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Universidade Federal Fluminense
Faculdade de Turismo e Hotelaria
Curso de Turismo
FERNANDA MARTINS DA SILVA
PERCEPÇÃO INFANTIL SOBRE O CONSUMO SUSTENTÁVEL NO TURISMO:
UM ESTUDO QUALITATIVO
Niterói
2014
Fernanda Martins da Silva
PERCEPÇÃO INFANTIL SOBRE O CONSUMO SUSTENTÁVEL NO TURISMO:
UM ESTUDO QUALITATIVO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
ao curso de graduação em Turismo da
Universidade Federal Fluminense como
requisito final de avaliação para obtenção do
título de Bacharel em Turismo
Orientadora: Prof. ª Dra. Verônica Feder Mayer
Niterói
2014
PERCEPÇÃO INFANTIL SOBRE O CONSUMO SUSTENTÁVEL NO TURISMO:
UM ESTUDO QUALITATIVO
Por
Fernanda Martins da Silva
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
ao curso de graduação em Turismo da
Universidade Federal Fluminense como
requisito final de avaliação para obtenção do
título de Bacharel em Turismo
Orientadora: Prof. ª D.Sc. Verônica Feder Mayer
Banca Examinadora
___________________________________________________________________
Presidente: Prof. ª D. Sc. Verônica Feder Mayer
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Membro: Prof. ª M.Ed. Erly Maria Carvalho e Silva
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Membro: Prof. Dr. Osiris Ricardo Bezerra Marques
AGRADECIMENTOS
Durante muitos anos passei por muitos momentos que me permitiram que me
tornasse a pessoa que sou hoje. Experiências profissionais, gestores, família, amigos
e professores são inegavelmente os principais atores dessa conquista.
Agradeço a Deus, minha força maior, que sempre me impulsionou em direção
à realização de minhas metas e objetivos.
A minha mãe, Rosalina da Silva, pessoa fundamental na formação da pessoa
que me tornei. Agradeço à sua luta para me proporcionar uma educação de qualidade
e por me dar um exemplo pessoal de força e garra o qual seguiria por toda a vida.
Aos meus amigos, principalmente minha amiga e irmã Roberta Lopes
Barbosa que sempre esteve ao meu lado nesses seis anos de amizade e que sempre
me deu muita força.
A minha orientadora Verônica Feder Mayer por sua paciência com minha falta
de tempo e por minhas dificuldades na elaboração deste trabalho.
Aos mestres Osiris Ricardo Bezerra Marques e Erly Maria Carvalho e Silva
por estarem presentes nesse momento tão importante, uma vez que foram tão
especiais e presentes em minha vida acadêmica.
Aos meus gestores profissionais, Janaína Raul, Bruno Munhon e Etinei
Junior, líderes os quais me proporcionaram crescimento profissional e que me
inspiram a alcançar novos patamares.
Ao meu gerente Ary Comar, por sua compreensão e ajuda na fase final desse
projeto e sem a qual concluir este trabalho se tornaria algo mais difícil.
Ao diretor do colégio Equipe 1, da unidade de Alcântara, Sr. Wagner
Marques, por abrir as portas de sua instituição de ensino e por proporcionar que
aplicasse a pesquisa com seus alunos, crianças adoráveis e que me ajudaram tanto
com seus textos.
Agradeço também a todos os meus colegas da UFF, parceiros do cotidiano
universidade, que não me deixaram desistir apesar das dificuldades.
RESUMO
Na contemporaneidade destaca-se a importância que a criança assume nos
processos de decisão no consumo, tanto na família, quanto na escola. Tal influência
coloca as crianças no centro de um mercado em expansão, o mercado infantil.
Entretanto, a maneira como o consumo vem sendo praticado, tem sido criticado por
várias instituições que se utilizam do discurso da sustentabilidade como alternativa
necessária para a mudança dos comportamentos de consumo atuais e induzindo o
consumo. Como prática que emprega amplamente os recursos naturais, econômicos
e socioculturais, a atividade turística tem como aliada a educação ambiental a fim de
se almejar um consumo sustentável. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é
analisar as percepções que as crianças têm do consumo sustentável no turismo. Para
isso, foi realizada um a pesquisa qualitativa, exploratória e descritiva, por meio da
análise de textos elaborados por crianças entre 9 e 10 anos e de suas interpretações
a respeito do consumo sustentável no turismo. Os resultados da pesquisa indicam que
as crianças entendem quais comportamentos são esperados dos turistas nos dias
atuais, o que fica evidente nas categorias de análise percebidas, tais como interação
local, consciência ambiental e interação cultural. Entretanto o conceito de
sustentabilidade ainda parece pouco conhecido, apesar de sua divulgação pela mídia.
Palavras-chave: Criança. Consumo Sustentável. Turismo. Educação Ambiental.
ABSTRACT
In contemporaneity stands out the importance that the child assumes in decision-
making in consumption, not only in the family as well at school. Such influence puts
children at the center of a growing market, the children market. However, the way that
consumption has been practised, it's receiving critics by several institutions that use
the speech of sustainability as a necessary alternative to change the behaviors of
current consumption, and on tourism could not be different. As a practice that employs
widely the natural, economic and socio-cultural resources, the tourist activity has as
allied the environmental education in order to long for sustainable consumption (in
tourism). Therein, the purpose of this paper is to analyze the perceptions that children
have of sustainable consumption in tourism. For this, a qualitative, exploratory and
descriptive research was performed through the analysis of texts produced by children
between 9 and 10 years and their interpretations about sustainable consumption in
tourism. The research findings indicate that children understand what behaviors are
expected of tourists nowadays, which is evident in the categories of analyses realized,
such as social interaction, environmental consciousness and cultural interaction.
Nevertheless, the idea of sustainability still seems unfamiliar, despite its disclosure by
media.
Keywords: Child. Sustainable Consumption. Tourism. Environmental Education.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 Etapas a serem seguidas pela atividade turística visando a 27
sustentabilidade
Figura 2 Passaporte Verde 29
Figura 3 Material de divulgação da campanha Turismo Sustentável 32
Figura 4 Os seis principais fatores para uma viagem verde 34
Figura 5 Objetivos específicos da CNIJMA 52
Figura 6 Turma da Mônica 48
Figura 7 Análise de conteúdo 58
Figura 8 Aspectos da interação local percebidos pelas crianças 58
Figura 9 Aspectos da consciência ambiental percebidos pelas crianças 59
Figura 10 Aspectos da interação cultural percebidos pelas crianças 60
LISTA DE ABREVIATURAS
ABIT Associação Brasileira da Indústria Têxtil
ANDI Agência Nacional dos Direitos da Infância
APA Área de Proteção Ambiental
BBC Britsh Broadcasting Corporation
CNIJMA Conferência Nacional Infanto-juvenil Pelo Meio Ambiente
CPS Consumo e Produção Sustentável
EA Educação Ambiental
ICM-BIO Instituto Candido Mendes de Biodiversidade
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IBOPE Instituto Brasileiro de Opinião e Estatística
IDEB Índice de Desenvolvimento da Educação Básica
INEA Instituto Estadual do Ambiente do Rio de Janeiro
IPE Instituto de Pesquisas Ecológicas
IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
MEC Ministério da Educação
MMA Ministério do Meio Ambiente
OMS Organização Mundial da Saúde
OMT Organização Mundial do Turismo
ONU Organização das Nações Unidas
PNUMA Programa das Nações Unidas Para o Meio Ambiente
SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas.
SMA Secretaria do Meio Ambiente
UC Unidades de Conservação
WEF The World Economic Forum
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 12
2. TURISMO SUSTENTÁVEL: UM PANORAMA GERAL............................. 15
2.1. CONSUMO E SUSTENTABILIDADE ..........................................................15
2.1.1. O consumo, transições e contemporaneidade .......................................16
2.1.1. Tendências do consumo contemporâneo ...............................................20
2.1.2. Consumo e desenvolvimento sustentável .............................................22
2.2. TURISMO SUSTENTÁVEL ........................................................................ 25
2.2.1. Definição de turismo sustentável ........................................................... 25
2.2.2. Práticas e políticas promotoras do turismo sustentável ..................... 30
2.2.3. Impactos do turismo e o comportamento do turista ............................ 35
2.2.3.1. Impactos positivos do turismo e o turista sustentável ......................... 35
2.2.3.2. Impactos negativos do turismo e o turista insustentável ..................... 38
2.3. EDUCAÇÃO INFANTIL PARA O TURISMO SUSTENTÁVEL ....................40
2.3.1. Consumo infantil ........................................................................................40
2.3.2. Educação infantil e sustentabilidade ...................................................... 44
2.3.3. Educação Ambiental para o turismo sustentável .................................. 48
2.3.4. A importância da EA para a atividade turística........................................52
2.3.5. O papel da mídia na educação sustentável .............................................54
3. METODOLOGIA ..........................................................................................57
3.1. Natureza da Pesquisa .............................................................................. 57
3.2. Grupo Pesquisado ....................................................................................58
3.3. Razão da escolha do grupo estudado ................................................... 59
3.4. Instrumento de pesquisa ........................................................................ 59
3.5. Limitações da Pesquisa ......................................................................... 60
3.6. Coleta de dados ...................................................................................... 61
4. PESQUISA, RESULTADOS E DISCUSSÕES ......................................... 63
4.1. Visão das crianças sobre o bom e o mau turista ................................. 63
4.2. O entendimento das crianças sobre sustentabilidade ........................ 66
4.3. A origem do conceito de sustentabilidade ........................................... 68
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................70
REFERÊNCIAS .........................................................................................................72
12
1 INTRODUÇÃO
A criança é hoje entendida como não sendo mais uma parcela da sociedade
sem voz, opinião ou vontades. Diferentemente do que acontecia no passado, as
crianças de hoje estão cada vez mais ligadas no que acontece na sociedade atual e,
como parte integrante da família e por ela valorizada, influi amplamente nos processos
decisórios.
Os motivos pelos quais se justifica a importância da criança no contexto
familiar como é apontado por Mc Neal (1999) apud Veloso et al. (2012, p. 11) “são
aumento do número de provedores por família; diminuição do número de crianças por
família; pais mais idosos; mães solteiras; avós cada vez mais importantes; pais
preocupados com o futuro das crianças e famílias desestruturadas”. Todas essas
mudanças na família, levou seus progenitores a lhes dedicar mais atenção.
Tendo em vista esse contexto, pode-se dizer que a publicidade, age então,
principalmente por intermédio da televisão, estimulando o imaginário dos pequenos
por meio da utilização do lúdico, dos personagens favoritos e da identificação das
crianças com eles. Entretanto, tal estimulo se não controlado pelos pais e também
pela escola, pode incitar comportamentos consumistas, o que vai de encontro ao tema
da sustentabilidade discutida nos dias atuais.
O turismo, como sendo uma atividade que oferta bens e serviços, também está
inserido no contexto do consumo, ligado a essa preocupação da sustentabilidade e
do comportamento de consumo irresponsável e não planejado também por parte das
crianças, uma vez que elas influenciam na escolha de viagens para suas famílias.
Por essa razão, se faz necessária uma ponderação a respeito dos efeitos que
essa atividade pode trazer para o meio ambiente quando vista sob a ótica do consumo
turístico sustentável, uma vez que se utiliza amplamente dos recursos naturais,
sociais, culturais e econômicos disponíveis no planeta:
O Turismo utiliza a diversidade natural e cultural dos espaços, bem como interfere diretamente na dinâmica socioambiental das cidades, regiões e países, além de gerar impactos positivos e negativos nos diferentes ambientes (PINHEIRO, 2011, p.469).
13
E por ser uma atividade que depende em grande maioria dos recursos naturais
disponíveis no planeta, passou-se a ter certa preocupação a respeito de como a
atividade turística vem sendo planejada, desenvolvida e consumida, com base em
questões ambientais. De acordo com as palavras de Toaldo e Meyne:
Esse meio ambiente é formado pela água, pelo ar, pelo solo, pela energia solar e pelos seres vivos como a fauna e a flora. Destaca-se que o ecossistema é direito de todos na forma pela qual deve ser desfrutado sem ser destruído, pois os recursos naturais são finitos e se usados desordenadamente serão extintos (2013, pg. 661).
Também pretende-se discutir a Educação Ambiental (EA) como ferramenta
de grande importância que visa contribuir para a formação de cidadãos mais
conscientes e mais preocupados com a sustentabilidade e com o desenvolvimento
sustentável. Tem-se como premissa a EA como instrumento essencial ao processo
de mudança comportamental em relação ao consumo. Para Toaldo e Meyne:
Através da educação ambiental contínua as pessoas podem formar uma consciência ecológica crítica, tanto as crianças, como adolescentes, adultos e idosos, buscando valorização e preservação do meio ambiente, pois é muito importante que se tenha um desenvolvimento sustentável para que se possa desfrutar do meio ambiente sem extinguir seus recursos (2013, p. 662).
Assim, o tema apresentado se mostra relevante, uma vez que a criança na
contemporaneidade tem voz ativa e, por isso, participa efetivamente das decisões de
consumo da família, inclusive no turismo. Desta forma procura-se mostrar que as
percepções das crianças podem indicar que caminhos o turismo deve seguir em prol
de praticar um turismo sustentável e se elas estão sendo educadas para tal fim.
Desta maneira, o objetivo deste trabalho consiste em analisar as percepções
que crianças entre 9 e 10 anos têm a respeito do consumo sustentável do turismo.
14
A técnica utilizada para a coleta de dados consiste na análise de conteúdo dos
textos elaborados pelas crianças participantes da pesquisa. O resultado mostra que
as crianças sabem dizer quais comportamentos são aceitáveis por parte dos turistas
e quais não são quando o assunto é sustentabilidade no turismo.
O presente trabalho ainda tem como objetivos específicos: discutir a respeito
do consumo na fase contemporânea e a importância do conceito de consumo
sustentável; discorrer a respeito da sustentabilidade no turismo e evidenciar a
importância da EA na prática do turismo sustentável. Desta forma, apresenta-se
estruturado em capítulos de 2 a 4.
O capítulo 2 aborda a questão do consumo, desde seu surgimento, após a
Revolução Industrial, até a contemporaneidade. Expõe tendências do consumo
brasileiro e discorre a respeito da importância da sustentabilidade nas práticas de
consumo atuais. Debate-se ainda, sobre a importância do turismo sustentável, expõe
práticas promotoras do turismo sustentável no Brasil e reflete sobre os impactos
gerados pela atividade turística sobre as comunidades receptoras. Por fim, discorre
sobre o consumo infantil, a interface entre consumo e sustentabilidade e a relevância
da Educação Ambiental como ferramenta de auxílio em favor da promoção e prática
do turismo sustentável.
O capítulo 3 apresenta a metodologia utilizada na pesquisa, o grupo
pesquisado, as razões e limitações da pesquisa, além do instrumento utilizado para a
coleta e interpretação do material produzido pelas crianças.
O capítulo 4 apresenta os resultados da pesquisa, bem como as comparações
dos resultados apresentados com os discursos mencionados no capítulo 2.
Em seguida apresentam-se as considerações finais apresenta-se os resultados
obtidos e as reflexões sobre a importância e necessidade de práticas sustentáveis no
turismo.
15
2 TURISMO SUSTENTÁVEL: UM PANORAMA GERAL
A fim de entender a importância da sustentabilidade para a atividade turística,
é necessário antes analisá-la como uma atividade ligada ao consumo de produtos e
serviços. Sendo assim, faz-se necessário fazer uma breve apresentação de como o
consumo surgiu, bem como é praticado na atualidade e sua ligação com os conceitos
recentes ligados à sustentabilidade.
Além disso, a atividade turística, por ser uma prática intimamente ligada ao
consumo de produtos e serviços, também deve apresentar-se igualmente preocupada
com a adoção de práticas sustentáveis desde seu planejamento até sua execução,
tendo em vista sua manutenção em longo prazo.
E tendo como base o contexto da sustentabilidade na atividade turística,
entende-se que a Educação Ambiental pode ser utilizada como importante ferramenta
de transformação da sociedade a fim de sensibilizá-la em direção a um futuro mais
consciente quanto ao uso dos recursos disponíveis no planeta.
Tal processo de mudança, justifica o olhar dirigido ao público infantil, por ser
uma parcela da sociedade ativa em suas relações tanto na família quanto na escola e
que deve ser preparada para padrões de consumo responsáveis. E por isso, busca-
se estudar a percepção das crianças sobre o consumo sustentável no turismo, de
modo que as ações promotoras do turismo sustentável sejam aplicadas o quanto
antes tendo em vista manutenção dos recursos disponíveis em iguais proporções às
futuras gerações.
2.1. CONSUMO E SUSTENTABILIDADE
A presente seção faz uma apresentação das transições ocorridas na sociedade
de consumo e faz comparações entre elas, mostrando algumas diferenças. Discorre
também a respeito da realidade do consumo brasileiro e mostra alguns dados que
confirmam a teoria apresentada, mostrando que os conceitos sobre sustentabilidade
e desenvolvimento sustentável são pouco conhecidos. Em seguida aborda-se a
temática da sustentabilidade e suas implicações para a sociedade de consumo.
16
2.1.1. O consumo, suas transições e contemporaneidade
O consumo como é hoje interpretado e praticado, tem suas origens na
Revolução Industrial, período de grandes transformações tecnológicas, econômicas,
sociais e culturais. O avanço da produção, as mudanças da composição social, bem
como o surgimento de movimentos culturais, provocaram na sociedade o interesse
por outros artigos que pudessem colocar a então classe dominante, a burguesia, em
destaque.
Na era industrial ou era moderna, o trabalho era considerado fator principal de
identificação social, ou seja, era por intermédio do trabalho que a sociedade
reconhecia um indivíduo e sua posição social. A então burguesia em ascensão, tinha
como principal doutrina a acumulação de capital e enriquecimento, por isso, seu foco
era, o trabalho. Nesse período como afirmam Barbosa e Campbell (2006, p.31) “a
cultura do consumo é concebida pela expansão capitalista de mercadorias que deu
origem a uma vasta acumulação de cultura material na forma de bens e locais de
compra e consumo”.
Outro fator que merece destaque é o fato de que, apesar de detentora dos
meios de produção, a burguesia ainda vivia sob as normas de conduta da nobreza e
do clero. De acordo com Barbosa (2005, p.20), “o estilo de vida dos grupos sociais
eram ditados pelas classes dominantes. Tais leis ditas suntuárias definiam o que
deveria ser consumido por determinado segmento social e proibido para outros”.
Entretanto, o avanço dos processos produtivos e da diversificação da indústria,
a disponibilidade de novos produtos, como artigos de luxo, por exemplo, fizeram a
burguesia deslocar a centralidade de suas vidas da produção para o consumo.
Além disso, algumas mudanças do campo cultural também provocaram a
centralidade da sociedade industrial do trabalho para o consumo. Os movimentos
estéticos denominados Romantismo e Sentimentalismo, respectivamente, foram os
principais fenômenos da época que justificam essa mudança gerando novos valores
na sociedade moderna. De acordo com Campbell (2002) apud Portilho (2010, p.87):
17
Embora inicialmente sofrendo grande oposição moral, esses novos valores tratavam de impulsionar e justificar moralmente os benefícios do luxo e do consumo, entre ele o incentivo à produção e à prosperidade, mudando a visão do consumo como algo moralmente aceitável e virtuoso.
O surgimento dos romances, do cinema e do teatro provocou uma mudança de
comportamento em relação ao consumo, pois todas essas formas de entretenimento
foram responsáveis por mexer com o imaginário das pessoas de forma que elas se
identificavam com seus personagens. Para Ramos (2001, p.20) “produto das técnicas
modernas, a cultura de massa, substitui imagens por corpos, povoa o mundo técnico
de presenças - vozes, músicas, imagens - enraíza-se na fase consumidora das
sociedades”. Entende-se assim, que o consumo passa a ser estimulado,
diferentemente, do que acontecia na época anterior, pois afastado do processo
produtivo e a partir valorização das emoções e dos significados, o consumidor passa
a ter novas necessidades que são satisfeitas pelo consumo.
Todos esses acontecimentos foram os responsáveis por compor a então
sociedade pós-moderna, demarcada pelo final do século XX e início do XXI. Após a
Segunda Guerra Mundial, a sociedade passa por outro período de mudanças que
mais uma vez vem alterar a sociedade e suas relações de consumo e sua importância
ganha ainda mais força. De acordo com Portilho (2010, p. 89):
O final do século XX e início do XXI estão sendo marcados por profundas inovações que afetam as experiências de consumo, como a globalização, o desenvolvimento de novas tecnologias de informação, a transição dos mercados para networks, os novos papéis dos gêneros, a biotecnologia, o debate ambientalista e etc.
A partir desse momento, o excesso de consumo gerado pelo sistema capitalista
passa a ser questionado por seus efeitos negativos. Nesse momento, algumas vezes
o consumidor é apresentado como vítima influenciável dos apelos da publicidade o
que leva a crer que o consumo é praticado de forma irracional levantando assim, o
debate ambiental. Alguns pensadores, como os da Escola de Frankfurt (Portilho, 2010,
p.91) justificam a “mercantilização da cultura” dizendo que
18
A partir daí, emergiu uma cultura materialista em que mercadorias carecem de autenticidade e visam meramente a satisfazer falsas necessidades, geradas por estratégias de marketing e publicidade, o que aumentam as possibilidades de dominação ideológica.
O que entende-se nesse momento é que na fase pós-moderna, o consumidor
é caracterizado como manipulado pela publicidade, o que o faz consumir sem análise
prévia, levando a um comportamento predatório e ambientalmente arriscado.
Ainda de acordo com o mesmo pensamento acima, fato é que o consumo é por
vezes acusado da grande maioria dos malefícios que apareceram nas sociedades
contemporâneas, sendo apontado com negativo. Como afirma Barbosa (2006, p.
22)“o consumo é ambíguo porque por vezes é entendido como uso e manipulação;
em outras como compra, em outras ainda como exaustão, esgotamento e realização”.
Sendo assim é necessário ter cautela ao falar em consumo, pois apesar de ser
praticado muitas vezes de forma desenfreada, por outro lado pode ser entendido como
umas das formas de estímulo ao desenvolvimento da sociedade.
Desta forma, não há como descartar sua importância do consumo para a
evolução social e, apesar da influência que a propaganda imprime sobre os cidadãos,
muitas vezes de maneira deturpada, reforçando a cultura do consumo, responsabilizá-
lo única e exclusivamente pelos malefícios apresentados hoje, pode parecer um tanto
prematuro.
Sendo assim, o marketing pode ser entendido como um facilitador do processo
de troca. A importância do marketing é justificada, pois de acordo com Dias e Cassar
(2005, p. 28) tomado como “uma atividade que busca atender às necessidades
humanas por meio da potencialização dos mecanismos de troca entre pessoas e
empresas”, o marketing tem sido alvo de estudos e análises ao longo do tempo. Ainda
para Kotler e Armstrong (2003, p.5) define-se marketing “como um processo social e
administrativo pelo qual indivíduos e grupos obtém o que necessitam e desejam
através da criação e troca de produtos e de valor com outros”.
Assim, acredita-se que a publicidade e o marketing são responsáveis por
facilitar o atendimento de desejos e emoções em relação ao produto ou serviços. Para
Featherstone (1995, p.33):
19
Assim, as mercadorias ficam livres para adquirir uma ampla variedade de associações e ilusões culturais. A publicidade é especialmente capaz de explorar essas possibilidades, fixando imagens de romance, exotismo, desejo, beleza, realização, comunalidade, progresso científico e a vida boa dos bens de consumo mundanos, tais como sabões, máquinas de lavar, automóveis e bebidas alcoólicas.
Desta forma, o consumo deve ser entendido como um processo cultural, em
que cada indivíduo se identifica com grupos de interesses comuns e tal processo de
identificação é facilitado então pela publicidade. Para Bourdieu (1999) apud Portilho
(2010, p.96) “o consumo é motivado, antes de mais nada, pela necessidade de
agrupamentos sociais ou “frações de classe” atingirem distinção ou status
reconhecido.
Contudo, é preciso entender que o consumo se praticado sem uma prévia
análise, pode gerar danos irreversíveis ao ambiente e à sociedade como um todo. A
tal ponto que, o comportamento irresponsável, gera um consumo desenfreado, que
esgota os recursos naturais e coloca em risco a manutenção dos padrões de produção
e consequentemente consumo atuais.
E pensando na questão do consumo irresponsável, desvia-se o olhar em
direção à atividade turística, posto que é uma atividade intimamente ligada ao
consumo de produtos e serviços turísticos, tais como hotéis, restaurantes, agências,
excursões, atividades de lazer entre outros.
De acordo com dados do Ministério do Turismo (MTUR, 2012), em publicação
realizada em 2012, intitulada Panorama do Turismo Internacional, o fluxo turístico
internacional era de 677 milhões em 2000 e saltou para 1.035 milhões em 2012.
Percebe-se que como atividade em crescimento, o turismo propõe ainda desenvolver
as comunidades receptoras, pois como afirmam Dias e Cassar (2005, p.3), com o
turismo, a diversidade cultural das nações é valorizada, é mais um recurso que pode
ser comercializado como um todo: as festas, a música, a gastronomia, o artesanato
etc.
Sendo assim, compreende-se a atividade turística como fomentadora do
consumo de bens e serviços de uma localidade que, como qualquer outra atividade
ligada à aquisição de produtos, deve se preocupar com os impactos que são
ocasionados por ela.
20
A seguir, se argumentará sobre os efeitos negativos gerados pelo consumismo
observado na sociedade contemporânea, nos mais diversos âmbitos da sociedade e
o que mostram dados recentes sobre o consumo de alguns produtos e serviços no
Brasil.
2.1.2. As tendências do consumo contemporâneo
Como foi visto na primeira seção deste capítulo, a atitude de consumir é antiga,
mas vêm sofrendo modificações ao longo do tempo. Na verdade, constata-se que o
consumo atual é favorecido por vários fatores da realidade contemporânea.
Um dos fatores que vem impulsionando o consumo no Brasil é a facilidade de
crédito. Hoje, diferentemente do que acontecia no passado, uma pessoa pode obter
vários cartões de crédito com a mesma renda familiar. Segundo Moreira (2011, p.
110), “atualmente o crédito democratizou-se, tornou-se uma componente normal do
orçamento familiar, permitindo muitas famílias antecipar regularmente uma
percentagem variável de seu rendimento futuro”. Como se percebe a simplicidade do
processo leva o consumidor a acreditar em um maior poder de compra, iludindo-o a
respeito do pagamento. Entretanto, a facilidade de poder comprar, mesmo sem ter
dinheiro, aguça o impulso da compra sem planejamento financeiro, o que pode
comprometer a renda familiar e levar o indivíduo a dívidas de difícil resolução.
De acordo com a empresa de consultoria Euromonitor, em pesquisa realizada
no ano de 2014 e divulgada pela British Broadcasting Corporation (BBC- Brasil) (2014,
s.p), neste ano, “o intervalo de tempo entre o interesse em um produto e a decisão de
comprá-lo deve diminuir ainda mais, impulsionado por opções de pagamento mais
rápidas e recursos visuais que atraiam o interesse dos consumidores”. Sendo assim,
as compras por impulso, facilitadas pela ampliação do crédito, são os elementos que
contribuem para o aumento do consumo de forma pouco planejada.
Outro fator que impulsiona o consumo é o aumento da renda familiar, que pode
ser influenciado por fatores secundários, tais como: o aumento do nível de
escolaridade proporcionado pelo fácil acesso à educação, a formalização do emprego
e a saída tardia da casa dos pais podem justificar o fortalecimento do consumo. Os
dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (2013) referentes ao
período entre 2002 e 2012 justificam tal afirmação. A proporção de estudantes com
21
ensino superior saltou de 29,2% para 52,1%; a média de anos de estudos foi de 8,1
para 9,6; a situação de trabalhadores com carteira assinada apresentou um aumento
de 44,6% para 56,9% e o número de pessoas entre 25 e 34 anos que ainda moram
com os pais variou de 20,5% para 24,3%
Desta forma, o consumidor passa a pensar em ter melhor qualidade de vida
conquistando novos produtos e serviços que estão ligados ao seu bem estar pessoal
e o familiar. Um exemplo de um dos setores que têm captado cada vez mais adeptos
é o turístico, justificado pela facilidade de pagamento e de destinos ofertados aos mais
variados estilos de clientes.
Outro dado que pode justificar o consumo brasileiro é o crescimento do setor
de serviços. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica aplicada (IPEA, 2014):
O grande destaque no ano foi o setor agropecuário, com alta de 7,0%, o maior em toda a série histórica, iniciada em 1996. O setor de serviços, por sua vez, obteve o segundo melhor resultado em 2013, registrando crescimento de 2,0%, e o setor industrial apresentou expansão de 1,3%, recuperando-se da queda de 0,8% exibida no ano anterior.
Sendo assim, pode-se notar que o setor de serviços é o segundo em
crescimento, perdendo somente para a agropecuária, o que pode justificar talvez, o
crescimento do consumo no Brasil. Ainda de acordo com o Portal Brasil (2014), a
expectativa de expansão da economia do País subiu de 1,63% para 1,65%. A previsão
de inflação também melhorou, ficando dentro do teto estipulado governo, segundo
analistas. Outro dado importante, segundo o Portal Brasil, a previsão para o saldo da
balança comercial de um superávit de US$ 3,02 bilhões. Desta maneira, tais dados
sobre a sociedade brasileira, bem como a situação de seus setores econômicos
podem justificar de alguma forma seu desenvolvimento e, porventura a tendência ao
ato de consumir mais.
Entretanto, outros dados apontam que sociedade brasileira pouco tem se
preocupado com o desperdício em com o mau uso dos recursos do planeta. A
população ainda desperdiça muita água em seu uso diário. Em pesquisa
encomendada pela organização AKATU à consultoria GfK Brasil, intitulada
“Consciência Insustentável: consumidor moderno consciente” (2013), tal fato fica
evidente: “hábitos como fechar a torneira enquanto a higiene bucal é feita e desligar
22
aparelhos eletrônicos quando estão fora de uso, estão despencando”. Ao analisar os
dados da pesquisa, constata-se o decréscimo dos bons hábitos de consumo de 2006
para 2013: fechar torneira enquanto escova os dentes (de 75% para 67%); deixar
lâmpadas acessar em ambientes desocupados (de 77% para 67%); esperar os
alimentos esfriarem antes de guardar na geladeira (de 77% para 62%); desligar
aparelhar quando não estão em uso (de 72% para 62%).
Ainda de acordo com a instituição AKATU (2013) citando a Organização
Mundial da Saúde (OMS) o gasto individual de água para higiene pessoal e consumos
diários chega a 220 litros por dia, enquanto o recomendável seria de 110 litros.
Tais elementos remetem a uma noção do que acontece na sociedade atual em
termos de consumo exagerado e desperdício, evidenciando o fato de que não há
preocupação por parte das pessoas com a finitude dos recursos naturais disponíveis,
nem das consequências que esse mau uso pode trazer em longo prazo.
2.1.3. Consumo e desenvolvimento sustentável
Em resposta ao consumo exagerado da sociedade e ao modo de produção
adotado atualmente, inicia-se um processo de reflexão mundial a respeito do sistema
de produção capitalista.
O termo sustentabilidade ganha força a partir do momento em que a
comunidade científica aponta à sociedade como o modo de produção industrial
adotado passa a interferir nos ciclos do planeta, gerando poluição, alteração do clima
e da temperatura, pobreza, fome, disparidades sociais e culturais, afetando o ser
humano. A sociedade como um todo é alertada para que reveja tanto seu sistema
produtivo quanto suas formas de consumo e descarte de produtos.
O marco oficial desse processo de sensibilização acontece na Conferência de
Estocolmo, realizada na Suécia, em 1972, onde líderes internacionais realizam um
encontro com o objetivo de discutir os rumos a serem seguidos quando se trata de
meio ambiente e sociedade e suas relações e, como os agentes da cadeia produtiva
poderiam se organizar de forma a minimizar os impactos produzidos por suas
atividades. Entretanto, tal discurso foi duramente rebatido pelos países
subdesenvolvidos que tinham como única forma de progresso a industrialização.
23
Em seguida, o tema foi mais amplamente discutido a partir da realização da
Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente e o Desenvolvimento, a
denominada Eco-92, que ocorreu na cidade do Rio de Janeiro em 1992.
Nesse encontro internacional, realizado pela Organização das Nações Unidas
(ONU), líderes mundiais promoveram uma série de discussões, debates e reflexões a
respeito dos padrões de produção e consumo adotados pelas sociedades capitalistas
desde então. Tais padrões, visto os efeitos negativos resultantes por eles produzidos,
colocaram em xeque sua a vida no planeta.
O documento resultante desse encontro (ECO-92), a Agenda 21, marcou os
pontos a serem corrigidos pelos países para que uma nova economia, pautada na
sustentabilidade, fosse praticada.
Desde então o termo, sua aplicabilidade e vivência vêm sendo discutidos
fortemente por governos, Organizações Não Governamentais (ONG´S), mídia e a
sociedade em geral. A questão consiste em planejar as atividades produtivas,
pensando-se na proteção dos recursos naturais, para que sejam perpetuados a longo
prazo, sem prejuízo para as gerações futuras. De acordo com Sodré (2009, p. 124.):
O desenvolvimento sustentável significa compatibilidade do crescimento econômico, com desenvolvimento humano e qualidade ambiental. Portanto, o desenvolvimento sustentável preconiza que as sociedades atendam às necessidades humanas em dois sentidos: aumentando o potencial de produção e assegurando a todos as mesmas oportunidades (gerações presentes e futuras).
O dilema que aflige a todos consiste em como conciliar crescimento econômico
e sustentabilidade. Manter o ritmo produtivo nos níveis atuais e, mesmo assim, falar
em sustentabilidade é algo incompatível. Segundo Cavalcanti (2012), a manutenção
do ritmo de crescimento econômico atual torna inviável a sustentabilidade dos
recursos disponíveis.
Assim, se justifica o uso do termo desenvolvimento sustentável. Cavalcanti
(2012, p.37) enfatiza a importância de diferenciar crescimento de desenvolvimento,
quando os distingue, explicando que “crescimento é o aumento quantitativo da escala
física, enquanto o desenvolvimento significa melhoria qualitativa ou florescimento de
potencialidades”.
24
Logo, percebe-se a importância do uso correto do termo desenvolvimento
sustentável, o que para a atividade turística se torna imprescindível, uma vez que se
utiliza amplamente da natureza e dos recursos que dela são fruto, tais como a
paisagem. Desta forma, não seria correto falar em crescimento, mas sim, em
desenvolvimento sustentável, que seria aprimorar as potencialidades de cada região
ou localidade, economicamente, sem comprometer a capacidade de renovação da
natureza e logo, a manutenção da vida na Terra.
Porém a discussão não reside somente no fator produtivo, mas também no
consumista. O processo produtivo, baseado em um modelo capitalista de produção,
surge para atender às necessidades de consumo da sociedade que são reforçadas
pela influência do marketing e da propaganda, gerando um comportamento
compulsivo e desenfreado por adquirir sempre novos e mais modernos produtos. O
consumo passa a ser uma forma com a qual os indivíduos se identificam entre si e
perante a sociedade, num jogo onde quem mais consome ganha notoriedade e
importância. Para Oliveira e Cândido (2013, p.3):
Esse materialismo que fundamenta a sociedade ocidental moderna se concentra nos valores que favorecem o hedonismo, o individualismo, o egoísmo e o utilitarismo que impregnam os indivíduos de um comportamento direcionado ao consumo como uma forma de representação e identidade social tornando o indivíduo naquilo que ele consome.
Consumir consiste na principal atividade que propulsiona a sociedade a
continuar crescendo e se desenvolvendo, sem pensar nas consequências que o
consumo sem análise prévia pode gerar. Por isso, ter conhecimento dos termos
sustentabilidade e desenvolvimento sustentável pode ajudar o ser humano a refletir
melhor sobre seus atos e escolhas.
No Brasil, o conhecimento sobre os termos sustentabilidade e desenvolvimento
sustentável ainda se apresenta modesto, fato que preocupa, uma vez que não estar
a par do tema ou desconhecê-lo por completo, talvez signifique que o brasileiro ainda
pense pouco nas repercussões de atos de consumo. Segundo dados do Ministério do
Meio Ambiente (MMA, 2012, p.2) 22 em cada 100 brasileiros afirmam ter ouvido falar
da Conferência “Rio +20”. Ainda segundo o MMA mais da metade da população
brasileira ainda não conhece o significado do conceito de “desenvolvimento
sustentável”.
25
Assim, pode até ser que o termo sustentabilidade ou desenvolvimento
sustentável sejam continuamente discutidos pela sociedade, governantes e líderes
mundiais, porém torna-se improvável o alcance de uma mudança nos padrões de
consumo se a sociedade como um todo não possuir o conhecimento adequado sobre
o termo, buscando, desta maneira, sua aplicabilidade real.
Tal entendimento vai ao encontro das práticas realizadas pela atividade
turística que se utiliza amplamente dos recursos naturais, culturais, sociais e
econômicos de forma a propiciar mais oportunidades e melhores condições de vida
para as populações que se utilizam da atividade.
Pensar em turismo em longo prazo, significa pensar e implementar a
sustentabilidade como instrumento de mudança social.
2.2. TURISMO SUSTENTÁVEL
Nesta seção, discorre-se sobre o conceito de turismo sustentável e dialoga-
se a respeito da importância do planejamento turístico, bem como a importância da
participação de todos os atores sociais (governantes, empresários, comunidade e
turistas) na promoção da sustentabilidade no turismo. Em seguida, apresentam-se
dois exemplos de ações promotoras do turismo sustentável aplicados à sociedade
brasileira. Posteriormente, reflete-se a respeito dos impactos gerados pelo turismo e
pela presença do turista na localidade receptora.
2.2.1. Definição de turismo sustentável
Entre tantas atividades econômicas que são desempenhadas, o Turismo é
apontado como uma das áreas mais promissoras nos próximos anos. Em pesquisa,
realizada recentemente pela Organização Mundial do Turismo (OMT), as chegadas
de turistas internacionais cresceram cerca de 5% em 2013 atingindo um recorde e
1.087 milhões de chegadas de acordo com a última pesquisa intitulada UNWTO World
Tourism Barometer. Ainda segundo a mesma pesquisa para 2014 as expectativas de
crescimento ficarão em cerca de 4% a 4,5%.
26
Sendo assim, por ser uma atividade que se utiliza dos recursos naturais, ela,
mais do que qualquer outra atividade, deve se preocupar com a sustentabilidade, uma
vez que sua sobrevivência depende de práticas planejadas do sistema turístico.
Para países abaixo da linha da pobreza, como os localizados na África, por
exemplo, segundo a Organização Mundial do Turismo (OMT, 2010) “a atividade
turística se converteu em seu principal ativo”. Tal fato pode ser justificado ainda
segundo a OMT (2010) pois, “a cultura, a arte, as paisagens, a fauna e a flora
constituem grandes valores”.
Somado a isso, pode-se dizer, que os agentes promotores do Turismo, tanto
do setor público quanto do setor privado, devem elaborar suas políticas e práticas de
forma a contribuir não somente para o sucesso de um negócio em particular, mas
também para que este possa gerar lucro, renda e emprego em longo prazo para a
localidade. Para Ruschmann (1997, p.10) “o planejamento é fundamental e
indispensável para o desenvolvimento turístico equilibrado e em harmonia com os
recursos físicos, culturais e sociais das regiões receptoras”. Segundo o Código de
Ética do Turismo (2001):
Todos os agentes do desenvolvimento turístico têm o dever de salvaguardar o meio ambiente e os recursos naturais na perspectiva de um crescimento econômico saudável, constante e sustentável, capaz de satisfazer equitativamente as necessidades e aspirações das gerações presentes e futuras.
Para tanto, a prática do Turismo Sustentável deve ser pautada no planejamento
prévio de todas as estruturas e logísticas relacionadas ao Turismo, bem como hotéis,
resorts, restaurantes, transportes e segurança entre outros. Entretanto, é preciso de
antemão entender a que o conceito de Turismo Sustentável se refere e interpretá-lo
para que se sua aplicabilidade seja correta e dirigida.
Pensando nisso, se faz necessária uma reflexão a respeito dos efeitos que essa
atividade pode trazer para o meio ambiente quando vista sob a ótica do consumo
turístico sustentável, uma vez que se utiliza amplamente dos recursos naturais,
sociais, culturais e econômicos disponíveis no planeta:
Há um gama infindável de definições que acabam por dificultar a real
interpretação do fenômeno. Para Dias (2003; p.67) “essa circunstância coloca em
27
risco o papel principal a ser desempenhado pelos agentes turísticos na implantação
dos princípios do desenvolvimento sustentável, pois a falta de precisão pode levar a
seu uso meramente retórico”.
Desta forma, o termo Turismo Sustentável deve ser entendido e difundido à
sociedade para que esta tenha em mente os reais benefícios que esta prática pode
trazer às localidades que se utilizam do turismo, não somente como entendimento
conceitual, mas que compreendam a real importância da aplicação do termo em seu
cotidiano. Para World Comission of Enviroment and Development (1987) apud
Ruschmann (1997, p.8): o turismo sustentável é “aquele que atende às necessidades
dos turistas atuais sem comprometer a possibilidade de usufruto dos recursos pelas
gerações futuras”.
Mas o que de fato significa praticar um Turismo Sustentável? Quais etapas são
importantes de serem seguidas a fim de atingir essa prática? Listam-se, na figura 1,
segundo Dias (2003), algumas das etapas que devem ser seguidas a fim de se atingir
uma atividade turística com foco na sustentabilidade
28
Etapas a serem seguidas pela atividade turística para ser considerada sustentável
Conhecer em profundidade o espaço socioeconômico no qual se pretende desenvolver o turismo, a fim de se conhecer as características atuais e potenciais.
Compreenda que o planejamento deve ser integral considerando todos os aspectos: econômicos, ambientais, culturais, territoriais, para que, assim, o desenvolvimento turístico seja adequado.
Esperar que haja uma modificação na legislação com o objetivo de se adaptar às novas ideias sobre o meio ambiente.
Gerenciar a demanda turística para definir distintas áreas de atuação em um mesmo território, distribuindo melhor o fluxo sem a necessidade de controle do mesmo.
Estimula a participação da população, pois sem integração social não se pode conceber um desenvolvimento turístico sustentável.
Assegura que haja preocupação constante com a qualidade ambiental como elemento fundamental para o desenvolvimento turístico.
Planejar as atividades turísticas de forma a minimizar ao máximo seus impactos ambientais, principalmente em período de baixa temporada, com a recuperação de áreas degradadas.
Estabelecer mecanismos de proteção da fauna e da flora.
Incentivar fiscalmente ações de empresas que possuem iniciativas ambientais.
Fig.1: Etapas a serem seguidas pela atividade turística visando à sustentabilidade.
Fonte: Elaboração própria baseado em Dias (2003)
Como se pode entender da figura 1 algumas ações são importantes para a que
um destino turístico se torne sustentável. A seguir se discorrerá a respeito de cada
uma das etapas apontadas por Dias (2003).
Antes de adotar o turismo como prática econômica, faz necessária uma
avaliação prévia da região, visando estudar se o local tem características naturais e
construídas propícias ao desenvolvimento turístico. Verificar se a localidade suporta
um fluxo de turista além dos já residentes; se há fácil acesso e vias em bom estado;
se há infraestrutura adequada para o recebimento de visitantes, tais como,
29
acomodações, alimentação e lazer; se as estruturas de apoio existem e quais são
necessárias; verificar se os serviços básico têm distorções ou precisam ser ajustados,
entre outros. Percebe-se assim, que planejamento deve acontecer em todos os
âmbitos: econômico, social, cultural e territorial, pois qualquer defasagem em qualquer
um desses aspectos pode gerar impactos em outro.
Controlar a demanda é outro aspecto importante, pois a chegada de grande
fluxo de turistas ao local visitado pode gerar danos estruturais, ambientais e
socioeconômicos que poderiam dificultar a manutenção da atividade turística. Esse
controle pode ser feito pela estruturação de um calendário de eventos ou propiciar o
desenvolvimento de várias atividades com o objetivo de distribuir mais uniformemente
o volume de turistas de acordo com suas preferências
Permitir e estimular a participação da comunidade no desenvolvimento local
são primordiais, pois serão os moradores que serão os anfitriões da localidade.
Devem ser consultados sobre a elaboração e aplicação de produtos e serviços, bem
como serem preparados para receber o turista, por meio da educação profissional,
gerando entusiasmo e busca por melhor colocação profissional.
Preocupar-se com o meio ambiente também é crucial para o desenvolvimento
turístico, uma vez que a atividade se apropria dos recursos que a natureza oferece
para estruturar uma localidade como atrativa. Da mesma forma, deve-se preocupar
com a elaboração de leis que protejam a fauna e flora dos impactos negativos que,
porventura podem ocorrer.
Finalmente para que o desenvolvimento turístico perdure e seja estimulado, o
governo deve incentivar as empresas que adotam posturas eficientes, produtivas, mas
igualmente alinhadas com os princípios da sustentabilidade.
Sendo assim, observa-se que a base do turismo sustentável situa-se de forma
geral no planejamento. Seja pelo estudo da área onde se pretende implantar a
atividade, seja a aplicabilidade de leis ou a consulta da população local, cada estrutura
implantada deve ser estudada antes de sua inserção de forma que a atividade turística
seja acolhida e reconhecida por todos aqueles que fazem parte do processo de
desenvolvimento da região.
30
2.2.2. Práticas e políticas promotoras do turismo sustentável no Brasil
Com o objetivo de promover o turismo sustentável, várias ações são
desenvolvidas e promovidas pelo governo brasileiro com a finalidade de alavancar o
turismo sustentável no Brasil. Tais ações têm o intuito de promover a adoção de
comportamentos sustentáveis por parte daqueles que viajam, ou seja, dos turistas e
para que sejam feitas reflexões a respeito da prática turística, bem como seus
impactos no âmbito econômico, social, e cultural.
Como exemplo ações desenvolvidas por órgãos governamentais, pode-se citar
a campanha Passaporte Verde, desenvolvido pela Força Tarefa Internacional,
formada por um grupo de 20 países, liderado pela França e do qual o Brasil faz parte.
O projeto foi realizado em parceria com o MMA, o Mtur, o PNUMA e o Governo
Federal. O conteúdo apresentado pela campanha visa apresentar informações para
uma viagem mais consciente. Segundo o site da campanha “trata-se de uma iniciativa
que visa disseminar um conjunto de informações e de dicas de consumo consciente
no turismo. Ainda de acordo com o site (Passaporte Verde, 2014):
O lema da campanha “Passaporte Verde, Turismo Sustentável por um Planeta Vivo” é um apelo para o exercício da cidadania ambiental global e visa influenciar o turista a assumir o seu papel como um agente que pode contribuir para a conservação do meio ambiente, buscando um relacionamento saudável com a natureza, com as comunidades e com a cultura dos destinos turísticos que visita.
A figura 2 apresentada abaixo, utilizada na campanha, ilustra de forma simples
o objetivo proposto, pois pode-se interpretar o turismo sustentável como a junção de
práticas na atividade turística que levem em consideração, a cultura, a paisagem, as
pessoas e a interação entre esses elementos.
31
Fig. 2: Passaporte Verde Fonte: Google Imagens, 2014
O Município de Paraty – Estado do Rio de Janeiro foi selecionado como o
destino-piloto da Campanha Passaporte Verde no Brasil e estruturado como um
destino referência para o turismo sustentável por meio das ações de divulgação da
campanha e das ações conjuntas entre os Ministérios do Turismo e do Meio Ambiente.
Para a divulgação da campanha Passaporte Verde foi criado um website que
apresenta as informações de escolhas e comportamentos sustentáveis, que tragam
benefícios para a localidade visitada sem agressão ao meio ambiente.
Entre as ações criadas para preparar o destino para a campanha estão:
incentivo à implementação de unidades produtivas, ou seja, turismo de base
comunitária, qualificação da cadeia produtiva do turismo, implantação de
infraestrutura básica e turística e, também, ações de educação ambiental
desenvolvidas pelo Ministério do Meio Ambiente.
32
A campanha revela como o turista pode se tornar um consumidor responsável
por meio de atitudes que se preocupem com a conservação do meio ambiente. As
informações de viagem vão desde a escolha do destino, o meio de transporte utilizado
para chegar até a localidade escolhida até seu retorno e compartilhamento de
experiências e visam contribuir para que o turista adote uma postura responsável no
turismo e mostrando de que forma suas atitudes podem contribuir para a conservação
do meio ambiente e das sociedades que o recebem. Ainda se dividem em etapas de
fácil entendimento que serão aqui resumidas:
Antes da viagem: colher informações sobre o destino a ser visitado, tais como
atrativos naturais e culturais, meios de hospedagem que se preocupem com a
preservação do meio ambiente e dos recursos naturais; quantidade mínima
necessária de bagagem; meios de transporte menos poluentes utilizados para chegar
ao destino;
Durante a viagem: não levar nada do ambiente natural; não deixar resíduos nas
localidades que visita; valorizar a cultura local pela aquisição de produtos feitos
artesanalmente, atentado para o material utilizado; não adquirir animais silvestres.
Após a viagem: compartilhe sua experiência de férias, bem como todas as
escolhas feitas antes da viagem, a fim de estimular comportamentos e escolhas
semelhantes.
Observa-se que a campanha revela que através de atitudes simples, como o
consumo responsável e o uso racional dos recursos naturais, podemos favorecer a
economia e o desenvolvimento dos destinos que o turista visita.
Compreende-se, portanto, que o turismo sustentável é uma prática claramente
possível, mas que necessita de planejamento e envolvimento ambiental constante,
tanto do setor público quanto do privado, como também da sociedade em geral, para
que as atividades ditas turísticas e as que dela dependem possam se perpetuar com
qualidade e sem prejuízo aos recursos naturais disponíveis.
Ainda se referindo a Paraty, O Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade (ICM-Bio), é outro exemplo de instituição que tem como um de seus
objetivos a promoção do turismo sustentável. De acordo com a instituição sua
responsabilidade consiste em executar as ações do Sistema Nacional de Unidades
de Conservação, podendo propor, implantar, gerir, proteger, fiscalizar e monitorar as
Unidades de Conservação (UCs) instituídas pela União (ICM-BIO, 2014).
33
Segundo o ICM-BIO (2014) a Área de Proteção Ambiental (APA) Cairuçu e o
Parque Nacional da Serra da Bocaina, UC federais geridas pelo ICM-Bio, em parceria
com a Reserva Ecológica da Juatinga, gerida pelo Instituto Estadual do Ambiente do
Estado do Rio de Janeiro (INEA), vem desenvolvendo a campanha TURISMO
SUSTENTÁVEL: turista satisfeito, renda para a comunidade e natureza preservada.
A campanha se utiliza de um elaborado material de divulgação que orienta e
estimula o turista a ter atitudes sustentáveis dentro dessas localidades tomando como
base os princípios do turismo sustentável.
34
Fig. 3: Material de divulgação da campanha Turismo Sustentável
Fonte: ICM-BIO, 2014
35
Como observa-se, a prática do turismo sustentável se encontra difundida por
algumas instituições de importância no setor, tais como o Ministério do Turismo e o
ICM-Bio que tem como objetivo promover o turismo sustentável por meio da
sensibilização da população o dos turistas quanto ao cuidado com o meio ambiente
natural e os efeitos positivos desse comportamento tanto para quem mora, quanto
para quem visita à região.
2.2.3. Impactos do turismo e o comportamento do turista.
2.2.3.1. Os impactos positivos do turismo e o turista sustentável
Observa-se, como já mencionado no capítulo anterior, que o turismo é uma
atividade que pode trazer inúmeros benefícios para a comunidade que o recebe,
trazendo renda, valorização da cultura, infraestruturas básicas e de apoio ao turismo,
aumento da exigência de escolaridade, diversificação de serviços, entre tantos outros.
Se bem planejado, a atividade turística, se torna um produto de grande atratividade
por longos anos. Como diz Oliveira (2011, p.1), o planejamento das atividades
turísticas no contexto atual deve ser alicerçado em princípios que tragam viabilidade
econômica, justiça social e equilíbrio ambiental a todo o conjunto de ações e
atividades relacionadas ao turismo
Esse planejamento deve ser aplicado a todos os atores do cenário turístico e
devem partir dos governantes as iniciativas iniciais de apoio e sustentação. Em
seguida, a responsabilidade se deve àqueles que oferecem os serviços turísticos de
forma que sua atividade perdure, impulsionando a economia local, gerando novos
postos de trabalho e novas oportunidades de crescimento. A partir de então a
comunidade que aceita o turismo deve cobrar dos setores público e privado que sejam
reguladas as atividades, a fim de que a atividade não cause estranheza entre
visitantes e habitantes e que ambos possam reconhecer um no outro a riqueza que o
turismo traz no intercâmbio de culturas.
Porém, a responsabilidade não reside somente na comunidade que recebe o
turista, ele também deve ter consciência das atitudes que são dele esperadas, pois a
comunidade que o recebe espera o melhor da interação entre eles, bem como que o
36
destino seja por eles mantido e promovido a outros. Segundo o Código de Ética do
Turismo (2010, p.4):
Os agentes do desenvolvimento turístico e os próprios turistas deverão prestar atenção às tradições e práticas sociais e culturais de todos os povos, incluindo as minorias nacionais e as populações autóctones, e reconhecerão suas riquezas.
Sendo assim, compreende-se que o turista deve respeitar a cultura local, bem
como a cultura pertencente a região que o acolhe.
Como se pode observar na seção 2.2.2, muitas são as campanhas e teorias
sobre como praticar um turismo sustentável e, ainda sim, desfrutar de boas férias.
Percebe-se que, ter um comportamento sustentável em momentos de lazer não se
mostra fácil, pois requer muitas etapas, pesquisas e planejamento. Porém, se o desejo
de todos é contribuir para a manutenção dos atuais destinos disponíveis à visitação,
o caminho a ser seguido é esse.
O turista de hoje, por ser um consumidor consciente e interligado ao mundo,
tem ampla oferta de produtos e serviços e por seu poder de decisão e escolha pode
estimular o mercado produtor a fabricar produtos de acordo com suas exigências. O
poder de influência do turista que escolhe este ou aquele produto turístico pode ser
decisivo até mesmo para a manutenção dos produtos e serviços disponíveis. Assim,
ao exigir de seus fornecedores produtos adequados à sua orientação sustentável, o
turista exige que o prestador do serviço naturalmente se adeque às suas
necessidades.
O perfil do turista consciente é bem específico, pois diferentemente do turista
de massa, esse turista busca por destinos que ofereçam um turismo mais
personalizado, ou mais elitizado, não se importando em pagar mais por isso. Para
Ruschmann (1997, p. 17) “o turismo “brando”, ecológico, naturalista, personalizado
em grupos pequenos de pessoas tendem a caracterizar os fluxos turísticos do futuro”.
De acordo com o Responsible Travel Report (2014), segundo a figura 4, para
que uma viagem seja dita “verde” (ou sustentável, ou ambientalmente correta) o turista
deve pensar em seis principais fatores:
37
Seis principais fatores para que a viagem seja considerada “verde”
Modos de Transporte Considere andar a pé ou de bicicleta durante a sua viagem, utilizando os transportes públicos, alugar veículos híbridos, e viajar de comboio em vez de avião, sempre que possível.
Compensações e política ambiental Calcule e compense o dióxido de carbono emitido por sua viagem e compre- a partir de empresas com políticas que considerem os impactos ambientais, econômicos e sociocultural.
Dinheiro gasto localmente Certifique-se de que a população local irá se beneficiar de sua viagem por gastar dinheiro em comunidade ou empresas de propriedade local e trabalhar com os operadores turísticos e pousadas que empregam pessoas locais.
Conservação ambiental Escolha uma viagem que fortaleça os esforços de conservação para e aumenta a integridade natural dos locais que visita, incluindo áreas protegidas e habitats da vida selvagem.
Respeito pela cultura local Mergulhe e aceite as diferenças de outras culturas; aprender sobre seus costumes e normas sociais antes de visitar, e falando a língua deles, quando possível.
Utilização de recursos naturais Reduzir, reutilizar e reciclar ... e considerar o uso eficiente de água, energia e materiais de construção, bem como o método de eliminação de resíduos utilizado pelo seu operador turístico ou estabelecimento de hospedagem.
Fig. 4: Os seis principais fatores para uma viagem “verde”
Fonte: Elaboração própria baseado em Responsible Travel Report, 2014
Compreende-se pela figura 4 que diversos são os fatores a serem considerados
pelo turista ao realizar uma viagem responsável, principalmente em relação ao que a
comunidade anfitriã tem a oferecer e a postura adotada em uma viagem pode ser fator
determinante para a sustentabilidade do turismo na região.
Endente-se que o turista tem a função de também manter a atividade turística
por meio de uma postura adequada e respeitosa pelas pessoas e pelo lugar visitado.
A atenção ao patrimônio cultural material e imaterial de determinada comunidade é
pratica fundamental da atividade turística, uma vez que a localidade ficará conhecida
pela divulgação dos elementos de sua cultura. Segundo o Mtur (2010):
A utilização turística dos bens culturais pressupõe sua valorização, promoção e a manutenção de sua dinâmica e permanência no tempo como símbolos de memória e identidade. Valorizar e promover significam difundir o conhecimento sobre esses bens, facilitar seu acesso e usufruto a moradores e turista.
38
Cabe ressaltar ainda que o turista tem o papel fundamental no que diz respeito
a moldar a atividade turística em uma região. Algumas atitudes de prudência, negação
e até denuncia podem coibir e inibir atividades que prejudiquem a imagem da região.
Um exemplo que ilustra essa situação é a recusa que um turista faz ao se negar a
aceitar a exploração sexual infantil em áreas de grande concentração turística,
principalmente de estrangeiros, pois essa conduta pode manchar a imagem de uma
localidade perante à comunidade nacional e internacional. Segundo o Mtur (2014) “a
lei brasileira não penaliza somente quem pratica, mas também quem facilita ou age
como intermediário. É inaceitável, portanto, que os equipamentos turísticos sejam
utilizados por pessoas dispostas a explorar ou abusar sexualmente de crianças e
adolescentes”.
Salienta-se o fato de o turista estar sempre em busca da experiência, das
emoções e recordações que a viagem traz, o contato com a comunidade, com a
cultura e com os costumes locais. Segundo pesquisa feita pelo Serviço Brasileiro de
Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE, 2012, p. 23) o turista quer sentir no
destino aquilo que ele não vive em casa. A constante procura por “emoção” converte
o turismo de experiência em uma das principais tendências do setor atualmente.
Sendo assim o contato com outras culturas e o intercâmbio de ideias e experiências
tornam a viagem um momento marcante que o turista levará na memória.
Desta forma, pode-se dizer que ser um turista sustentável é uma prática
simples, mas que requer atenção e planejamento. Assim, quando o turista que usufrui
de certa localidade se preocupa com todas as etapas envolvidas na viagem, ele não
só contribui para a manutenção da atividade turística como também a promove.
2.2.3.2. Os impactos negativos do turismo e o turista insustentável
Logo após analisar os benefícios que a atividade turística pode trazer e quais
atitudes devem ser tomadas tanto por parte de que oferecem o serviço turístico,
quanto por parte daqueles que desfrutam dele, faz-se também necessária uma
reflexão sobre os possíveis impactos negativos que a atividade gera quando não
estruturada.
Segundo Vail, s.d. apud Martovani (2014, s.p.) “Após passarmos as últimas
décadas fazendo o que nos dá vontade, é hora de mudar e perceber que viajar é um
39
privilégio, e que nós somos hóspedes em outra cultura”. Observa-se então, que
igualmente na seção anterior, deve-se analisar cuidadosamente que impactos
negativos as viagens podem gerar no destino receptor e que cada um deve tomar o
cuidado necessário para que suas ações não tornem prejudiciais àqueles que tem
como atividade econômica o turismo.
Deve-se atentar ao fato de muitas vezes a atividade turista desapropriar as
comunidades receptoras de suas atividades de origem, o que pode causa rejeição ao
turismo e, consequentemente aos turistas. Para Coriolano (2006, p.369):
Nessa produção espacial faz-se necessário considerar a luta dos diferentes atores locais: os nativos usuários do espaço litorâneo que tendem a defender suas propriedades, ou bens de usos, contrapondo-se aos interesses dos empresário, dos agentes imobiliários e do próprio estado que se interessam pelo valor de troca do espaço, pois o transformaram em mercadoria.
Como o turismo se apropria em sua maioria do ambiente natural e igualmente
do construído para sua promoção, a cautela do turista deve estar centrada em não
invadir uma localidade, consumir tudo o que a comunidade tem a oferecer e sair
deixando suas marcas e impressões negativas.
Alguns comportamentos por parte dos turistas podem acabar por degradar a
localidade e ameaçar a atividade turística. A exploração sexual é um dos pontos
negativos, os quais merecem atenção. Segundo o Código de Ética do Turismo (p. 4)
“a exploração de seres humanos, em qualquer de suas formas, principalmente a
sexual, e em particular quando afeta as crianças, fere os objetivos fundamentais do
turismo e estabelece uma negação de sua essência”. O turismo quando associado ao
sexo, em especial o de crianças, traz uma percepção negativa da localidade, o que,
de fato, é o contrário do que se pretende com a atividade.
Quando não planejado, mesmo que inconscientemente, o turista pode estimular
um turismo irregular, predatório e prejudicial às comunidades receptoras e inúmeros
são os exemplos a serem dados. Segundo Mantovani (2014, s.p) apud Vail (2014):
Apesar dos benefícios econômicos que o turismo pode trazer para comunidades, quando esse processo ocorre sem infraestrutura e planejamento, ele pode se transformar em um desastre para o meio ambiente e para os moradores do lugar: o lixo se acumula em locais abertos, grandes operadoras estrangeiras se apropriam do dinheiro que os turistas trazem, os
40
preços de produtos básicos vão às alturas, animais mudam seu comportamento, e por aí vai.
Devido a isso é que uma viagem bem planejada previne que uma localidade
que já esteja afetada negativamente pelo turismo, continue a receber visitação por
parte de turista engajados e preocupados com sustentabilidade desses destinos.
O turismo de massa é um dos que mais trazem prejuízos à comunidade, pois
por um determinado período de tempo, localidades receptoras encontram-se
invadidas por muitos ou até milhares de turistas em uma região. Além da situação de
grande fluxo de pessoas em circulação, outros fatores podem causar irritações à
população local: aumento dos preços, engarrafamentos, aumento dos acidentes e da
violência, queda na qualidade dos produtos e serviço, e também degradação
ambiental.
Sendo assim, na próxima seção será discutida a questão da educação
ambiental como ferramenta de auxílio na formação de turistas mais conscientes em
relação às suas escolhas de viagem.
2.3. EDUCAÇÃO INFANTIL PARA O TURISMO SUSTENTÁVEL
Nessa presente seção, será feita uma breve discussão sobre o consumo
infantil, bem como apresentar a importância da criança do processo de aquisição de
produtos. Em seguida discorre-se sobre a educação ambiental, bem como a situação
da educação brasileira na atualidade, tentando assim, esclarecer o motivo pela qual a
educação ambiental apresenta-se ainda pouco aplicada nas escolas de todo o país.
Posteriormente fala-se da importância da educação ambiental para a atividade
turística. Por fim dialoga-se a respeito da influência da mídia em relação ao público
infantil e apresenta-se alguns bons exemplos dessa influência.
2.3.1. Consumo Infantil
Nos últimos anos o mercado de produtos e serviços destinados às crianças
vem crescendo substancialmente alavancados pela mídia. Segundo Zylberkan (2014,
s.p.):
41
De acordo com a Associação Brasileira de Anunciantes (ABA), o público infantil abocanha cerca de 0,5% do mercado publicitário e as inserções que falam diretamente com as crianças representam 0,1% do total de anúncios na TV aberta na faixa em que os menores de 12 anos são 50% da audiência.
Hoje, as crianças não consideradas como parte integrante ativa da sociedade,
pois a todo momento influenciam pais e familiares em seus processos decisórios,
principalmente os de compra.
Percebendo esse fato, as empresas passaram a enxergar a criança como um
segmento de mercado a ser fomentado, fato que se evidencia pela crescente oferta
de produtos e serviços destinados aos pequenos. Segundo Mc Neal (1999, p.14)
“alguns serviços adultos foram adaptados para crianças, serviços de banco, serviços
de investimentos [...] algumas agências de viagens começaram a se especializar em
planejar viagens para as crianças”.
Outros dados ressaltam a influência da criança no mundo do consumo. O
segmento infantil já responde 15% do setor da moda e apresenta um crescimento de
6% ao ano, segundo dados da Associação Brasileira de Indústria Têxtil e de
Confecção (ABIT). O setor movimenta cerca de R$ 50 bilhões ao ano (Finco, 2013,
s.p.).
Entende-se que as crianças passam ter um papel ativo na sociedade e para
atingi-las as empresas direcionam muitos esforços de marketing, principalmente por
intermédio da propaganda.
Isso posto, ao falar em consumo infantil, se mostra necessário falar daqueles
que revelam as crianças o lúdico mundo do consumo, ou seja o marketing e a
propaganda. Seja por intermédio da televisão, da internet ou qualquer outro veículo
de comunicação, a publicidade hoje é dita como uma das principais influências que a
crianças e a sociedade em geral recebem em direção ao consumo.
Muitas vezes, vulneráveis aos apelos televisivos a que são expostas, as
crianças têm pouca consciência crítica para entender ou interpretar as mensagens a
ela dirigidas e, por isso pais, familiares e educadores têm um papel fundamental no
cotidiano dos pequenos, no sentido de filtrar o que é benéfico ou não. Segundo a
Agência Nacional dos Direitos da Infância (ANDI) “atualmente, cabe lembrar, é cada
vez mais predominante a presença das mídias no cotidiano de crianças e jovens,
42
ditando padrões de socialização, transmitindo valores, circulando informações e,
também, estimulando o consumo” (2010, p.4).
Um dos principais motivos pelos quais os pequenos estão expostos à
publicidade de forma tão intensa seria a quantidade de horas que as crianças
brasileiras permanecem diante da televisão. De acordo com a ANDI (2010, p.4) “é
inegável que uma outra pedagogia se instalou na vida das crianças brasileiras, as
quais estão, por exemplo entras as campeãs no que se refere ao tempo diário em
frente às telas da televisão- quase cinco horas segundo dados do Instituto Brasileiro
de Opinião e Estatística (IBOPE)”.
O problema dessa exposição consiste no fato de que, seja por falta de
instrução, por falta de vontade ou por falta de opção, muitas vezes a televisão se
apresenta como única forma de entretenimento para a criança. A popularização da
televisão para Martins (2003) apud Souza Filho (2010, p.74), se justifica pois:
[...] o veículo apresenta acessibilidade no campo socioeconômico, pois todas as classes sociais têm acesso a ela e há programação para todos os públicos imagináveis, graças, nesse caso, à diversidade de gêneros apresentada pelos canais de televisão.
Como se percebe, a influência da mídia é intensa nos dias atuais e por sua
abrangência e acessibilidade, a televisão tem sido o canal pelo qual as crianças,
atualmente, são expostas a mundos imaginários, coloridos e que sabem despertar por
meio do lúdico e da encenação o mundo que as crianças desejam viver. Ainda para
Veloso et.al (2012, p.15) “apesar de a televisão, principalmente a televisão aberta,
apresentar sinais de queda na audiência na última década, ela continua como líder
absoluta na atenção dos telespectadores de qualquer idade”.
Entretanto, viver nesse mundo imaginário, pode levar ao consumo de produtos
impróprios (novelas), prejudiciais à saúde (alimentos industrializados) ou ainda
desnecessários a certa faixa etária (eletrônicos). Para Fonseca Filho (2014, p.2):
Consumindo, a criança será aceita como consumidora, consumindo, será aceita no grupo de consumidores daquele produto, será afastada dos não-consumidores daquele mesmo produto, e, portanto, terá uma existência social alegradora.
43
Assim como o adulto, que se utiliza do consumo para pertencer a um grupo
social ou por ele ser aceito, também o faz a criança que, por se espelhar nos adultos,
acabam por fazer do consumo um processo facilitador de seu processo de
socialização.
Sendo assim, acredita-se que o consumo seja uma ferramenta que as crianças
e também a sociedade em geral utilizam para serem aceitas em grupos nos quais se
identificam. Adquirir este ou aquele produto, coloca cada em um grupo de afinidades
comuns. Como afirma Barros Filho (2014, s.p.):
A publicidade estimula as crianças a estabelecerem critérios de seleção dos membros de seus grupos através do consumo, assim como estimula as próprias crianças a projetarem nos produtos aquelas características que desejariam para si mesmas, a inserção em um grupo social, a diferenciação social dentro desse grupo e entre outros grupos, o glamour, e por aí vai.
Pode-se afirmar que consumir faz parte do processo de aceitação das
crianças nos diferentes grupos nos quais ela está inserida por intermédio da aquisição
de produtos e serviços que ambas julgam ser importantes para seu contexto social,
seja ele escolar ou familiar.
Outro fator que chama a atenção à questão do consumo reside no fato dele
ser utilizado como recompensa aos filhos, uma vez que pelo excesso de trabalho os
pais se ausentam por muitas horas de casa. Como afirma Agnelli e Souza (2010) “as
crianças de hoje são fruto de uma nova geração de pais: mais liberais, mais ocupados
e mais preocupados com a segurança de seus filhos. Desta forma, consumir se tornou
uma forma de recompensa para as crianças e um ato que gera nos pais um certo
conforto em relação à culpa que sentem”.
Entretanto, essa substituição deve ser vigiada e pais, familiares e mestres
precisam estar atentos aos aspectos negativos dessa “troca”. O excesso de televisão,
uso de celulares e computadores podem levar a criança a desenvolver hábitos que
prejudiquem sua vida social e sua saúde. De acordo Veloso et. al (2012) “os pais das
crianças possuem poder de veto sobre as necessidades e desejos delas. Eles são as
barreiras que vão impedir que determinados produtos desejados por elas sejam
aceitos”.
44
Pesquisa sobre os Hábitos e Costumes de Mídia Pela População Brasileira feita
em 2014, revela os seguintes dados: o meio de comunicação preferido pelos
brasileiros é a TV (76,4%), seguido pela internet (13,1%), pelo rádio (7,9%), pelos
jornais impressos (1,5%) e pelas revistas (0,3%) – outras respostas somam 0,8%.
Desta forma, fica evidente que para a família brasileira a mídia mais consumida é a
televisão o que de forma substancial confirma a forte influência desse veículo de
comunicação sobre a infância.
Algumas questões sociais relacionadas ao mundo infantil estão ligadas ao
consumo exagerado de produtos, segundo o Instituto Alana (2013, s.p.): “obesidade,
doenças cardíacas, excesso de peso, violência, “adultização” e erotização precoce,
consumo de álcool e tabaco e estresse familiar”.
Solucionar todas essas questões, sem dúvidas, mostra-se um processo
delicado, uma vez que a presença da família e da escola são de fundamental destaque
na passagem de um comportamento consumista para um comportamento sustentável.
Antes de mais nada é preciso recordar que as crianças espelham-se nos adultos,
portanto, a mudança para uma vida mais saudável e que leve em consideração o dano
que nossas decisões de compra geram, deve partir, primordialmente dos adultos.
A escola também tem papel fundamental no processo de educação e
formação do comportamento. Além do ensino das matérias obrigatórias, a escola deve
estar preocupada com a formação cidadã da criança e tirar benefício do ambiente,
pois é por meio dele que a criança se socializa, compartilhando informações e
pensamentos com seus colegas.
Por isso a questão da sustentabilidade e do consumo sustentável deve estar
latente tanto no ambiente familiar, como no escolar, a fim de que os comportamentos
sustentáveis sejam despertados e difundidos a curto e longo prazos.
2.3.2. A educação brasileira e a importância da Educação Ambiental
A educação é uma importante ferramenta de transformação social. Por
intermédio dela, molda-se a maneira como a sociedade se constrói e como ela se
prepara para lidar com as situações do cotidiano.
45
Com o surgimento da crise ambiental e o levantamento das preocupações
como a limitação dos recursos do planeta, começa a se falar em EA como uma das
formas de solucionar os problemas relativos à degradação do planeta, à mudança
comportamental associada ao consumo e à adoção de um modelo econômico que
prime pelo desenvolvimento sustentável.
E quando o assunto remete à educação, é inevitável pensar no ambiente
escolar, pois, na sociedade, depois da família, é a instituição responsável por moldar
o cidadão do futuro. Para Segura (2001, p. 21) “a escola foi um dos primeiros espaços
a absorver esse processo de “ambientalização” da sociedade recebendo sua cota de
responsabilidade para melhorar a qualidade de vida da população, por meio da
informação e da conscientização”. Entretanto, apesar de tantos encontros e reuniões
entre representantes nacionais e internacionais, o exercício da sustentabilidade ainda
parece no discurso, mas pouco se observa na prática.
No Brasil, apesar de ser um país tão rico e estar em processo de
desenvolvimento, a educação continua a não receber a devida atenção. Segundo
pesquisa realizada pelo The World Economic Forum (WEF) apud Prates (2013, s.p.)
e publicada pela revista Exame, o país aparece com o 35º pior desempenho em
educação. A tabela 1 a seguir, revela quais foram os indicadores utilizados para a
avaliação realizada com 122 países.
46
Tabela 1: Indicadores de Educação segundo WEF
Indicador de educação Posição no ranking (entre 122
países)
Acesso
Taxa de matrícula na educação básica 69º
Taxa de matrícula na ensino superior 76º
Diferença de gênero na educação 1º
Qualidade
Acesso à internet nas escolas 86º
Qualidade do sistema educacional 105º
Qualidade das escolas de educação básica 109º
Qualidade do ensino de matemática e ciências 112º
Qualidade de gerenciamento das escolas 43º
Conclusão
Pessoas com mais de 25 anos com ensino médio 57º
Pessoas com mais de 25 anos com ensino
superior
64º
EDUCAÇÃO (geral) 88º
Fonte: Revista Exame, 2013.
Como se pode analisar pela observação dos dados da tabela 1, alguns desses
indicadores podem revelar a razão pela qual a educação ambiental ainda age com
pouca expressão sobre a formação das crianças. Os primeiros indicadores que talvez
justifiquem tais indícios são a qualidade do sistema educacional, qualidade das
escolas de educação básica e qualidade de ensino de matemática e ciências, nos
quais o Brasil ocupa as 105º, 109º e 112º posições, respectivamente, e tendo como
colocação geral a 88ª posição.
47
Outro parâmetro usado pelo Ministério da Educação (MEC) para avaliar o
desempenho do ensino fundamental e médio é o Índice de Desenvolvimento da
Educação Básica (IDEB), que foi criado pelo Inep em 2007, em uma escala de zero a
dez. Sintetiza dois conceitos igualmente importantes para a qualidade da educação:
aprovação e média de desempenho dos estudantes em língua portuguesa e
matemática. Esse é, basicamente falando, obtido pelo produto do desempenho em
exames padronizados e o rendimento escolar (inverso do tempo médio de conclusão
de cada série). As tabelas 2 e 3, mostram-se dados fornecidos pelo MEC sobre a
avaliação dos ensinos básico e médio para os anos de 2005, 2009 e 2011.
Tabela 2: IDEB- Anos Iniciais do Ensino Fundamental
Anos Iniciais do Ensino Fundamental
IDEB Observado Metas
2005 2007 2009 2011 2007 2009 2011 2013 2021
Total 3.8 4.2 4.6 5.0 3.9 4.2 4.6 4.9 6.0
Dependência Administrativa
Pública 3.6 4.0 4.4 4.7 3.6 4.0 4.4 4.7 5.8
Estadual 3.9 4.3 4.9 5.1 4.0 4.3 4.7 5.0 6.1
Municipal 3.4 4.0 4.4 4.7 3.5 3.8 4.2 4.5 5.7
Privada 5.9 6.0 6.4 6.5 6.0 6.3 6.6 6.8 7.5
Fonte: INEP, 2011
Tabela 3: IDEB- Anos Finais do Ensino Fundamental
Anos Finais do Ensino Fundamental
IDEB Observado Metas
2005 2007 2009 2011 2007 2009 2011 2013 2021
Total 3.5 3.8 4.0 4.1 3.5 3.7 3.9 4.4 5.5
Dependência Administrativa
Pública 3.2 3.5 3.7 3.9 3.3 3.4 3.7 4.1 5.2
Estadual 3.3 3.6 3.8 3.9 3.3 3.5 3.8 4.2 5.3
Municipal 3.1 3.4 3.6 3.8 3.1 3.3 3.5 3.9 5.1
Privada 5.8 5.8 5.9 6.0 5.8 6.0 6.2 6.5 7.3
Fonte: INEP, 2011
48
Observa-se, pela análise dos IDEB (tabelas 2 e 3), que a educação básica
brasileira tem muito a melhorar. Analisando os dados da tabela, observa-se que a
educação nas escolas da rede pública ainda tem desempenho bem abaixo da rede
particular. Tal análise apresenta-se como perturbadora, uma vez que são nos
primeiros anos na fase escolar que se deve apresentar a sustentabilidade como uma
questão a ser pensada pelos pequenos.
Desta maneira, acredita-se que o ensino básico brasileiro mostra nítidas
deficiências, apresentadas pelos índices apontados. Sendo assim, pode-se acreditar
que a questão da sustentabilidade também pode ser afetada pelo fato de a educação
não estar sendo eficiente a ponto de esperar uma mudança de comportamento.
2.3.3. A educação infantil para a sustentabilidade
Como foi visto na seção anterior, a educação brasileira ainda apresenta índices
educacionais bem abaixo do esperado, o que de certa forma talvez explique a baixa
sensibilização por parte da sociedade por atitudes em prol da sustentabilidade e do
desenvolvimento sustentável.
A educação para a sustentabilidade deve ser um processo contínuo e
permanente, pois só a partir dela será possível alcançar as mudanças almejadas em
relação ao comportamento de consumo economicamente viável e ambientalmente
correto que tanto é almejado pela sociedade.
Desta forma, pode-se dizer que um dos atores responsáveis por construir e
aplicar esse processo na sociedade é o governo, pois é a partir de políticas e
programas educacionais específicos e direcionados que a sociedade é sensibilizada
e por conseguinte conscientiza-se em prol de atitudes e comportamentos aliados aos
objetivos a sustentabilidade.
De acordo com a Lei 9.795 de Abril de 1999, Art, 1º esclarece:
Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.
49
No Brasil, muitos são os programas disponíveis sobre o tema educação para a
sustentabilidade. Como exemplo, pode-se citar as ações que vem sendo
desempenhadas pela Secretaria de Meio Ambiente (SMA) do estado de São Paulo
em prol da sustentabilidade e da preservação do meio ambiente. Além de manter uma
série de publicações a respeito do tema em seu site, em 03 de Março de 2009, a SMA
de São Paulo lançou um programa intitulado “Programa Criança Ecológica” que
segundo a SMA pretende chamar a atenção do público mirim para as questões
ambientais do planeta, de uma maneira didática, lúdica e interativa. Segundo a
instituição:
O Projeto Criança Ecológica é um programa estadual de educação ambiental, composto de atividades lúdicas e interativas para crianças de 8 a 10 anos. O programa pedagógico visa abordar os conteúdos fundamentais das agendas azul (água), verde (fauna e flora), cinza (poluição) e amarela (aquecimento global e educação para a vida), por meio de um livro paradidático e vivências em ambientes naturais, em 25 espaços de visitação do projeto.
O programa de responsabilidade da gerente da Divisão de Coordenação das
Câmaras Ambientais na CETESB - Companhia Ambiental do Estado de São Paulo,
Maria de Lourdes Rocha Freire, irá trabalhar vários assuntos por intermédio de
cartilhas que aborda questões relacionadas ao meio ambiente. Atividades como
excursões, aulas, livros e filmes serão algumas das atividades desempenhadas para
despertar a curiosidade dos pequenos segundo a instituição.
As atividades acontecem em ambientes onde as abordagens sobre os temas
tenham um contexto. São Parques e ambientes preparados para tal finalidade. Entre
estes espaços pode-se citar: Parque Estadual da Cantareira, Parque Estadual da
Serra do Mar, Estação Experimental de Itapetininga entre outros.
Para participar do projeto a escola deve se cadastrar no site do projeto, onde
poderá agendar as visitas aos espaços. Cabe ressaltar que a visita aos espaços é
gratuita, somente sendo responsabilidade da escola interessada, os custos referentes
a alimentação e transporte.
A Secretaria de Estado do Meio Ambiente conta ainda com publicações, por
meio da Coordenadoria de Educação Ambiental (CEA).1 São 16 cadernos de
1 Disponível em: http://www.ambiente.sp.gov.br/publicacoes/category/cadernos-de-
educacao-ambiental/page/2/. Acesso em 05 de Maio de 2014.
50
educação ambiental para informar a população sobre a agenda ambiental. A
sociedade brasileira, crescentemente preocupada com as questões ecológicas,
merece e busca mais informações
Desta forma, entende-se que o estado de São Paulo mostra-se engajado em
projetos de EA e, por isso, deve ser um exemplo a ser seguido pelos outros estados
da federação, afim de que a EA seja contínua e uniforme em todo o país.
Outro exemplo a ser citado sobre o tema educação para a sustentabilidade são
os encontros realizados pela Conferência Nacional Infanto-juvenil Pelo Meio Ambiente
(CNIJMA). Tais encontros acontecem desde o âmbito escolar até o âmbito nacional e
têm como objetivo sensibilizar tanto jovens e adolescentes, como a comunidade em
geral a respeito do tema da sustentabilidade, por meio de debates voltados para o
fortalecimento da cidadania ambiental nas escolas e comunidades a partir de uma
educação crítica, participativa, democrática e transformadora.
O projeto se apoia nos seguintes eixos de acordo com a figura 5 a seguir:
Objetivos Específicos das CNIJMA
Fortalecer a educação ambiental nos sistemas de ensino.
Apoiar as escolas na transição para a sustentabilidade, contribuindo para que se constituam em espaços educadores sustentáveis a partir da articulação de três eixos: gestão, currículo e espaço físico.
Fortalecer a participação da comunidade escolar na construção de políticas públicas de educação e de meio ambiente.
Estimular a inclusão de propostas de sustentabilidade socioambiental no Projeto Político Pedagógico (PPP) a partir da gestão, currículo e espaço físico.
Criar e fortalecer as COM-VIDAS - Comissão de Meio Ambiente e Qualidade de Vida nas escolas, como espaços de debate sobre questões sociais e ambientais na escola e na comunidade e perceber como eles se relacionam com a saúde, a qualidade de vida, os direitos humanos e prevenção de riscos e emergências ambientais.
Contribuir para a Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável e para a consecução das Metas do Milênio, ambas iniciativas das Organizações das Nações Unidas, em uma perspectiva da Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis.
Fortalecer a participação da juventude na implementação da Política Nacional de Educação Ambiental e incentivá-la a contribuir com a solução dos problemas socioambientais.
Fig. 5: Elaboração Própria- Objetivos Específicos das CNIJMA
Fonte: Elaboração Própria baseada em dados do MEC
51
A CNJIMA é promovida pelo MEC em parceria com o Ministério do Meio
Ambiente.
Um destes projetos, publicado no ano de 2004, como o nome “Reciclando com
Arte para Preservar a Natureza, mostrou o trabalho de sensibilização da professora
Ana Delane Coelho Zandonadi, na Escola Municipal de Educação Infantil Balão
Mágico, em Rolim de Moura, Rondônia, com crianças na faixa dos cinco anos. O
objetivo consistiu em como as “crianças aprendem a cuidar do meio ambiente,
brincado”.
Para embasar teoricamente seu projeto a professora usou o estudo de
documentos dos Referencias Curriculares Nacionais para a Educação e o Programa
de Formadores Alfabetizados (Profa) a fim de desenvolver a criatividade e a
aprendizagem por meio de atividade lúdicas (MEC, 2004, p.89)
Entre as atividades propostas por Ana Delane estavam a confecção de
brinquedos com materiais recicláveis. Além disso também foi utilizada como técnica
do projeto a observação das rodas de conversa com os alunos da qual a professora
extraia quais temas e como eram abordados e debatidos pelos pequenos. Então, por
meio de passeios e práticas do cotidiano as questões ligadas à preservação do meio
ambiente foram diariamente debatidas entre todos.
Além das iniciativas do governo, há também outras instituições que abordam o
tema da sustentabilidade. A ONG IPE (Instituto de Pesquisas Ecológicas) conta com
diversos projetos, cursos e até mestrado na área ambiental. Fundado em 1992 por
Claudio Pádua, a organização tem como missão “Desenvolver e disseminar modelos
inovadores de conservação da biodiversidade que promovam benefícios
socioeconômicos por meio de ciência, educação e negócios sustentáveis”.
Visando contribuir para a formação cidadã do público infantil e ajudar pais e
educadores nesse processo, o Instituto Alana em parceria com o Ministério do Meio
Ambiente, publicou no ano de 2013, uma cartilha com o título: Consumismo Infantil –
na Contramão da Sustentabilidade. Segundo a publicação: “Garantir um futuro
abundante àqueles que hoje são crianças não depende apenas da mudança de
comportamento da geração atual, mas de educar para o consumo” (ALANA, 2013).
A cartilha tem como plano de ação expor às crianças que suas decisões de
consumo, se não pensadas e planejadas podem resultar em impactos negativos à
sociedade e ao meio ambiente. Ou seja, antes de apresentá-las ao mundo do
52
consumo, deve-se prepará-las para a cidadania, para o bem coletivo e para a
manutenção do meio ambiente.
A EA brasileira existe, porém se apresenta timidamente publicada e divulgada
nos ambientes comuns a todos, tais como escolas, condomínios, igrejas e mídias,
apesar de acessíveis a todos em jornais, revistas e sites das instituições
governamentais responsáveis.
Talvez pela quantidade de temas e assuntos que são de obrigatoriedade do
professor em seu cotidiano, a questão da EA pode parecer até para eles como algo
distante e de difícil aplicabilidade.
Entretanto ao se realizar uma busca pelo site do Ministério da Educação
(MEC), pode-se observar que há muitos projetos, premiados inclusive, em localidades
afastadas dos grandes centros que mostram ser bons exemplos de educação
ambiental para as crianças.
Percebe-se que diversas são as publicações e ações tanto por parte da esfera
pública quanto de organizações não governamentais que tratam do assunto consumo
sustentável especificamente para o universo infantil e que, desta forma, visam
preparam o cidadão do futuro para um comportamento mais aceitável e condizente
com a sustentabilidade.
2.3.4. A importância da EA para a atividade turística
A mudança de comportamento de uma sociedade e em seus padrões de
consumo não acontecerá de repente. Tal nível de conscientização da sociedade em
relação à sua maneira de consumir só será alcançado através da educação e levará
ainda um bom tempo para que se percebam os resultados do processo.
O turismo, ainda hoje, é visto como uma atividade para poucos, muito embora
essa percepção venha se modificando. Ainda há pessoas que não estão inseridas em
contextos turísticos e tampouco consomem seus produtos, na realidade, estão à
margem deste tipo de consumo. Entretanto, por sua promessa de expansão para os
próximos anos, a atividade turística tende a conquistar mais consumidores, gerando
mais impactos e mais resíduos.
53
Nesse sentido, o papel da Educação Ambiental na formação e transformação
do comportamento, mostra-se fundamental, pois ao adotar hábitos de consumo mais
conscientes e responsáveis em relação ao meio ambiente, tal mudança trará
benefícios sociais, econômicos e culturais para as sociedades que dela se utilizarem.
Para Dias:
As mudanças, necessariamente, envolvem uma nova concepção das relações do homem com o meio ambiente, novas formas de pensar que valorizam o meio natural como lugar que vivemos, não simplesmente uma fonte inesgotável e que está aí para nosso usufruto (2003, p.173).
No que diz respeito ao modo como a EA se realiza, cita-se a formal e a não-
formal. Enquanto aquela é ministrada em instituições formais de ensino, esta é
promovida por meio de campanhas ou práticas de sensibilização. Uma das
modalidades de turismo mais utilizadas para a sensibilização daqueles que dela
participam é o ecoturismo, uma vez que em contato direto com a natureza o turista
pode entender como suas práticas podem influenciar ou ocasionar ações danosas ao
meio natural. Dias (2003; p. 178) completa que “a Educação Ambiental e o ecoturismo,
em permanente interação, têm um papel bastante relevante de desenvolver uma nova
cultura ambiental nos lugares que são foco do turismo voltado para a natureza”.
Mas a EA não deve ser meramente inserida em localidades com objetivos de
somente preservar a natureza. Ela deve ocorrer também nos grandes centros
urbanos, uma vez que as práticas econômicas, sociais e culturais nesses ambientes
também são nocivos e degradantes ao meio.
Por este motivo, pode-se entender que é necessário que haja nas escolas a
educação para o turismo com o foco ambiental, como forma de direcionar os olhares
da sociedade para a percepção desta tão recente atividade e expandir o conhecimento
sobre ela e sobre a importância da aquisição de posturas sustentáveis de consumo,
pois como afirma Fonseca Filho (2007), “o objetivo central da educação turística é
educar munícipes e turistas para o desenvolvimento sustentável do turismo,
contribuindo para que todos desenvolvam comportamentos responsáveis e coerentes
diante da atividade turística”.
54
2.3.5. O papel da mídia na educação sustentável
Outro agente formador do comportamento humano, como visto da seção 1
deste capítulo, é a mídia. Por sua atuação efetiva, seja em programas de televisão,
mídia impressa ou sites e redes sociais, a mídia também está presente no processo
de formação do consumidor de hoje e do futuro. Segundo Schor (2009, p. 9) “o poder
de compra das crianças explodiu, uma vez que elas passam o dia comprando ou
vendo mais televisão”.
Desta forma, por ser responsável em parte pela formação da criança em seus
comportamentos e escolhas, a mídia também porta um papel educativo. E frente a
esse fato, alguns canais de televisão, sites e materiais impressos abordam o tema da
sustentabilidade e mostram a importância do conceito, fazendo os pequenos pensar
em suas atitudes.
Percebe-se que muitos são os programas nos quais o tema sustentabilidade,
desenvolvimento sustentável e/ou meio ambiente são abordados, porém a maioria
deles passa em canais de pouca repercussão, ou então em canais de tv por
assinatura. O canal Futura, por exemplo, oferece em sua programação diária várias
opções de conteúdos que abordam consumo, desperdício, sustentabilidade, matriz
energética, tais como: Cidades e Soluções, Globo Ecologia e Sala de Notícias.
Na internet encontram-se inúmeros vídeos que abordam o tema da
sustentabilidade quando vista pela ótica do consumo, em linguagem acessível e que
trabalham o tema de forma lúdica e divertida.
A mídia impressa infantil também contribui para a formação de uma criança
responsável. Como mostra a figura 6 abaixo, a Turma da Mônica, personagens
infantis criados por Maurício de Souza, se torna um bom exemplo de como a mídia
pode ajudar a influenciar a opinião dos pequenos e em sua formação cidadã.
55
Fig. 6: Turma da Mônica 2
Fonte: Globo Rio on line, 2014
2
TURMA da Mônica. Disponível em: http://oglobo.globo.com/infograficos/turmadamonica/. Acesso em 31 de Março de 2014.
56
Entretanto, percebe-se que o tema não é debatido em horários nobres ou nos
canais que são mais assistidos pelas crianças. Tais programas e conteúdos sobre
sustentabilidade são encontrados facilmente nas diversas mídias disponíveis, porém
o acesso só é possível se o próprio indivíduo buscar tais informações. Os programas
citados, são exibidos em horários em que a maioria das crianças, ou ao menos parte
delas não está em casa, ou ainda, em canais de tv por assinatura que ainda não estão
disponíveis pela maioria da população.
Sendo assim, entende-se a importância de pais e educadores na formação
do cidadão consciente, pois são estes atores que irão filtrar o melhor conteúdo a ser
assistido pela criança quando o assunto é consumo e sustentabilidade.
Em relação à atividade turística, tal fato fica ainda mais evidente, pois fica
claro que assim como as crianças tem grande poder de influenciar seus pais em suas
decisões de consumo, assim também o tem os pais sobre a criança. São eles que irão
orientar e dirigir o consumo de atividades turísticas, pensando em como sua viagem
pode beneficiar ou não uma localidade.
57
3 METODOLOGIA
O presente capítulo tem como objetivo apresentar a metodologia utilizada na
elaboração da pesquisa, bem como o método utilizado para a obtenção das
percepções dos participantes da pesquisa, ou seja, as crianças, a respeito do
consumo sustentável no turismo. Apresenta-se o grupo escolhido para a aplicação da
pesquisa, bem como a região onde a instituição selecionada se insere. Por fim,
analisam-se os resultados por meio da técnica conhecida como análise de discurso,
que visa extrair as percepções dos infantes a respeito do objetivo proposto e faz-se
uma ponte com os autores citados no referencial teórico.
3.1. Natureza da Pesquisa
A pesquisa é caracterizada como sendo qualitativa, exploratória e descritiva.
Segundo Collis e Hussey (2005, p.24) “o método qualitativo, que é mais subjetivo
envolve examinar e refletir para obter um entendimento das atividades sociais
humanas”. A presente pesquisa se caracteriza como qualitativa, pois pretende avaliar
a percepção dos alunos em relação ao consumo sustentável no turismo. Ainda
segundo Gibbs (2009; p.8) “a pesquisa qualitativa visa abordar o mundo “lá fora” (e
não em contextos especializados de pesquisa, como os laboratórios) e entender,
descrever e, às vezes, explicar os fenômenos sociais de “dentro” de diversas maneiras
diferentes”.
Caracteriza-se como exploratória, pois de acordo com Collis e Hussey (2005)
“procura por padrões, ideias ou hipóteses e avalia se as teorias e conceitos existentes
podem ser aplicados ao problema”. Pode-se justificar essa afirmação em relação à
pesquisa, uma vez que a quantidade de crianças que foram convidadas a participar
da pesquisa não forma uma amostra representativa da região pesquisada, porém a
análise de seus discursos, associada à pesquisa teórica, orienta o estudo na busca
por seu objetivo. Ainda, se diz exploratória, segundo Collis e Hussey (2005), “uma vez
que buscará extrair informações contidas nos textos” (que serão elaborados pelo
grupo de crianças em estudo).
Também pode ser caracterizada com descritiva, tais que (Vergara, 1997)
“expõe características de determinada população ou determinado fenômeno”. Tal
58
explicação se aplica à pesquisa uma vez que procura analisar as percepções das
crianças em relação ao consumo sustentável no turismo, com base nas teorias
estudadas.
Por meio da pesquisa realizada, se tem como objetivo identificar as percepções
sobre o tema e estimular que outras pesquisas complementares se realizem.
3.2. Grupo pesquisado
Para entender como são percebidas as questões relacionadas ao turismo
sustentável por jovens estudantes que, atualmente, já são considerados
consumidores, mesmo que indiretamente, realizou-se uma pesquisa com um grupo
de 50 crianças de 9 a 10 anos, estudantes do Colégio Equipe 1, localizado no bairro
de Alcântara, na cidade de São Gonçalo, Rio de Janeiro.
O Colégio Equipe 1 caracteriza-se por ser uma instituição privada, que atende
cerca de 1500 alunos em suas duas unidades (Alcântara e Niterói). Conta ainda com
uma equipe de 70 profissionais sob a direção de Wagner Marques e Cleide Braga.
Além de oferecer a educação básica desde o maternal até o vestibular, a
instituição de ensino ainda oferece os cursos supletivo, técnico, tecnólogo e superior.
Para a pesquisa escolheu-se a unidade de Alcântara, bairro da cidade de São
Gonçalo, município pertencente à cidade do Rio de Janeiro. A instituição de Ensino
está localizada na Rua Alfredo Backer, nº 989.
O município de São Gonçalo, segundo censo de 2010 possui uma população
de 999.728 habitantes, com uma área territorial de 247.709 Km2 e com uma densidade
demográfica de 4.035,90 hab/Km2.
As crianças participantes da pesquisa foram escolhidas de acordo com a faixa
etária, aleatoriamente e utilizou-se como método de pesquisa a análise se conteúdo
a fim de compreender os textos elaborados pelas crianças
59
3.3. A razão da escolha do grupo de estudo
Primeiramente, tem-se como principal justificativa o pequeno número de
pesquisas realizadas com crianças na área de turismo na atualidade refletindo a
pouca importância dada aos futuros consumidores e seus comportamentos atuais, o
que, com certeza, irá influenciar atitudes e comportamentos futuros. Em segundo, por
haver a curiosidade de analisar se as crianças que vivem o consumo turístico são
capazes de pensar nos efeitos de suas ações sobre a sociedade, a cultura e o
ambiente e relacioná-los com o produto consumido, como uma forma de indicar os
passos que a educação tem seguido quando se trata de ambiente.
3.4. Instrumento da pesquisa
Para coleta das opiniões e percepções das crianças, foram seguidas as
recomendações de Saramago (2001), com o uso de uma folha na qual as crianças
deveriam escrever cinco características de comportamento a respeito do bom e do
mau turista e ainda sobre os outros tópicos mencionados. A ordem de apresentação
segue abaixo:
1. O bom turista
2. O mau turista
3. O que é sustentabilidade e qual a sua importância?
4. Cite três lugares onde você ouviu falar de sustentabilidade.
No primeiro item, buscou-se levantar o que as crianças pensavam sobre quais
comportamentos teria um bom turista. No segundo o mesmo era pedido para o mau
turista. Na sequência, a criança foi questionada a respeito do termo sustentabilidade
e sua importância. Com isso, esperava-se levantar o conhecimento adquirido sobre o
tema. No último item perguntou-se os locais onde as crianças ouviram falar de
sustentabilidade, aqui, esperou-se que as crianças dissessem televisão, internet,
rádio, revista entre outros, buscando levantar de quais canais de comunicação a mídia
aborda o tema e quais são aqueles que influenciam mais as crianças.
60
Vale aqui ressaltar que, em nenhum momento a criança teve ajuda de outras
pessoas, mesmo quando pedia. Durante o levantamento, foi deixado bem claro que
podiam escrever o que viesse a mente delas, sem que se preocupassem se estava
certo ou errado. Buscou-se com essa atitude que elas se expressassem de forma
espontânea.
Antes da aplicação dos questionários, para que os alunos se sentissem mais à
vontade e que soubesse sobre o que iriam opinar, foi questionado a eles o que era
turismo. Nesse momento, percebe-se que muitas crianças têm dificuldade de
conceituar, mesmo que de maneira simples o que seria o turismo. Então foi
perguntado sobre suas viagens, para que lugares diferentes de seu lugar de moradia
haviam ido e, assim, aos poucos eles foram falando de suas experiências.
Então, como forma de contextualizar a situação, foi pedido a eles que
pensassem em suas experiências de viagem para então poder usá-los como
referência para o preenchimento dos questionários.
Durante todo o processo os alunos se mostraram muito interessados em
responder corretamente às perguntas e foram extremamente gentis e educados. As
perguntas foram sendo respondidas uma a uma por todos, após uma breve explicação
do que a pesquisadora pretendia com o questionamento.
3.5. Limitações da Pesquisa
Uma das limitações da pesquisa consiste em que a amostra não pode ser
considerada como representativa de todo o município de São Gonçalo, nem tampouco
da cidade onde está inserida, ou seja, o Rio de Janeiro, uma vez que somente um
bairro e somente um grupo de 50 crianças do mesmo foram consultadas para a
pesquisa. Entretanto, o objetivo principal do trabalho baseia-se em conseguir ideias e
insights sobre o tema exposto, proposta da análise qualitativa, em relação a
percepção dos infantes sobre influência do consumo sustentável no turismo.
61
3.6. Coleta de Dados
O método de coleta de dados escolhido consiste na análise de textos
elaborados pelos alunos, criando códigos e subsequentes categorias de análise que
permitam identificar que pontos do comportamento do turista são considerados
aceitáveis e quais não são. De acordo com Gibbs (2009; p. 60) “a codificação é uma
forma de indexar ou categorizar o texto para estabelecer uma estrutura de ideias
temáticas em relação à ele”.
A metodologia de pesquisa mencionada denomina-se análise de conteúdo e de
acordo com Moraes (1999) “caracteriza-se por ser usada para descrever e interpretar
o conteúdo de toda natureza de documentos e textos”. Segundo Bardin (1977) apud
Oliveira (2008; p.2) “pode ser conceituada como técnica visando à inferência através
da identificação objetiva e sistemática de características específicas das mensagens
ou ainda um conjunto de técnicas de análise das comunicações”.
A análise de conteúdo passa por algumas etapas a fim de atingir os objetivos
propostos, ou seja, a interpretação de textos como o objetivo de extrair destes,
mensagens referidas a determinado assunto.
Segundo Bardin (2008) apud Oliveira (2008, p.3), “a técnica deve passar pelas
seguintes etapas: como: pré-análise, exploração do material ou codificação;
tratamento dos resultados, inferência e interpretação”. As etapas são descritas a
seguir na figura 7:
Etapa Objetivo
1ª: Pré-análise Consiste num processo de escolha dos documentos ou definição do corpus de análise; elaboração dos indicadores que fundamentam a interpretação final.
2ª: Exploração do Material ou Codificação Processo através do qual os dados brutos são transformados sistematicamente e agregados em unidades, as quais permitem uma descrição exata das características pertinentes ao conteúdo expresso no texto.
3ª: Tratamento dos dados, inferência e interpretação
Colocar em relevo as informações fornecidas pela análise, através de quantificação simples (frequência) ou mais complexas como a análise fatorial, permitindo apresentar os dados em diagramas, figuras, modelos etc.
Figura 7: Etapas da Análise de Conteúdo
Fonte: Elaboração própria baseado em Oliveira (2008, p.3)
62
O ambiente escolhido para a coleta dos dados, ou seja, o ambiente escolar foi
selecionado propositalmente, uma vez que a escola apresenta-se como um ambiente
extremamente favorável para a realização de pesquisa com o público infantil. Como
afirma Saramago (2001): “a escola pode ser eleita como um lugar privilegiado para
observação do grupo das crianças, já que se constitui como um importante contexto
de interação para este grupo, assim como um agente de socialização muito
significativo para a infância”.
Para tanto, foram escolhidos pela própria escola um grupo de 50 crianças de
duas turmas de 4ª e 5ª séries, respectivamente, na faixa de 9 a 10 anos de idade,
sendo 29 crianças no sexo masculino e 21 crianças do sexo feminino.
O material elaborado para a coleta de tais informações consiste em uma folha,
na qual são distribuídos dois distintos espaços. O primeiro, que aparece no cabeçalho
é constituído por elementos de identificação do aluno, bem como série, sexo e idade.
O segundo constitui-se de dois espaços para escrita. Neste, o aluno irá descrever que
atitudes um bom e um mau turista adotam e na parte logo abaixo é pedido a ele que
fale sobre sustentabilidade.
Essa técnica visa extrair das crianças respostas espontâneas em contextos em
que ela se sinta confortável em dar repostas às perguntas propostas.
63
4 PESQUISA, RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para análise dos dados obtidos, foi usado o método de análise de conteúdo,
que tem como objetivo encontrar ideias e estruturas de pensamento comuns no
discurso dos entrevistados. Para Bardin (1979) apud Capelle (2011, p.4 ), a análise
de conteúdo abrange as iniciativas de explicitação, sistematização e expressão do
conteúdo de mensagens, com a finalidade de se efetuarem deduções lógicas e
justificadas a respeito da origem dessas mensagens A codificação e categorização
dos dados é o procedimento base usado neste tipo de análise, consistindo em
indexação e codificação do texto com o propósito de se estabelecer uma estrutura de
temas em relação a ele. Esses códigos permitem a organização dos dados e o exame
de questões analíticas subjacentes.
4.1. Visão das crianças sobre o bom e o mau turista.
Visando extrair das crianças o entendimento a respeito do consumo sustentável
do turismo, foi aplicado um questionário no qual se perguntou o que elas pensavam a
respeito do que seria ser um bom e mau turista. Desta forma, procurou-se entender
se seria encontrado no discurso alguma ligação entre o consumo do turismo e as
implicações desse consumo no âmbito do turismo sustentável.
A princípio, a grande maioria mostrou não ter entendido muito bem as
perguntas. Então foi proposto aos pequenos que pensassem em viagens feitas
anteriormente, ou em experiências contadas por outras pessoas que os fizessem
lembrar de atitudes que os turistas têm que são boas e ruins.
Os quadros abaixo mostram as respostas dadas pelas crianças. Algumas
mostravam-se semelhantes, então optou-se por agrupá-las, por exemplo, as
expressões “jogar lixo no chão” e “jogar lixo na rua”, foram enquadradas em somente
“jogar lixo na rua”.
Durante as respostas, observou-se algo inusitado, as crianças raramente
tentavam se comunicar entre elas para achar uma resposta dita “correta”. A maioria
respondeu às perguntas com concentração e as poucas consultas e questionamentos
existentes se dirigiram à pesquisadora.
64
Seguem, na figura 8, as expressões extraídas dos textos das duas perguntas
iniciais e as repostas dadas pelos infantes. Foram criadas, desta forma quatro
categorias de análise: interação local, consciência ambiental, interesse pela cultura
local e valorização da economia local.
Interação local
Bom turista Mau turista
Ele conhece as pessoas; Ele é simpático com as pessoas; Ele canta; Ele tira foto; É aquele que se envolve na amizade; Falar direito com as pessoas; É educado; Se dá bem com as pessoas; Não gritar Que seja amigável; Ajuda as pessoas.
Não gosta do país que visita; Não gosta de conhecer os lugares; Não gosta de conhecer as pessoas; Não é educado; Não é cuidadoso; Provoca acidentes; Diz que as pessoas são burras ou malucas; Falar alto; Não é amigável; Dá mau exemplo; Tira foto do que não pode. Mal educado; Arruma confusão.
Fig. 8: Aspectos da interação local percebidos pelas crianças.
Fonte: Elaboração própria
Pela análise da categoria interação local, exposta na figura 8, a mais destacável
por seu número de expressões, percebe-se que para as crianças ser um bom turista,
é interagir de forma educada, amigável e cuidadosa para com a comunidade que o
recebe. Tal fato corrobora com as teorias que afirmam que o respeito pela
comunidade receptora é um dos pilares para a prática do turismo sustentável. Para
Dias (2003) a participação da população e a integração social, são aspectos que
promovem o turismo; Ruchsmann (1997) aponta a harmonia com os recursos sociais
e culturais; para o Responsible Travel Report (2014) deve-se respeitar as diferenças,
aprender sobre normas e costumes; o Código de Ética do Turismo (2001) enfatiza o
respeito às práticas sociais e culturais, respeitando-se as minorias e as populações
autóctones.
Da mesma forma, ser um mau turista consiste em ter um comportamento mal
educado, ofensivo e pouco amistoso para com a comunidade, apontando para um
turista que não contribui para a sustentabilidade local, uma vez que tais
comportamentos podem gerar aversão à presença do turista na localidade visitada.
Vail (2014) afirma que o turista deve perceber que “somos hóspedes em outra cultura”,
o que enfatiza o respeito pela população local.
65
Na figura 9, apresenta-se a segunda categoria de análise, que indicou os
pontos positivos e negativos do comportamento do turista em relação ao meio
ambiente natural e construído.
Consciência Ambiental
Bom turista Mau turista
Cuida do meio ambiente; Respeita o meio ambiente; Come frutas e legumes; Não joga lixo nas ruas; Não deixa as coisas espalhadas; Não polui o ar; Não polui outro país; Não tira foto de animais.
Joga lixo na rua; Polui outro país; Polui e desmata; Joga papel no chão; Deixa a cidade suja;
Fig. 9: Aspectos da consciência ambiental percebidos pelas crianças.
Fonte: Elaboração própria
Ao explorar essa categoria, capta-se que a consciência ambiental está
corretamente relacionada ao cuidado e respeito com o meio ambiente, e nesse caso,
mais precisamente o natural, e ressalta também, a degradação do meio ambiente
construído, como as ruas, calçadas e avenidas, como fica evidente na expressão “joga
lixo na rua”. Desta maneira, verifica-se que a criança observa que a responsabilidade
sobre o cuidado com o meio ambiente também recai sobre o turista.
Alguns autores citados na referência deste trabalho confirmam essa
percepção. Dias (2003) aponta que se faz necessário minimizar os impactos
ambientais e estabelecer mecanismos de proteção da fauna e da flora; Vail (2014) cita
o acúmulo de lixo e alteração do comportamento da fauna como um dos impactos
gerados pelo turismo, reforçando o aspecto negativo dessa categoria; o Código de
Ética do Turismo (2001) fala em salvaguardar o meio ambiente e os recursos naturais;
Oliveira (2011) comenta sobre o planejamento turístico para o equilíbrio ambiental; a
OMT reforça o valor das paisagens, da fauna e da flora.
Logo, compreende-se que as crianças têm uma correta coerência em seus
textos em relação à consciência ambiental para a atividade turística.
Outro aspecto de relevância na obtenção da prática do turismo sustentável,
percebido no discurso foi o interesse pela cultura local. Por intermédio deste item,
procura-se averiguar o destaque dado ao elemento cultural pelo turista na concepção
infantil. As respostas são expostas na figura 10:
66
Interação cultural
Bom turista Mau turista
Visita os pontos turísticos; Respeita a cultura; Se interessa pelas artes; Ir em um museu; Conhecer a praia; Visitar o Pão-de- Açúcar
Suja os pontos turísticos; Faz xixi no chão; Não respeita o lugar;
Fig. 10: Aspectos da interação cultural percebidos pelas crianças.
Fonte: Elaboração própria
Pela leitura dos textos, observa-se que o interesse pela cultura local
apresenta-se como ponto importante a ser perseguido pelo turista, uma vez que
mediante esta prática, o turismo pode ser ainda mais valorizado como prática que traz
valor aos hábitos e costumes da população local, que passa a enxergar o turismo
como uma atividade promissora e que traz além de benefícios econômicos,
valorização cultura, atraindo visibilidade para a localidade.
Segundo a teoria, o aspecto cultural é de vital importância para o
desenvolvimento sustentável da atividade turística. Ruchmann (1997) destaca a
valorização da cultura, arte e paisagens; SEBRAE (2012) cita o contato com as
culturas e o intercâmbio de culturas como aspectos valorizados pelo turista; a OMT
afirma a importância da cultura como principal ativo de determinadas localidades.
Sendo assim, nas primeiras perguntas, observa-se que as crianças entendem
que comportamentos são aceitáveis e quais não são para a prática de um turismo
sustentável.
4.2. O entendimento das crianças sobre a sustentabilidade
Na terceira pergunta feita no questionário, indagou-se o conceito de
sustentabilidade para as crianças. A figura 11 a seguir expõe as respostas escritas.
67
Tabela 4: Elaboração Própria- Conceito de sustentabilidade descrito pelas crianças
Conceito de sustentabilidade
Interpretação do conceito Nº de crianças Porcentagem
Sustentar uma pessoa 37 74%
Não sei 7 14%
Reciclagem 3 6%
Comer 1 2%
Comer frutas e legumes 1 2%
Saber usar o dinheiro 1 2%
Fonte: Elaboração própria
A princípio, quando questionada a respeito do termo sustentabilidade
nenhuma criança mostrou conhecer o conceito. Então foram orientados, novamente,
a escrever qualquer expressão que viesse à mente em um primeiro momento. Foi
quando mostraram-se inquietas por não saber o que responder.
Mesmo assim, percebeu-se a grande maioria, 37 crianças, ou seja, 74%
relacionaram sustentabilidade à reciclagem e 2% fizeram referência a saber usar o
dinheiro.
Algumas respostas merecem comentários a fim de esclarecer alguns pontos
importantes. O primeiro deles reside nos 2% que relacionaram a sustentabilidade ao
ato de comer frutas e legumes. Tal resposta pode ser justificada pelo fato de a escola
organizar uma vez por semana “o dia da fruta”, momento no qual cada criança leva
uma fruta para a escola e todas compartilham as frutas levadas. A intenção da escola
com essa atitude, segundo uma das coordenadoras, seria estimular o consumo de
frutas pelas crianças, visto que nos dias atuais elas são tão influenciadas pelos
alimentos industrializados.
Cabe ressaltar também o entendimento que a sustentabilidade é igual a
reciclagem, pois ainda hoje, muitas pessoas acreditam ser esse o conceito ligado ao
termo, o que acaba sendo passado inevitavelmente ao universo infantil.
Desta forma, demonstra-se que talvez as crianças não saibam a definição
correta do termo, porém algumas respostas e entendimentos sobre interação local,
consciência ambiental e interação cultural, divulgam que o termo sustentabilidade por
elas é entendido de alguma forma.
68
4.3. A origem do conceito de sustentabilidade para as crianças
Na última pergunta do questionário elaborado, perguntou-se para as crianças
se elas se recordavam onde haviam ouvido falar sobre o termo sustentabilidade,
mesmo para aquelas que não sabiam dizer a que se referia a palavra. A figura 12
mostra o resultado apresentado.
Tabela 5: Mídia apontada pelas crianças como origem da familiarização com o termo sustentabilidade
Meio pelo qual conheceu o termo sustentabilidade
Mídia Nº de crianças Porcentagem
Televisão 33 66%
Escola 9 18%
Família 4 8%
Não soube dizer 2 4%
Nunca ouviu falar 1 2%
Internet 1 2%
Fonte: Elaboração própria
Desta maneira, de acordo com o que a teoria afirma, a televisão continua a
ser a grande formadora de opinião dos pequenos nos dias atuais, uma vez que 66%
afirmaram que ouviram pela primeira vez o termo na televisão.
Em seguida, com respectivamente, 18% e 8% estão a escola e a família,
sendo a escola apontada como o meio que influencia ainda mais do que a família.
Outros 4% afirmaram não saber dizer onde ouviram, apesar de já terem escutado a
expressão em algum lugar. Ainda 2% das crianças nunca ouviram falar em
sustentabilidade e 2% apontam a internet como o meio pelo qual tomou conhecimento
do termo.
Os dados acima apontados, corroboram com as teorias de Mc Neal (1999),
Zylberkan (2014), Martins apud Veloso (2010) e Veloso et. Al (2012) que apontam ser
a televisão a maior influenciadora e formadora do consumidor de amanhã e mostram
que sua importância na influência nas decisões de compra da criança e,
consequentemente de sua família que por ela é motivada. Entretanto, tal apontamento
69
se mostra estranho, uma vez que as porcentagens da questão anterior, apresentadas
na figura 11, mostram claramente que a maioria delas desconhecia o termo
sustentabilidade, o que pode indicar que as crianças não sabem dizer de fato, de onde
vêm o conhecimento sobre o termo sustentabilidade.
Todavia, a princípio esse pensamento pode se interpretar tal discurso como
induzido, uma vez que ao questionar à pesquisadora sobre o que se tratava a
pergunta, alguns exemplos foram dados e um deles foi a televisão. Assim, pode se
considerar igualmente, que as respostas foram dadas aleatoriamente, porém não se
pode descarta-la, pois indicam dados relevantes a respeito da influência da televisão.
70
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho propôs-se a analisar as percepções de um grupo de 50 crianças
entre 9 e 10 anos têm a respeito do consumo sustentável do turismo.
Pode-se dizer que as crianças sabem perfeitamente que comportamentos são
vistos como adequados a um bom turista e quais não são, questão essa esclarecida
pela qualidade do entendimento que possuem de interação local, consciência
ambiental e valorização da cultura.
Entretanto, entende-se que para que o comportamento que se espera da
sociedade rumo à sustentabilidade no turismo seja atingido, ainda há um longo
caminho a ser percorrido, pois constata-se que as principais instituições, responsáveis
pela formação do cidadão do futuro, tais como a família e escola, ainda atuam de
forma modesta em direção à formação de condutas de consumo mais conscientes,
muito embora se esforcem para incluir em seu planejamento o conhecimento sobre
práticas saudáveis de consumo.
Pelo resultado da pesquisa também conclui-se, que talvez a televisão continue
a ser a principal formadora, tanto quanto para a cultura do consumo, como para
adoção de comportamentos mais sustentáveis, uma vez que as crianças a apontaram
como a mídia pela qual a maioria delas ouviu falar de sustentabilidade. Contudo, tal
apontamento deve ter uma interpretação cautelosa, uma vez que os infantes, em sua
maioria, desconheciam o termo sustentabilidade.
Mesmo assim, se deve pensar a televisão como um dos meios a ser utilizado
para a difusão dos princípios da sustentabilidade, visto que é um dos meios de
comunicação mais difundidos na sociedade contemporânea.
Outro ponto a ser ressaltado, consiste em entender a EA como uma das
ferramentas pelas quais a transição para uma sociedade mais preocupada com a
manutenção dos recursos naturais ocorra, visando a redução dos níveis de consumo
e descarte, bem como a promoção da qualidade de vida presente e futura.
A escola pode ser entendida como o ambiente mais propício para a aplicação
de uma EA contínua que se estenda para a sociedade por intermédio da família,
espaço no qual as crianças de hoje têm voz ativa.
71
Contudo, os responsáveis não devem ser abster de sua responsabilidade em
fornecer uma EA não formal, ao contrário, devem estimular e exibir práticas de
consumo conscientes que sirvam de exemplos aos pequenos. A família igualmente
deve estar atenta aos apelos advindos da propaganda em relação ao público infantil
e precisa se preocupar em estar mais presente na vida de seus filhos do que com a
quantidade de produtos e serviços que conseguem comprar a eles. A participação dos
pais na promoção do consumo sustentável no turismo faz-se preciso e imediato, uma
vez que pesquisas mostram que ainda há um longo caminho a ser percorrido.
Por isso, propõe-se, que outras pesquisas sejam realizadas com o público
infantil, visando entender como esse universo tem papel fundamental nos dias de hoje.
A importância da criança na modernidade, deve ser estudada com mais profundidade
pelas diversas áreas do conhecimento, igualmente no Turismo, visto que os
resultados sobre o que elas percebem da sociedade nos indicam o caminho a seguir
e que pontos a serem corrigidos.
72
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