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1 A INFLAÇÃO E A PRODUÇÃO AGRÍCOLA EM MOÇAMBIQUE Soraya Fenita e Máriam Abbas Nº 54 Julho 2017 Documento de Trabalho Observador Rural

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A INFLAÇÃO E A PRODUÇÃO AGRÍCOLA EM

MOÇAMBIQUE

Soraya Fenita e Máriam Abbas

Nº 54

Julho

2017

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O documento de trabalho (Working Paper) OBSERVADOR RURAL (OMR) é uma publicação do

Observatório do Meio Rural. É uma publicação não periódica de distribuição institucional e

individual. Também pode aceder-se ao OBSERVADOR RURAL no site do OMR

(www.omrmz.org).

Os objectivos do OBSERVADOR RURAL são:

Reflectir e promover a troca de opiniões sobre temas da actualidade moçambicana e

assuntos internacionais.

Dar a conhecer à sociedade os resultados dos debates, de pesquisas e reflexões sobre

temas relevantes do sector agrário e do meio rural.

O OBSERVADOR RURAL é um espaço de publicação destinado principalmente aos

investigadores e técnicos que pesquisam, trabalham ou que tenham algum interesse pela área

objecto do OMR. Podem ainda propor trabalhos para publicação outros cidadãos nacionais ou

estrangeiros.

Os conteúdos são da exclusiva responsabilidade dos autores, não vinculando, para qualquer efeito

o Observatório do Meio Rural nem os seus parceiros ou patrocinadores.

Os textos publicados no OBSERVADOR RURAL estão em forma de draft. Os autores agradecem

contribuições para aprofundamento e correcções, para a melhoria do documento final.

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A INFLAÇÃO E A PRODUÇÃO AGRÍCOLA EM MOÇAMBIQUE1

Soraya Fenita e Máriam Abbas2

RESUMO:

A agricultura desempenha um papel fundamental no desenvolvimento da economia moçambicana,

proporcionando emprego para mais de 70% da população. O sector é influenciado, dentre vários

factores, pela inflação. No entanto, um bom desempenho da agricultura propicia o aumento da oferta

de produtos alimentares que, por sua vez, estabiliza a inflação. Um ambiente macroeconómico

estável no país pode ser favorável ao desenvolvimento da agricultura. A inflação constitui um

problema que preocupa os gestores financeiros e os agentes económicos principalmente quando uma

sociedade procura se fortalecer para evitar as desigualdades sociais de distribuição de renda e

controlo económico. Torna-se, portanto, importante estudar o impacto que a inflação exerce na

agricultura, considerando que este é o sector que mais emprega e que mais contribui para o

crescimento económico.

De modo a verificar a relação entre a inflação e a produção agrícola, recorreu-se ao modelo de

regressão clássica, tendo como variável endógena o Produto Interno Bruto (PIB) do sector agrícola.

Considerou-se como variáveis independentes as seguintes: inflação da economia, inflação de

produtos alimentares, taxa de câmbio, taxas de juro, oferta monetária e força de trabalho. O estudo

foi baseado em séries mensais (Janeiro de 2007 a Dezembro de 2015). Foram realizados testes de

forma a confirmar as premissas de um modelo linear clássico.

Os resultados das regressões revelam que existe uma relação negativa entre a inflação e a produção

agrícola em Moçambique, o que condiz com a literatura.

Palavras-chave: economia, inflação, produção agrícola.

1 Este texto resulta do trabalho de fim de licenciatura em Economia da estudante Soraya Fenita, sob orientação

da Máriam Abbas, na Universidade Politécnica. O texto foi reeditado pelas autoras para efeitos de publicação

no Observatório do Meio Rural (OMR). 2 Soraya Fenita, Licenciada em Economia pela Universidade Politécnica. Máriam Abbas, Mestre em Economia,

Investigadora assistente no Observatório do Meio Rural e Docente da Universidade Politécnica.

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1. INTRODUÇÃO

A agricultura desempenha um papel preponderante na economia moçambicana, tanto como fonte de

emprego e de rendimento da maioria da sua população, assim como fonte de divisas através de

exportação de produtos agrícolas. Em Moçambique, a agricultura emprega mais de 70% da

população economicamente activa (Ministério de Economia e Finanças – MEF, 2016) e contribuiu

em cerca de 24% para o PIB entre 2007 e 2015.

Entre 2002 e 2010, o crescimento económico em Moçambique ocorreu em simultâneo com inflação

rápida dos preços relativos de todos os bens básicos de consumo e, portanto, é possível que a

incidência da pobreza tenha permanecido constante ou tenha piorado apesar do rápido crescimento

económico, Wuyts (2011).

Ainda segundo este autor, nos últimos anos os preços mundiais de bens alimentares aumentaram

rapidamente, provocando um aumento dos preços dos bens importados. Por outro lado, a produção

doméstica de alimentos tem sido muito variável e com taxas baixas de crescimento da agricultura,

tornando o país mais dependente da importação de alimentos.

Wuyts (2011) afirma ainda que, se estamos preocupados com a pobreza alimentar, é precisamente a

inflação dos preços dos alimentos que é mais importante. Segundo Wuyts (2011) os preços dos

produtos alimentares cresceram, em média, 11,3% ao ano, entre 2002-2010. Ou seja, os preços dos

produtos alimentares duplicaram em cada 6 anos e meio.

De acordo com Mosca et al. (2012), a inflação elevada é prejudicial devido aos seus efeitos sobre o

custo do dinheiro, o investimento, o emprego, a taxa de câmbio, o custo de vida e a incidência da

inflação nos mais pobres (inflação considerada como um “imposto dos pobres”), entre outros. Para

além disso, um país que sofre de inflação alta é visto de forma negativa no mercado internacional,

fazendo com que grandes investidores e empresas evitem fazer investimentos produtivos de médio e

longo prazos nesses países, pois sabem que a inflação alta é um indicativo de economia com

problemas.

Desta forma, achou-se pertinente, realizar um estudo sobre a influência da inflação na produção

agrícola. Este estudo examina também a relação entre algumas variáveis macroeconómicas tais como:

taxa de câmbio, taxas de juro, oferta monetária e força de trabalho, pelo facto destas variáveis terem

alguma influência sobre a inflação e sobre o sector agrícola. O horizonte temporal é de Janeiro de

2007 a Dezembro de 2015, adoptando um modelo de regressão clássica e tendo como variável

endógena o PIB agrícola. Foram realizados alguns testes de forma a confirmar as premissas de um

modelo linear clássico.

O estudo tem como objectivo geral verificar a influência da inflação na produção agrícola3 em

Moçambique. E para tal, foram definidos os seguintes objectivos específicos: 1) Analisar a evolução

da produção agrícola e da inflação; 2) Analisar a evolução de algumas variáveis macroeconómicas;

3) Verificar a influência da inflação na produção agrícola.

O presente trabalho tem seis secções, sendo a primeira a introdução, que contém uma breve

apresentação do tema, dos objectivos, a questão de estudo, a justificação e relevância do tema e a

problemática. A segunda secção é a análise contextual, em que se faz uma breve descrição do sector

agrícola em Moçambique e de algumas variáveis macroeconómicas. A terceira secção dedica-se à

3 Normalmente, usa-se o termo agricultura (ou sector agrícola) para designar todo o sector agrário – agricultura,

pecuária e silvicultura.

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revisão da literatura, com foco nos estudos existentes relacionados com o tema e suas principais

conclusões. A secção seguinte refere-se à metodologia usada neste estudo para o tratamento da

informação estatística. A secção cinco refere-se à análise de dados e resultados, onde se apresentam

os resultados, assim como a sua interpretação. A secção seis contém um resumo do estudo.

2. ANÁLISE CONTEXTUAL

2.1 Caracterização do Sector Agrícola em Moçambique

O sector agrícola em Moçambique é constituído, na sua maioria, por uma agricultura familiar

caracterizada por pequenas explorações4, que representam cerca de 99% do total de explorações, INE

(2011).

Gráfico 1

Participação dos principais sectores económicos no PIB

Fonte: INE (2016a).

A contribuição da agricultura no PIB tem-se mantido acima dos 20% no período em análise (Gráfico

1). Em seguida temos o sector da indústria transformadora, o sector dos transportes e comunicações

e o sector do comércio são os que mais contribuem para o PIB. A construção e a indústria extractiva

são os sectores que menos contribuem para a formação do PIB, embora a contribuição deste último

sector tenha aumentado nos últimos anos.

A agricultura é considerada pela Constituição da República a base para o desenvolvimento do país.

No entanto, entre 2001 e 2010, a agricultura absorveu apenas 3% da despesa total do Estado:

desproporcionalmente abaixo da contribuição da agricultura para a economia ou da proporção da

população que tem a agricultura como a principal fonte de rendimento, bem como do nível

recomendado pela Declaração de Maputo de 2003 de 10%, Cassamo, Mosca e Dadá (2013).

Para Silva e Carvalho (2003), a produção agrícola tem algumas características que a distingue da

industrial. Em geral, um longo período separa a decisão de plantio e a colheita e, por isso, não há

4 De acordo com o Censo Agro-Pecuário, para que uma exploração seja classificada como pequena, deve

possuir níveis inferiores a: 1) 10 ha de área cultivada não irrigada; 2) 5 ha de área cultivada irrigada; 3) 10

cabeças de gado; 4) 50 caprinos/ovinos/suínos; 5) 5.000 aves, INE (2011).

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Sector agrário Indústria Extractiva Manufactura

Construção Comércio Transportes e comunicações

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conhecimento dos preços futuros; a produção é dependente das condições climáticas. Além disso, o

produto agrícola é perecível e não pode permanecer em stock por muito tempo. Para estes dois autores,

o processo de formação dos preços agrícolas é fortemente vinculado à oferta que, por sua vez, pode

ser considerada altamente inelástica5, pelo menos no curto prazo.

Um aumento da produção e produtividade agrícola pode contribuir para a redução da pobreza em

Moçambique. Para Cunguara e Garrett (2011), a importância do crescimento agrícola deve-se

principalmente ao facto deste possuir um efeito multiplicador sobre o resto da economia.

Adicionalmente, o crescimento na agricultura permite padrões gerais de desenvolvimento que são de

emprego intensivo, favorecendo, deste modo, os mais necessitados, Cunguara e Garrett (2011).

Gráfico 2

PIB agrícola

Fonte: INE (2016b).

A produção do sector agrícola tem apresentado uma tendência crescente ao longo da série analisada,

com excepção para 2012, quando sofreu uma queda significativa como resultado da perda de vastas

culturas agrícolas no início desse ano, no seguimento das cheias (Gráfico 2).

Vários estudos enfatizam que o aumento da produção agrícola em Moçambique nas últimas quatro

décadas deve-se em grande parte ao aumento da força de trabalho e da área cultivada (Gráfico 3), e

não, necessariamente, ao aumento da produtividade (Abbas, 2015; Banco Mundial, 2006, 2011;

Uaiene, 2012).

5Segundo Samuelson e Nordhaus (1999), elasticidade da oferta é a variação percentual da quantidade oferecida

dividida pela variação percentual do preço, ou seja, mede quanto varia a quantidade oferecida quando o preço

varia em 1%. Para Silva e Carvalho (2003), oferta altamente inelástica acontece quando a elasticidade num

intervalo é igual a zero. Isto acontece porque a mudança de preço não produz variação na quantidade oferecida,

possivelmente porque é impossível produzir mais.

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Gráfico 3

Força de trabalho (população activa na agricultura) e área cultivada na agricultura6

Fonte: FAO (2016).

Abbas (2015) concluiu, através de um modelo de regressão, que a força de trabalho e a área cultivada

constituíram as variáveis com maior impacto na produção agrícola entre 1980 e 2012, produzindo

um efeito positivo elevado sobre a produção. Este facto é também evidenciado em Abbas (2016),

que refere que a produtividade agrícola em Moçambique apresenta uma tendência decrescente – em

média 2,2 toneladas/hectare entre 2000 e 2014 (Gráfico 4) – que, segundo Guanziroli C. e Guanziroli

T. (2015), resulta de práticas de cultivo tradicionais, pois muitas explorações ainda são cultivadas

recorrendo intensivamente ao trabalho braçal e utensílios manuais.

Gráfico 4

Produtividade agrícola

Fonte: Abbas (2016).

Conforme referido anteriormente, a agricultura é importante também como fonte de emprego,

providenciando emprego e suporte económico para mais de 70% da população economicamente

6 A recuperação da área cultivada nos anos 2013 e 2014 não corresponde com a evolução da força de trabalho

e do PIB agrícola, o que, aparentemente não encontra justificação. A produtividade, que poderia ser um facto

justificativo, também não aumentou nesse período. Os autores optaram por manter o gráfico considerando a

fonte.

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activa. O facto de mais de 70% da população contribuir em cerca de ¼ do PIB vem confirmar que a

produtividade agrícola é significativamente inferior à produtividade dos outros sectores da economia,

Mosca (2012).

Alguns estudos afirmam que a baixa produtividade pode estar relacionada com a desproporção na

despesa pública alocada à agricultura relativamente a outros sectores da economia, a fraca/precária

infra-estrutura de estradas7, a saúde8, o fraco acesso aos serviços agrários, incluindo tecnologias

melhoradas e serviços financeiros9 e, a distribuição irregular das chuvas (Cunguara e Moder, 2011;

Cunguara e Garret, 2011; Cunguara et al.,2013).

Mosca (2012) refere que o elevado absentismo e a pouca formação e especialização causam a baixa

produtividade da agricultura. Para além disso, as técnicas e tecnologias não são dominadas e nem

são as mais adequadas e, as políticas e medidas governamentais nem sempre são favoráveis,

incentivadoras e facilitadoras à actividade privada agrícola que necessita de políticas específicas de

protecção, crédito, investimentos públicos, benefícios fiscais, etc.

2.2 Ambiente macroeconómico

O ambiente macroeconómico influencia o desempenho do sector agrícola. Abbas (2015) afirma que

esta influência acontece através de vários instrumentos e políticas económicas. O mesmo estudo

constatou que o ambiente macroeconómico em Moçambique não é favorável ao desempenho da

agricultura, recomendando que o sector agrícola deveria ser considerado no processo de formulação

de políticas macroeconómicas. Assim sendo, analisou-se a evolução das principais variáveis

macroeconómicas (taxas de juro, taxa de câmbio e inflação) no período de estudo.

Conforme se pode observar no gráfico abaixo, as taxas de juro registaram variações inter-anuais,

tendo apresentado uma tendência decrescente a partir de 2011, embora mantendo-se sempre elevadas.

Taxas de juro altas reduzem o investimento da economia, o que poderá levar à redução da produção

e, por conseguinte, redução da procura de trabalho que afectará negativamente o rendimento

disponível das famílias. Com o crescimento da população activa, haverá um aumento da taxa de

desemprego, com reflexos imediatos no bem-estar social, Morais et al. (2003).

Na agricultura, taxas de juros altas dificultam o investimento neste sector por influenciar

negativamente a procura de crédito agrícola, Abbas (2015a).

7Moçambique herdou um país com infra-estrutura pobre, aquando da independência, que foi sabotada pela

Guerra Civil, criando, assim, um ambiente desfavorável para o desenvolvimento agrícola. Nos últimos anos

tem-se verificado algum melhoramento de estradas, Cunguara e Garrett, (2011). No entanto, ainda insuficiente. 8 Como o aumento da produção agrícola e da produtividade depende da força de trabalho, um estado de saúde

precário afectaria directamente a força física, implicando a redução das horas de trabalho na machamba

resultando na redução das áreas de cultivo, na diversificação de culturas e forçando a mudança dos sistemas de

produção, Artur e Jorge (2015). Para Isaac et al. (2013), em Artur e Jorge (2015), as doenças e mortes envolvem

gastos em medicamentos, além de despesas fúnebres de forma indirecta. Os custos em tratamentos e funerais

privam os produtores de investir em experimentos, de comprar insumos agrícolas, de participarem em práticas

melhoradas de produção e de adoptarem novas tecnologias. 9Por exemplo, o uso de pesticidas reduziu de 7% em 2002 para 4% em 2008, e o acesso a serviços de extensão

baixou de 14% em 2002 a 8% em 2008. O acesso ao crédito é praticamente inexistente. Todos esses aspectos,

quando combinados, criam um enorme desafio para o aumento da produtividade, Cunguara e Garrett (2011).

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Gráfico 5

Evolução das Taxas de Juro

Fonte: Banco de Moçambique (2016a).

Para o sector agrícola, o acesso ao crédito é um dos principais constrangimentos à produção,

sobretudo para o sector familiar. O micro crédito, as formas de crédito informal e o realizado em

espécie por algumas empresas monopolistas nas suas cadeias de valor (por exemplo no açúcar,

algodão, soja e tabaco) têm aparecido como alternativas à banca comercial convencional, porém com

amplitudes reduzidas. Considerando que a maioria dos produtores são de pequena escala que

produzem mais de 90% da produção alimentar, as dificuldades de crédito deixam de ter grande

influência, Mosca e Dadá (2013).

A taxa de câmbio é uma das variáveis que influencia a competitividade da economia, destacando-se

o seu impacto sobre os custos de produção, os preços internos dos factores, dos bens e serviços e dos

lucros.

A taxa de câmbio apresentou uma tendência crescente no período em análise, com particular destaque

para os últimos anos. Em média, o metical sofreu uma forte depreciação, tendo passado de 29,91

MT/USD em 2013 para 38,20 MT/USD em 2015. Segundo BdM (2016), o ano de 2015 foi

caracterizado por uma desvalorização significativa do metical (Gráfico 6) como consequência da

fortificação do dólar (USD) dos mercados internacionais, queda dos preços internacionais das

mercadorias e redução dos fluxos de IDE e de ajuda externa.

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Gráfico 6

Taxa de câmbio

Fonte: Banco de Moçambique (2016b).

No estudo sobre a influência da taxa de câmbio na agricultura, Mosca et al. (2014) verificaram uma

relação positiva (no período em análise: de 1995 a 2011), ou seja, uma depreciação do metical face

ao dólar americano leva a um incremento na produção agrícola. Este estudo constatou também que

a taxa de câmbio não tem grande influência sobre a produção de algodão e do milho, sugerindo haver

outros factores que influenciam mais a produção destas culturas.

Relativamente à inflação, pode-se verificar que esta variável tem apresentado grande variabilidade

ao longo da série, tendo em alguns momentos registado decréscimos significativos (em particular

entre 2011 e 2014). Como podemos verificar no gráfico abaixo, a inflação no ano de 2010 foi de

16,2% e 1,9% para 2014, a taxa mais alta e a mais baixa no período em estudo.

Gráfico 7

Inflação da economia e dos produtos alimentares

Fonte: INE (2016c).

Segundo o BdM (2010), o aumento da inflação em 2010 deveu-se a uma combinação de factores,

entre os quais se destacam a redução de oferta de produtos alimentares, frutas e vegetais, associada

à época chuvosa anormal no início de 2010, e ao processo de correcção de alguns preços

administrativos, com destaque para o dos combustíveis líquidos, no quadro das medidas de gradual

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Inflação da economia Inflação dos produtos alimentares

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desactivação dos subsídios directos aos preços, anteriormente decididos pelo Governo para atenuar

o custo de vida da população e, também pelo impacto da depreciação nominal do Metical

relativamente às moedas dos principais parceiros comerciais de Moçambique.

Conforme se pode observar no gráfico acima a inflação dos produtos alimentares é superior à inflação

da economia, o que prejudica principalmente os pobres. Wuyts (2011) considera que a diferença

entre a inflação dos preços relativos dos produtos alimentares e a inflação geral agrava mais o poder

de compra dos pobres, pois estes gastam uma maior proporção do seu rendimento em alimentos (Lei

de Engel).

2.3 Relação entre a inflação e a produção agrícola

Conforme referido anteriormente, a inflação elevada afecta negativamente a economia, bem como, a

sua base produtiva. A figura que segue ilustra de que forma a inflação poderá afectar a produção

agrícola no país.

Figura 1: Mecanismo da influência da inflação na agricultura

Fonte: Elaborado pelas autoras.

O controlo da inflação faz parte do grupo de políticas de mercados e preços que podem ser tomadas

pelo Banco Central ou pelo Governo. Samuelson e Nordhaus (1999) afirmam que um aumento suave

e previsível da inflação é o melhor ambiente para um crescimento económico saudável. Uma

economia inflacionada tem impactos profundos nos preços e nos salários: sendo a alimentação o

principal gasto das famílias, os trabalhadores dessa mesma economia tentarão compensar a perda do

poder aquisitivo reivindicando maiores reajustes salariais, subsídios e medidas de protecção. Para o

agricultor, uma subida no nível geral de preços faz com que o rendimento disponível baixe, os custos

aumentem por via dos inputs utilizados na produção, afectando assim o consumo, bem como a

produção (Figura 1).

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3. REVISÃO DA LITERATURA

De acordo com Neto (2012), existem quatro teorias principais sobre a inflação: a quantitativa, a

keynesiana, a de custos e a estrutural.

Teoria quantitativa: de acordo com a mais antiga das teorias sobre a inflação, é a

quantidade de dinheiro circulante no sistema económico – base monetária – que determina

o nível dos preços. A razão entre a quantidade de dinheiro e as transacções anuais do sistema

(cuja razão inversa é a velocidade de circulação da moeda) depende da frequência com que

se pagam salários, da estrutura da economia e dos hábitos de poupança e consumo da

população. Na medida em que estes factores permanecem constantes, o nível de preços será

directamente proporcional ao fluxo de dinheiro e inversamente proporcional ao volume

físico da produção. No intervalo entre as duas guerras mundiais, a teoria quantitativa caiu

em descrédito, ao se comprovar que a utilização da capacidade produtiva do sistema

económico variava mais e com maior frequência do que o nível de preços.

Teoria keynesiana: a teoria económica de Keynes afirma que a inflação deriva das

tentativas de consumir mais bens e serviços do que o sistema económico pode produzir. Se

os gastos do governo são maiores do que a diferença entre a produção e o consumo, diz-se

que há uma lacuna inflacionária. O mercado preenche essa lacuna aumentando os preços até

um nível em que a diferença entre a renda e o consumo, em valor monetário, seja suficiente

para acomodar os gastos públicos. Essa teoria foi invalidada, nas décadas posteriores à

segunda Guerra Mundial, quando o processo inflacionário se instalou em vários países, sem

prévia existência de lacunas inflacionárias.

Inflação de custos: o terceiro enfoque do problema inflacionário supõe que os preços das

mercadorias são determinados pelos seus custos, ao passo que a provisão de dinheiro é

responsável pela demanda. Nessas circunstâncias, o aumento dos custos pode gerar uma

pressão inflacionária que se perpetua por meio da “espiral preço-salário”. Admite-se que os

assalariados e os capitalistas aspiram a parcelas do produto nacional que, somadas,

ultrapassam o total anualmente produzido, em situação de pleno emprego. Da

impossibilidade de satisfazer os dois grupos ao mesmo tempo surge a espiral preço-salário:

os assalariados, quando insatisfeitos, demandam aumentos salariais. Os capitalistas atendem

a essas exigências, pelo menos em parte (geralmente após longa negociação), e diminuem os

seus lucros, num primeiro momento. Em seguida, porém, aumentam os preços, para neles

embutir o aumento de custos da produção. Com isso, diminui o poder de compra dos

assalariados que irão, novamente, reivindicar aumento de remuneração. Um recurso para

reduzir a inflação, segundo essa teoria, seria a manutenção de uma percentagem constante

de desemprego.

Teoria estrutural: o enfoque estrutural não é totalmente independente das três teorias

anteriores. A sua característica principal é a ênfase no desajuste da economia como causa do

processo inflacionário. Esse desajuste é determinado, por exemplo, pela resistência em

reduzir os salários, mesmo nas épocas de baixa produtividade, ou pelo desequilíbrio da

balança comercial do país.

De acordo com Harberger (1978), para um país exportador pode significar que as forças

inflacionárias geradas internamente transbordem para o resto do mundo. Mas, para países

importadores, significa que as forças inflacionárias originadas externamente infiltram-se na

economia interna. O mesmo autor refere que se a inflação começa no resto do mundo, a primeira

coisa que acontece é o aumento dos preços das mercadorias comercializadas internacionalmente.

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Este impacto será mais forte quanto mais relevantes forem os produtos importados para a economia,

pelo que o efeito inicial da inflação importada será mais sensível numa economia de conexão estreita.

Esse efeito inicial produzirá um desequilíbrio nos preços relativos entre os bens importados e os

outros, e ao mesmo tempo uma escassez de dinheiro, pois o meio circulante será momentaneamente

constante em termos nominais, Harberger (1978).

Castel-Branco e Ossemane (2012) referem que a inflação importada tem um grande impacto no nível

de preços de bens alimentares em Moçambique, considerando que a oferta doméstica é baixa e que

o país é extremamente dependente da importação de alimentos.

Segundo Mosca e Abbas (2013) os preços e mercados são elementos importantes nas decisões dos

produtores, tanto na lógica da maximização do lucro como na da auto-suficiência alimentar,

considerando os custos de oportunidade comparativamente com outros bens, com a utilização da

mão-de-obra familiar na exploração agrícola e no assalariamento e com alocação de outros factores

de produção.

Ainda segundo estes dois autores, os preços, associados a outros elementos, são factores

determinantes da competitividade da produção doméstica, tanto para as exportações como para a

substituição de importações. O funcionamento dos mercados é também importante para a

estabilização dos preços entre zonas, para a aproximação entre os preços ao produtor e os preços ao

consumidor através de maior concorrência, sendo para o efeito importante boas condições de

circulação de bens, simetria de informação, estruturas dos mercados que favoreçam a concorrência,

capacidade negocial dos produtores, custos de transportes, entre outros aspectos.

Sayad (1981), em Silva e Carvalho (2003), sugere a existência de uma estreita relação entre a inflação

e os preços agrícolas no Brasil e a variabilidade destes últimos é maior que a dos preços dos outros

sectores da economia.

Ali et al. (2010) e Brownson et al. (2012), nos seus estudos, encontraram uma relação negativa entre

a produção agrícola e a inflação. Por outro lado, Abbas (2015) não encontrou evidências da influência

da inflação na produção agrícola em Moçambique.

De acordo com Gil et al. (2009) na Tunísia o efeito da inflação é positivo, mas não significativo. O

governo da Tunísia controla o aumento dos preços agrícolas para que possam ser compatíveis com a

taxa de inflação na Tunísia. Este estudo mostrou ainda que, os efeitos das variáveis macroeconómicas

sobre a produção agrícola não são significativos.

Ali et al. (2010) concluíram que a oferta de moeda e a taxa de juros desempenham um papel crucial

em influenciar o desempenho agrícola na Malásia. A taxa de câmbio e a inflação foram consideradas

os principais factores que levam à variabilidade dos preços das commodities agrícolas na Malásia.

Alagh (2011), em Abbas (2015), considerou que alterações nas políticas macroeconómicas afectam

a economia agrícola, através do seu impacto sobre a taxa de juros e a inflação. Alterações nas taxas

de juros influenciam os custos de produção variáveis, investimentos de capital de longo prazo, o

fluxo de caixa, o valor da terra e as taxas de câmbio, enquanto a inflação afecta os preços dos insumos,

preços das commodities, taxas de juros reais e os preços da terra.

Tweeten (1980:I), em Choe (1989), formulou e testou a proposição de que a inflação geral contribui

para a pressão dos preços na agricultura. Nesse estudo, o autor descobriu que o incremento da

inflação aumenta os preços nominais dos produtos agrícolas e a procura agrícola em proporção ao

nível geral de preços, mas deixa a demanda real agrícola e o preço real inalterados.

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Choe (1989), citando Ruttan (1979), constatou que a inflação reduz o crescimento da produtividade

no sector agrícola nos Estados Unidos.

Anand et al. (2016) afirma que o crescimento da economia indiana nos últimos dez anos foi

acompanhado por uma agricultura estagnada num contexto de um excesso de procura de alimentos,

dando origem à inflação dos preços de alimentos.

Sayad (1981), em Silva e Carvalho (2003), estuda como o sector da comercialização de produtos

agrícolas pode afectar os índices gerais de preços através do aumento das suas margens e do aumento

ou diminuição da variabilidade dos preços pagos pelos consumidores e conclui que o aumento da

variabilidade dos preços agrícolas, mesmo sem tendência, pode aumentar a inflação. De forma geral,

o poder dos comerciantes parece ser elevado, podendo afectar a inflação ao influir na variabilidade

dos preços agrícolas praticados. Este estudo, portanto sugere que há uma relação entre a inflação

brasileira e os preços agrícolas.

Alguns estudos10 sobre a inflação em África encontraram evidências de que a inflação na maioria

dos países africanos é causada pelo aumento dos preços mundiais dos alimentos e dos preços da

energia. Estes estudos concluíram também que factores relacionados com o clima, como chuva ou a

seca, produzirão uma escassez na produção agrícola, determinando assim a inflação.

Kabundi (2012) afirma que, visto que a maioria dos países africanos são pequenas economias abertas

com um grande sector agrícola, e os preços dos alimentos representam uma proporção considerável

na cesta de um agregado familiar médio, um aumento nos preços mundiais dos alimentos e dos preços

de energias terão efeitos directos e positivos sobre os preços domésticos.

4. METODOLOGIA

Numa fase inicial, realizou-se uma revisão de literatura sobre o tópico de pesquisa e de assuntos,

directa ou indirectamente, relacionados. De seguida, recolheu-se a informação estatística da inflação

e produção agrícola e as outras variáveis. Subsequentemente, procedeu-se ao tratamento da

informação estatística, de modo a estabelecer uma relação entre as variáveis em estudo.

A informação estatística foi recolhida de modo a formar uma primeira base de reflexão e orientação

metodológica.

O horizonte temporal foi de Janeiro de 2007 a Dezembro de 2015, constituindo uma série mensal.

Para o caso das variáveis que não apresentam séries mensais, desagregou-se as informações por

meses, de forma a obter séries estatísticas que permitissem resultados fiáveis conforme a técnica

utilizada. Toda a informação foi introduzida e processada no programa estatístico Stata 12.

O critério de selecção das variáveis baseou-se na revisão da literatura, ou seja, usou-se variáveis

utilizadas com mais frequência por outros autores e que teoricamente estão relacionadas com a

produção agrícola. As variáveis consideradas neste trabalho foram as seguintes: PIB agrícola,

inflação da economia, inflação dos produtos alimentares. Para além destas, considerou-se também as

taxas de juro, a taxa de câmbio, a oferta monetária e a força de trabalho, pelo facto destas variáveis

10Durevall e Ndung’u (2001) no Quénia, Diouf (2007) no Mali, Kinda (2011) no Chade e Durevall et al. (2012)

na Etiópia em Alain Kabundi (2012).

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terem influência sobre a inflação (com excepção da força do trabalho) bem como sobre o sector

agrícola.

Quadro 1: Relação esperada entre o PIB agrícola e as variáveis independentes

Variável dependente: PIB agrícola

Variáveis independentes Relação esperada

Inflação da Economia -

Inflação dos produtos alimentares -

Taxa de Juros -

Taxa de Câmbios +

Oferta Monetária +

Força de Trabalho -

De modo a determinar as variáveis que influenciam o PIB Agrícola, usou-se o modelo de regressão

clássica, tendo o PIB agrícola como variável endógena. Executou-se sete regressões que podem ser

representadas da seguinte forma:

𝑝𝑖𝑏𝐴𝑔𝑟𝑖𝑐𝜏 = 𝑓(𝑋𝜏, 𝜀𝜏)

Onde: pibAbric – PIB Agrícola; 𝑋𝜏 – covariáveis; 𝜀𝜏 – termo de erro assume-se que apresenta uma

distribuição normal; 𝜏 – período especificado.

A informação estatística foi obtida em relatórios oficiais de organizações nacionais, como o Banco

de Moçambique e o Instituto Nacional de Estatística (INE) de Moçambique e de organizações

internacionais, como a FAO (Organização para a Agricultura e Alimentação das Nações Unidas).

O modelo baseou-se nos seguintes pressupostos:

O modelo de regressão é linear nos parâmetros.

O valor médio do termo de erro ui é zero.

Homoscedasticidade ou variância constante dos resíduos.

Ausência de auto-correlação entre os resíduos.

O número de observações n deve ser maior que o número de parâmetros a serem estimados.

Deve haver suficiente variabilidade nos valores assumidos pelos regressores.

Ausência de multicolinearidade entre os regressores.

O termo de erro ui se distribui normalmente.

Para verificar os pressupostos realizaram-se os seguintes testes estatísticos: (i) teste de

multicolinearidade com recurso aos valores de VIF; (ii) a significância do teste t; (iii) o teste de

Breusch-Pagan-Godfrey para testar a auto-correlação; (iv) a distribuição normal dos erros; (iv) teste

de White; e (v) teste de raízes unitárias, Augmented Dickey Fuller (ADF) a fim de testar a existência

de raízes unitárias. Estes testes serão descritos na secção seguinte.

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5. ANÁLISE DE RESULTADOS

Com o objectivo de analisar o efeito da inflação no PIB agrícola, usou-se o modelo de regressão

clássica11. Procedeu-se à análise de regressão linear, com o objectivo de verificar como a inflação

(por si só) afecta o PIB agrícola. Foram também realizadas regressões simples com outras variáveis

macroeconómicas consideradas importantes conforme referido na metodologia. Realizou-se ainda

uma regressão múltipla incluindo todas as variáveis macroeconómicas, tendo como variável

endógena o PIB agrícola e diversas variáveis exógenas.

Para verificar os pressupostos considerou-se alguns testes estatísticos, tendo-se obtido resultados

satisfatórios12.

O Quadro que se segue mostra os resultados obtidos através da análise de regressões.

Quadro 2: Resultados das regressões (variável dependente: PIB agrícola)13 (1) (2) (3) (4) (5) (6) (7)

Variáveis reg1 reg2 reg3 reg4 reg5 reg6 reg7

lnpibAgric lnpibAgric lnpibAgric lnpibAgric lnpibAgric lnpibAgric lnpibAgric

dInfEcon -8.5440*

(4.5315)

dInfPrAlim -5.0782** -4.7652*

(2.4449) (2.4139)

dlnOferMon -3.8536** -3.2759*

(1.8259) (1.9476)

dTxJ 10.8752* 11.5799**

(5.9441) (5.7761)

dlnTxC 0.4142 0.9572

(1.3236) (1.4125)

lnForTrab 1.0393* 0.9854*

(0.5512) (0.5675)

Constant 22.6121*** 22.6126*** 22.6759*** 22.6132*** 22.6069*** 5.9535 6.8741

(0.0345) (0.0344) (0.0466) (0.0345) (0.0359) (8.8339) (9.0979)

Observações 107 107 107 107 107 108 107

R-squared 0.033 0.039 0.041 0.031 0.001 0.032 0.137

Erro padrão entre parênteses

*** p<0.01, ** p<0.05, * p<0.1

11 O modelo e regressão é uma das possibilidades para a modelagem de séries temporais, se houver uma relação

linear entre a série e alguma(s) outras(s) série(s) explicativa(s), ou então com funções no tempo. Quando se

trata de séries temporais, os modelos de regressão relacionam a variável dependente yt com funções do tempo

(Franco, 2016). 12 De acordo com o resultado do teste de raízes unitárias, o PIB agrícola e a força de trabalho são

estatisticamente significantes a 5% (0.05), indicando estacionaridade, ou seja, a média e a variância das

variáveis não se alteram ao longo do tempo. No entanto, inflação da economia, oferta monetária, taxa de juros,

taxa de câmbio e inflação dos produtos alimentares não são estatisticamente significantes. Assim, essas

variáveis foram transformadas em variáveis em primeiras diferenças (colocou-se um “d” antes do nome da

variável para representar as variáveis em primeiras diferenças). Em primeiras diferenças, todas as variáveis são

significantes a 5%. O teste de co-integração das variáveis indica que as variáveis estão co-integradas.

As variáveis explicativas apresentam uma multicolinearidade aceitável. Para reduzir o risco relacionado com

a heteroscedasticidade, transformaram-se as variáveis com valores absolutos através de logaritmos naturais.

Relativamente a distribuição normal dos erros, constatou-se que este pressuposto é verificado. E não existem

evidências de auto-correlação entre as variáveis em estudo. 13 Ver Quadro 1 no Anexo, para mais detalhes sobre as variáveis.

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Analisando os resultados (Quadro 2), é possível verificar que aproximadamente 14% da variação do

PIB agrícola é explicada pelas variáveis independentes (inflação, oferta monetária, taxa de juros, taxa

de câmbio e força de trabalho), o que sugere que existam outras variáveis que expliquem a variação

da produção agrícola.

Tanto a inflação da economia assim como a inflação dos produtos alimentares, explicam em pequena

proporção as variações do PIB agrícola em Moçambique. As duas variáveis apresentam uma relação

negativa com a produção agrícola. Um aumento da inflação da economia e dos produtos alimentares

em 1% diminui o PIB agrícola em 8,5% e 5,1%, respectivamente. Este resultado condiz com a

literatura que espera que um aumento da inflação leva à redução da demanda dos bens agrícolas o

que, consequentemente tem um impacto negativo sobre a produção de bens agrícolas, Brownson et

al. (2012).Por outro lado, um aumento da inflação eleva os custos de produção que, por sua vez,

levam à redução da produção.

De entre as variáveis do modelo, a taxa de juro é a que maior influência apresenta e essa influência

é positiva no PIB agrícola, ou seja, um aumento de 1% na taxa de juro leva a um aumento na produção

agrícola em 10%14. Este resultado não é consistente com a literatura. De facto, era esperado que a

relação fosse negativa e, no caso de Moçambique, que a influência fosse pequena dado que a grande

maioria dos produtores agrícolas não tem acesso ao crédito em instituições formais. Quanto à sua

influência no investimento agrícola, é importante frisar que o investimento realizado na agricultura

destina-se, maioritariamente, às culturas de exportação, sendo principalmente externo e, portanto,

pouco dependente da taxa de juro interna, pois os investidores obtêm crédito fora do país, excepto,

eventualmente, para financiar os custos internos.

A oferta monetária mostra-nos uma relação negativa, mas pequena, com o PIB agrícola em

Moçambique. Um aumento da oferta monetária pode levar a um aumento da inflação que, conforme

se observou, também tem um impacto negativo sobre a produção agrícola. Por outro lado, o acesso

ao crédito agrícola no país é muito fraco, ou seja, a produção cresce mas a percentagem do crédito

destinado à agricultura no total do crédito decresceu, além de que a agricultura familiar não tem

acesso ao crédito, Abbas (2015).

Relativamente à taxa de câmbio, os resultados obtidos não permitem concluir sobre a influência (ou

não) desta variável no PIB agrícola. No entanto, de acordo com a literatura, um aumento da taxa de

câmbio restringe as importações, tornando-as mais caras (Brownson et al., 2012). Assim, espera-se

que a importação de alimentos reduza, promovendo os produtos domésticos, caso o tecido produtivo

nacional tenha capacidade de resposta. O aumento na taxa de câmbio incentiva a exportação tornando

os produtos nacionais mais baratos e competitivos no mercado internacional, o que, por sua, vez

incentiva o aumento da produção agrícola.

A força de trabalho na agricultura tem uma influência positiva no PIB agrícola. Ou seja, um aumento

em 1% na força de trabalho aumenta o PIB agrícola em mais de 1%. Este resultado é consistente com

a literatura que indica que esta é a variável que está directamente relacionada com as variações na

produção agrícola. Esta conclusão está também de acordo com outros estudos feitos sobre o aumento

da produção agrícola em Moçambique nas últimas décadas.

14 A um nível de significância de 10%.

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6. RESUMO

O estudo examinou a relação entre a inflação e a produção agrícola em Moçambique tendo também

verificado a influência de algumas outras variáveis macroeconómicas na produção agrícola.

De acordo com os resultados, apenas 14% da variação do PIB agrícola é explicada pelas variáveis

independentes (inflação, oferta monetária, taxa de juro, taxa de câmbio e força de trabalho).

A inflação tem um impacto negativo no PIB agrícola, condizendo com a literatura, pois um aumento

da inflação leva a um aumento dos preços de bens agrícola, resultando em redução da procura dos

bens agrícolas, impactando negativamente sobre a produção de bens agrícolas. Para além disso, a

inflação leva a um aumento dos custos de produção que se repercutirá numa redução da produção.

A oferta monetária também mostrou uma relação negativa com o PIB agrícola em Moçambique o

que pode ser justificado pelo fraco acesso ao crédito agrícola no país.

No que diz respeito à taxa de juro, foi estabelecida uma relação positiva com o PIB agrícola não

condizendo com a literatura, pois altas taxas de juro levam a uma redução do investimento, o que por

sua vez condiciona o emprego, levando a uma redução do rendimento disponível e, por conseguinte,

da demanda, impactando negativamente na produção agrícola. No entanto, em Moçambique, os

pequenos produtores praticamente não têm acesso ao crédito e, portanto, um aumento na taxa de juro,

não terá um impacto na produção.

Relativamente à taxa de câmbio, calculou-se um impacto positivo sobre o PIB agrícola. Isto deve-se

ao facto de um aumento da taxa de câmbio restringir as importações, tornando-as mais caras. E, por

outro lado, um aumento na taxa de câmbio incentiva a exportação e, consequentemente, a produção.

A força de trabalho na agricultura teve também uma influência positiva no PIB agrícola.

De forma geral, o sector agrícola apresentou uma tendência crescente. Verificou-se que este aumento

está relacionado com o aumento da força de trabalho, embora, de acordo com o modelo esta não

produza efeitos multiplicadores sobre a produção.

Em pesquisas futuras, o factor tecnológico deve ser considerado no modelo, porque a componente

tecnológica é uma importante fonte de aumento da produtividade e, consequentemente, da produção.

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04/02/2016]

INE (2016c). Índice de preços no consumidor - Moçambique (base: Dezembro 2010=100). Maputo.

INE. Disponível em: http://www.ine.gov.mz/ [Acedido: 04/02/2016]

FAO (2015). Total economically active population in Agriculture. Disponível em:

http://faostat3.fao.org/home/E [Acedido: 17/03/2015]

FAO (2016). Area harvested. Disponível em: http://faostat3.fao.org/home/E [Acedido: 28/04/2016]

ANEXO

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20

Quadro 1. Estatística descritiva dos dados

(1) (2) (3) (4)

Variáveis Indicador Mean Sd min max

pibAgric PIB agrícola (Meticais) 6.882e+09 1.565e+09 1.026e+09 9.800e+09

InfEcon Inflação da economia (%) 0.00602 0.00981 -0.0162 0.0476

InfPrAlim Inflação dos produtos

alimentares (%)

0.00815 0.0173 -0.0293 0.0872

TxJ Taxa de juros (%) 0.216 0.0158 0.187 0.251

TxC Taxa de câmbio

(MZM/USD)

29.50 4.624 23.92 49.46

OferMon Oferta monetária

(Meticais)

1.496e+11 7.346e+10 5.261e+10 3.335e+11

ForTrab Força de trabalho na

agricultura (população

economicamente activa)

9.135e+06 570,210 8.310e+06 1.008e+07

Quadro 2. Resultados do teste de raízes unitárias ADF

Constante e tendência 1ª Diferenças

lnpibAgric -4.508**

InfEcon -3.136 -10.067**

lnOferMon -1.974 -10.045**

TxJ -1.610 -12.606**

lnTxC 1.085 -6.668**

InfPrAlim -3.316 -10.116**

lnForTrab -5.149**

***p<0.01; **p<0.05; *p<0.1

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Título

Autor(es) Ano

52 Sofala: Desenvolvimento e Desigualdades

Territoriais Yara Pedro Nova Junho de 2017

51 Estratégia de produção camponesa em Moçambique:

estudo de caso no sul do Save - Chókwe, Guijá e

KaMavota

Yasser Arafat Dadá Maio de 2017

50 Género e relações de poder na região sul de

Moçambique – uma análise sobre a localidade de

Mucotuene na província de Gaza

Aleia Rachide Agy Abril de 2017

49 Criando capacidades para o desenvolvimento: o género

no acesso aos recursos produtivos no meio rural em

Moçambique

Nelson Capaina Março de 2017

48

Perfil socio-económico dos pequenos agricultores do

sul de Moçambique: realidades de Chókwe, Guijá e

KaMavota

Momade Ibraimo Março de 2017

47 Agricultura, diversificação e

Transformação estrutural da economia João Mosca Fevereiro de 2017

46 Processos e debates relacionados com DUATs.

Estudos de caso em Nampula e Zambézia.

Uacitissa Mandamule Novembro de 2016

45 Tete e Cateme: entre a implosão do el dorado e a

contínua degradação das condições de vida dos

reassentados

Thomas Selemane Outubro de 2016

44 Investimentos, assimetrias e movimentos de protesto

na província de Tete

João Feijó Setembro de 2016

43 Motivações migratórias rural-urbanas e perspectivas de

regresso ao campo – uma análise do desenvolvimento rural

em moçambique a partir de Maputo

João Feijó e Aleia Rachide Agy e

Momade Ibraimo Agosto de 2016

42 Políticas públicas e desigualdades socias e territoriais

em moçambique João Mosca e Máriam Abbas Julho de 2016

41 Metodologia de estudo dos impactos dos megaprojectos

João Mosca e Natacha Bruna Junho de 2016

40 Cadeias de valor e ambiente de negócios na

agricultura em Moçambique

Mota Lopes Maio de 2016

39 Zambézia: Rica e Empobrecida João Mosca e Yara Nova Abril de 2016

38 Exploração artesanal de ouro em Manica

António Júnior, Momade

Ibraimo e João Mosca Março de 2016

37 Tipologia dos conflitos sobre ocupação da terra em

Moçambique Uacitissa Mandamule Fevereiro de 2016

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Título

Autor(es) Ano

36 Políticas públicas e agricultura

João Mosca e Máriam Abbas Janeiro de 2016

35

Pardais da china, jatrofa e tractores de Moçambique:

remédios que não prestam para o desenvolvimento rural

Luis Artur Dezembro de 2015

34 A política monetária e a agricultura em

Moçambique

Máriam Abbas Novembro de 2015

33 A influência do estado de saúde da população na produção

agrícola em Moçambique

Luís Artur e Arsénio Jorge

Outubro de 2015

32 Discursos à volta do regime de propriedade da terra

em Moçambique

Uacitissa Mandamule Setembro de 2015

31 Prosavana: discursos, práticas e realidades João Mosca e Natacha Bruna Agosto de 2015

30

Do modo de vida camponês à pluriactividade impacto

do assalariamento urbano na economia familiar rural João Feijó e Aleia Rachide

Agy

Julho de 2015

29 Educação e produção agrícola em Moçambique: o caso do

milho

Natacha Bruna Junho de 2015

28 Legislação sobre os recursos naturais em Moçambique:

convergências e conflitos na relação com a terra Eduardo Chiziane

Maio de 2015

27 Relações Transfronteiriças de Moçambique António Júnior, Yasser Arafat

Dadá e Momade Ibraimo Abril de 2015

26 Macroeconomia e a produção agrícola em Moçambique

Máriam Abbas

Abril de 2015

25 Entre discurso e prática: dinâmicas locais no acesso aos

fundos de desenvolvimento distrital em Memba

Nelson Capaina

Março de 2015

24 Agricultura familiar em Moçambique: Ideologias e

Políticas

João Mosca Fevereiro de 2015

23 Transportes públicos rodoviários na cidade de Maputo:

entre os TPM e os My Love Kayola da Barca Vieira, Yasser

Arafat Dadá e Margarida Martins Dezembro de 2014

22 Lei de Terras: Entre a Lei e as Práticas na defesa de

Direitos sobre a terra Eduardo Chiziane Novembro 2014

21 Associações de pequenos produtores do sul de

Moçambique: constrangimentos e desafios António Júnior, Yasser Arafat

Dadá e João Mosca Outubro de 2014

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Título

Autor(es) Ano

20

Influência das taxas de câmbio na agricultura João Mosca, Yasser Arafat

Dadá e Kátia Amreén Pereira Setembro de 2014

19

Competitividade do Algodão Em Moçambique

Natacha Bruna

Agosto de 2014

18 O Impacto da Exploração Florestal no

Desenvolvimento das Comunidades Locais nas Áreas

de Exploração dos Recursos Faunísticos na Província

de Nampula

Carlos Manuel Serra, António

Cuna, Assane Amade e Félix

Goia

Julho de 2014

17 Competitividade do subsector do caju em Moçambique

Máriam Abbas Junho de 2014

16

Mercantilização do gado bovino no distrito de

Chicualacuala

António Manuel Júnior Maio de 2014

15

Os efeitos do HIV e SIDA no sector agrário e no

bem-estar nas províncias de Tete e Niassa

Luís Artur, Ussene Buleza,

Mateus Marassiro, Garcia Júnior

Abril de 2014

14 Investimento no sector agrário João Mosca e Yasser Arafat

Dadá

Março de 2014

13 Subsídios à Agricultura João Mosca, Kátia Amreén

Pereira e Yasser Arafat Dadá Fevereiro de 2014

12 Anatomia Pós-Fukushima dos Estudos sobre o

ProSAVANA:

Focalizando no “Os mitos por trás do ProSavana” de

Natalia Fingermann

Sayaka Funada-Classen Dezembro de 2013

11

Crédito Agrário

João Mosca, Natacha Bruna,

Katia Amreén Pereira e

Yasser Arafat Dadá

Novembro de 2013

10 Shallow roots of local development or branching out for

new opportunities: how local communities in

Mozambique may benefit from investments in land

and forestry exploitation

Emelie Blomgren & Jessica

Lindkvist Outubro de 2013

9 Orçamento do estado para a agricultura Américo Izaltino Casamo, João

Mosca e Yasser Arafat Setembro de 2013

8 Agricultural Intensification in Mozambique.

Opportunities and Obstacles—Lessons from

Ten Villages

Peter E. Coughlin

Nícia Givá Julho de 2013

7 Agro-Negócio em Nampula: casos e expectativas do

ProSAVANA

Dipac Jaiantilal Junho de 2013

6 Estrangeirização da terra, agronegócio e campesinato

no Brasil e em Moçambique

Elizabeth Alice Clements e

Bernardo Mançano Fernandes Maio de 2013

5 Contributo para o estudo dos determinantes

da produção agrícola João Mosca e

Yasser Arafat Dadá Abril de 2013

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Título

Autor(es) Ano

4

Algumas dinâmicas estruturais do sector agrário. João Mosca, Vitor Matavel e

Yasser Arafat Dadá Março de 2013

3

Preços e mercados de produtos agrícolas alimentares. João Mosca e Máriam Abbas Janeiro de 2013

2

Balança Comercial Agrícola.

Para uma estratégia de substituição de importações?

João Mosca e Natacha Bruna Novembro de 2012

1

Porque é que a produção alimentar não é prioritária? João Mosca Setembro de 2012

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Como publicar

Os autores deverão endereçar as propostas de textos para publicação em formato digital para

o e-mail do OMR ([email protected]) que responderá com um e-mail de aviso de recepção

da proposta.

Não existe por parte do Observatório do Meio Rural qualquer responsabilidade em publicar

os trabalhos recebidos.

Após o envio, os autores proponentes receberão informação por e-mail, num prazo de 90 dias,

sobre a aceitação do trabalho para publicação.

O autor tem o direito a 10 exemplares do número do OBSERVADOR RURAL que contiver o

artigo por ele escrito.

Regras de publicação:

Apresentação da proposta de um tema que se enquadre no objecto de trabalho do OMR.

Aprovação pelo Conselho Técnico.

Submissão a uma revisão redactorial num prazo de sessenta dias, a partir da entrega da

proposta de artigo pelo autor.

Informação aos autores por parte do OMR acerca da decisão da publicação, por e-mail, com

solicitação de aviso de recepção, num prazo de 90 dias após a apresentação da proposta.

Caso exista um parecer negativo de um ou mais revisores, o autor tem a oportunidade de

voltar uma vez mais a propor a edição do texto, desde que introduzidas as alterações e

observações sugeridas pelo(s) revisore(s).

Uma segunda proposta do mesmo texto para edição procede-se nos mesmos moldes e prazos.

Um segundo parecer negativo tem carácter definitivo.

O proponente do texto para publicação não tem acesso aos nomes dos revisores e estes

receberão os textos para revisão sem indicação dos nomes dos autores.

A responsabilidade de publicação é da Direcção do Observatório do Meio Rural sob proposta

do Conselho Técnico, independentemente dos pareceres dos revisores.

O texto não pode ter mais que 40 páginas em letra 11, espaço simples entre linhas, e 3 cm em

todas as margens da página (cima, baixo lado e esquerdo e direito).

A formatação do texto para publicação é da responsabilidade do OMR.

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O OMR centra as suas acções na prossecução dos seguintes objectivos específicos:

Promover e realizar estudos e pesquisas sobre políticas e outras temáticas relativas ao

desenvolvimento rural;

Divulgar resultados de pesquisas e reflexões;

Dar a conhecer à sociedade os resultados dos debates, seja através de comunicados de

imprensa como pela publicação de textos;

Constituir uma base de dados bibliográfica actualizada, em forma digitalizada;

Estabelecer relações com instituições nacionais e internacionais de pesquisa para intercâmbio

de informação e parcerias em trabalhos específicos de investigação sobre temáticas agrárias

e de desenvolvimento rural em Moçambique;

Desenvolver parcerias com instituições de ensino superior para envolvimento de estudantes

em pesquisas de acordo com os temas de análise e discussão agendados;

Criar condições para a edição dos textos apresentados para análise e debate do OMR.

Patrocinadores:

Av. Paulo Samuel Kankhomba, nº 879

Maputo – Moçambique

www.omrmz.org

O OMR é uma Associação da sociedade

civil que tem por objectivo geral contribuir

para o desenvolvimento agrário e rural

numa perspectiva integrada e

interdisciplinar, através de investigação,

estudos e debates acerca das políticas e

outras temáticas agrárias e de

desenvolvimento rural.