101
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ADAPTAÇÃO DE UM SISTEMA AUTOMATIZADO PARA MEDIÇÃO DE MICRODUREZA Por JOÃO MORENO VILAS BOAS DE SOUZA SILVA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ORIENTADOR: Prof. Dr. Clodomiro Alves Júnior Natal, Julho de 2006.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

  • Upload
    others

  • View
    2

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

ENGENHARIA MECÂNICA

ADAPTAÇÃO DE UM SISTEMA AUTOMATIZADO PARA MEDIÇÃO

DE MICRODUREZA

Por

JOÃO MORENO VILAS BOAS DE SOUZA SILVA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

ORIENTADOR: Prof. Dr. Clodomiro Alves Júnior

Natal, Julho de 2006.

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

2

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

ADAPTAÇÃO DE UM SISTEMA AUTOMATIZADO PARA MEDIÇÃO

DE MICRODUREZA

JOÃO MORENO VILAS BOAS DE SOUZA SILVA

Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de

Engenharia Mecânica do Centro de Tecnologia da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como parte

dos requisitos para obtenção do título de mestre em

Engenharia Mecânica.

Área de concentração: Tecnologia dos Materiais

Orientador: Prof. Dr. Clodomiro Alves Júnior

Natal, Julho de 2006.

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

Divisão de Serviços Técnicos

Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede

Silva, João Moreno Vilas Boas de Souza. Adaptação de um sistema automatizado para medição de microdureza/ João Moreno Vilas Boas de Souza Silva. – Natal, RN, 2006.

100 f.

Orientador: Clodomiro Alves Júnior.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande doNorte. Centro de Tecnologia. Programa de Pós-Graduação em EngenhariaMecânica.

1. Materiais – Medição – Dissertação. 2. Microdureza – Materiais –Automação – Dissertação. 3. Microdurômetro – Dissertação. I. AlvesJínior, Clodomiro. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III.Título.

RN/UF/BCZM CDU 620.1.08 (043.3)

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

3

FOLHA DE APROVAÇÃO

João Moreno Vilas Boas de Souza Silva Adaptação de um sistema automatizado para medição de microdureza

Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de

Engenharia Mecânica do Centro de Tecnologia da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como parte

dos requisitos para obtenção do título de mestre em

Engenharia Mecânica.

Área de concentração: Tecnologia dos Materiais

Aprovado em 31/05/2006

Banca examinadora

Prof. Dr. Clodomiro Alves Jr.

Orientador

Prof. Dr. João Telésforo Nóbrega de Medeiros

Examinador Interno

Prof. Dr. Irionson Antonio Basan

Examinador Externo

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

4

Dedicatória

“Há pessoas que transformam o sol numa simples mancha amarela, mas há também aquelas que fazem de uma simples mancha amarela o próprio sol”

(Pablo Picasso)

Dedico esse trabalho a minha namorada Juliana Carvalho Sá, que esteve sempre ao meu lado durante meu mestrado e que espero continuar comigo pelo resto de minha vida.

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

5

Agradecimentos

À Deus por estar sempre do meu lado me guiando em cada passo e em cada etapa superada.

Ao meu pai e à minha mãe pelo apoio a cada dia e pela ajuda quando necessário.

Ao meu irmão, pelas sua piadinhas sarcásticas de fim de semana, ajudando a descontrair minha tensão pré-defesa nos sábados e domingos.

A minha namorada, Juliana Carvalho Sá pela ajuda na escrita desse dissertação, pela paciência na realização da metalografia das amostras usadas nos experimentos, por sua

dedicação e carinho

Ao professor doutor Clodomiro Alves Júnior pelos ensinamentos e pela confiança em mim depositada.

Ao professor Hector Lopes pelo companheirismo e pelos “mojitos” que ainda tomaremos juntos.

Aos meus caninos, Baleia e Bob Marley pelas suas brincadeiras e mordidas.

Aos amigos e companheiros de automação Cristian Manasés e Helton Edi pela ajuda e orientação nos circuitos eletrônicos.

Aos amigos Kleber Barros e Nierlly Karine por estaram sempre dispostos a me ajudar nos momentos de sufoco.

Ao amigo Custódio Guerra (Custodinho) por me auxiliar com as fotos do trabalho.

À Dona Lindalva pelo seu eterno bom humor e por sua simpatia.

Ao amigo Otávio por sempre perder de mim no StarCraft nos fins de semana.

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

6

Aos colegas de trabalho Roseane, Rômulo, Marcos Vinícius, Márcio, Juninho, Ana Maria, Tarcilla, Antônio Carlos, Roberto, Bruno Beckham, Gustavo, Thércio, Michele, Carol, Benni,

Thiago Félix, Thiago, Bruno, enfim a todos os colegas do labplasma.

À todos aqueles que colaboraram para a realização desse trabalho.

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

7

“Viva de maneira que sua presença não seja notada, mas que sua ausência seja sentida.”

Autor desconhecido

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

8

RESUMO

Silva, J.M.V.B.S. Adaptação de um sistema automatizado para medição de microdureza. 2006. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2006.

O ensaio de dureza é amplamente empregado em pesquisa e avaliação de materiais

para controle de qualidade. Entretanto, os resultados desse ensaio estão sujeitos a erros

causados pelo operador do processo no momento da medição das diagonais da impressão

deixada pelo penetrador na amostra ensaiada. Desse modo, fora desenvolvido um

equipamento de medição de dureza automatizado. O valor de dureza foi obtido a partir da

medição da deformação plástica sofrida pelo material a uma carga conhecida. A deformação

do material foi calculada através da medição da diferença entre o avanço e o recuo de um

penetrador de diamante sobre a amostra utilizada. Não foi necessário, portanto, a medição

manual das diagonais, excluindo-se a fonte de erro causada pelo operador. Gráficos de tensão

versus deformação puderam ser analisados a partir de dados obtidos dos ensaios realizados,

assim como tornou-se possível um completo monitoramento de todo o processo. Em seguida,

as durezas calculadas pelo aparato experimental foram comparadas com as durezas calculadas

em um microdurômetro comercial com o intuito de testar sua eficiência. Desse forma, tornou-

se possível a medição de dureza de materiais através de um método automatizado, que excluiu

os erros causados pelo operador e aumentou a confiabilidade dos ensaios.

Palavras chave: microdureza, automação, microdurômetro.

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

9

ABSTRACT

Silva, J.M.V.B.S. Adaptation of an automated system of microhardness mensuration. 2006. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2006.

The hardness test is thoroughly used in research and evaluation of materials for quality

control. However, this test results are subject to uncertainties caused by the process operator

in the moment of the mensuration impression diagonals make by the indenter in the sample.

With this mind, an automated equipment of hardness mensuration was developed. The

hardness value was obtained starting from the mensuration of plastic deformation suffered by

the material to a well-known load. The material deformation was calculated through the

mensuration of the difference between the progress and retreat of a diamond indenter on the

used sample. It was not necessary, therefore, the manual mensuration of the diagonals,

decreasing the mistake source caused by the operator. Tension graphs of versus deformation

could be analyzed from data obtained by the accomplished analysis, as well as you became

possible a complete observation of the whole process. Following, the hardness results

calculated by the experimental apparatus were compared with the results calculated by a

commercial microhardness machine with the intention of testing its efficiency. All things

considered, it became possible the materials hardness mensuration through an automated

method, which minimized the mistakes caused by the operator and increased the analysis

reliability.

Key words: microhardness, automation, microhardness machine.

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

10

SUMÁRIO 1. Introdução 172. Revisão de literatura 22 2.1 Deformação 22 2.1.1 Considerações iniciais 22 2.1.2 Deformação Elástica 23 2.1.3 Deformação Plástica 26 2.2 Microdureza 32 2.2.1 Considerações iniciais 32 2.2.2 Estado da arte 33 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos ensaios de dureza 40 2.3 Célula de carga 44 2.3.1 Considerações iniciais 44 2.3.2 Tipos de célula de carga 46 2.3.3 Funcionamento das células de carga 47 2.4 Motor de passo 50 2.4.1 Considerações iniciais 50 2.4.2 Tipos de motor de passo 51 2.4.3 Funcionamento do motor de passo 52 2.4.4 Vantagens e desvantagens dos motores de passo 573. Materiais e métodos 59 3.1. Aparato experimental 59 3.1.1 Protocolo de comunicação 62 3.1.2 Placa multiplexadora 63 3.1.3 Circuito controlador 65 3.1.4 Circuito amplificador 66 3.1.5 Circuito conversor A/D 66 3.1.6 Programa de controle 68 3.2 Preparação das amostras 70 3.3 Realização dos experimentos 704. Resultados e discussões 745. Conclusões 86Sugestões para trabalhos futuros 87Referências 89Apêndice A – Linguagem de programação do programa de controle 96

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

11

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Os átomos assumem a sua posição original depois de cessada a aplicação da carga

24

Figura 2 Rompimento das ligações atômicas e formação de novas ligações 26Figura 3 Curva esquemática de tensão versus deformação de um metal 27Figura 4 Gráfico de tensão versus deformação 28Figura 5 Demonstração dos cálculos de propriedades mecânicas - carga máxima,

deformação máxima, carga proporcional, deformação proporcional e rigidez

30

Figura 6 Contornos criados ao redor das impressões 31Figura 7 Escala Mohs de dureza 34Figura 8 Exemplos de impressões deixadas por penetradores usados em ensaios de

dureza 35

Figura 9 Mostrador da máquina de ensaio de dureza Rockwell 37Figura 10 Esquema da análise geométrica do penetrador Vickers 38Figura 11 Desenho esquemático de um aparelho automatizado de ensaio de dureza 41Figura 12 Programa computacional que calcula a área da impressão Vickers 43Figura 13 Diversos tipos de célula de carga 47Figura 14 Extensômetro de Resistência Elétrica 48Figura 15 Esquema de montagem de quatro ERE’s em uma célula de carga 48Figura 16 Célula de carga sem força aplicada 49Figura 17 Célula de carga com força aplicada 49Figura 18a Componentes internos do motor de passo 51Figura 18b Motor de passo 51Figura 19 Esquema da alimentação dos eletroímãs 53Figura 20 Esquema de funcionamento do movimento do motor de passo 54Figura 21 Movimento de passo inteiro em um motor de passo unipolar 54Figura 22 Movimento de meio passo em um motor de passo unipolar 55Figura 23 Movimento de passo inteiro em um motor de passo bipolar 56Figura 24 Movimento de meio passo em um motor bipolar 56Figura 25 Aparato experimental 59Figura 26 Acoplamento mecânico do motor de passo ao eixo de ajuste fino do

microscópio 60

Figura 27 Célula de carga fixada a mesa xyz do microscópio 61Figura 28 Esquema de aquisição e controle do aparato experimental 62Figura 29 Configuração da porta paralela no modo SSP 63Figura 30 Placa multiplexadora 63Figura 31 Esquema dos bancos de entrada e saída da placa de aquisição 64Figura 32 Esquema do circuito de controle do motor de passo 65Figura 33 Esquema de utilização do amplificador operacional CA3140 66Figura 34 Circuito conversor A/D 67Figura 35 Esquema da resolução do ADC0804 67Figura 36 Programa de controle 68Figura 37 Configurações do programa de controle 69Figura 38 Organograma da preparação das amostras e realização dos ensaios 72Figura 39 Gráfico de carga-descarga em função do deslocamento do penetrador,

com fase intermédia de fluência 75

Figura 40a Curva carga versus número de passos da resina acrílica 76Figura 40b Curva carga versus número de passos do alumínio 76

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

12

Figura 40c Curva carga versus número de passos do cobre 76Figura 40d Curva carga versus número de passos do aço 1020 76Figura 40e Curva carga versus número de passos d aço 1045 76Figura 40f Curva carga versus número de passos do aço inox 76Figura 41 Gráfico da profundidade da impressão versus dureza HV 78Figura 42 Gráfico da carga versus o número de passos do aço 1045 e do alumínio 79Figura 43 Gráfico da inclinação da reta da fase de carga do ensaio de dureza

automatizado 80

Figura 44 Esquema do ângulo formado entre o material e o penetrador 82Figura 45a Impressões imperfeitas provocadas pelo desvio angular entre o penetrador

e o material no aço 1020 83

Figura 45b Impressões imperfeitas provocadas pelo desvio angular entre o penetrador e o material no alumínio

83

Figura 45c Impressões imperfeitas provocadas pelo desvio angular entre o penetrador e o material no aço inox

83

Figura 45d Impressões imperfeitas provocadas pelo desvio angular entre o penetrador e o material no aço 1045

83

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

13

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Propriedades elásticas de materiais representativos à temperatura ambiente 25Tabela 2 Material para fabricação de Extensômetro 46Tabela 3 Dureza HV0,3/20 (HVtrad) encontrada no microdurômetro tradicional versus

a dureza HV (HVauto) encontrada no aparato experimental. 81

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

14

LISTA DE ABREVIATURAS

A/D Analógico/Digital CC Corrente Contínua CI Circuito Integrado D/A Digital/Analógico ERE Extensômetro de Resistência Elétrica SSP Standard Parallel Port TTL Transistor Transistor Logic

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

15

LISTA DE SÍMBOLOS

F Força ε Deformação σ Tensão E Módulo de elasticidade Pa Pascal ∞ Infinito ψ Índice de plasticidade R Rigidez HB Dureza Brinell HV Dureza Vickers kgf Kilograma Força °C Graus Celsius V Volt Ω Ohms

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

16

CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

17

1. Introdução

No estudo da ciência dos materiais, bem como no seu dimensionamento, são de grande

importância vários parâmetros obtidos através dos ensaios mecânicos. Pode-se definir ensaio

mecânico, como a observação do comportamento mecânico de um material quando submetido

à ação de agentes externos, como esforços e outros. Os ensaios são executados sob condições

padronizadas, em geral definidas por normas, de forma que seus resultados sejam

significativos para cada material e possam ser facilmente comparados. Dentre os ensaios de

materiais, o ensaio de dureza possui extrema importância, pois fornece inúmeras informações

sobre o material, o que permite trabalhar com maior confiabilidade e obter maior longevidade

do mesmo (TSUI; JOO, 2001).

O primeiro método padronizado de ensaio de dureza que se tem notícia foi

desenvolvido por Mohs, em 1822. Esse método deu origem à escala de dureza Mohs, que

apresenta dez minérios-padrões, ordenados numa escala crescente do grau 1 ao 10 (BROD,

2006; BROZ; COOK; WHITNEY, 2006).

Em 1900, Brinell propôs uma formulação adequada para o cálculo de dureza. Seu

ensaio, utilizando como penetrador uma esfera de aço temperado e uma força conhecida,

demonstrou um método simples, tecnicamente perfeito, e de plena confiança (CALLISTER,

2002).

Em 1922, Rockwell desenvolveu um método de ensaio de dureza que utilizava um

sistema de pré-carga e um penetrador cônico de diamante. Onde o sistema de pré-carga tinha

como objetivo fixar a peça a ser ensaiada (CALLISTER, 2002).

Em 1925, Smith e Sandland criaram o método de dureza Vickers. Esse método tem

por base a resistência que o material oferece à penetração de uma pirâmide de diamante de

base quadrada e ângulo entre faces de 136º, sob uma determinada carga, o que abriu o

caminho para quantificação de microdureza (CALLISTER, 2002).

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

18

Atualmente, o ensaio de dureza é amplamente empregado em pesquisa e avaliação de

materiais para controle da qualidade, por ser um método menos oneroso e mais rápido para

quantificação de propriedades mecânicas de materiais. Entretanto, os resultados do ensaio

estão sujeitos a incertezas de alguns parâmetros como: a força aplicada, as dimensões e

geometria do penetrador, o tempo de aplicação de carga e a habilidade do operador. De

acordo com o método utilizado, o parâmetro “habilidade do operador” apresenta uma

influência significativa no resultado final da medida, podendo representar uma grande fonte

de erro. Por essa razão, torna-se importante o desenvolvimento de uma metodologia que não

seja influenciada pela capacidade de observação e interpretação do operador

(PODCHIBIAKIN , 2003; LETA; MENDES; MELLO, 2004).

Visando minimizar esse erro, surgiram os primeiros processos de automatização de

dureza. Sugimoto; Kawaguchi (1997), desenvolveram, portanto, um método de medição da

área da impressão através de análise de imagens. Desse modo, a área da impressão deixada

pelo penetrador sobre o material pode ser calculada automaticamente e com maior exatidão,

mesmo em superfícies não totalmente polidas.

Esses métodos de medição de dureza através de análise de imagem foram se

aperfeiçoando ao longo dos anos e sendo fonte de inúmeros estudos. Podchibiakin (2003),

realizou ensaios de microdureza utilizando alguns métodos de análise de imagem, tais como:

métodos de lógica difusa, redes neurais, geométrico e análise harmônica, obtendo resultados

satisfatórios. Por sua vez, Leta et al. (2004), elaboraram um método de análise de imagem

denominado diferença de coordenadas, visando corrigir alguns erros apresentados nos

métodos anteriores.

Por outro lado, alguns autores resolveram automatizar o processo de medição de

dureza, eliminando a necessidade da medição da impressão deixada pelo penetrador. Para

isso, desenvolveram técnicas de medição da deformação do material durante o ensaio de

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

19

dureza. Essas técnicas se baseiam em equipamentos que possuem um atuador de força, um

sensor de deslocamento e um sensor de carga (HAY; PHARR, 2000; GUBICZA et al., 1996).

Borges et al. (2003), desenvolveram um aparato automatizado para medição de

dureza. Esse sistema é constituído de um penetrador, um atuador piezo-elétrico, um conjunto

triaxial de três mesas paralelas e uma célula de carga. O penetrador está acoplado ao atuador

piezo-elétrico e a amostra está fixada sobre o conjunto triaxial das mesas. A célula de carga é

responsável pela medição da força realizado sobre a amostra. O conjunto é controlado por um

microcomputador e a interface de controle é feita por uma placa A/D (analógico/digital) D/A

(digital/analógico) de 12 bits.

Enfim, a necessidade de sistemas automatizados de medição de dureza torna-se

fundamental para a obtenção de resultados precisos e confiáveis (GODENA, 1997).

Nesse trabalho foi desenvolvido um sistema automatizado para medição de

microdureza em um microscópio óptico. Essa medição foi feita a partir da profundidade de

penetração no material aplicando-se uma carga dinâmica. A penetração no material é

calculada levando-se em consideração apenas a deformação plástica. Esse aparato é

constituído de um motor de passo, uma célula de carga e um penetrador de diamante padrão.

O motor de passo é o atuador de força e sensor de deslocamento do sistema, enquanto que a

célula de carga funciona como sensor de carga. Todo o sistema é controlado por um

microcomputador através de um programa computacional e uma placa A/D de 8 bits também

desenvolvidos nesse trabalho. A partir da construção desse aparato tornou-se possível a

determinação da dureza de materiais sem a necessidade da medição clássica das diagonais,

diminuindo assim, a fonte de erro causado pelo operador.

Assim, o presente trabalho possui os seguintes objetivos:

1. Construir, montar e testar um sistema automatizado para medição de microdureza

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

20

2. Comparar os resultados de dureza obtidos nesse sistema, para diferentes materiais,

com àqueles obtidos pelo método convencional de microdureza Vickers.

Para um melhor entendimento, dividiu-se este trabalho em mais 4 capítulos. O

segundo capítulo aborda uma revisão de literatura sobre conceitos de deformação elástica e

plástica, microdureza, células de carga e motores de passo. O terceiro capítulo discorre sobre

as etapas necessárias para a confecção do aparato experimental automatizado e os testes a que

eles foram submetidos. O quarto capítulo trata dos resultados e discussões baseados na

metodologia utilizada, e por fim, no quinto capítulo tem-se conclusões sobre toda a pesquisa

realizada.

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

21

CAPÍTULO 2

REVISÃO DE LITERATURA

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

22

2. Revisão de Literatura

2.1 Deformação

2.1.1 Considerações iniciais

Muitos materiais, quando em serviço, estão sujeitos a cargas ou forças. Torna-se

necessário, portanto, conhecer as características desses materiais de tal maneira que, qualquer

deformação resultante não seja excessiva e que, consequentemente, não ocorra fratura dos

mesmos. O comportamento mecânico do material, tal como a dureza, reflete a relação entre a

sua deformação a uma carga ou força que esteja sendo aplicada sobre ele (CALLISTER,

2002).

Um corpo, ocupando uma região do espaço físico, tem uma configuração inicial

definida pela sua posição em relação a um sistema de referência. Esse corpo, quando

submetido à ação de forças externas ou de tensões, sofre alterações na sua configuração

(estado inicial e final da geometria do corpo) por deformação. Tem-se, portanto, que, os

pontos de um corpo (perfeitamente elástico, homogêneo e isotrópico) com suas posições

originais, ao se movimentarem, ocupam novas posições. Esses movimentos (deslocamentos)

correspondem às variações das coordenadas desses pontos com relação a um referencial. Os

deslocamentos relativos entre os pontos resultam numa mudança de configuração, ou seja,

numa deformação (CHAVES, 2001).

Na engenharia, deformação é a mudança na forma de um corpo devido à solicitações

mecânicas de compressão, tração, cisalhamento ou torção. Dependendo do material, tamanho

e geometria do objeto, assim como das solicitações aplicadas, dois tipos de deformações

podem ocorrer (PHILLIPS, 1998):

• Deformação elástica

• Deformação plástica

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

23

Quando uma peça metálica é submetida a uma força ao longo de uma direção, o

material deforma-se. Se, ao retirar a força, a peça voltar à dimensão inicial, diz-se que o

material sofreu uma deformação elástica. Porém, se o material não retornar a sua dimensão

inicial, diz-se que o material sofreu também uma deformação plástica. Nesse último caso, o

aumento progressivo da força aplicada pode levar à ruptura do material. Em engenharia dos

materiais, um aspecto bastante importante é o estudo da capacidade dos materiais sofrerem

grandes deformações sem atingirem a ruptura (CALLISTER, 2002).

A deformação elástica é caracterizada por sua reversibilidade, isto é, o sólido recupera

suas dimensões originais ao se remover a força que o deformou (PENNA, 1981). Nesse

regime, a deformação apresenta uma dependência linear com a tensão que a produziu, que é

descrita pela lei de Hooke (ASHBY, 2002).

A deformação plástica ocorre posteriormente à deformação elástica e caracteriza-se

por sua irreversibilidade, isto é, o corpo não volta por si só ao seu estado inicial de energia. A

maioria dos materiais pode atingir esse regime de deformação plástica, desde que submetidos

a forças externas suficientemente grandes que permitam movimento das discordâncias ou

deslizamento dos seus planos cristalográficos (PENNA, 1981).

2.1.2 Deformação elástica

Como mencionado anteriormente, a elasticidade é a propriedade do material de

retornar à forma original, uma vez removida a força externa atuante. Esse fenômeno ocorre

em todos os materiais sólidos, pelo menos no estágio inicial de deformação. Os átomos são

deslocados e, cessada a aplicação da carga, eles retornam ao seu estado original. Não há,

portanto, formação de defeitos nos cristais (Figura 1) (GUY, 1980; FERRAZ, 2003).

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

24

Figura 1: Os átomos assumem a sua posição original depois de cessada a aplicação da carga.

Muitos materiais, a temperaturas usuais, entre eles os metais, se comportam

elasticamente com tensões aplicadas relativamente pequenas. O comportamento da

deformação elástica é simples porque a dependência do tempo é desprezível e o aspecto da

temperatura está parcialmente incluído nas constantes que descrevem o comportamento de um

dado material (GUY, 1980). Nesse caso, a tensão e a deformação são proporcionais e expressa

pela lei de Hooke através da equação (1) (CALLISTER, 2002; PRATT et al., 2002; SHEN,

2005):

E

σε =

(1)

Onde:

ε = Deformação;

σ = Tensão aplicada;

E = Módulo de elasticidade;

O módulo de elasticidade é, portanto, a relação entre os valores da tensão e da

deformação linear específica, na fase elástica, cujo valor é proporcional às forças de atração

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

25

entre os átomos (MEYERS et al., 2006). O módulo de elasticidade ou módulo de Young é

individual para cada material, como pode ser visto na tabela 1 (CALLISTER, 2002).

Tabela 1 - Propriedades elásticas de materiais representativos à temperatura ambiente

(CALLISTER, 2002).

Material Módulo de Elasticidade(GPa)

Razão de Poisson

Ligas de alumínio 69-72 0,33 Ligas de cobre 100-150 0,30-0,35 Aços baixo carbono 207 0,30 Aços inoxidáveis 193-204 0,30 Diamante sintético 800-925 0,20 Diamante natural 700-1200 0,10-0,30

Hufnagel et al. (2006), realizaram um trabalho onde mediam a distância interatômica

quando materiais cristalinos eram submetidos a forças elásticas. Afirmaram que, quando um

corpo é submetido a essas forças, ocorre uma variação do espaço interatômico, que pode ser

medido pela difração de raios-x, de acordo com a lei de Bragg. As tensões podem ser

determinadas pela aplicação da lei de Hooke se for conhecida a constante elástica do material.

Esse estudo reforça a teoria de que é importante conhecer as propriedades do material a ser

trabalhado, e o quanto ele pode deformar sem haver comprometimento de suas dimensões

originais.

Ao maior valor de tensão para o qual vale a Lei de Hooke, denomina-se limite de

proporcionalidade. Ao ultrapassar esse limite, surge a fase plástica, onde ocorrem

deformações crescentes mesmo sem a variação da tensão: é o denominado limite de

escoamento. Alguns materiais, como o ferro fundido ou o aço liga tratado termicamente, não

deformam plasticamente antes da ruptura, sendo considerados materiais frágeis (FERRAZ,

2003).

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

26

2.1.3 Deformação plástica

Em contraste com a simplicidade da deformação elástica, a deformação plástica ocorre

de várias maneiras (GUY, 1980). A plasticidade é a propriedade do material não voltar à sua

forma inicial após a remoção da carga externa, obtendo-se deformações permanentes. Quando

a deformação plástica é atingida, ocorre alteração da estrutura interna do material,

aumentando a sua dureza. Esse aumento na dureza por deformação plástica, é denominado

endurecimento por deformação a frio ou encruamento e é acompanhado da elevação do valor

da resistência e redução da ductilidade do metal (FERRAZ, 2003).

Quando ocorre uma deformação plástica, há um rompimento de ligações atômicas e,

posteriormente, essas ligações são reativadas com novos átomos. Tal fato faz com que o

objeto não retorne ao seu formato original (Figura 2) (GALE, 2000).

Figura 2: Rompimento das ligações atômicas e formação de novas ligações.

A equação da deformação “ε” na engenharia, também pode ser descrita da seguinte

forma (D’HOOGE, 2000):

0

0

L

LL −=ε (2)

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

27

Onde “L” é o comprimento do objeto após a deformação e “L0” o comprimento inicial.

Por convenção, quando esse valor é positivo, afirma-se que houve um aumento no

comprimento do objeto, e um valor negativo indica que houve uma redução do comprimento

do objeto (D’HOOGE, 2000).

Ochsner et al. (2003), realizaram um trabalho no qual a teoria da plasticidade foi

proposta para metais descrevendo a zona de transição entre a deformação elástica e plástica

para pequenas tensões. A propriedade mecânica de deformação foi investigada em um modelo

cúbico de metal através de um método por elementos finitos. Realizaram um esquema

uniaxial da curva de (tensão X deformação) durante uma compressão de uma célula metálica

(Figura 3). Ela mostra uma elasticidade linear em tensões baixas seguida de uma zona de

transição e, posteriormente, por um platô, terminado abruptamente por um regime de

densificação, no qual a tensão sobe de forma exponencial. Concluíram que o método por

elementos finitos representa uma boa opção para análise da zona de transição entre a

deformação elástica e plástica.

Figura 3: Curva esquemática de tensão versus deformação de um metal

(OCHSNER et al., 2003).

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

28

Para a maioria dos materiais metálicos, o regime elástico persiste apenas até

deformações de aproximadamente 0,005. À medida que o material é deformado além desse

ponto, a tensão não é mais linearmente proporcional à deformação. Portanto a equação da lei

de Hooke deixa de ser válida, ocorrendo então uma deformação permanente e não recuperável

também chamada de deformação plástica. Na figura 4 encontra-se um gráfico de

tensão/deformação no qual se observa a deformação elástica e a plástica. Na deformação

elástica, tem-se uma relação de proporcionalidade entre a tensão e a deformação.

Posteriormente, a partir de uma determinada tensão, o objeto assume, então, uma deformação

plástica. Se a tensão continuar aumentando, o material chega a fratura (CALLISTER, 2002).

Figura 4: Gráfico de tensão versus deformação.

A princípio, o índice de plasticidade “ψ” determina a carga crítica para a qual a

deformação muda de elástica para plástica. Esse índice combina propriedades do material com

a sua topografia. Embora teoricamente o índice de plasticidade possa assumir qualquer valor

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

29

de 0 até ∞, na prática esse valor varia de 0,1 até 100. Quanto menor o valor de “ψ”, menores

serão as chances de ocorrer deformação plástica no material, a não ser que a pressão nominal

entre as duas superfícies seja extremamente grande. Já altos valores do índice de plasticidade

sugerem que a deformação se dará mesmo para pressões nominais triviais. Uma vez que o

desgaste muda a topografia de uma superfície, o índice de plasticidade também varia, portanto

o estudo deste índice pode ajudar a mapear o mecanismo de desgaste atuante. A maneira

como “ψ” varia é mais significativa do que o seu valor absoluto. O índice de plasticidade é

dado pela expressão abaixo (BASTOS, 2004):

βψ

dH

E= (3)

Onde “β” é o raio das asperezas, “d” é o desvio padrão da sua distribuição de alturas,

“H” é a dureza e “E” é o módulo de elasticidade do material (BASTOS, 2004).

Uma definição alternativa para o índice de plasticidade foi proposta por Mikic (1974):

mH

Eσψ = (4)

Onde “H” é a dureza, “E” é o módulo de elasticidade e σm é a média quadrática das

inclinações da superfície do material, um parâmetro de textura superficial que pode ser obtido

através do ensaio de perfilometria (BASTOS, 2004).

Silva (2002), relata que na curva (tensão X deformação), existem dois pontos críticos.

O primeiro é denominado limite de proporcionalidade “LP”, que representa o maior valor da

carga antes de ocorrer a mudança da fase elástica para fase plástica. Nesse ponto Cprop é a

carga do limite de proporcionalidade e Dprop a deformação do limite de proporcionalidade. O

segundo ponto é denominado limite máximo “LM”, que representa o maior valor de carga

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

30

antes da fratura do material (Figura 5). Em seus estudos, ele afirma que a rigidez “R” pode ser

calculada pela tangente θ da reta que representa a inclinação da curva (carga X deformação).

Em linguagem matemática:

prop

prop

D

CtgR == θ (5)

Figura 5: Demonstração dos cálculos de propriedades mecânicas - carga máxima,

deformação máxima, carga proporcional, deformação proporcional e rigidez (SILVA 2002).

Santos et al. (1998), realizaram inúmeras impressões com o uso de penetradores

Vickers sobre seis materiais diferentes e, através de programas computacionais e técnicas de

elementos finitos, simularam o acúmulo de material formado ao redor de cada impressão.

Após retirado o penetrador de diamante, a impressão deixada pelo mesmo foi captada através

de um microscópio e armazenada de forma digital em um microcomputador. Usando métodos

de modelagem, linhas de contorno foram traçadas de modo a simular o acúmulo dos materiais

ao redor da impressão, e consequentemente o acúmulo de tensões (Figura 6). Através desse

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

31

método, pode-se avaliar como se comporta a deformação de alguns materiais ao redor das

impressões do penetrador.

Figura 6: Contornos criados ao redor das impressões (SANTOS et al., 1998).

Chudoba et al. (2002), realizaram um trabalho no qual determinaram propriedades

elásticas de filmes finos com o uso de penetradores. Isso se tornou possível utilizando

penetradores esféricos com raios grandes e baixíssimas cargas. A profundidade da impressão

era pequena (menor que 200 nm) e a medição necessitou de alta precisão. Todo o sistema foi

automatizado e os dados foram transferidos para um computador que forneceu a curva de

carga versus profundidade do penetrador.

Glenn (2004), desenvolveu um aparato para melhorar a medição da deformação

durante o processo de penetração. Nessa técnica, o material sofreu a aplicação de uma carga

por um penetrador e através de um interfaceamento com um computador foi obtida uma curva

de carga versus deformação. Foi utilizado um sistema de pré-carga, aplicando-se em seguida a

carga pré-determinada pelo usuário. Dessa forma tornou-se possível obter os valores de

medição da deformação elástica e plástica.

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

32

2.2 Microdureza

2.2.1 Considerações iniciais

A dureza de um material é um conceito relativamente complexo de definir, originando

diversas interpretações. Num bom dicionário, dureza é qualidade ou estado de duro, rijeza.

Duro, por sua vez, é definido como difícil de penetrar ou de riscar, consistente, sólido. Essas

definições não caracterizam o que é dureza para todas as situações, pois ela assume um

significado diferente conforme o contexto em que é empregada (SOUZA, 1974).

Na área da metalurgia, considera-se dureza como a resistência à deformação plástica.

Isso porque uma grande parte da metalurgia consiste em deformar plasticamente os metais

(SOUZA, 1974).

Na área da mecânica, dureza é a resistência à penetração de um material duro no outro,

pois essa é uma característica que pode ser medida (GARCIA; SPIM; SANTOS, 2000;

SOUZA, 1974; QIAN et al., 2005).

É importante destacar que, apesar das diversas definições, um material com grande

resistência à deformação plástica permanente também terá alta resistência ao desgaste, alta

resistência ao corte e será difícil de ser riscado, ou seja, será duro em qualquer uma dessas

situações. Os ensaios de dureza são realizados com maior freqüência do que qualquer outro

ensaio mecânico, pois são simples, mais baratos e não comprometem funcionalmente a peça

ensaiada (CHANG et al., 1976; LAI; LIM, 1991).

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

33

2.2.2 Estado da arte

No século XVII, como a construção dos objetos de uso se dava de modo

essencialmente artesanal, não se conhecia um controle de qualidade regular dos produtos

fabricados. Avaliava-se a qualidade de uma lâmina de aço ou a dureza de um martelo,

simplesmente pelo próprio uso. Um desgaste prematuro da lâmina ou uma fragilidade que

conduzisse a rápida quebra da ferramenta era o método racional que qualquer um aceitava

para determinar a qualidade das peças. Uma qualidade excepcional de utensílios de

determinada procedência tornava-se logo conhecida e não havia a preocupação de indagar-se

o como e o porquê daquela qualidade (CLAASSEN; CHYNOWETH, 1987).

O ensaio de dureza teve um avanço excepcional entre o século XVII, onde se estimava

a dureza das pedras preciosas friccionando-as com uma lima, e o século XX, onde em 1925,

Smith e Sandland abriram caminho para a determinação de microdureza a partir do ensaio de

dureza Vickers. Durante esses anos, diversos autores contribuíram para o avanço da medição

de dureza, tais como (CALLISTER, 2002; FELDER ; BUCAILLE, 2005):

• Mohs, com sua escala de dureza de 1 à 10 (Figura 7);

• Brinell, utilizando como penetrador uma esfera de aço temperado à uma força

conhecida;

• Rockwell, desenvolvendo o sistema de pré-carga e utilizando como penetrador um

cone de diamante.

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

34

Figura 7: Escala Mohs de dureza

Porém o método de ensaio de dureza, não é totalmente confiável, pois alguns fatores

externos influenciam no erro de medição (PODCHIBIAKIN, 2003; MCGHEE, 2005).

Bahrami et al. (2005) afirmam que, independentemente do método de dureza

utilizado, os valores da microdureza podem variar de acordo com a rugosidade do material, do

método de preparação da amostra, da pressão aplicada e da microestrutura do material. De

acordo com Papachistos et al. (2001), mesmo com essas variações, o método de determinação

de dureza é de extrema importância na investigação das propriedades mecânicas dos materiais

e de filmes ou camadas que revestem esses materiais.

Atualmente os três principais métodos de medição de dureza são os seguintes

(CALLISTER, 2002):

• Dureza Brinell

• Dureza Rockwell

• Dureza Vickers.

Todos esses ensaios de medição de dureza se baseiam em penetradores de formas

geométricas variáveis que causam deformações no material (Figura 8) (CALLISTER, 2002).

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

35

Figura 8: Exemplos de impressões deixadas por penetradores usados em ensaios de dureza.

2.2.3 Ensaio de dureza Brinell

Em 1900, J. A. Brinell divulgou esse ensaio de dureza, que passou a ser largamente

aceito e padronizado devido à relação existente entre os valores obtidos no ensaio e os

resultados de resistência à tração (GARCIA; SPIM; SANTOS, 2000; SOUZA, 1974).

O ensaio de dureza Brinell consiste em comprimir lentamente uma esfera de aço

temperado, de diâmetro “D”, sobre uma superfície plana, polida e limpa de um metal, por

meio de uma carga “F”, durante um tempo “t”, produzindo uma calota esférica de diâmetro

“d” (NBR NM 187-1, 1999).

A dureza Brinell é dada pela seguinte equação (KIM, et al, 2006; NBR NM

187-1, 1999):

( )22

2

dDDD

FHB

−−=π

(6)

Onde:

HB = Dureza Brinell;

F = Carga aplicada;

D = Diâmetro da esfera;

d = Diâmetro da impressão;

O ensaio Brinell é usado especialmente para avaliação de dureza de metais não

ferrosos, ferro fundido, aço, produtos siderúrgicos em geral e de peças não temperadas. É

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

36

feito em equipamento de fácil operação e é o único ensaio utilizado e aceito em metais que

não tenham estrutura interna uniforme. Por outro lado, o uso desse ensaio é limitado pelo

material da esfera empregada. Usando-se esferas de aço temperado só é possível medir dureza

até 500 HB, pois durezas maiores danificariam a esfera. Outro fator negativo é a recuperação

elástica que é uma fonte de erros, pois o diâmetro da impressão não é o mesmo quando a

esfera está em contato com o metal e depois de aliviada a carga (NBR NM 187-1, 1999).

2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell

Em 1922, Rockwell desenvolveu um método inovador de ensaio de dureza. Esse

método apresenta algumas vantagens em relação ao ensaio Brinell, pois permite avaliar a

dureza de metais desde os mais moles até os mais duros. Entretanto, o ensaio Rockwell

também mostra limitações. Por exemplo, suas escalas não têm continuidade. Por isso,

materiais que apresentam dureza no limite de uma escala e no início de outra não podem ser

comparados entre si quanto à dureza. Outra limitação importante é que o resultado de dureza

no ensaio Rockwell não tem relação com o valor de resistência à tração, como acontece no

ensaio Brinell. O que indica que o ensaio de dureza Rockwell está longe de ser a solução

técnica ideal (SOUZA, 1974; GARCIA; SPIM; SANTOS, 2000; SOTELO; SCNITZER;

ROSSO, 2005).

O ensaio Rockwell é, hoje, o processo mais utilizado no mundo inteiro, devido à

rapidez, à facilidade de execução, facilidade em detectar pequenas diferenças de durezas e

pequeno tamanho da impressão (SOUZA, 1974). Nesse método, a carga do ensaio é aplicada

em etapas, ou seja, primeiro se aplica uma pré-carga, para garantir um contato firme entre o

penetrador e o material ensaiado, e depois se aplica a carga do ensaio propriamente dito

(SONG et al, 1995).

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

37

A leitura do grau de dureza é feita diretamente num mostrador acoplado à máquina de

ensaio, de acordo com uma escala predeterminada. A faixa a ser visualizada depende do tipo

do penetrador utilizado, onde a faixa preta corresponde ao penetrador cônico (cone de

diamante com 120º de conicidade) e a faixa vermelha corresponde ao penetrador esférico

(esfera de aço temperado) (NBR NM 146-1, 1998; FISCHER-CRIPPS, 1997) (Figura 9).

Figura 9: Mostrador da máquina de ensaio de dureza Rockwell.

O valor indicado na escala do mostrador é o valor da dureza Rockwell. Esse valor

corresponde à profundidade alcançada pelo penetrador, subtraídas a recuperação elástica do

material após a retirada da carga maior, e a profundidade decorrente da aplicação da pré-

carga. Em outras palavras: a profundidade da impressão produzida pela carga maior é a base

de medida do ensaio Rockwell (NBR NM 146-1, 1998).

2.2.5 Ensaio de dureza Vickers

Em 1925, Smith e Sandland desenvolveram um método de ensaio que ficou conhecido

como ensaio de dureza Vickers (GARCIA; SPIM; SANTOS, 2000; SOUZA, 1974; GÜÇLÜ,

2005).

A dureza Vickers se baseia na resistência que o material oferece à penetração de uma

pirâmide de diamante de base quadrada e ângulo entre faces de 136º, sob uma determinada

carga. O valor de dureza Vickers (HV) é o quociente da carga aplicada “F” pela área de

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

38

impressão “A” deixada no corpo ensaiado (SOUZA, 1974; BOUZAKIS; MICHAELIDIS,

2006).

A máquina que faz o ensaio Vickers não fornece o valor da área de impressão da

pirâmide, mas permite obter, por meio de um microscópio acoplado, as medidas das diagonais

“d1” e “d2” formadas pelos vértices opostos da base da pirâmide. Conhecendo as medidas das

diagonais e a sua média “d”, é possível calcular a dureza Vickers através da equação (5)

(NBR NM 188-1, 1999; SUGIMOTO; KAWAGUCHI, 1997).

2

8544,1

d

FHV

×= (7)

Suwanprateeb (1998), realizou uma análise geométrica do penetrador Vickers e

encontrou a fórmula da dureza Vickers em função da profundidade “h” da penetração no

material (Figura 10). Como demonstra a equação (8).

Figura 10: Esquema da análise geométrica do penetrador Vickers (SUWANPRATEEB,

1998).

o

o

hF

HV16cos4

74cos8544,122

2

××

××= (8)

O ensaio de microdureza Vickers é utilizado para aplicações específicas voltadas

principalmente para superfícies tratadas (carbonetação, têmpera) ou para a determinação de

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

39

dureza de microconstituintes individuais de uma microestrutura. Ela envolve o mesmo

procedimento prático que o ensaio de dureza Vickers, só que utiliza cargas menores que 1 kgf.

A carga pode ter valores tão pequenos como 10 gf (SUWANPRATEEB, 1998; GARCIA;

SPIM; SANTOS, 2000; SOUZA, 1974).

O ensaio Vickers possui inúmeras vantagens com relação aos processos Rockwell e

Brinell, são elas:

Fornecer uma escala contínua de dureza, medindo todas as gamas de valores de dureza

numa única escala;

Produzir impressões extremamente pequenas e, que na maioria dos casos, não

comprometem funcionalmente as peças, mesmo as acabadas;

Penetrador, por ser de diamante, é praticamente indeformável;

Aplica-se a materiais de qualquer espessura, e pode também ser usado para medir

microdureza.

Isso não quer dizer que o ensaio Vickers resolva todos os problemas de avaliação de

dureza dos materiais. Mas, somado aos outros métodos já estudados, é um bom caminho para

atender às necessidades de processos industriais cada vez mais exigentes e sofisticados. Por

outro lado, deve-se tomar cuidados especiais para evitar erros de medida ou de aplicação de

carga, que alteram muito os valores reais de dureza. Quando se usam cargas menores do que

300 gf, pode haver recuperação elástica, dificultando a medida das diagonais. A máquina de

dureza Vickers requer aferição constante, pois qualquer erro na velocidade de aplicação da

carga traz grandes diferenças nos valores de dureza. Outra desvantagem do método de

microdureza Vickers consiste no fato de que seus resultados vêm influenciados pela medição

do operador do microdurômetro que é responsável por ler e quantificar as diagonais deixadas

pela impressão do penetrador. Em alguns casos, torna-se conveniente tornar a medição da

microdureza independente do operador automatizando o processo (PODCHIBIAKIN, 2003).

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

40

2.2.6 Automatização dos ensaios de dureza

Ensaios de dureza automatizados representam uma nova forma de ensaio mecânico

que tem evoluído bastante quando comparados com os ensaios tradicionais de medição de

dureza. Desenvolvidos no início dos anos 80 com o avanço da informática, esses métodos se

baseiam numa alta necessidade de instrumentação com um contínuo monitoramento da carga

e deslocamento do penetrador (BULYCHEV et al., 1975; SHORSHOROV et al., 1982). Essa

modalidade de ensaio, além de fornecer a dureza, também pode disponibilizar os valores do

módulo de elasticidade do material. Fornece também os dados da curva de carga versus

profundidade (tensão X deformação), podendo ainda, em alguns equipamentos, captar

imagens das impressões deixadas pelo penetrador, mesmo que essa possua escala

nanométrica. Devido a essa grande vantagem, a técnica de ensaio de dureza automatizada vem

sendo largamente utilizada para análise de filmes finos (VANLANDINGHAM, 2003).

Os processos automatizados de ensaios de dureza seguem duas linhas distintas. Na

primeira, a profundidade da impressão deixada pelo penetrador é calculada através de um

sensor de deslocamento, calculando-se a dureza sem a necessidade de medição humana

através de microscópios ópticos. Na segunda, o processo ocorre normalmente, porém a

medição da área da impressão é calculada através de programas computacionais de análise de

imagem, eliminando-se também o erro humano no ato da medição da área da impressão

(VANLANDINGHAM, 2003; PODCHIBIAKIN, 2003).

Dentre os ensaios de dureza automatizados usando sensores de deslocamento do

penetrador, diversos tipos podem ser encontrados. Eles diferem na forma como a força é

aplicada e como a penetração é medida. Pequenas forças podem ser geradas por atuadores

eletromagnéticos, atuadores eletrostáticos e atuadores piezo-elétricos. A magnitude dessas

forças é usualmente dependente da voltagem ou corrente aplicada no atuador. Em alguns

equipamentos, uma célula de carga do tipo piezo-elétrica pode ser usada para proporcionar

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

41

medição constante da força aplicada. Esses equipamentos geralmente têm os seguintes

componentes (Figura 11) (HAY; PHARR, 2000):

• Um penetrador de geometria específica;

• Um atuador de força;

• Um sensor para medir a profundidade da penetração;

• Um sensor para medição da força aplicada

Figura 11: Desenho esquemático de um aparelho automatizado de ensaio de dureza (HAY;

PHARR, 2000).

Penetradores com uma variedade de geometrias e materiais podem ser utilizados.

Quanto ao material, o penetrador de diamante é o mais utilizado devido a sua alta dureza.

Quanto à geometria, o penetrador piramidal é o mais usado, podendo ser do tipo Vickers ou

de Berkovich. Porém, a geometria do Berkovich é preferida, pois sua impressão é mantida

mesmo em pequenas escalas (nanométricas) (HAY; PHARR, 2000).

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

42

Gubicza et al. (1996), desenvolveram um teste de penetração sensível a variações de

profundidade do penetrador, o qual tem sido bastante utilizado para determinação de dureza.

Nesse teste, a carga aplicada é registrada em função da profundidade da penetração durante

todo o processo. O processo é feito em três etapas. Inicialmente a carga é aplicada até atingir

um valor pré-determinado. Feito isto, a força é mantida constante por um determinado

intervalo de tempo permitindo assim a acomodação do material. Na última etapa, a carga é

controladamente retirada e o penetrador removido da amostra. A diferença entre a deformação

elástica-plástica armazenada na primeira etapa e a deformação elástica da terceira etapa é

calculada, encontrando-se a profundidade da impressão. A partir da profundidade da

impressão é possível calcular a dureza do material. Além desse processo ser isento de erro

humano, outra grande vantagem é a possibilidade de medir tanto deformações plásticas

quanto deformações elásticas, ao contrário dos métodos tradicionais que calculam apenas a

deformação plástica do material (impressão deixada pelo penetrador após retirada a carga).

Como exemplo desse método, tem-se o teste de Oliver e Pharr (OLIVER, PHARR, 1992), no

qual a dureza pode ser determinada sem observações ópticas.

Dentre os ensaios de dureza automatizados usando análise de imagem algumas

diferenças podem ser enfatizadas. Eles diferem quanto a maneira de captar a imagem,

podendo captá-la durante e depois da aplicação da carga. E diferem quanto a forma de

calcular a área da impressão, podendo usar diferente métodos, tais como: análise por lógica

difusa, por redes neurais, geométrica e outros (PODCHIBIAKIN, 2003; KRAUTKRÄMER,

2005).

Krautkrämer (2005), afirmou que nos métodos tradicionais de medição de dureza,

Vickers por exemplo, ocorre a aplicação do penetrador na amostra e, após removida a carga,

realiza-se a medição das diagonais impressas. Nesse caso, obtém-se apenas o valor da

deformação plástica. Desenvolveu então, uma nova técnica que pode suprir as deficiências de

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

43

outras técnicas de medição de dureza convencionais. A dureza foi medida durante a aplicação

da carga, considerando assim tanto os componentes elásticos quanto os plásticos. Nessa

técnica, estabelece-se uma determinada carga e, na medida em que a penetrador deforma o

material, há um monitoramento dessa deformação por uma câmera. A determinação do

tamanho da impressão é feita por um computador que analisa digitalmente as imagens

fornecidas pela câmera (Figura 12).

Figura 12: Programa computacional que calcula a área da impressão Vickers

(KRAUTKRÄMER, 2005).

O aparecimento de novas técnicas de medição dinâmica de profundidade e de

resolução óptica proporcionou um novo fôlego na investigação da dureza dos materiais,

possibilitando a medição dinâmica do valor da carga e da profundidade de penetração. Desse

modo, passa a ser possível estudar outros aspectos associados ao comportamento dos

materiais, tais como (TAVARES, 2002):

• A evolução da carga aplicada em função da profundidade de penetração: que por sua

vez elucida acerca da dureza dinâmica (elástica mais plástica) em função da penetração;

• a energia consumida por todo o processo de penetração;

• as características elásticas e plásticas dos materiais ensaiados e o módulo de elasticidade;

• o comportamento à fluência: estudando a evolução da profundidade de penetração em

função do tempo com uma carga constante.

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

44

2.3 Célula de carga

2.3.1 Considerações iniciais

O sensor é o componente do instrumento que transduz a variável física de entrada para

outra forma mais usável. A grandeza física da entrada geralmente é diferente da grandeza da

saída. O sensor geralmente está em contato direto com o processo e dá a saída que depende da

variável a ser medida (PASSOS, 2002a; RIBEIRO, 1999). Exemplos de sensores são:

Tubo de Bourdon, que se deforma elasticamente quando submetido a uma pressão;

Termopar, que gera uma tensão em função da diferença de temperatura entre dois

pontos;

Extensômetro de resistência elétrica (ERE), que varia a resistência elétrica em função

da deformação exercida sobre ele.

Um dos primeiros usos do ERE, após sua descoberta no início da década de 1940, foi

no desenvolvimento de um sensor confiável e preciso. As células de carga a ERE representam

o meio de pesagem mais prático. O seu uso se estende de aplicações de balanças comerciais,

pesagem de cargas postais, balanças de laboratório, balanças rodoviárias e pesagem em

aplicações da agricultura e indústria petroquímica. Elas são aplicadas em lançamentos de

foguetes, plataformas de lançamento, túneis de vento e outros ramos da pesquisa aeronáutica

(FARIA; CARVALHO, 2002; RIBEIRO, 1999; MAGALHÃES, 2003).

São inúmeros os trabalhos que necessitam do uso de EREs, independente da área de

atuação:

Janson (2002) realizou uma pesquisa na qual se analisa a estrutura de uma prótese fixa

implanto-suportada, através do uso de ERE, ou seja, ele procurou verificar a distribuição das

tensões nas infra-estruturas dessas próteses.

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

45

Kamiya et al. (2002) desenvolveram um aparato para medição do módulo de

elasticidade de filmes finos. Para isso utilizou a tecnologia de ERE’s com o intuito de medir a

força aplicada pelo penetrador de diamante sobre o filme fino.

Yoshida et al. (2002) realizaram uma pesquisa sobre o comportamento elástico e

plástico em folhas de aço. Analisaram ciclos de deformação em um grande intervalo de carga,

ou seja, obtiveram curva de tensão X deformação, mostrando a evolução de regiões elásticas

para plásticas e de plásticas para elásticas. Em seu estudo usaram como sensor de deformação,

uma célula de carga, obtendo os resultados esperados.

Faria e Carvalho (2002) utilizaram ERE’s inseridos em palmilhas para monitorar os

esforços dos membros inferiores. De acordo com os autores, há muitas aplicações de ERE’s

na Engenharia de Reabilitação nas quais se faz necessário o monitoramento dos esforços

exercidos pelos membros superiores e inferiores de paciente com deficiência de mobilidade.

As células de carga possuem ampla aplicação também na robótica. Pratt et al. (2002),

utilizaram células de carga para controlar a força aplicada por um braço robótico.

Os ERE’s também possuem grande atuação na área de engenharia civil: Lactec et al.

(2003) estudaram uma técnica que permite a determinação dos campos de temperatura e de

tensões em cada etapa do processo construtivo de uma barragem utilizando inúmeros

instrumentos automatizados, dentre eles, termômetros, piezômetros e ERE’s.

Morais et al. (2003), desenvolveram um novo instrumento para medição de fissuras e

juntas em barragens de concreto. A principal diretriz desse projeto foi desenvolver um

instrumento com menor custo e permitir a aquisição automática dos dados. O novo

instrumento foi baseado no princípio de deformação total. A medição da deformação foi feita

a partir do monitoramento dos deslocamentos da estrutura frente à medida conhecida.

Utilizaram-se pares de ERE’s como sensores.

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

46

Yan (2005), realizou uma pesquisa na qual relata um novo tipo de célula de carga que

possui rigidez e a capacidade de percepção de carga dez vezes a mais que as células

existentes. Essa célula de carga é baseada em materiais piezoelétricos em vez dos

convencionais resistores elétricos.

Enfim, pode-se notar que, na maioria dos processos de automação, onde há

necessidade de observar solicitação mecânica exercida sobre um determinado corpo, os

ERE’s são amplamente utilizados, independente da área de atuação.

2.3.2 Tipos de célula de carga

As células de carga podem ser dos seguintes tipos:

Único ponto;

Viga à flexão;

Viga dupla à flexão;

Coluna;

Tração / Compressão.

A geometria da célula de carga e os materiais de fabricação dos ERE’s variam de

acordo com o projeto. A tabela 2 demonstra vários materiais para fabricação de EREs, de

acordo com a temperatura que ele vai ser utilizado (SENAI; CST, 2002). A figura 13

representa algumas células de carga existentes no comércio, com geometrias variadas.

Tabela 2 - Material para fabricação de ERE.

DENOMINAÇÃO CONSTITUIÇÃO(LIGA) FAIXA DE

TEMPERATURA Constantan Cobre - Níquel +10 – 204 ºC

Karma Cobre - Níquel Aditivado Até 427 ºC 479 Pt Platina - Tungstênio Até 649 ºC

Nichrome V Níquel - Cromo Até 649 ºC

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

47

Figura13: Diversos tipos de célula de carga.

2.3.3 Funcionamento das células de carga

O princípio de funcionamento das células de carga baseia-se na variação da resistência

ôhmica de um sensor denominado ERE, quando submetido a uma deformação (RIBEIRO,

1999).

Se um fio é dobrado como uma mola de modo que sua seção transversal varia quando

o elemento de mola é acionado (comprimido ou estendido), é possível estabelecer uma

relação matemática entre a resistência elétrica do fio e a força causadora da deformação no

elemento de mola. Células de carga a ERE são projetadas para permitir a deformação elástica

controlada do elemento de mola. EREs são resistores que variam sua resistência ôhmica

quando tencionados ou comprimidos (Figura 14) (SIGHIERI; NISHINARI, 1988; DALLY;

RILEY, 1991).

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

48

Figura 14: Extensômetro de Resistência Elétrica.

Utiliza-se comumente em células de carga, quatro ERE’s ligados entre si segundo a

ponte de Wheatstone (Figura 15) (MORAIS et al., 2003).

Figura 15: Esquema de montagem de quatro ERE’s em uma célula de carga.

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

49

Os ERE’s são colados a uma peça metálica (alumínio, aço ou liga cobre-berílio),

denominada corpo da célula de carga e inteiramente solidários à sua deformação. A força atua

portanto, sobre o corpo da célula de carga e a sua deformação é transmitida aos ERE’s, que

por sua vez medirão sua intensidade. Os ERE’s são colados na célula de modo que durante a

sua deformação elástica, quando os ERE’s “A” e “C” forem tencionados os ERE’s “B” e “D”

são comprimidos e vice-versa. Com isso, quanto maior a deformação elástica da célula de

carga, maior é o desbalanceamento da ponte de Wheatstone, e conseqüentemente, maior é a

tensão gerada na saída do circuito (Figuras 16 e 17) (SIGHIERI; NISHINARI, 1988; SENAI;

CST, 2002; RIBEIRO, 1999).

Figura 16: Célula de carga sem força aplicada.

Figura 17: Célula de carga com força aplicada.

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

50

Todas as células de carga a ERE são compensadas para os efeitos da temperatura, isto

é, conseguindo fazer os fios dos ERE’s de ligas de materiais insensíveis à temperatura e

introduzindo resistores convenientes de compensação no circuito da ponte. O sinal de saída de

um ERE é relativamente pequeno em função da tensão de excitação (um valor comum de 2 a

3 mV por volt de excitação). A tensão de excitação pode ser alternada ou contínua e é

usualmente na faixa de 5 a 20 V, com valor típico de 12 V (RIBEIRO, 1999).

A célula de carga a ERE é, portanto, uma ferramenta muito importante na medição de

tensões mecânicas. Entretanto, para melhorar o seu desempenho, torna-se necessário

minimizar o ruído de saída com a utilização de procedimentos adequados na preparação da

superfície das peças no momento da colagem dos extensômetros, e com o uso de bons

amplificadores (DALLY; RILEY, 1991).

2.4 Motor de passo

2.4.1 Considerações iniciais

O crescimento explosivo da indústria de informática em anos recentes significou

também um enorme crescimento para o motor de passo, uma vez que esses motores fornecem

a força que aciona muitos dispositivos periféricos de computador. Eles podem ser encontrados

acionando o mecanismo de alimentação de papel de impressoras, como também em drivers de

discos flexíveis, onde proporcionam um posicionamento preciso da cabeça magnética nos

discos. O motor de passo é usado em tais aplicações, pois é um dispositivo que serve para

converter informação de entrada em forma digital para uma saída mecânica. Dessa forma,

fornece uma interface natural com o computador digital (TORO, 1994).

O motor de passo, contudo, pode também ser encontrado desempenhando incontáveis

tarefas fora indústria da informática. Em muitas aplicações comerciais, militares e médicas,

desempenham funções como misturar, cortar, agitar, medir, combinar e purificar.

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

51

Desempenham muitos papéis na produção de alimentos empacotados, produtos comerciais

acabados e mesmo na produção de filmes de ficção científica (MARINO et al., 1995).

Pode-se descrever o motor de passo como uma forma de motor projetado para girar

apenas um número especificado de graus para cada pulso elétrico recebido, o que possibilita o

deslocamento por passo, onde passo é o menor deslocamento angular realizado pelo motor

(Figura 18a e 18b) (FITZGERALD, A.E.; KINGSLEY JR,C.; KUSKO, A., 1975;

LOBOSCO; OSILVIO & DIAS, COSTA, 1988).

Figura 18: (a) Componentes internos do motor de passo.(b) Motor de passo.

2.4.2 Tipos de motor de passo

Os motores de passo são classificados quanto aos rotores em 3 tipos: ímã permanente,

relutância variável e híbrido. Nesse trabalho estuda-se apenas os motores de passo tipo ímã

permanentes (FITZGERALD, A.E.; KINGSLEY JR,C.; KUSKO, 1975; TORO, 1994).

O motor de passo tipo ímã permanente apresenta um rotor de material alnico ou

ferrite. Pelo fato do rotor está sempre magnetizado, seu torque estático não é nulo. O motor de

passo tipo ímã permanente pode se subdividir quanto ao número de enrolamentos e quanto à

polaridade, podendo ser unipolar ou bipolar. Os motores de passo unipolares são

caracterizados por possuírem um fio centralizado entre o enrolamento de seus eletroímãs

Pólos magnéticos do rotor

Eletroímãs

Rotor

(a) (b)

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

52

(bobinas), normalmente utilizado para alimentar o motor (LOBOSCO; OSILVIO & DIAS,

COSTA, 1988).

Diferentes dos unipolares, os motores bipolares não possuem o fio central, tornando-os

mais simples, porém exigem circuitos mais complexos. A grande vantagem na utilização dos

motores de passo bipolares é proporcionar maior torque, além de ter uma maior proporção

entre tamanho e torque (LOBOSCO; OSILVIO & DIAS, COSTA, 1988; MOTOR...2006b) .

2.4.3 Funcionamento do motor de passo

Um motor de corrente contínua, quando alimentado, gira no mesmo sentido e com

rotação constante, ou seja, para que esses motores funcionem, é necessário apenas estabelecer

sua alimentação. Com o auxilio de circuitos externos de controle, esses motores de corrente

contínua poderão inverter o sentido de rotação ou variar sua velocidade (TORO, 1994;

PASSOS, 2002b).

Um motor de passo é um tipo de motor elétrico que é usado quando algo tem que ser

posicionado muito precisamente ou rotacionado em um ângulo exato.

Em um motor de passo, seu rotor interno contém um ímã que é controlado por uma

série de eletroímãs, os quais são ativados e desativados eletronicamente. Esses eletroímãs são

ligados e desligados seguindo impulsos cuidadosamente controlados, de modo que os pólos

magnéticos do rotor se movam de um eletroímã para outro devidamente habilitado (Figura 19)

(MOTOR...2006a).

Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

53

Figura 19: Esquema da alimentação dos eletroímãs.

Os rotores dos motores de passo possuem um número fixo de pólos magnéticos que

determinam o número de passos por volta. Os motores de passo mais comuns possuem 200

passos completos por volta (MOTOR...2006a).

Motores de passo vêm em várias escalas de ângulos. Os motores menos precisos giram

tipicamente 90° por passo, enquanto os motores de maior precisão são capazes de girar entre

1,8 e 0,72° por passo. A figura 20 demonstra o funcionamento dos passos onde em:

A. O eletroímã superior “1” é ativado, atraindo o dente superior do eixo;

B. O eletroímã superior “1” é desativado e o eletroímã da direira “2” é ativado, movendo

o quarto dente mais próximo à direita, resultando em uma rotação de 3,6°;

C. O eletroímã da direira “2” é desativado e o eletroímã inferior “3” é ativado, ocorrendo

outra rotação de 3,6°;

D. O eletroímã inferior “3” é desativado e o eletroímã da esquerda “4” é ativado,

produzindo nova rotação de 3,6°;

Quando o eletroímã superior “1” for ativado novamente, o rotor terá rodado a posição

em um dente. Como esse rotor possui 25 dentes, serão necessários 100 passos para uma

rotação completa (MOTOR...2006a).

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

54

Figura 20: Esquema de funcionamento do movimento do motor de passo.

Como foi demonstrado acima, para que um motor de passo funcione, é necessário que

sua alimentação seja feita de forma seqüencial e repetida. Não basta apenas ligar os fios do

motor de passo a uma fonte de energia e sim ligá-los a um circuito que execute a seqüência

requerida pelo motor (TORO, 1994; LOBOSCO; OSILVIO & DIAS, COSTA, 1988).

Existem três tipos básicos de sequências que movimentam o motor de passo, são elas:

o passo inteiro, o meio passo e o micropasso. Nesse trabalho é abordado o estudo do

micropasso (LOBOSCO; OSILVIO & DIAS, COSTA, 1988).

No motor unipolar, o movimento de passo inteiro ocorre quando há a energização de

uma e somente uma bobina de cada vez, produzindo um pequeno deslocamento do rotor

(Figura 21) (ESTUDO...2006).

Figura 21: Movimento de passo inteiro em um motor de passo unipolar.

Page 56: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

55

Já o movimento de meio passo ocorre em duas etapas. Na primeira, as bobinas são

energizadas exatamente como no passo inteiro. Na segunda etapa duas bobinas adjacentes são

energizadas. Nesse caso, o movimento de meio passo além de mais preciso, produz mais

torque que o movimento de passo inteiro, já que mais de uma bobina é energizada por vez.

Assim, com um controle apropriado, a maioria dos motores de passo ímã permanente pode

girar tanto no movimento de passo inteiro quanto no movimento de meio-passo (Figura 22)

(TORO, 1994; LOBOSCO; OSILVIO & DIAS, COSTA, 19988).

Figura 22: Movimento de meio passo em um motor de passo unipolar.

No motor bipolar, o movimento de passo inteiro ocorre quando há a energização das

quatro bobinas, de modo que duas bobinas adjacentes possuam uma polarização reversa das

bobinas restantes, produzindo um pequeno deslocamento do rotor. Nesse movimento, as pás

do rotor ficam sempre alinhadas entres as bobinas (Figura 23) (ESTUDO...2006).

Page 57: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

56

Figura 23 – Movimento de passo inteiro em um motor de passo bipolar.

O movimento de meio passo do motor bipolar também ocorre em duas etapas. Na

primeira as bobinas são energizadas exatamente como descrito acima. Na segunda etapa,

apenas duas bobinas opostas são energizadas. Nesse caso o movimento de meio passo é mais

preciso que o de passo inteiro, porém produz um torque inferior já que não mantém sempre as

quatro bobinas energizadas (Figura 24) (TORO, 1994; LOBOSCO; OSILVIO & DIAS,

COSTA, 1988).

Figura 24: Movimento de meio passo em um motor bipolar.

Page 58: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

57

2.4.4 – Vantagens e desvantagens dos motores de passo

Com o passar dos anos houve um aumento na popularidade desse motor,

principalmente pelo seu tamanho e custo reduzidos. Em relação aos primeiros motores, o

motor de passo apresenta ainda outras vantagens além das citadas acima, tais como: controle

da velocidade e direção, precisão do movimento, características de bloqueio, pouco desgaste,

estabilidade e dispensa de realimentação. As desvantagens do motor de passo são: produzir

velocidades mais baixas que os motores convencionais e necessitar de controle

relativamente complexo (FITZGERALD, A.E.; KINGSLEY JR,C.; KUSKO, A., 1975;

LOBOSCO; OSILVIO & DIAS, COSTA, 1988).

Page 59: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

58

CAPÍTULO 3

MATERIAIS E MÉTODOS

Page 60: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

59

3. Materiais e métodos

3.1 Aparato experimental

Para construção do aparato experimental, foi utilizado um microscópio da marca Carl

Zeiss Jena, onde foi acoplado um sistema automatizado constituído por um sensor e um

sensor/atuador. O custo deste sistema automatizado foi cerca de 40 vezes menor do que um

microdurômetro convencional. O sensor utilizado foi uma célula de carga do tipo G5N da

Alfa Instrumentos e o sensor/atuador foi um motor de passo tipo ímã permanente unipolar

com 4 enrolamentos, ambos com alimentação de 12V (Figura 25).

Figura 25: Aparato experimental.

O motor de passo utilizado necessita de 24 passos para a realização de uma volta,

porém, usando-se movimento de meio passo, foi possível obter a precisão de 96 passos por

Page 61: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

60

volta. Esse foi acoplado a um conjunto de engrenagens (proporcionando um aumento de 48

vezes na sua precisão) , o qual foi acoplado ao eixo de ajuste fino do microscópio. Esse eixo

do microscópio realiza um deslocamento vertical de 100 µm na cremalheira a cada rotação.

Portanto, multiplicando-se o valor do número de passos (96) pela redução (48), tem-se o valor

do número de passos necessários que o motor deve realizar para que o eixo do ajuste fino do

microscópio realize um rotação. Com isso, a cada 4608 passos dados pelo motor, é realizada

uma rotação pelo eixo do ajuste fino. Obteve-se, portanto, uma precisão do movimento

vertical da cremalheira de 0,021 µm por passo dado pelo motor. Com o objetivo de arrefecer o

motor de passo, foi fixado ao mesmo um dissipador de energia-térmica e um ventilador com

alimentação de 12V (Figura 26).

Figura 26: Acoplamento mecânico do motor de passo ao eixo de ajuste fino do

microscópio.

Através de um circuito controlador, de uma placa multiplexadora, de um programa e

de um microcomputador, foi possível obter o controle do motor de passo.

Motor de passo

Conjunto de engrenagens

Dissipador de calor

Ventilador

Eixo de ajuste fino do microscópio

Page 62: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

61

A célula de carga foi fixada por meio de um suporte de aço à mesa xyz do

microscópio, a qual está acoplada na cremalheira. Um porta amostra cilíndrico de aço inox

com 40 mm de diâmetro e 2 mm de altura foi rosqueado na célula de carga. Essa foi fixada na

mesa de modo que seu porta-amostra ficasse centralizado e com a inclinação de 90º em

relação a um penetrador que foi colocado no suporte das lentes objetivas do microscópio. O

penetrador usado foi uma pirâmide de diamante de base quadrada e ângulo entre faces de 136º

(Figura 27).

Figura 27: Célula de carga fixada a mesa xyz do microscópio.

Através de um circuito amplificador, de um circuito A/D, de uma placa

multiplexadora, de um programa e de um microcomputador, foi possível fazer aquisição de

dados da célula de carga (Figura 28).

Célula de carga

Suporte de aço

Penetrador

Mesa xyz

Porta amostra

Page 63: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

62

Figura 28: Esquema de aquisição e controle do aparato experimental.

3.1.1 Protocolo de comunicação

Levando em consideração principalmente a velocidade de aquisição de dados, esse

sistema teve por base o uso da interface paralela de um microcomputador. A porta paralela ou

DB25 é uma interface de comunicação entre o computador e um periférico. Há alguns anos,

quando a comunicação paralela foi desenvolvida, a idéia era conectar a essa porta uma

impressora. Todavia, atualmente, são vários os periféricos que se utilizam dessa porta para

enviar e receber dados para o computador. Para que fosse possível receber e enviar dados

através dos pinos de dados, operou-se no modo SSP. A figura 29 mostra um esquema da

DB25 utilizada nesse trabalho, assim como a disposição de seus pinos e o sentido do tráfego

de dados no modo SSP.

Page 64: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

63

Figura 29: Configuração da porta paralela no modo SSP.

3.1.2 Placa multiplexadora

Usando técnicas de multiplexação dos sinais da porta paralela, a placa multiplexadora

disponibiliza, em seus terminais, até 40 entradas e 40 saídas digitais em nível lógico TTL

(Figura 30).

Figura 30: Placa multiplexadora.

Através da programação, é possível acessar cada entrada e saída individualmente. As

entradas são dividas em 10 bancos de 4 bits cada, que são enumerados de 5 a 14, enquanto as

saídas são divididas em 5 bancos de 8 bits cada, que são enumeradas de 0 a 4 (Figura 31).

Page 65: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

64

Figura 31: Esquema dos bancos de entrada e saída da placa de aquisição.

A placa possui 5 conectores idênticos, cada um responsável por dois bancos de entrada

e um banco de saída.

Essa placa de aquisição possui três endereços disponíveis com funções distintas. O

endereço 378 em hexadecimal é exclusivo para saídas de dados e todos são de 8 bits. O

endereço 379 é exclusivo para entradas de dados que vem em pacotes de 4 bits. O endereço

37A é usado para acessar os diversos bancos da placa supracitada.

Para acessar as entradas e saídas da placa é necessário primeiramente acessar o banco

respectivo e somente depois comandar a saída ou ler a entrada. Na linguagem de programação

Delphi, o comando “Port” acessa o endereço, enviando ou recebendo um dado do mesmo

através das funções:

• Port[$37A] : = 2; Aciona o banco “2” de saída na placa

• Port[$378]: = 32; Comanda o Banco “2” para enviar um dado de numero 32 que

corresponde ao nível lógico alto no(s) pino(s) correspondente(s).

• Port[$37A] : =15; Fecha o banco acionado;

Page 66: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

65

A placa trabalha com sinas TTL em seus conectores. Portanto, quando o bit é

acionado, o pino vai para 5V e quando o bit é desligado, o pino vai a 0V. A entrada se

comporta de maneira idêntica, ou seja, ao colocar o pino em 0V a placa lê o valor zero,

indicando que o bit está desligado e ao colocar o pino em 5V a placa lê o valor

correspondente ao bit, indicando que o mesmo está ligado . Porém, para que a placa envie e

receba sinais TTL corretamente, são necessários alguns circuitos, apresentados a seguir.

3.1.3 Circuito controlador

O objetivo do circuito controlador é transformar os sinais TTL de 5V da porta paralela

em sinais de 12V que o motor de passo necessita para alimentar seus eletroímãs (Figura 32).

O circuito integrado (CI) ULN2003 é um conjunto de transistores que pode ser usado

em interfaces que necessitem controlar motores de passos, solenóides, relês, motores CC e

muitos outros dispositivos.

O CI ULN2003 tem 7 entradas que podem controlar até 7 saídas. Ele trabalha com

correntes de 500mA e tensão de até 50v. Por isso, motores de passo que consumam mais que

esse valor de corrente não podem ser utilizados.

Figura 32: Esquema do circuito de controle do motor de passo.

Page 67: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

66

3.1.4 Circuito amplificador

O CI usado para a conversão do sinal analógico para digital tem a sensibilidade de

19,5 mV. A função do circuito amplificador é amplificar o sinal de saída da célula de carga.

Essa amplificação é feita de forma que, a cada 2 gramas de força aplicada na célula de carga,

seja gerada uma tensão de 19,5 mV na saída da mesma. Portanto, o objetivo do circuito

amplificador é sincronizar o sinal de saída da célula de carga com a sensibilidade do

conversor A/D.

O CA3140 é um amplificador operacional que trabalha na tensão de 4V a 36V. Esse

amplificador operacional amplifica a tensão de entrada em até 2700 vezes. O valor de quantas

vezes a tensão de entrada é amplificada é chamado ganho. O ganho é calculado através da

divisão entre a resistência total ligada ao pino 6 e a resistência total ligada ao pino 2. A tensão

pode ser anulada para se obter o valor inicial desejado através do uso do offset. Isso é feito

conectando um potenciômetro de 10kΩ entre os terminais 1 e 5 e alimentando o

potenciômetro com a tensão de 12V (Figura 33).

Figura 33: Esquema de utilização do amplificador operacional CA3140.

3.1.5 Circuito conversor A/D

Após tratado pelo circuito amplificador, o sinal é enviado ao circuito conversor A/D.

O circuito conversor A/D utiliza o conversor ADC0804 e sua função é converter um sinal

analógico de 0-5V para um sinal digital de 0-255 (Figura 34).

Page 68: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

67

Figura 34: Circuito conversor A/D.

Portanto, o objetivo do circuito conversor é permitir que os dados coletados pelo

sensor célula de carga sejam interpretados pelo microcomputador em forma de sinal digital,

de modo que o mesmo possa processar os dados coletados.

O conversor ADC0804 converte um sinal analógico em um correspondente dado

digital de 8 bits (D0 a D8), que pode ser interpretado e processado via programa. O nível de

tensão da entrada analógica pode variar de 0 a 5V com a resolução de 19,5 mV. O tempo de

conversão é de 100 µs (Figura 35).

Figura 35: Esquema da resolução do ADC0804.

Page 69: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

68

3.1.6 Programa de controle

O programa de controle foi desenvolvido usando a linguagem de programação Delphi,

que é um ambiente de desenvolvimento de projetos orientado a objeto. Esse programa

consiste em calcular a dureza de um material através da deformação produzida por um

penetrador de diamante aplicando-se uma carga pré-determinada (Figura 36).

Figura 36: Programa de controle.

O uso do programa é bastante simples, o usuário deve inicialmente escolher a

velocidade de avanço do motor de passo, o tempo de fluência do processo e a carga que deve

ser exercida sobre a amostra. Para isso, o usuário deve ir na opção “Configurações do

Processo” e escolher a configuração desejada (Figura 37).

Page 70: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

69

Figura 37: Configurações do programa de controle. A ferramenta “Ajuste da aquisição” serve para zerar a carga, ou seja, desconsidera o

peso da amostra colocada sobre a célula de carga. Essa ferramenta pode ser usada de forma

manual ou automática de acordo com a preferência do usuário.

O programa possui cinco fases para determinar a dureza do material. Em todas as fases

o programa realiza um monitoramento contínuo, armazenando em um banco de dados as

variáveis nº de passos e carga aplicada. As fases do programa são :

1- Fase de contato: Nessa fase, o programa procura um contato inicial com o material

ensaiado. Para isso, ele verifica o valor da carga exercida na célula de carga para cada passo

executado pelo motor. A partir do momento que o valor da carga sai de zero, o programa

avança para a segunda fase;

2- Fase de carga: Nessa fase, o programa executa passos no motor, de modo a aplicar uma

carga crescente sobre o material ensaiado até atingir uma carga previamente estabelecida,

verificando o valor da carga para cada passo executado. Uma vez atingida a carga pré-

determinada, o programa inicia a terceira fase;

3- Fase de fluência: Nessa fase, o programa mantém o processo inerte em um intervalo de

tempo previamente estabelecido pelo usuário. Cessado o tempo de fluência, o programa

começa a quarta fase;

Page 71: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

70

4- Fase de descarga: Nessa fase, o programa executa passos no motor na direção inversa a da

fase de carga, de modo a aplicar uma carga decrescente sobre o material ensaiado até atingir a

carga inicial, verificando o valor da carga para cada passo executado. Uma vez atingida a

carga inicial, o programa inicia a quinta e última fase;

5- Cálculo da dureza: Nessa fase, o programa desliga o motor, conta o número de passos

executados e traça uma curva de todo o processo. Nessa curva, o programa fornece a

diferença entre o número de passos executados na fase de carga e descarga, e a partir desse

valor calcula a dureza do material.

3.2 Preparação das amostras

Tarugos de vários materiais (principalmente metálicos) com diferentes durezas foram

selecionados. Os materiais escolhidos foram: resina acrílica, alumínio, cobre, aço 1020, aço

1045, aço inox austenítico, aço inox martensítico e aço ferramenta vc-60. Com a ajuda de um

torno, eles foram transformados em corpos de prova cilíndricos com diâmetro menor que 40

mm, uma vez que o porta-amostra possui esse diâmetro. Um lixamento manual foi realizado

com lixas de carbeto de silício de granulometrias 80, 150, 220, 360, 500, 600 1200 e 2000 e

polidas com alumina 1µm. Após o uso da lixa 2000, a peça passou por um polimento na

politriz APL-4 da Arotec revestida com feltro onde se gotejou alumina 1 µm para que a

amostra ficasse isenta de riscos.

3.3 Realização dos experimentos

Foram selecionados 8 materiais com durezas distintas, sendo 7 metais com durezas

entre 73 e 796 HV e uma resina acrílica com dureza 13 HV. Os 7 metais escolhidos foram:

alumínio, cobre, aço 1020, aço 1045, aço inox austenítico, aço inox martensítico e aço

ferramenta vc-60. Foram realizados 2 tipos de ensaio para se avaliar a dureza do material. O

Page 72: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

71

primeiro consistiu em medir a dureza Vickers, e o segundo em obter a dureza através do

aparato experimental desenvolvido nesse trabalho.

O ensaio de dureza Vickers foi realizado em um microdurômetro modelo HVS 1000A

da Pantec. Utilizou-se uma carga de 300g por 20 segundos para se obter os resultados. As

impressões foram feitas em pontos equidistanciados de 0,5 mm, totalizando 10 pontos por

amostra. As microdurezas Vickers foram calculadas a partir da medida das diagonais

formadas pelos vértices opostos da base da pirâmide deixada pelo penetrador. Em seguida,

foram desconsiderados o maior e o menor valor de dureza restando 8 valores que foram

colocados em um programa de estatística. Programa este, que também foi desenvolvido neste

trabalho. Obteve-se, portanto, a média e o desvio padrão através de um programa de

estatística. Essa média foi considerada como a dureza do material.

Os ensaios no aparato experimental foram realizados de forma semelhante ao

microdurômetro. No aparato, foram feitos 10 ensaios com o tempo de 20ms por passo no

motor até uma carga pré-determinada de 300g e um tempo de fluência de 20s. As impressões

foram feitas de modo que a distância entre elas fosse de 0,5mm. Após realizado cada ensaio, o

programa forneceu o valor de dureza do material a partir da deformação plástica encontrada.

Em seguida, o maior e o menor valor de dureza foram desconsiderados, restando 8 valores.

Esses 8 valores foram colocados em um programa de estatística que calculou a média e o

desvio padrão.

Para cada ensaio realizado, foi feita a aquisição de dados em tempo real. Os dados

coletados foram carga e nº de passos. O dados foram gravados em arquivos TXT, sendo

possível traçar gráficos carga versus número de passos através de um programa editor de

gráficos. Uma análise criteriosa dos gráficos foi realizada, assim como uma comparação entre

os valores de dureza dos materiais encontrados através do ensaio de dureza tradicional e os

Page 73: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

72

valores de dureza encontrados pelo aparato experimental. Na figura 38, pode-se encontrar um

organograma da preparação das amostras e dos ensaios realizados.

Figura 38: Organograma da preparação das amostras e realização dos ensaios.

Amostra de resina acrílica

Confecção de corpo-de-prova cilíndrico

Amostras metálicas

Usinagem das amostras em um torno para obtenção de corpos-

de-prova cilíndricos

Lixamento em lixas 80, 150, 220, 360, 500, 600, 1200 e 2000 e polimento com alumina 1µm

Lixamento em lixas 80, 150, 220, 360, 500, 600, 1200 e 2000 e polimento com alumina 1µm

Ensaios de microdureza

Realização de 10 ensaios de dureza no microdurômetro

convencional

Realização de 10 ensaios de dureza no aparato

experimental

Comparação dos resultados obtidos

Cálculo do valor médio e do desvio padrão da

microdureza através de um programa de estatística

Cálculo do valor médio e do desvio padrão da

microdureza através de um programa de estatística

Page 74: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

73

CAPÍTULO 4

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Page 75: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

74

4. Resultados e discussões

Em todos os ensaios de dureza realizados pode-se obter gráficos da carga versus o

número de passos, ou seja, de tensão versus deformação, onde cada passo representa o

deslocamento vertical do penetrador em aproximadamente 21 nm. Todos os ensaios de dureza

realizados nesse trabalho apresentaram três fases distintas (Figura 39):

1. Carga: o penetrador avança de modo contínuo com direção perpendicular à superfície

da amostra. Essa primeira fase inicia-se no momento do contato entre o penetrador e a

amostra e é finalizada quando a carga aplicada atingi o valor limite pré-definido.

Nesse ponto carga máxima Fmáx e profundidade máxima hmáx são atingidas. Nessa

primeira fase o material sofre deformação elástica e plástica fundamentalmente

provocada por tensões de compressão;

2. Fluência: após a fase de carga impôs-se uma fase intermediária de fluência, que

corresponde à manutenção da carga máxima durante um intervalo de tempo

previamente estabelecido. A finalidade dessa fase visa estabilizar a evolução da

deformação durante alguns segundos, provocada pela inércia do penetrador;

3. Descarga: essa última fase começa no instante em que o penetrador inicia o

movimento de retrocesso e termina quando, após a recuperação da componente

elástica da deformação, deixa de haver contato entre o penetrador e o material. A

deformação elástica he é recuperada e a deformação plástica que permanece após o

recuo do penetrador representa a profundidade da impressão deixada pelo mesmo

sobre o material.

Page 76: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

75

Figura 39: Gráfico de carga-descarga em função do deslocamento do penetrador, com fase

intermediária de fluência.

Como já foi mencionado, inúmeros trabalhos utilizam esse tipo de ensaio de dureza

por não necessitar da medição das diagonais por parte do operador. Essa medição pode se

tornar difícil principalmente em ensaios de nanodureza, uma vez que um mínimo erro humano

pode se tornar bastante significativo no cálculo dessa grandeza. Esses equipamentos possuem

além de um penetrador, um atuador de força, um sensor de deslocamento e um sensor de

carga. No entanto, esse trabalho utiliza um motor de passo que funciona como atuador e

sensor ao mesmo tempo. Além de aplicar a carga necessária para a deformação do material

através do deslocamento do penetrador, o motor de passo também informa com precisão o

número de passo, ou seja, o deslocamento realizado pelo penetrador.

A seguir são apresentados os gráficos carga versus número de passos dos materiais

ensaiados. A carga representa a tensão mecânica e o número de passos representa o

deslocamento do penetrador, ou seja, a deformação do material ensaiado (Figura 40a, 40b,

40c, 40d, 40e, 40f).

Page 77: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

76

Figura 40: Curva carga versus número de passos dos seguintes materiais (a) resina acrílica (b)

alumínio (c) cobre (d) aço 1020 (e) aço 1045 (f) aço inox.

Pode-se notar que para os materiais com dureza menores, tornou-se necessário um maior

número de passos para atingir a carga pré-determinada. Tal fato ocorre porque, quanto menos

duro for o material, maior deformação ele sofrerá, sendo necessário maior deslocamento do

Page 78: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

77

penetrador até atingir a carga pré-estabelecida. Todavia, quanto mais duro for o material, ele

sofrerá menor deformação e a célula de carga atingirá mais rapidamente a deflexão necessária

para a o sistema acusar a carga pré-estabelecida.

O modo como a curva de carga evolui em função da profundidade de penetração

durante a carga e descarga está relacionado com aspectos do comportamento do material face

à dureza. A curva da fase de carga apresenta uma forma parabólica cuja curvatura traduz a

relação linear entre a carga e o quadrado da profundidade da impressão, como foi

demonstrado na equação (6).

No gráfico da profundidade da impressão versus dureza podemos constatar que a

dureza se comporta de maneira inversamente proporcional à profundidade da impressão. Com

o decréscimo da profundidade da impressão ocorre um aumento exponencial da dureza. Em

profundidades por volta de 35 µm a subtração de 0,1 µm representou um aumento de 0,1 HV

enquanto que em profundidades por volta de 3,5 µm a mesma subtração de 0,1 µm

representou um aumento de 50 HV (Figura 41).

Page 79: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

78

Figura 41: Gráfico da profundidade da impressão versus dureza HV para a carga de

300g.

Por essa razão, tornou-se difícil calcular dureza acima de 500 vickers, uma vez que a

diferença de profundidade da impressão entre um material de dureza 600 HV e um material de

dureza 800HV varia em pouco mais de 1 µm. Com isso, em materiais com dureza a partir de

500 HV, uma pequena diferença no número de passos representa uma grande diferença na

dureza Vickers, limitando esse processo. Porém, esse problema pode ser resolvido com o uso

de uma placa de aquisição de maior resolução, a qual não necessitaria de amplificação para

receber o sinal da célula de carga diminuindo assim o ruído e, consequentemente, aumentando

a precisão da célula de carga.

Para melhor entendimento, duas curvas carga versus nº de passos de materiais com

durezas distintas foram sobrepostas (Figura 42). A curva em vermelho representa o alumínio e

a curva em azul corresponde ao aço 1045. Observa-se nitidamente que o valor de “p2” foi

maior que “p1”, onde “p1” e “p2” representam a deformação elasto-plástica do aço 1045 e do

Page 80: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

79

alumínio respectivamente. O gráfico também demonstra que h2 foi significativamente maior

que h1, onde h1 e h2 representam a deformação plástica restante nos materiais em questão.

Pode-se, portanto, concluir que a amostra de aço inox apresentou maior dureza que a amostra

de alumínio, pois a amostra de aço 1045 deformou elástica e plasticamente menos que a

amostra de alumínio.

Figura 42: Gráfico da carga versus o número de passos do aço 1045 e do alumínio.

O módulo de elasticidade também é um parâmetro importante a ser analisado. Ele

pode ser considerado como sendo proporcional à rigidez, ou uma resistência do material à

deformação elástica. Quanto maior for esse módulo, menor será a deformação elástica sofrida

por esse material. A inclinação da reta tensão versus deformação no regime elástico

corresponde ao módulo de elasticidade do material (CALLISTER, 2002). Portanto, ao se

Page 81: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

80

analisar os gráficos, pode se constatar que quanto maior o ângulo da reta, maior módulo de

elasticidade e consequentemente maior a dureza do material. Na figura 43 encontra-se um

gráfico com a curva da fase de carga do ensaio de dureza de três materiais. Observa-se que

quanto maior a dureza do material, maior a inclinação da reta.

Figura 43: Gráfico da inclinação da reta da fase de carga do ensaio de dureza

automatizado.

Na tabela 3 encontram-se os valores de dureza dos ensaios realizados nos 8 materiais

da Figura 40. Onde HVauto é a dureza Vickers encontrada através do método automatizado

proposto nesse trabalho e HVtrad é a dureza Vickers encontrada pela maneira tradicional.

Page 82: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

81

Tabela 3: Dureza HV0,3/20 (HVtrad) encontrada no microdurômetro tradicional versus a

dureza HV (HVauto) encontrada no aparato experimental.

MATERIAL HVtrad Desv.Padrão HVauto Desv.Padrão

RESINA ACRÍLICA 13 HV0,3/20 + 1 9 + 2

ALUMÍNIO 73 HV0,3/20 + 4 71 + 13

COBRE 111 HV0,3/20 + 5 110 + 10

AÇO AISI 1020 209 HV0,3/20 + 10 224 + 23

AÇO AISI 1045 336 HV0,3/20 + 16 290 + 30

AÇO INOX AUSTENÍTICO (PADRÃO) 509 HV0,3/20 + 26 852 + 163

AÇO INOX MARTENSÍTICO (PADRÃO) 782 HV0,3/20 + 39 796 + 141

AÇO FERRAMENTA VC-60 796 HV0,3/20 + 40 918 + 158

Pode se notar que para os materiais com durezas acima de 500 HV0,3/20, alguns

resultados tornaram-se imprecisos. Isto se deve ao fato de, a partir desses valores de durezas,

uma pequena variação da profundidade da penetração representa uma grande mudança na

dureza Vickers, como foi citado anteriormente.

A dureza Vickers HVauto foi encontrada através das seguintes expressões

matemáticas:

510170138,2 −××= ph

(9)

5,0=cf

(10)

cfh

FHV o

o

auto ×××

××=

16cos474cos8544,1

22

2

(11)

Page 83: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

82

Onde:

F = Carga aplicada;

p = Diferença de passos entre a fase de carga e descarga do processo de medição de

dureza ;

h = Deformação plástica do material;

cf = Coeficiente de correção;

O coeficiente de correção torna-se necessário, pois a fórmula de dureza Vickers é

baseada em um sistema onde a carga é aplicada de forma perpendicular à amostra. Porém,

nesse sistema, a célula de carga precisa defletir para medir a carga aplicada. À medida que a

mesma deflete, a força exercida pelo penetrador sobre a amostra deixa de ser perpendicular à

mesma, como demonstra a figura a seguir (Figura 44).

Figura 44: Esquema do ângulo formado entre o material e o penetrador.

Esse desvio angular que ocorre entre a amostra e o penetrador devido à deflexão da

célula de carga pode ser identificado através de imagens tiradas das impressões deixadas nos

materiais. Nas figuras 45(a), 45(b), 45(c) e 45(d), observa-se a impressão deixada pelo

penetrador. Em vermelho está indicada a região em que o penetrador sofre uma inclinação

devido à angulação da célula de carga.

Page 84: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

83

Figura 45: Impressões imperfeitas provocadas pelo desvio angular entre o penetrador e

o material, (a) aço 1020 (b) alumínio (c) aço inox (d) aço 1045

O método de medição de dureza proposto nesse trabalho possui algumas vantagens,

dentre elas:

• Baixo custo em relação a equipamentos semelhantes, uma vez que o atuador

também funciona como sensor;

• Fornece o monitoramento contínuo da curva tensão X deformação em uma

zona milimétrica da peça;

• Minimiza a possibilidade de erros humanos, pois o processo é automatizado.

Page 85: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

84

Todavia, ele apresenta limitações:

• A medição de durezas maiores que 500 HV0,3/20 se torna menos precisa;

• Consome-se maior tempo de ensaio, uma vez que nesse novo equipamento de

ensaio são necessários em torno de 4 minutos, enquanto que nos tradicionais

cerca de 1 minuto seria suficiente para obtenção de um valor de dureza.

Através da técnica proposta, também é possível a análise de filmes finos, como nos

trabalhos de Lichinchi et al. (1998) e Hong et al. (2005). Todavia, como a espessura dos

filmes finos é na ordem nanométrica, se faz necessário um ajuste de sensibilidade por parte da

célula de carga, através de uma placa de aquisição com maior resolução, e do motor de passo,

através de um jogo de engrenagem com maior redução.

Verifica-se portanto, que são inúmeros os métodos de medição de dureza utilizados,

todos eles com suas vantagens e limitações. Todavia, os processos de automatização estão

cada vez mais presentes para proporcionar maior confiabilidade nos ensaios.

Page 86: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

85

CAPÍTULO 5

CONCLUSÕES

Page 87: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

86

5. Conclusões

Os resultados obtidos baseados na metodologia utilizada permitiram concluir que:

• O método de medição de dureza proposto nesse estudo funcionou de maneira

satisfatória em materiais com durezas menores que 500 HV0,3/20. Porém em materiais

com durezas superiores, essa técnica apresentou limitações, uma vez que necessitaria

de componentes com maior precisão.

• Os gráficos obtidos nos ensaios permitiram uma interpretação de propriedades

mecânicas dos materiais ensaiados, tais como: deformação plástica, deformação

elástica e módulo de elasticidade.

• O aparato experimental desenvolvido nesse trabalho apresentou menor custo quando

comparado à equipamentos de ensaios de dureza tradicionais e automatizados. Isso se

deve ao fato do aparato ter sido construído, adaptando a um microscópio óptico

comercial, um sensor e um atuador de baixo custo.

• Os métodos de automatização de medição de dureza comportam-se como uma

ferramenta de fundamental importância para minimizar a fonte de erro causada pelo

operador em ensaios de dureza tradicionais;

Page 88: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

87

Sugestões para trabalhos futuros

O presente estudo deu origem a discussões que poderão, num futuro bem próximo,

incentivar pesquisadores a desenvolverem outros equipamentos automatizados. Neste sentido,

sugere-se os seguintes pontos temáticos para futuros trabalhos:

Adaptar no equipamento desenvolvido nesse trabalho, um segundo motor de

passo, de modo que a mesa xyz execute movimentos horizontais, com o

objetivo de realizar o ensaio de scratching;

Medir aderência de filmes finos através da penetração progressiva da pirâmide

de diamante na amostra ensaiada;

Realizar novos ensaios de dureza no aparato automatizado, variando a

geometria do penetrador;

Encontrar o valor do módulo de elasticidade dos materiais ensaiados,

analisando a fase elástica do gráfico obtido durante o ensaio de dureza

automatizado.

Page 89: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

88

REFERÊNCIAS

Page 90: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

89

Referências

1. ASHBY; M.F.; JONES D. R.H. Engineering Material 1, an Introduction to their

Properties and Applications. 2nd ed, 2002.

2. BAHRAMI, M.; YOVANOVICH, M.M.; CILHAM, J.R. Thermal contact resistance at

low contact pressure:Effect of elastic deformation. International Journal of

Heat and Mass Transfer, v. 48, p. 3284–93, 2005.

3. BASTOS, F. S. et al. Estudo dos Mecanismos de Desgaste do Esmalte Dentário via

Avaliação da Textura Superficial. In: III Congresso Nacional de Engenharia

Mecânica, 2004, Belém. Anais do III Congresso Nacional de Engenharia

Mecânica, 2004.

4. BORGES et al. Desenvolvimento e controle de nanoindentador informatizado. Revista

Horizonte Científico, n. 2, p. 1-18, 2003.

5. BOUZAKIS, K.D.; MICHAILIDIS, N.. Indenter surface area and hardness

determination by means of a FEM-supported simulation of nanoidentation. Thin

Solid Films, v. 494, p 155-60, 2006.

6. BROD, J. A. Fundamentos de Mineralogia: Propriedades Físicas dos Minerais.

Universidade de Brasília, <http://www.unb.br/ig/cursos/FundMineral/Fund

Mineral_ Apostila2.pdf> . Acesso em: 16 Fev. 2006.

7. BROZ, M.E.; COOK, R.F.; WHITNEY, D.L. Microhardness, toughness, and modulus

of Mohs scale minerals. American Mineralogist, v. 91, n. 1, p 135-42, 2006.

8. BULYCHEV, S.I.; ALEKHIN, V.P.; SHORSHOROV, M.KH.; TERNOVSKII, A.P.;

SHNYREV, G.D. Determining Young’s Modulus from the Indenter Penetration

Diagram, Zavod. Lab., v. 41, n. 9, p. 1137-40, 1975.

9. CALLISTER, W. D. Ciência e Engenharia de Materiais: uma Introdução. 5ª ed.

LTC, Rio de Janeiro, 2002.

10. CHANG, S. C. et al. J. of Mater. Sci, v.11, p.623, 1976.

11. CHAVES, J.C. Uso da tecnologia GPS na monitoração de deformação: sistemas,

etapas e experimentos. Tese (Doutorado em Engenharia Civil) – Escola de

Engenharia de São Carlos, São Carlos, 2001.

Page 91: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

90

12. CHUDOBA, T.; SCHWARZENER, N.; RICHTER, F. Determination of elastic

properties of thin films by indentation measurements with a spherical indenter.

Surface and Coatings Technology, v. 127, p. 9-17, 2000.

13. CLAASSEN, R. S.; CHYNOWETH, A. G. Ciência e Engenharia de Materiais: sua

evolução, prática e perspectivas. 2a ed. Editora da Universidade de São Carlos,

São Carlos, SP/Brasil, 1987.

14. D’HOOGE et al. Regional Strain and Strain Rate Measurement by Cardiac

Ultrasound: Principles, Implementation and Limitation. Eur J

Echocardiography, v. 1, p 154-70, 2000.

15. DALLY, J.W.; RILEY, F. Experimental stress analysis, 3ª ed., Mcgraw-Hill Cook

Co, Singapore, 1991.

16. ESTUDO DO MOTOR DE PASSO E SEU CONTROLE DIGITAL. < Disponível

em: http://www.eletronica.org/modules.php?name=News&file=

article&sid=15>. Acesso em 12 Jan 2006.

17. FARIA, U.C.; CARVALHO, A.A. Implementação de transdutores com extensômetros

para monitorar forças exercidas pelos membros superiores e inferiores de

pacientes. Revista Brasileira de Engenharia Biomédica, v. 18, n. 3, p. 163-172,

2002

18. FELDER, E.; BUCAILLE, J.L. Mechanical analysis of the scretching of metals and

polymers with conical indenters at moderate and large strains. Tribology

Internacional, v. 39, p. 70-87, 2006.

19. FERRAZ H. O Aço Na Construção Civil, Revista Eletrônica de Ciências. 22ª ed,

2003.

20. FISCHER-CRIPPS, A.C. Elastic-plastic behaviour in materials loaded with a

spherical indenter. Journal of Materials Science, v. 32, p. 727-36, 1997.

21. FITZGERALD, A.E.; KINGSLEY JR,C.; KUSKO, A. Máquinas Elétricas.

Macgraw-Hill do Brasil, São Paulo, 1975.

22. GALE, W.F. An Introduction to Metallic Materials. 2000. < Disponível em:

http://www.eng.auburn.edu/~wfgale/intro_metals/section3pg2.htm> . Acesso em:

16 Fev. 2006.

23. GARCIA, A.; SPIM, J.A.; SANTOS, C.A. Ensaios dos Materiais. LTC, Rio de

Janeiro, 1ª edição, 2000.

Page 92: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

91

24. GLENN, J.H. Improved Indentation Test for Measuring Nonlinear Elasticity. NASA

Tech Briefs, 2004.

25. GODENA, G. Conceptual model for control software specification. Microprocessors

and Microsystems, v. 20, p 617-30, 1997.

26. GUBICZA, J.; JUH´ASZ, A; LENDVAI, J. A new method for hardness determination

from depth sensing indentation tests. Journal Of Materials Research, v. 11, n.

12, 1996.

27. GÜÇLÜ, N.; KÖLEMEN, U.; UZUN, O.; ÇELEBI, S. Work of indentation approach

for investigation of mechanical properties of YBCO bulk superconductor at

cryogenic temperatures. Physica C-Superconductivity and its Applications, v.

433, p 115-22, 2005.

28. GUY A. G. Ciência dos Materiais. São Paulo, 1ª Edição LTC, 1980.

29. HAY, J.L.; PHARR, G.M. Mechanical Testing and Evaluation. ASM International,

v. 8, n. 10, p. 232-43, 2000.

30. HONG, S. H. et al. Characterization of elastic moduli of Cu thin films using

nanoindentation technique. Composites Science and Technology, v. 65, p. 1401-

8, 2005.

31. HUFNAGEL, T.C.; OTT, R.T.; ALMER, J. Structural aspects of elastic deformation

of a metallic glass. Physical review B, v. 73, 2006.

32. JANSON, V.R.P. Análise da deformação gerada em infra-estruturas de prótese

fixa implanto-suportada, através do uso de extensômetros. Dissertação

(Mestrado em Reabilitação Oral) – Faculdade de Odontologia e Bauru, Bauru,

2002.

33. KAMIYA, S. et al. A new systematic method of characterization for the strength of

thin films on substrates - evaluation of mechanical properties by means of ‘film

projection’. Thin solid films, v.414, p.91-98, 2002.

34. KIM, S.H. et al. Quantitative determination of contact depth during spherical

indentation of metallic materials – a FEM study. Materials Science and

Engeneering, a Structural Materials Properties Microstructure and

Processing, v. 415, p 59-65, 2006.

35. KRAUTKRÄMER, S.F Transpyramidal Indentation Viewing – New possibilities for

mobile hardness testing. Anais da 15th World Conference on Nondestructive

Testing Roma (Italy), 15-21 October 2000.

Page 93: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

92

36. LACTEC et al. Análise Termo-Mecânica de Barragens de Concreto Compactado com

Rolo. Anais do II Congresso de Inovação Tecnológica em Energia Elétrica, p.

455-60, 2003.

37. LAI, M. O.; LIM, K. B. J. of Mater. Sci., v. 26, p 2031-2036, 1991.

38. LETA, F.R.; MENDES, V.B.; MELLO, J. C. S. Medição de Identações de Dureza

com.Algoritmos de Visão Computacional e Técnicas de Decisão com Incertezas.

Engevista, , v. 6, n. 2, p. 15-35, 2004.

39. LICHINCHI, M. et al. Simulation of Berovich nanoindentation experiments on thin

films. Thin Solid Fims, v. 333, p. 278-86, 1998.

40. LOBOSCO; SILVIO & DIAS, O., COSTA J. L. P. Seleção e Aplicação de Motores

Elétricos. Makron Books, São Paulo, 1988.

41. MAGALHÃES, E.P. Comportamento experimental de uma cortina de estaca

prancha assente em solo poroso do DF: implicações para o projeto e

metodologia de cálculo. Dissertação (Mestrado em Geotecnia) – Universidade de

Brasília, 2003.

42. MARINO et al. Nonlinear Adapative Controlo of Permanent Magnet Step Motors.

Automatica, v. 31, n. 11, p. 1595-1604, 1995.

43. MCGHEE, D. Common problems in microhardness testing. ASM's Heat Treat Progress, 2005.

44. MEYERS, M.A.; MISHRA, A.; BENSON, D.J. Mechanical properties of

nanocrystalline materials. Progress in Materials Science, v. 51, p. 427-556,

2006.

45. MORAIS et al. Desenvolvimento de um Medidor Triortogonal Instrumento para

Monitoração de Fissuras e de Juntas em Barragens de Concreto. Anais do II

Congresso de Inovação Tecnológica em Energia Elétrica, p. 465-68, 2003.

46. MOTOR DE PASSO. < Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/

Motor_de_passo>. Acesso em 10 Jan 2006a.

47. MOTOR DE PASSO. < Disponível em: http://www.cefetrs.tche.br/

tro/alunos/motordepasso /favorite.htm> . Acesso em: 16 Fev. 2006b.

48. NBR NM 146-1. Materiais Metálicos – Dureza Rockwell, ABNT – Associação

Brasileira de Normas Técnicas, 1998.

49. NBR NM 187-1. Materiais Metálicos – Dureza Brinell, ABNT – Associação

Brasileira de Normas Técnicas, 1999.

Page 94: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

93

50. NBR NM 188-1. Materiais Metálicos – Dureza Vickers, ABNT – Associação

Brasileira de Normas Técnicas, 1999.

51. OCHSNER, A.; WINTER, W.; KUHN, G. On elestic-plastic transition zone in

cellular metals. Archive of Applied Mechanics, v. 73, p. 261-269, 2003.

52. OLIVER, W. C.; PHARR G. M. A new improved technique for determining hardness

and elastic modulus using load and sensing indentation experiments. Journal of.

Materials. Research, v. 7, n. 6, p. 1564-82, 1992.

53. PAPACHRISTOS, V. D. et al. Young’s modulus, hardness and scratch adhesion of

Ni–P–W multilayered alloy coatings produced by pulse plating. Thin Solid

Films, v. 396, p.173–182, 2001.

54. PASSOS, J.C.F. Motores de corrente contínua. Revista Mecatrônica Fácil, n. 12,

2002b.

55. PASSOS, J.C.F. Sensores: os olhos da mecatrônica industrial. Revista Mecatrônica

Fácil, 2002a.

56. PENNA, T.C.R. Relaxação de Tensões em Metais. Universidade Estadual de

Campinas – Departamento De Física, 1981.

57. PHILLIPS, R.W. Science of Dental Materials. 10th ed. Guanabara, 1998.

58. PODCHIBIAKIN, D. et al. Comparación de Diferentes Métodods de Medición de

la Impronta de la Imagen de Microdurómetros. In: Jornadas

Sam/Conamet/Simposio Materia, p. 1979-82, 2003.

59. PRATT, J. et al. Series elastic actuators for high fidelity force control. Industrial

Robot An International Journal, v. 29, n. 3, p. 334-41, 2002.

60. QIAN, L.; LI, M.; ZHOU, Z.; YANG, H.; SHI, X. Comparison of nano-identation

hardness to microhardness. Surface & Coatings Technology, v. 195, p 264-71,

2005.

61. REGGIANI, L.P.; MARCICANO, J.P.P. Célula de carga para matriz de

hidroconformação. Produção em iniciação científica da EPUSP, 2002.

62. RIBEIRO, M. A. Instrumentação. Tek Treinamentos LTDA. 8ª ed, 1999.

63. SANTOS, C.; ODETTE, G.R.; LUCAS, G.E.; YAMAMOTO, T. Examination of

indentation geometry-constitutive behaviour relations with confocal microscopy

and finite element modeling. J of Nuclear Materials, p 452-56, 1998.

64. SENAI; CST, Instrumentação Básica I – Pressão e Nível , 2002.

Page 95: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

94

65. SHEN, L. Constitutive relations for isotropic or kinematic hardening at finite elastic–

plastic deformations. International Journal of Solids and Structures, 2005.

66. SHORSHOROV, M.KH.; BULYCHEV, S.I.; ALEKHIN, V.P. Work of plastic

deformation during indenter indentation, Sov. Phys. Dokl., v. 26, n. 8, p. 769-71,

1982.

67. SIGHIERI, L.; NISHINARI, A. Controle automático de processos industriais –

instrumentação. Edgard Blucher LTDA. 2ª ed, 1988.

68. SILVA, E.C. Aspectos biomecânicos musculares relacionados à administração

experimental de corticóide sistêmico. Dissertação (Mestrado em Bioengenharia)

– Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, 2002.

69. SONG, J.F. et al. Microform Calibrations in Surface Metrology. Int J Mach Tools

Manufact, v. 35, n. 2, p 301-10, 1995.

70. SOTELO, G.F.C.; SCNITZER, E.; ROSSO, N.D. Estudo Comparativo de Microidentações de Ligas

Sinterizadas Pré-Ligadas e Misturas Simples. Revista Matéria, v. 10, n. 2, p. 284-89, 2005.

71. SOUZA, S.A. Ensaios Mecânicos de Materiais Metálicos. Edgard Blucher LTDA,

3ª ed, 1974.

72. SUGIMOTO,T.; KAWAGUCHI, T. Development of an Automatic Vickers Hardness

Testing System Using Image Processing Technology. IEEE Transaction on

industrial eletronics, v. 44, n. 56, p. 696-702, 1997.

73. SUWANPRATEEB, J. A comparison of different Methods in Determining Load-and

Time- Dependence of Vickers Hardness in Polymers. Polymer Testing, v. 17, p

495-5006, 1998.

74. TAVARES, C. J. M. Produção e caracterização de revestimentos

nanoestruturados em multicamadas de TiAlN/Mo. Tese (Doutorado em

Ciências, área de especialização em Física) – Universidade do Minho, Portugal,

2002.

75. TORO, V. Fundamentos de Máquinas Elétricas. Prentice-Hall do Brasil, Rio de

Janeiro, 1994.

76. TSUI, T.Y.; JOO, Y. A new technique to measure through film thickness fracture

toughness. Thin solid films, v. 401, p. 203-10, 2001.

77. VANLANDINGHAM, M.R. Review of instrumented indentation. Journal of

Research of the National Institute of Standards and Technolology, 2003.

Page 96: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

95

78. YAN, T. et al. Metallic resonant strain gauges with high overload capability. Sensor

Review, v. 25, n.2, p. 144-47, 2005.

79. YOSHIDA, F.; UEMORI, T.; FUJIWARA, K. Elastic-plastic behaviour of steel sheets

under in-plane cyclic tension-compression at large strain. International Journal

of Plasticity, v. 18, p. 633-59, 2002.

Page 97: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

96

APÊNDICE A – Linguagem de programação do programa de controle

A fim de auxiliar a trabalhos futuros, estão descritas, a seguir, os principais

procedimentos do programa computacional desenvolvido nesse trabalho.

O procedimento abaixo tem como objetivo fazer a leitura do sinal que a porta paralela

esta recebendo da célula de carga.

Procedimento var a,b1,b2,v1,v2,v3,v4,v5,v6,v7,v8,vb:string; s1,s2,s3,s4,s5,s6,s7,s8:integer; begin outportb($37a,2); outportb($378,0); outportb($37a,15); outportb($37a,9); binario(sender); b1:= bin ; outportb($37a,15); outportb($37a,10); binario(sender); b2:= bin ; outportb($37a,15); a:=b1; Delete(a,1,3); s1:=strtointdef(a,0)*8; v1:=inttostr(strtointdef(a,0)); a:=b1; Delete(a,1,2); Delete(a,2,1); s2:=strtointdef(a,0)*4; v2:=inttostr(strtointdef(a,0)); a:=b1; Delete(a,1,1); Delete(a,2,2); s3:=strtointdef(a,0)*2; v3:=inttostr(strtointdef(a,0)); a:=b1; Delete(a,2,3); s4:=strtointdef(a,0)*1; v4:=inttostr(strtointdef(a,0)); a:=b2; Delete(a,1,3); s5:=strtointdef(a,0)*128; v5:=inttostr(strtointdef(a,0)); a:=b2; Delete(a,1,2);

Page 98: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

97

Delete(a,2,1); s6:=strtointdef(a,0)*64; v6:=inttostr(strtointdef(a,0)); a:=b2; Delete(a,1,1); Delete(a,2,2); s7:=strtointdef(a,0)*32; v7:=inttostr(strtointdef(a,0)); a:=b2; Delete(a,2,3); s8:=strtointdef(a,0)*16; v8:=inttostr(strtointdef(a,0)); canal:=s1+s2+s3+s4+s5+s6+s7+s8; vb:=v5+v6+v7+v8+v1+v2+v3+v4; if image4.visible=true then begin if canal>strtoint(ajuste) then canalseg:=(((canal-strtoint(ajuste))*2.105)+1.5789) else canalseg:=0; labelcarga.caption:=Format('%.2f', [canalseg]) labelcarga.caption:=inttostr(round(canalseg)); end; if image4.visible=false then begin canalseg:=(canal-strtoint(ajuste)); if canalseg>=strtoint(labelcarga.caption) then labelcarga.caption:=floattostr(canalseg) end; statusbar3.panels[0].text:='VALOR: DEC('+inttostr(canal)+') - BIN('+vb+')'; end;

O procedimento abaixo tem como objetivo enviar sinais para a porta paralela a fim de

realizar o movimento do motor de passo.

Procedimento begin if registrador='1' then begin outportb($37a,3); outportb($378,8); outportb($37a,15); registrador:='2'; registrador1:='1'; end else if registrador ='2' then begin

Page 99: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

98

outportb($37a,3); outportb($378,12); outportb($37a,15); registrador:='3'; registrador1:='8'; end else if registrador ='3' then begin outportb($37a,3); outportb($378,4); outportb($37a,15); registrador:='4'; registrador1:='7'; end else if registrador ='4' then begin outportb($37a,3); outportb($378,6); outportb($37a,15); registrador:='5'; registrador1:='6'; end else if registrador ='5' then begin outportb($37a,3); outportb($378,2); outportb($37a,15); registrador:='6'; registrador1:='5'; end else if registrador ='6' then begin outportb($37a,3); outportb($378,3); outportb($37a,15); registrador:='7'; registrador1:='4'; end else if registrador ='7' then begin outportb($37a,3); outportb($378,1); outportb($37a,15); registrador:='8'; registrador1:='3';

Page 100: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

99

end else if registrador ='8' then begin outportb($37a,3); outportb($378,9); outportb($37a,15); registrador:='1'; registrador1:='2'; end; end;

O procedimento abaixo tem como objetivo converter o sinal recebido pelo programa

da base decimal para a base binária.

Procedimento var b: string; x,r:integer; begin x := inportb($379); b:=''; r:=x mod 2; if x > 1 then begin repeat r:=x mod 2; x:=(x-r) div 2; b:=b + inttostr(r); until x < 2; b:=b + inttostr(x); end else if x = 1 then b:='1' else if x = 0 then b:='0' Delete(b,1,4); bin :=b; end;

Page 101: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2.2.3 Ensaio de dureza Brinell 35 2.2.4 Ensaio de dureza Rockwell 36 2.2.5 Ensaio de dureza Vickers 37 2.2.6 Automatização dos

100

O procedimento abaixo tem como objetivo cronometrar o tempo do processo.

Procedimento var minuto,segundo:string; begin if seg<59 then inc(seg) else begin inc(min); seg:=0; end; if min<10 then minuto:='0'+inttostr(min) else minuto:=inttostr(min); if seg<10 then segundo:='0'+inttostr(seg) else segundo:=inttostr(seg); label3.Caption:=minuto+':'+segundo; end;

O procedimento abaixo tem como objetivo armazenar os dados do processo em um

arquivo TXT.

Procedimento begin if p<10 then Writeln(F,inttostr(p)+' '+carga); if (p>=10) and (p<100) then Writeln(F,inttostr(p)+' '+carga); if (p>=100) and (p<1000) then Writeln(F,inttostr(p)+' '+carga); if (p>=1000) and (p<10000) then Writeln(F,inttostr(p)+' '+carga); if (p>=10000) then Writeln(F,inttostr(p)+' '+carga); end;