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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE QUÍMICA GRADUAÇÃO EM BACHARELADO EM QUÍMICA BRENDA KATHLEEN DE ALMEIDA ESTUDO TEÓRICO DE RMN DE 31 P DE COMPOSTOS CONTENDO FÓSFORO TRIVALENTE E PENTAVALENTE NITERÓI 2018

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE QUÍMICA … 2018.2... · 2020. 5. 26. · A447 Almeida, Brenda Kathleen de 31 Estudo teórico de RMN de P de compostos contendo fósforo

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

INSTITUTO DE QUÍMICA

GRADUAÇÃO EM BACHARELADO EM QUÍMICA

BRENDA KATHLEEN DE ALMEIDA

ESTUDO TEÓRICO DE RMN DE 31P DE COMPOSTOS CONTENDO FÓSFORO

TRIVALENTE E PENTAVALENTE

NITERÓI

2018

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1

BRENDA KATHLEEN DE ALMEIDA

ESTUDO TEÓRICO DE RMN DE 31P DE COMPOSTOS CONTENDO

FÓSFORO TRIVALENTE E PENTAVALENTE

Monografia apresentada ao curso de

bacharelado em Química da

Universidade Federal Fluminense

como requisito para obtenção do

título de Bacharel em Química.

ORIENTADOR: PROF. DR. LEONARDO MOREIRA DA COSTA

COORIENTADOR: PROF. DR. JOSÉ WALKIMAR DE MESQUITA CARNEIRO

NITERÓI

2018

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Colocar no verso da folha de rosto

Ficha 7,5cmX 12,5 cm

- - - - - - - - - - - - - - -

A447 Almeida, Brenda Kathleen de

Estudo teórico de RMN de 31

P de compostos contendo fósforo

trivalente e pentavalente / Brenda Kathleen de Almeida. – Niterói:

[s.n.]; 2018.

64 f.

Trabalho de Conclusão de Curso – (Bacharelado em Química) –

Universidade Federal Fluminense, 2018.

1. Espectros de ressonância magnética nuclear (Química). 2.

Fósforo. 3. Fosfina. 4.Composto de fósforo. 5. Funcional de den-

sidade. I. Título.

CDD.: 541.28

Ficha catalográfica elaborada pela UFF/SDC/Biblioteca Central do

Valonguinho-CRB7/3780- Nahara C. S. de Lima

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BRENDA KATHLEEN DE ALMEIDA

ESTUDO TEÓRICO DE RMN DE 31P DE COMPOSTOS CONTENDO

FÓSFORO TRIVALENTE E PENTAVALENTE

Monografia apresentada ao curso de

bacharelado em Química da Universidade

Federal Fluminense como requisito para

obtenção do título de Bacharel em Química.

Aprovada em:

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________________

Prof. Dr. Leonardo Moreira da Costa (Orientador)

GQO/IQ/Universidade Federal Fluminense – UFF

___________________________________________________________

Prof. Dr. Luciano Tavares da Costa

GFQ/IQ/Universidade Federal Fluminense – UFF

___________________________________________________________

Dr. Maicon Delarmelina

Niterói

2018

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AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, à minha família, por possibilitar meu ingresso na

UFF e por todo amor, apoio e suporte durante esses anos, mesmo estando longe.

Em especial para minha mãe e minha avó, que sempre foram um exemplo de força e

superação, e que me inspiraram a correr atrás dos meus sonhos.

À minha companheira Helena Albano, por todo amor, carinho, incentivo e

apoio, principalmente nos momentos mais difíceis, e por ser uma peça importante do

maquinário que faz minha vida avançar.

Aos meus irmãos de longa data Michel e Thomas, que mesmo longe, nunca

deixaram de me dar um ombro amigo, me aconselhar, me ouvir reclamar e me

ajudar da forma que podiam. Nada disso teria sido possível sem todo esse suporte,

Aos meus amigos Carlos Dias, Maria Eduarda Norões, Maria Tereza

Miranda, Matheus Ouverney, Vitthor Beauclair e Yasmin Galvão, que sempre

estiveram junto comigo rindo, chorando, estudando, reclamando e tomando café.

Aguentar esses cinco anos de UFF teria sido impossível sem vocês e eu serei

eternamente grata por ter conhecido pessoas tão incríveis.

Aos alunos do laboratório de química computacional, que me

acompanharam e me ajudaram nesses últimos meses. E principalmente à minha

amiga Karine Nascimento, uma das melhores pessoas que eu poderia ter conhecido;

que me ajudou a encontrar um rumo no final da graduação, surtou comigo nesses

últimos semestres e fez as melhores panquecas de arroz que alguém poderia fazer.

À minha amiga Izabella, que mesmo chegando no finalzinho da graduação,

se mostrou uma pessoa incrível e me ensinou muito, principalmente como pessoa.

Aos professores Renato Bastos, Maria Clara Ramalho, Guilherme Guedes,

Daniele Freitas e Méri Vieira por todas as conversas e aprendizado proporcionado

durante meu estágio no Laboratório Multiusuário de Difração de Raios-X (LDRX).

À A.A.Q que me abraçou e me proporcionou viagens e momentos incríveis

dentro do esporte. Mas, principalmente, ao time de futsal feminino, que me ajudou a

conquistar inúmeros títulos vestindo o manto verde e preto. Foi uma honra jogar ao

lado de vocês.

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Ao melhor grupo de mulheres que poderia ter sido formado e

carinhosamente batizado de “Panela”. Obrigada por todas as risadas, churrascos e

futsal.

Aos professores Dr. Leonardo Costa e Dr. José Walkimar por abrirem as

portas do laboratório para mim e por me ajudarem a encerrar essa jornada de uma

maneira extremamente gratificante.

E, por fim, a todos que contribuíram para a minha formação pessoal e

profissional, de forma direta ou indireta.

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SUMÁRIO

Lista de Esquemas.....................................................................................................07

Lista de Figuras..........................................................................................................08

Lista de Tabelas.........................................................................................................10

Lista de Gráficos.........................................................................................................11

Lista de abreviaturas, siglas e símbolos.....................................................................12

Resumo......................................................................................................................14

Abstract......................................................................................................................15

1. Introdução...............................................................................................................16

1.1 Olefinas....................................................................................................16

1.2 Metátese de Olefinas...............................................................................20

1.3 Processo ROMP......................................................................................23

1.4 Catalisadores...........................................................................................24

1.4.1 Fosfinas...................................................................................27

1.5 Ressonância Magnética Nuclear (RMN).................................................29

1.6 Química Computacional..........................................................................30

1.7 Revisão bibliográfica................................................................................32

2. Objetivos.................................................................................................................33

2.1 Objetivo geral...........................................................................................33

2.2 Objetivos específicos...............................................................................33

3. Fundamentação Teórica.........................................................................................34

4. Metodologia............................................................................................................41

5. Resultados e discussão..........................................................................................44

5.1 Moléculas contendo fósforo trivalente.....................................................44

5.2 Moléculas contendo fósforo pentavalente...............................................51

6. Conclusão...............................................................................................................56

7. Referências bibliográficas......................................................................................57

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LISTA DE ESQUEMAS

Esquema 1. Reação de adição do gás cloro ao eteno.

Esquema 2. Reações de desidrogenação (a), desidratação de álcoois (b) e

desidrohalogenação (c) usadas na síntese de alcenos.

Esquema 3. Mecanismo geral da reação de metátese de olefinas[13].

Esquema 4. Tipos de reação de metátese de olefinas: ADMET (Acyclic Diene

METathesis), ROM (Ring Opening Metathesis), RCM (Ring Close Metathesis), CM

(Cross-Metathesis) e ROMP (Ring Opening Metathesis Polymerization)[14].

Esquema 5. Reação do processo Tri-Olefinas de Phillips (a), reação de síntese

do neohexeno (b), reação SHOP (Shell Higher Olefins Process) (c)[17].

Esquema 6. Mecanismo do processo ROMP (Ring Opening Metathesis

Polymerization)[23].

Esquema 7. Equilíbrio de dissociação do PCl5[83].

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Ligação dupla carbono – carbono no eteno[3].

Figura 2. Gráfico dos principais produtos obtidos a partir do eteno na

indústria[6].

Figura 3. Gráfico dos principais produtos obtidos a partir do propeno na

indústria[6].

Figura 4. Gráfico do progresso da reação versus energia potencial para

reações com e sem catalisador[26].

Figura 5. Catalisadores de Schrock (a), Grubbs de primeira geração (b) e

Grubbs de segunda geração (c), onde Cy = ciclohexil, Mes = 2,4,6-trimetilfenil e Ph =

fenil.

Figura 6. Fosfina (a), trimetilfosfina (b), tri-isopropilfosfina (c), trifenilfosfina (d)

e trihexilfosfina (e).

Figura 7. Representação das interações metal-ligante: doação-ς (1) e

retrodoação-π (2)[31].

Figura 8. Definição do ângulo de cone de Tolman[31].

Figura 9. Compostos contendo fósforo trivalente que foram estudados. Fosfina

(A1), trimetilsofina (A2), trietilfosfina (A3), tripropilfosfina (A4), tri-isoproprilfosfina

(A5), tributilfosfina (A6), tri-isobutilfosfina (A7), tri-sec-butilfosfina (A8), tri-terc-

butilfosfina (A9), dufluoro-metilfosfina (A10), metilfosfina (A11), dicloro-metilfosfina

(A12), dibromo-metilfosfina (A13), fluoro-dimetilfosfina (A14), dimetilfosfina (A15),

cloro-dimetilfosfina (A16), bromo-dimetilfosfina (A17), trifenilfosfina (A18).

Figura 10. Compostos contendo fósforo pentavalente que foram estudados.

Óxido de trimetilfosfina (B1), óxido de trietilfosfina (B2), tetrametilfosfônio (B3), íon

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fosfato (B4), pentafluoreto de fósforo (B5), pentacloreto de fósforo (B6), tetrafluoro-

metil-fosforano (B7), difluoro-trimetil-fosforano (B8), sulfeto de trimetilfosfina (B9),

sulfeto de trietilfosfina (B10), tetraetilfosfônio (B11), íon hexafluoreto de fósforo

(B12), íon tetracloreto de fósforo (B13), íon hexacloreto de fósforo (B14) e trifluoro-

dimetil-fosforano (B15).

Figura 11. Estruturas otimizadas das moléculas A1, A2, A3, A4, A5, A6, A7,

A8, A9, A10 e A11 de fósforo trivalente e suas conformações que foram usadas no

cálculo do deslocamento químico de RMN de 31P.

Figura 12. Estruturas otimizadas das moléculas A12, A13, A14, A15, A16, A17

e A18 de fósforo trivalente e suas conformações que foram usadas no cálculo do

deslocamento químico de RMN de 31P.

Figura 13. Estruturas otimizadas das moléculas B1, B2, B3, B4, B5, B6, B7,

B8, B9, B10, B11, B12, B13, B14 e B15 de fósforo pentavalente que foram usadas

no cálculo do deslocamento químico de RMN de 31P.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Exemplos de conjuntos-base e sua descrição[54].

Tabela 2. Moléculas que apresentaram diferentes conformações, diferença de

energia relativa calculada pelo SPARTAN e diferença de energia após a otimização.

Tabela 3. Deslocamento químico de RMN de 31P calculado em fase gás e em

solvente para compostos de fósforo trivalente.

Tabela 4. Deslocamento químico de RMN de 31P calculado em fase gás e em

solvente para compostos de fósforo pentavalente.

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1. Dispersão dos dados teórico e experimental de deslocamento

químico de RMN de 31P para as moléculas de fósforo trivalente em fase gás.

Gráfico 2. Dispersão dos dados teórico e experimental de deslocamento

químico de RMN de 31P para as moléculas de fósforo trivalente em solvente.

Gráfico 3. Dispersão dos dados teórico e experimental de deslocamento

químico de RMN de 31P para as moléculas de fósforo pentavalente em fase gás.

Gráfico 4. Dispersão dos dados teórico e experimental de deslocamento

químico de RMN de 31P para as moléculas de fósforo pentavalente em solvente.

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LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

PE Polietileno

PVC Policloreto de Vinila

PS Poliestireno

PP Polipropileno

PU Poliuretano

CM Cross-metathesis

RCM Ring-Close Metathesis

ROM Ring-Opening Metathesis

ADMET Acyclic Diene METathesis

ROMP Ring-Opening Metathesis Polymerization

SHOP Shell Higher Olefins Process

IPE Instituto de Patentes Europeu

LCD Display de Cristal Líquido

Cy Ciclohexil

Mes 2,4,6-trimetilfenil

Ph Phenil

ς Orbital sigma

ς* Orbital sigma antiligante

π Orbital pi

π* Orbital pi antiligante

RMN Ressonância Magnética Nuclear

α Alfa

β Beta

IUPAC International Union of Pure and Applied Chemistry

DFT Density Functional Theory

HF Hartree-Fock

AM1 Austin Mode 1

Eq. Equação

BO Aproximação de Bohr-Oppenheimer

SCF Self-Consistent Field

PM6 Parametric Model 6

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ρ Densidade eletrônica

TM Modelo de Thomas-Fermi

LDA Local Density Approximation

GGA Generalized Gradient Approximation

DZ Double-Zeta

TZ Triple-Zeta

QZ Quadruple-Zeta

SCRF Self-Consistent Reaction Field

ε Constante dielétrica

PCM Polarizable Continuum Model

GIAO Gauge Including Atomic Orbitals

SGO Single Gauge Orbitals

IGLO Individual Gauge for Localized Orbitals

CSGT Continuous Set of Gauge Transformation

ς Tensor de blindagem

δ Deslocamento químico

ppm Partes por milhão

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RESUMO As fosfinas são moléculas que tem despertado o interesse de inúmeros pesquisadores por serem ligantes amplamente empregados na síntese de catalisadores organometálicos que, por sua vez, são utilizados na metátese de olefinas, que é um processo de enorme interesse industrial. Uma grande variedade de propriedades e comportamentos são avaliados durante os estudos teóricos desses compostos e, um deles, é o deslocamento químico de RMN de 31P, uma vez que a ressonância magnética nuclear é imprescindível na elucidação do mecanismo de atuação de um catalisador. Dessa forma, nesse trabalho empregou-se o funcional M06-L e o conjunto base def2-TZVP no cálculo de deslocamento de RMN de 31P de moléculas contendo fósforo trivalente e moléculas contendo fósforo pentavalente. Validou-se os resultados teóricos obtidos com resultados experimentais, e comparou-se a influência da inclusão do cálculo com efeito de solvente (CPCM). Os resultados obtidos mostraram que a combinação M06-L/def2-TZVP apresenta um bom desempenho na descrição molecular e no cálculo de deslocamento químico de moléculas de fósforo trivalente e que o efeito de solvatação é desprezível para esse grupo de moléculas. Já para os compostos de fósforo pentavalente, essa combinação demonstrou um desempenho um pouco abaixo do esperado quando comparado ao citado anteriormente. Nesse caso a solvatação demonstrou uma influência considerável sobre esse grupo de moléculas.

Palavras-chave: RMN, DFT, fosfinas, M06-L, GIAO, deslocamento químico.

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ABSTRACT

Phosphines are molecules that have been continuously researched because they can be used as ligands in organometallic catalyst synthesis, that in turn are used in the metastasis of olefins, a process with big interest in industry. A high variety of properties and proceedings are evaluated during the theoretical studies of these compounds and, one of them, is the 31P NMR chemical shift in which the nuclear magnetic resonance is necessary in the elucidation of the catalyst mechanism. That way, the functional M06-L and the basis set def2-TZVP were used in the measurement of 31P NMR shift of molecules containing trivalent phosphorous and molecules containing pentavalent molecules phosphorous. The theoretical data was validated with the experimental one and the influence of the calculus inclusion with the solvent effect (CPCM) was compared. The obtained results with the combination M06-L/def2-TZVP show a good performance in the molecular description and in the chemical shift computation of trivalent phosphorous, and the solvation effect is negligible in this group. However, for the pentavalent phosphorous compounds, this combination showed a low performance when compared with the previous one. In this case, the solvation has a considerable influence in this group of molecules. Keywords: NMR, DFT, phosphines, M06-L, GIAO, chemical shift.

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1. INTRODUÇÃO

Estudos teóricos de ressonância magnética nuclear tem despertado cada vez

mais o interesse de inúmeros pesquisadores devido à utilização dessa técnica na

elucidação de estruturas e de mecanismos de reações catalisadas. Dentre suas

aplicações, pode se destacar os estudos envolvendo as reações de metátese de

olefinas, que são amplamente empregadas industrialmente e dependem de

catalisadores de metais de transição para ocorrer.

Esses catalisadores, em sua maioria, possuem ligantes fosfínicos que

apresentam propriedades passíveis de estabilizar o metal de transição durante o

ciclo catalítico, fazendo com que sejam amplamente empregados na síntese desses

metalocarbenos. Dessa forma, é necessário encontrar funcionais que descrevam de

maneira cada vez mais adequada esses compostos fosfínicos e que, posteriormente,

possam ser usados para descrever os complexos como um todo.

Em virtude disso o presente trabalho foi desenvolvido buscando avaliar o

desempenho do funcional M06-L no cálculo do deslocamento químico de 31P de

diferentes compostos fosforados, uma vez que esse funcional é parametrizado para

cálculos envolvendo metais de transição e seria de grande valia no estudo de grande

parte dos complexos usados na catálise.

1.1 OLEFINAS

O termo olefina tem origem a partir da expressão francesa gaz oléfiant (de

tradução “gás que forma óleo”) que foi usada, inicialmente, para nomear o eteno, um

composto isolado de maneira pura em 1975 e que formava um líquido oleoso ao

reagir com cloro gasoso de acordo com a reação a seguir (esquema 1).[1]

Esquema 1: Reação de adição do gás cloro ao eteno.

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As olefinas, ou alcenos, como são chamados atualmente, são compostos

caracterizados por uma ligação dupla entre dois carbonos[2]. Nesse caso, o átomo de

carbono se liga à outros três átomos, o que faz com que sejam necessários três

orbitais híbridos de mesma energia, que são formados a partir da combinação do

orbital 2s e dois dos orbitais 2p do carbono, resultando em três orbitais sp²[3]. Dessa

forma, a ligação dupla se dá por meio de uma ligação σ entre os orbitais sp² dos

carbonos vizinhos, e por uma ligação π, formada pela sobreposição dos orbitais 2p

não hibridizados desses mesmos carbonos[3] (figura 1). Uma ligação dupla é mais

forte do que uma ligação simples e apresenta um comprimento de aproximadamente

134pm[4].

Figura 1: Ligação dupla carbono – carbono no eteno.[3]

As principais vias de obtenção de alcenos são a partir das reações de

eliminação-β (ou eliminação 1,2), que ocorrem a partir da desidrogenação de

carbonos vizinhos (esquema 2a) - necessitando, na maioria dos casos, alta

temperatura ou a presença de um catalisador - da desidratação de álcoois (esquema

2b) ou da desidro-halogenação de haletos de alquila (esquema 2c).[5]

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Esquema 2: Reações de desidrogenação (a), desidratação de álcoois (b) e desidrohalogenação (c)

usadas na síntese de alcenos.

Dentre os alcenos, dois destacam-se por sua grande importância industrial: o

eteno e o propeno[6], comumente chamados de etileno e propileno respectivamente.

Ambos são compostos gasosos derivados do processo de destilação do petróleo[7] e

seu uso industrial deve-se, principalmente, à sua capacidade de polimerização.

Em torno de 50% do eteno produzido mundialmente é convertido em

polietileno (PE)[8], que é usado na fabricação de embalagens de produtos

alimentícios, de higiene e limpeza, utensílios domésticos, caixas d’água e

brinquedos[7]. Os outros 50% são usados para a produção de óxido de etileno, que

dá origem ao etilenoglicol, que é usado como anticongelante e na produção de fibras

de poliéster; de cloreto de vinila, que quando polimerizado dá origem ao policloreto

de vinila (PVC)[6], que é usado na fabricação de materiais de construção civil,

sapatos e bolsas de sangue[7]; de estireno que também sofre polimerização e forma

o poliestireno (PS)[6], que é usado na fabricação de copos descartáveis, embalagens

isolantes térmicas e caixas de CD’s[9]; e outros produtos, como o etanol, usado como

combustível para automóveis, aditivo para gasolina e solvente industrial, e

acetaldeído, usado na produção do ácido acético[6].

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19

Figura 2: Gráfico dos principais produtos obtidos a partir do eteno na indústria[6]

.

Já o propeno tem em torno de 35% do que é produzido convertido em

polipropileno (PP)[6], que é usado para a fabricação de peças para automóveis,

tapetes, tecidos e móveis[7]; 20% convertido em acrilonitrila, que é usada como

substituta de lã em cobertores e suéteres[10]; 10% em óxido de propileno, que é

convertido em poliuretanos (PU)[6], que são usados em colchões, solados, placas de

isolamento acústico, preservativos e travesseiros[11]; 10% em cumeno, que é usado

na produção de fenol e acetona; e os outros 25% são usados na fabricação de

outros derivados[6].

Figura 3: Gráfico dos principais produtos obtidos a partir do propeno na indústria[6]

.

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20

Além desses, outros alcenos formam polímeros industrialmente úteis: o

butadieno, usado principalmente na fabricação de borracha sintética e pneus[7]; o

tetrafluoroeteno, que origina o teflon, usado como anti-aderente; e o metacrilato de

metila, que pode ser usado como substituto do vidro[10].

1.2 METÁTESE DE OLEFINAS

A palavra metátese origina-se da junção de duas palavras gregas: meta que

significa troca e tithemi que significa lugar, ou seja, sua definição literal é “troca de

lugar”[12]. O mecanismo geral do processo foi elucidado por Chauvin, em 1971[13], e

consiste em um rearranjo que ocorre entre as ligações duplas carbono-carbono na

presença de catalisador metal-carbeno (esquema 3). É importante ressaltar que,

geralmente, a reação é reversível e seu equilíbrio pode ser atingido em questão de

segundos, o que o torna um processo de enorme interesse industrial[12, 14].

Esquema 3: Mecanismo geral da reação de metátese de olefinas[13]

.

Essa reação é datada do século XX, entretanto só houveram avanços

significativos a partir da década de 90 com o surgimento de novos catalisadores

organometálicos[15], atualmente destacam-se 5 tipos de metátese: metátese cruzada

(CM do inglês cross-metathesis), ocorre entre duas olefinas distintas; metátese de

fechamento de anel (RCM do inglês ring-close metathesis), é uma reação

intramolecular que ocorre em dienos e resulta na formação de um anel; metátese de

abertura de anel (ROM do inglês ring-opening metathesis), é o processo contrário do

RCM, onde uma olefina é formada a partir da abertura de um anel; polimerização via

metátese de dienos acíclicos (ADMET do inglês acyclic diene metathesis

polymerization); e polimerização via metátese de abertura de anel (ROMP do inglês

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21

ring-opening metathesis polymerization), ocorre entre alcenos cíclicos e se mostra

como único método para polimerização de inúmeros compostos[14, 16] (esquema 4).

Esquema 4: Tipos de reação de metátese de olefinas: ADMET (Acyclic Diene METathesis), ROM

(Ring Opening Metathesis), RCM (Ring Close Metathesis), CM (Cross-Metathesis) e ROMP (Ring

Opening Metathesis Polymerization)[14]

.

O interesse da indústria acerca das reações de metátese se deve à

possibilidade de produção de vários compostos, um exemplo disso é o propeno.

Atualmente cerca de 65% desse alceno é obtido como co-produto do eteno pelo

craqueamento a vapor da nafta; ou como co-produto da produção de gasolina a

partir do craqueamento catalítico. Visando aumentar a produção de propeno, foi

desenvolvido, em 1966, o processo Tri-Olefinas de Phillips (do inglês Phillips

Triolefin Process), que consiste na conversão de eteno e buteno em propeno por

meio de uma reação de metátese (esquema 5a)[17, 18]. Em 2001 a BASF FINA

Petrochemicals colocou em operação uma unidade, localizada no Texas (EUA), que

produzia 920.000 toneladas de eteno e 550.000 toneladas de propeno por ano pelo

craqueamento da nafta, e a previsão era que a adição da unidade de metátese, a

produção de eteno e propeno passasse para 830.000 e 860.000 toneladas por ano,

respectivamente[17].

Outro produto obtido por meio de metátese de olefinas é neo-hexeno, um

intermediário importante para a indústria de perfumes. O processo foi desenvolvido

em 1980 e consiste na metátese cruzada entre o eteno e o 2,4,4-trimetil-2-penteno

(esquema 5b)[17, 18].

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22

O terceiro processo que pode ser destacado pela sua aplicação na produção

industrial em larga escala é o SHOP (Shell Higher Olefins Process) (esquema 5c),

onde o eteno é convertido em olefinas lineares contendo um número par de

carbonos que varia entre C4 - C40[17, 18].

Esquema 5: Reação do processo Tri-Olefinas de Phillips (a), reação de síntese do neohexeno (b),

reação SHOP (“Shell Higher Olefins Process”) (c)[17]

.

Uma ferramenta que pode ser usada para mensurar o grau de atividade de

um determinado setor é o monitoramento de patentes. Entre 1955 e 1985 o número

de patentes na área de metátese de olefinas subiu de 100 para, aproximadamente,

1100 registros[19], enquanto no período de 2008 a 2018 foram registradas 2270

patentes nessa área[20], o que demonstra um aumento de 100% em 10 anos quando

comparado ao aumento registrado nos 30 anos anteriormente citados. Esse

aumento reflete a importância industrial desse tipo de reação e está atrelado às

inovações envolvendo os catalisadores organometálicos necessários para essas

reações.

Um fato facilmente observado é que os Estados Unidos da América foi o

principal responsável pelas patentes registradas nos últimos 10 anos, totalizando

739 patentes. Logo em seguida está o Instituto de Patentes Europeu (IPE), que

reúne 34 países, com 401 patentes; seguido pela China que aparece com 187 e pelo

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23

Canadá com 165[20]. Já o Brasil apresenta apenas 3 patentes registradas, sendo

uma delas voltada para a produção de propeno a partir de uma mistura de álcoois

obtidos a partir de pelo menos uma fonte renovável, garantindo, dessa forma, que o

produto final contenha de 75 a 100% de carbono de origem renovável[21]. Isso

evidencia uma certa dependência, por parte das indústrias brasileiras, dos processos

de craqueamento para a produção de eteno e propeno, por exemplo.

1.3. PROCESSO ROMP

Como citado anteriormente, o processo ROMP é aquele que promove uma

polimerização via metátese de abertura de anel de olefinas cíclicas, resultando em

um polímero com retenção da insaturação[22].

Mecanisticamente, o que ocorre é a formação de um intermediário

metalociclobutano a partir da reação entre a olefina e o complexo metalocarbeno,

posteriormente é formada a primeira unidade polimérica e um novo metalocarbeno

(etapa de iniciação), que reage com outros monômeros presentes até que todos

sejam consumidos (etapa de propagação) e que um agente de terminação de cadeia

seja adicionado (etapa de terminação)[23] (esquema 6).

Esquema 6: Mecanismo do processo ROMP (Ring Opening Metathesis Polymerization)[23]

.

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24

Assim como as outras reações de metátese, apesar de ser conhecida desde

meado do século XX, só nos últimos 20 anos houveram avanços significativos, o que

proporcionou o aumento da diversidade de aplicabilidade do processo, além disso, o

processo ROMP apresenta as vantagens de não possuir reações secundárias e de

permitir a produção de copolímeros em bloco, uma vez que permite a adição de

diferentes monômeros, e de ser um procedimento que considera os princípios da

Química Verde, uma preocupação cada vez mais recorrente na área industrial[22, 23].

O levantamento de patentes registradas contendo o termo ROMP mostrou

que nos últimos 10 anos foram feitos 640 registros que seguem a mesma tendência

dos registros de patentes de metátese de olefinas, os EUA aparecem em primeiro,

seguido pelo IEP e depois pela China. Entretanto, o Brasil apresentou 11 patentes

registradas para esse procedimento específico, contra 3 registros de metátese de

olefinas[24].

O primeiro polímero obtido pelo processo ROMP a ser comercializado foi o

polinorborneno (Norsorex®), em 1976 na França, a partir do 2-norborneno (biciclo[2,

2, 1]-2-hepteno) sob a ação de um catalisador de rutênio[17]. Esse polímero possui

importantes aplicações industriais, como material antivibrante para máquinas,

isolante acústico e absorvente de óleos derivados do petróleo[15].

Além deste, é possível destacar outros dois, o ZEONEX® e o ZEONOR®, que

começaram a ser comercializados em 1991 e 1998 respectivamente. Estes são

obtidos a partir da hidrogenação de polímeros que contém a unidade 2-norborneno.

Em termos aplicações, destaca-se o uso do ZEONEX® na fabricação de lentes e

prismas ópticos, e do ZEONOR® na fabricação de televisores e monitores com

display de cristal líquido (LCD), utensílios plásticos para crianças, como mamadeira

e talheres, além do uso na indústria automobilística[17, 25].

1.4 CATALISADORES

Catalisadores são compostos químicos capazes de aumentar a velocidade de

uma reação criando um novo caminho para que esta ocorra. Esse novo mecanismo,

proporcionado pelo catalisador, resulta na formação de um complexo ativado que

apresenta menor energia de ativação, o que faz com que a reação ocorra de

maneira mais rápida. Assim, em uma dada temperatura, um número de moléculas

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25

maior possuirá a energia de ativação necessária para que a reação aconteça (figura

4). É importante ressaltar que o catalisador não interfere na constante de equilíbrio

da reação, uma vez que aumenta a velocidade tanto no sentido de formação, quanto

de decomposição do produto[26].

É possível separar a catálise em dois grupos: homogênea e heterogênea. No

primeiro caso, o catalisador usado deve estar no mesmo estado físico que os

reagentes, e essa característica resulta em uma necessidade de um processo de

separação mais complexo, o que pode ser visto como uma desvantagem. Já no

segundo caso, o catalisador está em uma fase diferente, normalmente sólida, isso

facilita a separação do catalisador da reação, configurando uma vantagem. Outra

vantagem dos catalisadores é que, na maioria das vezes, eles podem ser

recuperados ao final da reação[26].

Figura 4: Gráfico da energia potencial versus o progresso da reação para reações com e sem

catalisador[26]

.

Para as reações do tipo ROMP, os catalisadores que possuem um carbeno

coordenado a um metal de transição (metalocarbeno) são imprescindíveis[22].

Inicialmente, os catalisadores usados eram à base de metais em alto estado de

oxidação, como por exemplo WCl6/Bu4Sn, porém estes eram poucos seletivos e

ocasionavam , além da polimerização, reações laterais de isomerização da ligação

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26

dupla e de metátese, devido a essas desvantagens, os estudos acerca de

catalisadores para essas reações continuaram[14, 27]. Assim, na década de 80,

Schrock desenvolveu um catalisador (figura 5a), que posteriormente recebeu seu

nome, entretanto, apesar de bastante reativo, ele se mostrou sensível à grupos

funcionais polares, ao ar e à impurezas presentes no solvente, o que restringiu suas

aplicações[14, 27].

Em 1992, o grupo de pesquisa do professor Robert H. Grubbs desenvolveu

um catalisador de rutênio com ligante alquilideno, que ficou conhecido como

catalisador de Grubbs de primeira geração (figura 5b), que se mostrou eficiente na

reação de metátese e, mais ainda, demonstrou tolerância aos grupos funcionais

polares, além da fácil preparação e da estabilidade ao ar, se tornando mais

vantajoso do que o de Schrock, apesar da menor reatividade. Em 1999 foram

sintetizados os catalisadores de Grubbs de segunda geração (figura 5c), que

apresentam as mesmas características dos da primeira, mas com uma maior

reatividade[14, 27]. Essas pesquisas sobre catalisadores rendeu à Grubbs e Schrock,

junto com Chauvin, que elucidou o mecanismo de metátese, o Prêmio Nobel de

2005[28].

Figura 5: Catalisadores de Schrock (a), Grubbs de primeira geração (b) e Grubbs de segunda

geração (c), onde Cy = ciclohexil, Mes = 2,4,6-trimetilfenil e Ph = fenil.

Atualmente, estima-se que 90% dos produtos químicos produzidos utilizem

catalisadores em sua fabricação. Esse avanço permite que as reações, além de

mais rápida, se tornem mais limpas e consumam menos energia, tornando o

processo mais ecológico[28].

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27

1.4.1 Fosfinas

Inúmeros compostos podem ser usados como ligantes na síntese de

complexos de metais de transição, entretanto, as propriedades catalíticas de um

organometálico dependem, não só do metal, como das características individuais e

das combinações das estruturas que estão presentes em sua esfera de

coordenação.

As fosfinas (figura 6), estruturas do tipo PR3 onde R=alquila, são compostos

que apresentam propriedades ímpares, o que as tornam extremamente

interessantes do ponto de vista da síntese de catalisadores. Dentre suas

propriedades pode-se destacar: capacidade de estabilizar metais em diversos

estados de oxidação, o que é de primordial importância, uma vez que, durante um

ciclo catalítico, o metal pode apresentar diferentes estados de oxidação; apresentam

efeito trans, que é a capacidade de aumentar a velocidade de substituição de um

ligante em posição trans a ele, e isso, associado à impedimento estérico, leva à

formação de complexos facilmente dissociáveis, o que gera um sítio vago de

coordenação, condição essencial para catalisadores; e apresentam possibilidade de

alteração no grupo R, o que permite modular o complexo, influenciando em sua

atividade, seletividade e reatividade[28].

Figura 6: Fosfina (a), trimetilfosfina (b), tri-isopropilfosfina (c), trifenilfosfina (d) e trihexilfosfina (e).

Essas características advêm de dois efeitos principais: o eletrônico e o

estérico. O fósforo presente nas fosfinas possui um par de elétrons livre o que faz

com que esses compostos ajam como bases fortes e, consequentemente, bons

doadores-ς. Além da doação-ς, o orbital ς* resultante da ligação P-R atua como

receptor-π da densidade eletrônica retrodoada pelo metal (figura 7). Conforme a

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28

eletronegatividade do grupo R aumenta, o orbital π* se torna mais estável, o que

aumenta o caráter ácido do orbital receptor-π, isso faz com que esses ligantes atuem

tanto como bons doadores-ς, como as aminas, quanto como fortes receptores-π,

como o monóxido de carbono, condição que permite que esse tipo de ligante

estabilize metais de valência mais alta ou mais baixa.[29, 30, 31]

Figura 7: Representação das interações metal-ligante: doação-ς (1) e retrodoação-π (2)[31]

.

Já o efeito estéreo está associado ao volume do grupo R ligado ao fósforo.

Uma maneira de quantificar o tamanho do ligante é o ângulo de cone de Tolman,

que está definido na figura 8. Essa medida só é válida para o estado sólido, onde a

distância de ligação M-P é fixa em 228pm[30, 31].

Figura 8: Definição do ângulo de cone de Tolman[31]

.

Em 1988 Grubbs já havia percebido a capacidade que as fosfinas possuíam

de influenciar um catalisador organometálico, devido a isso estabeleceu uma regra

fundamental para o desenho de catalisadores mais eficientes “fosfinas volumosas e

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29

doadoras de elétrons e halogênios pequenos e retiradores de elétrons resultam em

catalisadores mais reativo.”[32]

O leque de possibilidades de alterações nos grupos R, que afetam

diretamente as características do complexo, como variar o ângulo de cone e as

distâncias das ligações P-M e M-L; favorecer reações oxidativas; estabilizar metais

em diferentes estados de oxidação e favorecer a coordenação e a formação de

isômeros; faz com que esses compostos sejam amplamente empregados na catálise

homogênea e a importância do estudo desses efeitos fica evidenciada no

mecanismo do catalisador de Wilkinson (RhCl(PPh3)3), por exemplo, uma vez que o

complexo com PPh3 atua mais rapidamente do que o seu análogo contendo

P(C2H5)3.[28, 33, 34]

1.5. RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NUCLEAR (RMN).

A primeira observação de ressonância magnética nuclear foi feita em 1939

por Rabi e seus colaboradores. Na ocasião, eles submeteram um feixe de moléculas

de hidrogênio a um campo magnético não homogêneo, em seguido à um campo

magnético homogêneo e, ao mesmo tempo, aplicaram uma radiofrequência. Nessas

condições, observou-se que o feixe de moléculas, ao ser submetido a um valor de

frequência bem definido, absorvia energia e experimentava um pequeno desvio.

Sete anos após o experimento de Rabi, Bloch e Purcell, cada um com seu grupo de

pesquisa, detectaram o mesmo fenômeno em substâncias líquidas e sólidas, feito

que os rendeu o Prêmio Nobel de Física em 1952, e permitiu que a técnica

começasse a ser usada, não só para estudar as propriedades dos núcleos atômicos,

como também para determinar as estruturas das substâncias orgânicas[35, 36].

Os primeiros espectrômetros desenvolvidos eram voltados para o núcleo 1H,

entretanto, com o passar do tempo, novos equipamentos foram criados e atualmente

é possível estudar núcleos de 13C, 31P, 19F, 15N e outros. O que esses núcleos têm

em comum é que todos são magnéticos, portanto, ao se aplicar um campo

magnético, eles passam a se orientar a favor (estado de spin α) ou contra (estado de

spin β) esse campo e a diferença de energia entre esses dois estados de spin

compõe a base da técnica de RMN[36].

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30

Essa diferença de energia aumenta com o aumento do campo magnético ao

qual a amostra está submetida. Ao se aplicar um pulso de radiofrequência, os

núcleos que estavam no estado de spin α são excitados para o β e, ao retornarem

para o estado fundamental (relaxação), emitem sinais eletromagnéticos que são

detectados pelo equipamento e convertidos em um espectro de frequência de sinal

versus intensidade.[36]

Todavia, o uso dessa técnica para a elucidação estrutural só é possível

devido ao fato de que cada núcleo está em um ambiente químico que varia de

acordo com os átomos mais próximos. Essa variação ocorre devido à blindagem

ocasionada pela nuvem eletrônica ao redor do núcleo; quanto maior a densidade

eletrônica no ambiente químico, menor o campo magnético efetivo sentido pelo

núcleo e, portanto, menor a frequência necessária para excitá-lo, o inverso também

ocorre, logo, núcleos submetidos à ambientes químicos com baixa densidade

eletrônica sentem um maior campo efetivo e necessitam de maior frequência para

serem excitados.[36]

Considerando a grande variedade de núcleos passíveis de entrarem em

ressonância e a variação de energia necessária promovida pelos diferentes

ambientes químicos, o RMN se tornou uma importante técnica nas mais diversas

áreas, como por exemplo na biologia e na medicina, permitindo a quantificação da

concentração de diferentes metabólitos fosforados; na toxicologia, possibilitando a

identificação e quantificação de substâncias ílicitas; na farmacológica, com a

caracterização de medicamentos; no controle de reações químicas, possibilitando a

comparação do produto com os reagentes utilizados e a determinação das

mudanças estruturais; entre outras.[37]

1.6 QUÍMICA COMPUTACIONAL

“Aspectos da pesquisa molecular que são tornados práticos pelo uso de

computadores”, de acordo com a IUPAC, essa é a definição da química

computacional. Como a definição e o próprio nome já diz, essa área depende

completamente do uso de computadores, portanto, seu maior avanço aconteceu nos

últimos 30 anos, com o aumento da capacidade e sofisticação dos hardwares e

softwares disponíveis[38, 39, 40].

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31

Conhecida também como modelagem molecular, esse ramo da química teve

sua maturidade reconhecida em 1998 com a entrega do Prêmio Nobel de Química

para J. A. Pople e W. Kohn por conta de suas contribuições no desenvolvimento dos

conjuntos de base, que recebeu o nome de Pople, e de outras técnicas

computacionais empregadas na elucidação estrutural e estudos de reatividade[40].

Por unir os princípios unificadores das mecânicas clássica, quântica e

estatística, esse tipo de estudo pode ser aplicado nas mais diversas áreas de

pesquisa, muitas vezes complementando e ajudando a explicar os fenômenos

observados experimentalmente por meio da elucidação estrutural e da simulação de

análises espectroscópicas, da dinâmica molecular e das propriedades

moleculares[38].

Os métodos usados na química computacional podem ser divididos em dois

grandes grupos: métodos clássicos e métodos quânticos. Os métodos clássicos

(empíricos) apresentam menor custo computacional, pois fazem uso de parâmetros

atômicos e de equações da física clássica, e não tratam os elétrons explicitamente,

portanto são recomendados para o tratamento de compostos que possuem muitos

átomos. Em contrapartida, os métodos quânticos se apresentam como mais exatos o

que os tornam mais custosos computacionalmente, e se subdividem em método

semi-empírico (também parametrizado), ab-initio e os originários da Teoria do

Funcional de Densidade (DFT do inglês “Density Functional Theory”)[38].

Enquanto os métodos empíricos utilizam equações da física clássica, o que

faz deles ineficientes no estudo das propriedades atômicas e moleculares por estas

possuírem predominantemente efeitos eletrônicos, os métodos quânticos procuram

lidar com a dualidade onda-partícula de maneira adequada, se baseando na função

de onda representada pela equação de Schrödinger[38]. Os métodos ab initio são

considerados teoricamente puros, pois não fazem uso de parâmetros para resolver a

equação de Schrödinger, utilizando apenas as constantes físicas fundamentais, o

que o torna extremamente custoso em termos computacionais e, ao mesmo tempo,

extremamente confiável. Um exemplo desse método é o Hartree-Fock (HF) que,

além das constante físicas, faz uso de algumas aproximações, sendo a mais

importante delas a de Bohr-Oppenheimer, que considera a velocidade do núcleo

desprezível em comparação à velocidade dos elétrons, uma vez que a massa do

núcleo é muito superior. Outra aproximação empregada é a representação dos

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32

orbitais por meio de conjuntos de funções de base, como por exemplo as funções

gaussianas.[38]

Para contornar as dificuldades apresentadas pelos métodos ab-initio devido

ao seu alto custo computacional, foram desenvolvidos os métodos semi-empíricos,

que fazem uso de aproximações e parametrizações. Dois exemplos de métodos

semi-empíricos são o AM1 (Austin Model 1) e o PM3, que foram desenvolvidos em

1985 e 1989 respectivamente.[38]

Uma outra alternativa aos métodos já citados é o DFT, que se baseia na

densidade eletrônica dos átomos para minimizar a energia da molécula e calcular

suas propriedades. Isso confere uma melhor incorporação do efeitos de troca e

correlação, além de um menor custo computacional quando comparado ao método

ab initio. Atualmente, um dos funcionais de DFT mais empregados é o B3LYP, que

apresenta, além do funcional de troca e correlação, três parâmetros empíricos

escolhidos para melhorar sua performance.[38, 40]

1.7 REVISÃO DA LITERATURA

Estudos teóricos de deslocamento de RMN de 31P tem despertado o

interesse de inúmeros pesquisadores. Van Wüllen[41], em um trabalho publicado em

2000, comparou o desempenho dos métodos IGLO e GIAO, utilizando os funcionais

B3LYP, BP, WAH e os níveis de teoria HF e MP2, e concluiu que o método GIAO

com o nível de teoria DFT apresentou o melhor resultado. Já Chernyshev e

Krivdin[42] avaliaram o cálculo de deslocamento químico para diferentes fosfinas

empregando HF, B3LYP, KT2, KT3 e PBE0 com os conjuntos base cc-pVDZ, 6-

31G**, cc-pVTZ, IGLO-II e IGLO-III, e obtiveram o melhor resultado com o conjunto

B3LYP/IGLO-III.

Fedorov, Rusakov e Krivdin[43] testaram os mesmos funcionais usados por

Chernyshev e Krividin[42] mais o LDA, entretanto empregaram uma gama maior de

conjuntos base, sendo eles o de Pople, o de Dunning e o de Jensen. Os resultados

mostraram um melhor desempenho dos funcionais KT2 e KT3 com os menores

conjuntos base de Dunning e Jensen.Latypov et al.[44] utilizaram os funcionais PBE0,

B3LYP, HF e MP2 com o conjunto base de Pople, variando o número de funções

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33

gaussianas e adicionando funções de polarização. Nesse trabalho, o melhor

resultado foi apresentado pelo PBE1PBE usando funções de base pesadas.

Por fim, Maryasin e Zipse[45]compararam os métodos IGLO e GIAO,

empregando os funcionais MPW1K, BP, B3YP e MP2 com o conjunto base de Pople

e obtiveram como melhor combinação GIAO-MPW1K/6-311++G(2d,2p). Em seguida,

avaliaram o impacto de considerar o solvente utilizado experimentalmente por meio

do modelo PCM e observaram uma melhora na descrição dos dados com o uso do

meio solvatado.

Zhao e Truhlar[46] compararam o desempenho de 15 funcionais no cálculo de

deslocamento químico para diferentes núcleos, incluindo 31P, de pequenas

moléculas orgânicas e concluíram, a partir dos resultados, que o M06-L era um

funcional promissor para o cálculo de deslocamentos químicos, principalmente ao

levar em consideração que este demonstrou um desempenho melhor do que o

B3LYP no cálculo de energia[47].

Outro a avaliar o M06-L nesse tipo de estudo foi Benassi[48], que usou 30

funcionais diferentes combinados com os conjuntos base 6-311+G(2d,p), def2-TZVP

e DGTZVP no cálculo de deslocamento químico de RMN de 13C e 1H para moléculas

orgânicas e biológicas. Nesse caso, o M06-L teve o segundo melhor desempenho

nos cálculos envolvendo os núcleos de 1H, entretanto, não repetiu o feito para os

cálculos de 13C, mantendo um desempenho mediano quando comparado aos outros

funcionais. Já com relação aos conjuntos base, o autor concluiu que não houve

diferença significativa com a mudança, sendo a escolha do funcional o principal fator

a ser considerado.

2. OBJETIVOS

2.1. OBJETIVO GERAL

Realizar cálculos teóricos (DFT) a fim de avaliar se o funcional e o conjunto

base escolhidos reproduzem de maneira adequada os dados de ressonância

magnética nuclear de 31P de moléculas fosforadas trivalentes e pentavalentes, a fim

de auxiliar no desenvolvimento de novos catalisadores para metátese de olefinas

pelo processo ROMP.

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34

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Otimização da estrutura dos compostos estudados;

Análise conformacional das estruturas que permitiam mais de uma

conformação;

Cálculo das frequências vibracionais das estruturas otimizadas;

Cálculo de RMN de 31P para determinação do tensor de blindagem dos

compostos de interesse e posteriormente do deslocamento químico;

Avaliação da influência do efeito de solvatação nos resultados.

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Como dito anteriormente, a química computacional reúne um conjunto de

métodos que, a partir de diferentes abordagens teóricas, numéricas e aproximações,

busca descrever um sistema da forma mais fiel possível. Esses métodos podem ser

divididos em quatro grupos principais: empíricos, semi-empíricos, ab initio e DFT.

Métodos clássicos

Também chamado de métodos de mecânica molecular, esse grupo faz parte

dos que utilizam a mecânica clássica para descrever um sistema molecular e, por

esse motivo, apresenta baixo custo computacional, o que o torna interessante para

estudos de compostos com muitos átomos[49].

Para se aproximar do modelo real, esse método parte da premissa de que as

moléculas são um conjunto de átomos conectados, a partir disso é desenvolvido um

conjunto de funções que determinam as perdas de energia que ocorrem quando a

estrutura se afasta de sua condição normal, que seria aquela em que ela apresenta

valores de ângulos e distâncias de ligação próximos dos obtidos experimentalmente.

Assim, por meio de um algoritmo matemático, chega-se na estrutura que possui

energia mínima.[49]

Para simular os estiramentos de ligações químicas, por exemplo, utiliza-se

uma função quadrática como a equação 1.

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35

∑ Eq. 1

É possível notar a semelhança dessa equação com a Lei de Hooke usada

para os estudos de osciladores harmônicos. Assim como no caso da lei citada,

nesse exemplo o é a constante de força de uma “mola” que representa a ligação

química e é a distância padrão[49].

Além disso, muitos outros termos devem ser incluídos no campo de força para

descrever a estrutura de maneira adequada, alguns desses termos são as

interações eletrostáticas e de van der Waals, por exemplo. Dessa forma, os métodos

empíricos variam em quantidade de termos do campo de força e parâmetros

experimentais usados, o que faz com que cada um seja mais adequado para um

grupo de moléculas; entre eles pode-se citar o MM, MM2, AMBER e muitos

outros[49].

Método ab initio

Diferentemente do caso supracitado em que os métodos se baseiam na

mecânica clássica, os cálculos ab initio descrevem um sistema a partir da solução da

equação de onda de Schrödinger independente do tempo (equação 2).

Eq. 2

Onde é a energia total, é a função de onda multi-eletrônica e é o

hamiltoniano total, que representa a energia total do sistema[40].

Dessa forma, o operador hamiltoniano pode ser descrito na equação 3.

∑ ∑

∑ ∑

∑ ∑

Eq. 3

Onde é o módulo da distância entre os núcleos A e B, é o módulo da

distância entre o elétron i e o núcleo A, é o módulo da distância entre os elétrons i

e j, é o número atômico do átomo A e é a razão da massa do núcleo A em

relação ao elétron i. De modo simplificado, ele pode ser escrito da forma

apresentada na equação 4[50].

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36

Eq. 4

Onde e são os operados de energia cinética dos elétrons e dos núcleos

respectivamente, é o operador referente à atração núcleo-elétron e e são os

operadores de energia potencial repulsiva nuclear e eletrônica, nessa ordem.[50]

Na abordagem ab initio a equação de Schrödinger é resolvida sem adição de

parâmetros experimentais e fazendo uso apenas das constantes físicas

fundamentais, para isso são feitas aproximações como a de Bohr-Oppenheimer

(BO), que considera a energia cinética do núcleo desprezível frente à do elétron,

uma vez que a massa do núcleo é muito superior, e a energia potencial repulsiva

nuclear constante. Com isso, o hamiltoniano passa a ser escrito como mostrado na

equação 5.[50]

Eq. 5

E os três termos referentes ao comportamento eletrônico podem ser

agrupados para compor o hamiltoniano eletrônico (equação 6), fazendo com que o

hamiltoniano total seja dado pela equação 7[50].

Eq. 6

Eq. 7

Além das aproximações, esse método representa os orbitais através dos

chamados conjunto de base, que são um conjunto de funções necessárias para

acomodar todos os elétrons de um átomo[49], e são de campo auto consistente (SCF

do inglês self consistent field), o que significa que as equações propostas são

resolvidas a partir de um conjunto inicial de funções que resultam em um potencial

que é usado para calcular novas funções, essa novas funções são usadas para

calcular um novo potencial e esse ciclo se repete até que o valor da energia final não

varie de uma etapa para outra atendendo um critério de convergência[40].

Métodos semi-empíricos

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37

Apesar da acurácia do método ab initio, o número de integrais usadas na

resolução da equação de Schrödinger cresce aproximadamente a quarta potência do

número de funções de base, o que o torna um método com alto custo computacional

e alta demanda de tempo. Buscando contornar isso, foram desenvolvidos os

métodos semi-empíricos, que são métodos SCF também, mas que contam com,

além das aproximações, parâmetros empíricos ou previamente calculados na

resolução da equação de Schrödinger, o que diminui o número de integrais a serem

resolvidas[49].

Apesar de possuir menor custo computacional, sua aplicação é limitada a

sistemas que contenham elementos para os quais já foram desenvolvidos

parâmetros correspondentes, o que restringe muito seu uso. São exemplo de

métodos semi-empíricos o RM1 (Recife Model 1) e o PM6 (Parametric Method 6)[49].

Métodos DFT

Em 1927, Thomas e Fermi propuseram uma nova abordagem para a

obtenção da energia eletrônica. Ao invés de utilizar funções de onda que possuem

3N variáveis (N = número de átomos) como nos métodos ab initio, eles utilizaram a

densidade eletrônica ( , que é função das coordenadas cartesianas, isso resultou

em uma diminuição do custo computacional e tempo necessário para efetuar os

cálculos. No modelo Thomas-Fermi (TF) considera-se que os elétrons estão

distribuídos uniformemente no espaço e, considerando argumentos estatísticos para

a aproximação dessa distribuição, eles chegaram em um funcional cuja energia total

é descrita na equação 8[49, 50].

Eq. 8

Onde é a energia cinética em função da densidade eletrônica, é a

energia potencial da atração elétron-núcleo e é a energia potencial repulsiva

eletrônica.

Entretanto essa aproximação não despertou o interesse da comunidade

científica, pois não representava a interação de troca. Então, na década de 60,

Hohenberg e Kohn publicaram trabalhos onde usavam um modelo de densidade

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eletrônica, mas que considerava a energia de troca ( ) e correlação ( ). A

primeira se fez necessária, pois elétrons de mesmo spin ficam separados, o que

resulta em uma diminuição energética, e a segunda representa a interação

intereletrônica. Dessa forma, a energia total do sistema passou a ser descrita pelo

funcional (equação 9)[50].

Eq. 9

Apesar desses novos termos terem sido fundamentais para o sucesso desses

métodos, a maior fonte de erros do DFT é a natureza aproximada das energias de

troca e correlação, por isso há inúmeros esforços em encontrar funcionais cada vez

mais precisos em áreas específicas. São exemplos de funcionais DFT o B3LYP, o

BP91 e o BLYP.[50]

Funcional

Um funcional é uma função matemática cuja incógnita também é uma

função, dessa forma, funções de entrada devem ser fornecidas para que se obtenha

os valores de y de saída[51]. Na química computacional, diversos funcionais tem sido

desenvolvidos no intuito de descrever de maneira adequada a energia de troca e

correlação. A primeira geração de funcionais obtém essa energia a partir da

descrição da densidade como um sistema de gás de elétron homogêneo, ela é

conhecido como LDA (Local Density Approximation). Também é possível representar

a densidade adicionando uma fração de energia de troca Hartree-Fock, esses

funcionais são conhecidos como híbridos. Uma última forma é expressar o funcional

de troca e correlação em termos do gradiente da carga total, essa forma permite,

ainda, a adição de termos que dependam da densidade de energia cinética, esses

funcionais são chamados de GGA (Generalized Gradient Approximation) e meta-

GGA, respectivamente[52].

O B3LYP, que foi desenvolvido em 1994 e é um dos funcionais mais usados e

citados na literatura, é do tipo híbrido, contendo funcionais GGA de troca e

correlação e uma contribuição advinda do método HF[40] que contém parâmetros

ajustados, a presença desses parâmetros faz com que esse exemplo de funcional

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39

apresente bons resultados para sistemas similares àqueles para quais os

parâmetros foram ajustados, mas costumam falhar de forma grosseira em outros

casos[53]. Já o M06-L, de 2006, é um funcional meta-GGA[47], essa aproximação

resulta em melhores resultados para inúmeros sistemas[53].

Conjunto-base

O conjunto-base é o conjunto de funções responsáveis por descrever os

orbitais atômicos. Essas funções, que são do tipo gaussiana, são somadas e

resultam em uma função que se aproxima da função de Slater, que é a obtida pela

resolução da equação de Schrödinger e descreve o orbital do átomo de

hidrogênio[51].

O menor conjunto é chamado conjunto de base mínima, sendo o STO-3G,

que possui três funções gaussianas, o mais usado[51]. Outro conjunto base bastante

utilizado é de Pope, que é representado por m-npG, onde m é o número de funções

dedicadas para os orbitais do caroço, n é a quantidade de funções para os orbitais

da camada de valência e p para os orbitais de valência mais externos[54]. Como as

bases mínimas são de baixa exatidão química, normalmente se faz uso de bases

estendidas, que podem obtidas a partir da adição de orbitais, separação dos orbitais

de valência e adição de funções de polarização ou difusas. As bases duplo-zeta

(DZ), por exemplo, apresentam duas funções com parâmetro zeta na expansão, as

triplo-zeta (TZ) apresentam três, as quadruplo-zeta (QZ) apresentam quatro, e assim

sucessivamente[54]. Na tabela 1 a seguir estão listados alguns conjuntos-base e suas

características.

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40

Tabela 1: Exemplos de conjuntos-base e sua descrição[54]

.

CONJUNTO BASE DESCRIÇÃO

6-31G Utiliza 6 funções gaussianas para descrever os elétrons internos e 4 para descrever os elétrons da camada de

valência, sendo 3 delas contraídas e 1 simples.

6-31+G A mesma que a 6-31G, mas com adição de funções difusas

dos tipo s e p para representar átomos pesados.

6-31G*/6-31G(d) A mesma que a 6-31G, mas com adição de funções de

polarização do tipo d nos átomos pesados.

cc-pVDZ Função de base double-zeta de Dunning. Já possui

polarização por construção.

def2-TZVP Função triple-zeta do Ahlrichs.

def2-TZVPD A mesma que a def2-TZVP, mas com adição de funções

difusas.

def2-TZVPP A mesma que a def2-TZVP, mas com adição de funções de

polarização no hidrogênio.

Campo de reação auto-consistente (SCRF)

A interação entre a molécula e o meio externo no qual ela está inserida pode

causar alterações nas propriedades moleculares, por isso se faz necessário

considerar a solvatação nos cálculos teóricos. Existem inúmeros métodos

computacionais que visam entender esse comportamento e é possível dividi-los em

dois grandes grupos: os que consideram as moléculas do solvente explicitamente e

dão origem aos modelos discretos e os que consideram o solvente como um meio

contínuo, dando origem aos modelos contínuos[55].

O método de Campo de Reação Auto-Consistente (SCRF do inglês “Self-

Consistent Reaction Field”), usado no presente trabalho, é um método de solvatação

contínuo em que o solvente é descrito como um meio polarizável e uniforme de

constante dielétrica ε. Alguns modelos utilizam esse método, variando apenas o

tamanho e a forma da cavidade em que soluto se encontra. Neste caso, o modelo

usado foi o contínuo polarizável (PCM), onde a cavidade é criada a partir dos raios

de van der Waals acrescidos de aproximadamente 20%.[55, 56].

Gauge including atomic orbitals (GIAO)

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41

Os cálculos de deslocamento químico e de acoplamento spin-spin, que são

propriedades de segunda ordem, demandam funções de qualidade superior às

usadas para determinar outras propriedades moleculares. Do ponto de vista formal,

a presença do campo magnético torna esse tipo de cálculo dependente da origem

para funções de base incompletas, pois é nesse ponto de origem onde as

propriedades magnéticas são calculadas. Para contornar esse problema, que

demandaria a resolução de integrais complexas e alto custo computacional, foram

desenvolvidos diferentes métodos, entre eles pode-se destacar o SGO (“Single

Gauge Oringin”), que é uma atribuição simplificada da origem gauge, o IGLO

(“Individual Gauge for Localized Orbitals”), onde cada orbital tem sua origem gauge,

o CSGT (“Continuous Set of Gauge Transformation”), onde é realizado um conjunto

contínuo de transformações usando a origem gauge mais adequada para computar

a densidade de corrente induzida em uma dada localização e o GIAO (“Gauge

Including Atomic Orbitals”), que é o mais utilizado e define para cada átomo,

independentemente, uma origem potencial vetorial do campo magnético externo[46,

57].

4. METODOLOGIA

Para o presente estudo foram selecionados 18 compostos contendo fósforo

trivalente (figura 9 A1 - A18) e 15 contendo fósforo pentavalente (figura 10 B1 -

B15). Devido à possibilidade de possuir diferentes conformações que algumas

moléculas do grupo A apresentam, estas foram submetidas a um cálculo AM1 no

programa Spartan 10[58] e as conformações que apresentaram até 5,00 kJ/mol de

diferença de energia com relação à mais estável foram consideradas.

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42

Figura 9: Compostos contendo fósforo trivalente que foram estudados. Fosfina (A1), trimetilsofina (A2), trietilfosfina (A3), tripropilfosfina (A4), tri-isoproprilfosfina (A5), tributilfosfina (A6), tri-isobutilfosfina (A7), tri-sec-butilfosfina (A8), tri-terc-butilfosfina (A9), dufluoro-metilfosfina (A10), metilfosfina (A11), dicloro-metilfosfina (A12), dibromo-metilfosfina (A13), fluoro-dimetilfosfina (A14), dimetilfosfina (A15), cloro-dimetilfosfina (A16), bromo-dimetilfosfina (A17), trifenilfosfina (A18).

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43

Figura 10: Compostos contendo fósforo pentavalente que foram estudados. Óxido de trimetilfosfina (B1), óxido de trietilfosfina (B2), tetrametilfosfônio (B3), íon fosfato (B4), pentafluoreto de fósforo (B5), pentacloreto de fósforo (B6), tetrafluoro-metil-fosforano (B7), difluoro-trimetil-fosforano (B8), sulfeto de trimetilfosfina (B9), sulfeto de trietilfosfina (B10), tetraetilfosfônio (B11), íon hexafluoreto de fósforo (B12), íon tetracloreto de fósforo (B13), íon hexacloreto de fósforo (B14) e trifluoro-dimetil-fosforano (B15).

Todo o estudo foi realizado no Laboratório Multiusuário de Química

Computacional do Instituto de Química da Universidade Federal Fluminense (UFF).

Os programas usados para a geração das matrizes cartesianas moleculares foram o

GaussView 5.0[59] e o Avogadro[60], já os cálculos teóricos foram todos realizados no

GAUSSIAN 09[61], utilizando o funcional M06-L e o conjunto-base de funções de

Ahlrichs triple-zeta com função de polarização, o def2-TZVP.

A fim de comparação os cálculos foram realizados em dois diferentes meios:

fase gasosa e com o solvente implícito (CPCM). Para o estudo da fase gás,

inicialmente foi feita a otimização da geometria molecular dos compostos,

juntamente com o cálculo das frequências vibracionais para garantir que a estrutura

obtida era, de fato, a de menor energia potencial. Para o cálculo do tensor de

blindagem ( ) foi o usado o método GIAO, que é o padrão do programa

GAUSSIAN 09[61], já o deslocamento químico ( ) (equação 10) foi obtido usando o

H3PO4 (85%) como referência, cujo valor do tensor de blindagem ( ) obtido

experimentalmente é de 328,25ppm.

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44

Eq. 10

Para o caso em que o solvente foi considerado, o campo de solvatação

contínuo foi descrito usando o modelo PCM do método SCRF tanto na otimização,

quanto no cálculo do tensor de blindagem, aplicando o mesmo solvente usado na

determinação experimental do deslocamento químico por meio da equação 10.

Devido à possibilidade das moléculas apresentarem diferentes conformações,

foi importante avaliar a contribuição de cada uma no valor final do deslocamento

químico, para que a comparação com o valor experimental fosse a mais adequada

possível. Para isso, foi feita uma distribuição de energia de Boltzmann (equação 11),

apenas para as estruturas com mais de uma conformação possível, e seu

deslocamento químico foi calculado de acordo com a equação 12.

Eq. 11

Eq. 12

Onde é a diferença de energia entre a estrutura em questão e a que

apresenta menor energia, é a constante dos gases ideais (8,314

) é a

temperatura em Kelvin (298,15 K) e é a probabilidade da molécula estar naquela

conformação.

Finalmente, os valores de deslocamento químico foram comparados com os

valores experimentais por meio de tabelas e gráficos para facilitar a visualização.

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 MOLÉCULAS CONTENDO FÓSFORO TRIVALENTE

O primeiro grupo de moléculas a ser estudado foi o das que continham um

átomo de fósforo trivalente (figura 9). Inicialmente foi feito um cálculo no programa

Spartan 10[58] para determinar quais estruturas possuíam diferentes conformações e

qual a diferença de energia entre elas, feito isso, foram selecionadas as

conformações que apresentavam até 5,00 kJ/mol de diferença energética relativa.

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45

Posteriormente, foram feitos os cálculos de otimização da geometria e de

freqüências vibracionais utilizando o funcional M06-L e o conjunto-base def2-TZVP,

que permitiram a obtenção dos valores de energia de cada conformação,

possibilitando a determinação da conformação de maior estabilidade e, por

comparação da geometria e dos valores de energia, descartar estruturas idênticas.

Os dados de energia relativa entre as conformações e de diferença de energia após

a otimização encontram-se listados na tabela 2.

Tabela 2: Moléculas que apresentaram diferentes conformações, diferença de energia relativa

calculada pelo Spartan 10[58]

e diferença de energia após a otimização.

CÓDIGO FÓRMULA Erel (AM1) Kcal/mol

Erel (DFT) kcal/mol

A3

PEt3

- 0,30

A3b 0,00 0,00

A3c 0,71 1,06

A5

PPr(i)3

- 1,50

A5b 0,00 0,00

A5c 0,03 0,00

A5d 0,15 0,00

A8

PBu(s)3

- 2,37

A8b 0,00 0,05

A8c 0,01 1,01

A8d 0,16 0,04

A8e 0,18 0,00

A8f 0,25 0,82

A8g 0,44 0,89

A8h 1,20 1,77

As estruturas que apresentaram diferentes conformações foram A3, A5 e

A8. Para diferenciar essas conformações, foi adicionada uma letra minúscula ao

lado do número seguindo a ordem alfabética. Na terceira coluna observa-se a

diferença de energia relativa entre as conformações em kJ/mol, excluindo a estrutura

inicial desenhada manualmente, já na última coluna estão os valores de diferença de

energia das estruturas, em kcal/mol, após a otimização das mesmas, nota-se que as

estruturas que apresentam o valor zero foram as mais estáveis.

No caso do composto A3, as três conformações foram usadas para o cálculo

do deslocamento químico, pois a diferença de energia entre elas foi considerável. Já

no caso do A5, três conformações não apresentaram diferença de energia e a

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46

comparação entre elas o programa GaussView 5.0[59] mostrou que se tratava de

estruturas idênticas, portanto só a mais estável foi mantida (A5b) e as outras duas

foram descartadas. E por último, o composto A8 apresentou duas conformações

idênticas e de mesma energia, a A8b e A8d, dessa forma, a primeira foi mantida e a

segunda descartada. Após essa avaliação, foram definidas 27 estruturas otimizadas

para o cálculo do deslocamento químico, elas são mostradas nas figuras 11 e 12.

Figura 11: Estruturas otimizadas das moléculas A1, A2, A3, A4, A5, A6, A7, A8, A9, A10 e A11 de fósforo trivalente que foram usadas no cálculo do deslocamento químico de RMN de

31P.

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47

Figura 12: Estruturas otimizadas das moléculas A12, A13, A14, A15, A16, A17 e A18 de fósforo trivalente que foram usadas no cálculo de deslocamento químico de

31P.

As moléculas mostradas na figura 11 tiveram sua geometria otimizada na

condição de fase-gás e considerando a solvatação por parte do mesmo solvente

usado para a obtenção do valor experimental. Uma vez determinada a geometria de

menor energia, foi feito o cálculo do tensor de blindagem (ς) do 31P, utilizando o

método GIAO, o funcional M06-L e o conjunto-base def2-TZVP, também em fase-

gás e em solvente. Para determinar o deslocamento químico de RMN (δ), foi usada

a equação 10, tendo como referência o tensor de blindagem H3PO4 (85%), cujo valor

é 328,35 ppm. É importante ressaltar que esse valor de referência foi determinado

experimentalmente, uma vez que é extremamente difícil reproduzir um sistema

aquoso como o H3PO4 (85%), inviabilizando a determinação teórica do tensor de

blindagem dessa espécie[44].

Uma vez calculado o deslocamento químico do 31P para todas as espécies,

foi feita uma distribuição de Boltzmann, para determinar a probabilidade de uma

molécula se encontrar em determinado estado e, assim, definir a contribuição de

cada conformação para o valor total do deslocamento químico. Para isso, foram

usadas as equações 11 e 12, para calcular a probabilidade e o deslocamento

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48

químico respectivamente. Também foi calculado o erro absoluto (equação 13) para

dimensionar a diferença entre o valor teórico e o valor experimental.

Eq. 13

Na tabela 3 abaixo, encontram-se listados os valores de deslocamento

químico experimental, teórico e o erro absoluto calculado.

Tabela 3: Deslocamento químico de RMN de 31

P calculado em fase gás e em solvente para

compostos de fósforo trivalente.

Molécula δexp

(ppm) δteórico – fase

gás (ppm)

δteórico – em solvente

(ppm) Eabs (ppm)

Condições Experimentais

A1 -240,0[43] -236,1 - 3,9 Fase gás

A2 -63,0[45] -56,3 - 6,7 Fasegás

A3 -20,1[62] -23,7 -22,5 -3,6a -2,4b

Benzeno

A4 -33,0[63] -29,3 - 3,7 Fase gás

A5 19,3[45] 11,8 13,2 -7,5ª -6,1b

Benzenoc

A6 -32,7[62] -39,0 -38,5 -6,3ª -5,9b

Benzeno

A7 -45,3[64] -43,5 -42,9 1,8ª -2,4b

Benzenoc

A8 7,9[65] 9,1 10,6 1,2ª 2,7b

Benzenoc

A9 61,1[66] 57,3 57,5 -3,8ª -3,6b

Benzenoc

A10 244,2[67] 297,0 - 52,9 -

A11 -163,5[68] -152,6 -151,4 10,9ª 12,1b

Dietiléter

A12 191,2[69] 204,9 211,6 13,7ª 20,4b

Benzenoc

A13 184,0[70] 209,8 - 25,8 -

A14 186,0[71] 180,3 - -5,7 -

A15 -99,5[70] -90,6 - 8,9 -

A16 92[72] 95,3 - 3,3 -

A17 90,5[73] 82,0 - -8,5 -

A18 -7,0[62] -3,0 0,0 4,0a 7,0b

Benzeno

a: erro padrão entre o teórico em fase-gás e o experimental. b: erro padrão entre o teórico em solvente e o experimental. c: solvente deuterado.

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49

Na tabela 3 encontram-se os dados de deslocamento químico de RMN de

31P para os compostos de fósforo trivalente. Devido ao fato desses valores variarem

em uma extensa faixa(aproximadamente entre -300 e 300 ppm), erros absolutos de

até 15 ppm foram considerados aceitáveis, dessa forma, é possível observar que

tanto os valores calculados em fase gás, quanto os valores em solvente, se

aproximaram dos valores experimentais, exceto para os compostos A10 (CH3PF2) e

A13 (CH3PBr2)que apresentaram erros absolutos de 52,9 e 25,8 ppm

respectivamente, e para o A12 (CH3PCl2), que teve seu erro elevado de 13,7 para

20,4 ppm ao se considerar o efeito da solvatação.

Os desvios observados para os compostos A12 e A13 já eram esperados

devido aos efeitos relativísticos que são mais pronunciado em elementos de elevado

número atômico (a partir do terceiro período da tabela periódica) e que não foram

corrigidos durante o cálculo. Inclusive, observa-se um aumento de 12,1 ppm no erro

ao trocar o Cl (Z=17) pelo Br (Z=35), considerando ambos em fase gás[44].Em

contrapartida, o erro associado ao CH3PF2 (A10) se deve à dificuldade de se

reproduzir o comportamento extremamente eletronegativo do átomo de flúor.

Para efeito de comparação entre os valores teóricos com os valores

experimentais, além da tabela, foram feitos dois gráficos de dispersão, um

comparando os resultados adquiridos em fase gás (gráfico 1) e outro para os

resultados em solvente (gráfico 2). Os dois são mostrados a seguir.

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50

Gráfico 1: Dispersão dos dados teórico e experimental de deslocamento químico de RMN de 31

P para as moléculas de fósforo trivalente em fase gás.

Gráfico 2: Dispersão dos dados teórico e experimental de deslocamento químico de RMN de 31

P para as moléculas de fósforo trivalente em solvente.

Os gráficos de dispersão acima apresentam uma linha em preto que

representa os valores experimentais de deslocamento químico, e pontos em azul

que representam os valores teóricos; quanto mais afastado da linha o ponto estiver,

mais distante do valor experimental. Nesse caso, nota-se em ambos os gráficos que,

R² = 0.9897

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

-300 -200 -100 0 100 200 300

δ t

rico

(p

pm

)

δ experimental (ppm)

Dispersão dos dados para moléculas de fósforo trivalente em fase gás

CH3PF2

R² = 0.9897

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

-300 -200 -100 0 100 200 300

δ t

rico

(p

pm

)

δ experimental (ppm)

Dispersão dos dados para os compostos de fósforo trivalentes em solvente

CH3PF2

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de fato, o composto cujo valor calculado mais diverge do valor experimental é o

CH3PF2. Outra informação importante resultante desses gráficos é o coeficiente de

correlação linear (R²), que mensura o quanto os valores calculados se aproximaram

dos dados experimentais, sendo R² = 1,00 o ideal, em que os valores calculados são

idênticos aos experimentais. Dito isso, pode-se analisar que, apesar das

divergências, o uso do funcional M06-L e do conjunto base def2-TZVP se mostrou

adequado para o cálculo do deslocamento químico de 31P para esse grupo de

moléculas, tendo um R² = 0,989.

Esse coeficiente também mostra que considerar o meio de solvatação

utilizando o modelo PCM do método SCRF não resultou em mudanças significativas

nos resultados, uma vez que o valor de R² foi o mesmo tanto para a fase gás, quanto

para o uso do solvente. Entretanto deve-se ressaltar que o solvente não foi

considerado em todos os casos, uma vez que não foram encontrados dados do

solvente usado experimentalmente para alguns dos compostos estudados.

5.2 MOLÉCULAS CONTENDO FÓSFORO PENTAVALENTE

O segundo grupo de moléculas estudado foi o de compostos contendo

fósforo pentavalente (figura 10). Assim como no caso anterior, as moléculas desse

grupo foram submetidas a um cálculo no programa Spartan 10[58] para verificar a

possibilidade de diferentes conformações, entretanto nenhuma delas apresentou

mais de uma conformação. Feito isso, prosseguiu-se com a otimização da geometria

e o cálculo das freqüências vibracionais empregando o funcional M06-L e o conjunto

base def2-TZVP, o mesmo usado anteriormente. As estruturas otimizadas são

mostradas na figura 13.

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Figura 13: Estruturas otimizadas das moléculas B1, B2, B3, B4, B5, B6, B7, B8, B9, B10, B11, B12,

B13, B14 e B15 de fósforo pentavalente que foram usadas no cálculo do deslocamento químico de

RMN de 31

P.

As estruturas otimizadas, em fase gás e em solvente, foram submetidas ao

cálculo de deslocamento químico de RMN de 31P empregando o método GIAO e

utilizando o mesmo funcional e conjunto base citado anteriormente. Os resultados

forneceram o valor dos tensores de blindagem (ς) que foram usados para calcular os

deslocamentos químicos de RMN (δ) de 31P por meio da equação 10, tendo o H3PO4

(85%) como referência. Os valores obtidos encontram-se descritos na tabela 4.

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Tabela 4: Deslocamento químico de RMN de 31

P calculado em fase gás e em solvente para

compostos de fósforo pentavalente.

Molécula δexp

(ppm)

δteórico – fase gás (ppm)

δteórico – em solvente

(ppm)

Eabs (ppm)

Condições Experimentais

B1 32,0[45] 17,0 25,9 -15,0d -6,1e

Benzeno

B2 43,1[74] 36,3 41,6 -6,8d -1,5e

n-Hexano

B3 25,1[45] 31,5 33,4 6,4d 8,3e

DMSO

B4 6,0[75] 34,2 - 28,2 -

B5 -80,3[76] -57,5 - 22,8 -

B6 -81,0[77] 19,4 17,8 100,4d 98,8e

Diclorometano

B7 -29,9[78] -15,6 - 14,3 -

B8 -15,9[79] -11,7 -8,6 4,2d 7,3e

Benzeno

B9 59,1[44] 25,4 36,4 -33,7d -22,7e

Clorofórmio

B10 53,6[80] 51,7 - -1,9 -

B11 33,2[81] 48,8 - 15,6 Águaf

B12 -146,0[45] -117,9 -118,2 28,1d 27,8e

Benzenof

B13 86,5[67] 112,0 - 25,5 -

B14 -295,0[82] -114,5 -114,4 180,5d 180,6e

Diclorometano

B15 8,0[78] 13,2 - 5,2 - d: erro padrão entre o teórico em fase-gás e o experimental. e: erro padrão entre o teórico em solvente e o experimental. f: solvente deuterado.

No caso dos compostos de fósforo pentavalente, o número de moléculas

que apresentaram grande divergência entre o valor calculado e o experimental foi

maior. Das 15 moléculas estudadas, praticamente metade apresentaram erro

absoluto maior do que 15 ppm, foram elas: B4 ( ), B5 (

), B6 ( ), B9 ( ), B12 ( ),

B13 ( ) e B14 ( ).

Inúmeros fatores podem explicar os desvios apresentados por essas

moléculas. Compostos iônicos como B4 (PO43-), B12 (PF6

-), B13 (PCl4+) e B14

(PCl6-) precisam que o cálculo leve em consideração o sistema como um todo,

incluindo os pares iônicos[45], o que não foi feito nesse estudo.

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O erro associado ao B5 (PF5) pode ter origem na geometria otimizada da

estrutura, uma vez que os valores das distâncias de ligação P-F axial e equatorial

calculados foram 1,542 e 1,581Å respectivamente, enquanto os valores

experimentais obtidos por difração de elétrons são 1,534 e 1,577Å [MICHELS, 1990].

Essa diferença entre as distâncias de ligação teórica e experimental pode ser

decorrência da dificuldade em reproduzir a eletronegatividade do átomo de flúor.

Já o composto B6 (PCl5), que apresentou um dos maiores erros absoluto,

pode ter esse comportamento justificado pelo fato da espécie PCl5ser um sólido

iônico e estar dissociado em solução de acordo com o equilíbrio apresentado no

esquema 7[83].

Esquema 7: Equilíbrio de dissociação do PCl5[83]

.

Nesse caso, o fato do modelo teórico considerar a molécula de forma isolada

impede que essa situação seja representada no cálculo, o que faz com que o

mesmo não descreva esse sistema adequadamente, o que resulta no erro

observado. Além disso, o cloro é um elemento do terceiro período da tabela

periódica, portanto, sofre uma influência considerável dos efeitos relativísticos.

Por fim, o composto B9 (Me3PS) foi o único que teve seu valor de

deslocamento químico consideravelmente melhorado com a adição do efeito de

solvatação (de -33,7 para -22,7 ppm), essa pequena divergência que ainda é

observado pode ter como origem, também, os efeitos relativísticos não

considerados.

Assim como foi feito para o grupo das moléculas de fósforo trivalente, os

dados obtidos para as moléculas de fósforo pentavalente foram organizados em

gráficos de dispersão, novamente separados em valores calculados em fase gás

(gráfico 3) e valores calculados em solvente (gráfico 4).

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Gráfico 3: Dispersão dos dados teórico e experimental de deslocamento químico de RMN de 31

P para as moléculas de fósforo pentavalente em fase gás.

Gráfico 4: Dispersão dos dados teórico e experimental de deslocamento químico de RMN de 31

P para as moléculas de fósforo pentavalente em solvente.

Novamente os gráficos de dispersão apresentam uma linha em preto que

representa os dados de deslocamento de 31P experimentais, enquanto os pontos em

azul representam os valores teóricos.

R² = 0.7861

-350

-300

-250

-200

-150

-100

-50

0

50

100

150

-350 -300 -250 -200 -150 -100 -50 0 50 100 150

δ t

rico

(p

pm

)

δ experimental (ppm)

Dispersão dos dados para moléculas de fósforo pentavalente em fase gás

PCl6-

PCl5

R² = 0.8077

-350

-300

-250

-200

-150

-100

-50

0

50

100

150

-350 -300 -250 -200 -150 -100 -50 0 50 100 150

δ t

rico

(p

pm

)

δ experimental (ppm)

Dispersão dos dados para moléculas de fósforo pentavalente em solvente

PCl5

PCl6-

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Nesses, observa-se que as moléculas cujos valores calculados mais se

afastaram dos experimentais foram o PCl6- e o PCl5, entretanto os outros se

mantiveram próximos. Já o coeficiente de correlação linear (R²) resultante dos dados

em fase gás é R² = 0,786, valor distante de 1,00 e que demonstra que os valores

teóricos não estão tão de acordo com os experimentais, entretanto observa-se uma

melhora no conjunto de dados ao se considerar o efeito de solvatação, uma vez que

o segundo gráfico apresenta R² = 0,807.

Apesar de ainda estar longe do valor ideal, a melhora no cálculo do

deslocamento químico de 31P, do grupo B como um todo, ao incluir o efeito de

solvatação no estudo demonstra que, ao contrário do observado para as trivalentes,

esse é um fator de influência nos resultados das moléculas de fósforo pentavalente.

Entretanto a acuracidade dos valores depende, ainda, da consideração de outros

efeitos e de melhores descrições dos sistemas apresentados.

6. CONCLUSÃO

Neste trabalho foi realizada, além de uma revisão bibliográfica sobre a

importância industrial dos processos de metátese de olefinas e dos estudos acerca

dos catalisadores usados nesses processos, uma avaliação teórica do desempenho

de um funcional e de um conjunto base no cálculo de deslocamento químico de 31P.

Para essa avaliação utilizou-se dois grupos de moléculas, um com estruturas

contendo fósforo trivalente e outro com moléculas contendo fósforo pentavalente,

isso garantiu a representação de duas classes diferentes de compostos

organofosforados e permitiu uma ampliação na aplicação dos resultados.

A junção do funcional M06L e do conjunto base def2-TZVP apresentou um

excelente resultado para as moléculas do grupo A (fósforo trivalente). Esse resultado

é de extrema importância para o estudo de catalisadores organometálicos, uma vez

que o funcional supracitado é parametrizado para descrever metais de transição e as

fosfinas são ligantes amplamente empregados nesse tipo de catalisador. Dessa

forma, pode-se usar um único funcional e conjunto base para estudar os

catalisadores e os deslocamentos químicos de 31P de seus ligantes fosforados.

Já para as moléculas do grupo B (fósforo pentavalente), apesar do

coeficiente de correlação linear demonstrar que os valores calculados se

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distanciaram dos experimentais, isso se deve principalmente às duas moléculas que

apresentaram maior erro absoluto, o PCl5 e o PCl6-, cujos erros foram 100,4 e 180,5

ppm. Com exceção dessas duas, os valores calculados para as moléculas desse

grupo permaneceram próximos aos experimentais e melhoraram com a adição do

efeito de solvatação, demonstrando a importância de se levar em consideração esse

efeito ao estudar esse tipo de composto.

Em suma, os resultados obtidos mostram que os sistemas organofosforados

foram bem descritos pelo M06L/def2-TZVP e que esse funcional é uma opção viável

para o cálculo de deslocamento químico de 31P utilizando o método GIAO. Para

além disso, também avalia a importância de incluir o efeito de solvatação na

otimização das estruturas e no cálculo de deslocamento, importância essa que é

observada no caso dos compostos de fósforo pentavalente e não observada para os

compostos de fósforo trivalente.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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