60
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA OBTENÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE COMPÓSITO COM PEAD RECICLADO E PÓ DA CASCA DA SEMENTE DA PLANTA SOMBREIRO (Clitoria fairchildiana) Dissertação submetida à UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE como parte dos requisitos para a obtenção do grau de MESTRE EM ENGENHARIA MECÂNICA ISABEL CAVALCANTI CABRAL ORIENTADOR: PROF. DR. JOSÉ UBIRAGI DE LIMA MENDES Natal, agosto de 2016

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ... ·  · 2017-10-20PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ... Fluxograma dos

  • Upload
    vandiep

  • View
    216

  • Download
    1

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ... ·  · 2017-10-20PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ... Fluxograma dos

1

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

OBTENÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE COMPÓSITO COM PEAD

RECICLADO E PÓ DA CASCA DA SEMENTE DA PLANTA SOMBREIRO

(Clitoria fairchildiana)

Dissertação submetida à

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

como parte dos requisitos para a obtenção do grau de

MESTRE EM ENGENHARIA MECÂNICA

ISABEL CAVALCANTI CABRAL

ORIENTADOR: PROF. DR. JOSÉ UBIRAGI DE LIMA MENDES

Natal, agosto de 2016

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ... ·  · 2017-10-20PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ... Fluxograma dos

2

ISABEL CAVALCANTI CABRAL

OBTENÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE COMPÓSITO COM PEAD

RECICLADO E PÓ DA CASCA DA SEMENTE DA PLANTA SOMBREIRO

(Clitoria fairchildiana)

Dissertação apresentada ao Programa

de Pós-Graduação em Engenharia

Mecânica como requisito parcial à

obtenção do título de Mestre em

Engenharia Mecânica.

Orientador: Prof. Dr. José Ubiragi de

Lima Mendes

NATAL, agosto de 2016

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ... ·  · 2017-10-20PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ... Fluxograma dos

3

Catalogação da Publicação na Fonte Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Sistema de Bibliotecas

Biblioteca Central Zila Mamede / Setor de Informação e Referência

Cabral, Isabel Cavalcanti. Obtenção e caracterização de compósito com PEAD reciclado e pó da casca da semente da planta Sombreiro (Clitoria fairchildiana) / Isabel Cavalcanti Cabral. - 2016. 59 f. : il. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Tecnologia, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica. Natal, RN, 2016. Orientador: Prof. Dr. José Ubiragi de Lima Mendes. 1. Compósito polimérico - Dissertação. 2. Polietileno – Resíduo – Dissertação. 3. Sombreiro (Clitoria fairchildiana) - Dissertação. I. Mendes, Milva José Ubiragi de Lima. II. Título. RN/UF/BCZM CDU 620.1

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ... ·  · 2017-10-20PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ... Fluxograma dos

4

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ... ·  · 2017-10-20PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ... Fluxograma dos

5

“Descobrir consiste em olhar para o que todo mundo está vendo e pensar

uma coisa diferente”. (Roger Von Oech)

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ... ·  · 2017-10-20PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ... Fluxograma dos

6

Dedico este trabalho aos meus Pais Damião e Maria Socorro e ao meu companheiro Oto Lima.

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ... ·  · 2017-10-20PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ... Fluxograma dos

7

AGRADECIMENTOS

À Deus por me dar força, coragem e saúde em todos os dias de minha vida. Ao meu orientador Prof. Dr. José Ubiragi de Lima Mendes pelo incentivo

e orientação durante o decorrer do trabalho.

Aos meus pais Damião e Maria Socorro, meus irmãos, João e Hugo, por

sempre estarem ao meu lado, me apoiando e incentivando.

A Oto Lima, meu namorado, amigo e companheiro, minhas conquistas só

foram possíveis devido ao seu companheirismo e amor.

A todos os amigos e colegas do Laboratório de Mecânica dos Fluídos da

UFRN, pela ajuda e cooperação.

A todos os integrantes do Laboratório de Reologia e Processamento de

Polímeros da UFRN, em especial do Prof. Dr. Ito e a mestranda Thatiana, pela

colaboração para o desenvolvimento do trabalho.

Aos profissionais e alunos que trabalham diariamente nos laboratórios dos

Departamentos de Engenharia Mecânica (DEM) e Engenharia de Materiais

(DEMAT), pela disponibilidade para realizar os ensaios importantes para esta

pesquisa.

Aos membros da banca, pela atenção e orientação com a dissertação.

A Prof. Dr. Laura, do laboratório de ensaios mecânicos da UFCG, pela

colaboração na realização do ensaio de Impacto Izod.

A CAPES pela bolsa concedida e ao PPGEM por todo suporte financeiro

para o desenvolvimento da pesquisa.

Às empresas que fabricam móveis de material sintético em Natal, pela

doação do material.

À Universidade Federal do Rio Grande do Norte, por ceder os espaços,

equipamentos e profissionais necessário à realização deste trabalho.

Aos profissionais da Biblioteca Central Zila Mamede (BCZM), pela

dedicação e empenho em manter o local bom para estudo.

A todos que contribuíram direta ou indiretamente para a realização desta

pesquisa.

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ... ·  · 2017-10-20PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ... Fluxograma dos

8

RESUMO

Atualmente vem crescendo a necessidade de aproveitamento dos

resíduos gerados pela população, como forma de criar materiais alternativos e

de baixo custo, contribuindo assim para preservação do meio ambiente e

aproveitamento dos recursos naturais. A fabricação de compósitos reforçados

com fibras vegetais e matriz polimérica, tem sido uma alternativa para as

indústrias que buscam o aproveitamento de resíduos. O objetivo do presente

trabalho foi desenvolver um compósito polimérico com rejeito de polietileno como

matriz e carga do pó da casca da semente da planta Sombreiro (Clitoria

fairchildiana) nas proporções de 2,5% e 5%, mostrando que polímeros pós

consumo podem ser novamente aproveitados. As misturas polímero/carga foram

produzidas através de uma extrusora, e em seguida os corpos de prova foram

moldados por injeção. Para caracterizar o compósito foram realizadas análises

térmicas, medida do índice de fluidez, determinação da densidade, ensaio de

dureza Shore D, resistência à tração, resistência ao impacto Izod, microscopia

eletrônica de varredura (MEV) e absorção de água. Para os resultados

reológicos, a viscosidade do compósito PE_rec A (Polietileno com adição de

2,5% de carga) diminuiu, já o PE_rec B (Polietileno com adição de 5% de carga)

aumentou. A massa especifica se manteve constante para todas as amostras e

concentrações. Como esperado a dureza do compósito foi proporcional ao

percentual de carga que foi acrescentado, já na resistência máxima a tração o

compósito PE_rec A obteve um valor 2,3% menor comparado ao PE_rec Puro,

o ensaio de impacto Izod mostrou que o compósito PE_rec A apresentou 444,30

J/m de energia absorvida durante o ensaio. Na análise por MEV foram

observados a presença de vazios na microestrutura do material e a falta de

adesão matriz/carga em algumas regiões do compósito polimérico. O ensaio de

absorção de água mostrou que para as duas concentrações de carga natural o

pó se mostrou não muito hidrofílico. Com isso os resultados obtidos mostraram

que o Polietileno reciclado pode ser processado novamente e o acréscimo de

carga ao compósito promoveu um ganho de economia de material sintético.

Palavras chave: Compósito polimérico, resíduo, polietileno e Clitoria

fairchildiana.

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ... ·  · 2017-10-20PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ... Fluxograma dos

9

ABSTRACT

Currently it has increased the need for recovery of waste generated by

the population as a way to create alternative and low-cost materials, thus

contributing to preserving the environment and use of natural resources. The

manufacture of composites reinforced with natural fibers and polymer matrix, has

been an alternative for industries seeking the recovery of waste. The aim of this

study was to develop a polymeric composite tailings as polyethylene matrix and

load powder seed bark Sombreiro plant (Clitoria fairchildiana) in the proportions

of 2.5% and 5%, showing that post-consumer polymers can be again used.

Mixtures polymer / load were produced through an extruder, and then the

samples were injection molded. To characterize the composite were performed

thermal analysis, measurement of flow rate, density determination, hardness

testing Shore D, tensile strength, Izod impact strength, scanning electron

microscopy (SEM) and water absorption. For the rheological results, the viscosity

of the composite PE_rec (polyethylene with addition of 2.5% load) has decreased

since the PE_rec B (Polyethylene with addition of 5% load) has increased. The

bulk density was kept constant for all samples and concentrations. As expected

the hardness of the composite was proportional to the load percentage that has

been added since the maximum tensile strength the PE_rec The composite

obtained a 2.3% lower compared to PE_rec Pure, the Izod impact test showed

that the composite PE_rec The presented 444.30 J/m energy absorbed during

the test. In the analysis by SEM were observed the presence of voids in the

microstructure of the material and the lack of adhesion matrix / load in some

regions of the polymer composite. The water absorption test showed that for both

natural load concentrations powder proved not very hydrophilic. Thus the results

showed that the recycled polyethylene can be processed again and the

composite load increase promoted a gain of synthetic material economy.

Keywords: polymer composite, waste, polyethylene and Clitoria fairchildiana.

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ... ·  · 2017-10-20PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ... Fluxograma dos

10

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Três representações da estrutura do polietileno: (a) modelo sólido

tridimensional, (b) modelo esquemático tridimensional e (c) modelo simples

bidimensional. ............................................................................................................. 20

Figura 2 - Ilustração dos diferentes tipos de compósitos. ............................................ 25

Figura 3 - (a) Casca da semente da Planta Clitoria fairchildiana; (b) Árvore Clitoria

fairchildiana. ............................................................................................................... 27

Figura 4 - Fluxograma dos processos para o desenvolvimento do trabalho. ............... 29

Figura 5 - Separação e limpeza do PE_rec. ................................................................ 30

Figura 6 - Moinho de facas usado para moer as fibras sintéticas (PE_rec). ................ 31

Figura 7 - Particulado de PE_rec após serem moídas. ............................................... 31

Figura 8 - (a) lavagem da casca com água destilada e (b) secagem da casca em estufa.

................................................................................................................................... 32

Figura 9 - Moinho de facas tipo Micro Moinho da SUPEROHM. ................................. 33

Figura 10 - Extrusora e Granuladora. .......................................................................... 35

Figura 11 - Injetora usada para fabricação dos corpos de prova. ................................ 36

Figura 12 - Dimensões do Corpo de prova de acordo com a Norma ASTM D638-01. 36

Figura 13 - Corpos de prova obtidos na moldagem por injeção. ................................. 37

Figura 14 - Equipamento utilizado para medir Índice de Fluidez (MFI). ....................... 38

Figura 15 - Corpos de prova submersos em água, em frasco de vidro para ensaio de

absorção de água. ...................................................................................................... 39

Figura 16 - Medidor de densidade. ............................................................................. 39

Figura 17 - Durômetro Shore D utilizado para medir a dureza do compósito polimérico

................................................................................................................................... 40

Figura 18 - Máquina universal de ensaios, utilizada para o ensaio de Tração. (corrigir no

sumário)...................................................................................................................... 41

Figura 19 - Termograma de TG e DSC para o pó da casca. ....................................... 43

Figura 20 - Termograma de TG e DSC para o PE_rec. .............................................. 44

Figura 21 - Gráfico Ensaio de dureza Shore. .............................................................. 48

Figura 22 - Gráfico da Resistência máxima a Tração em relação a quantidade de pó

adicionada ao compósito. ........................................................................................... 49

Figura 23 - Gráfico da porcentagem de deformação para cada concentração do

compósito. .................................................................................................................. 50

Figura 24 -. Gráfico do Ensaio de Impacto Izod. ......................................................... 51

Figura 25 - Fotomicrografia de MEV do Pó da casca com aumento de 50x. ............... 52

Figura 26 - Fotomicrografia de MEV do Pó da casca com aumento de 100x. ............. 53

Figura 27 - Fotomicrografia de MEV da superfície da fratura da amostra de PE_rec Puro

criofraturada com aumento de 100x. ........................................................................... 53

Figura 28 - Fotomicrografia de MEV da superfície da fratura da amostra de PE_rec +

2,5% de Pó criofraturada com aumento de 800x. ....................................................... 54

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ... ·  · 2017-10-20PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ... Fluxograma dos

11

Figura 29 - Fotomicrografia de MEV da superfície da fratura da amostra de PE_rec +

2,5% de Pó por tração com aumento de 200x. ........................................................... 54

Figura 30 - Fotomicrografia de MEV da superfície da fratura da amostra de PE_rec +

5% de Pó criofraturada com aumento de 200x. .......................................................... 55

Figura 31 - Fotomicrografia de MEV da superfície da fratura da amostra de PE_rec +

5% de Pó criofraturada com aumento de 200x. .......................................................... 55

Figura 32 - Fotomicrografia de MEV da superfície da fratura da amostra de PE_rec +

5% de Pó por tração com aumento de 100x. .............................................................. 56

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ... ·  · 2017-10-20PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ... Fluxograma dos

12

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Classificação dos diversos tipos de polietileno normalizados segundo a

ASTM. ....................................................................................................................... 21

Tabela 2 - Propriedades térmicas, físicas, elétricas e mecânicas do PEAD. (DOAK,

1986) ......................................................................................................................... 22

Tabela 3 - Médias de índice de fluidez dos compósitos poliméricos. ......................... 45

Tabela 4 - Resultado do ensaio de absorção de água para 3 amostras diferentes com

concentração de 2,5% de pó no compósito. .............................................................. 46

Tabela 5 - Resultado do ensaio de absorção de água para 3 amostras diferentes com

concentração de 5% de pó no compósito. ................................................................. 47

Tabela 6 - Densidade dos Compósitos. ..................................................................... 47

Tabela 7 - Resultado de dureza dos compósitos obtido no processo de injeção. ....... 48

Tabela 8 - Propriedades Mecânicas do Ensaio de tração dos compósitos. ................ 49

Tabela 9 - Energia de Impacto Izod para os compósitos formulados. ........................ 51

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ... ·  · 2017-10-20PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ... Fluxograma dos

13

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ASTM Sociedade Americana para Ensaios e Materiais (American Society for Testing and Materials)

DSC Calorimetria diferencial de varredura

PE_rec Polietileno reciclado puro

PE_rec A Compósito de Polietileno reciclado com 2,5% de carga do Pó da casca da semente da Planta Sombreiro.

PE_rec B Compósito de Polietileno reciclado com 5% de carga do Pó da casca da semente da Planta Sombreiro.

PEAD Polietileno de alta densidade

PEBD Polietileno de baixa densidade

TGA Análise termogravimétrica

UFCG Universidade Federal de Campina Grande

UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ... ·  · 2017-10-20PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ... Fluxograma dos

14

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 16

1.1 OBJETIVOS ......................................................................................................................... 18

1.1.1 Objetivo geral ............................................................................................................ 18

1.1.2 Objetivos Específicos ................................................................................................. 18

2 REVISÃO DA LITERATURA .................................................................................... 19

2.1 POLÍMEROS ....................................................................................................................... 19

2.1.1 Polietileno .................................................................................................................. 19

2.1.2 Polietileno de Alta Densidade (PEAD ou HDPE) ....................................................... 21

2.2 COMPÓSITOS ..................................................................................................................... 23

2.2.1 Tipos de Compósitos ................................................................................................. 24

2.3 FIBRAS NATURAIS .............................................................................................................. 26

2.3.1 Clitoria Fairchildiana – Sombreiro ............................................................................ 27

2.4 MATERIAIS RECICLADOS .................................................................................................... 28

3 MATERIAIS E METÓDOS ....................................................................................... 29

3.1 MATERIAIS ......................................................................................................................... 29

3.1.1 Polietileno Reciclado ................................................................................................. 30

3.1.1.1 Separação e Limpeza do PE_rec .......................................................................... 30

3.1.1.2 Moagem do PE_rec ............................................................................................. 30

3.1.2 Casca .......................................................................................................................... 31

3.1.2.1 Lavagem e Secagem da Casca ............................................................................. 31

3.1.2.2 Moagem da Casca ............................................................................................... 32

3.2 MÉTODOS .................................................................................................................... 33

3.2.1 Características Térmicas ............................................................................................ 33

3.2.1.1 Análise termogravimétrica (TGA) ........................................................................ 33

3.2.1.2 Calorimetria diferencial de varredura (DSC) ....................................................... 34

3.2.2 Compósitos de PE_rec com pó da casca da semente da planta Clitoria fairchildiana

(Sombreiro) ......................................................................................................................... 34

3.2.2.1 Formulação dos compósitos ............................................................................... 34

3.2.2.1.1 Mistura por Extrusão .................................................................................... 34

3.2.2.2 Moldagem Por Injeção .................................................................................... 35

3.2.3 Características reológicas ....................................................................................... 37

3.2.3.1 Índice de Fluidez (MFI) ..................................................................................... 37

3.2.3.2. Ensaio de Absorção de Água .......................................................................... 38

3.2.4 Características Físicas ............................................................................................. 39

3.2.4.1 Determinação da massa específica ................................................................. 39

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ... ·  · 2017-10-20PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ... Fluxograma dos

15

3.2.5 Características Mecânicas ...................................................................................... 40

3.2.5.1 Dureza Shore D ................................................................................................ 40

3.2.5.2 Resistência à Tração ........................................................................................ 40

3.2.5.3 Resistência ao impacto Izod, com entalhe. ..................................................... 41

3.2.7 Características Morfológicas .................................................................................. 42

3.2.7.1 Microscopia eletrônica de Varredura (MEV)................................................... 42

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................... 43

4.1 ANÁLISE TÉRMICA ............................................................................................................. 43

4.2 CARACTERÍSTICAS REOLÓGICAS (OU FÍSICO-QUÍMICAS) .................................................. 44

4.2.1 Índice de Fluidez......................................................................................................... 44

4.2.2 Ensaio de Absorção de Água ..................................................................................... 46

4.3 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS ................................................................................................ 47

4.4. CARACTERÍSTICAS MECÂNICAS ........................................................................................ 48

4.4.1 Dureza Shore D .......................................................................................................... 48

4.4.2 Ensaio de Resistência à Tração ................................................................................. 49

4.4.3. Ensaio de Impacto Izod com entalhe ....................................................................... 51

4.6 CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS .................................................................................. 52

5 CONCLUSÕES ........................................................................................................ 57

REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 58

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ... ·  · 2017-10-20PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ... Fluxograma dos

16

1 INTRODUÇÃO

Nos últimos anos houve um aumento no desenvolvimento de novas

tecnologias que possibilitem a utilização de produtos com menor impacto

ambiental. A sustentabilidade ambiental é um objetivo a ser atingido (MANZINI

e VEZZOLI, 2008).

As novas tecnologias têm exigido, cada vez mais, materiais com

combinações incomuns de propriedades que não são atendidas pelas ligas

metálicas, cerâmicas e materiais poliméricos convencionais. Diante disso,

combinações e faixas das propriedades de materiais foram e estão sendo

ampliadas através do desenvolvimento de materiais compósitos (CALLISTER

JR, 2008).

Compósito polimérico é a combinação entre dois ou mais materiais para

se obter um novo material com características especificas e propriedades únicas

(HARPER e EDWARD, 2003).

Segundo Casaril et al (2007), o emprego de materiais compósitos como

materiais de engenharia vem ganhando cada vez mais espaço em vários

segmentos da indústria, uma vez que estes possibilitam uma boa sinergia na

interação entre os diferentes componentes que o formam, dando como resultado

uma gama de propriedades inerentes ao material, e atribuições – econômicas,

ambientais, etc. – mais interessantes do que seus componentes individuais.

O polietileno é um dos polímeros de maior consumo e maior produção a

nível mundial. Com excelentes propriedades (facilidade de processamento e boa

resistência química), baixo custo, tem uma ampla variedade de aplicações, como

por exemplo: embalagens de alimentos, embalagens industriais, filmes, sacos,

tubos, usos agrícolas, fiação, automóvel (HARPER e EDWARD, 2003).

De acordo com Araújo (2003), as fibras naturais possuem baixo custo de

obtenção quando as mesmas são comparadas com fibras sintéticas, fácil

obtenção e baixa densidade, não tóxicas e podem ser incineradas.

Materiais descartados, de alta qualidade, despertam cada vez mais

interesse para a reciclagem. Os resíduos plásticos de embalagens alimentícias,

assim como peças descartadas de grandes dimensões, provenientes da

indústria automotiva, são exemplos desses materiais (MARTINS, SUAREZ e

MANO, 1999).

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ... ·  · 2017-10-20PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ... Fluxograma dos

17

A reciclagem é um conjunto de técnicas que tem por finalidade aproveitar

os resíduos ou detritos e reutilizá-los em seus respectivos ciclos de produção

que por alguma razão, foram rejeitados. Reciclagem de plásticos significa

recuperar e voltar a transformar plástico pós-consumido para posterior utilização

em novas aplicações (SANTOS, AGNELLI e MANRICH, 2010).

Nesse contexto, os compósitos poliméricos reforçados com fibras

naturais têm recebido especial atenção devido às vantagens das fibras naturais

quando comparadas às fibras sintéticas, tais como: são provenientes de fontes

renováveis, possuem baixa densidade e baixo custo, não são tóxicas, podem ser

incineradas, são biodegradáveis e, principalmente, por serem consideradas

sustentáveis (GUIMARÂES et al, 2009).

Afirmaram Mattoso et al (2010), sendo uma fonte renovável, reciclável,

biodegradável e de baixo custo, o uso de recursos vegetais para a produção de

compósitos poliméricos consiste numa alternativa de grande importância

tecnológica. Para países com forte economia agrícola como o Brasil, o uso de

fibras naturais como matéria-prima para a indústria de polímeros reforçados é

uma forma importante de ampliar as possibilidades de explorar suas fontes de

matérias-primas naturais com agregação de valor.

A quantidade de lixo descartado produzido durante a fabricação de

móveis utilizando fibras sintéticas de material polimérico (polietileno) prejudica o

meio ambiente. Em média são produzidos 5 kg de lixo de materiais plásticos

pelas lojas que fabricam móveis utilizando fibras sintéticas. O polietileno é um

polímero termoplástico, o que permite a reutilização e criação de um novo

material que pode ser novamente utilizado na fabricação e confecção de novos

móveis, entre outras aplicações na engenharia. Portanto, seu reaproveitamento

significa uma economia de material e uma solução para diminuir os resíduos que

contribuem para aumentar os impactos ambientais.

A proposta do presente trabalho se insere no reaproveitamento de

polímeros pós-consumo, pela obtenção e caracterização de um compósito

produzido a partir de um polímero reciclado (polietileno) com a adição do Pó da

casca da semente da Planta Sombreiro. A casca da semente da planta

Sombreiro possui boa resistência e absorve pouca umidade. Tais características

contribuem para reduzir a quantidade de polímero necessária para confecção de

diversos materiais descartados que podem ser novamente reprocessados para

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ... ·  · 2017-10-20PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ... Fluxograma dos

18

fabricação de móveis, e podendo ser aplicados em outros ramos da engenharia,

trazendo economia de material sintético e diminuindo os danos causados ao

meio ambiente.

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo geral

O presente trabalho objetivou o desenvolvimento de compósitos com

Polietileno reciclado (PE_rec) com o pó da casca da semente da Planta

Sombreiro (Clitoria fairchildiana), e sua caracterização através de análises

térmicas, morfológicas, reológicas e mecânicas, para o aproveitamento do rejeito

polimérico.

1.1.2 Objetivos Específicos

Caracterização estrutural e morfológica do pó da casca da semente de

Clitoria fairchildiana;

Formular compósitos com duas porcentagens do Pó da casca;

Avaliar o efeito da adição do Pó da casca nas propriedades mecânicas,

reológicas e morfológicas dos compósitos produzidos;

Analisar a interface matriz/fibra, e correlacionar com suas propriedades

mecânicas.

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ... ·  · 2017-10-20PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ... Fluxograma dos

19

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 POLÍMEROS

O termo mero significa unidade. Neste contexto, mero refere-se a um

grupo unitário de átomos ou moléculas, o qual define um arranjo característico

de um polímero. Um polímero pode, então, ser considerado um material

resultante da combinação de vários meros ou unidades repetitivas. (ASKELAND,

PHULÉ e PRADEEP, 2011).

A massa molecular média de um polímero é a média da soma das

massas moleculares de cada macromolécula. A maioria dos polímeros, sólidos

ou líquidos, possui carbono como base; contudo, também podem ser

inorgânicos, como os silicones baseados na estrutura de Si-O (ASKELAND,

PHULÉ e PRADEEP, 2011).

Os polímeros são materiais que podem conter aditivos, tais como fibras,

cargas, pigmentos, entre outros, que podem melhorar ainda mais suas

propriedades (convencionais ou de engenharia) e materiais termorrígidos ou

termofixos (ASKELAND, PHULÉ e PRADEEP, 2011).

Os termoplásticos são polímeros que amolecem (e eventualmente se

liquefazem) quando são aquecidos e endurecem quando resfriados – processos

que são totalmente reversíveis e podem ser repetidos. A degradação irreversível

ocorre quando a temperatura de um polímero termoplástico fundido é aumentada

excessivamente. Adicionalmente, os termoplásticos são relativamente macios.

(CALLISTER JR, 2008).

Exemplos de polímeros termoplásticos comuns incluem polietileno,

poliestireno, poli (etileno tereftalato) e cloreto de polivinila (CALLISTER JR,

2008)

2.1.1 Polietileno

De acordo com Doak (1986), polietileno é um polímero parcialmente

cristalino, flexível, cujas propriedades são acentuadamente influenciadas pela

quantidade relativa das fases amorfa e cristalina. As menores unidades

cristalinas, lamelas, são planares e consistem de cadeias perpendiculares ao

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ... ·  · 2017-10-20PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ... Fluxograma dos

20

plano da cadeia principal e dobradas em zig-zag, para cada 5 a 15 nm, embora

haja defeitos que são poucos frequentes. A Figura 1 representa a estrutura do

Polietileno com suas cadeias.

Figura 1 - Três representações da estrutura do polietileno: (a) modelo sólido

tridimensional, (b) modelo esquemático tridimensional e (c) modelo simples

bidimensional.

Fonte: ASKELAND (2011).

Os polietilenos são inertes face à maioria dos produtos químicos

comuns, devido à sua natureza parafínica, seu alto peso molecular e sua

estrutura parcialmente cristalina. Em temperatura abaixo de 60 °C, são

parcialmente solúveis em todos os solventes. Entretanto, dois fenômenos podem

ser observados: (1) Interação com solventes, sofrendo inchamento, dissolução

parcial, aparecimento de cor ou, com o tempo, completa degradação do material;

e (2) interação com agentes tensoativos, resultando na redução da resistência

mecânica do material por efeito de tenso-fissuramento superficial (COUTINHO,

MELLO e MARIA, 2003).

Segundo Coutinho, Mello e Maria (2003), em condições normais, os

polímeros etilênicos não são tóxicos, podendo inclusive ser usados em contato

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ... ·  · 2017-10-20PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ... Fluxograma dos

21

com produtos alimentícios e farmacêuticos, no entanto certos aditivos podem ser

agressivos. No passado, o polietileno era classificado pela sua massa específica

e pelo tipo de processo usado em sua fabricação. Atualmente, os polietilenos

são mais apropriadamente descritos como polietilenos ramificados ou

polietilenos lineares. A Tabela 1 traz a classificação do Polietileno de acordo com

sua massa especifica, para o presente trabalho foi utilizado o Polietileno de alta

densidade.

Tabela 1 - Classificação dos diversos tipos de polietileno normalizados segundo a ASTM.

Tipo Massa específica (g/cm3)

I – Baixa densidade 0,910 a 0,925

II – Média densidade 0,926 a 0,940

III – Alta densidade 0,941 a 0,959

IV – Alta densidade (ultra alto PM) Maiores que 0,960

Fonte: ASTM, 1989

A população brasileira movimentou, em 2012, um total de 2320 milhões

de toneladas de polietileno (corresponde a 36% do total de termoplásticos

consumidos no país), em suas diversas variações, o que indica que cada

brasileiro foi responsável por consumir 11,2 kg de polietileno, principalmente

através de embalagens (RESO, 2015).

No setor de embalagens flexíveis o PEAD presenta um consumo total de

26% (um total de 262 mil toneladas por ano) do consumo total de PEAD no Brasil

(RESO, 2015).

2.1.2 Polietileno de Alta Densidade (PEAD ou HDPE)

O polietileno linear é altamente cristalino (acima de 90%), pois apresenta

um baixo teor de ramificações. Esse polímero contém menos que uma cadeia

lateral por 200 átomos de carbono da cadeia principal. Sua temperatura de fusão

cristalina é aproximadamente 132 °C e sua massa especifica está entre 0,95 e

0,97 g/cm3. O peso molecular numérico médio fica na faixa de 50.000 a 250.000.

As características mecânicas e elétricas do Polietileno de alta densidade

são apresentadas na Tabela 2. Enquanto as propriedades elétricas são pouco

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ... ·  · 2017-10-20PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ... Fluxograma dos

22

afetadas pela massa específica e pelo peso molecular do polímero, as

propriedades mecânicas sofrem uma forte influência do peso molecular, do teor

de ramificações, da estrutura morfológica e da orientação (COUTINHO, 2003).

Tabela 2 - Propriedades térmicas, físicas, elétricas e mecânicas do PEAD.

Propriedades Altamente linear Baixo grau de ramificações

Densidade, g/cm3

0,962 – 0,968 0,950 – 0,960

Índice de refração

1,54 1,53

Temperatura de fusão, °C

128 - 135 125 - 132

Temperatura de fragilidade, °C

-140 - -70 -140 - -70

Condutividade térmica, W/(m.K)

0,46 – 0,52 0,42 – 0,44

Calor de combustão, kJ/g

46,0 46,0

Constante dielétrica à 1 MHz

2,3 – 2,4 2,2 – 2,4

Resistividade superficial, Ω

1015 1015

Resistividade volumétrica, Ω.m

1017 - 1018 1017 - 1018

Resistência dielétrica, kV/mm

45 - 55 45 - 55

Ponto de escoamento, Mpa

28 - 40 25 - 35

Módulo de tração, Mpa

900 - 1200 800 - 900

Resistência à Tração, Mpa

25 - 45 20 - 40

Alongamento, %

No ponto de escoamento

5 - 8 10 - 12

No ponto de ruptura

50 - 900 50 - 1200

Dureza

Brinell, Mpa

60 - 70 50 - 60

Rockwell

R55, D60 – D70

Resistência ao cisalhamento, Mpa

20 - 38 20 - 36

Fonte: DOAK (1986)

Um aumento no teor de ramificações reduz a cristalinidade e é

acompanhado por variações significativas das características mecânicas, uma

vez que causa um aumento no alongamento na ruptura e uma redução da

resistência à tração.

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ... ·  · 2017-10-20PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ... Fluxograma dos

23

O PEAD é utilizado em diferentes segmentos da indústria de

transformação de plásticos, abrangendo os processos de moldagem por sopro,

extrusão e moldagem por injeção. Para o presente trabalho foi escolhido o

processo de mistura matriz/carga por extrusão e em seguida moldagem dos

corpos de prova por injeção.

De acordo com o Catálogo de Produtos da Petroquímica (2000), pelo

processo de injeção, o PEAD é utilizado para a confecção de baldes e bacias,

bandejas para pintura, banheiras infantis, brinquedos, conta-gotas para bebidas,

jarros d’água, potes para alimentos, assento sanitários, bandeja, tampas para

garrafas e potes, engradados, bóias para raias de piscinas, caixa d’água, entre

outros.

2.2 COMPÓSITOS

Os compósitos estão entre os materiais mais antigos utilizados pelo

homem. Nos tempos primitivos, o homem descobriu empiricamente que quando

dois ou mais materiais de natureza diferente eram utilizados em conjunto se

obtinha um novo material, cujo desempenho muitas vezes pode ser superior e,

por vezes, muito diferente dos componentes que lhe haviam dado origem. Foi

assim que os antigos arquitetos egípcios desenvolveram compósitos utilizando

tijolos de argila misturados com palha, material que apresentava um significativo

aumento de resistência à abrasão em comparação aos tijolos feitos somente de

argila. A metodologia utilizada pelos egípcios é similar a que hoje se pratica com

os plásticos reforçados com fibra de vidro (FINKLER, 2005).

Um compósito pode ser considerado como qualquer material multifásico

que exibe uma proporção significativa de das propriedades de ambas as fases

que o constituem, de modo tal que é obtida uma melhor combinação de

propriedades. (CALLISTER JR, 2008).

No projeto de materiais compósitos, os cientistas e os engenheiros

combinam de uma maneira engenhosa vários metais, cerâmicas e polímeros,

para produzir uma nova geração de materiais extraordinários. A maioria dos

compósitos foi criada para melhorar combinações de caraterísticas mecânicas,

tais como a rigidez, a tenacidade e as resistências às condições do ambiente e

a temperaturas elevadas. (CALLISTER JR, 2008).

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ... ·  · 2017-10-20PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ... Fluxograma dos

24

Os compósitos com matriz polimérica consistem em um polímero como

a matriz, com fibras ou partículas como a fase dispersa. Esses materiais são

usados na maior diversidade de aplicações dos compósitos, assim como nas

maiores quantidades, como consequência de suas propriedades à temperatura

ambiente, da facilidade de fabricação e do custo (CALLISTER JR, 2008).

O uso de fibras naturais como reforço para termoplásticos tem

despertado interesse crescente, principalmente para termoplásticos reciclados,

devido ao baixo custo, utilização de recursos naturais brasileiros disponíveis,

além de contribuir para a diminuição da geração de resíduos (MARCONCINI et

al, 2008)

Fibras vegetais sendo usadas como elemento de reforço em compósitos

poliméricos é interessante, pois essas provêm de fontes renováveis, são mais

leves e custam menos do que as fibras sintéticas; não são tóxicas; são pouco

abrasivas aos equipamentos de processo e não poluem o ambiente. Os

compósitos reforçados com essas fibras podem ser usados em telhados de

casas populares, painéis e partes de carros, placas para indústria eletrônica,

mesas e divisórias para escritórios, orelhões, bancadas para laboratórios,

tanques e armazenamento, entre outros. (NETO, CARVALHO e ARAÚJO,

2007).

De acordo com NDLOVU (2013), estudou o comportamento mecânico

de compósitos de polietileno de alta densidade com fibras de madeira e obteve

valores de módulos de tração entre 0,08 GPa para o polímero virgem, até 0,4

Gpa, para compósitos com 30% de fibras de madeira. O autor afirma que tais

valores podem ter correlação com a baixa interação fibra/matriz, todavia essa

situação pode ser melhorada com o uso de compatibilizantes.

2.2.1 Tipos de Compósitos

Os compósitos podem ser classificados em três categorias como carga

(particulado, com fibra e laminar) em função da forma dos materiais empregados.

O fluxograma representa os diferentes tipos de compósitos de acordo com a

forma da carga adicionada (Figura 2).

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ... ·  · 2017-10-20PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ... Fluxograma dos

25

Figura 2 - Um esquema de classificação para os vários tipos de compósitos.

Fonte: CALLISTER JR (2008).

Para o trabalho foi escolhido o compósito polimérico reforçado com

partículas, as quais foram obtidas através do uso de um moinho de facas, onde

a casaca da semente da planta Sombreiro foi triturada para obtenção do pó.

Os compósitos particulados contêm grandes ou pequenas quantidades

de partículas grossas que não impedem o deslizamento de discordâncias de

forma eficaz. Estes compósitos são projetados visando à obtenção de

combinações incomuns de propriedades, além de aumentar a resistência

mecânica (ASKELAND, PHULÉ e PRADEEP, 2011).

Segundo Askeland, Phulé e Pradeep (2011), a massa específica de um

compósito particulado é calculada segundo a equação 1.

𝜌𝑐 = ∑(𝑓𝑖 . 𝜌𝑖) = 𝑓1𝜌1 + 𝑓2𝜌2 + ⋯ + 𝑓𝑛𝜌𝑛 (1)

Onde:

𝜌𝑐 é a massa específica do compósito [g/cm3];

𝜌1, 𝜌2, … 𝜌𝑛 são as massas específicas de cada constituinte no compósito

[g/cm3];

𝑓1, 𝑓2, … , 𝑓𝑛 são as frações volumétricas de cada constituinte.

Certas propriedades de um compósito particulado dependem somente

das quantidades relativas e das propriedades dos constituintes individuais. A

regra das misturas pode predizer precisamente essas propriedades

(ASKELAND, PHULÉ e PRADEEP, 2011).

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ... ·  · 2017-10-20PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ... Fluxograma dos

26

Os objetivos de projeto dos compósitos reforçados com fibra incluem,

com frequência, alta resistência e/ou rigidez em relação ao peso (CALLISTER

JR, 2008).

Vários tipos de materiais de reforço são empregados. A palha (ou fibras

de vegetais como bambu) tem sido utilizada para reforçar tijolos de argila por

séculos. Barras de reforço de aço são introduzidas em estruturas de concreto.

Fibras de vidro em uma matriz polimérica produzem um compósito popularmente

conhecido como “fibra de vidro” e largamente empregado em veículos e

aplicações em aeronaves (ASKELAND, PHULÉ e PRADEEP, 2011).

Um compósito laminado é composto por lâminas ou painéis

bidimensionais que possuem uma direção preferencial de alta resistência, tal

como encontrado nas madeiras e nos polímeros reforçados com fibras contínuas

e alinhadas. Compósito laminado possui uma resistência relativamente alta em

várias direções no plano bidimensional; no entanto, a resistência em qualquer

direção é, obviamente, menor do que ela seria caso todas as fibras estivessem

orientadas naquela direção (CALLISTER JR, 2008).

2.3 FIBRAS NATURAIS

As fibras podem ser classificadas de três maneiras diferentes, sendo

elas: fibras naturais, fibras artificiais e fibras sintéticas (STAEL, 1997).

Segundo Mano e Mendes (1999), as fibras industriais, naturais e

sintéticas, representam uma vasta proporção do total de polímeros consumidos

no mundo; à medida que aumenta a população crescem paralelamente as

necessidades básicas de alimentação, vestuário e habitação. Assim, as fibras

abastecem um mercado de demanda garantida e de exigências de qualidade

crescentes.

Para Stael (1997), a utilização de fibras naturais, como material de

reforço pelo homem, já existe há muito tempo. A utilização desses materiais,

inicialmente de maneira empírica e intuitiva, deu origem à nova área de ciência

e engenharia de materiais com características tecnológicas e econômicas bem

definidas. A forma fibrosa apresentada pela celulose e suas características

estruturais proporcionam a esse material requisitos necessários para diversas

aplicações na área de engenharia.

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ... ·  · 2017-10-20PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ... Fluxograma dos

27

De acordo com Razera (2006), as fibras vegetais podem ser extraídas

de diferentes partes da planta: do caule (juta, malva, bagaço de cana, bambu);

folha (sisal, bananeira, abacaxi, curauá); do fruto (algodão, coco verde e

maduro); do tronco (madeira) e outros. Devido a isto, elas diferem

consideravelmente umas das outras, mas possui em comum o fato de serem

constituídas basicamente por três componentes: celulose, lignina e poliose,

também conhecidas como hemicelulose.

2.3.1 Clitoria Fairchildiana – Sombreiro (WIKIPÉDIA, 2016).

Para o presente trabalho foi escolhida a casca da semente da planta

popularmente conhecida como Sombreiro, como mostrado na Figura 3, seu

nome científico é Clitoria fairchildiana, ela foi descoberta por R.A. Howard, é da

família das Fabaceaes e sua origem é Brasileira. Sua distribuição geográfica no

Brasil é de maior concentração na região Norte, Nordeste e Centro-Oeste

(WIKIPÉDIA, 2016).

A madeira dessa árvore pode ser usada na construção civil como

divisórias internas, forros, para confecção de brinquedos e caixotaria. A árvore

proporciona ótima sombra e tem ótimo potencial paisagístico, excelente para

arborização rural e urbana de parques jardins, estradas, dentre outros. É

indicada para regeneração de áreas degradadas. Pode ser utilizada também

como adubo verde, pois é capaz de nodular e fixar nitrogênio.

Figura 3 - Casca da semente da Planta Sombreiro;

Fonte: Sementes do Xingu (2016)

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ... ·  · 2017-10-20PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ... Fluxograma dos

28

2.4 MATERIAIS RECICLADOS

O lixo, rejeito industrial ou doméstico, tem sido uma constante

preocupação da sociedade contemporânea para a preservação do meio

ambiente. Esse se constitui de uma carga de diferentes substâncias cuja

biodegradabilidade varia dependendo da composição e da origem. O lixo

doméstico, constituído em grande parte pelo descarte de embalagens plásticas

pode ser considerado um grande vilão neste contexto; o plástico é leve, ocupa

grande volume e a separação em seus constituintes é difícil (BLEDZKI e

NOWACZEK, 1993).

Strapasson (2004) afirmou que, os produtos fabricados de materiais

reciclados são na maioria das vezes, mais baratos. Portanto, se faz necessário

um nível de conhecimento aprofundado dos materiais reciclados para que se

encontrem aplicações úteis e apropriadas de modo que os mesmos possam

substituir, parcialmente ou integralmente, os polímeros virgens

De acordo Lima e Souza (2008), a reciclagem do Polietileno começou a

ser realizada pelas próprias indústrias para o reaproveitamento de suas perdas

de produção, por meio da reciclagem primária ou pré-consumo de resíduos

plásticos industriais, os quais são limpos e de fácil identificação, não

contaminados por partículas ou substâncias estranhas.

Estes resíduos são convertidos por meio de tecnologias convencionais

de processamento de produtos com características e desempenhos equivalentes

às daqueles produtos fabricados a partir de resinas virgens. Estes materiais já

processados novamente são utilizados em quase todos os setores da economia,

tais como: construção civil, agrícola, de calçados, móveis, alimentos, têxtil, lazer,

entre outros. E atualmente estão em ascensão, visto que possuem

características de um material de alta qualidade e resistência (Lima e Souza,

2008).

Estima-se que são retirados do meio ambiente por ano

aproximadamente 805 mil toneladas de resíduos pós-consumo, que dão origem

a mais de 725 mil toneladas de matérias plásticos reciclados no Brasil

(ABIPLAST, 2015)

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ... ·  · 2017-10-20PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ... Fluxograma dos

29

3 MATERIAIS E METÓDOS

Neste tópico é apresentado o fluxograma (Figura 4) que resume o

processo de aquisição, fabricação e caracterização dos compósitos.

Figura 4 - Fluxograma dos processos para o desenvolvimento do trabalho.

3.1 MATERIAIS

Para a formulação do compósito do presente trabalho foram utilizados

resíduos de polietileno como matriz, os quais foram adquiridos nas lojas que

fabricam móveis com fibras sintéticas deste polímero. Como carga para o

compósito foram utilizadas as cascas da semente da planta Sombreiro.

Coletadas não chão próximo as plantas de alguns canteiros da UFRN.

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ... ·  · 2017-10-20PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ... Fluxograma dos

30

3.1.1 Polietileno Reciclado

O polietileno reciclado foi cedido por fabricas de móveis da cidade de

Natal. A aquisição deste material foi através do resíduo da fibra sintética

constituída por polietileno aditivado de corante. A fibra do polietileno é usada na

fabricação de móveis, gerando muitas sobras (resíduo de PE) durante a

obtenção desses produtos .

3.1.1.1 Separação e Limpeza do PE_rec

Inicialmente foi feito a separação do PE_rec, pois para fabricação dos

móveis utilizam diversas colorações de fibra sintética. No presente trabalho

optou-se pela seleção da fibra sintética de coloração marrom, com padronização.

A Figura 5 mostra a fibra sintética de PE_rec, durante o processo de limpeza.

Após feito a separação das fibras, foi feito a lavagem e limpeza das mesmas

para eliminar possíveis sujidades.

Figura 5 - Separação e limpeza do PE_rec.

3.1.1.2 Moagem do PE_rec

Após a lavagem e secagem, as fibras sintéticas foram moídas em um

moinho de facas do tipo forrageira, apresentado na Figura 6, disponível no

Laboratório de Reologia e Processamento de Polímeros da UFRN. Depois da

etapa de moagem, o material adquiriu formato de partículas, como mostra a

Figura 7.

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ... ·  · 2017-10-20PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ... Fluxograma dos

31

Figura 6 - Moinho de facas usado para moer as fibras sintéticas (PE_rec).

Figura 7 - Particulado de PE_rec após serem moídas.

Esses procedimentos foram necessários para que o PE_rec se tornasse

adequado ao seu processamento em extrusora juntamente com a carga para

formar o compósito.

3.1.2 Casca

3.1.2.1 Lavagem e Secagem da Casca

Para garantir que as cascas da semente da Planta Sombreiro

estivessem livres de abrasivos e impurezas, elas foram lavadas com água

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ... ·  · 2017-10-20PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ... Fluxograma dos

32

destilada e em seguida foram colocadas numa estufa para secar a 60 °C por 24

horas, conforme mostra a Figura 8. A lavagem e secagem da casca foram

realizadas no Laboratório de Mecânica dos Fluídos da UFRN.

A lavagem das cascas com água destilada também é útil para melhorar

a adesão pó/matriz no processo de extrusão, por remover partículas abrasivas.

Figura 8 - (a) lavagem das cascas com água destilada e (b) secagem das cascas em estufa.

3.1.2.2 Moagem da Casca

A pós a secagem da casca, foi realizado o processo de moagem das

mesmas no Laboratório de Reologia e Processamento de Polímeros da UFRN.

A casca foi moída em dois moinhos: inicialmente foi utilizado um moinho de facas

do tipo maior, apresentado na Figura 6, para triturar a casca e deixá-la no

tamanho de partículas; em seguida utilizou-se um moinho de facas tipo Micro

Moinho da SUPEROHM, apresentado na Figura 9.

(a) (b)

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ... ·  · 2017-10-20PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ... Fluxograma dos

33

Figura 9 - Moinho de facas tipo Micro Moinho da SUPEROHM.

Foi realizada a segunda moagem para que o compósito ficasse com

matriz polimérica e carga de pó da casca da semente melhorando suas

características mecânicas, devido a adesão pó/matriz ser maior. O pó resultante

da moagem dessas cascas apresentou tamanho de partícula com

aproximadamente 0,9 mm.

3.2 MÉTODOS

3.2.1 Características Térmicas

Para obter as características térmicas do PE_rec e do pó da casa da

semente da planta Sombreiro foram utilizadas técnicas termoanalíticas que

possibilitam a análise das temperaturas de degradação, das temperaturas de

fusão e porcentagem de cristalinidade.

3.2.1.1 Análise termogravimétrica (TGA)

TGA é definida como um processo que envolve a medida de variação

continua de massa de uma amostra em função da temperatura ou tempo a uma

temperatura constante (modo isotérmico) (LUCAS, SOARES e MONTEIRO,

2001).

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ... ·  · 2017-10-20PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ... Fluxograma dos

34

Essa técnica é utilizada para a determinação das temperaturas de

degradação dos componentes do material.

O ensaio termogravimétrico foi realizado no Laboratório de Análises

Térmicas do DEMAT. No instrumento da marca NETZSCH STA 449F3. Foram

analisados o pó da casca e o PE_rec.

As condições de ensaio foram: atmosfera de ar sintético, razão de

aquecimento de 10°C/min, para um intervalo de 25 °C até 600 °C, utilizando um

porta-amostra. Foram usadas seis amostras de cada material.

3.2.1.2 Calorimetria diferencial de varredura (DSC)

Quando uma substância sofre uma mudança física ou química, observa-

se uma variação correspondente na entalpia. A calorimetria diferencial de

varredura (DSC) é aplicada quando o processo for promovido por uma variação

controlada de temperatura.

Para este trabalho as curvas de DSC também foram obtidas pelo

equipamento usado no ensaio termogravimétrico.

3.2.2 Compósitos de PE_rec com pó da casca da semente da planta

Clitoria fairchildiana (Sombreiro)

3.2.2.1 Formulação dos compósitos

3.2.2.1.1 Mistura por Extrusão

Inicialmente o material foi pesado, e em seguida misturados em sacos

plásticos para se obter as formulações desejadas para produção dos

compósitos.

Para a realização da formulação dos compósitos foi utilizado uma

Extrusora dupla rosca, disponível no Laboratório de Reologia e Processamento

de Polímeros da UFRN. Foram obtidos o PE_rec puro e PE_rec A e PE_rec B.

As condições de operação do equipamento foram as seguintes:

Zona 1 de aquecimento, 90 °C;

Zona 2 operando a 120 °C;

Zona 3 e 4 operando a 140 °C;

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ... ·  · 2017-10-20PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ... Fluxograma dos

35

Zona 5 operando a 150 °C;

Zona 6 operando a 160 °C;

Zona 7 e 8 operando a 170 °C;

Zona 9 ou cabeçote operando a 180 °C;

Alimentação do material a 40 rpm

Rosca da extrusora a 300 rpm.

Durante o processo de extrusão, uma granuladora foi acoplada a

extrusora, para granular o material, conforme Figura 10.

Figura 10 - Extrusora (à direita) e Granuladora (à esquerda).

3.2.2.2 Moldagem Por Injeção

O processo de moldagem dos corpos de prova por injeção foi realizado

no Laboratório de Reologia e Processamento de Polímeros da UFRN, em uma

Injetora da Arburg Allrounder, modelo 270V, apresentada na Figura 11. Os

corpos de prova moldados adquiriram as dimensões de acordo com a Norma

ASTM D638-01, como mostra a Figura 12. Inicialmente os compósitos

granulados foram secos em estufa a vácuo presente no mesmo laboratório, por

24 horas, a uma temperatura de 60 °C.

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ... ·  · 2017-10-20PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ... Fluxograma dos

36

Figura 11 - Injetora usada para fabricação dos corpos de prova.

Figura 12 - Dimensões do Corpo de prova.

Fonte: Norma ASTM D638 (2001).

As condições de operação foram as seguintes:

Zona 1 de operação 180 °C;

Zona 2 de operação 190 °C;

Zona 3 de operação 200 °C;

Zona 4 de operação 210 °C;

Bico 200 °C;

Tempo de resfriamento de 50 s;

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ... ·  · 2017-10-20PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ... Fluxograma dos

37

Temperatura do molde de 50 °C.

Foram feitas 15 amostras de cada composição, das quais foram

retirados os corpos de prova para cada tipo de ensaio mecânico:

15 amostras de PE_rec Puro;

15 amostras de PE_rec A;

15 amostras de PE_rec B.

A Figura 13 apresenta o corpo de prova que foi obtido durante a

moldagem por injeção.

Figura 13 - Corpo de prova (PE_rec Puro) obtidos na moldagem por injeção.

3.2.3 Características reológicas

3.2.3.1 Índice de Fluidez (MFI)

Índice de fluidez (MFI) é a medida da viscosidade de um polímero no seu

ponto de fusão e é determinado calculando-se a massa (em gramas) que passa

pela matriz em dez minutos (CANEVALORO, 2006).

O Índice de Fluidez dos compósitos poliméricos foi obtido através do

equipamento MELT Flow Modular Line da Ceast (Figura 14), disponível no

Laboratório de Reologia e Processamento de Polímeros da UFRN; e a norma

aplicada foi a ASTM D1238-04. Para as amostradas estudadas foram usadas as

seguintes condições de ensaio: temperatura do ensaio foi fixada em 190 °C, a

carga nominal foi de 5 kg e tempo de escoamento de 1 min. Foram realizadas

nove medidas para cada composição formulada (PE_rec Puro, PE_rec A e

PE_rec B), em seguida foi feita a média dos valores obtidos.

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ... ·  · 2017-10-20PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ... Fluxograma dos

38

Figura 14 - Equipamento utilizado para medir aÍndice de Fluidez (MFI).

3.2.3.2. Ensaio de Absorção de Água

Para o ensaio de absorção de água os corpos de prova foram submersos

em água, conforme mostra a Figura 15. O ensaio foi realizado segundo a Norma

ASTM D570-98. O ensaio foi feito em temperatura ambiente no Laboratório de

Mecânica dos Fluidos da UFRN.

O ensaio foi realizado nas amostras de PE_rec A e PE_rec B. Foram

cortados três corpos de prova de cada formulação. Em seguida eles foram

pesados seco e depois colocados nos vidros com água destilada conforme

estabelece a norma supracitada. A pesagem do material foi feita depois de 24

horas e depois de 7 dias de submersão dos mesmos. A cada fase da pesagem

a água destilada do recipiente foi trocada.

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ... ·  · 2017-10-20PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ... Fluxograma dos

39

Figura 15 - Corpos de prova submersos em água destilada, em frasco de vidro para

ensaio de absorção de água.

3.2.4 Características Físicas

3.2.4.1 Determinação da massa específica

O Ensaio de massa específica foi realizado no Laboratório de Mecânica

dos Fluídos, utilizando um medidor de massa específica, conforme ilustrado na

Figura 16. O ensaio consistiu em pesar o material seco e em seguida o material

submerso em água destilada, cuja massa especifica é conhecida.

Para este ensaio foram utilizados três corpos de prova de cada

formulação. Foram realizados cinco medições para cada corpo de prova e foi

Calculada a média dos valores obtidos.

Figura 16 - Medidor de densidade.

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ... ·  · 2017-10-20PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ... Fluxograma dos

40

3.2.5 Características Mecânicas

3.2.5.1 Dureza Shore D

Os ensaios mecânicos de Dureza Shore foram realizados no Laboratório

do Grupo de Estudos de Tribologia e Integridade Estrutural da UFRN, utilizando

um durômetro Shore D. A faixa de ensaio esta compreendida entre 0-100 shore

D, com tolerância de ± 1%, pelo sistema Shore.

Cada ensaio foi realizado em três corpos de prova de cada formulação.

O procedimento de ensaio foi aplicado segundo a Norma ISO R 868 D, como

mostra a Figura 17.

Figura 17 - Durômetro Shore D utilizado para medir a dureza do compósito polimérico.

3.2.5.2 Resistência à Tração

Os ensaios de tração foram realizados no Laboratório de Metais e

Ensaios Mecânicos da UFRN, segundo a Norma ASTM D638-10 usando uma

máquina universal de ensaios, da marca Shimadzu, modelo AG-X 300 kN (Figura

18). As condições de ensaio aplicadas foram: velocidade de 50 mm/min, o corpo

de prova utilizado foi o tipo I, como observa-se na Figura 12. Cada ensaio contou

com cinco corpos de prova para cada formulação.

Através do ensaio foi possível determinar a resistência máxima a tração,

e o alongamento.

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ... ·  · 2017-10-20PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ... Fluxograma dos

41

Figura 18 - Máquina universal de ensaios, utilizada para o ensaio de Tração.

3.2.5.3 Resistência ao impacto Izod, com entalhe.

O ensaio de Impacto Izod tem a finalidade de determinar a energia

cinética necessária para começar uma fratura e prossegui-la até o corpo de

prova romper.

Os ensaios de resistência ao impacto foram realizados conforme a

norma ASTM D 256, em um aparelho de impacto da marca Ceast modelo Resil

5.5, disponível no Laboratório de Ensaios Mecânicos da UFCG, operando com

martelo de 2,5 J. Antes do ensaio propriamente dito, foi feita uma calibração do

equipamento para medir a resistência do ar.

Para cada ensaio foram utilizados cinco corpos de prova de cada

formulação.

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ... ·  · 2017-10-20PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ... Fluxograma dos

42

3.2.6 Características Morfológicas

3.2.6.1 Microscopia eletrônica de Varredura (MEV)

Através da microscopia eletrônica de varredura (MEV) é possível fazer a

análise morfológica de materiais. O microscópio operou com feixe de elétrons

varrendo a superfície da amostra.

A análise por MEV foi realizado no Laboratório de Microscopia do

Departamento de Engenharia de Materiais da UFRN, usando um microscópio de

bancada da marca HITACHI modelo TM 3000 com amplificação de 15-30000x

operando em aceleração de voltagem de 5 e 15 kV com filamento de tungstênio.

Para análise do pó da casca da semente da planta Sombreiro e para os

compósitos foi utilizado a tensão de 15 kV. As amostras foram posicionadas no

porta amostra do MEV e em seguida colocadas sobre uma fita de carbono. O

tipo de detector utilizado foi o de elétrons livres.

As análises foram realizadas sobre as superfícies dos corpos de prova

obtidas por criofratura e fratura por tração.

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ... ·  · 2017-10-20PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ... Fluxograma dos

43

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 ANÁLISE TÉRMICA

As curvas de TG e DSC para o pó da casca e o PE_rec são apresentados

nas Figuras 19 e 20 respectivamente. Através dessas curvas é possível verificar

a temperatura de degradação térmica e à perda de massa do material em cada

estágio. Essa análise foi importante para verificar as condições de temperaturas

aceitáveis para o processo de extrusão e injeção do material.

Figura 19 - Termograma de TG e DSC para o pó da casca.

De acordo com os dados, é possível observar que para o PE_rec (Figura

20) até a temperatura de 250 °C não houve perda de massa do material;

comportamento semelhante foi apresentado para o pó da casca, que começou

a ter perda de massa em aproximadamente 220 °C pela análise

termogravimétrica (TGA) realizada. Para temperaturas acima de 240 °C como

mostrado na Figura 19, o pó da casca começou a se degradar.

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ... ·  · 2017-10-20PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ... Fluxograma dos

44

Figura 20 - Termograma de TG e DSC para o PE_rec.

Para a análise de calorimetria diferencial de varredura, a qual nos

forneceu o comportamento de entalpia (endotérmico e exotérmico) e a mudança

de fase do material, ambos os materiais se comportam de forma exotérmica. O

PE_rec apresentou mudança de fase nas temperaturas de 125 °C e 200 °C.

De acordo com Alvarez e Vázquez (2004), os componentes da fibra de

coco se degradam a certas faixas de temperatura, por exemplo, a hemicelulose

devido a sua natureza amorfa, se decompõe entre 200 a 260 °C, enquanto a

celulose se decompõe entre 240 a 360 °C, e a lignina, entre 280 a 360 °C.

Comportamento semelhante ocorrem no pó da casca da semente da

planta Clitoria Fairchildiana, na qual as temperaturas de degradação, perda de

massa dos constituintes da fibra, água, hemicelulose e celulose, são similares

ao descrito por Alvarez.

4.2 CARACTERÍSTICAS REOLÓGICAS (OU FÍSICO-QUÍMICAS)

4.2.1 Índice de Fluidez

A Tabela 3 mostra os resultados das medidas do índice de fluidez dos

compósitos processados.

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ... ·  · 2017-10-20PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ... Fluxograma dos

45

Tabela 3 - Médias de índice de fluidez dos compósitos poliméricos.

Composição PE_rec Puro (g) PE_rec + 2,5% (g) PE_rec + 5 % (g)

Resultados

0,1352 0,1017 0,1204

0,1292 0,1072 0,1222

0,1303 0,1023 0,1207

0,1280 0,1042 0,1219

0,1325 0,1084 0,1202

0,1255 0,1116 0,1208

0,1287 0,1058 0,1219

Média 0,1299 0,10588 0,12101

MFI (g/10min) 1,2991 1,0588 1,2101

De acordo com Coutinho, Mello e Maria (2003), o índice de fluidez para

o polietileno de alta densidade virgem está entre 0,9 a 6 g/10min.

Os resultados mostram que houve uma redução do índice de fluidez dos

compósitos de PE_rec Puro, PE_rec A e PE_rec B, em relação ao polietileno de

alta densidade virgem. É possível notar que houve um comportamento

inesperado para o PE_rec B comparado com PE_rec A, portanto a redução do

MFI não foi de forma linear, de acordo com o acréscimo de carga para cada

formulação. O índice de fluidez diminui de acordo com a inserção de carga, isso

ocorre porque o reforço impede a mobilidade da cadeia polimérica, esse

comportamento pode estar relacionado à reticulação que ocorre em materiais

poliméricos.

De acordo com Canevaloro (2006), o MFI deve ser interpretado

cautelosamente, pois o método de análise está sujeito a várias falhas. Primeiro,

os valores são muito sensíveis a detalhes do procedimento de medida,

especialmente para polímeros de baixo MFI. Segundo, porque não se pode

esperar que os valores de MFI sejam verdadeiramente úteis na previsão das

condições de processabilidade reais, uma vez que muitos termoplásticos

comerciais são pseudoplásticos, ou seja, têm sua viscosidade diminuída com o

aumento da taxa de cisalhamento. Portanto esses materiais são processados

normalmente em taxas muito maiores do que aquelas durante a medida desta

propriedade.

Todavia, segundo Santos, Agnelli e Manrich (2010), o índice de fluidez

tem muita importância, pois o processamento desses materiais poliméricos são

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ... ·  · 2017-10-20PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ... Fluxograma dos

46

feitos com ciclos rápidos de injeção, logo se o índice de fluidez diminui muito

haverá um aumento da concentração de carga no polímero, sendo necessário o

aumento da pressão de injeção para se obter um material sem defeitos de

fabricação, o que tornaria o processo mais lento e perigoso.

Para baixos valores no índice de fluidez, mais difícil será a obtenção de

uma mistura homogênea, o que contribui para a formação de agregados,

confirmando assim; a dificuldade do processamento por injeção para compósitos

com altos índices de cargas e baixos MFI.

O limite de processamento do material compósito estudado foi de 5% de

pó da casca. Com o aumento para 10% de pó da casca, o processo de extrusão

foi bastante dificultoso e portanto, inviável. Por isso não foram obtidos

compósitos com maiores concentrações de carga. Devido a vários fatores, entre

eles o fato de o próprio polietileno reciclado já ter passado por vários processos

de fusão, as características de processamento nas diferentes temperaturas do

processo de extrusão e injeção podem se modificar.

4.2.2 Ensaio de Absorção de Água

As Tabelas 4 e 5 mostram o resultado de absorção de água dos

compósitos de matriz polimérica com pó da casca.

Tabela 4 - Resultado do ensaio de absorção de água para 3 amostras diferentes com concentração de 2,5% de pó no compósito.

Concentração de 2,5% de Pó

Peso (g) Amostra 1 (g) Amostra 2 (g) Amostra 3 (g)

Seco 0,701 0,771 0,706

24 hrs Submerso 0,702 0,771 0,706

7 dias Submerso 0,711 0,779 0,715

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ... ·  · 2017-10-20PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ... Fluxograma dos

47

Tabela 5 - Resultado do ensaio de absorção de água para 3 amostras diferentes com concentração de 5% de pó no compósito.

Concentração de 5% de Pó

Peso (g) Amostra 1 Amostra 2 Amostra 3

Seco 0,712 0,741 0,745

24 hrs Submerso 0,713 0,743 0,746

7 dias Submerso 0,715 0,743 0,747

De acordo com a análise dos resultados apresentados nas Tabelas 4 e

5, as amostras de compósito com 2,5% de concentração de carga apresentaram

uma porcentagem maior de absorção de água do que as amostras de compósito

com 5% de carga, contudo essa porcentagem não foi muito significativa.

Possivelmente as amostras do compósito com concentração de 5%

podem ter sido retiradas de uma região que não havia muita presença da carga,

devido a não homogeneidade do material dos corpos de prova.

4.3 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS

Os resultados obtidos para o ensaio de massa específica estão

indicados na Tabela 6.

Tabela 6 - Massa especifica.

Materiais Massa específica (g/cm3)

PE_rec Puro 0,956

PE_rec A 0,962

PE_rec B 0,968

Segundo Coutinho, Mello e Maria (2003), a massa especifica para o

Polietileno de Alta densidade varia entre 0,955 a 0,970 g/cm3.

Este ensaio foi realizado a fim de verificar se a massa específica dos

compósitos iria variar muito tanto para o Polietileno reciclado como para o

polietileno reciclado mais a adição da carga. Como a quantidade de carga

adicionada ao compósito não foi muito alta, a massa especifica do material não

obteve variações significativas em relação do polietileno de alta densidade

virgem. Contudo, houve um aumento proporcional à adição de carga.

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ... ·  · 2017-10-20PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ... Fluxograma dos

48

4.4. CARACTERÍSTICAS MECÂNICAS

4.4.1 Dureza Shore D

Os resultados obtidos no ensaio de dureza shore D para as diferentes

composições dos compósitos formulados estão indicados na Tabela 7. Para

cada formulação foram realizados dez ensaios, seguidos pelo cálculo da média

dos valores obtidos.

Tabela 7 - Média de dureza dos compósitos obtidos no processo de injeção.

Composição Dureza shore D

PE_rec Puro 58 ± 2

PE_rec + 2,5% de Pó 60 ± 2

PE_rec + 5% de Pó 62 ± 2

Através da análise dos resultados é possível observar que houve um

aumento na dureza dos compósitos com o aumento da porcentagem de pó

acrescentado ao compósito. Tal comportamento é melhor observado na Figura

21.

Figura 21 - Gráfico Ensaio de dureza Shore D.

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ... ·  · 2017-10-20PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ... Fluxograma dos

49

4.4.2 Ensaio de Resistência à Tração

A Tabela 8 apresenta os valores de resistência máxima à tração e

deformação máxima para as amostras PE_rec puro, PE_rec A e PE_rec B.

O ensaio de Resistência a tração foi realizado com o propósito de

observar o comportamento mecânico do material de acordo com a variação do

teor de pó adicionado ao compósito.

Tabela 8 - Propriedades Mecânicas do Ensaio de tração dos compósitos.

Composição Resistência Máxima a

Tração (MPa) - Média

Deformação máxima (%) -

Média

PE_rec puro 18,4585 ± 0,37 18,9875 ± 6,77

PE_rec + 2,5 % de pó 18,0507 ± 0,11 37,5498 ± 9,01

PE_rec + 5% de pó 18,4933 ± 0,51 16,2948 ± 11,01

A partir dos resultados apresentados na Tabela 6, para observar melhor

o comportamento do compósito para cada variação de concentração de

particulado foram elaborados dois gráficos, indicados pelas Figuras 22 e 23,

respectivamente, referentes à resistência máxima e deformação máxima.

Figura 22 - Gráfico da Resistência máxima a Tração em relação a quantidade de pó adicionada ao compósito.

Ao analisar a Figura 22, pode-se observar que houve uma redução da

resistência máxima para o compósito PE_rec A, ocorreu uma redução de

18,4585

18,0507

18,4933

17,8000

17,9000

18,0000

18,1000

18,2000

18,3000

18,4000

18,5000

18,6000

PE_rec Puro PE_rec + 2,5% de Pó PE_rec + 5% de Pó

Mp

a

Ensaio de Tração - Resistência Máxima

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ... ·  · 2017-10-20PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ... Fluxograma dos

50

aproximadamente 2,3% de Resistência em relação ao PE_rec puro, isso pode

ter ocorrido devido a irregularidade do pó, que pode ter causado concentração

de tenção e, consequentemente, fragilidade. Mas a redução da resistência não

foi muito significativa devido a baixa concentração de carga presente no

compósito.

Já para o PE_rec B, a resistência máxima se manteve praticamente

equivalente a resistência máxima do PE_rec puro, isso ocorreu também devido

a baixa concentração de particulado.

Figura 23 - Gráfico da porcentagem de deformação para cada concentração do compósito.

De acordo com gráfico da Figura 23, a maior deformação ocorreu para

o PE_rec A, isso pode ser explicado pela maior concentração de vazios no

compósito, esperava-se que com a concentração de 5% de pó da casca

apresentaria uma deformação maior, mas o que pode ter ocorrido foi a fratura

em uma região de alta pureza, ou seja, com baixa presença de carga.

Provavelmente a não homogeneidade durante a confecção dos corpos de prova

pode ter contribuído para este resultado divergente.

18,9875

37,5498

16,2948

0,0000

5,0000

10,0000

15,0000

20,0000

25,0000

30,0000

35,0000

40,0000

PE_rec Puro PE_rec + 2,5% de Pó PE_rec + 5% de Pó

%

Ensaio de Tração - Deformação Máxima

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ... ·  · 2017-10-20PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ... Fluxograma dos

51

4.4.3. Ensaio de Impacto Izod com entalhe

Os resultados obtidos nos ensaios de Resistência ao Impacto Izod com

entalhe realizados nos corpos de prova de PE_rec Puro, PE_rec A e PE_rec B

são apresentados na Tabela 9.

Tabela 9 - Energia de Impacto Izod para os compósitos formulados.

Materiais Energia de Impacto Izod (J/m)

PE_rec Puro 386,04 ± 37,47

PE_rec A 444,30 ± 38,75

PE_rec B 375,97 ± 41,70

Com base nos resultados apresentados na Tabela 9, a variação da

energia de Impacto Izod com a quantidade de pó no compósito de PE_rec é

melhor verificada pelo gráfico da Figura 24.

Figura 24 - Gráfico do Ensaio de Impacto Izod.

De acordo com Araújo (2009), os mecanismos de fratura nos polímeros

são influenciados pelas propriedades físicas e químicas de tais materiais. Os

materiais poliméricos não possuem a mesma regularidade que os metais e

386,04 ±37,47

444,3±38,75

375,97±41,70

340

360

380

400

420

440

460

PE_rec Puro PE_rec + 2,5% de Pó PE_rec + 5% de Pó

J/m

Ensaio de Impacto Izod

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ... ·  · 2017-10-20PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ... Fluxograma dos

52

cerâmicas, porém a presença e o grau de estruturas cristalinas e a interação

entre as cadeias influem nas propriedades mecânicas destes materiais.

Segundo Hage (2004), a resistência ao impacto de um material

polimérico é um parâmetro de altíssima importância sendo que os polímeros, na

maioria das aplicações, estão sujeitos à solicitações de impacto, ou seja,

solicitações extremas em um curto espaço de tempo.

4.6 CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS

Amostras do pó da casca da semente da Clitoria fairchildiana utilizadas

nesse trabalho foram observadas por microscopia eletrônica de varredura, para

análise morfológica. Nas Figuras 25 e 26 observam-se as imagens do pó com

ampliação de 50 e 100 vezes, respectivamente.

Figura 25 - Fotomicrografia de MEV do Pó da casca com aumento de 50 vezes

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ... ·  · 2017-10-20PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ... Fluxograma dos

53

Figura 26 - Fotomicrografia de MEV do Pó da casca com aumento de 100 vezes.

Através da análise das Figuras 25 e 26 é possível observar a morfologia

do pó e sua dimensão. Os grãos não possuem uma uniformidade em seus

tamanhos, constatando que o moinho de facas não é capaz de padronizar o

tamanho das partículas.

As Figuras 27 a 32 referem-se às imagens das amostras dos compósitos

com seção transversal obtidas por criofratura e fratura por tração.

Figura 27 - Fotomicrografia de MEV da superfície da fratura da amostra de PE_rec Puro criofraturada com aumento de 100 vezes.

Observa-se na Figura 27 a superfície fraturada do polímero puro, através

da análise da imagem é possível observar a orientação do polietileno reciclado

(PE_rec puro).

Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ... ·  · 2017-10-20PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ... Fluxograma dos

54

Figura 28 - Fotomicrografia de MEV da superfície da fratura da amostra de PE_rec + 2,5% de Pó criofraturada com aumento de 800 vezes.

Figura 29 - Fotomicrografia de MEV da superfície da fratura da amostra de PE_rec + 2,5% de Pó por tração com aumento de 200 vezes.

As marcações de círculo branco nas Figuras 28 e 29 indicam a região

de presença da carga que foi adicionado ao compósito. Tanto na primeira

imagem (Figura 28) como na segunda (Figura 29), ambas com 2,5% de carga

adicionada ao compósito, pode-se observar que a matriz e a fase dispersa do pó

possuem vazios na região de interface polímero/carga. Isso pode ser devido a

não adesão do pó com o polímero, o que facilitou o deslocamento das partículas

durante a criofratura.

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ... ·  · 2017-10-20PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ... Fluxograma dos

55

Figura 30 - Fotomicrografia de MEV da superfície da fratura da amostra de PE_rec + 5% de Pó criofraturada com aumento de 200 vezes.

Figura 31 - Fotomicrografia de MEV da superfície da fratura da amostra de PE_rec + 5% de Pó criofraturada com aumento de 200 vezes.

As Figuras 30 e 31 com aumento de 200 vezes, mostraram o compósito

com concentração de reforço de 5%. Ambos os corpos de prova foram

criofraturados para melhor observação da superfície do compósito. A Figura 30

mostra a presença de vazios, já na Figura 31 as setas apontam a região de

matriz/carga na qual pode-se observar a falta de adesão do pó com a matriz

polimérica.

Page 56: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ... ·  · 2017-10-20PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ... Fluxograma dos

56

Figura 32 - Fotomicrografia de MEV da superfície da fratura da amostra de PE_rec + 5% de Pó por tração com aumento de 100 vezes.

Na Figura 32 é possível observar a presença de reforço na região que

está destacada por círculo. Através desta imagem pode-se notar que houve uma

melhor adesão matriz/carga nessa região.

Page 57: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ... ·  · 2017-10-20PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ... Fluxograma dos

57

5 CONCLUSÕES

O reaproveitamento do polietileno se mostrou eficaz, e características

mecânicas boas foram alcançadas pelos compósitos formulados. Com isso

novos compósitos poderão ser confeccionados na indústria moveleira,

minimizando assim problemas ambientais causados pelos resíduos sintéticos.

As principais conclusões com relação aos resultados das análises

térmicas, mecânicas, reológicas, morfológicas e a absorção de água foram:

As temperaturas de degradação dos materiais eram compatíveis com a

temperatura necessária para o processo de extrusão, de acordo com os

resultados obtidos nas análises térmicas de TG e DSC;

O MFI para o PE_rec A foi maior do que para o compósito PE_rec B, isso

pode ter ocorrido devido a reticulação polimérica, o qual está relacionado

ao processo de ligação cruzada, ou seja, ligações entre moléculas

lineares produzindo polímeros tridimensionais com alta massa molar;

A massa especifica segundo Coutinho, Mello e Maria (2003) para o

Polietileno de alta densidade virgem é entre 0,955 a 0,970 g/cm3, valor

semelhante foi encontrado para os 3 compósitos, o PE_rec Puro, PE_rec

A e PE_rec B, que obtiveram valores de 0,956, 0,962 e 0,968

respectivamente, mostrando que não houve variação significativa entre as

massas específicas.

Através do ensaio de Dureza Shore D foi verificado que a dureza do

compósito aumentou com o aumento de carga como o esperado, ela

variou entre 58 para o PE_rec Puro até 62 para o PE_rec B;

Para a resistência a tração máxima, o PE_rec A obteve valor menor que

o PE_rec Puro. Pode ter ocorrido devido a uma maior concentração de

vazios.

O MEV mostrou que faltou uma maior adesão entre a matriz polimérica e

a carga (pó da casca da semente da Planta Sombreiro), uma solução seria

o uso de um compatibilizante.

Para o ensaio de absorção de água os compósitos com carga não

absorveram umidade, se mostrando eficazes para aplicações que tenham

contato com água.

Page 58: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ... ·  · 2017-10-20PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ... Fluxograma dos

58

REFERÊNCIAS

ABIPLAST – Associação Brasileira da Indústria do Plástico. Disponível em: http://file.abiplast.org.br/download/links/2015/perfil_abiplast_2014_web.pdf. Acessado em: 08 de agosto de 2016. ALVAREZ, V.; VÁZQUEZ A. Thermal degradation of cellulose derivatives/starch blends and sisal fibre biocomposites. Polymer Degradation and Stability, Essex, v.84, n.1, p.13-21, 2004. AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. ASTM D638-01: Standard Test Method for Tensile Properties of Plastics. West Conshohocken: Astm, 2014. AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. ASTM D1238-04: Standard Test Method for Melt Flow Rates of Thermoplastics by Extrusion Plastometer. West Conshohocken: Astm, 2004. AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. ASTM D256: Standard Test Methods for Determining the Izod Pendulum Impact Resistance of Plastics. West Conshohocken: Astm, 2012. AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. ASTM D57-98: Standard Test Method for Water Absorption of Plastics. West Conshohocken: Astm, 1998. ARAÚJO, C. R. Cinética de Decomposição Térmica de Compósitos Poliméricos com Fibras de Curauá, Tese de Doutorado, Escola de Química, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil, 2003. ARAÚJO, R. J. Compósitos de Polietileno de Alta densidade reforçados com fibra de Curauá obtidos por extrusão e injeção. Dissertação de Mestrado, Instituto de Química, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2009. ASKELAND, Donald R, Phulé, P.P.; Ciência e Engenharia dos Materiais, 1ª Edição, Ed. Cengage Learning, 2011. BLEDZKI, A. K.; NOWACZEK, W. Identification of Plastics in waste materials for their recycling, Polimery Tworzwa Wielkozasteczkowe, v 11, 1993. CALLISTER, W.D. Ciência e Engenharia de Materiais: Uma Introdução. Wiley & Sons, Inc., 2008. CANEVALORO, S. V., Ciência dos polímeros: um texto básico para tecnólogos e engenheiros, São Paulo: Artliber Ltda, 2° edição, 2006. CASARIL, A., GOMES, R. E., SOARES, R. M., FREDEL, C. M., Al-QURESHI, A. H. Análise micromecânica dos compósitos com fibras curtas e partículas, Revista Matéria, v. 12, n.2, p. 408-419, 2007.

Page 59: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ... ·  · 2017-10-20PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ... Fluxograma dos

59

Catálogo de Produtos da Polialden Petroquímica, 2000. COUTINHO, F. M. B.; MELLO, I. L.; MARIA, L. C. S. Polietileno: principais tipos, propriedades e aplicações. Polímeros. V. 13, n°.1, p 01-13, 2003. DOAK, K. W. Ethylene Polymers. In: MARK, H. M.; BIKALES, N. M.; Overberg, C. G.; MENGES, G. – “Encyclopedia of Polymer Science and Engineering”, John-Wiley & Sons, New York, Volume 6, 1986. GUIMARÃES, J. L.; FROLLINI, E.; SILVA, C. G.; WYPYCH, F.; SATYANARAYANA, K. G. Characterization of banana, sugarcane bagasse and sponge gourd fibers of Brasil. Industrial Crops Production, v.30, p. 407-415, 2009. HAGE, JR. E. In Caracterização de Polímeros, SJ Canevarollo ed. Artliber. São Paulo, 2004, p. 361-384. HARPER, C. A.; EDWARD, M. P. Plastics materials and processes a concise encyclopedia. Wiley-Interscience, John Wiley & Sons, 2003. INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION. ISO R 868D: Plastics and ebonite - Determination of indentation hardness by means of a durometer (Shore hardness). Utah: Iso/tc 61 Plastics, 2003. FINKLER, M. Desenvolvimento de compósito com Base em Rejeito de Tecidos de Algodão e Acrílico em Matriz de Polietileno de Alta Densidade. Dissertação de Mestrado, Caxias do Sul – Universidade de Caxias do Sul, 2005. LIMA, R. S.; SOUZA, R. L.; VIEIRA, M. A. G. Análise da viabilidade econômica para a implantação de uma indústria de reciclagem de PET na região metropolitana de Belém. Monografia, FAP – Faculdade do Pará – Curso de Administração, Belém – PA. P. 81, 2008. LUCAS, E. F.; SOARES, B. G.; MONTEIRO, E. Caracterização de Polímeros – Determinação de Peso Molecular e Análise Térmica. Rio de Janeiro: E-papers Serviços Editoriais, p. 217-307, 2001. MANO, E. B; MENDES, L. C. Introdução à Polímeros. 2°dição, Rio de Janeiro: Editora Edgard Blucher Ltda, 1999. MANZINI, E.; VEZZOLI, C. O Desenvolvimento de Produtos Sustentáveis. 2 ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2008, p.366. MARCONCINI, J. M.; ITO, N. E.; CORRADINI, E.; RIOS, T. C.; AGNELLI, M. A. J.; MATTOSO, C. H. L. Comportamento interfacial de compósitos de poli (tereftalado de etileno) reciclado (PETr) com fibras de bagaço de cana. São Carlos: Embrapa Instrumentação Agropecuária, 2008.

Page 60: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ... ·  · 2017-10-20PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ... Fluxograma dos

60

MARTINS, F. A.; SUAREZ, J. C. M.; MANO, E.B. Produtos poliolefínicos reciclados com desempenho superior aos materiais virgens correspondentes. Polímeros: Ciência e Tecnologia, p 27-32, Out/Dez, 1999. MATTOSO, L. H. C. et al. Estudo da influência de tratamentos químicos da fibra de sisal nas propriedades de compósitos com borracha nitrílica. Polímeros: Ciência e Tecnologia, vol. 20, n° 1, 25-32, 2010. NDLOVU, S. S. PEAD-wood composites utilizing degraded PEAD as compatibilizer, composites: Part A, 2013. NETO, J. R. A.; CARVALHO, L. H.; ARAÚJO, E. M. Influência da adição de uma carga nanoparticulada no desempenho de compósitos poliuretano/fibra de juta. Polímeros: Ciência e Tecnologia, vol. 17, n°1, 10-15, 2007. RAZERA, I. A. T. Fibras lignocelulósicas como agente de reforço de compósito de matriz fenólica e lignofenólica. Tese (Doutorado em Ciências). Universidade de São Paulo – Instituto de Química de São Carlos. São Carlos SP, 2006. RESO – Soluções Ambientais. Disponível em: http://resoambiental.com/2015/07/polietileno-o-que-e-onde-e-utilizado/. Acessado em: 08 de agosto de 2016. Redes de sementes do Xingu. Disponível em: http://sementesdoxingu.org.br/site/skills/c/. Acessado em: 10 de agosto de 2016. SANTOS, A. S. F.; AGNELLI, J. A. M.; MANRICH, S. Estudo da influência de resíduos catalíticos na degradação de plásticos reciclados (blenda/HDPE/PP e PET) provenientes de lixo urbano. Polímeros: Ciência e Tecnologia, v. 9, n 4, p. 189-194, 2010. STAEL, C. G. Preparação de materiais compósitos de bagaço de cana-de-açúcar e caracterização por propriedades mecânicas e NMR no estado sólido. Teste de Doutorado, Campos de Goytacazes – UENF, Universidade Estadual do Norte Fluminense, 1997. STRAPASSON, R. Valorização do Polipropileno através de sua mistura e reciclagem. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2004. Wikipédia – SOMBREIRO. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Sombreiro. Acessado em: 08 de Agosto de 2016.