

diminuir os índices de evasão. O Plano Nacional de Educação (PNE) inclui a

elevação da escolaridade e a ampliação dos cursos de pós-graduação (BRASIL,

2014).

5.1. Matriz Curricular

5.1.1. Matriz Curricular - Brasil

Na LDB observa-se certa preocupação com a formação mais geral do aluno,

incluindo, assim, questões sobre ética, responsabilidade e cidadania, que tiveram

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Sofia Azevedo de Almeida

15

reflexos nas matrizes curriculares das instituições de Ensino Superior do país

(ZUCCO, 1999). As Diretrizes Curriculares recomendadas pela LDB devem

contemplar: o perfil, as competências e as habilidades dos profissionais de cada

área; os conteúdos curriculares, a duração e a estrutura dos cursos de graduação;

os estágios e as atividades complementares dos estudantes enquanto alunos de

uma instituição de Ensino Superior (BRASIL, 2000).

As Diretrizes Curriculares garantem a autonomia institucional, que vem para

flexibilizar os currículos, permitindo que cada graduando escolha os módulos de

estudo de acordo com suas habilidades e desejos pessoais. O estudante é

estimulado a buscar conhecimento por si só, a participar de projetos de pesquisa e a

desenvolver práticas que amplie sua área de estudo (BRASIL, 2001).

Desta forma, as Diretrizes Curriculares para os Cursos de Graduação devem

proporcionar às universidades a elaboração de um currículo adequado à formação

de profissionais capazes de incorporar os conhecimentos e reestruturá-los de

maneira a agregar valores de cidadania à sociedade. A eficácia dessas propostas

curriculares requer uma ação participativa da instituição, dos professores e dos

estudantes (ZUCCO, 1999).

O artigo de Zucco (1999) sobre as Diretrizes Curriculares para os cursos de

Química serviu de base para a formulação do parecer legal que institui a referente

matriz curricular. Especificamente para o curso de licenciatura, os currículos devem

abranger a formação pessoal, preparando os futuros profissionais para analisar

criticamente sua atuação, assim como, capacitá-los para a preparação de materiais

que os auxiliem para o desenvolvimento de seu papel em classe. Com relação à

compreensão da Química, os programas de curso devem possibilitar o entendimento

dos conceitos, leis e princípios químicos. Já com relação à busca de informação e à

comunicação e expressão, os licenciandos devem ter acesso à fontes de

informações relevantes para a Química, sabendo explorá-las e interpretá-las. Em

relação com o ensino, os currículos das universidades devem promover uma

reflexão entre prática docente, identificando as nuances que permeiam o processo

de ensino-aprendizagem. Por fim, a relação profissional de todos os conteúdos

abordados pelos cursos devem se comunicar com a função social da docência

(BRASIL, 2001).

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Sofia Azevedo de Almeida

16

5.1.2. Matriz Curricular - Reino Unido

No Reino Unido, as instituições de Ensino Superior tem a responsabilidade de

organizar os projetos dos programas de ensino a serem oferecidos, bem como

aprova-los e avalia-los. Geralmente, as universidades oferecem uma ampla gama de

cursos. Todavia, existem aquelas que se especializam em determinadas áreas, tais

como música, arte ou negócios (UNITED KINGDOM, 2009/2010).

Os programas dos cursos de graduação das instituições se concentram em

uma área de conhecimento particular, porém, há também aqueles programas que

combinam mais de uma área de estudo, envolvendo duas, ou possivelmente três,

especializações (UNITED KINGDOM, 2009/2010).

Dentro de cada programa, existem módulos fixos que abrangem o

conhecimento básico do assunto. Outras opções de disciplinas podem ser

combinadas, normalmente, abordando aspectos mais específicos da área de

conhecimento. As instituições podem também optar por oferecer cursos destinados

a atender especificamente uma necessidade da comunidade em que estão

inseridas. Entre essas alternativas de estudo estão cursos de atualização

profissional realizados em tempos parciais ou cursos de lazer sobre assuntos

vinculados à história local, tratando, muitas vezes, de assuntos geográficos,

linguísticos e literários da sociedade (UNITED KINGDOM, 2009/2010).

Mbajiorgu e Reid (2006) fizeram um estudo que resume as principais

conclusões da literatura na área da educação a fim de oferecer uma orientação para

o desenvolvimento do currículo em química na escola e nas instituições de Ensino

Superior. As principais conclusões são que os currículos de química de nível

superior devem: atender às necessidades da maioria dos estudantes, procurando

assim educar com a química, bem como em química; estabelecer uma relação entre

a química que está sendo ensinada e sua função social no contexto econômico e

industrial; visar a compreensão profunda de ideias, em vez de cobertura de

conteúdo, e desenvolver a valorização da química como uma grande influência no

estilo de vida e do progresso social; permitir aos alunos oportunidades para

comunicar ideias químicas em uma forma lógica: por meio de apresentações em

tutoriais, trabalho em grupo e redação de relatórios concisos sobre fenômenos

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Sofia Azevedo de Almeida

17

químicos; desenvolver a compreensão conceitual e não memorização de

informações, estando ciente de possíveis concepções alternativas e equívocos;

desenvolver trabalho de laboratório com objetivos claros, oferecendo oportunidades

para uma verdadeira solução de problemas; exigir avaliação integrada ao currículo

(MBAJIORGU & REID, 2006).

Os métodos de ensino são decididos pelo professor, pelo departamento, pela

universidade ou pela combinação destes. A maioria dos cursos envolve palestras

formais juntamente a seminários, em que os alunos são incentivados a participar,

liderando as discussões tematizadas. Pela sua natureza, alguns cursos exigem

aulas práticas, tais como o trabalho em um laboratório para as disciplinas de

ciências e aulas orais para línguas estrangeiras. As instituições podem explorar a

informação e a tecnologia, utilizando a aprendizagem assistida por computador, por

exemplo. Alguns cursos também incluem um período de estágio a fim de promover

uma experiência de trabalho aos alunos (UNITED KINGDOM, 2009/2010).

5.2. Formação de professores

5.2.1. Formação de professores - Brasil

No Brasil, existem cursos superiores específicos para a formação de

professores para a Educação Básica – quatro últimas séries do Ensino Fundamental

e Ensino Médio, as chamadas Licenciaturas. Os cursos devem incluir uma carga

horária total de 2800 horas, sendo 400 horas de prática como componente

curricular, vivenciadas durante o curso; 400 horas de estágio supervisionado; 1800

horas de aulas que contemplem os conteúdos curriculares e 200 horas para

atividades extras que abordem a relação entre conteúdos científicos, acadêmicos e

culturais (BRASIL, 2002).

As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da

Educação Básica, em nível superior, em curso de licenciatura, de

graduação plena, constituem-se de um conjunto de princípios, fundamentos

e procedimentos a serem observados na organização institucional e

curricular de cada estabelecimento de ensino e aplicam-se a todas as

etapas e modalidades da educação básica (BRASIL, 2002, p. 1).

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Sofia Azevedo de Almeida

18

Uma preocupação geral para os cursos responsáveis pela formação dos

futuros professores é possibilitar um ensino abrangente e interdisciplinar, uma vez

que o aluno assumirá uma função de educador e cidadão após concluir seus

estudos. Para alcançar essa qualificação, o licenciando tem a responsabilidade de

participar de atividades de planejamento e ensino, avaliando as situações de

ensino/aprendizagem. Assim, as instituições de Ensino Superior devem promover

experiências reais de prática docente a seus alunos, mediante estágios (ZUCCO,

1999).

Outro foco da formação de docentes dada pelas Diretrizes Curriculares é a

parte humanística, para tanto, as disciplinas oferecidas devem se comunicar com a

realidade e com as expectativas dos estudantes. Portanto, é preciso que as

universidades avaliem a qualidade das atividades propostas, muito além de apenas

a quantidade de horas/aula e de estágios (BRASIL, 2001).

A formação em informática também é importante para os estudantes de

Licenciatura, uma vez que, as tecnologias poderão servir de ferramentas para o

ensino que desenvolverão em sala de aula. Competências como criatividade,

independência e trabalho em equipe também devem ser trabalhadas durante a

formação profissional (BRASIL, 2001).

O conjunto de competências e habilidades trabalhadas durante o curso é o

treinamento pedagógico capaz de desenvolver a capacidade de os professores, no

exercício de sua profissão, identificarem os níveis de desenvolvimento cognitivo de

seus alunos, assim como, adequarem novas metodologias de ensino que facilitem a

aprendizagem (ZUCCO, 1999).

Os estudos realizados durante a graduação devem contar com conteúdos que

levem os alunos a adquirirem conhecimentos sólidos que vão além dos conteúdos

que ensinarão na Educação Básica. Os conhecimentos têm de permitir aos futuros

professores ensinar a Química num contexto geral e num diálogo com áreas afins,

entre elas, Física, Matemática e Biologia. Desta forma, os profissionais estarão aptos

a lecionar Ciências tendo a Química como instrumento de compreensão dos demais

temas de ensino (BRASIL, 2001).

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Sofia Azevedo de Almeida

19

O excerto a seguir sintetiza todas as ideias que as Diretrizes Curriculares

buscam concretizar nos profissionais da educação, principalmente, nos professores

de Química:

O licenciado é um profissional que deve ter formação generalista, mas

sólida e abrangente em conteúdos dos diversos campos da Química,

preparação adequada à aplicação pedagógica do conhecimento e

experiências de Química e de áreas afins, na atuação profissional como

educador nos ensinos fundamental e médio (ZUCCO, 1999, p. 458).

5.2.2. Formação de professores - Reino Unido

Para ser um professor no Reino Unido, é preciso conseguir o Qualified Teacher

Status (QTS) que é uma espécie de confirmação obrigatória com relação à formação

dos licenciados. Este documento fornece ao professor o título de qualificação para

lecionar para determinada faixa etária, que é escolhida por cada professor (NUNES,

2010).

O QTS é conseguido após um programa de curso, que os professores têm que

se submeter, chamado Initial Teacher Education or Training (ITET). Segundo o

órgão responsável por auxiliar os professores a encontrar e se inscreverem na

melhor rota, chamado UCAS (Universities and Colleges Adimissions Service), o

treinamento ajuda a desenvolver habilidades de ensino, as quais deixarão os futuros

professores mais confiantes para aprender as metodologias de ensino-

aprendizagem.

Existem várias rotas para conseguir a qualificação comprovada para exercer a

profissão de educador. Para todas elas, os estudantes deverão preencher alguns

pré-requisitos. O primeiro deles é certificar sua qualificação com o curso Superior e

através da obtenção de uma nota entre A e C no General Certificate of Secondary

Education (GCSE) nas áreas de Matemática, Ciências e Inglês. A área de Ciências

abrange Física, Química e Biologia, dependendo da disciplina e da série que o

docente escolher trabalhar. O GCES é um conjunto de normas estabelecidas para o

currículo do Ensino Secundário nas escolas do Reino Unido. A segunda exigência é

a de ser aprovado em testes de competências em numeracia e literacia. Além disso,

cada candidato ao curso de formação de professores será submetido a uma

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Sofia Azevedo de Almeida

20

verificação de antecedentes pelo Disclosure and Barring Service (DBS) (National

Careers Service).

Para lecionar para o Ensino Primário, é preciso possuir qualificação específica

para alguma das áreas relacionadas ao Currículo Nacional do Reino Unido. A

ausência de qualificação torna obrigatório um treinamento prévio com relação aos

conteúdos específicos da disciplina de interesse (NUNES, 2010).

As escolas do Reino unido permitem que os professores assumam a função

sem ter o QTS. Porém, essa permissão é concedida por, no máximo, cinco anos

(NUNES, 2010). De acordo com o estudo realizado por Nunes (2010), as vias para

obtenção do QTS são:

Initial Teacher Training (ITT): programa mais indicado para professores que

não tiveram oportunidade de experimentar o ambiente escolar.

Graduate Teaching Programme (GTP): exige que o professor tenha um curso

de bacharelado e que esteja empregado antes de iniciar o programa, desta forma, o

próprio trabalho dará ao professor a qualificação necessária para conseguir o QTS.

A responsabilidade de encontrar uma escola para participar do programa é

inteiramente do candidato. É uma boa opção para aqueles que precisam receber

salário enquanto estiverem participando do programa.

Overseas Teacher Training Programme (OTTP): ideal para professores com

experiências prévias, de no mínimo dois anos, nas escolas do Reino Unido. A

qualificação acontece por meio de uma avaliação por meio de visitas, realizadas por

um Tutor da Universidade responsável pelo curso.

Register Teacher Programme (RTP): treinamento que abrange trabalho e

estudos acadêmicos, sendo assim, a melhor opção para não graduados com, no

mínimo, dois anos de curso. Como esse programa não é de tempo integral, tem

duração de dois anos. O participante deve ser remunerado durante o estágio e a

escola pode ter auxílio da Agência de Treinamento e Desenvolvimento (Training and

Development Agency for Schools – TDA) para custear os gastos com o programa.

Postgraduate Certificate in Education (PGCE): é a opção mais escolhida,

porque a seleção é feita pela própria universidade e o interessado não tem

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Sofia Azevedo de Almeida

21

responsabilidade sobre a escolha da escola para estagiar, facilitando o acesso do

candidato ao programa. Além disso, o curso não exige vínculo empregatício por

parte do professor em formação. Este programa pode levar um ano (tempo integral)

ou dois anos (tempo parcial).

School-Centred Initial Teacher Training (SCITT): é necessário um diploma de

bacharelado para entrar nesse programa de formação, com duração de um ano.

Através deste, é possível conseguir o PGCE também.

A opção para uma dessas rotas começa com o registro do candidato no

sistema, por meio de um endereço de e-mail e uma senha. Em seguida, alguns

dados pessoais e profissionais devem ser fornecidos, entre esses dados, estão as

notas nos testes de numeracia e literacia, bem como, os dados do GCSE das áreas

de Matemática, Inglês e Ciências. Cada participante pode escolher até três vias

diferentes para se inscrever. Outra etapa importante do processo é o preenchimento

do Personal Statement, em que cada candidato escreverá sobre suas motivações

para a escolha da carreira docente. É essencial a obtenção de duas cartas de

referências para dar suporte à candidatura e à adesão ao programa de treinamento.

Depois de todas essas etapas estarem completas, o participante deve pagar a taxa

de 19,00 libras esterlinas e enviar sua inscrição, por meio do site do UCAS Teacher

Training.

Em, no máximo, 40 dias, as instituições escolhidas promoverão entrevistas

com os candidatos que forem de seu interesse. Após 10 dias da escolha do

participante pela instituição que oferece o curso, o interessado deve confirmar em

uma de suas escolhas, para assim, dar início ao curso de formação profissional para

a carreira de professor (UCAS Teacher Training).

Infelizmente, não foi possível descrever melhor como os cursos de pós-

graduação necessários para a obtenção do Qualified Teacher Status, uma vez que

as informações necessárias para tal análise não são de fácil acesso. Para entender

melhor essa questão, um estudo em parceria com professores de escolas britânicas

que já participaram de tais cursos seria o ideal.

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Sofia Azevedo de Almeida

22

5.3. Disciplinas

5.3.1. Estágios Supervisionados em Química I, II e III - QUI 444, 445 e 446

Segundo a Resolução CNE/CP 2, de 19 de fevereiro de 2012, os cursos de

licenciatura responsáveis pela formação dos professores nas universidades

brasileiras, devem ser compostos por 400 horas de prática como componente

curricular.

Portanto, a prática como componente curricular é o conjunto de atividades

formativas que proporcionam experiências de aplicação de conhecimentos

ou de desenvolvimento de procedimentos próprios ao exercício da

docência. Por meio destas atividades, são colocados em uso, no âmbito do

ensino, os conhecimentos, as competências e as habilidades adquiridos nas

diversas atividades formativas que compõem o currículo do curso. As

atividades caracterizadas como prática como componente curricular podem

ser desenvolvidas como núcleo ou como parte de disciplinas ou de outras

atividades formativas. Isto inclui as disciplinas de caráter prático

relacionadas à formação pedagógica, mas não aquelas relacionadas aos

fundamentos técnico-científicos correspondentes a uma determinada área

do conhecimento (BRASIL, 2005, p. 3).

Na Universidade Federal de Viçosa, os estudantes devem cumprir disciplinas

como: Educação e Realidade Brasileira, Psicologia do Desenvolvimento da

Aprendizagem, Didática, LIBRAS Língua Brasileira de Sinais e Estrutura e

Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio. Especificamente para o curso de

Química, as disciplinas de Instrumentação para o Ensino de Química I e II também

fazem parte do currículo obrigatório.

Além disso, é obrigatório que os alunos cumpram 400 horas de Estágios

Supervisionados em Química I, II e III (QUI 444, 445 e 446) (BRASIL, 2002).

Tendo como objetivo, junto com a prática, como componente curricular, a

relação teoria e prática social tal como expressa o Art. 1º, § 2º da LDB, bem

como o Art. 3º, XI e tal como expressa sob o conceito de prática no Parecer

CNE/CP 9/2001, o estágio curricular supervisionado é o momento de

efetivar, sob a supervisão de um profissional experiente, um processo de

ensino-aprendizagem que, tornar-se-á concreto e autônomo quando da

profissionalização deste estagiário (BRASIL, 2001, p. 10).

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Sofia Azevedo de Almeida

23

A disciplina Estágio Supervisionado em Química I é lecionada durante um

semestre e possui carga horária total de 135 horas, sendo 30 horas de aulas

teóricas e 105 horas de parte prática. Através desta, o aluno poderá compreender

melhor o espaço da escola em diversos aspectos. Além de estar apto para discutir

as questões envolvidas no processo de ensino-aprendizagem, entendendo melhor o

planejamento e a realidade escolar. Os graduandos serão incentivados a observar

os espaços formais e não formais de ensino, colaborando com o desenvolvimento

de novas propostas educativas (UFV, 2015).

O Estágio Supervisionado em Química II possui carga horária de 135 horas,

sendo 30 horas de aulas teóricas e 105 horas de prática. No estágio o aluno observa

aulas de professores experientes e, ao mesmo tempo, o aluno assume a regência

de monitorias nas escolas que atendem o Ensino Médio regular, especial, além de

turmas para a educação de jovens e adultos. Por meio da observação, os alunos

analisam criticamente a atuação do professor. Os graduandos podem desenvolver

pesquisa na área da formação inicial de docentes e estudar as atividades

discursivas e o resultado dessas no processo de ensino-aprendizagem (UFV, 2015).

O Estágio Supervisionado em Química III, cursado em um semestre letivo,

possui carga horária total de 135 horas, em que 30 horas são de aulas teóricas e

105 horas são de práticas. Para completar o estágio de observação e regência em

instituições de ensino de Educação Básica, os alunos elaboram materiais teóricos e

práticos e métodos avaliativos para suas aulas. Ao mesmo tempo, são incentivados

a desenvolver projetos de pesquisa no âmbito educacional, principalmente com

relação às disparidades existentes entre cada realidade escolar (UFV, 2015).

5.3.2. Comunicação em Ciência - CHEM 390

A disciplina de Comunicação em Ciência (Science Communication – CHEM

390) é oferecida pela Universidade de Liverpool, porém não é obrigatória para os

alunos do curso de Bacharelado em Química.

Os objetivos deste módulo são: desenvolver competências importantes para os

alunos interessados pela área da educação, tais como comunicação com os

estudantes; maneiras de se apresentar os conteúdos; promover experiência em sala

de aula, identificando a profissão professor como uma carreira de grande potencial;

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Sofia Azevedo de Almeida

24

incentivar a nova geração de professores e aumentar a participação da Universidade

de Liverpool nas questões sociais de sua região (UoL, 2013).

A disciplina tem duração de dois semestres letivos, com carga horária total de

150 horas. Durante o primeiro semestre, os estudantes serão contemplados com

uma série de palestras, ministradas pela equipe da organização Oportunidades

Educacionais (Educational Opportunities – EO), sobre o sistema educacional do

Reino Unido e sobre os estilos de aprendizagem. Ao final do semestre, os alunos

terão que produzir um plano de aula detalhado e escrever sobre um componente

científico importante do Currículo Nacional (UoL, 2013).

Para o segundo semestre, os graduandos terão de produzir sessões interativas

e apresenta-las na universidade ou em alguma escola local. A eficácia das sessões

será avaliada por meio de um relatório escrito, que deve conectar as sessões com o

Currículo Nacional Britânico. Os trabalhos serão apresentados, ao final do semestre,

por meio de pôsteres (UoL, 2013).

A avaliação do módulo será como mostrada na Tabela 2 abaixo:

Tabela 2. Avaliação do módulo CHEM 390 – Comunicação em Ciência

Exame Semestre Porcentagem da

nota (%)

Plano de Aula 1 10

Componente

Científico do

Currículo

Nacional

1 20

Aplicação das

Sessões

2 30

Poster 2 10

Relatório Final 2 30

Com a conclusão bem sucedida deste módulo, os alunos participantes

compreenderão o funcionamento e a organização do sistema educacional do Reino

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Sofia Azevedo de Almeida

25

Unido; entenderão as diferentes práticas de ensino-aprendizagem; serão capazes de

aplicar aulas práticas; serão capazes de lecionar conteúdos da área de química para

alunos do Ensino Primário e Secundário; estarão aptos a planejar e executar

projetos de ensino, avaliando sua eficácia; terão experiência com o trabalho em

equipe e com a comunicação de ciência em diferentes situações (UoL, 2013).

Essa disciplina é importante para aqueles estudantes que têm interesse pela

carreira docente. Por meio dela, eles podem ter uma ideia de como é a profissão.

Além disso, a disciplina ajudaria aos possíveis candidatos aos cursos de

especialização, que tem como finalidade a obtenção do Qualified Teacher Status a

escrever sobre suas motivações para atuar como professores.

Outras universidades do Reino Unido que possuem cursos de Química foram

pesquisadas e o que se pôde perceber foi que não são todas que oferecem

disciplinas de cunho pedagógico e, nas que oferecem, essas também não são

obrigatórias.

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Sofia Azevedo de Almeida

26

6. Discussão

A partir da análise do processo de formação dos professores no Brasil e no

Reino Unido, é possível perceber que a carga horária de disciplinas pedagógicas

durante a graduação no primeiro cenário é muito superior à do segundo. Isto pode

estar ligado ao fato de que não existe a diferenciação entre cursos de bacharelado e

licenciatura nos países constituintes do Reino Unido. Os cursos de preparação para

a profissão de professores são, em sua maioria, especializações em nível de pós-

graduação.

Apesar de a formação de professores ser mais completa no Brasil, os

resultados dos índices avaliadores da educação mostram que o processo de ensino-

aprendizagem não está sendo efetivo. Então, certas questões surgem. Será que a

formação dos professores, à primeira vista completa, não está sendo, de certa

forma, ineficaz em seu processo? Aonde pode estar o problema? O que pode ser

feito?

Os Estágios Supervisionados, parte constituinte da matriz curricular, têm como

função proporcionar atividades pedagógicas em um ambiente institucional de

trabalho, que seriam concretizadas pela interação entre o docente experiente e o

licenciando estagiário, com participação integrante do professor orientador da

instituição de Ensino Superior. Com isso, o futuro professor, em sua formação,

poderá conhecer a realidade do ambiente de trabalho, verificando a realização das

competências exigidas na prática da docência; acompanhando situações inerentes à

vida escolar, como: a elaboração do projeto pedagógico, a realização da matrícula, a

organização das turmas e do horário, a escolha do material didático; realizando

atividades de aprimoramento profissional que possam integrar ensino, pesquisa e

extensão. Mas o objetivo principal é de capacitar o estagiário a assumir efetivamente

o papel de professor, integrando as questões teóricas às questões práticas, através

da significação do conhecimento por meio da interação entre ação e reflexão

(MARTINS et al., 2012).

Todavia, de acordo com Silva e Schnetzler (2008), o programa de estágio se

dá de maneira precária, uma vez que, não está conseguindo formar professores

capacitados para atuar, de maneira adequada, nas escolas de ensino básico e

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Sofia Azevedo de Almeida

27

fundamental. Segundo Martins et al. (2012), uma razão dessa ineficiência é a falta

de uma interação verdadeira entre professor experiente e professor em formação.

Como resultado do distanciamento entre proposta e realidade, a reflexão sobre a

prática docente como ação transformadora da sociedade fica desfavorecida.

Assumir a prática docente como ação transformadora da sociedade é

fundamental para a significação da profissão. Um professor ciente de seu papel no

mundo é aquele que luta pela prática, buscando e cultivando sua beleza frente às

adversidades inerentes a ela.

Assim como não posso ser professor sem me achar capacitado para

ensinar certo e bem os conteúdos de minha disciplina não posso, por outro

lado, reduzir minha prática docente ao puro ensino daqueles conteúdos.

Esse é um momento apenas de minha atividade pedagógica. Tão

importante quanto ele, o ensino dos conteúdos, é o meu testemunho ético

ao ensiná-los. É a decência com que o faço. É preparação científica

revelada sem arrogância, pelo contrário, com humildade. É o respeito

jamais negado ao educando, a seu saber de “experiência feito” que busco

superar com ele. Tão importante quanto o ensino dos conteúdos é minha

coerência na classe. A coerência entre o que digo, o que escrevo e o que

faço (FREIRE, 1996, p. 40).

Além disso, a falta de integração entre as disciplinas teóricas e os Estágios

Supervisionados dificulta a reflexão a cerca de como o saber se comunica com o

fazer. Essa dificuldade está ligada, principalmente, à desarticulação das atividades

acadêmicas e escolares pautada na “racionalidade técnica”, com um currículo que

inicia proporcionando conhecimentos teóricos, seguidos por disciplinas que abordam

o ensino da ciência de interesse para, ao fim, promover a prática pelos Estágios

Supervisionados (SILVA & SCHNETZLER, 2008).

Outra possibilidade de vivência da profissão docente é o Programa Institucional

de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), que tem como um dos objetivos: a

inserção de estudantes dos cursos de licenciatura no contexto escolar, promovendo

aprendizagens voltadas à prática docente (MARTINS et al., 2012).

O PIBID surgiu em 2007 para atender, primeiramente, áreas de maior carência

de professores como Física, Química, Biologia e Matemática para o Ensino Médio.

Como instituiu a Lei nº 12796, de 4 de abril de 2013, o programa deve ser oferecido

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Sofia Azevedo de Almeida

28

pelas instituições de Ensino Superior a alunos matriculados em cursos de

licenciatura, graduação plena (BRASIL, 2013). O programa possibilita uma

articulação entre educação superior e escolas, por meio de ações participativas dos

bolsistas. Além disso, promove um incentivo à carreira docente, com foco principal

às áreas de maior carência, como: ciências e matemática no Ensino Fundamental e

Física, Química e Biologia no Ensino Médio (BRASIL, 2008).

O PIBID, assim como o Estágio Curricular Supervisionado, reconhece a

escola como contexto importante na formação do profissional docente.

Também se fundamenta na ideia de que a convivência entre pares com

diferentes percursos e saberes oportuniza diálogos, interações e situações,

aprendizagens duradouras e necessárias à formação e identificação

profissional do futuro professor (MARTINS, 2012, p. 5).

O ideal seria que todos os estudantes de cursos de licenciatura tivessem

oportunidade de ser bolsistas no PIBID, passando a ser componente obrigatório do

currículo. Contudo, é preciso reconhecer que as escolas não conseguiriam receber

todos os bolsistas, o que é fruto de outro problema do sistema educacional do Brasil,

a falta de infraestrutura das escolas públicas.

Por isso, uma possível mudança é a reformulação das disciplinas de Estágios

Supervisionados. Como pontua Martins et al. (2012), os Estágios precisam ser

reelaborados de maneira que os levem a ser compreendidos como parte essencial

na formação profissional, capaz de promover a apreensão de novos saberes e de

ajudar na identificação dos alunos como professores em potencial.

Como já definido e praticado, as funções dos professores supervisores

inseridos nas escolas são de: organizar e distribuir as turmas para cada estagiário;

assessorar as práticas pedagógicas dos estagiários por meio de reuniões; promover

a inserção do estagiário na comunidade escolar; e avaliar os estagiários juntamente

com os professores orientadores das instituições de Ensino Superior. Esses, por sua

vez, assumem o papel de: orientar os estagiários, mediante encontros periódicos;

promover reflexões teóricas que dialoguem com as atividades práticas assumidas

pelos estagiários; e avaliar as atuações dos mesmos frente às situações vivenciadas

no ambiente escolar (SILVA & SCHNETZLER, 2008).

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Sofia Azevedo de Almeida

29

Ao estagiário caberia, portanto, observar criticamente as práticas realizadas

pelos professores mais experientes; organizar projetos que reúnam diferentes áreas

do conhecimento, relacionando-as umas com as outras; participar de reuniões de

pais e professores; ministrar aulas, assim como, partilhar de turmas com o orientador

(SILVA & SCHNETZLER, 2008).

Assim, a participação dos futuros professores seria mais eficaz para o próprio

aprendizado, para os professores supervisores na escola e na universidade e para a

escola. Efetivar a atuação dos licenciandos, que não poderia passar despercebida

pelos estudantes, é, segundo Freire (1996), auxiliar no cumprimento da tarefa, bem

como, no seu aperfeiçoamento.

É na conjugação das atividades com o exercício da reflexão que o

pensamento se faz e busca perfazer-se para, por meio da ação, gerar novos

conceitos e princípios orientadores de futuras ações, que se constituem

estruturadoras do pensamento. No delineamento dos processos formativos,

há a perspectiva de uma formação mais participativa que permite dar voz ao

pensamento dos licenciandos e à abertura para inovações no contexto de

sala de aula (SILVA, 2008, p. 2180).

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Sofia Azevedo de Almeida

30

7. Considerações Finais

O conhecimento de modelos educativos de outros países e como funcionam os

processos de formação de professores nesses outros ambientes são fontes de

motivação para estudos investigativos na área da Educação. Além disso, incentiva a

reflexão crítica entre os pesquisadores da área da educação, resultando em novas

propostas educativas com intuito de melhorar a própria forma de fazer educação.

Através desse estudo, pôde-se analisar a organização e o funcionamento do

modelo educacional utilizado no Reino Unido. Tendo como ênfase a formação dos

professores, foi possível inferir que os cursos oferecidos pela Educação Superior

não fazem distinção entre bacharelado e licenciatura durante os estudos nas

universidades ou demais instituições de Ensino Superior. Assim, novos cursos

devem ser realizados de forma a complementar sua formação, caso a decisão seja

por seguir a carreira docente.

Estabelecendo um comparativo com a formação de professores no Brasil, esta

se configura durante a graduação, a partir da escolha pela licenciatura ao invés do

bacharelado. Os cursos de licenciatura possuem uma extensa carga pedagógica,

por meio de disciplinas como componente curricular e Estágios Supervisionados. O

problema é que isso não está se tornando sinônimo de boa qualidade de ensino,

resultado visto nos diversos índices medidores da educação.

Parte da discrepância entre a boa formação e a boa qualidade da educação

pode estar ligada à ausência, ou quase isso, de uma reflexão da prática mediante a

teoria, fruto da comunicação deficiente entre as disciplinas que abordam a teoria da

educação com as práticas de estágio. Além do mais, os estágios deveriam

estabelecer uma interação mais efetiva entre os professores em formação e seus

supervisores, das escolas e das universidades. Portanto, há a necessidade de se

reformular as discussões referentes à teoria, comunicando-as com as práticas

docentes, bem com, reestruturar os Estágios Supervisionados para que esses

atinjam seus objetivos com maior eficácia.

Uma sugestão para a reelaboração dos Estágios a fim de renovar seu papel

indispensável para a formação docente é a condensação dos Estágios

Supervisionados I, II e III, tornando-os apenas um módulo curricular a ser cursado

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durante todo o ano letivo seguindo o calendário da escola e não da universidade.

Desta forma, os estagiários estariam assumindo a responsabilidade de estar na

escola, não apenas como meros observadores, mas como colaboradores. A carga

horária não seria diminuída, assumindo um total de 400 horas a serem cumpridas

integralmente na escola com supervisão dos professores inseridos nas escolas e

nas instituições de Ensino Superior, como já é proposto.

Não acredito que a baixa pontuação nos índices avaliadores da educação

esteja ligada ao modelo de formação dos professores. Uma vez que, esse não é o

único fator responsável pelos bons resultados dos estudantes nos testes avaliadores

da educação. Questões relacionadas às políticas públicas educacionais e à

motivação dos professores e dos próprios alunos também têm de ser consideradas.

Porém, a reformulação de certas práticas deste processo poderia ser uma

alternativa para melhorar os resultados referentes à educação brasileira.

Devido ao curto tempo para a realização deste trabalho também não foi

possível levar adiante a abordagem sistêmica com relação aos fatores sociais,

econômicos, culturais e políticos que também influenciam na educação dos diversos

países do mundo. Sendo esta, então, uma sugestão para uma futura análise.

A realização de uma pesquisa em conjunto com professores de instituições

britânicas de educação básica e superior vem, então, como uma proposta para

trabalhos futuros. Este estudo possibilitaria avaliar o entendimento dos docentes do

Reino Unido com relação à sua própria formação.

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8. Referências

BRASIL. Lei n. 9394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases

da educação nacional. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm>. Brasília, DF: MEC. Acessado

em 15 de abril de 2015.

BRASIL. Lei n. 10861, de 14 de abril de 2004. Institui o Sistema Nacional de

Avaliação da Educação Superior – SINAES e dá outras providências. Brasília, DF:

MEC. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-

2006/2004/lei/l10.861.htm>. Acessado em 17 de abril de 2015.

BRASIL. Lei n. 12796, de 04 de abril de 2013. Altera a Lei no 9.394, de 20 de

dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para

dispor sobre a formação dos profissionais da educação e dar outras providências.

Brasília, DF: MEC. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-

2014/2013/Lei/L12796.htm#art1>. Acessado em 15 de abril de 2015.

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maio de 2015.

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de Bolsa de Iniciação à Docência. Brasília, DF, 2015. Disponível em:

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de 2015.

BRASIL. Ministério da Educação. Parecer CNE/CES nº 28/2001, aprovado em 02 de

outubro de 2001. Dá nova redação ao Parecer CNE/CP 21/2001, que estabelece a

duração e a carga horária dos cursos de Formação de Professores da Educação

Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena. Brasília, DF:

MEC, 2001.

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BRASIL. Ministério da Educação. Parecer CNE/CES nº 1303/2001, aprovado em 06

de novembro de 2001. Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Química.

Brasília, DF: MEC, 2001.

BRASIL. Ministério da Educação. Parecer CNE/CES nº 15/2005, aprovado em 02 de

fevereiro de 2005. Solicitação de esclarecimento sobre as Resoluções CNE/CP nºs

1/2002, que institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de

Professores da Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de

graduação plena, e 2/2002, que institui a duração e a carga horária dos cursos de

licenciatura, de graduação plena, de Formação de Professores da Educação Básica,

em nível superior. Brasília, DF: MEC, 2005.

BRASIL. Ministério da Educação. Parecer CNE/CES nº 8/2007, aprovado em 31 de

janeiro de 2007. Dispõe sobre carga horária mínima e procedimentos relativos á

integralização e duração dos cursos de graduação, bacharelados, na modalidade

presencial. Brasília, DF: MEC, 2007.

BRASIL. Ministério da Educação. Planejando a Próxima Década – Conhecendo as

20 Metas do Plano Nacional de Educação. Brasília, DF: MEC, 2014.

BRASIL. Ministério da Educação. Resolução CNE/CP 1, de 18 de fevereiro de 2002.

Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da

Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena.

Conselho Nacional de Educação – Conselho Pleno. Brasília, DF: MEC, 2002.

BRASIL. Ministério da Educação. Resolução CNE/CP 2, de 19 de fevereiro de 2002.

Institui a duração e a carga horária dos cursos de licenciatura, de graduação plena,

de formação de professores da Educação Básica em nível superior. Conselho

Nacional de Educação – Conselho Pleno. Brasília, DF: MEC, 2002.

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