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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM GEOGRAFIA JOCILENE DANTAS BARROS DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL E QUALIFICAÇÃO DA COBERTURA VEGETAL DO MUNICÍPIO DE NATAL, RIO GRANDE DO NORTE, BRASIL NATAL / RN 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM GEOGRAFIA

JOCILENE DANTAS BARROS

DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL E QUALIFICAÇÃO DA COBERTURA VEGETAL

DO MUNICÍPIO DE NATAL, RIO GRANDE DO NORTE, BRASIL

NATAL / RN

2017

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Jocilene Dantas Barros

DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL E QUALIFICAÇÃO DA COBERTURA VEGETAL

DO MUNICÍPIO DE NATAL, RIO GRANDE DO NORTE, BRASIL

Dissertação de mestrado apresentada ao

Programa de Pós-graduação e Pesquisa em

Geografia, do Centro de Ciências Humanas,

Letras e Artes da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte, como requisito final para

obtenção do título de Mestre em Geografia.

Orientador: Prof. Dr. Luiz Antonio Cestaro.

NATAL / RN

2017

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes - CCHLA

Barros, Jocilene Dantas.

Distribuição espacial e qualificação da cobertura vegetal do

município de Natal, Rio Grande Do Norte, Brasil / Jocilene Dantas Barros. - 2017.

99f.: il.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do

Norte.Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes. Programa de

Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia, 2017. Orientador: Prof. Dr. Luiz Antonio Cestaro.

1. Cobertura Vegetal Urbana. 2. Mapeamento. 3. Diversidade.

4. Índices. I. Cestaro, Luiz Antonio. II. Título.

RN/UF/BS-CCHLA CDU 910.27

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Jocilene Dantas Barros

DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL E QUALIFICAÇÃO DA COBERTURA VEGETAL

DO MUNICÍPIO DE NATAL, RIO GRANDE DO NORTE, BRASIL

Dissertação de mestrado apresentada à Pós-

graduação em Geografia, do Centro de Ciência

Humanas, Letras e Artes da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, como

requisito final para obtenção do título de Mestre

em Geografia.

Aprovada em: 30 de junho de 2017.

__________________________________________________________________

Prof. Dr. Luiz Antonio Cestaro

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Orientador

__________________________________________________________________

Profa. Dra. Ruth Maria Da Costa Ataide

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Membro da banca

__________________________________________________________________

Prof. Dr. Alfredo Marcelo Grigio

Universidade do Estado do Rio Grande do Norte

Membro da banca

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AGRADECIMENTOS

Agradeço às pessoas e instituições que de maneira direta ou indireta contribuíram para

a realização desta pesquisa:

Ao meu companheiro Alexandre, que me ajudou em várias etapas da pesquisa, sofreu e

se alegrou junto comigo, me escutou em momentos difíceis e fez críticas construtivas ao estudo.

Obrigada por tudo, meu amor.

À minha família, em especial meus pais João Maria e Merenice pelo apoio em vários

momentos da pesquisa, por compreenderem minha dedicação ao mestrado e me escutarem nos

momentos de angústia. Às minhas irmãs queridas, Jeannie e Josianne, pelo apoio nos

momentos difíceis, pelos conselhos e por entenderem minha ausência em algumas situações. E

ao meu cunhado Juninho pela ajuda na pesquisa de campo.

Aos amigos que ganhei com o mestrado, Thereza, Joyce e Cleanto, pela ajuda na

realização da pesquisa, em especial na pesquisa de campo, mas principalmente pela parceria,

pelos estudos elaborados em conjunto, pelas risadas, conselhos, etc. Só desejo o melhor para

vocês.

Agradeço também ao professor Cestaro pelas orientações fundamentais para que essa

pesquisa se concretizasse, pelas críticas construtivas, oportunidades, conselhos e pelas boas

conversas sobre o conhecimento científico. À Maria Luiza, pela amizade e parceria no

mapeamento da cobertura vegetal do Natal, obrigada.

Aos professores do Departamento de Geografia, Lutiane, Zuleide, Ermínio, Rita, Paulo,

Ruth (Departamento de Arquitetura), dentre outros, por todo conhecimento compartilhado e

debatido. Aos professores da banca, Ruth e Alfredo, pela disponibilidade e interesse em

participar da defesa. À André e Elaine da secretaria de pós-graduação em Geografia, por sanar

várias dúvidas que tive durante o mestrado, sempre com gentileza.

Agradeço ao professor Fernando Moreira que me ajudou bastante na preparação para o

mestrado. Ao grupo de pesquisa Estudos Geoambientais, principalmente aos meus amigos

Maria Luiza e Adalfran, por repassarem dados importantes para a realização desta pesquisa.

Agradeço também à SEMURB e à SEMSUR pela disponibilização de materiais

cartográficos fundamentais para a realização desta pesquisa.

À incrível comunidade de usuários de Geotecnologias, pela ajuda, online, em vários

momentos práticos relacionados ao mapeamento da cobertura vegetal. E à CAPES pelo auxílio

financeiro.

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RESUMO

A cobertura vegetal oferece diversos benefícios para a sociedade, mas historicamente vem

sendo suprimida pela ocupação antrópica em áreas urbanas. A análise de sua distribuição,

quantificação e qualificação oferecem subsídios para a avaliação da qualidade ambiental. Os

estudos sobre a cobertura vegetal do município de Natal são escassos, mas pesquisas sobre esse

tema são importantes, pois possibilitam um diagnóstico da situação atual dessa cobertura para

que planos de intervenção sejam aplicados de maneira mais sustentável. O objetivo da pesquisa

foi analisar a cobertura vegetal do município de Natal a partir da sua quantificação, qualificação

e distribuição espacial. Os procedimentos metodológicos consistiram na quantificação e

mapeamento da distribuição da cobertura vegetal para o município de Natal e no mapeamento

da diversidade da cobertura vegetal por interpretação visual em quatro bairros, sempre a partir

da classificação de imagens do Google Earth PRO. Constatou-se que Natal possui 4.626

hectares de cobertura vegetal, distribuídos em 153.891 fragmentos. Mais de 60% da área de

cobertura vegetal está localizada nas Zonas de Proteção Ambiental (ZPAs) da cidade e 83%

dos fragmentos apresentam áreas menores que 100 m². Foi verificado que Natal apresenta um

Índice de Cobertura Vegetal de 27,5% e 54,2 m² de cobertura vegetal para cada habitante. Em

relação aos quatro bairros selecionados para análise da diversidade da cobertura vegetal,

verificou-se que os bairros com tecido urbano contínuo, Cidade Alta e Petrópolis, possuem uma

cobertura vegetal predominantemente antropizada e uma menor diversidade de classes de

cobertura vegetal, 17 classes, enquanto que os bairros com tecido urbano descontínuo, Pitimbu

e Pajuçara, apresentaram maior percentual de cobertura vegetal natural e uma maior diversidade

de tipos de cobertura vegetal, 40 classes. Conclui-se que Natal ainda apresenta uma cobertura

vegetal significativa, porém mal distribuída sobre o território, mais concentrada e diversa nas

áreas periféricas, sobretudo nos bairros com presença de ZPAs, e mais fragmentada e

antropizada nas áreas centrais.

Palavras-chave: Cobertura Vegetal Urbana. Mapeamento. Diversidade. Índices.

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ABSTRACT

The vegetal cover offers several benefits to society, but historically it has been suppressed by

anthropic occupation in urban areas. The analysis of its distribution, quantification and

qualification offers subsidies for the evaluation of environmental quality. The studies about the

vegetal cover of the municipality of Natal are scarce, but research about this theme is important,

because they make it possible to diagnose the current situation of this coverage so that

intervention plans are applied in a more sustainable way. The objective of the research was to

analyze the vegetal cover of the municipality of Natal from its quantification, qualification and

spatial distribution. The methodological procedures consisted in the quantification and mapping

of the distribution of the vegetal cover for the municipality of Natal and mapping the diversity

of vegetal cover by visual interpretation in four neighborhoods, always from the classification

of images of Google Earth PRO. It was verified that Natal has 4,626 hectares of vegetal cover,

distributed in 153.891 fragments. More than 60% of the vegetal cover area is located in the

Environmental Protection Areas (ZPAs) of the city and 83% of the fragments have areas smaller

than 100 m². It was verified that Natal presents a Vegetal Cover Index of 27.5% and 54.2 m² of

vegetal cover for each inhabitant. In relation to the four neighborhoods selected for analysis of

the vegetal cover diversity, it was verified that the neighborhoods with continuous urban fabric,

Cidade Alta and Petropolis, have a predominantly anthropic vegetal cover and a lower diversity

of vegetal cover classes, 17 classes, while the neighborhoods with discontinuous urban fabric,

Pitimbu and Pajuçara, presented a higher percentage of natural vegetal cover and a greater

diversity of vegetal cover types, 40 classes. It is concluded that Natal still presents a significant

vegetal cover, but poorly distributed over the territory, more concentrated and diverse in the

peripheral areas, especially in neighborhoods with the presence of ZPAs, and more fragmented

and anthropized in the central areas.

Keywords: Urban Vegetal Cover. Mapping. Diversity. Indexes.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Mapa de localização do município de Natal e Regiões Administrativas. ............... 30

Figura 2 – Expansão da ocupação territorial do Natal.............................................................. 33

Figura 3 – Diagrama climático para Natal/RN (normais climatológicas – 1984 a 2014). ....... 34

Figura 4 – Localização dos bairros selecionados para análise da diversidade da cobertura

vegetal do Natal/RN. ................................................................................................................ 37

Figura 5 – Distribuição dos pontos da amostra utilizada na validação do mapa de distribuição

da cobertura vegetal, os pontos verdes representam a classe Cobertura Vegetal e os pontos

laranjas a classe Outros............................................................................................................. 55

Figura 6 – Exemplos de validação, ou não, da cobertura vegetal. Em “A” a mancha foi

classificada corretamente. Em “B”, embora se tenha cobertura vegetal, a área foi classificada

como Outros, indicando erro na classificação. ......................................................................... 56

Figura 7 – Mapa da distribuição da cobertura vegetal dos bairros do Natal segundo as classes

de área. ..................................................................................................................................... 58

Figura 8 – Localização e cobertura vegetal das ZPAs do Natal. .............................................. 60

Figura 9 – Mapa do ICV para os bairros e Parque das Dunas do Natal. .................................. 64

Figura 10 – Mapa do ICVH para os bairros e Parque das Dunas do Natal. ............................. 65

Figura 11 – Distribuição proporcional das diferentes classes de cobertura vegetal para cada um

dos bairros estudados. ............................................................................................................... 75

Figura 12 – Mapa de diversidade da cobertura vegetal para os bairros Cidade Alta e Petrópolis.

.................................................................................................................................................. 77

Figura 13 – Mapa de diversidade da cobertura vegetal para o bairro Pitimbu. ........................ 78

Figura 14 – Mapa de diversidade da cobertura vegetal para o bairro Pajuçara. ....................... 79

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LISTA DE GRÁFICOS E QUADROS

Gráfico 1 – Variação da população dos bairros Cidade Alta, Petrópolis, Pitimbu e Pajuçara. 40

Gráfico 2 – Variação da renda per capita da população dos bairros Cidade Alta, Petrópolis,

Pitimbu e Pajuçara. ................................................................................................................... 41

Gráfico 3 – Índice de Cobertura Vegetal (ICV) dos bairros do Natal em ordem decrescente. 63

Gráfico 4 – Índice de Cobertura Vegetal por Habitante (ICVH) dos bairros do Natal em ordem

decrescente................................................................................................................................ 63

Gráfico 5 – Distribuição proporcional das diferentes classes de cobertura vegetal para o

conjunto dos bairros estudados. ................................................................................................ 74

Quadro 1 – Funções e morfologia das ZPAs e bairros do Natal com presença de ZPAs. ........ 27

Quadro 2 – Procedimentos para obtenção do shapefile das áreas de cobertura vegetal urbana de

Natal. ........................................................................................................................................ 44

Quadro 3 – Número e área dos fragmentos de cobertura vegetal do Natal segundo as classes de

tamanho. ................................................................................................................................... 45

Quadro 4 – Tipologia de cobertura vegetal urbana para os quatro bairros escolhidos. ............ 50

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Matriz de confusão do mapa de cobertura vegetal do Natal. .................................. 56

Tabela 2 – Coeficientes do mapa de cobertura vegetal do Natal.............................................. 56

Tabela 3 – Número e área dos fragmentos de cobertura vegetal dos bairros, segundo as classe

de área. ...................................................................................................................................... 57

Tabela 4 – Área da cobertura vegetal dentro e fora das ZPAs do Natal................................... 59

Tabela 5 – Área e percentual da cobertura vegetal das ZPAs do Natal.................................... 59

Tabela 6 – ICV das Regiões Administrativas e do Parque das Dunas do Natal....................... 61

Tabela 7 – ICVH das Regiões Administrativas e do Parque das Dunas do Natal. ................... 61

Tabela 8 – Informações relativas à cobertura vegetal dos bairros do Natal. ............................ 62

Tabela 9 – Matriz de confusão do mapa da diversidade de cobertura vegetal para o bairro Cidade

Alta. .......................................................................................................................................... 66

Tabela 10 – Coeficientes do mapa da diversidade de cobertura vegetal para o bairro Cidade

Alta. .......................................................................................................................................... 67

Tabela 11 – Matriz de confusão do mapa da diversidade de cobertura vegetal para o bairro

Petrópolis. ................................................................................................................................. 67

Tabela 12– Coeficientes do mapa da diversidade de cobertura vegetal para o bairro Petrópolis.

.................................................................................................................................................. 68

Tabela 13– Coeficientes do mapa da diversidade de cobertura vegetal para o bairro Pitimbu.

.................................................................................................................................................. 68

Tabela 14 – Matriz de confusão do mapa da diversidade de cobertura vegetal para o bairro

Pitimbu. .................................................................................................................................... 69

Tabela 15 – Coeficientes do mapa da diversidade de cobertura vegetal para o bairro Pajuçara.

.................................................................................................................................................. 70

Tabela 16 – Matriz de confusão do mapa da diversidade de cobertura vegetal para o bairro

Pajuçara. ................................................................................................................................... 71

Tabela 17 – ICV e ICVH dos bairros Cidade Alta, Petrópolis, Pitimbu e Pajuçara................. 72

Tabela 18 – Classes de cobertura vegetal dos bairros Pitimbu, Pajuçara, Cidade Alta e Petrópolis,

onde Arv. = Arbóreo; Arb./Herb. = Arbustivo/Herbáceo. ....................................................... 73

Tabela 19 – Quantidade e proporção das classes de cobertura vegetal natural e antropizada para

os bairros com tecido urbano contínuo e descontínuo. ............................................................. 80

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 11

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................................... 13

2.1 A cidade enquanto sistema .......................................................................................... 13

2.2 Os benefícios da cobertura vegetal urbana ................................................................ 15

2.3 Diversidade da cobertura vegetal urbana .................................................................. 16

2.4 Distribuição da cobertura vegetal urbana.................................................................. 21

2.5 Estudos sobre a cobertura vegetal urbana do Natal ................................................. 23

2.6 A cobertura vegetal urbana do Natal e os condicionantes normativos ................... 25

3 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ............................................................. 30

3.1 Breves considerações sobre o processo de expansão urbana do Natal .................... 31

3.2 Aspectos ambientais da cidade do Natal .................................................................... 34

3.3 Bairros selecionados para análise da diversidade de cobertura vegetal do Natal .. 36

3.3.1 Cidade Alta .............................................................................................................. 36

3.3.2 Petrópolis ................................................................................................................. 38

3.3.3 Pitimbu .................................................................................................................... 38

3.3.4 Pajuçara ................................................................................................................... 39

4 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................... 42

4.1 Diagnóstico da cobertura vegetal urbana do Natal ................................................... 42

4.1.1 Mapeamento da cobertura vegetal ........................................................................... 42

4.1.2 Área mínima mapeável ............................................................................................ 45

4.1.3 Avaliação da acurácia do mapeamento ................................................................... 46

4.1.4 Distribuição e índices de cobertura vegetal ............................................................. 49

4.2 Diversidade da cobertura vegetal urbana dos bairros selecionados ........................ 49

4.2.1 Critérios para elaboração da tipologia ..................................................................... 49

4.2.2 Avaliação da acurácia dos mapeamentos ................................................................ 52

4.2.3 Mapeamento da tipologia de cobertura vegetal ....................................................... 53

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5 RESULTADOS .................................................................................................................... 55

5.1 Distribuição da cobertura vegetal do Natal ............................................................... 55

5.1.1 Avaliação da acurácia do mapeamento ................................................................... 55

5.1.2 Distribuição da cobertura vegetal para Natal .......................................................... 57

5.2 Diversidade da cobertura vegetal dos bairros selecionados ..................................... 66

5.2.1 Avaliação da acurácia dos mapeamentos ................................................................ 66

5.2.2 Diversidade da cobertura vegetal para os bairros .................................................... 72

6 DISCUSSÃO ........................................................................................................................ 81

7 CONCLUSÕES .................................................................................................................... 89

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 91

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1 INTRODUÇÃO

Em meio a um ambiente cada vez mais urbanizado, os estudos sobre o meio natural se

destacam, pois permitem elaborar diagnósticos e subsidiar ações visando o equilíbrio ambiental.

Segundo dados apresentados por MINURVI (2016), aproximadamente 86% da população

brasileira no ano de 2015 já ocupava áreas urbanas e a tendência é que haja um aumento da

população nessas áreas nas próximas décadas. Esses dados evidenciam a necessidade de se

pensar em cidades sustentáveis, que amenizem as consequências negativas da urbanização no

meio ambiente.

A expansão urbana é um fator que vem degradando um dos elementos naturais mais

importantes para a manutenção do equilíbrio ambiental e da qualidade de vida dos próprios

habitantes citadinos, a cobertura vegetal. Fazem-se necessárias ações que visem o equilíbrio

entre o progresso humano e a conservação dos ambientes naturais, em especial a cobertura

vegetal em áreas urbanas, tendo em vista os benefícios ecossistêmicos, paisagísticos e de

promoção do lazer que oferece.

São diversas as funções ecossistêmicas da cobertura vegetal (BOLUND;

HUNHAMMAR, 1999), dentre elas a filtragem do ar, que contribui para a diminuição da

poluição atmosférica; a regulação microclimática, atenuando os efeitos das ilhas de calor

urbanas e melhorando a sensação térmica; a redução da velocidade do vento e de ruídos; e a

drenagem de águas pluviais pela infiltração da água em solos vegetados, diminuindo o

escoamento superficial e a possibilidade de alagamentos.

A função estética/paisagística da cobertura vegetal ocorre por meio da diversificação da

paisagem construída, contribuindo para um ambiente belo e agradável para os habitantes. Como

função de promoção de lazer destacam-se as áreas verdes, que são espaços livres com presença

de cobertura vegetal equipadas com mobiliário urbano, como parques urbanos e praças,

fornecendo um ambiente agradável para práticas esportivas, reuniões, descanso e contemplação

da paisagem (MINAKI; AMORIM; MARTIN, 2006).

Diversos autores versam sobre a análise da cobertura vegetal nas cidades, apontando

uma relação entre a distribuição da cobertura vegetal, sua fragmentação e a ocupação antrópica,

como Luchiari (2001), Melazo e Nishiyama (2010), Souza et al. (2013), Queiroz (2014) e Silva

(2015). Uma das formas de analisar a distribuição da cobertura vegetal urbana é por meio da

análise espacial baseada em técnicas de geoprocessamento, pois permite investigar a forma de

distribuição e quantificar as áreas de cobertura vegetal da cidade.

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Há também estudos que analisam como a cobertura vegetal se diversifica, estudando

desde áreas naturais de grande expressividade espacial até a cobertura vegetal em praças, áreas

privadas e árvores isoladas em vias, como Lima et al. (1994), Luchiari (2001), Dalbem e Nucci

(2006) e Domingos (2009).

Os estudos sobre a cobertura vegetal do município de Natal são escassos. Destacam-se

os trabalhos de Silveira et al. (2012) e Sucupira (2013) na análise da cobertura vegetal através

de um índice de vegetação, assim como o de Silva et al. (2009) sobre os espaços livres da cidade,

nos quais a cobertura vegetal se inclui. Os resultados de pesquisas sobre a cobertura vegetal são

importantes, pois fornecem subsídios para criação de planos de arborização, de áreas verdes e

de áreas de proteção da vegetação nativa.

Natal em seu Plano Diretor (NATAL, 2007) é considerado um município totalmente

urbano, mas apresenta diversos espaços com vegetação nativa, sobretudo nas Zonas de Proteção

Ambiental. Também apresenta áreas de menor concentração de cobertura vegetal, em áreas

privadas ou na arborização de vias e praças, variações influenciadas pelo processo de ocupação

da cidade.

A distribuição, quantificação e qualificação da cobertura vegetal torna-se importante no

planejamento de uma cidade, conforme destacam Rodrigues e Luz (2007), Nucci (2008) e

Matos e Queiroz (2009). Entender como ela se distribui no espaço urbano permite verificar o

seu grau de fragmentação e abrangência na cidade, já sua qualificação permite compreender a

diversidade de tipos de cobertura vegetal, distribuídos em praças, parques, terrenos privados e

vias. Essas análises, segundo os autores, oferecem parâmetros para avaliação da qualidade

ambiental urbana.

Tendo como objeto de estudo a cobertura vegetal do município de Natal, os seguintes

questionamentos são feitos: como se distribui espacialmente a cobertura vegetal do município

de Natal? Qual a diversidade dessa cobertura vegetal? Existe uma diferenciação nos tipos de

cobertura vegetal entre bairros de ocupação contínua e descontínua?

O objetivo geral da pesquisa é, portanto, analisar a cobertura vegetal do município de

Natal a partir da quantificação, qualificação e distribuição espacial. Os objetivos específicos se

dividem em: realizar um diagnóstico da cobertura vegetal para Natal/RN em relação a sua

distribuição e quantidade; verificar a diversidade de cobertura vegetal em bairros com tecido

urbano contínuo e tecido urbano descontínuo.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 A cidade enquanto sistema

Um sistema é um complexo de elementos em interação (BERTALANFFLY, 1976),

considerado fechado quando é isolado de seu ambiente, ou aberto, quando mantém fluxos de

energia e matéria com o meio que o envolve. A Teoria Geral dos Sistemas (TGS) proposta pelo

biólogo Ludwig von Bertalanffy é a base dessa análise. Segundo Bolós i Capdevila (1992), cada

um dos elementos que compõem o sistema está organizado, por sua vez, em outro subsistema

mais simples, e este por outros, havendo uma “hierarquização em relação ao grau de

complexidade dos elementos constituintes” (BOLÓS I CAPDEVILA, 1992, p. 34).

A cidade é analisada pelo viés sistêmico quando há uma preocupação no entendimento

das interações entre seus elementos, sejam eles naturais ou artificiais. O ambiente urbano pode

ser compreendido como um ecossistema ou como um complexo formado por vários

ecossistemas individuais ou subsistemas (REBELE, 1994). Nessa perspectiva de análise, o foco

é dado para os seres vivos e as relações entre eles e o meio. Para Odum (1983, p. 45), as cidades

são consideradas ecossistemas incompletos, pois dependem de grandes áreas externas “para a

obtenção de energia, alimentos, fibras, água e outros materiais”.

Os ecossistemas possuem diversas funções, como a regulação da composição química

da atmosfera e de fluxos hidrológicos, formação e fixação do solo, habitat para populações

residentes e transitórias, fornecimento de materiais biológicos, dentre outros (COSTANZA et

al., 1997). Nas áreas urbanas a vegetação tem grande importância na melhoria da qualidade

ambiental, definida como as “condições e os requisitos básicos [...] de natureza física, química,

biológica, social, econômica, tecnológica, cultural e política”, necessárias a dinâmica e

autossuperação do ecossistema (MACEDO, 1995, p. 17). Para Kent e Coker (1994), a vegetação

é a mais óbvia representação física de um ecossistema, além ser a base da pirâmide trófica e

atuar como habitat para organismos.

Vários autores salientam que a perspectiva sistêmica é importante para compreensão

integral de um fenômeno da Geografia. O espaço geográfico é o objeto de estudo dessa ciência,

definido por Santos (2006, p. 39) como um “conjunto indissociável, solidário e também

contraditório, de sistemas de objetos e sistemas de ações”. Christofoletti (1999) ressaltou que a

Geografia estuda as organizações espaciais dos sistemas socioeconômicos e dos sistemas

ambientais físicos. Para Santos (2006), o espaço geográfico é uma forma-conteúdo, é a

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materialidade e as relações sociais, a forma e a função, que só existem se forem vistas em

conjunto, como um sistema.

A análise sistêmica do espaço possibilita a compreensão da estrutura e funcionamento

das cidades brasileiras, pois, segundo Santos (2009, p. 107), “a organização interna de nossas

cidades, grandes, pequenas e médias, revela um problema estrutural, cuja análise sistêmica

permite verificar como todos os fatores mutuamente se causam”.

O ambiente urbano também pode ser analisado à luz da abordagem geossistêmica, que

insere os fenômenos naturais e as atividades humanas como integrantes de um sistema em

constante evolução. Ele é definido como um complexo essencialmente dinâmico resultante de

uma combinação de um potencial ecológico, uma exploração biológica e uma ação antrópica

(BERTRAND, 2004). Diferente do ecossistema, no qual a comunidade de seres vivos é o

componente principal, em um geossistema observam-se as interações entre todos os elementos,

possibilitando inserir o homem como integrante desse sistema.

A análise sistêmica é fundamental para o estudo proposto, pois a partir dela é possível

compreender as relações existentes entre a cobertura vegetal e as atividades antrópicas,

sobretudo no que se refere ao processo de urbanização.

O processo de urbanização do Brasil intensificou-se em meados do século XX, com

políticas do poder público que incentivaram a industrialização do país, ativando o próprio

processo de urbanização e crescimento demográfico das cidades médias e grandes (SANTOS,

2009). Essa industrialização, aliada à grande concentração de terras, fez com que houvesse uma

crescente migração para as cidades, em busca de melhor infraestrutura e oportunidades de

trabalho.

A urbanização brasileira, porém, não foi acompanhada de uma absorção de toda a

população nos setores da economia e da construção de infraestruturas necessárias para suprir a

massa populacional que migrou para as cidades. Uma das consequências dessa concentração

populacional foi a expansão desordenada da população pelo território, trazendo consequências

socioeconômicas, como a valorização de áreas centrais em termos de investimentos públicos e

preço do solo e ocupação irregular de áreas periféricas; além de consequências para os sistemas

naturais, por meio da ocupação de áreas de risco, desmatamento, despejo de resíduos, rejeitos

domésticos e industriais no ambiente (ROSS, 2005).

A expansão urbana é um processo que contribui para a degradação de um dos elementos

naturais mais importantes para a manutenção do equilíbrio ambiental da cidade e melhoria da

qualidade de vida de seus próprios habitantes, a cobertura vegetal. Fazem-se necessárias ações

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que vivem o equilíbrio entre o progresso humano e conservação dos ambientes naturais, em

especial da cobertura vegetal em áreas urbanas, diante dos diversos serviços que oferece.

2.2 Os benefícios da cobertura vegetal urbana

A cobertura vegetal é um elemento que oferece diversos benefícios para o ambiente

urbano, desde a manutenção do equilíbrio ambiental até a melhoria psicológica dos habitantes.

Do ponto de vista dos serviços ecossistêmicos, a vegetação em áreas urbanas oferece os

seguintes serviços (BOLUND; HUNHAMMAR, 1999):

Filtragem do ar: diminuição da poluição do ar, a depender da localização e estrutura da

vegetação;

Regulação microclimática: diminuição dos efeitos das ilhas de calor urbanas,

fornecimento de sombra e redução da velocidade do vento, melhorando a sensação

térmica;

Redução de ruído: influenciada pelas características do solo e porte da vegetação;

Drenagem de águas pluviais: infiltração da água em solos vegetados, diminuindo o

escoamento superficial e estabilizando o solo;

Tratamento de esgoto: assimilação de nutrientes por seres vivos em zonas úmidas, como

manguezais, purificando a água;

A fragmentação de ecossistemas é um problema recorrente nas cidades que tem como

causas antrópicas os processos migratórios e de adensamento populacional, a estrutura fundiária

e o uso da terra, bem como a introdução de espécies invasoras pelo homem (RAMBALDI;

OLIVEIRA, 2003). De acordo com os mesmos autores, a fragmentação ocasiona a perda da

diversidade e simplificação dos sistemas ecológicos, diminuindo os serviços proporcionados

pelos ecossistemas.

Segundo Paiva e Gonçalves (2002), somente grandes áreas vegetadas são capazes de

exercer serviços ambientais em larga escala, como proteção do solo, redução de temperatura e

contenção de enchentes, por isso é necessário preservar porções naturais do espaço urbano. As

áreas vegetadas atuam na diminuição de riscos ambientais, pois contribuem para o controle de

deslizamentos, erosões e enchentes (MATOS; QUEIROZ; 2009). As áreas vegetadas também

são importantes para a filtragem da água, diminuindo a possibilidade de alagamentos.

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A cobertura vegetal urbana também proporciona a manutenção da biodiversidade,

compondo “corredores ecológicos para remanescentes florestais das zonas periférica e rural que

circundam as cidades” e ainda oferecendo “alimentos para avifauna, quando há escassez de

alimento no ambiente natural” (MATOS; QUEIROZ, 2009, p. 20).

A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, 2016) destaca

os benefícios das árvores urbanas, como o arrefecimento do ar, regulação do fluxo e melhoria

da qualidade da água, fornecimento de alimentos, economia de energia pela redução do uso de

ar-condicionado, fornecimento de habitat para outros seres vivos e valorização de áreas através

do paisagismo. Ressalta-se que a distribuição de pequenos grupos ou árvores isoladas também

geram benefícios, tanto ambientais, quando paisagísticos e de promoção do lazer.

A cobertura vegetal gera benefícios psicológicos para os citadinos, como diminuição da

pressão arterial e estresse (FAO, 2016), trazendo bem estar físico e mental para os habitantes.

Os ambientes com cobertura vegetal também possuem valores recreativos e culturais,

possibilitando momentos de lazer e descanso ao serem equipados com infraestruturas urbanas

(BOLUND; HUNHAMMAR, 1999).

Mascaró e Mascaró (2005) destacam o uso social da vegetação, que pode ser

potencializado pela gestão pública com a arborização de espaços da cidade com plantas

frutíferas ou medicinais, beneficiando a população de menor poder aquisitivo. Conforme os

autores, “a vegetação dos bairros populares, áreas geralmente ocupadas precária ou

irregularmente, pode ter funções adicionais à da cidade formal: além das ambientais e

compositivas, as de alimentação e medicinal” (MARCARÓ E MASCARÓ, 2005, p. 77).

Em suma, a cobertura vegetal urbana é um elemento que contribui para o equilíbrio do

meio ambiente, entendido como “o conjunto dos componentes da geosfera-biosfera”

(CHRISTOFOLETTI, 1999, p. 37), além de melhorar a qualidade de vida dos habitantes.

Portanto, entender como a mesma se apresenta no espaço urbano é uma forma de subsidiar

ações que visem o uso sustentável de seus recursos, garantindo que seus serviços sejam

mantidos para as gerações futuras.

2.3 Diversidade da cobertura vegetal urbana

Existem diferentes nomenclaturas para representar a diversidade de elementos em um

ambiente urbano, qualificando os espaços, e isso também se aplica à cobertura vegetal. Os

autores que estudam as áreas não edificadas das cidades argumentam que há uma confusão

entre os termos utilizados na análise dessas áreas, como espaços livres, áreas verdes,

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arborização urbana, verde urbano e cobertura vegetal (CAVALHEIRO et al., 1999; LIMA et

al., 1994; BARGOS; MATIAS, 2011). Essa confusão dificulta, por exemplo, uma análise

comparativa entre diferentes cidades, pela ausência de uma definição clara do termo adotado,

do método de coleta dos dados ou mesmo da escala espacial considerada, não estabelecendo

parâmetros para comparação (NUCCI, 2008).

O conceito mais amplo para tratar dos espaços não construídos em áreas urbanas é o de

espaço livre, definido como todo espaço não coberto por edifícios, em áreas urbanas ou em seu

entorno (LIMA et al., 1994; MAGNOLI, 2006), tendo ou não a presença de cobertura vegetal.

Nele estão incluídos “quintais, jardins públicos ou privados, ruas, avenidas, praças, parques,

rios, florestas, praias urbanas”, dentre outros (MAGNOLI, 1982, apud TÂNGARI et al., 2009).

Também são encontrados nessas áreas os terrenos vazios, entendidos como áreas sem

edificações que não possuem uma função urbanística aparente, do ponto de vista

estético/paisagístico, embora contribuam com funções ecológicas (por exemplo, recarga do

lençol freático). Os terrenos baldios são exemplos dessa categoria.

A cobertura vegetal está inserida nesses espaços livres. Por vezes é entendida como

sinônimo de verde urbano ou mesmo de vegetação. Cavalheiro et al. (1999) definiram o verde

urbano como sendo a projeção do verde em cartas planimétricas, existente nos três sistemas da

zona urbana, os sistemas de espaços construídos, espaços livres e espaços de integração, e nas

Unidades de Conservação.

Outros autores definem cobertura vegetal como sendo as formas de vegetação natural

ou plantada em determinado terreno (VEROCAI, 1997; ORMOND, 2006; QUEIROZ, 2014).

Vegetação é um conceito que se refere à cobertura total das plantas considerada sempre em seu

conjunto, sendo formada por uma ou mais comunidades vegetais de uma região (ROMARIZ,

1974; CANADIAN, 2016). Uma comunidade vegetal é “uma coleção de espécies de plantas

que crescem em conjunto num local específico, mostrando uma determinada associação ou

afinidade entre si” (KENT; COKER, 1994, p. 14).

As definições que apresentam a cobertura vegetal como sendo a própria vegetação

desconsideram os indivíduos isolados no ambiente urbano, pois os mesmos não podem ser

entendidos como vegetação, visto que existem diferenças do ponto de vista ecológico entre um

conjunto de plantas que desenvolvem-se naturalmente em interação, a vegetação, e indivíduos

ou grupos isolados dispersos pelo tecido urbano, que possuem maior influência antrópica.

As diferenças também podem ser vistas na intensidade dos serviços ambientais, na

função atribuída à cobertura vegetal e na forma de distribuição espacial na área urbana. A

vegetação, de maneira geral, fornece serviços ambientais em larga escala, tem seu uso limitado

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pela legislação ambiental para fins de preservação e abrange grandes áreas em termos espaciais.

Já os indivíduos isolados ou agrupados possuem funções ambientais locais, geralmente são

utilizados no embelezamento de vias e nos espaços de lazer por meio de planos de arborização

e estão dispersos pela cidade em menores dimensões espaciais.

Em síntese, é um equívoco nos estudos científicos considerar a cobertura vegetal como

sinônimo de vegetação. Propõe-se, portanto, uma definição mais genérica para o termo

cobertura vegetal urbana: um conjunto de formas de vida vegetal natural ou plantada dentro dos

espaços livres da cidade.

Valerio Filho et al. (2013) afirmam que em muitas cidades forma-se um tecido urbano

desigual, constituído por áreas consolidadas, densamente ocupadas e construídas, com ausência

ou poucos espaços livres, e áreas ainda não consolidadas, normalmente periféricas, nas quais a

presença de espaços livres é maior. Essa diferenciação é expressada também na cobertura

vegetal, que está incluída nos espaços livres.

Segundo Paiva e Gonçalves (2002, p. 12) existe uma diferença das funções da cobertura

vegetal nas áreas centrais e periféricas. Para eles, “quanto mais o morador vai se interiorizando

urbanisticamente, mais vai perdendo o contato com o verde natural e mais vai necessitando do

verde artificial, plantado para atuar como paliativo somático e psicológico”.

Os autores consideram que a cobertura vegetal é mais escassa e pobre em diversidade

nas áreas centrais e mais abundante e diversa nas áreas periféricas. Essa situação pode ser

explicada pelo próprio processo de ocupação das cidades, que normalmente inicia-se em um

núcleo, expandindo-se posteriormente para áreas periféricas, seja de forma contínua ou

fragmentada, alterando a forma original da cobertura vegetal.

Considerando as áreas naturais, uma forma de classificação da cobertura vegetal

brasileira é o sistema de classificação da vegetação nativa proposto por Veloso, Rangel Filho e

Lima (1991) e que, modificado, foi publicado por IBGE (2012). Esse sistema é adotado

oficialmente no Brasil, servindo de base, inclusive, para apoiar a legislação que trata da gestão

da vegetação nativa. Entende-se como vegetação nativa aquela que ocorre naturalmente em um

determinado bioma (MATOS; QUEIROZ, 2009).

São exemplos de formações vegetais nativas a Floresta Estacional Semidecidual,

subdividida em formação aluvial e formação das terras baixas; a vegetação de Savana, também

denominada de cerrado; as vegetações com Influência Marinha (restinga), Fluviomarinha

(manguezais e campos salinos) e Fluvial. Nas cidades também pode estar presente a vegetação

secundária, “resultante de processos naturais de sucessão, após supressão total ou parcial de

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vegetação primária por ações antrópicas ou causas naturais, podendo ocorrer árvores

remanescentes de vegetação primária” (CONAMA, 1994, art. 1º-2º).

Outra cobertura vegetal natural bastante comum nas cidades, mas que não é apresentada

por IBGE (2012), é a vegetação ruderal, envolvendo a comunidade de plantas espontâneas que

ocupa ambientes alterados, como terrenos abandonados, caminhos, margens de rua,

loteamentos e canteiros de obras (MACHADO FILHO et al., 2015, p. 58).

Existem diferentes propostas de classificação da cobertura vegetal que vão além da

distinção de formações vegetais, focando-se nos ambientes urbanos nos quais a cobertura

vegetal é encontrada. Lima et al. (1994), Luchiari (2001), Domingos (2009), Melazo e

Nishiyama (2010) apresentaram classificações baseadas nos ambientes nos quais a cobertura

vegetal está inserida, como quintais, praças, parques, canteiros centrais, passeios públicos,

jardins e terrenos vazios.

Herold et al. (2002) diferenciaram a cobertura vegetal em três classes genéricas:

natural/semi-natural, agrícola e urbana. Bolund e Hunhammar (1999), Luchiari (2001) e Alves

e Figueiró (2014) propuseram uma divisão quanto ao porte das plantas: herbáceo, arbustivo e

arbóreo. Já os autores Dalbem e Nucci (2006) e Queiroz (2014) utilizaram como critério a

titularidade da cobertura vegetal, distinguindo-a entre pública, particular e potencialmente

coletiva.

A distinção entre cobertura vegetal particular e pública é interessante na medida em que

pode mensurar a quantidade de cobertura vegetal disponível para utilização pela população, em

contraposição às áreas particulares em que o acesso é restrito. Dalbem e Nucci (2006, p. 05)

definiram cobertura vegetal pública como “toda a vegetação encontrada no acompanhamento

viário, pátios de colégio, praças e terrenos baldios, e particular como toda a vegetação

encontrada no interior de quarteirões construídos, quintais e condomínios fechados”.

Uma das formas de cobertura vegetal antropizada bastante analisada nas cidades é a área

verde, pois é um indicador de qualidade ambiental urbana (MINAKI; AMORIM; MARTIN,

2006). Para Nucci (2008), área verde é um tipo de espaço livre que deve ter predominância de

áreas plantadas, cumprir as funções estética, ecológica e lazer, 70% do espaço deve ser

permeável e precisa ser pública, sem regras rígidas de utilização.

As áreas verdes urbanas também são abordadas no Código Florestal brasileiro, Lei

Federal nº 12.651, de 25 de maio de 2012, que dispõe sobre a proteção da vegetação nativa. As

áreas verdes na referida Lei são formadas por espaços urbanos públicos ou privados com

vegetação que não podem ser utilizados para construção de moradia, pois têm como propósito

a melhoria da qualidade ambiental da cidade. Elas são definidas como:

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espaços, públicos ou privados, com predomínio de vegetação,

preferencialmente nativa, natural ou recuperada, previstos no Plano Diretor,

nas Leis de Zoneamento Urbano e Uso do Solo do Município, indisponíveis

para construção de moradias, destinados aos propósitos de recreação, lazer,

melhoria da qualidade ambiental urbana, proteção dos recursos hídricos,

manutenção ou melhoria paisagística, proteção de bens e manifestações

culturais (BRASIL, 2012, art. 3º, § XX).

Para Paiva e Gonçalves (2002, p. 20), uma área verde é qualquer área, de propriedade

pública ou privada, “que apresente algum tipo de vegetação (não só árvores) com dimensões

vertical e horizontal significativas e que sejam utilizadas com objetivos sociais, ecológicos,

científicos ou culturais”.

A função estética/paisagística das áreas verdes ocorre por meio da diversificação da

paisagem construída, contribuindo para um ambiente belo e agradável para os habitantes. A

função recreativa e de lazer refere-se à utilização dessas áreas para atividades que trazem bem-

estar, como práticas desportivas, reuniões e atividades recreativas (MINAKI; AMORIM;

MARTIN, 2006). O conceito de área verde não é algo padronizado na literatura científica e na

legislação, gerando interpretações diversas.

Dentre as áreas verdes públicas destacam-se os cemitérios, bosques, parques e praças

com presença de cobertura vegetal. As praças se sobressaem por sua presença marcante na

composição dos espaços urbanos brasileiros (GOMES; SOARES; 2003). Uma praça é

entendida como uma “área pública normalmente situada entre quarteirões edificados e que é

destinada ao lazer e ao convívio social” (MATOS; QUEIROZ, 2009).

Um exemplo de área verde pública aplicado ao município de Natal é o Parque da Cidade

Dom Nivaldo Monte, gerido pela prefeitura. Ele é um espaço livre cujo principal elemento é a

cobertura vegetal, composto principalmente pela vegetação com influência marinha que recobre

as dunas. Possui funções ambientais, como a recarga do aquífero e preservação da

biodiversidade, estéticas por proporcionar uma visão privilegiada da cidade, e de lazer, com

área de caminhada, trilhas e biblioteca.

Outro tipo de cobertura vegetal que merece destaque nas cidades é o verde viário,

correspondendo à cobertura vegetal distribuída em canteiros centrais, passeios públicos e

rotatórias. É uma categoria que se destaca por ser uma alternativa diante da intensa ocupação

urbana, permitindo um equilíbrio entre espécies arbóreas, fluxos de pessoas e ocupações

(ALVAREZ; GALLO, 2012). O verde viário possibilita a integração entre as demais áreas de

cobertura vegetal, pois “é um dos elementos vegetados dos ecossistemas urbanos capaz de

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integrar espaços livres, áreas verdes e remanescentes florestais, conectando-os de forma a

colaborar com a biodiversidade” (MENEGUETTI, 2003, p. 01).

Mesmo nos municípios considerados por seus planos diretores como totalmente

urbanos, podem existir áreas com atividades agrícolas, importantes para o abastecimento da

cidade. A cidade do Natal é um exemplo, pois apresenta nas áreas de menor adensamento

urbano espaços utilizados pela agricultura, mesmo sendo considerada 100% urbana. Santos

(2009) afirma que hoje as cidades de maiores dimensões “utilizam parte dos terrenos vazios,

dentro da aglomeração ou em suas proximidades, com atividades agrícolas frequentemente

modernas e grandemente destinadas ao consumo da respectiva população” (SANTOS, 2009, p.

73-74). Nesse contexto, também é importante considerar a cobertura vegetal de uso agrícola.

A revisão apresentada evidencia a variedade da cobertura vegetal nas cidades, desde

áreas naturais de grande expressividade espacial, até árvores isoladas em passeios públicos,

todas com funções ambientais importantes, além da inexistência de um padrão de classificação

da diversidade dessa cobertura. Conforme destacado por Rodrigues e Luz (2007), Nucci (2008)

e Matos e Queiroz (2009), analisar a cobertura vegetal em termos de distribuição espacial,

quantidade e qualidade, contribui para o diagnóstico das condições de cobertura vegetal atuais

da cidade e oferece subsídios para análise da qualidade ambiental.

2.4 Distribuição da cobertura vegetal urbana

A análise da cobertura vegetal oferece subsídios para um ordenamento do território que

vai além da visão estética, conforme salienta Alves (2012). O diagnóstico da distribuição da

cobertura vegetal possibilita análises mais específicas posteriores, como a distribuição de áreas

verdes (praças e parques) para a população. Morero, Santos e Fidalgo (2007) ressaltam a

necessidade das áreas verdes servirem a toda a população, atingindo seus anseios de lazer e sem

privilégios de classes sociais. Para isso, as áreas verdes precisam estar bem distribuídas pela

malha urbana, facilitando o acesso da população.

Uma das formas de analisar a distribuição da cobertura vegetal urbana é por meio da

análise espacial, pois permite investigar como ela se distribui e possibilita a quantificação

dessas áreas na cidade. Essa análise é frequentemente subsidiada pelas geotecnologias,

definidas como um conjunto de tecnologias “para coleta, processamento, análise e oferta de

informações com referência geográfica” (ROSA, 2005, p. 81), incluindo os Sistemas de

Informação Geográfica (SIGs), o Sensoriamento Remoto e o Sistema de Posicionamento

Global (GPS).

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Uma referência na análise da distribuição espacial da cobertura vegetal é o trabalho de

Jim (1989), que apresentou um mapeamento da cobertura vegetal arbórea da cidade de Hong

Kong. O autor classificou a cobertura vegetal em termos de abrangência, conectividade e

contiguidade, totalizando nove tipos de configuração da cobertura vegetal arbórea: isolada -

dispersa, aglomerada e aglutinada; linear - retilínea, curvilínea e anular; conectada - reticulada,

ramificada e contínua. As configurações dispersa, aglomerada, retilínea e curvilínea

predominaram, denotando uma má distribuição da cobertura vegetal arbórea na cidade.

Luchiari (2001) comparou índices de cobertura vegetal com características

socioeconômicas da população de uma microbacia do município de Campinas/SP. O autor

observou que os maiores índices de cobertura vegetal estão associados às áreas que mesclam

características rurais e urbanas, de menor densidade de ocupações, já os menores índices estão

ligados aos bairros antigos, comerciais e residenciais, que possuem poucos espaços livres.

Também foi possível constatar uma relação entre a distribuição da cobertura vegetal de cada

bairro com a distribuição de renda familiar por bairro.

Melazo e Nishiyama (2010) realizaram o mapeamento da cobertura vegetal arbóreo-

arbustiva em quatro bairros da cidade de Uberlândia/MG, um bairro periférico e três bairros

centrais, mas com padrões de uso e ocupação diferenciados. Os resultados mostraram que o

bairro periférico foi o que apresentou menor porcentagem de cobertura vegetal e o bairro central

de uso residencial de alto padrão teve a maior porcentagem de cobertura vegetal. Mesmo assim,

os autores ressaltam que os resultados apontaram “para áreas com uma quantidade insuficiente

de cobertura vegetal (de 3 a 13%) apresentando-se de maneira geral, mal distribuída e

desconexa” (MELAZO E NISHIYAMA, 2010, p. 64).

Os bairros de Salvador/Bahia foram analisados por Oliveira et al. (2013) no que se refere

ao mapeamento e índices de cobertura vegetal. Os autores argumentaram que os bairros com

menor quantidade de cobertura vegetal por habitante estão localizados na área de consolidação

mais antiga da cidade, já os bairros com maiores valores estão localizados em áreas de expansão

urbana e de vegetação preservada. Concluíram que as constatações sobre a cobertura vegetal

“reafirmam a característica de expansão da cidade do Salvador, do ponto de vista de uma

ocupação concentrada em detrimento de uma intensa degradação da massa verde de seu

território” (OLIVEIRA et al., 2013, p. 824).

Souza et al. (2013) realizaram um mapeamento dos fragmentos florestais da cidade de

Vitória/ES. Foram considerados como fragmentos todas as aglomerações de árvores de grande

porte, naturais ou plantadas. Os autores destacaram que não há uma distribuição homogênea

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dos fragmentos na área urbana e que a topografia irregular influencia na preservação da

vegetação existente em uma área mais afastada do litoral, dificultando a ocupação antrópica.

Queiroz (2014) analisou a distribuição espacial da cobertura vegetal em uma cidade do

Ponta Grossa/PR. Observou que nas áreas periféricas, com menor ocupação, existem manchas

de cobertura vegetal maiores e mais contínuas. Nas áreas centrais, contudo, a cobertura vegetal

é mais fragmentada e isolada. De forma inversa, os bairros centrais possuem uma maior

quantidade de áreas verdes públicas, como praças e parques. A autora concluiu que a

distribuição da cobertura vegetal está diretamente relacionada com o processo de urbanização

e expansão da cidade.

O mapeamento da cobertura vegetal arbórea urbana de Mossoró/RN foi feito por Silva

(2015). O autor observou que nas áreas mais periféricas, de padrão urbano descontínuo e onde

ocorre o processo de expansão urbana, a cobertura vegetal está mais concentrada. Sugeriu ao

final do estudo que fossem criadas unidades de conservação urbanas, aproveitando as áreas de

vegetação nativa sem grande interferência antrópica.

Em síntese, os estudos apresentados evidenciam uma heterogeneidade da cobertura

vegetal no ambiente urbano, influenciada pela ocupação antrópica, possuindo áreas com maior

fragmentação e áreas com maiores percentuais de cobertura vegetal. É perceptível também que

os autores geralmente utilizam índices de cobertura vegetal como uma estratégia de comparação

entre as porções do espaço analisado.

2.5 Estudos sobre a cobertura vegetal urbana do Natal

Foi feito por Cestaro et al. (2003, p. 02) um levantamento das árvores localizadas em

canteiros centrais e passeios públicos do bairro Petrópolis. Foram encontradas 769 árvores e 45

espécies, das dez espécies mais abundantes, apenas três eram nativas. Os autores concluíram

que o bairro mostrou-se bem arborizado, mas com baixa diversidade de espécies, e que, neste

quesito, a ação do serviço público foi efetiva no processo de urbanização do bairro, com

objetivo sobretudo estético e de amenização das temperaturas.

Santos, Lisboa e Carvalho (2012) realizaram um inventário qualiquantitativo da

arborização viária de quatro vias públicas do bairro Petrópolis. Identificaram 206 indivíduos,

desses 79,1% foram definidos como espécies exóticas e 20,9% como nativas. Os autores

concluíram que é necessário estabelecer “diretrizes e propostas de manejo da arborização viária

do bairro de Petrópolis, que também poderão ser estendidas ao manejo da flora de toda a cidade”

(SANTOS; LISBOA; CARVALHO, 2012, p. 104).

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Silveira et al. (2012) avaliaram a dinâmica espaço-temporal da vegetação, umidade e

temperatura da superfície do Natal entre os anos 1991 e 2011. A análise foi baseada em imagens

do satélite Landsat 5 e cálculo do Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (em inglês,

NDVI), que varia de -1 (ausência de vegetação) a 1 (maior concentração de biomassa). Os

autores observaram que no ano de 1991, além das áreas periféricas e ZPAs, existiam valores

positivos de NDVI no centro da cidade associados a maior densidade de vegetação. Em 2011

houve uma diminuição das áreas vegetadas e o centro da cidade mostrou-se mais adensado por

construções, com valores próximos ou abaixo de zero de NDVI.

Silveira et al. (2012) concluíram que a cidade possui áreas com cobertura vegetal

expressiva, mas que a amenização e umedecimento do ar acontece apenas no entorno dessas

áreas, assim se faz necessário um projeto de arborização com ênfase na espacialização do verde

e na escolha de espécies adequadas.

A cobertura vegetal do Natal foi quantificada por Sucupira (2013) através da aplicação

do NDVI em imagens do satélite WorldView-2 do ano de 2010. Foi calculada a taxa de

cobertura vegetal (%) dos 36 bairros e mais a delimitação territorial da ZPA 2 (Parque das

Dunas), apresentando maiores taxas de cobertura vegetal na ZPA 2 e nos bairros Guarapes,

Redinha e Ponta Negra. Em contraponto, os bairros com menores porcentagens de cobertura

vegetal foram Ribeira, Lagoa Seca e Cidade Alta. Constatou-se nesse estudo que a cobertura

vegetal de Natal, no ano de 2010, correspondia a 40,41% da área do município.

Um estudo sobre os espaços livres do município de Natal, envolvendo a cobertura

vegetal e demais espaços não construídos, foi realizado por Silva et al. (2009). Os autores

classificaram os espaços livres da cidade em quatro grupos: os sistemas de vias, incluindo

passeios públicos, praças, parques, dentre outros; os espaços costeiros, como faixas de praias e

margens dos rios e lagoas; os espaços de uso coletivo criados em torno dos reservatórios de

detenção; as grandes porções territoriais definidas como Zonas de Proteção Ambiental (ZPAs);

e as áreas privadas, localizadas no interior dos quarteirões e lotes e em algumas das ZPAs. Os

autores observaram a irregularidade na distribuição desses espaços pela cidade, com maior

concentração nos limites com outros município, nas regiões Oeste e Norte.

Cabe destacar também o Manual de Arborização Urbana do Natal, elaborado em 2009

pela prefeitura. No documento expõem-se parâmetros para instalação de um projeto de

arborização urbana visando colaborar no conforto ambiental da cidade (NATAL, 2009). O

manual apresenta critérios para plantação de árvores em vias públicas, como tamanho mínimo

das calçadas que condicionará o porte das árvores a serem plantadas; distanciamento entre

árvores; características das mudas e escolha das espécies. Também expõe uma lista de espécies

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nativas que podem ser plantadas na cidade, visando a manutenção da biodiversidade.

2.6 A cobertura vegetal urbana do Natal e os condicionantes normativos

A atuação em um espaço, seja ele natural ou modificado pelo homem, depende de uma

série de normas que determinam a forma como ele será utilizado. Borges, Marim e Rodrigues

(2010, p. 1) ponderam que o processo de ordenamento do espaço urbano deve levar em

consideração diferentes aspectos ambientais, como “a manutenção ecológica, a permeabilidade

e as propriedades do solo, a regulação da temperatura, o abrigo e produção de alimento para

determinadas espécies”. A cobertura vegetal é um elemento fundamental nesse processo,

considerando as funções que exerce no ambiente urbano.

Natal é um centro urbano que apresenta amplos espaços com vegetação nativa, estando

sujeito, além das leis locais, à legislação federal e estadual. Nesse sentindo, apresentam-se

normas ambientais que regulamentam o uso e proteção da vegetação e que influenciam na

ocupação antrópica em áreas naturais da cidade do Natal.

A Constituição Federal de 1988 é a lei fundamental do Brasil que serve de parâmetro

para leis específicas. O capítulo VI da mesma é dedicado inteiramente ao meio ambiente,

resguardando o direito de um ambiente ecologicamente equilibrado para todos. Essa afirmação

pode ser vista em seu artigo 225, no qual é assegurado que

todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso

comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder

Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes

e futuras gerações (BRASIL, 1988, art. 225).

A cobertura vegetal é um elemento fundamental do meio ambiente, devendo ser

protegida a fim de que todos tenham o direito de usufruir dos seus benefícios. No artigo 23,

incisos VI e VII da Constituição, define-se que é de competência comum de todos os entes

federados a proteção do meio ambiente, o combate à poluição em qualquer de suas formas e a

preservação das florestas, da fauna e da flora. Portanto, cabe também aos estados e municípios

elaborar normas que visem a conservação dos ambientes em seus territórios.

Também merece destaque a Lei Federal nº 11.428, de 22 de dezembro de 2006, pois é

instrumento de normatização que dispõe sobre o uso e proteção de áreas de vegetação nativa

do bioma Mata Atlântica. Na cidade do Natal são encontrados diferentes tipos de vegetação

desse bioma, como manguezais, restingas e florestas. Nela destaca-se que a proteção e a

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utilização deste bioma têm por objetivos “o desenvolvimento sustentável e [..] a salvaguarda da

biodiversidade, da saúde humana, dos valores paisagísticos, estéticos e turísticos, do regime

hídrico e da estabilidade social” (BRASIL, 2006, art. 6º).

As áreas protegidas são definidas por Dudley (2008, p. 8) como “um espaço geográfico

claramente definido, reconhecido, dedicado e gerido [...], de modo a alcançar a conservação a

longo prazo da natureza e dos serviços ecológicos e valores culturais associados”. Um exemplo

de regulamentação dessas áreas é o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza

(SNUC) instituído pela Lei nº 9.985, de 18 de Julho de 2000, nesse sistema estão incluídos dois

grupos de unidades de conservação, as unidades de uso sustentável e as unidades de proteção

integral (BRASIL, 2000).

O Parque Estadual Dunas do Natal é um exemplo de unidade de proteção integral,

localizado na cidade. Foi criado em 1977, é reconhecido pela UNESCO como parte integrante

da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica Brasileira e é considerado o maior parque urbano

sobre dunas do Brasil (RIO GRANDE DO NORTE, 2015), com cerca de 1.172 hectares.

Quanto à legislação estadual, destaca-se o Zoneamento Ecológico-Econômico do

Litoral Oriental do RN, lei estadual nº 7.871, de 20 de julho de 2000. A cidade do Natal,

considerada totalmente urbana pelo Plano Diretor vigente (NATAL, 2007), está incluída na

Zona Especial Costeira (ZEC), que “compreende as unidades ambientais legalmente protegidas

e aquelas que, por suas características físicas, restringem o uso e a ocupação do solo, bem como

dos espaços urbanizados e de expansão” (RIO GRANDE DO NORTE, 2000, art. 9º). De acordo

com essa lei, são consideradas áreas de preservação os seguintes ambientes naturais

encontrados na cidade do Natal: manguezal, mata ciliar e dunas com cobertura vegetal. Reforça-

se nesta lei a necessidade de preservação de determinados espaços naturais considerando a

importância dos mesmos para o equilíbrio ambiental.

Em relação às normas de atuação da gestão pública no nível municipal, ressalta-se em

Natal o Plano Diretor (NATAL, 2007), a principal lei de uso e ocupação do solo urbano da

cidade. Aprovado pela Lei complementar nº 082, de 21 de junho de 2007, em seu título III, art.

45º, trata do sistema de áreas verdes e arborização urbana, definindo-o como

o conjunto dos espaços livres formados por parques, praças, verdes

complementares ou de acompanhamento viário, jardins e pontas de rua, orlas

marítimas, lacustres e fluviais, arborização de ruas, avenidas e grandes

extensões de jardins privados, bem como de unidades de conservação públicas

e privadas existentes na cidade.

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A definição do sistema de áreas verdes e arborização urbana apresentada em Natal

(2007) não é compatível com o conceito de área verde difundido na literatura científica, na

medida em que considera ambientes sem cobertura vegetal como sendo áreas verdes. Um

exemplo dessa divergência é a própria definição de praça apresentada no Plano Diretor

(NATAL, art. 6º, 2007): “área verde com dimensões, em geral, entre 100m² (cem metros

quadrados) e 10 (dez) hectares, destinada ao lazer ativo ou passivo e para manifestações da

sociedade, podendo ser dotadas ou não de vegetação”.

A definição do sistema de áreas verdes e arborização urbana apresentada no Plano

Diretor de Natal pode gerar discrepâncias no computo das áreas verdes da cidade,

superestimando a real quantidade dessas áreas, pois permite incluir qualquer espaço livre como

sendo área verde, inclusive aquele sem cobertura vegetal e sem funções de ambientais, estéticas

e de lazer.

Por meio do Plano Diretor foi estabelecido um macrozoneamento da cidade do Natal1,

que divide-se em Zona de Adensamento Básico, Zona Adensável e Zona de Proteção Ambiental.

Essa última envolve dez Zonas de Proteção Ambiental (ZPAs) da cidade, com funções

específicas destacadas no Quadro 1. As ZPAs são áreas destinadas “a proteção, manutenção e

recuperação dos aspectos ambientais, ecológicos, paisagísticos, históricos, arqueológicos,

turísticos, culturais, arquitetônicos e científicos” do município (NATAL, 2007, art. 17º).

Devido às características do meio físico, existem restrições no uso e ocupação das mesmas.

Quadro 1 – Funções e morfologia das ZPAs e bairros do Natal com presença de ZPAs.

ZPAs FUNÇÕES MORFOLOGIA BAIRROS

ZPA 1

Campo Dunar dos bairros de Pitimbu, Candelária

e Cidade Nova – Principal área de recarga do

aquífero subterrâneo que garante a demanda de

água potável da cidade, abriga o Parque da Cidade

Dom Nivaldo Monte e preserva a flora e fauna das

dunas.

Dunas e vegetação de

restingas

CANDELÁRIA

CIDADE NOVA

PITIMBU

ZPA 2

Parque Estadual Dunas de Natal e área contígua ao

Parque, Av. Eng. Roberto Freire e Rua Dr. Solon

de Miranda Galvão – Pela diversidade de sua flora,

fauna e das belezas naturais, constitui importante

unidade de conservação destinada a fins

educativos, recreativos, culturais e científicos.

Dunas em reserva da

Mata Atlântica e

Tabuleiro Costeiro

1 O macrozoneamento da cidade divide a totalidade do município em três zonas com distintas normas de uso e

ocupação. Zona de Adensamento Básico, “aquela onde se aplica, estritamente, o coeficiente de aproveitamento

básico” (NATAL, 2007, art. 9). Zona Adensável, “aquela onde as condições do meio físico, a disponibilidade de

infra-estrutura e a necessidade de diversificação de uso, possibilitem um adensamento maior do que aquele

correspondente aos parâmetros básicos de coeficiente de aproveitamento” (NATAL, 2007, art. 11), e Zonas de

Proteção Ambiental.

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ZPA 3

Área entre o Rio Pitimbu e Avenida dos Caiapós

(Conjunto Habitacional Cidade Satélite) –

Corresponde a parte da bacia hidrográfica do Rio

Pitimbu, com solo fértil nas margens,

caracterizadas por feições de terraços e vertentes

com dunas sobrepostas. Dentre outras funções,

destaca-se o suprimento de água doce para a Lagoa

do Jiqui.

Margens de rios PITIMBU

ZPA 4

Campo Dunar dos bairros: Guarapes e Planalto –

Formada por cordões de dunas de relevante beleza

cênico-paisagística da cidade, em virtude dos

contrastes de relevo com o tabuleiro costeiro e o

estuário do Rio Potengi. Tem importância de

minimização de escoamento pluvial.

Dunas

FELIPE CAMARÃO

GUARAPES

PLANALTO

ZPA 5

Ecossistema de dunas fxas e lagoas do Bairro de

Ponta Negra (Região de Lagoinha – Complexo de

dunas e lagoas com desenvolvimento de vegetação

com espécies predominantes de formação de

tabuleiro litorâneo e espécies da Mata Atlântica.

Este ecossistema constitui umas das principais

áreas de recarga dos aquíferos - (águas

subterrâneas).

Dunas, lagoas e

florestas PONTA NEGRA

ZPA 6

Morro do Careca e dunas fixas contínuas – Recanto

natural de notável beleza por seus aspectos

panorâmicos, florísticos, paisagísticos, de interesse

cultural, recreativo e turístico. Sua regulamentação

encontra-se em fase de revisão do projeto de Lei, a

partir de contribuições advindas dos Conselhos

Municipais e da sociedade.

Dunas PONTA NEGRA

ZPA 7

Forte dos Reis Magos e seu entorno – Sítio de

relevante valor artístico, arquitetônico, cultural,

turístico e histórico, onde se encontra a Fortaleza

dos Reis Magos. Localizada entre a zona de praia,

construída sobre arrecifes adjacentes ao estuário do

Potengi, é tombada pelo Patrimônio Histórico

Nacional.

Dunas fixas e

tabuleiro costeiro;

faixas de praias e

arrecifes

SANTOS REIS

ZPA 8

Ecossistema manguezal e Estuário do

Potengi/Jundiaí – Ecossistema Litorâneo de grande

importância ambiental e socioeconômica. Fonte de

alimentação e local de reprodução de espécies da

fauna marinha, refúgio natural de peixes e

crustáceos, meio propício à indústria da pesca,

atividades portuárias e recreativas, como também

fonte de sustento para as populações ribeirinhas.

Mangues e margens

de rios

BOM PASTOR

FELIPE CAMARÃO

GUARAPES

NORDESTE

POTENGI

QUINTAS

REDINHA

SALINAS

ZPA 9

Ecossistema de lagoas e dunas ao longo do Rio

Doce – Ambiente de potencial paisagístico e

turístico, compreendendo o sistema de dunas e

lagoas associado ao vale do rio Doce. Além das

funções de perenização do rio e de recarga dos

aquíferos, este complexo é utilizado em atividades

agrícolas.

Dunas e lagoas LAGOA AZUL

PAJUÇARA

ZPA 10

Farol de Mãe Luíza e seu entorno (encostas

dunares adjacentes à Via Costeira, entre o Farol de

Mãe Luíza e a Av. João XXIII) – Área de encostas

dunares de valor cênico-paisagísticos, histórico,

cultural e de lazer.

Dunas MÃE LUIZA

Fonte: adaptado de Silva et al. (2009), Natal (2014) e Natal (2015).

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As ZPAs estão distribuídas principalmente em bairros limítrofes aos outros municípios

e nas margens dos rios Potengi e Pitimbu. Elas estão presentes em dezessete dos trinta e seis

bairros existentes na cidade (Quadro 1). A ZPA 2 abrange toda a Unidade de Conservação

Parque Estadual Dunas do Natal e mais um trecho que envolve a Via Costeira (avenida que liga

as regiões leste e sul, margeando as praias), que mesmo estando na divisão territorial interna do

município, não está inserida em um dos bairros.

Apesar das ZPAs terem sido criadas com a finalidade de melhoria da qualidade

ambiental da cidade e possuírem restrições de uso, segundo Silva et al. (2009) existem alguns

conflitos de uso nessas áreas, expressos, por exemplo, na construção de assentamentos

irregulares, loteamentos legalmente constituídos ou projetos de habitação dentro dos limites de

algumas ZPAs.

Silva et al. (2009) ainda pontuam que “quando o zoneamento ambiental foi constituído,

toda a superfície do município já estava loteada e em acelerado processo de ocupação” (SILVA

et al., 2009, p. 411), o que contribuiu ainda mais na geração de conflitos de interesses entre os

envolvidos.

Os diferentes usos evidenciam a necessidade de um planejamento ambiental que

minimize os impactos advindos da degradação dos ecossistemas e que possa integrar a

população aos espaços naturais da cidade, incentivando a mesma a se apropriar desse espaço.

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3 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

Natal localiza-se na Mesorregião Leste Potiguar, no Litoral Oriental do estado do Rio

Grande do Norte, limitando-se com os municípios de Extremoz, São Gonçalo do Amarante,

Macaíba, Parnamirim e com o Oceano Atlântico à leste (Figura 1).

Figura 1 – Mapa de localização do município de Natal e Regiões Administrativas.

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

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3.1 Breves considerações sobre o processo de expansão urbana do Natal

O município de Natal foi fundado em 1599 e teve uma organização espacial dividida

em fases. Nos primeiros séculos de povoamento teve um processo de urbanização lento,

ganhando ênfase apenas no século XIX pelo comércio promovido pela economia

agroexportadora (CUNHA, 1991), com destaque para o algodão, impulsionando o povoamento

e comércio em alguns bairros da Região Leste do Natal, como Ribeira e Cidade Alta.

Até o final do século XIX, o núcleo central de Natal se restringia aos bairros Cidade

Alta e Ribeira. No ano de 1901 surgiu o bairro Cidade Nova, resultante de um plano de

ordenamento urbano, induzindo o surgimento dos bairros Petrópolis e Tirol (COSTA, 2000).

Fora do perímetro urbano da época existiam ocupações nas Rocas, Passo da Pátria, Baldo, Barro

Vermelho, Refoles (hoje Alecrim) e Quintas, cujos habitantes, segundo Costa (2000),

desenvolviam atividades agrícolas e pecuárias.

Nas primeiras décadas do século XX houveram migrações do campo para a cidade e

investimentos do setor público em equipamentos urbanos que também influenciaram no

aumento populacional. Além da busca por trabalho, outro motivo que impulsionou a imigração

foi a fuga gerada pela seca que ocorria no sertão. Segundo Lima (2006, p. 109), “em 1904,

forçados pela seca que assolava toda a região Nordeste, chegaram à Natal mais de quinze mil

retirantes vindos do sertão”, praticamente duplicando a população da cidade.

A expansão territorial de Natal aconteceu substancialmente a partir de meados do século

XX por influência da Segunda Guerra Mundial, quando ocorreu um processo de migração dos

moradores de municípios interioranos para a capital, “instalação de equipamentos militares,

como bases e unidades de saúde, além de ampliação da malha viária” (QUEIROZ, 2010, p. 11).

Nesse momento houve uma mudança no processo de urbanização com a criação de um

mercado de terras urbanas, especulação imobiliária e formação de núcleos periféricos (LIMA,

2006). A população que não tinha condições de morar nas áreas centrais, devido ao preço dos

imóveis, alojou-se na periferia da cidade, ocupando, principalmente, os bairros de Alecrim e

Nova Descoberta (MEDEIROS, 2013).

O aumento populacional gerou uma demanda por habitação e a cidade foi se expandindo

para áreas ainda naturais a partir de planos urbanísticos, construção de conjuntos habitacionais

ou através da ocupação de forma irregular pela população de menor poder aquisitivo (LIMA,

2006), que normalmente foi se estabelecendo em bairros populares ou em áreas ainda

desabitadas.

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De acordo com Furtado (2005, p. 111), “nas décadas de 60 e 70, houve um constante

aumento da população e ocupação de áreas limítrofes do espaço construído da cidade” e a

política de investimentos da SUDENE (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste) foi

um dos fatores impulsionadores desse aumento. Além das obras de infraestrutura construídas

no período, houve uma expansão dos conjuntos habitacionais.

Medeiros (2013) advoga que a política de conjuntos habitacionais teve um papel

fundamental para a estruturação e expansão do espaço urbano do Natal, primeiramente, com a

construção de conjuntos em áreas periféricas ao antigo centro da cidade. Posteriormente, na

década de 1970, os investimentos na economia industrial e o apoio do Banco Nacional da

Habitação levaram à “expansão horizontal da cidade em direção a região norte, possibilitando

uma política habitacional direcionada para a reprodução da força de trabalho, por meio da

construção de conjuntos populares nessa região” (MEDEIROS, 2013, p. 6-7). As construções

em áreas próximas aos limites do município continuaram nas décadas de 1980 e 1990. Ainda

de acordo com Medeiros (2013, p. 7), as construções foram distribuídas

entre conjuntos das Companhias de Habitacão (COHABs) e dos Institutos de

Orientação de Cooperativas Habitacionais (INOCOOPs). As distinções entre

os conjuntos de COHAB e de INOCOOP são determinadas pela diferenciação

da renda a que esses órgãos atendiam. Os conjuntos de COHAB foram

destinados à população de menor poder aquisitivo. A COHAB pretendeu

destinar as moradias, mediante a demanda gerada pelos incentivos industriais

na região, ao operariado [...]. A população de renda média baixa fica sob a

tutela dos INOCOOPs, os conjuntos do INOCOOP, foram construídos mais

ao sul, valorizando de imediato as áreas circunvizinhas, através da expansão

dos serviços.

Conforme Furtado (2005, p. 115), “a localização desses conjuntos no espaço urbano

gerou grandes vazios provocando a descontinuidade da mancha da cidade”. Estes vazios são

considerados por Santos (2009) como uma característica da urbanização corporativa das

cidades brasileiras, denominadas pelo autor de cidades espraiadas. Nelas há uma carência de

“infra-estruturas, especulação fundiária e imobiliária, problemas de transporte, extroversão e

periferização da população, gerando, graças às dimensões da pobreza e seu componente

geográfico, um modelo específico de centro-periferia”. (SANTOS, 2009, p. 106).

A Figura 2 evidencia a expansão da ocupação territorial do município de Natal: até a

década de 1970 a ocupação da cidade concentrava-se na Região Leste da cidade, incluindo

Cidade Alta e Petrópolis, e em áreas isoladas das demais regiões; até a década de 1980 houve

uma expansão em bairros da Região Oeste e Sul; até a década de 1990 a ocupação foi ampliada

para áreas mais distantes do centro da cidade, nas Regiões Norte, Sul e Oeste, atingindo todo o

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bairro Pitimbu e parte do bairro Pajuçara; após 1990 e até os dias atuais, a ocupação territorial

foi expandida na Região Norte, incluindo outras áreas do bairro Pajuçara, e nos bairros

Guarapes e Planalto, localizados na Região Oeste.

Figura 2 – Expansão da ocupação territorial do Natal.

Fonte: adaptado de Ataíde (2013).

Todo esse aumento do tecido urbano da cidade fez com que houvesse intervenções no

ambiente natural, como terraplanagem de áreas de mangue, desmatamento de matas ciliares,

ocupação em cima de dunas, formação de lixão, dentre outros (LIMA, 2006). Essas alterações

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geraram consequências nas áreas naturais, expressas, por exemplo, na “poluição do aquífero

Dunas/Barreiras, destruição do manguezal, assoreamento do rio Pitimbu, aterramento das

lagoas interdunares, destruição da vegetação das dunas, exaustão de recursos naturais não-

renováveis” (MEDEIROS, 2007, p. 19). Percebe-se, portanto, que a expansão territorial da

cidade influenciou na alteração do ambiente natural, inclusive alterando a cobertura vegetal

original.

3.2 Aspectos ambientais da cidade do Natal

A cidade do Natal está localizada em uma zona tropical da Terra, recebendo grande

quantidade de radiação solar e precipitação pela influência da maritimidade. O clima da cidade

é caracterizado como tropical com verão seco (As) segundo a classificação climática de Köppen

(ALVARES et al., 2013). Natal apresenta um período úmido na maior parte do ano, de janeiro

a setembro, favorável ao desenvolvimento da vegetação e um período seco nos meses de

outubro, novembro e dezembro, período em que a vegetação sofre estresse hídrico. As

temperaturas variam de 24,9 ºC a 27,6 ºC e a precipitação média anual é de 1.737,7 mm. O

diagrama climático de Walter para Natal (WALTER; LIETH, 1967) é apresentado na Figura 3.

Figura 3 – Diagrama climático para Natal/RN (normais climatológicas – 1984 a 2014).

Fonte: Elaborado pela autora (2017) com base em dados da estação climatológica da UFRN (1984 -

2014), organizados pelo grupo de pesquisa Estudos Geoambientais da UFRN (2016).

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Esse padrão climático tem forte relação com a vegetação, pois as variações e intensidade

de precipitação e a temperatura influenciam no desenvolvimento e porte da vegetação. Natal

está inserida no bioma Mata Atlântica e dentro dele são encontradas diferentes formações

vegetais, que se diferenciam pelas características abióticas locais, como tipo de solo, altitude e

proximidade de corpos e cursos d’água.

Segundo Natal (2013), a cidade possui, de maneira geral, vegetações vinculadas à mata

atlântica e tabuleiros. Considerando os diferentes ambientes da cidade, são encontrados no

município de Natal a vegetação de Savana, associada aos tabuleiros costeiros; a Floresta

Estacional Semidecidual, nas áreas úmidas e de altitudes elevadas em relação aos corpos

d’água, como encostas; a Vegetação com Influência Marinha (Restinga), que recobre as dunas

e praias; a Vegetação com Influência Fluviomarinha, incluída no ecossistema manguezal; a

Vegetação com Influência Fluvial, nas margens de rios e lagoas; áreas de transição entre duas

ou mais formações vegetais; e vegetações secundárias (IBGE, 2004; NUNES, 2006).

Geomorfologicamente, caracteriza-se pela presença de diferentes feições como

tabuleiros costeiros, dunas, praias e planície fluviomarinha (MEDEIROS, 2007), tendo como

base geológica a Formação Barreiras. As dunas são depósitos arenosos de origem eólica,

encontradas em várias áreas da cidade, que ocorrem “na zona litorânea, remobilizando

depósitos marinhos e/ou fluviomarinhos, e no interior, como resultado do retrabalhamento de

acumulações fluviais, lacustres ou de enxurradas” (IBGE, 2009, p. 64)

Em relação aos solos, destacam-se os seguintes tipos: neossolos quartzarênicos,

originados de material sedimentar da Formação Barreiras; neossolos quartzarênicos marinhos,

de origem marinha e depositados pela ação do vento; neossolos, encontrados nas várzeas dos

rios, provenientes de deposições fluviais; gleissolotiomórfico, encontrado no ambiente

estuarino, vinculado ao manguezal; e latossolos amarelo e vermelho-amarelo, com transição de

horizonte arenoso para argiloso (NUNES, 2006). Os solos são importantes para o

desenvolvimento da vegetação, pois atuam como suporte para fixação das raízes, fornecimento

de água e de nutrientes para as plantas.

O município está inserido na bacia hidrográfica do rio Potengi (31,2%), do rio Doce

(23,4%), do rio Pirangi (15,3%) e na Faixa Litorânea Leste de Escoamento Difuso (30,1%),

conforme IDEMA (2013). Os rios, lagoas e águas subterrâneas possuem grande importância

ambiental e socioeconômica para o município (NATAL, 2015), proporcionando o

abastecimento de água para a população, atividades de pesca e comercialização de pescados,

passeios turísticos pelo estuário e o cultivo de hortaliças e frutas.

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3.3 Bairros selecionados para análise da diversidade de cobertura vegetal do Natal

Os critérios adotados para seleção dos bairros foram o período de ocupação dos mesmos

e a maior ou menor ocupação antrópica. Selecionou-se, portanto, dois bairros mais antigos e

predominantemente ocupados por construções (tecido urbano contínuo), e dois bairros de

ocupação recente e com maior presença de espaços livres (tecido urbano descontínuo), para

verificar se existe uma relação entre o processo de ocupação da cidade e a diversidade das

classes de cobertura vegetal.

Os bairros com tecido urbano contínuo são aqueles cuja “maior parte do solo é ocupada

por construções e pela rede de transportes. Os edifícios, estradas e superfícies artificializadas

ocupam mais de 80% da superfície total”. Já os bairros com tecido urbano descontínuo são

compostos por “edifícios, estradas e superfícies artificializadas [...] associados as áreas com

vegetação e de solo nu, que ocupam superfícies descontínuas, porém significativas”, com

superfícies impermeabilizadas variando de 30 a 80% (BOSSARD; FERANEC; OTAHEL,

2000, p. 28-29).

A verificação do período de ocupação dos bairros foi baseada em revisão bibliográfica

a partir dos estudos de Cunha (1991), Lima (2006), Ataíde (2013) e anuários da prefeitura do

Natal. Os termos tecido urbano contínuo e tecido urbano descontínuo foram baseados no

terceiro nível de classificação do projeto CORINE Land Cover, que serve de apoio ao

monitoramento da cobertura da terra da União Europeia (BOSSARD; FERANEC; OTAHEL,

2000), vinculado ao programa CORINE (Coordenação de Informações sobre o Meio Ambiente)

da AEA (Agência Europeia do Ambiente).

Os bairros com tecido urbano contínuo, Cidade Alta e Petrópolis, e os bairros com tecido

urbano descontínuo, Pitimbu e Pajuçara estão espacializados na Figura 4.

3.3.1 Cidade Alta

Cidade Alta é um bairro localizado na Região Administrativa Leste, cuja origem

remonta à própria colonização. Foi o primeiro núcleo de povoamento da cidade e o primeiro

bairro criado pela prefeitura. Segundo Natal (2015, p. 145), nessa área “quando chegaram os

portugueses, conquistadores, o lugar escolhido para erguer sua cidade, foi o alto onde, hoje,

localiza-se a Praça André de Albuquerque”.

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Figura 4 – Localização dos bairros selecionados para análise da diversidade da cobertura vegetal do

Natal/RN.

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

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A Cidade Alta originalmente era o lugar de moradia da população mais abastada e um

centro comercial. Atualmente ainda possui atividades comerciais e está inserida no circuito

histórico, turístico e cultural de Natal (NATAL, 2014), possuindo uma variedade de prédios

antigos, museus e igrejas que permitem compreender uma parte da história da cidade.

O bairro tem uma área de 116,4 ha e uma população de 7.382 habitantes (em 2013). A

renda média per capita da Cidade Alta é de 2 salários mínimos (NATAL, 2013). No bairro

existem dois assentamentos precários, Areado e Passo da Pátria, com 2.258 habitantes

(NATAL, 2014). Esses aglomerados diferem do padrão de ocupação do restante do bairro,

predominantemente ocupado por estabelecimentos comerciais e população de melhor poder

aquisitivo.

3.3.2 Petrópolis

O bairro Petrópolis está localizado na Região Leste de Natal e surgiu como

consequência de um plano de ordenamento urbano criado em 1901, chamado de Plano da

Cidade Nova ou Plano Polidrelli. O bairro planejado e construído como local de moradia da

elite natalense chamava-se Cidade Nova, contendo originalmente seis ruas e duas praças

(LIMA, 2006). Na época de sua construção houveram desapropriações de terras de camponeses

e a população que lá vivia foi transferida para bairros populares, como Rocas e Alecrim, ou

para áreas mais distantes do centro. Petrópolis foi oficializado como bairro em 1947.

O bairro tem uma área de 78,4 ha e uma população de 5.721 habitantes (em 2013).

Petrópolis é o bairro com maior renda per capita de Natal, 6,7 salários mínimos (NATAL,

2013). Esse bairro possui um padrão de habitação diferenciado com avenidas largas e canteiros

centrais, muitos deles arborizados. É um bairro residencial com expressiva participação do setor

de comércio e serviços (SOUZA, 2008).

3.3.3 Pitimbu

Pitimbu está localizado na Região Sul de Natal, é um bairro que se expandiu em termos

de ocupação a partir de 1983 com a inauguração do conjunto Cidade Satélite (NATAL, 2015).

Também abriga um outro conjunto de nome Pitimbu, ambos construídos pelo INOCOOP

(MEDEIROS, 2013).

Segundo Natal (2015, p. 127), o “Pitimbu, antes de ser bairro, era uma região, de sítios,

fazendas e terras de mata. [...] muito importante para a cidade de Natal, pois, além de ter o rio

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Pitimbu, trazendo vida, guarda em seu solo aquífero essencial para o futuro do Natalense”.

Algumas áreas das ZPAs 1 e 3 estão dentro dos limites desse bairro.

O bairro tem uma área de 744,6 ha e uma população de 25.088 habitantes (em 2013).

Conforme Natal (2013), Pitimbu possui uma renda per capita média de 2,7 salários mínimos.

É um bairro predominantemente residencial.

3.3.4 Pajuçara

Pajuçara é um bairro localizado na Região Norte de Natal, que teve sua ocupação

intensificada em 1990 a partir da construção de conjuntos habitacionais (NATAL, 2015). Possui

seis conjuntos habitacionais executados pela COHAB, INOCOOP e Caixa Econômica Federal

(CEF), considerando aqueles com mais de 100 unidades habitacionais e que foram construídos

entre 1984 e 1990 (MEDEIROS, 2013).

Na área norte do bairro está localizada parte da ZPA 9, composta por um complexo de

lagoas interdunares e pela planície do rio Doce, a ZPA possui diferentes padrões de ocupação,

desde grandes glebas com pouca ocupação, até áreas com solo mais regular em processo de

consolidação e algumas áreas com predominância de atividades vinculadas à pecuária e

agricultura (FERNANDES; CESTARO; ATAÍDE, 2014).

O bairro tem uma área de 766,1 ha e uma população de 68.490 habitantes (em 2013).

Pajuçara possui uma renda média per capita de 0,9 salários mínimos (NATAL, 2013). Também

está incluído dentro de seus limites o assentamento precário Pompéia, com 8.946 habitantes. É

um bairro predominantemente residencial e em expansão.

A variação da população de cada um dos bairros selecionados, no anos 1991, 1996, 2000,

2007, 2013 e 2015 (ano mais recente com dados disponíveis) pode ser visualizada no Gráfico

1. Observa-se que a população de Pajuçara está crescendo de maneira rápida, possuindo 71.832

habitantes em 2015. Pitimbu têm um crescimento populacional gradual ao longo desses anos,

com 25.368 habitantes em 2015. Já Petrópolis e Cidade Alta possuem, respectivamente, 5.785

e 7.464 habitantes em 2015, mantendo uma população praticamente constante no período de

1991 a 2015.

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Gráfico 1 – Variação da população dos bairros Cidade Alta, Petrópolis, Pitimbu e Pajuçara.

Fonte: Elaborado pela autora com base em Natal (2014); Natal (2015).

Os intervalos de renda per capita da população de cada um dos bairros estão

representados no Gráfico 2. Petrópolis e Pajuçara são os bairros com maiores discrepâncias,

pois no primeiro caso, Petrópolis, 70% das pessoas possuem uma renda composta por 3 ou mais

salários mínimos. Já em Pajuçara, 71% dos seus habitantes ganham até 1 salário mínimo. 30%

da população de Pitimbu ganha entre 1 e 2 salários mínimos, enquanto que em Cidade Alta essa

intervalo corresponde à 22%.

Os bairros selecionados para análise da diversidade de cobertura vegetal possuem

históricos de ocupação e situações socioeconômicas diferenciadas. A Cidade Alta é o primeiro

bairro criado em Natal e ainda hoje abriga um centro comercial importante. Já o bairro

Petrópolis se destaca por ter sido planejado para atender à elite econômica da época e hoje

também possui atividades comerciais e de serviços expressivas. Ambos os bairros são pequenos

em termos de área.

7.5065.222 5.105 6.111 5.521 5.721 5.785

7.548 6.254 6.692 7.247 7.123 7.382 7.464

20.40222.755 22.985 22.821 24.209 25.088 25.368

13.259

35.300

42.130

54.091

58.021

68.49071.832

0

5.000

10.000

15.000

20.000

25.000

30.000

35.000

40.000

45.000

50.000

55.000

60.000

65.000

70.000

75.000

1991 1996 2000 2007 2010 2013 2015

PO

PU

LAÇ

ÃO

ANOS

Variação da população dos bairros selecionados

Petrópolis

Cidade Alta

Pitimbu

Pajuçara

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Gráfico 2 – Variação da renda per capita da população dos bairros Cidade Alta, Petrópolis, Pitimbu e

Pajuçara.

Fonte: Elaborado pela autora com base em Natal (2013).

Pitimbu e Pajuçara são bairros residenciais de maior extensão espacial e que foram

ocupados nas décadas de 1980 e 1990, possuem ZPAs em seu interior, mas se diferenciam no

padrão de ocupação e de renda. Pitimbu é um bairro com população de maior poder aquisitivo

e com ocupações, no geral, ordenadas. Já Pajuçara possui uma população predominantemente

de baixa renda, com ocupações desordenadas em algumas áreas.

0,0 0,82,7

6,89,1 8,8

16,4

30,2

23,2

2,02,0

4,5

14,7

20,622,0

10,4 10,28,9

3,2 3,1

0,1 0,7

4,3

15,3

29,9

18,8 18,2

9,6

1,9 1,22,2

8,3

25,0

35,1

20,1

4,11,9

0,5 0,1

2,7

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

Até

1/8

Mai

s d

e1

/8 a

1/4

Mai

s d

e1

/4 a

1/2

Mai

s d

e1

/2 a

1

Mai

s d

e1

a 2

Mai

s d

e 2

a 3

Mai

s d

e 3

a 5

Mai

s d

e5

a 1

0

Mai

s d

e1

0

Sem

ren

dim

ento

%

INTERVALOS DE RENDA(SALÁRIOS MÍNIMOS)

Petrópolis

Cidade Alta

Pitimbu

Pajuçara

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4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Diagnóstico da cobertura vegetal urbana do Natal

4.1.1 Mapeamento da cobertura vegetal

Para quantificação e mapeamento da cobertura vegetal urbana do Natal foi utilizado um

mosaico digital de imagens de satélite, elaborado com base na metodologia exposta por

Sucupira et al. (2014) e disponibilizado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e

Urbanismo (SEMURB). A maior parte das Regiões Administrativas Norte e Oeste foram

imagiadas em abril de 2012 e as Regiões Leste e Sul em janeiro de 2013. O mosaico é uma

composição colorida RGB das bandas 3, 2, 1.

As imagens de satélite foram originalmente obtidas no software Google Earth Pro e

fornecidas pela empresa Digital Globe. No período de 2012 e 2013 os seguintes satélites da

empresa estavam em operação: GeoEye-1; Ikonos, QuickBird, WorldView-1 e WorldView-2

(DIGITALGLOBE, 2016). Como não existem metadados disponíveis, não é possível inferir

qual satélite forneceu as imagens utilizadas e a resolução espacial, contudo, considerando a

média de resolução espacial no modo pancromático dos satélites acima citados e o tamanho dos

objetos visualizados nas imagens, verifica-se que o mosaico possui uma resolução espacial

submétrica.

Justifica-se a utilização do mosaico pela sua alta resolução espacial, possibilitando a

identificação de tipos de cobertura vegetal de menor dimensão, como árvores em passeios

públicos, bem como pela menor cobertura de nuvens e pela gratuidade na disponibilidade da

imagem, satisfazendo os objetivos do estudo.

A utilização de imagens do Google Earth vem ganhando destaque no meio acadêmico,

sobretudo pela acesso gratuito a dados com alta resolução espacial. De acordo com um estudo

de validação das imagens do Google Earth PRO elaborado por Lopes e Nogueira (2011), as

imagens apresentam fidelidade geométrica e posicional considerando testes amostrais com

pontos, linhas e áreas. No entanto, é importante ressaltar que são necessários cuidados

cartográficos na utilização de imagens do Google Earth PRO, como escolha de referências

posicionais adequadas para o georreferenciamento das imagens, verificação da data da imagem

de satélite e da precisão necessária para o mapeamento. Considerando o exposto, a utilização

ou não das imagens vai depender do objetivo do estudo.

O mapeamento da cobertura vegetal foi feito bairro a bairro, pois possibilitou um

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processamento mais rápido do computador no momento da classificação digital e permitiu que

os dados fossem analisados com um detalhe em nível do bairro, legalmente caracterizado como

a unidade territorial de planejamento do município (NATAL, 2007).

O recorte do mosaico foi baseado no arquivo vetorial2 dos limites dos bairros de Natal,

ano de 2015, disponibilizado pela SEMURB e foi feito no SIG QGIS 2.12.1. Nesse arquivo são

limitados os trinta e seis bairros da cidade e mais uma área denominada de Parque das Dunas,

correspondendo à Unidade de Conservação Parque Estadual Dunas do Natal (ZPA 2) e o

entorno da Av. Senador Dinarte Mariz (Via Costeira). Embora o Parque seja gerido pelo Estado

do Rio Grande do Norte, faz parte da delimitação oficial do município de Natal. Nas imagens

recortadas foram realizados os seguintes procedimentos: reprojeção, segmentação,

classificação e cálculo das áreas dos polígonos, de acordo com os procedimentos e caminhos

indicados no Quadro 2, todos utilizando o Sistema de Informação Geográfica (SIG) ArcGIS

10.3.

A reprojeção é a transformação do Sistema de Referência de Coordenadas (SRC) do

dado original para outro SRC. Esse sistema é composto por um sistema de coordenada e um

datum. As imagens recortadas estavam organizadas no Sistema de Coordenadas Planas UTM,

Zona 25 Sul e no datum SAD 69. O datum oficial do Brasil desde o ano de 2015 é o SIRGAS

2000, portanto foi necessário realizar a reprojeção das imagens para o Sistema de Coordenadas

Planas UTM, Zonas 25 Sul, datum SIRGAS 2000 (Quadro 2), padronizando os dados segundo

as normas apresentadas em IBGE (2015).

A segmentação é um procedimento que pode ser realizado antes da classificação

supervisionada para realçar melhor os diferentes objetos da imagem, por meio da criação de

regiões formadas por um conjunto de pixels que apresentam uniformidade (WOODCOCK;

HARWARD, 1992), dividindo a imagem em unidades homogêneas.

Após a segmentação foi realizada a classificação digital, que é o processo de extração

de informações das imagens para gerar um mapa de pixels classificados de forma automatizada

(MENESES; SANO, 2012). A classificação escolhida foi a supervisionada através do método

máxima verossimilhança (MAXVER). Nesse tipo de classificação é necessário que o usuário

selecione amostras de cada tema (classe) que irão treinar o algoritmo para executar a

classificação. O método máxima verossimilhança “considera a ponderação das distâncias entre

2 Existem dois tipos de representação de dados em um SIG, a representação vetorial e a matricial. “Na

representação vetorial, a representação de um elemento ou objeto é uma tentativa de reproduzi-lo o mais

exatamente possível. Qualquer entidade ou elemento gráfico de um mapa é reduzido a três formas

básicas: pontos, linhas, áreas ou polígonos” (CÂMARA; MONTEIRO, 2001, p. 16).

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as médias dos valores dos pixels das classes” e calcula a probabilidade de um pixel pertencer a

uma ou outra classe, dependendo da posição do pixel (INPE, 2008, p. 02).

Quadro 2 – Procedimentos para obtenção do shapefile das áreas de cobertura vegetal urbana de Natal.

ETAPA PROCEDIMENTO CAMINHO NO ARCGIS

Organização do

ambiente de trabalho

para armazenamento

dos arquivos

Criação de pastas específicas no computador para guardar os dados processados de

acordo com o formato (raster e vetorial) e padronização dos nomes dos arquivos a

serem gerados, levando em consideração a ferramenta utilizada e sem caracteres

especiais ou espaços. Exemplo: “Areia_preta_reclas”, “Areia_preta_segmentada”.

Individualização dos

bairros de Natal

Recorte em lote do mosaico

da imagem do Google Earth

a partir dos limites dos

bairros de Natal

Caixa de ferramentas de processamento >

Advanced interface > Clip > Algortimo clip raster

by mask layer > Executar um processo em lote.

(Único procedimento realizado no SIG QGIS

2.12.1).

Alteração do SCR da

imagem

Reprojeção do datum SAD

69 para SIRGAS 2000

Data Frame Properties > Alterar para SIRGAS

2000 UTM Zone 25S; Export data > Spatial

reference: Data frame. Deixar o campo “Nodata”

sem valor.

Criação de áreas

homogêneas

Segmentação das imagens

reprojetadas

ArcToolbox > Spatial analyst tools > segmentation

and classification > Segment mean shift.

Parâmetros: spectral detail “20”, spatial detail

“15”, minimum segmet size in pixel “10”.

Exportação da

imagem segmentada

Salvar a imagem após o

processamento

Data > Export data > deixar o campo “Nodata” sem

valor; alterar o nome seguindo o padrão. Exemplo:

areia_preta_segment

Seleção das amostras

de treinamento

Criação das classes na área

de treinamento a partir da

imagem segmentada:

Cobertura Vegetal e Outros

Image classification > training sample manager.

Escolher as amostras a partir da seleção de

segmentos (não por polígonos) e ativar na barra de

classificação a imagem segmentada, mas visualizar

a imagem original na tela. Clicar em “create a

signature file” e salvar as assinaturas.

Classificação da

imagem

Classificação supervisionada

pelo classificador MAXVER

Classification > maximum likeliood classification.

Inserir assinaturas e imagem segmentada. Alterar o

local de saída da imagem para salvar a

classificação gerada. Se o resultado não for

satisfatório ou não apresentar as duas classes, criar

novas amostras e classificar novamente.

Extração da cobertura

vegetal

Reclassificação da imagem

classificada para retirar a

classe Outros

ArcToolbox > Spatial analyst tools > Reclass >

Reclassify. Inserir em “new values” o nome

NoData para a classe correspondente a Outros.

Criação de polígonos Transformação de dados

raster para vetorial

ArcToolbox > Conversion tools > From raster >

raster to polygon > marcar “simplify polygons”.

Obtenção da área dos

polígonos

Calcular a área pela tabela

de atributos

Clicar com o botão direito no shapefile da

cobertura vegetal do bairro. Open atribute table >

table options > Add field > Name: Area, type:

double; Proprieties: precision 10, scale 4; Clicar

com o botão direito na coluna Area: calculate

geometry > square meters > ok.

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

Foram realizados diferentes testes para classificação da imagem, envolvendo o aumento

da quantidade de classes de cobertura da terra e a tentativa de diferenciar o porte da vegetação.

Contudo, observou-se que quanto maior o detalhamento, maior era a confusão entre a cobertura

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vegetal e outros tipos de cobertura, como sombra, solo exposto e corpos d’água. Para solucionar

este problema, foram consideradas apenas duas classes como referência: Cobertura Vegetal

(objeto de estudo) e Outros (demais tipos de cobertura do solo). Foram selecionadas

aproximadamente 40 amostras por classe para cada bairro a partir das regiões criadas no

momento da segmentação, dando zoom nos seguimentos, dentro do SIG, até a escala de 1:1.000.

Ao final da classificação de cada bairro foi feita uma avaliação visual do arquivo raster3

obtido, verificando se houve muita confusão entre as classes de Cobertura Vegetal e Outros e,

sempre que necessário, gerou-se uma nova classificação a partir da seleção de novas amostras

de treinamento para obter um resultado mais condizente com as classes apresentadas na

imagem.

Para facilitar a manipulação das áreas de cobertura vegetal realizou-se uma

reclassificação do raster obtido durante a classificação, gerando um novo arquivo apenas com

a classe Cobertura Vegetal, o qual foi, em seguida, transformado de raster para vetorial do tipo

polígono no formato ESRI shapefile. A partir desse arquivo foi feito o cálculo das áreas e da

quantidade de polígonos, valores estes armazenados na tabela de atributos dos shapefile.

4.1.2 Área mínima mapeável

Após a classificação e criação do shapefile de cobertura vegetal foi estabelecida a área

mínima a ser considerada para efeito de levantamento, com base na observação da área e

quantidade de polígonos (fragmentos). Constatou-se que a área total dos fragmentos menores

que 10 m² constitui uma pequena proporção (3,5%) da área da cobertura vegetal total e

compreende uma elevada proporção (96,5%) de fragmentos em relação ao número total de

fragmentos (Quadro 3).

Quadro 3 – Número e área dos fragmentos de cobertura vegetal do Natal segundo as classes de

tamanho.

COBERTURA

VEGETAL

Total Área < 10m² Área ≥ 10m²

Absoluto % Absoluto % Absoluto %

Número de fragmentos 1.631.235 100 1.477.344 90,6 153.891 9,4

Área dos fragmentos 47.946.954,4 100 1.686.704,5 3,5 46.260.249,9 96,5

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

3 A representação raster/matricial “consiste no uso de uma malha quadriculada regular sobre a qual se

constrói, célula a célula, o elemento que está sendo representado. A cada célula, atribui-se um código

referente ao atributo estudado, de tal forma que o computador saiba a que elemento ou objeto pertence

determinada célula” (CÂMARA; MONTEIRO, 2001, p. 16).

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Para efeito de quantificação e mapeamento da cobertura vegetal de Natal foram

considerados apenas os polígonos com área superior a 10 m², tendo em vista o número

desproporcional de polígonos com menos de 10 m², a área relativamente pequena que ocupam

em relação à cobertura vegetal total e a dificuldade em avaliar a consistência da sua

classificação. Os fragmentos menores que 10 m² apresentam polígonos mais suscetíveis a uma

classificação errada, podem sofrer mais facilmente mudanças na cobertura da terra e são de

difícil validação em campo. Assim, foram criados novos shapefiles de cobertura vegetal

considerando apenas as áreas maiores de 10 m², analisando-se 153.981 fragmentos,

correspondentes à 96,5% da área e 9,4% dos fragmentos originais.

4.1.3 Avaliação da acurácia do mapeamento

A avaliação da acurácia visa comparar o mapa de cobertura vegetal com os dados de

referência para saber o quanto o mapa elaborado está condizente com a realidade. Um método

usual para avaliação do mapeamento é a matriz de erros ou matriz de confusão, definida como

“uma matriz quadrada de números dispostos em linhas e colunas que expressam o número de

unidades de amostra atribuídas a uma determinada categoria em relação à categoria real

verificada no solo” (CONGALTON, 1991, p. 37).

Na matriz de confusão normalmente as colunas representam as classes de referência,

obtidas a partir de visita in loco ou por outros dados de referência (imagens, mapas), enquanto

as linhas representam a classificação obtida. A partir da matriz é possível realizar o cálculo do

coeficiente Kappa4, que é um coeficiente de concordância total (Equação 1):

k = 𝑁Σ𝑖=1

𝑟 𝑋𝑖𝑖−Σ𝑖=1𝑟 (𝑥𝑖+𝑥+𝑖)

𝑁2−𝛴𝑖=1𝑟 (𝑥𝑖+𝑥+1)

(1)

Onde,

k = coeficiente Kappa;

N = número total de amostras;

r = número total de classes;

xii = valor na linha i e coluna i;

4 Os passos para elaboração da matriz de confusão e cálculos dos coeficientes podem ser visualizados

através deste tutorial, fornecido por MAP & GIS LIBRARY (2013):

https://www.youtube.com/watch?v=FaZGAUS_Nlo

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xi + = soma da linha i da matriz;

x+ i = soma da coluna i da matriz.

O coeficiente Kappa é usado para avaliar classificações digitais e mede o grau de

concordância entre os dados de referência e os dados classificados, considerando todos os

elementos da matriz de confusão (COHEN, 1960). O Kappa pode variar de -1 a 1 (ANTUNES;

LIGNAU, 1997), sendo que quanto mais próximo de 1 maior é a concordância entre os dados

e, consequentemente, melhor é a qualidade do mapa elaborado. Landis e Koch (1977)

apresentaram uma classificação da concordância entre os dados baseada em intervalos do

Kappa: < 0 ruim, de 0 a 0,2 fraca, de 0,21 a 0,4 média, de 0,41 a 0,6 moderada, de 0,61 a 0,8

forte, e de 0,81 a 1,0 quase perfeita.

Com a matriz de confusão também é possível obter a Exatidão Global, que expressa a

proporção de pontos amostrais classificados corretamente em relação ao número total da

amostra, variando de 0 a 1 (ANTUNES; LIGNAU, 1997), bem como coeficientes de

concordância individuais: precisão/acertos do usuário, precisão/acertos do produtor, erros de

inclusão/comissão e erros de omissão.

Segundo Congalton (1991), a precisão do produtor é uma medida que indica a

probabilidade de um ponto de referência no terreno (no caso deste estudo, um polígono) estar

corretamente classificado e é vinculada ao erro de omissão. Já a precisão do usuário indica a

probabilidade de um ponto classificado no mapa/imagem realmente representar a classe de

referência no terreno e está relacionada ao erro de comissão.

Os dados de referência e de classificação para a construção da matriz de confusão são

amostrais, uma vez que torna-se muito difícil trabalhar com a totalidade dos polígonos

mapeados. Em estatística, uma maneira de calcular a amostra é por meio do conhecimento do

tamanho da população e do nível de confiança. Segundo Bussab e Morettin (2002), a população

é o conjunto de todos os elementos ou resultados que estão sob análise e a amostra é qualquer

subconjunto dessa população. O nível de confiança é “a probabilidade de que o erro amostral

efetivo seja menor do que o erro amostral admitido pela pesquisa” (SANTOS, 2010, p. 01). O

cálculo amostral foi realizado a partir da Equação 2:

𝑛 =𝑁.𝑍2.𝑝.(1−𝑝)

𝑍2.𝑝.(1−𝑝)+𝑒2.(𝑁−1) (2)

Onde,

n - amostra calculada;

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N – população;

Z - variável normal padronizada associada ao nível de confiança;

p - verdadeira probabilidade do evento;

e - erro amostral.

O tamanho da população (que se refere ao número total de pontos, entendidos na

pesquisa como polígonos de 10 m²) foi obtido pela divisão da área total dos bairros de Natal

pela área mínima mapeável (10 m²). O nível de confiança adotado foi de 95%, admitindo-se um

erro amostral de 5%. Aplicando a fórmula, a amostra necessária para análise da acurácia foi de

385 pontos a serem verificados no terreno.

A localização (coordenadas) dos pontos a serem reconhecidos como cobertura vegetal

ou não no terreno foi feita no SIG ArcGIS 10.3, onde foram distribuídos aleatoriamente 592

pontos de maneira proporcional às áreas dos bairros. Obteve-se um shapefile com 592 pontos,

o qual foi convertido para polígono, a fim de gerar 592 áreas circulares de aproximadamente

10 m². Uma quantidade de pontos acima do tamanho da amostra foi criada para que pontos

confusos pudessem ser excluídos, sem que o resultado final fosse uma amostra menor do que a

calculada.

Na tabela de atributos do shapefile com as 592 áreas circulares foi criada uma coluna de

nome referência (para designar as classes reais) e outra de nome mapeado (para designar o que

foi mapeado através da classificação). Em cada linha da tabela de atributos digitou-se um dos

símbolos: 1 para áreas de cobertura vegetal, 2 para outros tipos de cobertura da terra, ou 3 para

áreas confusas, esse último referindo-se às áreas cujo círculo de 10 m² estava sobrepondo mais

de um tipo de cobertura. Quando foi atingido um total de 385 pontos identificados com os

símbolos 1 ou 2, deu-se por concluída a coleta de dados de referência.

A identificação do tipo de cobertura dos pontos de referência (Cobertura Vegetal ou

Outros) dos pontos de referência foi realizada visualmente no mosaico de imagens de

2012/2013 (SEMURB) e mosaico de fotografias aéreas ortorretificadas de 2006 (PRODETUR)

na escala de 1:2.000 (SUCUPIRA et al, 2014), além da utilização do Google Street View5,

fundamental para visualização das áreas em nível de solo.

5 O “Google Street View é um recurso do Google Maps e do Google Earth que disponibiliza vistas

panorâmicas de 360° na horizontal e 290° na vertical e permite que os usuários (utilizadores) vejam

partes de algumas regiões do mundo ao nível do chão/solo” (WIKIPEDIA, 2017, p. 01).

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4.1.4 Distribuição e índices de cobertura vegetal

Foi construído um banco de dados no software Excel 2013 com informações separadas

por bairros, inclusive o Parque das Dunas, necessárias para a análise da distribuição e cálculos

dos índices de cobertura vegetal. O banco de dados incluiu a soma das áreas e quantidade de

polígonos de cobertura vegetal por bairro, as áreas dos bairros e das Regiões Administrativas

extraídas do arquivo shapefile dos limites dos bairros de Natal, a população estimada por bairro

para o ano de 2013, apresentada em Natal (2013) e as áreas das ZPAs de Natal, baseadas nos

shapefiles das ZPAs disponibilizados pela SEMURB.

A partir da construção do banco de dados foi possível obter diversos resultados,

inclusive calcular dois índices: o Índice de Cobertura Vegetal (ICV), que representa a

porcentagem de cobertura vegetal de uma área territorial (%) e o Índice de Cobertura Vegetal

por Habitante (ICVH), que mede a quantidade de cobertura vegetal disponível para cada

habitante considerando uma área territorial (m²/hab). Entende-se como área territorial um bairro,

uma região administrativa ou a cidade. Os índices foram baseados em Melazo e Nishiyama

(2010), e são expressos nas Equações 3 e 4.

𝐼𝐶𝑉 =á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑎 𝑐𝑜𝑏𝑒𝑟𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑣𝑒𝑔𝑒𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑜 𝑡𝑒𝑟𝑟𝑖𝑡ó𝑟𝑖𝑜 (𝑚²)

á𝑟𝑒𝑎 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑜 𝑡𝑒𝑟𝑟𝑖𝑡ó𝑟𝑖𝑜 (𝑚²) 𝑥 100 (3)

𝐼𝐶𝑉𝐻 =á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑎 𝑐𝑜𝑏𝑒𝑟𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑣𝑒𝑔𝑒𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑜 𝑡𝑒𝑟𝑟𝑖𝑡ó𝑟𝑖𝑜 (𝑚²)

𝑞𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 ℎ𝑎𝑏𝑖𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑑𝑜 𝑡𝑒𝑟𝑟𝑖𝑡ó𝑟𝑖𝑜 (ℎ𝑎𝑏) (4)

Com base no banco de dados foi possível calcular os índices para a cidade, por região e

bairros e analisar o tamanho dos fragmentos de cobertura vegetal. Com os shapefiles foi

possível elaborar mapas de localização dos bairros e das ZPAs, de distribuição dos fragmentos

da cobertura vegetal por bairros e dos índices ICV e ICVH.

4.2 Diversidade da cobertura vegetal urbana dos bairros selecionados

4.2.1 Critérios para elaboração da tipologia

Para verificar a diversidade da cobertura vegetal em bairros com tecido urbano contínuo

e descontínuo, foi necessário criar uma tipologia, entendida como uma classificação para

qualificar os fragmentos de cobertura vegetal nos quatros bairros.

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Foi elaborada uma tipologia preliminar baseada na revisão bibliográfica e na

interpretação visual do mosaico de imagens da SEMURB; além de observações in loco

realizadas em novembro de 2016 em pontos distribuídos pela cidade. No momento do

mapeamento percebeu-se que a mesma estava adequada para a realidade dos bairros.

A tipologia de cobertura vegetal urbana adotada (Quadro 4) apresenta quatro níveis

hierárquicos, visando qualificar a cobertura vegetal. O primeiro nível distingue a cobertura

vegetal em natural e antropizada. Para a cobertura vegetal natural foi considerada apenas uma

subdivisão (Nível 2), enquanto que para o grupo cobertura vegetal antropizada foram

detalhados os locais de ocorrência e/ou tipos. O nível 4 se refere ao porte dessa cobertura

vegetal, divido em arbóreo ou arbustivo/herbáceo.

Quadro 4 – Tipologia de cobertura vegetal urbana para os quatro bairros escolhidos.

1º NÍVEL 2º NÍVEL 3º NÍVEL 4º NÍVEL

Natural

Floresta Estacional Semidecidual Terras Baixas

Arbóreo

Arbustivo/Herbáceo

Savana

Vegetação com Influência Marinha

Vegetação com Influência Fluvial

Vegetação Secundária

Vegetação Ruderal

Vegetação Degradada

Antropizada

Área Verde Pública Praça

Arbóreo

Arbustivo/Herbáceo

Verde Viário Canteiro Central

Passeio Público

Privada

Agrícola Cultivo Cíclico

Cultivo Permanente

Terreno Público

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

A cobertura vegetal urbana é definida como um conjunto de formas de vida vegetal

natural ou plantada dentro dos espaços livres da cidade. A cobertura vegetal natural corresponde

a toda vegetação encontrada no ambiente urbano, mantendo-se espontaneamente e formando

uma ou mais comunidades de plantas. A definição das classes de cobertura vegetal natural

foram baseadas em Nunes (2006), IBGE (2012) e Machado Filho et al. (2015) e são expostas a

seguir:

Floresta Estacional Semidecidual das Terras Baixas: vegetação composta por árvores

que formam um dossel, adaptada ao clima estacional e que perde parcialmente as suas

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folhas no período desfavorável. A formação das terras baixas, ocorre, geralmente, em

depressões entre 5 e 100 m de altitude;

Savana: também chamada de cerrado, é composta por árvores isoladas ou grupos de

árvores e arbustos, sobre um estrato herbáceo ralo e descontínuo, presente nos tabuleiros

costeiros;

Vegetação com Influência Marinha: também chamada de restinga, é constituída por

plantas que recobrem dunas, praias e planícies interdunares, ajudando na fixação do

solo. Predomina o porte arbustivo/herbáceo;

Vegetação com Influência Fluvial: conjunto de comunidades vegetais localizadas nas

planícies aluviais, alagadas periodicamente, ou depressões alagáveis de corpos d’água,

predominando o porte arbustivo/herbáceo;

Vegetação Secundária: ocorre em áreas onde houve uma interferência antrópica prévia

que descaracterizou a vegetação original, podendo apresentar remanescentes do

ambiente anterior. Para o mapeamento foram consideradas áreas de vegetação

secundárias aquelas onde há menor adensamento urbano, próximas ou dentro dos

limites das ZPAs;

Vegetação Ruderal: formada por comunidades vegetais pioneiras adaptadas aos

ambientes antropizados, crescendo espontaneamente em terrenos baldios, construções

abandonadas, canteiros de vias públicas, etc. Predomina o porte arbustivo/herbáceo. No

mapeamento foi considerada como ruderal apenas a vegetação nas áreas de maior

adensamento urbano;

Vegetação Degradada: vegetação natural que sofreu e ainda sofre forte pressão

antrópica, por corte, fogo, depósito de detritos e lixo e/ou pela invasão de espécies

ruderais e/ou exóticas. No mapeamento foram encontradas apenas áreas de vegetação

degradada de restinga de porte predominantemente arbustivo.

A cobertura vegetal antropizada é aquela plantada no ambiente pelo homem e envolve

indivíduos isolados ou em grupo, presentes em diferentes áreas públicas ou privadas. As plantas

isoladas, mesmo aquelas que cresceram naturalmente e são nativas do bioma, foram inseridas

nessa classe no momento do mapeamento. As classes foram definidas da seguinte forma:

Área Verde Pública: cobertura vegetal inserida em praças públicas, com funções

ambientais, estéticas e de lazer. No mapeamento foram consideradas as praças

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enumeradas pela Prefeitura de Natal e alguns casos de áreas com presença de mobiliário

urbano, mas que não estavam incluídas na lista da prefeitura;

Verde Viário: cobertura vegetal presente nas vias de circulação pública. Foi separada

em canteiros centrais e passeios públicos;

Privada: cobertura vegetal distribuída em fundos de quintais, jardins privados, terrenos

não edificados e demais espaços, limitados por muros ou cercas dentro de quadras;

Agricultura: cobertura vegetal plantada para consumo, geralmente localizada em áreas

de menor densidade de ocupação. Foi dividida em cultivo cíclico (plantas temporárias)

e cultivo permanente (plantas perenes). Os agrupamentos de plantas frutíferas em

quintais foram incluídos nessa classe;

Terreno Público: corresponde à cobertura vegetal presente em área pública e que não se

enquadra nas outras categorias. Está localizada em áreas sem infraestrutura, associada,

às vezes, a depósitos de detritos e lixo.

Ressalta-se que existem outros tipos de cobertura vegetal natural e antropizada na

cidade, contudo, a tipologia apresentada no Quadro 4 foi construída considerando a realidade

dos quatro bairros selecionados. Em Natal existem outros tipos de áreas verdes, como parques

e bosques, bem como outras formações vegetais, como o manguezal.

Foram enquadrados na classe Terreno Público os polígonos de cobertura vegetal em

lugares de acesso público e que não se enquadravam nas demais categorias (Área Verde, Verde

viário, Ruderal). O mapeamento também foi baseado no shapefile de áreas verdes da prefeitura

do Natal de 2009 e 2015, que espacializou o que entende-se nessa pesquisa como espaços livres

públicos, pois nem todas as áreas verdes mapeadas possuem cobertura vegetal.

4.2.2 Avaliação da acurácia dos mapeamentos

A avaliação da acurácia foi feita para o mapa da tipologia de cobertura vegetal de cada

bairro seguindo a técnica da matriz de confusão e calculando-se posteriormente os coeficientes

totais Kappa e Exatidão Global, bem como os coeficientes individuais acerto do usuário, acerto

do produtor, erros de inclusão e erros de omissão (CONGALTON, 1991).

A amostra de cada bairro foi obtida por meio da Equação 1, sendo que o valor da

população foi obtido dividindo a área do bairro pela área mínima mapeável (10 m²) e o nível de

confiança adotado foi de 95%. Aplicando a Equação 1 (SANTOS, 2010; BUSSAB;

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MORETTIN, 2002) para cada um dos bairros, a amostra mínima foi de 383 unidades de área

para o bairro Cidade Alta, 383 para Petrópolis, 384 para Pitimbu e 384 para o bairro Pajuçara.

Foram selecionadas 390 unidades para os quatro bairros, padronizando as amostras.

Para cada bairro foram distribuídos pontos aleatórios no SIG ArcGIS 10.3, obtendo-se

um shapefile com 600 áreas de 10 m² e em seguida foram excluídas as áreas confusas e aquelas

muito próximas umas das outras, obtendo-se ao final a amostra padronizada no valor de 390

unidades.

Na tabela de atributos de cada shapefile foi criada uma coluna de nome referência (para

designar as classes reais) e outra de nome mapeado (para designar o que foi mapeado na

classificação). Nas linhas da tabela de atributos digitou-se uma numeração para cada classe de

Cobertura Vegetal, considerando o segundo nível da tipologia, e para a classe Outros.

O mapa de referência foi construído com base no mosaico de imagens de 2012/2013

(SEMURB), nas fotografias aéreas ortorretificadas de 2006 (disponibilizadas pelo IDEMA), na

utilização do Google Street View e em verificações in loco realizadas nos meses de fevereiro e

março de 2017. Nessa tarefa foram utilizados os seguintes instrumentos: mapas com os pontos

de campo e os logradouros, GPS de navegação, câmera fotográfica e planilha impressa com os

pontos e tipologia para verificação. Ao todo foram verificadas in loco 405 áreas dos quatro

bairros. A partir do shapefile foi possível obter os valores das classes com base na referência e

no que foi classificado, os mesmos foram inseridos em uma planilha do Excel para montagem

da matriz de confusão e cálculos dos coeficientes de acurácia.

4.2.3 Mapeamento da tipologia de cobertura vegetal

A aplicação da tipologia em cada um dos bairros foi feita por meio da classificação por

interpretação individual, realizada no SIG ArcGIS 10.3. Esta técnica envolve a identificação,

determinação e interpretação dos objetos na imagem pelo usuário, através de características

como forma, tamanho, tonalidade, localização, textura e estrutura (PANIZZA; FONSECA,

2011).

Foram utilizados como base para o mapeamento das classes de cobertura vegetal dos

quatro bairros os shapefiles de polígonos com áreas maiores que 10 m² obtidos pela

classificação supervisionada da cobertura vegetal, apresentada no tópico 4.1.

O primeiro procedimento para aplicação da tipologia foi a edição da tabela de atributos

em uma cópia do shapefile de cobertura vegetal de cada um dos quatro bairros, inserindo as

colunas referentes aos quatro níveis da tipologia. A edição dos limites dos polígonos foi feita

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apenas quando existia mais de uma classe de cobertura vegetal ou outra cobertura em um

mesmo polígono. Foi dado um zoom nos polígonos, dentro do SIG, na escala de

aproximadamente 1:500.

O segundo passo consistiu no reconhecimento visual do tipo de cobertura vegetal de

cada polígono e sua identificação na tabela de atributos. Os dados provenientes da pesquisa

documental auxiliaram no mapeamento, sendo estes: mapeamento das áreas verdes do

município de 2009 e mapeamento preliminar obtido em 2015, disponibilizados pela SEMURB

(entendidos nessa pesquisa como espaços livres públicos); shapefile dos logradouros das quatro

Regiões Administrativas, obtidos no Portal de Mapas do IBGE

(http://portaldemapas.ibge.gov.br/portal.php#homepage); mapeamentos da cobertura da terra

das ZPAs 9, 3 e 1 disponibilizados pelo orientador desta pesquisa, professor Dr. Luiz Antonio

Cestaro; listagem com os endereços e localização das praças de Natal (shapefile de pontos),

disponibilizados pela SEMURB e SEMSUR (Secretaria Municipal de Serviços Urbanos).

No processo de identificação do tipo de cobertura vegetal dos fragmentos, sempre que

necessário recorreu-se aos recursos do aplicativo Google Street View e a visualização em três

dimensões (3D) no aplicativo Google Maps (https://www.google.com.br/maps). O Street View

possibilitou a visualização da cobertura vegetal no nível do solo, facilitando a diferenciação das

classes, por exemplo, árvores em passeios públicos e em áreas privadas, difíceis de serem

distinguidas pela interpretação da imagem de satélite, principalmente quando as copas das

árvores estão conectadas. A visualização 3D, disponível para algumas áreas da cidade, foi um

recurso utilizado para verificar o porte da cobertura vegetal e auxiliar na identificação do tipo

de vegetação pela visualização da topografia.

Ao término do mapeamento, calculou-se, na tabela de atributos de cada bairro, as áreas

de cada polígono. A tabela de atributos foi importada e manipulada no software Excel para o

cálculo dos seguintes parâmetros: área das classes e porcentagem em relação à área de cobertura

vegetal total, área e porcentagem da cobertura natural e da cobertura antropizada, porcentagem

da classe em relação à área do bairro, apresentados no Capítulo 5.

Os parâmetros acima descritos e os shapefiles com a tipologia de cobertura vegetal dos

bairros serviram de base para a produção de tabelas e gráficos para análise da diversidade de

cobertura vegetal, bem como de mapas com a espacialização das classes, apresentados no

Capítulo 5. Os mapas de diversidade da cobertura vegetal dos bairros foram exportados como

imagem na escala de 1:15.000 para facilitar a comparação do tamanho das manchas de

cobertura vegetal entre os quatro bairros.

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55

5 RESULTADOS

5.1 Distribuição da cobertura vegetal do Natal

5.1.1 Avaliação da acurácia do mapeamento

A amostra para avaliação da acurácia do mapa de cobertura vegetal é composta por 385

pontos amostrais de 10 m². São 125 pontos de referência da Cobertura Vegetal e 260 da classe

Outros, distribuídos conforme a Figura 5. Os passos para criação dos pontos podem ser revistos

no Capítulo 4.

Figura 5 – Distribuição dos pontos da amostra utilizada na validação do mapa de distribuição da

cobertura vegetal, os pontos verdes representam a classe Cobertura Vegetal e os pontos laranjas a

classe Outros.

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

Os pontos amostrais ocorreram sobre áreas em que a classificação teve bons resultados

e também em áreas não classificadas como cobertura vegetal, embora fossem realmente

cobertura vegetal. A Figura 6 ilustra um exemplo dessa situação.

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Figura 6 – Exemplos de validação, ou não, da cobertura vegetal. Em “A” a mancha foi classificada

corretamente. Em “B”, embora se tenha cobertura vegetal, a área foi classificada como Outros,

indicando erro na classificação.

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

Os resultados dos coeficientes totais Exatidão global e Kappa foram, respectivamente,

0,92 e 0,82. Considerando as colunas da matriz, observa-se que dos 125 pontos de referência

da Cobertura Vegetal, 98 foram classificados corretamente (78,4%) e, dos 260 pontos de

referência da classe Outros, 99,2% foram classificados corretamente (258), conforme Tabela 1.

Esses percentuais correspondem à precisão do produtor, comparando a amostra de referência

com o total apresentado na última linha. Houve uma omissão da Cobertura Vegetal em 21,6%

da amostra de referência e de 0,8% da classe Outros (Tabela 2).

Tabela 1 – Matriz de confusão do mapa de cobertura vegetal do Natal.

Referência Total

Map

eado Cobertura vegetal Outros

Cobertura

vegetal 98 2 100

Outros 27 258 285

Total 125 260 385

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

Tabela 2 – Coeficientes do mapa de cobertura vegetal do Natal.

Classes Precisão do

produtor (%)

Erros de

omissão (%) Precisão do

usuário (%)

Erros de

inclusão (%)

Cobertura vegetal 78,4 21,6 98 2

Outros 99,2 0,8 90,5 9,5

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

As linhas da matriz representam o que foi mapeado e a partir delas observa-se que dos

100 pontos classificados como Cobertura Vegetal, 98 foram validados como Cobertura Vegetal

A B

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(98%). No caso da classe Outros, 285 pontos foram analisados, desses, 90,5% realmente eram

Outros. Esses percentuais correspondem à precisão do usuário, comparando apenas o que foi

mapeado com o total apresentado na última coluna (Tabela 1).

O erro de inclusão da classe Cobertura Vegetal na classe Outros foi de 9,5% e o erro de

inclusão da classe Outros na classe Cobertura Vegetal foi de 2%. Considerando os resultados

dos coeficientes totais e individuais, o mapeamento da cobertura vegetal para Natal pode ser

considerado válido, pois apresentou maiores percentuais de acerto (precisão do usuário e do

produtor) do que de erros (omissão e inclusão) e, segundo a classificação de Landis e Koch

(1977), o coeficiente Kappa está incluído na classe quase perfeito, entre 0,81 a 1.

5.1.2 Distribuição da cobertura vegetal para Natal

A partir do mapeamento foi possível averiguar que a cidade do Natal possui 4.626

hectares de cobertura vegetal e o Índice de Cobertura Vegetal é de 27,5%, considerando como

cobertura vegetal todos os fragmentos acima de 10 m² de porte arbóreo e arbustivo/herbáceo.

Ao se calcular o Índice de Cobertura Vegetal por Habitante para os 36 bairros, constatou-se que

Natal possui 45,5 m²/hab. Com a inclusão do Parque das Dunas, o ICVH aumenta para 54,2

m²/hab. O Parque das Dunas possui 743,38 ha e apresenta um ICV de 13,1%. O percentual da

sua cobertura vegetal em relação à área total de Natal é de 4,4%.

Os fragmentos de cobertura vegetal da cidade apresentam diversas dimensões. A

quantidade e área dos fragmentos, de acordo com classes de área, está apresentada na Tabela 3.

A distribuição da cobertura vegetal dos bairros e do Parque das Dunas, conforme as classes de

área, pode ser visualizada na Figura 7.

Tabela 3 – Número e área dos fragmentos de cobertura vegetal dos bairros, segundo as classe de área.

Classe de área da cobertura

vegetal

Número de fragmentos Área dos fragmentos

Absoluto % Área (ha) %

Até 1 ha (10 - 100 m²) 127860 83,1 388,3 8,4

(100 - 10.000 m²) 25778 16,8 1188,5 25,7

Maior que 1 até 10 ha 221 0,1 579,8 12,5

Maior que 10 até 100 ha 27 0,02 974,0 21,1

Maior que 100 até 1.000 ha 5 0,003 1495,3 32,3

Total 153890 100 4626,0 100

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

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Figura 7 – Mapa da distribuição da cobertura vegetal dos bairros do Natal segundo as classes de área.

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

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As áreas menores que 100 m², embora representem apenas 8,4% da área total de cobertura

vegetal, são as mais numerosas e as mais distribuídas pela cidade, correspondendo à 83,1% dos

fragmentos de cobertura vegetal. O maior percentual de área de cobertura vegetal, 32,3%, está

incluído na classe que varia de 100 à 1.000 ha e é representado por 5 fragmentos de vegetação

distribuído pelas ZPAs da cidade (Figura 7). O maior fragmento contínuo de cobertura vegetal

observado está presente na área do Parque Estadual Dunas do Natal, possuindo 693 ha.

As Zonas de Proteção Ambiental têm um grande papel no percentual de cobertura vegetal

da cidade, pois abrigam quase 63% dessa cobertura (Tabela 4 e Figura 8). Os outros 37% estão

localizados fora das ZPAs, como quintais, vias públicas e praças.

Tabela 4 – Área da cobertura vegetal dentro e fora das ZPAs do Natal.

Classes Área da cobertura vegetal

Absoluto %

Cobertura vegetal em ZPAs 2.893,8 62,6

Cobertura vegetal fora das ZPAs 1.732,3 37,4

Total 4.626 100

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

Dentre as 10 ZPAs existentes, destacam-se a ZPA 2, que abriga o Parque Estadual Dunas

do Natal, a ZPA 8, vinculada ao manguezal, bem como a ZPA 9 dos ecossistemas de dunas e

lagoas ao longo do rio Doce, que correspondem, respectivamente, a 25,4%, 30,3% e 16,3% da

cobertura vegetal das ZPAs (Tabela 5). Percebe-se que as ZPAs localizam-se nas áreas

periféricas da cidade e ao longo do rio Potengi (Figura 8).

Tabela 5 – Área e percentual da cobertura vegetal das ZPAs do Natal.

ZPAS de Natal Cobertura vegetal

ha %

ZPA1 245,3 8,5

ZPA2 735,8 25,4

ZPA3 83,8 2,9

ZPA4 165,1 5,7

ZPA5 92,4 3,2

ZPA6 203,5 7,0

ZPA7 17,5 0,6

ZPA8 878,1 30,3

ZPA9 470,6 16,3

ZPA10 1,6 0,1

Total 2.893,8 100

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

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Figura 8 – Localização e cobertura vegetal das ZPAs do Natal.

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

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Tratando-se das Regiões Administrativas da cidade, o maior ICV é o da Região Norte,

30%, e o menor da Região Leste, 9% (Tabela 6). O Parque das Dunas, ICV de 61,7%, não é

incluído nas Regiões Administrativas da cidade, por isso o ICV e ICVH do mesmo foram

calculados isoladamente.

Tabela 6 – ICV das Regiões Administrativas e do Parque das Dunas do Natal.

Regiões de Natal Área da cobertura vegetal Área das

Regiões (ha) ICV

ha %

Norte 1.458,1 31,5 4.863,1 30,0

Sul 1.315,8 28,4 5.595,0 23,5

Leste 159,4 3,4 1.614,7 9,9

Oeste 949,4 20,5 3.575,7 26,6

Parque das Dunas 743,4 16,1 1.204,0 61,7

Total 4.626 100,0 16.852,5 27,5

Fonte: Elaborado pela autora (2017). Áreas das Regiões com base em arquivo da SEMURB.

Em relação ao ICVH (Tabela 7), as regiões administrativas apresentam 45,5 m² de

cobertura vegetal por habitante. Ao considerar o Parque das Dunas esse índice aumenta para

54,2 m²/hab. O maior ICVH também é o da Região Norte (59,7 m²/hab) e a Região

Administrativa Leste é a que apresenta menor ICVH, 13,9 m²/hab. Como a área do Parque das

Dunas praticamente não possui população (4 habitantes) e é relativamente grande, seu ICVH é

extremamente alto, 1.858.452,9 m²/hab.

Tabela 7 – ICVH das Regiões Administrativas e do Parque das Dunas do Natal.

Regiões de Natal Cobertura

Vegetal (m²)

População

(hab) ICVH

Norte 14.581.244,1 244.262 59,7

Sul 13.157.661,1 266.090 49,4

Leste 1.593.511,2 114.898 13,9

Oeste 9.494.021,9 228.674 41,5

Parque das Dunas 7.433.811,6 4 1858452,9

Total 46.260.249,9 853.928 54,2

Fonte: Elaborado pela autora (2017). População com base em Natal (2013).

Os bairros do Natal possuem um ICV de 24,8% e um ICVH de 45,5 m²/hab. Os valores

dos índices, quantidade de fragmentos e área da cobertura vegetal, área e população (2013) de

cada bairro estão expressos na Tabela 8.

O maior ICV dentre os bairros é o de Lagoa Azul, 48,2%, localizado Na Região Norte,

e menor ICV é do bairro Lagoa Seca, na Região Leste, com 4,4% de cobertura vegetal. O ICV

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dos bairros em ordem decrescente é apresentado no Gráfico 3.

Tabela 8 – Informações relativas à cobertura vegetal dos bairros do Natal.

Bairros Fragmentos

Cobertura

Vegetal

(ha)

Bairro

(ha)

População

(hab)

ICV

(%)

ICVH

(m²/hab)

ALECRIM 2944 27,91 344,7 27011 8,1 10,3

AREIA PRETA 294 1,70 32,2 4578 5,3 3,7

BARRO VERMELHO 1043 7,46 94,8 10895 7,9 6,8

BOM PASTOR 2166 118,64 346,1 18488 34,3 64,2

CANDELÁRIA 11082 159,43 761,4 24185 20,9 65,9

CAPIM MACIO 5892 41,25 433,4 23586 9,5 17,5

CIDADE ALTA 923 6,88 116,4 7382 5,9 9,3

CIDADE DA ESPERANÇA 1860 15,47 182,9 18743 8,5 8,3

CIDADE NOVA 3021 101,11 262,1 19065 38,6 53,0

DIX-SEPT ROSADO 1059 7,63 109,6 15569 7,0 4,9

FELIPE CAMARÃO 4432 238,40 654,4 55084 36,4 43,3

GUARAPES 11471 190,95 865,9 11071 22,1 172,5

IGAPÓ 1948 31,73 220,2 29865 14,4 10,6

LAGOA AZUL 8662 562,56 1.167,0 66200 48,2 85,0

LAGOA NOVA 8061 73,09 767,7 38880 9,5 18,8

LAGOA SECA 533 2,72 61,1 5224 4,4 5,2

MÃE LUIZA 911 6,48 95,7 14486 6,8 4,5

NEÓPOLIS 3624 26,86 322,1 22791 8,3 11,8

NORDESTE 1540 95,10 298,4 11688 31,9 81,4

N. SRA. DA APRESENTAÇÃO 8124 245,81 1.025,0 94150 24,0 26,1

N. SRA DO NAZARÉ 1405 8,94 144,0 16370 6,2 5,5

NOVA DESCOBERTA 1997 35,02 158,8 12371 22,1 28,3

PAJUÇARA 5802 207,49 766,1 68490 27,1 30,3

PETROPÓLIS 974 10,29 78,4 5721 13,1 18,0

PITIMBU 10487 191,94 744,6 25088 25,8 76,5

PLANALTO 4866 116,48 463,8 36836 25,1 31,6

PONTA NEGRA 13073 542,37 1.382,0 25039 39,2 216,6

POTENGI 6946 158,91 799,9 58687 19,9 27,1

PRAIA DO MEIO 390 4,23 48,9 5152 8,6 8,2

QUINTAS 1884 56,67 248,5 25760 22,8 22,0

REDINHA 7710 331,42 878,9 19631 37,7 168,8

RIBEIRA 636 13,92 94,4 2254 14,7 61,8

ROCAS 666 4,46 66,0 10372 6,8 4,3

SALINAS 6258 166,03 1.031,0 1389 16,1 1195,3

SANTOS REIS 1511 19,57 222,1 5089 8,8 38,4

TIROL 4319 53,74 360,0 16734 14,9 32,1

TOTAL 148.514 3.882,6 15.648,5 853.924 24,8 45,5

Fonte: Elaborado pela autora (2017). Áreas dos bairros com base em arquivo da SEMURB e

população dos bairros com base em Natal (2013).

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63

Gráfico 3 – Índice de Cobertura Vegetal (ICV) dos bairros do Natal em ordem decrescente.

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

Em relação à cobertura vegetal disponível para cada habitante por bairro (Gráfico 4), o

bairro com maior ICVH é Salinas, 1.195,3 m²/hab e se distingue dos demais por abrigar uma

população pequena em relação a sua área e ser coberto em grande parte pelo manguezal. O

segundo bairro com maior ICVH é Ponta Negra, 216,6 m²/hab, que abriga as ZPAs 5 e 6 (Figura

8). O bairro com menor ICVH é Areia Preta, com 3,7 m²/hab.

Gráfico 4 – Índice de Cobertura Vegetal por Habitante (ICVH) dos bairros do Natal em ordem

decrescente.

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

A espacialização do ICV dos bairros e do Parque das Dunas está apresentada na Figura

9 e a espacialização do ICVH na Figura 10.

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64

Figura 9 – Mapa do ICV para os bairros e Parque das Dunas do Natal.

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

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65

Figura 10 – Mapa do ICVH para os bairros e Parque das Dunas do Natal.

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

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66

Todos os bairros com ICV maior que 25% possuem ZPAs em seu interior e estão

localizados nas Regiões Administrativas Oeste, Norte e Sul. Quinze bairros possuem ICV

menor que 10%, estão localizados nas Regiões Leste, Oeste e Sul e nenhum deles possui ZPAs

em seu interior.

Em relação ao ICVH, todos os bairros com mais de 50 m²/hab apresentam ZPAs em seu

interior, excetuando o bairro Ribeira. Dos dez bairros com ICVH menor que 10 m²/hab, sete

estão localizados na Região Leste, são estes: Cidade Alta, Praia do Meio, Barro Vermelho,

Lagoa Seca, Mãe Luiza, Rocas e Areia Preta. São bairros com menor superfície territorial e que

possuem menos de 10% de cobertura vegetal.

5.2 Diversidade da cobertura vegetal dos bairros selecionados

5.2.1 Avaliação da acurácia dos mapeamentos

Selecionou-se uma amostra de 390 unidades de 10 m² para avaliação da acurácia do

mapa da diversidade da cobertura vegetal, para cada um dos quatro bairros escolhidos com base

nos passos descritos no Capítulo 4. O coeficiente Kappa e a Exatidão Global do mapa para o

bairro Cidade Alta foram de 0,81 e 0,97, respectivamente. A matriz de confusão para esse mapa

é apresentada na Tabela 9.

Tabela 9 – Matriz de confusão do mapa da diversidade de cobertura vegetal para o bairro Cidade Alta.

Map

ead

o

Referência Total

Outros

Área Verde

Pública

Verde

Viário Privada

Terreno

Público Ruderal

Outros 350 1 1 1 0 7 360

Área Verde Pública 0 2 0 0 0 0 2

Verde Viário 1 0 9 0 0 0 10

Privada 0 0 0 12 0 0 12

Terreno Público 0 0 0 0 1 0 1

Vegetação Ruderal 1 0 0 0 0 4 5

Total 352 3 10 13 1 11 390

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

A classe com melhor precisão do produtor para o mapa de Cidade Alta foi Terreno

Público, com 100%. A classe com menor precisão foi a Vegetação Ruderal (36,4%), tendo sido

classificados corretamente apenas 4 dos 11 pontos, omitindo 63,8% da amostra. A precisão do

produtor corresponde ao acerto em relação aos pontos de referência e está representada na

Tabela 10.

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67

Tabela 10 – Coeficientes do mapa da diversidade de cobertura vegetal para o bairro Cidade

Alta.

Tipologia Precisão do

produtor (%)

Erros de

omissão (%)

Precisão do

usuário (%)

Erros de

inclusão (%)

Outros 99,4 0,6 97,2 2,8

Área Verde Pública 66,7 33,3 100,0 0,0

Verde Viário 90,0 10,0 90,0 10,0

Particular 92,3 7,7 100,0 0,0

Terreno Público 100,0 0,0 100,0 0,0

Vegetação Ruderal 36,4 63,6 80,0 20,0

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

Em relação à precisão do usuário, que é o acerto considerando apenas os pontos

mapeados, todas as classes tiveram precisão igual ou acima de 90%, excetuando a classe

Vegetação Ruderal (80%), com 20% de inclusão da classe Outros (1 ponto).

Para o mapa da diversidade da cobertura vegetal do bairro Petrópolis obteve-se um

coeficiente Kappa de 0,87 e uma Exatidão Global de 0,97. A matriz de confusão para esse mapa

é apresentada na Tabela 11.

Tabela 11 – Matriz de confusão do mapa da diversidade de cobertura vegetal para o bairro Petrópolis.

Map

eam

ento

Referência

Total Outros

Área Verde

Pública Verde Viário Privada Ruderal

Outros 332 0 0 1 8 341

Área Verde

Pública 0 1 0 0 0 1

Verde Viário 0 0 29 0 0 29

Privada 3 0 0 14 0 17

Vegetação Ruderal 0 0 0 0 2 2

Total 335 1 29 15 10 390

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

A partir dos coeficientes de concordância individuais, apresentados na Tabela 12,

verifica-se que todas as classes tiveram uma precisão do produtor maior que 90%, excetuando

a Vegetação Ruderal (20%). Nessa classe apenas 2 dos 10 pontos foram classificados

corretamente, omitindo 80% da amostra.

Em relação à precisão do usuário, as classes Área Verde Pública, Verde Viário e

Vegetação Ruderal tiveram 100% de precisão. A menor precisão foi a da classe Particular,

82,4%, com 17,6% de inclusão da classe Outros (3 pontos de 17).

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68

Tabela 12– Coeficientes do mapa da diversidade de cobertura vegetal para o bairro Petrópolis.

Tipologia Precisão do

produtor (%)

Erros de

omissão (%)

Precisão do

usuário (%)

Erros de

inclusão (%)

Outros 99,1 0,9 97,4 2,6

Área Verde Pública 100,0 0,0 100,0 0,0

Verde Viário 100,0 0,0 100,0 0,0

Privada 93,3 6,7 82,4 17,6

Vegetação Ruderal 20,0 80,0 100,0 0,0

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

O coeficiente Kappa do mapa de diversidade da cobertura vegetal para o bairro Pitimbu

foi 0,72 e a Exatidão Global, 0,82. Os coeficientes de concordância individuais são

apresentados na Tabela 13 e a matriz de confusão na Tabela 14.

As classes do mapa de diversidade da cobertura vegetal para o bairro Pitimbu com

precisão do produtor de 100% foram Área Verde Pública, Verde Viário, Particular, Terreno

Público e Vegetação com Influência Fluvial. A menor precisão do produtor ocorreu para a

classe Vegetação Ruderal, 13,3% (86,7% de omissão, 25 pontos incluídos em Outros).

Com exceção da classe Outros, 74,9%, todas as classes mapeadas tiveram precisões do

usuário acima de 80%, conforme apresentado na Tabela 14. Os maiores erros de inclusão

ocorreram na classe Outros (25,1%) e na classe Vegetação Ruderal (20%).

Tabela 13– Coeficientes do mapa da diversidade de cobertura vegetal para o bairro Pitimbu.

Tipologia Precisão do

produtor (%)

Erros de

omissão (%)

Precisão do

usuário (%)

Erros de

inclusão (%)

Outros 99,0 1,0 74,9 25,1

Área Verde Pública 100,0 0,0 100,0 0,0

Verde Viário 100,0 0,0 100,0 0,0

Privada 91,7 8,3 95,7 4,3

Agricultura 88,9 11,1 88,9 11,1

Terreno Público 100,0 0,0 100,0 0,0

Vegetação Ruderal 13,3 86,7 80,0 20,0

Floresta Estacional Semidecidual 87,5 12,5 100,0 0,0

Savana 14,3 85,7 100,0 0,0

Vegetação com Influência Fluvial 100,0 0,0 100,0 0,0

Vegetação com Influência Marinha 74,0 26,0 100,0 0,0

Vegetação Secundária 51,9 48,1 100,0 0,0

Vegetação Degradada 66,7 33,3 100,0 0,0

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

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Tabela 14 – Matriz de confusão do mapa da diversidade de cobertura vegetal para o bairro Pitimbu.

Map

ead

o

Referência

Total

Ou

tro

s

Áre

a V

erd

e P

úb

lica

Ver

de

Viá

rio

Pri

vad

a

Agr

icu

ltu

ra

Terr

eno

blic

o

Veg

etaç

ão

Ru

der

al

Flo

rest

a

Esta

cio

nal

Se

mid

ecid

ual

Sava

na

Veg

etaç

ão c

om

In

flu

ênci

a Fl

uvi

al

Ve

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ção

co

m

Infl

uên

cia

Mar

inh

a

Veg

etaç

ão

Secu

nd

ária

Veg

etaç

ão

Deg

rad

ada

Outros 197 0 0 2 1 0 25 1 6 0 13 13 5 263

Área Verde Pública 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2

Verde Viário 0 0 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3

Privada 1 0 0 22 0 0 0 0 0 0 0 0 0 23

Agricultura 0 0 0 0 8 0 1 0 0 0 0 0 0 9

Terreno Público 0 0 0 0 0 6 0 0 0 0 0 0 0 6

Vegetação Ruderal 1 0 0 0 0 0 4 0 0 0 0 0 0 5

Floresta Estacional Semidecidual

0 0 0 0 0 0 0 7 0 0 0 0 0 7

Savana 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 Vegetação com Influência Fluvial

0 0 0 0 0 0 0 0 0 10 0 0 0 10

Vegetação com Influência Marinha

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 37 0 0 37

Vegetação Secundária 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 14 0 14

Vegetação Degradada 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 10 10

Total 199 2 3 24 9 6 30 8 7 10 50 27 15 390

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

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Os coeficientes totais do mapa de diversidade da cobertura vegetal para o bairro

Pajuçara foram 0,89, correspondendo ao coeficiente Kappa, e 0,93, que é a Exatidão Global.

Os coeficientes de concordância individuais para esse mapa são apresentados na Tabela 15 e a

matriz de confusão na Tabela 16.

As classes do mapa do bairro Pajuçara com precisão do produtor de 100% foram Área

Verde Pública, Verde Viário, Terreno Público e Vegetação com Influência Fluvial. A menor

precisão do produtor foi para a classe Vegetação Ruderal, 77,5%, omitindo-se 22,5% dos pontos,

que foram incluídos na classe Outros (Tabela 16).

A menor precisão do usuário ocorreu na classe Verde Viário, 50%, com 50% de inclusão

de 1 ponto da classe Outros. As demais classes mapeadas tiveram precisões acima de 90% e

podem ser visualizadas na Tabela 15. Considerando os resultados dos coeficientes totais e

individuais, os mapeamentos podem ser considerados válidos.

Tabela 15 – Coeficientes do mapa da diversidade de cobertura vegetal para o bairro Pajuçara.

Classes Precisão do

produtor (%)

Erros de

omissão (%)

Precisão do

usuário (%)

Erros de

inclusão (%)

Outros 97,5 2,5 92,0 8,0

Área Verde Pública 100,0 0,0 100,0 0,0

Verde Viário 100,0 0,0 50,0 50,0

Privada 90,5 9,5 90,5 9,5

Agricultura 84,2 15,8 100,0 0,0

Terreno Público 100,0 0,0 100,0 0,0

Vegetação Ruderal 77,5 22,5 93,9 6,1

Vegetação com Influência Fluvial 100,0 0,0 100,0 0,0

Vegetação com Influência Marinha 95,2 4,8 100,0 0,0

Vegetação Secundária 88,6 11,4 97,5 2,5

Vegetação Degradada 100,0 0,0 100,0 0,0

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

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71

Tabela 16 – Matriz de confusão do mapa da diversidade de cobertura vegetal para o bairro Pajuçara.

Map

ead

o

Referência

Total

Ou

tro

s

Áre

a V

erd

e

blic

a

Ver

de

Viá

rio

Pri

vad

a

Agr

icu

ltu

ra

Terr

eno

P

úb

lico

Veg

etaç

ão

Ru

der

al

Veg

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ão c

om

In

flu

ênci

a Fl

uvi

al

Veg

etaç

ão c

om

In

flu

ênci

a M

arin

ha

Veg

etaç

ão

Secu

nd

ária

Veg

etaç

ão

Deg

rad

ada

Outros 231 0 0 2 3 0 9 0 1 5 0 251

Área Verde Pública 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1

Verde Viário 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 2

Privada 2 0 0 19 0 0 0 0 0 0 0 21

Agricultura 0 0 0 0 16 0 0 0 0 0 0 16

Terreno Público 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1

Vegetação Ruderal 2 0 0 0 0 0 31 0 0 0 0 33

Vegetação com Influência Fluvial

0 0 0 0 0 0 0 4 0 0 0 4

Vegetação com Influência Marinha

0 0 0 0 0 0 0 0 20 0 0 20

Vegetação Secundária 1 0 0 0 0 0 0 0 0 39 0 40

Vegetação Degradada 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1

Total 237 1 1 21 19 1 40 4 21 44 1 390

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

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5.2.2 Diversidade da cobertura vegetal para os bairros

Os quatro bairros escolhidos para a aplicação da tipologia possuem, em conjunto, um

ICV de 24,2% e um ICVH de 38,6 m²/hab. Da cobertura vegetal, 44,5% é arbórea e 55,5%

arbustiva/herbácea. Considerando apenas a cobertura vegetal de porte arbóreo, o índice (ICVarb)

passa a ser de 10,7% e o ICVHarb, 17,2 m²/hab. Os índices calculados e outros parâmetros para

os bairros Cidade Alta, Petrópolis, Pitimbu e Pajuçara são apresentados na Tabela 17.

Tabela 17 – ICV e ICVH dos bairros Cidade Alta, Petrópolis, Pitimbu e Pajuçara.

Bairros Cobertura

Vegetal (ha) Bairro (ha)

População (hab)

ICV (%) ICVarb (%) ICVH

(m²/hab) ICVHarb

(%)

Cidade Alta 6,6 116,4 7.382 5,7 4,9 9,3 7,7

Petrópolis 10,0 78,4 5721 12,7 11,7 18,0 16,0

Pitimbu 189,4 744,6 25.088 25,4 11,2 76,5 33,3

Pajuçara 206,1 766,1 68.490 26,9 11,1 30,3 12,4

Total 412,1 1705,5 106.681 24,2 10,7 38,6 17,2

Fonte: Elaborado pela autora (2017). Áreas dos bairros com base em arquivo da SEMURB e

população dos bairros com base em Natal (2013).

Os maiores ICVs ocorreram nos bairros Pajuçara, 26,9% e Pitimbu, 25,4%, ambos

bairros de tecido urbano descontínuo. Os menores em Petrópolis, 12,7% e Cidade Alta, 5,7%,

bairros de tecido urbano contínuo. Ao considerar apenas as árvores (ICVarb), o bairro

Petrópolis obteve o maior valor, 11,7% e Cidade Alta o menor (4,9%).

Em relação ao ICVH, o maior valor obtido foi para o bairro Pitimbu (76,5 m²/hab) e o

menor para Cidade Alta, 9,3 m²/hab. O maior IVCH arbóreo continua sendo o de Pitimbu (30,3

m²/hab), seguido por Petrópolis (16 m²/hab). O menor é o de Cidade Alta, 7,7 m²/hab.

Os valores de cada classe de cobertura vegetal provenientes do mapeamento da tipologia

são apresentados na Tabela 18.

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73

Tabela 18 – Classes de cobertura vegetal dos bairros Pitimbu, Pajuçara, Cidade Alta e Petrópolis, onde Arv. = Arbóreo; Arb./Herb. = Arbustivo/Herbáceo.

Nº de classes

1º nível 2º nível 3º nível 4º nível

BAIRRO PITIMBU BAIRRO PAJUÇARA BAIRRO CIDADE ALTA BAIRRO PETRÓPOLIS

Área (ha)

% cobertura

vegetal

% bairro

Área (ha)

% cobertura

vegetal

% bairro

Área (ha)

% cobertura

vegetal

% bairro

Área (ha)

% cobertura

vegetal

% bairro

1 Natural Floresta Estacional Semidecidual

Terras baixas Arv. 7,55 3,98 1,01 - - - - - - 0,04 0,44 0,06

2 ... Savana Arv. 4,94 2,61 0,66 - - - - - - - - -

3 Vegetação com Influência Marinha

Arv. 7,09 3,74 0,95 31,06 15,07 4,05 - - - - - -

4 Arb./Herb. 54,89 28,98 7,37 0,01 0,01 0,00 - - - - - -

5 ... Vegetação com Influência Fluvial

Arb./Herb. 19,98 10,55 2,68 5,43 2,64 0,71 - - - - - -

6

Vegetação Secundária

Arv. 2,95 1,56 0,40 0,45 0,22 0,06 - - - - - - 7 Arb./Herb. 12,14 6,41 1,63 63,58 30,84 8,30 - - - - - -

8 ... Vegetação Ruderal

Arv. 0,27 0,14 0,04 - - - - - - - - -

9 Arb./Herb. 6,48 3,42 0,87 44,57 21,62 5,82 0,58 8,85 0,50 0,29 2,94 0,37

10

Vegetação Degradada

Arv. 6,52 3,44 0,88 0,03 0,02 0,00 - - - - - -

11 Arb./Herb. 1,66 0,88 0,22 0,23 0,11 0,03 - - - - - -

12 Antropizada Área Verde Pública Praça

Arv. 2,74 1,45 0,37 0,35 0,17 0,05 0,68 10,28 0,58 0,36 3,63 0,46

13 Arb./Herb. - - - 0,02 0,01 0,00 0,00 0,04 0,00 0,04 0,44 0,06

14

Verde Viário

Canteiro central

Arv. 0,71 0,38 0,10 0,66 0,32 0,09 0,40 6,11 0,35 3,86 38,71 4,92

15 Arb./Herb. 0,07 0,04 0,01 - - - - - - 0,00 0,05 0,01

16 Passeio público

Arv. 3,55 1,88 0,48 1,80 0,87 0,23 1,31 19,87 1,13 1,21 12,19 1,55

17 Arb./Herb. 0,03 0,01 0,00 0,00 0,00 0,00 - - - - - -

18 Privada

Arv. 25,76 13,60 3,46 29,59 14,35 3,86 3,06 46,33 2,63 3,68 36,98 4,70

19 ... Arb./Herb. 9,59 5,06 1,29 2,67 1,29 0,35 0,32 4,81 0,27 0,46 4,61 0,59

20 Agrícola

Cultivo permanente

Arv. 13,29 7,02 1,78 18,34 8,90 2,39 - - - - - -

21 Cultivo cíclico

Arb./Herb. 1,05 0,55 0,14 4,63 2,25 0,60 - - - - - -

22 ... Terreno Público

Arv. 8,11 4,28 1,09 2,72 1,32 0,35 0,24 3,71 0,21 - - -

Arb./Herb. 0,02 0,01 0,00 - - - - - - - - - Total da cobertura vegetal natural 124,5 65,7 16,7 145,4 70,5 19,0 0,6 8,9 0,5 0,3 3,4 0,4

Total da cobertura vegetal antropizada 64,9 34,3 8,7 60,8 29,5 7,9 6,0 91,1 5,2 9,6 96,6 12,3

Total 189,4 100,0 25,4 206,1 100,0 26,9 6,6 100,0 5,7 10,0 100,0 12,7

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

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Em relação ao percentual das áreas das classes de cobertura vegetal dos quatro bairros

em conjunto, constatou-se que há um predomínio da cobertura vegetal natural (65,7%) em

comparação com a antropizada. As classes Área Verde Pública, Savana e Floresta Estacional

Semidecidual são as menos expressivas em termos de área, representando menos de 5% da

cobertura vegetal total dos bairros em conjunto (Gráfico 5). As classes: Privada, Vegetação

Secundária e Vegetação com Influência Marinha, representam a maior parte da cobertura

vegetal dos bairros, 60%.

Gráfico 5 – Distribuição proporcional das diferentes classes de cobertura vegetal para o conjunto dos

bairros estudados.

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

Ao comparar o percentual das áreas das classes de cobertura vegetal entre os bairros de

tecido urbano contínuo e descontínuo (Tabela 18 e Figura 11), percebe-se que a cobertura

vegetal natural é mais expressiva em Pitimbu e Pajuçara, correspondendo, respectivamente, a

65,7% e 70,5% do total da cobertura vegetal de cada bairro. As classes de vegetação Savana,

Influência Marinha, Influência Fluvial, Secundária e Degradada foram encontradas apenas nos

bairros com tecido urbano descontínuo (Pitimbu e Pajuçara). Com exceção de algumas áreas da

classe Terreno Público no bairro Cidade Alta, a presença da cobertura vegetal Agrícola e em

Terreno Público ocorreu apenas nos bairros com tecido urbano descontínuo.

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Figura 11 – Distribuição proporcional das diferentes classes de cobertura vegetal para cada um dos

bairros estudados.

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

Em relação à cobertura vegetal antropizada, os bairros invertem-se, os maiores

percentuais ocorrem nos bairros Cidade Alta (91,1%) e Petrópolis (96,6%), de tecido urbano

contínuo. A cobertura vegetal da classe Privada representa 51% e 42% desses bairros,

respectivamente. Destacam-se também nesses bairros a importância da classe Verde Viário,

26% em Cidade Alta e 51% em Petrópolis, em relação à área total de cobertura vegetal (Figura

11).

Analisando os bairros de maneira isolada, Cidade Alta apresenta 8 classes de cobertura

vegetal, considerando-se todos os níveis da tipologia (Tabela 18). As classes de cobertura

vegetal com maior expressividade espacial, no 2º nível da tipologia, são a Privada (51%),

distribuída por todo o bairro Cidade Alta e em menor quantidade na sua área central, bem como

a Área Verde Pública do tipo praça (26%), próxima ao centro-oeste do bairro (Figuras 11 e 12).

No bairro, a cobertura vegetal Privada está localizada, principalmente, em fundos de quintais,

prédios públicos e estacionamentos.

A classe com menor expressividade é a cobertura vegetal em Terreno Público, em áreas

isoladas ao norte e sul do bairro Cidade Alta (4%). A Figura 12 apresenta o mapa da diversidade

de cobertura vegetal, para o 2º nível da tipologia, dos bairros Cidade Alta e Petrópolis.

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O bairro Petrópolis possui 9 classes de cobertura vegetal. Predominam espacialmente as

classes Verde Viário (51%), sobretudo do tipo Canteiro Central com distribuição regular ao

longo de suas principais vias e Privada (42%), representada principalmente em fundos de

quintais, prédios públicos e jardins de condomínios verticais. O menor percentual é o da

Floresta Estacional Semidecidual (0,4%), representada por um pequeno fragmento de

vegetação no limite com o Parque das Dunas.

O bairro Pitimbu possui 22 classes de cobertura vegetal (Tabela 18), a classe de

cobertura vegetal natural com maior expressividade no bairro é a Vegetação com Influência

Marinha (33%), distribuída nas ZPAs 1 e 3 e em uma faixa alongada na área central do bairro

(Figura 13). A segunda maior classe é a Privada (Antropizada), distribuída em pequenos

fragmentos em quase toda a área do bairro (19% da área de cobertura vegetal total),

principalmente em fundos de quintais e condomínios fechados.

A menor classe é a Área Verde Pública, localizada em praças (1%). Também destaca-

se em Pitimbu a classe Terreno Público (4%), conforme Figura 11. Os Terrenos Públicos são

áreas sem infraestrutura, associada, às vezes, aos depósitos de detritos e lixo, com cobertura

vegetal arbórea predominante. Essas duas classes estão distribuídas longitudinalmente no bairro

em um padrão espacial semelhante que pode ser visto na Figura 13.

Em Pajuçara existem 18 classes (Tabela 18). A classe com maior expressividade

espacial é a Vegetação Secundária (31%), distribuída ao longo da ZPA 9 e em duas grandes

áreas no centro-leste do bairro, no 2º nível da tipologia (Figuras 11 e 14). A Vegetação Ruderal

é a segunda classe mais presente, 22% da cobertura vegetal total do bairro, localizada em

terrenos públicos e privados sem edificação e ao redor de lagoas de captação, por exemplo. A

classe menos expressiva corresponde à Vegetação Degradada (0,1%), distribuída em uma

pequena área ao sul do bairro, limitando-se com a Vegetação Secundária.

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Figura 12 – Mapa de diversidade da cobertura vegetal para os bairros Cidade Alta e Petrópolis.

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

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Figura 13 – Mapa de diversidade da cobertura vegetal para o bairro Pitimbu.

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

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Figura 14 – Mapa de diversidade da cobertura vegetal para o bairro Pajuçara.

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

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De forma geral, os bairros com tecido urbano contínuo, Cidade Alta e Petrópolis,

apresentam uma menor quantidade de classes de cobertura vegetal do que os bairros com tecido

urbano descontínuo, Pitimbu e Pajuçara, respectivamente, 17 e 40 classes (Tabela 19). Essa

diferença se acentua ao comparar o número das classes de cobertura vegetal natural para os

bairros de tecido urbano contínuo, 3 classes, com os bairros de tecido urbano descontínuo, 19

classes.

Tabela 19 – Quantidade e proporção das classes de cobertura vegetal natural e antropizada para os

bairros com tecido urbano contínuo e descontínuo.

Bairros Número de classes % em relação ao bairro

Ocupação Natural Antropizada Natural Antropizada

Cidade Alta 1 7 0,5 5,2 Contínua

Petrópolis 2 7 0,4 12,3 Contínua

Pitimbu 11 11 16,7 8,7 Descontínua

Pajuçara 8 10 19,0 7,9 Descontínua

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

A cobertura vegetal antropizada é ligeiramente mais expressiva nos bairros de tecido

urbano contínuo (5,2% e 12,3%) do que nos bairros de tecido urbano descontínuo (8,7% e 7,9%),

pela influência da cobertura vegetal do bairro Petrópolis. Ao comparar somente a cobertura

vegetal natural, os bairros com tecido urbano contínuo possuem apenas 0,5% e 0,4% de sua

área coberta pela classe natural, enquanto os bairros com tecido urbano descontínuo apresentam

16,7% e 19% de sua área coberta por essa classe.

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6 DISCUSSÃO

Os resultados da acurácia do mapa da cobertura vegetal para Natal a partir da matriz de

confusão e os cálculos dos coeficientes, evidenciaram que o mapa da cobertura vegetal do

município por meio de imagens do Google Earth possui uma precisão satisfatória, visto que o

coeficiente total Kappa obtido foi de 0,82, que, segundo a classificação de Landis e Koch (1977),

está incluído na classe quase perfeito, entre 0,81 a 1. Este valor do coeficiente Kappa significa

que houve 82% de concordância entre a amostra de referência e o mapeamento realizado. A

Exatidão Global obtida foi de 0,92 e é sempre maior que o Kappa por incluir apenas as classes

corretamente classificadas, diagonal principal, e o número total de pontos amostrais.

Verificando os coeficientes individuais para a classe Cobertura Vegetal e a classe Outros

percebeu-se que o erro maior (21,6 %) foi o de omissão da Cobertura Vegetal. Analisando

visualmente os 27 pontos omissos sobrepostos à imagem original, foi possível averiguar que a

maior parte desses erros ocorreram no mapeamento da cobertura vegetal natural de porte

herbáceo, incluindo as Vegetações Ruderal, Secundária e Vegetação com Influência Marinha

Herbácea, que apresentaram em alguns momentos, na imagem do Google Earth, uma coloração

mais acinzentada, dificultando a classificação e sendo confundidos com a classe Outros.

Também deve ser levada em consideração a limitação da própria imagem, visto que a mesma

não possibilita a realização de uma composição de bandas ou criação de índices de vegetação,

que auxiliariam na distinção da cobertura vegetal e de outros tipos de cobertura da terra.

Analisando visualmente a classificação com base na imagem do Google Earth PRO

foram observadas áreas do rio Potengi que foram confundidas como cobertura vegetal devido

à coloração esverdeada da água, localizadas nos bairros da Ribeira, Salinas e Felipe Camarão.

A partir de uma análise visual dos bairros e considerando os pontos classificados corretamente,

percebeu-se que a classificação apresentou melhores resultados em áreas de cobertura vegetal

arbustiva e arbórea e que não estão próximas de corpos d’água.

Ressalta-se que o maior benefício da utilização da imagem proveniente do Google Earth

é a possibilidade de se obter um mapeamento em escala de detalhes de forma gratuita,

possibilitando o mapeamento de pequenas manchas de cobertura vegetal distribuídas em

passeios públicos, canteiros centrais e áreas privadas, elementos importantes na arborização das

cidades, como destacam Meneguetti (2003) e Alvarez e Gallo (2012).

Com o mapeamento apresentado no Capítulo 5, para o ano de 2013, foi obtido 4.626

hectares de cobertura vegetal para a cidade do Natal, equivalente a 27,5% do seu território. Em

relação à quantidade de cobertura vegetal por habitante, obteve-se 45,5 m²/hab considerando os

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36 bairros e 54,2 m²/hab incluindo o Parque das Dunas.

A cobertura vegetal de Natal apresenta-se muito fragmentada, pois 83% dos fragmentos

de cobertura vegetal são menores que 100 m². Os cinco maiores fragmentos dentre a cobertura

vegetal dos bairros, com áreas entre 100 e 1000 ha, que correspondem ao maior percentual em

relação à área de cobertura vegetal da cidade (32%), estão localizados nas ZPAs 9, 8, 2 e 6,

conforme Figuras 7 e 8 e a Tabela 3. O maior fragmento contínuo de cobertura vegetal

observado está presente na área do Parque Estadual Dunas do Natal, dentro da ZPA 2,

possuindo 693 ha de cobertura vegetal.

Foi possível averiguar que 63% da cobertura vegetal da cidade está inserida nas dez

ZPAs, sobretudo nas ZPAs 2, 8 e 9 (Tabela 5 e Figura 8). Caso fosse suprimida toda essa

cobertura vegetal, o ICV de Natal passaria a ser de 10,3% e o ICVH seria de 20,3 m²/hab.,

índices quase três vezes menores que os atuais. As ZPAs de Natal se destacam, pois são de

grande importância para o equilíbrio ambiental da cidade, atuando na regulação microclimática,

preservação da biodiversidade, recarga do aquífero, proteção das margens dos rios, dentre

outras funções. Elas também merecem atenção, pois mesmo aquelas regulamentadas como

áreas de preservação podem ser parcialmente removidas, caso sejam feitas obras de

infraestrutura consideradas como de utilidade pública, possibilidade prevista na lei de utilização

e proteção da vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica (BRASIL, 2006).

Das dez ZPAs presentes em Natal, apenas duas possuem áreas verdes públicas em seu

interior, sendo elas a ZPA 2, uma zona com 16% da cobertura vegetal da cidade e que abriga o

Parque Estadual Dunas do Natal e, a ZPA 1, correspondendo a 1,5% da cobertura vegetal da

cidade, na qual está localizado o Parque da Cidade Dom Nivaldo Monte.

O Parque das Dunas abrange 1.172 ha e é considerado o maior parque urbano sobre

dunas do Brasil (RIO GRANDE DO NORTE, 2015), enquanto que o Parque da Cidade, de

administração municipal, possui uma área de 136,54 ha (NATAL, 201-?). Comparativamente,

o Parque Nacional da Tijuca, localizado no município do Rio de Janeiro, apresenta 3.953 ha

(PARQUE DA TIJUCA, 2017), o Central Park, localizado na cidade de Nova York e o mais

visitado dos EUA apresenta 341 ha (CENTRAL PARK CONSERVANCY, 2017), enquanto

que o Hyde Park, localizado em Londres, Inglaterra, possui 141,64 ha (THE ROYAL PARKS,

2017). As demais ZPAs da cidade do Natal são de difícil acesso, destinadas sobretudo à

preservação ambiental.

Comparando os resultados apresentados com outras cidades brasileiras, Natal se

encontra em uma posição intermediária, com ICV, por exemplo, maior que Santa Maria-PR

(17%), Maringá-PR (14%), Vitória-ES (10%), Ponta Grossa-PR (9%) e Goiânia-GO (8%), mas

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menor que o de Belém-PA (37%), Mossoró-RN (30%) e Salvador-BA (28%), segundo valores

apresentados, respectivamente, por Alves (2012), Sampaio et al. (2012), Souza et al., (2013),

Queiroz e Ribeiro (2013), Martinho et al. (2012), Luz e Rodrigues (2014), Silva (2015) e

Oliveira et al. (2009).

O ICVH de Natal aproxima-se do que foi obtido para Maringá-PR (54 m²/habitante) e

para Salvador-BA (32 m²/habitante). Cabe destacar que no presente estudo foi considerada toda

a cobertura vegetal de plantas arbóreas, arbustivas e herbáceas, diferentemente do que é

considerado por alguns dos estudos acima citados.

É importante lembrar que a comparação entre as pesquisas deve ser feita com cautela,

tendo em vista que metodologias diferentes podem gerar resultados diferentes. Alguns autores

optaram pela classificação digital de imagens, considerando o método de classificação

orientado a objetos (SILVA, 2015), outros pela interpretação visual (SOUZA et al., 2013) e

outros pela obtenção da cobertura vegetal por NDVI (OLIVEIRA et al., 2013). Diferenças

podem ocorrer também quanto ao que é considerado como cobertura vegetal. Sampaio et al.

(2012) mapearam somente a cobertura vegetal arbórea, Queiroz e Ribeiro (2013) consideraram

as áreas agrícolas, reflorestamentos e as áreas naturais, enquanto que na presente pesquisa

foram incluídos todos os portes de plantas.

As variações também ocorreram em relação à data da imagem pela qual foi feito o

levantamento e o tipo de satélite utilizado, que repercute no detalhamento da cobertura vegetal.

Luz e Rodrigues (2014) utilizaram imagens do satélite IKONOS, para o ano de 2006, com

resolução espacial de 1 metro, enquanto que Martinho et al. (2012) mapearam a cobertura

vegetal por meio de imagens do Landsat 5, com 30 metros de resolução, para o ano de 2011.

Em relação à distribuição da cobertura vegetal nos bairros do Natal, também foi possível

constatar que a maioria dos bairros com maior cobertura vegetal, tanto em termos percentuais

(ICV maior que 25%) quanto em disponibilidade para seus habitantes (ICVH maior que 50

m²/hab), possuem ZPAs em seu interior e se localizam nas áreas periféricas da cidade. Em

contraponto, boa parte dos bairros mais antigos, onde a ocupação da cidade foi iniciada, na

Região Administrativa Leste, possui menos cobertura vegetal, com ICVs menores que 10% e

ICVHs menores que 10 m²/hab.

Um dos bairros de Natal que merece destaque é Salinas, localizado na Região

Administrativa Norte. Ele apresenta o maior ICVH entre os bairros, 1.195,3 m²/hab, explicado

pela baixa população e por abrigar uma grande área de cobertura vegetal vinculada à ZPA 8.

Possui uma área de Área de Preservação Permanente de manguezal, legalmente protegida pelas

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legislações a nível municipal, estadual e federal, mas que pode ser suprimida caso sejam

realizados projetos julgados como de utilidade pública.

No que concerne aos estudos sobre a cobertura vegetal de Natal, verifica-se que o padrão

de distribuição espacial encontrado na presente pesquisa confirma os resultados apresentados

por Silveira et al. (2012) e Sucupira (2013), o município apresenta uma distribuição

diferenciada da cobertura vegetal, mais dispersa no centro e concentrada nas áreas periféricas.

Em relação ao percentual de cobertura vegetal dos bairros obtido por Sucupira (2013),

observa-se que, de modo geral, os percentuais dos bairros obtidos pelo autor apresentaram-se

mais elevados do que os índices encontrados na presente pesquisa. Segundo Sucupira (2013),

Natal apresenta 40,4% de cobertura vegetal, enquanto que nesta pesquisa o valor obtido foi de

27,5%. Caso fossem considerados no somatório todos os fragmentos abaixo de 10 m² (supondo

que todos fossem de fato cobertura vegetal), o ICV passaria para 28,5%, mesmo assim

diferenciando-se em 11,9% do encontrado por Sucupira (2013).

Alguns aspectos podem ser levantados para explicar essa diferença no ICV. As imagens

não foram obtidas no mesmo ano e foram fornecidas por satélites diferentes, Sucupira (2013)

utilizou imagens de 2010 do satélite WorldView-2, com 0,5 m de resolução espacial no modo

pancromático e 2 metros de resolução para as bandas multiespectrais e, na presente pesquisa,

utilizou-se um mosaico elaborado pela SEMURB com base em imagens de 2012/2013 retiradas

do Google Earth PRO, com resolução de aproximadamente 50 centímetros.

As metodologias empregadas também foram diferentes, Sucupira (2013) baseou-se no

cálculo do NDVI para obtenção da cobertura vegetal, utilizando fusões e recortes das imagens

pancromáticas e multiespectrais (bandas 7, 5 e 3), enquanto que nesta pesquisa optou-se pela

segmentação e classificação supervisionada da cobertura vegetal com base na imagem

composta pelas bandas 3, 2, 1 e posterior transformação dos dados raster em vetores, além de

ter sido adotada uma área mínima mapeável (10m²), o que não foi indicado no estudo de

Sucupira (2013).

Supõe-se que no período de 2010 para 2012/2013 a cobertura vegetal diminuiu como

consequência do processo de expansão de áreas antropizadas e que a escolha da área mínima

mapeável, aliada à omissão de áreas de cobertura vegetal na classificação, sobretudo herbácea,

tenham causado essa diferença do ICV entre os mapeamentos. Ressalta-se que não foi

apresentada no estudo de Sucupira (2013) uma avaliação da acurácia do mapa que poderia

subsidiar uma validação do que foi apresentado pelo autor e permitir uma comparação mais

detalhada com os dados desta pesquisa.

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A identificação, a qualificação (diversidade) e o mapeamento da cobertura vegetal dos

bairros Cidade Alta, Petrópolis, Pitimbu e Pajuçara mostraram-se satisfatórios a partir da

avaliação da acurácia pelas técnicas adotadas. Os coeficientes Kappa para os bairros, segundo

a classificação de Landis e Koch (1977), estão incluídos entre as classes forte e quase perfeito,

variando de 0,72 a 0,89, indicando que existe concordância entre os mapas e as amostras de

referência.

Foi observado que os maiores acertos em relação às amostras de referência (precisão do

produtor) ocorreram nas classes de cobertura vegetal Antropizada, enquanto que os maiores

erros de omissão ocorreram nas classes Savana, Vegetação Secundária e Vegetação Ruderal. A

precisão do produtor teve uma média de 83% e os erros de omissão, 17%. Quanto ao acerto em

relação ao que foi mapeado (precisão do usuário), houve em média 95% de precisão. Os erros

de inclusão foram menores que 7%.

De forma geral, os problemas de mapeamento decorreram da omissão de áreas de

cobertura vegetal natural de porte herbáceo no momento da classificação supervisionada

utilizada como base para o mapeamento, interferindo na precisão do produtor e nos erros de

omissão, e não no processo de interpretação visual dos polígonos e atribuição das classes de

cobertura vegetal, que se refere a precisão do usuário e erros de inclusão.

Segundo Antunes e Lingnau (1997) a utilização da matriz de confusão é uma boa técnica

para a avaliação da acurácia de mapeamentos, pois a partir dela é possível averiguar as

confusões existentes entre as classes. Os autores também ressaltam a importância da análise da

precisão individual das classes quando algumas classes específicas são importantes ou

interessam mais do que as outras.

Com os resultados obtidos da diversidade da cobertura vegetal, percebeu-se que

aproximadamente metade da cobertura dos quatro bairros é arbustiva/herbácea e metade é

arbórea. O ICV arbóreo para os quatro bairros encontrado foi de 10,7% e o ICVHarb, 17,2

m²/hab. Essa constatação é importante na medida em que são as árvores as que mais influenciam

na melhoria do microclima.

Extrapolando o total da cobertura vegetal arbórea dos quatro bairros analisados para

todo o município, estima-se que a cobertura vegetal arbórea de Natal seja de 2.058,1 ha,

resultando em um ICVarb. de 12,2% e ICVHarb de 24,1 m²/hab, substancialmente inferior ao

que foi encontrado nos resultados considerando todos os portes de plantas (ICV de 27,5% e

ICVH de 54,2 m²/hab).

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Os ICV e ICVH foram maiores nos bairros periféricos e com tecido urbano descontínuo,

Pajuçara e Pitimbu, do que nos bairros centrais e com tecido urbano contínuo, Cidade Alta e

Petrópolis (Tabela 17). A ocupação do bairro Cidade Alta foi iniciada no período colonial e a

de Petrópolis, de forma mais ordenada, a partir de 1901. Os dois possuem atividades comerciais

e de serviços expressivas até hoje. Pitimbu e Pajuçara são bairros residenciais que foram

ocupados a partir da construção de conjuntos habitacionais nas décadas de 1980 e 1990 e que

ainda apresentam espaços livres que podem ser ocupados, além de áreas de preservação.

Resultados semelhantes foram encontrados por Luchiari (2001), Oliveira et al. (2013),

Souza et al. (2013), Queiroz (2014) e Silva (2015), respectivamente, para as cidades de

Campinas-SP, Salvador-BA, Ponta Grossa-PR, e Mossoró-RN, destacando em seus estudos a

relação entre a distribuição da cobertura vegetal e o processo de expansão urbana, de modo que

a cobertura vegetal mostrou-se mais concentrada nas áreas periféricas e em áreas de preservação

ambiental, e mais fragmentada e isolada nas áreas centrais e mais antigas da cidade.

Em relação as classes de cobertura vegetal dos quatro bairros, foi encontrado um

percentual maior da classe Natural do que da classe Antropizada (Gráfico 3). A cobertura

vegetal Natural mostrou-se menos fragmentada, apresentando manchas maiores e mais

contínuas, sobretudo, nos bairros com tecido urbano descontínuo, Pajuçara (Vegetação

Secundária) e Pitimbu (Vegetação com influência Marinha). Essa expressividade justifica-se

pelo tamanho desses bairros e por abrigarem partes das ZPAs 9, 1 e 3, conforme Figuras 8 e 11.

Essas ZPAs possuem ecossistemas de dunas, lagoas e rios de grande importância para a recarga

dos aquíferos subterrâneos e de lagoas que abastecem a cidade.

A presença substancial da cobertura vegetal em Terrenos Públicos e das Vegetações

Ruderal, Secundária e Degradada, nos bairros com tecido urbano descontínuo, pode ser um

indicador de uma futura expansão da ocupação nesses bairros, já que são espaços livres com

grande influência antrópica (por meio de desmatamento, queima, depósito de detritos e lixo) e

sem uma função urbana estabelecida. Segundo Tardin (2008, p. 45), “como possível lugar para

a futura ocupação urbana, os espaços livres constituem a oportunidade para a reestruturação do

território”.

Os bairros Pitimbu e Pajuçara foram os únicos com a presença da classe de cobertura

vegetal Agrícola, evidenciando que mesmo a cidade sendo considerada totalmente urbana,

existem áreas com atividades agrícolas em seu território. Essa constatação reafirma o que

Santos (2009) discutiu sobre a utilização de terrenos vazios nas proximidades de aglomerações

urbanas para atividades agrícolas com fins de abastecimento da população da cidade.

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Verificou-se que grande parte da cobertura vegetal dos bairros está presente na classe

Privada, representando 18% da cobertura vegetal total dos bairros. Ela é consideravelmente

mais expressiva nos bairros com tecido urbano contínuo do que nos bairros com tecido urbano

descontínuo, correspondendo à 42% do bairro Petrópolis e 51% do bairro Cidade Alta. Essa

classe representa áreas em que o acesso pela população é restrito, como fundos de quintais,

jardins privados e terrenos sem edificações, com cobertura vegetal arbórea ou

arbustiva/herbácea e bastante fragmentada.

O bairro que apresentou maior percentual da classe Antropizada foi Petrópolis (97%),

destacando-se o Verde Viário, que corresponde à 51% da cobertura total do bairro (Figura 11).

Petrópolis é um bairro que foi criado a partir de um plano de ordenamento urbano no início do

século XX, destinado à elite da época (LIMA, 2006). Apesar do verde viário ser expressivo no

bairro, de acordo com Cestaro et al. (2003) e Santos, Lisboa e Carvalho (2012), mais de 70%

das espécies e mais de 50% das árvores encontradas nas vias públicas de Petrópolis são exóticas.

As plantas exóticas podem crescer rapidamente e se transformar em plantas invasoras que

competem por recursos com a plantas nativas, gerando um desequilíbrio ambiental (MATOS;

QUEIROZ, 2009).

Ao analisar a classe Área Verde Pública nos quatro bairros, foi verificado que os bairros

com tecido urbano contínuo apresentam um maior percentual dessa classe em relação aos outros

tipos de cobertura vegetal, sobretudo o bairro Cidade Alta, com aproximadamente 10% do total

de sua cobertura vegetal representado por essa classe, apresentando 20 praças públicas. A Área

Verde Pública é a classe menos expressiva na totalidade dos bairros, correspondendo à apenas

1% da cobertura vegetal total (Gráfico 5).

É interessante que esse quadro seja revertido, ampliando-se as áreas verdes públicas em

diferentes espaços da cidade, pois além de serem um indicador de qualidade ambiental urbana,

as áreas verdes contribuem para a diversificação da paisagem e podem ser utilizadas como

espaços de lazer para a população (MINAKI, AMORIM E MARTIN, 2006).

Foi possível perceber uma diferenciação das funções da cobertura vegetal nos bairros

com tecido urbano contínuo e descontínuo, que, no contexto natalense, estão localizados em

áreas centrais e periféricas. Conforme assinalado por Paiva e Gonçalves (2002), há uma

escassez e perda da diversidade da cobertura vegetal natural nas áreas centrais, atuando mais

como paliativo psicológico e estético, e uma maior abundância e diversidade nas áreas

periféricas.

Em síntese, ao analisar as classes de cobertura vegetal, percebeu-se que há uma maior

diversidade de classes de cobertura vegetal (40 classes) nos bairros com tecido urbano

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descontínuo e maior expressividade da classe Natural (representando mais de 60% da cobertura

vegetal total desses bairros). A diversidade das classes de cobertura vegetal nos bairros com

tecido urbano contínuo é comparativamente menor, 17 classes, e a classe de cobertura vegetal

Antropizada representa mais de 90% da cobertura total desses bairros.

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7 CONCLUSÕES

O mapeamento e a quantificação da cobertura vegetal por meio da segmentação e

classificação supervisionada utilizando imagens provenientes do Google Earth PRO

mostraram-se satisfatórios, considerando os resultados da avaliação da acurácia temática. O

mesmo pode ser dito para o mapeamento da diversidade da cobertura vegetal nos quatro bairros

selecionados, que foi realizado por meio de interpretação visual dos polígonos obtidos pela

classificação supervisionada, proporcionando maior agilidade no mapeamento das classes do

que se as mesmas fossem vetorizadas manualmente.

Recomenda-se a utilização dessa metodologia para o mapeamento da cobertura vegetal

em áreas urbanas na escala de detalhes, sobretudo para áreas onde a cobertura vegetal é

fragmentada e predominantemente arbórea, diminuindo possíveis erros de omissão.

Com o diagnóstico da cobertura vegetal conclui-se que Natal ainda apresenta uma

cobertura vegetal significativa em comparação com outras cidades, mas que é mal distribuída

sobre o território, situação também observada em outras cidades brasileiras. A cobertura vegetal

está concentrada, em termos de área, em bairros periféricos com presença de ZPAs. Fora das

ZPAs ela apresenta-se fragmentada em áreas menores. Essa fragmentação ocasiona a

simplificação dos ecossistemas, diminuindo os serviços que eles podem oferecer.

Os resultados também evidenciam a grande importância que as Zonas de Proteção

Ambiental possui para a manutenção da cobertura vegetal existente, pois abrigam mais da

metade da cobertura vegetal da cidade. Essa constatação mostra a necessidade de se ter um

esforço maior na manutenção das áreas preservadas diante dos diversos benefícios que elas

trazem para o ambiente urbano e dos conflitos de uso existentes.

A análise da diversidade da cobertura vegetal mostrou que existe uma diferença entre

os bairros de ocupação antiga e densamente construídos e aqueles em que a ocupação ainda está

em curso, com maior presença de espaços livres. Os bairros Cidade Alta e Petrópolis, mais

antigos, apresentaram uma menor diversidade de cobertura vegetal e maior expressividade de

cobertura Antropizada, com destaque para as classes Verde Viário e Particular.

Os bairros Pitimbu e Pajuçara, mais novos, apresentaram maiores porções de cobertura

vegetal Natural, principalmente as classes Vegetação com Influência Marinha, Vegetação

Secundária e Vegetação Ruderal, além de uma maior diversidade de classes de cobertura

vegetal.

Foi possível constatar a pouca expressividade das Áreas Verdes Públicas nos quatro

bairros, embora sejam importantes na melhoria da qualidade de vida dos citadinos pelas funções

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ecológicas, estéticas de lazer que proporcionam. Os Terrenos Públicos e as áreas de Vegetações

Ruderal e Degradada de domínio público poderiam ser utilizadas para criação de Áreas Verdes

Públicas, trazendo um novo sentido a essas áreas, que muitas vezes são utilizadas como depósito

de lixo ou abandonadas pelo poder público.

Os quatro bairros de Natal apresentaram cobertura vegetal diversa, associada ao período

de ocupação dos mesmos e à presença de ZPAs. Os bairros com tecido urbano descontínuo

apresentam áreas com Vegetações Secundária, Ruderal e Degradada, inclusive no interior das

ZPAs, que podem vir a se tornar Privadas caso medidas não sejam tomadas no sentido de

ordenar a ocupação antrópica, podendo acarretar em uma diminuição dos espaços livres e dos

serviços ecossistêmicos que as áreas verdes oferecem. É importante que a ocupação dos bairros

Pitimbu e Pajuçara seja planejada para que não acorra a mesma situação dos bairros Cidade

Alta e Petrópolis, nos quais a cobertura vegetal foi historicamente suprimida.

Novos estudos podem ser realizados com base no que foi iniciado nessa pesquisa, como

a avaliação da acurácia do mapeamento utilizando imagens do Google Earth PRO distinguindo

a cobertura vegetal arbustiva/herbácea da arbórea; análise sobre as áreas verdes públicas e o

verde viário para toda a cidade; avaliações temporais da cobertura vegetal; e análise das relações

entre cobertura vegetal e aspectos socioeconômicos da cidade.

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