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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DE SAÚDE
CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
MANEJO REPRODUTIVO EM BOVINOS DE CORTE
CURITIBA 2008
ii
Fernando Guerra
MANEJO REPRODUTIVO EM BOVINOS DE CORTE
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito para obtenção do titulo de Médico Veterinário. Orientador: Prof. Welington Hartmann
CURITIBA 2008
i
Reitor Prof. Luiz Guilherme Rangel Santos Pró-Reitor Administrativo Sr. Carlos Eduardo Rangel Santos Pró-Reitora Acadêmica Profª Carmen Luiza da Silva Secretário Geral S. Bruno Carneiro da Cunha Diniz Diretor da Faculdade de Ciências Biológicas e de Sa úde Prof. João Henrique Faryniuk
Coordenadora do Curso de Medicina Veterinária Prof.ª Ana Laura Angeli Campus Barigui Rua: Sydnei A. Rangel Santos, 238 – Santo Inácio CEP: 80.010-330 – Curitiba – PR Fone: (41) 3331 - 7953
ii
TERMO DE APROVAÇÃO
Fernando Guerra
MANEJO REPRODUTIVO DE BOVINOS DE CORTE
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado e aprovado para a obtenção do título de Graduação em Medicina Veterinária no Curso de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná.
Curitiba, 11 de novembro de 2008
COMISSÃO EXAMINADORA
Presidente: Prof. Welington Hartmann
Universidade Tuiuti do Paraná
Prof. Beatriz Calderari Vianna
Universidade Tuiuti do Paraná
Prof. Marcelo Arne Feckinghaus
Universidade Tuiuti do Paraná
iii
APRESENTAÇÃO
Este Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), apresentado ao curso de
Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da
Universidade Tuiuti do Paraná, é um requisito parcial para a obtenção do título de
Médico Veterinário. O trabalho contém relatório de estágio, no qual são descritas as
atividades realizadas durante o período de 21 de julho a 20 de setembro de 2008, na
Fazenda Fortuna, localizada no município de Nova Canaã do Norte – MT.
DEDICO
Aqueles que acreditaram em meu potencial e que sempre me incentivaram a
seguir em frente.
A minha mãe, Anna Cristina e ao meu pai, Mauri, por todas as orações,
palavras de ânimo e coragem que me apoiaram neste tempo. Por estarem sempre
presentes do meu lado, me orientando e incentivando para a realização dos meus
sonhos e por serem o alicerce da minha vida.
As minhas avós por sempre almejarem minha felicidade.
Aos mestres por dividirem seus conhecimentos e incentivo, para que eu
pudesse aos poucos construir minha carreira.
E especialmente a Deus e ao meu pai, que me guiaram para esta profissão e
que continuam me mostrando os melhores caminhos a seguir.
v
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por me dar forças, sabedoria e coragem para enfrentar
todos os obstáculos.
À minha mãe, Anna Cristina, ao meu pai, Mauri por compreenderem que os
deixassem de lado em alguns momentos para a realização do desenvolvimento do
presente relatório de estágio. Além do importante apoio que me dão na vida pessoal
e profissional.
Aos professores Aurelino Menarim Júnior e Welington Hartmann, pela sua
paciência e compreensão, as orientações deles foram imprescindíveis para a
realização deste trabalho de conclusão de curso. Além disso, são excelentes
professores, grandes amigos, aos quais tenho grande admiração e gratidão.
Aos proprietários, médicos veterinários e funcionários da Fazenda Fortuna por
terem me acolhido e demonstrado um imenso companheirismo durante o período de
estágio.
A grande parceira, amiga e irmã, Caroline, por estar acreditando junto comigo
na realização de meus ideais.
A minha namorada, Stephanie, por sua paciência, calma e dedicação. Pelos
momentos felizes que me proporcionou.
vi
Ensinai a vossos filhos que a terra é nossa mãe. Dizei a eles, que a
respeitem, pois tudo o que acontecer à terra, acontecerá aos filhos da terra.
7
SUMÁRIO
RESUMO.................................................................................................. 9 LISTA DE TABELAS ................................................................................ 10 LISTA DE FIGURAS ............................................................................... 11 1 INTRODUÇÃO ....................................................................... 12 1.1 A RAÇA NELORE .................................................................. 14
2. LOCAL DO ESTÁGIO ............................................................. 17
2.1. MANEJO DO REBANHO........................................................ 17
3.
ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ........................................... 19
4. FISIOLOGIA DA REPRODUÇÃO ........................................... 20
5. RELATÓRIO DAS ATIVIDADES. ........................................... 26
5.1. TRANSFERÊNCIAS DE EMBRIÕES...................................... 26
5.1.1. Revisão da literatura............................................................... 26
5.1.1.1. Seleção e manejo da vaca doadora........................................ 27
5.1.1.2. Escolha do touro...................................................................... 28
5.1.1.3. Seleção e manejo das receptoras........................................... 28
5.1.1.4. Manejo sanitário...................................................................... 30
5.1.1.5. Manejo nutricional................................................................... 30
5.1.1.6. Superovulação das doadoras ................................................ 30
5.1.1.7. Aplicação do protocolo de superovulação............................... 33
5.1.1.8. Inseminação........................................................................... 33
5.1.1.9. Colheita de embriões............................................................... 34
5.1.1.10. Manipulação dos embriões...................................................... 37
5.1.1.11. Avaliação dos embriões.......................................................... 38
5.1.1.12. Envase dos embriões.............................................................. 40
5.1.1.13 Protocolo para inovulação de embriões em tempo fixo........... 41
5.1.1.14. Inovulação................................................................................ 42
5.2. INSEMINAÇAO ARTIFICIAL EM TEMPO FIXO (IATF) ......... 43
5.2.1. SELEÇÕES DAS VACAS PARA IATF.................................... 46
5.2.2. MANEJO SANITÁRIO.............................................................. 46
5.2.3. MANEJO NUTRICIONAL......................................................... 46
8
5.2.4. PROTOCOLOS REALIZADOS DURANTE O ESTÁGIO......... 48
5.2.4.1. Primeiro grupo de vacas.......................................................... 48
5.2.4.2. Segundo grupo de vacas......................................................... 49
5.2.4.3. Terceiro grupo de vacas.......................................................... 51
6 CONCLUSÂO. ........................................................................ 54
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................ 55
9
RESUMO
O presente relatório tem por objetivo descrever as atividades realizadas no estágio curricular desenvolvido no período de 21 de julho a 20 de setembro de 2008 na Fazenda Fortuna, localizada no município de Nova Canaã do Norte-MT, totalizando 360 horas. Este estágio teve como meta o aperfeiçoamento profissional na área de reprodução animal. Supervisionado pelo Dr. Welington Hartmann professor da UTP e sob orientação profissional do Dr. Aurelino Menarim Junior. Durante o período de estágio foram realizadas as seguintes atividades: cirurgia de desvio lateral peniano-rufião (30 cab.); congelamento de sêmen (500 doses); transferência de embriões (40 embriões); inseminação artificial em tempo fixo (580 cab.); palpação para avaliar o momento do ciclo estral (351 cab.), diagnóstico de gestação (253 cab.), atendimento a parto distócico (01 cab), retenção de placenta (02 cab.), vacinação de brucelose (74 cab.), práticas zootécnicas em bezerros (210 cab.) e palestra sobre bem-estar animal (01). Palavras-chave: transferência de embriões, inseminação artificial em tempo fixo e reprodução animal.
10
LISTA DE TABELAS TABELA 1 BALANÇO DA PECUÁRIA BOVÍDEA DE CORTE (2004 A
2008).......................................................................................
13
TABELA 2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS DURANTE O ESTÁGIO.... 19
TABELA 3 HORMÔNIOS ENVOLVIDOS NA REPRODUÇÃO COM
SUAS RESPECTIVAS ORIGENS, FUNÇÕES BÁSICAS E
ESTRUTURA QUÍMICA..........................................................
25
TABELA 4 DESCRIÇÃO DOS ESCORES DE CONDIÇÃO CORPORAL
EM BOVINOS.........................................................................
29
TABELA 5 DOADORAS DE EMBRIÕES SUBMETIDAS AO
PROTOCOLO DE TRANFERÊNCIA DE EMBRIÕES............
32
TABELA 6 RESULTADOS OBTIDOS EM VACAS NELORE PO,
SUBMETIDAS AO PROTOCOLO DE TE...............................
32
11
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 EXEMPLAR DA RAÇA NELORE............................................. 16
FIGURA 2 INTER-RELAÇÕES NO CONTROLE DA FUNÇÃO REPRODUTIVA
DA FÊMEA.....................................................
22
FIGURA 3 NÍVEIS HORMONAIS DURANTE O CICLO ESTRAL DA
VACA........................................................................................
24
FIGURA 4 DILATADOR EM AÇO INOX PARA A DILATAÇAO DA
CERVIX....................................................................................
35
FIGURA 5 MEIO DE CULTURA PARA LAVAGEM UTERINA (PBS
DULBECCO)............................................................................
36
FIGURA 6 CIRCUITO EM Y PARA COLETA DE EMBRIÕES.................... 36
FIGURA 7 FILTRO DE COLETAS DE EMBRIÕES.................................... 36
FIGURA 8 MEIO PARA MANUTENÇÃO DE EMBRIÕES EM PERÍODO DE
TEMPO DE ATÉ 9 HORAS EM AR ATMOFÉRICO EM
TEMPERATURA DE 18 °C a 25°C........................ ....................
37
FIGURA 9 ENVASE DOS EMBRIÕES........................................................ 40
FIGURA10 DISPOSITIVO COM PROGESTERONA + BE + eCG +
PGF2α.......................................................................................
41
FIGURA11 CONCENTRAÇÃO DA ESTAÇÃO DE
NASCIMENTOS........................................................................
44
FIGURA12 PROTOCOLO PARA O PRIMEIRO GRUPO DE VACAS......... 48
FIGURA13 PROTOCOLO PARA O SEGUNDO GRUPO DE VACAS......... 49
FIGURA14 HORMÔNIO PROGESTERONA + ESTRADIOL....................... 50
FIGURA15 IMPLANTE VAGINAL DE PROGESTERONA COM O
ESPÉCULO...............................................................................
50
FIGURA16 FOLLIGON (ECG)...................................................................... 50
FIGURA17 PROTOCOLO PARA O TERCEIRO GRUPO DE VACAS........ 51
FIGURA18 ESTROGIN (BENZOATO DE ESTRADIOL).............................. 52
FIGURA19 IMPLANTE VAGINAL DE PROGESTERONA (CIDR)............... 52
FIGURA20 APARELHO PARA COLOCAÇÃO DO CIDR, PRONTO PARA SER
UTILIZADO........................................................................
52
FIGURA21 LUTALYSE (DINOPROST TROMETAMINA PGF2α.... 53
FIGURA22 CIPIONATO DE ESTRADIOL (E.C.P)....................................... 53
12
1. INTRODUÇÃO
A pecuária de corte é uma das mais importantes atividades do agronegócio
no Brasil. A área de pastagens, corresponde em sua maioria por forragens tropicais,
as quais têm como característica a abundância no período chuvoso e a escassez
durante o período da seca no clima característico da região centro-oeste, tanto em
qualidade como em quantidade, sendo um desafio ao sistema de produção de
carne.
Visto que esta é a realidade do Brasil temos a necessidade de procurar
alternativas que a tornem competitiva. Para isso, é necessário um rebanho mais
aprimorado geneticamente, com manejo mais eficiente das categorias, treinamento
da mão-de-obra, utilizando o gerenciamento de informações, forragens, estação de
montas, calendário de vacinações, descarte dos animais inférteis, e realização do
exame andrológico dos touros. Tudo isso nos leva a uma pecuária cada vez mais
especializada, aumentando-se a eficiência dos fatores terra, capital, e mão-de-obra,
tornando-se, assim, uma atividade empresarial (SABELLA, 2008).
É necessário, também, que o pessoal habilitado tenha passado por um
treinamento adequado, uma vez que a rentabilidade do pecuarista está ligada de
forma proporcional à profissionalização dessa atividade.
Fatores nutricionais, sanitários, genéticos e principalmente de manejo, são as
causas dos baixos índices zootécnicos e de produtividade.
O Brasil é o maior exportador de carne do mundo. Quase 50% de toda a
carne exportada no mundo é do Brasil. A produção anual é de 7,68 milhões de
toneladas de carne.
13
O Brasil tem o maior rebanho bovino comercial do mundo, superando,
inclusive, o número de habitantes no país, estimado em 190,2 milhões.
O efetivo do rebanho brasileiro esta estimado em 191,2 milhões de animais, o
que representou um crescimento em relação aos outros anos (CNPC, 2008). O
Brasil exporta carne bovina para mais de 100 países, consolidando sua posição
como o maior exportador mundial de carne. Os dados constam da Pesquisa da
Pecuária Municipal (PPM) divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE, 2004).
A carne bovina brasileira é muito procurada porque quase a totalidade de
nossos rebanhos é criado em pastos, sendo denominada de boi verde, que se
alimenta da forma mais natural possível, ao contrário de outros países que criam em
confinamentos, com ração a base de proteínas de origem animal. A caracterização
da pecuária de corte no Brasil está apresentada na Tabela 1.
TABELA 1: BALANÇO DA PECUÁRIA BOVÍDEA DE CORTE (2004 A 2008)
FONTE: CONSELHO NACIONAL DA PECUÁRIA DE CORTE, 2008.
2004 2005 2006 2007* 2008
População (milhões de habitantes) 180,0 182,6 185,2 187 ,7 190,2
Rebanho Bovino (milhões) 197,8 200,3 199,1 193,1 191,2
Taxa de Abate 20,94% 21,50% 22,28% 23,30% 21,18%
Abate (milhões) 41,4 43,1 44,4 45,0 40,5 Produção/Carne (mil ton. eq. C arc)1 8.350,0 8.775,9 9.052,7 9.296,7 9.011,3 Consumo per capita (kg eq. carc.) 36,4 36,3 37,2 37,1 37,0 Consumo interno (mil ton. eq. carc.) 6.548,9 6.627,5 6.881,2 6.971,7 7.036,3 Exportação (mil ton. equiv. carcaça) 1.854,4 2.197,6 2.200,0 2.350,0 2.000,0 Importação (mil ton. equiv. carcaça) 53,3 49,2 28,5 25,0 25,0 Exportação (US$ milhões) 2.457,3 3.032,8 3.800,0 4.500,0 4.700,0 Importação (US$ milhões) 72,2 80,2 63,0 75,5 75,5
14
1.1. A RAÇA NELORE
O Nelore veio da Índia onde era chamado de Ongole. Habitava uma região
rica em calcário e fosfatos, gerando bovinos de grande porte. Mais para o interior o
solo era mais pobre deixando a mesma raça inferior. Por volta de 1868 foram
introduzidos os primeiros animais ao Brasil, dez anos depois Manoel Ubelhart
Lembgruber importou mais alguns animais. Posteriormente foram introduzidas
outras partidas diretamente da Índia. A partir daí o Nelore foi, aos poucos, se
expandindo. Em 1938 foi criado o Registro Genealógico para começar a definir as
características da raça (ABCZ, 2008).
Apresentam pelagem branca ou cinza-clara, sendo que os machos
apresentam o pescoço e o cupim normalmente mais escuros. Ocorrem ainda, em
uma escala bem menor, outras pelagens, diferentes daquelas denominadas "ideais",
que são permitidas no padrão da raça. São elas: vermelha, amarela, preta e suas
combinações com o branco, formando as pelagens malhadas ou pintadas de
vermelho, amarelo ou preto (ABCZ, 2008).
A pele é preta ou escura, fator que funciona como protetor contra os raios
solares, solta, fina, flexível, macia e oleosa. Os pêlos são claros, curtos, densos e
medulados (ABCZ, 2008).
A cabeça tem formato de ataúde, com a cara estreita, arcadas orbitárias não
salientes e perfil sub-convexo. A fronte é descarnada, apresentando uma linha
média no crânio, no sentido longitudinal, uma depressão alongada (goteira).
O chanfro é reto, largo e proporcional nos machos. Nas fêmeas, é estreito e
delicado. O focinho preto e largo, com as narinas dilatadas e bem afastadas, é outra
característica da raça. A boca tem abertura média e lábios firmes.
15
As orelhas do Nelore são curtas, com boa simetria entre as bordas superior e
inferior, terminando em ponta de lança, e a face interna do pavilhão deve ser voltada
para frente e apresentar movimentação (ABCZ, 2008).
Os chifres são de cor escura, firmes, curtos de forma cônica, mais grossos na
base, achatados e de seção oval, de superfície rugosa e estrias longitudinais.
Nascem para cima, acompanhando o perfil, bem implantados na linha da marrafa,
assemelhando-se a dois paus fincados simetricamente no crânio. Com o
crescimento, podem dirigir-se para fora, para trás e para cima, ou curvando-se para
trás e para baixo. São permitidos chifres móveis, rajados de brancos, assimétricos
ou com pontas ligeiramente curvadas para frente. Nas fêmeas podem se apresentar
em forma de lira estreita e alongada, não convergentes nas pontas (ABCZ, 2008).
A ausência de chifres é permitida, constituindo-se na variação mocha da raça,
cujo registro genealógico remonta ao ano de 1961. Nos animais mochos é permitida
a ocorrência de calo ou batoque; respectivamente, um sinal com espessamento da
pele, sem pêlos e sem protuberância córnea e, um rudimento de chifre. Ambos são
observados na região onde naturalmente estariam inseridos os chifres.
Os machos apresentam musculatura compacta e bem desenvolvida, com
barbela solta pregueada, umbigo curto, bainha e prepúcio leves. As fêmeas
apresentam musculatura menos desenvolvida, assim como a barbela. O úbere é
pequeno, apresentando tetos de tamanho médio e muito funcional. O cupim é bem
implantado sobre a cernelha, desenvolvido, em forma de rim ou castanha de caju,
apoiando-se sobre o dorso nos machos. Nas fêmeas é menos desenvolvido e
menos caracterizado quanto à forma e apoio.
16
No estado do Paraná, as mais importantes importações ocorreram em 1961,
através do pecuarista Celso Garcia Cid, assessorado pelo professor Aurelino
Menarim Junior, representando um significativo avanço genético da raça, na região
norte do Paraná e se expandindo para o Brasil. As duas últimas e significativas
importações de reprodutores Nelore aconteceram entre os anos de 1960 e 1962.
Nesse período desembarcaram no país, em Fernando de Noronha, onde
foram submetidos à quarentena, grandes genearcas como Karvadi, Golias, Rastã,
Checurupadu, Godhavari, Padu e Akasamu que são a base formadora das principais
linhagens de Nelore.
Esta raça hoje representa mais de 80% do rebanho nacional, sofrendo um
melhoramento genético cada vez mais acentuado, tendo uma grande popularidade
devido às qualidades que possui considerando as nossas condições de criação
(extensiva). Este gado Nelore selecionado apresenta boa conformação para a
produção de carne, rusticidade, alta fertilidade, temperamento vivo e adaptam-se
facilmente ao regime de campo mesmo com pastagens de baixo valor nutritivo.
Outro ponto importante é a utilização do Nelore em cruzamentos, uma vez que a
raça transmite seus bons atributos, tanto em cruzamentos com raças européias (Bos
taurus, taurus) como com raças zebuínas (Bos taurus, indicus) (ABCZ, 2008).
FIGURA 1- EXEMPLAR DA RAÇA NELORE
17
2. LOCAL DO ESTÁGIO
A Fazenda Fortuna está localizada no município de Nova Canaã do Norte, no
estado do Mato Grosso, na rodovia MT 320, Km 105 - zona rural, aproximadamente
a 700 km de Cuiabá.
A fazenda possui no total 7018 hectares, dos quais, devido à lei, apenas 50%
são abertos correspondendo a 3509 hectares; destes, 968 ha são destinados à
agricultura, onde são plantados: soja, arroz, cana de açúcar e milho. Os 2541
hectares restantes são destinados a pecuária de corte, com aproximadamente 7600
cabeças onde é feito ciclo completo (cria, recria e engorda) em regime extensivo,
semi intensivo e intensivo; possui também como benfeitorias fábrica de ração, 3
currais com tronco e balança cada, secador para soja, confinamento para 400
cabeças, 9 casas para funcionários e barracão para o maquinário.
As atividades realizadas na Fazenda são desenvolvidas por três profissionais:
Dr. Aurelino Menarim Junior que é responsável pela reprodução, Dr. Olmiro que é
responsável pelo gerenciamento e cirurgias e o Dr. Agreste que é responsável pela
fábrica de ração e a nutrição dos animais.
2.1. MANEJO DO REBANHO
Quando os bezerros atingem um mês de idade é realizada a marcação do
ano na cara, do mês na escápula e administrado vermífugo. Com três a quatro
meses os bezerros recebem vacina contra clostridioses e as bezerras recebem a
vacina de brucelose. Nesta idade, é realizada a marcação na cara do lado esquerdo,
a qual tem o formato de um “V” e o número do ano em que recebeu a vacina. São
18
suplementados com ração, que é fabricada na própria Fazenda no sistema creep
feeding. Ao atingirem sete meses, são desmamados, recebem vacina contra
clostridioses e vermífugo, sendo feita, também, a marca da fazenda e a pesagem.
O manejo da recria é feito da seguinte maneira: os machos são castrados
quando atingem, em media, 350 Kg e são suplementados com sal mineral. Nas
vacas é feito o exame ginecológico, sendo suplementadas com sal mineral,
principalmente na época da seca. Além disso, fazem a vacinação contra aftosa duas
doses ao ano, em todo o rebanho, durante os meses de maio e novembro.
Nesta região o clima possui duas estações bem definidas: a estação chuvosa,
(verão), que corresponde aos meses de setembro a abril, e a estação seca
(inverno), que corresponde ao período do mês de maio à metade de setembro.
Nesta época as pastagens se tornam secas, fibrosas e escassas. Este fato leva à
escassez da vitamina A, a qual deve ser suplementada, uma vez que, nos animais
jovens, atua diretamente no crescimento, na reprodução, na visão, e no
funcionamento dos tecidos epiteliais, nervosos e mucosas.
Devido a este fato, a suplementação de vitaminas A, D e E é realizada
juntamente com o sal mineralizado, principalmente no período da seca
(VASCONCELLOS, 1983).
19
3. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
Durante o estágio curricular na Fazenda Fortuna foram acompanhadas
diversas atividades da rotina de bovinocultura de corte com ênfase na área de
reprodução animal (Tabela 2).
TABELA 2: ATIVIDADES DESENVOLVIDAS DURANTE O ESTÁGIO
ATIVIDADES QUANTIDADES (CABEÇAS)
Cirurgia de desvio lateral peniano (rufião) 30
Congelamento de sêmen 03 (500 doses)
Transferência de embriões 04 (40 embriões)
Inseminação artificial em tempo fixo 580
Palpação para avaliar o momento do ciclo estral 351
Diagnóstico de gestação 253
Atendimento a parto distócico 01
Retenção de placenta 02
Vacinação de brucelose 74
Práticas zootécnicas em bezerros 210
Palestra sobre bem-estar animal 01
Total de animais 1508
No presente trabalho de conclusão de curso estão apresentadas duas
atividades desenvolvidas durante o período de realização do estágio na Fazenda
Fortuna: transferência de embriões e inseminação artificial em tempo fixo.
20
4. FISIOLOGIA DA REPRODUÇÃO
Os bovinos são poliéstricos anuais, ou seja, ciclam durante o ano todo, com
duração do ciclo estral de 21 dias (18 a 24 dias), a duração do estro é de
aproximadamente 18 horas (10 a 24 horas) e o momento da ovulação é de 10 a 12
horas depois do primeiro sinal de estro.
Após a puberdade, as fêmeas bovinas apresentam mudanças cíclicas no
comportamento e na morfologia do aparelho reprodutivo. Estas mudanças são
facilmente observadas durante o cio, período em que a fêmea aceita o macho. Entre
um cio e outro, a fêmea não aceita ser coberta e este período é chamado ciclo estral
(HAFEZ, 1995).
Considerando as modificações comportamentais, hormonais e morfológicas
da fêmea, o ciclo estral é dividido em 4 fases: proestro (3 dias), estro (18 Horas),
metaestro (2 dias) e diestro (15 dias).
Proestro é o período de preparação ao estro, caracterizado por rápido
crescimento folicular por estimulação de hormônio folículo estimulante (FSH) e
regressão do corpo lúteo (CL) do último ciclo pela prostaglandina (PGF2α). O
crescimento folicular produz elevação dos níveis de estradiol, ocorrendo
edemaciação vulvar com hiperemia, elevação da atividade secretora do muco
cervical e aumento da contractilidade uterina. Ocorre também uma maior
irritabilidade da fêmea saltando sobre as outras e mugindo freqüentemente. A
duração do proestro é de 2 a 3 dias (HAFEZ, 1995).
Estro é o período em que a fêmea aceita a cópula. Durante o estro a vaca
muge freqüentemente e fica inquieta, a vulva está edemaciada e o canal cervical
21
apresenta-se relaxado, ocorrendo liberação de muco. A duração do estro varia de 12
a 18 horas (HAFEZ, 1995).
Na vaca, a ovulação ocorre no final do cio. Esta ocorre no metaestro em
torno de 3 a 4 dias.
O metaestro caracteriza-se pelo súbito desaparecimento dos sinais do cio e
inicio da formação do corpo lúteo (CL). Ocorre com ruptura do folículo e liberação do
óvulo. A cavidade do folículo é preenchida com coágulo e as células da teca e
granulosa reorganizam-se para dar origem ao corpo lúteo (CL). Diminui a
contractibilidade do útero, desaparecem a hiperemia e o edema vulvar, diminui a
secreção de muco e ocorre o fechamento do canal cervical. Metaestro dura 3 a 4
dias (HAFEZ, 1995).
No diestro ocorre o total desenvolvimento do corpo lúteo e os órgãos
reprodutivos estão sobre domínio da progesterona. As glândulas uterinas sofrem
hipertrofia, a cérvix está fechada e as mucosas genitais pálidas e secas. Em fêmeas
vazias, o diestro dura de 13 a 16 dias, indo do 4º ao 17º dia do ciclo. Se o óvulo não
for fecundado, por volta do 16º dia, o CL começa a regredir por ação da PGF2α
secretada pelo útero e o diestro é seguido pelo proestro do ciclo seguinte reiniciando
o processo (HAFEZ, 1995).
22
FONTE: INTERVET
FIGURA 2: INTER-RELAÇÕES NO CONTROLE DA FUNÇÃO
REPRODUTIVA DA FÊMEA
O sistema nervoso central recebe estímulo visual, olfatório, auditivo e tátil e
envia informações para as gônadas (ovários) via eixo hipotálamo-pituitária-gonadal.
A partir de um estímulo do sistema nervoso, o hipotálamo produz o hormônio
liberador de gonadotrofinas (GNRH). Este é transportado até o seu órgão alvo que é
o lobo anterior da hipófise, estimulando a mesma a produzir e secretar o hormônio
folículo estimulante (FSH) responsável pelo crescimento dos folículos e o hormônio
luteinizante (LH) responsável pela maturação e a ovulação, além disso, existe
terceiro hormônio denominado prolactina. Este faz parte do complexo lactogênico.
Esta ação está fundamentada na formação de complexos enzimáticos fundamentais
para a formação do leite através da estimulação da síntese das proteínas do leite.
Estes são secretados em uma série de pulsos.
23
O estradiol faz um feedback positivo no hipotálamo aumentando os pulsos de
GnRH. Quando o estradiol passa certo nível o hipotálamo responde com um pico de
GnRH, induzindo um pico de LH que inicia a ovulação e da suporte á formação do
corpo lúteo. O estradiol é responsável pelos sinais de estro, que são os
comportamentos e sinais físicos que outros animais indicam que a fêmea está em
fase fértil, permitindo a cobertura.
As células da granulosa dos ovários produzem inibina, que faz um feedback
negativo que provoca na liberação de FSH da glândula hipófise, controlando o
desenvolvimento dos folículos. Depois da ovulação, forma-se o corpo lúteo sob a
influência do LH. Esta estrutura produz basicamente progesterona e ocitocina.
A progesterona (Tabela 3) é essencial após a concepção, pois é responsável
pela manutenção da prenhez, prepara o endométrio para a nidação e inibe as
contrações uterinas que prejudicam o embrião, mas depois de 120 a 150 dias é a
placenta que produz a progesterona.
Por volta de 16 dias pós-ovulação, o endométrio do útero libera
prostaglandina (PGF2α) que é responsável pelo início da regressão do corpo lúteo.
A ocitocina também é responsável pela luteólise.
Com a regressão do corpo lúteo, as concentrações de progesterona
diminuem, removendo o bloqueio sobre a liberação de GnRH pelo hipotálamo. Isto
provoca o inicio de um novo ciclo. A fase folicular (Figura 3) é quando envolve o
crescimento folicular, cio e ovulação, e a fase luteínica quando está dominada pela
progesterona, a partir da ovulação até a luteólise (INTERVET).
A ocitocina é responsável pelas contrações uterinas tanto na hora do parto
como na hora da cobertura ou inseminação, provocando, também, a descida do leite
24
no momento da ordenha. Depois de oito meses de gestação os ovários produzem
outro hormônio chamado de relaxina e sua função é provocar a dilatação do canal
do parto (cervix, vagina e pelve), facilitando a passagem do feto na hora do parto
(INTERVET).
FONTE: INTERVET
FIGURA 3: NÍVEIS HORMONAIS DURANTE O CICLO ESTRAL DA VACA.
25
TABELA 3: HORMÔNIOS ENVOLVIDOS NA REPRODUÇÃO COM SUAS
RESPECTIVAS ORIGENS, FUNÇÕES BÁSICAS E ESTRUTURA QUÍMICA.
FONTE: INTERVET
26
5. RELATÓRIO DAS ATIVIDADES
5.1 TRANSFERÊNCIAS DE EMBRIÕES
5.1.1 Revisão da literatura
A transferência de embriões é uma biotécnica que permite recolher o embrião
de uma fêmea doadora de alto mérito genético e transferí-lo para uma receptora
(PALHANO, 2008). De 4 a 6 dias depois os embriões em desenvolvimento são
coletados através de lavagens uterinas com liquido especial (PBS Dulbecco), sendo
feita nos cornos uterinos, examinados e implantados em vacas comuns, recebendo
o nome de receptoras. (VASCONCELLOS, 1983).
Objetivos e vantagens da transferência de embriões:
• Melhorar o aproveitamento genético de doadoras e reprodutores;
• Aumentar o número de novilhas para a reposição originária das melhores
vacas;
• Aumentar a eficiência em programas de núcleos de melhoramento animal;
• Melhorar as possibilidades de execução dos programas de cruzamentos;
• Realizar com maior segurança e representatividade os testes de progênie;
• Reduzir o intervalo entre gerações;
• Possibilitar o comércio e o transporte de embriões congelados;
• Melhorar o controle sanitário do rebanho (PALHANO, 2008).
As principais etapas da transferência de embriões são:
• Seleção e avaliação ginecológica das doadoras e das receptoras;
27
• Tratamento hormonal para a superovulação das doadoras e sincronização de
cio das receptoras;
• Observação de estro nas doadoras e nas receptoras quanto à regularidade e
a intensidade;
• Inseminação das doadoras;
• Colheita e tratamento dos embriões;
• Inovulação nas receptoras (GONÇALVES, 2008).
5.1.1.1. Seleção e manejo da vaca doadora
Neste item começa um dos principais fatores determinantes do sucesso ou
mesmo do fracasso de um programa de transferência de embriões. É da mais alta
responsabilidade técnica, reunir o maior número de informações possíveis sobre a
vida e o desempenho reprodutivo de uma doadora.
A seleção das doadoras pode ser baseada em três critérios: a genética, a
habilidade reprodutiva e o valor da progênie. Mas também é muito importante a
doadora ter a idade entre 3 a 10 anos, intervalos entre partos normais e regulares,
boa fertilidade (concebam com 2 inseminações), ciclos estrais regulares, boa
conformação anatômica do trato reprodutivo, permitindo a passagem do cateter.
Mas quando se faz uma seleção visando doadoras de gado de corte
superiores, as características mais importantes são: peso ao desmame, peso ao
primeiro ano e aptidões maternas.
Infecções uterinas, retenção de placenta ou problemas de parto, vaginites ou
outras alterações infecciosas, a má condição corporal (escore corporal 1 ou 5),
presença de doenças infecto-contagiosas, e animais em condições de stress, são
28
fatores que acarretam a desclassificação das fêmeas, pois em situação de stress
não respondem ao tratamento superovulatório ou o fazem de forma deficiente.
As doadoras podem ser superovuladas repetidamente a cada 40 dias, durante
um período de 1 a 2 anos, com resultados satisfatórios (HASLER, 2003).
5.1.1.2. Escolha do touro
O sêmen a ser utilizado em um programa de TE deve ser proveniente de
touros que apresentam os melhores pedigrees e tenham alta fertilidade, devendo ser
melhoradores para aquelas características de tipo em que as doadoras são mais
fracas. Além disso, deve ser touros provados segundo programas de acasalamento
específicos para as doadoras visando imprimir características genéticas superiores,
desejáveis a sua prole (PALHANO, 2008).
5.1.1.3. Seleção e manejo das receptoras
Para seleção das receptoras deve-se levar em consideração o padrão de
qualidade, a praticidade econômica e a viabilidade. Sendo indispensável o exame
ginecológico prévio, para não selecionar receptoras com qualquer tipo de anomalia
no trato genital. Uma receptora ideal deve ser um animal jovem, com temperamento
dócil (fácil de manejar), apresentar boas condições físicas e sanitárias, com
fertilidade comprovada, tamanho corporal compatível com a raça da doadora do
embrião e habilidade materna.
Também o escore corporal é de suma importância, visto que está relacionado
com a concepção, pois este fator está ligado a produção hormonal. O escore
corporal ideal deve ficar entre 3 e 4, sendo que a escala vai de 1 a 5, como pode se
observado na Tabela 4:
29
TABELA 4: DESCRIÇÃO DOS ESCORES DE CONDIÇÃO CORPORAL EM
BOVINOS
Condição
Corporal
% Gordura
corporal
Descrição
1 5,5
Severamente magra. Costelas e estrutura óssea
facilmente visível. Fisicamente fraca.
1,5 9,4 Similar a 1, mas não enfraquecida. Pouco tecido
muscular visível.
2 13,7 Muito magra, sem gordura nas costelas ou peito. Algum
músculo visível. Ossos do dorso e lombo facilmente
visíveis.
2,5 18,1
Magra, com costelas facilmente visíveis, nas paletas e
quartos traseiros com quantidade moderada de músculo.
Ossos do dorso e lombo visíveis.
3 22,5
Moderada a magra. Últimas duas a três costelas podem
ser vistas, pouca incidência de gordura no peito, sobre
as costelas ou ao redor da inserção da cauda.
3,5 26,9 Boa aparência geral, lisa e homogênea. Alguma
deposição de gordura no peito e na inserção da cauda.
Costelas bem cobertas e dorso arredondado.
4 31,2 Muito boa. Peito cheio, inserção da cauda com
acumulação de gordura. Costelas lisas
4,5 35,6 Obesa, dorso e lombo quadrado em volta da acumulação
excessiva de gordura em volta da inserção da cauda. A
matriz tem aparência quadrada devido ao excesso de
gordura. Pescoço grosso e curto.
5 40,0 Muito obesa. Raramente vista. Deposição pesada de
gordura no úbere.
FONTE: BOUIN MODIFICADO POR HARTMANN, 2006
30
5.1.1.4 Manejo sanitário
Os animais devem ser vacinados contra febre aftosa em maio e novembro.
Estes não são submetidos a uma colheita de embrião sem que haja um intervalo de
15 dias das vacinações. A vermifugação contra endo e ectoparasitas ocorre pelo
menos com 10 dias de antecedência ao início do programa de TE; não deverão
receber tratamento a base de antibióticos e antiinflamatórios nesse mesmo intervalo
de tempo nem durante o programa. A não ser em casos de extrema necessidade.
5.1.1.5 Manejo nutricional
Tanto as Doadoras como as Receptoras devem estar sob regime
alimentar que proporcione equilíbrio entre os diversos nutrientes, não
ocasionando excesso nem deficiência nutricional, tomando cuidado para a
utilização de minerais com quantidades de cálcio e fósforo suficientes para suprir
as necessidades dos animais, sendo o ideal um escore corporal desejável entre 3
e 4. Animais com escore corporal 5 não são indicados para entrar no programa
de TE.
5.1.1.6. Superovulação das doadoras
A superovulação é o processo que permite, através de tratamento hormonal,
que se obtenha um maior número de ovulações, permitindo, assim, a fecundação de
uma maior quantidade de oócitos possíveis.
Fatores que afetam a superovulação:
• Fatores relacionados a doadoras como: idade, baixo número de folículos em
crescimento e presença de folículos dominantes nos ovários, raça e fator
individual;
31
• Fatores ambientais e nutricionais como: estação do ano e dieta;
• Fatores relacionados ao tratamento superovulatório como: dose utilizada;
• Relacionados ao sêmen;
• Fatores humanos (PALHANO, 2008).
Desde o nascimento o animal possui, em seus ovários, milhares de folículos,
mas somente parte deles completa o desenvolvimento. Um grupo de folículos se
desenvolve até o estágio de folículos terciários, e a maior parte deles entra em
atresia. Somente o folículo dominante termina o seu desenvolvimento fazendo com
que ocorra a ovulação. Esse reduz a secreção de FSH antes que os demais
terminem o seu desenvolvimento, posto que na fase pré-ovulatória, o folículo
dominante é LH dependente. Os protocolos de superovulação visam fornecer aos
demais folículos fontes suficientes de FSH antes que ocorra a dominância, fazendo,
também, com que esses se desenvolvam e venham a ovular (Tabela 5).
Os resultados obtidos no período de estágio estão apresentados na Tabela 6.
32
TABELA 5: DOADORAS DE EMBRIÕES SUBMETIDAS AO PROTOCOLO DE
TRANFERÊNCIA DE EMBRIÕES.
D0 = Inserção Dispositivo com Progesterona + BE + P4 Data base para
o início do
Protocolo de
Superovulação. MANHÃ (6 – 7:00h) TARDE (17 – 18:00h)
1º Dia de FSH D4 = 1 ª dose de FSH (4 ml) 2 ª dose de FSH (4 ml)
2º Dia de FSH D5 = 3 ª dose de FSH (3 ml) 4 ª dose de FSH (3 ml)
3º Dia de FSH D6 = 5 ª dose (2 ml) de FSH +
PGF2α
6 ª dose de FSH (2 ml) +
PGF2α
4º Dia de FSH D7 = 7 ª dose (1 ml) de FSH +
Retirar Dispositivo
8 ª dose de FSH (1 ml)
D8 = 25 mg de LH* 1 ª Inseminação Artificial
D9 = 2 ª Inseminação Artificial
COLHEITA D 15
FONTE: AURELINO MENARIN JUNIOR
TABELA 6: RESULTADOS OBTIDOS EM VACAS NELORE PO, SUBMETIDAS AO
PROTOCOLO DE TE.
NOME
DOADORA
Nº EMBRIÕES
COLETADOS
Nº EMBRIÕES
VIÁVEIS
Nº EMBRIÕES
CONGEL.
Nº EMBRIÕES
TRANSF.
EMPRESA 16 14 0 14 BUC 12 11 0 11 RVG 8 7 0 7 VR 9 8 0 8
Total 45 40 0 40 NOTA: Fazenda FORTUNA (Nova - Canaã do Norte-MT) Proprietário Mario Wolf.
33
5.1.1.7. Aplicação do protocolo de superovulação
No dia zero (DO), foi implantado o dispositivo intravaginal de progesterona
(CIDR-B®), e aplicados 2,5mg (IM) de benzoato de estradiol (Estrogin®) e 50mg
(IM) de progesterona. A partir do D4, administrou-se FSH (Folltropin-V®) em doses
decrescentes, 2 vezes ao dia durante quatro dias (seguindo o protocolo já
apresentado na tabela 5).
No D6 (7:00h) foi administrado 2 vezes (manhã e tarde) análogo de
prostaglandina PGF2α (150µg D-cloprostenol IM; Prolise, Tecnopec) e 24h após
(D7, 7:00h), o CIDR foi removido. Uma dose de LH (Lutropin-V®) IM foi aplicada 24h
após a retirada do dispositivo (D8, 7:00h). A IA foi realizada 12 e 24h após a
administração do LH. E a colheita foi feita no D15 aproximadamente 7 dias pós-
inseminação/ovulação.
As doses de FSH (Folltropin-V®) utilizadas no programa foram iguais para
todas as vacas.
Obs.: Todas as vacas já tinham passado por um programa de TE
apresentando sempre resultados satisfatórios.
5.1.1.8. Inseminação
Após o tratamento superovulatório das doadoras, devem-se observar os
sinais de estro, pois vacas superovuladas, ás vezes, não demonstram sinais de
cio. Visto isso, devemos utilizar rufiões ou outros métodos de detecção de cio
silencioso. O ponto de referência é quando é iniciado o cio. Devido às ovulações
ocorrerem por um longo período, e o deslocamento dos espermatozóides
34
estarem alterado por causa do tratamento da superovulação, é necessário
inseminar várias vezes o mesmo animal e utilizar sêmen da mais alta qualidade.
A inseminação é feita doze horas após os sinais de cio e a segunda é feita
depois de doze horas após a primeira.
O inseminador deve ser paciente e mais asséptico possível, pois o estroma
ovariano fica sensível com a superovulaçao, portanto deve ser pouco
manipulado.
5.1.1.9. Colheita de embriões
A colheita de embriões deve ser feita no sétimo dia pós-inseminação (D15).
As doadoras são colocadas em bretes estreitos. É feita a aplicação de uma
anestesia epidural baixa (5mL) de lidocaína (2%) sem vasoconstritor; antes,
porém, é feita a tricotomia e, em seguida, a lavagem com sabão anti-séptico na
região perineal, evitando que a dor causada pela massagem e distensão do útero
possam causar desconforto tanto do animal como do operador.
Feito isso, o técnico introduz um braço no reto para estimar o número de
corpos lúteos (CL), folículos e o tamanho do ovário. Em seguida, a vulva é aberta
e um dilatador cervical (Figura 4) é introduzido dentro da vagina e passado
através do orifício da cérvix, facilitando a passagem do cateter de Foley, o qual
possui, interiormente, uma haste de aço inoxidável (mandril), introduzido,
delicadamente, na vagina. O cateter, depois de passar pela cervix. Este então é
dirigido para a luz de um dos cornos uterinos, inflando seu balão para que possa
ser fixado após a bifurcação dos cornos, com mais ou menos 8 mL de ar, não
35
permitindo que o líquido extravase, entre ele e a parede do útero e
posteriormente retira-se o mandril. Aproximadamente 500 mL de meio de cultura
PBS Dulbecco (Phosphate Buffered Saline) (Figura 5) previamente aquecido a 37
graus Celsius, distribuído em frações pequenas de 30 a 50 mL, são ajustados em
equipo próprio de 0,5 cm de diâmetro interno e 1 m de comprimento para infusão.
Este é acoplado ao cateter através de um conector em forma de “Y” (Figura 6) e
a outra extremidade é conectada a um filtro de embriões (Figura 7), que deve
ficar com mais ou menos 2 cm de meio para os embriões não colarem na malha
do filtro (mllipore). Uma vez o corno preenchido com meio, com os dedos o
técnico massageia o útero para deslocar os embriões presos nas vilosidades
endometriais. O tubo de drenagem é aberto e o meio com os embriões é retirado
do útero, posteriormente é lavado mais 3 vezes e feito o mesmo no outro corno.
Uma vez que os embriões estão junto ao filtro, este conteúdo deve ser
depositado numa placa de petri, com fundo quadriculado, para facilitar a busca e
com auxilio de uma lupa, localizá-los.
FIGURA 4- DILATADOR EM AÇO INOX PARA A DILATAÇÃO DA CERVIX.
36
FIGURA 5- MEIO DE CULTURA PARA LAVAGEM UTERINA (PBS DULBECCO).
FIGURA 6- CIRCUITO EM Y PARA COLETA DE EMBRIÕES.
FIGURA 7- FILTRO DE COLETAS DE EMBRIÕES.
37
5.1.1.10. Manipulação dos embriões
Os fatores que podem afetar a viabilidade dos embriões, enquanto estiverem
em meio de cultura, em pouco tempo são: temperatura, pH, osmolaridade,
esterilidade e toxicidade do meio. Este deve ser tamponado para manter o pH
fisiológico (7,2 a 7,6) e ter uma osmolaridade de 270 a 310 mOs/Kg
Uma vez localizados os embriões, são transferidos com auxílio de palhetas
Tomcat de 0,25 mL, para uma placa de petri menor, contendo uma solução de
manutenção (Tqc Holding Plus) (Figura 8), previamente aquecida. Esta tem por finalidade
proteger os embriões e impedir que fiquem aderidos aos instrumentos de
manipulação.
FIGURA 8- MEIO PARA MANUTENÇÃO DE EMBRIÕES EM PERÍODO DE TEMPO
DE ATÉ 9 HORAS EM AR ATMOFÉRICO EM TEMPERATURA DE 18 °C a 25°C.
38
5.1.1.11. Avaliação dos embriões
A maiorias dos embriões coletados apresentam o mesmo estágio de
desenvolvimento. Em geral os melhores embriões são transferidos para as melhores
receptoras.
Algumas características que devem ser avaliadas são: compactação das
células, regularidade do aspecto do embrião, variação do tamanho da célula,
coloração e textura do citoplasma, presença de vesículas da célula, presença de
células extrusadas, diâmetro, regularidade da zona pelúcida, e presença de resíduos
celulares. Um embrião ideal é esférico, compacto, os blastômeros são de tamanhos
iguais, com a mesma coloração e textura e zona pelúcida uniforme.
Estágios de desenvolvimento dos embriões:
• Mórula (Mo) - massa celular com 16 a 60 células. A massa celular do embrião
ocupa a maior parte do volume delimitado pela zona pelúcida, sendo difícil
diferenciar os blastômeros individualmente, sendo a melhor fase para
congelamento
• Mórula compacta (Mc) - os blastômeros tendem a agrupar-se, compactando a
massa celular. Há aproximadamente 32 a 64 células compondo o embrião e a
massa celular ocupa 60 a 70% do espaço perivitelino.
• Blastocisto inicial (Bi) - neste estádio já há diferenciação celular, formando a
massa celular interna (embrioblasto) que dará origem ao embrião e o
trofoectoderma, que dará origem aos anexos placentários de origem
39
embrionária. Forma-se uma cavidade repleta de líquido, denominada
blastocele. O embrião ocupa 70 a 80% do espaço perivitelino.
• Blastocisto (Bl) - apresenta pronunciada diferença entre a camada externa
(trofoectoderma) e a massa celular interna (embrioblasto). A blastocele possui
maior área e o embrião ocupa a maior parte do espaço delimitado pela
membrana pelúcida.
• Blastocisto expandido- possui zona pelúcida mais fina, botão embrionário e
células do trofoblasto.
• Blastocisto eclodido- zona pelúcida rompe-se, quando não agüenta o
crescimento do embrião e a saída do embrião.
Classificação dos embriões quanto à qualidade:
• Grau 1 (excelente) ideal, simétrica, esférica, com células (blastômeros)
individuais, cor e textura uniforme, com desenvolvimento correspondente ao
dia da coleta.
• Grau 2 (bom) pequenas imperfeições na forma ou no tamanho da massa
embrionária, pouca extrusão celular e aderência entre as células.
• Grau 3 (regular) embrião com vários defeitos, com debris celulares, forma
irregular, cor muito escura ou muito clara.
• Grau 4 (ruim) embrião com muitos defeitos, igual ao três, mas com o
desenvolvimento atrasado, com ruptura da zona pelúcida, forma muito
assimétrica, não devendo ser feita a transferência.
40
• Grau 5 ou ovócito não fecundado (morto) totalmente seco ou uma estrutura
não fecundada.
5.1.1.12. Envase dos embriões
Os embriões que passaram pela seleção, classificação e foram
considerados viáveis, foram lavados no meio Tqc Holding Plus (3 passagens) e
posteriormente envasados em palhetas de 0,50 mL.
No envasamento utiliza-se seringa de 1 mL acoplada à extremidade da
palheta para sugar, da seguinte maneira: primeiro aspira uma coluna do meio Tqc
Holding Plus, depois uma coluna de ar, a seguir outra coluna de meio com o embrião,
mais uma coluna de ar e a ultima novamente apenas o meio, como pode ser
observado na Figura 9:
FON
TE: FIGUEIREDO et al. (2008)
FIGURA 9- ENVASE DOS EMBRIÕES.
Peça de obliteração da
palheta (intensificação do embrião no caso de transferência direta)
Palheta ( 0,50ml )
ar ar
Meio Meio
Embrião
+ Meio
41
5.1.1.13. Protocolo para inovulação de embriões em tempo fixo
PROTOCOLO
É indicado para vacas em período pós parto acima de 55 dias, primíparas,
magras e em anestro. (Figura 10).
Foi feito no dia zero (D0) Benzoato de estradiol e foi implantado o Cidr que
libera progesterona na vagina, funcionando como um corpo lúteo ativo, com o intuito
de “zerar” a onda folicular, fazendo com que um possível folículo dominante ovule e
os folículos na fase de seleção regridam, tornando possível o início de uma nova
onda folicular. No D8 foi retirado o Cidr e aplicado 1,5 mL de ECG (gonadotrofina
coriônica eqüina), conhecido, comercialmente, por Folligon®, junto com uma
prostaglandina, que irá auxiliar na liberação de LH, maturação final do folículo e
ovulação de um novo folículo dominante. No D15 é feita a inovulação, como mostra
na Figura 10.
BE: Benzoato de estradiol
ECG: Gonadotrofina coriônica eqüina
UI: Unidade internacional
PGF2: prostaglandina
FIGURA 10 – DISPOSITIVO COM PROGESTERONA + BE + ECG + PGF2α.
42
5.1.1.14. INOVULAÇÃO
As receptoras devem ser conduzidas calmamente, porém ser contidas
adequadamente, para assegurar uma introdução tranqüila da pipeta e para evitar
traumatismo no útero durante a transferência.
A inovulação é a deposição do embrião no útero da fêmea receptora, sendo
realizado também de maneira transcervical.
Monta-se o inovulador, com a palheta, que contém o embrião, e introduz-se
no útero da receptora, tomando-se cuidado para evitar contaminação, lavando-se a
região perineal e utilizando “camisa sanitária” sobre o inovulador. Este é introduzido
na vagina, chegando à cervix. Após passar o primeiro anel a camisa sanitária deve
ser rompida e introduz-se o aplicador o mais próximo possível do terço final do corno
uterino correspondente contendo o corpo lúteo, depositando então o embrião.
43
6. INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM TEMPO FIXO (IATF)
Através de um tratamento hormonal, torna-se possível que todas as vacas de
um rebanho sejam sincronizadas para, então, serem inseminadas num único dia,
sem a detecção de estros.
É importante ressaltar algumas vantagens do uso da inseminação artificial em
tempo fixo, como:
• Melhoria genética;
• Controle sanitário de doenças sexualmente transmissíveis;
• Animais padronizados e com maior potencial de produção;
• Uniformidade dos lotes;
• Diminuição do custo com reposição de touros;
• Uso de touros provados, diminuindo os riscos inerentes ao uso de
touros que foram selecionados através de características morfológicas;
• Elimina a necessidade de se detectar o estro;
• Possibilidade de emprenhar um grande número de animais nos
primeiros dez dias da estação de monta;
• Concentração da estação de nascimentos (Figura 11);
• Diminuição do intervalo entre partos;
• Economia na mão-de-obra e concentração desta em determinado
período;
• Indução da ciclicidade de vacas em anestro temporário;
• Redução do desperdício de sêmen, material e mão-de-obra com vacas
inseminadas em horário errado;
44
• Diminuição da necessidade da compra de touro;
• Possibilidade de cruzamento entre raças, dispondo dos melhores
animais do mercado;
• Concentração do retorno do estro dos animais que não emprenharam
em um período que varia de 15 a 25 dias após a IATF;
• Aumento na eficiência reprodutiva.
FIGURA 11 – CONCENTRAÇÃO DA ESTACÃO DE NASCIMENTOS.
Quando se fala em biotecnologia, uma das primeiras perguntas a vir em
mente é o custo da técnica, ou seja, qual a viabilidade econômica do emprego de tal
técnica.
Atualmente um protocolo de IATF custa de R$ 20,00 a R$ 25,00 por vaca,
valor esse dependente do número de animais a serem inseminados e da capacidade
de negociação na hora da compra.
45
O custo desta tecnologia parece ser elevado, mas se fizermos outra
pergunta veremos esta biotécnica de outra maneira: Quanto custa mensalmente
manter uma vaca no pasto?
Na região do Mato Grosso, o aluguel da terra para manter vacas de corte
está em aproximadamente R$ 12,00 por cabeça/mês, fora os custos de manutenção
dos animais como: mão-de-obra, sal mineral, vacinação e medicamentos.
Levando em consideração que 40 a 60% do rebanho podem emprenhar nos
primeiros 10 dias da estação de monta ao utilizarmos a IATF, observa-se que
somente o benefício da redução do intervalo entre partos supera os gastos
empregados nos protocolos de sincronização. Na maioria das fazendas, muitos
animais emprenham no final da estação de monta, ou seja, passam de 3 a 4 meses
no pasto, ou seja, sem produzir um bezerro, traduzindo-se em prejuízo para a
empresa agropecuária.
Na procura por mais eficiência na taxa de prenhez em programas de
inseminação artificial, vários protocolos foram desenvolvidos para sincronizar a onda
de crescimento folicular e a ovulação em bovinos de corte e leite, permitindo
inseminar um grande número de animais em um horário fixo, sem a necessidade de
se detectar o estro.
46
6.1 SELEÇÕES DAS VACAS PARA IATF
Os programas de IATF necessitam de conhecimentos técnicos, possibilitando
a escolha do melhor tratamento hormonal, adequando ao estado reprodutivo e
nutricional e a maturidade sexual.
Para estes protocolos foram selecionadas vacas multíparas, com mais de
sessenta dias pós-parto, em anestro. Porém foi realizada a palpação retal em todas
as vacas, desclassificando vacas estavam prenhas ou com infecção uterina.
6.2 MANEJO SANITÁRIO
Os animais devem seguir o calendário de vacinação, sendo feita também o
controle de endo e ectoparasitas, três vezes ao ano e devem-se fazer estes
procedimentos sempre dez dias antes do protocolo e não durante o protocolo de
IATF.
6.3 MANEJO NUTRICIONAL
A ingestão adequada de nutrientes é fundamental para o bom desempenho
reprodutivo em bovinos. Tanto o estado nutricional e o metabólico da vaca em
reprodução afeta seus parâmetros endócrinos, padrões de crescimento folicular,
atividade lútea e atividade secretória uterina. Estes efeitos acabam influenciando o
aparecimento da puberdade, restabelecimento da atividade cíclica pós-parto e
47
estabelecimento e manutenção da gestação. A nutrição tem tanto efeitos diretos
como indiretos no desempenho reprodutivo de bovinos.
O estabelecimento da puberdade e maturidade sexual em fêmeas bovinas é
dependente, entre muitos fatores, da sua taxa de ganho de peso e composição
corpórea. O aumento na deposição de gordura corporal e no consumo de matéria
seca reduzem o feedback negativo causado pelos estrógenos na liberação de
Hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH) e Hormônio luteinizante (LH). O
consumo adequado de energia é o principal fator nutricional que afeta o
desempenho reprodutivo de vacas. Vacas que estão em balanço energético
negativo, têm uma menor freqüência de pulsos de LH, possuem concentrações mais
baixas de progesterona e apresentam alterações na atividade ovariana.
A manipulação da composição da dieta e do manejo alimentar para
aumentar o suprimento de energia, geralmente reflete em uma melhora do
desempenho reprodutivo. A suplementação com fontes de gordura poliinsaturadas
aumenta a ingestão de energia, alterando a secreção de prostaglandina pelo útero, a
dinâmica do crescimento folicular e melhora a função luteal, resultando em melhores
índices de fertilidade. O alto consumo de alimento pode aumentar a circulação
hepática e a catabolização de progesterona pelo fígado, que afeta a pulsatibilidade
de LH e o crescimento folicular. A ingestão de quantidades excessivas de energia
reduz a qualidade embrionária, diminuindo, assim, a taxa de concepção. Em vacas
de corte, a condição corporal muito baixa está associada com o atraso no retorno à
atividade cíclica pós-parto, e conseqüentemente há uma diminuição no desempenho
reprodutivo, sendo o ideal um escore corporal entre 3 e 4 (na escala de 1 a 5).
48
6.4. PROTOCOLOS REALIZADOS DURANTE O ESTÁGIO
6.4.1. Primeiro grupo de vacas
No decorrer do estágio foi realizada a palpação retal das fêmeas bovinas,
para que fosse avaliada a época do ciclo estral. As que possuíam corpo lúteo bem
desenvolvido foram classificadas como primeiro grupo. Neste grupo foi aplicada 3
mL de prostaglandina (Ciosin®), onde se observou cio duas vezes ao dia, 48 horas
depois, até 96 horas. Após isso, foram inseminadas as que apresentaram cio no
decorrer desse período.
FIGURA12: PROTOCOLO PARA O PRIMEIRO GRUPO DE VACAS
49
6.4.2 Segundo grupo de vacas
Posteriormente, no segundo grupo de vacas, foi feito no dia zero (D0)
progesterona + estradiol (2mL) (Figura 14) e foi colocado o implante intra - vaginal
de progesterona (Figura 15), funcionando como um corpo lúteo ativo, com o intuito
de “zerar” a onda folicular iniciando o ciclo, fazendo com que um possível folículo
dominante ovule e os folículos na fase de seleção regridam, tornando possível o
início de uma nova onda folicular. No D8 foi retirado o implante e aplicado 1,5 mL de
ECG (gonadotrofina coriônica eqüina), conhecido, comercialmente, por Folligon®
(Figura 16), junto com 1 mL de estradiol, que irá auxiliar na liberação de LH,
maturação final do folículo e ovulação de um novo folículo dominante. Durante 48
horas foi realizado o shang (separação dos bezerros de suas respectivas mães).
Após esse período foram, durante a manhã, inseminadas todas as vacas.
FIGURA13: PROTOCOLO PARA O SEGUNDO GRUPO DE VACAS
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FIGURA 14- HORMÔNIO PROGESTERONA + ESTRADIOL
FIGURA 15- IMPLANTE VAGINAL DE PROGESTERONA COM O ESPÉCULO
FIGURA 16- FOLLIGON (ECG)
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6.4.3 Terceiro grupo de vacas
No terceiro grupo de vacas foi realizado o programa da Pfizer, que consiste
no dia zero (D0) na aplicação de 1 mL de Estrogin® (Figura 18) e na implantação
intra-vaginal do Cidr® (Figura 19 e 20) . No D8 foram retirados os implantes e
administrados 0,25 mL de ECP® - cipionato de estradiol (figura 22) e 2,5 mL de
prostaglandina - Lutalyse® (figura 21). Durante esse procedimento, os bezerros
foram mantidos apartados de suas mães (shang). Após 48 horas, assim como foi
realizado no segundo grupo de vacas, ocorreu o processo de inseminação no
período da manhã.
FIGURA 17: PROTOCOLO PARA O TERCEIRO GRUPO DE VACAS
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FIGURA 18- ESTROGIN (BENZOATO DE ESTRADIOL)
FIGURA 19- IMPLANTE VAGINAL DE PROGESTERONA (CIDR).
FIGURA 20- APARELHO PARA COLOCAÇÃO DO CIDR, PRONTO PARA SER
UTILIZADO.
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FIGURA 21: LUTALYSE (DINOPROST TROMETAMINA- PROSTAGLANDINA)
FIGURA 22: CIPIONATO DE ESTRADIOL (E.C.P)
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7. CONCLUSÃO
A Veterinária tem demonstrado grandes avanços nas últimas décadas,
principalmente com as biotecnologias da reprodução, abrindo novas perspectivas
para o Médico Veterinário e conseqüentemente melhorando o desempenho da
pecuária. Graças a esse fato, entre outros como a sanidade, manejo, vigilância
sanitária, o Brasil se tornou o maior exportador de carne do mundo.
O mercado de trabalho, cada vez mais competitivo, exige grande dedicação,
para adquirir cada vez mais conhecimento teórico, mas principalmente uma
interação com a prática, pois a Universidade nos mostra por onde começar; porém o
estágio obrigatório nos mostra como é a realidade, sendo assim, de grande
importância os conhecimentos adquiridos.
Mas com um bom aprendizado, consegue-se adentrar no mercado de
trabalho obtendo maior credibilidade e reconhecimento dos produtores, valorizando
a profissão.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Associação Brasileira de Criadores de Zebu disponível em www.abcz.org.com, acesso em
12/09/2008.
Conselho Nacional da Pecuária de Corte disponível em www.cnpc.org.br acesso em
12/09/2008.
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aplicadas à reprodução animal. São Paulo: Varela, 2008.
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Instituto Brasileiro de Geografia e estatística disponível em IBGE. gov.br acesso em
12/09/2008.
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status and future of commercial embryo transfer in cattle.
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Biotecnologia, 2 ed, Rio de Janeiro, 2008.
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pag.4,5.
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Bovinos, 2006, Londrina, pag. 30,31.
VASCONCELLOS, PMB, Noções Elementares sobre Hormônios nas Fêmeas, Guia Pratico
para o Fazendeiro, 1983, São Paulo, pag. 125.