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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
CURSO DE BIBLIOTECONOMIA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
SUZEL TEREZINHA SOARES
BIBLIOTECÁRIO ESCOLAR: PROFISSIONAL COM COMPETÊNCIA
INFORMACIONAL PARA A DOCÊNCIA EM DISCIPLINA DE INTRODUÇÃO À
METODOLOGIA DA PESQUISA E DO TRABALHO CIENTÍFICO?
Natal/RN
2012.2
SUZEL TEREZINHA SOARES
BIBLIOTECÁRIO ESCOLAR: PROFISSIONAL COM COMPETÊNCIA
INFORMACIONAL PARA A DOCÊNCIA EM DISCIPLINA DE INTRODUÇÃO À
METODOLOGIA DA PESQUISA E DO TRABALHO CIENTÍFICO?
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Atividade
Complementar Obrigatória – BIB 0134 –, ministrada
pela Profª Jacqueline Cunha, do Departamento de
Ciência da Informação do Centro de Ciências Aplicadas
da UFRN, como requisito parcial para a obtenção do
título de Bacharel em Biblioteconomia.
Professora Orientadora: Doutora Nadia Vanti
Natal/RN
2012.2
Catalogação da Publicação na Fonte
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Departamento de Ciência da Informação
S676b Soares, Suzel Terezinha.
Bibliotecário escolar: profissional com competência informacional
para a docência em disciplina de introdução à metodologia da pesquisa e
do trabalho científico? / Suzel Terezinha Soares. – Natal, 2012.
55 f. : il.
Orientador: Profª. Nadia Vanti Vitullo.
Monografia (Graduação em Biblioteconomia) – Universidade
Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Sociais Aplicadas.
Departamento de Ciência da Informação. Curso de Biblioteconomia.
1. Biblioteca escolar - Monografia. 2. Bibliotecário - Monografia. 3.
Metodologia da pesquisa e do trabalho científico - Monografia. 4.
Competência informacional - Monografia. I. Vitullo, Nadia Vanti. II.
Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.
RN/UF/DECIN CDU 027.8
SUZEL TEREZINHA SOARES
BIBLIOTECÁRIO ESCOLAR: PROFISSIONAL COM COMPETÊNCIA
INFORMACIONAL PARA A DOCÊNCIA EM DISCIPLINA DE INTRODUÇÃO À
METODOLOGIA DA PESQUISA E DO TRABALHO CIENTÍFICO?
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Atividade
Complementar Obrigatória – BIB 0134 –, ministrada
pela Profª Jacqueline Cunha, do Departamento de
Ciência da Informação do Centro de Ciências Sociais
Aplicadas da UFRN, como requisito parcial para a
obtenção do título de Bacharel em Biblioteconomia.
Trabalho de Conclusão de Curso / Graduação aprovado em 10/12/2012 pela Banca
Examinadora composta pelos seguintes membros:
________________________________________________
Professora Doutora Nadia Vanti Vitullo (UFRN) - Orientadora
________________________________________________
Professora Mestra Mônica Carvalho (UFRN) - Convidada
_________________________________________________
Professor Mestre André Anderson Cavalcante Felipe - Convidado
Natal/RN
2012.2
Dedico esse trabalho a todos os profissionais docentes da educação
básica pública do Brasil, que, embora passem por um labor de
muitas dificuldades, sempre procuram maneiras diversas de
conciliar o ensino-aprendizado à melhoria do conhecimento dos
educandos.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos os professores do curso de Biblioteconomia que se
dedicaram ao aprendizado dessa aluna, cuja idade já adiantada
para estar no banco de uma graduação, se dedicou a concluir outra
etapa de sua vida, no processo que se irá falar no corpo desse
trabalho, que é aprender para o resto da vida.
Fazendo jus ao pensamento do professor Paulo Freire, que, sempre se
aproximando criticamente das leituras, nunca aceitou passivamente
teorias geradas em lugares ou épocas que não lhe pertenciam.
(CHABALGOITY)
BIBLIOTECÁRIO ESCOLAR: PROFISSIONAL COM COMPETÊNCIA
INFORMACIONAL PARA A DOCÊNCIA EM DISCIPLINA DE INTRODUÇÃO À
METODOLOGIA DA PESQUISA E DO TRABALHO CIENTÍFICO?
RESUMO
Analisa-se, nesse trabalho, a possibilidade de se atribuir ao bibliotecário escolar uma
disciplina de Introdução à Metodologia da Pesquisa e do Trabalho Científico em escolas
públicas do ensino médio básico. Para isso, levam-se em conta as próprias diretrizes do MEC
sobre a educação básica, em especial o ensino médio, cujo incentivo à pesquisa e a trabalhos
nas áreas tecnológicas já é bem motivado. Busca-se na Information Literacy a base da
pesquisa para os dados, informação e conhecimento, e afirma-se que bibliotecas escolares
públicas não necessitam, necessariamente, de altos financiamentos para se manterem, pois
podem se beneficiar de softwares livres em seus espaços e serviços. Usa da metodologia
exploratória feita na revisão de literatura bibliográfica e eletrônica, e objetiva a inserção da
biblioteca escolar e da sala de informática em um mesmo espaço físico, lideradas pelo
bibliotecário para uma contribuição à competência informacional. Conclui que, no Brasil,
ainda há muito que se fazer para se chegar a um ensino básico de qualidade, e a contratação
de bibliotecários em cada instituição de ensino irá servir de vanguardismo na eficiência de um
novo modelo de currículo escolar do ensino médio básico público.
Palavras-chave: Biblioteca Escolar. Bibliotecário. Prática Pedagógica. Metodologia da
Pesquisa e do Trabalho Científico. Competência Informacional.
SCHOOL LIBRARIAN: PROFESSIONAL WITH INFORMATION LITERACY TO
TEACH IN DISCIPLINE OF INTRODUCTION TO RESEARCH METHODOLOGY
AND SCIENTIFIC WORK?
ABSTRACT
It is analyzed in this work, the possibility of assigning to the school librarian the discipline
Introduction to Research Methodology and Scientific Work in public schools of high school
basics. For this, are considered the guidelines from the Ministery of Education for basic
education, especially those concerned to the high school, in which the encouragement to
research and to work on technological areas are already promoted. It is considered the
Information Literacy the base to research for data, information and knowledge, and it is
affirmed that public school libraries do not need, necessarily, high financing to be maintained,
because they can be benefited from free softwares in its spaces and services. This work also
use the exploratory methodology done in revision of the literature bibliographic and
electronic, and aim to join the school library and the informatic classes in the same physical
space, led by a librarian for a contribution to informational competency. Concludes that, in
Brazil, there is still much to do to reach a quality basic education and that the hiring of
librarians, in each education institute, will serve as a vanguardism in efficiency of a new
model of educational curriculum of public basic school.
Keywords: School Library. Librarian. Pedagogical Practice. Research Methodology and
Scientific Work. Information Literacy.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – Habilidades para ser considerado capaz de lidar com a informação ................ 38 FIGURA 2 – Concepções de Information Literacy ................................................................... 45
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 10
2 DO FLORESCER DA INFORMAÇÃO REGISTRADA ÀS BIBLIOTECAS ...................... 14
3 SOCIEDADE E INFORMAÇÃO ............................................................................................... 19
4 BIBLIOTECA E INFORMAÇÃO ............................................................................................. 27
4.1 BIBLIOTECA E BIBLIOTECÁRIO ESCOLAR .................................................................. 28
5 INFORMATION LITERACY .................................................................................................... 31
5.1 A COMPETÊNCIA INFORMACIONAL E A BUSCA POR INFORMAÇÃO
RELEVANTE ............................................................................................................................. 35
5.2 INFORMATION LITERACY EDUCATION ............................................................................ 39
6 METODOLOGIA DA PESQUISA E DO TRABALHO CIENTÍFICO ................................. 46
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................................... 48
REFERÊNCIAS .............................................................................................................................. 49
ANEXO 1 - DEPOIMENTO DE ALUNO DE GRADUAÇÃO DA UFRN ................................ 54
ANEXO 2 - PLANO DE ENSINO EM METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO . 55
10
1 INTRODUÇÃO
A informação é a fonte do aprendizado humano; e, através de símbolos como a
linguagem, os sentidos e outros códigos, o conhecimento sobre a realidade em que o
indivíduo está inserido, é que influenciará os conceitos sobre o seu comportamento sócio-
político-econômico.
De acordo com a história universal como a conhecemos, todo conteúdo gerado por
grupos humanos necessitou de uma simbologia que retratasse a linguagem. Foi então criada a
escrita que, através de “uma linguagem visual que fixa a linguagem articulada [...] é a
atribuição de um valor simbólico ao sinal gravado. Seu objetivo é fixar a linguagem articulada
que é efêmera e transitória”. (HISTÓRIA, slide 2).
Para se apoderar dessa simbologia, a criança necessita construir associações que
equivalem ao código da língua materna, captando imagens e solucionando abstrações para
poder se apoderar de informações que a interessam.
Soares (2004, p. 7) conta que o argumento mais importante de países como os Estados
Unidos para a busca de outra maneira de conseguir que os jovens estudantes fizessem uso do
saber ler e do escrever foi “que o problema não estava na illiteracy (no não saber ler e
escrever), mas na literacy (no não-domínio de competências de uso da leitura e da escrita)”.
Neste trabalho, propõe-se discutir a literacy no Brasil – o não-domínio do uso da
leitura e da escrita –, partindo da concepção de escolas públicas de ensino médio, para
alicerçar uma proposta de inserção na estrutura curricular de uma carga horária disciplinar
voltada para o aprendizado da metodologia da pesquisa e do trabalho científico, contribuindo,
dessa maneira, para as habilidades e competências que se exige do aluno do ensino médio no
mundo globalizado, em consonância com o conhecimento geral das ciências em todas as suas
dimensões, alimentada pela prova universal do ENEM1, que prova a maturidade de conceitos
relacionados à pesquisa.
Busca-se relacionar o conceito literacy à educação, cujo cunho já foi metabolizado
como Informacion Literacy Education, para contextualizar a participação da biblioteca, e do
bibliotecário, no ensino-aprendizagem da educação básica.
Nesse entendimento, algumas questões são levantadas.
1. A proposta da disciplina Introdução à Metodologia da Pesquisa e do Trabalho Científico na
estrutura curricular do ensino básico já existe precedente?
1 Exame Nacional do Ensino Médio, feito pelo MEC – Ministério de Educação e Cultura.
11
2. O bibliotecário pode atuar como mediador dessas competências?
3. A intermediação pelo bibliotecário escolar na competência informacional do aluno e no
Método da Pesquisa e do Trabalho Científico contribui para as competências e habilidades no
mundo do trabalho?
Esses questionamentos resultam de um problema averiguado enquanto docente da
disciplina de Língua Portuguesa no ensino médio da educação pública do Rio Grande do
Norte, cujo tema tratado nesse trabalho tornou-se fundamental para ser abordado dentro da
área de biblioteconomia, pois, de acordo com a angústia da pesquisadora em ver os trabalhos
acadêmicos serem entregues sem nenhuma padronização e critérios metodológicos, os
discentes ficavam intrigados quando a professora exigia a feitura dos trabalhos em uma
organização normatizada.
Devido a essa preocupação, nota-se, também, que a pesquisa é, muitas vezes,
confundida com a simples reprodução do que se lê, fazendo dos trabalhos uma cópia fiel,
mesmo sendo ensinado pela professora da disciplina a maneira correta de pesquisar.
Dessa maneira, o objeto de estudo desse trabalho é o bibliotecário na condição de
educador, utilizando suas competências informacionais como forma de contribuir na melhor
maneira de ministrar a disciplina de Metodologia da Pesquisa; consequentemente, ele pode
auxiliar o aluno a reconhecer as referências de outros autores e, automaticamente, a citá-los
em seus manuscritos; e, também, a representar o conteúdo abordado de maneira padronizada e
consciente, como realmente é a Metodologia do Trabalho Científico.
No trabalho também é abordado o fato de que já é contemplada a disciplina
Metodologia da Pesquisa e do Trabalho Científico em ensino básico, que une o ensino médio
com o ensino profissionalizante, e é ministrada por bibliotecário, e tem como (Anexo 22):
Competências gerais:
1. Apresentar aos alunos a estrutura de projeto de pesquisa e TCC;
2. Instrumentalizar os Alunos com Fundamentos metodológicos necessários para a elaboração
do projeto de pesquisa e TCC;
3. Apresentar o Trabalho de Conclusão de Curso de acordo com os critérios adotados pela
Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT.
E como competências específicas:
1. Conceituais (Saber Conhecer):
2 Anexo 2: Plano de Ensino ministrado no CTGAS-ER (Centro de Tecnologias do Gás e
Energias Renováveis). (CTGAS-ER, 2012).
12
Conhecer as normas e o manual do aluno, bem como saber manuseá-los para aplicação nos
trabalhos de conclusão de curso.
2. Procedimentais (Saber Fazer):
Estruturação de projetos e trabalhos de conclusão de curso.
3. Atitudinais (Saber Ser):
Estar apto a elaborar documentos e trabalhos científicos dentro das normas estabelecidas.
Deve-se, então, a partir de agora, contextualizar a proposta para o ensino médio básico
público, já que, de acordo com a Constituição Federal de 1988, é direito de todo cidadão o
acesso à educação pública de qualidade.
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será
promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho. (BRASIL, 1988).
Embora, concordando plenamente com o desempenho da Instituição que mantém em
seu currículo a disciplina na jornada curricular do ensino profissional, as competências gerais
e específicas para o ensino médio básico público, propostas por esse trabalho, devem levar em
conta mais a associação com o artigo da constituição supracitado, pois “o pleno
desenvolvimento da pessoa [saber conhecer], seu preparo para o exercício da cidadania [saber
ser] e sua qualificação para o trabalho [saber fazer]” são objetivos conceituais, procedimentais
e atitudinais buscados pela lei mais apropriados ao ensino de caráter geral.
Aborda-se, a seguir, a história do livro e das Bibliotecas para se contar a linearidade
do trajeto da evolução do conhecimento humano, através da escrita e dos documentos
armazenados por um espaço tão significativo que teve seu início nos primórdios da civilização
urbana.
No capítulo 3, faz-se uma análise de como a sociedade humana necessitou da
informação gerada pelos grupos antecessores para alimentar as descobertas tecnológicas que
estariam por vir, além de perceber como a comunicação é importante na transmissão de
conhecimento para os grupos sucessores.
No capítulo 4, as bibliotecas escolares apresentam-se como o ambiente em que os
bibliotecários são considerados os disseminadores da informação armazenada e promovem,
através de várias dimensões, o acesso a ela.
13
No capítulo 5, a Information Literacy chega para embasar as habilidades e as
competências em informação, pois, diante desse mecanismo pedagógico, a facilidade de
aprender a aprender se torna mais dinâmica.
No capítulo 6, a proposta disciplinar do trabalho se apresenta ao leitor, a Metodologia
da Pesquisa e do Trabalho Científico no ensino médio das escolas públicas do Brasil. Essa
linha de raciocínio vem ao encontro do que propõe a Constituição Brasileira e, também, a Lei
de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), salvaguardando o direito de cada cidadão ter
acesso a um ensino público, gratuito e de boa qualidade.
No capítulo 7, as considerações finais sobre o texto mostram o cidadão, na posição de
aprendiz na escola pública, diante de uma postura mais amadurecida sobre sua aprendizagem,
agora com a ajuda do bibliotecário escolar que conta com a competência informacional.
14
2 DO FLORESCER DA INFORMAÇÃO REGISTRADA ÀS BIBLIOTECAS
Como algo abstrato, a escrita se vale de suportes para se materializar, daí que as fontes
de que se tem notícia dos materiais utilizados para inscrições são3:
A pedra – floresceu no Antigo Oriente; nela foram esculpidas as leis e o comércio.
Num bloco de pedra, está gravado o Código de Hamurabi, o qual é tido como um dos mais
importantes documentos da história da humanidade. A importância da pedra como material de
escrita está associada à conservação das inscrições antigas.
A argila – foram utilizados tijolos de argila no Oriente, sua principal qualidade era a
conservação longeva. Nas escavações de Nínive e Babilônia, descobriram-se muitas
bibliotecas de placas de argila, nas quais se haviam gravado importantes textos de toda
natureza.
A placa – os antigos gregos e romanos utilizaram placas feitas de uma grande
variedade de materiais, incluindo o marfim e o bronze. A madeira, que é, hoje em dia, de uso
universal na manufatura do ingrediente básico do papel, foi utilizada em tabuinhas como
material preferencial para a escrita, e eram recobertas por uma camada de gesso ou cera, sobre
a qual se escrevia. A primeira notícia de sua existência na antiga Grécia aparece em As
Nuvens, comédia de Aristófanes, escrita no ano de 423 a.C.
As folhas – as folhas de palmeiras e de oliveiras foram muito usadas pelos orientais
para gravar sortilégios e orações.
Cascas de Árvores – a escrita era registrada em camadas muito finas das árvores na
parte interna (líber).
Panos de Linho – os egípcios costumavam envolver seus mortos em tiras de linho e
sobre as mesmas escreviam orações. Também era um tipo de material usado pelos romanos
em seus anais primitivos. Na Pérsia e na China, a seda foi um material muito empregado na
escrita.
Bronze – usado com frequência para confecção de diplomas militares, títulos
concedidos aos cidadãos romanos após o seu desligamento do exército. Constavam de placas
escritas em letra cursiva romana.
Chumbo – usado principalmente para confecção de tabuletas de execração, quadros
colocados sobre túmulos que continham pragas e maldições escritas em letra cursiva.
3 Todos os suportes relacionados a seguir foram retirados da aula 03, feita em slides, da
disciplina História do livro e das bibliotecas, do curso de Biblioteconomia, ministrada pela professora
doutora Nadia Vanti, no ano de 2010, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
15
Metais e Pedras Preciosas – também o ouro, marfim, hematitas serviram de suporte
para a escrita.
Tábuas Enceradas – usadas tanto na Antiguidade como na Idade Média, os romanos
chamavam-nas “tabulae ceratae”, eram feitas em madeira tendo ou não sobre a superfície uma
camada fina de cera.
Papiro – feito do caule de uma espécie de junco, denominado “Cyperus Papyrus”,
outrora abundante às margens do Rio Nilo. Só se escrevia de um lado da folha e quando esta
não era suficiente emendavam-se outras.
Pergaminho – os romanos o chamavam “membrana de pergamena”. Era conhecido
pelos persas e pelos jônios da Ásia Menor, antes mesmo do papiro. Contudo, a sua fabricação
foi incrementada e melhorada por Eumenes II, de Pérgamo (197-158 a.C.).
Papel – foi introduzido na Europa no século IX pelos árabes, que aprenderam a sua
fabricação com os chineses. A princípio era fabricado de trapos de vegetais fibrosos. O papel
de trapos foi invenção do chinês T’sai Lour mais ou menos no ano 100 d.C. Apesar de termos,
no Ocidente, documentos em papel datados do século XII, o papel só foi usado com
freqüência a partir do século XIV.
Na sociedade atual, quando a informação se torna o veículo mais utilizado e mais
importante, aparece também em diversos suportes, mas, diferenciado dos anteriores, alguns
desses suportes não se esgotam nas informações às quais foram primariamente inscritas, o
hipertexto – texto digital, que tem como linguagem de codificação as máquinas
computacionais, cuja leitura se processa por códigos de 0 e 1 – “no interior de cada
hipertexto, deparamo-nos com um conjunto de nós interligados por conexões, nas quais os
pontos de entrada podem ser palavras, imagens, ícones e tramações de contatos
multidirecionais (links)” (ASSMANN, 2000, p. 10), e pode ser manipulado por leitores, de
qualquer parte do mundo.
Nesse trâmite de suportes para a escrita, os profissionais que trabalham com a
informação, em particular os bibliotecários, se adaptaram para renovar os métodos e
processos e assegurar a informação real, dando o caráter de fidelidade ao documento
registrado, “este processo de substituição se caracteriza pela valorização dos ofícios
informacionais” (ARAÚJO, 1996, p.5), e diferencia os cidadãos de países que fazem uso de
tecnologias de acesso e manipulação da informação, lhes atribuindo uma qualidade de vida
importante no contexto global.
16
Pode-se até afirmar que a transferência que a Sociedade Industrial legou para os
sujeitos que detinham a objetivação secundária4 em relação à informação (ARAÚJO, 1996, p.
6), mantiveram seu nível de evolução no mercado mundial, pois “a informação adquire valor
econômico, [...] gera conhecimento e [...] acumulado, possibilita a produção científica e
tecnológica, responsável pela geração de bens e serviços” (ARAÚJO, 1996, p.5).
Nesse contexto, a informação é dotada de valores sociais, políticos e econômicos e
contribuiu para o feitio das sociedades complexas, como instrumento de manipulação ou de
libertação das massas, de símbolo de poder e status como também de solidariedade e justiça,
sempre foi e sempre será um objeto de uso intangível do conhecimento.
E o conhecimento, processo que está associado à interpretação inteligível da
informação, intervem na condição humana ao interferir em problemas sociais, ao esclarecer
comportamentos manipulativos políticos e ao desenvolver processos econômicos viáveis para
o sustento de famílias.
Assim, se requer o estudo sobre a informação, não só para descobri-la como objeto das
ciências, mas como ferramenta apropriada de inserção social, de libertação de jugos políticos,
de novas formas de disseminação da igualdade entre os povos, de mensurar os problemas
ambientais, de contribuir para a idéia de que a informação não é um fenômeno pronto, mas,
antes, produto de estudo.
E esteja ela, a informação, armazenada em qualquer suporte físico, trata-se de um bem
imaterial para todo ser humano, pois é uma ferramenta social e democrática; porém, deve
estar acessível a todos.
E como objeto de estudo das Ciências da Informação, Souza (1991, p. 181) salienta a
importância de se pensar o ensino de Biblioteconomia no Brasil, o qual separa em duas
vertentes. A primeira vertente trabalha com o objeto da Biblioteconomia, “que se pode
denominar de organização documental, que diz respeito diretamente aos métodos, técnicas e
processos através dos quais são organizados materialmente a biblioteca como um todo”. E a
segunda vertente, o objeto de ação dessa ciência que insere “o indivíduo para quem se
organiza todo o esforço de construção dos sistemas documentais e dá a esse objeto de ação a
denominação de usuário”.
4 MASSUDA (1984, apud ARAÚJO, 1996) esquematiza a substituição de atividades humanas
em relação à informação segundo as revoluções da linguagem (objetivação associada ao seu sujeito),
da escrita (objetivação primária), da imprensa (objetivação secundária) e do computador (objetivação
terciária).
17
Nessa perspectiva, não se pode atribuir diferenças às Unidades de Informação, e, sim,
que todas devem ser iguais, em todos os aspectos, tolhidas a estarem aptas a seguir um
determinado modelo.
Ainda de acordo com Souza (1991, p. 183),
[...] a formação generalista do bibliotecário; o tecnicismo do bibliotecário; a
falta de bibliotecas organizadas para o atendimento às periferias urbanas e
sociais; o distanciamento que ocorre entre o bibliotecário, a biblioteca e a
população, o que leva esta última a não saber identificar ou conceituar
biblioteca e bibliotecário; a situação de maus leitores representada pelos
alunos de Biblioteconomia e, por fim, mas não menos importante, o
distanciamento que se verifica entre a biblioteca e a realidade brasileira.
Mas, esse paradigma não pode continuar a se concretizar em uma de suas ramificações
mais importantes – a biblioteca escolar – que é singular, um usuário que está aprendendo a
discernir informação de dados; é laboral, a informação desse segmento é a matéria-prima de
seu projeto de futuro; é incondicional, a prestação de serviços deve ser tratada sob um viés
pedagógico.
A biblioteca escolar deve acompanhar o projeto político-pedagógico da escola, além
de fomentar um conteúdo multidisciplinar e transdisciplinar que tenha como fonte de pesquisa
um laboratório de informações, e, se nela houver um bibliotecário, que seja um possível
coadjuvante no processo ensino-aprendizagem.
[...] sua participação no currículo escolar para a busca e o uso de informação
é preponderante, o que faz com que a biblioteca seja um laboratório de
aprendizagem, e o bibliotecário o facilitador dessa aprendizagem.
(CASTRO; SOUSA, 2008, p. 135)
Nesse sentido, a importância de se ter uma disciplina no curso de Biblioteconomia que
envolva cada segmento de bibliotecas é imprescindível, pois cada tipo requer um estudo
diferenciado, e um dos segmentos é a biblioteca escolar, a qual será o objeto de estudo desse
trabalho.
Assim como a vida, as bibliotecas também se baseiam na evolução, hereditariedade e
mutabilidade. Na evolução, pois acompanha a revolução epistemológica do homem; na
hereditariedade, pois está associada à concepção de novos saberes; e na mutabilidade, pois
agrega as novas descobertas tecnológicas ao seu ofício.
18
A diversidade das bibliotecas, atualmente, é produto da necessidade que o homem tem
de informação, e desde sua tenra idade, já existe a proposta de incentivar a curiosidade e a
imaginação através das histórias escritas, como é o caso das bebetecas.
Bebeteca é uma biblioteca especialmente destinada aos bebês e seus
familiares, envolvendo a criança no mundo lúdico, despertando sua paixão
pela leitura. [...] é a promoção de situações de leitura para crianças de seis
meses a três anos, incentivando a participação da família no processo de
mediação da relação da criança com o livro (FACCHINI, 2009).
Nesse sentido, é comum referir-se a alguns tipos de bibliotecas como Centros de
Informação, pois concentra documentos em vários tipos de suportes, e cuja diversidade de
assuntos chega a contribuir para todas as áreas do conhecimento humano. Além de Centros de
Informação especializados em diversos temas, como exemplo a recicloteca5, que alerta sobre
os riscos do lixo, e incentiva a sua reciclagem.
Mas, a que realmente o termo biblioteca nos remete com relação a sua semântica é “1.
coleção pública ou privada de livros e documentos congêneres, organizada para estudo, leitura
e consulta. 2. Edifício ou recinto onde se instala essa coleção. 3. Estante ou outro móvel onde
se guardam e/ou ordenam os livros” (FERREIRA, 1986).
Biblioteca (do grego βιβλιοϑήκη, composto de βιβλίον, "livro", e ϑήκη
"depósito"), na definição tradicional do termo, é um espaço físico em que se
guardam livros. De maneira mais abrangente, biblioteca é todo espaço
(concreto, virtual ou híbrido) destinado a uma coleção de informações de
quaisquer tipos, sejam escritas em folhas de papel (monografias,
enciclopédias, dicionários, manuais, etc) ou ainda digitalizadas e
armazenadas em outros tipos de materiais, tais como CD, fitas, VHS, DVD e
bancos de dados. Revistas e jornais também são colecionados e armazenados
especialmente em uma hemeroteca (WIKIPEDIA).
E, no conceito geral, biblioteca é um arquivo da riqueza intelectual produzida pela
humanidade, e disponibilizada ao público.
Pode-se perceber que sua presença é fundamental desde tempos imemoriais, e como
sua principal característica está ligada à informação, sua contextualização é a base de um
aprendizado cujo referencial colabora na formação de futuros cidadãos.
5 (http://www.recicloteca.org.br)
19
3 SOCIEDADE E INFORMAÇÃO
Tem-se como significado de sociedade “1. agrupamento de seres que vivem em estado
gregário [...]. 2. Conjunto de pessoas que vivem em certa faixa de tempo e de espaço,
seguindo normas comuns, [...] unidas pelo sentimento de consciência de grupo” (FERREIRA,
1986). Pela informação 1, nota-se a igualdade da sociedade humana com sociedades da fauna
e da flora; porém, na informação 2, o homem já transcende o seu mundo através da história
que ele inventa, se articulando no tempo e no espaço, produzindo diferenças que o distinguirá
de outras sociedades menos complexas, como a das abelhas, por exemplo.
Deve-se salientar que a humanidade conseguiu chegar ao estágio atual de
desenvolvimento devido aos seus aspectos da portabilidade da comunicação oral, de construir
pensamentos em que se aplica o raciocínio lógico, e de distribuir a informação ao seu grupo,
transformando essa informação em conhecimento coletivo.
Nota-se, também, a importância que teve o papel da comunicação entre os grupos
primitivos, se organizando e trocando informações para construírem saberes cada vez mais
complexos.
Por isso, a humanidade se propõe sempre apenas [sic] os objetivos que pode
alcançar, pois, bem vistas as coisas, vemos sempre, que esses objetivos só
brotam quando já existem ou, pelo menos, estão em gestação as condições
materiais para a sua realização (MARX, 1859).
Então, os objetivos que se firmaram necessários para uma evolução do conhecimento
humano, podem estar fundamentados no tripé da comunicação-sociedade-informação; esse
elo se confirma na concepção de que sem a comunicação entre os membros de um grupo não
pode existir uma sociedade, e sem a sociedade não se dissemina a informação gerada.
E informação, segundo Ferreira (1986), é “1. ato ou efeito de informar(-se) [...]; 2.
Dados [...]; 3. Conhecimento, participação [...]; 4. Comunicação [...]”. O cidadão, ao informar
ou ser informado, necessita de dados gerados pelos meios da comunicação, para transmitir
uma mensagem ou receber uma mensagem, e esta será transformada, ou não, em
conhecimento pelo receptor, ou por ele próprio, o emissor.
É esse também o raciocínio de Campos (1992, p. 7), quando argumenta que
[...] a informação é produzida pela sociedade em alguns de seus extratos ou
grupos ; existe um interesse consciente de transmiti-la, seja de maneira
20
individual ou coletiva; pode ser informação secreta, concentrada em grupo
ou de domínio público.
São justamente esses dados gerados em grupos que podem se tranformar em
informação, pois é entendida como um conjunto de dados que, inter-relacionados, produzem
significado. E, de acordo com Dudziak (2003, p. 23), “a informação é o conjunto de
representações mentais codificada (sic) e socialmente contextualizadas que podem ser
comunicadas, estando, portanto, indissociadas da comunicação”.
Então, a comunicação é o código universal para se registrar as informações, e através
daquela é que essa poderá ser transformada em conhecimento.
Para se poder transformar informação em conhecimento, é necessário um conjunto de
informações que fazem sentido a uma única pessoa. O conhecimento é intuitivo e se refere a
experiências e valores de cada indivíduo, além de ser de difícil organização e transmissão
(BARRETO, 1994).
Entretanto, as civilizações conseguiram passar pelo processo árduo do conhecimento
restrito a poucos para uma enorme construção técnico-científica, redundando em uma
sociedade voltada para a informação.
No entanto, essa situação inicia-se em países que souberam valorizar o conhecimento
de seus cidadãos e aplicaram seus impostos em pesquisas, produzindo tecnologias voltadas
para o bem-estar da sociedade.
Um aspecto peculiar a destacar no caso alemão é a abertura para a
valorização de entrelaçamentos criativos entre pesquisa básica – ou seja,
teoria mesmo! – e pesquisa experimental, além da marca transdisciplinar do
conjunto de projetos. Na Alemanha, julgou-se necessária uma instigação
inicial “de cima”, delegando aos poucos a função coordenadora a várias
instâncias interinstitucionais. (ASSMANN, 2000, p. 14)
No Brasil, infelizmente, esse processo chegou tardiamente, e ainda, atualmente, a
informação gerada pela pesquisa nacional não chega às bibliotecas escolares, pois essas ainda
estão em um processo penoso de construção.
Embora o governo federal tenha investido em salas de informática em escolas
estaduais de nível médio de todo o Brasil, com acesso à internet e a vídeos da TV Escola,
tecnologias importantes para complementar o aprendizado em sala de aula, essas salas, no Rio
Grande do Norte, não se encontram no mesmo ambiente da biblioteca escolar, estão separadas
não apenas por espaços físicos, mas, sobretudo, por metodologias de interdisciplinaridades.
21
Esses instrumentos de pesquisa, se colocados em um mesmo local, formariam um elo da
cadeia da informação, juntamente com o conteúdo dos materiais impressos – como os livros,
mapas, globos terrestres – e a mídia audiovisual completariam a função de colaboradores do
conhecimento, como sugere Castro e Sousa (2008, p. 136), e tendo como atores “[...] a
integração do bibliotecário educador, educandos e professores nesse processo.”
A biblioteca pode ser – e é – o espaço de pesquisa mais apropriado da escola, nela
devem estar os equipamentos necessários para o bom desempenho de acesso aos meios de
comunicação disponíveis da escola, o simples fato de haver um hiato entre os espaços, já
constata a inoperância do processo de aprendizagem; é na biblioteca escolar que as conexões
de conteúdos disciplinares se sobrepõem, através do embasamento teórico na pesquisa
científica, da contação de histórias, das histórias em quadrinhos – também chamada de
gibiteca –, de ações voltadas para comemorações de datas de inclusões sociais, de festejos
culturais, de momentos de poesia e manifestações espontâneas dos alunos em releituras
teatrais da bibliografia nacional e estrangeira.
Guardiã dos saberes da humanidade, muito tem se preocupado em conservar
seus acervos e, infelizmente em algumas, também se conservam os seus
segredos. Com a multiplicação de livros, aos poucos as bibliotecas adquirem
caráter leigo e civil, preocupando-se também em divulgar seus
conhecimentos. (BECKER; GROSCH, 2008, p. 36)
Na vertente-alvo do projeto mobilizador para o ensino público, o Conselho Federal de
Biblioteconomia, juntamente com os Conselhos Regionais de Biblioteconomia, organizaram
um estudo para bibliotecas escolares.
Este projeto é dirigido a duas vertentes sugeridas pelo projeto mobilizador
do Sistema CFB/CRB (2008, p. 4), a saber:
a) À sociedade em geral tendo em vista que as ações a serem desencadeadas
têm como o foco a formação do cidadão em processo de desenvolvimento no
âmbito da escola;
b) Aos bibliotecários, cujas competências e habilidades profissionais deverão
garantir a qualidade do serviço oferecido, de maneira a universalizar e
facilitar o acesso à informação, principalmente para a população jovem
(infantil e infanto-juvenil) inserida no contexto escolar brasileiro.
Assim, pode-se constatar que o projeto fomenta a participação do profissional
bibliotecário em áreas de pesquisa e ações culturais, inserindo-o em um contexto
diferenciado, indo além dos processamentos técnicos, pois
22
[...] a biblioteca escolar possui uma função pedagógica relacionada à: a) ação
em prol da leitura, do incentivo à criação do gosto e hábito de ler; b)
pesquisa escolar e ao trabalho intelectual que proporcionarão ao educando
meios para melhor desempenhar seus papéis sociais; e c) ação cultural com
vistas a favorecer o entendimento da identidade do cidadão no espaço onde
vive. Ademais, a OEA6 destaca que compete à biblioteca escolar não
somente lidar com as demandas do aluno, mas, sobretudo, atuar no contexto
do projeto político-pedagógico da escola através do trabalho conjunto com o
professor e à gestão escolar. (CFB/CRB (2008, p. 4))
E esse acordo entre os vários atores, que constroem o projeto político-pedagógico
escolar, tem de pensar na gestação de uma aprendizagem voltada à criatividade, tanto do
professor, quanto do aluno. O professor como ente que incita novas formas de pensar um
mesmo conteúdo; o aluno que busca novas formas de pensar esse conteúdo.
A biblioteca era então influenciada pelas teorias educacionais que
privilegiavam métodos de aprendizagem dinâmicos e centrados no aluno e
que tomavam o lugar do ensino verbalista centrado no professor. Essas
teorias estimularam a ação dos bibliotecários, que percebiam que a biblioteca
tinha contribuição importante a dar no apoio às novas estratégias didáticas.
(CAMPELLO, 20037)
A comunicação que se dá entre as duas esferas de comunicação – professor/aluno –
passa pela pesquisa, pela leitura, pela informação assimilada e transformada em processo de
aprendizagem. E essa aprendizagem não se dá, muitas vezes, apenas entre quatro paredes. A
pesquisa das informações passa por um ambiente apropriado, onde a diversidade de materiais
e de dados então se conectam, através da interdisciplinaridade; conteúdos em vários suportes
e variados formatos se entrelaçam para surgir novas idéias, novos saberes.
E esse ambiente é a biblioteca, que proporciona “o acesso a diversas fontes de
informação através da pesquisa, liberdade de opções de leitura, respeito à pluralidade das
idéias” (CARVALHO, 2006, p. 79).
A pesquisa torna-se uma ferramenta imprescindível na aprendizagem, pois com
conteúdos já prontos vindos de “cima para baixo” do Ministério da Educação, é necessário
que o educando “crie” atalhos apropriados para sua própria aprendizagem, buscando fórmulas
de realimentar conteúdos, fazendo da aprendizagem uma construção salutar de novos
conhecimentos.
Pode-se, então, no despertar de um país que luta para acabar com o analfabetismo, em
plena Sociedade da Informação, incrementar soluções que o norteiem para uma Sociedade do
6 Organização dos Estados Americanos.
7 Documento não paginado.
23
Conhecimento, onde seus cidadãos consigam diferenciar os papeis que desempenham cada
um, respeitando reciprocamente cada atividade, e valorizando cada função que os grupos
exercem na construção de um país justo, pois “a ‘sociedade da informação’ é o espaço mais
abrangente por onde trafega o movimento da competência informacional” (CAMPELLO, 2003).
E, ao longo de milênios, o homem foi construindo as culturas de acordo com seu
espaço geográfico, com o clima, com a natureza que o cercava. As informações das
sociedades se enquadravam de acordo com cada meio que se habitava, gerando sociedades
múltiplas cultural, social e politicamente.
Ao expandir os contatos em meados do século XV, com as grandes navegações, as
civilizações ocidentais mais avançadas tecnologicamente puderam estabelecer um convívio
mais íntimo com outras organizações sociais, e obtiveram informações que eram restritas, até
então, aos grupos sociais mais isolados geograficamente8.
Desse fato, inicia um processo de globalização que culmina com a disseminação da
informação, causada, principalmente, pela descoberta da imprensa por Gutemberg, que
propulsiona um aumento significativo de material gráfico, e a leitura se torna mais
disseminada entre as pessoas comuns, antes de acesso muito restrito aos monges e pessoas da
classe dominante.
Chartier (1994, p. 185-186) afirma que
A primeira revolução é técnica: ela modifica totalmente, nos meados do
século XV, os modos de reprodução dos textos e de produção dos livros.
Com os caracteres móveis e a prensa de imprimir, a cópia manuscrita deixa
de ser o único recurso disponível para assegurar a multiplicação e a
circulação dos textos.
Passada essa primeira fase de (r)evolução da disseminação da informação, os
processos de emancipação dos povos do jugo religioso, monárquico e tirânico começam a
ascender através dos pensamentos Iluministas do século XVIII, ajudados pelas formas mais
rápidas da publicação, distribuição e acesso da informação nos países europeus ocidentais.
A outra (r)evolução, chamada de Revolução Industrial, agora mais voltada para o
controle da informação, pois sua disseminação atrapalharia a conquista tecnológica de grupos
capitalistas que investiam em bens tangíveis, mensuráveis economicamente, fazem do
8 Não se irá tratar nesse trabalho sobre os problemas sociais, políticos e econômicos
decorrentes dos contatos das grandes potências civilizatórias da época com os grupos sociais das terras
conquistadas (nota da autora).
24
processo de comunicação a habilidade de obter informação, processando-a, transformando-a
em conhecimento e aplicando-a em bens duráveis que tinham um enorme valor econômico.
Ao invés desse viés, a sociedade pós-industrial toma como valor econômico a
informação (WERTHEIN, 2000, p. 71) “que têm como ‘fator-chave’ não mais os insumos
baratos de energia – como na sociedade industrial – mas os insumos baratos de informação
propiciados pelos avanços tecnológicos na microeletrônica e telecomunicações”.
Através da Tecnologia da Comunicação e Informação (TIC), essa sociedade
contemporânea presencia o desenvolvimento de um processo de desenvolvimento
informacional nunca antes “hipotetizado”. As informações, apoiadas na comunicação de todos
os gêneros sensoriais, refletem um novo paradigma de o sujeito expressar seus
conhecimentos.
A Sociedade da Informação irá conceber uma nova proposta do indivíduo, este como
ser crítico, pró-ativo e participativo da formação da sociedade, e não só aceitá-la do “jeito que
ela é”, mas, antes, do jeito que ela pode ser.
Por que a informação está aí, para todos, de muitas maneiras, quer através de veículos
audiovisuais analógicos, quer através de ferramentas digitais, altamente evoluídas, capazes de
conectar grupos que nunca se encontraram, e que, talvez, nunca se encontrarão fisicamente.
A comunicação à distância dos textos, a qual anula a distinção, até agora
irremediável, entre o lugar do texto e o lugar do leitor, torna possível,
acessível, esse sonho antigo. Sem materialidade, sem localização, o texto,
em sua representação eletrônica, pode alcançar qualquer leitor equipado do
material necessário para recebê-lo. Supondo-se numerizados ou, em outras
palavras, convertidos em textos eletrônicos, todos os textos existentes, sejam
eles manuscritos ou impressos, é a universal disponibilidade do patrimônio
escrito que se torna possível. Todo leitor, no lugar em que se encontra, com
condição que seja diante de um posto de leitura conectado com a rede que
efetua a distribuição dos documentos informatizados, poderá consultar, ler,
estudar qualquer texto, independentemente de sua localização original.
(CHARTIER, 1994, p. 193)
Faz-se necessário, então, tornar a informação organizada, armazenada e acessível ao
indivíduo, para que ele possa utilizá-la da maneira mais concebível possível na sua
transformação em conhecimento, na busca pela (r)evolução de si próprio, em ser dotado de
interpretar o mundo em que vive, para poder mudá-lo de acordo com suas perspectivas de
melhoria.
25
E esta função de organização, armazenamento e acessibilidade da informação cabe ao
bibliotecário, profissional que busca, avalia, classifica, indexa, armazena e dissemina a
informação para a necessidade de cada indivíduo.
Atualmente esta é uma questão fundamental no contexto dos profissionais da
informação. Será que estamos trabalhando para possibilitar que estruturas
injustas e desumanas se estabeleçam ou sejam reforçadas no contexto social?
Os sistemas de informação que planejamos e gerenciamos podem auxiliar
nas transformações socioeconômicas necessárias a milhares de brasileiros?
Qual a nossa postura política diante da sociedade de informação? (ARAÚJO,
1997, p. 18).
A biblioteca sempre armazenou informação, ela foi criada para isso, organizar,
acondicionar e preservar documentos que ajudam a construir o pensamento científico e
tecnológico universal. A fórmula desse espaço nunca mudou, o que mudou foram os suportes
físicos e os meios de processamentos técnicos voltados para a recuperação da informação
processada, além, é claro, das variantes que foram necessárias ao longo da construção do
conhecimento – a disseminação da informação para todos os usuários.
E para que respostas sejam satisfatórias para as perguntas que foram formuladas por
Araújo (1997, p. 18), não se pode mais compactuar com o isolamento de muitas comunidades
em relação à informação. Atualmente, o único veículo de informação de muitos cidadãos
brasileiros ainda é a televisão e/ou o rádio, levando, muitas vezes, uma informação já repleta
de vieses ideológicos, que irão manipular comunidades inteiras, transformando-as em grupos
com temperos alienantes preocupantes.
Em maio de 2010, foi firmado o Projeto de Cooperação Técnica entre a
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
(UNESCO) e a Controladoria-Geral da União (CGU), como representante do
Poder Executivo Federal brasileiro, denominado “Política Brasileira de
Acesso a Informações Públicas: garantia democrática do direito a
informação, transparência e participação cidadã”.
O Projeto foi baseado na constatação de que é urgente desenvolver
mecanismos institucionais e organizacionais que permitam à administração
pública brasileira promover, proteger e assegurar o acesso a informações
públicas como um direito fundamental do indivíduo, o que é indispensável
para as democracias contemporâneas. Para tanto, foram estabelecidos três
objetivos imediatos, cada um relacionado a resultados esperados e atividades
para consecução desses resultados:
Objetivo imediato 1: Diagnosticar os aspectos culturais e institucionais
relacionados ao acesso a informação no Poder Executivo Federal brasileiro,
com vistas à elaboração de planos de ação e estratégias de implementação de
uma política de acesso a informações públicas.
26
Objetivo imediato 2: Contribuir para que o Poder Executivo Federal
brasileiro possa desenvolver os sistemas e mecanismos institucionais
necessários para garantir o direito de acesso à informação.
Objetivo imediato 3: Promover ações de divulgação e conscientização da
Política Brasileira de Acesso a Informações Públicas e do direito de acesso a
informação entre cidadãos e cidadãs, individualmente, e entre a sociedade
civil organizada de maneira que possam atuar como controladores sociais da
execução da política de acesso (PROJETO CGU-UNESCO).
Para isso, é importante promover o desenvolvimento das bibliotecas escolares, dotadas
com suportes tecnológicos adequados para o apoio técnico ao processamento bibliotecário e,
também, estimular para que sejam um laboratório nas pesquisas dos alunos.
Atualmente, o investimento em bibliotecas de ensino público se concentra com grande
proporcionalidade às bibliotecas especializadas de ensino superior e técnico; então, cidadãos,
que não passem por essas, ficam com seu conhecimento minimizado, só por não terem
contato com as técnicas que buscam as informações que lhes são importantes, e, a essas
técnicas, no ensino médio, os estudantes aprenderão a obtê-las independentemente de
continuarem ou não seus estudos.
27
4 BIBLIOTECA E INFORMAÇÃO
A biblioteca não perdeu sua posição na sociedade como disseminadora de informação
pelas novas tecnologias. Ela se adaptou ao novo paradigma da virtualidade para incrementar
esse processo, e como gestora de informação tem como:
[...] a primeira função da biblioteca é a preservação dos registros da
informação. Tal função motivou a criação da biblioteca. A segunda função é
a organização da informação. Para tanto foram desenvolvidas e
aperfeiçoadas técnicas de catalogação, classificação e indexação. A terceira
função é a disseminação da informação. Esta função é desempenhada através
dos vários serviços e produtos de informação gerados pelo bibliotecário.
(ARAÚJO, 1996, p. 7)
O bibliotecário, profissional qualificado para a gestão apropriada de uma biblioteca,
tem como objetivo principal a interação dos registros até a transferência informacional, ou
seja, desde a geração até o uso da informação. Deve considerar a relação que existe entre a
sua profissão e a realidade da comunidade, interpretando os anseios informacionais do
ambiente social, para contribuir conscientemente para o avanço científico e tecnológico do
espaço federativo (CONSELHO, [s.d.]).
De acordo com Kobashi e Tálamo (2003, p. 14), “na sociedade contemporânea, o
comportamento racional demanda conhecimento e o papel da Ciência da Informação é
exatamente o de auxiliar pessoas – os atores – que se encontram em situação problemática em
relação ao uso do conhecimento”.
Os conhecimentos dos bibliotecários, que em meados do século XVII foram incluídos
na reforma das bibliotecas como “agentes a serviço do fomento do saber universal” (idem),
devem estar voltados para a consolidação estratégica do planejamento da informação;
levantamento de informações que viabilizem o processo de novos negócios, inovação e
vantagem competitiva; colaboração para o resgate de informação em pesquisas de mercado e
agências de propaganda; serviços de consultoria e assessoria relacionados à informação
impressa e/ou digital; desenvolvimento de pesquisas, estudos e projetos ligados às mais
diversas áreas do conhecimento; apoio aos programas de incentivo à leitura e ação cultural,
ligadas à gestão de bibliotecas, centros de documentação e informação e unidades de
informação (CONSELHO, [s.d.]).
Desses atributos do bibliotecário, aqui serão enfatizados os programas de
desenvolvimento de pesquisas, estudos e projetos ligados às mais diversas áreas do
conhecimento, incentivo à leitura e ação cultural, à metodologia da pesquisa e à metodologia
28
do trabalho científico, pois, como já foi falado anteriormente, um dos focos desse trabalho é a
biblioteca escolar.
4.1 BIBLIOTECA E BIBLIOTECÁRIO ESCOLAR
Uma biblioteca contemporânea não é mais sinônimo de uma “caixa que guarda
livros”. Ao contrário, guardar livros não retrata mais a evolução do pensamento humano, pois
guardar denota que o acervo não está disponível para os cidadãos.
As bibliotecas escolares comportam, hoje, dimensões estratégicas da sociedade que
proporcionam o saber ao educando, corrobora na intencionalidade da gestão do conhecimento
em um ambiente escolar.
Essas dimensões são propostas por Ely (2003/4), que fomenta a atuação pedagógica do
bibliotecário no processo ensino-aprendizagem.
Como uma dimensão social, a biblioteca escolar irá atuar de maneira a proporcionar a
todas as faixas etárias o acesso à informação de seus interessados. Nesse contexto, uma
criança que busca leitura, poderá se habituar a frequentá-la pela simples razão de ter sido bem
atendida, de ter encontrado o item que procurava, e a sua fidelização será concretizada por
conseguir orientação adequada, sempre no momento oportuno. Será um aluno capaz de
“contribuir para manter a ordem no recinto da biblioteca escolar, cuidar do patrimônio
público, saber utilizar coletivamente o acervo da mesma” (ELY, 2003/4, p. 48).
Na dimensão informacional, o acervo recebe uma importância premente, pois deve ser
sempre atualizado em prol da leitura, visto que compete diariamente com os meios de
comunicação de massa, e esses estão dentro da casa de cada possível leitor, comparando-o
com o que recebe de informações da escola. Segundo Ely (2003/4, p. 49),
Para atender à demanda dos leitores o acervo da biblioteca escolar deve ser
constituído por livros, jornais e revistas, recortes, folhetos, gravuras, jogos,
transparências, vídeos, CDs, filmes, mapas, brinquedos, modelos, fantasias
diversificadas, entre outros tantos, para que se possa atingir esta dimensão.
Já na dimensão recreativa, conforme a faixa etária representativa dos usuários da
biblioteca escolar, lá deve conter uma seleção bem adequada a cada faixa, relevando que as
recreações são inerentes ao ser humano, independentemente de uma idade mais avançada.
Pensa-se que para uma faixa etária do ensino fundamental, os valores recreativos estarão
ligados à leitura do material da gibiteca, dos teatros de fantoches, da contação de histórias;
29
para uma faixa etária do adolescente ao público adulto, essa dimensão recreativa estará ligada
a interpretações de obras literárias para o teatro amador, jogos de memória, vídeos de
conhecimento científicos e da história universal – vídeos da TV Escola. Segundo Ely
(2003/2004, p. 50),
[...] considera-se que 30% do acervo da biblioteca escolar seja de
bibliografia recreativa. Criar o gosto de ler, desenvolver o interesse pela
leitura, favorecer situações de leitura não verbal são propostas a serem
consideradas nesta dimensão para que se forme uma geração de leitores.
A dimensão criativa, como uma janela para a aprendizagem através “[d]a biblioteca
escolar, deve favorecer para que os usuários tenham a oportunidade de criar suas próprias
participações na hora do conto e na hora semanal de leitura” (ELY, 2003/2004, p. 51). Esse
vínculo com as artes, de modo geral, contribui para que o aluno seja um consumidor ativo do
produto cultural, e não apenas consuma produtos de uma cultura alienada, vazia de qualidade
e repleta de conteúdo repetitivo. Nessa dimensão, desde os brinquedos da menor idade até os
artefatos da maior idade, serão criados e elaborados pelos próprios aprendizes, sugerindo que
todos somos criativos, e todos podemos participar da arte e da cultura do mundo.
A dimensão pedagógica “focaliza para a educação do usuário no uso da biblioteca e
das fontes de informação, tais como, dicionários, enciclopédias, atlas geográficos, históricos e
de anatomia, almanaques, entre outros” (ELY, 2003/4, p. 49). Corroborando com o fomento
de o bibliotecário da biblioteca escolar realizar a mentoria sobre trabalhos acadêmicos,
ensinando o formato de sua apresentação, orientações sobre resumo e normas técnicas, isto é
uma parte do foco desse trabalho, que sugere a docência em disciplina complementar de
Metodologia da Pesquisa e do Trabalho Científico.
Essa dimensão depende de muitos fatores estruturais da escola, e da pretensão de
coordenar um espaço de múltiplos fazeres, pois a biblioteca é um organismo vivo, requer
habilidades de seus profissionais que irão nortear a busca pela informação em trabalhos
acadêmicos. Essa orientação à pesquisa buscará transmitir as diversas maneiras de se
encontrar uma informação pertinente com o grau de interesse que o aluno necessita, seja em
material impresso ou em material digital, de qualquer maneira o acesso à informação exigirá o
apoio técnico de um profissional habilitado.
Uma das funções do bibliotecário seria a de professor, encarregado de
ensinar não apenas as habilidades que vinha tradicionalmente ensinando
(localizar e recuperar informação), mas também envolvido no
30
desenvolvimento de habilidades de pensar criticamente, ler, ouvir e ver,
enfim ensinando a aprender a aprender. Outra função prevista para o
bibliotecário era a de consultor didático, encarregado de integrar o programa
da biblioteca ao currículo escolar, colaborando no processo de
ensino/aprendizagem e assessorando no planejamento e na implantação de
atividades curriculares. (CAMPELLO, 2003)
E, além de todas essas atividades culturais, a biblioteca escolar, através de seu gestor
da informação, pode desenvolver uma ligação entre as múltiplas atividades em que um
profissional bibliotecário atua com outra atividade que pode contribuir significativamente
para o desenvolvimento de projetos de pesquisa para o ensino básico.
Entretanto, de forma geral, a escola ainda não conhece suficientemente a
amplitude das funções do bibliotecário, que acaba não desenvolvendo todas
as atividades para as quais é apto, nem as diferentes possibilidades
pedagógicas que a biblioteca oferece. (D’ELBOUX, 2011, p.36)
De acordo com o CAPÍTULO II da Lei de Diretrizes e Bases da educação básica,
Seção I das Disposições Gerais no Art. 22, “a educação básica tem por finalidades
desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da
cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores”
(BRASIL, 1996).
O que se propõe, a partir dessas referências, é ampliar a função do bibliotecário na
participação do processo ensino-aprendizagem do educando. A qualidade da educação básica
está necessitando de tomar rumos mais coerentes com a qualificação profissional do futuro
trabalhador. Disso depende sua competência em informação, isto é, na forma como o
currículo dará importância na independência de aprender a aprender, pois “não basta apenas
saber ler e escrever, ser alfabetizado. É preciso saber fazer uso do ler e do escrever, respondendo às
exigências de leitura da sociedade. É preciso ser letrado.” (BECKER; GROSCH, 2008, p. 36).
E, para isso se concretizar, busca-se incrementar o ensino básico com características
peculiares de competências e habilidades necessárias à capacidade do aluno em se independer
no processo gerencial de seu aprendizado, libertá-lo das amarras da busca por novas
informações que o levem ao seu próprio universo do conhecimento, e, nesse sentido, há uma
expressão em inglês que remete ao conceito desse valor, que é a Information Literacy.
31
5 INFORMATION LITERACY
A Information Literacy9 é “o processo de interiorização de valores, conhecimentos e
habilidades ligadas ao universo informacional e à competência em informação” (BECKER;
GROSCH, 2008, p. 37), ou seja, a competência de n maneiras em criar ferramentas para
solucionar diversos problemas da convivência em sociedade. As normas e regras conceituais
para se viver harmonicamente, necessitam de pessoas que pensem sobre as soluções
ambientais, sociais, políticas, econômicas e tecnológicas, e assegurem uma distribuição de
renda e de cultura a todos.
Cada cidadão, atualmente, passa pela disponibilidade da informação digital, e nisto o
bibliotecário pode contribuir para que o estudante aprenda a desenvolver seus próprios filtros
para que sua pesquisa esteja embasada no espírito crítico que o ajudou a construir, pois “o
bibliotecário é visto como educador e participante fundamental na aplicação da information
literacy” (BECKER; GROSCH, 2008, p. 37).
A partir da análise da evolução do conceito e seguindo a concepção de
information literacy voltada ao aprendizado ao longo da vida, pode-se defini-
la como o processo contínuo de internalização de fundamentos conceituais,
atitudinais e de habilidades necessário à compreensão e interação
permanente com o universo informacional e sua dinâmica, de modo a
proporcionar um aprendizado ao longo da vida. (DUDZIAK, 2003, p. 28)
Conjunto de habilidades, essa expressão acabou sendo traduzida, no Brasil, como
“competência informacional” e é considerado atualmente como um ensino interativo de cada
indivíduo, onde o aprender é compartilhado pelos diversos meios pedagógicos,
complementado pela socialização de cada cidadão. Não se concebe mais o indivíduo por si só,
mas em aliança com os seus pares, um ajuda o outro nas tarefas, cada um é responsável pelo
outro, num entrelaçar de colaborações. Daí a internet interativa, da web 2.0, onde sites
colaborativos contribuem para formar novos conhecimentos.
Devemos ter em mente a necessidade de integrar, em nossas ações, os
avanços teóricos e práticos já alcançados nos estudos sobre literacy no
Brasil. Assim, no âmbito da educação básica, que constitui o foco de nossos
estudos, parece que o conceito de letramento seria o mais adequado para
embasar ações que busquem ampliar a ação educativa da biblioteca.
(CAMPELLO, 2003).
9 Surge nos Estados Unidos da América, em 1974, a expressão information literacy (IL), que,
no Brasil, é conhecida como competência em informação ou letramento. (BECKER; GROSCH, 2008,
p. 37)
32
A competência informacional não é um processo que se passa apenas em uma
disciplina, ela perpassa todas as disciplinas, através da interpretação de textos, que nem as
ciências exatas – disciplinas que requerem o uso de cálculos matemáticos relacionados a
números – ficam fora da intertextualidade, pois o raciocínio lógico requer aptidão de
interpretação.
São, portanto, componentes do conceito de information literacy: o processo
investigativo, o aprendizado ativo, o aprendizado independente, o
pensamento crítico, o aprender a aprender e o aprendizado ao longo da vida.
(FIALHO; MOURA, 2005, p. 197)
A biblioteca e, consequentemente, o bibliotecário são, dentro desse contexto, o elo
literalmente adequado da atuação da multidisciplinaridade, o ambiente que proporciona a
convergência de todas as formas de pensamento para a competência informacional. Se no
projeto político-pedagógico da escola estiver celebrada a convivência das salas de aula com a
biblioteca, e o tempo biblioteconômico estiver fazendo parte da carga horária ativa dos
alunos, esse elo estará formado.
[...] a obra de Ortega promove a discussão de questões centrais que se
localizam no âmbito da ciência da informação e na esfera da missão do
bibliotecário enfatizando o profissional humanista em relação às
competências e habilidades que esse profissional necessita agregar para
manter-se na carreira profissional. (CARVALHO; REIS, 2007, p. 36).
Se Estados e Municípios investissem na biblioteca escolar, as tornassem acessíveis às
mais diversas clientelas, ampliassem o horário de funcionamento para assistir aos mais
diversos usuários, tanto os que são da comunidade escolar, quanto os que são da comunidade
local, fariam da biblioteca escolar uma biblioteca pública, onde todos teriam acesso,
independente de seu vínculo com a escola.
Essa prioridade seria uma abertura cultural a todos os cidadãos, sendo que a família
dos estudantes teria um horário de lazer e cultura dentro da escola; cativada a sua frequência,
a influência na gestão da escola contribuiria com os acertos, combinando gestão com conselho
escolar.
É onde o papel social da biblioteca merece destaque. Com uma ambiência socializante,
vários modelos e estratégias de cativar o leitor seriam abordados, como filmes pedagógicos,
teatros informativos, palestras relacionadas à saúde, ao bem estar, e outros temas de interesse
coletivo.
33
Nesse contexto, o educando seria o maior beneficiado, pesquisar em um ambiente
vivo, cheio de idéias e cheio de criatividade, o incentivo à leitura, a métodos e práticas dos
conteúdos das disciplinas em que vídeos ligados à educação e à rede conectassem saberes e
histórias estariam ao alcance do aprendizado.
Segundo estudos feitos nos Estados Unidos sobre pesquisas realizadas recentemente
com alunos,
A internet deixou as pessoas em geral mais acomodadas. Adultos também
cometem erros ao realizarem pesquisas online [...]. Por isso, o professor
[entrevistado] acredita que um dos papéis da escola, atualmente, deve ser o
de ensinar metodologias de pesquisa desde cedo. Os educadores pedem tema
de estudo, mas não ensinam metodologias. (PORTAL TERRA, 2012)
E quem melhor que o profissional bibliotecário para trabalhar com a Metodologia de
Pesquisa e a Metodologia do Trabalho Científico, pois seu aperfeiçoamento em informação
transmitiu o conhecimento necessário para proporcionar a busca por informação adequada,
segura, dinâmica.
Além de priorizar a fonte adequada da pesquisa, o bibliotecário será o transmissor dos
conceitos básicos do trabalho acadêmico aos educandos. Hoje, no ensino básico, o projeto de
pesquisa está se tornando uma ferramenta bem utilizada, porém, o ensinamento básico sobre
como escrever dentro das normas de trabalho científico praticamente não existem, pois não
existem os bibliotecários nas redes de ensino básico, principalmente nas redes públicas.
Art. 3o Os sistemas de ensino do País deverão desenvolver esforços
progressivos para que a universalização das bibliotecas escolares, nos termos
previstos nesta Lei, seja efetivada num prazo máximo de dez anos,
respeitada a profissão de Bibliotecário, disciplinada pelas Leis nos 4.084, de
30 de junho de 1962, e 9.674, de 25 de junho de 1998. (JUSBRASIL, 2010).
Dudziak (2003, p. 24) ainda menciona outras habilidades que a IL proporciona ao
cidadão, entre elas no processo de entendimento e aplicação dos diversos conceitos de
cidadania, assim
[...] a inserção do conceito no contexto da cidadania elevou a IL a um novo
patamar, pois esta ia além da simples aquisição de habilidades e
conhecimentos ligados à informação. Incluía-se agora a noção dos valores
ligados à informação para a cidadania.
34
Este resgate do ser humano de seus direitos, e, consequentemente, de suas obrigações,
o torna um ser independente sobre suas tomadas de decisão. Favorece a ação pensada,
refletida sobre os caminhos sociais que percorre, não se deixando influenciar por discursos
demagógicos; e sabe exigir ações para que estejam acordadas com a melhor qualidade de vida
da comunidade.
A informação armazenada, organizada, elaborada e confrontada com outras
informações, amadurece como conhecimento, transforma idéias em projetos, colabora na
feitura pró-ativa do cidadão, e isto se reflete na sociedade, pois
Todos os homens são iguais, mas aqueles que votam munidos de informação
estão em posição de tomar decisões mais inteligentes que aqueles cidadãos
que não estão bem informados. A aplicação de recursos informacionais aos
processos de decisão no desempenho das responsabilidades civis é de vital
importância (DUDZIAK, 2003, p. 24).
Com tudo isso concretizado, sobra tempo desse cidadão para a cultura, para poder ser
um criador de arte, arte por arte, para aflorar seu desejo de expor a sua subjetividade para a
coletividade. As funções bibliotecárias devem ser engajadas, “deve tomar como ponto de
partida a realidade e as vivências individuais e coletivas dos sujeitos envolvidos no processo,
buscando uma estreita ligação com o meio ambiente imediato onde se desenvolvem as ações”
(CABRAL, 1999, p. 41).
Portanto, pode-se concluir que um cidadão, inserido em um ambiente voltado para a
competência em informação, dignidade, cultura, aprendizagem, conhecimento e lazer, tem em
seu conceito uma boa auto-estima, voltada, principalmente, para a criatividade, o
desenvolvimento de negócios, a independência financeira, o respeito pela coletividade e o uso
adequado de suas atribuições como elemento de uma sociedade.
Para Ortega, o desígnio do bibliotecário é ser o guardião da necessidade
social de ter acesso ao livro e nesse sentido, o bibliotecário conquista o seu
valor ao proporcionar ao leitor o acesso ao conhecimento, como o auxílio
para a tomada de decisão e, como educador porque, investe na educação do
leitor, com a finalidade de torná-lo cada vez mais independente, em busca da
autonomia no acesso à informação. (CARVALHO; REIS, 2007, p. 40).
O ato de aprender a aprender durante toda a vida requer o aprendizado do aprender a
ser, do aprender a compartilhar, do aprender a socializar o que cada um tem de melhor,
criando um círculo de transformações sociais para uma justiça social e transferindo
conhecimentos para as futuras gerações, compreendendo que a informação muda de
35
roupagem, mas continua a ser uma ferramenta importante no processo do conhecimento
humano.
Assim, de acordo com as características a que se propõe a Information Literacy –
competência informacional – e, unindo-a ao que se propõe esse trabalho, pode-se inferir que
as duas ideias estão em perfeita sintonia com o processo ensino-aprendizado do estudante de
ensino médio, do ensino básico da rede pública do país.
5.1 A COMPETÊNCIA INFORMACIONAL E A BUSCA POR INFORMAÇÃO
RELEVANTE
Esse conceito – competência informacional – nasceu da necessidade de se ligar o
profissional da era da computação à técnica de se independer ao se deparar com o arsenal da
inteligência artificial. Necessitava-se de instrumentalizar os cidadãos para a aquisição de
saberes mecânicos, e não de gerenciá-los na pesquisa de seu embasamento intelectual sobre a
forma de se conseguir tais conhecimentos específicos.
A concepção da information literacy com o sentido de capacitação em
tecnologia da informação se popularizou, principalmente no ambiente
profissional, e começava a ser implementada nas escolas secundárias.
Admitia-se a necessidade dessa capacitação, porém não havia ainda
programas educacionais estruturados. Esta ênfase na tecnologia da
informação restringia a noção do que seria information literacy, dando-lhe
uma ênfase instrumental. Todavia, a tecnologia da informação era o foco
naquele momento. (DUDZIAK, 2003, p. 25).
Mas, só na década de 80 do século XX10
é que “os bibliotecários começavam a prestar
atenção às conexões existentes entre bibliotecas e educação, à information literacy e ao
aprendizado ao longo da vida.” (DUDZIAK, 2003, p. 25), que agora iniciara outra era, e a qual
não deixou de ser transfigurada até os dias atuais.
Nesse cenário, os eixos que se propuseram a identificar como fundamentais ao
processo que se iniciara, traria a ideia do prosseguimento linear de uma aprendizagem pelo
próprio indivíduo. Mostrava-se, então, que o método seria o ensinar a pensar, o ensinar a
buscar seu próprio conhecimento, o foco estava agora voltado às conexões que cada indivíduo
10
Em 1987, surge no cenário a monografia de Karol C. Kuhlthau intitulada Information Skills
for an Information Society: a review of research (ERIC Document, 1987, EUA), na qual lança as bases
da information literacy education.
36
deve fazer para estar no mundo, para participar das mudanças que é próprio da evolução
humana.
– a integração da information literacy ao currículo, a partir da proficiência
em investigação, identificada como a meta das bibliotecas do ensino médio;
– o amplo acesso aos recursos informacionais, cruciais ao aprendizado
estudantil, a partir da apropriação das tecnologias de informação. Os
estudantes usam as tecnologias de informação como ferramentas na busca
pelas informações mais apropriadas ao seu aprendizado. (DUDZIAK, 2003,
p. 25).
A proficiência em investigação é uma interface que um aluno do ensino básico deve
adquirir, pois confere a ele um diagnóstico de que consiga fazer análises subjetivas, se
orientando eficazmente no contexto social. Então, as tecnologias de informação estarão
ajudando no conjunto das habilidades e competências para a busca de conhecimentos, se esse
indivíduo souber utilizá-las.
Para isso, é necessário ser competente em informação, processá-la de modo
conveniente para que consiga se inserir em ambientes diversos com segurança na
aprendizagem, que tenha rapidez de raciocínio e discernimento em utilizar a informação para
seu próprio conhecimento.
Desse modo, como inserir um aluno do ensino básico público em universidades sem
uma qualidade em um domínio do universo da informação como o acadêmico? Ele tem de
aprender a lidar com bases de dados, catálogos de bibliotecas especializadas, e outros
mecanismos de busca por informação em um tempo limitado, onde tudo é novo e profundo.
Isso gera uma grande ansiedade e o leva a gastar o tempo precioso de um bom estudo de suas
disciplinas para aprender a lidar com ferramentas que deixou de aprender durante o processo
básico de ensino.
Esse cidadão não terá o mesmo desempenho que o aluno de uma escola particular, não
por não ter a mesma capacidade intelectual, mas por não ter tido oportunidade no momento
em que era aprendiz no ensino básico, onde o tempo deveria ter sido contemplado com essas
tarefas.
O bibliotecário da escola de ensino básico teria esse papel, o de orientar na busca da
informação, de ensinar a discernir sobre a escolha de palavras que o levará ao tema
pretendido. Não sabendo buscar em catálogos on-line, esse aluno dispensará informações que
podem fazer diferença em sua pesquisa. Não conhecerá, até então, os operadores booleanos de
busca a bases de dados que o ajudem a encontrar informações, ou se perderá em buscas com
37
alto grau de revocação, levando tanto tempo em sua pesquisa que poderá gerar desgaste e
desestímulo.
A educação voltada para a information literacy aqui preconizada encontra
respaldo em práticas curriculares, como o currículo integrado (baseado na
transdisciplinaridade) e o aprendizado baseado em recursos (resource-
based learning), tendo como objetivo maior instrumentalizar e interiorizar
comportamentos que levem à proficiência investigativa, ao pensamento
crítico, ao aprendizado independente e ao aprendizado ao longo da vida.
(DUDZIAK, 2003, p. 32).
Nesse ponto, aquele tripé informação-comunicação-conhecimento se embasa no
quadro abaixo, cujo autor relaciona que as habilidades de um indivíduo em uma sociedade do
conhecimento parte do pressuposto de que ele faz parte de um cosmo; suas necessidades, suas
obrigações, seus direitos e seus desejos estão conectados a uma rede de conexões bem mais
complexos, e deve ser compartilhado para maximizar ou minimizar as soluções para possíveis
problemas que enfrentará durante sua vida profissional e cidadã.
Abaixo, a figura feita por Costa (2010), mostra a infinidade de habilidades que um
indivíduo deve procurar para ser considerado capaz em lidar com informação relevante, e,
esse aprendizado se adquire ao longo do processo de capacitação. Esses domínios tornam o
educando um instrutor de seu próprio conhecimento, o ajuda a questionar o mundo, a elaborar
suas teses e a produzir informação.
38
FIGURA 1 – Habilidades para ser considerado capaz de lidar com a informação
Fonte: COSTA (2010).
A ambiência escolar pode ser rica em informações, mas depende de como os gestores
proporcionam aos educandos esse acesso. Bastavam os livros didáticos antigamente, ao
contrário, hoje, já não são suficientes apenas as informações de acesso impresso. O ambiente
escolar necessita de aquisição das informações digitais também, pois um formato contribuirá
com outros formatos ao levar a informação aos bancos do ensino precocemente.
Através de softwares livres para bibliotecas, como a BIBLIVRE – aplicativo de
catalogação e difusão de acervos – que permite ao usuário acessar bibliotecas públicas e
privadas, qualquer pessoa pode compartilhar no sistema seus próprios textos, músicas,
imagens e filmes. Sucesso em todo o Brasil, assim como no exterior e por sua extrema
relevância cultural, vem se firmando como o aplicativo de escolha para a inclusão digital do
cidadão.
O sistema é licenciado como General Public Licence da Free Software
Foundation (GPLv3) e foi desenvolvido pela Sociedade dos Amigos da
Biblioteca Nacional (SABIN), com apoio da COPPE/UFRJ., no
desenvolvimento do projeto nas versões, 1.0 e 2.0.
O projeto foi patrocinado inicialmente pela IBM-Brasil e desde 2007 seu
39
patrocinador exclusivo é o Instituto Itaú Cultural. Sua versão 3.0 possui
versões em Inglês e espanhol, além do português, para atender à crescente
demanda de utilização do software em instituições no exterior. (BIBLIVRE,
2012).
Outro exemplo de software livre, que uma biblioteca escolar pode se beneficiar, é a
GNUTECA – sistema de automação de qualquer tipo de biblioteca, independentemente de seu
acervo e da quantidade de usuários – pode ser copiado, distribuído e modificado livremente.
O software é aderente a padrões conhecidos e utilizados por muitas
bibliotecas, como o ISIS (Unesco) e o MARC21 (LOC - Library Of
Congress). Por ter sido desenvolvido dentro de um ambiente CDS/ISIS, o
Gnuteca prevê a fácil migração de acervos deste tipo, além de vários outros.
O sistema pode ser utilizado tanto na gestão de pequenos acervos
particulares, como para acervos de mais de 100 mil exemplares. Por ser um
software livre, e utilizar como base apenas outros softwares livres, não há
limite prático no número de estações de atendimento, ilhas para consulta ou
acesso através da Internet. (GNUTECA, 2012).
Tantos outros softwares podem contribuir de maneira sistemática para a aplicação de
modelos de pesquisa em bibliotecas escolares; esses dois exemplos de softwares livres
mostram a eficácia da tecnologia da informação que se tem hoje, sem que se precise de
orçamento extra para sua implementação. Mas, para isso, necessita-se de profissionais que
saibam manusear essas ferramentas, aplicá-las para que a informação seja democrática; e
armazenar os conteúdos para que sejam distribuídos eficazmente e gerenciá-los para que sua
recuperação seja rápida.
Quando fatores de gerenciamento se unem, resultam em mais eficiência em qualquer
que seja o ambiente. Ao unir os conceitos pedagógicos e as tecnologias de informação e
comunicação, são geradas fórmulas mais concretas de se trabalhar conteúdos no ensino
básico. Os relacionamentos entre disciplinas se tornam mais dinâmicos, as conexões entre os
contextos são mais bem assimilados e as habilidades e as competências são mais fáceis de
serem diagnosticadas.
5.2 INFORMATION LITERACY EDUCATION
[...] atuar em cooperação com os docentes, de modo a potencializar as
práticas de pesquisa, adotando novos espaços de aprendizado que não a sala
de aula (como, por exemplo, a Biblioteca), incentivando as práticas
dialógicas, inseridas num contexto educacional mais abrangente
(DUDZIAK, 2002, [n.p.]).
40
O Brasil necessita sair da educação deficiente que perdura em países periféricos, esses
países apenas consomem as tecnologias criadas pelos países centrais. Ao invés disso, são
estes que investem em educação de qualidade para a população desde sua tenra idade;
formam, então, cidadãos mais criativos, mais empreendedores, mais independentes quanto à
economia mundial.
No entanto, somos ainda parte daqueles países que colocam a educação como débito, a
maneira como se processa o ensino básico ainda está estagnado no ensino-aprendizagem de
décadas atrás, estamos apenas reproduzindo conteúdos prontos, direcionados para o fracasso
de muitos alunos que não se inserem em um contexto pré-determinado, pois não se estimula a
inteligência, muito menos se instigam as competências.
Portanto, investir na mudança do capital formador do cidadão, na capacitação do
professor, na amplitude da união de profissionais que protagonizem transformações radicais
dentro da escola, além de inovar práticas pedagógicas voltadas para a capacitação do aluno
em aprender a aprender, são algumas das propostas da Information Literacy Education.
Surgidos, inicialmente, na área de Biblioteconomia, os trabalhos sobre Information
Literacy aparecem na década de 1980 na área de Educação, com artigos técnicos e estudos de
casos (surveys) voltados para as duas áreas.
Considera-se que cidadãos bem informados irão compensar o investimento feito em
sua educação escolar com mais cidadania, alimentar-se-ão com mais sabedoria, decidirão com
mais perspicácia sobre suas tomadas de decisão. Zurkowski (1974, apud DUDZIAK, 2001, p.
22), o bibliotecário que iniciou o movimento sobre o tema sugeria que:
a) os recursos informacionais deveriam ser aplicados a situações de trabalho;
b) técnicas e habilidades seriam necessárias no uso das ferramentas de
acesso à informação, assim como no uso de fontes primárias;
c) a informação deveria ser usada na resolução de problemas.
Embora ele tenha inserido a Information Literacy apenas ao ambiente de trabalho,
anos depois o tema já aparece de maneira mais abrangente. Não que não fosse adequado
inserir o termo ao labor, mas, mais do que isso, a completude do termo não ficara restrita ao
trabalho, já que o trabalho é a conseqüência de um aprendizado.
De acordo com Antunes (2004, p. 19), o cidadão não é fruto da escola, mas “nascemos
com nossas inteligências que precisam ser ‘acordadas’ [...], mas não nascemos, entretanto,
com qualquer competência. A escola [...] pode – e deve – despertar e ampliar as inteligências,
mas precisa construir competências”.
41
As competências estão relacionadas às práticas educativas, e a forma de desenvolvê-
las parece estar condicionada às teorias pedagógicas de muitos pensadores, tais como
Vygotsky (1937, apud ANTUNES, 2002, p.29) que salienta:
Postulamos que o que cria a Zona de Desenvolvimento Proximal é um traço
essencial da aprendizagem; quer dizer, a aprendizagem desperta uma série de
processos evolutivos internos capazes de operar apenas quando a criança
está em interação com as pessoas de seu meio e em cooperação com algum
semelhante. Uma vez que esses processos tenham se internalizado, tornam-
se parte das conquistas evolutivas independentes das crianças.
A Zona de Desenvolvimento Proximal, a qual alude Vygotsky, pode ser traduzida no
ambiente da Information Literacy como a colaboração de um profissional para a
aprendizagem de uma determinada tarefa a um aprendiz, que, sem essa ajuda, não seria capaz
de realizá-la em um nível satisfatório.
Em um ambiente dotado de multimeios, a biblioteca pode criar condições favoráveis a
múltiplas competências, necessárias ao cidadão, em qualquer época, principalmente à atual.
Antunes (2004) cita algumas delas, às quais comentar-se-á suas ligações com o bibliotecário
escolar.
1. Dominar plenamente a leitura escrita, lidando com seus símbolos e signos e assim
beneficiar-se das oportunidades oferecidas pela educação ao longo de toda a vida (p. 24).
A biblioteca, através de contação de histórias, teatro de fantoches, leituras de imagens
pictografadas, pesquisas em materiais impressos e digitais, oficinas de buscas a informações
precisas, e outras formas de assimilação de conteúdos formais, pode oferecer a chave da
leitura do mundo, e, através dessas pontes, guiar o educando para encontrar seus próprios
conhecimentos.
2. Perceber as múltiplas linguagens utilizadas pela humanidade (p. 25).
Essa multidisciplinaridade que envolve as múltiplas linguagens está inserida em
materiais e formatos diversificados de informações, que, se estiverem acondicionados e
armazenados categoricamente, fornecerão subsídios para contribuir eficientemente na
pesquisa. Todo conceito de linguagem está ligado ao critério de desenvolvimento de
capacidades de diferenciar, e entender, o contexto pela qual se passa a ideia, o pensamento, o
raciocínio. O educando passa a perceber o mundo através de cada simbologia linguística, e é
aí que se forma o adulto independente, livre de manipulações.
42
3. Perceber a matemática em suas relações com o mundo, “matematizar” suas relações com os
saberes e resolver problemas (p. 26).
Competências no mundo da matemática podem ser melhor assimiladas com materiais
tridimensionais, que requerem habilidades para serem fabricadas pelos próprios alunos, como
as maquetes, as figuras que remetem aos ângulos; além das proporções, grandezas, estatísticas
– gráficos e tabelas – tudo embasado em pesquisas que se tornarão mais bem observáveis
pelos alunos.
4. Conhecer, compreender, interpretar, analisar, relacionar, comparar e sintetizar dados, fatos
e situações do cotidiano e através dessa imersão adquirir não somente uma qualificação
profissional, mas competências que [os] tornem aptos a enfrentar inúmeras situações (p. 27).
Nesse aspecto, a contribuição às disciplinas voltadas para o cotidiano é realmente fato,
pois a biblioteca é um organismo vivo (RANGANATHAN11
), latente, se tivermos um
bibliotecário atuante, engajado com propostas libertárias do cidadão, comprometido com as
buscas por informações pertinentes a seus usuários.
5. Compreender as redes de relações sociais e atuar sobre as mesmas como cidadãos (p. 29).
Essa rede de relações sociais em um ambiente escolar é a aprendizagem que o aluno
deve ter para a sua socialização no mundo exterior, aqui a relação entre todos da comunidade
escolar deve prevalecer na busca da educação social. Temas importantes sobre cidadania irão
se tornar “a bola da vez”, e a biblioteca pode contribuir com leituras de livros voltados para os
temas em destaque, pois existe sempre um livro para cada leitor.
6. Valorizar o diálogo, a negociação e as relações interpessoais (p. 31).
No ambiente bibliotecário, a clientela não tem faixa etária definida, ela é toda a
comunidade escolar, por isso o bibliotecário deve assumir uma postura de negociador da
informação, interpelar para o diálogo, educar para que um ajude o outro a procurar a
11
RANGANATHAN, Shiyali Ramamrita. Idealizou as cinco leis da Biblioteconomia e
elaborou três importantes contribuições para a Biblioteconomia: a primeira consistiu em introduzir três
níveis distintos em que trabalham os classificacionistas e os classificadores, - o plano da idéia (nível
das idéias, conceitos), - o plano verbal (nível da expressão verbal dos conceitos), - e o plano notacional
(nível de fixação dos conceitos em formas abstratas). A segunda contribuição refere-se à sua
abordagem analítico-sintética para a identificação dos assuntos. A terceira contribuição foi o
estabelecimento de dezoito princípios que podem ser considerados como um instrumento para
avaliação de sistemas de classificação (WIKIPÉDIA).
43
informação que precisa. Nesse ambiente, o aluno mais velho ajuda o aluno mais novo nas
pesquisas, ensina a ser respeitado pelo seu saber.
7. Descobrir o encanto e a beleza nas expressões culturais de sua gente e de seu entorno (p.
31).
A cultura, base das sociedades, tem uma enorme concorrente – a televisão –, que
transfigura a cultura das comunidades. A escola tem uma função predominantemente
importante para reter as artes de uma determinada região, como os bordados, as danças, os
folguedos, as canções, e outros tipos de tradições que, se não forem transmitidas e repassadas
através das instituições e pelos mais velhos do lugar, serão esquecidas pela comunidade.
Através de blogs e outras redes sociais, a biblioteca pode criar associações que tornem a
cultura de uma determinada localidade viva, ao construir a memória da comunidade.
8. Saber localizar, acessar, contextualizar e usar melhor as informações disponíveis (p. 33).
Quem melhor que o bibliotecário nesses saberes para servir de colaborador tanto para
o professor quanto para o aluno? As bases de dados são fontes de informação, e com a ajuda
do bibliotecário em armazená-las, essas estarão prontas para serem localizadas, acessadas,
contextualizadas e usadas pelos atores do processo ensino-aprendizagem. Como esse foco
busca a autonomia do educando, a busca por informações relevantes é um fator de desempate
nas competências profissionais do mundo do trabalho atual.
9. Saber selecionar e classificar as informações recebidas, perceber de maneira crítica os
diferentes meios de comunicação para melhor desenvolver sua personalidade e estar à altura
de agir com cada vez maior capacidade de autonomia e discernimento (p. 34).
Nesse momento atual da economia mundial, o indivíduo precisa buscar um
conhecimento diferenciado. Pode-se mencionar o conhecimento tácito que diz respeito a sua
experiência, pensamentos e sentimentos dentro de um contexto específico; os elementos
técnicos, como suas habilidades de “saber-fazer”; e os elementos cognitivos, que são seus
modelos mentais e individuais, mapas e crenças, paradigmas e pontos de vista para juntar com
o conhecimento explícito, articulável, codificado e comunicável através de símbolos,
números, fórmulas; tangível através de equipamentos, modelos e documentos, encontrado
através de regras, rotinas, normas e procedimentos operacionais (VICK, 2009). Esses
conhecimentos, se desenvolvidos, atuarão de forma proativa no desenvolvimento do
indivíduo, assegurando uma maior compreensão do mundo.
44
10. Aprender o sentido da verdadeira cooperação desenvolvendo a compreensão do outro e
descobrindo meios e processos para se trabalhar e respeitar os valores do pluralismo e da
compreensão mútua (p. 35).
Atualmente, o indivíduo que sabe trabalhar em equipe é cada vez mais valorizado. Ele
tem mais habilidade para a inovação, que são as novas ideias transformadoras ou
implementadas em produtos, serviços ou processos, agregando valor à empresa. Ideias levam
interação entre pessoas, só que necessitam de ambientes que possuam condições de
proporcionar a criação de conhecimento. Esses profissionais são tolerantes à ambiguidade e
focados em resultados de longo prazo, são indivíduos empreendedores, antiburocráticos,
dispostos à colaboração e à interação com profissionais de diferentes áreas (VICK, 2009).
O bibliotecário pode participar desse processo, favorecendo a participação do grupo
em pesquisas e trabalhos acadêmicos, os quais necessitam de colaboração da equipe, pois a
participação de todos é a experiência na atuação de equipes para o mundo do trabalho.
Dudziak (2003) apresenta, a seguir, um demonstrativo sobre as concepções de
interrelações entre informação, conhecimento e aprendizado. É um passeio pelas técnicas de
obtenção da informação, pelo processo mediador para o conhecimento e, finalmente, pelas
relações entre os sujeitos para o aprendizado.
O bibliotecário atuará nas três fases do processo, sendo que na primeira fase o
bibliotecário deverá intermediar a informação para o educando, tendo a biblioteca escolar
como suporte de acesso a sistemas informacionais; outra fase, sem esquecer que o processo se
deve à soma de competências adquiridas da fase anterior, o bibliotecário será mediador para o
conhecimento desse educando, tendo a biblioteca como espaço de aprendizado aos processos
do conhecimento; e, ao final do processo, um agente educacional para o aprendizado de um
cidadão, pois esse educando já poderá estar apto a buscar seu próprio aprendizado ao longo da
vida.
45
FIGURA 2 – Concepções de Information Literacy
Fonte: DUDZIAK (2003).
Desse modo, um indivíduo será único no meio em que atua, mas, junto a outros fatores
de aprendizagem, seu conhecimento resgatará informações importantes para prosseguir
sempre aprendendo.
E nesse momento, a disciplina de Metodologia da Pesquisa e do Trabalho Científico se
torna importante como conhecimento básico do aluno, pois os benefícios na aprendizagem
serão discutidos nesse próximo tópico.
46
6 METODOLOGIA DA PESQUISA E DO TRABALHO CIENTÍFICO
Quando se emprega um método para se obter conhecimento, deve-se primeiramente
ter a preocupação desse método estar dentro de normas que o auxiliem a padronizá-lo, para
que possa se encaixar nos modelos de uma sociedade globalizada, que exige certificações de
qualidade.
O bibliotecário escolar, enquanto docente da disciplina de metodologia da pesquisa e
do trabalho científico, precisa estar ciente de que o estudante irá utilizar essa ferramenta em
todas as disciplinas do ensino médio, básico de toda sua vida acadêmica, e, então, sua postura
deve ser de reinventar o processo de pesquisa.
Com as novas ideias de estrutura curricular que vem alimentando o ensino básico, faz-
se saber que:
A formação do aluno deve ter como alvo principal a aquisição de
conhecimentos básicos, a preparação científica e a capacidade de utilizar as
diferentes tecnologias relativas às áreas de atuação.
Propõe-se, no nível do Ensino Médio, a formação geral, em oposição à
formação específica; o desenvolvimento de capacidades de pesquisar,
buscar informações, analisá-las e selecioná-las; a capacidade de
aprender, criar, formular, ao invés do simples exercício de memorização.
(BRASIL, [s.d.], grifo nosso).
As posturas de aprendizagem de um estudante devem mudar profundamente, pois,
segundo Severino (1996):
É preciso que o estudante se conscientize de que o resultado do processo de
aprendizagem depende fundamentalmente dele mesmo;
As condições de aprendizagem transformam-se no sentido de exigir do
estudante maior autonomia na efetivação da aprendizagem;
Maior independência em relação aos subsídios da estrutura do ensino e dos
recursos institucionais que ainda continuam sendo oferecidos;
O aprofundamento da vida científica passa a exigir do estudante uma postura
de auto-atividade didática que será, sem dúvida, crítica e rigorosa;
Deve o estudante empenhar-se num projeto de trabalho altamente
individualizado, mas que produza frutos coletivos.
Para ter um resultado satisfatório de aprendizagem com os estudantes, o bibliotecário
necessitará de fontes alternativas que os auxiliem a resumir textos, elaborar resumos,
47
diagnosticar a introdução, o desenvolvimento e a conclusão, além de introduzir as normas
técnicas de trabalhos acadêmicos que deverão estar em consonância com a ABNT –
Associação Brasileira de Normas Técnicas.
Além de todas essas técnicas de realização de um trabalho científico, o estudante
necessitará aprender a elaborar um projeto de pesquisa, baseado na metodologia do trabalho
científico, no qual ele construirá o raciocínio linear de seu pensamento sobre o qual escreverá.
Esse deve estar orientado sobre uma base sólida de argumentos, os quais se solidificarão no
tema, no problema observado, na justificativa do tema, nos objetivos geral e específicos, na
fundamentação teórica, referencial bibliográfico e na metodologia que seguirá todo seu
trabalho e sua conclusão12
.
Por que essa disciplina é tão importante para a ciência?
Basta ler qualquer trabalho científico para entender a necessidade de se ter uma
habilidade no discorrer sobre um assunto. As ideias devem estar consequentemente alinhadas
com o objetivo geral, além de especificá-lo. A importância da coerência e da coesão, fatores
tão intrinsecamente ligados a qualquer texto didático, merecem a devida atenção na
metodologia, com a intenção de ser o mais transparente possível, pois o leitor deverá entendê-
lo e interpretá-lo rapidamente.
Sem essas habilidades, o ensino básico brasileiro não conseguirá se solidificar na
aquisição de conhecimento, muito menos na formação geral do estudante, pois a sua estrutura
curricular está falida para os modelos atuais de modernização e globalização da sociedade
moderna. Sem essas instrumentações, o aluno do ensino básico “público” sai hoje da escola
com os mesmos dispositivos neurais que saíam há trinta anos.
Será que a sociedade do conhecimento chegará a se desenvolver para os alunos da
escola pública do Brasil? Por quanto tempo ainda se terá uma educação básica tão primária?
Pode-se reinventá-la? Podem ser concretizadas as novas ideias que aparecem para as
mudanças?
12
Anexo 1: depoimento de aluno da graduação da UFRN sobre a importância do projeto.
48
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Se o conhecimento é uma alternativa para um país crescer, ser sustentável e dirimir
problemas gerados por uma sociedade humana sempre em crescimento, é necessário que se
fomentem políticas de inserção de alternativas que visem a solucionar os fatores que geram os
desequilíbrios.
Da parte dos cientistas da informação, os projetos de incentivo à leitura, à pesquisa e a
modelos de metodologias que auxiliem na formação do conhecimento formam incrementos de
colaboração na busca por um país, e um mundo, com mais igualdade entre as pessoas e menos
ignorância. Espera-se, portanto, que a educação pública se torne a linha mestra das novas
gerações.
Para isso, o importante instrumento de disseminação da informação que se faz através
da competência informacional – information literacy – não é superado por nenhum outro
método, pois o aprender a aprender e a busca pelo próprio conhecimento propulsionam outros
e mais outros conhecimentos, gerando uma infinidade de “nós” e “entrelinhas” para o
aprendiz.
Inserido nessa trama pedagógica, o bibliotecário escolar, munido de um planejamento
estratégico de uma disciplina voltada para a qualidade das competências para a aquisição do
conhecimento – Metodologia da Pesquisa e do Trabalho Científico – poderá contribuir,
sistematicamente, para o amadurecimento da prática pedagógica no ensino básico, levando o
educando a aprender a maximizar suas habilidades.
Portanto, a base de uma sociedade moderna, voltada para a dignidade e para o
conhecimento, passa pela educação; e a educação, segundo Paulo Freire, pensador e educador
brasileiro, é uma dinâmica introspectiva que necessita do outro para sua intermediação diante
das coisas do mundo, pois “na medida, porém, em que me fui tornando íntimo do meu mundo,
em que melhor o percebia e o entendia na ‘leitura’ que dele ia fazendo, os meus temores iam
diminuindo” (FREIRE, 1983).
49
REFERÊNCIAS
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Editora Vozes, Fascículo 12, 2002.
______. Como desenvolver as competências em sala de aula. 5. ed. Petrópolis: Editora
Vozes, Fascículo 8, 2004.
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biblioteconomia em Santa Catarina, Florianópolis, v.2, n.2, 1997.
ARAÚJO, Eliany A. de. Sociedade de Informação: espaço da palavra onde o silêncio mora?
São Paulo – Ensaios APB, n. 31, jun., 1996.
ASSMANN, Hugo. A metamorfose do aprender na sociedade da informação. Ci. Inf.,
Brasília, v. 29, n. 2, p. 7-15, maio/ago. 2000. Disponível em:
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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14724: informação e
documentação: trabalhos acadêmicos: apresentação. Rio de Janeiro, 2011.
______. NBR 10520: informação e documentação: citações em documento: apresentação. Rio
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______. NBR 12225: títulos de lombadas. Rio de Janeiro, 1992.
______. NBR 6023: informação e documentação: referências: elaboração. Rio de Janeiro,
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54
ANEXO 1 - DEPOIMENTO DE ALUNO DE GRADUAÇÃO DA UFRN
Depoimento do estudante de Direito (matutino), do 7º período, da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, Lucas Wallace Ferreira dos Santos.
Coloquialmente, metodologia é estudo do método, isto é, qual o caminho a ser
perseguido em um trabalho científico e/ou em uma pesquisa. Assim, figura esta ciência como
importantíssima para estabelecer o saber científico, o criar ciência de maneira adequada.
Quando falo de forma adequada, quero dizer, conforme os métodos científicos. Nesse sentido,
é preciso considerar que metodologia não é a mera adequação de seu texto às normas da
ABNT ou qualquer outro modelo de normatização.
Assim, não há que se falar em metodologia, utilizando-se dos recursos meramente
formais da normatização. O que se espera do estudo dos métodos é a maneira à qual se
estabelecem os critérios científicos de produção de conhecimento. É pertinente considerar que
discutir o tema, estabelecer o problema do seu trabalho científico, elencar os objetivos geral e
específicos, expor as questões de pesquisa conforme as hipóteses, bem como apresentar as
justificativas, fundamentação teórica, referencial bibliográfico e qual o método de pesquisa
adotado têm por finalidade o fazer ciência, além de dignificar o seu trabalho estando este com
fundamento científico.
A universidade, ao que parece, compromete-se com o desenvolvimento científico,
embora não ofereça os elementos suficientes para o aprimoramento da ciência; por exemplo,
verifica-se no curso de Direito um incentivo embrionário à pesquisa, embora não haja
maturidade científica para tanto, visto que o acompanhamento metodológico por parte dos
orientadores é insuficiente.
Assim, a finalidade de uma instituição de ensino superior é criar e desenvolver a
ciência, sem o compromisso de apenas reproduzir, repetindo o senso comum produzido na
ciência.
Nesse sentido, sob o olhar de Paulo Freire, a universidade deve oferecer base para a
transformação do homem e da mulher como seres históricos e atores da sua própria realidade.
Fazendo um paralelo com o educador, é perceptível quão frágil é a formação científica dos
estudantes oriundos do ensino médio, e torna-se quase uma exigência que esta necessidade
seja suprida nessa fase educacional.
55
ANEXO 2 - PLANO DE ENSINO EM METODOLOGIA DO TRABALHO
CIENTÍFICO
Unidade Operacional: Curso: Unidade Curricular:
CTGÁS – ER TÉCNICO EM MECÂNICA Metodologia do Trabalho Científico Docente: Manuella Oliveira do Nascimento
Carga Horária: 20 horas
Período: 04/07/2012 – 13/07/2012
Modalidade:
( )Qualificação ( X )Técnico ( )Aprendizagem: ( )Aperfeiçoamento Profissional ( )Básico ( )Técnico
Público Alvo:
Discentes da Turma do Curso Técnico em Mecânica, do turno noturno, do CTGAS-ER.
Competência Geral:
-Apresentar aos alunos a estrutura de projeto de pesquisa e TCC; -Instrumentalizar os Alunos com Fundamentos metodológicos necessários para a elaboração do projeto de pesquisa e TCC ; -Apresentar o Trabalho de Conclusão de Curso de acordo com os critérios adotados pela Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. Competências Específicas:
Conceituais (Saber Conhecer):
Conhecer as normas e o manual do aluno, bem como saber manuseá-los para aplicação nos trabalhos de conclusão de curso. Procedimentais (Saber Fazer):
Estruturação de projetos e trabalhos de conclusão de curso
Atitudinais (Saber Ser):
Estar apto a elaborar documentos e trabalhos científicos dentro das normas estabelecidas.
Conteúdos Formativos:
Tipos de conhecimentos. Como elaborar um projeto de pesquisa? O que é TCC? Estrutura do trabalho de conclusão de curso, de acordo com a ABNT, compreendendo as partes pré-textual, textual e pós-textual. Estrutura Lógica: Introdução, desenvolvimento, conclusão; Estrutura Gráfica: Apresentação de cada parte de um Trabalho Acadêmico e a respectiva norma da ABNT;
Procedimentos Metodológicos:
Exposição dialogada (interação docente e aluno)
Acompanhamento de atividades nas formas: presencial e a distância.
Observação sistemática analisando a capacidade de compreensão e aplicação das estratégias para elaboração do TCC. Procedimentos Avaliativos:
Pontualidade no cronograma de atividades;
Participação individual e em grupo;
Registro de desempenho em situações concretas
Organização do material de trabalho Recursos de Apoio Didático: Projetor multimídia; Computador; Quadro branco; pincel. Fontes de Pesquisa:
Fundamental Complementar
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14724: informação e documentação: trabalhos acadêmicos: apresentação. Rio de Janeiro, 2011. ______. NBR 10520: informação e documentação: citações em documento: apresentação. Rio de Janeiro, 2002. ______. NBR 12225: títulos de lombadas. Rio de Janeiro, 1992. ______. NBR 6023: informação e documentação: referências: elaboração. Rio de Janeiro, 2002. ______. NBR 6024: numeração progressiva das seções de um documento. Rio de Janeiro, 1989. ______. NBR 6027: informação e documentação: sumário: apresentação. Rio de Janeiro, 2003. ______. NBR 6028: resumos. Rio de Janeiro, 1990.
SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 23. ed. São Paulo: Cortez, 2007. MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia científica. 5. ed. São Paulo:
Atlas, 2003.
Fonte: Plano de Ensino ministrado no CTGAS-ER (Centro de Tecnologias do Gás e Energias
Renováveis). (CTGAS-ER, 2012).