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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ VICTOR SALVINO BORGES ESTUDO E DESENVOLVIMENTO DE DETECTOR DE ISOLADORES COM FALHAS CURITIBA 2011

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ · Figura 22: Ponta de prova capacitiva Tektronix P6015 ... shunt - Resistor de derivação colocado em série ao circuito onde se deseja medir a corrente

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

VICTOR SALVINO BORGES

ESTUDO E DESENVOLVIMENTO DE DETECTOR DE ISOLADORES COM

FALHAS

CURITIBA

2011

VICTOR SALVINO BORGES

ESTUDO E DESENVOLVIMENTO DE DETECTOR DE ISOLADORES COM

FALHAS

CURITIBA

2011

Monografia apresentada à disciplina Projeto de

Conclusão de Curso como requisito parcial à

conclusão do Curso de Graduação de Engenharia

Elétrica, Setor de Tecnologia, Departamento de

Engenharia Elétrica, Universidade Federal do

Paraná.

Orientador: Prof.Dr. Edemir Luiz Kowalski

Coorientador: Msc. Luiz Felipe Ribeiro Barrozo

Toledo

iii

Agradecimentos

Agradeço aos meus pais e a minha família pelo amor e apoio incondicional.

Agradeço ao meu orientador Edemir Kowalski que me concedeu a oportunidade de

realizar este trabalho, disponibilizando todo o suporte técnico e apoio para o desenvolvimento do

mesmo.

Agradeço ao LACTEC pelo suporte técnico disponibilizado.

Agradeço a todos os colegas do LACTEC que de alguma maneira contribuíram para o

sucesso deste trabalho, seja na realização dos ensaios, com conselhos e até mesmo com um

simples café.

Agradeço a UFPR e aos meus professores que desde o inicio desta jornada vêm

contribuindo com o meu desenvolvimento profissional e pessoal.

Agradeço aos amigos que sempre me apoiaram mesmo nos momentos mais difíceis.

Um agradecimento especial ao meu amigo William Kendi que contribuiu de maneira

inestimável dedicando parte de seu tempo livre para ajudar na execução do protótipo

desenvolvido.

Agradeço a todos que contribuíram diretamente ou indiretamente para o sucesso deste

trabalho.

iv

Sumário

Sumário ......................................................................................................................................... iv

Lista de Figuras ............................................................................................................................ vii

Lista de Tabelas............................................................................................................................. x

Lista de Símbolos e Acrônimos...................................................................................................... xi

RESUMO ...................................................................................................................................... xii

ABSTRACT .................................................................................................................................. xiii

1 Introdução ............................................................................................................................. 1

2 Objetivos do trabalho ............................................................................................................ 4

3 Revisão Bibliográfica ............................................................................................................. 5

3.1 Inspeção instrumentalizada de redes de distribuição .................................................... 5

3.2 Técnicas ópticas ............................................................................................................ 6

3.3 Termovisores ................................................................................................................. 7

3.4 Técnicas sonoras ........................................................................................................... 9

3.5 Ultrassom ....................................................................................................................... 9

3.6 Rádio frequência Interferência - RFI ............................................................................ 12

4 Fenomenologia ................................................................................................................... 16

4.1 Descarga parcial interna .............................................................................................. 16

4.2 Descarga parcial superficial ......................................................................................... 17

4.3 Descarga parcial corona .............................................................................................. 19

5 Parte Experimental .............................................................................................................. 21

5.1 Materiais Utilizados e Equipamentos ........................................................................... 21

5.1.1 Estufa ................................................................................................................... 21

5.1.2 Fonte de Tensão .................................................................................................. 21

5.1.3 Multímetro Digital ................................................................................................. 22

5.1.4 Osciloscópio ......................................................................................................... 23

5.1.5 Ponta de Prova Capacitiva ................................................................................... 23

v

5.1.6 Resistor Shunt ..................................................................................................... 24

5.1.7 Analisador de Espectro ........................................................................................ 24

5.1.8 Detector de RFI .................................................................................................... 25

5.1.9 Ultrassom ............................................................................................................. 25

5.1.10 Antena ................................................................................................................. 26

5.1.11 Bobina de Rogowski ............................................................................................ 26

5.1.12 Isoladores de Pino Cerâmicos ............................................................................. 27

5.2 Arranjo do Ensaio ........................................................................................................ 27

5.3 Métodos ....................................................................................................................... 28

5.3.1 Primeira Etapa – Seleção dos Isoladores de Pino ............................................... 28

5.3.2 Segunda Etapa – Seleção das Faixas de Frequências ........................................ 28

5.3.3 Terceira Etapa – Análise dos Isoladores .............................................................. 29

5.3.4 Desenvolvimento do Protótipo e Avaliação de Desempenho ............................... 29

5.3.4.1 Desenvolvimento do Protótipo ..................................................................... 29

5.3.4.2 Avaliação de Desempenho .......................................................................... 30

5.3.5 Técnicas Padrão .................................................................................................. 30

5.3.5.1 Medição de descarga parcial com a bobina de Rogowski ........................... 30

5.3.5.2 Medição da Corrente elétrica de fuga .......................................................... 30

5.3.5.3 Levantamento do espectro de frequências .................................................. 31

5.3.5.4 Detecção do nível de Ultrassom .................................................................. 31

5.3.5.5 Detecção dos ruídos de RFI com equipamento comercial ........................... 31

6 Resultados e Discussão ...................................................................................................... 32

6.1 Seleção dos Isoladores de Pino ................................................................................... 32

6.2 Seleção das Faixas de Frequências ............................................................................ 32

6.3 Análise dos Isoladores ................................................................................................. 34

6.4 Especificação e Desenvolvimento ............................................................................... 38

6.4.1 Desenvolvimento do Circuito ............................................................................... 43

vi

6.4.2 Confecção do Protótipo........................................................................................ 44

6.5 Resultados do Protótipo ............................................................................................... 46

7 Conclusão ........................................................................................................................... 51

8 Trabalhos Futuros ............................................................................................................... 52

Referência ................................................................................................................................... 53

vii

Lista de Figuras

Figura 1: Inspeção instrumental visual (8) ..................................................................................... 6

Figura 2: Árvore em contato com a rede elétrica de distribuição ................................................... 6

Figura 3: Termovisor NEC modelo TH 5100 (4). ............................................................................ 8

Figura 4: Veículo preparado para inspeção termográfica de redes de distribuição (1). ................. 8

Figura 5: Imagem termográfica de isoladores de pino em uma linha de distribuição. Na imagem

da direita pode-se observar o primeiro isolador de disco da cadeia apresentando um

aquecimento se comparado aos demais isoladores e cabos (1) ................................................... 8

Figura 6: Detector de ultrassom SDT 170 (1). ............................................................................. 10

Figura 7: Inspeção de redes de distribuição com a utilização de ultrassom (4; 5). ...................... 11

Figura 8: Verificação do ponto de ocorrência de maior intensidade de descargas através do

sensor de ultrassom com mira a laser (12). ................................................................................. 11

Figura 9: Equipamento de RFI Locator modelo 240ª ................................................................... 13

Figura 10: Inspeção de redes de distribuição com a utilização do equipamento de rádio

frequência (4). .............................................................................................................................. 14

Figura 11: Conjunto de equipamento de inspeção de radio interferência MIT 160919 (5) ........... 14

Figura 12: Representação de uma inspeção em linha de transmissão de acordo com o manual

da COPEL - MIT 160919 (5) ........................................................................................................ 15

Figura 13: Exemplo de descarga parcial interna (22) .................................................................. 17

Figura 14: Representação dos caminhos condutores gerados por descarga parcial em um

material dielétrico polimérico (21) ................................................................................................ 17

Figura 15: Representação da descarga parcial superficial em um material dielétrico polimérico

(12) .............................................................................................................................................. 18

Figura 16: Isolador cerâmico danificado por trilhamento (12) ...................................................... 19

Figura 17: Efeito corona (27) ....................................................................................................... 20

Figura 18: Estufa utilizada na secagem dos isoladores de pino. ................................................. 21

Figura 19: Fonte de tensão CA. ................................................................................................... 22

Figura 20: Multímetro da marca Fluke utilizado nos ensaios. ...................................................... 22

Figura 21: Osciloscópio Tektronix modelo TPS2024 ................................................................... 23

Figura 22: Ponta de prova capacitiva Tektronix P6015 ................................................................ 23

Figura 23: Resistor Shunt ............................................................................................................ 24

Figura 24: Analisador de espectro Rohde & Schwarz modelo ESCS30 ...................................... 24

viii

Figura 25: Equipamento de RFI Locator modelo 240A ................................................................ 25

Figura 26: Medidor de ultrassom marca SDT modelo SDT170 .................................................... 25

Figura 27: Antena da marca LARSEN modelo NMOQ ................................................................ 26

Figura 28: Bobina de Rogowski ................................................................................................... 26

Figura 29: Isolador de Pino .......................................................................................................... 27

Figura 30: Diagrama do arranjo de ensaio de tensão aplicada. ................................................... 27

Figura 31: Comparação entre o espectro de frequência de um isolador bom com o ruído de fundo

"Branco" na faixa de 500 kHz e 100 MHz .................................................................................... 33

Figura 32: Comparação entre o espectro de frequência de um isolador que apresentou um nível

médio de descargas parciais com o ruído ambiente "Branco" na faixa de 500 kHz e 100 MHz .. 33

Figura 33: Comparação entre o espectro de frequência de um isolador que apresentou um nível

médio de descargas parciais com o ruído ambiente "Branco" na faixa de 500 kHz e 100 MHz .. 34

Figura 34: Ângulo de defasamento entre tensão e corrente [ °] versus a potência recebida [dBm]

para os isoladores secos. As linhas vermelhas representam os limiares de detecção. A área

vermelha (Ruim) indica a região em que devem se encontrar os isoladores ruins. A área verde

(Bom) determina a região em que devem se encontrar os isoladores em boas condições. As

demais áreas em branco caracterizam quando há a detecção incorreta de um isolador, sendo

este identificado como ruim estando bom ou bom estando ruim. ................................................ 36

Figura 35: Ângulo de defasamento entre tensão e corrente [ °] versus a potência recebida [dBm]

para os isoladores úmidos. As linhas vermelhas representam os limiares de detecção. A área

vermelha (Ruim) indica a região em que devem se encontrar os isoladores ruins. A área verde

(Bom) determina a região em que devem se encontrar os isoladores em boas condições. As

demais áreas em branco caracterizam quando há a detecção incorreta de um isolador, sendo

este identificado como ruim estando bom ou bom estando ruim. ................................................ 38

Figura 36: Simulação de filtro passa-faixas projetado ................................................................. 39

Figura 37: Comparação do nível de sinal recebido para diferentes filtros.................................... 40

Figura 38: Resposta do CI de detecção e analise da faixa de operação com ou sem amplificador

(30) .............................................................................................................................................. 41

Figura 39: Diagrama de blocos do detector desenvolvido ........................................................... 42

Figura 40: Esquemático da simulação ......................................................................................... 42

Figura 41: Gráfico da simulação dos parâmetros de espalhamento S11 e S21 .......................... 42

Figura 42: Circuito do protótipo .................................................................................................... 43

Figura 43: Leiaute da placa de circuito impresso do protótipo ..................................................... 44

Figura 44: Placa de circuito impresso corroída ............................................................................ 44

ix

Figura 45: Placa com os componentes soldados ......................................................................... 44

Figura 46: Detector conectado a antena ...................................................................................... 45

Figura 47: Detector em operação ................................................................................................ 45

Figura 48: Ângulo de defasamento entre tensão e corrente [ °] versus a potência recebida [dBm]

medida pelo analisador de espectro. As linhas vermelhas representam os limiares de detecção.

A área vermelha (Ruim) indica a região em que devem se encontrar os isoladores ruins. A área

verde (Bom) determina a região em que devem se encontrar os isoladores em boas condições.

As demais áreas em branco caracterizam quando há a detecção incorreta de um isolador, sendo

este identificado como ruim estando bom ou bom estando ruim. ................................................ 47

Figura 49: Resultado da medição de ultrassom. As linhas vermelhas representam os limiares de

detecção. A área vermelha (Ruim) indica a região em que devem se encontrar os isoladores

ruins. A área verde (Bom) determina a região em que devem se encontrar os isoladores em boas

condições. As demais áreas em branco caracterizam quando há a detecção incorreta de um

isolador, sendo este identificado como ruim estando bom ou bom estando ruim. ....................... 48

Figura 50: Valores de tensão [v] medidos pelo protótipo desenvolvido relacionados com o ângulo

de defasamento entre corrente de fuga e tensão [ °]. As linhas vermelhas representam os

limiares de detecção. A área vermelha (Ruim) indica a região em que devem se encontrar os

isoladores ruins. A área verde (Bom) determina a região em que devem se encontrar os

isoladores em boas condições. As demais áreas em branco caracterizam quando há a detecção

incorreta de um isolador, sendo este identificado como ruim estando bom ou bom estando ruim.

..................................................................................................................................................... 49

Figura 51: Resultados do RFI para os isoladores ensaiados ....................................................... 50

x

Lista de Tabelas

Tabela 1: Isoladores selecionados, nomenclatura adotada e classificação do nível de descargas

parciais ........................................................................................................................................ 32

Tabela 2: Resultado obtido no ensaio dos isoladores secos ....................................................... 35

Tabela 3: Resultado obtido no ensaio dos isoladores úmidos ..................................................... 37

Tabela 4: Resultados obtidos na segunda parte experimental .................................................... 46

xi

Lista de Símbolos e Acrônimos

CA – Corrente Elétrica Alternada.

CI – Circuito Integrado.

COPEL – Companhia Paranaense de Energia.

COPEL-DIS – COPEL – Distribuição.

DEC - Duração Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora.

FEC - Frequência Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora.

IEC - International Electrotechnical Commission

LACTEC – Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento.

MIT – Manual de Instruções.

NBR - Texto Normativo da Associação Brasileira de Normas Técnicas.

SMD – Surface Mount Device.

shunt - Resistor de derivação colocado em série ao circuito onde se deseja medir a corrente.

RF – Rádio Frequência.

RFI – Rádio Interferência.

dB – Símbolo de decibel.

dBu – Indicação do nível de intensidade de tensão medida referenciado a 0,775 V.

dBm – Indicação do nível de intensidade de potência medida referenciado a 1 mW

xii

RESUMO

Este trabalho apresenta o estudo para o desenvolvimento de um equipamento de

detecção aplicado na inspeção de isoladores da rede de distribuição. Para a melhor

compreensão do problema, realizou-se a revisão bibliográfica das técnicas de inspeção de redes

utilizadas pelas companhias de energia elétrica (RFI, termovisor e ultrassom), assim como os

processos de degradação de dielétricos e isoladores, apresentando os fenômenos das

descargas parciais (internas e externas) e descargas corona.

Para o projeto do equipamento e avaliação do mesmo, realizaram-se experimentos

simulando condições semelhantes às encontradas na rede, utilizando isoladores de pino

retirados de campo. Como variável de projeto adotou-se as componentes de RF geradas pelos

isoladores, avaliando-se o nível de sinal gerado por cada um.

Ao analisar os resultados obtidos em laboratório do protótipo e confrontar com os

resultados de outras técnicas de inspeção de redes (ultrassom e RFI), pode-se dizer que o

equipamento desenvolvido teve um bom desempenho, apresentando um índice de acerto de

aproximadamente 90% e desempenho semelhante aos das outras técnicas.

Palavra-chave: Redes de distribuição, inspeção instrumental, RFI, ultrassom, termovisor,

descargas parciais, isolador de pino.

xiii

ABSTRACT

This monograph presents a study for the development of a detection equipment used in

the inspection of insulators of the distribution system. For a better understanding of the problem a

literature review about inspection techniques used by electrical distribution system companies

was carried out (RFI, thermal imager and ultrasound), as well as the processes of degradation of

dielectrics and insulators, presenting the phenomena of partial discharge (internal and external)

and corona discharges.

For equipment design and evaluation, experiments were carried out simulating similar

conditions to those found on the distribution system, using field distribution systems removed pin

insulators. As variable of the project, the RF generated by insulators components were adopted,

evaluating the level of signal generated by each one.

By analyzing the results obtained in the laboratory prototype and comparing to the results

obtained from other inspection of distribution system techniques (ultrasound and RFI). So the

designed equipment had a good performance presenting a success rate of approximately 90%

and similar performance to other techniques.

Keyword: distribution system, inspection instruments, RFI, ultrasound, thermal imager,

partial discharge, Pin insulator

1

1 Introdução

Na sociedade atual a energia elétrica possui um papel indispensável, consequentemente

seus usuários vêm se tornando cada vez mais exigentes, exigindo das concessionárias

distribuidoras de energia melhor qualidade de serviço prestado e melhor qualidade de energia.

As redes de distribuição de energia elétrica, de média tensão, no Brasil são

predominantemente aéreas, cerca de 90%. Este sistema basicamente é constituído por

condutores nus fixados em isoladores tipo pino, instalados em cruzetas de madeira, concreto e

mais recentemente compósitos poliméricos. Quase em sua totalidade os isoladores tipo pino

utilizados são fabricados em porcelana que possui boas características elétricas e mecânicas.

Por serem redes aéreas estas serão afetadas pelas intempéries ambientais, poluição e

vandalismo. Desta forma os isoladores estão sujeitos a sofrerem perfurações devido às

descargas atmosféricas e a se degradarem devido à ação de poluentes ou de forma natural.

Também estes isoladores estão sujeitos a defeitos de fabricação ou até mesmo utilização de

matéria prima de qualidade duvidosa que quando instalados na rede podem apresentar defeitos

prematuramente (1).

A interrupção do fornecimento de energia elétrica resultará em elevados custos tanto

para empresa fornecedora de energia quanto para os consumidores. No primeiro caso a

empresa terá uma perda de receita pela interrupção do fornecimento de energia, custos de

deslocamento da equipe de manutenção, onde estas interrupções também poderão afetar os

índices DEC e FEC (2) que a empresa deve manter, podendo gerar multas que muitas vezes

atingem valores elevados. Para os consumidores industriais a interrupção não programada

poderá causar a paralisação da produção e em alguns casos à perda de produção. Para

consumidores comerciais a perdas de comunicação de sistemas de informática representa, por

exemplo, a indisponibilidade da venda de produtos entre outros e para consumidores

residenciais no mínimo um desconforto.

Uma das possíveis causas da interrupção pode ser a perfuração de um isolador de pino,

resultando em um curto-circuito fase-terra, acionando a proteção de sobrecorrente que após

algumas tentativas de religamento, caso o problema seja persistente, será desligado até que

uma equipe de manutenção identifique e solucione o problema. Devido ao grande número de

isoladores de pino integrantes do sistema de distribuição de energia e extensão dos

alimentadores, muitas vezes a tarefa de identificar o isolador danificado torna-se

consideravelmente demorada.

2

Segundo informações das concessionárias, maior parte dos isoladores defeituosos

poderiam ser identificados em inspeções preventivas da rede, onde os isoladores problemáticos

poderiam ser identificados e substituídos. Neste ponto tem-se o grande problema da

manutenção preventiva por meio da inspeção, ou seja, quais equipamentos ou técnicas

deveriam ser aplicados. A resposta que muitas concessionárias ou eletricistas retornam é a

inspeção visual, com ultrassom, rádio frequência ou termovisor. A experiência tem mostrado que

os altos investimentos nestes equipamentos não tem produzido resultados satisfatórios, pois os

problemas continuam a existir nas redes.

A perfuração em um isolador normalmente ocorre no ponto de contato deste com o

cabo. A identificação desta perfuração torna-se impossível de ser visualizada do solo, e em

muitos casos, com o isolador em mãos a olho nu não se observa o defeito, sendo este

identificado somente por técnicas ópticas ou por meio de ensaios de tensão aplicada e medida

de corrente elétrica de fuga, avaliando-se a resistência elétrica de isolamento do mesmo.

A inspeção visual realizada a distância apresenta limitações de observação, e a

inspeção visual em cada isolador pelo método de linha viva torna-se inviável. Os equipamentos

de ultrassom têm apresentado bons resultados (3), porém estão associados diretamente a

questões de interpretação do eletricista e possuem limitadores como a distância à fonte geradora

da componente sonora. O equipamento de termovisão é altamente eficiente para se identificar

pontos quentes como os que ocorrem em conexões, porém, são incapazes de apresentar

resultados positivos em isoladores de pino de redes de distribuição (4). O equipamento de rádio

frequência da forma que vem sendo utilizado, onde o observador identifica o problema por meio

do som em um fone de ouvido ou alto falante gera discussão com relação à interpretação,

porém, em trabalho realizado anteriormente (1) foi identificado que as componentes de rádio

frequência (RF) têm uma grande correlação com o estado de degradação dos isoladores, pois

quanto pior o estado do isolador maior será a corrente de fuga através do mesmo, maior serão

os níveis de descargas corona e parciais, como os discutidos por (1) e (4). Mesmo com estes

estudos, a análise dos resultados apresentados na forma de espectros, exige uma interpretação

do observador. Assim percebe-se a possibilidade do desenvolvimento de um sistema de

inspeção instrumental, para auxiliar o eletricista na rápida identificação de isoladores perfurados,

que analise as componentes de RF e produza um resultado satisfatório que dependa o menos

possível da interferência do observador (1).

Neste ponto, dando continuidade a este estudo desenvolve-se este trabalho de

conclusão de curso, objetivando levantar os espectros característicos de isoladores defeituosos

3

e desenvolvendo um equipamento que venha de forma simples apresentar os espectros

problemáticos.

4

2 Objetivos do trabalho

Este trabalho tem como objetivo o desenvolvimento de um protótipo capaz de identificar

isoladores de redes de distribuição de energia elétrica que apresentem um estado avançado de

degradação, sendo possível a classificação dos mesmos como “Bom” ou “Ruim” (necessita que

seja trocado ou não).

Para realizar esta classificação (bom/ruim) serão correlacionadas as componentes de RF

emitidas pelos isoladores com o ângulo de defasamento entre a corrente de fuga e a tensão

aplicada.

5

3 Revisão Bibliográfica

Para melhor compreensão do assunto, realizou-se a revisão bibliográfica das técnicas de

inspeção de redes utilizadas atualmente pelas companhias de energia elétrica.

3.1 Inspeção instrumentalizada de redes de distribuição

Atualmente é possível encontrar no mercado alguns dispositivos para inspeção de redes

elétrica de distribuição. Estes equipamentos foram objeto de estudo de um projeto em parceria

entre LACTEC e COPEL (1), em que se analisaram as características principais de cada

equipamento de inspeção; termovisor, ultrassom e rádio interferência - RFI.

Estas técnicas de inspeção instrumental tem sua aplicação descrita em um

procedimento interno da COPEL denominado MIT – Manual de Instruções Técnicas, este manual

tem uma breve descrição do equipamento seguido da orientação de como utilizá-lo em campo

(5).

A inspeção em campo segue um roteiro, onde primeiramente com um detector de RFI

instalado com uma antena radial em um veículo automotor faz-se a varredura do local até a

detecção de ruídos que possam representar isoladores com defeitos. Esta etapa determina a

área que contem a fonte emissora do ruído captado, porém não sendo possível identificar a

estrutura em que está a fonte emissora.

A etapa a seguir consiste de uma inspeção ponto a ponto das estruturas contidas nesta

área com o equipamento de ultrassom que possui uma ponteira a laser e antena parabólica

possibilitando uma analise mais detalhada da estrutura a fim de determinar onde está o

componente defeituoso.

Outro ponto bastante importante apresentado na MIT da COPEL é que para todos os

métodos, é recomendo para uma boa interpretação dos resultados fornecidos pelos

equipamentos que os operadores devem desenvolver uma sensibilidade para avaliá-los,

recomendando-se a baixa rotatividade do pessoal desta função, ficando evidente a dificuldade

em se interpretar os resultados e a dependência do operador (5).

Vários trabalhos relatam, (1; 4; 6), que a inspeção utilizando os termovisores não se

mostrou muito eficaz na detecção de problemas em isoladores, mas bastante útil na identificação

6

de pontos quentes na rede causados por problemas como conexões, contatos ruis e pontos de

oxidação que provocam o aquecimento de condutores e conectores (7).

3.2 Técnicas ópticas

Pode-se considerar como a primeira técnica de inspeção de linha de distribuição a

inspeção visual sem nenhum instrumento auxiliar, ou com binóculos que corresponde ao

operador inspecionando a rede a olho nu. Esta técnica é extremamente dependente da

experiência do inspetor de redes, sendo bastante eficaz na identificação de galhos, objetos

encostados na rede e defeitos visíveis e que se encontrem no campo de visual do eletricista,

mas não eficaz na detecção dos isoladores que apresentam algum tipo de problema que não se

encontrem no campo visual do eletricista ou que não possa ser visualizado a olho nu.

A Figura 1 e Figura 2 ilustram, consecutivamente, um exemplo de inspeção visual e de

galhos em contato com a rede elétrica.

Figura 1: Inspeção instrumental visual (8)

Figura 2: Árvore em contato com a rede elétrica de distribuição

7

3.3 Termovisores

Os termovisores originalmente foram desenvolvidos para fins militares, utilizados na

detecção de inimigos em ambientes com fumaça ou noturnos para aumentar a segurança dos

atiradores. Com o passar dos anos o maior domínio da técnica ajudou a reduzir os custos

viabilizando a aplicação de câmeras térmicas em outras áreas.

Seu funcionamento é baseado na detecção e interpretação da radiação infravermelha

(0,4–1000 µm) comparando o valor medido com o modelo de radiação do corpo negro. Esta

teoria relata que todos os corpos que possuem temperaturas acima do zero absoluto (0 ºK)

emitem radiação dentro do espectro infravermelho sendo a intensidade proporcional a sua

temperatura (9).

Em um sistema em que circula uma corrente elétrica, esta poderá causar o aquecimento

caracterizando perdas por efeito Joule. Baseado nisso iniciou-se a aplicação de câmeras

térmicas na inspeção de pontos quentes nas redes de energia elétrica.

Os equipamentos auxiliares como câmeras de infravermelho (pirômetros e termovisores)

e câmeras de ultravioleta (para detecção de corona) são utilizados como detectores de pontos

de aquecimento devido à corrente elétrica de fuga, como conexões mal feitas que apresentem

aquecimento (1).

Quanto à aplicação desta técnica na inspeção de redes de distribuição há muita

discussão sobre o assunto, sendo que alguns afirmam que as medições devem ser feitas no

período noturno para minimizar a influencia da radiação solar, outros afirmam que esta deve ser

feita no horário de pico do consumo de energia, pois teoricamente se teria uma maior circulação

de corrente pela rede. Mas os fabricantes garantem a eficiência do equipamento em qualquer

horário afirmando que os equipamentos possuem um sistema de correção da radiação de fundo

(10).

A

Figura 3 a Figura 5 mostram na sequencia um equipamento de termovisão utilizado na

inspeção de redes, exemplo de um veiculo com o termovisor instalado para inspeção e exemplos

de imagem termográfica da rede em que se faz o diagnóstico da mesma.

8

Figura 3: Termovisor NEC modelo TH 5100 (4).

Figura 4: Veículo preparado para inspeção termográfica de redes de distribuição (1).

Figura 5: Imagem termográfica de isoladores de pino em uma linha de distribuição. Na imagem da direita pode-se observar o primeiro isolador de disco da cadeia apresentando um aquecimento se comparado aos

demais isoladores e cabos (1)

9

A aplicação desta técnica na inspeção de isoladores da rede de distribuição não se

mostrou eficiente, pois ao analisar os isoladores retirados de campo por apresentarem

aquecimento não se constatou problemas no isolamento elétrico em sua grande maioria tendo

um acerto de 20% (1), concluindo-se que o aquecimento dos mesmos pode ser devido a outras

fontes.

3.4 Técnicas sonoras

As descargas parciais geram ruídos de natureza audível e não audível. A identificação

das fontes de ruído audível, na rede de distribuição, é um trabalho difícil por apresentar a grande

dependência da interpretação do operador e o ruído escutado ou captado sofrer grande

interferência do meio, mesmo com o auxilio de microfones direcionais.

Um breve exemplo de um problema desta técnica é que um operador que tenha uma

audição com problemas irá fazer um diagnóstico diferente de um operador com audição

saudável.

3.5 Ultrassom

O ultrassom são ondas sonoras cuja frequência de oscilação está acima de 20 kHz.

Alguns animais (golfinhos e morcegos) possuem a capacidade de emitir ondas ultrassônicas

(11). Este fenômeno observado nestes animais foi foco de estudo para muitos pesquisadores

interessados em utilizar esta técnica para vários fins, como o desenvolvimento do sonar durante

a segunda guerra mundial permitindo a detecção de objetos submersos e avaliação da

profundidade dos mares (12).

Com o término da segunda guerra mundial e o desenvolvimento de novas aplicações o

ultrassom passou a ser aplicado em diversos campos, sendo estas aplicações divididas entre

aplicações de baixa intensidade e alta intensidade.

Basicamente as aplicações de alta intensidade são aquelas em que o ultrassom irá

produzir a alteração do meio em que está se propagando, alguns exemplos são a limpeza por

cavitação, solda e homogeneização de materiais, ruptura de células biológicas e terapia médica.

10

Aplicações de baixa intensidade são aquelas em que se emite um sinal ultrassônico

através de um meio com a finalidade de se obter informações do mesmo, podendo citar as

aplicações de diagnostico médico, ensaios não destrutivos de materiais e medidas das

propriedades elásticas de materiais.

Como é de conhecimento o ouvido humano consegue interpretar apenas sons de

frequências compreendidas entre aproximadamente 20 Hz e 20 kHz. Estudos determinaram que

descargas parciais, corona, arcos e trilhamento elétrico como sendo fontes de ultrassom (3; 12),

portanto para a detecção do ultrassom gerado pela rede de distribuição é necessário a utilização

de equipamentos específicos. Estes equipamentos basicamente detectam as ondas

ultrassônicas através de um transdutor piezoelétrico que converte o ruído sonoro em sinal

elétrico. Por meio de um circuito este sinal é convertido em sinal audível. No mercado são

encontrados alguns equipamentos que possuem somente um fone de ouvido para que o

operador possa ouvir o ruído do sinal de ultrassom, em outros além do fone de ouvido há um

indicador de intensidade sonora em dBu.

Na Figura 6 pode-se visualizar o detector de ultrassom SDT 170 utilizado para a

inspeção instrumental de isoladores. Este equipamento possui um sensor acoplado a antena

parabólica para que seja possível a realização de medidas direcionais (ponto a ponto). O

equipamento pode realizar medições de sinais compreendidos entre -10 dBu e 120 dBu e opera

na faixa de frequência entre 16 kHz e 190 kHz. Outro diferencial deste detector é a mira a laser,

permitindo que o operador mire diretamente no ponto em que se deseja inspecionar.

Figura 6: Detector de ultrassom SDT 170 (1).

11

O procedimento de inspeção de redes de distribuição com o equipamento de ultrassom é

realizado ponto a ponto nas estruturas a partir do solo, aproximadamente a uma distancia entre 8

m e 12 m do ponto de inspecionado. Como se pode verificar na Figura 7 o inspetor utilizando um

fone de ouvido para escutar o ruído captado e realizar o diagnostico dos componentes da rede

em questão. Pela interpretação ser realizada a partir do ruído escutado pelo operador com o

fone de ouvido, fica evidente a dependência do diagnóstico com a percepção do eletricista (1; 3;

5).

A Figura 8 ilustra um exemplo em laboratório da detecção do ponto de maior ruído em

um isolador, utilizando um equipamento de ultrassom com mira a laser.

Figura 7: Inspeção de redes de distribuição com a utilização de ultrassom (4; 5).

Figura 8: Verificação do ponto de ocorrência de maior intensidade de descargas através do sensor de ultrassom com mira a laser (12).

12

Ainda não há nenhum padrão que determine qual é o valor limite que um isolador pode

emitir de ruído, sendo que na literatura se encontra alguns valores sugeridos como acima 5 dB

(4) em uma medição de campo representaria um isolador ruim, enquanto outro estudo ponta o

valor de 13 dB (1) em medições de laboratório.

Um estudo realizado por Lundgaard (13) relata que a distância entre a fonte de ruído e o

equipamento de medição influência significativamente o resultado da medição, pois este sofrerá

um excesso de interferência ambiente, não permitindo a localização precisa da fonte de

descargas parciais. A principal vantagem da inspeção com ultrassom é que o inspetor se

encontra a distância do ponto inspecionado, podendo realizar a tarefa sem invadir áreas

proibidas, locais não seguros e regiões com concentração de altos campos eletromagnéticos.

Outro estudo determinou em laboratório que a situação mais eficiente de inspeção é

aquela em que o operador se encontra a uma distancia de 1,5 m da fonte de descarga e com o

medidor sintonizado em uma faixa de frequências de 35 a 45 kHz (14).

3.6 Rádio frequência Interferência - RFI

Em 1880 Heinrich Hertz iniciou pesquisas experimentais sobre a elasticidade dos gases

e a propagação de descargas elétricas através deles, concluindo em 1887 que estas descargas

geram ações que se manifestam em forma de ondas, criando os termos “ondas indutiva” ou

“ondas aéreas” sendo hoje denominadas como ondas hertzianas ou popularmente como ondas

de radiofrequência (RF) (12).

A radiação de campos eletromagnéticos no espaço livre é uma das formas mais

utilizadas para a transmissão de informação, de forma básica utiliza-se da técnica de modulação

de uma portadora. Sendo o alcance e a capacidade de transportar informação dependentes do

tipo de modulação, frequência da onda portadora, potência e sensibilidade do

transmissor/receptor e da eficiência de acoplamento do sistema emissor/meio/receptor (15).

As descargas parciais e corona produzem ondas eletromagnéticas que se propagam em

todas as direções a partir do ponto de geração possuindo frequências características que podem

interferir nos sistemas de comunicação. Com base neste fenômeno é que o equipamento de RFI

foi desenvolvido.

O principio de funcionamento do equipamento de RFI é semelhante ao de um rádio

convencional, onde é acoplada à entrada do aparelho uma antena para a captação do sinal de

13

RF. O sinal passará por um filtro sintonizável que pode ter sua frequência central variada,

varrendo o espectro de frequência em busca de uma faixa em que possa ser detectado o ruído

gerado pela estrutura, sendo então avaliada a interferência entre o ruído gerado pela estrutura

no sinal de fundo captado.

Na literatura há uma diversidade de faixas de frequência que caracterizam o ponto ótimo

de operação do detector de RFI, sendo sugerido por Shibab e Wong (16) que o sinal emitido seja

captado por uma antena bicônica na faixa entre 30 MHz e 300 MHz. Os dados são armazenados

e analisados estatisticamente através da média e mediana dos picos. Uma segunda forma

sugerida seria a análise do sinal medido através da transformada de Fourier. Estas técnicas têm

apresentado resultados satisfatórios na detecção de diferentes tipos de problemas em

isoladores.

Em um estudo realizado em parceria entre COPEL e LACTEC (1) constatou-se em

laboratório e em campo como sendo a faixa de operação ótima para a detecção de isoladores

com descargas parciais, a faixa de frequência compreendida entre 1.8 MHz e 40.2 MHz, sendo

confiável em relação a interferência externa. Para este estudo o equipamento utilizado pode ser

visualizado na Figura 9.

Figura 9: Equipamento de RFI Locator modelo 240ª

O equipamento em questão opera na faixa de frequência compreendida entre 1,8 MHz e

1000 MHz. Ao girar o botam de “FREQ” varia-se a frequência central do filtro passa-faixas

sintonizando o equipamento na frequência desejada. Há um visor em que permite observar a

forma de onda no domínio do tempo do ruído captado. Há um ajuste de ganho e um medidor de

intensidade do sinal ambos sem escalas em dB e dBm. O manual do equipamento não

apresenta informações sobre a largura de banda do filtro utilizado, dificultando a determinação

14

de exatamente qual seria a faixa de frequência total em que se compreende o ruído captado,

deixando a interpretação do resultado para a experiência do inspetor.

A Figura 10 exemplifica como é feita e o resultado de uma inspeção em campo,

enquanto que a Figura 11 e Figura 12 mostram o equipamento de RFI e o procedimento de

inspeção sugeridos pela COPEL (5).

Figura 10: Inspeção de redes de distribuição com a utilização do equipamento de rádio frequência (4).

Figura 11: Conjunto de equipamento de inspeção de radio interferência MIT 160919 (5)

15

Figura 12: Representação de uma inspeção em linha de transmissão de acordo com o manual da COPEL - MIT 160919 (5)

16

4 Fenomenologia

Para a melhor compreensão dos processos de degradação dos isoladores, se faz

necessário a compreensão dos conceitos e efeitos das descargas parciais e corona.

As descargas parciais têm sua terminologia normatizada pela IEC-270 e pela norma

brasileira NBR-6940 (17; 18). Encontra-se na literatura algumas divergências nestas definições,

segundo Kreuger (19) o termo “ionização” é utilizado incorretamente pela literatura inglesa e

estadunidense, que consideram o mesmo termo para o fenômeno de descarga parcial, e os

termos “ponto de ionização” e “nível de ionização” são igualmente incorretos.

A utilização da palavra “corona” na literatura estadunidense para definir descargas

parciais no interior de vazios e o termo “detector corona” utilizado para definir instrumentos de

medição de descargas parciais, também são considerados incorretos. A terminologia atual

diferencia as descargas em parcial interna, parcial superficial e descarga corona (17).

Sucintamente define-se descarga parcial como a descarga elétrica que ocorre em uma

região do espaço submetida a um campo elétrico, cujo caminho condutor formado pela descarga

não une os dois eletrodos de forma completa (20).

4.1 Descarga parcial interna

Nos processos de fabricação de equipamentos e materiais isolantes pode-se ter vazios

ou inclusões, bolhas de ar que se formam no interior do material durante seu processo de

fabricação ou algum “poluente” que venha a se misturar com a matéria base para a produção

dos isoladores (21).

Nestes vazios ou inclusões poderão iniciar as descargas parciais internas, a ocorrência

contínua destas descargas causará a alteração das propriedades das superfícies internas dos

vazios resultando em uma deformação do vazio, podendo gerar caminhos condutores

conhecidos como arborescência elétrica. O crescimento do processo de arborescência pode

levar o material à ruptura, formando um curto-circuito fase-terra (21).

A Figura 13 mostra a ocorrência de descargas no interior de vazios presentes em um

material dielétrico e a Figura 14 ilustra um processo de arborescência elétrica originada a partir

de descargas parciais internas.

17

Figura 13: Exemplo de descarga parcial interna (22)

Figura 14: Representação dos caminhos condutores gerados por descarga parcial em um material dielétrico polimérico (21)

Estes caminhos, arborescências, são canais preenchidos por materiais com

características condutoras, em sua maioria composta pelo carbono resultante das reações

químicas das moléculas do polímero sobre ação das descargas e vazios preenchidos com gases

também resultantes dessas reações. Dentro destes vazios também ocorrem descargas parciais

que aceleram o processo de crescimento da arborescência levando à ruptura do material (19),

(21).

4.2 Descarga parcial superficial

A descarga parcial superficial ocorre quando o campo elétrico paralelo à superfície de

um material dielétrico ultrapassa um determinado valor critico, devido a alterações na

18

condutividade da mesma, e assim inicia-se o processo de descargas entre o eletrodo e a

superfície do material (descargas elétricas superficiais) como mostra a Figura 15.

Figura 15: Representação da descarga parcial superficial em um material dielétrico polimérico (12)

Este efeito se caracteriza pela passagem de corrente elétrica superficial com alta

dissipação de calor resultando na degradação não uniforme do material dielétrico, favorecendo o

surgimento de bandas secas que ao interromperem o fluxo de corrente deformam o campo

elétrico que deixa de ser homogêneo podendo provocar o aumento das descargas parciais

superficiais agravando o processo de degradação do material isolante e iniciando a formação de

trilhamento ou trilhas elétricas (23; 24).

O trilhamento elétrico se propaga na direção do campo elétrico podendo levar a ruptura

do dielétrico, pois com o tempo irá se formar um caminho condutor com baixa impedância

superficial reduzindo a distância de arco e a distância de escoamento do isolador (24), pode-se

verificar um exemplo de trilhamento elétrico em um isolador na Figura 16.

19

Figura 16: Isolador cerâmico danificado por trilhamento (12)

Outros fatores podem promover o envelhecimento de isoladores de redes aéreas, como

radiação, calor, forças mecânicas, poluentes, proporcionam um ambiente propício para a

ocorrência de descargas parciais superficiais (25).

4.3 Descarga parcial corona

A descarga parcial corona ocorre a partir de eletrodos metálicos com pontas agudas que

causam um intenso campo elétrico em sua extremidade. A descarga irá ocorrer quando o valor

crítico da rigidez dielétrica do ar for ultrapassado, gerando assim uma descarga para o ar,

também conhecido como ionização do ar.

Ozônio, uma composição instável de oxigênios, é frequentemente gerado durante este

processo. A borracha, utilizada em equipamentos de proteção para manutenção de linha viva, é

bastante degradada pelo ozônio podendo acelerar o processo de envelhecimento do material.

Em um ambiente com umidade suficiente o ácido nítrico pode ser gerado, sendo que ambos

componentes (ácido nítrico e ozônio) gerados tem efeito prejudicial nos materiais, inclusive sobre

isoladores elétricos.

Na ocorrência destas descargas certa quantidade de energia é liberada na forma de luz,

som, partículas carregadas eletricamente e ondas eletromagnéticas na faixa de rádio frequência,

causando interferência nos sistemas de telecomunicações situados próximos às redes de

energia elétrica (26).

Um exemplo deste tipo de descarga pode ser visualizado na Figura 17.

20

Figura 17: Efeito corona (27)

21

5 Parte Experimental

5.1 Materiais Utilizados e Equipamentos

Para a realização dos experimentos foram utilizados os equipamentos e materiais

apresentados na sequencia:

5.1.1 Estufa

Foi utilizada a estufa da marca FANEN modelo 320 SE, ilustrada na Figura 18, com

circulação de ar forçada para realizar a secagem dos isoladores antes da realização dos

ensaios.

Figura 18: Estufa utilizada na secagem dos isoladores de pino.

5.1.2 Fonte de Tensão

Foi utilizado o “Multi Test Set” da marca Haefely modelo E 105.3 com o painel de

controle modelo 273. Durante os ensaios a fonte aplicou uma tensão fase-terra de 8 kV com uma

frequência de 60 Hz. A fonte pode ser visualizada na Figura 19.

22

Figura 19: Fonte de tensão CA.

5.1.3 Multímetro Digital

Para verificar a tensão aplicada pela fonte utilizou um multímetro digital da marca Fluke

modelo 87V True RMS Multimeter ilustrado pela Figura 20. A fonte de tensão era conectada a

um divisor capacitivo para que a tensão aplicada pudesse ser visualizada pelo multímetro.

Figura 20: Multímetro da marca Fluke utilizado nos ensaios.

Um multímetro de mesma marca e modelo foi utilizado para a medição da tensão de

saída do protótipo desenvolvido.

23

5.1.4 Osciloscópio

O osciloscópio da marca Tektronix modelo TPS2024 ilustrado na Figura 21, foi utilizado

nos ensaios para a medição, visualização e comparação das formas de ondas dos sinais

medidos pela ponta de prova capacitiva, bobina de Rogowski e corrente de fuga do isolador na

primeira parte experimental, na segunda parte experimental além destes também foram medidos

os sinas gerados pelo RFI Locator.

Figura 21: Osciloscópio Tektronix modelo TPS2024

5.1.5 Ponta de Prova Capacitiva

Para a medição no osciloscópio da tensão aplicada no isolador ensaiado usou-se a

ponta de prova para alta tensão da marca Tektronix modelo P6015, ilustrada na Figura 22.

Figura 22: Ponta de prova capacitiva Tektronix P6015

24

5.1.6 Resistor Shunt

Para auxiliar na medição da corrente de fuga utilizou-se de um resistor shunt conectado

ao pino do isolador, exemplificado no diagrama do item 5.2, sendo assim a medida de corrente

foi calculada a partir da queda de tensão no resistor. O resistor shunt pode ser visualizado na

Figura 23.

Figura 23: Resistor Shunt

5.1.7 Analisador de Espectro

Para analisar as faixas de frequências em que os isoladores geravam componentes de

RF e os níveis de sinais se fez necessário a utilização de um analisador de espectro sendo

utilizado o equipamento da marca Rohde & Schwarz e modelo ESCS30, ilustrado na Figura 24.

Figura 24: Analisador de espectro Rohde & Schwarz modelo ESCS30

25

5.1.8 Detector de RFI

Na segunda parte experimental fez-se uma comparação entre as técnicas de inspeção

utilizadas em campo. Para determinar o RFI gerado pelo isolador foi utilizado o equipamento RFI

Locator modelo 240A da marca Radar Engineers sintonizado em 40 MHz. O equipamento pode

ser visualizado na Figura 25.

Figura 25: Equipamento de RFI Locator modelo 240A

5.1.9 Ultrassom

Para a medição dos níveis de ultrassom dos isoladores na segunda parte experimental

foi usado o medidor da marca SVT modelo SDT170, o equipamento pode ser visualizado na

Figura 26.

Figura 26: Medidor de ultrassom marca SDT modelo SDT170

26

5.1.10 Antena

Foi utilizada a antena da marca LARSEN modelo NMOQ, ilustrada na Figura 27. Para

fins de compatibilidade dos resultados utilizou-se a mesma antena em todos os equipamentos de

medição de componentes de RF (Analisador de espectro, RFI Locator e o protótipo

desenvolvido). Esta antena acompanha o equipamento de medição de RFI utilizado pelas

equipes de inspeção em campo.

Figura 27: Antena da marca LARSEN modelo NMOQ

5.1.11 Bobina de Rogowski

Utilizou-se a bobina de Rogowski do modelo CI-F5.0-B da marca Bergoz, ilustrada na

Figura 28. Esta bobina é utilizada para a medição da ocorrência de descargas parciais nos

isoladores.

Figura 28: Bobina de Rogowski

27

5.1.12 Isoladores de Pino Cerâmicos

O objeto de estudo para a realização deste trabalho foi o isolador de pino cerâmico que

possui uma larga utilização nas redes de distribuição aérea. Um modelo semelhante ao utilizado

pode ser visualizado na Figura 29.

Figura 29: Isolador de Pino

5.2 Arranjo do Ensaio

O padrão do arranjo do ensaio e equipamentos utilizados em laboratório está

demonstrado no diagrama da Figura 30.

Figura 30: Diagrama do arranjo de ensaio de tensão aplicada.

O arranjo de ensaio consiste de um tripé metálico, no qual foi colocado em sua

extremidade superior um segmento de cruzeta polimérica, onde são fixados os isoladores de

pino a serem testados. O condutor é simulado por um tubo de alumínio preso com uma borracha

28

ao isolador para evitar pontas ou gaps. Também foram colocados nas extremidades do condutor,

alívios de campo elétrico a fim de eliminar a geração de possíveis ruídos que poderiam interferir

sobre os resultados do experimento. Utilizou-se um arame de alumínio para fazer a conexão

entre um dos alívios de campo e a fonte de alta tensão. Em todos os ensaios aplicou-se uma

tensão CA fase-terra de 8 kV sobre os isoladores.

Adotou-se como distância padrão entre o isolador e a antena quatro metros devido a

limitações do espaço físico em que foram realizados os ensaios.

5.3 Métodos

O método a ser aplicado ao desenvolvimento deste trabalho consistiu em quatro partes,

sendo a primeira parte a separação de um conjunto de dez isoladores de pino a serem utilizados

nos ensaios. A segunda parte consistiu em uma pré-análise de três isoladores de pino, conforme

o estado de degradação sendo classificados como bom, médio e ruim, objetivando o

levantamento das faixas de frequência a serem estudadas. Na terceira parte o estudo será

estendido ao conjunto dos 10 isoladores de pino dentro das faixas de frequências selecionadas

na etapa anterior. A quarta e última etapa será dedicada ao desenvolvimento do protótipo e a

avaliação de seu desempenho aplicando-se a mesma metodologia utilizada na terceira etapa.

5.3.1 Primeira Etapa – Seleção dos Isoladores de Pino

Com base em estudos anteriores desenvolvidos pelo LACTEC e UFPR (1; 4; 28) será

selecionada uma amostra de dez isoladores de pino de uma população retirada de campo. Estes

representarão três possíveis situações encontradas em campo, isoladores com baixo índice de

descargas parciais, nível médio de descargas parciais e com alto índice de descargas parciais.

5.3.2 Segunda Etapa – Seleção das Faixas de Frequências

Para a seleção das faixas de frequências a serem utilizadas nas etapas seguintes, serão

testados três isoladores que representem as três situações do processo de degradação, isolador

29

bom, com nível baixo de descargas parciais, isolador com nível intermediário de descargas

parciais e com alto nível de descargas parciais.

Para os três isoladores serão avaliadas as faixas de frequências de 500 kHz a 100 MHz,

100 MHz a 200 MHz, 200 MHz a 300 MHz, 300 MHz a 400 MHZ e 400 MHz a 500 MHz afim de

se determinar a faixa em que o ruído gerado pelos isoladores se mostra mais evidente.

5.3.3 Terceira Etapa – Análise dos Isoladores

Após a determinação da melhor faixa a ser estudada, descrita na segunda etapa, serão

realizados os ensaios dos dez isoladores escolhidos na etapa um, onde pretende-se levantar o

espectro de fundo, o espectro gerado por cada isolador, bem como a corrente de fuga e o sinal

detectado pela bobina de Rogowski.

Esta etapa será realizada para duas situações distintas. A primeira situação será

realizada com os isoladores secos após passarem duas horas em uma estufa a 90 °C. A

segunda situação consistirá do ensaio dos isoladores úmidos, após passarem a noite sob efeito

da umidade.

5.3.4 Desenvolvimento do Protótipo e Avaliação de Desempenho

5.3.4.1 Desenvolvimento do Protótipo

A partir dos dados experimentais coletados pode-se realizar a determinação dos

parâmetros de projeto do protótipo, faixa de frequência de operação e nível mínimo de sinal de

entrada. Com base nestes parâmetros pretende-se definir os filtros e amplificadores a serem

utilizados.

Durante o desenvolvimento dos projetos estes terão seus desempenhos analisados

através de simulações com o software “Qucs” (29) que possibilitará a realização de simulações e

analises de circuitos de RF. Serão analisados os desempenhos de circuitos projetados e

componentes comerciais.

Após definição do projeto a ser implementado serão iniciados os processos de compra

de componentes e montagem do protótipo.

30

5.3.4.2 Avaliação de Desempenho

Para avaliar o funcionamento do protótipo desenvolvido, serão realizados ensaios sobre

a mesma população de isoladores utilizados na terceira etapa. Neste caso serão considerados

os isoladores em uma condição ambiente, sem sofrer qualquer método de condicionamento

(úmido ou seco), para se simular uma situação de operação normal dos isoladores.

Além das medições padrões de corrente de fuga, tensão aplicada e descargas parciais

através da bobina de Rogowski serão realizados os levantamentos do espectro de frequência

para a faixa considerada ótima para o projeto.

Para se ter um paralelo entre os valores medidos pelo protótipo a ser desenvolvido e os

resultados das outras técnicas de inspeção serão realizadas medidas da intensidade de

ultrassom gerado pelos isoladores e os níveis de RFI.

5.3.5 Técnicas Padrão

5.3.5.1 Medição de descarga parcial com a bobina de Rogowski

O sistema de medição adotado nos ensaios e ilustrado na Figura 30 consiste em uma

bobina de Rogowski instalada na base do pino do isolador, entre a cruzeta e o isolador. É

conectada por um cabo BNC a um “casador” de impedância ligado em um dos canais do

osciloscópio. A detecção de sinais com a bobina de Rogowski é uma técnica utilizada para a

detecção de descargas parciais onde se mede o ruído da corrente de fuga que circula pelo pino

do isolador.

5.3.5.2 Medição da Corrente elétrica de fuga

Para registrar a corrente de fuga do isolador como ilustrado na Figura 30, o pino deste é

ligado em série a um resistor shunt e o mesmo aterrado. Está técnica possibilita o registro da

tensão equivalente detectada pela ponta de prova de alta tensão e forma de onda da corrente de

fuga possibilitando se obter o ângulo de defasamento entre a tensão e a corrente. Para a

determinação da corrente de fuga são considerados os valores pico a pico do sinal medido pelo

31

osciloscópio. Por se tratar de um sistema capacitivo quanto melhor o estado do isolador mais

capacitivo é o sistema, assim o ângulo de defasamento deve estar próximo a 90º.

5.3.5.3 Levantamento do espectro de frequências

Para o levantamento do espectro de frequências durante os ensaios utilizou-se uma

antena conectada a um analisador de espectro que realizou as varreduras do espectro de

frequências.

5.3.5.4 Detecção do nível de Ultrassom

A uma distancia de quatro metros do isolador se realizou a medição do nível de

ultrassom gerado. Para análise considerou-se o valor máximo medido em dBu.

5.3.5.5 Detecção dos ruídos de RFI com equipamento comercial

Como referência considerou-se a mesma distância de quatro metros utilizada no

levantamento do espectro de frequência e na medição do nível de ultrassom. Os resultados

foram analisados a partir das imagens geradas no visor do equipamento comercial de RFI

utilizado.

32

6 Resultados e Discussão

Nesta sessão serão discutidos e apresentados os resultados obtidos em cada etapa do

desenvolvimento do presente trabalho.

6.1 Seleção dos Isoladores de Pino

Com base em estudos anteriores desenvolvidos pelo LACTEC e UFPR (1; 4; 28) de uma

população de 127 isoladores de pino retirados de campo pela COPEL-DIS, e com base nos

resultados de medida do nível de ruído gerado por eles foram selecionados 10 isoladores de

pino divididos nas condições baixo índice de descargas parciais, nível médio de descargas

parciais e com alto índice de descargas parciais. A Tabela 1 apresenta os isoladores

selecionados, a nomenclatura adotada no trabalho para cada isolador e a classificação quanto

ao nível de descargas parciais.

Tabela 1: Isoladores selecionados, nomenclatura adotada e classificação do nível de descargas parciais

Isolador Nomenclatura Classificação

IB01 B1 Baixo

66 B2 Baixo

Isolador 6 M1 Médio

IB09 M2 Médio

IB06 R1 Alto

SN01 R2 Alto

IB14 R3 Alto

IB10 R4 Alto

IB12 R5 Alto

IS01 R6 Alto

6.2 Seleção das Faixas de Frequências

Para otimização do ensaio realizou-se uma etapa preliminar do mesmo com somente

três isoladores (B1, M1 e R1) classificados como em bom estado, estado de degradação médio e

com alto índice de descargas parciais. Esta parte do trabalho objetivou determinar quais seriam

33

as faixas de frequência a se analisar, pois há uma infinidade de possíveis pontos ótimos de

operação sugeridos na literatura (1; 16) e também foi uma forma de se verificar alguns

resultados publicados. Foram analisadas preliminarmente as seguintes faixas, 500 kHz a 100

MHz, 100 MHz a 200 MHz, 200 MHz a 300 MHz, 300 MHz a 400 MHZ, 400 MHz a 500 MHz.

Para o cálculo do nível de ruído gerado utilizou-se somente as medições do analisador de

espectro compreendidas entre 10 MHz e 60 MHz por ser a faixa onde a geração de

componentes de RF se mostrou mais evidente.

Pode-se observar pela Figura 31 a Figura 33 os resultados obtidos pelo analisador de

espectro para os isoladores B1, M1 e R1 para a faixa de frequência entre 500 kHZ e 100 MHz.

Figura 31: Comparação entre o espectro de frequência de um isolador bom com o ruído de fundo "Branco" na faixa de 500 kHz e 100 MHz

Figura 32: Comparação entre o espectro de frequência de um isolador que apresentou um nível médio de descargas parciais com o ruído ambiente "Branco" na faixa de 500 kHz e 100 MHz

0

10

20

30

40

50

60

70

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

dB

µV

Freqüência [MHz]

Isolador em Bom estado

B1

Branco

0

10

20

30

40

50

60

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

dB

µV

Freqüência [MHz]

Isolador em médio de descargas parciais

M1

Branco

34

Figura 33: Comparação entre o espectro de frequência de um isolador que apresentou um nível médio de descargas parciais com o ruído ambiente "Branco" na faixa de 500 kHz e 100 MHz

A Figura 33 deixa claro que a faixa compreendida entre 10 MHz e 60 MHz é a que

apresentou maior destaque do ruído eletromagnético gerado pelo isolador comparado com o

valor de referência (“Branco”) do local da medição, por isso se adotou esta faixa de frequência

como referência para os estudos desenvolvidos.

6.3 Análise dos Isoladores

Na sequencia são apresentados os resultados obtidos com a fase de levantamento do

espectro de frequências.

Para ser possível a comparação entre os resultados obtidos pelo analisador de espectro

foram realizadas duas medidas, sendo uma com todos os equipamentos do laboratório

desligados para a determinação do ruído de fundo no ambiente de ensaio onde se utilizou a

nomenclatura “Branco”, e outra com apenas a fonte de tensão ligada para a determinação do

ruído gerado por ela sendo intitulada como “Fonte”. A partir destes sinais pode-se determinar

qual é o ruído gerado pelos isoladores.

Devido a semelhança entre os valores medidos “Branco” e “Fonte” adotou-se como

referencia somente os dados do ruído de fundo do ambiente “Branco”.

A

0

10

20

30

40

50

60

70

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

dB

µV

Freqüência [MHz]

Isolador com alto índice de descargas parciais

R1

Branco

35

Tabela 2 e Tabela 3 apresentam os resultados obtidos na terceira parte experimental

para os isoladores secos e úmidos respectivamente. Pode-se visualizar a corrente de funga (I

Fuga), o ângulo de fase [graus°] e o nível de sinal captado (RF [dBm]) na faixa entre 10 MHz e

60 MHz.

Para a classificação de bom ou ruim foi considerado como limiares -60 dBm para o nível

de sinal recebido (> Ruim, < Bom) e para o ângulo de defasamento se considerou 60° (> Bom, <

Ruim).

Tabela 2: Resultado obtido no ensaio dos isoladores secos

Nom. I Fuga [A] Ângulo[°] RF [dBm]

Branco - - -64,28488329

B1 8,00E-04 87,305389 -65,06349981

B2 4,00E-03 37,832335 -66,10818228

M1 1,00E-03 84,934132 -64,84150584

M2 1,10E-03 83,209581 -65,05474964

R1 3,60E-03 48,071856 -53,59221145

R2 2,00E-03 74,155689 -61,97847521

R3 4,00E-03 54,862275 -58,2784396

R4 1,50E-02 44,191617 -52,92973669

R5 4,00E-03 64,239521 -56,75095132

R6 3,00E-03 46,994012 -57,02693517

Seco

Ao considerar como limiar para identificação dos isoladores ruins somente a potência

recebida de -60 dBm, seriam classificados como ruins os isoladores R1, R3, R4, R5 e R6,

enquanto que os isoladores B1, B2, M1, M2 e R2 seriam classificados como bons.

Considerando ainda somente os resultados dos isoladores secos e a população de 10

isoladores e comparando o resultado proposto pela analise das componentes de RF com os

resultados do ângulo de fase tem-se um acerto de 80% dos casos medidos, pois ao escolher

como limiar o ângulo de fase 60º deveriam ser detectados como ruins os isoladores B2, R1, R3,

R4, R6 e como bons os demais B1, M1, M2, R2, R5. As únicas discordâncias entre os resultados

é o isolador B2 que não foi detectado como ruim e o isolador R5 que foi detectado como ruim

pelo método das emissões de RF caracterizando dois erros na detecção correspondendo para

esta amostragem o equivalente a 80% de acerto.

Ao se analisar a corrente de fuga e as descargas parciais o isolador R5 mesmo estando

com o ângulo de fase um pouco superior a 60º este seria um diagnostico correto devido sua

corrente de fuga elevada na ordem de 4 mA e o alto índice de descargas parciais detectado. O

único isolador que não foi de fato detectado corretamente foi o B2 por não apresentar descargas

36

parciais mesmo com uma corrente de fuga elevada. Assim a taxa de assertividade é de 80% a

90% para este caso.

A Figura 34 mostra em um gráfico ângulo de defasamento [ °] pelo nível de sinal

recebido em [dBm] para uma melhor visualização dos resultados. As linhas vermelhas indicam

os limiares de detecção discutidos anteriormente e as regiões vermelha e verde representam as

zonas em que se teria a correta detecção dos isoladores.

Figura 34: Ângulo de defasamento entre tensão e corrente [ °] versus a potência recebida [dBm] para os isoladores secos. As linhas vermelhas representam os limiares de detecção. A área vermelha (Ruim) indica

a região em que devem se encontrar os isoladores ruins. A área verde (Bom) determina a região em que devem se encontrar os isoladores em boas condições. As demais áreas em branco caracterizam quando há a detecção incorreta de um isolador, sendo este identificado como ruim estando bom ou bom estando ruim.

Os resultados dos ensaios com os isoladores úmidos podem ser observados na Tabela

3.

-68

-66

-64

-62

-60

-58

-56

-54

-52

-50

0 20 40 60 80 100

dB

m

Ângulo de defasamento [ °]

Isoladores SECOS

B1

B2

M1

M2

R1

R2

R3

R4

R5

R6

Ruim

Bom

37

Tabela 3: Resultado obtido no ensaio dos isoladores úmidos

Nom. I Fuga [A] Ângulo[°] RF [dBm]

Branco -64,28488329

B1 2,75E-03 78,251497 -58,53876068

B2 2,00E-03 80,838323 -66,44513692

M1 2,75E-03 76,311377 -64,39350394

M2 2,00E-03 79,113772 -58,69919001

R1 4,00E-03 39,125749 -64,5898311

R2 4,00E-03 41,281437 -57,37581794

R3 2,00E-03 81,48503 -66,58421544

R4 1,75E-02 34,491018 -56,27894077

R5 8,50E-03 39,664671 -58,36020197

R6 5,50E-03 31,365269 -63,80622565

Úmido

Para a análise dos resultados obtidos para os isoladores úmidos foram usados os

mesmos limiares de detecção discutidos a partir dos resultados obtidos para os isoladores secos

(potência recebida de -60 dBm e ângulo de defasamento de 60º). Foi considerado como

referência o ângulo de fase por representar melhor o estado de degradação do isolador, pois

com a presença da umidade ocorre um aumento no valor da corrente de fuga.

Analisando o nível de componentes de RF medidos, os isoladores B1, M2, R2, R4 e R5

seriam detectados como ruins e os demais como bons (B2, M1, R1, R3 e R6). Enquanto que a

análise do ângulo de fase acusou como ruim os isoladores R1, R2, R4, R5, R6 e como bons B1,

B2, M1, M2 e R3.

Ao confrontar os dois diagnósticos tem-se que para a situação em que os isoladores se

encontram úmidos a detecção é correta somente para os isoladores B2, M1 e R3 como bons e

R2, R4 e R5 como ruins, representando um acerto de 60%.

A Figura 35 ilustra em um gráfico (ângulo de defasamento [ °] por nível de sinal recebido

em [dBm] para uma melhor visualização dos resultados. As linhas vermelhas indicam os limiares

de detecção discutidos anteriormente e as regiões vermelha e verde representam as zonas em

que se teria a correta detecção dos isoladores.

38

Figura 35: Ângulo de defasamento entre tensão e corrente [ °] versus a potência recebida [dBm] para os isoladores úmidos. As linhas vermelhas representam os limiares de detecção. A área vermelha (Ruim) indica

a região em que devem se encontrar os isoladores ruins. A área verde (Bom) determina a região em que devem se encontrar os isoladores em boas condições. As demais áreas em branco caracterizam quando há a detecção incorreta de um isolador, sendo este identificado como ruim estando bom ou bom estando ruim.

Comparando as duas situações (“seco” e “úmido”) se pode afirmar que quando ocorre a

redução das descargas parciais há uma redução das componentes de RF geradas

caracterizando que estas podem ser consequência direta das descargas parciais presentes nos

isoladores.

Outro ponto interessante foi o de que para alguns isoladores com a presença da

umidade estes apresentaram um valor maior de corrente de fuga, porém menor nível de

descargas parciais e ruído eletromagnético. Este efeito pode ser relacionado ao fato de que a

umidade preencheu vazios que geravam descargas parciais e aumentou a condução do isolador

(4).

6.4 Especificação e Desenvolvimento

A partir da etapa anterior foi possível confirmar que a melhor faixa de operação para o

detector a ser desenvolvido seria a compreendida entre 10 MHz e 60 MHz.

-68

-66

-64

-62

-60

-58

-56

-54

0 20 40 60 80 100

[dB

m]

Ângulo [ °]

Isoladores ÚMIDOS

B1

B2

M1

M2

R1

R2

R3

R4

R5

R6

Ruim

Bom

39

Estudou-se a possibilidade de se projetar um filtro para esta faixa de frequência, mas

algumas dificuldades surgiram. Por se tratar de um sinal de RF de baixa intensidade e frequência

relativamente alta se tornou bastante complexa a tarefa de se desenvolver filtros ativos, pois esta

faixa de frequência está acima da faixa de operação dos amplificadores operacionais mais

tradicionais.

Após um estudo sobre o projeto de filtros de RF foi observado que os resultados dos

mesmos sofriam grandes alterações devido a leves flutuações dos valores de componentes

discretos além da dificuldade em encontrar componentes eletrônicos de determinados valores no

mercado.

A Figura 36 ilustra a simulação de um filtro passa-faixa (6 MHz - 60 MHz) projetado

baseando-se na tabela de constantes para filtros Chebyshev de ordem cinco feito através da

associação de dois filtros, um passa-alta com limite inferior em 6MHz e um passa-baixas com

limite superior em 60 MHz.

Figura 36: Simulação de filtro passa-faixas projetado

Como se pode verificar na Figura 36 o filtro não apresentou o comportamento esperado

a partir dos dados de projeto. Ao se observar o gráfico da Figura 36 pode-se verificar que o limite

superior, que deveria ter o início da queda em 60 MHz apresenta na simulação um deslocamento

do limite superior para 30 MHz. Devido a esta dificuldade optou-se pela procura de soluções

encontradas no mercado.

40

Vale salientar que o exemplo ilustrado da Figura 36 foi apenas um dos vários filtros

projetados, mas por não terem apresentado resultados satisfatórios e nem terem sido aplicados

ao projeto estão somente ilustrando parte do desenvolvimento e estudos realizados durante o

trabalho.

Com base nos resultados experimentais onde verificou-se que a melhor faixa para

detecção dos sinais de RF é entre 10 MHz e 60 MHz e com informações dos datasheets dos

fabricantes de filtros comerciais realizou-se cálculos da potência de sinal que seria captada por

cada um deles. Os resultados obtidos são apresentados no gráfico da Figura 37.

Figura 37: Comparação do nível de sinal recebido para diferentes filtros

Observando-se o gráfico da Figura 37 verifica-se que a banda de passagem

compreendida entre 8,5 MHz e 44 MHz apresenta uma melhor separação entre os pontos dos

isoladores ruins e bons identificados pelo ângulo de defasagem e não há grande perda de nível

de sinal em dBm. Por se tratar de uma faixa de passagem bem ampla foi necessário fazer uma

associação de filtros, sendo um filtro passa-baixa com frequência de corte em 44 MHz e um

passa-alta com frequência de corte em 8,5 MHz.

Várias opções surgiram ao longo do trabalho quanto ao método de analise do sinal,

como por exemplo, analise do sinal de RF por um micro controlador atuando como um

-80

-75

-70

-65

-60

-55

-50

0 20 40 60 80 100

[dB

m]

Ângulo [ °]

Análise das faixas de operação

35MHz-49MHz

26-60Mhz

8,5-60Mhz

8,5-44Mhz

20-60Mhz

41

analisador de sinais no domínio da frequência, mas como o intuito do trabalho era de se

desenvolver um dispositivo barato e prático optou-se pela análise dos níveis de sinal captados

pela antena. Este resultado conduziu à seleção do circuito integrado denominado amplificador

logarítmico desenvolvido para detecção de sinais de RF, disponível comercialmente. Este

componente converte um nível de sinal de RF na entrada para um nível de tensão em volts na

saída seguindo uma relação linear entre o nível de entrada em dBm e o nível de saída em volts.

Comparando a curva de resposta do dispositivo escolhido com os níveis de sinal que

devem ser detectados verificou-se que para um sistema composto somente do filtro passa-faixa

e o detector de sinal este estaria operando no limite inferior de sua curva de resposta, quase no

limite de saturação, com isso junto ao mesmo fabricante dos filtros escolheu-se um amplificador

de ganho aproximadamente 30 dB para deslocar a faixa de operação de -60 dBm para -30 dBm

como ilustrado na Figura 38.

Figura 38: Resposta do CI de detecção e analise da faixa de operação com ou sem amplificador (30)

Com os componentes selecionados e calculados o diagrama de blocos do sistema a ser

desenvolvido é o representado na Figura 39.

42

Figura 39: Diagrama de blocos do detector desenvolvido

Para se avaliar a resposta dos parâmetros de espalhamentos do circuito de RF projetado

(filtros e amplificador), realizou-se a simulação do esquemático apresentado na Figura 40. O

resultado desta simulação pode ser visto na Figura 41.

Figura 40: Esquemático da simulação

Figura 41: Gráfico da simulação dos parâmetros de espalhamento S11 e S21

43

Através da simulação foi possível analisar o desempenho dos filtros e do amplificador

verificando que o amplificador tem uma resposta estável para a faixa de frequência escolhida,

pois não apresenta zonas de instabilidade próximas a esta (S11>0 - instável). A resposta da

banda de passagem apresentou uma boa linearidade com um ripple inferior a 0,5 dB.

6.4.1 Desenvolvimento do Circuito

Ao analisar os datasheets dos componentes escolhidos foi constatado que não havia a

necessidade de muitos componentes periféricos complementares para a operação básica dos

mesmos, por isso a partir dos modelos sugeridos pelos fabricantes e placas de testes

desenvolveu-se o circuito mostrado na Figura 42.

Figura 42: Circuito do protótipo

Como os filtros e amplificadores eram do tipo montagem de superfície (surface mount)

adotou-se o mesmo para todos os outros componentes do circuito, utilizando-se componentes

SMDs.

Após o desenho do circuito e escolha dos tamanhos dos componentes gerou-se o layout

da placa de circuito impresso (Figura 43), dando inicio a etapa de confecção do protótipo.

44

Figura 43: Leiaute da placa de circuito impresso do protótipo

6.4.2 Confecção do Protótipo

As imagens a seguir ilustram o processo de confecção e operação do protótipo. A Figura

44 é um exemplo da placa de circuito impresso confeccionada não sendo exatamente a mesma

da Figura 45, pois foram feitas duas placas utilizando a que possuía melhor acabamento para

montagem do protótipo.

Figura 44: Placa de circuito impresso corroída

Figura 45: Placa com os componentes soldados

Na Figura 46 pode-se visualizar a caixa do protótipo com sua entrada conectada a

antena utilizada para realizar as medições em laboratório, enquanto que a Figura 47 mostra

45

como o detector é operado para realizar as medições. Foi utilizado como fonte de alimentação

duas baterias de 9 V em série.

Figura 46: Detector conectado a antena

Figura 47: Detector em operação

Nos testes iniciais para verificar o funcionamento do equipamento e compará-los aos

resultados dos outros métodos utilizou-se um multímetro conectado a saída do equipamento

configurado para medir tensão continua. Como os valores sofriam uma considerável flutuação e

aplicou-se o recurso de média disponível no multímetro, sendo estes valores considerados nas

análises do item 6.5.

46

6.5 Resultados do Protótipo

Para avaliar o desempenho do protótipo desenvolvido realizou-se o ensaio da mesma

família de isoladores amostrada. Os resultados do experimento podem ser visualizados na

Tabela 4. São ilustrados os resultados da corrente de fuga (I Fuga [A]), ângulo de defasamento

[°], nível de sinal medido pelo analisador de espectro para a faixa de frequência entre 10 MHz e

60 MHz (RF [dBm]), a interpretação do aparelho utilizado na inspeção instrumental RFI Locator

(RFI), nível de ultrassom medido no isolador (Ultrassom [dBu]) e o valor de tensão medido na

detecção utilizando o protótipo desenvolvido (Protótipo [V]).

Tabela 4: Resultados obtidos na segunda parte experimental

Nom. I Fuga [A] Ângulo[°] RF [dBm] RFI Ultra-som [dBu] Protótipo [V]

Branco - - -64,28488329 - - -

B1 1,60E-04 66,179641 -63,63734416 Nivel baixo 17 1,367

B2 8,00E-05 62,51497 -52,27293564 Sem ruído 0 1,358

M1 7,00E-05 68,326707 -62,02327685 Sem ruído 0 1,4

M2 7,00E-05 68,011976 -55,92773825 Sem ruído 12 1,394

R1 4,00E-03 7,005988 -61,95587233 Nivel Alto 24 1,504

R2 2,75E-04 28,670659 -50,5382527 Nivel Alto 14 1,418

R3 5,00E-04 21,762108 -53,48169517 Nivel Baixo 28 1,372

R4 2,25E-03 26,838323 -55,87498475 Nivel Alto 39 1,492

R5 8,40E-04 37,293413 -51,22950721 Nivel Alto 19 1,472

R6 5,20E-04 15,736527 -56,75917518 Nivel Alto 25 1,428

Ensaio Protóripo

Aplicando-se a mesma metodologia utilizada na segunda e terceira etapas experimental

realizou-se o levantamento do espectro de frequência na faixa entre 10 MHz e 60 MHz e obteve-

se o comparativo do nível de sinal medido pelo analisador de espectro em [dBm] com o ângulo

de defasamento, O resultado é mostrado na Figura 48.

47

Figura 48: Ângulo de defasamento entre tensão e corrente [ °] versus a potência recebida [dBm] medida pelo

analisador de espectro. As linhas vermelhas representam os limiares de detecção. A área vermelha (Ruim) indica a região em que devem se encontrar os isoladores ruins. A área verde (Bom) determina a região em

que devem se encontrar os isoladores em boas condições. As demais áreas em branco caracterizam quando há a detecção incorreta de um isolador, sendo este identificado como ruim estando bom ou bom

estando ruim.

Pode-se observar na Figura 48 que ao se analisar os limiares de detecção já discutidos

neste trabalho (-60 dBm e 60°), somente os isoladores B2 e M2 seriam detectados como ruim

erroneamente, caracterizando um acerto de 80%.

Trabalho encontrado na literatura (29), define que para a detecção utilizando a técnica

do ultrassom deve-se considerar como limiar de detecção o nível de 13 dBu (> Ruim, < Bom).

Com base neste estudo foram feitas as analises apresentadas na Figura 49.

-66

-64

-62

-60

-58

-56

-54

-52

-50

0 10 20 30 40 50 60 70 80

[dB

m]

Ângulo [ °]

Analisador de Espectro

B1

B2

M1

M2

R1

R2

R3

R4

R5

R6

Ruim

Bom

48

Figura 49: Resultado da medição de ultrassom. As linhas vermelhas representam os limiares de detecção. A

área vermelha (Ruim) indica a região em que devem se encontrar os isoladores ruins. A área verde (Bom) determina a região em que devem se encontrar os isoladores em boas condições. As demais áreas em

branco caracterizam quando há a detecção incorreta de um isolador, sendo este identificado como ruim estando bom ou bom estando ruim.

Pode-se observar que para estes isoladores a técnica do ultrassom apresentou um

índice de acertos de 90%, errando somente o resultado do isolador B1. O isolador apresentou

ruído na ordem de 17 dBu porém um ângulo de defasamento superior a 60º.

A Figura 50 ilustra os resultados da medição utilizando o protótipo.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

0 10 20 30 40 50 60 70 80

[dB

u]

Ângulo [ °]

Ângulo [ °] x Ultra-Som [dBu]

B1

B2

M1

M2

R1

R2

R3

R4

R5

R6

Ruim

49

Figura 50: Valores de tensão [v] medidos pelo protótipo desenvolvido relacionados com o ângulo de

defasamento entre corrente de fuga e tensão [ °]. As linhas vermelhas representam os limiares de detecção. A área vermelha (Ruim) indica a região em que devem se encontrar os isoladores ruins. A área verde (Bom)

determina a região em que devem se encontrar os isoladores em boas condições. As demais áreas em branco caracterizam quando há a detecção incorreta de um isolador, sendo este identificado como ruim

estando bom ou bom estando ruim.

Após analise dos resultados obtidos definiu-se como limiar de detecção do protótipo a

tensão de 1,41 V. Para este caso somente o isolador R3 não foi detectado.

A Figura 51 apresenta os resultados obtidos com o equipamento comercial de RFI para

os isoladores avaliados.

1,34

1,36

1,38

1,4

1,42

1,44

1,46

1,48

1,5

1,52

0 10 20 30 40 50 60 70 80

Ten

são

[v]

Ângulo [ °]

Protótipo [ângulo°]x[V]

B1

B2

M1

M2

R1

R2

R3

R4

R5

R6

Fundo

Ruim

Bom

50

Figura 51: Resultados do RFI para os isoladores ensaiados

Observando resultados obtidos pelo equipamento RFI apresentados na Figura 51 pode-

se observar que há a concordância entre os resultados obtidos com o protótipo e o equipamento

comercial de RFI. Ambos apresentaram o mesmo diagnóstico dos isoladores (B1, B2, M1, M2 e

R3 bons e R1, R2, R4, R5 e R6 ruins), o que caracteriza um desempenho de 90% na detecção

dos isoladores.

51

7 Conclusão

O presente trabalho teve como foco principal o desenvolvimento de um protótipo voltado

para a inspeção instrumental de redes de distribuição por meio de detecção de componentes de

RF. Como o intuito foi analisar as componentes de RF geradas pelos isoladores, realizou-se um

estudo sobre a faixa de frequência que contém estes sinais e os níveis de sinal gerado pelos

mesmos. Foi analisada uma população de dez isoladores de pino com diferentes estados de

degradação, verificando uma relação entre o estado de degradação do isolador e o nível de sinal

de RF medido. O nível de sinal determinado foi de –60 dBm compreendido na faixa de

frequência de 10 MHz e 60 MHz.

Foram selecionados os componentes eletrônicos, realizado o projeto e simulações do

circuito. O protótipo teve seu desempenho avaliado em laboratório, correlacionado seus

resultados à técnica de ângulo de defasagem, e técnicas convencionais de inspeção

instrumental utilizadas em campo, ultrassom e RFI.

O protótipo desenvolvido apresentou resultados equivalentes ás demais técnicas de

inspeção, onde para os ensaios em laboratório obteve-se um índice de acerto de 90% quando

comparado com a técnica de medida de ângulo de defasagem. Com relação às demais técnicas

de inspeção instrumental os resultados obtidos são semelhantes aos detectados pelo RFI e

ultrassom.

O protótipo ainda necessita de melhorias e estudos mais detalhados para sua aplicação

em campo, sendo que os resultados obtidos e apresentados neste trabalho ainda são fruto de

um trabalho inicial para uma primeira versão do projeto.

O resultado geral do trabalho foi a oportunidade de se desenvolver um trabalho de

investigação científica visando o desenvolvimento de tecnologia de grande importância para a

formação acadêmica e para as empresas concessionárias de distribuição de energia.

52

8 Trabalhos Futuros

Com o desenvolvimento deste projeto de Conclusão de Curso, se observou

oportunidades para a continuidade deste trabalho, bem como seu aperfeiçoamento. Podendo-se

citar:

Aplicação do dispositivo em campo e avaliação de seu desempenho;

Determinação experimental do ruído gerado pelo circuito desenvolvido;

Estudos visando a redução ou eliminação de ruído interno do circuito;

Desenvolver estudo com uma população maior de isoladores para que se possa

definir melhor o limiar de detecção;

Estudo para se avaliar a relação entre os níveis dos sinais medidos pelo

protótipo com a distância ao isolador avaliado;

Desenvolver um sistema que realize a indicação automática da presença de

componentes de RF geradas por isoladores que necessitam de substituição,

eliminando desta forma o julgamento do estado de isolamento dos isoladores

pelos usuários;

Desenvolver uma antena direcional para operar na faixa de frequência

determinada neste estudo a fim de possibilitar a indicação das estruturas que

apresentam isoladores com problemas, bem como melhorar a eficiência do

protótipo desenvolvido.

53

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