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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA
DEPARTAMENTO DE QUÍMICA CURSO DE QUÍMICA BACHARELADO
Estudo da compatibilidade entre os aditivos poliméricos
utilizados em fluidos de perfuração inibidos quanto ao
inchamento de argilas
Bruno Alysson Barbosa Duarte de Araújo
Orientadora: Prof.ª Dra. Rosangela de Carvalho Balaban
Natal – RN
2010
Bruno Alysson B.D. de Araújo 2
Bruno Alysson Barbosa Duarte de Araújo
Estudo da compatibilidade entre os aditivos poliméricos
utilizados em fluidos de perfuração inibidos quanto ao
inchamento de argilas
Monografia apresentada ao
Departamento de Química, da
Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, referente a um
dos requisitos para obtenção do
título de Bacharel em Química,
sob a orientação da Prof.ª
Rosangela de Carvalho Balaban.
Bolsista da Agência Nacional do Petróleo – ANP - Brasil
Orientadora: Profa. Dr
a. Rosangela de Carvalho Balaban.
Agência Financiadora: (ANP)
Orientadora: Prof.ª Dra. Rosangela de Carvalho Balaban
Natal – RN
2010
Bruno Alysson B.D. de Araújo 3
Bruno Alysson B.D. de Araújo 4
“Quanto a si, Morrel, aqui tem todo
o segredo da minha conduta para
consigo: não existe felicidade nem
infelicidade neste mundo, existe
apenas a comparação de um
estado com outro e mais nada. Só
aquele que experimentou o
extremo infortúnio se encontra
apto a experimentar a extrema
felicidade. É necessário ter querido
morrer, Maximilien, para saber
como é bom viver.
Vivam, pois e sejam felizes,
filhos queridos do meu coração, e
nunca esqueçam que até o dia em
que Deus se dignar desvendar o
futuro ao homem, toda a sabedoria
humana residirá nestas palavras:
Esperar e ter esperança...’’
Diálogo entre Monte Cristo e
Maximilien Morrel’’. O Conde de
Monte Cristo.
Bruno Alysson B.D. de Araújo 5
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, agradeço a DEUS, pela coragem e perseverânça para a
realização deste trabalho.
Aos meus pais JOSE WILSON DUARTE DE ARAUJO e MARINEIDE
CLEMENTE BARBOSA, pelo esforço que fizeram para me conduzir até aqui.
Aos meus familiares, por contribuírem em vários aspectos na minha
formação.
Aos orientadores e professores ROSANGELA DE CARVALHO
BALABAN, ROSANGELA REGIA LIMA VIDAL e JOAQUIM HELDER SARAIVA
GIRÃO, pela confiança e todo o suporte necessário para que eu pudesse
concluir esse trabalho.
As minhas instrutoras de laboratório TELMA LUCIA PITANGA e
EMANUELLA LAYNE BEZERRIL, por todos os ensinamentos e amizade.
Aos companheiros de laboratório JEFFERSON TEIXEIRA ARRUDA,
DANIEL CALHEIROS ARAUJO e MANOEL IVANY DE QUEIROZ JUNIOR, por
terem me ajudado na conclusão dessa pesquisa.
Aos amigos e amigas ÍTALO, LETÍCIA, JUSSIARA, NIVIA, ANDERSON,
MELKESEDEC, CASSIO, ANDERSON, THIAGO, HUGO, EDKLEYSSON e
DIEGO, pelas várias horas de estudo e companheirismo por longos 4 anos e
meio de curso.
Aos amigos e colegas do LAPET, pela ajuda e o apoio durante todo o
tempo em que passei no laboratório.
Ao PRH-ANP pelo suporte financeiro.
Bruno Alysson B.D. de Araújo 6
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS ____________________________________________ 8
LISTA DE TABELAS ___________________________________________ 10
NOMENCLATURA 11
RESUMO ____________________________________________________ 13
ABSTRACT __________________________________________________ 14
1 - INTRODUÇÃO _____________________________________________ 15
1.1 - OBJETIVOS ______________________________________________ 15
2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ___________________________________ 16
2.1 - Fluidos de perfuração 16
2.2 - Classificação dos fluidos de perfuração 16
2.3 - Propriedades dos fluidos de perfuração 17
2.3.1 - Propriedades reológicas 17
2.3.1.1 - Forças géis 18
2.3.1.2 - Viscosidade efetiva 18
2.3.2 - Parâmetros de filtração 18
2.4 - Aditivos usados em fluidos de perfuração 19
2.5 - Fluidos base água 20
2.6 - Interação folhelho-fluido 22
2.6.1 - O fenômeno de inchamento de argilas ou folhelhos 24
2.7 - Polímeros 25
2.7.1 - Polieletrólitos 26
2.7.2 - Compatibilidade entre polímeros 27
3 - MATERIAIS E PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL 29
3.1 - Reagentes utilizados 29
3.2 - Equipamentos 31
Bruno Alysson B.D. de Araújo 7
3.3 - Preparação dos fluidos 31
3.3.1 - Formulações dos fluidos de perfuração 34
3.3.2 - Medidas reológicas 40
3.3.3 - Medidas de filtrado 41
3.3.4 - Medidas de inchamento linear 41
3.3.5 - Determinação do teor de inibidor de inchamento de argila catiônico por
Sal de Reinecke 42
4 - RESULTADOS E DISCUSSÃO 43
4.1 - Medidas reológicas 43
4.2 - Medidas de filtrado 48
4.3 - Medidas de inchamento linear 53
4.4 - Testes do sal de Reinecke 58
5 - CONCLUSÕES 63
6 - SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS 64
REFERÊNCIAS 65
Bruno Alysson B.D. de Araújo 8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Representação esquemática de uma argila hidratada. Figura
adaptada (CHAGAS, 2005) 25
Figura 2: Representação morfológica de uma partícula coloidal de esmectita
(montmorillonita). Figura adaptada (CHAGAS, 2005) 25
Figura 3: Estrutura química do brometo de tetraetilamônio_______________26
Figura 4: Esquema representativo da incompatibilidade química de polímeros
iônicos por formação de precipitados 28
Figura 5: Estrutura química do HPG 30
Figura 6: Estrutura química do HPA 30
Figura 7: Estrutura química do PAC 30
Figura 8: Volume de filtrado para os fluidos aquosos contendo HPG, HPA e
NaCl 21 lb/bbl (fluido tipo 1) 48
Figura 9: Volume de filtrado para os fluidos aquosos contendo HPG, HPA e
NaCl 40 lb/bbl (fluido tipo 1) 49
Figura 10: Volume de filtrado para os fluidos aquosos contendo HPG, HPA e
KCl 23 lb/bbl (fluido tipo 2) 50
Figura 11: Volume de filtrado para os fluidos aquosos contendo HPG, HPA e
KCl 42 lb/bbl (fluido tipo 2) 50
Figura 12: Volume de filtrado para os fluidos aquosos contendo HPG, HPA,
PAC e NaCl 21 lb/bbl (fluido tipo 3) 51
Figura 13: Volume de filtrado para os fluidos aquosos contendo HPG, HPA,
PAC e NaCl 40 lb/bbl (fluido tipo 3) 51
Figura 14: Volume de filtrado para os fluidos aquosos contendo HPG, HPA,
PAC e KCl 23 lb/bbl (fluido tipo 4) 52
Figura 15: Volume de filtrado para os fluidos aquosos contendo HPG, HPA,
PAC e KCl 42 lb/bbl (fluido tipo 4) 52
Figura 16: Porcentagem de inchamento de argila em contato com os fluidos
aquosos contendo HPG, HPA e NaCl 21 lb/bbl (fluido tipo 1) 53
Figura 17: Porcentagem de inchamento de argila em contato com os fluidos
aquosos contendo HPG, HPA e NaCl 40 lb/bbl (fluido tipo 1) 54
Bruno Alysson B.D. de Araújo 9
Figura 18: Porcentagem de inchamento de argila em contato com os fluidos
aquosos contendo HPG, HPA e KCl 23 lb/bbl (fluido tipo 2) 55
Figura 19: Porcentagem de inchamento de argila em contato com os fluidos
aquosos contendo HPG, HPA e KCl 42 lb/bbl (fluido tipo 2) 55
Figura 20: Porcentagem de inchamento de argila em contato com os fluidos
aquosos contendo HPG, HPA, PAC e NaCl 21 lb/bbl (fluido tipo 3) 56
Figura 21: Porcentagem de inchamento de argila em contato com os fluidos
aquosos contendo HPG, HPA, PAC e NaCl 40 lb/bbl (fluido tipo 3)________57
Figura 22: Porcentagem de inchamento de argila em contato com os fluidos
aquosos contendo HPG, HPA, PAC e KCl 23 lb/bbl (fluido tipo 4)_________57
Figura 23: Porcentagem de inchamento de argila em contato com os fluidos
aquosos contendo HPG, HPA, PAC e KCl 42 lb/bbl (fluido tipo 4)_________58
Figura 24: Soluções padrões para o inibidor A, a 1, 3, 5, 7 e 9 lb/bbl de inibidor
(da esquerda para direita) 59
Figura 25: Soluções padrões para o inibidor S, a 1, 3, 5, 7 e 9 lb/bbl de inibidor
(da esquerda para direita) 59
Figura 26: Soluções padrões para o inibidor K, a 1, 3, 5, 7 e 9 lb/bbl de inibidor
(da esquerda para direita) 60
Figura 27: Comparação da precipitação do complexo inibidor-sal de Reinecke
para o INIB A na formulação FA2_40P, antes (esquerda) e depois (direita) do
contato com a argila 61
Figura 28: Comparação da precipitação do complexo inibidor-sal de Reinecke
para o INIB S na formulação FS3_40P, antes (esquerda) e depois (direita) do
contato com a argila 61
Figura 29: Comparação da precipitação do complexo inibidor-sal de Reinecke
para o INIB K na formulação FK1_40P, antes (esquerda) e depois (direita) do
contato com a argila ____________________________________________ 62
Bruno Alysson B.D. de Araújo 10
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Determinação do caráter predominante dos polímeros anfóteros a
partir do pH ___________________________________________________27
Tabela 2: Tabela básica dos fluidos da formulação do tipo 1 e 2 com os
respectivos tempos de agitação____________________________________32
Tabela 3: Tabela básica dos fluidos da formulação do tipo 3 e 4 com os
respectivos tempos de agitação____________________________________33
Tabela 4: Formulações dos fluidos aquosos contendo HPG e HPA, sem adição
de inibidor de inchamento de argila 35
Tabela 5: Formulações dos fluidos aquosos contendo HPG e HPA, com adição
de inibidor de inchamento de argila e de sal (21 lb/bbl NaCl e 23 lb/bbl KCl)_36
Tabela 6: Formulações dos fluidos aquosos contendo HPG e HPA, com adição
de inibidor de inchamento de argila e de sal (40 lb/bbl NaCl e 42 lb/bbl KCl)_37
Tabela 7: Formulações dos fluidos aquosos contendo HPG, HPA e PAC, sem
adição de inibidor de inchamento de argila 38
Tabela 8: Formulações dos fluidos aquosos contendo HPG, HPA e PAC, com
adição de inibidor de inchamento de argila e de sal (21 lb/bbl NaCl e 23 lb/bbl
KCl) 39
Tabela 9: Formulações dos fluidos aquosos contendo HPG, HPA e PAC, com
adição de inibidor de inchamento de argila e de sal (40 lb/bbl NaCl e 42 lb/bbl
KCl) 40
Tabela 10: Viscosidade aparente para os fluidos aquosos contendo HPG, HPA
e NaCl (fluido tipo 1) ou KCl (fluido tipo 2) e para os fluidos aquosos contendo
HPG, HPA, PAC e NaCl (fluido tipo 3) ou KCl (fluido tipo 4)______________45
Tabela 11: Formulações dos fluidos tipo 1____________________________46
Tabela 12: Formulações dos fluidos tipo 2____________________________46
Tabela 13: Formulações dos fluidos tipo 3____________________________47
Bruno Alysson B.D. de Araújo 11
Tabela 14: Formulação dos fluidos tipo 4_____________________________47
Bruno Alysson B.D. de Araújo 12
NOMENCLATURA
μa – Viscosidade aparente de fluidos não-newtonianos
- Tensão de cisalhamento
Ỳ - Taxa de cisalhamento
ppm – partes por milhão
lb/gal – libras por galão
lb/bbl – libras por barril
pH – potencial hidrogeniônico
Å – angstron
rpm – rotações por minuto
cP – centipoise
Va – viscosidade efetiva ou aparente
θ600 – deflexão a 600 rpm lida no viscosímetro FANN 35 A
psi – unidade de pressão
μ600 - viscosidade efetiva a 600 rpm no viscosímetro FANN 35 A
Bruno Alysson B.D. de Araújo 13
RESUMO
O sucesso da perfuração de poços de petróleo depende fortemente da
composição dos fluidos de perfuração. Além de lubrificar e resfriar a broca,
transportar os cascalhos até a superfície e controlar a pressão para evitar a
entrada de substâncias provenientes das rochas perfuradas, os fluidos de
perfuração devem manter a estabilidade do poço, evitando danos à formação e
desmoronamento pela ação da água em contato com as formações argilosas, o
que pode aprisionar ferramentas, encerar broca e produzir uma série de outros
problemas. Durante a perfuração de poços de petróleo é comum a presença de
camadas constituídas por minerais argilosos. Muitas dessas argilas são
facilmente hidratáveis como, por exemplo, as esmectitas. Estas possuem
ligações intercristalinas relativamente fracas, permitindo a entrada de água ou
de outras substâncias polares, o que resulta no acréscimo da distância
interplanar ou basal. Este fenômeno é conhecido por expansão ou inchamento
das argilas. Esse tipo de interação pode ser evitado facilmente com a
utilização de fluidos de base não aquosa, que formam barreiras à passagem de
água e íons. Porém, esses fluidos sofrem restrições de uso por apresentarem
maiores danos ao meio ambiente. Com a finalidade de evitar a
desestabilização das formações rochosas provenientes do uso de fluidos
aquosos, são utilizados aditivos denominados agentes inibidores de
inchamento de argilas. Estes inibidores são normalmente sais de sódio e de
potássio associados a aditivos polímericos. O objetivo dessa monografia se
constituiu em avaliar a eficiência de alguns inibidores de argilas convencionais
na presença de vários outros aditivos, visando analisar qualitativamente e
quantitativamente a compatibilidade entre esses produtos.
Palavras-chave: Fluidos de perfuração, inchamento de argilas, polímeros.
Bruno Alysson B.D. de Araújo 14
ABSTRACT
The success of a drilling oil well is guaranteed by the composition of
drilling fluids, providing the basic properties during the process. In addition to
lubricate and cool the bit, transport the cuttings to the surface and control the
pressure to prevent the entry of substances from the formation to the well, the
drilling fluids should maintain the stability of the well, avoiding damage to the
formation and collapse by the action of water in contact with the clay formations,
which can trap tools, waxing drill and produce a series of other problems.
During the drilling of petroleum wells is common the presence of layers
consisting of clay minerals. Many of these are easily hydratable clays, for
example, smectites. These have relatively weak intercrystalline connections,
allowing entry of water or other polar substances, resulting in increased
interplanar basal distance. This phenomenon is known as expansion or
swelling. This type of interaction could be easily avoided by the using of oil-
based fluids, which form barriers to the passage of water and ions. However,
these fluids are restricted for use due to the damages to the environment. In
order to prevent destabilization of the rock formations from the use of aqueous
fluids, chemicals called inhibitors of swelling clays are used. These inhibitors
are usually salts of sodium and potassium associated with polymer additives.
The aim of this work was to qualify and quantify the efficiency of some clay
inhibitors in the presence of several other additives.
Keywords: Drilling fluids, swelling of clay, polymers.
Bruno Alysson B.D. de Araújo 15
1- INTRODUÇÃO
Com a proibição do uso de fluidos de perfuração à base de óleo diesel,
novos sistemas de maior poder de inibição de inchamento de argilas tiveram
que ser estudados e desenvolvidos. Dentre esses fluidos alternativos, se
encontram os fluidos poliméricos, que associados a sais de potássio e sódio,
têm proporcionado maior inibição química e melhor lubricidade que todos os
sistemas à base de água. Entretanto, na medida em que os fluidos de
perfuração à base de água são utilizados em substituição aos fluidos à base de
óleo, as demais propriedades, tais como as reológicas e o volume de filtrado,
precisam ser ajustadas às condições locais da operação. Isso exige o uso de
diferentes produtos para controlar as diferentes propriedades. Com o aumento
do número de aditivos com caráter iônico e polar diferentes, alguns problemas
podem surgir como instabilidades no fluido devido à incompatibilidade entre os
aditivos, que pode provocar prejuízos às funções de alguns produtos. Dessa
forma, a relevância desse estudo se constitui na avaliação criteriosa quanto ao
efeito das características estruturais (massa molar, caráter iônico, etc) dos
polímeros empregados nos fluidos denominados de alta performance, sobre os
parâmetros de controle dos fluidos, tais como viscosidade aparente e plástica,
limite de escoamento, volume de filtrado e inibição de inchamento de folhelhos.
1.1- OBJETIVO
O objetivo desse trabalho se constituiu em avaliar o efeito da natureza
química dos diversos aditivos, tais como a composição química, massa molar e
caráter iônico e, consequentemente, a compatibilidade entre eles, sobre as
propriedades de fluidos de perfuração de base aquosa empregados na
perfuração de folhelhos hidratáveis.
Bruno Alysson B.D. de Araújo 16
2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 – Fluidos de perfuração
Os fluidos de perfuração são fluidos circulantes capazes de tornar viável
o processo de perfuração. São normalmente misturas complexas de sólidos,
líquidos, produtos químicos e, por vezes, até gases. Do ponto de vista químico,
eles podem assumir aspectos de suspensão, dispersão coloidal ou emulsão,
dependendo do estado físico dos componentes (Thomas, 2001; API,1991).
Os fluidos de perfuração devem ser especificados de forma a garantir
uma perfuração rápida e segura. Assim, é desejado que o fluido apresente as
seguintes características: ser quimicamente estável, estabilizar as paredes do
poço química e mecanicamente, facilitar a separação de cascalhos na
superfície, manter os sólidos em suspensão quando estiver em repouso, ser
inerte em relação a danos às rochas produtoras, ser bombeável, apresentar
baixo grau de corrosão e de abrasão em relação à coluna de perfuração e
demais equipamentos do sistema de circulação, facilitar as interpretações
geológicas do material retirado do poço e apresentar custo compatível com a
operação (Thomas, 2001).
2.2 – Classificação dos fluidos de perfuração
Os fluidos de perfuração podem ser classificados de acordo com seus
componentes principais, que constituem a fase continua, esses componentes
podem ser água, oleofilicos (parafinas, ésteres, acetais, óleos vegetais, etc.) ou
gás. Quando a fase contínua é a água, o fluido é dito base água, quando é o
óleo o fluido é dito base oleofilico e, por último, base gás. Embora ocorram
divergências, o principal critério é baseado no constituinte principal da fase
contínua ou dispersante e natureza das fases dispersante e dispersa, bem
como os componentes básicos e as suas quantidades, definem não apenas o
tipo de fluido, mas também as suas características e propriedades (Serra,
2003;Thomas, 2001).
Bruno Alysson B.D. de Araújo 17
2.3 – Propriedades dos fluidos de perfuração
Para que os fluidos desenvolvam as funções requeridas, apresentando
as características desejadas, é fundamental que suas propriedades físicas e
químicas sejam ajustadas. Existem diversas propriedades nos fluidos de
perfuração importantes na perfuração de poços. A seguir, serão destacadas
algumas delas.
2.3.1 – Propriedades reológicas
A reologia é a ciência da deformação e fluxo da matéria. Fazendo certas
medidas reológicas do fluido, é possível determinar como ele escoará sob
variadas condições de temperatura, pressão e taxa de cisalhamento. Em
termos reológicos, a viscosidade é o parâmetro mais conhecido, sendo definida
como a resistência que uma substância apresenta ao fluxo (Economides, 1998;
Machado, 2002).
A reologia de um fluido está associada ao seu comportamento quando
em repouso e em movimento. Por exemplo, fluidos ditos newtonianos, como a
água, apresentam a mesma resistência ao fluxo independente de estarem em
repouso ou em movimento. Assim, dizemos que a viscosidade dos fluidos
newtonianos é constante, sendo o seu valor associado a sua resistência ao
movimento. Dessa forma, podemos dizer que a água apresenta menor
resistência ao movimento do que o mel, por exemplo (Economides,1998).
Os fluidos de perfuração não podem apresentar comportamento
semelhante aos fluidos newtonianos, que possuem o mesmo comportamento
tanto em repouso quanto em movimento. Os parâmetros reológicos dos fluidos
de perfuração devem permitir que ele se comporte de forma adequada à
operação de perfuração. Assim, os fluidos de perfuração são ditos tixotrópicos,
ou seja, se liquefazem quando em movimento e retornam ao estado semi-rígido
quando em repouso, sendo este parâmetro relacionado com a força gel. Em
campo, as principais propriedades reológicas de interesse, que se encontram
vinculadas ao desempenho do fluido são: índice de comportamento; índice de
Bruno Alysson B.D. de Araújo 18
consistência; viscosidade aparente; viscosidade plástica; limite de escoamento
e força gel (Thomas, 2001).
2.3.1.1 – Forças géis
Alguns fluidos de perfuração são tixotrópicos, isto é, adquirem um
estado semi-rígido quando estão em repouso e voltam a adquirir o estado de
fluidez quando estão novamente em movimento. A força gel é um parâmetro
reológico que indica o grau de gelificação devido à interação elétrica entre
partículas dispersas. A força gel inicial mede a resistência inicial para colocar o
fluido em fluxo. A força gel final mede a resistência do fluido para reiniciar o
fluxo quando este fica certo tempo em repouso. A diferença entre elas indica o
grau de tixotropia do fluido (Economides, 1998).
2.3.1.2 – Viscosidade efetiva
A viscosidade efetiva, também conhecida como viscosidade aparente, é
a viscosidade de fluidos não newtonianos que depende da taxa de
cisalhamento. Esta viscosidade pode ser obtida pela razão entre a tensão e a
taxa de cisalhamento, definida pela equação μa = / Ỳ. Para calcular a
viscosidade efetiva ou aparente a partir do valor medido em um viscosímetro
rotacional FANN 35 A, usa-se a seguinte expressão (equação 1):
μ600 = θ600 / 2 (cp) (1)
Em que: μ600 é a viscosidade efetiva ou aparente calculada a partir do
viscosímetro Fann 35 A, θ600 é a deflexão lida no viscosímetro a taxa de 600
rpm.
2.3.2 – Parâmetros de filtração
Devido ao diferencial positivo de pressão ultilizado no sentido
poço/formação, e também devido à diferença de concentração de
determinados sais, há constante processo de filtração do fluido para o interior
das formações.
Bruno Alysson B.D. de Araújo 19
Sólidos em suspensão presentes no fluido de perfuração, de acordo com
seus diâmetros, terminam por não conseguir entrar na formação, formando
uma fina camada de sólido na parede do poço, chamada de reboco. A
formação do reboco diminui a velocidade desta filtração, contribuindo também
para estabilidade das paredes do poço.
Com relação à parcela líquida dos fluidos de perfuração que penetra na
formação, chamada de filtrado, esta pode causar danos à formação, diminuindo
a sua permeabilidade, obstruindo os seus poros e alterando a sua capacidade
de produção. Caso a formação seja portadora de argilas e sensível a este
filtrado, pode haver o fenômeno de inchamento de argilas hidratáveis,
causando redução do diâmetro do poço, podendo resultar na prisão da coluna
de perfuração, o que gera perda de tempo e até do poço.
Desta forma os parâmetros de filtração devem ser controlados, a partir
de testes específicos para determinar seus valores e o comportamento dos
fluidos quanto à filtração (Economides et al,1998).
2.4 – Aditivos usados em fluidos de perfuração
Os aditivos são substâncias químicas que, quando adicionadas ao fluido,
fazem com que propriedades especiais sejam conferidas ao mesmo,
propriedades essas que são importantes durante as atividades de perfuração.
Os aditivos desempenham uma série de funções no fluido de perfuração.
Devido às várias situações encontradas durante a perfuração de poços,
atualmente encontra-se disponível no mercado uma variedade de aditivos,
possuindo diferentes funções ou desempenhos melhorados (World oil, 2002).
Os aditivos usados em um fluido de perfuração atuam como tensoativos
(emulsificantes, floculantes, dispersantes, anti-encerantes, etc.), lubrificantes,
redutores de filtrado, inibidores de argilas, viscosificantes, controladores de pH,
adensantes e bactericidas.
2.5 – Fluidos à base de água
A definição de um fluido à base de água considera, principalmente, a
natureza da água e os aditivos químicos empregados no preparo do fluido. A
Bruno Alysson B.D. de Araújo 20
proporção entre os componentes básicos e as interações entre eles provocam
sensíveis modificações nas propriedades físicas e químicas do fluido.
Consequentemente, a composição é o principal fator a considerar no controle
de suas propriedades (Thomas, 2001).
A água é a fase contínua e o principal componente de qualquer fluido à
base de água, podendo ser doce, dura ou salgada. A água doce, por definição,
apresenta salinidade inferior a 1000 ppm (partes por milhão) de NaCl
equivalente. Do ponto de vista industrial, para aplicação em fluidos de
perfuração, a água doce não necessita de pré-tratamento químico porque
praticamente não afeta o desempenho dos aditivos empregados no preparo do
fluido. A água dura tem como característica principal a presença de sais de
cálcio e magnésio dissolvidos, em concentração suficiente para alterar o
desempenho dos aditivos químicos e, a depender da concentração, demanda
tratamento químico. A água salgada é aquela com a salinidade maior que 1000
ppm de NaCl equivalente e pode ser natural, como a água do mar, ou pode ser
preparada pela adição de sais como KCl, NaCl ou CaCl2 (Thomas, 2001; Mairs.
et al.2000).
A principal função da água é prover o meio de dispersão para os
materiais coloidais. Esses materiais, principalmente argilas e polímeros,
controlam a viscosidade, limite de escoamento, forças géis e filtrado, de forma
que valores adequados dessas propriedades sejam alcançados para conferir
ao fluido uma boa taxa de remoção dos sólidos perfurados e a capacidade de
estabilização das paredes do poço. Os fatores a serem considerados na
seleção da água de preparo são: disponibilidade, custo de transporte e de
tratamento, tipos de formações geológicas a serem perfuradas, produtos
químicos que comporão o fluido, equipamentos e técnicas a serem usados na
avaliação das formações (Thomas, 2001; Geraldo, 2005).
Os sólidos dispersos no meio aquoso podem ser ativos ou inertes. Os
sólidos ativos são materiais argilosos, cuja função principal é viscosificar o
fluido. A argila mais usada é a bentonita e, em menor escala, a atapulgita
(Thomas, 2001). No Brasil, não dispomos de esmectitas sódicas, por isso é que
Bruno Alysson B.D. de Araújo 21
se utiliza esmectita cálcica ativada, ou que sofreu processo industrial de troca
de cálcio por sódio, chamando-se de argila ativada.
Os sólidos inertes podem se originar da adição de materiais
industrializados ou de detritos finos das rochas perfuradas. O adensante
baritina é o sólido inerte mais comum dentre os produtos comercializados. Os
adensantes mais comumente usados são: a barita (BaSO4) e a hematita
(Fe2O3). Os sólidos inertes oriundos das rochas perfuradas são areia, silte e
calcita, que é utilizada como agente formador de pontes, auxiliando o controle
do volume de filtrado e, também, menos comumente, como adensante
(Thomas, 2001).
Os fluidos de perfuração à base de água comumente utilizados em
operações de perfuração de poços de petróleo são:
Fluido convencional: É o fluido de perfuração preparado com água
doce e argila ativada sendo o pH ajustado para a faixa de 9 a 11.
Normalmente este fluido possui peso entre 8,6 e 8,8 lb/gal, podendo ser
adensado. Este fluido é empregado durante a perfuração do início do
poço.
Fluido convencional com obturantes: É o fluido convencional ao qual
se agrega agentes obturantes com o objetivo de selar as formações
porosas. Assim como o fluido convencional, apresenta altos géis e baixo
poder de inibição. É empregado quando se perfura fases em que
predominam grandes extensões de areias inconsolidadas intercaladas
com calcários freqüentemente encontrados em poços marítmos com
lâminas de água rasas.
Fluido de cal: Neste tipo de fluido a inibição química é promovida pelos
íons Ca+2 que são fornecidos pela cal hidratada (CaO). O mecanismo é
a troca do íon Na+ pelo íon Ca+2 presente nas argilas perfuradas. Dessa
forma, o fluido admite uma grande quantidade de sólidos argilosos sem
sofrer grandes alterações em suas características reológicas.
Normalmente é usado na perfuração de formações argilosas. O
inconveniente é que o diâmetro final do poço acaba sendo bem maior do
que o nominal, ou seja, bastante alargado se comparado com poços
Bruno Alysson B.D. de Araújo 22
onde os fluidos são mais modernos. Este fluido é indicado na perfuração
do cimento e em formações que contenham o íon cálcio como anidrita
(sulfato de cálcio anidro) e gipsita (sulfato de cálcio hidratado).
Fluidos poliméricos: com o impacto ambiental gerado pelo uso de
fluidos base oleofílicos, novos sistemas de maior poder de inibição
tiveram que ser investigados e desenvolvidos, dentre eles se encontram
os fluidos poliméricos, que associados a sais de potássio e sódio, têm
proporcionado maior inibição química e melhor lubricidade que outros
sistemas de fluidos à base de água (Santos, 2005).
2.6 – Interação folhelho-fluido
Durante a perfuração de poços de petróleo, o fluido está em constante
contato com as camadas dos folhelhos presentes nas paredes do poço, com os
cascalhos perfurados e a broca de perfuração. A interação físico-química
existente entre os folhelhos e os fluidos de perfuração ainda não é
completamente entendida, mas os problemas durante a perfuração são
creditados, em grande parte, a esta interação. Para evitar ou reduzir esta
interação, têm sido desenvolvidos novos fluidos, impelidos, principalmente, por
legislações ambientais que exigem que estes fluidos sejam biodegradáveis e
apresentem baixa toxicidade (Rabe; Fontoura, 2003).
A redução de permeabilidade do meio poroso provocada pela presença
de argilominerais pode ser explicada por três mecanismos diferentes: (a)
migração de finos, (b) inchamento da argila e (c) migração de finos induzida
pelo inchamento dos argilominerais. A migração de finos ocorre com
argilominerais não expansíveis que tendem a se desprender da superfície das
rochas e migrar quando as condições coloidais são favoráveis. As partículas
em migração podem ficar presas nas gargantas dos poros das rochas,
causando a redução da permeabilidade. O inchamento dos argilominerais,
causado por condições favoráveis a trocas iônicas, provoca um alargamento
das paredes do poro, reduzindo sua seção transversal e, conseqüentemente, o
fluxo de saída de óleo do poro. A migração induzida pelo inchamento é
causada pelo intumescimento, mesmo que reduzido, de partículas de
Bruno Alysson B.D. de Araújo 23
argilominerais que provocam o desprendimento de partículas finas de outros
argilominerais não expansíveis que podem tamponar o poro (Amorim, 2007).
Há algum tempo, vem se estudando a estabilidade de poços de petróleo
considerando os aspectos mecânicos e químicos da rocha, sendo este último
relacionado às interações fluido-folhelho. O inchamento das partículas de
folhelho quando em contato com fluido aquoso tem sido considerado o principal
vilão no aprisionamento de ferramentas, devido à adsorção de moléculas de
água ou íons hidratados solubilizados no meio. Em geral, o teor de argilas
hidratáveis no folhelho é superior a 50 %. Como estes argilominerais possuem
diferentes energias de hidratação, a capacidade de certo folhelho adsorver
água é função do tipo e quantidade de argilominerais que o constitui. Os
cascalhos cortados pela broca podem dispersar-se e incorporar-se facilmente
ao fluido de perfuração, alterando rapidamente suas propriedades reológicas. A
estabilidade das paredes do poço é função da interação rocha-fluido. Como
relatado anteriormente, existem aditivos químicos capazes de minimizar essas
interações. Esses aditivos alojam-se no espaço basal, fixando-se na superfície
das folhas de silicato, impedindo a entrada de moléculas de água
(Machado,2002; Oliveira, 1987; Retz et. al, 1991).
Raras são as rochas sedimentares totalmente desprovidas de
argilominerais. Os argilominerais presentes nas rochas geradoras de petróleo,
nas rochas reservatório, bem como na maioria das rochas selantes
(capeadoras) de reservatórios de óleo, proporcionam muitas das suas
propriedades características. Informações sobre o tipo, os teores relativos, a
gênese e a forma com que esses minerais ocorrem nessas rochas são de
fundamental importância na exploração de poços de petróleo (Alves, 1987).
Dentre as argilas comumente encontradas em reservatórios petrolíferos,
a esmectita é a que apresenta maior tendência de inchamento quando em
contato com fluidos aquosos. A expansão volumétrica das partículas de argilas
no interior dos poros da rocha provoca uma drástica redução nas propriedades
permo-porosas do reservatório e, conseqüentemente, na queda da produção
e/ou injetividade do poço (Khalil, 1992).
Bruno Alysson B.D. de Araújo 24
2.6.1 – O fenômeno de inchamento de argilas ou folhelhos
As argilas são organizadas em pacotes laminares e possuem um alto
grau de hidratação. Quando entram em contato com a água, os pacotes de
argilas se separam à medida que a água penetra no espaço basal (Figura 1).
Formações argilosas contendo esmectita são especialmente sensíveis à
presença de água. Muitas destas formações contêm vários tipos e diferentes
quantidades de argilas. Quanto maior a presença de esmectita, maior a
reatividade na presença de água. A capacidade de argilitos e folhelhos
perfurados pela sondagem em absorver água doce do fluido de perfuração é
um fator de fundamental importância na segurança, eficiência e qualidade dos
processos de perfuração de poços de petróleo (Pereira et al, 2007).
Quando as argilas entram em contato com a água presente nos fluidos à
base de água, ocorre o fenômeno de hidratação dos argilominerais, mesmo
quando as amostras se encontram saturadas. As moléculas se orientam em
relação aos íons que circundam as partículas. Os íons se afastam das
partículas, ficando circundados por moléculas de água. No caso das
esmectitas, são criadas duas camadas de moléculas de água no espaçamento
interplanar-basal, o que eleva a distância basal de 10 Å para 14 Å (Rabe,
2003).
As partículas de esmectita possuem um caráter bipolar, com cargas
negativas localizadas no plano de maior dimensão (face) e cargas positivas na
região de menor dimensão (aresta), como mostra a Figura 2.
Bruno Alysson B.D. de Araújo 25
Figura 1. Representação esquemática de uma argila hidratada. Figura
adaptada (CHAGAS, 2005)
Figura 2. Representação morfológica de uma partícula coloidal de
esmectita (montmorillonita). Figura adaptada (CHAGAS, 2005)
2.7 – Polímeros
Os polímeros são compostos macromoleculares caracterizados pela
repetição de unidades estruturais mínimas de baixa massa molar denominadas
meros (Mano, 1999; Julião,2008).
n Meros Polímero
O processo de transformação de compostos químicos simples
(monômeros) em polímero denomina-se polimerização. A depender do
Bruno Alysson B.D. de Araújo 26
monômero, a reação poderá ocorrer em cadeia (poliadição) ou em etapas
(policondensação) (Julião, 2008)
2.7.1 – Polieletrólitos
Os polieletrólitos são polímeros hidrossolúveis que, por conterem
grupamentos fortemente polares ou espécies ionizáveis, solubilizam-se em
meios aquosos. De acordo com as cargas elétricas remanescentes na estrutura
polimérica após a dissolução dos polímeros em água, estes podem ser
classificados em: ANIÔNICOS (-), CATIÔNICOS (+), NÃO-IÔNICOS (0),
ANFÓTEROS (+,-) (Mano, 1999; Julião 2008).
Os polímeros aniônicos contêm grupamentos ácidos ligados à cadeia
principal, como por exemplo: carboxílicos, fosfônicos e sulfônicos. Geralmente,
os grupamentos ácidos encontram-se neutralizados, formando assim os
respectivos sais de metais alcalinos, que são fortemente ionizáveis em meio
aquoso, como o poli (acrilato de sódio).
Os polímeros catiônicos contêm um grupamento do tipo que se
dissocia em meio aquoso formando o cátion amônio quaternário, como
podemos observar no exemplo abaixo.
Br –
Nos polímeros não–iônicos, a solubilidade está associada apenas à
presença de grupamentos polares não-iônicos, tais como: -OH, - SH, -NH2, -O-.
CH2CH3
CH2CH3 CH3CH2
CH2CH3
N+
Figura 3. Brometo de tetraetilamônio
Bruno Alysson B.D. de Araújo 27
Os polímeros anfóteros apresentam simultaneamente grupamentos
catiônicos e aniônicos, que em solução aquosa poderão comportar-se como
polieletrólito catiônico ou aniônico, dependendo do pH do meio (Julião 2008).
Tabela 1: Determinação do caráter iônico predominante dos polímeros a
partir do pH.
pH Caráter predominante
Ácido Catiônico
Alcalino Aniônico
A estabilidade de um polieletrólito em meio aquoso depende,
fundamentalmente, da: concentração e distribuição dos grupos ionizáveis na
cadeia, concentração efetiva do polímero no meio aquoso, salinidade do meio
aquoso, pH do meio aquoso e valência dos cátions e ânions presentes no meio
aquoso. Os polieletrólitos, e mais amplamente os polímeros hidrossolúveis,
podem ser classificados segundo a sua origem ou processo de obtenção como:
Sintéticos: PHPA (poliacrilamida parcialmente hidrolisada)
Naturais: AMIDO, GOMA GUAR, GOMA XANTANA
Modificados: HEC (hidroxietil celulose), HPG (hidroxipropil guar), CMC
(carboximetilcelulose) (Julião,2008)
2.7.2 – Compatibilidade entre polímeros
Na elaboração da composição de fluidos, é fundamental observar o
aspecto de compatibilidade química entre os diversos componentes químicos.
Os polímeros hidrossolúveis iônicos são altamente sensíveis à presença de
outros aditivos ou possíveis contaminantes existentes no fluido-base no poço,
ou no reservatório. A incompatibilidade química que ocorre entre o polímero e
um aditivo ou contaminante geralmente é devido à diferença de caráter iônico.
Polímeros aniônicos são altamente incompatíveis com surfactantes,
estabilizadores ou bactericidas de caráter catiônico, ou com sais de metais
polivalentes. Da mesma forma, polímeros catiônicos têm seus grupamentos
Bruno Alysson B.D. de Araújo 28
funcionais neutralizados pela presença de compostos aniônicos polivalentes
(Julião,2008; Elias, 1997).
+
Polímero A Polímero B
Figura 4. Esquema representativo da incompatibilidade química de polímeros
iônicos por formação de precipitados
Por outro lado, pode-se observar uma sinergia positiva pela combinação
de duas estruturas poliméricas diferentes. Polímeros naturais, como goma
xantana (ligeiramente aniônica) e goma guar (não-iônico), podem se associar
sinergisticamente em solução aquosa obtendo-se viscosidade superior à soma
das parcelas de viscosidade de cada goma quando em solução na mesma
concentração (Julião, 2008).
Bruno Alysson B.D. de Araújo 29
3 - MATERIAIS E PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
Nesta seção são apresentados os procedimentos empregados na
preparação dos fluidos, assim como os reagentes e equipamentos utilizados.
3.1 – Reagentes utilizados
Foram selecionados três inibidores de inchamento de argilas catiônicos,
identificados pelas siglas INIB A, INIB K e INIB S. Por se tratarem de produtos
comerciais, informações quanto ao fabricante e composição química não
poderão ser divulgadas em detalhes.
De acordo com a ficha técnica fornecida pelos fabricantes, o inibidor A é
um polímero catiônico à base de poliionenos, de alta massa molar; o inibidor S
é um sal doador de potássio, e o inibidor K é um polímero catiônico.
Os demais aditivos utilizados na preparação dos fluidos foram: cloreto de
sódio (NaCl) (PETROBRAS), cloreto de potássio (KCl) (PETROBRAS),
hidroxipropil guar (HPG – Figura 5) (NewPark Drilling Fluids), hidroxipropil
amido (HPA – Figura 6) (NewPark Drilling Fluids), celulose polianiônica (PAC –
Figura 7) (NewPark Drilling Fluids), óxido de magnésio (MgO) (NewPark Drilling
Fluids), calcita (CaCO3) (NewPark Drilling Fluids), Carbosan (Triazina) (Lambra
Ltda), Defoam siliconizado (Baker Hughes).
A argila utilizada para a confecção dos corpos de prova foi a bentonita
ativada, fornecida pela Carboflex.
Para o teste de Reinecke, foi utilizado o sal de Reinecke P.A. (Sigma
Aldrich), cuja composição é: NH4[Cr(NCS)4(NH3)2].H2O –
tetracianatodiaminocromato(III) de amônio monohidratado.
Bruno Alysson B.D. de Araújo 30
Figura 5. Estrutura química do HPG
Figura 6. Estrutura química do HPA
Figura 7. Estrutura química do PAC
Bruno Alysson B.D. de Araújo 31
3.2 – Equipamentos
Os equipamentos utilizados foram os seguintes:
Balança analítica eletrônica – METTLER (LAPET/DQ/UFRN)
Bomba de alto vácuo Edwards (LAPET/DQ/UFRN)
Medidor de inchamento linear (LSM - Linear Swell Meter), modelo 2000,
da FANN (LAPET/DQ/UFRN)
Compactador hidraúlico para o Linear Swell Meter da FANN
(LAPET/DQ/UFRN)
Agitador Hamilton Beach, modelo N 5009 da FANN (LAPET/DQ/UFRN)
Viscosímetro rotativo, Modelo 35 A, com combinação R1-B1 e mola de
torção F1 da FANN (LAPET/DQ/UFRN)
Filtro API, série 300 da FANN (LAPET/DQ/UFRN)
3.3 – Preparação dos fluidos
Os fluidos foram preparados utilizando agitadores Hamilton Beach em
um barril equivalente (bbl-eq=350,5mL) à rotação de 18.000 rpm. Os produtos
químicos foram adicionados à água na seguinte ordem: HPG, HPA, PAC
(quando presente), inibidores de inchamento de argila, MgO, NaCl ou KCl
(quando presente), Defoam, Carbosan e calcita (Tabelas 2 e 3).
Tabela 2: Tabela básica dos fluidos da formulação do tipo 1 e 2 com os respectivos tempos de agitação.
FB0 FB21 FB40 FB23 FB42 FIC21 FIC40 FIC23 FIC42 Unidades Tempos de agitação em
minutos
Agua 1 1 1 1 1 1 1 1 1 bbl-eq -
HPG 2 2 2 2 2 2 2 2 2 lb/bbl-eq 10
HPA 5 5 5 5 5 5 5 5 5 lb/bbl-eq 10
PAC LV. -- -- -- -- -- -- -- -- -- lb/bbl-eq 10
Inibidor
Catiônico
-- -- -- -- -- 9 9 9 9 lb/bbl-eq 5
MgO 1 1 1 1 1 1 1 1 1 lb/bbl-eq 10
NaCl -- 21 40 -- -- 21 40 -- -- lb/bbl-eq 10
KCl -- -- -- 23 42 -- -- 23 42 lb/bbl-eq 10
Antiesp.
Defoam
0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 lb/bbl-eq 5
Bacte.
Carbosan
0,8 0,8 0,8 0,8 0,8 0,8 0,8 0,8 0,8 lb/bbl-eq 5
Calcita 20 20 20 20 20 20 20 20 20 lb/bbl-eq 10
Bruno Alysson B.D. de Araújo 33
Tabela 3: Tabela básica dos fluidos da formulação do tipo 3 e 4 com os respectivos tempos de agitação.
FB0P FB21P FB40P FB23P FB42P FIC21P FIC40P FIC23P FIC42P Unidades Tempo de agitação em
minutos
Agua 1 1 1 1 1 1 1 1 1 bbl-eq 10
HPG 1 1 1 1 1 1 1 1 1 lb/bbl-eq 10
HPA 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 lb/bbl-eq 10
PAC LV. 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 lb/bbl-eq 10
Inibidor
Catiônico
-- -- -- -- -- 9 9 9 9 lb/bbl-eq 5
MgO 1 1 1 1 1 1 1 1 1 lb/bbl-eq 10
NaCl -- 21 40 -- -- 21 40 -- -- lb/bbl-eq 10
KCl -- -- -- 23 42 -- -- 23 42 lb/bbl-eq 10
Antiesp.
Defoam
0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 lb/bbl-eq 5
Bacte.
Carbosan
0.8 0.8 0.8 0.8 0.8 0.8 0.8 0.8 0.8 lb/bbl-eq 5
Calcita 20 20 20 20 20 20 20 20 20 lb/bbl-eq 10
3.3.1 – Formulações dos fluidos de perfuração
Inicialmente, várias formulações (cerca de 32 formulações) foram
elaboradas e avaliadas quanto ao comportamento reológico, o volume de
filtrado e o grau de inibição de inchamento de argila. A partir dos resultados
obtidos, foram estabelecidas as concentrações de cada produto, levando em
consideração que as propriedades desses fluidos estariam dentro da faixa
considerada adequada para aplicação na perfuração de um poço.
Abaixo, são apresentadas as formulações estudadas. Na formulação 1,
foram utilizados os polímeros HPG e HPA (ambos não iônicos), como agentes
de controle da viscosidade e do volume de filtrado. Na formulação 2, as
concentrações do HPG e HPA foram reduzidas à metade e foi adicionado o
PAC, de caráter aniônico.
Bruno Alysson B.D. de Araújo 35
Tabela 4: Formulações dos fluidos aquosos contendo HPG e HPA, sem adição
de inibidor de inchamento de argila
Aditivos FB0 FB21 FB23 FB40 FB42 Unidades
Água Industrial 1 1 1 1 1 bbl-eq
HPG 2 2 2 2 2 lb/bbl-eq
HPA 5 5 5 5 5 lb/bbl-eq
PAC LV -- -- -- -- -- lb/bbl-eq
INIB K -- -- -- -- -- lb/bbl-eq
INIB A -- -- -- -- -- lb/bbl-eq
INIB S -- -- -- -- -- lb/bbl-eq
MgO 1 1 1 1 1 lb/bbl-eq
NaCl -- 21 -- 40 -- lb/bbl-eq
KCl -- -- 23 -- 42 lb/bbl-eq
Antiespumante
(Defoam)
0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 lb/bbl-eq
Bactericida
(Carbosan)
0,8 0,8 0,8 0,8 0,8 lb/bbl-eq
CaCO3 20 20 20 20 20 lb/bbl-eq
Bruno Alysson B.D. de Araújo 36
Tabela 5: Formulações dos fluidos aquosos contendo HPG e HPA, com adição
de inibidor de inchamento de argila e de sal (21 lb/bbl NaCl e 23 lb/bbl KCl)
Aditivos FK21 FA21 FS21 FK23 FA23 FS23 Unidades
Água Industrial 1 1 1 1 1 1 bbl-eq
HPG 2 2 2 2 2 2 lb/bbl-eq
HPA 5 5 5 5 5 5 lb/bbl-eq
PAC LV -- -- -- -- -- -- lb/bbl-eq
INIB K 9 -- -- 9 -- -- lb/bbl-eq
INIB A -- 9 -- -- 9 -- lb/bbl-eq
INIB S -- -- 9 -- -- 9 lb/bbl-eq
MgO 1 1 1 1 1 1 lb/bbl-eq
NaCl 21 21 21 -- -- -- lb/bbl-eq
KCl -- -- -- 23 23 23 lb/bbl-eq
Antiespumante
(Defoam)
0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 lb/bbl-eq
Bactericida
(Carbosan)
0,8 0,8 0,8 0,8 0,8 0,8 lb/bbl-eq
CaCO3 20 20 20 20 20 20 lb/bbl-eq
Bruno Alysson B.D. de Araújo 37
Tabela 6: Formulações dos fluidos aquosos contendo HPG e HPA, com adição
de inibidor de inchamento de argila e de sal (40 lb/bbl NaCl e 42 lb/bbl KCl)
Aditivos FK40 FA40 FS40 FK42 FA42 FS42 Unidades
Água Industrial 1 1 1 1 1 1 bbl-eq
HPG 2 2 2 2 2 2 lb/bbl-eq
HPA 5 5 5 5 5 5 lb/bbl-eq
PAC LV -- -- -- -- -- -- lb/bbl-eq
INIB K 9 -- -- 9 -- -- lb/bbl-eq
INIB A -- 9 -- -- 9 -- lb/bbl-eq
INIB S -- -- 9 -- -- 9 lb/bbl-eq
MgO 1 1 1 1 1 1 lb/bbl-eq
NaCl 40 40 40 -- -- -- lb/bbl-eq
KCl -- -- -- 42 42 42 lb/bbl-eq
Antiespumante
(Defoam)
0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 lb/bbl-eq
Bactericida
(Carbosan)
0,8 0,8 0,8 0,8 0,8 0,8 lb/bbl-eq
CaCO3 20 20 20 20 20 20 lb/bbl-eq
Bruno Alysson B.D. de Araújo 38
Tabela 7: Formulações dos fluidos aquosos contendo HPG, HPA e PAC, sem
adição de inibidor de inchamento de argila
Aditivos FB0P FB21P FB23P FB40P FB42P Unidades
Água Industrial 1 1 1 1 1 bbl-eq
HPG 1 1 1 1 1 lb/bbl-eq
HPA 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 lb/bbl-eq
PAC LV 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 lb/bbl-eq
INIB K -- -- -- -- -- lb/bbl-eq
INIB A -- -- -- -- -- lb/bbl-eq
INIB S -- -- -- -- -- lb/bbl-eq
MgO 1 1 1 1 1 lb/bbl-eq
NaCl -- 21 -- 40 -- lb/bbl-eq
KCl -- -- 23 -- 42 lb/bbl-eq
Antiespumante
(Defoam)
0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 lb/bbl-eq
Bactericida
(Carbosan)
0.8 0.8 0.8 0.8 0.8 lb/bbl-eq
CaCO3 20 20 20 20 20 lb/bbl-eq
Bruno Alysson B.D. de Araújo 39
Tabela 8: Formulações dos fluidos aquosos contendo HPG, HPA e PAC, com
adição de inibidor de inchamento de argila e de sal (21 lb/bbl NaCl e 23 lb/bbl
KCl)
Aditivos FK21P FA21P FS21P FK23P FA23P FS23P Unidades
Água Industrial 1 1 1 1 1 1 bbl-eq
HPG 1 1 1 1 1 1 lb/bbl-eq
HPA 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 lb/bbl-eq
PAC LV 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 lb/bbl-eq
INIB K 9 -- -- 9 -- -- lb/bbl-eq
INIB A -- 9 -- -- 9 -- lb/bbl-eq
INIB S -- -- 9 -- -- 9 lb/bbl-eq
MgO 1 1 1 1 1 1 lb/bbl-eq
NaCl 21 21 21 -- -- -- lb/bbl-eq
KCl -- -- -- 23 23 23 lb/bbl-eq
Antiespumante
(Defoam)
0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 lb/bbl-eq
Bactericida
(Carbosan)
0.8 0.8 0.8 0.8 0.8 0.8 lb/bbl-eq
CaCO3 20 20 20 20 20 20 lb/bbl-eq
Bruno Alysson B.D. de Araújo 40
Tabela 9: Formulações dos fluidos aquosos contendo HPG, HPA e PAC, com
adição de inibidor de inchamento de argila e de sal (40 lb/bbl NaCl e 42 lb/bbl
KCl)
Aditivos FK40P FA40P FS40P FK42P FA42P FS42P Unidades
Água Industrial 1 1 1 1 1 1 bbl-eq
HPG 1 1 1 1 1 1 lb/bbl-eq
HPA 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 lb/bbl-eq
PAC LV 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 lb/bbl-eq
INIB K 9 -- -- 9 -- -- lb/bbl-eq
INIB A -- 9 -- -- 9 -- lb/bbl-eq
INIB S -- -- 9 -- -- 9 lb/bbl-eq
MgO 1 1 1 1 1 1 lb/bbl-eq
NaCl 40 40 40 -- -- -- lb/bbl-eq
KCl -- -- -- 42 42 42 lb/bbl-eq
Antiespumante
(Defoam)
0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 lb/bbl-eq
Bactericida
(Carbosan)
0.8 0.8 0.8 0.8 0.8 0.8 lb/bbl-eq
CaCO3 20 20 20 20 20 20 lb/bbl-eq
3.3.2 – Medidas reológicas
As propriedades reológicas foram determinadas através de Viscosímetro
rotativo da FANN, modelo 35 A, com combinação R1-B1 e mola de torção F1.
O fluido foi colocado em um copo teste e as medidas foram feitas em
temperatura ambiente (aproximadamente 25ºC). As leituras de deflexão para
cada fluido foram realizadas nas rotações de 600, 300, 200, 100, 6 e 3 rpm.
As forças géis foram determinadas de acordo com o seguinte
procedimento: o fluido foi submetido à rotação de 600 rpm no viscosímetro.
Bruno Alysson B.D. de Araújo 41
Após 1 minuto nessa rotação, o equipamento foi desligado e, simultaneamente,
a rotação foi alterada para 3 rpm. Após repouso de 10 segundos, o
viscosímetro foi religado e a medida de deflexão máxima a 3 rpm foi anotada,
para a determinação do gel inicial. Em seguida, o fluido foi novamente
submetido à rotação de 600 rpm por 1 minuto, o equipamento foi desligado e,
após 10 minutos de repouso, a deflexão máxima do viscosímetro foi medida a 3
rpm, para a determinação do gel final. A viscosidade aparente foi determinada
a partir da leitura da deflexão a 600 rpm, através da equação Va = L600/2.
3.3.3 – Medidas de filtrado
As medidas do volume de filtrado foram feitas no Filtro prensa API, série
300 da FANN. Foram adicionados 350 mL de fluido na célula do filtro. Em
seguida, o volume de filtrado foi medido através da passagem do fluido por
papel de filtro Whatman número 50, quando submetido a uma pressão de 100
psi, durante 30 minutos.
3.3.4 – Medidas de inchamento linear
As determinações de inchamento linear dos corpos de prova de argila
ativada foram feitas no Linear Swell Meter, modelo 2000, da FANN. Os corpos
de prova de argila foram acoplados ao sensor do equipamento e imersos em
250 mL de fluido. O intumescimento dos corpos de prova foi acompanhado ao
longo de 3 horas de análise.
Os corpos de prova cilíndricos de argila foram obtidos através de um
compactador hidráulico. Cerca de 20 g de bentonita ativada foram adicionados
à célula do compactador e, em seguida, uma pressão de 10.000 psi foi aplicada
por um período de uma hora e meia. Em seguida, as pastilhas obtidas foram
levadas ao dessecador em atmosfera reduzida e solução de CaCl2 P.A., por
24h, obedecendo a indicação do manual do fabricante do LSM.
Bruno Alysson B.D. de Araújo 42
3.3.5 – Determinação do teor de inibidor de inchamento de
argila catiônico por sal de Reinecke
Inicialmente, foram preparadas soluções padrões dos inibidores de
argila, a concentração de 1, 3, 5, 7 e 9 lb/bbl. Adicionou-se 1mL de uma
solução aquosa de sal de Reinecke 0,015 g/mL e 1 mL das soluções dos
inibidores a 7 mL de água. As amostras foram deixadas em repouso por 5
meses. Para a determinação do teor de inibidor ainda presente no fluido após
contato com a argila, ao final do teste de inchamento linear, os fluidos sofreram
filtração. O procedimento anterior foi repetido, substituindo-se a solução de
inibidor pelo filtrado dos fluidos obtidos após o teste no LSM. Ao final, o
aspecto visual dos sistemas contendo as alíquotas dos fluidos foi comparado
ao dos sistemas contendo as soluções padrões.
Bruno Alysson B.D. de Araújo 43
4 - RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 – Medidas reológicas
Os valores de viscosidade efetiva foram determinados através da
relação Va = L600/2. A Tabela 7 mostra que, na ausência do inibidor catiônico,
as formulações contendo HPG, HPA e PAC (fluidos tipo 3 e 4 – FB21P e
FB23P) apresentaram viscosidades maiores que os correspondentes sem PAC
(.fluidos tipo 1 e 2 – FB21 e FB23). Levando também em consideração que os
fluidos contendo PAC foram preparados à concentração total de polímero de 6
lb/bbl, enquanto que os fluidos sem PAC continham 7 lb/bbl (Tabelas 1 a 5),
pode-se constatar a grande contribuição do PAC para o aumento da
viscosidade. Essa maior contribuição do PAC para o aumento da viscosidade
do fluido pode estar relacionada a diversos fatores, tais como: maior massa
molar do PAC, comparada à massa molar do HPG e HPA; o caráter aniônico
do PAC, que proporciona maior rigidez ao polímero e, assim, maior volume
hidrodinâmico da macromolécula no meio; o teor de grupos aniônicos no PAC;
a possibilidade do fenômeno “salting out” ocorrer no caso dos polímeros não
iônicos. Nesse caso, ocorre redução da solubilidade do polímero na presença
do sal, representando uma redução do volume hidrodinâmico do polímero no
meio e, assim, menor viscosidade. E, por último, a estrutura química dos
polímeros (Figuras 4, 5 e 6), que pode proporcionar graus de interação
diferentes com a água. Todos esses aspectos serão investigados com mais
detalhes em trabalhos futuros.
Ainda na Tabela 10, pode-se observar que o aumento da concentração
de sal em todos os tipos de fluido provoca redução de viscosidade. Esse
resultado pode ser explicado pela diminuição das interações polímero-água.
Com o aumento da concentração de sal no meio, a água tende a
solvatar/interagir mais com as espécies iônicas oriundas do sal. Com isso,
ocorre uma redução de solubilidade dos polímeros e, consequentemente,
redução de viscosidade (Tager, 1978).
Bruno Alysson B.D. de Araújo 44
Considerando os fluidos base (ou brancos) – FB21, FB23, FB21P,
FB23P – pode-se observar que não houve diferença significativa de
viscosidade ao se utilizar o NaCl ou KCl como eletrólito. Com a adição do
inibidor de inchamento de argila, houve uma tendência de aumento de
viscosidade, ou manutenção do valor da viscosidade, para os fluidos do tipo 1,
tipo 2 e tipo 3, mas uma redução de viscosidade para os fluidos do tipo 4,
indicando que a presença simultanea do PAC e do KCl promove redução de
solubilidade dos polímeros. Esse resultado parece indicar que a natureza
aniônica do PAC e a natureza catiônica dos inibidores não contribuem para a
formação de um complexo polieletrolítico insolúvel no meio, o que resultaria em
grande redução de viscosidade. Essa redução de viscosidade é mais bem
observada nos fluidos tipo 4, onde se tem a presença do KCl. Entretanto, no
geral, as mudanças de viscosidade em todos os fluidos, pela adição do inibidor
de inchamente de argila catiônico, não foi tão significativa. Dessa forma, pode-
se considerar que, em termos de propriedades reológicas, os aditivos
poliméricos foram compatíveis entre si, apesar do caráter aniônico do PAC e
catiônico dos inibidores.
O aumento de viscosidade observado nos fluidos FK42, FA40P e FS42P
da Tabela 10 pode ser explicado pela formação de agregados poliméricos, que
seriam responsáveis por volumes hidrodinâmicos aparentes maiores e, assim,
maiores viscosidades. Dependendo do grau de interação desses agregados
poliméricos com a água, pode ocorrer desde aumento de viscosidade (maior
interação), até a precipitação dos polímeros (menor interação).
Bruno Alysson B.D. de Araújo 45
Tabela 10: Viscosidade aparente para os fluidos aquosos contendo HPG, HPA e NaCl (fluido tipo 1) ou KCl (fluido tipo 2) e para os fluidos aquosos contendo HPG,
HPA, PAC e NaCl (fluido tipo 3) ou KCl (fluido tipo 4)
Fluidos aquosos contendo HPG, HPA e NaCl (fluido tipo 1) Fluidos aquosos contendo HPG, HPA e KCl (fluido tipo 2)
Va (cp) FB21 FK21 FA21 FS21 FB40 FK40 FA40 FS40 FB23 FK23 FA23 FS23 FB42 FK42 FA42 FS42
29,5 34,0 29,5 30,5 27,5 28,5 29,0 30,5 29,0 30,5 30,0 31,0 28,5 31,5 26,5 27,0
Fluidos aquosos contendo HPG, HPA, PAC e NaCl (fluido tipo 3) Fluidos aquosos contendo HPG, HPA, PAC e KCl (fluido tipo 4)
Va (cp) FB21P FK21P FA21P FS21P FB40P FK40P FA40P FS40P FB23P FK23P FA23P FS23P FB42P FK42P FA42P FS42P
33,0 35,0 34,5 27,5 29,5 34,5 35,0 25,5 32,5 29,0 28,5 30,0 30,0 27,5 27,0 30,5
Tabela 11: Formulação dos fluidos tipo 1
Tabela 12: Formulação dos fluidos tipo 2
FB23 FK23 FA23 FS23 FB42 FK42 FA42 FS42 Unidades
Agua 1 1 1 1 1 1 1 1 bbl-eq
HPG 2 2 2 2 2 2 2 2 lb/bbl-eq
HPA 5 5 5 5 5 5 5 5 lb/bbl-eq
PAC LV -- -- -- -- -- -- -- -- lb/bbl-eq
Klagard -- 9 -- -- -- 9 -- -- lb/bbl-eq
Agena -- -- 9 -- -- -- 9 -- lb/bbl-eq
SM-HIB -- -- -- 9 -- -- -- 9 lb/bbl-eq
MgO 1 1 1 1 1 1 1 1 lb/bbl-eq
NaCl -- -- -- -- -- -- -- -- lb/bbl-eq
KCl 23 23 23 23 42 42 42 42 lb/bbl-eq
Antiesp. 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 lb/bbl-eq
Bacte. 0,8 0,8 0,8 0,8 0,8 0,8 0,8 0,8 lb/bbl-eq
Calcita 20 20 20 20 20 20 20 20 lb/bbl-eq
FB21 FK21 FA21 FS21 FB40 FK40 FA40 FS40 Unidades
Agua 1 1 1 1 1 1 1 1 bbl-eq
HPG 2 2 2 2 2 2 2 2 lb/bbl-eq
HPA 5 5 5 5 5 5 5 5 lb/bbl-eq
PAC LV -- -- -- -- -- -- -- -- lb/bbl-eq
Klagard -- 9 -- -- -- 9 -- -- lb/bbl-eq
Agena -- -- 9 -- -- -- 9 -- lb/bbl-eq
SM-HIB -- -- -- 9 -- -- -- 9 lb/bbl-eq
MgO 1 1 1 1 1 1 1 1 lb/bbl-eq
NaCl 21 21 21 21 40 40 40 40 lb/bbl-eq
KCl -- -- -- -- -- -- -- -- lb/bbl-eq
Antiesp. 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 lb/bbl-eq
Bacte. 0,8 0,8 0,8 0,8 0,8 0,8 0,8 0,8 lb/bbl-eq
Calcita 20 20 20 20 20 20 20 20 lb/bbl-eq
Monografia
47
Bruno Alysson B.D. de Araújo
Tabela 13: Formulações dos fluidos tipo 3
Tabela 14: Formulação dos fluidos tipo 4
FB21P FK21P FA21P FS21P FB40P FK40P FA40P FS40P Unidades
Agua 1 1 1 1 1 1 1 1 bbl-eq
HPG 1 1 1 1 1 1 1 1 lb/bbl-eq
HPA 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 lb/bbl-eq
PAC LV 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 lb/bbl-eq
Klagard -- 9 -- -- -- 9 -- -- lb/bbl-eq
Agena -- -- 9 -- -- -- 9 -- lb/bbl-eq
SM-HIB -- -- -- 9 -- -- -- 9 lb/bbl-eq
MgO 1 1 1 1 1 1 1 1 lb/bbl-eq
NaCl 21 21 21 21 40 40 40 40 lb/bbl-eq
KCl -- -- -- -- -- -- -- -- lb/bbl-eq
Antiesp. 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 lb/bbl-eq
Bacte. 0.8 0.8 0.8 0.8 0.8 0.8 0.8 0.8 lb/bbl-eq
Calcita 20 20 20 20 20 20 20 20 lb/bbl-eq
FB23P FK23P FA23P FS23P FB42P FK42P FA42P FS42P Unidades
Agua 1 1 1 1 1 1 1 1 bbl-eq
HPG 1 1 1 1 1 1 1 1 lb/bbl-eq
HPA 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 lb/bbl-eq
PAC LV.
2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 lb/bbl-eq
Klagard -- 9 -- -- -- 9 -- -- lb/bbl-eq
Agena -- -- 9 -- -- -- 9 -- lb/bbl-eq
SM-HIB -- -- -- 9 -- -- -- 9 lb/bbl-eq
MgO 1 1 1 1 1 1 1 1 lb/bbl-eq
NaCl -- -- -- -- -- -- -- -- lb/bbl-eq
KCl 23 23 23 23 42 42 42 42 lb/bbl-eq
Antiesp. 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 lb/bbl-eq
Bacte. 0.8 0.8 0.8 0.8 0.8 0.8 0.8 0.8 lb/bbl-eq
Calcita 20 20 20 20 20 20 20 20 lb/bbl-eq
Monografia
48
Bruno Alysson B.D. de Araújo
4.2 – Medidas de filtrado
As Figuras 8 a 14 mostram a variação do volume de filtrado em função
da composição dos fluidos.
Figura 8. Volume de filtrado para os fluidos aquosos contendo HPG, HPA e
NaCl 21 lb/bbl (fluido tipo 1) (Formulações da tabelas 2 e 3)
A Figura 8 mostra que na concentração de NaCl igual a 21 lb/bbl, o
fluido contendo o inibidor INIB A foi o que apresentou menor volume de filtrado,
enquanto os demais fluidos contendo os inibidores INIB K e INIB S,
apresentaram volumes de filtrado próximos aos fluidos base (brancos).
0
5
10
15
20
25
1
Vo
lum
e d
e F
iltra
do
(m
L)
Tipos de Fluidos
FB0
FB21
FK21
FA21
FS21
Monografia
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Bruno Alysson B.D. de Araújo
Figura 9. Volume de filtrado para os fluidos aquosos contendo HPG, HPA e
NaCl 40 lb/bbl (fluido tipo 1) (Formulações da tabelas 2 e 4)
Aumentando a concentração de NaCl para 40 lb/bbl, em geral, houve
redução do filtrado, com excessão do fluido contendo o INIB K. O fluido
contendo o INIB A continuou apresentando o menor volume de filtrado. Esses
resultados parecem indicar que o aumento da concentração de sal, em geral,
contribui para a diminuição do volume de filtrado. Comparando com os dados
de reologia da Tabela 10, com o aumento da concentração de sal, foi
observada redução de viscosidade em vários fluidos. Não se observa uma
relação direta entre viscosidade e volume de filtrado, entretanto, parece existir
uma relação entre o volume de filtrado e a qualidade do solvente para o
polímero, ou seja, com a redução da qualidade do solvente existe a tendência
de formação de agregados.
As Figuras 10 e 11 mostram que a substituição do NaCl pelo KCl resulta
em menores valores de volume de filtrado, especialmente para os fluidos
contendo os inibidores de inchamento de argila catiônicos. Os volumes de
filtrado foram ainda menores quando a concentração de KCl foi dobrada
(Figura 11).
0
5
10
15
20
25
1
Vo
lum
e d
e f
iltra
do
(m
L)
Tipos de Fluidos
FB0
FB40
FK40
FA40
FS40
Monografia
50
Bruno Alysson B.D. de Araújo
Figura 10. Volume de filtrado para os fluidos aquosos contendo HPG, HPA e
KCl 23 lb/bbl (fluido tipo 2) (Formulações da tabelas 2 e 3)
Figura 11. Volume de filtrado para os fluidos aquosos contendo HPG, HPA e
KCl 42 lb/bbl (fluido tipo 2) (Formulações da tabelas 2 e 4)
As Figuras 12 a 13 evidenciam a importância do PAC no controle do
volume de filtrado. A presença dos inibidores de inchamento de argila
continuou provocando redução no volume de filtrado, entretanto, de forma
menos significativa, quando comparado aos fluidos base (brancos).
0
5
10
15
20
25
1
Vo
lum
e d
e F
iltra
do
(m
L)
Tipos de Fluidos
FB0
FB23
FK23
FA23
FS23
0
5
10
15
20
25
1
Vo
lum
e d
e F
iltra
do
(m
L)
Tipos de Fluidos
FB0
FB42
FK42
FA42
FS42
Monografia
51
Bruno Alysson B.D. de Araújo
Figura 12. Volume de filtrado para os fluidos aquosos contendo HPG, HPA,
PAC e NaCl 21 lb/bbl (fluido tipo 3) (Formulações da tabelas 5 e 6)
Figura 13. Volume de filtrado para os fluidos aquosos contendo HPG, HPA,
PAC e NaCl 40 lb/bbl (fluido tipo 3) (Formulações da tabelas 5 e 7)
Diferente do que foi observado para os fluidos tipo 1 e 2, o aumento da
concentração de sal, assim como a substituição do NaCl por KCl, não resultou
em mudança significativa do volume de filtrado, indicando que na presença do
PAC, os inibidores de inchamento de argila apresentam pouca influência no
volume de filtrado.
0
2
4
6
8
10
1
Vo
lum
e d
e F
iltra
do
(m
L)
Tipos de Fluidos
FB0P
FB21P
FK21P
FA21P
FS21P
0
2
4
6
8
10
1
Vo
lum
e d
e F
iltra
do
(m
L)
Tipo de Fluidos
FB0P
FB40P
FK40P
FA40P
FS40P
Monografia
52
Bruno Alysson B.D. de Araújo
Figura 14. Volume de filtrado para os fluidos aquosos contendo HPG, HPA,
PAC e KCl 23 lb/bbl (fluido tipo 4) (Formulações da tabelas 5 e 6)
Figura 15. Volume de filtrado para os fluidos aquosos contendo HPG, HPA,
PAC e KCl 42 lb/bbl (fluido tipo 4) (Formulações da tabelas 5 e 7)
0
2
4
6
8
10
1
Vo
lum
e d
e F
iltra
do
(m
L)
Tipos de Fluidos
FB0P
FB23P
FK23P
FA23P
FS23P
0
2
4
6
8
10
1
Vo
lum
e d
e F
iltra
do
(m
L)
Tipos de Fluidos
FB0P
FB42P
FK42P
FA42P
FS42P
Monografia
53
Bruno Alysson B.D. de Araújo
4.3 – Medidas de inchamento linear
As Figuras 16 a 23 mostram os percentuais de inchamento de argila
obtidos através dos testes de inchamento linear para os diferentes fluidos
analisados.
Figura 16. Porcentagem de inchamento de argila em contato com os fluidos
aquosos contendo HPG, HPA e NaCl 21 lb/bbl (fluido tipo 1) (Formulações da
tabelas 2 e 3)
Comparando os resultados obtidos para os fluidos contendo NaCl
(Figuras 16, 17, 20 e 21) com os correspondentes que possuem KCl (Figuras
18, 19, 22, 23), pode-se observar que os fluidos sem sal (NaCl) apresentaram
um grau de inchamento levemente maior que os fluidos inibidos com sal
(NaCl). Entretanto, na presença de KCl, os fluidos contendo apenas os
polímeros HPG, HPA e PAC apresentaram menor grau de inchamento que na
presença do KCl. Esse resultado parece indicar que esses polímeros já
apresentam interações significativas com a argila, inibindo o seu inchamento e,
também, que o KCl prejudica essa interação, provocando aumento de
inchamento da argila.
0
5
10
15
20
25
1
% d
e In
cham
en
to
Tipos de fluidos
FB0
FB21
FK21
FA21
FS21
Monografia
54
Bruno Alysson B.D. de Araújo
As diferenças mais significativas entre os inibidores de inchamento de
argila foram observadas na presença de KCl. Comparando todos os resultados
obtidos, em NaCl e em KCl, pode-se considerar que o inibidor INIB K foi o que
apresentou melhor desempenho.
Figura 17. Porcentagem de inchamento de argila em contato com os fluidos
aquosos contendo HPG, HPA e NaCl 40 lb/bbl (fluido tipo 1) (Formulações da
tabelas 2 e 4)
Nas Figuras 16 e 17, pode-se observar que quando a concentração de
NaCl é duplicada, os valores de inchamento sofrem uma diminuição, que é
mais significativa que para os fluidos contendo KCl (Figuras 18 e 19).
0
5
10
15
20
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1
% d
e In
cham
en
to
Tipos de Fluidos
FB0
FB40
FK40
FA40
FS40
Monografia
55
Bruno Alysson B.D. de Araújo
Figura 18. Porcentagem de inchamento de argila em contato com os fluidos
aquosos contendo HPG, HPA e KCl 23 lb/bbl (fluido tipo 2) (Formulações da
tabelas 2 e 3)
Figura 19. Porcentagem de inchamento de argila em contato com os fluidos
aquosos contendo HPG, HPA e KCl 42 lb/bbl (fluido tipo 2) (Formulações da
tabelas 2 e 4)
0
10
20
30
40
1
% d
e In
cham
en
to
Tipos de Fluidos
FB0
FB23
FK23
FA23
FS23
0
5
10
15
20
25
1
% d
e In
cham
en
to
Tipos de Fluidos
FB0
FB42
FK42
FA42
FS42
Monografia
56
Bruno Alysson B.D. de Araújo
Figura 20. Porcentagem de inchamento de argila em contato com os fluidos
aquosos contendo HPG, HPA, PAC e NaCl 21 lb/bbl (fluido tipo 3)
(Formulações da tabelas 5 e 6)
Na presença do PAC, a eficiência dos inibidores de inchamento de argila
foi significativamente melhorada, passando a apresentar valores em torno de
10 % (Figuras 20 a 23). De modo geral, pode-se considerar que os inibidores
INIB K e INIB A foram os que apresentaram os melhores resultados. Levando
em consideração as informações contidas nas fichas técnicas dos produtos, em
que constam que o INIB K e o INIB A são polímeros catiônicos, enquanto que o
INIB S é um sal “doador de potássio”, pode-se concluir que o PAC, por ter
caráter aniônico, aproxima de forma mais eficiente as “lâminas” de argila,
reduzindo o inchamento. Por sua vez, os polímeros catiônicos, em função da
elevada massa molar, “encapsulam” as lâminas, reduzindo ainda mais o
inchamento. Esse efeito de “encapsulação” não pode ser observado no caso do
uso do INIB S, por não se tratar de um composto polimérico.
0
10
20
30
40
50
1
% d
e In
cham
en
to
Tipo de Fluido
FB0P
FB21P
FK21P
FA21P
FS21P
Monografia
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Bruno Alysson B.D. de Araújo
Figura 21. Porcentagem de inchamento de argila em contato com os fluidos
aquosos contendo HPG, HPA, PAC e NaCl 40 lb/bbl (fluido tipo 3)
(Formulações da tabelas 5 e 7)
Figura 22. Porcentagem de inchamento de argila em contato com os fluidos
aquosos contendo HPG, HPA, PAC e KCl 23 lb/bbl (fluido tipo 4)
(Formulações da tabelas 5 e 6)
0
10
20
30
40
50
1
% d
e In
cham
en
to
Tipos de Fluidos
FB0P
FB40P
FK40P
FA40P
FS40P
0
10
20
30
40
50
1
% d
e In
cham
en
to
Tipo de Fluidos
FB0P
FB23P
FK23P
FA23P
FS23P
Monografia
58
Bruno Alysson B.D. de Araújo
Figura 23. Porcentagem de inchamento de argila em contato com os fluidos
aquosos contendo HPG, HPA, PAC e KCl 42 lb/bbl (fluido tipo 4)
(Formulações da tabelas 5 e 7)
4.4 – Teste do sal de Reinecke
Através do sal de Reinecke, foi verificada a quantidade de inibidor de
inchamento remanescente no fluido após o teste de inchamento linear. Os
testes foram feitos apenas para os fluidos tipo 3 e 4, já que foram os que
apresentaram os melhores resultados de porcentagem de inchamento.
O sal de Reinecke, quando dissociado em meio aquoso, adquire caráter
fortemente aniônico, devido à presença de 4 grupos tiocianato (SCN)
ambidentados. Dessa forma, ele pode interagir intensamente com o polímero
catiônico dissolvido no meio, provocando a precipitação de um complexo de
coloração rosa. Quanto maior a quantidade de precipitado rosa, maior o teor de
polímero catiônico no meio. É um teste puramente qualitativo, em que não é
possível se determinar a concentração exata de inibidor de inchamento de
argila no meio, mas que pode auxiliar na interpretação das propriedades dos
sistemas.
As Figuras 24 a 26 mostram o aspecto visual das soluções padrões dos
inibidores A, S e K, respectivamente. O sobrenadante de cor azul não seria
0
10
20
30
40
50
1
% d
e In
cham
en
to
Tipo de Fluidos
FB0P
FB42P
FK42P
FA42P
FS42P
Monografia
59
Bruno Alysson B.D. de Araújo
esperado. É possível que ele tenha surgido em função de subprodutos
presentes nos inibidores comerciais, que, provavelmente, não sofrem extensiva
purificação para aplicação em poços de petróleo.
Figura 24. Soluções padrões para o inibidor A, a 1, 3, 5, 7 e 9 lb/bbl de inibidor (da
esquerda para direita)
Figura 25. Soluções padrões para o inibidor S, a 1, 3, 5, 7 e 9 lb/bbl de inibidor (da
esquerda para direita)
Monografia
60
Bruno Alysson B.D. de Araújo
Figura 26. Soluções padrões para o inibidor K, a 1, 3, 5, 7 e 9 lb/bbl de inibidor
(da esquerda para direita)
As Figuras 27 a 29 mostram o aspecto visual do filtrado dos fluidos
FK42, FA40P e FS42P antes (esquerda) e depois (direita) do contato com a
argila (ao final do testes LSM) e após adição do sal de Reinecke. Os resultados
mostram que, mesmo após consumo do inibidor pela argila, ainda há muito
inibidor no meio aquoso, o que faz com que a altura do precipitado do
complexo inibidor-sal de Reinecke seja semelhante para os dois casos.
Monografia
61
Bruno Alysson B.D. de Araújo
Figura 27. Comparação da precipitação do complexo inibidor-sal de Reinecke
para o INIB A na formulação FA40P, antes (esquerda) e depois (direita) do
contato com a argila
Figura 28. Comparação da precipitação do complexo inibidor-sal de Reinecke
para o INIB S na formulação FS40P, antes (esquerda) e depois (direita) do
contato com a argila
Monografia
62
Bruno Alysson B.D. de Araújo
Figura 29. Comparação da precipitação do complexo inibidor-sal de Reinecke
para o INIB K na formulação FK40P, antes (esquerda) e depois (direita) do
contato com a argila
Comparando a altura alcançada pelo precipitado do complexo inibidor-
sal de Reinicke para cada inibidor de inchamento de argila estudado, após
contato dos fluidos com a argila, com os fluidos padrões mostrados nas Figuras
24 a 26, pode-se concluir que o inibidor foi mantido no meio a concentração
média de 9 lb/bbl. Inicialmente, o principal interesse em realizar esse teste era
o de verificar se o PAC (de caráter aniônico), presente em alguns fluidos,
interagiria com o inibidor de inchamento de argila (de caráter catiônico),
reduzindo a concentração do inibidor no meio e, assim, a sua eficiência. Os
resultados mostrados através das Figuras 24 a 29 evidenciam que o PAC não
prejudica a ação dos inibidores catiônicos, o que também foi confirmado a partir
dos resultados do LSM mostrados anteriormente.
Monografia
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Bruno Alysson B.D. de Araújo
5 - CONCLUSÕES
Pode-se considerar que o trabalho inicialmente proposto e apresentado
nessa monografia atingiu os objetivos estabelecidos. As diferentes formulações
de fluidos aquosos estudadas evidenciaram a importância dos aditivos
poliméricos empregados no controle das propriedades reológicas, do volume
de filtrado e na inibição de inchamento das argilas. As propriedades reológicas
e os volumes de filtrado obtidos apresentaram valores que variaram de
razoáveis a ótimos, levando em consideração as exigências de campo. Através
dos testes de inchamento linear de argila e de Reinecke, pôde-se verificar que
a ação do inibidor catiônico não é prejudicada pela presença do polieletrólito
aniônico PAC, inclusive, a presença do PAC melhorou significativamente a
inibição do inchamento da argila. Em suma, pode-se concluir que os polímeros
utilizados neste trabalho (HPG, HPA, PAC e inibidores de argila poliméricos
catiônicos) foram compatíveis entre si, já que não houve prejuízo em nenhuma
das propriedades dos fluidos.
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Bruno Alysson B.D. de Araújo
6 - SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
Analisar o inchamento de argilas utilizando outros aditivos químicos de
natureza semelhante;
Fazer uma investigação a fim de melhor entender os parâmetros de
viscosidade e volume de filtrado;
Submeter as formulações avaliadas nesse trabalho ao efeito da
temperatura e investigar seu comportamento;
Variar a concentração dos aditivos poliméricos visando menor teor de
sólidos e melhores resultados;
Aplicar modelos cinéticos às curvas de inchamento das argilas.
Monografia
65
Bruno Alysson B.D. de Araújo
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