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Universidade Federal do Ceará
Departamento de Química Orgânica e Inorgânica
Pós-Graduação em Química Inorgânica
ESTUDO DAS PROPRIEDADES DO CIMENTO ASFÁLTICO DE
PETRÓLEO MODIFICADO POR COPOLÍMERO DE ETILENO E
ACETATO DE VINILA (EVA)
Ana Ellen Valentim de Alencar
Orientadora: Sandra de Aguiar Soares
Fortaleza - Ce
2005
Dissertação submetida à coordenação do Curso
de Pós-Graduação em Química Inorgânica como
requisito parcial para obtenção do grau de
Mestre em Química.
AGRADECIMENTOS
A Deus
Aos meus pais, Elenilda e Rodrigues, minha eterna gratidão pelos
ensinamentos de vida, pelo incentivo, paciência e apoio nos momentos difíceis.
Aos meus irmãos (Elizabeth e Rodrigo) que sempre me incentivaram e por
terem tido paciência comigo durante os estudos.
Ao meu namorado Ordelei, pelo carinho, companherismo, paciência e ajuda
de maneira incomparável na realização das análises de Infravermelho,
Ressonância Magnética Nuclear.
A minha orientadora, Sandra Soares, por ter me guiado com sua
experiência durante o desenvolvimento deste trabalho.
Ao professor Jorge Soares pelo interesse e paciência demonstrados.
Às professoras do grupo de polímeros: Nágila, Regina e Judith que de
alguma forma colaboraram para o trabalho.
.Aos colegas do grupo de polímeros: Marília, Leônia, Pablyana, Durcilene,
Elenir, Conceição, Aline, Neto, Júnior, Célio, Cleidiane, Raquel, Tiago, Janaína,
Benjamin, Roberto, Guilherme, Dráulio, Jeanny, Hélder, Sávio.
Aos professores da Bioinorgânica: Ícaro, Isaura, Idalina, Luís.
Aos colegas da Bioinorgânica: Erivaldo, Adilson, Karine, Solange, Sérgio.
Aos professores: Selma, Lindomar, Luis Constantino.
A todos que fazem parte do Laboratório de Mecânica dos Pavimentos, em
especial aqueles que o convívio e a ajuda tornaram possível à realização desse
trabalho de pesquisa: Daniel, Cícero, Gardênia, Thiago Becker e André.
À Tereza pela realização das análises térmicas e amizade.
A LUBNOR/ Petrobrás pela doação das amostras e realização dos ensaios
empíricos dos asfaltos.
Ao CENPES/ Petrobrás pela doação da amostra do polímero utilizado.
Ao Wellington que contribuiu com o resíduo da indústria de calçados.
Ao CENAUREM pela realização das análises de Ressonância Magnética
Nuclear.
A CAPES pela bolsa concedida.
SUMÁRIO
RESUMO........................................................................................................ iii
ABSTRACT.................................................................................................... iv
LISTA DE FIGURAS....................................................................................... v
LISTA DE TABELAS...................................................................................... ix
LISTA DE ABREVIATURAS.......................................................................... xi
1 INTRODUÇÃO............................................................................................. 1
1.1 ASFALTO.............................................................................................. 2
1.1.1 Características Gerais................................................................... 2
1.2 Cimento Asfáltico de Petróleo (CAP)................................................. 3
1.2.1 Propriedades Químicas................................................................. 3
1.2.2 Classificação................................................................................. 5
1.2.3 Propriedades reológicas................................................................ 6
1.3 Envelhecimento oxidativo do Cimento Asfáltico............................. 7
1.4 Asfaltos modificados por polímeros................................................. 8
1.4.1 Especificações para ligantes modificados por polímeros............. 9
1.4.2 Polímeros utilizados na pavimentação.......................................... 10
1.4.2.1 O copolímero de etileno e acetato de vinila (EVA)............. 11
1.4.3 O resíduo de etileno e acetato de vinila (EVAR) da indústria de
calçados.........................................................................................................
12
1.5 Métodos úteis na caracterização de cimentos asfálticos................ 14
2 OBJETIVOS................................................................................................ 16
3 PARTE EXPERIMENTAL............................................................................ 17
3.1 Materiais Utilizados.............................................................................. 17
3.1.1 Polímeros....................................................................................... 17
3.1.2 CAP................................................................................................ 17
3.2 Metodologia.......................................................................................... 17
3.2.1 Preparação dos filmes de EVA...................................................... 17
3.2.2 Preparação das misturas............................................................... 17
3.3 Caracterização estrutural.................................................................... 18
3.3.1 Infravermelho (IV).......................................................................... 18
3.3.2 Ressonância Magnética Nuclear (RMN) ...................................... 18
3.4 Análise térmica..................................................................................... 19
3.4.1 Calorimetria Exploratória diferencial (DSC)................................... 19
3.4.2 Termogravimetria (TG).................................................................. 19
3.4.2.1 Estudo Cinético.......................................................................... 20
3.5 Envelhecimento oxidativo................................................................... 20
3.5.1 Estufa de filme fino rotativo (RTFOT) ........................................... 20
3.5.2 Envelhecimento por vaso de pressão (PAV)............................... 21
3.5.3 Avaliação do envelhecimento do asfalto....................................... 22
3.6 Análise por Volatilização térmica (TVA)............................................ 23
3.7 Determinação da Viscosidade............................................................ 24
3.8 Características Físicas ....................................................................... 24
3.8.1 Recuperação Elástica por Torção de Cimentos Asfálticos (NLT
329 - 91).........................................................................................................
24
3.8.2 Ponto de amolecimento (ASTM Standards D36, 2000)................ 24
3.8.3 Penetração (ASTM Standards D5, 2005) ..................................... 25
3.8.4 Índice de susceptibilidade térmica (IST) ....................................... 26
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................. 27
4.1 Caracterização dos polímeros (EVA e EVAR) .................................. 27
4.1.1 Caracterização estrutural............................................................ 27
4.1.1.1 Infravermelho (IV)............................................................. 27
4.1.1.2 Ressonância Magnética Nuclear (RMN)........................... 30
4.1.2. Análise térmica............................................................................ 34
4.1.2.1. Calorimetria Exploratória diferencial (DSC)..................... 34
4.1.2.2. Termogravimetria (TG)...................................................... 36
4.1.2.3. Estudo Cinético.................................................................. 39
4.1.2.3.1. EVA em (O2 x N2)................................................. 43
4.1.2.3.2. EVA x EVAR em N2.............................................. 43
4.1.2.3.3. EVA x EVAR em O2.............................................. 44
4.1.2.3.4. EVAR em (O2 x N2)............................................... 44
4.2 CAP e CAP modificado com EVAR .................................................... 44
4.2.1 Ressonância Magnética Nuclear (RMN)........................................ 44
4.2.2 Estudo do Envelhecimento Oxidativo............................................ 47
4.2.2.1 Infravermelho (FTIR-ATR)................................................. 47
4.2.3 Análise térmica............................................................................. 62
4.2.3.1 Calorimetria Exploratória diferencial (DSC)........................ 62
4.2.3.2 Termogravimetria (TG)....................................................... 64
4.2.3.3 Estudo Cinético.................................................................. 67
4.2.4 Determinação da Viscosidade.................................................... 74
4.2.5 Características Físicas................................................................ 77
4.2.5.1 Penetração......................................................................... 77
4.2.5.2 Ponto de amolecimento...................................................... 78
4.2.5.3 Índice de susceptibilidade térmica (IST) ............................ 78
4.2.5.4 Retorno elástico.................................................................. 79
4.2.6 Análise por Volatilização Térmica (TVA).................................... 79
4.2.7 Dados comparativos...................................................................... 80
4.2.7.1 Características Físicas......................................................... 80
5 CONCLUSÃO.............................................................................................. 81
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................ 83
iii
RESUMO
Cimento Asfáltico de Petróleo (CAP), caracterizado como CAP 50/60,
oriundo do Campo Fazenda Alegre, no estado do Espírito Santo, foi modificado
por adição de Copolímero de Etileno e Acetato de Vinila (EVA). Na modificação
foram incorporadas amostras do copolímero EVA puro e proveniente do resíduo
da indústria de calçados (EVAR). Os CAPS, polímeros e CAPS modificados,
foram inicialmente caracterizados por espectroscopia no infravermelho (FTIR) e
ressonância magnética nuclear (RMN). Análise térmica, como a termogravimetria
(TG) e caloria exploratória diferencial (DSC), foi utilizada para o estudo da
decomposição térmica, bem como para avaliar a estabilidade termoxidativa das
amostras. Testes empíricos como penetração, ponto de amolecimento,
susceptibilidade térmica e retorno elástico, além de viscosidade, também foram
realizados para caracterização dos materiais. Os resultados indicaram que CAPS
modificados apresentaram maior estabilidade em atmosfera oxidativa do que em
atmosfera inerte. A análise das curvas DSC revelou que os CAPS modificados
mostraram-se mais resistentes à trincas térmicas, quando submetidos a
temperaturas mais baixas, que o CAP convencional. Os CAPS modificados foram
mais resistentes à decomposição oxidativa, quando foram submetidos ao
envelhecimento simulado. A viscosidade do ligante modificado por adição do
polímero foi aumentada em relação ao ligante puro. Diferentemente do CAP
convencional, o CAP modificado por EVAR apresentou comportamento não
Newtoniano. Os ensaios empíricos, relativos à penetração, ponto de
amolecimento, susceptibilidade térmica e retorno elástico, mostraram que os
CAPS modificados com EVAR, tiveram uma melhoria nas suas propriedades
físicas, em relação aos CAPS não modificados.
iv
ABSTRACT
The Petroleum Asphaltic Cement characterized as CAP 50/60, produced at
the state of Espírito Santo (Fazenda Alegre), was modified by addition of
copolymers of ethylene vinyl acetate (EVA) and EVA from the footwear’s industry
residue (EVAR). The original and modified CAPS were characterized by infrared
spectroscopy (FTIR) and nuclear magnetic resonance (RMN). Thermal analysis,
as thermogravimetry (TG) and differential scanning calorimetry (DSC), was used
to evaluate the thermal stability of the samples. The characterization was also
performed with empirical tests such as penetration, softening point, elastic
recovery and viscosity. The main results indicated that polymer modified CAPS
presented larger thermal stability in oxidative atmosphere than in inert
atmosphere. The analysis of DSC curves revealed that modified CAPS, when
submitted to lower temperatures, were more resistant to the thermal cracks than
conventional CAP. Also modified CAPS showed to be more resistant to the
thermal oxidative decomposition, when submitted to a simulated aging process.
The viscosity of the polymer modified binder was increased in relation to the
original binder. Polymer modified CAP EVAR presented non-Newtonian behavior,
whereas Newtonian behavior was observed for unmodified CAP. It was observed
that modifying the asphalt binder with a copolymer EVAR leads to an improvement
in the physical properties in relation to the penetration, softening point, thermal
susceptibility and elastic recovery.
v
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Estruturas representativas das quatro frações betuminosas do
CAP: saturados, aromáticos, resinas e asfaltenos...................................
4
Figura 2. Estrutura do copolímero EVA.................................................... 11
Figura 3. Resíduo na forma de aparas.................................................... 12
Figura 4. Resíduo na forma de pó........................................................... 13
Figura 5. Estufa RTFOT............................................................................ 21
Figura 6. Sistema de envelhecimento por vaso de pressão (PAV).......... 22
Figura 7. Sistema utilizado na análise TVA.............................................. 23
Figura 8. Equipamento para determinação do ponto de amolecimento
(anel e bola)..............................................................................................
25
Figura 9. Equipamento para ensaio de penetração.................................. 26
Figura 10. Espectro FTIR do filme de EVA............................................... 27
Figura 11. Espectro FTIR-ATR do EVAR................................................. 28
Figura 12. Espectro de RMN 1H do copolímero EVA............................... 30
Figura 13. Espectros de RMN 13C do copolímero EVA............................ 31
Figura 14. Espectros de RMN 1H do EVAR.............................................. 31
Figura 15. Espectro de RMN 13C do EVAR.............................................. 32
Figura 16. Curvas DSC do EVA e EVAR em atmosfera inerte................ 35
Figura 17. Curvas termogravimétricas do EVA em atmosfera oxidativa
e atmosfera inerte.....................................................................................
36
Figura 18. Curvas termogravimétricas do EVAR em atmosfera oxidativa
e atmosfera inerte.....................................................................................
37
Figura 19. Curvas termogravimétricas do EVA em diferentes taxas de
aquecimento em atmosfera oxidativa.......................................................
39
Figura 20. Curvas termogravimétricas do EVAR em diferentes taxas de
aquecimento em atmosfera oxidativa.......................................................
40
Figura 21. Curvas termogravimétricas do EVA em diferentes taxas de
aquecimento em atmosfera inerte............................................................
40
Figura 22. Curvas termogravimétricas do EVAR em diferentes taxas de
aquecimento em atmosfera inerte............................................................
41
Figura 23. Ea em função do percentual de decomposição térmica do
EVA e EVAR em atmosfera oxidativa.......................................................
42
vi
Figura 24. Ea em função do percentual de decomposição térmica do
EVA e EVAR em atmosfera inerte............................................................
43
Figura 25. Espectro RMN 13C do CAP...................................................... 45
Figura 26. Espectro RMN 1H do CAP....................................................... 45
Figura 27 Espectros FTIR-ATR do CAP antes e após o RTFOT (0,85,
105 e 135min) e PAV (1200min)..............................................................
49
Figura 28. Evolução da taxa relativa aos alifáticos do CAP antes e após
o envelhecimento no RTFOT (85, 105 e 135 minutos) e PAV
(1200min)..................................................................................................
51
Figura 29. Evolução da taxa relativa aos aromáticos do CAP antes e
após o envelhecimento no RTFOT (85, 105 e 135 minutos) e PAV
(1200min)..................................................................................................
51
Figura 30. Evolução da taxa relativa as carbonilas do CAP antes e
após o envelhecimento no RTFOT (85, 105 e 135 minutos) e PAV
(1200min).................................................................................................
52
Figura 31. Evolução da taxa relativa aos sulfóxidos do CAP antes e
após o envelhecimento no RTFOT (85, 105 e 135 minutos) e PAV
(1200min)..................................................................................................
52
Figura 32. Espectros FTIR-ATR do CAP4,5 EVAR 9 antes e após o
RTFOT (85, 105 e 135min) e PAV (1200 min).........................................
54
Figura 33. Espectros FTIR-ATR do CAP4,5 EVAR 24 antes e após o
RTFOT (85, 105 e 135min) e PAV (1200 min).........................................
55
Figura 34. Formação de lactona (McNEIL e col., 1976) .......................... 57
Figura 35. Formação de cetonas via formação de acetaldeído
(SULTAN and SORVIK, 1991).................................................................
57
Figura 36. Formação de cetonas de hidroperóxidos (PERN, 1993;
ALLEN e EDGE, 1982).......................................... ..............................
58
Figura 37. Formação de carbonilas α,β- insaturado. (PERN, 1993) ....... 58
Figura 38. Formação de hidroxilas (PERN, 1993; ALLEN e EDGE,
1982)........................................................................................................
59
Figura 39. Formação de anidridos (ALLEN e col., 2000) ........................ 59
vii
Figura 40. Evolução da taxa relativa aos alifáticos do CAP, CAP4,5
EVAR 9 e CAP4,5 EVAR 24 antes e após o envelhecimento no RTFOT
(85, 105 e 135 minutos) e PAV (1200min)................................................
60
Figura 41. Evolução da taxa relativa aos aromáticos do CAP, CAP4,5
EVAR 9 e CAP4,5 EVAR 24 antes e após o envelhecimento no RTFOT
(85, 105 e 135 minutos) e PAV (1200min)...............................................
61
Figura 42. Evolução da taxa relativa as carbonilas do CAP, CAP4,5
EVAR 9 e CAP4,5 EVAR 24 antes e após o envelhecimento no RTFOT
(85, 105 e 135 minutos) e PAV (1200min)..............................................
61
Figura 43. Evolução da taxa relativa aos sulfóxidos do CAP, CAP- 4,5
EVAR 9 e CAP- 4,5 EVAR 24 antes e após o envelhecimento no
RTFOT (85, 105 e 135 minutos) e PAV (1200min)..................................
62
Figura 44. Curvas DSC do CAP e CAP4,5 EVAR 9 em atmosfera
inerte........................................................................................................
63
Figura 45. Curvas DSC do CAP e CAP4,5 EVAR 24 em atmosfera
inerte........................................................................................................
63
Figura 46. Curvas termogravimétricas do CAP em atmosfera oxidativa
e atmosfera inerte.....................................................................................
64
Figura 47. Curvas termogravimétricas do CAP4,5 EVAR 9 em
atmosfera oxidativa e atmosfera inerte.....................................................
65
Figura 48. Curvas termogravimétricas do CAP 4,5 EVAR 24 em
atmosfera oxidativa e atmosfera inerte....................................................
65
Figura 49. Curvas termogravimétricas do CAP em diferentes taxas de
aquecimento em atmosfera inerte............................................................
67
Figura 50. Curvas termogravimétricas do CAP em diferentes taxas de
aquecimento em atmosfera oxidativa.......................................................
68
Figura 51. Curvas termogravimétricas do CAP4,5 EVAR 9 em
diferentes taxas de aquecimento em atmosfera inerte.............................
68
Figura 52. Curvas termogravimétricas do CAP4,5 EVAR 9 em
diferentes taxas de aquecimento em atmosfera oxidativa.......................
69
Figura 53. Curvas termogravimétricas do CAP4,5 EVAR 24 em
diferentes taxas de aquecimento em atmosfera oxidativa.......................
69
viii
Figura 54. Curvas termogravimétricas do CAP4,5 EVAR 24 em
diferentes taxas de aquecimento em atmosfera inerte............................
70
Figura 55. Ea em função do percentual de decomposição térmica do
CAP em atmosfera oxidativa e atmosfera inerte......................................
71
Figura 56. Ea em função do percentual de decomposição térmica do
CAP e CAP4,5 EVAR 9 em atmosfera oxidativa......................................
71
Figura 57. Ea em função do percentual de decomposição térmica do
CAP e CAP4,5 EVAR 9 em atmosfera inerte...........................................
72
Figura 58. Ea em função do percentual de decomposição térmica do
CAP e CAP4,5 EVAR 24 em atmosfera oxidativa. ..................................
72
Figura 59. Ea em função do percentual de decomposição térmica do
CAP e CAP4,5 EVAR 24 em atmosfera inerte.........................................
73
Figura 60. Gráfico de tensão em função da taxa de cisalhamento a 135,
150 e 175 °C para o CAP.........................................................................
74
Figura 61. Gráfico de viscosidade em função da temperatura para o
CAP...........................................................................................................
74
Figura 62. Gráfico de viscosidade em função da taxa de cisalhamento a
135, 150 e 175 °C do CAP4,5 EVAR 9...................................................
75
Figura 63. Gráfico de viscosidade em função da taxa de cisalhamento a
135, 150 e 175 °C do CAP4,5 EVAR 24..................................................
76
Figura 64. Gráfico de viscosidade em função da temperatura do CAP e
CAP4,5 EVAR 9.......................................................................................
76
Figura 65. Gráfico de viscosidade em função da temperatura do CAP e
CAP4,5 EVAR 24.....................................................................................
77
ix
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Composição química do asfalto (depois da SHRP, 1993)..... .. 4
Tabela 2. Atribuição das bandas mais representativas do filme de EVA
e do EVAR................................................................................................
29
Tabela 3. Deslocamento químico por RMN 13C do EVA e EVAR (SU e
col., 2004).................................................................................................
33
Tabela 4. Deslocamento químico por RMN 1H do EVA e EVAR.............. 33
Tabela 5. Dados comparativos da decomposição do EVA e EVAR, em
atmosfera oxidativa e atmosfera inerte....................................................
37
Tabela 6. Dados comparativos de energia de ativação da
decomposição do EVA e EVAR em atmosfera inerte e oxidativa............
42
Tabela 7. Atribuições dos picos do espectro RMN 13C do CAP (SHRP,
1994)........................................................................................................
46
Tabela 8. Atribuições dos picos do espectro RMN 1H do CAP
(JENNINGS, 1991)...................................................................................
47
Tabela 9. Atribuição de bandas do CAP antes e após envelhecimento
(LAMONTAGNE e col., 2001)...................................................................
50
Tabela 10. Atribuição de bandas do CAP4,5EVAR 9 e CAP4,5 EVAR24
antes e após envelhecimento (LAMONTAGNE e col., 2001; ALLEN e
col., 2000; KÜPPER e col., 2004).............................................................
56
Tabela 11. Dados comparativos da decomposição do CAP, CAP4,5
EVAR 9 e CAP4,5 EVAR 24, em atmosfera oxidativa e atmosfera
inerte.........................................................................................................
66
Tabela 12. Dados comparativos de energia de ativação da
decomposição do CAP, CAP4,5 EVAR 9 e CAP4,5 EVAR 24 em
atmosfera inerte e oxidativa......................................................................
73
Tabela 13. Valores da viscosidade aparente para o cimento asfáltico
puro e modificado relativos às temperaturas de 135, 150 e 175
°C..............................................................................................................
77
Tabela 14. Resultados de penetração do CAP, CAP4,5 EVAR 9 e
CAP4,5 EVAR 24.....................................................................................
78
Tabela 15. Resultados de ponto de amolecimento do CAP, CAP4,5
EVAR 9 e CAP4,5 EVAR 24....................................................................
78
x
Tabela 16. Resultados do IST CAP, CAP4,5 EVAR 9 e CAP4,5 EVAR
24..............................................................................................................
79
Tabela 17. Resultados do retorno elástico do CAP, CAP 4,5 EVAR 9 e
CAP 4,5 EVAR 24.....................................................................................
79
Tabela 18. Percentual relativo dos produtos da decomposição térmica
do CAP, CAP4,5 EVAR 9 e CAP4,5 EVAR 24.........................................
79
Tabela 19. Resumo das características físicas realizadas em asfalto..... 80
xi
LISTA DE ABREVIATURAS
AASHTO American Association of State Highway and Transportation
Officials
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ABS Acrilonitrila-Butadieno-Estireno
ASTM American Society for Testing and Materials
ATR Reflectância Total Atenuada
BN Borracha Natural
CAP Cimento Asfáltico de Petróleo
CAP4,5 EVAR 9 CAP modificado por 4,5% EVAR com granulometria de 9
Mesh
CAP4,5 EVAR 24 CAP modificado por 4,5% EVAR com granulometria de 24
Mesh
CAPSBS. CAP modificado por 4,5% SBS
CENAUREM Centro Nordestino de Aplicação e Uso da Ressonância
Magnética Nuclear
CP/MAS Polarização Cruzada e Rotação segundo Ângulo Mágico
DSC Calorimetria Exploratória Diferencial
DSR Reômetro de Cisalhamento Dinâmico
Ea Energia de Ativação
EVA Copolímero de Etileno e Acetato de Vinila
EVAR
Resíduo do Copolímero de Etileno e Acetato de Vinila
proveniente do resíduo da indústria de calçados
FTIR Infravermelho por Tranformada de Fourier
IBP Instituto Brasileiro de Petróleo
IST Índice de Susceptibilidade térmica
IV Infravermelho
LMP Laboratório de Mecânica dos Pavimentos
LUBNOR Laboratório de Lubrificantes e Derivados de Petróleo do
Nordeste
PAV. Vaso de pressão
PBD Polibutadieno
PE Polietileno
xii
PEBD Polietileno de Baixa Densidade
PI Poliisopreno
RMN Ressonância Magnética Nuclear
RTFOT Estufa de filme fino rotativo
SBR Borracha de Estireno e Butadieno
SBS Copolímero de Estireno Butadieno Estireno
SHRP Strategic Highway Research Program
SHRP Strategic Highway Research Program
SIS Estireno-Isopreno-Estireno
SUPERPAVE Superior Performance Pavements
Td Temperatura de decomposição
Tdmáx Temperatura da ocorrência de decomposição máxima
TVA Análise por Volatilização Térmica
ZSV Viscosidade Zero Shear
1
1 INTRODUÇÃO
O cimento asfáltico de petróleo (CAP) usado na pavimentação de estradas
e rodovias é freqüentemente submetido a tensões estáticas e mecânicas, além de
uma variedade de condições ambientais, que causam a sua deterioração. O
aumento do tráfego, o envelhecimento oxidativo e a falta de manutenção
contribuem para o aparecimento de deformações permanentes e fissuras, além
da perda de materiais da superfície de rolamento. As degradações sofridas
causam danos aos veículos, gastos excessivos e, principalmente, perda de vidas.
Para que os pavimentos possam suportar as crescentes solicitações de
tráfego e danos ocasionais, torna-se necessário o uso de CAPS modificados.
Vários estudos (JUNIOR, 2004; AMARAL, 2000) têm demonstrado que
incorporação de polímeros ao asfalto tem melhorado as propriedades fisico-
químicas e mecânicas destes materiais. Entre os polímeros mais estudados
estão: SBS (copolímero de estireno e butadieno), polietileno, SBR (borracha de
estireno e butadieno) e EVA (copolímero de etileno e acetato de vinila). Além
disso, materiais poliméricos descartados pelas indústrias, tais como a borracha de
pneu e, possivelmente, a utilização do resíduo (EVA) da indústria de calçados,
proveniente do corte mecânico de solas ou palmilhas. Estudos (ODA, 2000)
indicam que a incorporação destes resíduos ao cimento asfáltico usado na
pavimentação melhoram o desempenho do asfalto, ao mesmo tempo em que
resolve uma questão ambiental problemática, que é o acúmulo do lixo gerado
pelas indústrias.
Atualmente o conhecimento utilizado na formulação e aplicação dos CAPS
modificados, é sobretudo, influenciado por observações no campo (testes
empíricos), sendo negligenciado os processos físico-químicos envolvidos. Assim
sendo, ocorre a necessidade de estudos considerando-se a caracterização físico-
química e reológica destes materiais a fim de contribuir para a produção de um
cimento asfáltico de qualidade superior aos já disponíveis no mercado.
2
1.1 ASFALTO
O asfalto é, sem dúvida, um dos materiais de construção mais antigos
utilizados pelo homem (THE ASPHALT INSTITUTE, 1947): Escavações
arqueológicas do período de 3200 a 540 AC já mostravam o extenso uso do
asfalto na Mesopotâmia e no vale dos Indus, como cimento para alvenaria e como
impermeabilizante para salas de banhos e reservatórios de água. A primeira
pavimentação asfáltica de que se tem notícia é datada de 1876 e foi realizada em
Washington D.C.
Segundo o IBP (1994), a partir de 1909 iniciou-se o emprego de asfalto
derivado de petróleo, o qual, pelas suas características, constitui atualmente a
principal fonte de suprimento. No Brasil, Inicialmente, o asfalto era importado de
Trinidad, somente a partir de 1944 é que a Companhia Ipiranga Asfaltos S.A
começou a refinar petróleo.
1.1.1 Características Gerais
Os asfaltos, materiais aglutinantes de cor escura, são derivados do
petróleo, sendo que o elemento predominante é o betume (99,5%). Betume,
muitas vezes usado como sinônimo de asfalto é uma substância aglutinante
escura composta principalmente por hidrocarbonetos de alto peso molecular,
totalmente solúvel em dissulfeto de carbono (ODA, 2000).
Cerca de 32 milhões de toneladas de asfalto são produzidas anualmente
nos Estados Unidos, sendo que 84% são empregados como materiais para
pavimentação, 12,5% como impermeabilizantes e o restante em outros diversos
tipos de aplicações, como usos elétricos, revestimento, base, reforço de
pavimentos, camadas de regularização (ESTAKHRI e col., 1992; ROBERTS e
col., 1998; IBP, 1994). Outra aplicação do asfalto, inclui a proteção contra
corrosão. No Brasil, são produzidos pela Petrobrás cerca de 2 milhões de
toneladas de cimento asfáltico de petróleo por ano (LEITE, 1999), utilizado
principalmente em pavimentação asfáltica.
A mistura asfáltica, empregada na pavimentação, é geralmente constituída
de três componentes principais: o agregado (areia, pedra, brita, escória); a carga
(materiais finamente divididos, não plásticos tais como: cimento, cal, calcáreo) e o
3
cimento asfáltico, derivado do petróleo, usado como ligante dos agregados
minerais, conhecido como CAP.
A maior parte do asfalto produzido no Brasil é utilizada na pavimentação de
estradas e rodovias. Atualmente, em torno de 10% das estradas brasileiras são
pavimentadas, sendo a grande maioria constituída de revestimento asfáltico.
Espera-se que haja um grande crescimento nesta área tendo em vista que a
média mundial de estradas asfaltadas é de 55%. A má conservação das vias no
Brasil acarreta um prejuízo de aproximadamente 1,5 bilhão de reais por ano. Esta
estimativa leva em consideração o aumento no consumo de combustíveis,
manutenção de veículos, índice de acidentes e tempo de viagem. Considera-se
fundamental, portanto um rigoroso controle na preparação, aplicação e
estabilidade do asfalto produzido no país.
1.2 Cimento Asfáltico de Petróleo (CAP)
É o asfalto produzido através do refino do petróleo com características
específicas para aplicação em serviços de pavimentação. É um adesivo
termoplástico, visco-elástico, impermeável à água e pouco reativo (SAMANOS,
1995). Torna-se líquido se aquecido e retorna ao estado original após
resfriamento
1.2.1 Propriedades Químicas
O CAP é composto de hidrocarbonetos com pequena percentagem de
heteroátomos (enxofre, nitrogênio e oxigênio), sendo que a presença deles pode
ter efeito significativo nas propriedades do asfalto (REUBUSH, 1999), conforme
mostrado na Tabela 1.
4
Tabela 1. Composição química do asfalto (depois da SHRP, 1993).
Constituinte químico Percentagem de composição
carbono 70-85%
hidrogênio 7-12%
enxofre 0-1%
oxigênio 0-5%
Pequenas quantidades de metais dispersos como: óxidos, sais ou em
componentes orgânicos contendo metal
O fracionamento químico, mais empregado em Centros de Pesquisas na
Europa e nos Estados Unidos, separa o CAP em compostos saturados,
aromáticos, resinas e asfaltenos (Figura 1).
Figura 1. Estruturas representativas das quatro frações betuminosas do CAP:
saturados, aromáticos, resinas e asfaltenos.
WHITEOAK (apud LEITE, 1999) cita que os componentes do CAP têm as
seguintes propriedades:
• Os saturados agem no sentido de influenciar negativamente a
susceptibilidade térmica. Em maior concentração amolece o produto.
s a t u r a d o s
,
a r o m a t ic o s
N
O H N
S
S
S
a s fa l t e n o sr e s in a s
CAP
5
• Os aromáticos possuem anéis de carbono estáveis e contribuem para a
melhoria das propriedades físicas. (ASPHALT INSTITUTE, 1997;
REUBUSH, 1999).
• As resinas são moléculas polares que possuem massa molecular
intermediária formada de anéis aromáticos que agem como agentes
peptizantes para prevenir a coagulação de moléculas de asfaltenos,
melhorando assim a dutibilidade e a dispersão dos asfaltenos (REUBUSH,
1999).
• Os asfaltenos são formados de anéis aromáticos, com poucas cadeias
laterais, possuindo alta polaridade, alta massa molecular e contribuindo
para o aumento da viscosidade, tornando os asfaltos menos susceptíveis a
variações de temperatura (REUBUSH, 1999).
1.2.2 Classificação
As especificações vigentes oficiais classificam o CAP quanto a sua
consistência tanto pela viscosidade a 60°C (ABNT NBR-14.756, 2001) quanto por
penetração a 25°C (ABNT NBR-6.576, 1998).
O sistema de classificação por viscosidade é medido como sendo o valor
da viscosidade dos cimentos asfálticos a uma temperatura de 60°C (temperatura
máxima obtida na superfície do pavimento). A unidade de medida no sistema
CGS é o poise, P (1P = 0,1 Pa.s), sendo dividida nas classes CAP7, CAP20
(ligantes mais utilizados) e CAP 40 (ROBERTS e col., 1998).
A classificação por penetração é baseada, principalmente, na consistência
do cimento asfáltico a uma temperatura de 25oC, considerada a temperatura
média do pavimento em serviço. Quanto à penetração podem ser classificados
em quatro tipos: CAP 30/45, CAP 50/60, CAP 85/100 e CAP 150/200, onde
indicam as faixas de penetração de cada tipo em decímetros de milímetros. O
cimento asfáltico mais “duro” (CAP 30/45) possui uma consistência que só
permite uma leve impressão do dedo polegar quando se aplica uma força, em
temperatura ambiente. O “mole” (CAP 150/200) permite que com apenas uma
suave pressão com o dedo possa deixar uma marca na superfície, nessa
temperatura.
6
1.2.3 Propriedades Reológicas
A reologia estuda a deformação, fluxo ou escoamento dos materiais
(NAVARRO, 1997; LENK, 1978), ou seja, trata do mecanismo dos corpos
deformáveis.
As propriedades reológicas dos asfaltos são determinadas pelas interações
moleculares, em termos da estabilidade e da viscosidade do material, que por sua
vez depende da composição química (LU e col., 1999).
A viscosidade é a medida da resistência ao escoamento. A força por
unidade de área (τ) ou tensão de cisalhamento, requerida para produzir o
escoamento, é proporcional ao gradiente de velocidade ou taxa de cisalhamento
dγ/dt (equação 1). A constante de proporcionalidade, η, é denominada de
coeficiente de viscosidade.
τ = η (dγ/dt) (equação 1)
Um material viscoelástico exibe um comportamento viscoso e elástico e
mostra uma relação dependente do tempo entre a tensão aplicada e a
deformação resultante. Dentro de uma região linear de viscosidade, a relação da
tensão/deformação é influenciada, somente, pelo tempo, e não pela magnitude da
tensão. Um fluido é dito Newtoniano quando a relação entre a tensão e a taxa de
cisalhamento é linear e a viscosidade decresce com a temperatura
exponencialmente de acordo com a equação de Arrhenius (BARNES e col.,
1989).
Em temperaturas suficientemente baixas e/ou em altas taxas de
carregamento, o asfalto reage essencialmente como um sólido elástico. Quando a
temperatura aumenta e/ou quando a taxa de carregamento é reduzida, o asfalto é
essencialmente um fluido Newtoniano e apresenta um valor de viscosidade
independente da taxa de aplicação de carga. Os asfaltos modificados por
polímeros, entretanto, comportam-se, de maneira geral, como fluidos não
Newtonianos, apresentando características pseudoplásticas. (LU e col., 1999;
YILDIRIM e col., 2000). Baseado nas normas estabelecidas nas especificações
Superpave (Superior Performance Pavements), (SHRP, 1994), o viscosímetro
7
rotacional é utilizado para a realização de medidas de viscosidade de misturas
asfálticas a altas temperaturas (ASTM D4402, 2002).
1.3 Envelhecimento Oxidativo do Cimento Asfáltico
O envelhecimento do ligante asfáltico é um processo que ocorre
naturalmente durante a estocagem, usinagem e aplicação em serviço,
contribuindo significativamente para a deterioração do asfalto. Este
envelhecimento é responsável pela alteração de suas características físicas,
químicas e reológicas (TONIAL, 2001). Fatores adicionais, como os efeitos da luz,
água e reações químicas com os agregados, também contribuem para este
processo.
Como outras substâncias orgânicas, o ligante asfáltico oxida lentamente
quando entra em contato com o ar. A reatividade das moléculas com o oxigênio
segue, a seguinte ordem: asfaltenos > resinas > aromáticos > saturados. Em
alguns cimentos asfálticos, mais de 85% das moléculas oxidadas residem nas
frações dos asfaltenos e aromáticos polares. Os grupos polares oxigenados
tendem a associar-se formando micelas de alto peso molecular e com isso ocorre
um aumento na viscosidade do ligante asfáltico, resultando em moléculas maiores
e mais complexas, que fazem o CAP endurecer e tornar-se menos flexível
(TONIAL, 2001). As altas temperaturas aceleram o processo de oxidação das
moléculas mais reativas. Por outro lado, quando o cimento asfáltico é submetido a
baixas temperaturas observa-se o surgimento de trincas térmicas indesejáveis.
A oxidação, juntamente com os fatores que governam a velocidade da
reação e seus eventuais efeitos, é de importância crítica para a qualidade do
ligante asfáltico e para o sucesso da aplicação da mistura asfáltica (BROCK,
1996).
As propriedades dos ligantes envelhecidos são normalmente avaliadas
utilizando-se das normas estabelecidas nas especificações Superpave. Os
ensaios são realizados em estufa RTFOT, que simula o que ocorre durante a
usinagem e compactação da mistura. Um outro ensaio, realizado em vaso de
envelhecimento sobre pressão (PAV), simula o que ocorre no ligante ao longo da
vida útil (5 a 10 anos) do pavimento.
8
Segundo WHITEOAK (1990), quatro são os tipos principais de mecanismos
que influenciam no envelhecimento do ligante asfáltico:
� Oxidação;
� Perda de voláteis, a evaporação dos componentes voláteis depende da
temperatura e da condição de exposição, onde essa perda é considerada
pequena em ligantes asfálticos puros, devido aos baixos teores de voláteis;
� Endurecimento físico, atribuído à reordenação e cristalização de parafinas,
sendo um processo reversível;
� Endurecimento exsudativo, resultante do movimento de componentes
oleosos que exsudam do ligante asfáltico para dentro do agregado mineral.
1.4 Asfaltos Modificados por Polímeros
A adição de polímeros ao asfalto visa, principalmente, aumentar a
viscosidade dos ligantes, a temperaturas mais elevadas, a fim de reduzir as
deformações permanentes das misturas, aumentando a sua rigidez. Outro
objetivo é diminuir a fissura por efeito térmico a baixas temperaturas e por fadiga,
aumentando a sua elasticidade. Finalmente, contar com um ligante de melhores
características adesivas.
As principais propriedades físicas dos asfaltos modificados, observados
pelo desempenho destes no campo, estão relacionadas com o aumento da
coesão, da adesão, da elasticidade e redução da susceptibilidade térmica. Estas
propriedades se refletem, principalmente, no aumento da vida de fadiga, redução
de deformação permanente e redução de trincas térmicas. Estas melhorias
apresentam-se diferenciadas conforme o tipo de polímero utilizado, sua
concentração e compatibilidade com o cimento asfáltico (JAIN e col., 1992).
Submetido a altas temperaturas de serviço, o cimento asfáltico tende a
deformar. O risco de deformação permanente tende a crescer, quanto maior for a
circulação de veículos pesados. De modo generalizado, e sem ter em conta
outros fatores que podem interferir, é possível diminuir a aparição das
deformações aumentando a rigidez do asfalto com o emprego do polímero.
Os asfaltos modificados por polímeros são constituídos de duas fases, uma
formada por pequenas partículas de polímeros e outra pelo asfalto. Nas
composições de baixa concentração de polímeros existe uma matriz contínua de
9
asfalto na qual o polímero se encontra disperso. Quando a concentração do
polímero é aumentada, se produz uma inversão de fases e o asfalto se encontra
disperso no polímero. Esta morfologia bifásica e as interações existentes entre as
moléculas do polímero e os componentes do asfalto parecem ser a causa das
mudanças nas propriedades (GARCIA-MORALES e col., 2004).
Para que os asfaltos modificados apresentem bom desempenho é
necessário que os polímeros empregados sejam compatíveis com o asfalto. O
tipo do polímero, o teor empregado, a elaboração e as condições de
armazenamento, devem ser escolhidos com muito critério. Cada polímero tem um
tamanho de partícula apropriado, para conduzir a uma dispersão ótima,
necessária para melhorar as propriedades reológicas da mistura.
1.4.1 Especificações de ligantes asfálticos modificados por polímeros
Em razão dos asfaltos apresentarem um comportamento reológico do tipo
viscoelástico, a adição de um polímero aumenta o seu componente elástico.
Logo, alguns ensaios típicos, para avaliação do cimento asfáltico, não seriam
convenientemente aplicados para os ligantes modificados. Entretanto, os ensaios
são praticamente os mesmos dos asfaltos puros, com algumas exceções, como é
o caso do retorno elástico e do ensaio de compatibilidade.
As especificações de ligantes asfálticos vigentes, se baseiam em um
conjunto de testes a serem realizados, válidos tanto para ligantes puros, quanto
para ligantes modificados. Existem as especificações empíricas e as
especificações Superpave. As especificações dos tipos padronizados de cimentos
asfálticos foram adotadas pela American Association of State Highway and
Transportation Officials (AASHTO) e pela American Society for Testing and
Materials (ASTM).
As especificações empíricas referem-se, principalmente, aos ensaios de
penetração e de viscosidade. Os ensaios empíricos são normalmente realizados
na tentativa de se avaliar o desempenho do material nas reais condições de uso,
clima e tráfego, onde se pretende usar o ligante. Durante muito tempo, as
especificações de ligantes asfálticos foram baseadas em penetração. Atualmente,
o ensaio regulamentado é o da viscosidade. Entretanto, tem sido noticiado (Leite,
2005), que os ensaios de penetração entrarão novamente em vigor.
10
O ensaio do índice de susceptibilidade térmica (IST) expressa a variação
da consistência do asfalto com a temperatura na faixa de serviço. O IST é
calculado a partir dos valores de penetração e ponto de amolecimento (Pfeiffer
Van Doormaal). O ponto de amolecimento (temperatura na qual o asfalto
“amolece” sob determinadas condições de temperatura) não faz parte das
especificações do asfalto puro, mas é utilizado para o cálculo do IST. O retorno
elástico, ou recuperação elástica, verifica o grau de elasticidade que apresentam
os CAPS modificados.
Desde que, nos cimentos asfálticos modificados, observa-se uma variação
da viscosidade com a taxa de cisalhamento, os valores obtidos através da norma
ASTM D2493 (usada para ligantes não modificados) não devem ser usados, uma
vez que não especifica o valor da taxa de cisalhamento a ser utilizada.
As especificações Superpave foram desenvolvidas por um Programa o
Strategic Highway Research Program (SHRP), baseados em ensaios reológicos,
para controlar ou eliminar três tipos de falhas em pavimentos: deformação
permanente, trincamento por fadiga e trincamento térmico. As especificações
resultantes foram denominadas Superpave (Superior Performance Pavements).
1.4.2 Polímeros utilizados na pavimentação
Os polímeros, de pesos moleculares da ordem de 103 a 106, são materiais
viscoelásticos dependentes do tempo e da temperatura (MANO, 1985). As
propriedades mecânicas são afetadas pelo peso molecular, estrutura química,
distribuição da cristalinidade e temperatura.
Os tipos de polímeros mais utilizados na indústria de pavimentos são:
copolímeros em blocos, termoplásticos e borrachas naturais ou sintéticas. Os
copolímeros em blocos contêm estireno na extremidade do bloco e butadieno no
meio do bloco. Nesse grupo estão: o estireno-butadieno (SB), estireno-butadieno-
estireno (SBS), estireno-isopreno-estireno (SIS), estireno-etileno-butileno-estireno
(SEBS) e acrilonitrila-butadieno-estireno (ABS). Incluso no grupo dos
termoplásticos estão o polietileno de baixa densidade (PEBD) e o etileno e
acetato de vinila (EVA). Outro grupo consiste de homopolímeros como a borracha
natural (BN), além de polibutadieno (PBD), poliisopreno (PI) e poli (2-cloro-1,3-
butadieno).
11
Polímeros descartados pela indústria, como a borracha do pneu moído
também tem sido estudados, indicando bons resultados (ODA, 2000). Além de
buscar melhorias nas propriedades do betume, visam a possibilidade de utilizar o
lixo plástico proveniente destes materiais.
1.4.2.1 O copolímero de etileno e acetato de vinila (EVA)
O copolímero de etileno e acetato de vinila (EVA) é uma resina
termoplástica inflamável, sendo produzida pela copolimerização de etileno com
acetato de vinila, em uma reação que se processa a pressão elevada (FREITAS,
1996).
O copolímero de etileno e acetato de vinila (EVA) é conhecido como um
termoplástico, ou plastômero, e escoa irreversivelmente quando aplicada uma
tensão cisalhante. O EVA, devido a sua natureza alifática e a existência de
seqüências etilênicas de elevado peso molecular, solubiliza-se nas frações
saturadas do asfalto e melhora as propriedades mecânicas do ligante,
modificando a reologia do material (CONSTANTINO, 1998). As características
finais da mistura asfalto/EVA dependem do tipo e teor de EVA empregado
Os copolímeros de etileno e acetato de vinila (EVA) têm um vasto alcance
de aplicações industriais (GILBY, 1982). Estas incluem o uso em mangueiras,
camadas, adesivos, calçados, proteção contra a corrosão e isolante elétrico. A
estrutura do EVA está representada na Figura 2.
Figura 2. Estrutura do copolímero EVA
12
1.4.3 O resíduo de etileno e acetato de vinila (EVAR) da indústria de calçados
A indústria de calçados gera resíduos, que variam de 12 a 20% sobre o
consumo de EVA. Estes resíduos são oriundos do processo de obtenção dos
formatos dos calçados (Figura 3) e possíveis refugos de solado, entressola ou
palmilhas. Além disso, tem o resíduo em forma de pó, oriundo do lixamento do
calçado na fase de acabamento (Figura 4), sendo os resíduos do processo de
corte os de maior volume. O volume de resíduo reaproveitado na própria indústria
é bem menor (não mais que 40%), do que o volume por ela gerado (FILHO e col
2003).
Esse tipo de resíduo (EVA) possui baixa massa específica, tem boas
características acústicas e térmicas, é estável, inerte, não suscetível a fungos
(FILHO e col, 2003).
Figura 3. Resíduo em forma de aparas
13
Figura 4. Resíduo em forma de pó
A deposição em aterros sanitários desses resíduos, representa sérias
implicações, uma vez que, estes apresentam baixa velocidade de degradação
(não são materiais biodegradáveis) e podem provocar contaminações ao meio
ambiente. A incineração desses resíduos, por outro lado, não é recomendada
devido à geração de gases tóxicos.
Muitas indústrias, irresponsavelmente, depositam estes resíduos em áreas
a céu aberto, algumas vezes em depósitos clandestinos, contribuindo para o
aumento da poluição e proliferação de insetos e pequenos animais. Além disso,
existe a ameaça constante de combustão do material (GARLET, 1998).
O reaproveitamento de um dado tipo de resíduo, por outros setores da
economia, tem sido, nos últimos anos, tema de importantes pesquisas. O grande
volume de resíduos gerados pela indústria de calçados, particularmente, as
aparas de solados de calçados, constituídos de EVA, tem demandado alternativas
para um tratamento mais adequado e útil do material. É possível reciclar esses
resíduos, de forma que, possa ser utilizado como aditivo, para melhorar as
propriedades da mistura asfáltica. Trata-se de uma solução inovadora e
ecologicamente viável.
14
1.5 Métodos úteis na caracterização de cimentos asfálticos
Os critérios adotados para a incorporação dos polímeros ao asfalto
baseiam-se no estudo da compatibilidade dos dois materiais que podem ser
verificados através de parâmetros de solubilidade, peso molecular, e utilizando-se
técnicas como ressonância magnética nuclear.
Alguns autores (ZENKE, 1979; DONY,1989; KRAUS,1981) usam os
parâmetros de solubilidade de Hildebrand. O valor dos maltenos do CAP varia de
8 (cal/cm3)0,5 para asfaltos parafínicos até 9 (cal/cm3)0,5 para os asfaltos
aromáticos. Polímeros com parâmetros de solubilidade próximos a 8-9 (cal/cm3)0,5
seriam apropriados para a produção de CAPS modificados compatíveis.
Polímeros como: SBR e poliisopreno apresentam parâmetros de solubilidade
dentro da faixa mencionada, mas o PVC com parâmetro de solubilidade de 9,5
(cal / cm3)0,5 mostrou-se péssimo para ser incorporado ao asfalto.
Outro parâmetro a ser considerado é o peso molecular dos componentes
da mistura. Os polímeros mais utilizados na modificação de asfaltos apresentam
peso molecular variando de 50.000 a 300.000. A compatibilidade entre os
materiais também é requerida e tem papel fundamental na determinação das
propriedades da mistura.
Os testes utilizados na avaliação dos cimentos asfálticos são também
utilizados para asfaltos modificados. São divididos em análises químicas,
ensaios tradicionais, ensaios específicos e ensaios reológicos.
As análises químicas são: infravermelho, cromatografia por permeação em
gel (GPC), calorimetria exploratória diferencial (DSC), ressonância magnética
nuclear (RMN). O teor de polímero é determinado através da espectrometria de
infravermelho. A separação de compostos de diferentes pesos moleculares é feita
por GPC. O DSC determina a temperatura de transição vítrea (LEITE e col. 1998)
bem como a entalpia das frações cristalizáveis (ALBERT e col, 1985) e o RMN
identifica o polímero quantificando-o.
A ressonância magnética nuclear é uma técnica de caracterização
estrutural eficaz, além de ser apropriada para avaliação da compatibilidade dos
asfaltos modificados por polímeros, através da combinação das técnicas de
polarização cruzada e rotação segundo ângulo mágico (CP/MAS), possibilitando o
estudo de mobilidade molecular e homogeneidade de asfaltos modificados.
15
Os ensaios tradicionais utilizados são: penetração, ponto de amolecimento,
índice de susceptibilidade térmica. Estes são testes empíricos normatizados pela
ASTM (American Society for Testing and Materials).
Os ensaios reológicos são os referentes às especificações Superpave. Um
programa de pesquisa que durou cinco anos foi iniciado em 1987 nos Estados
Unidos para desenvolver novas especificações para os ligantes e misturas
asfálticas. O Programa foi o Strategic Highway Research Program (SHRP), e as
especificações resultantes foram denominadas SUPERPAVE (Superior
Performance Pavements). Estes ensaios e especificações foram desenvolvidos
para controlar ou eliminar três tipos de falha em pavimentos: deformação
permanente, trincas por fadiga e trincas térmicas.
Os ensaios Superpave são realizados nos seguintes equipamentos: estufa
RTFOT que simula o envelhecimento do ligante durante a produção e execução
da mistura, no PAV que simula o envelhecimento durante a vida em serviço da
mistura, viscosímetro rotacional, reômetro de cisalhamento dinâmico (DSR) que é
usado para a caracterização do comportamento viscoso e elástico do ligante a
temperatura elevada e intermediária. Também é usado o reômetro de fluência em
viga.
16
2 OBJETIVOS
Objetivo Geral
O objetivo deste trabalho é estudar as propriedades físico-químicas do cimento
asfáltico do petróleo (CAP) puro e quando modificado por adição do polímero de
etileno e acetato de vinila (EVA). Além disso, a estabilidade térmica dos asfaltos
submetidos ao processo de envelhecimento oxidativo e os parâmetros cinéticos
serão avaliados.
Objetivos Específicos
• Caracterizar o copolímero EVA e o EVA proveniente da indústria de calçados
na forma de aparas, denominado neste trabalho de EVAR, quanto as suas
propriedades estruturais, químicas e reológicas, bem como em relação aos
processos decorrentes da decomposição térmica do polímero.
• Caracterizar e avaliar o cimento asfáltico de petróleo (CAP) brasileiro quanto
às propriedades físico-químicas e reológicas.
• Avaliar os efeitos da incorporação do EVA no cimento asfáltico, em relação as
suas propriedades químicas e reológicas, utilizando ensaios tradicionais e
ensaios do método SUPERPAVE.
• Estudar o envelhecimento do processo termo-oxidativo e avaliar as
modificações estruturais do ligante asfáltico (CAP) e dos asfaltos modificados
em decorrência dos processos de degradação.
• Analisar a viabilidade técnica da utilização de resíduo de EVA, proveniente do
setor de calçados quando da produção de sandálias na pavimentação
asfáltica.
17
3 PARTE EXPERIMENTAL
3.1 Materiais Utilizados
3.1.1 Polímeros
Polímero EVA: o copolímero de etileno e acetato de vinila (EVA) foi
fornecido pela Petrobrás na forma de pellets, com teor de acetato de vinila de
28% (m/m).
EVA proveniente do resíduo da indústria de calçados (na forma de aparas),
contendo ainda na sua composição: carbonato de cálcio (CaCO3) e polietileno de
baixa densidade (PEBD) e enxofre. Essa amostra foi denominada de EVAR.
Polímero SBS: o copolímero de estireno butadieno estireno (SBS) foi
fornecido pela SHELL na forma de pó.
3.1.2 CAP
CAP 50/60 processado na Petrobras/Lubnor obtido a partir da destilação a
vácuo de Petróleo brasileiro proveniente do Campo Fazenda Alegre, no estado do
Espírito Santo.
3.2 Metodologia
3.2.1 Preparação dos filmes de EVA
O EVA, misturado ao xilol à quente foi espalhado em placa de Petri e
deixado evaporar a temperatura ambiente por 24 horas. O filme foi retirado da
placa e guardado em papel alumínio para análises.
3.2.2 Preparação das misturas
O CAP 50/60 foi modificado por EVAR 4,5% (p/p), a uma temperatura de
160°C, rotação de 544 rpm, por um período de 2 horas. Na preparação das
misturas foram utilizadas partículas que passam na peneira de 9 e 24 Mesh e as
18
amostras foram denominadas, respectivamente, de CAP4,5 EVAR 9 e CAP4,5
EVAR 24 .
A mistura de CAP modificado por SBS 4,5 % p/p foi feita utilizando-se um
diluente, como agente compatibilizante. A preparação dessa mistura foi feita sob
agitação de 1086 rpm, por um período de 3 horas, a temperatura de 175°C. A
amostra foi denominada CAPSBS.
As misturas foram preparadas no Laboratório de Mecânica de Pavimentos
(LMP)/UFC. O misturador é equipado com controle de temperatura, agitador
mecânico de baixo cisalhamento e hélice cisalhante. Os ensaios de
caracterização física, química e reológica foram efetuados no Laboratório de
Polímeros, Laboratório de Mecânica dos Pavimentos (LMP), Centro Nordestino de
Aplicação e Uso da Ressonância Magnética Nuclear (CENAUREM) e laboratório
de Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (LUBNOR).
3.3 Caracterização estrutural
3.3.1 Infravermelho (IV)
O equipamento utilizado foi o espectrofotômetro infravermelho SHIMADZU
FTIR 8300, cobrindo a faixa de 4000 a 600cm-1. A caracterização do polímero
EVA foi feita através dos espectros de transmitância, obtidos dos filmes
preparados. O CAP, o EVAR, CAP4,5 EVAR 9, CAP4,5 EVAR 24 e CAPSBS
foram caracterizados através da análise dos espectros obtidos por reflectância
total atenuada (ATR).
3.3.2 Ressonância Magnética Nuclear (RMN)
As amostras de CAP, EVA e EVAR foram analisadas por espectroscopia
de RMN 13C e RMN 1H em solução de clorofórmio deuterado, sendo que a
amostra EVAR não dissolveu completamente no solvente utilizado, devido à
presença de outras substâncias. Os espectros foram obtidos em espectrômetro
BRUCKER DRX-500 operando a 500 MHz na freqüência do 1H e a 125 MHz no 13C.
19
A medida do 13C, para o CAP, foi realizada em solução de concentração
40% preparada por dissolução da amostra em clorofórmio deuterado contendo um
reagente de deslocamento. O tetrametilsilano foi usado como padrão interno.
Soluções para medida do espectro de 1H foram preparadas como descritas para o
espectro de 13C com exceção do reagente de relaxação. As condições
experimentais usadas foram: número de transientes de 500 para o 13C e de 128
para o 1H; sendo que o tempo de relaxação foi de 10 e 1 s para 13C e 1H,
respectivamente.
3.4 Análise térmica
A decomposição térmica foi verificada através de técnicas de Calorimetra
Exploratória Diferencial (DSC) e análise termogravimétrica (TGA). Um estudo da
cinética de degradação térmica foi feito em atmosfera oxidativa e atmosfera
inerte. Neste estudo utilizou-se o método de Ozawa (2000) para o cálculo da
energia de ativação.
3.4.1 Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC)
Amostras de EVA, EVAR, CAP, CAP4,5 EVAR 9 e CAP4,5 EVAR 24
foram analisadas em um sistema Shimadzu DSC-50, utilizando-se um fluxo de
nitrogênio de 50 mL/min. Aproximadamente 10mg destas amostras, na forma
original, foram pesadas em uma balança Mettler e aquecidas em um forno à razão
de 5°C/min, em uma faixa de temperatura que variou de -80 a 120°C.
3.4.2 Termogravimetria (TG)
As curvas termogravimétricas das amostras (EVA, EVAR, CAP, CAP4,5
EVAR 9 e CAP4,5 EVAR 24) foram obtidas em um equipamento TGA-50 da
Shimadzu Corporation, sob fluxo (50 mL/min) de gás inerte e ar. Foram utilizadas
aproximadamente 10 mg das amostras de EVA e de EVAR e 13 mg do CAP e das
misturas CAP4,5 EVAR 9 e CAP4,5 EVAR 24, que foram aquecidas à razão de
10°C/min, sendo que a faixa de temperatura foi de 25 a 700°C.
20
3.4.2.1 Estudo Cinético
O estudo cinético da decomposição do EVA e EVAR foi realizado
utilizando-se das curvas termogravimétricas obtidas no equipamento TGA-50 da
Shimadzu Corporation. Aproximadamente 10 mg das várias amostras foram
aquecidas, em atmosfera oxidativa e inerte, considerando-se taxas de
aquecimento de 5, 10, 20 e 40°C/min. Para as amostras CAP, CAP4,5 EVAR 9 e
CAP4,5 EVAR 24 consideraram-se as taxas de aquecimento de 5, 10, 20, 30 e
40°C/min, em atmosfera oxidativa e inerte.
Os valores da temperatura de decomposição obtidos nas curvas TG, para
cada taxa de aquecimento (5,0; 10; 20, 30 e 40 °C/min) relacionadas às
conversões (de 10% a 50%) foram usadas como dados de entrada num
programa que calcula a energia de ativação pelo método de Ozawa. Os valores
da temperatura de decomposição obtidos nas curvas TG, para cada taxa de
aquecimento relacionadas aos graus de conversões foram usadas como dados de
entrada num programa que calcula a energia de ativação através de um software
(turbo Pascal) pelo método de Ozawa. Os dados necessários para o cálculo
foram: temperatura de decomposição em °C, obtida a partir de curvas
termogravimétricas; o grau de decomposição à temperatura de decomposição e
taxa de aquecimento.
.
3.5 Envelhecimento Oxidativo
O CAP e as misturas de CAP4,5 EVAR 9 e CAP4,5 EVAR 24 foram
testadas em uma estufa RTFOT (ASTM D 2872, 2004), que simula o
envelhecimento que ocorre durante a mistura na usina e no vaso de pressão
(PAV - ASTM D6521, 2003), que simula envelhecimento em serviço por longo
tempo.
3.5.1 Envelhecimento por estufa RTFOT
O envelhecimento (RTFOT) é realizado em uma estufa (Figura 5) pré-
aquecida à temperatura de 163°C que sustenta oito frascos com as amostras. Ao
21
girar há um revolvimento contínuo das amostras, sendo que há, também, a
injeção de ar no jato.
Para realizar o ensaio de envelhecimento no RTFOT, as amostras (CAP,
CAP4,5 EVAR 9 e CAP4,5 EVAR 24) foram aquecidas até tornarem-se fluidas. Os
frascos do RTFOT foram “preenchidos" com 35 ± 0,5 gramas de amostra,
aquecido a 163°C e esfriado a temperatura ambiente. As amostras foram
envelhecidas na estufa e a degradação foi avaliada em relação ao tempo de
exposição (85, 105 e 135 minutos) a atmosfera oxidativa. As denominações
dadas às amostras foram CAP 85min, CAP 105min, CAP 135min, CAP4,5 EVAR
9 (85min), CAP4,5 EVAR 9 (105min), CAP4,5 EVAR 9 (135min), CAP4,5 EVAR
24 (85min), CAP4,5 EVAR 24 (105min) e CAP4,5 EVAR 24 (135min).
Figura 5. Estufa RTFOT
3.5.2 Envelhecimento por vaso de pressão (PAV)
O ensaio de envelhecimento por vaso de pressão (PAV), Figura 6, que
simula o envelhecimento do CAP de 5 a 10 anos de serviço foi feito colocando-se
50 gramas (+/- 5) das amostras (CAP, CAP4,5 EVAR 9, CAP4,5 EVAR 24 e
CAPSBS), após passagem na estufa RTFOT, num vaso, sob pressão de 2.070
kPa, dentro de estufa com temperatura controlada de 100°C por um período de 20
horas. A denominação das amostras foi PAVCAP, PAV CAP4,5 EVAR 9 e PAV
CAP4,5 EVAR 24.
22
Figura 6. Sistema de envelhecimento por vaso de pressão (PAV)
3.5.3 Avaliação do envelhecimento do asfalto
As amostras (CAP, CAP4,5 EVAR 9 e CAP4,5 EVAR 24) foram analisadas
antes e após os ensaios de envelhecimento (RTFOT e PAV), a partir do estudo
dos espectros na região do infravermelho. Os espectros foram obtidos em um
espectrofotômetro SHIMADZU FTIR 8300, cobrindo a faixa de 4000 a 700 cm-1,
utilizando-se do acessório de reflectância total atenuada (ATR). O envelhecimento
oxidativo foi analisado considerando-se as intensidades relativas das bandas de
absorção representativas. As áreas das bandas de absorção foram calculadas
utilizando-se dos dados do equipamento FTIR, obtendo-se índices funcionais e
estruturais (DOUMENQ, 1989; PIERI, 1994). Alguns índices foram determinados
considerando-se a razão das áreas das bandas (KISTER e col, 1993), descritas
como:
● estruturas aromáticas (índice de aromaticidade - A1600/ Σ A);
● estruturas alifáticas (índice alifático - A1460+ A 1376/ Σ A);
● funções oxigenadas (índice de carbonila- A1700/ Σ A, e sulfóxido – A1030/ Σ
A).
Considerando-se que o índice de carbonila foi calculado a partir do
somatório das áreas entre 1753 e 1635 cm-1, representado acima por A1700, pois
23
representa vibrações de éster, cetona e ácidos que são produtos da
decomposição do asfalto quando envelhecido.
O somatório das áreas, citado por Σ A, é:
Σ A = A1460+ A 1376+ A1600+ A1700 + A1030+ A724 + A864+ A743+ A814+A(724, 2923, 2862).
3.6 Análise por Volatilização Térmica (TVA)
O sistema TVA consiste de um forno, com controle de temperatura,
conectado a uma linha de vácuo, conforme ilustrado na Figura 7.
Figura 7. Sistema utilizado na análise TVA.
As amostras ensaiadas foram: CAP, CAP4,5 EVAR 9 e CAP4,5 EVAR 24.
Os produtos da decomposição: resíduos sólidos e voláteis (condensáveis à
temperatura ambiente) foram separados e coletados a 163°C, pois se procura
simular o envelhecimento que ocorre na estufa de filme fino rotativo (RTFOT), o
qual ocorre nessa temperatura. Os voláteis foram condensados em uma espécie
de “dedo frio” acoplado ao forno de aquecimento.
24
3.7 Determinação da Viscosidade
A viscosidade das amostras CAP, CAP4,5 EVAR 9 e CAP4,5 EVAR 24 foi
determinada conforme a metodologia descrita na norma ASTM D4402 (2002). Foi
utilizado um viscosímetro rotacional cilíndrico Brookfield modelo DVII+, que mede
a viscosidade através do torque necessário para rodar uma haste de prova
(“spindle”) imersa na amostra de asfalto quente. Utilizou-se uma rotação de 20
rpm e “spindles” 21 e 27, respectivamente para o CAP e as misturas (CAP4,5
EVAR 9 e CAP4,5 EVAR 24), em sistema acoplado a um controlador de
temperatura THERMOSEL. Os ensaios foram realizados nas seguintes
temperaturas: 135, 150 e 175 °C. A amostra de CAPSBS foi analisada, apenas, a
135°C.
3.8 Características Físicas
3.8.1 Recuperação Elástica por Torção de Cimentos Asfálticos (NLT 329 - 91)
No ensaio realizado para as amostras CAP, CAP4,5 EVAR 9 e CAP4,5
EVAR 24 utilizou-se um medidor de recuperação elástica de betume asfáltico da
Solotest. Um cilindro de dimensões especificadas é imerso numa amostra de
cimento asfáltico (puro ou modificado) na temperatura de 25°C. Mediante um
dispositivo de torção, o cilindro é girado a 180° e se determina, depois de 30
minutos a medida de recuperação elástica por torção e/ou o ângulo recuperado
pelo cilindro.
3.8.2 Ponto de amolecimento (ASTM Standards D36, 2000)
O ensaio para a determinação do ponto de amolecimento é utilizado para a
determinação da temperatura em que o ligante asfáltico torna-se fluido. Utiliza-se
neste ensaio o procedimento conhecido como “anel e bola” (Figura 8), que
consiste em colocar o ligante dentro de um anel metálico de dimensões
padronizada com 15,8 mm de diâmetro e 6,4 mm de altura, enchendo-o
completamente. Em seguida coloca uma esfera de 3,4 a 3,55 Kg e diâmetro de
9,35 mm no anel preenchido com o ligante. Coloca-se o conjunto anel e bola
dentro de um Becker com etilenoglicol de forma que fiquem a 25,4 mm do fundo
25
do Becker. O conjunto é aquecido a uma taxa de 5°C por minuto. Anota-se a
temperatura em que o ligante se distende até tocar o fundo. Esta temperatura
será o ponto de amolecimento do ligante. As amostras analisadas foram CAP,
CAP4,5 EVAR 9, CAP4,5 EVAR 24 e CAPSBS.
Figura 8. Equipamento para determinação do ponto de amolecimento (anel e bola).
3.8.3 Penetração (ASTM Standards D5, 2005)
Esse método serve para avaliar a consistência dos materiais betuminosos
através da “penetração”, distância em décimos de milímetro que uma agulha
padrão penetra verticalmente em uma amostra do material betuminoso sob
condições específicas de temperatura (25°C), carga (100 gramas) e tempo (5
segundos). Os valores de penetração são associados à consistência do asfalto. O
equipamento está ilustrado abaixo (Figura 9). As amostras analisadas foram
CAP, CAP4,5 EVAR 9, CAP4,5 EVAR 24 e CAPSBS.
26
Figura 9. Equipamento para ensaio de penetração.
3.8.4 Índice de susceptibilidade térmica (IST)
Desenvolvido por Pfeiffer Van Doormal, o IST expressa a variação da
consistência com a temperatura na faixa de serviço em pavimentos. O IST da
ordem de –1,5 a +1 identifica CAP de uso rodoviário tais que o valor zero significa
susceptibilidade adequada, e valores abaixo de –1,5, indicam CAP suscetíveis,
que variam muito de consistência com a temperatura.
27
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Caracterização dos polímeros (EVA e EVAR)
4.1.1 Caracterização estrutural
4.1.1.1 Infravermelho (IV)
O etileno e acetato de vinila (EVA) e o resíduo da indústria de calçados
(EVAR) foram caracterizados através de seus espectros na região do
infravermelho. As Figuras 10 e 11 apresentam os espectros e a tabela 2 mostra
as atribuições das bandas mais representativas.
Figura 10. Espectro FTIR do filme de EVA.
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
723
1020
.3412
42.1
613
71.3
914
40.8
31737
.86
2850
.79
2920
.23
EVA
A
N° de onda (cm-1)
28
Figura 11. Espectro FTIR-ATR do EVAR.
O espectro de absorção no infravermelho (SILVERSTEIN e col, 1994) do
filme de EVA mostra a banda em 1737cm-1 (do estiramento C=O da carbonila) e
as bandas de absorção em 1369, 1242 e 1020 cm-1 que foram atribuídas,
respectivamente, a deformação de CH3, estiramento assimétrico e estiramento
simétrico de C-O-C sendo características da presença do grupo acetil na cadeia
polimérica. A banda fraca observada em 1440 cm-1 é devido à deformação de
CH2, da cadeia principal. A absorção proveniente do estiramento de C-H ocorre,
na região de 3000-2840 cm-1. As atribuições das bandas de absorção no
infravermelho são apresentadas na tabela 2.
3500 3000 2500 2000 1500 1000-0.02
0.00
0.02
0.04
0.06
0.08
0.10
0.12 EVAR
A(A
TR
)
N0 de onda (cm-1)
2914
2846
1735
1595
1415
1369
1234
1014
871
29
Tabela 2. Atribuição das bandas mais representativas do filme de EVA e do
EVAR
Atribuições N° onda (cm-1)
EVA EVAR
3200 - ν O-H (H2O)
2920 νass C-H(CH2) νass C-H(CH2)
2850 νsim C-H(CH2) νsim C-H(CH2)
1737 νsim C=O νsim C=O
1415 e 1440 δ CH2 δ CH2
1369 δsim CH3 δsim CH3
1242 νass C-O-C νass C-O-C
1020 νsim C-O-C νsim C-O-C
871 - δ CO32- (fora do plano)CaCO3,
723 δ C-H -
713 - δ CO32- (fora do plano)CaCO3,
O espectro FTIR - ATR do EVAR apresentou, além das bandas
características do EVA, algumas alterações, que são devidas à presença de
carbonato de cálcio na sua composição. As bandas são: 871 cm-1 (modo de
deformação de CO32- fora do plano) e 713 cm-1 (modo de deformação de CO3
2-
fora do plano, região estreita) (ADLER e KERR, 1970; LOWENSTAM, 1962;
NYQUIST e col, 1997). A presença de umidade (água) foi observada pela banda
em 3200 cm-1, relativa a estiramento O-H. As bandas do polietileno, polímero
presente na composição da amostra analisada, também foram evidenciadas, pelo
aparecimento de suas bandas características em 2920, 2850, 1415 e 1369 cm-1.
Como demonstrado nos espectros (Figuras 10 e 11), tanto o EVA como o
EVAR possui bandas características do polietileno, o qual participa da
composição das duas amostras analisadas.
30
4.1.1.2 Ressonância Magnética Nuclear (RMN)
As Figuras 12-15 mostram os espectro de RMN 1H e RMN 13C do
copolímero EVA e do EVAR.
Figura 12. Espectro de RMN 1H do copolímero EVA
A2 A4
A3
A5
B2 A1
31
Figura 13. Espectros de RMN 13C do copolímero EVA.
Figura 14. Espectros de RMN 1H do EVAR.
A5
35 30 25 20 15 ppm
B2 A4
A2 A3
180 160 140 120 100 80 ppm
A1 B1
2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 ppm
ppm 7 6
A1
A2
A3 A4
A5
B2
32
Figura 15. Espectro de RMN 13C do EVAR.
A classificação dos átomos de carbono na cadeia molecular do EVA foi
baseada no deslocamento químico de cada pico. Os resultados estão listados nas
tabelas 3 e 4.
A estrutura molecular do EVA está apresentada abaixo com a notação
representativa para os grupos específicos (SU e col, 2004).
35 30 25 20 15 ppm
A2
A3
A5
B2
CH 2 CH 2
CH 2
CH 2
CH 2
C
H
O
C
H 3CO
n
A1A 2
A3A4A5 A5
B1
B2
33
Tabela 3. Deslocamento químico por RMN 13C do EVA e EVAR (SU e col., 2004).
Tabela 4. Deslocamento químico por RMN 1H do EVA e EVAR
A distribuição dos substituintes nas posições correspondentes aos
carbonos A1, A2, A3, A4, A5 e B2 foi verificada por RMN 1H. Os espectros (Figuras
12 e 14) sugerem a presença de seis tipos de prótons na faixa de 0,85 a 4,85
ppm. O pico em 2,03 ppm deve ser devido ao grupo metila do grupo funcional
δδδδ (ppm)
Atribuições EVA EVAR
A1 74,68 -
A2 34,35 35,72
A3 25,54 26,91
A4 30,39 -
A5 29,85 31,28
B1 171,14 -
B2 21,50 22,82
δδδδ (ppm)
Atribuições EVA EVAR
A1 4,85 4,85
A2 1,64 1,61
A3 0,85 0,88
A4 1,50 1,50
A5 1,25 1,25
B1 - -
B2 2,03 2,04
34
(CH3 -C=O-). O pequeno sinal em δ=4,85 é do grupo CH-O-, sendo o hidrogênio
mais desprotegido e os sinais na faixa de 0,85 a 1,64 ppm correspondem aos
hidrogênios restantes que participam da cadeia polimérica.
Analisando-se os espectros de RMN 13C, observa-se à presença do grupo
acetato no EVA que foi indicada pelo deslocamento em 21,50 ppm
(correspondente ao metila do grupo acetila) e pelo deslocamento em 171,14 ppm
do grupamento C=O. O pico intenso em 29,85 ppm (Figura 13) pode ser atribuído
a CH2, pertencente da seqüência rígida de etileno. O sinal de -CH absorve em
74,68 ppm, o segundo carbono mais desprotegido, pois mostra o efeito de
substituição de um átomo de hidrogênio por oxigênio. Os carbonos α, β e γ ainda
sofrem, um pouco, o efeito da eletronegatividade do oxigênio, resultando em
deslocamentos para campos mais altos do que o de –CH.
Em relação ao espectro de RMN 13C do EVAR foi notada a ausência de
alguns picos representativos da cadeia polimérica do copolímero de etileno e
acetato de vinila devido a difícil solubilização da amostra no solvente utilizado e o
pequeno tempo de vida do equipamento.
4.1.2 Análise térmica
Análise térmica é conceituado um conjunto de técnicas que permite medir
as mudanças de uma propriedade física ou química de um material em função da
temperatura ou do tempo, enquanto a amostra é submetida a uma programação
controlada de temperatura (SKOOG e col, 2002). Essas técnicas incluem a
termogravimetria (TG) e a calorimetria exploratória diferencial (DSC) sendo,
também, conhecidas outras técnicas.
4.1.2.1 Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC)
DSC é uma técnica que mede as temperaturas e o fluxo de calor associado
com as transições das substâncias em função do tempo ou da temperatura,
fornecendo informações sobre mudanças químicas e físicas que envolvem
processos endotérmicos, exotérmicos ou mudanças na capacidade calorífica
(MOTHÈ e AZEVEDO, 2002) .
35
As curvas de DSC do EVA e EVAR (em atmosfera de N2) são mostradas,
respectivamente, na Figuras 16.
Figura 16. Curvas DSC do EVA e EVAR em atmosfera inerte.
Nas curvas de DSC do EVA e EVAR foram observados: um pico
exotérmico, dois picos endotérmicos e a transição vítrea. O primeiro pico (-34°C)
que representa uma mudança da linha de base é atribuído à transição vítrea do
polietileno (ATVARS e col., 1993; TALHAVINI e col., 1998; VIGIL e col., 1997;
TALHAVINI e col., 1996; KAKIZAKI e col., 1985; WUNDERLICH, 1981; DAVIES e
EBY, 1973; JANG e col., 1985; HENDRA e col., 1991; POPLI e MANDELKERN,
1983; GLOTIN e col., 1983; BOYER, 1975), o evento exotérmico em –4,98°C foi
atribuído a movimentos da cadeia na região interfacial da matriz do copolímero
(OHTA and YASUDA, 1994; ATVARS e col, 1993; TALHAVINI e col, 1998 e 1996;
VIGIL e col, 1997). Os dois últimos eventos em 62 e 83°C, podem, estar
associados com o amolecimento dos segmentos de acetato de vinila do EVA
(BARRUESO, 1997).
A análise da curva DSC do EVAR exibiu dois picos endotérmicos em 50°C
e 81 °C. Do mesmo modo que discutido para o EVA os eventos estão
relacionados com o amolecimento dos segmentos de acetato de vinila do EVA
(BARRUESO, 1997). O evento exotérmico em –3,72°C foi atribuído a movimentos
-80 -60 -40 -20 0 20 40 60 80 100 120-1.2
-1.0
-0.8
-0.6
-0.4
-0.2
0.0
0.2
DS
C(m
W)
temperatura (OC)
EVA EVAR
endo
térm
ico
36
da cadeia na região interfacial da matriz do copolímero (OHTA e YASUDA, 1994;
ATVARS e col., 1993; TALHAVINI e col., 1998 e 1996; VIGIL e col., 1997) e uma
pequena transição exotérmica foi atribuída à temperatura de transição vítrea dos
blocos de acetato de vinila a –19°C (YAMAKI, 2002). O evento endotérmico
decorrente da decomposição do carbonato de cálcio, que ocorre a 800°C não se
encontra ilustrado (KASSELOURI e col., 1995) pois a varredura de temperatura
no equipamento foi até 100°C.
4.1.2.2 Termogravimetria (TG)
As curvas termogravimétricas, em atmosfera inerte e oxidativa, mostrando
os eventos da decomposição do EVA e do EVAR estão ilustradas nas figuras 17 e
18.
Figura 17. Curvas termogravimétricas do EVA em atmosfera oxidativa e
atmosfera inerte.
100 200 300 400 500 600 700 800
0
20
40
60
80
100
% m
assa
temperatura (OC)
EVA (ar) EVA (N
2)
37
Figura 18. Curvas termogravimétricas do EVAR em atmosfera oxidativa e
atmosfera inerte.
O estudo das variações ocorridas nas temperaturas de decomposição para
o EVA e EVAR está ilustrado na tabela 5.
Tabela 5. Dados comparativos da decomposição do EVA e EVAR, em atmosfera
oxidativa e atmosfera inerte.
Amostra Eventos Tdmáx*(°C) % resíduo
a 600°C
EVA em N2 1°
2°
386
500
0,7
EVA em ar 1°
2°
380
465
1,6
EVAR em N2 1°
2°
3°
430
543
810
48,7
EVAR em ar 1°
2°
3°
420
515
756
38,3
200 400 600 800 1000
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
% m
assa
temperatura (OC)
EVAR(ar) EVAR (N
2)
38
Em relação às curvas termogravimétricas do EVA e EVAR foram
observados dois eventos principais:
1° Evento: Degradação envolvendo a formação de ácido acético que se
observa com a deacetilação do EVA (SULTAN and SORVIK, 1991). O mecanismo
pode ser previsto de acordo com a representação abaixo :
2° Evento: Degradação da cadeia principal (ALLEN e col., 2000).
• Efeito da atmosfera oxidativa:
Observou-se que para o primeiro evento de decomposição, relativo à
evolução do ácido acético, ocorreu alteração, nas temperaturas de pico (onde a
velocidade de decomposição é máxima), tanto para o EVA, quanto para o EVAR.
No segundo evento, relativo à degradação da cadeia polimérica, a
temperatura em que ocorre a velocidade máxima de decomposição, é retardada,
para o EVA, em relação ao EVAR.
A análise das curvas termogravimétricas do EVAR revela um aumento no
percentual de resíduo e um aumento no número de eventos associado à
decomposição, quando comparado com o EVA, independente da atmosfera
ambiente (tabela 6). Este efeito era esperado em virtude da presença dos aditivos
no EVA resíduo. As curvas TG da amostra de EVAR que evidencia uma terceira
etapa de perda de massa, entre 500 e 800°C, é correspondente a decomposição
do carbonato de cálcio, e variação de massa foi de, aproximadamente, 14,62%,
devido à liberação de CO2, permitindo por cálculo estequiométrico (inserido
abaixo) determinar que a quantidade de CaCO3 presente nessa amostra é de
33,24%. A reação de decomposição do carbonato de cálcio é a seguinte:
R
H
C R
O
C O
CH3
R C R' + CH3 C
O
H
O
39
CaCO3 CaO + CO2
100,08 g/mol 44,01 g/mol
x 14,62%
x = 33,24%
4.1.2.3 Estudo Cinético
As curvas termogravimétricas do EVA e EVAR (Figuras 19-22), obtidas a
diferentes taxas de aquecimento (5; 10; 20 e 40°C/min) possibilitaram o cálculo da
energia de ativação (Ea) pelo método de Ozawa (2000) tanto em atmosfera
oxidativa, como em atmosfera inerte. Os resultados das energias de ativação
estão listados na tabela 6.
Figura 19. Curvas termogravimétricas do EVA em diferentes taxas de
aquecimento em atmosfera oxidativa.
200 400 600 800
0
20
40
60
80
100
% m
assa
temperatura(°C)
5°C/min 10°C/min 20°C/min 40°C/min
40
Figura 20. Curvas termogravimétricas do EVAR em diferentes taxas de
aquecimento em atmosfera oxidativa.
Figura 21. Curvas termogravimétricas do EVA em diferentes taxas de
aquecimento em atmosfera inerte.
200 400 600 800 10000
20
40
60
80
100
temperatura(°C)
5°C/min 10°C/min 20°C/min 40°C/min
% m
assa
0 100 200 300 400 500 600 700
0
20
40
60
80
100
% m
assa
temperatura (OC)
5°C/min 10°C/min 20°C/min 40°C/min
41
Figura 22. Curvas termogravimétricas do EVAR em diferentes taxas de
aquecimento em atmosfera inerte.
MUNTEANU e TURCU (1981) propuseram um mecanismo, baseado nas
curvas TG, para o primeiro evento relacionado à eliminação do ácido acético. O
autor considera que nas cadeias grafitizadas, a decomposição é favorecida pela
tendência para formar (via ligação hidrogênio com grupos ativos metilenos) um
estado de transição (anel de seis membros). O complexo ativado decompõe-se
termicamente, eliminando ácido acético. As duplas ligações formadas nas cadeias
grafitizadas têm uma configuração “trans” ao término de decomposição, que
favorece a reticulação.
O comportamento da energia de ativação em função da decomposição do
EVAR e EVA, considerando os dois ambientes atmosféricos, está ilustrado na
Figuras 23 e 24.
100 200 300 400 500 600 700 80020
30
40
50
60
70
80
90
100
110
% m
assa
temperatura (OC)
5°C/min 10°C/min 20°C/min 40°C/min
42
Tabela 6. Dados comparativos de energia de ativação da decomposição do EVA
e EVAR em atmosfera inerte e oxidativa.
Ea em nitrogênio
(kJ/ mol)
Ea em ar
(kJ/mol)
Decomposição
(%) EVA EVAR EVA EVAR
10 176,57 115,86 216,60 188,33
20 226,11 162,84 324,66 284,94
25 244,43 181,34 329,54 322,31
30 246,92 201,39 405,45 343,65
35 245,85 212,11 445,51 372,36
40 244,53 221,38 437,22 265,74
45 242,76 227,77 436,77 278,32
50 243,63 234,09 375,20 193,45
Figura 23. Ea em função do percentual de decomposição térmica do EVA e
EVAR em atmosfera oxidativa.
10 20 30 40 50150
200
250
300
350
400
450
500
550
Ea
(kJ/
mol
)
% decomposição
EVA (ar) EVAR (ar)
43
Figura 24. Ea em função do percentual de decomposição térmica do EVA e EVAR
em atmosfera inerte.
4.1.2.3.1 EVA em (O2 x N2)
Nota-se, pela análise dos resultados, que o processo de decomposição do
EVA em atmosfera inerte é diferenciado do processo que ocorre na presença do
oxigênio. Ocorreu um aumento da energia de ativação do EVA em ambiente
oxidativo em todas as etapas de decomposição. Este fato pode ser decorrente
das reações que ocorrem em função dos produtos de decomposição formados,
como, peróxidos, hidroperóxidos entre outros. Os valores de Ea para
decomposição ≤ 40 não são representativos pois correspondem a reações
secundárias (decomposição e/ou oxidação do resíduo, por exemplo).
4.1.2.3.2 EVA x EVAR em N2
Uma análise dos dados da tabela 6 mostra que para o EVAR a energia de
ativação tende a elevar-se durante o processo. Para o EVA, a energia de ativação
tende a estabilizar-se em torno de 25% de decomposição e apresenta valores
maiores do que os apresentados pelo EVAR. Portanto, em atmosfera inerte o
EVA é mais estável.
10 20 30 40 50
120
140
160
180
200
220
240
260
280
Ea (
kJ/m
ol)
% decomposição
EVA (N2)
EVAR (N2)
44
4.1.2.3.3 EVA x EVAR em O2
No EVAR a energia de ativação é reduzida em todas as etapas do
processo, apresentando-se menos estável. O carbonato de cálcio e o enxofre,
provavelmente, agiram como catalisadores no processo de decomposição
4.1.2.3.4 EVAR em (O2 x N2)
Em todas as etapas de decomposição o EVAR apresentou maior
estabilidade em atmosfera oxidativa. O carbonato de cálcio e o enxofre,
provavelmente, agiram como um catalisador no processo de decomposição tanto
em atmosfera inerte como em atmosfera oxidativa.
4.2 CAP e CAP modificado com EVAR
O estudo foi realizado com o resíduo de EVA (EVAR), na proporção de
4,5%, variando-se a granulometria (9 e 24 mesh).
4.2.1 Ressonância Magnética Nuclear (RMN)
Os espectros de RMN 13C e RMN 1H para o CAP são mostrados,
respectivamente, nas Figuras 25 e 26. A atribuição dos picos encontra-se nas
Tabelas 7 e 8.
No espectro de próton, destacaram-se duas regiões: a região de 1 a 5 ppm
que foi atribuída à região de prótons de natureza alifática e a região de 6 a 8 ppm,
atribuída à região de natureza aromática.
Após avaliação do espectro de RMN 13C foram feitas as atribuições dos
picos mais representativos. A região alifática foi definida ente 5 e 40 ppm.
45
Figura 25. Espectro RMN 13C do CAP.
Figura 26. Espectro RMN 1H do CAP.
46
Tabela 7. Atribuições dos picos do espectro RMN 13C do CAP (SHRP, 1994).
Estrutura Deslocamento/ppm
37,4
-CH 32,8
31,9
30
29,7
27,9
, e CH2- 24,5-24,9
22,7
19,7
14
47
Tabela 8. Atribuições dos picos do espectro RMN 1H do CAP (JENNINGS,1991).
Descrição Faixa/ ppm
CH3 , CH2 em substituintes naftênicos 0 -1
CH2 em cadeia longa 1,25
CH2, CH e CH3 1 - 2
CH2 e de CH em aromáticos 1,5 - 2,0
H aromático e outros H alifáticos 2
H α aromáticos 2 - 5
Olefinas 4,5 - 6
Aromáticos 5 - 10
SCHn, (CH)nCOOH 1,8 - 3,0
OCHn 3,5 - 4,2
Observou-se, a partir dos espectros, que o CAP apresenta uma estrutura
complexa com compostos naftênicos, aromáticos, saturados, olefinas e
heteroátomos como oxigênio e enxofre. A RMN quando aplicada a misturas
complexas tais como o asfalto, não consegue definir totalmente compostos
específicos, entretanto pode fornecer informações sobre a natureza química do
material.
4.2.2 Estudo do Envelhecimento Oxidativo
A degradação oxidativa do CAP e das misturas foram avaliados utilizando-
se da análise dos espectros na região do infravermelho antes e após
envelhecimento acelerado na estufa RTFOT e PAV.
4.2.2.1 Infravermelho (FTIR-ATR)
Os espectros FTIR do CAP foram caracterizados analisando-se os
espectros na região do infravermelho (FTIR-ATR), antes e após o
48
envelhecimento, no RTFOT e PAV (Figura 27). A atribuição das bandas está
relacionada na tabela 9.
Observa-se, a partir na análise dos espectros, na Figura 27, a presença
das seguintes bandas características do asfalto (CAP): 2920 e 2848 cm-1, relativas
à presença de estiramentos C-H; as bandas em 1635-1753 cm-1 relativas à
formação de carbonila; em 1604 cm-1, relativas ao estiramento C=C de estruturas
aromáticas; em 1457 e 1379 cm-1, as de deformações CH2 e CH3 de estruturas
alifáticas; 1031 cm-1, decorrente da presença de grupamentos sulfóxidos; 871 e
879 cm-1 caracterizados pelas deformações de C-H de estruturas aromáticas
substituídas. Após o envelhecimento simulado as principais modificações
apresentadas foram:
• O desdobramento das bandas na faixa de carbonilas, devido à oxidação do
asfalto e, a partir daí, a evolução de substâncias oxigenadas (cetonas, anidrido e
ácidos carboxílicos) evidenciadas pelo aumento da intensidade das bandas
correspondentes e de acordo com o tempo de exposição aos envelhecimentos
simulados.
• A evolução de sulfóxidos ficou oscilando entre 0 e 135 minutos de
envelhecimento.
Sabe-se, que os grupos decorrentes do processo de envelhecimento dos
ligantes asfálticos, formados por ácidos carboxílicos, cetonas, sulfóxidos e
anidridos (MASSON e col., 2001), interagem fortemente, ocasionando um
aumento na viscosidade e nas propriedades de fluxo.
49
Figura 27. Espectros FTIR-ATR do CAP antes e após o RTFOT (0,85, 105 e
135min) e PAV (1200 min).
C A P 85 m in
C A P 105m in
C A P 1 3 5 m in
P A V C A P
3 5 0 0 3 0 0 0 2 5 0 0 2 0 0 0 1 5 0 0 1 0 0 0
N O d e o n d a (c m -1 )
C A P
50
Tabela 9. Atribuição das bandas do CAP antes e após o envelhecimento
(LAMONTAGNE e col., 2001)
O cálculo dos índices de oxidação do CAP está mostrado nas Figuras de
28 a 31. Observou-se que o índice de substâncias alifáticas foi acompanhado por
um decréscimo e, posteriormente, um pequeno aumento, contudo, apresentando
valores inferiores ao do início do processo de envelhecimento. Este fato é
atribuído à abertura de anéis que existem na composição química do ligante
asfáltico, fazendo com que ocorra, conseqüentemente, uma diminuição no índice
de aromáticos (LUCENA, 2005). Como resultado do envelhecimento do CAP, que
liberam carbonilas e sulfóxidos, é previsto o aumento destes índices.
Segundo TONIAL (2000), durante o envelhecimento ocorre uma diminuição
do teor de aromáticos, que se transforma em resina, que por sua vez, parte se
transforma em asfaltenos. Ao final do processo, ocorre pequena ou nenhuma
variação do teor de saturados e resinas, diminuição de aromáticos e aumento no
teor de asfaltenos.
N° de onda (cm-1) Atribuições
2920 ν C-H(CH3)
2848 ν C-H(CH2)
1738 ν C = O (anidrido)
1700 ν C = O (cetona)
1651 ν C = O (ácido)
1600 ν C = C
1457 δass CH2 , CH3
1379 δsim CH3
1031 ν S = O
871 e 809 γ C-H em aromáticos substituídos
720 e 745 r (CH2n)
51
Figura 28. Evolução da taxa relativa aos alifáticos do CAP antes e após o
envelhecimento no RTFOT (85, 105 e 135 minutos) e PAV (1200 min).
Figura 29. Evolução da taxa relativa aos aromáticos do CAP antes e após o
envelhecimento no RTFOT (85, 105 e 135 minutos) e PAV (1200 min).
0 100 200 1000 12000.17
0.18
0.19
0.20
0.21
0.22
0.23
0.24
0.25 CAP
tempo (min)
Índi
ce a
lifát
ico
(%)
0 100 200 1000 1200
0.00
0.01
0.02
0.03
0.04
0.05 CAP
tempo (min)
Índi
ce a
rom
atic
idad
e (%
)
52
Figura 30. Evolução da taxa relativa as carbonilas do CAP antes e após o
envelhecimento no RTFOT (85, 105 e 135 minutos) e PAV (1200 min).
Figura 31. Evolução da taxa relativa aos sulfóxidos do CAP antes e após o
envelhecimento no RTFOT (85, 105 e 135 minutos) e PAV (1200 min).
0 100 200 1000 1200
0.00
0.01
0.02
0.03
0.04
0.05
Índi
ce c
arbo
nila
(%
)
tempo (min)
CAP
0 100 200 1000 12000.005
0.010
0.015
0.020
0.025
0.030
0.035
tempo (min)
Índi
ce s
ulfó
xido
(%
)
CAP
53
O efeito da adição do EVAR no CAP, no processo do envelhecimento, foi
observado, também, através dos espectros na região do infravermelho. Os
espectros obtidos antes e após envelhecimento no RTFOT (85,105 e 135 min) e
PAV são mostrados nas Figuras 32 e 33. A atribuição das bandas está
representada na tabela 10.
54
Figura 32. Espectros FTIR-ATR do CAP4,5 EVAR 9 antes e após o RTFOT (85,
105 e 135min) e PAV (1200 min).
3500 3000 2500 2000 1500 1000
N° de onda (cm -1 )
CAP4,5 EVAR 9
CAP4,5 EVAR 9 (85 min)
PAV: CAP4,5 EVAR 9
CAP4,5 EVAR 9 (135 min)
CAP4,5 EVAR 9 (105 min)
55
Figura 33. Espectros FTIR-ATR do CAP4,5EVAR 24 antes e após o RTFOT (85,
105 e 135min) e PAV (1200min).
PAV: CAP4,5 EVAR 24
CAP4,5 EVAR 24 (85 min)
CAP4,5 EVAR 24 (135 min)
CAP- 4,5 EVAR 24 (105 min)
3500 3000 2500 2000 1500 1000
NO de onda (cm -1)
CAP4,5 EVAR 24
56
Tabela 10. Atribuição de bandas do CAP4,5EVAR 9 e CAP4,5 EVAR24 antes e
após envelhecimento (LAMONTAGNE e col., 2001; ALLEN e col., 2000; KÜPPER
e col., 2004)
N° de onda (cm-1) Atribuições
3100-3500 ν O-H
2920 ν C-H (CH3)
2848 ν C-H (CH2)
1738 ν C = O (anidrido)
1700 ν C = O (cetona)
1651 ν C = O (ácido)
1600 ν C = C
1457 δass CH2 , CH3
1379 δsim CH3
1031 ν S = O
871 e 809 γ C-H em aromáticos substituídos
720 e 745 r (CH2n)
Os principais grupos funcionais da misturas estudadas continuam sendo os
mesmos percebidos para o CAP.
As principais modificações químicas observadas durante o envelhecimento
do asfalto modificado são formações de produtos de oxidação decorrentes do
asfalto e da degradação do polímero, formando produtos insolúveis que podem
originar-se, também, de outras reações envolvendo radicais.
A degradação térmica do copolímero EVA, acompanhada pelo estudo dos
espectros, foi baseada no mecanismo proposto por ALLEN e col (2000): ocorre a
formação de lactona, evidenciada pelo aparecimento da banda em 1770 cm-1 e do
metano (Figura 34). A formação de cetona também é observada pelo
deslocamento do grupo carbonila para 1715 cm-1 e pode ser explicado pela
evolução de acetaldeído (Figura 35). É possível que grupos hidroperóxidos (do
grupo acetato) possam quebrar e produzir grupos cetônicos e água (Figura 36).
Observa-se a formação de produtos carbonílicos α,β- insaturados, derivados da
separação de hidroperóxidos, formando ácido acético (Figura 37). A formação de
hidroxilas é evidente na região de 3700-3100 (Figura 38). Os hidroperóxidos
57
decompõe-se rapidamente, produzindo radicais altamente reativos que depois
formam cetonas, ésters e ácidos (KÜPPER e col., 2004). Assim, na região de
carbonilas, percebe-se um maior desdobramento, o que está relacionado a uma
maior evolução de compostos carbonilados. Com o aumento do tempo de
exposição, a banda referente a hidroxilas diminui, com isso todos os grupos
hidroxilas foram consumidos tendendo, também, para uma diminuição da
produção de cetonas, ésteres e ácidos. Verifica-se, então, que a adição do EVAR,
de modo geral, reduz a oxidação do CAP. É evidente a formação de espécies
distintas, como a formação de grupo anidridos (Figura 39).
Desde que o EVAR apresenta polietileno de baixa densidade (PEBD) na
sua composição, sua degradação também contribui para a formação de
hidrocarbonetos saturados e insaturados, com traços de hidrocarbonetos
ramificados e cíclicos. (McNIELL e MOHAMMED, 1995)
Figura 34. Formação de lactona (McNEIL e col., 1976).
Figura 35. Formação de cetonas via formação de acetaldeído (SULTAN e
SORVIK, 1991).
58
Figura 36. Formação de cetonas de hidroperóxidos (PERN, 1993; ALLEN e
EDGE, 1982).
Figura 37. Formação de carbonilas α,β- insaturadas. (PERN, 1993).
59
Figura 38. Formação de hidroxilas (PERN, 1993; ALLEN e EDGE, 1982).
Figura 39. Formação de anidridos (ALLEN e col., 2000).
60
O efeito da adição do EVAR no asfalto pode ser melhor observado nos
gráficos (Figuras 40 a 43) que mostram a evolução dos grupos representativos do
envelhecimento oxidativo do ligante asfáltico.
O efeito da granulometria do EVAR foi analisado: em relação ao índice de
alifáticos, observando-se que a adição deste com granulometria de 9 mesh
parece acarretar uma diminuição mais pronunciada do que o de 24 mesh, em
relação ao CAP não modificado.
O fato mais representativo, observado no envelhecimento oxidativo dos
ligantes asfálticos, é a evolução de carbonilas e sulfóxidos. No início do processo
degradativo, ocorreu um acréscimo do índice de carbonilas, para depois diminuir
com o tempo de exposição ao envelhecimento. Em relação à taxa de sulfóxidos,
nota-se uma diminuição em relação ao CAP não modificado. A evolução de
produtos da degradação dos polímeros presentes no resíduo da indústria
calçadista também deve contribuir para a liberação de substâncias carboniladas
aumentando este índice.
Figura 40. Evolução da taxa relativa aos alifáticos do CAP, CAP4,5 EVAR 9 e
CAP4,5 EVAR 24 antes e após o envelhecimento no RTFOT (85, 105 e 135
minutos) e PAV (1200 min)
0 100 1000 1100 1200 13000.17
0.18
0.19
0.20
0.21
0.22
0.23
0.24
0.25
índi
ce a
lifát
ico(
%)
tempo(min)
CAP CAP4,5 EVAR 9 CAP4,5 EVAR 24
61
Figura 41. Evolução da taxa relativa aos aromáticos do CAP, CAP4,5 EVAR 9 e
CAP4,5 EVAR 24 antes e após o envelhecimento no RTFOT (85, 105 e 135
minutos) e PAV (1200 min)
Figura 42. Evolução da taxa relativa as carbonilas do CAP, CAP4,5 EVAR 9 e
CAP4,5 EVAR 24 antes e após o envelhecimento no RTFOT (85, 105 e 135
minutos) e PAV (1200 min)
0 100 1000 1200
0.00
0.02
0.04
0.06
0.08
índi
ce a
rom
átic
o (%
)
CAP CAP4,5 EVAR 9 CAP4,5 EVAR 24
tempo (min)
0 100 1000 1200
0.00
0.01
0.02
0.03
0.04
0.05
0.06
CAP CAP4,5 EVAR 9 CAP4,5 EVAR 24
tempo (min)
índi
ce c
arbo
nila
(%)
62
Figura 43. Evolução da taxa relativa aos sulfóxidos do CAP, CAP4,5 EVAR 9 e
CAP4,5 EVAR 24 antes e após o envelhecimento no RTFOT (85, 105 e 135
minutos) e PAV (1200 min).
4.2.3 Análise térmica
4.2.3.1 Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC)
A calorimetria exploratória diferencial (DSC) foi utilizada com o intuito de se
avaliar as frações cristalizáveis no CAP. As Figuras 44 e 45 mostram as
transições ocorridas no CAP, CAP4,5 EVAR 9 e CAP4,5 EVAR 24 observadas no
ensaio.
0 100 200 1000 1200
0.01
0.02
0.03
0.04
0.05 CAP CAP4,5 EVAR 9 CAP4,5 EVAR 24
índi
ce s
ulfó
xido
(%)
tempo(min)
63
Figura 44. Curvas DSC do CAP e CAP4,5 EVAR 9 em atmosfera inerte.
Figura 45. Curvas DSC do CAP e CAP4,5 EVAR 24 em atmosfera inerte.
Observou-se a temperatura de transição vítrea do CAP a uma temperatura
pouco abaixo de 0°C. Estudos prévios deste tipo de material, consistem,
principalmente, em tentativas de correlacionar suas temperaturas de transição
-50 0 50 100-2.0
-1.5
-1.0
-0.5
0.0
temperatura (OC)
CAP CAP 4,5 EVAR 24
DS
C (
mW
)
64
vítrea com seus conteúdos de asfaltenos e parafinas (CONNOR e SPIRO, 1968).
Não foi observado, no entanto, na faixa em estudo, nenhum evento característico
de cristalização de parafinas para este asfalto.
Os CAP4,5 EVAR 9 e CAP4,5 EVAR 24 apresentaram um evento à -9°C e
outro em -5,86°C, respectivamente, atribuídos à transição vítrea do asfalto. Como
esses valores foram menores do que a amostra de CAP, espera-se que ocorra
uma melhoria das propriedades a frio do asfalto modificado com EVAR.
4.2.3.2 Termogravimetria (TG)
As curvas termogravimétricas do CAP em atmosfera oxidativa e de
nitrogênio são mostradas na Figura 46.
Em atmosfera inerte verificou-se apenas um evento de decomposição
(450 °C) e em atmosfera oxidativa foram observados quatro eventos. No primeiro
evento a temperatura de decomposição (Td) foi de aproximadamente 331 °C. Os
demais eventos ocorreram à temperatura de decomposição de 385, 436 e 511 °C,
respectivamente. As curvas têm um comportamento característico da estrutura
complexa do betume que é composta de estruturas de caráter insaturado que
apresentam alta reatividade frente ao oxigênio (LEWANDOWSKI, 1994).
Figura 46. Curvas termogravimétricas do CAP em atmosfera oxidativa e
atmosfera inerte.
100 200 300 400 500 600 700
0
20
40
60
80
100
% m
assa
temperatura(°C)
CAP(ar) CAP (N
2)
65
As Figuras 47 e 48 ilustram as curvas termogravimétricas das misturas
(CAP4,5 EVAR 9 e CAP4,5 EVAR 24) em atmosfera oxidativa e inerte. As curvas
termogravimétricas do CAP e das misturas apresentaram comportamento
semelhante. O estudo comparativo dos valores de temperatura e percentagem de
resíduo está apresentado na tabela 11.
Figura 47. Curvas termogravimétricas do CAP4,5 EVAR 9 em atmosfera oxidativa
e atmosfera inerte.
Figura 48. Curvas termogravimétricas do CAP4,5 EVAR 24 em atmosfera
oxidativa e atmosfera inerte.
100 200 300 400 500 600 700 800
0
20
40
60
80
100
120
temperatura(°C)
% m
assa
CAP4.5 EVAR 9 (ar) CAP4.5 EVAR 9 (N
2)
100 200 300 400 500 600 700 800
0
20
40
60
80
100
120
temperatura(°C)
% m
assa
CAP4.5 EVAR 24 (ar) CAP4.5 EVAR 24 (N
2)
66
Tabela 11. Dados comparativos da decomposição do CAP, CAP4,5 EVAR 9 e
CAP4,5 EVAR 24, em atmosfera oxidativa e atmosfera inerte.
.
Amostra Eventos Tdmáx*(°C) % resíduo
a 600°C
CAP em ar 1°
2°
3°
4°
331
385
436
511
2,0
CAP em N2 1° 450 16,8
CAP4,5 EVAR 9 em ar 1°
2°
3°
4°
298
338
378
437
2,4
CAP4,5 EVAR 9 em N2 1° 384 18,9
CAP4,5 EVAR 24 em ar 1°
2°
3°
4°
366
419
492
551
3,2
CAP4,5 EVAR 24 em N2 1° 491 19,2
Analisando-se os dados contidos na tabela 11, observou-se, como
esperado, uma diminuição do teor de resíduo em todas as amostras quando
submetidas à atmosfera oxidativa. Foi verificado um aumento do teor de resíduo
das misturas estudadas (CAP4,5 EVAR 9 e CAP4,5 EVAR 24) quando
comparado com o CAP, nas duas atmosferas estudadas. Este fato,
provavelmente, decorre da presença de carbonato de cálcio, presente no resíduo
da indústria de calçados (EVAR).
Não foram observadas variações significativas nas temperaturas de
decomposição quando foi adicionado o EVAR ao CAP. As temperaturas de
velocidade máxima de decomposição, calculada através das primeiras derivadas
das curvas termogravimétricas, praticamente, não foram alteradas.
67
4.2.3.3 Estudo Cinético
As curvas termogravimétricas (Figuras 49 a 54), obtidas a diferentes taxas
de aquecimento (5,0; 10; 20, 30 e 40 °C/min), em atmosfera oxidativa e inerte,
para o processo de decomposição do CAP e do CAP modificado com EVAR
possibilitaram o cálculo da Ea, baseado no método de Ozawa. Os resultados
obtidos estão listados na Tabela 12.
Figura 49. Curvas termogravimétricas do CAP em diferentes taxas de
aquecimento em atmosfera inerte.
200 400 600 8000
20
40
60
80
100
% m
assa
temperatura(°C)
5°C/min 10°C/min 20°C/min 30°C/min 40°C/min
68
Figura 50. Curvas termogravimétricas do CAP em diferentes taxas de
aquecimento em atmosfera oxidativa.
Figura 51. Curvas termogravimétricas do CAP4,5 EVAR 9 em diferentes taxas de
aquecimento em atmosfera inerte.
200 400 600 800 1000
0
20
40
60
80
100
% m
assa
temperatura (OC)
5°C/min 10°C/min 20°C/min 30°C/min 40°C/min
200 400 600 800
0
20
40
60
80
100
% m
assa
temperatura (OC)
5°C/min 10°C/min 20°C/min 30°C/min 40°C/min
69
Figura 52. Curvas termogravimétricas do CAP4,5 EVAR 9 em diferentes taxas de
aquecimento em atmosfera oxidativa.
Figura 53. Curvas termogravimétricas do CAP4,5 EVAR 24 em diferentes taxas
de aquecimento em atmosfera oxidativa.
200 400 600 800-20
0
20
40
60
80
100
% m
assa
temperatura (OC)
5°C/min 10°C/min 20°C/min 30°C/min 40°C/min
100 200 300 400 500 600 700 800
0
20
40
60
80
100
% m
assa
temperatura (OC)
5°C/min 10°C/min 20°C/min 30°C/min 40°C/min
70
Figura 54. Curvas termogravimétricas do CAP4,5 EVAR 24 em diferentes taxas
de aquecimento em atmosfera inerte.
Um estudo para verificação do comportamento da energia de ativação em
função da decomposição do CAP está ilustrado na Figura 55. Os ensaios foram
realizados em atmosfera inerte e presença de oxigênio.
O comportamento divergente do CAP em atmosfera oxidativa, a partir de
20% decomposição, quando comparado à atmosfera inerte, está demonstrado na
Figura 55. Esse comportamento é devido à alta reatividade das estruturas
complexas do CAP, com compostos de caráter insaturado, com o oxigênio
(LEWANDOWSKI, 1994).
100 200 300 400 500 600 700 8000
20
40
60
80
100
% m
assa
temperatura (OC)
5°C/min 10°C/min 20°C/min 30°C/min 40°C/min
71
Figura 55. Ea em função do percentual de decomposição térmica do CAP em
atmosfera oxidativa e atmosfera inerte.
As Figuras 56 a 59 ilustram a comparação dos valores de energia de
ativação do CAP e da misturas (CAP4,5 EVAR9 e CAP4,5 EVAR 24) nas duas
atmosferas estudadas.
Figura 56. Ea em função do percentual de decomposição térmica do CAP e
CAP4,5 EVAR 9 em atmosfera oxidativa.
0 10 20 30 40 50 60 70 80 9050
100
150
200
250
300
350
Ea
(kJ/
mol
)
% decomposição
CAP (ar) CAP (N
2)
10 20 30 40 50 6050
100
150
200
250
300
350
Ea
(kJ/
mol
)
% decomposição
CAP (ar) CAP4,5 EVAR 9 (ar)
72
Figura 57. Ea em função do percentual de decomposição térmica do CAP e
CAP4,5 EVAR 9 em atmosfera inerte
Figura 58. Ea em função do percentual de decomposição térmica do CAP e
CAP4,5 EVAR 24 em atmosfera oxidativa.
10 20 30 40 50 60
100
120
140
160
180
200
220
240
Ea
(kJ/
mol
)
%decomposição
CAP (N2)
CAP4,5 EVAR 9 (N2)
10 20 30 40 50 6050
100
150
200
250
300
350
Ea
(kJ/
mol
)
% decomposição
CAP (ar) CAP4.5 EVAR 24 (ar)
73
Figura 59. Ea em função do percentual de decomposição térmica do CAP e
CAP4,5 EVAR 24 em atmosfera inerte .
Tabela 12. Dados comparativos de energia de ativação da decomposição do
CAP, CAP4,5 EVAR 9 e CAP4,5 EVAR 24 em atmosfera inerte e oxidativa.
Ea em N2 (kJ/ mol) Ea em ar (kJ/mol)
Decomposição
(%)
CAP CAP4,5 EVAR 9
CAP4,5 EVAR 24
CAP CAP4,5 EVAR 9
CAP4,5 EVAR 24
10 100,77 97,35 105,26 72,47 99,12 67,71
20 113,80 111,87 118,17 142,10 129,50 106,02
25 119,70 119,93 131,80 127,19 160,29 151,06
30 133,91 130,71 146,62 138,93 176,28 203,35
35 144,26 143,23 159,40 165,83 195,34 219,35
40 158,63 157,25 170,93 168 175,93 215,54
45 167,11 165,74 181,25 197,45 182,39 235,33
50 174,41 176,07 189,63 218,91 209,77 241,43
60 189,07 181,25 201,19 283,77 254,27 263,27
10 20 30 40 50 6090
120
150
180
210
240
Ea
(kJ/
mol
)
% decomposição
CAP (N2)
CAP4.5 EVAR 24 (N2)
74
4.2.4 Determinação da Viscosidade
O comportamento do CAP foi examinado a partir do gráfico ilustrado na
Figura 60. Observou-se que o CAP apresentou um comportamento Newtoniano,
uma vez que a tensão versus taxa de cisalhamento nas temperaturas estudadas
(135, 150 e 175 °C) apresentou comportamento linear.
A viscosidade em função da temperatura decresce, conforme mostrado na
Figura 61.
Figura 60. Gráfico de tensão em função da taxa de cisalhamento a 135, 150 e
175 °C para o CAP.
Figura 61. Gráfico de viscosidade em função da temperatura para o CAP.
0 50 100 150 2000
100
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
1100
1200
CAP 135 °CCAP 150°CCAP 175°C
tens
ão d
e ci
salh
amen
to (
d/cm
2 )
taxa de cisalhamento (1/s)
130 140 150 160 170 180
100
200
300
400
500
Vis
cosi
dade
(cP
)
Temperatura (oC)
CAP
75
O efeito da modificação do CAP com EVAR foi verificado através do
comportamento dos gráficos de viscosidade em função da taxa de cisalhamento a
temperatura de 135, 150 e 175°C, como demonstrado nas Figuras 62 e 63. Foi
evidenciada uma alteração no comportamento Newtoniano do CAP quando
modificado, sendo mais pronunciado na presença do EVAR 9. Dessa forma,
observa-se uma variação da viscosidade com a taxa de cisalhamento,
recomendando-se a determinação da viscosidade a cisalhamento zero (zero
shear - ZSV) com a finalidade de se estimar corretamente as temperaturas de
mistura e compactação dos CAPS modificados.
Os resultados de viscosidade das amostras CAP4,5 EVAR 9 e CAP4,5
EVAR 24 comparadas com o CAP são mostrados nas Figuras 64 e 65. As
temperaturas utilizadas foram de 135, 150 e 175°C.
Figura 62. Gráfico de viscosidade em função da taxa de cisalhamento a 135, 150
e 175 °C do CAP4,5 EVAR 9.
0 5 10 15 20 25 30
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500 CAP4,5 EVAR 9 (135°C) CAP4,5 EVAR 9 (150°C) CAP4,5 EVAR 9 (175°C)
Vis
cosi
dade
(cP
)
taxa cisalhamento (1/s)
76
Figura 63. Gráfico de viscosidade em função da taxa de cisalhamento a 135, 150
e 175 °C do CAP4,5 EVAR 24.
Figura 64. Gráfico de viscosidade em função da temperatura do CAP e CAP4,5
EVAR 9.
130 140 150 160 170 1800
500
1000
1500
2000
2500
Temperatura (OC)
Vis
cosi
dade
(cP
)
CAP CAP4,5 EVAR 9
0 5 10 15 20 25 30
500
1000
1500
2000
2500
Vis
cosi
dade
(cP
)
taxa cisalhamento (1/s)
CAP4.5 EVAR 24 (135°C) CAP4.5 EVAR 24 (150°C) CAP4.5 EVAR 24 (175°C)
77
Figura 65. Gráfico de viscosidade em função da temperatura do CAP e CAP4,5
EVAR 24.
Tabela 13. Valores da viscosidade aparente para o cimento asfáltico puro e modificado relativos às temperaturas de 135, 150 e 175 °C
Os valores de viscosidade aparente para o CAP puro e modificado,
relativos às temperaturas de 135, 150 e 175 °C são mostrados na tabela 13.
Como pode ser observado, o asfalto modificado por adição do polímero
exibiu maiores valores de viscosidade do que o CAP puro.
4.2.5 Características Físicas 4.2.5.1 Penetração
O ensaio de penetração foi utilizado para avaliar a consistência dos
materiais asfálticos. A adição do resíduo de EVA tornou o ligante mais
consistente, resultando em valores mais baixos de penetração. Os resultados são
Viscosidade Temperatura (°C)
CAP CAP- 4,5 EVAR 9 CAP- 4,5 EVAR 24 135 488 2273 2150 150 233 923,2 900
175 89 313 350
130 140 150 160 170 1800
500
1000
1500
2000
2500 CAP CAP4,5 EVAR 24
Temperatura (OC)
Vis
cosi
dade
(cP
)
78
apresentados na tabela 14. Observou-se que a penetração é afetada pela
granulometria do EVAR na mistura, uma vez que, o CAP4,5 EVAR 9 apresenta
um valor mais baixo que o CAP4,5 EVAR 24.
Tabela 14. Resultados de penetração do CAP, CAP4,5 EVAR 9 e CAP4,5 EVAR 24.
Ensaio CAP CAP4,5 EVAR 9 CAP4,5 EVAR 24 Penetração
(100g, 5 s, 25°C) 0,1 mm 51 26 34
4.2.5.2 Ponto de amolecimento
A tabela 15 apresenta os resultados de ponto de amolecimento (Método do
anel e bola). Pode-se observar que em relação a este resultado é verificado um
aumento da consistência e da resistência à deformação permanente.
Comparando-se o ponto de amolecimento das amostras com e sem EVAR,
observa-se uma melhoria nas características do ligante asfáltico com a adição do
EVAR.
Tabela 15. Resultados de ponto de amolecimento do CAP, CAP4,5 EVAR 9 e CAP4,5 EVAR 24.
Ensaio CAP CAP4,5 EVAR 9 CAP4,5 EVAR 24 Ponto de amolecimento
(°C) 50,4 66 63,2
4.2.5.3 Índice de susceptibilidade térmica (IST)
Os resultados apresentados na tabela 16 indicam uma melhoria no IST
para o CAP modificado, pois os valores do IST foram mais próximos de zero
quando comparados com o ligante não modificado indicando, também, que a
consistência do ligante asfáltico modificado tende a permanecer inalterada sobre
uma faixa de temperatura maior do que o CAP não modificado.
Em climas frios, por exemplo, o ligante permaneceria mais flexível e a
resistência do revestimento a fissuração e ao trincamento seria aumentada
(DNER, 1998).
79
Tabela 16. Resultados do IST CAP, CAP4,5 EVAR 9 e CAP4,5 EVAR 24.
Ensaio CAP CAP4,5 EVAR 9 CAP4,5 EVAR 24 Índice Susceptibilidade
Térmica -1,0 0,7 0,7
4.2.5.4 Retorno elástico
O resultado da recuperação ou retorno elástico das amostras analisadas
está representado na tabela 17. Os valores mostraram-se o dobro do obtido para
o CAP não modificado, representando uma melhoria na resistência e na
deformação permanente.
Tabela 17. Resultados do retorno elástico do CAP, CAP 4,5 EVAR 9 e CAP 4,5 EVAR 24.
Ensaio CAP CAP4,5 EVAR 9 CAP4,5 EVAR 24 Retorno elástico(%) 6,0 13,5 12
4.2.6 Análise por Volatilização Térmica (TVA)
Neste ensaio foram utilizadas as condições de simulação do
envelhecimento. Os produtos relativos da decomposição térmica (resíduos,
voláteis e gases) do CAP, CAP 4,5 EVAR 9 e CAP 4,5 EVAR 24 são
apresentados na tabela 18 e mostram que ocorreu uma redução de voláteis para
o asfalto modificado. Embora este seja um resultado preliminar, parece haver uma
indicação de uma diminuição na liberação de substâncias tóxicas no aquecimento
do asfalto modificado.
Tabela 18. Percentual relativo dos produtos da decomposição térmica do CAP,
CAP4,5 EVAR 9 e CAP4,5 EVAR 24.
Amostras % Resíduo % Voláteis % Gases
CAP 98,33 0,83 0,84
CAP4,5 EVAR 9 95,51 0,40 4,09
CAP4,5 EVAR 24 99,60 0,40 0
80
4.2.7 Dados comparativos
4.2.7.1 Características Físicas
Alguns dados comparativos de ensaios físicos estão apresentados na
tabela 19. Observa-se que a adição do SBS e EVAR diminuiu o valor da
penetração e aumentou o ponto de amolecimento e retorno elástico em relação
ao CAP não modificado. O ponto de amolecimento e o retorno elástico com
adição do SBS mostraram efeito mais pronunciado, conferindo uma maior
resistência à deformação permanente e elasticidade.
Tabela 19. Resumo das características físicas realizadas em asfaltos
Amostra Penetração (100g, 5 s, 25°C)
0,1 mm
Ponto de
amolecimento
(°C)
Retorno elástico,
%
CAP 51 50,4 6,0
CAP4,5 EVAR 9 26 66 13,5
CAP4,5 EVAR 24 34 63,2 12,0
CAPSBS 37 72 63,0
81
5 CONCLUSÃO
A análise dos espectros FTIR da amostra analisada das aparas de EVA
revelou, como esperado, a presença de bandas características do copolímero
EVA e referentes ao polietileno de baixa densidade e do carbonato de cálcio.
Os resultados a partir da análise das curvas TGA mostraram que o
polietileno e o carbonato de cálcio, presentes no EVAR, alteram o processo de
decomposição do EVA, aumentando o teor de resíduo sólido formado, tanto em
atmosfera inerte como na presença de oxigênio.
Os valores de energia de ativação, calculados para todas as etapas do
processo de decomposição, foram predominantemente menores para o EVAR. O
EVA em atmosfera oxidativa apresentou energias de ativação maiores que em
atmosfera inerte.
Para o CAP puro, a análise das curvas de DSC mostrou apenas um
evento, relativo a temperatura de transição vítrea, em aproximadamente 0oC. As
curvas de DSC para os CAPS modificados mostraram valores de transição vítreas
inferiores ao CAP, mostrando que são mais resistentes a temperaturas frias.
A análise das curvas termogravimétricas dos CAPS modificados mostrou
estabilidade térmica semelhante à do CAP não modificado. Um aumento no teor
de resíduo a 600°C foi observado quando comparado com os teores do CAP. A
análise térmica mostrou que a altas temperaturas a decomposição do CAP é
bastante acelerada.
A caracterização estrutural do CAP (FTIR e RMN) mostrou uma estrutura
típica de uma macromolécula complexa com a presença de compostos
naftênicos, aromáticos, saturados, olefinas e heteroátomos como oxigênio e
enxofre. No infravermelho foram detectadas algumas variações estruturais
quando o asfalto foi submetido ao envelhecimento simulado (RTFOT e PAV),
verificando-se o aumento da presença do grupamento carbonila, em virtude da
oxidação do CAP. A presença do EVAR indicou, até certo ponto, uma melhoria da
resistência ao envelhecimento.
O comportamento Newtoniano, característico de CAPS processados a altas
temperaturas, foi observado para o CAP não modificado. A viscosidade do ligante
modificado por adição do polímero foi aumentada em relação à do ligante puro.
82
Os ensaios físicos (empíricos) dos CAPS modificados com EVAR
apresentaram valores representativos quando comparados com o CAP não
modificado, indicando uma melhoria nas propriedades.
83
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