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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM
BILL GATES
DISTÚRBIOS MUSCULOS-ESQUELÉTICOS NO TRABALHADOR DO SETOR
DE ROCHAS ORNAMENTAIS.
ROCHAS ORNAMENTAIS: SEGURANÇA DO TRABALHO / SAÚDE
VITÓRIA
2006
RESUMO
Os distúrbios músculos-esqueléticos, destacando-se as lombalgias, são os
danos que mais acometem os trabalhadores do setor de rochas. A lombalgia
ocupacional provoca aumento da incapacidade no trabalho e gera prejuízos
econômicos e sociais. O objetivo do estudo foi identificar sintomas músculos-
esqueléticos no trabalhador do setor de rochas; conhecer as condições de
trabalho; propor ações de intervenção junto ao trabalhador com diagnóstico
de lombalgia; e sugerir medidas preventivas para o surgimento das
lombalgias. Estudo descritivo, quali-quantitativo, realizado em empresas de
pequeno e médio porte do setor em Cachoeiro de Itapemirim, onde foram
entrevistados 86 funcionários através do “Questionário Nórdico Padronizado
para Análise dos Sintomas Músculos Esqueléticos”. Observou-se o nível de
ruído é o fator ambiental que mais incomoda aos trabalhadores, ocupando um
percentual de 42%. O distúrbio músculo-esquelético predominante foi a dor
lombar, com 43%. Pode-se inferir a partir dos resultados que o treinamento
oferecido pelas empresas não tem interferência significante na alteração
postural. Concluiu-se que são necessárias ações para intervir nas causas do
processo saúde-trabalho-doença. Essas mudanças são necessárias para que as
situações inadequadas de trabalho do setor de rochas ornamentais possam ser
controladas, a fim de se ver cumprir os direitos dos trabalhadores por um
ambiente de trabalho mais saudável, seguro e capaz de garantir vida digna.
Palavra chave: Saúde do Trabalhador; Saúde Pública e o setor de Rochas
Ornamentais; Distúrbios músculos-esqueléticos.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.................................................................... 8
2 REFERÊNCIAL TEÓRICO..................................................... 11
2.1 PROCESSO HISTÓRICO E SOCIAL DO TRABALHO..................... 11
2.2 PROCESSO SAÚDE DOENÇA.................................................. 13
2.3 RELAÇÃO ENTRE SAÚDE E AMBIENTE..................................... 16
2.4 SAÚDE DO HOMEM............................................................... 20
2.5 SAÚDE DO TRABALHADOR.................................................... 22
2.5.1 Situação de saúde dos trabalhadores no Brasil.................. 24
2.5.2 Atenção à saúde dos trabalhadores................................... 27
2.6 LOMBALGIA ........................................................................ 31
2.6.1 Dor lombar aguda.............................................................. 31
2.6.2 Fisiopatologia.................................................................... 32
2.6.3 Manifestações clínicas....................................................... 33
2.7 SETOR DE ROCHAS NO MUNICÍPIO DE CACHOEIRO DE
ITAPEMIRIM........................................................................
33
3 OBJETIVOS........................................................................ 36
3.1 OBJETIVOS GERAIS.............................................................. 36
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS..................................................... 36
4 METODOLOGIA.................................................................. 37
5 RESULTADO/DISCUSSÃO................................................... 40
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................... 51
7 REFERÊNCIAS.................................................................... 53
ANEXO
FIGURAS
Figura 1 Percentual de trabalhadores de acordo com seu estado físico
após o dia de trabalho. Cachoeiro/2006................................
40
Figura 2 Número de trabalhadores que exercem alguma outra atividade
profissional. Cachoeiro/2006...............................................
40
Figura 3 Número de trabalhadores insatisfeitos com os fatores
ambientais a que se encontram expostos.
Cachoeiro/2006.................................................................
41
Figura 4 Percentual de insatisfação relacionado à fatores ambientais.
Cachoeiro/2006.................................................................
43
Figura 5 Sintomas músculos-esqueléticos de acordo com as partes do
corpo...............................................................................
45
Figura 6 Percentual de trabalhadores que procurou o médico após
sentir dor. Cachoeiro/2006..................................................
46
TABELAS
Tabela 1 Relação entre o percentual de tempo de trabalho e realização
de treinamento para o profissional.......................................
43
Tabela 2 Relação entre tempo de trabalho (anos) e presença de
sintomas músculos-esqueléticos..........................................
44
Tabela 3 Relação entre melhora dos sintomas músculos-esqueléticos
depois que procurou o serviço de saúde................................
47
Tabela 4 Relação entre percentual de realização de treinamento e
presença de dor lombar referida..........................................
48
Tabela 5 Relação entre treinamento e alteração postural no
trabalho...........................................................................
48
Tabela 6 Relação entre o percentual de alteração do hábito de trabalho
e dor lombar..................................................................... 49
SIGLAS
NR - Normas Regulamentadoras de Segurança e Saúde no Trabalho
PCMSO - Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional
PPRA - Programa de Prevenção de Riscos Ambientais
LER - Lesões por Esforços Repetitivos
CETESB - Companhia Estadual de Tecnologia em Saneamento Ambiental
FEEMA - Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente
UNCED - Nações Unidas sobre o meio Ambiente e Desenvolvimento
ONGs – Organizações Não Governamentais
OPS – Organização Pan-americana de Saúde
ONU – Organização Nacional de Saúde
OMS – Organização Mundial de Saúde
SUS – Sistema Único de Saúde
LOS – Lei Operacional de Saúde
DORT – Distúrbios Ósseos Relacionados ao Trabalho
MPAS - Ministério da Previdência e Assistência Social
CAT - Comunicação de Acidentes de Trabalho
SAT - Seguro Acidente de Trabalho
SESMT - Serviços Especializados em Segurança e Medicina do Trabalho
CRST - Centros de Referência em Saúde do Trabalhador
NOB - Norma Operacional Básica
SAI/SUS - Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS
SINDIMÁRMORE – Sindicato dos trabalhadores do setor de Mármore.
SINDIROCHAS – Sindicado dos empregadores do setor de Rochas
CNAE - Classificação Nacional das Atividades Econômicas
FINDES - Federação das Indústrias do Espírito Santo
EPI – Equipamento de Proteção Individual
CIPA - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
1 INTRODUÇÃO:
Existe, hoje, um pequeno número de estudos publicados, no setor de rochas
ornamentais, sobre as repercussões do ambiente de trabalho na saúde dos
trabalhadores, inseridos em diversificados processos de produção.
A maior parte dos estudos sobre as condições sanitárias do ambiente de
trabalho, realizados no Brasil, é desconhecida dos pesquisadores da área de
Saúde do Trabalhador, devido ao seu aspecto confidencial. Estes estudos
visam somente atender às exigência das Normas Regulamentadoras de
Segurança e Saúde no Trabalho – NR 7- Programa de Controle Médico de
Saúde Ocupacional – PCMSO e a NR 9 – Programa de Prevenção de Riscos
Ambientais – PPRA, por tornarem obrigatória a realização de estudos sobre o
ambiente de trabalho pelas empresas (GARCIA JÚNIOR, 2006).
Os números apontam que o Espírito Santo é o principal produtor e o maior
processador e exportador de rochas ornamentais do Brasil (AGUIAR,1995). O
município de Cachoeiro de Itapemirim está localizado na região sul do estado,
sendo o mais importante desta região, sua principal economia está na
indústria do mármore e granito, responsável por 50% da economia do
município e 30% da economia do Estado.
O setor de rochas ornamentais é composto, em sua maioria, por empresas de
pequeno e médio porte. Pouquíssimas empresas possuem mais de 100
funcionários. O trabalho no setor é realizado em várias etapas que vão desde
a extração até o beneficiamento dessas rochas, que seguem para a
comercialização nacional ou internacional.
O trabalho no setor de rochas envolve muitos fatores de riscos para os
trabalhadores, que são em sua maioria homens. Existe uma extensa lista de
danos a todos os sistemas biológicos do corpo, e entre eles encontram-se os
distúrbios músculos-esqueléticos, que são muito freqüentes nos trabalhadores
do setor de rochas ornamentais. Entre esses distúrbios destacam-se as
lombalgias.
A lombalgia ocupacional constitui-se como um problema freqüente para o
trabalhador, provocando aumento da incapacidade temporária ou permanente
no trabalho, gerando prejuízos econômicos e sociais tanto para a empresa
como para o empregado. Estudos mostram que a lombalgia ocupacional é uma
patologia antiga e comum, acometendo cerca de 80% dos trabalhadores
durante, toda vida laborativa. As profissões de trabalhadores de atividade
braçal se destacaram com uma alta prevalência. Diante das condições de
trabalho oferecidas, o trabalhador opta por aumentar sua jornada de trabalho,
a fim de melhorar a sua qualidade de vida e com isso provoca sobrecarga
física e mental, aumentando a prevalência da dor lombar e transtornos
mentais para o empregado (ALMEIDA FILHO,2004).
De acordo com Borges (2000), o aumento da prevalência dos distúrbios
mentais e psicossomáticos, bem como das lesões por esforços repetitivos
(LER) em populações de trabalhadores, se dá em atividade de trabalho em
processos repetitivos e com grande demanda de produção.
A dor lombar é uma das alterações músculo-esqueléticas mais comuns nas
sociedades industrializadas, afetando 70% a 80% da população adulta em
algum momento da vida, tendo predileção por adultos jovens, em fase
economicamente ativa, sendo uma das razões mais comuns para
aposentadoria por incapacidade total ou parcial. A dor lombar tem como
causas algumas condições como: congênitas, degenerativas, inflamatórias,
infecciosas, tumorais e mecânico-posturais. A lombalgia mecânico-postural,
também denominada lombalgia inespecífica, representa, no entanto, grande
parte das algias de coluna referidas pela população. Nela geralmente ocorre
um desequilíbrio entre a carga funcional, que seria o esforço requerido para
atividades (FERNANDES, 2004).
Outras questões relevantes relacionadas á lombalgia ocupacional se referem
aos altos custos diretos e indiretos; às condições de riscos ocupacionais tanto
ergonômicos quanto traumáticos; a falta do estabelecimento do nexo causal
da patologia com o trabalho e o não reconhecimento da patologia nas
legislações que asseguram o trabalhador. É conveniente ressaltar que tanto a
lombalgia como outra patologia decorrente do trabalho, devem passar por
envolvimento multidisciplinar, onde cada profissional poderá dar seu enfoque
possibilitando soluções relacionadas diretamente com a saúde do trabalhador.
Considerando a dor lombar relevante no processo de saúde-doença da
sociedade de trabalhadores braçais, gerando prejuízo para os empregados e
empregadores, justifica-se o desenvolvimento deste trabalho que irá pesquisar
a presença de distúrbios músculo-esqueléticos, com enfoque nas lombalgias,
nos trabalhadores do setor de rochas; abordar cuidados com os trabalhadores
que possuem diagnóstico de lombalgia; e propor medidas preventivas para
diminuição da ocorrência desse agravo no setor, contribuindo assim, não só
com o trabalhador, aumentando a sua qualidade de vida, como também com
os donos de empresas, que poderão contar com funcionários sadios, em boas
condições físicas e psicológicas.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 - PROCESSO HISTÓRICO E SOCIAL DO TRABALHO
O trabalho é uma categoria fundamental para se compreender as formas
concretas de existência dos seres humanos, a maneira pela qual
historicamente vêm se constituindo as sociedades e desenvolvendo os modos
de produção material, as relações sociais e os valores do humano (BORGES,
1999).
Ao longo da história humana, o trabalho vem sendo intrinsecamente ligado ao
ato do “ser humano”. O trabalho “hominiza” o homem, ou seja, não propicia
somente o acesso às condições de sobrevivência, mas assegura o seu caráter
de ser humano (SILVA FILHO, 1993).
De acordo com Borges (1999), na antiguidade grega o trabalho era visto como
uma atividade degradante e pouco nobre, designada aos escravos. A
sociedade era dividida em classes, onde o pensar e o fazer eram coisas que se
dicotomizavam (BOURGUIGNON, 2004).
Na idade média, com a introdução da igreja, essa divisão fica ainda mais clara.
A sociedade passa a ser dividida entre sacerdotes, guerreiros e trabalhadores.
O pensar e o fazer se distinguem nitidamente. As atividades do pensar restritas ao clero eram vivenciadas no interior dos conventos, que, à época, apresentavam-se cercados de muros, que, além do sentido protetor, delimitavam a separação povo/igreja e saber/ignorância (REZENDE, 1989).
Nessa época, destaca-se também o artesanato, considerado mais um modo de
vida do que um modo de produção, onde a produção não oprimia os
trabalhadores, pois a demanda era somente necessária para o uso pessoal.
Coma ascensão da burguesia, as organizações poderosas passaram a dar as
ordens.
A chegada do capitalismo tráz consigo, de um lado, a propriedade privada dos
meios de produção e, do outro, trabalhadores “livres” para venderem sua
força de trabalho para sobreviver, apresentando uma nova forma histórica da
sociedade (BOURGUIGNON, 2004).
Entretanto, a venda da força de trabalho não equivale ao salário pago pelo
capitalista, pois o que o trabalhador produz é muitas vezes superior ao que
recebe, sendo a força de trabalho uma mercadoria diferenciada, capaz de
produzir valor. Uma parte desse valor, agregado sob forma de trabalho
excedente, não pago, transforma-se em mais-valia, que se agrega capital sob
forma de riqueza (MARX, 1989).
O modelo capitalista de produção de lucros não valoriza o trabalho humano e
procura também a anulação da racionalidade humana.
Com a Revolução Industrial, o capitalismo se transforma de manufatureiro em
industrial, adquirindo muitas das características atuais: dinamismo
tecnológico, centralização do capital em grandes firmas, generalização da
economia de mercado de trabalho e assalariado (SINGER, 1990).
No final do século XIX e no início do século XX aparecem as teorias de Taylor e
Ford que visavam a decomposição do trabalho em atividades elementares,
eliminando tempos considerados excessivos, e a organização do processo de
trabalho em linhas de montagem, respectivamente.
Essas modificações, além de alterar as condições e a organização do trabalho,
também alterou o processo de produção e comercialização, onde a produção
ocorria em maior escala e consequentemente era comercializada com o valor
mais baixo.
Vivemos hoje num mundo de contrastes cada vez maiores. Diante de nós
agiganta-se o espectro da cintilante sociedade high-tech, com computadores e
robôs canalizando sem esforço a fartura da natureza para um fluxo de
sofisticados novos produtos e serviços, sendo que do outro lado encontram-se
as vitimas do progresso tecnológico, com trabalhadores alienados, vivenciando
níveis crescentes de estresse em ambientes de trabalho de alta tecnologia e
crescente insegurança no trabalho. Essa situação é vista como a Terceira
Revolução Industrial, que vem se insinuando em cada indústria e setor
(RIFKIN, 1995).
Ainda de acordo com o autor acima citado, em virtualmente todas as
principais atividades industriais, a mão-de-obra humana está sendo
substituída por máquinas. Atualmente, milhões de homens e mulheres
trabalhadores em todo o mundo estão presos entre eras econômicas e cada
vez mais marginalizados pela introdução de novas tecnologias poupadoras de
mão-de-obra. Por volta das décadas centrais do próximo século, o operário
terá passado para a história, vitima da Terceira Revolução Industrial e da
implacável marcha rumo à maior eficiência tecnológica.
A preocupação com o constante crescimento do deslocamento tecnológico de longo prazo vem levando ao aparecimento de problemas de saúde mental dos desempregados. Uma série de estudos acompanhador no transcorrer da última década descobriu uma clara correlação entre o crescente desemprego tecnológico e maiores níveis de depressão e morbidez psicótica (RIFKIM, 1995, p. 216).
2.2 PROCESSO SAÚDE-DOENÇA
[...] o processo saúde-doença é um processo que evolui e se transforma. Para tanto, a saúde passa a ser relacionada com a qualidade de vida da população, a qual é composta pelo conjunto de bens que englobam a alimentação, o trabalho, o nível de renda, a educação, o meio ambiente, o saneamento básico, a vigilância sanitária e farmacológica, a moradia, o lazer, etc. (FRACOLLI e BERTOLOZZI, 2002, P.4).
Portanto, para Fracolli e Bertolozzi (2002, p.4), a saúde - doença depende em
última instância, do lugar que se ocupa na sociedade, sem deixar de lado, as
características particulares de cada ser humano.
Segundo os autores mencionados, é necessário deixar claro que a concepção
de saúde-doença está diretamente atrelada à forma como o ser humano, no
decorrer de sua existência, foi se apropriando da natureza para transformá-la,
buscando o atendimento às suas necessidades.
Na antiguidade, as condições de habitação, higiene e saneamento eram
precários e o conhecimento médico sobre as causas das doenças e
medicamentos era incipiente. Em conseqüência dos altos índices de
mortalidade, surge a preocupação do estado, instigado pelos movimentos
sociais, introduzir medidas de controle das condições dos ambientes de
trabalho, regulamentando as jornadas, regulamentando a idade mínima para o
trabalho, melhoria nos ambientes laborais e da saúde das cidades. Os níveis
de mortalidade pareciam ameaçar o próprio processo de acumulação de
capital (BRAGA,J. C. et al. 1981).
Para Almeida Filho (2004), a Revolução Industrial e sua economia política
trouxeram as noções e os fenômenos concretos da força de trabalho e do
desgaste da classe trabalhadora, este apontando a deterioração profunda de
suas condições de vida e saúde.
Além do saber social e político do adoecer, encontra-se o saber clínico. Com o
descobrimento da fisiologia e dos microorganismos surgiu a teoria da
unicausalidade: para cada doença, uma causa específica. Essa forma de
pensar não leva em conta a correlação entre as questões sociais de classe e a
doença.
De acordo com Rezende (1989), os enfoques reducionistas da unicausalidade,
que enfatizam os aspectos individuais do adoecer e introduzem uma cunha
entre o indivíduo e o coletivo, o biológico e o social, mostram-se inconsistente
para explicar o fenômeno do adoecimento, embora viesse ao encontro dos
interesses que ansiavam escamotear as correlações entre os agravos sociais e
as doenças.
Isso levou a uma nova proposta no campo da epidemiologia: a multiplicidade
da causas co-existentes na manutenção das patogenias. Esse modelo também
possui suas limitações. Ela não consegue incorporar o estudo dos aspectos
estruturais da sociedade, negando a historicidade humana e as relações
sociais, que se dão no campo da produção, na determinação do adoecer.
No final da década de 60 surgiram discussões em torno do significado do
trabalho na vida e na utilização do corpo em promover uma verdadeira
mudança na forma de tratar o processo saúde/doença. Conquistas legais de
participação dos trabalhadores nas questões de saúde e segurança, o
reconhecimento do direito à informação e o direito à recusa do trabalho sob
condições de risco grave fortalecem o enfrentamento das concepções
positivistas, que sustentam que os fatores de risco do adoecer e morrer são a
- históricos (BOURGUIGNOM, 2004).
De acordo com essa mesma autora, acima citada, a categoria carga de
trabalho refere-se ao movimento dinâmico de elementos no processo de
trabalho, que atuam entre si e sobre o corpo do trabalhador, determinando a
necessidade de processos adaptativos. Estes podem se produzir sob a forma
de desgaste, compreendidos como a perda das capacidades biopsíquicas dos
trabalhadores nos processos de trabalho.
Ela afirma ainda, embasada em Rouquayrol (1999) que a compreensão social
e do caráter histórico do processo saúde/doença permite ampliar os horizontes
de análise da realidade, a partir da apreensão de que a saúde e a doença são
fenômenos que possuem uma dimensão cultural coletiva e outra psicobiológica
individual, que não devem ser dicotomizadas.
A associação entre as condições sociais e a produção de saúde ganhou forças
nos anos 70. Nesse momento, a maioria da população exibia condições cada
vez mais precárias em termos de acesso ao consumo uma vez que despojada
progressivamente de emprego e salários dignos desenvolve-se o embrião
latente da denominada Medicina Social.
Sabe-se que não existe um conceito satisfatório de saúde-doença, mas sim
uma série de determinantes, amplamente distribuídos que nos permite
identificar problemas numa determinada comunidade ou indivíduo.
A saúde não se reduz à aparição de um transtorno e à busca de um serviço de
saúde. Os problemas de saúde são resultados de um processo complexo e
dinâmico que se produz no interior da sociedade. Nos vários momentos da
vida pode predominar um dos pólos: de fortalecimento ou de desgaste do
corpo humano e isso se dá através da manifestação de saúde-doença, como
processo de saúde-doença.
[...] a base da história natural da doença, vincula atributos aos integrantes da cadeia da enfermidade, ou seja, o ser humano, denominado hospedeiro, o agente etiológico e o meio ambiente. (FRACOLLI E BERTOLOZZI, 2003, p.5).
Para Fracolli e Bertolozzi (2003), quando as intervenções se restringem
apenas ao causador etiológico da doença, há uma redução ou limitação das
intervenções em saúde, sendo assim o resultado das ações será ineficaz, pois
essas ações irão intervir em apenas um fator ou alguns fatores considerados
importantes.
De acordo com estes autores, existe vários determinantes que permitem
elaborar as intervenções em saúde, todas devem ser levadas em consideração
ao traçar o diagnóstico do indivíduo ou do coletivo, caso contrário haverá um
desequilíbrio no que diz respeito a cadeia multifatorial.
Contudo, as ações dos profissionais de saúde não devem restringir-se ao
aparecimento dos sinais e sintomas, mas da detecção precoce de fatores que
evidenciam os problemas e as necessidades de saúde, como: má alimentação,
desemprego, abandono, más condições de trabalho, exposição à poluição,
entre outras.
A prática de trabalho dos profissionais da área da saúde é voltada, na maioria
das vezes, para a queixa-conduta, como vem sendo feito historicamente. No
entanto, a consulta é um momento onde além de se pesquisar sinais,
sintomas e realizar suas condutas, deve ser aproveitado para se conhecer as
condições de vida do paciente e os fatores de risco aos quais este se encontra
exposto, já que estes podem desencadear processos de doença.
[...] sobre a ótica da Determinação Social do Processo Saúde-Doença, os sinais e os sintomas são compreendidos como reflexo das condições de vida deste indivíduo, sendo conduta resgatar valores de vida, condições sociais e forma de enfrentamento de problemas, fornecerem compreensão, responsabilização e vínculo com o sujeito (FRACOLLI E BERTOLOZZI, 2003, p.6).
Sendo assim é muito importante se conhecer a realidade da comunidade e os
fatores de riscos a que está exposta.
2.3 RELAÇÃO ENTRE SAÚDE E AMBIENTE
Durante muitos anos, as questões ambientais foram uma preocupação quase
que exclusiva das instituições voltadas ao saneamento básico, no Brasil.
Na década de 70, com o crescimento industrial e consequentemente
agravamento dos problemas ambientais, surgiram novas instituições como a
Companhia Estadual de Tecnologia em Saneamento Ambiental (CETESB) e a
Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (FEEMA), que
contribuíram para o desenvolvimento de ações de controle da poluição, mas
sem um vínculo direto com o sistema de saúde.
A partir do final da década de 70 e década de 80, ocorreu um crescimento na
área de Saúde do Trabalhador deixando evidente o vínculo entre questões
ambientais e sistema de saúde, abrindo caminho para a incorporação de uma
Saúde Ambiental (Câmara & Galvão, 1995).
A década de 90, período em que foi realizada a Conferência das Nações Unidas
sobre o meio Ambiente e Desenvolvimento (UNCED), em 1992, no Rio de
Janeiro, foi um momento caracterizado pelo crescimento dos movimentos
ecológicos (ONGs e outros), sendo que esses passaram a ganhar mais espaço
na mídia.
Todo o debate sobre o tema ambiente parte de dois pressupostos básicos: o
primeiro é a essencialidade da relação ser humano - natureza; o segundo,
derivado desta relação, é de que o conceito de ambiente tal como trabalhamos
é constituído pela ação humana, e desta forma pode ser repensado,
reconstituído e modificado, tendo em vista nossa responsabilidade presente e
futura com a existência, as condições e a qualidade de vida, não só dos seres
humanos mas de todo a biosfera. Portanto, a consciência planetária promovida
pelo paradigma ambiental, supera a ideologia antropocêntrica (de domínio do
ser humano sobre a natureza) presente em todas as teorias sociológicas e
biomédicas anteriores, integrando-as dialeticamente numa nova forma de ver
o mundo, em busca de um desenvolvimento sustentável (CÂMARA & GALVÃO,
1995).
De acordo com os autores acima citados, é preciso ter em mente que o
conceito de desenvolvimento deixou de ser palavra mágica que durante quase
meio século (a partir da segunda guerra mundial) embalou os planos dos
países desenvolvidos e os sonhos dos subdesenvolvidos, numa visão
evolucionista de progresso, numa corrida de domínio sem limites da natureza
e das matérias primas, de forma desenfreada, predadora e anárquica. Hoje a
palavra desenvolvimento parece inspirar mais problemas que solução, num
mundo que conseguiu globalizar fomes continentais, conflitos étnicos,
comprometimento da qualidade de vida, poluição, desemprego crescente e
estrutural, violência, drogas, esgotamento de recursos naturais, ameaças de
extinção de espécies, desastres ecológicos. Por outro lado, não se pode
esperar apenas do acelerado desenvolvimento tecnológico, soluções para os
problemas que vão se apresentando, porque a tendência dominante de seu
uso tende sempre a culpabilização dos pobres e da pobreza pelas catástrofes
ambientais. E quando, se coloca a questão da melhoria das condições de vida
como essencial dentro de um novo paradigma ambiental, o pensamento
dominante se inclina sempre para pensar a vantagem comparativa decorrente
do aumento do número de consumidores.
Inicialmente, a noção de ambiente é aquela associada a uma visão ecológica
tradicional, ou seja, a de um ambiente natural onde flui a energia produzida
pelas relações dadas entre processos bióticos e abióticos que vão constituir
uma cadeia alimentar e delimitar ecótopos estabelecidos para as diferentes
espécies que compõe o ecossistema (CÂMARA & GALVÃO, 1995).
Com a intromissão do homem nos ecótopos de outras espécies animais
vetores, transmissoras ou dos próprios agentes de doenças infecto-
parasitárias, criam as condições de aparecimento e difusão das doenças
causada por agentes etiológicos biológicos (TAMBELLINI E CÂMARA, 1998).
Tais autores consideram ainda que embora as populações possam ser afetadas
por desastres naturais, tais com erupções ou depósito de substancias de
elevada toxidade, na quase totalidade das vezes as poluições ambientais de
grandes proporções têm como principal origem os processos produtivos.
Segundo a organização Mundial de Saúde a relação “Saúde e Ambiente”
incorpora todos os elementos e fatores que potencialmente afetam a saúde,
incluindo, entre outros, desde a exposição a fatores específicos como
substâncias químicas, elementos biológicos ou situações que interferem no
estado psíquico do indivíduo, até aqueles relacionados com aspectos negativos
do desenvolvimento social e econômico dos países (OPS, 1993).
A questão do meio ambiente vem sendo colocada em destaque principalmente
a partir da década de 70, impulsionada por vários processos, tais como:
O crescente nível de degradação do meio ambiente em várias regiões do
planeta e o reconhecimento dos chamados riscos globais, que podem afetar
ecossistemas planetários e ameaçam a vida das futuras gerações.
Particularmente crítico são os problemas do meio ambiente e da saúde
presente nas regiões e aglomerados urbano-industriais, superpondo e
efetualizando os efeitos da poluição industrial, do consumo e dos transportes
dos países industrializados com os problemas da infra-estrutura básica,
saneamento e degradação sócio-ambiental, principalmente nos chamados
países de industrialização recente e economia periférica.
A previsão da escassez de recursos naturais básicos para a produção e
consumo das sociedades industriais, reestruturando o pensamento liberal
pautado na abundancia e suplantação da escassez e impondo, dentre outras,
estratégias de reciclabilidade como base para um novo equilíbrio entre
produção e consumo.
A crescente pressão política de novos movimentos sociais, principalmente em
sociedades industrializadas, tais como grupos locais em áreas de riscos
industriais e grupos ecológicos organizados vem atuando nos níveis regionais,
nacionais e mesmo internacionais.
Baseado nesses ideais é que a partir, principalmente, do final da década de 80
começou a se difundir a idéia de desenvolvimento sustentável, que busca
integrar a questão meio ambiente ao desenvolvimento, ainda que de forma
pouco clara e frequentemente contraditória.
Eventos e documentos internacionais como RIO 92 e a AGENDA 21 em 1995
são exemplos de tentativas de estabelecimento de compromissos e agendas
internacionais lideradas por organismos internacionais como ONU e OMS.
Neste sentido, as áreas setoriais de ciência e tecnologia, saúde e meio
ambiente deveriam almejar abordagens e políticas pautadas na
intersetorialidade e interdisciplinaridade, através da articulação com outras
áreas que impulsionam e conformam as características fundamentais do
modelo de desenvolvimento brasileiro, frequentemente com critérios de meio
ambiente e de saúde ainda muito incipientemente incorporados. Portanto a
existência de mecanismos eficientes de coordenação na conformação das
políticas macroeconômicas e setoriais específicas – industrial, ciência e
tecnologia, urbana, agrícola, de transportes, dentre outras – com os objetivos
da saúde e do meio ambiente seria uma condição para o desenvolvimento
sustentável.
A importação acritica de modelo e conceitos mais genéricos relacionados à
questão meio ambiente, sem o necessário esforço de síntese e adequação às
necessidades e características históricas, econômicas e culturais de cada
região e país, pode implicar na continuidade e mesmo ampliação das atuais
desigualdades sociais e ambientais que caracterizam o atual sistema
econômico mundial, em particular nos países de industrialização recente,
como é o caso do Brasil.
Atualmente a área de saúde ambiental começa aparecer com certa densidade
institucional nas universidades e centros de pesquisa, nos programas
educacionais de primeiro e segundo graus, entre outros.
Entretanto, no setor de saúde parece haver maiores dificuldades para sua
efetiva implantação e desenvolvimento. Algumas hipóteses para tal desfecho
são: baixo aporte de recursos financeiros, além de instrumentais e humanos
em quantidade e qualidade insuficientes para atividades requeridas; a
ausência de uma legislação específica e clara que dê conta de forma ampla e
detalhada da questão ambiental e seus desdobramentos relativos às diferentes
esferas da vida e da sociedade; uma ainda pouco numerosa produção de
conhecimento científico que possa fundamentar as atividades desta área no
país como um todo e servir de elemento para a informação dos cidadãos; a
falta de conhecimento da população sobre seus direitos e deveres relacionados
ao ambiente e suas conseqüências para a saúde. Por outro lado, existe a
própria resistência interna do setor em ampliar seu leque de responsabilidade
e atividades neste campo relacionado com problemas de ordem econômica,
política e ideológica (TAMBELLINI & CÂMARA, 1998).
2.4 SAÚDE DO HOMEM
Os termos sexo e gênero, durante muito tempo, eram utilizados
indiscriminadamente. Na literatura mais recente, o termo sexo reserva-se,
preferentemente, às características biológicas predeterminadas, relativamente
invariáveis, do homem e da mulher, enquanto que gênero é utilizado para
assinalar as características socialmente construídas que constituem a definição
do masculino e do feminino, em diferentes culturas (OPS, 1993).
O gênero deve ser entendido como uma rede de traços de personalidade,
atitudes, sentimentos, valores, condutas e atividades que, através de um
processo de construção social, diferencia homens das mulheres (OMS, 1995).
A maioria dos indicadores tradicionais mostra, com clareza, a maior
mortalidade masculina em praticamente todas as idades e para quase a
totalidade das causas (LAURENTI, 1990).
De acordo com Laurenti (1990), ainda que os indicadores de mortalidade
evidenciem situações desfavoráveis para os homens, os referentes à
morbidade, medido pela demanda aos serviços de saúde e por inquéritos
populacionais, destacam, de maneira geral, maior freqüência para as
mulheres.
Tais mudanças no perfil de morbi-mortalidade estão associadas também às
transformações nos padrões de saúde-doença que se constitui em uma das
características deste século, estando associadas às transições epidemiológicas
e demográficas (BOBADILHA, 1993).
Rezende (1989) discute as transformações ocorridas e que resultaram de
complexa interação de vários fatores com atuação marcante na saúde da
população humana. Alguns desses fatores influenciaram muito mais a saúde
do homem do que da mulher.
Essas transformações, positivas em muitos pontos, trouxeram também novos
desafios cujas soluções ainda aguardam tratamento adequado.
Poucos são os estudos enfocando a saúde do homem. As saúdes reprodutivas
e sexuais constituem um primeiro eixo temático nos estudos sobre os homens
e saúde, atualmente.
Além das questões da saúde sexual e reprodutiva, existe um segundo eixo que
se relaciona com a violência. Embora sexualidade, reprodução e violência
constituam eixos instigantes dos estudos contemporâneos acerca da saúde de
homens, existem agravos que, há muito, são vinculados aos indivíduos do
“sexo masculino”, constituindo um terceiro eixo: a temática da morbi-
mortalidade nessas populações. Essa temática é constituída por doenças
associadas ao trabalho e outras causas de morte de maior ocorrência
(SCHRAIBER et. al, 2005).
Segundo Korin (2001), em sociedades que equiparam poder, sucesso e força
como características masculinas, os homens buscam, no processo de
socialização, o distanciamento de características relacionadas ao feminino:
sensibilidade, cuidado, dependência, fragilidade. Essas atribuições simbólicas
diferenciadas entre homens e mulheres resultam, muitas vezes, para os
homens, em comportamentos que os predispõe a doenças, lesões e morte.
A influencia da socialização de gênero nos processos de morbidade relativos
ao ambiente de trabalho evidencia como o trabalho, tão importante na
construção da identidade masculina ou mesmo sua falta (o desemprego), têm
conseqüências para o adoecimento e o cuidado com a saúde. Destaca-se o
stresse ocupacional (especialmente relacionado à competência e possibilidade
de conseguir avanço na carreira), os riscos de desempenho de tarefas
perigosas, o não-acatamento de normas de segurança no uso de
equipamentos e em certas atividades no trabalho. Em termos de perda de
trabalho ou dificuldade de recolocação, há os comportamentos associados ao
uso abusivo de álcool (MARINHO, 2000).
A falta de trabalho (e impossibilidade de prover materialmente a família) é
aspecto importante relacionado aos riscos de saúde do homem. Por outro
lado, quando se trata de cuidado com a saúde, o trabalho tem sido
considerado como obstáculo para o acesso aos serviços de saúde ou à
continuidade de tratamentos já estabelecidos. Falta de tempo, impossibilidade
de deixar as atividades, ou medo de que a revelação do problema de saúde e
a ausência para tratamento médico possam prejudicá-los, resultando em
perda do posto de trabalho, são as preocupações em homens que adoecem no
trabalho, por doenças ocupacionais ou não (NARDI, 1998).
2.5 SAÚDE DO TRABALHADOR
A saúde do trabalhador constitui uma área da Saúde Pública que tem como
objetivo de estudo e intervenção as relações entre trabalho e saúde. Tem
como objetivos a promoção e a proteção da saúde do trabalhador, por meio de
desenvolvimento de ações de vigilância dos riscos presentes nos ambientes e
condições de trabalho, dos agravos à saúde do trabalhador e a organização e
prestação da assistência aos trabalhadores, compreendendo procedimentos de
diagnóstico, tratamento e reabilitação de forma integrada ao SUS.
...[trabalhador são todos os homens e mulheres que exercem atividades para sustento próprio e/ou de seus dependentes, qualquer que seja sua forma de inserção no mercado de trabalho, nos setores formais ou informais da economia. Estão incluídos nesse grupo os indivíduos que trabalham ou trabalharam como empregados assalariados, trabalhadores domésticos, trabalhadores avulsos, trabalhadores agrícolas, autônomos, servidores públicos, trabalhadores cooperativados e empregadores – particularmente, os proprietários de micro e pequenas unidades de produção. São também considerados trabalhadores aqueles que exercem atividades não remuneradas – habitualmente, em ajuda a membro da unidade domiciliar que tem uma atividade econômica, os aprendizes e estagiários e aqueles temporária ou definitivamente afastados do mercado de trabalho por doença, aposentadoria ou desemprego] (BRASIL, 2001).
A saúde do trabalhador é determinada por fatores sociais, econômicos,
tecnológicos e organizacionais que são responsáveis pelas condições de vida e
os fatores de riscos ocupacionais (físicos, químicos, biológicos, mecânicos e
aqueles decorrentes da organização laboral) presentes nos processos de
trabalho. Assim, as ações de saúde do trabalhador têm como foco as
mudanças nos processos de trabalho que contemplem as relações saúde-
trabalho em toda a sua complexidade, por meio de uma atuação
multiprofissional, interdisciplinar e intersetorial.
Na condição de prática social, as ações de saúde do trabalhador apresentam
dimensões sociais, políticas e técnicas indissociáveis. Como conseqüência,
esse campo de atuação tem interfaces com o sistema produtivo e a geração de
riqueza nacional, a formação e o preparo da força de trabalho, as questões
ambientais e a seguridade social. De modo particular, as ações de saúde do
trabalhador devem estar integradas com as de saúde ambiental, uma vez que
os riscos gerados nos processos produtivos podem afetar, o meio ambiente e a
população em geral.
As políticas de governo para a área de saúde do trabalhador devem definir as
atribuições e competências dos diversos setores envolvidos, incluindo as
políticas econômicas, da indústria e comércio, da agricultura, da ciência e
tecnologia, do trabalho, da previdência social, do meio ambiente, da educação
e da justiça, entre outras. Também devem estar articuladas da sociedade civil,
por meio de formas de atuação sistemáticas e organizadas que resultem na
garantia de condições de trabalho dignas, seguras e saudáveis para todos os
trabalhadores.
A execução das ações voltadas para a saúde do trabalhador é atribuição do
SUS, prescritas na Constituição Federal de 1988 e regulamentada pela LOS
(...) O artigo 6º dessa lei confere à direção nacional do Sistema a
responsabilidade de coordenar a política de saúde do trabalhador.
Segundo o parágrafo 3º do artigo 6º da LOS, a saúde do trabalhador é
definida como: “... um conjunto de atividades que se destina, por meio das
ações de vigilância epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção e
proteção da saúde do trabalhador, assim como visa a recuperação e à
reabilitação dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das
condições de trabalho”.
Além da Constituição Federal e da LOS, outros instrumentos e regulamentos
federais orientam o desenvolvimento das ações nesse campo, no âmbito do
setor de saúde, entre os quais se destacam a Portaria/MS n° 3.120/1998 e a
Portaria/MS n° 3.908/1998, que tratam, respectivamente, da definição de
procedimentos básicos para a vigilância em saúde do trabalhador e prestação
de serviços nessa área. A operacionalização das atividades deve ocorrer nos
planos nacional, estadual e municipal, aos quais são atribuídos diferentes
responsabilidades e papéis.
2.5.1 Situação de saúde dos trabalhadores no Brasil
Pode-se dizer que o perfil de morbi-mortalidade dos trabalhadores caracteriza-
se pela coexistência de agravos que têm relação direta com as condições de
trabalho específicas, como os acidentes de trabalho típicos e as doenças
profissionais; as doenças relacionadas ao trabalho, que têm sua freqüência,
surgimento e/ou gravidade modificadas pelo trabalho e doenças comuns ao
conjunto da população, que não guardam relação etiológica com o trabalho.
No Brasil, existe uma grande diversidade de situações de trabalho, padrões de
vida e de adoecimento que se acentua em decorrência das conjunturas
políticas e econômicas. O processo de reestruturação produtiva, em curso
acelerado no país a partir da década de 90, tem conseqüências, ainda pouco
conhecidas, sobre a saúde do trabalhador, decorrentes da adoção de novas
tecnologias, de métodos gerenciais e da precarização das relações de trabalho.
A precarização do trabalho se caracteriza pela desregulamentação e perda dos
direitos trabalhistas e sociais, a legalização dos trabalhos temporários e da
informalização do trabalho. Como conseqüências podem ser observado o
aumento no número de trabalhadores autônomos e subempregados e a
fragilização das organizações sindicais e das ações de resistência coletiva e/ou
individual dos sujeitos sociais.
A terceirização tem sido acompanhada de práticas de intensificação do
trabalho e/ou aumento da jornada de trabalho, com acúmulo de funções,
maior exposição a fatores de riscos para a saúde, descumprimento de
regulamentos de proteção á saúde e segurança, rebaixamento dos níveis
salariais e aumento da instabilidade no emprego. Tal contexto está associado
à exclusão social e à deterioração das condições de saúde.
A adoção de novas tecnologias e métodos gerenciais facilita a intensificação do
trabalho que, aliada à instabilidade no emprego, modifica o perfil de
adoecimento e sofrimento dos trabalhadores, expressando-se, entre outros,
pelo aumento da prevalência de doenças relacionadas ao trabalho, como as
Lesões por Esforços Repetitivos (LER), também denominadas de Distúrbios
Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT); o surgimento de novas
formas de adoecimento mal caracterizadas, como estresse, fadiga física e
mental e outras manifestações de sofrimento relacionadas ao trabalho.
Embora as inovações tecnológicas tenham reduzido a exposição a alguns
riscos ocupacionais em determinados ramos de atividades, contribuindo para
tornar o trabalho nesses ambientes menos insalubre e perigoso, constata-se
que, paralelamente, outros riscos são gerados.
As relações entre mortes violentas e acidentes de trabalho tornam-se cada vez
mais estreitas. O desemprego crescente e a ausência de mecanismos de
amparo social para os trabalhadores que não conseguem se inserir no
mercado de trabalho contribuem para o aumento da criminalidade e da
violência (BRASIL, 2001).
As relações entre trabalho e violência têm sido enfocadas em múltiplos
aspectos: contra o trabalhador em seu local de trabalho, representada pelos
acidentes e doenças do trabalho; a violência decorrente de relações de
trabalho deterioradas, como no trabalho escravo e de crianças; a violência
decorrente da exclusão social agravada pela ausência ou insuficiência do
amparo do Estado; as violências ligadas às relações do gênero, como o
assédio sexual no trabalho e aqueles envolvendo agressões entre pares,
chefias e subordinados.
Atualmente, as informações disponíveis sobre saúde do trabalhador não
permitem conhecer de que adoecem e morrem os trabalhadores no Brasil, ou
o perfil de morbi-mortalidade, em linguagem epidemiológica, informação
essencial para a organização da assistência aos trabalhadores e o
planejamento, execução e avaliação das ações, no âmbito dos serviços de
saúde. Essas informações também são importantes para a orientação das
ações sindicais em saúde e para os sistemas de gestão de saúde, segurança e
ambiente pelas empresas.
Estão disponíveis, hoje, apenas os dados divulgados pelo Ministério da
Previdência e Assistência Social (MPAS) sobre a ocorrência de acidentes de
trabalho e doenças profissionais, notificados por meio da Comunicação de
Acidentes de Trabalho (CAT) da população trabalhadora coberta pelo Seguro
Acidente de Trabalho (SAT). Estão excluídos dessas estatísticas os
trabalhadores autônomos, domésticos, funcionários públicos estatutários,
subempregados, muitos trabalhadores rurais, entre outros. Mesmo entre os
trabalhadores segurados pelo SAT, estudos têm apontado níveis de
subnotificação bastante elevados.
As mudanças na conjuntura social no mundo do trabalho exigem que a
vigilância em saúde do trabalhador dirija o foco de sua atenção para as
situações de trabalho em condições precárias, incluindo o trabalho autônomo e
o do mercado informal, nas quais os acidentes ocupacionais devem estar
ocorrendo em proporções maiores que entre a parcela de trabalhadores
inseridos no mercado formal.
A análise da média nacional de acidentes de trabalho entre os trabalhadores
formais mostra que, em certos setores econômicos, como na atividade
extrativa mineral e na construção civil, a taxa de mortalidade se aproxima de
50 por mil. Além da contribuição dos acidentes de trabalho típicos, essa alta
incidência, em alguns setores, tem sido agravada pela ocorrência de doenças
profissionais graves, como é o caso da silicose e de intoxicações agudas
(BRASIL, 2001).
A incidência de doenças profissionais, medida a partir da concessão de
benefícios previdenciários, manteve-se praticamente inalterada entre 1970 e
1985: em torno de dois casos para 10 mil trabalhadores. No período de 1985
a 1992, esse índice alcançou a faixa de quatro casos por 10 mil. A partir de
1993, observa-se um crescimento com padrão epidêmico, registrando-se um
coeficiente de incidência próximo a 14 casos por 10 mil. Esse aumento
acentuado deve-se, principalmente, as LER, responsáveis por 80 a 90% dos
casos de doenças profissionais registrados, nos últimos anos, no MPAS
(BRASIL, 2001).
2.5.2 Atenção à saúde dos trabalhadores
A atenção à saúde do trabalhador não pode ser desvinculada daquela prestada
à população em geral. Tradicionalmente, a assistência ao trabalhador tem sido
desenvolvida em diferentes espaços institucionais, com objetivos e praticas
distintas:pelas empresas, por meio dos Serviços Especializados em Segurança
e Medicina do Trabalho (SESMT) e outras formas de organização de serviços
de saúde;pelas organizações de trabalhadores; pelo Estado, ao implementar
as políticas sociais públicas, em particular a de saúde, na rede pública de
serviços de saúde; pelos planos de saúde, seguros suplementares e outras
formas de prestação de serviços, custeados pelos próprios trabalhadores; e
pelos serviços especializados organizados no âmbito dos hospitais
universitários.
A rede pública de serviços de saúde sempre atendeu aos trabalhadores. No
entanto, em meados da década de 80, começou a ser instituído o Programa de
Saúde do Trabalhador, como parte do movimento da Saúde do Trabalhador.
Os objetivos do programa eram construir uma atenção diferenciada para os
trabalhadores e um sistema de vigilância em saúde, com a participação dos
trabalhadores. Atualmente, existem no país cerca de 150 programas, centros
de referência, serviços, núcleos ou coordenações de ações de saúde do
trabalhador, em estados e municípios, com graus variados de organização,
competências, atribuições, recursos e práticas de atuação, voltados,
principalmente, para a atenção aos trabalhadores urbanos.
Apesar de pontuais e díspares, esses programas e serviços construíram uma
experiência significativa de atenção especializada à saúde do trabalhador,
desenvolveram uma metodologia de vigilância, preparam recursos humanos,
estabelecem parcerias com movimentos sindicais e, também, com outras
instancias responsáveis pelas ações de saúde do trabalhador, e contribuíram
para a configuração do atual quadro jurídico-institucional, inscrito na
Constituição Federal, na LOS e na legislação complementar.
Entre as maiores dificuldades apresentadas pela estratégia de implantação de
Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (CRST) estão a cobertura do
conjunto de trabalhadores e a pequena inserção na rede do SUS, em uma
perspectiva de atenção hierarquizada e integral.
A experiência acumulada pelos Programas de Saúde do Trabalhador na rede
de serviços de saúde de sustenta a proposta de reorientação do modelo
assistencial, que privilegia as ações de saúde do trabalhador na atenção
primária de saúde, com a retaguarda técnica dos CRST e de instancias mais
complexas do sistema de saúde. Esses devem garantir uma rede eficiente de
referência e contra-referência, articulada com as ações de vigilâncias
epidemiológicas e sanitárias, e os programas de atenção a grupos específicos,
como mulher, idosos ou organizados por problemas.
Também deveram ser contemplados: a capacitação técnica da equipe; a
disponibilidade de instrumentos para o diagnóstico e estabelecimento de nexo
com o trabalho pelos meios propedêuticos necessários; recursos materiais
para as ações de vigilância em saúde, tais como suporte laboratorial e outros
meios diagnósticos, equipamentos para avaliações ambientais; disponibilidade
de bibliografia especializada; mecanismos que corrijam a indefinição e
duplicidade, tanto no âmbito do SUS, quanto entre outros setores do governo;
coleta e análise de informações sobre os agravos à saúde relacionados ao
trabalho nos sistemas de informação em saúde e sobre sua ocorrência na
população trabalhadora do setor informal, não assegurada pela Previdência
Social; e definição de mecanismos claros e duradouros para o financiamento
das ações de saúde do trabalhador.
As modalidades de financiamento e custeio previstas pela Norma Operacional
Básica do SUS (NOB/SUS) n° 1/1996, e portarias complementares ainda não
incluem inúmeras ações desenvolvidas nem estabelecem parâmetros que
permitam dimensionar o custo da vigilância epidemiológica e sanitária em
saúde dos trabalhadores, de forma a complementar a tabela de procedimentos
do Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SAI/SUS).
O financiamento das ações de saúde do trabalhador apresenta especificidades,
bem exemplificada pelo princípio: ”quem gera o risco deve ser responsável
pelo seu controle e pela reparação dos danos causados”. Dessa forma, a
responsabilidade do empregador que gera o risco, que produz o acidente ou o
adoecimento é similar ao princípio “poluidor-pagador” existente na área
ambiental.
Apesar de aceita e difundida, essa premissa não tem gerado, a não ser de
modo eventual, a penalização e punição dos empregadores negligentes com a
saúde e segurança de seus trabalhadores e nem feito com que aconteça o
reconhecimento e estímulo para aqueles que investem na melhoria das
condições de trabalho.
Embora a quase totalidade da assistência médica, hospitalar e ambulatorial,
para vítimas dos infortúnios relacionados ao trabalho, inseridos ou na
economia formal, seja realizado pelos serviços da rede pública de saúde, não
há qualquer tipo de repasse de recursos do SAT para o SUS.
Os trabalhadores compartilham os perfis de adoecimento e morte da
população em geral, em função de sua idade, gênero, grupo social ou grupo
específico de risco. Além disso, os trabalhadores podem adoecer ou morrer por
causas relacionadas ao trabalho, como conseqüência da profissão que
exercem ou exerceram, ou pelas condições adversas em que seu trabalho é ou
foi realizado. Assim, o perfil de adoecimento e morte dos trabalhadores
resultará da amalgamação desses fatores, que podem ser sintetizados em
quatro grupos de causas (MENDES & DIAS, 2000):
Doenças comuns, aparentemente sem qualquer relação com o trabalho;
Doenças comuns (crônico-degenerativas, infecciosas, neoplásicas,
traumáticas, etc.) eventualmente modificadas no aumento da freqüência de
sua ocorrência ou na precocidade de seu surgimento em trabalhadores;
Doenças comuns que tem espectro de sua etiologia ampliado ou tornado mais
complexo pelo trabalho. A asma brônquica, a dermatite de contato alérgica, a
perda auditiva induzida pelo ruído (ocupacional), doenças músculo-
esqueléticas e alguns transtornos mentais exemplificam esta possibilidade, na
qual, em decorrência do trabalho, somam-se (efeito aditivo) ou multiplicam-se
(efeito sinérgico) as condições provocadoras ou desencadeadoras destes
quadros nosológicos;
Agravos à saúde específicos, tipificados pelos acidentes de trabalho e pelas
doenças profissionais.
Os fatores de risco para a saúde e segurança dos trabalhadores, presentes ou
relacionados ao trabalho, podem ser classificados em cinco grandes grupos:
FÍSICOS: ruído, vibração, radiação ionizante e não-ionizante, temperaturas
extremas (frio e calor), pressão atmosférica anormal, entre outros;
QUÍMICOS: agentes e substâncias químicas, sob forma líquida, gasosa ou de
partículas de poeiras de minerais e vegetais, comuns nos processos de
trabalho.
BIOLÓGICOS: vírus, bactéria, parasitas, geralmente associados ao trabalho
em hospitais, laboratórios e na agricultura e pecuária;
ERGONÔMICOS E PSICOSSOCIAIS: decorrem da organização e gestão do
trabalho, como, por exemplo: máquinas e mobiliários inadequados, levando a
posturas e posições incorretas; lugares adaptados com más condições de
iluminação, ventilação e de conforto para os trabalhadores; trabalhos em
turnos e noturnos; monotonia ou ritmo de trabalho excessivo, exigências de
produtividade, relações de trabalho autoritárias, falha no treinamento e
supervisão do trabalho, entre outros;
MECANICOS E DE ACIDENTES: ligados à proteção das máquinas, arranjo
físico, ordem e limpeza do ambiente de trabalho, sinalização, rotulagem de
produtos e outros que podem levar a acidentes de trabalho.
È necessária a implantação de Sistemas de Informação em Saúde, a partir de
territórios onde as pessoas moram ou trabalham, incorporando aos registros
de Previdência Social dados dos trabalhadores informais, dos sistemas de
agravos de notificação obrigatória e de mortalidade, dados econômicos, sociais
e ambientais, de maneira a servirem de referencial epidemiológico para definir
prioridades relativas ao planejamento das ações nesse campo
(BOURGUIGNOM, 2004).
A mesma autora afirma também que são necessários acompanhamentos das
ações de vigilância em saúde e a implantação do controle social, de maneira a
construir uma integração entre técnicos de saúde e trabalhadores, de forma
que, ao compreender que o processo saúde-trabalho-doença os coloca em
condições similares, possam traçar estratégias para superar as dificuldades.
É no sentido da construção de um Sistema Nacional e Único de Saúde que a saúde coletiva e a saúde do trabalhador se entrelaçam em teias indissociáveis, no reconhecimento da saúde como fenômeno socialmente determinado. É pela ruptura com um modelo hegemônico incapaz de dar respostas, que essa teia se solidifica e se consegue ultrapassar os obstáculos que se colocam em frente à conquista da saúde e melhoria das condições de trabalho (LACAZ, 1997, p.9).
2.6 LOMBALGIA
2.6.1 Dor lombar aguda
O número de consultas médicas decorrentes da dor lombar perde apenas para
o número de consultas devido às doenças respiratórias altas. Muitos dos casos
de dor lombar são causados por qualquer um dos inúmeros problemas
músculo-esqueléticos, inclusive o estiramento lombosacro agudo, ligamentos
lombossacros instáveis e músculos enfraquecidos, osteoartrite da coluna
vertebral, estenose espinhal, problemas com disco intervertebral e
comprimento desigual das pernas. As outras causas englobam os distúrbios
renais, problemas pélvicos, tumores retroperitoneais, aneurismas abdminais e
problemas psicossomáticos (SMELTZER & BARE, 2002).
De acordo ainda com os autores acima citados, a obesidade, estresse e
ocasionalmente, depressão podem contribuir para dor lombar. A dor lombar
devido à distúrbios músculos-esqueléticos é usualmente agravada pela
atividade, enquanto o mesmo não ocorre com a dor provocada por outras
condições. Os pacientes com dor lombar crônica podem desenvolver
dependência de álcool ou analgésicos.
2.6.2 Fisiopatologia
A coluna vertebral pode ser considerada uma haste elástica formada por
unidades rígidas (vértebras) e unidades flexíveis (discos intervertebrais),
mantidas juntas por complexas articulações de facetas, múltiplos ligamentos e
músculos paravertebrais. A construção impar do dorso possibilita a
flexibilidade enquanto fornece proteção áxima para a medula espinhal. As
curvaturas da coluna absorvem impactos verticais decorrentes da corrida e
salto, os músculos do tronco ajudam a estabilizar a coluna vertebral e os
músculos abdominais e torácicos são importantes nas atividades de
levantamento. O desuso enfraquece essas estruturas de sustentação.
Obesidade, problemas posturais, problemas estruturais e estiramento
excessivo dos suportes espinhais podem resultar em dor dorsal (SMELTZER &
BARE, 2002).
Os discos intervertebrais modificam seu aspecto á medida que a pessoa
envelhece. Os discos de uma pessoa jovem são constituídos principalmente de
fibrocartilagem. À medida que a pessoa envelhece, os discos tornam-se
densos, com fibrocartilagem irregular. A degeneração do disco é a causa mais
comum de dor nas costas. Os discos lombares inferiores, L4-L5 e L5-S1, estão
sujeitos ao estresse mecânico e às alterações degenerativas máximas. A
protrusão do disco (herniação do núcleo pulposo) ou as modificações na
articulação de facetas podem provocar pressão sobre as raízes nervosas,
quando elas saem do canal espinhal, o que resulta em dor, a qual se irradia ao
longo do trajeto do nervo (SMELTZER & BARE, 2002).
2.6.3 Manifestações clínicas
O paciente queixa-se e dor aguda ou dor crônica nas costas (durando mais de
3 meses sem melhora) e fadiga. O paciente pode relatar que a dor se irradia
para baixo, para a perna (radiculopatia; isquiática), o que sugere o
envolvimento da raiz nervosa. Podem ser alterados a marcha, a mobilidade
espinhal, os reflexos, o comprimento da perna, a força motora da perna e a
percepção sensorial do paciente. O exame físico pode demonstrar espasmo da
musculatura paravertebral (tono muscular muito aumentado dos músculos
posturais das costas), com uma perda da curvatura lombar normal e possível
deformidade espinhal (SMELTZER & BARE, 2002).
A magnitude e gravidade dos casos de LER/DORT diagnosticados e
acompanhados nos centros de referência à saúde dos trabalhadores de todo
país têm colocado esse agravo como prioritário no campo da vigilância à saúde
do trabalhador, com a proposição e implantação de ações voltadas para o
conhecimento dos ambientes de trabalho e para a assistência e reabilitação,
constituindo-se um tema que agrega inúmeros interesses e diversas formas de
ação (SMELTZER & BARE, 2002).
2.7 SETOR DE ROCHAS NO MUNICÍPIO DE CACHOEIRO DE
ITAPEMIRIM
Os números apontam que o Espírito Santo é o principal produtor e o maior
processador e exportador de rochas ornamentais do Brasil. É responsável por
47% da produção, 56% das exportações de blocos e 70% das de placas
rochas ornamentais.
O setor emprega cerca de 100 mil pessoas, distribuídas em atividades de
extração e beneficiamento, além disso, concentra, no Estado, mais da metade
do parque industrial brasileiro, tanto em número de teares e empresas,
quanto em termos de crescimento.
O estado possui uma economia diversificada e integrada; a agricultura é
responsável por 33% da economia, empregando cerca de 400 mil pessoas; o
setor industrial é composto por cerca de 4.200 empresas, empregando
diretamente 90.000 pessoas.
A atividade industrial está fortemente concentrada na região Metropolitana de
Vitória, principalmente no município da Serra. Na região noroeste a presença
da indústria de confecções, no Norte a indústria de madeiras, de mobiliários e
de álcool. No sul a indústria de calçados, a metal mecânica e de alimentos,
sendo o maior destaque para a indústria de minerais não metálicos, com
ênfase para o segmento de rochas ornamentais.
O município de Cachoeiro de Itapemirim está localizado na região sul do
estado, sendo o mais importante desta região, com uma população em torno
de 160 mil habitantes, sua principal economia está na indústria do mármore e
granito, responsável por 50% da economia do município e 30% da economia
do Estado.
Composta em sua maioria por micros, pequenas e médias empresas, sendo
pouquíssimas as empresas com mais de 100 funcionários.
O número de investimento na produção tem crescido nos últimos anos,
principalmente na instalação de novas serrarias, já estando em operação na
região quase 50% dos teares brasileiros.
O número de empregados tem crescido na proporção direta da evolução do
número de empresas.
A organização dos trabalhadores se deu a partir de 25 de agosto de 1990,
quando da função do sindicato da categoria, SINDIMÁRMORE.
A entidade representativa dos empregados SINDIROCHAS, em 03 de maio de
1973.
A atividade de mármore e granito é responsável por 46,7% dos acidentes de
trabalho, média de 05 anos, que ocorrem na região e por 34,7% dos acidentes
com morte (GARCIA,1995).
Isto demonstra um alto índice de infortúnios, corroborados pela nova
Classificação Nacional das Atividades Econômicas – C.N.A.E., que passou a
atividade de extração e beneficiamento de Minerais não metálicos, de grau de
risco 3 para 4, que é o maior risco existente.
3 OBJETIVOS
3.1 OBJETIVO GERAL:
• Detectar a presença lombalgia em um grupo de trabalhadores do setor
de rochas ornamentais.
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Identificar a presença de sintomas músculo-esqueléticos no trabalhador
do setor de rochas;
• Conhecer as condições de trabalho do trabalhador do setor de rochas;
• Propor ações de intervenção junto ao trabalhador com diagnóstico de
lombalgia;
• Sugerir medidas preventivas para evitar surgimento das lombalgias.
4 METODOLOGIA
4.1 TIPO DE ESTUDO:
O desenho metodológico adotado nesta pesquisa foi de natureza quali-
quantitativa, descritiva, sendo utilizadas análises estatísticas.
4.2 CENÁRIO DO ESTUDO
O estudo foi realizado em empresas do setor de beneficiamento de rochas
ornamentais, no município de Cachoeiro de Itapemirim.
As empresas selecionadas foram as de pequeno e médio porte, de acordo com
a classificação do FINDES (Federação das Indústrias do Espírito Santo), que
diz: a empresa de médio porte deve ter de 100 á 400 funcionários e a de
pequeno porte deve ter menos de 100 funcionários.
A seleção das empresas foi feita através do sorteio das empresas cadastradas
no SINDIROCHAS.
4.3 POPULAÇÃO ALVO
Foram alvos da pesquisa trinta e oito funcionários que trabalham em
empresas de pequeno porte e quarenta e oito funcionários que trabalham em
empresas de médio porte, em setores diversos, totalizando oitenta e seis
trabalhadores entrevistados.
Os trabalhadores que contribuíram com a pesquisa tinham, em sua maioria
(85%), mais de cinco anos trabalhando no setor de rochas ornamentais, não
necessariamente na mesma empresa.
Vale ressaltar que os funcionários que se submeteram á pesquisa estavam
trabalhando, durante a realização da pesquisa, em empresas de pequeno e
médio porte.
4.4 INTRUMENTO
Para a coleta de dados desta pesquisa optou-se pelo questionário “Nórdico
Padronizado para Análise dos Sintomas Músculos Esqueléticos” (KUORINGA et
al., 1986 apud NUNES, 2002).
O questionário foi adaptado (ANEXO A), para ser utilizado com o objetivo de
caracterizar a população, e de obter referências reais da situação de trabalho.
O questionário possui um diagrama para que o trabalhador possa melhor
identificar o local da dor e desconforto.
O instrumento conta com quatro etapas, com perguntas fechadas, assim
constituídas: a primeira etapa é referente aos dados demográficos; a segunda
etapa refere-se às variáveis ocupacionais e organizacionais; a terceira etapa,
aborda os sintomas, dor e desconforto, e a quarta etapa, consta as variáveis
relacionadas às condições ambientais.
Os questionários foram aplicados pessoalmente e individualmente pela
pesquisadora, no local de trabalho de cada funcionário.
Vale ressaltar que o instrumento passou por um processo de validação em
uma empresa que não foi objeto da pesquisa.
4.5 CRITÉRIOS DE SELEÇÃO E EXCLUSÃO
• SELEÇÃO DA EMPRESA:
As empresas foram selecionadas por sorteio e respeitaram a classificação,
de empresa de pequeno e médio porte, de acordo com o FINDES.
• SELEÇÃO DO TRABALHADOR:
Devido à predominância de homens nas atividades laborais do setor de
rochas ornamentais a amostra selecionada foi de trabalhadores do sexo
masculino. Em relação aos anos trabalhados, estabelecemos inicialmente
que os trabalhadores deveriam ter mais de cinco anos em atividade no
setor, considerando que este tempo é o suficiente para o aparecimento de
sintomas músculos-esqueléticos associados às atividades laborais. No
entanto, na aplicação do instrumento decidimos incluir um grupo de
trabalhadores (15%) com menos de cinco anos, já que em várias empresas
havia um significativo número de trabalhadores iniciantes compondo o seu
quadro de funcionários.
• EXCLUSÃO:
Os critérios de exclusão para a amostra foram prioritariamente:
trabalhadores com menos de cinco anos trabalhando no setor de rochas
ornamentais; e trabalhador licenciado, independente do motivo.
4.6 ANÁLISE DO INSTRUMENTO
Os dados coletados foram sintetizados e analisados com o uso de recursos
computacionais através da tabulação dos dados obtidos, objetivando verificar
as condições de trabalho às quais os trabalhadores estão expostos,
relacionados à carga física, fatores ambientais e posturas desfavoráveis
adotadas pelos trabalhadores em estudo, possibilitando melhor caracterização
da população. A análise qualitativa foi aplicada nas informações referentes às
questões ergonométricas.
4.7 ASPECTOS ÉTICOS:
A pesquisa foi realizada nas empresas que autorizaram o estudo, mediante ao
termo de autorização (ANEXO B). Sendo que os trabalhadores que foram
submetidos à pesquisa também concordaram com o termo de consentimento
livre e esclarecido (ANEXO C).
A participação foi espontânea e de caráter voluntário. As informações obtidas
são de caráter confidencial, sendo resguardada à privacidade dos
entrevistados no momento da análise e apresentação dos dados.
Encontra-se em anexo (ANEXO D) a carta de autorização para a realização da
pesquisa, emitida pelo Comitê de Ética da Universidade federal do Espírito
Santo, de acordo com a resolução 196/96.
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
42%
50%
8%
BemCansadoMuito Cansado
Figura 1: Percentual de trabalhadores de acordo com seu estado físico após o dia de trabalho.
De acordo com a Figura 01 apenas 8% dos funcionários do setor de rochas
ornamentais julgaram sentir-se muito cansado ao fim de sua jornada de
trabalho. A maioria deles (50%) sente-se cansado, sendo que 42%, uma
parcela considerável desses trabalhadores, sente-se bem no fim da jornada
diária de trabalho.
A faixa etária de 25 aos 40 anos é a que mais predomina nos trabalhadores
deste setor, sendo que dentre essa faixa etária, existe uma maior
concentração entre 25 a 30 anos.
9 817
2940
69
01020304050607080
Pequeno Médio GeralPorte da empresa
Núm
ero
de fu
ncio
nário
s
SimNão
Figura 2: Número de trabalhadores que exercem alguma outra atividade profissional. Cachoeiro/2006.
A Figura 02 revela que grande parte dos funcionários não possui outra
atividade profissional além do seu trabalho na empresa do setor de rochas
ornamentais. Dentre os funcionários que realizam outra atividade, o trabalho
rural se faz predominante, tanto nas empresas de pequeno como nas de
médio porte. Além do trabalho rural encontram-se também, em menor escala,
trabalhos de pedreiro, eletricista, motorista, comerciante e trabalho
voluntário. Essa informação remete a um viés, já que esse questionário foi
aplicado dentro de empresas, sendo que em alguns casos percebeu-se um
constrangimento por parte desses funcionários em responder a essa pergunta.
0102030405060
Temperaturaambiente
Umidade relativa doar
Circulação do ar Iluminação Nível de ruído Piso escorregadio
Fatores ambientais
Pequeno porte Médio porte Geral
Figura 3: Número de trabalhadores insatisfeitos com os fatores ambientais a que se encontram expostos. Cachoeiro/2006
A Figura 4 revela que o nível de ruído é o fator que mais incomoda aos
trabalhadores do setor de rochas ornamentais nas empresas de pequeno e
médio porte, ocupando um percentual de 42% na reclamação dos
funcionários. Seguido a ele encontram-se temperatura, umidade, piso
escorregadio, iluminação e circulação de ar, respectivamente.
De acordo coma pesquisa em campo, o protetor auricular, que é um
Equipamento de Proteção Individual (EPI), padronizado para praticamente
todos os setores das empresas, é utilizado por praticamente por todos
funcionários. No entanto, é também o EPI com o qual os funcionários
encontram maior resistência na sua adaptação, ou seja, muitos deles passam
grande parte do tempo, sem o protetor auricular devido ao incomodo ou até
mesmo pela dificuldade em se comunicar.
De acordo com Aguiar (1995), em conclusão de sua pesquisa no setor de
rochas ornamentais, o ambiente de trabalho oferece um grau de risco
acentuado à saúde dos trabalhadores pela exposição ao ruído.
A temperatura é outro fator bastante relevante no que diz respeito a fatores
ambientais. Esse fator ocupa 23% das reclamações e está, muitas vezes,
relacionada com a umidade a que estes trabalhadores encontram-se expostos
em alguns setores. Os setores onde os trabalhadores ficam por mais tempo
em contato direto com a umidade são serrarias e setores de corte de granito.
Em algumas empresas, esses funcionários fazem o uso de avental. No
entanto, pode-se considerar que esse EPI é pouco utilizado quando
comparados ao grau de insatisfação com a umidade e temperatura, apenas 10
trabalhadores relataram seu uso.
Outro fator que pode ser associado à insatisfação com a temperatura é o fato
de as empresas serem muito abertas, fator esse que por outro lado beneficia a
circulação de ar e dispersão de poeiras, e possuírem cobertura metálica, em
sua maioria. Isso pode estar associado ao frio no inverno e nos períodos
noturnos e também ao calor durante o período diurno, já que em grande parte
do ano, a cidade apresenta temperaturas bastante elevadas.
Em relação à circulação de ar é importante ressaltar, de acordo com a figura
acima que esta insatisfação está presente apenas nas empresas de médio
porte. Esse dado se relaciona a apenas uma empresa em que foi aplicado o
questionário, que possui um setor fechado.
23%
15%
5%6%
42%
9%
Temperatura
Umidade ar
Circulação ar
Iluminação
Ruído
Piso escorregadio
Figura 4: Percentual de insatisfação relacionado com os fatores ambientais. Tabela 1: Relação entre o percentual de tempo de trabalho e realização de treinamento para o profissional. Recebeu treinamento
N %
Não recebeu treinamento
N % De 01 a 05 anos 6 15 7 15,2 De 06 a 10 anos 14 35 15 32,6 De 11 a 15 anos 6 15 11 23,9 Mais de 16 anos 14 35 13 28,2 Total 40 100 46 100
De acordo com a Tabela 1, em torno da metade dos funcionários entrevistados
receberam algum tipo de treinamento. A tabela trata de treinamento para
exercer função específica, como por exemplo, treinamento profissionalizante
para a função de polidor, serrador, etc. Além desse tipo de treinamento,
algumas empresas, principalmente as de médio porte, oferecem treinamento
coletivo para funcionários, como Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
(CIPA), Saúde do trabalhador, desenvolvimento sustentável, etc.
Os trabalhadores que não receberam treinamento aprenderam a desenvolver
sua função com a observação do trabalho de outros funcionários dentro de
empresas. Geralmente, essas pessoas começaram a trabalhar como ajudante
de serviços gerais e com o tempo foram evoluindo para outras funções, o que
é muito comum, principalmente nas empresas de pequeno porte. Em muitas
dessas empresas predomina, ou predominou em seu início, o caráter familiar,
ou seja, irmãos, pais, filhos e outros constituem a mão de obra da empresa.
Outro fato importante a ser considerado é que grande parte dos
trabalhadores, que hoje se encontram empregados em empresas de médio
porte, iniciaram sua carreira profissional no setor por meio das empresas de
pequeno porte.
Tabela 2: Relação entre tempo de trabalho (anos) e presença de sintomas músculos-esqueléticos. 01 a 05 06 a 10 11 a 15 Mais de
16 Total
Pescoço
1 8 2 4 15
Coluna Dorsal
2 7 2 5 16
Coluna Lombar
3 14 6 14 37
Quadris/Coxas
1 3 2 7 13
Joelhos
0 3 6 8 17
Tornozelos/Pés
0 2 2 3 7
Total 7 37 20 41
Figura 5: Sintomas músculos-esqueléticos de acordo com as partes do corpo
De acordo com a Figura 5, o distúrbio músculo-esquelé
dor lombar (43%), seguido de dores nos joelhos (19,7
(18,6%), no pescoço (17,4%), nos quadris/coxas (15%
(8%), respectivamente. Vale ressaltar ainda que existe
de dores nos quadris/coxas, joelhos e pés/tornozelos e
mais de 16 anos no setor de rochas ornamentais, como
A Tabela 2 mostra também que em todos os grupos
ocorreu predominância da dor lombar como sintoma mú
17,4%
18,6%
43%
15%
19,7%
8%
tico predominante é a
%), na coluna dorsal
) e nos tornozelos/pés
uma maior incidência
m trabalhadores com
mostra a Tabela 2.
de tempo de trabalho
sculo-esquelético.
18,6
25,58
44,18
11,62
23,25
34,88
0 10 20 30 40 50
Pequeno
Médio
Geral
Port
e da
em
pres
a
%
Não
Sim
Figura 6: Percentual de trabalhadores que procurou o médico após
sentir dor. Cachoeiro/2006
De acordo coma Figura 6, em torno de 45% dos trabalhadores procurou o
médico após sentir qualquer tipo de dor. Esse número é maior nas empresas
de médio porte, o que pode estar associado à presença de médico do trabalho
nessas empresas.
É importante relatar também que durante a pesquisa obteve-se informação
sobre a execução de exames a que os trabalhadores são submetidos pela
empresa. O exame pré- admissional foi realizado em 94% dos funcionários e o
exames periódico foi realizado em torno de 81% dos funcionários, sendo que
todos os funcionários de empresas de médio porte foram submetidos a esses
exames.
Nas empresas de pequeno porte, onde a execução dos exames, admissional e
periódico, não foram realizados em todos os funcionários, os serviços médicos
que a empresa é obrigada a prestar para os funcionários, são realizados
através da contratação de empresas terceirizadas.
Tabela 3: Relação entre melhora dos sintomas músculos-esqueléticos depois que procurou o serviço de saúde.
Fez tratamento para dor referida N %
Melhora / fim dos sintomas
16 38
Sintomas persistentes
26 62
Total 42 100
De acordo com a Tabela 3, 42 indivíduos fizeram tratamento para dor referida,
sendo que em 38% deles os sintomas desapareceram após o tratamento, e
em 62% deles os sintomas persistiram após o tratamento. Nesse grupo em
que o tratamento não foi eficaz, vale ressaltar que muitos deles referiram
crônica.
Dentre os outros 44 indivíduos entrevistados que não relataram realização do
tratamento, quando o sintoma estava presente, não foi possível a observação
de desaparecimento dos sintomas sem a procura de um profissional de saúde.
De acordo com Smeltzer & Bare (2002) tal foto pode ser explicado de acordo
com a evolução dos distúrbios músculos-esqueléticos decorrentes das
atividades laborais. Eles geralmente estão relacionados à realização de
atividades repetitivas, posturas inadequadas, excesso de peso, entre outros.
Tais atitudes, realizadas por um longo período de tempo, levam a alterações
anatômicas e funcionais das estruturas músculos-esqueléticas.
Quando os sintomas aparecem, as alterações já estão instaladas e em muitas
vezes, não é possível a intervenção para a cura do distúrbio, ficando o
tratamento restrito a cirurgias corretivas e ao abrandamento dos sintomas,
através de medicamentos analgésicos, o que pode levar a cronificação dos
sintomas (SMELTZER & BARE,2002). Sendo assim, é de extrema importância a
prevenção dos fatores de risco desencadeadores desses distúrbios. Essa
prevenção deve ser realizada tanto pelos funcionários, com a adoção de
posturas ideais, quanto pelas empresas, com a utilização de equipamentos
que minimizam a carga sobre os funcionários, aparelhos que possibilitem uma
manipulação sem prejuízos a postura e realização de conscientização dos
funcionários através de atividades educativas efetivas.
Tabela 4: Relação entre percentual de realização de treinamento e presença de dor lombar referida. Dor lombar
presente N %
Dor lombar ausente
N %
Total
N % Treinado
19 47,5 23 52,5 40 100
Não treinado
22 48,8 23 51,2 45 100
De acordo com a Tabela 4, em torno de apenas metade dos funcionários
entrevistados (n=40) receberam algum tipo de treinamento. Isso pode ser
observado também quando se refere a presença de dor lombar nos
funcionários. A dor lombar esteve presente em 47,5% dos trabalhadores que
receberam treinamento e em torno de 49% dos trabalhadores que não
receberam.
De acordo com os dados apresentados nas Tabela 4 e 5, pode-se inferir que o
treinamento oferecido pelas empresas não tem interferência significante na
alteração postural dos funcionários, já que do total de 40 funcionários
treinados, apenas 8 desenvolveram a consciência de que a postura adequada
é essencial na prevenção de agravos músculo-esqueléticos.
Tabela 5: Relação entre treinamento e alteração postural no trabalho
Alteração postural
Não alteração postural
Treinado
8 32 40
Não treinado
10 36 46
Total 18 68
É importante observar, de acordo com a Tabela 5, que 10 funcionários não
treinados realizarão a alteração de hábitos posturais. Esse fator pode estar
associado a um maior nível de conscientização sobre postura correta por parte
destes funcionários.
Dentro da população do estudo, apenas 18 indivíduos, treinados ou não,
realizaram mudanças nos seus hábitos posturais. Isso revela não só um baixo
índice de treinamento específico para os funcionários, como também uma
falha nos métodos de sensibilização desses indivíduos. Outro fator associado a
isso pode ser a grande carga de trabalho e a velocidade de produção a que
esses indivíduos encontram-se submetidos.
Tal fato, pode ainda estar associado à realização de treinamento quando o
funcionário já encontra-se a muito tempo trabalhando no setor. Isso remete
ao fato da dificuldade de mudança de hábitos e costumes já estabelecidos.
Tabela 6: Relação entre o percentual de alteração do hábito de trabalho e dor lombar. Alterou hábitos de trabalho
N %
Dor lombar presente 14 35
Dor lombar ausente 4 10
Total 40 45
Mesmo dentre os funcionários que já possuem sintomas de dor lombar, foi
observado um baixo número de alteração dos hábitos de trabalho, apenas
35% alteraram seus hábitos, em contrapartida 10% dos trabalhadores, que
não possuíam dor lombar, alteraram espontaneamente seus hábitos de
trabalho.
Este estudo mostrou que os distúrbios músculos-esqueléticos mais referidos
foram as dores na coluna lombar (37%) e as dores nos joelhos e coluna
dorsal, com 19,7% e 18,6% respectivamente. É importante ressaltar também
que a partir dessa pesquisa pode-se inferir o fato de que o treinamento
oferecido pelas empresas não apresenta significância na alteração de hábitos
posturais dos funcionários, mostrando uma deficiência nos padrões de
treinamentos oferecidos.
Além disso, quando perguntados sobre mudanças nos hábitos posturais,
muitos trabalhadores relataram o fato de que essas mudanças poderiam ser
encaradas como “frescura e corpo mole” pelos empregadores, e que devido a
isso preferiam continuar “pegando no pesado” do que ficarem sem o seu
emprego.
Finalmente, é de extrema importância ressaltar o relato, observado na
pesquisa, de que 82,5% dos funcionários estão satisfeitos com seu emprego.
Os funcionários apresentando média satisfação são 11,6% e os insatisfeitos
apenas 2,3%. Esse fato explicita a situação social a que estão submetidos
esses indivíduos, já que a grande maioria dos satisfeitos relataram que :”estou
muito satisfeito por não estar desempregado”. Esta citação vem revelar que
esses indivíduos estão considerando como satisfação a oportunidade de
estarem inseridos no mercado de trabalho e não a satisfação de estarem no
cargo que ocupam e realizarem a função a eles delegada.
[...] estamos entrando numa nova era de mercados globais e de produção automatizada. A estrada para um economia quase sem trabalhadores está à vista. Se esta estrada leva a um porto seguro ou a um terrível abismo, dependerá de como a civilização irá preparar-se para a era pós-mercado que virá logo após a Terceira Revolução Industrial. O fim do trabalho poderia significar a sentença de morte para a civilização, como a conhecemos. O fim do trabalho poderia também sinalizar uma grande transformação social, um renascimento do espírito humano[...] (RIFKIM, 1995, p. 315)
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A indústria de rochas ornamentais, em Cachoeiro de Itapemirim, tem sido a
opção de trabalho da grande maioria dos trabalhadores da região, seja pelo
grande desenvolvimento dessas empresas como pela diminuição da atividade
agropecuária nas regiões rurais do município.
Através da leitura de uma tese de mestrado (GARCIA JÚNIOR, 2006) um dos
parágrafos se aplica a realidade dessa pesquisa. Esse trecho fala que a falta
de opção de trabalho na região favorece a aceitação, por parte, dos
trabalhadores e de seus sindicatos, do baixo padrão salarial do setor, por sinal
praticado em todo país. É o mercado global que deprecia o salário para baixo,
faz as empresas trabalharem cada dia com menor margem de lucro, tendo que
buscar a rentabilidade no aumento da densidade da demanda.
Os resultados do estudo indicam que são necessárias ações para intervir nas
causas do processo saúde-trabalho-doença, que existe no setor de rochas
ornamentais de Cachoeiro de Itapemirim. A intervenção deve ser feita em
vários níveis e pelos atores sociais que atuam nesse campo de trabalho, como
os empresários do setor, os sindicatos de trabalhadores e os órgãos públicos
da área do trabalho e da saúde, em especial da saúde do trabalhador.
Os sindicatos precisam discutir permanentemente com os empregadores para
que sejam melhoradas as condições de trabalho, através da diminuição da
jornada de trabalho, controle ambiental, discussão sobre salários, diminuição
do ritmo de trabalho, rotatividade de funções, entre outras.
O setor público de saúde, por meio da Atenção Primária em Saúde, mais
especificamente o Programa de Saúde da Família, tem um papel fundamental
na notificação de queixas que possam estar relacionadas com as atividades
laborais de seus pacientes. Estas informações servirão de alerta aos órgãos de
fiscalização e facilitarão a realização de investigações. Nesse aspecto, a área
de saúde, com a ação da Vigilância Epidemiológica e sanitária, pode ajudar
muito.
Considerando que a indústria de rochas ornamentais é responsável pela
maioria dos empregos nos municípios do sul do estado do Espírito Santo,
sugere-se a elaboração de um centro de referencias regional de saúde do
trabalhador para atender aos indivíduos vitimizados por agravos, como
distúrbios músculo esqueléticos, mutilações, problemas pulmonares, entre
outros, relacionados com as atividades do setor. Seria essencial que esse
centro contemplasse as ações primárias e secundárias mínimas de saúde,
sendo interligada a rede de serviços de saúde e realizando efetivamente a
referência e a contra-referência. Além disso, esse centro deveria estar ligado
diretamente com as empresas, realizando ações coletivas dentro destas, para
que assim os serviços fossem conhecidos e utilizados adequadamente.
A elaboração desse tipo de serviço diferenciado para os trabalhadores é de
grande importância já que muitos deles não possuem disponibilidade de tempo
para procurarem os serviços de saúde convencionais que funcionam em
horário comercial. Acima disso, encontra-se a preocupação de prestar serviços
voltados especificamente para essa população, o que não é possível de ser
realizado na rede básica de saúde convencional.
Esse serviço, além de assistir melhor aos trabalhadores do setor, servirá
também, se bem organizado, como gerador de informações de saúde que
poderão subsidiar o conhecimento da situação de saúde dos trabalhadores do
setor e tomada de decisão.
No entanto, sugerem-se pesquisas mais aprofundadas para decisão da
implantação desse serviço especializado, para que se implantado, seja efetivo.
É de extrema importância a realização de pesquisas no setor. Pesquisas essas
que não sejam realizadas apenas para indicar os interesses dos
empregadores, mas sim pesquisas interessadas verdadeiramente no
conhecimento das condições de vida, saúde e doenças desses trabalhadores,
que proponham novas técnicas e tecnologias capazes de melhorar a situação
em que hoje encontra-se a mão-de-obra de um dos setores mais rentáveis do
Estado.
Essas mudanças são necessárias para que as situações inadequadas de
trabalho do setor de rochas ornamentais possam ser controladas pelos
empregadores, a fim de se ver cumprir os direitos dos trabalhadores por um
ambiente de trabalho mais saudável, adequadamente remunerado, exercido
em condições de liberdade, equidade e segurança, capaz de garantir uma vida
digna (BRASIL, p.5).
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28.LAURENTI R. Transição demográfica e transição epidemiológica,
p. 143-165. In Anais do I° Congresso Brasileiro de Epidemiologia.
Campinas. 1990.
ANEXO
ANEXO A - Questionário
Senhor trabalhador:
Este questionário tem como objetivo levantar dados sobre os sintomas
músculos esqueléticos em trabalhadores do setor de rochas ornamentais e
será utilizado exclusivamente para fins científicos. Sua identidade não será
revelada em nenhum momento da pesquisa.
É de grande importância que você o responda de maneira correta, não
deixando espaços em branco. Caso você não saiba a resposta coloque um
traço no local da resposta.
Grata!
Marcela Almeida Baptistini - Acadêmica do curso de graduação em
enfermagem e obstetrícia da UFES
A-Dados demográficos
Sexo: Masc ( ) Fem ( )
Idade: _____anos
B - Variáveis ocupacionais/organizacionais
Obs - Na seqüência, para as perguntas onde houver como resposta o
Sim
e/ou Não, basta marcar apenas com um X.
01 - Há quanto tempo você trabalha como funcionário do setor de rochas?
Até 01 ano ( ) De 01 a 05 anos ( ) De 06 a 10 anos ( )
De 11 a 15 anos ( ) Mais de 16 anos ( )
02 - Recebeu algum treinamento para trabalhar neste serviço?
Sim ( ) Não ( )
Se a resposta for sim, que tipo de treinamento e qual a sua
periodicidade?_________________
Mensal ( ) Semestral ( ) Anual ( ) Outros ( )
03 - Quantas horas você trabalha por dia nesta atividade?______________
04 - Há rodízio (revezamento) nas Tarefas? Sim ( ) Não ( )
05 - Existem pausas durante a jornada de Trabalho? Sim ( ) Não ( )
06 - Quantas pausas ocorrem durante a jornada de trabalho?
Uma Pausa ( ) Duas Pausas ( ) Mais de duas Pausas ( )
07 - Quantos minutos duram cada pausa?___________
08 - No final da jornada de trabalho, fisicamente você se sente:
Bem ( ) Cansado ( ) Muito cansado ( )
09 - Você exerce alguma outra atividade profissional? Sim ( ) Não ( )
Se a resposta for sim, qual a atividade?_______________
10 - Quanto tempo você dedica a esta atividade? ________
11 – Esta atividade é remunerada? Sim ( ) Não ( )
C - Referindo-se aos sintomas; dor, desconforto, dormência ou falta de
força
(distúrbio músculo-esquelético).
01 - Você tem ou teve algum desses sintomas do tipo desconforto, dor,
dormência
ou falta de força (distúrbio músculo-esquelético), nos últimos seis meses? Em
qual parte do corpo foi (foram) afetado(s)?
Em anexo, diagrama para melhor visualização do local da dor.
Obs:- Favor marcar quantas alternativas forem necessárias.
Pescoço:
Sim ( ) Não ( )
Ombros:
Sim, no ombro direito ( ) Não ( ) Sim, no ombro esquerdo.
( )
Sim, nos dois ombros. ( )
Cotovelo:
Sim, direito. ( ) Não ( ) Sim, esquerdo. ( )
Sim, nos dois cotovelos. ( )
Punhos/Mãos:
Sim, no punho / mão direito ( ) Não ( ) Sim, no punho / mão
esquerda.( )
Sim, nos dois punhos / mãos. ( )
Coluna dorsal: (Região superior das costas)
Sim ( ) Não ( )
Coluna lombar: (Região inferior das costas)
Sim ( ) Não ( )
Quadris/Coxas:
Sim, direita ( ) Não ( ) Sim, esquerda. ( ) Sim, nos
dois. ( )
Joelhos:
Sim, direito. ( ) Não ( ) Sim, esquerdo. ( ) Sim, nos
dois. ( )
Tornozelos/ Pés:
Sim, direito ( ) Não ( ) Sim, esquerdo. ( ) Sim, nos dois.
( )
02 - Após sentir este desconforto ou dor você procurou o médico?
Sim ( ) Não ( )
03 – Depois de quanto tempo da primeira crise/dor você procurou o serviço de
saúde?________________
04 - Você fez algum tratamento medicamentoso e/ou fisioterapeutico?
Sim ( ) Não ( )
05 - Depois dos tratamentos (médico e/ou fisioterapêutico) você se recuperou
totalmente?
Sim ( ) Não ( )
06 - Qual destes sintomas (dor, desconforto, fadiga, falta de força, dormência,
câimbra), ocorrem com freqüência durante ou no final da jornada de trabalho?
__________________
08 - Quanto tempo faz que você vem sentindo estes sintomas?
________dias/mês/ano
09 - Depois que você retornou ao trabalho, estes sintomas voltaram?
Sim ( ) Não ( )
10 - O problema fez você alterar seus hábitos no trabalho?
Sim ( ) Não ( )
11 - Qual foi esta alteração?____________________________
D - Avaliação das condições ambientais
01 - A temperatura do ambiente é agradável? Sim ( ) Não ( )
02 - A umidade relativa do ar é aceitável? Sim ( ) Não ( )
03 - A circulação do ar ocorre de forma suficiente? Sim ( ) Não ( )
04 – A iluminação é suficiente? Sim ( ) Não ( )
05 - O nível de ruído é suportável? Sim( ) Não ( )
06 - O piso (chão) no local do trabalho é escorregadio? Sim ( ) Não ( )
07 - Fazem uso de Equipamento de Proteção Individual? Sim ( ) Não ( )
08 - Que tipo de equipamento de proteção você usa? Bota ( ) Capacete (
)
Luva ( )
09 – E qual(is) dos equipamentos você tem dificuldade para usá-lo(s) ?
______________________________________________
10 - Com freqüência ocorrem acidentes no trabalho? Sim ( ) Não ( )
11 - Que tipo de acidentes? Queda ( ) Escorregão ( ) Entorse ( )
Anexo B - Termo de Autorização
TERMO DE AUTORIZAÇÃO
Eu, _____________________________________________, responsável pela
empresa RG n° _________________, autorizo a acadêmica de Enfermagem
da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Marcela Almeida Baptistini,
a realizarem o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) na empresa citada
acima. O trabalho é orientado pela professora Fátima Maria Silva, intitulado,
“Distúrbios músculos-esqueléticos no trabalhador do setor de rochas
ornamentais”.
Assinatura do (a) Responsável (a):
_________________________________________
Data: ____/____/_____
Local: ___________________________________________
Anexo C – Termo de Consentimento
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Prezado (a) Senhor (a)
Eu, aluna do curso de graduação de Enfermagem da Universidade Federal do
Espírito Santo (UFES), venho solicitar sua colaboração em participar da minha
pesquisa, que tem como temática, “Distúrbios músculos-esqueléticos no
trabalhador do setor de rochas ornamentais”. O objetivo é Identificar a
presença de sintomas músculos-esqueléticos no trabalhador do setor de
rochas e propor medidas para minimizar esses agravos.
A pesquisa está vinculada a Universidade Federal do Espírito Santo e constará
de um questionário com perguntas abertas e fechadas realizado pelos
pesquisadores.
A participação é espontânea e de caráter voluntário. As informações obtidas
terão caráter confidencial, sendo resguardada a privacidade dos entrevistados
no momento da análise e apresentação dos dados.
Esperando contar com a valiosa colaboração, antecipo meus agradecimentos
pela atenção dispensada.
Estou de acordo com os termos desse documento e aceito participar da
pesquisa.
Vitória, ___/___/_____
Nome completo: _________________________________________________
Assinatura: _____________________________________________________
Pesquisadora: Marcela Almeida Baptistini
ANEXO D – Carta de autorização do Comitê de Ética