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DENISE VAZQUEZ MANFIO
Uso de poliacutemeros naturais no desaguamento de lodo de tanque seacuteptico em leito de secagem alternativo
CAMPINAS
2014
ii
iii
Universidade Estadual de Campinas
Faculdade de Engenharia Civil Arquitetura e Urbanismo
DENISE VAZQUEZ MANFIO
Uso de poliacutemeros naturais no desaguamento de lodo de tanque seacuteptico em leito de secagem alternativo
Dissertaccedilatildeo de Mestrado apresentada agrave Faculdade de
Engenharia Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual de Campinas para
obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestra em Engenharia Civil na aacuterea de Saneamento e Ambiente
Orientador Prof Dr Adriano Luiz Tonetti
ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE Agrave VERSAtildeO APRESENTADA
AOS MEMBROS DA BANCA DE DEFESA DA DISSERTACcedilAtildeO DE
MESTRADO DEFENDIDA PELA ALUNA DENISE VAZQUEZ
MANFIO ORIENTADO PELO PROF DR ADRIANO LUIZ
TONETTI
_______________________________
Adriano Luiz Tonetti
CAMPINAS
2014
iv
v
vi
vii
RESUMO
O gerenciamento do lodo de tanque seacuteptico eacute uma atividade complexa de alto custo e
pode promover impactos ambientais negativos caso seja mal executada sendo que a
etapa mais criacutetica eacute a de desaguamento O leito de secagem eacute uma das principais
teacutecnicas mas demanda grandes aacutereas e muito tempo para remoccedilatildeo da torta seca A
modificaccedilatildeo destes leitos utilizando pavimentos permeaacuteveis e poliacutemeros podem
diminuir o tempo e aacuterea deste leito O objetivo do trabalho foi comparar a eficiecircncia de
desaguamento da porccedilatildeo de aacutegua livre contida no lodo de tanque seacuteptico com o
emprego de leito de secagem convencional e leito de secagem composto por
pavimento permeaacutevel e avaliar a eficiecircncia da utilizaccedilatildeo de poliacutemeros naturais oriundos
da mandioca (Manihot esculenta Crantz) moringa (Moringa oleifera) e quiabo
(Abelmoschus esculentus) como auxiliares do processo A avaliaccedilatildeo foi realizada em
escala de bancada Somente o poliacutemero sinteacutetico mostrou-se eficiente no
condicionamento do lodo O lodo natildeo condicionado desaguou nos sistemas pavimento
permeaacutevel e pavimento permeaacutevel e areia convencional 611 620 e 547 mL em meacutedia
e no lodo condicionado 1464 1434 e 1214 mL respectivamente Os teores de soacutelidos
da torta seca do lodo sem poliacutemero foram de 2408 2667 e 2992 para os sistemas
pavimento permeaacutevel e pavimento permeaacutevel e areia e convencional respectivamente
e no lodo com poliacutemero foram de 2395 2519 e 2859 O tempo meacutedio de
desaguamento do lodo sem condicionamento foi de 35 dias enquanto que no lodo
condicionado foi de 6 dias Estes resultados apontam que as tortas secas obtiveram
resultados proacuteximos entre si poreacutem o lodo com adiccedilatildeo de poliacutemero teve maior volume
desaguado e menor duraccedilatildeo possibilitando reduccedilatildeo na aacuterea dos leitos e a realizaccedilatildeo
de mais ciclos de secagem por ano Ademais os leitos alternativos produziram lodos
com umidade semelhante ao leito convencional em menor tempo podendo otimizar o
desaguamento do lodo em Estaccedilotildees de Tratamento de Esgoto
Palavras chaves desidrataccedilatildeo de lodo de esgoto condicionamento quiacutemico
coagulantes naturais pavimento permeaacutevel
viii
ix
ABSTRACT
The slugde management is a complex and high cost activity It can promove negatives
impacts if it is poorly executed and the most critical step is the dewatering The drying
bed is one of the principal techniques but it demands big areas and a long periods for
the sludge cake removal The drying beds change can decrease the time and the area
of them if using permeable paving and polymers The objective of this work was to
compare the efficiency of two techniques to dewatering the bulk water portion inside the
septic tank sludge It was compared the conventional drying bed and the drying bed
made of permeable paving It was also evaluate the efficiency of naturals polymers from
cassava (Manihot esculenta Crantz) moringa (Moringa oleifera) and okra (Abelmoschus
esculentus) as auxiliaries in the process The evaluation was performanced in bench
scale The main results showed that only the synthetic polymer was efficient in sludge
conditioning The unconditioned sludge dewatered from the systems permeable paving
permeable paving plus sand and conventional 611 620 and 547 mL on average and for
conditioned sludge 1464 1434 and 1214 mL respectively The dry solids cake in
unconditioned sludge was 2408 2667 and 2992 and in conditioned sludge was
2395 2519 and 2859 for systems permeable paving permeable paving plus sand
and conventional respectively The average time for dewatering sludge without
conditioning was 35 days whereas in sludge conditioning was 6 days These results
show that the dry solids cake obtained similar results however the conditioned sludge
had higher volume dewatered and shorter time duration The alternative drying beds
produced sludges with suchlike dry solids results dry solids as compared to
conventional drying bed in a shorter time it may optimize sludge dewatering in Waste
Water Treatment Plants
Key words dehydration sludges chemical conditioning naturals coagulants
permeable paving
x
xi
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 1
2 OBJETIVOS 3
21 Objetivos especiacuteficos 3
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 5
31 Breve histoacuterico do saneamento baacutesico na zona rural no Brasil 5
32 Tanque Seacuteptico 7
33 Lodo de esgoto 11
34 Desaguamento do lodo de esgoto 15
35 Condicionamento do lodo 21
36 Pavimento permeaacutevel 27
4 METODOLOGIA 29
41 Pavimento permeaacutevel 29
42 Lodo 31
43 Poliacutemeros 35
44 Montagem dos leitos de secagem 39
45 Taxa de infiltraccedilatildeo 43
46 Avaliaccedilatildeo dos sistemas quanto ao desaguamento do lodo 43
461 Avaliaccedilatildeo do desaguamento sem adiccedilatildeo de poliacutemero (Seacuterie 1)44
462 Avaliaccedilatildeo do desaguamento com adiccedilatildeo de poliacutemeros (Seacuteries 2 a 5)45
463 Sistema controle45
464 Avaliaccedilatildeo do Lodo Desaguado46
5 RESULTADOS 47
xii
51 Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas 47
52 Caracterizaccedilatildeo do lodo bruto 47
53 Dosagem oacutetima dos poliacutemeros 50
531 Poliacutemero Sinteacutetico52
532 Mandioca53
533 Moringa54
534 Quiabo55
535 Avaliaccedilatildeo geral da dosagem dos poliacutemeros55
54 Desaguamento do lodo nos sistemas 56
541 Sistema composto por Pavimento Permeaacutevel59
a) Lodo natildeo condicionado59
b) Lodo condicionado60
a) Lodo condicionado62
543 Sistema Convencional63
a) Lodo natildeo condicionado63
b) Lodo condicionado64
55 Teor de soacutelidos das tortas secas 65
56 Anaacutelise geral dos sistemas 67
57 Hipoacutetese I ndash Aacutegua evaporada do lodo sendo percolada 73
58 Hipoacutetese II ndash Ausecircncia de evaporaccedilatildeo nos sistemas 76
59 Manutenccedilatildeo dos pavimentos 80
6 CONCLUSAtildeO 83
7 RECOMENDACcedilOtildeES 85
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 87
xiii
APEcircNDICE A Alcalinidade pH e concentraccedilatildeo de Soacutelidos do lodo bruto 93
APEcircNDICE B Infiltraccedilatildeo dos sistemas volume desaguado e tortas secas dos
sistemas temperatura registradas duraccedilatildeo evaporaccedilatildeo das seacuteries 96
xiv
xv
AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo primeiramente aos meus pais Maria Elisa e Reinaldo por terem me
dado aleacutem da educaccedilatildeo o amor e a noccedilatildeo de que a vida tem um propoacutesito maior
Agradeccedilo tambeacutem aos meus familiares em especial ao meu irmatildeo Juacutelio e a minha avoacute
Ameacutelia com quem tenho a oportunidade do conviacutevio do lar haacute tantos anos Pela
paciecircncia que tecircm comigo em dias que estou impossiacutevel e pelos risos que cobriram
meu rosto muitas vezes
Agradeccedilo ao Prof Adriano pela excepcional orientaccedilatildeo por todos os conselhos e
paciecircncia durante esses mais de dois anos
Agraves amigas e amigos que compartilharam algumas xiacutecaras de cafeacute e happy hours
comigo Amanda Maia Amanda Marchi Artur Cardoso Bianca Gomes Gabriela
Bosshard Gabriela dos Reis Guilherme da Silva Guilherme Rebecchi Jenifer Silva
Joatildeo Paulo Hadler Jorge Barbarotto Lays Leonel Luana Cruz Maacutercio Haiba Mocircnica
Rodrigues Rodolfo Valentim Thalita Cruz e Thaita Rissi Os conselhos e as risadas
foram imprescindiacuteveis para a realizaccedilatildeo deste trabalho
Ao Ademir que aleacutem de toda a ajuda na idealizaccedilatildeo construccedilatildeo dos sistemas e
avaliaccedilatildeo dos pavimentos se tornou meu amigo Ao Diego e Eduardo da Secretaria de
Poacutes-Graduaccedilatildeo e ao Ariovaldo da Secretaria do Departamento de Saneamento e
Ambiente por terem resolvido muito dos meus pepinos burocraacuteticos pela simpatia e
gentileza com que me trataram sempre Aos ateacute entatildeo teacutecnicos do Lab San Enelton
Fernando e Liacutegia pelo grande suporte nas anaacutelises Ao meu amigo David Matta que
aleacutem da amizade me deu uma super ajuda com a anaacutelise estatiacutestica dos meus dados
De uma forma ou de outra todas e todos aqui mencionados contribuiacuteram natildeo soacute
para a obtenccedilatildeo do meu tiacutetulo de mestra mas tambeacutem para o meu crescimento
enquanto pessoa Saibam que aprendi muito com vocecircs
xvi
xvii
ldquoVivendo se aprende mas o que se aprende mais eacute soacute fazer outras maiores perguntasrdquo (Joatildeo Guimaratildees Rosa Grande Sertatildeo Veredas 1956)
xviii
xix
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Esquema do funcionamento de tanque seacuteptico de cacircmara uacutenica 8
Figura 2 - Planta de um leito de secagem convencional 17
Figura 3 - Corte transversal de um leito de secagem convencional 17
Figura 4 - Exemplo de aplicaccedilatildeo de pavimento permeaacutevel em estacionamento 28
Figura 5 - Pavimento permeaacutevel utilizado no projeto 29
Figura 6 - Extratora de corpo de prova utilizada para o corte do pavimento utilizado na
pesquisa 30
Figura 7 - Teste de jarros para dosagem oacutetima de poliacutemero 33
Figura 8 - Aparelho utilizado para aferir o Tempo de Succcedilatildeo Capilar (Capilary Suction
Time) 35
Figura 9 - Preparo da soluccedilatildeo de poliacutemero produzida a partir da mandioca 37
Figura 10 - Semente de Moringa oleiacutefera 38
Figura 11 - Preparo da soluccedilatildeo de poliacutemero produzida a partir do quiabo 39
Figura 12 - Sistema de bancada de leito de secagem utilizado na pesquisa 40
Figura 13 - Bancada experimental localizada no Laboratoacuterio de Protoacutetipos 42
Figura 14 - Detalhe dos sistemas em utilizaccedilatildeo na bancada experimental 42
Figura 15 - Coluna drsquoaacutegua utilizada como controle na bancada experimental 46
Figura 16 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento
permeaacutevel com lodo de esgoto sem poliacutemero 59
Figura 17 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento
permeaacutevel com lodo de esgoto com adiccedilatildeo de poliacutemero 61
Figura 18 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento
permeaacutevel com lodo de esgoto sem poliacutemero 62
xx
Figura 19 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento
permeaacutevel e areia com lodo de esgoto com adiccedilatildeo de poliacutemero 63
Figura 20 - Hidrograma do desaguamento do sistema convencional com lodo de esgoto
sem poliacutemero 64
Figura 21 - Hidrograma do desaguamento do sistema convencional com lodo de esgoto
com adiccedilatildeo de poliacutemero 65
Figura 22 - Teor de soacutelidos da torta seca do lodo desaguado sem poliacutemero 66
Figura 23 - Teor de soacutelidos da torta seca do lodo desaguado com poliacutemero sinteacutetico 67
Figura 24 - Hidrograma do desaguamento do lodo em todos os sistemas no lodo natildeo
condicionado e condicionado 68
Figura 25 - Desaguamento do lodo sem poliacutemero - meacutedias das seacuteries 69
Figura 26 - Desaguamento do lodo com poliacutemero - meacutedias das seacuteries 70
Figura 27 - Detalhe da constituiccedilatildeo do leito de secagem convencional 71
Figura 28 - Teor de soacutelidos das tortas secas sem condicionamento quiacutemico - Hipoacutetese
II 78
Figura 29 - Teor de soacutelidos das tortas secas com condicionamento quiacutemico - Hipoacutetese
II 79
Figura 30 - Boxplot dos Soacutelidos Totais encontrados no lodo bruto 93
Figura 31 - Boxplot dos Soacutelidos Suspensos Totais encontrados no lodo bruto 94
Figura 32 - Boxplot da Alcalinidade encontrada no lodo bruto 94
Figura 33 - Boxplot do pH encontrado no lodo bruto 95
Figura 34 - Boxplot da taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos no Teste 1 96
Figura 35 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos permeaacuteveis nos testes 1 (sem
utilizaccedilatildeo) 2 (lavagem) e 3 (lavagem com soluccedilatildeo detergente) 97
Figura 36 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas compostos por pavimento permeaacutevel e
areia nos testes 1 (sem utilizaccedilatildeo) e 2 (apoacutes lavagem dos pavimentos com soluccedilatildeo
detergente) 98
xxi
Figura 37 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas convencionais nos testes 1 (sem utilizaccedilatildeo)
e 2 (apoacutes lavagem dos pavimentos com soluccedilatildeo detergente) 99
Figura 38 - Temperaturas registradas na Seacuterie I sem poliacutemero 100
Figura 39 - Temperaturas registradas na Seacuterie II sem poliacutemero 100
Figura 40 - Temperaturas registradas na Seacuterie III sem poliacutemero 100
Figura 41 - Temperaturas registradas na Seacuterie I com poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no
Laboratoacuterio 101
Figura 42 - Temperaturas registradas na Seacuterie II com poliacutemero 101
Figura 43 -Temperaturas registradas na Seacuterie III sem poliacutemero 102
Figura 44 - Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua nas seacuteries sem adiccedilatildeo de poliacutemero 102
Figura 45 - Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua nas seacuteries com adiccedilatildeo de poliacutemero 103
Figura 46 - Boxplot do volume desaguado com ou sem poliacutemero em cada sistema
(valores amostrais) 104
Figura 47 - Boxplot dos volumes desaguados com ou sem poliacutemero em cada sistema
(valores ajustados) 105
Figura 48 - Boxplot dos Soacutelidos Totais na torta seca do lodo com ou sem
condicionamento quiacutemico 106
Figura 49 - Meacutedias e valores maacuteximos e miacutenimos dos teores de soacutelidos da torta seca
nos sistemas com ou sem poliacutemero (valores ajustados) 107
xxii
xxiii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Caracteriacutesticas de lodo de esgoto no Brasil 13
Tabela 2 - Meacutetodos utilizados na anaacutelise do lodo 34
Tabela 3 - Organizaccedilatildeo dos sistemas 41
Tabela 4 - Avaliaccedilatildeo dos sistemas 44
Tabela 5 - Comparaccedilatildeo entre dados encontrados na literatura e na presente pesquisa
48
Tabela 6 - Dosagens testadas dos poliacutemeros utilizados na pesquisa 52
Tabela 7 - Resultados obtidos no CST nas dosagens de poliacutemero testadas 53
Tabela 8 - Temperatura evaporaccedilatildeo e duraccedilatildeo das seacuteries 56
Tabela 9 - Resultados do desaguamento do lodo de esgoto de tanque seacuteptico 58
Tabela 10 - Desaguamento do lodo de esgoto nos sistemas - Hipoacutetese I 74
Tabela 11 - Teor de soacutelidos da torta seca ndash comparaccedilatildeo com a Hipoacutetese I 78
Tabela 12 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos 96
Tabela 13 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas pavimento com adiccedilatildeo de areia e
convencional 98
xxiv
xxv
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ANA ndash Agecircncia Nacional de Aacuteguas
CV ndash Coeficiente de Variaccedilatildeo
EPS - Substacircncias Polimeacutericas Extracelulares
ETE ndash Estaccedilatildeo de Tratamento de Esgoto
FUNASA ndash Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede
LABPRO ndash Laboratoacuterio de Protoacutetipos
LABREUSO ndash Laboratoacuterio de Reuso
LABSAN ndash Laboratoacuterio de Saneamento
LES - Laboratoacuterios de Estrutura
LMC - Materiais da Construccedilatildeo
PLANASA ndash Plano Nacional de Saneamento
PNAD ndash Pesquisa Nacional por Amostras em Domiciacutelios
PNRH ndash Poliacutetica Nacional de Recursos Hiacutedricos
PNSB ndash Poliacutetica Nacional de Saneamento Baacutesico
PV ndash Pavimento
SST ndash Soacutelidos Suspensos Totais
SSF ndash Soacutelidos Suspensos Fixos
SSV ndash Soacutelidos Suspensos Volaacuteteis
ST ndash Soacutelidos Totais
STF ndash Soacutelidos Totais Fixos
STV ndash Soacutelidos Totais Volaacuteteis
xxvi
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
O saneamento baacutesico eacute um direito garantido pela constituiccedilatildeo federal brasileira No
entanto diversos municiacutepios natildeo tecircm acesso adequado a este serviccedilo no paiacutes
principalmente quando se trata da coleta e tratamento de esgoto Neste contexto as
regiotildees de baixa densidade demograacutefica como as zonas rurais satildeo as que mais
carecem do esgotamento sanitaacuterio No Brasil segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatiacutestica - IBGE (2010) cerca de 30 milhotildees de pessoas vivem na zona
rural ou seja haacute necessidade de realizaccedilatildeo de pesquisas que atendam agraves demandas
dessas comunidades sendo uma delas o saneamento baacutesico
Contudo a Pesquisa Nacional de Amostras por Domiciacutelios (PNAD) de 2011 revela
que entre os domiciacutelios sem rede coletora de esgoto os tanques seacutepticos representam
a principal alternativa para o lanccedilamento do esgoto domeacutestico e estatildeo presentes em
22 dos domiciacutelios no paiacutes (IBGE 2012)
A disposiccedilatildeo em tanques seacutepticos segundo Andreoli et al (2009) ainda que
longe do desejaacutevel pode reduzir cerca de 30 do potencial poluidor sendo
responsaacuteveis por uma reduccedilatildeo de carga orgacircnica de no miacutenimo 13 milhatildeo de kg de
Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO) por dia fato que ameniza os impactos
ambientais decorrentes da falta da rede coletora de esgoto
Considerando que mais de 23 milhotildees de domiciacutelios possuem tanques seacutepticos
ou fossas rudimentares no Brasil pode-se estimar que a produccedilatildeo de lodo digerido que
possui de 94 a 97 de umidade ultrapasse 8 milhotildees de msup3 por ano ndash observando-se o
valor indicado pela NBR 72291993 para o coeficiente de reduccedilatildeo de volume por
digestatildeo (ABNT 1993)
Desta forma haacute necessidade de realizar-se adequadamente o gerenciamento
deste lodo etapa comumente negligenciada no tratamento de esgoto caso contraacuterio o
benefiacutecio ambiental gerado pelo tratamento estaraacute comprometido Dentro deste
gerenciamento o desaguamento por processos naturais satildeo os mais adequados agraves
comunidades rurais por serem meacutetodos simplificados e de baixo custo
2
Tendo em vista um aumento da eficiecircncia deste processo vislumbrou-se a
possibilidade de utilizaccedilatildeo de poliacutemeros que atuam como condicionantes de lodo Os
poliacutemeros podem ser sinteacuteticos ou naturais Os primeiros satildeo produzidos
industrialmente e podem oferecer riscos agrave sauacutede humana aleacutem de impactos
ambientais A utilizaccedilatildeo de poliacutemeros naturais permitiria a reduccedilatildeo destes riscos e
impactos aleacutem de apresentarem menor custo constituindo-se como melhor alternativa
agraves comunidades rurais
Aleacutem disso a reconfiguraccedilatildeo dos leitos de secagem tradicionais utilizando-se
pavimentos permeaacuteveis poderia aumentar a taxa da drenagem da aacutegua presente no
lodo Essa combinaccedilatildeo entre poliacutemeros naturais e leito de secagem permitiria a reduccedilatildeo
do tempo de formaccedilatildeo e remoccedilatildeo da torta seca e da aacuterea do leito de secagem jaacute que
estes apresentam diversos inconvenientes como a demanda por grandes aacutereas e
longos periacuteodos para o desaguamento
Portanto a busca por alternativas adequadas agrave ETE de pequeno porte
localizadas em comunidades isoladas eou rurais historicamente negligenciadas pelo
Estado brasileiro constitui-se como medida efetiva de promoccedilatildeo de sauacutede e melhoria
na qualidade do ambiente uma vez que o acesso ao saneamento integra o conjunto de
medidas da medicina preventiva e reduz o impacto ambiental em corpos hiacutedricos e
contaminaccedilatildeo do solo e lenccediloacuteis freaacuteticos
3
2 OBJETIVOS
O objetivo do projeto foi comparar a eficiecircncia de desaguamento da porccedilatildeo de aacutegua
livre contida no lodo de tanque seacuteptico com o emprego de leito de secagem
convencional e leito de secagem composto por pavimento permeaacutevel e avaliar a
utilizaccedilatildeo de poliacutemeros naturais oriundos da mandioca (Manihot esculenta Crantz)
moringa (Moringa oleifera) e quiabo (Abelmoschus esculentus) e um sinteacutetico como
auxiliares do processo
21 Objetivos especiacuteficos
Comparar o desaguamento da porccedilatildeo de aacutegua livre contida no lodo de tanque
seacuteptico entre
a) leito de secagem convencional
b) leito de secagem composto por pavimento permeaacutevel e uma camada de
areia de 001m
c) leito de secagem composto somente com pavimento permeaacutevel
Avaliar a influecircncia da utilizaccedilatildeo dos poliacutemeros na eficiecircncia do desaguamento
Sendo estes oriundos da mandioca (Manihot esculenta Crantz) moringa
(Moringa oleifera) e quiabo (Abelmoschus esculentus) e um sinteacutetico
Comparar a eficiecircncia entre a utilizaccedilatildeo dos poliacutemeros naturais e sinteacutetico
4
5
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
31 Breve histoacuterico do saneamento baacutesico na zona rural no Brasil
O saneamento na zona rural sempre foi negligenciado por parte do Estado Tendo
se tornado uma preocupaccedilatildeo para o poder puacuteblico somente no iniacutecio do seacuteculo XX apoacutes
trabalho realizado pela Liga Proacute-Saneamento do Brasil que foi um movimento
nacionalista formado por meacutedicos cientistas antropoacutelogos e funcionaacuterios dos serviccedilos
federais Este movimento realizou um relatoacuterio sobre o saneamento na zona rural
atraveacutes de diversas incursotildees pelos ldquosertotildeesrdquo e encontraram uma populaccedilatildeo doente e
miseraacutevel A ausecircncia de poliacuteticas sociais e a grande pobreza decorrente da grande
concentraccedilatildeo de terras e a exploraccedilatildeo a que boa parte desta populaccedilatildeo era submetida
a tornava enfraquecida por doenccedilas decorrentes da falta de saneamento baacutesico e
impossibilitada de ter melhores condiccedilotildees de vida (GRECO 1999 NEVES 2009) Esse
grupo criticava a ausecircncia do poder puacuteblico nestes locais e acreditava ser possiacutevel
reverter este quadro promovendo accedilotildees integradas de sauacutede e saneamento baseando-
se no conceito de sociabilidade das doenccedilas (REZENDE amp HEacuteLLER 2008)
No entanto natildeo consideravam os aspectos de subdesenvolvimento e desigualdade
social que contribuiacuteam para tal situaccedilatildeo (GRECO 1999 NEVES 2009 REZENDE amp
HEacuteLLER 2008) Como se o personagem ldquoJeca Taturdquo de Monteiro Lobato assolado
pela ancilostomiacutease pudesse tornar-se vigoroso capitalista somente tendo acesso agrave
sauacutede Portanto o projeto de ldquosaneamento dos sertotildeesrdquo atraveacutes da exclusiva promoccedilatildeo
de sauacutede buscava defender a ldquovocaccedilatildeo agriacutecolardquo do paiacutes e integrar a populaccedilatildeo rural agrave
economia nacional Contudo foi a partir deste movimento que se lanccedilou as bases para
uma reforma que unificou e centralizou as accedilotildees de sauacutede e saneamento no paiacutes
(REZENDE amp HEacuteLLER 2008)
Com a intensificaccedilatildeo do ecircxodo rural a partir da deacutecada de 1940 pela
industrializaccedilatildeo do paiacutes causando intensa urbanizaccedilatildeo deslocou-se recursos a serem
destinados a zona rural que viviam em condiccedilotildees precaacuterias de sauacutede saneamento
educaccedilatildeo e moradia A partir da deacutecada de 1970 houve um distanciamento das accedilotildees
de sauacutede e saneamento e a criaccedilatildeo do Plano Nacional de Saneamento (PLANASA)
6
que investiu em abastecimento de aacutegua coleta e tratamento de esgoto (REZENDE amp
HEacuteLLER 2008)
Em 2007 com a criaccedilatildeo da Lei Nacional de Saneamento Baacutesico (LNSB) e sua
respectiva poliacutetica entendeu-se a grande vinculaccedilatildeo que deve existir entre as poliacuteticas
de saneamento baacutesico as poliacuteticas nacionais e regionais de recursos hiacutedricos e as
poliacuteticas regionais e locais de desenvolvimento urbano e sauacutede puacuteblica A Poliacutetica
Nacional de Recursos Hiacutedricos (PNRH) jaacute tem certa integraccedilatildeo com a LNSB como
exemplificado pelas accedilotildees da Agecircncia Nacional de Aacuteguas (ANA) Poreacutem a sauacutede
puacuteblica eacute uma grande ausente na LNSB exceto pela imposiccedilatildeo de que os planos de
saneamento baacutesico devam partir de um diagnoacutestico baseado em indicadores sanitaacuterios
e epidemioloacutegicos (CUNHA 2011)
A Poliacutetica Nacional de Saneamento Baacutesico (PNSB) determinou a elaboraccedilatildeo dos
programas de saneamento baacutesico integrado saneamento estruturante e saneamento
rural Sendo este uacuteltimo responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede por meio da
Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede (FUNASA) que tem coordenado o Programa Nacional de
Saneamento Rural visando integrar as poliacuteticas puacuteblicas de meio ambiente recursos
hiacutedricos sauacutede habitaccedilatildeo e igualdade racial (FUNASA 2012)
Entretanto ainda hoje de acordo com a PNAD 2011 a zona rural eacute marginalizada
quanto ao acesso aos serviccedilos de saneamento Somente 33 dos domiciacutelios tem
ligaccedilatildeo a rede de abastecimento de aacutegua e o acesso eacute ainda mais baixo quando se
trata de esgoto apenas 5 estatildeo ligados a rede coletora e 28 utilizam o tanque
seacuteptico como unidade de destinaccedilatildeo do esgoto mas a grande parte da populaccedilatildeo ainda
faz uso de fossa rudimentar lanccedilamento em corpos daacutegua e no solo a ceacuteu aberto
(IBGE 2012)
Do ponto de vista ambiental um projeto de saneamento deve estar apto a
responder natildeo soacute as questotildees sanitaacuterias mas tambeacutem as fontes de perturbaccedilatildeo da
qualidade ambiental no ambiente como a implicaccedilatildeo dos usos do efluente gerado e
seus subprodutos (PHILIPPI et al 1999)
7
Dentre as teacutecnicas de tratamento utilizadas nas zonas rurais o tratamento
anaeroacutebio oferece algumas vantagens em relaccedilatildeo ao aeroacutebio tais como projeto
relativamente simples e baixo custo baixa produccedilatildeo de lodo baixo consumo de energia
e de demanda de nutrientes com capacidade de receber altas cargas orgacircnicas e
sendo potencialmente gerador de energia (MOUSSAVI KAZEMBEIGI amp FARZADKIA
2010)
32 Tanque Seacuteptico
Eacute a forma de tratamento anaeroacutebia mais difundida e mais antiga no mundo haacute
registros de seu uso no seacuteculo XIX (BITTON 2005) e ainda se constitui como a
principal alternativa de tratamento de esgoto em comunidades isoladas eou rurais em
paiacuteses de economia perifeacuterica por ser uma forma de tratamento descentralizado
(MOUSSAVI KAZEMBEIGI amp FARZADKIA 2010) Desde que seja projetado situado e
mantido corretamente eacute considerado um tratamento de esgoto eficiente em aacutereas rurais
(WITHERS JARVIE amp STOATE 2011)
Os tanques seacutepticos podem ser definidos como uma unidade ciliacutendrica ou
prismaacutetica retangular de fluxo horizontal usada para tratamento de esgotos por
processos de sedimentaccedilatildeo flotaccedilatildeo e digestatildeo (ABNT 1993) Podem ser de cacircmara
uacutenica de cacircmaras em seacuterie ou de cacircmaras sobrepostas (ANDREOLI 2009) e sua
constituiccedilatildeo pode ser de concreto metal ou fibra de vidro (BITTON 2005)
Os soacutelidos sedimentaacuteveis presentes no esgoto formam a camada de lodo na parte
inferior do tanque Oacuteleos graxas e outros materiais leves flotam na superfiacutecie formando
uma camada de escuma A mateacuteria orgacircnica retida no fundo do tanque sofre
decomposiccedilatildeo facultativa e anaeroacutebia sendo convertida a compostos mais estaacuteveis e a
gases como gaacutes carbocircnico (CO2) e gaacutes sulfiacutedrico (H2S) e a remoccedilatildeo de Soacutelidos
Suspensos Totais (SST) e Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO) eacute geralmente de 70
a 80 e de 65 a 80 respectivamente podendo alcanccedilar em climas quentes remoccedilatildeo
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de 80 de SST e 90 de DBO (METCALF amp EDDY 2009 BITTON 2005) Contudo eacute
pouco eficiente na remoccedilatildeo de organismos patogecircnicos (BITTON 2005)
O tempo em que o esgoto permanece no tanque para que seja tratado Tempo de
Detenccedilatildeo Hidraacuteulica (TDH) varia de 24 a 72 h (BITTON 2005) Na Figura 1 estaacute
representado um esquema de funcionamento de um tanque seacuteptico de cacircmara uacutenica
Figura 1 - Esquema do funcionamento de tanque seacuteptico de cacircmara uacutenica
Apesar deste sistema de tratamento ser extremamente antigo ainda eacute objeto de
pesquisa em diversos paiacuteses e se constitui como a principal forma de tratamento de
esgotos em comunidades rurais Entretanto a forma de operaccedilatildeo as unidades que
precedem ou sucedem os tanques seacutepticos e a destinaccedilatildeo final do efluente e do lodo
sofreram modificaccedilotildees qualitativas ao longo do tempo Fato que natildeo soacute comprova a
relevacircncia das pesquisas sobre este sistema como impacta positivamente a sauacutede
puacuteblica e o ambiente de modo geral
Moussavi Kazembeigi amp Farzadkia (2010) estudaram um modelo diferente de
tanque seacuteptico em escala piloto onde o fluxo de esgoto eacute vertical assemelhando-se
aos Reatores Anaeroacutebios de Fluxo Ascendente (RAFA) Os pesquisadores constataram
a remoccedilatildeo de 86 de SST 85 Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO) e 77 da
Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DQO) quando o TDH foi de 24h
9
Em seguida testaram a eficiecircncia de remoccedilatildeo desses indicadores com TDH de 12 e
6 h e notaram que esse decrescimento tambeacutem ocasionou o decrescimento da
remoccedilatildeo de SST de 67 para 33 respectivamente O mesmo ocorreu para os
paracircmetros de DBO e DQO em que o periacuteodo de 12h houve remoccedilatildeo de 71 e 77 e
no periacuteodo de 6 h remoccedilatildeo de 33 e 31 respectivamente constatando que neste caso
natildeo eacute possiacutevel reduzir o tempo de detenccedilatildeo hidraacuteulica dentro da unidade de tratamento
sem comprometer a eficiecircncia de remoccedilatildeo da carga orgacircnica
Os autores concluiacuteram que a modificaccedilatildeo do fluxo de esgoto se revelou eficiente no
tratamento de esgotos domeacutesticos e pode propiciar menor geraccedilatildeo de lodo implicando
em uma manutenccedilatildeo mais simplificada comparada agraves unidades convencionais e
consequentemente em menores custos
Uma pesquisa semelhante foi realizada em escala real em El Tel El Sagheer uma
pequena comunidade localizada agrave 120 km de Cairo Egito O tanque seacuteptico modificado
proposto por Sabry (2010) constitui-se por dois compartimentos O primeiro cujo fluxo
do efluente era vertical possuiacutea uma seacuterie de chapas inclinadas a 60deg conhecidas
como decantadores por colmeia que separavam a fase soacutelida da liacutequida minimizando
a quantidade de soacutelidos que escapavam para o compartimento seguinte e retinham a
escuma O primeiro tanque exercia a funccedilatildeo de digerir anaeroacutebiamente a mateacuteria
orgacircnica sedimentando os soacutelidos suspensos no fundo que formam o lodo tendo
tambeacutem uma saiacuteda para o biogaacutes formado
O segundo compartimento era divido em dois e servia como uma unidade de
polimento degradando a mateacuteria orgacircnica residual atraveacutes da filtraccedilatildeo que ocorria o
com cascalho no fundo do tanque retendo os soacutelidos bioloacutegicos por um longo periacuteodo
Para tal o sistema exigia a utilizaccedilatildeo de duas bombas submersas uma em cada
tanque com vazatildeo de 0003 msup3s-1 O TDH dos dois compartimentos era de 20 h
velocidade ascensional na vazatildeo maacutexima diaacuteria de 0125 m h-1 e carga orgacircnica meacutedia
no segundo compartimento de 042 kg DBO m-3 d Aleacutem disso uma unidade de
10
desinfecccedilatildeo foi instalada para injetar uma soluccedilatildeo de hipoclorito de soacutedio no efluente
tratado com vistas a adequaccedilatildeo a legislaccedilatildeo local
Durante quase um ano de operaccedilatildeo e monitoramento o sistema removeu 81 da
DBO 84 do DQO e 89 dos SST enquanto a remoccedilatildeo em um sistema de tanque
seacuteptico seguido de filtro anaeroacutebio citado pelo pesquisador foi de 56 para DBO 52
para DQO e 54 para SST O sistema tambeacutem se mostrou de faacutecil reprodutibilidade e
baixo custo provando-se uma alternativa promissora para o tratamento de esgotos em
comunidades rurais em regiotildees em situaccedilatildeo anaacuteloga ao Egito
Os tanques seacutepticos tambeacutem podem ser integrados a outros processos de
tratamento como demonstrado por Philippi et al (1999) numa pesquisa realizada no
Brasil no estado de Santa Catarina Os pesquisadores verificaram a eficiecircncia de uma
zona de raiacutezes (tambeacutem conhecida pelo seu termo em inglecircs wetland) que recebia
efluente de um tanque seacuteptico Proveniente de uma induacutestria alimentiacutecia continha soro
de queijo gordura sangue alimentos enlatados carne suiacutena e esgoto sanitaacuterio sendo
que parte desse material ficava na caixa de gordura situada apoacutes o tanque seacuteptico que
foi construiacutedo em escala real de acordo com a NBR 72231993
Apoacutes a caixa de gordura o efluente entrava na parte inferior da zona de raiacutezes e
passava por camadas de areia feno de arroz e argila chegando as raiacutezes da
Zizaniopsis bonariensis espeacutecie de planta aquaacutetica tiacutepica da regiatildeo sul do paiacutes Os
pontos de monitoramento foram nas saiacutedas do tanque seacuteptico (P1) e da zona de raiacutezes
(P2) e os resultados mostraram que a reduccedilatildeo do P1 para DBO e DQO foi de 32 e 33
de 29 e 36 para ST e STV de 5 e 40 para Nitrogecircnio Total Kjedhal (NTK) e nitratos
e de 13 para o foacutesforo total (PT) respectivamente Enquanto que para o P2 a reduccedilatildeo
foi de 69 para DBO 71 para a DQO para ST e STV de 61 e 75 para NTK e
nitratos e PT de 78 e 40 72 respectivamente Destaca-se que a pesquisa estuda
uma das possibilidades de poacutes-tratamento de efluente de tanques seacutepticos poreacutem
existem diversas formas indicadas pela NBR 139691997 como vala de infiltraccedilatildeo o
poccedilo absorvente escoamento superficial e canteiro de infiltraccedilatildeo e evapotranspiraccedilatildeo
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Os resultados da pesquisa revelam bom desempenho da associaccedilatildeo dos sistemas
de tratamento e alta remoccedilatildeo de N e P em decorrecircncia da desnitrificaccedilatildeo na zona de
raiacutezes e apoacutes o periacuteodo de maturaccedilatildeo do sistema comeccedilou a produzir efluente em
acordo com a legislaccedilatildeo local sendo o sistema integrado uma boa alternativa para o
tratamento efluentes sanitaacuterios e para induacutestrias que tenham efluentes semelhantes aos
da pesquisa (PHILIPPI et al 1999)
Contudo a operaccedilatildeo incorreta e a destinaccedilatildeo inadequada do efluente e do lodo
gerado pelos tanques seacutepticos em zonas rurais podem contribuir para a eutrofizaccedilatildeo de
nascentes de corpos hiacutedricos Withers Jarvie amp Stoate (2011) monitoraram o impacto
dos tanques seacutepticos na concentraccedilatildeo de nutrientes em uma comunidade rural na
Inglaterra Os pesquisadores verificaram altas concentraccedilotildees de nitrogecircnio foacutesforo
soacutedio potaacutessio e amocircnia aleacutem de concentraccedilotildees de nitrato consideradas nocivas aos
peixes tipicamente associados agrave digestatildeo anaeroacutebia de tanques seacutepticos tanto nas
valas de infiltraccedilatildeo quanto agrave jusante do corpo hiacutedrico situado proacuteximo aos tanques
seacutepticos
Portanto aleacutem de melhorias nas tecnologias simplificadas de tratamento de esgoto
eacute necessaacuterio o correto gerenciamento do lodo gerado caso contraacuterio o beneficio
ambiental gerado pelo tratamento do efluente pode ser parcialmente comprometido
33 Lodo de esgoto
O lodo de esgoto eacute um subproduto do tratamento de esgoto e eacute gerado em vaacuterias
etapas Seu gerenciamento eacute complexo e por vezes ignorado nas ETE
Contraditoriamente Campbell (2000) aponta que quanto mais efetivo o processo de
remoccedilatildeo de contaminantes maior a produccedilatildeo de lodo Ou seja a preocupaccedilatildeo com o
tratamento do efluente deve ser proporcional ao gerenciamento de seu subproduto
Apesar disso natildeo representa mais que 2 do volume de esgoto tratado Poreacutem os
custos variam de 20 a 60 do total gasto numa ETE no Brasil (ANDREOLI VON
SPERLING amp FERNANDES 2001) Essa realidade natildeo eacute soacute brasileira em outros
12
paiacuteses tambeacutem representa custos elevados e seu gerenciamento eacute por vezes
negligenciado (RUIZ KAOSOL amp WISNIEWSK 2010)
Uma fraccedilatildeo significativa da expansatildeo da infraestrutura estaacute ocorrendo em paiacuteses
em desenvolvimento dirigidas aos maiores centros urbanos do mundo como eacute o caso
da Cidade do Meacutexico e Satildeo Paulo Para ter estrateacutegias mais apropriadas de
gerenciamento de lodo contudo satildeo necessaacuterias informaccedilotildees histoacutericas pouco
disponiacuteveis nestas cidades segundo afirma Campbell (2000)
Aleacutem disso eacute imprescindiacutevel o conhecimento do lodo gerado para que seu
gerenciamento possa ser eficiente Ainda que a NBR 100042004 classifique o lodo de
esgoto como um resiacuteduo soacutelido natildeo inerte (ABNT 2004) aproximadamente 95 de sua
constituiccedilatildeo eacute aacutegua sofrendo algumas variaccedilotildees devido as diferentes caracteriacutesticas
dos esgotos e tratamentos O lodo tambeacutem pode ser classificado de acordo com a sua
origem
Lodo primaacuterio eacute aquele gerado em decantadores primaacuterios e tanques
seacutepticos Eacute formado principalmente por soacutelidos sedimentaacuteveis Pode
exalar odor forte caso fique retido por periacuteodos elevados e em altas
temperaturas Nos tanques seacutepticos sofre digestatildeo anaeroacutebia
Lodo secundaacuterio eacute formado nas etapas bioloacutegicas do tratamento aeroacutebia
e anaeroacutebia podendo estar estabilizado ou natildeo Compreende a
comunidade microbiana que realiza a degradaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica no
sistema
Lodo quiacutemico eacute originaacuterio de tratamentos que adicionam condicionantes
quiacutemicos como decantadores primaacuterios com precipitaccedilatildeo quiacutemica
O Programa de Pesquisa em Saneamento Baacutesico realizou um trabalho com lodo
de esgoto em diferentes institutos de pesquisa no Brasil Algumas caracteriacutesticas do
lodo encontradas podem ser vistas na Tabela 1 utilizando-se o procedimento de coleta
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de aliacutequotas dos resiacuteduos descartados pelos caminhotildees limpa-fossa na entrada da
ETE ressalta-se que apesar da pesquisa focar em lodo de tanque seacuteptico nem todas
as ETE coletaram desta unidade de tratamento nem adotaram a mesma metodologia
de coleta e os contribuintes do esgoto foram variados como restaurantes domiciacutelios
hospitais entre outros e satildeo mantidos e operados de formas diferentes Nota-se que
todos os valores satildeo elevados indicando alta concentraccedilatildeo de soacutelidos
Tabela 1 - Caracteriacutesticas de lodo de esgoto seacuteptico no Brasil
Paracircmetros
Lodo de esgoto
FAE UFRN UNB USP
SANEPAR LARHISA CAESB EESC
Mediana Mediana Mediana Mediana
ST (mgL-1) 8208 6508 10214 6508
STV (mgL-1) 5612 4368 7368 3053
SST (mgL-1) 5042 3891 6395 3257
DBO (mgL-1) 2734 955 - 1524
DQO (mgL-1) 11219 3434 1281 4491
pH 72 66 71 69 Adaptado de Andreoli (2009)
Diversos estudos tecircm buscado relaccedilotildees entre caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas do
lodo e seu desaguamento De acordo com Vesilind (1994) o tamanho e a superfiacutecie das
partiacuteculas soacutelidas presentes no lodo satildeo caracteriacutesticas importantes que podem
determinar a receptividade ao espessamento ou desaguamento do lodo A carga das
partiacuteculas pode estabelecer ligaccedilotildees com as moleacuteculas de aacutegua difiacuteceis de serem
quebradas essas cargas superficiais alteram propriedades fiacutesicas daacute aacutegua
descongelamento agrave temperaturas abaixo do ponto de congelamento (-20degC) e a
densidade pode ser reduzida a 0965 gcmsup3
Neste mesmo trabalho Vesilind (1994) investigou os tipos de aacutegua presentes no
lodo e verificou que uma fraccedilatildeo estaacute ligada fisicamente agrave superfiacutecie das partiacuteculas
presentes no lodo atraveacutes de pontes de hidrogecircnio denominada aacutegua vicinal e pode
ser removida pela diminuiccedilatildeo da aacuterea superficial total das partiacuteculas soacutelidas a que estaacute
ligada atraveacutes da utilizaccedilatildeo de condicionantes quiacutemicos
14
A remoccedilatildeo da aacutegua localizada nos interstiacutecios dos flocos pode se dar por
processos mecacircnicos que conseguem destruir a estrutura do floco (RUIZ KAOSOL amp
WISNIEWSK 2010 VESILIND 1994) A aacutegua de hidrataccedilatildeo eacute aquela ligada
quimicamente agrave superfiacutecie da partiacutecula e eacute removida apenas com aumento da
temperatura Somente a fraccedilatildeo denominada ldquoaacutegua livrerdquo eacute que natildeo estaacute associada e
natildeo sofre influecircncia dos soacutelidos presentes no lodo A drenagem adensamento e
desidrataccedilatildeo mecacircnica e natural podem realizar a sua remoccedilatildeo (VESILIND 1994)
O trabalho de Liao et al (2000) constatou forte relaccedilatildeo entre o tamanho dos flocos e
a quantidade de aacutegua ligada fisico-quimicamente agraves partiacuteculas soacutelidas quanto menor
era o floco maior a quantidade deste tipo de aacutegua encontrada no lodo Mikkelsen amp
Keiding (2002) concluiacuteram que Substacircncias Polimeacutericas Extracelulares (EPS) satildeo o
paracircmetro mais importante na estrutura do lodo e altas concentraccedilotildees destas
substacircncias podem diminuir a tensatildeo de cisalhamento e propiciar um menor grau de
dispersatildeo do lodo pois agem na estabilidade da estrutura dos flocos reduzindo desta
forma a resistecircncia agrave filtraccedilatildeo Entretanto altas concentraccedilotildees de EPS diminuem o teor
de soacutelidos na torta seca
Jin Wileacuten amp Lant (2003) tambeacutem investigaram a relaccedilatildeo entre as EPS e o
desaguamento no lodo de esgoto Os pesquisadores observaram que altas
concentraccedilotildees de iacuteons Ca+ Mg2+ Fe3+ e Al3+ proporcionam melhora significativa no
desaguamento Tambeacutem concluiacuteram que lodos que contem flocos compactos grandes
e com muitos filamentos tem grande quantidade de aacutegua ligada intersticial
Propriedades de floculabilidade hidrofobicidade carga superficial e viscosidade satildeo
fatores que afetam significativamente a capacidade de ligaccedilatildeo da aacutegua nos flocos de
lodo sendo que altos valores destas propriedades indicam grande quantidade de aacutegua
ligada Ademais proteiacutenas e carboidratos contribuem significativamente para a ligaccedilatildeo
da aacutegua nos flocos
No espessamento por gravidade a presenccedila de aacutegua vicinal em volta das
partiacuteculas menores no lodo (de 2 a 4 microm cerca de 6 do total de partiacuteculas presentes
15
no lodo digerido anaeroacutebiamente) melhoraria o processo devido ao aumento do
diacircmetro efetivo das partiacuteculas como resultado da baixa densidade encontrada na aacutegua
vicinal e do aumento da viscosidade da aacutegua que circunda as partiacuteculas (VESILIND
1994)
As alternativas para a disposiccedilatildeo do lodo satildeo variadas e tecircm sido desenvolvidas haacute
vaacuterias deacutecadas Campbell (2000) as divide em trecircs categorias satildeo elas (i) aplicaccedilatildeo no
solo (ii) disposiccedilatildeo em aterro sanitaacuterio e (iii) tecnologias de incineraccedilatildeo Para as duas
primeiras - mais aplicadas no Brasil - torna-se indispensaacutevel a retirada de uma parcela
de sua umidade pois interfere na umidade ideal do solo quando aplicado na agricultura
e sobrecarrega o tratamento do chorume nos aterros
34 Desaguamento do lodo de esgoto
De acordo com Andreoli von Sperling amp Fernandes (2001) o gerenciamento do
lodo eacute uma atividade complexa e pode promover impactos ambientais negativos caso
seja mal executada Dentre as etapas envolvidas o desaguamento eacute um dos desafios
da engenharia ambiental e continua sendo um problema no tratamento de esgotos
(VESILIND 1988 VESILIND 1994 CAMPBELL 2000)
Metcalf amp Eddy (1991) descrevem o desaguamento como uma operaccedilatildeo fiacutesica
utilizada na reduccedilatildeo de umidade contida no lodo Eacute necessaacuterio realizar esta operaccedilatildeo
por propiciar (i) o manuseio mais faacutecil (ii) a reduccedilatildeo dos custos no transporte (iii) a
disposiccedilatildeo em aterros sanitaacuterios reduzindo a quantidade de chorume produzido (iv) a
melhora na etapa de compostagem do lodo (v) a reduccedilatildeo da atividade microbiana e
consequentemente da produccedilatildeo de odores
O desaguamento pode ser realizado por processos naturais ou mecanizados A
seleccedilatildeo dos mecanismos de desaguamento deve ser determinada pelo tipo de lodo a
ser desaguado caracteriacutesticas desejadas do lodo desaguado e espaccedilo disponiacutevel Os
processos mecanizados satildeo mais indicados para Estaccedilotildees de Tratamento de Esgotos
(ETE) de grande porte e onde haja restriccedilatildeo de aacuterea Centriacutefugas filtros a vaacutecuo
16
filtros-prensa prensas desaguadoras e secagem teacutermica satildeo exemplos de processos
mecanizados mais utilizados em ETE
Em estudo realizado por Ruiz Kaosol amp Wisniewsk (2010) relacionou-se a
quantidade de mateacuteria orgacircnica presente no lodo e sua aptidatildeo ao desaguamento
mecacircnico verificou-se que quanto maior essa quantidade (expressa pelo valor de
Soacutelidos Totais Volaacuteteis) menor era a resistecircncia a filtraccedilatildeo mas maior sua
compressibilidade (expressa pelo seu limite de plasticidade) e portanto menor a
eficiecircncia do processo de desaguamento mecacircnico Todavia lodos com menor teor de
mateacuteria orgacircnica isto eacute mais estabilizados tambeacutem satildeo mais indicados para os
processos naturais de desaguamento (ANDREOLI VON SPERLING amp FERNANDES
2001)
Verifica-se no entanto que poucas pesquisas tecircm se preocupado com o
desaguamento por processos naturais como os leitos de secagem e as lagoas de
secagem que estatildeo mais presentes em ETE pequenas ou que natildeo tecircm restriccedilotildees
quanto a aacuterea O mecanismo de desaguamento nestes casos se daacute pela evaporaccedilatildeo e
percolaccedilatildeo da aacutegua presente no lodo O desaguamento de lodos por leitos de secagem
eacute adequado para comunidades de pequeno e meacutedio porte sendo indicado para lodos
tipicamente encontrados em tanques seacutepticos (estabilizados)
Um leito de secagem convencional conforme ilustram as Figuras 2 e 3 caracteriza-
se por um tanque com paredes e base de concreto O fundo deve ser constituiacutedo por
uma camada de areia trecircs camadas de brita e tijolos recozidos ou outro material
resistente agrave operaccedilatildeo de remoccedilatildeo do lodo seco com juntas de areia (ABNT 1992)
17
Figura 2 - Planta de um leito de secagem convencional
Figura 3 - Corte transversal de um leito de secagem convencional
Van Haandel amp Lettinga (1994) descrevem que o tempo total para um ciclo de
secagem em leitos de secagem se compotildee por quatro periacuteodos Satildeo eles
T1 = tempo de preparaccedilatildeo do leito e descarga do lodo que dependem do
gerenciamento do leito como nuacutemero de trabalhadores e disponibilidade de
equipamentos
T2 = tempo de percolaccedilatildeo da aacutegua presente no lodo
T3 = tempo de evaporaccedilatildeo para se atingir a fraccedilatildeo desejada de soacutelidos que assim
como T2 varia em funccedilatildeo de condiccedilotildees operacionais durante a secagem condiccedilotildees
metereoloacutegicas (temperatura e pluviosidade) e a carga aplicada de soacutelidos
T4 = tempo de remoccedilatildeo dos soacutelidos secos
18
Para amenizar as variaacuteveis metereoloacutegicas os leitos de secagem podem ser
instalados ao ar livre ou cobertos por proteccedilatildeo contra a influecircncia das chuvas e de
geadas
De acordo com Metcalf amp Eddy (1991) Andreoli von Sperling amp Fernandes (2001) e
Andreoli (2009) em comparaccedilatildeo aos processos mecanizados apresenta diversas
vantagens tais como
Simplicidade na instalaccedilatildeo e operaccedilatildeo
Baixa sensibilidade agrave qualidade do lodo
Natildeo provoca ruiacutedos e vibraccedilotildees
Natildeo demanda energia
Baixo custo
Baixo consumo de poliacutemeros
A exposiccedilatildeo prolongada ao sol pode promover a remoccedilatildeo de organismos
patogecircnicos (VAN HAANDEL amp LETTINGA 1994)
Entretanto tambeacutem possui desvantagens sendo elas
Demanda tempo elevado para remoccedilatildeo da torta seca
Necessitam de que o lodo esteja estabilizado
Eacute sujeito agraves variaccedilotildees climaacuteticas
A remoccedilatildeo do lodo eacute trabalhosa
Demanda grande aacuterea
Considerando que a aacuterea especiacutefica requerida para leitos de secagem (Ae) pode
ser calculada em funccedilatildeo1 da quantidade de lodo digerido produzido na ETE (Q) - que eacute
funccedilatildeo da produccedilatildeo de lodo fresco (1 L pessoadia-1) e do coeficiente de reduccedilatildeo de
volume por digestatildeo (025) (Q = 025) da espessura da camada de lodo aplicado em
cada ciclo (e = 045 m) e do nuacutemero de ciclos de secagem por ano (nc = 15 ciclosano)
1 Valores sugeridos pela NBR 72291993
19
Calculando-se pela formula
Pode-se estimar uma aacuterea meacutedia de 0014 msup2hab-1 (para lodos anaeroacutebios de
origem domeacutestica) (NBR 72291993 MORTARA 2011)
Um dos poucos trabalhos que estudaram os leitos de secagem em bancada foi
produzido por van Haandel amp Lettinga (1994) que realizaram uma investigaccedilatildeo
experimental semelhante a presente pesquisa No entanto os resultados natildeo satildeo
diretamente comparaacuteveis uma vez que os autores estudaram o tempo necessaacuterio para
obtenccedilatildeo de uma determinada umidade para diferentes cargas de soacutelidos Aleacutem disso
separou-se os processos de percolaccedilatildeo e evaporaccedilatildeo de modo que o experimento foi
feito em duas etapas na primeira utilizaram tubos de PVC de 10 m de comprimento e
020 m de diacircmetro adicionando-se aos tubos camadas de cascalho estratificado de 1
a 18rdquo (brita meacutedia) e areia meacutedia ambas com espessura de 020 m cada O lodo
utilizado foi proveniente de RAFA e foi inserido nos tubos sendo que estes foram
cobertos para evitar a evaporaccedilatildeo
Apoacutes esta fase o lodo era removido dos tubos e colocado em aneacuteis de 0040 m de
comprimento e 0050 m de diacircmetro dispostos em colunas que ficavam ao ar livre para
avaliar-se a evaporaccedilatildeo que era realizada por diferenccedila de massa observada
diariamente ateacute que se estabelecesse massa constante A perda de massa era
acompanhada por perda de volume de lodo e para facilitar a evaporaccedilatildeo sempre que
o lodo atingia niacutevel mais baixo ao niacutevel superior do tubo o anel imediatamente acima
era retirado sendo a evaporaccedilatildeo natildeo limitada pela difusatildeo de vapor de aacutegua no tubo
Tambeacutem realizou-se testes de evaporaccedilatildeo com aacutegua pura
Os autores concluiacuteram que a concentraccedilatildeo inicial de ST no lodo natildeo teve influecircncia
mensuraacutevel sobre o tempo necessaacuterio para a percolaccedilatildeo da aacutegua ou sobre a
concentraccedilatildeo final de ST no lodo Em contraste cargas de soacutelidos diferentes tiveram
tempos de percolaccedilatildeo diferentes Outrossim grande parte da aacutegua no lodo eacute livre e eacute
removida no periacuteodo de percolaccedilatildeo que eacute relativamente curto Entretanto periacuteodos
elevados de evaporaccedilatildeo satildeo necessaacuterios para obtenccedilatildeo de altos valores de ST nas
20
tortas secas Ademais a produtividade do leito de secagem (massa de soacutelidos
processados por unidade de aacuterea do leito e por unidade de tempo) eacute muito influenciada
pela fraccedilatildeo de soacutelidos que se deseja no lodo apoacutes a secagem A produtividade para
lodo com relativamente muito aacutegua (umidade de 60 a 70) eacute mais que o dobro daquela
para lodo com pouca aacutegua (umidade de 20 a 30)
Cofie et al (2006) realizaram estudo com leito de secagem em escala real em
Ghana e monitoraram oito ciclos de secagem por dez meses O leito de secagem era
composto por uma camada de 015 m de areia fina e duas camadas de brita a primeira
de tipo 1 tinha 010 m de espessura e a segunda de tipo 2 tinha espessura de 015 m
O leito tinha aacuterea de 25 msup2 e capacidade de 15 msup3 de lodo com espessura de 030 m
Um terccedilo do lodo foi proveniente de sanitaacuterios puacuteblicos e o restante de tanques
seacutepticos tendo baixa concentraccedilatildeo de soacutelidos cerca de 3 A carga aplicada de
soacutelidos utilizada foi de 196 a 321 kg msup2 e quando seco era retirado manualmente O
teor de soacutelidos da torta seca foi em meacutedia de 3045 os STV de 71 e o tempo de
desaguamento variou de 7 a 59 dias
Os pesquisadores atribuem essa grande variaccedilatildeo a alguns fatores (i) ao
incremento de aacutegua no lodo causado pela chuva (ii) o entupimento da areia que
diminuiu a capacidade de percolaccedilatildeo da aacutegua livre do lodo e (iii) ao tipo de lodo
utilizado que apesar da parcela oriunda de tanque seacuteptico estar bem digerida a porccedilatildeo
proveniente de sanitaacuterios puacuteblicos apresentava grande quantidade de mateacuteria orgacircnica
tornando esse lodo pouco digerido e improacuteprio para o desaguamento nesse tipo de
leito
Mortara (2011) estudou a utilizaccedilatildeo de leitos de drenagem como alternativa aos
leitos de secagem Estes primeiros se diferenciam por substituiacuterem a camada de areia
por uma com manta geossinteacutetica e terem reduzida a altura de camada de brita (que
passa a ser somente uma camada de brita nordm 1 ou 2 de 005 a 010 m de espessura)
Essa mudanccedila proporcionou aumento da taxa de retirada da aacutegua livre e portanto
reduccedilatildeo do tempo de drenagem Aleacutem disso o autor cita que a massa de lodo seco
retirada foi menor assim como o trabalho para sua retirada e a estrutura para
21
armazenar o material ateacute sua disposiccedilatildeo final foram menores quando comparados ao
leito de secagem
35 Condicionamento do lodo
O condicionamento eacute um processo que melhora as caracteriacutesticas do lodo com
vistas a processaacute-lo de forma mais eficiente e mais raacutepida jaacute que o lodo geralmente
natildeo eacute facilmente manipulaacutevel Faz-se entatildeo necessaacuterio seu condicionamento para
facilitar o espessamento desaguamento e secagem O condicionamento do lodo pode
se dar por diversos meacutetodos que vatildeo desde a separaccedilatildeo de partiacuteculas soacutelidas das
moleacuteculas de aacutegua (processos fiacutesicos) ateacute a oxidaccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (processos
quiacutemicos) (AMUDA et al 2008)
Alguns exemplos de processos fiacutesicos empregados satildeo o congelamento do lodo
que proporciona a separaccedilatildeo de parte da aacutegua presente das partiacuteculas soacutelidas (AMUDA
et al 2008) a hidroacutelise teacutermica que permite a liberaccedilatildeo da aacutegua ligada fiacutesico-
quimicamente em temperaturas acima de 100degC o tratamento ultrassocircnico que tambeacutem
pode ser quiacutemico que em ambos os casos causa ruptura da estrutura celular e dos
flocos de micro-organismos atraveacutes do uso de baixas ou altas frequecircncias por processo
de cavitaccedilatildeo ou de reaccedilotildees quiacutemicas (CARREgraveRE et al 2010) A eletrodesidrataccedilatildeo
tambeacutem conhecida como desidrataccedilatildeo assistida por campo eleacutetrico consiste na
aplicaccedilatildeo de um campo eleacutetrico que atrai as partiacuteculas de aacutegua eletricamente
carregadas rompendo as ligaccedilotildees com as partiacuteculas soacutelidas do lodo (MAHMOUD et al
2010)
Um outro exemplo de condicionamento eacute a destruiccedilatildeo bioloacutegica celular atraveacutes da
aplicaccedilatildeo de fortes oxidantes quiacutemicos promove a desintegraccedilatildeo bioloacutegica da mateacuteria
orgacircnica do lodo a CO2 e aacutegua e consequentemente reduz o volume do lodo (AMUDA
et al 2008)
A alternativa de condicionamento mais comum nas ETE eacute a utilizaccedilatildeo sais
inorgacircnicos e de poliacutemeros orgacircnicos Satildeo empregados tradicionalmente produtos jaacute
22
utilizados no tratamento de aacutegua e esgoto condicionantes inorgacircnicos como cloreto
feacuterrico sulfato de alumiacutenio e a cal (AMUDA et al 2008 METCALF amp EDDY 1991) A
desvantagem na utilizaccedilatildeo destes eacute o aumento do teor de soacutelidos de 20 a 30 no lodo
enquanto que a utilizaccedilatildeo de poliacutemeros orgacircnicos natildeo aumenta significativamente
(METCALF amp EDDY 1991) A escolha e utilizaccedilatildeo de condicionantes inorgacircnicos ou
orgacircnicos deve ser baseada em estudos teacutecnicos e econocircmicos (MORTARA 2011)
Os condicionantes orgacircnicos atuam como coagulantes formando pontes quiacutemicas
entre o poliacutemero e as partiacuteculas coloidais presentes no lodo que satildeo adsorvidas pelas
diversas cadeias de monocircmeros do poliacutemero agregando-se em flocos densos passiacuteveis
de serem removidos por filtraccedilatildeo sedimentaccedilatildeo ou flotaccedilatildeo (LIBAcircNIO 2005) Sua
aplicaccedilatildeo em dosagem correta acelera o processo de desaguamento e aumenta o teor
de soacutelidos da torta seca (WPCFM 1988)
A adiccedilatildeo de poliacutemeros ocorre antes da etapa de desaguamento e podem reduzir a
umidade de entrada de 90 a 99 para 65 a 85 dependendo das caracteriacutesticas dos
soacutelidos a serem tratados (METCALF amp EDDY 1991 WPCFM 1988)
Os poliacutemeros podem ser classificados de acordo com a sua carga eleacutetrica em
catiocircnicos aniocircnicos natildeo-iocircnicos e anfoliacuteticos e quanto a sua origem sinteacutetica ou
natural Libacircnio (2005) destaca duas vantagens no uso especiacutefico de poliacutemeros
catiocircnicos de menor peso molecular que se aplicam ao tratamento de lodo de esgoto
Satildeo elas (i) reduccedilatildeo do volume do lodo gerado (ii) maior facilidade de desidrataccedilatildeo do
lodo gerado comparada aos sais de ferro e alumiacutenio
Mortara (2011) realizou ensaios com poliacutemeros sinteacuteticos em lodo de ETE analisou
18 poliacutemeros catiocircnicos 15 soacutelidos e 3 em emulsatildeo associados a um leito de
drenagem no condicionamento do lodo anaeroacutebio Atraveacutes de testes em laboratoacuterio e
em escala piloto constatou que quase todos os poliacutemeros soacutelidos testados produziram
lodos mais facilmente desaguaacuteveis com dosagens relativamente baixas cerca de 2 gkg
de ST-1 enquanto que os poliacutemeros em emulsatildeo tinham dosagens oacutetimas maiores
23
cerca de 6 gkg-1 Tambeacutem se verificou que o condicionamento quiacutemico propiciou maior
drenagem da aacutegua quando comparado ao lodo natildeo condicionado Entretanto natildeo
influenciou a evaporaccedilatildeo e consequentemente os tempos de ciclo de secagem uma
vez que o teor de soacutelidos do lodo sem condicionamento apresentou evoluccedilatildeo
semelhante a dos lodos condicionados ao longo do periacuteodo de secagem
Contudo segundo Abreu Lima (2007) os poliacutemeros sinteacuteticos podem ser
contaminados no processo de produccedilatildeo ou ainda gerar subprodutos (monocircmeros) de
risco agrave sauacutede dos consumidores Uma alternativa a esses condicionantes seria o
emprego de poliacutemeros oriundos de fontes naturais como as plantas e substacircncias
retiradas de animais
Ainda que estes riscos preocupem mais as Estaccedilotildees de Tratamento de Aacutegua (ETA)
jaacute que afetam diretamente a aacutegua captada para abastecimento humano a atenccedilatildeo
deve-se dar no tratamento de esgoto e no gerenciamento do lodo tambeacutem
Considerando que a aacutegua drenada do lodo retorna ao sistema de tratamento e que
esse efluente tratado eacute lanccedilado em um corpo hiacutedrico que posteriormente pode servir
como manancial
Diversos estudos tecircm utilizado poliacutemeros naturais como auxiliares da floculaccedilatildeo no
tratamento de aacutegua e esgoto Visto que natildeo apresentam riscos agrave sauacutede a longo prazo e
por serem fonte de alimentaccedilatildeo humana em sua maioria De acordo com Di Bernardo
(2005) a utilizaccedilatildeo destes poliacutemeros permite um aumento da velocidade de
sedimentaccedilatildeo dos flocos reduccedilatildeo da accedilatildeo das forccedilas de cisalhamento nos flocos
durante a veiculaccedilatildeo da aacutegua floculada e uma dosagem menor do coagulante primaacuterio
quando estes satildeo sais de alumiacutenio ou ferro
Borba (2001) Arantes Ribeiro amp Paterniani (2012) e Di Bernardo (2005) citam
como exemplo de fonte destes compostos a mandioca (Manihot esculenta) a batata
(Solanum tuberosum L) a quitosana o tanino o quiabo (Abelmoschus esculentus) o
milho (Zea mays) e a moringa (Moringa oleiacutefera)
24
Dentre os poliacutemeros naturais os mais utilizados satildeo os amidos (DI BERNARDO
2005 LIBAcircNIO 2005) O milho a batata a mandioca e o trigo satildeo os alimentos
produzidos em larga escala que mais possuem amido podendo variar a quantidade em
funccedilatildeo da idade do solo da variedade da espeacutecie e do clima
A facilidade de obtenccedilatildeo do poliacutemero o custo e a simplicidade metodoloacutegica do
preparo satildeo fatores importantes para a seleccedilatildeo em trabalhos direcionados agraves
comunidades rurais Dos poliacutemeros pesquisados os originaacuterios da mandioca moringa e
quiabo foram os que mais se adequaram a estes criteacuterios baseando-se em Dantas amp Di
Bernardo (2000) Muyibi et al (2001) e Abreu Lima (2007)
A mandioca (Manihot esculenta) eacute originaacuteria da Ameacuterica do Sul e eacute comum nas
regiotildees tropicais da Aacutefrica e Aacutesia sendo uma importante fonte de alimentaccedilatildeo da
populaccedilatildeo mais pobre e eacute rica em amido Dantas amp Di Bernardo (2000) estudaram o
potencial do amido catiocircnico da mandioca como auxiliar de floculaccedilatildeo no tratamento de
aacuteguas para abastecimento Os resultados obtidos indicaram que este poliacutemero natural
pode ser utilizado em substituiccedilatildeo dos poliacutemeros sinteacuteticos auxiliares de floculaccedilatildeo Natildeo
foram encontradas referecircncias sobre a utilizaccedilatildeo de amido de mandioca em tratamento
de esgoto ou condicionamento de lodo de esgoto
A moringa (Moringa oleifera) eacute provavelmente o poliacutemero natural mais conhecido no
mundo eacute nativa do continente africano presente tambeacutem nas Ameacutericas e Aacutesia Mais
utilizada no tratamento de aacutegua como coagulante tambeacutem satildeo encontradas aplicaccedilotildees
no tratamento de esgoto incluindo efluentes industriais e no lodo de esgoto
Bhuptawat Folkard amp Chaudhari (2006) verificaram o potencial de aplicaccedilatildeo da
moringa no tratamento de esgoto domeacutestico em escala piloto na Iacutendia e obtiveram
64 de remoccedilatildeo de DQO combinando 100 mgL-1 de Moringa oleifera e 10 mgL-1 de
sulfato de alumiacutenio
No tocante agrave utilizaccedilatildeo de moringa no lodo pesquisas realizadas por Muyibi et al
(2001) na Iacutendia e Ademiluyi (1988) Nigeacuteria indicaram seu potencial como
25
condicionante quiacutemico do lodo de esgoto diminuindo a resistecircncia agrave filtraccedilatildeo Muyibi et
al (2001) testaram a soluccedilatildeo da semente de moringa sem casca o poacute seco da
semente sem casca e o oacuteleo da semente de moringa em lodo proveniente de uma
estaccedilatildeo de tratamento de esgoto A dosagem foi determinada por dois meacutetodos (i)
reduccedilatildeo de volume do lodo em teste de jarros (apoacutes 30 min de sedimentaccedilatildeo) e (ii)
resistecircncia especiacutefica do lodo
No primeiro meacutetodo as dosagens oacutetimas encontradas foram de 4750 4000 e 6000
mgL-1 para a soluccedilatildeo de moringa sem casca oacuteleo e poacute seco respectivamente
Chegando a reduccedilatildeo maacutexima de 26 19 e 26 vezes o volume inicial do lodo para a
soluccedilatildeo de moringa sem casca oacuteleo e poacute seco respectivamente Esses resultados
indicam o potencial da moringa em decantadores ou outras unidades de tratamento que
retenham lodo por certo tempo
No segundo teste realizado empregou-se somente a soluccedilatildeo de moringa sem
casca e o oacuteleo e a soluccedilatildeo com oacuteleo teve melhor resultado com dosagem de 4000
mgL-1 enquanto que para a soluccedilatildeo de moringa sem casca foi de 4500 mgL-1 A razatildeo
para esses resultados ligeiramente controversos ainda eacute desconhecida mas os
pesquisadores acreditam que a remoccedilatildeo do oacuteleo da semente possa produzir flocos
mais leves o que favoreceria a filtraccedilatildeo Aleacutem disso por ter baixo peso molecular e ser
um poliacutemero catiocircnico os flocos formados satildeo leves pequenos e reteacutem menos a fraccedilatildeo
de aacutegua ligada fiacutesico-quimicamente agraves partiacuteculas soacutelidas do lodo indicando a
possibilidade da reduccedilatildeo da aacuterea dos leitos de secagem convencionais Poreacutem ainda
satildeo necessaacuterias pesquisas aprofundadas sobre a questatildeo
O uso de moringa no lodo foi comparado aos sais de alumiacutenio e ferro por Ademiluyi
(1988) A amostra de lodo utilizada foi coletada no tanque de sedimentaccedilatildeo da ETE da
Universidade da Nigeacuteria que trata esgoto domeacutestico A sensibilidade relativa do lodo
aos poliacutemeros mostrou que o lodo proveniente de esgoto domeacutestico tem menor
sensibilidade a moringa do que ao sulfato de alumiacutenio e cloreto feacuterrico Aleacutem disso a
concentraccedilatildeo de moringa foi menor no liquido filtrado do que os sais metaacutelicos o que
26
pode ser vantajoso em Estaccedilotildees de Tratamento de Esgoto Poreacutem as dosagens oacutetimas
encontradas foram mais altas para a moringa do que para os sais metaacutelicos 215 17 e
17 gL-1 para a moringa sulfato de alumiacutenio e cloreto feacuterrico respectivamente
Entretanto o baixo custo e o fato da moringa ser um poliacutemero natural a tornam
aplicaacutevel como condicionante do lodo
Outro poliacutemero natural potencialmente condicionante do lodo eacute o quiabo
(Abelmoschus esculentus) que tem origem na Aacutefrica mas eacute produzido em todo o globo
sendo conhecido por suas propriedades nutritivas
Anastasakis Kalderis amp Diamadopoulos (2009) estudaram o quiabo como floculante
no tratamento de esgoto utilizando como coagulante o sulfato de alumiacutenio Foi
realizada a mucilagem do quiabo para a extraccedilatildeo do oacuteleo e a dosagem oacutetima foi obtida
atraveacutes do teste de jarros Como amostras de esgoto foram utilizadas esgoto sinteacutetico e
um efluente biologicamente tratado O estudo comprovou as propriedades floculantes
do quiabo No esgoto sinteacutetico em sua dosagem oacutetima de 0005 g L-1 removeu 93 96 e
97 de turbidez depois de 10 20 e 30 minutos do tempo de sedimentaccedilatildeo
respectivamente Isso representou uma adiccedilatildeo de 25 9 e 10 de remoccedilatildeo da turbidez
quando se utilizou somente sulfato de alumiacutenio em 10 20 e 30 minutos
respectivamente
No efluente biologicamente tratado a dosagem oacutetima para 10 minutos foi de 0020
gL-1 com remoccedilatildeo 70 da turbidez Para os tempos de sedimentaccedilatildeo de 20 e 30
minutos a dosagem foi menor (00025 gL-1) alcanccedilando a reduccedilatildeo de 71 e 74 de
turbidez Incrementando em 19 10 e 10 a remoccedilatildeo de turbidez utilizando-se somente
de sulfato de alumiacutenio
Abreu Lima (2007) realizou testes com o quiabo verde e maduro e constatou que o
fruto maduro possui melhores propriedades coagulantes que o fruto verde fato positivo
jaacute que o quiabo maduro eacute rejeitado pelo consumidor e torna-se um resiacuteduo O autor
tambeacutem comparou as teacutecnicas de aplicaccedilatildeo do poliacutemero a utilizaccedilatildeo do oacuteleo extraiacutedo
27
atraveacutes da mucilagem e a pulverizaccedilatildeo apoacutes a moagem do quiabo Concluindo que a
segunda teacutecnica a forma mais simples de aplicaccedilatildeo proporcionou resultados positivos
no tratamento de aacutegua e esgoto
36 Pavimento permeaacutevel
Aleacutem da aplicaccedilatildeo de poliacutemeros a utilizaccedilatildeo de pisos drenantes como constituintes
do leito de secagem pode otimizar o desaguamento do lodo de esgoto Constitui-se em
alternativa simples e de baixo custo para ETE de pequeno porte localizadas em
comunidades rurais Aleacutem disso a utilizaccedilatildeo de poliacutemeros naturais melhoraria a
qualidade da torta seca em termos de nutrientes aspecto positivo para a aplicaccedilatildeo de
lodo na agricultura como alternativa agrave adubaccedilatildeo quiacutemica
Os pavimentos permeaacuteveis satildeo utilizados haacute mais de trecircs deacutecadas nos Estados
Unidos da Ameacuterica e na Inglaterra e Alemanha (PRISMA 2013) como controle
estrutural alternativo de drenagem urbana e fazem parte do conjunto de teacutecnicas
intitulado de Best manegement practices (BMP) pela agecircncia ambiental norte-
americana Enviromental Protection Agency (USEPA) criado na deacutecada de 1980 que
tem como objetivo resolver os problemas de drenagem na proacutepria bacia
Essas teacutecnicas incluem construccedilatildeo de estruturas fiacutesicas para armazenamento e
infiltraccedilatildeo do escoamento como reservatoacuterios trincheiras de infiltraccedilatildeo e pavimentos
permeaacuteveis na tentativa de compensar os impactos negativos da grande
impermeabilizaccedilatildeo do solo causada pela urbanizaccedilatildeo (CRUZ SOUZA amp TUCCI 2007)
Estes uacuteltimos por possuiacuterem espaccedilos livres na sua estrutura permitem que aacutegua
e ar o atravessem e satildeo geralmente empregados em via de pedestres e veiacuteculos e
estacionamentos para auxiliar na drenagem urbana (MARCHIONI amp SILVA 2010)
No Brasil estes pavimentos foram introduzidos recentemente e em 2006 a
Prefeitura Municipal de Porto Alegre publicou o Decreto Nordm153712006 que
regulamenta as medidas de controle de drenagem urbana aponta como alternativa
28
para reduccedilatildeo de aacutereas impermeaacuteveis em terrenos com aacutereas inferiores a 100 ha a
utilizaccedilatildeo de pavimentos permeaacuteveis abatendo 50 da aacuterea impermeaacutevel do terreno
(CRUZ SOUZA amp TUCCI 2007) A Figura 4 mostra a sua utilizaccedilatildeo no Brasil
Figura 4 - Exemplo de aplicaccedilatildeo de pavimento permeaacutevel em estacionamento
FONTE MARCHIONI amp SILVA (2010)
Estes pavimentos podem ser fabricados com areia pedregulho argila expandida
fibra de coco cimento e poacute de pedra e estaacute em curso a normatizaccedilatildeo pela Associaccedilatildeo
Brasileira de Normas Teacutecnicas para a fabricaccedilatildeo destes pisos A produccedilatildeo deste tipo
de piso estaacute se disseminando no paiacutes e sua utilizaccedilatildeo poderia permitir a reduccedilatildeo da
aacuterea do leito Uma vez que o lodo pode ser drenado em cerca de metade da aacuterea
superficial enquanto que ao se empregar o leito de secagem tradicionalmente sugerido
pela NBR 122091992 a infiltraccedilatildeo somente ocorre entre os vatildeos dos tijolos onde estaacute
presente a areia (ABNT 1992)
29
4 METODOLOGIA
O trabalho foi desenvolvido nos Laboratoacuterios de Estrutura (LES) Materiais da
Construccedilatildeo (LMC) Protoacutetipos (LABPRO) Reuso (LABREUSO) e Saneamento
(LABSAN) pertencentes agrave Faculdade de Engenharia Civil Arquitetura e Urbanismo da
Universidade Estadual de Campinas
41 Pavimento permeaacutevel
O pavimento permeaacutevel foi fornecido pela empresa Villa Stone Comeacutercio e
Induacutestria de Materiais Baacutesicos para Construccedilatildeo Limitada localizada no distrito de Baratildeo
Geraldo Campinas (SP)
Os pavimentos permeaacuteveis utilizados na pesquisa satildeo compostos de pedrisco de
basalto e cimento na proporccedilatildeo de 80 e 20 respectivamente As amostras utilizadas
tecircm aproximadamente 006 m de altura e foram cortados em diacircmetro igual a 010 m
com o emprego de uma extratora de corpo de prova como mostram as Figuras 5 e 6
Figura 5 - Pavimento permeaacutevel utilizado no projeto
30
Figura 6 - Extratora de corpo de prova utilizada para o corte do pavimento utilizado na pesquisa
A caracterizaccedilatildeo destes pisos drenantes foi realizada com a determinaccedilatildeo das
dimensotildees massa volume de vazios e taxa de infiltraccedilatildeo conforme apresentados a
seguir
Dimensotildees e massa As dimensotildees foram mensuradas com o uso de paquiacutemetro
e a massa com uso de balanccedila semi analiacutetica A altura diacircmetro e massa meacutedia das
peccedilas de pavimento cortadas foi de 0006 m 01 m e 0695 kg respectivamente
Iacutendice de vazios A metodologia adotada baseou-se na norma NBR NM 532009
de Determinaccedilatildeo de massa especiacutefica massa especiacutefica aparente e absorccedilatildeo de aacutegua
de agregados grauacutedos e na norma NBR 108381988 de Solo - Determinaccedilatildeo da massa
especiacutefica aparente de amostras indeformadas com emprego de balanccedila hidrostaacutetica -
Meacutetodo de ensaio O iacutendice de vazios meacutedio foi de 043 e a porosidade de 2975
31
Taxa de infiltraccedilatildeo A forma de determinaccedilatildeo seraacute apresentada no subitem 45
42 Lodo
Coletou-se aproximadamente 200 L de lodo de tanques seacutepticos Cerca de 70 L
de lodo utilizado foram coletados no mecircs de abril de 2013 provenientes de um tanque
seacuteptico operado pela Companhia de Saneamento Baacutesico do Estado de Satildeo Paulo
(SABESP) Sendo um tanque seacuteptico de cacircmara uacutenica com capacidade de
aproximadamente 40 msup3 e atende cerca de 500 famiacutelias no municiacutepio de Satildeo Miguel
Arcanjo ndash SP Ao longo dos 20 anos de operaccedilatildeo desta pequena estaccedilatildeo nunca havia
sido feita a retirada de lodo
Devido a dificuldades com o transporte e a distacircncia entre este tanque seacuteptico e
a universidade natildeo foi possiacutevel coletar a quantidade necessaacuteria utilizada no projeto A
quantidade restante foi entatildeo fornecida pela Sociedade de Abastecimento de Aacutegua e
Esgoto SA (SANASA) O lodo foi retirado do tanque seacuteptico da Estaccedilatildeo de Tratamento
de Esgoto Bandeirantes situada no municiacutepio de Campinas cujo tratamento se daacute por
tanques seacutepticos seguidos de filtro anaeroacutebio A coleta de lodo foi realizada no mecircs de
maio de 2013 Ao contraacuterio do lodo disponibilizado pela SABESP o montante de lodo
retirado desta ETE ainda natildeo estava estabilizado por ter pouca idade e ter sido
realizada uma grande retirada do lodo do tanque cerca de um mecircs antes da data da
coleta Desde entatildeo as aliacutequotas de lodo coletadas foram misturadas e armazenadas
numa caixa drsquoaacutegua de 500 L no Laboratoacuterio de Protoacutetipos
A caracterizaccedilatildeo do lodo foi feita no Laboratoacuterio de Saneamento (LABSAN)
sendo baseada nos seguintes paracircmetros tempo de succcedilatildeo capilar soacutelidos totais
soacutelidos suspensos totais soacutelidos suspensos fixos e volaacuteteis pH e alcalinidade Essa
caracterizaccedilatildeo foi realizada anteriormente a execuccedilatildeo de cada uma das seacuteries
32
Para a dosagem dos poliacutemeros Metcalf amp Eddy (1991) relatam que deve ser
realizada em laboratoacuterio considerando a origem do lodo a sua idade o pH a
alcalinidade e a concentraccedilatildeo de soacutelidos bem como o meacutetodo de desaguamento a ser
utilizado e recomenda a utilizaccedilatildeo do teste de filtraccedilatildeo a vaacutecuo para caacutelculo da
dosagem
Todas as anaacutelises para caracterizaccedilatildeo do lodo foram baseadas no Standard
Methods for the Examination of Water and Wastewater (APHA 2012)
Para a anaacutelise do teor de soacutelidos da torta seca dos sistemas homogeneizou-se
inicialmente a torta obtida de cada sistema utilizando-se uma aliacutequota de
aproximadamente 0005 kg que foi pesada em balanccedila analiacutetica jaacute na caacutepsula A
amostra entatildeo foi deixada por no miacutenimo 12h em estufa a 100ordmC para obtenccedilatildeo dos
Soacutelidos Totais Para os Soacutelidos Totais Fixos e Volaacuteteis a metodologia foi adaptada para
evitar emissatildeo de fumaccedila devido agrave alta fraccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica presente no lodo
Para isso a amostra natildeo foi colocada na mufla diretamente a 550degC A temperatura foi
escalonada mantendo-se inicialmente a 200ordmC por 30 minutos elevando-se a
temperatura para 300ordmC por mais 30 minutos e entatildeo elevando-se a temperatura para
550degC por mais 1 hora Tambeacutem evitou-se colocar na mufla massas maiores que 0015
kg de lodo seco pois acima desta quantidade verificou-se emissatildeo de fumaccedila
Teste de Jarros Embora natildeo forneccedila dados quantitativos sobre a capacidade
dos poliacutemeros no condicionamento do lodo produz informaccedilatildeo qualitativa (quanto a
formaccedilatildeo de flocos) de forma raacutepida (WPCFM 1988) Por esta razatildeo o teste foi
utilizado para preparo da soluccedilatildeo estoque dos poliacutemeros e para o condicionamento do
lodo para a anaacutelise das dosagens oacutetimas (WPCFM 1988 MORTARA 2011) A Figura 7
ilustra a utilizaccedilatildeo deste meacutetodo no condicionamento do lodo
33
Figura 7 - Teste de jarros para dosagem oacutetima de poliacutemero
Tempo de Succcedilatildeo Capilar conhecido como CST - sua sigla na liacutengua inglesa
para Capillary Suction Time - eacute um dos meacutetodos mais utilizados em pesquisas sobre o
desaguamento do lodo Eacute um teste empiacuterico que auxilia na determinaccedilatildeo da dosagem
oacutetima de poliacutemeros sendo indicado por Vesilind (1988) WPCFM (1988) Metcalf amp
Eddy (1991) Andreoli von Sperling amp Fernandes (2001) Andreoli (2009) e APHA et al
(2012) Apesar do inconveniente de trabalhar com pequenos volumes acarretando na
seleccedilatildeo de uma fase do efluente clarificado e de flocos quando o lodo eacute condicionado
organicamente Ruiz Kaosol amp Wisniewsk (2010) afirmam que o teste ainda estaacute entre
as teacutecnicas mais utilizadas para definiccedilatildeo da filtrabilidade do lodo Algumas destas
razotildees eacute a rapidez e simplicidade na realizaccedilatildeo pois determina em segundos quanto
tempo a aacutegua presente no lodo leva para percorrer um meio poroso atraveacutes de um
equipamento utilizando-se uma pequena quantidade de amostra
Jin Wileacuten amp Lant (2003) verificaram uma boa relaccedilatildeo estatiacutestica entre os valores
de CST e EPS e relacionaram altos valores de floculabilidade hidrofobicidade cargas
negativas das superfiacutecies e viscosidade agrave grande quantidade de aacutegua fiacutesico-
quimicamente ligada e longos CST Contudo constataram que as caracteriacutesticas
morfoloacutegicas determinadas como o tamanho dos flocos dimensatildeo fractal e iacutendice de
34
filamento tecircm estatisticamente fracas correlaccedilotildees com a quantidade de aacutegua ligada
fiacutesico-quimicamente e o tempo do CST
Como ilustra a Figura 8 o teste eacute realizado em um aparelho denominado CST
(Capilary Succcedilatildeo Time) que consiste em duas placas de acriacutelico um cilindro metaacutelico
um filtro de papel trecircs contatos eleacutetricos fixados em dois ciacuterculos concecircntricos que
circundam uma abertura circular no meio da placa e um cronocircmetro
O papel eacute colocado entre as duas placas de acriacutelico e o cilindro metaacutelico eacute
encaixado na abertura circular O teste eacute feito com 68 mL de lodo colocado dentro do
cilindro A aacutegua contida no lodo atravessa o filtro de papel cromatograacutefico (Whatman n
17 tamanho 7 x 9 cm) Apoacutes percorrer 08 cm a aacutegua chega ao ciacuterculo interno que
conteacutem dois dos contatos eleacutetricos dispara-se o cronocircmetro quando a aacutegua percorre
mais 07 cm chegando ao ciacuterculo externo o terceiro contato eleacutetrico para a contagem
do tempo (VESILIND 1988) A Tabela 2 indica os meacutetodos utilizados para anaacutelise do
lodo
Tabela 2 - Meacutetodos utilizados na anaacutelise do lodo
Paracircmetro Meacutetodo Soacutelidos Totais Standard Methods 20 2540
Soacutelidos Suspensos Totais Standard Methods 20 2540 Alcalinidade Standard Methods 20 2320 B
pH Standard Methods 20 4500 B Teste de Succcedilatildeo Capilar Standard Methods 20 2710 G
35
Figura 8 - Aparelho utilizado para aferir o Tempo de Succcedilatildeo Capilar (Capilary Suction Time)
43 Poliacutemeros
Na pesquisa estudou-se o efeito do uso de diferentes poliacutemeros naturais
(moringa mandioca e quiabo) e um sinteacutetico no desaguamento do lodo Ressalva-se
que foram elegidas metodologias simplificadas e de baixo custo cuja produccedilatildeo e
preparo podem se dar em ETE de pequeno porte localizadas em comunidades rurais
eou isoladas Os poliacutemeros sinteacutetico e os naturais oriundos da mandioca e do quiabo
foram aplicados em soluccedilatildeo aquosa e o poliacutemero da moringa foi aplicado em poacute
diretamente sobre o lodo As sementes de moringa foram obtidas do Campo
Experimental da Faculdade de Engenharia Agriacutecola ndash UNICAMP e da Coordenadoria de
Assistecircncia Teacutecnica Integral (CATI) de Pederneiras e Mariacutelia ambas localizadas no
estado de Satildeo Paulo O amido de mandioca eacute extraiacutedo das partes comestiacuteveis da
mandioca sendo conhecido comercialmente por feacutecula ou polvilho doce O quiabo
tambeacutem eacute disponiacutevel comercialmente e foi obtido na Central de Abastecimento SA
36
(CEASA) de Campinas e o poliacutemero sinteacutetico utilizado Superflocreg 8394 foi doado pela
empresa Kemira Os poliacutemeros foram preparados obedecendo os criteacuterios de
simplicidade e baixo custo utilizando as metodologias abaixo
Superflocreg 8394 Eacute uma poliacrilamida catiocircnica de baixo peso molecurar e pode
ser utilizada nas etapas de desaguamento de lodos e clarificaccedilatildeo das aacuteguas numa
ampla variedade de induacutestrias O preparo da soluccedilatildeo estoque foi feito na concentraccedilatildeo
maacutexima indicada pela empresa 05 no teste de jarros com agitaccedilatildeo de
aproximadamente 250 rpm - gradiente de velocidade2 (G) asymp 160 s-1 - por 60 minutos
com o objetivo de homogeneizar totalmente a soluccedilatildeo (KEMIRA [sd]) A soluccedilatildeo foi
aplicada no lodo em teste de jarros com agitaccedilatildeo inicial de 250 rpm por 10 s
diminuindo- se a velocidade para 100 rpm (Gasymp 64 s-1) por mais 5 min
Mandioca (Manihot esculenta Crantz) Para obtenccedilatildeo do poliacutemero da mandioca
seguiu-se as orientaccedilotildees de Dantas amp Di Bernardo (2000) que utilizaram amido de
mandioca catiocircnico waxy (um tipo de amido modificado) Segundo Di Bernardo (2005)
os gracircnulos de amido satildeo insoluacuteveis em aacutegua abaixo de 50degC Para tornaacute-los soluacuteveis
portanto eacute preciso aquecer a suspensatildeo de amido na aacutegua aleacutem da temperatura criacutetica
para que os gracircnulos absorvam a aacutegua e intumesccedilam formando uma pasta gelatinosa
Para obtenccedilatildeo deste amido a feacutecula da mandioca foi aquecida agrave temperatura de 80 plusmn
5degC com agitaccedilatildeo constante ateacute a formaccedilatildeo da pasta gelatinosa como ilustrado na
Figura 9 Preparou-se soluccedilatildeo estoque de 10 gL-1 e adicionou-se ao lodo em teste de
jarros com agitaccedilatildeo inicial de 250 rpm por 10 s diminuindo- se para 100 rpm por mais 5
min
2 Gradiente de velocidade calculado considerando a mesma viscosidade da aacutegua
37
Figura 9 - Preparo da soluccedilatildeo de poliacutemero produzida a partir da mandioca
Moringa (Moringa oleifera) Ilustrada na Figura 10 eacute um poliacutemero catiocircnico e sua
metodologia foi realizada adaptando-se a metodologia de Muyibi et al (2001) e Arantes
Ribeiro amp Paterniani (2012) Primeiramente as sementes foram descascadas e moiacutedas
para obtenccedilatildeo de um poacute sendo posteriormente homogeneizadas em peneira com
abertura de 0125 mm O poacute obtido foi utilizado diretamente sobre o lodo em teste de
jarros com agitaccedilatildeo inicial de 250 rpm por 10 s diminuindo- se a velocidade para 100
rpm por mais 5 min
38
Figura 10 - Semente de Moringa oleiacutefera
FONTE FEAGRI (2004)
Quiabo (Abelmoschus esculentus) Eacute um poliacutemero aniocircnico e adaptou-se a
metodologia apresentada por Abreu Lima (2007) que consiste no uso do fruto do
quiabo maduro e seco (rejeitado pelo consumidor) O processo consistiu na lavagem do
quiabo para remoccedilatildeo de resiacuteduos provenientes do solo exposiccedilatildeo ao sol ateacute a total
secagem dos frutos e moagem em um moedor eleacutetrico Adicionou-se aacutegua destilada ao
poacute que foi obtido nas peneiras de 0841 mm e 0149 mm nas concentraccedilotildees de 50 e 45
gL-1 respectivamente homogeneizando as soluccedilotildees em teste de jarros a 250 rpm ateacute
total dissoluccedilatildeo (cerca de 15 min para a primeira e 2h para a segunda) A primeira
soluccedilatildeo que possuiacutea partiacuteculas maiores do quiabo foi peneirada em funil de Buumlchner
para utilizaccedilatildeo somente da ldquobabardquo formada Essa praacutetica natildeo foi necessaacuteria para a
segunda soluccedilatildeo As duas soluccedilotildees foram adicionadas ao lodo em teste de jarros com
agitaccedilatildeo inicial de 250 rpm por 10 s diminuindo- se para 100 rpm por mais 5 min como
ilustra a Figura 11
39
Figura 11 - Preparo da soluccedilatildeo de poliacutemero produzida a partir do quiabo
44 Montagem dos leitos de secagem
Os sistemas foram montados em escala de bancada sendo que cada leito de
secagem a ser testado foi composto por um tubo de PVC com diacircmetro de 010 m Os
tubos foram acoplados atraveacutes de uma luva a uma reduccedilatildeo excecircntrica de 100 x 50 mm
cujo objetivo eacute facilitar o escoamento da aacutegua percolada minimizando possiacuteveis
perdas O pavimento permeaacutevel foi fixado na parte interna do tubo de PVC e
impermeabilizado no periacutemetro com veda calha impedindo a passagem de aacutegua ou
soacutelidos entre o pavimento e o tubo
Conforme pode ser visualizado na Figura 12 foram construiacutedas trecircs diferentes
composiccedilotildees para o leito de secagem Com o objetivo de evitar diferenccedilas na influecircncia
da evaporaccedilatildeo nos sistemas haacute uma mesma altura livre de 075 m na parte superior de
cada tubo
40
Figura 12 - Sistema de bancada de leito de secagem utilizado na pesquisa
a) Sistema convencional foi construiacutedo baseado nas orientaccedilotildees da
NBR122091992 Sobre o pavimento permeaacutevel foram adicionadas camadas de
aproximadamente 020 m de brita e 015 m de areia A norma prevecirc a utilizaccedilatildeo
de tijolos sobre a camada de brita entretanto desconsiderou-se o uso dos
mesmos devido ao fato de que a infiltraccedilatildeo somente ocorrer entre os vatildeos dos
tijolos onde estaacute presente a areia Neste caso o pavimento permeaacutevel cumpriu
unicamente a funccedilatildeo de sustentar o sistema impedindo o arraste da brita e da
areia para fora do conjunto natildeo interferindo na capacidade drenante do leito
b) Pavimento permeaacutevel O sistema foi composto somente com o pavimento
permeaacutevel
c) Pavimento permeaacutevel acrescido de camada de areia Sobre pavimento
permeaacutevel foi adicionada uma camada de 001 m de areia Neste conjunto foi
41
possiacutevel avaliar se a colocaccedilatildeo de fina camada de areia impediu o entupimento
dos poros do pavimento permeaacutevel pelo lodo
A areia utilizada foi classificada como meacutedia pelo procedimento da NBR NM
2482003 Possuindo diacircmetro efetivo D10 018mm coeficiente de desuniformidade
CD 318 e porosidade de 48
Foram construiacutedos quinze sistemas para a aplicaccedilatildeo do lodo com adiccedilatildeo dos
poliacutemeros separadamente A Tabela 3 ilustra os pavimentos equivalentes aos sistemas
pavimento permeaacutevel (P) pavimento permeaacutevel com adiccedilatildeo de areia (P+A) e
convencional (C)
Tabela 3 - Organizaccedilatildeo dos sistemas
Pavimentos Sistemas Poliacutemeros
1 P (1) Sem poliacutemero
2 P+A (1) Sem poliacutemero
3 C (1) Sem poliacutemero
4 P (2) Sinteacutetico
5 P+A (2) Sinteacutetico
6 C (2) Sinteacutetico
7 P (3) Mandioca
8 P+A (3) Mandioca
9 C (3) Mandioca
10 P (4) Moringa
11 P+A (4) Moringa
12 C (4) Moringa
13 P (5) Quiabo
14 P+A (5) Quiabo
15 C (5) Quiabo
Com o objetivo de evitar influecircncia da precipitaccedilatildeo os sistemas foram dispostos
em local coberto por telhas e cobertura plaacutestica que foi fixada atraacutes da bancada
Abaixo as Figuras 13 e 14 mostram a bancada de experimentaccedilatildeo
42
Figura 13 - Bancada experimental localizada no Laboratoacuterio de Protoacutetipos
Figura 14 - Detalhe dos sistemas em utilizaccedilatildeo na bancada experimental
43
45 Taxa de infiltraccedilatildeo
A taxa de infiltraccedilatildeo foi determinada a partir de testes realizados com cada
sistema O teste consistiu na manutenccedilatildeo de uma altura de coluna de aacutegua constante
sobre os leitos em estudo e com a coleta e mediccedilatildeo do volume de aacutegua percolada
atraveacutes do pavimento a cada 5 segundos3 Este teste foi feito em quintuplicata tendo-se
em vista a obtenccedilatildeo de um conjunto confiaacutevel de dados
Com o objetivo de avaliar a viabilidade da reutilizaccedilatildeo dos pavimentos apoacutes a sua
primeira utilizaccedilatildeo estes foram limpos com lavadora de alta pressatildeo para retirar
partiacuteculas residuais de lodo que restaram nos sistemas Depois da limpeza os
pavimentos foram submetidos a um novo teste de infiltraccedilatildeo Quando estes
apresentaram resultados significativamente inferiores ao primeiro teste foram
mergulhados em aacutegua com soluccedilatildeo detergente por uma semana com o propoacutesito de
dissolver oacuteleos e graxas possivelmente aderidos aos pavimentos Descartaram-se
aqueles que apresentaram taxas de infiltraccedilatildeo discrepantes para isso foi utilizado o
meacutetodo estatiacutestico de normalidade
Posteriormente foram calculadas as taxas de infiltraccedilatildeo dos sistemas
convencional e pavimento permeaacutevel acrescido de camada de areia obedecendo-se os
mesmos criteacuterios de validaccedilatildeo estatiacutestica
46 Avaliaccedilatildeo dos sistemas quanto ao desaguamento do lodo
Para anaacutelise da eficiecircncia do desaguamento nos sistemas foi comparado o
volume de lodo aplicado sobre os leitos e a aacutegua percolada de cada sistema ao longo
do tempo Para mensuraccedilatildeo do volume de aacutegua percolado colocou-se abaixo de cada
sistema um beacutequer que armazenou a aacutegua percolada No primeiro dia realizou-se um
monitoramento por 12 h sendo que o intervalo de tempo entre as coletas foi
significativamente menor nas primeiras horas devido ao desaguamento mais intenso
3 O tempo foi determinado em funccedilatildeo da capacidade de afericcedilatildeo da vazatildeo infiltrada de modo que tempos
maiores teriam infiltraccedilotildees aleacutem da capacidade de medida dos instrumentos utilizados no experimento
44
A avaliaccedilatildeo do desaguamento do lodo seria realizada na seguinte ordem Seacuterie
1 Sem adiccedilatildeo de poliacutemero Seacuterie 2 Adiccedilatildeo de poliacutemero sinteacutetico Seacuterie 3 Adiccedilatildeo de
poliacutemero extraiacutedo da Mandioca Seacuterie 4 Adiccedilatildeo de poliacutemero extraiacutedo da Moringa Seacuterie
5 Adiccedilatildeo de poliacutemero extraiacutedo do Quiabo como ilustrado na Tabela 4 As seacuteries foram
realizadas em triplicata
Tabela 4 - Avaliaccedilatildeo dos sistemas
Seacuterie Poliacutemero Sistema
Seacuterie 1 Sem adiccedilatildeo de poliacutemero
Pavimento permeaacutevel
Pavimento permeaacutevel + areia
Convencional
Seacuterie 2 Poliacutemero sinteacutetico
Pavimento permeaacutevel
Pavimento permeaacutevel + areia
Convencional
Seacuterie 3 Mandioca
Pavimento permeaacutevel
Pavimento permeaacutevel + areia
Convencional
Seacuterie 4 Moringa
Pavimento permeaacutevel
Pavimento permeaacutevel + areia
Convencional
Seacuterie 5 Quiabo
Pavimento permeaacutevel
Pavimento permeaacutevel + areia
Convencional
461 Avaliaccedilatildeo do desaguamento sem adiccedilatildeo de poliacutemero (Seacuterie 1)
Para a disposiccedilatildeo nos leitos de secagem utilizou-se volume de 20 L de lodo
para cada sistema em todas as seacuteries
45
462 Avaliaccedilatildeo do desaguamento com adiccedilatildeo de poliacutemeros (Seacuteries 2 a 5)
Para as amostras de lodo que tiveram adiccedilatildeo de poliacutemero foi utilizado o Teste de
Jarros para preparo da soluccedilatildeo estoque e condicionamento do lodo para a avaliaccedilatildeo da
dosagem e formaccedilatildeo de flocos Atraveacutes do CST determinou-se a dosagem oacutetima dos
poliacutemeros (Item 42) Apoacutes esta etapa obedeceu-se a mesma metodologia empregada
na dosagem isto eacute primeiramente o lodo foi condicionado com poliacutemero sendo entatildeo
aplicado nos sistemas
463 Sistema controle
Aleacutem dos sistemas com lodo utilizou-se um controle para aferir a quantidade de
aacutegua sujeita a evaporaccedilatildeo no local Este controle consistiu em uma coluna drsquoaacutegua feita
de tubo de PVC do mesmo modo em que o utilizado nos sistemas de desaguamento
permitindo a comparaccedilatildeo entre o volume de aacutegua inicial (2 L) e o restante apoacutes o tempo
despendido pelo desaguamento Para isso utilizou-se o princiacutepio dos vasos
comunicantes ilustrado na Figura 15
46
Figura 15 - Coluna drsquoaacutegua utilizada como controle na bancada experimental
464 Avaliaccedilatildeo do Lodo Desaguado
As amostras de torta seca foram retiradas quando os desaguamentos dos
sistemas cessaram Analisou-se o teor de umidade obtido em cada sistema expresso
pela anaacutelise de Soacutelidos Totais
47
5 RESULTADOS
51 Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas
O teste para determinaccedilatildeo da taxa de infiltraccedilatildeo foi realizado em todos os
pavimentos e nos sistemas de pavimento com adiccedilatildeo de areia e convencional
Primeiramente realizou-se os testes nos quinze pavimentos A meacutedia encontrada foi de
1144 mL plusmn 6229 e CV 005 (em 5 segundos de infiltraccedilatildeo) Verificou-se que as taxas de
infiltraccedilatildeo de aacutegua dos mesmos tinham indiacutecios de normalidade4 em seguida fez-se o
boxplot (Figura 34 Apecircndice B) e verificou-se a existecircncia de dois valores atiacutepicos (768
e 852 mL) por fim buscou-se confirmar se estes pontos apontados eram taxas de
infiltraccedilatildeo fora do padratildeo apresentado pelos demais pavimentos Observa-se que estes
dois pavimentos (2 e 14) foram utilizados em testes preliminares com o objetivo de
verificar a viabilidade do projeto Como seriam avaliados tambeacutem o pavimento
permeaacutevel com adiccedilatildeo de areia utilizou-se esses pavimentos nestes sistemas pois a
taxa de infiltraccedilatildeo neste caso eacute menor devido a esta camada de areia possibilitando
seu uso para este fim
A taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas pavimento permeaacutevel acrescido de areia e
convencional foram calculados do mesmo modo A meacutedia destes foi de 182 mL plusmn 209 e
CV 01 para o primeiro e de 526 mL plusmn1433 e CV 027 para o segundo
52 Caracterizaccedilatildeo do lodo bruto
Realizou-se caracterizaccedilatildeo do lodo durante o periacuteodo de agosto a fevereiro de
2014 Observou-se que o lodo sofreu perda de aacutegua deste periacuteodo devido agraves condiccedilotildees
de acondicionamento uma vez que recebeu forte insolaccedilatildeo e o recipiente em que
estava natildeo possuiacutea condiccedilotildees ideais de vedaccedilatildeo tendo possivelmente uma perda de
aacutegua livre por evaporaccedilatildeo elevando o valor de soacutelidos Para caracterizaccedilatildeo deste lodo
no entanto os valores obtidos de Soacutelidos Totais foram considerados respeitando-se o
4 Isto eacute que tem indiacutecios de uma distribuiccedilatildeo de probabilidade normal
48
intervalo de confianccedila conforme o Boxplot da Figura 30 Apecircndice A Todavia o pH e a
alcalinidade natildeo sofreram interferecircncia com estas condiccedilotildees A Tabela 5 mostra que o
lodo utilizado foi mais concentrado que usualmente encontrado na literatura (tendo em
meacutedia 77634 mgL-1 de ST plusmn 669003 e CV 009) mas como citado por Andreoli (2009)
o lodo de tanque seacuteptico possui grande variabilidade e dependendo da forma em que eacute
retirado pode apresentar-se mais ou menos concentrado
Tabela 5 - Comparaccedilatildeo entre dados encontrados na literatura e na presente pesquisa
Paracircmetros PHILIPPI et
al (1999) Withers Jarvie amp Stoate (2011)
Moussavi Kazembeigi amp
Farzadkia (2010) Neste trabalho
Meacutedia Meacutedia Meacutedia Meacutedia plusmn CV
ST (mgL-1
) 1083 - 1070 77634 66900 009
STV (mgL-1
) 673 - - 35164 23127 007
pH 66 73 73 70 02 003
Alcalinidade (mg CaCO3L
-1)
- 6085 480 2300 3438 015
49
Os Soacutelidos Totais e Soacutelidos Suspensos Totais fazem parte do conjunto de
paracircmetros mais importantes do lodo e satildeo dependentes do tipo de processo de
tratamento de esgoto e do tratamento do lodo Tiacutepicas concentraccedilotildees de ST estatildeo na
faixa de 2 a 12 no lodo bruto e 12 a 30 no lodo desaguado No lodo seco ou
compostado esses valores podem alcanccedilar 50 (SHAMMAS amp WANG 2008)
Outro importante paracircmetro eacute a relaccedilatildeo entre os Soacutelidos Totais Volaacuteteis e
Soacutelidos Totais (STVST) que de acordo com Metcalf amp Eddy (1991) Shammas amp Wang
(2008) e Andreoli (2009) eacute uma boa indicaccedilatildeo da fraccedilatildeo orgacircnica dos soacutelidos e de seu
niacutevel de digestatildeo A relaccedilatildeo encontrada neste trabalho foi em meacutedia de 046 sendo
valores proacuteximos aos encontrados por Andreoli et al (2009) em RAFA de 055
A relaccedilatildeo meacutedia de SSVSST neste trabalho foi de 047 plusmn001 e CV 002
semelhante agrave encontrada para STVST Moussavi Kazembeigi amp Farzadkia (2010)
correlacionaram os valores de SSVSST tambeacutem em tanque seacuteptico com o mesmo
objetivo e essa relaccedilatildeo foi de 057 classificando o lodo como estabilizado
Eacute necessaacuterio observar que a relaccedilatildeo entre STVST tiacutepica de um lodo primaacuterio eacute
de 075 a 080 proacutepria de lodos natildeo digeridos (METCALF amp EDDY 1991 ANDREOLI
VON SPERLING amp FERNANDES 2001 ANDREOLI et al 2009) O lodo proveniente de
tanques seacutepticos eacute classificado como lodo primaacuterio como o gerado em decantadores
primaacuterios Contudo diferentemente deste uacuteltimo o lodo de tanques seacutepticos sofre
digestatildeo anaeroacutebia
Os lodos digeridos tecircm valores entre 060 e 065 (ANDREOLI VON SPERLING
amp FERNANDES 2001) Apesar disso a Resoluccedilatildeo CONAMA 37506 afirma que os
lodos de esgoto que apresentem relaccedilatildeo (STVST) inferiores a 070 jaacute satildeo
considerados estaacuteveis para fins de utilizaccedilatildeo agriacutecola (BRASIL 2006)
Entretanto lodos que se adequam a essa relaccedilatildeo podem conter quantidades
significativas de areia e outros componentes inorgacircnicos que contribuem para o
aumento de soacutelidos fixos A baixa relaccedilatildeo entre soacutelidos volaacuteteis e soacutelidos totais pode
natildeo ser a mais adequada para indicaccedilatildeo do niacutevel de mineralizaccedilatildeo do lodo e de seu
impacto no solo A NBR 122091992 conceitua lodo estabilizado como aquele natildeo
sujeito a putrefaccedilatildeo poreacutem a quantificaccedilatildeo de STV natildeo eacute um indicador direto deste
50
fenocircmeno Existem algumas metodologias que fornecem essa indicaccedilatildeo como a
determinaccedilatildeo do potencial de mineralizaccedilatildeo do carbono e nitrogecircnio e de foacutesforo
atraveacutes da quantificaccedilatildeo de CO2 nitrogecircnio na forma de amocircnio e nitrogecircnio na forma
de nitrato (N-NH4+ e N-NO3
-) e extraccedilatildeo de foacutesforo como realizado por Tognetti et al
(2008)
Outro meacutetodo relativamente simples e amplamente utilizado eacute a respirometria de
Bartha que quantifica a produccedilatildeo de CO2 produzida pela microbiota quando em contato
com um composto natildeo presente naturalmente no solo medindo de maneira indireta
sua atividade metaboacutelica para degradaccedilatildeo destes compostos que mesmo sendo
orgacircnicos podem ser recalcitrantes Essa teacutecnica pode ser utilizada na anaacutelise da
biodegradabilidade do lodo para fins de utilizaccedilatildeo agriacutecola por medir o impacto de sua
aplicaccedilatildeo no solo (CLARKE TAYLOR amp COSSINS 2007)
Em relaccedilatildeo agrave alcalinidade e ao pH pode-se afirmar que satildeo os paracircmetros mais
importantes entre as anaacutelises quiacutemicas simples que verificam a qualidade do lodo
Visto que o pH determina as espeacutecies coagulantes que seratildeo utilizadas no
condicionamento bem como a natureza das cargas superficiais dos coloides (WPCF
1988) Aleacutem disso concentraccedilotildees elevadas de iacuteons de caacutelcio contribuem para melhora
do desaguamento do lodo (JIN WILEacuteN amp LANT 2003) Contudo no uso de
condicionantes inorgacircnicos a alta alcalinidade associada a lodos digeridos
anaeroacutebiamente pode levar a altas doses desses coagulantes pois se comportam
como aacutecidos quando satildeo adicionados a aacutegua isto eacute reduzem o pH da mistura gerada
(WPCF 1988)
53 Dosagem oacutetima dos poliacutemeros
A avaliaccedilatildeo das dosagens dos poliacutemeros baseou-se primeiramente na formaccedilatildeo de
flocos no teste de jarros Nas dosagens onde houve essa formaccedilatildeo realizou-se o
tempo de succcedilatildeo capilar (CST) comparando-se com os resultados do lodo sem
poliacutemero Segundo WPCF (1988) valores tiacutepicos para o Tempo de Succcedilatildeo Capilar
(CST) de lodo natildeo condicionado satildeo de aproximadamente 200 segundos O lodo em
51
estudo teve uma meacutedia de 2338 plusmn 1723 segundos demonstrando que seu
desaguamento ideal eacute ligeiramente mais lento do que lodos usualmente encontrados
Um dos fatores que influencia longos tempos de CST eacute a concentraccedilatildeo de soacutelidos Por
isso analisou-se esse paracircmetro nas aliacutequotas de lodo utilizadas em cada teste
Apesar da concentraccedilatildeo de soacutelidos no lodo estudado ser alta pode natildeo ser a uacutenica
responsaacutevel por estes resultados como jaacute mencionado outros fatores podem interferir
no desaguamento como o tipo de aacutegua encontrada no lodo e a alcalinidade (VESILIND
1988 WPCF 1988 VESILIND1994)
Para a dosagem oacutetima dos poliacutemeros o criteacuterio utilizado foi de acordo com WPCF
(1988) que indica que um lodo bem condicionado natildeo deve ultrapassar 10 segundos
no teste CST Sendo assim escolheu-se a menor dosagem dentre as que tiveram
resultados inferiores a 10 segundos As dosagens dos poliacutemeros que foram testadas
podem ser vistas na Tabela 6 e nos subitens 531 532 533 e 534
52
Tabela 6 - Dosagens testadas dos poliacutemeros utilizados na pesquisa
Poliacutemeros
Kemira 8394 reg Mandioca Moringa Quiabo
Dosagens testadas
(gL-1)
005 200 600 1000
010 250 800 1500
020 300 1000 2000
040
1200 1000
050
1400 1500
060
1600 2000
1800
2000
2200
2400
2600
2800
3000
3200
3400
3600
3800
4000
4200
4400
4600
4800
5000
6000
7000
9000
12000
531 Poliacutemero Sinteacutetico
Foram realizados dois testes de dosagem para o poliacutemero sinteacutetico uma em agosto
de 2013 e outra em fevereiro de 2014 devido ao intervalo relativamente grande entre a
primeira e a segunda seacuterie de desaguamento No primeiro teste as dosagens
53
analisadas foram de 005 010 020 e 040 gL-1 sendo encontrada a dosagem ideal
de 020 g L-1 Calculando a dosagem em funccedilatildeo da concentraccedilatildeo de soacutelidos do lodo
obteacutem-se que a dosagem ideal foi de 68 g kg ST-1 ressalta-se que o caacutelculo foi
realizado em funccedilatildeo dos ST e natildeo como o indicado por Andreoli von Sperlin
Fernandes (2001) que fazem em funccedilatildeo de SST devido ao fato do condicionamento
quiacutemico natildeo agir somente nos SST mas tambeacutem em partiacuteculas coloidais e dissolvidas
presentes no lodo (LIBAcircNIO 2005) Uma vez obtida a relaccedilatildeo ideal entre poliacutemero e
ST adicionou-se ao lodo em todos as seacuteries a mesma dosagem
No segundo teste foram utilizadas as seguintes dosagens 040 050 e 060 gL-1
A dosagem ideal obtida no teste foi de 050 g L-1 Os tempos registrados no CST
podem ser observados na Tabela 7
Tabela 7 - Resultados obtidos no CST nas dosagens de poliacutemero testadas
Poliacutemero Sinteacutetico
Dosagem (gL-1) Meacutedia plusmn CV
0055 - - -
010 106 14 01
020 74 15 02
040 1107 14 01
040 109 45 04
050 64 21 03
060 925 07 01
532 Mandioca
Preparou-se soluccedilatildeo estoque de 10 gL-1 A concentraccedilatildeo esteve em funccedilatildeo do
limite de saturaccedilatildeo da mistura da aacutegua com a feacutecula de mandioca visto que acima
desta concentraccedilatildeo a soluccedilatildeo natildeo se solubilizava por completo Apesar da
concentraccedilatildeo da soluccedilatildeo ser muito superior a testes realizados em aacutegua por Dantas amp
5 Como citado na literatura o CST foi feito somente nas dosagens em que houve formaccedilatildeo de flocos
54
Di Bernardo (2000) de 10 gL-1 natildeo foi possiacutevel testar grandes dosagens jaacute que isso
implicaria em um grande volume de poliacutemero superior inclusive ao volume de lodo
utilizado o que inviabilizaria sua aplicaccedilatildeo As dosagens testadas foram de 20 25 e
30 gL-1 sendo que em nenhuma delas houve a formaccedilatildeo de flocos Ressalva-se que
foi possiacutevel realizar essas dosagens utilizando-se volumes de lodo menores que os de
poliacutemero mantendo-se assim o volume total de 2 L no teste de jarros
Os testes mostraram que pela metodologia empregada no presente projeto natildeo foi
possiacutevel utilizar o poliacutemero obtido a partir da mandioca como condicionante de lodo de
esgoto natildeo sendo realizados testes de desaguamento nos sistemas Possivelmente
seriam necessaacuterias dosagens extremamente elevadas deste poliacutemero para a obtenccedilatildeo
de resultados positivos no lodo que foi utilizado como auxiliar de coagulaccedilatildeo no
tratamento de aacutegua por Di Bernardo (2000)
533 Moringa
As concentraccedilotildees testadas iniciaram em 60 gL-1 - dosagem oacutetima de poacute seco
obtida por Muyibi et al (2001) As demais dosagens foram de 80 100 120 140
160 180 200 220 240 260 280 300 320 340 360 380 400 420 440
460 480 500 600 700 900 1200 g L-1 Natildeo houve formaccedilatildeo de flocos em
nenhuma dosagem Ressalva-se que o teste foi limitado pela quantidade poacute obtido pelo
descascamento seleccedilatildeo moagem e peneiramento das sementes de moringa
Existem diversos fatores que podem contribuir para a natildeo correlaccedilatildeo de resultados
obtidos no presente estudo e os relatados na literatura Dentre eles nota-se que apesar
de Muyibi et al (2001) terem conseguido obter resultados positivos no condicionamento
do lodo pela moringa os testes realizados para tal natildeo satildeo os mesmos realizados nesta
pesquisa os pesquisadores utilizaram teste de resistecircncia especiacutefica e de reduccedilatildeo de
volume do lodo em teste de jarros Aleacutem disso o meacutetodo de preparo do poacute seco
utilizado no experimento natildeo eacute detalhado podendo sofrer variaccedilotildees importantes que
podem interferir nos resultados Outro fator importante eacute a concentraccedilatildeo de soacutelidos do
lodo utilizado no trabalho que em momento algum eacute fornecida pelos autores apenas
55
afirmam que o lodo eacute proveniente de uma ETE Como haacute uma correlaccedilatildeo positiva entre
a concentraccedilatildeo de soacutelidos do lodo e a dosagem de condicionantes caso este lodo seja
menos concentrado que o lodo utilizado no presente projeto provavelmente as
dosagens dos condicionantes empregados seratildeo menores
534 Quiabo
Para os testes com o quiabo foram empregadas duas metodologias que se
diferem somente na abertura das peneiras utilizadas Na primeira o peneiramento foi de
0841 mm e na segunda o peneiramento foi de 0149 mm Ambos tiveram soluccedilatildeo
estoque com concentraccedilatildeo de 50 g L-1 (limite de saturaccedilatildeo) e as mesmas dosagens
testadas de 100 150 e 200 g L-1 Ressalta-se que as dosagens foram limitadas pela
quantidade de poacute obtido no processo para se obter aproximadamente 01 kg do poacute
mais fino utilizou-se 15 kg de quiabo jaacute que grande parte desta massa eacute aacutegua e eacute
necessaacuterio secaacute-lo moecirc-lo e peneiraacute-lo Em todas as dosagens testadas natildeo se
verificou a formaccedilatildeo de flocos Um dos fatores que pode ter contribuiacutedo para a natildeo
formaccedilatildeo de flocos eacute o fato do poliacutemero ser aniocircnico conforme apontado por Abreu
Lima (2007)
535 Avaliaccedilatildeo geral da dosagem dos poliacutemeros
Natildeo foram encontradas dosagens oacutetimas para o condicionamento do lodo de esgoto
de tanque seacuteptico quando utilizou-se os poliacutemeros naturais oriundos da mandioca
moringa e quiabo Destaca-se que foram avaliadas somente algumas metodologias
simplificadas adequadas a ETE de pequeno porte localizadas em comunidades
isoladas eou rurais Eacute possiacutevel que existam resultados positivos caso empregue-se
outras metodologias mais complexas que aumentem a concentraccedilatildeo dos poliacutemeros em
volumes viaacuteveis para aplicaccedilatildeo no lodo de esgoto uma vez que outras pesquisas
relataram sua eficiecircncia no tratamento de aacutegua esgoto e condicionamento do lodo
Em relaccedilatildeo ao poliacutemero orgacircnico sinteacutetico a dosagem oacutetima encontrada eacute viaacutevel
para aplicaccedilatildeo Poreacutem eacute importante considerar que a utilizaccedilatildeo de poliacutemeros orgacircnicos
56
sinteacuteticos incrementa custos significativos agrave operaccedilatildeo da ETE bem como matildeo-de-obra
especializada para sua manipulaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo
54 Desaguamento do lodo nos sistemas
Como explicado anteriormente as seacuteries satildeo as replicatas da anaacutelise de
desaguamento do lodo ao longo do tempo na escala de bancada Para cada seacuterie
utilizou-se 2 L de lodo de esgoto a carga meacutedia aplicada no projeto foi de 1880
kgSTm-2 com plusmn 263 e CV 014 ou seja tem-se indiacutecios estatiacutesticos de que a meacutedia eacute
representativa Em todas as seacuteries considerou-se o teacutermino do desaguamento quando
a percolaccedilatildeo parou nos sistemas ou seja quando o volume coletado foi de 0 mL Eacute
importante observar que as condiccedilotildees climaacuteticas variaram consideravelmente no
periacuteodo em que as seacuteries foram realizadas deste modo verifica-se que a influecircncia da
temperatura e da evaporaccedilatildeo foram diferentes em cada uma das seacuteries Na Tabela 8
satildeo apresentadas as condiccedilotildees relativas a cada uma das seacuteries No Apecircndice B as
Figura 41 42 43 44 e 45 exibem as temperaturas diaacuterias registradas e a evaporaccedilatildeo
da coluna drsquoaacutegua (Sistema controle item 463)
Tabela 8 - Temperatura evaporaccedilatildeo e duraccedilatildeo das seacuteries
Sem poliacutemero Poliacutemero Sinteacutetico
Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie IV
TdegC Maacutex 341 357 371 271 370 343 343
TdegC Min 96 132 160 65 203 160 160
Evaporaccedilatildeo coluna daacutegua ()
180 200 320 15 160 40 40
Iniacutecio 030913 291013 280114 280913 060214 180214 180214
Duraccedilatildeo (dias) 350 390 280 40 80 50 50
Em que TdegC Maacutex Temperatura Maacutexima TdegC Min Temperatura Miacutenima
Na Tabela 9 satildeo apresentados os volumes desaguados os teores de soacutelidos das
tortas secas resultantes dos sistemas de bancada a meacutedia amostral e a meacutedia
ajustada6 de cada sistema Esta uacuteltima eacute decorrente de um ajuste de um modelo linear
6 A meacutedia ajustada decorre da meacutedia geral das categorias tomadas como sendo iguais incluindo um erro
aleatoacuterio
57
normal Desta forma eacute possiacutevel verificar se haacute diferenccedilas significativas entre os valores
amostrais Os boxplot dos volumes amostrais e dos ajustados podem ser visualizados
nas Figura 46 e 47 (Apecircndice B)
No que se refere ao volume desaguado haacute indiacutecios estatiacutesticos de que tanto nas
seacuteries sem adiccedilatildeo de poliacutemero e com adiccedilatildeo de poliacutemero nos sistemas pavimento
permeaacutevel e pavimento permeaacutevel acrescido de areia as meacutedias natildeo tecircm diferenccedila
significativa como observado na Figura 47 Todavia comparando-se estes sistemas ao
convencional a diferenccedila eacute significativa segundo a anaacutelise de variacircncia
No tocante ao teor de soacutelidos da torta seca comparando-se o condicionamento ou
natildeo do lodo verificou-se que o lodo sem poliacutemero produziu tortas com igual umidade
que o lodo condicionado visto que quando se comparou os valores de ST nos sistemas
com ou sem poliacutemero natildeo se verificou diferenccedila significativa Examinando-se o
desempenho dos sistemas notou-se que natildeo haacute diferenccedila significativa de ST entre
pavimento permeaacutevel e pavimento permeaacutevel e areia Todavia haacute diferenccedila entre estes
e o convencional segundo a anaacutelise de variacircncia verificado nos boxplot da Figura 48
(Apecircndice B) Ademais como realizado no volume desaguado ajustou-se um modelo
linear em que calculou-se uma meacutedia ajustada para cada sistema como pode ser visto
na Figura 49 do Apecircndice B
58
Tabela 9 - Resultados do desaguamento do lodo de esgoto de tanque seacuteptico
Seacuteries
Sem poliacutemero Poliacutemero Sinteacutetico
P P+A C P P+A C
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
I 1960 540 2208 578 2824 561 2412 1484 2645 1413 2980 1232
II 2777 665 2967 675 3279 492 2503 1411 262 1377 2753 1145
III 2487 628 2824 609 2872 587 2327 1481 2473 1513 2843 1265
IV - - - - - - 2336 1479 - - - -
Meacutedia 2408 611 2667 621 2992 547 2395 1464 2519 1434 2859 1214
plusmn 414 6421 403 4954 250 4910 088 4131 093 7047 114 6199
CV 1720 1051 1512 798 836 898 368 282 369 491 400 511
Meacutedia ajustada
7
2503 64451 2503 64451 2925 48931 2503 142656 2503 142656 2925 127136
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia C Convencional ST Soacutelidos Totais plusmn Desvio Padratildeo CV Coeficiente de Variaccedilatildeo
7 A meacutedia ajustada demonstra que estatisticamente certos valores satildeo iguais
59
541 Sistema composto por Pavimento Permeaacutevel
a) Lodo natildeo condicionado
Para o lodo sem adiccedilatildeo de poliacutemero desaguado em pavimento permeaacutevel o
desaguamento foi respectivamente de 540 665 e 628 mL nas seacuteries I II e III Nota-se
que houve pequenas variaccedilotildees nas trecircs seacuteries justificadas em parte pela variabilidade
das condiccedilotildees climaacuteticas e em parte pela variabilidade normal na reproduccedilatildeo dos
experimentos Contudo eacute possiacutevel notar um comportamento geral das seacuteries onde o
desaguamento eacute mais intenso nas primeiras 70 horas e mais ameno nas restantes A
Figura 16 mostra a evoluccedilatildeo do desaguamento no sistema composto por pavimento
permeaacutevel
Figura 16 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento permeaacutevel com lodo de esgoto sem poliacutemero
0
100
200
300
400
500
600
700
0 200 400 600 800 1000
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo em pavimento permeaacutevel
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
60
b) Lodo condicionado
Para o lodo com adiccedilatildeo de poliacutemero o desaguamento foi realizado em quatro
seacuteries e o volume percolado foi de 1484 1411 1481 e 1479 mL nas seacuteries I II III e IV
respectivamente A seacuterie IV foi realizada somente para verificar se haveria diferenccedila no
desaguamento do pavimento permeaacutevel em decorrecircncia do aumento da taxa de
infiltraccedilatildeo ocasionada na segunda lavagem dos sistemas como seraacute exposto no item
59 Realizou-se o desaguamento concomitantemente com a terceira seacuterie do lodo
condicionado Observa-se um comportamento geral nas seacuteries semelhante ao lodo sem
condicionamento intensidade de desaguamento maior nas primeiras horas e menor
nas demais Contudo diferentemente do lodo natildeo condicionado o desaguamento foi
mais intenso nas primeiras 3 h quando adicionou-se o poliacutemero Estes resultados
evidenciam que o condicionamento do lodo com poliacutemeros aumenta radicalmente natildeo
soacute a taxa de desaguamento mas tambeacutem o volume de aacutegua percolado chegando a ser
em meacutedia 5803 maior que nas seacuteries sem poliacutemero utilizando-se o mesmo sistema
Tanto a raacutepida percolaccedilatildeo quanto o maior volume devem-se agraves pontes quiacutemicas
formadas entre o poliacutemero e aos soacutelidos presentes no lodo que agregam-se em flocos
facilitando a sua separaccedilatildeo da aacutegua livre (LIBAcircNIO 2005 WPCFM 1988) O
hidrograma gerado pode ser observado na Figura 17
61
Figura 17 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento permeaacutevel com lodo de esgoto com adiccedilatildeo de poliacutemero
542 Sistema composto por Pavimento Permeaacutevel e areia
a) Lodo natildeo condicionado
O sistema composto por pavimento permeaacutevel com adiccedilatildeo de areia natildeo teve
diferenccedilas significativas em relaccedilatildeo ao composto somente por pavimento permeaacutevel
tendo comportamento semelhante a este e desaguando 578 675 e 609 mL
respectivamente nas seacuteries I II e III como observado na Figura 18
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
0 10 20 30 40 50 60 70
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo com adiccedilatildeo de poliacutemero sinteacutetico em pavimento permeaacutevel
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
Seacuterie IV
62
Figura 18 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento permeaacutevel com lodo de esgoto sem poliacutemero
a) Lodo condicionado
Como os sistemas anteriores o lodo com adiccedilatildeo de poliacutemero sinteacutetico teve
desempenho superior ao sem condicionamento com 1413 1377 e 1513 mL de
desaguamento nas seacuteries I II e III respectivamente O hidrograma deste sistema pode
ser visto na Figura 19
0
100
200
300
400
500
600
700
800
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo em pavimento permeaacutevel e areia
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
63
Figura 19 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento permeaacutevel e areia com
lodo de esgoto com adiccedilatildeo de poliacutemero
543 Sistema Convencional
a) Lodo natildeo condicionado
Para o lodo sem adiccedilatildeo de poliacutemero desaguado em sistema convencional o
volume percolado foi de 561 492 e 587 mL respectivamente nas seacuteries I II e III
Apesar da seacuterie II ter um desaguamento menor e mais lento que as seacuteries I e II essa
diferenccedila natildeo eacute estatisticamente relevante como observado no boxplot da Figura 46 no
Apecircndice B Nota-se tambeacutem que o desaguamento na Seacuterie III foi mais raacutepido uma
das razotildees apontadas pode ser a alta temperatura e evaporaccedilatildeo registradas neste
periacuteodo sendo este comportamento observado nos sistemas compostos por pavimento
permeaacutevel e pavimento permeaacutevel com camada de areia
Ainda que verifiquem-se algumas diferenccedilas entre as seacuteries eacute possiacutevel constatar
o mesmo comportamento geral registrado nos sistemas anteriores onde o
desaguamento foi mais intenso nas primeiras horas e mais lento nas demais conforme
hidrograma exposto na Figura 20
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo com poliacutemero sinteacutetico em pavimento permeaacutevel e areia
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
64
Figura 20 - Hidrograma do desaguamento do sistema convencional com lodo de esgoto sem poliacutemero
b) Lodo condicionado
Para o lodo condicionado com poliacutemero o volume desaguado foi maior e grande
parte foi percolado nos primeiros minutos comportamento observado em todas as
seacuteries O sistema convencional desaguou nas seacuteries I II e III 1232 1145 e 1265 mL
respectivamente volumes menores que os demais sistemas Devido ao raacutepido
desaguamento deste lodo pode-se afirmar que a evaporaccedilatildeo exerce pouca influecircncia
neste processo sendo a drenagem o principal mecanismo Apesar da evidente
discrepacircncia de volume e tempo de desaguamento na seacuterie II natildeo houve diferenccedila
estatiacutestica entre as demais seacuteries como comprovado pelo boxplot da Figura 46 no
Apecircndice B A Figura 21 mostra o hidrograma deste desaguamento
0
100
200
300
400
500
600
700
0 200 400 600 800 1000
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo em sistema convencional
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
65
Figura 21 - Hidrograma do desaguamento do sistema convencional com lodo de esgoto com adiccedilatildeo de poliacutemero
55 Teor de soacutelidos das tortas secas
Analisou-se tambeacutem os teores de soacutelidos nas tortas secas obtidos em cada
sistema Nota-se que apesar da maior percolaccedilatildeo dos sistemas compostos por
pavimento permeaacutevel e pavimento permeaacutevel com areia os melhores valores foram do
sistema convencional tanto para o lodo sem condicionamento quanto para o lodo
condicionado Esses resultados provavelmente decorrem da retenccedilatildeo de parte da aacutegua
percolada pela camada de areia do sistema fazendo com que o volume total percolado
natildeo consiga atravessar toda a camada de areia e a camada de brita do sistema ateacute ser
coletado no recipiente
Constatou-se que natildeo houve diferenccedila significativa na utilizaccedilatildeo ou natildeo de
poliacutemero ou seja os sistemas produziram tortas secas de semelhante teor quando natildeo
adicionou-se poliacutemero e quando adicionou-se Tambeacutem natildeo houve diferenccedila
significativa entre os sistemas pavimento permeaacutevel e pavimento permeaacutevel acrescido
de areia Poreacutem houve entre os mesmos e sistema convencional como mostra a
Figura 49 no Apecircndice B O teor de soacutelidos no sistema pavimento permeaacutevel sem
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo com adiccedilatildeo de poliacutemero sinteacutetico em sistema convencional
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
66
condicionamento foi em meacutedia de 2408 plusmn414 enquanto que o lodo condicionado a
meacutedia foi de 2395 plusmn 088 No sistema pavimento permeaacutevel e areia a meacutedia foi de
2667 plusmn 403 para o lodo sem poliacutemero e de 2519 plusmn 093 para o lodo com adiccedilatildeo de
poliacutemero Para o sistema convencional a meacutedia de ST foi de 2992 plusmn 250 e 2859 plusmn
114 no lodo natildeo condicionado e no condicionado respectivamente
Contudo eacute possiacutevel notar comportamentos distintos no lodo condicionado e natildeo
condicionado enquanto o lodo natildeo condicionado perdeu mais umidade quando a
temperatura foi mais alta (nas seacuteries) o lodo condicionado parece natildeo ter sofrido
influecircncia significativa desta variaacutevel ambiental esse fato deve-se ao seu raacutepido
desaguamento jaacute mencionado anteriormente Ademais observa-se que as
concentraccedilotildees de STV satildeo maiores que as de STF uma hipoacutetese eacute que a mateacuteria
inorgacircnica dissolvida pode ter sido percolada juntamente com a aacutegua drenada do lodo
As Figura 22 e 23 ilustram a os valores de Soacutelidos Totais Soacutelidos Totais Fixos e Soacutelidos
Totais Volaacuteteis das tortas secas dos lodos desaguados sem e com adiccedilatildeo de poliacutemero
respectivamente
Figura 22 - Teor de soacutelidos da torta seca do lodo desaguado sem poliacutemero
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia C Convencional Soacutelidos Totais
STF Soacutelidos Totais Fixos e STV Soacutelidos Totais Volaacuteteis
000
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III
P P+A C
Teor de soacutelidos da torta seca do lodo sem poliacutemero
ST
STF
STV
67
Figura 23 - Teor de soacutelidos da torta seca do lodo desaguado com poliacutemero sinteacutetico
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia C Convencional Soacutelidos Totais
STF Soacutelidos Totais Fixos e STV Soacutelidos Totais Volaacuteteis
56 Anaacutelise geral dos sistemas
O lodo com ou sem poliacutemero mostrou comportamento semelhante ao percolar
uma fraccedilatildeo significativa de seu volume nas primeiras horas do desaguamento e
posteriormente assumiu uma taxa de infiltraccedilatildeo mais lenta a diferenccedila verificada foi no
menor tempo necessaacuterio e na maior quantidade de aacutegua desaguada do lodo
condicionado como observado na Figura 24 Os pontos no graacutefico tratam-se das
meacutedias das seacuteries nos sistemas Neste graacutefico foram inclusos todos os pontos de todas
as seacuteries em ordem cronoloacutegica sendo possiacutevel assim observar um comportamento em
cada sistema estudado
000
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie IV Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III
P P+A C
Teor de soacutelidos da torta seca do lodo com poliacutemero sinteacutetico
ST
STF
STV
68
Figura 24 - Hidrograma do desaguamento do lodo em todos os sistemas no lodo natildeo condicionado e condicionado
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
Esta raacutepida percolaccedilatildeo pode ser justificada pela interaccedilatildeo do poliacutemero com as
partiacuteculas do lodo ocorrer quase imediatamente apoacutes a sua aplicaccedilatildeo (WPCFM 1988)
Isso ocorre porque os poliacutemeros atuam como coagulantes formando pontes quiacutemicas
entre o poliacutemero e as partiacuteculas coloidais presentes no lodo que satildeo adsorvidas pelas
diversas cadeias de monocircmeros do poliacutemero agregando-se em flocos densos passiacuteveis
de serem removidos por filtraccedilatildeo sedimentaccedilatildeo ou flotaccedilatildeo (LIBAcircNIO 2005)
Portanto tempos menores de desaguamento implicariam em maior quantidade
de ciclos de secagem em leitos em escala real podendo ocasionar um impacto
consideraacutevel no caacutelculo da aacuterea necessaacuteria para o leito
Apesar disso os valores de ST nas seacuteries com adiccedilatildeo de poliacutemero podem ser
considerados iguais aos do lodo sem condicionamento Certamente pelo periacuteodo de
desaguamento do lodo sem poliacutemero ter sido muito superior ao do lodo condicionado
(em torno de 35 e 6 dias respectivamente) houve maior evaporaccedilatildeo da aacutegua presente
no lodo nestes sistemas (por volta de 23 e 6 de modo respectivo) que compensou o
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo nos sistemas com e sem poliacutemero
P Sem poliacutemero P com poliacutemero P+A sem poliacutemero
C sem poliacutemero C com poliacutemero P+A com poliacutemero
69
menor volume drenado Isso decorre de que em leitos de secagem haacute necessidade de
tempos relativamente longos de evaporaccedilatildeo (van Haandel amp Lettinga 1994)
Pode-se considerar que a evaporaccedilatildeo eacute uma grande contribuinte no desaguamento
em escala real e consequentemente na obtenccedilatildeo de teores maiores de ST nas tortas
secas Poreacutem em escala de bancada os sistemas sofreram menor influecircncia da
evaporaccedilatildeo devido a menor influecircncia dos fatores climaacuteticos responsaacuteveis pela
evaporaccedilatildeo tendo entatildeo seus valores de ST subestimados
Analisando-se os sistemas verifica-se que de maneira geral pelas Figuras 25 e
26 que o sistema convencional foi significativamente mais lento que os sistemas
alternativos e os volumes desaguados foram menores do que nos sistemas pavimento
permeaacutevel e pavimento e areia No lodo sem condicionamento enquanto 563 do
volume inicial foi percolado nas 30 primeiras horas no sistema composto por pavimento
permeaacutevel o sistema pavimento permeaacutevel e areia foi ligeiramente mais lento
desaguando neste periacuteodo 486 de seu volume e no sistema convencional somente
301 Para o lodo condicionado nas primeiras 3 h o pavimento permeaacutevel pavimento
permeaacutevel acrescido de areia e convencional desaguaram 690 487 e 185 de seu
volume
Figura 25 - Desaguamento do lodo sem poliacutemero - meacutedias das seacuteries
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
00
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
00 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000
Volu
me
acum
ulad
o (m
L)
Tempo (h)
Desaguamento meacutedio do lodo sem poliacutemero
P
P+A
C
70
Figura 26 - Desaguamento do lodo com poliacutemero - meacutedias das seacuteries
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
Todavia o sistema convencional produziu tortas secas com menor umidade
Como jaacute explicado anteriormente esses resultados podem ser justificados pela
existecircncia de uma camada maior de areia em que parte da aacutegua percolada tenha
ficado ali retida A adiccedilatildeo da camada de areia de 001 m ao pavimento permeaacutevel natildeo
mostrou aumento significativo tanto no volume desaguado quanto na torta seca
produzindo valores de ST semelhantes aos do sistema composto somente por
pavimento permeaacutevel
Aleacutem do sistema composto por pavimento permeaacutevel obter maior volume de
aacutegua percolada do que o sistema convencional pode-se considerar que este uacuteltimo tem
uma pequena aacuterea de drenagem (2 a 3 cm de camada de areia entre os tijolos
recozidos) em escala real como ilustra a Figura 27
00
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
00 100 200 300 400 500 600 700 800
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento meacutedio do lodo com poliacutemero
P
P+A
C
71
Figura 27 - Detalhe da constituiccedilatildeo do leito de secagem convencional
A NBR 122091992 considera que a aacuterea ocupada pela areia natildeo pode ser
inferior a 15 da aacuterea total do leito Desta forma considerando os valores das meacutedias
ajustadas o lodo sem poliacutemero e com poliacutemero desaguariam respectivamente 5298 e
13762 Lm-sup2 no sistema convencional Enquanto que o pavimento permeaacutevel e
pavimento permeaacutevel acrescido de areia desaguariam 8210 e 18173 Lm-sup2 para o lodo
sem adiccedilatildeo de poliacutemero e com adiccedilatildeo de poliacutemero respectivamente8
Por esse motivo como a percolaccedilatildeo da aacutegua eacute fator importante no teor de
umidade final da torta seca eacute importante balizar que da mesma forma que no processo
de drenagem o teor de soacutelidos da torta seca do sistema convencional eacute superestimado
na escala de bancada ou seja em escala real eacute provaacutevel que estes valores sejam
significativamente menores ou que demande-se mais tempo para obtenccedilatildeo da mesma
umidade na torta seca
Nota-se tambeacutem que os valores de Soacutelidos Totais Volaacuteteis (STV) satildeo superiores
aos Soacutelidos Totais Fixos (STF) com a relaccedilatildeo meacutedia de STVST de 058 superior a do
lodo bruto de 046 como jaacute citado uma das razotildees pode ser a percolaccedilatildeo de mateacuteria
inorgacircnica dissolvida Segundo Andreoli von Sperling amp Fernandes (2001) a relaccedilatildeo
8 Para a obtenccedilatildeo destes valores utilizou-se a meacutedia dos volumes desaguados dos sistemas para
calcular-se o volume desaguado por msup2 Considerou-se que a percolaccedilatildeo ocorre em toda a aacuterea do leito
nos sistemas pavimento permeaacutevel e pavimento permeaacutevel e areia No sistema convencional
considerou-se que a percolaccedilatildeo somente ocorre na aacuterea do onde haacute areia portanto estes valores foram
multiplicados por 15
72
entre SVST tiacutepica do eacute lodo desidratado eacute de 060 a 065 Poreacutem a relaccedilatildeo encontrada
por Andreoli et al (2009) foi de 022 indicando a grande variabilidade do lodo
Como jaacute mencionado Ruiz Kaosol amp Wisniewsk (2010) relacionaram a
quantidade de mateacuteria orgacircnica presente no lodo e sua aptidatildeo ao desaguamento
mecacircnico estabelecendo a relaccedilatildeo inversamente proporcional entre mateacuteria orgacircnica e
eficiecircncia do processo de desaguamento mecacircnico Andreoli von Sperling amp Fernandes
(2001) tambeacutem afirmam que lodos com menor teor de mateacuteria orgacircnica tambeacutem satildeo
mais indicados para o desaguamento por processos naturais Esses resultados
apontam que o lodo utilizado na pesquisa tem aptidatildeo ao desaguamento por ter sofrido
digestatildeo
Aleacutem disso eacute necessaacuterio atentar que diferentemente dos resultados obtidos por
van Haandel amp Lettinga (1994) a concentraccedilatildeo de soacutelidos influenciou o desaguamento
do lodo uma vez que o volume aplicado sobre os leitos foi o mesmo sendo que a
carga aplicada alterou-se em funccedilatildeo da concentraccedilatildeo de soacutelidos que se alterou
durante a pesquisa
Observa-se tambeacutem que van Haandel amp Lettinga (1994) utilizaram lodos com ST
entre 4 e 10 finalizando o desaguamento com fraccedilatildeo de soacutelidos de aproximadamente
20 nos leitos de secagem convencional Os valores obtidos na presente pesquisa
para o leito de secagem convencional satildeo superiores aos encontrados pelos
pesquisadores variando de 28 a 33
Com o objetivo de estimar a influecircncia da evaporaccedilatildeo nos sistemas elaborou-se
duas hipoacuteteses a primeira considera a quantidade de aacutegua evaporada como percolada
pelos sistemas e a segunda trata-se de calcular a umidade do lodo caso natildeo houvesse
a evaporaccedilatildeo nos sistemas Ambas baseiam-se nas perdas de aacutegua por evaporaccedilatildeo
registradas pelo sistema controle
73
57 Hipoacutetese I ndash Aacutegua evaporada do lodo sendo percolada
Com o intuito de explicar a diferenccedila de volume desaguado no lodo sem e com
condicionamento a primeira hipoacutetese assume a ausecircncia de evaporaccedilatildeo considerando
que a porccedilatildeo de aacutegua que foi evaporada da coluna drsquoaacutegua foi percolada nos sistemas
respeitando-se a quantidade e tempo em que ocorreu a evaporaccedilatildeo no sistema
controle Para tanto faz-se necessaacuterias algumas ponderaccedilotildees
A evaporaccedilatildeo de um liacutequido tem relaccedilatildeo estreita com sua tensatildeo superficial
quanto mais baixa esta eacute maior seraacute a evaporaccedilatildeo Sabe-se que a aacutegua naturalmente
presente na natureza tem alta tensatildeo superficial e existem substacircncias que conteacutem
moleacuteculas anfifiacutelicas como detergente e sabatildeo que diminuem a tensatildeo superficial da
aacutegua e consequentemente acabam facilitando a evaporaccedilatildeo da aacutegua O lodo de
esgoto eacute uma matriz complexa isto eacute tem composiccedilatildeo diversificada e provavelmente
tem quantidade consideraacutevel de moleacuteculas anfifiacutelicas podendo deixar a tensatildeo
superficial mais baixa e portanto facilitando a evaporaccedilatildeo da aacutegua livre presente no
lodo Para fins de melhor aplicabilidade desta hipoacutetese seria necessaacuterio mensurar a
tensatildeo superficial do lodo (MYERS 1999) Aleacutem disso a aacuterea superficial de aacutegua que
entra em contato com a atmosfera eacute muito maior no lodo do que na coluna drsquoaacutegua
colaborando para maior evaporaccedilatildeo do primeiro
Para tanto admitiu-se que a evaporaccedilatildeo da aacutegua ldquocomumrdquo eacute a mesma que a da
aacutegua livre presente no lodo e que esta eacute predominante em relaccedilatildeo aos demais tipos de
aacutegua presente (van Haandel amp Lettinga1994 VESILIND 1994) As estimativas dos
volumes percolados em todas as seacuteries podem ser visualizadas na Tabela 10
Ressalva-se que as Seacuteries II e III do lodo com adiccedilatildeo de poliacutemero foram iniciadas
durante a Seacuterie III do lodo sem adiccedilatildeo de poliacutemero fazendo com que o sistema controle
para estas seacuteries natildeo tenha sido iniciado com 2000 mL de aacutegua pois jaacute havia certa
perda pela Seacuterie III sem adiccedilatildeo de poliacutemero O volume presente na coluna drsquoaacutegua
quando Seacuteries II e III iniciaram era de 17473 e 14079 mL respectivamente Sendo os
volumes estimados calculados a partir destes volumes
74
Tabela 10 - Desaguamento do lodo de esgoto nos sistemas - Hipoacutetese I
Sem Poliacutemero
Sistemas Seacuteries I II III IV Meacutedia plusmn CV
VE (mL) 355 408 643 - 469 1533 327
P V (mL) 540 665 628 - 611 642 105
V (mL) 895 814 1271 - 993 2439 245
P+A V (mL) 578 675 609 - 621 495 80
V (mL) 933 1083 1251 - 1089 1591 146
C V (mL) 561 492 587 - 547 491 90
V (mL) 916 901 1227 - 1015 1840 181
Com poliacutemero
VE (mL) 29 282 48 48 120 1407 1177
P V (mL) 1484 1411 1481 1479 1459 413 28
V (mL) 1513 1693 1532 1493 1579 989 63
P+A V (mL) 1413 1377 1513 - 1434 705 49
V (mL) 1442 1658 1564 - 1611 665 41
C V (mL) 1232 1145 1265 - 1214 620 51
V (mL) 1378 1426 1316 - 1426 552 39 Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia C Convencional VE Volume
evaporado no sistema controle V Volume real e Vrsquo Volume estimado na Hipoacutetese I
Para o sistema composto por pavimento permeaacutevel com lodo sem poliacutemero os
volumes aumentariam em 6574 2240 e 10229 o volume real percolado nas seacuteries
I II e III respectivamente No mesmo sistema o lodo condicionado os volumes
incrementados nas seacuteries I II e III seriam muito pequenos de 195 1999 344 e 095
no volume desaguado Como dito anteriormente a seacuterie II foi a mais influenciada pela
evaporaccedilatildeo devido agraves altas temperaturas e maior periacuteodo de percolaccedilatildeo
O desaguamento do lodo sem condicionamento no sistema pavimento permeaacutevel
e areia os volumes desaguados nas seacuteries I II e III acresceriam em 6142 6044 e
10542 respectivamente No lodo condicionado no mesmo sistema o desaguamento
nas seacuteries I II e III receberiam um incremento de 205 2041 e 337 respectivamente
no volume percolado pelos sistemas
75
Jaacute no sistema convencional a inserccedilatildeo do volume evaporado agrave aacutegua percolada
acrescentaria 6328 8313 e 10903 aos volumes desaguados nas seacuteries I II e III
respectivamente Para as seacuteries em que o lodo foi condicionado com poliacutemero sinteacutetico
a percolaccedilatildeo nas seacuteries I II e III representariam um aumento de 1185 2454 e 403
em relaccedilatildeo ao volume desaguado real
Esperava-se que esta hipoacutetese pudesse explicar a grande diferenccedila de volume
desaguado entre o lodo sem poliacutemero e com poliacutemero com os volumes deste primeiro
aproximando-se deste uacuteltimo Conquanto isso natildeo foi verificado visto que a diferenccedila
foi em torno de 400 mL No entanto eacute necessaacuterio fazer uma ressalva quanto ao volume
desaguado no lodo condicionado ser ainda muito maior que no lodo natildeo condicionado
a evaporaccedilatildeo mensurada provavelmente eacute subestimada pois a evaporaccedilatildeo da aacutegua
em matrizes complexas como o lodo de esgoto eacute provavelmente facilitada pela menor
tensatildeo superficial o que poderia compensar parte desta discrepacircncia entre maior
volume percolado pelo lodo com poliacutemero e tortas secas de umidade iguais as do lodo
sem poliacutemero
Natildeo obstante os volumes foram maiores nas seacuteries que ocorreram em periacuteodos
mais quentes assim como nas seacuteries em que se avaliou o desaguamento natural do
lodo verificou-se que a influecircncia da evaporaccedilatildeo foi maior devido ao maior periacuteodo de
exposiccedilatildeo
76
58 Hipoacutetese II ndash Ausecircncia de evaporaccedilatildeo nos sistemas
Para fins de anaacutelise da eficiecircncia do pavimento permeaacutevel de forma isolada
calculou-se qual seria o teor de soacutelidos da torta seca se natildeo houvesse evaporaccedilatildeo
Sabendo que a densidade do lodo eacute proacutexima agrave da aacutegua bem como sua massa
especiacutefica (ANDREOLI VON SPERLING amp FERNANDES 2001)
Considerou-se que a aacutegua comum tem comportamento igual ao da aacutegua
livre do lodo e portanto que um 1 mL de aacutegua eacute igual a 1 mg de aacutegua
Assumiu-se que o volume de aacutegua evaporada no sistema controle foi
evaporada tambeacutem pelos sistemas com lodo Buscou-se entatildeo verificar a
contribuiccedilatildeo dessa evaporaccedilatildeo para a constituiccedilatildeo das tortas secas
estimando o teor de soacutelidos secos descontando sua contribuiccedilatildeo
A estimativa do valor de soacutelidos totais sem contribuiccedilatildeo da evaporaccedilatildeo ( )
pode ser expressa pela seguinte equaccedilatildeo
Em que
Parcela de soacutelidos
Massa total
Onde a parcela de soacutelidos pode ser definida como
Volume do lodo bruto
Volume da aacutegua percolada pelo sistema
Volume da aacutegua no lodo desaguado
77
E o volume da aacutegua no lodo desaguado pode ser calculado por
Onde
Teor de umidade do lodo desaguado
Volume de aacutegua evaporada
E por fim a massa total seraacute
Nas seacuteries sem condicionamento quiacutemico as seacuteries I II e III tiveram uma
diferenccedila de meacutedia entre os teores de soacutelidos de 460 683 e 861 respectivamente
sendo que a temperatura foi crescente nas seacuteries Quanto agraves seacuteries com adiccedilatildeo de
poliacutemero a diferenccedila meacutedia foi de 128 769 209 nas seacuteries I II III
respectivamente A seacuterie IV natildeo foi possiacutevel aferir meacutedia e a diferenccedila foi de 206 Os
valores dos Soacutelidos Totais reais (ST) e Soacutelidos Totais estimados na Hipoacutetese II (STrsquo)
podem ser vistos na Tabela 11 e as Figuras 28 e 29
78
Tabela 11 - Teor de soacutelidos da torta seca ndash comparaccedilatildeo com a Hipoacutetese II
Sem Poliacutemero
Sistemas Seacuteries I II III IV Meacutedia plusmn CV
P ST () 196 2777 2487 - 2408 414 1720
ST () 1577 2127 1694 - 1799 290 1610
P+A ST () 2208 2967 2824 - 2666 403 1513
ST () 1768 2268 1932 - 1989 255 1281
C ST () 2824 3279 2872 - 2992 250 836
ST () 2265 258 1974 - 2273 303 1333
Com poliacutemero
P ST () 2412 2503 2327 2336 2395 082 341
ST () 2282 1693 2121 2129 2056 253 1232
P+A ST () 2645 262 2473 - 2579 092 360
ST () 2519 1805 2241 - 2188 360 1645
C ST () 2980 2753 2843 - 2859 114 400
ST () 2851 2071 2660 - 2527 407 1609 Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia C Convencional ST Soacutelidos
Totais real e STrsquo Soacutelidos Totais estimado na Hipoacutetese II
Figura 28 - Teor de soacutelidos das tortas secas sem condicionamento quiacutemico - Hipoacutetese II
Em que ST Soacutelidos Totais real e STrsquo Soacutelidos Totais estimado na Hipoacutetese II
05
101520253035
P P + A C P P + A C P P + A C
Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III
Teor de soacutelidos da torta seca sem poliacutemero - H2
ST
ST
79
Figura 29 - Teor de soacutelidos das tortas secas com condicionamento quiacutemico - Hipoacutetese II
Em que ST Soacutelidos Totais real e STrsquo Soacutelidos Totais estimado na Hipoacutetese II
Realizando esses caacutelculos observa-se que a evaporaccedilatildeo teve importante
contribuiccedilatildeo nas tortas secas especialmente nas seacuteries em que o lodo natildeo foi
condicionado com poliacutemero sinteacutetico devido ao tempo de percolaccedilatildeo ser muito maior
aumentando a exposiccedilatildeo do lodo ao ambiente Nota-se tambeacutem que altas temperaturas
e baixa umidade do ar9 favorecem a evaporaccedilatildeo da aacutegua presente no lodo jaacute que nas
seacuteries em que a evaporaccedilatildeo foi mais intensa ocorreu no periacuteodo de forte calor e baixa
precipitaccedilatildeo (Seacuterie III do lodo sem poliacutemero e Seacuterie II do lodo com poliacutemero)
A partir dos dados observados podem-se realizar algumas ponderaccedilotildees satildeo
elas
No lodo sem condicionamento orgacircnico a evaporaccedilatildeo foi mais significativa na
seacuterie III Nota-se que os volumes percolados dobrariam caso a aacutegua
evaporada fosse incorporada aos mesmos Como citado anteriormente o
periacuteodo em que se realizou esta seacuterie foi marcado por altas temperaturas e
quase nenhuma precipitaccedilatildeo
9 Natildeo foi possiacutevel obter dados da umidade relativa do ar
05
101520253035
P P + A C P P + A C P P + A C P
Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie IV
Teor de soacutelidos da torta seca do lodo com poliacutemero sinteacutetico - H2
ST
ST
80
No lodo condicionado a seacuterie II foi a de maior evaporaccedilatildeo tambeacutem devido
agraves altas temperaturas e baixa precipitaccedilatildeo registrada no periacuteodo em que a
seacuterie foi realizada
O aumento meacutedio das seacuteries sem condicionamento com poliacutemero foi de
6257 7545 e 8548 para os sistemas pavimento permeaacutevel pavimento
permeaacutevel acrescido de areia e convencional respectivamente Quanto agraves
seacuteries com adiccedilatildeo de poliacutemero esse aumento foi bem menor sendo de
642 no pavimento permeaacutevel 839 no pavimento permeaacutevel acrescido
de areia e 1312 no convencional
Enquanto o lodo com poliacutemero tem a maior perda de umidade decorrente da
maior percolaccedilatildeo gerada pela interaccedilatildeo entre poliacutemero e soacutelidos presentes
no lodo o lodo sem utilizaccedilatildeo de poliacutemero tem a evaporaccedilatildeo como maior
contribuinte para a perda de umidade e por isso produzem tortas secas de
igual teor
A partir do desaguamento real e das hipoacuteteses formuladas observa-se que o
desaguamento do lodo em leitos de secagem ocorre em duas fases distintas a primeira
eacute a percolaccedilatildeo preponderante nos primeiros dias das seacuteries e quando esta diminui o
processo de evaporaccedilatildeo torna-se o maior responsaacutevel pela perda de umidade no
restante do periacuteodo Fazem-se necessaacuterios estudos em escalas maiores onde se possa
mensurar a diferenccedila de volume bem como a influecircncia da evaporaccedilatildeo nos leitos de
secagem alternativos e convencional
59 Manutenccedilatildeo dos pavimentos
Apoacutes a utilizaccedilatildeo de doze pavimentos realizou-se o segundo teste de infiltraccedilatildeo em
meados de janeiro onde PV 2 foi descartado pois sua taxa esteve bem abaixo da
meacutedia dos outros (infiltrando 164 mL enquanto a meacutedia dos demais foi de 1000 mL) natildeo
possibilitando seu uso nos sistemas com camada de areia Ressalva-se que no
segundo e terceiro teste os pavimentos 10 11 e 12 ateacute entatildeo natildeo tinham sido
utilizados com o objetivo de garantir que tanto o lodo condicionado quanto o natildeo
81
condicionado tivessem duas de suas seacuteries desaguadas em pavimentos ainda natildeo
utilizados e somente uma delas em pavimentos reutilizados
Para tanto todos os pavimentos foram limpos com lavadora de alta pressatildeo
anteriormente ao teste com o objetivo de retirar o lodo que permaneceu aderido ao
pavimento e ao tubo do sistema Contudo o valor obtido dos demais pavimentos
tambeacutem natildeo foi satisfatoacuterio pois tiveram taxa de infiltraccedilatildeo em meacutedia 126 plusmn 8490 e
CV 009 abaixo do primeiro teste tendo em vista a possiacutevel existecircncia de oacuteleos e
graxas presentes em partiacuteculas de lodo que ainda podem ter permanecido nos
pavimentos Sendo assim para obtenccedilatildeo de taxas mais altas utilizou-se soluccedilatildeo
detergente deixando os sistemas mergulhados por uma semana Poreacutem a taxa de
infiltraccedilatildeo encontrada foi de 1421 mL 242 em meacutedia superior a do primeiro teste
Estes resultados podem ser explicados pela lavagem com alta pressatildeo ter movido
alguns gratildeos de basalto e areia presentes no pavimento de modo que os espaccedilos
vazios tornaram-se maiores a ponto de aumentarem a taxa
No que diz respeito aos sistemas pavimento permeaacutevel e areia e convencional a
taxa de infiltraccedilatildeo do teste 2 soacute foi aferida depois do terceiro teste dos pavimentos
sendo em meacutedia de 3613 plusmn 19817 e CV 055 e 788 mL plusmn471 e CV 006
respectivamente representando um aumento de 19858 e 4956 na taxa de infiltraccedilatildeo
em relaccedilatildeo ao teste 1 De acordo com as consideraccedilotildees expostas a meacutedia da taxa de
infiltraccedilatildeo eacute muito influenciada pela reutilizaccedilatildeo dos pavimentos como mostra a Figura
35 no Apecircndice B
A partir dos testes realizados eacute importante fazer algumas ponderaccedilotildees como os
pavimentos podem sofrer variaccedilotildees no volume de espaccedilos vazios que podem
influenciar a taxa de infiltraccedilatildeo de maneira significativa a reutilizaccedilatildeo dos pavimentos
mostrou-se possiacutevel poreacutem apresenta algumas limitaccedilotildees como a necessidade de
realizar lavagem dos pavimentos implicando em uso consideraacutevel de aacutegua Conquanto
esse processo eacute trabalhoso visto que a simples lavagem com aacutegua natildeo garante sua
limpeza necessitando do emprego de algo que friccione a superfiacutecie do pavimento para
82
que este seja limpo Para isso foi preciso utilizar uma lavadora de alta pressatildeo na
limpeza dos sistemas Mesmo assim dependendo das caracteriacutesticas do lodo pode
natildeo ser suficiente para remover totalmente os resiacuteduos sendo necessaacuterio o uso de
soluccedilotildees detergentes ou anaacutelogas
83
6 CONCLUSAtildeO
As metodologias utilizadas para condicionamento do lodo de tanque seacuteptico com
poliacutemeros naturais natildeo se mostraram eficazes no condicionamento do lodo de esgoto
de tanque seacuteptico
Todavia o uso de poliacutemero orgacircnico sinteacutetico mostrou-se eficiente Evidenciando
melhores resultados que o lodo sem condicionamento pela maior quantidade de
volume percolado e menor tempo de desaguamento que possibilitam a realizaccedilatildeo de
mais ciclos de secagem por ano e possivelmente a reduccedilatildeo da aacuterea do leito Todavia
os teores de soacutelidos da torta seca foram semelhantes aos obtidos no lodo sem
aplicaccedilatildeo de poliacutemero
Quanto agrave utilizaccedilatildeo de leito de secagem alternativo tanto o pavimento permeaacutevel
quanto o pavimento permeaacutevel com adiccedilatildeo de areia natildeo tiveram diferenccedila significativa
entre o volume desaguado e a umidade na torta seca o que dispensaria o acreacutescimo
de areia ao pavimento Comparando-se ao leito de secagem convencional verifica-se
que as duas formas de leito de secagem alternativo foram melhores nos quesitos
volume desaguado e tempo Contudo pela camada de areia maior a torta seca
produzida pelo leito convencional teve menor umidade apresentando melhor resultado
na escala de bancada Poreacutem em escala real esta camada de areia ocuparia uma
pequena parte da aacuterea do leito diminuindo consideravelmente a percolaccedilatildeo e
aumentando o tempo do ciclo de secagem A reutilizaccedilatildeo do pavimento mostrou-se
possiacutevel poreacutem trabalhosa e pode interferir na sua taxa de infiltraccedilatildeo
84
85
7 RECOMENDACcedilOtildeES
No decorrer da pesquisa pela limitaccedilatildeo de tempo do delineamento experimental e
de outros fatores muitas possibilidades de aprofundamento do estudo natildeo foram
possiacuteveis Poreacutem caso realizadas seriam interessantes contribuiccedilotildees no campo das
pesquisas em saneamento rural aleacutem de serem necessaacuterias para complementaccedilatildeo da
presente pesquisa
Apesar dos resultados natildeo terem sido positivos na aplicaccedilatildeo de poliacutemeros naturais
no lodo de tanque seacuteptico estes ainda podem ser uma alternativa promissora aos
poliacutemeros sinteacuteticos Para tanto sugere-se que sejam estudadas outras dosagens visto
que estas foram limitadas no estudo especialmente no caso do poliacutemero oriundo do
quiabo Ademais eacute possiacutevel que existam resultados positivos caso empregue-se
metodologias diferentes mas ainda simplificadas Aleacutem disso ainda que possivelmente
natildeo atendam a essa premissa o emprego de meacutetodos mais complexos que aumentem
a concentraccedilatildeo dos poliacutemeros em volumes viaacuteveis para aplicaccedilatildeo no lodo de esgoto
tambeacutem pode gerar resultados positivos uma vez que diversas pesquisas relataram
sua eficiecircncia no tratamento de aacutegua e esgoto Tambeacutem seria interessante a anaacutelise de
custos versus benefiacutecios no emprego de poliacutemeros naturais e sinteacuteticos e a sua
comparaccedilatildeo
No que diz respeito a utilizaccedilatildeo do pavimento permeaacutevel como leito de secagem
alternativo fazem-se necessaacuterios estudos em escalas maiores onde se possa mensurar
a diferenccedila de volume desaguado bem como a influecircncia da evaporaccedilatildeo nos leitos de
secagem alternativos e convencional para verificar a sua viabilidade Tambeacutem eacute
necessaacuterio verificar se a limpeza destes leitos seria factiacutevel nestas escalas
Portanto a otimizaccedilatildeo da etapa de desaguamento de lodo de tanque seacuteptico tanto
a utilizaccedilatildeo de poliacutemeros naturais quanto a simplificaccedilatildeo dos leitos de secagem
constituem-se objetos de estudo valiosos para buscar alternativas necessaacuterias para o
gerenciamento de lodo de lodo de esgoto e contribuem em uacuteltimo caso para a
melhoria dos serviccedilos de saneamento especialmente o saneamento rural
86
87
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92
93
APEcircNDICES
APEcircNDICE A Alcalinidade pH e concentraccedilatildeo de Soacutelidos do lodo bruto
Para caacutelculo da meacutedia dos valores obtidos eacute importante esclarecer que soacute foram
realizados estes caacutelculos para ST SST pH e alcalinidade haja visto que os STF STV
e SSF e SSV satildeo valores dependentes dos primeiros paracircmetros citados calculando-se
a meacutedia desvio padratildeo e coeficiente de variaccedilatildeo somente das anaacutelises validadas
destes Deste modo verificou-se primeiramente se as observaccedilotildees tinham indiacutecio de
normalidade como todas as variaacuteveis se adequavam a essa condiccedilatildeo fez-se um
intervalo de confianccedila calculando-se dois desvios acima da meacutedia e dois abaixo
cobrindo-se assim 98 da distribuiccedilatildeo dos dados Como a meacutedia eacute altamente
influenciada por valores extremos excluiu-se os valores indicados pelo intervalo de
confianccedila para seu caacutelculo plotando graacuteficos boxplot obteacutem-se o mesmo resultado
Para a anaacutelise de ST o intervalo de confianccedila foi de 6469874 a 9126126 mgL-1
Como pode ser observado na Figura 30 para ST foram excluiacutedos quatro valores por
natildeo se encaixarem neste criteacuterio e que podem ser fruto de erros laboratoriais
Figura 30 - Boxplot dos Soacutelidos Totais encontrados no lodo bruto
94
No caso dos SST somente um valor foi descartado e o intervalo de confianccedila foi
de 6162486 a 73752 14 mgL-1 A Figura 31 mostra o boxplot gerado
Figura 31 - Boxplot dos Soacutelidos Suspensos Totais encontrados no lodo bruto
A alcalinidade natildeo teve nenhum valor descartado e o intervalo de confianccedila foi
de 2146656 a 2483784 mg CaCO3 L-1 o boxplot pode ser visualizado na Figura 32
Figura 32 - Boxplot da Alcalinidade encontrada no lodo bruto
95
O pH tambeacutem teve o mesmo comportamento da alcalinidade eacute o intervalo de
confianccedila mostra que o verdadeiro valor da meacutedia de pH estaacute entre 736 a 759 como
evidencia o boxplot da Figura 33
Figura 33 - Boxplot do pH encontrado no lodo bruto
96
APEcircNDICE B Infiltraccedilatildeo dos sistemas volume desaguado e tortas secas dos
sistemas temperatura registradas duraccedilatildeo evaporaccedilatildeo das seacuteries
Infiltraccedilatildeo
Tabela 12 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos
Taxa de Infiltraccedilatildeo
P Teste I Teste II Teste III
Volume (mL)
Volume (mL)
Volume (mL)
1 1192 1068 1600
2 768 164 -
3 1216 1148 1596
4 1228 948 1552
5 1252 1020 1580
6 1068 1012 1364
7 1092 1020 1524
8 1192 924 1312
9 1110 1048 1588
10 1116 - -
11 1104 - -
12 1096 - -
13 1112 840 1000
14 852 588 1332
15 1092 968 1180
Figura 34 - Boxplot da taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos no Teste 1
97
Na Figura 35 os valores de PV10 PV11 e PV12 satildeo considerados como 0 no
graacutefico por natildeo terem sido incluso no caacutelculo porque ateacute entatildeo natildeo tinham sido
utilizados natildeo sendo considerados nas meacutedias dos testes 2 e 3 Em cada ponto satildeo
mostrados o intervalo de confianccedila aproximado das taxas de infiltraccedilatildeo utilizando a
suposiccedilatildeo de normalidade dos dados As linhas auxiliam na visualizaccedilatildeo geral dos
valores nos diferentes testes
Figura 35 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos permeaacuteveis nos testes 1 (sem utilizaccedilatildeo) 2 (lavagem) e 3 (lavagem com soluccedilatildeo detergente)
Em que PV Pavimentos PV10 PV11 E PV12 natildeo foram inclusos nos testes 2 e 3
Na Tabela 13 encontram-se os valores da taxa de infiltraccedilatildeo para os sistemas
pavimento com adiccedilatildeo de areia e convencional Como jaacute citado o pavimento 11
(equivalente ao sistema 4 em P+A) natildeo tinha sido utilizado ateacute a realizaccedilatildeo do segundo
teste Com exceccedilatildeo do primeiro sistema P+A (equivalente ao pavimento 2) todos os
sistemas tiveram suas taxas de infiltraccedilatildeo bastante elevadas no segundo teste
98
Tabela 13 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas pavimento com adiccedilatildeo de areia e convencional
Taxa de Infiltraccedilatildeo
P+A Teste I Teste II
C Teste I Teste II
Volume (mL) Volume (mL) Volume (mL) Volume (mL)
1 646 296 1 430 738
2 626 440 2 490 792
3 738 436 3 760 754
4 2048 - 4 616 940
5 2040 208 5 424 844 P+A Pavimento e Areia e C Convencional
Na Figura 36 visualiza-se os testes 1 e 2 de infiltraccedilatildeo nos sistemas compostos
por pavimento permeaacutevel e camada de areia Da mesma forma que o graacutefico observado
na Figura 39 os sistemas considerados com valor igual a 0 natildeo foram inclusos caacutelculo
neste caso por motivos distintos PV1 foi descartado antes do teste 2 e PV4 ateacute entatildeo
natildeo tinha sido utilizado Em cada ponto satildeo mostrados o intervalo de confianccedila
aproximado das taxas de infiltraccedilatildeo utilizando a suposiccedilatildeo de normalidade dos dados
As linhas tecircm a funccedilatildeo de auxiliar a visualizaccedilatildeo dos valores nos dois testes
Figura 36 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas compostos por pavimento permeaacutevel e areia nos testes 1 (sem utilizaccedilatildeo) e 2 (apoacutes lavagem dos pavimentos com soluccedilatildeo detergente)
Em que PV Pavimento permeaacutevel e areia PV1 e PV4 foram considerados como 0 por natildeo participarem do teste 2
99
A Figura 37 trata dos testes de infiltraccedilatildeo 1 e 2 do sistema convencional Da
mesma forma que nas duas figuras anteriores o sistema com valor igual a 0 natildeo foi
incluso caacutelculo por ateacute entatildeo natildeo ter sido utilizado Satildeo mostrados o intervalo de
confianccedila aproximado das taxas de infiltraccedilatildeo em cada ponto utilizando a suposiccedilatildeo de
normalidade dos dados Foram traccediladas linhas para auxiliar a visualizaccedilatildeo dos valores
nos testes
Figura 37 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas convencionais nos testes 1 (sem utilizaccedilatildeo) e 2 (apoacutes lavagem dos pavimentos com soluccedilatildeo detergente)
Em que C Sistema Convencional C4 foi considerado como 0 no graacutefico por natildeo participar do teste 2
Temperaturas
As temperaturas maacuteximas miacutenimas do dia foram fornecidas pelo Centro de
Pesquisas Meteoroloacutegicas e Climaacuteticas Aplicadas agrave Agricultura da Universidade
Estadual de Campinas (CEPAGRIUNICAMP) Tambeacutem houve monitoramento da
temperatura no Laboratoacuterio de Protoacutetipos contudo esse monitoramento se deu nos
momentos em que houve coleta de volume drenado dos sistemas realizando-se a
meacutedia dos valores nos dias em que houve mais de uma coleta As temperaturas podem
ser observadas nas Figuras 38 39 40 41 41 e 43
100
Figura 38 - Temperaturas registradas na Seacuterie I sem poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
Figura 39 - Temperaturas registradas na Seacuterie II sem poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
Figura 40 - Temperaturas registradas na Seacuterie III sem poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
0050
100150200250300350400
03
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04
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13
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13
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13
10
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13
13
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13
14
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13
15
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13
16
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13
17
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13
18
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13
19
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13
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09
20
13
21
09
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13
22
09
20
13
23
09
20
13
24
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13
25
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13
260
92
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02
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20
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20
13
TdegC
Temperatura da Seacuterie I - Sem Poliacutemero
Maacutex Min Lab
0050
100150200250300350400
29
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20
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20
13
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13
05
12
20
13
06
12
20
13
TdegC
Temperatura na Seacuterie II - Sem Poliacutemero
Maacutex Min Lab
0050
100150200250300350400
28
01
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14
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14
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02
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14
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20
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22
01
4
09
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20
14
10
02
20
14
11
02
20
14
12
02
20
14
13
02
20
14
14
02
20
14
15
02
20
14
16
02
20
14
17
02
20
14
18
02
20
14
19
02
20
14
20
02
20
14
21
02
20
14
22
02
20
14
23
02
20
14
24
02
20
14
TdegC
Temperatura na Seacuterie III - Sem Poliacutemero
Maacutex Min Lab
101
Figura 41 - Temperaturas registradas na Seacuterie I com poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
Figura 42 - Temperaturas registradas na Seacuterie II com poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
0
5
10
15
20
25
30
27813 28813 29813
TdegC
Temperaturas Seacuterie I - Poliacutemero Sinteacutetico
Maacutex
Min
Lab
15
20
25
30
35
40
TdegC
Temperaturas Seacuterie II - Poliacutemero Sinteacutetico
Maacutex
Min
Lab
102
Figura 43 -Temperaturas registradas na Seacuterie III sem poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
Evaporaccedilatildeo Figura 44 - Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua nas seacuteries sem adiccedilatildeo de poliacutemero
10
15
20
25
30
35
40
180214 190214 200214 210214 220214
TdegC
Temperaturas Seacuterie III - Poliacutemero Sinteacutetico
Maacutex
Min
Lab
0
5
10
15
20
25
30
35
0 200 400 600 800 1000
Tempo (h)
Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua - Seacuteries sem Poliacutemero
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
103
Figura 45 - Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua nas seacuteries com adiccedilatildeo de poliacutemero
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
0 50 100 150 200
Tempo (h)
Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua - Seacuteries com Poliacutemero
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III e IV
104
Volume desaguado
Figura 46 - Boxplot do volume desaguado com ou sem poliacutemero em cada sistema (valores amostrais)
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
105
Figura 47 - Boxplot dos volumes desaguados com ou sem poliacutemero em cada sistema (valores ajustados)
Em que PP Sistemas Pavimento permeaacutevel e Pavimento com adiccedilatildeo de Areia e C Sistema Convencional
106
Figura 48 - Boxplot dos Soacutelidos Totais na torta seca do lodo com ou sem condicionamento quiacutemico
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
107
Figura 49 - Meacutedias e valores maacuteximos e miacutenimos dos teores de soacutelidos da torta seca nos sistemas com ou sem poliacutemero (valores ajustados)
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
ii
iii
Universidade Estadual de Campinas
Faculdade de Engenharia Civil Arquitetura e Urbanismo
DENISE VAZQUEZ MANFIO
Uso de poliacutemeros naturais no desaguamento de lodo de tanque seacuteptico em leito de secagem alternativo
Dissertaccedilatildeo de Mestrado apresentada agrave Faculdade de
Engenharia Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual de Campinas para
obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestra em Engenharia Civil na aacuterea de Saneamento e Ambiente
Orientador Prof Dr Adriano Luiz Tonetti
ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE Agrave VERSAtildeO APRESENTADA
AOS MEMBROS DA BANCA DE DEFESA DA DISSERTACcedilAtildeO DE
MESTRADO DEFENDIDA PELA ALUNA DENISE VAZQUEZ
MANFIO ORIENTADO PELO PROF DR ADRIANO LUIZ
TONETTI
_______________________________
Adriano Luiz Tonetti
CAMPINAS
2014
iv
v
vi
vii
RESUMO
O gerenciamento do lodo de tanque seacuteptico eacute uma atividade complexa de alto custo e
pode promover impactos ambientais negativos caso seja mal executada sendo que a
etapa mais criacutetica eacute a de desaguamento O leito de secagem eacute uma das principais
teacutecnicas mas demanda grandes aacutereas e muito tempo para remoccedilatildeo da torta seca A
modificaccedilatildeo destes leitos utilizando pavimentos permeaacuteveis e poliacutemeros podem
diminuir o tempo e aacuterea deste leito O objetivo do trabalho foi comparar a eficiecircncia de
desaguamento da porccedilatildeo de aacutegua livre contida no lodo de tanque seacuteptico com o
emprego de leito de secagem convencional e leito de secagem composto por
pavimento permeaacutevel e avaliar a eficiecircncia da utilizaccedilatildeo de poliacutemeros naturais oriundos
da mandioca (Manihot esculenta Crantz) moringa (Moringa oleifera) e quiabo
(Abelmoschus esculentus) como auxiliares do processo A avaliaccedilatildeo foi realizada em
escala de bancada Somente o poliacutemero sinteacutetico mostrou-se eficiente no
condicionamento do lodo O lodo natildeo condicionado desaguou nos sistemas pavimento
permeaacutevel e pavimento permeaacutevel e areia convencional 611 620 e 547 mL em meacutedia
e no lodo condicionado 1464 1434 e 1214 mL respectivamente Os teores de soacutelidos
da torta seca do lodo sem poliacutemero foram de 2408 2667 e 2992 para os sistemas
pavimento permeaacutevel e pavimento permeaacutevel e areia e convencional respectivamente
e no lodo com poliacutemero foram de 2395 2519 e 2859 O tempo meacutedio de
desaguamento do lodo sem condicionamento foi de 35 dias enquanto que no lodo
condicionado foi de 6 dias Estes resultados apontam que as tortas secas obtiveram
resultados proacuteximos entre si poreacutem o lodo com adiccedilatildeo de poliacutemero teve maior volume
desaguado e menor duraccedilatildeo possibilitando reduccedilatildeo na aacuterea dos leitos e a realizaccedilatildeo
de mais ciclos de secagem por ano Ademais os leitos alternativos produziram lodos
com umidade semelhante ao leito convencional em menor tempo podendo otimizar o
desaguamento do lodo em Estaccedilotildees de Tratamento de Esgoto
Palavras chaves desidrataccedilatildeo de lodo de esgoto condicionamento quiacutemico
coagulantes naturais pavimento permeaacutevel
viii
ix
ABSTRACT
The slugde management is a complex and high cost activity It can promove negatives
impacts if it is poorly executed and the most critical step is the dewatering The drying
bed is one of the principal techniques but it demands big areas and a long periods for
the sludge cake removal The drying beds change can decrease the time and the area
of them if using permeable paving and polymers The objective of this work was to
compare the efficiency of two techniques to dewatering the bulk water portion inside the
septic tank sludge It was compared the conventional drying bed and the drying bed
made of permeable paving It was also evaluate the efficiency of naturals polymers from
cassava (Manihot esculenta Crantz) moringa (Moringa oleifera) and okra (Abelmoschus
esculentus) as auxiliaries in the process The evaluation was performanced in bench
scale The main results showed that only the synthetic polymer was efficient in sludge
conditioning The unconditioned sludge dewatered from the systems permeable paving
permeable paving plus sand and conventional 611 620 and 547 mL on average and for
conditioned sludge 1464 1434 and 1214 mL respectively The dry solids cake in
unconditioned sludge was 2408 2667 and 2992 and in conditioned sludge was
2395 2519 and 2859 for systems permeable paving permeable paving plus sand
and conventional respectively The average time for dewatering sludge without
conditioning was 35 days whereas in sludge conditioning was 6 days These results
show that the dry solids cake obtained similar results however the conditioned sludge
had higher volume dewatered and shorter time duration The alternative drying beds
produced sludges with suchlike dry solids results dry solids as compared to
conventional drying bed in a shorter time it may optimize sludge dewatering in Waste
Water Treatment Plants
Key words dehydration sludges chemical conditioning naturals coagulants
permeable paving
x
xi
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 1
2 OBJETIVOS 3
21 Objetivos especiacuteficos 3
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 5
31 Breve histoacuterico do saneamento baacutesico na zona rural no Brasil 5
32 Tanque Seacuteptico 7
33 Lodo de esgoto 11
34 Desaguamento do lodo de esgoto 15
35 Condicionamento do lodo 21
36 Pavimento permeaacutevel 27
4 METODOLOGIA 29
41 Pavimento permeaacutevel 29
42 Lodo 31
43 Poliacutemeros 35
44 Montagem dos leitos de secagem 39
45 Taxa de infiltraccedilatildeo 43
46 Avaliaccedilatildeo dos sistemas quanto ao desaguamento do lodo 43
461 Avaliaccedilatildeo do desaguamento sem adiccedilatildeo de poliacutemero (Seacuterie 1)44
462 Avaliaccedilatildeo do desaguamento com adiccedilatildeo de poliacutemeros (Seacuteries 2 a 5)45
463 Sistema controle45
464 Avaliaccedilatildeo do Lodo Desaguado46
5 RESULTADOS 47
xii
51 Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas 47
52 Caracterizaccedilatildeo do lodo bruto 47
53 Dosagem oacutetima dos poliacutemeros 50
531 Poliacutemero Sinteacutetico52
532 Mandioca53
533 Moringa54
534 Quiabo55
535 Avaliaccedilatildeo geral da dosagem dos poliacutemeros55
54 Desaguamento do lodo nos sistemas 56
541 Sistema composto por Pavimento Permeaacutevel59
a) Lodo natildeo condicionado59
b) Lodo condicionado60
a) Lodo condicionado62
543 Sistema Convencional63
a) Lodo natildeo condicionado63
b) Lodo condicionado64
55 Teor de soacutelidos das tortas secas 65
56 Anaacutelise geral dos sistemas 67
57 Hipoacutetese I ndash Aacutegua evaporada do lodo sendo percolada 73
58 Hipoacutetese II ndash Ausecircncia de evaporaccedilatildeo nos sistemas 76
59 Manutenccedilatildeo dos pavimentos 80
6 CONCLUSAtildeO 83
7 RECOMENDACcedilOtildeES 85
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 87
xiii
APEcircNDICE A Alcalinidade pH e concentraccedilatildeo de Soacutelidos do lodo bruto 93
APEcircNDICE B Infiltraccedilatildeo dos sistemas volume desaguado e tortas secas dos
sistemas temperatura registradas duraccedilatildeo evaporaccedilatildeo das seacuteries 96
xiv
xv
AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo primeiramente aos meus pais Maria Elisa e Reinaldo por terem me
dado aleacutem da educaccedilatildeo o amor e a noccedilatildeo de que a vida tem um propoacutesito maior
Agradeccedilo tambeacutem aos meus familiares em especial ao meu irmatildeo Juacutelio e a minha avoacute
Ameacutelia com quem tenho a oportunidade do conviacutevio do lar haacute tantos anos Pela
paciecircncia que tecircm comigo em dias que estou impossiacutevel e pelos risos que cobriram
meu rosto muitas vezes
Agradeccedilo ao Prof Adriano pela excepcional orientaccedilatildeo por todos os conselhos e
paciecircncia durante esses mais de dois anos
Agraves amigas e amigos que compartilharam algumas xiacutecaras de cafeacute e happy hours
comigo Amanda Maia Amanda Marchi Artur Cardoso Bianca Gomes Gabriela
Bosshard Gabriela dos Reis Guilherme da Silva Guilherme Rebecchi Jenifer Silva
Joatildeo Paulo Hadler Jorge Barbarotto Lays Leonel Luana Cruz Maacutercio Haiba Mocircnica
Rodrigues Rodolfo Valentim Thalita Cruz e Thaita Rissi Os conselhos e as risadas
foram imprescindiacuteveis para a realizaccedilatildeo deste trabalho
Ao Ademir que aleacutem de toda a ajuda na idealizaccedilatildeo construccedilatildeo dos sistemas e
avaliaccedilatildeo dos pavimentos se tornou meu amigo Ao Diego e Eduardo da Secretaria de
Poacutes-Graduaccedilatildeo e ao Ariovaldo da Secretaria do Departamento de Saneamento e
Ambiente por terem resolvido muito dos meus pepinos burocraacuteticos pela simpatia e
gentileza com que me trataram sempre Aos ateacute entatildeo teacutecnicos do Lab San Enelton
Fernando e Liacutegia pelo grande suporte nas anaacutelises Ao meu amigo David Matta que
aleacutem da amizade me deu uma super ajuda com a anaacutelise estatiacutestica dos meus dados
De uma forma ou de outra todas e todos aqui mencionados contribuiacuteram natildeo soacute
para a obtenccedilatildeo do meu tiacutetulo de mestra mas tambeacutem para o meu crescimento
enquanto pessoa Saibam que aprendi muito com vocecircs
xvi
xvii
ldquoVivendo se aprende mas o que se aprende mais eacute soacute fazer outras maiores perguntasrdquo (Joatildeo Guimaratildees Rosa Grande Sertatildeo Veredas 1956)
xviii
xix
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Esquema do funcionamento de tanque seacuteptico de cacircmara uacutenica 8
Figura 2 - Planta de um leito de secagem convencional 17
Figura 3 - Corte transversal de um leito de secagem convencional 17
Figura 4 - Exemplo de aplicaccedilatildeo de pavimento permeaacutevel em estacionamento 28
Figura 5 - Pavimento permeaacutevel utilizado no projeto 29
Figura 6 - Extratora de corpo de prova utilizada para o corte do pavimento utilizado na
pesquisa 30
Figura 7 - Teste de jarros para dosagem oacutetima de poliacutemero 33
Figura 8 - Aparelho utilizado para aferir o Tempo de Succcedilatildeo Capilar (Capilary Suction
Time) 35
Figura 9 - Preparo da soluccedilatildeo de poliacutemero produzida a partir da mandioca 37
Figura 10 - Semente de Moringa oleiacutefera 38
Figura 11 - Preparo da soluccedilatildeo de poliacutemero produzida a partir do quiabo 39
Figura 12 - Sistema de bancada de leito de secagem utilizado na pesquisa 40
Figura 13 - Bancada experimental localizada no Laboratoacuterio de Protoacutetipos 42
Figura 14 - Detalhe dos sistemas em utilizaccedilatildeo na bancada experimental 42
Figura 15 - Coluna drsquoaacutegua utilizada como controle na bancada experimental 46
Figura 16 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento
permeaacutevel com lodo de esgoto sem poliacutemero 59
Figura 17 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento
permeaacutevel com lodo de esgoto com adiccedilatildeo de poliacutemero 61
Figura 18 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento
permeaacutevel com lodo de esgoto sem poliacutemero 62
xx
Figura 19 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento
permeaacutevel e areia com lodo de esgoto com adiccedilatildeo de poliacutemero 63
Figura 20 - Hidrograma do desaguamento do sistema convencional com lodo de esgoto
sem poliacutemero 64
Figura 21 - Hidrograma do desaguamento do sistema convencional com lodo de esgoto
com adiccedilatildeo de poliacutemero 65
Figura 22 - Teor de soacutelidos da torta seca do lodo desaguado sem poliacutemero 66
Figura 23 - Teor de soacutelidos da torta seca do lodo desaguado com poliacutemero sinteacutetico 67
Figura 24 - Hidrograma do desaguamento do lodo em todos os sistemas no lodo natildeo
condicionado e condicionado 68
Figura 25 - Desaguamento do lodo sem poliacutemero - meacutedias das seacuteries 69
Figura 26 - Desaguamento do lodo com poliacutemero - meacutedias das seacuteries 70
Figura 27 - Detalhe da constituiccedilatildeo do leito de secagem convencional 71
Figura 28 - Teor de soacutelidos das tortas secas sem condicionamento quiacutemico - Hipoacutetese
II 78
Figura 29 - Teor de soacutelidos das tortas secas com condicionamento quiacutemico - Hipoacutetese
II 79
Figura 30 - Boxplot dos Soacutelidos Totais encontrados no lodo bruto 93
Figura 31 - Boxplot dos Soacutelidos Suspensos Totais encontrados no lodo bruto 94
Figura 32 - Boxplot da Alcalinidade encontrada no lodo bruto 94
Figura 33 - Boxplot do pH encontrado no lodo bruto 95
Figura 34 - Boxplot da taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos no Teste 1 96
Figura 35 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos permeaacuteveis nos testes 1 (sem
utilizaccedilatildeo) 2 (lavagem) e 3 (lavagem com soluccedilatildeo detergente) 97
Figura 36 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas compostos por pavimento permeaacutevel e
areia nos testes 1 (sem utilizaccedilatildeo) e 2 (apoacutes lavagem dos pavimentos com soluccedilatildeo
detergente) 98
xxi
Figura 37 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas convencionais nos testes 1 (sem utilizaccedilatildeo)
e 2 (apoacutes lavagem dos pavimentos com soluccedilatildeo detergente) 99
Figura 38 - Temperaturas registradas na Seacuterie I sem poliacutemero 100
Figura 39 - Temperaturas registradas na Seacuterie II sem poliacutemero 100
Figura 40 - Temperaturas registradas na Seacuterie III sem poliacutemero 100
Figura 41 - Temperaturas registradas na Seacuterie I com poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no
Laboratoacuterio 101
Figura 42 - Temperaturas registradas na Seacuterie II com poliacutemero 101
Figura 43 -Temperaturas registradas na Seacuterie III sem poliacutemero 102
Figura 44 - Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua nas seacuteries sem adiccedilatildeo de poliacutemero 102
Figura 45 - Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua nas seacuteries com adiccedilatildeo de poliacutemero 103
Figura 46 - Boxplot do volume desaguado com ou sem poliacutemero em cada sistema
(valores amostrais) 104
Figura 47 - Boxplot dos volumes desaguados com ou sem poliacutemero em cada sistema
(valores ajustados) 105
Figura 48 - Boxplot dos Soacutelidos Totais na torta seca do lodo com ou sem
condicionamento quiacutemico 106
Figura 49 - Meacutedias e valores maacuteximos e miacutenimos dos teores de soacutelidos da torta seca
nos sistemas com ou sem poliacutemero (valores ajustados) 107
xxii
xxiii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Caracteriacutesticas de lodo de esgoto no Brasil 13
Tabela 2 - Meacutetodos utilizados na anaacutelise do lodo 34
Tabela 3 - Organizaccedilatildeo dos sistemas 41
Tabela 4 - Avaliaccedilatildeo dos sistemas 44
Tabela 5 - Comparaccedilatildeo entre dados encontrados na literatura e na presente pesquisa
48
Tabela 6 - Dosagens testadas dos poliacutemeros utilizados na pesquisa 52
Tabela 7 - Resultados obtidos no CST nas dosagens de poliacutemero testadas 53
Tabela 8 - Temperatura evaporaccedilatildeo e duraccedilatildeo das seacuteries 56
Tabela 9 - Resultados do desaguamento do lodo de esgoto de tanque seacuteptico 58
Tabela 10 - Desaguamento do lodo de esgoto nos sistemas - Hipoacutetese I 74
Tabela 11 - Teor de soacutelidos da torta seca ndash comparaccedilatildeo com a Hipoacutetese I 78
Tabela 12 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos 96
Tabela 13 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas pavimento com adiccedilatildeo de areia e
convencional 98
xxiv
xxv
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ANA ndash Agecircncia Nacional de Aacuteguas
CV ndash Coeficiente de Variaccedilatildeo
EPS - Substacircncias Polimeacutericas Extracelulares
ETE ndash Estaccedilatildeo de Tratamento de Esgoto
FUNASA ndash Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede
LABPRO ndash Laboratoacuterio de Protoacutetipos
LABREUSO ndash Laboratoacuterio de Reuso
LABSAN ndash Laboratoacuterio de Saneamento
LES - Laboratoacuterios de Estrutura
LMC - Materiais da Construccedilatildeo
PLANASA ndash Plano Nacional de Saneamento
PNAD ndash Pesquisa Nacional por Amostras em Domiciacutelios
PNRH ndash Poliacutetica Nacional de Recursos Hiacutedricos
PNSB ndash Poliacutetica Nacional de Saneamento Baacutesico
PV ndash Pavimento
SST ndash Soacutelidos Suspensos Totais
SSF ndash Soacutelidos Suspensos Fixos
SSV ndash Soacutelidos Suspensos Volaacuteteis
ST ndash Soacutelidos Totais
STF ndash Soacutelidos Totais Fixos
STV ndash Soacutelidos Totais Volaacuteteis
xxvi
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
O saneamento baacutesico eacute um direito garantido pela constituiccedilatildeo federal brasileira No
entanto diversos municiacutepios natildeo tecircm acesso adequado a este serviccedilo no paiacutes
principalmente quando se trata da coleta e tratamento de esgoto Neste contexto as
regiotildees de baixa densidade demograacutefica como as zonas rurais satildeo as que mais
carecem do esgotamento sanitaacuterio No Brasil segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatiacutestica - IBGE (2010) cerca de 30 milhotildees de pessoas vivem na zona
rural ou seja haacute necessidade de realizaccedilatildeo de pesquisas que atendam agraves demandas
dessas comunidades sendo uma delas o saneamento baacutesico
Contudo a Pesquisa Nacional de Amostras por Domiciacutelios (PNAD) de 2011 revela
que entre os domiciacutelios sem rede coletora de esgoto os tanques seacutepticos representam
a principal alternativa para o lanccedilamento do esgoto domeacutestico e estatildeo presentes em
22 dos domiciacutelios no paiacutes (IBGE 2012)
A disposiccedilatildeo em tanques seacutepticos segundo Andreoli et al (2009) ainda que
longe do desejaacutevel pode reduzir cerca de 30 do potencial poluidor sendo
responsaacuteveis por uma reduccedilatildeo de carga orgacircnica de no miacutenimo 13 milhatildeo de kg de
Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO) por dia fato que ameniza os impactos
ambientais decorrentes da falta da rede coletora de esgoto
Considerando que mais de 23 milhotildees de domiciacutelios possuem tanques seacutepticos
ou fossas rudimentares no Brasil pode-se estimar que a produccedilatildeo de lodo digerido que
possui de 94 a 97 de umidade ultrapasse 8 milhotildees de msup3 por ano ndash observando-se o
valor indicado pela NBR 72291993 para o coeficiente de reduccedilatildeo de volume por
digestatildeo (ABNT 1993)
Desta forma haacute necessidade de realizar-se adequadamente o gerenciamento
deste lodo etapa comumente negligenciada no tratamento de esgoto caso contraacuterio o
benefiacutecio ambiental gerado pelo tratamento estaraacute comprometido Dentro deste
gerenciamento o desaguamento por processos naturais satildeo os mais adequados agraves
comunidades rurais por serem meacutetodos simplificados e de baixo custo
2
Tendo em vista um aumento da eficiecircncia deste processo vislumbrou-se a
possibilidade de utilizaccedilatildeo de poliacutemeros que atuam como condicionantes de lodo Os
poliacutemeros podem ser sinteacuteticos ou naturais Os primeiros satildeo produzidos
industrialmente e podem oferecer riscos agrave sauacutede humana aleacutem de impactos
ambientais A utilizaccedilatildeo de poliacutemeros naturais permitiria a reduccedilatildeo destes riscos e
impactos aleacutem de apresentarem menor custo constituindo-se como melhor alternativa
agraves comunidades rurais
Aleacutem disso a reconfiguraccedilatildeo dos leitos de secagem tradicionais utilizando-se
pavimentos permeaacuteveis poderia aumentar a taxa da drenagem da aacutegua presente no
lodo Essa combinaccedilatildeo entre poliacutemeros naturais e leito de secagem permitiria a reduccedilatildeo
do tempo de formaccedilatildeo e remoccedilatildeo da torta seca e da aacuterea do leito de secagem jaacute que
estes apresentam diversos inconvenientes como a demanda por grandes aacutereas e
longos periacuteodos para o desaguamento
Portanto a busca por alternativas adequadas agrave ETE de pequeno porte
localizadas em comunidades isoladas eou rurais historicamente negligenciadas pelo
Estado brasileiro constitui-se como medida efetiva de promoccedilatildeo de sauacutede e melhoria
na qualidade do ambiente uma vez que o acesso ao saneamento integra o conjunto de
medidas da medicina preventiva e reduz o impacto ambiental em corpos hiacutedricos e
contaminaccedilatildeo do solo e lenccediloacuteis freaacuteticos
3
2 OBJETIVOS
O objetivo do projeto foi comparar a eficiecircncia de desaguamento da porccedilatildeo de aacutegua
livre contida no lodo de tanque seacuteptico com o emprego de leito de secagem
convencional e leito de secagem composto por pavimento permeaacutevel e avaliar a
utilizaccedilatildeo de poliacutemeros naturais oriundos da mandioca (Manihot esculenta Crantz)
moringa (Moringa oleifera) e quiabo (Abelmoschus esculentus) e um sinteacutetico como
auxiliares do processo
21 Objetivos especiacuteficos
Comparar o desaguamento da porccedilatildeo de aacutegua livre contida no lodo de tanque
seacuteptico entre
a) leito de secagem convencional
b) leito de secagem composto por pavimento permeaacutevel e uma camada de
areia de 001m
c) leito de secagem composto somente com pavimento permeaacutevel
Avaliar a influecircncia da utilizaccedilatildeo dos poliacutemeros na eficiecircncia do desaguamento
Sendo estes oriundos da mandioca (Manihot esculenta Crantz) moringa
(Moringa oleifera) e quiabo (Abelmoschus esculentus) e um sinteacutetico
Comparar a eficiecircncia entre a utilizaccedilatildeo dos poliacutemeros naturais e sinteacutetico
4
5
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
31 Breve histoacuterico do saneamento baacutesico na zona rural no Brasil
O saneamento na zona rural sempre foi negligenciado por parte do Estado Tendo
se tornado uma preocupaccedilatildeo para o poder puacuteblico somente no iniacutecio do seacuteculo XX apoacutes
trabalho realizado pela Liga Proacute-Saneamento do Brasil que foi um movimento
nacionalista formado por meacutedicos cientistas antropoacutelogos e funcionaacuterios dos serviccedilos
federais Este movimento realizou um relatoacuterio sobre o saneamento na zona rural
atraveacutes de diversas incursotildees pelos ldquosertotildeesrdquo e encontraram uma populaccedilatildeo doente e
miseraacutevel A ausecircncia de poliacuteticas sociais e a grande pobreza decorrente da grande
concentraccedilatildeo de terras e a exploraccedilatildeo a que boa parte desta populaccedilatildeo era submetida
a tornava enfraquecida por doenccedilas decorrentes da falta de saneamento baacutesico e
impossibilitada de ter melhores condiccedilotildees de vida (GRECO 1999 NEVES 2009) Esse
grupo criticava a ausecircncia do poder puacuteblico nestes locais e acreditava ser possiacutevel
reverter este quadro promovendo accedilotildees integradas de sauacutede e saneamento baseando-
se no conceito de sociabilidade das doenccedilas (REZENDE amp HEacuteLLER 2008)
No entanto natildeo consideravam os aspectos de subdesenvolvimento e desigualdade
social que contribuiacuteam para tal situaccedilatildeo (GRECO 1999 NEVES 2009 REZENDE amp
HEacuteLLER 2008) Como se o personagem ldquoJeca Taturdquo de Monteiro Lobato assolado
pela ancilostomiacutease pudesse tornar-se vigoroso capitalista somente tendo acesso agrave
sauacutede Portanto o projeto de ldquosaneamento dos sertotildeesrdquo atraveacutes da exclusiva promoccedilatildeo
de sauacutede buscava defender a ldquovocaccedilatildeo agriacutecolardquo do paiacutes e integrar a populaccedilatildeo rural agrave
economia nacional Contudo foi a partir deste movimento que se lanccedilou as bases para
uma reforma que unificou e centralizou as accedilotildees de sauacutede e saneamento no paiacutes
(REZENDE amp HEacuteLLER 2008)
Com a intensificaccedilatildeo do ecircxodo rural a partir da deacutecada de 1940 pela
industrializaccedilatildeo do paiacutes causando intensa urbanizaccedilatildeo deslocou-se recursos a serem
destinados a zona rural que viviam em condiccedilotildees precaacuterias de sauacutede saneamento
educaccedilatildeo e moradia A partir da deacutecada de 1970 houve um distanciamento das accedilotildees
de sauacutede e saneamento e a criaccedilatildeo do Plano Nacional de Saneamento (PLANASA)
6
que investiu em abastecimento de aacutegua coleta e tratamento de esgoto (REZENDE amp
HEacuteLLER 2008)
Em 2007 com a criaccedilatildeo da Lei Nacional de Saneamento Baacutesico (LNSB) e sua
respectiva poliacutetica entendeu-se a grande vinculaccedilatildeo que deve existir entre as poliacuteticas
de saneamento baacutesico as poliacuteticas nacionais e regionais de recursos hiacutedricos e as
poliacuteticas regionais e locais de desenvolvimento urbano e sauacutede puacuteblica A Poliacutetica
Nacional de Recursos Hiacutedricos (PNRH) jaacute tem certa integraccedilatildeo com a LNSB como
exemplificado pelas accedilotildees da Agecircncia Nacional de Aacuteguas (ANA) Poreacutem a sauacutede
puacuteblica eacute uma grande ausente na LNSB exceto pela imposiccedilatildeo de que os planos de
saneamento baacutesico devam partir de um diagnoacutestico baseado em indicadores sanitaacuterios
e epidemioloacutegicos (CUNHA 2011)
A Poliacutetica Nacional de Saneamento Baacutesico (PNSB) determinou a elaboraccedilatildeo dos
programas de saneamento baacutesico integrado saneamento estruturante e saneamento
rural Sendo este uacuteltimo responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede por meio da
Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede (FUNASA) que tem coordenado o Programa Nacional de
Saneamento Rural visando integrar as poliacuteticas puacuteblicas de meio ambiente recursos
hiacutedricos sauacutede habitaccedilatildeo e igualdade racial (FUNASA 2012)
Entretanto ainda hoje de acordo com a PNAD 2011 a zona rural eacute marginalizada
quanto ao acesso aos serviccedilos de saneamento Somente 33 dos domiciacutelios tem
ligaccedilatildeo a rede de abastecimento de aacutegua e o acesso eacute ainda mais baixo quando se
trata de esgoto apenas 5 estatildeo ligados a rede coletora e 28 utilizam o tanque
seacuteptico como unidade de destinaccedilatildeo do esgoto mas a grande parte da populaccedilatildeo ainda
faz uso de fossa rudimentar lanccedilamento em corpos daacutegua e no solo a ceacuteu aberto
(IBGE 2012)
Do ponto de vista ambiental um projeto de saneamento deve estar apto a
responder natildeo soacute as questotildees sanitaacuterias mas tambeacutem as fontes de perturbaccedilatildeo da
qualidade ambiental no ambiente como a implicaccedilatildeo dos usos do efluente gerado e
seus subprodutos (PHILIPPI et al 1999)
7
Dentre as teacutecnicas de tratamento utilizadas nas zonas rurais o tratamento
anaeroacutebio oferece algumas vantagens em relaccedilatildeo ao aeroacutebio tais como projeto
relativamente simples e baixo custo baixa produccedilatildeo de lodo baixo consumo de energia
e de demanda de nutrientes com capacidade de receber altas cargas orgacircnicas e
sendo potencialmente gerador de energia (MOUSSAVI KAZEMBEIGI amp FARZADKIA
2010)
32 Tanque Seacuteptico
Eacute a forma de tratamento anaeroacutebia mais difundida e mais antiga no mundo haacute
registros de seu uso no seacuteculo XIX (BITTON 2005) e ainda se constitui como a
principal alternativa de tratamento de esgoto em comunidades isoladas eou rurais em
paiacuteses de economia perifeacuterica por ser uma forma de tratamento descentralizado
(MOUSSAVI KAZEMBEIGI amp FARZADKIA 2010) Desde que seja projetado situado e
mantido corretamente eacute considerado um tratamento de esgoto eficiente em aacutereas rurais
(WITHERS JARVIE amp STOATE 2011)
Os tanques seacutepticos podem ser definidos como uma unidade ciliacutendrica ou
prismaacutetica retangular de fluxo horizontal usada para tratamento de esgotos por
processos de sedimentaccedilatildeo flotaccedilatildeo e digestatildeo (ABNT 1993) Podem ser de cacircmara
uacutenica de cacircmaras em seacuterie ou de cacircmaras sobrepostas (ANDREOLI 2009) e sua
constituiccedilatildeo pode ser de concreto metal ou fibra de vidro (BITTON 2005)
Os soacutelidos sedimentaacuteveis presentes no esgoto formam a camada de lodo na parte
inferior do tanque Oacuteleos graxas e outros materiais leves flotam na superfiacutecie formando
uma camada de escuma A mateacuteria orgacircnica retida no fundo do tanque sofre
decomposiccedilatildeo facultativa e anaeroacutebia sendo convertida a compostos mais estaacuteveis e a
gases como gaacutes carbocircnico (CO2) e gaacutes sulfiacutedrico (H2S) e a remoccedilatildeo de Soacutelidos
Suspensos Totais (SST) e Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO) eacute geralmente de 70
a 80 e de 65 a 80 respectivamente podendo alcanccedilar em climas quentes remoccedilatildeo
8
de 80 de SST e 90 de DBO (METCALF amp EDDY 2009 BITTON 2005) Contudo eacute
pouco eficiente na remoccedilatildeo de organismos patogecircnicos (BITTON 2005)
O tempo em que o esgoto permanece no tanque para que seja tratado Tempo de
Detenccedilatildeo Hidraacuteulica (TDH) varia de 24 a 72 h (BITTON 2005) Na Figura 1 estaacute
representado um esquema de funcionamento de um tanque seacuteptico de cacircmara uacutenica
Figura 1 - Esquema do funcionamento de tanque seacuteptico de cacircmara uacutenica
Apesar deste sistema de tratamento ser extremamente antigo ainda eacute objeto de
pesquisa em diversos paiacuteses e se constitui como a principal forma de tratamento de
esgotos em comunidades rurais Entretanto a forma de operaccedilatildeo as unidades que
precedem ou sucedem os tanques seacutepticos e a destinaccedilatildeo final do efluente e do lodo
sofreram modificaccedilotildees qualitativas ao longo do tempo Fato que natildeo soacute comprova a
relevacircncia das pesquisas sobre este sistema como impacta positivamente a sauacutede
puacuteblica e o ambiente de modo geral
Moussavi Kazembeigi amp Farzadkia (2010) estudaram um modelo diferente de
tanque seacuteptico em escala piloto onde o fluxo de esgoto eacute vertical assemelhando-se
aos Reatores Anaeroacutebios de Fluxo Ascendente (RAFA) Os pesquisadores constataram
a remoccedilatildeo de 86 de SST 85 Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO) e 77 da
Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DQO) quando o TDH foi de 24h
9
Em seguida testaram a eficiecircncia de remoccedilatildeo desses indicadores com TDH de 12 e
6 h e notaram que esse decrescimento tambeacutem ocasionou o decrescimento da
remoccedilatildeo de SST de 67 para 33 respectivamente O mesmo ocorreu para os
paracircmetros de DBO e DQO em que o periacuteodo de 12h houve remoccedilatildeo de 71 e 77 e
no periacuteodo de 6 h remoccedilatildeo de 33 e 31 respectivamente constatando que neste caso
natildeo eacute possiacutevel reduzir o tempo de detenccedilatildeo hidraacuteulica dentro da unidade de tratamento
sem comprometer a eficiecircncia de remoccedilatildeo da carga orgacircnica
Os autores concluiacuteram que a modificaccedilatildeo do fluxo de esgoto se revelou eficiente no
tratamento de esgotos domeacutesticos e pode propiciar menor geraccedilatildeo de lodo implicando
em uma manutenccedilatildeo mais simplificada comparada agraves unidades convencionais e
consequentemente em menores custos
Uma pesquisa semelhante foi realizada em escala real em El Tel El Sagheer uma
pequena comunidade localizada agrave 120 km de Cairo Egito O tanque seacuteptico modificado
proposto por Sabry (2010) constitui-se por dois compartimentos O primeiro cujo fluxo
do efluente era vertical possuiacutea uma seacuterie de chapas inclinadas a 60deg conhecidas
como decantadores por colmeia que separavam a fase soacutelida da liacutequida minimizando
a quantidade de soacutelidos que escapavam para o compartimento seguinte e retinham a
escuma O primeiro tanque exercia a funccedilatildeo de digerir anaeroacutebiamente a mateacuteria
orgacircnica sedimentando os soacutelidos suspensos no fundo que formam o lodo tendo
tambeacutem uma saiacuteda para o biogaacutes formado
O segundo compartimento era divido em dois e servia como uma unidade de
polimento degradando a mateacuteria orgacircnica residual atraveacutes da filtraccedilatildeo que ocorria o
com cascalho no fundo do tanque retendo os soacutelidos bioloacutegicos por um longo periacuteodo
Para tal o sistema exigia a utilizaccedilatildeo de duas bombas submersas uma em cada
tanque com vazatildeo de 0003 msup3s-1 O TDH dos dois compartimentos era de 20 h
velocidade ascensional na vazatildeo maacutexima diaacuteria de 0125 m h-1 e carga orgacircnica meacutedia
no segundo compartimento de 042 kg DBO m-3 d Aleacutem disso uma unidade de
10
desinfecccedilatildeo foi instalada para injetar uma soluccedilatildeo de hipoclorito de soacutedio no efluente
tratado com vistas a adequaccedilatildeo a legislaccedilatildeo local
Durante quase um ano de operaccedilatildeo e monitoramento o sistema removeu 81 da
DBO 84 do DQO e 89 dos SST enquanto a remoccedilatildeo em um sistema de tanque
seacuteptico seguido de filtro anaeroacutebio citado pelo pesquisador foi de 56 para DBO 52
para DQO e 54 para SST O sistema tambeacutem se mostrou de faacutecil reprodutibilidade e
baixo custo provando-se uma alternativa promissora para o tratamento de esgotos em
comunidades rurais em regiotildees em situaccedilatildeo anaacuteloga ao Egito
Os tanques seacutepticos tambeacutem podem ser integrados a outros processos de
tratamento como demonstrado por Philippi et al (1999) numa pesquisa realizada no
Brasil no estado de Santa Catarina Os pesquisadores verificaram a eficiecircncia de uma
zona de raiacutezes (tambeacutem conhecida pelo seu termo em inglecircs wetland) que recebia
efluente de um tanque seacuteptico Proveniente de uma induacutestria alimentiacutecia continha soro
de queijo gordura sangue alimentos enlatados carne suiacutena e esgoto sanitaacuterio sendo
que parte desse material ficava na caixa de gordura situada apoacutes o tanque seacuteptico que
foi construiacutedo em escala real de acordo com a NBR 72231993
Apoacutes a caixa de gordura o efluente entrava na parte inferior da zona de raiacutezes e
passava por camadas de areia feno de arroz e argila chegando as raiacutezes da
Zizaniopsis bonariensis espeacutecie de planta aquaacutetica tiacutepica da regiatildeo sul do paiacutes Os
pontos de monitoramento foram nas saiacutedas do tanque seacuteptico (P1) e da zona de raiacutezes
(P2) e os resultados mostraram que a reduccedilatildeo do P1 para DBO e DQO foi de 32 e 33
de 29 e 36 para ST e STV de 5 e 40 para Nitrogecircnio Total Kjedhal (NTK) e nitratos
e de 13 para o foacutesforo total (PT) respectivamente Enquanto que para o P2 a reduccedilatildeo
foi de 69 para DBO 71 para a DQO para ST e STV de 61 e 75 para NTK e
nitratos e PT de 78 e 40 72 respectivamente Destaca-se que a pesquisa estuda
uma das possibilidades de poacutes-tratamento de efluente de tanques seacutepticos poreacutem
existem diversas formas indicadas pela NBR 139691997 como vala de infiltraccedilatildeo o
poccedilo absorvente escoamento superficial e canteiro de infiltraccedilatildeo e evapotranspiraccedilatildeo
11
Os resultados da pesquisa revelam bom desempenho da associaccedilatildeo dos sistemas
de tratamento e alta remoccedilatildeo de N e P em decorrecircncia da desnitrificaccedilatildeo na zona de
raiacutezes e apoacutes o periacuteodo de maturaccedilatildeo do sistema comeccedilou a produzir efluente em
acordo com a legislaccedilatildeo local sendo o sistema integrado uma boa alternativa para o
tratamento efluentes sanitaacuterios e para induacutestrias que tenham efluentes semelhantes aos
da pesquisa (PHILIPPI et al 1999)
Contudo a operaccedilatildeo incorreta e a destinaccedilatildeo inadequada do efluente e do lodo
gerado pelos tanques seacutepticos em zonas rurais podem contribuir para a eutrofizaccedilatildeo de
nascentes de corpos hiacutedricos Withers Jarvie amp Stoate (2011) monitoraram o impacto
dos tanques seacutepticos na concentraccedilatildeo de nutrientes em uma comunidade rural na
Inglaterra Os pesquisadores verificaram altas concentraccedilotildees de nitrogecircnio foacutesforo
soacutedio potaacutessio e amocircnia aleacutem de concentraccedilotildees de nitrato consideradas nocivas aos
peixes tipicamente associados agrave digestatildeo anaeroacutebia de tanques seacutepticos tanto nas
valas de infiltraccedilatildeo quanto agrave jusante do corpo hiacutedrico situado proacuteximo aos tanques
seacutepticos
Portanto aleacutem de melhorias nas tecnologias simplificadas de tratamento de esgoto
eacute necessaacuterio o correto gerenciamento do lodo gerado caso contraacuterio o beneficio
ambiental gerado pelo tratamento do efluente pode ser parcialmente comprometido
33 Lodo de esgoto
O lodo de esgoto eacute um subproduto do tratamento de esgoto e eacute gerado em vaacuterias
etapas Seu gerenciamento eacute complexo e por vezes ignorado nas ETE
Contraditoriamente Campbell (2000) aponta que quanto mais efetivo o processo de
remoccedilatildeo de contaminantes maior a produccedilatildeo de lodo Ou seja a preocupaccedilatildeo com o
tratamento do efluente deve ser proporcional ao gerenciamento de seu subproduto
Apesar disso natildeo representa mais que 2 do volume de esgoto tratado Poreacutem os
custos variam de 20 a 60 do total gasto numa ETE no Brasil (ANDREOLI VON
SPERLING amp FERNANDES 2001) Essa realidade natildeo eacute soacute brasileira em outros
12
paiacuteses tambeacutem representa custos elevados e seu gerenciamento eacute por vezes
negligenciado (RUIZ KAOSOL amp WISNIEWSK 2010)
Uma fraccedilatildeo significativa da expansatildeo da infraestrutura estaacute ocorrendo em paiacuteses
em desenvolvimento dirigidas aos maiores centros urbanos do mundo como eacute o caso
da Cidade do Meacutexico e Satildeo Paulo Para ter estrateacutegias mais apropriadas de
gerenciamento de lodo contudo satildeo necessaacuterias informaccedilotildees histoacutericas pouco
disponiacuteveis nestas cidades segundo afirma Campbell (2000)
Aleacutem disso eacute imprescindiacutevel o conhecimento do lodo gerado para que seu
gerenciamento possa ser eficiente Ainda que a NBR 100042004 classifique o lodo de
esgoto como um resiacuteduo soacutelido natildeo inerte (ABNT 2004) aproximadamente 95 de sua
constituiccedilatildeo eacute aacutegua sofrendo algumas variaccedilotildees devido as diferentes caracteriacutesticas
dos esgotos e tratamentos O lodo tambeacutem pode ser classificado de acordo com a sua
origem
Lodo primaacuterio eacute aquele gerado em decantadores primaacuterios e tanques
seacutepticos Eacute formado principalmente por soacutelidos sedimentaacuteveis Pode
exalar odor forte caso fique retido por periacuteodos elevados e em altas
temperaturas Nos tanques seacutepticos sofre digestatildeo anaeroacutebia
Lodo secundaacuterio eacute formado nas etapas bioloacutegicas do tratamento aeroacutebia
e anaeroacutebia podendo estar estabilizado ou natildeo Compreende a
comunidade microbiana que realiza a degradaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica no
sistema
Lodo quiacutemico eacute originaacuterio de tratamentos que adicionam condicionantes
quiacutemicos como decantadores primaacuterios com precipitaccedilatildeo quiacutemica
O Programa de Pesquisa em Saneamento Baacutesico realizou um trabalho com lodo
de esgoto em diferentes institutos de pesquisa no Brasil Algumas caracteriacutesticas do
lodo encontradas podem ser vistas na Tabela 1 utilizando-se o procedimento de coleta
13
de aliacutequotas dos resiacuteduos descartados pelos caminhotildees limpa-fossa na entrada da
ETE ressalta-se que apesar da pesquisa focar em lodo de tanque seacuteptico nem todas
as ETE coletaram desta unidade de tratamento nem adotaram a mesma metodologia
de coleta e os contribuintes do esgoto foram variados como restaurantes domiciacutelios
hospitais entre outros e satildeo mantidos e operados de formas diferentes Nota-se que
todos os valores satildeo elevados indicando alta concentraccedilatildeo de soacutelidos
Tabela 1 - Caracteriacutesticas de lodo de esgoto seacuteptico no Brasil
Paracircmetros
Lodo de esgoto
FAE UFRN UNB USP
SANEPAR LARHISA CAESB EESC
Mediana Mediana Mediana Mediana
ST (mgL-1) 8208 6508 10214 6508
STV (mgL-1) 5612 4368 7368 3053
SST (mgL-1) 5042 3891 6395 3257
DBO (mgL-1) 2734 955 - 1524
DQO (mgL-1) 11219 3434 1281 4491
pH 72 66 71 69 Adaptado de Andreoli (2009)
Diversos estudos tecircm buscado relaccedilotildees entre caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas do
lodo e seu desaguamento De acordo com Vesilind (1994) o tamanho e a superfiacutecie das
partiacuteculas soacutelidas presentes no lodo satildeo caracteriacutesticas importantes que podem
determinar a receptividade ao espessamento ou desaguamento do lodo A carga das
partiacuteculas pode estabelecer ligaccedilotildees com as moleacuteculas de aacutegua difiacuteceis de serem
quebradas essas cargas superficiais alteram propriedades fiacutesicas daacute aacutegua
descongelamento agrave temperaturas abaixo do ponto de congelamento (-20degC) e a
densidade pode ser reduzida a 0965 gcmsup3
Neste mesmo trabalho Vesilind (1994) investigou os tipos de aacutegua presentes no
lodo e verificou que uma fraccedilatildeo estaacute ligada fisicamente agrave superfiacutecie das partiacuteculas
presentes no lodo atraveacutes de pontes de hidrogecircnio denominada aacutegua vicinal e pode
ser removida pela diminuiccedilatildeo da aacuterea superficial total das partiacuteculas soacutelidas a que estaacute
ligada atraveacutes da utilizaccedilatildeo de condicionantes quiacutemicos
14
A remoccedilatildeo da aacutegua localizada nos interstiacutecios dos flocos pode se dar por
processos mecacircnicos que conseguem destruir a estrutura do floco (RUIZ KAOSOL amp
WISNIEWSK 2010 VESILIND 1994) A aacutegua de hidrataccedilatildeo eacute aquela ligada
quimicamente agrave superfiacutecie da partiacutecula e eacute removida apenas com aumento da
temperatura Somente a fraccedilatildeo denominada ldquoaacutegua livrerdquo eacute que natildeo estaacute associada e
natildeo sofre influecircncia dos soacutelidos presentes no lodo A drenagem adensamento e
desidrataccedilatildeo mecacircnica e natural podem realizar a sua remoccedilatildeo (VESILIND 1994)
O trabalho de Liao et al (2000) constatou forte relaccedilatildeo entre o tamanho dos flocos e
a quantidade de aacutegua ligada fisico-quimicamente agraves partiacuteculas soacutelidas quanto menor
era o floco maior a quantidade deste tipo de aacutegua encontrada no lodo Mikkelsen amp
Keiding (2002) concluiacuteram que Substacircncias Polimeacutericas Extracelulares (EPS) satildeo o
paracircmetro mais importante na estrutura do lodo e altas concentraccedilotildees destas
substacircncias podem diminuir a tensatildeo de cisalhamento e propiciar um menor grau de
dispersatildeo do lodo pois agem na estabilidade da estrutura dos flocos reduzindo desta
forma a resistecircncia agrave filtraccedilatildeo Entretanto altas concentraccedilotildees de EPS diminuem o teor
de soacutelidos na torta seca
Jin Wileacuten amp Lant (2003) tambeacutem investigaram a relaccedilatildeo entre as EPS e o
desaguamento no lodo de esgoto Os pesquisadores observaram que altas
concentraccedilotildees de iacuteons Ca+ Mg2+ Fe3+ e Al3+ proporcionam melhora significativa no
desaguamento Tambeacutem concluiacuteram que lodos que contem flocos compactos grandes
e com muitos filamentos tem grande quantidade de aacutegua ligada intersticial
Propriedades de floculabilidade hidrofobicidade carga superficial e viscosidade satildeo
fatores que afetam significativamente a capacidade de ligaccedilatildeo da aacutegua nos flocos de
lodo sendo que altos valores destas propriedades indicam grande quantidade de aacutegua
ligada Ademais proteiacutenas e carboidratos contribuem significativamente para a ligaccedilatildeo
da aacutegua nos flocos
No espessamento por gravidade a presenccedila de aacutegua vicinal em volta das
partiacuteculas menores no lodo (de 2 a 4 microm cerca de 6 do total de partiacuteculas presentes
15
no lodo digerido anaeroacutebiamente) melhoraria o processo devido ao aumento do
diacircmetro efetivo das partiacuteculas como resultado da baixa densidade encontrada na aacutegua
vicinal e do aumento da viscosidade da aacutegua que circunda as partiacuteculas (VESILIND
1994)
As alternativas para a disposiccedilatildeo do lodo satildeo variadas e tecircm sido desenvolvidas haacute
vaacuterias deacutecadas Campbell (2000) as divide em trecircs categorias satildeo elas (i) aplicaccedilatildeo no
solo (ii) disposiccedilatildeo em aterro sanitaacuterio e (iii) tecnologias de incineraccedilatildeo Para as duas
primeiras - mais aplicadas no Brasil - torna-se indispensaacutevel a retirada de uma parcela
de sua umidade pois interfere na umidade ideal do solo quando aplicado na agricultura
e sobrecarrega o tratamento do chorume nos aterros
34 Desaguamento do lodo de esgoto
De acordo com Andreoli von Sperling amp Fernandes (2001) o gerenciamento do
lodo eacute uma atividade complexa e pode promover impactos ambientais negativos caso
seja mal executada Dentre as etapas envolvidas o desaguamento eacute um dos desafios
da engenharia ambiental e continua sendo um problema no tratamento de esgotos
(VESILIND 1988 VESILIND 1994 CAMPBELL 2000)
Metcalf amp Eddy (1991) descrevem o desaguamento como uma operaccedilatildeo fiacutesica
utilizada na reduccedilatildeo de umidade contida no lodo Eacute necessaacuterio realizar esta operaccedilatildeo
por propiciar (i) o manuseio mais faacutecil (ii) a reduccedilatildeo dos custos no transporte (iii) a
disposiccedilatildeo em aterros sanitaacuterios reduzindo a quantidade de chorume produzido (iv) a
melhora na etapa de compostagem do lodo (v) a reduccedilatildeo da atividade microbiana e
consequentemente da produccedilatildeo de odores
O desaguamento pode ser realizado por processos naturais ou mecanizados A
seleccedilatildeo dos mecanismos de desaguamento deve ser determinada pelo tipo de lodo a
ser desaguado caracteriacutesticas desejadas do lodo desaguado e espaccedilo disponiacutevel Os
processos mecanizados satildeo mais indicados para Estaccedilotildees de Tratamento de Esgotos
(ETE) de grande porte e onde haja restriccedilatildeo de aacuterea Centriacutefugas filtros a vaacutecuo
16
filtros-prensa prensas desaguadoras e secagem teacutermica satildeo exemplos de processos
mecanizados mais utilizados em ETE
Em estudo realizado por Ruiz Kaosol amp Wisniewsk (2010) relacionou-se a
quantidade de mateacuteria orgacircnica presente no lodo e sua aptidatildeo ao desaguamento
mecacircnico verificou-se que quanto maior essa quantidade (expressa pelo valor de
Soacutelidos Totais Volaacuteteis) menor era a resistecircncia a filtraccedilatildeo mas maior sua
compressibilidade (expressa pelo seu limite de plasticidade) e portanto menor a
eficiecircncia do processo de desaguamento mecacircnico Todavia lodos com menor teor de
mateacuteria orgacircnica isto eacute mais estabilizados tambeacutem satildeo mais indicados para os
processos naturais de desaguamento (ANDREOLI VON SPERLING amp FERNANDES
2001)
Verifica-se no entanto que poucas pesquisas tecircm se preocupado com o
desaguamento por processos naturais como os leitos de secagem e as lagoas de
secagem que estatildeo mais presentes em ETE pequenas ou que natildeo tecircm restriccedilotildees
quanto a aacuterea O mecanismo de desaguamento nestes casos se daacute pela evaporaccedilatildeo e
percolaccedilatildeo da aacutegua presente no lodo O desaguamento de lodos por leitos de secagem
eacute adequado para comunidades de pequeno e meacutedio porte sendo indicado para lodos
tipicamente encontrados em tanques seacutepticos (estabilizados)
Um leito de secagem convencional conforme ilustram as Figuras 2 e 3 caracteriza-
se por um tanque com paredes e base de concreto O fundo deve ser constituiacutedo por
uma camada de areia trecircs camadas de brita e tijolos recozidos ou outro material
resistente agrave operaccedilatildeo de remoccedilatildeo do lodo seco com juntas de areia (ABNT 1992)
17
Figura 2 - Planta de um leito de secagem convencional
Figura 3 - Corte transversal de um leito de secagem convencional
Van Haandel amp Lettinga (1994) descrevem que o tempo total para um ciclo de
secagem em leitos de secagem se compotildee por quatro periacuteodos Satildeo eles
T1 = tempo de preparaccedilatildeo do leito e descarga do lodo que dependem do
gerenciamento do leito como nuacutemero de trabalhadores e disponibilidade de
equipamentos
T2 = tempo de percolaccedilatildeo da aacutegua presente no lodo
T3 = tempo de evaporaccedilatildeo para se atingir a fraccedilatildeo desejada de soacutelidos que assim
como T2 varia em funccedilatildeo de condiccedilotildees operacionais durante a secagem condiccedilotildees
metereoloacutegicas (temperatura e pluviosidade) e a carga aplicada de soacutelidos
T4 = tempo de remoccedilatildeo dos soacutelidos secos
18
Para amenizar as variaacuteveis metereoloacutegicas os leitos de secagem podem ser
instalados ao ar livre ou cobertos por proteccedilatildeo contra a influecircncia das chuvas e de
geadas
De acordo com Metcalf amp Eddy (1991) Andreoli von Sperling amp Fernandes (2001) e
Andreoli (2009) em comparaccedilatildeo aos processos mecanizados apresenta diversas
vantagens tais como
Simplicidade na instalaccedilatildeo e operaccedilatildeo
Baixa sensibilidade agrave qualidade do lodo
Natildeo provoca ruiacutedos e vibraccedilotildees
Natildeo demanda energia
Baixo custo
Baixo consumo de poliacutemeros
A exposiccedilatildeo prolongada ao sol pode promover a remoccedilatildeo de organismos
patogecircnicos (VAN HAANDEL amp LETTINGA 1994)
Entretanto tambeacutem possui desvantagens sendo elas
Demanda tempo elevado para remoccedilatildeo da torta seca
Necessitam de que o lodo esteja estabilizado
Eacute sujeito agraves variaccedilotildees climaacuteticas
A remoccedilatildeo do lodo eacute trabalhosa
Demanda grande aacuterea
Considerando que a aacuterea especiacutefica requerida para leitos de secagem (Ae) pode
ser calculada em funccedilatildeo1 da quantidade de lodo digerido produzido na ETE (Q) - que eacute
funccedilatildeo da produccedilatildeo de lodo fresco (1 L pessoadia-1) e do coeficiente de reduccedilatildeo de
volume por digestatildeo (025) (Q = 025) da espessura da camada de lodo aplicado em
cada ciclo (e = 045 m) e do nuacutemero de ciclos de secagem por ano (nc = 15 ciclosano)
1 Valores sugeridos pela NBR 72291993
19
Calculando-se pela formula
Pode-se estimar uma aacuterea meacutedia de 0014 msup2hab-1 (para lodos anaeroacutebios de
origem domeacutestica) (NBR 72291993 MORTARA 2011)
Um dos poucos trabalhos que estudaram os leitos de secagem em bancada foi
produzido por van Haandel amp Lettinga (1994) que realizaram uma investigaccedilatildeo
experimental semelhante a presente pesquisa No entanto os resultados natildeo satildeo
diretamente comparaacuteveis uma vez que os autores estudaram o tempo necessaacuterio para
obtenccedilatildeo de uma determinada umidade para diferentes cargas de soacutelidos Aleacutem disso
separou-se os processos de percolaccedilatildeo e evaporaccedilatildeo de modo que o experimento foi
feito em duas etapas na primeira utilizaram tubos de PVC de 10 m de comprimento e
020 m de diacircmetro adicionando-se aos tubos camadas de cascalho estratificado de 1
a 18rdquo (brita meacutedia) e areia meacutedia ambas com espessura de 020 m cada O lodo
utilizado foi proveniente de RAFA e foi inserido nos tubos sendo que estes foram
cobertos para evitar a evaporaccedilatildeo
Apoacutes esta fase o lodo era removido dos tubos e colocado em aneacuteis de 0040 m de
comprimento e 0050 m de diacircmetro dispostos em colunas que ficavam ao ar livre para
avaliar-se a evaporaccedilatildeo que era realizada por diferenccedila de massa observada
diariamente ateacute que se estabelecesse massa constante A perda de massa era
acompanhada por perda de volume de lodo e para facilitar a evaporaccedilatildeo sempre que
o lodo atingia niacutevel mais baixo ao niacutevel superior do tubo o anel imediatamente acima
era retirado sendo a evaporaccedilatildeo natildeo limitada pela difusatildeo de vapor de aacutegua no tubo
Tambeacutem realizou-se testes de evaporaccedilatildeo com aacutegua pura
Os autores concluiacuteram que a concentraccedilatildeo inicial de ST no lodo natildeo teve influecircncia
mensuraacutevel sobre o tempo necessaacuterio para a percolaccedilatildeo da aacutegua ou sobre a
concentraccedilatildeo final de ST no lodo Em contraste cargas de soacutelidos diferentes tiveram
tempos de percolaccedilatildeo diferentes Outrossim grande parte da aacutegua no lodo eacute livre e eacute
removida no periacuteodo de percolaccedilatildeo que eacute relativamente curto Entretanto periacuteodos
elevados de evaporaccedilatildeo satildeo necessaacuterios para obtenccedilatildeo de altos valores de ST nas
20
tortas secas Ademais a produtividade do leito de secagem (massa de soacutelidos
processados por unidade de aacuterea do leito e por unidade de tempo) eacute muito influenciada
pela fraccedilatildeo de soacutelidos que se deseja no lodo apoacutes a secagem A produtividade para
lodo com relativamente muito aacutegua (umidade de 60 a 70) eacute mais que o dobro daquela
para lodo com pouca aacutegua (umidade de 20 a 30)
Cofie et al (2006) realizaram estudo com leito de secagem em escala real em
Ghana e monitoraram oito ciclos de secagem por dez meses O leito de secagem era
composto por uma camada de 015 m de areia fina e duas camadas de brita a primeira
de tipo 1 tinha 010 m de espessura e a segunda de tipo 2 tinha espessura de 015 m
O leito tinha aacuterea de 25 msup2 e capacidade de 15 msup3 de lodo com espessura de 030 m
Um terccedilo do lodo foi proveniente de sanitaacuterios puacuteblicos e o restante de tanques
seacutepticos tendo baixa concentraccedilatildeo de soacutelidos cerca de 3 A carga aplicada de
soacutelidos utilizada foi de 196 a 321 kg msup2 e quando seco era retirado manualmente O
teor de soacutelidos da torta seca foi em meacutedia de 3045 os STV de 71 e o tempo de
desaguamento variou de 7 a 59 dias
Os pesquisadores atribuem essa grande variaccedilatildeo a alguns fatores (i) ao
incremento de aacutegua no lodo causado pela chuva (ii) o entupimento da areia que
diminuiu a capacidade de percolaccedilatildeo da aacutegua livre do lodo e (iii) ao tipo de lodo
utilizado que apesar da parcela oriunda de tanque seacuteptico estar bem digerida a porccedilatildeo
proveniente de sanitaacuterios puacuteblicos apresentava grande quantidade de mateacuteria orgacircnica
tornando esse lodo pouco digerido e improacuteprio para o desaguamento nesse tipo de
leito
Mortara (2011) estudou a utilizaccedilatildeo de leitos de drenagem como alternativa aos
leitos de secagem Estes primeiros se diferenciam por substituiacuterem a camada de areia
por uma com manta geossinteacutetica e terem reduzida a altura de camada de brita (que
passa a ser somente uma camada de brita nordm 1 ou 2 de 005 a 010 m de espessura)
Essa mudanccedila proporcionou aumento da taxa de retirada da aacutegua livre e portanto
reduccedilatildeo do tempo de drenagem Aleacutem disso o autor cita que a massa de lodo seco
retirada foi menor assim como o trabalho para sua retirada e a estrutura para
21
armazenar o material ateacute sua disposiccedilatildeo final foram menores quando comparados ao
leito de secagem
35 Condicionamento do lodo
O condicionamento eacute um processo que melhora as caracteriacutesticas do lodo com
vistas a processaacute-lo de forma mais eficiente e mais raacutepida jaacute que o lodo geralmente
natildeo eacute facilmente manipulaacutevel Faz-se entatildeo necessaacuterio seu condicionamento para
facilitar o espessamento desaguamento e secagem O condicionamento do lodo pode
se dar por diversos meacutetodos que vatildeo desde a separaccedilatildeo de partiacuteculas soacutelidas das
moleacuteculas de aacutegua (processos fiacutesicos) ateacute a oxidaccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (processos
quiacutemicos) (AMUDA et al 2008)
Alguns exemplos de processos fiacutesicos empregados satildeo o congelamento do lodo
que proporciona a separaccedilatildeo de parte da aacutegua presente das partiacuteculas soacutelidas (AMUDA
et al 2008) a hidroacutelise teacutermica que permite a liberaccedilatildeo da aacutegua ligada fiacutesico-
quimicamente em temperaturas acima de 100degC o tratamento ultrassocircnico que tambeacutem
pode ser quiacutemico que em ambos os casos causa ruptura da estrutura celular e dos
flocos de micro-organismos atraveacutes do uso de baixas ou altas frequecircncias por processo
de cavitaccedilatildeo ou de reaccedilotildees quiacutemicas (CARREgraveRE et al 2010) A eletrodesidrataccedilatildeo
tambeacutem conhecida como desidrataccedilatildeo assistida por campo eleacutetrico consiste na
aplicaccedilatildeo de um campo eleacutetrico que atrai as partiacuteculas de aacutegua eletricamente
carregadas rompendo as ligaccedilotildees com as partiacuteculas soacutelidas do lodo (MAHMOUD et al
2010)
Um outro exemplo de condicionamento eacute a destruiccedilatildeo bioloacutegica celular atraveacutes da
aplicaccedilatildeo de fortes oxidantes quiacutemicos promove a desintegraccedilatildeo bioloacutegica da mateacuteria
orgacircnica do lodo a CO2 e aacutegua e consequentemente reduz o volume do lodo (AMUDA
et al 2008)
A alternativa de condicionamento mais comum nas ETE eacute a utilizaccedilatildeo sais
inorgacircnicos e de poliacutemeros orgacircnicos Satildeo empregados tradicionalmente produtos jaacute
22
utilizados no tratamento de aacutegua e esgoto condicionantes inorgacircnicos como cloreto
feacuterrico sulfato de alumiacutenio e a cal (AMUDA et al 2008 METCALF amp EDDY 1991) A
desvantagem na utilizaccedilatildeo destes eacute o aumento do teor de soacutelidos de 20 a 30 no lodo
enquanto que a utilizaccedilatildeo de poliacutemeros orgacircnicos natildeo aumenta significativamente
(METCALF amp EDDY 1991) A escolha e utilizaccedilatildeo de condicionantes inorgacircnicos ou
orgacircnicos deve ser baseada em estudos teacutecnicos e econocircmicos (MORTARA 2011)
Os condicionantes orgacircnicos atuam como coagulantes formando pontes quiacutemicas
entre o poliacutemero e as partiacuteculas coloidais presentes no lodo que satildeo adsorvidas pelas
diversas cadeias de monocircmeros do poliacutemero agregando-se em flocos densos passiacuteveis
de serem removidos por filtraccedilatildeo sedimentaccedilatildeo ou flotaccedilatildeo (LIBAcircNIO 2005) Sua
aplicaccedilatildeo em dosagem correta acelera o processo de desaguamento e aumenta o teor
de soacutelidos da torta seca (WPCFM 1988)
A adiccedilatildeo de poliacutemeros ocorre antes da etapa de desaguamento e podem reduzir a
umidade de entrada de 90 a 99 para 65 a 85 dependendo das caracteriacutesticas dos
soacutelidos a serem tratados (METCALF amp EDDY 1991 WPCFM 1988)
Os poliacutemeros podem ser classificados de acordo com a sua carga eleacutetrica em
catiocircnicos aniocircnicos natildeo-iocircnicos e anfoliacuteticos e quanto a sua origem sinteacutetica ou
natural Libacircnio (2005) destaca duas vantagens no uso especiacutefico de poliacutemeros
catiocircnicos de menor peso molecular que se aplicam ao tratamento de lodo de esgoto
Satildeo elas (i) reduccedilatildeo do volume do lodo gerado (ii) maior facilidade de desidrataccedilatildeo do
lodo gerado comparada aos sais de ferro e alumiacutenio
Mortara (2011) realizou ensaios com poliacutemeros sinteacuteticos em lodo de ETE analisou
18 poliacutemeros catiocircnicos 15 soacutelidos e 3 em emulsatildeo associados a um leito de
drenagem no condicionamento do lodo anaeroacutebio Atraveacutes de testes em laboratoacuterio e
em escala piloto constatou que quase todos os poliacutemeros soacutelidos testados produziram
lodos mais facilmente desaguaacuteveis com dosagens relativamente baixas cerca de 2 gkg
de ST-1 enquanto que os poliacutemeros em emulsatildeo tinham dosagens oacutetimas maiores
23
cerca de 6 gkg-1 Tambeacutem se verificou que o condicionamento quiacutemico propiciou maior
drenagem da aacutegua quando comparado ao lodo natildeo condicionado Entretanto natildeo
influenciou a evaporaccedilatildeo e consequentemente os tempos de ciclo de secagem uma
vez que o teor de soacutelidos do lodo sem condicionamento apresentou evoluccedilatildeo
semelhante a dos lodos condicionados ao longo do periacuteodo de secagem
Contudo segundo Abreu Lima (2007) os poliacutemeros sinteacuteticos podem ser
contaminados no processo de produccedilatildeo ou ainda gerar subprodutos (monocircmeros) de
risco agrave sauacutede dos consumidores Uma alternativa a esses condicionantes seria o
emprego de poliacutemeros oriundos de fontes naturais como as plantas e substacircncias
retiradas de animais
Ainda que estes riscos preocupem mais as Estaccedilotildees de Tratamento de Aacutegua (ETA)
jaacute que afetam diretamente a aacutegua captada para abastecimento humano a atenccedilatildeo
deve-se dar no tratamento de esgoto e no gerenciamento do lodo tambeacutem
Considerando que a aacutegua drenada do lodo retorna ao sistema de tratamento e que
esse efluente tratado eacute lanccedilado em um corpo hiacutedrico que posteriormente pode servir
como manancial
Diversos estudos tecircm utilizado poliacutemeros naturais como auxiliares da floculaccedilatildeo no
tratamento de aacutegua e esgoto Visto que natildeo apresentam riscos agrave sauacutede a longo prazo e
por serem fonte de alimentaccedilatildeo humana em sua maioria De acordo com Di Bernardo
(2005) a utilizaccedilatildeo destes poliacutemeros permite um aumento da velocidade de
sedimentaccedilatildeo dos flocos reduccedilatildeo da accedilatildeo das forccedilas de cisalhamento nos flocos
durante a veiculaccedilatildeo da aacutegua floculada e uma dosagem menor do coagulante primaacuterio
quando estes satildeo sais de alumiacutenio ou ferro
Borba (2001) Arantes Ribeiro amp Paterniani (2012) e Di Bernardo (2005) citam
como exemplo de fonte destes compostos a mandioca (Manihot esculenta) a batata
(Solanum tuberosum L) a quitosana o tanino o quiabo (Abelmoschus esculentus) o
milho (Zea mays) e a moringa (Moringa oleiacutefera)
24
Dentre os poliacutemeros naturais os mais utilizados satildeo os amidos (DI BERNARDO
2005 LIBAcircNIO 2005) O milho a batata a mandioca e o trigo satildeo os alimentos
produzidos em larga escala que mais possuem amido podendo variar a quantidade em
funccedilatildeo da idade do solo da variedade da espeacutecie e do clima
A facilidade de obtenccedilatildeo do poliacutemero o custo e a simplicidade metodoloacutegica do
preparo satildeo fatores importantes para a seleccedilatildeo em trabalhos direcionados agraves
comunidades rurais Dos poliacutemeros pesquisados os originaacuterios da mandioca moringa e
quiabo foram os que mais se adequaram a estes criteacuterios baseando-se em Dantas amp Di
Bernardo (2000) Muyibi et al (2001) e Abreu Lima (2007)
A mandioca (Manihot esculenta) eacute originaacuteria da Ameacuterica do Sul e eacute comum nas
regiotildees tropicais da Aacutefrica e Aacutesia sendo uma importante fonte de alimentaccedilatildeo da
populaccedilatildeo mais pobre e eacute rica em amido Dantas amp Di Bernardo (2000) estudaram o
potencial do amido catiocircnico da mandioca como auxiliar de floculaccedilatildeo no tratamento de
aacuteguas para abastecimento Os resultados obtidos indicaram que este poliacutemero natural
pode ser utilizado em substituiccedilatildeo dos poliacutemeros sinteacuteticos auxiliares de floculaccedilatildeo Natildeo
foram encontradas referecircncias sobre a utilizaccedilatildeo de amido de mandioca em tratamento
de esgoto ou condicionamento de lodo de esgoto
A moringa (Moringa oleifera) eacute provavelmente o poliacutemero natural mais conhecido no
mundo eacute nativa do continente africano presente tambeacutem nas Ameacutericas e Aacutesia Mais
utilizada no tratamento de aacutegua como coagulante tambeacutem satildeo encontradas aplicaccedilotildees
no tratamento de esgoto incluindo efluentes industriais e no lodo de esgoto
Bhuptawat Folkard amp Chaudhari (2006) verificaram o potencial de aplicaccedilatildeo da
moringa no tratamento de esgoto domeacutestico em escala piloto na Iacutendia e obtiveram
64 de remoccedilatildeo de DQO combinando 100 mgL-1 de Moringa oleifera e 10 mgL-1 de
sulfato de alumiacutenio
No tocante agrave utilizaccedilatildeo de moringa no lodo pesquisas realizadas por Muyibi et al
(2001) na Iacutendia e Ademiluyi (1988) Nigeacuteria indicaram seu potencial como
25
condicionante quiacutemico do lodo de esgoto diminuindo a resistecircncia agrave filtraccedilatildeo Muyibi et
al (2001) testaram a soluccedilatildeo da semente de moringa sem casca o poacute seco da
semente sem casca e o oacuteleo da semente de moringa em lodo proveniente de uma
estaccedilatildeo de tratamento de esgoto A dosagem foi determinada por dois meacutetodos (i)
reduccedilatildeo de volume do lodo em teste de jarros (apoacutes 30 min de sedimentaccedilatildeo) e (ii)
resistecircncia especiacutefica do lodo
No primeiro meacutetodo as dosagens oacutetimas encontradas foram de 4750 4000 e 6000
mgL-1 para a soluccedilatildeo de moringa sem casca oacuteleo e poacute seco respectivamente
Chegando a reduccedilatildeo maacutexima de 26 19 e 26 vezes o volume inicial do lodo para a
soluccedilatildeo de moringa sem casca oacuteleo e poacute seco respectivamente Esses resultados
indicam o potencial da moringa em decantadores ou outras unidades de tratamento que
retenham lodo por certo tempo
No segundo teste realizado empregou-se somente a soluccedilatildeo de moringa sem
casca e o oacuteleo e a soluccedilatildeo com oacuteleo teve melhor resultado com dosagem de 4000
mgL-1 enquanto que para a soluccedilatildeo de moringa sem casca foi de 4500 mgL-1 A razatildeo
para esses resultados ligeiramente controversos ainda eacute desconhecida mas os
pesquisadores acreditam que a remoccedilatildeo do oacuteleo da semente possa produzir flocos
mais leves o que favoreceria a filtraccedilatildeo Aleacutem disso por ter baixo peso molecular e ser
um poliacutemero catiocircnico os flocos formados satildeo leves pequenos e reteacutem menos a fraccedilatildeo
de aacutegua ligada fiacutesico-quimicamente agraves partiacuteculas soacutelidas do lodo indicando a
possibilidade da reduccedilatildeo da aacuterea dos leitos de secagem convencionais Poreacutem ainda
satildeo necessaacuterias pesquisas aprofundadas sobre a questatildeo
O uso de moringa no lodo foi comparado aos sais de alumiacutenio e ferro por Ademiluyi
(1988) A amostra de lodo utilizada foi coletada no tanque de sedimentaccedilatildeo da ETE da
Universidade da Nigeacuteria que trata esgoto domeacutestico A sensibilidade relativa do lodo
aos poliacutemeros mostrou que o lodo proveniente de esgoto domeacutestico tem menor
sensibilidade a moringa do que ao sulfato de alumiacutenio e cloreto feacuterrico Aleacutem disso a
concentraccedilatildeo de moringa foi menor no liquido filtrado do que os sais metaacutelicos o que
26
pode ser vantajoso em Estaccedilotildees de Tratamento de Esgoto Poreacutem as dosagens oacutetimas
encontradas foram mais altas para a moringa do que para os sais metaacutelicos 215 17 e
17 gL-1 para a moringa sulfato de alumiacutenio e cloreto feacuterrico respectivamente
Entretanto o baixo custo e o fato da moringa ser um poliacutemero natural a tornam
aplicaacutevel como condicionante do lodo
Outro poliacutemero natural potencialmente condicionante do lodo eacute o quiabo
(Abelmoschus esculentus) que tem origem na Aacutefrica mas eacute produzido em todo o globo
sendo conhecido por suas propriedades nutritivas
Anastasakis Kalderis amp Diamadopoulos (2009) estudaram o quiabo como floculante
no tratamento de esgoto utilizando como coagulante o sulfato de alumiacutenio Foi
realizada a mucilagem do quiabo para a extraccedilatildeo do oacuteleo e a dosagem oacutetima foi obtida
atraveacutes do teste de jarros Como amostras de esgoto foram utilizadas esgoto sinteacutetico e
um efluente biologicamente tratado O estudo comprovou as propriedades floculantes
do quiabo No esgoto sinteacutetico em sua dosagem oacutetima de 0005 g L-1 removeu 93 96 e
97 de turbidez depois de 10 20 e 30 minutos do tempo de sedimentaccedilatildeo
respectivamente Isso representou uma adiccedilatildeo de 25 9 e 10 de remoccedilatildeo da turbidez
quando se utilizou somente sulfato de alumiacutenio em 10 20 e 30 minutos
respectivamente
No efluente biologicamente tratado a dosagem oacutetima para 10 minutos foi de 0020
gL-1 com remoccedilatildeo 70 da turbidez Para os tempos de sedimentaccedilatildeo de 20 e 30
minutos a dosagem foi menor (00025 gL-1) alcanccedilando a reduccedilatildeo de 71 e 74 de
turbidez Incrementando em 19 10 e 10 a remoccedilatildeo de turbidez utilizando-se somente
de sulfato de alumiacutenio
Abreu Lima (2007) realizou testes com o quiabo verde e maduro e constatou que o
fruto maduro possui melhores propriedades coagulantes que o fruto verde fato positivo
jaacute que o quiabo maduro eacute rejeitado pelo consumidor e torna-se um resiacuteduo O autor
tambeacutem comparou as teacutecnicas de aplicaccedilatildeo do poliacutemero a utilizaccedilatildeo do oacuteleo extraiacutedo
27
atraveacutes da mucilagem e a pulverizaccedilatildeo apoacutes a moagem do quiabo Concluindo que a
segunda teacutecnica a forma mais simples de aplicaccedilatildeo proporcionou resultados positivos
no tratamento de aacutegua e esgoto
36 Pavimento permeaacutevel
Aleacutem da aplicaccedilatildeo de poliacutemeros a utilizaccedilatildeo de pisos drenantes como constituintes
do leito de secagem pode otimizar o desaguamento do lodo de esgoto Constitui-se em
alternativa simples e de baixo custo para ETE de pequeno porte localizadas em
comunidades rurais Aleacutem disso a utilizaccedilatildeo de poliacutemeros naturais melhoraria a
qualidade da torta seca em termos de nutrientes aspecto positivo para a aplicaccedilatildeo de
lodo na agricultura como alternativa agrave adubaccedilatildeo quiacutemica
Os pavimentos permeaacuteveis satildeo utilizados haacute mais de trecircs deacutecadas nos Estados
Unidos da Ameacuterica e na Inglaterra e Alemanha (PRISMA 2013) como controle
estrutural alternativo de drenagem urbana e fazem parte do conjunto de teacutecnicas
intitulado de Best manegement practices (BMP) pela agecircncia ambiental norte-
americana Enviromental Protection Agency (USEPA) criado na deacutecada de 1980 que
tem como objetivo resolver os problemas de drenagem na proacutepria bacia
Essas teacutecnicas incluem construccedilatildeo de estruturas fiacutesicas para armazenamento e
infiltraccedilatildeo do escoamento como reservatoacuterios trincheiras de infiltraccedilatildeo e pavimentos
permeaacuteveis na tentativa de compensar os impactos negativos da grande
impermeabilizaccedilatildeo do solo causada pela urbanizaccedilatildeo (CRUZ SOUZA amp TUCCI 2007)
Estes uacuteltimos por possuiacuterem espaccedilos livres na sua estrutura permitem que aacutegua
e ar o atravessem e satildeo geralmente empregados em via de pedestres e veiacuteculos e
estacionamentos para auxiliar na drenagem urbana (MARCHIONI amp SILVA 2010)
No Brasil estes pavimentos foram introduzidos recentemente e em 2006 a
Prefeitura Municipal de Porto Alegre publicou o Decreto Nordm153712006 que
regulamenta as medidas de controle de drenagem urbana aponta como alternativa
28
para reduccedilatildeo de aacutereas impermeaacuteveis em terrenos com aacutereas inferiores a 100 ha a
utilizaccedilatildeo de pavimentos permeaacuteveis abatendo 50 da aacuterea impermeaacutevel do terreno
(CRUZ SOUZA amp TUCCI 2007) A Figura 4 mostra a sua utilizaccedilatildeo no Brasil
Figura 4 - Exemplo de aplicaccedilatildeo de pavimento permeaacutevel em estacionamento
FONTE MARCHIONI amp SILVA (2010)
Estes pavimentos podem ser fabricados com areia pedregulho argila expandida
fibra de coco cimento e poacute de pedra e estaacute em curso a normatizaccedilatildeo pela Associaccedilatildeo
Brasileira de Normas Teacutecnicas para a fabricaccedilatildeo destes pisos A produccedilatildeo deste tipo
de piso estaacute se disseminando no paiacutes e sua utilizaccedilatildeo poderia permitir a reduccedilatildeo da
aacuterea do leito Uma vez que o lodo pode ser drenado em cerca de metade da aacuterea
superficial enquanto que ao se empregar o leito de secagem tradicionalmente sugerido
pela NBR 122091992 a infiltraccedilatildeo somente ocorre entre os vatildeos dos tijolos onde estaacute
presente a areia (ABNT 1992)
29
4 METODOLOGIA
O trabalho foi desenvolvido nos Laboratoacuterios de Estrutura (LES) Materiais da
Construccedilatildeo (LMC) Protoacutetipos (LABPRO) Reuso (LABREUSO) e Saneamento
(LABSAN) pertencentes agrave Faculdade de Engenharia Civil Arquitetura e Urbanismo da
Universidade Estadual de Campinas
41 Pavimento permeaacutevel
O pavimento permeaacutevel foi fornecido pela empresa Villa Stone Comeacutercio e
Induacutestria de Materiais Baacutesicos para Construccedilatildeo Limitada localizada no distrito de Baratildeo
Geraldo Campinas (SP)
Os pavimentos permeaacuteveis utilizados na pesquisa satildeo compostos de pedrisco de
basalto e cimento na proporccedilatildeo de 80 e 20 respectivamente As amostras utilizadas
tecircm aproximadamente 006 m de altura e foram cortados em diacircmetro igual a 010 m
com o emprego de uma extratora de corpo de prova como mostram as Figuras 5 e 6
Figura 5 - Pavimento permeaacutevel utilizado no projeto
30
Figura 6 - Extratora de corpo de prova utilizada para o corte do pavimento utilizado na pesquisa
A caracterizaccedilatildeo destes pisos drenantes foi realizada com a determinaccedilatildeo das
dimensotildees massa volume de vazios e taxa de infiltraccedilatildeo conforme apresentados a
seguir
Dimensotildees e massa As dimensotildees foram mensuradas com o uso de paquiacutemetro
e a massa com uso de balanccedila semi analiacutetica A altura diacircmetro e massa meacutedia das
peccedilas de pavimento cortadas foi de 0006 m 01 m e 0695 kg respectivamente
Iacutendice de vazios A metodologia adotada baseou-se na norma NBR NM 532009
de Determinaccedilatildeo de massa especiacutefica massa especiacutefica aparente e absorccedilatildeo de aacutegua
de agregados grauacutedos e na norma NBR 108381988 de Solo - Determinaccedilatildeo da massa
especiacutefica aparente de amostras indeformadas com emprego de balanccedila hidrostaacutetica -
Meacutetodo de ensaio O iacutendice de vazios meacutedio foi de 043 e a porosidade de 2975
31
Taxa de infiltraccedilatildeo A forma de determinaccedilatildeo seraacute apresentada no subitem 45
42 Lodo
Coletou-se aproximadamente 200 L de lodo de tanques seacutepticos Cerca de 70 L
de lodo utilizado foram coletados no mecircs de abril de 2013 provenientes de um tanque
seacuteptico operado pela Companhia de Saneamento Baacutesico do Estado de Satildeo Paulo
(SABESP) Sendo um tanque seacuteptico de cacircmara uacutenica com capacidade de
aproximadamente 40 msup3 e atende cerca de 500 famiacutelias no municiacutepio de Satildeo Miguel
Arcanjo ndash SP Ao longo dos 20 anos de operaccedilatildeo desta pequena estaccedilatildeo nunca havia
sido feita a retirada de lodo
Devido a dificuldades com o transporte e a distacircncia entre este tanque seacuteptico e
a universidade natildeo foi possiacutevel coletar a quantidade necessaacuteria utilizada no projeto A
quantidade restante foi entatildeo fornecida pela Sociedade de Abastecimento de Aacutegua e
Esgoto SA (SANASA) O lodo foi retirado do tanque seacuteptico da Estaccedilatildeo de Tratamento
de Esgoto Bandeirantes situada no municiacutepio de Campinas cujo tratamento se daacute por
tanques seacutepticos seguidos de filtro anaeroacutebio A coleta de lodo foi realizada no mecircs de
maio de 2013 Ao contraacuterio do lodo disponibilizado pela SABESP o montante de lodo
retirado desta ETE ainda natildeo estava estabilizado por ter pouca idade e ter sido
realizada uma grande retirada do lodo do tanque cerca de um mecircs antes da data da
coleta Desde entatildeo as aliacutequotas de lodo coletadas foram misturadas e armazenadas
numa caixa drsquoaacutegua de 500 L no Laboratoacuterio de Protoacutetipos
A caracterizaccedilatildeo do lodo foi feita no Laboratoacuterio de Saneamento (LABSAN)
sendo baseada nos seguintes paracircmetros tempo de succcedilatildeo capilar soacutelidos totais
soacutelidos suspensos totais soacutelidos suspensos fixos e volaacuteteis pH e alcalinidade Essa
caracterizaccedilatildeo foi realizada anteriormente a execuccedilatildeo de cada uma das seacuteries
32
Para a dosagem dos poliacutemeros Metcalf amp Eddy (1991) relatam que deve ser
realizada em laboratoacuterio considerando a origem do lodo a sua idade o pH a
alcalinidade e a concentraccedilatildeo de soacutelidos bem como o meacutetodo de desaguamento a ser
utilizado e recomenda a utilizaccedilatildeo do teste de filtraccedilatildeo a vaacutecuo para caacutelculo da
dosagem
Todas as anaacutelises para caracterizaccedilatildeo do lodo foram baseadas no Standard
Methods for the Examination of Water and Wastewater (APHA 2012)
Para a anaacutelise do teor de soacutelidos da torta seca dos sistemas homogeneizou-se
inicialmente a torta obtida de cada sistema utilizando-se uma aliacutequota de
aproximadamente 0005 kg que foi pesada em balanccedila analiacutetica jaacute na caacutepsula A
amostra entatildeo foi deixada por no miacutenimo 12h em estufa a 100ordmC para obtenccedilatildeo dos
Soacutelidos Totais Para os Soacutelidos Totais Fixos e Volaacuteteis a metodologia foi adaptada para
evitar emissatildeo de fumaccedila devido agrave alta fraccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica presente no lodo
Para isso a amostra natildeo foi colocada na mufla diretamente a 550degC A temperatura foi
escalonada mantendo-se inicialmente a 200ordmC por 30 minutos elevando-se a
temperatura para 300ordmC por mais 30 minutos e entatildeo elevando-se a temperatura para
550degC por mais 1 hora Tambeacutem evitou-se colocar na mufla massas maiores que 0015
kg de lodo seco pois acima desta quantidade verificou-se emissatildeo de fumaccedila
Teste de Jarros Embora natildeo forneccedila dados quantitativos sobre a capacidade
dos poliacutemeros no condicionamento do lodo produz informaccedilatildeo qualitativa (quanto a
formaccedilatildeo de flocos) de forma raacutepida (WPCFM 1988) Por esta razatildeo o teste foi
utilizado para preparo da soluccedilatildeo estoque dos poliacutemeros e para o condicionamento do
lodo para a anaacutelise das dosagens oacutetimas (WPCFM 1988 MORTARA 2011) A Figura 7
ilustra a utilizaccedilatildeo deste meacutetodo no condicionamento do lodo
33
Figura 7 - Teste de jarros para dosagem oacutetima de poliacutemero
Tempo de Succcedilatildeo Capilar conhecido como CST - sua sigla na liacutengua inglesa
para Capillary Suction Time - eacute um dos meacutetodos mais utilizados em pesquisas sobre o
desaguamento do lodo Eacute um teste empiacuterico que auxilia na determinaccedilatildeo da dosagem
oacutetima de poliacutemeros sendo indicado por Vesilind (1988) WPCFM (1988) Metcalf amp
Eddy (1991) Andreoli von Sperling amp Fernandes (2001) Andreoli (2009) e APHA et al
(2012) Apesar do inconveniente de trabalhar com pequenos volumes acarretando na
seleccedilatildeo de uma fase do efluente clarificado e de flocos quando o lodo eacute condicionado
organicamente Ruiz Kaosol amp Wisniewsk (2010) afirmam que o teste ainda estaacute entre
as teacutecnicas mais utilizadas para definiccedilatildeo da filtrabilidade do lodo Algumas destas
razotildees eacute a rapidez e simplicidade na realizaccedilatildeo pois determina em segundos quanto
tempo a aacutegua presente no lodo leva para percorrer um meio poroso atraveacutes de um
equipamento utilizando-se uma pequena quantidade de amostra
Jin Wileacuten amp Lant (2003) verificaram uma boa relaccedilatildeo estatiacutestica entre os valores
de CST e EPS e relacionaram altos valores de floculabilidade hidrofobicidade cargas
negativas das superfiacutecies e viscosidade agrave grande quantidade de aacutegua fiacutesico-
quimicamente ligada e longos CST Contudo constataram que as caracteriacutesticas
morfoloacutegicas determinadas como o tamanho dos flocos dimensatildeo fractal e iacutendice de
34
filamento tecircm estatisticamente fracas correlaccedilotildees com a quantidade de aacutegua ligada
fiacutesico-quimicamente e o tempo do CST
Como ilustra a Figura 8 o teste eacute realizado em um aparelho denominado CST
(Capilary Succcedilatildeo Time) que consiste em duas placas de acriacutelico um cilindro metaacutelico
um filtro de papel trecircs contatos eleacutetricos fixados em dois ciacuterculos concecircntricos que
circundam uma abertura circular no meio da placa e um cronocircmetro
O papel eacute colocado entre as duas placas de acriacutelico e o cilindro metaacutelico eacute
encaixado na abertura circular O teste eacute feito com 68 mL de lodo colocado dentro do
cilindro A aacutegua contida no lodo atravessa o filtro de papel cromatograacutefico (Whatman n
17 tamanho 7 x 9 cm) Apoacutes percorrer 08 cm a aacutegua chega ao ciacuterculo interno que
conteacutem dois dos contatos eleacutetricos dispara-se o cronocircmetro quando a aacutegua percorre
mais 07 cm chegando ao ciacuterculo externo o terceiro contato eleacutetrico para a contagem
do tempo (VESILIND 1988) A Tabela 2 indica os meacutetodos utilizados para anaacutelise do
lodo
Tabela 2 - Meacutetodos utilizados na anaacutelise do lodo
Paracircmetro Meacutetodo Soacutelidos Totais Standard Methods 20 2540
Soacutelidos Suspensos Totais Standard Methods 20 2540 Alcalinidade Standard Methods 20 2320 B
pH Standard Methods 20 4500 B Teste de Succcedilatildeo Capilar Standard Methods 20 2710 G
35
Figura 8 - Aparelho utilizado para aferir o Tempo de Succcedilatildeo Capilar (Capilary Suction Time)
43 Poliacutemeros
Na pesquisa estudou-se o efeito do uso de diferentes poliacutemeros naturais
(moringa mandioca e quiabo) e um sinteacutetico no desaguamento do lodo Ressalva-se
que foram elegidas metodologias simplificadas e de baixo custo cuja produccedilatildeo e
preparo podem se dar em ETE de pequeno porte localizadas em comunidades rurais
eou isoladas Os poliacutemeros sinteacutetico e os naturais oriundos da mandioca e do quiabo
foram aplicados em soluccedilatildeo aquosa e o poliacutemero da moringa foi aplicado em poacute
diretamente sobre o lodo As sementes de moringa foram obtidas do Campo
Experimental da Faculdade de Engenharia Agriacutecola ndash UNICAMP e da Coordenadoria de
Assistecircncia Teacutecnica Integral (CATI) de Pederneiras e Mariacutelia ambas localizadas no
estado de Satildeo Paulo O amido de mandioca eacute extraiacutedo das partes comestiacuteveis da
mandioca sendo conhecido comercialmente por feacutecula ou polvilho doce O quiabo
tambeacutem eacute disponiacutevel comercialmente e foi obtido na Central de Abastecimento SA
36
(CEASA) de Campinas e o poliacutemero sinteacutetico utilizado Superflocreg 8394 foi doado pela
empresa Kemira Os poliacutemeros foram preparados obedecendo os criteacuterios de
simplicidade e baixo custo utilizando as metodologias abaixo
Superflocreg 8394 Eacute uma poliacrilamida catiocircnica de baixo peso molecurar e pode
ser utilizada nas etapas de desaguamento de lodos e clarificaccedilatildeo das aacuteguas numa
ampla variedade de induacutestrias O preparo da soluccedilatildeo estoque foi feito na concentraccedilatildeo
maacutexima indicada pela empresa 05 no teste de jarros com agitaccedilatildeo de
aproximadamente 250 rpm - gradiente de velocidade2 (G) asymp 160 s-1 - por 60 minutos
com o objetivo de homogeneizar totalmente a soluccedilatildeo (KEMIRA [sd]) A soluccedilatildeo foi
aplicada no lodo em teste de jarros com agitaccedilatildeo inicial de 250 rpm por 10 s
diminuindo- se a velocidade para 100 rpm (Gasymp 64 s-1) por mais 5 min
Mandioca (Manihot esculenta Crantz) Para obtenccedilatildeo do poliacutemero da mandioca
seguiu-se as orientaccedilotildees de Dantas amp Di Bernardo (2000) que utilizaram amido de
mandioca catiocircnico waxy (um tipo de amido modificado) Segundo Di Bernardo (2005)
os gracircnulos de amido satildeo insoluacuteveis em aacutegua abaixo de 50degC Para tornaacute-los soluacuteveis
portanto eacute preciso aquecer a suspensatildeo de amido na aacutegua aleacutem da temperatura criacutetica
para que os gracircnulos absorvam a aacutegua e intumesccedilam formando uma pasta gelatinosa
Para obtenccedilatildeo deste amido a feacutecula da mandioca foi aquecida agrave temperatura de 80 plusmn
5degC com agitaccedilatildeo constante ateacute a formaccedilatildeo da pasta gelatinosa como ilustrado na
Figura 9 Preparou-se soluccedilatildeo estoque de 10 gL-1 e adicionou-se ao lodo em teste de
jarros com agitaccedilatildeo inicial de 250 rpm por 10 s diminuindo- se para 100 rpm por mais 5
min
2 Gradiente de velocidade calculado considerando a mesma viscosidade da aacutegua
37
Figura 9 - Preparo da soluccedilatildeo de poliacutemero produzida a partir da mandioca
Moringa (Moringa oleifera) Ilustrada na Figura 10 eacute um poliacutemero catiocircnico e sua
metodologia foi realizada adaptando-se a metodologia de Muyibi et al (2001) e Arantes
Ribeiro amp Paterniani (2012) Primeiramente as sementes foram descascadas e moiacutedas
para obtenccedilatildeo de um poacute sendo posteriormente homogeneizadas em peneira com
abertura de 0125 mm O poacute obtido foi utilizado diretamente sobre o lodo em teste de
jarros com agitaccedilatildeo inicial de 250 rpm por 10 s diminuindo- se a velocidade para 100
rpm por mais 5 min
38
Figura 10 - Semente de Moringa oleiacutefera
FONTE FEAGRI (2004)
Quiabo (Abelmoschus esculentus) Eacute um poliacutemero aniocircnico e adaptou-se a
metodologia apresentada por Abreu Lima (2007) que consiste no uso do fruto do
quiabo maduro e seco (rejeitado pelo consumidor) O processo consistiu na lavagem do
quiabo para remoccedilatildeo de resiacuteduos provenientes do solo exposiccedilatildeo ao sol ateacute a total
secagem dos frutos e moagem em um moedor eleacutetrico Adicionou-se aacutegua destilada ao
poacute que foi obtido nas peneiras de 0841 mm e 0149 mm nas concentraccedilotildees de 50 e 45
gL-1 respectivamente homogeneizando as soluccedilotildees em teste de jarros a 250 rpm ateacute
total dissoluccedilatildeo (cerca de 15 min para a primeira e 2h para a segunda) A primeira
soluccedilatildeo que possuiacutea partiacuteculas maiores do quiabo foi peneirada em funil de Buumlchner
para utilizaccedilatildeo somente da ldquobabardquo formada Essa praacutetica natildeo foi necessaacuteria para a
segunda soluccedilatildeo As duas soluccedilotildees foram adicionadas ao lodo em teste de jarros com
agitaccedilatildeo inicial de 250 rpm por 10 s diminuindo- se para 100 rpm por mais 5 min como
ilustra a Figura 11
39
Figura 11 - Preparo da soluccedilatildeo de poliacutemero produzida a partir do quiabo
44 Montagem dos leitos de secagem
Os sistemas foram montados em escala de bancada sendo que cada leito de
secagem a ser testado foi composto por um tubo de PVC com diacircmetro de 010 m Os
tubos foram acoplados atraveacutes de uma luva a uma reduccedilatildeo excecircntrica de 100 x 50 mm
cujo objetivo eacute facilitar o escoamento da aacutegua percolada minimizando possiacuteveis
perdas O pavimento permeaacutevel foi fixado na parte interna do tubo de PVC e
impermeabilizado no periacutemetro com veda calha impedindo a passagem de aacutegua ou
soacutelidos entre o pavimento e o tubo
Conforme pode ser visualizado na Figura 12 foram construiacutedas trecircs diferentes
composiccedilotildees para o leito de secagem Com o objetivo de evitar diferenccedilas na influecircncia
da evaporaccedilatildeo nos sistemas haacute uma mesma altura livre de 075 m na parte superior de
cada tubo
40
Figura 12 - Sistema de bancada de leito de secagem utilizado na pesquisa
a) Sistema convencional foi construiacutedo baseado nas orientaccedilotildees da
NBR122091992 Sobre o pavimento permeaacutevel foram adicionadas camadas de
aproximadamente 020 m de brita e 015 m de areia A norma prevecirc a utilizaccedilatildeo
de tijolos sobre a camada de brita entretanto desconsiderou-se o uso dos
mesmos devido ao fato de que a infiltraccedilatildeo somente ocorrer entre os vatildeos dos
tijolos onde estaacute presente a areia Neste caso o pavimento permeaacutevel cumpriu
unicamente a funccedilatildeo de sustentar o sistema impedindo o arraste da brita e da
areia para fora do conjunto natildeo interferindo na capacidade drenante do leito
b) Pavimento permeaacutevel O sistema foi composto somente com o pavimento
permeaacutevel
c) Pavimento permeaacutevel acrescido de camada de areia Sobre pavimento
permeaacutevel foi adicionada uma camada de 001 m de areia Neste conjunto foi
41
possiacutevel avaliar se a colocaccedilatildeo de fina camada de areia impediu o entupimento
dos poros do pavimento permeaacutevel pelo lodo
A areia utilizada foi classificada como meacutedia pelo procedimento da NBR NM
2482003 Possuindo diacircmetro efetivo D10 018mm coeficiente de desuniformidade
CD 318 e porosidade de 48
Foram construiacutedos quinze sistemas para a aplicaccedilatildeo do lodo com adiccedilatildeo dos
poliacutemeros separadamente A Tabela 3 ilustra os pavimentos equivalentes aos sistemas
pavimento permeaacutevel (P) pavimento permeaacutevel com adiccedilatildeo de areia (P+A) e
convencional (C)
Tabela 3 - Organizaccedilatildeo dos sistemas
Pavimentos Sistemas Poliacutemeros
1 P (1) Sem poliacutemero
2 P+A (1) Sem poliacutemero
3 C (1) Sem poliacutemero
4 P (2) Sinteacutetico
5 P+A (2) Sinteacutetico
6 C (2) Sinteacutetico
7 P (3) Mandioca
8 P+A (3) Mandioca
9 C (3) Mandioca
10 P (4) Moringa
11 P+A (4) Moringa
12 C (4) Moringa
13 P (5) Quiabo
14 P+A (5) Quiabo
15 C (5) Quiabo
Com o objetivo de evitar influecircncia da precipitaccedilatildeo os sistemas foram dispostos
em local coberto por telhas e cobertura plaacutestica que foi fixada atraacutes da bancada
Abaixo as Figuras 13 e 14 mostram a bancada de experimentaccedilatildeo
42
Figura 13 - Bancada experimental localizada no Laboratoacuterio de Protoacutetipos
Figura 14 - Detalhe dos sistemas em utilizaccedilatildeo na bancada experimental
43
45 Taxa de infiltraccedilatildeo
A taxa de infiltraccedilatildeo foi determinada a partir de testes realizados com cada
sistema O teste consistiu na manutenccedilatildeo de uma altura de coluna de aacutegua constante
sobre os leitos em estudo e com a coleta e mediccedilatildeo do volume de aacutegua percolada
atraveacutes do pavimento a cada 5 segundos3 Este teste foi feito em quintuplicata tendo-se
em vista a obtenccedilatildeo de um conjunto confiaacutevel de dados
Com o objetivo de avaliar a viabilidade da reutilizaccedilatildeo dos pavimentos apoacutes a sua
primeira utilizaccedilatildeo estes foram limpos com lavadora de alta pressatildeo para retirar
partiacuteculas residuais de lodo que restaram nos sistemas Depois da limpeza os
pavimentos foram submetidos a um novo teste de infiltraccedilatildeo Quando estes
apresentaram resultados significativamente inferiores ao primeiro teste foram
mergulhados em aacutegua com soluccedilatildeo detergente por uma semana com o propoacutesito de
dissolver oacuteleos e graxas possivelmente aderidos aos pavimentos Descartaram-se
aqueles que apresentaram taxas de infiltraccedilatildeo discrepantes para isso foi utilizado o
meacutetodo estatiacutestico de normalidade
Posteriormente foram calculadas as taxas de infiltraccedilatildeo dos sistemas
convencional e pavimento permeaacutevel acrescido de camada de areia obedecendo-se os
mesmos criteacuterios de validaccedilatildeo estatiacutestica
46 Avaliaccedilatildeo dos sistemas quanto ao desaguamento do lodo
Para anaacutelise da eficiecircncia do desaguamento nos sistemas foi comparado o
volume de lodo aplicado sobre os leitos e a aacutegua percolada de cada sistema ao longo
do tempo Para mensuraccedilatildeo do volume de aacutegua percolado colocou-se abaixo de cada
sistema um beacutequer que armazenou a aacutegua percolada No primeiro dia realizou-se um
monitoramento por 12 h sendo que o intervalo de tempo entre as coletas foi
significativamente menor nas primeiras horas devido ao desaguamento mais intenso
3 O tempo foi determinado em funccedilatildeo da capacidade de afericcedilatildeo da vazatildeo infiltrada de modo que tempos
maiores teriam infiltraccedilotildees aleacutem da capacidade de medida dos instrumentos utilizados no experimento
44
A avaliaccedilatildeo do desaguamento do lodo seria realizada na seguinte ordem Seacuterie
1 Sem adiccedilatildeo de poliacutemero Seacuterie 2 Adiccedilatildeo de poliacutemero sinteacutetico Seacuterie 3 Adiccedilatildeo de
poliacutemero extraiacutedo da Mandioca Seacuterie 4 Adiccedilatildeo de poliacutemero extraiacutedo da Moringa Seacuterie
5 Adiccedilatildeo de poliacutemero extraiacutedo do Quiabo como ilustrado na Tabela 4 As seacuteries foram
realizadas em triplicata
Tabela 4 - Avaliaccedilatildeo dos sistemas
Seacuterie Poliacutemero Sistema
Seacuterie 1 Sem adiccedilatildeo de poliacutemero
Pavimento permeaacutevel
Pavimento permeaacutevel + areia
Convencional
Seacuterie 2 Poliacutemero sinteacutetico
Pavimento permeaacutevel
Pavimento permeaacutevel + areia
Convencional
Seacuterie 3 Mandioca
Pavimento permeaacutevel
Pavimento permeaacutevel + areia
Convencional
Seacuterie 4 Moringa
Pavimento permeaacutevel
Pavimento permeaacutevel + areia
Convencional
Seacuterie 5 Quiabo
Pavimento permeaacutevel
Pavimento permeaacutevel + areia
Convencional
461 Avaliaccedilatildeo do desaguamento sem adiccedilatildeo de poliacutemero (Seacuterie 1)
Para a disposiccedilatildeo nos leitos de secagem utilizou-se volume de 20 L de lodo
para cada sistema em todas as seacuteries
45
462 Avaliaccedilatildeo do desaguamento com adiccedilatildeo de poliacutemeros (Seacuteries 2 a 5)
Para as amostras de lodo que tiveram adiccedilatildeo de poliacutemero foi utilizado o Teste de
Jarros para preparo da soluccedilatildeo estoque e condicionamento do lodo para a avaliaccedilatildeo da
dosagem e formaccedilatildeo de flocos Atraveacutes do CST determinou-se a dosagem oacutetima dos
poliacutemeros (Item 42) Apoacutes esta etapa obedeceu-se a mesma metodologia empregada
na dosagem isto eacute primeiramente o lodo foi condicionado com poliacutemero sendo entatildeo
aplicado nos sistemas
463 Sistema controle
Aleacutem dos sistemas com lodo utilizou-se um controle para aferir a quantidade de
aacutegua sujeita a evaporaccedilatildeo no local Este controle consistiu em uma coluna drsquoaacutegua feita
de tubo de PVC do mesmo modo em que o utilizado nos sistemas de desaguamento
permitindo a comparaccedilatildeo entre o volume de aacutegua inicial (2 L) e o restante apoacutes o tempo
despendido pelo desaguamento Para isso utilizou-se o princiacutepio dos vasos
comunicantes ilustrado na Figura 15
46
Figura 15 - Coluna drsquoaacutegua utilizada como controle na bancada experimental
464 Avaliaccedilatildeo do Lodo Desaguado
As amostras de torta seca foram retiradas quando os desaguamentos dos
sistemas cessaram Analisou-se o teor de umidade obtido em cada sistema expresso
pela anaacutelise de Soacutelidos Totais
47
5 RESULTADOS
51 Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas
O teste para determinaccedilatildeo da taxa de infiltraccedilatildeo foi realizado em todos os
pavimentos e nos sistemas de pavimento com adiccedilatildeo de areia e convencional
Primeiramente realizou-se os testes nos quinze pavimentos A meacutedia encontrada foi de
1144 mL plusmn 6229 e CV 005 (em 5 segundos de infiltraccedilatildeo) Verificou-se que as taxas de
infiltraccedilatildeo de aacutegua dos mesmos tinham indiacutecios de normalidade4 em seguida fez-se o
boxplot (Figura 34 Apecircndice B) e verificou-se a existecircncia de dois valores atiacutepicos (768
e 852 mL) por fim buscou-se confirmar se estes pontos apontados eram taxas de
infiltraccedilatildeo fora do padratildeo apresentado pelos demais pavimentos Observa-se que estes
dois pavimentos (2 e 14) foram utilizados em testes preliminares com o objetivo de
verificar a viabilidade do projeto Como seriam avaliados tambeacutem o pavimento
permeaacutevel com adiccedilatildeo de areia utilizou-se esses pavimentos nestes sistemas pois a
taxa de infiltraccedilatildeo neste caso eacute menor devido a esta camada de areia possibilitando
seu uso para este fim
A taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas pavimento permeaacutevel acrescido de areia e
convencional foram calculados do mesmo modo A meacutedia destes foi de 182 mL plusmn 209 e
CV 01 para o primeiro e de 526 mL plusmn1433 e CV 027 para o segundo
52 Caracterizaccedilatildeo do lodo bruto
Realizou-se caracterizaccedilatildeo do lodo durante o periacuteodo de agosto a fevereiro de
2014 Observou-se que o lodo sofreu perda de aacutegua deste periacuteodo devido agraves condiccedilotildees
de acondicionamento uma vez que recebeu forte insolaccedilatildeo e o recipiente em que
estava natildeo possuiacutea condiccedilotildees ideais de vedaccedilatildeo tendo possivelmente uma perda de
aacutegua livre por evaporaccedilatildeo elevando o valor de soacutelidos Para caracterizaccedilatildeo deste lodo
no entanto os valores obtidos de Soacutelidos Totais foram considerados respeitando-se o
4 Isto eacute que tem indiacutecios de uma distribuiccedilatildeo de probabilidade normal
48
intervalo de confianccedila conforme o Boxplot da Figura 30 Apecircndice A Todavia o pH e a
alcalinidade natildeo sofreram interferecircncia com estas condiccedilotildees A Tabela 5 mostra que o
lodo utilizado foi mais concentrado que usualmente encontrado na literatura (tendo em
meacutedia 77634 mgL-1 de ST plusmn 669003 e CV 009) mas como citado por Andreoli (2009)
o lodo de tanque seacuteptico possui grande variabilidade e dependendo da forma em que eacute
retirado pode apresentar-se mais ou menos concentrado
Tabela 5 - Comparaccedilatildeo entre dados encontrados na literatura e na presente pesquisa
Paracircmetros PHILIPPI et
al (1999) Withers Jarvie amp Stoate (2011)
Moussavi Kazembeigi amp
Farzadkia (2010) Neste trabalho
Meacutedia Meacutedia Meacutedia Meacutedia plusmn CV
ST (mgL-1
) 1083 - 1070 77634 66900 009
STV (mgL-1
) 673 - - 35164 23127 007
pH 66 73 73 70 02 003
Alcalinidade (mg CaCO3L
-1)
- 6085 480 2300 3438 015
49
Os Soacutelidos Totais e Soacutelidos Suspensos Totais fazem parte do conjunto de
paracircmetros mais importantes do lodo e satildeo dependentes do tipo de processo de
tratamento de esgoto e do tratamento do lodo Tiacutepicas concentraccedilotildees de ST estatildeo na
faixa de 2 a 12 no lodo bruto e 12 a 30 no lodo desaguado No lodo seco ou
compostado esses valores podem alcanccedilar 50 (SHAMMAS amp WANG 2008)
Outro importante paracircmetro eacute a relaccedilatildeo entre os Soacutelidos Totais Volaacuteteis e
Soacutelidos Totais (STVST) que de acordo com Metcalf amp Eddy (1991) Shammas amp Wang
(2008) e Andreoli (2009) eacute uma boa indicaccedilatildeo da fraccedilatildeo orgacircnica dos soacutelidos e de seu
niacutevel de digestatildeo A relaccedilatildeo encontrada neste trabalho foi em meacutedia de 046 sendo
valores proacuteximos aos encontrados por Andreoli et al (2009) em RAFA de 055
A relaccedilatildeo meacutedia de SSVSST neste trabalho foi de 047 plusmn001 e CV 002
semelhante agrave encontrada para STVST Moussavi Kazembeigi amp Farzadkia (2010)
correlacionaram os valores de SSVSST tambeacutem em tanque seacuteptico com o mesmo
objetivo e essa relaccedilatildeo foi de 057 classificando o lodo como estabilizado
Eacute necessaacuterio observar que a relaccedilatildeo entre STVST tiacutepica de um lodo primaacuterio eacute
de 075 a 080 proacutepria de lodos natildeo digeridos (METCALF amp EDDY 1991 ANDREOLI
VON SPERLING amp FERNANDES 2001 ANDREOLI et al 2009) O lodo proveniente de
tanques seacutepticos eacute classificado como lodo primaacuterio como o gerado em decantadores
primaacuterios Contudo diferentemente deste uacuteltimo o lodo de tanques seacutepticos sofre
digestatildeo anaeroacutebia
Os lodos digeridos tecircm valores entre 060 e 065 (ANDREOLI VON SPERLING
amp FERNANDES 2001) Apesar disso a Resoluccedilatildeo CONAMA 37506 afirma que os
lodos de esgoto que apresentem relaccedilatildeo (STVST) inferiores a 070 jaacute satildeo
considerados estaacuteveis para fins de utilizaccedilatildeo agriacutecola (BRASIL 2006)
Entretanto lodos que se adequam a essa relaccedilatildeo podem conter quantidades
significativas de areia e outros componentes inorgacircnicos que contribuem para o
aumento de soacutelidos fixos A baixa relaccedilatildeo entre soacutelidos volaacuteteis e soacutelidos totais pode
natildeo ser a mais adequada para indicaccedilatildeo do niacutevel de mineralizaccedilatildeo do lodo e de seu
impacto no solo A NBR 122091992 conceitua lodo estabilizado como aquele natildeo
sujeito a putrefaccedilatildeo poreacutem a quantificaccedilatildeo de STV natildeo eacute um indicador direto deste
50
fenocircmeno Existem algumas metodologias que fornecem essa indicaccedilatildeo como a
determinaccedilatildeo do potencial de mineralizaccedilatildeo do carbono e nitrogecircnio e de foacutesforo
atraveacutes da quantificaccedilatildeo de CO2 nitrogecircnio na forma de amocircnio e nitrogecircnio na forma
de nitrato (N-NH4+ e N-NO3
-) e extraccedilatildeo de foacutesforo como realizado por Tognetti et al
(2008)
Outro meacutetodo relativamente simples e amplamente utilizado eacute a respirometria de
Bartha que quantifica a produccedilatildeo de CO2 produzida pela microbiota quando em contato
com um composto natildeo presente naturalmente no solo medindo de maneira indireta
sua atividade metaboacutelica para degradaccedilatildeo destes compostos que mesmo sendo
orgacircnicos podem ser recalcitrantes Essa teacutecnica pode ser utilizada na anaacutelise da
biodegradabilidade do lodo para fins de utilizaccedilatildeo agriacutecola por medir o impacto de sua
aplicaccedilatildeo no solo (CLARKE TAYLOR amp COSSINS 2007)
Em relaccedilatildeo agrave alcalinidade e ao pH pode-se afirmar que satildeo os paracircmetros mais
importantes entre as anaacutelises quiacutemicas simples que verificam a qualidade do lodo
Visto que o pH determina as espeacutecies coagulantes que seratildeo utilizadas no
condicionamento bem como a natureza das cargas superficiais dos coloides (WPCF
1988) Aleacutem disso concentraccedilotildees elevadas de iacuteons de caacutelcio contribuem para melhora
do desaguamento do lodo (JIN WILEacuteN amp LANT 2003) Contudo no uso de
condicionantes inorgacircnicos a alta alcalinidade associada a lodos digeridos
anaeroacutebiamente pode levar a altas doses desses coagulantes pois se comportam
como aacutecidos quando satildeo adicionados a aacutegua isto eacute reduzem o pH da mistura gerada
(WPCF 1988)
53 Dosagem oacutetima dos poliacutemeros
A avaliaccedilatildeo das dosagens dos poliacutemeros baseou-se primeiramente na formaccedilatildeo de
flocos no teste de jarros Nas dosagens onde houve essa formaccedilatildeo realizou-se o
tempo de succcedilatildeo capilar (CST) comparando-se com os resultados do lodo sem
poliacutemero Segundo WPCF (1988) valores tiacutepicos para o Tempo de Succcedilatildeo Capilar
(CST) de lodo natildeo condicionado satildeo de aproximadamente 200 segundos O lodo em
51
estudo teve uma meacutedia de 2338 plusmn 1723 segundos demonstrando que seu
desaguamento ideal eacute ligeiramente mais lento do que lodos usualmente encontrados
Um dos fatores que influencia longos tempos de CST eacute a concentraccedilatildeo de soacutelidos Por
isso analisou-se esse paracircmetro nas aliacutequotas de lodo utilizadas em cada teste
Apesar da concentraccedilatildeo de soacutelidos no lodo estudado ser alta pode natildeo ser a uacutenica
responsaacutevel por estes resultados como jaacute mencionado outros fatores podem interferir
no desaguamento como o tipo de aacutegua encontrada no lodo e a alcalinidade (VESILIND
1988 WPCF 1988 VESILIND1994)
Para a dosagem oacutetima dos poliacutemeros o criteacuterio utilizado foi de acordo com WPCF
(1988) que indica que um lodo bem condicionado natildeo deve ultrapassar 10 segundos
no teste CST Sendo assim escolheu-se a menor dosagem dentre as que tiveram
resultados inferiores a 10 segundos As dosagens dos poliacutemeros que foram testadas
podem ser vistas na Tabela 6 e nos subitens 531 532 533 e 534
52
Tabela 6 - Dosagens testadas dos poliacutemeros utilizados na pesquisa
Poliacutemeros
Kemira 8394 reg Mandioca Moringa Quiabo
Dosagens testadas
(gL-1)
005 200 600 1000
010 250 800 1500
020 300 1000 2000
040
1200 1000
050
1400 1500
060
1600 2000
1800
2000
2200
2400
2600
2800
3000
3200
3400
3600
3800
4000
4200
4400
4600
4800
5000
6000
7000
9000
12000
531 Poliacutemero Sinteacutetico
Foram realizados dois testes de dosagem para o poliacutemero sinteacutetico uma em agosto
de 2013 e outra em fevereiro de 2014 devido ao intervalo relativamente grande entre a
primeira e a segunda seacuterie de desaguamento No primeiro teste as dosagens
53
analisadas foram de 005 010 020 e 040 gL-1 sendo encontrada a dosagem ideal
de 020 g L-1 Calculando a dosagem em funccedilatildeo da concentraccedilatildeo de soacutelidos do lodo
obteacutem-se que a dosagem ideal foi de 68 g kg ST-1 ressalta-se que o caacutelculo foi
realizado em funccedilatildeo dos ST e natildeo como o indicado por Andreoli von Sperlin
Fernandes (2001) que fazem em funccedilatildeo de SST devido ao fato do condicionamento
quiacutemico natildeo agir somente nos SST mas tambeacutem em partiacuteculas coloidais e dissolvidas
presentes no lodo (LIBAcircNIO 2005) Uma vez obtida a relaccedilatildeo ideal entre poliacutemero e
ST adicionou-se ao lodo em todos as seacuteries a mesma dosagem
No segundo teste foram utilizadas as seguintes dosagens 040 050 e 060 gL-1
A dosagem ideal obtida no teste foi de 050 g L-1 Os tempos registrados no CST
podem ser observados na Tabela 7
Tabela 7 - Resultados obtidos no CST nas dosagens de poliacutemero testadas
Poliacutemero Sinteacutetico
Dosagem (gL-1) Meacutedia plusmn CV
0055 - - -
010 106 14 01
020 74 15 02
040 1107 14 01
040 109 45 04
050 64 21 03
060 925 07 01
532 Mandioca
Preparou-se soluccedilatildeo estoque de 10 gL-1 A concentraccedilatildeo esteve em funccedilatildeo do
limite de saturaccedilatildeo da mistura da aacutegua com a feacutecula de mandioca visto que acima
desta concentraccedilatildeo a soluccedilatildeo natildeo se solubilizava por completo Apesar da
concentraccedilatildeo da soluccedilatildeo ser muito superior a testes realizados em aacutegua por Dantas amp
5 Como citado na literatura o CST foi feito somente nas dosagens em que houve formaccedilatildeo de flocos
54
Di Bernardo (2000) de 10 gL-1 natildeo foi possiacutevel testar grandes dosagens jaacute que isso
implicaria em um grande volume de poliacutemero superior inclusive ao volume de lodo
utilizado o que inviabilizaria sua aplicaccedilatildeo As dosagens testadas foram de 20 25 e
30 gL-1 sendo que em nenhuma delas houve a formaccedilatildeo de flocos Ressalva-se que
foi possiacutevel realizar essas dosagens utilizando-se volumes de lodo menores que os de
poliacutemero mantendo-se assim o volume total de 2 L no teste de jarros
Os testes mostraram que pela metodologia empregada no presente projeto natildeo foi
possiacutevel utilizar o poliacutemero obtido a partir da mandioca como condicionante de lodo de
esgoto natildeo sendo realizados testes de desaguamento nos sistemas Possivelmente
seriam necessaacuterias dosagens extremamente elevadas deste poliacutemero para a obtenccedilatildeo
de resultados positivos no lodo que foi utilizado como auxiliar de coagulaccedilatildeo no
tratamento de aacutegua por Di Bernardo (2000)
533 Moringa
As concentraccedilotildees testadas iniciaram em 60 gL-1 - dosagem oacutetima de poacute seco
obtida por Muyibi et al (2001) As demais dosagens foram de 80 100 120 140
160 180 200 220 240 260 280 300 320 340 360 380 400 420 440
460 480 500 600 700 900 1200 g L-1 Natildeo houve formaccedilatildeo de flocos em
nenhuma dosagem Ressalva-se que o teste foi limitado pela quantidade poacute obtido pelo
descascamento seleccedilatildeo moagem e peneiramento das sementes de moringa
Existem diversos fatores que podem contribuir para a natildeo correlaccedilatildeo de resultados
obtidos no presente estudo e os relatados na literatura Dentre eles nota-se que apesar
de Muyibi et al (2001) terem conseguido obter resultados positivos no condicionamento
do lodo pela moringa os testes realizados para tal natildeo satildeo os mesmos realizados nesta
pesquisa os pesquisadores utilizaram teste de resistecircncia especiacutefica e de reduccedilatildeo de
volume do lodo em teste de jarros Aleacutem disso o meacutetodo de preparo do poacute seco
utilizado no experimento natildeo eacute detalhado podendo sofrer variaccedilotildees importantes que
podem interferir nos resultados Outro fator importante eacute a concentraccedilatildeo de soacutelidos do
lodo utilizado no trabalho que em momento algum eacute fornecida pelos autores apenas
55
afirmam que o lodo eacute proveniente de uma ETE Como haacute uma correlaccedilatildeo positiva entre
a concentraccedilatildeo de soacutelidos do lodo e a dosagem de condicionantes caso este lodo seja
menos concentrado que o lodo utilizado no presente projeto provavelmente as
dosagens dos condicionantes empregados seratildeo menores
534 Quiabo
Para os testes com o quiabo foram empregadas duas metodologias que se
diferem somente na abertura das peneiras utilizadas Na primeira o peneiramento foi de
0841 mm e na segunda o peneiramento foi de 0149 mm Ambos tiveram soluccedilatildeo
estoque com concentraccedilatildeo de 50 g L-1 (limite de saturaccedilatildeo) e as mesmas dosagens
testadas de 100 150 e 200 g L-1 Ressalta-se que as dosagens foram limitadas pela
quantidade de poacute obtido no processo para se obter aproximadamente 01 kg do poacute
mais fino utilizou-se 15 kg de quiabo jaacute que grande parte desta massa eacute aacutegua e eacute
necessaacuterio secaacute-lo moecirc-lo e peneiraacute-lo Em todas as dosagens testadas natildeo se
verificou a formaccedilatildeo de flocos Um dos fatores que pode ter contribuiacutedo para a natildeo
formaccedilatildeo de flocos eacute o fato do poliacutemero ser aniocircnico conforme apontado por Abreu
Lima (2007)
535 Avaliaccedilatildeo geral da dosagem dos poliacutemeros
Natildeo foram encontradas dosagens oacutetimas para o condicionamento do lodo de esgoto
de tanque seacuteptico quando utilizou-se os poliacutemeros naturais oriundos da mandioca
moringa e quiabo Destaca-se que foram avaliadas somente algumas metodologias
simplificadas adequadas a ETE de pequeno porte localizadas em comunidades
isoladas eou rurais Eacute possiacutevel que existam resultados positivos caso empregue-se
outras metodologias mais complexas que aumentem a concentraccedilatildeo dos poliacutemeros em
volumes viaacuteveis para aplicaccedilatildeo no lodo de esgoto uma vez que outras pesquisas
relataram sua eficiecircncia no tratamento de aacutegua esgoto e condicionamento do lodo
Em relaccedilatildeo ao poliacutemero orgacircnico sinteacutetico a dosagem oacutetima encontrada eacute viaacutevel
para aplicaccedilatildeo Poreacutem eacute importante considerar que a utilizaccedilatildeo de poliacutemeros orgacircnicos
56
sinteacuteticos incrementa custos significativos agrave operaccedilatildeo da ETE bem como matildeo-de-obra
especializada para sua manipulaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo
54 Desaguamento do lodo nos sistemas
Como explicado anteriormente as seacuteries satildeo as replicatas da anaacutelise de
desaguamento do lodo ao longo do tempo na escala de bancada Para cada seacuterie
utilizou-se 2 L de lodo de esgoto a carga meacutedia aplicada no projeto foi de 1880
kgSTm-2 com plusmn 263 e CV 014 ou seja tem-se indiacutecios estatiacutesticos de que a meacutedia eacute
representativa Em todas as seacuteries considerou-se o teacutermino do desaguamento quando
a percolaccedilatildeo parou nos sistemas ou seja quando o volume coletado foi de 0 mL Eacute
importante observar que as condiccedilotildees climaacuteticas variaram consideravelmente no
periacuteodo em que as seacuteries foram realizadas deste modo verifica-se que a influecircncia da
temperatura e da evaporaccedilatildeo foram diferentes em cada uma das seacuteries Na Tabela 8
satildeo apresentadas as condiccedilotildees relativas a cada uma das seacuteries No Apecircndice B as
Figura 41 42 43 44 e 45 exibem as temperaturas diaacuterias registradas e a evaporaccedilatildeo
da coluna drsquoaacutegua (Sistema controle item 463)
Tabela 8 - Temperatura evaporaccedilatildeo e duraccedilatildeo das seacuteries
Sem poliacutemero Poliacutemero Sinteacutetico
Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie IV
TdegC Maacutex 341 357 371 271 370 343 343
TdegC Min 96 132 160 65 203 160 160
Evaporaccedilatildeo coluna daacutegua ()
180 200 320 15 160 40 40
Iniacutecio 030913 291013 280114 280913 060214 180214 180214
Duraccedilatildeo (dias) 350 390 280 40 80 50 50
Em que TdegC Maacutex Temperatura Maacutexima TdegC Min Temperatura Miacutenima
Na Tabela 9 satildeo apresentados os volumes desaguados os teores de soacutelidos das
tortas secas resultantes dos sistemas de bancada a meacutedia amostral e a meacutedia
ajustada6 de cada sistema Esta uacuteltima eacute decorrente de um ajuste de um modelo linear
6 A meacutedia ajustada decorre da meacutedia geral das categorias tomadas como sendo iguais incluindo um erro
aleatoacuterio
57
normal Desta forma eacute possiacutevel verificar se haacute diferenccedilas significativas entre os valores
amostrais Os boxplot dos volumes amostrais e dos ajustados podem ser visualizados
nas Figura 46 e 47 (Apecircndice B)
No que se refere ao volume desaguado haacute indiacutecios estatiacutesticos de que tanto nas
seacuteries sem adiccedilatildeo de poliacutemero e com adiccedilatildeo de poliacutemero nos sistemas pavimento
permeaacutevel e pavimento permeaacutevel acrescido de areia as meacutedias natildeo tecircm diferenccedila
significativa como observado na Figura 47 Todavia comparando-se estes sistemas ao
convencional a diferenccedila eacute significativa segundo a anaacutelise de variacircncia
No tocante ao teor de soacutelidos da torta seca comparando-se o condicionamento ou
natildeo do lodo verificou-se que o lodo sem poliacutemero produziu tortas com igual umidade
que o lodo condicionado visto que quando se comparou os valores de ST nos sistemas
com ou sem poliacutemero natildeo se verificou diferenccedila significativa Examinando-se o
desempenho dos sistemas notou-se que natildeo haacute diferenccedila significativa de ST entre
pavimento permeaacutevel e pavimento permeaacutevel e areia Todavia haacute diferenccedila entre estes
e o convencional segundo a anaacutelise de variacircncia verificado nos boxplot da Figura 48
(Apecircndice B) Ademais como realizado no volume desaguado ajustou-se um modelo
linear em que calculou-se uma meacutedia ajustada para cada sistema como pode ser visto
na Figura 49 do Apecircndice B
58
Tabela 9 - Resultados do desaguamento do lodo de esgoto de tanque seacuteptico
Seacuteries
Sem poliacutemero Poliacutemero Sinteacutetico
P P+A C P P+A C
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
I 1960 540 2208 578 2824 561 2412 1484 2645 1413 2980 1232
II 2777 665 2967 675 3279 492 2503 1411 262 1377 2753 1145
III 2487 628 2824 609 2872 587 2327 1481 2473 1513 2843 1265
IV - - - - - - 2336 1479 - - - -
Meacutedia 2408 611 2667 621 2992 547 2395 1464 2519 1434 2859 1214
plusmn 414 6421 403 4954 250 4910 088 4131 093 7047 114 6199
CV 1720 1051 1512 798 836 898 368 282 369 491 400 511
Meacutedia ajustada
7
2503 64451 2503 64451 2925 48931 2503 142656 2503 142656 2925 127136
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia C Convencional ST Soacutelidos Totais plusmn Desvio Padratildeo CV Coeficiente de Variaccedilatildeo
7 A meacutedia ajustada demonstra que estatisticamente certos valores satildeo iguais
59
541 Sistema composto por Pavimento Permeaacutevel
a) Lodo natildeo condicionado
Para o lodo sem adiccedilatildeo de poliacutemero desaguado em pavimento permeaacutevel o
desaguamento foi respectivamente de 540 665 e 628 mL nas seacuteries I II e III Nota-se
que houve pequenas variaccedilotildees nas trecircs seacuteries justificadas em parte pela variabilidade
das condiccedilotildees climaacuteticas e em parte pela variabilidade normal na reproduccedilatildeo dos
experimentos Contudo eacute possiacutevel notar um comportamento geral das seacuteries onde o
desaguamento eacute mais intenso nas primeiras 70 horas e mais ameno nas restantes A
Figura 16 mostra a evoluccedilatildeo do desaguamento no sistema composto por pavimento
permeaacutevel
Figura 16 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento permeaacutevel com lodo de esgoto sem poliacutemero
0
100
200
300
400
500
600
700
0 200 400 600 800 1000
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo em pavimento permeaacutevel
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
60
b) Lodo condicionado
Para o lodo com adiccedilatildeo de poliacutemero o desaguamento foi realizado em quatro
seacuteries e o volume percolado foi de 1484 1411 1481 e 1479 mL nas seacuteries I II III e IV
respectivamente A seacuterie IV foi realizada somente para verificar se haveria diferenccedila no
desaguamento do pavimento permeaacutevel em decorrecircncia do aumento da taxa de
infiltraccedilatildeo ocasionada na segunda lavagem dos sistemas como seraacute exposto no item
59 Realizou-se o desaguamento concomitantemente com a terceira seacuterie do lodo
condicionado Observa-se um comportamento geral nas seacuteries semelhante ao lodo sem
condicionamento intensidade de desaguamento maior nas primeiras horas e menor
nas demais Contudo diferentemente do lodo natildeo condicionado o desaguamento foi
mais intenso nas primeiras 3 h quando adicionou-se o poliacutemero Estes resultados
evidenciam que o condicionamento do lodo com poliacutemeros aumenta radicalmente natildeo
soacute a taxa de desaguamento mas tambeacutem o volume de aacutegua percolado chegando a ser
em meacutedia 5803 maior que nas seacuteries sem poliacutemero utilizando-se o mesmo sistema
Tanto a raacutepida percolaccedilatildeo quanto o maior volume devem-se agraves pontes quiacutemicas
formadas entre o poliacutemero e aos soacutelidos presentes no lodo que agregam-se em flocos
facilitando a sua separaccedilatildeo da aacutegua livre (LIBAcircNIO 2005 WPCFM 1988) O
hidrograma gerado pode ser observado na Figura 17
61
Figura 17 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento permeaacutevel com lodo de esgoto com adiccedilatildeo de poliacutemero
542 Sistema composto por Pavimento Permeaacutevel e areia
a) Lodo natildeo condicionado
O sistema composto por pavimento permeaacutevel com adiccedilatildeo de areia natildeo teve
diferenccedilas significativas em relaccedilatildeo ao composto somente por pavimento permeaacutevel
tendo comportamento semelhante a este e desaguando 578 675 e 609 mL
respectivamente nas seacuteries I II e III como observado na Figura 18
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
0 10 20 30 40 50 60 70
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo com adiccedilatildeo de poliacutemero sinteacutetico em pavimento permeaacutevel
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
Seacuterie IV
62
Figura 18 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento permeaacutevel com lodo de esgoto sem poliacutemero
a) Lodo condicionado
Como os sistemas anteriores o lodo com adiccedilatildeo de poliacutemero sinteacutetico teve
desempenho superior ao sem condicionamento com 1413 1377 e 1513 mL de
desaguamento nas seacuteries I II e III respectivamente O hidrograma deste sistema pode
ser visto na Figura 19
0
100
200
300
400
500
600
700
800
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo em pavimento permeaacutevel e areia
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
63
Figura 19 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento permeaacutevel e areia com
lodo de esgoto com adiccedilatildeo de poliacutemero
543 Sistema Convencional
a) Lodo natildeo condicionado
Para o lodo sem adiccedilatildeo de poliacutemero desaguado em sistema convencional o
volume percolado foi de 561 492 e 587 mL respectivamente nas seacuteries I II e III
Apesar da seacuterie II ter um desaguamento menor e mais lento que as seacuteries I e II essa
diferenccedila natildeo eacute estatisticamente relevante como observado no boxplot da Figura 46 no
Apecircndice B Nota-se tambeacutem que o desaguamento na Seacuterie III foi mais raacutepido uma
das razotildees apontadas pode ser a alta temperatura e evaporaccedilatildeo registradas neste
periacuteodo sendo este comportamento observado nos sistemas compostos por pavimento
permeaacutevel e pavimento permeaacutevel com camada de areia
Ainda que verifiquem-se algumas diferenccedilas entre as seacuteries eacute possiacutevel constatar
o mesmo comportamento geral registrado nos sistemas anteriores onde o
desaguamento foi mais intenso nas primeiras horas e mais lento nas demais conforme
hidrograma exposto na Figura 20
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo com poliacutemero sinteacutetico em pavimento permeaacutevel e areia
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
64
Figura 20 - Hidrograma do desaguamento do sistema convencional com lodo de esgoto sem poliacutemero
b) Lodo condicionado
Para o lodo condicionado com poliacutemero o volume desaguado foi maior e grande
parte foi percolado nos primeiros minutos comportamento observado em todas as
seacuteries O sistema convencional desaguou nas seacuteries I II e III 1232 1145 e 1265 mL
respectivamente volumes menores que os demais sistemas Devido ao raacutepido
desaguamento deste lodo pode-se afirmar que a evaporaccedilatildeo exerce pouca influecircncia
neste processo sendo a drenagem o principal mecanismo Apesar da evidente
discrepacircncia de volume e tempo de desaguamento na seacuterie II natildeo houve diferenccedila
estatiacutestica entre as demais seacuteries como comprovado pelo boxplot da Figura 46 no
Apecircndice B A Figura 21 mostra o hidrograma deste desaguamento
0
100
200
300
400
500
600
700
0 200 400 600 800 1000
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo em sistema convencional
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
65
Figura 21 - Hidrograma do desaguamento do sistema convencional com lodo de esgoto com adiccedilatildeo de poliacutemero
55 Teor de soacutelidos das tortas secas
Analisou-se tambeacutem os teores de soacutelidos nas tortas secas obtidos em cada
sistema Nota-se que apesar da maior percolaccedilatildeo dos sistemas compostos por
pavimento permeaacutevel e pavimento permeaacutevel com areia os melhores valores foram do
sistema convencional tanto para o lodo sem condicionamento quanto para o lodo
condicionado Esses resultados provavelmente decorrem da retenccedilatildeo de parte da aacutegua
percolada pela camada de areia do sistema fazendo com que o volume total percolado
natildeo consiga atravessar toda a camada de areia e a camada de brita do sistema ateacute ser
coletado no recipiente
Constatou-se que natildeo houve diferenccedila significativa na utilizaccedilatildeo ou natildeo de
poliacutemero ou seja os sistemas produziram tortas secas de semelhante teor quando natildeo
adicionou-se poliacutemero e quando adicionou-se Tambeacutem natildeo houve diferenccedila
significativa entre os sistemas pavimento permeaacutevel e pavimento permeaacutevel acrescido
de areia Poreacutem houve entre os mesmos e sistema convencional como mostra a
Figura 49 no Apecircndice B O teor de soacutelidos no sistema pavimento permeaacutevel sem
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo com adiccedilatildeo de poliacutemero sinteacutetico em sistema convencional
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
66
condicionamento foi em meacutedia de 2408 plusmn414 enquanto que o lodo condicionado a
meacutedia foi de 2395 plusmn 088 No sistema pavimento permeaacutevel e areia a meacutedia foi de
2667 plusmn 403 para o lodo sem poliacutemero e de 2519 plusmn 093 para o lodo com adiccedilatildeo de
poliacutemero Para o sistema convencional a meacutedia de ST foi de 2992 plusmn 250 e 2859 plusmn
114 no lodo natildeo condicionado e no condicionado respectivamente
Contudo eacute possiacutevel notar comportamentos distintos no lodo condicionado e natildeo
condicionado enquanto o lodo natildeo condicionado perdeu mais umidade quando a
temperatura foi mais alta (nas seacuteries) o lodo condicionado parece natildeo ter sofrido
influecircncia significativa desta variaacutevel ambiental esse fato deve-se ao seu raacutepido
desaguamento jaacute mencionado anteriormente Ademais observa-se que as
concentraccedilotildees de STV satildeo maiores que as de STF uma hipoacutetese eacute que a mateacuteria
inorgacircnica dissolvida pode ter sido percolada juntamente com a aacutegua drenada do lodo
As Figura 22 e 23 ilustram a os valores de Soacutelidos Totais Soacutelidos Totais Fixos e Soacutelidos
Totais Volaacuteteis das tortas secas dos lodos desaguados sem e com adiccedilatildeo de poliacutemero
respectivamente
Figura 22 - Teor de soacutelidos da torta seca do lodo desaguado sem poliacutemero
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia C Convencional Soacutelidos Totais
STF Soacutelidos Totais Fixos e STV Soacutelidos Totais Volaacuteteis
000
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III
P P+A C
Teor de soacutelidos da torta seca do lodo sem poliacutemero
ST
STF
STV
67
Figura 23 - Teor de soacutelidos da torta seca do lodo desaguado com poliacutemero sinteacutetico
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia C Convencional Soacutelidos Totais
STF Soacutelidos Totais Fixos e STV Soacutelidos Totais Volaacuteteis
56 Anaacutelise geral dos sistemas
O lodo com ou sem poliacutemero mostrou comportamento semelhante ao percolar
uma fraccedilatildeo significativa de seu volume nas primeiras horas do desaguamento e
posteriormente assumiu uma taxa de infiltraccedilatildeo mais lenta a diferenccedila verificada foi no
menor tempo necessaacuterio e na maior quantidade de aacutegua desaguada do lodo
condicionado como observado na Figura 24 Os pontos no graacutefico tratam-se das
meacutedias das seacuteries nos sistemas Neste graacutefico foram inclusos todos os pontos de todas
as seacuteries em ordem cronoloacutegica sendo possiacutevel assim observar um comportamento em
cada sistema estudado
000
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie IV Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III
P P+A C
Teor de soacutelidos da torta seca do lodo com poliacutemero sinteacutetico
ST
STF
STV
68
Figura 24 - Hidrograma do desaguamento do lodo em todos os sistemas no lodo natildeo condicionado e condicionado
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
Esta raacutepida percolaccedilatildeo pode ser justificada pela interaccedilatildeo do poliacutemero com as
partiacuteculas do lodo ocorrer quase imediatamente apoacutes a sua aplicaccedilatildeo (WPCFM 1988)
Isso ocorre porque os poliacutemeros atuam como coagulantes formando pontes quiacutemicas
entre o poliacutemero e as partiacuteculas coloidais presentes no lodo que satildeo adsorvidas pelas
diversas cadeias de monocircmeros do poliacutemero agregando-se em flocos densos passiacuteveis
de serem removidos por filtraccedilatildeo sedimentaccedilatildeo ou flotaccedilatildeo (LIBAcircNIO 2005)
Portanto tempos menores de desaguamento implicariam em maior quantidade
de ciclos de secagem em leitos em escala real podendo ocasionar um impacto
consideraacutevel no caacutelculo da aacuterea necessaacuteria para o leito
Apesar disso os valores de ST nas seacuteries com adiccedilatildeo de poliacutemero podem ser
considerados iguais aos do lodo sem condicionamento Certamente pelo periacuteodo de
desaguamento do lodo sem poliacutemero ter sido muito superior ao do lodo condicionado
(em torno de 35 e 6 dias respectivamente) houve maior evaporaccedilatildeo da aacutegua presente
no lodo nestes sistemas (por volta de 23 e 6 de modo respectivo) que compensou o
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo nos sistemas com e sem poliacutemero
P Sem poliacutemero P com poliacutemero P+A sem poliacutemero
C sem poliacutemero C com poliacutemero P+A com poliacutemero
69
menor volume drenado Isso decorre de que em leitos de secagem haacute necessidade de
tempos relativamente longos de evaporaccedilatildeo (van Haandel amp Lettinga 1994)
Pode-se considerar que a evaporaccedilatildeo eacute uma grande contribuinte no desaguamento
em escala real e consequentemente na obtenccedilatildeo de teores maiores de ST nas tortas
secas Poreacutem em escala de bancada os sistemas sofreram menor influecircncia da
evaporaccedilatildeo devido a menor influecircncia dos fatores climaacuteticos responsaacuteveis pela
evaporaccedilatildeo tendo entatildeo seus valores de ST subestimados
Analisando-se os sistemas verifica-se que de maneira geral pelas Figuras 25 e
26 que o sistema convencional foi significativamente mais lento que os sistemas
alternativos e os volumes desaguados foram menores do que nos sistemas pavimento
permeaacutevel e pavimento e areia No lodo sem condicionamento enquanto 563 do
volume inicial foi percolado nas 30 primeiras horas no sistema composto por pavimento
permeaacutevel o sistema pavimento permeaacutevel e areia foi ligeiramente mais lento
desaguando neste periacuteodo 486 de seu volume e no sistema convencional somente
301 Para o lodo condicionado nas primeiras 3 h o pavimento permeaacutevel pavimento
permeaacutevel acrescido de areia e convencional desaguaram 690 487 e 185 de seu
volume
Figura 25 - Desaguamento do lodo sem poliacutemero - meacutedias das seacuteries
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
00
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
00 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000
Volu
me
acum
ulad
o (m
L)
Tempo (h)
Desaguamento meacutedio do lodo sem poliacutemero
P
P+A
C
70
Figura 26 - Desaguamento do lodo com poliacutemero - meacutedias das seacuteries
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
Todavia o sistema convencional produziu tortas secas com menor umidade
Como jaacute explicado anteriormente esses resultados podem ser justificados pela
existecircncia de uma camada maior de areia em que parte da aacutegua percolada tenha
ficado ali retida A adiccedilatildeo da camada de areia de 001 m ao pavimento permeaacutevel natildeo
mostrou aumento significativo tanto no volume desaguado quanto na torta seca
produzindo valores de ST semelhantes aos do sistema composto somente por
pavimento permeaacutevel
Aleacutem do sistema composto por pavimento permeaacutevel obter maior volume de
aacutegua percolada do que o sistema convencional pode-se considerar que este uacuteltimo tem
uma pequena aacuterea de drenagem (2 a 3 cm de camada de areia entre os tijolos
recozidos) em escala real como ilustra a Figura 27
00
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
00 100 200 300 400 500 600 700 800
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento meacutedio do lodo com poliacutemero
P
P+A
C
71
Figura 27 - Detalhe da constituiccedilatildeo do leito de secagem convencional
A NBR 122091992 considera que a aacuterea ocupada pela areia natildeo pode ser
inferior a 15 da aacuterea total do leito Desta forma considerando os valores das meacutedias
ajustadas o lodo sem poliacutemero e com poliacutemero desaguariam respectivamente 5298 e
13762 Lm-sup2 no sistema convencional Enquanto que o pavimento permeaacutevel e
pavimento permeaacutevel acrescido de areia desaguariam 8210 e 18173 Lm-sup2 para o lodo
sem adiccedilatildeo de poliacutemero e com adiccedilatildeo de poliacutemero respectivamente8
Por esse motivo como a percolaccedilatildeo da aacutegua eacute fator importante no teor de
umidade final da torta seca eacute importante balizar que da mesma forma que no processo
de drenagem o teor de soacutelidos da torta seca do sistema convencional eacute superestimado
na escala de bancada ou seja em escala real eacute provaacutevel que estes valores sejam
significativamente menores ou que demande-se mais tempo para obtenccedilatildeo da mesma
umidade na torta seca
Nota-se tambeacutem que os valores de Soacutelidos Totais Volaacuteteis (STV) satildeo superiores
aos Soacutelidos Totais Fixos (STF) com a relaccedilatildeo meacutedia de STVST de 058 superior a do
lodo bruto de 046 como jaacute citado uma das razotildees pode ser a percolaccedilatildeo de mateacuteria
inorgacircnica dissolvida Segundo Andreoli von Sperling amp Fernandes (2001) a relaccedilatildeo
8 Para a obtenccedilatildeo destes valores utilizou-se a meacutedia dos volumes desaguados dos sistemas para
calcular-se o volume desaguado por msup2 Considerou-se que a percolaccedilatildeo ocorre em toda a aacuterea do leito
nos sistemas pavimento permeaacutevel e pavimento permeaacutevel e areia No sistema convencional
considerou-se que a percolaccedilatildeo somente ocorre na aacuterea do onde haacute areia portanto estes valores foram
multiplicados por 15
72
entre SVST tiacutepica do eacute lodo desidratado eacute de 060 a 065 Poreacutem a relaccedilatildeo encontrada
por Andreoli et al (2009) foi de 022 indicando a grande variabilidade do lodo
Como jaacute mencionado Ruiz Kaosol amp Wisniewsk (2010) relacionaram a
quantidade de mateacuteria orgacircnica presente no lodo e sua aptidatildeo ao desaguamento
mecacircnico estabelecendo a relaccedilatildeo inversamente proporcional entre mateacuteria orgacircnica e
eficiecircncia do processo de desaguamento mecacircnico Andreoli von Sperling amp Fernandes
(2001) tambeacutem afirmam que lodos com menor teor de mateacuteria orgacircnica tambeacutem satildeo
mais indicados para o desaguamento por processos naturais Esses resultados
apontam que o lodo utilizado na pesquisa tem aptidatildeo ao desaguamento por ter sofrido
digestatildeo
Aleacutem disso eacute necessaacuterio atentar que diferentemente dos resultados obtidos por
van Haandel amp Lettinga (1994) a concentraccedilatildeo de soacutelidos influenciou o desaguamento
do lodo uma vez que o volume aplicado sobre os leitos foi o mesmo sendo que a
carga aplicada alterou-se em funccedilatildeo da concentraccedilatildeo de soacutelidos que se alterou
durante a pesquisa
Observa-se tambeacutem que van Haandel amp Lettinga (1994) utilizaram lodos com ST
entre 4 e 10 finalizando o desaguamento com fraccedilatildeo de soacutelidos de aproximadamente
20 nos leitos de secagem convencional Os valores obtidos na presente pesquisa
para o leito de secagem convencional satildeo superiores aos encontrados pelos
pesquisadores variando de 28 a 33
Com o objetivo de estimar a influecircncia da evaporaccedilatildeo nos sistemas elaborou-se
duas hipoacuteteses a primeira considera a quantidade de aacutegua evaporada como percolada
pelos sistemas e a segunda trata-se de calcular a umidade do lodo caso natildeo houvesse
a evaporaccedilatildeo nos sistemas Ambas baseiam-se nas perdas de aacutegua por evaporaccedilatildeo
registradas pelo sistema controle
73
57 Hipoacutetese I ndash Aacutegua evaporada do lodo sendo percolada
Com o intuito de explicar a diferenccedila de volume desaguado no lodo sem e com
condicionamento a primeira hipoacutetese assume a ausecircncia de evaporaccedilatildeo considerando
que a porccedilatildeo de aacutegua que foi evaporada da coluna drsquoaacutegua foi percolada nos sistemas
respeitando-se a quantidade e tempo em que ocorreu a evaporaccedilatildeo no sistema
controle Para tanto faz-se necessaacuterias algumas ponderaccedilotildees
A evaporaccedilatildeo de um liacutequido tem relaccedilatildeo estreita com sua tensatildeo superficial
quanto mais baixa esta eacute maior seraacute a evaporaccedilatildeo Sabe-se que a aacutegua naturalmente
presente na natureza tem alta tensatildeo superficial e existem substacircncias que conteacutem
moleacuteculas anfifiacutelicas como detergente e sabatildeo que diminuem a tensatildeo superficial da
aacutegua e consequentemente acabam facilitando a evaporaccedilatildeo da aacutegua O lodo de
esgoto eacute uma matriz complexa isto eacute tem composiccedilatildeo diversificada e provavelmente
tem quantidade consideraacutevel de moleacuteculas anfifiacutelicas podendo deixar a tensatildeo
superficial mais baixa e portanto facilitando a evaporaccedilatildeo da aacutegua livre presente no
lodo Para fins de melhor aplicabilidade desta hipoacutetese seria necessaacuterio mensurar a
tensatildeo superficial do lodo (MYERS 1999) Aleacutem disso a aacuterea superficial de aacutegua que
entra em contato com a atmosfera eacute muito maior no lodo do que na coluna drsquoaacutegua
colaborando para maior evaporaccedilatildeo do primeiro
Para tanto admitiu-se que a evaporaccedilatildeo da aacutegua ldquocomumrdquo eacute a mesma que a da
aacutegua livre presente no lodo e que esta eacute predominante em relaccedilatildeo aos demais tipos de
aacutegua presente (van Haandel amp Lettinga1994 VESILIND 1994) As estimativas dos
volumes percolados em todas as seacuteries podem ser visualizadas na Tabela 10
Ressalva-se que as Seacuteries II e III do lodo com adiccedilatildeo de poliacutemero foram iniciadas
durante a Seacuterie III do lodo sem adiccedilatildeo de poliacutemero fazendo com que o sistema controle
para estas seacuteries natildeo tenha sido iniciado com 2000 mL de aacutegua pois jaacute havia certa
perda pela Seacuterie III sem adiccedilatildeo de poliacutemero O volume presente na coluna drsquoaacutegua
quando Seacuteries II e III iniciaram era de 17473 e 14079 mL respectivamente Sendo os
volumes estimados calculados a partir destes volumes
74
Tabela 10 - Desaguamento do lodo de esgoto nos sistemas - Hipoacutetese I
Sem Poliacutemero
Sistemas Seacuteries I II III IV Meacutedia plusmn CV
VE (mL) 355 408 643 - 469 1533 327
P V (mL) 540 665 628 - 611 642 105
V (mL) 895 814 1271 - 993 2439 245
P+A V (mL) 578 675 609 - 621 495 80
V (mL) 933 1083 1251 - 1089 1591 146
C V (mL) 561 492 587 - 547 491 90
V (mL) 916 901 1227 - 1015 1840 181
Com poliacutemero
VE (mL) 29 282 48 48 120 1407 1177
P V (mL) 1484 1411 1481 1479 1459 413 28
V (mL) 1513 1693 1532 1493 1579 989 63
P+A V (mL) 1413 1377 1513 - 1434 705 49
V (mL) 1442 1658 1564 - 1611 665 41
C V (mL) 1232 1145 1265 - 1214 620 51
V (mL) 1378 1426 1316 - 1426 552 39 Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia C Convencional VE Volume
evaporado no sistema controle V Volume real e Vrsquo Volume estimado na Hipoacutetese I
Para o sistema composto por pavimento permeaacutevel com lodo sem poliacutemero os
volumes aumentariam em 6574 2240 e 10229 o volume real percolado nas seacuteries
I II e III respectivamente No mesmo sistema o lodo condicionado os volumes
incrementados nas seacuteries I II e III seriam muito pequenos de 195 1999 344 e 095
no volume desaguado Como dito anteriormente a seacuterie II foi a mais influenciada pela
evaporaccedilatildeo devido agraves altas temperaturas e maior periacuteodo de percolaccedilatildeo
O desaguamento do lodo sem condicionamento no sistema pavimento permeaacutevel
e areia os volumes desaguados nas seacuteries I II e III acresceriam em 6142 6044 e
10542 respectivamente No lodo condicionado no mesmo sistema o desaguamento
nas seacuteries I II e III receberiam um incremento de 205 2041 e 337 respectivamente
no volume percolado pelos sistemas
75
Jaacute no sistema convencional a inserccedilatildeo do volume evaporado agrave aacutegua percolada
acrescentaria 6328 8313 e 10903 aos volumes desaguados nas seacuteries I II e III
respectivamente Para as seacuteries em que o lodo foi condicionado com poliacutemero sinteacutetico
a percolaccedilatildeo nas seacuteries I II e III representariam um aumento de 1185 2454 e 403
em relaccedilatildeo ao volume desaguado real
Esperava-se que esta hipoacutetese pudesse explicar a grande diferenccedila de volume
desaguado entre o lodo sem poliacutemero e com poliacutemero com os volumes deste primeiro
aproximando-se deste uacuteltimo Conquanto isso natildeo foi verificado visto que a diferenccedila
foi em torno de 400 mL No entanto eacute necessaacuterio fazer uma ressalva quanto ao volume
desaguado no lodo condicionado ser ainda muito maior que no lodo natildeo condicionado
a evaporaccedilatildeo mensurada provavelmente eacute subestimada pois a evaporaccedilatildeo da aacutegua
em matrizes complexas como o lodo de esgoto eacute provavelmente facilitada pela menor
tensatildeo superficial o que poderia compensar parte desta discrepacircncia entre maior
volume percolado pelo lodo com poliacutemero e tortas secas de umidade iguais as do lodo
sem poliacutemero
Natildeo obstante os volumes foram maiores nas seacuteries que ocorreram em periacuteodos
mais quentes assim como nas seacuteries em que se avaliou o desaguamento natural do
lodo verificou-se que a influecircncia da evaporaccedilatildeo foi maior devido ao maior periacuteodo de
exposiccedilatildeo
76
58 Hipoacutetese II ndash Ausecircncia de evaporaccedilatildeo nos sistemas
Para fins de anaacutelise da eficiecircncia do pavimento permeaacutevel de forma isolada
calculou-se qual seria o teor de soacutelidos da torta seca se natildeo houvesse evaporaccedilatildeo
Sabendo que a densidade do lodo eacute proacutexima agrave da aacutegua bem como sua massa
especiacutefica (ANDREOLI VON SPERLING amp FERNANDES 2001)
Considerou-se que a aacutegua comum tem comportamento igual ao da aacutegua
livre do lodo e portanto que um 1 mL de aacutegua eacute igual a 1 mg de aacutegua
Assumiu-se que o volume de aacutegua evaporada no sistema controle foi
evaporada tambeacutem pelos sistemas com lodo Buscou-se entatildeo verificar a
contribuiccedilatildeo dessa evaporaccedilatildeo para a constituiccedilatildeo das tortas secas
estimando o teor de soacutelidos secos descontando sua contribuiccedilatildeo
A estimativa do valor de soacutelidos totais sem contribuiccedilatildeo da evaporaccedilatildeo ( )
pode ser expressa pela seguinte equaccedilatildeo
Em que
Parcela de soacutelidos
Massa total
Onde a parcela de soacutelidos pode ser definida como
Volume do lodo bruto
Volume da aacutegua percolada pelo sistema
Volume da aacutegua no lodo desaguado
77
E o volume da aacutegua no lodo desaguado pode ser calculado por
Onde
Teor de umidade do lodo desaguado
Volume de aacutegua evaporada
E por fim a massa total seraacute
Nas seacuteries sem condicionamento quiacutemico as seacuteries I II e III tiveram uma
diferenccedila de meacutedia entre os teores de soacutelidos de 460 683 e 861 respectivamente
sendo que a temperatura foi crescente nas seacuteries Quanto agraves seacuteries com adiccedilatildeo de
poliacutemero a diferenccedila meacutedia foi de 128 769 209 nas seacuteries I II III
respectivamente A seacuterie IV natildeo foi possiacutevel aferir meacutedia e a diferenccedila foi de 206 Os
valores dos Soacutelidos Totais reais (ST) e Soacutelidos Totais estimados na Hipoacutetese II (STrsquo)
podem ser vistos na Tabela 11 e as Figuras 28 e 29
78
Tabela 11 - Teor de soacutelidos da torta seca ndash comparaccedilatildeo com a Hipoacutetese II
Sem Poliacutemero
Sistemas Seacuteries I II III IV Meacutedia plusmn CV
P ST () 196 2777 2487 - 2408 414 1720
ST () 1577 2127 1694 - 1799 290 1610
P+A ST () 2208 2967 2824 - 2666 403 1513
ST () 1768 2268 1932 - 1989 255 1281
C ST () 2824 3279 2872 - 2992 250 836
ST () 2265 258 1974 - 2273 303 1333
Com poliacutemero
P ST () 2412 2503 2327 2336 2395 082 341
ST () 2282 1693 2121 2129 2056 253 1232
P+A ST () 2645 262 2473 - 2579 092 360
ST () 2519 1805 2241 - 2188 360 1645
C ST () 2980 2753 2843 - 2859 114 400
ST () 2851 2071 2660 - 2527 407 1609 Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia C Convencional ST Soacutelidos
Totais real e STrsquo Soacutelidos Totais estimado na Hipoacutetese II
Figura 28 - Teor de soacutelidos das tortas secas sem condicionamento quiacutemico - Hipoacutetese II
Em que ST Soacutelidos Totais real e STrsquo Soacutelidos Totais estimado na Hipoacutetese II
05
101520253035
P P + A C P P + A C P P + A C
Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III
Teor de soacutelidos da torta seca sem poliacutemero - H2
ST
ST
79
Figura 29 - Teor de soacutelidos das tortas secas com condicionamento quiacutemico - Hipoacutetese II
Em que ST Soacutelidos Totais real e STrsquo Soacutelidos Totais estimado na Hipoacutetese II
Realizando esses caacutelculos observa-se que a evaporaccedilatildeo teve importante
contribuiccedilatildeo nas tortas secas especialmente nas seacuteries em que o lodo natildeo foi
condicionado com poliacutemero sinteacutetico devido ao tempo de percolaccedilatildeo ser muito maior
aumentando a exposiccedilatildeo do lodo ao ambiente Nota-se tambeacutem que altas temperaturas
e baixa umidade do ar9 favorecem a evaporaccedilatildeo da aacutegua presente no lodo jaacute que nas
seacuteries em que a evaporaccedilatildeo foi mais intensa ocorreu no periacuteodo de forte calor e baixa
precipitaccedilatildeo (Seacuterie III do lodo sem poliacutemero e Seacuterie II do lodo com poliacutemero)
A partir dos dados observados podem-se realizar algumas ponderaccedilotildees satildeo
elas
No lodo sem condicionamento orgacircnico a evaporaccedilatildeo foi mais significativa na
seacuterie III Nota-se que os volumes percolados dobrariam caso a aacutegua
evaporada fosse incorporada aos mesmos Como citado anteriormente o
periacuteodo em que se realizou esta seacuterie foi marcado por altas temperaturas e
quase nenhuma precipitaccedilatildeo
9 Natildeo foi possiacutevel obter dados da umidade relativa do ar
05
101520253035
P P + A C P P + A C P P + A C P
Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie IV
Teor de soacutelidos da torta seca do lodo com poliacutemero sinteacutetico - H2
ST
ST
80
No lodo condicionado a seacuterie II foi a de maior evaporaccedilatildeo tambeacutem devido
agraves altas temperaturas e baixa precipitaccedilatildeo registrada no periacuteodo em que a
seacuterie foi realizada
O aumento meacutedio das seacuteries sem condicionamento com poliacutemero foi de
6257 7545 e 8548 para os sistemas pavimento permeaacutevel pavimento
permeaacutevel acrescido de areia e convencional respectivamente Quanto agraves
seacuteries com adiccedilatildeo de poliacutemero esse aumento foi bem menor sendo de
642 no pavimento permeaacutevel 839 no pavimento permeaacutevel acrescido
de areia e 1312 no convencional
Enquanto o lodo com poliacutemero tem a maior perda de umidade decorrente da
maior percolaccedilatildeo gerada pela interaccedilatildeo entre poliacutemero e soacutelidos presentes
no lodo o lodo sem utilizaccedilatildeo de poliacutemero tem a evaporaccedilatildeo como maior
contribuinte para a perda de umidade e por isso produzem tortas secas de
igual teor
A partir do desaguamento real e das hipoacuteteses formuladas observa-se que o
desaguamento do lodo em leitos de secagem ocorre em duas fases distintas a primeira
eacute a percolaccedilatildeo preponderante nos primeiros dias das seacuteries e quando esta diminui o
processo de evaporaccedilatildeo torna-se o maior responsaacutevel pela perda de umidade no
restante do periacuteodo Fazem-se necessaacuterios estudos em escalas maiores onde se possa
mensurar a diferenccedila de volume bem como a influecircncia da evaporaccedilatildeo nos leitos de
secagem alternativos e convencional
59 Manutenccedilatildeo dos pavimentos
Apoacutes a utilizaccedilatildeo de doze pavimentos realizou-se o segundo teste de infiltraccedilatildeo em
meados de janeiro onde PV 2 foi descartado pois sua taxa esteve bem abaixo da
meacutedia dos outros (infiltrando 164 mL enquanto a meacutedia dos demais foi de 1000 mL) natildeo
possibilitando seu uso nos sistemas com camada de areia Ressalva-se que no
segundo e terceiro teste os pavimentos 10 11 e 12 ateacute entatildeo natildeo tinham sido
utilizados com o objetivo de garantir que tanto o lodo condicionado quanto o natildeo
81
condicionado tivessem duas de suas seacuteries desaguadas em pavimentos ainda natildeo
utilizados e somente uma delas em pavimentos reutilizados
Para tanto todos os pavimentos foram limpos com lavadora de alta pressatildeo
anteriormente ao teste com o objetivo de retirar o lodo que permaneceu aderido ao
pavimento e ao tubo do sistema Contudo o valor obtido dos demais pavimentos
tambeacutem natildeo foi satisfatoacuterio pois tiveram taxa de infiltraccedilatildeo em meacutedia 126 plusmn 8490 e
CV 009 abaixo do primeiro teste tendo em vista a possiacutevel existecircncia de oacuteleos e
graxas presentes em partiacuteculas de lodo que ainda podem ter permanecido nos
pavimentos Sendo assim para obtenccedilatildeo de taxas mais altas utilizou-se soluccedilatildeo
detergente deixando os sistemas mergulhados por uma semana Poreacutem a taxa de
infiltraccedilatildeo encontrada foi de 1421 mL 242 em meacutedia superior a do primeiro teste
Estes resultados podem ser explicados pela lavagem com alta pressatildeo ter movido
alguns gratildeos de basalto e areia presentes no pavimento de modo que os espaccedilos
vazios tornaram-se maiores a ponto de aumentarem a taxa
No que diz respeito aos sistemas pavimento permeaacutevel e areia e convencional a
taxa de infiltraccedilatildeo do teste 2 soacute foi aferida depois do terceiro teste dos pavimentos
sendo em meacutedia de 3613 plusmn 19817 e CV 055 e 788 mL plusmn471 e CV 006
respectivamente representando um aumento de 19858 e 4956 na taxa de infiltraccedilatildeo
em relaccedilatildeo ao teste 1 De acordo com as consideraccedilotildees expostas a meacutedia da taxa de
infiltraccedilatildeo eacute muito influenciada pela reutilizaccedilatildeo dos pavimentos como mostra a Figura
35 no Apecircndice B
A partir dos testes realizados eacute importante fazer algumas ponderaccedilotildees como os
pavimentos podem sofrer variaccedilotildees no volume de espaccedilos vazios que podem
influenciar a taxa de infiltraccedilatildeo de maneira significativa a reutilizaccedilatildeo dos pavimentos
mostrou-se possiacutevel poreacutem apresenta algumas limitaccedilotildees como a necessidade de
realizar lavagem dos pavimentos implicando em uso consideraacutevel de aacutegua Conquanto
esse processo eacute trabalhoso visto que a simples lavagem com aacutegua natildeo garante sua
limpeza necessitando do emprego de algo que friccione a superfiacutecie do pavimento para
82
que este seja limpo Para isso foi preciso utilizar uma lavadora de alta pressatildeo na
limpeza dos sistemas Mesmo assim dependendo das caracteriacutesticas do lodo pode
natildeo ser suficiente para remover totalmente os resiacuteduos sendo necessaacuterio o uso de
soluccedilotildees detergentes ou anaacutelogas
83
6 CONCLUSAtildeO
As metodologias utilizadas para condicionamento do lodo de tanque seacuteptico com
poliacutemeros naturais natildeo se mostraram eficazes no condicionamento do lodo de esgoto
de tanque seacuteptico
Todavia o uso de poliacutemero orgacircnico sinteacutetico mostrou-se eficiente Evidenciando
melhores resultados que o lodo sem condicionamento pela maior quantidade de
volume percolado e menor tempo de desaguamento que possibilitam a realizaccedilatildeo de
mais ciclos de secagem por ano e possivelmente a reduccedilatildeo da aacuterea do leito Todavia
os teores de soacutelidos da torta seca foram semelhantes aos obtidos no lodo sem
aplicaccedilatildeo de poliacutemero
Quanto agrave utilizaccedilatildeo de leito de secagem alternativo tanto o pavimento permeaacutevel
quanto o pavimento permeaacutevel com adiccedilatildeo de areia natildeo tiveram diferenccedila significativa
entre o volume desaguado e a umidade na torta seca o que dispensaria o acreacutescimo
de areia ao pavimento Comparando-se ao leito de secagem convencional verifica-se
que as duas formas de leito de secagem alternativo foram melhores nos quesitos
volume desaguado e tempo Contudo pela camada de areia maior a torta seca
produzida pelo leito convencional teve menor umidade apresentando melhor resultado
na escala de bancada Poreacutem em escala real esta camada de areia ocuparia uma
pequena parte da aacuterea do leito diminuindo consideravelmente a percolaccedilatildeo e
aumentando o tempo do ciclo de secagem A reutilizaccedilatildeo do pavimento mostrou-se
possiacutevel poreacutem trabalhosa e pode interferir na sua taxa de infiltraccedilatildeo
84
85
7 RECOMENDACcedilOtildeES
No decorrer da pesquisa pela limitaccedilatildeo de tempo do delineamento experimental e
de outros fatores muitas possibilidades de aprofundamento do estudo natildeo foram
possiacuteveis Poreacutem caso realizadas seriam interessantes contribuiccedilotildees no campo das
pesquisas em saneamento rural aleacutem de serem necessaacuterias para complementaccedilatildeo da
presente pesquisa
Apesar dos resultados natildeo terem sido positivos na aplicaccedilatildeo de poliacutemeros naturais
no lodo de tanque seacuteptico estes ainda podem ser uma alternativa promissora aos
poliacutemeros sinteacuteticos Para tanto sugere-se que sejam estudadas outras dosagens visto
que estas foram limitadas no estudo especialmente no caso do poliacutemero oriundo do
quiabo Ademais eacute possiacutevel que existam resultados positivos caso empregue-se
metodologias diferentes mas ainda simplificadas Aleacutem disso ainda que possivelmente
natildeo atendam a essa premissa o emprego de meacutetodos mais complexos que aumentem
a concentraccedilatildeo dos poliacutemeros em volumes viaacuteveis para aplicaccedilatildeo no lodo de esgoto
tambeacutem pode gerar resultados positivos uma vez que diversas pesquisas relataram
sua eficiecircncia no tratamento de aacutegua e esgoto Tambeacutem seria interessante a anaacutelise de
custos versus benefiacutecios no emprego de poliacutemeros naturais e sinteacuteticos e a sua
comparaccedilatildeo
No que diz respeito a utilizaccedilatildeo do pavimento permeaacutevel como leito de secagem
alternativo fazem-se necessaacuterios estudos em escalas maiores onde se possa mensurar
a diferenccedila de volume desaguado bem como a influecircncia da evaporaccedilatildeo nos leitos de
secagem alternativos e convencional para verificar a sua viabilidade Tambeacutem eacute
necessaacuterio verificar se a limpeza destes leitos seria factiacutevel nestas escalas
Portanto a otimizaccedilatildeo da etapa de desaguamento de lodo de tanque seacuteptico tanto
a utilizaccedilatildeo de poliacutemeros naturais quanto a simplificaccedilatildeo dos leitos de secagem
constituem-se objetos de estudo valiosos para buscar alternativas necessaacuterias para o
gerenciamento de lodo de lodo de esgoto e contribuem em uacuteltimo caso para a
melhoria dos serviccedilos de saneamento especialmente o saneamento rural
86
87
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92
93
APEcircNDICES
APEcircNDICE A Alcalinidade pH e concentraccedilatildeo de Soacutelidos do lodo bruto
Para caacutelculo da meacutedia dos valores obtidos eacute importante esclarecer que soacute foram
realizados estes caacutelculos para ST SST pH e alcalinidade haja visto que os STF STV
e SSF e SSV satildeo valores dependentes dos primeiros paracircmetros citados calculando-se
a meacutedia desvio padratildeo e coeficiente de variaccedilatildeo somente das anaacutelises validadas
destes Deste modo verificou-se primeiramente se as observaccedilotildees tinham indiacutecio de
normalidade como todas as variaacuteveis se adequavam a essa condiccedilatildeo fez-se um
intervalo de confianccedila calculando-se dois desvios acima da meacutedia e dois abaixo
cobrindo-se assim 98 da distribuiccedilatildeo dos dados Como a meacutedia eacute altamente
influenciada por valores extremos excluiu-se os valores indicados pelo intervalo de
confianccedila para seu caacutelculo plotando graacuteficos boxplot obteacutem-se o mesmo resultado
Para a anaacutelise de ST o intervalo de confianccedila foi de 6469874 a 9126126 mgL-1
Como pode ser observado na Figura 30 para ST foram excluiacutedos quatro valores por
natildeo se encaixarem neste criteacuterio e que podem ser fruto de erros laboratoriais
Figura 30 - Boxplot dos Soacutelidos Totais encontrados no lodo bruto
94
No caso dos SST somente um valor foi descartado e o intervalo de confianccedila foi
de 6162486 a 73752 14 mgL-1 A Figura 31 mostra o boxplot gerado
Figura 31 - Boxplot dos Soacutelidos Suspensos Totais encontrados no lodo bruto
A alcalinidade natildeo teve nenhum valor descartado e o intervalo de confianccedila foi
de 2146656 a 2483784 mg CaCO3 L-1 o boxplot pode ser visualizado na Figura 32
Figura 32 - Boxplot da Alcalinidade encontrada no lodo bruto
95
O pH tambeacutem teve o mesmo comportamento da alcalinidade eacute o intervalo de
confianccedila mostra que o verdadeiro valor da meacutedia de pH estaacute entre 736 a 759 como
evidencia o boxplot da Figura 33
Figura 33 - Boxplot do pH encontrado no lodo bruto
96
APEcircNDICE B Infiltraccedilatildeo dos sistemas volume desaguado e tortas secas dos
sistemas temperatura registradas duraccedilatildeo evaporaccedilatildeo das seacuteries
Infiltraccedilatildeo
Tabela 12 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos
Taxa de Infiltraccedilatildeo
P Teste I Teste II Teste III
Volume (mL)
Volume (mL)
Volume (mL)
1 1192 1068 1600
2 768 164 -
3 1216 1148 1596
4 1228 948 1552
5 1252 1020 1580
6 1068 1012 1364
7 1092 1020 1524
8 1192 924 1312
9 1110 1048 1588
10 1116 - -
11 1104 - -
12 1096 - -
13 1112 840 1000
14 852 588 1332
15 1092 968 1180
Figura 34 - Boxplot da taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos no Teste 1
97
Na Figura 35 os valores de PV10 PV11 e PV12 satildeo considerados como 0 no
graacutefico por natildeo terem sido incluso no caacutelculo porque ateacute entatildeo natildeo tinham sido
utilizados natildeo sendo considerados nas meacutedias dos testes 2 e 3 Em cada ponto satildeo
mostrados o intervalo de confianccedila aproximado das taxas de infiltraccedilatildeo utilizando a
suposiccedilatildeo de normalidade dos dados As linhas auxiliam na visualizaccedilatildeo geral dos
valores nos diferentes testes
Figura 35 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos permeaacuteveis nos testes 1 (sem utilizaccedilatildeo) 2 (lavagem) e 3 (lavagem com soluccedilatildeo detergente)
Em que PV Pavimentos PV10 PV11 E PV12 natildeo foram inclusos nos testes 2 e 3
Na Tabela 13 encontram-se os valores da taxa de infiltraccedilatildeo para os sistemas
pavimento com adiccedilatildeo de areia e convencional Como jaacute citado o pavimento 11
(equivalente ao sistema 4 em P+A) natildeo tinha sido utilizado ateacute a realizaccedilatildeo do segundo
teste Com exceccedilatildeo do primeiro sistema P+A (equivalente ao pavimento 2) todos os
sistemas tiveram suas taxas de infiltraccedilatildeo bastante elevadas no segundo teste
98
Tabela 13 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas pavimento com adiccedilatildeo de areia e convencional
Taxa de Infiltraccedilatildeo
P+A Teste I Teste II
C Teste I Teste II
Volume (mL) Volume (mL) Volume (mL) Volume (mL)
1 646 296 1 430 738
2 626 440 2 490 792
3 738 436 3 760 754
4 2048 - 4 616 940
5 2040 208 5 424 844 P+A Pavimento e Areia e C Convencional
Na Figura 36 visualiza-se os testes 1 e 2 de infiltraccedilatildeo nos sistemas compostos
por pavimento permeaacutevel e camada de areia Da mesma forma que o graacutefico observado
na Figura 39 os sistemas considerados com valor igual a 0 natildeo foram inclusos caacutelculo
neste caso por motivos distintos PV1 foi descartado antes do teste 2 e PV4 ateacute entatildeo
natildeo tinha sido utilizado Em cada ponto satildeo mostrados o intervalo de confianccedila
aproximado das taxas de infiltraccedilatildeo utilizando a suposiccedilatildeo de normalidade dos dados
As linhas tecircm a funccedilatildeo de auxiliar a visualizaccedilatildeo dos valores nos dois testes
Figura 36 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas compostos por pavimento permeaacutevel e areia nos testes 1 (sem utilizaccedilatildeo) e 2 (apoacutes lavagem dos pavimentos com soluccedilatildeo detergente)
Em que PV Pavimento permeaacutevel e areia PV1 e PV4 foram considerados como 0 por natildeo participarem do teste 2
99
A Figura 37 trata dos testes de infiltraccedilatildeo 1 e 2 do sistema convencional Da
mesma forma que nas duas figuras anteriores o sistema com valor igual a 0 natildeo foi
incluso caacutelculo por ateacute entatildeo natildeo ter sido utilizado Satildeo mostrados o intervalo de
confianccedila aproximado das taxas de infiltraccedilatildeo em cada ponto utilizando a suposiccedilatildeo de
normalidade dos dados Foram traccediladas linhas para auxiliar a visualizaccedilatildeo dos valores
nos testes
Figura 37 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas convencionais nos testes 1 (sem utilizaccedilatildeo) e 2 (apoacutes lavagem dos pavimentos com soluccedilatildeo detergente)
Em que C Sistema Convencional C4 foi considerado como 0 no graacutefico por natildeo participar do teste 2
Temperaturas
As temperaturas maacuteximas miacutenimas do dia foram fornecidas pelo Centro de
Pesquisas Meteoroloacutegicas e Climaacuteticas Aplicadas agrave Agricultura da Universidade
Estadual de Campinas (CEPAGRIUNICAMP) Tambeacutem houve monitoramento da
temperatura no Laboratoacuterio de Protoacutetipos contudo esse monitoramento se deu nos
momentos em que houve coleta de volume drenado dos sistemas realizando-se a
meacutedia dos valores nos dias em que houve mais de uma coleta As temperaturas podem
ser observadas nas Figuras 38 39 40 41 41 e 43
100
Figura 38 - Temperaturas registradas na Seacuterie I sem poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
Figura 39 - Temperaturas registradas na Seacuterie II sem poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
Figura 40 - Temperaturas registradas na Seacuterie III sem poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
0050
100150200250300350400
03
09
20
13
04
09
20
13
05
09
20
13
06
09
20
13
07
09
20
13
08
09
20
13
09
09
20
13
10
09
20
13
11
09
20
13
12
09
20
13
13
09
20
13
14
09
20
13
15
09
20
13
16
09
20
13
17
09
20
13
18
09
20
13
19
09
20
13
20
09
20
13
21
09
20
13
22
09
20
13
23
09
20
13
24
09
20
13
25
09
20
13
260
92
01
3
27
09
20
13
28
09
20
13
29
09
20
13
30
09
20
13
01
10
20
13
02
10
20
13
031
02
01
3
04
10
20
13
05
10
20
13
06
10
20
13
07
10
20
13
TdegC
Temperatura da Seacuterie I - Sem Poliacutemero
Maacutex Min Lab
0050
100150200250300350400
29
10
20
13
30
10
20
13
31
10
20
13
01
11
20
13
02
11
20
13
03
11
20
13
04
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20
13
05
11
20
13
06
11
20
13
07
11
20
13
08
11
20
13
09
11
20
13
10
11
20
13
11
11
20
13
12
11
20
13
13
11
20
13
14
11
20
13
15
11
20
13
16
11
20
13
17
11
20
13
18
11
20
13
19
11
20
13
20
11
20
13
21
11
20
13
22
11
20
13
23
11
20
13
24
11
20
13
25
11
20
13
26
11
20
13
27
11
20
13
28
11
20
13
29
11
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13
30
11
20
13
01
12
20
13
02
12
20
13
03
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13
04
12
20
13
05
12
20
13
06
12
20
13
TdegC
Temperatura na Seacuterie II - Sem Poliacutemero
Maacutex Min Lab
0050
100150200250300350400
28
01
20
14
29
01
20
14
30
01
20
14
31
01
20
14
01
02
20
14
02
02
20
14
03
02
20
14
04
02
20
14
05
02
20
14
06
02
20
14
07
02
20
14
080
22
01
4
09
02
20
14
10
02
20
14
11
02
20
14
12
02
20
14
13
02
20
14
14
02
20
14
15
02
20
14
16
02
20
14
17
02
20
14
18
02
20
14
19
02
20
14
20
02
20
14
21
02
20
14
22
02
20
14
23
02
20
14
24
02
20
14
TdegC
Temperatura na Seacuterie III - Sem Poliacutemero
Maacutex Min Lab
101
Figura 41 - Temperaturas registradas na Seacuterie I com poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
Figura 42 - Temperaturas registradas na Seacuterie II com poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
0
5
10
15
20
25
30
27813 28813 29813
TdegC
Temperaturas Seacuterie I - Poliacutemero Sinteacutetico
Maacutex
Min
Lab
15
20
25
30
35
40
TdegC
Temperaturas Seacuterie II - Poliacutemero Sinteacutetico
Maacutex
Min
Lab
102
Figura 43 -Temperaturas registradas na Seacuterie III sem poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
Evaporaccedilatildeo Figura 44 - Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua nas seacuteries sem adiccedilatildeo de poliacutemero
10
15
20
25
30
35
40
180214 190214 200214 210214 220214
TdegC
Temperaturas Seacuterie III - Poliacutemero Sinteacutetico
Maacutex
Min
Lab
0
5
10
15
20
25
30
35
0 200 400 600 800 1000
Tempo (h)
Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua - Seacuteries sem Poliacutemero
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
103
Figura 45 - Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua nas seacuteries com adiccedilatildeo de poliacutemero
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
0 50 100 150 200
Tempo (h)
Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua - Seacuteries com Poliacutemero
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III e IV
104
Volume desaguado
Figura 46 - Boxplot do volume desaguado com ou sem poliacutemero em cada sistema (valores amostrais)
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
105
Figura 47 - Boxplot dos volumes desaguados com ou sem poliacutemero em cada sistema (valores ajustados)
Em que PP Sistemas Pavimento permeaacutevel e Pavimento com adiccedilatildeo de Areia e C Sistema Convencional
106
Figura 48 - Boxplot dos Soacutelidos Totais na torta seca do lodo com ou sem condicionamento quiacutemico
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
107
Figura 49 - Meacutedias e valores maacuteximos e miacutenimos dos teores de soacutelidos da torta seca nos sistemas com ou sem poliacutemero (valores ajustados)
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
iii
Universidade Estadual de Campinas
Faculdade de Engenharia Civil Arquitetura e Urbanismo
DENISE VAZQUEZ MANFIO
Uso de poliacutemeros naturais no desaguamento de lodo de tanque seacuteptico em leito de secagem alternativo
Dissertaccedilatildeo de Mestrado apresentada agrave Faculdade de
Engenharia Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual de Campinas para
obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestra em Engenharia Civil na aacuterea de Saneamento e Ambiente
Orientador Prof Dr Adriano Luiz Tonetti
ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE Agrave VERSAtildeO APRESENTADA
AOS MEMBROS DA BANCA DE DEFESA DA DISSERTACcedilAtildeO DE
MESTRADO DEFENDIDA PELA ALUNA DENISE VAZQUEZ
MANFIO ORIENTADO PELO PROF DR ADRIANO LUIZ
TONETTI
_______________________________
Adriano Luiz Tonetti
CAMPINAS
2014
iv
v
vi
vii
RESUMO
O gerenciamento do lodo de tanque seacuteptico eacute uma atividade complexa de alto custo e
pode promover impactos ambientais negativos caso seja mal executada sendo que a
etapa mais criacutetica eacute a de desaguamento O leito de secagem eacute uma das principais
teacutecnicas mas demanda grandes aacutereas e muito tempo para remoccedilatildeo da torta seca A
modificaccedilatildeo destes leitos utilizando pavimentos permeaacuteveis e poliacutemeros podem
diminuir o tempo e aacuterea deste leito O objetivo do trabalho foi comparar a eficiecircncia de
desaguamento da porccedilatildeo de aacutegua livre contida no lodo de tanque seacuteptico com o
emprego de leito de secagem convencional e leito de secagem composto por
pavimento permeaacutevel e avaliar a eficiecircncia da utilizaccedilatildeo de poliacutemeros naturais oriundos
da mandioca (Manihot esculenta Crantz) moringa (Moringa oleifera) e quiabo
(Abelmoschus esculentus) como auxiliares do processo A avaliaccedilatildeo foi realizada em
escala de bancada Somente o poliacutemero sinteacutetico mostrou-se eficiente no
condicionamento do lodo O lodo natildeo condicionado desaguou nos sistemas pavimento
permeaacutevel e pavimento permeaacutevel e areia convencional 611 620 e 547 mL em meacutedia
e no lodo condicionado 1464 1434 e 1214 mL respectivamente Os teores de soacutelidos
da torta seca do lodo sem poliacutemero foram de 2408 2667 e 2992 para os sistemas
pavimento permeaacutevel e pavimento permeaacutevel e areia e convencional respectivamente
e no lodo com poliacutemero foram de 2395 2519 e 2859 O tempo meacutedio de
desaguamento do lodo sem condicionamento foi de 35 dias enquanto que no lodo
condicionado foi de 6 dias Estes resultados apontam que as tortas secas obtiveram
resultados proacuteximos entre si poreacutem o lodo com adiccedilatildeo de poliacutemero teve maior volume
desaguado e menor duraccedilatildeo possibilitando reduccedilatildeo na aacuterea dos leitos e a realizaccedilatildeo
de mais ciclos de secagem por ano Ademais os leitos alternativos produziram lodos
com umidade semelhante ao leito convencional em menor tempo podendo otimizar o
desaguamento do lodo em Estaccedilotildees de Tratamento de Esgoto
Palavras chaves desidrataccedilatildeo de lodo de esgoto condicionamento quiacutemico
coagulantes naturais pavimento permeaacutevel
viii
ix
ABSTRACT
The slugde management is a complex and high cost activity It can promove negatives
impacts if it is poorly executed and the most critical step is the dewatering The drying
bed is one of the principal techniques but it demands big areas and a long periods for
the sludge cake removal The drying beds change can decrease the time and the area
of them if using permeable paving and polymers The objective of this work was to
compare the efficiency of two techniques to dewatering the bulk water portion inside the
septic tank sludge It was compared the conventional drying bed and the drying bed
made of permeable paving It was also evaluate the efficiency of naturals polymers from
cassava (Manihot esculenta Crantz) moringa (Moringa oleifera) and okra (Abelmoschus
esculentus) as auxiliaries in the process The evaluation was performanced in bench
scale The main results showed that only the synthetic polymer was efficient in sludge
conditioning The unconditioned sludge dewatered from the systems permeable paving
permeable paving plus sand and conventional 611 620 and 547 mL on average and for
conditioned sludge 1464 1434 and 1214 mL respectively The dry solids cake in
unconditioned sludge was 2408 2667 and 2992 and in conditioned sludge was
2395 2519 and 2859 for systems permeable paving permeable paving plus sand
and conventional respectively The average time for dewatering sludge without
conditioning was 35 days whereas in sludge conditioning was 6 days These results
show that the dry solids cake obtained similar results however the conditioned sludge
had higher volume dewatered and shorter time duration The alternative drying beds
produced sludges with suchlike dry solids results dry solids as compared to
conventional drying bed in a shorter time it may optimize sludge dewatering in Waste
Water Treatment Plants
Key words dehydration sludges chemical conditioning naturals coagulants
permeable paving
x
xi
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 1
2 OBJETIVOS 3
21 Objetivos especiacuteficos 3
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 5
31 Breve histoacuterico do saneamento baacutesico na zona rural no Brasil 5
32 Tanque Seacuteptico 7
33 Lodo de esgoto 11
34 Desaguamento do lodo de esgoto 15
35 Condicionamento do lodo 21
36 Pavimento permeaacutevel 27
4 METODOLOGIA 29
41 Pavimento permeaacutevel 29
42 Lodo 31
43 Poliacutemeros 35
44 Montagem dos leitos de secagem 39
45 Taxa de infiltraccedilatildeo 43
46 Avaliaccedilatildeo dos sistemas quanto ao desaguamento do lodo 43
461 Avaliaccedilatildeo do desaguamento sem adiccedilatildeo de poliacutemero (Seacuterie 1)44
462 Avaliaccedilatildeo do desaguamento com adiccedilatildeo de poliacutemeros (Seacuteries 2 a 5)45
463 Sistema controle45
464 Avaliaccedilatildeo do Lodo Desaguado46
5 RESULTADOS 47
xii
51 Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas 47
52 Caracterizaccedilatildeo do lodo bruto 47
53 Dosagem oacutetima dos poliacutemeros 50
531 Poliacutemero Sinteacutetico52
532 Mandioca53
533 Moringa54
534 Quiabo55
535 Avaliaccedilatildeo geral da dosagem dos poliacutemeros55
54 Desaguamento do lodo nos sistemas 56
541 Sistema composto por Pavimento Permeaacutevel59
a) Lodo natildeo condicionado59
b) Lodo condicionado60
a) Lodo condicionado62
543 Sistema Convencional63
a) Lodo natildeo condicionado63
b) Lodo condicionado64
55 Teor de soacutelidos das tortas secas 65
56 Anaacutelise geral dos sistemas 67
57 Hipoacutetese I ndash Aacutegua evaporada do lodo sendo percolada 73
58 Hipoacutetese II ndash Ausecircncia de evaporaccedilatildeo nos sistemas 76
59 Manutenccedilatildeo dos pavimentos 80
6 CONCLUSAtildeO 83
7 RECOMENDACcedilOtildeES 85
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 87
xiii
APEcircNDICE A Alcalinidade pH e concentraccedilatildeo de Soacutelidos do lodo bruto 93
APEcircNDICE B Infiltraccedilatildeo dos sistemas volume desaguado e tortas secas dos
sistemas temperatura registradas duraccedilatildeo evaporaccedilatildeo das seacuteries 96
xiv
xv
AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo primeiramente aos meus pais Maria Elisa e Reinaldo por terem me
dado aleacutem da educaccedilatildeo o amor e a noccedilatildeo de que a vida tem um propoacutesito maior
Agradeccedilo tambeacutem aos meus familiares em especial ao meu irmatildeo Juacutelio e a minha avoacute
Ameacutelia com quem tenho a oportunidade do conviacutevio do lar haacute tantos anos Pela
paciecircncia que tecircm comigo em dias que estou impossiacutevel e pelos risos que cobriram
meu rosto muitas vezes
Agradeccedilo ao Prof Adriano pela excepcional orientaccedilatildeo por todos os conselhos e
paciecircncia durante esses mais de dois anos
Agraves amigas e amigos que compartilharam algumas xiacutecaras de cafeacute e happy hours
comigo Amanda Maia Amanda Marchi Artur Cardoso Bianca Gomes Gabriela
Bosshard Gabriela dos Reis Guilherme da Silva Guilherme Rebecchi Jenifer Silva
Joatildeo Paulo Hadler Jorge Barbarotto Lays Leonel Luana Cruz Maacutercio Haiba Mocircnica
Rodrigues Rodolfo Valentim Thalita Cruz e Thaita Rissi Os conselhos e as risadas
foram imprescindiacuteveis para a realizaccedilatildeo deste trabalho
Ao Ademir que aleacutem de toda a ajuda na idealizaccedilatildeo construccedilatildeo dos sistemas e
avaliaccedilatildeo dos pavimentos se tornou meu amigo Ao Diego e Eduardo da Secretaria de
Poacutes-Graduaccedilatildeo e ao Ariovaldo da Secretaria do Departamento de Saneamento e
Ambiente por terem resolvido muito dos meus pepinos burocraacuteticos pela simpatia e
gentileza com que me trataram sempre Aos ateacute entatildeo teacutecnicos do Lab San Enelton
Fernando e Liacutegia pelo grande suporte nas anaacutelises Ao meu amigo David Matta que
aleacutem da amizade me deu uma super ajuda com a anaacutelise estatiacutestica dos meus dados
De uma forma ou de outra todas e todos aqui mencionados contribuiacuteram natildeo soacute
para a obtenccedilatildeo do meu tiacutetulo de mestra mas tambeacutem para o meu crescimento
enquanto pessoa Saibam que aprendi muito com vocecircs
xvi
xvii
ldquoVivendo se aprende mas o que se aprende mais eacute soacute fazer outras maiores perguntasrdquo (Joatildeo Guimaratildees Rosa Grande Sertatildeo Veredas 1956)
xviii
xix
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Esquema do funcionamento de tanque seacuteptico de cacircmara uacutenica 8
Figura 2 - Planta de um leito de secagem convencional 17
Figura 3 - Corte transversal de um leito de secagem convencional 17
Figura 4 - Exemplo de aplicaccedilatildeo de pavimento permeaacutevel em estacionamento 28
Figura 5 - Pavimento permeaacutevel utilizado no projeto 29
Figura 6 - Extratora de corpo de prova utilizada para o corte do pavimento utilizado na
pesquisa 30
Figura 7 - Teste de jarros para dosagem oacutetima de poliacutemero 33
Figura 8 - Aparelho utilizado para aferir o Tempo de Succcedilatildeo Capilar (Capilary Suction
Time) 35
Figura 9 - Preparo da soluccedilatildeo de poliacutemero produzida a partir da mandioca 37
Figura 10 - Semente de Moringa oleiacutefera 38
Figura 11 - Preparo da soluccedilatildeo de poliacutemero produzida a partir do quiabo 39
Figura 12 - Sistema de bancada de leito de secagem utilizado na pesquisa 40
Figura 13 - Bancada experimental localizada no Laboratoacuterio de Protoacutetipos 42
Figura 14 - Detalhe dos sistemas em utilizaccedilatildeo na bancada experimental 42
Figura 15 - Coluna drsquoaacutegua utilizada como controle na bancada experimental 46
Figura 16 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento
permeaacutevel com lodo de esgoto sem poliacutemero 59
Figura 17 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento
permeaacutevel com lodo de esgoto com adiccedilatildeo de poliacutemero 61
Figura 18 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento
permeaacutevel com lodo de esgoto sem poliacutemero 62
xx
Figura 19 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento
permeaacutevel e areia com lodo de esgoto com adiccedilatildeo de poliacutemero 63
Figura 20 - Hidrograma do desaguamento do sistema convencional com lodo de esgoto
sem poliacutemero 64
Figura 21 - Hidrograma do desaguamento do sistema convencional com lodo de esgoto
com adiccedilatildeo de poliacutemero 65
Figura 22 - Teor de soacutelidos da torta seca do lodo desaguado sem poliacutemero 66
Figura 23 - Teor de soacutelidos da torta seca do lodo desaguado com poliacutemero sinteacutetico 67
Figura 24 - Hidrograma do desaguamento do lodo em todos os sistemas no lodo natildeo
condicionado e condicionado 68
Figura 25 - Desaguamento do lodo sem poliacutemero - meacutedias das seacuteries 69
Figura 26 - Desaguamento do lodo com poliacutemero - meacutedias das seacuteries 70
Figura 27 - Detalhe da constituiccedilatildeo do leito de secagem convencional 71
Figura 28 - Teor de soacutelidos das tortas secas sem condicionamento quiacutemico - Hipoacutetese
II 78
Figura 29 - Teor de soacutelidos das tortas secas com condicionamento quiacutemico - Hipoacutetese
II 79
Figura 30 - Boxplot dos Soacutelidos Totais encontrados no lodo bruto 93
Figura 31 - Boxplot dos Soacutelidos Suspensos Totais encontrados no lodo bruto 94
Figura 32 - Boxplot da Alcalinidade encontrada no lodo bruto 94
Figura 33 - Boxplot do pH encontrado no lodo bruto 95
Figura 34 - Boxplot da taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos no Teste 1 96
Figura 35 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos permeaacuteveis nos testes 1 (sem
utilizaccedilatildeo) 2 (lavagem) e 3 (lavagem com soluccedilatildeo detergente) 97
Figura 36 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas compostos por pavimento permeaacutevel e
areia nos testes 1 (sem utilizaccedilatildeo) e 2 (apoacutes lavagem dos pavimentos com soluccedilatildeo
detergente) 98
xxi
Figura 37 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas convencionais nos testes 1 (sem utilizaccedilatildeo)
e 2 (apoacutes lavagem dos pavimentos com soluccedilatildeo detergente) 99
Figura 38 - Temperaturas registradas na Seacuterie I sem poliacutemero 100
Figura 39 - Temperaturas registradas na Seacuterie II sem poliacutemero 100
Figura 40 - Temperaturas registradas na Seacuterie III sem poliacutemero 100
Figura 41 - Temperaturas registradas na Seacuterie I com poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no
Laboratoacuterio 101
Figura 42 - Temperaturas registradas na Seacuterie II com poliacutemero 101
Figura 43 -Temperaturas registradas na Seacuterie III sem poliacutemero 102
Figura 44 - Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua nas seacuteries sem adiccedilatildeo de poliacutemero 102
Figura 45 - Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua nas seacuteries com adiccedilatildeo de poliacutemero 103
Figura 46 - Boxplot do volume desaguado com ou sem poliacutemero em cada sistema
(valores amostrais) 104
Figura 47 - Boxplot dos volumes desaguados com ou sem poliacutemero em cada sistema
(valores ajustados) 105
Figura 48 - Boxplot dos Soacutelidos Totais na torta seca do lodo com ou sem
condicionamento quiacutemico 106
Figura 49 - Meacutedias e valores maacuteximos e miacutenimos dos teores de soacutelidos da torta seca
nos sistemas com ou sem poliacutemero (valores ajustados) 107
xxii
xxiii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Caracteriacutesticas de lodo de esgoto no Brasil 13
Tabela 2 - Meacutetodos utilizados na anaacutelise do lodo 34
Tabela 3 - Organizaccedilatildeo dos sistemas 41
Tabela 4 - Avaliaccedilatildeo dos sistemas 44
Tabela 5 - Comparaccedilatildeo entre dados encontrados na literatura e na presente pesquisa
48
Tabela 6 - Dosagens testadas dos poliacutemeros utilizados na pesquisa 52
Tabela 7 - Resultados obtidos no CST nas dosagens de poliacutemero testadas 53
Tabela 8 - Temperatura evaporaccedilatildeo e duraccedilatildeo das seacuteries 56
Tabela 9 - Resultados do desaguamento do lodo de esgoto de tanque seacuteptico 58
Tabela 10 - Desaguamento do lodo de esgoto nos sistemas - Hipoacutetese I 74
Tabela 11 - Teor de soacutelidos da torta seca ndash comparaccedilatildeo com a Hipoacutetese I 78
Tabela 12 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos 96
Tabela 13 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas pavimento com adiccedilatildeo de areia e
convencional 98
xxiv
xxv
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ANA ndash Agecircncia Nacional de Aacuteguas
CV ndash Coeficiente de Variaccedilatildeo
EPS - Substacircncias Polimeacutericas Extracelulares
ETE ndash Estaccedilatildeo de Tratamento de Esgoto
FUNASA ndash Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede
LABPRO ndash Laboratoacuterio de Protoacutetipos
LABREUSO ndash Laboratoacuterio de Reuso
LABSAN ndash Laboratoacuterio de Saneamento
LES - Laboratoacuterios de Estrutura
LMC - Materiais da Construccedilatildeo
PLANASA ndash Plano Nacional de Saneamento
PNAD ndash Pesquisa Nacional por Amostras em Domiciacutelios
PNRH ndash Poliacutetica Nacional de Recursos Hiacutedricos
PNSB ndash Poliacutetica Nacional de Saneamento Baacutesico
PV ndash Pavimento
SST ndash Soacutelidos Suspensos Totais
SSF ndash Soacutelidos Suspensos Fixos
SSV ndash Soacutelidos Suspensos Volaacuteteis
ST ndash Soacutelidos Totais
STF ndash Soacutelidos Totais Fixos
STV ndash Soacutelidos Totais Volaacuteteis
xxvi
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
O saneamento baacutesico eacute um direito garantido pela constituiccedilatildeo federal brasileira No
entanto diversos municiacutepios natildeo tecircm acesso adequado a este serviccedilo no paiacutes
principalmente quando se trata da coleta e tratamento de esgoto Neste contexto as
regiotildees de baixa densidade demograacutefica como as zonas rurais satildeo as que mais
carecem do esgotamento sanitaacuterio No Brasil segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatiacutestica - IBGE (2010) cerca de 30 milhotildees de pessoas vivem na zona
rural ou seja haacute necessidade de realizaccedilatildeo de pesquisas que atendam agraves demandas
dessas comunidades sendo uma delas o saneamento baacutesico
Contudo a Pesquisa Nacional de Amostras por Domiciacutelios (PNAD) de 2011 revela
que entre os domiciacutelios sem rede coletora de esgoto os tanques seacutepticos representam
a principal alternativa para o lanccedilamento do esgoto domeacutestico e estatildeo presentes em
22 dos domiciacutelios no paiacutes (IBGE 2012)
A disposiccedilatildeo em tanques seacutepticos segundo Andreoli et al (2009) ainda que
longe do desejaacutevel pode reduzir cerca de 30 do potencial poluidor sendo
responsaacuteveis por uma reduccedilatildeo de carga orgacircnica de no miacutenimo 13 milhatildeo de kg de
Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO) por dia fato que ameniza os impactos
ambientais decorrentes da falta da rede coletora de esgoto
Considerando que mais de 23 milhotildees de domiciacutelios possuem tanques seacutepticos
ou fossas rudimentares no Brasil pode-se estimar que a produccedilatildeo de lodo digerido que
possui de 94 a 97 de umidade ultrapasse 8 milhotildees de msup3 por ano ndash observando-se o
valor indicado pela NBR 72291993 para o coeficiente de reduccedilatildeo de volume por
digestatildeo (ABNT 1993)
Desta forma haacute necessidade de realizar-se adequadamente o gerenciamento
deste lodo etapa comumente negligenciada no tratamento de esgoto caso contraacuterio o
benefiacutecio ambiental gerado pelo tratamento estaraacute comprometido Dentro deste
gerenciamento o desaguamento por processos naturais satildeo os mais adequados agraves
comunidades rurais por serem meacutetodos simplificados e de baixo custo
2
Tendo em vista um aumento da eficiecircncia deste processo vislumbrou-se a
possibilidade de utilizaccedilatildeo de poliacutemeros que atuam como condicionantes de lodo Os
poliacutemeros podem ser sinteacuteticos ou naturais Os primeiros satildeo produzidos
industrialmente e podem oferecer riscos agrave sauacutede humana aleacutem de impactos
ambientais A utilizaccedilatildeo de poliacutemeros naturais permitiria a reduccedilatildeo destes riscos e
impactos aleacutem de apresentarem menor custo constituindo-se como melhor alternativa
agraves comunidades rurais
Aleacutem disso a reconfiguraccedilatildeo dos leitos de secagem tradicionais utilizando-se
pavimentos permeaacuteveis poderia aumentar a taxa da drenagem da aacutegua presente no
lodo Essa combinaccedilatildeo entre poliacutemeros naturais e leito de secagem permitiria a reduccedilatildeo
do tempo de formaccedilatildeo e remoccedilatildeo da torta seca e da aacuterea do leito de secagem jaacute que
estes apresentam diversos inconvenientes como a demanda por grandes aacutereas e
longos periacuteodos para o desaguamento
Portanto a busca por alternativas adequadas agrave ETE de pequeno porte
localizadas em comunidades isoladas eou rurais historicamente negligenciadas pelo
Estado brasileiro constitui-se como medida efetiva de promoccedilatildeo de sauacutede e melhoria
na qualidade do ambiente uma vez que o acesso ao saneamento integra o conjunto de
medidas da medicina preventiva e reduz o impacto ambiental em corpos hiacutedricos e
contaminaccedilatildeo do solo e lenccediloacuteis freaacuteticos
3
2 OBJETIVOS
O objetivo do projeto foi comparar a eficiecircncia de desaguamento da porccedilatildeo de aacutegua
livre contida no lodo de tanque seacuteptico com o emprego de leito de secagem
convencional e leito de secagem composto por pavimento permeaacutevel e avaliar a
utilizaccedilatildeo de poliacutemeros naturais oriundos da mandioca (Manihot esculenta Crantz)
moringa (Moringa oleifera) e quiabo (Abelmoschus esculentus) e um sinteacutetico como
auxiliares do processo
21 Objetivos especiacuteficos
Comparar o desaguamento da porccedilatildeo de aacutegua livre contida no lodo de tanque
seacuteptico entre
a) leito de secagem convencional
b) leito de secagem composto por pavimento permeaacutevel e uma camada de
areia de 001m
c) leito de secagem composto somente com pavimento permeaacutevel
Avaliar a influecircncia da utilizaccedilatildeo dos poliacutemeros na eficiecircncia do desaguamento
Sendo estes oriundos da mandioca (Manihot esculenta Crantz) moringa
(Moringa oleifera) e quiabo (Abelmoschus esculentus) e um sinteacutetico
Comparar a eficiecircncia entre a utilizaccedilatildeo dos poliacutemeros naturais e sinteacutetico
4
5
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
31 Breve histoacuterico do saneamento baacutesico na zona rural no Brasil
O saneamento na zona rural sempre foi negligenciado por parte do Estado Tendo
se tornado uma preocupaccedilatildeo para o poder puacuteblico somente no iniacutecio do seacuteculo XX apoacutes
trabalho realizado pela Liga Proacute-Saneamento do Brasil que foi um movimento
nacionalista formado por meacutedicos cientistas antropoacutelogos e funcionaacuterios dos serviccedilos
federais Este movimento realizou um relatoacuterio sobre o saneamento na zona rural
atraveacutes de diversas incursotildees pelos ldquosertotildeesrdquo e encontraram uma populaccedilatildeo doente e
miseraacutevel A ausecircncia de poliacuteticas sociais e a grande pobreza decorrente da grande
concentraccedilatildeo de terras e a exploraccedilatildeo a que boa parte desta populaccedilatildeo era submetida
a tornava enfraquecida por doenccedilas decorrentes da falta de saneamento baacutesico e
impossibilitada de ter melhores condiccedilotildees de vida (GRECO 1999 NEVES 2009) Esse
grupo criticava a ausecircncia do poder puacuteblico nestes locais e acreditava ser possiacutevel
reverter este quadro promovendo accedilotildees integradas de sauacutede e saneamento baseando-
se no conceito de sociabilidade das doenccedilas (REZENDE amp HEacuteLLER 2008)
No entanto natildeo consideravam os aspectos de subdesenvolvimento e desigualdade
social que contribuiacuteam para tal situaccedilatildeo (GRECO 1999 NEVES 2009 REZENDE amp
HEacuteLLER 2008) Como se o personagem ldquoJeca Taturdquo de Monteiro Lobato assolado
pela ancilostomiacutease pudesse tornar-se vigoroso capitalista somente tendo acesso agrave
sauacutede Portanto o projeto de ldquosaneamento dos sertotildeesrdquo atraveacutes da exclusiva promoccedilatildeo
de sauacutede buscava defender a ldquovocaccedilatildeo agriacutecolardquo do paiacutes e integrar a populaccedilatildeo rural agrave
economia nacional Contudo foi a partir deste movimento que se lanccedilou as bases para
uma reforma que unificou e centralizou as accedilotildees de sauacutede e saneamento no paiacutes
(REZENDE amp HEacuteLLER 2008)
Com a intensificaccedilatildeo do ecircxodo rural a partir da deacutecada de 1940 pela
industrializaccedilatildeo do paiacutes causando intensa urbanizaccedilatildeo deslocou-se recursos a serem
destinados a zona rural que viviam em condiccedilotildees precaacuterias de sauacutede saneamento
educaccedilatildeo e moradia A partir da deacutecada de 1970 houve um distanciamento das accedilotildees
de sauacutede e saneamento e a criaccedilatildeo do Plano Nacional de Saneamento (PLANASA)
6
que investiu em abastecimento de aacutegua coleta e tratamento de esgoto (REZENDE amp
HEacuteLLER 2008)
Em 2007 com a criaccedilatildeo da Lei Nacional de Saneamento Baacutesico (LNSB) e sua
respectiva poliacutetica entendeu-se a grande vinculaccedilatildeo que deve existir entre as poliacuteticas
de saneamento baacutesico as poliacuteticas nacionais e regionais de recursos hiacutedricos e as
poliacuteticas regionais e locais de desenvolvimento urbano e sauacutede puacuteblica A Poliacutetica
Nacional de Recursos Hiacutedricos (PNRH) jaacute tem certa integraccedilatildeo com a LNSB como
exemplificado pelas accedilotildees da Agecircncia Nacional de Aacuteguas (ANA) Poreacutem a sauacutede
puacuteblica eacute uma grande ausente na LNSB exceto pela imposiccedilatildeo de que os planos de
saneamento baacutesico devam partir de um diagnoacutestico baseado em indicadores sanitaacuterios
e epidemioloacutegicos (CUNHA 2011)
A Poliacutetica Nacional de Saneamento Baacutesico (PNSB) determinou a elaboraccedilatildeo dos
programas de saneamento baacutesico integrado saneamento estruturante e saneamento
rural Sendo este uacuteltimo responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede por meio da
Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede (FUNASA) que tem coordenado o Programa Nacional de
Saneamento Rural visando integrar as poliacuteticas puacuteblicas de meio ambiente recursos
hiacutedricos sauacutede habitaccedilatildeo e igualdade racial (FUNASA 2012)
Entretanto ainda hoje de acordo com a PNAD 2011 a zona rural eacute marginalizada
quanto ao acesso aos serviccedilos de saneamento Somente 33 dos domiciacutelios tem
ligaccedilatildeo a rede de abastecimento de aacutegua e o acesso eacute ainda mais baixo quando se
trata de esgoto apenas 5 estatildeo ligados a rede coletora e 28 utilizam o tanque
seacuteptico como unidade de destinaccedilatildeo do esgoto mas a grande parte da populaccedilatildeo ainda
faz uso de fossa rudimentar lanccedilamento em corpos daacutegua e no solo a ceacuteu aberto
(IBGE 2012)
Do ponto de vista ambiental um projeto de saneamento deve estar apto a
responder natildeo soacute as questotildees sanitaacuterias mas tambeacutem as fontes de perturbaccedilatildeo da
qualidade ambiental no ambiente como a implicaccedilatildeo dos usos do efluente gerado e
seus subprodutos (PHILIPPI et al 1999)
7
Dentre as teacutecnicas de tratamento utilizadas nas zonas rurais o tratamento
anaeroacutebio oferece algumas vantagens em relaccedilatildeo ao aeroacutebio tais como projeto
relativamente simples e baixo custo baixa produccedilatildeo de lodo baixo consumo de energia
e de demanda de nutrientes com capacidade de receber altas cargas orgacircnicas e
sendo potencialmente gerador de energia (MOUSSAVI KAZEMBEIGI amp FARZADKIA
2010)
32 Tanque Seacuteptico
Eacute a forma de tratamento anaeroacutebia mais difundida e mais antiga no mundo haacute
registros de seu uso no seacuteculo XIX (BITTON 2005) e ainda se constitui como a
principal alternativa de tratamento de esgoto em comunidades isoladas eou rurais em
paiacuteses de economia perifeacuterica por ser uma forma de tratamento descentralizado
(MOUSSAVI KAZEMBEIGI amp FARZADKIA 2010) Desde que seja projetado situado e
mantido corretamente eacute considerado um tratamento de esgoto eficiente em aacutereas rurais
(WITHERS JARVIE amp STOATE 2011)
Os tanques seacutepticos podem ser definidos como uma unidade ciliacutendrica ou
prismaacutetica retangular de fluxo horizontal usada para tratamento de esgotos por
processos de sedimentaccedilatildeo flotaccedilatildeo e digestatildeo (ABNT 1993) Podem ser de cacircmara
uacutenica de cacircmaras em seacuterie ou de cacircmaras sobrepostas (ANDREOLI 2009) e sua
constituiccedilatildeo pode ser de concreto metal ou fibra de vidro (BITTON 2005)
Os soacutelidos sedimentaacuteveis presentes no esgoto formam a camada de lodo na parte
inferior do tanque Oacuteleos graxas e outros materiais leves flotam na superfiacutecie formando
uma camada de escuma A mateacuteria orgacircnica retida no fundo do tanque sofre
decomposiccedilatildeo facultativa e anaeroacutebia sendo convertida a compostos mais estaacuteveis e a
gases como gaacutes carbocircnico (CO2) e gaacutes sulfiacutedrico (H2S) e a remoccedilatildeo de Soacutelidos
Suspensos Totais (SST) e Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO) eacute geralmente de 70
a 80 e de 65 a 80 respectivamente podendo alcanccedilar em climas quentes remoccedilatildeo
8
de 80 de SST e 90 de DBO (METCALF amp EDDY 2009 BITTON 2005) Contudo eacute
pouco eficiente na remoccedilatildeo de organismos patogecircnicos (BITTON 2005)
O tempo em que o esgoto permanece no tanque para que seja tratado Tempo de
Detenccedilatildeo Hidraacuteulica (TDH) varia de 24 a 72 h (BITTON 2005) Na Figura 1 estaacute
representado um esquema de funcionamento de um tanque seacuteptico de cacircmara uacutenica
Figura 1 - Esquema do funcionamento de tanque seacuteptico de cacircmara uacutenica
Apesar deste sistema de tratamento ser extremamente antigo ainda eacute objeto de
pesquisa em diversos paiacuteses e se constitui como a principal forma de tratamento de
esgotos em comunidades rurais Entretanto a forma de operaccedilatildeo as unidades que
precedem ou sucedem os tanques seacutepticos e a destinaccedilatildeo final do efluente e do lodo
sofreram modificaccedilotildees qualitativas ao longo do tempo Fato que natildeo soacute comprova a
relevacircncia das pesquisas sobre este sistema como impacta positivamente a sauacutede
puacuteblica e o ambiente de modo geral
Moussavi Kazembeigi amp Farzadkia (2010) estudaram um modelo diferente de
tanque seacuteptico em escala piloto onde o fluxo de esgoto eacute vertical assemelhando-se
aos Reatores Anaeroacutebios de Fluxo Ascendente (RAFA) Os pesquisadores constataram
a remoccedilatildeo de 86 de SST 85 Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO) e 77 da
Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DQO) quando o TDH foi de 24h
9
Em seguida testaram a eficiecircncia de remoccedilatildeo desses indicadores com TDH de 12 e
6 h e notaram que esse decrescimento tambeacutem ocasionou o decrescimento da
remoccedilatildeo de SST de 67 para 33 respectivamente O mesmo ocorreu para os
paracircmetros de DBO e DQO em que o periacuteodo de 12h houve remoccedilatildeo de 71 e 77 e
no periacuteodo de 6 h remoccedilatildeo de 33 e 31 respectivamente constatando que neste caso
natildeo eacute possiacutevel reduzir o tempo de detenccedilatildeo hidraacuteulica dentro da unidade de tratamento
sem comprometer a eficiecircncia de remoccedilatildeo da carga orgacircnica
Os autores concluiacuteram que a modificaccedilatildeo do fluxo de esgoto se revelou eficiente no
tratamento de esgotos domeacutesticos e pode propiciar menor geraccedilatildeo de lodo implicando
em uma manutenccedilatildeo mais simplificada comparada agraves unidades convencionais e
consequentemente em menores custos
Uma pesquisa semelhante foi realizada em escala real em El Tel El Sagheer uma
pequena comunidade localizada agrave 120 km de Cairo Egito O tanque seacuteptico modificado
proposto por Sabry (2010) constitui-se por dois compartimentos O primeiro cujo fluxo
do efluente era vertical possuiacutea uma seacuterie de chapas inclinadas a 60deg conhecidas
como decantadores por colmeia que separavam a fase soacutelida da liacutequida minimizando
a quantidade de soacutelidos que escapavam para o compartimento seguinte e retinham a
escuma O primeiro tanque exercia a funccedilatildeo de digerir anaeroacutebiamente a mateacuteria
orgacircnica sedimentando os soacutelidos suspensos no fundo que formam o lodo tendo
tambeacutem uma saiacuteda para o biogaacutes formado
O segundo compartimento era divido em dois e servia como uma unidade de
polimento degradando a mateacuteria orgacircnica residual atraveacutes da filtraccedilatildeo que ocorria o
com cascalho no fundo do tanque retendo os soacutelidos bioloacutegicos por um longo periacuteodo
Para tal o sistema exigia a utilizaccedilatildeo de duas bombas submersas uma em cada
tanque com vazatildeo de 0003 msup3s-1 O TDH dos dois compartimentos era de 20 h
velocidade ascensional na vazatildeo maacutexima diaacuteria de 0125 m h-1 e carga orgacircnica meacutedia
no segundo compartimento de 042 kg DBO m-3 d Aleacutem disso uma unidade de
10
desinfecccedilatildeo foi instalada para injetar uma soluccedilatildeo de hipoclorito de soacutedio no efluente
tratado com vistas a adequaccedilatildeo a legislaccedilatildeo local
Durante quase um ano de operaccedilatildeo e monitoramento o sistema removeu 81 da
DBO 84 do DQO e 89 dos SST enquanto a remoccedilatildeo em um sistema de tanque
seacuteptico seguido de filtro anaeroacutebio citado pelo pesquisador foi de 56 para DBO 52
para DQO e 54 para SST O sistema tambeacutem se mostrou de faacutecil reprodutibilidade e
baixo custo provando-se uma alternativa promissora para o tratamento de esgotos em
comunidades rurais em regiotildees em situaccedilatildeo anaacuteloga ao Egito
Os tanques seacutepticos tambeacutem podem ser integrados a outros processos de
tratamento como demonstrado por Philippi et al (1999) numa pesquisa realizada no
Brasil no estado de Santa Catarina Os pesquisadores verificaram a eficiecircncia de uma
zona de raiacutezes (tambeacutem conhecida pelo seu termo em inglecircs wetland) que recebia
efluente de um tanque seacuteptico Proveniente de uma induacutestria alimentiacutecia continha soro
de queijo gordura sangue alimentos enlatados carne suiacutena e esgoto sanitaacuterio sendo
que parte desse material ficava na caixa de gordura situada apoacutes o tanque seacuteptico que
foi construiacutedo em escala real de acordo com a NBR 72231993
Apoacutes a caixa de gordura o efluente entrava na parte inferior da zona de raiacutezes e
passava por camadas de areia feno de arroz e argila chegando as raiacutezes da
Zizaniopsis bonariensis espeacutecie de planta aquaacutetica tiacutepica da regiatildeo sul do paiacutes Os
pontos de monitoramento foram nas saiacutedas do tanque seacuteptico (P1) e da zona de raiacutezes
(P2) e os resultados mostraram que a reduccedilatildeo do P1 para DBO e DQO foi de 32 e 33
de 29 e 36 para ST e STV de 5 e 40 para Nitrogecircnio Total Kjedhal (NTK) e nitratos
e de 13 para o foacutesforo total (PT) respectivamente Enquanto que para o P2 a reduccedilatildeo
foi de 69 para DBO 71 para a DQO para ST e STV de 61 e 75 para NTK e
nitratos e PT de 78 e 40 72 respectivamente Destaca-se que a pesquisa estuda
uma das possibilidades de poacutes-tratamento de efluente de tanques seacutepticos poreacutem
existem diversas formas indicadas pela NBR 139691997 como vala de infiltraccedilatildeo o
poccedilo absorvente escoamento superficial e canteiro de infiltraccedilatildeo e evapotranspiraccedilatildeo
11
Os resultados da pesquisa revelam bom desempenho da associaccedilatildeo dos sistemas
de tratamento e alta remoccedilatildeo de N e P em decorrecircncia da desnitrificaccedilatildeo na zona de
raiacutezes e apoacutes o periacuteodo de maturaccedilatildeo do sistema comeccedilou a produzir efluente em
acordo com a legislaccedilatildeo local sendo o sistema integrado uma boa alternativa para o
tratamento efluentes sanitaacuterios e para induacutestrias que tenham efluentes semelhantes aos
da pesquisa (PHILIPPI et al 1999)
Contudo a operaccedilatildeo incorreta e a destinaccedilatildeo inadequada do efluente e do lodo
gerado pelos tanques seacutepticos em zonas rurais podem contribuir para a eutrofizaccedilatildeo de
nascentes de corpos hiacutedricos Withers Jarvie amp Stoate (2011) monitoraram o impacto
dos tanques seacutepticos na concentraccedilatildeo de nutrientes em uma comunidade rural na
Inglaterra Os pesquisadores verificaram altas concentraccedilotildees de nitrogecircnio foacutesforo
soacutedio potaacutessio e amocircnia aleacutem de concentraccedilotildees de nitrato consideradas nocivas aos
peixes tipicamente associados agrave digestatildeo anaeroacutebia de tanques seacutepticos tanto nas
valas de infiltraccedilatildeo quanto agrave jusante do corpo hiacutedrico situado proacuteximo aos tanques
seacutepticos
Portanto aleacutem de melhorias nas tecnologias simplificadas de tratamento de esgoto
eacute necessaacuterio o correto gerenciamento do lodo gerado caso contraacuterio o beneficio
ambiental gerado pelo tratamento do efluente pode ser parcialmente comprometido
33 Lodo de esgoto
O lodo de esgoto eacute um subproduto do tratamento de esgoto e eacute gerado em vaacuterias
etapas Seu gerenciamento eacute complexo e por vezes ignorado nas ETE
Contraditoriamente Campbell (2000) aponta que quanto mais efetivo o processo de
remoccedilatildeo de contaminantes maior a produccedilatildeo de lodo Ou seja a preocupaccedilatildeo com o
tratamento do efluente deve ser proporcional ao gerenciamento de seu subproduto
Apesar disso natildeo representa mais que 2 do volume de esgoto tratado Poreacutem os
custos variam de 20 a 60 do total gasto numa ETE no Brasil (ANDREOLI VON
SPERLING amp FERNANDES 2001) Essa realidade natildeo eacute soacute brasileira em outros
12
paiacuteses tambeacutem representa custos elevados e seu gerenciamento eacute por vezes
negligenciado (RUIZ KAOSOL amp WISNIEWSK 2010)
Uma fraccedilatildeo significativa da expansatildeo da infraestrutura estaacute ocorrendo em paiacuteses
em desenvolvimento dirigidas aos maiores centros urbanos do mundo como eacute o caso
da Cidade do Meacutexico e Satildeo Paulo Para ter estrateacutegias mais apropriadas de
gerenciamento de lodo contudo satildeo necessaacuterias informaccedilotildees histoacutericas pouco
disponiacuteveis nestas cidades segundo afirma Campbell (2000)
Aleacutem disso eacute imprescindiacutevel o conhecimento do lodo gerado para que seu
gerenciamento possa ser eficiente Ainda que a NBR 100042004 classifique o lodo de
esgoto como um resiacuteduo soacutelido natildeo inerte (ABNT 2004) aproximadamente 95 de sua
constituiccedilatildeo eacute aacutegua sofrendo algumas variaccedilotildees devido as diferentes caracteriacutesticas
dos esgotos e tratamentos O lodo tambeacutem pode ser classificado de acordo com a sua
origem
Lodo primaacuterio eacute aquele gerado em decantadores primaacuterios e tanques
seacutepticos Eacute formado principalmente por soacutelidos sedimentaacuteveis Pode
exalar odor forte caso fique retido por periacuteodos elevados e em altas
temperaturas Nos tanques seacutepticos sofre digestatildeo anaeroacutebia
Lodo secundaacuterio eacute formado nas etapas bioloacutegicas do tratamento aeroacutebia
e anaeroacutebia podendo estar estabilizado ou natildeo Compreende a
comunidade microbiana que realiza a degradaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica no
sistema
Lodo quiacutemico eacute originaacuterio de tratamentos que adicionam condicionantes
quiacutemicos como decantadores primaacuterios com precipitaccedilatildeo quiacutemica
O Programa de Pesquisa em Saneamento Baacutesico realizou um trabalho com lodo
de esgoto em diferentes institutos de pesquisa no Brasil Algumas caracteriacutesticas do
lodo encontradas podem ser vistas na Tabela 1 utilizando-se o procedimento de coleta
13
de aliacutequotas dos resiacuteduos descartados pelos caminhotildees limpa-fossa na entrada da
ETE ressalta-se que apesar da pesquisa focar em lodo de tanque seacuteptico nem todas
as ETE coletaram desta unidade de tratamento nem adotaram a mesma metodologia
de coleta e os contribuintes do esgoto foram variados como restaurantes domiciacutelios
hospitais entre outros e satildeo mantidos e operados de formas diferentes Nota-se que
todos os valores satildeo elevados indicando alta concentraccedilatildeo de soacutelidos
Tabela 1 - Caracteriacutesticas de lodo de esgoto seacuteptico no Brasil
Paracircmetros
Lodo de esgoto
FAE UFRN UNB USP
SANEPAR LARHISA CAESB EESC
Mediana Mediana Mediana Mediana
ST (mgL-1) 8208 6508 10214 6508
STV (mgL-1) 5612 4368 7368 3053
SST (mgL-1) 5042 3891 6395 3257
DBO (mgL-1) 2734 955 - 1524
DQO (mgL-1) 11219 3434 1281 4491
pH 72 66 71 69 Adaptado de Andreoli (2009)
Diversos estudos tecircm buscado relaccedilotildees entre caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas do
lodo e seu desaguamento De acordo com Vesilind (1994) o tamanho e a superfiacutecie das
partiacuteculas soacutelidas presentes no lodo satildeo caracteriacutesticas importantes que podem
determinar a receptividade ao espessamento ou desaguamento do lodo A carga das
partiacuteculas pode estabelecer ligaccedilotildees com as moleacuteculas de aacutegua difiacuteceis de serem
quebradas essas cargas superficiais alteram propriedades fiacutesicas daacute aacutegua
descongelamento agrave temperaturas abaixo do ponto de congelamento (-20degC) e a
densidade pode ser reduzida a 0965 gcmsup3
Neste mesmo trabalho Vesilind (1994) investigou os tipos de aacutegua presentes no
lodo e verificou que uma fraccedilatildeo estaacute ligada fisicamente agrave superfiacutecie das partiacuteculas
presentes no lodo atraveacutes de pontes de hidrogecircnio denominada aacutegua vicinal e pode
ser removida pela diminuiccedilatildeo da aacuterea superficial total das partiacuteculas soacutelidas a que estaacute
ligada atraveacutes da utilizaccedilatildeo de condicionantes quiacutemicos
14
A remoccedilatildeo da aacutegua localizada nos interstiacutecios dos flocos pode se dar por
processos mecacircnicos que conseguem destruir a estrutura do floco (RUIZ KAOSOL amp
WISNIEWSK 2010 VESILIND 1994) A aacutegua de hidrataccedilatildeo eacute aquela ligada
quimicamente agrave superfiacutecie da partiacutecula e eacute removida apenas com aumento da
temperatura Somente a fraccedilatildeo denominada ldquoaacutegua livrerdquo eacute que natildeo estaacute associada e
natildeo sofre influecircncia dos soacutelidos presentes no lodo A drenagem adensamento e
desidrataccedilatildeo mecacircnica e natural podem realizar a sua remoccedilatildeo (VESILIND 1994)
O trabalho de Liao et al (2000) constatou forte relaccedilatildeo entre o tamanho dos flocos e
a quantidade de aacutegua ligada fisico-quimicamente agraves partiacuteculas soacutelidas quanto menor
era o floco maior a quantidade deste tipo de aacutegua encontrada no lodo Mikkelsen amp
Keiding (2002) concluiacuteram que Substacircncias Polimeacutericas Extracelulares (EPS) satildeo o
paracircmetro mais importante na estrutura do lodo e altas concentraccedilotildees destas
substacircncias podem diminuir a tensatildeo de cisalhamento e propiciar um menor grau de
dispersatildeo do lodo pois agem na estabilidade da estrutura dos flocos reduzindo desta
forma a resistecircncia agrave filtraccedilatildeo Entretanto altas concentraccedilotildees de EPS diminuem o teor
de soacutelidos na torta seca
Jin Wileacuten amp Lant (2003) tambeacutem investigaram a relaccedilatildeo entre as EPS e o
desaguamento no lodo de esgoto Os pesquisadores observaram que altas
concentraccedilotildees de iacuteons Ca+ Mg2+ Fe3+ e Al3+ proporcionam melhora significativa no
desaguamento Tambeacutem concluiacuteram que lodos que contem flocos compactos grandes
e com muitos filamentos tem grande quantidade de aacutegua ligada intersticial
Propriedades de floculabilidade hidrofobicidade carga superficial e viscosidade satildeo
fatores que afetam significativamente a capacidade de ligaccedilatildeo da aacutegua nos flocos de
lodo sendo que altos valores destas propriedades indicam grande quantidade de aacutegua
ligada Ademais proteiacutenas e carboidratos contribuem significativamente para a ligaccedilatildeo
da aacutegua nos flocos
No espessamento por gravidade a presenccedila de aacutegua vicinal em volta das
partiacuteculas menores no lodo (de 2 a 4 microm cerca de 6 do total de partiacuteculas presentes
15
no lodo digerido anaeroacutebiamente) melhoraria o processo devido ao aumento do
diacircmetro efetivo das partiacuteculas como resultado da baixa densidade encontrada na aacutegua
vicinal e do aumento da viscosidade da aacutegua que circunda as partiacuteculas (VESILIND
1994)
As alternativas para a disposiccedilatildeo do lodo satildeo variadas e tecircm sido desenvolvidas haacute
vaacuterias deacutecadas Campbell (2000) as divide em trecircs categorias satildeo elas (i) aplicaccedilatildeo no
solo (ii) disposiccedilatildeo em aterro sanitaacuterio e (iii) tecnologias de incineraccedilatildeo Para as duas
primeiras - mais aplicadas no Brasil - torna-se indispensaacutevel a retirada de uma parcela
de sua umidade pois interfere na umidade ideal do solo quando aplicado na agricultura
e sobrecarrega o tratamento do chorume nos aterros
34 Desaguamento do lodo de esgoto
De acordo com Andreoli von Sperling amp Fernandes (2001) o gerenciamento do
lodo eacute uma atividade complexa e pode promover impactos ambientais negativos caso
seja mal executada Dentre as etapas envolvidas o desaguamento eacute um dos desafios
da engenharia ambiental e continua sendo um problema no tratamento de esgotos
(VESILIND 1988 VESILIND 1994 CAMPBELL 2000)
Metcalf amp Eddy (1991) descrevem o desaguamento como uma operaccedilatildeo fiacutesica
utilizada na reduccedilatildeo de umidade contida no lodo Eacute necessaacuterio realizar esta operaccedilatildeo
por propiciar (i) o manuseio mais faacutecil (ii) a reduccedilatildeo dos custos no transporte (iii) a
disposiccedilatildeo em aterros sanitaacuterios reduzindo a quantidade de chorume produzido (iv) a
melhora na etapa de compostagem do lodo (v) a reduccedilatildeo da atividade microbiana e
consequentemente da produccedilatildeo de odores
O desaguamento pode ser realizado por processos naturais ou mecanizados A
seleccedilatildeo dos mecanismos de desaguamento deve ser determinada pelo tipo de lodo a
ser desaguado caracteriacutesticas desejadas do lodo desaguado e espaccedilo disponiacutevel Os
processos mecanizados satildeo mais indicados para Estaccedilotildees de Tratamento de Esgotos
(ETE) de grande porte e onde haja restriccedilatildeo de aacuterea Centriacutefugas filtros a vaacutecuo
16
filtros-prensa prensas desaguadoras e secagem teacutermica satildeo exemplos de processos
mecanizados mais utilizados em ETE
Em estudo realizado por Ruiz Kaosol amp Wisniewsk (2010) relacionou-se a
quantidade de mateacuteria orgacircnica presente no lodo e sua aptidatildeo ao desaguamento
mecacircnico verificou-se que quanto maior essa quantidade (expressa pelo valor de
Soacutelidos Totais Volaacuteteis) menor era a resistecircncia a filtraccedilatildeo mas maior sua
compressibilidade (expressa pelo seu limite de plasticidade) e portanto menor a
eficiecircncia do processo de desaguamento mecacircnico Todavia lodos com menor teor de
mateacuteria orgacircnica isto eacute mais estabilizados tambeacutem satildeo mais indicados para os
processos naturais de desaguamento (ANDREOLI VON SPERLING amp FERNANDES
2001)
Verifica-se no entanto que poucas pesquisas tecircm se preocupado com o
desaguamento por processos naturais como os leitos de secagem e as lagoas de
secagem que estatildeo mais presentes em ETE pequenas ou que natildeo tecircm restriccedilotildees
quanto a aacuterea O mecanismo de desaguamento nestes casos se daacute pela evaporaccedilatildeo e
percolaccedilatildeo da aacutegua presente no lodo O desaguamento de lodos por leitos de secagem
eacute adequado para comunidades de pequeno e meacutedio porte sendo indicado para lodos
tipicamente encontrados em tanques seacutepticos (estabilizados)
Um leito de secagem convencional conforme ilustram as Figuras 2 e 3 caracteriza-
se por um tanque com paredes e base de concreto O fundo deve ser constituiacutedo por
uma camada de areia trecircs camadas de brita e tijolos recozidos ou outro material
resistente agrave operaccedilatildeo de remoccedilatildeo do lodo seco com juntas de areia (ABNT 1992)
17
Figura 2 - Planta de um leito de secagem convencional
Figura 3 - Corte transversal de um leito de secagem convencional
Van Haandel amp Lettinga (1994) descrevem que o tempo total para um ciclo de
secagem em leitos de secagem se compotildee por quatro periacuteodos Satildeo eles
T1 = tempo de preparaccedilatildeo do leito e descarga do lodo que dependem do
gerenciamento do leito como nuacutemero de trabalhadores e disponibilidade de
equipamentos
T2 = tempo de percolaccedilatildeo da aacutegua presente no lodo
T3 = tempo de evaporaccedilatildeo para se atingir a fraccedilatildeo desejada de soacutelidos que assim
como T2 varia em funccedilatildeo de condiccedilotildees operacionais durante a secagem condiccedilotildees
metereoloacutegicas (temperatura e pluviosidade) e a carga aplicada de soacutelidos
T4 = tempo de remoccedilatildeo dos soacutelidos secos
18
Para amenizar as variaacuteveis metereoloacutegicas os leitos de secagem podem ser
instalados ao ar livre ou cobertos por proteccedilatildeo contra a influecircncia das chuvas e de
geadas
De acordo com Metcalf amp Eddy (1991) Andreoli von Sperling amp Fernandes (2001) e
Andreoli (2009) em comparaccedilatildeo aos processos mecanizados apresenta diversas
vantagens tais como
Simplicidade na instalaccedilatildeo e operaccedilatildeo
Baixa sensibilidade agrave qualidade do lodo
Natildeo provoca ruiacutedos e vibraccedilotildees
Natildeo demanda energia
Baixo custo
Baixo consumo de poliacutemeros
A exposiccedilatildeo prolongada ao sol pode promover a remoccedilatildeo de organismos
patogecircnicos (VAN HAANDEL amp LETTINGA 1994)
Entretanto tambeacutem possui desvantagens sendo elas
Demanda tempo elevado para remoccedilatildeo da torta seca
Necessitam de que o lodo esteja estabilizado
Eacute sujeito agraves variaccedilotildees climaacuteticas
A remoccedilatildeo do lodo eacute trabalhosa
Demanda grande aacuterea
Considerando que a aacuterea especiacutefica requerida para leitos de secagem (Ae) pode
ser calculada em funccedilatildeo1 da quantidade de lodo digerido produzido na ETE (Q) - que eacute
funccedilatildeo da produccedilatildeo de lodo fresco (1 L pessoadia-1) e do coeficiente de reduccedilatildeo de
volume por digestatildeo (025) (Q = 025) da espessura da camada de lodo aplicado em
cada ciclo (e = 045 m) e do nuacutemero de ciclos de secagem por ano (nc = 15 ciclosano)
1 Valores sugeridos pela NBR 72291993
19
Calculando-se pela formula
Pode-se estimar uma aacuterea meacutedia de 0014 msup2hab-1 (para lodos anaeroacutebios de
origem domeacutestica) (NBR 72291993 MORTARA 2011)
Um dos poucos trabalhos que estudaram os leitos de secagem em bancada foi
produzido por van Haandel amp Lettinga (1994) que realizaram uma investigaccedilatildeo
experimental semelhante a presente pesquisa No entanto os resultados natildeo satildeo
diretamente comparaacuteveis uma vez que os autores estudaram o tempo necessaacuterio para
obtenccedilatildeo de uma determinada umidade para diferentes cargas de soacutelidos Aleacutem disso
separou-se os processos de percolaccedilatildeo e evaporaccedilatildeo de modo que o experimento foi
feito em duas etapas na primeira utilizaram tubos de PVC de 10 m de comprimento e
020 m de diacircmetro adicionando-se aos tubos camadas de cascalho estratificado de 1
a 18rdquo (brita meacutedia) e areia meacutedia ambas com espessura de 020 m cada O lodo
utilizado foi proveniente de RAFA e foi inserido nos tubos sendo que estes foram
cobertos para evitar a evaporaccedilatildeo
Apoacutes esta fase o lodo era removido dos tubos e colocado em aneacuteis de 0040 m de
comprimento e 0050 m de diacircmetro dispostos em colunas que ficavam ao ar livre para
avaliar-se a evaporaccedilatildeo que era realizada por diferenccedila de massa observada
diariamente ateacute que se estabelecesse massa constante A perda de massa era
acompanhada por perda de volume de lodo e para facilitar a evaporaccedilatildeo sempre que
o lodo atingia niacutevel mais baixo ao niacutevel superior do tubo o anel imediatamente acima
era retirado sendo a evaporaccedilatildeo natildeo limitada pela difusatildeo de vapor de aacutegua no tubo
Tambeacutem realizou-se testes de evaporaccedilatildeo com aacutegua pura
Os autores concluiacuteram que a concentraccedilatildeo inicial de ST no lodo natildeo teve influecircncia
mensuraacutevel sobre o tempo necessaacuterio para a percolaccedilatildeo da aacutegua ou sobre a
concentraccedilatildeo final de ST no lodo Em contraste cargas de soacutelidos diferentes tiveram
tempos de percolaccedilatildeo diferentes Outrossim grande parte da aacutegua no lodo eacute livre e eacute
removida no periacuteodo de percolaccedilatildeo que eacute relativamente curto Entretanto periacuteodos
elevados de evaporaccedilatildeo satildeo necessaacuterios para obtenccedilatildeo de altos valores de ST nas
20
tortas secas Ademais a produtividade do leito de secagem (massa de soacutelidos
processados por unidade de aacuterea do leito e por unidade de tempo) eacute muito influenciada
pela fraccedilatildeo de soacutelidos que se deseja no lodo apoacutes a secagem A produtividade para
lodo com relativamente muito aacutegua (umidade de 60 a 70) eacute mais que o dobro daquela
para lodo com pouca aacutegua (umidade de 20 a 30)
Cofie et al (2006) realizaram estudo com leito de secagem em escala real em
Ghana e monitoraram oito ciclos de secagem por dez meses O leito de secagem era
composto por uma camada de 015 m de areia fina e duas camadas de brita a primeira
de tipo 1 tinha 010 m de espessura e a segunda de tipo 2 tinha espessura de 015 m
O leito tinha aacuterea de 25 msup2 e capacidade de 15 msup3 de lodo com espessura de 030 m
Um terccedilo do lodo foi proveniente de sanitaacuterios puacuteblicos e o restante de tanques
seacutepticos tendo baixa concentraccedilatildeo de soacutelidos cerca de 3 A carga aplicada de
soacutelidos utilizada foi de 196 a 321 kg msup2 e quando seco era retirado manualmente O
teor de soacutelidos da torta seca foi em meacutedia de 3045 os STV de 71 e o tempo de
desaguamento variou de 7 a 59 dias
Os pesquisadores atribuem essa grande variaccedilatildeo a alguns fatores (i) ao
incremento de aacutegua no lodo causado pela chuva (ii) o entupimento da areia que
diminuiu a capacidade de percolaccedilatildeo da aacutegua livre do lodo e (iii) ao tipo de lodo
utilizado que apesar da parcela oriunda de tanque seacuteptico estar bem digerida a porccedilatildeo
proveniente de sanitaacuterios puacuteblicos apresentava grande quantidade de mateacuteria orgacircnica
tornando esse lodo pouco digerido e improacuteprio para o desaguamento nesse tipo de
leito
Mortara (2011) estudou a utilizaccedilatildeo de leitos de drenagem como alternativa aos
leitos de secagem Estes primeiros se diferenciam por substituiacuterem a camada de areia
por uma com manta geossinteacutetica e terem reduzida a altura de camada de brita (que
passa a ser somente uma camada de brita nordm 1 ou 2 de 005 a 010 m de espessura)
Essa mudanccedila proporcionou aumento da taxa de retirada da aacutegua livre e portanto
reduccedilatildeo do tempo de drenagem Aleacutem disso o autor cita que a massa de lodo seco
retirada foi menor assim como o trabalho para sua retirada e a estrutura para
21
armazenar o material ateacute sua disposiccedilatildeo final foram menores quando comparados ao
leito de secagem
35 Condicionamento do lodo
O condicionamento eacute um processo que melhora as caracteriacutesticas do lodo com
vistas a processaacute-lo de forma mais eficiente e mais raacutepida jaacute que o lodo geralmente
natildeo eacute facilmente manipulaacutevel Faz-se entatildeo necessaacuterio seu condicionamento para
facilitar o espessamento desaguamento e secagem O condicionamento do lodo pode
se dar por diversos meacutetodos que vatildeo desde a separaccedilatildeo de partiacuteculas soacutelidas das
moleacuteculas de aacutegua (processos fiacutesicos) ateacute a oxidaccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (processos
quiacutemicos) (AMUDA et al 2008)
Alguns exemplos de processos fiacutesicos empregados satildeo o congelamento do lodo
que proporciona a separaccedilatildeo de parte da aacutegua presente das partiacuteculas soacutelidas (AMUDA
et al 2008) a hidroacutelise teacutermica que permite a liberaccedilatildeo da aacutegua ligada fiacutesico-
quimicamente em temperaturas acima de 100degC o tratamento ultrassocircnico que tambeacutem
pode ser quiacutemico que em ambos os casos causa ruptura da estrutura celular e dos
flocos de micro-organismos atraveacutes do uso de baixas ou altas frequecircncias por processo
de cavitaccedilatildeo ou de reaccedilotildees quiacutemicas (CARREgraveRE et al 2010) A eletrodesidrataccedilatildeo
tambeacutem conhecida como desidrataccedilatildeo assistida por campo eleacutetrico consiste na
aplicaccedilatildeo de um campo eleacutetrico que atrai as partiacuteculas de aacutegua eletricamente
carregadas rompendo as ligaccedilotildees com as partiacuteculas soacutelidas do lodo (MAHMOUD et al
2010)
Um outro exemplo de condicionamento eacute a destruiccedilatildeo bioloacutegica celular atraveacutes da
aplicaccedilatildeo de fortes oxidantes quiacutemicos promove a desintegraccedilatildeo bioloacutegica da mateacuteria
orgacircnica do lodo a CO2 e aacutegua e consequentemente reduz o volume do lodo (AMUDA
et al 2008)
A alternativa de condicionamento mais comum nas ETE eacute a utilizaccedilatildeo sais
inorgacircnicos e de poliacutemeros orgacircnicos Satildeo empregados tradicionalmente produtos jaacute
22
utilizados no tratamento de aacutegua e esgoto condicionantes inorgacircnicos como cloreto
feacuterrico sulfato de alumiacutenio e a cal (AMUDA et al 2008 METCALF amp EDDY 1991) A
desvantagem na utilizaccedilatildeo destes eacute o aumento do teor de soacutelidos de 20 a 30 no lodo
enquanto que a utilizaccedilatildeo de poliacutemeros orgacircnicos natildeo aumenta significativamente
(METCALF amp EDDY 1991) A escolha e utilizaccedilatildeo de condicionantes inorgacircnicos ou
orgacircnicos deve ser baseada em estudos teacutecnicos e econocircmicos (MORTARA 2011)
Os condicionantes orgacircnicos atuam como coagulantes formando pontes quiacutemicas
entre o poliacutemero e as partiacuteculas coloidais presentes no lodo que satildeo adsorvidas pelas
diversas cadeias de monocircmeros do poliacutemero agregando-se em flocos densos passiacuteveis
de serem removidos por filtraccedilatildeo sedimentaccedilatildeo ou flotaccedilatildeo (LIBAcircNIO 2005) Sua
aplicaccedilatildeo em dosagem correta acelera o processo de desaguamento e aumenta o teor
de soacutelidos da torta seca (WPCFM 1988)
A adiccedilatildeo de poliacutemeros ocorre antes da etapa de desaguamento e podem reduzir a
umidade de entrada de 90 a 99 para 65 a 85 dependendo das caracteriacutesticas dos
soacutelidos a serem tratados (METCALF amp EDDY 1991 WPCFM 1988)
Os poliacutemeros podem ser classificados de acordo com a sua carga eleacutetrica em
catiocircnicos aniocircnicos natildeo-iocircnicos e anfoliacuteticos e quanto a sua origem sinteacutetica ou
natural Libacircnio (2005) destaca duas vantagens no uso especiacutefico de poliacutemeros
catiocircnicos de menor peso molecular que se aplicam ao tratamento de lodo de esgoto
Satildeo elas (i) reduccedilatildeo do volume do lodo gerado (ii) maior facilidade de desidrataccedilatildeo do
lodo gerado comparada aos sais de ferro e alumiacutenio
Mortara (2011) realizou ensaios com poliacutemeros sinteacuteticos em lodo de ETE analisou
18 poliacutemeros catiocircnicos 15 soacutelidos e 3 em emulsatildeo associados a um leito de
drenagem no condicionamento do lodo anaeroacutebio Atraveacutes de testes em laboratoacuterio e
em escala piloto constatou que quase todos os poliacutemeros soacutelidos testados produziram
lodos mais facilmente desaguaacuteveis com dosagens relativamente baixas cerca de 2 gkg
de ST-1 enquanto que os poliacutemeros em emulsatildeo tinham dosagens oacutetimas maiores
23
cerca de 6 gkg-1 Tambeacutem se verificou que o condicionamento quiacutemico propiciou maior
drenagem da aacutegua quando comparado ao lodo natildeo condicionado Entretanto natildeo
influenciou a evaporaccedilatildeo e consequentemente os tempos de ciclo de secagem uma
vez que o teor de soacutelidos do lodo sem condicionamento apresentou evoluccedilatildeo
semelhante a dos lodos condicionados ao longo do periacuteodo de secagem
Contudo segundo Abreu Lima (2007) os poliacutemeros sinteacuteticos podem ser
contaminados no processo de produccedilatildeo ou ainda gerar subprodutos (monocircmeros) de
risco agrave sauacutede dos consumidores Uma alternativa a esses condicionantes seria o
emprego de poliacutemeros oriundos de fontes naturais como as plantas e substacircncias
retiradas de animais
Ainda que estes riscos preocupem mais as Estaccedilotildees de Tratamento de Aacutegua (ETA)
jaacute que afetam diretamente a aacutegua captada para abastecimento humano a atenccedilatildeo
deve-se dar no tratamento de esgoto e no gerenciamento do lodo tambeacutem
Considerando que a aacutegua drenada do lodo retorna ao sistema de tratamento e que
esse efluente tratado eacute lanccedilado em um corpo hiacutedrico que posteriormente pode servir
como manancial
Diversos estudos tecircm utilizado poliacutemeros naturais como auxiliares da floculaccedilatildeo no
tratamento de aacutegua e esgoto Visto que natildeo apresentam riscos agrave sauacutede a longo prazo e
por serem fonte de alimentaccedilatildeo humana em sua maioria De acordo com Di Bernardo
(2005) a utilizaccedilatildeo destes poliacutemeros permite um aumento da velocidade de
sedimentaccedilatildeo dos flocos reduccedilatildeo da accedilatildeo das forccedilas de cisalhamento nos flocos
durante a veiculaccedilatildeo da aacutegua floculada e uma dosagem menor do coagulante primaacuterio
quando estes satildeo sais de alumiacutenio ou ferro
Borba (2001) Arantes Ribeiro amp Paterniani (2012) e Di Bernardo (2005) citam
como exemplo de fonte destes compostos a mandioca (Manihot esculenta) a batata
(Solanum tuberosum L) a quitosana o tanino o quiabo (Abelmoschus esculentus) o
milho (Zea mays) e a moringa (Moringa oleiacutefera)
24
Dentre os poliacutemeros naturais os mais utilizados satildeo os amidos (DI BERNARDO
2005 LIBAcircNIO 2005) O milho a batata a mandioca e o trigo satildeo os alimentos
produzidos em larga escala que mais possuem amido podendo variar a quantidade em
funccedilatildeo da idade do solo da variedade da espeacutecie e do clima
A facilidade de obtenccedilatildeo do poliacutemero o custo e a simplicidade metodoloacutegica do
preparo satildeo fatores importantes para a seleccedilatildeo em trabalhos direcionados agraves
comunidades rurais Dos poliacutemeros pesquisados os originaacuterios da mandioca moringa e
quiabo foram os que mais se adequaram a estes criteacuterios baseando-se em Dantas amp Di
Bernardo (2000) Muyibi et al (2001) e Abreu Lima (2007)
A mandioca (Manihot esculenta) eacute originaacuteria da Ameacuterica do Sul e eacute comum nas
regiotildees tropicais da Aacutefrica e Aacutesia sendo uma importante fonte de alimentaccedilatildeo da
populaccedilatildeo mais pobre e eacute rica em amido Dantas amp Di Bernardo (2000) estudaram o
potencial do amido catiocircnico da mandioca como auxiliar de floculaccedilatildeo no tratamento de
aacuteguas para abastecimento Os resultados obtidos indicaram que este poliacutemero natural
pode ser utilizado em substituiccedilatildeo dos poliacutemeros sinteacuteticos auxiliares de floculaccedilatildeo Natildeo
foram encontradas referecircncias sobre a utilizaccedilatildeo de amido de mandioca em tratamento
de esgoto ou condicionamento de lodo de esgoto
A moringa (Moringa oleifera) eacute provavelmente o poliacutemero natural mais conhecido no
mundo eacute nativa do continente africano presente tambeacutem nas Ameacutericas e Aacutesia Mais
utilizada no tratamento de aacutegua como coagulante tambeacutem satildeo encontradas aplicaccedilotildees
no tratamento de esgoto incluindo efluentes industriais e no lodo de esgoto
Bhuptawat Folkard amp Chaudhari (2006) verificaram o potencial de aplicaccedilatildeo da
moringa no tratamento de esgoto domeacutestico em escala piloto na Iacutendia e obtiveram
64 de remoccedilatildeo de DQO combinando 100 mgL-1 de Moringa oleifera e 10 mgL-1 de
sulfato de alumiacutenio
No tocante agrave utilizaccedilatildeo de moringa no lodo pesquisas realizadas por Muyibi et al
(2001) na Iacutendia e Ademiluyi (1988) Nigeacuteria indicaram seu potencial como
25
condicionante quiacutemico do lodo de esgoto diminuindo a resistecircncia agrave filtraccedilatildeo Muyibi et
al (2001) testaram a soluccedilatildeo da semente de moringa sem casca o poacute seco da
semente sem casca e o oacuteleo da semente de moringa em lodo proveniente de uma
estaccedilatildeo de tratamento de esgoto A dosagem foi determinada por dois meacutetodos (i)
reduccedilatildeo de volume do lodo em teste de jarros (apoacutes 30 min de sedimentaccedilatildeo) e (ii)
resistecircncia especiacutefica do lodo
No primeiro meacutetodo as dosagens oacutetimas encontradas foram de 4750 4000 e 6000
mgL-1 para a soluccedilatildeo de moringa sem casca oacuteleo e poacute seco respectivamente
Chegando a reduccedilatildeo maacutexima de 26 19 e 26 vezes o volume inicial do lodo para a
soluccedilatildeo de moringa sem casca oacuteleo e poacute seco respectivamente Esses resultados
indicam o potencial da moringa em decantadores ou outras unidades de tratamento que
retenham lodo por certo tempo
No segundo teste realizado empregou-se somente a soluccedilatildeo de moringa sem
casca e o oacuteleo e a soluccedilatildeo com oacuteleo teve melhor resultado com dosagem de 4000
mgL-1 enquanto que para a soluccedilatildeo de moringa sem casca foi de 4500 mgL-1 A razatildeo
para esses resultados ligeiramente controversos ainda eacute desconhecida mas os
pesquisadores acreditam que a remoccedilatildeo do oacuteleo da semente possa produzir flocos
mais leves o que favoreceria a filtraccedilatildeo Aleacutem disso por ter baixo peso molecular e ser
um poliacutemero catiocircnico os flocos formados satildeo leves pequenos e reteacutem menos a fraccedilatildeo
de aacutegua ligada fiacutesico-quimicamente agraves partiacuteculas soacutelidas do lodo indicando a
possibilidade da reduccedilatildeo da aacuterea dos leitos de secagem convencionais Poreacutem ainda
satildeo necessaacuterias pesquisas aprofundadas sobre a questatildeo
O uso de moringa no lodo foi comparado aos sais de alumiacutenio e ferro por Ademiluyi
(1988) A amostra de lodo utilizada foi coletada no tanque de sedimentaccedilatildeo da ETE da
Universidade da Nigeacuteria que trata esgoto domeacutestico A sensibilidade relativa do lodo
aos poliacutemeros mostrou que o lodo proveniente de esgoto domeacutestico tem menor
sensibilidade a moringa do que ao sulfato de alumiacutenio e cloreto feacuterrico Aleacutem disso a
concentraccedilatildeo de moringa foi menor no liquido filtrado do que os sais metaacutelicos o que
26
pode ser vantajoso em Estaccedilotildees de Tratamento de Esgoto Poreacutem as dosagens oacutetimas
encontradas foram mais altas para a moringa do que para os sais metaacutelicos 215 17 e
17 gL-1 para a moringa sulfato de alumiacutenio e cloreto feacuterrico respectivamente
Entretanto o baixo custo e o fato da moringa ser um poliacutemero natural a tornam
aplicaacutevel como condicionante do lodo
Outro poliacutemero natural potencialmente condicionante do lodo eacute o quiabo
(Abelmoschus esculentus) que tem origem na Aacutefrica mas eacute produzido em todo o globo
sendo conhecido por suas propriedades nutritivas
Anastasakis Kalderis amp Diamadopoulos (2009) estudaram o quiabo como floculante
no tratamento de esgoto utilizando como coagulante o sulfato de alumiacutenio Foi
realizada a mucilagem do quiabo para a extraccedilatildeo do oacuteleo e a dosagem oacutetima foi obtida
atraveacutes do teste de jarros Como amostras de esgoto foram utilizadas esgoto sinteacutetico e
um efluente biologicamente tratado O estudo comprovou as propriedades floculantes
do quiabo No esgoto sinteacutetico em sua dosagem oacutetima de 0005 g L-1 removeu 93 96 e
97 de turbidez depois de 10 20 e 30 minutos do tempo de sedimentaccedilatildeo
respectivamente Isso representou uma adiccedilatildeo de 25 9 e 10 de remoccedilatildeo da turbidez
quando se utilizou somente sulfato de alumiacutenio em 10 20 e 30 minutos
respectivamente
No efluente biologicamente tratado a dosagem oacutetima para 10 minutos foi de 0020
gL-1 com remoccedilatildeo 70 da turbidez Para os tempos de sedimentaccedilatildeo de 20 e 30
minutos a dosagem foi menor (00025 gL-1) alcanccedilando a reduccedilatildeo de 71 e 74 de
turbidez Incrementando em 19 10 e 10 a remoccedilatildeo de turbidez utilizando-se somente
de sulfato de alumiacutenio
Abreu Lima (2007) realizou testes com o quiabo verde e maduro e constatou que o
fruto maduro possui melhores propriedades coagulantes que o fruto verde fato positivo
jaacute que o quiabo maduro eacute rejeitado pelo consumidor e torna-se um resiacuteduo O autor
tambeacutem comparou as teacutecnicas de aplicaccedilatildeo do poliacutemero a utilizaccedilatildeo do oacuteleo extraiacutedo
27
atraveacutes da mucilagem e a pulverizaccedilatildeo apoacutes a moagem do quiabo Concluindo que a
segunda teacutecnica a forma mais simples de aplicaccedilatildeo proporcionou resultados positivos
no tratamento de aacutegua e esgoto
36 Pavimento permeaacutevel
Aleacutem da aplicaccedilatildeo de poliacutemeros a utilizaccedilatildeo de pisos drenantes como constituintes
do leito de secagem pode otimizar o desaguamento do lodo de esgoto Constitui-se em
alternativa simples e de baixo custo para ETE de pequeno porte localizadas em
comunidades rurais Aleacutem disso a utilizaccedilatildeo de poliacutemeros naturais melhoraria a
qualidade da torta seca em termos de nutrientes aspecto positivo para a aplicaccedilatildeo de
lodo na agricultura como alternativa agrave adubaccedilatildeo quiacutemica
Os pavimentos permeaacuteveis satildeo utilizados haacute mais de trecircs deacutecadas nos Estados
Unidos da Ameacuterica e na Inglaterra e Alemanha (PRISMA 2013) como controle
estrutural alternativo de drenagem urbana e fazem parte do conjunto de teacutecnicas
intitulado de Best manegement practices (BMP) pela agecircncia ambiental norte-
americana Enviromental Protection Agency (USEPA) criado na deacutecada de 1980 que
tem como objetivo resolver os problemas de drenagem na proacutepria bacia
Essas teacutecnicas incluem construccedilatildeo de estruturas fiacutesicas para armazenamento e
infiltraccedilatildeo do escoamento como reservatoacuterios trincheiras de infiltraccedilatildeo e pavimentos
permeaacuteveis na tentativa de compensar os impactos negativos da grande
impermeabilizaccedilatildeo do solo causada pela urbanizaccedilatildeo (CRUZ SOUZA amp TUCCI 2007)
Estes uacuteltimos por possuiacuterem espaccedilos livres na sua estrutura permitem que aacutegua
e ar o atravessem e satildeo geralmente empregados em via de pedestres e veiacuteculos e
estacionamentos para auxiliar na drenagem urbana (MARCHIONI amp SILVA 2010)
No Brasil estes pavimentos foram introduzidos recentemente e em 2006 a
Prefeitura Municipal de Porto Alegre publicou o Decreto Nordm153712006 que
regulamenta as medidas de controle de drenagem urbana aponta como alternativa
28
para reduccedilatildeo de aacutereas impermeaacuteveis em terrenos com aacutereas inferiores a 100 ha a
utilizaccedilatildeo de pavimentos permeaacuteveis abatendo 50 da aacuterea impermeaacutevel do terreno
(CRUZ SOUZA amp TUCCI 2007) A Figura 4 mostra a sua utilizaccedilatildeo no Brasil
Figura 4 - Exemplo de aplicaccedilatildeo de pavimento permeaacutevel em estacionamento
FONTE MARCHIONI amp SILVA (2010)
Estes pavimentos podem ser fabricados com areia pedregulho argila expandida
fibra de coco cimento e poacute de pedra e estaacute em curso a normatizaccedilatildeo pela Associaccedilatildeo
Brasileira de Normas Teacutecnicas para a fabricaccedilatildeo destes pisos A produccedilatildeo deste tipo
de piso estaacute se disseminando no paiacutes e sua utilizaccedilatildeo poderia permitir a reduccedilatildeo da
aacuterea do leito Uma vez que o lodo pode ser drenado em cerca de metade da aacuterea
superficial enquanto que ao se empregar o leito de secagem tradicionalmente sugerido
pela NBR 122091992 a infiltraccedilatildeo somente ocorre entre os vatildeos dos tijolos onde estaacute
presente a areia (ABNT 1992)
29
4 METODOLOGIA
O trabalho foi desenvolvido nos Laboratoacuterios de Estrutura (LES) Materiais da
Construccedilatildeo (LMC) Protoacutetipos (LABPRO) Reuso (LABREUSO) e Saneamento
(LABSAN) pertencentes agrave Faculdade de Engenharia Civil Arquitetura e Urbanismo da
Universidade Estadual de Campinas
41 Pavimento permeaacutevel
O pavimento permeaacutevel foi fornecido pela empresa Villa Stone Comeacutercio e
Induacutestria de Materiais Baacutesicos para Construccedilatildeo Limitada localizada no distrito de Baratildeo
Geraldo Campinas (SP)
Os pavimentos permeaacuteveis utilizados na pesquisa satildeo compostos de pedrisco de
basalto e cimento na proporccedilatildeo de 80 e 20 respectivamente As amostras utilizadas
tecircm aproximadamente 006 m de altura e foram cortados em diacircmetro igual a 010 m
com o emprego de uma extratora de corpo de prova como mostram as Figuras 5 e 6
Figura 5 - Pavimento permeaacutevel utilizado no projeto
30
Figura 6 - Extratora de corpo de prova utilizada para o corte do pavimento utilizado na pesquisa
A caracterizaccedilatildeo destes pisos drenantes foi realizada com a determinaccedilatildeo das
dimensotildees massa volume de vazios e taxa de infiltraccedilatildeo conforme apresentados a
seguir
Dimensotildees e massa As dimensotildees foram mensuradas com o uso de paquiacutemetro
e a massa com uso de balanccedila semi analiacutetica A altura diacircmetro e massa meacutedia das
peccedilas de pavimento cortadas foi de 0006 m 01 m e 0695 kg respectivamente
Iacutendice de vazios A metodologia adotada baseou-se na norma NBR NM 532009
de Determinaccedilatildeo de massa especiacutefica massa especiacutefica aparente e absorccedilatildeo de aacutegua
de agregados grauacutedos e na norma NBR 108381988 de Solo - Determinaccedilatildeo da massa
especiacutefica aparente de amostras indeformadas com emprego de balanccedila hidrostaacutetica -
Meacutetodo de ensaio O iacutendice de vazios meacutedio foi de 043 e a porosidade de 2975
31
Taxa de infiltraccedilatildeo A forma de determinaccedilatildeo seraacute apresentada no subitem 45
42 Lodo
Coletou-se aproximadamente 200 L de lodo de tanques seacutepticos Cerca de 70 L
de lodo utilizado foram coletados no mecircs de abril de 2013 provenientes de um tanque
seacuteptico operado pela Companhia de Saneamento Baacutesico do Estado de Satildeo Paulo
(SABESP) Sendo um tanque seacuteptico de cacircmara uacutenica com capacidade de
aproximadamente 40 msup3 e atende cerca de 500 famiacutelias no municiacutepio de Satildeo Miguel
Arcanjo ndash SP Ao longo dos 20 anos de operaccedilatildeo desta pequena estaccedilatildeo nunca havia
sido feita a retirada de lodo
Devido a dificuldades com o transporte e a distacircncia entre este tanque seacuteptico e
a universidade natildeo foi possiacutevel coletar a quantidade necessaacuteria utilizada no projeto A
quantidade restante foi entatildeo fornecida pela Sociedade de Abastecimento de Aacutegua e
Esgoto SA (SANASA) O lodo foi retirado do tanque seacuteptico da Estaccedilatildeo de Tratamento
de Esgoto Bandeirantes situada no municiacutepio de Campinas cujo tratamento se daacute por
tanques seacutepticos seguidos de filtro anaeroacutebio A coleta de lodo foi realizada no mecircs de
maio de 2013 Ao contraacuterio do lodo disponibilizado pela SABESP o montante de lodo
retirado desta ETE ainda natildeo estava estabilizado por ter pouca idade e ter sido
realizada uma grande retirada do lodo do tanque cerca de um mecircs antes da data da
coleta Desde entatildeo as aliacutequotas de lodo coletadas foram misturadas e armazenadas
numa caixa drsquoaacutegua de 500 L no Laboratoacuterio de Protoacutetipos
A caracterizaccedilatildeo do lodo foi feita no Laboratoacuterio de Saneamento (LABSAN)
sendo baseada nos seguintes paracircmetros tempo de succcedilatildeo capilar soacutelidos totais
soacutelidos suspensos totais soacutelidos suspensos fixos e volaacuteteis pH e alcalinidade Essa
caracterizaccedilatildeo foi realizada anteriormente a execuccedilatildeo de cada uma das seacuteries
32
Para a dosagem dos poliacutemeros Metcalf amp Eddy (1991) relatam que deve ser
realizada em laboratoacuterio considerando a origem do lodo a sua idade o pH a
alcalinidade e a concentraccedilatildeo de soacutelidos bem como o meacutetodo de desaguamento a ser
utilizado e recomenda a utilizaccedilatildeo do teste de filtraccedilatildeo a vaacutecuo para caacutelculo da
dosagem
Todas as anaacutelises para caracterizaccedilatildeo do lodo foram baseadas no Standard
Methods for the Examination of Water and Wastewater (APHA 2012)
Para a anaacutelise do teor de soacutelidos da torta seca dos sistemas homogeneizou-se
inicialmente a torta obtida de cada sistema utilizando-se uma aliacutequota de
aproximadamente 0005 kg que foi pesada em balanccedila analiacutetica jaacute na caacutepsula A
amostra entatildeo foi deixada por no miacutenimo 12h em estufa a 100ordmC para obtenccedilatildeo dos
Soacutelidos Totais Para os Soacutelidos Totais Fixos e Volaacuteteis a metodologia foi adaptada para
evitar emissatildeo de fumaccedila devido agrave alta fraccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica presente no lodo
Para isso a amostra natildeo foi colocada na mufla diretamente a 550degC A temperatura foi
escalonada mantendo-se inicialmente a 200ordmC por 30 minutos elevando-se a
temperatura para 300ordmC por mais 30 minutos e entatildeo elevando-se a temperatura para
550degC por mais 1 hora Tambeacutem evitou-se colocar na mufla massas maiores que 0015
kg de lodo seco pois acima desta quantidade verificou-se emissatildeo de fumaccedila
Teste de Jarros Embora natildeo forneccedila dados quantitativos sobre a capacidade
dos poliacutemeros no condicionamento do lodo produz informaccedilatildeo qualitativa (quanto a
formaccedilatildeo de flocos) de forma raacutepida (WPCFM 1988) Por esta razatildeo o teste foi
utilizado para preparo da soluccedilatildeo estoque dos poliacutemeros e para o condicionamento do
lodo para a anaacutelise das dosagens oacutetimas (WPCFM 1988 MORTARA 2011) A Figura 7
ilustra a utilizaccedilatildeo deste meacutetodo no condicionamento do lodo
33
Figura 7 - Teste de jarros para dosagem oacutetima de poliacutemero
Tempo de Succcedilatildeo Capilar conhecido como CST - sua sigla na liacutengua inglesa
para Capillary Suction Time - eacute um dos meacutetodos mais utilizados em pesquisas sobre o
desaguamento do lodo Eacute um teste empiacuterico que auxilia na determinaccedilatildeo da dosagem
oacutetima de poliacutemeros sendo indicado por Vesilind (1988) WPCFM (1988) Metcalf amp
Eddy (1991) Andreoli von Sperling amp Fernandes (2001) Andreoli (2009) e APHA et al
(2012) Apesar do inconveniente de trabalhar com pequenos volumes acarretando na
seleccedilatildeo de uma fase do efluente clarificado e de flocos quando o lodo eacute condicionado
organicamente Ruiz Kaosol amp Wisniewsk (2010) afirmam que o teste ainda estaacute entre
as teacutecnicas mais utilizadas para definiccedilatildeo da filtrabilidade do lodo Algumas destas
razotildees eacute a rapidez e simplicidade na realizaccedilatildeo pois determina em segundos quanto
tempo a aacutegua presente no lodo leva para percorrer um meio poroso atraveacutes de um
equipamento utilizando-se uma pequena quantidade de amostra
Jin Wileacuten amp Lant (2003) verificaram uma boa relaccedilatildeo estatiacutestica entre os valores
de CST e EPS e relacionaram altos valores de floculabilidade hidrofobicidade cargas
negativas das superfiacutecies e viscosidade agrave grande quantidade de aacutegua fiacutesico-
quimicamente ligada e longos CST Contudo constataram que as caracteriacutesticas
morfoloacutegicas determinadas como o tamanho dos flocos dimensatildeo fractal e iacutendice de
34
filamento tecircm estatisticamente fracas correlaccedilotildees com a quantidade de aacutegua ligada
fiacutesico-quimicamente e o tempo do CST
Como ilustra a Figura 8 o teste eacute realizado em um aparelho denominado CST
(Capilary Succcedilatildeo Time) que consiste em duas placas de acriacutelico um cilindro metaacutelico
um filtro de papel trecircs contatos eleacutetricos fixados em dois ciacuterculos concecircntricos que
circundam uma abertura circular no meio da placa e um cronocircmetro
O papel eacute colocado entre as duas placas de acriacutelico e o cilindro metaacutelico eacute
encaixado na abertura circular O teste eacute feito com 68 mL de lodo colocado dentro do
cilindro A aacutegua contida no lodo atravessa o filtro de papel cromatograacutefico (Whatman n
17 tamanho 7 x 9 cm) Apoacutes percorrer 08 cm a aacutegua chega ao ciacuterculo interno que
conteacutem dois dos contatos eleacutetricos dispara-se o cronocircmetro quando a aacutegua percorre
mais 07 cm chegando ao ciacuterculo externo o terceiro contato eleacutetrico para a contagem
do tempo (VESILIND 1988) A Tabela 2 indica os meacutetodos utilizados para anaacutelise do
lodo
Tabela 2 - Meacutetodos utilizados na anaacutelise do lodo
Paracircmetro Meacutetodo Soacutelidos Totais Standard Methods 20 2540
Soacutelidos Suspensos Totais Standard Methods 20 2540 Alcalinidade Standard Methods 20 2320 B
pH Standard Methods 20 4500 B Teste de Succcedilatildeo Capilar Standard Methods 20 2710 G
35
Figura 8 - Aparelho utilizado para aferir o Tempo de Succcedilatildeo Capilar (Capilary Suction Time)
43 Poliacutemeros
Na pesquisa estudou-se o efeito do uso de diferentes poliacutemeros naturais
(moringa mandioca e quiabo) e um sinteacutetico no desaguamento do lodo Ressalva-se
que foram elegidas metodologias simplificadas e de baixo custo cuja produccedilatildeo e
preparo podem se dar em ETE de pequeno porte localizadas em comunidades rurais
eou isoladas Os poliacutemeros sinteacutetico e os naturais oriundos da mandioca e do quiabo
foram aplicados em soluccedilatildeo aquosa e o poliacutemero da moringa foi aplicado em poacute
diretamente sobre o lodo As sementes de moringa foram obtidas do Campo
Experimental da Faculdade de Engenharia Agriacutecola ndash UNICAMP e da Coordenadoria de
Assistecircncia Teacutecnica Integral (CATI) de Pederneiras e Mariacutelia ambas localizadas no
estado de Satildeo Paulo O amido de mandioca eacute extraiacutedo das partes comestiacuteveis da
mandioca sendo conhecido comercialmente por feacutecula ou polvilho doce O quiabo
tambeacutem eacute disponiacutevel comercialmente e foi obtido na Central de Abastecimento SA
36
(CEASA) de Campinas e o poliacutemero sinteacutetico utilizado Superflocreg 8394 foi doado pela
empresa Kemira Os poliacutemeros foram preparados obedecendo os criteacuterios de
simplicidade e baixo custo utilizando as metodologias abaixo
Superflocreg 8394 Eacute uma poliacrilamida catiocircnica de baixo peso molecurar e pode
ser utilizada nas etapas de desaguamento de lodos e clarificaccedilatildeo das aacuteguas numa
ampla variedade de induacutestrias O preparo da soluccedilatildeo estoque foi feito na concentraccedilatildeo
maacutexima indicada pela empresa 05 no teste de jarros com agitaccedilatildeo de
aproximadamente 250 rpm - gradiente de velocidade2 (G) asymp 160 s-1 - por 60 minutos
com o objetivo de homogeneizar totalmente a soluccedilatildeo (KEMIRA [sd]) A soluccedilatildeo foi
aplicada no lodo em teste de jarros com agitaccedilatildeo inicial de 250 rpm por 10 s
diminuindo- se a velocidade para 100 rpm (Gasymp 64 s-1) por mais 5 min
Mandioca (Manihot esculenta Crantz) Para obtenccedilatildeo do poliacutemero da mandioca
seguiu-se as orientaccedilotildees de Dantas amp Di Bernardo (2000) que utilizaram amido de
mandioca catiocircnico waxy (um tipo de amido modificado) Segundo Di Bernardo (2005)
os gracircnulos de amido satildeo insoluacuteveis em aacutegua abaixo de 50degC Para tornaacute-los soluacuteveis
portanto eacute preciso aquecer a suspensatildeo de amido na aacutegua aleacutem da temperatura criacutetica
para que os gracircnulos absorvam a aacutegua e intumesccedilam formando uma pasta gelatinosa
Para obtenccedilatildeo deste amido a feacutecula da mandioca foi aquecida agrave temperatura de 80 plusmn
5degC com agitaccedilatildeo constante ateacute a formaccedilatildeo da pasta gelatinosa como ilustrado na
Figura 9 Preparou-se soluccedilatildeo estoque de 10 gL-1 e adicionou-se ao lodo em teste de
jarros com agitaccedilatildeo inicial de 250 rpm por 10 s diminuindo- se para 100 rpm por mais 5
min
2 Gradiente de velocidade calculado considerando a mesma viscosidade da aacutegua
37
Figura 9 - Preparo da soluccedilatildeo de poliacutemero produzida a partir da mandioca
Moringa (Moringa oleifera) Ilustrada na Figura 10 eacute um poliacutemero catiocircnico e sua
metodologia foi realizada adaptando-se a metodologia de Muyibi et al (2001) e Arantes
Ribeiro amp Paterniani (2012) Primeiramente as sementes foram descascadas e moiacutedas
para obtenccedilatildeo de um poacute sendo posteriormente homogeneizadas em peneira com
abertura de 0125 mm O poacute obtido foi utilizado diretamente sobre o lodo em teste de
jarros com agitaccedilatildeo inicial de 250 rpm por 10 s diminuindo- se a velocidade para 100
rpm por mais 5 min
38
Figura 10 - Semente de Moringa oleiacutefera
FONTE FEAGRI (2004)
Quiabo (Abelmoschus esculentus) Eacute um poliacutemero aniocircnico e adaptou-se a
metodologia apresentada por Abreu Lima (2007) que consiste no uso do fruto do
quiabo maduro e seco (rejeitado pelo consumidor) O processo consistiu na lavagem do
quiabo para remoccedilatildeo de resiacuteduos provenientes do solo exposiccedilatildeo ao sol ateacute a total
secagem dos frutos e moagem em um moedor eleacutetrico Adicionou-se aacutegua destilada ao
poacute que foi obtido nas peneiras de 0841 mm e 0149 mm nas concentraccedilotildees de 50 e 45
gL-1 respectivamente homogeneizando as soluccedilotildees em teste de jarros a 250 rpm ateacute
total dissoluccedilatildeo (cerca de 15 min para a primeira e 2h para a segunda) A primeira
soluccedilatildeo que possuiacutea partiacuteculas maiores do quiabo foi peneirada em funil de Buumlchner
para utilizaccedilatildeo somente da ldquobabardquo formada Essa praacutetica natildeo foi necessaacuteria para a
segunda soluccedilatildeo As duas soluccedilotildees foram adicionadas ao lodo em teste de jarros com
agitaccedilatildeo inicial de 250 rpm por 10 s diminuindo- se para 100 rpm por mais 5 min como
ilustra a Figura 11
39
Figura 11 - Preparo da soluccedilatildeo de poliacutemero produzida a partir do quiabo
44 Montagem dos leitos de secagem
Os sistemas foram montados em escala de bancada sendo que cada leito de
secagem a ser testado foi composto por um tubo de PVC com diacircmetro de 010 m Os
tubos foram acoplados atraveacutes de uma luva a uma reduccedilatildeo excecircntrica de 100 x 50 mm
cujo objetivo eacute facilitar o escoamento da aacutegua percolada minimizando possiacuteveis
perdas O pavimento permeaacutevel foi fixado na parte interna do tubo de PVC e
impermeabilizado no periacutemetro com veda calha impedindo a passagem de aacutegua ou
soacutelidos entre o pavimento e o tubo
Conforme pode ser visualizado na Figura 12 foram construiacutedas trecircs diferentes
composiccedilotildees para o leito de secagem Com o objetivo de evitar diferenccedilas na influecircncia
da evaporaccedilatildeo nos sistemas haacute uma mesma altura livre de 075 m na parte superior de
cada tubo
40
Figura 12 - Sistema de bancada de leito de secagem utilizado na pesquisa
a) Sistema convencional foi construiacutedo baseado nas orientaccedilotildees da
NBR122091992 Sobre o pavimento permeaacutevel foram adicionadas camadas de
aproximadamente 020 m de brita e 015 m de areia A norma prevecirc a utilizaccedilatildeo
de tijolos sobre a camada de brita entretanto desconsiderou-se o uso dos
mesmos devido ao fato de que a infiltraccedilatildeo somente ocorrer entre os vatildeos dos
tijolos onde estaacute presente a areia Neste caso o pavimento permeaacutevel cumpriu
unicamente a funccedilatildeo de sustentar o sistema impedindo o arraste da brita e da
areia para fora do conjunto natildeo interferindo na capacidade drenante do leito
b) Pavimento permeaacutevel O sistema foi composto somente com o pavimento
permeaacutevel
c) Pavimento permeaacutevel acrescido de camada de areia Sobre pavimento
permeaacutevel foi adicionada uma camada de 001 m de areia Neste conjunto foi
41
possiacutevel avaliar se a colocaccedilatildeo de fina camada de areia impediu o entupimento
dos poros do pavimento permeaacutevel pelo lodo
A areia utilizada foi classificada como meacutedia pelo procedimento da NBR NM
2482003 Possuindo diacircmetro efetivo D10 018mm coeficiente de desuniformidade
CD 318 e porosidade de 48
Foram construiacutedos quinze sistemas para a aplicaccedilatildeo do lodo com adiccedilatildeo dos
poliacutemeros separadamente A Tabela 3 ilustra os pavimentos equivalentes aos sistemas
pavimento permeaacutevel (P) pavimento permeaacutevel com adiccedilatildeo de areia (P+A) e
convencional (C)
Tabela 3 - Organizaccedilatildeo dos sistemas
Pavimentos Sistemas Poliacutemeros
1 P (1) Sem poliacutemero
2 P+A (1) Sem poliacutemero
3 C (1) Sem poliacutemero
4 P (2) Sinteacutetico
5 P+A (2) Sinteacutetico
6 C (2) Sinteacutetico
7 P (3) Mandioca
8 P+A (3) Mandioca
9 C (3) Mandioca
10 P (4) Moringa
11 P+A (4) Moringa
12 C (4) Moringa
13 P (5) Quiabo
14 P+A (5) Quiabo
15 C (5) Quiabo
Com o objetivo de evitar influecircncia da precipitaccedilatildeo os sistemas foram dispostos
em local coberto por telhas e cobertura plaacutestica que foi fixada atraacutes da bancada
Abaixo as Figuras 13 e 14 mostram a bancada de experimentaccedilatildeo
42
Figura 13 - Bancada experimental localizada no Laboratoacuterio de Protoacutetipos
Figura 14 - Detalhe dos sistemas em utilizaccedilatildeo na bancada experimental
43
45 Taxa de infiltraccedilatildeo
A taxa de infiltraccedilatildeo foi determinada a partir de testes realizados com cada
sistema O teste consistiu na manutenccedilatildeo de uma altura de coluna de aacutegua constante
sobre os leitos em estudo e com a coleta e mediccedilatildeo do volume de aacutegua percolada
atraveacutes do pavimento a cada 5 segundos3 Este teste foi feito em quintuplicata tendo-se
em vista a obtenccedilatildeo de um conjunto confiaacutevel de dados
Com o objetivo de avaliar a viabilidade da reutilizaccedilatildeo dos pavimentos apoacutes a sua
primeira utilizaccedilatildeo estes foram limpos com lavadora de alta pressatildeo para retirar
partiacuteculas residuais de lodo que restaram nos sistemas Depois da limpeza os
pavimentos foram submetidos a um novo teste de infiltraccedilatildeo Quando estes
apresentaram resultados significativamente inferiores ao primeiro teste foram
mergulhados em aacutegua com soluccedilatildeo detergente por uma semana com o propoacutesito de
dissolver oacuteleos e graxas possivelmente aderidos aos pavimentos Descartaram-se
aqueles que apresentaram taxas de infiltraccedilatildeo discrepantes para isso foi utilizado o
meacutetodo estatiacutestico de normalidade
Posteriormente foram calculadas as taxas de infiltraccedilatildeo dos sistemas
convencional e pavimento permeaacutevel acrescido de camada de areia obedecendo-se os
mesmos criteacuterios de validaccedilatildeo estatiacutestica
46 Avaliaccedilatildeo dos sistemas quanto ao desaguamento do lodo
Para anaacutelise da eficiecircncia do desaguamento nos sistemas foi comparado o
volume de lodo aplicado sobre os leitos e a aacutegua percolada de cada sistema ao longo
do tempo Para mensuraccedilatildeo do volume de aacutegua percolado colocou-se abaixo de cada
sistema um beacutequer que armazenou a aacutegua percolada No primeiro dia realizou-se um
monitoramento por 12 h sendo que o intervalo de tempo entre as coletas foi
significativamente menor nas primeiras horas devido ao desaguamento mais intenso
3 O tempo foi determinado em funccedilatildeo da capacidade de afericcedilatildeo da vazatildeo infiltrada de modo que tempos
maiores teriam infiltraccedilotildees aleacutem da capacidade de medida dos instrumentos utilizados no experimento
44
A avaliaccedilatildeo do desaguamento do lodo seria realizada na seguinte ordem Seacuterie
1 Sem adiccedilatildeo de poliacutemero Seacuterie 2 Adiccedilatildeo de poliacutemero sinteacutetico Seacuterie 3 Adiccedilatildeo de
poliacutemero extraiacutedo da Mandioca Seacuterie 4 Adiccedilatildeo de poliacutemero extraiacutedo da Moringa Seacuterie
5 Adiccedilatildeo de poliacutemero extraiacutedo do Quiabo como ilustrado na Tabela 4 As seacuteries foram
realizadas em triplicata
Tabela 4 - Avaliaccedilatildeo dos sistemas
Seacuterie Poliacutemero Sistema
Seacuterie 1 Sem adiccedilatildeo de poliacutemero
Pavimento permeaacutevel
Pavimento permeaacutevel + areia
Convencional
Seacuterie 2 Poliacutemero sinteacutetico
Pavimento permeaacutevel
Pavimento permeaacutevel + areia
Convencional
Seacuterie 3 Mandioca
Pavimento permeaacutevel
Pavimento permeaacutevel + areia
Convencional
Seacuterie 4 Moringa
Pavimento permeaacutevel
Pavimento permeaacutevel + areia
Convencional
Seacuterie 5 Quiabo
Pavimento permeaacutevel
Pavimento permeaacutevel + areia
Convencional
461 Avaliaccedilatildeo do desaguamento sem adiccedilatildeo de poliacutemero (Seacuterie 1)
Para a disposiccedilatildeo nos leitos de secagem utilizou-se volume de 20 L de lodo
para cada sistema em todas as seacuteries
45
462 Avaliaccedilatildeo do desaguamento com adiccedilatildeo de poliacutemeros (Seacuteries 2 a 5)
Para as amostras de lodo que tiveram adiccedilatildeo de poliacutemero foi utilizado o Teste de
Jarros para preparo da soluccedilatildeo estoque e condicionamento do lodo para a avaliaccedilatildeo da
dosagem e formaccedilatildeo de flocos Atraveacutes do CST determinou-se a dosagem oacutetima dos
poliacutemeros (Item 42) Apoacutes esta etapa obedeceu-se a mesma metodologia empregada
na dosagem isto eacute primeiramente o lodo foi condicionado com poliacutemero sendo entatildeo
aplicado nos sistemas
463 Sistema controle
Aleacutem dos sistemas com lodo utilizou-se um controle para aferir a quantidade de
aacutegua sujeita a evaporaccedilatildeo no local Este controle consistiu em uma coluna drsquoaacutegua feita
de tubo de PVC do mesmo modo em que o utilizado nos sistemas de desaguamento
permitindo a comparaccedilatildeo entre o volume de aacutegua inicial (2 L) e o restante apoacutes o tempo
despendido pelo desaguamento Para isso utilizou-se o princiacutepio dos vasos
comunicantes ilustrado na Figura 15
46
Figura 15 - Coluna drsquoaacutegua utilizada como controle na bancada experimental
464 Avaliaccedilatildeo do Lodo Desaguado
As amostras de torta seca foram retiradas quando os desaguamentos dos
sistemas cessaram Analisou-se o teor de umidade obtido em cada sistema expresso
pela anaacutelise de Soacutelidos Totais
47
5 RESULTADOS
51 Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas
O teste para determinaccedilatildeo da taxa de infiltraccedilatildeo foi realizado em todos os
pavimentos e nos sistemas de pavimento com adiccedilatildeo de areia e convencional
Primeiramente realizou-se os testes nos quinze pavimentos A meacutedia encontrada foi de
1144 mL plusmn 6229 e CV 005 (em 5 segundos de infiltraccedilatildeo) Verificou-se que as taxas de
infiltraccedilatildeo de aacutegua dos mesmos tinham indiacutecios de normalidade4 em seguida fez-se o
boxplot (Figura 34 Apecircndice B) e verificou-se a existecircncia de dois valores atiacutepicos (768
e 852 mL) por fim buscou-se confirmar se estes pontos apontados eram taxas de
infiltraccedilatildeo fora do padratildeo apresentado pelos demais pavimentos Observa-se que estes
dois pavimentos (2 e 14) foram utilizados em testes preliminares com o objetivo de
verificar a viabilidade do projeto Como seriam avaliados tambeacutem o pavimento
permeaacutevel com adiccedilatildeo de areia utilizou-se esses pavimentos nestes sistemas pois a
taxa de infiltraccedilatildeo neste caso eacute menor devido a esta camada de areia possibilitando
seu uso para este fim
A taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas pavimento permeaacutevel acrescido de areia e
convencional foram calculados do mesmo modo A meacutedia destes foi de 182 mL plusmn 209 e
CV 01 para o primeiro e de 526 mL plusmn1433 e CV 027 para o segundo
52 Caracterizaccedilatildeo do lodo bruto
Realizou-se caracterizaccedilatildeo do lodo durante o periacuteodo de agosto a fevereiro de
2014 Observou-se que o lodo sofreu perda de aacutegua deste periacuteodo devido agraves condiccedilotildees
de acondicionamento uma vez que recebeu forte insolaccedilatildeo e o recipiente em que
estava natildeo possuiacutea condiccedilotildees ideais de vedaccedilatildeo tendo possivelmente uma perda de
aacutegua livre por evaporaccedilatildeo elevando o valor de soacutelidos Para caracterizaccedilatildeo deste lodo
no entanto os valores obtidos de Soacutelidos Totais foram considerados respeitando-se o
4 Isto eacute que tem indiacutecios de uma distribuiccedilatildeo de probabilidade normal
48
intervalo de confianccedila conforme o Boxplot da Figura 30 Apecircndice A Todavia o pH e a
alcalinidade natildeo sofreram interferecircncia com estas condiccedilotildees A Tabela 5 mostra que o
lodo utilizado foi mais concentrado que usualmente encontrado na literatura (tendo em
meacutedia 77634 mgL-1 de ST plusmn 669003 e CV 009) mas como citado por Andreoli (2009)
o lodo de tanque seacuteptico possui grande variabilidade e dependendo da forma em que eacute
retirado pode apresentar-se mais ou menos concentrado
Tabela 5 - Comparaccedilatildeo entre dados encontrados na literatura e na presente pesquisa
Paracircmetros PHILIPPI et
al (1999) Withers Jarvie amp Stoate (2011)
Moussavi Kazembeigi amp
Farzadkia (2010) Neste trabalho
Meacutedia Meacutedia Meacutedia Meacutedia plusmn CV
ST (mgL-1
) 1083 - 1070 77634 66900 009
STV (mgL-1
) 673 - - 35164 23127 007
pH 66 73 73 70 02 003
Alcalinidade (mg CaCO3L
-1)
- 6085 480 2300 3438 015
49
Os Soacutelidos Totais e Soacutelidos Suspensos Totais fazem parte do conjunto de
paracircmetros mais importantes do lodo e satildeo dependentes do tipo de processo de
tratamento de esgoto e do tratamento do lodo Tiacutepicas concentraccedilotildees de ST estatildeo na
faixa de 2 a 12 no lodo bruto e 12 a 30 no lodo desaguado No lodo seco ou
compostado esses valores podem alcanccedilar 50 (SHAMMAS amp WANG 2008)
Outro importante paracircmetro eacute a relaccedilatildeo entre os Soacutelidos Totais Volaacuteteis e
Soacutelidos Totais (STVST) que de acordo com Metcalf amp Eddy (1991) Shammas amp Wang
(2008) e Andreoli (2009) eacute uma boa indicaccedilatildeo da fraccedilatildeo orgacircnica dos soacutelidos e de seu
niacutevel de digestatildeo A relaccedilatildeo encontrada neste trabalho foi em meacutedia de 046 sendo
valores proacuteximos aos encontrados por Andreoli et al (2009) em RAFA de 055
A relaccedilatildeo meacutedia de SSVSST neste trabalho foi de 047 plusmn001 e CV 002
semelhante agrave encontrada para STVST Moussavi Kazembeigi amp Farzadkia (2010)
correlacionaram os valores de SSVSST tambeacutem em tanque seacuteptico com o mesmo
objetivo e essa relaccedilatildeo foi de 057 classificando o lodo como estabilizado
Eacute necessaacuterio observar que a relaccedilatildeo entre STVST tiacutepica de um lodo primaacuterio eacute
de 075 a 080 proacutepria de lodos natildeo digeridos (METCALF amp EDDY 1991 ANDREOLI
VON SPERLING amp FERNANDES 2001 ANDREOLI et al 2009) O lodo proveniente de
tanques seacutepticos eacute classificado como lodo primaacuterio como o gerado em decantadores
primaacuterios Contudo diferentemente deste uacuteltimo o lodo de tanques seacutepticos sofre
digestatildeo anaeroacutebia
Os lodos digeridos tecircm valores entre 060 e 065 (ANDREOLI VON SPERLING
amp FERNANDES 2001) Apesar disso a Resoluccedilatildeo CONAMA 37506 afirma que os
lodos de esgoto que apresentem relaccedilatildeo (STVST) inferiores a 070 jaacute satildeo
considerados estaacuteveis para fins de utilizaccedilatildeo agriacutecola (BRASIL 2006)
Entretanto lodos que se adequam a essa relaccedilatildeo podem conter quantidades
significativas de areia e outros componentes inorgacircnicos que contribuem para o
aumento de soacutelidos fixos A baixa relaccedilatildeo entre soacutelidos volaacuteteis e soacutelidos totais pode
natildeo ser a mais adequada para indicaccedilatildeo do niacutevel de mineralizaccedilatildeo do lodo e de seu
impacto no solo A NBR 122091992 conceitua lodo estabilizado como aquele natildeo
sujeito a putrefaccedilatildeo poreacutem a quantificaccedilatildeo de STV natildeo eacute um indicador direto deste
50
fenocircmeno Existem algumas metodologias que fornecem essa indicaccedilatildeo como a
determinaccedilatildeo do potencial de mineralizaccedilatildeo do carbono e nitrogecircnio e de foacutesforo
atraveacutes da quantificaccedilatildeo de CO2 nitrogecircnio na forma de amocircnio e nitrogecircnio na forma
de nitrato (N-NH4+ e N-NO3
-) e extraccedilatildeo de foacutesforo como realizado por Tognetti et al
(2008)
Outro meacutetodo relativamente simples e amplamente utilizado eacute a respirometria de
Bartha que quantifica a produccedilatildeo de CO2 produzida pela microbiota quando em contato
com um composto natildeo presente naturalmente no solo medindo de maneira indireta
sua atividade metaboacutelica para degradaccedilatildeo destes compostos que mesmo sendo
orgacircnicos podem ser recalcitrantes Essa teacutecnica pode ser utilizada na anaacutelise da
biodegradabilidade do lodo para fins de utilizaccedilatildeo agriacutecola por medir o impacto de sua
aplicaccedilatildeo no solo (CLARKE TAYLOR amp COSSINS 2007)
Em relaccedilatildeo agrave alcalinidade e ao pH pode-se afirmar que satildeo os paracircmetros mais
importantes entre as anaacutelises quiacutemicas simples que verificam a qualidade do lodo
Visto que o pH determina as espeacutecies coagulantes que seratildeo utilizadas no
condicionamento bem como a natureza das cargas superficiais dos coloides (WPCF
1988) Aleacutem disso concentraccedilotildees elevadas de iacuteons de caacutelcio contribuem para melhora
do desaguamento do lodo (JIN WILEacuteN amp LANT 2003) Contudo no uso de
condicionantes inorgacircnicos a alta alcalinidade associada a lodos digeridos
anaeroacutebiamente pode levar a altas doses desses coagulantes pois se comportam
como aacutecidos quando satildeo adicionados a aacutegua isto eacute reduzem o pH da mistura gerada
(WPCF 1988)
53 Dosagem oacutetima dos poliacutemeros
A avaliaccedilatildeo das dosagens dos poliacutemeros baseou-se primeiramente na formaccedilatildeo de
flocos no teste de jarros Nas dosagens onde houve essa formaccedilatildeo realizou-se o
tempo de succcedilatildeo capilar (CST) comparando-se com os resultados do lodo sem
poliacutemero Segundo WPCF (1988) valores tiacutepicos para o Tempo de Succcedilatildeo Capilar
(CST) de lodo natildeo condicionado satildeo de aproximadamente 200 segundos O lodo em
51
estudo teve uma meacutedia de 2338 plusmn 1723 segundos demonstrando que seu
desaguamento ideal eacute ligeiramente mais lento do que lodos usualmente encontrados
Um dos fatores que influencia longos tempos de CST eacute a concentraccedilatildeo de soacutelidos Por
isso analisou-se esse paracircmetro nas aliacutequotas de lodo utilizadas em cada teste
Apesar da concentraccedilatildeo de soacutelidos no lodo estudado ser alta pode natildeo ser a uacutenica
responsaacutevel por estes resultados como jaacute mencionado outros fatores podem interferir
no desaguamento como o tipo de aacutegua encontrada no lodo e a alcalinidade (VESILIND
1988 WPCF 1988 VESILIND1994)
Para a dosagem oacutetima dos poliacutemeros o criteacuterio utilizado foi de acordo com WPCF
(1988) que indica que um lodo bem condicionado natildeo deve ultrapassar 10 segundos
no teste CST Sendo assim escolheu-se a menor dosagem dentre as que tiveram
resultados inferiores a 10 segundos As dosagens dos poliacutemeros que foram testadas
podem ser vistas na Tabela 6 e nos subitens 531 532 533 e 534
52
Tabela 6 - Dosagens testadas dos poliacutemeros utilizados na pesquisa
Poliacutemeros
Kemira 8394 reg Mandioca Moringa Quiabo
Dosagens testadas
(gL-1)
005 200 600 1000
010 250 800 1500
020 300 1000 2000
040
1200 1000
050
1400 1500
060
1600 2000
1800
2000
2200
2400
2600
2800
3000
3200
3400
3600
3800
4000
4200
4400
4600
4800
5000
6000
7000
9000
12000
531 Poliacutemero Sinteacutetico
Foram realizados dois testes de dosagem para o poliacutemero sinteacutetico uma em agosto
de 2013 e outra em fevereiro de 2014 devido ao intervalo relativamente grande entre a
primeira e a segunda seacuterie de desaguamento No primeiro teste as dosagens
53
analisadas foram de 005 010 020 e 040 gL-1 sendo encontrada a dosagem ideal
de 020 g L-1 Calculando a dosagem em funccedilatildeo da concentraccedilatildeo de soacutelidos do lodo
obteacutem-se que a dosagem ideal foi de 68 g kg ST-1 ressalta-se que o caacutelculo foi
realizado em funccedilatildeo dos ST e natildeo como o indicado por Andreoli von Sperlin
Fernandes (2001) que fazem em funccedilatildeo de SST devido ao fato do condicionamento
quiacutemico natildeo agir somente nos SST mas tambeacutem em partiacuteculas coloidais e dissolvidas
presentes no lodo (LIBAcircNIO 2005) Uma vez obtida a relaccedilatildeo ideal entre poliacutemero e
ST adicionou-se ao lodo em todos as seacuteries a mesma dosagem
No segundo teste foram utilizadas as seguintes dosagens 040 050 e 060 gL-1
A dosagem ideal obtida no teste foi de 050 g L-1 Os tempos registrados no CST
podem ser observados na Tabela 7
Tabela 7 - Resultados obtidos no CST nas dosagens de poliacutemero testadas
Poliacutemero Sinteacutetico
Dosagem (gL-1) Meacutedia plusmn CV
0055 - - -
010 106 14 01
020 74 15 02
040 1107 14 01
040 109 45 04
050 64 21 03
060 925 07 01
532 Mandioca
Preparou-se soluccedilatildeo estoque de 10 gL-1 A concentraccedilatildeo esteve em funccedilatildeo do
limite de saturaccedilatildeo da mistura da aacutegua com a feacutecula de mandioca visto que acima
desta concentraccedilatildeo a soluccedilatildeo natildeo se solubilizava por completo Apesar da
concentraccedilatildeo da soluccedilatildeo ser muito superior a testes realizados em aacutegua por Dantas amp
5 Como citado na literatura o CST foi feito somente nas dosagens em que houve formaccedilatildeo de flocos
54
Di Bernardo (2000) de 10 gL-1 natildeo foi possiacutevel testar grandes dosagens jaacute que isso
implicaria em um grande volume de poliacutemero superior inclusive ao volume de lodo
utilizado o que inviabilizaria sua aplicaccedilatildeo As dosagens testadas foram de 20 25 e
30 gL-1 sendo que em nenhuma delas houve a formaccedilatildeo de flocos Ressalva-se que
foi possiacutevel realizar essas dosagens utilizando-se volumes de lodo menores que os de
poliacutemero mantendo-se assim o volume total de 2 L no teste de jarros
Os testes mostraram que pela metodologia empregada no presente projeto natildeo foi
possiacutevel utilizar o poliacutemero obtido a partir da mandioca como condicionante de lodo de
esgoto natildeo sendo realizados testes de desaguamento nos sistemas Possivelmente
seriam necessaacuterias dosagens extremamente elevadas deste poliacutemero para a obtenccedilatildeo
de resultados positivos no lodo que foi utilizado como auxiliar de coagulaccedilatildeo no
tratamento de aacutegua por Di Bernardo (2000)
533 Moringa
As concentraccedilotildees testadas iniciaram em 60 gL-1 - dosagem oacutetima de poacute seco
obtida por Muyibi et al (2001) As demais dosagens foram de 80 100 120 140
160 180 200 220 240 260 280 300 320 340 360 380 400 420 440
460 480 500 600 700 900 1200 g L-1 Natildeo houve formaccedilatildeo de flocos em
nenhuma dosagem Ressalva-se que o teste foi limitado pela quantidade poacute obtido pelo
descascamento seleccedilatildeo moagem e peneiramento das sementes de moringa
Existem diversos fatores que podem contribuir para a natildeo correlaccedilatildeo de resultados
obtidos no presente estudo e os relatados na literatura Dentre eles nota-se que apesar
de Muyibi et al (2001) terem conseguido obter resultados positivos no condicionamento
do lodo pela moringa os testes realizados para tal natildeo satildeo os mesmos realizados nesta
pesquisa os pesquisadores utilizaram teste de resistecircncia especiacutefica e de reduccedilatildeo de
volume do lodo em teste de jarros Aleacutem disso o meacutetodo de preparo do poacute seco
utilizado no experimento natildeo eacute detalhado podendo sofrer variaccedilotildees importantes que
podem interferir nos resultados Outro fator importante eacute a concentraccedilatildeo de soacutelidos do
lodo utilizado no trabalho que em momento algum eacute fornecida pelos autores apenas
55
afirmam que o lodo eacute proveniente de uma ETE Como haacute uma correlaccedilatildeo positiva entre
a concentraccedilatildeo de soacutelidos do lodo e a dosagem de condicionantes caso este lodo seja
menos concentrado que o lodo utilizado no presente projeto provavelmente as
dosagens dos condicionantes empregados seratildeo menores
534 Quiabo
Para os testes com o quiabo foram empregadas duas metodologias que se
diferem somente na abertura das peneiras utilizadas Na primeira o peneiramento foi de
0841 mm e na segunda o peneiramento foi de 0149 mm Ambos tiveram soluccedilatildeo
estoque com concentraccedilatildeo de 50 g L-1 (limite de saturaccedilatildeo) e as mesmas dosagens
testadas de 100 150 e 200 g L-1 Ressalta-se que as dosagens foram limitadas pela
quantidade de poacute obtido no processo para se obter aproximadamente 01 kg do poacute
mais fino utilizou-se 15 kg de quiabo jaacute que grande parte desta massa eacute aacutegua e eacute
necessaacuterio secaacute-lo moecirc-lo e peneiraacute-lo Em todas as dosagens testadas natildeo se
verificou a formaccedilatildeo de flocos Um dos fatores que pode ter contribuiacutedo para a natildeo
formaccedilatildeo de flocos eacute o fato do poliacutemero ser aniocircnico conforme apontado por Abreu
Lima (2007)
535 Avaliaccedilatildeo geral da dosagem dos poliacutemeros
Natildeo foram encontradas dosagens oacutetimas para o condicionamento do lodo de esgoto
de tanque seacuteptico quando utilizou-se os poliacutemeros naturais oriundos da mandioca
moringa e quiabo Destaca-se que foram avaliadas somente algumas metodologias
simplificadas adequadas a ETE de pequeno porte localizadas em comunidades
isoladas eou rurais Eacute possiacutevel que existam resultados positivos caso empregue-se
outras metodologias mais complexas que aumentem a concentraccedilatildeo dos poliacutemeros em
volumes viaacuteveis para aplicaccedilatildeo no lodo de esgoto uma vez que outras pesquisas
relataram sua eficiecircncia no tratamento de aacutegua esgoto e condicionamento do lodo
Em relaccedilatildeo ao poliacutemero orgacircnico sinteacutetico a dosagem oacutetima encontrada eacute viaacutevel
para aplicaccedilatildeo Poreacutem eacute importante considerar que a utilizaccedilatildeo de poliacutemeros orgacircnicos
56
sinteacuteticos incrementa custos significativos agrave operaccedilatildeo da ETE bem como matildeo-de-obra
especializada para sua manipulaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo
54 Desaguamento do lodo nos sistemas
Como explicado anteriormente as seacuteries satildeo as replicatas da anaacutelise de
desaguamento do lodo ao longo do tempo na escala de bancada Para cada seacuterie
utilizou-se 2 L de lodo de esgoto a carga meacutedia aplicada no projeto foi de 1880
kgSTm-2 com plusmn 263 e CV 014 ou seja tem-se indiacutecios estatiacutesticos de que a meacutedia eacute
representativa Em todas as seacuteries considerou-se o teacutermino do desaguamento quando
a percolaccedilatildeo parou nos sistemas ou seja quando o volume coletado foi de 0 mL Eacute
importante observar que as condiccedilotildees climaacuteticas variaram consideravelmente no
periacuteodo em que as seacuteries foram realizadas deste modo verifica-se que a influecircncia da
temperatura e da evaporaccedilatildeo foram diferentes em cada uma das seacuteries Na Tabela 8
satildeo apresentadas as condiccedilotildees relativas a cada uma das seacuteries No Apecircndice B as
Figura 41 42 43 44 e 45 exibem as temperaturas diaacuterias registradas e a evaporaccedilatildeo
da coluna drsquoaacutegua (Sistema controle item 463)
Tabela 8 - Temperatura evaporaccedilatildeo e duraccedilatildeo das seacuteries
Sem poliacutemero Poliacutemero Sinteacutetico
Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie IV
TdegC Maacutex 341 357 371 271 370 343 343
TdegC Min 96 132 160 65 203 160 160
Evaporaccedilatildeo coluna daacutegua ()
180 200 320 15 160 40 40
Iniacutecio 030913 291013 280114 280913 060214 180214 180214
Duraccedilatildeo (dias) 350 390 280 40 80 50 50
Em que TdegC Maacutex Temperatura Maacutexima TdegC Min Temperatura Miacutenima
Na Tabela 9 satildeo apresentados os volumes desaguados os teores de soacutelidos das
tortas secas resultantes dos sistemas de bancada a meacutedia amostral e a meacutedia
ajustada6 de cada sistema Esta uacuteltima eacute decorrente de um ajuste de um modelo linear
6 A meacutedia ajustada decorre da meacutedia geral das categorias tomadas como sendo iguais incluindo um erro
aleatoacuterio
57
normal Desta forma eacute possiacutevel verificar se haacute diferenccedilas significativas entre os valores
amostrais Os boxplot dos volumes amostrais e dos ajustados podem ser visualizados
nas Figura 46 e 47 (Apecircndice B)
No que se refere ao volume desaguado haacute indiacutecios estatiacutesticos de que tanto nas
seacuteries sem adiccedilatildeo de poliacutemero e com adiccedilatildeo de poliacutemero nos sistemas pavimento
permeaacutevel e pavimento permeaacutevel acrescido de areia as meacutedias natildeo tecircm diferenccedila
significativa como observado na Figura 47 Todavia comparando-se estes sistemas ao
convencional a diferenccedila eacute significativa segundo a anaacutelise de variacircncia
No tocante ao teor de soacutelidos da torta seca comparando-se o condicionamento ou
natildeo do lodo verificou-se que o lodo sem poliacutemero produziu tortas com igual umidade
que o lodo condicionado visto que quando se comparou os valores de ST nos sistemas
com ou sem poliacutemero natildeo se verificou diferenccedila significativa Examinando-se o
desempenho dos sistemas notou-se que natildeo haacute diferenccedila significativa de ST entre
pavimento permeaacutevel e pavimento permeaacutevel e areia Todavia haacute diferenccedila entre estes
e o convencional segundo a anaacutelise de variacircncia verificado nos boxplot da Figura 48
(Apecircndice B) Ademais como realizado no volume desaguado ajustou-se um modelo
linear em que calculou-se uma meacutedia ajustada para cada sistema como pode ser visto
na Figura 49 do Apecircndice B
58
Tabela 9 - Resultados do desaguamento do lodo de esgoto de tanque seacuteptico
Seacuteries
Sem poliacutemero Poliacutemero Sinteacutetico
P P+A C P P+A C
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
I 1960 540 2208 578 2824 561 2412 1484 2645 1413 2980 1232
II 2777 665 2967 675 3279 492 2503 1411 262 1377 2753 1145
III 2487 628 2824 609 2872 587 2327 1481 2473 1513 2843 1265
IV - - - - - - 2336 1479 - - - -
Meacutedia 2408 611 2667 621 2992 547 2395 1464 2519 1434 2859 1214
plusmn 414 6421 403 4954 250 4910 088 4131 093 7047 114 6199
CV 1720 1051 1512 798 836 898 368 282 369 491 400 511
Meacutedia ajustada
7
2503 64451 2503 64451 2925 48931 2503 142656 2503 142656 2925 127136
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia C Convencional ST Soacutelidos Totais plusmn Desvio Padratildeo CV Coeficiente de Variaccedilatildeo
7 A meacutedia ajustada demonstra que estatisticamente certos valores satildeo iguais
59
541 Sistema composto por Pavimento Permeaacutevel
a) Lodo natildeo condicionado
Para o lodo sem adiccedilatildeo de poliacutemero desaguado em pavimento permeaacutevel o
desaguamento foi respectivamente de 540 665 e 628 mL nas seacuteries I II e III Nota-se
que houve pequenas variaccedilotildees nas trecircs seacuteries justificadas em parte pela variabilidade
das condiccedilotildees climaacuteticas e em parte pela variabilidade normal na reproduccedilatildeo dos
experimentos Contudo eacute possiacutevel notar um comportamento geral das seacuteries onde o
desaguamento eacute mais intenso nas primeiras 70 horas e mais ameno nas restantes A
Figura 16 mostra a evoluccedilatildeo do desaguamento no sistema composto por pavimento
permeaacutevel
Figura 16 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento permeaacutevel com lodo de esgoto sem poliacutemero
0
100
200
300
400
500
600
700
0 200 400 600 800 1000
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo em pavimento permeaacutevel
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
60
b) Lodo condicionado
Para o lodo com adiccedilatildeo de poliacutemero o desaguamento foi realizado em quatro
seacuteries e o volume percolado foi de 1484 1411 1481 e 1479 mL nas seacuteries I II III e IV
respectivamente A seacuterie IV foi realizada somente para verificar se haveria diferenccedila no
desaguamento do pavimento permeaacutevel em decorrecircncia do aumento da taxa de
infiltraccedilatildeo ocasionada na segunda lavagem dos sistemas como seraacute exposto no item
59 Realizou-se o desaguamento concomitantemente com a terceira seacuterie do lodo
condicionado Observa-se um comportamento geral nas seacuteries semelhante ao lodo sem
condicionamento intensidade de desaguamento maior nas primeiras horas e menor
nas demais Contudo diferentemente do lodo natildeo condicionado o desaguamento foi
mais intenso nas primeiras 3 h quando adicionou-se o poliacutemero Estes resultados
evidenciam que o condicionamento do lodo com poliacutemeros aumenta radicalmente natildeo
soacute a taxa de desaguamento mas tambeacutem o volume de aacutegua percolado chegando a ser
em meacutedia 5803 maior que nas seacuteries sem poliacutemero utilizando-se o mesmo sistema
Tanto a raacutepida percolaccedilatildeo quanto o maior volume devem-se agraves pontes quiacutemicas
formadas entre o poliacutemero e aos soacutelidos presentes no lodo que agregam-se em flocos
facilitando a sua separaccedilatildeo da aacutegua livre (LIBAcircNIO 2005 WPCFM 1988) O
hidrograma gerado pode ser observado na Figura 17
61
Figura 17 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento permeaacutevel com lodo de esgoto com adiccedilatildeo de poliacutemero
542 Sistema composto por Pavimento Permeaacutevel e areia
a) Lodo natildeo condicionado
O sistema composto por pavimento permeaacutevel com adiccedilatildeo de areia natildeo teve
diferenccedilas significativas em relaccedilatildeo ao composto somente por pavimento permeaacutevel
tendo comportamento semelhante a este e desaguando 578 675 e 609 mL
respectivamente nas seacuteries I II e III como observado na Figura 18
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
0 10 20 30 40 50 60 70
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo com adiccedilatildeo de poliacutemero sinteacutetico em pavimento permeaacutevel
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
Seacuterie IV
62
Figura 18 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento permeaacutevel com lodo de esgoto sem poliacutemero
a) Lodo condicionado
Como os sistemas anteriores o lodo com adiccedilatildeo de poliacutemero sinteacutetico teve
desempenho superior ao sem condicionamento com 1413 1377 e 1513 mL de
desaguamento nas seacuteries I II e III respectivamente O hidrograma deste sistema pode
ser visto na Figura 19
0
100
200
300
400
500
600
700
800
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo em pavimento permeaacutevel e areia
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
63
Figura 19 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento permeaacutevel e areia com
lodo de esgoto com adiccedilatildeo de poliacutemero
543 Sistema Convencional
a) Lodo natildeo condicionado
Para o lodo sem adiccedilatildeo de poliacutemero desaguado em sistema convencional o
volume percolado foi de 561 492 e 587 mL respectivamente nas seacuteries I II e III
Apesar da seacuterie II ter um desaguamento menor e mais lento que as seacuteries I e II essa
diferenccedila natildeo eacute estatisticamente relevante como observado no boxplot da Figura 46 no
Apecircndice B Nota-se tambeacutem que o desaguamento na Seacuterie III foi mais raacutepido uma
das razotildees apontadas pode ser a alta temperatura e evaporaccedilatildeo registradas neste
periacuteodo sendo este comportamento observado nos sistemas compostos por pavimento
permeaacutevel e pavimento permeaacutevel com camada de areia
Ainda que verifiquem-se algumas diferenccedilas entre as seacuteries eacute possiacutevel constatar
o mesmo comportamento geral registrado nos sistemas anteriores onde o
desaguamento foi mais intenso nas primeiras horas e mais lento nas demais conforme
hidrograma exposto na Figura 20
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo com poliacutemero sinteacutetico em pavimento permeaacutevel e areia
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
64
Figura 20 - Hidrograma do desaguamento do sistema convencional com lodo de esgoto sem poliacutemero
b) Lodo condicionado
Para o lodo condicionado com poliacutemero o volume desaguado foi maior e grande
parte foi percolado nos primeiros minutos comportamento observado em todas as
seacuteries O sistema convencional desaguou nas seacuteries I II e III 1232 1145 e 1265 mL
respectivamente volumes menores que os demais sistemas Devido ao raacutepido
desaguamento deste lodo pode-se afirmar que a evaporaccedilatildeo exerce pouca influecircncia
neste processo sendo a drenagem o principal mecanismo Apesar da evidente
discrepacircncia de volume e tempo de desaguamento na seacuterie II natildeo houve diferenccedila
estatiacutestica entre as demais seacuteries como comprovado pelo boxplot da Figura 46 no
Apecircndice B A Figura 21 mostra o hidrograma deste desaguamento
0
100
200
300
400
500
600
700
0 200 400 600 800 1000
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo em sistema convencional
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
65
Figura 21 - Hidrograma do desaguamento do sistema convencional com lodo de esgoto com adiccedilatildeo de poliacutemero
55 Teor de soacutelidos das tortas secas
Analisou-se tambeacutem os teores de soacutelidos nas tortas secas obtidos em cada
sistema Nota-se que apesar da maior percolaccedilatildeo dos sistemas compostos por
pavimento permeaacutevel e pavimento permeaacutevel com areia os melhores valores foram do
sistema convencional tanto para o lodo sem condicionamento quanto para o lodo
condicionado Esses resultados provavelmente decorrem da retenccedilatildeo de parte da aacutegua
percolada pela camada de areia do sistema fazendo com que o volume total percolado
natildeo consiga atravessar toda a camada de areia e a camada de brita do sistema ateacute ser
coletado no recipiente
Constatou-se que natildeo houve diferenccedila significativa na utilizaccedilatildeo ou natildeo de
poliacutemero ou seja os sistemas produziram tortas secas de semelhante teor quando natildeo
adicionou-se poliacutemero e quando adicionou-se Tambeacutem natildeo houve diferenccedila
significativa entre os sistemas pavimento permeaacutevel e pavimento permeaacutevel acrescido
de areia Poreacutem houve entre os mesmos e sistema convencional como mostra a
Figura 49 no Apecircndice B O teor de soacutelidos no sistema pavimento permeaacutevel sem
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo com adiccedilatildeo de poliacutemero sinteacutetico em sistema convencional
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
66
condicionamento foi em meacutedia de 2408 plusmn414 enquanto que o lodo condicionado a
meacutedia foi de 2395 plusmn 088 No sistema pavimento permeaacutevel e areia a meacutedia foi de
2667 plusmn 403 para o lodo sem poliacutemero e de 2519 plusmn 093 para o lodo com adiccedilatildeo de
poliacutemero Para o sistema convencional a meacutedia de ST foi de 2992 plusmn 250 e 2859 plusmn
114 no lodo natildeo condicionado e no condicionado respectivamente
Contudo eacute possiacutevel notar comportamentos distintos no lodo condicionado e natildeo
condicionado enquanto o lodo natildeo condicionado perdeu mais umidade quando a
temperatura foi mais alta (nas seacuteries) o lodo condicionado parece natildeo ter sofrido
influecircncia significativa desta variaacutevel ambiental esse fato deve-se ao seu raacutepido
desaguamento jaacute mencionado anteriormente Ademais observa-se que as
concentraccedilotildees de STV satildeo maiores que as de STF uma hipoacutetese eacute que a mateacuteria
inorgacircnica dissolvida pode ter sido percolada juntamente com a aacutegua drenada do lodo
As Figura 22 e 23 ilustram a os valores de Soacutelidos Totais Soacutelidos Totais Fixos e Soacutelidos
Totais Volaacuteteis das tortas secas dos lodos desaguados sem e com adiccedilatildeo de poliacutemero
respectivamente
Figura 22 - Teor de soacutelidos da torta seca do lodo desaguado sem poliacutemero
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia C Convencional Soacutelidos Totais
STF Soacutelidos Totais Fixos e STV Soacutelidos Totais Volaacuteteis
000
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III
P P+A C
Teor de soacutelidos da torta seca do lodo sem poliacutemero
ST
STF
STV
67
Figura 23 - Teor de soacutelidos da torta seca do lodo desaguado com poliacutemero sinteacutetico
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia C Convencional Soacutelidos Totais
STF Soacutelidos Totais Fixos e STV Soacutelidos Totais Volaacuteteis
56 Anaacutelise geral dos sistemas
O lodo com ou sem poliacutemero mostrou comportamento semelhante ao percolar
uma fraccedilatildeo significativa de seu volume nas primeiras horas do desaguamento e
posteriormente assumiu uma taxa de infiltraccedilatildeo mais lenta a diferenccedila verificada foi no
menor tempo necessaacuterio e na maior quantidade de aacutegua desaguada do lodo
condicionado como observado na Figura 24 Os pontos no graacutefico tratam-se das
meacutedias das seacuteries nos sistemas Neste graacutefico foram inclusos todos os pontos de todas
as seacuteries em ordem cronoloacutegica sendo possiacutevel assim observar um comportamento em
cada sistema estudado
000
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie IV Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III
P P+A C
Teor de soacutelidos da torta seca do lodo com poliacutemero sinteacutetico
ST
STF
STV
68
Figura 24 - Hidrograma do desaguamento do lodo em todos os sistemas no lodo natildeo condicionado e condicionado
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
Esta raacutepida percolaccedilatildeo pode ser justificada pela interaccedilatildeo do poliacutemero com as
partiacuteculas do lodo ocorrer quase imediatamente apoacutes a sua aplicaccedilatildeo (WPCFM 1988)
Isso ocorre porque os poliacutemeros atuam como coagulantes formando pontes quiacutemicas
entre o poliacutemero e as partiacuteculas coloidais presentes no lodo que satildeo adsorvidas pelas
diversas cadeias de monocircmeros do poliacutemero agregando-se em flocos densos passiacuteveis
de serem removidos por filtraccedilatildeo sedimentaccedilatildeo ou flotaccedilatildeo (LIBAcircNIO 2005)
Portanto tempos menores de desaguamento implicariam em maior quantidade
de ciclos de secagem em leitos em escala real podendo ocasionar um impacto
consideraacutevel no caacutelculo da aacuterea necessaacuteria para o leito
Apesar disso os valores de ST nas seacuteries com adiccedilatildeo de poliacutemero podem ser
considerados iguais aos do lodo sem condicionamento Certamente pelo periacuteodo de
desaguamento do lodo sem poliacutemero ter sido muito superior ao do lodo condicionado
(em torno de 35 e 6 dias respectivamente) houve maior evaporaccedilatildeo da aacutegua presente
no lodo nestes sistemas (por volta de 23 e 6 de modo respectivo) que compensou o
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo nos sistemas com e sem poliacutemero
P Sem poliacutemero P com poliacutemero P+A sem poliacutemero
C sem poliacutemero C com poliacutemero P+A com poliacutemero
69
menor volume drenado Isso decorre de que em leitos de secagem haacute necessidade de
tempos relativamente longos de evaporaccedilatildeo (van Haandel amp Lettinga 1994)
Pode-se considerar que a evaporaccedilatildeo eacute uma grande contribuinte no desaguamento
em escala real e consequentemente na obtenccedilatildeo de teores maiores de ST nas tortas
secas Poreacutem em escala de bancada os sistemas sofreram menor influecircncia da
evaporaccedilatildeo devido a menor influecircncia dos fatores climaacuteticos responsaacuteveis pela
evaporaccedilatildeo tendo entatildeo seus valores de ST subestimados
Analisando-se os sistemas verifica-se que de maneira geral pelas Figuras 25 e
26 que o sistema convencional foi significativamente mais lento que os sistemas
alternativos e os volumes desaguados foram menores do que nos sistemas pavimento
permeaacutevel e pavimento e areia No lodo sem condicionamento enquanto 563 do
volume inicial foi percolado nas 30 primeiras horas no sistema composto por pavimento
permeaacutevel o sistema pavimento permeaacutevel e areia foi ligeiramente mais lento
desaguando neste periacuteodo 486 de seu volume e no sistema convencional somente
301 Para o lodo condicionado nas primeiras 3 h o pavimento permeaacutevel pavimento
permeaacutevel acrescido de areia e convencional desaguaram 690 487 e 185 de seu
volume
Figura 25 - Desaguamento do lodo sem poliacutemero - meacutedias das seacuteries
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
00
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
00 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000
Volu
me
acum
ulad
o (m
L)
Tempo (h)
Desaguamento meacutedio do lodo sem poliacutemero
P
P+A
C
70
Figura 26 - Desaguamento do lodo com poliacutemero - meacutedias das seacuteries
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
Todavia o sistema convencional produziu tortas secas com menor umidade
Como jaacute explicado anteriormente esses resultados podem ser justificados pela
existecircncia de uma camada maior de areia em que parte da aacutegua percolada tenha
ficado ali retida A adiccedilatildeo da camada de areia de 001 m ao pavimento permeaacutevel natildeo
mostrou aumento significativo tanto no volume desaguado quanto na torta seca
produzindo valores de ST semelhantes aos do sistema composto somente por
pavimento permeaacutevel
Aleacutem do sistema composto por pavimento permeaacutevel obter maior volume de
aacutegua percolada do que o sistema convencional pode-se considerar que este uacuteltimo tem
uma pequena aacuterea de drenagem (2 a 3 cm de camada de areia entre os tijolos
recozidos) em escala real como ilustra a Figura 27
00
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
00 100 200 300 400 500 600 700 800
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento meacutedio do lodo com poliacutemero
P
P+A
C
71
Figura 27 - Detalhe da constituiccedilatildeo do leito de secagem convencional
A NBR 122091992 considera que a aacuterea ocupada pela areia natildeo pode ser
inferior a 15 da aacuterea total do leito Desta forma considerando os valores das meacutedias
ajustadas o lodo sem poliacutemero e com poliacutemero desaguariam respectivamente 5298 e
13762 Lm-sup2 no sistema convencional Enquanto que o pavimento permeaacutevel e
pavimento permeaacutevel acrescido de areia desaguariam 8210 e 18173 Lm-sup2 para o lodo
sem adiccedilatildeo de poliacutemero e com adiccedilatildeo de poliacutemero respectivamente8
Por esse motivo como a percolaccedilatildeo da aacutegua eacute fator importante no teor de
umidade final da torta seca eacute importante balizar que da mesma forma que no processo
de drenagem o teor de soacutelidos da torta seca do sistema convencional eacute superestimado
na escala de bancada ou seja em escala real eacute provaacutevel que estes valores sejam
significativamente menores ou que demande-se mais tempo para obtenccedilatildeo da mesma
umidade na torta seca
Nota-se tambeacutem que os valores de Soacutelidos Totais Volaacuteteis (STV) satildeo superiores
aos Soacutelidos Totais Fixos (STF) com a relaccedilatildeo meacutedia de STVST de 058 superior a do
lodo bruto de 046 como jaacute citado uma das razotildees pode ser a percolaccedilatildeo de mateacuteria
inorgacircnica dissolvida Segundo Andreoli von Sperling amp Fernandes (2001) a relaccedilatildeo
8 Para a obtenccedilatildeo destes valores utilizou-se a meacutedia dos volumes desaguados dos sistemas para
calcular-se o volume desaguado por msup2 Considerou-se que a percolaccedilatildeo ocorre em toda a aacuterea do leito
nos sistemas pavimento permeaacutevel e pavimento permeaacutevel e areia No sistema convencional
considerou-se que a percolaccedilatildeo somente ocorre na aacuterea do onde haacute areia portanto estes valores foram
multiplicados por 15
72
entre SVST tiacutepica do eacute lodo desidratado eacute de 060 a 065 Poreacutem a relaccedilatildeo encontrada
por Andreoli et al (2009) foi de 022 indicando a grande variabilidade do lodo
Como jaacute mencionado Ruiz Kaosol amp Wisniewsk (2010) relacionaram a
quantidade de mateacuteria orgacircnica presente no lodo e sua aptidatildeo ao desaguamento
mecacircnico estabelecendo a relaccedilatildeo inversamente proporcional entre mateacuteria orgacircnica e
eficiecircncia do processo de desaguamento mecacircnico Andreoli von Sperling amp Fernandes
(2001) tambeacutem afirmam que lodos com menor teor de mateacuteria orgacircnica tambeacutem satildeo
mais indicados para o desaguamento por processos naturais Esses resultados
apontam que o lodo utilizado na pesquisa tem aptidatildeo ao desaguamento por ter sofrido
digestatildeo
Aleacutem disso eacute necessaacuterio atentar que diferentemente dos resultados obtidos por
van Haandel amp Lettinga (1994) a concentraccedilatildeo de soacutelidos influenciou o desaguamento
do lodo uma vez que o volume aplicado sobre os leitos foi o mesmo sendo que a
carga aplicada alterou-se em funccedilatildeo da concentraccedilatildeo de soacutelidos que se alterou
durante a pesquisa
Observa-se tambeacutem que van Haandel amp Lettinga (1994) utilizaram lodos com ST
entre 4 e 10 finalizando o desaguamento com fraccedilatildeo de soacutelidos de aproximadamente
20 nos leitos de secagem convencional Os valores obtidos na presente pesquisa
para o leito de secagem convencional satildeo superiores aos encontrados pelos
pesquisadores variando de 28 a 33
Com o objetivo de estimar a influecircncia da evaporaccedilatildeo nos sistemas elaborou-se
duas hipoacuteteses a primeira considera a quantidade de aacutegua evaporada como percolada
pelos sistemas e a segunda trata-se de calcular a umidade do lodo caso natildeo houvesse
a evaporaccedilatildeo nos sistemas Ambas baseiam-se nas perdas de aacutegua por evaporaccedilatildeo
registradas pelo sistema controle
73
57 Hipoacutetese I ndash Aacutegua evaporada do lodo sendo percolada
Com o intuito de explicar a diferenccedila de volume desaguado no lodo sem e com
condicionamento a primeira hipoacutetese assume a ausecircncia de evaporaccedilatildeo considerando
que a porccedilatildeo de aacutegua que foi evaporada da coluna drsquoaacutegua foi percolada nos sistemas
respeitando-se a quantidade e tempo em que ocorreu a evaporaccedilatildeo no sistema
controle Para tanto faz-se necessaacuterias algumas ponderaccedilotildees
A evaporaccedilatildeo de um liacutequido tem relaccedilatildeo estreita com sua tensatildeo superficial
quanto mais baixa esta eacute maior seraacute a evaporaccedilatildeo Sabe-se que a aacutegua naturalmente
presente na natureza tem alta tensatildeo superficial e existem substacircncias que conteacutem
moleacuteculas anfifiacutelicas como detergente e sabatildeo que diminuem a tensatildeo superficial da
aacutegua e consequentemente acabam facilitando a evaporaccedilatildeo da aacutegua O lodo de
esgoto eacute uma matriz complexa isto eacute tem composiccedilatildeo diversificada e provavelmente
tem quantidade consideraacutevel de moleacuteculas anfifiacutelicas podendo deixar a tensatildeo
superficial mais baixa e portanto facilitando a evaporaccedilatildeo da aacutegua livre presente no
lodo Para fins de melhor aplicabilidade desta hipoacutetese seria necessaacuterio mensurar a
tensatildeo superficial do lodo (MYERS 1999) Aleacutem disso a aacuterea superficial de aacutegua que
entra em contato com a atmosfera eacute muito maior no lodo do que na coluna drsquoaacutegua
colaborando para maior evaporaccedilatildeo do primeiro
Para tanto admitiu-se que a evaporaccedilatildeo da aacutegua ldquocomumrdquo eacute a mesma que a da
aacutegua livre presente no lodo e que esta eacute predominante em relaccedilatildeo aos demais tipos de
aacutegua presente (van Haandel amp Lettinga1994 VESILIND 1994) As estimativas dos
volumes percolados em todas as seacuteries podem ser visualizadas na Tabela 10
Ressalva-se que as Seacuteries II e III do lodo com adiccedilatildeo de poliacutemero foram iniciadas
durante a Seacuterie III do lodo sem adiccedilatildeo de poliacutemero fazendo com que o sistema controle
para estas seacuteries natildeo tenha sido iniciado com 2000 mL de aacutegua pois jaacute havia certa
perda pela Seacuterie III sem adiccedilatildeo de poliacutemero O volume presente na coluna drsquoaacutegua
quando Seacuteries II e III iniciaram era de 17473 e 14079 mL respectivamente Sendo os
volumes estimados calculados a partir destes volumes
74
Tabela 10 - Desaguamento do lodo de esgoto nos sistemas - Hipoacutetese I
Sem Poliacutemero
Sistemas Seacuteries I II III IV Meacutedia plusmn CV
VE (mL) 355 408 643 - 469 1533 327
P V (mL) 540 665 628 - 611 642 105
V (mL) 895 814 1271 - 993 2439 245
P+A V (mL) 578 675 609 - 621 495 80
V (mL) 933 1083 1251 - 1089 1591 146
C V (mL) 561 492 587 - 547 491 90
V (mL) 916 901 1227 - 1015 1840 181
Com poliacutemero
VE (mL) 29 282 48 48 120 1407 1177
P V (mL) 1484 1411 1481 1479 1459 413 28
V (mL) 1513 1693 1532 1493 1579 989 63
P+A V (mL) 1413 1377 1513 - 1434 705 49
V (mL) 1442 1658 1564 - 1611 665 41
C V (mL) 1232 1145 1265 - 1214 620 51
V (mL) 1378 1426 1316 - 1426 552 39 Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia C Convencional VE Volume
evaporado no sistema controle V Volume real e Vrsquo Volume estimado na Hipoacutetese I
Para o sistema composto por pavimento permeaacutevel com lodo sem poliacutemero os
volumes aumentariam em 6574 2240 e 10229 o volume real percolado nas seacuteries
I II e III respectivamente No mesmo sistema o lodo condicionado os volumes
incrementados nas seacuteries I II e III seriam muito pequenos de 195 1999 344 e 095
no volume desaguado Como dito anteriormente a seacuterie II foi a mais influenciada pela
evaporaccedilatildeo devido agraves altas temperaturas e maior periacuteodo de percolaccedilatildeo
O desaguamento do lodo sem condicionamento no sistema pavimento permeaacutevel
e areia os volumes desaguados nas seacuteries I II e III acresceriam em 6142 6044 e
10542 respectivamente No lodo condicionado no mesmo sistema o desaguamento
nas seacuteries I II e III receberiam um incremento de 205 2041 e 337 respectivamente
no volume percolado pelos sistemas
75
Jaacute no sistema convencional a inserccedilatildeo do volume evaporado agrave aacutegua percolada
acrescentaria 6328 8313 e 10903 aos volumes desaguados nas seacuteries I II e III
respectivamente Para as seacuteries em que o lodo foi condicionado com poliacutemero sinteacutetico
a percolaccedilatildeo nas seacuteries I II e III representariam um aumento de 1185 2454 e 403
em relaccedilatildeo ao volume desaguado real
Esperava-se que esta hipoacutetese pudesse explicar a grande diferenccedila de volume
desaguado entre o lodo sem poliacutemero e com poliacutemero com os volumes deste primeiro
aproximando-se deste uacuteltimo Conquanto isso natildeo foi verificado visto que a diferenccedila
foi em torno de 400 mL No entanto eacute necessaacuterio fazer uma ressalva quanto ao volume
desaguado no lodo condicionado ser ainda muito maior que no lodo natildeo condicionado
a evaporaccedilatildeo mensurada provavelmente eacute subestimada pois a evaporaccedilatildeo da aacutegua
em matrizes complexas como o lodo de esgoto eacute provavelmente facilitada pela menor
tensatildeo superficial o que poderia compensar parte desta discrepacircncia entre maior
volume percolado pelo lodo com poliacutemero e tortas secas de umidade iguais as do lodo
sem poliacutemero
Natildeo obstante os volumes foram maiores nas seacuteries que ocorreram em periacuteodos
mais quentes assim como nas seacuteries em que se avaliou o desaguamento natural do
lodo verificou-se que a influecircncia da evaporaccedilatildeo foi maior devido ao maior periacuteodo de
exposiccedilatildeo
76
58 Hipoacutetese II ndash Ausecircncia de evaporaccedilatildeo nos sistemas
Para fins de anaacutelise da eficiecircncia do pavimento permeaacutevel de forma isolada
calculou-se qual seria o teor de soacutelidos da torta seca se natildeo houvesse evaporaccedilatildeo
Sabendo que a densidade do lodo eacute proacutexima agrave da aacutegua bem como sua massa
especiacutefica (ANDREOLI VON SPERLING amp FERNANDES 2001)
Considerou-se que a aacutegua comum tem comportamento igual ao da aacutegua
livre do lodo e portanto que um 1 mL de aacutegua eacute igual a 1 mg de aacutegua
Assumiu-se que o volume de aacutegua evaporada no sistema controle foi
evaporada tambeacutem pelos sistemas com lodo Buscou-se entatildeo verificar a
contribuiccedilatildeo dessa evaporaccedilatildeo para a constituiccedilatildeo das tortas secas
estimando o teor de soacutelidos secos descontando sua contribuiccedilatildeo
A estimativa do valor de soacutelidos totais sem contribuiccedilatildeo da evaporaccedilatildeo ( )
pode ser expressa pela seguinte equaccedilatildeo
Em que
Parcela de soacutelidos
Massa total
Onde a parcela de soacutelidos pode ser definida como
Volume do lodo bruto
Volume da aacutegua percolada pelo sistema
Volume da aacutegua no lodo desaguado
77
E o volume da aacutegua no lodo desaguado pode ser calculado por
Onde
Teor de umidade do lodo desaguado
Volume de aacutegua evaporada
E por fim a massa total seraacute
Nas seacuteries sem condicionamento quiacutemico as seacuteries I II e III tiveram uma
diferenccedila de meacutedia entre os teores de soacutelidos de 460 683 e 861 respectivamente
sendo que a temperatura foi crescente nas seacuteries Quanto agraves seacuteries com adiccedilatildeo de
poliacutemero a diferenccedila meacutedia foi de 128 769 209 nas seacuteries I II III
respectivamente A seacuterie IV natildeo foi possiacutevel aferir meacutedia e a diferenccedila foi de 206 Os
valores dos Soacutelidos Totais reais (ST) e Soacutelidos Totais estimados na Hipoacutetese II (STrsquo)
podem ser vistos na Tabela 11 e as Figuras 28 e 29
78
Tabela 11 - Teor de soacutelidos da torta seca ndash comparaccedilatildeo com a Hipoacutetese II
Sem Poliacutemero
Sistemas Seacuteries I II III IV Meacutedia plusmn CV
P ST () 196 2777 2487 - 2408 414 1720
ST () 1577 2127 1694 - 1799 290 1610
P+A ST () 2208 2967 2824 - 2666 403 1513
ST () 1768 2268 1932 - 1989 255 1281
C ST () 2824 3279 2872 - 2992 250 836
ST () 2265 258 1974 - 2273 303 1333
Com poliacutemero
P ST () 2412 2503 2327 2336 2395 082 341
ST () 2282 1693 2121 2129 2056 253 1232
P+A ST () 2645 262 2473 - 2579 092 360
ST () 2519 1805 2241 - 2188 360 1645
C ST () 2980 2753 2843 - 2859 114 400
ST () 2851 2071 2660 - 2527 407 1609 Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia C Convencional ST Soacutelidos
Totais real e STrsquo Soacutelidos Totais estimado na Hipoacutetese II
Figura 28 - Teor de soacutelidos das tortas secas sem condicionamento quiacutemico - Hipoacutetese II
Em que ST Soacutelidos Totais real e STrsquo Soacutelidos Totais estimado na Hipoacutetese II
05
101520253035
P P + A C P P + A C P P + A C
Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III
Teor de soacutelidos da torta seca sem poliacutemero - H2
ST
ST
79
Figura 29 - Teor de soacutelidos das tortas secas com condicionamento quiacutemico - Hipoacutetese II
Em que ST Soacutelidos Totais real e STrsquo Soacutelidos Totais estimado na Hipoacutetese II
Realizando esses caacutelculos observa-se que a evaporaccedilatildeo teve importante
contribuiccedilatildeo nas tortas secas especialmente nas seacuteries em que o lodo natildeo foi
condicionado com poliacutemero sinteacutetico devido ao tempo de percolaccedilatildeo ser muito maior
aumentando a exposiccedilatildeo do lodo ao ambiente Nota-se tambeacutem que altas temperaturas
e baixa umidade do ar9 favorecem a evaporaccedilatildeo da aacutegua presente no lodo jaacute que nas
seacuteries em que a evaporaccedilatildeo foi mais intensa ocorreu no periacuteodo de forte calor e baixa
precipitaccedilatildeo (Seacuterie III do lodo sem poliacutemero e Seacuterie II do lodo com poliacutemero)
A partir dos dados observados podem-se realizar algumas ponderaccedilotildees satildeo
elas
No lodo sem condicionamento orgacircnico a evaporaccedilatildeo foi mais significativa na
seacuterie III Nota-se que os volumes percolados dobrariam caso a aacutegua
evaporada fosse incorporada aos mesmos Como citado anteriormente o
periacuteodo em que se realizou esta seacuterie foi marcado por altas temperaturas e
quase nenhuma precipitaccedilatildeo
9 Natildeo foi possiacutevel obter dados da umidade relativa do ar
05
101520253035
P P + A C P P + A C P P + A C P
Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie IV
Teor de soacutelidos da torta seca do lodo com poliacutemero sinteacutetico - H2
ST
ST
80
No lodo condicionado a seacuterie II foi a de maior evaporaccedilatildeo tambeacutem devido
agraves altas temperaturas e baixa precipitaccedilatildeo registrada no periacuteodo em que a
seacuterie foi realizada
O aumento meacutedio das seacuteries sem condicionamento com poliacutemero foi de
6257 7545 e 8548 para os sistemas pavimento permeaacutevel pavimento
permeaacutevel acrescido de areia e convencional respectivamente Quanto agraves
seacuteries com adiccedilatildeo de poliacutemero esse aumento foi bem menor sendo de
642 no pavimento permeaacutevel 839 no pavimento permeaacutevel acrescido
de areia e 1312 no convencional
Enquanto o lodo com poliacutemero tem a maior perda de umidade decorrente da
maior percolaccedilatildeo gerada pela interaccedilatildeo entre poliacutemero e soacutelidos presentes
no lodo o lodo sem utilizaccedilatildeo de poliacutemero tem a evaporaccedilatildeo como maior
contribuinte para a perda de umidade e por isso produzem tortas secas de
igual teor
A partir do desaguamento real e das hipoacuteteses formuladas observa-se que o
desaguamento do lodo em leitos de secagem ocorre em duas fases distintas a primeira
eacute a percolaccedilatildeo preponderante nos primeiros dias das seacuteries e quando esta diminui o
processo de evaporaccedilatildeo torna-se o maior responsaacutevel pela perda de umidade no
restante do periacuteodo Fazem-se necessaacuterios estudos em escalas maiores onde se possa
mensurar a diferenccedila de volume bem como a influecircncia da evaporaccedilatildeo nos leitos de
secagem alternativos e convencional
59 Manutenccedilatildeo dos pavimentos
Apoacutes a utilizaccedilatildeo de doze pavimentos realizou-se o segundo teste de infiltraccedilatildeo em
meados de janeiro onde PV 2 foi descartado pois sua taxa esteve bem abaixo da
meacutedia dos outros (infiltrando 164 mL enquanto a meacutedia dos demais foi de 1000 mL) natildeo
possibilitando seu uso nos sistemas com camada de areia Ressalva-se que no
segundo e terceiro teste os pavimentos 10 11 e 12 ateacute entatildeo natildeo tinham sido
utilizados com o objetivo de garantir que tanto o lodo condicionado quanto o natildeo
81
condicionado tivessem duas de suas seacuteries desaguadas em pavimentos ainda natildeo
utilizados e somente uma delas em pavimentos reutilizados
Para tanto todos os pavimentos foram limpos com lavadora de alta pressatildeo
anteriormente ao teste com o objetivo de retirar o lodo que permaneceu aderido ao
pavimento e ao tubo do sistema Contudo o valor obtido dos demais pavimentos
tambeacutem natildeo foi satisfatoacuterio pois tiveram taxa de infiltraccedilatildeo em meacutedia 126 plusmn 8490 e
CV 009 abaixo do primeiro teste tendo em vista a possiacutevel existecircncia de oacuteleos e
graxas presentes em partiacuteculas de lodo que ainda podem ter permanecido nos
pavimentos Sendo assim para obtenccedilatildeo de taxas mais altas utilizou-se soluccedilatildeo
detergente deixando os sistemas mergulhados por uma semana Poreacutem a taxa de
infiltraccedilatildeo encontrada foi de 1421 mL 242 em meacutedia superior a do primeiro teste
Estes resultados podem ser explicados pela lavagem com alta pressatildeo ter movido
alguns gratildeos de basalto e areia presentes no pavimento de modo que os espaccedilos
vazios tornaram-se maiores a ponto de aumentarem a taxa
No que diz respeito aos sistemas pavimento permeaacutevel e areia e convencional a
taxa de infiltraccedilatildeo do teste 2 soacute foi aferida depois do terceiro teste dos pavimentos
sendo em meacutedia de 3613 plusmn 19817 e CV 055 e 788 mL plusmn471 e CV 006
respectivamente representando um aumento de 19858 e 4956 na taxa de infiltraccedilatildeo
em relaccedilatildeo ao teste 1 De acordo com as consideraccedilotildees expostas a meacutedia da taxa de
infiltraccedilatildeo eacute muito influenciada pela reutilizaccedilatildeo dos pavimentos como mostra a Figura
35 no Apecircndice B
A partir dos testes realizados eacute importante fazer algumas ponderaccedilotildees como os
pavimentos podem sofrer variaccedilotildees no volume de espaccedilos vazios que podem
influenciar a taxa de infiltraccedilatildeo de maneira significativa a reutilizaccedilatildeo dos pavimentos
mostrou-se possiacutevel poreacutem apresenta algumas limitaccedilotildees como a necessidade de
realizar lavagem dos pavimentos implicando em uso consideraacutevel de aacutegua Conquanto
esse processo eacute trabalhoso visto que a simples lavagem com aacutegua natildeo garante sua
limpeza necessitando do emprego de algo que friccione a superfiacutecie do pavimento para
82
que este seja limpo Para isso foi preciso utilizar uma lavadora de alta pressatildeo na
limpeza dos sistemas Mesmo assim dependendo das caracteriacutesticas do lodo pode
natildeo ser suficiente para remover totalmente os resiacuteduos sendo necessaacuterio o uso de
soluccedilotildees detergentes ou anaacutelogas
83
6 CONCLUSAtildeO
As metodologias utilizadas para condicionamento do lodo de tanque seacuteptico com
poliacutemeros naturais natildeo se mostraram eficazes no condicionamento do lodo de esgoto
de tanque seacuteptico
Todavia o uso de poliacutemero orgacircnico sinteacutetico mostrou-se eficiente Evidenciando
melhores resultados que o lodo sem condicionamento pela maior quantidade de
volume percolado e menor tempo de desaguamento que possibilitam a realizaccedilatildeo de
mais ciclos de secagem por ano e possivelmente a reduccedilatildeo da aacuterea do leito Todavia
os teores de soacutelidos da torta seca foram semelhantes aos obtidos no lodo sem
aplicaccedilatildeo de poliacutemero
Quanto agrave utilizaccedilatildeo de leito de secagem alternativo tanto o pavimento permeaacutevel
quanto o pavimento permeaacutevel com adiccedilatildeo de areia natildeo tiveram diferenccedila significativa
entre o volume desaguado e a umidade na torta seca o que dispensaria o acreacutescimo
de areia ao pavimento Comparando-se ao leito de secagem convencional verifica-se
que as duas formas de leito de secagem alternativo foram melhores nos quesitos
volume desaguado e tempo Contudo pela camada de areia maior a torta seca
produzida pelo leito convencional teve menor umidade apresentando melhor resultado
na escala de bancada Poreacutem em escala real esta camada de areia ocuparia uma
pequena parte da aacuterea do leito diminuindo consideravelmente a percolaccedilatildeo e
aumentando o tempo do ciclo de secagem A reutilizaccedilatildeo do pavimento mostrou-se
possiacutevel poreacutem trabalhosa e pode interferir na sua taxa de infiltraccedilatildeo
84
85
7 RECOMENDACcedilOtildeES
No decorrer da pesquisa pela limitaccedilatildeo de tempo do delineamento experimental e
de outros fatores muitas possibilidades de aprofundamento do estudo natildeo foram
possiacuteveis Poreacutem caso realizadas seriam interessantes contribuiccedilotildees no campo das
pesquisas em saneamento rural aleacutem de serem necessaacuterias para complementaccedilatildeo da
presente pesquisa
Apesar dos resultados natildeo terem sido positivos na aplicaccedilatildeo de poliacutemeros naturais
no lodo de tanque seacuteptico estes ainda podem ser uma alternativa promissora aos
poliacutemeros sinteacuteticos Para tanto sugere-se que sejam estudadas outras dosagens visto
que estas foram limitadas no estudo especialmente no caso do poliacutemero oriundo do
quiabo Ademais eacute possiacutevel que existam resultados positivos caso empregue-se
metodologias diferentes mas ainda simplificadas Aleacutem disso ainda que possivelmente
natildeo atendam a essa premissa o emprego de meacutetodos mais complexos que aumentem
a concentraccedilatildeo dos poliacutemeros em volumes viaacuteveis para aplicaccedilatildeo no lodo de esgoto
tambeacutem pode gerar resultados positivos uma vez que diversas pesquisas relataram
sua eficiecircncia no tratamento de aacutegua e esgoto Tambeacutem seria interessante a anaacutelise de
custos versus benefiacutecios no emprego de poliacutemeros naturais e sinteacuteticos e a sua
comparaccedilatildeo
No que diz respeito a utilizaccedilatildeo do pavimento permeaacutevel como leito de secagem
alternativo fazem-se necessaacuterios estudos em escalas maiores onde se possa mensurar
a diferenccedila de volume desaguado bem como a influecircncia da evaporaccedilatildeo nos leitos de
secagem alternativos e convencional para verificar a sua viabilidade Tambeacutem eacute
necessaacuterio verificar se a limpeza destes leitos seria factiacutevel nestas escalas
Portanto a otimizaccedilatildeo da etapa de desaguamento de lodo de tanque seacuteptico tanto
a utilizaccedilatildeo de poliacutemeros naturais quanto a simplificaccedilatildeo dos leitos de secagem
constituem-se objetos de estudo valiosos para buscar alternativas necessaacuterias para o
gerenciamento de lodo de lodo de esgoto e contribuem em uacuteltimo caso para a
melhoria dos serviccedilos de saneamento especialmente o saneamento rural
86
87
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APEcircNDICES
APEcircNDICE A Alcalinidade pH e concentraccedilatildeo de Soacutelidos do lodo bruto
Para caacutelculo da meacutedia dos valores obtidos eacute importante esclarecer que soacute foram
realizados estes caacutelculos para ST SST pH e alcalinidade haja visto que os STF STV
e SSF e SSV satildeo valores dependentes dos primeiros paracircmetros citados calculando-se
a meacutedia desvio padratildeo e coeficiente de variaccedilatildeo somente das anaacutelises validadas
destes Deste modo verificou-se primeiramente se as observaccedilotildees tinham indiacutecio de
normalidade como todas as variaacuteveis se adequavam a essa condiccedilatildeo fez-se um
intervalo de confianccedila calculando-se dois desvios acima da meacutedia e dois abaixo
cobrindo-se assim 98 da distribuiccedilatildeo dos dados Como a meacutedia eacute altamente
influenciada por valores extremos excluiu-se os valores indicados pelo intervalo de
confianccedila para seu caacutelculo plotando graacuteficos boxplot obteacutem-se o mesmo resultado
Para a anaacutelise de ST o intervalo de confianccedila foi de 6469874 a 9126126 mgL-1
Como pode ser observado na Figura 30 para ST foram excluiacutedos quatro valores por
natildeo se encaixarem neste criteacuterio e que podem ser fruto de erros laboratoriais
Figura 30 - Boxplot dos Soacutelidos Totais encontrados no lodo bruto
94
No caso dos SST somente um valor foi descartado e o intervalo de confianccedila foi
de 6162486 a 73752 14 mgL-1 A Figura 31 mostra o boxplot gerado
Figura 31 - Boxplot dos Soacutelidos Suspensos Totais encontrados no lodo bruto
A alcalinidade natildeo teve nenhum valor descartado e o intervalo de confianccedila foi
de 2146656 a 2483784 mg CaCO3 L-1 o boxplot pode ser visualizado na Figura 32
Figura 32 - Boxplot da Alcalinidade encontrada no lodo bruto
95
O pH tambeacutem teve o mesmo comportamento da alcalinidade eacute o intervalo de
confianccedila mostra que o verdadeiro valor da meacutedia de pH estaacute entre 736 a 759 como
evidencia o boxplot da Figura 33
Figura 33 - Boxplot do pH encontrado no lodo bruto
96
APEcircNDICE B Infiltraccedilatildeo dos sistemas volume desaguado e tortas secas dos
sistemas temperatura registradas duraccedilatildeo evaporaccedilatildeo das seacuteries
Infiltraccedilatildeo
Tabela 12 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos
Taxa de Infiltraccedilatildeo
P Teste I Teste II Teste III
Volume (mL)
Volume (mL)
Volume (mL)
1 1192 1068 1600
2 768 164 -
3 1216 1148 1596
4 1228 948 1552
5 1252 1020 1580
6 1068 1012 1364
7 1092 1020 1524
8 1192 924 1312
9 1110 1048 1588
10 1116 - -
11 1104 - -
12 1096 - -
13 1112 840 1000
14 852 588 1332
15 1092 968 1180
Figura 34 - Boxplot da taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos no Teste 1
97
Na Figura 35 os valores de PV10 PV11 e PV12 satildeo considerados como 0 no
graacutefico por natildeo terem sido incluso no caacutelculo porque ateacute entatildeo natildeo tinham sido
utilizados natildeo sendo considerados nas meacutedias dos testes 2 e 3 Em cada ponto satildeo
mostrados o intervalo de confianccedila aproximado das taxas de infiltraccedilatildeo utilizando a
suposiccedilatildeo de normalidade dos dados As linhas auxiliam na visualizaccedilatildeo geral dos
valores nos diferentes testes
Figura 35 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos permeaacuteveis nos testes 1 (sem utilizaccedilatildeo) 2 (lavagem) e 3 (lavagem com soluccedilatildeo detergente)
Em que PV Pavimentos PV10 PV11 E PV12 natildeo foram inclusos nos testes 2 e 3
Na Tabela 13 encontram-se os valores da taxa de infiltraccedilatildeo para os sistemas
pavimento com adiccedilatildeo de areia e convencional Como jaacute citado o pavimento 11
(equivalente ao sistema 4 em P+A) natildeo tinha sido utilizado ateacute a realizaccedilatildeo do segundo
teste Com exceccedilatildeo do primeiro sistema P+A (equivalente ao pavimento 2) todos os
sistemas tiveram suas taxas de infiltraccedilatildeo bastante elevadas no segundo teste
98
Tabela 13 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas pavimento com adiccedilatildeo de areia e convencional
Taxa de Infiltraccedilatildeo
P+A Teste I Teste II
C Teste I Teste II
Volume (mL) Volume (mL) Volume (mL) Volume (mL)
1 646 296 1 430 738
2 626 440 2 490 792
3 738 436 3 760 754
4 2048 - 4 616 940
5 2040 208 5 424 844 P+A Pavimento e Areia e C Convencional
Na Figura 36 visualiza-se os testes 1 e 2 de infiltraccedilatildeo nos sistemas compostos
por pavimento permeaacutevel e camada de areia Da mesma forma que o graacutefico observado
na Figura 39 os sistemas considerados com valor igual a 0 natildeo foram inclusos caacutelculo
neste caso por motivos distintos PV1 foi descartado antes do teste 2 e PV4 ateacute entatildeo
natildeo tinha sido utilizado Em cada ponto satildeo mostrados o intervalo de confianccedila
aproximado das taxas de infiltraccedilatildeo utilizando a suposiccedilatildeo de normalidade dos dados
As linhas tecircm a funccedilatildeo de auxiliar a visualizaccedilatildeo dos valores nos dois testes
Figura 36 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas compostos por pavimento permeaacutevel e areia nos testes 1 (sem utilizaccedilatildeo) e 2 (apoacutes lavagem dos pavimentos com soluccedilatildeo detergente)
Em que PV Pavimento permeaacutevel e areia PV1 e PV4 foram considerados como 0 por natildeo participarem do teste 2
99
A Figura 37 trata dos testes de infiltraccedilatildeo 1 e 2 do sistema convencional Da
mesma forma que nas duas figuras anteriores o sistema com valor igual a 0 natildeo foi
incluso caacutelculo por ateacute entatildeo natildeo ter sido utilizado Satildeo mostrados o intervalo de
confianccedila aproximado das taxas de infiltraccedilatildeo em cada ponto utilizando a suposiccedilatildeo de
normalidade dos dados Foram traccediladas linhas para auxiliar a visualizaccedilatildeo dos valores
nos testes
Figura 37 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas convencionais nos testes 1 (sem utilizaccedilatildeo) e 2 (apoacutes lavagem dos pavimentos com soluccedilatildeo detergente)
Em que C Sistema Convencional C4 foi considerado como 0 no graacutefico por natildeo participar do teste 2
Temperaturas
As temperaturas maacuteximas miacutenimas do dia foram fornecidas pelo Centro de
Pesquisas Meteoroloacutegicas e Climaacuteticas Aplicadas agrave Agricultura da Universidade
Estadual de Campinas (CEPAGRIUNICAMP) Tambeacutem houve monitoramento da
temperatura no Laboratoacuterio de Protoacutetipos contudo esse monitoramento se deu nos
momentos em que houve coleta de volume drenado dos sistemas realizando-se a
meacutedia dos valores nos dias em que houve mais de uma coleta As temperaturas podem
ser observadas nas Figuras 38 39 40 41 41 e 43
100
Figura 38 - Temperaturas registradas na Seacuterie I sem poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
Figura 39 - Temperaturas registradas na Seacuterie II sem poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
Figura 40 - Temperaturas registradas na Seacuterie III sem poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
0050
100150200250300350400
03
09
20
13
04
09
20
13
05
09
20
13
06
09
20
13
07
09
20
13
08
09
20
13
09
09
20
13
10
09
20
13
11
09
20
13
12
09
20
13
13
09
20
13
14
09
20
13
15
09
20
13
16
09
20
13
17
09
20
13
18
09
20
13
19
09
20
13
20
09
20
13
21
09
20
13
22
09
20
13
23
09
20
13
24
09
20
13
25
09
20
13
260
92
01
3
27
09
20
13
28
09
20
13
29
09
20
13
30
09
20
13
01
10
20
13
02
10
20
13
031
02
01
3
04
10
20
13
05
10
20
13
06
10
20
13
07
10
20
13
TdegC
Temperatura da Seacuterie I - Sem Poliacutemero
Maacutex Min Lab
0050
100150200250300350400
29
10
20
13
30
10
20
13
31
10
20
13
01
11
20
13
02
11
20
13
03
11
20
13
04
11
20
13
05
11
20
13
06
11
20
13
07
11
20
13
08
11
20
13
09
11
20
13
10
11
20
13
11
11
20
13
12
11
20
13
13
11
20
13
14
11
20
13
15
11
20
13
16
11
20
13
17
11
20
13
18
11
20
13
19
11
20
13
20
11
20
13
21
11
20
13
22
11
20
13
23
11
20
13
24
11
20
13
25
11
20
13
26
11
20
13
27
11
20
13
28
11
20
13
29
11
20
13
30
11
20
13
01
12
20
13
02
12
20
13
03
12
20
13
04
12
20
13
05
12
20
13
06
12
20
13
TdegC
Temperatura na Seacuterie II - Sem Poliacutemero
Maacutex Min Lab
0050
100150200250300350400
28
01
20
14
29
01
20
14
30
01
20
14
31
01
20
14
01
02
20
14
02
02
20
14
03
02
20
14
04
02
20
14
05
02
20
14
06
02
20
14
07
02
20
14
080
22
01
4
09
02
20
14
10
02
20
14
11
02
20
14
12
02
20
14
13
02
20
14
14
02
20
14
15
02
20
14
16
02
20
14
17
02
20
14
18
02
20
14
19
02
20
14
20
02
20
14
21
02
20
14
22
02
20
14
23
02
20
14
24
02
20
14
TdegC
Temperatura na Seacuterie III - Sem Poliacutemero
Maacutex Min Lab
101
Figura 41 - Temperaturas registradas na Seacuterie I com poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
Figura 42 - Temperaturas registradas na Seacuterie II com poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
0
5
10
15
20
25
30
27813 28813 29813
TdegC
Temperaturas Seacuterie I - Poliacutemero Sinteacutetico
Maacutex
Min
Lab
15
20
25
30
35
40
TdegC
Temperaturas Seacuterie II - Poliacutemero Sinteacutetico
Maacutex
Min
Lab
102
Figura 43 -Temperaturas registradas na Seacuterie III sem poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
Evaporaccedilatildeo Figura 44 - Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua nas seacuteries sem adiccedilatildeo de poliacutemero
10
15
20
25
30
35
40
180214 190214 200214 210214 220214
TdegC
Temperaturas Seacuterie III - Poliacutemero Sinteacutetico
Maacutex
Min
Lab
0
5
10
15
20
25
30
35
0 200 400 600 800 1000
Tempo (h)
Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua - Seacuteries sem Poliacutemero
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
103
Figura 45 - Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua nas seacuteries com adiccedilatildeo de poliacutemero
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
0 50 100 150 200
Tempo (h)
Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua - Seacuteries com Poliacutemero
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III e IV
104
Volume desaguado
Figura 46 - Boxplot do volume desaguado com ou sem poliacutemero em cada sistema (valores amostrais)
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
105
Figura 47 - Boxplot dos volumes desaguados com ou sem poliacutemero em cada sistema (valores ajustados)
Em que PP Sistemas Pavimento permeaacutevel e Pavimento com adiccedilatildeo de Areia e C Sistema Convencional
106
Figura 48 - Boxplot dos Soacutelidos Totais na torta seca do lodo com ou sem condicionamento quiacutemico
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
107
Figura 49 - Meacutedias e valores maacuteximos e miacutenimos dos teores de soacutelidos da torta seca nos sistemas com ou sem poliacutemero (valores ajustados)
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
iv
v
vi
vii
RESUMO
O gerenciamento do lodo de tanque seacuteptico eacute uma atividade complexa de alto custo e
pode promover impactos ambientais negativos caso seja mal executada sendo que a
etapa mais criacutetica eacute a de desaguamento O leito de secagem eacute uma das principais
teacutecnicas mas demanda grandes aacutereas e muito tempo para remoccedilatildeo da torta seca A
modificaccedilatildeo destes leitos utilizando pavimentos permeaacuteveis e poliacutemeros podem
diminuir o tempo e aacuterea deste leito O objetivo do trabalho foi comparar a eficiecircncia de
desaguamento da porccedilatildeo de aacutegua livre contida no lodo de tanque seacuteptico com o
emprego de leito de secagem convencional e leito de secagem composto por
pavimento permeaacutevel e avaliar a eficiecircncia da utilizaccedilatildeo de poliacutemeros naturais oriundos
da mandioca (Manihot esculenta Crantz) moringa (Moringa oleifera) e quiabo
(Abelmoschus esculentus) como auxiliares do processo A avaliaccedilatildeo foi realizada em
escala de bancada Somente o poliacutemero sinteacutetico mostrou-se eficiente no
condicionamento do lodo O lodo natildeo condicionado desaguou nos sistemas pavimento
permeaacutevel e pavimento permeaacutevel e areia convencional 611 620 e 547 mL em meacutedia
e no lodo condicionado 1464 1434 e 1214 mL respectivamente Os teores de soacutelidos
da torta seca do lodo sem poliacutemero foram de 2408 2667 e 2992 para os sistemas
pavimento permeaacutevel e pavimento permeaacutevel e areia e convencional respectivamente
e no lodo com poliacutemero foram de 2395 2519 e 2859 O tempo meacutedio de
desaguamento do lodo sem condicionamento foi de 35 dias enquanto que no lodo
condicionado foi de 6 dias Estes resultados apontam que as tortas secas obtiveram
resultados proacuteximos entre si poreacutem o lodo com adiccedilatildeo de poliacutemero teve maior volume
desaguado e menor duraccedilatildeo possibilitando reduccedilatildeo na aacuterea dos leitos e a realizaccedilatildeo
de mais ciclos de secagem por ano Ademais os leitos alternativos produziram lodos
com umidade semelhante ao leito convencional em menor tempo podendo otimizar o
desaguamento do lodo em Estaccedilotildees de Tratamento de Esgoto
Palavras chaves desidrataccedilatildeo de lodo de esgoto condicionamento quiacutemico
coagulantes naturais pavimento permeaacutevel
viii
ix
ABSTRACT
The slugde management is a complex and high cost activity It can promove negatives
impacts if it is poorly executed and the most critical step is the dewatering The drying
bed is one of the principal techniques but it demands big areas and a long periods for
the sludge cake removal The drying beds change can decrease the time and the area
of them if using permeable paving and polymers The objective of this work was to
compare the efficiency of two techniques to dewatering the bulk water portion inside the
septic tank sludge It was compared the conventional drying bed and the drying bed
made of permeable paving It was also evaluate the efficiency of naturals polymers from
cassava (Manihot esculenta Crantz) moringa (Moringa oleifera) and okra (Abelmoschus
esculentus) as auxiliaries in the process The evaluation was performanced in bench
scale The main results showed that only the synthetic polymer was efficient in sludge
conditioning The unconditioned sludge dewatered from the systems permeable paving
permeable paving plus sand and conventional 611 620 and 547 mL on average and for
conditioned sludge 1464 1434 and 1214 mL respectively The dry solids cake in
unconditioned sludge was 2408 2667 and 2992 and in conditioned sludge was
2395 2519 and 2859 for systems permeable paving permeable paving plus sand
and conventional respectively The average time for dewatering sludge without
conditioning was 35 days whereas in sludge conditioning was 6 days These results
show that the dry solids cake obtained similar results however the conditioned sludge
had higher volume dewatered and shorter time duration The alternative drying beds
produced sludges with suchlike dry solids results dry solids as compared to
conventional drying bed in a shorter time it may optimize sludge dewatering in Waste
Water Treatment Plants
Key words dehydration sludges chemical conditioning naturals coagulants
permeable paving
x
xi
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 1
2 OBJETIVOS 3
21 Objetivos especiacuteficos 3
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 5
31 Breve histoacuterico do saneamento baacutesico na zona rural no Brasil 5
32 Tanque Seacuteptico 7
33 Lodo de esgoto 11
34 Desaguamento do lodo de esgoto 15
35 Condicionamento do lodo 21
36 Pavimento permeaacutevel 27
4 METODOLOGIA 29
41 Pavimento permeaacutevel 29
42 Lodo 31
43 Poliacutemeros 35
44 Montagem dos leitos de secagem 39
45 Taxa de infiltraccedilatildeo 43
46 Avaliaccedilatildeo dos sistemas quanto ao desaguamento do lodo 43
461 Avaliaccedilatildeo do desaguamento sem adiccedilatildeo de poliacutemero (Seacuterie 1)44
462 Avaliaccedilatildeo do desaguamento com adiccedilatildeo de poliacutemeros (Seacuteries 2 a 5)45
463 Sistema controle45
464 Avaliaccedilatildeo do Lodo Desaguado46
5 RESULTADOS 47
xii
51 Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas 47
52 Caracterizaccedilatildeo do lodo bruto 47
53 Dosagem oacutetima dos poliacutemeros 50
531 Poliacutemero Sinteacutetico52
532 Mandioca53
533 Moringa54
534 Quiabo55
535 Avaliaccedilatildeo geral da dosagem dos poliacutemeros55
54 Desaguamento do lodo nos sistemas 56
541 Sistema composto por Pavimento Permeaacutevel59
a) Lodo natildeo condicionado59
b) Lodo condicionado60
a) Lodo condicionado62
543 Sistema Convencional63
a) Lodo natildeo condicionado63
b) Lodo condicionado64
55 Teor de soacutelidos das tortas secas 65
56 Anaacutelise geral dos sistemas 67
57 Hipoacutetese I ndash Aacutegua evaporada do lodo sendo percolada 73
58 Hipoacutetese II ndash Ausecircncia de evaporaccedilatildeo nos sistemas 76
59 Manutenccedilatildeo dos pavimentos 80
6 CONCLUSAtildeO 83
7 RECOMENDACcedilOtildeES 85
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 87
xiii
APEcircNDICE A Alcalinidade pH e concentraccedilatildeo de Soacutelidos do lodo bruto 93
APEcircNDICE B Infiltraccedilatildeo dos sistemas volume desaguado e tortas secas dos
sistemas temperatura registradas duraccedilatildeo evaporaccedilatildeo das seacuteries 96
xiv
xv
AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo primeiramente aos meus pais Maria Elisa e Reinaldo por terem me
dado aleacutem da educaccedilatildeo o amor e a noccedilatildeo de que a vida tem um propoacutesito maior
Agradeccedilo tambeacutem aos meus familiares em especial ao meu irmatildeo Juacutelio e a minha avoacute
Ameacutelia com quem tenho a oportunidade do conviacutevio do lar haacute tantos anos Pela
paciecircncia que tecircm comigo em dias que estou impossiacutevel e pelos risos que cobriram
meu rosto muitas vezes
Agradeccedilo ao Prof Adriano pela excepcional orientaccedilatildeo por todos os conselhos e
paciecircncia durante esses mais de dois anos
Agraves amigas e amigos que compartilharam algumas xiacutecaras de cafeacute e happy hours
comigo Amanda Maia Amanda Marchi Artur Cardoso Bianca Gomes Gabriela
Bosshard Gabriela dos Reis Guilherme da Silva Guilherme Rebecchi Jenifer Silva
Joatildeo Paulo Hadler Jorge Barbarotto Lays Leonel Luana Cruz Maacutercio Haiba Mocircnica
Rodrigues Rodolfo Valentim Thalita Cruz e Thaita Rissi Os conselhos e as risadas
foram imprescindiacuteveis para a realizaccedilatildeo deste trabalho
Ao Ademir que aleacutem de toda a ajuda na idealizaccedilatildeo construccedilatildeo dos sistemas e
avaliaccedilatildeo dos pavimentos se tornou meu amigo Ao Diego e Eduardo da Secretaria de
Poacutes-Graduaccedilatildeo e ao Ariovaldo da Secretaria do Departamento de Saneamento e
Ambiente por terem resolvido muito dos meus pepinos burocraacuteticos pela simpatia e
gentileza com que me trataram sempre Aos ateacute entatildeo teacutecnicos do Lab San Enelton
Fernando e Liacutegia pelo grande suporte nas anaacutelises Ao meu amigo David Matta que
aleacutem da amizade me deu uma super ajuda com a anaacutelise estatiacutestica dos meus dados
De uma forma ou de outra todas e todos aqui mencionados contribuiacuteram natildeo soacute
para a obtenccedilatildeo do meu tiacutetulo de mestra mas tambeacutem para o meu crescimento
enquanto pessoa Saibam que aprendi muito com vocecircs
xvi
xvii
ldquoVivendo se aprende mas o que se aprende mais eacute soacute fazer outras maiores perguntasrdquo (Joatildeo Guimaratildees Rosa Grande Sertatildeo Veredas 1956)
xviii
xix
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Esquema do funcionamento de tanque seacuteptico de cacircmara uacutenica 8
Figura 2 - Planta de um leito de secagem convencional 17
Figura 3 - Corte transversal de um leito de secagem convencional 17
Figura 4 - Exemplo de aplicaccedilatildeo de pavimento permeaacutevel em estacionamento 28
Figura 5 - Pavimento permeaacutevel utilizado no projeto 29
Figura 6 - Extratora de corpo de prova utilizada para o corte do pavimento utilizado na
pesquisa 30
Figura 7 - Teste de jarros para dosagem oacutetima de poliacutemero 33
Figura 8 - Aparelho utilizado para aferir o Tempo de Succcedilatildeo Capilar (Capilary Suction
Time) 35
Figura 9 - Preparo da soluccedilatildeo de poliacutemero produzida a partir da mandioca 37
Figura 10 - Semente de Moringa oleiacutefera 38
Figura 11 - Preparo da soluccedilatildeo de poliacutemero produzida a partir do quiabo 39
Figura 12 - Sistema de bancada de leito de secagem utilizado na pesquisa 40
Figura 13 - Bancada experimental localizada no Laboratoacuterio de Protoacutetipos 42
Figura 14 - Detalhe dos sistemas em utilizaccedilatildeo na bancada experimental 42
Figura 15 - Coluna drsquoaacutegua utilizada como controle na bancada experimental 46
Figura 16 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento
permeaacutevel com lodo de esgoto sem poliacutemero 59
Figura 17 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento
permeaacutevel com lodo de esgoto com adiccedilatildeo de poliacutemero 61
Figura 18 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento
permeaacutevel com lodo de esgoto sem poliacutemero 62
xx
Figura 19 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento
permeaacutevel e areia com lodo de esgoto com adiccedilatildeo de poliacutemero 63
Figura 20 - Hidrograma do desaguamento do sistema convencional com lodo de esgoto
sem poliacutemero 64
Figura 21 - Hidrograma do desaguamento do sistema convencional com lodo de esgoto
com adiccedilatildeo de poliacutemero 65
Figura 22 - Teor de soacutelidos da torta seca do lodo desaguado sem poliacutemero 66
Figura 23 - Teor de soacutelidos da torta seca do lodo desaguado com poliacutemero sinteacutetico 67
Figura 24 - Hidrograma do desaguamento do lodo em todos os sistemas no lodo natildeo
condicionado e condicionado 68
Figura 25 - Desaguamento do lodo sem poliacutemero - meacutedias das seacuteries 69
Figura 26 - Desaguamento do lodo com poliacutemero - meacutedias das seacuteries 70
Figura 27 - Detalhe da constituiccedilatildeo do leito de secagem convencional 71
Figura 28 - Teor de soacutelidos das tortas secas sem condicionamento quiacutemico - Hipoacutetese
II 78
Figura 29 - Teor de soacutelidos das tortas secas com condicionamento quiacutemico - Hipoacutetese
II 79
Figura 30 - Boxplot dos Soacutelidos Totais encontrados no lodo bruto 93
Figura 31 - Boxplot dos Soacutelidos Suspensos Totais encontrados no lodo bruto 94
Figura 32 - Boxplot da Alcalinidade encontrada no lodo bruto 94
Figura 33 - Boxplot do pH encontrado no lodo bruto 95
Figura 34 - Boxplot da taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos no Teste 1 96
Figura 35 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos permeaacuteveis nos testes 1 (sem
utilizaccedilatildeo) 2 (lavagem) e 3 (lavagem com soluccedilatildeo detergente) 97
Figura 36 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas compostos por pavimento permeaacutevel e
areia nos testes 1 (sem utilizaccedilatildeo) e 2 (apoacutes lavagem dos pavimentos com soluccedilatildeo
detergente) 98
xxi
Figura 37 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas convencionais nos testes 1 (sem utilizaccedilatildeo)
e 2 (apoacutes lavagem dos pavimentos com soluccedilatildeo detergente) 99
Figura 38 - Temperaturas registradas na Seacuterie I sem poliacutemero 100
Figura 39 - Temperaturas registradas na Seacuterie II sem poliacutemero 100
Figura 40 - Temperaturas registradas na Seacuterie III sem poliacutemero 100
Figura 41 - Temperaturas registradas na Seacuterie I com poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no
Laboratoacuterio 101
Figura 42 - Temperaturas registradas na Seacuterie II com poliacutemero 101
Figura 43 -Temperaturas registradas na Seacuterie III sem poliacutemero 102
Figura 44 - Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua nas seacuteries sem adiccedilatildeo de poliacutemero 102
Figura 45 - Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua nas seacuteries com adiccedilatildeo de poliacutemero 103
Figura 46 - Boxplot do volume desaguado com ou sem poliacutemero em cada sistema
(valores amostrais) 104
Figura 47 - Boxplot dos volumes desaguados com ou sem poliacutemero em cada sistema
(valores ajustados) 105
Figura 48 - Boxplot dos Soacutelidos Totais na torta seca do lodo com ou sem
condicionamento quiacutemico 106
Figura 49 - Meacutedias e valores maacuteximos e miacutenimos dos teores de soacutelidos da torta seca
nos sistemas com ou sem poliacutemero (valores ajustados) 107
xxii
xxiii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Caracteriacutesticas de lodo de esgoto no Brasil 13
Tabela 2 - Meacutetodos utilizados na anaacutelise do lodo 34
Tabela 3 - Organizaccedilatildeo dos sistemas 41
Tabela 4 - Avaliaccedilatildeo dos sistemas 44
Tabela 5 - Comparaccedilatildeo entre dados encontrados na literatura e na presente pesquisa
48
Tabela 6 - Dosagens testadas dos poliacutemeros utilizados na pesquisa 52
Tabela 7 - Resultados obtidos no CST nas dosagens de poliacutemero testadas 53
Tabela 8 - Temperatura evaporaccedilatildeo e duraccedilatildeo das seacuteries 56
Tabela 9 - Resultados do desaguamento do lodo de esgoto de tanque seacuteptico 58
Tabela 10 - Desaguamento do lodo de esgoto nos sistemas - Hipoacutetese I 74
Tabela 11 - Teor de soacutelidos da torta seca ndash comparaccedilatildeo com a Hipoacutetese I 78
Tabela 12 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos 96
Tabela 13 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas pavimento com adiccedilatildeo de areia e
convencional 98
xxiv
xxv
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ANA ndash Agecircncia Nacional de Aacuteguas
CV ndash Coeficiente de Variaccedilatildeo
EPS - Substacircncias Polimeacutericas Extracelulares
ETE ndash Estaccedilatildeo de Tratamento de Esgoto
FUNASA ndash Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede
LABPRO ndash Laboratoacuterio de Protoacutetipos
LABREUSO ndash Laboratoacuterio de Reuso
LABSAN ndash Laboratoacuterio de Saneamento
LES - Laboratoacuterios de Estrutura
LMC - Materiais da Construccedilatildeo
PLANASA ndash Plano Nacional de Saneamento
PNAD ndash Pesquisa Nacional por Amostras em Domiciacutelios
PNRH ndash Poliacutetica Nacional de Recursos Hiacutedricos
PNSB ndash Poliacutetica Nacional de Saneamento Baacutesico
PV ndash Pavimento
SST ndash Soacutelidos Suspensos Totais
SSF ndash Soacutelidos Suspensos Fixos
SSV ndash Soacutelidos Suspensos Volaacuteteis
ST ndash Soacutelidos Totais
STF ndash Soacutelidos Totais Fixos
STV ndash Soacutelidos Totais Volaacuteteis
xxvi
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
O saneamento baacutesico eacute um direito garantido pela constituiccedilatildeo federal brasileira No
entanto diversos municiacutepios natildeo tecircm acesso adequado a este serviccedilo no paiacutes
principalmente quando se trata da coleta e tratamento de esgoto Neste contexto as
regiotildees de baixa densidade demograacutefica como as zonas rurais satildeo as que mais
carecem do esgotamento sanitaacuterio No Brasil segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatiacutestica - IBGE (2010) cerca de 30 milhotildees de pessoas vivem na zona
rural ou seja haacute necessidade de realizaccedilatildeo de pesquisas que atendam agraves demandas
dessas comunidades sendo uma delas o saneamento baacutesico
Contudo a Pesquisa Nacional de Amostras por Domiciacutelios (PNAD) de 2011 revela
que entre os domiciacutelios sem rede coletora de esgoto os tanques seacutepticos representam
a principal alternativa para o lanccedilamento do esgoto domeacutestico e estatildeo presentes em
22 dos domiciacutelios no paiacutes (IBGE 2012)
A disposiccedilatildeo em tanques seacutepticos segundo Andreoli et al (2009) ainda que
longe do desejaacutevel pode reduzir cerca de 30 do potencial poluidor sendo
responsaacuteveis por uma reduccedilatildeo de carga orgacircnica de no miacutenimo 13 milhatildeo de kg de
Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO) por dia fato que ameniza os impactos
ambientais decorrentes da falta da rede coletora de esgoto
Considerando que mais de 23 milhotildees de domiciacutelios possuem tanques seacutepticos
ou fossas rudimentares no Brasil pode-se estimar que a produccedilatildeo de lodo digerido que
possui de 94 a 97 de umidade ultrapasse 8 milhotildees de msup3 por ano ndash observando-se o
valor indicado pela NBR 72291993 para o coeficiente de reduccedilatildeo de volume por
digestatildeo (ABNT 1993)
Desta forma haacute necessidade de realizar-se adequadamente o gerenciamento
deste lodo etapa comumente negligenciada no tratamento de esgoto caso contraacuterio o
benefiacutecio ambiental gerado pelo tratamento estaraacute comprometido Dentro deste
gerenciamento o desaguamento por processos naturais satildeo os mais adequados agraves
comunidades rurais por serem meacutetodos simplificados e de baixo custo
2
Tendo em vista um aumento da eficiecircncia deste processo vislumbrou-se a
possibilidade de utilizaccedilatildeo de poliacutemeros que atuam como condicionantes de lodo Os
poliacutemeros podem ser sinteacuteticos ou naturais Os primeiros satildeo produzidos
industrialmente e podem oferecer riscos agrave sauacutede humana aleacutem de impactos
ambientais A utilizaccedilatildeo de poliacutemeros naturais permitiria a reduccedilatildeo destes riscos e
impactos aleacutem de apresentarem menor custo constituindo-se como melhor alternativa
agraves comunidades rurais
Aleacutem disso a reconfiguraccedilatildeo dos leitos de secagem tradicionais utilizando-se
pavimentos permeaacuteveis poderia aumentar a taxa da drenagem da aacutegua presente no
lodo Essa combinaccedilatildeo entre poliacutemeros naturais e leito de secagem permitiria a reduccedilatildeo
do tempo de formaccedilatildeo e remoccedilatildeo da torta seca e da aacuterea do leito de secagem jaacute que
estes apresentam diversos inconvenientes como a demanda por grandes aacutereas e
longos periacuteodos para o desaguamento
Portanto a busca por alternativas adequadas agrave ETE de pequeno porte
localizadas em comunidades isoladas eou rurais historicamente negligenciadas pelo
Estado brasileiro constitui-se como medida efetiva de promoccedilatildeo de sauacutede e melhoria
na qualidade do ambiente uma vez que o acesso ao saneamento integra o conjunto de
medidas da medicina preventiva e reduz o impacto ambiental em corpos hiacutedricos e
contaminaccedilatildeo do solo e lenccediloacuteis freaacuteticos
3
2 OBJETIVOS
O objetivo do projeto foi comparar a eficiecircncia de desaguamento da porccedilatildeo de aacutegua
livre contida no lodo de tanque seacuteptico com o emprego de leito de secagem
convencional e leito de secagem composto por pavimento permeaacutevel e avaliar a
utilizaccedilatildeo de poliacutemeros naturais oriundos da mandioca (Manihot esculenta Crantz)
moringa (Moringa oleifera) e quiabo (Abelmoschus esculentus) e um sinteacutetico como
auxiliares do processo
21 Objetivos especiacuteficos
Comparar o desaguamento da porccedilatildeo de aacutegua livre contida no lodo de tanque
seacuteptico entre
a) leito de secagem convencional
b) leito de secagem composto por pavimento permeaacutevel e uma camada de
areia de 001m
c) leito de secagem composto somente com pavimento permeaacutevel
Avaliar a influecircncia da utilizaccedilatildeo dos poliacutemeros na eficiecircncia do desaguamento
Sendo estes oriundos da mandioca (Manihot esculenta Crantz) moringa
(Moringa oleifera) e quiabo (Abelmoschus esculentus) e um sinteacutetico
Comparar a eficiecircncia entre a utilizaccedilatildeo dos poliacutemeros naturais e sinteacutetico
4
5
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
31 Breve histoacuterico do saneamento baacutesico na zona rural no Brasil
O saneamento na zona rural sempre foi negligenciado por parte do Estado Tendo
se tornado uma preocupaccedilatildeo para o poder puacuteblico somente no iniacutecio do seacuteculo XX apoacutes
trabalho realizado pela Liga Proacute-Saneamento do Brasil que foi um movimento
nacionalista formado por meacutedicos cientistas antropoacutelogos e funcionaacuterios dos serviccedilos
federais Este movimento realizou um relatoacuterio sobre o saneamento na zona rural
atraveacutes de diversas incursotildees pelos ldquosertotildeesrdquo e encontraram uma populaccedilatildeo doente e
miseraacutevel A ausecircncia de poliacuteticas sociais e a grande pobreza decorrente da grande
concentraccedilatildeo de terras e a exploraccedilatildeo a que boa parte desta populaccedilatildeo era submetida
a tornava enfraquecida por doenccedilas decorrentes da falta de saneamento baacutesico e
impossibilitada de ter melhores condiccedilotildees de vida (GRECO 1999 NEVES 2009) Esse
grupo criticava a ausecircncia do poder puacuteblico nestes locais e acreditava ser possiacutevel
reverter este quadro promovendo accedilotildees integradas de sauacutede e saneamento baseando-
se no conceito de sociabilidade das doenccedilas (REZENDE amp HEacuteLLER 2008)
No entanto natildeo consideravam os aspectos de subdesenvolvimento e desigualdade
social que contribuiacuteam para tal situaccedilatildeo (GRECO 1999 NEVES 2009 REZENDE amp
HEacuteLLER 2008) Como se o personagem ldquoJeca Taturdquo de Monteiro Lobato assolado
pela ancilostomiacutease pudesse tornar-se vigoroso capitalista somente tendo acesso agrave
sauacutede Portanto o projeto de ldquosaneamento dos sertotildeesrdquo atraveacutes da exclusiva promoccedilatildeo
de sauacutede buscava defender a ldquovocaccedilatildeo agriacutecolardquo do paiacutes e integrar a populaccedilatildeo rural agrave
economia nacional Contudo foi a partir deste movimento que se lanccedilou as bases para
uma reforma que unificou e centralizou as accedilotildees de sauacutede e saneamento no paiacutes
(REZENDE amp HEacuteLLER 2008)
Com a intensificaccedilatildeo do ecircxodo rural a partir da deacutecada de 1940 pela
industrializaccedilatildeo do paiacutes causando intensa urbanizaccedilatildeo deslocou-se recursos a serem
destinados a zona rural que viviam em condiccedilotildees precaacuterias de sauacutede saneamento
educaccedilatildeo e moradia A partir da deacutecada de 1970 houve um distanciamento das accedilotildees
de sauacutede e saneamento e a criaccedilatildeo do Plano Nacional de Saneamento (PLANASA)
6
que investiu em abastecimento de aacutegua coleta e tratamento de esgoto (REZENDE amp
HEacuteLLER 2008)
Em 2007 com a criaccedilatildeo da Lei Nacional de Saneamento Baacutesico (LNSB) e sua
respectiva poliacutetica entendeu-se a grande vinculaccedilatildeo que deve existir entre as poliacuteticas
de saneamento baacutesico as poliacuteticas nacionais e regionais de recursos hiacutedricos e as
poliacuteticas regionais e locais de desenvolvimento urbano e sauacutede puacuteblica A Poliacutetica
Nacional de Recursos Hiacutedricos (PNRH) jaacute tem certa integraccedilatildeo com a LNSB como
exemplificado pelas accedilotildees da Agecircncia Nacional de Aacuteguas (ANA) Poreacutem a sauacutede
puacuteblica eacute uma grande ausente na LNSB exceto pela imposiccedilatildeo de que os planos de
saneamento baacutesico devam partir de um diagnoacutestico baseado em indicadores sanitaacuterios
e epidemioloacutegicos (CUNHA 2011)
A Poliacutetica Nacional de Saneamento Baacutesico (PNSB) determinou a elaboraccedilatildeo dos
programas de saneamento baacutesico integrado saneamento estruturante e saneamento
rural Sendo este uacuteltimo responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede por meio da
Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede (FUNASA) que tem coordenado o Programa Nacional de
Saneamento Rural visando integrar as poliacuteticas puacuteblicas de meio ambiente recursos
hiacutedricos sauacutede habitaccedilatildeo e igualdade racial (FUNASA 2012)
Entretanto ainda hoje de acordo com a PNAD 2011 a zona rural eacute marginalizada
quanto ao acesso aos serviccedilos de saneamento Somente 33 dos domiciacutelios tem
ligaccedilatildeo a rede de abastecimento de aacutegua e o acesso eacute ainda mais baixo quando se
trata de esgoto apenas 5 estatildeo ligados a rede coletora e 28 utilizam o tanque
seacuteptico como unidade de destinaccedilatildeo do esgoto mas a grande parte da populaccedilatildeo ainda
faz uso de fossa rudimentar lanccedilamento em corpos daacutegua e no solo a ceacuteu aberto
(IBGE 2012)
Do ponto de vista ambiental um projeto de saneamento deve estar apto a
responder natildeo soacute as questotildees sanitaacuterias mas tambeacutem as fontes de perturbaccedilatildeo da
qualidade ambiental no ambiente como a implicaccedilatildeo dos usos do efluente gerado e
seus subprodutos (PHILIPPI et al 1999)
7
Dentre as teacutecnicas de tratamento utilizadas nas zonas rurais o tratamento
anaeroacutebio oferece algumas vantagens em relaccedilatildeo ao aeroacutebio tais como projeto
relativamente simples e baixo custo baixa produccedilatildeo de lodo baixo consumo de energia
e de demanda de nutrientes com capacidade de receber altas cargas orgacircnicas e
sendo potencialmente gerador de energia (MOUSSAVI KAZEMBEIGI amp FARZADKIA
2010)
32 Tanque Seacuteptico
Eacute a forma de tratamento anaeroacutebia mais difundida e mais antiga no mundo haacute
registros de seu uso no seacuteculo XIX (BITTON 2005) e ainda se constitui como a
principal alternativa de tratamento de esgoto em comunidades isoladas eou rurais em
paiacuteses de economia perifeacuterica por ser uma forma de tratamento descentralizado
(MOUSSAVI KAZEMBEIGI amp FARZADKIA 2010) Desde que seja projetado situado e
mantido corretamente eacute considerado um tratamento de esgoto eficiente em aacutereas rurais
(WITHERS JARVIE amp STOATE 2011)
Os tanques seacutepticos podem ser definidos como uma unidade ciliacutendrica ou
prismaacutetica retangular de fluxo horizontal usada para tratamento de esgotos por
processos de sedimentaccedilatildeo flotaccedilatildeo e digestatildeo (ABNT 1993) Podem ser de cacircmara
uacutenica de cacircmaras em seacuterie ou de cacircmaras sobrepostas (ANDREOLI 2009) e sua
constituiccedilatildeo pode ser de concreto metal ou fibra de vidro (BITTON 2005)
Os soacutelidos sedimentaacuteveis presentes no esgoto formam a camada de lodo na parte
inferior do tanque Oacuteleos graxas e outros materiais leves flotam na superfiacutecie formando
uma camada de escuma A mateacuteria orgacircnica retida no fundo do tanque sofre
decomposiccedilatildeo facultativa e anaeroacutebia sendo convertida a compostos mais estaacuteveis e a
gases como gaacutes carbocircnico (CO2) e gaacutes sulfiacutedrico (H2S) e a remoccedilatildeo de Soacutelidos
Suspensos Totais (SST) e Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO) eacute geralmente de 70
a 80 e de 65 a 80 respectivamente podendo alcanccedilar em climas quentes remoccedilatildeo
8
de 80 de SST e 90 de DBO (METCALF amp EDDY 2009 BITTON 2005) Contudo eacute
pouco eficiente na remoccedilatildeo de organismos patogecircnicos (BITTON 2005)
O tempo em que o esgoto permanece no tanque para que seja tratado Tempo de
Detenccedilatildeo Hidraacuteulica (TDH) varia de 24 a 72 h (BITTON 2005) Na Figura 1 estaacute
representado um esquema de funcionamento de um tanque seacuteptico de cacircmara uacutenica
Figura 1 - Esquema do funcionamento de tanque seacuteptico de cacircmara uacutenica
Apesar deste sistema de tratamento ser extremamente antigo ainda eacute objeto de
pesquisa em diversos paiacuteses e se constitui como a principal forma de tratamento de
esgotos em comunidades rurais Entretanto a forma de operaccedilatildeo as unidades que
precedem ou sucedem os tanques seacutepticos e a destinaccedilatildeo final do efluente e do lodo
sofreram modificaccedilotildees qualitativas ao longo do tempo Fato que natildeo soacute comprova a
relevacircncia das pesquisas sobre este sistema como impacta positivamente a sauacutede
puacuteblica e o ambiente de modo geral
Moussavi Kazembeigi amp Farzadkia (2010) estudaram um modelo diferente de
tanque seacuteptico em escala piloto onde o fluxo de esgoto eacute vertical assemelhando-se
aos Reatores Anaeroacutebios de Fluxo Ascendente (RAFA) Os pesquisadores constataram
a remoccedilatildeo de 86 de SST 85 Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO) e 77 da
Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DQO) quando o TDH foi de 24h
9
Em seguida testaram a eficiecircncia de remoccedilatildeo desses indicadores com TDH de 12 e
6 h e notaram que esse decrescimento tambeacutem ocasionou o decrescimento da
remoccedilatildeo de SST de 67 para 33 respectivamente O mesmo ocorreu para os
paracircmetros de DBO e DQO em que o periacuteodo de 12h houve remoccedilatildeo de 71 e 77 e
no periacuteodo de 6 h remoccedilatildeo de 33 e 31 respectivamente constatando que neste caso
natildeo eacute possiacutevel reduzir o tempo de detenccedilatildeo hidraacuteulica dentro da unidade de tratamento
sem comprometer a eficiecircncia de remoccedilatildeo da carga orgacircnica
Os autores concluiacuteram que a modificaccedilatildeo do fluxo de esgoto se revelou eficiente no
tratamento de esgotos domeacutesticos e pode propiciar menor geraccedilatildeo de lodo implicando
em uma manutenccedilatildeo mais simplificada comparada agraves unidades convencionais e
consequentemente em menores custos
Uma pesquisa semelhante foi realizada em escala real em El Tel El Sagheer uma
pequena comunidade localizada agrave 120 km de Cairo Egito O tanque seacuteptico modificado
proposto por Sabry (2010) constitui-se por dois compartimentos O primeiro cujo fluxo
do efluente era vertical possuiacutea uma seacuterie de chapas inclinadas a 60deg conhecidas
como decantadores por colmeia que separavam a fase soacutelida da liacutequida minimizando
a quantidade de soacutelidos que escapavam para o compartimento seguinte e retinham a
escuma O primeiro tanque exercia a funccedilatildeo de digerir anaeroacutebiamente a mateacuteria
orgacircnica sedimentando os soacutelidos suspensos no fundo que formam o lodo tendo
tambeacutem uma saiacuteda para o biogaacutes formado
O segundo compartimento era divido em dois e servia como uma unidade de
polimento degradando a mateacuteria orgacircnica residual atraveacutes da filtraccedilatildeo que ocorria o
com cascalho no fundo do tanque retendo os soacutelidos bioloacutegicos por um longo periacuteodo
Para tal o sistema exigia a utilizaccedilatildeo de duas bombas submersas uma em cada
tanque com vazatildeo de 0003 msup3s-1 O TDH dos dois compartimentos era de 20 h
velocidade ascensional na vazatildeo maacutexima diaacuteria de 0125 m h-1 e carga orgacircnica meacutedia
no segundo compartimento de 042 kg DBO m-3 d Aleacutem disso uma unidade de
10
desinfecccedilatildeo foi instalada para injetar uma soluccedilatildeo de hipoclorito de soacutedio no efluente
tratado com vistas a adequaccedilatildeo a legislaccedilatildeo local
Durante quase um ano de operaccedilatildeo e monitoramento o sistema removeu 81 da
DBO 84 do DQO e 89 dos SST enquanto a remoccedilatildeo em um sistema de tanque
seacuteptico seguido de filtro anaeroacutebio citado pelo pesquisador foi de 56 para DBO 52
para DQO e 54 para SST O sistema tambeacutem se mostrou de faacutecil reprodutibilidade e
baixo custo provando-se uma alternativa promissora para o tratamento de esgotos em
comunidades rurais em regiotildees em situaccedilatildeo anaacuteloga ao Egito
Os tanques seacutepticos tambeacutem podem ser integrados a outros processos de
tratamento como demonstrado por Philippi et al (1999) numa pesquisa realizada no
Brasil no estado de Santa Catarina Os pesquisadores verificaram a eficiecircncia de uma
zona de raiacutezes (tambeacutem conhecida pelo seu termo em inglecircs wetland) que recebia
efluente de um tanque seacuteptico Proveniente de uma induacutestria alimentiacutecia continha soro
de queijo gordura sangue alimentos enlatados carne suiacutena e esgoto sanitaacuterio sendo
que parte desse material ficava na caixa de gordura situada apoacutes o tanque seacuteptico que
foi construiacutedo em escala real de acordo com a NBR 72231993
Apoacutes a caixa de gordura o efluente entrava na parte inferior da zona de raiacutezes e
passava por camadas de areia feno de arroz e argila chegando as raiacutezes da
Zizaniopsis bonariensis espeacutecie de planta aquaacutetica tiacutepica da regiatildeo sul do paiacutes Os
pontos de monitoramento foram nas saiacutedas do tanque seacuteptico (P1) e da zona de raiacutezes
(P2) e os resultados mostraram que a reduccedilatildeo do P1 para DBO e DQO foi de 32 e 33
de 29 e 36 para ST e STV de 5 e 40 para Nitrogecircnio Total Kjedhal (NTK) e nitratos
e de 13 para o foacutesforo total (PT) respectivamente Enquanto que para o P2 a reduccedilatildeo
foi de 69 para DBO 71 para a DQO para ST e STV de 61 e 75 para NTK e
nitratos e PT de 78 e 40 72 respectivamente Destaca-se que a pesquisa estuda
uma das possibilidades de poacutes-tratamento de efluente de tanques seacutepticos poreacutem
existem diversas formas indicadas pela NBR 139691997 como vala de infiltraccedilatildeo o
poccedilo absorvente escoamento superficial e canteiro de infiltraccedilatildeo e evapotranspiraccedilatildeo
11
Os resultados da pesquisa revelam bom desempenho da associaccedilatildeo dos sistemas
de tratamento e alta remoccedilatildeo de N e P em decorrecircncia da desnitrificaccedilatildeo na zona de
raiacutezes e apoacutes o periacuteodo de maturaccedilatildeo do sistema comeccedilou a produzir efluente em
acordo com a legislaccedilatildeo local sendo o sistema integrado uma boa alternativa para o
tratamento efluentes sanitaacuterios e para induacutestrias que tenham efluentes semelhantes aos
da pesquisa (PHILIPPI et al 1999)
Contudo a operaccedilatildeo incorreta e a destinaccedilatildeo inadequada do efluente e do lodo
gerado pelos tanques seacutepticos em zonas rurais podem contribuir para a eutrofizaccedilatildeo de
nascentes de corpos hiacutedricos Withers Jarvie amp Stoate (2011) monitoraram o impacto
dos tanques seacutepticos na concentraccedilatildeo de nutrientes em uma comunidade rural na
Inglaterra Os pesquisadores verificaram altas concentraccedilotildees de nitrogecircnio foacutesforo
soacutedio potaacutessio e amocircnia aleacutem de concentraccedilotildees de nitrato consideradas nocivas aos
peixes tipicamente associados agrave digestatildeo anaeroacutebia de tanques seacutepticos tanto nas
valas de infiltraccedilatildeo quanto agrave jusante do corpo hiacutedrico situado proacuteximo aos tanques
seacutepticos
Portanto aleacutem de melhorias nas tecnologias simplificadas de tratamento de esgoto
eacute necessaacuterio o correto gerenciamento do lodo gerado caso contraacuterio o beneficio
ambiental gerado pelo tratamento do efluente pode ser parcialmente comprometido
33 Lodo de esgoto
O lodo de esgoto eacute um subproduto do tratamento de esgoto e eacute gerado em vaacuterias
etapas Seu gerenciamento eacute complexo e por vezes ignorado nas ETE
Contraditoriamente Campbell (2000) aponta que quanto mais efetivo o processo de
remoccedilatildeo de contaminantes maior a produccedilatildeo de lodo Ou seja a preocupaccedilatildeo com o
tratamento do efluente deve ser proporcional ao gerenciamento de seu subproduto
Apesar disso natildeo representa mais que 2 do volume de esgoto tratado Poreacutem os
custos variam de 20 a 60 do total gasto numa ETE no Brasil (ANDREOLI VON
SPERLING amp FERNANDES 2001) Essa realidade natildeo eacute soacute brasileira em outros
12
paiacuteses tambeacutem representa custos elevados e seu gerenciamento eacute por vezes
negligenciado (RUIZ KAOSOL amp WISNIEWSK 2010)
Uma fraccedilatildeo significativa da expansatildeo da infraestrutura estaacute ocorrendo em paiacuteses
em desenvolvimento dirigidas aos maiores centros urbanos do mundo como eacute o caso
da Cidade do Meacutexico e Satildeo Paulo Para ter estrateacutegias mais apropriadas de
gerenciamento de lodo contudo satildeo necessaacuterias informaccedilotildees histoacutericas pouco
disponiacuteveis nestas cidades segundo afirma Campbell (2000)
Aleacutem disso eacute imprescindiacutevel o conhecimento do lodo gerado para que seu
gerenciamento possa ser eficiente Ainda que a NBR 100042004 classifique o lodo de
esgoto como um resiacuteduo soacutelido natildeo inerte (ABNT 2004) aproximadamente 95 de sua
constituiccedilatildeo eacute aacutegua sofrendo algumas variaccedilotildees devido as diferentes caracteriacutesticas
dos esgotos e tratamentos O lodo tambeacutem pode ser classificado de acordo com a sua
origem
Lodo primaacuterio eacute aquele gerado em decantadores primaacuterios e tanques
seacutepticos Eacute formado principalmente por soacutelidos sedimentaacuteveis Pode
exalar odor forte caso fique retido por periacuteodos elevados e em altas
temperaturas Nos tanques seacutepticos sofre digestatildeo anaeroacutebia
Lodo secundaacuterio eacute formado nas etapas bioloacutegicas do tratamento aeroacutebia
e anaeroacutebia podendo estar estabilizado ou natildeo Compreende a
comunidade microbiana que realiza a degradaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica no
sistema
Lodo quiacutemico eacute originaacuterio de tratamentos que adicionam condicionantes
quiacutemicos como decantadores primaacuterios com precipitaccedilatildeo quiacutemica
O Programa de Pesquisa em Saneamento Baacutesico realizou um trabalho com lodo
de esgoto em diferentes institutos de pesquisa no Brasil Algumas caracteriacutesticas do
lodo encontradas podem ser vistas na Tabela 1 utilizando-se o procedimento de coleta
13
de aliacutequotas dos resiacuteduos descartados pelos caminhotildees limpa-fossa na entrada da
ETE ressalta-se que apesar da pesquisa focar em lodo de tanque seacuteptico nem todas
as ETE coletaram desta unidade de tratamento nem adotaram a mesma metodologia
de coleta e os contribuintes do esgoto foram variados como restaurantes domiciacutelios
hospitais entre outros e satildeo mantidos e operados de formas diferentes Nota-se que
todos os valores satildeo elevados indicando alta concentraccedilatildeo de soacutelidos
Tabela 1 - Caracteriacutesticas de lodo de esgoto seacuteptico no Brasil
Paracircmetros
Lodo de esgoto
FAE UFRN UNB USP
SANEPAR LARHISA CAESB EESC
Mediana Mediana Mediana Mediana
ST (mgL-1) 8208 6508 10214 6508
STV (mgL-1) 5612 4368 7368 3053
SST (mgL-1) 5042 3891 6395 3257
DBO (mgL-1) 2734 955 - 1524
DQO (mgL-1) 11219 3434 1281 4491
pH 72 66 71 69 Adaptado de Andreoli (2009)
Diversos estudos tecircm buscado relaccedilotildees entre caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas do
lodo e seu desaguamento De acordo com Vesilind (1994) o tamanho e a superfiacutecie das
partiacuteculas soacutelidas presentes no lodo satildeo caracteriacutesticas importantes que podem
determinar a receptividade ao espessamento ou desaguamento do lodo A carga das
partiacuteculas pode estabelecer ligaccedilotildees com as moleacuteculas de aacutegua difiacuteceis de serem
quebradas essas cargas superficiais alteram propriedades fiacutesicas daacute aacutegua
descongelamento agrave temperaturas abaixo do ponto de congelamento (-20degC) e a
densidade pode ser reduzida a 0965 gcmsup3
Neste mesmo trabalho Vesilind (1994) investigou os tipos de aacutegua presentes no
lodo e verificou que uma fraccedilatildeo estaacute ligada fisicamente agrave superfiacutecie das partiacuteculas
presentes no lodo atraveacutes de pontes de hidrogecircnio denominada aacutegua vicinal e pode
ser removida pela diminuiccedilatildeo da aacuterea superficial total das partiacuteculas soacutelidas a que estaacute
ligada atraveacutes da utilizaccedilatildeo de condicionantes quiacutemicos
14
A remoccedilatildeo da aacutegua localizada nos interstiacutecios dos flocos pode se dar por
processos mecacircnicos que conseguem destruir a estrutura do floco (RUIZ KAOSOL amp
WISNIEWSK 2010 VESILIND 1994) A aacutegua de hidrataccedilatildeo eacute aquela ligada
quimicamente agrave superfiacutecie da partiacutecula e eacute removida apenas com aumento da
temperatura Somente a fraccedilatildeo denominada ldquoaacutegua livrerdquo eacute que natildeo estaacute associada e
natildeo sofre influecircncia dos soacutelidos presentes no lodo A drenagem adensamento e
desidrataccedilatildeo mecacircnica e natural podem realizar a sua remoccedilatildeo (VESILIND 1994)
O trabalho de Liao et al (2000) constatou forte relaccedilatildeo entre o tamanho dos flocos e
a quantidade de aacutegua ligada fisico-quimicamente agraves partiacuteculas soacutelidas quanto menor
era o floco maior a quantidade deste tipo de aacutegua encontrada no lodo Mikkelsen amp
Keiding (2002) concluiacuteram que Substacircncias Polimeacutericas Extracelulares (EPS) satildeo o
paracircmetro mais importante na estrutura do lodo e altas concentraccedilotildees destas
substacircncias podem diminuir a tensatildeo de cisalhamento e propiciar um menor grau de
dispersatildeo do lodo pois agem na estabilidade da estrutura dos flocos reduzindo desta
forma a resistecircncia agrave filtraccedilatildeo Entretanto altas concentraccedilotildees de EPS diminuem o teor
de soacutelidos na torta seca
Jin Wileacuten amp Lant (2003) tambeacutem investigaram a relaccedilatildeo entre as EPS e o
desaguamento no lodo de esgoto Os pesquisadores observaram que altas
concentraccedilotildees de iacuteons Ca+ Mg2+ Fe3+ e Al3+ proporcionam melhora significativa no
desaguamento Tambeacutem concluiacuteram que lodos que contem flocos compactos grandes
e com muitos filamentos tem grande quantidade de aacutegua ligada intersticial
Propriedades de floculabilidade hidrofobicidade carga superficial e viscosidade satildeo
fatores que afetam significativamente a capacidade de ligaccedilatildeo da aacutegua nos flocos de
lodo sendo que altos valores destas propriedades indicam grande quantidade de aacutegua
ligada Ademais proteiacutenas e carboidratos contribuem significativamente para a ligaccedilatildeo
da aacutegua nos flocos
No espessamento por gravidade a presenccedila de aacutegua vicinal em volta das
partiacuteculas menores no lodo (de 2 a 4 microm cerca de 6 do total de partiacuteculas presentes
15
no lodo digerido anaeroacutebiamente) melhoraria o processo devido ao aumento do
diacircmetro efetivo das partiacuteculas como resultado da baixa densidade encontrada na aacutegua
vicinal e do aumento da viscosidade da aacutegua que circunda as partiacuteculas (VESILIND
1994)
As alternativas para a disposiccedilatildeo do lodo satildeo variadas e tecircm sido desenvolvidas haacute
vaacuterias deacutecadas Campbell (2000) as divide em trecircs categorias satildeo elas (i) aplicaccedilatildeo no
solo (ii) disposiccedilatildeo em aterro sanitaacuterio e (iii) tecnologias de incineraccedilatildeo Para as duas
primeiras - mais aplicadas no Brasil - torna-se indispensaacutevel a retirada de uma parcela
de sua umidade pois interfere na umidade ideal do solo quando aplicado na agricultura
e sobrecarrega o tratamento do chorume nos aterros
34 Desaguamento do lodo de esgoto
De acordo com Andreoli von Sperling amp Fernandes (2001) o gerenciamento do
lodo eacute uma atividade complexa e pode promover impactos ambientais negativos caso
seja mal executada Dentre as etapas envolvidas o desaguamento eacute um dos desafios
da engenharia ambiental e continua sendo um problema no tratamento de esgotos
(VESILIND 1988 VESILIND 1994 CAMPBELL 2000)
Metcalf amp Eddy (1991) descrevem o desaguamento como uma operaccedilatildeo fiacutesica
utilizada na reduccedilatildeo de umidade contida no lodo Eacute necessaacuterio realizar esta operaccedilatildeo
por propiciar (i) o manuseio mais faacutecil (ii) a reduccedilatildeo dos custos no transporte (iii) a
disposiccedilatildeo em aterros sanitaacuterios reduzindo a quantidade de chorume produzido (iv) a
melhora na etapa de compostagem do lodo (v) a reduccedilatildeo da atividade microbiana e
consequentemente da produccedilatildeo de odores
O desaguamento pode ser realizado por processos naturais ou mecanizados A
seleccedilatildeo dos mecanismos de desaguamento deve ser determinada pelo tipo de lodo a
ser desaguado caracteriacutesticas desejadas do lodo desaguado e espaccedilo disponiacutevel Os
processos mecanizados satildeo mais indicados para Estaccedilotildees de Tratamento de Esgotos
(ETE) de grande porte e onde haja restriccedilatildeo de aacuterea Centriacutefugas filtros a vaacutecuo
16
filtros-prensa prensas desaguadoras e secagem teacutermica satildeo exemplos de processos
mecanizados mais utilizados em ETE
Em estudo realizado por Ruiz Kaosol amp Wisniewsk (2010) relacionou-se a
quantidade de mateacuteria orgacircnica presente no lodo e sua aptidatildeo ao desaguamento
mecacircnico verificou-se que quanto maior essa quantidade (expressa pelo valor de
Soacutelidos Totais Volaacuteteis) menor era a resistecircncia a filtraccedilatildeo mas maior sua
compressibilidade (expressa pelo seu limite de plasticidade) e portanto menor a
eficiecircncia do processo de desaguamento mecacircnico Todavia lodos com menor teor de
mateacuteria orgacircnica isto eacute mais estabilizados tambeacutem satildeo mais indicados para os
processos naturais de desaguamento (ANDREOLI VON SPERLING amp FERNANDES
2001)
Verifica-se no entanto que poucas pesquisas tecircm se preocupado com o
desaguamento por processos naturais como os leitos de secagem e as lagoas de
secagem que estatildeo mais presentes em ETE pequenas ou que natildeo tecircm restriccedilotildees
quanto a aacuterea O mecanismo de desaguamento nestes casos se daacute pela evaporaccedilatildeo e
percolaccedilatildeo da aacutegua presente no lodo O desaguamento de lodos por leitos de secagem
eacute adequado para comunidades de pequeno e meacutedio porte sendo indicado para lodos
tipicamente encontrados em tanques seacutepticos (estabilizados)
Um leito de secagem convencional conforme ilustram as Figuras 2 e 3 caracteriza-
se por um tanque com paredes e base de concreto O fundo deve ser constituiacutedo por
uma camada de areia trecircs camadas de brita e tijolos recozidos ou outro material
resistente agrave operaccedilatildeo de remoccedilatildeo do lodo seco com juntas de areia (ABNT 1992)
17
Figura 2 - Planta de um leito de secagem convencional
Figura 3 - Corte transversal de um leito de secagem convencional
Van Haandel amp Lettinga (1994) descrevem que o tempo total para um ciclo de
secagem em leitos de secagem se compotildee por quatro periacuteodos Satildeo eles
T1 = tempo de preparaccedilatildeo do leito e descarga do lodo que dependem do
gerenciamento do leito como nuacutemero de trabalhadores e disponibilidade de
equipamentos
T2 = tempo de percolaccedilatildeo da aacutegua presente no lodo
T3 = tempo de evaporaccedilatildeo para se atingir a fraccedilatildeo desejada de soacutelidos que assim
como T2 varia em funccedilatildeo de condiccedilotildees operacionais durante a secagem condiccedilotildees
metereoloacutegicas (temperatura e pluviosidade) e a carga aplicada de soacutelidos
T4 = tempo de remoccedilatildeo dos soacutelidos secos
18
Para amenizar as variaacuteveis metereoloacutegicas os leitos de secagem podem ser
instalados ao ar livre ou cobertos por proteccedilatildeo contra a influecircncia das chuvas e de
geadas
De acordo com Metcalf amp Eddy (1991) Andreoli von Sperling amp Fernandes (2001) e
Andreoli (2009) em comparaccedilatildeo aos processos mecanizados apresenta diversas
vantagens tais como
Simplicidade na instalaccedilatildeo e operaccedilatildeo
Baixa sensibilidade agrave qualidade do lodo
Natildeo provoca ruiacutedos e vibraccedilotildees
Natildeo demanda energia
Baixo custo
Baixo consumo de poliacutemeros
A exposiccedilatildeo prolongada ao sol pode promover a remoccedilatildeo de organismos
patogecircnicos (VAN HAANDEL amp LETTINGA 1994)
Entretanto tambeacutem possui desvantagens sendo elas
Demanda tempo elevado para remoccedilatildeo da torta seca
Necessitam de que o lodo esteja estabilizado
Eacute sujeito agraves variaccedilotildees climaacuteticas
A remoccedilatildeo do lodo eacute trabalhosa
Demanda grande aacuterea
Considerando que a aacuterea especiacutefica requerida para leitos de secagem (Ae) pode
ser calculada em funccedilatildeo1 da quantidade de lodo digerido produzido na ETE (Q) - que eacute
funccedilatildeo da produccedilatildeo de lodo fresco (1 L pessoadia-1) e do coeficiente de reduccedilatildeo de
volume por digestatildeo (025) (Q = 025) da espessura da camada de lodo aplicado em
cada ciclo (e = 045 m) e do nuacutemero de ciclos de secagem por ano (nc = 15 ciclosano)
1 Valores sugeridos pela NBR 72291993
19
Calculando-se pela formula
Pode-se estimar uma aacuterea meacutedia de 0014 msup2hab-1 (para lodos anaeroacutebios de
origem domeacutestica) (NBR 72291993 MORTARA 2011)
Um dos poucos trabalhos que estudaram os leitos de secagem em bancada foi
produzido por van Haandel amp Lettinga (1994) que realizaram uma investigaccedilatildeo
experimental semelhante a presente pesquisa No entanto os resultados natildeo satildeo
diretamente comparaacuteveis uma vez que os autores estudaram o tempo necessaacuterio para
obtenccedilatildeo de uma determinada umidade para diferentes cargas de soacutelidos Aleacutem disso
separou-se os processos de percolaccedilatildeo e evaporaccedilatildeo de modo que o experimento foi
feito em duas etapas na primeira utilizaram tubos de PVC de 10 m de comprimento e
020 m de diacircmetro adicionando-se aos tubos camadas de cascalho estratificado de 1
a 18rdquo (brita meacutedia) e areia meacutedia ambas com espessura de 020 m cada O lodo
utilizado foi proveniente de RAFA e foi inserido nos tubos sendo que estes foram
cobertos para evitar a evaporaccedilatildeo
Apoacutes esta fase o lodo era removido dos tubos e colocado em aneacuteis de 0040 m de
comprimento e 0050 m de diacircmetro dispostos em colunas que ficavam ao ar livre para
avaliar-se a evaporaccedilatildeo que era realizada por diferenccedila de massa observada
diariamente ateacute que se estabelecesse massa constante A perda de massa era
acompanhada por perda de volume de lodo e para facilitar a evaporaccedilatildeo sempre que
o lodo atingia niacutevel mais baixo ao niacutevel superior do tubo o anel imediatamente acima
era retirado sendo a evaporaccedilatildeo natildeo limitada pela difusatildeo de vapor de aacutegua no tubo
Tambeacutem realizou-se testes de evaporaccedilatildeo com aacutegua pura
Os autores concluiacuteram que a concentraccedilatildeo inicial de ST no lodo natildeo teve influecircncia
mensuraacutevel sobre o tempo necessaacuterio para a percolaccedilatildeo da aacutegua ou sobre a
concentraccedilatildeo final de ST no lodo Em contraste cargas de soacutelidos diferentes tiveram
tempos de percolaccedilatildeo diferentes Outrossim grande parte da aacutegua no lodo eacute livre e eacute
removida no periacuteodo de percolaccedilatildeo que eacute relativamente curto Entretanto periacuteodos
elevados de evaporaccedilatildeo satildeo necessaacuterios para obtenccedilatildeo de altos valores de ST nas
20
tortas secas Ademais a produtividade do leito de secagem (massa de soacutelidos
processados por unidade de aacuterea do leito e por unidade de tempo) eacute muito influenciada
pela fraccedilatildeo de soacutelidos que se deseja no lodo apoacutes a secagem A produtividade para
lodo com relativamente muito aacutegua (umidade de 60 a 70) eacute mais que o dobro daquela
para lodo com pouca aacutegua (umidade de 20 a 30)
Cofie et al (2006) realizaram estudo com leito de secagem em escala real em
Ghana e monitoraram oito ciclos de secagem por dez meses O leito de secagem era
composto por uma camada de 015 m de areia fina e duas camadas de brita a primeira
de tipo 1 tinha 010 m de espessura e a segunda de tipo 2 tinha espessura de 015 m
O leito tinha aacuterea de 25 msup2 e capacidade de 15 msup3 de lodo com espessura de 030 m
Um terccedilo do lodo foi proveniente de sanitaacuterios puacuteblicos e o restante de tanques
seacutepticos tendo baixa concentraccedilatildeo de soacutelidos cerca de 3 A carga aplicada de
soacutelidos utilizada foi de 196 a 321 kg msup2 e quando seco era retirado manualmente O
teor de soacutelidos da torta seca foi em meacutedia de 3045 os STV de 71 e o tempo de
desaguamento variou de 7 a 59 dias
Os pesquisadores atribuem essa grande variaccedilatildeo a alguns fatores (i) ao
incremento de aacutegua no lodo causado pela chuva (ii) o entupimento da areia que
diminuiu a capacidade de percolaccedilatildeo da aacutegua livre do lodo e (iii) ao tipo de lodo
utilizado que apesar da parcela oriunda de tanque seacuteptico estar bem digerida a porccedilatildeo
proveniente de sanitaacuterios puacuteblicos apresentava grande quantidade de mateacuteria orgacircnica
tornando esse lodo pouco digerido e improacuteprio para o desaguamento nesse tipo de
leito
Mortara (2011) estudou a utilizaccedilatildeo de leitos de drenagem como alternativa aos
leitos de secagem Estes primeiros se diferenciam por substituiacuterem a camada de areia
por uma com manta geossinteacutetica e terem reduzida a altura de camada de brita (que
passa a ser somente uma camada de brita nordm 1 ou 2 de 005 a 010 m de espessura)
Essa mudanccedila proporcionou aumento da taxa de retirada da aacutegua livre e portanto
reduccedilatildeo do tempo de drenagem Aleacutem disso o autor cita que a massa de lodo seco
retirada foi menor assim como o trabalho para sua retirada e a estrutura para
21
armazenar o material ateacute sua disposiccedilatildeo final foram menores quando comparados ao
leito de secagem
35 Condicionamento do lodo
O condicionamento eacute um processo que melhora as caracteriacutesticas do lodo com
vistas a processaacute-lo de forma mais eficiente e mais raacutepida jaacute que o lodo geralmente
natildeo eacute facilmente manipulaacutevel Faz-se entatildeo necessaacuterio seu condicionamento para
facilitar o espessamento desaguamento e secagem O condicionamento do lodo pode
se dar por diversos meacutetodos que vatildeo desde a separaccedilatildeo de partiacuteculas soacutelidas das
moleacuteculas de aacutegua (processos fiacutesicos) ateacute a oxidaccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (processos
quiacutemicos) (AMUDA et al 2008)
Alguns exemplos de processos fiacutesicos empregados satildeo o congelamento do lodo
que proporciona a separaccedilatildeo de parte da aacutegua presente das partiacuteculas soacutelidas (AMUDA
et al 2008) a hidroacutelise teacutermica que permite a liberaccedilatildeo da aacutegua ligada fiacutesico-
quimicamente em temperaturas acima de 100degC o tratamento ultrassocircnico que tambeacutem
pode ser quiacutemico que em ambos os casos causa ruptura da estrutura celular e dos
flocos de micro-organismos atraveacutes do uso de baixas ou altas frequecircncias por processo
de cavitaccedilatildeo ou de reaccedilotildees quiacutemicas (CARREgraveRE et al 2010) A eletrodesidrataccedilatildeo
tambeacutem conhecida como desidrataccedilatildeo assistida por campo eleacutetrico consiste na
aplicaccedilatildeo de um campo eleacutetrico que atrai as partiacuteculas de aacutegua eletricamente
carregadas rompendo as ligaccedilotildees com as partiacuteculas soacutelidas do lodo (MAHMOUD et al
2010)
Um outro exemplo de condicionamento eacute a destruiccedilatildeo bioloacutegica celular atraveacutes da
aplicaccedilatildeo de fortes oxidantes quiacutemicos promove a desintegraccedilatildeo bioloacutegica da mateacuteria
orgacircnica do lodo a CO2 e aacutegua e consequentemente reduz o volume do lodo (AMUDA
et al 2008)
A alternativa de condicionamento mais comum nas ETE eacute a utilizaccedilatildeo sais
inorgacircnicos e de poliacutemeros orgacircnicos Satildeo empregados tradicionalmente produtos jaacute
22
utilizados no tratamento de aacutegua e esgoto condicionantes inorgacircnicos como cloreto
feacuterrico sulfato de alumiacutenio e a cal (AMUDA et al 2008 METCALF amp EDDY 1991) A
desvantagem na utilizaccedilatildeo destes eacute o aumento do teor de soacutelidos de 20 a 30 no lodo
enquanto que a utilizaccedilatildeo de poliacutemeros orgacircnicos natildeo aumenta significativamente
(METCALF amp EDDY 1991) A escolha e utilizaccedilatildeo de condicionantes inorgacircnicos ou
orgacircnicos deve ser baseada em estudos teacutecnicos e econocircmicos (MORTARA 2011)
Os condicionantes orgacircnicos atuam como coagulantes formando pontes quiacutemicas
entre o poliacutemero e as partiacuteculas coloidais presentes no lodo que satildeo adsorvidas pelas
diversas cadeias de monocircmeros do poliacutemero agregando-se em flocos densos passiacuteveis
de serem removidos por filtraccedilatildeo sedimentaccedilatildeo ou flotaccedilatildeo (LIBAcircNIO 2005) Sua
aplicaccedilatildeo em dosagem correta acelera o processo de desaguamento e aumenta o teor
de soacutelidos da torta seca (WPCFM 1988)
A adiccedilatildeo de poliacutemeros ocorre antes da etapa de desaguamento e podem reduzir a
umidade de entrada de 90 a 99 para 65 a 85 dependendo das caracteriacutesticas dos
soacutelidos a serem tratados (METCALF amp EDDY 1991 WPCFM 1988)
Os poliacutemeros podem ser classificados de acordo com a sua carga eleacutetrica em
catiocircnicos aniocircnicos natildeo-iocircnicos e anfoliacuteticos e quanto a sua origem sinteacutetica ou
natural Libacircnio (2005) destaca duas vantagens no uso especiacutefico de poliacutemeros
catiocircnicos de menor peso molecular que se aplicam ao tratamento de lodo de esgoto
Satildeo elas (i) reduccedilatildeo do volume do lodo gerado (ii) maior facilidade de desidrataccedilatildeo do
lodo gerado comparada aos sais de ferro e alumiacutenio
Mortara (2011) realizou ensaios com poliacutemeros sinteacuteticos em lodo de ETE analisou
18 poliacutemeros catiocircnicos 15 soacutelidos e 3 em emulsatildeo associados a um leito de
drenagem no condicionamento do lodo anaeroacutebio Atraveacutes de testes em laboratoacuterio e
em escala piloto constatou que quase todos os poliacutemeros soacutelidos testados produziram
lodos mais facilmente desaguaacuteveis com dosagens relativamente baixas cerca de 2 gkg
de ST-1 enquanto que os poliacutemeros em emulsatildeo tinham dosagens oacutetimas maiores
23
cerca de 6 gkg-1 Tambeacutem se verificou que o condicionamento quiacutemico propiciou maior
drenagem da aacutegua quando comparado ao lodo natildeo condicionado Entretanto natildeo
influenciou a evaporaccedilatildeo e consequentemente os tempos de ciclo de secagem uma
vez que o teor de soacutelidos do lodo sem condicionamento apresentou evoluccedilatildeo
semelhante a dos lodos condicionados ao longo do periacuteodo de secagem
Contudo segundo Abreu Lima (2007) os poliacutemeros sinteacuteticos podem ser
contaminados no processo de produccedilatildeo ou ainda gerar subprodutos (monocircmeros) de
risco agrave sauacutede dos consumidores Uma alternativa a esses condicionantes seria o
emprego de poliacutemeros oriundos de fontes naturais como as plantas e substacircncias
retiradas de animais
Ainda que estes riscos preocupem mais as Estaccedilotildees de Tratamento de Aacutegua (ETA)
jaacute que afetam diretamente a aacutegua captada para abastecimento humano a atenccedilatildeo
deve-se dar no tratamento de esgoto e no gerenciamento do lodo tambeacutem
Considerando que a aacutegua drenada do lodo retorna ao sistema de tratamento e que
esse efluente tratado eacute lanccedilado em um corpo hiacutedrico que posteriormente pode servir
como manancial
Diversos estudos tecircm utilizado poliacutemeros naturais como auxiliares da floculaccedilatildeo no
tratamento de aacutegua e esgoto Visto que natildeo apresentam riscos agrave sauacutede a longo prazo e
por serem fonte de alimentaccedilatildeo humana em sua maioria De acordo com Di Bernardo
(2005) a utilizaccedilatildeo destes poliacutemeros permite um aumento da velocidade de
sedimentaccedilatildeo dos flocos reduccedilatildeo da accedilatildeo das forccedilas de cisalhamento nos flocos
durante a veiculaccedilatildeo da aacutegua floculada e uma dosagem menor do coagulante primaacuterio
quando estes satildeo sais de alumiacutenio ou ferro
Borba (2001) Arantes Ribeiro amp Paterniani (2012) e Di Bernardo (2005) citam
como exemplo de fonte destes compostos a mandioca (Manihot esculenta) a batata
(Solanum tuberosum L) a quitosana o tanino o quiabo (Abelmoschus esculentus) o
milho (Zea mays) e a moringa (Moringa oleiacutefera)
24
Dentre os poliacutemeros naturais os mais utilizados satildeo os amidos (DI BERNARDO
2005 LIBAcircNIO 2005) O milho a batata a mandioca e o trigo satildeo os alimentos
produzidos em larga escala que mais possuem amido podendo variar a quantidade em
funccedilatildeo da idade do solo da variedade da espeacutecie e do clima
A facilidade de obtenccedilatildeo do poliacutemero o custo e a simplicidade metodoloacutegica do
preparo satildeo fatores importantes para a seleccedilatildeo em trabalhos direcionados agraves
comunidades rurais Dos poliacutemeros pesquisados os originaacuterios da mandioca moringa e
quiabo foram os que mais se adequaram a estes criteacuterios baseando-se em Dantas amp Di
Bernardo (2000) Muyibi et al (2001) e Abreu Lima (2007)
A mandioca (Manihot esculenta) eacute originaacuteria da Ameacuterica do Sul e eacute comum nas
regiotildees tropicais da Aacutefrica e Aacutesia sendo uma importante fonte de alimentaccedilatildeo da
populaccedilatildeo mais pobre e eacute rica em amido Dantas amp Di Bernardo (2000) estudaram o
potencial do amido catiocircnico da mandioca como auxiliar de floculaccedilatildeo no tratamento de
aacuteguas para abastecimento Os resultados obtidos indicaram que este poliacutemero natural
pode ser utilizado em substituiccedilatildeo dos poliacutemeros sinteacuteticos auxiliares de floculaccedilatildeo Natildeo
foram encontradas referecircncias sobre a utilizaccedilatildeo de amido de mandioca em tratamento
de esgoto ou condicionamento de lodo de esgoto
A moringa (Moringa oleifera) eacute provavelmente o poliacutemero natural mais conhecido no
mundo eacute nativa do continente africano presente tambeacutem nas Ameacutericas e Aacutesia Mais
utilizada no tratamento de aacutegua como coagulante tambeacutem satildeo encontradas aplicaccedilotildees
no tratamento de esgoto incluindo efluentes industriais e no lodo de esgoto
Bhuptawat Folkard amp Chaudhari (2006) verificaram o potencial de aplicaccedilatildeo da
moringa no tratamento de esgoto domeacutestico em escala piloto na Iacutendia e obtiveram
64 de remoccedilatildeo de DQO combinando 100 mgL-1 de Moringa oleifera e 10 mgL-1 de
sulfato de alumiacutenio
No tocante agrave utilizaccedilatildeo de moringa no lodo pesquisas realizadas por Muyibi et al
(2001) na Iacutendia e Ademiluyi (1988) Nigeacuteria indicaram seu potencial como
25
condicionante quiacutemico do lodo de esgoto diminuindo a resistecircncia agrave filtraccedilatildeo Muyibi et
al (2001) testaram a soluccedilatildeo da semente de moringa sem casca o poacute seco da
semente sem casca e o oacuteleo da semente de moringa em lodo proveniente de uma
estaccedilatildeo de tratamento de esgoto A dosagem foi determinada por dois meacutetodos (i)
reduccedilatildeo de volume do lodo em teste de jarros (apoacutes 30 min de sedimentaccedilatildeo) e (ii)
resistecircncia especiacutefica do lodo
No primeiro meacutetodo as dosagens oacutetimas encontradas foram de 4750 4000 e 6000
mgL-1 para a soluccedilatildeo de moringa sem casca oacuteleo e poacute seco respectivamente
Chegando a reduccedilatildeo maacutexima de 26 19 e 26 vezes o volume inicial do lodo para a
soluccedilatildeo de moringa sem casca oacuteleo e poacute seco respectivamente Esses resultados
indicam o potencial da moringa em decantadores ou outras unidades de tratamento que
retenham lodo por certo tempo
No segundo teste realizado empregou-se somente a soluccedilatildeo de moringa sem
casca e o oacuteleo e a soluccedilatildeo com oacuteleo teve melhor resultado com dosagem de 4000
mgL-1 enquanto que para a soluccedilatildeo de moringa sem casca foi de 4500 mgL-1 A razatildeo
para esses resultados ligeiramente controversos ainda eacute desconhecida mas os
pesquisadores acreditam que a remoccedilatildeo do oacuteleo da semente possa produzir flocos
mais leves o que favoreceria a filtraccedilatildeo Aleacutem disso por ter baixo peso molecular e ser
um poliacutemero catiocircnico os flocos formados satildeo leves pequenos e reteacutem menos a fraccedilatildeo
de aacutegua ligada fiacutesico-quimicamente agraves partiacuteculas soacutelidas do lodo indicando a
possibilidade da reduccedilatildeo da aacuterea dos leitos de secagem convencionais Poreacutem ainda
satildeo necessaacuterias pesquisas aprofundadas sobre a questatildeo
O uso de moringa no lodo foi comparado aos sais de alumiacutenio e ferro por Ademiluyi
(1988) A amostra de lodo utilizada foi coletada no tanque de sedimentaccedilatildeo da ETE da
Universidade da Nigeacuteria que trata esgoto domeacutestico A sensibilidade relativa do lodo
aos poliacutemeros mostrou que o lodo proveniente de esgoto domeacutestico tem menor
sensibilidade a moringa do que ao sulfato de alumiacutenio e cloreto feacuterrico Aleacutem disso a
concentraccedilatildeo de moringa foi menor no liquido filtrado do que os sais metaacutelicos o que
26
pode ser vantajoso em Estaccedilotildees de Tratamento de Esgoto Poreacutem as dosagens oacutetimas
encontradas foram mais altas para a moringa do que para os sais metaacutelicos 215 17 e
17 gL-1 para a moringa sulfato de alumiacutenio e cloreto feacuterrico respectivamente
Entretanto o baixo custo e o fato da moringa ser um poliacutemero natural a tornam
aplicaacutevel como condicionante do lodo
Outro poliacutemero natural potencialmente condicionante do lodo eacute o quiabo
(Abelmoschus esculentus) que tem origem na Aacutefrica mas eacute produzido em todo o globo
sendo conhecido por suas propriedades nutritivas
Anastasakis Kalderis amp Diamadopoulos (2009) estudaram o quiabo como floculante
no tratamento de esgoto utilizando como coagulante o sulfato de alumiacutenio Foi
realizada a mucilagem do quiabo para a extraccedilatildeo do oacuteleo e a dosagem oacutetima foi obtida
atraveacutes do teste de jarros Como amostras de esgoto foram utilizadas esgoto sinteacutetico e
um efluente biologicamente tratado O estudo comprovou as propriedades floculantes
do quiabo No esgoto sinteacutetico em sua dosagem oacutetima de 0005 g L-1 removeu 93 96 e
97 de turbidez depois de 10 20 e 30 minutos do tempo de sedimentaccedilatildeo
respectivamente Isso representou uma adiccedilatildeo de 25 9 e 10 de remoccedilatildeo da turbidez
quando se utilizou somente sulfato de alumiacutenio em 10 20 e 30 minutos
respectivamente
No efluente biologicamente tratado a dosagem oacutetima para 10 minutos foi de 0020
gL-1 com remoccedilatildeo 70 da turbidez Para os tempos de sedimentaccedilatildeo de 20 e 30
minutos a dosagem foi menor (00025 gL-1) alcanccedilando a reduccedilatildeo de 71 e 74 de
turbidez Incrementando em 19 10 e 10 a remoccedilatildeo de turbidez utilizando-se somente
de sulfato de alumiacutenio
Abreu Lima (2007) realizou testes com o quiabo verde e maduro e constatou que o
fruto maduro possui melhores propriedades coagulantes que o fruto verde fato positivo
jaacute que o quiabo maduro eacute rejeitado pelo consumidor e torna-se um resiacuteduo O autor
tambeacutem comparou as teacutecnicas de aplicaccedilatildeo do poliacutemero a utilizaccedilatildeo do oacuteleo extraiacutedo
27
atraveacutes da mucilagem e a pulverizaccedilatildeo apoacutes a moagem do quiabo Concluindo que a
segunda teacutecnica a forma mais simples de aplicaccedilatildeo proporcionou resultados positivos
no tratamento de aacutegua e esgoto
36 Pavimento permeaacutevel
Aleacutem da aplicaccedilatildeo de poliacutemeros a utilizaccedilatildeo de pisos drenantes como constituintes
do leito de secagem pode otimizar o desaguamento do lodo de esgoto Constitui-se em
alternativa simples e de baixo custo para ETE de pequeno porte localizadas em
comunidades rurais Aleacutem disso a utilizaccedilatildeo de poliacutemeros naturais melhoraria a
qualidade da torta seca em termos de nutrientes aspecto positivo para a aplicaccedilatildeo de
lodo na agricultura como alternativa agrave adubaccedilatildeo quiacutemica
Os pavimentos permeaacuteveis satildeo utilizados haacute mais de trecircs deacutecadas nos Estados
Unidos da Ameacuterica e na Inglaterra e Alemanha (PRISMA 2013) como controle
estrutural alternativo de drenagem urbana e fazem parte do conjunto de teacutecnicas
intitulado de Best manegement practices (BMP) pela agecircncia ambiental norte-
americana Enviromental Protection Agency (USEPA) criado na deacutecada de 1980 que
tem como objetivo resolver os problemas de drenagem na proacutepria bacia
Essas teacutecnicas incluem construccedilatildeo de estruturas fiacutesicas para armazenamento e
infiltraccedilatildeo do escoamento como reservatoacuterios trincheiras de infiltraccedilatildeo e pavimentos
permeaacuteveis na tentativa de compensar os impactos negativos da grande
impermeabilizaccedilatildeo do solo causada pela urbanizaccedilatildeo (CRUZ SOUZA amp TUCCI 2007)
Estes uacuteltimos por possuiacuterem espaccedilos livres na sua estrutura permitem que aacutegua
e ar o atravessem e satildeo geralmente empregados em via de pedestres e veiacuteculos e
estacionamentos para auxiliar na drenagem urbana (MARCHIONI amp SILVA 2010)
No Brasil estes pavimentos foram introduzidos recentemente e em 2006 a
Prefeitura Municipal de Porto Alegre publicou o Decreto Nordm153712006 que
regulamenta as medidas de controle de drenagem urbana aponta como alternativa
28
para reduccedilatildeo de aacutereas impermeaacuteveis em terrenos com aacutereas inferiores a 100 ha a
utilizaccedilatildeo de pavimentos permeaacuteveis abatendo 50 da aacuterea impermeaacutevel do terreno
(CRUZ SOUZA amp TUCCI 2007) A Figura 4 mostra a sua utilizaccedilatildeo no Brasil
Figura 4 - Exemplo de aplicaccedilatildeo de pavimento permeaacutevel em estacionamento
FONTE MARCHIONI amp SILVA (2010)
Estes pavimentos podem ser fabricados com areia pedregulho argila expandida
fibra de coco cimento e poacute de pedra e estaacute em curso a normatizaccedilatildeo pela Associaccedilatildeo
Brasileira de Normas Teacutecnicas para a fabricaccedilatildeo destes pisos A produccedilatildeo deste tipo
de piso estaacute se disseminando no paiacutes e sua utilizaccedilatildeo poderia permitir a reduccedilatildeo da
aacuterea do leito Uma vez que o lodo pode ser drenado em cerca de metade da aacuterea
superficial enquanto que ao se empregar o leito de secagem tradicionalmente sugerido
pela NBR 122091992 a infiltraccedilatildeo somente ocorre entre os vatildeos dos tijolos onde estaacute
presente a areia (ABNT 1992)
29
4 METODOLOGIA
O trabalho foi desenvolvido nos Laboratoacuterios de Estrutura (LES) Materiais da
Construccedilatildeo (LMC) Protoacutetipos (LABPRO) Reuso (LABREUSO) e Saneamento
(LABSAN) pertencentes agrave Faculdade de Engenharia Civil Arquitetura e Urbanismo da
Universidade Estadual de Campinas
41 Pavimento permeaacutevel
O pavimento permeaacutevel foi fornecido pela empresa Villa Stone Comeacutercio e
Induacutestria de Materiais Baacutesicos para Construccedilatildeo Limitada localizada no distrito de Baratildeo
Geraldo Campinas (SP)
Os pavimentos permeaacuteveis utilizados na pesquisa satildeo compostos de pedrisco de
basalto e cimento na proporccedilatildeo de 80 e 20 respectivamente As amostras utilizadas
tecircm aproximadamente 006 m de altura e foram cortados em diacircmetro igual a 010 m
com o emprego de uma extratora de corpo de prova como mostram as Figuras 5 e 6
Figura 5 - Pavimento permeaacutevel utilizado no projeto
30
Figura 6 - Extratora de corpo de prova utilizada para o corte do pavimento utilizado na pesquisa
A caracterizaccedilatildeo destes pisos drenantes foi realizada com a determinaccedilatildeo das
dimensotildees massa volume de vazios e taxa de infiltraccedilatildeo conforme apresentados a
seguir
Dimensotildees e massa As dimensotildees foram mensuradas com o uso de paquiacutemetro
e a massa com uso de balanccedila semi analiacutetica A altura diacircmetro e massa meacutedia das
peccedilas de pavimento cortadas foi de 0006 m 01 m e 0695 kg respectivamente
Iacutendice de vazios A metodologia adotada baseou-se na norma NBR NM 532009
de Determinaccedilatildeo de massa especiacutefica massa especiacutefica aparente e absorccedilatildeo de aacutegua
de agregados grauacutedos e na norma NBR 108381988 de Solo - Determinaccedilatildeo da massa
especiacutefica aparente de amostras indeformadas com emprego de balanccedila hidrostaacutetica -
Meacutetodo de ensaio O iacutendice de vazios meacutedio foi de 043 e a porosidade de 2975
31
Taxa de infiltraccedilatildeo A forma de determinaccedilatildeo seraacute apresentada no subitem 45
42 Lodo
Coletou-se aproximadamente 200 L de lodo de tanques seacutepticos Cerca de 70 L
de lodo utilizado foram coletados no mecircs de abril de 2013 provenientes de um tanque
seacuteptico operado pela Companhia de Saneamento Baacutesico do Estado de Satildeo Paulo
(SABESP) Sendo um tanque seacuteptico de cacircmara uacutenica com capacidade de
aproximadamente 40 msup3 e atende cerca de 500 famiacutelias no municiacutepio de Satildeo Miguel
Arcanjo ndash SP Ao longo dos 20 anos de operaccedilatildeo desta pequena estaccedilatildeo nunca havia
sido feita a retirada de lodo
Devido a dificuldades com o transporte e a distacircncia entre este tanque seacuteptico e
a universidade natildeo foi possiacutevel coletar a quantidade necessaacuteria utilizada no projeto A
quantidade restante foi entatildeo fornecida pela Sociedade de Abastecimento de Aacutegua e
Esgoto SA (SANASA) O lodo foi retirado do tanque seacuteptico da Estaccedilatildeo de Tratamento
de Esgoto Bandeirantes situada no municiacutepio de Campinas cujo tratamento se daacute por
tanques seacutepticos seguidos de filtro anaeroacutebio A coleta de lodo foi realizada no mecircs de
maio de 2013 Ao contraacuterio do lodo disponibilizado pela SABESP o montante de lodo
retirado desta ETE ainda natildeo estava estabilizado por ter pouca idade e ter sido
realizada uma grande retirada do lodo do tanque cerca de um mecircs antes da data da
coleta Desde entatildeo as aliacutequotas de lodo coletadas foram misturadas e armazenadas
numa caixa drsquoaacutegua de 500 L no Laboratoacuterio de Protoacutetipos
A caracterizaccedilatildeo do lodo foi feita no Laboratoacuterio de Saneamento (LABSAN)
sendo baseada nos seguintes paracircmetros tempo de succcedilatildeo capilar soacutelidos totais
soacutelidos suspensos totais soacutelidos suspensos fixos e volaacuteteis pH e alcalinidade Essa
caracterizaccedilatildeo foi realizada anteriormente a execuccedilatildeo de cada uma das seacuteries
32
Para a dosagem dos poliacutemeros Metcalf amp Eddy (1991) relatam que deve ser
realizada em laboratoacuterio considerando a origem do lodo a sua idade o pH a
alcalinidade e a concentraccedilatildeo de soacutelidos bem como o meacutetodo de desaguamento a ser
utilizado e recomenda a utilizaccedilatildeo do teste de filtraccedilatildeo a vaacutecuo para caacutelculo da
dosagem
Todas as anaacutelises para caracterizaccedilatildeo do lodo foram baseadas no Standard
Methods for the Examination of Water and Wastewater (APHA 2012)
Para a anaacutelise do teor de soacutelidos da torta seca dos sistemas homogeneizou-se
inicialmente a torta obtida de cada sistema utilizando-se uma aliacutequota de
aproximadamente 0005 kg que foi pesada em balanccedila analiacutetica jaacute na caacutepsula A
amostra entatildeo foi deixada por no miacutenimo 12h em estufa a 100ordmC para obtenccedilatildeo dos
Soacutelidos Totais Para os Soacutelidos Totais Fixos e Volaacuteteis a metodologia foi adaptada para
evitar emissatildeo de fumaccedila devido agrave alta fraccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica presente no lodo
Para isso a amostra natildeo foi colocada na mufla diretamente a 550degC A temperatura foi
escalonada mantendo-se inicialmente a 200ordmC por 30 minutos elevando-se a
temperatura para 300ordmC por mais 30 minutos e entatildeo elevando-se a temperatura para
550degC por mais 1 hora Tambeacutem evitou-se colocar na mufla massas maiores que 0015
kg de lodo seco pois acima desta quantidade verificou-se emissatildeo de fumaccedila
Teste de Jarros Embora natildeo forneccedila dados quantitativos sobre a capacidade
dos poliacutemeros no condicionamento do lodo produz informaccedilatildeo qualitativa (quanto a
formaccedilatildeo de flocos) de forma raacutepida (WPCFM 1988) Por esta razatildeo o teste foi
utilizado para preparo da soluccedilatildeo estoque dos poliacutemeros e para o condicionamento do
lodo para a anaacutelise das dosagens oacutetimas (WPCFM 1988 MORTARA 2011) A Figura 7
ilustra a utilizaccedilatildeo deste meacutetodo no condicionamento do lodo
33
Figura 7 - Teste de jarros para dosagem oacutetima de poliacutemero
Tempo de Succcedilatildeo Capilar conhecido como CST - sua sigla na liacutengua inglesa
para Capillary Suction Time - eacute um dos meacutetodos mais utilizados em pesquisas sobre o
desaguamento do lodo Eacute um teste empiacuterico que auxilia na determinaccedilatildeo da dosagem
oacutetima de poliacutemeros sendo indicado por Vesilind (1988) WPCFM (1988) Metcalf amp
Eddy (1991) Andreoli von Sperling amp Fernandes (2001) Andreoli (2009) e APHA et al
(2012) Apesar do inconveniente de trabalhar com pequenos volumes acarretando na
seleccedilatildeo de uma fase do efluente clarificado e de flocos quando o lodo eacute condicionado
organicamente Ruiz Kaosol amp Wisniewsk (2010) afirmam que o teste ainda estaacute entre
as teacutecnicas mais utilizadas para definiccedilatildeo da filtrabilidade do lodo Algumas destas
razotildees eacute a rapidez e simplicidade na realizaccedilatildeo pois determina em segundos quanto
tempo a aacutegua presente no lodo leva para percorrer um meio poroso atraveacutes de um
equipamento utilizando-se uma pequena quantidade de amostra
Jin Wileacuten amp Lant (2003) verificaram uma boa relaccedilatildeo estatiacutestica entre os valores
de CST e EPS e relacionaram altos valores de floculabilidade hidrofobicidade cargas
negativas das superfiacutecies e viscosidade agrave grande quantidade de aacutegua fiacutesico-
quimicamente ligada e longos CST Contudo constataram que as caracteriacutesticas
morfoloacutegicas determinadas como o tamanho dos flocos dimensatildeo fractal e iacutendice de
34
filamento tecircm estatisticamente fracas correlaccedilotildees com a quantidade de aacutegua ligada
fiacutesico-quimicamente e o tempo do CST
Como ilustra a Figura 8 o teste eacute realizado em um aparelho denominado CST
(Capilary Succcedilatildeo Time) que consiste em duas placas de acriacutelico um cilindro metaacutelico
um filtro de papel trecircs contatos eleacutetricos fixados em dois ciacuterculos concecircntricos que
circundam uma abertura circular no meio da placa e um cronocircmetro
O papel eacute colocado entre as duas placas de acriacutelico e o cilindro metaacutelico eacute
encaixado na abertura circular O teste eacute feito com 68 mL de lodo colocado dentro do
cilindro A aacutegua contida no lodo atravessa o filtro de papel cromatograacutefico (Whatman n
17 tamanho 7 x 9 cm) Apoacutes percorrer 08 cm a aacutegua chega ao ciacuterculo interno que
conteacutem dois dos contatos eleacutetricos dispara-se o cronocircmetro quando a aacutegua percorre
mais 07 cm chegando ao ciacuterculo externo o terceiro contato eleacutetrico para a contagem
do tempo (VESILIND 1988) A Tabela 2 indica os meacutetodos utilizados para anaacutelise do
lodo
Tabela 2 - Meacutetodos utilizados na anaacutelise do lodo
Paracircmetro Meacutetodo Soacutelidos Totais Standard Methods 20 2540
Soacutelidos Suspensos Totais Standard Methods 20 2540 Alcalinidade Standard Methods 20 2320 B
pH Standard Methods 20 4500 B Teste de Succcedilatildeo Capilar Standard Methods 20 2710 G
35
Figura 8 - Aparelho utilizado para aferir o Tempo de Succcedilatildeo Capilar (Capilary Suction Time)
43 Poliacutemeros
Na pesquisa estudou-se o efeito do uso de diferentes poliacutemeros naturais
(moringa mandioca e quiabo) e um sinteacutetico no desaguamento do lodo Ressalva-se
que foram elegidas metodologias simplificadas e de baixo custo cuja produccedilatildeo e
preparo podem se dar em ETE de pequeno porte localizadas em comunidades rurais
eou isoladas Os poliacutemeros sinteacutetico e os naturais oriundos da mandioca e do quiabo
foram aplicados em soluccedilatildeo aquosa e o poliacutemero da moringa foi aplicado em poacute
diretamente sobre o lodo As sementes de moringa foram obtidas do Campo
Experimental da Faculdade de Engenharia Agriacutecola ndash UNICAMP e da Coordenadoria de
Assistecircncia Teacutecnica Integral (CATI) de Pederneiras e Mariacutelia ambas localizadas no
estado de Satildeo Paulo O amido de mandioca eacute extraiacutedo das partes comestiacuteveis da
mandioca sendo conhecido comercialmente por feacutecula ou polvilho doce O quiabo
tambeacutem eacute disponiacutevel comercialmente e foi obtido na Central de Abastecimento SA
36
(CEASA) de Campinas e o poliacutemero sinteacutetico utilizado Superflocreg 8394 foi doado pela
empresa Kemira Os poliacutemeros foram preparados obedecendo os criteacuterios de
simplicidade e baixo custo utilizando as metodologias abaixo
Superflocreg 8394 Eacute uma poliacrilamida catiocircnica de baixo peso molecurar e pode
ser utilizada nas etapas de desaguamento de lodos e clarificaccedilatildeo das aacuteguas numa
ampla variedade de induacutestrias O preparo da soluccedilatildeo estoque foi feito na concentraccedilatildeo
maacutexima indicada pela empresa 05 no teste de jarros com agitaccedilatildeo de
aproximadamente 250 rpm - gradiente de velocidade2 (G) asymp 160 s-1 - por 60 minutos
com o objetivo de homogeneizar totalmente a soluccedilatildeo (KEMIRA [sd]) A soluccedilatildeo foi
aplicada no lodo em teste de jarros com agitaccedilatildeo inicial de 250 rpm por 10 s
diminuindo- se a velocidade para 100 rpm (Gasymp 64 s-1) por mais 5 min
Mandioca (Manihot esculenta Crantz) Para obtenccedilatildeo do poliacutemero da mandioca
seguiu-se as orientaccedilotildees de Dantas amp Di Bernardo (2000) que utilizaram amido de
mandioca catiocircnico waxy (um tipo de amido modificado) Segundo Di Bernardo (2005)
os gracircnulos de amido satildeo insoluacuteveis em aacutegua abaixo de 50degC Para tornaacute-los soluacuteveis
portanto eacute preciso aquecer a suspensatildeo de amido na aacutegua aleacutem da temperatura criacutetica
para que os gracircnulos absorvam a aacutegua e intumesccedilam formando uma pasta gelatinosa
Para obtenccedilatildeo deste amido a feacutecula da mandioca foi aquecida agrave temperatura de 80 plusmn
5degC com agitaccedilatildeo constante ateacute a formaccedilatildeo da pasta gelatinosa como ilustrado na
Figura 9 Preparou-se soluccedilatildeo estoque de 10 gL-1 e adicionou-se ao lodo em teste de
jarros com agitaccedilatildeo inicial de 250 rpm por 10 s diminuindo- se para 100 rpm por mais 5
min
2 Gradiente de velocidade calculado considerando a mesma viscosidade da aacutegua
37
Figura 9 - Preparo da soluccedilatildeo de poliacutemero produzida a partir da mandioca
Moringa (Moringa oleifera) Ilustrada na Figura 10 eacute um poliacutemero catiocircnico e sua
metodologia foi realizada adaptando-se a metodologia de Muyibi et al (2001) e Arantes
Ribeiro amp Paterniani (2012) Primeiramente as sementes foram descascadas e moiacutedas
para obtenccedilatildeo de um poacute sendo posteriormente homogeneizadas em peneira com
abertura de 0125 mm O poacute obtido foi utilizado diretamente sobre o lodo em teste de
jarros com agitaccedilatildeo inicial de 250 rpm por 10 s diminuindo- se a velocidade para 100
rpm por mais 5 min
38
Figura 10 - Semente de Moringa oleiacutefera
FONTE FEAGRI (2004)
Quiabo (Abelmoschus esculentus) Eacute um poliacutemero aniocircnico e adaptou-se a
metodologia apresentada por Abreu Lima (2007) que consiste no uso do fruto do
quiabo maduro e seco (rejeitado pelo consumidor) O processo consistiu na lavagem do
quiabo para remoccedilatildeo de resiacuteduos provenientes do solo exposiccedilatildeo ao sol ateacute a total
secagem dos frutos e moagem em um moedor eleacutetrico Adicionou-se aacutegua destilada ao
poacute que foi obtido nas peneiras de 0841 mm e 0149 mm nas concentraccedilotildees de 50 e 45
gL-1 respectivamente homogeneizando as soluccedilotildees em teste de jarros a 250 rpm ateacute
total dissoluccedilatildeo (cerca de 15 min para a primeira e 2h para a segunda) A primeira
soluccedilatildeo que possuiacutea partiacuteculas maiores do quiabo foi peneirada em funil de Buumlchner
para utilizaccedilatildeo somente da ldquobabardquo formada Essa praacutetica natildeo foi necessaacuteria para a
segunda soluccedilatildeo As duas soluccedilotildees foram adicionadas ao lodo em teste de jarros com
agitaccedilatildeo inicial de 250 rpm por 10 s diminuindo- se para 100 rpm por mais 5 min como
ilustra a Figura 11
39
Figura 11 - Preparo da soluccedilatildeo de poliacutemero produzida a partir do quiabo
44 Montagem dos leitos de secagem
Os sistemas foram montados em escala de bancada sendo que cada leito de
secagem a ser testado foi composto por um tubo de PVC com diacircmetro de 010 m Os
tubos foram acoplados atraveacutes de uma luva a uma reduccedilatildeo excecircntrica de 100 x 50 mm
cujo objetivo eacute facilitar o escoamento da aacutegua percolada minimizando possiacuteveis
perdas O pavimento permeaacutevel foi fixado na parte interna do tubo de PVC e
impermeabilizado no periacutemetro com veda calha impedindo a passagem de aacutegua ou
soacutelidos entre o pavimento e o tubo
Conforme pode ser visualizado na Figura 12 foram construiacutedas trecircs diferentes
composiccedilotildees para o leito de secagem Com o objetivo de evitar diferenccedilas na influecircncia
da evaporaccedilatildeo nos sistemas haacute uma mesma altura livre de 075 m na parte superior de
cada tubo
40
Figura 12 - Sistema de bancada de leito de secagem utilizado na pesquisa
a) Sistema convencional foi construiacutedo baseado nas orientaccedilotildees da
NBR122091992 Sobre o pavimento permeaacutevel foram adicionadas camadas de
aproximadamente 020 m de brita e 015 m de areia A norma prevecirc a utilizaccedilatildeo
de tijolos sobre a camada de brita entretanto desconsiderou-se o uso dos
mesmos devido ao fato de que a infiltraccedilatildeo somente ocorrer entre os vatildeos dos
tijolos onde estaacute presente a areia Neste caso o pavimento permeaacutevel cumpriu
unicamente a funccedilatildeo de sustentar o sistema impedindo o arraste da brita e da
areia para fora do conjunto natildeo interferindo na capacidade drenante do leito
b) Pavimento permeaacutevel O sistema foi composto somente com o pavimento
permeaacutevel
c) Pavimento permeaacutevel acrescido de camada de areia Sobre pavimento
permeaacutevel foi adicionada uma camada de 001 m de areia Neste conjunto foi
41
possiacutevel avaliar se a colocaccedilatildeo de fina camada de areia impediu o entupimento
dos poros do pavimento permeaacutevel pelo lodo
A areia utilizada foi classificada como meacutedia pelo procedimento da NBR NM
2482003 Possuindo diacircmetro efetivo D10 018mm coeficiente de desuniformidade
CD 318 e porosidade de 48
Foram construiacutedos quinze sistemas para a aplicaccedilatildeo do lodo com adiccedilatildeo dos
poliacutemeros separadamente A Tabela 3 ilustra os pavimentos equivalentes aos sistemas
pavimento permeaacutevel (P) pavimento permeaacutevel com adiccedilatildeo de areia (P+A) e
convencional (C)
Tabela 3 - Organizaccedilatildeo dos sistemas
Pavimentos Sistemas Poliacutemeros
1 P (1) Sem poliacutemero
2 P+A (1) Sem poliacutemero
3 C (1) Sem poliacutemero
4 P (2) Sinteacutetico
5 P+A (2) Sinteacutetico
6 C (2) Sinteacutetico
7 P (3) Mandioca
8 P+A (3) Mandioca
9 C (3) Mandioca
10 P (4) Moringa
11 P+A (4) Moringa
12 C (4) Moringa
13 P (5) Quiabo
14 P+A (5) Quiabo
15 C (5) Quiabo
Com o objetivo de evitar influecircncia da precipitaccedilatildeo os sistemas foram dispostos
em local coberto por telhas e cobertura plaacutestica que foi fixada atraacutes da bancada
Abaixo as Figuras 13 e 14 mostram a bancada de experimentaccedilatildeo
42
Figura 13 - Bancada experimental localizada no Laboratoacuterio de Protoacutetipos
Figura 14 - Detalhe dos sistemas em utilizaccedilatildeo na bancada experimental
43
45 Taxa de infiltraccedilatildeo
A taxa de infiltraccedilatildeo foi determinada a partir de testes realizados com cada
sistema O teste consistiu na manutenccedilatildeo de uma altura de coluna de aacutegua constante
sobre os leitos em estudo e com a coleta e mediccedilatildeo do volume de aacutegua percolada
atraveacutes do pavimento a cada 5 segundos3 Este teste foi feito em quintuplicata tendo-se
em vista a obtenccedilatildeo de um conjunto confiaacutevel de dados
Com o objetivo de avaliar a viabilidade da reutilizaccedilatildeo dos pavimentos apoacutes a sua
primeira utilizaccedilatildeo estes foram limpos com lavadora de alta pressatildeo para retirar
partiacuteculas residuais de lodo que restaram nos sistemas Depois da limpeza os
pavimentos foram submetidos a um novo teste de infiltraccedilatildeo Quando estes
apresentaram resultados significativamente inferiores ao primeiro teste foram
mergulhados em aacutegua com soluccedilatildeo detergente por uma semana com o propoacutesito de
dissolver oacuteleos e graxas possivelmente aderidos aos pavimentos Descartaram-se
aqueles que apresentaram taxas de infiltraccedilatildeo discrepantes para isso foi utilizado o
meacutetodo estatiacutestico de normalidade
Posteriormente foram calculadas as taxas de infiltraccedilatildeo dos sistemas
convencional e pavimento permeaacutevel acrescido de camada de areia obedecendo-se os
mesmos criteacuterios de validaccedilatildeo estatiacutestica
46 Avaliaccedilatildeo dos sistemas quanto ao desaguamento do lodo
Para anaacutelise da eficiecircncia do desaguamento nos sistemas foi comparado o
volume de lodo aplicado sobre os leitos e a aacutegua percolada de cada sistema ao longo
do tempo Para mensuraccedilatildeo do volume de aacutegua percolado colocou-se abaixo de cada
sistema um beacutequer que armazenou a aacutegua percolada No primeiro dia realizou-se um
monitoramento por 12 h sendo que o intervalo de tempo entre as coletas foi
significativamente menor nas primeiras horas devido ao desaguamento mais intenso
3 O tempo foi determinado em funccedilatildeo da capacidade de afericcedilatildeo da vazatildeo infiltrada de modo que tempos
maiores teriam infiltraccedilotildees aleacutem da capacidade de medida dos instrumentos utilizados no experimento
44
A avaliaccedilatildeo do desaguamento do lodo seria realizada na seguinte ordem Seacuterie
1 Sem adiccedilatildeo de poliacutemero Seacuterie 2 Adiccedilatildeo de poliacutemero sinteacutetico Seacuterie 3 Adiccedilatildeo de
poliacutemero extraiacutedo da Mandioca Seacuterie 4 Adiccedilatildeo de poliacutemero extraiacutedo da Moringa Seacuterie
5 Adiccedilatildeo de poliacutemero extraiacutedo do Quiabo como ilustrado na Tabela 4 As seacuteries foram
realizadas em triplicata
Tabela 4 - Avaliaccedilatildeo dos sistemas
Seacuterie Poliacutemero Sistema
Seacuterie 1 Sem adiccedilatildeo de poliacutemero
Pavimento permeaacutevel
Pavimento permeaacutevel + areia
Convencional
Seacuterie 2 Poliacutemero sinteacutetico
Pavimento permeaacutevel
Pavimento permeaacutevel + areia
Convencional
Seacuterie 3 Mandioca
Pavimento permeaacutevel
Pavimento permeaacutevel + areia
Convencional
Seacuterie 4 Moringa
Pavimento permeaacutevel
Pavimento permeaacutevel + areia
Convencional
Seacuterie 5 Quiabo
Pavimento permeaacutevel
Pavimento permeaacutevel + areia
Convencional
461 Avaliaccedilatildeo do desaguamento sem adiccedilatildeo de poliacutemero (Seacuterie 1)
Para a disposiccedilatildeo nos leitos de secagem utilizou-se volume de 20 L de lodo
para cada sistema em todas as seacuteries
45
462 Avaliaccedilatildeo do desaguamento com adiccedilatildeo de poliacutemeros (Seacuteries 2 a 5)
Para as amostras de lodo que tiveram adiccedilatildeo de poliacutemero foi utilizado o Teste de
Jarros para preparo da soluccedilatildeo estoque e condicionamento do lodo para a avaliaccedilatildeo da
dosagem e formaccedilatildeo de flocos Atraveacutes do CST determinou-se a dosagem oacutetima dos
poliacutemeros (Item 42) Apoacutes esta etapa obedeceu-se a mesma metodologia empregada
na dosagem isto eacute primeiramente o lodo foi condicionado com poliacutemero sendo entatildeo
aplicado nos sistemas
463 Sistema controle
Aleacutem dos sistemas com lodo utilizou-se um controle para aferir a quantidade de
aacutegua sujeita a evaporaccedilatildeo no local Este controle consistiu em uma coluna drsquoaacutegua feita
de tubo de PVC do mesmo modo em que o utilizado nos sistemas de desaguamento
permitindo a comparaccedilatildeo entre o volume de aacutegua inicial (2 L) e o restante apoacutes o tempo
despendido pelo desaguamento Para isso utilizou-se o princiacutepio dos vasos
comunicantes ilustrado na Figura 15
46
Figura 15 - Coluna drsquoaacutegua utilizada como controle na bancada experimental
464 Avaliaccedilatildeo do Lodo Desaguado
As amostras de torta seca foram retiradas quando os desaguamentos dos
sistemas cessaram Analisou-se o teor de umidade obtido em cada sistema expresso
pela anaacutelise de Soacutelidos Totais
47
5 RESULTADOS
51 Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas
O teste para determinaccedilatildeo da taxa de infiltraccedilatildeo foi realizado em todos os
pavimentos e nos sistemas de pavimento com adiccedilatildeo de areia e convencional
Primeiramente realizou-se os testes nos quinze pavimentos A meacutedia encontrada foi de
1144 mL plusmn 6229 e CV 005 (em 5 segundos de infiltraccedilatildeo) Verificou-se que as taxas de
infiltraccedilatildeo de aacutegua dos mesmos tinham indiacutecios de normalidade4 em seguida fez-se o
boxplot (Figura 34 Apecircndice B) e verificou-se a existecircncia de dois valores atiacutepicos (768
e 852 mL) por fim buscou-se confirmar se estes pontos apontados eram taxas de
infiltraccedilatildeo fora do padratildeo apresentado pelos demais pavimentos Observa-se que estes
dois pavimentos (2 e 14) foram utilizados em testes preliminares com o objetivo de
verificar a viabilidade do projeto Como seriam avaliados tambeacutem o pavimento
permeaacutevel com adiccedilatildeo de areia utilizou-se esses pavimentos nestes sistemas pois a
taxa de infiltraccedilatildeo neste caso eacute menor devido a esta camada de areia possibilitando
seu uso para este fim
A taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas pavimento permeaacutevel acrescido de areia e
convencional foram calculados do mesmo modo A meacutedia destes foi de 182 mL plusmn 209 e
CV 01 para o primeiro e de 526 mL plusmn1433 e CV 027 para o segundo
52 Caracterizaccedilatildeo do lodo bruto
Realizou-se caracterizaccedilatildeo do lodo durante o periacuteodo de agosto a fevereiro de
2014 Observou-se que o lodo sofreu perda de aacutegua deste periacuteodo devido agraves condiccedilotildees
de acondicionamento uma vez que recebeu forte insolaccedilatildeo e o recipiente em que
estava natildeo possuiacutea condiccedilotildees ideais de vedaccedilatildeo tendo possivelmente uma perda de
aacutegua livre por evaporaccedilatildeo elevando o valor de soacutelidos Para caracterizaccedilatildeo deste lodo
no entanto os valores obtidos de Soacutelidos Totais foram considerados respeitando-se o
4 Isto eacute que tem indiacutecios de uma distribuiccedilatildeo de probabilidade normal
48
intervalo de confianccedila conforme o Boxplot da Figura 30 Apecircndice A Todavia o pH e a
alcalinidade natildeo sofreram interferecircncia com estas condiccedilotildees A Tabela 5 mostra que o
lodo utilizado foi mais concentrado que usualmente encontrado na literatura (tendo em
meacutedia 77634 mgL-1 de ST plusmn 669003 e CV 009) mas como citado por Andreoli (2009)
o lodo de tanque seacuteptico possui grande variabilidade e dependendo da forma em que eacute
retirado pode apresentar-se mais ou menos concentrado
Tabela 5 - Comparaccedilatildeo entre dados encontrados na literatura e na presente pesquisa
Paracircmetros PHILIPPI et
al (1999) Withers Jarvie amp Stoate (2011)
Moussavi Kazembeigi amp
Farzadkia (2010) Neste trabalho
Meacutedia Meacutedia Meacutedia Meacutedia plusmn CV
ST (mgL-1
) 1083 - 1070 77634 66900 009
STV (mgL-1
) 673 - - 35164 23127 007
pH 66 73 73 70 02 003
Alcalinidade (mg CaCO3L
-1)
- 6085 480 2300 3438 015
49
Os Soacutelidos Totais e Soacutelidos Suspensos Totais fazem parte do conjunto de
paracircmetros mais importantes do lodo e satildeo dependentes do tipo de processo de
tratamento de esgoto e do tratamento do lodo Tiacutepicas concentraccedilotildees de ST estatildeo na
faixa de 2 a 12 no lodo bruto e 12 a 30 no lodo desaguado No lodo seco ou
compostado esses valores podem alcanccedilar 50 (SHAMMAS amp WANG 2008)
Outro importante paracircmetro eacute a relaccedilatildeo entre os Soacutelidos Totais Volaacuteteis e
Soacutelidos Totais (STVST) que de acordo com Metcalf amp Eddy (1991) Shammas amp Wang
(2008) e Andreoli (2009) eacute uma boa indicaccedilatildeo da fraccedilatildeo orgacircnica dos soacutelidos e de seu
niacutevel de digestatildeo A relaccedilatildeo encontrada neste trabalho foi em meacutedia de 046 sendo
valores proacuteximos aos encontrados por Andreoli et al (2009) em RAFA de 055
A relaccedilatildeo meacutedia de SSVSST neste trabalho foi de 047 plusmn001 e CV 002
semelhante agrave encontrada para STVST Moussavi Kazembeigi amp Farzadkia (2010)
correlacionaram os valores de SSVSST tambeacutem em tanque seacuteptico com o mesmo
objetivo e essa relaccedilatildeo foi de 057 classificando o lodo como estabilizado
Eacute necessaacuterio observar que a relaccedilatildeo entre STVST tiacutepica de um lodo primaacuterio eacute
de 075 a 080 proacutepria de lodos natildeo digeridos (METCALF amp EDDY 1991 ANDREOLI
VON SPERLING amp FERNANDES 2001 ANDREOLI et al 2009) O lodo proveniente de
tanques seacutepticos eacute classificado como lodo primaacuterio como o gerado em decantadores
primaacuterios Contudo diferentemente deste uacuteltimo o lodo de tanques seacutepticos sofre
digestatildeo anaeroacutebia
Os lodos digeridos tecircm valores entre 060 e 065 (ANDREOLI VON SPERLING
amp FERNANDES 2001) Apesar disso a Resoluccedilatildeo CONAMA 37506 afirma que os
lodos de esgoto que apresentem relaccedilatildeo (STVST) inferiores a 070 jaacute satildeo
considerados estaacuteveis para fins de utilizaccedilatildeo agriacutecola (BRASIL 2006)
Entretanto lodos que se adequam a essa relaccedilatildeo podem conter quantidades
significativas de areia e outros componentes inorgacircnicos que contribuem para o
aumento de soacutelidos fixos A baixa relaccedilatildeo entre soacutelidos volaacuteteis e soacutelidos totais pode
natildeo ser a mais adequada para indicaccedilatildeo do niacutevel de mineralizaccedilatildeo do lodo e de seu
impacto no solo A NBR 122091992 conceitua lodo estabilizado como aquele natildeo
sujeito a putrefaccedilatildeo poreacutem a quantificaccedilatildeo de STV natildeo eacute um indicador direto deste
50
fenocircmeno Existem algumas metodologias que fornecem essa indicaccedilatildeo como a
determinaccedilatildeo do potencial de mineralizaccedilatildeo do carbono e nitrogecircnio e de foacutesforo
atraveacutes da quantificaccedilatildeo de CO2 nitrogecircnio na forma de amocircnio e nitrogecircnio na forma
de nitrato (N-NH4+ e N-NO3
-) e extraccedilatildeo de foacutesforo como realizado por Tognetti et al
(2008)
Outro meacutetodo relativamente simples e amplamente utilizado eacute a respirometria de
Bartha que quantifica a produccedilatildeo de CO2 produzida pela microbiota quando em contato
com um composto natildeo presente naturalmente no solo medindo de maneira indireta
sua atividade metaboacutelica para degradaccedilatildeo destes compostos que mesmo sendo
orgacircnicos podem ser recalcitrantes Essa teacutecnica pode ser utilizada na anaacutelise da
biodegradabilidade do lodo para fins de utilizaccedilatildeo agriacutecola por medir o impacto de sua
aplicaccedilatildeo no solo (CLARKE TAYLOR amp COSSINS 2007)
Em relaccedilatildeo agrave alcalinidade e ao pH pode-se afirmar que satildeo os paracircmetros mais
importantes entre as anaacutelises quiacutemicas simples que verificam a qualidade do lodo
Visto que o pH determina as espeacutecies coagulantes que seratildeo utilizadas no
condicionamento bem como a natureza das cargas superficiais dos coloides (WPCF
1988) Aleacutem disso concentraccedilotildees elevadas de iacuteons de caacutelcio contribuem para melhora
do desaguamento do lodo (JIN WILEacuteN amp LANT 2003) Contudo no uso de
condicionantes inorgacircnicos a alta alcalinidade associada a lodos digeridos
anaeroacutebiamente pode levar a altas doses desses coagulantes pois se comportam
como aacutecidos quando satildeo adicionados a aacutegua isto eacute reduzem o pH da mistura gerada
(WPCF 1988)
53 Dosagem oacutetima dos poliacutemeros
A avaliaccedilatildeo das dosagens dos poliacutemeros baseou-se primeiramente na formaccedilatildeo de
flocos no teste de jarros Nas dosagens onde houve essa formaccedilatildeo realizou-se o
tempo de succcedilatildeo capilar (CST) comparando-se com os resultados do lodo sem
poliacutemero Segundo WPCF (1988) valores tiacutepicos para o Tempo de Succcedilatildeo Capilar
(CST) de lodo natildeo condicionado satildeo de aproximadamente 200 segundos O lodo em
51
estudo teve uma meacutedia de 2338 plusmn 1723 segundos demonstrando que seu
desaguamento ideal eacute ligeiramente mais lento do que lodos usualmente encontrados
Um dos fatores que influencia longos tempos de CST eacute a concentraccedilatildeo de soacutelidos Por
isso analisou-se esse paracircmetro nas aliacutequotas de lodo utilizadas em cada teste
Apesar da concentraccedilatildeo de soacutelidos no lodo estudado ser alta pode natildeo ser a uacutenica
responsaacutevel por estes resultados como jaacute mencionado outros fatores podem interferir
no desaguamento como o tipo de aacutegua encontrada no lodo e a alcalinidade (VESILIND
1988 WPCF 1988 VESILIND1994)
Para a dosagem oacutetima dos poliacutemeros o criteacuterio utilizado foi de acordo com WPCF
(1988) que indica que um lodo bem condicionado natildeo deve ultrapassar 10 segundos
no teste CST Sendo assim escolheu-se a menor dosagem dentre as que tiveram
resultados inferiores a 10 segundos As dosagens dos poliacutemeros que foram testadas
podem ser vistas na Tabela 6 e nos subitens 531 532 533 e 534
52
Tabela 6 - Dosagens testadas dos poliacutemeros utilizados na pesquisa
Poliacutemeros
Kemira 8394 reg Mandioca Moringa Quiabo
Dosagens testadas
(gL-1)
005 200 600 1000
010 250 800 1500
020 300 1000 2000
040
1200 1000
050
1400 1500
060
1600 2000
1800
2000
2200
2400
2600
2800
3000
3200
3400
3600
3800
4000
4200
4400
4600
4800
5000
6000
7000
9000
12000
531 Poliacutemero Sinteacutetico
Foram realizados dois testes de dosagem para o poliacutemero sinteacutetico uma em agosto
de 2013 e outra em fevereiro de 2014 devido ao intervalo relativamente grande entre a
primeira e a segunda seacuterie de desaguamento No primeiro teste as dosagens
53
analisadas foram de 005 010 020 e 040 gL-1 sendo encontrada a dosagem ideal
de 020 g L-1 Calculando a dosagem em funccedilatildeo da concentraccedilatildeo de soacutelidos do lodo
obteacutem-se que a dosagem ideal foi de 68 g kg ST-1 ressalta-se que o caacutelculo foi
realizado em funccedilatildeo dos ST e natildeo como o indicado por Andreoli von Sperlin
Fernandes (2001) que fazem em funccedilatildeo de SST devido ao fato do condicionamento
quiacutemico natildeo agir somente nos SST mas tambeacutem em partiacuteculas coloidais e dissolvidas
presentes no lodo (LIBAcircNIO 2005) Uma vez obtida a relaccedilatildeo ideal entre poliacutemero e
ST adicionou-se ao lodo em todos as seacuteries a mesma dosagem
No segundo teste foram utilizadas as seguintes dosagens 040 050 e 060 gL-1
A dosagem ideal obtida no teste foi de 050 g L-1 Os tempos registrados no CST
podem ser observados na Tabela 7
Tabela 7 - Resultados obtidos no CST nas dosagens de poliacutemero testadas
Poliacutemero Sinteacutetico
Dosagem (gL-1) Meacutedia plusmn CV
0055 - - -
010 106 14 01
020 74 15 02
040 1107 14 01
040 109 45 04
050 64 21 03
060 925 07 01
532 Mandioca
Preparou-se soluccedilatildeo estoque de 10 gL-1 A concentraccedilatildeo esteve em funccedilatildeo do
limite de saturaccedilatildeo da mistura da aacutegua com a feacutecula de mandioca visto que acima
desta concentraccedilatildeo a soluccedilatildeo natildeo se solubilizava por completo Apesar da
concentraccedilatildeo da soluccedilatildeo ser muito superior a testes realizados em aacutegua por Dantas amp
5 Como citado na literatura o CST foi feito somente nas dosagens em que houve formaccedilatildeo de flocos
54
Di Bernardo (2000) de 10 gL-1 natildeo foi possiacutevel testar grandes dosagens jaacute que isso
implicaria em um grande volume de poliacutemero superior inclusive ao volume de lodo
utilizado o que inviabilizaria sua aplicaccedilatildeo As dosagens testadas foram de 20 25 e
30 gL-1 sendo que em nenhuma delas houve a formaccedilatildeo de flocos Ressalva-se que
foi possiacutevel realizar essas dosagens utilizando-se volumes de lodo menores que os de
poliacutemero mantendo-se assim o volume total de 2 L no teste de jarros
Os testes mostraram que pela metodologia empregada no presente projeto natildeo foi
possiacutevel utilizar o poliacutemero obtido a partir da mandioca como condicionante de lodo de
esgoto natildeo sendo realizados testes de desaguamento nos sistemas Possivelmente
seriam necessaacuterias dosagens extremamente elevadas deste poliacutemero para a obtenccedilatildeo
de resultados positivos no lodo que foi utilizado como auxiliar de coagulaccedilatildeo no
tratamento de aacutegua por Di Bernardo (2000)
533 Moringa
As concentraccedilotildees testadas iniciaram em 60 gL-1 - dosagem oacutetima de poacute seco
obtida por Muyibi et al (2001) As demais dosagens foram de 80 100 120 140
160 180 200 220 240 260 280 300 320 340 360 380 400 420 440
460 480 500 600 700 900 1200 g L-1 Natildeo houve formaccedilatildeo de flocos em
nenhuma dosagem Ressalva-se que o teste foi limitado pela quantidade poacute obtido pelo
descascamento seleccedilatildeo moagem e peneiramento das sementes de moringa
Existem diversos fatores que podem contribuir para a natildeo correlaccedilatildeo de resultados
obtidos no presente estudo e os relatados na literatura Dentre eles nota-se que apesar
de Muyibi et al (2001) terem conseguido obter resultados positivos no condicionamento
do lodo pela moringa os testes realizados para tal natildeo satildeo os mesmos realizados nesta
pesquisa os pesquisadores utilizaram teste de resistecircncia especiacutefica e de reduccedilatildeo de
volume do lodo em teste de jarros Aleacutem disso o meacutetodo de preparo do poacute seco
utilizado no experimento natildeo eacute detalhado podendo sofrer variaccedilotildees importantes que
podem interferir nos resultados Outro fator importante eacute a concentraccedilatildeo de soacutelidos do
lodo utilizado no trabalho que em momento algum eacute fornecida pelos autores apenas
55
afirmam que o lodo eacute proveniente de uma ETE Como haacute uma correlaccedilatildeo positiva entre
a concentraccedilatildeo de soacutelidos do lodo e a dosagem de condicionantes caso este lodo seja
menos concentrado que o lodo utilizado no presente projeto provavelmente as
dosagens dos condicionantes empregados seratildeo menores
534 Quiabo
Para os testes com o quiabo foram empregadas duas metodologias que se
diferem somente na abertura das peneiras utilizadas Na primeira o peneiramento foi de
0841 mm e na segunda o peneiramento foi de 0149 mm Ambos tiveram soluccedilatildeo
estoque com concentraccedilatildeo de 50 g L-1 (limite de saturaccedilatildeo) e as mesmas dosagens
testadas de 100 150 e 200 g L-1 Ressalta-se que as dosagens foram limitadas pela
quantidade de poacute obtido no processo para se obter aproximadamente 01 kg do poacute
mais fino utilizou-se 15 kg de quiabo jaacute que grande parte desta massa eacute aacutegua e eacute
necessaacuterio secaacute-lo moecirc-lo e peneiraacute-lo Em todas as dosagens testadas natildeo se
verificou a formaccedilatildeo de flocos Um dos fatores que pode ter contribuiacutedo para a natildeo
formaccedilatildeo de flocos eacute o fato do poliacutemero ser aniocircnico conforme apontado por Abreu
Lima (2007)
535 Avaliaccedilatildeo geral da dosagem dos poliacutemeros
Natildeo foram encontradas dosagens oacutetimas para o condicionamento do lodo de esgoto
de tanque seacuteptico quando utilizou-se os poliacutemeros naturais oriundos da mandioca
moringa e quiabo Destaca-se que foram avaliadas somente algumas metodologias
simplificadas adequadas a ETE de pequeno porte localizadas em comunidades
isoladas eou rurais Eacute possiacutevel que existam resultados positivos caso empregue-se
outras metodologias mais complexas que aumentem a concentraccedilatildeo dos poliacutemeros em
volumes viaacuteveis para aplicaccedilatildeo no lodo de esgoto uma vez que outras pesquisas
relataram sua eficiecircncia no tratamento de aacutegua esgoto e condicionamento do lodo
Em relaccedilatildeo ao poliacutemero orgacircnico sinteacutetico a dosagem oacutetima encontrada eacute viaacutevel
para aplicaccedilatildeo Poreacutem eacute importante considerar que a utilizaccedilatildeo de poliacutemeros orgacircnicos
56
sinteacuteticos incrementa custos significativos agrave operaccedilatildeo da ETE bem como matildeo-de-obra
especializada para sua manipulaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo
54 Desaguamento do lodo nos sistemas
Como explicado anteriormente as seacuteries satildeo as replicatas da anaacutelise de
desaguamento do lodo ao longo do tempo na escala de bancada Para cada seacuterie
utilizou-se 2 L de lodo de esgoto a carga meacutedia aplicada no projeto foi de 1880
kgSTm-2 com plusmn 263 e CV 014 ou seja tem-se indiacutecios estatiacutesticos de que a meacutedia eacute
representativa Em todas as seacuteries considerou-se o teacutermino do desaguamento quando
a percolaccedilatildeo parou nos sistemas ou seja quando o volume coletado foi de 0 mL Eacute
importante observar que as condiccedilotildees climaacuteticas variaram consideravelmente no
periacuteodo em que as seacuteries foram realizadas deste modo verifica-se que a influecircncia da
temperatura e da evaporaccedilatildeo foram diferentes em cada uma das seacuteries Na Tabela 8
satildeo apresentadas as condiccedilotildees relativas a cada uma das seacuteries No Apecircndice B as
Figura 41 42 43 44 e 45 exibem as temperaturas diaacuterias registradas e a evaporaccedilatildeo
da coluna drsquoaacutegua (Sistema controle item 463)
Tabela 8 - Temperatura evaporaccedilatildeo e duraccedilatildeo das seacuteries
Sem poliacutemero Poliacutemero Sinteacutetico
Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie IV
TdegC Maacutex 341 357 371 271 370 343 343
TdegC Min 96 132 160 65 203 160 160
Evaporaccedilatildeo coluna daacutegua ()
180 200 320 15 160 40 40
Iniacutecio 030913 291013 280114 280913 060214 180214 180214
Duraccedilatildeo (dias) 350 390 280 40 80 50 50
Em que TdegC Maacutex Temperatura Maacutexima TdegC Min Temperatura Miacutenima
Na Tabela 9 satildeo apresentados os volumes desaguados os teores de soacutelidos das
tortas secas resultantes dos sistemas de bancada a meacutedia amostral e a meacutedia
ajustada6 de cada sistema Esta uacuteltima eacute decorrente de um ajuste de um modelo linear
6 A meacutedia ajustada decorre da meacutedia geral das categorias tomadas como sendo iguais incluindo um erro
aleatoacuterio
57
normal Desta forma eacute possiacutevel verificar se haacute diferenccedilas significativas entre os valores
amostrais Os boxplot dos volumes amostrais e dos ajustados podem ser visualizados
nas Figura 46 e 47 (Apecircndice B)
No que se refere ao volume desaguado haacute indiacutecios estatiacutesticos de que tanto nas
seacuteries sem adiccedilatildeo de poliacutemero e com adiccedilatildeo de poliacutemero nos sistemas pavimento
permeaacutevel e pavimento permeaacutevel acrescido de areia as meacutedias natildeo tecircm diferenccedila
significativa como observado na Figura 47 Todavia comparando-se estes sistemas ao
convencional a diferenccedila eacute significativa segundo a anaacutelise de variacircncia
No tocante ao teor de soacutelidos da torta seca comparando-se o condicionamento ou
natildeo do lodo verificou-se que o lodo sem poliacutemero produziu tortas com igual umidade
que o lodo condicionado visto que quando se comparou os valores de ST nos sistemas
com ou sem poliacutemero natildeo se verificou diferenccedila significativa Examinando-se o
desempenho dos sistemas notou-se que natildeo haacute diferenccedila significativa de ST entre
pavimento permeaacutevel e pavimento permeaacutevel e areia Todavia haacute diferenccedila entre estes
e o convencional segundo a anaacutelise de variacircncia verificado nos boxplot da Figura 48
(Apecircndice B) Ademais como realizado no volume desaguado ajustou-se um modelo
linear em que calculou-se uma meacutedia ajustada para cada sistema como pode ser visto
na Figura 49 do Apecircndice B
58
Tabela 9 - Resultados do desaguamento do lodo de esgoto de tanque seacuteptico
Seacuteries
Sem poliacutemero Poliacutemero Sinteacutetico
P P+A C P P+A C
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
I 1960 540 2208 578 2824 561 2412 1484 2645 1413 2980 1232
II 2777 665 2967 675 3279 492 2503 1411 262 1377 2753 1145
III 2487 628 2824 609 2872 587 2327 1481 2473 1513 2843 1265
IV - - - - - - 2336 1479 - - - -
Meacutedia 2408 611 2667 621 2992 547 2395 1464 2519 1434 2859 1214
plusmn 414 6421 403 4954 250 4910 088 4131 093 7047 114 6199
CV 1720 1051 1512 798 836 898 368 282 369 491 400 511
Meacutedia ajustada
7
2503 64451 2503 64451 2925 48931 2503 142656 2503 142656 2925 127136
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia C Convencional ST Soacutelidos Totais plusmn Desvio Padratildeo CV Coeficiente de Variaccedilatildeo
7 A meacutedia ajustada demonstra que estatisticamente certos valores satildeo iguais
59
541 Sistema composto por Pavimento Permeaacutevel
a) Lodo natildeo condicionado
Para o lodo sem adiccedilatildeo de poliacutemero desaguado em pavimento permeaacutevel o
desaguamento foi respectivamente de 540 665 e 628 mL nas seacuteries I II e III Nota-se
que houve pequenas variaccedilotildees nas trecircs seacuteries justificadas em parte pela variabilidade
das condiccedilotildees climaacuteticas e em parte pela variabilidade normal na reproduccedilatildeo dos
experimentos Contudo eacute possiacutevel notar um comportamento geral das seacuteries onde o
desaguamento eacute mais intenso nas primeiras 70 horas e mais ameno nas restantes A
Figura 16 mostra a evoluccedilatildeo do desaguamento no sistema composto por pavimento
permeaacutevel
Figura 16 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento permeaacutevel com lodo de esgoto sem poliacutemero
0
100
200
300
400
500
600
700
0 200 400 600 800 1000
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo em pavimento permeaacutevel
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
60
b) Lodo condicionado
Para o lodo com adiccedilatildeo de poliacutemero o desaguamento foi realizado em quatro
seacuteries e o volume percolado foi de 1484 1411 1481 e 1479 mL nas seacuteries I II III e IV
respectivamente A seacuterie IV foi realizada somente para verificar se haveria diferenccedila no
desaguamento do pavimento permeaacutevel em decorrecircncia do aumento da taxa de
infiltraccedilatildeo ocasionada na segunda lavagem dos sistemas como seraacute exposto no item
59 Realizou-se o desaguamento concomitantemente com a terceira seacuterie do lodo
condicionado Observa-se um comportamento geral nas seacuteries semelhante ao lodo sem
condicionamento intensidade de desaguamento maior nas primeiras horas e menor
nas demais Contudo diferentemente do lodo natildeo condicionado o desaguamento foi
mais intenso nas primeiras 3 h quando adicionou-se o poliacutemero Estes resultados
evidenciam que o condicionamento do lodo com poliacutemeros aumenta radicalmente natildeo
soacute a taxa de desaguamento mas tambeacutem o volume de aacutegua percolado chegando a ser
em meacutedia 5803 maior que nas seacuteries sem poliacutemero utilizando-se o mesmo sistema
Tanto a raacutepida percolaccedilatildeo quanto o maior volume devem-se agraves pontes quiacutemicas
formadas entre o poliacutemero e aos soacutelidos presentes no lodo que agregam-se em flocos
facilitando a sua separaccedilatildeo da aacutegua livre (LIBAcircNIO 2005 WPCFM 1988) O
hidrograma gerado pode ser observado na Figura 17
61
Figura 17 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento permeaacutevel com lodo de esgoto com adiccedilatildeo de poliacutemero
542 Sistema composto por Pavimento Permeaacutevel e areia
a) Lodo natildeo condicionado
O sistema composto por pavimento permeaacutevel com adiccedilatildeo de areia natildeo teve
diferenccedilas significativas em relaccedilatildeo ao composto somente por pavimento permeaacutevel
tendo comportamento semelhante a este e desaguando 578 675 e 609 mL
respectivamente nas seacuteries I II e III como observado na Figura 18
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
0 10 20 30 40 50 60 70
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo com adiccedilatildeo de poliacutemero sinteacutetico em pavimento permeaacutevel
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
Seacuterie IV
62
Figura 18 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento permeaacutevel com lodo de esgoto sem poliacutemero
a) Lodo condicionado
Como os sistemas anteriores o lodo com adiccedilatildeo de poliacutemero sinteacutetico teve
desempenho superior ao sem condicionamento com 1413 1377 e 1513 mL de
desaguamento nas seacuteries I II e III respectivamente O hidrograma deste sistema pode
ser visto na Figura 19
0
100
200
300
400
500
600
700
800
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo em pavimento permeaacutevel e areia
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
63
Figura 19 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento permeaacutevel e areia com
lodo de esgoto com adiccedilatildeo de poliacutemero
543 Sistema Convencional
a) Lodo natildeo condicionado
Para o lodo sem adiccedilatildeo de poliacutemero desaguado em sistema convencional o
volume percolado foi de 561 492 e 587 mL respectivamente nas seacuteries I II e III
Apesar da seacuterie II ter um desaguamento menor e mais lento que as seacuteries I e II essa
diferenccedila natildeo eacute estatisticamente relevante como observado no boxplot da Figura 46 no
Apecircndice B Nota-se tambeacutem que o desaguamento na Seacuterie III foi mais raacutepido uma
das razotildees apontadas pode ser a alta temperatura e evaporaccedilatildeo registradas neste
periacuteodo sendo este comportamento observado nos sistemas compostos por pavimento
permeaacutevel e pavimento permeaacutevel com camada de areia
Ainda que verifiquem-se algumas diferenccedilas entre as seacuteries eacute possiacutevel constatar
o mesmo comportamento geral registrado nos sistemas anteriores onde o
desaguamento foi mais intenso nas primeiras horas e mais lento nas demais conforme
hidrograma exposto na Figura 20
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo com poliacutemero sinteacutetico em pavimento permeaacutevel e areia
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
64
Figura 20 - Hidrograma do desaguamento do sistema convencional com lodo de esgoto sem poliacutemero
b) Lodo condicionado
Para o lodo condicionado com poliacutemero o volume desaguado foi maior e grande
parte foi percolado nos primeiros minutos comportamento observado em todas as
seacuteries O sistema convencional desaguou nas seacuteries I II e III 1232 1145 e 1265 mL
respectivamente volumes menores que os demais sistemas Devido ao raacutepido
desaguamento deste lodo pode-se afirmar que a evaporaccedilatildeo exerce pouca influecircncia
neste processo sendo a drenagem o principal mecanismo Apesar da evidente
discrepacircncia de volume e tempo de desaguamento na seacuterie II natildeo houve diferenccedila
estatiacutestica entre as demais seacuteries como comprovado pelo boxplot da Figura 46 no
Apecircndice B A Figura 21 mostra o hidrograma deste desaguamento
0
100
200
300
400
500
600
700
0 200 400 600 800 1000
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo em sistema convencional
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
65
Figura 21 - Hidrograma do desaguamento do sistema convencional com lodo de esgoto com adiccedilatildeo de poliacutemero
55 Teor de soacutelidos das tortas secas
Analisou-se tambeacutem os teores de soacutelidos nas tortas secas obtidos em cada
sistema Nota-se que apesar da maior percolaccedilatildeo dos sistemas compostos por
pavimento permeaacutevel e pavimento permeaacutevel com areia os melhores valores foram do
sistema convencional tanto para o lodo sem condicionamento quanto para o lodo
condicionado Esses resultados provavelmente decorrem da retenccedilatildeo de parte da aacutegua
percolada pela camada de areia do sistema fazendo com que o volume total percolado
natildeo consiga atravessar toda a camada de areia e a camada de brita do sistema ateacute ser
coletado no recipiente
Constatou-se que natildeo houve diferenccedila significativa na utilizaccedilatildeo ou natildeo de
poliacutemero ou seja os sistemas produziram tortas secas de semelhante teor quando natildeo
adicionou-se poliacutemero e quando adicionou-se Tambeacutem natildeo houve diferenccedila
significativa entre os sistemas pavimento permeaacutevel e pavimento permeaacutevel acrescido
de areia Poreacutem houve entre os mesmos e sistema convencional como mostra a
Figura 49 no Apecircndice B O teor de soacutelidos no sistema pavimento permeaacutevel sem
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo com adiccedilatildeo de poliacutemero sinteacutetico em sistema convencional
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
66
condicionamento foi em meacutedia de 2408 plusmn414 enquanto que o lodo condicionado a
meacutedia foi de 2395 plusmn 088 No sistema pavimento permeaacutevel e areia a meacutedia foi de
2667 plusmn 403 para o lodo sem poliacutemero e de 2519 plusmn 093 para o lodo com adiccedilatildeo de
poliacutemero Para o sistema convencional a meacutedia de ST foi de 2992 plusmn 250 e 2859 plusmn
114 no lodo natildeo condicionado e no condicionado respectivamente
Contudo eacute possiacutevel notar comportamentos distintos no lodo condicionado e natildeo
condicionado enquanto o lodo natildeo condicionado perdeu mais umidade quando a
temperatura foi mais alta (nas seacuteries) o lodo condicionado parece natildeo ter sofrido
influecircncia significativa desta variaacutevel ambiental esse fato deve-se ao seu raacutepido
desaguamento jaacute mencionado anteriormente Ademais observa-se que as
concentraccedilotildees de STV satildeo maiores que as de STF uma hipoacutetese eacute que a mateacuteria
inorgacircnica dissolvida pode ter sido percolada juntamente com a aacutegua drenada do lodo
As Figura 22 e 23 ilustram a os valores de Soacutelidos Totais Soacutelidos Totais Fixos e Soacutelidos
Totais Volaacuteteis das tortas secas dos lodos desaguados sem e com adiccedilatildeo de poliacutemero
respectivamente
Figura 22 - Teor de soacutelidos da torta seca do lodo desaguado sem poliacutemero
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia C Convencional Soacutelidos Totais
STF Soacutelidos Totais Fixos e STV Soacutelidos Totais Volaacuteteis
000
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III
P P+A C
Teor de soacutelidos da torta seca do lodo sem poliacutemero
ST
STF
STV
67
Figura 23 - Teor de soacutelidos da torta seca do lodo desaguado com poliacutemero sinteacutetico
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia C Convencional Soacutelidos Totais
STF Soacutelidos Totais Fixos e STV Soacutelidos Totais Volaacuteteis
56 Anaacutelise geral dos sistemas
O lodo com ou sem poliacutemero mostrou comportamento semelhante ao percolar
uma fraccedilatildeo significativa de seu volume nas primeiras horas do desaguamento e
posteriormente assumiu uma taxa de infiltraccedilatildeo mais lenta a diferenccedila verificada foi no
menor tempo necessaacuterio e na maior quantidade de aacutegua desaguada do lodo
condicionado como observado na Figura 24 Os pontos no graacutefico tratam-se das
meacutedias das seacuteries nos sistemas Neste graacutefico foram inclusos todos os pontos de todas
as seacuteries em ordem cronoloacutegica sendo possiacutevel assim observar um comportamento em
cada sistema estudado
000
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie IV Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III
P P+A C
Teor de soacutelidos da torta seca do lodo com poliacutemero sinteacutetico
ST
STF
STV
68
Figura 24 - Hidrograma do desaguamento do lodo em todos os sistemas no lodo natildeo condicionado e condicionado
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
Esta raacutepida percolaccedilatildeo pode ser justificada pela interaccedilatildeo do poliacutemero com as
partiacuteculas do lodo ocorrer quase imediatamente apoacutes a sua aplicaccedilatildeo (WPCFM 1988)
Isso ocorre porque os poliacutemeros atuam como coagulantes formando pontes quiacutemicas
entre o poliacutemero e as partiacuteculas coloidais presentes no lodo que satildeo adsorvidas pelas
diversas cadeias de monocircmeros do poliacutemero agregando-se em flocos densos passiacuteveis
de serem removidos por filtraccedilatildeo sedimentaccedilatildeo ou flotaccedilatildeo (LIBAcircNIO 2005)
Portanto tempos menores de desaguamento implicariam em maior quantidade
de ciclos de secagem em leitos em escala real podendo ocasionar um impacto
consideraacutevel no caacutelculo da aacuterea necessaacuteria para o leito
Apesar disso os valores de ST nas seacuteries com adiccedilatildeo de poliacutemero podem ser
considerados iguais aos do lodo sem condicionamento Certamente pelo periacuteodo de
desaguamento do lodo sem poliacutemero ter sido muito superior ao do lodo condicionado
(em torno de 35 e 6 dias respectivamente) houve maior evaporaccedilatildeo da aacutegua presente
no lodo nestes sistemas (por volta de 23 e 6 de modo respectivo) que compensou o
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900
Vo
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e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo nos sistemas com e sem poliacutemero
P Sem poliacutemero P com poliacutemero P+A sem poliacutemero
C sem poliacutemero C com poliacutemero P+A com poliacutemero
69
menor volume drenado Isso decorre de que em leitos de secagem haacute necessidade de
tempos relativamente longos de evaporaccedilatildeo (van Haandel amp Lettinga 1994)
Pode-se considerar que a evaporaccedilatildeo eacute uma grande contribuinte no desaguamento
em escala real e consequentemente na obtenccedilatildeo de teores maiores de ST nas tortas
secas Poreacutem em escala de bancada os sistemas sofreram menor influecircncia da
evaporaccedilatildeo devido a menor influecircncia dos fatores climaacuteticos responsaacuteveis pela
evaporaccedilatildeo tendo entatildeo seus valores de ST subestimados
Analisando-se os sistemas verifica-se que de maneira geral pelas Figuras 25 e
26 que o sistema convencional foi significativamente mais lento que os sistemas
alternativos e os volumes desaguados foram menores do que nos sistemas pavimento
permeaacutevel e pavimento e areia No lodo sem condicionamento enquanto 563 do
volume inicial foi percolado nas 30 primeiras horas no sistema composto por pavimento
permeaacutevel o sistema pavimento permeaacutevel e areia foi ligeiramente mais lento
desaguando neste periacuteodo 486 de seu volume e no sistema convencional somente
301 Para o lodo condicionado nas primeiras 3 h o pavimento permeaacutevel pavimento
permeaacutevel acrescido de areia e convencional desaguaram 690 487 e 185 de seu
volume
Figura 25 - Desaguamento do lodo sem poliacutemero - meacutedias das seacuteries
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
00
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
00 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000
Volu
me
acum
ulad
o (m
L)
Tempo (h)
Desaguamento meacutedio do lodo sem poliacutemero
P
P+A
C
70
Figura 26 - Desaguamento do lodo com poliacutemero - meacutedias das seacuteries
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
Todavia o sistema convencional produziu tortas secas com menor umidade
Como jaacute explicado anteriormente esses resultados podem ser justificados pela
existecircncia de uma camada maior de areia em que parte da aacutegua percolada tenha
ficado ali retida A adiccedilatildeo da camada de areia de 001 m ao pavimento permeaacutevel natildeo
mostrou aumento significativo tanto no volume desaguado quanto na torta seca
produzindo valores de ST semelhantes aos do sistema composto somente por
pavimento permeaacutevel
Aleacutem do sistema composto por pavimento permeaacutevel obter maior volume de
aacutegua percolada do que o sistema convencional pode-se considerar que este uacuteltimo tem
uma pequena aacuterea de drenagem (2 a 3 cm de camada de areia entre os tijolos
recozidos) em escala real como ilustra a Figura 27
00
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
00 100 200 300 400 500 600 700 800
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento meacutedio do lodo com poliacutemero
P
P+A
C
71
Figura 27 - Detalhe da constituiccedilatildeo do leito de secagem convencional
A NBR 122091992 considera que a aacuterea ocupada pela areia natildeo pode ser
inferior a 15 da aacuterea total do leito Desta forma considerando os valores das meacutedias
ajustadas o lodo sem poliacutemero e com poliacutemero desaguariam respectivamente 5298 e
13762 Lm-sup2 no sistema convencional Enquanto que o pavimento permeaacutevel e
pavimento permeaacutevel acrescido de areia desaguariam 8210 e 18173 Lm-sup2 para o lodo
sem adiccedilatildeo de poliacutemero e com adiccedilatildeo de poliacutemero respectivamente8
Por esse motivo como a percolaccedilatildeo da aacutegua eacute fator importante no teor de
umidade final da torta seca eacute importante balizar que da mesma forma que no processo
de drenagem o teor de soacutelidos da torta seca do sistema convencional eacute superestimado
na escala de bancada ou seja em escala real eacute provaacutevel que estes valores sejam
significativamente menores ou que demande-se mais tempo para obtenccedilatildeo da mesma
umidade na torta seca
Nota-se tambeacutem que os valores de Soacutelidos Totais Volaacuteteis (STV) satildeo superiores
aos Soacutelidos Totais Fixos (STF) com a relaccedilatildeo meacutedia de STVST de 058 superior a do
lodo bruto de 046 como jaacute citado uma das razotildees pode ser a percolaccedilatildeo de mateacuteria
inorgacircnica dissolvida Segundo Andreoli von Sperling amp Fernandes (2001) a relaccedilatildeo
8 Para a obtenccedilatildeo destes valores utilizou-se a meacutedia dos volumes desaguados dos sistemas para
calcular-se o volume desaguado por msup2 Considerou-se que a percolaccedilatildeo ocorre em toda a aacuterea do leito
nos sistemas pavimento permeaacutevel e pavimento permeaacutevel e areia No sistema convencional
considerou-se que a percolaccedilatildeo somente ocorre na aacuterea do onde haacute areia portanto estes valores foram
multiplicados por 15
72
entre SVST tiacutepica do eacute lodo desidratado eacute de 060 a 065 Poreacutem a relaccedilatildeo encontrada
por Andreoli et al (2009) foi de 022 indicando a grande variabilidade do lodo
Como jaacute mencionado Ruiz Kaosol amp Wisniewsk (2010) relacionaram a
quantidade de mateacuteria orgacircnica presente no lodo e sua aptidatildeo ao desaguamento
mecacircnico estabelecendo a relaccedilatildeo inversamente proporcional entre mateacuteria orgacircnica e
eficiecircncia do processo de desaguamento mecacircnico Andreoli von Sperling amp Fernandes
(2001) tambeacutem afirmam que lodos com menor teor de mateacuteria orgacircnica tambeacutem satildeo
mais indicados para o desaguamento por processos naturais Esses resultados
apontam que o lodo utilizado na pesquisa tem aptidatildeo ao desaguamento por ter sofrido
digestatildeo
Aleacutem disso eacute necessaacuterio atentar que diferentemente dos resultados obtidos por
van Haandel amp Lettinga (1994) a concentraccedilatildeo de soacutelidos influenciou o desaguamento
do lodo uma vez que o volume aplicado sobre os leitos foi o mesmo sendo que a
carga aplicada alterou-se em funccedilatildeo da concentraccedilatildeo de soacutelidos que se alterou
durante a pesquisa
Observa-se tambeacutem que van Haandel amp Lettinga (1994) utilizaram lodos com ST
entre 4 e 10 finalizando o desaguamento com fraccedilatildeo de soacutelidos de aproximadamente
20 nos leitos de secagem convencional Os valores obtidos na presente pesquisa
para o leito de secagem convencional satildeo superiores aos encontrados pelos
pesquisadores variando de 28 a 33
Com o objetivo de estimar a influecircncia da evaporaccedilatildeo nos sistemas elaborou-se
duas hipoacuteteses a primeira considera a quantidade de aacutegua evaporada como percolada
pelos sistemas e a segunda trata-se de calcular a umidade do lodo caso natildeo houvesse
a evaporaccedilatildeo nos sistemas Ambas baseiam-se nas perdas de aacutegua por evaporaccedilatildeo
registradas pelo sistema controle
73
57 Hipoacutetese I ndash Aacutegua evaporada do lodo sendo percolada
Com o intuito de explicar a diferenccedila de volume desaguado no lodo sem e com
condicionamento a primeira hipoacutetese assume a ausecircncia de evaporaccedilatildeo considerando
que a porccedilatildeo de aacutegua que foi evaporada da coluna drsquoaacutegua foi percolada nos sistemas
respeitando-se a quantidade e tempo em que ocorreu a evaporaccedilatildeo no sistema
controle Para tanto faz-se necessaacuterias algumas ponderaccedilotildees
A evaporaccedilatildeo de um liacutequido tem relaccedilatildeo estreita com sua tensatildeo superficial
quanto mais baixa esta eacute maior seraacute a evaporaccedilatildeo Sabe-se que a aacutegua naturalmente
presente na natureza tem alta tensatildeo superficial e existem substacircncias que conteacutem
moleacuteculas anfifiacutelicas como detergente e sabatildeo que diminuem a tensatildeo superficial da
aacutegua e consequentemente acabam facilitando a evaporaccedilatildeo da aacutegua O lodo de
esgoto eacute uma matriz complexa isto eacute tem composiccedilatildeo diversificada e provavelmente
tem quantidade consideraacutevel de moleacuteculas anfifiacutelicas podendo deixar a tensatildeo
superficial mais baixa e portanto facilitando a evaporaccedilatildeo da aacutegua livre presente no
lodo Para fins de melhor aplicabilidade desta hipoacutetese seria necessaacuterio mensurar a
tensatildeo superficial do lodo (MYERS 1999) Aleacutem disso a aacuterea superficial de aacutegua que
entra em contato com a atmosfera eacute muito maior no lodo do que na coluna drsquoaacutegua
colaborando para maior evaporaccedilatildeo do primeiro
Para tanto admitiu-se que a evaporaccedilatildeo da aacutegua ldquocomumrdquo eacute a mesma que a da
aacutegua livre presente no lodo e que esta eacute predominante em relaccedilatildeo aos demais tipos de
aacutegua presente (van Haandel amp Lettinga1994 VESILIND 1994) As estimativas dos
volumes percolados em todas as seacuteries podem ser visualizadas na Tabela 10
Ressalva-se que as Seacuteries II e III do lodo com adiccedilatildeo de poliacutemero foram iniciadas
durante a Seacuterie III do lodo sem adiccedilatildeo de poliacutemero fazendo com que o sistema controle
para estas seacuteries natildeo tenha sido iniciado com 2000 mL de aacutegua pois jaacute havia certa
perda pela Seacuterie III sem adiccedilatildeo de poliacutemero O volume presente na coluna drsquoaacutegua
quando Seacuteries II e III iniciaram era de 17473 e 14079 mL respectivamente Sendo os
volumes estimados calculados a partir destes volumes
74
Tabela 10 - Desaguamento do lodo de esgoto nos sistemas - Hipoacutetese I
Sem Poliacutemero
Sistemas Seacuteries I II III IV Meacutedia plusmn CV
VE (mL) 355 408 643 - 469 1533 327
P V (mL) 540 665 628 - 611 642 105
V (mL) 895 814 1271 - 993 2439 245
P+A V (mL) 578 675 609 - 621 495 80
V (mL) 933 1083 1251 - 1089 1591 146
C V (mL) 561 492 587 - 547 491 90
V (mL) 916 901 1227 - 1015 1840 181
Com poliacutemero
VE (mL) 29 282 48 48 120 1407 1177
P V (mL) 1484 1411 1481 1479 1459 413 28
V (mL) 1513 1693 1532 1493 1579 989 63
P+A V (mL) 1413 1377 1513 - 1434 705 49
V (mL) 1442 1658 1564 - 1611 665 41
C V (mL) 1232 1145 1265 - 1214 620 51
V (mL) 1378 1426 1316 - 1426 552 39 Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia C Convencional VE Volume
evaporado no sistema controle V Volume real e Vrsquo Volume estimado na Hipoacutetese I
Para o sistema composto por pavimento permeaacutevel com lodo sem poliacutemero os
volumes aumentariam em 6574 2240 e 10229 o volume real percolado nas seacuteries
I II e III respectivamente No mesmo sistema o lodo condicionado os volumes
incrementados nas seacuteries I II e III seriam muito pequenos de 195 1999 344 e 095
no volume desaguado Como dito anteriormente a seacuterie II foi a mais influenciada pela
evaporaccedilatildeo devido agraves altas temperaturas e maior periacuteodo de percolaccedilatildeo
O desaguamento do lodo sem condicionamento no sistema pavimento permeaacutevel
e areia os volumes desaguados nas seacuteries I II e III acresceriam em 6142 6044 e
10542 respectivamente No lodo condicionado no mesmo sistema o desaguamento
nas seacuteries I II e III receberiam um incremento de 205 2041 e 337 respectivamente
no volume percolado pelos sistemas
75
Jaacute no sistema convencional a inserccedilatildeo do volume evaporado agrave aacutegua percolada
acrescentaria 6328 8313 e 10903 aos volumes desaguados nas seacuteries I II e III
respectivamente Para as seacuteries em que o lodo foi condicionado com poliacutemero sinteacutetico
a percolaccedilatildeo nas seacuteries I II e III representariam um aumento de 1185 2454 e 403
em relaccedilatildeo ao volume desaguado real
Esperava-se que esta hipoacutetese pudesse explicar a grande diferenccedila de volume
desaguado entre o lodo sem poliacutemero e com poliacutemero com os volumes deste primeiro
aproximando-se deste uacuteltimo Conquanto isso natildeo foi verificado visto que a diferenccedila
foi em torno de 400 mL No entanto eacute necessaacuterio fazer uma ressalva quanto ao volume
desaguado no lodo condicionado ser ainda muito maior que no lodo natildeo condicionado
a evaporaccedilatildeo mensurada provavelmente eacute subestimada pois a evaporaccedilatildeo da aacutegua
em matrizes complexas como o lodo de esgoto eacute provavelmente facilitada pela menor
tensatildeo superficial o que poderia compensar parte desta discrepacircncia entre maior
volume percolado pelo lodo com poliacutemero e tortas secas de umidade iguais as do lodo
sem poliacutemero
Natildeo obstante os volumes foram maiores nas seacuteries que ocorreram em periacuteodos
mais quentes assim como nas seacuteries em que se avaliou o desaguamento natural do
lodo verificou-se que a influecircncia da evaporaccedilatildeo foi maior devido ao maior periacuteodo de
exposiccedilatildeo
76
58 Hipoacutetese II ndash Ausecircncia de evaporaccedilatildeo nos sistemas
Para fins de anaacutelise da eficiecircncia do pavimento permeaacutevel de forma isolada
calculou-se qual seria o teor de soacutelidos da torta seca se natildeo houvesse evaporaccedilatildeo
Sabendo que a densidade do lodo eacute proacutexima agrave da aacutegua bem como sua massa
especiacutefica (ANDREOLI VON SPERLING amp FERNANDES 2001)
Considerou-se que a aacutegua comum tem comportamento igual ao da aacutegua
livre do lodo e portanto que um 1 mL de aacutegua eacute igual a 1 mg de aacutegua
Assumiu-se que o volume de aacutegua evaporada no sistema controle foi
evaporada tambeacutem pelos sistemas com lodo Buscou-se entatildeo verificar a
contribuiccedilatildeo dessa evaporaccedilatildeo para a constituiccedilatildeo das tortas secas
estimando o teor de soacutelidos secos descontando sua contribuiccedilatildeo
A estimativa do valor de soacutelidos totais sem contribuiccedilatildeo da evaporaccedilatildeo ( )
pode ser expressa pela seguinte equaccedilatildeo
Em que
Parcela de soacutelidos
Massa total
Onde a parcela de soacutelidos pode ser definida como
Volume do lodo bruto
Volume da aacutegua percolada pelo sistema
Volume da aacutegua no lodo desaguado
77
E o volume da aacutegua no lodo desaguado pode ser calculado por
Onde
Teor de umidade do lodo desaguado
Volume de aacutegua evaporada
E por fim a massa total seraacute
Nas seacuteries sem condicionamento quiacutemico as seacuteries I II e III tiveram uma
diferenccedila de meacutedia entre os teores de soacutelidos de 460 683 e 861 respectivamente
sendo que a temperatura foi crescente nas seacuteries Quanto agraves seacuteries com adiccedilatildeo de
poliacutemero a diferenccedila meacutedia foi de 128 769 209 nas seacuteries I II III
respectivamente A seacuterie IV natildeo foi possiacutevel aferir meacutedia e a diferenccedila foi de 206 Os
valores dos Soacutelidos Totais reais (ST) e Soacutelidos Totais estimados na Hipoacutetese II (STrsquo)
podem ser vistos na Tabela 11 e as Figuras 28 e 29
78
Tabela 11 - Teor de soacutelidos da torta seca ndash comparaccedilatildeo com a Hipoacutetese II
Sem Poliacutemero
Sistemas Seacuteries I II III IV Meacutedia plusmn CV
P ST () 196 2777 2487 - 2408 414 1720
ST () 1577 2127 1694 - 1799 290 1610
P+A ST () 2208 2967 2824 - 2666 403 1513
ST () 1768 2268 1932 - 1989 255 1281
C ST () 2824 3279 2872 - 2992 250 836
ST () 2265 258 1974 - 2273 303 1333
Com poliacutemero
P ST () 2412 2503 2327 2336 2395 082 341
ST () 2282 1693 2121 2129 2056 253 1232
P+A ST () 2645 262 2473 - 2579 092 360
ST () 2519 1805 2241 - 2188 360 1645
C ST () 2980 2753 2843 - 2859 114 400
ST () 2851 2071 2660 - 2527 407 1609 Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia C Convencional ST Soacutelidos
Totais real e STrsquo Soacutelidos Totais estimado na Hipoacutetese II
Figura 28 - Teor de soacutelidos das tortas secas sem condicionamento quiacutemico - Hipoacutetese II
Em que ST Soacutelidos Totais real e STrsquo Soacutelidos Totais estimado na Hipoacutetese II
05
101520253035
P P + A C P P + A C P P + A C
Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III
Teor de soacutelidos da torta seca sem poliacutemero - H2
ST
ST
79
Figura 29 - Teor de soacutelidos das tortas secas com condicionamento quiacutemico - Hipoacutetese II
Em que ST Soacutelidos Totais real e STrsquo Soacutelidos Totais estimado na Hipoacutetese II
Realizando esses caacutelculos observa-se que a evaporaccedilatildeo teve importante
contribuiccedilatildeo nas tortas secas especialmente nas seacuteries em que o lodo natildeo foi
condicionado com poliacutemero sinteacutetico devido ao tempo de percolaccedilatildeo ser muito maior
aumentando a exposiccedilatildeo do lodo ao ambiente Nota-se tambeacutem que altas temperaturas
e baixa umidade do ar9 favorecem a evaporaccedilatildeo da aacutegua presente no lodo jaacute que nas
seacuteries em que a evaporaccedilatildeo foi mais intensa ocorreu no periacuteodo de forte calor e baixa
precipitaccedilatildeo (Seacuterie III do lodo sem poliacutemero e Seacuterie II do lodo com poliacutemero)
A partir dos dados observados podem-se realizar algumas ponderaccedilotildees satildeo
elas
No lodo sem condicionamento orgacircnico a evaporaccedilatildeo foi mais significativa na
seacuterie III Nota-se que os volumes percolados dobrariam caso a aacutegua
evaporada fosse incorporada aos mesmos Como citado anteriormente o
periacuteodo em que se realizou esta seacuterie foi marcado por altas temperaturas e
quase nenhuma precipitaccedilatildeo
9 Natildeo foi possiacutevel obter dados da umidade relativa do ar
05
101520253035
P P + A C P P + A C P P + A C P
Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie IV
Teor de soacutelidos da torta seca do lodo com poliacutemero sinteacutetico - H2
ST
ST
80
No lodo condicionado a seacuterie II foi a de maior evaporaccedilatildeo tambeacutem devido
agraves altas temperaturas e baixa precipitaccedilatildeo registrada no periacuteodo em que a
seacuterie foi realizada
O aumento meacutedio das seacuteries sem condicionamento com poliacutemero foi de
6257 7545 e 8548 para os sistemas pavimento permeaacutevel pavimento
permeaacutevel acrescido de areia e convencional respectivamente Quanto agraves
seacuteries com adiccedilatildeo de poliacutemero esse aumento foi bem menor sendo de
642 no pavimento permeaacutevel 839 no pavimento permeaacutevel acrescido
de areia e 1312 no convencional
Enquanto o lodo com poliacutemero tem a maior perda de umidade decorrente da
maior percolaccedilatildeo gerada pela interaccedilatildeo entre poliacutemero e soacutelidos presentes
no lodo o lodo sem utilizaccedilatildeo de poliacutemero tem a evaporaccedilatildeo como maior
contribuinte para a perda de umidade e por isso produzem tortas secas de
igual teor
A partir do desaguamento real e das hipoacuteteses formuladas observa-se que o
desaguamento do lodo em leitos de secagem ocorre em duas fases distintas a primeira
eacute a percolaccedilatildeo preponderante nos primeiros dias das seacuteries e quando esta diminui o
processo de evaporaccedilatildeo torna-se o maior responsaacutevel pela perda de umidade no
restante do periacuteodo Fazem-se necessaacuterios estudos em escalas maiores onde se possa
mensurar a diferenccedila de volume bem como a influecircncia da evaporaccedilatildeo nos leitos de
secagem alternativos e convencional
59 Manutenccedilatildeo dos pavimentos
Apoacutes a utilizaccedilatildeo de doze pavimentos realizou-se o segundo teste de infiltraccedilatildeo em
meados de janeiro onde PV 2 foi descartado pois sua taxa esteve bem abaixo da
meacutedia dos outros (infiltrando 164 mL enquanto a meacutedia dos demais foi de 1000 mL) natildeo
possibilitando seu uso nos sistemas com camada de areia Ressalva-se que no
segundo e terceiro teste os pavimentos 10 11 e 12 ateacute entatildeo natildeo tinham sido
utilizados com o objetivo de garantir que tanto o lodo condicionado quanto o natildeo
81
condicionado tivessem duas de suas seacuteries desaguadas em pavimentos ainda natildeo
utilizados e somente uma delas em pavimentos reutilizados
Para tanto todos os pavimentos foram limpos com lavadora de alta pressatildeo
anteriormente ao teste com o objetivo de retirar o lodo que permaneceu aderido ao
pavimento e ao tubo do sistema Contudo o valor obtido dos demais pavimentos
tambeacutem natildeo foi satisfatoacuterio pois tiveram taxa de infiltraccedilatildeo em meacutedia 126 plusmn 8490 e
CV 009 abaixo do primeiro teste tendo em vista a possiacutevel existecircncia de oacuteleos e
graxas presentes em partiacuteculas de lodo que ainda podem ter permanecido nos
pavimentos Sendo assim para obtenccedilatildeo de taxas mais altas utilizou-se soluccedilatildeo
detergente deixando os sistemas mergulhados por uma semana Poreacutem a taxa de
infiltraccedilatildeo encontrada foi de 1421 mL 242 em meacutedia superior a do primeiro teste
Estes resultados podem ser explicados pela lavagem com alta pressatildeo ter movido
alguns gratildeos de basalto e areia presentes no pavimento de modo que os espaccedilos
vazios tornaram-se maiores a ponto de aumentarem a taxa
No que diz respeito aos sistemas pavimento permeaacutevel e areia e convencional a
taxa de infiltraccedilatildeo do teste 2 soacute foi aferida depois do terceiro teste dos pavimentos
sendo em meacutedia de 3613 plusmn 19817 e CV 055 e 788 mL plusmn471 e CV 006
respectivamente representando um aumento de 19858 e 4956 na taxa de infiltraccedilatildeo
em relaccedilatildeo ao teste 1 De acordo com as consideraccedilotildees expostas a meacutedia da taxa de
infiltraccedilatildeo eacute muito influenciada pela reutilizaccedilatildeo dos pavimentos como mostra a Figura
35 no Apecircndice B
A partir dos testes realizados eacute importante fazer algumas ponderaccedilotildees como os
pavimentos podem sofrer variaccedilotildees no volume de espaccedilos vazios que podem
influenciar a taxa de infiltraccedilatildeo de maneira significativa a reutilizaccedilatildeo dos pavimentos
mostrou-se possiacutevel poreacutem apresenta algumas limitaccedilotildees como a necessidade de
realizar lavagem dos pavimentos implicando em uso consideraacutevel de aacutegua Conquanto
esse processo eacute trabalhoso visto que a simples lavagem com aacutegua natildeo garante sua
limpeza necessitando do emprego de algo que friccione a superfiacutecie do pavimento para
82
que este seja limpo Para isso foi preciso utilizar uma lavadora de alta pressatildeo na
limpeza dos sistemas Mesmo assim dependendo das caracteriacutesticas do lodo pode
natildeo ser suficiente para remover totalmente os resiacuteduos sendo necessaacuterio o uso de
soluccedilotildees detergentes ou anaacutelogas
83
6 CONCLUSAtildeO
As metodologias utilizadas para condicionamento do lodo de tanque seacuteptico com
poliacutemeros naturais natildeo se mostraram eficazes no condicionamento do lodo de esgoto
de tanque seacuteptico
Todavia o uso de poliacutemero orgacircnico sinteacutetico mostrou-se eficiente Evidenciando
melhores resultados que o lodo sem condicionamento pela maior quantidade de
volume percolado e menor tempo de desaguamento que possibilitam a realizaccedilatildeo de
mais ciclos de secagem por ano e possivelmente a reduccedilatildeo da aacuterea do leito Todavia
os teores de soacutelidos da torta seca foram semelhantes aos obtidos no lodo sem
aplicaccedilatildeo de poliacutemero
Quanto agrave utilizaccedilatildeo de leito de secagem alternativo tanto o pavimento permeaacutevel
quanto o pavimento permeaacutevel com adiccedilatildeo de areia natildeo tiveram diferenccedila significativa
entre o volume desaguado e a umidade na torta seca o que dispensaria o acreacutescimo
de areia ao pavimento Comparando-se ao leito de secagem convencional verifica-se
que as duas formas de leito de secagem alternativo foram melhores nos quesitos
volume desaguado e tempo Contudo pela camada de areia maior a torta seca
produzida pelo leito convencional teve menor umidade apresentando melhor resultado
na escala de bancada Poreacutem em escala real esta camada de areia ocuparia uma
pequena parte da aacuterea do leito diminuindo consideravelmente a percolaccedilatildeo e
aumentando o tempo do ciclo de secagem A reutilizaccedilatildeo do pavimento mostrou-se
possiacutevel poreacutem trabalhosa e pode interferir na sua taxa de infiltraccedilatildeo
84
85
7 RECOMENDACcedilOtildeES
No decorrer da pesquisa pela limitaccedilatildeo de tempo do delineamento experimental e
de outros fatores muitas possibilidades de aprofundamento do estudo natildeo foram
possiacuteveis Poreacutem caso realizadas seriam interessantes contribuiccedilotildees no campo das
pesquisas em saneamento rural aleacutem de serem necessaacuterias para complementaccedilatildeo da
presente pesquisa
Apesar dos resultados natildeo terem sido positivos na aplicaccedilatildeo de poliacutemeros naturais
no lodo de tanque seacuteptico estes ainda podem ser uma alternativa promissora aos
poliacutemeros sinteacuteticos Para tanto sugere-se que sejam estudadas outras dosagens visto
que estas foram limitadas no estudo especialmente no caso do poliacutemero oriundo do
quiabo Ademais eacute possiacutevel que existam resultados positivos caso empregue-se
metodologias diferentes mas ainda simplificadas Aleacutem disso ainda que possivelmente
natildeo atendam a essa premissa o emprego de meacutetodos mais complexos que aumentem
a concentraccedilatildeo dos poliacutemeros em volumes viaacuteveis para aplicaccedilatildeo no lodo de esgoto
tambeacutem pode gerar resultados positivos uma vez que diversas pesquisas relataram
sua eficiecircncia no tratamento de aacutegua e esgoto Tambeacutem seria interessante a anaacutelise de
custos versus benefiacutecios no emprego de poliacutemeros naturais e sinteacuteticos e a sua
comparaccedilatildeo
No que diz respeito a utilizaccedilatildeo do pavimento permeaacutevel como leito de secagem
alternativo fazem-se necessaacuterios estudos em escalas maiores onde se possa mensurar
a diferenccedila de volume desaguado bem como a influecircncia da evaporaccedilatildeo nos leitos de
secagem alternativos e convencional para verificar a sua viabilidade Tambeacutem eacute
necessaacuterio verificar se a limpeza destes leitos seria factiacutevel nestas escalas
Portanto a otimizaccedilatildeo da etapa de desaguamento de lodo de tanque seacuteptico tanto
a utilizaccedilatildeo de poliacutemeros naturais quanto a simplificaccedilatildeo dos leitos de secagem
constituem-se objetos de estudo valiosos para buscar alternativas necessaacuterias para o
gerenciamento de lodo de lodo de esgoto e contribuem em uacuteltimo caso para a
melhoria dos serviccedilos de saneamento especialmente o saneamento rural
86
87
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92
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APEcircNDICES
APEcircNDICE A Alcalinidade pH e concentraccedilatildeo de Soacutelidos do lodo bruto
Para caacutelculo da meacutedia dos valores obtidos eacute importante esclarecer que soacute foram
realizados estes caacutelculos para ST SST pH e alcalinidade haja visto que os STF STV
e SSF e SSV satildeo valores dependentes dos primeiros paracircmetros citados calculando-se
a meacutedia desvio padratildeo e coeficiente de variaccedilatildeo somente das anaacutelises validadas
destes Deste modo verificou-se primeiramente se as observaccedilotildees tinham indiacutecio de
normalidade como todas as variaacuteveis se adequavam a essa condiccedilatildeo fez-se um
intervalo de confianccedila calculando-se dois desvios acima da meacutedia e dois abaixo
cobrindo-se assim 98 da distribuiccedilatildeo dos dados Como a meacutedia eacute altamente
influenciada por valores extremos excluiu-se os valores indicados pelo intervalo de
confianccedila para seu caacutelculo plotando graacuteficos boxplot obteacutem-se o mesmo resultado
Para a anaacutelise de ST o intervalo de confianccedila foi de 6469874 a 9126126 mgL-1
Como pode ser observado na Figura 30 para ST foram excluiacutedos quatro valores por
natildeo se encaixarem neste criteacuterio e que podem ser fruto de erros laboratoriais
Figura 30 - Boxplot dos Soacutelidos Totais encontrados no lodo bruto
94
No caso dos SST somente um valor foi descartado e o intervalo de confianccedila foi
de 6162486 a 73752 14 mgL-1 A Figura 31 mostra o boxplot gerado
Figura 31 - Boxplot dos Soacutelidos Suspensos Totais encontrados no lodo bruto
A alcalinidade natildeo teve nenhum valor descartado e o intervalo de confianccedila foi
de 2146656 a 2483784 mg CaCO3 L-1 o boxplot pode ser visualizado na Figura 32
Figura 32 - Boxplot da Alcalinidade encontrada no lodo bruto
95
O pH tambeacutem teve o mesmo comportamento da alcalinidade eacute o intervalo de
confianccedila mostra que o verdadeiro valor da meacutedia de pH estaacute entre 736 a 759 como
evidencia o boxplot da Figura 33
Figura 33 - Boxplot do pH encontrado no lodo bruto
96
APEcircNDICE B Infiltraccedilatildeo dos sistemas volume desaguado e tortas secas dos
sistemas temperatura registradas duraccedilatildeo evaporaccedilatildeo das seacuteries
Infiltraccedilatildeo
Tabela 12 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos
Taxa de Infiltraccedilatildeo
P Teste I Teste II Teste III
Volume (mL)
Volume (mL)
Volume (mL)
1 1192 1068 1600
2 768 164 -
3 1216 1148 1596
4 1228 948 1552
5 1252 1020 1580
6 1068 1012 1364
7 1092 1020 1524
8 1192 924 1312
9 1110 1048 1588
10 1116 - -
11 1104 - -
12 1096 - -
13 1112 840 1000
14 852 588 1332
15 1092 968 1180
Figura 34 - Boxplot da taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos no Teste 1
97
Na Figura 35 os valores de PV10 PV11 e PV12 satildeo considerados como 0 no
graacutefico por natildeo terem sido incluso no caacutelculo porque ateacute entatildeo natildeo tinham sido
utilizados natildeo sendo considerados nas meacutedias dos testes 2 e 3 Em cada ponto satildeo
mostrados o intervalo de confianccedila aproximado das taxas de infiltraccedilatildeo utilizando a
suposiccedilatildeo de normalidade dos dados As linhas auxiliam na visualizaccedilatildeo geral dos
valores nos diferentes testes
Figura 35 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos permeaacuteveis nos testes 1 (sem utilizaccedilatildeo) 2 (lavagem) e 3 (lavagem com soluccedilatildeo detergente)
Em que PV Pavimentos PV10 PV11 E PV12 natildeo foram inclusos nos testes 2 e 3
Na Tabela 13 encontram-se os valores da taxa de infiltraccedilatildeo para os sistemas
pavimento com adiccedilatildeo de areia e convencional Como jaacute citado o pavimento 11
(equivalente ao sistema 4 em P+A) natildeo tinha sido utilizado ateacute a realizaccedilatildeo do segundo
teste Com exceccedilatildeo do primeiro sistema P+A (equivalente ao pavimento 2) todos os
sistemas tiveram suas taxas de infiltraccedilatildeo bastante elevadas no segundo teste
98
Tabela 13 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas pavimento com adiccedilatildeo de areia e convencional
Taxa de Infiltraccedilatildeo
P+A Teste I Teste II
C Teste I Teste II
Volume (mL) Volume (mL) Volume (mL) Volume (mL)
1 646 296 1 430 738
2 626 440 2 490 792
3 738 436 3 760 754
4 2048 - 4 616 940
5 2040 208 5 424 844 P+A Pavimento e Areia e C Convencional
Na Figura 36 visualiza-se os testes 1 e 2 de infiltraccedilatildeo nos sistemas compostos
por pavimento permeaacutevel e camada de areia Da mesma forma que o graacutefico observado
na Figura 39 os sistemas considerados com valor igual a 0 natildeo foram inclusos caacutelculo
neste caso por motivos distintos PV1 foi descartado antes do teste 2 e PV4 ateacute entatildeo
natildeo tinha sido utilizado Em cada ponto satildeo mostrados o intervalo de confianccedila
aproximado das taxas de infiltraccedilatildeo utilizando a suposiccedilatildeo de normalidade dos dados
As linhas tecircm a funccedilatildeo de auxiliar a visualizaccedilatildeo dos valores nos dois testes
Figura 36 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas compostos por pavimento permeaacutevel e areia nos testes 1 (sem utilizaccedilatildeo) e 2 (apoacutes lavagem dos pavimentos com soluccedilatildeo detergente)
Em que PV Pavimento permeaacutevel e areia PV1 e PV4 foram considerados como 0 por natildeo participarem do teste 2
99
A Figura 37 trata dos testes de infiltraccedilatildeo 1 e 2 do sistema convencional Da
mesma forma que nas duas figuras anteriores o sistema com valor igual a 0 natildeo foi
incluso caacutelculo por ateacute entatildeo natildeo ter sido utilizado Satildeo mostrados o intervalo de
confianccedila aproximado das taxas de infiltraccedilatildeo em cada ponto utilizando a suposiccedilatildeo de
normalidade dos dados Foram traccediladas linhas para auxiliar a visualizaccedilatildeo dos valores
nos testes
Figura 37 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas convencionais nos testes 1 (sem utilizaccedilatildeo) e 2 (apoacutes lavagem dos pavimentos com soluccedilatildeo detergente)
Em que C Sistema Convencional C4 foi considerado como 0 no graacutefico por natildeo participar do teste 2
Temperaturas
As temperaturas maacuteximas miacutenimas do dia foram fornecidas pelo Centro de
Pesquisas Meteoroloacutegicas e Climaacuteticas Aplicadas agrave Agricultura da Universidade
Estadual de Campinas (CEPAGRIUNICAMP) Tambeacutem houve monitoramento da
temperatura no Laboratoacuterio de Protoacutetipos contudo esse monitoramento se deu nos
momentos em que houve coleta de volume drenado dos sistemas realizando-se a
meacutedia dos valores nos dias em que houve mais de uma coleta As temperaturas podem
ser observadas nas Figuras 38 39 40 41 41 e 43
100
Figura 38 - Temperaturas registradas na Seacuterie I sem poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
Figura 39 - Temperaturas registradas na Seacuterie II sem poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
Figura 40 - Temperaturas registradas na Seacuterie III sem poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
0050
100150200250300350400
03
09
20
13
04
09
20
13
05
09
20
13
06
09
20
13
07
09
20
13
08
09
20
13
09
09
20
13
10
09
20
13
11
09
20
13
12
09
20
13
13
09
20
13
14
09
20
13
15
09
20
13
16
09
20
13
17
09
20
13
18
09
20
13
19
09
20
13
20
09
20
13
21
09
20
13
22
09
20
13
23
09
20
13
24
09
20
13
25
09
20
13
260
92
01
3
27
09
20
13
28
09
20
13
29
09
20
13
30
09
20
13
01
10
20
13
02
10
20
13
031
02
01
3
04
10
20
13
05
10
20
13
06
10
20
13
07
10
20
13
TdegC
Temperatura da Seacuterie I - Sem Poliacutemero
Maacutex Min Lab
0050
100150200250300350400
29
10
20
13
30
10
20
13
31
10
20
13
01
11
20
13
02
11
20
13
03
11
20
13
04
11
20
13
05
11
20
13
06
11
20
13
07
11
20
13
08
11
20
13
09
11
20
13
10
11
20
13
11
11
20
13
12
11
20
13
13
11
20
13
14
11
20
13
15
11
20
13
16
11
20
13
17
11
20
13
18
11
20
13
19
11
20
13
20
11
20
13
21
11
20
13
22
11
20
13
23
11
20
13
24
11
20
13
25
11
20
13
26
11
20
13
27
11
20
13
28
11
20
13
29
11
20
13
30
11
20
13
01
12
20
13
02
12
20
13
03
12
20
13
04
12
20
13
05
12
20
13
06
12
20
13
TdegC
Temperatura na Seacuterie II - Sem Poliacutemero
Maacutex Min Lab
0050
100150200250300350400
28
01
20
14
29
01
20
14
30
01
20
14
31
01
20
14
01
02
20
14
02
02
20
14
03
02
20
14
04
02
20
14
05
02
20
14
06
02
20
14
07
02
20
14
080
22
01
4
09
02
20
14
10
02
20
14
11
02
20
14
12
02
20
14
13
02
20
14
14
02
20
14
15
02
20
14
16
02
20
14
17
02
20
14
18
02
20
14
19
02
20
14
20
02
20
14
21
02
20
14
22
02
20
14
23
02
20
14
24
02
20
14
TdegC
Temperatura na Seacuterie III - Sem Poliacutemero
Maacutex Min Lab
101
Figura 41 - Temperaturas registradas na Seacuterie I com poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
Figura 42 - Temperaturas registradas na Seacuterie II com poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
0
5
10
15
20
25
30
27813 28813 29813
TdegC
Temperaturas Seacuterie I - Poliacutemero Sinteacutetico
Maacutex
Min
Lab
15
20
25
30
35
40
TdegC
Temperaturas Seacuterie II - Poliacutemero Sinteacutetico
Maacutex
Min
Lab
102
Figura 43 -Temperaturas registradas na Seacuterie III sem poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
Evaporaccedilatildeo Figura 44 - Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua nas seacuteries sem adiccedilatildeo de poliacutemero
10
15
20
25
30
35
40
180214 190214 200214 210214 220214
TdegC
Temperaturas Seacuterie III - Poliacutemero Sinteacutetico
Maacutex
Min
Lab
0
5
10
15
20
25
30
35
0 200 400 600 800 1000
Tempo (h)
Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua - Seacuteries sem Poliacutemero
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
103
Figura 45 - Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua nas seacuteries com adiccedilatildeo de poliacutemero
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
0 50 100 150 200
Tempo (h)
Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua - Seacuteries com Poliacutemero
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III e IV
104
Volume desaguado
Figura 46 - Boxplot do volume desaguado com ou sem poliacutemero em cada sistema (valores amostrais)
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
105
Figura 47 - Boxplot dos volumes desaguados com ou sem poliacutemero em cada sistema (valores ajustados)
Em que PP Sistemas Pavimento permeaacutevel e Pavimento com adiccedilatildeo de Areia e C Sistema Convencional
106
Figura 48 - Boxplot dos Soacutelidos Totais na torta seca do lodo com ou sem condicionamento quiacutemico
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
107
Figura 49 - Meacutedias e valores maacuteximos e miacutenimos dos teores de soacutelidos da torta seca nos sistemas com ou sem poliacutemero (valores ajustados)
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
v
vi
vii
RESUMO
O gerenciamento do lodo de tanque seacuteptico eacute uma atividade complexa de alto custo e
pode promover impactos ambientais negativos caso seja mal executada sendo que a
etapa mais criacutetica eacute a de desaguamento O leito de secagem eacute uma das principais
teacutecnicas mas demanda grandes aacutereas e muito tempo para remoccedilatildeo da torta seca A
modificaccedilatildeo destes leitos utilizando pavimentos permeaacuteveis e poliacutemeros podem
diminuir o tempo e aacuterea deste leito O objetivo do trabalho foi comparar a eficiecircncia de
desaguamento da porccedilatildeo de aacutegua livre contida no lodo de tanque seacuteptico com o
emprego de leito de secagem convencional e leito de secagem composto por
pavimento permeaacutevel e avaliar a eficiecircncia da utilizaccedilatildeo de poliacutemeros naturais oriundos
da mandioca (Manihot esculenta Crantz) moringa (Moringa oleifera) e quiabo
(Abelmoschus esculentus) como auxiliares do processo A avaliaccedilatildeo foi realizada em
escala de bancada Somente o poliacutemero sinteacutetico mostrou-se eficiente no
condicionamento do lodo O lodo natildeo condicionado desaguou nos sistemas pavimento
permeaacutevel e pavimento permeaacutevel e areia convencional 611 620 e 547 mL em meacutedia
e no lodo condicionado 1464 1434 e 1214 mL respectivamente Os teores de soacutelidos
da torta seca do lodo sem poliacutemero foram de 2408 2667 e 2992 para os sistemas
pavimento permeaacutevel e pavimento permeaacutevel e areia e convencional respectivamente
e no lodo com poliacutemero foram de 2395 2519 e 2859 O tempo meacutedio de
desaguamento do lodo sem condicionamento foi de 35 dias enquanto que no lodo
condicionado foi de 6 dias Estes resultados apontam que as tortas secas obtiveram
resultados proacuteximos entre si poreacutem o lodo com adiccedilatildeo de poliacutemero teve maior volume
desaguado e menor duraccedilatildeo possibilitando reduccedilatildeo na aacuterea dos leitos e a realizaccedilatildeo
de mais ciclos de secagem por ano Ademais os leitos alternativos produziram lodos
com umidade semelhante ao leito convencional em menor tempo podendo otimizar o
desaguamento do lodo em Estaccedilotildees de Tratamento de Esgoto
Palavras chaves desidrataccedilatildeo de lodo de esgoto condicionamento quiacutemico
coagulantes naturais pavimento permeaacutevel
viii
ix
ABSTRACT
The slugde management is a complex and high cost activity It can promove negatives
impacts if it is poorly executed and the most critical step is the dewatering The drying
bed is one of the principal techniques but it demands big areas and a long periods for
the sludge cake removal The drying beds change can decrease the time and the area
of them if using permeable paving and polymers The objective of this work was to
compare the efficiency of two techniques to dewatering the bulk water portion inside the
septic tank sludge It was compared the conventional drying bed and the drying bed
made of permeable paving It was also evaluate the efficiency of naturals polymers from
cassava (Manihot esculenta Crantz) moringa (Moringa oleifera) and okra (Abelmoschus
esculentus) as auxiliaries in the process The evaluation was performanced in bench
scale The main results showed that only the synthetic polymer was efficient in sludge
conditioning The unconditioned sludge dewatered from the systems permeable paving
permeable paving plus sand and conventional 611 620 and 547 mL on average and for
conditioned sludge 1464 1434 and 1214 mL respectively The dry solids cake in
unconditioned sludge was 2408 2667 and 2992 and in conditioned sludge was
2395 2519 and 2859 for systems permeable paving permeable paving plus sand
and conventional respectively The average time for dewatering sludge without
conditioning was 35 days whereas in sludge conditioning was 6 days These results
show that the dry solids cake obtained similar results however the conditioned sludge
had higher volume dewatered and shorter time duration The alternative drying beds
produced sludges with suchlike dry solids results dry solids as compared to
conventional drying bed in a shorter time it may optimize sludge dewatering in Waste
Water Treatment Plants
Key words dehydration sludges chemical conditioning naturals coagulants
permeable paving
x
xi
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 1
2 OBJETIVOS 3
21 Objetivos especiacuteficos 3
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 5
31 Breve histoacuterico do saneamento baacutesico na zona rural no Brasil 5
32 Tanque Seacuteptico 7
33 Lodo de esgoto 11
34 Desaguamento do lodo de esgoto 15
35 Condicionamento do lodo 21
36 Pavimento permeaacutevel 27
4 METODOLOGIA 29
41 Pavimento permeaacutevel 29
42 Lodo 31
43 Poliacutemeros 35
44 Montagem dos leitos de secagem 39
45 Taxa de infiltraccedilatildeo 43
46 Avaliaccedilatildeo dos sistemas quanto ao desaguamento do lodo 43
461 Avaliaccedilatildeo do desaguamento sem adiccedilatildeo de poliacutemero (Seacuterie 1)44
462 Avaliaccedilatildeo do desaguamento com adiccedilatildeo de poliacutemeros (Seacuteries 2 a 5)45
463 Sistema controle45
464 Avaliaccedilatildeo do Lodo Desaguado46
5 RESULTADOS 47
xii
51 Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas 47
52 Caracterizaccedilatildeo do lodo bruto 47
53 Dosagem oacutetima dos poliacutemeros 50
531 Poliacutemero Sinteacutetico52
532 Mandioca53
533 Moringa54
534 Quiabo55
535 Avaliaccedilatildeo geral da dosagem dos poliacutemeros55
54 Desaguamento do lodo nos sistemas 56
541 Sistema composto por Pavimento Permeaacutevel59
a) Lodo natildeo condicionado59
b) Lodo condicionado60
a) Lodo condicionado62
543 Sistema Convencional63
a) Lodo natildeo condicionado63
b) Lodo condicionado64
55 Teor de soacutelidos das tortas secas 65
56 Anaacutelise geral dos sistemas 67
57 Hipoacutetese I ndash Aacutegua evaporada do lodo sendo percolada 73
58 Hipoacutetese II ndash Ausecircncia de evaporaccedilatildeo nos sistemas 76
59 Manutenccedilatildeo dos pavimentos 80
6 CONCLUSAtildeO 83
7 RECOMENDACcedilOtildeES 85
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 87
xiii
APEcircNDICE A Alcalinidade pH e concentraccedilatildeo de Soacutelidos do lodo bruto 93
APEcircNDICE B Infiltraccedilatildeo dos sistemas volume desaguado e tortas secas dos
sistemas temperatura registradas duraccedilatildeo evaporaccedilatildeo das seacuteries 96
xiv
xv
AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo primeiramente aos meus pais Maria Elisa e Reinaldo por terem me
dado aleacutem da educaccedilatildeo o amor e a noccedilatildeo de que a vida tem um propoacutesito maior
Agradeccedilo tambeacutem aos meus familiares em especial ao meu irmatildeo Juacutelio e a minha avoacute
Ameacutelia com quem tenho a oportunidade do conviacutevio do lar haacute tantos anos Pela
paciecircncia que tecircm comigo em dias que estou impossiacutevel e pelos risos que cobriram
meu rosto muitas vezes
Agradeccedilo ao Prof Adriano pela excepcional orientaccedilatildeo por todos os conselhos e
paciecircncia durante esses mais de dois anos
Agraves amigas e amigos que compartilharam algumas xiacutecaras de cafeacute e happy hours
comigo Amanda Maia Amanda Marchi Artur Cardoso Bianca Gomes Gabriela
Bosshard Gabriela dos Reis Guilherme da Silva Guilherme Rebecchi Jenifer Silva
Joatildeo Paulo Hadler Jorge Barbarotto Lays Leonel Luana Cruz Maacutercio Haiba Mocircnica
Rodrigues Rodolfo Valentim Thalita Cruz e Thaita Rissi Os conselhos e as risadas
foram imprescindiacuteveis para a realizaccedilatildeo deste trabalho
Ao Ademir que aleacutem de toda a ajuda na idealizaccedilatildeo construccedilatildeo dos sistemas e
avaliaccedilatildeo dos pavimentos se tornou meu amigo Ao Diego e Eduardo da Secretaria de
Poacutes-Graduaccedilatildeo e ao Ariovaldo da Secretaria do Departamento de Saneamento e
Ambiente por terem resolvido muito dos meus pepinos burocraacuteticos pela simpatia e
gentileza com que me trataram sempre Aos ateacute entatildeo teacutecnicos do Lab San Enelton
Fernando e Liacutegia pelo grande suporte nas anaacutelises Ao meu amigo David Matta que
aleacutem da amizade me deu uma super ajuda com a anaacutelise estatiacutestica dos meus dados
De uma forma ou de outra todas e todos aqui mencionados contribuiacuteram natildeo soacute
para a obtenccedilatildeo do meu tiacutetulo de mestra mas tambeacutem para o meu crescimento
enquanto pessoa Saibam que aprendi muito com vocecircs
xvi
xvii
ldquoVivendo se aprende mas o que se aprende mais eacute soacute fazer outras maiores perguntasrdquo (Joatildeo Guimaratildees Rosa Grande Sertatildeo Veredas 1956)
xviii
xix
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Esquema do funcionamento de tanque seacuteptico de cacircmara uacutenica 8
Figura 2 - Planta de um leito de secagem convencional 17
Figura 3 - Corte transversal de um leito de secagem convencional 17
Figura 4 - Exemplo de aplicaccedilatildeo de pavimento permeaacutevel em estacionamento 28
Figura 5 - Pavimento permeaacutevel utilizado no projeto 29
Figura 6 - Extratora de corpo de prova utilizada para o corte do pavimento utilizado na
pesquisa 30
Figura 7 - Teste de jarros para dosagem oacutetima de poliacutemero 33
Figura 8 - Aparelho utilizado para aferir o Tempo de Succcedilatildeo Capilar (Capilary Suction
Time) 35
Figura 9 - Preparo da soluccedilatildeo de poliacutemero produzida a partir da mandioca 37
Figura 10 - Semente de Moringa oleiacutefera 38
Figura 11 - Preparo da soluccedilatildeo de poliacutemero produzida a partir do quiabo 39
Figura 12 - Sistema de bancada de leito de secagem utilizado na pesquisa 40
Figura 13 - Bancada experimental localizada no Laboratoacuterio de Protoacutetipos 42
Figura 14 - Detalhe dos sistemas em utilizaccedilatildeo na bancada experimental 42
Figura 15 - Coluna drsquoaacutegua utilizada como controle na bancada experimental 46
Figura 16 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento
permeaacutevel com lodo de esgoto sem poliacutemero 59
Figura 17 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento
permeaacutevel com lodo de esgoto com adiccedilatildeo de poliacutemero 61
Figura 18 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento
permeaacutevel com lodo de esgoto sem poliacutemero 62
xx
Figura 19 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento
permeaacutevel e areia com lodo de esgoto com adiccedilatildeo de poliacutemero 63
Figura 20 - Hidrograma do desaguamento do sistema convencional com lodo de esgoto
sem poliacutemero 64
Figura 21 - Hidrograma do desaguamento do sistema convencional com lodo de esgoto
com adiccedilatildeo de poliacutemero 65
Figura 22 - Teor de soacutelidos da torta seca do lodo desaguado sem poliacutemero 66
Figura 23 - Teor de soacutelidos da torta seca do lodo desaguado com poliacutemero sinteacutetico 67
Figura 24 - Hidrograma do desaguamento do lodo em todos os sistemas no lodo natildeo
condicionado e condicionado 68
Figura 25 - Desaguamento do lodo sem poliacutemero - meacutedias das seacuteries 69
Figura 26 - Desaguamento do lodo com poliacutemero - meacutedias das seacuteries 70
Figura 27 - Detalhe da constituiccedilatildeo do leito de secagem convencional 71
Figura 28 - Teor de soacutelidos das tortas secas sem condicionamento quiacutemico - Hipoacutetese
II 78
Figura 29 - Teor de soacutelidos das tortas secas com condicionamento quiacutemico - Hipoacutetese
II 79
Figura 30 - Boxplot dos Soacutelidos Totais encontrados no lodo bruto 93
Figura 31 - Boxplot dos Soacutelidos Suspensos Totais encontrados no lodo bruto 94
Figura 32 - Boxplot da Alcalinidade encontrada no lodo bruto 94
Figura 33 - Boxplot do pH encontrado no lodo bruto 95
Figura 34 - Boxplot da taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos no Teste 1 96
Figura 35 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos permeaacuteveis nos testes 1 (sem
utilizaccedilatildeo) 2 (lavagem) e 3 (lavagem com soluccedilatildeo detergente) 97
Figura 36 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas compostos por pavimento permeaacutevel e
areia nos testes 1 (sem utilizaccedilatildeo) e 2 (apoacutes lavagem dos pavimentos com soluccedilatildeo
detergente) 98
xxi
Figura 37 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas convencionais nos testes 1 (sem utilizaccedilatildeo)
e 2 (apoacutes lavagem dos pavimentos com soluccedilatildeo detergente) 99
Figura 38 - Temperaturas registradas na Seacuterie I sem poliacutemero 100
Figura 39 - Temperaturas registradas na Seacuterie II sem poliacutemero 100
Figura 40 - Temperaturas registradas na Seacuterie III sem poliacutemero 100
Figura 41 - Temperaturas registradas na Seacuterie I com poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no
Laboratoacuterio 101
Figura 42 - Temperaturas registradas na Seacuterie II com poliacutemero 101
Figura 43 -Temperaturas registradas na Seacuterie III sem poliacutemero 102
Figura 44 - Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua nas seacuteries sem adiccedilatildeo de poliacutemero 102
Figura 45 - Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua nas seacuteries com adiccedilatildeo de poliacutemero 103
Figura 46 - Boxplot do volume desaguado com ou sem poliacutemero em cada sistema
(valores amostrais) 104
Figura 47 - Boxplot dos volumes desaguados com ou sem poliacutemero em cada sistema
(valores ajustados) 105
Figura 48 - Boxplot dos Soacutelidos Totais na torta seca do lodo com ou sem
condicionamento quiacutemico 106
Figura 49 - Meacutedias e valores maacuteximos e miacutenimos dos teores de soacutelidos da torta seca
nos sistemas com ou sem poliacutemero (valores ajustados) 107
xxii
xxiii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Caracteriacutesticas de lodo de esgoto no Brasil 13
Tabela 2 - Meacutetodos utilizados na anaacutelise do lodo 34
Tabela 3 - Organizaccedilatildeo dos sistemas 41
Tabela 4 - Avaliaccedilatildeo dos sistemas 44
Tabela 5 - Comparaccedilatildeo entre dados encontrados na literatura e na presente pesquisa
48
Tabela 6 - Dosagens testadas dos poliacutemeros utilizados na pesquisa 52
Tabela 7 - Resultados obtidos no CST nas dosagens de poliacutemero testadas 53
Tabela 8 - Temperatura evaporaccedilatildeo e duraccedilatildeo das seacuteries 56
Tabela 9 - Resultados do desaguamento do lodo de esgoto de tanque seacuteptico 58
Tabela 10 - Desaguamento do lodo de esgoto nos sistemas - Hipoacutetese I 74
Tabela 11 - Teor de soacutelidos da torta seca ndash comparaccedilatildeo com a Hipoacutetese I 78
Tabela 12 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos 96
Tabela 13 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas pavimento com adiccedilatildeo de areia e
convencional 98
xxiv
xxv
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ANA ndash Agecircncia Nacional de Aacuteguas
CV ndash Coeficiente de Variaccedilatildeo
EPS - Substacircncias Polimeacutericas Extracelulares
ETE ndash Estaccedilatildeo de Tratamento de Esgoto
FUNASA ndash Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede
LABPRO ndash Laboratoacuterio de Protoacutetipos
LABREUSO ndash Laboratoacuterio de Reuso
LABSAN ndash Laboratoacuterio de Saneamento
LES - Laboratoacuterios de Estrutura
LMC - Materiais da Construccedilatildeo
PLANASA ndash Plano Nacional de Saneamento
PNAD ndash Pesquisa Nacional por Amostras em Domiciacutelios
PNRH ndash Poliacutetica Nacional de Recursos Hiacutedricos
PNSB ndash Poliacutetica Nacional de Saneamento Baacutesico
PV ndash Pavimento
SST ndash Soacutelidos Suspensos Totais
SSF ndash Soacutelidos Suspensos Fixos
SSV ndash Soacutelidos Suspensos Volaacuteteis
ST ndash Soacutelidos Totais
STF ndash Soacutelidos Totais Fixos
STV ndash Soacutelidos Totais Volaacuteteis
xxvi
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
O saneamento baacutesico eacute um direito garantido pela constituiccedilatildeo federal brasileira No
entanto diversos municiacutepios natildeo tecircm acesso adequado a este serviccedilo no paiacutes
principalmente quando se trata da coleta e tratamento de esgoto Neste contexto as
regiotildees de baixa densidade demograacutefica como as zonas rurais satildeo as que mais
carecem do esgotamento sanitaacuterio No Brasil segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatiacutestica - IBGE (2010) cerca de 30 milhotildees de pessoas vivem na zona
rural ou seja haacute necessidade de realizaccedilatildeo de pesquisas que atendam agraves demandas
dessas comunidades sendo uma delas o saneamento baacutesico
Contudo a Pesquisa Nacional de Amostras por Domiciacutelios (PNAD) de 2011 revela
que entre os domiciacutelios sem rede coletora de esgoto os tanques seacutepticos representam
a principal alternativa para o lanccedilamento do esgoto domeacutestico e estatildeo presentes em
22 dos domiciacutelios no paiacutes (IBGE 2012)
A disposiccedilatildeo em tanques seacutepticos segundo Andreoli et al (2009) ainda que
longe do desejaacutevel pode reduzir cerca de 30 do potencial poluidor sendo
responsaacuteveis por uma reduccedilatildeo de carga orgacircnica de no miacutenimo 13 milhatildeo de kg de
Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO) por dia fato que ameniza os impactos
ambientais decorrentes da falta da rede coletora de esgoto
Considerando que mais de 23 milhotildees de domiciacutelios possuem tanques seacutepticos
ou fossas rudimentares no Brasil pode-se estimar que a produccedilatildeo de lodo digerido que
possui de 94 a 97 de umidade ultrapasse 8 milhotildees de msup3 por ano ndash observando-se o
valor indicado pela NBR 72291993 para o coeficiente de reduccedilatildeo de volume por
digestatildeo (ABNT 1993)
Desta forma haacute necessidade de realizar-se adequadamente o gerenciamento
deste lodo etapa comumente negligenciada no tratamento de esgoto caso contraacuterio o
benefiacutecio ambiental gerado pelo tratamento estaraacute comprometido Dentro deste
gerenciamento o desaguamento por processos naturais satildeo os mais adequados agraves
comunidades rurais por serem meacutetodos simplificados e de baixo custo
2
Tendo em vista um aumento da eficiecircncia deste processo vislumbrou-se a
possibilidade de utilizaccedilatildeo de poliacutemeros que atuam como condicionantes de lodo Os
poliacutemeros podem ser sinteacuteticos ou naturais Os primeiros satildeo produzidos
industrialmente e podem oferecer riscos agrave sauacutede humana aleacutem de impactos
ambientais A utilizaccedilatildeo de poliacutemeros naturais permitiria a reduccedilatildeo destes riscos e
impactos aleacutem de apresentarem menor custo constituindo-se como melhor alternativa
agraves comunidades rurais
Aleacutem disso a reconfiguraccedilatildeo dos leitos de secagem tradicionais utilizando-se
pavimentos permeaacuteveis poderia aumentar a taxa da drenagem da aacutegua presente no
lodo Essa combinaccedilatildeo entre poliacutemeros naturais e leito de secagem permitiria a reduccedilatildeo
do tempo de formaccedilatildeo e remoccedilatildeo da torta seca e da aacuterea do leito de secagem jaacute que
estes apresentam diversos inconvenientes como a demanda por grandes aacutereas e
longos periacuteodos para o desaguamento
Portanto a busca por alternativas adequadas agrave ETE de pequeno porte
localizadas em comunidades isoladas eou rurais historicamente negligenciadas pelo
Estado brasileiro constitui-se como medida efetiva de promoccedilatildeo de sauacutede e melhoria
na qualidade do ambiente uma vez que o acesso ao saneamento integra o conjunto de
medidas da medicina preventiva e reduz o impacto ambiental em corpos hiacutedricos e
contaminaccedilatildeo do solo e lenccediloacuteis freaacuteticos
3
2 OBJETIVOS
O objetivo do projeto foi comparar a eficiecircncia de desaguamento da porccedilatildeo de aacutegua
livre contida no lodo de tanque seacuteptico com o emprego de leito de secagem
convencional e leito de secagem composto por pavimento permeaacutevel e avaliar a
utilizaccedilatildeo de poliacutemeros naturais oriundos da mandioca (Manihot esculenta Crantz)
moringa (Moringa oleifera) e quiabo (Abelmoschus esculentus) e um sinteacutetico como
auxiliares do processo
21 Objetivos especiacuteficos
Comparar o desaguamento da porccedilatildeo de aacutegua livre contida no lodo de tanque
seacuteptico entre
a) leito de secagem convencional
b) leito de secagem composto por pavimento permeaacutevel e uma camada de
areia de 001m
c) leito de secagem composto somente com pavimento permeaacutevel
Avaliar a influecircncia da utilizaccedilatildeo dos poliacutemeros na eficiecircncia do desaguamento
Sendo estes oriundos da mandioca (Manihot esculenta Crantz) moringa
(Moringa oleifera) e quiabo (Abelmoschus esculentus) e um sinteacutetico
Comparar a eficiecircncia entre a utilizaccedilatildeo dos poliacutemeros naturais e sinteacutetico
4
5
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
31 Breve histoacuterico do saneamento baacutesico na zona rural no Brasil
O saneamento na zona rural sempre foi negligenciado por parte do Estado Tendo
se tornado uma preocupaccedilatildeo para o poder puacuteblico somente no iniacutecio do seacuteculo XX apoacutes
trabalho realizado pela Liga Proacute-Saneamento do Brasil que foi um movimento
nacionalista formado por meacutedicos cientistas antropoacutelogos e funcionaacuterios dos serviccedilos
federais Este movimento realizou um relatoacuterio sobre o saneamento na zona rural
atraveacutes de diversas incursotildees pelos ldquosertotildeesrdquo e encontraram uma populaccedilatildeo doente e
miseraacutevel A ausecircncia de poliacuteticas sociais e a grande pobreza decorrente da grande
concentraccedilatildeo de terras e a exploraccedilatildeo a que boa parte desta populaccedilatildeo era submetida
a tornava enfraquecida por doenccedilas decorrentes da falta de saneamento baacutesico e
impossibilitada de ter melhores condiccedilotildees de vida (GRECO 1999 NEVES 2009) Esse
grupo criticava a ausecircncia do poder puacuteblico nestes locais e acreditava ser possiacutevel
reverter este quadro promovendo accedilotildees integradas de sauacutede e saneamento baseando-
se no conceito de sociabilidade das doenccedilas (REZENDE amp HEacuteLLER 2008)
No entanto natildeo consideravam os aspectos de subdesenvolvimento e desigualdade
social que contribuiacuteam para tal situaccedilatildeo (GRECO 1999 NEVES 2009 REZENDE amp
HEacuteLLER 2008) Como se o personagem ldquoJeca Taturdquo de Monteiro Lobato assolado
pela ancilostomiacutease pudesse tornar-se vigoroso capitalista somente tendo acesso agrave
sauacutede Portanto o projeto de ldquosaneamento dos sertotildeesrdquo atraveacutes da exclusiva promoccedilatildeo
de sauacutede buscava defender a ldquovocaccedilatildeo agriacutecolardquo do paiacutes e integrar a populaccedilatildeo rural agrave
economia nacional Contudo foi a partir deste movimento que se lanccedilou as bases para
uma reforma que unificou e centralizou as accedilotildees de sauacutede e saneamento no paiacutes
(REZENDE amp HEacuteLLER 2008)
Com a intensificaccedilatildeo do ecircxodo rural a partir da deacutecada de 1940 pela
industrializaccedilatildeo do paiacutes causando intensa urbanizaccedilatildeo deslocou-se recursos a serem
destinados a zona rural que viviam em condiccedilotildees precaacuterias de sauacutede saneamento
educaccedilatildeo e moradia A partir da deacutecada de 1970 houve um distanciamento das accedilotildees
de sauacutede e saneamento e a criaccedilatildeo do Plano Nacional de Saneamento (PLANASA)
6
que investiu em abastecimento de aacutegua coleta e tratamento de esgoto (REZENDE amp
HEacuteLLER 2008)
Em 2007 com a criaccedilatildeo da Lei Nacional de Saneamento Baacutesico (LNSB) e sua
respectiva poliacutetica entendeu-se a grande vinculaccedilatildeo que deve existir entre as poliacuteticas
de saneamento baacutesico as poliacuteticas nacionais e regionais de recursos hiacutedricos e as
poliacuteticas regionais e locais de desenvolvimento urbano e sauacutede puacuteblica A Poliacutetica
Nacional de Recursos Hiacutedricos (PNRH) jaacute tem certa integraccedilatildeo com a LNSB como
exemplificado pelas accedilotildees da Agecircncia Nacional de Aacuteguas (ANA) Poreacutem a sauacutede
puacuteblica eacute uma grande ausente na LNSB exceto pela imposiccedilatildeo de que os planos de
saneamento baacutesico devam partir de um diagnoacutestico baseado em indicadores sanitaacuterios
e epidemioloacutegicos (CUNHA 2011)
A Poliacutetica Nacional de Saneamento Baacutesico (PNSB) determinou a elaboraccedilatildeo dos
programas de saneamento baacutesico integrado saneamento estruturante e saneamento
rural Sendo este uacuteltimo responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede por meio da
Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede (FUNASA) que tem coordenado o Programa Nacional de
Saneamento Rural visando integrar as poliacuteticas puacuteblicas de meio ambiente recursos
hiacutedricos sauacutede habitaccedilatildeo e igualdade racial (FUNASA 2012)
Entretanto ainda hoje de acordo com a PNAD 2011 a zona rural eacute marginalizada
quanto ao acesso aos serviccedilos de saneamento Somente 33 dos domiciacutelios tem
ligaccedilatildeo a rede de abastecimento de aacutegua e o acesso eacute ainda mais baixo quando se
trata de esgoto apenas 5 estatildeo ligados a rede coletora e 28 utilizam o tanque
seacuteptico como unidade de destinaccedilatildeo do esgoto mas a grande parte da populaccedilatildeo ainda
faz uso de fossa rudimentar lanccedilamento em corpos daacutegua e no solo a ceacuteu aberto
(IBGE 2012)
Do ponto de vista ambiental um projeto de saneamento deve estar apto a
responder natildeo soacute as questotildees sanitaacuterias mas tambeacutem as fontes de perturbaccedilatildeo da
qualidade ambiental no ambiente como a implicaccedilatildeo dos usos do efluente gerado e
seus subprodutos (PHILIPPI et al 1999)
7
Dentre as teacutecnicas de tratamento utilizadas nas zonas rurais o tratamento
anaeroacutebio oferece algumas vantagens em relaccedilatildeo ao aeroacutebio tais como projeto
relativamente simples e baixo custo baixa produccedilatildeo de lodo baixo consumo de energia
e de demanda de nutrientes com capacidade de receber altas cargas orgacircnicas e
sendo potencialmente gerador de energia (MOUSSAVI KAZEMBEIGI amp FARZADKIA
2010)
32 Tanque Seacuteptico
Eacute a forma de tratamento anaeroacutebia mais difundida e mais antiga no mundo haacute
registros de seu uso no seacuteculo XIX (BITTON 2005) e ainda se constitui como a
principal alternativa de tratamento de esgoto em comunidades isoladas eou rurais em
paiacuteses de economia perifeacuterica por ser uma forma de tratamento descentralizado
(MOUSSAVI KAZEMBEIGI amp FARZADKIA 2010) Desde que seja projetado situado e
mantido corretamente eacute considerado um tratamento de esgoto eficiente em aacutereas rurais
(WITHERS JARVIE amp STOATE 2011)
Os tanques seacutepticos podem ser definidos como uma unidade ciliacutendrica ou
prismaacutetica retangular de fluxo horizontal usada para tratamento de esgotos por
processos de sedimentaccedilatildeo flotaccedilatildeo e digestatildeo (ABNT 1993) Podem ser de cacircmara
uacutenica de cacircmaras em seacuterie ou de cacircmaras sobrepostas (ANDREOLI 2009) e sua
constituiccedilatildeo pode ser de concreto metal ou fibra de vidro (BITTON 2005)
Os soacutelidos sedimentaacuteveis presentes no esgoto formam a camada de lodo na parte
inferior do tanque Oacuteleos graxas e outros materiais leves flotam na superfiacutecie formando
uma camada de escuma A mateacuteria orgacircnica retida no fundo do tanque sofre
decomposiccedilatildeo facultativa e anaeroacutebia sendo convertida a compostos mais estaacuteveis e a
gases como gaacutes carbocircnico (CO2) e gaacutes sulfiacutedrico (H2S) e a remoccedilatildeo de Soacutelidos
Suspensos Totais (SST) e Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO) eacute geralmente de 70
a 80 e de 65 a 80 respectivamente podendo alcanccedilar em climas quentes remoccedilatildeo
8
de 80 de SST e 90 de DBO (METCALF amp EDDY 2009 BITTON 2005) Contudo eacute
pouco eficiente na remoccedilatildeo de organismos patogecircnicos (BITTON 2005)
O tempo em que o esgoto permanece no tanque para que seja tratado Tempo de
Detenccedilatildeo Hidraacuteulica (TDH) varia de 24 a 72 h (BITTON 2005) Na Figura 1 estaacute
representado um esquema de funcionamento de um tanque seacuteptico de cacircmara uacutenica
Figura 1 - Esquema do funcionamento de tanque seacuteptico de cacircmara uacutenica
Apesar deste sistema de tratamento ser extremamente antigo ainda eacute objeto de
pesquisa em diversos paiacuteses e se constitui como a principal forma de tratamento de
esgotos em comunidades rurais Entretanto a forma de operaccedilatildeo as unidades que
precedem ou sucedem os tanques seacutepticos e a destinaccedilatildeo final do efluente e do lodo
sofreram modificaccedilotildees qualitativas ao longo do tempo Fato que natildeo soacute comprova a
relevacircncia das pesquisas sobre este sistema como impacta positivamente a sauacutede
puacuteblica e o ambiente de modo geral
Moussavi Kazembeigi amp Farzadkia (2010) estudaram um modelo diferente de
tanque seacuteptico em escala piloto onde o fluxo de esgoto eacute vertical assemelhando-se
aos Reatores Anaeroacutebios de Fluxo Ascendente (RAFA) Os pesquisadores constataram
a remoccedilatildeo de 86 de SST 85 Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO) e 77 da
Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DQO) quando o TDH foi de 24h
9
Em seguida testaram a eficiecircncia de remoccedilatildeo desses indicadores com TDH de 12 e
6 h e notaram que esse decrescimento tambeacutem ocasionou o decrescimento da
remoccedilatildeo de SST de 67 para 33 respectivamente O mesmo ocorreu para os
paracircmetros de DBO e DQO em que o periacuteodo de 12h houve remoccedilatildeo de 71 e 77 e
no periacuteodo de 6 h remoccedilatildeo de 33 e 31 respectivamente constatando que neste caso
natildeo eacute possiacutevel reduzir o tempo de detenccedilatildeo hidraacuteulica dentro da unidade de tratamento
sem comprometer a eficiecircncia de remoccedilatildeo da carga orgacircnica
Os autores concluiacuteram que a modificaccedilatildeo do fluxo de esgoto se revelou eficiente no
tratamento de esgotos domeacutesticos e pode propiciar menor geraccedilatildeo de lodo implicando
em uma manutenccedilatildeo mais simplificada comparada agraves unidades convencionais e
consequentemente em menores custos
Uma pesquisa semelhante foi realizada em escala real em El Tel El Sagheer uma
pequena comunidade localizada agrave 120 km de Cairo Egito O tanque seacuteptico modificado
proposto por Sabry (2010) constitui-se por dois compartimentos O primeiro cujo fluxo
do efluente era vertical possuiacutea uma seacuterie de chapas inclinadas a 60deg conhecidas
como decantadores por colmeia que separavam a fase soacutelida da liacutequida minimizando
a quantidade de soacutelidos que escapavam para o compartimento seguinte e retinham a
escuma O primeiro tanque exercia a funccedilatildeo de digerir anaeroacutebiamente a mateacuteria
orgacircnica sedimentando os soacutelidos suspensos no fundo que formam o lodo tendo
tambeacutem uma saiacuteda para o biogaacutes formado
O segundo compartimento era divido em dois e servia como uma unidade de
polimento degradando a mateacuteria orgacircnica residual atraveacutes da filtraccedilatildeo que ocorria o
com cascalho no fundo do tanque retendo os soacutelidos bioloacutegicos por um longo periacuteodo
Para tal o sistema exigia a utilizaccedilatildeo de duas bombas submersas uma em cada
tanque com vazatildeo de 0003 msup3s-1 O TDH dos dois compartimentos era de 20 h
velocidade ascensional na vazatildeo maacutexima diaacuteria de 0125 m h-1 e carga orgacircnica meacutedia
no segundo compartimento de 042 kg DBO m-3 d Aleacutem disso uma unidade de
10
desinfecccedilatildeo foi instalada para injetar uma soluccedilatildeo de hipoclorito de soacutedio no efluente
tratado com vistas a adequaccedilatildeo a legislaccedilatildeo local
Durante quase um ano de operaccedilatildeo e monitoramento o sistema removeu 81 da
DBO 84 do DQO e 89 dos SST enquanto a remoccedilatildeo em um sistema de tanque
seacuteptico seguido de filtro anaeroacutebio citado pelo pesquisador foi de 56 para DBO 52
para DQO e 54 para SST O sistema tambeacutem se mostrou de faacutecil reprodutibilidade e
baixo custo provando-se uma alternativa promissora para o tratamento de esgotos em
comunidades rurais em regiotildees em situaccedilatildeo anaacuteloga ao Egito
Os tanques seacutepticos tambeacutem podem ser integrados a outros processos de
tratamento como demonstrado por Philippi et al (1999) numa pesquisa realizada no
Brasil no estado de Santa Catarina Os pesquisadores verificaram a eficiecircncia de uma
zona de raiacutezes (tambeacutem conhecida pelo seu termo em inglecircs wetland) que recebia
efluente de um tanque seacuteptico Proveniente de uma induacutestria alimentiacutecia continha soro
de queijo gordura sangue alimentos enlatados carne suiacutena e esgoto sanitaacuterio sendo
que parte desse material ficava na caixa de gordura situada apoacutes o tanque seacuteptico que
foi construiacutedo em escala real de acordo com a NBR 72231993
Apoacutes a caixa de gordura o efluente entrava na parte inferior da zona de raiacutezes e
passava por camadas de areia feno de arroz e argila chegando as raiacutezes da
Zizaniopsis bonariensis espeacutecie de planta aquaacutetica tiacutepica da regiatildeo sul do paiacutes Os
pontos de monitoramento foram nas saiacutedas do tanque seacuteptico (P1) e da zona de raiacutezes
(P2) e os resultados mostraram que a reduccedilatildeo do P1 para DBO e DQO foi de 32 e 33
de 29 e 36 para ST e STV de 5 e 40 para Nitrogecircnio Total Kjedhal (NTK) e nitratos
e de 13 para o foacutesforo total (PT) respectivamente Enquanto que para o P2 a reduccedilatildeo
foi de 69 para DBO 71 para a DQO para ST e STV de 61 e 75 para NTK e
nitratos e PT de 78 e 40 72 respectivamente Destaca-se que a pesquisa estuda
uma das possibilidades de poacutes-tratamento de efluente de tanques seacutepticos poreacutem
existem diversas formas indicadas pela NBR 139691997 como vala de infiltraccedilatildeo o
poccedilo absorvente escoamento superficial e canteiro de infiltraccedilatildeo e evapotranspiraccedilatildeo
11
Os resultados da pesquisa revelam bom desempenho da associaccedilatildeo dos sistemas
de tratamento e alta remoccedilatildeo de N e P em decorrecircncia da desnitrificaccedilatildeo na zona de
raiacutezes e apoacutes o periacuteodo de maturaccedilatildeo do sistema comeccedilou a produzir efluente em
acordo com a legislaccedilatildeo local sendo o sistema integrado uma boa alternativa para o
tratamento efluentes sanitaacuterios e para induacutestrias que tenham efluentes semelhantes aos
da pesquisa (PHILIPPI et al 1999)
Contudo a operaccedilatildeo incorreta e a destinaccedilatildeo inadequada do efluente e do lodo
gerado pelos tanques seacutepticos em zonas rurais podem contribuir para a eutrofizaccedilatildeo de
nascentes de corpos hiacutedricos Withers Jarvie amp Stoate (2011) monitoraram o impacto
dos tanques seacutepticos na concentraccedilatildeo de nutrientes em uma comunidade rural na
Inglaterra Os pesquisadores verificaram altas concentraccedilotildees de nitrogecircnio foacutesforo
soacutedio potaacutessio e amocircnia aleacutem de concentraccedilotildees de nitrato consideradas nocivas aos
peixes tipicamente associados agrave digestatildeo anaeroacutebia de tanques seacutepticos tanto nas
valas de infiltraccedilatildeo quanto agrave jusante do corpo hiacutedrico situado proacuteximo aos tanques
seacutepticos
Portanto aleacutem de melhorias nas tecnologias simplificadas de tratamento de esgoto
eacute necessaacuterio o correto gerenciamento do lodo gerado caso contraacuterio o beneficio
ambiental gerado pelo tratamento do efluente pode ser parcialmente comprometido
33 Lodo de esgoto
O lodo de esgoto eacute um subproduto do tratamento de esgoto e eacute gerado em vaacuterias
etapas Seu gerenciamento eacute complexo e por vezes ignorado nas ETE
Contraditoriamente Campbell (2000) aponta que quanto mais efetivo o processo de
remoccedilatildeo de contaminantes maior a produccedilatildeo de lodo Ou seja a preocupaccedilatildeo com o
tratamento do efluente deve ser proporcional ao gerenciamento de seu subproduto
Apesar disso natildeo representa mais que 2 do volume de esgoto tratado Poreacutem os
custos variam de 20 a 60 do total gasto numa ETE no Brasil (ANDREOLI VON
SPERLING amp FERNANDES 2001) Essa realidade natildeo eacute soacute brasileira em outros
12
paiacuteses tambeacutem representa custos elevados e seu gerenciamento eacute por vezes
negligenciado (RUIZ KAOSOL amp WISNIEWSK 2010)
Uma fraccedilatildeo significativa da expansatildeo da infraestrutura estaacute ocorrendo em paiacuteses
em desenvolvimento dirigidas aos maiores centros urbanos do mundo como eacute o caso
da Cidade do Meacutexico e Satildeo Paulo Para ter estrateacutegias mais apropriadas de
gerenciamento de lodo contudo satildeo necessaacuterias informaccedilotildees histoacutericas pouco
disponiacuteveis nestas cidades segundo afirma Campbell (2000)
Aleacutem disso eacute imprescindiacutevel o conhecimento do lodo gerado para que seu
gerenciamento possa ser eficiente Ainda que a NBR 100042004 classifique o lodo de
esgoto como um resiacuteduo soacutelido natildeo inerte (ABNT 2004) aproximadamente 95 de sua
constituiccedilatildeo eacute aacutegua sofrendo algumas variaccedilotildees devido as diferentes caracteriacutesticas
dos esgotos e tratamentos O lodo tambeacutem pode ser classificado de acordo com a sua
origem
Lodo primaacuterio eacute aquele gerado em decantadores primaacuterios e tanques
seacutepticos Eacute formado principalmente por soacutelidos sedimentaacuteveis Pode
exalar odor forte caso fique retido por periacuteodos elevados e em altas
temperaturas Nos tanques seacutepticos sofre digestatildeo anaeroacutebia
Lodo secundaacuterio eacute formado nas etapas bioloacutegicas do tratamento aeroacutebia
e anaeroacutebia podendo estar estabilizado ou natildeo Compreende a
comunidade microbiana que realiza a degradaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica no
sistema
Lodo quiacutemico eacute originaacuterio de tratamentos que adicionam condicionantes
quiacutemicos como decantadores primaacuterios com precipitaccedilatildeo quiacutemica
O Programa de Pesquisa em Saneamento Baacutesico realizou um trabalho com lodo
de esgoto em diferentes institutos de pesquisa no Brasil Algumas caracteriacutesticas do
lodo encontradas podem ser vistas na Tabela 1 utilizando-se o procedimento de coleta
13
de aliacutequotas dos resiacuteduos descartados pelos caminhotildees limpa-fossa na entrada da
ETE ressalta-se que apesar da pesquisa focar em lodo de tanque seacuteptico nem todas
as ETE coletaram desta unidade de tratamento nem adotaram a mesma metodologia
de coleta e os contribuintes do esgoto foram variados como restaurantes domiciacutelios
hospitais entre outros e satildeo mantidos e operados de formas diferentes Nota-se que
todos os valores satildeo elevados indicando alta concentraccedilatildeo de soacutelidos
Tabela 1 - Caracteriacutesticas de lodo de esgoto seacuteptico no Brasil
Paracircmetros
Lodo de esgoto
FAE UFRN UNB USP
SANEPAR LARHISA CAESB EESC
Mediana Mediana Mediana Mediana
ST (mgL-1) 8208 6508 10214 6508
STV (mgL-1) 5612 4368 7368 3053
SST (mgL-1) 5042 3891 6395 3257
DBO (mgL-1) 2734 955 - 1524
DQO (mgL-1) 11219 3434 1281 4491
pH 72 66 71 69 Adaptado de Andreoli (2009)
Diversos estudos tecircm buscado relaccedilotildees entre caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas do
lodo e seu desaguamento De acordo com Vesilind (1994) o tamanho e a superfiacutecie das
partiacuteculas soacutelidas presentes no lodo satildeo caracteriacutesticas importantes que podem
determinar a receptividade ao espessamento ou desaguamento do lodo A carga das
partiacuteculas pode estabelecer ligaccedilotildees com as moleacuteculas de aacutegua difiacuteceis de serem
quebradas essas cargas superficiais alteram propriedades fiacutesicas daacute aacutegua
descongelamento agrave temperaturas abaixo do ponto de congelamento (-20degC) e a
densidade pode ser reduzida a 0965 gcmsup3
Neste mesmo trabalho Vesilind (1994) investigou os tipos de aacutegua presentes no
lodo e verificou que uma fraccedilatildeo estaacute ligada fisicamente agrave superfiacutecie das partiacuteculas
presentes no lodo atraveacutes de pontes de hidrogecircnio denominada aacutegua vicinal e pode
ser removida pela diminuiccedilatildeo da aacuterea superficial total das partiacuteculas soacutelidas a que estaacute
ligada atraveacutes da utilizaccedilatildeo de condicionantes quiacutemicos
14
A remoccedilatildeo da aacutegua localizada nos interstiacutecios dos flocos pode se dar por
processos mecacircnicos que conseguem destruir a estrutura do floco (RUIZ KAOSOL amp
WISNIEWSK 2010 VESILIND 1994) A aacutegua de hidrataccedilatildeo eacute aquela ligada
quimicamente agrave superfiacutecie da partiacutecula e eacute removida apenas com aumento da
temperatura Somente a fraccedilatildeo denominada ldquoaacutegua livrerdquo eacute que natildeo estaacute associada e
natildeo sofre influecircncia dos soacutelidos presentes no lodo A drenagem adensamento e
desidrataccedilatildeo mecacircnica e natural podem realizar a sua remoccedilatildeo (VESILIND 1994)
O trabalho de Liao et al (2000) constatou forte relaccedilatildeo entre o tamanho dos flocos e
a quantidade de aacutegua ligada fisico-quimicamente agraves partiacuteculas soacutelidas quanto menor
era o floco maior a quantidade deste tipo de aacutegua encontrada no lodo Mikkelsen amp
Keiding (2002) concluiacuteram que Substacircncias Polimeacutericas Extracelulares (EPS) satildeo o
paracircmetro mais importante na estrutura do lodo e altas concentraccedilotildees destas
substacircncias podem diminuir a tensatildeo de cisalhamento e propiciar um menor grau de
dispersatildeo do lodo pois agem na estabilidade da estrutura dos flocos reduzindo desta
forma a resistecircncia agrave filtraccedilatildeo Entretanto altas concentraccedilotildees de EPS diminuem o teor
de soacutelidos na torta seca
Jin Wileacuten amp Lant (2003) tambeacutem investigaram a relaccedilatildeo entre as EPS e o
desaguamento no lodo de esgoto Os pesquisadores observaram que altas
concentraccedilotildees de iacuteons Ca+ Mg2+ Fe3+ e Al3+ proporcionam melhora significativa no
desaguamento Tambeacutem concluiacuteram que lodos que contem flocos compactos grandes
e com muitos filamentos tem grande quantidade de aacutegua ligada intersticial
Propriedades de floculabilidade hidrofobicidade carga superficial e viscosidade satildeo
fatores que afetam significativamente a capacidade de ligaccedilatildeo da aacutegua nos flocos de
lodo sendo que altos valores destas propriedades indicam grande quantidade de aacutegua
ligada Ademais proteiacutenas e carboidratos contribuem significativamente para a ligaccedilatildeo
da aacutegua nos flocos
No espessamento por gravidade a presenccedila de aacutegua vicinal em volta das
partiacuteculas menores no lodo (de 2 a 4 microm cerca de 6 do total de partiacuteculas presentes
15
no lodo digerido anaeroacutebiamente) melhoraria o processo devido ao aumento do
diacircmetro efetivo das partiacuteculas como resultado da baixa densidade encontrada na aacutegua
vicinal e do aumento da viscosidade da aacutegua que circunda as partiacuteculas (VESILIND
1994)
As alternativas para a disposiccedilatildeo do lodo satildeo variadas e tecircm sido desenvolvidas haacute
vaacuterias deacutecadas Campbell (2000) as divide em trecircs categorias satildeo elas (i) aplicaccedilatildeo no
solo (ii) disposiccedilatildeo em aterro sanitaacuterio e (iii) tecnologias de incineraccedilatildeo Para as duas
primeiras - mais aplicadas no Brasil - torna-se indispensaacutevel a retirada de uma parcela
de sua umidade pois interfere na umidade ideal do solo quando aplicado na agricultura
e sobrecarrega o tratamento do chorume nos aterros
34 Desaguamento do lodo de esgoto
De acordo com Andreoli von Sperling amp Fernandes (2001) o gerenciamento do
lodo eacute uma atividade complexa e pode promover impactos ambientais negativos caso
seja mal executada Dentre as etapas envolvidas o desaguamento eacute um dos desafios
da engenharia ambiental e continua sendo um problema no tratamento de esgotos
(VESILIND 1988 VESILIND 1994 CAMPBELL 2000)
Metcalf amp Eddy (1991) descrevem o desaguamento como uma operaccedilatildeo fiacutesica
utilizada na reduccedilatildeo de umidade contida no lodo Eacute necessaacuterio realizar esta operaccedilatildeo
por propiciar (i) o manuseio mais faacutecil (ii) a reduccedilatildeo dos custos no transporte (iii) a
disposiccedilatildeo em aterros sanitaacuterios reduzindo a quantidade de chorume produzido (iv) a
melhora na etapa de compostagem do lodo (v) a reduccedilatildeo da atividade microbiana e
consequentemente da produccedilatildeo de odores
O desaguamento pode ser realizado por processos naturais ou mecanizados A
seleccedilatildeo dos mecanismos de desaguamento deve ser determinada pelo tipo de lodo a
ser desaguado caracteriacutesticas desejadas do lodo desaguado e espaccedilo disponiacutevel Os
processos mecanizados satildeo mais indicados para Estaccedilotildees de Tratamento de Esgotos
(ETE) de grande porte e onde haja restriccedilatildeo de aacuterea Centriacutefugas filtros a vaacutecuo
16
filtros-prensa prensas desaguadoras e secagem teacutermica satildeo exemplos de processos
mecanizados mais utilizados em ETE
Em estudo realizado por Ruiz Kaosol amp Wisniewsk (2010) relacionou-se a
quantidade de mateacuteria orgacircnica presente no lodo e sua aptidatildeo ao desaguamento
mecacircnico verificou-se que quanto maior essa quantidade (expressa pelo valor de
Soacutelidos Totais Volaacuteteis) menor era a resistecircncia a filtraccedilatildeo mas maior sua
compressibilidade (expressa pelo seu limite de plasticidade) e portanto menor a
eficiecircncia do processo de desaguamento mecacircnico Todavia lodos com menor teor de
mateacuteria orgacircnica isto eacute mais estabilizados tambeacutem satildeo mais indicados para os
processos naturais de desaguamento (ANDREOLI VON SPERLING amp FERNANDES
2001)
Verifica-se no entanto que poucas pesquisas tecircm se preocupado com o
desaguamento por processos naturais como os leitos de secagem e as lagoas de
secagem que estatildeo mais presentes em ETE pequenas ou que natildeo tecircm restriccedilotildees
quanto a aacuterea O mecanismo de desaguamento nestes casos se daacute pela evaporaccedilatildeo e
percolaccedilatildeo da aacutegua presente no lodo O desaguamento de lodos por leitos de secagem
eacute adequado para comunidades de pequeno e meacutedio porte sendo indicado para lodos
tipicamente encontrados em tanques seacutepticos (estabilizados)
Um leito de secagem convencional conforme ilustram as Figuras 2 e 3 caracteriza-
se por um tanque com paredes e base de concreto O fundo deve ser constituiacutedo por
uma camada de areia trecircs camadas de brita e tijolos recozidos ou outro material
resistente agrave operaccedilatildeo de remoccedilatildeo do lodo seco com juntas de areia (ABNT 1992)
17
Figura 2 - Planta de um leito de secagem convencional
Figura 3 - Corte transversal de um leito de secagem convencional
Van Haandel amp Lettinga (1994) descrevem que o tempo total para um ciclo de
secagem em leitos de secagem se compotildee por quatro periacuteodos Satildeo eles
T1 = tempo de preparaccedilatildeo do leito e descarga do lodo que dependem do
gerenciamento do leito como nuacutemero de trabalhadores e disponibilidade de
equipamentos
T2 = tempo de percolaccedilatildeo da aacutegua presente no lodo
T3 = tempo de evaporaccedilatildeo para se atingir a fraccedilatildeo desejada de soacutelidos que assim
como T2 varia em funccedilatildeo de condiccedilotildees operacionais durante a secagem condiccedilotildees
metereoloacutegicas (temperatura e pluviosidade) e a carga aplicada de soacutelidos
T4 = tempo de remoccedilatildeo dos soacutelidos secos
18
Para amenizar as variaacuteveis metereoloacutegicas os leitos de secagem podem ser
instalados ao ar livre ou cobertos por proteccedilatildeo contra a influecircncia das chuvas e de
geadas
De acordo com Metcalf amp Eddy (1991) Andreoli von Sperling amp Fernandes (2001) e
Andreoli (2009) em comparaccedilatildeo aos processos mecanizados apresenta diversas
vantagens tais como
Simplicidade na instalaccedilatildeo e operaccedilatildeo
Baixa sensibilidade agrave qualidade do lodo
Natildeo provoca ruiacutedos e vibraccedilotildees
Natildeo demanda energia
Baixo custo
Baixo consumo de poliacutemeros
A exposiccedilatildeo prolongada ao sol pode promover a remoccedilatildeo de organismos
patogecircnicos (VAN HAANDEL amp LETTINGA 1994)
Entretanto tambeacutem possui desvantagens sendo elas
Demanda tempo elevado para remoccedilatildeo da torta seca
Necessitam de que o lodo esteja estabilizado
Eacute sujeito agraves variaccedilotildees climaacuteticas
A remoccedilatildeo do lodo eacute trabalhosa
Demanda grande aacuterea
Considerando que a aacuterea especiacutefica requerida para leitos de secagem (Ae) pode
ser calculada em funccedilatildeo1 da quantidade de lodo digerido produzido na ETE (Q) - que eacute
funccedilatildeo da produccedilatildeo de lodo fresco (1 L pessoadia-1) e do coeficiente de reduccedilatildeo de
volume por digestatildeo (025) (Q = 025) da espessura da camada de lodo aplicado em
cada ciclo (e = 045 m) e do nuacutemero de ciclos de secagem por ano (nc = 15 ciclosano)
1 Valores sugeridos pela NBR 72291993
19
Calculando-se pela formula
Pode-se estimar uma aacuterea meacutedia de 0014 msup2hab-1 (para lodos anaeroacutebios de
origem domeacutestica) (NBR 72291993 MORTARA 2011)
Um dos poucos trabalhos que estudaram os leitos de secagem em bancada foi
produzido por van Haandel amp Lettinga (1994) que realizaram uma investigaccedilatildeo
experimental semelhante a presente pesquisa No entanto os resultados natildeo satildeo
diretamente comparaacuteveis uma vez que os autores estudaram o tempo necessaacuterio para
obtenccedilatildeo de uma determinada umidade para diferentes cargas de soacutelidos Aleacutem disso
separou-se os processos de percolaccedilatildeo e evaporaccedilatildeo de modo que o experimento foi
feito em duas etapas na primeira utilizaram tubos de PVC de 10 m de comprimento e
020 m de diacircmetro adicionando-se aos tubos camadas de cascalho estratificado de 1
a 18rdquo (brita meacutedia) e areia meacutedia ambas com espessura de 020 m cada O lodo
utilizado foi proveniente de RAFA e foi inserido nos tubos sendo que estes foram
cobertos para evitar a evaporaccedilatildeo
Apoacutes esta fase o lodo era removido dos tubos e colocado em aneacuteis de 0040 m de
comprimento e 0050 m de diacircmetro dispostos em colunas que ficavam ao ar livre para
avaliar-se a evaporaccedilatildeo que era realizada por diferenccedila de massa observada
diariamente ateacute que se estabelecesse massa constante A perda de massa era
acompanhada por perda de volume de lodo e para facilitar a evaporaccedilatildeo sempre que
o lodo atingia niacutevel mais baixo ao niacutevel superior do tubo o anel imediatamente acima
era retirado sendo a evaporaccedilatildeo natildeo limitada pela difusatildeo de vapor de aacutegua no tubo
Tambeacutem realizou-se testes de evaporaccedilatildeo com aacutegua pura
Os autores concluiacuteram que a concentraccedilatildeo inicial de ST no lodo natildeo teve influecircncia
mensuraacutevel sobre o tempo necessaacuterio para a percolaccedilatildeo da aacutegua ou sobre a
concentraccedilatildeo final de ST no lodo Em contraste cargas de soacutelidos diferentes tiveram
tempos de percolaccedilatildeo diferentes Outrossim grande parte da aacutegua no lodo eacute livre e eacute
removida no periacuteodo de percolaccedilatildeo que eacute relativamente curto Entretanto periacuteodos
elevados de evaporaccedilatildeo satildeo necessaacuterios para obtenccedilatildeo de altos valores de ST nas
20
tortas secas Ademais a produtividade do leito de secagem (massa de soacutelidos
processados por unidade de aacuterea do leito e por unidade de tempo) eacute muito influenciada
pela fraccedilatildeo de soacutelidos que se deseja no lodo apoacutes a secagem A produtividade para
lodo com relativamente muito aacutegua (umidade de 60 a 70) eacute mais que o dobro daquela
para lodo com pouca aacutegua (umidade de 20 a 30)
Cofie et al (2006) realizaram estudo com leito de secagem em escala real em
Ghana e monitoraram oito ciclos de secagem por dez meses O leito de secagem era
composto por uma camada de 015 m de areia fina e duas camadas de brita a primeira
de tipo 1 tinha 010 m de espessura e a segunda de tipo 2 tinha espessura de 015 m
O leito tinha aacuterea de 25 msup2 e capacidade de 15 msup3 de lodo com espessura de 030 m
Um terccedilo do lodo foi proveniente de sanitaacuterios puacuteblicos e o restante de tanques
seacutepticos tendo baixa concentraccedilatildeo de soacutelidos cerca de 3 A carga aplicada de
soacutelidos utilizada foi de 196 a 321 kg msup2 e quando seco era retirado manualmente O
teor de soacutelidos da torta seca foi em meacutedia de 3045 os STV de 71 e o tempo de
desaguamento variou de 7 a 59 dias
Os pesquisadores atribuem essa grande variaccedilatildeo a alguns fatores (i) ao
incremento de aacutegua no lodo causado pela chuva (ii) o entupimento da areia que
diminuiu a capacidade de percolaccedilatildeo da aacutegua livre do lodo e (iii) ao tipo de lodo
utilizado que apesar da parcela oriunda de tanque seacuteptico estar bem digerida a porccedilatildeo
proveniente de sanitaacuterios puacuteblicos apresentava grande quantidade de mateacuteria orgacircnica
tornando esse lodo pouco digerido e improacuteprio para o desaguamento nesse tipo de
leito
Mortara (2011) estudou a utilizaccedilatildeo de leitos de drenagem como alternativa aos
leitos de secagem Estes primeiros se diferenciam por substituiacuterem a camada de areia
por uma com manta geossinteacutetica e terem reduzida a altura de camada de brita (que
passa a ser somente uma camada de brita nordm 1 ou 2 de 005 a 010 m de espessura)
Essa mudanccedila proporcionou aumento da taxa de retirada da aacutegua livre e portanto
reduccedilatildeo do tempo de drenagem Aleacutem disso o autor cita que a massa de lodo seco
retirada foi menor assim como o trabalho para sua retirada e a estrutura para
21
armazenar o material ateacute sua disposiccedilatildeo final foram menores quando comparados ao
leito de secagem
35 Condicionamento do lodo
O condicionamento eacute um processo que melhora as caracteriacutesticas do lodo com
vistas a processaacute-lo de forma mais eficiente e mais raacutepida jaacute que o lodo geralmente
natildeo eacute facilmente manipulaacutevel Faz-se entatildeo necessaacuterio seu condicionamento para
facilitar o espessamento desaguamento e secagem O condicionamento do lodo pode
se dar por diversos meacutetodos que vatildeo desde a separaccedilatildeo de partiacuteculas soacutelidas das
moleacuteculas de aacutegua (processos fiacutesicos) ateacute a oxidaccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (processos
quiacutemicos) (AMUDA et al 2008)
Alguns exemplos de processos fiacutesicos empregados satildeo o congelamento do lodo
que proporciona a separaccedilatildeo de parte da aacutegua presente das partiacuteculas soacutelidas (AMUDA
et al 2008) a hidroacutelise teacutermica que permite a liberaccedilatildeo da aacutegua ligada fiacutesico-
quimicamente em temperaturas acima de 100degC o tratamento ultrassocircnico que tambeacutem
pode ser quiacutemico que em ambos os casos causa ruptura da estrutura celular e dos
flocos de micro-organismos atraveacutes do uso de baixas ou altas frequecircncias por processo
de cavitaccedilatildeo ou de reaccedilotildees quiacutemicas (CARREgraveRE et al 2010) A eletrodesidrataccedilatildeo
tambeacutem conhecida como desidrataccedilatildeo assistida por campo eleacutetrico consiste na
aplicaccedilatildeo de um campo eleacutetrico que atrai as partiacuteculas de aacutegua eletricamente
carregadas rompendo as ligaccedilotildees com as partiacuteculas soacutelidas do lodo (MAHMOUD et al
2010)
Um outro exemplo de condicionamento eacute a destruiccedilatildeo bioloacutegica celular atraveacutes da
aplicaccedilatildeo de fortes oxidantes quiacutemicos promove a desintegraccedilatildeo bioloacutegica da mateacuteria
orgacircnica do lodo a CO2 e aacutegua e consequentemente reduz o volume do lodo (AMUDA
et al 2008)
A alternativa de condicionamento mais comum nas ETE eacute a utilizaccedilatildeo sais
inorgacircnicos e de poliacutemeros orgacircnicos Satildeo empregados tradicionalmente produtos jaacute
22
utilizados no tratamento de aacutegua e esgoto condicionantes inorgacircnicos como cloreto
feacuterrico sulfato de alumiacutenio e a cal (AMUDA et al 2008 METCALF amp EDDY 1991) A
desvantagem na utilizaccedilatildeo destes eacute o aumento do teor de soacutelidos de 20 a 30 no lodo
enquanto que a utilizaccedilatildeo de poliacutemeros orgacircnicos natildeo aumenta significativamente
(METCALF amp EDDY 1991) A escolha e utilizaccedilatildeo de condicionantes inorgacircnicos ou
orgacircnicos deve ser baseada em estudos teacutecnicos e econocircmicos (MORTARA 2011)
Os condicionantes orgacircnicos atuam como coagulantes formando pontes quiacutemicas
entre o poliacutemero e as partiacuteculas coloidais presentes no lodo que satildeo adsorvidas pelas
diversas cadeias de monocircmeros do poliacutemero agregando-se em flocos densos passiacuteveis
de serem removidos por filtraccedilatildeo sedimentaccedilatildeo ou flotaccedilatildeo (LIBAcircNIO 2005) Sua
aplicaccedilatildeo em dosagem correta acelera o processo de desaguamento e aumenta o teor
de soacutelidos da torta seca (WPCFM 1988)
A adiccedilatildeo de poliacutemeros ocorre antes da etapa de desaguamento e podem reduzir a
umidade de entrada de 90 a 99 para 65 a 85 dependendo das caracteriacutesticas dos
soacutelidos a serem tratados (METCALF amp EDDY 1991 WPCFM 1988)
Os poliacutemeros podem ser classificados de acordo com a sua carga eleacutetrica em
catiocircnicos aniocircnicos natildeo-iocircnicos e anfoliacuteticos e quanto a sua origem sinteacutetica ou
natural Libacircnio (2005) destaca duas vantagens no uso especiacutefico de poliacutemeros
catiocircnicos de menor peso molecular que se aplicam ao tratamento de lodo de esgoto
Satildeo elas (i) reduccedilatildeo do volume do lodo gerado (ii) maior facilidade de desidrataccedilatildeo do
lodo gerado comparada aos sais de ferro e alumiacutenio
Mortara (2011) realizou ensaios com poliacutemeros sinteacuteticos em lodo de ETE analisou
18 poliacutemeros catiocircnicos 15 soacutelidos e 3 em emulsatildeo associados a um leito de
drenagem no condicionamento do lodo anaeroacutebio Atraveacutes de testes em laboratoacuterio e
em escala piloto constatou que quase todos os poliacutemeros soacutelidos testados produziram
lodos mais facilmente desaguaacuteveis com dosagens relativamente baixas cerca de 2 gkg
de ST-1 enquanto que os poliacutemeros em emulsatildeo tinham dosagens oacutetimas maiores
23
cerca de 6 gkg-1 Tambeacutem se verificou que o condicionamento quiacutemico propiciou maior
drenagem da aacutegua quando comparado ao lodo natildeo condicionado Entretanto natildeo
influenciou a evaporaccedilatildeo e consequentemente os tempos de ciclo de secagem uma
vez que o teor de soacutelidos do lodo sem condicionamento apresentou evoluccedilatildeo
semelhante a dos lodos condicionados ao longo do periacuteodo de secagem
Contudo segundo Abreu Lima (2007) os poliacutemeros sinteacuteticos podem ser
contaminados no processo de produccedilatildeo ou ainda gerar subprodutos (monocircmeros) de
risco agrave sauacutede dos consumidores Uma alternativa a esses condicionantes seria o
emprego de poliacutemeros oriundos de fontes naturais como as plantas e substacircncias
retiradas de animais
Ainda que estes riscos preocupem mais as Estaccedilotildees de Tratamento de Aacutegua (ETA)
jaacute que afetam diretamente a aacutegua captada para abastecimento humano a atenccedilatildeo
deve-se dar no tratamento de esgoto e no gerenciamento do lodo tambeacutem
Considerando que a aacutegua drenada do lodo retorna ao sistema de tratamento e que
esse efluente tratado eacute lanccedilado em um corpo hiacutedrico que posteriormente pode servir
como manancial
Diversos estudos tecircm utilizado poliacutemeros naturais como auxiliares da floculaccedilatildeo no
tratamento de aacutegua e esgoto Visto que natildeo apresentam riscos agrave sauacutede a longo prazo e
por serem fonte de alimentaccedilatildeo humana em sua maioria De acordo com Di Bernardo
(2005) a utilizaccedilatildeo destes poliacutemeros permite um aumento da velocidade de
sedimentaccedilatildeo dos flocos reduccedilatildeo da accedilatildeo das forccedilas de cisalhamento nos flocos
durante a veiculaccedilatildeo da aacutegua floculada e uma dosagem menor do coagulante primaacuterio
quando estes satildeo sais de alumiacutenio ou ferro
Borba (2001) Arantes Ribeiro amp Paterniani (2012) e Di Bernardo (2005) citam
como exemplo de fonte destes compostos a mandioca (Manihot esculenta) a batata
(Solanum tuberosum L) a quitosana o tanino o quiabo (Abelmoschus esculentus) o
milho (Zea mays) e a moringa (Moringa oleiacutefera)
24
Dentre os poliacutemeros naturais os mais utilizados satildeo os amidos (DI BERNARDO
2005 LIBAcircNIO 2005) O milho a batata a mandioca e o trigo satildeo os alimentos
produzidos em larga escala que mais possuem amido podendo variar a quantidade em
funccedilatildeo da idade do solo da variedade da espeacutecie e do clima
A facilidade de obtenccedilatildeo do poliacutemero o custo e a simplicidade metodoloacutegica do
preparo satildeo fatores importantes para a seleccedilatildeo em trabalhos direcionados agraves
comunidades rurais Dos poliacutemeros pesquisados os originaacuterios da mandioca moringa e
quiabo foram os que mais se adequaram a estes criteacuterios baseando-se em Dantas amp Di
Bernardo (2000) Muyibi et al (2001) e Abreu Lima (2007)
A mandioca (Manihot esculenta) eacute originaacuteria da Ameacuterica do Sul e eacute comum nas
regiotildees tropicais da Aacutefrica e Aacutesia sendo uma importante fonte de alimentaccedilatildeo da
populaccedilatildeo mais pobre e eacute rica em amido Dantas amp Di Bernardo (2000) estudaram o
potencial do amido catiocircnico da mandioca como auxiliar de floculaccedilatildeo no tratamento de
aacuteguas para abastecimento Os resultados obtidos indicaram que este poliacutemero natural
pode ser utilizado em substituiccedilatildeo dos poliacutemeros sinteacuteticos auxiliares de floculaccedilatildeo Natildeo
foram encontradas referecircncias sobre a utilizaccedilatildeo de amido de mandioca em tratamento
de esgoto ou condicionamento de lodo de esgoto
A moringa (Moringa oleifera) eacute provavelmente o poliacutemero natural mais conhecido no
mundo eacute nativa do continente africano presente tambeacutem nas Ameacutericas e Aacutesia Mais
utilizada no tratamento de aacutegua como coagulante tambeacutem satildeo encontradas aplicaccedilotildees
no tratamento de esgoto incluindo efluentes industriais e no lodo de esgoto
Bhuptawat Folkard amp Chaudhari (2006) verificaram o potencial de aplicaccedilatildeo da
moringa no tratamento de esgoto domeacutestico em escala piloto na Iacutendia e obtiveram
64 de remoccedilatildeo de DQO combinando 100 mgL-1 de Moringa oleifera e 10 mgL-1 de
sulfato de alumiacutenio
No tocante agrave utilizaccedilatildeo de moringa no lodo pesquisas realizadas por Muyibi et al
(2001) na Iacutendia e Ademiluyi (1988) Nigeacuteria indicaram seu potencial como
25
condicionante quiacutemico do lodo de esgoto diminuindo a resistecircncia agrave filtraccedilatildeo Muyibi et
al (2001) testaram a soluccedilatildeo da semente de moringa sem casca o poacute seco da
semente sem casca e o oacuteleo da semente de moringa em lodo proveniente de uma
estaccedilatildeo de tratamento de esgoto A dosagem foi determinada por dois meacutetodos (i)
reduccedilatildeo de volume do lodo em teste de jarros (apoacutes 30 min de sedimentaccedilatildeo) e (ii)
resistecircncia especiacutefica do lodo
No primeiro meacutetodo as dosagens oacutetimas encontradas foram de 4750 4000 e 6000
mgL-1 para a soluccedilatildeo de moringa sem casca oacuteleo e poacute seco respectivamente
Chegando a reduccedilatildeo maacutexima de 26 19 e 26 vezes o volume inicial do lodo para a
soluccedilatildeo de moringa sem casca oacuteleo e poacute seco respectivamente Esses resultados
indicam o potencial da moringa em decantadores ou outras unidades de tratamento que
retenham lodo por certo tempo
No segundo teste realizado empregou-se somente a soluccedilatildeo de moringa sem
casca e o oacuteleo e a soluccedilatildeo com oacuteleo teve melhor resultado com dosagem de 4000
mgL-1 enquanto que para a soluccedilatildeo de moringa sem casca foi de 4500 mgL-1 A razatildeo
para esses resultados ligeiramente controversos ainda eacute desconhecida mas os
pesquisadores acreditam que a remoccedilatildeo do oacuteleo da semente possa produzir flocos
mais leves o que favoreceria a filtraccedilatildeo Aleacutem disso por ter baixo peso molecular e ser
um poliacutemero catiocircnico os flocos formados satildeo leves pequenos e reteacutem menos a fraccedilatildeo
de aacutegua ligada fiacutesico-quimicamente agraves partiacuteculas soacutelidas do lodo indicando a
possibilidade da reduccedilatildeo da aacuterea dos leitos de secagem convencionais Poreacutem ainda
satildeo necessaacuterias pesquisas aprofundadas sobre a questatildeo
O uso de moringa no lodo foi comparado aos sais de alumiacutenio e ferro por Ademiluyi
(1988) A amostra de lodo utilizada foi coletada no tanque de sedimentaccedilatildeo da ETE da
Universidade da Nigeacuteria que trata esgoto domeacutestico A sensibilidade relativa do lodo
aos poliacutemeros mostrou que o lodo proveniente de esgoto domeacutestico tem menor
sensibilidade a moringa do que ao sulfato de alumiacutenio e cloreto feacuterrico Aleacutem disso a
concentraccedilatildeo de moringa foi menor no liquido filtrado do que os sais metaacutelicos o que
26
pode ser vantajoso em Estaccedilotildees de Tratamento de Esgoto Poreacutem as dosagens oacutetimas
encontradas foram mais altas para a moringa do que para os sais metaacutelicos 215 17 e
17 gL-1 para a moringa sulfato de alumiacutenio e cloreto feacuterrico respectivamente
Entretanto o baixo custo e o fato da moringa ser um poliacutemero natural a tornam
aplicaacutevel como condicionante do lodo
Outro poliacutemero natural potencialmente condicionante do lodo eacute o quiabo
(Abelmoschus esculentus) que tem origem na Aacutefrica mas eacute produzido em todo o globo
sendo conhecido por suas propriedades nutritivas
Anastasakis Kalderis amp Diamadopoulos (2009) estudaram o quiabo como floculante
no tratamento de esgoto utilizando como coagulante o sulfato de alumiacutenio Foi
realizada a mucilagem do quiabo para a extraccedilatildeo do oacuteleo e a dosagem oacutetima foi obtida
atraveacutes do teste de jarros Como amostras de esgoto foram utilizadas esgoto sinteacutetico e
um efluente biologicamente tratado O estudo comprovou as propriedades floculantes
do quiabo No esgoto sinteacutetico em sua dosagem oacutetima de 0005 g L-1 removeu 93 96 e
97 de turbidez depois de 10 20 e 30 minutos do tempo de sedimentaccedilatildeo
respectivamente Isso representou uma adiccedilatildeo de 25 9 e 10 de remoccedilatildeo da turbidez
quando se utilizou somente sulfato de alumiacutenio em 10 20 e 30 minutos
respectivamente
No efluente biologicamente tratado a dosagem oacutetima para 10 minutos foi de 0020
gL-1 com remoccedilatildeo 70 da turbidez Para os tempos de sedimentaccedilatildeo de 20 e 30
minutos a dosagem foi menor (00025 gL-1) alcanccedilando a reduccedilatildeo de 71 e 74 de
turbidez Incrementando em 19 10 e 10 a remoccedilatildeo de turbidez utilizando-se somente
de sulfato de alumiacutenio
Abreu Lima (2007) realizou testes com o quiabo verde e maduro e constatou que o
fruto maduro possui melhores propriedades coagulantes que o fruto verde fato positivo
jaacute que o quiabo maduro eacute rejeitado pelo consumidor e torna-se um resiacuteduo O autor
tambeacutem comparou as teacutecnicas de aplicaccedilatildeo do poliacutemero a utilizaccedilatildeo do oacuteleo extraiacutedo
27
atraveacutes da mucilagem e a pulverizaccedilatildeo apoacutes a moagem do quiabo Concluindo que a
segunda teacutecnica a forma mais simples de aplicaccedilatildeo proporcionou resultados positivos
no tratamento de aacutegua e esgoto
36 Pavimento permeaacutevel
Aleacutem da aplicaccedilatildeo de poliacutemeros a utilizaccedilatildeo de pisos drenantes como constituintes
do leito de secagem pode otimizar o desaguamento do lodo de esgoto Constitui-se em
alternativa simples e de baixo custo para ETE de pequeno porte localizadas em
comunidades rurais Aleacutem disso a utilizaccedilatildeo de poliacutemeros naturais melhoraria a
qualidade da torta seca em termos de nutrientes aspecto positivo para a aplicaccedilatildeo de
lodo na agricultura como alternativa agrave adubaccedilatildeo quiacutemica
Os pavimentos permeaacuteveis satildeo utilizados haacute mais de trecircs deacutecadas nos Estados
Unidos da Ameacuterica e na Inglaterra e Alemanha (PRISMA 2013) como controle
estrutural alternativo de drenagem urbana e fazem parte do conjunto de teacutecnicas
intitulado de Best manegement practices (BMP) pela agecircncia ambiental norte-
americana Enviromental Protection Agency (USEPA) criado na deacutecada de 1980 que
tem como objetivo resolver os problemas de drenagem na proacutepria bacia
Essas teacutecnicas incluem construccedilatildeo de estruturas fiacutesicas para armazenamento e
infiltraccedilatildeo do escoamento como reservatoacuterios trincheiras de infiltraccedilatildeo e pavimentos
permeaacuteveis na tentativa de compensar os impactos negativos da grande
impermeabilizaccedilatildeo do solo causada pela urbanizaccedilatildeo (CRUZ SOUZA amp TUCCI 2007)
Estes uacuteltimos por possuiacuterem espaccedilos livres na sua estrutura permitem que aacutegua
e ar o atravessem e satildeo geralmente empregados em via de pedestres e veiacuteculos e
estacionamentos para auxiliar na drenagem urbana (MARCHIONI amp SILVA 2010)
No Brasil estes pavimentos foram introduzidos recentemente e em 2006 a
Prefeitura Municipal de Porto Alegre publicou o Decreto Nordm153712006 que
regulamenta as medidas de controle de drenagem urbana aponta como alternativa
28
para reduccedilatildeo de aacutereas impermeaacuteveis em terrenos com aacutereas inferiores a 100 ha a
utilizaccedilatildeo de pavimentos permeaacuteveis abatendo 50 da aacuterea impermeaacutevel do terreno
(CRUZ SOUZA amp TUCCI 2007) A Figura 4 mostra a sua utilizaccedilatildeo no Brasil
Figura 4 - Exemplo de aplicaccedilatildeo de pavimento permeaacutevel em estacionamento
FONTE MARCHIONI amp SILVA (2010)
Estes pavimentos podem ser fabricados com areia pedregulho argila expandida
fibra de coco cimento e poacute de pedra e estaacute em curso a normatizaccedilatildeo pela Associaccedilatildeo
Brasileira de Normas Teacutecnicas para a fabricaccedilatildeo destes pisos A produccedilatildeo deste tipo
de piso estaacute se disseminando no paiacutes e sua utilizaccedilatildeo poderia permitir a reduccedilatildeo da
aacuterea do leito Uma vez que o lodo pode ser drenado em cerca de metade da aacuterea
superficial enquanto que ao se empregar o leito de secagem tradicionalmente sugerido
pela NBR 122091992 a infiltraccedilatildeo somente ocorre entre os vatildeos dos tijolos onde estaacute
presente a areia (ABNT 1992)
29
4 METODOLOGIA
O trabalho foi desenvolvido nos Laboratoacuterios de Estrutura (LES) Materiais da
Construccedilatildeo (LMC) Protoacutetipos (LABPRO) Reuso (LABREUSO) e Saneamento
(LABSAN) pertencentes agrave Faculdade de Engenharia Civil Arquitetura e Urbanismo da
Universidade Estadual de Campinas
41 Pavimento permeaacutevel
O pavimento permeaacutevel foi fornecido pela empresa Villa Stone Comeacutercio e
Induacutestria de Materiais Baacutesicos para Construccedilatildeo Limitada localizada no distrito de Baratildeo
Geraldo Campinas (SP)
Os pavimentos permeaacuteveis utilizados na pesquisa satildeo compostos de pedrisco de
basalto e cimento na proporccedilatildeo de 80 e 20 respectivamente As amostras utilizadas
tecircm aproximadamente 006 m de altura e foram cortados em diacircmetro igual a 010 m
com o emprego de uma extratora de corpo de prova como mostram as Figuras 5 e 6
Figura 5 - Pavimento permeaacutevel utilizado no projeto
30
Figura 6 - Extratora de corpo de prova utilizada para o corte do pavimento utilizado na pesquisa
A caracterizaccedilatildeo destes pisos drenantes foi realizada com a determinaccedilatildeo das
dimensotildees massa volume de vazios e taxa de infiltraccedilatildeo conforme apresentados a
seguir
Dimensotildees e massa As dimensotildees foram mensuradas com o uso de paquiacutemetro
e a massa com uso de balanccedila semi analiacutetica A altura diacircmetro e massa meacutedia das
peccedilas de pavimento cortadas foi de 0006 m 01 m e 0695 kg respectivamente
Iacutendice de vazios A metodologia adotada baseou-se na norma NBR NM 532009
de Determinaccedilatildeo de massa especiacutefica massa especiacutefica aparente e absorccedilatildeo de aacutegua
de agregados grauacutedos e na norma NBR 108381988 de Solo - Determinaccedilatildeo da massa
especiacutefica aparente de amostras indeformadas com emprego de balanccedila hidrostaacutetica -
Meacutetodo de ensaio O iacutendice de vazios meacutedio foi de 043 e a porosidade de 2975
31
Taxa de infiltraccedilatildeo A forma de determinaccedilatildeo seraacute apresentada no subitem 45
42 Lodo
Coletou-se aproximadamente 200 L de lodo de tanques seacutepticos Cerca de 70 L
de lodo utilizado foram coletados no mecircs de abril de 2013 provenientes de um tanque
seacuteptico operado pela Companhia de Saneamento Baacutesico do Estado de Satildeo Paulo
(SABESP) Sendo um tanque seacuteptico de cacircmara uacutenica com capacidade de
aproximadamente 40 msup3 e atende cerca de 500 famiacutelias no municiacutepio de Satildeo Miguel
Arcanjo ndash SP Ao longo dos 20 anos de operaccedilatildeo desta pequena estaccedilatildeo nunca havia
sido feita a retirada de lodo
Devido a dificuldades com o transporte e a distacircncia entre este tanque seacuteptico e
a universidade natildeo foi possiacutevel coletar a quantidade necessaacuteria utilizada no projeto A
quantidade restante foi entatildeo fornecida pela Sociedade de Abastecimento de Aacutegua e
Esgoto SA (SANASA) O lodo foi retirado do tanque seacuteptico da Estaccedilatildeo de Tratamento
de Esgoto Bandeirantes situada no municiacutepio de Campinas cujo tratamento se daacute por
tanques seacutepticos seguidos de filtro anaeroacutebio A coleta de lodo foi realizada no mecircs de
maio de 2013 Ao contraacuterio do lodo disponibilizado pela SABESP o montante de lodo
retirado desta ETE ainda natildeo estava estabilizado por ter pouca idade e ter sido
realizada uma grande retirada do lodo do tanque cerca de um mecircs antes da data da
coleta Desde entatildeo as aliacutequotas de lodo coletadas foram misturadas e armazenadas
numa caixa drsquoaacutegua de 500 L no Laboratoacuterio de Protoacutetipos
A caracterizaccedilatildeo do lodo foi feita no Laboratoacuterio de Saneamento (LABSAN)
sendo baseada nos seguintes paracircmetros tempo de succcedilatildeo capilar soacutelidos totais
soacutelidos suspensos totais soacutelidos suspensos fixos e volaacuteteis pH e alcalinidade Essa
caracterizaccedilatildeo foi realizada anteriormente a execuccedilatildeo de cada uma das seacuteries
32
Para a dosagem dos poliacutemeros Metcalf amp Eddy (1991) relatam que deve ser
realizada em laboratoacuterio considerando a origem do lodo a sua idade o pH a
alcalinidade e a concentraccedilatildeo de soacutelidos bem como o meacutetodo de desaguamento a ser
utilizado e recomenda a utilizaccedilatildeo do teste de filtraccedilatildeo a vaacutecuo para caacutelculo da
dosagem
Todas as anaacutelises para caracterizaccedilatildeo do lodo foram baseadas no Standard
Methods for the Examination of Water and Wastewater (APHA 2012)
Para a anaacutelise do teor de soacutelidos da torta seca dos sistemas homogeneizou-se
inicialmente a torta obtida de cada sistema utilizando-se uma aliacutequota de
aproximadamente 0005 kg que foi pesada em balanccedila analiacutetica jaacute na caacutepsula A
amostra entatildeo foi deixada por no miacutenimo 12h em estufa a 100ordmC para obtenccedilatildeo dos
Soacutelidos Totais Para os Soacutelidos Totais Fixos e Volaacuteteis a metodologia foi adaptada para
evitar emissatildeo de fumaccedila devido agrave alta fraccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica presente no lodo
Para isso a amostra natildeo foi colocada na mufla diretamente a 550degC A temperatura foi
escalonada mantendo-se inicialmente a 200ordmC por 30 minutos elevando-se a
temperatura para 300ordmC por mais 30 minutos e entatildeo elevando-se a temperatura para
550degC por mais 1 hora Tambeacutem evitou-se colocar na mufla massas maiores que 0015
kg de lodo seco pois acima desta quantidade verificou-se emissatildeo de fumaccedila
Teste de Jarros Embora natildeo forneccedila dados quantitativos sobre a capacidade
dos poliacutemeros no condicionamento do lodo produz informaccedilatildeo qualitativa (quanto a
formaccedilatildeo de flocos) de forma raacutepida (WPCFM 1988) Por esta razatildeo o teste foi
utilizado para preparo da soluccedilatildeo estoque dos poliacutemeros e para o condicionamento do
lodo para a anaacutelise das dosagens oacutetimas (WPCFM 1988 MORTARA 2011) A Figura 7
ilustra a utilizaccedilatildeo deste meacutetodo no condicionamento do lodo
33
Figura 7 - Teste de jarros para dosagem oacutetima de poliacutemero
Tempo de Succcedilatildeo Capilar conhecido como CST - sua sigla na liacutengua inglesa
para Capillary Suction Time - eacute um dos meacutetodos mais utilizados em pesquisas sobre o
desaguamento do lodo Eacute um teste empiacuterico que auxilia na determinaccedilatildeo da dosagem
oacutetima de poliacutemeros sendo indicado por Vesilind (1988) WPCFM (1988) Metcalf amp
Eddy (1991) Andreoli von Sperling amp Fernandes (2001) Andreoli (2009) e APHA et al
(2012) Apesar do inconveniente de trabalhar com pequenos volumes acarretando na
seleccedilatildeo de uma fase do efluente clarificado e de flocos quando o lodo eacute condicionado
organicamente Ruiz Kaosol amp Wisniewsk (2010) afirmam que o teste ainda estaacute entre
as teacutecnicas mais utilizadas para definiccedilatildeo da filtrabilidade do lodo Algumas destas
razotildees eacute a rapidez e simplicidade na realizaccedilatildeo pois determina em segundos quanto
tempo a aacutegua presente no lodo leva para percorrer um meio poroso atraveacutes de um
equipamento utilizando-se uma pequena quantidade de amostra
Jin Wileacuten amp Lant (2003) verificaram uma boa relaccedilatildeo estatiacutestica entre os valores
de CST e EPS e relacionaram altos valores de floculabilidade hidrofobicidade cargas
negativas das superfiacutecies e viscosidade agrave grande quantidade de aacutegua fiacutesico-
quimicamente ligada e longos CST Contudo constataram que as caracteriacutesticas
morfoloacutegicas determinadas como o tamanho dos flocos dimensatildeo fractal e iacutendice de
34
filamento tecircm estatisticamente fracas correlaccedilotildees com a quantidade de aacutegua ligada
fiacutesico-quimicamente e o tempo do CST
Como ilustra a Figura 8 o teste eacute realizado em um aparelho denominado CST
(Capilary Succcedilatildeo Time) que consiste em duas placas de acriacutelico um cilindro metaacutelico
um filtro de papel trecircs contatos eleacutetricos fixados em dois ciacuterculos concecircntricos que
circundam uma abertura circular no meio da placa e um cronocircmetro
O papel eacute colocado entre as duas placas de acriacutelico e o cilindro metaacutelico eacute
encaixado na abertura circular O teste eacute feito com 68 mL de lodo colocado dentro do
cilindro A aacutegua contida no lodo atravessa o filtro de papel cromatograacutefico (Whatman n
17 tamanho 7 x 9 cm) Apoacutes percorrer 08 cm a aacutegua chega ao ciacuterculo interno que
conteacutem dois dos contatos eleacutetricos dispara-se o cronocircmetro quando a aacutegua percorre
mais 07 cm chegando ao ciacuterculo externo o terceiro contato eleacutetrico para a contagem
do tempo (VESILIND 1988) A Tabela 2 indica os meacutetodos utilizados para anaacutelise do
lodo
Tabela 2 - Meacutetodos utilizados na anaacutelise do lodo
Paracircmetro Meacutetodo Soacutelidos Totais Standard Methods 20 2540
Soacutelidos Suspensos Totais Standard Methods 20 2540 Alcalinidade Standard Methods 20 2320 B
pH Standard Methods 20 4500 B Teste de Succcedilatildeo Capilar Standard Methods 20 2710 G
35
Figura 8 - Aparelho utilizado para aferir o Tempo de Succcedilatildeo Capilar (Capilary Suction Time)
43 Poliacutemeros
Na pesquisa estudou-se o efeito do uso de diferentes poliacutemeros naturais
(moringa mandioca e quiabo) e um sinteacutetico no desaguamento do lodo Ressalva-se
que foram elegidas metodologias simplificadas e de baixo custo cuja produccedilatildeo e
preparo podem se dar em ETE de pequeno porte localizadas em comunidades rurais
eou isoladas Os poliacutemeros sinteacutetico e os naturais oriundos da mandioca e do quiabo
foram aplicados em soluccedilatildeo aquosa e o poliacutemero da moringa foi aplicado em poacute
diretamente sobre o lodo As sementes de moringa foram obtidas do Campo
Experimental da Faculdade de Engenharia Agriacutecola ndash UNICAMP e da Coordenadoria de
Assistecircncia Teacutecnica Integral (CATI) de Pederneiras e Mariacutelia ambas localizadas no
estado de Satildeo Paulo O amido de mandioca eacute extraiacutedo das partes comestiacuteveis da
mandioca sendo conhecido comercialmente por feacutecula ou polvilho doce O quiabo
tambeacutem eacute disponiacutevel comercialmente e foi obtido na Central de Abastecimento SA
36
(CEASA) de Campinas e o poliacutemero sinteacutetico utilizado Superflocreg 8394 foi doado pela
empresa Kemira Os poliacutemeros foram preparados obedecendo os criteacuterios de
simplicidade e baixo custo utilizando as metodologias abaixo
Superflocreg 8394 Eacute uma poliacrilamida catiocircnica de baixo peso molecurar e pode
ser utilizada nas etapas de desaguamento de lodos e clarificaccedilatildeo das aacuteguas numa
ampla variedade de induacutestrias O preparo da soluccedilatildeo estoque foi feito na concentraccedilatildeo
maacutexima indicada pela empresa 05 no teste de jarros com agitaccedilatildeo de
aproximadamente 250 rpm - gradiente de velocidade2 (G) asymp 160 s-1 - por 60 minutos
com o objetivo de homogeneizar totalmente a soluccedilatildeo (KEMIRA [sd]) A soluccedilatildeo foi
aplicada no lodo em teste de jarros com agitaccedilatildeo inicial de 250 rpm por 10 s
diminuindo- se a velocidade para 100 rpm (Gasymp 64 s-1) por mais 5 min
Mandioca (Manihot esculenta Crantz) Para obtenccedilatildeo do poliacutemero da mandioca
seguiu-se as orientaccedilotildees de Dantas amp Di Bernardo (2000) que utilizaram amido de
mandioca catiocircnico waxy (um tipo de amido modificado) Segundo Di Bernardo (2005)
os gracircnulos de amido satildeo insoluacuteveis em aacutegua abaixo de 50degC Para tornaacute-los soluacuteveis
portanto eacute preciso aquecer a suspensatildeo de amido na aacutegua aleacutem da temperatura criacutetica
para que os gracircnulos absorvam a aacutegua e intumesccedilam formando uma pasta gelatinosa
Para obtenccedilatildeo deste amido a feacutecula da mandioca foi aquecida agrave temperatura de 80 plusmn
5degC com agitaccedilatildeo constante ateacute a formaccedilatildeo da pasta gelatinosa como ilustrado na
Figura 9 Preparou-se soluccedilatildeo estoque de 10 gL-1 e adicionou-se ao lodo em teste de
jarros com agitaccedilatildeo inicial de 250 rpm por 10 s diminuindo- se para 100 rpm por mais 5
min
2 Gradiente de velocidade calculado considerando a mesma viscosidade da aacutegua
37
Figura 9 - Preparo da soluccedilatildeo de poliacutemero produzida a partir da mandioca
Moringa (Moringa oleifera) Ilustrada na Figura 10 eacute um poliacutemero catiocircnico e sua
metodologia foi realizada adaptando-se a metodologia de Muyibi et al (2001) e Arantes
Ribeiro amp Paterniani (2012) Primeiramente as sementes foram descascadas e moiacutedas
para obtenccedilatildeo de um poacute sendo posteriormente homogeneizadas em peneira com
abertura de 0125 mm O poacute obtido foi utilizado diretamente sobre o lodo em teste de
jarros com agitaccedilatildeo inicial de 250 rpm por 10 s diminuindo- se a velocidade para 100
rpm por mais 5 min
38
Figura 10 - Semente de Moringa oleiacutefera
FONTE FEAGRI (2004)
Quiabo (Abelmoschus esculentus) Eacute um poliacutemero aniocircnico e adaptou-se a
metodologia apresentada por Abreu Lima (2007) que consiste no uso do fruto do
quiabo maduro e seco (rejeitado pelo consumidor) O processo consistiu na lavagem do
quiabo para remoccedilatildeo de resiacuteduos provenientes do solo exposiccedilatildeo ao sol ateacute a total
secagem dos frutos e moagem em um moedor eleacutetrico Adicionou-se aacutegua destilada ao
poacute que foi obtido nas peneiras de 0841 mm e 0149 mm nas concentraccedilotildees de 50 e 45
gL-1 respectivamente homogeneizando as soluccedilotildees em teste de jarros a 250 rpm ateacute
total dissoluccedilatildeo (cerca de 15 min para a primeira e 2h para a segunda) A primeira
soluccedilatildeo que possuiacutea partiacuteculas maiores do quiabo foi peneirada em funil de Buumlchner
para utilizaccedilatildeo somente da ldquobabardquo formada Essa praacutetica natildeo foi necessaacuteria para a
segunda soluccedilatildeo As duas soluccedilotildees foram adicionadas ao lodo em teste de jarros com
agitaccedilatildeo inicial de 250 rpm por 10 s diminuindo- se para 100 rpm por mais 5 min como
ilustra a Figura 11
39
Figura 11 - Preparo da soluccedilatildeo de poliacutemero produzida a partir do quiabo
44 Montagem dos leitos de secagem
Os sistemas foram montados em escala de bancada sendo que cada leito de
secagem a ser testado foi composto por um tubo de PVC com diacircmetro de 010 m Os
tubos foram acoplados atraveacutes de uma luva a uma reduccedilatildeo excecircntrica de 100 x 50 mm
cujo objetivo eacute facilitar o escoamento da aacutegua percolada minimizando possiacuteveis
perdas O pavimento permeaacutevel foi fixado na parte interna do tubo de PVC e
impermeabilizado no periacutemetro com veda calha impedindo a passagem de aacutegua ou
soacutelidos entre o pavimento e o tubo
Conforme pode ser visualizado na Figura 12 foram construiacutedas trecircs diferentes
composiccedilotildees para o leito de secagem Com o objetivo de evitar diferenccedilas na influecircncia
da evaporaccedilatildeo nos sistemas haacute uma mesma altura livre de 075 m na parte superior de
cada tubo
40
Figura 12 - Sistema de bancada de leito de secagem utilizado na pesquisa
a) Sistema convencional foi construiacutedo baseado nas orientaccedilotildees da
NBR122091992 Sobre o pavimento permeaacutevel foram adicionadas camadas de
aproximadamente 020 m de brita e 015 m de areia A norma prevecirc a utilizaccedilatildeo
de tijolos sobre a camada de brita entretanto desconsiderou-se o uso dos
mesmos devido ao fato de que a infiltraccedilatildeo somente ocorrer entre os vatildeos dos
tijolos onde estaacute presente a areia Neste caso o pavimento permeaacutevel cumpriu
unicamente a funccedilatildeo de sustentar o sistema impedindo o arraste da brita e da
areia para fora do conjunto natildeo interferindo na capacidade drenante do leito
b) Pavimento permeaacutevel O sistema foi composto somente com o pavimento
permeaacutevel
c) Pavimento permeaacutevel acrescido de camada de areia Sobre pavimento
permeaacutevel foi adicionada uma camada de 001 m de areia Neste conjunto foi
41
possiacutevel avaliar se a colocaccedilatildeo de fina camada de areia impediu o entupimento
dos poros do pavimento permeaacutevel pelo lodo
A areia utilizada foi classificada como meacutedia pelo procedimento da NBR NM
2482003 Possuindo diacircmetro efetivo D10 018mm coeficiente de desuniformidade
CD 318 e porosidade de 48
Foram construiacutedos quinze sistemas para a aplicaccedilatildeo do lodo com adiccedilatildeo dos
poliacutemeros separadamente A Tabela 3 ilustra os pavimentos equivalentes aos sistemas
pavimento permeaacutevel (P) pavimento permeaacutevel com adiccedilatildeo de areia (P+A) e
convencional (C)
Tabela 3 - Organizaccedilatildeo dos sistemas
Pavimentos Sistemas Poliacutemeros
1 P (1) Sem poliacutemero
2 P+A (1) Sem poliacutemero
3 C (1) Sem poliacutemero
4 P (2) Sinteacutetico
5 P+A (2) Sinteacutetico
6 C (2) Sinteacutetico
7 P (3) Mandioca
8 P+A (3) Mandioca
9 C (3) Mandioca
10 P (4) Moringa
11 P+A (4) Moringa
12 C (4) Moringa
13 P (5) Quiabo
14 P+A (5) Quiabo
15 C (5) Quiabo
Com o objetivo de evitar influecircncia da precipitaccedilatildeo os sistemas foram dispostos
em local coberto por telhas e cobertura plaacutestica que foi fixada atraacutes da bancada
Abaixo as Figuras 13 e 14 mostram a bancada de experimentaccedilatildeo
42
Figura 13 - Bancada experimental localizada no Laboratoacuterio de Protoacutetipos
Figura 14 - Detalhe dos sistemas em utilizaccedilatildeo na bancada experimental
43
45 Taxa de infiltraccedilatildeo
A taxa de infiltraccedilatildeo foi determinada a partir de testes realizados com cada
sistema O teste consistiu na manutenccedilatildeo de uma altura de coluna de aacutegua constante
sobre os leitos em estudo e com a coleta e mediccedilatildeo do volume de aacutegua percolada
atraveacutes do pavimento a cada 5 segundos3 Este teste foi feito em quintuplicata tendo-se
em vista a obtenccedilatildeo de um conjunto confiaacutevel de dados
Com o objetivo de avaliar a viabilidade da reutilizaccedilatildeo dos pavimentos apoacutes a sua
primeira utilizaccedilatildeo estes foram limpos com lavadora de alta pressatildeo para retirar
partiacuteculas residuais de lodo que restaram nos sistemas Depois da limpeza os
pavimentos foram submetidos a um novo teste de infiltraccedilatildeo Quando estes
apresentaram resultados significativamente inferiores ao primeiro teste foram
mergulhados em aacutegua com soluccedilatildeo detergente por uma semana com o propoacutesito de
dissolver oacuteleos e graxas possivelmente aderidos aos pavimentos Descartaram-se
aqueles que apresentaram taxas de infiltraccedilatildeo discrepantes para isso foi utilizado o
meacutetodo estatiacutestico de normalidade
Posteriormente foram calculadas as taxas de infiltraccedilatildeo dos sistemas
convencional e pavimento permeaacutevel acrescido de camada de areia obedecendo-se os
mesmos criteacuterios de validaccedilatildeo estatiacutestica
46 Avaliaccedilatildeo dos sistemas quanto ao desaguamento do lodo
Para anaacutelise da eficiecircncia do desaguamento nos sistemas foi comparado o
volume de lodo aplicado sobre os leitos e a aacutegua percolada de cada sistema ao longo
do tempo Para mensuraccedilatildeo do volume de aacutegua percolado colocou-se abaixo de cada
sistema um beacutequer que armazenou a aacutegua percolada No primeiro dia realizou-se um
monitoramento por 12 h sendo que o intervalo de tempo entre as coletas foi
significativamente menor nas primeiras horas devido ao desaguamento mais intenso
3 O tempo foi determinado em funccedilatildeo da capacidade de afericcedilatildeo da vazatildeo infiltrada de modo que tempos
maiores teriam infiltraccedilotildees aleacutem da capacidade de medida dos instrumentos utilizados no experimento
44
A avaliaccedilatildeo do desaguamento do lodo seria realizada na seguinte ordem Seacuterie
1 Sem adiccedilatildeo de poliacutemero Seacuterie 2 Adiccedilatildeo de poliacutemero sinteacutetico Seacuterie 3 Adiccedilatildeo de
poliacutemero extraiacutedo da Mandioca Seacuterie 4 Adiccedilatildeo de poliacutemero extraiacutedo da Moringa Seacuterie
5 Adiccedilatildeo de poliacutemero extraiacutedo do Quiabo como ilustrado na Tabela 4 As seacuteries foram
realizadas em triplicata
Tabela 4 - Avaliaccedilatildeo dos sistemas
Seacuterie Poliacutemero Sistema
Seacuterie 1 Sem adiccedilatildeo de poliacutemero
Pavimento permeaacutevel
Pavimento permeaacutevel + areia
Convencional
Seacuterie 2 Poliacutemero sinteacutetico
Pavimento permeaacutevel
Pavimento permeaacutevel + areia
Convencional
Seacuterie 3 Mandioca
Pavimento permeaacutevel
Pavimento permeaacutevel + areia
Convencional
Seacuterie 4 Moringa
Pavimento permeaacutevel
Pavimento permeaacutevel + areia
Convencional
Seacuterie 5 Quiabo
Pavimento permeaacutevel
Pavimento permeaacutevel + areia
Convencional
461 Avaliaccedilatildeo do desaguamento sem adiccedilatildeo de poliacutemero (Seacuterie 1)
Para a disposiccedilatildeo nos leitos de secagem utilizou-se volume de 20 L de lodo
para cada sistema em todas as seacuteries
45
462 Avaliaccedilatildeo do desaguamento com adiccedilatildeo de poliacutemeros (Seacuteries 2 a 5)
Para as amostras de lodo que tiveram adiccedilatildeo de poliacutemero foi utilizado o Teste de
Jarros para preparo da soluccedilatildeo estoque e condicionamento do lodo para a avaliaccedilatildeo da
dosagem e formaccedilatildeo de flocos Atraveacutes do CST determinou-se a dosagem oacutetima dos
poliacutemeros (Item 42) Apoacutes esta etapa obedeceu-se a mesma metodologia empregada
na dosagem isto eacute primeiramente o lodo foi condicionado com poliacutemero sendo entatildeo
aplicado nos sistemas
463 Sistema controle
Aleacutem dos sistemas com lodo utilizou-se um controle para aferir a quantidade de
aacutegua sujeita a evaporaccedilatildeo no local Este controle consistiu em uma coluna drsquoaacutegua feita
de tubo de PVC do mesmo modo em que o utilizado nos sistemas de desaguamento
permitindo a comparaccedilatildeo entre o volume de aacutegua inicial (2 L) e o restante apoacutes o tempo
despendido pelo desaguamento Para isso utilizou-se o princiacutepio dos vasos
comunicantes ilustrado na Figura 15
46
Figura 15 - Coluna drsquoaacutegua utilizada como controle na bancada experimental
464 Avaliaccedilatildeo do Lodo Desaguado
As amostras de torta seca foram retiradas quando os desaguamentos dos
sistemas cessaram Analisou-se o teor de umidade obtido em cada sistema expresso
pela anaacutelise de Soacutelidos Totais
47
5 RESULTADOS
51 Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas
O teste para determinaccedilatildeo da taxa de infiltraccedilatildeo foi realizado em todos os
pavimentos e nos sistemas de pavimento com adiccedilatildeo de areia e convencional
Primeiramente realizou-se os testes nos quinze pavimentos A meacutedia encontrada foi de
1144 mL plusmn 6229 e CV 005 (em 5 segundos de infiltraccedilatildeo) Verificou-se que as taxas de
infiltraccedilatildeo de aacutegua dos mesmos tinham indiacutecios de normalidade4 em seguida fez-se o
boxplot (Figura 34 Apecircndice B) e verificou-se a existecircncia de dois valores atiacutepicos (768
e 852 mL) por fim buscou-se confirmar se estes pontos apontados eram taxas de
infiltraccedilatildeo fora do padratildeo apresentado pelos demais pavimentos Observa-se que estes
dois pavimentos (2 e 14) foram utilizados em testes preliminares com o objetivo de
verificar a viabilidade do projeto Como seriam avaliados tambeacutem o pavimento
permeaacutevel com adiccedilatildeo de areia utilizou-se esses pavimentos nestes sistemas pois a
taxa de infiltraccedilatildeo neste caso eacute menor devido a esta camada de areia possibilitando
seu uso para este fim
A taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas pavimento permeaacutevel acrescido de areia e
convencional foram calculados do mesmo modo A meacutedia destes foi de 182 mL plusmn 209 e
CV 01 para o primeiro e de 526 mL plusmn1433 e CV 027 para o segundo
52 Caracterizaccedilatildeo do lodo bruto
Realizou-se caracterizaccedilatildeo do lodo durante o periacuteodo de agosto a fevereiro de
2014 Observou-se que o lodo sofreu perda de aacutegua deste periacuteodo devido agraves condiccedilotildees
de acondicionamento uma vez que recebeu forte insolaccedilatildeo e o recipiente em que
estava natildeo possuiacutea condiccedilotildees ideais de vedaccedilatildeo tendo possivelmente uma perda de
aacutegua livre por evaporaccedilatildeo elevando o valor de soacutelidos Para caracterizaccedilatildeo deste lodo
no entanto os valores obtidos de Soacutelidos Totais foram considerados respeitando-se o
4 Isto eacute que tem indiacutecios de uma distribuiccedilatildeo de probabilidade normal
48
intervalo de confianccedila conforme o Boxplot da Figura 30 Apecircndice A Todavia o pH e a
alcalinidade natildeo sofreram interferecircncia com estas condiccedilotildees A Tabela 5 mostra que o
lodo utilizado foi mais concentrado que usualmente encontrado na literatura (tendo em
meacutedia 77634 mgL-1 de ST plusmn 669003 e CV 009) mas como citado por Andreoli (2009)
o lodo de tanque seacuteptico possui grande variabilidade e dependendo da forma em que eacute
retirado pode apresentar-se mais ou menos concentrado
Tabela 5 - Comparaccedilatildeo entre dados encontrados na literatura e na presente pesquisa
Paracircmetros PHILIPPI et
al (1999) Withers Jarvie amp Stoate (2011)
Moussavi Kazembeigi amp
Farzadkia (2010) Neste trabalho
Meacutedia Meacutedia Meacutedia Meacutedia plusmn CV
ST (mgL-1
) 1083 - 1070 77634 66900 009
STV (mgL-1
) 673 - - 35164 23127 007
pH 66 73 73 70 02 003
Alcalinidade (mg CaCO3L
-1)
- 6085 480 2300 3438 015
49
Os Soacutelidos Totais e Soacutelidos Suspensos Totais fazem parte do conjunto de
paracircmetros mais importantes do lodo e satildeo dependentes do tipo de processo de
tratamento de esgoto e do tratamento do lodo Tiacutepicas concentraccedilotildees de ST estatildeo na
faixa de 2 a 12 no lodo bruto e 12 a 30 no lodo desaguado No lodo seco ou
compostado esses valores podem alcanccedilar 50 (SHAMMAS amp WANG 2008)
Outro importante paracircmetro eacute a relaccedilatildeo entre os Soacutelidos Totais Volaacuteteis e
Soacutelidos Totais (STVST) que de acordo com Metcalf amp Eddy (1991) Shammas amp Wang
(2008) e Andreoli (2009) eacute uma boa indicaccedilatildeo da fraccedilatildeo orgacircnica dos soacutelidos e de seu
niacutevel de digestatildeo A relaccedilatildeo encontrada neste trabalho foi em meacutedia de 046 sendo
valores proacuteximos aos encontrados por Andreoli et al (2009) em RAFA de 055
A relaccedilatildeo meacutedia de SSVSST neste trabalho foi de 047 plusmn001 e CV 002
semelhante agrave encontrada para STVST Moussavi Kazembeigi amp Farzadkia (2010)
correlacionaram os valores de SSVSST tambeacutem em tanque seacuteptico com o mesmo
objetivo e essa relaccedilatildeo foi de 057 classificando o lodo como estabilizado
Eacute necessaacuterio observar que a relaccedilatildeo entre STVST tiacutepica de um lodo primaacuterio eacute
de 075 a 080 proacutepria de lodos natildeo digeridos (METCALF amp EDDY 1991 ANDREOLI
VON SPERLING amp FERNANDES 2001 ANDREOLI et al 2009) O lodo proveniente de
tanques seacutepticos eacute classificado como lodo primaacuterio como o gerado em decantadores
primaacuterios Contudo diferentemente deste uacuteltimo o lodo de tanques seacutepticos sofre
digestatildeo anaeroacutebia
Os lodos digeridos tecircm valores entre 060 e 065 (ANDREOLI VON SPERLING
amp FERNANDES 2001) Apesar disso a Resoluccedilatildeo CONAMA 37506 afirma que os
lodos de esgoto que apresentem relaccedilatildeo (STVST) inferiores a 070 jaacute satildeo
considerados estaacuteveis para fins de utilizaccedilatildeo agriacutecola (BRASIL 2006)
Entretanto lodos que se adequam a essa relaccedilatildeo podem conter quantidades
significativas de areia e outros componentes inorgacircnicos que contribuem para o
aumento de soacutelidos fixos A baixa relaccedilatildeo entre soacutelidos volaacuteteis e soacutelidos totais pode
natildeo ser a mais adequada para indicaccedilatildeo do niacutevel de mineralizaccedilatildeo do lodo e de seu
impacto no solo A NBR 122091992 conceitua lodo estabilizado como aquele natildeo
sujeito a putrefaccedilatildeo poreacutem a quantificaccedilatildeo de STV natildeo eacute um indicador direto deste
50
fenocircmeno Existem algumas metodologias que fornecem essa indicaccedilatildeo como a
determinaccedilatildeo do potencial de mineralizaccedilatildeo do carbono e nitrogecircnio e de foacutesforo
atraveacutes da quantificaccedilatildeo de CO2 nitrogecircnio na forma de amocircnio e nitrogecircnio na forma
de nitrato (N-NH4+ e N-NO3
-) e extraccedilatildeo de foacutesforo como realizado por Tognetti et al
(2008)
Outro meacutetodo relativamente simples e amplamente utilizado eacute a respirometria de
Bartha que quantifica a produccedilatildeo de CO2 produzida pela microbiota quando em contato
com um composto natildeo presente naturalmente no solo medindo de maneira indireta
sua atividade metaboacutelica para degradaccedilatildeo destes compostos que mesmo sendo
orgacircnicos podem ser recalcitrantes Essa teacutecnica pode ser utilizada na anaacutelise da
biodegradabilidade do lodo para fins de utilizaccedilatildeo agriacutecola por medir o impacto de sua
aplicaccedilatildeo no solo (CLARKE TAYLOR amp COSSINS 2007)
Em relaccedilatildeo agrave alcalinidade e ao pH pode-se afirmar que satildeo os paracircmetros mais
importantes entre as anaacutelises quiacutemicas simples que verificam a qualidade do lodo
Visto que o pH determina as espeacutecies coagulantes que seratildeo utilizadas no
condicionamento bem como a natureza das cargas superficiais dos coloides (WPCF
1988) Aleacutem disso concentraccedilotildees elevadas de iacuteons de caacutelcio contribuem para melhora
do desaguamento do lodo (JIN WILEacuteN amp LANT 2003) Contudo no uso de
condicionantes inorgacircnicos a alta alcalinidade associada a lodos digeridos
anaeroacutebiamente pode levar a altas doses desses coagulantes pois se comportam
como aacutecidos quando satildeo adicionados a aacutegua isto eacute reduzem o pH da mistura gerada
(WPCF 1988)
53 Dosagem oacutetima dos poliacutemeros
A avaliaccedilatildeo das dosagens dos poliacutemeros baseou-se primeiramente na formaccedilatildeo de
flocos no teste de jarros Nas dosagens onde houve essa formaccedilatildeo realizou-se o
tempo de succcedilatildeo capilar (CST) comparando-se com os resultados do lodo sem
poliacutemero Segundo WPCF (1988) valores tiacutepicos para o Tempo de Succcedilatildeo Capilar
(CST) de lodo natildeo condicionado satildeo de aproximadamente 200 segundos O lodo em
51
estudo teve uma meacutedia de 2338 plusmn 1723 segundos demonstrando que seu
desaguamento ideal eacute ligeiramente mais lento do que lodos usualmente encontrados
Um dos fatores que influencia longos tempos de CST eacute a concentraccedilatildeo de soacutelidos Por
isso analisou-se esse paracircmetro nas aliacutequotas de lodo utilizadas em cada teste
Apesar da concentraccedilatildeo de soacutelidos no lodo estudado ser alta pode natildeo ser a uacutenica
responsaacutevel por estes resultados como jaacute mencionado outros fatores podem interferir
no desaguamento como o tipo de aacutegua encontrada no lodo e a alcalinidade (VESILIND
1988 WPCF 1988 VESILIND1994)
Para a dosagem oacutetima dos poliacutemeros o criteacuterio utilizado foi de acordo com WPCF
(1988) que indica que um lodo bem condicionado natildeo deve ultrapassar 10 segundos
no teste CST Sendo assim escolheu-se a menor dosagem dentre as que tiveram
resultados inferiores a 10 segundos As dosagens dos poliacutemeros que foram testadas
podem ser vistas na Tabela 6 e nos subitens 531 532 533 e 534
52
Tabela 6 - Dosagens testadas dos poliacutemeros utilizados na pesquisa
Poliacutemeros
Kemira 8394 reg Mandioca Moringa Quiabo
Dosagens testadas
(gL-1)
005 200 600 1000
010 250 800 1500
020 300 1000 2000
040
1200 1000
050
1400 1500
060
1600 2000
1800
2000
2200
2400
2600
2800
3000
3200
3400
3600
3800
4000
4200
4400
4600
4800
5000
6000
7000
9000
12000
531 Poliacutemero Sinteacutetico
Foram realizados dois testes de dosagem para o poliacutemero sinteacutetico uma em agosto
de 2013 e outra em fevereiro de 2014 devido ao intervalo relativamente grande entre a
primeira e a segunda seacuterie de desaguamento No primeiro teste as dosagens
53
analisadas foram de 005 010 020 e 040 gL-1 sendo encontrada a dosagem ideal
de 020 g L-1 Calculando a dosagem em funccedilatildeo da concentraccedilatildeo de soacutelidos do lodo
obteacutem-se que a dosagem ideal foi de 68 g kg ST-1 ressalta-se que o caacutelculo foi
realizado em funccedilatildeo dos ST e natildeo como o indicado por Andreoli von Sperlin
Fernandes (2001) que fazem em funccedilatildeo de SST devido ao fato do condicionamento
quiacutemico natildeo agir somente nos SST mas tambeacutem em partiacuteculas coloidais e dissolvidas
presentes no lodo (LIBAcircNIO 2005) Uma vez obtida a relaccedilatildeo ideal entre poliacutemero e
ST adicionou-se ao lodo em todos as seacuteries a mesma dosagem
No segundo teste foram utilizadas as seguintes dosagens 040 050 e 060 gL-1
A dosagem ideal obtida no teste foi de 050 g L-1 Os tempos registrados no CST
podem ser observados na Tabela 7
Tabela 7 - Resultados obtidos no CST nas dosagens de poliacutemero testadas
Poliacutemero Sinteacutetico
Dosagem (gL-1) Meacutedia plusmn CV
0055 - - -
010 106 14 01
020 74 15 02
040 1107 14 01
040 109 45 04
050 64 21 03
060 925 07 01
532 Mandioca
Preparou-se soluccedilatildeo estoque de 10 gL-1 A concentraccedilatildeo esteve em funccedilatildeo do
limite de saturaccedilatildeo da mistura da aacutegua com a feacutecula de mandioca visto que acima
desta concentraccedilatildeo a soluccedilatildeo natildeo se solubilizava por completo Apesar da
concentraccedilatildeo da soluccedilatildeo ser muito superior a testes realizados em aacutegua por Dantas amp
5 Como citado na literatura o CST foi feito somente nas dosagens em que houve formaccedilatildeo de flocos
54
Di Bernardo (2000) de 10 gL-1 natildeo foi possiacutevel testar grandes dosagens jaacute que isso
implicaria em um grande volume de poliacutemero superior inclusive ao volume de lodo
utilizado o que inviabilizaria sua aplicaccedilatildeo As dosagens testadas foram de 20 25 e
30 gL-1 sendo que em nenhuma delas houve a formaccedilatildeo de flocos Ressalva-se que
foi possiacutevel realizar essas dosagens utilizando-se volumes de lodo menores que os de
poliacutemero mantendo-se assim o volume total de 2 L no teste de jarros
Os testes mostraram que pela metodologia empregada no presente projeto natildeo foi
possiacutevel utilizar o poliacutemero obtido a partir da mandioca como condicionante de lodo de
esgoto natildeo sendo realizados testes de desaguamento nos sistemas Possivelmente
seriam necessaacuterias dosagens extremamente elevadas deste poliacutemero para a obtenccedilatildeo
de resultados positivos no lodo que foi utilizado como auxiliar de coagulaccedilatildeo no
tratamento de aacutegua por Di Bernardo (2000)
533 Moringa
As concentraccedilotildees testadas iniciaram em 60 gL-1 - dosagem oacutetima de poacute seco
obtida por Muyibi et al (2001) As demais dosagens foram de 80 100 120 140
160 180 200 220 240 260 280 300 320 340 360 380 400 420 440
460 480 500 600 700 900 1200 g L-1 Natildeo houve formaccedilatildeo de flocos em
nenhuma dosagem Ressalva-se que o teste foi limitado pela quantidade poacute obtido pelo
descascamento seleccedilatildeo moagem e peneiramento das sementes de moringa
Existem diversos fatores que podem contribuir para a natildeo correlaccedilatildeo de resultados
obtidos no presente estudo e os relatados na literatura Dentre eles nota-se que apesar
de Muyibi et al (2001) terem conseguido obter resultados positivos no condicionamento
do lodo pela moringa os testes realizados para tal natildeo satildeo os mesmos realizados nesta
pesquisa os pesquisadores utilizaram teste de resistecircncia especiacutefica e de reduccedilatildeo de
volume do lodo em teste de jarros Aleacutem disso o meacutetodo de preparo do poacute seco
utilizado no experimento natildeo eacute detalhado podendo sofrer variaccedilotildees importantes que
podem interferir nos resultados Outro fator importante eacute a concentraccedilatildeo de soacutelidos do
lodo utilizado no trabalho que em momento algum eacute fornecida pelos autores apenas
55
afirmam que o lodo eacute proveniente de uma ETE Como haacute uma correlaccedilatildeo positiva entre
a concentraccedilatildeo de soacutelidos do lodo e a dosagem de condicionantes caso este lodo seja
menos concentrado que o lodo utilizado no presente projeto provavelmente as
dosagens dos condicionantes empregados seratildeo menores
534 Quiabo
Para os testes com o quiabo foram empregadas duas metodologias que se
diferem somente na abertura das peneiras utilizadas Na primeira o peneiramento foi de
0841 mm e na segunda o peneiramento foi de 0149 mm Ambos tiveram soluccedilatildeo
estoque com concentraccedilatildeo de 50 g L-1 (limite de saturaccedilatildeo) e as mesmas dosagens
testadas de 100 150 e 200 g L-1 Ressalta-se que as dosagens foram limitadas pela
quantidade de poacute obtido no processo para se obter aproximadamente 01 kg do poacute
mais fino utilizou-se 15 kg de quiabo jaacute que grande parte desta massa eacute aacutegua e eacute
necessaacuterio secaacute-lo moecirc-lo e peneiraacute-lo Em todas as dosagens testadas natildeo se
verificou a formaccedilatildeo de flocos Um dos fatores que pode ter contribuiacutedo para a natildeo
formaccedilatildeo de flocos eacute o fato do poliacutemero ser aniocircnico conforme apontado por Abreu
Lima (2007)
535 Avaliaccedilatildeo geral da dosagem dos poliacutemeros
Natildeo foram encontradas dosagens oacutetimas para o condicionamento do lodo de esgoto
de tanque seacuteptico quando utilizou-se os poliacutemeros naturais oriundos da mandioca
moringa e quiabo Destaca-se que foram avaliadas somente algumas metodologias
simplificadas adequadas a ETE de pequeno porte localizadas em comunidades
isoladas eou rurais Eacute possiacutevel que existam resultados positivos caso empregue-se
outras metodologias mais complexas que aumentem a concentraccedilatildeo dos poliacutemeros em
volumes viaacuteveis para aplicaccedilatildeo no lodo de esgoto uma vez que outras pesquisas
relataram sua eficiecircncia no tratamento de aacutegua esgoto e condicionamento do lodo
Em relaccedilatildeo ao poliacutemero orgacircnico sinteacutetico a dosagem oacutetima encontrada eacute viaacutevel
para aplicaccedilatildeo Poreacutem eacute importante considerar que a utilizaccedilatildeo de poliacutemeros orgacircnicos
56
sinteacuteticos incrementa custos significativos agrave operaccedilatildeo da ETE bem como matildeo-de-obra
especializada para sua manipulaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo
54 Desaguamento do lodo nos sistemas
Como explicado anteriormente as seacuteries satildeo as replicatas da anaacutelise de
desaguamento do lodo ao longo do tempo na escala de bancada Para cada seacuterie
utilizou-se 2 L de lodo de esgoto a carga meacutedia aplicada no projeto foi de 1880
kgSTm-2 com plusmn 263 e CV 014 ou seja tem-se indiacutecios estatiacutesticos de que a meacutedia eacute
representativa Em todas as seacuteries considerou-se o teacutermino do desaguamento quando
a percolaccedilatildeo parou nos sistemas ou seja quando o volume coletado foi de 0 mL Eacute
importante observar que as condiccedilotildees climaacuteticas variaram consideravelmente no
periacuteodo em que as seacuteries foram realizadas deste modo verifica-se que a influecircncia da
temperatura e da evaporaccedilatildeo foram diferentes em cada uma das seacuteries Na Tabela 8
satildeo apresentadas as condiccedilotildees relativas a cada uma das seacuteries No Apecircndice B as
Figura 41 42 43 44 e 45 exibem as temperaturas diaacuterias registradas e a evaporaccedilatildeo
da coluna drsquoaacutegua (Sistema controle item 463)
Tabela 8 - Temperatura evaporaccedilatildeo e duraccedilatildeo das seacuteries
Sem poliacutemero Poliacutemero Sinteacutetico
Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie IV
TdegC Maacutex 341 357 371 271 370 343 343
TdegC Min 96 132 160 65 203 160 160
Evaporaccedilatildeo coluna daacutegua ()
180 200 320 15 160 40 40
Iniacutecio 030913 291013 280114 280913 060214 180214 180214
Duraccedilatildeo (dias) 350 390 280 40 80 50 50
Em que TdegC Maacutex Temperatura Maacutexima TdegC Min Temperatura Miacutenima
Na Tabela 9 satildeo apresentados os volumes desaguados os teores de soacutelidos das
tortas secas resultantes dos sistemas de bancada a meacutedia amostral e a meacutedia
ajustada6 de cada sistema Esta uacuteltima eacute decorrente de um ajuste de um modelo linear
6 A meacutedia ajustada decorre da meacutedia geral das categorias tomadas como sendo iguais incluindo um erro
aleatoacuterio
57
normal Desta forma eacute possiacutevel verificar se haacute diferenccedilas significativas entre os valores
amostrais Os boxplot dos volumes amostrais e dos ajustados podem ser visualizados
nas Figura 46 e 47 (Apecircndice B)
No que se refere ao volume desaguado haacute indiacutecios estatiacutesticos de que tanto nas
seacuteries sem adiccedilatildeo de poliacutemero e com adiccedilatildeo de poliacutemero nos sistemas pavimento
permeaacutevel e pavimento permeaacutevel acrescido de areia as meacutedias natildeo tecircm diferenccedila
significativa como observado na Figura 47 Todavia comparando-se estes sistemas ao
convencional a diferenccedila eacute significativa segundo a anaacutelise de variacircncia
No tocante ao teor de soacutelidos da torta seca comparando-se o condicionamento ou
natildeo do lodo verificou-se que o lodo sem poliacutemero produziu tortas com igual umidade
que o lodo condicionado visto que quando se comparou os valores de ST nos sistemas
com ou sem poliacutemero natildeo se verificou diferenccedila significativa Examinando-se o
desempenho dos sistemas notou-se que natildeo haacute diferenccedila significativa de ST entre
pavimento permeaacutevel e pavimento permeaacutevel e areia Todavia haacute diferenccedila entre estes
e o convencional segundo a anaacutelise de variacircncia verificado nos boxplot da Figura 48
(Apecircndice B) Ademais como realizado no volume desaguado ajustou-se um modelo
linear em que calculou-se uma meacutedia ajustada para cada sistema como pode ser visto
na Figura 49 do Apecircndice B
58
Tabela 9 - Resultados do desaguamento do lodo de esgoto de tanque seacuteptico
Seacuteries
Sem poliacutemero Poliacutemero Sinteacutetico
P P+A C P P+A C
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
I 1960 540 2208 578 2824 561 2412 1484 2645 1413 2980 1232
II 2777 665 2967 675 3279 492 2503 1411 262 1377 2753 1145
III 2487 628 2824 609 2872 587 2327 1481 2473 1513 2843 1265
IV - - - - - - 2336 1479 - - - -
Meacutedia 2408 611 2667 621 2992 547 2395 1464 2519 1434 2859 1214
plusmn 414 6421 403 4954 250 4910 088 4131 093 7047 114 6199
CV 1720 1051 1512 798 836 898 368 282 369 491 400 511
Meacutedia ajustada
7
2503 64451 2503 64451 2925 48931 2503 142656 2503 142656 2925 127136
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia C Convencional ST Soacutelidos Totais plusmn Desvio Padratildeo CV Coeficiente de Variaccedilatildeo
7 A meacutedia ajustada demonstra que estatisticamente certos valores satildeo iguais
59
541 Sistema composto por Pavimento Permeaacutevel
a) Lodo natildeo condicionado
Para o lodo sem adiccedilatildeo de poliacutemero desaguado em pavimento permeaacutevel o
desaguamento foi respectivamente de 540 665 e 628 mL nas seacuteries I II e III Nota-se
que houve pequenas variaccedilotildees nas trecircs seacuteries justificadas em parte pela variabilidade
das condiccedilotildees climaacuteticas e em parte pela variabilidade normal na reproduccedilatildeo dos
experimentos Contudo eacute possiacutevel notar um comportamento geral das seacuteries onde o
desaguamento eacute mais intenso nas primeiras 70 horas e mais ameno nas restantes A
Figura 16 mostra a evoluccedilatildeo do desaguamento no sistema composto por pavimento
permeaacutevel
Figura 16 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento permeaacutevel com lodo de esgoto sem poliacutemero
0
100
200
300
400
500
600
700
0 200 400 600 800 1000
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo em pavimento permeaacutevel
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
60
b) Lodo condicionado
Para o lodo com adiccedilatildeo de poliacutemero o desaguamento foi realizado em quatro
seacuteries e o volume percolado foi de 1484 1411 1481 e 1479 mL nas seacuteries I II III e IV
respectivamente A seacuterie IV foi realizada somente para verificar se haveria diferenccedila no
desaguamento do pavimento permeaacutevel em decorrecircncia do aumento da taxa de
infiltraccedilatildeo ocasionada na segunda lavagem dos sistemas como seraacute exposto no item
59 Realizou-se o desaguamento concomitantemente com a terceira seacuterie do lodo
condicionado Observa-se um comportamento geral nas seacuteries semelhante ao lodo sem
condicionamento intensidade de desaguamento maior nas primeiras horas e menor
nas demais Contudo diferentemente do lodo natildeo condicionado o desaguamento foi
mais intenso nas primeiras 3 h quando adicionou-se o poliacutemero Estes resultados
evidenciam que o condicionamento do lodo com poliacutemeros aumenta radicalmente natildeo
soacute a taxa de desaguamento mas tambeacutem o volume de aacutegua percolado chegando a ser
em meacutedia 5803 maior que nas seacuteries sem poliacutemero utilizando-se o mesmo sistema
Tanto a raacutepida percolaccedilatildeo quanto o maior volume devem-se agraves pontes quiacutemicas
formadas entre o poliacutemero e aos soacutelidos presentes no lodo que agregam-se em flocos
facilitando a sua separaccedilatildeo da aacutegua livre (LIBAcircNIO 2005 WPCFM 1988) O
hidrograma gerado pode ser observado na Figura 17
61
Figura 17 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento permeaacutevel com lodo de esgoto com adiccedilatildeo de poliacutemero
542 Sistema composto por Pavimento Permeaacutevel e areia
a) Lodo natildeo condicionado
O sistema composto por pavimento permeaacutevel com adiccedilatildeo de areia natildeo teve
diferenccedilas significativas em relaccedilatildeo ao composto somente por pavimento permeaacutevel
tendo comportamento semelhante a este e desaguando 578 675 e 609 mL
respectivamente nas seacuteries I II e III como observado na Figura 18
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
0 10 20 30 40 50 60 70
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo com adiccedilatildeo de poliacutemero sinteacutetico em pavimento permeaacutevel
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
Seacuterie IV
62
Figura 18 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento permeaacutevel com lodo de esgoto sem poliacutemero
a) Lodo condicionado
Como os sistemas anteriores o lodo com adiccedilatildeo de poliacutemero sinteacutetico teve
desempenho superior ao sem condicionamento com 1413 1377 e 1513 mL de
desaguamento nas seacuteries I II e III respectivamente O hidrograma deste sistema pode
ser visto na Figura 19
0
100
200
300
400
500
600
700
800
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo em pavimento permeaacutevel e areia
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
63
Figura 19 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento permeaacutevel e areia com
lodo de esgoto com adiccedilatildeo de poliacutemero
543 Sistema Convencional
a) Lodo natildeo condicionado
Para o lodo sem adiccedilatildeo de poliacutemero desaguado em sistema convencional o
volume percolado foi de 561 492 e 587 mL respectivamente nas seacuteries I II e III
Apesar da seacuterie II ter um desaguamento menor e mais lento que as seacuteries I e II essa
diferenccedila natildeo eacute estatisticamente relevante como observado no boxplot da Figura 46 no
Apecircndice B Nota-se tambeacutem que o desaguamento na Seacuterie III foi mais raacutepido uma
das razotildees apontadas pode ser a alta temperatura e evaporaccedilatildeo registradas neste
periacuteodo sendo este comportamento observado nos sistemas compostos por pavimento
permeaacutevel e pavimento permeaacutevel com camada de areia
Ainda que verifiquem-se algumas diferenccedilas entre as seacuteries eacute possiacutevel constatar
o mesmo comportamento geral registrado nos sistemas anteriores onde o
desaguamento foi mais intenso nas primeiras horas e mais lento nas demais conforme
hidrograma exposto na Figura 20
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo com poliacutemero sinteacutetico em pavimento permeaacutevel e areia
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
64
Figura 20 - Hidrograma do desaguamento do sistema convencional com lodo de esgoto sem poliacutemero
b) Lodo condicionado
Para o lodo condicionado com poliacutemero o volume desaguado foi maior e grande
parte foi percolado nos primeiros minutos comportamento observado em todas as
seacuteries O sistema convencional desaguou nas seacuteries I II e III 1232 1145 e 1265 mL
respectivamente volumes menores que os demais sistemas Devido ao raacutepido
desaguamento deste lodo pode-se afirmar que a evaporaccedilatildeo exerce pouca influecircncia
neste processo sendo a drenagem o principal mecanismo Apesar da evidente
discrepacircncia de volume e tempo de desaguamento na seacuterie II natildeo houve diferenccedila
estatiacutestica entre as demais seacuteries como comprovado pelo boxplot da Figura 46 no
Apecircndice B A Figura 21 mostra o hidrograma deste desaguamento
0
100
200
300
400
500
600
700
0 200 400 600 800 1000
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo em sistema convencional
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
65
Figura 21 - Hidrograma do desaguamento do sistema convencional com lodo de esgoto com adiccedilatildeo de poliacutemero
55 Teor de soacutelidos das tortas secas
Analisou-se tambeacutem os teores de soacutelidos nas tortas secas obtidos em cada
sistema Nota-se que apesar da maior percolaccedilatildeo dos sistemas compostos por
pavimento permeaacutevel e pavimento permeaacutevel com areia os melhores valores foram do
sistema convencional tanto para o lodo sem condicionamento quanto para o lodo
condicionado Esses resultados provavelmente decorrem da retenccedilatildeo de parte da aacutegua
percolada pela camada de areia do sistema fazendo com que o volume total percolado
natildeo consiga atravessar toda a camada de areia e a camada de brita do sistema ateacute ser
coletado no recipiente
Constatou-se que natildeo houve diferenccedila significativa na utilizaccedilatildeo ou natildeo de
poliacutemero ou seja os sistemas produziram tortas secas de semelhante teor quando natildeo
adicionou-se poliacutemero e quando adicionou-se Tambeacutem natildeo houve diferenccedila
significativa entre os sistemas pavimento permeaacutevel e pavimento permeaacutevel acrescido
de areia Poreacutem houve entre os mesmos e sistema convencional como mostra a
Figura 49 no Apecircndice B O teor de soacutelidos no sistema pavimento permeaacutevel sem
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo com adiccedilatildeo de poliacutemero sinteacutetico em sistema convencional
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
66
condicionamento foi em meacutedia de 2408 plusmn414 enquanto que o lodo condicionado a
meacutedia foi de 2395 plusmn 088 No sistema pavimento permeaacutevel e areia a meacutedia foi de
2667 plusmn 403 para o lodo sem poliacutemero e de 2519 plusmn 093 para o lodo com adiccedilatildeo de
poliacutemero Para o sistema convencional a meacutedia de ST foi de 2992 plusmn 250 e 2859 plusmn
114 no lodo natildeo condicionado e no condicionado respectivamente
Contudo eacute possiacutevel notar comportamentos distintos no lodo condicionado e natildeo
condicionado enquanto o lodo natildeo condicionado perdeu mais umidade quando a
temperatura foi mais alta (nas seacuteries) o lodo condicionado parece natildeo ter sofrido
influecircncia significativa desta variaacutevel ambiental esse fato deve-se ao seu raacutepido
desaguamento jaacute mencionado anteriormente Ademais observa-se que as
concentraccedilotildees de STV satildeo maiores que as de STF uma hipoacutetese eacute que a mateacuteria
inorgacircnica dissolvida pode ter sido percolada juntamente com a aacutegua drenada do lodo
As Figura 22 e 23 ilustram a os valores de Soacutelidos Totais Soacutelidos Totais Fixos e Soacutelidos
Totais Volaacuteteis das tortas secas dos lodos desaguados sem e com adiccedilatildeo de poliacutemero
respectivamente
Figura 22 - Teor de soacutelidos da torta seca do lodo desaguado sem poliacutemero
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia C Convencional Soacutelidos Totais
STF Soacutelidos Totais Fixos e STV Soacutelidos Totais Volaacuteteis
000
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III
P P+A C
Teor de soacutelidos da torta seca do lodo sem poliacutemero
ST
STF
STV
67
Figura 23 - Teor de soacutelidos da torta seca do lodo desaguado com poliacutemero sinteacutetico
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia C Convencional Soacutelidos Totais
STF Soacutelidos Totais Fixos e STV Soacutelidos Totais Volaacuteteis
56 Anaacutelise geral dos sistemas
O lodo com ou sem poliacutemero mostrou comportamento semelhante ao percolar
uma fraccedilatildeo significativa de seu volume nas primeiras horas do desaguamento e
posteriormente assumiu uma taxa de infiltraccedilatildeo mais lenta a diferenccedila verificada foi no
menor tempo necessaacuterio e na maior quantidade de aacutegua desaguada do lodo
condicionado como observado na Figura 24 Os pontos no graacutefico tratam-se das
meacutedias das seacuteries nos sistemas Neste graacutefico foram inclusos todos os pontos de todas
as seacuteries em ordem cronoloacutegica sendo possiacutevel assim observar um comportamento em
cada sistema estudado
000
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie IV Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III
P P+A C
Teor de soacutelidos da torta seca do lodo com poliacutemero sinteacutetico
ST
STF
STV
68
Figura 24 - Hidrograma do desaguamento do lodo em todos os sistemas no lodo natildeo condicionado e condicionado
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
Esta raacutepida percolaccedilatildeo pode ser justificada pela interaccedilatildeo do poliacutemero com as
partiacuteculas do lodo ocorrer quase imediatamente apoacutes a sua aplicaccedilatildeo (WPCFM 1988)
Isso ocorre porque os poliacutemeros atuam como coagulantes formando pontes quiacutemicas
entre o poliacutemero e as partiacuteculas coloidais presentes no lodo que satildeo adsorvidas pelas
diversas cadeias de monocircmeros do poliacutemero agregando-se em flocos densos passiacuteveis
de serem removidos por filtraccedilatildeo sedimentaccedilatildeo ou flotaccedilatildeo (LIBAcircNIO 2005)
Portanto tempos menores de desaguamento implicariam em maior quantidade
de ciclos de secagem em leitos em escala real podendo ocasionar um impacto
consideraacutevel no caacutelculo da aacuterea necessaacuteria para o leito
Apesar disso os valores de ST nas seacuteries com adiccedilatildeo de poliacutemero podem ser
considerados iguais aos do lodo sem condicionamento Certamente pelo periacuteodo de
desaguamento do lodo sem poliacutemero ter sido muito superior ao do lodo condicionado
(em torno de 35 e 6 dias respectivamente) houve maior evaporaccedilatildeo da aacutegua presente
no lodo nestes sistemas (por volta de 23 e 6 de modo respectivo) que compensou o
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo nos sistemas com e sem poliacutemero
P Sem poliacutemero P com poliacutemero P+A sem poliacutemero
C sem poliacutemero C com poliacutemero P+A com poliacutemero
69
menor volume drenado Isso decorre de que em leitos de secagem haacute necessidade de
tempos relativamente longos de evaporaccedilatildeo (van Haandel amp Lettinga 1994)
Pode-se considerar que a evaporaccedilatildeo eacute uma grande contribuinte no desaguamento
em escala real e consequentemente na obtenccedilatildeo de teores maiores de ST nas tortas
secas Poreacutem em escala de bancada os sistemas sofreram menor influecircncia da
evaporaccedilatildeo devido a menor influecircncia dos fatores climaacuteticos responsaacuteveis pela
evaporaccedilatildeo tendo entatildeo seus valores de ST subestimados
Analisando-se os sistemas verifica-se que de maneira geral pelas Figuras 25 e
26 que o sistema convencional foi significativamente mais lento que os sistemas
alternativos e os volumes desaguados foram menores do que nos sistemas pavimento
permeaacutevel e pavimento e areia No lodo sem condicionamento enquanto 563 do
volume inicial foi percolado nas 30 primeiras horas no sistema composto por pavimento
permeaacutevel o sistema pavimento permeaacutevel e areia foi ligeiramente mais lento
desaguando neste periacuteodo 486 de seu volume e no sistema convencional somente
301 Para o lodo condicionado nas primeiras 3 h o pavimento permeaacutevel pavimento
permeaacutevel acrescido de areia e convencional desaguaram 690 487 e 185 de seu
volume
Figura 25 - Desaguamento do lodo sem poliacutemero - meacutedias das seacuteries
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
00
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
00 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000
Volu
me
acum
ulad
o (m
L)
Tempo (h)
Desaguamento meacutedio do lodo sem poliacutemero
P
P+A
C
70
Figura 26 - Desaguamento do lodo com poliacutemero - meacutedias das seacuteries
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
Todavia o sistema convencional produziu tortas secas com menor umidade
Como jaacute explicado anteriormente esses resultados podem ser justificados pela
existecircncia de uma camada maior de areia em que parte da aacutegua percolada tenha
ficado ali retida A adiccedilatildeo da camada de areia de 001 m ao pavimento permeaacutevel natildeo
mostrou aumento significativo tanto no volume desaguado quanto na torta seca
produzindo valores de ST semelhantes aos do sistema composto somente por
pavimento permeaacutevel
Aleacutem do sistema composto por pavimento permeaacutevel obter maior volume de
aacutegua percolada do que o sistema convencional pode-se considerar que este uacuteltimo tem
uma pequena aacuterea de drenagem (2 a 3 cm de camada de areia entre os tijolos
recozidos) em escala real como ilustra a Figura 27
00
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
00 100 200 300 400 500 600 700 800
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento meacutedio do lodo com poliacutemero
P
P+A
C
71
Figura 27 - Detalhe da constituiccedilatildeo do leito de secagem convencional
A NBR 122091992 considera que a aacuterea ocupada pela areia natildeo pode ser
inferior a 15 da aacuterea total do leito Desta forma considerando os valores das meacutedias
ajustadas o lodo sem poliacutemero e com poliacutemero desaguariam respectivamente 5298 e
13762 Lm-sup2 no sistema convencional Enquanto que o pavimento permeaacutevel e
pavimento permeaacutevel acrescido de areia desaguariam 8210 e 18173 Lm-sup2 para o lodo
sem adiccedilatildeo de poliacutemero e com adiccedilatildeo de poliacutemero respectivamente8
Por esse motivo como a percolaccedilatildeo da aacutegua eacute fator importante no teor de
umidade final da torta seca eacute importante balizar que da mesma forma que no processo
de drenagem o teor de soacutelidos da torta seca do sistema convencional eacute superestimado
na escala de bancada ou seja em escala real eacute provaacutevel que estes valores sejam
significativamente menores ou que demande-se mais tempo para obtenccedilatildeo da mesma
umidade na torta seca
Nota-se tambeacutem que os valores de Soacutelidos Totais Volaacuteteis (STV) satildeo superiores
aos Soacutelidos Totais Fixos (STF) com a relaccedilatildeo meacutedia de STVST de 058 superior a do
lodo bruto de 046 como jaacute citado uma das razotildees pode ser a percolaccedilatildeo de mateacuteria
inorgacircnica dissolvida Segundo Andreoli von Sperling amp Fernandes (2001) a relaccedilatildeo
8 Para a obtenccedilatildeo destes valores utilizou-se a meacutedia dos volumes desaguados dos sistemas para
calcular-se o volume desaguado por msup2 Considerou-se que a percolaccedilatildeo ocorre em toda a aacuterea do leito
nos sistemas pavimento permeaacutevel e pavimento permeaacutevel e areia No sistema convencional
considerou-se que a percolaccedilatildeo somente ocorre na aacuterea do onde haacute areia portanto estes valores foram
multiplicados por 15
72
entre SVST tiacutepica do eacute lodo desidratado eacute de 060 a 065 Poreacutem a relaccedilatildeo encontrada
por Andreoli et al (2009) foi de 022 indicando a grande variabilidade do lodo
Como jaacute mencionado Ruiz Kaosol amp Wisniewsk (2010) relacionaram a
quantidade de mateacuteria orgacircnica presente no lodo e sua aptidatildeo ao desaguamento
mecacircnico estabelecendo a relaccedilatildeo inversamente proporcional entre mateacuteria orgacircnica e
eficiecircncia do processo de desaguamento mecacircnico Andreoli von Sperling amp Fernandes
(2001) tambeacutem afirmam que lodos com menor teor de mateacuteria orgacircnica tambeacutem satildeo
mais indicados para o desaguamento por processos naturais Esses resultados
apontam que o lodo utilizado na pesquisa tem aptidatildeo ao desaguamento por ter sofrido
digestatildeo
Aleacutem disso eacute necessaacuterio atentar que diferentemente dos resultados obtidos por
van Haandel amp Lettinga (1994) a concentraccedilatildeo de soacutelidos influenciou o desaguamento
do lodo uma vez que o volume aplicado sobre os leitos foi o mesmo sendo que a
carga aplicada alterou-se em funccedilatildeo da concentraccedilatildeo de soacutelidos que se alterou
durante a pesquisa
Observa-se tambeacutem que van Haandel amp Lettinga (1994) utilizaram lodos com ST
entre 4 e 10 finalizando o desaguamento com fraccedilatildeo de soacutelidos de aproximadamente
20 nos leitos de secagem convencional Os valores obtidos na presente pesquisa
para o leito de secagem convencional satildeo superiores aos encontrados pelos
pesquisadores variando de 28 a 33
Com o objetivo de estimar a influecircncia da evaporaccedilatildeo nos sistemas elaborou-se
duas hipoacuteteses a primeira considera a quantidade de aacutegua evaporada como percolada
pelos sistemas e a segunda trata-se de calcular a umidade do lodo caso natildeo houvesse
a evaporaccedilatildeo nos sistemas Ambas baseiam-se nas perdas de aacutegua por evaporaccedilatildeo
registradas pelo sistema controle
73
57 Hipoacutetese I ndash Aacutegua evaporada do lodo sendo percolada
Com o intuito de explicar a diferenccedila de volume desaguado no lodo sem e com
condicionamento a primeira hipoacutetese assume a ausecircncia de evaporaccedilatildeo considerando
que a porccedilatildeo de aacutegua que foi evaporada da coluna drsquoaacutegua foi percolada nos sistemas
respeitando-se a quantidade e tempo em que ocorreu a evaporaccedilatildeo no sistema
controle Para tanto faz-se necessaacuterias algumas ponderaccedilotildees
A evaporaccedilatildeo de um liacutequido tem relaccedilatildeo estreita com sua tensatildeo superficial
quanto mais baixa esta eacute maior seraacute a evaporaccedilatildeo Sabe-se que a aacutegua naturalmente
presente na natureza tem alta tensatildeo superficial e existem substacircncias que conteacutem
moleacuteculas anfifiacutelicas como detergente e sabatildeo que diminuem a tensatildeo superficial da
aacutegua e consequentemente acabam facilitando a evaporaccedilatildeo da aacutegua O lodo de
esgoto eacute uma matriz complexa isto eacute tem composiccedilatildeo diversificada e provavelmente
tem quantidade consideraacutevel de moleacuteculas anfifiacutelicas podendo deixar a tensatildeo
superficial mais baixa e portanto facilitando a evaporaccedilatildeo da aacutegua livre presente no
lodo Para fins de melhor aplicabilidade desta hipoacutetese seria necessaacuterio mensurar a
tensatildeo superficial do lodo (MYERS 1999) Aleacutem disso a aacuterea superficial de aacutegua que
entra em contato com a atmosfera eacute muito maior no lodo do que na coluna drsquoaacutegua
colaborando para maior evaporaccedilatildeo do primeiro
Para tanto admitiu-se que a evaporaccedilatildeo da aacutegua ldquocomumrdquo eacute a mesma que a da
aacutegua livre presente no lodo e que esta eacute predominante em relaccedilatildeo aos demais tipos de
aacutegua presente (van Haandel amp Lettinga1994 VESILIND 1994) As estimativas dos
volumes percolados em todas as seacuteries podem ser visualizadas na Tabela 10
Ressalva-se que as Seacuteries II e III do lodo com adiccedilatildeo de poliacutemero foram iniciadas
durante a Seacuterie III do lodo sem adiccedilatildeo de poliacutemero fazendo com que o sistema controle
para estas seacuteries natildeo tenha sido iniciado com 2000 mL de aacutegua pois jaacute havia certa
perda pela Seacuterie III sem adiccedilatildeo de poliacutemero O volume presente na coluna drsquoaacutegua
quando Seacuteries II e III iniciaram era de 17473 e 14079 mL respectivamente Sendo os
volumes estimados calculados a partir destes volumes
74
Tabela 10 - Desaguamento do lodo de esgoto nos sistemas - Hipoacutetese I
Sem Poliacutemero
Sistemas Seacuteries I II III IV Meacutedia plusmn CV
VE (mL) 355 408 643 - 469 1533 327
P V (mL) 540 665 628 - 611 642 105
V (mL) 895 814 1271 - 993 2439 245
P+A V (mL) 578 675 609 - 621 495 80
V (mL) 933 1083 1251 - 1089 1591 146
C V (mL) 561 492 587 - 547 491 90
V (mL) 916 901 1227 - 1015 1840 181
Com poliacutemero
VE (mL) 29 282 48 48 120 1407 1177
P V (mL) 1484 1411 1481 1479 1459 413 28
V (mL) 1513 1693 1532 1493 1579 989 63
P+A V (mL) 1413 1377 1513 - 1434 705 49
V (mL) 1442 1658 1564 - 1611 665 41
C V (mL) 1232 1145 1265 - 1214 620 51
V (mL) 1378 1426 1316 - 1426 552 39 Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia C Convencional VE Volume
evaporado no sistema controle V Volume real e Vrsquo Volume estimado na Hipoacutetese I
Para o sistema composto por pavimento permeaacutevel com lodo sem poliacutemero os
volumes aumentariam em 6574 2240 e 10229 o volume real percolado nas seacuteries
I II e III respectivamente No mesmo sistema o lodo condicionado os volumes
incrementados nas seacuteries I II e III seriam muito pequenos de 195 1999 344 e 095
no volume desaguado Como dito anteriormente a seacuterie II foi a mais influenciada pela
evaporaccedilatildeo devido agraves altas temperaturas e maior periacuteodo de percolaccedilatildeo
O desaguamento do lodo sem condicionamento no sistema pavimento permeaacutevel
e areia os volumes desaguados nas seacuteries I II e III acresceriam em 6142 6044 e
10542 respectivamente No lodo condicionado no mesmo sistema o desaguamento
nas seacuteries I II e III receberiam um incremento de 205 2041 e 337 respectivamente
no volume percolado pelos sistemas
75
Jaacute no sistema convencional a inserccedilatildeo do volume evaporado agrave aacutegua percolada
acrescentaria 6328 8313 e 10903 aos volumes desaguados nas seacuteries I II e III
respectivamente Para as seacuteries em que o lodo foi condicionado com poliacutemero sinteacutetico
a percolaccedilatildeo nas seacuteries I II e III representariam um aumento de 1185 2454 e 403
em relaccedilatildeo ao volume desaguado real
Esperava-se que esta hipoacutetese pudesse explicar a grande diferenccedila de volume
desaguado entre o lodo sem poliacutemero e com poliacutemero com os volumes deste primeiro
aproximando-se deste uacuteltimo Conquanto isso natildeo foi verificado visto que a diferenccedila
foi em torno de 400 mL No entanto eacute necessaacuterio fazer uma ressalva quanto ao volume
desaguado no lodo condicionado ser ainda muito maior que no lodo natildeo condicionado
a evaporaccedilatildeo mensurada provavelmente eacute subestimada pois a evaporaccedilatildeo da aacutegua
em matrizes complexas como o lodo de esgoto eacute provavelmente facilitada pela menor
tensatildeo superficial o que poderia compensar parte desta discrepacircncia entre maior
volume percolado pelo lodo com poliacutemero e tortas secas de umidade iguais as do lodo
sem poliacutemero
Natildeo obstante os volumes foram maiores nas seacuteries que ocorreram em periacuteodos
mais quentes assim como nas seacuteries em que se avaliou o desaguamento natural do
lodo verificou-se que a influecircncia da evaporaccedilatildeo foi maior devido ao maior periacuteodo de
exposiccedilatildeo
76
58 Hipoacutetese II ndash Ausecircncia de evaporaccedilatildeo nos sistemas
Para fins de anaacutelise da eficiecircncia do pavimento permeaacutevel de forma isolada
calculou-se qual seria o teor de soacutelidos da torta seca se natildeo houvesse evaporaccedilatildeo
Sabendo que a densidade do lodo eacute proacutexima agrave da aacutegua bem como sua massa
especiacutefica (ANDREOLI VON SPERLING amp FERNANDES 2001)
Considerou-se que a aacutegua comum tem comportamento igual ao da aacutegua
livre do lodo e portanto que um 1 mL de aacutegua eacute igual a 1 mg de aacutegua
Assumiu-se que o volume de aacutegua evaporada no sistema controle foi
evaporada tambeacutem pelos sistemas com lodo Buscou-se entatildeo verificar a
contribuiccedilatildeo dessa evaporaccedilatildeo para a constituiccedilatildeo das tortas secas
estimando o teor de soacutelidos secos descontando sua contribuiccedilatildeo
A estimativa do valor de soacutelidos totais sem contribuiccedilatildeo da evaporaccedilatildeo ( )
pode ser expressa pela seguinte equaccedilatildeo
Em que
Parcela de soacutelidos
Massa total
Onde a parcela de soacutelidos pode ser definida como
Volume do lodo bruto
Volume da aacutegua percolada pelo sistema
Volume da aacutegua no lodo desaguado
77
E o volume da aacutegua no lodo desaguado pode ser calculado por
Onde
Teor de umidade do lodo desaguado
Volume de aacutegua evaporada
E por fim a massa total seraacute
Nas seacuteries sem condicionamento quiacutemico as seacuteries I II e III tiveram uma
diferenccedila de meacutedia entre os teores de soacutelidos de 460 683 e 861 respectivamente
sendo que a temperatura foi crescente nas seacuteries Quanto agraves seacuteries com adiccedilatildeo de
poliacutemero a diferenccedila meacutedia foi de 128 769 209 nas seacuteries I II III
respectivamente A seacuterie IV natildeo foi possiacutevel aferir meacutedia e a diferenccedila foi de 206 Os
valores dos Soacutelidos Totais reais (ST) e Soacutelidos Totais estimados na Hipoacutetese II (STrsquo)
podem ser vistos na Tabela 11 e as Figuras 28 e 29
78
Tabela 11 - Teor de soacutelidos da torta seca ndash comparaccedilatildeo com a Hipoacutetese II
Sem Poliacutemero
Sistemas Seacuteries I II III IV Meacutedia plusmn CV
P ST () 196 2777 2487 - 2408 414 1720
ST () 1577 2127 1694 - 1799 290 1610
P+A ST () 2208 2967 2824 - 2666 403 1513
ST () 1768 2268 1932 - 1989 255 1281
C ST () 2824 3279 2872 - 2992 250 836
ST () 2265 258 1974 - 2273 303 1333
Com poliacutemero
P ST () 2412 2503 2327 2336 2395 082 341
ST () 2282 1693 2121 2129 2056 253 1232
P+A ST () 2645 262 2473 - 2579 092 360
ST () 2519 1805 2241 - 2188 360 1645
C ST () 2980 2753 2843 - 2859 114 400
ST () 2851 2071 2660 - 2527 407 1609 Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia C Convencional ST Soacutelidos
Totais real e STrsquo Soacutelidos Totais estimado na Hipoacutetese II
Figura 28 - Teor de soacutelidos das tortas secas sem condicionamento quiacutemico - Hipoacutetese II
Em que ST Soacutelidos Totais real e STrsquo Soacutelidos Totais estimado na Hipoacutetese II
05
101520253035
P P + A C P P + A C P P + A C
Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III
Teor de soacutelidos da torta seca sem poliacutemero - H2
ST
ST
79
Figura 29 - Teor de soacutelidos das tortas secas com condicionamento quiacutemico - Hipoacutetese II
Em que ST Soacutelidos Totais real e STrsquo Soacutelidos Totais estimado na Hipoacutetese II
Realizando esses caacutelculos observa-se que a evaporaccedilatildeo teve importante
contribuiccedilatildeo nas tortas secas especialmente nas seacuteries em que o lodo natildeo foi
condicionado com poliacutemero sinteacutetico devido ao tempo de percolaccedilatildeo ser muito maior
aumentando a exposiccedilatildeo do lodo ao ambiente Nota-se tambeacutem que altas temperaturas
e baixa umidade do ar9 favorecem a evaporaccedilatildeo da aacutegua presente no lodo jaacute que nas
seacuteries em que a evaporaccedilatildeo foi mais intensa ocorreu no periacuteodo de forte calor e baixa
precipitaccedilatildeo (Seacuterie III do lodo sem poliacutemero e Seacuterie II do lodo com poliacutemero)
A partir dos dados observados podem-se realizar algumas ponderaccedilotildees satildeo
elas
No lodo sem condicionamento orgacircnico a evaporaccedilatildeo foi mais significativa na
seacuterie III Nota-se que os volumes percolados dobrariam caso a aacutegua
evaporada fosse incorporada aos mesmos Como citado anteriormente o
periacuteodo em que se realizou esta seacuterie foi marcado por altas temperaturas e
quase nenhuma precipitaccedilatildeo
9 Natildeo foi possiacutevel obter dados da umidade relativa do ar
05
101520253035
P P + A C P P + A C P P + A C P
Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie IV
Teor de soacutelidos da torta seca do lodo com poliacutemero sinteacutetico - H2
ST
ST
80
No lodo condicionado a seacuterie II foi a de maior evaporaccedilatildeo tambeacutem devido
agraves altas temperaturas e baixa precipitaccedilatildeo registrada no periacuteodo em que a
seacuterie foi realizada
O aumento meacutedio das seacuteries sem condicionamento com poliacutemero foi de
6257 7545 e 8548 para os sistemas pavimento permeaacutevel pavimento
permeaacutevel acrescido de areia e convencional respectivamente Quanto agraves
seacuteries com adiccedilatildeo de poliacutemero esse aumento foi bem menor sendo de
642 no pavimento permeaacutevel 839 no pavimento permeaacutevel acrescido
de areia e 1312 no convencional
Enquanto o lodo com poliacutemero tem a maior perda de umidade decorrente da
maior percolaccedilatildeo gerada pela interaccedilatildeo entre poliacutemero e soacutelidos presentes
no lodo o lodo sem utilizaccedilatildeo de poliacutemero tem a evaporaccedilatildeo como maior
contribuinte para a perda de umidade e por isso produzem tortas secas de
igual teor
A partir do desaguamento real e das hipoacuteteses formuladas observa-se que o
desaguamento do lodo em leitos de secagem ocorre em duas fases distintas a primeira
eacute a percolaccedilatildeo preponderante nos primeiros dias das seacuteries e quando esta diminui o
processo de evaporaccedilatildeo torna-se o maior responsaacutevel pela perda de umidade no
restante do periacuteodo Fazem-se necessaacuterios estudos em escalas maiores onde se possa
mensurar a diferenccedila de volume bem como a influecircncia da evaporaccedilatildeo nos leitos de
secagem alternativos e convencional
59 Manutenccedilatildeo dos pavimentos
Apoacutes a utilizaccedilatildeo de doze pavimentos realizou-se o segundo teste de infiltraccedilatildeo em
meados de janeiro onde PV 2 foi descartado pois sua taxa esteve bem abaixo da
meacutedia dos outros (infiltrando 164 mL enquanto a meacutedia dos demais foi de 1000 mL) natildeo
possibilitando seu uso nos sistemas com camada de areia Ressalva-se que no
segundo e terceiro teste os pavimentos 10 11 e 12 ateacute entatildeo natildeo tinham sido
utilizados com o objetivo de garantir que tanto o lodo condicionado quanto o natildeo
81
condicionado tivessem duas de suas seacuteries desaguadas em pavimentos ainda natildeo
utilizados e somente uma delas em pavimentos reutilizados
Para tanto todos os pavimentos foram limpos com lavadora de alta pressatildeo
anteriormente ao teste com o objetivo de retirar o lodo que permaneceu aderido ao
pavimento e ao tubo do sistema Contudo o valor obtido dos demais pavimentos
tambeacutem natildeo foi satisfatoacuterio pois tiveram taxa de infiltraccedilatildeo em meacutedia 126 plusmn 8490 e
CV 009 abaixo do primeiro teste tendo em vista a possiacutevel existecircncia de oacuteleos e
graxas presentes em partiacuteculas de lodo que ainda podem ter permanecido nos
pavimentos Sendo assim para obtenccedilatildeo de taxas mais altas utilizou-se soluccedilatildeo
detergente deixando os sistemas mergulhados por uma semana Poreacutem a taxa de
infiltraccedilatildeo encontrada foi de 1421 mL 242 em meacutedia superior a do primeiro teste
Estes resultados podem ser explicados pela lavagem com alta pressatildeo ter movido
alguns gratildeos de basalto e areia presentes no pavimento de modo que os espaccedilos
vazios tornaram-se maiores a ponto de aumentarem a taxa
No que diz respeito aos sistemas pavimento permeaacutevel e areia e convencional a
taxa de infiltraccedilatildeo do teste 2 soacute foi aferida depois do terceiro teste dos pavimentos
sendo em meacutedia de 3613 plusmn 19817 e CV 055 e 788 mL plusmn471 e CV 006
respectivamente representando um aumento de 19858 e 4956 na taxa de infiltraccedilatildeo
em relaccedilatildeo ao teste 1 De acordo com as consideraccedilotildees expostas a meacutedia da taxa de
infiltraccedilatildeo eacute muito influenciada pela reutilizaccedilatildeo dos pavimentos como mostra a Figura
35 no Apecircndice B
A partir dos testes realizados eacute importante fazer algumas ponderaccedilotildees como os
pavimentos podem sofrer variaccedilotildees no volume de espaccedilos vazios que podem
influenciar a taxa de infiltraccedilatildeo de maneira significativa a reutilizaccedilatildeo dos pavimentos
mostrou-se possiacutevel poreacutem apresenta algumas limitaccedilotildees como a necessidade de
realizar lavagem dos pavimentos implicando em uso consideraacutevel de aacutegua Conquanto
esse processo eacute trabalhoso visto que a simples lavagem com aacutegua natildeo garante sua
limpeza necessitando do emprego de algo que friccione a superfiacutecie do pavimento para
82
que este seja limpo Para isso foi preciso utilizar uma lavadora de alta pressatildeo na
limpeza dos sistemas Mesmo assim dependendo das caracteriacutesticas do lodo pode
natildeo ser suficiente para remover totalmente os resiacuteduos sendo necessaacuterio o uso de
soluccedilotildees detergentes ou anaacutelogas
83
6 CONCLUSAtildeO
As metodologias utilizadas para condicionamento do lodo de tanque seacuteptico com
poliacutemeros naturais natildeo se mostraram eficazes no condicionamento do lodo de esgoto
de tanque seacuteptico
Todavia o uso de poliacutemero orgacircnico sinteacutetico mostrou-se eficiente Evidenciando
melhores resultados que o lodo sem condicionamento pela maior quantidade de
volume percolado e menor tempo de desaguamento que possibilitam a realizaccedilatildeo de
mais ciclos de secagem por ano e possivelmente a reduccedilatildeo da aacuterea do leito Todavia
os teores de soacutelidos da torta seca foram semelhantes aos obtidos no lodo sem
aplicaccedilatildeo de poliacutemero
Quanto agrave utilizaccedilatildeo de leito de secagem alternativo tanto o pavimento permeaacutevel
quanto o pavimento permeaacutevel com adiccedilatildeo de areia natildeo tiveram diferenccedila significativa
entre o volume desaguado e a umidade na torta seca o que dispensaria o acreacutescimo
de areia ao pavimento Comparando-se ao leito de secagem convencional verifica-se
que as duas formas de leito de secagem alternativo foram melhores nos quesitos
volume desaguado e tempo Contudo pela camada de areia maior a torta seca
produzida pelo leito convencional teve menor umidade apresentando melhor resultado
na escala de bancada Poreacutem em escala real esta camada de areia ocuparia uma
pequena parte da aacuterea do leito diminuindo consideravelmente a percolaccedilatildeo e
aumentando o tempo do ciclo de secagem A reutilizaccedilatildeo do pavimento mostrou-se
possiacutevel poreacutem trabalhosa e pode interferir na sua taxa de infiltraccedilatildeo
84
85
7 RECOMENDACcedilOtildeES
No decorrer da pesquisa pela limitaccedilatildeo de tempo do delineamento experimental e
de outros fatores muitas possibilidades de aprofundamento do estudo natildeo foram
possiacuteveis Poreacutem caso realizadas seriam interessantes contribuiccedilotildees no campo das
pesquisas em saneamento rural aleacutem de serem necessaacuterias para complementaccedilatildeo da
presente pesquisa
Apesar dos resultados natildeo terem sido positivos na aplicaccedilatildeo de poliacutemeros naturais
no lodo de tanque seacuteptico estes ainda podem ser uma alternativa promissora aos
poliacutemeros sinteacuteticos Para tanto sugere-se que sejam estudadas outras dosagens visto
que estas foram limitadas no estudo especialmente no caso do poliacutemero oriundo do
quiabo Ademais eacute possiacutevel que existam resultados positivos caso empregue-se
metodologias diferentes mas ainda simplificadas Aleacutem disso ainda que possivelmente
natildeo atendam a essa premissa o emprego de meacutetodos mais complexos que aumentem
a concentraccedilatildeo dos poliacutemeros em volumes viaacuteveis para aplicaccedilatildeo no lodo de esgoto
tambeacutem pode gerar resultados positivos uma vez que diversas pesquisas relataram
sua eficiecircncia no tratamento de aacutegua e esgoto Tambeacutem seria interessante a anaacutelise de
custos versus benefiacutecios no emprego de poliacutemeros naturais e sinteacuteticos e a sua
comparaccedilatildeo
No que diz respeito a utilizaccedilatildeo do pavimento permeaacutevel como leito de secagem
alternativo fazem-se necessaacuterios estudos em escalas maiores onde se possa mensurar
a diferenccedila de volume desaguado bem como a influecircncia da evaporaccedilatildeo nos leitos de
secagem alternativos e convencional para verificar a sua viabilidade Tambeacutem eacute
necessaacuterio verificar se a limpeza destes leitos seria factiacutevel nestas escalas
Portanto a otimizaccedilatildeo da etapa de desaguamento de lodo de tanque seacuteptico tanto
a utilizaccedilatildeo de poliacutemeros naturais quanto a simplificaccedilatildeo dos leitos de secagem
constituem-se objetos de estudo valiosos para buscar alternativas necessaacuterias para o
gerenciamento de lodo de lodo de esgoto e contribuem em uacuteltimo caso para a
melhoria dos serviccedilos de saneamento especialmente o saneamento rural
86
87
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92
93
APEcircNDICES
APEcircNDICE A Alcalinidade pH e concentraccedilatildeo de Soacutelidos do lodo bruto
Para caacutelculo da meacutedia dos valores obtidos eacute importante esclarecer que soacute foram
realizados estes caacutelculos para ST SST pH e alcalinidade haja visto que os STF STV
e SSF e SSV satildeo valores dependentes dos primeiros paracircmetros citados calculando-se
a meacutedia desvio padratildeo e coeficiente de variaccedilatildeo somente das anaacutelises validadas
destes Deste modo verificou-se primeiramente se as observaccedilotildees tinham indiacutecio de
normalidade como todas as variaacuteveis se adequavam a essa condiccedilatildeo fez-se um
intervalo de confianccedila calculando-se dois desvios acima da meacutedia e dois abaixo
cobrindo-se assim 98 da distribuiccedilatildeo dos dados Como a meacutedia eacute altamente
influenciada por valores extremos excluiu-se os valores indicados pelo intervalo de
confianccedila para seu caacutelculo plotando graacuteficos boxplot obteacutem-se o mesmo resultado
Para a anaacutelise de ST o intervalo de confianccedila foi de 6469874 a 9126126 mgL-1
Como pode ser observado na Figura 30 para ST foram excluiacutedos quatro valores por
natildeo se encaixarem neste criteacuterio e que podem ser fruto de erros laboratoriais
Figura 30 - Boxplot dos Soacutelidos Totais encontrados no lodo bruto
94
No caso dos SST somente um valor foi descartado e o intervalo de confianccedila foi
de 6162486 a 73752 14 mgL-1 A Figura 31 mostra o boxplot gerado
Figura 31 - Boxplot dos Soacutelidos Suspensos Totais encontrados no lodo bruto
A alcalinidade natildeo teve nenhum valor descartado e o intervalo de confianccedila foi
de 2146656 a 2483784 mg CaCO3 L-1 o boxplot pode ser visualizado na Figura 32
Figura 32 - Boxplot da Alcalinidade encontrada no lodo bruto
95
O pH tambeacutem teve o mesmo comportamento da alcalinidade eacute o intervalo de
confianccedila mostra que o verdadeiro valor da meacutedia de pH estaacute entre 736 a 759 como
evidencia o boxplot da Figura 33
Figura 33 - Boxplot do pH encontrado no lodo bruto
96
APEcircNDICE B Infiltraccedilatildeo dos sistemas volume desaguado e tortas secas dos
sistemas temperatura registradas duraccedilatildeo evaporaccedilatildeo das seacuteries
Infiltraccedilatildeo
Tabela 12 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos
Taxa de Infiltraccedilatildeo
P Teste I Teste II Teste III
Volume (mL)
Volume (mL)
Volume (mL)
1 1192 1068 1600
2 768 164 -
3 1216 1148 1596
4 1228 948 1552
5 1252 1020 1580
6 1068 1012 1364
7 1092 1020 1524
8 1192 924 1312
9 1110 1048 1588
10 1116 - -
11 1104 - -
12 1096 - -
13 1112 840 1000
14 852 588 1332
15 1092 968 1180
Figura 34 - Boxplot da taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos no Teste 1
97
Na Figura 35 os valores de PV10 PV11 e PV12 satildeo considerados como 0 no
graacutefico por natildeo terem sido incluso no caacutelculo porque ateacute entatildeo natildeo tinham sido
utilizados natildeo sendo considerados nas meacutedias dos testes 2 e 3 Em cada ponto satildeo
mostrados o intervalo de confianccedila aproximado das taxas de infiltraccedilatildeo utilizando a
suposiccedilatildeo de normalidade dos dados As linhas auxiliam na visualizaccedilatildeo geral dos
valores nos diferentes testes
Figura 35 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos permeaacuteveis nos testes 1 (sem utilizaccedilatildeo) 2 (lavagem) e 3 (lavagem com soluccedilatildeo detergente)
Em que PV Pavimentos PV10 PV11 E PV12 natildeo foram inclusos nos testes 2 e 3
Na Tabela 13 encontram-se os valores da taxa de infiltraccedilatildeo para os sistemas
pavimento com adiccedilatildeo de areia e convencional Como jaacute citado o pavimento 11
(equivalente ao sistema 4 em P+A) natildeo tinha sido utilizado ateacute a realizaccedilatildeo do segundo
teste Com exceccedilatildeo do primeiro sistema P+A (equivalente ao pavimento 2) todos os
sistemas tiveram suas taxas de infiltraccedilatildeo bastante elevadas no segundo teste
98
Tabela 13 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas pavimento com adiccedilatildeo de areia e convencional
Taxa de Infiltraccedilatildeo
P+A Teste I Teste II
C Teste I Teste II
Volume (mL) Volume (mL) Volume (mL) Volume (mL)
1 646 296 1 430 738
2 626 440 2 490 792
3 738 436 3 760 754
4 2048 - 4 616 940
5 2040 208 5 424 844 P+A Pavimento e Areia e C Convencional
Na Figura 36 visualiza-se os testes 1 e 2 de infiltraccedilatildeo nos sistemas compostos
por pavimento permeaacutevel e camada de areia Da mesma forma que o graacutefico observado
na Figura 39 os sistemas considerados com valor igual a 0 natildeo foram inclusos caacutelculo
neste caso por motivos distintos PV1 foi descartado antes do teste 2 e PV4 ateacute entatildeo
natildeo tinha sido utilizado Em cada ponto satildeo mostrados o intervalo de confianccedila
aproximado das taxas de infiltraccedilatildeo utilizando a suposiccedilatildeo de normalidade dos dados
As linhas tecircm a funccedilatildeo de auxiliar a visualizaccedilatildeo dos valores nos dois testes
Figura 36 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas compostos por pavimento permeaacutevel e areia nos testes 1 (sem utilizaccedilatildeo) e 2 (apoacutes lavagem dos pavimentos com soluccedilatildeo detergente)
Em que PV Pavimento permeaacutevel e areia PV1 e PV4 foram considerados como 0 por natildeo participarem do teste 2
99
A Figura 37 trata dos testes de infiltraccedilatildeo 1 e 2 do sistema convencional Da
mesma forma que nas duas figuras anteriores o sistema com valor igual a 0 natildeo foi
incluso caacutelculo por ateacute entatildeo natildeo ter sido utilizado Satildeo mostrados o intervalo de
confianccedila aproximado das taxas de infiltraccedilatildeo em cada ponto utilizando a suposiccedilatildeo de
normalidade dos dados Foram traccediladas linhas para auxiliar a visualizaccedilatildeo dos valores
nos testes
Figura 37 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas convencionais nos testes 1 (sem utilizaccedilatildeo) e 2 (apoacutes lavagem dos pavimentos com soluccedilatildeo detergente)
Em que C Sistema Convencional C4 foi considerado como 0 no graacutefico por natildeo participar do teste 2
Temperaturas
As temperaturas maacuteximas miacutenimas do dia foram fornecidas pelo Centro de
Pesquisas Meteoroloacutegicas e Climaacuteticas Aplicadas agrave Agricultura da Universidade
Estadual de Campinas (CEPAGRIUNICAMP) Tambeacutem houve monitoramento da
temperatura no Laboratoacuterio de Protoacutetipos contudo esse monitoramento se deu nos
momentos em que houve coleta de volume drenado dos sistemas realizando-se a
meacutedia dos valores nos dias em que houve mais de uma coleta As temperaturas podem
ser observadas nas Figuras 38 39 40 41 41 e 43
100
Figura 38 - Temperaturas registradas na Seacuterie I sem poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
Figura 39 - Temperaturas registradas na Seacuterie II sem poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
Figura 40 - Temperaturas registradas na Seacuterie III sem poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
0050
100150200250300350400
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09
20
13
30
09
20
13
01
10
20
13
02
10
20
13
031
02
01
3
04
10
20
13
05
10
20
13
06
10
20
13
07
10
20
13
TdegC
Temperatura da Seacuterie I - Sem Poliacutemero
Maacutex Min Lab
0050
100150200250300350400
29
10
20
13
30
10
20
13
31
10
20
13
01
11
20
13
02
11
20
13
03
11
20
13
04
11
20
13
05
11
20
13
06
11
20
13
07
11
20
13
08
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13
09
11
20
13
10
11
20
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16
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13
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20
13
19
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13
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24
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26
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27
11
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13
28
11
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13
29
11
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30
11
20
13
01
12
20
13
02
12
20
13
03
12
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13
04
12
20
13
05
12
20
13
06
12
20
13
TdegC
Temperatura na Seacuterie II - Sem Poliacutemero
Maacutex Min Lab
0050
100150200250300350400
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01
20
14
29
01
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14
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01
20
14
31
01
20
14
01
02
20
14
02
02
20
14
03
02
20
14
04
02
20
14
05
02
20
14
06
02
20
14
07
02
20
14
080
22
01
4
09
02
20
14
10
02
20
14
11
02
20
14
12
02
20
14
13
02
20
14
14
02
20
14
15
02
20
14
16
02
20
14
17
02
20
14
18
02
20
14
19
02
20
14
20
02
20
14
21
02
20
14
22
02
20
14
23
02
20
14
24
02
20
14
TdegC
Temperatura na Seacuterie III - Sem Poliacutemero
Maacutex Min Lab
101
Figura 41 - Temperaturas registradas na Seacuterie I com poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
Figura 42 - Temperaturas registradas na Seacuterie II com poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
0
5
10
15
20
25
30
27813 28813 29813
TdegC
Temperaturas Seacuterie I - Poliacutemero Sinteacutetico
Maacutex
Min
Lab
15
20
25
30
35
40
TdegC
Temperaturas Seacuterie II - Poliacutemero Sinteacutetico
Maacutex
Min
Lab
102
Figura 43 -Temperaturas registradas na Seacuterie III sem poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
Evaporaccedilatildeo Figura 44 - Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua nas seacuteries sem adiccedilatildeo de poliacutemero
10
15
20
25
30
35
40
180214 190214 200214 210214 220214
TdegC
Temperaturas Seacuterie III - Poliacutemero Sinteacutetico
Maacutex
Min
Lab
0
5
10
15
20
25
30
35
0 200 400 600 800 1000
Tempo (h)
Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua - Seacuteries sem Poliacutemero
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
103
Figura 45 - Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua nas seacuteries com adiccedilatildeo de poliacutemero
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
0 50 100 150 200
Tempo (h)
Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua - Seacuteries com Poliacutemero
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III e IV
104
Volume desaguado
Figura 46 - Boxplot do volume desaguado com ou sem poliacutemero em cada sistema (valores amostrais)
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
105
Figura 47 - Boxplot dos volumes desaguados com ou sem poliacutemero em cada sistema (valores ajustados)
Em que PP Sistemas Pavimento permeaacutevel e Pavimento com adiccedilatildeo de Areia e C Sistema Convencional
106
Figura 48 - Boxplot dos Soacutelidos Totais na torta seca do lodo com ou sem condicionamento quiacutemico
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
107
Figura 49 - Meacutedias e valores maacuteximos e miacutenimos dos teores de soacutelidos da torta seca nos sistemas com ou sem poliacutemero (valores ajustados)
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
vi
vii
RESUMO
O gerenciamento do lodo de tanque seacuteptico eacute uma atividade complexa de alto custo e
pode promover impactos ambientais negativos caso seja mal executada sendo que a
etapa mais criacutetica eacute a de desaguamento O leito de secagem eacute uma das principais
teacutecnicas mas demanda grandes aacutereas e muito tempo para remoccedilatildeo da torta seca A
modificaccedilatildeo destes leitos utilizando pavimentos permeaacuteveis e poliacutemeros podem
diminuir o tempo e aacuterea deste leito O objetivo do trabalho foi comparar a eficiecircncia de
desaguamento da porccedilatildeo de aacutegua livre contida no lodo de tanque seacuteptico com o
emprego de leito de secagem convencional e leito de secagem composto por
pavimento permeaacutevel e avaliar a eficiecircncia da utilizaccedilatildeo de poliacutemeros naturais oriundos
da mandioca (Manihot esculenta Crantz) moringa (Moringa oleifera) e quiabo
(Abelmoschus esculentus) como auxiliares do processo A avaliaccedilatildeo foi realizada em
escala de bancada Somente o poliacutemero sinteacutetico mostrou-se eficiente no
condicionamento do lodo O lodo natildeo condicionado desaguou nos sistemas pavimento
permeaacutevel e pavimento permeaacutevel e areia convencional 611 620 e 547 mL em meacutedia
e no lodo condicionado 1464 1434 e 1214 mL respectivamente Os teores de soacutelidos
da torta seca do lodo sem poliacutemero foram de 2408 2667 e 2992 para os sistemas
pavimento permeaacutevel e pavimento permeaacutevel e areia e convencional respectivamente
e no lodo com poliacutemero foram de 2395 2519 e 2859 O tempo meacutedio de
desaguamento do lodo sem condicionamento foi de 35 dias enquanto que no lodo
condicionado foi de 6 dias Estes resultados apontam que as tortas secas obtiveram
resultados proacuteximos entre si poreacutem o lodo com adiccedilatildeo de poliacutemero teve maior volume
desaguado e menor duraccedilatildeo possibilitando reduccedilatildeo na aacuterea dos leitos e a realizaccedilatildeo
de mais ciclos de secagem por ano Ademais os leitos alternativos produziram lodos
com umidade semelhante ao leito convencional em menor tempo podendo otimizar o
desaguamento do lodo em Estaccedilotildees de Tratamento de Esgoto
Palavras chaves desidrataccedilatildeo de lodo de esgoto condicionamento quiacutemico
coagulantes naturais pavimento permeaacutevel
viii
ix
ABSTRACT
The slugde management is a complex and high cost activity It can promove negatives
impacts if it is poorly executed and the most critical step is the dewatering The drying
bed is one of the principal techniques but it demands big areas and a long periods for
the sludge cake removal The drying beds change can decrease the time and the area
of them if using permeable paving and polymers The objective of this work was to
compare the efficiency of two techniques to dewatering the bulk water portion inside the
septic tank sludge It was compared the conventional drying bed and the drying bed
made of permeable paving It was also evaluate the efficiency of naturals polymers from
cassava (Manihot esculenta Crantz) moringa (Moringa oleifera) and okra (Abelmoschus
esculentus) as auxiliaries in the process The evaluation was performanced in bench
scale The main results showed that only the synthetic polymer was efficient in sludge
conditioning The unconditioned sludge dewatered from the systems permeable paving
permeable paving plus sand and conventional 611 620 and 547 mL on average and for
conditioned sludge 1464 1434 and 1214 mL respectively The dry solids cake in
unconditioned sludge was 2408 2667 and 2992 and in conditioned sludge was
2395 2519 and 2859 for systems permeable paving permeable paving plus sand
and conventional respectively The average time for dewatering sludge without
conditioning was 35 days whereas in sludge conditioning was 6 days These results
show that the dry solids cake obtained similar results however the conditioned sludge
had higher volume dewatered and shorter time duration The alternative drying beds
produced sludges with suchlike dry solids results dry solids as compared to
conventional drying bed in a shorter time it may optimize sludge dewatering in Waste
Water Treatment Plants
Key words dehydration sludges chemical conditioning naturals coagulants
permeable paving
x
xi
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 1
2 OBJETIVOS 3
21 Objetivos especiacuteficos 3
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 5
31 Breve histoacuterico do saneamento baacutesico na zona rural no Brasil 5
32 Tanque Seacuteptico 7
33 Lodo de esgoto 11
34 Desaguamento do lodo de esgoto 15
35 Condicionamento do lodo 21
36 Pavimento permeaacutevel 27
4 METODOLOGIA 29
41 Pavimento permeaacutevel 29
42 Lodo 31
43 Poliacutemeros 35
44 Montagem dos leitos de secagem 39
45 Taxa de infiltraccedilatildeo 43
46 Avaliaccedilatildeo dos sistemas quanto ao desaguamento do lodo 43
461 Avaliaccedilatildeo do desaguamento sem adiccedilatildeo de poliacutemero (Seacuterie 1)44
462 Avaliaccedilatildeo do desaguamento com adiccedilatildeo de poliacutemeros (Seacuteries 2 a 5)45
463 Sistema controle45
464 Avaliaccedilatildeo do Lodo Desaguado46
5 RESULTADOS 47
xii
51 Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas 47
52 Caracterizaccedilatildeo do lodo bruto 47
53 Dosagem oacutetima dos poliacutemeros 50
531 Poliacutemero Sinteacutetico52
532 Mandioca53
533 Moringa54
534 Quiabo55
535 Avaliaccedilatildeo geral da dosagem dos poliacutemeros55
54 Desaguamento do lodo nos sistemas 56
541 Sistema composto por Pavimento Permeaacutevel59
a) Lodo natildeo condicionado59
b) Lodo condicionado60
a) Lodo condicionado62
543 Sistema Convencional63
a) Lodo natildeo condicionado63
b) Lodo condicionado64
55 Teor de soacutelidos das tortas secas 65
56 Anaacutelise geral dos sistemas 67
57 Hipoacutetese I ndash Aacutegua evaporada do lodo sendo percolada 73
58 Hipoacutetese II ndash Ausecircncia de evaporaccedilatildeo nos sistemas 76
59 Manutenccedilatildeo dos pavimentos 80
6 CONCLUSAtildeO 83
7 RECOMENDACcedilOtildeES 85
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 87
xiii
APEcircNDICE A Alcalinidade pH e concentraccedilatildeo de Soacutelidos do lodo bruto 93
APEcircNDICE B Infiltraccedilatildeo dos sistemas volume desaguado e tortas secas dos
sistemas temperatura registradas duraccedilatildeo evaporaccedilatildeo das seacuteries 96
xiv
xv
AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo primeiramente aos meus pais Maria Elisa e Reinaldo por terem me
dado aleacutem da educaccedilatildeo o amor e a noccedilatildeo de que a vida tem um propoacutesito maior
Agradeccedilo tambeacutem aos meus familiares em especial ao meu irmatildeo Juacutelio e a minha avoacute
Ameacutelia com quem tenho a oportunidade do conviacutevio do lar haacute tantos anos Pela
paciecircncia que tecircm comigo em dias que estou impossiacutevel e pelos risos que cobriram
meu rosto muitas vezes
Agradeccedilo ao Prof Adriano pela excepcional orientaccedilatildeo por todos os conselhos e
paciecircncia durante esses mais de dois anos
Agraves amigas e amigos que compartilharam algumas xiacutecaras de cafeacute e happy hours
comigo Amanda Maia Amanda Marchi Artur Cardoso Bianca Gomes Gabriela
Bosshard Gabriela dos Reis Guilherme da Silva Guilherme Rebecchi Jenifer Silva
Joatildeo Paulo Hadler Jorge Barbarotto Lays Leonel Luana Cruz Maacutercio Haiba Mocircnica
Rodrigues Rodolfo Valentim Thalita Cruz e Thaita Rissi Os conselhos e as risadas
foram imprescindiacuteveis para a realizaccedilatildeo deste trabalho
Ao Ademir que aleacutem de toda a ajuda na idealizaccedilatildeo construccedilatildeo dos sistemas e
avaliaccedilatildeo dos pavimentos se tornou meu amigo Ao Diego e Eduardo da Secretaria de
Poacutes-Graduaccedilatildeo e ao Ariovaldo da Secretaria do Departamento de Saneamento e
Ambiente por terem resolvido muito dos meus pepinos burocraacuteticos pela simpatia e
gentileza com que me trataram sempre Aos ateacute entatildeo teacutecnicos do Lab San Enelton
Fernando e Liacutegia pelo grande suporte nas anaacutelises Ao meu amigo David Matta que
aleacutem da amizade me deu uma super ajuda com a anaacutelise estatiacutestica dos meus dados
De uma forma ou de outra todas e todos aqui mencionados contribuiacuteram natildeo soacute
para a obtenccedilatildeo do meu tiacutetulo de mestra mas tambeacutem para o meu crescimento
enquanto pessoa Saibam que aprendi muito com vocecircs
xvi
xvii
ldquoVivendo se aprende mas o que se aprende mais eacute soacute fazer outras maiores perguntasrdquo (Joatildeo Guimaratildees Rosa Grande Sertatildeo Veredas 1956)
xviii
xix
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Esquema do funcionamento de tanque seacuteptico de cacircmara uacutenica 8
Figura 2 - Planta de um leito de secagem convencional 17
Figura 3 - Corte transversal de um leito de secagem convencional 17
Figura 4 - Exemplo de aplicaccedilatildeo de pavimento permeaacutevel em estacionamento 28
Figura 5 - Pavimento permeaacutevel utilizado no projeto 29
Figura 6 - Extratora de corpo de prova utilizada para o corte do pavimento utilizado na
pesquisa 30
Figura 7 - Teste de jarros para dosagem oacutetima de poliacutemero 33
Figura 8 - Aparelho utilizado para aferir o Tempo de Succcedilatildeo Capilar (Capilary Suction
Time) 35
Figura 9 - Preparo da soluccedilatildeo de poliacutemero produzida a partir da mandioca 37
Figura 10 - Semente de Moringa oleiacutefera 38
Figura 11 - Preparo da soluccedilatildeo de poliacutemero produzida a partir do quiabo 39
Figura 12 - Sistema de bancada de leito de secagem utilizado na pesquisa 40
Figura 13 - Bancada experimental localizada no Laboratoacuterio de Protoacutetipos 42
Figura 14 - Detalhe dos sistemas em utilizaccedilatildeo na bancada experimental 42
Figura 15 - Coluna drsquoaacutegua utilizada como controle na bancada experimental 46
Figura 16 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento
permeaacutevel com lodo de esgoto sem poliacutemero 59
Figura 17 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento
permeaacutevel com lodo de esgoto com adiccedilatildeo de poliacutemero 61
Figura 18 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento
permeaacutevel com lodo de esgoto sem poliacutemero 62
xx
Figura 19 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento
permeaacutevel e areia com lodo de esgoto com adiccedilatildeo de poliacutemero 63
Figura 20 - Hidrograma do desaguamento do sistema convencional com lodo de esgoto
sem poliacutemero 64
Figura 21 - Hidrograma do desaguamento do sistema convencional com lodo de esgoto
com adiccedilatildeo de poliacutemero 65
Figura 22 - Teor de soacutelidos da torta seca do lodo desaguado sem poliacutemero 66
Figura 23 - Teor de soacutelidos da torta seca do lodo desaguado com poliacutemero sinteacutetico 67
Figura 24 - Hidrograma do desaguamento do lodo em todos os sistemas no lodo natildeo
condicionado e condicionado 68
Figura 25 - Desaguamento do lodo sem poliacutemero - meacutedias das seacuteries 69
Figura 26 - Desaguamento do lodo com poliacutemero - meacutedias das seacuteries 70
Figura 27 - Detalhe da constituiccedilatildeo do leito de secagem convencional 71
Figura 28 - Teor de soacutelidos das tortas secas sem condicionamento quiacutemico - Hipoacutetese
II 78
Figura 29 - Teor de soacutelidos das tortas secas com condicionamento quiacutemico - Hipoacutetese
II 79
Figura 30 - Boxplot dos Soacutelidos Totais encontrados no lodo bruto 93
Figura 31 - Boxplot dos Soacutelidos Suspensos Totais encontrados no lodo bruto 94
Figura 32 - Boxplot da Alcalinidade encontrada no lodo bruto 94
Figura 33 - Boxplot do pH encontrado no lodo bruto 95
Figura 34 - Boxplot da taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos no Teste 1 96
Figura 35 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos permeaacuteveis nos testes 1 (sem
utilizaccedilatildeo) 2 (lavagem) e 3 (lavagem com soluccedilatildeo detergente) 97
Figura 36 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas compostos por pavimento permeaacutevel e
areia nos testes 1 (sem utilizaccedilatildeo) e 2 (apoacutes lavagem dos pavimentos com soluccedilatildeo
detergente) 98
xxi
Figura 37 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas convencionais nos testes 1 (sem utilizaccedilatildeo)
e 2 (apoacutes lavagem dos pavimentos com soluccedilatildeo detergente) 99
Figura 38 - Temperaturas registradas na Seacuterie I sem poliacutemero 100
Figura 39 - Temperaturas registradas na Seacuterie II sem poliacutemero 100
Figura 40 - Temperaturas registradas na Seacuterie III sem poliacutemero 100
Figura 41 - Temperaturas registradas na Seacuterie I com poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no
Laboratoacuterio 101
Figura 42 - Temperaturas registradas na Seacuterie II com poliacutemero 101
Figura 43 -Temperaturas registradas na Seacuterie III sem poliacutemero 102
Figura 44 - Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua nas seacuteries sem adiccedilatildeo de poliacutemero 102
Figura 45 - Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua nas seacuteries com adiccedilatildeo de poliacutemero 103
Figura 46 - Boxplot do volume desaguado com ou sem poliacutemero em cada sistema
(valores amostrais) 104
Figura 47 - Boxplot dos volumes desaguados com ou sem poliacutemero em cada sistema
(valores ajustados) 105
Figura 48 - Boxplot dos Soacutelidos Totais na torta seca do lodo com ou sem
condicionamento quiacutemico 106
Figura 49 - Meacutedias e valores maacuteximos e miacutenimos dos teores de soacutelidos da torta seca
nos sistemas com ou sem poliacutemero (valores ajustados) 107
xxii
xxiii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Caracteriacutesticas de lodo de esgoto no Brasil 13
Tabela 2 - Meacutetodos utilizados na anaacutelise do lodo 34
Tabela 3 - Organizaccedilatildeo dos sistemas 41
Tabela 4 - Avaliaccedilatildeo dos sistemas 44
Tabela 5 - Comparaccedilatildeo entre dados encontrados na literatura e na presente pesquisa
48
Tabela 6 - Dosagens testadas dos poliacutemeros utilizados na pesquisa 52
Tabela 7 - Resultados obtidos no CST nas dosagens de poliacutemero testadas 53
Tabela 8 - Temperatura evaporaccedilatildeo e duraccedilatildeo das seacuteries 56
Tabela 9 - Resultados do desaguamento do lodo de esgoto de tanque seacuteptico 58
Tabela 10 - Desaguamento do lodo de esgoto nos sistemas - Hipoacutetese I 74
Tabela 11 - Teor de soacutelidos da torta seca ndash comparaccedilatildeo com a Hipoacutetese I 78
Tabela 12 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos 96
Tabela 13 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas pavimento com adiccedilatildeo de areia e
convencional 98
xxiv
xxv
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ANA ndash Agecircncia Nacional de Aacuteguas
CV ndash Coeficiente de Variaccedilatildeo
EPS - Substacircncias Polimeacutericas Extracelulares
ETE ndash Estaccedilatildeo de Tratamento de Esgoto
FUNASA ndash Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede
LABPRO ndash Laboratoacuterio de Protoacutetipos
LABREUSO ndash Laboratoacuterio de Reuso
LABSAN ndash Laboratoacuterio de Saneamento
LES - Laboratoacuterios de Estrutura
LMC - Materiais da Construccedilatildeo
PLANASA ndash Plano Nacional de Saneamento
PNAD ndash Pesquisa Nacional por Amostras em Domiciacutelios
PNRH ndash Poliacutetica Nacional de Recursos Hiacutedricos
PNSB ndash Poliacutetica Nacional de Saneamento Baacutesico
PV ndash Pavimento
SST ndash Soacutelidos Suspensos Totais
SSF ndash Soacutelidos Suspensos Fixos
SSV ndash Soacutelidos Suspensos Volaacuteteis
ST ndash Soacutelidos Totais
STF ndash Soacutelidos Totais Fixos
STV ndash Soacutelidos Totais Volaacuteteis
xxvi
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
O saneamento baacutesico eacute um direito garantido pela constituiccedilatildeo federal brasileira No
entanto diversos municiacutepios natildeo tecircm acesso adequado a este serviccedilo no paiacutes
principalmente quando se trata da coleta e tratamento de esgoto Neste contexto as
regiotildees de baixa densidade demograacutefica como as zonas rurais satildeo as que mais
carecem do esgotamento sanitaacuterio No Brasil segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatiacutestica - IBGE (2010) cerca de 30 milhotildees de pessoas vivem na zona
rural ou seja haacute necessidade de realizaccedilatildeo de pesquisas que atendam agraves demandas
dessas comunidades sendo uma delas o saneamento baacutesico
Contudo a Pesquisa Nacional de Amostras por Domiciacutelios (PNAD) de 2011 revela
que entre os domiciacutelios sem rede coletora de esgoto os tanques seacutepticos representam
a principal alternativa para o lanccedilamento do esgoto domeacutestico e estatildeo presentes em
22 dos domiciacutelios no paiacutes (IBGE 2012)
A disposiccedilatildeo em tanques seacutepticos segundo Andreoli et al (2009) ainda que
longe do desejaacutevel pode reduzir cerca de 30 do potencial poluidor sendo
responsaacuteveis por uma reduccedilatildeo de carga orgacircnica de no miacutenimo 13 milhatildeo de kg de
Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO) por dia fato que ameniza os impactos
ambientais decorrentes da falta da rede coletora de esgoto
Considerando que mais de 23 milhotildees de domiciacutelios possuem tanques seacutepticos
ou fossas rudimentares no Brasil pode-se estimar que a produccedilatildeo de lodo digerido que
possui de 94 a 97 de umidade ultrapasse 8 milhotildees de msup3 por ano ndash observando-se o
valor indicado pela NBR 72291993 para o coeficiente de reduccedilatildeo de volume por
digestatildeo (ABNT 1993)
Desta forma haacute necessidade de realizar-se adequadamente o gerenciamento
deste lodo etapa comumente negligenciada no tratamento de esgoto caso contraacuterio o
benefiacutecio ambiental gerado pelo tratamento estaraacute comprometido Dentro deste
gerenciamento o desaguamento por processos naturais satildeo os mais adequados agraves
comunidades rurais por serem meacutetodos simplificados e de baixo custo
2
Tendo em vista um aumento da eficiecircncia deste processo vislumbrou-se a
possibilidade de utilizaccedilatildeo de poliacutemeros que atuam como condicionantes de lodo Os
poliacutemeros podem ser sinteacuteticos ou naturais Os primeiros satildeo produzidos
industrialmente e podem oferecer riscos agrave sauacutede humana aleacutem de impactos
ambientais A utilizaccedilatildeo de poliacutemeros naturais permitiria a reduccedilatildeo destes riscos e
impactos aleacutem de apresentarem menor custo constituindo-se como melhor alternativa
agraves comunidades rurais
Aleacutem disso a reconfiguraccedilatildeo dos leitos de secagem tradicionais utilizando-se
pavimentos permeaacuteveis poderia aumentar a taxa da drenagem da aacutegua presente no
lodo Essa combinaccedilatildeo entre poliacutemeros naturais e leito de secagem permitiria a reduccedilatildeo
do tempo de formaccedilatildeo e remoccedilatildeo da torta seca e da aacuterea do leito de secagem jaacute que
estes apresentam diversos inconvenientes como a demanda por grandes aacutereas e
longos periacuteodos para o desaguamento
Portanto a busca por alternativas adequadas agrave ETE de pequeno porte
localizadas em comunidades isoladas eou rurais historicamente negligenciadas pelo
Estado brasileiro constitui-se como medida efetiva de promoccedilatildeo de sauacutede e melhoria
na qualidade do ambiente uma vez que o acesso ao saneamento integra o conjunto de
medidas da medicina preventiva e reduz o impacto ambiental em corpos hiacutedricos e
contaminaccedilatildeo do solo e lenccediloacuteis freaacuteticos
3
2 OBJETIVOS
O objetivo do projeto foi comparar a eficiecircncia de desaguamento da porccedilatildeo de aacutegua
livre contida no lodo de tanque seacuteptico com o emprego de leito de secagem
convencional e leito de secagem composto por pavimento permeaacutevel e avaliar a
utilizaccedilatildeo de poliacutemeros naturais oriundos da mandioca (Manihot esculenta Crantz)
moringa (Moringa oleifera) e quiabo (Abelmoschus esculentus) e um sinteacutetico como
auxiliares do processo
21 Objetivos especiacuteficos
Comparar o desaguamento da porccedilatildeo de aacutegua livre contida no lodo de tanque
seacuteptico entre
a) leito de secagem convencional
b) leito de secagem composto por pavimento permeaacutevel e uma camada de
areia de 001m
c) leito de secagem composto somente com pavimento permeaacutevel
Avaliar a influecircncia da utilizaccedilatildeo dos poliacutemeros na eficiecircncia do desaguamento
Sendo estes oriundos da mandioca (Manihot esculenta Crantz) moringa
(Moringa oleifera) e quiabo (Abelmoschus esculentus) e um sinteacutetico
Comparar a eficiecircncia entre a utilizaccedilatildeo dos poliacutemeros naturais e sinteacutetico
4
5
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
31 Breve histoacuterico do saneamento baacutesico na zona rural no Brasil
O saneamento na zona rural sempre foi negligenciado por parte do Estado Tendo
se tornado uma preocupaccedilatildeo para o poder puacuteblico somente no iniacutecio do seacuteculo XX apoacutes
trabalho realizado pela Liga Proacute-Saneamento do Brasil que foi um movimento
nacionalista formado por meacutedicos cientistas antropoacutelogos e funcionaacuterios dos serviccedilos
federais Este movimento realizou um relatoacuterio sobre o saneamento na zona rural
atraveacutes de diversas incursotildees pelos ldquosertotildeesrdquo e encontraram uma populaccedilatildeo doente e
miseraacutevel A ausecircncia de poliacuteticas sociais e a grande pobreza decorrente da grande
concentraccedilatildeo de terras e a exploraccedilatildeo a que boa parte desta populaccedilatildeo era submetida
a tornava enfraquecida por doenccedilas decorrentes da falta de saneamento baacutesico e
impossibilitada de ter melhores condiccedilotildees de vida (GRECO 1999 NEVES 2009) Esse
grupo criticava a ausecircncia do poder puacuteblico nestes locais e acreditava ser possiacutevel
reverter este quadro promovendo accedilotildees integradas de sauacutede e saneamento baseando-
se no conceito de sociabilidade das doenccedilas (REZENDE amp HEacuteLLER 2008)
No entanto natildeo consideravam os aspectos de subdesenvolvimento e desigualdade
social que contribuiacuteam para tal situaccedilatildeo (GRECO 1999 NEVES 2009 REZENDE amp
HEacuteLLER 2008) Como se o personagem ldquoJeca Taturdquo de Monteiro Lobato assolado
pela ancilostomiacutease pudesse tornar-se vigoroso capitalista somente tendo acesso agrave
sauacutede Portanto o projeto de ldquosaneamento dos sertotildeesrdquo atraveacutes da exclusiva promoccedilatildeo
de sauacutede buscava defender a ldquovocaccedilatildeo agriacutecolardquo do paiacutes e integrar a populaccedilatildeo rural agrave
economia nacional Contudo foi a partir deste movimento que se lanccedilou as bases para
uma reforma que unificou e centralizou as accedilotildees de sauacutede e saneamento no paiacutes
(REZENDE amp HEacuteLLER 2008)
Com a intensificaccedilatildeo do ecircxodo rural a partir da deacutecada de 1940 pela
industrializaccedilatildeo do paiacutes causando intensa urbanizaccedilatildeo deslocou-se recursos a serem
destinados a zona rural que viviam em condiccedilotildees precaacuterias de sauacutede saneamento
educaccedilatildeo e moradia A partir da deacutecada de 1970 houve um distanciamento das accedilotildees
de sauacutede e saneamento e a criaccedilatildeo do Plano Nacional de Saneamento (PLANASA)
6
que investiu em abastecimento de aacutegua coleta e tratamento de esgoto (REZENDE amp
HEacuteLLER 2008)
Em 2007 com a criaccedilatildeo da Lei Nacional de Saneamento Baacutesico (LNSB) e sua
respectiva poliacutetica entendeu-se a grande vinculaccedilatildeo que deve existir entre as poliacuteticas
de saneamento baacutesico as poliacuteticas nacionais e regionais de recursos hiacutedricos e as
poliacuteticas regionais e locais de desenvolvimento urbano e sauacutede puacuteblica A Poliacutetica
Nacional de Recursos Hiacutedricos (PNRH) jaacute tem certa integraccedilatildeo com a LNSB como
exemplificado pelas accedilotildees da Agecircncia Nacional de Aacuteguas (ANA) Poreacutem a sauacutede
puacuteblica eacute uma grande ausente na LNSB exceto pela imposiccedilatildeo de que os planos de
saneamento baacutesico devam partir de um diagnoacutestico baseado em indicadores sanitaacuterios
e epidemioloacutegicos (CUNHA 2011)
A Poliacutetica Nacional de Saneamento Baacutesico (PNSB) determinou a elaboraccedilatildeo dos
programas de saneamento baacutesico integrado saneamento estruturante e saneamento
rural Sendo este uacuteltimo responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede por meio da
Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede (FUNASA) que tem coordenado o Programa Nacional de
Saneamento Rural visando integrar as poliacuteticas puacuteblicas de meio ambiente recursos
hiacutedricos sauacutede habitaccedilatildeo e igualdade racial (FUNASA 2012)
Entretanto ainda hoje de acordo com a PNAD 2011 a zona rural eacute marginalizada
quanto ao acesso aos serviccedilos de saneamento Somente 33 dos domiciacutelios tem
ligaccedilatildeo a rede de abastecimento de aacutegua e o acesso eacute ainda mais baixo quando se
trata de esgoto apenas 5 estatildeo ligados a rede coletora e 28 utilizam o tanque
seacuteptico como unidade de destinaccedilatildeo do esgoto mas a grande parte da populaccedilatildeo ainda
faz uso de fossa rudimentar lanccedilamento em corpos daacutegua e no solo a ceacuteu aberto
(IBGE 2012)
Do ponto de vista ambiental um projeto de saneamento deve estar apto a
responder natildeo soacute as questotildees sanitaacuterias mas tambeacutem as fontes de perturbaccedilatildeo da
qualidade ambiental no ambiente como a implicaccedilatildeo dos usos do efluente gerado e
seus subprodutos (PHILIPPI et al 1999)
7
Dentre as teacutecnicas de tratamento utilizadas nas zonas rurais o tratamento
anaeroacutebio oferece algumas vantagens em relaccedilatildeo ao aeroacutebio tais como projeto
relativamente simples e baixo custo baixa produccedilatildeo de lodo baixo consumo de energia
e de demanda de nutrientes com capacidade de receber altas cargas orgacircnicas e
sendo potencialmente gerador de energia (MOUSSAVI KAZEMBEIGI amp FARZADKIA
2010)
32 Tanque Seacuteptico
Eacute a forma de tratamento anaeroacutebia mais difundida e mais antiga no mundo haacute
registros de seu uso no seacuteculo XIX (BITTON 2005) e ainda se constitui como a
principal alternativa de tratamento de esgoto em comunidades isoladas eou rurais em
paiacuteses de economia perifeacuterica por ser uma forma de tratamento descentralizado
(MOUSSAVI KAZEMBEIGI amp FARZADKIA 2010) Desde que seja projetado situado e
mantido corretamente eacute considerado um tratamento de esgoto eficiente em aacutereas rurais
(WITHERS JARVIE amp STOATE 2011)
Os tanques seacutepticos podem ser definidos como uma unidade ciliacutendrica ou
prismaacutetica retangular de fluxo horizontal usada para tratamento de esgotos por
processos de sedimentaccedilatildeo flotaccedilatildeo e digestatildeo (ABNT 1993) Podem ser de cacircmara
uacutenica de cacircmaras em seacuterie ou de cacircmaras sobrepostas (ANDREOLI 2009) e sua
constituiccedilatildeo pode ser de concreto metal ou fibra de vidro (BITTON 2005)
Os soacutelidos sedimentaacuteveis presentes no esgoto formam a camada de lodo na parte
inferior do tanque Oacuteleos graxas e outros materiais leves flotam na superfiacutecie formando
uma camada de escuma A mateacuteria orgacircnica retida no fundo do tanque sofre
decomposiccedilatildeo facultativa e anaeroacutebia sendo convertida a compostos mais estaacuteveis e a
gases como gaacutes carbocircnico (CO2) e gaacutes sulfiacutedrico (H2S) e a remoccedilatildeo de Soacutelidos
Suspensos Totais (SST) e Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO) eacute geralmente de 70
a 80 e de 65 a 80 respectivamente podendo alcanccedilar em climas quentes remoccedilatildeo
8
de 80 de SST e 90 de DBO (METCALF amp EDDY 2009 BITTON 2005) Contudo eacute
pouco eficiente na remoccedilatildeo de organismos patogecircnicos (BITTON 2005)
O tempo em que o esgoto permanece no tanque para que seja tratado Tempo de
Detenccedilatildeo Hidraacuteulica (TDH) varia de 24 a 72 h (BITTON 2005) Na Figura 1 estaacute
representado um esquema de funcionamento de um tanque seacuteptico de cacircmara uacutenica
Figura 1 - Esquema do funcionamento de tanque seacuteptico de cacircmara uacutenica
Apesar deste sistema de tratamento ser extremamente antigo ainda eacute objeto de
pesquisa em diversos paiacuteses e se constitui como a principal forma de tratamento de
esgotos em comunidades rurais Entretanto a forma de operaccedilatildeo as unidades que
precedem ou sucedem os tanques seacutepticos e a destinaccedilatildeo final do efluente e do lodo
sofreram modificaccedilotildees qualitativas ao longo do tempo Fato que natildeo soacute comprova a
relevacircncia das pesquisas sobre este sistema como impacta positivamente a sauacutede
puacuteblica e o ambiente de modo geral
Moussavi Kazembeigi amp Farzadkia (2010) estudaram um modelo diferente de
tanque seacuteptico em escala piloto onde o fluxo de esgoto eacute vertical assemelhando-se
aos Reatores Anaeroacutebios de Fluxo Ascendente (RAFA) Os pesquisadores constataram
a remoccedilatildeo de 86 de SST 85 Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO) e 77 da
Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DQO) quando o TDH foi de 24h
9
Em seguida testaram a eficiecircncia de remoccedilatildeo desses indicadores com TDH de 12 e
6 h e notaram que esse decrescimento tambeacutem ocasionou o decrescimento da
remoccedilatildeo de SST de 67 para 33 respectivamente O mesmo ocorreu para os
paracircmetros de DBO e DQO em que o periacuteodo de 12h houve remoccedilatildeo de 71 e 77 e
no periacuteodo de 6 h remoccedilatildeo de 33 e 31 respectivamente constatando que neste caso
natildeo eacute possiacutevel reduzir o tempo de detenccedilatildeo hidraacuteulica dentro da unidade de tratamento
sem comprometer a eficiecircncia de remoccedilatildeo da carga orgacircnica
Os autores concluiacuteram que a modificaccedilatildeo do fluxo de esgoto se revelou eficiente no
tratamento de esgotos domeacutesticos e pode propiciar menor geraccedilatildeo de lodo implicando
em uma manutenccedilatildeo mais simplificada comparada agraves unidades convencionais e
consequentemente em menores custos
Uma pesquisa semelhante foi realizada em escala real em El Tel El Sagheer uma
pequena comunidade localizada agrave 120 km de Cairo Egito O tanque seacuteptico modificado
proposto por Sabry (2010) constitui-se por dois compartimentos O primeiro cujo fluxo
do efluente era vertical possuiacutea uma seacuterie de chapas inclinadas a 60deg conhecidas
como decantadores por colmeia que separavam a fase soacutelida da liacutequida minimizando
a quantidade de soacutelidos que escapavam para o compartimento seguinte e retinham a
escuma O primeiro tanque exercia a funccedilatildeo de digerir anaeroacutebiamente a mateacuteria
orgacircnica sedimentando os soacutelidos suspensos no fundo que formam o lodo tendo
tambeacutem uma saiacuteda para o biogaacutes formado
O segundo compartimento era divido em dois e servia como uma unidade de
polimento degradando a mateacuteria orgacircnica residual atraveacutes da filtraccedilatildeo que ocorria o
com cascalho no fundo do tanque retendo os soacutelidos bioloacutegicos por um longo periacuteodo
Para tal o sistema exigia a utilizaccedilatildeo de duas bombas submersas uma em cada
tanque com vazatildeo de 0003 msup3s-1 O TDH dos dois compartimentos era de 20 h
velocidade ascensional na vazatildeo maacutexima diaacuteria de 0125 m h-1 e carga orgacircnica meacutedia
no segundo compartimento de 042 kg DBO m-3 d Aleacutem disso uma unidade de
10
desinfecccedilatildeo foi instalada para injetar uma soluccedilatildeo de hipoclorito de soacutedio no efluente
tratado com vistas a adequaccedilatildeo a legislaccedilatildeo local
Durante quase um ano de operaccedilatildeo e monitoramento o sistema removeu 81 da
DBO 84 do DQO e 89 dos SST enquanto a remoccedilatildeo em um sistema de tanque
seacuteptico seguido de filtro anaeroacutebio citado pelo pesquisador foi de 56 para DBO 52
para DQO e 54 para SST O sistema tambeacutem se mostrou de faacutecil reprodutibilidade e
baixo custo provando-se uma alternativa promissora para o tratamento de esgotos em
comunidades rurais em regiotildees em situaccedilatildeo anaacuteloga ao Egito
Os tanques seacutepticos tambeacutem podem ser integrados a outros processos de
tratamento como demonstrado por Philippi et al (1999) numa pesquisa realizada no
Brasil no estado de Santa Catarina Os pesquisadores verificaram a eficiecircncia de uma
zona de raiacutezes (tambeacutem conhecida pelo seu termo em inglecircs wetland) que recebia
efluente de um tanque seacuteptico Proveniente de uma induacutestria alimentiacutecia continha soro
de queijo gordura sangue alimentos enlatados carne suiacutena e esgoto sanitaacuterio sendo
que parte desse material ficava na caixa de gordura situada apoacutes o tanque seacuteptico que
foi construiacutedo em escala real de acordo com a NBR 72231993
Apoacutes a caixa de gordura o efluente entrava na parte inferior da zona de raiacutezes e
passava por camadas de areia feno de arroz e argila chegando as raiacutezes da
Zizaniopsis bonariensis espeacutecie de planta aquaacutetica tiacutepica da regiatildeo sul do paiacutes Os
pontos de monitoramento foram nas saiacutedas do tanque seacuteptico (P1) e da zona de raiacutezes
(P2) e os resultados mostraram que a reduccedilatildeo do P1 para DBO e DQO foi de 32 e 33
de 29 e 36 para ST e STV de 5 e 40 para Nitrogecircnio Total Kjedhal (NTK) e nitratos
e de 13 para o foacutesforo total (PT) respectivamente Enquanto que para o P2 a reduccedilatildeo
foi de 69 para DBO 71 para a DQO para ST e STV de 61 e 75 para NTK e
nitratos e PT de 78 e 40 72 respectivamente Destaca-se que a pesquisa estuda
uma das possibilidades de poacutes-tratamento de efluente de tanques seacutepticos poreacutem
existem diversas formas indicadas pela NBR 139691997 como vala de infiltraccedilatildeo o
poccedilo absorvente escoamento superficial e canteiro de infiltraccedilatildeo e evapotranspiraccedilatildeo
11
Os resultados da pesquisa revelam bom desempenho da associaccedilatildeo dos sistemas
de tratamento e alta remoccedilatildeo de N e P em decorrecircncia da desnitrificaccedilatildeo na zona de
raiacutezes e apoacutes o periacuteodo de maturaccedilatildeo do sistema comeccedilou a produzir efluente em
acordo com a legislaccedilatildeo local sendo o sistema integrado uma boa alternativa para o
tratamento efluentes sanitaacuterios e para induacutestrias que tenham efluentes semelhantes aos
da pesquisa (PHILIPPI et al 1999)
Contudo a operaccedilatildeo incorreta e a destinaccedilatildeo inadequada do efluente e do lodo
gerado pelos tanques seacutepticos em zonas rurais podem contribuir para a eutrofizaccedilatildeo de
nascentes de corpos hiacutedricos Withers Jarvie amp Stoate (2011) monitoraram o impacto
dos tanques seacutepticos na concentraccedilatildeo de nutrientes em uma comunidade rural na
Inglaterra Os pesquisadores verificaram altas concentraccedilotildees de nitrogecircnio foacutesforo
soacutedio potaacutessio e amocircnia aleacutem de concentraccedilotildees de nitrato consideradas nocivas aos
peixes tipicamente associados agrave digestatildeo anaeroacutebia de tanques seacutepticos tanto nas
valas de infiltraccedilatildeo quanto agrave jusante do corpo hiacutedrico situado proacuteximo aos tanques
seacutepticos
Portanto aleacutem de melhorias nas tecnologias simplificadas de tratamento de esgoto
eacute necessaacuterio o correto gerenciamento do lodo gerado caso contraacuterio o beneficio
ambiental gerado pelo tratamento do efluente pode ser parcialmente comprometido
33 Lodo de esgoto
O lodo de esgoto eacute um subproduto do tratamento de esgoto e eacute gerado em vaacuterias
etapas Seu gerenciamento eacute complexo e por vezes ignorado nas ETE
Contraditoriamente Campbell (2000) aponta que quanto mais efetivo o processo de
remoccedilatildeo de contaminantes maior a produccedilatildeo de lodo Ou seja a preocupaccedilatildeo com o
tratamento do efluente deve ser proporcional ao gerenciamento de seu subproduto
Apesar disso natildeo representa mais que 2 do volume de esgoto tratado Poreacutem os
custos variam de 20 a 60 do total gasto numa ETE no Brasil (ANDREOLI VON
SPERLING amp FERNANDES 2001) Essa realidade natildeo eacute soacute brasileira em outros
12
paiacuteses tambeacutem representa custos elevados e seu gerenciamento eacute por vezes
negligenciado (RUIZ KAOSOL amp WISNIEWSK 2010)
Uma fraccedilatildeo significativa da expansatildeo da infraestrutura estaacute ocorrendo em paiacuteses
em desenvolvimento dirigidas aos maiores centros urbanos do mundo como eacute o caso
da Cidade do Meacutexico e Satildeo Paulo Para ter estrateacutegias mais apropriadas de
gerenciamento de lodo contudo satildeo necessaacuterias informaccedilotildees histoacutericas pouco
disponiacuteveis nestas cidades segundo afirma Campbell (2000)
Aleacutem disso eacute imprescindiacutevel o conhecimento do lodo gerado para que seu
gerenciamento possa ser eficiente Ainda que a NBR 100042004 classifique o lodo de
esgoto como um resiacuteduo soacutelido natildeo inerte (ABNT 2004) aproximadamente 95 de sua
constituiccedilatildeo eacute aacutegua sofrendo algumas variaccedilotildees devido as diferentes caracteriacutesticas
dos esgotos e tratamentos O lodo tambeacutem pode ser classificado de acordo com a sua
origem
Lodo primaacuterio eacute aquele gerado em decantadores primaacuterios e tanques
seacutepticos Eacute formado principalmente por soacutelidos sedimentaacuteveis Pode
exalar odor forte caso fique retido por periacuteodos elevados e em altas
temperaturas Nos tanques seacutepticos sofre digestatildeo anaeroacutebia
Lodo secundaacuterio eacute formado nas etapas bioloacutegicas do tratamento aeroacutebia
e anaeroacutebia podendo estar estabilizado ou natildeo Compreende a
comunidade microbiana que realiza a degradaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica no
sistema
Lodo quiacutemico eacute originaacuterio de tratamentos que adicionam condicionantes
quiacutemicos como decantadores primaacuterios com precipitaccedilatildeo quiacutemica
O Programa de Pesquisa em Saneamento Baacutesico realizou um trabalho com lodo
de esgoto em diferentes institutos de pesquisa no Brasil Algumas caracteriacutesticas do
lodo encontradas podem ser vistas na Tabela 1 utilizando-se o procedimento de coleta
13
de aliacutequotas dos resiacuteduos descartados pelos caminhotildees limpa-fossa na entrada da
ETE ressalta-se que apesar da pesquisa focar em lodo de tanque seacuteptico nem todas
as ETE coletaram desta unidade de tratamento nem adotaram a mesma metodologia
de coleta e os contribuintes do esgoto foram variados como restaurantes domiciacutelios
hospitais entre outros e satildeo mantidos e operados de formas diferentes Nota-se que
todos os valores satildeo elevados indicando alta concentraccedilatildeo de soacutelidos
Tabela 1 - Caracteriacutesticas de lodo de esgoto seacuteptico no Brasil
Paracircmetros
Lodo de esgoto
FAE UFRN UNB USP
SANEPAR LARHISA CAESB EESC
Mediana Mediana Mediana Mediana
ST (mgL-1) 8208 6508 10214 6508
STV (mgL-1) 5612 4368 7368 3053
SST (mgL-1) 5042 3891 6395 3257
DBO (mgL-1) 2734 955 - 1524
DQO (mgL-1) 11219 3434 1281 4491
pH 72 66 71 69 Adaptado de Andreoli (2009)
Diversos estudos tecircm buscado relaccedilotildees entre caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas do
lodo e seu desaguamento De acordo com Vesilind (1994) o tamanho e a superfiacutecie das
partiacuteculas soacutelidas presentes no lodo satildeo caracteriacutesticas importantes que podem
determinar a receptividade ao espessamento ou desaguamento do lodo A carga das
partiacuteculas pode estabelecer ligaccedilotildees com as moleacuteculas de aacutegua difiacuteceis de serem
quebradas essas cargas superficiais alteram propriedades fiacutesicas daacute aacutegua
descongelamento agrave temperaturas abaixo do ponto de congelamento (-20degC) e a
densidade pode ser reduzida a 0965 gcmsup3
Neste mesmo trabalho Vesilind (1994) investigou os tipos de aacutegua presentes no
lodo e verificou que uma fraccedilatildeo estaacute ligada fisicamente agrave superfiacutecie das partiacuteculas
presentes no lodo atraveacutes de pontes de hidrogecircnio denominada aacutegua vicinal e pode
ser removida pela diminuiccedilatildeo da aacuterea superficial total das partiacuteculas soacutelidas a que estaacute
ligada atraveacutes da utilizaccedilatildeo de condicionantes quiacutemicos
14
A remoccedilatildeo da aacutegua localizada nos interstiacutecios dos flocos pode se dar por
processos mecacircnicos que conseguem destruir a estrutura do floco (RUIZ KAOSOL amp
WISNIEWSK 2010 VESILIND 1994) A aacutegua de hidrataccedilatildeo eacute aquela ligada
quimicamente agrave superfiacutecie da partiacutecula e eacute removida apenas com aumento da
temperatura Somente a fraccedilatildeo denominada ldquoaacutegua livrerdquo eacute que natildeo estaacute associada e
natildeo sofre influecircncia dos soacutelidos presentes no lodo A drenagem adensamento e
desidrataccedilatildeo mecacircnica e natural podem realizar a sua remoccedilatildeo (VESILIND 1994)
O trabalho de Liao et al (2000) constatou forte relaccedilatildeo entre o tamanho dos flocos e
a quantidade de aacutegua ligada fisico-quimicamente agraves partiacuteculas soacutelidas quanto menor
era o floco maior a quantidade deste tipo de aacutegua encontrada no lodo Mikkelsen amp
Keiding (2002) concluiacuteram que Substacircncias Polimeacutericas Extracelulares (EPS) satildeo o
paracircmetro mais importante na estrutura do lodo e altas concentraccedilotildees destas
substacircncias podem diminuir a tensatildeo de cisalhamento e propiciar um menor grau de
dispersatildeo do lodo pois agem na estabilidade da estrutura dos flocos reduzindo desta
forma a resistecircncia agrave filtraccedilatildeo Entretanto altas concentraccedilotildees de EPS diminuem o teor
de soacutelidos na torta seca
Jin Wileacuten amp Lant (2003) tambeacutem investigaram a relaccedilatildeo entre as EPS e o
desaguamento no lodo de esgoto Os pesquisadores observaram que altas
concentraccedilotildees de iacuteons Ca+ Mg2+ Fe3+ e Al3+ proporcionam melhora significativa no
desaguamento Tambeacutem concluiacuteram que lodos que contem flocos compactos grandes
e com muitos filamentos tem grande quantidade de aacutegua ligada intersticial
Propriedades de floculabilidade hidrofobicidade carga superficial e viscosidade satildeo
fatores que afetam significativamente a capacidade de ligaccedilatildeo da aacutegua nos flocos de
lodo sendo que altos valores destas propriedades indicam grande quantidade de aacutegua
ligada Ademais proteiacutenas e carboidratos contribuem significativamente para a ligaccedilatildeo
da aacutegua nos flocos
No espessamento por gravidade a presenccedila de aacutegua vicinal em volta das
partiacuteculas menores no lodo (de 2 a 4 microm cerca de 6 do total de partiacuteculas presentes
15
no lodo digerido anaeroacutebiamente) melhoraria o processo devido ao aumento do
diacircmetro efetivo das partiacuteculas como resultado da baixa densidade encontrada na aacutegua
vicinal e do aumento da viscosidade da aacutegua que circunda as partiacuteculas (VESILIND
1994)
As alternativas para a disposiccedilatildeo do lodo satildeo variadas e tecircm sido desenvolvidas haacute
vaacuterias deacutecadas Campbell (2000) as divide em trecircs categorias satildeo elas (i) aplicaccedilatildeo no
solo (ii) disposiccedilatildeo em aterro sanitaacuterio e (iii) tecnologias de incineraccedilatildeo Para as duas
primeiras - mais aplicadas no Brasil - torna-se indispensaacutevel a retirada de uma parcela
de sua umidade pois interfere na umidade ideal do solo quando aplicado na agricultura
e sobrecarrega o tratamento do chorume nos aterros
34 Desaguamento do lodo de esgoto
De acordo com Andreoli von Sperling amp Fernandes (2001) o gerenciamento do
lodo eacute uma atividade complexa e pode promover impactos ambientais negativos caso
seja mal executada Dentre as etapas envolvidas o desaguamento eacute um dos desafios
da engenharia ambiental e continua sendo um problema no tratamento de esgotos
(VESILIND 1988 VESILIND 1994 CAMPBELL 2000)
Metcalf amp Eddy (1991) descrevem o desaguamento como uma operaccedilatildeo fiacutesica
utilizada na reduccedilatildeo de umidade contida no lodo Eacute necessaacuterio realizar esta operaccedilatildeo
por propiciar (i) o manuseio mais faacutecil (ii) a reduccedilatildeo dos custos no transporte (iii) a
disposiccedilatildeo em aterros sanitaacuterios reduzindo a quantidade de chorume produzido (iv) a
melhora na etapa de compostagem do lodo (v) a reduccedilatildeo da atividade microbiana e
consequentemente da produccedilatildeo de odores
O desaguamento pode ser realizado por processos naturais ou mecanizados A
seleccedilatildeo dos mecanismos de desaguamento deve ser determinada pelo tipo de lodo a
ser desaguado caracteriacutesticas desejadas do lodo desaguado e espaccedilo disponiacutevel Os
processos mecanizados satildeo mais indicados para Estaccedilotildees de Tratamento de Esgotos
(ETE) de grande porte e onde haja restriccedilatildeo de aacuterea Centriacutefugas filtros a vaacutecuo
16
filtros-prensa prensas desaguadoras e secagem teacutermica satildeo exemplos de processos
mecanizados mais utilizados em ETE
Em estudo realizado por Ruiz Kaosol amp Wisniewsk (2010) relacionou-se a
quantidade de mateacuteria orgacircnica presente no lodo e sua aptidatildeo ao desaguamento
mecacircnico verificou-se que quanto maior essa quantidade (expressa pelo valor de
Soacutelidos Totais Volaacuteteis) menor era a resistecircncia a filtraccedilatildeo mas maior sua
compressibilidade (expressa pelo seu limite de plasticidade) e portanto menor a
eficiecircncia do processo de desaguamento mecacircnico Todavia lodos com menor teor de
mateacuteria orgacircnica isto eacute mais estabilizados tambeacutem satildeo mais indicados para os
processos naturais de desaguamento (ANDREOLI VON SPERLING amp FERNANDES
2001)
Verifica-se no entanto que poucas pesquisas tecircm se preocupado com o
desaguamento por processos naturais como os leitos de secagem e as lagoas de
secagem que estatildeo mais presentes em ETE pequenas ou que natildeo tecircm restriccedilotildees
quanto a aacuterea O mecanismo de desaguamento nestes casos se daacute pela evaporaccedilatildeo e
percolaccedilatildeo da aacutegua presente no lodo O desaguamento de lodos por leitos de secagem
eacute adequado para comunidades de pequeno e meacutedio porte sendo indicado para lodos
tipicamente encontrados em tanques seacutepticos (estabilizados)
Um leito de secagem convencional conforme ilustram as Figuras 2 e 3 caracteriza-
se por um tanque com paredes e base de concreto O fundo deve ser constituiacutedo por
uma camada de areia trecircs camadas de brita e tijolos recozidos ou outro material
resistente agrave operaccedilatildeo de remoccedilatildeo do lodo seco com juntas de areia (ABNT 1992)
17
Figura 2 - Planta de um leito de secagem convencional
Figura 3 - Corte transversal de um leito de secagem convencional
Van Haandel amp Lettinga (1994) descrevem que o tempo total para um ciclo de
secagem em leitos de secagem se compotildee por quatro periacuteodos Satildeo eles
T1 = tempo de preparaccedilatildeo do leito e descarga do lodo que dependem do
gerenciamento do leito como nuacutemero de trabalhadores e disponibilidade de
equipamentos
T2 = tempo de percolaccedilatildeo da aacutegua presente no lodo
T3 = tempo de evaporaccedilatildeo para se atingir a fraccedilatildeo desejada de soacutelidos que assim
como T2 varia em funccedilatildeo de condiccedilotildees operacionais durante a secagem condiccedilotildees
metereoloacutegicas (temperatura e pluviosidade) e a carga aplicada de soacutelidos
T4 = tempo de remoccedilatildeo dos soacutelidos secos
18
Para amenizar as variaacuteveis metereoloacutegicas os leitos de secagem podem ser
instalados ao ar livre ou cobertos por proteccedilatildeo contra a influecircncia das chuvas e de
geadas
De acordo com Metcalf amp Eddy (1991) Andreoli von Sperling amp Fernandes (2001) e
Andreoli (2009) em comparaccedilatildeo aos processos mecanizados apresenta diversas
vantagens tais como
Simplicidade na instalaccedilatildeo e operaccedilatildeo
Baixa sensibilidade agrave qualidade do lodo
Natildeo provoca ruiacutedos e vibraccedilotildees
Natildeo demanda energia
Baixo custo
Baixo consumo de poliacutemeros
A exposiccedilatildeo prolongada ao sol pode promover a remoccedilatildeo de organismos
patogecircnicos (VAN HAANDEL amp LETTINGA 1994)
Entretanto tambeacutem possui desvantagens sendo elas
Demanda tempo elevado para remoccedilatildeo da torta seca
Necessitam de que o lodo esteja estabilizado
Eacute sujeito agraves variaccedilotildees climaacuteticas
A remoccedilatildeo do lodo eacute trabalhosa
Demanda grande aacuterea
Considerando que a aacuterea especiacutefica requerida para leitos de secagem (Ae) pode
ser calculada em funccedilatildeo1 da quantidade de lodo digerido produzido na ETE (Q) - que eacute
funccedilatildeo da produccedilatildeo de lodo fresco (1 L pessoadia-1) e do coeficiente de reduccedilatildeo de
volume por digestatildeo (025) (Q = 025) da espessura da camada de lodo aplicado em
cada ciclo (e = 045 m) e do nuacutemero de ciclos de secagem por ano (nc = 15 ciclosano)
1 Valores sugeridos pela NBR 72291993
19
Calculando-se pela formula
Pode-se estimar uma aacuterea meacutedia de 0014 msup2hab-1 (para lodos anaeroacutebios de
origem domeacutestica) (NBR 72291993 MORTARA 2011)
Um dos poucos trabalhos que estudaram os leitos de secagem em bancada foi
produzido por van Haandel amp Lettinga (1994) que realizaram uma investigaccedilatildeo
experimental semelhante a presente pesquisa No entanto os resultados natildeo satildeo
diretamente comparaacuteveis uma vez que os autores estudaram o tempo necessaacuterio para
obtenccedilatildeo de uma determinada umidade para diferentes cargas de soacutelidos Aleacutem disso
separou-se os processos de percolaccedilatildeo e evaporaccedilatildeo de modo que o experimento foi
feito em duas etapas na primeira utilizaram tubos de PVC de 10 m de comprimento e
020 m de diacircmetro adicionando-se aos tubos camadas de cascalho estratificado de 1
a 18rdquo (brita meacutedia) e areia meacutedia ambas com espessura de 020 m cada O lodo
utilizado foi proveniente de RAFA e foi inserido nos tubos sendo que estes foram
cobertos para evitar a evaporaccedilatildeo
Apoacutes esta fase o lodo era removido dos tubos e colocado em aneacuteis de 0040 m de
comprimento e 0050 m de diacircmetro dispostos em colunas que ficavam ao ar livre para
avaliar-se a evaporaccedilatildeo que era realizada por diferenccedila de massa observada
diariamente ateacute que se estabelecesse massa constante A perda de massa era
acompanhada por perda de volume de lodo e para facilitar a evaporaccedilatildeo sempre que
o lodo atingia niacutevel mais baixo ao niacutevel superior do tubo o anel imediatamente acima
era retirado sendo a evaporaccedilatildeo natildeo limitada pela difusatildeo de vapor de aacutegua no tubo
Tambeacutem realizou-se testes de evaporaccedilatildeo com aacutegua pura
Os autores concluiacuteram que a concentraccedilatildeo inicial de ST no lodo natildeo teve influecircncia
mensuraacutevel sobre o tempo necessaacuterio para a percolaccedilatildeo da aacutegua ou sobre a
concentraccedilatildeo final de ST no lodo Em contraste cargas de soacutelidos diferentes tiveram
tempos de percolaccedilatildeo diferentes Outrossim grande parte da aacutegua no lodo eacute livre e eacute
removida no periacuteodo de percolaccedilatildeo que eacute relativamente curto Entretanto periacuteodos
elevados de evaporaccedilatildeo satildeo necessaacuterios para obtenccedilatildeo de altos valores de ST nas
20
tortas secas Ademais a produtividade do leito de secagem (massa de soacutelidos
processados por unidade de aacuterea do leito e por unidade de tempo) eacute muito influenciada
pela fraccedilatildeo de soacutelidos que se deseja no lodo apoacutes a secagem A produtividade para
lodo com relativamente muito aacutegua (umidade de 60 a 70) eacute mais que o dobro daquela
para lodo com pouca aacutegua (umidade de 20 a 30)
Cofie et al (2006) realizaram estudo com leito de secagem em escala real em
Ghana e monitoraram oito ciclos de secagem por dez meses O leito de secagem era
composto por uma camada de 015 m de areia fina e duas camadas de brita a primeira
de tipo 1 tinha 010 m de espessura e a segunda de tipo 2 tinha espessura de 015 m
O leito tinha aacuterea de 25 msup2 e capacidade de 15 msup3 de lodo com espessura de 030 m
Um terccedilo do lodo foi proveniente de sanitaacuterios puacuteblicos e o restante de tanques
seacutepticos tendo baixa concentraccedilatildeo de soacutelidos cerca de 3 A carga aplicada de
soacutelidos utilizada foi de 196 a 321 kg msup2 e quando seco era retirado manualmente O
teor de soacutelidos da torta seca foi em meacutedia de 3045 os STV de 71 e o tempo de
desaguamento variou de 7 a 59 dias
Os pesquisadores atribuem essa grande variaccedilatildeo a alguns fatores (i) ao
incremento de aacutegua no lodo causado pela chuva (ii) o entupimento da areia que
diminuiu a capacidade de percolaccedilatildeo da aacutegua livre do lodo e (iii) ao tipo de lodo
utilizado que apesar da parcela oriunda de tanque seacuteptico estar bem digerida a porccedilatildeo
proveniente de sanitaacuterios puacuteblicos apresentava grande quantidade de mateacuteria orgacircnica
tornando esse lodo pouco digerido e improacuteprio para o desaguamento nesse tipo de
leito
Mortara (2011) estudou a utilizaccedilatildeo de leitos de drenagem como alternativa aos
leitos de secagem Estes primeiros se diferenciam por substituiacuterem a camada de areia
por uma com manta geossinteacutetica e terem reduzida a altura de camada de brita (que
passa a ser somente uma camada de brita nordm 1 ou 2 de 005 a 010 m de espessura)
Essa mudanccedila proporcionou aumento da taxa de retirada da aacutegua livre e portanto
reduccedilatildeo do tempo de drenagem Aleacutem disso o autor cita que a massa de lodo seco
retirada foi menor assim como o trabalho para sua retirada e a estrutura para
21
armazenar o material ateacute sua disposiccedilatildeo final foram menores quando comparados ao
leito de secagem
35 Condicionamento do lodo
O condicionamento eacute um processo que melhora as caracteriacutesticas do lodo com
vistas a processaacute-lo de forma mais eficiente e mais raacutepida jaacute que o lodo geralmente
natildeo eacute facilmente manipulaacutevel Faz-se entatildeo necessaacuterio seu condicionamento para
facilitar o espessamento desaguamento e secagem O condicionamento do lodo pode
se dar por diversos meacutetodos que vatildeo desde a separaccedilatildeo de partiacuteculas soacutelidas das
moleacuteculas de aacutegua (processos fiacutesicos) ateacute a oxidaccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (processos
quiacutemicos) (AMUDA et al 2008)
Alguns exemplos de processos fiacutesicos empregados satildeo o congelamento do lodo
que proporciona a separaccedilatildeo de parte da aacutegua presente das partiacuteculas soacutelidas (AMUDA
et al 2008) a hidroacutelise teacutermica que permite a liberaccedilatildeo da aacutegua ligada fiacutesico-
quimicamente em temperaturas acima de 100degC o tratamento ultrassocircnico que tambeacutem
pode ser quiacutemico que em ambos os casos causa ruptura da estrutura celular e dos
flocos de micro-organismos atraveacutes do uso de baixas ou altas frequecircncias por processo
de cavitaccedilatildeo ou de reaccedilotildees quiacutemicas (CARREgraveRE et al 2010) A eletrodesidrataccedilatildeo
tambeacutem conhecida como desidrataccedilatildeo assistida por campo eleacutetrico consiste na
aplicaccedilatildeo de um campo eleacutetrico que atrai as partiacuteculas de aacutegua eletricamente
carregadas rompendo as ligaccedilotildees com as partiacuteculas soacutelidas do lodo (MAHMOUD et al
2010)
Um outro exemplo de condicionamento eacute a destruiccedilatildeo bioloacutegica celular atraveacutes da
aplicaccedilatildeo de fortes oxidantes quiacutemicos promove a desintegraccedilatildeo bioloacutegica da mateacuteria
orgacircnica do lodo a CO2 e aacutegua e consequentemente reduz o volume do lodo (AMUDA
et al 2008)
A alternativa de condicionamento mais comum nas ETE eacute a utilizaccedilatildeo sais
inorgacircnicos e de poliacutemeros orgacircnicos Satildeo empregados tradicionalmente produtos jaacute
22
utilizados no tratamento de aacutegua e esgoto condicionantes inorgacircnicos como cloreto
feacuterrico sulfato de alumiacutenio e a cal (AMUDA et al 2008 METCALF amp EDDY 1991) A
desvantagem na utilizaccedilatildeo destes eacute o aumento do teor de soacutelidos de 20 a 30 no lodo
enquanto que a utilizaccedilatildeo de poliacutemeros orgacircnicos natildeo aumenta significativamente
(METCALF amp EDDY 1991) A escolha e utilizaccedilatildeo de condicionantes inorgacircnicos ou
orgacircnicos deve ser baseada em estudos teacutecnicos e econocircmicos (MORTARA 2011)
Os condicionantes orgacircnicos atuam como coagulantes formando pontes quiacutemicas
entre o poliacutemero e as partiacuteculas coloidais presentes no lodo que satildeo adsorvidas pelas
diversas cadeias de monocircmeros do poliacutemero agregando-se em flocos densos passiacuteveis
de serem removidos por filtraccedilatildeo sedimentaccedilatildeo ou flotaccedilatildeo (LIBAcircNIO 2005) Sua
aplicaccedilatildeo em dosagem correta acelera o processo de desaguamento e aumenta o teor
de soacutelidos da torta seca (WPCFM 1988)
A adiccedilatildeo de poliacutemeros ocorre antes da etapa de desaguamento e podem reduzir a
umidade de entrada de 90 a 99 para 65 a 85 dependendo das caracteriacutesticas dos
soacutelidos a serem tratados (METCALF amp EDDY 1991 WPCFM 1988)
Os poliacutemeros podem ser classificados de acordo com a sua carga eleacutetrica em
catiocircnicos aniocircnicos natildeo-iocircnicos e anfoliacuteticos e quanto a sua origem sinteacutetica ou
natural Libacircnio (2005) destaca duas vantagens no uso especiacutefico de poliacutemeros
catiocircnicos de menor peso molecular que se aplicam ao tratamento de lodo de esgoto
Satildeo elas (i) reduccedilatildeo do volume do lodo gerado (ii) maior facilidade de desidrataccedilatildeo do
lodo gerado comparada aos sais de ferro e alumiacutenio
Mortara (2011) realizou ensaios com poliacutemeros sinteacuteticos em lodo de ETE analisou
18 poliacutemeros catiocircnicos 15 soacutelidos e 3 em emulsatildeo associados a um leito de
drenagem no condicionamento do lodo anaeroacutebio Atraveacutes de testes em laboratoacuterio e
em escala piloto constatou que quase todos os poliacutemeros soacutelidos testados produziram
lodos mais facilmente desaguaacuteveis com dosagens relativamente baixas cerca de 2 gkg
de ST-1 enquanto que os poliacutemeros em emulsatildeo tinham dosagens oacutetimas maiores
23
cerca de 6 gkg-1 Tambeacutem se verificou que o condicionamento quiacutemico propiciou maior
drenagem da aacutegua quando comparado ao lodo natildeo condicionado Entretanto natildeo
influenciou a evaporaccedilatildeo e consequentemente os tempos de ciclo de secagem uma
vez que o teor de soacutelidos do lodo sem condicionamento apresentou evoluccedilatildeo
semelhante a dos lodos condicionados ao longo do periacuteodo de secagem
Contudo segundo Abreu Lima (2007) os poliacutemeros sinteacuteticos podem ser
contaminados no processo de produccedilatildeo ou ainda gerar subprodutos (monocircmeros) de
risco agrave sauacutede dos consumidores Uma alternativa a esses condicionantes seria o
emprego de poliacutemeros oriundos de fontes naturais como as plantas e substacircncias
retiradas de animais
Ainda que estes riscos preocupem mais as Estaccedilotildees de Tratamento de Aacutegua (ETA)
jaacute que afetam diretamente a aacutegua captada para abastecimento humano a atenccedilatildeo
deve-se dar no tratamento de esgoto e no gerenciamento do lodo tambeacutem
Considerando que a aacutegua drenada do lodo retorna ao sistema de tratamento e que
esse efluente tratado eacute lanccedilado em um corpo hiacutedrico que posteriormente pode servir
como manancial
Diversos estudos tecircm utilizado poliacutemeros naturais como auxiliares da floculaccedilatildeo no
tratamento de aacutegua e esgoto Visto que natildeo apresentam riscos agrave sauacutede a longo prazo e
por serem fonte de alimentaccedilatildeo humana em sua maioria De acordo com Di Bernardo
(2005) a utilizaccedilatildeo destes poliacutemeros permite um aumento da velocidade de
sedimentaccedilatildeo dos flocos reduccedilatildeo da accedilatildeo das forccedilas de cisalhamento nos flocos
durante a veiculaccedilatildeo da aacutegua floculada e uma dosagem menor do coagulante primaacuterio
quando estes satildeo sais de alumiacutenio ou ferro
Borba (2001) Arantes Ribeiro amp Paterniani (2012) e Di Bernardo (2005) citam
como exemplo de fonte destes compostos a mandioca (Manihot esculenta) a batata
(Solanum tuberosum L) a quitosana o tanino o quiabo (Abelmoschus esculentus) o
milho (Zea mays) e a moringa (Moringa oleiacutefera)
24
Dentre os poliacutemeros naturais os mais utilizados satildeo os amidos (DI BERNARDO
2005 LIBAcircNIO 2005) O milho a batata a mandioca e o trigo satildeo os alimentos
produzidos em larga escala que mais possuem amido podendo variar a quantidade em
funccedilatildeo da idade do solo da variedade da espeacutecie e do clima
A facilidade de obtenccedilatildeo do poliacutemero o custo e a simplicidade metodoloacutegica do
preparo satildeo fatores importantes para a seleccedilatildeo em trabalhos direcionados agraves
comunidades rurais Dos poliacutemeros pesquisados os originaacuterios da mandioca moringa e
quiabo foram os que mais se adequaram a estes criteacuterios baseando-se em Dantas amp Di
Bernardo (2000) Muyibi et al (2001) e Abreu Lima (2007)
A mandioca (Manihot esculenta) eacute originaacuteria da Ameacuterica do Sul e eacute comum nas
regiotildees tropicais da Aacutefrica e Aacutesia sendo uma importante fonte de alimentaccedilatildeo da
populaccedilatildeo mais pobre e eacute rica em amido Dantas amp Di Bernardo (2000) estudaram o
potencial do amido catiocircnico da mandioca como auxiliar de floculaccedilatildeo no tratamento de
aacuteguas para abastecimento Os resultados obtidos indicaram que este poliacutemero natural
pode ser utilizado em substituiccedilatildeo dos poliacutemeros sinteacuteticos auxiliares de floculaccedilatildeo Natildeo
foram encontradas referecircncias sobre a utilizaccedilatildeo de amido de mandioca em tratamento
de esgoto ou condicionamento de lodo de esgoto
A moringa (Moringa oleifera) eacute provavelmente o poliacutemero natural mais conhecido no
mundo eacute nativa do continente africano presente tambeacutem nas Ameacutericas e Aacutesia Mais
utilizada no tratamento de aacutegua como coagulante tambeacutem satildeo encontradas aplicaccedilotildees
no tratamento de esgoto incluindo efluentes industriais e no lodo de esgoto
Bhuptawat Folkard amp Chaudhari (2006) verificaram o potencial de aplicaccedilatildeo da
moringa no tratamento de esgoto domeacutestico em escala piloto na Iacutendia e obtiveram
64 de remoccedilatildeo de DQO combinando 100 mgL-1 de Moringa oleifera e 10 mgL-1 de
sulfato de alumiacutenio
No tocante agrave utilizaccedilatildeo de moringa no lodo pesquisas realizadas por Muyibi et al
(2001) na Iacutendia e Ademiluyi (1988) Nigeacuteria indicaram seu potencial como
25
condicionante quiacutemico do lodo de esgoto diminuindo a resistecircncia agrave filtraccedilatildeo Muyibi et
al (2001) testaram a soluccedilatildeo da semente de moringa sem casca o poacute seco da
semente sem casca e o oacuteleo da semente de moringa em lodo proveniente de uma
estaccedilatildeo de tratamento de esgoto A dosagem foi determinada por dois meacutetodos (i)
reduccedilatildeo de volume do lodo em teste de jarros (apoacutes 30 min de sedimentaccedilatildeo) e (ii)
resistecircncia especiacutefica do lodo
No primeiro meacutetodo as dosagens oacutetimas encontradas foram de 4750 4000 e 6000
mgL-1 para a soluccedilatildeo de moringa sem casca oacuteleo e poacute seco respectivamente
Chegando a reduccedilatildeo maacutexima de 26 19 e 26 vezes o volume inicial do lodo para a
soluccedilatildeo de moringa sem casca oacuteleo e poacute seco respectivamente Esses resultados
indicam o potencial da moringa em decantadores ou outras unidades de tratamento que
retenham lodo por certo tempo
No segundo teste realizado empregou-se somente a soluccedilatildeo de moringa sem
casca e o oacuteleo e a soluccedilatildeo com oacuteleo teve melhor resultado com dosagem de 4000
mgL-1 enquanto que para a soluccedilatildeo de moringa sem casca foi de 4500 mgL-1 A razatildeo
para esses resultados ligeiramente controversos ainda eacute desconhecida mas os
pesquisadores acreditam que a remoccedilatildeo do oacuteleo da semente possa produzir flocos
mais leves o que favoreceria a filtraccedilatildeo Aleacutem disso por ter baixo peso molecular e ser
um poliacutemero catiocircnico os flocos formados satildeo leves pequenos e reteacutem menos a fraccedilatildeo
de aacutegua ligada fiacutesico-quimicamente agraves partiacuteculas soacutelidas do lodo indicando a
possibilidade da reduccedilatildeo da aacuterea dos leitos de secagem convencionais Poreacutem ainda
satildeo necessaacuterias pesquisas aprofundadas sobre a questatildeo
O uso de moringa no lodo foi comparado aos sais de alumiacutenio e ferro por Ademiluyi
(1988) A amostra de lodo utilizada foi coletada no tanque de sedimentaccedilatildeo da ETE da
Universidade da Nigeacuteria que trata esgoto domeacutestico A sensibilidade relativa do lodo
aos poliacutemeros mostrou que o lodo proveniente de esgoto domeacutestico tem menor
sensibilidade a moringa do que ao sulfato de alumiacutenio e cloreto feacuterrico Aleacutem disso a
concentraccedilatildeo de moringa foi menor no liquido filtrado do que os sais metaacutelicos o que
26
pode ser vantajoso em Estaccedilotildees de Tratamento de Esgoto Poreacutem as dosagens oacutetimas
encontradas foram mais altas para a moringa do que para os sais metaacutelicos 215 17 e
17 gL-1 para a moringa sulfato de alumiacutenio e cloreto feacuterrico respectivamente
Entretanto o baixo custo e o fato da moringa ser um poliacutemero natural a tornam
aplicaacutevel como condicionante do lodo
Outro poliacutemero natural potencialmente condicionante do lodo eacute o quiabo
(Abelmoschus esculentus) que tem origem na Aacutefrica mas eacute produzido em todo o globo
sendo conhecido por suas propriedades nutritivas
Anastasakis Kalderis amp Diamadopoulos (2009) estudaram o quiabo como floculante
no tratamento de esgoto utilizando como coagulante o sulfato de alumiacutenio Foi
realizada a mucilagem do quiabo para a extraccedilatildeo do oacuteleo e a dosagem oacutetima foi obtida
atraveacutes do teste de jarros Como amostras de esgoto foram utilizadas esgoto sinteacutetico e
um efluente biologicamente tratado O estudo comprovou as propriedades floculantes
do quiabo No esgoto sinteacutetico em sua dosagem oacutetima de 0005 g L-1 removeu 93 96 e
97 de turbidez depois de 10 20 e 30 minutos do tempo de sedimentaccedilatildeo
respectivamente Isso representou uma adiccedilatildeo de 25 9 e 10 de remoccedilatildeo da turbidez
quando se utilizou somente sulfato de alumiacutenio em 10 20 e 30 minutos
respectivamente
No efluente biologicamente tratado a dosagem oacutetima para 10 minutos foi de 0020
gL-1 com remoccedilatildeo 70 da turbidez Para os tempos de sedimentaccedilatildeo de 20 e 30
minutos a dosagem foi menor (00025 gL-1) alcanccedilando a reduccedilatildeo de 71 e 74 de
turbidez Incrementando em 19 10 e 10 a remoccedilatildeo de turbidez utilizando-se somente
de sulfato de alumiacutenio
Abreu Lima (2007) realizou testes com o quiabo verde e maduro e constatou que o
fruto maduro possui melhores propriedades coagulantes que o fruto verde fato positivo
jaacute que o quiabo maduro eacute rejeitado pelo consumidor e torna-se um resiacuteduo O autor
tambeacutem comparou as teacutecnicas de aplicaccedilatildeo do poliacutemero a utilizaccedilatildeo do oacuteleo extraiacutedo
27
atraveacutes da mucilagem e a pulverizaccedilatildeo apoacutes a moagem do quiabo Concluindo que a
segunda teacutecnica a forma mais simples de aplicaccedilatildeo proporcionou resultados positivos
no tratamento de aacutegua e esgoto
36 Pavimento permeaacutevel
Aleacutem da aplicaccedilatildeo de poliacutemeros a utilizaccedilatildeo de pisos drenantes como constituintes
do leito de secagem pode otimizar o desaguamento do lodo de esgoto Constitui-se em
alternativa simples e de baixo custo para ETE de pequeno porte localizadas em
comunidades rurais Aleacutem disso a utilizaccedilatildeo de poliacutemeros naturais melhoraria a
qualidade da torta seca em termos de nutrientes aspecto positivo para a aplicaccedilatildeo de
lodo na agricultura como alternativa agrave adubaccedilatildeo quiacutemica
Os pavimentos permeaacuteveis satildeo utilizados haacute mais de trecircs deacutecadas nos Estados
Unidos da Ameacuterica e na Inglaterra e Alemanha (PRISMA 2013) como controle
estrutural alternativo de drenagem urbana e fazem parte do conjunto de teacutecnicas
intitulado de Best manegement practices (BMP) pela agecircncia ambiental norte-
americana Enviromental Protection Agency (USEPA) criado na deacutecada de 1980 que
tem como objetivo resolver os problemas de drenagem na proacutepria bacia
Essas teacutecnicas incluem construccedilatildeo de estruturas fiacutesicas para armazenamento e
infiltraccedilatildeo do escoamento como reservatoacuterios trincheiras de infiltraccedilatildeo e pavimentos
permeaacuteveis na tentativa de compensar os impactos negativos da grande
impermeabilizaccedilatildeo do solo causada pela urbanizaccedilatildeo (CRUZ SOUZA amp TUCCI 2007)
Estes uacuteltimos por possuiacuterem espaccedilos livres na sua estrutura permitem que aacutegua
e ar o atravessem e satildeo geralmente empregados em via de pedestres e veiacuteculos e
estacionamentos para auxiliar na drenagem urbana (MARCHIONI amp SILVA 2010)
No Brasil estes pavimentos foram introduzidos recentemente e em 2006 a
Prefeitura Municipal de Porto Alegre publicou o Decreto Nordm153712006 que
regulamenta as medidas de controle de drenagem urbana aponta como alternativa
28
para reduccedilatildeo de aacutereas impermeaacuteveis em terrenos com aacutereas inferiores a 100 ha a
utilizaccedilatildeo de pavimentos permeaacuteveis abatendo 50 da aacuterea impermeaacutevel do terreno
(CRUZ SOUZA amp TUCCI 2007) A Figura 4 mostra a sua utilizaccedilatildeo no Brasil
Figura 4 - Exemplo de aplicaccedilatildeo de pavimento permeaacutevel em estacionamento
FONTE MARCHIONI amp SILVA (2010)
Estes pavimentos podem ser fabricados com areia pedregulho argila expandida
fibra de coco cimento e poacute de pedra e estaacute em curso a normatizaccedilatildeo pela Associaccedilatildeo
Brasileira de Normas Teacutecnicas para a fabricaccedilatildeo destes pisos A produccedilatildeo deste tipo
de piso estaacute se disseminando no paiacutes e sua utilizaccedilatildeo poderia permitir a reduccedilatildeo da
aacuterea do leito Uma vez que o lodo pode ser drenado em cerca de metade da aacuterea
superficial enquanto que ao se empregar o leito de secagem tradicionalmente sugerido
pela NBR 122091992 a infiltraccedilatildeo somente ocorre entre os vatildeos dos tijolos onde estaacute
presente a areia (ABNT 1992)
29
4 METODOLOGIA
O trabalho foi desenvolvido nos Laboratoacuterios de Estrutura (LES) Materiais da
Construccedilatildeo (LMC) Protoacutetipos (LABPRO) Reuso (LABREUSO) e Saneamento
(LABSAN) pertencentes agrave Faculdade de Engenharia Civil Arquitetura e Urbanismo da
Universidade Estadual de Campinas
41 Pavimento permeaacutevel
O pavimento permeaacutevel foi fornecido pela empresa Villa Stone Comeacutercio e
Induacutestria de Materiais Baacutesicos para Construccedilatildeo Limitada localizada no distrito de Baratildeo
Geraldo Campinas (SP)
Os pavimentos permeaacuteveis utilizados na pesquisa satildeo compostos de pedrisco de
basalto e cimento na proporccedilatildeo de 80 e 20 respectivamente As amostras utilizadas
tecircm aproximadamente 006 m de altura e foram cortados em diacircmetro igual a 010 m
com o emprego de uma extratora de corpo de prova como mostram as Figuras 5 e 6
Figura 5 - Pavimento permeaacutevel utilizado no projeto
30
Figura 6 - Extratora de corpo de prova utilizada para o corte do pavimento utilizado na pesquisa
A caracterizaccedilatildeo destes pisos drenantes foi realizada com a determinaccedilatildeo das
dimensotildees massa volume de vazios e taxa de infiltraccedilatildeo conforme apresentados a
seguir
Dimensotildees e massa As dimensotildees foram mensuradas com o uso de paquiacutemetro
e a massa com uso de balanccedila semi analiacutetica A altura diacircmetro e massa meacutedia das
peccedilas de pavimento cortadas foi de 0006 m 01 m e 0695 kg respectivamente
Iacutendice de vazios A metodologia adotada baseou-se na norma NBR NM 532009
de Determinaccedilatildeo de massa especiacutefica massa especiacutefica aparente e absorccedilatildeo de aacutegua
de agregados grauacutedos e na norma NBR 108381988 de Solo - Determinaccedilatildeo da massa
especiacutefica aparente de amostras indeformadas com emprego de balanccedila hidrostaacutetica -
Meacutetodo de ensaio O iacutendice de vazios meacutedio foi de 043 e a porosidade de 2975
31
Taxa de infiltraccedilatildeo A forma de determinaccedilatildeo seraacute apresentada no subitem 45
42 Lodo
Coletou-se aproximadamente 200 L de lodo de tanques seacutepticos Cerca de 70 L
de lodo utilizado foram coletados no mecircs de abril de 2013 provenientes de um tanque
seacuteptico operado pela Companhia de Saneamento Baacutesico do Estado de Satildeo Paulo
(SABESP) Sendo um tanque seacuteptico de cacircmara uacutenica com capacidade de
aproximadamente 40 msup3 e atende cerca de 500 famiacutelias no municiacutepio de Satildeo Miguel
Arcanjo ndash SP Ao longo dos 20 anos de operaccedilatildeo desta pequena estaccedilatildeo nunca havia
sido feita a retirada de lodo
Devido a dificuldades com o transporte e a distacircncia entre este tanque seacuteptico e
a universidade natildeo foi possiacutevel coletar a quantidade necessaacuteria utilizada no projeto A
quantidade restante foi entatildeo fornecida pela Sociedade de Abastecimento de Aacutegua e
Esgoto SA (SANASA) O lodo foi retirado do tanque seacuteptico da Estaccedilatildeo de Tratamento
de Esgoto Bandeirantes situada no municiacutepio de Campinas cujo tratamento se daacute por
tanques seacutepticos seguidos de filtro anaeroacutebio A coleta de lodo foi realizada no mecircs de
maio de 2013 Ao contraacuterio do lodo disponibilizado pela SABESP o montante de lodo
retirado desta ETE ainda natildeo estava estabilizado por ter pouca idade e ter sido
realizada uma grande retirada do lodo do tanque cerca de um mecircs antes da data da
coleta Desde entatildeo as aliacutequotas de lodo coletadas foram misturadas e armazenadas
numa caixa drsquoaacutegua de 500 L no Laboratoacuterio de Protoacutetipos
A caracterizaccedilatildeo do lodo foi feita no Laboratoacuterio de Saneamento (LABSAN)
sendo baseada nos seguintes paracircmetros tempo de succcedilatildeo capilar soacutelidos totais
soacutelidos suspensos totais soacutelidos suspensos fixos e volaacuteteis pH e alcalinidade Essa
caracterizaccedilatildeo foi realizada anteriormente a execuccedilatildeo de cada uma das seacuteries
32
Para a dosagem dos poliacutemeros Metcalf amp Eddy (1991) relatam que deve ser
realizada em laboratoacuterio considerando a origem do lodo a sua idade o pH a
alcalinidade e a concentraccedilatildeo de soacutelidos bem como o meacutetodo de desaguamento a ser
utilizado e recomenda a utilizaccedilatildeo do teste de filtraccedilatildeo a vaacutecuo para caacutelculo da
dosagem
Todas as anaacutelises para caracterizaccedilatildeo do lodo foram baseadas no Standard
Methods for the Examination of Water and Wastewater (APHA 2012)
Para a anaacutelise do teor de soacutelidos da torta seca dos sistemas homogeneizou-se
inicialmente a torta obtida de cada sistema utilizando-se uma aliacutequota de
aproximadamente 0005 kg que foi pesada em balanccedila analiacutetica jaacute na caacutepsula A
amostra entatildeo foi deixada por no miacutenimo 12h em estufa a 100ordmC para obtenccedilatildeo dos
Soacutelidos Totais Para os Soacutelidos Totais Fixos e Volaacuteteis a metodologia foi adaptada para
evitar emissatildeo de fumaccedila devido agrave alta fraccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica presente no lodo
Para isso a amostra natildeo foi colocada na mufla diretamente a 550degC A temperatura foi
escalonada mantendo-se inicialmente a 200ordmC por 30 minutos elevando-se a
temperatura para 300ordmC por mais 30 minutos e entatildeo elevando-se a temperatura para
550degC por mais 1 hora Tambeacutem evitou-se colocar na mufla massas maiores que 0015
kg de lodo seco pois acima desta quantidade verificou-se emissatildeo de fumaccedila
Teste de Jarros Embora natildeo forneccedila dados quantitativos sobre a capacidade
dos poliacutemeros no condicionamento do lodo produz informaccedilatildeo qualitativa (quanto a
formaccedilatildeo de flocos) de forma raacutepida (WPCFM 1988) Por esta razatildeo o teste foi
utilizado para preparo da soluccedilatildeo estoque dos poliacutemeros e para o condicionamento do
lodo para a anaacutelise das dosagens oacutetimas (WPCFM 1988 MORTARA 2011) A Figura 7
ilustra a utilizaccedilatildeo deste meacutetodo no condicionamento do lodo
33
Figura 7 - Teste de jarros para dosagem oacutetima de poliacutemero
Tempo de Succcedilatildeo Capilar conhecido como CST - sua sigla na liacutengua inglesa
para Capillary Suction Time - eacute um dos meacutetodos mais utilizados em pesquisas sobre o
desaguamento do lodo Eacute um teste empiacuterico que auxilia na determinaccedilatildeo da dosagem
oacutetima de poliacutemeros sendo indicado por Vesilind (1988) WPCFM (1988) Metcalf amp
Eddy (1991) Andreoli von Sperling amp Fernandes (2001) Andreoli (2009) e APHA et al
(2012) Apesar do inconveniente de trabalhar com pequenos volumes acarretando na
seleccedilatildeo de uma fase do efluente clarificado e de flocos quando o lodo eacute condicionado
organicamente Ruiz Kaosol amp Wisniewsk (2010) afirmam que o teste ainda estaacute entre
as teacutecnicas mais utilizadas para definiccedilatildeo da filtrabilidade do lodo Algumas destas
razotildees eacute a rapidez e simplicidade na realizaccedilatildeo pois determina em segundos quanto
tempo a aacutegua presente no lodo leva para percorrer um meio poroso atraveacutes de um
equipamento utilizando-se uma pequena quantidade de amostra
Jin Wileacuten amp Lant (2003) verificaram uma boa relaccedilatildeo estatiacutestica entre os valores
de CST e EPS e relacionaram altos valores de floculabilidade hidrofobicidade cargas
negativas das superfiacutecies e viscosidade agrave grande quantidade de aacutegua fiacutesico-
quimicamente ligada e longos CST Contudo constataram que as caracteriacutesticas
morfoloacutegicas determinadas como o tamanho dos flocos dimensatildeo fractal e iacutendice de
34
filamento tecircm estatisticamente fracas correlaccedilotildees com a quantidade de aacutegua ligada
fiacutesico-quimicamente e o tempo do CST
Como ilustra a Figura 8 o teste eacute realizado em um aparelho denominado CST
(Capilary Succcedilatildeo Time) que consiste em duas placas de acriacutelico um cilindro metaacutelico
um filtro de papel trecircs contatos eleacutetricos fixados em dois ciacuterculos concecircntricos que
circundam uma abertura circular no meio da placa e um cronocircmetro
O papel eacute colocado entre as duas placas de acriacutelico e o cilindro metaacutelico eacute
encaixado na abertura circular O teste eacute feito com 68 mL de lodo colocado dentro do
cilindro A aacutegua contida no lodo atravessa o filtro de papel cromatograacutefico (Whatman n
17 tamanho 7 x 9 cm) Apoacutes percorrer 08 cm a aacutegua chega ao ciacuterculo interno que
conteacutem dois dos contatos eleacutetricos dispara-se o cronocircmetro quando a aacutegua percorre
mais 07 cm chegando ao ciacuterculo externo o terceiro contato eleacutetrico para a contagem
do tempo (VESILIND 1988) A Tabela 2 indica os meacutetodos utilizados para anaacutelise do
lodo
Tabela 2 - Meacutetodos utilizados na anaacutelise do lodo
Paracircmetro Meacutetodo Soacutelidos Totais Standard Methods 20 2540
Soacutelidos Suspensos Totais Standard Methods 20 2540 Alcalinidade Standard Methods 20 2320 B
pH Standard Methods 20 4500 B Teste de Succcedilatildeo Capilar Standard Methods 20 2710 G
35
Figura 8 - Aparelho utilizado para aferir o Tempo de Succcedilatildeo Capilar (Capilary Suction Time)
43 Poliacutemeros
Na pesquisa estudou-se o efeito do uso de diferentes poliacutemeros naturais
(moringa mandioca e quiabo) e um sinteacutetico no desaguamento do lodo Ressalva-se
que foram elegidas metodologias simplificadas e de baixo custo cuja produccedilatildeo e
preparo podem se dar em ETE de pequeno porte localizadas em comunidades rurais
eou isoladas Os poliacutemeros sinteacutetico e os naturais oriundos da mandioca e do quiabo
foram aplicados em soluccedilatildeo aquosa e o poliacutemero da moringa foi aplicado em poacute
diretamente sobre o lodo As sementes de moringa foram obtidas do Campo
Experimental da Faculdade de Engenharia Agriacutecola ndash UNICAMP e da Coordenadoria de
Assistecircncia Teacutecnica Integral (CATI) de Pederneiras e Mariacutelia ambas localizadas no
estado de Satildeo Paulo O amido de mandioca eacute extraiacutedo das partes comestiacuteveis da
mandioca sendo conhecido comercialmente por feacutecula ou polvilho doce O quiabo
tambeacutem eacute disponiacutevel comercialmente e foi obtido na Central de Abastecimento SA
36
(CEASA) de Campinas e o poliacutemero sinteacutetico utilizado Superflocreg 8394 foi doado pela
empresa Kemira Os poliacutemeros foram preparados obedecendo os criteacuterios de
simplicidade e baixo custo utilizando as metodologias abaixo
Superflocreg 8394 Eacute uma poliacrilamida catiocircnica de baixo peso molecurar e pode
ser utilizada nas etapas de desaguamento de lodos e clarificaccedilatildeo das aacuteguas numa
ampla variedade de induacutestrias O preparo da soluccedilatildeo estoque foi feito na concentraccedilatildeo
maacutexima indicada pela empresa 05 no teste de jarros com agitaccedilatildeo de
aproximadamente 250 rpm - gradiente de velocidade2 (G) asymp 160 s-1 - por 60 minutos
com o objetivo de homogeneizar totalmente a soluccedilatildeo (KEMIRA [sd]) A soluccedilatildeo foi
aplicada no lodo em teste de jarros com agitaccedilatildeo inicial de 250 rpm por 10 s
diminuindo- se a velocidade para 100 rpm (Gasymp 64 s-1) por mais 5 min
Mandioca (Manihot esculenta Crantz) Para obtenccedilatildeo do poliacutemero da mandioca
seguiu-se as orientaccedilotildees de Dantas amp Di Bernardo (2000) que utilizaram amido de
mandioca catiocircnico waxy (um tipo de amido modificado) Segundo Di Bernardo (2005)
os gracircnulos de amido satildeo insoluacuteveis em aacutegua abaixo de 50degC Para tornaacute-los soluacuteveis
portanto eacute preciso aquecer a suspensatildeo de amido na aacutegua aleacutem da temperatura criacutetica
para que os gracircnulos absorvam a aacutegua e intumesccedilam formando uma pasta gelatinosa
Para obtenccedilatildeo deste amido a feacutecula da mandioca foi aquecida agrave temperatura de 80 plusmn
5degC com agitaccedilatildeo constante ateacute a formaccedilatildeo da pasta gelatinosa como ilustrado na
Figura 9 Preparou-se soluccedilatildeo estoque de 10 gL-1 e adicionou-se ao lodo em teste de
jarros com agitaccedilatildeo inicial de 250 rpm por 10 s diminuindo- se para 100 rpm por mais 5
min
2 Gradiente de velocidade calculado considerando a mesma viscosidade da aacutegua
37
Figura 9 - Preparo da soluccedilatildeo de poliacutemero produzida a partir da mandioca
Moringa (Moringa oleifera) Ilustrada na Figura 10 eacute um poliacutemero catiocircnico e sua
metodologia foi realizada adaptando-se a metodologia de Muyibi et al (2001) e Arantes
Ribeiro amp Paterniani (2012) Primeiramente as sementes foram descascadas e moiacutedas
para obtenccedilatildeo de um poacute sendo posteriormente homogeneizadas em peneira com
abertura de 0125 mm O poacute obtido foi utilizado diretamente sobre o lodo em teste de
jarros com agitaccedilatildeo inicial de 250 rpm por 10 s diminuindo- se a velocidade para 100
rpm por mais 5 min
38
Figura 10 - Semente de Moringa oleiacutefera
FONTE FEAGRI (2004)
Quiabo (Abelmoschus esculentus) Eacute um poliacutemero aniocircnico e adaptou-se a
metodologia apresentada por Abreu Lima (2007) que consiste no uso do fruto do
quiabo maduro e seco (rejeitado pelo consumidor) O processo consistiu na lavagem do
quiabo para remoccedilatildeo de resiacuteduos provenientes do solo exposiccedilatildeo ao sol ateacute a total
secagem dos frutos e moagem em um moedor eleacutetrico Adicionou-se aacutegua destilada ao
poacute que foi obtido nas peneiras de 0841 mm e 0149 mm nas concentraccedilotildees de 50 e 45
gL-1 respectivamente homogeneizando as soluccedilotildees em teste de jarros a 250 rpm ateacute
total dissoluccedilatildeo (cerca de 15 min para a primeira e 2h para a segunda) A primeira
soluccedilatildeo que possuiacutea partiacuteculas maiores do quiabo foi peneirada em funil de Buumlchner
para utilizaccedilatildeo somente da ldquobabardquo formada Essa praacutetica natildeo foi necessaacuteria para a
segunda soluccedilatildeo As duas soluccedilotildees foram adicionadas ao lodo em teste de jarros com
agitaccedilatildeo inicial de 250 rpm por 10 s diminuindo- se para 100 rpm por mais 5 min como
ilustra a Figura 11
39
Figura 11 - Preparo da soluccedilatildeo de poliacutemero produzida a partir do quiabo
44 Montagem dos leitos de secagem
Os sistemas foram montados em escala de bancada sendo que cada leito de
secagem a ser testado foi composto por um tubo de PVC com diacircmetro de 010 m Os
tubos foram acoplados atraveacutes de uma luva a uma reduccedilatildeo excecircntrica de 100 x 50 mm
cujo objetivo eacute facilitar o escoamento da aacutegua percolada minimizando possiacuteveis
perdas O pavimento permeaacutevel foi fixado na parte interna do tubo de PVC e
impermeabilizado no periacutemetro com veda calha impedindo a passagem de aacutegua ou
soacutelidos entre o pavimento e o tubo
Conforme pode ser visualizado na Figura 12 foram construiacutedas trecircs diferentes
composiccedilotildees para o leito de secagem Com o objetivo de evitar diferenccedilas na influecircncia
da evaporaccedilatildeo nos sistemas haacute uma mesma altura livre de 075 m na parte superior de
cada tubo
40
Figura 12 - Sistema de bancada de leito de secagem utilizado na pesquisa
a) Sistema convencional foi construiacutedo baseado nas orientaccedilotildees da
NBR122091992 Sobre o pavimento permeaacutevel foram adicionadas camadas de
aproximadamente 020 m de brita e 015 m de areia A norma prevecirc a utilizaccedilatildeo
de tijolos sobre a camada de brita entretanto desconsiderou-se o uso dos
mesmos devido ao fato de que a infiltraccedilatildeo somente ocorrer entre os vatildeos dos
tijolos onde estaacute presente a areia Neste caso o pavimento permeaacutevel cumpriu
unicamente a funccedilatildeo de sustentar o sistema impedindo o arraste da brita e da
areia para fora do conjunto natildeo interferindo na capacidade drenante do leito
b) Pavimento permeaacutevel O sistema foi composto somente com o pavimento
permeaacutevel
c) Pavimento permeaacutevel acrescido de camada de areia Sobre pavimento
permeaacutevel foi adicionada uma camada de 001 m de areia Neste conjunto foi
41
possiacutevel avaliar se a colocaccedilatildeo de fina camada de areia impediu o entupimento
dos poros do pavimento permeaacutevel pelo lodo
A areia utilizada foi classificada como meacutedia pelo procedimento da NBR NM
2482003 Possuindo diacircmetro efetivo D10 018mm coeficiente de desuniformidade
CD 318 e porosidade de 48
Foram construiacutedos quinze sistemas para a aplicaccedilatildeo do lodo com adiccedilatildeo dos
poliacutemeros separadamente A Tabela 3 ilustra os pavimentos equivalentes aos sistemas
pavimento permeaacutevel (P) pavimento permeaacutevel com adiccedilatildeo de areia (P+A) e
convencional (C)
Tabela 3 - Organizaccedilatildeo dos sistemas
Pavimentos Sistemas Poliacutemeros
1 P (1) Sem poliacutemero
2 P+A (1) Sem poliacutemero
3 C (1) Sem poliacutemero
4 P (2) Sinteacutetico
5 P+A (2) Sinteacutetico
6 C (2) Sinteacutetico
7 P (3) Mandioca
8 P+A (3) Mandioca
9 C (3) Mandioca
10 P (4) Moringa
11 P+A (4) Moringa
12 C (4) Moringa
13 P (5) Quiabo
14 P+A (5) Quiabo
15 C (5) Quiabo
Com o objetivo de evitar influecircncia da precipitaccedilatildeo os sistemas foram dispostos
em local coberto por telhas e cobertura plaacutestica que foi fixada atraacutes da bancada
Abaixo as Figuras 13 e 14 mostram a bancada de experimentaccedilatildeo
42
Figura 13 - Bancada experimental localizada no Laboratoacuterio de Protoacutetipos
Figura 14 - Detalhe dos sistemas em utilizaccedilatildeo na bancada experimental
43
45 Taxa de infiltraccedilatildeo
A taxa de infiltraccedilatildeo foi determinada a partir de testes realizados com cada
sistema O teste consistiu na manutenccedilatildeo de uma altura de coluna de aacutegua constante
sobre os leitos em estudo e com a coleta e mediccedilatildeo do volume de aacutegua percolada
atraveacutes do pavimento a cada 5 segundos3 Este teste foi feito em quintuplicata tendo-se
em vista a obtenccedilatildeo de um conjunto confiaacutevel de dados
Com o objetivo de avaliar a viabilidade da reutilizaccedilatildeo dos pavimentos apoacutes a sua
primeira utilizaccedilatildeo estes foram limpos com lavadora de alta pressatildeo para retirar
partiacuteculas residuais de lodo que restaram nos sistemas Depois da limpeza os
pavimentos foram submetidos a um novo teste de infiltraccedilatildeo Quando estes
apresentaram resultados significativamente inferiores ao primeiro teste foram
mergulhados em aacutegua com soluccedilatildeo detergente por uma semana com o propoacutesito de
dissolver oacuteleos e graxas possivelmente aderidos aos pavimentos Descartaram-se
aqueles que apresentaram taxas de infiltraccedilatildeo discrepantes para isso foi utilizado o
meacutetodo estatiacutestico de normalidade
Posteriormente foram calculadas as taxas de infiltraccedilatildeo dos sistemas
convencional e pavimento permeaacutevel acrescido de camada de areia obedecendo-se os
mesmos criteacuterios de validaccedilatildeo estatiacutestica
46 Avaliaccedilatildeo dos sistemas quanto ao desaguamento do lodo
Para anaacutelise da eficiecircncia do desaguamento nos sistemas foi comparado o
volume de lodo aplicado sobre os leitos e a aacutegua percolada de cada sistema ao longo
do tempo Para mensuraccedilatildeo do volume de aacutegua percolado colocou-se abaixo de cada
sistema um beacutequer que armazenou a aacutegua percolada No primeiro dia realizou-se um
monitoramento por 12 h sendo que o intervalo de tempo entre as coletas foi
significativamente menor nas primeiras horas devido ao desaguamento mais intenso
3 O tempo foi determinado em funccedilatildeo da capacidade de afericcedilatildeo da vazatildeo infiltrada de modo que tempos
maiores teriam infiltraccedilotildees aleacutem da capacidade de medida dos instrumentos utilizados no experimento
44
A avaliaccedilatildeo do desaguamento do lodo seria realizada na seguinte ordem Seacuterie
1 Sem adiccedilatildeo de poliacutemero Seacuterie 2 Adiccedilatildeo de poliacutemero sinteacutetico Seacuterie 3 Adiccedilatildeo de
poliacutemero extraiacutedo da Mandioca Seacuterie 4 Adiccedilatildeo de poliacutemero extraiacutedo da Moringa Seacuterie
5 Adiccedilatildeo de poliacutemero extraiacutedo do Quiabo como ilustrado na Tabela 4 As seacuteries foram
realizadas em triplicata
Tabela 4 - Avaliaccedilatildeo dos sistemas
Seacuterie Poliacutemero Sistema
Seacuterie 1 Sem adiccedilatildeo de poliacutemero
Pavimento permeaacutevel
Pavimento permeaacutevel + areia
Convencional
Seacuterie 2 Poliacutemero sinteacutetico
Pavimento permeaacutevel
Pavimento permeaacutevel + areia
Convencional
Seacuterie 3 Mandioca
Pavimento permeaacutevel
Pavimento permeaacutevel + areia
Convencional
Seacuterie 4 Moringa
Pavimento permeaacutevel
Pavimento permeaacutevel + areia
Convencional
Seacuterie 5 Quiabo
Pavimento permeaacutevel
Pavimento permeaacutevel + areia
Convencional
461 Avaliaccedilatildeo do desaguamento sem adiccedilatildeo de poliacutemero (Seacuterie 1)
Para a disposiccedilatildeo nos leitos de secagem utilizou-se volume de 20 L de lodo
para cada sistema em todas as seacuteries
45
462 Avaliaccedilatildeo do desaguamento com adiccedilatildeo de poliacutemeros (Seacuteries 2 a 5)
Para as amostras de lodo que tiveram adiccedilatildeo de poliacutemero foi utilizado o Teste de
Jarros para preparo da soluccedilatildeo estoque e condicionamento do lodo para a avaliaccedilatildeo da
dosagem e formaccedilatildeo de flocos Atraveacutes do CST determinou-se a dosagem oacutetima dos
poliacutemeros (Item 42) Apoacutes esta etapa obedeceu-se a mesma metodologia empregada
na dosagem isto eacute primeiramente o lodo foi condicionado com poliacutemero sendo entatildeo
aplicado nos sistemas
463 Sistema controle
Aleacutem dos sistemas com lodo utilizou-se um controle para aferir a quantidade de
aacutegua sujeita a evaporaccedilatildeo no local Este controle consistiu em uma coluna drsquoaacutegua feita
de tubo de PVC do mesmo modo em que o utilizado nos sistemas de desaguamento
permitindo a comparaccedilatildeo entre o volume de aacutegua inicial (2 L) e o restante apoacutes o tempo
despendido pelo desaguamento Para isso utilizou-se o princiacutepio dos vasos
comunicantes ilustrado na Figura 15
46
Figura 15 - Coluna drsquoaacutegua utilizada como controle na bancada experimental
464 Avaliaccedilatildeo do Lodo Desaguado
As amostras de torta seca foram retiradas quando os desaguamentos dos
sistemas cessaram Analisou-se o teor de umidade obtido em cada sistema expresso
pela anaacutelise de Soacutelidos Totais
47
5 RESULTADOS
51 Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas
O teste para determinaccedilatildeo da taxa de infiltraccedilatildeo foi realizado em todos os
pavimentos e nos sistemas de pavimento com adiccedilatildeo de areia e convencional
Primeiramente realizou-se os testes nos quinze pavimentos A meacutedia encontrada foi de
1144 mL plusmn 6229 e CV 005 (em 5 segundos de infiltraccedilatildeo) Verificou-se que as taxas de
infiltraccedilatildeo de aacutegua dos mesmos tinham indiacutecios de normalidade4 em seguida fez-se o
boxplot (Figura 34 Apecircndice B) e verificou-se a existecircncia de dois valores atiacutepicos (768
e 852 mL) por fim buscou-se confirmar se estes pontos apontados eram taxas de
infiltraccedilatildeo fora do padratildeo apresentado pelos demais pavimentos Observa-se que estes
dois pavimentos (2 e 14) foram utilizados em testes preliminares com o objetivo de
verificar a viabilidade do projeto Como seriam avaliados tambeacutem o pavimento
permeaacutevel com adiccedilatildeo de areia utilizou-se esses pavimentos nestes sistemas pois a
taxa de infiltraccedilatildeo neste caso eacute menor devido a esta camada de areia possibilitando
seu uso para este fim
A taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas pavimento permeaacutevel acrescido de areia e
convencional foram calculados do mesmo modo A meacutedia destes foi de 182 mL plusmn 209 e
CV 01 para o primeiro e de 526 mL plusmn1433 e CV 027 para o segundo
52 Caracterizaccedilatildeo do lodo bruto
Realizou-se caracterizaccedilatildeo do lodo durante o periacuteodo de agosto a fevereiro de
2014 Observou-se que o lodo sofreu perda de aacutegua deste periacuteodo devido agraves condiccedilotildees
de acondicionamento uma vez que recebeu forte insolaccedilatildeo e o recipiente em que
estava natildeo possuiacutea condiccedilotildees ideais de vedaccedilatildeo tendo possivelmente uma perda de
aacutegua livre por evaporaccedilatildeo elevando o valor de soacutelidos Para caracterizaccedilatildeo deste lodo
no entanto os valores obtidos de Soacutelidos Totais foram considerados respeitando-se o
4 Isto eacute que tem indiacutecios de uma distribuiccedilatildeo de probabilidade normal
48
intervalo de confianccedila conforme o Boxplot da Figura 30 Apecircndice A Todavia o pH e a
alcalinidade natildeo sofreram interferecircncia com estas condiccedilotildees A Tabela 5 mostra que o
lodo utilizado foi mais concentrado que usualmente encontrado na literatura (tendo em
meacutedia 77634 mgL-1 de ST plusmn 669003 e CV 009) mas como citado por Andreoli (2009)
o lodo de tanque seacuteptico possui grande variabilidade e dependendo da forma em que eacute
retirado pode apresentar-se mais ou menos concentrado
Tabela 5 - Comparaccedilatildeo entre dados encontrados na literatura e na presente pesquisa
Paracircmetros PHILIPPI et
al (1999) Withers Jarvie amp Stoate (2011)
Moussavi Kazembeigi amp
Farzadkia (2010) Neste trabalho
Meacutedia Meacutedia Meacutedia Meacutedia plusmn CV
ST (mgL-1
) 1083 - 1070 77634 66900 009
STV (mgL-1
) 673 - - 35164 23127 007
pH 66 73 73 70 02 003
Alcalinidade (mg CaCO3L
-1)
- 6085 480 2300 3438 015
49
Os Soacutelidos Totais e Soacutelidos Suspensos Totais fazem parte do conjunto de
paracircmetros mais importantes do lodo e satildeo dependentes do tipo de processo de
tratamento de esgoto e do tratamento do lodo Tiacutepicas concentraccedilotildees de ST estatildeo na
faixa de 2 a 12 no lodo bruto e 12 a 30 no lodo desaguado No lodo seco ou
compostado esses valores podem alcanccedilar 50 (SHAMMAS amp WANG 2008)
Outro importante paracircmetro eacute a relaccedilatildeo entre os Soacutelidos Totais Volaacuteteis e
Soacutelidos Totais (STVST) que de acordo com Metcalf amp Eddy (1991) Shammas amp Wang
(2008) e Andreoli (2009) eacute uma boa indicaccedilatildeo da fraccedilatildeo orgacircnica dos soacutelidos e de seu
niacutevel de digestatildeo A relaccedilatildeo encontrada neste trabalho foi em meacutedia de 046 sendo
valores proacuteximos aos encontrados por Andreoli et al (2009) em RAFA de 055
A relaccedilatildeo meacutedia de SSVSST neste trabalho foi de 047 plusmn001 e CV 002
semelhante agrave encontrada para STVST Moussavi Kazembeigi amp Farzadkia (2010)
correlacionaram os valores de SSVSST tambeacutem em tanque seacuteptico com o mesmo
objetivo e essa relaccedilatildeo foi de 057 classificando o lodo como estabilizado
Eacute necessaacuterio observar que a relaccedilatildeo entre STVST tiacutepica de um lodo primaacuterio eacute
de 075 a 080 proacutepria de lodos natildeo digeridos (METCALF amp EDDY 1991 ANDREOLI
VON SPERLING amp FERNANDES 2001 ANDREOLI et al 2009) O lodo proveniente de
tanques seacutepticos eacute classificado como lodo primaacuterio como o gerado em decantadores
primaacuterios Contudo diferentemente deste uacuteltimo o lodo de tanques seacutepticos sofre
digestatildeo anaeroacutebia
Os lodos digeridos tecircm valores entre 060 e 065 (ANDREOLI VON SPERLING
amp FERNANDES 2001) Apesar disso a Resoluccedilatildeo CONAMA 37506 afirma que os
lodos de esgoto que apresentem relaccedilatildeo (STVST) inferiores a 070 jaacute satildeo
considerados estaacuteveis para fins de utilizaccedilatildeo agriacutecola (BRASIL 2006)
Entretanto lodos que se adequam a essa relaccedilatildeo podem conter quantidades
significativas de areia e outros componentes inorgacircnicos que contribuem para o
aumento de soacutelidos fixos A baixa relaccedilatildeo entre soacutelidos volaacuteteis e soacutelidos totais pode
natildeo ser a mais adequada para indicaccedilatildeo do niacutevel de mineralizaccedilatildeo do lodo e de seu
impacto no solo A NBR 122091992 conceitua lodo estabilizado como aquele natildeo
sujeito a putrefaccedilatildeo poreacutem a quantificaccedilatildeo de STV natildeo eacute um indicador direto deste
50
fenocircmeno Existem algumas metodologias que fornecem essa indicaccedilatildeo como a
determinaccedilatildeo do potencial de mineralizaccedilatildeo do carbono e nitrogecircnio e de foacutesforo
atraveacutes da quantificaccedilatildeo de CO2 nitrogecircnio na forma de amocircnio e nitrogecircnio na forma
de nitrato (N-NH4+ e N-NO3
-) e extraccedilatildeo de foacutesforo como realizado por Tognetti et al
(2008)
Outro meacutetodo relativamente simples e amplamente utilizado eacute a respirometria de
Bartha que quantifica a produccedilatildeo de CO2 produzida pela microbiota quando em contato
com um composto natildeo presente naturalmente no solo medindo de maneira indireta
sua atividade metaboacutelica para degradaccedilatildeo destes compostos que mesmo sendo
orgacircnicos podem ser recalcitrantes Essa teacutecnica pode ser utilizada na anaacutelise da
biodegradabilidade do lodo para fins de utilizaccedilatildeo agriacutecola por medir o impacto de sua
aplicaccedilatildeo no solo (CLARKE TAYLOR amp COSSINS 2007)
Em relaccedilatildeo agrave alcalinidade e ao pH pode-se afirmar que satildeo os paracircmetros mais
importantes entre as anaacutelises quiacutemicas simples que verificam a qualidade do lodo
Visto que o pH determina as espeacutecies coagulantes que seratildeo utilizadas no
condicionamento bem como a natureza das cargas superficiais dos coloides (WPCF
1988) Aleacutem disso concentraccedilotildees elevadas de iacuteons de caacutelcio contribuem para melhora
do desaguamento do lodo (JIN WILEacuteN amp LANT 2003) Contudo no uso de
condicionantes inorgacircnicos a alta alcalinidade associada a lodos digeridos
anaeroacutebiamente pode levar a altas doses desses coagulantes pois se comportam
como aacutecidos quando satildeo adicionados a aacutegua isto eacute reduzem o pH da mistura gerada
(WPCF 1988)
53 Dosagem oacutetima dos poliacutemeros
A avaliaccedilatildeo das dosagens dos poliacutemeros baseou-se primeiramente na formaccedilatildeo de
flocos no teste de jarros Nas dosagens onde houve essa formaccedilatildeo realizou-se o
tempo de succcedilatildeo capilar (CST) comparando-se com os resultados do lodo sem
poliacutemero Segundo WPCF (1988) valores tiacutepicos para o Tempo de Succcedilatildeo Capilar
(CST) de lodo natildeo condicionado satildeo de aproximadamente 200 segundos O lodo em
51
estudo teve uma meacutedia de 2338 plusmn 1723 segundos demonstrando que seu
desaguamento ideal eacute ligeiramente mais lento do que lodos usualmente encontrados
Um dos fatores que influencia longos tempos de CST eacute a concentraccedilatildeo de soacutelidos Por
isso analisou-se esse paracircmetro nas aliacutequotas de lodo utilizadas em cada teste
Apesar da concentraccedilatildeo de soacutelidos no lodo estudado ser alta pode natildeo ser a uacutenica
responsaacutevel por estes resultados como jaacute mencionado outros fatores podem interferir
no desaguamento como o tipo de aacutegua encontrada no lodo e a alcalinidade (VESILIND
1988 WPCF 1988 VESILIND1994)
Para a dosagem oacutetima dos poliacutemeros o criteacuterio utilizado foi de acordo com WPCF
(1988) que indica que um lodo bem condicionado natildeo deve ultrapassar 10 segundos
no teste CST Sendo assim escolheu-se a menor dosagem dentre as que tiveram
resultados inferiores a 10 segundos As dosagens dos poliacutemeros que foram testadas
podem ser vistas na Tabela 6 e nos subitens 531 532 533 e 534
52
Tabela 6 - Dosagens testadas dos poliacutemeros utilizados na pesquisa
Poliacutemeros
Kemira 8394 reg Mandioca Moringa Quiabo
Dosagens testadas
(gL-1)
005 200 600 1000
010 250 800 1500
020 300 1000 2000
040
1200 1000
050
1400 1500
060
1600 2000
1800
2000
2200
2400
2600
2800
3000
3200
3400
3600
3800
4000
4200
4400
4600
4800
5000
6000
7000
9000
12000
531 Poliacutemero Sinteacutetico
Foram realizados dois testes de dosagem para o poliacutemero sinteacutetico uma em agosto
de 2013 e outra em fevereiro de 2014 devido ao intervalo relativamente grande entre a
primeira e a segunda seacuterie de desaguamento No primeiro teste as dosagens
53
analisadas foram de 005 010 020 e 040 gL-1 sendo encontrada a dosagem ideal
de 020 g L-1 Calculando a dosagem em funccedilatildeo da concentraccedilatildeo de soacutelidos do lodo
obteacutem-se que a dosagem ideal foi de 68 g kg ST-1 ressalta-se que o caacutelculo foi
realizado em funccedilatildeo dos ST e natildeo como o indicado por Andreoli von Sperlin
Fernandes (2001) que fazem em funccedilatildeo de SST devido ao fato do condicionamento
quiacutemico natildeo agir somente nos SST mas tambeacutem em partiacuteculas coloidais e dissolvidas
presentes no lodo (LIBAcircNIO 2005) Uma vez obtida a relaccedilatildeo ideal entre poliacutemero e
ST adicionou-se ao lodo em todos as seacuteries a mesma dosagem
No segundo teste foram utilizadas as seguintes dosagens 040 050 e 060 gL-1
A dosagem ideal obtida no teste foi de 050 g L-1 Os tempos registrados no CST
podem ser observados na Tabela 7
Tabela 7 - Resultados obtidos no CST nas dosagens de poliacutemero testadas
Poliacutemero Sinteacutetico
Dosagem (gL-1) Meacutedia plusmn CV
0055 - - -
010 106 14 01
020 74 15 02
040 1107 14 01
040 109 45 04
050 64 21 03
060 925 07 01
532 Mandioca
Preparou-se soluccedilatildeo estoque de 10 gL-1 A concentraccedilatildeo esteve em funccedilatildeo do
limite de saturaccedilatildeo da mistura da aacutegua com a feacutecula de mandioca visto que acima
desta concentraccedilatildeo a soluccedilatildeo natildeo se solubilizava por completo Apesar da
concentraccedilatildeo da soluccedilatildeo ser muito superior a testes realizados em aacutegua por Dantas amp
5 Como citado na literatura o CST foi feito somente nas dosagens em que houve formaccedilatildeo de flocos
54
Di Bernardo (2000) de 10 gL-1 natildeo foi possiacutevel testar grandes dosagens jaacute que isso
implicaria em um grande volume de poliacutemero superior inclusive ao volume de lodo
utilizado o que inviabilizaria sua aplicaccedilatildeo As dosagens testadas foram de 20 25 e
30 gL-1 sendo que em nenhuma delas houve a formaccedilatildeo de flocos Ressalva-se que
foi possiacutevel realizar essas dosagens utilizando-se volumes de lodo menores que os de
poliacutemero mantendo-se assim o volume total de 2 L no teste de jarros
Os testes mostraram que pela metodologia empregada no presente projeto natildeo foi
possiacutevel utilizar o poliacutemero obtido a partir da mandioca como condicionante de lodo de
esgoto natildeo sendo realizados testes de desaguamento nos sistemas Possivelmente
seriam necessaacuterias dosagens extremamente elevadas deste poliacutemero para a obtenccedilatildeo
de resultados positivos no lodo que foi utilizado como auxiliar de coagulaccedilatildeo no
tratamento de aacutegua por Di Bernardo (2000)
533 Moringa
As concentraccedilotildees testadas iniciaram em 60 gL-1 - dosagem oacutetima de poacute seco
obtida por Muyibi et al (2001) As demais dosagens foram de 80 100 120 140
160 180 200 220 240 260 280 300 320 340 360 380 400 420 440
460 480 500 600 700 900 1200 g L-1 Natildeo houve formaccedilatildeo de flocos em
nenhuma dosagem Ressalva-se que o teste foi limitado pela quantidade poacute obtido pelo
descascamento seleccedilatildeo moagem e peneiramento das sementes de moringa
Existem diversos fatores que podem contribuir para a natildeo correlaccedilatildeo de resultados
obtidos no presente estudo e os relatados na literatura Dentre eles nota-se que apesar
de Muyibi et al (2001) terem conseguido obter resultados positivos no condicionamento
do lodo pela moringa os testes realizados para tal natildeo satildeo os mesmos realizados nesta
pesquisa os pesquisadores utilizaram teste de resistecircncia especiacutefica e de reduccedilatildeo de
volume do lodo em teste de jarros Aleacutem disso o meacutetodo de preparo do poacute seco
utilizado no experimento natildeo eacute detalhado podendo sofrer variaccedilotildees importantes que
podem interferir nos resultados Outro fator importante eacute a concentraccedilatildeo de soacutelidos do
lodo utilizado no trabalho que em momento algum eacute fornecida pelos autores apenas
55
afirmam que o lodo eacute proveniente de uma ETE Como haacute uma correlaccedilatildeo positiva entre
a concentraccedilatildeo de soacutelidos do lodo e a dosagem de condicionantes caso este lodo seja
menos concentrado que o lodo utilizado no presente projeto provavelmente as
dosagens dos condicionantes empregados seratildeo menores
534 Quiabo
Para os testes com o quiabo foram empregadas duas metodologias que se
diferem somente na abertura das peneiras utilizadas Na primeira o peneiramento foi de
0841 mm e na segunda o peneiramento foi de 0149 mm Ambos tiveram soluccedilatildeo
estoque com concentraccedilatildeo de 50 g L-1 (limite de saturaccedilatildeo) e as mesmas dosagens
testadas de 100 150 e 200 g L-1 Ressalta-se que as dosagens foram limitadas pela
quantidade de poacute obtido no processo para se obter aproximadamente 01 kg do poacute
mais fino utilizou-se 15 kg de quiabo jaacute que grande parte desta massa eacute aacutegua e eacute
necessaacuterio secaacute-lo moecirc-lo e peneiraacute-lo Em todas as dosagens testadas natildeo se
verificou a formaccedilatildeo de flocos Um dos fatores que pode ter contribuiacutedo para a natildeo
formaccedilatildeo de flocos eacute o fato do poliacutemero ser aniocircnico conforme apontado por Abreu
Lima (2007)
535 Avaliaccedilatildeo geral da dosagem dos poliacutemeros
Natildeo foram encontradas dosagens oacutetimas para o condicionamento do lodo de esgoto
de tanque seacuteptico quando utilizou-se os poliacutemeros naturais oriundos da mandioca
moringa e quiabo Destaca-se que foram avaliadas somente algumas metodologias
simplificadas adequadas a ETE de pequeno porte localizadas em comunidades
isoladas eou rurais Eacute possiacutevel que existam resultados positivos caso empregue-se
outras metodologias mais complexas que aumentem a concentraccedilatildeo dos poliacutemeros em
volumes viaacuteveis para aplicaccedilatildeo no lodo de esgoto uma vez que outras pesquisas
relataram sua eficiecircncia no tratamento de aacutegua esgoto e condicionamento do lodo
Em relaccedilatildeo ao poliacutemero orgacircnico sinteacutetico a dosagem oacutetima encontrada eacute viaacutevel
para aplicaccedilatildeo Poreacutem eacute importante considerar que a utilizaccedilatildeo de poliacutemeros orgacircnicos
56
sinteacuteticos incrementa custos significativos agrave operaccedilatildeo da ETE bem como matildeo-de-obra
especializada para sua manipulaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo
54 Desaguamento do lodo nos sistemas
Como explicado anteriormente as seacuteries satildeo as replicatas da anaacutelise de
desaguamento do lodo ao longo do tempo na escala de bancada Para cada seacuterie
utilizou-se 2 L de lodo de esgoto a carga meacutedia aplicada no projeto foi de 1880
kgSTm-2 com plusmn 263 e CV 014 ou seja tem-se indiacutecios estatiacutesticos de que a meacutedia eacute
representativa Em todas as seacuteries considerou-se o teacutermino do desaguamento quando
a percolaccedilatildeo parou nos sistemas ou seja quando o volume coletado foi de 0 mL Eacute
importante observar que as condiccedilotildees climaacuteticas variaram consideravelmente no
periacuteodo em que as seacuteries foram realizadas deste modo verifica-se que a influecircncia da
temperatura e da evaporaccedilatildeo foram diferentes em cada uma das seacuteries Na Tabela 8
satildeo apresentadas as condiccedilotildees relativas a cada uma das seacuteries No Apecircndice B as
Figura 41 42 43 44 e 45 exibem as temperaturas diaacuterias registradas e a evaporaccedilatildeo
da coluna drsquoaacutegua (Sistema controle item 463)
Tabela 8 - Temperatura evaporaccedilatildeo e duraccedilatildeo das seacuteries
Sem poliacutemero Poliacutemero Sinteacutetico
Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie IV
TdegC Maacutex 341 357 371 271 370 343 343
TdegC Min 96 132 160 65 203 160 160
Evaporaccedilatildeo coluna daacutegua ()
180 200 320 15 160 40 40
Iniacutecio 030913 291013 280114 280913 060214 180214 180214
Duraccedilatildeo (dias) 350 390 280 40 80 50 50
Em que TdegC Maacutex Temperatura Maacutexima TdegC Min Temperatura Miacutenima
Na Tabela 9 satildeo apresentados os volumes desaguados os teores de soacutelidos das
tortas secas resultantes dos sistemas de bancada a meacutedia amostral e a meacutedia
ajustada6 de cada sistema Esta uacuteltima eacute decorrente de um ajuste de um modelo linear
6 A meacutedia ajustada decorre da meacutedia geral das categorias tomadas como sendo iguais incluindo um erro
aleatoacuterio
57
normal Desta forma eacute possiacutevel verificar se haacute diferenccedilas significativas entre os valores
amostrais Os boxplot dos volumes amostrais e dos ajustados podem ser visualizados
nas Figura 46 e 47 (Apecircndice B)
No que se refere ao volume desaguado haacute indiacutecios estatiacutesticos de que tanto nas
seacuteries sem adiccedilatildeo de poliacutemero e com adiccedilatildeo de poliacutemero nos sistemas pavimento
permeaacutevel e pavimento permeaacutevel acrescido de areia as meacutedias natildeo tecircm diferenccedila
significativa como observado na Figura 47 Todavia comparando-se estes sistemas ao
convencional a diferenccedila eacute significativa segundo a anaacutelise de variacircncia
No tocante ao teor de soacutelidos da torta seca comparando-se o condicionamento ou
natildeo do lodo verificou-se que o lodo sem poliacutemero produziu tortas com igual umidade
que o lodo condicionado visto que quando se comparou os valores de ST nos sistemas
com ou sem poliacutemero natildeo se verificou diferenccedila significativa Examinando-se o
desempenho dos sistemas notou-se que natildeo haacute diferenccedila significativa de ST entre
pavimento permeaacutevel e pavimento permeaacutevel e areia Todavia haacute diferenccedila entre estes
e o convencional segundo a anaacutelise de variacircncia verificado nos boxplot da Figura 48
(Apecircndice B) Ademais como realizado no volume desaguado ajustou-se um modelo
linear em que calculou-se uma meacutedia ajustada para cada sistema como pode ser visto
na Figura 49 do Apecircndice B
58
Tabela 9 - Resultados do desaguamento do lodo de esgoto de tanque seacuteptico
Seacuteries
Sem poliacutemero Poliacutemero Sinteacutetico
P P+A C P P+A C
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
I 1960 540 2208 578 2824 561 2412 1484 2645 1413 2980 1232
II 2777 665 2967 675 3279 492 2503 1411 262 1377 2753 1145
III 2487 628 2824 609 2872 587 2327 1481 2473 1513 2843 1265
IV - - - - - - 2336 1479 - - - -
Meacutedia 2408 611 2667 621 2992 547 2395 1464 2519 1434 2859 1214
plusmn 414 6421 403 4954 250 4910 088 4131 093 7047 114 6199
CV 1720 1051 1512 798 836 898 368 282 369 491 400 511
Meacutedia ajustada
7
2503 64451 2503 64451 2925 48931 2503 142656 2503 142656 2925 127136
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia C Convencional ST Soacutelidos Totais plusmn Desvio Padratildeo CV Coeficiente de Variaccedilatildeo
7 A meacutedia ajustada demonstra que estatisticamente certos valores satildeo iguais
59
541 Sistema composto por Pavimento Permeaacutevel
a) Lodo natildeo condicionado
Para o lodo sem adiccedilatildeo de poliacutemero desaguado em pavimento permeaacutevel o
desaguamento foi respectivamente de 540 665 e 628 mL nas seacuteries I II e III Nota-se
que houve pequenas variaccedilotildees nas trecircs seacuteries justificadas em parte pela variabilidade
das condiccedilotildees climaacuteticas e em parte pela variabilidade normal na reproduccedilatildeo dos
experimentos Contudo eacute possiacutevel notar um comportamento geral das seacuteries onde o
desaguamento eacute mais intenso nas primeiras 70 horas e mais ameno nas restantes A
Figura 16 mostra a evoluccedilatildeo do desaguamento no sistema composto por pavimento
permeaacutevel
Figura 16 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento permeaacutevel com lodo de esgoto sem poliacutemero
0
100
200
300
400
500
600
700
0 200 400 600 800 1000
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo em pavimento permeaacutevel
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
60
b) Lodo condicionado
Para o lodo com adiccedilatildeo de poliacutemero o desaguamento foi realizado em quatro
seacuteries e o volume percolado foi de 1484 1411 1481 e 1479 mL nas seacuteries I II III e IV
respectivamente A seacuterie IV foi realizada somente para verificar se haveria diferenccedila no
desaguamento do pavimento permeaacutevel em decorrecircncia do aumento da taxa de
infiltraccedilatildeo ocasionada na segunda lavagem dos sistemas como seraacute exposto no item
59 Realizou-se o desaguamento concomitantemente com a terceira seacuterie do lodo
condicionado Observa-se um comportamento geral nas seacuteries semelhante ao lodo sem
condicionamento intensidade de desaguamento maior nas primeiras horas e menor
nas demais Contudo diferentemente do lodo natildeo condicionado o desaguamento foi
mais intenso nas primeiras 3 h quando adicionou-se o poliacutemero Estes resultados
evidenciam que o condicionamento do lodo com poliacutemeros aumenta radicalmente natildeo
soacute a taxa de desaguamento mas tambeacutem o volume de aacutegua percolado chegando a ser
em meacutedia 5803 maior que nas seacuteries sem poliacutemero utilizando-se o mesmo sistema
Tanto a raacutepida percolaccedilatildeo quanto o maior volume devem-se agraves pontes quiacutemicas
formadas entre o poliacutemero e aos soacutelidos presentes no lodo que agregam-se em flocos
facilitando a sua separaccedilatildeo da aacutegua livre (LIBAcircNIO 2005 WPCFM 1988) O
hidrograma gerado pode ser observado na Figura 17
61
Figura 17 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento permeaacutevel com lodo de esgoto com adiccedilatildeo de poliacutemero
542 Sistema composto por Pavimento Permeaacutevel e areia
a) Lodo natildeo condicionado
O sistema composto por pavimento permeaacutevel com adiccedilatildeo de areia natildeo teve
diferenccedilas significativas em relaccedilatildeo ao composto somente por pavimento permeaacutevel
tendo comportamento semelhante a este e desaguando 578 675 e 609 mL
respectivamente nas seacuteries I II e III como observado na Figura 18
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
0 10 20 30 40 50 60 70
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo com adiccedilatildeo de poliacutemero sinteacutetico em pavimento permeaacutevel
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
Seacuterie IV
62
Figura 18 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento permeaacutevel com lodo de esgoto sem poliacutemero
a) Lodo condicionado
Como os sistemas anteriores o lodo com adiccedilatildeo de poliacutemero sinteacutetico teve
desempenho superior ao sem condicionamento com 1413 1377 e 1513 mL de
desaguamento nas seacuteries I II e III respectivamente O hidrograma deste sistema pode
ser visto na Figura 19
0
100
200
300
400
500
600
700
800
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo em pavimento permeaacutevel e areia
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
63
Figura 19 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento permeaacutevel e areia com
lodo de esgoto com adiccedilatildeo de poliacutemero
543 Sistema Convencional
a) Lodo natildeo condicionado
Para o lodo sem adiccedilatildeo de poliacutemero desaguado em sistema convencional o
volume percolado foi de 561 492 e 587 mL respectivamente nas seacuteries I II e III
Apesar da seacuterie II ter um desaguamento menor e mais lento que as seacuteries I e II essa
diferenccedila natildeo eacute estatisticamente relevante como observado no boxplot da Figura 46 no
Apecircndice B Nota-se tambeacutem que o desaguamento na Seacuterie III foi mais raacutepido uma
das razotildees apontadas pode ser a alta temperatura e evaporaccedilatildeo registradas neste
periacuteodo sendo este comportamento observado nos sistemas compostos por pavimento
permeaacutevel e pavimento permeaacutevel com camada de areia
Ainda que verifiquem-se algumas diferenccedilas entre as seacuteries eacute possiacutevel constatar
o mesmo comportamento geral registrado nos sistemas anteriores onde o
desaguamento foi mais intenso nas primeiras horas e mais lento nas demais conforme
hidrograma exposto na Figura 20
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo com poliacutemero sinteacutetico em pavimento permeaacutevel e areia
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
64
Figura 20 - Hidrograma do desaguamento do sistema convencional com lodo de esgoto sem poliacutemero
b) Lodo condicionado
Para o lodo condicionado com poliacutemero o volume desaguado foi maior e grande
parte foi percolado nos primeiros minutos comportamento observado em todas as
seacuteries O sistema convencional desaguou nas seacuteries I II e III 1232 1145 e 1265 mL
respectivamente volumes menores que os demais sistemas Devido ao raacutepido
desaguamento deste lodo pode-se afirmar que a evaporaccedilatildeo exerce pouca influecircncia
neste processo sendo a drenagem o principal mecanismo Apesar da evidente
discrepacircncia de volume e tempo de desaguamento na seacuterie II natildeo houve diferenccedila
estatiacutestica entre as demais seacuteries como comprovado pelo boxplot da Figura 46 no
Apecircndice B A Figura 21 mostra o hidrograma deste desaguamento
0
100
200
300
400
500
600
700
0 200 400 600 800 1000
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo em sistema convencional
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
65
Figura 21 - Hidrograma do desaguamento do sistema convencional com lodo de esgoto com adiccedilatildeo de poliacutemero
55 Teor de soacutelidos das tortas secas
Analisou-se tambeacutem os teores de soacutelidos nas tortas secas obtidos em cada
sistema Nota-se que apesar da maior percolaccedilatildeo dos sistemas compostos por
pavimento permeaacutevel e pavimento permeaacutevel com areia os melhores valores foram do
sistema convencional tanto para o lodo sem condicionamento quanto para o lodo
condicionado Esses resultados provavelmente decorrem da retenccedilatildeo de parte da aacutegua
percolada pela camada de areia do sistema fazendo com que o volume total percolado
natildeo consiga atravessar toda a camada de areia e a camada de brita do sistema ateacute ser
coletado no recipiente
Constatou-se que natildeo houve diferenccedila significativa na utilizaccedilatildeo ou natildeo de
poliacutemero ou seja os sistemas produziram tortas secas de semelhante teor quando natildeo
adicionou-se poliacutemero e quando adicionou-se Tambeacutem natildeo houve diferenccedila
significativa entre os sistemas pavimento permeaacutevel e pavimento permeaacutevel acrescido
de areia Poreacutem houve entre os mesmos e sistema convencional como mostra a
Figura 49 no Apecircndice B O teor de soacutelidos no sistema pavimento permeaacutevel sem
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo com adiccedilatildeo de poliacutemero sinteacutetico em sistema convencional
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
66
condicionamento foi em meacutedia de 2408 plusmn414 enquanto que o lodo condicionado a
meacutedia foi de 2395 plusmn 088 No sistema pavimento permeaacutevel e areia a meacutedia foi de
2667 plusmn 403 para o lodo sem poliacutemero e de 2519 plusmn 093 para o lodo com adiccedilatildeo de
poliacutemero Para o sistema convencional a meacutedia de ST foi de 2992 plusmn 250 e 2859 plusmn
114 no lodo natildeo condicionado e no condicionado respectivamente
Contudo eacute possiacutevel notar comportamentos distintos no lodo condicionado e natildeo
condicionado enquanto o lodo natildeo condicionado perdeu mais umidade quando a
temperatura foi mais alta (nas seacuteries) o lodo condicionado parece natildeo ter sofrido
influecircncia significativa desta variaacutevel ambiental esse fato deve-se ao seu raacutepido
desaguamento jaacute mencionado anteriormente Ademais observa-se que as
concentraccedilotildees de STV satildeo maiores que as de STF uma hipoacutetese eacute que a mateacuteria
inorgacircnica dissolvida pode ter sido percolada juntamente com a aacutegua drenada do lodo
As Figura 22 e 23 ilustram a os valores de Soacutelidos Totais Soacutelidos Totais Fixos e Soacutelidos
Totais Volaacuteteis das tortas secas dos lodos desaguados sem e com adiccedilatildeo de poliacutemero
respectivamente
Figura 22 - Teor de soacutelidos da torta seca do lodo desaguado sem poliacutemero
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia C Convencional Soacutelidos Totais
STF Soacutelidos Totais Fixos e STV Soacutelidos Totais Volaacuteteis
000
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III
P P+A C
Teor de soacutelidos da torta seca do lodo sem poliacutemero
ST
STF
STV
67
Figura 23 - Teor de soacutelidos da torta seca do lodo desaguado com poliacutemero sinteacutetico
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia C Convencional Soacutelidos Totais
STF Soacutelidos Totais Fixos e STV Soacutelidos Totais Volaacuteteis
56 Anaacutelise geral dos sistemas
O lodo com ou sem poliacutemero mostrou comportamento semelhante ao percolar
uma fraccedilatildeo significativa de seu volume nas primeiras horas do desaguamento e
posteriormente assumiu uma taxa de infiltraccedilatildeo mais lenta a diferenccedila verificada foi no
menor tempo necessaacuterio e na maior quantidade de aacutegua desaguada do lodo
condicionado como observado na Figura 24 Os pontos no graacutefico tratam-se das
meacutedias das seacuteries nos sistemas Neste graacutefico foram inclusos todos os pontos de todas
as seacuteries em ordem cronoloacutegica sendo possiacutevel assim observar um comportamento em
cada sistema estudado
000
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie IV Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III
P P+A C
Teor de soacutelidos da torta seca do lodo com poliacutemero sinteacutetico
ST
STF
STV
68
Figura 24 - Hidrograma do desaguamento do lodo em todos os sistemas no lodo natildeo condicionado e condicionado
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
Esta raacutepida percolaccedilatildeo pode ser justificada pela interaccedilatildeo do poliacutemero com as
partiacuteculas do lodo ocorrer quase imediatamente apoacutes a sua aplicaccedilatildeo (WPCFM 1988)
Isso ocorre porque os poliacutemeros atuam como coagulantes formando pontes quiacutemicas
entre o poliacutemero e as partiacuteculas coloidais presentes no lodo que satildeo adsorvidas pelas
diversas cadeias de monocircmeros do poliacutemero agregando-se em flocos densos passiacuteveis
de serem removidos por filtraccedilatildeo sedimentaccedilatildeo ou flotaccedilatildeo (LIBAcircNIO 2005)
Portanto tempos menores de desaguamento implicariam em maior quantidade
de ciclos de secagem em leitos em escala real podendo ocasionar um impacto
consideraacutevel no caacutelculo da aacuterea necessaacuteria para o leito
Apesar disso os valores de ST nas seacuteries com adiccedilatildeo de poliacutemero podem ser
considerados iguais aos do lodo sem condicionamento Certamente pelo periacuteodo de
desaguamento do lodo sem poliacutemero ter sido muito superior ao do lodo condicionado
(em torno de 35 e 6 dias respectivamente) houve maior evaporaccedilatildeo da aacutegua presente
no lodo nestes sistemas (por volta de 23 e 6 de modo respectivo) que compensou o
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo nos sistemas com e sem poliacutemero
P Sem poliacutemero P com poliacutemero P+A sem poliacutemero
C sem poliacutemero C com poliacutemero P+A com poliacutemero
69
menor volume drenado Isso decorre de que em leitos de secagem haacute necessidade de
tempos relativamente longos de evaporaccedilatildeo (van Haandel amp Lettinga 1994)
Pode-se considerar que a evaporaccedilatildeo eacute uma grande contribuinte no desaguamento
em escala real e consequentemente na obtenccedilatildeo de teores maiores de ST nas tortas
secas Poreacutem em escala de bancada os sistemas sofreram menor influecircncia da
evaporaccedilatildeo devido a menor influecircncia dos fatores climaacuteticos responsaacuteveis pela
evaporaccedilatildeo tendo entatildeo seus valores de ST subestimados
Analisando-se os sistemas verifica-se que de maneira geral pelas Figuras 25 e
26 que o sistema convencional foi significativamente mais lento que os sistemas
alternativos e os volumes desaguados foram menores do que nos sistemas pavimento
permeaacutevel e pavimento e areia No lodo sem condicionamento enquanto 563 do
volume inicial foi percolado nas 30 primeiras horas no sistema composto por pavimento
permeaacutevel o sistema pavimento permeaacutevel e areia foi ligeiramente mais lento
desaguando neste periacuteodo 486 de seu volume e no sistema convencional somente
301 Para o lodo condicionado nas primeiras 3 h o pavimento permeaacutevel pavimento
permeaacutevel acrescido de areia e convencional desaguaram 690 487 e 185 de seu
volume
Figura 25 - Desaguamento do lodo sem poliacutemero - meacutedias das seacuteries
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
00
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
00 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000
Volu
me
acum
ulad
o (m
L)
Tempo (h)
Desaguamento meacutedio do lodo sem poliacutemero
P
P+A
C
70
Figura 26 - Desaguamento do lodo com poliacutemero - meacutedias das seacuteries
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
Todavia o sistema convencional produziu tortas secas com menor umidade
Como jaacute explicado anteriormente esses resultados podem ser justificados pela
existecircncia de uma camada maior de areia em que parte da aacutegua percolada tenha
ficado ali retida A adiccedilatildeo da camada de areia de 001 m ao pavimento permeaacutevel natildeo
mostrou aumento significativo tanto no volume desaguado quanto na torta seca
produzindo valores de ST semelhantes aos do sistema composto somente por
pavimento permeaacutevel
Aleacutem do sistema composto por pavimento permeaacutevel obter maior volume de
aacutegua percolada do que o sistema convencional pode-se considerar que este uacuteltimo tem
uma pequena aacuterea de drenagem (2 a 3 cm de camada de areia entre os tijolos
recozidos) em escala real como ilustra a Figura 27
00
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
00 100 200 300 400 500 600 700 800
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento meacutedio do lodo com poliacutemero
P
P+A
C
71
Figura 27 - Detalhe da constituiccedilatildeo do leito de secagem convencional
A NBR 122091992 considera que a aacuterea ocupada pela areia natildeo pode ser
inferior a 15 da aacuterea total do leito Desta forma considerando os valores das meacutedias
ajustadas o lodo sem poliacutemero e com poliacutemero desaguariam respectivamente 5298 e
13762 Lm-sup2 no sistema convencional Enquanto que o pavimento permeaacutevel e
pavimento permeaacutevel acrescido de areia desaguariam 8210 e 18173 Lm-sup2 para o lodo
sem adiccedilatildeo de poliacutemero e com adiccedilatildeo de poliacutemero respectivamente8
Por esse motivo como a percolaccedilatildeo da aacutegua eacute fator importante no teor de
umidade final da torta seca eacute importante balizar que da mesma forma que no processo
de drenagem o teor de soacutelidos da torta seca do sistema convencional eacute superestimado
na escala de bancada ou seja em escala real eacute provaacutevel que estes valores sejam
significativamente menores ou que demande-se mais tempo para obtenccedilatildeo da mesma
umidade na torta seca
Nota-se tambeacutem que os valores de Soacutelidos Totais Volaacuteteis (STV) satildeo superiores
aos Soacutelidos Totais Fixos (STF) com a relaccedilatildeo meacutedia de STVST de 058 superior a do
lodo bruto de 046 como jaacute citado uma das razotildees pode ser a percolaccedilatildeo de mateacuteria
inorgacircnica dissolvida Segundo Andreoli von Sperling amp Fernandes (2001) a relaccedilatildeo
8 Para a obtenccedilatildeo destes valores utilizou-se a meacutedia dos volumes desaguados dos sistemas para
calcular-se o volume desaguado por msup2 Considerou-se que a percolaccedilatildeo ocorre em toda a aacuterea do leito
nos sistemas pavimento permeaacutevel e pavimento permeaacutevel e areia No sistema convencional
considerou-se que a percolaccedilatildeo somente ocorre na aacuterea do onde haacute areia portanto estes valores foram
multiplicados por 15
72
entre SVST tiacutepica do eacute lodo desidratado eacute de 060 a 065 Poreacutem a relaccedilatildeo encontrada
por Andreoli et al (2009) foi de 022 indicando a grande variabilidade do lodo
Como jaacute mencionado Ruiz Kaosol amp Wisniewsk (2010) relacionaram a
quantidade de mateacuteria orgacircnica presente no lodo e sua aptidatildeo ao desaguamento
mecacircnico estabelecendo a relaccedilatildeo inversamente proporcional entre mateacuteria orgacircnica e
eficiecircncia do processo de desaguamento mecacircnico Andreoli von Sperling amp Fernandes
(2001) tambeacutem afirmam que lodos com menor teor de mateacuteria orgacircnica tambeacutem satildeo
mais indicados para o desaguamento por processos naturais Esses resultados
apontam que o lodo utilizado na pesquisa tem aptidatildeo ao desaguamento por ter sofrido
digestatildeo
Aleacutem disso eacute necessaacuterio atentar que diferentemente dos resultados obtidos por
van Haandel amp Lettinga (1994) a concentraccedilatildeo de soacutelidos influenciou o desaguamento
do lodo uma vez que o volume aplicado sobre os leitos foi o mesmo sendo que a
carga aplicada alterou-se em funccedilatildeo da concentraccedilatildeo de soacutelidos que se alterou
durante a pesquisa
Observa-se tambeacutem que van Haandel amp Lettinga (1994) utilizaram lodos com ST
entre 4 e 10 finalizando o desaguamento com fraccedilatildeo de soacutelidos de aproximadamente
20 nos leitos de secagem convencional Os valores obtidos na presente pesquisa
para o leito de secagem convencional satildeo superiores aos encontrados pelos
pesquisadores variando de 28 a 33
Com o objetivo de estimar a influecircncia da evaporaccedilatildeo nos sistemas elaborou-se
duas hipoacuteteses a primeira considera a quantidade de aacutegua evaporada como percolada
pelos sistemas e a segunda trata-se de calcular a umidade do lodo caso natildeo houvesse
a evaporaccedilatildeo nos sistemas Ambas baseiam-se nas perdas de aacutegua por evaporaccedilatildeo
registradas pelo sistema controle
73
57 Hipoacutetese I ndash Aacutegua evaporada do lodo sendo percolada
Com o intuito de explicar a diferenccedila de volume desaguado no lodo sem e com
condicionamento a primeira hipoacutetese assume a ausecircncia de evaporaccedilatildeo considerando
que a porccedilatildeo de aacutegua que foi evaporada da coluna drsquoaacutegua foi percolada nos sistemas
respeitando-se a quantidade e tempo em que ocorreu a evaporaccedilatildeo no sistema
controle Para tanto faz-se necessaacuterias algumas ponderaccedilotildees
A evaporaccedilatildeo de um liacutequido tem relaccedilatildeo estreita com sua tensatildeo superficial
quanto mais baixa esta eacute maior seraacute a evaporaccedilatildeo Sabe-se que a aacutegua naturalmente
presente na natureza tem alta tensatildeo superficial e existem substacircncias que conteacutem
moleacuteculas anfifiacutelicas como detergente e sabatildeo que diminuem a tensatildeo superficial da
aacutegua e consequentemente acabam facilitando a evaporaccedilatildeo da aacutegua O lodo de
esgoto eacute uma matriz complexa isto eacute tem composiccedilatildeo diversificada e provavelmente
tem quantidade consideraacutevel de moleacuteculas anfifiacutelicas podendo deixar a tensatildeo
superficial mais baixa e portanto facilitando a evaporaccedilatildeo da aacutegua livre presente no
lodo Para fins de melhor aplicabilidade desta hipoacutetese seria necessaacuterio mensurar a
tensatildeo superficial do lodo (MYERS 1999) Aleacutem disso a aacuterea superficial de aacutegua que
entra em contato com a atmosfera eacute muito maior no lodo do que na coluna drsquoaacutegua
colaborando para maior evaporaccedilatildeo do primeiro
Para tanto admitiu-se que a evaporaccedilatildeo da aacutegua ldquocomumrdquo eacute a mesma que a da
aacutegua livre presente no lodo e que esta eacute predominante em relaccedilatildeo aos demais tipos de
aacutegua presente (van Haandel amp Lettinga1994 VESILIND 1994) As estimativas dos
volumes percolados em todas as seacuteries podem ser visualizadas na Tabela 10
Ressalva-se que as Seacuteries II e III do lodo com adiccedilatildeo de poliacutemero foram iniciadas
durante a Seacuterie III do lodo sem adiccedilatildeo de poliacutemero fazendo com que o sistema controle
para estas seacuteries natildeo tenha sido iniciado com 2000 mL de aacutegua pois jaacute havia certa
perda pela Seacuterie III sem adiccedilatildeo de poliacutemero O volume presente na coluna drsquoaacutegua
quando Seacuteries II e III iniciaram era de 17473 e 14079 mL respectivamente Sendo os
volumes estimados calculados a partir destes volumes
74
Tabela 10 - Desaguamento do lodo de esgoto nos sistemas - Hipoacutetese I
Sem Poliacutemero
Sistemas Seacuteries I II III IV Meacutedia plusmn CV
VE (mL) 355 408 643 - 469 1533 327
P V (mL) 540 665 628 - 611 642 105
V (mL) 895 814 1271 - 993 2439 245
P+A V (mL) 578 675 609 - 621 495 80
V (mL) 933 1083 1251 - 1089 1591 146
C V (mL) 561 492 587 - 547 491 90
V (mL) 916 901 1227 - 1015 1840 181
Com poliacutemero
VE (mL) 29 282 48 48 120 1407 1177
P V (mL) 1484 1411 1481 1479 1459 413 28
V (mL) 1513 1693 1532 1493 1579 989 63
P+A V (mL) 1413 1377 1513 - 1434 705 49
V (mL) 1442 1658 1564 - 1611 665 41
C V (mL) 1232 1145 1265 - 1214 620 51
V (mL) 1378 1426 1316 - 1426 552 39 Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia C Convencional VE Volume
evaporado no sistema controle V Volume real e Vrsquo Volume estimado na Hipoacutetese I
Para o sistema composto por pavimento permeaacutevel com lodo sem poliacutemero os
volumes aumentariam em 6574 2240 e 10229 o volume real percolado nas seacuteries
I II e III respectivamente No mesmo sistema o lodo condicionado os volumes
incrementados nas seacuteries I II e III seriam muito pequenos de 195 1999 344 e 095
no volume desaguado Como dito anteriormente a seacuterie II foi a mais influenciada pela
evaporaccedilatildeo devido agraves altas temperaturas e maior periacuteodo de percolaccedilatildeo
O desaguamento do lodo sem condicionamento no sistema pavimento permeaacutevel
e areia os volumes desaguados nas seacuteries I II e III acresceriam em 6142 6044 e
10542 respectivamente No lodo condicionado no mesmo sistema o desaguamento
nas seacuteries I II e III receberiam um incremento de 205 2041 e 337 respectivamente
no volume percolado pelos sistemas
75
Jaacute no sistema convencional a inserccedilatildeo do volume evaporado agrave aacutegua percolada
acrescentaria 6328 8313 e 10903 aos volumes desaguados nas seacuteries I II e III
respectivamente Para as seacuteries em que o lodo foi condicionado com poliacutemero sinteacutetico
a percolaccedilatildeo nas seacuteries I II e III representariam um aumento de 1185 2454 e 403
em relaccedilatildeo ao volume desaguado real
Esperava-se que esta hipoacutetese pudesse explicar a grande diferenccedila de volume
desaguado entre o lodo sem poliacutemero e com poliacutemero com os volumes deste primeiro
aproximando-se deste uacuteltimo Conquanto isso natildeo foi verificado visto que a diferenccedila
foi em torno de 400 mL No entanto eacute necessaacuterio fazer uma ressalva quanto ao volume
desaguado no lodo condicionado ser ainda muito maior que no lodo natildeo condicionado
a evaporaccedilatildeo mensurada provavelmente eacute subestimada pois a evaporaccedilatildeo da aacutegua
em matrizes complexas como o lodo de esgoto eacute provavelmente facilitada pela menor
tensatildeo superficial o que poderia compensar parte desta discrepacircncia entre maior
volume percolado pelo lodo com poliacutemero e tortas secas de umidade iguais as do lodo
sem poliacutemero
Natildeo obstante os volumes foram maiores nas seacuteries que ocorreram em periacuteodos
mais quentes assim como nas seacuteries em que se avaliou o desaguamento natural do
lodo verificou-se que a influecircncia da evaporaccedilatildeo foi maior devido ao maior periacuteodo de
exposiccedilatildeo
76
58 Hipoacutetese II ndash Ausecircncia de evaporaccedilatildeo nos sistemas
Para fins de anaacutelise da eficiecircncia do pavimento permeaacutevel de forma isolada
calculou-se qual seria o teor de soacutelidos da torta seca se natildeo houvesse evaporaccedilatildeo
Sabendo que a densidade do lodo eacute proacutexima agrave da aacutegua bem como sua massa
especiacutefica (ANDREOLI VON SPERLING amp FERNANDES 2001)
Considerou-se que a aacutegua comum tem comportamento igual ao da aacutegua
livre do lodo e portanto que um 1 mL de aacutegua eacute igual a 1 mg de aacutegua
Assumiu-se que o volume de aacutegua evaporada no sistema controle foi
evaporada tambeacutem pelos sistemas com lodo Buscou-se entatildeo verificar a
contribuiccedilatildeo dessa evaporaccedilatildeo para a constituiccedilatildeo das tortas secas
estimando o teor de soacutelidos secos descontando sua contribuiccedilatildeo
A estimativa do valor de soacutelidos totais sem contribuiccedilatildeo da evaporaccedilatildeo ( )
pode ser expressa pela seguinte equaccedilatildeo
Em que
Parcela de soacutelidos
Massa total
Onde a parcela de soacutelidos pode ser definida como
Volume do lodo bruto
Volume da aacutegua percolada pelo sistema
Volume da aacutegua no lodo desaguado
77
E o volume da aacutegua no lodo desaguado pode ser calculado por
Onde
Teor de umidade do lodo desaguado
Volume de aacutegua evaporada
E por fim a massa total seraacute
Nas seacuteries sem condicionamento quiacutemico as seacuteries I II e III tiveram uma
diferenccedila de meacutedia entre os teores de soacutelidos de 460 683 e 861 respectivamente
sendo que a temperatura foi crescente nas seacuteries Quanto agraves seacuteries com adiccedilatildeo de
poliacutemero a diferenccedila meacutedia foi de 128 769 209 nas seacuteries I II III
respectivamente A seacuterie IV natildeo foi possiacutevel aferir meacutedia e a diferenccedila foi de 206 Os
valores dos Soacutelidos Totais reais (ST) e Soacutelidos Totais estimados na Hipoacutetese II (STrsquo)
podem ser vistos na Tabela 11 e as Figuras 28 e 29
78
Tabela 11 - Teor de soacutelidos da torta seca ndash comparaccedilatildeo com a Hipoacutetese II
Sem Poliacutemero
Sistemas Seacuteries I II III IV Meacutedia plusmn CV
P ST () 196 2777 2487 - 2408 414 1720
ST () 1577 2127 1694 - 1799 290 1610
P+A ST () 2208 2967 2824 - 2666 403 1513
ST () 1768 2268 1932 - 1989 255 1281
C ST () 2824 3279 2872 - 2992 250 836
ST () 2265 258 1974 - 2273 303 1333
Com poliacutemero
P ST () 2412 2503 2327 2336 2395 082 341
ST () 2282 1693 2121 2129 2056 253 1232
P+A ST () 2645 262 2473 - 2579 092 360
ST () 2519 1805 2241 - 2188 360 1645
C ST () 2980 2753 2843 - 2859 114 400
ST () 2851 2071 2660 - 2527 407 1609 Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia C Convencional ST Soacutelidos
Totais real e STrsquo Soacutelidos Totais estimado na Hipoacutetese II
Figura 28 - Teor de soacutelidos das tortas secas sem condicionamento quiacutemico - Hipoacutetese II
Em que ST Soacutelidos Totais real e STrsquo Soacutelidos Totais estimado na Hipoacutetese II
05
101520253035
P P + A C P P + A C P P + A C
Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III
Teor de soacutelidos da torta seca sem poliacutemero - H2
ST
ST
79
Figura 29 - Teor de soacutelidos das tortas secas com condicionamento quiacutemico - Hipoacutetese II
Em que ST Soacutelidos Totais real e STrsquo Soacutelidos Totais estimado na Hipoacutetese II
Realizando esses caacutelculos observa-se que a evaporaccedilatildeo teve importante
contribuiccedilatildeo nas tortas secas especialmente nas seacuteries em que o lodo natildeo foi
condicionado com poliacutemero sinteacutetico devido ao tempo de percolaccedilatildeo ser muito maior
aumentando a exposiccedilatildeo do lodo ao ambiente Nota-se tambeacutem que altas temperaturas
e baixa umidade do ar9 favorecem a evaporaccedilatildeo da aacutegua presente no lodo jaacute que nas
seacuteries em que a evaporaccedilatildeo foi mais intensa ocorreu no periacuteodo de forte calor e baixa
precipitaccedilatildeo (Seacuterie III do lodo sem poliacutemero e Seacuterie II do lodo com poliacutemero)
A partir dos dados observados podem-se realizar algumas ponderaccedilotildees satildeo
elas
No lodo sem condicionamento orgacircnico a evaporaccedilatildeo foi mais significativa na
seacuterie III Nota-se que os volumes percolados dobrariam caso a aacutegua
evaporada fosse incorporada aos mesmos Como citado anteriormente o
periacuteodo em que se realizou esta seacuterie foi marcado por altas temperaturas e
quase nenhuma precipitaccedilatildeo
9 Natildeo foi possiacutevel obter dados da umidade relativa do ar
05
101520253035
P P + A C P P + A C P P + A C P
Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie IV
Teor de soacutelidos da torta seca do lodo com poliacutemero sinteacutetico - H2
ST
ST
80
No lodo condicionado a seacuterie II foi a de maior evaporaccedilatildeo tambeacutem devido
agraves altas temperaturas e baixa precipitaccedilatildeo registrada no periacuteodo em que a
seacuterie foi realizada
O aumento meacutedio das seacuteries sem condicionamento com poliacutemero foi de
6257 7545 e 8548 para os sistemas pavimento permeaacutevel pavimento
permeaacutevel acrescido de areia e convencional respectivamente Quanto agraves
seacuteries com adiccedilatildeo de poliacutemero esse aumento foi bem menor sendo de
642 no pavimento permeaacutevel 839 no pavimento permeaacutevel acrescido
de areia e 1312 no convencional
Enquanto o lodo com poliacutemero tem a maior perda de umidade decorrente da
maior percolaccedilatildeo gerada pela interaccedilatildeo entre poliacutemero e soacutelidos presentes
no lodo o lodo sem utilizaccedilatildeo de poliacutemero tem a evaporaccedilatildeo como maior
contribuinte para a perda de umidade e por isso produzem tortas secas de
igual teor
A partir do desaguamento real e das hipoacuteteses formuladas observa-se que o
desaguamento do lodo em leitos de secagem ocorre em duas fases distintas a primeira
eacute a percolaccedilatildeo preponderante nos primeiros dias das seacuteries e quando esta diminui o
processo de evaporaccedilatildeo torna-se o maior responsaacutevel pela perda de umidade no
restante do periacuteodo Fazem-se necessaacuterios estudos em escalas maiores onde se possa
mensurar a diferenccedila de volume bem como a influecircncia da evaporaccedilatildeo nos leitos de
secagem alternativos e convencional
59 Manutenccedilatildeo dos pavimentos
Apoacutes a utilizaccedilatildeo de doze pavimentos realizou-se o segundo teste de infiltraccedilatildeo em
meados de janeiro onde PV 2 foi descartado pois sua taxa esteve bem abaixo da
meacutedia dos outros (infiltrando 164 mL enquanto a meacutedia dos demais foi de 1000 mL) natildeo
possibilitando seu uso nos sistemas com camada de areia Ressalva-se que no
segundo e terceiro teste os pavimentos 10 11 e 12 ateacute entatildeo natildeo tinham sido
utilizados com o objetivo de garantir que tanto o lodo condicionado quanto o natildeo
81
condicionado tivessem duas de suas seacuteries desaguadas em pavimentos ainda natildeo
utilizados e somente uma delas em pavimentos reutilizados
Para tanto todos os pavimentos foram limpos com lavadora de alta pressatildeo
anteriormente ao teste com o objetivo de retirar o lodo que permaneceu aderido ao
pavimento e ao tubo do sistema Contudo o valor obtido dos demais pavimentos
tambeacutem natildeo foi satisfatoacuterio pois tiveram taxa de infiltraccedilatildeo em meacutedia 126 plusmn 8490 e
CV 009 abaixo do primeiro teste tendo em vista a possiacutevel existecircncia de oacuteleos e
graxas presentes em partiacuteculas de lodo que ainda podem ter permanecido nos
pavimentos Sendo assim para obtenccedilatildeo de taxas mais altas utilizou-se soluccedilatildeo
detergente deixando os sistemas mergulhados por uma semana Poreacutem a taxa de
infiltraccedilatildeo encontrada foi de 1421 mL 242 em meacutedia superior a do primeiro teste
Estes resultados podem ser explicados pela lavagem com alta pressatildeo ter movido
alguns gratildeos de basalto e areia presentes no pavimento de modo que os espaccedilos
vazios tornaram-se maiores a ponto de aumentarem a taxa
No que diz respeito aos sistemas pavimento permeaacutevel e areia e convencional a
taxa de infiltraccedilatildeo do teste 2 soacute foi aferida depois do terceiro teste dos pavimentos
sendo em meacutedia de 3613 plusmn 19817 e CV 055 e 788 mL plusmn471 e CV 006
respectivamente representando um aumento de 19858 e 4956 na taxa de infiltraccedilatildeo
em relaccedilatildeo ao teste 1 De acordo com as consideraccedilotildees expostas a meacutedia da taxa de
infiltraccedilatildeo eacute muito influenciada pela reutilizaccedilatildeo dos pavimentos como mostra a Figura
35 no Apecircndice B
A partir dos testes realizados eacute importante fazer algumas ponderaccedilotildees como os
pavimentos podem sofrer variaccedilotildees no volume de espaccedilos vazios que podem
influenciar a taxa de infiltraccedilatildeo de maneira significativa a reutilizaccedilatildeo dos pavimentos
mostrou-se possiacutevel poreacutem apresenta algumas limitaccedilotildees como a necessidade de
realizar lavagem dos pavimentos implicando em uso consideraacutevel de aacutegua Conquanto
esse processo eacute trabalhoso visto que a simples lavagem com aacutegua natildeo garante sua
limpeza necessitando do emprego de algo que friccione a superfiacutecie do pavimento para
82
que este seja limpo Para isso foi preciso utilizar uma lavadora de alta pressatildeo na
limpeza dos sistemas Mesmo assim dependendo das caracteriacutesticas do lodo pode
natildeo ser suficiente para remover totalmente os resiacuteduos sendo necessaacuterio o uso de
soluccedilotildees detergentes ou anaacutelogas
83
6 CONCLUSAtildeO
As metodologias utilizadas para condicionamento do lodo de tanque seacuteptico com
poliacutemeros naturais natildeo se mostraram eficazes no condicionamento do lodo de esgoto
de tanque seacuteptico
Todavia o uso de poliacutemero orgacircnico sinteacutetico mostrou-se eficiente Evidenciando
melhores resultados que o lodo sem condicionamento pela maior quantidade de
volume percolado e menor tempo de desaguamento que possibilitam a realizaccedilatildeo de
mais ciclos de secagem por ano e possivelmente a reduccedilatildeo da aacuterea do leito Todavia
os teores de soacutelidos da torta seca foram semelhantes aos obtidos no lodo sem
aplicaccedilatildeo de poliacutemero
Quanto agrave utilizaccedilatildeo de leito de secagem alternativo tanto o pavimento permeaacutevel
quanto o pavimento permeaacutevel com adiccedilatildeo de areia natildeo tiveram diferenccedila significativa
entre o volume desaguado e a umidade na torta seca o que dispensaria o acreacutescimo
de areia ao pavimento Comparando-se ao leito de secagem convencional verifica-se
que as duas formas de leito de secagem alternativo foram melhores nos quesitos
volume desaguado e tempo Contudo pela camada de areia maior a torta seca
produzida pelo leito convencional teve menor umidade apresentando melhor resultado
na escala de bancada Poreacutem em escala real esta camada de areia ocuparia uma
pequena parte da aacuterea do leito diminuindo consideravelmente a percolaccedilatildeo e
aumentando o tempo do ciclo de secagem A reutilizaccedilatildeo do pavimento mostrou-se
possiacutevel poreacutem trabalhosa e pode interferir na sua taxa de infiltraccedilatildeo
84
85
7 RECOMENDACcedilOtildeES
No decorrer da pesquisa pela limitaccedilatildeo de tempo do delineamento experimental e
de outros fatores muitas possibilidades de aprofundamento do estudo natildeo foram
possiacuteveis Poreacutem caso realizadas seriam interessantes contribuiccedilotildees no campo das
pesquisas em saneamento rural aleacutem de serem necessaacuterias para complementaccedilatildeo da
presente pesquisa
Apesar dos resultados natildeo terem sido positivos na aplicaccedilatildeo de poliacutemeros naturais
no lodo de tanque seacuteptico estes ainda podem ser uma alternativa promissora aos
poliacutemeros sinteacuteticos Para tanto sugere-se que sejam estudadas outras dosagens visto
que estas foram limitadas no estudo especialmente no caso do poliacutemero oriundo do
quiabo Ademais eacute possiacutevel que existam resultados positivos caso empregue-se
metodologias diferentes mas ainda simplificadas Aleacutem disso ainda que possivelmente
natildeo atendam a essa premissa o emprego de meacutetodos mais complexos que aumentem
a concentraccedilatildeo dos poliacutemeros em volumes viaacuteveis para aplicaccedilatildeo no lodo de esgoto
tambeacutem pode gerar resultados positivos uma vez que diversas pesquisas relataram
sua eficiecircncia no tratamento de aacutegua e esgoto Tambeacutem seria interessante a anaacutelise de
custos versus benefiacutecios no emprego de poliacutemeros naturais e sinteacuteticos e a sua
comparaccedilatildeo
No que diz respeito a utilizaccedilatildeo do pavimento permeaacutevel como leito de secagem
alternativo fazem-se necessaacuterios estudos em escalas maiores onde se possa mensurar
a diferenccedila de volume desaguado bem como a influecircncia da evaporaccedilatildeo nos leitos de
secagem alternativos e convencional para verificar a sua viabilidade Tambeacutem eacute
necessaacuterio verificar se a limpeza destes leitos seria factiacutevel nestas escalas
Portanto a otimizaccedilatildeo da etapa de desaguamento de lodo de tanque seacuteptico tanto
a utilizaccedilatildeo de poliacutemeros naturais quanto a simplificaccedilatildeo dos leitos de secagem
constituem-se objetos de estudo valiosos para buscar alternativas necessaacuterias para o
gerenciamento de lodo de lodo de esgoto e contribuem em uacuteltimo caso para a
melhoria dos serviccedilos de saneamento especialmente o saneamento rural
86
87
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92
93
APEcircNDICES
APEcircNDICE A Alcalinidade pH e concentraccedilatildeo de Soacutelidos do lodo bruto
Para caacutelculo da meacutedia dos valores obtidos eacute importante esclarecer que soacute foram
realizados estes caacutelculos para ST SST pH e alcalinidade haja visto que os STF STV
e SSF e SSV satildeo valores dependentes dos primeiros paracircmetros citados calculando-se
a meacutedia desvio padratildeo e coeficiente de variaccedilatildeo somente das anaacutelises validadas
destes Deste modo verificou-se primeiramente se as observaccedilotildees tinham indiacutecio de
normalidade como todas as variaacuteveis se adequavam a essa condiccedilatildeo fez-se um
intervalo de confianccedila calculando-se dois desvios acima da meacutedia e dois abaixo
cobrindo-se assim 98 da distribuiccedilatildeo dos dados Como a meacutedia eacute altamente
influenciada por valores extremos excluiu-se os valores indicados pelo intervalo de
confianccedila para seu caacutelculo plotando graacuteficos boxplot obteacutem-se o mesmo resultado
Para a anaacutelise de ST o intervalo de confianccedila foi de 6469874 a 9126126 mgL-1
Como pode ser observado na Figura 30 para ST foram excluiacutedos quatro valores por
natildeo se encaixarem neste criteacuterio e que podem ser fruto de erros laboratoriais
Figura 30 - Boxplot dos Soacutelidos Totais encontrados no lodo bruto
94
No caso dos SST somente um valor foi descartado e o intervalo de confianccedila foi
de 6162486 a 73752 14 mgL-1 A Figura 31 mostra o boxplot gerado
Figura 31 - Boxplot dos Soacutelidos Suspensos Totais encontrados no lodo bruto
A alcalinidade natildeo teve nenhum valor descartado e o intervalo de confianccedila foi
de 2146656 a 2483784 mg CaCO3 L-1 o boxplot pode ser visualizado na Figura 32
Figura 32 - Boxplot da Alcalinidade encontrada no lodo bruto
95
O pH tambeacutem teve o mesmo comportamento da alcalinidade eacute o intervalo de
confianccedila mostra que o verdadeiro valor da meacutedia de pH estaacute entre 736 a 759 como
evidencia o boxplot da Figura 33
Figura 33 - Boxplot do pH encontrado no lodo bruto
96
APEcircNDICE B Infiltraccedilatildeo dos sistemas volume desaguado e tortas secas dos
sistemas temperatura registradas duraccedilatildeo evaporaccedilatildeo das seacuteries
Infiltraccedilatildeo
Tabela 12 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos
Taxa de Infiltraccedilatildeo
P Teste I Teste II Teste III
Volume (mL)
Volume (mL)
Volume (mL)
1 1192 1068 1600
2 768 164 -
3 1216 1148 1596
4 1228 948 1552
5 1252 1020 1580
6 1068 1012 1364
7 1092 1020 1524
8 1192 924 1312
9 1110 1048 1588
10 1116 - -
11 1104 - -
12 1096 - -
13 1112 840 1000
14 852 588 1332
15 1092 968 1180
Figura 34 - Boxplot da taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos no Teste 1
97
Na Figura 35 os valores de PV10 PV11 e PV12 satildeo considerados como 0 no
graacutefico por natildeo terem sido incluso no caacutelculo porque ateacute entatildeo natildeo tinham sido
utilizados natildeo sendo considerados nas meacutedias dos testes 2 e 3 Em cada ponto satildeo
mostrados o intervalo de confianccedila aproximado das taxas de infiltraccedilatildeo utilizando a
suposiccedilatildeo de normalidade dos dados As linhas auxiliam na visualizaccedilatildeo geral dos
valores nos diferentes testes
Figura 35 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos permeaacuteveis nos testes 1 (sem utilizaccedilatildeo) 2 (lavagem) e 3 (lavagem com soluccedilatildeo detergente)
Em que PV Pavimentos PV10 PV11 E PV12 natildeo foram inclusos nos testes 2 e 3
Na Tabela 13 encontram-se os valores da taxa de infiltraccedilatildeo para os sistemas
pavimento com adiccedilatildeo de areia e convencional Como jaacute citado o pavimento 11
(equivalente ao sistema 4 em P+A) natildeo tinha sido utilizado ateacute a realizaccedilatildeo do segundo
teste Com exceccedilatildeo do primeiro sistema P+A (equivalente ao pavimento 2) todos os
sistemas tiveram suas taxas de infiltraccedilatildeo bastante elevadas no segundo teste
98
Tabela 13 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas pavimento com adiccedilatildeo de areia e convencional
Taxa de Infiltraccedilatildeo
P+A Teste I Teste II
C Teste I Teste II
Volume (mL) Volume (mL) Volume (mL) Volume (mL)
1 646 296 1 430 738
2 626 440 2 490 792
3 738 436 3 760 754
4 2048 - 4 616 940
5 2040 208 5 424 844 P+A Pavimento e Areia e C Convencional
Na Figura 36 visualiza-se os testes 1 e 2 de infiltraccedilatildeo nos sistemas compostos
por pavimento permeaacutevel e camada de areia Da mesma forma que o graacutefico observado
na Figura 39 os sistemas considerados com valor igual a 0 natildeo foram inclusos caacutelculo
neste caso por motivos distintos PV1 foi descartado antes do teste 2 e PV4 ateacute entatildeo
natildeo tinha sido utilizado Em cada ponto satildeo mostrados o intervalo de confianccedila
aproximado das taxas de infiltraccedilatildeo utilizando a suposiccedilatildeo de normalidade dos dados
As linhas tecircm a funccedilatildeo de auxiliar a visualizaccedilatildeo dos valores nos dois testes
Figura 36 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas compostos por pavimento permeaacutevel e areia nos testes 1 (sem utilizaccedilatildeo) e 2 (apoacutes lavagem dos pavimentos com soluccedilatildeo detergente)
Em que PV Pavimento permeaacutevel e areia PV1 e PV4 foram considerados como 0 por natildeo participarem do teste 2
99
A Figura 37 trata dos testes de infiltraccedilatildeo 1 e 2 do sistema convencional Da
mesma forma que nas duas figuras anteriores o sistema com valor igual a 0 natildeo foi
incluso caacutelculo por ateacute entatildeo natildeo ter sido utilizado Satildeo mostrados o intervalo de
confianccedila aproximado das taxas de infiltraccedilatildeo em cada ponto utilizando a suposiccedilatildeo de
normalidade dos dados Foram traccediladas linhas para auxiliar a visualizaccedilatildeo dos valores
nos testes
Figura 37 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas convencionais nos testes 1 (sem utilizaccedilatildeo) e 2 (apoacutes lavagem dos pavimentos com soluccedilatildeo detergente)
Em que C Sistema Convencional C4 foi considerado como 0 no graacutefico por natildeo participar do teste 2
Temperaturas
As temperaturas maacuteximas miacutenimas do dia foram fornecidas pelo Centro de
Pesquisas Meteoroloacutegicas e Climaacuteticas Aplicadas agrave Agricultura da Universidade
Estadual de Campinas (CEPAGRIUNICAMP) Tambeacutem houve monitoramento da
temperatura no Laboratoacuterio de Protoacutetipos contudo esse monitoramento se deu nos
momentos em que houve coleta de volume drenado dos sistemas realizando-se a
meacutedia dos valores nos dias em que houve mais de uma coleta As temperaturas podem
ser observadas nas Figuras 38 39 40 41 41 e 43
100
Figura 38 - Temperaturas registradas na Seacuterie I sem poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
Figura 39 - Temperaturas registradas na Seacuterie II sem poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
Figura 40 - Temperaturas registradas na Seacuterie III sem poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
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02
20
14
14
02
20
14
15
02
20
14
16
02
20
14
17
02
20
14
18
02
20
14
19
02
20
14
20
02
20
14
21
02
20
14
22
02
20
14
23
02
20
14
24
02
20
14
TdegC
Temperatura na Seacuterie III - Sem Poliacutemero
Maacutex Min Lab
101
Figura 41 - Temperaturas registradas na Seacuterie I com poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
Figura 42 - Temperaturas registradas na Seacuterie II com poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
0
5
10
15
20
25
30
27813 28813 29813
TdegC
Temperaturas Seacuterie I - Poliacutemero Sinteacutetico
Maacutex
Min
Lab
15
20
25
30
35
40
TdegC
Temperaturas Seacuterie II - Poliacutemero Sinteacutetico
Maacutex
Min
Lab
102
Figura 43 -Temperaturas registradas na Seacuterie III sem poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
Evaporaccedilatildeo Figura 44 - Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua nas seacuteries sem adiccedilatildeo de poliacutemero
10
15
20
25
30
35
40
180214 190214 200214 210214 220214
TdegC
Temperaturas Seacuterie III - Poliacutemero Sinteacutetico
Maacutex
Min
Lab
0
5
10
15
20
25
30
35
0 200 400 600 800 1000
Tempo (h)
Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua - Seacuteries sem Poliacutemero
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
103
Figura 45 - Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua nas seacuteries com adiccedilatildeo de poliacutemero
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
0 50 100 150 200
Tempo (h)
Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua - Seacuteries com Poliacutemero
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III e IV
104
Volume desaguado
Figura 46 - Boxplot do volume desaguado com ou sem poliacutemero em cada sistema (valores amostrais)
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
105
Figura 47 - Boxplot dos volumes desaguados com ou sem poliacutemero em cada sistema (valores ajustados)
Em que PP Sistemas Pavimento permeaacutevel e Pavimento com adiccedilatildeo de Areia e C Sistema Convencional
106
Figura 48 - Boxplot dos Soacutelidos Totais na torta seca do lodo com ou sem condicionamento quiacutemico
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
107
Figura 49 - Meacutedias e valores maacuteximos e miacutenimos dos teores de soacutelidos da torta seca nos sistemas com ou sem poliacutemero (valores ajustados)
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
vii
RESUMO
O gerenciamento do lodo de tanque seacuteptico eacute uma atividade complexa de alto custo e
pode promover impactos ambientais negativos caso seja mal executada sendo que a
etapa mais criacutetica eacute a de desaguamento O leito de secagem eacute uma das principais
teacutecnicas mas demanda grandes aacutereas e muito tempo para remoccedilatildeo da torta seca A
modificaccedilatildeo destes leitos utilizando pavimentos permeaacuteveis e poliacutemeros podem
diminuir o tempo e aacuterea deste leito O objetivo do trabalho foi comparar a eficiecircncia de
desaguamento da porccedilatildeo de aacutegua livre contida no lodo de tanque seacuteptico com o
emprego de leito de secagem convencional e leito de secagem composto por
pavimento permeaacutevel e avaliar a eficiecircncia da utilizaccedilatildeo de poliacutemeros naturais oriundos
da mandioca (Manihot esculenta Crantz) moringa (Moringa oleifera) e quiabo
(Abelmoschus esculentus) como auxiliares do processo A avaliaccedilatildeo foi realizada em
escala de bancada Somente o poliacutemero sinteacutetico mostrou-se eficiente no
condicionamento do lodo O lodo natildeo condicionado desaguou nos sistemas pavimento
permeaacutevel e pavimento permeaacutevel e areia convencional 611 620 e 547 mL em meacutedia
e no lodo condicionado 1464 1434 e 1214 mL respectivamente Os teores de soacutelidos
da torta seca do lodo sem poliacutemero foram de 2408 2667 e 2992 para os sistemas
pavimento permeaacutevel e pavimento permeaacutevel e areia e convencional respectivamente
e no lodo com poliacutemero foram de 2395 2519 e 2859 O tempo meacutedio de
desaguamento do lodo sem condicionamento foi de 35 dias enquanto que no lodo
condicionado foi de 6 dias Estes resultados apontam que as tortas secas obtiveram
resultados proacuteximos entre si poreacutem o lodo com adiccedilatildeo de poliacutemero teve maior volume
desaguado e menor duraccedilatildeo possibilitando reduccedilatildeo na aacuterea dos leitos e a realizaccedilatildeo
de mais ciclos de secagem por ano Ademais os leitos alternativos produziram lodos
com umidade semelhante ao leito convencional em menor tempo podendo otimizar o
desaguamento do lodo em Estaccedilotildees de Tratamento de Esgoto
Palavras chaves desidrataccedilatildeo de lodo de esgoto condicionamento quiacutemico
coagulantes naturais pavimento permeaacutevel
viii
ix
ABSTRACT
The slugde management is a complex and high cost activity It can promove negatives
impacts if it is poorly executed and the most critical step is the dewatering The drying
bed is one of the principal techniques but it demands big areas and a long periods for
the sludge cake removal The drying beds change can decrease the time and the area
of them if using permeable paving and polymers The objective of this work was to
compare the efficiency of two techniques to dewatering the bulk water portion inside the
septic tank sludge It was compared the conventional drying bed and the drying bed
made of permeable paving It was also evaluate the efficiency of naturals polymers from
cassava (Manihot esculenta Crantz) moringa (Moringa oleifera) and okra (Abelmoschus
esculentus) as auxiliaries in the process The evaluation was performanced in bench
scale The main results showed that only the synthetic polymer was efficient in sludge
conditioning The unconditioned sludge dewatered from the systems permeable paving
permeable paving plus sand and conventional 611 620 and 547 mL on average and for
conditioned sludge 1464 1434 and 1214 mL respectively The dry solids cake in
unconditioned sludge was 2408 2667 and 2992 and in conditioned sludge was
2395 2519 and 2859 for systems permeable paving permeable paving plus sand
and conventional respectively The average time for dewatering sludge without
conditioning was 35 days whereas in sludge conditioning was 6 days These results
show that the dry solids cake obtained similar results however the conditioned sludge
had higher volume dewatered and shorter time duration The alternative drying beds
produced sludges with suchlike dry solids results dry solids as compared to
conventional drying bed in a shorter time it may optimize sludge dewatering in Waste
Water Treatment Plants
Key words dehydration sludges chemical conditioning naturals coagulants
permeable paving
x
xi
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 1
2 OBJETIVOS 3
21 Objetivos especiacuteficos 3
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 5
31 Breve histoacuterico do saneamento baacutesico na zona rural no Brasil 5
32 Tanque Seacuteptico 7
33 Lodo de esgoto 11
34 Desaguamento do lodo de esgoto 15
35 Condicionamento do lodo 21
36 Pavimento permeaacutevel 27
4 METODOLOGIA 29
41 Pavimento permeaacutevel 29
42 Lodo 31
43 Poliacutemeros 35
44 Montagem dos leitos de secagem 39
45 Taxa de infiltraccedilatildeo 43
46 Avaliaccedilatildeo dos sistemas quanto ao desaguamento do lodo 43
461 Avaliaccedilatildeo do desaguamento sem adiccedilatildeo de poliacutemero (Seacuterie 1)44
462 Avaliaccedilatildeo do desaguamento com adiccedilatildeo de poliacutemeros (Seacuteries 2 a 5)45
463 Sistema controle45
464 Avaliaccedilatildeo do Lodo Desaguado46
5 RESULTADOS 47
xii
51 Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas 47
52 Caracterizaccedilatildeo do lodo bruto 47
53 Dosagem oacutetima dos poliacutemeros 50
531 Poliacutemero Sinteacutetico52
532 Mandioca53
533 Moringa54
534 Quiabo55
535 Avaliaccedilatildeo geral da dosagem dos poliacutemeros55
54 Desaguamento do lodo nos sistemas 56
541 Sistema composto por Pavimento Permeaacutevel59
a) Lodo natildeo condicionado59
b) Lodo condicionado60
a) Lodo condicionado62
543 Sistema Convencional63
a) Lodo natildeo condicionado63
b) Lodo condicionado64
55 Teor de soacutelidos das tortas secas 65
56 Anaacutelise geral dos sistemas 67
57 Hipoacutetese I ndash Aacutegua evaporada do lodo sendo percolada 73
58 Hipoacutetese II ndash Ausecircncia de evaporaccedilatildeo nos sistemas 76
59 Manutenccedilatildeo dos pavimentos 80
6 CONCLUSAtildeO 83
7 RECOMENDACcedilOtildeES 85
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 87
xiii
APEcircNDICE A Alcalinidade pH e concentraccedilatildeo de Soacutelidos do lodo bruto 93
APEcircNDICE B Infiltraccedilatildeo dos sistemas volume desaguado e tortas secas dos
sistemas temperatura registradas duraccedilatildeo evaporaccedilatildeo das seacuteries 96
xiv
xv
AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo primeiramente aos meus pais Maria Elisa e Reinaldo por terem me
dado aleacutem da educaccedilatildeo o amor e a noccedilatildeo de que a vida tem um propoacutesito maior
Agradeccedilo tambeacutem aos meus familiares em especial ao meu irmatildeo Juacutelio e a minha avoacute
Ameacutelia com quem tenho a oportunidade do conviacutevio do lar haacute tantos anos Pela
paciecircncia que tecircm comigo em dias que estou impossiacutevel e pelos risos que cobriram
meu rosto muitas vezes
Agradeccedilo ao Prof Adriano pela excepcional orientaccedilatildeo por todos os conselhos e
paciecircncia durante esses mais de dois anos
Agraves amigas e amigos que compartilharam algumas xiacutecaras de cafeacute e happy hours
comigo Amanda Maia Amanda Marchi Artur Cardoso Bianca Gomes Gabriela
Bosshard Gabriela dos Reis Guilherme da Silva Guilherme Rebecchi Jenifer Silva
Joatildeo Paulo Hadler Jorge Barbarotto Lays Leonel Luana Cruz Maacutercio Haiba Mocircnica
Rodrigues Rodolfo Valentim Thalita Cruz e Thaita Rissi Os conselhos e as risadas
foram imprescindiacuteveis para a realizaccedilatildeo deste trabalho
Ao Ademir que aleacutem de toda a ajuda na idealizaccedilatildeo construccedilatildeo dos sistemas e
avaliaccedilatildeo dos pavimentos se tornou meu amigo Ao Diego e Eduardo da Secretaria de
Poacutes-Graduaccedilatildeo e ao Ariovaldo da Secretaria do Departamento de Saneamento e
Ambiente por terem resolvido muito dos meus pepinos burocraacuteticos pela simpatia e
gentileza com que me trataram sempre Aos ateacute entatildeo teacutecnicos do Lab San Enelton
Fernando e Liacutegia pelo grande suporte nas anaacutelises Ao meu amigo David Matta que
aleacutem da amizade me deu uma super ajuda com a anaacutelise estatiacutestica dos meus dados
De uma forma ou de outra todas e todos aqui mencionados contribuiacuteram natildeo soacute
para a obtenccedilatildeo do meu tiacutetulo de mestra mas tambeacutem para o meu crescimento
enquanto pessoa Saibam que aprendi muito com vocecircs
xvi
xvii
ldquoVivendo se aprende mas o que se aprende mais eacute soacute fazer outras maiores perguntasrdquo (Joatildeo Guimaratildees Rosa Grande Sertatildeo Veredas 1956)
xviii
xix
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Esquema do funcionamento de tanque seacuteptico de cacircmara uacutenica 8
Figura 2 - Planta de um leito de secagem convencional 17
Figura 3 - Corte transversal de um leito de secagem convencional 17
Figura 4 - Exemplo de aplicaccedilatildeo de pavimento permeaacutevel em estacionamento 28
Figura 5 - Pavimento permeaacutevel utilizado no projeto 29
Figura 6 - Extratora de corpo de prova utilizada para o corte do pavimento utilizado na
pesquisa 30
Figura 7 - Teste de jarros para dosagem oacutetima de poliacutemero 33
Figura 8 - Aparelho utilizado para aferir o Tempo de Succcedilatildeo Capilar (Capilary Suction
Time) 35
Figura 9 - Preparo da soluccedilatildeo de poliacutemero produzida a partir da mandioca 37
Figura 10 - Semente de Moringa oleiacutefera 38
Figura 11 - Preparo da soluccedilatildeo de poliacutemero produzida a partir do quiabo 39
Figura 12 - Sistema de bancada de leito de secagem utilizado na pesquisa 40
Figura 13 - Bancada experimental localizada no Laboratoacuterio de Protoacutetipos 42
Figura 14 - Detalhe dos sistemas em utilizaccedilatildeo na bancada experimental 42
Figura 15 - Coluna drsquoaacutegua utilizada como controle na bancada experimental 46
Figura 16 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento
permeaacutevel com lodo de esgoto sem poliacutemero 59
Figura 17 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento
permeaacutevel com lodo de esgoto com adiccedilatildeo de poliacutemero 61
Figura 18 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento
permeaacutevel com lodo de esgoto sem poliacutemero 62
xx
Figura 19 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento
permeaacutevel e areia com lodo de esgoto com adiccedilatildeo de poliacutemero 63
Figura 20 - Hidrograma do desaguamento do sistema convencional com lodo de esgoto
sem poliacutemero 64
Figura 21 - Hidrograma do desaguamento do sistema convencional com lodo de esgoto
com adiccedilatildeo de poliacutemero 65
Figura 22 - Teor de soacutelidos da torta seca do lodo desaguado sem poliacutemero 66
Figura 23 - Teor de soacutelidos da torta seca do lodo desaguado com poliacutemero sinteacutetico 67
Figura 24 - Hidrograma do desaguamento do lodo em todos os sistemas no lodo natildeo
condicionado e condicionado 68
Figura 25 - Desaguamento do lodo sem poliacutemero - meacutedias das seacuteries 69
Figura 26 - Desaguamento do lodo com poliacutemero - meacutedias das seacuteries 70
Figura 27 - Detalhe da constituiccedilatildeo do leito de secagem convencional 71
Figura 28 - Teor de soacutelidos das tortas secas sem condicionamento quiacutemico - Hipoacutetese
II 78
Figura 29 - Teor de soacutelidos das tortas secas com condicionamento quiacutemico - Hipoacutetese
II 79
Figura 30 - Boxplot dos Soacutelidos Totais encontrados no lodo bruto 93
Figura 31 - Boxplot dos Soacutelidos Suspensos Totais encontrados no lodo bruto 94
Figura 32 - Boxplot da Alcalinidade encontrada no lodo bruto 94
Figura 33 - Boxplot do pH encontrado no lodo bruto 95
Figura 34 - Boxplot da taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos no Teste 1 96
Figura 35 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos permeaacuteveis nos testes 1 (sem
utilizaccedilatildeo) 2 (lavagem) e 3 (lavagem com soluccedilatildeo detergente) 97
Figura 36 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas compostos por pavimento permeaacutevel e
areia nos testes 1 (sem utilizaccedilatildeo) e 2 (apoacutes lavagem dos pavimentos com soluccedilatildeo
detergente) 98
xxi
Figura 37 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas convencionais nos testes 1 (sem utilizaccedilatildeo)
e 2 (apoacutes lavagem dos pavimentos com soluccedilatildeo detergente) 99
Figura 38 - Temperaturas registradas na Seacuterie I sem poliacutemero 100
Figura 39 - Temperaturas registradas na Seacuterie II sem poliacutemero 100
Figura 40 - Temperaturas registradas na Seacuterie III sem poliacutemero 100
Figura 41 - Temperaturas registradas na Seacuterie I com poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no
Laboratoacuterio 101
Figura 42 - Temperaturas registradas na Seacuterie II com poliacutemero 101
Figura 43 -Temperaturas registradas na Seacuterie III sem poliacutemero 102
Figura 44 - Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua nas seacuteries sem adiccedilatildeo de poliacutemero 102
Figura 45 - Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua nas seacuteries com adiccedilatildeo de poliacutemero 103
Figura 46 - Boxplot do volume desaguado com ou sem poliacutemero em cada sistema
(valores amostrais) 104
Figura 47 - Boxplot dos volumes desaguados com ou sem poliacutemero em cada sistema
(valores ajustados) 105
Figura 48 - Boxplot dos Soacutelidos Totais na torta seca do lodo com ou sem
condicionamento quiacutemico 106
Figura 49 - Meacutedias e valores maacuteximos e miacutenimos dos teores de soacutelidos da torta seca
nos sistemas com ou sem poliacutemero (valores ajustados) 107
xxii
xxiii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Caracteriacutesticas de lodo de esgoto no Brasil 13
Tabela 2 - Meacutetodos utilizados na anaacutelise do lodo 34
Tabela 3 - Organizaccedilatildeo dos sistemas 41
Tabela 4 - Avaliaccedilatildeo dos sistemas 44
Tabela 5 - Comparaccedilatildeo entre dados encontrados na literatura e na presente pesquisa
48
Tabela 6 - Dosagens testadas dos poliacutemeros utilizados na pesquisa 52
Tabela 7 - Resultados obtidos no CST nas dosagens de poliacutemero testadas 53
Tabela 8 - Temperatura evaporaccedilatildeo e duraccedilatildeo das seacuteries 56
Tabela 9 - Resultados do desaguamento do lodo de esgoto de tanque seacuteptico 58
Tabela 10 - Desaguamento do lodo de esgoto nos sistemas - Hipoacutetese I 74
Tabela 11 - Teor de soacutelidos da torta seca ndash comparaccedilatildeo com a Hipoacutetese I 78
Tabela 12 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos 96
Tabela 13 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas pavimento com adiccedilatildeo de areia e
convencional 98
xxiv
xxv
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ANA ndash Agecircncia Nacional de Aacuteguas
CV ndash Coeficiente de Variaccedilatildeo
EPS - Substacircncias Polimeacutericas Extracelulares
ETE ndash Estaccedilatildeo de Tratamento de Esgoto
FUNASA ndash Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede
LABPRO ndash Laboratoacuterio de Protoacutetipos
LABREUSO ndash Laboratoacuterio de Reuso
LABSAN ndash Laboratoacuterio de Saneamento
LES - Laboratoacuterios de Estrutura
LMC - Materiais da Construccedilatildeo
PLANASA ndash Plano Nacional de Saneamento
PNAD ndash Pesquisa Nacional por Amostras em Domiciacutelios
PNRH ndash Poliacutetica Nacional de Recursos Hiacutedricos
PNSB ndash Poliacutetica Nacional de Saneamento Baacutesico
PV ndash Pavimento
SST ndash Soacutelidos Suspensos Totais
SSF ndash Soacutelidos Suspensos Fixos
SSV ndash Soacutelidos Suspensos Volaacuteteis
ST ndash Soacutelidos Totais
STF ndash Soacutelidos Totais Fixos
STV ndash Soacutelidos Totais Volaacuteteis
xxvi
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
O saneamento baacutesico eacute um direito garantido pela constituiccedilatildeo federal brasileira No
entanto diversos municiacutepios natildeo tecircm acesso adequado a este serviccedilo no paiacutes
principalmente quando se trata da coleta e tratamento de esgoto Neste contexto as
regiotildees de baixa densidade demograacutefica como as zonas rurais satildeo as que mais
carecem do esgotamento sanitaacuterio No Brasil segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatiacutestica - IBGE (2010) cerca de 30 milhotildees de pessoas vivem na zona
rural ou seja haacute necessidade de realizaccedilatildeo de pesquisas que atendam agraves demandas
dessas comunidades sendo uma delas o saneamento baacutesico
Contudo a Pesquisa Nacional de Amostras por Domiciacutelios (PNAD) de 2011 revela
que entre os domiciacutelios sem rede coletora de esgoto os tanques seacutepticos representam
a principal alternativa para o lanccedilamento do esgoto domeacutestico e estatildeo presentes em
22 dos domiciacutelios no paiacutes (IBGE 2012)
A disposiccedilatildeo em tanques seacutepticos segundo Andreoli et al (2009) ainda que
longe do desejaacutevel pode reduzir cerca de 30 do potencial poluidor sendo
responsaacuteveis por uma reduccedilatildeo de carga orgacircnica de no miacutenimo 13 milhatildeo de kg de
Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO) por dia fato que ameniza os impactos
ambientais decorrentes da falta da rede coletora de esgoto
Considerando que mais de 23 milhotildees de domiciacutelios possuem tanques seacutepticos
ou fossas rudimentares no Brasil pode-se estimar que a produccedilatildeo de lodo digerido que
possui de 94 a 97 de umidade ultrapasse 8 milhotildees de msup3 por ano ndash observando-se o
valor indicado pela NBR 72291993 para o coeficiente de reduccedilatildeo de volume por
digestatildeo (ABNT 1993)
Desta forma haacute necessidade de realizar-se adequadamente o gerenciamento
deste lodo etapa comumente negligenciada no tratamento de esgoto caso contraacuterio o
benefiacutecio ambiental gerado pelo tratamento estaraacute comprometido Dentro deste
gerenciamento o desaguamento por processos naturais satildeo os mais adequados agraves
comunidades rurais por serem meacutetodos simplificados e de baixo custo
2
Tendo em vista um aumento da eficiecircncia deste processo vislumbrou-se a
possibilidade de utilizaccedilatildeo de poliacutemeros que atuam como condicionantes de lodo Os
poliacutemeros podem ser sinteacuteticos ou naturais Os primeiros satildeo produzidos
industrialmente e podem oferecer riscos agrave sauacutede humana aleacutem de impactos
ambientais A utilizaccedilatildeo de poliacutemeros naturais permitiria a reduccedilatildeo destes riscos e
impactos aleacutem de apresentarem menor custo constituindo-se como melhor alternativa
agraves comunidades rurais
Aleacutem disso a reconfiguraccedilatildeo dos leitos de secagem tradicionais utilizando-se
pavimentos permeaacuteveis poderia aumentar a taxa da drenagem da aacutegua presente no
lodo Essa combinaccedilatildeo entre poliacutemeros naturais e leito de secagem permitiria a reduccedilatildeo
do tempo de formaccedilatildeo e remoccedilatildeo da torta seca e da aacuterea do leito de secagem jaacute que
estes apresentam diversos inconvenientes como a demanda por grandes aacutereas e
longos periacuteodos para o desaguamento
Portanto a busca por alternativas adequadas agrave ETE de pequeno porte
localizadas em comunidades isoladas eou rurais historicamente negligenciadas pelo
Estado brasileiro constitui-se como medida efetiva de promoccedilatildeo de sauacutede e melhoria
na qualidade do ambiente uma vez que o acesso ao saneamento integra o conjunto de
medidas da medicina preventiva e reduz o impacto ambiental em corpos hiacutedricos e
contaminaccedilatildeo do solo e lenccediloacuteis freaacuteticos
3
2 OBJETIVOS
O objetivo do projeto foi comparar a eficiecircncia de desaguamento da porccedilatildeo de aacutegua
livre contida no lodo de tanque seacuteptico com o emprego de leito de secagem
convencional e leito de secagem composto por pavimento permeaacutevel e avaliar a
utilizaccedilatildeo de poliacutemeros naturais oriundos da mandioca (Manihot esculenta Crantz)
moringa (Moringa oleifera) e quiabo (Abelmoschus esculentus) e um sinteacutetico como
auxiliares do processo
21 Objetivos especiacuteficos
Comparar o desaguamento da porccedilatildeo de aacutegua livre contida no lodo de tanque
seacuteptico entre
a) leito de secagem convencional
b) leito de secagem composto por pavimento permeaacutevel e uma camada de
areia de 001m
c) leito de secagem composto somente com pavimento permeaacutevel
Avaliar a influecircncia da utilizaccedilatildeo dos poliacutemeros na eficiecircncia do desaguamento
Sendo estes oriundos da mandioca (Manihot esculenta Crantz) moringa
(Moringa oleifera) e quiabo (Abelmoschus esculentus) e um sinteacutetico
Comparar a eficiecircncia entre a utilizaccedilatildeo dos poliacutemeros naturais e sinteacutetico
4
5
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
31 Breve histoacuterico do saneamento baacutesico na zona rural no Brasil
O saneamento na zona rural sempre foi negligenciado por parte do Estado Tendo
se tornado uma preocupaccedilatildeo para o poder puacuteblico somente no iniacutecio do seacuteculo XX apoacutes
trabalho realizado pela Liga Proacute-Saneamento do Brasil que foi um movimento
nacionalista formado por meacutedicos cientistas antropoacutelogos e funcionaacuterios dos serviccedilos
federais Este movimento realizou um relatoacuterio sobre o saneamento na zona rural
atraveacutes de diversas incursotildees pelos ldquosertotildeesrdquo e encontraram uma populaccedilatildeo doente e
miseraacutevel A ausecircncia de poliacuteticas sociais e a grande pobreza decorrente da grande
concentraccedilatildeo de terras e a exploraccedilatildeo a que boa parte desta populaccedilatildeo era submetida
a tornava enfraquecida por doenccedilas decorrentes da falta de saneamento baacutesico e
impossibilitada de ter melhores condiccedilotildees de vida (GRECO 1999 NEVES 2009) Esse
grupo criticava a ausecircncia do poder puacuteblico nestes locais e acreditava ser possiacutevel
reverter este quadro promovendo accedilotildees integradas de sauacutede e saneamento baseando-
se no conceito de sociabilidade das doenccedilas (REZENDE amp HEacuteLLER 2008)
No entanto natildeo consideravam os aspectos de subdesenvolvimento e desigualdade
social que contribuiacuteam para tal situaccedilatildeo (GRECO 1999 NEVES 2009 REZENDE amp
HEacuteLLER 2008) Como se o personagem ldquoJeca Taturdquo de Monteiro Lobato assolado
pela ancilostomiacutease pudesse tornar-se vigoroso capitalista somente tendo acesso agrave
sauacutede Portanto o projeto de ldquosaneamento dos sertotildeesrdquo atraveacutes da exclusiva promoccedilatildeo
de sauacutede buscava defender a ldquovocaccedilatildeo agriacutecolardquo do paiacutes e integrar a populaccedilatildeo rural agrave
economia nacional Contudo foi a partir deste movimento que se lanccedilou as bases para
uma reforma que unificou e centralizou as accedilotildees de sauacutede e saneamento no paiacutes
(REZENDE amp HEacuteLLER 2008)
Com a intensificaccedilatildeo do ecircxodo rural a partir da deacutecada de 1940 pela
industrializaccedilatildeo do paiacutes causando intensa urbanizaccedilatildeo deslocou-se recursos a serem
destinados a zona rural que viviam em condiccedilotildees precaacuterias de sauacutede saneamento
educaccedilatildeo e moradia A partir da deacutecada de 1970 houve um distanciamento das accedilotildees
de sauacutede e saneamento e a criaccedilatildeo do Plano Nacional de Saneamento (PLANASA)
6
que investiu em abastecimento de aacutegua coleta e tratamento de esgoto (REZENDE amp
HEacuteLLER 2008)
Em 2007 com a criaccedilatildeo da Lei Nacional de Saneamento Baacutesico (LNSB) e sua
respectiva poliacutetica entendeu-se a grande vinculaccedilatildeo que deve existir entre as poliacuteticas
de saneamento baacutesico as poliacuteticas nacionais e regionais de recursos hiacutedricos e as
poliacuteticas regionais e locais de desenvolvimento urbano e sauacutede puacuteblica A Poliacutetica
Nacional de Recursos Hiacutedricos (PNRH) jaacute tem certa integraccedilatildeo com a LNSB como
exemplificado pelas accedilotildees da Agecircncia Nacional de Aacuteguas (ANA) Poreacutem a sauacutede
puacuteblica eacute uma grande ausente na LNSB exceto pela imposiccedilatildeo de que os planos de
saneamento baacutesico devam partir de um diagnoacutestico baseado em indicadores sanitaacuterios
e epidemioloacutegicos (CUNHA 2011)
A Poliacutetica Nacional de Saneamento Baacutesico (PNSB) determinou a elaboraccedilatildeo dos
programas de saneamento baacutesico integrado saneamento estruturante e saneamento
rural Sendo este uacuteltimo responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede por meio da
Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede (FUNASA) que tem coordenado o Programa Nacional de
Saneamento Rural visando integrar as poliacuteticas puacuteblicas de meio ambiente recursos
hiacutedricos sauacutede habitaccedilatildeo e igualdade racial (FUNASA 2012)
Entretanto ainda hoje de acordo com a PNAD 2011 a zona rural eacute marginalizada
quanto ao acesso aos serviccedilos de saneamento Somente 33 dos domiciacutelios tem
ligaccedilatildeo a rede de abastecimento de aacutegua e o acesso eacute ainda mais baixo quando se
trata de esgoto apenas 5 estatildeo ligados a rede coletora e 28 utilizam o tanque
seacuteptico como unidade de destinaccedilatildeo do esgoto mas a grande parte da populaccedilatildeo ainda
faz uso de fossa rudimentar lanccedilamento em corpos daacutegua e no solo a ceacuteu aberto
(IBGE 2012)
Do ponto de vista ambiental um projeto de saneamento deve estar apto a
responder natildeo soacute as questotildees sanitaacuterias mas tambeacutem as fontes de perturbaccedilatildeo da
qualidade ambiental no ambiente como a implicaccedilatildeo dos usos do efluente gerado e
seus subprodutos (PHILIPPI et al 1999)
7
Dentre as teacutecnicas de tratamento utilizadas nas zonas rurais o tratamento
anaeroacutebio oferece algumas vantagens em relaccedilatildeo ao aeroacutebio tais como projeto
relativamente simples e baixo custo baixa produccedilatildeo de lodo baixo consumo de energia
e de demanda de nutrientes com capacidade de receber altas cargas orgacircnicas e
sendo potencialmente gerador de energia (MOUSSAVI KAZEMBEIGI amp FARZADKIA
2010)
32 Tanque Seacuteptico
Eacute a forma de tratamento anaeroacutebia mais difundida e mais antiga no mundo haacute
registros de seu uso no seacuteculo XIX (BITTON 2005) e ainda se constitui como a
principal alternativa de tratamento de esgoto em comunidades isoladas eou rurais em
paiacuteses de economia perifeacuterica por ser uma forma de tratamento descentralizado
(MOUSSAVI KAZEMBEIGI amp FARZADKIA 2010) Desde que seja projetado situado e
mantido corretamente eacute considerado um tratamento de esgoto eficiente em aacutereas rurais
(WITHERS JARVIE amp STOATE 2011)
Os tanques seacutepticos podem ser definidos como uma unidade ciliacutendrica ou
prismaacutetica retangular de fluxo horizontal usada para tratamento de esgotos por
processos de sedimentaccedilatildeo flotaccedilatildeo e digestatildeo (ABNT 1993) Podem ser de cacircmara
uacutenica de cacircmaras em seacuterie ou de cacircmaras sobrepostas (ANDREOLI 2009) e sua
constituiccedilatildeo pode ser de concreto metal ou fibra de vidro (BITTON 2005)
Os soacutelidos sedimentaacuteveis presentes no esgoto formam a camada de lodo na parte
inferior do tanque Oacuteleos graxas e outros materiais leves flotam na superfiacutecie formando
uma camada de escuma A mateacuteria orgacircnica retida no fundo do tanque sofre
decomposiccedilatildeo facultativa e anaeroacutebia sendo convertida a compostos mais estaacuteveis e a
gases como gaacutes carbocircnico (CO2) e gaacutes sulfiacutedrico (H2S) e a remoccedilatildeo de Soacutelidos
Suspensos Totais (SST) e Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO) eacute geralmente de 70
a 80 e de 65 a 80 respectivamente podendo alcanccedilar em climas quentes remoccedilatildeo
8
de 80 de SST e 90 de DBO (METCALF amp EDDY 2009 BITTON 2005) Contudo eacute
pouco eficiente na remoccedilatildeo de organismos patogecircnicos (BITTON 2005)
O tempo em que o esgoto permanece no tanque para que seja tratado Tempo de
Detenccedilatildeo Hidraacuteulica (TDH) varia de 24 a 72 h (BITTON 2005) Na Figura 1 estaacute
representado um esquema de funcionamento de um tanque seacuteptico de cacircmara uacutenica
Figura 1 - Esquema do funcionamento de tanque seacuteptico de cacircmara uacutenica
Apesar deste sistema de tratamento ser extremamente antigo ainda eacute objeto de
pesquisa em diversos paiacuteses e se constitui como a principal forma de tratamento de
esgotos em comunidades rurais Entretanto a forma de operaccedilatildeo as unidades que
precedem ou sucedem os tanques seacutepticos e a destinaccedilatildeo final do efluente e do lodo
sofreram modificaccedilotildees qualitativas ao longo do tempo Fato que natildeo soacute comprova a
relevacircncia das pesquisas sobre este sistema como impacta positivamente a sauacutede
puacuteblica e o ambiente de modo geral
Moussavi Kazembeigi amp Farzadkia (2010) estudaram um modelo diferente de
tanque seacuteptico em escala piloto onde o fluxo de esgoto eacute vertical assemelhando-se
aos Reatores Anaeroacutebios de Fluxo Ascendente (RAFA) Os pesquisadores constataram
a remoccedilatildeo de 86 de SST 85 Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO) e 77 da
Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DQO) quando o TDH foi de 24h
9
Em seguida testaram a eficiecircncia de remoccedilatildeo desses indicadores com TDH de 12 e
6 h e notaram que esse decrescimento tambeacutem ocasionou o decrescimento da
remoccedilatildeo de SST de 67 para 33 respectivamente O mesmo ocorreu para os
paracircmetros de DBO e DQO em que o periacuteodo de 12h houve remoccedilatildeo de 71 e 77 e
no periacuteodo de 6 h remoccedilatildeo de 33 e 31 respectivamente constatando que neste caso
natildeo eacute possiacutevel reduzir o tempo de detenccedilatildeo hidraacuteulica dentro da unidade de tratamento
sem comprometer a eficiecircncia de remoccedilatildeo da carga orgacircnica
Os autores concluiacuteram que a modificaccedilatildeo do fluxo de esgoto se revelou eficiente no
tratamento de esgotos domeacutesticos e pode propiciar menor geraccedilatildeo de lodo implicando
em uma manutenccedilatildeo mais simplificada comparada agraves unidades convencionais e
consequentemente em menores custos
Uma pesquisa semelhante foi realizada em escala real em El Tel El Sagheer uma
pequena comunidade localizada agrave 120 km de Cairo Egito O tanque seacuteptico modificado
proposto por Sabry (2010) constitui-se por dois compartimentos O primeiro cujo fluxo
do efluente era vertical possuiacutea uma seacuterie de chapas inclinadas a 60deg conhecidas
como decantadores por colmeia que separavam a fase soacutelida da liacutequida minimizando
a quantidade de soacutelidos que escapavam para o compartimento seguinte e retinham a
escuma O primeiro tanque exercia a funccedilatildeo de digerir anaeroacutebiamente a mateacuteria
orgacircnica sedimentando os soacutelidos suspensos no fundo que formam o lodo tendo
tambeacutem uma saiacuteda para o biogaacutes formado
O segundo compartimento era divido em dois e servia como uma unidade de
polimento degradando a mateacuteria orgacircnica residual atraveacutes da filtraccedilatildeo que ocorria o
com cascalho no fundo do tanque retendo os soacutelidos bioloacutegicos por um longo periacuteodo
Para tal o sistema exigia a utilizaccedilatildeo de duas bombas submersas uma em cada
tanque com vazatildeo de 0003 msup3s-1 O TDH dos dois compartimentos era de 20 h
velocidade ascensional na vazatildeo maacutexima diaacuteria de 0125 m h-1 e carga orgacircnica meacutedia
no segundo compartimento de 042 kg DBO m-3 d Aleacutem disso uma unidade de
10
desinfecccedilatildeo foi instalada para injetar uma soluccedilatildeo de hipoclorito de soacutedio no efluente
tratado com vistas a adequaccedilatildeo a legislaccedilatildeo local
Durante quase um ano de operaccedilatildeo e monitoramento o sistema removeu 81 da
DBO 84 do DQO e 89 dos SST enquanto a remoccedilatildeo em um sistema de tanque
seacuteptico seguido de filtro anaeroacutebio citado pelo pesquisador foi de 56 para DBO 52
para DQO e 54 para SST O sistema tambeacutem se mostrou de faacutecil reprodutibilidade e
baixo custo provando-se uma alternativa promissora para o tratamento de esgotos em
comunidades rurais em regiotildees em situaccedilatildeo anaacuteloga ao Egito
Os tanques seacutepticos tambeacutem podem ser integrados a outros processos de
tratamento como demonstrado por Philippi et al (1999) numa pesquisa realizada no
Brasil no estado de Santa Catarina Os pesquisadores verificaram a eficiecircncia de uma
zona de raiacutezes (tambeacutem conhecida pelo seu termo em inglecircs wetland) que recebia
efluente de um tanque seacuteptico Proveniente de uma induacutestria alimentiacutecia continha soro
de queijo gordura sangue alimentos enlatados carne suiacutena e esgoto sanitaacuterio sendo
que parte desse material ficava na caixa de gordura situada apoacutes o tanque seacuteptico que
foi construiacutedo em escala real de acordo com a NBR 72231993
Apoacutes a caixa de gordura o efluente entrava na parte inferior da zona de raiacutezes e
passava por camadas de areia feno de arroz e argila chegando as raiacutezes da
Zizaniopsis bonariensis espeacutecie de planta aquaacutetica tiacutepica da regiatildeo sul do paiacutes Os
pontos de monitoramento foram nas saiacutedas do tanque seacuteptico (P1) e da zona de raiacutezes
(P2) e os resultados mostraram que a reduccedilatildeo do P1 para DBO e DQO foi de 32 e 33
de 29 e 36 para ST e STV de 5 e 40 para Nitrogecircnio Total Kjedhal (NTK) e nitratos
e de 13 para o foacutesforo total (PT) respectivamente Enquanto que para o P2 a reduccedilatildeo
foi de 69 para DBO 71 para a DQO para ST e STV de 61 e 75 para NTK e
nitratos e PT de 78 e 40 72 respectivamente Destaca-se que a pesquisa estuda
uma das possibilidades de poacutes-tratamento de efluente de tanques seacutepticos poreacutem
existem diversas formas indicadas pela NBR 139691997 como vala de infiltraccedilatildeo o
poccedilo absorvente escoamento superficial e canteiro de infiltraccedilatildeo e evapotranspiraccedilatildeo
11
Os resultados da pesquisa revelam bom desempenho da associaccedilatildeo dos sistemas
de tratamento e alta remoccedilatildeo de N e P em decorrecircncia da desnitrificaccedilatildeo na zona de
raiacutezes e apoacutes o periacuteodo de maturaccedilatildeo do sistema comeccedilou a produzir efluente em
acordo com a legislaccedilatildeo local sendo o sistema integrado uma boa alternativa para o
tratamento efluentes sanitaacuterios e para induacutestrias que tenham efluentes semelhantes aos
da pesquisa (PHILIPPI et al 1999)
Contudo a operaccedilatildeo incorreta e a destinaccedilatildeo inadequada do efluente e do lodo
gerado pelos tanques seacutepticos em zonas rurais podem contribuir para a eutrofizaccedilatildeo de
nascentes de corpos hiacutedricos Withers Jarvie amp Stoate (2011) monitoraram o impacto
dos tanques seacutepticos na concentraccedilatildeo de nutrientes em uma comunidade rural na
Inglaterra Os pesquisadores verificaram altas concentraccedilotildees de nitrogecircnio foacutesforo
soacutedio potaacutessio e amocircnia aleacutem de concentraccedilotildees de nitrato consideradas nocivas aos
peixes tipicamente associados agrave digestatildeo anaeroacutebia de tanques seacutepticos tanto nas
valas de infiltraccedilatildeo quanto agrave jusante do corpo hiacutedrico situado proacuteximo aos tanques
seacutepticos
Portanto aleacutem de melhorias nas tecnologias simplificadas de tratamento de esgoto
eacute necessaacuterio o correto gerenciamento do lodo gerado caso contraacuterio o beneficio
ambiental gerado pelo tratamento do efluente pode ser parcialmente comprometido
33 Lodo de esgoto
O lodo de esgoto eacute um subproduto do tratamento de esgoto e eacute gerado em vaacuterias
etapas Seu gerenciamento eacute complexo e por vezes ignorado nas ETE
Contraditoriamente Campbell (2000) aponta que quanto mais efetivo o processo de
remoccedilatildeo de contaminantes maior a produccedilatildeo de lodo Ou seja a preocupaccedilatildeo com o
tratamento do efluente deve ser proporcional ao gerenciamento de seu subproduto
Apesar disso natildeo representa mais que 2 do volume de esgoto tratado Poreacutem os
custos variam de 20 a 60 do total gasto numa ETE no Brasil (ANDREOLI VON
SPERLING amp FERNANDES 2001) Essa realidade natildeo eacute soacute brasileira em outros
12
paiacuteses tambeacutem representa custos elevados e seu gerenciamento eacute por vezes
negligenciado (RUIZ KAOSOL amp WISNIEWSK 2010)
Uma fraccedilatildeo significativa da expansatildeo da infraestrutura estaacute ocorrendo em paiacuteses
em desenvolvimento dirigidas aos maiores centros urbanos do mundo como eacute o caso
da Cidade do Meacutexico e Satildeo Paulo Para ter estrateacutegias mais apropriadas de
gerenciamento de lodo contudo satildeo necessaacuterias informaccedilotildees histoacutericas pouco
disponiacuteveis nestas cidades segundo afirma Campbell (2000)
Aleacutem disso eacute imprescindiacutevel o conhecimento do lodo gerado para que seu
gerenciamento possa ser eficiente Ainda que a NBR 100042004 classifique o lodo de
esgoto como um resiacuteduo soacutelido natildeo inerte (ABNT 2004) aproximadamente 95 de sua
constituiccedilatildeo eacute aacutegua sofrendo algumas variaccedilotildees devido as diferentes caracteriacutesticas
dos esgotos e tratamentos O lodo tambeacutem pode ser classificado de acordo com a sua
origem
Lodo primaacuterio eacute aquele gerado em decantadores primaacuterios e tanques
seacutepticos Eacute formado principalmente por soacutelidos sedimentaacuteveis Pode
exalar odor forte caso fique retido por periacuteodos elevados e em altas
temperaturas Nos tanques seacutepticos sofre digestatildeo anaeroacutebia
Lodo secundaacuterio eacute formado nas etapas bioloacutegicas do tratamento aeroacutebia
e anaeroacutebia podendo estar estabilizado ou natildeo Compreende a
comunidade microbiana que realiza a degradaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica no
sistema
Lodo quiacutemico eacute originaacuterio de tratamentos que adicionam condicionantes
quiacutemicos como decantadores primaacuterios com precipitaccedilatildeo quiacutemica
O Programa de Pesquisa em Saneamento Baacutesico realizou um trabalho com lodo
de esgoto em diferentes institutos de pesquisa no Brasil Algumas caracteriacutesticas do
lodo encontradas podem ser vistas na Tabela 1 utilizando-se o procedimento de coleta
13
de aliacutequotas dos resiacuteduos descartados pelos caminhotildees limpa-fossa na entrada da
ETE ressalta-se que apesar da pesquisa focar em lodo de tanque seacuteptico nem todas
as ETE coletaram desta unidade de tratamento nem adotaram a mesma metodologia
de coleta e os contribuintes do esgoto foram variados como restaurantes domiciacutelios
hospitais entre outros e satildeo mantidos e operados de formas diferentes Nota-se que
todos os valores satildeo elevados indicando alta concentraccedilatildeo de soacutelidos
Tabela 1 - Caracteriacutesticas de lodo de esgoto seacuteptico no Brasil
Paracircmetros
Lodo de esgoto
FAE UFRN UNB USP
SANEPAR LARHISA CAESB EESC
Mediana Mediana Mediana Mediana
ST (mgL-1) 8208 6508 10214 6508
STV (mgL-1) 5612 4368 7368 3053
SST (mgL-1) 5042 3891 6395 3257
DBO (mgL-1) 2734 955 - 1524
DQO (mgL-1) 11219 3434 1281 4491
pH 72 66 71 69 Adaptado de Andreoli (2009)
Diversos estudos tecircm buscado relaccedilotildees entre caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas do
lodo e seu desaguamento De acordo com Vesilind (1994) o tamanho e a superfiacutecie das
partiacuteculas soacutelidas presentes no lodo satildeo caracteriacutesticas importantes que podem
determinar a receptividade ao espessamento ou desaguamento do lodo A carga das
partiacuteculas pode estabelecer ligaccedilotildees com as moleacuteculas de aacutegua difiacuteceis de serem
quebradas essas cargas superficiais alteram propriedades fiacutesicas daacute aacutegua
descongelamento agrave temperaturas abaixo do ponto de congelamento (-20degC) e a
densidade pode ser reduzida a 0965 gcmsup3
Neste mesmo trabalho Vesilind (1994) investigou os tipos de aacutegua presentes no
lodo e verificou que uma fraccedilatildeo estaacute ligada fisicamente agrave superfiacutecie das partiacuteculas
presentes no lodo atraveacutes de pontes de hidrogecircnio denominada aacutegua vicinal e pode
ser removida pela diminuiccedilatildeo da aacuterea superficial total das partiacuteculas soacutelidas a que estaacute
ligada atraveacutes da utilizaccedilatildeo de condicionantes quiacutemicos
14
A remoccedilatildeo da aacutegua localizada nos interstiacutecios dos flocos pode se dar por
processos mecacircnicos que conseguem destruir a estrutura do floco (RUIZ KAOSOL amp
WISNIEWSK 2010 VESILIND 1994) A aacutegua de hidrataccedilatildeo eacute aquela ligada
quimicamente agrave superfiacutecie da partiacutecula e eacute removida apenas com aumento da
temperatura Somente a fraccedilatildeo denominada ldquoaacutegua livrerdquo eacute que natildeo estaacute associada e
natildeo sofre influecircncia dos soacutelidos presentes no lodo A drenagem adensamento e
desidrataccedilatildeo mecacircnica e natural podem realizar a sua remoccedilatildeo (VESILIND 1994)
O trabalho de Liao et al (2000) constatou forte relaccedilatildeo entre o tamanho dos flocos e
a quantidade de aacutegua ligada fisico-quimicamente agraves partiacuteculas soacutelidas quanto menor
era o floco maior a quantidade deste tipo de aacutegua encontrada no lodo Mikkelsen amp
Keiding (2002) concluiacuteram que Substacircncias Polimeacutericas Extracelulares (EPS) satildeo o
paracircmetro mais importante na estrutura do lodo e altas concentraccedilotildees destas
substacircncias podem diminuir a tensatildeo de cisalhamento e propiciar um menor grau de
dispersatildeo do lodo pois agem na estabilidade da estrutura dos flocos reduzindo desta
forma a resistecircncia agrave filtraccedilatildeo Entretanto altas concentraccedilotildees de EPS diminuem o teor
de soacutelidos na torta seca
Jin Wileacuten amp Lant (2003) tambeacutem investigaram a relaccedilatildeo entre as EPS e o
desaguamento no lodo de esgoto Os pesquisadores observaram que altas
concentraccedilotildees de iacuteons Ca+ Mg2+ Fe3+ e Al3+ proporcionam melhora significativa no
desaguamento Tambeacutem concluiacuteram que lodos que contem flocos compactos grandes
e com muitos filamentos tem grande quantidade de aacutegua ligada intersticial
Propriedades de floculabilidade hidrofobicidade carga superficial e viscosidade satildeo
fatores que afetam significativamente a capacidade de ligaccedilatildeo da aacutegua nos flocos de
lodo sendo que altos valores destas propriedades indicam grande quantidade de aacutegua
ligada Ademais proteiacutenas e carboidratos contribuem significativamente para a ligaccedilatildeo
da aacutegua nos flocos
No espessamento por gravidade a presenccedila de aacutegua vicinal em volta das
partiacuteculas menores no lodo (de 2 a 4 microm cerca de 6 do total de partiacuteculas presentes
15
no lodo digerido anaeroacutebiamente) melhoraria o processo devido ao aumento do
diacircmetro efetivo das partiacuteculas como resultado da baixa densidade encontrada na aacutegua
vicinal e do aumento da viscosidade da aacutegua que circunda as partiacuteculas (VESILIND
1994)
As alternativas para a disposiccedilatildeo do lodo satildeo variadas e tecircm sido desenvolvidas haacute
vaacuterias deacutecadas Campbell (2000) as divide em trecircs categorias satildeo elas (i) aplicaccedilatildeo no
solo (ii) disposiccedilatildeo em aterro sanitaacuterio e (iii) tecnologias de incineraccedilatildeo Para as duas
primeiras - mais aplicadas no Brasil - torna-se indispensaacutevel a retirada de uma parcela
de sua umidade pois interfere na umidade ideal do solo quando aplicado na agricultura
e sobrecarrega o tratamento do chorume nos aterros
34 Desaguamento do lodo de esgoto
De acordo com Andreoli von Sperling amp Fernandes (2001) o gerenciamento do
lodo eacute uma atividade complexa e pode promover impactos ambientais negativos caso
seja mal executada Dentre as etapas envolvidas o desaguamento eacute um dos desafios
da engenharia ambiental e continua sendo um problema no tratamento de esgotos
(VESILIND 1988 VESILIND 1994 CAMPBELL 2000)
Metcalf amp Eddy (1991) descrevem o desaguamento como uma operaccedilatildeo fiacutesica
utilizada na reduccedilatildeo de umidade contida no lodo Eacute necessaacuterio realizar esta operaccedilatildeo
por propiciar (i) o manuseio mais faacutecil (ii) a reduccedilatildeo dos custos no transporte (iii) a
disposiccedilatildeo em aterros sanitaacuterios reduzindo a quantidade de chorume produzido (iv) a
melhora na etapa de compostagem do lodo (v) a reduccedilatildeo da atividade microbiana e
consequentemente da produccedilatildeo de odores
O desaguamento pode ser realizado por processos naturais ou mecanizados A
seleccedilatildeo dos mecanismos de desaguamento deve ser determinada pelo tipo de lodo a
ser desaguado caracteriacutesticas desejadas do lodo desaguado e espaccedilo disponiacutevel Os
processos mecanizados satildeo mais indicados para Estaccedilotildees de Tratamento de Esgotos
(ETE) de grande porte e onde haja restriccedilatildeo de aacuterea Centriacutefugas filtros a vaacutecuo
16
filtros-prensa prensas desaguadoras e secagem teacutermica satildeo exemplos de processos
mecanizados mais utilizados em ETE
Em estudo realizado por Ruiz Kaosol amp Wisniewsk (2010) relacionou-se a
quantidade de mateacuteria orgacircnica presente no lodo e sua aptidatildeo ao desaguamento
mecacircnico verificou-se que quanto maior essa quantidade (expressa pelo valor de
Soacutelidos Totais Volaacuteteis) menor era a resistecircncia a filtraccedilatildeo mas maior sua
compressibilidade (expressa pelo seu limite de plasticidade) e portanto menor a
eficiecircncia do processo de desaguamento mecacircnico Todavia lodos com menor teor de
mateacuteria orgacircnica isto eacute mais estabilizados tambeacutem satildeo mais indicados para os
processos naturais de desaguamento (ANDREOLI VON SPERLING amp FERNANDES
2001)
Verifica-se no entanto que poucas pesquisas tecircm se preocupado com o
desaguamento por processos naturais como os leitos de secagem e as lagoas de
secagem que estatildeo mais presentes em ETE pequenas ou que natildeo tecircm restriccedilotildees
quanto a aacuterea O mecanismo de desaguamento nestes casos se daacute pela evaporaccedilatildeo e
percolaccedilatildeo da aacutegua presente no lodo O desaguamento de lodos por leitos de secagem
eacute adequado para comunidades de pequeno e meacutedio porte sendo indicado para lodos
tipicamente encontrados em tanques seacutepticos (estabilizados)
Um leito de secagem convencional conforme ilustram as Figuras 2 e 3 caracteriza-
se por um tanque com paredes e base de concreto O fundo deve ser constituiacutedo por
uma camada de areia trecircs camadas de brita e tijolos recozidos ou outro material
resistente agrave operaccedilatildeo de remoccedilatildeo do lodo seco com juntas de areia (ABNT 1992)
17
Figura 2 - Planta de um leito de secagem convencional
Figura 3 - Corte transversal de um leito de secagem convencional
Van Haandel amp Lettinga (1994) descrevem que o tempo total para um ciclo de
secagem em leitos de secagem se compotildee por quatro periacuteodos Satildeo eles
T1 = tempo de preparaccedilatildeo do leito e descarga do lodo que dependem do
gerenciamento do leito como nuacutemero de trabalhadores e disponibilidade de
equipamentos
T2 = tempo de percolaccedilatildeo da aacutegua presente no lodo
T3 = tempo de evaporaccedilatildeo para se atingir a fraccedilatildeo desejada de soacutelidos que assim
como T2 varia em funccedilatildeo de condiccedilotildees operacionais durante a secagem condiccedilotildees
metereoloacutegicas (temperatura e pluviosidade) e a carga aplicada de soacutelidos
T4 = tempo de remoccedilatildeo dos soacutelidos secos
18
Para amenizar as variaacuteveis metereoloacutegicas os leitos de secagem podem ser
instalados ao ar livre ou cobertos por proteccedilatildeo contra a influecircncia das chuvas e de
geadas
De acordo com Metcalf amp Eddy (1991) Andreoli von Sperling amp Fernandes (2001) e
Andreoli (2009) em comparaccedilatildeo aos processos mecanizados apresenta diversas
vantagens tais como
Simplicidade na instalaccedilatildeo e operaccedilatildeo
Baixa sensibilidade agrave qualidade do lodo
Natildeo provoca ruiacutedos e vibraccedilotildees
Natildeo demanda energia
Baixo custo
Baixo consumo de poliacutemeros
A exposiccedilatildeo prolongada ao sol pode promover a remoccedilatildeo de organismos
patogecircnicos (VAN HAANDEL amp LETTINGA 1994)
Entretanto tambeacutem possui desvantagens sendo elas
Demanda tempo elevado para remoccedilatildeo da torta seca
Necessitam de que o lodo esteja estabilizado
Eacute sujeito agraves variaccedilotildees climaacuteticas
A remoccedilatildeo do lodo eacute trabalhosa
Demanda grande aacuterea
Considerando que a aacuterea especiacutefica requerida para leitos de secagem (Ae) pode
ser calculada em funccedilatildeo1 da quantidade de lodo digerido produzido na ETE (Q) - que eacute
funccedilatildeo da produccedilatildeo de lodo fresco (1 L pessoadia-1) e do coeficiente de reduccedilatildeo de
volume por digestatildeo (025) (Q = 025) da espessura da camada de lodo aplicado em
cada ciclo (e = 045 m) e do nuacutemero de ciclos de secagem por ano (nc = 15 ciclosano)
1 Valores sugeridos pela NBR 72291993
19
Calculando-se pela formula
Pode-se estimar uma aacuterea meacutedia de 0014 msup2hab-1 (para lodos anaeroacutebios de
origem domeacutestica) (NBR 72291993 MORTARA 2011)
Um dos poucos trabalhos que estudaram os leitos de secagem em bancada foi
produzido por van Haandel amp Lettinga (1994) que realizaram uma investigaccedilatildeo
experimental semelhante a presente pesquisa No entanto os resultados natildeo satildeo
diretamente comparaacuteveis uma vez que os autores estudaram o tempo necessaacuterio para
obtenccedilatildeo de uma determinada umidade para diferentes cargas de soacutelidos Aleacutem disso
separou-se os processos de percolaccedilatildeo e evaporaccedilatildeo de modo que o experimento foi
feito em duas etapas na primeira utilizaram tubos de PVC de 10 m de comprimento e
020 m de diacircmetro adicionando-se aos tubos camadas de cascalho estratificado de 1
a 18rdquo (brita meacutedia) e areia meacutedia ambas com espessura de 020 m cada O lodo
utilizado foi proveniente de RAFA e foi inserido nos tubos sendo que estes foram
cobertos para evitar a evaporaccedilatildeo
Apoacutes esta fase o lodo era removido dos tubos e colocado em aneacuteis de 0040 m de
comprimento e 0050 m de diacircmetro dispostos em colunas que ficavam ao ar livre para
avaliar-se a evaporaccedilatildeo que era realizada por diferenccedila de massa observada
diariamente ateacute que se estabelecesse massa constante A perda de massa era
acompanhada por perda de volume de lodo e para facilitar a evaporaccedilatildeo sempre que
o lodo atingia niacutevel mais baixo ao niacutevel superior do tubo o anel imediatamente acima
era retirado sendo a evaporaccedilatildeo natildeo limitada pela difusatildeo de vapor de aacutegua no tubo
Tambeacutem realizou-se testes de evaporaccedilatildeo com aacutegua pura
Os autores concluiacuteram que a concentraccedilatildeo inicial de ST no lodo natildeo teve influecircncia
mensuraacutevel sobre o tempo necessaacuterio para a percolaccedilatildeo da aacutegua ou sobre a
concentraccedilatildeo final de ST no lodo Em contraste cargas de soacutelidos diferentes tiveram
tempos de percolaccedilatildeo diferentes Outrossim grande parte da aacutegua no lodo eacute livre e eacute
removida no periacuteodo de percolaccedilatildeo que eacute relativamente curto Entretanto periacuteodos
elevados de evaporaccedilatildeo satildeo necessaacuterios para obtenccedilatildeo de altos valores de ST nas
20
tortas secas Ademais a produtividade do leito de secagem (massa de soacutelidos
processados por unidade de aacuterea do leito e por unidade de tempo) eacute muito influenciada
pela fraccedilatildeo de soacutelidos que se deseja no lodo apoacutes a secagem A produtividade para
lodo com relativamente muito aacutegua (umidade de 60 a 70) eacute mais que o dobro daquela
para lodo com pouca aacutegua (umidade de 20 a 30)
Cofie et al (2006) realizaram estudo com leito de secagem em escala real em
Ghana e monitoraram oito ciclos de secagem por dez meses O leito de secagem era
composto por uma camada de 015 m de areia fina e duas camadas de brita a primeira
de tipo 1 tinha 010 m de espessura e a segunda de tipo 2 tinha espessura de 015 m
O leito tinha aacuterea de 25 msup2 e capacidade de 15 msup3 de lodo com espessura de 030 m
Um terccedilo do lodo foi proveniente de sanitaacuterios puacuteblicos e o restante de tanques
seacutepticos tendo baixa concentraccedilatildeo de soacutelidos cerca de 3 A carga aplicada de
soacutelidos utilizada foi de 196 a 321 kg msup2 e quando seco era retirado manualmente O
teor de soacutelidos da torta seca foi em meacutedia de 3045 os STV de 71 e o tempo de
desaguamento variou de 7 a 59 dias
Os pesquisadores atribuem essa grande variaccedilatildeo a alguns fatores (i) ao
incremento de aacutegua no lodo causado pela chuva (ii) o entupimento da areia que
diminuiu a capacidade de percolaccedilatildeo da aacutegua livre do lodo e (iii) ao tipo de lodo
utilizado que apesar da parcela oriunda de tanque seacuteptico estar bem digerida a porccedilatildeo
proveniente de sanitaacuterios puacuteblicos apresentava grande quantidade de mateacuteria orgacircnica
tornando esse lodo pouco digerido e improacuteprio para o desaguamento nesse tipo de
leito
Mortara (2011) estudou a utilizaccedilatildeo de leitos de drenagem como alternativa aos
leitos de secagem Estes primeiros se diferenciam por substituiacuterem a camada de areia
por uma com manta geossinteacutetica e terem reduzida a altura de camada de brita (que
passa a ser somente uma camada de brita nordm 1 ou 2 de 005 a 010 m de espessura)
Essa mudanccedila proporcionou aumento da taxa de retirada da aacutegua livre e portanto
reduccedilatildeo do tempo de drenagem Aleacutem disso o autor cita que a massa de lodo seco
retirada foi menor assim como o trabalho para sua retirada e a estrutura para
21
armazenar o material ateacute sua disposiccedilatildeo final foram menores quando comparados ao
leito de secagem
35 Condicionamento do lodo
O condicionamento eacute um processo que melhora as caracteriacutesticas do lodo com
vistas a processaacute-lo de forma mais eficiente e mais raacutepida jaacute que o lodo geralmente
natildeo eacute facilmente manipulaacutevel Faz-se entatildeo necessaacuterio seu condicionamento para
facilitar o espessamento desaguamento e secagem O condicionamento do lodo pode
se dar por diversos meacutetodos que vatildeo desde a separaccedilatildeo de partiacuteculas soacutelidas das
moleacuteculas de aacutegua (processos fiacutesicos) ateacute a oxidaccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (processos
quiacutemicos) (AMUDA et al 2008)
Alguns exemplos de processos fiacutesicos empregados satildeo o congelamento do lodo
que proporciona a separaccedilatildeo de parte da aacutegua presente das partiacuteculas soacutelidas (AMUDA
et al 2008) a hidroacutelise teacutermica que permite a liberaccedilatildeo da aacutegua ligada fiacutesico-
quimicamente em temperaturas acima de 100degC o tratamento ultrassocircnico que tambeacutem
pode ser quiacutemico que em ambos os casos causa ruptura da estrutura celular e dos
flocos de micro-organismos atraveacutes do uso de baixas ou altas frequecircncias por processo
de cavitaccedilatildeo ou de reaccedilotildees quiacutemicas (CARREgraveRE et al 2010) A eletrodesidrataccedilatildeo
tambeacutem conhecida como desidrataccedilatildeo assistida por campo eleacutetrico consiste na
aplicaccedilatildeo de um campo eleacutetrico que atrai as partiacuteculas de aacutegua eletricamente
carregadas rompendo as ligaccedilotildees com as partiacuteculas soacutelidas do lodo (MAHMOUD et al
2010)
Um outro exemplo de condicionamento eacute a destruiccedilatildeo bioloacutegica celular atraveacutes da
aplicaccedilatildeo de fortes oxidantes quiacutemicos promove a desintegraccedilatildeo bioloacutegica da mateacuteria
orgacircnica do lodo a CO2 e aacutegua e consequentemente reduz o volume do lodo (AMUDA
et al 2008)
A alternativa de condicionamento mais comum nas ETE eacute a utilizaccedilatildeo sais
inorgacircnicos e de poliacutemeros orgacircnicos Satildeo empregados tradicionalmente produtos jaacute
22
utilizados no tratamento de aacutegua e esgoto condicionantes inorgacircnicos como cloreto
feacuterrico sulfato de alumiacutenio e a cal (AMUDA et al 2008 METCALF amp EDDY 1991) A
desvantagem na utilizaccedilatildeo destes eacute o aumento do teor de soacutelidos de 20 a 30 no lodo
enquanto que a utilizaccedilatildeo de poliacutemeros orgacircnicos natildeo aumenta significativamente
(METCALF amp EDDY 1991) A escolha e utilizaccedilatildeo de condicionantes inorgacircnicos ou
orgacircnicos deve ser baseada em estudos teacutecnicos e econocircmicos (MORTARA 2011)
Os condicionantes orgacircnicos atuam como coagulantes formando pontes quiacutemicas
entre o poliacutemero e as partiacuteculas coloidais presentes no lodo que satildeo adsorvidas pelas
diversas cadeias de monocircmeros do poliacutemero agregando-se em flocos densos passiacuteveis
de serem removidos por filtraccedilatildeo sedimentaccedilatildeo ou flotaccedilatildeo (LIBAcircNIO 2005) Sua
aplicaccedilatildeo em dosagem correta acelera o processo de desaguamento e aumenta o teor
de soacutelidos da torta seca (WPCFM 1988)
A adiccedilatildeo de poliacutemeros ocorre antes da etapa de desaguamento e podem reduzir a
umidade de entrada de 90 a 99 para 65 a 85 dependendo das caracteriacutesticas dos
soacutelidos a serem tratados (METCALF amp EDDY 1991 WPCFM 1988)
Os poliacutemeros podem ser classificados de acordo com a sua carga eleacutetrica em
catiocircnicos aniocircnicos natildeo-iocircnicos e anfoliacuteticos e quanto a sua origem sinteacutetica ou
natural Libacircnio (2005) destaca duas vantagens no uso especiacutefico de poliacutemeros
catiocircnicos de menor peso molecular que se aplicam ao tratamento de lodo de esgoto
Satildeo elas (i) reduccedilatildeo do volume do lodo gerado (ii) maior facilidade de desidrataccedilatildeo do
lodo gerado comparada aos sais de ferro e alumiacutenio
Mortara (2011) realizou ensaios com poliacutemeros sinteacuteticos em lodo de ETE analisou
18 poliacutemeros catiocircnicos 15 soacutelidos e 3 em emulsatildeo associados a um leito de
drenagem no condicionamento do lodo anaeroacutebio Atraveacutes de testes em laboratoacuterio e
em escala piloto constatou que quase todos os poliacutemeros soacutelidos testados produziram
lodos mais facilmente desaguaacuteveis com dosagens relativamente baixas cerca de 2 gkg
de ST-1 enquanto que os poliacutemeros em emulsatildeo tinham dosagens oacutetimas maiores
23
cerca de 6 gkg-1 Tambeacutem se verificou que o condicionamento quiacutemico propiciou maior
drenagem da aacutegua quando comparado ao lodo natildeo condicionado Entretanto natildeo
influenciou a evaporaccedilatildeo e consequentemente os tempos de ciclo de secagem uma
vez que o teor de soacutelidos do lodo sem condicionamento apresentou evoluccedilatildeo
semelhante a dos lodos condicionados ao longo do periacuteodo de secagem
Contudo segundo Abreu Lima (2007) os poliacutemeros sinteacuteticos podem ser
contaminados no processo de produccedilatildeo ou ainda gerar subprodutos (monocircmeros) de
risco agrave sauacutede dos consumidores Uma alternativa a esses condicionantes seria o
emprego de poliacutemeros oriundos de fontes naturais como as plantas e substacircncias
retiradas de animais
Ainda que estes riscos preocupem mais as Estaccedilotildees de Tratamento de Aacutegua (ETA)
jaacute que afetam diretamente a aacutegua captada para abastecimento humano a atenccedilatildeo
deve-se dar no tratamento de esgoto e no gerenciamento do lodo tambeacutem
Considerando que a aacutegua drenada do lodo retorna ao sistema de tratamento e que
esse efluente tratado eacute lanccedilado em um corpo hiacutedrico que posteriormente pode servir
como manancial
Diversos estudos tecircm utilizado poliacutemeros naturais como auxiliares da floculaccedilatildeo no
tratamento de aacutegua e esgoto Visto que natildeo apresentam riscos agrave sauacutede a longo prazo e
por serem fonte de alimentaccedilatildeo humana em sua maioria De acordo com Di Bernardo
(2005) a utilizaccedilatildeo destes poliacutemeros permite um aumento da velocidade de
sedimentaccedilatildeo dos flocos reduccedilatildeo da accedilatildeo das forccedilas de cisalhamento nos flocos
durante a veiculaccedilatildeo da aacutegua floculada e uma dosagem menor do coagulante primaacuterio
quando estes satildeo sais de alumiacutenio ou ferro
Borba (2001) Arantes Ribeiro amp Paterniani (2012) e Di Bernardo (2005) citam
como exemplo de fonte destes compostos a mandioca (Manihot esculenta) a batata
(Solanum tuberosum L) a quitosana o tanino o quiabo (Abelmoschus esculentus) o
milho (Zea mays) e a moringa (Moringa oleiacutefera)
24
Dentre os poliacutemeros naturais os mais utilizados satildeo os amidos (DI BERNARDO
2005 LIBAcircNIO 2005) O milho a batata a mandioca e o trigo satildeo os alimentos
produzidos em larga escala que mais possuem amido podendo variar a quantidade em
funccedilatildeo da idade do solo da variedade da espeacutecie e do clima
A facilidade de obtenccedilatildeo do poliacutemero o custo e a simplicidade metodoloacutegica do
preparo satildeo fatores importantes para a seleccedilatildeo em trabalhos direcionados agraves
comunidades rurais Dos poliacutemeros pesquisados os originaacuterios da mandioca moringa e
quiabo foram os que mais se adequaram a estes criteacuterios baseando-se em Dantas amp Di
Bernardo (2000) Muyibi et al (2001) e Abreu Lima (2007)
A mandioca (Manihot esculenta) eacute originaacuteria da Ameacuterica do Sul e eacute comum nas
regiotildees tropicais da Aacutefrica e Aacutesia sendo uma importante fonte de alimentaccedilatildeo da
populaccedilatildeo mais pobre e eacute rica em amido Dantas amp Di Bernardo (2000) estudaram o
potencial do amido catiocircnico da mandioca como auxiliar de floculaccedilatildeo no tratamento de
aacuteguas para abastecimento Os resultados obtidos indicaram que este poliacutemero natural
pode ser utilizado em substituiccedilatildeo dos poliacutemeros sinteacuteticos auxiliares de floculaccedilatildeo Natildeo
foram encontradas referecircncias sobre a utilizaccedilatildeo de amido de mandioca em tratamento
de esgoto ou condicionamento de lodo de esgoto
A moringa (Moringa oleifera) eacute provavelmente o poliacutemero natural mais conhecido no
mundo eacute nativa do continente africano presente tambeacutem nas Ameacutericas e Aacutesia Mais
utilizada no tratamento de aacutegua como coagulante tambeacutem satildeo encontradas aplicaccedilotildees
no tratamento de esgoto incluindo efluentes industriais e no lodo de esgoto
Bhuptawat Folkard amp Chaudhari (2006) verificaram o potencial de aplicaccedilatildeo da
moringa no tratamento de esgoto domeacutestico em escala piloto na Iacutendia e obtiveram
64 de remoccedilatildeo de DQO combinando 100 mgL-1 de Moringa oleifera e 10 mgL-1 de
sulfato de alumiacutenio
No tocante agrave utilizaccedilatildeo de moringa no lodo pesquisas realizadas por Muyibi et al
(2001) na Iacutendia e Ademiluyi (1988) Nigeacuteria indicaram seu potencial como
25
condicionante quiacutemico do lodo de esgoto diminuindo a resistecircncia agrave filtraccedilatildeo Muyibi et
al (2001) testaram a soluccedilatildeo da semente de moringa sem casca o poacute seco da
semente sem casca e o oacuteleo da semente de moringa em lodo proveniente de uma
estaccedilatildeo de tratamento de esgoto A dosagem foi determinada por dois meacutetodos (i)
reduccedilatildeo de volume do lodo em teste de jarros (apoacutes 30 min de sedimentaccedilatildeo) e (ii)
resistecircncia especiacutefica do lodo
No primeiro meacutetodo as dosagens oacutetimas encontradas foram de 4750 4000 e 6000
mgL-1 para a soluccedilatildeo de moringa sem casca oacuteleo e poacute seco respectivamente
Chegando a reduccedilatildeo maacutexima de 26 19 e 26 vezes o volume inicial do lodo para a
soluccedilatildeo de moringa sem casca oacuteleo e poacute seco respectivamente Esses resultados
indicam o potencial da moringa em decantadores ou outras unidades de tratamento que
retenham lodo por certo tempo
No segundo teste realizado empregou-se somente a soluccedilatildeo de moringa sem
casca e o oacuteleo e a soluccedilatildeo com oacuteleo teve melhor resultado com dosagem de 4000
mgL-1 enquanto que para a soluccedilatildeo de moringa sem casca foi de 4500 mgL-1 A razatildeo
para esses resultados ligeiramente controversos ainda eacute desconhecida mas os
pesquisadores acreditam que a remoccedilatildeo do oacuteleo da semente possa produzir flocos
mais leves o que favoreceria a filtraccedilatildeo Aleacutem disso por ter baixo peso molecular e ser
um poliacutemero catiocircnico os flocos formados satildeo leves pequenos e reteacutem menos a fraccedilatildeo
de aacutegua ligada fiacutesico-quimicamente agraves partiacuteculas soacutelidas do lodo indicando a
possibilidade da reduccedilatildeo da aacuterea dos leitos de secagem convencionais Poreacutem ainda
satildeo necessaacuterias pesquisas aprofundadas sobre a questatildeo
O uso de moringa no lodo foi comparado aos sais de alumiacutenio e ferro por Ademiluyi
(1988) A amostra de lodo utilizada foi coletada no tanque de sedimentaccedilatildeo da ETE da
Universidade da Nigeacuteria que trata esgoto domeacutestico A sensibilidade relativa do lodo
aos poliacutemeros mostrou que o lodo proveniente de esgoto domeacutestico tem menor
sensibilidade a moringa do que ao sulfato de alumiacutenio e cloreto feacuterrico Aleacutem disso a
concentraccedilatildeo de moringa foi menor no liquido filtrado do que os sais metaacutelicos o que
26
pode ser vantajoso em Estaccedilotildees de Tratamento de Esgoto Poreacutem as dosagens oacutetimas
encontradas foram mais altas para a moringa do que para os sais metaacutelicos 215 17 e
17 gL-1 para a moringa sulfato de alumiacutenio e cloreto feacuterrico respectivamente
Entretanto o baixo custo e o fato da moringa ser um poliacutemero natural a tornam
aplicaacutevel como condicionante do lodo
Outro poliacutemero natural potencialmente condicionante do lodo eacute o quiabo
(Abelmoschus esculentus) que tem origem na Aacutefrica mas eacute produzido em todo o globo
sendo conhecido por suas propriedades nutritivas
Anastasakis Kalderis amp Diamadopoulos (2009) estudaram o quiabo como floculante
no tratamento de esgoto utilizando como coagulante o sulfato de alumiacutenio Foi
realizada a mucilagem do quiabo para a extraccedilatildeo do oacuteleo e a dosagem oacutetima foi obtida
atraveacutes do teste de jarros Como amostras de esgoto foram utilizadas esgoto sinteacutetico e
um efluente biologicamente tratado O estudo comprovou as propriedades floculantes
do quiabo No esgoto sinteacutetico em sua dosagem oacutetima de 0005 g L-1 removeu 93 96 e
97 de turbidez depois de 10 20 e 30 minutos do tempo de sedimentaccedilatildeo
respectivamente Isso representou uma adiccedilatildeo de 25 9 e 10 de remoccedilatildeo da turbidez
quando se utilizou somente sulfato de alumiacutenio em 10 20 e 30 minutos
respectivamente
No efluente biologicamente tratado a dosagem oacutetima para 10 minutos foi de 0020
gL-1 com remoccedilatildeo 70 da turbidez Para os tempos de sedimentaccedilatildeo de 20 e 30
minutos a dosagem foi menor (00025 gL-1) alcanccedilando a reduccedilatildeo de 71 e 74 de
turbidez Incrementando em 19 10 e 10 a remoccedilatildeo de turbidez utilizando-se somente
de sulfato de alumiacutenio
Abreu Lima (2007) realizou testes com o quiabo verde e maduro e constatou que o
fruto maduro possui melhores propriedades coagulantes que o fruto verde fato positivo
jaacute que o quiabo maduro eacute rejeitado pelo consumidor e torna-se um resiacuteduo O autor
tambeacutem comparou as teacutecnicas de aplicaccedilatildeo do poliacutemero a utilizaccedilatildeo do oacuteleo extraiacutedo
27
atraveacutes da mucilagem e a pulverizaccedilatildeo apoacutes a moagem do quiabo Concluindo que a
segunda teacutecnica a forma mais simples de aplicaccedilatildeo proporcionou resultados positivos
no tratamento de aacutegua e esgoto
36 Pavimento permeaacutevel
Aleacutem da aplicaccedilatildeo de poliacutemeros a utilizaccedilatildeo de pisos drenantes como constituintes
do leito de secagem pode otimizar o desaguamento do lodo de esgoto Constitui-se em
alternativa simples e de baixo custo para ETE de pequeno porte localizadas em
comunidades rurais Aleacutem disso a utilizaccedilatildeo de poliacutemeros naturais melhoraria a
qualidade da torta seca em termos de nutrientes aspecto positivo para a aplicaccedilatildeo de
lodo na agricultura como alternativa agrave adubaccedilatildeo quiacutemica
Os pavimentos permeaacuteveis satildeo utilizados haacute mais de trecircs deacutecadas nos Estados
Unidos da Ameacuterica e na Inglaterra e Alemanha (PRISMA 2013) como controle
estrutural alternativo de drenagem urbana e fazem parte do conjunto de teacutecnicas
intitulado de Best manegement practices (BMP) pela agecircncia ambiental norte-
americana Enviromental Protection Agency (USEPA) criado na deacutecada de 1980 que
tem como objetivo resolver os problemas de drenagem na proacutepria bacia
Essas teacutecnicas incluem construccedilatildeo de estruturas fiacutesicas para armazenamento e
infiltraccedilatildeo do escoamento como reservatoacuterios trincheiras de infiltraccedilatildeo e pavimentos
permeaacuteveis na tentativa de compensar os impactos negativos da grande
impermeabilizaccedilatildeo do solo causada pela urbanizaccedilatildeo (CRUZ SOUZA amp TUCCI 2007)
Estes uacuteltimos por possuiacuterem espaccedilos livres na sua estrutura permitem que aacutegua
e ar o atravessem e satildeo geralmente empregados em via de pedestres e veiacuteculos e
estacionamentos para auxiliar na drenagem urbana (MARCHIONI amp SILVA 2010)
No Brasil estes pavimentos foram introduzidos recentemente e em 2006 a
Prefeitura Municipal de Porto Alegre publicou o Decreto Nordm153712006 que
regulamenta as medidas de controle de drenagem urbana aponta como alternativa
28
para reduccedilatildeo de aacutereas impermeaacuteveis em terrenos com aacutereas inferiores a 100 ha a
utilizaccedilatildeo de pavimentos permeaacuteveis abatendo 50 da aacuterea impermeaacutevel do terreno
(CRUZ SOUZA amp TUCCI 2007) A Figura 4 mostra a sua utilizaccedilatildeo no Brasil
Figura 4 - Exemplo de aplicaccedilatildeo de pavimento permeaacutevel em estacionamento
FONTE MARCHIONI amp SILVA (2010)
Estes pavimentos podem ser fabricados com areia pedregulho argila expandida
fibra de coco cimento e poacute de pedra e estaacute em curso a normatizaccedilatildeo pela Associaccedilatildeo
Brasileira de Normas Teacutecnicas para a fabricaccedilatildeo destes pisos A produccedilatildeo deste tipo
de piso estaacute se disseminando no paiacutes e sua utilizaccedilatildeo poderia permitir a reduccedilatildeo da
aacuterea do leito Uma vez que o lodo pode ser drenado em cerca de metade da aacuterea
superficial enquanto que ao se empregar o leito de secagem tradicionalmente sugerido
pela NBR 122091992 a infiltraccedilatildeo somente ocorre entre os vatildeos dos tijolos onde estaacute
presente a areia (ABNT 1992)
29
4 METODOLOGIA
O trabalho foi desenvolvido nos Laboratoacuterios de Estrutura (LES) Materiais da
Construccedilatildeo (LMC) Protoacutetipos (LABPRO) Reuso (LABREUSO) e Saneamento
(LABSAN) pertencentes agrave Faculdade de Engenharia Civil Arquitetura e Urbanismo da
Universidade Estadual de Campinas
41 Pavimento permeaacutevel
O pavimento permeaacutevel foi fornecido pela empresa Villa Stone Comeacutercio e
Induacutestria de Materiais Baacutesicos para Construccedilatildeo Limitada localizada no distrito de Baratildeo
Geraldo Campinas (SP)
Os pavimentos permeaacuteveis utilizados na pesquisa satildeo compostos de pedrisco de
basalto e cimento na proporccedilatildeo de 80 e 20 respectivamente As amostras utilizadas
tecircm aproximadamente 006 m de altura e foram cortados em diacircmetro igual a 010 m
com o emprego de uma extratora de corpo de prova como mostram as Figuras 5 e 6
Figura 5 - Pavimento permeaacutevel utilizado no projeto
30
Figura 6 - Extratora de corpo de prova utilizada para o corte do pavimento utilizado na pesquisa
A caracterizaccedilatildeo destes pisos drenantes foi realizada com a determinaccedilatildeo das
dimensotildees massa volume de vazios e taxa de infiltraccedilatildeo conforme apresentados a
seguir
Dimensotildees e massa As dimensotildees foram mensuradas com o uso de paquiacutemetro
e a massa com uso de balanccedila semi analiacutetica A altura diacircmetro e massa meacutedia das
peccedilas de pavimento cortadas foi de 0006 m 01 m e 0695 kg respectivamente
Iacutendice de vazios A metodologia adotada baseou-se na norma NBR NM 532009
de Determinaccedilatildeo de massa especiacutefica massa especiacutefica aparente e absorccedilatildeo de aacutegua
de agregados grauacutedos e na norma NBR 108381988 de Solo - Determinaccedilatildeo da massa
especiacutefica aparente de amostras indeformadas com emprego de balanccedila hidrostaacutetica -
Meacutetodo de ensaio O iacutendice de vazios meacutedio foi de 043 e a porosidade de 2975
31
Taxa de infiltraccedilatildeo A forma de determinaccedilatildeo seraacute apresentada no subitem 45
42 Lodo
Coletou-se aproximadamente 200 L de lodo de tanques seacutepticos Cerca de 70 L
de lodo utilizado foram coletados no mecircs de abril de 2013 provenientes de um tanque
seacuteptico operado pela Companhia de Saneamento Baacutesico do Estado de Satildeo Paulo
(SABESP) Sendo um tanque seacuteptico de cacircmara uacutenica com capacidade de
aproximadamente 40 msup3 e atende cerca de 500 famiacutelias no municiacutepio de Satildeo Miguel
Arcanjo ndash SP Ao longo dos 20 anos de operaccedilatildeo desta pequena estaccedilatildeo nunca havia
sido feita a retirada de lodo
Devido a dificuldades com o transporte e a distacircncia entre este tanque seacuteptico e
a universidade natildeo foi possiacutevel coletar a quantidade necessaacuteria utilizada no projeto A
quantidade restante foi entatildeo fornecida pela Sociedade de Abastecimento de Aacutegua e
Esgoto SA (SANASA) O lodo foi retirado do tanque seacuteptico da Estaccedilatildeo de Tratamento
de Esgoto Bandeirantes situada no municiacutepio de Campinas cujo tratamento se daacute por
tanques seacutepticos seguidos de filtro anaeroacutebio A coleta de lodo foi realizada no mecircs de
maio de 2013 Ao contraacuterio do lodo disponibilizado pela SABESP o montante de lodo
retirado desta ETE ainda natildeo estava estabilizado por ter pouca idade e ter sido
realizada uma grande retirada do lodo do tanque cerca de um mecircs antes da data da
coleta Desde entatildeo as aliacutequotas de lodo coletadas foram misturadas e armazenadas
numa caixa drsquoaacutegua de 500 L no Laboratoacuterio de Protoacutetipos
A caracterizaccedilatildeo do lodo foi feita no Laboratoacuterio de Saneamento (LABSAN)
sendo baseada nos seguintes paracircmetros tempo de succcedilatildeo capilar soacutelidos totais
soacutelidos suspensos totais soacutelidos suspensos fixos e volaacuteteis pH e alcalinidade Essa
caracterizaccedilatildeo foi realizada anteriormente a execuccedilatildeo de cada uma das seacuteries
32
Para a dosagem dos poliacutemeros Metcalf amp Eddy (1991) relatam que deve ser
realizada em laboratoacuterio considerando a origem do lodo a sua idade o pH a
alcalinidade e a concentraccedilatildeo de soacutelidos bem como o meacutetodo de desaguamento a ser
utilizado e recomenda a utilizaccedilatildeo do teste de filtraccedilatildeo a vaacutecuo para caacutelculo da
dosagem
Todas as anaacutelises para caracterizaccedilatildeo do lodo foram baseadas no Standard
Methods for the Examination of Water and Wastewater (APHA 2012)
Para a anaacutelise do teor de soacutelidos da torta seca dos sistemas homogeneizou-se
inicialmente a torta obtida de cada sistema utilizando-se uma aliacutequota de
aproximadamente 0005 kg que foi pesada em balanccedila analiacutetica jaacute na caacutepsula A
amostra entatildeo foi deixada por no miacutenimo 12h em estufa a 100ordmC para obtenccedilatildeo dos
Soacutelidos Totais Para os Soacutelidos Totais Fixos e Volaacuteteis a metodologia foi adaptada para
evitar emissatildeo de fumaccedila devido agrave alta fraccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica presente no lodo
Para isso a amostra natildeo foi colocada na mufla diretamente a 550degC A temperatura foi
escalonada mantendo-se inicialmente a 200ordmC por 30 minutos elevando-se a
temperatura para 300ordmC por mais 30 minutos e entatildeo elevando-se a temperatura para
550degC por mais 1 hora Tambeacutem evitou-se colocar na mufla massas maiores que 0015
kg de lodo seco pois acima desta quantidade verificou-se emissatildeo de fumaccedila
Teste de Jarros Embora natildeo forneccedila dados quantitativos sobre a capacidade
dos poliacutemeros no condicionamento do lodo produz informaccedilatildeo qualitativa (quanto a
formaccedilatildeo de flocos) de forma raacutepida (WPCFM 1988) Por esta razatildeo o teste foi
utilizado para preparo da soluccedilatildeo estoque dos poliacutemeros e para o condicionamento do
lodo para a anaacutelise das dosagens oacutetimas (WPCFM 1988 MORTARA 2011) A Figura 7
ilustra a utilizaccedilatildeo deste meacutetodo no condicionamento do lodo
33
Figura 7 - Teste de jarros para dosagem oacutetima de poliacutemero
Tempo de Succcedilatildeo Capilar conhecido como CST - sua sigla na liacutengua inglesa
para Capillary Suction Time - eacute um dos meacutetodos mais utilizados em pesquisas sobre o
desaguamento do lodo Eacute um teste empiacuterico que auxilia na determinaccedilatildeo da dosagem
oacutetima de poliacutemeros sendo indicado por Vesilind (1988) WPCFM (1988) Metcalf amp
Eddy (1991) Andreoli von Sperling amp Fernandes (2001) Andreoli (2009) e APHA et al
(2012) Apesar do inconveniente de trabalhar com pequenos volumes acarretando na
seleccedilatildeo de uma fase do efluente clarificado e de flocos quando o lodo eacute condicionado
organicamente Ruiz Kaosol amp Wisniewsk (2010) afirmam que o teste ainda estaacute entre
as teacutecnicas mais utilizadas para definiccedilatildeo da filtrabilidade do lodo Algumas destas
razotildees eacute a rapidez e simplicidade na realizaccedilatildeo pois determina em segundos quanto
tempo a aacutegua presente no lodo leva para percorrer um meio poroso atraveacutes de um
equipamento utilizando-se uma pequena quantidade de amostra
Jin Wileacuten amp Lant (2003) verificaram uma boa relaccedilatildeo estatiacutestica entre os valores
de CST e EPS e relacionaram altos valores de floculabilidade hidrofobicidade cargas
negativas das superfiacutecies e viscosidade agrave grande quantidade de aacutegua fiacutesico-
quimicamente ligada e longos CST Contudo constataram que as caracteriacutesticas
morfoloacutegicas determinadas como o tamanho dos flocos dimensatildeo fractal e iacutendice de
34
filamento tecircm estatisticamente fracas correlaccedilotildees com a quantidade de aacutegua ligada
fiacutesico-quimicamente e o tempo do CST
Como ilustra a Figura 8 o teste eacute realizado em um aparelho denominado CST
(Capilary Succcedilatildeo Time) que consiste em duas placas de acriacutelico um cilindro metaacutelico
um filtro de papel trecircs contatos eleacutetricos fixados em dois ciacuterculos concecircntricos que
circundam uma abertura circular no meio da placa e um cronocircmetro
O papel eacute colocado entre as duas placas de acriacutelico e o cilindro metaacutelico eacute
encaixado na abertura circular O teste eacute feito com 68 mL de lodo colocado dentro do
cilindro A aacutegua contida no lodo atravessa o filtro de papel cromatograacutefico (Whatman n
17 tamanho 7 x 9 cm) Apoacutes percorrer 08 cm a aacutegua chega ao ciacuterculo interno que
conteacutem dois dos contatos eleacutetricos dispara-se o cronocircmetro quando a aacutegua percorre
mais 07 cm chegando ao ciacuterculo externo o terceiro contato eleacutetrico para a contagem
do tempo (VESILIND 1988) A Tabela 2 indica os meacutetodos utilizados para anaacutelise do
lodo
Tabela 2 - Meacutetodos utilizados na anaacutelise do lodo
Paracircmetro Meacutetodo Soacutelidos Totais Standard Methods 20 2540
Soacutelidos Suspensos Totais Standard Methods 20 2540 Alcalinidade Standard Methods 20 2320 B
pH Standard Methods 20 4500 B Teste de Succcedilatildeo Capilar Standard Methods 20 2710 G
35
Figura 8 - Aparelho utilizado para aferir o Tempo de Succcedilatildeo Capilar (Capilary Suction Time)
43 Poliacutemeros
Na pesquisa estudou-se o efeito do uso de diferentes poliacutemeros naturais
(moringa mandioca e quiabo) e um sinteacutetico no desaguamento do lodo Ressalva-se
que foram elegidas metodologias simplificadas e de baixo custo cuja produccedilatildeo e
preparo podem se dar em ETE de pequeno porte localizadas em comunidades rurais
eou isoladas Os poliacutemeros sinteacutetico e os naturais oriundos da mandioca e do quiabo
foram aplicados em soluccedilatildeo aquosa e o poliacutemero da moringa foi aplicado em poacute
diretamente sobre o lodo As sementes de moringa foram obtidas do Campo
Experimental da Faculdade de Engenharia Agriacutecola ndash UNICAMP e da Coordenadoria de
Assistecircncia Teacutecnica Integral (CATI) de Pederneiras e Mariacutelia ambas localizadas no
estado de Satildeo Paulo O amido de mandioca eacute extraiacutedo das partes comestiacuteveis da
mandioca sendo conhecido comercialmente por feacutecula ou polvilho doce O quiabo
tambeacutem eacute disponiacutevel comercialmente e foi obtido na Central de Abastecimento SA
36
(CEASA) de Campinas e o poliacutemero sinteacutetico utilizado Superflocreg 8394 foi doado pela
empresa Kemira Os poliacutemeros foram preparados obedecendo os criteacuterios de
simplicidade e baixo custo utilizando as metodologias abaixo
Superflocreg 8394 Eacute uma poliacrilamida catiocircnica de baixo peso molecurar e pode
ser utilizada nas etapas de desaguamento de lodos e clarificaccedilatildeo das aacuteguas numa
ampla variedade de induacutestrias O preparo da soluccedilatildeo estoque foi feito na concentraccedilatildeo
maacutexima indicada pela empresa 05 no teste de jarros com agitaccedilatildeo de
aproximadamente 250 rpm - gradiente de velocidade2 (G) asymp 160 s-1 - por 60 minutos
com o objetivo de homogeneizar totalmente a soluccedilatildeo (KEMIRA [sd]) A soluccedilatildeo foi
aplicada no lodo em teste de jarros com agitaccedilatildeo inicial de 250 rpm por 10 s
diminuindo- se a velocidade para 100 rpm (Gasymp 64 s-1) por mais 5 min
Mandioca (Manihot esculenta Crantz) Para obtenccedilatildeo do poliacutemero da mandioca
seguiu-se as orientaccedilotildees de Dantas amp Di Bernardo (2000) que utilizaram amido de
mandioca catiocircnico waxy (um tipo de amido modificado) Segundo Di Bernardo (2005)
os gracircnulos de amido satildeo insoluacuteveis em aacutegua abaixo de 50degC Para tornaacute-los soluacuteveis
portanto eacute preciso aquecer a suspensatildeo de amido na aacutegua aleacutem da temperatura criacutetica
para que os gracircnulos absorvam a aacutegua e intumesccedilam formando uma pasta gelatinosa
Para obtenccedilatildeo deste amido a feacutecula da mandioca foi aquecida agrave temperatura de 80 plusmn
5degC com agitaccedilatildeo constante ateacute a formaccedilatildeo da pasta gelatinosa como ilustrado na
Figura 9 Preparou-se soluccedilatildeo estoque de 10 gL-1 e adicionou-se ao lodo em teste de
jarros com agitaccedilatildeo inicial de 250 rpm por 10 s diminuindo- se para 100 rpm por mais 5
min
2 Gradiente de velocidade calculado considerando a mesma viscosidade da aacutegua
37
Figura 9 - Preparo da soluccedilatildeo de poliacutemero produzida a partir da mandioca
Moringa (Moringa oleifera) Ilustrada na Figura 10 eacute um poliacutemero catiocircnico e sua
metodologia foi realizada adaptando-se a metodologia de Muyibi et al (2001) e Arantes
Ribeiro amp Paterniani (2012) Primeiramente as sementes foram descascadas e moiacutedas
para obtenccedilatildeo de um poacute sendo posteriormente homogeneizadas em peneira com
abertura de 0125 mm O poacute obtido foi utilizado diretamente sobre o lodo em teste de
jarros com agitaccedilatildeo inicial de 250 rpm por 10 s diminuindo- se a velocidade para 100
rpm por mais 5 min
38
Figura 10 - Semente de Moringa oleiacutefera
FONTE FEAGRI (2004)
Quiabo (Abelmoschus esculentus) Eacute um poliacutemero aniocircnico e adaptou-se a
metodologia apresentada por Abreu Lima (2007) que consiste no uso do fruto do
quiabo maduro e seco (rejeitado pelo consumidor) O processo consistiu na lavagem do
quiabo para remoccedilatildeo de resiacuteduos provenientes do solo exposiccedilatildeo ao sol ateacute a total
secagem dos frutos e moagem em um moedor eleacutetrico Adicionou-se aacutegua destilada ao
poacute que foi obtido nas peneiras de 0841 mm e 0149 mm nas concentraccedilotildees de 50 e 45
gL-1 respectivamente homogeneizando as soluccedilotildees em teste de jarros a 250 rpm ateacute
total dissoluccedilatildeo (cerca de 15 min para a primeira e 2h para a segunda) A primeira
soluccedilatildeo que possuiacutea partiacuteculas maiores do quiabo foi peneirada em funil de Buumlchner
para utilizaccedilatildeo somente da ldquobabardquo formada Essa praacutetica natildeo foi necessaacuteria para a
segunda soluccedilatildeo As duas soluccedilotildees foram adicionadas ao lodo em teste de jarros com
agitaccedilatildeo inicial de 250 rpm por 10 s diminuindo- se para 100 rpm por mais 5 min como
ilustra a Figura 11
39
Figura 11 - Preparo da soluccedilatildeo de poliacutemero produzida a partir do quiabo
44 Montagem dos leitos de secagem
Os sistemas foram montados em escala de bancada sendo que cada leito de
secagem a ser testado foi composto por um tubo de PVC com diacircmetro de 010 m Os
tubos foram acoplados atraveacutes de uma luva a uma reduccedilatildeo excecircntrica de 100 x 50 mm
cujo objetivo eacute facilitar o escoamento da aacutegua percolada minimizando possiacuteveis
perdas O pavimento permeaacutevel foi fixado na parte interna do tubo de PVC e
impermeabilizado no periacutemetro com veda calha impedindo a passagem de aacutegua ou
soacutelidos entre o pavimento e o tubo
Conforme pode ser visualizado na Figura 12 foram construiacutedas trecircs diferentes
composiccedilotildees para o leito de secagem Com o objetivo de evitar diferenccedilas na influecircncia
da evaporaccedilatildeo nos sistemas haacute uma mesma altura livre de 075 m na parte superior de
cada tubo
40
Figura 12 - Sistema de bancada de leito de secagem utilizado na pesquisa
a) Sistema convencional foi construiacutedo baseado nas orientaccedilotildees da
NBR122091992 Sobre o pavimento permeaacutevel foram adicionadas camadas de
aproximadamente 020 m de brita e 015 m de areia A norma prevecirc a utilizaccedilatildeo
de tijolos sobre a camada de brita entretanto desconsiderou-se o uso dos
mesmos devido ao fato de que a infiltraccedilatildeo somente ocorrer entre os vatildeos dos
tijolos onde estaacute presente a areia Neste caso o pavimento permeaacutevel cumpriu
unicamente a funccedilatildeo de sustentar o sistema impedindo o arraste da brita e da
areia para fora do conjunto natildeo interferindo na capacidade drenante do leito
b) Pavimento permeaacutevel O sistema foi composto somente com o pavimento
permeaacutevel
c) Pavimento permeaacutevel acrescido de camada de areia Sobre pavimento
permeaacutevel foi adicionada uma camada de 001 m de areia Neste conjunto foi
41
possiacutevel avaliar se a colocaccedilatildeo de fina camada de areia impediu o entupimento
dos poros do pavimento permeaacutevel pelo lodo
A areia utilizada foi classificada como meacutedia pelo procedimento da NBR NM
2482003 Possuindo diacircmetro efetivo D10 018mm coeficiente de desuniformidade
CD 318 e porosidade de 48
Foram construiacutedos quinze sistemas para a aplicaccedilatildeo do lodo com adiccedilatildeo dos
poliacutemeros separadamente A Tabela 3 ilustra os pavimentos equivalentes aos sistemas
pavimento permeaacutevel (P) pavimento permeaacutevel com adiccedilatildeo de areia (P+A) e
convencional (C)
Tabela 3 - Organizaccedilatildeo dos sistemas
Pavimentos Sistemas Poliacutemeros
1 P (1) Sem poliacutemero
2 P+A (1) Sem poliacutemero
3 C (1) Sem poliacutemero
4 P (2) Sinteacutetico
5 P+A (2) Sinteacutetico
6 C (2) Sinteacutetico
7 P (3) Mandioca
8 P+A (3) Mandioca
9 C (3) Mandioca
10 P (4) Moringa
11 P+A (4) Moringa
12 C (4) Moringa
13 P (5) Quiabo
14 P+A (5) Quiabo
15 C (5) Quiabo
Com o objetivo de evitar influecircncia da precipitaccedilatildeo os sistemas foram dispostos
em local coberto por telhas e cobertura plaacutestica que foi fixada atraacutes da bancada
Abaixo as Figuras 13 e 14 mostram a bancada de experimentaccedilatildeo
42
Figura 13 - Bancada experimental localizada no Laboratoacuterio de Protoacutetipos
Figura 14 - Detalhe dos sistemas em utilizaccedilatildeo na bancada experimental
43
45 Taxa de infiltraccedilatildeo
A taxa de infiltraccedilatildeo foi determinada a partir de testes realizados com cada
sistema O teste consistiu na manutenccedilatildeo de uma altura de coluna de aacutegua constante
sobre os leitos em estudo e com a coleta e mediccedilatildeo do volume de aacutegua percolada
atraveacutes do pavimento a cada 5 segundos3 Este teste foi feito em quintuplicata tendo-se
em vista a obtenccedilatildeo de um conjunto confiaacutevel de dados
Com o objetivo de avaliar a viabilidade da reutilizaccedilatildeo dos pavimentos apoacutes a sua
primeira utilizaccedilatildeo estes foram limpos com lavadora de alta pressatildeo para retirar
partiacuteculas residuais de lodo que restaram nos sistemas Depois da limpeza os
pavimentos foram submetidos a um novo teste de infiltraccedilatildeo Quando estes
apresentaram resultados significativamente inferiores ao primeiro teste foram
mergulhados em aacutegua com soluccedilatildeo detergente por uma semana com o propoacutesito de
dissolver oacuteleos e graxas possivelmente aderidos aos pavimentos Descartaram-se
aqueles que apresentaram taxas de infiltraccedilatildeo discrepantes para isso foi utilizado o
meacutetodo estatiacutestico de normalidade
Posteriormente foram calculadas as taxas de infiltraccedilatildeo dos sistemas
convencional e pavimento permeaacutevel acrescido de camada de areia obedecendo-se os
mesmos criteacuterios de validaccedilatildeo estatiacutestica
46 Avaliaccedilatildeo dos sistemas quanto ao desaguamento do lodo
Para anaacutelise da eficiecircncia do desaguamento nos sistemas foi comparado o
volume de lodo aplicado sobre os leitos e a aacutegua percolada de cada sistema ao longo
do tempo Para mensuraccedilatildeo do volume de aacutegua percolado colocou-se abaixo de cada
sistema um beacutequer que armazenou a aacutegua percolada No primeiro dia realizou-se um
monitoramento por 12 h sendo que o intervalo de tempo entre as coletas foi
significativamente menor nas primeiras horas devido ao desaguamento mais intenso
3 O tempo foi determinado em funccedilatildeo da capacidade de afericcedilatildeo da vazatildeo infiltrada de modo que tempos
maiores teriam infiltraccedilotildees aleacutem da capacidade de medida dos instrumentos utilizados no experimento
44
A avaliaccedilatildeo do desaguamento do lodo seria realizada na seguinte ordem Seacuterie
1 Sem adiccedilatildeo de poliacutemero Seacuterie 2 Adiccedilatildeo de poliacutemero sinteacutetico Seacuterie 3 Adiccedilatildeo de
poliacutemero extraiacutedo da Mandioca Seacuterie 4 Adiccedilatildeo de poliacutemero extraiacutedo da Moringa Seacuterie
5 Adiccedilatildeo de poliacutemero extraiacutedo do Quiabo como ilustrado na Tabela 4 As seacuteries foram
realizadas em triplicata
Tabela 4 - Avaliaccedilatildeo dos sistemas
Seacuterie Poliacutemero Sistema
Seacuterie 1 Sem adiccedilatildeo de poliacutemero
Pavimento permeaacutevel
Pavimento permeaacutevel + areia
Convencional
Seacuterie 2 Poliacutemero sinteacutetico
Pavimento permeaacutevel
Pavimento permeaacutevel + areia
Convencional
Seacuterie 3 Mandioca
Pavimento permeaacutevel
Pavimento permeaacutevel + areia
Convencional
Seacuterie 4 Moringa
Pavimento permeaacutevel
Pavimento permeaacutevel + areia
Convencional
Seacuterie 5 Quiabo
Pavimento permeaacutevel
Pavimento permeaacutevel + areia
Convencional
461 Avaliaccedilatildeo do desaguamento sem adiccedilatildeo de poliacutemero (Seacuterie 1)
Para a disposiccedilatildeo nos leitos de secagem utilizou-se volume de 20 L de lodo
para cada sistema em todas as seacuteries
45
462 Avaliaccedilatildeo do desaguamento com adiccedilatildeo de poliacutemeros (Seacuteries 2 a 5)
Para as amostras de lodo que tiveram adiccedilatildeo de poliacutemero foi utilizado o Teste de
Jarros para preparo da soluccedilatildeo estoque e condicionamento do lodo para a avaliaccedilatildeo da
dosagem e formaccedilatildeo de flocos Atraveacutes do CST determinou-se a dosagem oacutetima dos
poliacutemeros (Item 42) Apoacutes esta etapa obedeceu-se a mesma metodologia empregada
na dosagem isto eacute primeiramente o lodo foi condicionado com poliacutemero sendo entatildeo
aplicado nos sistemas
463 Sistema controle
Aleacutem dos sistemas com lodo utilizou-se um controle para aferir a quantidade de
aacutegua sujeita a evaporaccedilatildeo no local Este controle consistiu em uma coluna drsquoaacutegua feita
de tubo de PVC do mesmo modo em que o utilizado nos sistemas de desaguamento
permitindo a comparaccedilatildeo entre o volume de aacutegua inicial (2 L) e o restante apoacutes o tempo
despendido pelo desaguamento Para isso utilizou-se o princiacutepio dos vasos
comunicantes ilustrado na Figura 15
46
Figura 15 - Coluna drsquoaacutegua utilizada como controle na bancada experimental
464 Avaliaccedilatildeo do Lodo Desaguado
As amostras de torta seca foram retiradas quando os desaguamentos dos
sistemas cessaram Analisou-se o teor de umidade obtido em cada sistema expresso
pela anaacutelise de Soacutelidos Totais
47
5 RESULTADOS
51 Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas
O teste para determinaccedilatildeo da taxa de infiltraccedilatildeo foi realizado em todos os
pavimentos e nos sistemas de pavimento com adiccedilatildeo de areia e convencional
Primeiramente realizou-se os testes nos quinze pavimentos A meacutedia encontrada foi de
1144 mL plusmn 6229 e CV 005 (em 5 segundos de infiltraccedilatildeo) Verificou-se que as taxas de
infiltraccedilatildeo de aacutegua dos mesmos tinham indiacutecios de normalidade4 em seguida fez-se o
boxplot (Figura 34 Apecircndice B) e verificou-se a existecircncia de dois valores atiacutepicos (768
e 852 mL) por fim buscou-se confirmar se estes pontos apontados eram taxas de
infiltraccedilatildeo fora do padratildeo apresentado pelos demais pavimentos Observa-se que estes
dois pavimentos (2 e 14) foram utilizados em testes preliminares com o objetivo de
verificar a viabilidade do projeto Como seriam avaliados tambeacutem o pavimento
permeaacutevel com adiccedilatildeo de areia utilizou-se esses pavimentos nestes sistemas pois a
taxa de infiltraccedilatildeo neste caso eacute menor devido a esta camada de areia possibilitando
seu uso para este fim
A taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas pavimento permeaacutevel acrescido de areia e
convencional foram calculados do mesmo modo A meacutedia destes foi de 182 mL plusmn 209 e
CV 01 para o primeiro e de 526 mL plusmn1433 e CV 027 para o segundo
52 Caracterizaccedilatildeo do lodo bruto
Realizou-se caracterizaccedilatildeo do lodo durante o periacuteodo de agosto a fevereiro de
2014 Observou-se que o lodo sofreu perda de aacutegua deste periacuteodo devido agraves condiccedilotildees
de acondicionamento uma vez que recebeu forte insolaccedilatildeo e o recipiente em que
estava natildeo possuiacutea condiccedilotildees ideais de vedaccedilatildeo tendo possivelmente uma perda de
aacutegua livre por evaporaccedilatildeo elevando o valor de soacutelidos Para caracterizaccedilatildeo deste lodo
no entanto os valores obtidos de Soacutelidos Totais foram considerados respeitando-se o
4 Isto eacute que tem indiacutecios de uma distribuiccedilatildeo de probabilidade normal
48
intervalo de confianccedila conforme o Boxplot da Figura 30 Apecircndice A Todavia o pH e a
alcalinidade natildeo sofreram interferecircncia com estas condiccedilotildees A Tabela 5 mostra que o
lodo utilizado foi mais concentrado que usualmente encontrado na literatura (tendo em
meacutedia 77634 mgL-1 de ST plusmn 669003 e CV 009) mas como citado por Andreoli (2009)
o lodo de tanque seacuteptico possui grande variabilidade e dependendo da forma em que eacute
retirado pode apresentar-se mais ou menos concentrado
Tabela 5 - Comparaccedilatildeo entre dados encontrados na literatura e na presente pesquisa
Paracircmetros PHILIPPI et
al (1999) Withers Jarvie amp Stoate (2011)
Moussavi Kazembeigi amp
Farzadkia (2010) Neste trabalho
Meacutedia Meacutedia Meacutedia Meacutedia plusmn CV
ST (mgL-1
) 1083 - 1070 77634 66900 009
STV (mgL-1
) 673 - - 35164 23127 007
pH 66 73 73 70 02 003
Alcalinidade (mg CaCO3L
-1)
- 6085 480 2300 3438 015
49
Os Soacutelidos Totais e Soacutelidos Suspensos Totais fazem parte do conjunto de
paracircmetros mais importantes do lodo e satildeo dependentes do tipo de processo de
tratamento de esgoto e do tratamento do lodo Tiacutepicas concentraccedilotildees de ST estatildeo na
faixa de 2 a 12 no lodo bruto e 12 a 30 no lodo desaguado No lodo seco ou
compostado esses valores podem alcanccedilar 50 (SHAMMAS amp WANG 2008)
Outro importante paracircmetro eacute a relaccedilatildeo entre os Soacutelidos Totais Volaacuteteis e
Soacutelidos Totais (STVST) que de acordo com Metcalf amp Eddy (1991) Shammas amp Wang
(2008) e Andreoli (2009) eacute uma boa indicaccedilatildeo da fraccedilatildeo orgacircnica dos soacutelidos e de seu
niacutevel de digestatildeo A relaccedilatildeo encontrada neste trabalho foi em meacutedia de 046 sendo
valores proacuteximos aos encontrados por Andreoli et al (2009) em RAFA de 055
A relaccedilatildeo meacutedia de SSVSST neste trabalho foi de 047 plusmn001 e CV 002
semelhante agrave encontrada para STVST Moussavi Kazembeigi amp Farzadkia (2010)
correlacionaram os valores de SSVSST tambeacutem em tanque seacuteptico com o mesmo
objetivo e essa relaccedilatildeo foi de 057 classificando o lodo como estabilizado
Eacute necessaacuterio observar que a relaccedilatildeo entre STVST tiacutepica de um lodo primaacuterio eacute
de 075 a 080 proacutepria de lodos natildeo digeridos (METCALF amp EDDY 1991 ANDREOLI
VON SPERLING amp FERNANDES 2001 ANDREOLI et al 2009) O lodo proveniente de
tanques seacutepticos eacute classificado como lodo primaacuterio como o gerado em decantadores
primaacuterios Contudo diferentemente deste uacuteltimo o lodo de tanques seacutepticos sofre
digestatildeo anaeroacutebia
Os lodos digeridos tecircm valores entre 060 e 065 (ANDREOLI VON SPERLING
amp FERNANDES 2001) Apesar disso a Resoluccedilatildeo CONAMA 37506 afirma que os
lodos de esgoto que apresentem relaccedilatildeo (STVST) inferiores a 070 jaacute satildeo
considerados estaacuteveis para fins de utilizaccedilatildeo agriacutecola (BRASIL 2006)
Entretanto lodos que se adequam a essa relaccedilatildeo podem conter quantidades
significativas de areia e outros componentes inorgacircnicos que contribuem para o
aumento de soacutelidos fixos A baixa relaccedilatildeo entre soacutelidos volaacuteteis e soacutelidos totais pode
natildeo ser a mais adequada para indicaccedilatildeo do niacutevel de mineralizaccedilatildeo do lodo e de seu
impacto no solo A NBR 122091992 conceitua lodo estabilizado como aquele natildeo
sujeito a putrefaccedilatildeo poreacutem a quantificaccedilatildeo de STV natildeo eacute um indicador direto deste
50
fenocircmeno Existem algumas metodologias que fornecem essa indicaccedilatildeo como a
determinaccedilatildeo do potencial de mineralizaccedilatildeo do carbono e nitrogecircnio e de foacutesforo
atraveacutes da quantificaccedilatildeo de CO2 nitrogecircnio na forma de amocircnio e nitrogecircnio na forma
de nitrato (N-NH4+ e N-NO3
-) e extraccedilatildeo de foacutesforo como realizado por Tognetti et al
(2008)
Outro meacutetodo relativamente simples e amplamente utilizado eacute a respirometria de
Bartha que quantifica a produccedilatildeo de CO2 produzida pela microbiota quando em contato
com um composto natildeo presente naturalmente no solo medindo de maneira indireta
sua atividade metaboacutelica para degradaccedilatildeo destes compostos que mesmo sendo
orgacircnicos podem ser recalcitrantes Essa teacutecnica pode ser utilizada na anaacutelise da
biodegradabilidade do lodo para fins de utilizaccedilatildeo agriacutecola por medir o impacto de sua
aplicaccedilatildeo no solo (CLARKE TAYLOR amp COSSINS 2007)
Em relaccedilatildeo agrave alcalinidade e ao pH pode-se afirmar que satildeo os paracircmetros mais
importantes entre as anaacutelises quiacutemicas simples que verificam a qualidade do lodo
Visto que o pH determina as espeacutecies coagulantes que seratildeo utilizadas no
condicionamento bem como a natureza das cargas superficiais dos coloides (WPCF
1988) Aleacutem disso concentraccedilotildees elevadas de iacuteons de caacutelcio contribuem para melhora
do desaguamento do lodo (JIN WILEacuteN amp LANT 2003) Contudo no uso de
condicionantes inorgacircnicos a alta alcalinidade associada a lodos digeridos
anaeroacutebiamente pode levar a altas doses desses coagulantes pois se comportam
como aacutecidos quando satildeo adicionados a aacutegua isto eacute reduzem o pH da mistura gerada
(WPCF 1988)
53 Dosagem oacutetima dos poliacutemeros
A avaliaccedilatildeo das dosagens dos poliacutemeros baseou-se primeiramente na formaccedilatildeo de
flocos no teste de jarros Nas dosagens onde houve essa formaccedilatildeo realizou-se o
tempo de succcedilatildeo capilar (CST) comparando-se com os resultados do lodo sem
poliacutemero Segundo WPCF (1988) valores tiacutepicos para o Tempo de Succcedilatildeo Capilar
(CST) de lodo natildeo condicionado satildeo de aproximadamente 200 segundos O lodo em
51
estudo teve uma meacutedia de 2338 plusmn 1723 segundos demonstrando que seu
desaguamento ideal eacute ligeiramente mais lento do que lodos usualmente encontrados
Um dos fatores que influencia longos tempos de CST eacute a concentraccedilatildeo de soacutelidos Por
isso analisou-se esse paracircmetro nas aliacutequotas de lodo utilizadas em cada teste
Apesar da concentraccedilatildeo de soacutelidos no lodo estudado ser alta pode natildeo ser a uacutenica
responsaacutevel por estes resultados como jaacute mencionado outros fatores podem interferir
no desaguamento como o tipo de aacutegua encontrada no lodo e a alcalinidade (VESILIND
1988 WPCF 1988 VESILIND1994)
Para a dosagem oacutetima dos poliacutemeros o criteacuterio utilizado foi de acordo com WPCF
(1988) que indica que um lodo bem condicionado natildeo deve ultrapassar 10 segundos
no teste CST Sendo assim escolheu-se a menor dosagem dentre as que tiveram
resultados inferiores a 10 segundos As dosagens dos poliacutemeros que foram testadas
podem ser vistas na Tabela 6 e nos subitens 531 532 533 e 534
52
Tabela 6 - Dosagens testadas dos poliacutemeros utilizados na pesquisa
Poliacutemeros
Kemira 8394 reg Mandioca Moringa Quiabo
Dosagens testadas
(gL-1)
005 200 600 1000
010 250 800 1500
020 300 1000 2000
040
1200 1000
050
1400 1500
060
1600 2000
1800
2000
2200
2400
2600
2800
3000
3200
3400
3600
3800
4000
4200
4400
4600
4800
5000
6000
7000
9000
12000
531 Poliacutemero Sinteacutetico
Foram realizados dois testes de dosagem para o poliacutemero sinteacutetico uma em agosto
de 2013 e outra em fevereiro de 2014 devido ao intervalo relativamente grande entre a
primeira e a segunda seacuterie de desaguamento No primeiro teste as dosagens
53
analisadas foram de 005 010 020 e 040 gL-1 sendo encontrada a dosagem ideal
de 020 g L-1 Calculando a dosagem em funccedilatildeo da concentraccedilatildeo de soacutelidos do lodo
obteacutem-se que a dosagem ideal foi de 68 g kg ST-1 ressalta-se que o caacutelculo foi
realizado em funccedilatildeo dos ST e natildeo como o indicado por Andreoli von Sperlin
Fernandes (2001) que fazem em funccedilatildeo de SST devido ao fato do condicionamento
quiacutemico natildeo agir somente nos SST mas tambeacutem em partiacuteculas coloidais e dissolvidas
presentes no lodo (LIBAcircNIO 2005) Uma vez obtida a relaccedilatildeo ideal entre poliacutemero e
ST adicionou-se ao lodo em todos as seacuteries a mesma dosagem
No segundo teste foram utilizadas as seguintes dosagens 040 050 e 060 gL-1
A dosagem ideal obtida no teste foi de 050 g L-1 Os tempos registrados no CST
podem ser observados na Tabela 7
Tabela 7 - Resultados obtidos no CST nas dosagens de poliacutemero testadas
Poliacutemero Sinteacutetico
Dosagem (gL-1) Meacutedia plusmn CV
0055 - - -
010 106 14 01
020 74 15 02
040 1107 14 01
040 109 45 04
050 64 21 03
060 925 07 01
532 Mandioca
Preparou-se soluccedilatildeo estoque de 10 gL-1 A concentraccedilatildeo esteve em funccedilatildeo do
limite de saturaccedilatildeo da mistura da aacutegua com a feacutecula de mandioca visto que acima
desta concentraccedilatildeo a soluccedilatildeo natildeo se solubilizava por completo Apesar da
concentraccedilatildeo da soluccedilatildeo ser muito superior a testes realizados em aacutegua por Dantas amp
5 Como citado na literatura o CST foi feito somente nas dosagens em que houve formaccedilatildeo de flocos
54
Di Bernardo (2000) de 10 gL-1 natildeo foi possiacutevel testar grandes dosagens jaacute que isso
implicaria em um grande volume de poliacutemero superior inclusive ao volume de lodo
utilizado o que inviabilizaria sua aplicaccedilatildeo As dosagens testadas foram de 20 25 e
30 gL-1 sendo que em nenhuma delas houve a formaccedilatildeo de flocos Ressalva-se que
foi possiacutevel realizar essas dosagens utilizando-se volumes de lodo menores que os de
poliacutemero mantendo-se assim o volume total de 2 L no teste de jarros
Os testes mostraram que pela metodologia empregada no presente projeto natildeo foi
possiacutevel utilizar o poliacutemero obtido a partir da mandioca como condicionante de lodo de
esgoto natildeo sendo realizados testes de desaguamento nos sistemas Possivelmente
seriam necessaacuterias dosagens extremamente elevadas deste poliacutemero para a obtenccedilatildeo
de resultados positivos no lodo que foi utilizado como auxiliar de coagulaccedilatildeo no
tratamento de aacutegua por Di Bernardo (2000)
533 Moringa
As concentraccedilotildees testadas iniciaram em 60 gL-1 - dosagem oacutetima de poacute seco
obtida por Muyibi et al (2001) As demais dosagens foram de 80 100 120 140
160 180 200 220 240 260 280 300 320 340 360 380 400 420 440
460 480 500 600 700 900 1200 g L-1 Natildeo houve formaccedilatildeo de flocos em
nenhuma dosagem Ressalva-se que o teste foi limitado pela quantidade poacute obtido pelo
descascamento seleccedilatildeo moagem e peneiramento das sementes de moringa
Existem diversos fatores que podem contribuir para a natildeo correlaccedilatildeo de resultados
obtidos no presente estudo e os relatados na literatura Dentre eles nota-se que apesar
de Muyibi et al (2001) terem conseguido obter resultados positivos no condicionamento
do lodo pela moringa os testes realizados para tal natildeo satildeo os mesmos realizados nesta
pesquisa os pesquisadores utilizaram teste de resistecircncia especiacutefica e de reduccedilatildeo de
volume do lodo em teste de jarros Aleacutem disso o meacutetodo de preparo do poacute seco
utilizado no experimento natildeo eacute detalhado podendo sofrer variaccedilotildees importantes que
podem interferir nos resultados Outro fator importante eacute a concentraccedilatildeo de soacutelidos do
lodo utilizado no trabalho que em momento algum eacute fornecida pelos autores apenas
55
afirmam que o lodo eacute proveniente de uma ETE Como haacute uma correlaccedilatildeo positiva entre
a concentraccedilatildeo de soacutelidos do lodo e a dosagem de condicionantes caso este lodo seja
menos concentrado que o lodo utilizado no presente projeto provavelmente as
dosagens dos condicionantes empregados seratildeo menores
534 Quiabo
Para os testes com o quiabo foram empregadas duas metodologias que se
diferem somente na abertura das peneiras utilizadas Na primeira o peneiramento foi de
0841 mm e na segunda o peneiramento foi de 0149 mm Ambos tiveram soluccedilatildeo
estoque com concentraccedilatildeo de 50 g L-1 (limite de saturaccedilatildeo) e as mesmas dosagens
testadas de 100 150 e 200 g L-1 Ressalta-se que as dosagens foram limitadas pela
quantidade de poacute obtido no processo para se obter aproximadamente 01 kg do poacute
mais fino utilizou-se 15 kg de quiabo jaacute que grande parte desta massa eacute aacutegua e eacute
necessaacuterio secaacute-lo moecirc-lo e peneiraacute-lo Em todas as dosagens testadas natildeo se
verificou a formaccedilatildeo de flocos Um dos fatores que pode ter contribuiacutedo para a natildeo
formaccedilatildeo de flocos eacute o fato do poliacutemero ser aniocircnico conforme apontado por Abreu
Lima (2007)
535 Avaliaccedilatildeo geral da dosagem dos poliacutemeros
Natildeo foram encontradas dosagens oacutetimas para o condicionamento do lodo de esgoto
de tanque seacuteptico quando utilizou-se os poliacutemeros naturais oriundos da mandioca
moringa e quiabo Destaca-se que foram avaliadas somente algumas metodologias
simplificadas adequadas a ETE de pequeno porte localizadas em comunidades
isoladas eou rurais Eacute possiacutevel que existam resultados positivos caso empregue-se
outras metodologias mais complexas que aumentem a concentraccedilatildeo dos poliacutemeros em
volumes viaacuteveis para aplicaccedilatildeo no lodo de esgoto uma vez que outras pesquisas
relataram sua eficiecircncia no tratamento de aacutegua esgoto e condicionamento do lodo
Em relaccedilatildeo ao poliacutemero orgacircnico sinteacutetico a dosagem oacutetima encontrada eacute viaacutevel
para aplicaccedilatildeo Poreacutem eacute importante considerar que a utilizaccedilatildeo de poliacutemeros orgacircnicos
56
sinteacuteticos incrementa custos significativos agrave operaccedilatildeo da ETE bem como matildeo-de-obra
especializada para sua manipulaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo
54 Desaguamento do lodo nos sistemas
Como explicado anteriormente as seacuteries satildeo as replicatas da anaacutelise de
desaguamento do lodo ao longo do tempo na escala de bancada Para cada seacuterie
utilizou-se 2 L de lodo de esgoto a carga meacutedia aplicada no projeto foi de 1880
kgSTm-2 com plusmn 263 e CV 014 ou seja tem-se indiacutecios estatiacutesticos de que a meacutedia eacute
representativa Em todas as seacuteries considerou-se o teacutermino do desaguamento quando
a percolaccedilatildeo parou nos sistemas ou seja quando o volume coletado foi de 0 mL Eacute
importante observar que as condiccedilotildees climaacuteticas variaram consideravelmente no
periacuteodo em que as seacuteries foram realizadas deste modo verifica-se que a influecircncia da
temperatura e da evaporaccedilatildeo foram diferentes em cada uma das seacuteries Na Tabela 8
satildeo apresentadas as condiccedilotildees relativas a cada uma das seacuteries No Apecircndice B as
Figura 41 42 43 44 e 45 exibem as temperaturas diaacuterias registradas e a evaporaccedilatildeo
da coluna drsquoaacutegua (Sistema controle item 463)
Tabela 8 - Temperatura evaporaccedilatildeo e duraccedilatildeo das seacuteries
Sem poliacutemero Poliacutemero Sinteacutetico
Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie IV
TdegC Maacutex 341 357 371 271 370 343 343
TdegC Min 96 132 160 65 203 160 160
Evaporaccedilatildeo coluna daacutegua ()
180 200 320 15 160 40 40
Iniacutecio 030913 291013 280114 280913 060214 180214 180214
Duraccedilatildeo (dias) 350 390 280 40 80 50 50
Em que TdegC Maacutex Temperatura Maacutexima TdegC Min Temperatura Miacutenima
Na Tabela 9 satildeo apresentados os volumes desaguados os teores de soacutelidos das
tortas secas resultantes dos sistemas de bancada a meacutedia amostral e a meacutedia
ajustada6 de cada sistema Esta uacuteltima eacute decorrente de um ajuste de um modelo linear
6 A meacutedia ajustada decorre da meacutedia geral das categorias tomadas como sendo iguais incluindo um erro
aleatoacuterio
57
normal Desta forma eacute possiacutevel verificar se haacute diferenccedilas significativas entre os valores
amostrais Os boxplot dos volumes amostrais e dos ajustados podem ser visualizados
nas Figura 46 e 47 (Apecircndice B)
No que se refere ao volume desaguado haacute indiacutecios estatiacutesticos de que tanto nas
seacuteries sem adiccedilatildeo de poliacutemero e com adiccedilatildeo de poliacutemero nos sistemas pavimento
permeaacutevel e pavimento permeaacutevel acrescido de areia as meacutedias natildeo tecircm diferenccedila
significativa como observado na Figura 47 Todavia comparando-se estes sistemas ao
convencional a diferenccedila eacute significativa segundo a anaacutelise de variacircncia
No tocante ao teor de soacutelidos da torta seca comparando-se o condicionamento ou
natildeo do lodo verificou-se que o lodo sem poliacutemero produziu tortas com igual umidade
que o lodo condicionado visto que quando se comparou os valores de ST nos sistemas
com ou sem poliacutemero natildeo se verificou diferenccedila significativa Examinando-se o
desempenho dos sistemas notou-se que natildeo haacute diferenccedila significativa de ST entre
pavimento permeaacutevel e pavimento permeaacutevel e areia Todavia haacute diferenccedila entre estes
e o convencional segundo a anaacutelise de variacircncia verificado nos boxplot da Figura 48
(Apecircndice B) Ademais como realizado no volume desaguado ajustou-se um modelo
linear em que calculou-se uma meacutedia ajustada para cada sistema como pode ser visto
na Figura 49 do Apecircndice B
58
Tabela 9 - Resultados do desaguamento do lodo de esgoto de tanque seacuteptico
Seacuteries
Sem poliacutemero Poliacutemero Sinteacutetico
P P+A C P P+A C
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
I 1960 540 2208 578 2824 561 2412 1484 2645 1413 2980 1232
II 2777 665 2967 675 3279 492 2503 1411 262 1377 2753 1145
III 2487 628 2824 609 2872 587 2327 1481 2473 1513 2843 1265
IV - - - - - - 2336 1479 - - - -
Meacutedia 2408 611 2667 621 2992 547 2395 1464 2519 1434 2859 1214
plusmn 414 6421 403 4954 250 4910 088 4131 093 7047 114 6199
CV 1720 1051 1512 798 836 898 368 282 369 491 400 511
Meacutedia ajustada
7
2503 64451 2503 64451 2925 48931 2503 142656 2503 142656 2925 127136
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia C Convencional ST Soacutelidos Totais plusmn Desvio Padratildeo CV Coeficiente de Variaccedilatildeo
7 A meacutedia ajustada demonstra que estatisticamente certos valores satildeo iguais
59
541 Sistema composto por Pavimento Permeaacutevel
a) Lodo natildeo condicionado
Para o lodo sem adiccedilatildeo de poliacutemero desaguado em pavimento permeaacutevel o
desaguamento foi respectivamente de 540 665 e 628 mL nas seacuteries I II e III Nota-se
que houve pequenas variaccedilotildees nas trecircs seacuteries justificadas em parte pela variabilidade
das condiccedilotildees climaacuteticas e em parte pela variabilidade normal na reproduccedilatildeo dos
experimentos Contudo eacute possiacutevel notar um comportamento geral das seacuteries onde o
desaguamento eacute mais intenso nas primeiras 70 horas e mais ameno nas restantes A
Figura 16 mostra a evoluccedilatildeo do desaguamento no sistema composto por pavimento
permeaacutevel
Figura 16 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento permeaacutevel com lodo de esgoto sem poliacutemero
0
100
200
300
400
500
600
700
0 200 400 600 800 1000
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo em pavimento permeaacutevel
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
60
b) Lodo condicionado
Para o lodo com adiccedilatildeo de poliacutemero o desaguamento foi realizado em quatro
seacuteries e o volume percolado foi de 1484 1411 1481 e 1479 mL nas seacuteries I II III e IV
respectivamente A seacuterie IV foi realizada somente para verificar se haveria diferenccedila no
desaguamento do pavimento permeaacutevel em decorrecircncia do aumento da taxa de
infiltraccedilatildeo ocasionada na segunda lavagem dos sistemas como seraacute exposto no item
59 Realizou-se o desaguamento concomitantemente com a terceira seacuterie do lodo
condicionado Observa-se um comportamento geral nas seacuteries semelhante ao lodo sem
condicionamento intensidade de desaguamento maior nas primeiras horas e menor
nas demais Contudo diferentemente do lodo natildeo condicionado o desaguamento foi
mais intenso nas primeiras 3 h quando adicionou-se o poliacutemero Estes resultados
evidenciam que o condicionamento do lodo com poliacutemeros aumenta radicalmente natildeo
soacute a taxa de desaguamento mas tambeacutem o volume de aacutegua percolado chegando a ser
em meacutedia 5803 maior que nas seacuteries sem poliacutemero utilizando-se o mesmo sistema
Tanto a raacutepida percolaccedilatildeo quanto o maior volume devem-se agraves pontes quiacutemicas
formadas entre o poliacutemero e aos soacutelidos presentes no lodo que agregam-se em flocos
facilitando a sua separaccedilatildeo da aacutegua livre (LIBAcircNIO 2005 WPCFM 1988) O
hidrograma gerado pode ser observado na Figura 17
61
Figura 17 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento permeaacutevel com lodo de esgoto com adiccedilatildeo de poliacutemero
542 Sistema composto por Pavimento Permeaacutevel e areia
a) Lodo natildeo condicionado
O sistema composto por pavimento permeaacutevel com adiccedilatildeo de areia natildeo teve
diferenccedilas significativas em relaccedilatildeo ao composto somente por pavimento permeaacutevel
tendo comportamento semelhante a este e desaguando 578 675 e 609 mL
respectivamente nas seacuteries I II e III como observado na Figura 18
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
0 10 20 30 40 50 60 70
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo com adiccedilatildeo de poliacutemero sinteacutetico em pavimento permeaacutevel
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
Seacuterie IV
62
Figura 18 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento permeaacutevel com lodo de esgoto sem poliacutemero
a) Lodo condicionado
Como os sistemas anteriores o lodo com adiccedilatildeo de poliacutemero sinteacutetico teve
desempenho superior ao sem condicionamento com 1413 1377 e 1513 mL de
desaguamento nas seacuteries I II e III respectivamente O hidrograma deste sistema pode
ser visto na Figura 19
0
100
200
300
400
500
600
700
800
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo em pavimento permeaacutevel e areia
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
63
Figura 19 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento permeaacutevel e areia com
lodo de esgoto com adiccedilatildeo de poliacutemero
543 Sistema Convencional
a) Lodo natildeo condicionado
Para o lodo sem adiccedilatildeo de poliacutemero desaguado em sistema convencional o
volume percolado foi de 561 492 e 587 mL respectivamente nas seacuteries I II e III
Apesar da seacuterie II ter um desaguamento menor e mais lento que as seacuteries I e II essa
diferenccedila natildeo eacute estatisticamente relevante como observado no boxplot da Figura 46 no
Apecircndice B Nota-se tambeacutem que o desaguamento na Seacuterie III foi mais raacutepido uma
das razotildees apontadas pode ser a alta temperatura e evaporaccedilatildeo registradas neste
periacuteodo sendo este comportamento observado nos sistemas compostos por pavimento
permeaacutevel e pavimento permeaacutevel com camada de areia
Ainda que verifiquem-se algumas diferenccedilas entre as seacuteries eacute possiacutevel constatar
o mesmo comportamento geral registrado nos sistemas anteriores onde o
desaguamento foi mais intenso nas primeiras horas e mais lento nas demais conforme
hidrograma exposto na Figura 20
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo com poliacutemero sinteacutetico em pavimento permeaacutevel e areia
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
64
Figura 20 - Hidrograma do desaguamento do sistema convencional com lodo de esgoto sem poliacutemero
b) Lodo condicionado
Para o lodo condicionado com poliacutemero o volume desaguado foi maior e grande
parte foi percolado nos primeiros minutos comportamento observado em todas as
seacuteries O sistema convencional desaguou nas seacuteries I II e III 1232 1145 e 1265 mL
respectivamente volumes menores que os demais sistemas Devido ao raacutepido
desaguamento deste lodo pode-se afirmar que a evaporaccedilatildeo exerce pouca influecircncia
neste processo sendo a drenagem o principal mecanismo Apesar da evidente
discrepacircncia de volume e tempo de desaguamento na seacuterie II natildeo houve diferenccedila
estatiacutestica entre as demais seacuteries como comprovado pelo boxplot da Figura 46 no
Apecircndice B A Figura 21 mostra o hidrograma deste desaguamento
0
100
200
300
400
500
600
700
0 200 400 600 800 1000
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo em sistema convencional
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
65
Figura 21 - Hidrograma do desaguamento do sistema convencional com lodo de esgoto com adiccedilatildeo de poliacutemero
55 Teor de soacutelidos das tortas secas
Analisou-se tambeacutem os teores de soacutelidos nas tortas secas obtidos em cada
sistema Nota-se que apesar da maior percolaccedilatildeo dos sistemas compostos por
pavimento permeaacutevel e pavimento permeaacutevel com areia os melhores valores foram do
sistema convencional tanto para o lodo sem condicionamento quanto para o lodo
condicionado Esses resultados provavelmente decorrem da retenccedilatildeo de parte da aacutegua
percolada pela camada de areia do sistema fazendo com que o volume total percolado
natildeo consiga atravessar toda a camada de areia e a camada de brita do sistema ateacute ser
coletado no recipiente
Constatou-se que natildeo houve diferenccedila significativa na utilizaccedilatildeo ou natildeo de
poliacutemero ou seja os sistemas produziram tortas secas de semelhante teor quando natildeo
adicionou-se poliacutemero e quando adicionou-se Tambeacutem natildeo houve diferenccedila
significativa entre os sistemas pavimento permeaacutevel e pavimento permeaacutevel acrescido
de areia Poreacutem houve entre os mesmos e sistema convencional como mostra a
Figura 49 no Apecircndice B O teor de soacutelidos no sistema pavimento permeaacutevel sem
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo com adiccedilatildeo de poliacutemero sinteacutetico em sistema convencional
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
66
condicionamento foi em meacutedia de 2408 plusmn414 enquanto que o lodo condicionado a
meacutedia foi de 2395 plusmn 088 No sistema pavimento permeaacutevel e areia a meacutedia foi de
2667 plusmn 403 para o lodo sem poliacutemero e de 2519 plusmn 093 para o lodo com adiccedilatildeo de
poliacutemero Para o sistema convencional a meacutedia de ST foi de 2992 plusmn 250 e 2859 plusmn
114 no lodo natildeo condicionado e no condicionado respectivamente
Contudo eacute possiacutevel notar comportamentos distintos no lodo condicionado e natildeo
condicionado enquanto o lodo natildeo condicionado perdeu mais umidade quando a
temperatura foi mais alta (nas seacuteries) o lodo condicionado parece natildeo ter sofrido
influecircncia significativa desta variaacutevel ambiental esse fato deve-se ao seu raacutepido
desaguamento jaacute mencionado anteriormente Ademais observa-se que as
concentraccedilotildees de STV satildeo maiores que as de STF uma hipoacutetese eacute que a mateacuteria
inorgacircnica dissolvida pode ter sido percolada juntamente com a aacutegua drenada do lodo
As Figura 22 e 23 ilustram a os valores de Soacutelidos Totais Soacutelidos Totais Fixos e Soacutelidos
Totais Volaacuteteis das tortas secas dos lodos desaguados sem e com adiccedilatildeo de poliacutemero
respectivamente
Figura 22 - Teor de soacutelidos da torta seca do lodo desaguado sem poliacutemero
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia C Convencional Soacutelidos Totais
STF Soacutelidos Totais Fixos e STV Soacutelidos Totais Volaacuteteis
000
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III
P P+A C
Teor de soacutelidos da torta seca do lodo sem poliacutemero
ST
STF
STV
67
Figura 23 - Teor de soacutelidos da torta seca do lodo desaguado com poliacutemero sinteacutetico
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia C Convencional Soacutelidos Totais
STF Soacutelidos Totais Fixos e STV Soacutelidos Totais Volaacuteteis
56 Anaacutelise geral dos sistemas
O lodo com ou sem poliacutemero mostrou comportamento semelhante ao percolar
uma fraccedilatildeo significativa de seu volume nas primeiras horas do desaguamento e
posteriormente assumiu uma taxa de infiltraccedilatildeo mais lenta a diferenccedila verificada foi no
menor tempo necessaacuterio e na maior quantidade de aacutegua desaguada do lodo
condicionado como observado na Figura 24 Os pontos no graacutefico tratam-se das
meacutedias das seacuteries nos sistemas Neste graacutefico foram inclusos todos os pontos de todas
as seacuteries em ordem cronoloacutegica sendo possiacutevel assim observar um comportamento em
cada sistema estudado
000
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie IV Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III
P P+A C
Teor de soacutelidos da torta seca do lodo com poliacutemero sinteacutetico
ST
STF
STV
68
Figura 24 - Hidrograma do desaguamento do lodo em todos os sistemas no lodo natildeo condicionado e condicionado
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
Esta raacutepida percolaccedilatildeo pode ser justificada pela interaccedilatildeo do poliacutemero com as
partiacuteculas do lodo ocorrer quase imediatamente apoacutes a sua aplicaccedilatildeo (WPCFM 1988)
Isso ocorre porque os poliacutemeros atuam como coagulantes formando pontes quiacutemicas
entre o poliacutemero e as partiacuteculas coloidais presentes no lodo que satildeo adsorvidas pelas
diversas cadeias de monocircmeros do poliacutemero agregando-se em flocos densos passiacuteveis
de serem removidos por filtraccedilatildeo sedimentaccedilatildeo ou flotaccedilatildeo (LIBAcircNIO 2005)
Portanto tempos menores de desaguamento implicariam em maior quantidade
de ciclos de secagem em leitos em escala real podendo ocasionar um impacto
consideraacutevel no caacutelculo da aacuterea necessaacuteria para o leito
Apesar disso os valores de ST nas seacuteries com adiccedilatildeo de poliacutemero podem ser
considerados iguais aos do lodo sem condicionamento Certamente pelo periacuteodo de
desaguamento do lodo sem poliacutemero ter sido muito superior ao do lodo condicionado
(em torno de 35 e 6 dias respectivamente) houve maior evaporaccedilatildeo da aacutegua presente
no lodo nestes sistemas (por volta de 23 e 6 de modo respectivo) que compensou o
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo nos sistemas com e sem poliacutemero
P Sem poliacutemero P com poliacutemero P+A sem poliacutemero
C sem poliacutemero C com poliacutemero P+A com poliacutemero
69
menor volume drenado Isso decorre de que em leitos de secagem haacute necessidade de
tempos relativamente longos de evaporaccedilatildeo (van Haandel amp Lettinga 1994)
Pode-se considerar que a evaporaccedilatildeo eacute uma grande contribuinte no desaguamento
em escala real e consequentemente na obtenccedilatildeo de teores maiores de ST nas tortas
secas Poreacutem em escala de bancada os sistemas sofreram menor influecircncia da
evaporaccedilatildeo devido a menor influecircncia dos fatores climaacuteticos responsaacuteveis pela
evaporaccedilatildeo tendo entatildeo seus valores de ST subestimados
Analisando-se os sistemas verifica-se que de maneira geral pelas Figuras 25 e
26 que o sistema convencional foi significativamente mais lento que os sistemas
alternativos e os volumes desaguados foram menores do que nos sistemas pavimento
permeaacutevel e pavimento e areia No lodo sem condicionamento enquanto 563 do
volume inicial foi percolado nas 30 primeiras horas no sistema composto por pavimento
permeaacutevel o sistema pavimento permeaacutevel e areia foi ligeiramente mais lento
desaguando neste periacuteodo 486 de seu volume e no sistema convencional somente
301 Para o lodo condicionado nas primeiras 3 h o pavimento permeaacutevel pavimento
permeaacutevel acrescido de areia e convencional desaguaram 690 487 e 185 de seu
volume
Figura 25 - Desaguamento do lodo sem poliacutemero - meacutedias das seacuteries
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
00
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
00 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000
Volu
me
acum
ulad
o (m
L)
Tempo (h)
Desaguamento meacutedio do lodo sem poliacutemero
P
P+A
C
70
Figura 26 - Desaguamento do lodo com poliacutemero - meacutedias das seacuteries
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
Todavia o sistema convencional produziu tortas secas com menor umidade
Como jaacute explicado anteriormente esses resultados podem ser justificados pela
existecircncia de uma camada maior de areia em que parte da aacutegua percolada tenha
ficado ali retida A adiccedilatildeo da camada de areia de 001 m ao pavimento permeaacutevel natildeo
mostrou aumento significativo tanto no volume desaguado quanto na torta seca
produzindo valores de ST semelhantes aos do sistema composto somente por
pavimento permeaacutevel
Aleacutem do sistema composto por pavimento permeaacutevel obter maior volume de
aacutegua percolada do que o sistema convencional pode-se considerar que este uacuteltimo tem
uma pequena aacuterea de drenagem (2 a 3 cm de camada de areia entre os tijolos
recozidos) em escala real como ilustra a Figura 27
00
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
00 100 200 300 400 500 600 700 800
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento meacutedio do lodo com poliacutemero
P
P+A
C
71
Figura 27 - Detalhe da constituiccedilatildeo do leito de secagem convencional
A NBR 122091992 considera que a aacuterea ocupada pela areia natildeo pode ser
inferior a 15 da aacuterea total do leito Desta forma considerando os valores das meacutedias
ajustadas o lodo sem poliacutemero e com poliacutemero desaguariam respectivamente 5298 e
13762 Lm-sup2 no sistema convencional Enquanto que o pavimento permeaacutevel e
pavimento permeaacutevel acrescido de areia desaguariam 8210 e 18173 Lm-sup2 para o lodo
sem adiccedilatildeo de poliacutemero e com adiccedilatildeo de poliacutemero respectivamente8
Por esse motivo como a percolaccedilatildeo da aacutegua eacute fator importante no teor de
umidade final da torta seca eacute importante balizar que da mesma forma que no processo
de drenagem o teor de soacutelidos da torta seca do sistema convencional eacute superestimado
na escala de bancada ou seja em escala real eacute provaacutevel que estes valores sejam
significativamente menores ou que demande-se mais tempo para obtenccedilatildeo da mesma
umidade na torta seca
Nota-se tambeacutem que os valores de Soacutelidos Totais Volaacuteteis (STV) satildeo superiores
aos Soacutelidos Totais Fixos (STF) com a relaccedilatildeo meacutedia de STVST de 058 superior a do
lodo bruto de 046 como jaacute citado uma das razotildees pode ser a percolaccedilatildeo de mateacuteria
inorgacircnica dissolvida Segundo Andreoli von Sperling amp Fernandes (2001) a relaccedilatildeo
8 Para a obtenccedilatildeo destes valores utilizou-se a meacutedia dos volumes desaguados dos sistemas para
calcular-se o volume desaguado por msup2 Considerou-se que a percolaccedilatildeo ocorre em toda a aacuterea do leito
nos sistemas pavimento permeaacutevel e pavimento permeaacutevel e areia No sistema convencional
considerou-se que a percolaccedilatildeo somente ocorre na aacuterea do onde haacute areia portanto estes valores foram
multiplicados por 15
72
entre SVST tiacutepica do eacute lodo desidratado eacute de 060 a 065 Poreacutem a relaccedilatildeo encontrada
por Andreoli et al (2009) foi de 022 indicando a grande variabilidade do lodo
Como jaacute mencionado Ruiz Kaosol amp Wisniewsk (2010) relacionaram a
quantidade de mateacuteria orgacircnica presente no lodo e sua aptidatildeo ao desaguamento
mecacircnico estabelecendo a relaccedilatildeo inversamente proporcional entre mateacuteria orgacircnica e
eficiecircncia do processo de desaguamento mecacircnico Andreoli von Sperling amp Fernandes
(2001) tambeacutem afirmam que lodos com menor teor de mateacuteria orgacircnica tambeacutem satildeo
mais indicados para o desaguamento por processos naturais Esses resultados
apontam que o lodo utilizado na pesquisa tem aptidatildeo ao desaguamento por ter sofrido
digestatildeo
Aleacutem disso eacute necessaacuterio atentar que diferentemente dos resultados obtidos por
van Haandel amp Lettinga (1994) a concentraccedilatildeo de soacutelidos influenciou o desaguamento
do lodo uma vez que o volume aplicado sobre os leitos foi o mesmo sendo que a
carga aplicada alterou-se em funccedilatildeo da concentraccedilatildeo de soacutelidos que se alterou
durante a pesquisa
Observa-se tambeacutem que van Haandel amp Lettinga (1994) utilizaram lodos com ST
entre 4 e 10 finalizando o desaguamento com fraccedilatildeo de soacutelidos de aproximadamente
20 nos leitos de secagem convencional Os valores obtidos na presente pesquisa
para o leito de secagem convencional satildeo superiores aos encontrados pelos
pesquisadores variando de 28 a 33
Com o objetivo de estimar a influecircncia da evaporaccedilatildeo nos sistemas elaborou-se
duas hipoacuteteses a primeira considera a quantidade de aacutegua evaporada como percolada
pelos sistemas e a segunda trata-se de calcular a umidade do lodo caso natildeo houvesse
a evaporaccedilatildeo nos sistemas Ambas baseiam-se nas perdas de aacutegua por evaporaccedilatildeo
registradas pelo sistema controle
73
57 Hipoacutetese I ndash Aacutegua evaporada do lodo sendo percolada
Com o intuito de explicar a diferenccedila de volume desaguado no lodo sem e com
condicionamento a primeira hipoacutetese assume a ausecircncia de evaporaccedilatildeo considerando
que a porccedilatildeo de aacutegua que foi evaporada da coluna drsquoaacutegua foi percolada nos sistemas
respeitando-se a quantidade e tempo em que ocorreu a evaporaccedilatildeo no sistema
controle Para tanto faz-se necessaacuterias algumas ponderaccedilotildees
A evaporaccedilatildeo de um liacutequido tem relaccedilatildeo estreita com sua tensatildeo superficial
quanto mais baixa esta eacute maior seraacute a evaporaccedilatildeo Sabe-se que a aacutegua naturalmente
presente na natureza tem alta tensatildeo superficial e existem substacircncias que conteacutem
moleacuteculas anfifiacutelicas como detergente e sabatildeo que diminuem a tensatildeo superficial da
aacutegua e consequentemente acabam facilitando a evaporaccedilatildeo da aacutegua O lodo de
esgoto eacute uma matriz complexa isto eacute tem composiccedilatildeo diversificada e provavelmente
tem quantidade consideraacutevel de moleacuteculas anfifiacutelicas podendo deixar a tensatildeo
superficial mais baixa e portanto facilitando a evaporaccedilatildeo da aacutegua livre presente no
lodo Para fins de melhor aplicabilidade desta hipoacutetese seria necessaacuterio mensurar a
tensatildeo superficial do lodo (MYERS 1999) Aleacutem disso a aacuterea superficial de aacutegua que
entra em contato com a atmosfera eacute muito maior no lodo do que na coluna drsquoaacutegua
colaborando para maior evaporaccedilatildeo do primeiro
Para tanto admitiu-se que a evaporaccedilatildeo da aacutegua ldquocomumrdquo eacute a mesma que a da
aacutegua livre presente no lodo e que esta eacute predominante em relaccedilatildeo aos demais tipos de
aacutegua presente (van Haandel amp Lettinga1994 VESILIND 1994) As estimativas dos
volumes percolados em todas as seacuteries podem ser visualizadas na Tabela 10
Ressalva-se que as Seacuteries II e III do lodo com adiccedilatildeo de poliacutemero foram iniciadas
durante a Seacuterie III do lodo sem adiccedilatildeo de poliacutemero fazendo com que o sistema controle
para estas seacuteries natildeo tenha sido iniciado com 2000 mL de aacutegua pois jaacute havia certa
perda pela Seacuterie III sem adiccedilatildeo de poliacutemero O volume presente na coluna drsquoaacutegua
quando Seacuteries II e III iniciaram era de 17473 e 14079 mL respectivamente Sendo os
volumes estimados calculados a partir destes volumes
74
Tabela 10 - Desaguamento do lodo de esgoto nos sistemas - Hipoacutetese I
Sem Poliacutemero
Sistemas Seacuteries I II III IV Meacutedia plusmn CV
VE (mL) 355 408 643 - 469 1533 327
P V (mL) 540 665 628 - 611 642 105
V (mL) 895 814 1271 - 993 2439 245
P+A V (mL) 578 675 609 - 621 495 80
V (mL) 933 1083 1251 - 1089 1591 146
C V (mL) 561 492 587 - 547 491 90
V (mL) 916 901 1227 - 1015 1840 181
Com poliacutemero
VE (mL) 29 282 48 48 120 1407 1177
P V (mL) 1484 1411 1481 1479 1459 413 28
V (mL) 1513 1693 1532 1493 1579 989 63
P+A V (mL) 1413 1377 1513 - 1434 705 49
V (mL) 1442 1658 1564 - 1611 665 41
C V (mL) 1232 1145 1265 - 1214 620 51
V (mL) 1378 1426 1316 - 1426 552 39 Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia C Convencional VE Volume
evaporado no sistema controle V Volume real e Vrsquo Volume estimado na Hipoacutetese I
Para o sistema composto por pavimento permeaacutevel com lodo sem poliacutemero os
volumes aumentariam em 6574 2240 e 10229 o volume real percolado nas seacuteries
I II e III respectivamente No mesmo sistema o lodo condicionado os volumes
incrementados nas seacuteries I II e III seriam muito pequenos de 195 1999 344 e 095
no volume desaguado Como dito anteriormente a seacuterie II foi a mais influenciada pela
evaporaccedilatildeo devido agraves altas temperaturas e maior periacuteodo de percolaccedilatildeo
O desaguamento do lodo sem condicionamento no sistema pavimento permeaacutevel
e areia os volumes desaguados nas seacuteries I II e III acresceriam em 6142 6044 e
10542 respectivamente No lodo condicionado no mesmo sistema o desaguamento
nas seacuteries I II e III receberiam um incremento de 205 2041 e 337 respectivamente
no volume percolado pelos sistemas
75
Jaacute no sistema convencional a inserccedilatildeo do volume evaporado agrave aacutegua percolada
acrescentaria 6328 8313 e 10903 aos volumes desaguados nas seacuteries I II e III
respectivamente Para as seacuteries em que o lodo foi condicionado com poliacutemero sinteacutetico
a percolaccedilatildeo nas seacuteries I II e III representariam um aumento de 1185 2454 e 403
em relaccedilatildeo ao volume desaguado real
Esperava-se que esta hipoacutetese pudesse explicar a grande diferenccedila de volume
desaguado entre o lodo sem poliacutemero e com poliacutemero com os volumes deste primeiro
aproximando-se deste uacuteltimo Conquanto isso natildeo foi verificado visto que a diferenccedila
foi em torno de 400 mL No entanto eacute necessaacuterio fazer uma ressalva quanto ao volume
desaguado no lodo condicionado ser ainda muito maior que no lodo natildeo condicionado
a evaporaccedilatildeo mensurada provavelmente eacute subestimada pois a evaporaccedilatildeo da aacutegua
em matrizes complexas como o lodo de esgoto eacute provavelmente facilitada pela menor
tensatildeo superficial o que poderia compensar parte desta discrepacircncia entre maior
volume percolado pelo lodo com poliacutemero e tortas secas de umidade iguais as do lodo
sem poliacutemero
Natildeo obstante os volumes foram maiores nas seacuteries que ocorreram em periacuteodos
mais quentes assim como nas seacuteries em que se avaliou o desaguamento natural do
lodo verificou-se que a influecircncia da evaporaccedilatildeo foi maior devido ao maior periacuteodo de
exposiccedilatildeo
76
58 Hipoacutetese II ndash Ausecircncia de evaporaccedilatildeo nos sistemas
Para fins de anaacutelise da eficiecircncia do pavimento permeaacutevel de forma isolada
calculou-se qual seria o teor de soacutelidos da torta seca se natildeo houvesse evaporaccedilatildeo
Sabendo que a densidade do lodo eacute proacutexima agrave da aacutegua bem como sua massa
especiacutefica (ANDREOLI VON SPERLING amp FERNANDES 2001)
Considerou-se que a aacutegua comum tem comportamento igual ao da aacutegua
livre do lodo e portanto que um 1 mL de aacutegua eacute igual a 1 mg de aacutegua
Assumiu-se que o volume de aacutegua evaporada no sistema controle foi
evaporada tambeacutem pelos sistemas com lodo Buscou-se entatildeo verificar a
contribuiccedilatildeo dessa evaporaccedilatildeo para a constituiccedilatildeo das tortas secas
estimando o teor de soacutelidos secos descontando sua contribuiccedilatildeo
A estimativa do valor de soacutelidos totais sem contribuiccedilatildeo da evaporaccedilatildeo ( )
pode ser expressa pela seguinte equaccedilatildeo
Em que
Parcela de soacutelidos
Massa total
Onde a parcela de soacutelidos pode ser definida como
Volume do lodo bruto
Volume da aacutegua percolada pelo sistema
Volume da aacutegua no lodo desaguado
77
E o volume da aacutegua no lodo desaguado pode ser calculado por
Onde
Teor de umidade do lodo desaguado
Volume de aacutegua evaporada
E por fim a massa total seraacute
Nas seacuteries sem condicionamento quiacutemico as seacuteries I II e III tiveram uma
diferenccedila de meacutedia entre os teores de soacutelidos de 460 683 e 861 respectivamente
sendo que a temperatura foi crescente nas seacuteries Quanto agraves seacuteries com adiccedilatildeo de
poliacutemero a diferenccedila meacutedia foi de 128 769 209 nas seacuteries I II III
respectivamente A seacuterie IV natildeo foi possiacutevel aferir meacutedia e a diferenccedila foi de 206 Os
valores dos Soacutelidos Totais reais (ST) e Soacutelidos Totais estimados na Hipoacutetese II (STrsquo)
podem ser vistos na Tabela 11 e as Figuras 28 e 29
78
Tabela 11 - Teor de soacutelidos da torta seca ndash comparaccedilatildeo com a Hipoacutetese II
Sem Poliacutemero
Sistemas Seacuteries I II III IV Meacutedia plusmn CV
P ST () 196 2777 2487 - 2408 414 1720
ST () 1577 2127 1694 - 1799 290 1610
P+A ST () 2208 2967 2824 - 2666 403 1513
ST () 1768 2268 1932 - 1989 255 1281
C ST () 2824 3279 2872 - 2992 250 836
ST () 2265 258 1974 - 2273 303 1333
Com poliacutemero
P ST () 2412 2503 2327 2336 2395 082 341
ST () 2282 1693 2121 2129 2056 253 1232
P+A ST () 2645 262 2473 - 2579 092 360
ST () 2519 1805 2241 - 2188 360 1645
C ST () 2980 2753 2843 - 2859 114 400
ST () 2851 2071 2660 - 2527 407 1609 Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia C Convencional ST Soacutelidos
Totais real e STrsquo Soacutelidos Totais estimado na Hipoacutetese II
Figura 28 - Teor de soacutelidos das tortas secas sem condicionamento quiacutemico - Hipoacutetese II
Em que ST Soacutelidos Totais real e STrsquo Soacutelidos Totais estimado na Hipoacutetese II
05
101520253035
P P + A C P P + A C P P + A C
Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III
Teor de soacutelidos da torta seca sem poliacutemero - H2
ST
ST
79
Figura 29 - Teor de soacutelidos das tortas secas com condicionamento quiacutemico - Hipoacutetese II
Em que ST Soacutelidos Totais real e STrsquo Soacutelidos Totais estimado na Hipoacutetese II
Realizando esses caacutelculos observa-se que a evaporaccedilatildeo teve importante
contribuiccedilatildeo nas tortas secas especialmente nas seacuteries em que o lodo natildeo foi
condicionado com poliacutemero sinteacutetico devido ao tempo de percolaccedilatildeo ser muito maior
aumentando a exposiccedilatildeo do lodo ao ambiente Nota-se tambeacutem que altas temperaturas
e baixa umidade do ar9 favorecem a evaporaccedilatildeo da aacutegua presente no lodo jaacute que nas
seacuteries em que a evaporaccedilatildeo foi mais intensa ocorreu no periacuteodo de forte calor e baixa
precipitaccedilatildeo (Seacuterie III do lodo sem poliacutemero e Seacuterie II do lodo com poliacutemero)
A partir dos dados observados podem-se realizar algumas ponderaccedilotildees satildeo
elas
No lodo sem condicionamento orgacircnico a evaporaccedilatildeo foi mais significativa na
seacuterie III Nota-se que os volumes percolados dobrariam caso a aacutegua
evaporada fosse incorporada aos mesmos Como citado anteriormente o
periacuteodo em que se realizou esta seacuterie foi marcado por altas temperaturas e
quase nenhuma precipitaccedilatildeo
9 Natildeo foi possiacutevel obter dados da umidade relativa do ar
05
101520253035
P P + A C P P + A C P P + A C P
Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie IV
Teor de soacutelidos da torta seca do lodo com poliacutemero sinteacutetico - H2
ST
ST
80
No lodo condicionado a seacuterie II foi a de maior evaporaccedilatildeo tambeacutem devido
agraves altas temperaturas e baixa precipitaccedilatildeo registrada no periacuteodo em que a
seacuterie foi realizada
O aumento meacutedio das seacuteries sem condicionamento com poliacutemero foi de
6257 7545 e 8548 para os sistemas pavimento permeaacutevel pavimento
permeaacutevel acrescido de areia e convencional respectivamente Quanto agraves
seacuteries com adiccedilatildeo de poliacutemero esse aumento foi bem menor sendo de
642 no pavimento permeaacutevel 839 no pavimento permeaacutevel acrescido
de areia e 1312 no convencional
Enquanto o lodo com poliacutemero tem a maior perda de umidade decorrente da
maior percolaccedilatildeo gerada pela interaccedilatildeo entre poliacutemero e soacutelidos presentes
no lodo o lodo sem utilizaccedilatildeo de poliacutemero tem a evaporaccedilatildeo como maior
contribuinte para a perda de umidade e por isso produzem tortas secas de
igual teor
A partir do desaguamento real e das hipoacuteteses formuladas observa-se que o
desaguamento do lodo em leitos de secagem ocorre em duas fases distintas a primeira
eacute a percolaccedilatildeo preponderante nos primeiros dias das seacuteries e quando esta diminui o
processo de evaporaccedilatildeo torna-se o maior responsaacutevel pela perda de umidade no
restante do periacuteodo Fazem-se necessaacuterios estudos em escalas maiores onde se possa
mensurar a diferenccedila de volume bem como a influecircncia da evaporaccedilatildeo nos leitos de
secagem alternativos e convencional
59 Manutenccedilatildeo dos pavimentos
Apoacutes a utilizaccedilatildeo de doze pavimentos realizou-se o segundo teste de infiltraccedilatildeo em
meados de janeiro onde PV 2 foi descartado pois sua taxa esteve bem abaixo da
meacutedia dos outros (infiltrando 164 mL enquanto a meacutedia dos demais foi de 1000 mL) natildeo
possibilitando seu uso nos sistemas com camada de areia Ressalva-se que no
segundo e terceiro teste os pavimentos 10 11 e 12 ateacute entatildeo natildeo tinham sido
utilizados com o objetivo de garantir que tanto o lodo condicionado quanto o natildeo
81
condicionado tivessem duas de suas seacuteries desaguadas em pavimentos ainda natildeo
utilizados e somente uma delas em pavimentos reutilizados
Para tanto todos os pavimentos foram limpos com lavadora de alta pressatildeo
anteriormente ao teste com o objetivo de retirar o lodo que permaneceu aderido ao
pavimento e ao tubo do sistema Contudo o valor obtido dos demais pavimentos
tambeacutem natildeo foi satisfatoacuterio pois tiveram taxa de infiltraccedilatildeo em meacutedia 126 plusmn 8490 e
CV 009 abaixo do primeiro teste tendo em vista a possiacutevel existecircncia de oacuteleos e
graxas presentes em partiacuteculas de lodo que ainda podem ter permanecido nos
pavimentos Sendo assim para obtenccedilatildeo de taxas mais altas utilizou-se soluccedilatildeo
detergente deixando os sistemas mergulhados por uma semana Poreacutem a taxa de
infiltraccedilatildeo encontrada foi de 1421 mL 242 em meacutedia superior a do primeiro teste
Estes resultados podem ser explicados pela lavagem com alta pressatildeo ter movido
alguns gratildeos de basalto e areia presentes no pavimento de modo que os espaccedilos
vazios tornaram-se maiores a ponto de aumentarem a taxa
No que diz respeito aos sistemas pavimento permeaacutevel e areia e convencional a
taxa de infiltraccedilatildeo do teste 2 soacute foi aferida depois do terceiro teste dos pavimentos
sendo em meacutedia de 3613 plusmn 19817 e CV 055 e 788 mL plusmn471 e CV 006
respectivamente representando um aumento de 19858 e 4956 na taxa de infiltraccedilatildeo
em relaccedilatildeo ao teste 1 De acordo com as consideraccedilotildees expostas a meacutedia da taxa de
infiltraccedilatildeo eacute muito influenciada pela reutilizaccedilatildeo dos pavimentos como mostra a Figura
35 no Apecircndice B
A partir dos testes realizados eacute importante fazer algumas ponderaccedilotildees como os
pavimentos podem sofrer variaccedilotildees no volume de espaccedilos vazios que podem
influenciar a taxa de infiltraccedilatildeo de maneira significativa a reutilizaccedilatildeo dos pavimentos
mostrou-se possiacutevel poreacutem apresenta algumas limitaccedilotildees como a necessidade de
realizar lavagem dos pavimentos implicando em uso consideraacutevel de aacutegua Conquanto
esse processo eacute trabalhoso visto que a simples lavagem com aacutegua natildeo garante sua
limpeza necessitando do emprego de algo que friccione a superfiacutecie do pavimento para
82
que este seja limpo Para isso foi preciso utilizar uma lavadora de alta pressatildeo na
limpeza dos sistemas Mesmo assim dependendo das caracteriacutesticas do lodo pode
natildeo ser suficiente para remover totalmente os resiacuteduos sendo necessaacuterio o uso de
soluccedilotildees detergentes ou anaacutelogas
83
6 CONCLUSAtildeO
As metodologias utilizadas para condicionamento do lodo de tanque seacuteptico com
poliacutemeros naturais natildeo se mostraram eficazes no condicionamento do lodo de esgoto
de tanque seacuteptico
Todavia o uso de poliacutemero orgacircnico sinteacutetico mostrou-se eficiente Evidenciando
melhores resultados que o lodo sem condicionamento pela maior quantidade de
volume percolado e menor tempo de desaguamento que possibilitam a realizaccedilatildeo de
mais ciclos de secagem por ano e possivelmente a reduccedilatildeo da aacuterea do leito Todavia
os teores de soacutelidos da torta seca foram semelhantes aos obtidos no lodo sem
aplicaccedilatildeo de poliacutemero
Quanto agrave utilizaccedilatildeo de leito de secagem alternativo tanto o pavimento permeaacutevel
quanto o pavimento permeaacutevel com adiccedilatildeo de areia natildeo tiveram diferenccedila significativa
entre o volume desaguado e a umidade na torta seca o que dispensaria o acreacutescimo
de areia ao pavimento Comparando-se ao leito de secagem convencional verifica-se
que as duas formas de leito de secagem alternativo foram melhores nos quesitos
volume desaguado e tempo Contudo pela camada de areia maior a torta seca
produzida pelo leito convencional teve menor umidade apresentando melhor resultado
na escala de bancada Poreacutem em escala real esta camada de areia ocuparia uma
pequena parte da aacuterea do leito diminuindo consideravelmente a percolaccedilatildeo e
aumentando o tempo do ciclo de secagem A reutilizaccedilatildeo do pavimento mostrou-se
possiacutevel poreacutem trabalhosa e pode interferir na sua taxa de infiltraccedilatildeo
84
85
7 RECOMENDACcedilOtildeES
No decorrer da pesquisa pela limitaccedilatildeo de tempo do delineamento experimental e
de outros fatores muitas possibilidades de aprofundamento do estudo natildeo foram
possiacuteveis Poreacutem caso realizadas seriam interessantes contribuiccedilotildees no campo das
pesquisas em saneamento rural aleacutem de serem necessaacuterias para complementaccedilatildeo da
presente pesquisa
Apesar dos resultados natildeo terem sido positivos na aplicaccedilatildeo de poliacutemeros naturais
no lodo de tanque seacuteptico estes ainda podem ser uma alternativa promissora aos
poliacutemeros sinteacuteticos Para tanto sugere-se que sejam estudadas outras dosagens visto
que estas foram limitadas no estudo especialmente no caso do poliacutemero oriundo do
quiabo Ademais eacute possiacutevel que existam resultados positivos caso empregue-se
metodologias diferentes mas ainda simplificadas Aleacutem disso ainda que possivelmente
natildeo atendam a essa premissa o emprego de meacutetodos mais complexos que aumentem
a concentraccedilatildeo dos poliacutemeros em volumes viaacuteveis para aplicaccedilatildeo no lodo de esgoto
tambeacutem pode gerar resultados positivos uma vez que diversas pesquisas relataram
sua eficiecircncia no tratamento de aacutegua e esgoto Tambeacutem seria interessante a anaacutelise de
custos versus benefiacutecios no emprego de poliacutemeros naturais e sinteacuteticos e a sua
comparaccedilatildeo
No que diz respeito a utilizaccedilatildeo do pavimento permeaacutevel como leito de secagem
alternativo fazem-se necessaacuterios estudos em escalas maiores onde se possa mensurar
a diferenccedila de volume desaguado bem como a influecircncia da evaporaccedilatildeo nos leitos de
secagem alternativos e convencional para verificar a sua viabilidade Tambeacutem eacute
necessaacuterio verificar se a limpeza destes leitos seria factiacutevel nestas escalas
Portanto a otimizaccedilatildeo da etapa de desaguamento de lodo de tanque seacuteptico tanto
a utilizaccedilatildeo de poliacutemeros naturais quanto a simplificaccedilatildeo dos leitos de secagem
constituem-se objetos de estudo valiosos para buscar alternativas necessaacuterias para o
gerenciamento de lodo de lodo de esgoto e contribuem em uacuteltimo caso para a
melhoria dos serviccedilos de saneamento especialmente o saneamento rural
86
87
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92
93
APEcircNDICES
APEcircNDICE A Alcalinidade pH e concentraccedilatildeo de Soacutelidos do lodo bruto
Para caacutelculo da meacutedia dos valores obtidos eacute importante esclarecer que soacute foram
realizados estes caacutelculos para ST SST pH e alcalinidade haja visto que os STF STV
e SSF e SSV satildeo valores dependentes dos primeiros paracircmetros citados calculando-se
a meacutedia desvio padratildeo e coeficiente de variaccedilatildeo somente das anaacutelises validadas
destes Deste modo verificou-se primeiramente se as observaccedilotildees tinham indiacutecio de
normalidade como todas as variaacuteveis se adequavam a essa condiccedilatildeo fez-se um
intervalo de confianccedila calculando-se dois desvios acima da meacutedia e dois abaixo
cobrindo-se assim 98 da distribuiccedilatildeo dos dados Como a meacutedia eacute altamente
influenciada por valores extremos excluiu-se os valores indicados pelo intervalo de
confianccedila para seu caacutelculo plotando graacuteficos boxplot obteacutem-se o mesmo resultado
Para a anaacutelise de ST o intervalo de confianccedila foi de 6469874 a 9126126 mgL-1
Como pode ser observado na Figura 30 para ST foram excluiacutedos quatro valores por
natildeo se encaixarem neste criteacuterio e que podem ser fruto de erros laboratoriais
Figura 30 - Boxplot dos Soacutelidos Totais encontrados no lodo bruto
94
No caso dos SST somente um valor foi descartado e o intervalo de confianccedila foi
de 6162486 a 73752 14 mgL-1 A Figura 31 mostra o boxplot gerado
Figura 31 - Boxplot dos Soacutelidos Suspensos Totais encontrados no lodo bruto
A alcalinidade natildeo teve nenhum valor descartado e o intervalo de confianccedila foi
de 2146656 a 2483784 mg CaCO3 L-1 o boxplot pode ser visualizado na Figura 32
Figura 32 - Boxplot da Alcalinidade encontrada no lodo bruto
95
O pH tambeacutem teve o mesmo comportamento da alcalinidade eacute o intervalo de
confianccedila mostra que o verdadeiro valor da meacutedia de pH estaacute entre 736 a 759 como
evidencia o boxplot da Figura 33
Figura 33 - Boxplot do pH encontrado no lodo bruto
96
APEcircNDICE B Infiltraccedilatildeo dos sistemas volume desaguado e tortas secas dos
sistemas temperatura registradas duraccedilatildeo evaporaccedilatildeo das seacuteries
Infiltraccedilatildeo
Tabela 12 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos
Taxa de Infiltraccedilatildeo
P Teste I Teste II Teste III
Volume (mL)
Volume (mL)
Volume (mL)
1 1192 1068 1600
2 768 164 -
3 1216 1148 1596
4 1228 948 1552
5 1252 1020 1580
6 1068 1012 1364
7 1092 1020 1524
8 1192 924 1312
9 1110 1048 1588
10 1116 - -
11 1104 - -
12 1096 - -
13 1112 840 1000
14 852 588 1332
15 1092 968 1180
Figura 34 - Boxplot da taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos no Teste 1
97
Na Figura 35 os valores de PV10 PV11 e PV12 satildeo considerados como 0 no
graacutefico por natildeo terem sido incluso no caacutelculo porque ateacute entatildeo natildeo tinham sido
utilizados natildeo sendo considerados nas meacutedias dos testes 2 e 3 Em cada ponto satildeo
mostrados o intervalo de confianccedila aproximado das taxas de infiltraccedilatildeo utilizando a
suposiccedilatildeo de normalidade dos dados As linhas auxiliam na visualizaccedilatildeo geral dos
valores nos diferentes testes
Figura 35 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos permeaacuteveis nos testes 1 (sem utilizaccedilatildeo) 2 (lavagem) e 3 (lavagem com soluccedilatildeo detergente)
Em que PV Pavimentos PV10 PV11 E PV12 natildeo foram inclusos nos testes 2 e 3
Na Tabela 13 encontram-se os valores da taxa de infiltraccedilatildeo para os sistemas
pavimento com adiccedilatildeo de areia e convencional Como jaacute citado o pavimento 11
(equivalente ao sistema 4 em P+A) natildeo tinha sido utilizado ateacute a realizaccedilatildeo do segundo
teste Com exceccedilatildeo do primeiro sistema P+A (equivalente ao pavimento 2) todos os
sistemas tiveram suas taxas de infiltraccedilatildeo bastante elevadas no segundo teste
98
Tabela 13 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas pavimento com adiccedilatildeo de areia e convencional
Taxa de Infiltraccedilatildeo
P+A Teste I Teste II
C Teste I Teste II
Volume (mL) Volume (mL) Volume (mL) Volume (mL)
1 646 296 1 430 738
2 626 440 2 490 792
3 738 436 3 760 754
4 2048 - 4 616 940
5 2040 208 5 424 844 P+A Pavimento e Areia e C Convencional
Na Figura 36 visualiza-se os testes 1 e 2 de infiltraccedilatildeo nos sistemas compostos
por pavimento permeaacutevel e camada de areia Da mesma forma que o graacutefico observado
na Figura 39 os sistemas considerados com valor igual a 0 natildeo foram inclusos caacutelculo
neste caso por motivos distintos PV1 foi descartado antes do teste 2 e PV4 ateacute entatildeo
natildeo tinha sido utilizado Em cada ponto satildeo mostrados o intervalo de confianccedila
aproximado das taxas de infiltraccedilatildeo utilizando a suposiccedilatildeo de normalidade dos dados
As linhas tecircm a funccedilatildeo de auxiliar a visualizaccedilatildeo dos valores nos dois testes
Figura 36 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas compostos por pavimento permeaacutevel e areia nos testes 1 (sem utilizaccedilatildeo) e 2 (apoacutes lavagem dos pavimentos com soluccedilatildeo detergente)
Em que PV Pavimento permeaacutevel e areia PV1 e PV4 foram considerados como 0 por natildeo participarem do teste 2
99
A Figura 37 trata dos testes de infiltraccedilatildeo 1 e 2 do sistema convencional Da
mesma forma que nas duas figuras anteriores o sistema com valor igual a 0 natildeo foi
incluso caacutelculo por ateacute entatildeo natildeo ter sido utilizado Satildeo mostrados o intervalo de
confianccedila aproximado das taxas de infiltraccedilatildeo em cada ponto utilizando a suposiccedilatildeo de
normalidade dos dados Foram traccediladas linhas para auxiliar a visualizaccedilatildeo dos valores
nos testes
Figura 37 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas convencionais nos testes 1 (sem utilizaccedilatildeo) e 2 (apoacutes lavagem dos pavimentos com soluccedilatildeo detergente)
Em que C Sistema Convencional C4 foi considerado como 0 no graacutefico por natildeo participar do teste 2
Temperaturas
As temperaturas maacuteximas miacutenimas do dia foram fornecidas pelo Centro de
Pesquisas Meteoroloacutegicas e Climaacuteticas Aplicadas agrave Agricultura da Universidade
Estadual de Campinas (CEPAGRIUNICAMP) Tambeacutem houve monitoramento da
temperatura no Laboratoacuterio de Protoacutetipos contudo esse monitoramento se deu nos
momentos em que houve coleta de volume drenado dos sistemas realizando-se a
meacutedia dos valores nos dias em que houve mais de uma coleta As temperaturas podem
ser observadas nas Figuras 38 39 40 41 41 e 43
100
Figura 38 - Temperaturas registradas na Seacuterie I sem poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
Figura 39 - Temperaturas registradas na Seacuterie II sem poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
Figura 40 - Temperaturas registradas na Seacuterie III sem poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
0050
100150200250300350400
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13
TdegC
Temperatura da Seacuterie I - Sem Poliacutemero
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13
TdegC
Temperatura na Seacuterie II - Sem Poliacutemero
Maacutex Min Lab
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02
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14
24
02
20
14
TdegC
Temperatura na Seacuterie III - Sem Poliacutemero
Maacutex Min Lab
101
Figura 41 - Temperaturas registradas na Seacuterie I com poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
Figura 42 - Temperaturas registradas na Seacuterie II com poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
0
5
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15
20
25
30
27813 28813 29813
TdegC
Temperaturas Seacuterie I - Poliacutemero Sinteacutetico
Maacutex
Min
Lab
15
20
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35
40
TdegC
Temperaturas Seacuterie II - Poliacutemero Sinteacutetico
Maacutex
Min
Lab
102
Figura 43 -Temperaturas registradas na Seacuterie III sem poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
Evaporaccedilatildeo Figura 44 - Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua nas seacuteries sem adiccedilatildeo de poliacutemero
10
15
20
25
30
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40
180214 190214 200214 210214 220214
TdegC
Temperaturas Seacuterie III - Poliacutemero Sinteacutetico
Maacutex
Min
Lab
0
5
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20
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0 200 400 600 800 1000
Tempo (h)
Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua - Seacuteries sem Poliacutemero
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
103
Figura 45 - Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua nas seacuteries com adiccedilatildeo de poliacutemero
0
2
4
6
8
10
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16
18
0 50 100 150 200
Tempo (h)
Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua - Seacuteries com Poliacutemero
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III e IV
104
Volume desaguado
Figura 46 - Boxplot do volume desaguado com ou sem poliacutemero em cada sistema (valores amostrais)
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
105
Figura 47 - Boxplot dos volumes desaguados com ou sem poliacutemero em cada sistema (valores ajustados)
Em que PP Sistemas Pavimento permeaacutevel e Pavimento com adiccedilatildeo de Areia e C Sistema Convencional
106
Figura 48 - Boxplot dos Soacutelidos Totais na torta seca do lodo com ou sem condicionamento quiacutemico
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
107
Figura 49 - Meacutedias e valores maacuteximos e miacutenimos dos teores de soacutelidos da torta seca nos sistemas com ou sem poliacutemero (valores ajustados)
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
viii
ix
ABSTRACT
The slugde management is a complex and high cost activity It can promove negatives
impacts if it is poorly executed and the most critical step is the dewatering The drying
bed is one of the principal techniques but it demands big areas and a long periods for
the sludge cake removal The drying beds change can decrease the time and the area
of them if using permeable paving and polymers The objective of this work was to
compare the efficiency of two techniques to dewatering the bulk water portion inside the
septic tank sludge It was compared the conventional drying bed and the drying bed
made of permeable paving It was also evaluate the efficiency of naturals polymers from
cassava (Manihot esculenta Crantz) moringa (Moringa oleifera) and okra (Abelmoschus
esculentus) as auxiliaries in the process The evaluation was performanced in bench
scale The main results showed that only the synthetic polymer was efficient in sludge
conditioning The unconditioned sludge dewatered from the systems permeable paving
permeable paving plus sand and conventional 611 620 and 547 mL on average and for
conditioned sludge 1464 1434 and 1214 mL respectively The dry solids cake in
unconditioned sludge was 2408 2667 and 2992 and in conditioned sludge was
2395 2519 and 2859 for systems permeable paving permeable paving plus sand
and conventional respectively The average time for dewatering sludge without
conditioning was 35 days whereas in sludge conditioning was 6 days These results
show that the dry solids cake obtained similar results however the conditioned sludge
had higher volume dewatered and shorter time duration The alternative drying beds
produced sludges with suchlike dry solids results dry solids as compared to
conventional drying bed in a shorter time it may optimize sludge dewatering in Waste
Water Treatment Plants
Key words dehydration sludges chemical conditioning naturals coagulants
permeable paving
x
xi
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 1
2 OBJETIVOS 3
21 Objetivos especiacuteficos 3
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 5
31 Breve histoacuterico do saneamento baacutesico na zona rural no Brasil 5
32 Tanque Seacuteptico 7
33 Lodo de esgoto 11
34 Desaguamento do lodo de esgoto 15
35 Condicionamento do lodo 21
36 Pavimento permeaacutevel 27
4 METODOLOGIA 29
41 Pavimento permeaacutevel 29
42 Lodo 31
43 Poliacutemeros 35
44 Montagem dos leitos de secagem 39
45 Taxa de infiltraccedilatildeo 43
46 Avaliaccedilatildeo dos sistemas quanto ao desaguamento do lodo 43
461 Avaliaccedilatildeo do desaguamento sem adiccedilatildeo de poliacutemero (Seacuterie 1)44
462 Avaliaccedilatildeo do desaguamento com adiccedilatildeo de poliacutemeros (Seacuteries 2 a 5)45
463 Sistema controle45
464 Avaliaccedilatildeo do Lodo Desaguado46
5 RESULTADOS 47
xii
51 Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas 47
52 Caracterizaccedilatildeo do lodo bruto 47
53 Dosagem oacutetima dos poliacutemeros 50
531 Poliacutemero Sinteacutetico52
532 Mandioca53
533 Moringa54
534 Quiabo55
535 Avaliaccedilatildeo geral da dosagem dos poliacutemeros55
54 Desaguamento do lodo nos sistemas 56
541 Sistema composto por Pavimento Permeaacutevel59
a) Lodo natildeo condicionado59
b) Lodo condicionado60
a) Lodo condicionado62
543 Sistema Convencional63
a) Lodo natildeo condicionado63
b) Lodo condicionado64
55 Teor de soacutelidos das tortas secas 65
56 Anaacutelise geral dos sistemas 67
57 Hipoacutetese I ndash Aacutegua evaporada do lodo sendo percolada 73
58 Hipoacutetese II ndash Ausecircncia de evaporaccedilatildeo nos sistemas 76
59 Manutenccedilatildeo dos pavimentos 80
6 CONCLUSAtildeO 83
7 RECOMENDACcedilOtildeES 85
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 87
xiii
APEcircNDICE A Alcalinidade pH e concentraccedilatildeo de Soacutelidos do lodo bruto 93
APEcircNDICE B Infiltraccedilatildeo dos sistemas volume desaguado e tortas secas dos
sistemas temperatura registradas duraccedilatildeo evaporaccedilatildeo das seacuteries 96
xiv
xv
AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo primeiramente aos meus pais Maria Elisa e Reinaldo por terem me
dado aleacutem da educaccedilatildeo o amor e a noccedilatildeo de que a vida tem um propoacutesito maior
Agradeccedilo tambeacutem aos meus familiares em especial ao meu irmatildeo Juacutelio e a minha avoacute
Ameacutelia com quem tenho a oportunidade do conviacutevio do lar haacute tantos anos Pela
paciecircncia que tecircm comigo em dias que estou impossiacutevel e pelos risos que cobriram
meu rosto muitas vezes
Agradeccedilo ao Prof Adriano pela excepcional orientaccedilatildeo por todos os conselhos e
paciecircncia durante esses mais de dois anos
Agraves amigas e amigos que compartilharam algumas xiacutecaras de cafeacute e happy hours
comigo Amanda Maia Amanda Marchi Artur Cardoso Bianca Gomes Gabriela
Bosshard Gabriela dos Reis Guilherme da Silva Guilherme Rebecchi Jenifer Silva
Joatildeo Paulo Hadler Jorge Barbarotto Lays Leonel Luana Cruz Maacutercio Haiba Mocircnica
Rodrigues Rodolfo Valentim Thalita Cruz e Thaita Rissi Os conselhos e as risadas
foram imprescindiacuteveis para a realizaccedilatildeo deste trabalho
Ao Ademir que aleacutem de toda a ajuda na idealizaccedilatildeo construccedilatildeo dos sistemas e
avaliaccedilatildeo dos pavimentos se tornou meu amigo Ao Diego e Eduardo da Secretaria de
Poacutes-Graduaccedilatildeo e ao Ariovaldo da Secretaria do Departamento de Saneamento e
Ambiente por terem resolvido muito dos meus pepinos burocraacuteticos pela simpatia e
gentileza com que me trataram sempre Aos ateacute entatildeo teacutecnicos do Lab San Enelton
Fernando e Liacutegia pelo grande suporte nas anaacutelises Ao meu amigo David Matta que
aleacutem da amizade me deu uma super ajuda com a anaacutelise estatiacutestica dos meus dados
De uma forma ou de outra todas e todos aqui mencionados contribuiacuteram natildeo soacute
para a obtenccedilatildeo do meu tiacutetulo de mestra mas tambeacutem para o meu crescimento
enquanto pessoa Saibam que aprendi muito com vocecircs
xvi
xvii
ldquoVivendo se aprende mas o que se aprende mais eacute soacute fazer outras maiores perguntasrdquo (Joatildeo Guimaratildees Rosa Grande Sertatildeo Veredas 1956)
xviii
xix
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Esquema do funcionamento de tanque seacuteptico de cacircmara uacutenica 8
Figura 2 - Planta de um leito de secagem convencional 17
Figura 3 - Corte transversal de um leito de secagem convencional 17
Figura 4 - Exemplo de aplicaccedilatildeo de pavimento permeaacutevel em estacionamento 28
Figura 5 - Pavimento permeaacutevel utilizado no projeto 29
Figura 6 - Extratora de corpo de prova utilizada para o corte do pavimento utilizado na
pesquisa 30
Figura 7 - Teste de jarros para dosagem oacutetima de poliacutemero 33
Figura 8 - Aparelho utilizado para aferir o Tempo de Succcedilatildeo Capilar (Capilary Suction
Time) 35
Figura 9 - Preparo da soluccedilatildeo de poliacutemero produzida a partir da mandioca 37
Figura 10 - Semente de Moringa oleiacutefera 38
Figura 11 - Preparo da soluccedilatildeo de poliacutemero produzida a partir do quiabo 39
Figura 12 - Sistema de bancada de leito de secagem utilizado na pesquisa 40
Figura 13 - Bancada experimental localizada no Laboratoacuterio de Protoacutetipos 42
Figura 14 - Detalhe dos sistemas em utilizaccedilatildeo na bancada experimental 42
Figura 15 - Coluna drsquoaacutegua utilizada como controle na bancada experimental 46
Figura 16 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento
permeaacutevel com lodo de esgoto sem poliacutemero 59
Figura 17 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento
permeaacutevel com lodo de esgoto com adiccedilatildeo de poliacutemero 61
Figura 18 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento
permeaacutevel com lodo de esgoto sem poliacutemero 62
xx
Figura 19 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento
permeaacutevel e areia com lodo de esgoto com adiccedilatildeo de poliacutemero 63
Figura 20 - Hidrograma do desaguamento do sistema convencional com lodo de esgoto
sem poliacutemero 64
Figura 21 - Hidrograma do desaguamento do sistema convencional com lodo de esgoto
com adiccedilatildeo de poliacutemero 65
Figura 22 - Teor de soacutelidos da torta seca do lodo desaguado sem poliacutemero 66
Figura 23 - Teor de soacutelidos da torta seca do lodo desaguado com poliacutemero sinteacutetico 67
Figura 24 - Hidrograma do desaguamento do lodo em todos os sistemas no lodo natildeo
condicionado e condicionado 68
Figura 25 - Desaguamento do lodo sem poliacutemero - meacutedias das seacuteries 69
Figura 26 - Desaguamento do lodo com poliacutemero - meacutedias das seacuteries 70
Figura 27 - Detalhe da constituiccedilatildeo do leito de secagem convencional 71
Figura 28 - Teor de soacutelidos das tortas secas sem condicionamento quiacutemico - Hipoacutetese
II 78
Figura 29 - Teor de soacutelidos das tortas secas com condicionamento quiacutemico - Hipoacutetese
II 79
Figura 30 - Boxplot dos Soacutelidos Totais encontrados no lodo bruto 93
Figura 31 - Boxplot dos Soacutelidos Suspensos Totais encontrados no lodo bruto 94
Figura 32 - Boxplot da Alcalinidade encontrada no lodo bruto 94
Figura 33 - Boxplot do pH encontrado no lodo bruto 95
Figura 34 - Boxplot da taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos no Teste 1 96
Figura 35 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos permeaacuteveis nos testes 1 (sem
utilizaccedilatildeo) 2 (lavagem) e 3 (lavagem com soluccedilatildeo detergente) 97
Figura 36 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas compostos por pavimento permeaacutevel e
areia nos testes 1 (sem utilizaccedilatildeo) e 2 (apoacutes lavagem dos pavimentos com soluccedilatildeo
detergente) 98
xxi
Figura 37 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas convencionais nos testes 1 (sem utilizaccedilatildeo)
e 2 (apoacutes lavagem dos pavimentos com soluccedilatildeo detergente) 99
Figura 38 - Temperaturas registradas na Seacuterie I sem poliacutemero 100
Figura 39 - Temperaturas registradas na Seacuterie II sem poliacutemero 100
Figura 40 - Temperaturas registradas na Seacuterie III sem poliacutemero 100
Figura 41 - Temperaturas registradas na Seacuterie I com poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no
Laboratoacuterio 101
Figura 42 - Temperaturas registradas na Seacuterie II com poliacutemero 101
Figura 43 -Temperaturas registradas na Seacuterie III sem poliacutemero 102
Figura 44 - Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua nas seacuteries sem adiccedilatildeo de poliacutemero 102
Figura 45 - Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua nas seacuteries com adiccedilatildeo de poliacutemero 103
Figura 46 - Boxplot do volume desaguado com ou sem poliacutemero em cada sistema
(valores amostrais) 104
Figura 47 - Boxplot dos volumes desaguados com ou sem poliacutemero em cada sistema
(valores ajustados) 105
Figura 48 - Boxplot dos Soacutelidos Totais na torta seca do lodo com ou sem
condicionamento quiacutemico 106
Figura 49 - Meacutedias e valores maacuteximos e miacutenimos dos teores de soacutelidos da torta seca
nos sistemas com ou sem poliacutemero (valores ajustados) 107
xxii
xxiii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Caracteriacutesticas de lodo de esgoto no Brasil 13
Tabela 2 - Meacutetodos utilizados na anaacutelise do lodo 34
Tabela 3 - Organizaccedilatildeo dos sistemas 41
Tabela 4 - Avaliaccedilatildeo dos sistemas 44
Tabela 5 - Comparaccedilatildeo entre dados encontrados na literatura e na presente pesquisa
48
Tabela 6 - Dosagens testadas dos poliacutemeros utilizados na pesquisa 52
Tabela 7 - Resultados obtidos no CST nas dosagens de poliacutemero testadas 53
Tabela 8 - Temperatura evaporaccedilatildeo e duraccedilatildeo das seacuteries 56
Tabela 9 - Resultados do desaguamento do lodo de esgoto de tanque seacuteptico 58
Tabela 10 - Desaguamento do lodo de esgoto nos sistemas - Hipoacutetese I 74
Tabela 11 - Teor de soacutelidos da torta seca ndash comparaccedilatildeo com a Hipoacutetese I 78
Tabela 12 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos 96
Tabela 13 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas pavimento com adiccedilatildeo de areia e
convencional 98
xxiv
xxv
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ANA ndash Agecircncia Nacional de Aacuteguas
CV ndash Coeficiente de Variaccedilatildeo
EPS - Substacircncias Polimeacutericas Extracelulares
ETE ndash Estaccedilatildeo de Tratamento de Esgoto
FUNASA ndash Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede
LABPRO ndash Laboratoacuterio de Protoacutetipos
LABREUSO ndash Laboratoacuterio de Reuso
LABSAN ndash Laboratoacuterio de Saneamento
LES - Laboratoacuterios de Estrutura
LMC - Materiais da Construccedilatildeo
PLANASA ndash Plano Nacional de Saneamento
PNAD ndash Pesquisa Nacional por Amostras em Domiciacutelios
PNRH ndash Poliacutetica Nacional de Recursos Hiacutedricos
PNSB ndash Poliacutetica Nacional de Saneamento Baacutesico
PV ndash Pavimento
SST ndash Soacutelidos Suspensos Totais
SSF ndash Soacutelidos Suspensos Fixos
SSV ndash Soacutelidos Suspensos Volaacuteteis
ST ndash Soacutelidos Totais
STF ndash Soacutelidos Totais Fixos
STV ndash Soacutelidos Totais Volaacuteteis
xxvi
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
O saneamento baacutesico eacute um direito garantido pela constituiccedilatildeo federal brasileira No
entanto diversos municiacutepios natildeo tecircm acesso adequado a este serviccedilo no paiacutes
principalmente quando se trata da coleta e tratamento de esgoto Neste contexto as
regiotildees de baixa densidade demograacutefica como as zonas rurais satildeo as que mais
carecem do esgotamento sanitaacuterio No Brasil segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatiacutestica - IBGE (2010) cerca de 30 milhotildees de pessoas vivem na zona
rural ou seja haacute necessidade de realizaccedilatildeo de pesquisas que atendam agraves demandas
dessas comunidades sendo uma delas o saneamento baacutesico
Contudo a Pesquisa Nacional de Amostras por Domiciacutelios (PNAD) de 2011 revela
que entre os domiciacutelios sem rede coletora de esgoto os tanques seacutepticos representam
a principal alternativa para o lanccedilamento do esgoto domeacutestico e estatildeo presentes em
22 dos domiciacutelios no paiacutes (IBGE 2012)
A disposiccedilatildeo em tanques seacutepticos segundo Andreoli et al (2009) ainda que
longe do desejaacutevel pode reduzir cerca de 30 do potencial poluidor sendo
responsaacuteveis por uma reduccedilatildeo de carga orgacircnica de no miacutenimo 13 milhatildeo de kg de
Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO) por dia fato que ameniza os impactos
ambientais decorrentes da falta da rede coletora de esgoto
Considerando que mais de 23 milhotildees de domiciacutelios possuem tanques seacutepticos
ou fossas rudimentares no Brasil pode-se estimar que a produccedilatildeo de lodo digerido que
possui de 94 a 97 de umidade ultrapasse 8 milhotildees de msup3 por ano ndash observando-se o
valor indicado pela NBR 72291993 para o coeficiente de reduccedilatildeo de volume por
digestatildeo (ABNT 1993)
Desta forma haacute necessidade de realizar-se adequadamente o gerenciamento
deste lodo etapa comumente negligenciada no tratamento de esgoto caso contraacuterio o
benefiacutecio ambiental gerado pelo tratamento estaraacute comprometido Dentro deste
gerenciamento o desaguamento por processos naturais satildeo os mais adequados agraves
comunidades rurais por serem meacutetodos simplificados e de baixo custo
2
Tendo em vista um aumento da eficiecircncia deste processo vislumbrou-se a
possibilidade de utilizaccedilatildeo de poliacutemeros que atuam como condicionantes de lodo Os
poliacutemeros podem ser sinteacuteticos ou naturais Os primeiros satildeo produzidos
industrialmente e podem oferecer riscos agrave sauacutede humana aleacutem de impactos
ambientais A utilizaccedilatildeo de poliacutemeros naturais permitiria a reduccedilatildeo destes riscos e
impactos aleacutem de apresentarem menor custo constituindo-se como melhor alternativa
agraves comunidades rurais
Aleacutem disso a reconfiguraccedilatildeo dos leitos de secagem tradicionais utilizando-se
pavimentos permeaacuteveis poderia aumentar a taxa da drenagem da aacutegua presente no
lodo Essa combinaccedilatildeo entre poliacutemeros naturais e leito de secagem permitiria a reduccedilatildeo
do tempo de formaccedilatildeo e remoccedilatildeo da torta seca e da aacuterea do leito de secagem jaacute que
estes apresentam diversos inconvenientes como a demanda por grandes aacutereas e
longos periacuteodos para o desaguamento
Portanto a busca por alternativas adequadas agrave ETE de pequeno porte
localizadas em comunidades isoladas eou rurais historicamente negligenciadas pelo
Estado brasileiro constitui-se como medida efetiva de promoccedilatildeo de sauacutede e melhoria
na qualidade do ambiente uma vez que o acesso ao saneamento integra o conjunto de
medidas da medicina preventiva e reduz o impacto ambiental em corpos hiacutedricos e
contaminaccedilatildeo do solo e lenccediloacuteis freaacuteticos
3
2 OBJETIVOS
O objetivo do projeto foi comparar a eficiecircncia de desaguamento da porccedilatildeo de aacutegua
livre contida no lodo de tanque seacuteptico com o emprego de leito de secagem
convencional e leito de secagem composto por pavimento permeaacutevel e avaliar a
utilizaccedilatildeo de poliacutemeros naturais oriundos da mandioca (Manihot esculenta Crantz)
moringa (Moringa oleifera) e quiabo (Abelmoschus esculentus) e um sinteacutetico como
auxiliares do processo
21 Objetivos especiacuteficos
Comparar o desaguamento da porccedilatildeo de aacutegua livre contida no lodo de tanque
seacuteptico entre
a) leito de secagem convencional
b) leito de secagem composto por pavimento permeaacutevel e uma camada de
areia de 001m
c) leito de secagem composto somente com pavimento permeaacutevel
Avaliar a influecircncia da utilizaccedilatildeo dos poliacutemeros na eficiecircncia do desaguamento
Sendo estes oriundos da mandioca (Manihot esculenta Crantz) moringa
(Moringa oleifera) e quiabo (Abelmoschus esculentus) e um sinteacutetico
Comparar a eficiecircncia entre a utilizaccedilatildeo dos poliacutemeros naturais e sinteacutetico
4
5
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
31 Breve histoacuterico do saneamento baacutesico na zona rural no Brasil
O saneamento na zona rural sempre foi negligenciado por parte do Estado Tendo
se tornado uma preocupaccedilatildeo para o poder puacuteblico somente no iniacutecio do seacuteculo XX apoacutes
trabalho realizado pela Liga Proacute-Saneamento do Brasil que foi um movimento
nacionalista formado por meacutedicos cientistas antropoacutelogos e funcionaacuterios dos serviccedilos
federais Este movimento realizou um relatoacuterio sobre o saneamento na zona rural
atraveacutes de diversas incursotildees pelos ldquosertotildeesrdquo e encontraram uma populaccedilatildeo doente e
miseraacutevel A ausecircncia de poliacuteticas sociais e a grande pobreza decorrente da grande
concentraccedilatildeo de terras e a exploraccedilatildeo a que boa parte desta populaccedilatildeo era submetida
a tornava enfraquecida por doenccedilas decorrentes da falta de saneamento baacutesico e
impossibilitada de ter melhores condiccedilotildees de vida (GRECO 1999 NEVES 2009) Esse
grupo criticava a ausecircncia do poder puacuteblico nestes locais e acreditava ser possiacutevel
reverter este quadro promovendo accedilotildees integradas de sauacutede e saneamento baseando-
se no conceito de sociabilidade das doenccedilas (REZENDE amp HEacuteLLER 2008)
No entanto natildeo consideravam os aspectos de subdesenvolvimento e desigualdade
social que contribuiacuteam para tal situaccedilatildeo (GRECO 1999 NEVES 2009 REZENDE amp
HEacuteLLER 2008) Como se o personagem ldquoJeca Taturdquo de Monteiro Lobato assolado
pela ancilostomiacutease pudesse tornar-se vigoroso capitalista somente tendo acesso agrave
sauacutede Portanto o projeto de ldquosaneamento dos sertotildeesrdquo atraveacutes da exclusiva promoccedilatildeo
de sauacutede buscava defender a ldquovocaccedilatildeo agriacutecolardquo do paiacutes e integrar a populaccedilatildeo rural agrave
economia nacional Contudo foi a partir deste movimento que se lanccedilou as bases para
uma reforma que unificou e centralizou as accedilotildees de sauacutede e saneamento no paiacutes
(REZENDE amp HEacuteLLER 2008)
Com a intensificaccedilatildeo do ecircxodo rural a partir da deacutecada de 1940 pela
industrializaccedilatildeo do paiacutes causando intensa urbanizaccedilatildeo deslocou-se recursos a serem
destinados a zona rural que viviam em condiccedilotildees precaacuterias de sauacutede saneamento
educaccedilatildeo e moradia A partir da deacutecada de 1970 houve um distanciamento das accedilotildees
de sauacutede e saneamento e a criaccedilatildeo do Plano Nacional de Saneamento (PLANASA)
6
que investiu em abastecimento de aacutegua coleta e tratamento de esgoto (REZENDE amp
HEacuteLLER 2008)
Em 2007 com a criaccedilatildeo da Lei Nacional de Saneamento Baacutesico (LNSB) e sua
respectiva poliacutetica entendeu-se a grande vinculaccedilatildeo que deve existir entre as poliacuteticas
de saneamento baacutesico as poliacuteticas nacionais e regionais de recursos hiacutedricos e as
poliacuteticas regionais e locais de desenvolvimento urbano e sauacutede puacuteblica A Poliacutetica
Nacional de Recursos Hiacutedricos (PNRH) jaacute tem certa integraccedilatildeo com a LNSB como
exemplificado pelas accedilotildees da Agecircncia Nacional de Aacuteguas (ANA) Poreacutem a sauacutede
puacuteblica eacute uma grande ausente na LNSB exceto pela imposiccedilatildeo de que os planos de
saneamento baacutesico devam partir de um diagnoacutestico baseado em indicadores sanitaacuterios
e epidemioloacutegicos (CUNHA 2011)
A Poliacutetica Nacional de Saneamento Baacutesico (PNSB) determinou a elaboraccedilatildeo dos
programas de saneamento baacutesico integrado saneamento estruturante e saneamento
rural Sendo este uacuteltimo responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede por meio da
Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede (FUNASA) que tem coordenado o Programa Nacional de
Saneamento Rural visando integrar as poliacuteticas puacuteblicas de meio ambiente recursos
hiacutedricos sauacutede habitaccedilatildeo e igualdade racial (FUNASA 2012)
Entretanto ainda hoje de acordo com a PNAD 2011 a zona rural eacute marginalizada
quanto ao acesso aos serviccedilos de saneamento Somente 33 dos domiciacutelios tem
ligaccedilatildeo a rede de abastecimento de aacutegua e o acesso eacute ainda mais baixo quando se
trata de esgoto apenas 5 estatildeo ligados a rede coletora e 28 utilizam o tanque
seacuteptico como unidade de destinaccedilatildeo do esgoto mas a grande parte da populaccedilatildeo ainda
faz uso de fossa rudimentar lanccedilamento em corpos daacutegua e no solo a ceacuteu aberto
(IBGE 2012)
Do ponto de vista ambiental um projeto de saneamento deve estar apto a
responder natildeo soacute as questotildees sanitaacuterias mas tambeacutem as fontes de perturbaccedilatildeo da
qualidade ambiental no ambiente como a implicaccedilatildeo dos usos do efluente gerado e
seus subprodutos (PHILIPPI et al 1999)
7
Dentre as teacutecnicas de tratamento utilizadas nas zonas rurais o tratamento
anaeroacutebio oferece algumas vantagens em relaccedilatildeo ao aeroacutebio tais como projeto
relativamente simples e baixo custo baixa produccedilatildeo de lodo baixo consumo de energia
e de demanda de nutrientes com capacidade de receber altas cargas orgacircnicas e
sendo potencialmente gerador de energia (MOUSSAVI KAZEMBEIGI amp FARZADKIA
2010)
32 Tanque Seacuteptico
Eacute a forma de tratamento anaeroacutebia mais difundida e mais antiga no mundo haacute
registros de seu uso no seacuteculo XIX (BITTON 2005) e ainda se constitui como a
principal alternativa de tratamento de esgoto em comunidades isoladas eou rurais em
paiacuteses de economia perifeacuterica por ser uma forma de tratamento descentralizado
(MOUSSAVI KAZEMBEIGI amp FARZADKIA 2010) Desde que seja projetado situado e
mantido corretamente eacute considerado um tratamento de esgoto eficiente em aacutereas rurais
(WITHERS JARVIE amp STOATE 2011)
Os tanques seacutepticos podem ser definidos como uma unidade ciliacutendrica ou
prismaacutetica retangular de fluxo horizontal usada para tratamento de esgotos por
processos de sedimentaccedilatildeo flotaccedilatildeo e digestatildeo (ABNT 1993) Podem ser de cacircmara
uacutenica de cacircmaras em seacuterie ou de cacircmaras sobrepostas (ANDREOLI 2009) e sua
constituiccedilatildeo pode ser de concreto metal ou fibra de vidro (BITTON 2005)
Os soacutelidos sedimentaacuteveis presentes no esgoto formam a camada de lodo na parte
inferior do tanque Oacuteleos graxas e outros materiais leves flotam na superfiacutecie formando
uma camada de escuma A mateacuteria orgacircnica retida no fundo do tanque sofre
decomposiccedilatildeo facultativa e anaeroacutebia sendo convertida a compostos mais estaacuteveis e a
gases como gaacutes carbocircnico (CO2) e gaacutes sulfiacutedrico (H2S) e a remoccedilatildeo de Soacutelidos
Suspensos Totais (SST) e Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO) eacute geralmente de 70
a 80 e de 65 a 80 respectivamente podendo alcanccedilar em climas quentes remoccedilatildeo
8
de 80 de SST e 90 de DBO (METCALF amp EDDY 2009 BITTON 2005) Contudo eacute
pouco eficiente na remoccedilatildeo de organismos patogecircnicos (BITTON 2005)
O tempo em que o esgoto permanece no tanque para que seja tratado Tempo de
Detenccedilatildeo Hidraacuteulica (TDH) varia de 24 a 72 h (BITTON 2005) Na Figura 1 estaacute
representado um esquema de funcionamento de um tanque seacuteptico de cacircmara uacutenica
Figura 1 - Esquema do funcionamento de tanque seacuteptico de cacircmara uacutenica
Apesar deste sistema de tratamento ser extremamente antigo ainda eacute objeto de
pesquisa em diversos paiacuteses e se constitui como a principal forma de tratamento de
esgotos em comunidades rurais Entretanto a forma de operaccedilatildeo as unidades que
precedem ou sucedem os tanques seacutepticos e a destinaccedilatildeo final do efluente e do lodo
sofreram modificaccedilotildees qualitativas ao longo do tempo Fato que natildeo soacute comprova a
relevacircncia das pesquisas sobre este sistema como impacta positivamente a sauacutede
puacuteblica e o ambiente de modo geral
Moussavi Kazembeigi amp Farzadkia (2010) estudaram um modelo diferente de
tanque seacuteptico em escala piloto onde o fluxo de esgoto eacute vertical assemelhando-se
aos Reatores Anaeroacutebios de Fluxo Ascendente (RAFA) Os pesquisadores constataram
a remoccedilatildeo de 86 de SST 85 Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO) e 77 da
Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DQO) quando o TDH foi de 24h
9
Em seguida testaram a eficiecircncia de remoccedilatildeo desses indicadores com TDH de 12 e
6 h e notaram que esse decrescimento tambeacutem ocasionou o decrescimento da
remoccedilatildeo de SST de 67 para 33 respectivamente O mesmo ocorreu para os
paracircmetros de DBO e DQO em que o periacuteodo de 12h houve remoccedilatildeo de 71 e 77 e
no periacuteodo de 6 h remoccedilatildeo de 33 e 31 respectivamente constatando que neste caso
natildeo eacute possiacutevel reduzir o tempo de detenccedilatildeo hidraacuteulica dentro da unidade de tratamento
sem comprometer a eficiecircncia de remoccedilatildeo da carga orgacircnica
Os autores concluiacuteram que a modificaccedilatildeo do fluxo de esgoto se revelou eficiente no
tratamento de esgotos domeacutesticos e pode propiciar menor geraccedilatildeo de lodo implicando
em uma manutenccedilatildeo mais simplificada comparada agraves unidades convencionais e
consequentemente em menores custos
Uma pesquisa semelhante foi realizada em escala real em El Tel El Sagheer uma
pequena comunidade localizada agrave 120 km de Cairo Egito O tanque seacuteptico modificado
proposto por Sabry (2010) constitui-se por dois compartimentos O primeiro cujo fluxo
do efluente era vertical possuiacutea uma seacuterie de chapas inclinadas a 60deg conhecidas
como decantadores por colmeia que separavam a fase soacutelida da liacutequida minimizando
a quantidade de soacutelidos que escapavam para o compartimento seguinte e retinham a
escuma O primeiro tanque exercia a funccedilatildeo de digerir anaeroacutebiamente a mateacuteria
orgacircnica sedimentando os soacutelidos suspensos no fundo que formam o lodo tendo
tambeacutem uma saiacuteda para o biogaacutes formado
O segundo compartimento era divido em dois e servia como uma unidade de
polimento degradando a mateacuteria orgacircnica residual atraveacutes da filtraccedilatildeo que ocorria o
com cascalho no fundo do tanque retendo os soacutelidos bioloacutegicos por um longo periacuteodo
Para tal o sistema exigia a utilizaccedilatildeo de duas bombas submersas uma em cada
tanque com vazatildeo de 0003 msup3s-1 O TDH dos dois compartimentos era de 20 h
velocidade ascensional na vazatildeo maacutexima diaacuteria de 0125 m h-1 e carga orgacircnica meacutedia
no segundo compartimento de 042 kg DBO m-3 d Aleacutem disso uma unidade de
10
desinfecccedilatildeo foi instalada para injetar uma soluccedilatildeo de hipoclorito de soacutedio no efluente
tratado com vistas a adequaccedilatildeo a legislaccedilatildeo local
Durante quase um ano de operaccedilatildeo e monitoramento o sistema removeu 81 da
DBO 84 do DQO e 89 dos SST enquanto a remoccedilatildeo em um sistema de tanque
seacuteptico seguido de filtro anaeroacutebio citado pelo pesquisador foi de 56 para DBO 52
para DQO e 54 para SST O sistema tambeacutem se mostrou de faacutecil reprodutibilidade e
baixo custo provando-se uma alternativa promissora para o tratamento de esgotos em
comunidades rurais em regiotildees em situaccedilatildeo anaacuteloga ao Egito
Os tanques seacutepticos tambeacutem podem ser integrados a outros processos de
tratamento como demonstrado por Philippi et al (1999) numa pesquisa realizada no
Brasil no estado de Santa Catarina Os pesquisadores verificaram a eficiecircncia de uma
zona de raiacutezes (tambeacutem conhecida pelo seu termo em inglecircs wetland) que recebia
efluente de um tanque seacuteptico Proveniente de uma induacutestria alimentiacutecia continha soro
de queijo gordura sangue alimentos enlatados carne suiacutena e esgoto sanitaacuterio sendo
que parte desse material ficava na caixa de gordura situada apoacutes o tanque seacuteptico que
foi construiacutedo em escala real de acordo com a NBR 72231993
Apoacutes a caixa de gordura o efluente entrava na parte inferior da zona de raiacutezes e
passava por camadas de areia feno de arroz e argila chegando as raiacutezes da
Zizaniopsis bonariensis espeacutecie de planta aquaacutetica tiacutepica da regiatildeo sul do paiacutes Os
pontos de monitoramento foram nas saiacutedas do tanque seacuteptico (P1) e da zona de raiacutezes
(P2) e os resultados mostraram que a reduccedilatildeo do P1 para DBO e DQO foi de 32 e 33
de 29 e 36 para ST e STV de 5 e 40 para Nitrogecircnio Total Kjedhal (NTK) e nitratos
e de 13 para o foacutesforo total (PT) respectivamente Enquanto que para o P2 a reduccedilatildeo
foi de 69 para DBO 71 para a DQO para ST e STV de 61 e 75 para NTK e
nitratos e PT de 78 e 40 72 respectivamente Destaca-se que a pesquisa estuda
uma das possibilidades de poacutes-tratamento de efluente de tanques seacutepticos poreacutem
existem diversas formas indicadas pela NBR 139691997 como vala de infiltraccedilatildeo o
poccedilo absorvente escoamento superficial e canteiro de infiltraccedilatildeo e evapotranspiraccedilatildeo
11
Os resultados da pesquisa revelam bom desempenho da associaccedilatildeo dos sistemas
de tratamento e alta remoccedilatildeo de N e P em decorrecircncia da desnitrificaccedilatildeo na zona de
raiacutezes e apoacutes o periacuteodo de maturaccedilatildeo do sistema comeccedilou a produzir efluente em
acordo com a legislaccedilatildeo local sendo o sistema integrado uma boa alternativa para o
tratamento efluentes sanitaacuterios e para induacutestrias que tenham efluentes semelhantes aos
da pesquisa (PHILIPPI et al 1999)
Contudo a operaccedilatildeo incorreta e a destinaccedilatildeo inadequada do efluente e do lodo
gerado pelos tanques seacutepticos em zonas rurais podem contribuir para a eutrofizaccedilatildeo de
nascentes de corpos hiacutedricos Withers Jarvie amp Stoate (2011) monitoraram o impacto
dos tanques seacutepticos na concentraccedilatildeo de nutrientes em uma comunidade rural na
Inglaterra Os pesquisadores verificaram altas concentraccedilotildees de nitrogecircnio foacutesforo
soacutedio potaacutessio e amocircnia aleacutem de concentraccedilotildees de nitrato consideradas nocivas aos
peixes tipicamente associados agrave digestatildeo anaeroacutebia de tanques seacutepticos tanto nas
valas de infiltraccedilatildeo quanto agrave jusante do corpo hiacutedrico situado proacuteximo aos tanques
seacutepticos
Portanto aleacutem de melhorias nas tecnologias simplificadas de tratamento de esgoto
eacute necessaacuterio o correto gerenciamento do lodo gerado caso contraacuterio o beneficio
ambiental gerado pelo tratamento do efluente pode ser parcialmente comprometido
33 Lodo de esgoto
O lodo de esgoto eacute um subproduto do tratamento de esgoto e eacute gerado em vaacuterias
etapas Seu gerenciamento eacute complexo e por vezes ignorado nas ETE
Contraditoriamente Campbell (2000) aponta que quanto mais efetivo o processo de
remoccedilatildeo de contaminantes maior a produccedilatildeo de lodo Ou seja a preocupaccedilatildeo com o
tratamento do efluente deve ser proporcional ao gerenciamento de seu subproduto
Apesar disso natildeo representa mais que 2 do volume de esgoto tratado Poreacutem os
custos variam de 20 a 60 do total gasto numa ETE no Brasil (ANDREOLI VON
SPERLING amp FERNANDES 2001) Essa realidade natildeo eacute soacute brasileira em outros
12
paiacuteses tambeacutem representa custos elevados e seu gerenciamento eacute por vezes
negligenciado (RUIZ KAOSOL amp WISNIEWSK 2010)
Uma fraccedilatildeo significativa da expansatildeo da infraestrutura estaacute ocorrendo em paiacuteses
em desenvolvimento dirigidas aos maiores centros urbanos do mundo como eacute o caso
da Cidade do Meacutexico e Satildeo Paulo Para ter estrateacutegias mais apropriadas de
gerenciamento de lodo contudo satildeo necessaacuterias informaccedilotildees histoacutericas pouco
disponiacuteveis nestas cidades segundo afirma Campbell (2000)
Aleacutem disso eacute imprescindiacutevel o conhecimento do lodo gerado para que seu
gerenciamento possa ser eficiente Ainda que a NBR 100042004 classifique o lodo de
esgoto como um resiacuteduo soacutelido natildeo inerte (ABNT 2004) aproximadamente 95 de sua
constituiccedilatildeo eacute aacutegua sofrendo algumas variaccedilotildees devido as diferentes caracteriacutesticas
dos esgotos e tratamentos O lodo tambeacutem pode ser classificado de acordo com a sua
origem
Lodo primaacuterio eacute aquele gerado em decantadores primaacuterios e tanques
seacutepticos Eacute formado principalmente por soacutelidos sedimentaacuteveis Pode
exalar odor forte caso fique retido por periacuteodos elevados e em altas
temperaturas Nos tanques seacutepticos sofre digestatildeo anaeroacutebia
Lodo secundaacuterio eacute formado nas etapas bioloacutegicas do tratamento aeroacutebia
e anaeroacutebia podendo estar estabilizado ou natildeo Compreende a
comunidade microbiana que realiza a degradaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica no
sistema
Lodo quiacutemico eacute originaacuterio de tratamentos que adicionam condicionantes
quiacutemicos como decantadores primaacuterios com precipitaccedilatildeo quiacutemica
O Programa de Pesquisa em Saneamento Baacutesico realizou um trabalho com lodo
de esgoto em diferentes institutos de pesquisa no Brasil Algumas caracteriacutesticas do
lodo encontradas podem ser vistas na Tabela 1 utilizando-se o procedimento de coleta
13
de aliacutequotas dos resiacuteduos descartados pelos caminhotildees limpa-fossa na entrada da
ETE ressalta-se que apesar da pesquisa focar em lodo de tanque seacuteptico nem todas
as ETE coletaram desta unidade de tratamento nem adotaram a mesma metodologia
de coleta e os contribuintes do esgoto foram variados como restaurantes domiciacutelios
hospitais entre outros e satildeo mantidos e operados de formas diferentes Nota-se que
todos os valores satildeo elevados indicando alta concentraccedilatildeo de soacutelidos
Tabela 1 - Caracteriacutesticas de lodo de esgoto seacuteptico no Brasil
Paracircmetros
Lodo de esgoto
FAE UFRN UNB USP
SANEPAR LARHISA CAESB EESC
Mediana Mediana Mediana Mediana
ST (mgL-1) 8208 6508 10214 6508
STV (mgL-1) 5612 4368 7368 3053
SST (mgL-1) 5042 3891 6395 3257
DBO (mgL-1) 2734 955 - 1524
DQO (mgL-1) 11219 3434 1281 4491
pH 72 66 71 69 Adaptado de Andreoli (2009)
Diversos estudos tecircm buscado relaccedilotildees entre caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas do
lodo e seu desaguamento De acordo com Vesilind (1994) o tamanho e a superfiacutecie das
partiacuteculas soacutelidas presentes no lodo satildeo caracteriacutesticas importantes que podem
determinar a receptividade ao espessamento ou desaguamento do lodo A carga das
partiacuteculas pode estabelecer ligaccedilotildees com as moleacuteculas de aacutegua difiacuteceis de serem
quebradas essas cargas superficiais alteram propriedades fiacutesicas daacute aacutegua
descongelamento agrave temperaturas abaixo do ponto de congelamento (-20degC) e a
densidade pode ser reduzida a 0965 gcmsup3
Neste mesmo trabalho Vesilind (1994) investigou os tipos de aacutegua presentes no
lodo e verificou que uma fraccedilatildeo estaacute ligada fisicamente agrave superfiacutecie das partiacuteculas
presentes no lodo atraveacutes de pontes de hidrogecircnio denominada aacutegua vicinal e pode
ser removida pela diminuiccedilatildeo da aacuterea superficial total das partiacuteculas soacutelidas a que estaacute
ligada atraveacutes da utilizaccedilatildeo de condicionantes quiacutemicos
14
A remoccedilatildeo da aacutegua localizada nos interstiacutecios dos flocos pode se dar por
processos mecacircnicos que conseguem destruir a estrutura do floco (RUIZ KAOSOL amp
WISNIEWSK 2010 VESILIND 1994) A aacutegua de hidrataccedilatildeo eacute aquela ligada
quimicamente agrave superfiacutecie da partiacutecula e eacute removida apenas com aumento da
temperatura Somente a fraccedilatildeo denominada ldquoaacutegua livrerdquo eacute que natildeo estaacute associada e
natildeo sofre influecircncia dos soacutelidos presentes no lodo A drenagem adensamento e
desidrataccedilatildeo mecacircnica e natural podem realizar a sua remoccedilatildeo (VESILIND 1994)
O trabalho de Liao et al (2000) constatou forte relaccedilatildeo entre o tamanho dos flocos e
a quantidade de aacutegua ligada fisico-quimicamente agraves partiacuteculas soacutelidas quanto menor
era o floco maior a quantidade deste tipo de aacutegua encontrada no lodo Mikkelsen amp
Keiding (2002) concluiacuteram que Substacircncias Polimeacutericas Extracelulares (EPS) satildeo o
paracircmetro mais importante na estrutura do lodo e altas concentraccedilotildees destas
substacircncias podem diminuir a tensatildeo de cisalhamento e propiciar um menor grau de
dispersatildeo do lodo pois agem na estabilidade da estrutura dos flocos reduzindo desta
forma a resistecircncia agrave filtraccedilatildeo Entretanto altas concentraccedilotildees de EPS diminuem o teor
de soacutelidos na torta seca
Jin Wileacuten amp Lant (2003) tambeacutem investigaram a relaccedilatildeo entre as EPS e o
desaguamento no lodo de esgoto Os pesquisadores observaram que altas
concentraccedilotildees de iacuteons Ca+ Mg2+ Fe3+ e Al3+ proporcionam melhora significativa no
desaguamento Tambeacutem concluiacuteram que lodos que contem flocos compactos grandes
e com muitos filamentos tem grande quantidade de aacutegua ligada intersticial
Propriedades de floculabilidade hidrofobicidade carga superficial e viscosidade satildeo
fatores que afetam significativamente a capacidade de ligaccedilatildeo da aacutegua nos flocos de
lodo sendo que altos valores destas propriedades indicam grande quantidade de aacutegua
ligada Ademais proteiacutenas e carboidratos contribuem significativamente para a ligaccedilatildeo
da aacutegua nos flocos
No espessamento por gravidade a presenccedila de aacutegua vicinal em volta das
partiacuteculas menores no lodo (de 2 a 4 microm cerca de 6 do total de partiacuteculas presentes
15
no lodo digerido anaeroacutebiamente) melhoraria o processo devido ao aumento do
diacircmetro efetivo das partiacuteculas como resultado da baixa densidade encontrada na aacutegua
vicinal e do aumento da viscosidade da aacutegua que circunda as partiacuteculas (VESILIND
1994)
As alternativas para a disposiccedilatildeo do lodo satildeo variadas e tecircm sido desenvolvidas haacute
vaacuterias deacutecadas Campbell (2000) as divide em trecircs categorias satildeo elas (i) aplicaccedilatildeo no
solo (ii) disposiccedilatildeo em aterro sanitaacuterio e (iii) tecnologias de incineraccedilatildeo Para as duas
primeiras - mais aplicadas no Brasil - torna-se indispensaacutevel a retirada de uma parcela
de sua umidade pois interfere na umidade ideal do solo quando aplicado na agricultura
e sobrecarrega o tratamento do chorume nos aterros
34 Desaguamento do lodo de esgoto
De acordo com Andreoli von Sperling amp Fernandes (2001) o gerenciamento do
lodo eacute uma atividade complexa e pode promover impactos ambientais negativos caso
seja mal executada Dentre as etapas envolvidas o desaguamento eacute um dos desafios
da engenharia ambiental e continua sendo um problema no tratamento de esgotos
(VESILIND 1988 VESILIND 1994 CAMPBELL 2000)
Metcalf amp Eddy (1991) descrevem o desaguamento como uma operaccedilatildeo fiacutesica
utilizada na reduccedilatildeo de umidade contida no lodo Eacute necessaacuterio realizar esta operaccedilatildeo
por propiciar (i) o manuseio mais faacutecil (ii) a reduccedilatildeo dos custos no transporte (iii) a
disposiccedilatildeo em aterros sanitaacuterios reduzindo a quantidade de chorume produzido (iv) a
melhora na etapa de compostagem do lodo (v) a reduccedilatildeo da atividade microbiana e
consequentemente da produccedilatildeo de odores
O desaguamento pode ser realizado por processos naturais ou mecanizados A
seleccedilatildeo dos mecanismos de desaguamento deve ser determinada pelo tipo de lodo a
ser desaguado caracteriacutesticas desejadas do lodo desaguado e espaccedilo disponiacutevel Os
processos mecanizados satildeo mais indicados para Estaccedilotildees de Tratamento de Esgotos
(ETE) de grande porte e onde haja restriccedilatildeo de aacuterea Centriacutefugas filtros a vaacutecuo
16
filtros-prensa prensas desaguadoras e secagem teacutermica satildeo exemplos de processos
mecanizados mais utilizados em ETE
Em estudo realizado por Ruiz Kaosol amp Wisniewsk (2010) relacionou-se a
quantidade de mateacuteria orgacircnica presente no lodo e sua aptidatildeo ao desaguamento
mecacircnico verificou-se que quanto maior essa quantidade (expressa pelo valor de
Soacutelidos Totais Volaacuteteis) menor era a resistecircncia a filtraccedilatildeo mas maior sua
compressibilidade (expressa pelo seu limite de plasticidade) e portanto menor a
eficiecircncia do processo de desaguamento mecacircnico Todavia lodos com menor teor de
mateacuteria orgacircnica isto eacute mais estabilizados tambeacutem satildeo mais indicados para os
processos naturais de desaguamento (ANDREOLI VON SPERLING amp FERNANDES
2001)
Verifica-se no entanto que poucas pesquisas tecircm se preocupado com o
desaguamento por processos naturais como os leitos de secagem e as lagoas de
secagem que estatildeo mais presentes em ETE pequenas ou que natildeo tecircm restriccedilotildees
quanto a aacuterea O mecanismo de desaguamento nestes casos se daacute pela evaporaccedilatildeo e
percolaccedilatildeo da aacutegua presente no lodo O desaguamento de lodos por leitos de secagem
eacute adequado para comunidades de pequeno e meacutedio porte sendo indicado para lodos
tipicamente encontrados em tanques seacutepticos (estabilizados)
Um leito de secagem convencional conforme ilustram as Figuras 2 e 3 caracteriza-
se por um tanque com paredes e base de concreto O fundo deve ser constituiacutedo por
uma camada de areia trecircs camadas de brita e tijolos recozidos ou outro material
resistente agrave operaccedilatildeo de remoccedilatildeo do lodo seco com juntas de areia (ABNT 1992)
17
Figura 2 - Planta de um leito de secagem convencional
Figura 3 - Corte transversal de um leito de secagem convencional
Van Haandel amp Lettinga (1994) descrevem que o tempo total para um ciclo de
secagem em leitos de secagem se compotildee por quatro periacuteodos Satildeo eles
T1 = tempo de preparaccedilatildeo do leito e descarga do lodo que dependem do
gerenciamento do leito como nuacutemero de trabalhadores e disponibilidade de
equipamentos
T2 = tempo de percolaccedilatildeo da aacutegua presente no lodo
T3 = tempo de evaporaccedilatildeo para se atingir a fraccedilatildeo desejada de soacutelidos que assim
como T2 varia em funccedilatildeo de condiccedilotildees operacionais durante a secagem condiccedilotildees
metereoloacutegicas (temperatura e pluviosidade) e a carga aplicada de soacutelidos
T4 = tempo de remoccedilatildeo dos soacutelidos secos
18
Para amenizar as variaacuteveis metereoloacutegicas os leitos de secagem podem ser
instalados ao ar livre ou cobertos por proteccedilatildeo contra a influecircncia das chuvas e de
geadas
De acordo com Metcalf amp Eddy (1991) Andreoli von Sperling amp Fernandes (2001) e
Andreoli (2009) em comparaccedilatildeo aos processos mecanizados apresenta diversas
vantagens tais como
Simplicidade na instalaccedilatildeo e operaccedilatildeo
Baixa sensibilidade agrave qualidade do lodo
Natildeo provoca ruiacutedos e vibraccedilotildees
Natildeo demanda energia
Baixo custo
Baixo consumo de poliacutemeros
A exposiccedilatildeo prolongada ao sol pode promover a remoccedilatildeo de organismos
patogecircnicos (VAN HAANDEL amp LETTINGA 1994)
Entretanto tambeacutem possui desvantagens sendo elas
Demanda tempo elevado para remoccedilatildeo da torta seca
Necessitam de que o lodo esteja estabilizado
Eacute sujeito agraves variaccedilotildees climaacuteticas
A remoccedilatildeo do lodo eacute trabalhosa
Demanda grande aacuterea
Considerando que a aacuterea especiacutefica requerida para leitos de secagem (Ae) pode
ser calculada em funccedilatildeo1 da quantidade de lodo digerido produzido na ETE (Q) - que eacute
funccedilatildeo da produccedilatildeo de lodo fresco (1 L pessoadia-1) e do coeficiente de reduccedilatildeo de
volume por digestatildeo (025) (Q = 025) da espessura da camada de lodo aplicado em
cada ciclo (e = 045 m) e do nuacutemero de ciclos de secagem por ano (nc = 15 ciclosano)
1 Valores sugeridos pela NBR 72291993
19
Calculando-se pela formula
Pode-se estimar uma aacuterea meacutedia de 0014 msup2hab-1 (para lodos anaeroacutebios de
origem domeacutestica) (NBR 72291993 MORTARA 2011)
Um dos poucos trabalhos que estudaram os leitos de secagem em bancada foi
produzido por van Haandel amp Lettinga (1994) que realizaram uma investigaccedilatildeo
experimental semelhante a presente pesquisa No entanto os resultados natildeo satildeo
diretamente comparaacuteveis uma vez que os autores estudaram o tempo necessaacuterio para
obtenccedilatildeo de uma determinada umidade para diferentes cargas de soacutelidos Aleacutem disso
separou-se os processos de percolaccedilatildeo e evaporaccedilatildeo de modo que o experimento foi
feito em duas etapas na primeira utilizaram tubos de PVC de 10 m de comprimento e
020 m de diacircmetro adicionando-se aos tubos camadas de cascalho estratificado de 1
a 18rdquo (brita meacutedia) e areia meacutedia ambas com espessura de 020 m cada O lodo
utilizado foi proveniente de RAFA e foi inserido nos tubos sendo que estes foram
cobertos para evitar a evaporaccedilatildeo
Apoacutes esta fase o lodo era removido dos tubos e colocado em aneacuteis de 0040 m de
comprimento e 0050 m de diacircmetro dispostos em colunas que ficavam ao ar livre para
avaliar-se a evaporaccedilatildeo que era realizada por diferenccedila de massa observada
diariamente ateacute que se estabelecesse massa constante A perda de massa era
acompanhada por perda de volume de lodo e para facilitar a evaporaccedilatildeo sempre que
o lodo atingia niacutevel mais baixo ao niacutevel superior do tubo o anel imediatamente acima
era retirado sendo a evaporaccedilatildeo natildeo limitada pela difusatildeo de vapor de aacutegua no tubo
Tambeacutem realizou-se testes de evaporaccedilatildeo com aacutegua pura
Os autores concluiacuteram que a concentraccedilatildeo inicial de ST no lodo natildeo teve influecircncia
mensuraacutevel sobre o tempo necessaacuterio para a percolaccedilatildeo da aacutegua ou sobre a
concentraccedilatildeo final de ST no lodo Em contraste cargas de soacutelidos diferentes tiveram
tempos de percolaccedilatildeo diferentes Outrossim grande parte da aacutegua no lodo eacute livre e eacute
removida no periacuteodo de percolaccedilatildeo que eacute relativamente curto Entretanto periacuteodos
elevados de evaporaccedilatildeo satildeo necessaacuterios para obtenccedilatildeo de altos valores de ST nas
20
tortas secas Ademais a produtividade do leito de secagem (massa de soacutelidos
processados por unidade de aacuterea do leito e por unidade de tempo) eacute muito influenciada
pela fraccedilatildeo de soacutelidos que se deseja no lodo apoacutes a secagem A produtividade para
lodo com relativamente muito aacutegua (umidade de 60 a 70) eacute mais que o dobro daquela
para lodo com pouca aacutegua (umidade de 20 a 30)
Cofie et al (2006) realizaram estudo com leito de secagem em escala real em
Ghana e monitoraram oito ciclos de secagem por dez meses O leito de secagem era
composto por uma camada de 015 m de areia fina e duas camadas de brita a primeira
de tipo 1 tinha 010 m de espessura e a segunda de tipo 2 tinha espessura de 015 m
O leito tinha aacuterea de 25 msup2 e capacidade de 15 msup3 de lodo com espessura de 030 m
Um terccedilo do lodo foi proveniente de sanitaacuterios puacuteblicos e o restante de tanques
seacutepticos tendo baixa concentraccedilatildeo de soacutelidos cerca de 3 A carga aplicada de
soacutelidos utilizada foi de 196 a 321 kg msup2 e quando seco era retirado manualmente O
teor de soacutelidos da torta seca foi em meacutedia de 3045 os STV de 71 e o tempo de
desaguamento variou de 7 a 59 dias
Os pesquisadores atribuem essa grande variaccedilatildeo a alguns fatores (i) ao
incremento de aacutegua no lodo causado pela chuva (ii) o entupimento da areia que
diminuiu a capacidade de percolaccedilatildeo da aacutegua livre do lodo e (iii) ao tipo de lodo
utilizado que apesar da parcela oriunda de tanque seacuteptico estar bem digerida a porccedilatildeo
proveniente de sanitaacuterios puacuteblicos apresentava grande quantidade de mateacuteria orgacircnica
tornando esse lodo pouco digerido e improacuteprio para o desaguamento nesse tipo de
leito
Mortara (2011) estudou a utilizaccedilatildeo de leitos de drenagem como alternativa aos
leitos de secagem Estes primeiros se diferenciam por substituiacuterem a camada de areia
por uma com manta geossinteacutetica e terem reduzida a altura de camada de brita (que
passa a ser somente uma camada de brita nordm 1 ou 2 de 005 a 010 m de espessura)
Essa mudanccedila proporcionou aumento da taxa de retirada da aacutegua livre e portanto
reduccedilatildeo do tempo de drenagem Aleacutem disso o autor cita que a massa de lodo seco
retirada foi menor assim como o trabalho para sua retirada e a estrutura para
21
armazenar o material ateacute sua disposiccedilatildeo final foram menores quando comparados ao
leito de secagem
35 Condicionamento do lodo
O condicionamento eacute um processo que melhora as caracteriacutesticas do lodo com
vistas a processaacute-lo de forma mais eficiente e mais raacutepida jaacute que o lodo geralmente
natildeo eacute facilmente manipulaacutevel Faz-se entatildeo necessaacuterio seu condicionamento para
facilitar o espessamento desaguamento e secagem O condicionamento do lodo pode
se dar por diversos meacutetodos que vatildeo desde a separaccedilatildeo de partiacuteculas soacutelidas das
moleacuteculas de aacutegua (processos fiacutesicos) ateacute a oxidaccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (processos
quiacutemicos) (AMUDA et al 2008)
Alguns exemplos de processos fiacutesicos empregados satildeo o congelamento do lodo
que proporciona a separaccedilatildeo de parte da aacutegua presente das partiacuteculas soacutelidas (AMUDA
et al 2008) a hidroacutelise teacutermica que permite a liberaccedilatildeo da aacutegua ligada fiacutesico-
quimicamente em temperaturas acima de 100degC o tratamento ultrassocircnico que tambeacutem
pode ser quiacutemico que em ambos os casos causa ruptura da estrutura celular e dos
flocos de micro-organismos atraveacutes do uso de baixas ou altas frequecircncias por processo
de cavitaccedilatildeo ou de reaccedilotildees quiacutemicas (CARREgraveRE et al 2010) A eletrodesidrataccedilatildeo
tambeacutem conhecida como desidrataccedilatildeo assistida por campo eleacutetrico consiste na
aplicaccedilatildeo de um campo eleacutetrico que atrai as partiacuteculas de aacutegua eletricamente
carregadas rompendo as ligaccedilotildees com as partiacuteculas soacutelidas do lodo (MAHMOUD et al
2010)
Um outro exemplo de condicionamento eacute a destruiccedilatildeo bioloacutegica celular atraveacutes da
aplicaccedilatildeo de fortes oxidantes quiacutemicos promove a desintegraccedilatildeo bioloacutegica da mateacuteria
orgacircnica do lodo a CO2 e aacutegua e consequentemente reduz o volume do lodo (AMUDA
et al 2008)
A alternativa de condicionamento mais comum nas ETE eacute a utilizaccedilatildeo sais
inorgacircnicos e de poliacutemeros orgacircnicos Satildeo empregados tradicionalmente produtos jaacute
22
utilizados no tratamento de aacutegua e esgoto condicionantes inorgacircnicos como cloreto
feacuterrico sulfato de alumiacutenio e a cal (AMUDA et al 2008 METCALF amp EDDY 1991) A
desvantagem na utilizaccedilatildeo destes eacute o aumento do teor de soacutelidos de 20 a 30 no lodo
enquanto que a utilizaccedilatildeo de poliacutemeros orgacircnicos natildeo aumenta significativamente
(METCALF amp EDDY 1991) A escolha e utilizaccedilatildeo de condicionantes inorgacircnicos ou
orgacircnicos deve ser baseada em estudos teacutecnicos e econocircmicos (MORTARA 2011)
Os condicionantes orgacircnicos atuam como coagulantes formando pontes quiacutemicas
entre o poliacutemero e as partiacuteculas coloidais presentes no lodo que satildeo adsorvidas pelas
diversas cadeias de monocircmeros do poliacutemero agregando-se em flocos densos passiacuteveis
de serem removidos por filtraccedilatildeo sedimentaccedilatildeo ou flotaccedilatildeo (LIBAcircNIO 2005) Sua
aplicaccedilatildeo em dosagem correta acelera o processo de desaguamento e aumenta o teor
de soacutelidos da torta seca (WPCFM 1988)
A adiccedilatildeo de poliacutemeros ocorre antes da etapa de desaguamento e podem reduzir a
umidade de entrada de 90 a 99 para 65 a 85 dependendo das caracteriacutesticas dos
soacutelidos a serem tratados (METCALF amp EDDY 1991 WPCFM 1988)
Os poliacutemeros podem ser classificados de acordo com a sua carga eleacutetrica em
catiocircnicos aniocircnicos natildeo-iocircnicos e anfoliacuteticos e quanto a sua origem sinteacutetica ou
natural Libacircnio (2005) destaca duas vantagens no uso especiacutefico de poliacutemeros
catiocircnicos de menor peso molecular que se aplicam ao tratamento de lodo de esgoto
Satildeo elas (i) reduccedilatildeo do volume do lodo gerado (ii) maior facilidade de desidrataccedilatildeo do
lodo gerado comparada aos sais de ferro e alumiacutenio
Mortara (2011) realizou ensaios com poliacutemeros sinteacuteticos em lodo de ETE analisou
18 poliacutemeros catiocircnicos 15 soacutelidos e 3 em emulsatildeo associados a um leito de
drenagem no condicionamento do lodo anaeroacutebio Atraveacutes de testes em laboratoacuterio e
em escala piloto constatou que quase todos os poliacutemeros soacutelidos testados produziram
lodos mais facilmente desaguaacuteveis com dosagens relativamente baixas cerca de 2 gkg
de ST-1 enquanto que os poliacutemeros em emulsatildeo tinham dosagens oacutetimas maiores
23
cerca de 6 gkg-1 Tambeacutem se verificou que o condicionamento quiacutemico propiciou maior
drenagem da aacutegua quando comparado ao lodo natildeo condicionado Entretanto natildeo
influenciou a evaporaccedilatildeo e consequentemente os tempos de ciclo de secagem uma
vez que o teor de soacutelidos do lodo sem condicionamento apresentou evoluccedilatildeo
semelhante a dos lodos condicionados ao longo do periacuteodo de secagem
Contudo segundo Abreu Lima (2007) os poliacutemeros sinteacuteticos podem ser
contaminados no processo de produccedilatildeo ou ainda gerar subprodutos (monocircmeros) de
risco agrave sauacutede dos consumidores Uma alternativa a esses condicionantes seria o
emprego de poliacutemeros oriundos de fontes naturais como as plantas e substacircncias
retiradas de animais
Ainda que estes riscos preocupem mais as Estaccedilotildees de Tratamento de Aacutegua (ETA)
jaacute que afetam diretamente a aacutegua captada para abastecimento humano a atenccedilatildeo
deve-se dar no tratamento de esgoto e no gerenciamento do lodo tambeacutem
Considerando que a aacutegua drenada do lodo retorna ao sistema de tratamento e que
esse efluente tratado eacute lanccedilado em um corpo hiacutedrico que posteriormente pode servir
como manancial
Diversos estudos tecircm utilizado poliacutemeros naturais como auxiliares da floculaccedilatildeo no
tratamento de aacutegua e esgoto Visto que natildeo apresentam riscos agrave sauacutede a longo prazo e
por serem fonte de alimentaccedilatildeo humana em sua maioria De acordo com Di Bernardo
(2005) a utilizaccedilatildeo destes poliacutemeros permite um aumento da velocidade de
sedimentaccedilatildeo dos flocos reduccedilatildeo da accedilatildeo das forccedilas de cisalhamento nos flocos
durante a veiculaccedilatildeo da aacutegua floculada e uma dosagem menor do coagulante primaacuterio
quando estes satildeo sais de alumiacutenio ou ferro
Borba (2001) Arantes Ribeiro amp Paterniani (2012) e Di Bernardo (2005) citam
como exemplo de fonte destes compostos a mandioca (Manihot esculenta) a batata
(Solanum tuberosum L) a quitosana o tanino o quiabo (Abelmoschus esculentus) o
milho (Zea mays) e a moringa (Moringa oleiacutefera)
24
Dentre os poliacutemeros naturais os mais utilizados satildeo os amidos (DI BERNARDO
2005 LIBAcircNIO 2005) O milho a batata a mandioca e o trigo satildeo os alimentos
produzidos em larga escala que mais possuem amido podendo variar a quantidade em
funccedilatildeo da idade do solo da variedade da espeacutecie e do clima
A facilidade de obtenccedilatildeo do poliacutemero o custo e a simplicidade metodoloacutegica do
preparo satildeo fatores importantes para a seleccedilatildeo em trabalhos direcionados agraves
comunidades rurais Dos poliacutemeros pesquisados os originaacuterios da mandioca moringa e
quiabo foram os que mais se adequaram a estes criteacuterios baseando-se em Dantas amp Di
Bernardo (2000) Muyibi et al (2001) e Abreu Lima (2007)
A mandioca (Manihot esculenta) eacute originaacuteria da Ameacuterica do Sul e eacute comum nas
regiotildees tropicais da Aacutefrica e Aacutesia sendo uma importante fonte de alimentaccedilatildeo da
populaccedilatildeo mais pobre e eacute rica em amido Dantas amp Di Bernardo (2000) estudaram o
potencial do amido catiocircnico da mandioca como auxiliar de floculaccedilatildeo no tratamento de
aacuteguas para abastecimento Os resultados obtidos indicaram que este poliacutemero natural
pode ser utilizado em substituiccedilatildeo dos poliacutemeros sinteacuteticos auxiliares de floculaccedilatildeo Natildeo
foram encontradas referecircncias sobre a utilizaccedilatildeo de amido de mandioca em tratamento
de esgoto ou condicionamento de lodo de esgoto
A moringa (Moringa oleifera) eacute provavelmente o poliacutemero natural mais conhecido no
mundo eacute nativa do continente africano presente tambeacutem nas Ameacutericas e Aacutesia Mais
utilizada no tratamento de aacutegua como coagulante tambeacutem satildeo encontradas aplicaccedilotildees
no tratamento de esgoto incluindo efluentes industriais e no lodo de esgoto
Bhuptawat Folkard amp Chaudhari (2006) verificaram o potencial de aplicaccedilatildeo da
moringa no tratamento de esgoto domeacutestico em escala piloto na Iacutendia e obtiveram
64 de remoccedilatildeo de DQO combinando 100 mgL-1 de Moringa oleifera e 10 mgL-1 de
sulfato de alumiacutenio
No tocante agrave utilizaccedilatildeo de moringa no lodo pesquisas realizadas por Muyibi et al
(2001) na Iacutendia e Ademiluyi (1988) Nigeacuteria indicaram seu potencial como
25
condicionante quiacutemico do lodo de esgoto diminuindo a resistecircncia agrave filtraccedilatildeo Muyibi et
al (2001) testaram a soluccedilatildeo da semente de moringa sem casca o poacute seco da
semente sem casca e o oacuteleo da semente de moringa em lodo proveniente de uma
estaccedilatildeo de tratamento de esgoto A dosagem foi determinada por dois meacutetodos (i)
reduccedilatildeo de volume do lodo em teste de jarros (apoacutes 30 min de sedimentaccedilatildeo) e (ii)
resistecircncia especiacutefica do lodo
No primeiro meacutetodo as dosagens oacutetimas encontradas foram de 4750 4000 e 6000
mgL-1 para a soluccedilatildeo de moringa sem casca oacuteleo e poacute seco respectivamente
Chegando a reduccedilatildeo maacutexima de 26 19 e 26 vezes o volume inicial do lodo para a
soluccedilatildeo de moringa sem casca oacuteleo e poacute seco respectivamente Esses resultados
indicam o potencial da moringa em decantadores ou outras unidades de tratamento que
retenham lodo por certo tempo
No segundo teste realizado empregou-se somente a soluccedilatildeo de moringa sem
casca e o oacuteleo e a soluccedilatildeo com oacuteleo teve melhor resultado com dosagem de 4000
mgL-1 enquanto que para a soluccedilatildeo de moringa sem casca foi de 4500 mgL-1 A razatildeo
para esses resultados ligeiramente controversos ainda eacute desconhecida mas os
pesquisadores acreditam que a remoccedilatildeo do oacuteleo da semente possa produzir flocos
mais leves o que favoreceria a filtraccedilatildeo Aleacutem disso por ter baixo peso molecular e ser
um poliacutemero catiocircnico os flocos formados satildeo leves pequenos e reteacutem menos a fraccedilatildeo
de aacutegua ligada fiacutesico-quimicamente agraves partiacuteculas soacutelidas do lodo indicando a
possibilidade da reduccedilatildeo da aacuterea dos leitos de secagem convencionais Poreacutem ainda
satildeo necessaacuterias pesquisas aprofundadas sobre a questatildeo
O uso de moringa no lodo foi comparado aos sais de alumiacutenio e ferro por Ademiluyi
(1988) A amostra de lodo utilizada foi coletada no tanque de sedimentaccedilatildeo da ETE da
Universidade da Nigeacuteria que trata esgoto domeacutestico A sensibilidade relativa do lodo
aos poliacutemeros mostrou que o lodo proveniente de esgoto domeacutestico tem menor
sensibilidade a moringa do que ao sulfato de alumiacutenio e cloreto feacuterrico Aleacutem disso a
concentraccedilatildeo de moringa foi menor no liquido filtrado do que os sais metaacutelicos o que
26
pode ser vantajoso em Estaccedilotildees de Tratamento de Esgoto Poreacutem as dosagens oacutetimas
encontradas foram mais altas para a moringa do que para os sais metaacutelicos 215 17 e
17 gL-1 para a moringa sulfato de alumiacutenio e cloreto feacuterrico respectivamente
Entretanto o baixo custo e o fato da moringa ser um poliacutemero natural a tornam
aplicaacutevel como condicionante do lodo
Outro poliacutemero natural potencialmente condicionante do lodo eacute o quiabo
(Abelmoschus esculentus) que tem origem na Aacutefrica mas eacute produzido em todo o globo
sendo conhecido por suas propriedades nutritivas
Anastasakis Kalderis amp Diamadopoulos (2009) estudaram o quiabo como floculante
no tratamento de esgoto utilizando como coagulante o sulfato de alumiacutenio Foi
realizada a mucilagem do quiabo para a extraccedilatildeo do oacuteleo e a dosagem oacutetima foi obtida
atraveacutes do teste de jarros Como amostras de esgoto foram utilizadas esgoto sinteacutetico e
um efluente biologicamente tratado O estudo comprovou as propriedades floculantes
do quiabo No esgoto sinteacutetico em sua dosagem oacutetima de 0005 g L-1 removeu 93 96 e
97 de turbidez depois de 10 20 e 30 minutos do tempo de sedimentaccedilatildeo
respectivamente Isso representou uma adiccedilatildeo de 25 9 e 10 de remoccedilatildeo da turbidez
quando se utilizou somente sulfato de alumiacutenio em 10 20 e 30 minutos
respectivamente
No efluente biologicamente tratado a dosagem oacutetima para 10 minutos foi de 0020
gL-1 com remoccedilatildeo 70 da turbidez Para os tempos de sedimentaccedilatildeo de 20 e 30
minutos a dosagem foi menor (00025 gL-1) alcanccedilando a reduccedilatildeo de 71 e 74 de
turbidez Incrementando em 19 10 e 10 a remoccedilatildeo de turbidez utilizando-se somente
de sulfato de alumiacutenio
Abreu Lima (2007) realizou testes com o quiabo verde e maduro e constatou que o
fruto maduro possui melhores propriedades coagulantes que o fruto verde fato positivo
jaacute que o quiabo maduro eacute rejeitado pelo consumidor e torna-se um resiacuteduo O autor
tambeacutem comparou as teacutecnicas de aplicaccedilatildeo do poliacutemero a utilizaccedilatildeo do oacuteleo extraiacutedo
27
atraveacutes da mucilagem e a pulverizaccedilatildeo apoacutes a moagem do quiabo Concluindo que a
segunda teacutecnica a forma mais simples de aplicaccedilatildeo proporcionou resultados positivos
no tratamento de aacutegua e esgoto
36 Pavimento permeaacutevel
Aleacutem da aplicaccedilatildeo de poliacutemeros a utilizaccedilatildeo de pisos drenantes como constituintes
do leito de secagem pode otimizar o desaguamento do lodo de esgoto Constitui-se em
alternativa simples e de baixo custo para ETE de pequeno porte localizadas em
comunidades rurais Aleacutem disso a utilizaccedilatildeo de poliacutemeros naturais melhoraria a
qualidade da torta seca em termos de nutrientes aspecto positivo para a aplicaccedilatildeo de
lodo na agricultura como alternativa agrave adubaccedilatildeo quiacutemica
Os pavimentos permeaacuteveis satildeo utilizados haacute mais de trecircs deacutecadas nos Estados
Unidos da Ameacuterica e na Inglaterra e Alemanha (PRISMA 2013) como controle
estrutural alternativo de drenagem urbana e fazem parte do conjunto de teacutecnicas
intitulado de Best manegement practices (BMP) pela agecircncia ambiental norte-
americana Enviromental Protection Agency (USEPA) criado na deacutecada de 1980 que
tem como objetivo resolver os problemas de drenagem na proacutepria bacia
Essas teacutecnicas incluem construccedilatildeo de estruturas fiacutesicas para armazenamento e
infiltraccedilatildeo do escoamento como reservatoacuterios trincheiras de infiltraccedilatildeo e pavimentos
permeaacuteveis na tentativa de compensar os impactos negativos da grande
impermeabilizaccedilatildeo do solo causada pela urbanizaccedilatildeo (CRUZ SOUZA amp TUCCI 2007)
Estes uacuteltimos por possuiacuterem espaccedilos livres na sua estrutura permitem que aacutegua
e ar o atravessem e satildeo geralmente empregados em via de pedestres e veiacuteculos e
estacionamentos para auxiliar na drenagem urbana (MARCHIONI amp SILVA 2010)
No Brasil estes pavimentos foram introduzidos recentemente e em 2006 a
Prefeitura Municipal de Porto Alegre publicou o Decreto Nordm153712006 que
regulamenta as medidas de controle de drenagem urbana aponta como alternativa
28
para reduccedilatildeo de aacutereas impermeaacuteveis em terrenos com aacutereas inferiores a 100 ha a
utilizaccedilatildeo de pavimentos permeaacuteveis abatendo 50 da aacuterea impermeaacutevel do terreno
(CRUZ SOUZA amp TUCCI 2007) A Figura 4 mostra a sua utilizaccedilatildeo no Brasil
Figura 4 - Exemplo de aplicaccedilatildeo de pavimento permeaacutevel em estacionamento
FONTE MARCHIONI amp SILVA (2010)
Estes pavimentos podem ser fabricados com areia pedregulho argila expandida
fibra de coco cimento e poacute de pedra e estaacute em curso a normatizaccedilatildeo pela Associaccedilatildeo
Brasileira de Normas Teacutecnicas para a fabricaccedilatildeo destes pisos A produccedilatildeo deste tipo
de piso estaacute se disseminando no paiacutes e sua utilizaccedilatildeo poderia permitir a reduccedilatildeo da
aacuterea do leito Uma vez que o lodo pode ser drenado em cerca de metade da aacuterea
superficial enquanto que ao se empregar o leito de secagem tradicionalmente sugerido
pela NBR 122091992 a infiltraccedilatildeo somente ocorre entre os vatildeos dos tijolos onde estaacute
presente a areia (ABNT 1992)
29
4 METODOLOGIA
O trabalho foi desenvolvido nos Laboratoacuterios de Estrutura (LES) Materiais da
Construccedilatildeo (LMC) Protoacutetipos (LABPRO) Reuso (LABREUSO) e Saneamento
(LABSAN) pertencentes agrave Faculdade de Engenharia Civil Arquitetura e Urbanismo da
Universidade Estadual de Campinas
41 Pavimento permeaacutevel
O pavimento permeaacutevel foi fornecido pela empresa Villa Stone Comeacutercio e
Induacutestria de Materiais Baacutesicos para Construccedilatildeo Limitada localizada no distrito de Baratildeo
Geraldo Campinas (SP)
Os pavimentos permeaacuteveis utilizados na pesquisa satildeo compostos de pedrisco de
basalto e cimento na proporccedilatildeo de 80 e 20 respectivamente As amostras utilizadas
tecircm aproximadamente 006 m de altura e foram cortados em diacircmetro igual a 010 m
com o emprego de uma extratora de corpo de prova como mostram as Figuras 5 e 6
Figura 5 - Pavimento permeaacutevel utilizado no projeto
30
Figura 6 - Extratora de corpo de prova utilizada para o corte do pavimento utilizado na pesquisa
A caracterizaccedilatildeo destes pisos drenantes foi realizada com a determinaccedilatildeo das
dimensotildees massa volume de vazios e taxa de infiltraccedilatildeo conforme apresentados a
seguir
Dimensotildees e massa As dimensotildees foram mensuradas com o uso de paquiacutemetro
e a massa com uso de balanccedila semi analiacutetica A altura diacircmetro e massa meacutedia das
peccedilas de pavimento cortadas foi de 0006 m 01 m e 0695 kg respectivamente
Iacutendice de vazios A metodologia adotada baseou-se na norma NBR NM 532009
de Determinaccedilatildeo de massa especiacutefica massa especiacutefica aparente e absorccedilatildeo de aacutegua
de agregados grauacutedos e na norma NBR 108381988 de Solo - Determinaccedilatildeo da massa
especiacutefica aparente de amostras indeformadas com emprego de balanccedila hidrostaacutetica -
Meacutetodo de ensaio O iacutendice de vazios meacutedio foi de 043 e a porosidade de 2975
31
Taxa de infiltraccedilatildeo A forma de determinaccedilatildeo seraacute apresentada no subitem 45
42 Lodo
Coletou-se aproximadamente 200 L de lodo de tanques seacutepticos Cerca de 70 L
de lodo utilizado foram coletados no mecircs de abril de 2013 provenientes de um tanque
seacuteptico operado pela Companhia de Saneamento Baacutesico do Estado de Satildeo Paulo
(SABESP) Sendo um tanque seacuteptico de cacircmara uacutenica com capacidade de
aproximadamente 40 msup3 e atende cerca de 500 famiacutelias no municiacutepio de Satildeo Miguel
Arcanjo ndash SP Ao longo dos 20 anos de operaccedilatildeo desta pequena estaccedilatildeo nunca havia
sido feita a retirada de lodo
Devido a dificuldades com o transporte e a distacircncia entre este tanque seacuteptico e
a universidade natildeo foi possiacutevel coletar a quantidade necessaacuteria utilizada no projeto A
quantidade restante foi entatildeo fornecida pela Sociedade de Abastecimento de Aacutegua e
Esgoto SA (SANASA) O lodo foi retirado do tanque seacuteptico da Estaccedilatildeo de Tratamento
de Esgoto Bandeirantes situada no municiacutepio de Campinas cujo tratamento se daacute por
tanques seacutepticos seguidos de filtro anaeroacutebio A coleta de lodo foi realizada no mecircs de
maio de 2013 Ao contraacuterio do lodo disponibilizado pela SABESP o montante de lodo
retirado desta ETE ainda natildeo estava estabilizado por ter pouca idade e ter sido
realizada uma grande retirada do lodo do tanque cerca de um mecircs antes da data da
coleta Desde entatildeo as aliacutequotas de lodo coletadas foram misturadas e armazenadas
numa caixa drsquoaacutegua de 500 L no Laboratoacuterio de Protoacutetipos
A caracterizaccedilatildeo do lodo foi feita no Laboratoacuterio de Saneamento (LABSAN)
sendo baseada nos seguintes paracircmetros tempo de succcedilatildeo capilar soacutelidos totais
soacutelidos suspensos totais soacutelidos suspensos fixos e volaacuteteis pH e alcalinidade Essa
caracterizaccedilatildeo foi realizada anteriormente a execuccedilatildeo de cada uma das seacuteries
32
Para a dosagem dos poliacutemeros Metcalf amp Eddy (1991) relatam que deve ser
realizada em laboratoacuterio considerando a origem do lodo a sua idade o pH a
alcalinidade e a concentraccedilatildeo de soacutelidos bem como o meacutetodo de desaguamento a ser
utilizado e recomenda a utilizaccedilatildeo do teste de filtraccedilatildeo a vaacutecuo para caacutelculo da
dosagem
Todas as anaacutelises para caracterizaccedilatildeo do lodo foram baseadas no Standard
Methods for the Examination of Water and Wastewater (APHA 2012)
Para a anaacutelise do teor de soacutelidos da torta seca dos sistemas homogeneizou-se
inicialmente a torta obtida de cada sistema utilizando-se uma aliacutequota de
aproximadamente 0005 kg que foi pesada em balanccedila analiacutetica jaacute na caacutepsula A
amostra entatildeo foi deixada por no miacutenimo 12h em estufa a 100ordmC para obtenccedilatildeo dos
Soacutelidos Totais Para os Soacutelidos Totais Fixos e Volaacuteteis a metodologia foi adaptada para
evitar emissatildeo de fumaccedila devido agrave alta fraccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica presente no lodo
Para isso a amostra natildeo foi colocada na mufla diretamente a 550degC A temperatura foi
escalonada mantendo-se inicialmente a 200ordmC por 30 minutos elevando-se a
temperatura para 300ordmC por mais 30 minutos e entatildeo elevando-se a temperatura para
550degC por mais 1 hora Tambeacutem evitou-se colocar na mufla massas maiores que 0015
kg de lodo seco pois acima desta quantidade verificou-se emissatildeo de fumaccedila
Teste de Jarros Embora natildeo forneccedila dados quantitativos sobre a capacidade
dos poliacutemeros no condicionamento do lodo produz informaccedilatildeo qualitativa (quanto a
formaccedilatildeo de flocos) de forma raacutepida (WPCFM 1988) Por esta razatildeo o teste foi
utilizado para preparo da soluccedilatildeo estoque dos poliacutemeros e para o condicionamento do
lodo para a anaacutelise das dosagens oacutetimas (WPCFM 1988 MORTARA 2011) A Figura 7
ilustra a utilizaccedilatildeo deste meacutetodo no condicionamento do lodo
33
Figura 7 - Teste de jarros para dosagem oacutetima de poliacutemero
Tempo de Succcedilatildeo Capilar conhecido como CST - sua sigla na liacutengua inglesa
para Capillary Suction Time - eacute um dos meacutetodos mais utilizados em pesquisas sobre o
desaguamento do lodo Eacute um teste empiacuterico que auxilia na determinaccedilatildeo da dosagem
oacutetima de poliacutemeros sendo indicado por Vesilind (1988) WPCFM (1988) Metcalf amp
Eddy (1991) Andreoli von Sperling amp Fernandes (2001) Andreoli (2009) e APHA et al
(2012) Apesar do inconveniente de trabalhar com pequenos volumes acarretando na
seleccedilatildeo de uma fase do efluente clarificado e de flocos quando o lodo eacute condicionado
organicamente Ruiz Kaosol amp Wisniewsk (2010) afirmam que o teste ainda estaacute entre
as teacutecnicas mais utilizadas para definiccedilatildeo da filtrabilidade do lodo Algumas destas
razotildees eacute a rapidez e simplicidade na realizaccedilatildeo pois determina em segundos quanto
tempo a aacutegua presente no lodo leva para percorrer um meio poroso atraveacutes de um
equipamento utilizando-se uma pequena quantidade de amostra
Jin Wileacuten amp Lant (2003) verificaram uma boa relaccedilatildeo estatiacutestica entre os valores
de CST e EPS e relacionaram altos valores de floculabilidade hidrofobicidade cargas
negativas das superfiacutecies e viscosidade agrave grande quantidade de aacutegua fiacutesico-
quimicamente ligada e longos CST Contudo constataram que as caracteriacutesticas
morfoloacutegicas determinadas como o tamanho dos flocos dimensatildeo fractal e iacutendice de
34
filamento tecircm estatisticamente fracas correlaccedilotildees com a quantidade de aacutegua ligada
fiacutesico-quimicamente e o tempo do CST
Como ilustra a Figura 8 o teste eacute realizado em um aparelho denominado CST
(Capilary Succcedilatildeo Time) que consiste em duas placas de acriacutelico um cilindro metaacutelico
um filtro de papel trecircs contatos eleacutetricos fixados em dois ciacuterculos concecircntricos que
circundam uma abertura circular no meio da placa e um cronocircmetro
O papel eacute colocado entre as duas placas de acriacutelico e o cilindro metaacutelico eacute
encaixado na abertura circular O teste eacute feito com 68 mL de lodo colocado dentro do
cilindro A aacutegua contida no lodo atravessa o filtro de papel cromatograacutefico (Whatman n
17 tamanho 7 x 9 cm) Apoacutes percorrer 08 cm a aacutegua chega ao ciacuterculo interno que
conteacutem dois dos contatos eleacutetricos dispara-se o cronocircmetro quando a aacutegua percorre
mais 07 cm chegando ao ciacuterculo externo o terceiro contato eleacutetrico para a contagem
do tempo (VESILIND 1988) A Tabela 2 indica os meacutetodos utilizados para anaacutelise do
lodo
Tabela 2 - Meacutetodos utilizados na anaacutelise do lodo
Paracircmetro Meacutetodo Soacutelidos Totais Standard Methods 20 2540
Soacutelidos Suspensos Totais Standard Methods 20 2540 Alcalinidade Standard Methods 20 2320 B
pH Standard Methods 20 4500 B Teste de Succcedilatildeo Capilar Standard Methods 20 2710 G
35
Figura 8 - Aparelho utilizado para aferir o Tempo de Succcedilatildeo Capilar (Capilary Suction Time)
43 Poliacutemeros
Na pesquisa estudou-se o efeito do uso de diferentes poliacutemeros naturais
(moringa mandioca e quiabo) e um sinteacutetico no desaguamento do lodo Ressalva-se
que foram elegidas metodologias simplificadas e de baixo custo cuja produccedilatildeo e
preparo podem se dar em ETE de pequeno porte localizadas em comunidades rurais
eou isoladas Os poliacutemeros sinteacutetico e os naturais oriundos da mandioca e do quiabo
foram aplicados em soluccedilatildeo aquosa e o poliacutemero da moringa foi aplicado em poacute
diretamente sobre o lodo As sementes de moringa foram obtidas do Campo
Experimental da Faculdade de Engenharia Agriacutecola ndash UNICAMP e da Coordenadoria de
Assistecircncia Teacutecnica Integral (CATI) de Pederneiras e Mariacutelia ambas localizadas no
estado de Satildeo Paulo O amido de mandioca eacute extraiacutedo das partes comestiacuteveis da
mandioca sendo conhecido comercialmente por feacutecula ou polvilho doce O quiabo
tambeacutem eacute disponiacutevel comercialmente e foi obtido na Central de Abastecimento SA
36
(CEASA) de Campinas e o poliacutemero sinteacutetico utilizado Superflocreg 8394 foi doado pela
empresa Kemira Os poliacutemeros foram preparados obedecendo os criteacuterios de
simplicidade e baixo custo utilizando as metodologias abaixo
Superflocreg 8394 Eacute uma poliacrilamida catiocircnica de baixo peso molecurar e pode
ser utilizada nas etapas de desaguamento de lodos e clarificaccedilatildeo das aacuteguas numa
ampla variedade de induacutestrias O preparo da soluccedilatildeo estoque foi feito na concentraccedilatildeo
maacutexima indicada pela empresa 05 no teste de jarros com agitaccedilatildeo de
aproximadamente 250 rpm - gradiente de velocidade2 (G) asymp 160 s-1 - por 60 minutos
com o objetivo de homogeneizar totalmente a soluccedilatildeo (KEMIRA [sd]) A soluccedilatildeo foi
aplicada no lodo em teste de jarros com agitaccedilatildeo inicial de 250 rpm por 10 s
diminuindo- se a velocidade para 100 rpm (Gasymp 64 s-1) por mais 5 min
Mandioca (Manihot esculenta Crantz) Para obtenccedilatildeo do poliacutemero da mandioca
seguiu-se as orientaccedilotildees de Dantas amp Di Bernardo (2000) que utilizaram amido de
mandioca catiocircnico waxy (um tipo de amido modificado) Segundo Di Bernardo (2005)
os gracircnulos de amido satildeo insoluacuteveis em aacutegua abaixo de 50degC Para tornaacute-los soluacuteveis
portanto eacute preciso aquecer a suspensatildeo de amido na aacutegua aleacutem da temperatura criacutetica
para que os gracircnulos absorvam a aacutegua e intumesccedilam formando uma pasta gelatinosa
Para obtenccedilatildeo deste amido a feacutecula da mandioca foi aquecida agrave temperatura de 80 plusmn
5degC com agitaccedilatildeo constante ateacute a formaccedilatildeo da pasta gelatinosa como ilustrado na
Figura 9 Preparou-se soluccedilatildeo estoque de 10 gL-1 e adicionou-se ao lodo em teste de
jarros com agitaccedilatildeo inicial de 250 rpm por 10 s diminuindo- se para 100 rpm por mais 5
min
2 Gradiente de velocidade calculado considerando a mesma viscosidade da aacutegua
37
Figura 9 - Preparo da soluccedilatildeo de poliacutemero produzida a partir da mandioca
Moringa (Moringa oleifera) Ilustrada na Figura 10 eacute um poliacutemero catiocircnico e sua
metodologia foi realizada adaptando-se a metodologia de Muyibi et al (2001) e Arantes
Ribeiro amp Paterniani (2012) Primeiramente as sementes foram descascadas e moiacutedas
para obtenccedilatildeo de um poacute sendo posteriormente homogeneizadas em peneira com
abertura de 0125 mm O poacute obtido foi utilizado diretamente sobre o lodo em teste de
jarros com agitaccedilatildeo inicial de 250 rpm por 10 s diminuindo- se a velocidade para 100
rpm por mais 5 min
38
Figura 10 - Semente de Moringa oleiacutefera
FONTE FEAGRI (2004)
Quiabo (Abelmoschus esculentus) Eacute um poliacutemero aniocircnico e adaptou-se a
metodologia apresentada por Abreu Lima (2007) que consiste no uso do fruto do
quiabo maduro e seco (rejeitado pelo consumidor) O processo consistiu na lavagem do
quiabo para remoccedilatildeo de resiacuteduos provenientes do solo exposiccedilatildeo ao sol ateacute a total
secagem dos frutos e moagem em um moedor eleacutetrico Adicionou-se aacutegua destilada ao
poacute que foi obtido nas peneiras de 0841 mm e 0149 mm nas concentraccedilotildees de 50 e 45
gL-1 respectivamente homogeneizando as soluccedilotildees em teste de jarros a 250 rpm ateacute
total dissoluccedilatildeo (cerca de 15 min para a primeira e 2h para a segunda) A primeira
soluccedilatildeo que possuiacutea partiacuteculas maiores do quiabo foi peneirada em funil de Buumlchner
para utilizaccedilatildeo somente da ldquobabardquo formada Essa praacutetica natildeo foi necessaacuteria para a
segunda soluccedilatildeo As duas soluccedilotildees foram adicionadas ao lodo em teste de jarros com
agitaccedilatildeo inicial de 250 rpm por 10 s diminuindo- se para 100 rpm por mais 5 min como
ilustra a Figura 11
39
Figura 11 - Preparo da soluccedilatildeo de poliacutemero produzida a partir do quiabo
44 Montagem dos leitos de secagem
Os sistemas foram montados em escala de bancada sendo que cada leito de
secagem a ser testado foi composto por um tubo de PVC com diacircmetro de 010 m Os
tubos foram acoplados atraveacutes de uma luva a uma reduccedilatildeo excecircntrica de 100 x 50 mm
cujo objetivo eacute facilitar o escoamento da aacutegua percolada minimizando possiacuteveis
perdas O pavimento permeaacutevel foi fixado na parte interna do tubo de PVC e
impermeabilizado no periacutemetro com veda calha impedindo a passagem de aacutegua ou
soacutelidos entre o pavimento e o tubo
Conforme pode ser visualizado na Figura 12 foram construiacutedas trecircs diferentes
composiccedilotildees para o leito de secagem Com o objetivo de evitar diferenccedilas na influecircncia
da evaporaccedilatildeo nos sistemas haacute uma mesma altura livre de 075 m na parte superior de
cada tubo
40
Figura 12 - Sistema de bancada de leito de secagem utilizado na pesquisa
a) Sistema convencional foi construiacutedo baseado nas orientaccedilotildees da
NBR122091992 Sobre o pavimento permeaacutevel foram adicionadas camadas de
aproximadamente 020 m de brita e 015 m de areia A norma prevecirc a utilizaccedilatildeo
de tijolos sobre a camada de brita entretanto desconsiderou-se o uso dos
mesmos devido ao fato de que a infiltraccedilatildeo somente ocorrer entre os vatildeos dos
tijolos onde estaacute presente a areia Neste caso o pavimento permeaacutevel cumpriu
unicamente a funccedilatildeo de sustentar o sistema impedindo o arraste da brita e da
areia para fora do conjunto natildeo interferindo na capacidade drenante do leito
b) Pavimento permeaacutevel O sistema foi composto somente com o pavimento
permeaacutevel
c) Pavimento permeaacutevel acrescido de camada de areia Sobre pavimento
permeaacutevel foi adicionada uma camada de 001 m de areia Neste conjunto foi
41
possiacutevel avaliar se a colocaccedilatildeo de fina camada de areia impediu o entupimento
dos poros do pavimento permeaacutevel pelo lodo
A areia utilizada foi classificada como meacutedia pelo procedimento da NBR NM
2482003 Possuindo diacircmetro efetivo D10 018mm coeficiente de desuniformidade
CD 318 e porosidade de 48
Foram construiacutedos quinze sistemas para a aplicaccedilatildeo do lodo com adiccedilatildeo dos
poliacutemeros separadamente A Tabela 3 ilustra os pavimentos equivalentes aos sistemas
pavimento permeaacutevel (P) pavimento permeaacutevel com adiccedilatildeo de areia (P+A) e
convencional (C)
Tabela 3 - Organizaccedilatildeo dos sistemas
Pavimentos Sistemas Poliacutemeros
1 P (1) Sem poliacutemero
2 P+A (1) Sem poliacutemero
3 C (1) Sem poliacutemero
4 P (2) Sinteacutetico
5 P+A (2) Sinteacutetico
6 C (2) Sinteacutetico
7 P (3) Mandioca
8 P+A (3) Mandioca
9 C (3) Mandioca
10 P (4) Moringa
11 P+A (4) Moringa
12 C (4) Moringa
13 P (5) Quiabo
14 P+A (5) Quiabo
15 C (5) Quiabo
Com o objetivo de evitar influecircncia da precipitaccedilatildeo os sistemas foram dispostos
em local coberto por telhas e cobertura plaacutestica que foi fixada atraacutes da bancada
Abaixo as Figuras 13 e 14 mostram a bancada de experimentaccedilatildeo
42
Figura 13 - Bancada experimental localizada no Laboratoacuterio de Protoacutetipos
Figura 14 - Detalhe dos sistemas em utilizaccedilatildeo na bancada experimental
43
45 Taxa de infiltraccedilatildeo
A taxa de infiltraccedilatildeo foi determinada a partir de testes realizados com cada
sistema O teste consistiu na manutenccedilatildeo de uma altura de coluna de aacutegua constante
sobre os leitos em estudo e com a coleta e mediccedilatildeo do volume de aacutegua percolada
atraveacutes do pavimento a cada 5 segundos3 Este teste foi feito em quintuplicata tendo-se
em vista a obtenccedilatildeo de um conjunto confiaacutevel de dados
Com o objetivo de avaliar a viabilidade da reutilizaccedilatildeo dos pavimentos apoacutes a sua
primeira utilizaccedilatildeo estes foram limpos com lavadora de alta pressatildeo para retirar
partiacuteculas residuais de lodo que restaram nos sistemas Depois da limpeza os
pavimentos foram submetidos a um novo teste de infiltraccedilatildeo Quando estes
apresentaram resultados significativamente inferiores ao primeiro teste foram
mergulhados em aacutegua com soluccedilatildeo detergente por uma semana com o propoacutesito de
dissolver oacuteleos e graxas possivelmente aderidos aos pavimentos Descartaram-se
aqueles que apresentaram taxas de infiltraccedilatildeo discrepantes para isso foi utilizado o
meacutetodo estatiacutestico de normalidade
Posteriormente foram calculadas as taxas de infiltraccedilatildeo dos sistemas
convencional e pavimento permeaacutevel acrescido de camada de areia obedecendo-se os
mesmos criteacuterios de validaccedilatildeo estatiacutestica
46 Avaliaccedilatildeo dos sistemas quanto ao desaguamento do lodo
Para anaacutelise da eficiecircncia do desaguamento nos sistemas foi comparado o
volume de lodo aplicado sobre os leitos e a aacutegua percolada de cada sistema ao longo
do tempo Para mensuraccedilatildeo do volume de aacutegua percolado colocou-se abaixo de cada
sistema um beacutequer que armazenou a aacutegua percolada No primeiro dia realizou-se um
monitoramento por 12 h sendo que o intervalo de tempo entre as coletas foi
significativamente menor nas primeiras horas devido ao desaguamento mais intenso
3 O tempo foi determinado em funccedilatildeo da capacidade de afericcedilatildeo da vazatildeo infiltrada de modo que tempos
maiores teriam infiltraccedilotildees aleacutem da capacidade de medida dos instrumentos utilizados no experimento
44
A avaliaccedilatildeo do desaguamento do lodo seria realizada na seguinte ordem Seacuterie
1 Sem adiccedilatildeo de poliacutemero Seacuterie 2 Adiccedilatildeo de poliacutemero sinteacutetico Seacuterie 3 Adiccedilatildeo de
poliacutemero extraiacutedo da Mandioca Seacuterie 4 Adiccedilatildeo de poliacutemero extraiacutedo da Moringa Seacuterie
5 Adiccedilatildeo de poliacutemero extraiacutedo do Quiabo como ilustrado na Tabela 4 As seacuteries foram
realizadas em triplicata
Tabela 4 - Avaliaccedilatildeo dos sistemas
Seacuterie Poliacutemero Sistema
Seacuterie 1 Sem adiccedilatildeo de poliacutemero
Pavimento permeaacutevel
Pavimento permeaacutevel + areia
Convencional
Seacuterie 2 Poliacutemero sinteacutetico
Pavimento permeaacutevel
Pavimento permeaacutevel + areia
Convencional
Seacuterie 3 Mandioca
Pavimento permeaacutevel
Pavimento permeaacutevel + areia
Convencional
Seacuterie 4 Moringa
Pavimento permeaacutevel
Pavimento permeaacutevel + areia
Convencional
Seacuterie 5 Quiabo
Pavimento permeaacutevel
Pavimento permeaacutevel + areia
Convencional
461 Avaliaccedilatildeo do desaguamento sem adiccedilatildeo de poliacutemero (Seacuterie 1)
Para a disposiccedilatildeo nos leitos de secagem utilizou-se volume de 20 L de lodo
para cada sistema em todas as seacuteries
45
462 Avaliaccedilatildeo do desaguamento com adiccedilatildeo de poliacutemeros (Seacuteries 2 a 5)
Para as amostras de lodo que tiveram adiccedilatildeo de poliacutemero foi utilizado o Teste de
Jarros para preparo da soluccedilatildeo estoque e condicionamento do lodo para a avaliaccedilatildeo da
dosagem e formaccedilatildeo de flocos Atraveacutes do CST determinou-se a dosagem oacutetima dos
poliacutemeros (Item 42) Apoacutes esta etapa obedeceu-se a mesma metodologia empregada
na dosagem isto eacute primeiramente o lodo foi condicionado com poliacutemero sendo entatildeo
aplicado nos sistemas
463 Sistema controle
Aleacutem dos sistemas com lodo utilizou-se um controle para aferir a quantidade de
aacutegua sujeita a evaporaccedilatildeo no local Este controle consistiu em uma coluna drsquoaacutegua feita
de tubo de PVC do mesmo modo em que o utilizado nos sistemas de desaguamento
permitindo a comparaccedilatildeo entre o volume de aacutegua inicial (2 L) e o restante apoacutes o tempo
despendido pelo desaguamento Para isso utilizou-se o princiacutepio dos vasos
comunicantes ilustrado na Figura 15
46
Figura 15 - Coluna drsquoaacutegua utilizada como controle na bancada experimental
464 Avaliaccedilatildeo do Lodo Desaguado
As amostras de torta seca foram retiradas quando os desaguamentos dos
sistemas cessaram Analisou-se o teor de umidade obtido em cada sistema expresso
pela anaacutelise de Soacutelidos Totais
47
5 RESULTADOS
51 Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas
O teste para determinaccedilatildeo da taxa de infiltraccedilatildeo foi realizado em todos os
pavimentos e nos sistemas de pavimento com adiccedilatildeo de areia e convencional
Primeiramente realizou-se os testes nos quinze pavimentos A meacutedia encontrada foi de
1144 mL plusmn 6229 e CV 005 (em 5 segundos de infiltraccedilatildeo) Verificou-se que as taxas de
infiltraccedilatildeo de aacutegua dos mesmos tinham indiacutecios de normalidade4 em seguida fez-se o
boxplot (Figura 34 Apecircndice B) e verificou-se a existecircncia de dois valores atiacutepicos (768
e 852 mL) por fim buscou-se confirmar se estes pontos apontados eram taxas de
infiltraccedilatildeo fora do padratildeo apresentado pelos demais pavimentos Observa-se que estes
dois pavimentos (2 e 14) foram utilizados em testes preliminares com o objetivo de
verificar a viabilidade do projeto Como seriam avaliados tambeacutem o pavimento
permeaacutevel com adiccedilatildeo de areia utilizou-se esses pavimentos nestes sistemas pois a
taxa de infiltraccedilatildeo neste caso eacute menor devido a esta camada de areia possibilitando
seu uso para este fim
A taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas pavimento permeaacutevel acrescido de areia e
convencional foram calculados do mesmo modo A meacutedia destes foi de 182 mL plusmn 209 e
CV 01 para o primeiro e de 526 mL plusmn1433 e CV 027 para o segundo
52 Caracterizaccedilatildeo do lodo bruto
Realizou-se caracterizaccedilatildeo do lodo durante o periacuteodo de agosto a fevereiro de
2014 Observou-se que o lodo sofreu perda de aacutegua deste periacuteodo devido agraves condiccedilotildees
de acondicionamento uma vez que recebeu forte insolaccedilatildeo e o recipiente em que
estava natildeo possuiacutea condiccedilotildees ideais de vedaccedilatildeo tendo possivelmente uma perda de
aacutegua livre por evaporaccedilatildeo elevando o valor de soacutelidos Para caracterizaccedilatildeo deste lodo
no entanto os valores obtidos de Soacutelidos Totais foram considerados respeitando-se o
4 Isto eacute que tem indiacutecios de uma distribuiccedilatildeo de probabilidade normal
48
intervalo de confianccedila conforme o Boxplot da Figura 30 Apecircndice A Todavia o pH e a
alcalinidade natildeo sofreram interferecircncia com estas condiccedilotildees A Tabela 5 mostra que o
lodo utilizado foi mais concentrado que usualmente encontrado na literatura (tendo em
meacutedia 77634 mgL-1 de ST plusmn 669003 e CV 009) mas como citado por Andreoli (2009)
o lodo de tanque seacuteptico possui grande variabilidade e dependendo da forma em que eacute
retirado pode apresentar-se mais ou menos concentrado
Tabela 5 - Comparaccedilatildeo entre dados encontrados na literatura e na presente pesquisa
Paracircmetros PHILIPPI et
al (1999) Withers Jarvie amp Stoate (2011)
Moussavi Kazembeigi amp
Farzadkia (2010) Neste trabalho
Meacutedia Meacutedia Meacutedia Meacutedia plusmn CV
ST (mgL-1
) 1083 - 1070 77634 66900 009
STV (mgL-1
) 673 - - 35164 23127 007
pH 66 73 73 70 02 003
Alcalinidade (mg CaCO3L
-1)
- 6085 480 2300 3438 015
49
Os Soacutelidos Totais e Soacutelidos Suspensos Totais fazem parte do conjunto de
paracircmetros mais importantes do lodo e satildeo dependentes do tipo de processo de
tratamento de esgoto e do tratamento do lodo Tiacutepicas concentraccedilotildees de ST estatildeo na
faixa de 2 a 12 no lodo bruto e 12 a 30 no lodo desaguado No lodo seco ou
compostado esses valores podem alcanccedilar 50 (SHAMMAS amp WANG 2008)
Outro importante paracircmetro eacute a relaccedilatildeo entre os Soacutelidos Totais Volaacuteteis e
Soacutelidos Totais (STVST) que de acordo com Metcalf amp Eddy (1991) Shammas amp Wang
(2008) e Andreoli (2009) eacute uma boa indicaccedilatildeo da fraccedilatildeo orgacircnica dos soacutelidos e de seu
niacutevel de digestatildeo A relaccedilatildeo encontrada neste trabalho foi em meacutedia de 046 sendo
valores proacuteximos aos encontrados por Andreoli et al (2009) em RAFA de 055
A relaccedilatildeo meacutedia de SSVSST neste trabalho foi de 047 plusmn001 e CV 002
semelhante agrave encontrada para STVST Moussavi Kazembeigi amp Farzadkia (2010)
correlacionaram os valores de SSVSST tambeacutem em tanque seacuteptico com o mesmo
objetivo e essa relaccedilatildeo foi de 057 classificando o lodo como estabilizado
Eacute necessaacuterio observar que a relaccedilatildeo entre STVST tiacutepica de um lodo primaacuterio eacute
de 075 a 080 proacutepria de lodos natildeo digeridos (METCALF amp EDDY 1991 ANDREOLI
VON SPERLING amp FERNANDES 2001 ANDREOLI et al 2009) O lodo proveniente de
tanques seacutepticos eacute classificado como lodo primaacuterio como o gerado em decantadores
primaacuterios Contudo diferentemente deste uacuteltimo o lodo de tanques seacutepticos sofre
digestatildeo anaeroacutebia
Os lodos digeridos tecircm valores entre 060 e 065 (ANDREOLI VON SPERLING
amp FERNANDES 2001) Apesar disso a Resoluccedilatildeo CONAMA 37506 afirma que os
lodos de esgoto que apresentem relaccedilatildeo (STVST) inferiores a 070 jaacute satildeo
considerados estaacuteveis para fins de utilizaccedilatildeo agriacutecola (BRASIL 2006)
Entretanto lodos que se adequam a essa relaccedilatildeo podem conter quantidades
significativas de areia e outros componentes inorgacircnicos que contribuem para o
aumento de soacutelidos fixos A baixa relaccedilatildeo entre soacutelidos volaacuteteis e soacutelidos totais pode
natildeo ser a mais adequada para indicaccedilatildeo do niacutevel de mineralizaccedilatildeo do lodo e de seu
impacto no solo A NBR 122091992 conceitua lodo estabilizado como aquele natildeo
sujeito a putrefaccedilatildeo poreacutem a quantificaccedilatildeo de STV natildeo eacute um indicador direto deste
50
fenocircmeno Existem algumas metodologias que fornecem essa indicaccedilatildeo como a
determinaccedilatildeo do potencial de mineralizaccedilatildeo do carbono e nitrogecircnio e de foacutesforo
atraveacutes da quantificaccedilatildeo de CO2 nitrogecircnio na forma de amocircnio e nitrogecircnio na forma
de nitrato (N-NH4+ e N-NO3
-) e extraccedilatildeo de foacutesforo como realizado por Tognetti et al
(2008)
Outro meacutetodo relativamente simples e amplamente utilizado eacute a respirometria de
Bartha que quantifica a produccedilatildeo de CO2 produzida pela microbiota quando em contato
com um composto natildeo presente naturalmente no solo medindo de maneira indireta
sua atividade metaboacutelica para degradaccedilatildeo destes compostos que mesmo sendo
orgacircnicos podem ser recalcitrantes Essa teacutecnica pode ser utilizada na anaacutelise da
biodegradabilidade do lodo para fins de utilizaccedilatildeo agriacutecola por medir o impacto de sua
aplicaccedilatildeo no solo (CLARKE TAYLOR amp COSSINS 2007)
Em relaccedilatildeo agrave alcalinidade e ao pH pode-se afirmar que satildeo os paracircmetros mais
importantes entre as anaacutelises quiacutemicas simples que verificam a qualidade do lodo
Visto que o pH determina as espeacutecies coagulantes que seratildeo utilizadas no
condicionamento bem como a natureza das cargas superficiais dos coloides (WPCF
1988) Aleacutem disso concentraccedilotildees elevadas de iacuteons de caacutelcio contribuem para melhora
do desaguamento do lodo (JIN WILEacuteN amp LANT 2003) Contudo no uso de
condicionantes inorgacircnicos a alta alcalinidade associada a lodos digeridos
anaeroacutebiamente pode levar a altas doses desses coagulantes pois se comportam
como aacutecidos quando satildeo adicionados a aacutegua isto eacute reduzem o pH da mistura gerada
(WPCF 1988)
53 Dosagem oacutetima dos poliacutemeros
A avaliaccedilatildeo das dosagens dos poliacutemeros baseou-se primeiramente na formaccedilatildeo de
flocos no teste de jarros Nas dosagens onde houve essa formaccedilatildeo realizou-se o
tempo de succcedilatildeo capilar (CST) comparando-se com os resultados do lodo sem
poliacutemero Segundo WPCF (1988) valores tiacutepicos para o Tempo de Succcedilatildeo Capilar
(CST) de lodo natildeo condicionado satildeo de aproximadamente 200 segundos O lodo em
51
estudo teve uma meacutedia de 2338 plusmn 1723 segundos demonstrando que seu
desaguamento ideal eacute ligeiramente mais lento do que lodos usualmente encontrados
Um dos fatores que influencia longos tempos de CST eacute a concentraccedilatildeo de soacutelidos Por
isso analisou-se esse paracircmetro nas aliacutequotas de lodo utilizadas em cada teste
Apesar da concentraccedilatildeo de soacutelidos no lodo estudado ser alta pode natildeo ser a uacutenica
responsaacutevel por estes resultados como jaacute mencionado outros fatores podem interferir
no desaguamento como o tipo de aacutegua encontrada no lodo e a alcalinidade (VESILIND
1988 WPCF 1988 VESILIND1994)
Para a dosagem oacutetima dos poliacutemeros o criteacuterio utilizado foi de acordo com WPCF
(1988) que indica que um lodo bem condicionado natildeo deve ultrapassar 10 segundos
no teste CST Sendo assim escolheu-se a menor dosagem dentre as que tiveram
resultados inferiores a 10 segundos As dosagens dos poliacutemeros que foram testadas
podem ser vistas na Tabela 6 e nos subitens 531 532 533 e 534
52
Tabela 6 - Dosagens testadas dos poliacutemeros utilizados na pesquisa
Poliacutemeros
Kemira 8394 reg Mandioca Moringa Quiabo
Dosagens testadas
(gL-1)
005 200 600 1000
010 250 800 1500
020 300 1000 2000
040
1200 1000
050
1400 1500
060
1600 2000
1800
2000
2200
2400
2600
2800
3000
3200
3400
3600
3800
4000
4200
4400
4600
4800
5000
6000
7000
9000
12000
531 Poliacutemero Sinteacutetico
Foram realizados dois testes de dosagem para o poliacutemero sinteacutetico uma em agosto
de 2013 e outra em fevereiro de 2014 devido ao intervalo relativamente grande entre a
primeira e a segunda seacuterie de desaguamento No primeiro teste as dosagens
53
analisadas foram de 005 010 020 e 040 gL-1 sendo encontrada a dosagem ideal
de 020 g L-1 Calculando a dosagem em funccedilatildeo da concentraccedilatildeo de soacutelidos do lodo
obteacutem-se que a dosagem ideal foi de 68 g kg ST-1 ressalta-se que o caacutelculo foi
realizado em funccedilatildeo dos ST e natildeo como o indicado por Andreoli von Sperlin
Fernandes (2001) que fazem em funccedilatildeo de SST devido ao fato do condicionamento
quiacutemico natildeo agir somente nos SST mas tambeacutem em partiacuteculas coloidais e dissolvidas
presentes no lodo (LIBAcircNIO 2005) Uma vez obtida a relaccedilatildeo ideal entre poliacutemero e
ST adicionou-se ao lodo em todos as seacuteries a mesma dosagem
No segundo teste foram utilizadas as seguintes dosagens 040 050 e 060 gL-1
A dosagem ideal obtida no teste foi de 050 g L-1 Os tempos registrados no CST
podem ser observados na Tabela 7
Tabela 7 - Resultados obtidos no CST nas dosagens de poliacutemero testadas
Poliacutemero Sinteacutetico
Dosagem (gL-1) Meacutedia plusmn CV
0055 - - -
010 106 14 01
020 74 15 02
040 1107 14 01
040 109 45 04
050 64 21 03
060 925 07 01
532 Mandioca
Preparou-se soluccedilatildeo estoque de 10 gL-1 A concentraccedilatildeo esteve em funccedilatildeo do
limite de saturaccedilatildeo da mistura da aacutegua com a feacutecula de mandioca visto que acima
desta concentraccedilatildeo a soluccedilatildeo natildeo se solubilizava por completo Apesar da
concentraccedilatildeo da soluccedilatildeo ser muito superior a testes realizados em aacutegua por Dantas amp
5 Como citado na literatura o CST foi feito somente nas dosagens em que houve formaccedilatildeo de flocos
54
Di Bernardo (2000) de 10 gL-1 natildeo foi possiacutevel testar grandes dosagens jaacute que isso
implicaria em um grande volume de poliacutemero superior inclusive ao volume de lodo
utilizado o que inviabilizaria sua aplicaccedilatildeo As dosagens testadas foram de 20 25 e
30 gL-1 sendo que em nenhuma delas houve a formaccedilatildeo de flocos Ressalva-se que
foi possiacutevel realizar essas dosagens utilizando-se volumes de lodo menores que os de
poliacutemero mantendo-se assim o volume total de 2 L no teste de jarros
Os testes mostraram que pela metodologia empregada no presente projeto natildeo foi
possiacutevel utilizar o poliacutemero obtido a partir da mandioca como condicionante de lodo de
esgoto natildeo sendo realizados testes de desaguamento nos sistemas Possivelmente
seriam necessaacuterias dosagens extremamente elevadas deste poliacutemero para a obtenccedilatildeo
de resultados positivos no lodo que foi utilizado como auxiliar de coagulaccedilatildeo no
tratamento de aacutegua por Di Bernardo (2000)
533 Moringa
As concentraccedilotildees testadas iniciaram em 60 gL-1 - dosagem oacutetima de poacute seco
obtida por Muyibi et al (2001) As demais dosagens foram de 80 100 120 140
160 180 200 220 240 260 280 300 320 340 360 380 400 420 440
460 480 500 600 700 900 1200 g L-1 Natildeo houve formaccedilatildeo de flocos em
nenhuma dosagem Ressalva-se que o teste foi limitado pela quantidade poacute obtido pelo
descascamento seleccedilatildeo moagem e peneiramento das sementes de moringa
Existem diversos fatores que podem contribuir para a natildeo correlaccedilatildeo de resultados
obtidos no presente estudo e os relatados na literatura Dentre eles nota-se que apesar
de Muyibi et al (2001) terem conseguido obter resultados positivos no condicionamento
do lodo pela moringa os testes realizados para tal natildeo satildeo os mesmos realizados nesta
pesquisa os pesquisadores utilizaram teste de resistecircncia especiacutefica e de reduccedilatildeo de
volume do lodo em teste de jarros Aleacutem disso o meacutetodo de preparo do poacute seco
utilizado no experimento natildeo eacute detalhado podendo sofrer variaccedilotildees importantes que
podem interferir nos resultados Outro fator importante eacute a concentraccedilatildeo de soacutelidos do
lodo utilizado no trabalho que em momento algum eacute fornecida pelos autores apenas
55
afirmam que o lodo eacute proveniente de uma ETE Como haacute uma correlaccedilatildeo positiva entre
a concentraccedilatildeo de soacutelidos do lodo e a dosagem de condicionantes caso este lodo seja
menos concentrado que o lodo utilizado no presente projeto provavelmente as
dosagens dos condicionantes empregados seratildeo menores
534 Quiabo
Para os testes com o quiabo foram empregadas duas metodologias que se
diferem somente na abertura das peneiras utilizadas Na primeira o peneiramento foi de
0841 mm e na segunda o peneiramento foi de 0149 mm Ambos tiveram soluccedilatildeo
estoque com concentraccedilatildeo de 50 g L-1 (limite de saturaccedilatildeo) e as mesmas dosagens
testadas de 100 150 e 200 g L-1 Ressalta-se que as dosagens foram limitadas pela
quantidade de poacute obtido no processo para se obter aproximadamente 01 kg do poacute
mais fino utilizou-se 15 kg de quiabo jaacute que grande parte desta massa eacute aacutegua e eacute
necessaacuterio secaacute-lo moecirc-lo e peneiraacute-lo Em todas as dosagens testadas natildeo se
verificou a formaccedilatildeo de flocos Um dos fatores que pode ter contribuiacutedo para a natildeo
formaccedilatildeo de flocos eacute o fato do poliacutemero ser aniocircnico conforme apontado por Abreu
Lima (2007)
535 Avaliaccedilatildeo geral da dosagem dos poliacutemeros
Natildeo foram encontradas dosagens oacutetimas para o condicionamento do lodo de esgoto
de tanque seacuteptico quando utilizou-se os poliacutemeros naturais oriundos da mandioca
moringa e quiabo Destaca-se que foram avaliadas somente algumas metodologias
simplificadas adequadas a ETE de pequeno porte localizadas em comunidades
isoladas eou rurais Eacute possiacutevel que existam resultados positivos caso empregue-se
outras metodologias mais complexas que aumentem a concentraccedilatildeo dos poliacutemeros em
volumes viaacuteveis para aplicaccedilatildeo no lodo de esgoto uma vez que outras pesquisas
relataram sua eficiecircncia no tratamento de aacutegua esgoto e condicionamento do lodo
Em relaccedilatildeo ao poliacutemero orgacircnico sinteacutetico a dosagem oacutetima encontrada eacute viaacutevel
para aplicaccedilatildeo Poreacutem eacute importante considerar que a utilizaccedilatildeo de poliacutemeros orgacircnicos
56
sinteacuteticos incrementa custos significativos agrave operaccedilatildeo da ETE bem como matildeo-de-obra
especializada para sua manipulaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo
54 Desaguamento do lodo nos sistemas
Como explicado anteriormente as seacuteries satildeo as replicatas da anaacutelise de
desaguamento do lodo ao longo do tempo na escala de bancada Para cada seacuterie
utilizou-se 2 L de lodo de esgoto a carga meacutedia aplicada no projeto foi de 1880
kgSTm-2 com plusmn 263 e CV 014 ou seja tem-se indiacutecios estatiacutesticos de que a meacutedia eacute
representativa Em todas as seacuteries considerou-se o teacutermino do desaguamento quando
a percolaccedilatildeo parou nos sistemas ou seja quando o volume coletado foi de 0 mL Eacute
importante observar que as condiccedilotildees climaacuteticas variaram consideravelmente no
periacuteodo em que as seacuteries foram realizadas deste modo verifica-se que a influecircncia da
temperatura e da evaporaccedilatildeo foram diferentes em cada uma das seacuteries Na Tabela 8
satildeo apresentadas as condiccedilotildees relativas a cada uma das seacuteries No Apecircndice B as
Figura 41 42 43 44 e 45 exibem as temperaturas diaacuterias registradas e a evaporaccedilatildeo
da coluna drsquoaacutegua (Sistema controle item 463)
Tabela 8 - Temperatura evaporaccedilatildeo e duraccedilatildeo das seacuteries
Sem poliacutemero Poliacutemero Sinteacutetico
Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie IV
TdegC Maacutex 341 357 371 271 370 343 343
TdegC Min 96 132 160 65 203 160 160
Evaporaccedilatildeo coluna daacutegua ()
180 200 320 15 160 40 40
Iniacutecio 030913 291013 280114 280913 060214 180214 180214
Duraccedilatildeo (dias) 350 390 280 40 80 50 50
Em que TdegC Maacutex Temperatura Maacutexima TdegC Min Temperatura Miacutenima
Na Tabela 9 satildeo apresentados os volumes desaguados os teores de soacutelidos das
tortas secas resultantes dos sistemas de bancada a meacutedia amostral e a meacutedia
ajustada6 de cada sistema Esta uacuteltima eacute decorrente de um ajuste de um modelo linear
6 A meacutedia ajustada decorre da meacutedia geral das categorias tomadas como sendo iguais incluindo um erro
aleatoacuterio
57
normal Desta forma eacute possiacutevel verificar se haacute diferenccedilas significativas entre os valores
amostrais Os boxplot dos volumes amostrais e dos ajustados podem ser visualizados
nas Figura 46 e 47 (Apecircndice B)
No que se refere ao volume desaguado haacute indiacutecios estatiacutesticos de que tanto nas
seacuteries sem adiccedilatildeo de poliacutemero e com adiccedilatildeo de poliacutemero nos sistemas pavimento
permeaacutevel e pavimento permeaacutevel acrescido de areia as meacutedias natildeo tecircm diferenccedila
significativa como observado na Figura 47 Todavia comparando-se estes sistemas ao
convencional a diferenccedila eacute significativa segundo a anaacutelise de variacircncia
No tocante ao teor de soacutelidos da torta seca comparando-se o condicionamento ou
natildeo do lodo verificou-se que o lodo sem poliacutemero produziu tortas com igual umidade
que o lodo condicionado visto que quando se comparou os valores de ST nos sistemas
com ou sem poliacutemero natildeo se verificou diferenccedila significativa Examinando-se o
desempenho dos sistemas notou-se que natildeo haacute diferenccedila significativa de ST entre
pavimento permeaacutevel e pavimento permeaacutevel e areia Todavia haacute diferenccedila entre estes
e o convencional segundo a anaacutelise de variacircncia verificado nos boxplot da Figura 48
(Apecircndice B) Ademais como realizado no volume desaguado ajustou-se um modelo
linear em que calculou-se uma meacutedia ajustada para cada sistema como pode ser visto
na Figura 49 do Apecircndice B
58
Tabela 9 - Resultados do desaguamento do lodo de esgoto de tanque seacuteptico
Seacuteries
Sem poliacutemero Poliacutemero Sinteacutetico
P P+A C P P+A C
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
I 1960 540 2208 578 2824 561 2412 1484 2645 1413 2980 1232
II 2777 665 2967 675 3279 492 2503 1411 262 1377 2753 1145
III 2487 628 2824 609 2872 587 2327 1481 2473 1513 2843 1265
IV - - - - - - 2336 1479 - - - -
Meacutedia 2408 611 2667 621 2992 547 2395 1464 2519 1434 2859 1214
plusmn 414 6421 403 4954 250 4910 088 4131 093 7047 114 6199
CV 1720 1051 1512 798 836 898 368 282 369 491 400 511
Meacutedia ajustada
7
2503 64451 2503 64451 2925 48931 2503 142656 2503 142656 2925 127136
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia C Convencional ST Soacutelidos Totais plusmn Desvio Padratildeo CV Coeficiente de Variaccedilatildeo
7 A meacutedia ajustada demonstra que estatisticamente certos valores satildeo iguais
59
541 Sistema composto por Pavimento Permeaacutevel
a) Lodo natildeo condicionado
Para o lodo sem adiccedilatildeo de poliacutemero desaguado em pavimento permeaacutevel o
desaguamento foi respectivamente de 540 665 e 628 mL nas seacuteries I II e III Nota-se
que houve pequenas variaccedilotildees nas trecircs seacuteries justificadas em parte pela variabilidade
das condiccedilotildees climaacuteticas e em parte pela variabilidade normal na reproduccedilatildeo dos
experimentos Contudo eacute possiacutevel notar um comportamento geral das seacuteries onde o
desaguamento eacute mais intenso nas primeiras 70 horas e mais ameno nas restantes A
Figura 16 mostra a evoluccedilatildeo do desaguamento no sistema composto por pavimento
permeaacutevel
Figura 16 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento permeaacutevel com lodo de esgoto sem poliacutemero
0
100
200
300
400
500
600
700
0 200 400 600 800 1000
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo em pavimento permeaacutevel
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
60
b) Lodo condicionado
Para o lodo com adiccedilatildeo de poliacutemero o desaguamento foi realizado em quatro
seacuteries e o volume percolado foi de 1484 1411 1481 e 1479 mL nas seacuteries I II III e IV
respectivamente A seacuterie IV foi realizada somente para verificar se haveria diferenccedila no
desaguamento do pavimento permeaacutevel em decorrecircncia do aumento da taxa de
infiltraccedilatildeo ocasionada na segunda lavagem dos sistemas como seraacute exposto no item
59 Realizou-se o desaguamento concomitantemente com a terceira seacuterie do lodo
condicionado Observa-se um comportamento geral nas seacuteries semelhante ao lodo sem
condicionamento intensidade de desaguamento maior nas primeiras horas e menor
nas demais Contudo diferentemente do lodo natildeo condicionado o desaguamento foi
mais intenso nas primeiras 3 h quando adicionou-se o poliacutemero Estes resultados
evidenciam que o condicionamento do lodo com poliacutemeros aumenta radicalmente natildeo
soacute a taxa de desaguamento mas tambeacutem o volume de aacutegua percolado chegando a ser
em meacutedia 5803 maior que nas seacuteries sem poliacutemero utilizando-se o mesmo sistema
Tanto a raacutepida percolaccedilatildeo quanto o maior volume devem-se agraves pontes quiacutemicas
formadas entre o poliacutemero e aos soacutelidos presentes no lodo que agregam-se em flocos
facilitando a sua separaccedilatildeo da aacutegua livre (LIBAcircNIO 2005 WPCFM 1988) O
hidrograma gerado pode ser observado na Figura 17
61
Figura 17 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento permeaacutevel com lodo de esgoto com adiccedilatildeo de poliacutemero
542 Sistema composto por Pavimento Permeaacutevel e areia
a) Lodo natildeo condicionado
O sistema composto por pavimento permeaacutevel com adiccedilatildeo de areia natildeo teve
diferenccedilas significativas em relaccedilatildeo ao composto somente por pavimento permeaacutevel
tendo comportamento semelhante a este e desaguando 578 675 e 609 mL
respectivamente nas seacuteries I II e III como observado na Figura 18
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
0 10 20 30 40 50 60 70
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo com adiccedilatildeo de poliacutemero sinteacutetico em pavimento permeaacutevel
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
Seacuterie IV
62
Figura 18 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento permeaacutevel com lodo de esgoto sem poliacutemero
a) Lodo condicionado
Como os sistemas anteriores o lodo com adiccedilatildeo de poliacutemero sinteacutetico teve
desempenho superior ao sem condicionamento com 1413 1377 e 1513 mL de
desaguamento nas seacuteries I II e III respectivamente O hidrograma deste sistema pode
ser visto na Figura 19
0
100
200
300
400
500
600
700
800
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo em pavimento permeaacutevel e areia
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
63
Figura 19 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento permeaacutevel e areia com
lodo de esgoto com adiccedilatildeo de poliacutemero
543 Sistema Convencional
a) Lodo natildeo condicionado
Para o lodo sem adiccedilatildeo de poliacutemero desaguado em sistema convencional o
volume percolado foi de 561 492 e 587 mL respectivamente nas seacuteries I II e III
Apesar da seacuterie II ter um desaguamento menor e mais lento que as seacuteries I e II essa
diferenccedila natildeo eacute estatisticamente relevante como observado no boxplot da Figura 46 no
Apecircndice B Nota-se tambeacutem que o desaguamento na Seacuterie III foi mais raacutepido uma
das razotildees apontadas pode ser a alta temperatura e evaporaccedilatildeo registradas neste
periacuteodo sendo este comportamento observado nos sistemas compostos por pavimento
permeaacutevel e pavimento permeaacutevel com camada de areia
Ainda que verifiquem-se algumas diferenccedilas entre as seacuteries eacute possiacutevel constatar
o mesmo comportamento geral registrado nos sistemas anteriores onde o
desaguamento foi mais intenso nas primeiras horas e mais lento nas demais conforme
hidrograma exposto na Figura 20
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo com poliacutemero sinteacutetico em pavimento permeaacutevel e areia
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
64
Figura 20 - Hidrograma do desaguamento do sistema convencional com lodo de esgoto sem poliacutemero
b) Lodo condicionado
Para o lodo condicionado com poliacutemero o volume desaguado foi maior e grande
parte foi percolado nos primeiros minutos comportamento observado em todas as
seacuteries O sistema convencional desaguou nas seacuteries I II e III 1232 1145 e 1265 mL
respectivamente volumes menores que os demais sistemas Devido ao raacutepido
desaguamento deste lodo pode-se afirmar que a evaporaccedilatildeo exerce pouca influecircncia
neste processo sendo a drenagem o principal mecanismo Apesar da evidente
discrepacircncia de volume e tempo de desaguamento na seacuterie II natildeo houve diferenccedila
estatiacutestica entre as demais seacuteries como comprovado pelo boxplot da Figura 46 no
Apecircndice B A Figura 21 mostra o hidrograma deste desaguamento
0
100
200
300
400
500
600
700
0 200 400 600 800 1000
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo em sistema convencional
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
65
Figura 21 - Hidrograma do desaguamento do sistema convencional com lodo de esgoto com adiccedilatildeo de poliacutemero
55 Teor de soacutelidos das tortas secas
Analisou-se tambeacutem os teores de soacutelidos nas tortas secas obtidos em cada
sistema Nota-se que apesar da maior percolaccedilatildeo dos sistemas compostos por
pavimento permeaacutevel e pavimento permeaacutevel com areia os melhores valores foram do
sistema convencional tanto para o lodo sem condicionamento quanto para o lodo
condicionado Esses resultados provavelmente decorrem da retenccedilatildeo de parte da aacutegua
percolada pela camada de areia do sistema fazendo com que o volume total percolado
natildeo consiga atravessar toda a camada de areia e a camada de brita do sistema ateacute ser
coletado no recipiente
Constatou-se que natildeo houve diferenccedila significativa na utilizaccedilatildeo ou natildeo de
poliacutemero ou seja os sistemas produziram tortas secas de semelhante teor quando natildeo
adicionou-se poliacutemero e quando adicionou-se Tambeacutem natildeo houve diferenccedila
significativa entre os sistemas pavimento permeaacutevel e pavimento permeaacutevel acrescido
de areia Poreacutem houve entre os mesmos e sistema convencional como mostra a
Figura 49 no Apecircndice B O teor de soacutelidos no sistema pavimento permeaacutevel sem
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo com adiccedilatildeo de poliacutemero sinteacutetico em sistema convencional
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
66
condicionamento foi em meacutedia de 2408 plusmn414 enquanto que o lodo condicionado a
meacutedia foi de 2395 plusmn 088 No sistema pavimento permeaacutevel e areia a meacutedia foi de
2667 plusmn 403 para o lodo sem poliacutemero e de 2519 plusmn 093 para o lodo com adiccedilatildeo de
poliacutemero Para o sistema convencional a meacutedia de ST foi de 2992 plusmn 250 e 2859 plusmn
114 no lodo natildeo condicionado e no condicionado respectivamente
Contudo eacute possiacutevel notar comportamentos distintos no lodo condicionado e natildeo
condicionado enquanto o lodo natildeo condicionado perdeu mais umidade quando a
temperatura foi mais alta (nas seacuteries) o lodo condicionado parece natildeo ter sofrido
influecircncia significativa desta variaacutevel ambiental esse fato deve-se ao seu raacutepido
desaguamento jaacute mencionado anteriormente Ademais observa-se que as
concentraccedilotildees de STV satildeo maiores que as de STF uma hipoacutetese eacute que a mateacuteria
inorgacircnica dissolvida pode ter sido percolada juntamente com a aacutegua drenada do lodo
As Figura 22 e 23 ilustram a os valores de Soacutelidos Totais Soacutelidos Totais Fixos e Soacutelidos
Totais Volaacuteteis das tortas secas dos lodos desaguados sem e com adiccedilatildeo de poliacutemero
respectivamente
Figura 22 - Teor de soacutelidos da torta seca do lodo desaguado sem poliacutemero
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia C Convencional Soacutelidos Totais
STF Soacutelidos Totais Fixos e STV Soacutelidos Totais Volaacuteteis
000
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III
P P+A C
Teor de soacutelidos da torta seca do lodo sem poliacutemero
ST
STF
STV
67
Figura 23 - Teor de soacutelidos da torta seca do lodo desaguado com poliacutemero sinteacutetico
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia C Convencional Soacutelidos Totais
STF Soacutelidos Totais Fixos e STV Soacutelidos Totais Volaacuteteis
56 Anaacutelise geral dos sistemas
O lodo com ou sem poliacutemero mostrou comportamento semelhante ao percolar
uma fraccedilatildeo significativa de seu volume nas primeiras horas do desaguamento e
posteriormente assumiu uma taxa de infiltraccedilatildeo mais lenta a diferenccedila verificada foi no
menor tempo necessaacuterio e na maior quantidade de aacutegua desaguada do lodo
condicionado como observado na Figura 24 Os pontos no graacutefico tratam-se das
meacutedias das seacuteries nos sistemas Neste graacutefico foram inclusos todos os pontos de todas
as seacuteries em ordem cronoloacutegica sendo possiacutevel assim observar um comportamento em
cada sistema estudado
000
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie IV Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III
P P+A C
Teor de soacutelidos da torta seca do lodo com poliacutemero sinteacutetico
ST
STF
STV
68
Figura 24 - Hidrograma do desaguamento do lodo em todos os sistemas no lodo natildeo condicionado e condicionado
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
Esta raacutepida percolaccedilatildeo pode ser justificada pela interaccedilatildeo do poliacutemero com as
partiacuteculas do lodo ocorrer quase imediatamente apoacutes a sua aplicaccedilatildeo (WPCFM 1988)
Isso ocorre porque os poliacutemeros atuam como coagulantes formando pontes quiacutemicas
entre o poliacutemero e as partiacuteculas coloidais presentes no lodo que satildeo adsorvidas pelas
diversas cadeias de monocircmeros do poliacutemero agregando-se em flocos densos passiacuteveis
de serem removidos por filtraccedilatildeo sedimentaccedilatildeo ou flotaccedilatildeo (LIBAcircNIO 2005)
Portanto tempos menores de desaguamento implicariam em maior quantidade
de ciclos de secagem em leitos em escala real podendo ocasionar um impacto
consideraacutevel no caacutelculo da aacuterea necessaacuteria para o leito
Apesar disso os valores de ST nas seacuteries com adiccedilatildeo de poliacutemero podem ser
considerados iguais aos do lodo sem condicionamento Certamente pelo periacuteodo de
desaguamento do lodo sem poliacutemero ter sido muito superior ao do lodo condicionado
(em torno de 35 e 6 dias respectivamente) houve maior evaporaccedilatildeo da aacutegua presente
no lodo nestes sistemas (por volta de 23 e 6 de modo respectivo) que compensou o
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo nos sistemas com e sem poliacutemero
P Sem poliacutemero P com poliacutemero P+A sem poliacutemero
C sem poliacutemero C com poliacutemero P+A com poliacutemero
69
menor volume drenado Isso decorre de que em leitos de secagem haacute necessidade de
tempos relativamente longos de evaporaccedilatildeo (van Haandel amp Lettinga 1994)
Pode-se considerar que a evaporaccedilatildeo eacute uma grande contribuinte no desaguamento
em escala real e consequentemente na obtenccedilatildeo de teores maiores de ST nas tortas
secas Poreacutem em escala de bancada os sistemas sofreram menor influecircncia da
evaporaccedilatildeo devido a menor influecircncia dos fatores climaacuteticos responsaacuteveis pela
evaporaccedilatildeo tendo entatildeo seus valores de ST subestimados
Analisando-se os sistemas verifica-se que de maneira geral pelas Figuras 25 e
26 que o sistema convencional foi significativamente mais lento que os sistemas
alternativos e os volumes desaguados foram menores do que nos sistemas pavimento
permeaacutevel e pavimento e areia No lodo sem condicionamento enquanto 563 do
volume inicial foi percolado nas 30 primeiras horas no sistema composto por pavimento
permeaacutevel o sistema pavimento permeaacutevel e areia foi ligeiramente mais lento
desaguando neste periacuteodo 486 de seu volume e no sistema convencional somente
301 Para o lodo condicionado nas primeiras 3 h o pavimento permeaacutevel pavimento
permeaacutevel acrescido de areia e convencional desaguaram 690 487 e 185 de seu
volume
Figura 25 - Desaguamento do lodo sem poliacutemero - meacutedias das seacuteries
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
00
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
00 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000
Volu
me
acum
ulad
o (m
L)
Tempo (h)
Desaguamento meacutedio do lodo sem poliacutemero
P
P+A
C
70
Figura 26 - Desaguamento do lodo com poliacutemero - meacutedias das seacuteries
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
Todavia o sistema convencional produziu tortas secas com menor umidade
Como jaacute explicado anteriormente esses resultados podem ser justificados pela
existecircncia de uma camada maior de areia em que parte da aacutegua percolada tenha
ficado ali retida A adiccedilatildeo da camada de areia de 001 m ao pavimento permeaacutevel natildeo
mostrou aumento significativo tanto no volume desaguado quanto na torta seca
produzindo valores de ST semelhantes aos do sistema composto somente por
pavimento permeaacutevel
Aleacutem do sistema composto por pavimento permeaacutevel obter maior volume de
aacutegua percolada do que o sistema convencional pode-se considerar que este uacuteltimo tem
uma pequena aacuterea de drenagem (2 a 3 cm de camada de areia entre os tijolos
recozidos) em escala real como ilustra a Figura 27
00
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
00 100 200 300 400 500 600 700 800
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento meacutedio do lodo com poliacutemero
P
P+A
C
71
Figura 27 - Detalhe da constituiccedilatildeo do leito de secagem convencional
A NBR 122091992 considera que a aacuterea ocupada pela areia natildeo pode ser
inferior a 15 da aacuterea total do leito Desta forma considerando os valores das meacutedias
ajustadas o lodo sem poliacutemero e com poliacutemero desaguariam respectivamente 5298 e
13762 Lm-sup2 no sistema convencional Enquanto que o pavimento permeaacutevel e
pavimento permeaacutevel acrescido de areia desaguariam 8210 e 18173 Lm-sup2 para o lodo
sem adiccedilatildeo de poliacutemero e com adiccedilatildeo de poliacutemero respectivamente8
Por esse motivo como a percolaccedilatildeo da aacutegua eacute fator importante no teor de
umidade final da torta seca eacute importante balizar que da mesma forma que no processo
de drenagem o teor de soacutelidos da torta seca do sistema convencional eacute superestimado
na escala de bancada ou seja em escala real eacute provaacutevel que estes valores sejam
significativamente menores ou que demande-se mais tempo para obtenccedilatildeo da mesma
umidade na torta seca
Nota-se tambeacutem que os valores de Soacutelidos Totais Volaacuteteis (STV) satildeo superiores
aos Soacutelidos Totais Fixos (STF) com a relaccedilatildeo meacutedia de STVST de 058 superior a do
lodo bruto de 046 como jaacute citado uma das razotildees pode ser a percolaccedilatildeo de mateacuteria
inorgacircnica dissolvida Segundo Andreoli von Sperling amp Fernandes (2001) a relaccedilatildeo
8 Para a obtenccedilatildeo destes valores utilizou-se a meacutedia dos volumes desaguados dos sistemas para
calcular-se o volume desaguado por msup2 Considerou-se que a percolaccedilatildeo ocorre em toda a aacuterea do leito
nos sistemas pavimento permeaacutevel e pavimento permeaacutevel e areia No sistema convencional
considerou-se que a percolaccedilatildeo somente ocorre na aacuterea do onde haacute areia portanto estes valores foram
multiplicados por 15
72
entre SVST tiacutepica do eacute lodo desidratado eacute de 060 a 065 Poreacutem a relaccedilatildeo encontrada
por Andreoli et al (2009) foi de 022 indicando a grande variabilidade do lodo
Como jaacute mencionado Ruiz Kaosol amp Wisniewsk (2010) relacionaram a
quantidade de mateacuteria orgacircnica presente no lodo e sua aptidatildeo ao desaguamento
mecacircnico estabelecendo a relaccedilatildeo inversamente proporcional entre mateacuteria orgacircnica e
eficiecircncia do processo de desaguamento mecacircnico Andreoli von Sperling amp Fernandes
(2001) tambeacutem afirmam que lodos com menor teor de mateacuteria orgacircnica tambeacutem satildeo
mais indicados para o desaguamento por processos naturais Esses resultados
apontam que o lodo utilizado na pesquisa tem aptidatildeo ao desaguamento por ter sofrido
digestatildeo
Aleacutem disso eacute necessaacuterio atentar que diferentemente dos resultados obtidos por
van Haandel amp Lettinga (1994) a concentraccedilatildeo de soacutelidos influenciou o desaguamento
do lodo uma vez que o volume aplicado sobre os leitos foi o mesmo sendo que a
carga aplicada alterou-se em funccedilatildeo da concentraccedilatildeo de soacutelidos que se alterou
durante a pesquisa
Observa-se tambeacutem que van Haandel amp Lettinga (1994) utilizaram lodos com ST
entre 4 e 10 finalizando o desaguamento com fraccedilatildeo de soacutelidos de aproximadamente
20 nos leitos de secagem convencional Os valores obtidos na presente pesquisa
para o leito de secagem convencional satildeo superiores aos encontrados pelos
pesquisadores variando de 28 a 33
Com o objetivo de estimar a influecircncia da evaporaccedilatildeo nos sistemas elaborou-se
duas hipoacuteteses a primeira considera a quantidade de aacutegua evaporada como percolada
pelos sistemas e a segunda trata-se de calcular a umidade do lodo caso natildeo houvesse
a evaporaccedilatildeo nos sistemas Ambas baseiam-se nas perdas de aacutegua por evaporaccedilatildeo
registradas pelo sistema controle
73
57 Hipoacutetese I ndash Aacutegua evaporada do lodo sendo percolada
Com o intuito de explicar a diferenccedila de volume desaguado no lodo sem e com
condicionamento a primeira hipoacutetese assume a ausecircncia de evaporaccedilatildeo considerando
que a porccedilatildeo de aacutegua que foi evaporada da coluna drsquoaacutegua foi percolada nos sistemas
respeitando-se a quantidade e tempo em que ocorreu a evaporaccedilatildeo no sistema
controle Para tanto faz-se necessaacuterias algumas ponderaccedilotildees
A evaporaccedilatildeo de um liacutequido tem relaccedilatildeo estreita com sua tensatildeo superficial
quanto mais baixa esta eacute maior seraacute a evaporaccedilatildeo Sabe-se que a aacutegua naturalmente
presente na natureza tem alta tensatildeo superficial e existem substacircncias que conteacutem
moleacuteculas anfifiacutelicas como detergente e sabatildeo que diminuem a tensatildeo superficial da
aacutegua e consequentemente acabam facilitando a evaporaccedilatildeo da aacutegua O lodo de
esgoto eacute uma matriz complexa isto eacute tem composiccedilatildeo diversificada e provavelmente
tem quantidade consideraacutevel de moleacuteculas anfifiacutelicas podendo deixar a tensatildeo
superficial mais baixa e portanto facilitando a evaporaccedilatildeo da aacutegua livre presente no
lodo Para fins de melhor aplicabilidade desta hipoacutetese seria necessaacuterio mensurar a
tensatildeo superficial do lodo (MYERS 1999) Aleacutem disso a aacuterea superficial de aacutegua que
entra em contato com a atmosfera eacute muito maior no lodo do que na coluna drsquoaacutegua
colaborando para maior evaporaccedilatildeo do primeiro
Para tanto admitiu-se que a evaporaccedilatildeo da aacutegua ldquocomumrdquo eacute a mesma que a da
aacutegua livre presente no lodo e que esta eacute predominante em relaccedilatildeo aos demais tipos de
aacutegua presente (van Haandel amp Lettinga1994 VESILIND 1994) As estimativas dos
volumes percolados em todas as seacuteries podem ser visualizadas na Tabela 10
Ressalva-se que as Seacuteries II e III do lodo com adiccedilatildeo de poliacutemero foram iniciadas
durante a Seacuterie III do lodo sem adiccedilatildeo de poliacutemero fazendo com que o sistema controle
para estas seacuteries natildeo tenha sido iniciado com 2000 mL de aacutegua pois jaacute havia certa
perda pela Seacuterie III sem adiccedilatildeo de poliacutemero O volume presente na coluna drsquoaacutegua
quando Seacuteries II e III iniciaram era de 17473 e 14079 mL respectivamente Sendo os
volumes estimados calculados a partir destes volumes
74
Tabela 10 - Desaguamento do lodo de esgoto nos sistemas - Hipoacutetese I
Sem Poliacutemero
Sistemas Seacuteries I II III IV Meacutedia plusmn CV
VE (mL) 355 408 643 - 469 1533 327
P V (mL) 540 665 628 - 611 642 105
V (mL) 895 814 1271 - 993 2439 245
P+A V (mL) 578 675 609 - 621 495 80
V (mL) 933 1083 1251 - 1089 1591 146
C V (mL) 561 492 587 - 547 491 90
V (mL) 916 901 1227 - 1015 1840 181
Com poliacutemero
VE (mL) 29 282 48 48 120 1407 1177
P V (mL) 1484 1411 1481 1479 1459 413 28
V (mL) 1513 1693 1532 1493 1579 989 63
P+A V (mL) 1413 1377 1513 - 1434 705 49
V (mL) 1442 1658 1564 - 1611 665 41
C V (mL) 1232 1145 1265 - 1214 620 51
V (mL) 1378 1426 1316 - 1426 552 39 Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia C Convencional VE Volume
evaporado no sistema controle V Volume real e Vrsquo Volume estimado na Hipoacutetese I
Para o sistema composto por pavimento permeaacutevel com lodo sem poliacutemero os
volumes aumentariam em 6574 2240 e 10229 o volume real percolado nas seacuteries
I II e III respectivamente No mesmo sistema o lodo condicionado os volumes
incrementados nas seacuteries I II e III seriam muito pequenos de 195 1999 344 e 095
no volume desaguado Como dito anteriormente a seacuterie II foi a mais influenciada pela
evaporaccedilatildeo devido agraves altas temperaturas e maior periacuteodo de percolaccedilatildeo
O desaguamento do lodo sem condicionamento no sistema pavimento permeaacutevel
e areia os volumes desaguados nas seacuteries I II e III acresceriam em 6142 6044 e
10542 respectivamente No lodo condicionado no mesmo sistema o desaguamento
nas seacuteries I II e III receberiam um incremento de 205 2041 e 337 respectivamente
no volume percolado pelos sistemas
75
Jaacute no sistema convencional a inserccedilatildeo do volume evaporado agrave aacutegua percolada
acrescentaria 6328 8313 e 10903 aos volumes desaguados nas seacuteries I II e III
respectivamente Para as seacuteries em que o lodo foi condicionado com poliacutemero sinteacutetico
a percolaccedilatildeo nas seacuteries I II e III representariam um aumento de 1185 2454 e 403
em relaccedilatildeo ao volume desaguado real
Esperava-se que esta hipoacutetese pudesse explicar a grande diferenccedila de volume
desaguado entre o lodo sem poliacutemero e com poliacutemero com os volumes deste primeiro
aproximando-se deste uacuteltimo Conquanto isso natildeo foi verificado visto que a diferenccedila
foi em torno de 400 mL No entanto eacute necessaacuterio fazer uma ressalva quanto ao volume
desaguado no lodo condicionado ser ainda muito maior que no lodo natildeo condicionado
a evaporaccedilatildeo mensurada provavelmente eacute subestimada pois a evaporaccedilatildeo da aacutegua
em matrizes complexas como o lodo de esgoto eacute provavelmente facilitada pela menor
tensatildeo superficial o que poderia compensar parte desta discrepacircncia entre maior
volume percolado pelo lodo com poliacutemero e tortas secas de umidade iguais as do lodo
sem poliacutemero
Natildeo obstante os volumes foram maiores nas seacuteries que ocorreram em periacuteodos
mais quentes assim como nas seacuteries em que se avaliou o desaguamento natural do
lodo verificou-se que a influecircncia da evaporaccedilatildeo foi maior devido ao maior periacuteodo de
exposiccedilatildeo
76
58 Hipoacutetese II ndash Ausecircncia de evaporaccedilatildeo nos sistemas
Para fins de anaacutelise da eficiecircncia do pavimento permeaacutevel de forma isolada
calculou-se qual seria o teor de soacutelidos da torta seca se natildeo houvesse evaporaccedilatildeo
Sabendo que a densidade do lodo eacute proacutexima agrave da aacutegua bem como sua massa
especiacutefica (ANDREOLI VON SPERLING amp FERNANDES 2001)
Considerou-se que a aacutegua comum tem comportamento igual ao da aacutegua
livre do lodo e portanto que um 1 mL de aacutegua eacute igual a 1 mg de aacutegua
Assumiu-se que o volume de aacutegua evaporada no sistema controle foi
evaporada tambeacutem pelos sistemas com lodo Buscou-se entatildeo verificar a
contribuiccedilatildeo dessa evaporaccedilatildeo para a constituiccedilatildeo das tortas secas
estimando o teor de soacutelidos secos descontando sua contribuiccedilatildeo
A estimativa do valor de soacutelidos totais sem contribuiccedilatildeo da evaporaccedilatildeo ( )
pode ser expressa pela seguinte equaccedilatildeo
Em que
Parcela de soacutelidos
Massa total
Onde a parcela de soacutelidos pode ser definida como
Volume do lodo bruto
Volume da aacutegua percolada pelo sistema
Volume da aacutegua no lodo desaguado
77
E o volume da aacutegua no lodo desaguado pode ser calculado por
Onde
Teor de umidade do lodo desaguado
Volume de aacutegua evaporada
E por fim a massa total seraacute
Nas seacuteries sem condicionamento quiacutemico as seacuteries I II e III tiveram uma
diferenccedila de meacutedia entre os teores de soacutelidos de 460 683 e 861 respectivamente
sendo que a temperatura foi crescente nas seacuteries Quanto agraves seacuteries com adiccedilatildeo de
poliacutemero a diferenccedila meacutedia foi de 128 769 209 nas seacuteries I II III
respectivamente A seacuterie IV natildeo foi possiacutevel aferir meacutedia e a diferenccedila foi de 206 Os
valores dos Soacutelidos Totais reais (ST) e Soacutelidos Totais estimados na Hipoacutetese II (STrsquo)
podem ser vistos na Tabela 11 e as Figuras 28 e 29
78
Tabela 11 - Teor de soacutelidos da torta seca ndash comparaccedilatildeo com a Hipoacutetese II
Sem Poliacutemero
Sistemas Seacuteries I II III IV Meacutedia plusmn CV
P ST () 196 2777 2487 - 2408 414 1720
ST () 1577 2127 1694 - 1799 290 1610
P+A ST () 2208 2967 2824 - 2666 403 1513
ST () 1768 2268 1932 - 1989 255 1281
C ST () 2824 3279 2872 - 2992 250 836
ST () 2265 258 1974 - 2273 303 1333
Com poliacutemero
P ST () 2412 2503 2327 2336 2395 082 341
ST () 2282 1693 2121 2129 2056 253 1232
P+A ST () 2645 262 2473 - 2579 092 360
ST () 2519 1805 2241 - 2188 360 1645
C ST () 2980 2753 2843 - 2859 114 400
ST () 2851 2071 2660 - 2527 407 1609 Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia C Convencional ST Soacutelidos
Totais real e STrsquo Soacutelidos Totais estimado na Hipoacutetese II
Figura 28 - Teor de soacutelidos das tortas secas sem condicionamento quiacutemico - Hipoacutetese II
Em que ST Soacutelidos Totais real e STrsquo Soacutelidos Totais estimado na Hipoacutetese II
05
101520253035
P P + A C P P + A C P P + A C
Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III
Teor de soacutelidos da torta seca sem poliacutemero - H2
ST
ST
79
Figura 29 - Teor de soacutelidos das tortas secas com condicionamento quiacutemico - Hipoacutetese II
Em que ST Soacutelidos Totais real e STrsquo Soacutelidos Totais estimado na Hipoacutetese II
Realizando esses caacutelculos observa-se que a evaporaccedilatildeo teve importante
contribuiccedilatildeo nas tortas secas especialmente nas seacuteries em que o lodo natildeo foi
condicionado com poliacutemero sinteacutetico devido ao tempo de percolaccedilatildeo ser muito maior
aumentando a exposiccedilatildeo do lodo ao ambiente Nota-se tambeacutem que altas temperaturas
e baixa umidade do ar9 favorecem a evaporaccedilatildeo da aacutegua presente no lodo jaacute que nas
seacuteries em que a evaporaccedilatildeo foi mais intensa ocorreu no periacuteodo de forte calor e baixa
precipitaccedilatildeo (Seacuterie III do lodo sem poliacutemero e Seacuterie II do lodo com poliacutemero)
A partir dos dados observados podem-se realizar algumas ponderaccedilotildees satildeo
elas
No lodo sem condicionamento orgacircnico a evaporaccedilatildeo foi mais significativa na
seacuterie III Nota-se que os volumes percolados dobrariam caso a aacutegua
evaporada fosse incorporada aos mesmos Como citado anteriormente o
periacuteodo em que se realizou esta seacuterie foi marcado por altas temperaturas e
quase nenhuma precipitaccedilatildeo
9 Natildeo foi possiacutevel obter dados da umidade relativa do ar
05
101520253035
P P + A C P P + A C P P + A C P
Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie IV
Teor de soacutelidos da torta seca do lodo com poliacutemero sinteacutetico - H2
ST
ST
80
No lodo condicionado a seacuterie II foi a de maior evaporaccedilatildeo tambeacutem devido
agraves altas temperaturas e baixa precipitaccedilatildeo registrada no periacuteodo em que a
seacuterie foi realizada
O aumento meacutedio das seacuteries sem condicionamento com poliacutemero foi de
6257 7545 e 8548 para os sistemas pavimento permeaacutevel pavimento
permeaacutevel acrescido de areia e convencional respectivamente Quanto agraves
seacuteries com adiccedilatildeo de poliacutemero esse aumento foi bem menor sendo de
642 no pavimento permeaacutevel 839 no pavimento permeaacutevel acrescido
de areia e 1312 no convencional
Enquanto o lodo com poliacutemero tem a maior perda de umidade decorrente da
maior percolaccedilatildeo gerada pela interaccedilatildeo entre poliacutemero e soacutelidos presentes
no lodo o lodo sem utilizaccedilatildeo de poliacutemero tem a evaporaccedilatildeo como maior
contribuinte para a perda de umidade e por isso produzem tortas secas de
igual teor
A partir do desaguamento real e das hipoacuteteses formuladas observa-se que o
desaguamento do lodo em leitos de secagem ocorre em duas fases distintas a primeira
eacute a percolaccedilatildeo preponderante nos primeiros dias das seacuteries e quando esta diminui o
processo de evaporaccedilatildeo torna-se o maior responsaacutevel pela perda de umidade no
restante do periacuteodo Fazem-se necessaacuterios estudos em escalas maiores onde se possa
mensurar a diferenccedila de volume bem como a influecircncia da evaporaccedilatildeo nos leitos de
secagem alternativos e convencional
59 Manutenccedilatildeo dos pavimentos
Apoacutes a utilizaccedilatildeo de doze pavimentos realizou-se o segundo teste de infiltraccedilatildeo em
meados de janeiro onde PV 2 foi descartado pois sua taxa esteve bem abaixo da
meacutedia dos outros (infiltrando 164 mL enquanto a meacutedia dos demais foi de 1000 mL) natildeo
possibilitando seu uso nos sistemas com camada de areia Ressalva-se que no
segundo e terceiro teste os pavimentos 10 11 e 12 ateacute entatildeo natildeo tinham sido
utilizados com o objetivo de garantir que tanto o lodo condicionado quanto o natildeo
81
condicionado tivessem duas de suas seacuteries desaguadas em pavimentos ainda natildeo
utilizados e somente uma delas em pavimentos reutilizados
Para tanto todos os pavimentos foram limpos com lavadora de alta pressatildeo
anteriormente ao teste com o objetivo de retirar o lodo que permaneceu aderido ao
pavimento e ao tubo do sistema Contudo o valor obtido dos demais pavimentos
tambeacutem natildeo foi satisfatoacuterio pois tiveram taxa de infiltraccedilatildeo em meacutedia 126 plusmn 8490 e
CV 009 abaixo do primeiro teste tendo em vista a possiacutevel existecircncia de oacuteleos e
graxas presentes em partiacuteculas de lodo que ainda podem ter permanecido nos
pavimentos Sendo assim para obtenccedilatildeo de taxas mais altas utilizou-se soluccedilatildeo
detergente deixando os sistemas mergulhados por uma semana Poreacutem a taxa de
infiltraccedilatildeo encontrada foi de 1421 mL 242 em meacutedia superior a do primeiro teste
Estes resultados podem ser explicados pela lavagem com alta pressatildeo ter movido
alguns gratildeos de basalto e areia presentes no pavimento de modo que os espaccedilos
vazios tornaram-se maiores a ponto de aumentarem a taxa
No que diz respeito aos sistemas pavimento permeaacutevel e areia e convencional a
taxa de infiltraccedilatildeo do teste 2 soacute foi aferida depois do terceiro teste dos pavimentos
sendo em meacutedia de 3613 plusmn 19817 e CV 055 e 788 mL plusmn471 e CV 006
respectivamente representando um aumento de 19858 e 4956 na taxa de infiltraccedilatildeo
em relaccedilatildeo ao teste 1 De acordo com as consideraccedilotildees expostas a meacutedia da taxa de
infiltraccedilatildeo eacute muito influenciada pela reutilizaccedilatildeo dos pavimentos como mostra a Figura
35 no Apecircndice B
A partir dos testes realizados eacute importante fazer algumas ponderaccedilotildees como os
pavimentos podem sofrer variaccedilotildees no volume de espaccedilos vazios que podem
influenciar a taxa de infiltraccedilatildeo de maneira significativa a reutilizaccedilatildeo dos pavimentos
mostrou-se possiacutevel poreacutem apresenta algumas limitaccedilotildees como a necessidade de
realizar lavagem dos pavimentos implicando em uso consideraacutevel de aacutegua Conquanto
esse processo eacute trabalhoso visto que a simples lavagem com aacutegua natildeo garante sua
limpeza necessitando do emprego de algo que friccione a superfiacutecie do pavimento para
82
que este seja limpo Para isso foi preciso utilizar uma lavadora de alta pressatildeo na
limpeza dos sistemas Mesmo assim dependendo das caracteriacutesticas do lodo pode
natildeo ser suficiente para remover totalmente os resiacuteduos sendo necessaacuterio o uso de
soluccedilotildees detergentes ou anaacutelogas
83
6 CONCLUSAtildeO
As metodologias utilizadas para condicionamento do lodo de tanque seacuteptico com
poliacutemeros naturais natildeo se mostraram eficazes no condicionamento do lodo de esgoto
de tanque seacuteptico
Todavia o uso de poliacutemero orgacircnico sinteacutetico mostrou-se eficiente Evidenciando
melhores resultados que o lodo sem condicionamento pela maior quantidade de
volume percolado e menor tempo de desaguamento que possibilitam a realizaccedilatildeo de
mais ciclos de secagem por ano e possivelmente a reduccedilatildeo da aacuterea do leito Todavia
os teores de soacutelidos da torta seca foram semelhantes aos obtidos no lodo sem
aplicaccedilatildeo de poliacutemero
Quanto agrave utilizaccedilatildeo de leito de secagem alternativo tanto o pavimento permeaacutevel
quanto o pavimento permeaacutevel com adiccedilatildeo de areia natildeo tiveram diferenccedila significativa
entre o volume desaguado e a umidade na torta seca o que dispensaria o acreacutescimo
de areia ao pavimento Comparando-se ao leito de secagem convencional verifica-se
que as duas formas de leito de secagem alternativo foram melhores nos quesitos
volume desaguado e tempo Contudo pela camada de areia maior a torta seca
produzida pelo leito convencional teve menor umidade apresentando melhor resultado
na escala de bancada Poreacutem em escala real esta camada de areia ocuparia uma
pequena parte da aacuterea do leito diminuindo consideravelmente a percolaccedilatildeo e
aumentando o tempo do ciclo de secagem A reutilizaccedilatildeo do pavimento mostrou-se
possiacutevel poreacutem trabalhosa e pode interferir na sua taxa de infiltraccedilatildeo
84
85
7 RECOMENDACcedilOtildeES
No decorrer da pesquisa pela limitaccedilatildeo de tempo do delineamento experimental e
de outros fatores muitas possibilidades de aprofundamento do estudo natildeo foram
possiacuteveis Poreacutem caso realizadas seriam interessantes contribuiccedilotildees no campo das
pesquisas em saneamento rural aleacutem de serem necessaacuterias para complementaccedilatildeo da
presente pesquisa
Apesar dos resultados natildeo terem sido positivos na aplicaccedilatildeo de poliacutemeros naturais
no lodo de tanque seacuteptico estes ainda podem ser uma alternativa promissora aos
poliacutemeros sinteacuteticos Para tanto sugere-se que sejam estudadas outras dosagens visto
que estas foram limitadas no estudo especialmente no caso do poliacutemero oriundo do
quiabo Ademais eacute possiacutevel que existam resultados positivos caso empregue-se
metodologias diferentes mas ainda simplificadas Aleacutem disso ainda que possivelmente
natildeo atendam a essa premissa o emprego de meacutetodos mais complexos que aumentem
a concentraccedilatildeo dos poliacutemeros em volumes viaacuteveis para aplicaccedilatildeo no lodo de esgoto
tambeacutem pode gerar resultados positivos uma vez que diversas pesquisas relataram
sua eficiecircncia no tratamento de aacutegua e esgoto Tambeacutem seria interessante a anaacutelise de
custos versus benefiacutecios no emprego de poliacutemeros naturais e sinteacuteticos e a sua
comparaccedilatildeo
No que diz respeito a utilizaccedilatildeo do pavimento permeaacutevel como leito de secagem
alternativo fazem-se necessaacuterios estudos em escalas maiores onde se possa mensurar
a diferenccedila de volume desaguado bem como a influecircncia da evaporaccedilatildeo nos leitos de
secagem alternativos e convencional para verificar a sua viabilidade Tambeacutem eacute
necessaacuterio verificar se a limpeza destes leitos seria factiacutevel nestas escalas
Portanto a otimizaccedilatildeo da etapa de desaguamento de lodo de tanque seacuteptico tanto
a utilizaccedilatildeo de poliacutemeros naturais quanto a simplificaccedilatildeo dos leitos de secagem
constituem-se objetos de estudo valiosos para buscar alternativas necessaacuterias para o
gerenciamento de lodo de lodo de esgoto e contribuem em uacuteltimo caso para a
melhoria dos serviccedilos de saneamento especialmente o saneamento rural
86
87
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91
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92
93
APEcircNDICES
APEcircNDICE A Alcalinidade pH e concentraccedilatildeo de Soacutelidos do lodo bruto
Para caacutelculo da meacutedia dos valores obtidos eacute importante esclarecer que soacute foram
realizados estes caacutelculos para ST SST pH e alcalinidade haja visto que os STF STV
e SSF e SSV satildeo valores dependentes dos primeiros paracircmetros citados calculando-se
a meacutedia desvio padratildeo e coeficiente de variaccedilatildeo somente das anaacutelises validadas
destes Deste modo verificou-se primeiramente se as observaccedilotildees tinham indiacutecio de
normalidade como todas as variaacuteveis se adequavam a essa condiccedilatildeo fez-se um
intervalo de confianccedila calculando-se dois desvios acima da meacutedia e dois abaixo
cobrindo-se assim 98 da distribuiccedilatildeo dos dados Como a meacutedia eacute altamente
influenciada por valores extremos excluiu-se os valores indicados pelo intervalo de
confianccedila para seu caacutelculo plotando graacuteficos boxplot obteacutem-se o mesmo resultado
Para a anaacutelise de ST o intervalo de confianccedila foi de 6469874 a 9126126 mgL-1
Como pode ser observado na Figura 30 para ST foram excluiacutedos quatro valores por
natildeo se encaixarem neste criteacuterio e que podem ser fruto de erros laboratoriais
Figura 30 - Boxplot dos Soacutelidos Totais encontrados no lodo bruto
94
No caso dos SST somente um valor foi descartado e o intervalo de confianccedila foi
de 6162486 a 73752 14 mgL-1 A Figura 31 mostra o boxplot gerado
Figura 31 - Boxplot dos Soacutelidos Suspensos Totais encontrados no lodo bruto
A alcalinidade natildeo teve nenhum valor descartado e o intervalo de confianccedila foi
de 2146656 a 2483784 mg CaCO3 L-1 o boxplot pode ser visualizado na Figura 32
Figura 32 - Boxplot da Alcalinidade encontrada no lodo bruto
95
O pH tambeacutem teve o mesmo comportamento da alcalinidade eacute o intervalo de
confianccedila mostra que o verdadeiro valor da meacutedia de pH estaacute entre 736 a 759 como
evidencia o boxplot da Figura 33
Figura 33 - Boxplot do pH encontrado no lodo bruto
96
APEcircNDICE B Infiltraccedilatildeo dos sistemas volume desaguado e tortas secas dos
sistemas temperatura registradas duraccedilatildeo evaporaccedilatildeo das seacuteries
Infiltraccedilatildeo
Tabela 12 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos
Taxa de Infiltraccedilatildeo
P Teste I Teste II Teste III
Volume (mL)
Volume (mL)
Volume (mL)
1 1192 1068 1600
2 768 164 -
3 1216 1148 1596
4 1228 948 1552
5 1252 1020 1580
6 1068 1012 1364
7 1092 1020 1524
8 1192 924 1312
9 1110 1048 1588
10 1116 - -
11 1104 - -
12 1096 - -
13 1112 840 1000
14 852 588 1332
15 1092 968 1180
Figura 34 - Boxplot da taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos no Teste 1
97
Na Figura 35 os valores de PV10 PV11 e PV12 satildeo considerados como 0 no
graacutefico por natildeo terem sido incluso no caacutelculo porque ateacute entatildeo natildeo tinham sido
utilizados natildeo sendo considerados nas meacutedias dos testes 2 e 3 Em cada ponto satildeo
mostrados o intervalo de confianccedila aproximado das taxas de infiltraccedilatildeo utilizando a
suposiccedilatildeo de normalidade dos dados As linhas auxiliam na visualizaccedilatildeo geral dos
valores nos diferentes testes
Figura 35 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos permeaacuteveis nos testes 1 (sem utilizaccedilatildeo) 2 (lavagem) e 3 (lavagem com soluccedilatildeo detergente)
Em que PV Pavimentos PV10 PV11 E PV12 natildeo foram inclusos nos testes 2 e 3
Na Tabela 13 encontram-se os valores da taxa de infiltraccedilatildeo para os sistemas
pavimento com adiccedilatildeo de areia e convencional Como jaacute citado o pavimento 11
(equivalente ao sistema 4 em P+A) natildeo tinha sido utilizado ateacute a realizaccedilatildeo do segundo
teste Com exceccedilatildeo do primeiro sistema P+A (equivalente ao pavimento 2) todos os
sistemas tiveram suas taxas de infiltraccedilatildeo bastante elevadas no segundo teste
98
Tabela 13 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas pavimento com adiccedilatildeo de areia e convencional
Taxa de Infiltraccedilatildeo
P+A Teste I Teste II
C Teste I Teste II
Volume (mL) Volume (mL) Volume (mL) Volume (mL)
1 646 296 1 430 738
2 626 440 2 490 792
3 738 436 3 760 754
4 2048 - 4 616 940
5 2040 208 5 424 844 P+A Pavimento e Areia e C Convencional
Na Figura 36 visualiza-se os testes 1 e 2 de infiltraccedilatildeo nos sistemas compostos
por pavimento permeaacutevel e camada de areia Da mesma forma que o graacutefico observado
na Figura 39 os sistemas considerados com valor igual a 0 natildeo foram inclusos caacutelculo
neste caso por motivos distintos PV1 foi descartado antes do teste 2 e PV4 ateacute entatildeo
natildeo tinha sido utilizado Em cada ponto satildeo mostrados o intervalo de confianccedila
aproximado das taxas de infiltraccedilatildeo utilizando a suposiccedilatildeo de normalidade dos dados
As linhas tecircm a funccedilatildeo de auxiliar a visualizaccedilatildeo dos valores nos dois testes
Figura 36 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas compostos por pavimento permeaacutevel e areia nos testes 1 (sem utilizaccedilatildeo) e 2 (apoacutes lavagem dos pavimentos com soluccedilatildeo detergente)
Em que PV Pavimento permeaacutevel e areia PV1 e PV4 foram considerados como 0 por natildeo participarem do teste 2
99
A Figura 37 trata dos testes de infiltraccedilatildeo 1 e 2 do sistema convencional Da
mesma forma que nas duas figuras anteriores o sistema com valor igual a 0 natildeo foi
incluso caacutelculo por ateacute entatildeo natildeo ter sido utilizado Satildeo mostrados o intervalo de
confianccedila aproximado das taxas de infiltraccedilatildeo em cada ponto utilizando a suposiccedilatildeo de
normalidade dos dados Foram traccediladas linhas para auxiliar a visualizaccedilatildeo dos valores
nos testes
Figura 37 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas convencionais nos testes 1 (sem utilizaccedilatildeo) e 2 (apoacutes lavagem dos pavimentos com soluccedilatildeo detergente)
Em que C Sistema Convencional C4 foi considerado como 0 no graacutefico por natildeo participar do teste 2
Temperaturas
As temperaturas maacuteximas miacutenimas do dia foram fornecidas pelo Centro de
Pesquisas Meteoroloacutegicas e Climaacuteticas Aplicadas agrave Agricultura da Universidade
Estadual de Campinas (CEPAGRIUNICAMP) Tambeacutem houve monitoramento da
temperatura no Laboratoacuterio de Protoacutetipos contudo esse monitoramento se deu nos
momentos em que houve coleta de volume drenado dos sistemas realizando-se a
meacutedia dos valores nos dias em que houve mais de uma coleta As temperaturas podem
ser observadas nas Figuras 38 39 40 41 41 e 43
100
Figura 38 - Temperaturas registradas na Seacuterie I sem poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
Figura 39 - Temperaturas registradas na Seacuterie II sem poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
Figura 40 - Temperaturas registradas na Seacuterie III sem poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
0050
100150200250300350400
03
09
20
13
04
09
20
13
05
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20
13
06
09
20
13
07
09
20
13
08
09
20
13
09
09
20
13
10
09
20
13
11
09
20
13
12
09
20
13
13
09
20
13
14
09
20
13
15
09
20
13
16
09
20
13
17
09
20
13
18
09
20
13
19
09
20
13
20
09
20
13
21
09
20
13
22
09
20
13
23
09
20
13
24
09
20
13
25
09
20
13
260
92
01
3
27
09
20
13
28
09
20
13
29
09
20
13
30
09
20
13
01
10
20
13
02
10
20
13
031
02
01
3
04
10
20
13
05
10
20
13
06
10
20
13
07
10
20
13
TdegC
Temperatura da Seacuterie I - Sem Poliacutemero
Maacutex Min Lab
0050
100150200250300350400
29
10
20
13
30
10
20
13
31
10
20
13
01
11
20
13
02
11
20
13
03
11
20
13
04
11
20
13
05
11
20
13
06
11
20
13
07
11
20
13
08
11
20
13
09
11
20
13
10
11
20
13
11
11
20
13
12
11
20
13
13
11
20
13
14
11
20
13
15
11
20
13
16
11
20
13
17
11
20
13
18
11
20
13
19
11
20
13
20
11
20
13
21
11
20
13
22
11
20
13
23
11
20
13
24
11
20
13
25
11
20
13
26
11
20
13
27
11
20
13
28
11
20
13
29
11
20
13
30
11
20
13
01
12
20
13
02
12
20
13
03
12
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13
04
12
20
13
05
12
20
13
06
12
20
13
TdegC
Temperatura na Seacuterie II - Sem Poliacutemero
Maacutex Min Lab
0050
100150200250300350400
28
01
20
14
29
01
20
14
30
01
20
14
31
01
20
14
01
02
20
14
02
02
20
14
03
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20
14
04
02
20
14
05
02
20
14
06
02
20
14
07
02
20
14
080
22
01
4
09
02
20
14
10
02
20
14
11
02
20
14
12
02
20
14
13
02
20
14
14
02
20
14
15
02
20
14
16
02
20
14
17
02
20
14
18
02
20
14
19
02
20
14
20
02
20
14
21
02
20
14
22
02
20
14
23
02
20
14
24
02
20
14
TdegC
Temperatura na Seacuterie III - Sem Poliacutemero
Maacutex Min Lab
101
Figura 41 - Temperaturas registradas na Seacuterie I com poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
Figura 42 - Temperaturas registradas na Seacuterie II com poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
0
5
10
15
20
25
30
27813 28813 29813
TdegC
Temperaturas Seacuterie I - Poliacutemero Sinteacutetico
Maacutex
Min
Lab
15
20
25
30
35
40
TdegC
Temperaturas Seacuterie II - Poliacutemero Sinteacutetico
Maacutex
Min
Lab
102
Figura 43 -Temperaturas registradas na Seacuterie III sem poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
Evaporaccedilatildeo Figura 44 - Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua nas seacuteries sem adiccedilatildeo de poliacutemero
10
15
20
25
30
35
40
180214 190214 200214 210214 220214
TdegC
Temperaturas Seacuterie III - Poliacutemero Sinteacutetico
Maacutex
Min
Lab
0
5
10
15
20
25
30
35
0 200 400 600 800 1000
Tempo (h)
Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua - Seacuteries sem Poliacutemero
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
103
Figura 45 - Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua nas seacuteries com adiccedilatildeo de poliacutemero
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
0 50 100 150 200
Tempo (h)
Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua - Seacuteries com Poliacutemero
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III e IV
104
Volume desaguado
Figura 46 - Boxplot do volume desaguado com ou sem poliacutemero em cada sistema (valores amostrais)
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
105
Figura 47 - Boxplot dos volumes desaguados com ou sem poliacutemero em cada sistema (valores ajustados)
Em que PP Sistemas Pavimento permeaacutevel e Pavimento com adiccedilatildeo de Areia e C Sistema Convencional
106
Figura 48 - Boxplot dos Soacutelidos Totais na torta seca do lodo com ou sem condicionamento quiacutemico
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
107
Figura 49 - Meacutedias e valores maacuteximos e miacutenimos dos teores de soacutelidos da torta seca nos sistemas com ou sem poliacutemero (valores ajustados)
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
ix
ABSTRACT
The slugde management is a complex and high cost activity It can promove negatives
impacts if it is poorly executed and the most critical step is the dewatering The drying
bed is one of the principal techniques but it demands big areas and a long periods for
the sludge cake removal The drying beds change can decrease the time and the area
of them if using permeable paving and polymers The objective of this work was to
compare the efficiency of two techniques to dewatering the bulk water portion inside the
septic tank sludge It was compared the conventional drying bed and the drying bed
made of permeable paving It was also evaluate the efficiency of naturals polymers from
cassava (Manihot esculenta Crantz) moringa (Moringa oleifera) and okra (Abelmoschus
esculentus) as auxiliaries in the process The evaluation was performanced in bench
scale The main results showed that only the synthetic polymer was efficient in sludge
conditioning The unconditioned sludge dewatered from the systems permeable paving
permeable paving plus sand and conventional 611 620 and 547 mL on average and for
conditioned sludge 1464 1434 and 1214 mL respectively The dry solids cake in
unconditioned sludge was 2408 2667 and 2992 and in conditioned sludge was
2395 2519 and 2859 for systems permeable paving permeable paving plus sand
and conventional respectively The average time for dewatering sludge without
conditioning was 35 days whereas in sludge conditioning was 6 days These results
show that the dry solids cake obtained similar results however the conditioned sludge
had higher volume dewatered and shorter time duration The alternative drying beds
produced sludges with suchlike dry solids results dry solids as compared to
conventional drying bed in a shorter time it may optimize sludge dewatering in Waste
Water Treatment Plants
Key words dehydration sludges chemical conditioning naturals coagulants
permeable paving
x
xi
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 1
2 OBJETIVOS 3
21 Objetivos especiacuteficos 3
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 5
31 Breve histoacuterico do saneamento baacutesico na zona rural no Brasil 5
32 Tanque Seacuteptico 7
33 Lodo de esgoto 11
34 Desaguamento do lodo de esgoto 15
35 Condicionamento do lodo 21
36 Pavimento permeaacutevel 27
4 METODOLOGIA 29
41 Pavimento permeaacutevel 29
42 Lodo 31
43 Poliacutemeros 35
44 Montagem dos leitos de secagem 39
45 Taxa de infiltraccedilatildeo 43
46 Avaliaccedilatildeo dos sistemas quanto ao desaguamento do lodo 43
461 Avaliaccedilatildeo do desaguamento sem adiccedilatildeo de poliacutemero (Seacuterie 1)44
462 Avaliaccedilatildeo do desaguamento com adiccedilatildeo de poliacutemeros (Seacuteries 2 a 5)45
463 Sistema controle45
464 Avaliaccedilatildeo do Lodo Desaguado46
5 RESULTADOS 47
xii
51 Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas 47
52 Caracterizaccedilatildeo do lodo bruto 47
53 Dosagem oacutetima dos poliacutemeros 50
531 Poliacutemero Sinteacutetico52
532 Mandioca53
533 Moringa54
534 Quiabo55
535 Avaliaccedilatildeo geral da dosagem dos poliacutemeros55
54 Desaguamento do lodo nos sistemas 56
541 Sistema composto por Pavimento Permeaacutevel59
a) Lodo natildeo condicionado59
b) Lodo condicionado60
a) Lodo condicionado62
543 Sistema Convencional63
a) Lodo natildeo condicionado63
b) Lodo condicionado64
55 Teor de soacutelidos das tortas secas 65
56 Anaacutelise geral dos sistemas 67
57 Hipoacutetese I ndash Aacutegua evaporada do lodo sendo percolada 73
58 Hipoacutetese II ndash Ausecircncia de evaporaccedilatildeo nos sistemas 76
59 Manutenccedilatildeo dos pavimentos 80
6 CONCLUSAtildeO 83
7 RECOMENDACcedilOtildeES 85
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 87
xiii
APEcircNDICE A Alcalinidade pH e concentraccedilatildeo de Soacutelidos do lodo bruto 93
APEcircNDICE B Infiltraccedilatildeo dos sistemas volume desaguado e tortas secas dos
sistemas temperatura registradas duraccedilatildeo evaporaccedilatildeo das seacuteries 96
xiv
xv
AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo primeiramente aos meus pais Maria Elisa e Reinaldo por terem me
dado aleacutem da educaccedilatildeo o amor e a noccedilatildeo de que a vida tem um propoacutesito maior
Agradeccedilo tambeacutem aos meus familiares em especial ao meu irmatildeo Juacutelio e a minha avoacute
Ameacutelia com quem tenho a oportunidade do conviacutevio do lar haacute tantos anos Pela
paciecircncia que tecircm comigo em dias que estou impossiacutevel e pelos risos que cobriram
meu rosto muitas vezes
Agradeccedilo ao Prof Adriano pela excepcional orientaccedilatildeo por todos os conselhos e
paciecircncia durante esses mais de dois anos
Agraves amigas e amigos que compartilharam algumas xiacutecaras de cafeacute e happy hours
comigo Amanda Maia Amanda Marchi Artur Cardoso Bianca Gomes Gabriela
Bosshard Gabriela dos Reis Guilherme da Silva Guilherme Rebecchi Jenifer Silva
Joatildeo Paulo Hadler Jorge Barbarotto Lays Leonel Luana Cruz Maacutercio Haiba Mocircnica
Rodrigues Rodolfo Valentim Thalita Cruz e Thaita Rissi Os conselhos e as risadas
foram imprescindiacuteveis para a realizaccedilatildeo deste trabalho
Ao Ademir que aleacutem de toda a ajuda na idealizaccedilatildeo construccedilatildeo dos sistemas e
avaliaccedilatildeo dos pavimentos se tornou meu amigo Ao Diego e Eduardo da Secretaria de
Poacutes-Graduaccedilatildeo e ao Ariovaldo da Secretaria do Departamento de Saneamento e
Ambiente por terem resolvido muito dos meus pepinos burocraacuteticos pela simpatia e
gentileza com que me trataram sempre Aos ateacute entatildeo teacutecnicos do Lab San Enelton
Fernando e Liacutegia pelo grande suporte nas anaacutelises Ao meu amigo David Matta que
aleacutem da amizade me deu uma super ajuda com a anaacutelise estatiacutestica dos meus dados
De uma forma ou de outra todas e todos aqui mencionados contribuiacuteram natildeo soacute
para a obtenccedilatildeo do meu tiacutetulo de mestra mas tambeacutem para o meu crescimento
enquanto pessoa Saibam que aprendi muito com vocecircs
xvi
xvii
ldquoVivendo se aprende mas o que se aprende mais eacute soacute fazer outras maiores perguntasrdquo (Joatildeo Guimaratildees Rosa Grande Sertatildeo Veredas 1956)
xviii
xix
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Esquema do funcionamento de tanque seacuteptico de cacircmara uacutenica 8
Figura 2 - Planta de um leito de secagem convencional 17
Figura 3 - Corte transversal de um leito de secagem convencional 17
Figura 4 - Exemplo de aplicaccedilatildeo de pavimento permeaacutevel em estacionamento 28
Figura 5 - Pavimento permeaacutevel utilizado no projeto 29
Figura 6 - Extratora de corpo de prova utilizada para o corte do pavimento utilizado na
pesquisa 30
Figura 7 - Teste de jarros para dosagem oacutetima de poliacutemero 33
Figura 8 - Aparelho utilizado para aferir o Tempo de Succcedilatildeo Capilar (Capilary Suction
Time) 35
Figura 9 - Preparo da soluccedilatildeo de poliacutemero produzida a partir da mandioca 37
Figura 10 - Semente de Moringa oleiacutefera 38
Figura 11 - Preparo da soluccedilatildeo de poliacutemero produzida a partir do quiabo 39
Figura 12 - Sistema de bancada de leito de secagem utilizado na pesquisa 40
Figura 13 - Bancada experimental localizada no Laboratoacuterio de Protoacutetipos 42
Figura 14 - Detalhe dos sistemas em utilizaccedilatildeo na bancada experimental 42
Figura 15 - Coluna drsquoaacutegua utilizada como controle na bancada experimental 46
Figura 16 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento
permeaacutevel com lodo de esgoto sem poliacutemero 59
Figura 17 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento
permeaacutevel com lodo de esgoto com adiccedilatildeo de poliacutemero 61
Figura 18 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento
permeaacutevel com lodo de esgoto sem poliacutemero 62
xx
Figura 19 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento
permeaacutevel e areia com lodo de esgoto com adiccedilatildeo de poliacutemero 63
Figura 20 - Hidrograma do desaguamento do sistema convencional com lodo de esgoto
sem poliacutemero 64
Figura 21 - Hidrograma do desaguamento do sistema convencional com lodo de esgoto
com adiccedilatildeo de poliacutemero 65
Figura 22 - Teor de soacutelidos da torta seca do lodo desaguado sem poliacutemero 66
Figura 23 - Teor de soacutelidos da torta seca do lodo desaguado com poliacutemero sinteacutetico 67
Figura 24 - Hidrograma do desaguamento do lodo em todos os sistemas no lodo natildeo
condicionado e condicionado 68
Figura 25 - Desaguamento do lodo sem poliacutemero - meacutedias das seacuteries 69
Figura 26 - Desaguamento do lodo com poliacutemero - meacutedias das seacuteries 70
Figura 27 - Detalhe da constituiccedilatildeo do leito de secagem convencional 71
Figura 28 - Teor de soacutelidos das tortas secas sem condicionamento quiacutemico - Hipoacutetese
II 78
Figura 29 - Teor de soacutelidos das tortas secas com condicionamento quiacutemico - Hipoacutetese
II 79
Figura 30 - Boxplot dos Soacutelidos Totais encontrados no lodo bruto 93
Figura 31 - Boxplot dos Soacutelidos Suspensos Totais encontrados no lodo bruto 94
Figura 32 - Boxplot da Alcalinidade encontrada no lodo bruto 94
Figura 33 - Boxplot do pH encontrado no lodo bruto 95
Figura 34 - Boxplot da taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos no Teste 1 96
Figura 35 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos permeaacuteveis nos testes 1 (sem
utilizaccedilatildeo) 2 (lavagem) e 3 (lavagem com soluccedilatildeo detergente) 97
Figura 36 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas compostos por pavimento permeaacutevel e
areia nos testes 1 (sem utilizaccedilatildeo) e 2 (apoacutes lavagem dos pavimentos com soluccedilatildeo
detergente) 98
xxi
Figura 37 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas convencionais nos testes 1 (sem utilizaccedilatildeo)
e 2 (apoacutes lavagem dos pavimentos com soluccedilatildeo detergente) 99
Figura 38 - Temperaturas registradas na Seacuterie I sem poliacutemero 100
Figura 39 - Temperaturas registradas na Seacuterie II sem poliacutemero 100
Figura 40 - Temperaturas registradas na Seacuterie III sem poliacutemero 100
Figura 41 - Temperaturas registradas na Seacuterie I com poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no
Laboratoacuterio 101
Figura 42 - Temperaturas registradas na Seacuterie II com poliacutemero 101
Figura 43 -Temperaturas registradas na Seacuterie III sem poliacutemero 102
Figura 44 - Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua nas seacuteries sem adiccedilatildeo de poliacutemero 102
Figura 45 - Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua nas seacuteries com adiccedilatildeo de poliacutemero 103
Figura 46 - Boxplot do volume desaguado com ou sem poliacutemero em cada sistema
(valores amostrais) 104
Figura 47 - Boxplot dos volumes desaguados com ou sem poliacutemero em cada sistema
(valores ajustados) 105
Figura 48 - Boxplot dos Soacutelidos Totais na torta seca do lodo com ou sem
condicionamento quiacutemico 106
Figura 49 - Meacutedias e valores maacuteximos e miacutenimos dos teores de soacutelidos da torta seca
nos sistemas com ou sem poliacutemero (valores ajustados) 107
xxii
xxiii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Caracteriacutesticas de lodo de esgoto no Brasil 13
Tabela 2 - Meacutetodos utilizados na anaacutelise do lodo 34
Tabela 3 - Organizaccedilatildeo dos sistemas 41
Tabela 4 - Avaliaccedilatildeo dos sistemas 44
Tabela 5 - Comparaccedilatildeo entre dados encontrados na literatura e na presente pesquisa
48
Tabela 6 - Dosagens testadas dos poliacutemeros utilizados na pesquisa 52
Tabela 7 - Resultados obtidos no CST nas dosagens de poliacutemero testadas 53
Tabela 8 - Temperatura evaporaccedilatildeo e duraccedilatildeo das seacuteries 56
Tabela 9 - Resultados do desaguamento do lodo de esgoto de tanque seacuteptico 58
Tabela 10 - Desaguamento do lodo de esgoto nos sistemas - Hipoacutetese I 74
Tabela 11 - Teor de soacutelidos da torta seca ndash comparaccedilatildeo com a Hipoacutetese I 78
Tabela 12 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos 96
Tabela 13 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas pavimento com adiccedilatildeo de areia e
convencional 98
xxiv
xxv
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ANA ndash Agecircncia Nacional de Aacuteguas
CV ndash Coeficiente de Variaccedilatildeo
EPS - Substacircncias Polimeacutericas Extracelulares
ETE ndash Estaccedilatildeo de Tratamento de Esgoto
FUNASA ndash Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede
LABPRO ndash Laboratoacuterio de Protoacutetipos
LABREUSO ndash Laboratoacuterio de Reuso
LABSAN ndash Laboratoacuterio de Saneamento
LES - Laboratoacuterios de Estrutura
LMC - Materiais da Construccedilatildeo
PLANASA ndash Plano Nacional de Saneamento
PNAD ndash Pesquisa Nacional por Amostras em Domiciacutelios
PNRH ndash Poliacutetica Nacional de Recursos Hiacutedricos
PNSB ndash Poliacutetica Nacional de Saneamento Baacutesico
PV ndash Pavimento
SST ndash Soacutelidos Suspensos Totais
SSF ndash Soacutelidos Suspensos Fixos
SSV ndash Soacutelidos Suspensos Volaacuteteis
ST ndash Soacutelidos Totais
STF ndash Soacutelidos Totais Fixos
STV ndash Soacutelidos Totais Volaacuteteis
xxvi
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
O saneamento baacutesico eacute um direito garantido pela constituiccedilatildeo federal brasileira No
entanto diversos municiacutepios natildeo tecircm acesso adequado a este serviccedilo no paiacutes
principalmente quando se trata da coleta e tratamento de esgoto Neste contexto as
regiotildees de baixa densidade demograacutefica como as zonas rurais satildeo as que mais
carecem do esgotamento sanitaacuterio No Brasil segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatiacutestica - IBGE (2010) cerca de 30 milhotildees de pessoas vivem na zona
rural ou seja haacute necessidade de realizaccedilatildeo de pesquisas que atendam agraves demandas
dessas comunidades sendo uma delas o saneamento baacutesico
Contudo a Pesquisa Nacional de Amostras por Domiciacutelios (PNAD) de 2011 revela
que entre os domiciacutelios sem rede coletora de esgoto os tanques seacutepticos representam
a principal alternativa para o lanccedilamento do esgoto domeacutestico e estatildeo presentes em
22 dos domiciacutelios no paiacutes (IBGE 2012)
A disposiccedilatildeo em tanques seacutepticos segundo Andreoli et al (2009) ainda que
longe do desejaacutevel pode reduzir cerca de 30 do potencial poluidor sendo
responsaacuteveis por uma reduccedilatildeo de carga orgacircnica de no miacutenimo 13 milhatildeo de kg de
Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO) por dia fato que ameniza os impactos
ambientais decorrentes da falta da rede coletora de esgoto
Considerando que mais de 23 milhotildees de domiciacutelios possuem tanques seacutepticos
ou fossas rudimentares no Brasil pode-se estimar que a produccedilatildeo de lodo digerido que
possui de 94 a 97 de umidade ultrapasse 8 milhotildees de msup3 por ano ndash observando-se o
valor indicado pela NBR 72291993 para o coeficiente de reduccedilatildeo de volume por
digestatildeo (ABNT 1993)
Desta forma haacute necessidade de realizar-se adequadamente o gerenciamento
deste lodo etapa comumente negligenciada no tratamento de esgoto caso contraacuterio o
benefiacutecio ambiental gerado pelo tratamento estaraacute comprometido Dentro deste
gerenciamento o desaguamento por processos naturais satildeo os mais adequados agraves
comunidades rurais por serem meacutetodos simplificados e de baixo custo
2
Tendo em vista um aumento da eficiecircncia deste processo vislumbrou-se a
possibilidade de utilizaccedilatildeo de poliacutemeros que atuam como condicionantes de lodo Os
poliacutemeros podem ser sinteacuteticos ou naturais Os primeiros satildeo produzidos
industrialmente e podem oferecer riscos agrave sauacutede humana aleacutem de impactos
ambientais A utilizaccedilatildeo de poliacutemeros naturais permitiria a reduccedilatildeo destes riscos e
impactos aleacutem de apresentarem menor custo constituindo-se como melhor alternativa
agraves comunidades rurais
Aleacutem disso a reconfiguraccedilatildeo dos leitos de secagem tradicionais utilizando-se
pavimentos permeaacuteveis poderia aumentar a taxa da drenagem da aacutegua presente no
lodo Essa combinaccedilatildeo entre poliacutemeros naturais e leito de secagem permitiria a reduccedilatildeo
do tempo de formaccedilatildeo e remoccedilatildeo da torta seca e da aacuterea do leito de secagem jaacute que
estes apresentam diversos inconvenientes como a demanda por grandes aacutereas e
longos periacuteodos para o desaguamento
Portanto a busca por alternativas adequadas agrave ETE de pequeno porte
localizadas em comunidades isoladas eou rurais historicamente negligenciadas pelo
Estado brasileiro constitui-se como medida efetiva de promoccedilatildeo de sauacutede e melhoria
na qualidade do ambiente uma vez que o acesso ao saneamento integra o conjunto de
medidas da medicina preventiva e reduz o impacto ambiental em corpos hiacutedricos e
contaminaccedilatildeo do solo e lenccediloacuteis freaacuteticos
3
2 OBJETIVOS
O objetivo do projeto foi comparar a eficiecircncia de desaguamento da porccedilatildeo de aacutegua
livre contida no lodo de tanque seacuteptico com o emprego de leito de secagem
convencional e leito de secagem composto por pavimento permeaacutevel e avaliar a
utilizaccedilatildeo de poliacutemeros naturais oriundos da mandioca (Manihot esculenta Crantz)
moringa (Moringa oleifera) e quiabo (Abelmoschus esculentus) e um sinteacutetico como
auxiliares do processo
21 Objetivos especiacuteficos
Comparar o desaguamento da porccedilatildeo de aacutegua livre contida no lodo de tanque
seacuteptico entre
a) leito de secagem convencional
b) leito de secagem composto por pavimento permeaacutevel e uma camada de
areia de 001m
c) leito de secagem composto somente com pavimento permeaacutevel
Avaliar a influecircncia da utilizaccedilatildeo dos poliacutemeros na eficiecircncia do desaguamento
Sendo estes oriundos da mandioca (Manihot esculenta Crantz) moringa
(Moringa oleifera) e quiabo (Abelmoschus esculentus) e um sinteacutetico
Comparar a eficiecircncia entre a utilizaccedilatildeo dos poliacutemeros naturais e sinteacutetico
4
5
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
31 Breve histoacuterico do saneamento baacutesico na zona rural no Brasil
O saneamento na zona rural sempre foi negligenciado por parte do Estado Tendo
se tornado uma preocupaccedilatildeo para o poder puacuteblico somente no iniacutecio do seacuteculo XX apoacutes
trabalho realizado pela Liga Proacute-Saneamento do Brasil que foi um movimento
nacionalista formado por meacutedicos cientistas antropoacutelogos e funcionaacuterios dos serviccedilos
federais Este movimento realizou um relatoacuterio sobre o saneamento na zona rural
atraveacutes de diversas incursotildees pelos ldquosertotildeesrdquo e encontraram uma populaccedilatildeo doente e
miseraacutevel A ausecircncia de poliacuteticas sociais e a grande pobreza decorrente da grande
concentraccedilatildeo de terras e a exploraccedilatildeo a que boa parte desta populaccedilatildeo era submetida
a tornava enfraquecida por doenccedilas decorrentes da falta de saneamento baacutesico e
impossibilitada de ter melhores condiccedilotildees de vida (GRECO 1999 NEVES 2009) Esse
grupo criticava a ausecircncia do poder puacuteblico nestes locais e acreditava ser possiacutevel
reverter este quadro promovendo accedilotildees integradas de sauacutede e saneamento baseando-
se no conceito de sociabilidade das doenccedilas (REZENDE amp HEacuteLLER 2008)
No entanto natildeo consideravam os aspectos de subdesenvolvimento e desigualdade
social que contribuiacuteam para tal situaccedilatildeo (GRECO 1999 NEVES 2009 REZENDE amp
HEacuteLLER 2008) Como se o personagem ldquoJeca Taturdquo de Monteiro Lobato assolado
pela ancilostomiacutease pudesse tornar-se vigoroso capitalista somente tendo acesso agrave
sauacutede Portanto o projeto de ldquosaneamento dos sertotildeesrdquo atraveacutes da exclusiva promoccedilatildeo
de sauacutede buscava defender a ldquovocaccedilatildeo agriacutecolardquo do paiacutes e integrar a populaccedilatildeo rural agrave
economia nacional Contudo foi a partir deste movimento que se lanccedilou as bases para
uma reforma que unificou e centralizou as accedilotildees de sauacutede e saneamento no paiacutes
(REZENDE amp HEacuteLLER 2008)
Com a intensificaccedilatildeo do ecircxodo rural a partir da deacutecada de 1940 pela
industrializaccedilatildeo do paiacutes causando intensa urbanizaccedilatildeo deslocou-se recursos a serem
destinados a zona rural que viviam em condiccedilotildees precaacuterias de sauacutede saneamento
educaccedilatildeo e moradia A partir da deacutecada de 1970 houve um distanciamento das accedilotildees
de sauacutede e saneamento e a criaccedilatildeo do Plano Nacional de Saneamento (PLANASA)
6
que investiu em abastecimento de aacutegua coleta e tratamento de esgoto (REZENDE amp
HEacuteLLER 2008)
Em 2007 com a criaccedilatildeo da Lei Nacional de Saneamento Baacutesico (LNSB) e sua
respectiva poliacutetica entendeu-se a grande vinculaccedilatildeo que deve existir entre as poliacuteticas
de saneamento baacutesico as poliacuteticas nacionais e regionais de recursos hiacutedricos e as
poliacuteticas regionais e locais de desenvolvimento urbano e sauacutede puacuteblica A Poliacutetica
Nacional de Recursos Hiacutedricos (PNRH) jaacute tem certa integraccedilatildeo com a LNSB como
exemplificado pelas accedilotildees da Agecircncia Nacional de Aacuteguas (ANA) Poreacutem a sauacutede
puacuteblica eacute uma grande ausente na LNSB exceto pela imposiccedilatildeo de que os planos de
saneamento baacutesico devam partir de um diagnoacutestico baseado em indicadores sanitaacuterios
e epidemioloacutegicos (CUNHA 2011)
A Poliacutetica Nacional de Saneamento Baacutesico (PNSB) determinou a elaboraccedilatildeo dos
programas de saneamento baacutesico integrado saneamento estruturante e saneamento
rural Sendo este uacuteltimo responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede por meio da
Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede (FUNASA) que tem coordenado o Programa Nacional de
Saneamento Rural visando integrar as poliacuteticas puacuteblicas de meio ambiente recursos
hiacutedricos sauacutede habitaccedilatildeo e igualdade racial (FUNASA 2012)
Entretanto ainda hoje de acordo com a PNAD 2011 a zona rural eacute marginalizada
quanto ao acesso aos serviccedilos de saneamento Somente 33 dos domiciacutelios tem
ligaccedilatildeo a rede de abastecimento de aacutegua e o acesso eacute ainda mais baixo quando se
trata de esgoto apenas 5 estatildeo ligados a rede coletora e 28 utilizam o tanque
seacuteptico como unidade de destinaccedilatildeo do esgoto mas a grande parte da populaccedilatildeo ainda
faz uso de fossa rudimentar lanccedilamento em corpos daacutegua e no solo a ceacuteu aberto
(IBGE 2012)
Do ponto de vista ambiental um projeto de saneamento deve estar apto a
responder natildeo soacute as questotildees sanitaacuterias mas tambeacutem as fontes de perturbaccedilatildeo da
qualidade ambiental no ambiente como a implicaccedilatildeo dos usos do efluente gerado e
seus subprodutos (PHILIPPI et al 1999)
7
Dentre as teacutecnicas de tratamento utilizadas nas zonas rurais o tratamento
anaeroacutebio oferece algumas vantagens em relaccedilatildeo ao aeroacutebio tais como projeto
relativamente simples e baixo custo baixa produccedilatildeo de lodo baixo consumo de energia
e de demanda de nutrientes com capacidade de receber altas cargas orgacircnicas e
sendo potencialmente gerador de energia (MOUSSAVI KAZEMBEIGI amp FARZADKIA
2010)
32 Tanque Seacuteptico
Eacute a forma de tratamento anaeroacutebia mais difundida e mais antiga no mundo haacute
registros de seu uso no seacuteculo XIX (BITTON 2005) e ainda se constitui como a
principal alternativa de tratamento de esgoto em comunidades isoladas eou rurais em
paiacuteses de economia perifeacuterica por ser uma forma de tratamento descentralizado
(MOUSSAVI KAZEMBEIGI amp FARZADKIA 2010) Desde que seja projetado situado e
mantido corretamente eacute considerado um tratamento de esgoto eficiente em aacutereas rurais
(WITHERS JARVIE amp STOATE 2011)
Os tanques seacutepticos podem ser definidos como uma unidade ciliacutendrica ou
prismaacutetica retangular de fluxo horizontal usada para tratamento de esgotos por
processos de sedimentaccedilatildeo flotaccedilatildeo e digestatildeo (ABNT 1993) Podem ser de cacircmara
uacutenica de cacircmaras em seacuterie ou de cacircmaras sobrepostas (ANDREOLI 2009) e sua
constituiccedilatildeo pode ser de concreto metal ou fibra de vidro (BITTON 2005)
Os soacutelidos sedimentaacuteveis presentes no esgoto formam a camada de lodo na parte
inferior do tanque Oacuteleos graxas e outros materiais leves flotam na superfiacutecie formando
uma camada de escuma A mateacuteria orgacircnica retida no fundo do tanque sofre
decomposiccedilatildeo facultativa e anaeroacutebia sendo convertida a compostos mais estaacuteveis e a
gases como gaacutes carbocircnico (CO2) e gaacutes sulfiacutedrico (H2S) e a remoccedilatildeo de Soacutelidos
Suspensos Totais (SST) e Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO) eacute geralmente de 70
a 80 e de 65 a 80 respectivamente podendo alcanccedilar em climas quentes remoccedilatildeo
8
de 80 de SST e 90 de DBO (METCALF amp EDDY 2009 BITTON 2005) Contudo eacute
pouco eficiente na remoccedilatildeo de organismos patogecircnicos (BITTON 2005)
O tempo em que o esgoto permanece no tanque para que seja tratado Tempo de
Detenccedilatildeo Hidraacuteulica (TDH) varia de 24 a 72 h (BITTON 2005) Na Figura 1 estaacute
representado um esquema de funcionamento de um tanque seacuteptico de cacircmara uacutenica
Figura 1 - Esquema do funcionamento de tanque seacuteptico de cacircmara uacutenica
Apesar deste sistema de tratamento ser extremamente antigo ainda eacute objeto de
pesquisa em diversos paiacuteses e se constitui como a principal forma de tratamento de
esgotos em comunidades rurais Entretanto a forma de operaccedilatildeo as unidades que
precedem ou sucedem os tanques seacutepticos e a destinaccedilatildeo final do efluente e do lodo
sofreram modificaccedilotildees qualitativas ao longo do tempo Fato que natildeo soacute comprova a
relevacircncia das pesquisas sobre este sistema como impacta positivamente a sauacutede
puacuteblica e o ambiente de modo geral
Moussavi Kazembeigi amp Farzadkia (2010) estudaram um modelo diferente de
tanque seacuteptico em escala piloto onde o fluxo de esgoto eacute vertical assemelhando-se
aos Reatores Anaeroacutebios de Fluxo Ascendente (RAFA) Os pesquisadores constataram
a remoccedilatildeo de 86 de SST 85 Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO) e 77 da
Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DQO) quando o TDH foi de 24h
9
Em seguida testaram a eficiecircncia de remoccedilatildeo desses indicadores com TDH de 12 e
6 h e notaram que esse decrescimento tambeacutem ocasionou o decrescimento da
remoccedilatildeo de SST de 67 para 33 respectivamente O mesmo ocorreu para os
paracircmetros de DBO e DQO em que o periacuteodo de 12h houve remoccedilatildeo de 71 e 77 e
no periacuteodo de 6 h remoccedilatildeo de 33 e 31 respectivamente constatando que neste caso
natildeo eacute possiacutevel reduzir o tempo de detenccedilatildeo hidraacuteulica dentro da unidade de tratamento
sem comprometer a eficiecircncia de remoccedilatildeo da carga orgacircnica
Os autores concluiacuteram que a modificaccedilatildeo do fluxo de esgoto se revelou eficiente no
tratamento de esgotos domeacutesticos e pode propiciar menor geraccedilatildeo de lodo implicando
em uma manutenccedilatildeo mais simplificada comparada agraves unidades convencionais e
consequentemente em menores custos
Uma pesquisa semelhante foi realizada em escala real em El Tel El Sagheer uma
pequena comunidade localizada agrave 120 km de Cairo Egito O tanque seacuteptico modificado
proposto por Sabry (2010) constitui-se por dois compartimentos O primeiro cujo fluxo
do efluente era vertical possuiacutea uma seacuterie de chapas inclinadas a 60deg conhecidas
como decantadores por colmeia que separavam a fase soacutelida da liacutequida minimizando
a quantidade de soacutelidos que escapavam para o compartimento seguinte e retinham a
escuma O primeiro tanque exercia a funccedilatildeo de digerir anaeroacutebiamente a mateacuteria
orgacircnica sedimentando os soacutelidos suspensos no fundo que formam o lodo tendo
tambeacutem uma saiacuteda para o biogaacutes formado
O segundo compartimento era divido em dois e servia como uma unidade de
polimento degradando a mateacuteria orgacircnica residual atraveacutes da filtraccedilatildeo que ocorria o
com cascalho no fundo do tanque retendo os soacutelidos bioloacutegicos por um longo periacuteodo
Para tal o sistema exigia a utilizaccedilatildeo de duas bombas submersas uma em cada
tanque com vazatildeo de 0003 msup3s-1 O TDH dos dois compartimentos era de 20 h
velocidade ascensional na vazatildeo maacutexima diaacuteria de 0125 m h-1 e carga orgacircnica meacutedia
no segundo compartimento de 042 kg DBO m-3 d Aleacutem disso uma unidade de
10
desinfecccedilatildeo foi instalada para injetar uma soluccedilatildeo de hipoclorito de soacutedio no efluente
tratado com vistas a adequaccedilatildeo a legislaccedilatildeo local
Durante quase um ano de operaccedilatildeo e monitoramento o sistema removeu 81 da
DBO 84 do DQO e 89 dos SST enquanto a remoccedilatildeo em um sistema de tanque
seacuteptico seguido de filtro anaeroacutebio citado pelo pesquisador foi de 56 para DBO 52
para DQO e 54 para SST O sistema tambeacutem se mostrou de faacutecil reprodutibilidade e
baixo custo provando-se uma alternativa promissora para o tratamento de esgotos em
comunidades rurais em regiotildees em situaccedilatildeo anaacuteloga ao Egito
Os tanques seacutepticos tambeacutem podem ser integrados a outros processos de
tratamento como demonstrado por Philippi et al (1999) numa pesquisa realizada no
Brasil no estado de Santa Catarina Os pesquisadores verificaram a eficiecircncia de uma
zona de raiacutezes (tambeacutem conhecida pelo seu termo em inglecircs wetland) que recebia
efluente de um tanque seacuteptico Proveniente de uma induacutestria alimentiacutecia continha soro
de queijo gordura sangue alimentos enlatados carne suiacutena e esgoto sanitaacuterio sendo
que parte desse material ficava na caixa de gordura situada apoacutes o tanque seacuteptico que
foi construiacutedo em escala real de acordo com a NBR 72231993
Apoacutes a caixa de gordura o efluente entrava na parte inferior da zona de raiacutezes e
passava por camadas de areia feno de arroz e argila chegando as raiacutezes da
Zizaniopsis bonariensis espeacutecie de planta aquaacutetica tiacutepica da regiatildeo sul do paiacutes Os
pontos de monitoramento foram nas saiacutedas do tanque seacuteptico (P1) e da zona de raiacutezes
(P2) e os resultados mostraram que a reduccedilatildeo do P1 para DBO e DQO foi de 32 e 33
de 29 e 36 para ST e STV de 5 e 40 para Nitrogecircnio Total Kjedhal (NTK) e nitratos
e de 13 para o foacutesforo total (PT) respectivamente Enquanto que para o P2 a reduccedilatildeo
foi de 69 para DBO 71 para a DQO para ST e STV de 61 e 75 para NTK e
nitratos e PT de 78 e 40 72 respectivamente Destaca-se que a pesquisa estuda
uma das possibilidades de poacutes-tratamento de efluente de tanques seacutepticos poreacutem
existem diversas formas indicadas pela NBR 139691997 como vala de infiltraccedilatildeo o
poccedilo absorvente escoamento superficial e canteiro de infiltraccedilatildeo e evapotranspiraccedilatildeo
11
Os resultados da pesquisa revelam bom desempenho da associaccedilatildeo dos sistemas
de tratamento e alta remoccedilatildeo de N e P em decorrecircncia da desnitrificaccedilatildeo na zona de
raiacutezes e apoacutes o periacuteodo de maturaccedilatildeo do sistema comeccedilou a produzir efluente em
acordo com a legislaccedilatildeo local sendo o sistema integrado uma boa alternativa para o
tratamento efluentes sanitaacuterios e para induacutestrias que tenham efluentes semelhantes aos
da pesquisa (PHILIPPI et al 1999)
Contudo a operaccedilatildeo incorreta e a destinaccedilatildeo inadequada do efluente e do lodo
gerado pelos tanques seacutepticos em zonas rurais podem contribuir para a eutrofizaccedilatildeo de
nascentes de corpos hiacutedricos Withers Jarvie amp Stoate (2011) monitoraram o impacto
dos tanques seacutepticos na concentraccedilatildeo de nutrientes em uma comunidade rural na
Inglaterra Os pesquisadores verificaram altas concentraccedilotildees de nitrogecircnio foacutesforo
soacutedio potaacutessio e amocircnia aleacutem de concentraccedilotildees de nitrato consideradas nocivas aos
peixes tipicamente associados agrave digestatildeo anaeroacutebia de tanques seacutepticos tanto nas
valas de infiltraccedilatildeo quanto agrave jusante do corpo hiacutedrico situado proacuteximo aos tanques
seacutepticos
Portanto aleacutem de melhorias nas tecnologias simplificadas de tratamento de esgoto
eacute necessaacuterio o correto gerenciamento do lodo gerado caso contraacuterio o beneficio
ambiental gerado pelo tratamento do efluente pode ser parcialmente comprometido
33 Lodo de esgoto
O lodo de esgoto eacute um subproduto do tratamento de esgoto e eacute gerado em vaacuterias
etapas Seu gerenciamento eacute complexo e por vezes ignorado nas ETE
Contraditoriamente Campbell (2000) aponta que quanto mais efetivo o processo de
remoccedilatildeo de contaminantes maior a produccedilatildeo de lodo Ou seja a preocupaccedilatildeo com o
tratamento do efluente deve ser proporcional ao gerenciamento de seu subproduto
Apesar disso natildeo representa mais que 2 do volume de esgoto tratado Poreacutem os
custos variam de 20 a 60 do total gasto numa ETE no Brasil (ANDREOLI VON
SPERLING amp FERNANDES 2001) Essa realidade natildeo eacute soacute brasileira em outros
12
paiacuteses tambeacutem representa custos elevados e seu gerenciamento eacute por vezes
negligenciado (RUIZ KAOSOL amp WISNIEWSK 2010)
Uma fraccedilatildeo significativa da expansatildeo da infraestrutura estaacute ocorrendo em paiacuteses
em desenvolvimento dirigidas aos maiores centros urbanos do mundo como eacute o caso
da Cidade do Meacutexico e Satildeo Paulo Para ter estrateacutegias mais apropriadas de
gerenciamento de lodo contudo satildeo necessaacuterias informaccedilotildees histoacutericas pouco
disponiacuteveis nestas cidades segundo afirma Campbell (2000)
Aleacutem disso eacute imprescindiacutevel o conhecimento do lodo gerado para que seu
gerenciamento possa ser eficiente Ainda que a NBR 100042004 classifique o lodo de
esgoto como um resiacuteduo soacutelido natildeo inerte (ABNT 2004) aproximadamente 95 de sua
constituiccedilatildeo eacute aacutegua sofrendo algumas variaccedilotildees devido as diferentes caracteriacutesticas
dos esgotos e tratamentos O lodo tambeacutem pode ser classificado de acordo com a sua
origem
Lodo primaacuterio eacute aquele gerado em decantadores primaacuterios e tanques
seacutepticos Eacute formado principalmente por soacutelidos sedimentaacuteveis Pode
exalar odor forte caso fique retido por periacuteodos elevados e em altas
temperaturas Nos tanques seacutepticos sofre digestatildeo anaeroacutebia
Lodo secundaacuterio eacute formado nas etapas bioloacutegicas do tratamento aeroacutebia
e anaeroacutebia podendo estar estabilizado ou natildeo Compreende a
comunidade microbiana que realiza a degradaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica no
sistema
Lodo quiacutemico eacute originaacuterio de tratamentos que adicionam condicionantes
quiacutemicos como decantadores primaacuterios com precipitaccedilatildeo quiacutemica
O Programa de Pesquisa em Saneamento Baacutesico realizou um trabalho com lodo
de esgoto em diferentes institutos de pesquisa no Brasil Algumas caracteriacutesticas do
lodo encontradas podem ser vistas na Tabela 1 utilizando-se o procedimento de coleta
13
de aliacutequotas dos resiacuteduos descartados pelos caminhotildees limpa-fossa na entrada da
ETE ressalta-se que apesar da pesquisa focar em lodo de tanque seacuteptico nem todas
as ETE coletaram desta unidade de tratamento nem adotaram a mesma metodologia
de coleta e os contribuintes do esgoto foram variados como restaurantes domiciacutelios
hospitais entre outros e satildeo mantidos e operados de formas diferentes Nota-se que
todos os valores satildeo elevados indicando alta concentraccedilatildeo de soacutelidos
Tabela 1 - Caracteriacutesticas de lodo de esgoto seacuteptico no Brasil
Paracircmetros
Lodo de esgoto
FAE UFRN UNB USP
SANEPAR LARHISA CAESB EESC
Mediana Mediana Mediana Mediana
ST (mgL-1) 8208 6508 10214 6508
STV (mgL-1) 5612 4368 7368 3053
SST (mgL-1) 5042 3891 6395 3257
DBO (mgL-1) 2734 955 - 1524
DQO (mgL-1) 11219 3434 1281 4491
pH 72 66 71 69 Adaptado de Andreoli (2009)
Diversos estudos tecircm buscado relaccedilotildees entre caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas do
lodo e seu desaguamento De acordo com Vesilind (1994) o tamanho e a superfiacutecie das
partiacuteculas soacutelidas presentes no lodo satildeo caracteriacutesticas importantes que podem
determinar a receptividade ao espessamento ou desaguamento do lodo A carga das
partiacuteculas pode estabelecer ligaccedilotildees com as moleacuteculas de aacutegua difiacuteceis de serem
quebradas essas cargas superficiais alteram propriedades fiacutesicas daacute aacutegua
descongelamento agrave temperaturas abaixo do ponto de congelamento (-20degC) e a
densidade pode ser reduzida a 0965 gcmsup3
Neste mesmo trabalho Vesilind (1994) investigou os tipos de aacutegua presentes no
lodo e verificou que uma fraccedilatildeo estaacute ligada fisicamente agrave superfiacutecie das partiacuteculas
presentes no lodo atraveacutes de pontes de hidrogecircnio denominada aacutegua vicinal e pode
ser removida pela diminuiccedilatildeo da aacuterea superficial total das partiacuteculas soacutelidas a que estaacute
ligada atraveacutes da utilizaccedilatildeo de condicionantes quiacutemicos
14
A remoccedilatildeo da aacutegua localizada nos interstiacutecios dos flocos pode se dar por
processos mecacircnicos que conseguem destruir a estrutura do floco (RUIZ KAOSOL amp
WISNIEWSK 2010 VESILIND 1994) A aacutegua de hidrataccedilatildeo eacute aquela ligada
quimicamente agrave superfiacutecie da partiacutecula e eacute removida apenas com aumento da
temperatura Somente a fraccedilatildeo denominada ldquoaacutegua livrerdquo eacute que natildeo estaacute associada e
natildeo sofre influecircncia dos soacutelidos presentes no lodo A drenagem adensamento e
desidrataccedilatildeo mecacircnica e natural podem realizar a sua remoccedilatildeo (VESILIND 1994)
O trabalho de Liao et al (2000) constatou forte relaccedilatildeo entre o tamanho dos flocos e
a quantidade de aacutegua ligada fisico-quimicamente agraves partiacuteculas soacutelidas quanto menor
era o floco maior a quantidade deste tipo de aacutegua encontrada no lodo Mikkelsen amp
Keiding (2002) concluiacuteram que Substacircncias Polimeacutericas Extracelulares (EPS) satildeo o
paracircmetro mais importante na estrutura do lodo e altas concentraccedilotildees destas
substacircncias podem diminuir a tensatildeo de cisalhamento e propiciar um menor grau de
dispersatildeo do lodo pois agem na estabilidade da estrutura dos flocos reduzindo desta
forma a resistecircncia agrave filtraccedilatildeo Entretanto altas concentraccedilotildees de EPS diminuem o teor
de soacutelidos na torta seca
Jin Wileacuten amp Lant (2003) tambeacutem investigaram a relaccedilatildeo entre as EPS e o
desaguamento no lodo de esgoto Os pesquisadores observaram que altas
concentraccedilotildees de iacuteons Ca+ Mg2+ Fe3+ e Al3+ proporcionam melhora significativa no
desaguamento Tambeacutem concluiacuteram que lodos que contem flocos compactos grandes
e com muitos filamentos tem grande quantidade de aacutegua ligada intersticial
Propriedades de floculabilidade hidrofobicidade carga superficial e viscosidade satildeo
fatores que afetam significativamente a capacidade de ligaccedilatildeo da aacutegua nos flocos de
lodo sendo que altos valores destas propriedades indicam grande quantidade de aacutegua
ligada Ademais proteiacutenas e carboidratos contribuem significativamente para a ligaccedilatildeo
da aacutegua nos flocos
No espessamento por gravidade a presenccedila de aacutegua vicinal em volta das
partiacuteculas menores no lodo (de 2 a 4 microm cerca de 6 do total de partiacuteculas presentes
15
no lodo digerido anaeroacutebiamente) melhoraria o processo devido ao aumento do
diacircmetro efetivo das partiacuteculas como resultado da baixa densidade encontrada na aacutegua
vicinal e do aumento da viscosidade da aacutegua que circunda as partiacuteculas (VESILIND
1994)
As alternativas para a disposiccedilatildeo do lodo satildeo variadas e tecircm sido desenvolvidas haacute
vaacuterias deacutecadas Campbell (2000) as divide em trecircs categorias satildeo elas (i) aplicaccedilatildeo no
solo (ii) disposiccedilatildeo em aterro sanitaacuterio e (iii) tecnologias de incineraccedilatildeo Para as duas
primeiras - mais aplicadas no Brasil - torna-se indispensaacutevel a retirada de uma parcela
de sua umidade pois interfere na umidade ideal do solo quando aplicado na agricultura
e sobrecarrega o tratamento do chorume nos aterros
34 Desaguamento do lodo de esgoto
De acordo com Andreoli von Sperling amp Fernandes (2001) o gerenciamento do
lodo eacute uma atividade complexa e pode promover impactos ambientais negativos caso
seja mal executada Dentre as etapas envolvidas o desaguamento eacute um dos desafios
da engenharia ambiental e continua sendo um problema no tratamento de esgotos
(VESILIND 1988 VESILIND 1994 CAMPBELL 2000)
Metcalf amp Eddy (1991) descrevem o desaguamento como uma operaccedilatildeo fiacutesica
utilizada na reduccedilatildeo de umidade contida no lodo Eacute necessaacuterio realizar esta operaccedilatildeo
por propiciar (i) o manuseio mais faacutecil (ii) a reduccedilatildeo dos custos no transporte (iii) a
disposiccedilatildeo em aterros sanitaacuterios reduzindo a quantidade de chorume produzido (iv) a
melhora na etapa de compostagem do lodo (v) a reduccedilatildeo da atividade microbiana e
consequentemente da produccedilatildeo de odores
O desaguamento pode ser realizado por processos naturais ou mecanizados A
seleccedilatildeo dos mecanismos de desaguamento deve ser determinada pelo tipo de lodo a
ser desaguado caracteriacutesticas desejadas do lodo desaguado e espaccedilo disponiacutevel Os
processos mecanizados satildeo mais indicados para Estaccedilotildees de Tratamento de Esgotos
(ETE) de grande porte e onde haja restriccedilatildeo de aacuterea Centriacutefugas filtros a vaacutecuo
16
filtros-prensa prensas desaguadoras e secagem teacutermica satildeo exemplos de processos
mecanizados mais utilizados em ETE
Em estudo realizado por Ruiz Kaosol amp Wisniewsk (2010) relacionou-se a
quantidade de mateacuteria orgacircnica presente no lodo e sua aptidatildeo ao desaguamento
mecacircnico verificou-se que quanto maior essa quantidade (expressa pelo valor de
Soacutelidos Totais Volaacuteteis) menor era a resistecircncia a filtraccedilatildeo mas maior sua
compressibilidade (expressa pelo seu limite de plasticidade) e portanto menor a
eficiecircncia do processo de desaguamento mecacircnico Todavia lodos com menor teor de
mateacuteria orgacircnica isto eacute mais estabilizados tambeacutem satildeo mais indicados para os
processos naturais de desaguamento (ANDREOLI VON SPERLING amp FERNANDES
2001)
Verifica-se no entanto que poucas pesquisas tecircm se preocupado com o
desaguamento por processos naturais como os leitos de secagem e as lagoas de
secagem que estatildeo mais presentes em ETE pequenas ou que natildeo tecircm restriccedilotildees
quanto a aacuterea O mecanismo de desaguamento nestes casos se daacute pela evaporaccedilatildeo e
percolaccedilatildeo da aacutegua presente no lodo O desaguamento de lodos por leitos de secagem
eacute adequado para comunidades de pequeno e meacutedio porte sendo indicado para lodos
tipicamente encontrados em tanques seacutepticos (estabilizados)
Um leito de secagem convencional conforme ilustram as Figuras 2 e 3 caracteriza-
se por um tanque com paredes e base de concreto O fundo deve ser constituiacutedo por
uma camada de areia trecircs camadas de brita e tijolos recozidos ou outro material
resistente agrave operaccedilatildeo de remoccedilatildeo do lodo seco com juntas de areia (ABNT 1992)
17
Figura 2 - Planta de um leito de secagem convencional
Figura 3 - Corte transversal de um leito de secagem convencional
Van Haandel amp Lettinga (1994) descrevem que o tempo total para um ciclo de
secagem em leitos de secagem se compotildee por quatro periacuteodos Satildeo eles
T1 = tempo de preparaccedilatildeo do leito e descarga do lodo que dependem do
gerenciamento do leito como nuacutemero de trabalhadores e disponibilidade de
equipamentos
T2 = tempo de percolaccedilatildeo da aacutegua presente no lodo
T3 = tempo de evaporaccedilatildeo para se atingir a fraccedilatildeo desejada de soacutelidos que assim
como T2 varia em funccedilatildeo de condiccedilotildees operacionais durante a secagem condiccedilotildees
metereoloacutegicas (temperatura e pluviosidade) e a carga aplicada de soacutelidos
T4 = tempo de remoccedilatildeo dos soacutelidos secos
18
Para amenizar as variaacuteveis metereoloacutegicas os leitos de secagem podem ser
instalados ao ar livre ou cobertos por proteccedilatildeo contra a influecircncia das chuvas e de
geadas
De acordo com Metcalf amp Eddy (1991) Andreoli von Sperling amp Fernandes (2001) e
Andreoli (2009) em comparaccedilatildeo aos processos mecanizados apresenta diversas
vantagens tais como
Simplicidade na instalaccedilatildeo e operaccedilatildeo
Baixa sensibilidade agrave qualidade do lodo
Natildeo provoca ruiacutedos e vibraccedilotildees
Natildeo demanda energia
Baixo custo
Baixo consumo de poliacutemeros
A exposiccedilatildeo prolongada ao sol pode promover a remoccedilatildeo de organismos
patogecircnicos (VAN HAANDEL amp LETTINGA 1994)
Entretanto tambeacutem possui desvantagens sendo elas
Demanda tempo elevado para remoccedilatildeo da torta seca
Necessitam de que o lodo esteja estabilizado
Eacute sujeito agraves variaccedilotildees climaacuteticas
A remoccedilatildeo do lodo eacute trabalhosa
Demanda grande aacuterea
Considerando que a aacuterea especiacutefica requerida para leitos de secagem (Ae) pode
ser calculada em funccedilatildeo1 da quantidade de lodo digerido produzido na ETE (Q) - que eacute
funccedilatildeo da produccedilatildeo de lodo fresco (1 L pessoadia-1) e do coeficiente de reduccedilatildeo de
volume por digestatildeo (025) (Q = 025) da espessura da camada de lodo aplicado em
cada ciclo (e = 045 m) e do nuacutemero de ciclos de secagem por ano (nc = 15 ciclosano)
1 Valores sugeridos pela NBR 72291993
19
Calculando-se pela formula
Pode-se estimar uma aacuterea meacutedia de 0014 msup2hab-1 (para lodos anaeroacutebios de
origem domeacutestica) (NBR 72291993 MORTARA 2011)
Um dos poucos trabalhos que estudaram os leitos de secagem em bancada foi
produzido por van Haandel amp Lettinga (1994) que realizaram uma investigaccedilatildeo
experimental semelhante a presente pesquisa No entanto os resultados natildeo satildeo
diretamente comparaacuteveis uma vez que os autores estudaram o tempo necessaacuterio para
obtenccedilatildeo de uma determinada umidade para diferentes cargas de soacutelidos Aleacutem disso
separou-se os processos de percolaccedilatildeo e evaporaccedilatildeo de modo que o experimento foi
feito em duas etapas na primeira utilizaram tubos de PVC de 10 m de comprimento e
020 m de diacircmetro adicionando-se aos tubos camadas de cascalho estratificado de 1
a 18rdquo (brita meacutedia) e areia meacutedia ambas com espessura de 020 m cada O lodo
utilizado foi proveniente de RAFA e foi inserido nos tubos sendo que estes foram
cobertos para evitar a evaporaccedilatildeo
Apoacutes esta fase o lodo era removido dos tubos e colocado em aneacuteis de 0040 m de
comprimento e 0050 m de diacircmetro dispostos em colunas que ficavam ao ar livre para
avaliar-se a evaporaccedilatildeo que era realizada por diferenccedila de massa observada
diariamente ateacute que se estabelecesse massa constante A perda de massa era
acompanhada por perda de volume de lodo e para facilitar a evaporaccedilatildeo sempre que
o lodo atingia niacutevel mais baixo ao niacutevel superior do tubo o anel imediatamente acima
era retirado sendo a evaporaccedilatildeo natildeo limitada pela difusatildeo de vapor de aacutegua no tubo
Tambeacutem realizou-se testes de evaporaccedilatildeo com aacutegua pura
Os autores concluiacuteram que a concentraccedilatildeo inicial de ST no lodo natildeo teve influecircncia
mensuraacutevel sobre o tempo necessaacuterio para a percolaccedilatildeo da aacutegua ou sobre a
concentraccedilatildeo final de ST no lodo Em contraste cargas de soacutelidos diferentes tiveram
tempos de percolaccedilatildeo diferentes Outrossim grande parte da aacutegua no lodo eacute livre e eacute
removida no periacuteodo de percolaccedilatildeo que eacute relativamente curto Entretanto periacuteodos
elevados de evaporaccedilatildeo satildeo necessaacuterios para obtenccedilatildeo de altos valores de ST nas
20
tortas secas Ademais a produtividade do leito de secagem (massa de soacutelidos
processados por unidade de aacuterea do leito e por unidade de tempo) eacute muito influenciada
pela fraccedilatildeo de soacutelidos que se deseja no lodo apoacutes a secagem A produtividade para
lodo com relativamente muito aacutegua (umidade de 60 a 70) eacute mais que o dobro daquela
para lodo com pouca aacutegua (umidade de 20 a 30)
Cofie et al (2006) realizaram estudo com leito de secagem em escala real em
Ghana e monitoraram oito ciclos de secagem por dez meses O leito de secagem era
composto por uma camada de 015 m de areia fina e duas camadas de brita a primeira
de tipo 1 tinha 010 m de espessura e a segunda de tipo 2 tinha espessura de 015 m
O leito tinha aacuterea de 25 msup2 e capacidade de 15 msup3 de lodo com espessura de 030 m
Um terccedilo do lodo foi proveniente de sanitaacuterios puacuteblicos e o restante de tanques
seacutepticos tendo baixa concentraccedilatildeo de soacutelidos cerca de 3 A carga aplicada de
soacutelidos utilizada foi de 196 a 321 kg msup2 e quando seco era retirado manualmente O
teor de soacutelidos da torta seca foi em meacutedia de 3045 os STV de 71 e o tempo de
desaguamento variou de 7 a 59 dias
Os pesquisadores atribuem essa grande variaccedilatildeo a alguns fatores (i) ao
incremento de aacutegua no lodo causado pela chuva (ii) o entupimento da areia que
diminuiu a capacidade de percolaccedilatildeo da aacutegua livre do lodo e (iii) ao tipo de lodo
utilizado que apesar da parcela oriunda de tanque seacuteptico estar bem digerida a porccedilatildeo
proveniente de sanitaacuterios puacuteblicos apresentava grande quantidade de mateacuteria orgacircnica
tornando esse lodo pouco digerido e improacuteprio para o desaguamento nesse tipo de
leito
Mortara (2011) estudou a utilizaccedilatildeo de leitos de drenagem como alternativa aos
leitos de secagem Estes primeiros se diferenciam por substituiacuterem a camada de areia
por uma com manta geossinteacutetica e terem reduzida a altura de camada de brita (que
passa a ser somente uma camada de brita nordm 1 ou 2 de 005 a 010 m de espessura)
Essa mudanccedila proporcionou aumento da taxa de retirada da aacutegua livre e portanto
reduccedilatildeo do tempo de drenagem Aleacutem disso o autor cita que a massa de lodo seco
retirada foi menor assim como o trabalho para sua retirada e a estrutura para
21
armazenar o material ateacute sua disposiccedilatildeo final foram menores quando comparados ao
leito de secagem
35 Condicionamento do lodo
O condicionamento eacute um processo que melhora as caracteriacutesticas do lodo com
vistas a processaacute-lo de forma mais eficiente e mais raacutepida jaacute que o lodo geralmente
natildeo eacute facilmente manipulaacutevel Faz-se entatildeo necessaacuterio seu condicionamento para
facilitar o espessamento desaguamento e secagem O condicionamento do lodo pode
se dar por diversos meacutetodos que vatildeo desde a separaccedilatildeo de partiacuteculas soacutelidas das
moleacuteculas de aacutegua (processos fiacutesicos) ateacute a oxidaccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (processos
quiacutemicos) (AMUDA et al 2008)
Alguns exemplos de processos fiacutesicos empregados satildeo o congelamento do lodo
que proporciona a separaccedilatildeo de parte da aacutegua presente das partiacuteculas soacutelidas (AMUDA
et al 2008) a hidroacutelise teacutermica que permite a liberaccedilatildeo da aacutegua ligada fiacutesico-
quimicamente em temperaturas acima de 100degC o tratamento ultrassocircnico que tambeacutem
pode ser quiacutemico que em ambos os casos causa ruptura da estrutura celular e dos
flocos de micro-organismos atraveacutes do uso de baixas ou altas frequecircncias por processo
de cavitaccedilatildeo ou de reaccedilotildees quiacutemicas (CARREgraveRE et al 2010) A eletrodesidrataccedilatildeo
tambeacutem conhecida como desidrataccedilatildeo assistida por campo eleacutetrico consiste na
aplicaccedilatildeo de um campo eleacutetrico que atrai as partiacuteculas de aacutegua eletricamente
carregadas rompendo as ligaccedilotildees com as partiacuteculas soacutelidas do lodo (MAHMOUD et al
2010)
Um outro exemplo de condicionamento eacute a destruiccedilatildeo bioloacutegica celular atraveacutes da
aplicaccedilatildeo de fortes oxidantes quiacutemicos promove a desintegraccedilatildeo bioloacutegica da mateacuteria
orgacircnica do lodo a CO2 e aacutegua e consequentemente reduz o volume do lodo (AMUDA
et al 2008)
A alternativa de condicionamento mais comum nas ETE eacute a utilizaccedilatildeo sais
inorgacircnicos e de poliacutemeros orgacircnicos Satildeo empregados tradicionalmente produtos jaacute
22
utilizados no tratamento de aacutegua e esgoto condicionantes inorgacircnicos como cloreto
feacuterrico sulfato de alumiacutenio e a cal (AMUDA et al 2008 METCALF amp EDDY 1991) A
desvantagem na utilizaccedilatildeo destes eacute o aumento do teor de soacutelidos de 20 a 30 no lodo
enquanto que a utilizaccedilatildeo de poliacutemeros orgacircnicos natildeo aumenta significativamente
(METCALF amp EDDY 1991) A escolha e utilizaccedilatildeo de condicionantes inorgacircnicos ou
orgacircnicos deve ser baseada em estudos teacutecnicos e econocircmicos (MORTARA 2011)
Os condicionantes orgacircnicos atuam como coagulantes formando pontes quiacutemicas
entre o poliacutemero e as partiacuteculas coloidais presentes no lodo que satildeo adsorvidas pelas
diversas cadeias de monocircmeros do poliacutemero agregando-se em flocos densos passiacuteveis
de serem removidos por filtraccedilatildeo sedimentaccedilatildeo ou flotaccedilatildeo (LIBAcircNIO 2005) Sua
aplicaccedilatildeo em dosagem correta acelera o processo de desaguamento e aumenta o teor
de soacutelidos da torta seca (WPCFM 1988)
A adiccedilatildeo de poliacutemeros ocorre antes da etapa de desaguamento e podem reduzir a
umidade de entrada de 90 a 99 para 65 a 85 dependendo das caracteriacutesticas dos
soacutelidos a serem tratados (METCALF amp EDDY 1991 WPCFM 1988)
Os poliacutemeros podem ser classificados de acordo com a sua carga eleacutetrica em
catiocircnicos aniocircnicos natildeo-iocircnicos e anfoliacuteticos e quanto a sua origem sinteacutetica ou
natural Libacircnio (2005) destaca duas vantagens no uso especiacutefico de poliacutemeros
catiocircnicos de menor peso molecular que se aplicam ao tratamento de lodo de esgoto
Satildeo elas (i) reduccedilatildeo do volume do lodo gerado (ii) maior facilidade de desidrataccedilatildeo do
lodo gerado comparada aos sais de ferro e alumiacutenio
Mortara (2011) realizou ensaios com poliacutemeros sinteacuteticos em lodo de ETE analisou
18 poliacutemeros catiocircnicos 15 soacutelidos e 3 em emulsatildeo associados a um leito de
drenagem no condicionamento do lodo anaeroacutebio Atraveacutes de testes em laboratoacuterio e
em escala piloto constatou que quase todos os poliacutemeros soacutelidos testados produziram
lodos mais facilmente desaguaacuteveis com dosagens relativamente baixas cerca de 2 gkg
de ST-1 enquanto que os poliacutemeros em emulsatildeo tinham dosagens oacutetimas maiores
23
cerca de 6 gkg-1 Tambeacutem se verificou que o condicionamento quiacutemico propiciou maior
drenagem da aacutegua quando comparado ao lodo natildeo condicionado Entretanto natildeo
influenciou a evaporaccedilatildeo e consequentemente os tempos de ciclo de secagem uma
vez que o teor de soacutelidos do lodo sem condicionamento apresentou evoluccedilatildeo
semelhante a dos lodos condicionados ao longo do periacuteodo de secagem
Contudo segundo Abreu Lima (2007) os poliacutemeros sinteacuteticos podem ser
contaminados no processo de produccedilatildeo ou ainda gerar subprodutos (monocircmeros) de
risco agrave sauacutede dos consumidores Uma alternativa a esses condicionantes seria o
emprego de poliacutemeros oriundos de fontes naturais como as plantas e substacircncias
retiradas de animais
Ainda que estes riscos preocupem mais as Estaccedilotildees de Tratamento de Aacutegua (ETA)
jaacute que afetam diretamente a aacutegua captada para abastecimento humano a atenccedilatildeo
deve-se dar no tratamento de esgoto e no gerenciamento do lodo tambeacutem
Considerando que a aacutegua drenada do lodo retorna ao sistema de tratamento e que
esse efluente tratado eacute lanccedilado em um corpo hiacutedrico que posteriormente pode servir
como manancial
Diversos estudos tecircm utilizado poliacutemeros naturais como auxiliares da floculaccedilatildeo no
tratamento de aacutegua e esgoto Visto que natildeo apresentam riscos agrave sauacutede a longo prazo e
por serem fonte de alimentaccedilatildeo humana em sua maioria De acordo com Di Bernardo
(2005) a utilizaccedilatildeo destes poliacutemeros permite um aumento da velocidade de
sedimentaccedilatildeo dos flocos reduccedilatildeo da accedilatildeo das forccedilas de cisalhamento nos flocos
durante a veiculaccedilatildeo da aacutegua floculada e uma dosagem menor do coagulante primaacuterio
quando estes satildeo sais de alumiacutenio ou ferro
Borba (2001) Arantes Ribeiro amp Paterniani (2012) e Di Bernardo (2005) citam
como exemplo de fonte destes compostos a mandioca (Manihot esculenta) a batata
(Solanum tuberosum L) a quitosana o tanino o quiabo (Abelmoschus esculentus) o
milho (Zea mays) e a moringa (Moringa oleiacutefera)
24
Dentre os poliacutemeros naturais os mais utilizados satildeo os amidos (DI BERNARDO
2005 LIBAcircNIO 2005) O milho a batata a mandioca e o trigo satildeo os alimentos
produzidos em larga escala que mais possuem amido podendo variar a quantidade em
funccedilatildeo da idade do solo da variedade da espeacutecie e do clima
A facilidade de obtenccedilatildeo do poliacutemero o custo e a simplicidade metodoloacutegica do
preparo satildeo fatores importantes para a seleccedilatildeo em trabalhos direcionados agraves
comunidades rurais Dos poliacutemeros pesquisados os originaacuterios da mandioca moringa e
quiabo foram os que mais se adequaram a estes criteacuterios baseando-se em Dantas amp Di
Bernardo (2000) Muyibi et al (2001) e Abreu Lima (2007)
A mandioca (Manihot esculenta) eacute originaacuteria da Ameacuterica do Sul e eacute comum nas
regiotildees tropicais da Aacutefrica e Aacutesia sendo uma importante fonte de alimentaccedilatildeo da
populaccedilatildeo mais pobre e eacute rica em amido Dantas amp Di Bernardo (2000) estudaram o
potencial do amido catiocircnico da mandioca como auxiliar de floculaccedilatildeo no tratamento de
aacuteguas para abastecimento Os resultados obtidos indicaram que este poliacutemero natural
pode ser utilizado em substituiccedilatildeo dos poliacutemeros sinteacuteticos auxiliares de floculaccedilatildeo Natildeo
foram encontradas referecircncias sobre a utilizaccedilatildeo de amido de mandioca em tratamento
de esgoto ou condicionamento de lodo de esgoto
A moringa (Moringa oleifera) eacute provavelmente o poliacutemero natural mais conhecido no
mundo eacute nativa do continente africano presente tambeacutem nas Ameacutericas e Aacutesia Mais
utilizada no tratamento de aacutegua como coagulante tambeacutem satildeo encontradas aplicaccedilotildees
no tratamento de esgoto incluindo efluentes industriais e no lodo de esgoto
Bhuptawat Folkard amp Chaudhari (2006) verificaram o potencial de aplicaccedilatildeo da
moringa no tratamento de esgoto domeacutestico em escala piloto na Iacutendia e obtiveram
64 de remoccedilatildeo de DQO combinando 100 mgL-1 de Moringa oleifera e 10 mgL-1 de
sulfato de alumiacutenio
No tocante agrave utilizaccedilatildeo de moringa no lodo pesquisas realizadas por Muyibi et al
(2001) na Iacutendia e Ademiluyi (1988) Nigeacuteria indicaram seu potencial como
25
condicionante quiacutemico do lodo de esgoto diminuindo a resistecircncia agrave filtraccedilatildeo Muyibi et
al (2001) testaram a soluccedilatildeo da semente de moringa sem casca o poacute seco da
semente sem casca e o oacuteleo da semente de moringa em lodo proveniente de uma
estaccedilatildeo de tratamento de esgoto A dosagem foi determinada por dois meacutetodos (i)
reduccedilatildeo de volume do lodo em teste de jarros (apoacutes 30 min de sedimentaccedilatildeo) e (ii)
resistecircncia especiacutefica do lodo
No primeiro meacutetodo as dosagens oacutetimas encontradas foram de 4750 4000 e 6000
mgL-1 para a soluccedilatildeo de moringa sem casca oacuteleo e poacute seco respectivamente
Chegando a reduccedilatildeo maacutexima de 26 19 e 26 vezes o volume inicial do lodo para a
soluccedilatildeo de moringa sem casca oacuteleo e poacute seco respectivamente Esses resultados
indicam o potencial da moringa em decantadores ou outras unidades de tratamento que
retenham lodo por certo tempo
No segundo teste realizado empregou-se somente a soluccedilatildeo de moringa sem
casca e o oacuteleo e a soluccedilatildeo com oacuteleo teve melhor resultado com dosagem de 4000
mgL-1 enquanto que para a soluccedilatildeo de moringa sem casca foi de 4500 mgL-1 A razatildeo
para esses resultados ligeiramente controversos ainda eacute desconhecida mas os
pesquisadores acreditam que a remoccedilatildeo do oacuteleo da semente possa produzir flocos
mais leves o que favoreceria a filtraccedilatildeo Aleacutem disso por ter baixo peso molecular e ser
um poliacutemero catiocircnico os flocos formados satildeo leves pequenos e reteacutem menos a fraccedilatildeo
de aacutegua ligada fiacutesico-quimicamente agraves partiacuteculas soacutelidas do lodo indicando a
possibilidade da reduccedilatildeo da aacuterea dos leitos de secagem convencionais Poreacutem ainda
satildeo necessaacuterias pesquisas aprofundadas sobre a questatildeo
O uso de moringa no lodo foi comparado aos sais de alumiacutenio e ferro por Ademiluyi
(1988) A amostra de lodo utilizada foi coletada no tanque de sedimentaccedilatildeo da ETE da
Universidade da Nigeacuteria que trata esgoto domeacutestico A sensibilidade relativa do lodo
aos poliacutemeros mostrou que o lodo proveniente de esgoto domeacutestico tem menor
sensibilidade a moringa do que ao sulfato de alumiacutenio e cloreto feacuterrico Aleacutem disso a
concentraccedilatildeo de moringa foi menor no liquido filtrado do que os sais metaacutelicos o que
26
pode ser vantajoso em Estaccedilotildees de Tratamento de Esgoto Poreacutem as dosagens oacutetimas
encontradas foram mais altas para a moringa do que para os sais metaacutelicos 215 17 e
17 gL-1 para a moringa sulfato de alumiacutenio e cloreto feacuterrico respectivamente
Entretanto o baixo custo e o fato da moringa ser um poliacutemero natural a tornam
aplicaacutevel como condicionante do lodo
Outro poliacutemero natural potencialmente condicionante do lodo eacute o quiabo
(Abelmoschus esculentus) que tem origem na Aacutefrica mas eacute produzido em todo o globo
sendo conhecido por suas propriedades nutritivas
Anastasakis Kalderis amp Diamadopoulos (2009) estudaram o quiabo como floculante
no tratamento de esgoto utilizando como coagulante o sulfato de alumiacutenio Foi
realizada a mucilagem do quiabo para a extraccedilatildeo do oacuteleo e a dosagem oacutetima foi obtida
atraveacutes do teste de jarros Como amostras de esgoto foram utilizadas esgoto sinteacutetico e
um efluente biologicamente tratado O estudo comprovou as propriedades floculantes
do quiabo No esgoto sinteacutetico em sua dosagem oacutetima de 0005 g L-1 removeu 93 96 e
97 de turbidez depois de 10 20 e 30 minutos do tempo de sedimentaccedilatildeo
respectivamente Isso representou uma adiccedilatildeo de 25 9 e 10 de remoccedilatildeo da turbidez
quando se utilizou somente sulfato de alumiacutenio em 10 20 e 30 minutos
respectivamente
No efluente biologicamente tratado a dosagem oacutetima para 10 minutos foi de 0020
gL-1 com remoccedilatildeo 70 da turbidez Para os tempos de sedimentaccedilatildeo de 20 e 30
minutos a dosagem foi menor (00025 gL-1) alcanccedilando a reduccedilatildeo de 71 e 74 de
turbidez Incrementando em 19 10 e 10 a remoccedilatildeo de turbidez utilizando-se somente
de sulfato de alumiacutenio
Abreu Lima (2007) realizou testes com o quiabo verde e maduro e constatou que o
fruto maduro possui melhores propriedades coagulantes que o fruto verde fato positivo
jaacute que o quiabo maduro eacute rejeitado pelo consumidor e torna-se um resiacuteduo O autor
tambeacutem comparou as teacutecnicas de aplicaccedilatildeo do poliacutemero a utilizaccedilatildeo do oacuteleo extraiacutedo
27
atraveacutes da mucilagem e a pulverizaccedilatildeo apoacutes a moagem do quiabo Concluindo que a
segunda teacutecnica a forma mais simples de aplicaccedilatildeo proporcionou resultados positivos
no tratamento de aacutegua e esgoto
36 Pavimento permeaacutevel
Aleacutem da aplicaccedilatildeo de poliacutemeros a utilizaccedilatildeo de pisos drenantes como constituintes
do leito de secagem pode otimizar o desaguamento do lodo de esgoto Constitui-se em
alternativa simples e de baixo custo para ETE de pequeno porte localizadas em
comunidades rurais Aleacutem disso a utilizaccedilatildeo de poliacutemeros naturais melhoraria a
qualidade da torta seca em termos de nutrientes aspecto positivo para a aplicaccedilatildeo de
lodo na agricultura como alternativa agrave adubaccedilatildeo quiacutemica
Os pavimentos permeaacuteveis satildeo utilizados haacute mais de trecircs deacutecadas nos Estados
Unidos da Ameacuterica e na Inglaterra e Alemanha (PRISMA 2013) como controle
estrutural alternativo de drenagem urbana e fazem parte do conjunto de teacutecnicas
intitulado de Best manegement practices (BMP) pela agecircncia ambiental norte-
americana Enviromental Protection Agency (USEPA) criado na deacutecada de 1980 que
tem como objetivo resolver os problemas de drenagem na proacutepria bacia
Essas teacutecnicas incluem construccedilatildeo de estruturas fiacutesicas para armazenamento e
infiltraccedilatildeo do escoamento como reservatoacuterios trincheiras de infiltraccedilatildeo e pavimentos
permeaacuteveis na tentativa de compensar os impactos negativos da grande
impermeabilizaccedilatildeo do solo causada pela urbanizaccedilatildeo (CRUZ SOUZA amp TUCCI 2007)
Estes uacuteltimos por possuiacuterem espaccedilos livres na sua estrutura permitem que aacutegua
e ar o atravessem e satildeo geralmente empregados em via de pedestres e veiacuteculos e
estacionamentos para auxiliar na drenagem urbana (MARCHIONI amp SILVA 2010)
No Brasil estes pavimentos foram introduzidos recentemente e em 2006 a
Prefeitura Municipal de Porto Alegre publicou o Decreto Nordm153712006 que
regulamenta as medidas de controle de drenagem urbana aponta como alternativa
28
para reduccedilatildeo de aacutereas impermeaacuteveis em terrenos com aacutereas inferiores a 100 ha a
utilizaccedilatildeo de pavimentos permeaacuteveis abatendo 50 da aacuterea impermeaacutevel do terreno
(CRUZ SOUZA amp TUCCI 2007) A Figura 4 mostra a sua utilizaccedilatildeo no Brasil
Figura 4 - Exemplo de aplicaccedilatildeo de pavimento permeaacutevel em estacionamento
FONTE MARCHIONI amp SILVA (2010)
Estes pavimentos podem ser fabricados com areia pedregulho argila expandida
fibra de coco cimento e poacute de pedra e estaacute em curso a normatizaccedilatildeo pela Associaccedilatildeo
Brasileira de Normas Teacutecnicas para a fabricaccedilatildeo destes pisos A produccedilatildeo deste tipo
de piso estaacute se disseminando no paiacutes e sua utilizaccedilatildeo poderia permitir a reduccedilatildeo da
aacuterea do leito Uma vez que o lodo pode ser drenado em cerca de metade da aacuterea
superficial enquanto que ao se empregar o leito de secagem tradicionalmente sugerido
pela NBR 122091992 a infiltraccedilatildeo somente ocorre entre os vatildeos dos tijolos onde estaacute
presente a areia (ABNT 1992)
29
4 METODOLOGIA
O trabalho foi desenvolvido nos Laboratoacuterios de Estrutura (LES) Materiais da
Construccedilatildeo (LMC) Protoacutetipos (LABPRO) Reuso (LABREUSO) e Saneamento
(LABSAN) pertencentes agrave Faculdade de Engenharia Civil Arquitetura e Urbanismo da
Universidade Estadual de Campinas
41 Pavimento permeaacutevel
O pavimento permeaacutevel foi fornecido pela empresa Villa Stone Comeacutercio e
Induacutestria de Materiais Baacutesicos para Construccedilatildeo Limitada localizada no distrito de Baratildeo
Geraldo Campinas (SP)
Os pavimentos permeaacuteveis utilizados na pesquisa satildeo compostos de pedrisco de
basalto e cimento na proporccedilatildeo de 80 e 20 respectivamente As amostras utilizadas
tecircm aproximadamente 006 m de altura e foram cortados em diacircmetro igual a 010 m
com o emprego de uma extratora de corpo de prova como mostram as Figuras 5 e 6
Figura 5 - Pavimento permeaacutevel utilizado no projeto
30
Figura 6 - Extratora de corpo de prova utilizada para o corte do pavimento utilizado na pesquisa
A caracterizaccedilatildeo destes pisos drenantes foi realizada com a determinaccedilatildeo das
dimensotildees massa volume de vazios e taxa de infiltraccedilatildeo conforme apresentados a
seguir
Dimensotildees e massa As dimensotildees foram mensuradas com o uso de paquiacutemetro
e a massa com uso de balanccedila semi analiacutetica A altura diacircmetro e massa meacutedia das
peccedilas de pavimento cortadas foi de 0006 m 01 m e 0695 kg respectivamente
Iacutendice de vazios A metodologia adotada baseou-se na norma NBR NM 532009
de Determinaccedilatildeo de massa especiacutefica massa especiacutefica aparente e absorccedilatildeo de aacutegua
de agregados grauacutedos e na norma NBR 108381988 de Solo - Determinaccedilatildeo da massa
especiacutefica aparente de amostras indeformadas com emprego de balanccedila hidrostaacutetica -
Meacutetodo de ensaio O iacutendice de vazios meacutedio foi de 043 e a porosidade de 2975
31
Taxa de infiltraccedilatildeo A forma de determinaccedilatildeo seraacute apresentada no subitem 45
42 Lodo
Coletou-se aproximadamente 200 L de lodo de tanques seacutepticos Cerca de 70 L
de lodo utilizado foram coletados no mecircs de abril de 2013 provenientes de um tanque
seacuteptico operado pela Companhia de Saneamento Baacutesico do Estado de Satildeo Paulo
(SABESP) Sendo um tanque seacuteptico de cacircmara uacutenica com capacidade de
aproximadamente 40 msup3 e atende cerca de 500 famiacutelias no municiacutepio de Satildeo Miguel
Arcanjo ndash SP Ao longo dos 20 anos de operaccedilatildeo desta pequena estaccedilatildeo nunca havia
sido feita a retirada de lodo
Devido a dificuldades com o transporte e a distacircncia entre este tanque seacuteptico e
a universidade natildeo foi possiacutevel coletar a quantidade necessaacuteria utilizada no projeto A
quantidade restante foi entatildeo fornecida pela Sociedade de Abastecimento de Aacutegua e
Esgoto SA (SANASA) O lodo foi retirado do tanque seacuteptico da Estaccedilatildeo de Tratamento
de Esgoto Bandeirantes situada no municiacutepio de Campinas cujo tratamento se daacute por
tanques seacutepticos seguidos de filtro anaeroacutebio A coleta de lodo foi realizada no mecircs de
maio de 2013 Ao contraacuterio do lodo disponibilizado pela SABESP o montante de lodo
retirado desta ETE ainda natildeo estava estabilizado por ter pouca idade e ter sido
realizada uma grande retirada do lodo do tanque cerca de um mecircs antes da data da
coleta Desde entatildeo as aliacutequotas de lodo coletadas foram misturadas e armazenadas
numa caixa drsquoaacutegua de 500 L no Laboratoacuterio de Protoacutetipos
A caracterizaccedilatildeo do lodo foi feita no Laboratoacuterio de Saneamento (LABSAN)
sendo baseada nos seguintes paracircmetros tempo de succcedilatildeo capilar soacutelidos totais
soacutelidos suspensos totais soacutelidos suspensos fixos e volaacuteteis pH e alcalinidade Essa
caracterizaccedilatildeo foi realizada anteriormente a execuccedilatildeo de cada uma das seacuteries
32
Para a dosagem dos poliacutemeros Metcalf amp Eddy (1991) relatam que deve ser
realizada em laboratoacuterio considerando a origem do lodo a sua idade o pH a
alcalinidade e a concentraccedilatildeo de soacutelidos bem como o meacutetodo de desaguamento a ser
utilizado e recomenda a utilizaccedilatildeo do teste de filtraccedilatildeo a vaacutecuo para caacutelculo da
dosagem
Todas as anaacutelises para caracterizaccedilatildeo do lodo foram baseadas no Standard
Methods for the Examination of Water and Wastewater (APHA 2012)
Para a anaacutelise do teor de soacutelidos da torta seca dos sistemas homogeneizou-se
inicialmente a torta obtida de cada sistema utilizando-se uma aliacutequota de
aproximadamente 0005 kg que foi pesada em balanccedila analiacutetica jaacute na caacutepsula A
amostra entatildeo foi deixada por no miacutenimo 12h em estufa a 100ordmC para obtenccedilatildeo dos
Soacutelidos Totais Para os Soacutelidos Totais Fixos e Volaacuteteis a metodologia foi adaptada para
evitar emissatildeo de fumaccedila devido agrave alta fraccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica presente no lodo
Para isso a amostra natildeo foi colocada na mufla diretamente a 550degC A temperatura foi
escalonada mantendo-se inicialmente a 200ordmC por 30 minutos elevando-se a
temperatura para 300ordmC por mais 30 minutos e entatildeo elevando-se a temperatura para
550degC por mais 1 hora Tambeacutem evitou-se colocar na mufla massas maiores que 0015
kg de lodo seco pois acima desta quantidade verificou-se emissatildeo de fumaccedila
Teste de Jarros Embora natildeo forneccedila dados quantitativos sobre a capacidade
dos poliacutemeros no condicionamento do lodo produz informaccedilatildeo qualitativa (quanto a
formaccedilatildeo de flocos) de forma raacutepida (WPCFM 1988) Por esta razatildeo o teste foi
utilizado para preparo da soluccedilatildeo estoque dos poliacutemeros e para o condicionamento do
lodo para a anaacutelise das dosagens oacutetimas (WPCFM 1988 MORTARA 2011) A Figura 7
ilustra a utilizaccedilatildeo deste meacutetodo no condicionamento do lodo
33
Figura 7 - Teste de jarros para dosagem oacutetima de poliacutemero
Tempo de Succcedilatildeo Capilar conhecido como CST - sua sigla na liacutengua inglesa
para Capillary Suction Time - eacute um dos meacutetodos mais utilizados em pesquisas sobre o
desaguamento do lodo Eacute um teste empiacuterico que auxilia na determinaccedilatildeo da dosagem
oacutetima de poliacutemeros sendo indicado por Vesilind (1988) WPCFM (1988) Metcalf amp
Eddy (1991) Andreoli von Sperling amp Fernandes (2001) Andreoli (2009) e APHA et al
(2012) Apesar do inconveniente de trabalhar com pequenos volumes acarretando na
seleccedilatildeo de uma fase do efluente clarificado e de flocos quando o lodo eacute condicionado
organicamente Ruiz Kaosol amp Wisniewsk (2010) afirmam que o teste ainda estaacute entre
as teacutecnicas mais utilizadas para definiccedilatildeo da filtrabilidade do lodo Algumas destas
razotildees eacute a rapidez e simplicidade na realizaccedilatildeo pois determina em segundos quanto
tempo a aacutegua presente no lodo leva para percorrer um meio poroso atraveacutes de um
equipamento utilizando-se uma pequena quantidade de amostra
Jin Wileacuten amp Lant (2003) verificaram uma boa relaccedilatildeo estatiacutestica entre os valores
de CST e EPS e relacionaram altos valores de floculabilidade hidrofobicidade cargas
negativas das superfiacutecies e viscosidade agrave grande quantidade de aacutegua fiacutesico-
quimicamente ligada e longos CST Contudo constataram que as caracteriacutesticas
morfoloacutegicas determinadas como o tamanho dos flocos dimensatildeo fractal e iacutendice de
34
filamento tecircm estatisticamente fracas correlaccedilotildees com a quantidade de aacutegua ligada
fiacutesico-quimicamente e o tempo do CST
Como ilustra a Figura 8 o teste eacute realizado em um aparelho denominado CST
(Capilary Succcedilatildeo Time) que consiste em duas placas de acriacutelico um cilindro metaacutelico
um filtro de papel trecircs contatos eleacutetricos fixados em dois ciacuterculos concecircntricos que
circundam uma abertura circular no meio da placa e um cronocircmetro
O papel eacute colocado entre as duas placas de acriacutelico e o cilindro metaacutelico eacute
encaixado na abertura circular O teste eacute feito com 68 mL de lodo colocado dentro do
cilindro A aacutegua contida no lodo atravessa o filtro de papel cromatograacutefico (Whatman n
17 tamanho 7 x 9 cm) Apoacutes percorrer 08 cm a aacutegua chega ao ciacuterculo interno que
conteacutem dois dos contatos eleacutetricos dispara-se o cronocircmetro quando a aacutegua percorre
mais 07 cm chegando ao ciacuterculo externo o terceiro contato eleacutetrico para a contagem
do tempo (VESILIND 1988) A Tabela 2 indica os meacutetodos utilizados para anaacutelise do
lodo
Tabela 2 - Meacutetodos utilizados na anaacutelise do lodo
Paracircmetro Meacutetodo Soacutelidos Totais Standard Methods 20 2540
Soacutelidos Suspensos Totais Standard Methods 20 2540 Alcalinidade Standard Methods 20 2320 B
pH Standard Methods 20 4500 B Teste de Succcedilatildeo Capilar Standard Methods 20 2710 G
35
Figura 8 - Aparelho utilizado para aferir o Tempo de Succcedilatildeo Capilar (Capilary Suction Time)
43 Poliacutemeros
Na pesquisa estudou-se o efeito do uso de diferentes poliacutemeros naturais
(moringa mandioca e quiabo) e um sinteacutetico no desaguamento do lodo Ressalva-se
que foram elegidas metodologias simplificadas e de baixo custo cuja produccedilatildeo e
preparo podem se dar em ETE de pequeno porte localizadas em comunidades rurais
eou isoladas Os poliacutemeros sinteacutetico e os naturais oriundos da mandioca e do quiabo
foram aplicados em soluccedilatildeo aquosa e o poliacutemero da moringa foi aplicado em poacute
diretamente sobre o lodo As sementes de moringa foram obtidas do Campo
Experimental da Faculdade de Engenharia Agriacutecola ndash UNICAMP e da Coordenadoria de
Assistecircncia Teacutecnica Integral (CATI) de Pederneiras e Mariacutelia ambas localizadas no
estado de Satildeo Paulo O amido de mandioca eacute extraiacutedo das partes comestiacuteveis da
mandioca sendo conhecido comercialmente por feacutecula ou polvilho doce O quiabo
tambeacutem eacute disponiacutevel comercialmente e foi obtido na Central de Abastecimento SA
36
(CEASA) de Campinas e o poliacutemero sinteacutetico utilizado Superflocreg 8394 foi doado pela
empresa Kemira Os poliacutemeros foram preparados obedecendo os criteacuterios de
simplicidade e baixo custo utilizando as metodologias abaixo
Superflocreg 8394 Eacute uma poliacrilamida catiocircnica de baixo peso molecurar e pode
ser utilizada nas etapas de desaguamento de lodos e clarificaccedilatildeo das aacuteguas numa
ampla variedade de induacutestrias O preparo da soluccedilatildeo estoque foi feito na concentraccedilatildeo
maacutexima indicada pela empresa 05 no teste de jarros com agitaccedilatildeo de
aproximadamente 250 rpm - gradiente de velocidade2 (G) asymp 160 s-1 - por 60 minutos
com o objetivo de homogeneizar totalmente a soluccedilatildeo (KEMIRA [sd]) A soluccedilatildeo foi
aplicada no lodo em teste de jarros com agitaccedilatildeo inicial de 250 rpm por 10 s
diminuindo- se a velocidade para 100 rpm (Gasymp 64 s-1) por mais 5 min
Mandioca (Manihot esculenta Crantz) Para obtenccedilatildeo do poliacutemero da mandioca
seguiu-se as orientaccedilotildees de Dantas amp Di Bernardo (2000) que utilizaram amido de
mandioca catiocircnico waxy (um tipo de amido modificado) Segundo Di Bernardo (2005)
os gracircnulos de amido satildeo insoluacuteveis em aacutegua abaixo de 50degC Para tornaacute-los soluacuteveis
portanto eacute preciso aquecer a suspensatildeo de amido na aacutegua aleacutem da temperatura criacutetica
para que os gracircnulos absorvam a aacutegua e intumesccedilam formando uma pasta gelatinosa
Para obtenccedilatildeo deste amido a feacutecula da mandioca foi aquecida agrave temperatura de 80 plusmn
5degC com agitaccedilatildeo constante ateacute a formaccedilatildeo da pasta gelatinosa como ilustrado na
Figura 9 Preparou-se soluccedilatildeo estoque de 10 gL-1 e adicionou-se ao lodo em teste de
jarros com agitaccedilatildeo inicial de 250 rpm por 10 s diminuindo- se para 100 rpm por mais 5
min
2 Gradiente de velocidade calculado considerando a mesma viscosidade da aacutegua
37
Figura 9 - Preparo da soluccedilatildeo de poliacutemero produzida a partir da mandioca
Moringa (Moringa oleifera) Ilustrada na Figura 10 eacute um poliacutemero catiocircnico e sua
metodologia foi realizada adaptando-se a metodologia de Muyibi et al (2001) e Arantes
Ribeiro amp Paterniani (2012) Primeiramente as sementes foram descascadas e moiacutedas
para obtenccedilatildeo de um poacute sendo posteriormente homogeneizadas em peneira com
abertura de 0125 mm O poacute obtido foi utilizado diretamente sobre o lodo em teste de
jarros com agitaccedilatildeo inicial de 250 rpm por 10 s diminuindo- se a velocidade para 100
rpm por mais 5 min
38
Figura 10 - Semente de Moringa oleiacutefera
FONTE FEAGRI (2004)
Quiabo (Abelmoschus esculentus) Eacute um poliacutemero aniocircnico e adaptou-se a
metodologia apresentada por Abreu Lima (2007) que consiste no uso do fruto do
quiabo maduro e seco (rejeitado pelo consumidor) O processo consistiu na lavagem do
quiabo para remoccedilatildeo de resiacuteduos provenientes do solo exposiccedilatildeo ao sol ateacute a total
secagem dos frutos e moagem em um moedor eleacutetrico Adicionou-se aacutegua destilada ao
poacute que foi obtido nas peneiras de 0841 mm e 0149 mm nas concentraccedilotildees de 50 e 45
gL-1 respectivamente homogeneizando as soluccedilotildees em teste de jarros a 250 rpm ateacute
total dissoluccedilatildeo (cerca de 15 min para a primeira e 2h para a segunda) A primeira
soluccedilatildeo que possuiacutea partiacuteculas maiores do quiabo foi peneirada em funil de Buumlchner
para utilizaccedilatildeo somente da ldquobabardquo formada Essa praacutetica natildeo foi necessaacuteria para a
segunda soluccedilatildeo As duas soluccedilotildees foram adicionadas ao lodo em teste de jarros com
agitaccedilatildeo inicial de 250 rpm por 10 s diminuindo- se para 100 rpm por mais 5 min como
ilustra a Figura 11
39
Figura 11 - Preparo da soluccedilatildeo de poliacutemero produzida a partir do quiabo
44 Montagem dos leitos de secagem
Os sistemas foram montados em escala de bancada sendo que cada leito de
secagem a ser testado foi composto por um tubo de PVC com diacircmetro de 010 m Os
tubos foram acoplados atraveacutes de uma luva a uma reduccedilatildeo excecircntrica de 100 x 50 mm
cujo objetivo eacute facilitar o escoamento da aacutegua percolada minimizando possiacuteveis
perdas O pavimento permeaacutevel foi fixado na parte interna do tubo de PVC e
impermeabilizado no periacutemetro com veda calha impedindo a passagem de aacutegua ou
soacutelidos entre o pavimento e o tubo
Conforme pode ser visualizado na Figura 12 foram construiacutedas trecircs diferentes
composiccedilotildees para o leito de secagem Com o objetivo de evitar diferenccedilas na influecircncia
da evaporaccedilatildeo nos sistemas haacute uma mesma altura livre de 075 m na parte superior de
cada tubo
40
Figura 12 - Sistema de bancada de leito de secagem utilizado na pesquisa
a) Sistema convencional foi construiacutedo baseado nas orientaccedilotildees da
NBR122091992 Sobre o pavimento permeaacutevel foram adicionadas camadas de
aproximadamente 020 m de brita e 015 m de areia A norma prevecirc a utilizaccedilatildeo
de tijolos sobre a camada de brita entretanto desconsiderou-se o uso dos
mesmos devido ao fato de que a infiltraccedilatildeo somente ocorrer entre os vatildeos dos
tijolos onde estaacute presente a areia Neste caso o pavimento permeaacutevel cumpriu
unicamente a funccedilatildeo de sustentar o sistema impedindo o arraste da brita e da
areia para fora do conjunto natildeo interferindo na capacidade drenante do leito
b) Pavimento permeaacutevel O sistema foi composto somente com o pavimento
permeaacutevel
c) Pavimento permeaacutevel acrescido de camada de areia Sobre pavimento
permeaacutevel foi adicionada uma camada de 001 m de areia Neste conjunto foi
41
possiacutevel avaliar se a colocaccedilatildeo de fina camada de areia impediu o entupimento
dos poros do pavimento permeaacutevel pelo lodo
A areia utilizada foi classificada como meacutedia pelo procedimento da NBR NM
2482003 Possuindo diacircmetro efetivo D10 018mm coeficiente de desuniformidade
CD 318 e porosidade de 48
Foram construiacutedos quinze sistemas para a aplicaccedilatildeo do lodo com adiccedilatildeo dos
poliacutemeros separadamente A Tabela 3 ilustra os pavimentos equivalentes aos sistemas
pavimento permeaacutevel (P) pavimento permeaacutevel com adiccedilatildeo de areia (P+A) e
convencional (C)
Tabela 3 - Organizaccedilatildeo dos sistemas
Pavimentos Sistemas Poliacutemeros
1 P (1) Sem poliacutemero
2 P+A (1) Sem poliacutemero
3 C (1) Sem poliacutemero
4 P (2) Sinteacutetico
5 P+A (2) Sinteacutetico
6 C (2) Sinteacutetico
7 P (3) Mandioca
8 P+A (3) Mandioca
9 C (3) Mandioca
10 P (4) Moringa
11 P+A (4) Moringa
12 C (4) Moringa
13 P (5) Quiabo
14 P+A (5) Quiabo
15 C (5) Quiabo
Com o objetivo de evitar influecircncia da precipitaccedilatildeo os sistemas foram dispostos
em local coberto por telhas e cobertura plaacutestica que foi fixada atraacutes da bancada
Abaixo as Figuras 13 e 14 mostram a bancada de experimentaccedilatildeo
42
Figura 13 - Bancada experimental localizada no Laboratoacuterio de Protoacutetipos
Figura 14 - Detalhe dos sistemas em utilizaccedilatildeo na bancada experimental
43
45 Taxa de infiltraccedilatildeo
A taxa de infiltraccedilatildeo foi determinada a partir de testes realizados com cada
sistema O teste consistiu na manutenccedilatildeo de uma altura de coluna de aacutegua constante
sobre os leitos em estudo e com a coleta e mediccedilatildeo do volume de aacutegua percolada
atraveacutes do pavimento a cada 5 segundos3 Este teste foi feito em quintuplicata tendo-se
em vista a obtenccedilatildeo de um conjunto confiaacutevel de dados
Com o objetivo de avaliar a viabilidade da reutilizaccedilatildeo dos pavimentos apoacutes a sua
primeira utilizaccedilatildeo estes foram limpos com lavadora de alta pressatildeo para retirar
partiacuteculas residuais de lodo que restaram nos sistemas Depois da limpeza os
pavimentos foram submetidos a um novo teste de infiltraccedilatildeo Quando estes
apresentaram resultados significativamente inferiores ao primeiro teste foram
mergulhados em aacutegua com soluccedilatildeo detergente por uma semana com o propoacutesito de
dissolver oacuteleos e graxas possivelmente aderidos aos pavimentos Descartaram-se
aqueles que apresentaram taxas de infiltraccedilatildeo discrepantes para isso foi utilizado o
meacutetodo estatiacutestico de normalidade
Posteriormente foram calculadas as taxas de infiltraccedilatildeo dos sistemas
convencional e pavimento permeaacutevel acrescido de camada de areia obedecendo-se os
mesmos criteacuterios de validaccedilatildeo estatiacutestica
46 Avaliaccedilatildeo dos sistemas quanto ao desaguamento do lodo
Para anaacutelise da eficiecircncia do desaguamento nos sistemas foi comparado o
volume de lodo aplicado sobre os leitos e a aacutegua percolada de cada sistema ao longo
do tempo Para mensuraccedilatildeo do volume de aacutegua percolado colocou-se abaixo de cada
sistema um beacutequer que armazenou a aacutegua percolada No primeiro dia realizou-se um
monitoramento por 12 h sendo que o intervalo de tempo entre as coletas foi
significativamente menor nas primeiras horas devido ao desaguamento mais intenso
3 O tempo foi determinado em funccedilatildeo da capacidade de afericcedilatildeo da vazatildeo infiltrada de modo que tempos
maiores teriam infiltraccedilotildees aleacutem da capacidade de medida dos instrumentos utilizados no experimento
44
A avaliaccedilatildeo do desaguamento do lodo seria realizada na seguinte ordem Seacuterie
1 Sem adiccedilatildeo de poliacutemero Seacuterie 2 Adiccedilatildeo de poliacutemero sinteacutetico Seacuterie 3 Adiccedilatildeo de
poliacutemero extraiacutedo da Mandioca Seacuterie 4 Adiccedilatildeo de poliacutemero extraiacutedo da Moringa Seacuterie
5 Adiccedilatildeo de poliacutemero extraiacutedo do Quiabo como ilustrado na Tabela 4 As seacuteries foram
realizadas em triplicata
Tabela 4 - Avaliaccedilatildeo dos sistemas
Seacuterie Poliacutemero Sistema
Seacuterie 1 Sem adiccedilatildeo de poliacutemero
Pavimento permeaacutevel
Pavimento permeaacutevel + areia
Convencional
Seacuterie 2 Poliacutemero sinteacutetico
Pavimento permeaacutevel
Pavimento permeaacutevel + areia
Convencional
Seacuterie 3 Mandioca
Pavimento permeaacutevel
Pavimento permeaacutevel + areia
Convencional
Seacuterie 4 Moringa
Pavimento permeaacutevel
Pavimento permeaacutevel + areia
Convencional
Seacuterie 5 Quiabo
Pavimento permeaacutevel
Pavimento permeaacutevel + areia
Convencional
461 Avaliaccedilatildeo do desaguamento sem adiccedilatildeo de poliacutemero (Seacuterie 1)
Para a disposiccedilatildeo nos leitos de secagem utilizou-se volume de 20 L de lodo
para cada sistema em todas as seacuteries
45
462 Avaliaccedilatildeo do desaguamento com adiccedilatildeo de poliacutemeros (Seacuteries 2 a 5)
Para as amostras de lodo que tiveram adiccedilatildeo de poliacutemero foi utilizado o Teste de
Jarros para preparo da soluccedilatildeo estoque e condicionamento do lodo para a avaliaccedilatildeo da
dosagem e formaccedilatildeo de flocos Atraveacutes do CST determinou-se a dosagem oacutetima dos
poliacutemeros (Item 42) Apoacutes esta etapa obedeceu-se a mesma metodologia empregada
na dosagem isto eacute primeiramente o lodo foi condicionado com poliacutemero sendo entatildeo
aplicado nos sistemas
463 Sistema controle
Aleacutem dos sistemas com lodo utilizou-se um controle para aferir a quantidade de
aacutegua sujeita a evaporaccedilatildeo no local Este controle consistiu em uma coluna drsquoaacutegua feita
de tubo de PVC do mesmo modo em que o utilizado nos sistemas de desaguamento
permitindo a comparaccedilatildeo entre o volume de aacutegua inicial (2 L) e o restante apoacutes o tempo
despendido pelo desaguamento Para isso utilizou-se o princiacutepio dos vasos
comunicantes ilustrado na Figura 15
46
Figura 15 - Coluna drsquoaacutegua utilizada como controle na bancada experimental
464 Avaliaccedilatildeo do Lodo Desaguado
As amostras de torta seca foram retiradas quando os desaguamentos dos
sistemas cessaram Analisou-se o teor de umidade obtido em cada sistema expresso
pela anaacutelise de Soacutelidos Totais
47
5 RESULTADOS
51 Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas
O teste para determinaccedilatildeo da taxa de infiltraccedilatildeo foi realizado em todos os
pavimentos e nos sistemas de pavimento com adiccedilatildeo de areia e convencional
Primeiramente realizou-se os testes nos quinze pavimentos A meacutedia encontrada foi de
1144 mL plusmn 6229 e CV 005 (em 5 segundos de infiltraccedilatildeo) Verificou-se que as taxas de
infiltraccedilatildeo de aacutegua dos mesmos tinham indiacutecios de normalidade4 em seguida fez-se o
boxplot (Figura 34 Apecircndice B) e verificou-se a existecircncia de dois valores atiacutepicos (768
e 852 mL) por fim buscou-se confirmar se estes pontos apontados eram taxas de
infiltraccedilatildeo fora do padratildeo apresentado pelos demais pavimentos Observa-se que estes
dois pavimentos (2 e 14) foram utilizados em testes preliminares com o objetivo de
verificar a viabilidade do projeto Como seriam avaliados tambeacutem o pavimento
permeaacutevel com adiccedilatildeo de areia utilizou-se esses pavimentos nestes sistemas pois a
taxa de infiltraccedilatildeo neste caso eacute menor devido a esta camada de areia possibilitando
seu uso para este fim
A taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas pavimento permeaacutevel acrescido de areia e
convencional foram calculados do mesmo modo A meacutedia destes foi de 182 mL plusmn 209 e
CV 01 para o primeiro e de 526 mL plusmn1433 e CV 027 para o segundo
52 Caracterizaccedilatildeo do lodo bruto
Realizou-se caracterizaccedilatildeo do lodo durante o periacuteodo de agosto a fevereiro de
2014 Observou-se que o lodo sofreu perda de aacutegua deste periacuteodo devido agraves condiccedilotildees
de acondicionamento uma vez que recebeu forte insolaccedilatildeo e o recipiente em que
estava natildeo possuiacutea condiccedilotildees ideais de vedaccedilatildeo tendo possivelmente uma perda de
aacutegua livre por evaporaccedilatildeo elevando o valor de soacutelidos Para caracterizaccedilatildeo deste lodo
no entanto os valores obtidos de Soacutelidos Totais foram considerados respeitando-se o
4 Isto eacute que tem indiacutecios de uma distribuiccedilatildeo de probabilidade normal
48
intervalo de confianccedila conforme o Boxplot da Figura 30 Apecircndice A Todavia o pH e a
alcalinidade natildeo sofreram interferecircncia com estas condiccedilotildees A Tabela 5 mostra que o
lodo utilizado foi mais concentrado que usualmente encontrado na literatura (tendo em
meacutedia 77634 mgL-1 de ST plusmn 669003 e CV 009) mas como citado por Andreoli (2009)
o lodo de tanque seacuteptico possui grande variabilidade e dependendo da forma em que eacute
retirado pode apresentar-se mais ou menos concentrado
Tabela 5 - Comparaccedilatildeo entre dados encontrados na literatura e na presente pesquisa
Paracircmetros PHILIPPI et
al (1999) Withers Jarvie amp Stoate (2011)
Moussavi Kazembeigi amp
Farzadkia (2010) Neste trabalho
Meacutedia Meacutedia Meacutedia Meacutedia plusmn CV
ST (mgL-1
) 1083 - 1070 77634 66900 009
STV (mgL-1
) 673 - - 35164 23127 007
pH 66 73 73 70 02 003
Alcalinidade (mg CaCO3L
-1)
- 6085 480 2300 3438 015
49
Os Soacutelidos Totais e Soacutelidos Suspensos Totais fazem parte do conjunto de
paracircmetros mais importantes do lodo e satildeo dependentes do tipo de processo de
tratamento de esgoto e do tratamento do lodo Tiacutepicas concentraccedilotildees de ST estatildeo na
faixa de 2 a 12 no lodo bruto e 12 a 30 no lodo desaguado No lodo seco ou
compostado esses valores podem alcanccedilar 50 (SHAMMAS amp WANG 2008)
Outro importante paracircmetro eacute a relaccedilatildeo entre os Soacutelidos Totais Volaacuteteis e
Soacutelidos Totais (STVST) que de acordo com Metcalf amp Eddy (1991) Shammas amp Wang
(2008) e Andreoli (2009) eacute uma boa indicaccedilatildeo da fraccedilatildeo orgacircnica dos soacutelidos e de seu
niacutevel de digestatildeo A relaccedilatildeo encontrada neste trabalho foi em meacutedia de 046 sendo
valores proacuteximos aos encontrados por Andreoli et al (2009) em RAFA de 055
A relaccedilatildeo meacutedia de SSVSST neste trabalho foi de 047 plusmn001 e CV 002
semelhante agrave encontrada para STVST Moussavi Kazembeigi amp Farzadkia (2010)
correlacionaram os valores de SSVSST tambeacutem em tanque seacuteptico com o mesmo
objetivo e essa relaccedilatildeo foi de 057 classificando o lodo como estabilizado
Eacute necessaacuterio observar que a relaccedilatildeo entre STVST tiacutepica de um lodo primaacuterio eacute
de 075 a 080 proacutepria de lodos natildeo digeridos (METCALF amp EDDY 1991 ANDREOLI
VON SPERLING amp FERNANDES 2001 ANDREOLI et al 2009) O lodo proveniente de
tanques seacutepticos eacute classificado como lodo primaacuterio como o gerado em decantadores
primaacuterios Contudo diferentemente deste uacuteltimo o lodo de tanques seacutepticos sofre
digestatildeo anaeroacutebia
Os lodos digeridos tecircm valores entre 060 e 065 (ANDREOLI VON SPERLING
amp FERNANDES 2001) Apesar disso a Resoluccedilatildeo CONAMA 37506 afirma que os
lodos de esgoto que apresentem relaccedilatildeo (STVST) inferiores a 070 jaacute satildeo
considerados estaacuteveis para fins de utilizaccedilatildeo agriacutecola (BRASIL 2006)
Entretanto lodos que se adequam a essa relaccedilatildeo podem conter quantidades
significativas de areia e outros componentes inorgacircnicos que contribuem para o
aumento de soacutelidos fixos A baixa relaccedilatildeo entre soacutelidos volaacuteteis e soacutelidos totais pode
natildeo ser a mais adequada para indicaccedilatildeo do niacutevel de mineralizaccedilatildeo do lodo e de seu
impacto no solo A NBR 122091992 conceitua lodo estabilizado como aquele natildeo
sujeito a putrefaccedilatildeo poreacutem a quantificaccedilatildeo de STV natildeo eacute um indicador direto deste
50
fenocircmeno Existem algumas metodologias que fornecem essa indicaccedilatildeo como a
determinaccedilatildeo do potencial de mineralizaccedilatildeo do carbono e nitrogecircnio e de foacutesforo
atraveacutes da quantificaccedilatildeo de CO2 nitrogecircnio na forma de amocircnio e nitrogecircnio na forma
de nitrato (N-NH4+ e N-NO3
-) e extraccedilatildeo de foacutesforo como realizado por Tognetti et al
(2008)
Outro meacutetodo relativamente simples e amplamente utilizado eacute a respirometria de
Bartha que quantifica a produccedilatildeo de CO2 produzida pela microbiota quando em contato
com um composto natildeo presente naturalmente no solo medindo de maneira indireta
sua atividade metaboacutelica para degradaccedilatildeo destes compostos que mesmo sendo
orgacircnicos podem ser recalcitrantes Essa teacutecnica pode ser utilizada na anaacutelise da
biodegradabilidade do lodo para fins de utilizaccedilatildeo agriacutecola por medir o impacto de sua
aplicaccedilatildeo no solo (CLARKE TAYLOR amp COSSINS 2007)
Em relaccedilatildeo agrave alcalinidade e ao pH pode-se afirmar que satildeo os paracircmetros mais
importantes entre as anaacutelises quiacutemicas simples que verificam a qualidade do lodo
Visto que o pH determina as espeacutecies coagulantes que seratildeo utilizadas no
condicionamento bem como a natureza das cargas superficiais dos coloides (WPCF
1988) Aleacutem disso concentraccedilotildees elevadas de iacuteons de caacutelcio contribuem para melhora
do desaguamento do lodo (JIN WILEacuteN amp LANT 2003) Contudo no uso de
condicionantes inorgacircnicos a alta alcalinidade associada a lodos digeridos
anaeroacutebiamente pode levar a altas doses desses coagulantes pois se comportam
como aacutecidos quando satildeo adicionados a aacutegua isto eacute reduzem o pH da mistura gerada
(WPCF 1988)
53 Dosagem oacutetima dos poliacutemeros
A avaliaccedilatildeo das dosagens dos poliacutemeros baseou-se primeiramente na formaccedilatildeo de
flocos no teste de jarros Nas dosagens onde houve essa formaccedilatildeo realizou-se o
tempo de succcedilatildeo capilar (CST) comparando-se com os resultados do lodo sem
poliacutemero Segundo WPCF (1988) valores tiacutepicos para o Tempo de Succcedilatildeo Capilar
(CST) de lodo natildeo condicionado satildeo de aproximadamente 200 segundos O lodo em
51
estudo teve uma meacutedia de 2338 plusmn 1723 segundos demonstrando que seu
desaguamento ideal eacute ligeiramente mais lento do que lodos usualmente encontrados
Um dos fatores que influencia longos tempos de CST eacute a concentraccedilatildeo de soacutelidos Por
isso analisou-se esse paracircmetro nas aliacutequotas de lodo utilizadas em cada teste
Apesar da concentraccedilatildeo de soacutelidos no lodo estudado ser alta pode natildeo ser a uacutenica
responsaacutevel por estes resultados como jaacute mencionado outros fatores podem interferir
no desaguamento como o tipo de aacutegua encontrada no lodo e a alcalinidade (VESILIND
1988 WPCF 1988 VESILIND1994)
Para a dosagem oacutetima dos poliacutemeros o criteacuterio utilizado foi de acordo com WPCF
(1988) que indica que um lodo bem condicionado natildeo deve ultrapassar 10 segundos
no teste CST Sendo assim escolheu-se a menor dosagem dentre as que tiveram
resultados inferiores a 10 segundos As dosagens dos poliacutemeros que foram testadas
podem ser vistas na Tabela 6 e nos subitens 531 532 533 e 534
52
Tabela 6 - Dosagens testadas dos poliacutemeros utilizados na pesquisa
Poliacutemeros
Kemira 8394 reg Mandioca Moringa Quiabo
Dosagens testadas
(gL-1)
005 200 600 1000
010 250 800 1500
020 300 1000 2000
040
1200 1000
050
1400 1500
060
1600 2000
1800
2000
2200
2400
2600
2800
3000
3200
3400
3600
3800
4000
4200
4400
4600
4800
5000
6000
7000
9000
12000
531 Poliacutemero Sinteacutetico
Foram realizados dois testes de dosagem para o poliacutemero sinteacutetico uma em agosto
de 2013 e outra em fevereiro de 2014 devido ao intervalo relativamente grande entre a
primeira e a segunda seacuterie de desaguamento No primeiro teste as dosagens
53
analisadas foram de 005 010 020 e 040 gL-1 sendo encontrada a dosagem ideal
de 020 g L-1 Calculando a dosagem em funccedilatildeo da concentraccedilatildeo de soacutelidos do lodo
obteacutem-se que a dosagem ideal foi de 68 g kg ST-1 ressalta-se que o caacutelculo foi
realizado em funccedilatildeo dos ST e natildeo como o indicado por Andreoli von Sperlin
Fernandes (2001) que fazem em funccedilatildeo de SST devido ao fato do condicionamento
quiacutemico natildeo agir somente nos SST mas tambeacutem em partiacuteculas coloidais e dissolvidas
presentes no lodo (LIBAcircNIO 2005) Uma vez obtida a relaccedilatildeo ideal entre poliacutemero e
ST adicionou-se ao lodo em todos as seacuteries a mesma dosagem
No segundo teste foram utilizadas as seguintes dosagens 040 050 e 060 gL-1
A dosagem ideal obtida no teste foi de 050 g L-1 Os tempos registrados no CST
podem ser observados na Tabela 7
Tabela 7 - Resultados obtidos no CST nas dosagens de poliacutemero testadas
Poliacutemero Sinteacutetico
Dosagem (gL-1) Meacutedia plusmn CV
0055 - - -
010 106 14 01
020 74 15 02
040 1107 14 01
040 109 45 04
050 64 21 03
060 925 07 01
532 Mandioca
Preparou-se soluccedilatildeo estoque de 10 gL-1 A concentraccedilatildeo esteve em funccedilatildeo do
limite de saturaccedilatildeo da mistura da aacutegua com a feacutecula de mandioca visto que acima
desta concentraccedilatildeo a soluccedilatildeo natildeo se solubilizava por completo Apesar da
concentraccedilatildeo da soluccedilatildeo ser muito superior a testes realizados em aacutegua por Dantas amp
5 Como citado na literatura o CST foi feito somente nas dosagens em que houve formaccedilatildeo de flocos
54
Di Bernardo (2000) de 10 gL-1 natildeo foi possiacutevel testar grandes dosagens jaacute que isso
implicaria em um grande volume de poliacutemero superior inclusive ao volume de lodo
utilizado o que inviabilizaria sua aplicaccedilatildeo As dosagens testadas foram de 20 25 e
30 gL-1 sendo que em nenhuma delas houve a formaccedilatildeo de flocos Ressalva-se que
foi possiacutevel realizar essas dosagens utilizando-se volumes de lodo menores que os de
poliacutemero mantendo-se assim o volume total de 2 L no teste de jarros
Os testes mostraram que pela metodologia empregada no presente projeto natildeo foi
possiacutevel utilizar o poliacutemero obtido a partir da mandioca como condicionante de lodo de
esgoto natildeo sendo realizados testes de desaguamento nos sistemas Possivelmente
seriam necessaacuterias dosagens extremamente elevadas deste poliacutemero para a obtenccedilatildeo
de resultados positivos no lodo que foi utilizado como auxiliar de coagulaccedilatildeo no
tratamento de aacutegua por Di Bernardo (2000)
533 Moringa
As concentraccedilotildees testadas iniciaram em 60 gL-1 - dosagem oacutetima de poacute seco
obtida por Muyibi et al (2001) As demais dosagens foram de 80 100 120 140
160 180 200 220 240 260 280 300 320 340 360 380 400 420 440
460 480 500 600 700 900 1200 g L-1 Natildeo houve formaccedilatildeo de flocos em
nenhuma dosagem Ressalva-se que o teste foi limitado pela quantidade poacute obtido pelo
descascamento seleccedilatildeo moagem e peneiramento das sementes de moringa
Existem diversos fatores que podem contribuir para a natildeo correlaccedilatildeo de resultados
obtidos no presente estudo e os relatados na literatura Dentre eles nota-se que apesar
de Muyibi et al (2001) terem conseguido obter resultados positivos no condicionamento
do lodo pela moringa os testes realizados para tal natildeo satildeo os mesmos realizados nesta
pesquisa os pesquisadores utilizaram teste de resistecircncia especiacutefica e de reduccedilatildeo de
volume do lodo em teste de jarros Aleacutem disso o meacutetodo de preparo do poacute seco
utilizado no experimento natildeo eacute detalhado podendo sofrer variaccedilotildees importantes que
podem interferir nos resultados Outro fator importante eacute a concentraccedilatildeo de soacutelidos do
lodo utilizado no trabalho que em momento algum eacute fornecida pelos autores apenas
55
afirmam que o lodo eacute proveniente de uma ETE Como haacute uma correlaccedilatildeo positiva entre
a concentraccedilatildeo de soacutelidos do lodo e a dosagem de condicionantes caso este lodo seja
menos concentrado que o lodo utilizado no presente projeto provavelmente as
dosagens dos condicionantes empregados seratildeo menores
534 Quiabo
Para os testes com o quiabo foram empregadas duas metodologias que se
diferem somente na abertura das peneiras utilizadas Na primeira o peneiramento foi de
0841 mm e na segunda o peneiramento foi de 0149 mm Ambos tiveram soluccedilatildeo
estoque com concentraccedilatildeo de 50 g L-1 (limite de saturaccedilatildeo) e as mesmas dosagens
testadas de 100 150 e 200 g L-1 Ressalta-se que as dosagens foram limitadas pela
quantidade de poacute obtido no processo para se obter aproximadamente 01 kg do poacute
mais fino utilizou-se 15 kg de quiabo jaacute que grande parte desta massa eacute aacutegua e eacute
necessaacuterio secaacute-lo moecirc-lo e peneiraacute-lo Em todas as dosagens testadas natildeo se
verificou a formaccedilatildeo de flocos Um dos fatores que pode ter contribuiacutedo para a natildeo
formaccedilatildeo de flocos eacute o fato do poliacutemero ser aniocircnico conforme apontado por Abreu
Lima (2007)
535 Avaliaccedilatildeo geral da dosagem dos poliacutemeros
Natildeo foram encontradas dosagens oacutetimas para o condicionamento do lodo de esgoto
de tanque seacuteptico quando utilizou-se os poliacutemeros naturais oriundos da mandioca
moringa e quiabo Destaca-se que foram avaliadas somente algumas metodologias
simplificadas adequadas a ETE de pequeno porte localizadas em comunidades
isoladas eou rurais Eacute possiacutevel que existam resultados positivos caso empregue-se
outras metodologias mais complexas que aumentem a concentraccedilatildeo dos poliacutemeros em
volumes viaacuteveis para aplicaccedilatildeo no lodo de esgoto uma vez que outras pesquisas
relataram sua eficiecircncia no tratamento de aacutegua esgoto e condicionamento do lodo
Em relaccedilatildeo ao poliacutemero orgacircnico sinteacutetico a dosagem oacutetima encontrada eacute viaacutevel
para aplicaccedilatildeo Poreacutem eacute importante considerar que a utilizaccedilatildeo de poliacutemeros orgacircnicos
56
sinteacuteticos incrementa custos significativos agrave operaccedilatildeo da ETE bem como matildeo-de-obra
especializada para sua manipulaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo
54 Desaguamento do lodo nos sistemas
Como explicado anteriormente as seacuteries satildeo as replicatas da anaacutelise de
desaguamento do lodo ao longo do tempo na escala de bancada Para cada seacuterie
utilizou-se 2 L de lodo de esgoto a carga meacutedia aplicada no projeto foi de 1880
kgSTm-2 com plusmn 263 e CV 014 ou seja tem-se indiacutecios estatiacutesticos de que a meacutedia eacute
representativa Em todas as seacuteries considerou-se o teacutermino do desaguamento quando
a percolaccedilatildeo parou nos sistemas ou seja quando o volume coletado foi de 0 mL Eacute
importante observar que as condiccedilotildees climaacuteticas variaram consideravelmente no
periacuteodo em que as seacuteries foram realizadas deste modo verifica-se que a influecircncia da
temperatura e da evaporaccedilatildeo foram diferentes em cada uma das seacuteries Na Tabela 8
satildeo apresentadas as condiccedilotildees relativas a cada uma das seacuteries No Apecircndice B as
Figura 41 42 43 44 e 45 exibem as temperaturas diaacuterias registradas e a evaporaccedilatildeo
da coluna drsquoaacutegua (Sistema controle item 463)
Tabela 8 - Temperatura evaporaccedilatildeo e duraccedilatildeo das seacuteries
Sem poliacutemero Poliacutemero Sinteacutetico
Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie IV
TdegC Maacutex 341 357 371 271 370 343 343
TdegC Min 96 132 160 65 203 160 160
Evaporaccedilatildeo coluna daacutegua ()
180 200 320 15 160 40 40
Iniacutecio 030913 291013 280114 280913 060214 180214 180214
Duraccedilatildeo (dias) 350 390 280 40 80 50 50
Em que TdegC Maacutex Temperatura Maacutexima TdegC Min Temperatura Miacutenima
Na Tabela 9 satildeo apresentados os volumes desaguados os teores de soacutelidos das
tortas secas resultantes dos sistemas de bancada a meacutedia amostral e a meacutedia
ajustada6 de cada sistema Esta uacuteltima eacute decorrente de um ajuste de um modelo linear
6 A meacutedia ajustada decorre da meacutedia geral das categorias tomadas como sendo iguais incluindo um erro
aleatoacuterio
57
normal Desta forma eacute possiacutevel verificar se haacute diferenccedilas significativas entre os valores
amostrais Os boxplot dos volumes amostrais e dos ajustados podem ser visualizados
nas Figura 46 e 47 (Apecircndice B)
No que se refere ao volume desaguado haacute indiacutecios estatiacutesticos de que tanto nas
seacuteries sem adiccedilatildeo de poliacutemero e com adiccedilatildeo de poliacutemero nos sistemas pavimento
permeaacutevel e pavimento permeaacutevel acrescido de areia as meacutedias natildeo tecircm diferenccedila
significativa como observado na Figura 47 Todavia comparando-se estes sistemas ao
convencional a diferenccedila eacute significativa segundo a anaacutelise de variacircncia
No tocante ao teor de soacutelidos da torta seca comparando-se o condicionamento ou
natildeo do lodo verificou-se que o lodo sem poliacutemero produziu tortas com igual umidade
que o lodo condicionado visto que quando se comparou os valores de ST nos sistemas
com ou sem poliacutemero natildeo se verificou diferenccedila significativa Examinando-se o
desempenho dos sistemas notou-se que natildeo haacute diferenccedila significativa de ST entre
pavimento permeaacutevel e pavimento permeaacutevel e areia Todavia haacute diferenccedila entre estes
e o convencional segundo a anaacutelise de variacircncia verificado nos boxplot da Figura 48
(Apecircndice B) Ademais como realizado no volume desaguado ajustou-se um modelo
linear em que calculou-se uma meacutedia ajustada para cada sistema como pode ser visto
na Figura 49 do Apecircndice B
58
Tabela 9 - Resultados do desaguamento do lodo de esgoto de tanque seacuteptico
Seacuteries
Sem poliacutemero Poliacutemero Sinteacutetico
P P+A C P P+A C
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
I 1960 540 2208 578 2824 561 2412 1484 2645 1413 2980 1232
II 2777 665 2967 675 3279 492 2503 1411 262 1377 2753 1145
III 2487 628 2824 609 2872 587 2327 1481 2473 1513 2843 1265
IV - - - - - - 2336 1479 - - - -
Meacutedia 2408 611 2667 621 2992 547 2395 1464 2519 1434 2859 1214
plusmn 414 6421 403 4954 250 4910 088 4131 093 7047 114 6199
CV 1720 1051 1512 798 836 898 368 282 369 491 400 511
Meacutedia ajustada
7
2503 64451 2503 64451 2925 48931 2503 142656 2503 142656 2925 127136
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia C Convencional ST Soacutelidos Totais plusmn Desvio Padratildeo CV Coeficiente de Variaccedilatildeo
7 A meacutedia ajustada demonstra que estatisticamente certos valores satildeo iguais
59
541 Sistema composto por Pavimento Permeaacutevel
a) Lodo natildeo condicionado
Para o lodo sem adiccedilatildeo de poliacutemero desaguado em pavimento permeaacutevel o
desaguamento foi respectivamente de 540 665 e 628 mL nas seacuteries I II e III Nota-se
que houve pequenas variaccedilotildees nas trecircs seacuteries justificadas em parte pela variabilidade
das condiccedilotildees climaacuteticas e em parte pela variabilidade normal na reproduccedilatildeo dos
experimentos Contudo eacute possiacutevel notar um comportamento geral das seacuteries onde o
desaguamento eacute mais intenso nas primeiras 70 horas e mais ameno nas restantes A
Figura 16 mostra a evoluccedilatildeo do desaguamento no sistema composto por pavimento
permeaacutevel
Figura 16 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento permeaacutevel com lodo de esgoto sem poliacutemero
0
100
200
300
400
500
600
700
0 200 400 600 800 1000
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo em pavimento permeaacutevel
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
60
b) Lodo condicionado
Para o lodo com adiccedilatildeo de poliacutemero o desaguamento foi realizado em quatro
seacuteries e o volume percolado foi de 1484 1411 1481 e 1479 mL nas seacuteries I II III e IV
respectivamente A seacuterie IV foi realizada somente para verificar se haveria diferenccedila no
desaguamento do pavimento permeaacutevel em decorrecircncia do aumento da taxa de
infiltraccedilatildeo ocasionada na segunda lavagem dos sistemas como seraacute exposto no item
59 Realizou-se o desaguamento concomitantemente com a terceira seacuterie do lodo
condicionado Observa-se um comportamento geral nas seacuteries semelhante ao lodo sem
condicionamento intensidade de desaguamento maior nas primeiras horas e menor
nas demais Contudo diferentemente do lodo natildeo condicionado o desaguamento foi
mais intenso nas primeiras 3 h quando adicionou-se o poliacutemero Estes resultados
evidenciam que o condicionamento do lodo com poliacutemeros aumenta radicalmente natildeo
soacute a taxa de desaguamento mas tambeacutem o volume de aacutegua percolado chegando a ser
em meacutedia 5803 maior que nas seacuteries sem poliacutemero utilizando-se o mesmo sistema
Tanto a raacutepida percolaccedilatildeo quanto o maior volume devem-se agraves pontes quiacutemicas
formadas entre o poliacutemero e aos soacutelidos presentes no lodo que agregam-se em flocos
facilitando a sua separaccedilatildeo da aacutegua livre (LIBAcircNIO 2005 WPCFM 1988) O
hidrograma gerado pode ser observado na Figura 17
61
Figura 17 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento permeaacutevel com lodo de esgoto com adiccedilatildeo de poliacutemero
542 Sistema composto por Pavimento Permeaacutevel e areia
a) Lodo natildeo condicionado
O sistema composto por pavimento permeaacutevel com adiccedilatildeo de areia natildeo teve
diferenccedilas significativas em relaccedilatildeo ao composto somente por pavimento permeaacutevel
tendo comportamento semelhante a este e desaguando 578 675 e 609 mL
respectivamente nas seacuteries I II e III como observado na Figura 18
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
0 10 20 30 40 50 60 70
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo com adiccedilatildeo de poliacutemero sinteacutetico em pavimento permeaacutevel
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
Seacuterie IV
62
Figura 18 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento permeaacutevel com lodo de esgoto sem poliacutemero
a) Lodo condicionado
Como os sistemas anteriores o lodo com adiccedilatildeo de poliacutemero sinteacutetico teve
desempenho superior ao sem condicionamento com 1413 1377 e 1513 mL de
desaguamento nas seacuteries I II e III respectivamente O hidrograma deste sistema pode
ser visto na Figura 19
0
100
200
300
400
500
600
700
800
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo em pavimento permeaacutevel e areia
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
63
Figura 19 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento permeaacutevel e areia com
lodo de esgoto com adiccedilatildeo de poliacutemero
543 Sistema Convencional
a) Lodo natildeo condicionado
Para o lodo sem adiccedilatildeo de poliacutemero desaguado em sistema convencional o
volume percolado foi de 561 492 e 587 mL respectivamente nas seacuteries I II e III
Apesar da seacuterie II ter um desaguamento menor e mais lento que as seacuteries I e II essa
diferenccedila natildeo eacute estatisticamente relevante como observado no boxplot da Figura 46 no
Apecircndice B Nota-se tambeacutem que o desaguamento na Seacuterie III foi mais raacutepido uma
das razotildees apontadas pode ser a alta temperatura e evaporaccedilatildeo registradas neste
periacuteodo sendo este comportamento observado nos sistemas compostos por pavimento
permeaacutevel e pavimento permeaacutevel com camada de areia
Ainda que verifiquem-se algumas diferenccedilas entre as seacuteries eacute possiacutevel constatar
o mesmo comportamento geral registrado nos sistemas anteriores onde o
desaguamento foi mais intenso nas primeiras horas e mais lento nas demais conforme
hidrograma exposto na Figura 20
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo com poliacutemero sinteacutetico em pavimento permeaacutevel e areia
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
64
Figura 20 - Hidrograma do desaguamento do sistema convencional com lodo de esgoto sem poliacutemero
b) Lodo condicionado
Para o lodo condicionado com poliacutemero o volume desaguado foi maior e grande
parte foi percolado nos primeiros minutos comportamento observado em todas as
seacuteries O sistema convencional desaguou nas seacuteries I II e III 1232 1145 e 1265 mL
respectivamente volumes menores que os demais sistemas Devido ao raacutepido
desaguamento deste lodo pode-se afirmar que a evaporaccedilatildeo exerce pouca influecircncia
neste processo sendo a drenagem o principal mecanismo Apesar da evidente
discrepacircncia de volume e tempo de desaguamento na seacuterie II natildeo houve diferenccedila
estatiacutestica entre as demais seacuteries como comprovado pelo boxplot da Figura 46 no
Apecircndice B A Figura 21 mostra o hidrograma deste desaguamento
0
100
200
300
400
500
600
700
0 200 400 600 800 1000
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo em sistema convencional
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
65
Figura 21 - Hidrograma do desaguamento do sistema convencional com lodo de esgoto com adiccedilatildeo de poliacutemero
55 Teor de soacutelidos das tortas secas
Analisou-se tambeacutem os teores de soacutelidos nas tortas secas obtidos em cada
sistema Nota-se que apesar da maior percolaccedilatildeo dos sistemas compostos por
pavimento permeaacutevel e pavimento permeaacutevel com areia os melhores valores foram do
sistema convencional tanto para o lodo sem condicionamento quanto para o lodo
condicionado Esses resultados provavelmente decorrem da retenccedilatildeo de parte da aacutegua
percolada pela camada de areia do sistema fazendo com que o volume total percolado
natildeo consiga atravessar toda a camada de areia e a camada de brita do sistema ateacute ser
coletado no recipiente
Constatou-se que natildeo houve diferenccedila significativa na utilizaccedilatildeo ou natildeo de
poliacutemero ou seja os sistemas produziram tortas secas de semelhante teor quando natildeo
adicionou-se poliacutemero e quando adicionou-se Tambeacutem natildeo houve diferenccedila
significativa entre os sistemas pavimento permeaacutevel e pavimento permeaacutevel acrescido
de areia Poreacutem houve entre os mesmos e sistema convencional como mostra a
Figura 49 no Apecircndice B O teor de soacutelidos no sistema pavimento permeaacutevel sem
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo com adiccedilatildeo de poliacutemero sinteacutetico em sistema convencional
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
66
condicionamento foi em meacutedia de 2408 plusmn414 enquanto que o lodo condicionado a
meacutedia foi de 2395 plusmn 088 No sistema pavimento permeaacutevel e areia a meacutedia foi de
2667 plusmn 403 para o lodo sem poliacutemero e de 2519 plusmn 093 para o lodo com adiccedilatildeo de
poliacutemero Para o sistema convencional a meacutedia de ST foi de 2992 plusmn 250 e 2859 plusmn
114 no lodo natildeo condicionado e no condicionado respectivamente
Contudo eacute possiacutevel notar comportamentos distintos no lodo condicionado e natildeo
condicionado enquanto o lodo natildeo condicionado perdeu mais umidade quando a
temperatura foi mais alta (nas seacuteries) o lodo condicionado parece natildeo ter sofrido
influecircncia significativa desta variaacutevel ambiental esse fato deve-se ao seu raacutepido
desaguamento jaacute mencionado anteriormente Ademais observa-se que as
concentraccedilotildees de STV satildeo maiores que as de STF uma hipoacutetese eacute que a mateacuteria
inorgacircnica dissolvida pode ter sido percolada juntamente com a aacutegua drenada do lodo
As Figura 22 e 23 ilustram a os valores de Soacutelidos Totais Soacutelidos Totais Fixos e Soacutelidos
Totais Volaacuteteis das tortas secas dos lodos desaguados sem e com adiccedilatildeo de poliacutemero
respectivamente
Figura 22 - Teor de soacutelidos da torta seca do lodo desaguado sem poliacutemero
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia C Convencional Soacutelidos Totais
STF Soacutelidos Totais Fixos e STV Soacutelidos Totais Volaacuteteis
000
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III
P P+A C
Teor de soacutelidos da torta seca do lodo sem poliacutemero
ST
STF
STV
67
Figura 23 - Teor de soacutelidos da torta seca do lodo desaguado com poliacutemero sinteacutetico
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia C Convencional Soacutelidos Totais
STF Soacutelidos Totais Fixos e STV Soacutelidos Totais Volaacuteteis
56 Anaacutelise geral dos sistemas
O lodo com ou sem poliacutemero mostrou comportamento semelhante ao percolar
uma fraccedilatildeo significativa de seu volume nas primeiras horas do desaguamento e
posteriormente assumiu uma taxa de infiltraccedilatildeo mais lenta a diferenccedila verificada foi no
menor tempo necessaacuterio e na maior quantidade de aacutegua desaguada do lodo
condicionado como observado na Figura 24 Os pontos no graacutefico tratam-se das
meacutedias das seacuteries nos sistemas Neste graacutefico foram inclusos todos os pontos de todas
as seacuteries em ordem cronoloacutegica sendo possiacutevel assim observar um comportamento em
cada sistema estudado
000
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie IV Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III
P P+A C
Teor de soacutelidos da torta seca do lodo com poliacutemero sinteacutetico
ST
STF
STV
68
Figura 24 - Hidrograma do desaguamento do lodo em todos os sistemas no lodo natildeo condicionado e condicionado
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
Esta raacutepida percolaccedilatildeo pode ser justificada pela interaccedilatildeo do poliacutemero com as
partiacuteculas do lodo ocorrer quase imediatamente apoacutes a sua aplicaccedilatildeo (WPCFM 1988)
Isso ocorre porque os poliacutemeros atuam como coagulantes formando pontes quiacutemicas
entre o poliacutemero e as partiacuteculas coloidais presentes no lodo que satildeo adsorvidas pelas
diversas cadeias de monocircmeros do poliacutemero agregando-se em flocos densos passiacuteveis
de serem removidos por filtraccedilatildeo sedimentaccedilatildeo ou flotaccedilatildeo (LIBAcircNIO 2005)
Portanto tempos menores de desaguamento implicariam em maior quantidade
de ciclos de secagem em leitos em escala real podendo ocasionar um impacto
consideraacutevel no caacutelculo da aacuterea necessaacuteria para o leito
Apesar disso os valores de ST nas seacuteries com adiccedilatildeo de poliacutemero podem ser
considerados iguais aos do lodo sem condicionamento Certamente pelo periacuteodo de
desaguamento do lodo sem poliacutemero ter sido muito superior ao do lodo condicionado
(em torno de 35 e 6 dias respectivamente) houve maior evaporaccedilatildeo da aacutegua presente
no lodo nestes sistemas (por volta de 23 e 6 de modo respectivo) que compensou o
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900
Vo
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e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo nos sistemas com e sem poliacutemero
P Sem poliacutemero P com poliacutemero P+A sem poliacutemero
C sem poliacutemero C com poliacutemero P+A com poliacutemero
69
menor volume drenado Isso decorre de que em leitos de secagem haacute necessidade de
tempos relativamente longos de evaporaccedilatildeo (van Haandel amp Lettinga 1994)
Pode-se considerar que a evaporaccedilatildeo eacute uma grande contribuinte no desaguamento
em escala real e consequentemente na obtenccedilatildeo de teores maiores de ST nas tortas
secas Poreacutem em escala de bancada os sistemas sofreram menor influecircncia da
evaporaccedilatildeo devido a menor influecircncia dos fatores climaacuteticos responsaacuteveis pela
evaporaccedilatildeo tendo entatildeo seus valores de ST subestimados
Analisando-se os sistemas verifica-se que de maneira geral pelas Figuras 25 e
26 que o sistema convencional foi significativamente mais lento que os sistemas
alternativos e os volumes desaguados foram menores do que nos sistemas pavimento
permeaacutevel e pavimento e areia No lodo sem condicionamento enquanto 563 do
volume inicial foi percolado nas 30 primeiras horas no sistema composto por pavimento
permeaacutevel o sistema pavimento permeaacutevel e areia foi ligeiramente mais lento
desaguando neste periacuteodo 486 de seu volume e no sistema convencional somente
301 Para o lodo condicionado nas primeiras 3 h o pavimento permeaacutevel pavimento
permeaacutevel acrescido de areia e convencional desaguaram 690 487 e 185 de seu
volume
Figura 25 - Desaguamento do lodo sem poliacutemero - meacutedias das seacuteries
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
00
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
00 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000
Volu
me
acum
ulad
o (m
L)
Tempo (h)
Desaguamento meacutedio do lodo sem poliacutemero
P
P+A
C
70
Figura 26 - Desaguamento do lodo com poliacutemero - meacutedias das seacuteries
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
Todavia o sistema convencional produziu tortas secas com menor umidade
Como jaacute explicado anteriormente esses resultados podem ser justificados pela
existecircncia de uma camada maior de areia em que parte da aacutegua percolada tenha
ficado ali retida A adiccedilatildeo da camada de areia de 001 m ao pavimento permeaacutevel natildeo
mostrou aumento significativo tanto no volume desaguado quanto na torta seca
produzindo valores de ST semelhantes aos do sistema composto somente por
pavimento permeaacutevel
Aleacutem do sistema composto por pavimento permeaacutevel obter maior volume de
aacutegua percolada do que o sistema convencional pode-se considerar que este uacuteltimo tem
uma pequena aacuterea de drenagem (2 a 3 cm de camada de areia entre os tijolos
recozidos) em escala real como ilustra a Figura 27
00
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
00 100 200 300 400 500 600 700 800
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento meacutedio do lodo com poliacutemero
P
P+A
C
71
Figura 27 - Detalhe da constituiccedilatildeo do leito de secagem convencional
A NBR 122091992 considera que a aacuterea ocupada pela areia natildeo pode ser
inferior a 15 da aacuterea total do leito Desta forma considerando os valores das meacutedias
ajustadas o lodo sem poliacutemero e com poliacutemero desaguariam respectivamente 5298 e
13762 Lm-sup2 no sistema convencional Enquanto que o pavimento permeaacutevel e
pavimento permeaacutevel acrescido de areia desaguariam 8210 e 18173 Lm-sup2 para o lodo
sem adiccedilatildeo de poliacutemero e com adiccedilatildeo de poliacutemero respectivamente8
Por esse motivo como a percolaccedilatildeo da aacutegua eacute fator importante no teor de
umidade final da torta seca eacute importante balizar que da mesma forma que no processo
de drenagem o teor de soacutelidos da torta seca do sistema convencional eacute superestimado
na escala de bancada ou seja em escala real eacute provaacutevel que estes valores sejam
significativamente menores ou que demande-se mais tempo para obtenccedilatildeo da mesma
umidade na torta seca
Nota-se tambeacutem que os valores de Soacutelidos Totais Volaacuteteis (STV) satildeo superiores
aos Soacutelidos Totais Fixos (STF) com a relaccedilatildeo meacutedia de STVST de 058 superior a do
lodo bruto de 046 como jaacute citado uma das razotildees pode ser a percolaccedilatildeo de mateacuteria
inorgacircnica dissolvida Segundo Andreoli von Sperling amp Fernandes (2001) a relaccedilatildeo
8 Para a obtenccedilatildeo destes valores utilizou-se a meacutedia dos volumes desaguados dos sistemas para
calcular-se o volume desaguado por msup2 Considerou-se que a percolaccedilatildeo ocorre em toda a aacuterea do leito
nos sistemas pavimento permeaacutevel e pavimento permeaacutevel e areia No sistema convencional
considerou-se que a percolaccedilatildeo somente ocorre na aacuterea do onde haacute areia portanto estes valores foram
multiplicados por 15
72
entre SVST tiacutepica do eacute lodo desidratado eacute de 060 a 065 Poreacutem a relaccedilatildeo encontrada
por Andreoli et al (2009) foi de 022 indicando a grande variabilidade do lodo
Como jaacute mencionado Ruiz Kaosol amp Wisniewsk (2010) relacionaram a
quantidade de mateacuteria orgacircnica presente no lodo e sua aptidatildeo ao desaguamento
mecacircnico estabelecendo a relaccedilatildeo inversamente proporcional entre mateacuteria orgacircnica e
eficiecircncia do processo de desaguamento mecacircnico Andreoli von Sperling amp Fernandes
(2001) tambeacutem afirmam que lodos com menor teor de mateacuteria orgacircnica tambeacutem satildeo
mais indicados para o desaguamento por processos naturais Esses resultados
apontam que o lodo utilizado na pesquisa tem aptidatildeo ao desaguamento por ter sofrido
digestatildeo
Aleacutem disso eacute necessaacuterio atentar que diferentemente dos resultados obtidos por
van Haandel amp Lettinga (1994) a concentraccedilatildeo de soacutelidos influenciou o desaguamento
do lodo uma vez que o volume aplicado sobre os leitos foi o mesmo sendo que a
carga aplicada alterou-se em funccedilatildeo da concentraccedilatildeo de soacutelidos que se alterou
durante a pesquisa
Observa-se tambeacutem que van Haandel amp Lettinga (1994) utilizaram lodos com ST
entre 4 e 10 finalizando o desaguamento com fraccedilatildeo de soacutelidos de aproximadamente
20 nos leitos de secagem convencional Os valores obtidos na presente pesquisa
para o leito de secagem convencional satildeo superiores aos encontrados pelos
pesquisadores variando de 28 a 33
Com o objetivo de estimar a influecircncia da evaporaccedilatildeo nos sistemas elaborou-se
duas hipoacuteteses a primeira considera a quantidade de aacutegua evaporada como percolada
pelos sistemas e a segunda trata-se de calcular a umidade do lodo caso natildeo houvesse
a evaporaccedilatildeo nos sistemas Ambas baseiam-se nas perdas de aacutegua por evaporaccedilatildeo
registradas pelo sistema controle
73
57 Hipoacutetese I ndash Aacutegua evaporada do lodo sendo percolada
Com o intuito de explicar a diferenccedila de volume desaguado no lodo sem e com
condicionamento a primeira hipoacutetese assume a ausecircncia de evaporaccedilatildeo considerando
que a porccedilatildeo de aacutegua que foi evaporada da coluna drsquoaacutegua foi percolada nos sistemas
respeitando-se a quantidade e tempo em que ocorreu a evaporaccedilatildeo no sistema
controle Para tanto faz-se necessaacuterias algumas ponderaccedilotildees
A evaporaccedilatildeo de um liacutequido tem relaccedilatildeo estreita com sua tensatildeo superficial
quanto mais baixa esta eacute maior seraacute a evaporaccedilatildeo Sabe-se que a aacutegua naturalmente
presente na natureza tem alta tensatildeo superficial e existem substacircncias que conteacutem
moleacuteculas anfifiacutelicas como detergente e sabatildeo que diminuem a tensatildeo superficial da
aacutegua e consequentemente acabam facilitando a evaporaccedilatildeo da aacutegua O lodo de
esgoto eacute uma matriz complexa isto eacute tem composiccedilatildeo diversificada e provavelmente
tem quantidade consideraacutevel de moleacuteculas anfifiacutelicas podendo deixar a tensatildeo
superficial mais baixa e portanto facilitando a evaporaccedilatildeo da aacutegua livre presente no
lodo Para fins de melhor aplicabilidade desta hipoacutetese seria necessaacuterio mensurar a
tensatildeo superficial do lodo (MYERS 1999) Aleacutem disso a aacuterea superficial de aacutegua que
entra em contato com a atmosfera eacute muito maior no lodo do que na coluna drsquoaacutegua
colaborando para maior evaporaccedilatildeo do primeiro
Para tanto admitiu-se que a evaporaccedilatildeo da aacutegua ldquocomumrdquo eacute a mesma que a da
aacutegua livre presente no lodo e que esta eacute predominante em relaccedilatildeo aos demais tipos de
aacutegua presente (van Haandel amp Lettinga1994 VESILIND 1994) As estimativas dos
volumes percolados em todas as seacuteries podem ser visualizadas na Tabela 10
Ressalva-se que as Seacuteries II e III do lodo com adiccedilatildeo de poliacutemero foram iniciadas
durante a Seacuterie III do lodo sem adiccedilatildeo de poliacutemero fazendo com que o sistema controle
para estas seacuteries natildeo tenha sido iniciado com 2000 mL de aacutegua pois jaacute havia certa
perda pela Seacuterie III sem adiccedilatildeo de poliacutemero O volume presente na coluna drsquoaacutegua
quando Seacuteries II e III iniciaram era de 17473 e 14079 mL respectivamente Sendo os
volumes estimados calculados a partir destes volumes
74
Tabela 10 - Desaguamento do lodo de esgoto nos sistemas - Hipoacutetese I
Sem Poliacutemero
Sistemas Seacuteries I II III IV Meacutedia plusmn CV
VE (mL) 355 408 643 - 469 1533 327
P V (mL) 540 665 628 - 611 642 105
V (mL) 895 814 1271 - 993 2439 245
P+A V (mL) 578 675 609 - 621 495 80
V (mL) 933 1083 1251 - 1089 1591 146
C V (mL) 561 492 587 - 547 491 90
V (mL) 916 901 1227 - 1015 1840 181
Com poliacutemero
VE (mL) 29 282 48 48 120 1407 1177
P V (mL) 1484 1411 1481 1479 1459 413 28
V (mL) 1513 1693 1532 1493 1579 989 63
P+A V (mL) 1413 1377 1513 - 1434 705 49
V (mL) 1442 1658 1564 - 1611 665 41
C V (mL) 1232 1145 1265 - 1214 620 51
V (mL) 1378 1426 1316 - 1426 552 39 Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia C Convencional VE Volume
evaporado no sistema controle V Volume real e Vrsquo Volume estimado na Hipoacutetese I
Para o sistema composto por pavimento permeaacutevel com lodo sem poliacutemero os
volumes aumentariam em 6574 2240 e 10229 o volume real percolado nas seacuteries
I II e III respectivamente No mesmo sistema o lodo condicionado os volumes
incrementados nas seacuteries I II e III seriam muito pequenos de 195 1999 344 e 095
no volume desaguado Como dito anteriormente a seacuterie II foi a mais influenciada pela
evaporaccedilatildeo devido agraves altas temperaturas e maior periacuteodo de percolaccedilatildeo
O desaguamento do lodo sem condicionamento no sistema pavimento permeaacutevel
e areia os volumes desaguados nas seacuteries I II e III acresceriam em 6142 6044 e
10542 respectivamente No lodo condicionado no mesmo sistema o desaguamento
nas seacuteries I II e III receberiam um incremento de 205 2041 e 337 respectivamente
no volume percolado pelos sistemas
75
Jaacute no sistema convencional a inserccedilatildeo do volume evaporado agrave aacutegua percolada
acrescentaria 6328 8313 e 10903 aos volumes desaguados nas seacuteries I II e III
respectivamente Para as seacuteries em que o lodo foi condicionado com poliacutemero sinteacutetico
a percolaccedilatildeo nas seacuteries I II e III representariam um aumento de 1185 2454 e 403
em relaccedilatildeo ao volume desaguado real
Esperava-se que esta hipoacutetese pudesse explicar a grande diferenccedila de volume
desaguado entre o lodo sem poliacutemero e com poliacutemero com os volumes deste primeiro
aproximando-se deste uacuteltimo Conquanto isso natildeo foi verificado visto que a diferenccedila
foi em torno de 400 mL No entanto eacute necessaacuterio fazer uma ressalva quanto ao volume
desaguado no lodo condicionado ser ainda muito maior que no lodo natildeo condicionado
a evaporaccedilatildeo mensurada provavelmente eacute subestimada pois a evaporaccedilatildeo da aacutegua
em matrizes complexas como o lodo de esgoto eacute provavelmente facilitada pela menor
tensatildeo superficial o que poderia compensar parte desta discrepacircncia entre maior
volume percolado pelo lodo com poliacutemero e tortas secas de umidade iguais as do lodo
sem poliacutemero
Natildeo obstante os volumes foram maiores nas seacuteries que ocorreram em periacuteodos
mais quentes assim como nas seacuteries em que se avaliou o desaguamento natural do
lodo verificou-se que a influecircncia da evaporaccedilatildeo foi maior devido ao maior periacuteodo de
exposiccedilatildeo
76
58 Hipoacutetese II ndash Ausecircncia de evaporaccedilatildeo nos sistemas
Para fins de anaacutelise da eficiecircncia do pavimento permeaacutevel de forma isolada
calculou-se qual seria o teor de soacutelidos da torta seca se natildeo houvesse evaporaccedilatildeo
Sabendo que a densidade do lodo eacute proacutexima agrave da aacutegua bem como sua massa
especiacutefica (ANDREOLI VON SPERLING amp FERNANDES 2001)
Considerou-se que a aacutegua comum tem comportamento igual ao da aacutegua
livre do lodo e portanto que um 1 mL de aacutegua eacute igual a 1 mg de aacutegua
Assumiu-se que o volume de aacutegua evaporada no sistema controle foi
evaporada tambeacutem pelos sistemas com lodo Buscou-se entatildeo verificar a
contribuiccedilatildeo dessa evaporaccedilatildeo para a constituiccedilatildeo das tortas secas
estimando o teor de soacutelidos secos descontando sua contribuiccedilatildeo
A estimativa do valor de soacutelidos totais sem contribuiccedilatildeo da evaporaccedilatildeo ( )
pode ser expressa pela seguinte equaccedilatildeo
Em que
Parcela de soacutelidos
Massa total
Onde a parcela de soacutelidos pode ser definida como
Volume do lodo bruto
Volume da aacutegua percolada pelo sistema
Volume da aacutegua no lodo desaguado
77
E o volume da aacutegua no lodo desaguado pode ser calculado por
Onde
Teor de umidade do lodo desaguado
Volume de aacutegua evaporada
E por fim a massa total seraacute
Nas seacuteries sem condicionamento quiacutemico as seacuteries I II e III tiveram uma
diferenccedila de meacutedia entre os teores de soacutelidos de 460 683 e 861 respectivamente
sendo que a temperatura foi crescente nas seacuteries Quanto agraves seacuteries com adiccedilatildeo de
poliacutemero a diferenccedila meacutedia foi de 128 769 209 nas seacuteries I II III
respectivamente A seacuterie IV natildeo foi possiacutevel aferir meacutedia e a diferenccedila foi de 206 Os
valores dos Soacutelidos Totais reais (ST) e Soacutelidos Totais estimados na Hipoacutetese II (STrsquo)
podem ser vistos na Tabela 11 e as Figuras 28 e 29
78
Tabela 11 - Teor de soacutelidos da torta seca ndash comparaccedilatildeo com a Hipoacutetese II
Sem Poliacutemero
Sistemas Seacuteries I II III IV Meacutedia plusmn CV
P ST () 196 2777 2487 - 2408 414 1720
ST () 1577 2127 1694 - 1799 290 1610
P+A ST () 2208 2967 2824 - 2666 403 1513
ST () 1768 2268 1932 - 1989 255 1281
C ST () 2824 3279 2872 - 2992 250 836
ST () 2265 258 1974 - 2273 303 1333
Com poliacutemero
P ST () 2412 2503 2327 2336 2395 082 341
ST () 2282 1693 2121 2129 2056 253 1232
P+A ST () 2645 262 2473 - 2579 092 360
ST () 2519 1805 2241 - 2188 360 1645
C ST () 2980 2753 2843 - 2859 114 400
ST () 2851 2071 2660 - 2527 407 1609 Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia C Convencional ST Soacutelidos
Totais real e STrsquo Soacutelidos Totais estimado na Hipoacutetese II
Figura 28 - Teor de soacutelidos das tortas secas sem condicionamento quiacutemico - Hipoacutetese II
Em que ST Soacutelidos Totais real e STrsquo Soacutelidos Totais estimado na Hipoacutetese II
05
101520253035
P P + A C P P + A C P P + A C
Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III
Teor de soacutelidos da torta seca sem poliacutemero - H2
ST
ST
79
Figura 29 - Teor de soacutelidos das tortas secas com condicionamento quiacutemico - Hipoacutetese II
Em que ST Soacutelidos Totais real e STrsquo Soacutelidos Totais estimado na Hipoacutetese II
Realizando esses caacutelculos observa-se que a evaporaccedilatildeo teve importante
contribuiccedilatildeo nas tortas secas especialmente nas seacuteries em que o lodo natildeo foi
condicionado com poliacutemero sinteacutetico devido ao tempo de percolaccedilatildeo ser muito maior
aumentando a exposiccedilatildeo do lodo ao ambiente Nota-se tambeacutem que altas temperaturas
e baixa umidade do ar9 favorecem a evaporaccedilatildeo da aacutegua presente no lodo jaacute que nas
seacuteries em que a evaporaccedilatildeo foi mais intensa ocorreu no periacuteodo de forte calor e baixa
precipitaccedilatildeo (Seacuterie III do lodo sem poliacutemero e Seacuterie II do lodo com poliacutemero)
A partir dos dados observados podem-se realizar algumas ponderaccedilotildees satildeo
elas
No lodo sem condicionamento orgacircnico a evaporaccedilatildeo foi mais significativa na
seacuterie III Nota-se que os volumes percolados dobrariam caso a aacutegua
evaporada fosse incorporada aos mesmos Como citado anteriormente o
periacuteodo em que se realizou esta seacuterie foi marcado por altas temperaturas e
quase nenhuma precipitaccedilatildeo
9 Natildeo foi possiacutevel obter dados da umidade relativa do ar
05
101520253035
P P + A C P P + A C P P + A C P
Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie IV
Teor de soacutelidos da torta seca do lodo com poliacutemero sinteacutetico - H2
ST
ST
80
No lodo condicionado a seacuterie II foi a de maior evaporaccedilatildeo tambeacutem devido
agraves altas temperaturas e baixa precipitaccedilatildeo registrada no periacuteodo em que a
seacuterie foi realizada
O aumento meacutedio das seacuteries sem condicionamento com poliacutemero foi de
6257 7545 e 8548 para os sistemas pavimento permeaacutevel pavimento
permeaacutevel acrescido de areia e convencional respectivamente Quanto agraves
seacuteries com adiccedilatildeo de poliacutemero esse aumento foi bem menor sendo de
642 no pavimento permeaacutevel 839 no pavimento permeaacutevel acrescido
de areia e 1312 no convencional
Enquanto o lodo com poliacutemero tem a maior perda de umidade decorrente da
maior percolaccedilatildeo gerada pela interaccedilatildeo entre poliacutemero e soacutelidos presentes
no lodo o lodo sem utilizaccedilatildeo de poliacutemero tem a evaporaccedilatildeo como maior
contribuinte para a perda de umidade e por isso produzem tortas secas de
igual teor
A partir do desaguamento real e das hipoacuteteses formuladas observa-se que o
desaguamento do lodo em leitos de secagem ocorre em duas fases distintas a primeira
eacute a percolaccedilatildeo preponderante nos primeiros dias das seacuteries e quando esta diminui o
processo de evaporaccedilatildeo torna-se o maior responsaacutevel pela perda de umidade no
restante do periacuteodo Fazem-se necessaacuterios estudos em escalas maiores onde se possa
mensurar a diferenccedila de volume bem como a influecircncia da evaporaccedilatildeo nos leitos de
secagem alternativos e convencional
59 Manutenccedilatildeo dos pavimentos
Apoacutes a utilizaccedilatildeo de doze pavimentos realizou-se o segundo teste de infiltraccedilatildeo em
meados de janeiro onde PV 2 foi descartado pois sua taxa esteve bem abaixo da
meacutedia dos outros (infiltrando 164 mL enquanto a meacutedia dos demais foi de 1000 mL) natildeo
possibilitando seu uso nos sistemas com camada de areia Ressalva-se que no
segundo e terceiro teste os pavimentos 10 11 e 12 ateacute entatildeo natildeo tinham sido
utilizados com o objetivo de garantir que tanto o lodo condicionado quanto o natildeo
81
condicionado tivessem duas de suas seacuteries desaguadas em pavimentos ainda natildeo
utilizados e somente uma delas em pavimentos reutilizados
Para tanto todos os pavimentos foram limpos com lavadora de alta pressatildeo
anteriormente ao teste com o objetivo de retirar o lodo que permaneceu aderido ao
pavimento e ao tubo do sistema Contudo o valor obtido dos demais pavimentos
tambeacutem natildeo foi satisfatoacuterio pois tiveram taxa de infiltraccedilatildeo em meacutedia 126 plusmn 8490 e
CV 009 abaixo do primeiro teste tendo em vista a possiacutevel existecircncia de oacuteleos e
graxas presentes em partiacuteculas de lodo que ainda podem ter permanecido nos
pavimentos Sendo assim para obtenccedilatildeo de taxas mais altas utilizou-se soluccedilatildeo
detergente deixando os sistemas mergulhados por uma semana Poreacutem a taxa de
infiltraccedilatildeo encontrada foi de 1421 mL 242 em meacutedia superior a do primeiro teste
Estes resultados podem ser explicados pela lavagem com alta pressatildeo ter movido
alguns gratildeos de basalto e areia presentes no pavimento de modo que os espaccedilos
vazios tornaram-se maiores a ponto de aumentarem a taxa
No que diz respeito aos sistemas pavimento permeaacutevel e areia e convencional a
taxa de infiltraccedilatildeo do teste 2 soacute foi aferida depois do terceiro teste dos pavimentos
sendo em meacutedia de 3613 plusmn 19817 e CV 055 e 788 mL plusmn471 e CV 006
respectivamente representando um aumento de 19858 e 4956 na taxa de infiltraccedilatildeo
em relaccedilatildeo ao teste 1 De acordo com as consideraccedilotildees expostas a meacutedia da taxa de
infiltraccedilatildeo eacute muito influenciada pela reutilizaccedilatildeo dos pavimentos como mostra a Figura
35 no Apecircndice B
A partir dos testes realizados eacute importante fazer algumas ponderaccedilotildees como os
pavimentos podem sofrer variaccedilotildees no volume de espaccedilos vazios que podem
influenciar a taxa de infiltraccedilatildeo de maneira significativa a reutilizaccedilatildeo dos pavimentos
mostrou-se possiacutevel poreacutem apresenta algumas limitaccedilotildees como a necessidade de
realizar lavagem dos pavimentos implicando em uso consideraacutevel de aacutegua Conquanto
esse processo eacute trabalhoso visto que a simples lavagem com aacutegua natildeo garante sua
limpeza necessitando do emprego de algo que friccione a superfiacutecie do pavimento para
82
que este seja limpo Para isso foi preciso utilizar uma lavadora de alta pressatildeo na
limpeza dos sistemas Mesmo assim dependendo das caracteriacutesticas do lodo pode
natildeo ser suficiente para remover totalmente os resiacuteduos sendo necessaacuterio o uso de
soluccedilotildees detergentes ou anaacutelogas
83
6 CONCLUSAtildeO
As metodologias utilizadas para condicionamento do lodo de tanque seacuteptico com
poliacutemeros naturais natildeo se mostraram eficazes no condicionamento do lodo de esgoto
de tanque seacuteptico
Todavia o uso de poliacutemero orgacircnico sinteacutetico mostrou-se eficiente Evidenciando
melhores resultados que o lodo sem condicionamento pela maior quantidade de
volume percolado e menor tempo de desaguamento que possibilitam a realizaccedilatildeo de
mais ciclos de secagem por ano e possivelmente a reduccedilatildeo da aacuterea do leito Todavia
os teores de soacutelidos da torta seca foram semelhantes aos obtidos no lodo sem
aplicaccedilatildeo de poliacutemero
Quanto agrave utilizaccedilatildeo de leito de secagem alternativo tanto o pavimento permeaacutevel
quanto o pavimento permeaacutevel com adiccedilatildeo de areia natildeo tiveram diferenccedila significativa
entre o volume desaguado e a umidade na torta seca o que dispensaria o acreacutescimo
de areia ao pavimento Comparando-se ao leito de secagem convencional verifica-se
que as duas formas de leito de secagem alternativo foram melhores nos quesitos
volume desaguado e tempo Contudo pela camada de areia maior a torta seca
produzida pelo leito convencional teve menor umidade apresentando melhor resultado
na escala de bancada Poreacutem em escala real esta camada de areia ocuparia uma
pequena parte da aacuterea do leito diminuindo consideravelmente a percolaccedilatildeo e
aumentando o tempo do ciclo de secagem A reutilizaccedilatildeo do pavimento mostrou-se
possiacutevel poreacutem trabalhosa e pode interferir na sua taxa de infiltraccedilatildeo
84
85
7 RECOMENDACcedilOtildeES
No decorrer da pesquisa pela limitaccedilatildeo de tempo do delineamento experimental e
de outros fatores muitas possibilidades de aprofundamento do estudo natildeo foram
possiacuteveis Poreacutem caso realizadas seriam interessantes contribuiccedilotildees no campo das
pesquisas em saneamento rural aleacutem de serem necessaacuterias para complementaccedilatildeo da
presente pesquisa
Apesar dos resultados natildeo terem sido positivos na aplicaccedilatildeo de poliacutemeros naturais
no lodo de tanque seacuteptico estes ainda podem ser uma alternativa promissora aos
poliacutemeros sinteacuteticos Para tanto sugere-se que sejam estudadas outras dosagens visto
que estas foram limitadas no estudo especialmente no caso do poliacutemero oriundo do
quiabo Ademais eacute possiacutevel que existam resultados positivos caso empregue-se
metodologias diferentes mas ainda simplificadas Aleacutem disso ainda que possivelmente
natildeo atendam a essa premissa o emprego de meacutetodos mais complexos que aumentem
a concentraccedilatildeo dos poliacutemeros em volumes viaacuteveis para aplicaccedilatildeo no lodo de esgoto
tambeacutem pode gerar resultados positivos uma vez que diversas pesquisas relataram
sua eficiecircncia no tratamento de aacutegua e esgoto Tambeacutem seria interessante a anaacutelise de
custos versus benefiacutecios no emprego de poliacutemeros naturais e sinteacuteticos e a sua
comparaccedilatildeo
No que diz respeito a utilizaccedilatildeo do pavimento permeaacutevel como leito de secagem
alternativo fazem-se necessaacuterios estudos em escalas maiores onde se possa mensurar
a diferenccedila de volume desaguado bem como a influecircncia da evaporaccedilatildeo nos leitos de
secagem alternativos e convencional para verificar a sua viabilidade Tambeacutem eacute
necessaacuterio verificar se a limpeza destes leitos seria factiacutevel nestas escalas
Portanto a otimizaccedilatildeo da etapa de desaguamento de lodo de tanque seacuteptico tanto
a utilizaccedilatildeo de poliacutemeros naturais quanto a simplificaccedilatildeo dos leitos de secagem
constituem-se objetos de estudo valiosos para buscar alternativas necessaacuterias para o
gerenciamento de lodo de lodo de esgoto e contribuem em uacuteltimo caso para a
melhoria dos serviccedilos de saneamento especialmente o saneamento rural
86
87
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92
93
APEcircNDICES
APEcircNDICE A Alcalinidade pH e concentraccedilatildeo de Soacutelidos do lodo bruto
Para caacutelculo da meacutedia dos valores obtidos eacute importante esclarecer que soacute foram
realizados estes caacutelculos para ST SST pH e alcalinidade haja visto que os STF STV
e SSF e SSV satildeo valores dependentes dos primeiros paracircmetros citados calculando-se
a meacutedia desvio padratildeo e coeficiente de variaccedilatildeo somente das anaacutelises validadas
destes Deste modo verificou-se primeiramente se as observaccedilotildees tinham indiacutecio de
normalidade como todas as variaacuteveis se adequavam a essa condiccedilatildeo fez-se um
intervalo de confianccedila calculando-se dois desvios acima da meacutedia e dois abaixo
cobrindo-se assim 98 da distribuiccedilatildeo dos dados Como a meacutedia eacute altamente
influenciada por valores extremos excluiu-se os valores indicados pelo intervalo de
confianccedila para seu caacutelculo plotando graacuteficos boxplot obteacutem-se o mesmo resultado
Para a anaacutelise de ST o intervalo de confianccedila foi de 6469874 a 9126126 mgL-1
Como pode ser observado na Figura 30 para ST foram excluiacutedos quatro valores por
natildeo se encaixarem neste criteacuterio e que podem ser fruto de erros laboratoriais
Figura 30 - Boxplot dos Soacutelidos Totais encontrados no lodo bruto
94
No caso dos SST somente um valor foi descartado e o intervalo de confianccedila foi
de 6162486 a 73752 14 mgL-1 A Figura 31 mostra o boxplot gerado
Figura 31 - Boxplot dos Soacutelidos Suspensos Totais encontrados no lodo bruto
A alcalinidade natildeo teve nenhum valor descartado e o intervalo de confianccedila foi
de 2146656 a 2483784 mg CaCO3 L-1 o boxplot pode ser visualizado na Figura 32
Figura 32 - Boxplot da Alcalinidade encontrada no lodo bruto
95
O pH tambeacutem teve o mesmo comportamento da alcalinidade eacute o intervalo de
confianccedila mostra que o verdadeiro valor da meacutedia de pH estaacute entre 736 a 759 como
evidencia o boxplot da Figura 33
Figura 33 - Boxplot do pH encontrado no lodo bruto
96
APEcircNDICE B Infiltraccedilatildeo dos sistemas volume desaguado e tortas secas dos
sistemas temperatura registradas duraccedilatildeo evaporaccedilatildeo das seacuteries
Infiltraccedilatildeo
Tabela 12 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos
Taxa de Infiltraccedilatildeo
P Teste I Teste II Teste III
Volume (mL)
Volume (mL)
Volume (mL)
1 1192 1068 1600
2 768 164 -
3 1216 1148 1596
4 1228 948 1552
5 1252 1020 1580
6 1068 1012 1364
7 1092 1020 1524
8 1192 924 1312
9 1110 1048 1588
10 1116 - -
11 1104 - -
12 1096 - -
13 1112 840 1000
14 852 588 1332
15 1092 968 1180
Figura 34 - Boxplot da taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos no Teste 1
97
Na Figura 35 os valores de PV10 PV11 e PV12 satildeo considerados como 0 no
graacutefico por natildeo terem sido incluso no caacutelculo porque ateacute entatildeo natildeo tinham sido
utilizados natildeo sendo considerados nas meacutedias dos testes 2 e 3 Em cada ponto satildeo
mostrados o intervalo de confianccedila aproximado das taxas de infiltraccedilatildeo utilizando a
suposiccedilatildeo de normalidade dos dados As linhas auxiliam na visualizaccedilatildeo geral dos
valores nos diferentes testes
Figura 35 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos permeaacuteveis nos testes 1 (sem utilizaccedilatildeo) 2 (lavagem) e 3 (lavagem com soluccedilatildeo detergente)
Em que PV Pavimentos PV10 PV11 E PV12 natildeo foram inclusos nos testes 2 e 3
Na Tabela 13 encontram-se os valores da taxa de infiltraccedilatildeo para os sistemas
pavimento com adiccedilatildeo de areia e convencional Como jaacute citado o pavimento 11
(equivalente ao sistema 4 em P+A) natildeo tinha sido utilizado ateacute a realizaccedilatildeo do segundo
teste Com exceccedilatildeo do primeiro sistema P+A (equivalente ao pavimento 2) todos os
sistemas tiveram suas taxas de infiltraccedilatildeo bastante elevadas no segundo teste
98
Tabela 13 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas pavimento com adiccedilatildeo de areia e convencional
Taxa de Infiltraccedilatildeo
P+A Teste I Teste II
C Teste I Teste II
Volume (mL) Volume (mL) Volume (mL) Volume (mL)
1 646 296 1 430 738
2 626 440 2 490 792
3 738 436 3 760 754
4 2048 - 4 616 940
5 2040 208 5 424 844 P+A Pavimento e Areia e C Convencional
Na Figura 36 visualiza-se os testes 1 e 2 de infiltraccedilatildeo nos sistemas compostos
por pavimento permeaacutevel e camada de areia Da mesma forma que o graacutefico observado
na Figura 39 os sistemas considerados com valor igual a 0 natildeo foram inclusos caacutelculo
neste caso por motivos distintos PV1 foi descartado antes do teste 2 e PV4 ateacute entatildeo
natildeo tinha sido utilizado Em cada ponto satildeo mostrados o intervalo de confianccedila
aproximado das taxas de infiltraccedilatildeo utilizando a suposiccedilatildeo de normalidade dos dados
As linhas tecircm a funccedilatildeo de auxiliar a visualizaccedilatildeo dos valores nos dois testes
Figura 36 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas compostos por pavimento permeaacutevel e areia nos testes 1 (sem utilizaccedilatildeo) e 2 (apoacutes lavagem dos pavimentos com soluccedilatildeo detergente)
Em que PV Pavimento permeaacutevel e areia PV1 e PV4 foram considerados como 0 por natildeo participarem do teste 2
99
A Figura 37 trata dos testes de infiltraccedilatildeo 1 e 2 do sistema convencional Da
mesma forma que nas duas figuras anteriores o sistema com valor igual a 0 natildeo foi
incluso caacutelculo por ateacute entatildeo natildeo ter sido utilizado Satildeo mostrados o intervalo de
confianccedila aproximado das taxas de infiltraccedilatildeo em cada ponto utilizando a suposiccedilatildeo de
normalidade dos dados Foram traccediladas linhas para auxiliar a visualizaccedilatildeo dos valores
nos testes
Figura 37 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas convencionais nos testes 1 (sem utilizaccedilatildeo) e 2 (apoacutes lavagem dos pavimentos com soluccedilatildeo detergente)
Em que C Sistema Convencional C4 foi considerado como 0 no graacutefico por natildeo participar do teste 2
Temperaturas
As temperaturas maacuteximas miacutenimas do dia foram fornecidas pelo Centro de
Pesquisas Meteoroloacutegicas e Climaacuteticas Aplicadas agrave Agricultura da Universidade
Estadual de Campinas (CEPAGRIUNICAMP) Tambeacutem houve monitoramento da
temperatura no Laboratoacuterio de Protoacutetipos contudo esse monitoramento se deu nos
momentos em que houve coleta de volume drenado dos sistemas realizando-se a
meacutedia dos valores nos dias em que houve mais de uma coleta As temperaturas podem
ser observadas nas Figuras 38 39 40 41 41 e 43
100
Figura 38 - Temperaturas registradas na Seacuterie I sem poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
Figura 39 - Temperaturas registradas na Seacuterie II sem poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
Figura 40 - Temperaturas registradas na Seacuterie III sem poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
0050
100150200250300350400
03
09
20
13
04
09
20
13
05
09
20
13
06
09
20
13
07
09
20
13
08
09
20
13
09
09
20
13
10
09
20
13
11
09
20
13
12
09
20
13
13
09
20
13
14
09
20
13
15
09
20
13
16
09
20
13
17
09
20
13
18
09
20
13
19
09
20
13
20
09
20
13
21
09
20
13
22
09
20
13
23
09
20
13
24
09
20
13
25
09
20
13
260
92
01
3
27
09
20
13
28
09
20
13
29
09
20
13
30
09
20
13
01
10
20
13
02
10
20
13
031
02
01
3
04
10
20
13
05
10
20
13
06
10
20
13
07
10
20
13
TdegC
Temperatura da Seacuterie I - Sem Poliacutemero
Maacutex Min Lab
0050
100150200250300350400
29
10
20
13
30
10
20
13
31
10
20
13
01
11
20
13
02
11
20
13
03
11
20
13
04
11
20
13
05
11
20
13
06
11
20
13
07
11
20
13
08
11
20
13
09
11
20
13
10
11
20
13
11
11
20
13
12
11
20
13
13
11
20
13
14
11
20
13
15
11
20
13
16
11
20
13
17
11
20
13
18
11
20
13
19
11
20
13
20
11
20
13
21
11
20
13
22
11
20
13
23
11
20
13
24
11
20
13
25
11
20
13
26
11
20
13
27
11
20
13
28
11
20
13
29
11
20
13
30
11
20
13
01
12
20
13
02
12
20
13
03
12
20
13
04
12
20
13
05
12
20
13
06
12
20
13
TdegC
Temperatura na Seacuterie II - Sem Poliacutemero
Maacutex Min Lab
0050
100150200250300350400
28
01
20
14
29
01
20
14
30
01
20
14
31
01
20
14
01
02
20
14
02
02
20
14
03
02
20
14
04
02
20
14
05
02
20
14
06
02
20
14
07
02
20
14
080
22
01
4
09
02
20
14
10
02
20
14
11
02
20
14
12
02
20
14
13
02
20
14
14
02
20
14
15
02
20
14
16
02
20
14
17
02
20
14
18
02
20
14
19
02
20
14
20
02
20
14
21
02
20
14
22
02
20
14
23
02
20
14
24
02
20
14
TdegC
Temperatura na Seacuterie III - Sem Poliacutemero
Maacutex Min Lab
101
Figura 41 - Temperaturas registradas na Seacuterie I com poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
Figura 42 - Temperaturas registradas na Seacuterie II com poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
0
5
10
15
20
25
30
27813 28813 29813
TdegC
Temperaturas Seacuterie I - Poliacutemero Sinteacutetico
Maacutex
Min
Lab
15
20
25
30
35
40
TdegC
Temperaturas Seacuterie II - Poliacutemero Sinteacutetico
Maacutex
Min
Lab
102
Figura 43 -Temperaturas registradas na Seacuterie III sem poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
Evaporaccedilatildeo Figura 44 - Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua nas seacuteries sem adiccedilatildeo de poliacutemero
10
15
20
25
30
35
40
180214 190214 200214 210214 220214
TdegC
Temperaturas Seacuterie III - Poliacutemero Sinteacutetico
Maacutex
Min
Lab
0
5
10
15
20
25
30
35
0 200 400 600 800 1000
Tempo (h)
Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua - Seacuteries sem Poliacutemero
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
103
Figura 45 - Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua nas seacuteries com adiccedilatildeo de poliacutemero
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
0 50 100 150 200
Tempo (h)
Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua - Seacuteries com Poliacutemero
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III e IV
104
Volume desaguado
Figura 46 - Boxplot do volume desaguado com ou sem poliacutemero em cada sistema (valores amostrais)
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
105
Figura 47 - Boxplot dos volumes desaguados com ou sem poliacutemero em cada sistema (valores ajustados)
Em que PP Sistemas Pavimento permeaacutevel e Pavimento com adiccedilatildeo de Areia e C Sistema Convencional
106
Figura 48 - Boxplot dos Soacutelidos Totais na torta seca do lodo com ou sem condicionamento quiacutemico
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
107
Figura 49 - Meacutedias e valores maacuteximos e miacutenimos dos teores de soacutelidos da torta seca nos sistemas com ou sem poliacutemero (valores ajustados)
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
x
xi
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 1
2 OBJETIVOS 3
21 Objetivos especiacuteficos 3
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 5
31 Breve histoacuterico do saneamento baacutesico na zona rural no Brasil 5
32 Tanque Seacuteptico 7
33 Lodo de esgoto 11
34 Desaguamento do lodo de esgoto 15
35 Condicionamento do lodo 21
36 Pavimento permeaacutevel 27
4 METODOLOGIA 29
41 Pavimento permeaacutevel 29
42 Lodo 31
43 Poliacutemeros 35
44 Montagem dos leitos de secagem 39
45 Taxa de infiltraccedilatildeo 43
46 Avaliaccedilatildeo dos sistemas quanto ao desaguamento do lodo 43
461 Avaliaccedilatildeo do desaguamento sem adiccedilatildeo de poliacutemero (Seacuterie 1)44
462 Avaliaccedilatildeo do desaguamento com adiccedilatildeo de poliacutemeros (Seacuteries 2 a 5)45
463 Sistema controle45
464 Avaliaccedilatildeo do Lodo Desaguado46
5 RESULTADOS 47
xii
51 Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas 47
52 Caracterizaccedilatildeo do lodo bruto 47
53 Dosagem oacutetima dos poliacutemeros 50
531 Poliacutemero Sinteacutetico52
532 Mandioca53
533 Moringa54
534 Quiabo55
535 Avaliaccedilatildeo geral da dosagem dos poliacutemeros55
54 Desaguamento do lodo nos sistemas 56
541 Sistema composto por Pavimento Permeaacutevel59
a) Lodo natildeo condicionado59
b) Lodo condicionado60
a) Lodo condicionado62
543 Sistema Convencional63
a) Lodo natildeo condicionado63
b) Lodo condicionado64
55 Teor de soacutelidos das tortas secas 65
56 Anaacutelise geral dos sistemas 67
57 Hipoacutetese I ndash Aacutegua evaporada do lodo sendo percolada 73
58 Hipoacutetese II ndash Ausecircncia de evaporaccedilatildeo nos sistemas 76
59 Manutenccedilatildeo dos pavimentos 80
6 CONCLUSAtildeO 83
7 RECOMENDACcedilOtildeES 85
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 87
xiii
APEcircNDICE A Alcalinidade pH e concentraccedilatildeo de Soacutelidos do lodo bruto 93
APEcircNDICE B Infiltraccedilatildeo dos sistemas volume desaguado e tortas secas dos
sistemas temperatura registradas duraccedilatildeo evaporaccedilatildeo das seacuteries 96
xiv
xv
AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo primeiramente aos meus pais Maria Elisa e Reinaldo por terem me
dado aleacutem da educaccedilatildeo o amor e a noccedilatildeo de que a vida tem um propoacutesito maior
Agradeccedilo tambeacutem aos meus familiares em especial ao meu irmatildeo Juacutelio e a minha avoacute
Ameacutelia com quem tenho a oportunidade do conviacutevio do lar haacute tantos anos Pela
paciecircncia que tecircm comigo em dias que estou impossiacutevel e pelos risos que cobriram
meu rosto muitas vezes
Agradeccedilo ao Prof Adriano pela excepcional orientaccedilatildeo por todos os conselhos e
paciecircncia durante esses mais de dois anos
Agraves amigas e amigos que compartilharam algumas xiacutecaras de cafeacute e happy hours
comigo Amanda Maia Amanda Marchi Artur Cardoso Bianca Gomes Gabriela
Bosshard Gabriela dos Reis Guilherme da Silva Guilherme Rebecchi Jenifer Silva
Joatildeo Paulo Hadler Jorge Barbarotto Lays Leonel Luana Cruz Maacutercio Haiba Mocircnica
Rodrigues Rodolfo Valentim Thalita Cruz e Thaita Rissi Os conselhos e as risadas
foram imprescindiacuteveis para a realizaccedilatildeo deste trabalho
Ao Ademir que aleacutem de toda a ajuda na idealizaccedilatildeo construccedilatildeo dos sistemas e
avaliaccedilatildeo dos pavimentos se tornou meu amigo Ao Diego e Eduardo da Secretaria de
Poacutes-Graduaccedilatildeo e ao Ariovaldo da Secretaria do Departamento de Saneamento e
Ambiente por terem resolvido muito dos meus pepinos burocraacuteticos pela simpatia e
gentileza com que me trataram sempre Aos ateacute entatildeo teacutecnicos do Lab San Enelton
Fernando e Liacutegia pelo grande suporte nas anaacutelises Ao meu amigo David Matta que
aleacutem da amizade me deu uma super ajuda com a anaacutelise estatiacutestica dos meus dados
De uma forma ou de outra todas e todos aqui mencionados contribuiacuteram natildeo soacute
para a obtenccedilatildeo do meu tiacutetulo de mestra mas tambeacutem para o meu crescimento
enquanto pessoa Saibam que aprendi muito com vocecircs
xvi
xvii
ldquoVivendo se aprende mas o que se aprende mais eacute soacute fazer outras maiores perguntasrdquo (Joatildeo Guimaratildees Rosa Grande Sertatildeo Veredas 1956)
xviii
xix
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Esquema do funcionamento de tanque seacuteptico de cacircmara uacutenica 8
Figura 2 - Planta de um leito de secagem convencional 17
Figura 3 - Corte transversal de um leito de secagem convencional 17
Figura 4 - Exemplo de aplicaccedilatildeo de pavimento permeaacutevel em estacionamento 28
Figura 5 - Pavimento permeaacutevel utilizado no projeto 29
Figura 6 - Extratora de corpo de prova utilizada para o corte do pavimento utilizado na
pesquisa 30
Figura 7 - Teste de jarros para dosagem oacutetima de poliacutemero 33
Figura 8 - Aparelho utilizado para aferir o Tempo de Succcedilatildeo Capilar (Capilary Suction
Time) 35
Figura 9 - Preparo da soluccedilatildeo de poliacutemero produzida a partir da mandioca 37
Figura 10 - Semente de Moringa oleiacutefera 38
Figura 11 - Preparo da soluccedilatildeo de poliacutemero produzida a partir do quiabo 39
Figura 12 - Sistema de bancada de leito de secagem utilizado na pesquisa 40
Figura 13 - Bancada experimental localizada no Laboratoacuterio de Protoacutetipos 42
Figura 14 - Detalhe dos sistemas em utilizaccedilatildeo na bancada experimental 42
Figura 15 - Coluna drsquoaacutegua utilizada como controle na bancada experimental 46
Figura 16 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento
permeaacutevel com lodo de esgoto sem poliacutemero 59
Figura 17 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento
permeaacutevel com lodo de esgoto com adiccedilatildeo de poliacutemero 61
Figura 18 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento
permeaacutevel com lodo de esgoto sem poliacutemero 62
xx
Figura 19 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento
permeaacutevel e areia com lodo de esgoto com adiccedilatildeo de poliacutemero 63
Figura 20 - Hidrograma do desaguamento do sistema convencional com lodo de esgoto
sem poliacutemero 64
Figura 21 - Hidrograma do desaguamento do sistema convencional com lodo de esgoto
com adiccedilatildeo de poliacutemero 65
Figura 22 - Teor de soacutelidos da torta seca do lodo desaguado sem poliacutemero 66
Figura 23 - Teor de soacutelidos da torta seca do lodo desaguado com poliacutemero sinteacutetico 67
Figura 24 - Hidrograma do desaguamento do lodo em todos os sistemas no lodo natildeo
condicionado e condicionado 68
Figura 25 - Desaguamento do lodo sem poliacutemero - meacutedias das seacuteries 69
Figura 26 - Desaguamento do lodo com poliacutemero - meacutedias das seacuteries 70
Figura 27 - Detalhe da constituiccedilatildeo do leito de secagem convencional 71
Figura 28 - Teor de soacutelidos das tortas secas sem condicionamento quiacutemico - Hipoacutetese
II 78
Figura 29 - Teor de soacutelidos das tortas secas com condicionamento quiacutemico - Hipoacutetese
II 79
Figura 30 - Boxplot dos Soacutelidos Totais encontrados no lodo bruto 93
Figura 31 - Boxplot dos Soacutelidos Suspensos Totais encontrados no lodo bruto 94
Figura 32 - Boxplot da Alcalinidade encontrada no lodo bruto 94
Figura 33 - Boxplot do pH encontrado no lodo bruto 95
Figura 34 - Boxplot da taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos no Teste 1 96
Figura 35 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos permeaacuteveis nos testes 1 (sem
utilizaccedilatildeo) 2 (lavagem) e 3 (lavagem com soluccedilatildeo detergente) 97
Figura 36 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas compostos por pavimento permeaacutevel e
areia nos testes 1 (sem utilizaccedilatildeo) e 2 (apoacutes lavagem dos pavimentos com soluccedilatildeo
detergente) 98
xxi
Figura 37 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas convencionais nos testes 1 (sem utilizaccedilatildeo)
e 2 (apoacutes lavagem dos pavimentos com soluccedilatildeo detergente) 99
Figura 38 - Temperaturas registradas na Seacuterie I sem poliacutemero 100
Figura 39 - Temperaturas registradas na Seacuterie II sem poliacutemero 100
Figura 40 - Temperaturas registradas na Seacuterie III sem poliacutemero 100
Figura 41 - Temperaturas registradas na Seacuterie I com poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no
Laboratoacuterio 101
Figura 42 - Temperaturas registradas na Seacuterie II com poliacutemero 101
Figura 43 -Temperaturas registradas na Seacuterie III sem poliacutemero 102
Figura 44 - Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua nas seacuteries sem adiccedilatildeo de poliacutemero 102
Figura 45 - Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua nas seacuteries com adiccedilatildeo de poliacutemero 103
Figura 46 - Boxplot do volume desaguado com ou sem poliacutemero em cada sistema
(valores amostrais) 104
Figura 47 - Boxplot dos volumes desaguados com ou sem poliacutemero em cada sistema
(valores ajustados) 105
Figura 48 - Boxplot dos Soacutelidos Totais na torta seca do lodo com ou sem
condicionamento quiacutemico 106
Figura 49 - Meacutedias e valores maacuteximos e miacutenimos dos teores de soacutelidos da torta seca
nos sistemas com ou sem poliacutemero (valores ajustados) 107
xxii
xxiii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Caracteriacutesticas de lodo de esgoto no Brasil 13
Tabela 2 - Meacutetodos utilizados na anaacutelise do lodo 34
Tabela 3 - Organizaccedilatildeo dos sistemas 41
Tabela 4 - Avaliaccedilatildeo dos sistemas 44
Tabela 5 - Comparaccedilatildeo entre dados encontrados na literatura e na presente pesquisa
48
Tabela 6 - Dosagens testadas dos poliacutemeros utilizados na pesquisa 52
Tabela 7 - Resultados obtidos no CST nas dosagens de poliacutemero testadas 53
Tabela 8 - Temperatura evaporaccedilatildeo e duraccedilatildeo das seacuteries 56
Tabela 9 - Resultados do desaguamento do lodo de esgoto de tanque seacuteptico 58
Tabela 10 - Desaguamento do lodo de esgoto nos sistemas - Hipoacutetese I 74
Tabela 11 - Teor de soacutelidos da torta seca ndash comparaccedilatildeo com a Hipoacutetese I 78
Tabela 12 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos 96
Tabela 13 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas pavimento com adiccedilatildeo de areia e
convencional 98
xxiv
xxv
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ANA ndash Agecircncia Nacional de Aacuteguas
CV ndash Coeficiente de Variaccedilatildeo
EPS - Substacircncias Polimeacutericas Extracelulares
ETE ndash Estaccedilatildeo de Tratamento de Esgoto
FUNASA ndash Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede
LABPRO ndash Laboratoacuterio de Protoacutetipos
LABREUSO ndash Laboratoacuterio de Reuso
LABSAN ndash Laboratoacuterio de Saneamento
LES - Laboratoacuterios de Estrutura
LMC - Materiais da Construccedilatildeo
PLANASA ndash Plano Nacional de Saneamento
PNAD ndash Pesquisa Nacional por Amostras em Domiciacutelios
PNRH ndash Poliacutetica Nacional de Recursos Hiacutedricos
PNSB ndash Poliacutetica Nacional de Saneamento Baacutesico
PV ndash Pavimento
SST ndash Soacutelidos Suspensos Totais
SSF ndash Soacutelidos Suspensos Fixos
SSV ndash Soacutelidos Suspensos Volaacuteteis
ST ndash Soacutelidos Totais
STF ndash Soacutelidos Totais Fixos
STV ndash Soacutelidos Totais Volaacuteteis
xxvi
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
O saneamento baacutesico eacute um direito garantido pela constituiccedilatildeo federal brasileira No
entanto diversos municiacutepios natildeo tecircm acesso adequado a este serviccedilo no paiacutes
principalmente quando se trata da coleta e tratamento de esgoto Neste contexto as
regiotildees de baixa densidade demograacutefica como as zonas rurais satildeo as que mais
carecem do esgotamento sanitaacuterio No Brasil segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatiacutestica - IBGE (2010) cerca de 30 milhotildees de pessoas vivem na zona
rural ou seja haacute necessidade de realizaccedilatildeo de pesquisas que atendam agraves demandas
dessas comunidades sendo uma delas o saneamento baacutesico
Contudo a Pesquisa Nacional de Amostras por Domiciacutelios (PNAD) de 2011 revela
que entre os domiciacutelios sem rede coletora de esgoto os tanques seacutepticos representam
a principal alternativa para o lanccedilamento do esgoto domeacutestico e estatildeo presentes em
22 dos domiciacutelios no paiacutes (IBGE 2012)
A disposiccedilatildeo em tanques seacutepticos segundo Andreoli et al (2009) ainda que
longe do desejaacutevel pode reduzir cerca de 30 do potencial poluidor sendo
responsaacuteveis por uma reduccedilatildeo de carga orgacircnica de no miacutenimo 13 milhatildeo de kg de
Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO) por dia fato que ameniza os impactos
ambientais decorrentes da falta da rede coletora de esgoto
Considerando que mais de 23 milhotildees de domiciacutelios possuem tanques seacutepticos
ou fossas rudimentares no Brasil pode-se estimar que a produccedilatildeo de lodo digerido que
possui de 94 a 97 de umidade ultrapasse 8 milhotildees de msup3 por ano ndash observando-se o
valor indicado pela NBR 72291993 para o coeficiente de reduccedilatildeo de volume por
digestatildeo (ABNT 1993)
Desta forma haacute necessidade de realizar-se adequadamente o gerenciamento
deste lodo etapa comumente negligenciada no tratamento de esgoto caso contraacuterio o
benefiacutecio ambiental gerado pelo tratamento estaraacute comprometido Dentro deste
gerenciamento o desaguamento por processos naturais satildeo os mais adequados agraves
comunidades rurais por serem meacutetodos simplificados e de baixo custo
2
Tendo em vista um aumento da eficiecircncia deste processo vislumbrou-se a
possibilidade de utilizaccedilatildeo de poliacutemeros que atuam como condicionantes de lodo Os
poliacutemeros podem ser sinteacuteticos ou naturais Os primeiros satildeo produzidos
industrialmente e podem oferecer riscos agrave sauacutede humana aleacutem de impactos
ambientais A utilizaccedilatildeo de poliacutemeros naturais permitiria a reduccedilatildeo destes riscos e
impactos aleacutem de apresentarem menor custo constituindo-se como melhor alternativa
agraves comunidades rurais
Aleacutem disso a reconfiguraccedilatildeo dos leitos de secagem tradicionais utilizando-se
pavimentos permeaacuteveis poderia aumentar a taxa da drenagem da aacutegua presente no
lodo Essa combinaccedilatildeo entre poliacutemeros naturais e leito de secagem permitiria a reduccedilatildeo
do tempo de formaccedilatildeo e remoccedilatildeo da torta seca e da aacuterea do leito de secagem jaacute que
estes apresentam diversos inconvenientes como a demanda por grandes aacutereas e
longos periacuteodos para o desaguamento
Portanto a busca por alternativas adequadas agrave ETE de pequeno porte
localizadas em comunidades isoladas eou rurais historicamente negligenciadas pelo
Estado brasileiro constitui-se como medida efetiva de promoccedilatildeo de sauacutede e melhoria
na qualidade do ambiente uma vez que o acesso ao saneamento integra o conjunto de
medidas da medicina preventiva e reduz o impacto ambiental em corpos hiacutedricos e
contaminaccedilatildeo do solo e lenccediloacuteis freaacuteticos
3
2 OBJETIVOS
O objetivo do projeto foi comparar a eficiecircncia de desaguamento da porccedilatildeo de aacutegua
livre contida no lodo de tanque seacuteptico com o emprego de leito de secagem
convencional e leito de secagem composto por pavimento permeaacutevel e avaliar a
utilizaccedilatildeo de poliacutemeros naturais oriundos da mandioca (Manihot esculenta Crantz)
moringa (Moringa oleifera) e quiabo (Abelmoschus esculentus) e um sinteacutetico como
auxiliares do processo
21 Objetivos especiacuteficos
Comparar o desaguamento da porccedilatildeo de aacutegua livre contida no lodo de tanque
seacuteptico entre
a) leito de secagem convencional
b) leito de secagem composto por pavimento permeaacutevel e uma camada de
areia de 001m
c) leito de secagem composto somente com pavimento permeaacutevel
Avaliar a influecircncia da utilizaccedilatildeo dos poliacutemeros na eficiecircncia do desaguamento
Sendo estes oriundos da mandioca (Manihot esculenta Crantz) moringa
(Moringa oleifera) e quiabo (Abelmoschus esculentus) e um sinteacutetico
Comparar a eficiecircncia entre a utilizaccedilatildeo dos poliacutemeros naturais e sinteacutetico
4
5
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
31 Breve histoacuterico do saneamento baacutesico na zona rural no Brasil
O saneamento na zona rural sempre foi negligenciado por parte do Estado Tendo
se tornado uma preocupaccedilatildeo para o poder puacuteblico somente no iniacutecio do seacuteculo XX apoacutes
trabalho realizado pela Liga Proacute-Saneamento do Brasil que foi um movimento
nacionalista formado por meacutedicos cientistas antropoacutelogos e funcionaacuterios dos serviccedilos
federais Este movimento realizou um relatoacuterio sobre o saneamento na zona rural
atraveacutes de diversas incursotildees pelos ldquosertotildeesrdquo e encontraram uma populaccedilatildeo doente e
miseraacutevel A ausecircncia de poliacuteticas sociais e a grande pobreza decorrente da grande
concentraccedilatildeo de terras e a exploraccedilatildeo a que boa parte desta populaccedilatildeo era submetida
a tornava enfraquecida por doenccedilas decorrentes da falta de saneamento baacutesico e
impossibilitada de ter melhores condiccedilotildees de vida (GRECO 1999 NEVES 2009) Esse
grupo criticava a ausecircncia do poder puacuteblico nestes locais e acreditava ser possiacutevel
reverter este quadro promovendo accedilotildees integradas de sauacutede e saneamento baseando-
se no conceito de sociabilidade das doenccedilas (REZENDE amp HEacuteLLER 2008)
No entanto natildeo consideravam os aspectos de subdesenvolvimento e desigualdade
social que contribuiacuteam para tal situaccedilatildeo (GRECO 1999 NEVES 2009 REZENDE amp
HEacuteLLER 2008) Como se o personagem ldquoJeca Taturdquo de Monteiro Lobato assolado
pela ancilostomiacutease pudesse tornar-se vigoroso capitalista somente tendo acesso agrave
sauacutede Portanto o projeto de ldquosaneamento dos sertotildeesrdquo atraveacutes da exclusiva promoccedilatildeo
de sauacutede buscava defender a ldquovocaccedilatildeo agriacutecolardquo do paiacutes e integrar a populaccedilatildeo rural agrave
economia nacional Contudo foi a partir deste movimento que se lanccedilou as bases para
uma reforma que unificou e centralizou as accedilotildees de sauacutede e saneamento no paiacutes
(REZENDE amp HEacuteLLER 2008)
Com a intensificaccedilatildeo do ecircxodo rural a partir da deacutecada de 1940 pela
industrializaccedilatildeo do paiacutes causando intensa urbanizaccedilatildeo deslocou-se recursos a serem
destinados a zona rural que viviam em condiccedilotildees precaacuterias de sauacutede saneamento
educaccedilatildeo e moradia A partir da deacutecada de 1970 houve um distanciamento das accedilotildees
de sauacutede e saneamento e a criaccedilatildeo do Plano Nacional de Saneamento (PLANASA)
6
que investiu em abastecimento de aacutegua coleta e tratamento de esgoto (REZENDE amp
HEacuteLLER 2008)
Em 2007 com a criaccedilatildeo da Lei Nacional de Saneamento Baacutesico (LNSB) e sua
respectiva poliacutetica entendeu-se a grande vinculaccedilatildeo que deve existir entre as poliacuteticas
de saneamento baacutesico as poliacuteticas nacionais e regionais de recursos hiacutedricos e as
poliacuteticas regionais e locais de desenvolvimento urbano e sauacutede puacuteblica A Poliacutetica
Nacional de Recursos Hiacutedricos (PNRH) jaacute tem certa integraccedilatildeo com a LNSB como
exemplificado pelas accedilotildees da Agecircncia Nacional de Aacuteguas (ANA) Poreacutem a sauacutede
puacuteblica eacute uma grande ausente na LNSB exceto pela imposiccedilatildeo de que os planos de
saneamento baacutesico devam partir de um diagnoacutestico baseado em indicadores sanitaacuterios
e epidemioloacutegicos (CUNHA 2011)
A Poliacutetica Nacional de Saneamento Baacutesico (PNSB) determinou a elaboraccedilatildeo dos
programas de saneamento baacutesico integrado saneamento estruturante e saneamento
rural Sendo este uacuteltimo responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede por meio da
Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede (FUNASA) que tem coordenado o Programa Nacional de
Saneamento Rural visando integrar as poliacuteticas puacuteblicas de meio ambiente recursos
hiacutedricos sauacutede habitaccedilatildeo e igualdade racial (FUNASA 2012)
Entretanto ainda hoje de acordo com a PNAD 2011 a zona rural eacute marginalizada
quanto ao acesso aos serviccedilos de saneamento Somente 33 dos domiciacutelios tem
ligaccedilatildeo a rede de abastecimento de aacutegua e o acesso eacute ainda mais baixo quando se
trata de esgoto apenas 5 estatildeo ligados a rede coletora e 28 utilizam o tanque
seacuteptico como unidade de destinaccedilatildeo do esgoto mas a grande parte da populaccedilatildeo ainda
faz uso de fossa rudimentar lanccedilamento em corpos daacutegua e no solo a ceacuteu aberto
(IBGE 2012)
Do ponto de vista ambiental um projeto de saneamento deve estar apto a
responder natildeo soacute as questotildees sanitaacuterias mas tambeacutem as fontes de perturbaccedilatildeo da
qualidade ambiental no ambiente como a implicaccedilatildeo dos usos do efluente gerado e
seus subprodutos (PHILIPPI et al 1999)
7
Dentre as teacutecnicas de tratamento utilizadas nas zonas rurais o tratamento
anaeroacutebio oferece algumas vantagens em relaccedilatildeo ao aeroacutebio tais como projeto
relativamente simples e baixo custo baixa produccedilatildeo de lodo baixo consumo de energia
e de demanda de nutrientes com capacidade de receber altas cargas orgacircnicas e
sendo potencialmente gerador de energia (MOUSSAVI KAZEMBEIGI amp FARZADKIA
2010)
32 Tanque Seacuteptico
Eacute a forma de tratamento anaeroacutebia mais difundida e mais antiga no mundo haacute
registros de seu uso no seacuteculo XIX (BITTON 2005) e ainda se constitui como a
principal alternativa de tratamento de esgoto em comunidades isoladas eou rurais em
paiacuteses de economia perifeacuterica por ser uma forma de tratamento descentralizado
(MOUSSAVI KAZEMBEIGI amp FARZADKIA 2010) Desde que seja projetado situado e
mantido corretamente eacute considerado um tratamento de esgoto eficiente em aacutereas rurais
(WITHERS JARVIE amp STOATE 2011)
Os tanques seacutepticos podem ser definidos como uma unidade ciliacutendrica ou
prismaacutetica retangular de fluxo horizontal usada para tratamento de esgotos por
processos de sedimentaccedilatildeo flotaccedilatildeo e digestatildeo (ABNT 1993) Podem ser de cacircmara
uacutenica de cacircmaras em seacuterie ou de cacircmaras sobrepostas (ANDREOLI 2009) e sua
constituiccedilatildeo pode ser de concreto metal ou fibra de vidro (BITTON 2005)
Os soacutelidos sedimentaacuteveis presentes no esgoto formam a camada de lodo na parte
inferior do tanque Oacuteleos graxas e outros materiais leves flotam na superfiacutecie formando
uma camada de escuma A mateacuteria orgacircnica retida no fundo do tanque sofre
decomposiccedilatildeo facultativa e anaeroacutebia sendo convertida a compostos mais estaacuteveis e a
gases como gaacutes carbocircnico (CO2) e gaacutes sulfiacutedrico (H2S) e a remoccedilatildeo de Soacutelidos
Suspensos Totais (SST) e Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO) eacute geralmente de 70
a 80 e de 65 a 80 respectivamente podendo alcanccedilar em climas quentes remoccedilatildeo
8
de 80 de SST e 90 de DBO (METCALF amp EDDY 2009 BITTON 2005) Contudo eacute
pouco eficiente na remoccedilatildeo de organismos patogecircnicos (BITTON 2005)
O tempo em que o esgoto permanece no tanque para que seja tratado Tempo de
Detenccedilatildeo Hidraacuteulica (TDH) varia de 24 a 72 h (BITTON 2005) Na Figura 1 estaacute
representado um esquema de funcionamento de um tanque seacuteptico de cacircmara uacutenica
Figura 1 - Esquema do funcionamento de tanque seacuteptico de cacircmara uacutenica
Apesar deste sistema de tratamento ser extremamente antigo ainda eacute objeto de
pesquisa em diversos paiacuteses e se constitui como a principal forma de tratamento de
esgotos em comunidades rurais Entretanto a forma de operaccedilatildeo as unidades que
precedem ou sucedem os tanques seacutepticos e a destinaccedilatildeo final do efluente e do lodo
sofreram modificaccedilotildees qualitativas ao longo do tempo Fato que natildeo soacute comprova a
relevacircncia das pesquisas sobre este sistema como impacta positivamente a sauacutede
puacuteblica e o ambiente de modo geral
Moussavi Kazembeigi amp Farzadkia (2010) estudaram um modelo diferente de
tanque seacuteptico em escala piloto onde o fluxo de esgoto eacute vertical assemelhando-se
aos Reatores Anaeroacutebios de Fluxo Ascendente (RAFA) Os pesquisadores constataram
a remoccedilatildeo de 86 de SST 85 Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO) e 77 da
Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DQO) quando o TDH foi de 24h
9
Em seguida testaram a eficiecircncia de remoccedilatildeo desses indicadores com TDH de 12 e
6 h e notaram que esse decrescimento tambeacutem ocasionou o decrescimento da
remoccedilatildeo de SST de 67 para 33 respectivamente O mesmo ocorreu para os
paracircmetros de DBO e DQO em que o periacuteodo de 12h houve remoccedilatildeo de 71 e 77 e
no periacuteodo de 6 h remoccedilatildeo de 33 e 31 respectivamente constatando que neste caso
natildeo eacute possiacutevel reduzir o tempo de detenccedilatildeo hidraacuteulica dentro da unidade de tratamento
sem comprometer a eficiecircncia de remoccedilatildeo da carga orgacircnica
Os autores concluiacuteram que a modificaccedilatildeo do fluxo de esgoto se revelou eficiente no
tratamento de esgotos domeacutesticos e pode propiciar menor geraccedilatildeo de lodo implicando
em uma manutenccedilatildeo mais simplificada comparada agraves unidades convencionais e
consequentemente em menores custos
Uma pesquisa semelhante foi realizada em escala real em El Tel El Sagheer uma
pequena comunidade localizada agrave 120 km de Cairo Egito O tanque seacuteptico modificado
proposto por Sabry (2010) constitui-se por dois compartimentos O primeiro cujo fluxo
do efluente era vertical possuiacutea uma seacuterie de chapas inclinadas a 60deg conhecidas
como decantadores por colmeia que separavam a fase soacutelida da liacutequida minimizando
a quantidade de soacutelidos que escapavam para o compartimento seguinte e retinham a
escuma O primeiro tanque exercia a funccedilatildeo de digerir anaeroacutebiamente a mateacuteria
orgacircnica sedimentando os soacutelidos suspensos no fundo que formam o lodo tendo
tambeacutem uma saiacuteda para o biogaacutes formado
O segundo compartimento era divido em dois e servia como uma unidade de
polimento degradando a mateacuteria orgacircnica residual atraveacutes da filtraccedilatildeo que ocorria o
com cascalho no fundo do tanque retendo os soacutelidos bioloacutegicos por um longo periacuteodo
Para tal o sistema exigia a utilizaccedilatildeo de duas bombas submersas uma em cada
tanque com vazatildeo de 0003 msup3s-1 O TDH dos dois compartimentos era de 20 h
velocidade ascensional na vazatildeo maacutexima diaacuteria de 0125 m h-1 e carga orgacircnica meacutedia
no segundo compartimento de 042 kg DBO m-3 d Aleacutem disso uma unidade de
10
desinfecccedilatildeo foi instalada para injetar uma soluccedilatildeo de hipoclorito de soacutedio no efluente
tratado com vistas a adequaccedilatildeo a legislaccedilatildeo local
Durante quase um ano de operaccedilatildeo e monitoramento o sistema removeu 81 da
DBO 84 do DQO e 89 dos SST enquanto a remoccedilatildeo em um sistema de tanque
seacuteptico seguido de filtro anaeroacutebio citado pelo pesquisador foi de 56 para DBO 52
para DQO e 54 para SST O sistema tambeacutem se mostrou de faacutecil reprodutibilidade e
baixo custo provando-se uma alternativa promissora para o tratamento de esgotos em
comunidades rurais em regiotildees em situaccedilatildeo anaacuteloga ao Egito
Os tanques seacutepticos tambeacutem podem ser integrados a outros processos de
tratamento como demonstrado por Philippi et al (1999) numa pesquisa realizada no
Brasil no estado de Santa Catarina Os pesquisadores verificaram a eficiecircncia de uma
zona de raiacutezes (tambeacutem conhecida pelo seu termo em inglecircs wetland) que recebia
efluente de um tanque seacuteptico Proveniente de uma induacutestria alimentiacutecia continha soro
de queijo gordura sangue alimentos enlatados carne suiacutena e esgoto sanitaacuterio sendo
que parte desse material ficava na caixa de gordura situada apoacutes o tanque seacuteptico que
foi construiacutedo em escala real de acordo com a NBR 72231993
Apoacutes a caixa de gordura o efluente entrava na parte inferior da zona de raiacutezes e
passava por camadas de areia feno de arroz e argila chegando as raiacutezes da
Zizaniopsis bonariensis espeacutecie de planta aquaacutetica tiacutepica da regiatildeo sul do paiacutes Os
pontos de monitoramento foram nas saiacutedas do tanque seacuteptico (P1) e da zona de raiacutezes
(P2) e os resultados mostraram que a reduccedilatildeo do P1 para DBO e DQO foi de 32 e 33
de 29 e 36 para ST e STV de 5 e 40 para Nitrogecircnio Total Kjedhal (NTK) e nitratos
e de 13 para o foacutesforo total (PT) respectivamente Enquanto que para o P2 a reduccedilatildeo
foi de 69 para DBO 71 para a DQO para ST e STV de 61 e 75 para NTK e
nitratos e PT de 78 e 40 72 respectivamente Destaca-se que a pesquisa estuda
uma das possibilidades de poacutes-tratamento de efluente de tanques seacutepticos poreacutem
existem diversas formas indicadas pela NBR 139691997 como vala de infiltraccedilatildeo o
poccedilo absorvente escoamento superficial e canteiro de infiltraccedilatildeo e evapotranspiraccedilatildeo
11
Os resultados da pesquisa revelam bom desempenho da associaccedilatildeo dos sistemas
de tratamento e alta remoccedilatildeo de N e P em decorrecircncia da desnitrificaccedilatildeo na zona de
raiacutezes e apoacutes o periacuteodo de maturaccedilatildeo do sistema comeccedilou a produzir efluente em
acordo com a legislaccedilatildeo local sendo o sistema integrado uma boa alternativa para o
tratamento efluentes sanitaacuterios e para induacutestrias que tenham efluentes semelhantes aos
da pesquisa (PHILIPPI et al 1999)
Contudo a operaccedilatildeo incorreta e a destinaccedilatildeo inadequada do efluente e do lodo
gerado pelos tanques seacutepticos em zonas rurais podem contribuir para a eutrofizaccedilatildeo de
nascentes de corpos hiacutedricos Withers Jarvie amp Stoate (2011) monitoraram o impacto
dos tanques seacutepticos na concentraccedilatildeo de nutrientes em uma comunidade rural na
Inglaterra Os pesquisadores verificaram altas concentraccedilotildees de nitrogecircnio foacutesforo
soacutedio potaacutessio e amocircnia aleacutem de concentraccedilotildees de nitrato consideradas nocivas aos
peixes tipicamente associados agrave digestatildeo anaeroacutebia de tanques seacutepticos tanto nas
valas de infiltraccedilatildeo quanto agrave jusante do corpo hiacutedrico situado proacuteximo aos tanques
seacutepticos
Portanto aleacutem de melhorias nas tecnologias simplificadas de tratamento de esgoto
eacute necessaacuterio o correto gerenciamento do lodo gerado caso contraacuterio o beneficio
ambiental gerado pelo tratamento do efluente pode ser parcialmente comprometido
33 Lodo de esgoto
O lodo de esgoto eacute um subproduto do tratamento de esgoto e eacute gerado em vaacuterias
etapas Seu gerenciamento eacute complexo e por vezes ignorado nas ETE
Contraditoriamente Campbell (2000) aponta que quanto mais efetivo o processo de
remoccedilatildeo de contaminantes maior a produccedilatildeo de lodo Ou seja a preocupaccedilatildeo com o
tratamento do efluente deve ser proporcional ao gerenciamento de seu subproduto
Apesar disso natildeo representa mais que 2 do volume de esgoto tratado Poreacutem os
custos variam de 20 a 60 do total gasto numa ETE no Brasil (ANDREOLI VON
SPERLING amp FERNANDES 2001) Essa realidade natildeo eacute soacute brasileira em outros
12
paiacuteses tambeacutem representa custos elevados e seu gerenciamento eacute por vezes
negligenciado (RUIZ KAOSOL amp WISNIEWSK 2010)
Uma fraccedilatildeo significativa da expansatildeo da infraestrutura estaacute ocorrendo em paiacuteses
em desenvolvimento dirigidas aos maiores centros urbanos do mundo como eacute o caso
da Cidade do Meacutexico e Satildeo Paulo Para ter estrateacutegias mais apropriadas de
gerenciamento de lodo contudo satildeo necessaacuterias informaccedilotildees histoacutericas pouco
disponiacuteveis nestas cidades segundo afirma Campbell (2000)
Aleacutem disso eacute imprescindiacutevel o conhecimento do lodo gerado para que seu
gerenciamento possa ser eficiente Ainda que a NBR 100042004 classifique o lodo de
esgoto como um resiacuteduo soacutelido natildeo inerte (ABNT 2004) aproximadamente 95 de sua
constituiccedilatildeo eacute aacutegua sofrendo algumas variaccedilotildees devido as diferentes caracteriacutesticas
dos esgotos e tratamentos O lodo tambeacutem pode ser classificado de acordo com a sua
origem
Lodo primaacuterio eacute aquele gerado em decantadores primaacuterios e tanques
seacutepticos Eacute formado principalmente por soacutelidos sedimentaacuteveis Pode
exalar odor forte caso fique retido por periacuteodos elevados e em altas
temperaturas Nos tanques seacutepticos sofre digestatildeo anaeroacutebia
Lodo secundaacuterio eacute formado nas etapas bioloacutegicas do tratamento aeroacutebia
e anaeroacutebia podendo estar estabilizado ou natildeo Compreende a
comunidade microbiana que realiza a degradaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica no
sistema
Lodo quiacutemico eacute originaacuterio de tratamentos que adicionam condicionantes
quiacutemicos como decantadores primaacuterios com precipitaccedilatildeo quiacutemica
O Programa de Pesquisa em Saneamento Baacutesico realizou um trabalho com lodo
de esgoto em diferentes institutos de pesquisa no Brasil Algumas caracteriacutesticas do
lodo encontradas podem ser vistas na Tabela 1 utilizando-se o procedimento de coleta
13
de aliacutequotas dos resiacuteduos descartados pelos caminhotildees limpa-fossa na entrada da
ETE ressalta-se que apesar da pesquisa focar em lodo de tanque seacuteptico nem todas
as ETE coletaram desta unidade de tratamento nem adotaram a mesma metodologia
de coleta e os contribuintes do esgoto foram variados como restaurantes domiciacutelios
hospitais entre outros e satildeo mantidos e operados de formas diferentes Nota-se que
todos os valores satildeo elevados indicando alta concentraccedilatildeo de soacutelidos
Tabela 1 - Caracteriacutesticas de lodo de esgoto seacuteptico no Brasil
Paracircmetros
Lodo de esgoto
FAE UFRN UNB USP
SANEPAR LARHISA CAESB EESC
Mediana Mediana Mediana Mediana
ST (mgL-1) 8208 6508 10214 6508
STV (mgL-1) 5612 4368 7368 3053
SST (mgL-1) 5042 3891 6395 3257
DBO (mgL-1) 2734 955 - 1524
DQO (mgL-1) 11219 3434 1281 4491
pH 72 66 71 69 Adaptado de Andreoli (2009)
Diversos estudos tecircm buscado relaccedilotildees entre caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas do
lodo e seu desaguamento De acordo com Vesilind (1994) o tamanho e a superfiacutecie das
partiacuteculas soacutelidas presentes no lodo satildeo caracteriacutesticas importantes que podem
determinar a receptividade ao espessamento ou desaguamento do lodo A carga das
partiacuteculas pode estabelecer ligaccedilotildees com as moleacuteculas de aacutegua difiacuteceis de serem
quebradas essas cargas superficiais alteram propriedades fiacutesicas daacute aacutegua
descongelamento agrave temperaturas abaixo do ponto de congelamento (-20degC) e a
densidade pode ser reduzida a 0965 gcmsup3
Neste mesmo trabalho Vesilind (1994) investigou os tipos de aacutegua presentes no
lodo e verificou que uma fraccedilatildeo estaacute ligada fisicamente agrave superfiacutecie das partiacuteculas
presentes no lodo atraveacutes de pontes de hidrogecircnio denominada aacutegua vicinal e pode
ser removida pela diminuiccedilatildeo da aacuterea superficial total das partiacuteculas soacutelidas a que estaacute
ligada atraveacutes da utilizaccedilatildeo de condicionantes quiacutemicos
14
A remoccedilatildeo da aacutegua localizada nos interstiacutecios dos flocos pode se dar por
processos mecacircnicos que conseguem destruir a estrutura do floco (RUIZ KAOSOL amp
WISNIEWSK 2010 VESILIND 1994) A aacutegua de hidrataccedilatildeo eacute aquela ligada
quimicamente agrave superfiacutecie da partiacutecula e eacute removida apenas com aumento da
temperatura Somente a fraccedilatildeo denominada ldquoaacutegua livrerdquo eacute que natildeo estaacute associada e
natildeo sofre influecircncia dos soacutelidos presentes no lodo A drenagem adensamento e
desidrataccedilatildeo mecacircnica e natural podem realizar a sua remoccedilatildeo (VESILIND 1994)
O trabalho de Liao et al (2000) constatou forte relaccedilatildeo entre o tamanho dos flocos e
a quantidade de aacutegua ligada fisico-quimicamente agraves partiacuteculas soacutelidas quanto menor
era o floco maior a quantidade deste tipo de aacutegua encontrada no lodo Mikkelsen amp
Keiding (2002) concluiacuteram que Substacircncias Polimeacutericas Extracelulares (EPS) satildeo o
paracircmetro mais importante na estrutura do lodo e altas concentraccedilotildees destas
substacircncias podem diminuir a tensatildeo de cisalhamento e propiciar um menor grau de
dispersatildeo do lodo pois agem na estabilidade da estrutura dos flocos reduzindo desta
forma a resistecircncia agrave filtraccedilatildeo Entretanto altas concentraccedilotildees de EPS diminuem o teor
de soacutelidos na torta seca
Jin Wileacuten amp Lant (2003) tambeacutem investigaram a relaccedilatildeo entre as EPS e o
desaguamento no lodo de esgoto Os pesquisadores observaram que altas
concentraccedilotildees de iacuteons Ca+ Mg2+ Fe3+ e Al3+ proporcionam melhora significativa no
desaguamento Tambeacutem concluiacuteram que lodos que contem flocos compactos grandes
e com muitos filamentos tem grande quantidade de aacutegua ligada intersticial
Propriedades de floculabilidade hidrofobicidade carga superficial e viscosidade satildeo
fatores que afetam significativamente a capacidade de ligaccedilatildeo da aacutegua nos flocos de
lodo sendo que altos valores destas propriedades indicam grande quantidade de aacutegua
ligada Ademais proteiacutenas e carboidratos contribuem significativamente para a ligaccedilatildeo
da aacutegua nos flocos
No espessamento por gravidade a presenccedila de aacutegua vicinal em volta das
partiacuteculas menores no lodo (de 2 a 4 microm cerca de 6 do total de partiacuteculas presentes
15
no lodo digerido anaeroacutebiamente) melhoraria o processo devido ao aumento do
diacircmetro efetivo das partiacuteculas como resultado da baixa densidade encontrada na aacutegua
vicinal e do aumento da viscosidade da aacutegua que circunda as partiacuteculas (VESILIND
1994)
As alternativas para a disposiccedilatildeo do lodo satildeo variadas e tecircm sido desenvolvidas haacute
vaacuterias deacutecadas Campbell (2000) as divide em trecircs categorias satildeo elas (i) aplicaccedilatildeo no
solo (ii) disposiccedilatildeo em aterro sanitaacuterio e (iii) tecnologias de incineraccedilatildeo Para as duas
primeiras - mais aplicadas no Brasil - torna-se indispensaacutevel a retirada de uma parcela
de sua umidade pois interfere na umidade ideal do solo quando aplicado na agricultura
e sobrecarrega o tratamento do chorume nos aterros
34 Desaguamento do lodo de esgoto
De acordo com Andreoli von Sperling amp Fernandes (2001) o gerenciamento do
lodo eacute uma atividade complexa e pode promover impactos ambientais negativos caso
seja mal executada Dentre as etapas envolvidas o desaguamento eacute um dos desafios
da engenharia ambiental e continua sendo um problema no tratamento de esgotos
(VESILIND 1988 VESILIND 1994 CAMPBELL 2000)
Metcalf amp Eddy (1991) descrevem o desaguamento como uma operaccedilatildeo fiacutesica
utilizada na reduccedilatildeo de umidade contida no lodo Eacute necessaacuterio realizar esta operaccedilatildeo
por propiciar (i) o manuseio mais faacutecil (ii) a reduccedilatildeo dos custos no transporte (iii) a
disposiccedilatildeo em aterros sanitaacuterios reduzindo a quantidade de chorume produzido (iv) a
melhora na etapa de compostagem do lodo (v) a reduccedilatildeo da atividade microbiana e
consequentemente da produccedilatildeo de odores
O desaguamento pode ser realizado por processos naturais ou mecanizados A
seleccedilatildeo dos mecanismos de desaguamento deve ser determinada pelo tipo de lodo a
ser desaguado caracteriacutesticas desejadas do lodo desaguado e espaccedilo disponiacutevel Os
processos mecanizados satildeo mais indicados para Estaccedilotildees de Tratamento de Esgotos
(ETE) de grande porte e onde haja restriccedilatildeo de aacuterea Centriacutefugas filtros a vaacutecuo
16
filtros-prensa prensas desaguadoras e secagem teacutermica satildeo exemplos de processos
mecanizados mais utilizados em ETE
Em estudo realizado por Ruiz Kaosol amp Wisniewsk (2010) relacionou-se a
quantidade de mateacuteria orgacircnica presente no lodo e sua aptidatildeo ao desaguamento
mecacircnico verificou-se que quanto maior essa quantidade (expressa pelo valor de
Soacutelidos Totais Volaacuteteis) menor era a resistecircncia a filtraccedilatildeo mas maior sua
compressibilidade (expressa pelo seu limite de plasticidade) e portanto menor a
eficiecircncia do processo de desaguamento mecacircnico Todavia lodos com menor teor de
mateacuteria orgacircnica isto eacute mais estabilizados tambeacutem satildeo mais indicados para os
processos naturais de desaguamento (ANDREOLI VON SPERLING amp FERNANDES
2001)
Verifica-se no entanto que poucas pesquisas tecircm se preocupado com o
desaguamento por processos naturais como os leitos de secagem e as lagoas de
secagem que estatildeo mais presentes em ETE pequenas ou que natildeo tecircm restriccedilotildees
quanto a aacuterea O mecanismo de desaguamento nestes casos se daacute pela evaporaccedilatildeo e
percolaccedilatildeo da aacutegua presente no lodo O desaguamento de lodos por leitos de secagem
eacute adequado para comunidades de pequeno e meacutedio porte sendo indicado para lodos
tipicamente encontrados em tanques seacutepticos (estabilizados)
Um leito de secagem convencional conforme ilustram as Figuras 2 e 3 caracteriza-
se por um tanque com paredes e base de concreto O fundo deve ser constituiacutedo por
uma camada de areia trecircs camadas de brita e tijolos recozidos ou outro material
resistente agrave operaccedilatildeo de remoccedilatildeo do lodo seco com juntas de areia (ABNT 1992)
17
Figura 2 - Planta de um leito de secagem convencional
Figura 3 - Corte transversal de um leito de secagem convencional
Van Haandel amp Lettinga (1994) descrevem que o tempo total para um ciclo de
secagem em leitos de secagem se compotildee por quatro periacuteodos Satildeo eles
T1 = tempo de preparaccedilatildeo do leito e descarga do lodo que dependem do
gerenciamento do leito como nuacutemero de trabalhadores e disponibilidade de
equipamentos
T2 = tempo de percolaccedilatildeo da aacutegua presente no lodo
T3 = tempo de evaporaccedilatildeo para se atingir a fraccedilatildeo desejada de soacutelidos que assim
como T2 varia em funccedilatildeo de condiccedilotildees operacionais durante a secagem condiccedilotildees
metereoloacutegicas (temperatura e pluviosidade) e a carga aplicada de soacutelidos
T4 = tempo de remoccedilatildeo dos soacutelidos secos
18
Para amenizar as variaacuteveis metereoloacutegicas os leitos de secagem podem ser
instalados ao ar livre ou cobertos por proteccedilatildeo contra a influecircncia das chuvas e de
geadas
De acordo com Metcalf amp Eddy (1991) Andreoli von Sperling amp Fernandes (2001) e
Andreoli (2009) em comparaccedilatildeo aos processos mecanizados apresenta diversas
vantagens tais como
Simplicidade na instalaccedilatildeo e operaccedilatildeo
Baixa sensibilidade agrave qualidade do lodo
Natildeo provoca ruiacutedos e vibraccedilotildees
Natildeo demanda energia
Baixo custo
Baixo consumo de poliacutemeros
A exposiccedilatildeo prolongada ao sol pode promover a remoccedilatildeo de organismos
patogecircnicos (VAN HAANDEL amp LETTINGA 1994)
Entretanto tambeacutem possui desvantagens sendo elas
Demanda tempo elevado para remoccedilatildeo da torta seca
Necessitam de que o lodo esteja estabilizado
Eacute sujeito agraves variaccedilotildees climaacuteticas
A remoccedilatildeo do lodo eacute trabalhosa
Demanda grande aacuterea
Considerando que a aacuterea especiacutefica requerida para leitos de secagem (Ae) pode
ser calculada em funccedilatildeo1 da quantidade de lodo digerido produzido na ETE (Q) - que eacute
funccedilatildeo da produccedilatildeo de lodo fresco (1 L pessoadia-1) e do coeficiente de reduccedilatildeo de
volume por digestatildeo (025) (Q = 025) da espessura da camada de lodo aplicado em
cada ciclo (e = 045 m) e do nuacutemero de ciclos de secagem por ano (nc = 15 ciclosano)
1 Valores sugeridos pela NBR 72291993
19
Calculando-se pela formula
Pode-se estimar uma aacuterea meacutedia de 0014 msup2hab-1 (para lodos anaeroacutebios de
origem domeacutestica) (NBR 72291993 MORTARA 2011)
Um dos poucos trabalhos que estudaram os leitos de secagem em bancada foi
produzido por van Haandel amp Lettinga (1994) que realizaram uma investigaccedilatildeo
experimental semelhante a presente pesquisa No entanto os resultados natildeo satildeo
diretamente comparaacuteveis uma vez que os autores estudaram o tempo necessaacuterio para
obtenccedilatildeo de uma determinada umidade para diferentes cargas de soacutelidos Aleacutem disso
separou-se os processos de percolaccedilatildeo e evaporaccedilatildeo de modo que o experimento foi
feito em duas etapas na primeira utilizaram tubos de PVC de 10 m de comprimento e
020 m de diacircmetro adicionando-se aos tubos camadas de cascalho estratificado de 1
a 18rdquo (brita meacutedia) e areia meacutedia ambas com espessura de 020 m cada O lodo
utilizado foi proveniente de RAFA e foi inserido nos tubos sendo que estes foram
cobertos para evitar a evaporaccedilatildeo
Apoacutes esta fase o lodo era removido dos tubos e colocado em aneacuteis de 0040 m de
comprimento e 0050 m de diacircmetro dispostos em colunas que ficavam ao ar livre para
avaliar-se a evaporaccedilatildeo que era realizada por diferenccedila de massa observada
diariamente ateacute que se estabelecesse massa constante A perda de massa era
acompanhada por perda de volume de lodo e para facilitar a evaporaccedilatildeo sempre que
o lodo atingia niacutevel mais baixo ao niacutevel superior do tubo o anel imediatamente acima
era retirado sendo a evaporaccedilatildeo natildeo limitada pela difusatildeo de vapor de aacutegua no tubo
Tambeacutem realizou-se testes de evaporaccedilatildeo com aacutegua pura
Os autores concluiacuteram que a concentraccedilatildeo inicial de ST no lodo natildeo teve influecircncia
mensuraacutevel sobre o tempo necessaacuterio para a percolaccedilatildeo da aacutegua ou sobre a
concentraccedilatildeo final de ST no lodo Em contraste cargas de soacutelidos diferentes tiveram
tempos de percolaccedilatildeo diferentes Outrossim grande parte da aacutegua no lodo eacute livre e eacute
removida no periacuteodo de percolaccedilatildeo que eacute relativamente curto Entretanto periacuteodos
elevados de evaporaccedilatildeo satildeo necessaacuterios para obtenccedilatildeo de altos valores de ST nas
20
tortas secas Ademais a produtividade do leito de secagem (massa de soacutelidos
processados por unidade de aacuterea do leito e por unidade de tempo) eacute muito influenciada
pela fraccedilatildeo de soacutelidos que se deseja no lodo apoacutes a secagem A produtividade para
lodo com relativamente muito aacutegua (umidade de 60 a 70) eacute mais que o dobro daquela
para lodo com pouca aacutegua (umidade de 20 a 30)
Cofie et al (2006) realizaram estudo com leito de secagem em escala real em
Ghana e monitoraram oito ciclos de secagem por dez meses O leito de secagem era
composto por uma camada de 015 m de areia fina e duas camadas de brita a primeira
de tipo 1 tinha 010 m de espessura e a segunda de tipo 2 tinha espessura de 015 m
O leito tinha aacuterea de 25 msup2 e capacidade de 15 msup3 de lodo com espessura de 030 m
Um terccedilo do lodo foi proveniente de sanitaacuterios puacuteblicos e o restante de tanques
seacutepticos tendo baixa concentraccedilatildeo de soacutelidos cerca de 3 A carga aplicada de
soacutelidos utilizada foi de 196 a 321 kg msup2 e quando seco era retirado manualmente O
teor de soacutelidos da torta seca foi em meacutedia de 3045 os STV de 71 e o tempo de
desaguamento variou de 7 a 59 dias
Os pesquisadores atribuem essa grande variaccedilatildeo a alguns fatores (i) ao
incremento de aacutegua no lodo causado pela chuva (ii) o entupimento da areia que
diminuiu a capacidade de percolaccedilatildeo da aacutegua livre do lodo e (iii) ao tipo de lodo
utilizado que apesar da parcela oriunda de tanque seacuteptico estar bem digerida a porccedilatildeo
proveniente de sanitaacuterios puacuteblicos apresentava grande quantidade de mateacuteria orgacircnica
tornando esse lodo pouco digerido e improacuteprio para o desaguamento nesse tipo de
leito
Mortara (2011) estudou a utilizaccedilatildeo de leitos de drenagem como alternativa aos
leitos de secagem Estes primeiros se diferenciam por substituiacuterem a camada de areia
por uma com manta geossinteacutetica e terem reduzida a altura de camada de brita (que
passa a ser somente uma camada de brita nordm 1 ou 2 de 005 a 010 m de espessura)
Essa mudanccedila proporcionou aumento da taxa de retirada da aacutegua livre e portanto
reduccedilatildeo do tempo de drenagem Aleacutem disso o autor cita que a massa de lodo seco
retirada foi menor assim como o trabalho para sua retirada e a estrutura para
21
armazenar o material ateacute sua disposiccedilatildeo final foram menores quando comparados ao
leito de secagem
35 Condicionamento do lodo
O condicionamento eacute um processo que melhora as caracteriacutesticas do lodo com
vistas a processaacute-lo de forma mais eficiente e mais raacutepida jaacute que o lodo geralmente
natildeo eacute facilmente manipulaacutevel Faz-se entatildeo necessaacuterio seu condicionamento para
facilitar o espessamento desaguamento e secagem O condicionamento do lodo pode
se dar por diversos meacutetodos que vatildeo desde a separaccedilatildeo de partiacuteculas soacutelidas das
moleacuteculas de aacutegua (processos fiacutesicos) ateacute a oxidaccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (processos
quiacutemicos) (AMUDA et al 2008)
Alguns exemplos de processos fiacutesicos empregados satildeo o congelamento do lodo
que proporciona a separaccedilatildeo de parte da aacutegua presente das partiacuteculas soacutelidas (AMUDA
et al 2008) a hidroacutelise teacutermica que permite a liberaccedilatildeo da aacutegua ligada fiacutesico-
quimicamente em temperaturas acima de 100degC o tratamento ultrassocircnico que tambeacutem
pode ser quiacutemico que em ambos os casos causa ruptura da estrutura celular e dos
flocos de micro-organismos atraveacutes do uso de baixas ou altas frequecircncias por processo
de cavitaccedilatildeo ou de reaccedilotildees quiacutemicas (CARREgraveRE et al 2010) A eletrodesidrataccedilatildeo
tambeacutem conhecida como desidrataccedilatildeo assistida por campo eleacutetrico consiste na
aplicaccedilatildeo de um campo eleacutetrico que atrai as partiacuteculas de aacutegua eletricamente
carregadas rompendo as ligaccedilotildees com as partiacuteculas soacutelidas do lodo (MAHMOUD et al
2010)
Um outro exemplo de condicionamento eacute a destruiccedilatildeo bioloacutegica celular atraveacutes da
aplicaccedilatildeo de fortes oxidantes quiacutemicos promove a desintegraccedilatildeo bioloacutegica da mateacuteria
orgacircnica do lodo a CO2 e aacutegua e consequentemente reduz o volume do lodo (AMUDA
et al 2008)
A alternativa de condicionamento mais comum nas ETE eacute a utilizaccedilatildeo sais
inorgacircnicos e de poliacutemeros orgacircnicos Satildeo empregados tradicionalmente produtos jaacute
22
utilizados no tratamento de aacutegua e esgoto condicionantes inorgacircnicos como cloreto
feacuterrico sulfato de alumiacutenio e a cal (AMUDA et al 2008 METCALF amp EDDY 1991) A
desvantagem na utilizaccedilatildeo destes eacute o aumento do teor de soacutelidos de 20 a 30 no lodo
enquanto que a utilizaccedilatildeo de poliacutemeros orgacircnicos natildeo aumenta significativamente
(METCALF amp EDDY 1991) A escolha e utilizaccedilatildeo de condicionantes inorgacircnicos ou
orgacircnicos deve ser baseada em estudos teacutecnicos e econocircmicos (MORTARA 2011)
Os condicionantes orgacircnicos atuam como coagulantes formando pontes quiacutemicas
entre o poliacutemero e as partiacuteculas coloidais presentes no lodo que satildeo adsorvidas pelas
diversas cadeias de monocircmeros do poliacutemero agregando-se em flocos densos passiacuteveis
de serem removidos por filtraccedilatildeo sedimentaccedilatildeo ou flotaccedilatildeo (LIBAcircNIO 2005) Sua
aplicaccedilatildeo em dosagem correta acelera o processo de desaguamento e aumenta o teor
de soacutelidos da torta seca (WPCFM 1988)
A adiccedilatildeo de poliacutemeros ocorre antes da etapa de desaguamento e podem reduzir a
umidade de entrada de 90 a 99 para 65 a 85 dependendo das caracteriacutesticas dos
soacutelidos a serem tratados (METCALF amp EDDY 1991 WPCFM 1988)
Os poliacutemeros podem ser classificados de acordo com a sua carga eleacutetrica em
catiocircnicos aniocircnicos natildeo-iocircnicos e anfoliacuteticos e quanto a sua origem sinteacutetica ou
natural Libacircnio (2005) destaca duas vantagens no uso especiacutefico de poliacutemeros
catiocircnicos de menor peso molecular que se aplicam ao tratamento de lodo de esgoto
Satildeo elas (i) reduccedilatildeo do volume do lodo gerado (ii) maior facilidade de desidrataccedilatildeo do
lodo gerado comparada aos sais de ferro e alumiacutenio
Mortara (2011) realizou ensaios com poliacutemeros sinteacuteticos em lodo de ETE analisou
18 poliacutemeros catiocircnicos 15 soacutelidos e 3 em emulsatildeo associados a um leito de
drenagem no condicionamento do lodo anaeroacutebio Atraveacutes de testes em laboratoacuterio e
em escala piloto constatou que quase todos os poliacutemeros soacutelidos testados produziram
lodos mais facilmente desaguaacuteveis com dosagens relativamente baixas cerca de 2 gkg
de ST-1 enquanto que os poliacutemeros em emulsatildeo tinham dosagens oacutetimas maiores
23
cerca de 6 gkg-1 Tambeacutem se verificou que o condicionamento quiacutemico propiciou maior
drenagem da aacutegua quando comparado ao lodo natildeo condicionado Entretanto natildeo
influenciou a evaporaccedilatildeo e consequentemente os tempos de ciclo de secagem uma
vez que o teor de soacutelidos do lodo sem condicionamento apresentou evoluccedilatildeo
semelhante a dos lodos condicionados ao longo do periacuteodo de secagem
Contudo segundo Abreu Lima (2007) os poliacutemeros sinteacuteticos podem ser
contaminados no processo de produccedilatildeo ou ainda gerar subprodutos (monocircmeros) de
risco agrave sauacutede dos consumidores Uma alternativa a esses condicionantes seria o
emprego de poliacutemeros oriundos de fontes naturais como as plantas e substacircncias
retiradas de animais
Ainda que estes riscos preocupem mais as Estaccedilotildees de Tratamento de Aacutegua (ETA)
jaacute que afetam diretamente a aacutegua captada para abastecimento humano a atenccedilatildeo
deve-se dar no tratamento de esgoto e no gerenciamento do lodo tambeacutem
Considerando que a aacutegua drenada do lodo retorna ao sistema de tratamento e que
esse efluente tratado eacute lanccedilado em um corpo hiacutedrico que posteriormente pode servir
como manancial
Diversos estudos tecircm utilizado poliacutemeros naturais como auxiliares da floculaccedilatildeo no
tratamento de aacutegua e esgoto Visto que natildeo apresentam riscos agrave sauacutede a longo prazo e
por serem fonte de alimentaccedilatildeo humana em sua maioria De acordo com Di Bernardo
(2005) a utilizaccedilatildeo destes poliacutemeros permite um aumento da velocidade de
sedimentaccedilatildeo dos flocos reduccedilatildeo da accedilatildeo das forccedilas de cisalhamento nos flocos
durante a veiculaccedilatildeo da aacutegua floculada e uma dosagem menor do coagulante primaacuterio
quando estes satildeo sais de alumiacutenio ou ferro
Borba (2001) Arantes Ribeiro amp Paterniani (2012) e Di Bernardo (2005) citam
como exemplo de fonte destes compostos a mandioca (Manihot esculenta) a batata
(Solanum tuberosum L) a quitosana o tanino o quiabo (Abelmoschus esculentus) o
milho (Zea mays) e a moringa (Moringa oleiacutefera)
24
Dentre os poliacutemeros naturais os mais utilizados satildeo os amidos (DI BERNARDO
2005 LIBAcircNIO 2005) O milho a batata a mandioca e o trigo satildeo os alimentos
produzidos em larga escala que mais possuem amido podendo variar a quantidade em
funccedilatildeo da idade do solo da variedade da espeacutecie e do clima
A facilidade de obtenccedilatildeo do poliacutemero o custo e a simplicidade metodoloacutegica do
preparo satildeo fatores importantes para a seleccedilatildeo em trabalhos direcionados agraves
comunidades rurais Dos poliacutemeros pesquisados os originaacuterios da mandioca moringa e
quiabo foram os que mais se adequaram a estes criteacuterios baseando-se em Dantas amp Di
Bernardo (2000) Muyibi et al (2001) e Abreu Lima (2007)
A mandioca (Manihot esculenta) eacute originaacuteria da Ameacuterica do Sul e eacute comum nas
regiotildees tropicais da Aacutefrica e Aacutesia sendo uma importante fonte de alimentaccedilatildeo da
populaccedilatildeo mais pobre e eacute rica em amido Dantas amp Di Bernardo (2000) estudaram o
potencial do amido catiocircnico da mandioca como auxiliar de floculaccedilatildeo no tratamento de
aacuteguas para abastecimento Os resultados obtidos indicaram que este poliacutemero natural
pode ser utilizado em substituiccedilatildeo dos poliacutemeros sinteacuteticos auxiliares de floculaccedilatildeo Natildeo
foram encontradas referecircncias sobre a utilizaccedilatildeo de amido de mandioca em tratamento
de esgoto ou condicionamento de lodo de esgoto
A moringa (Moringa oleifera) eacute provavelmente o poliacutemero natural mais conhecido no
mundo eacute nativa do continente africano presente tambeacutem nas Ameacutericas e Aacutesia Mais
utilizada no tratamento de aacutegua como coagulante tambeacutem satildeo encontradas aplicaccedilotildees
no tratamento de esgoto incluindo efluentes industriais e no lodo de esgoto
Bhuptawat Folkard amp Chaudhari (2006) verificaram o potencial de aplicaccedilatildeo da
moringa no tratamento de esgoto domeacutestico em escala piloto na Iacutendia e obtiveram
64 de remoccedilatildeo de DQO combinando 100 mgL-1 de Moringa oleifera e 10 mgL-1 de
sulfato de alumiacutenio
No tocante agrave utilizaccedilatildeo de moringa no lodo pesquisas realizadas por Muyibi et al
(2001) na Iacutendia e Ademiluyi (1988) Nigeacuteria indicaram seu potencial como
25
condicionante quiacutemico do lodo de esgoto diminuindo a resistecircncia agrave filtraccedilatildeo Muyibi et
al (2001) testaram a soluccedilatildeo da semente de moringa sem casca o poacute seco da
semente sem casca e o oacuteleo da semente de moringa em lodo proveniente de uma
estaccedilatildeo de tratamento de esgoto A dosagem foi determinada por dois meacutetodos (i)
reduccedilatildeo de volume do lodo em teste de jarros (apoacutes 30 min de sedimentaccedilatildeo) e (ii)
resistecircncia especiacutefica do lodo
No primeiro meacutetodo as dosagens oacutetimas encontradas foram de 4750 4000 e 6000
mgL-1 para a soluccedilatildeo de moringa sem casca oacuteleo e poacute seco respectivamente
Chegando a reduccedilatildeo maacutexima de 26 19 e 26 vezes o volume inicial do lodo para a
soluccedilatildeo de moringa sem casca oacuteleo e poacute seco respectivamente Esses resultados
indicam o potencial da moringa em decantadores ou outras unidades de tratamento que
retenham lodo por certo tempo
No segundo teste realizado empregou-se somente a soluccedilatildeo de moringa sem
casca e o oacuteleo e a soluccedilatildeo com oacuteleo teve melhor resultado com dosagem de 4000
mgL-1 enquanto que para a soluccedilatildeo de moringa sem casca foi de 4500 mgL-1 A razatildeo
para esses resultados ligeiramente controversos ainda eacute desconhecida mas os
pesquisadores acreditam que a remoccedilatildeo do oacuteleo da semente possa produzir flocos
mais leves o que favoreceria a filtraccedilatildeo Aleacutem disso por ter baixo peso molecular e ser
um poliacutemero catiocircnico os flocos formados satildeo leves pequenos e reteacutem menos a fraccedilatildeo
de aacutegua ligada fiacutesico-quimicamente agraves partiacuteculas soacutelidas do lodo indicando a
possibilidade da reduccedilatildeo da aacuterea dos leitos de secagem convencionais Poreacutem ainda
satildeo necessaacuterias pesquisas aprofundadas sobre a questatildeo
O uso de moringa no lodo foi comparado aos sais de alumiacutenio e ferro por Ademiluyi
(1988) A amostra de lodo utilizada foi coletada no tanque de sedimentaccedilatildeo da ETE da
Universidade da Nigeacuteria que trata esgoto domeacutestico A sensibilidade relativa do lodo
aos poliacutemeros mostrou que o lodo proveniente de esgoto domeacutestico tem menor
sensibilidade a moringa do que ao sulfato de alumiacutenio e cloreto feacuterrico Aleacutem disso a
concentraccedilatildeo de moringa foi menor no liquido filtrado do que os sais metaacutelicos o que
26
pode ser vantajoso em Estaccedilotildees de Tratamento de Esgoto Poreacutem as dosagens oacutetimas
encontradas foram mais altas para a moringa do que para os sais metaacutelicos 215 17 e
17 gL-1 para a moringa sulfato de alumiacutenio e cloreto feacuterrico respectivamente
Entretanto o baixo custo e o fato da moringa ser um poliacutemero natural a tornam
aplicaacutevel como condicionante do lodo
Outro poliacutemero natural potencialmente condicionante do lodo eacute o quiabo
(Abelmoschus esculentus) que tem origem na Aacutefrica mas eacute produzido em todo o globo
sendo conhecido por suas propriedades nutritivas
Anastasakis Kalderis amp Diamadopoulos (2009) estudaram o quiabo como floculante
no tratamento de esgoto utilizando como coagulante o sulfato de alumiacutenio Foi
realizada a mucilagem do quiabo para a extraccedilatildeo do oacuteleo e a dosagem oacutetima foi obtida
atraveacutes do teste de jarros Como amostras de esgoto foram utilizadas esgoto sinteacutetico e
um efluente biologicamente tratado O estudo comprovou as propriedades floculantes
do quiabo No esgoto sinteacutetico em sua dosagem oacutetima de 0005 g L-1 removeu 93 96 e
97 de turbidez depois de 10 20 e 30 minutos do tempo de sedimentaccedilatildeo
respectivamente Isso representou uma adiccedilatildeo de 25 9 e 10 de remoccedilatildeo da turbidez
quando se utilizou somente sulfato de alumiacutenio em 10 20 e 30 minutos
respectivamente
No efluente biologicamente tratado a dosagem oacutetima para 10 minutos foi de 0020
gL-1 com remoccedilatildeo 70 da turbidez Para os tempos de sedimentaccedilatildeo de 20 e 30
minutos a dosagem foi menor (00025 gL-1) alcanccedilando a reduccedilatildeo de 71 e 74 de
turbidez Incrementando em 19 10 e 10 a remoccedilatildeo de turbidez utilizando-se somente
de sulfato de alumiacutenio
Abreu Lima (2007) realizou testes com o quiabo verde e maduro e constatou que o
fruto maduro possui melhores propriedades coagulantes que o fruto verde fato positivo
jaacute que o quiabo maduro eacute rejeitado pelo consumidor e torna-se um resiacuteduo O autor
tambeacutem comparou as teacutecnicas de aplicaccedilatildeo do poliacutemero a utilizaccedilatildeo do oacuteleo extraiacutedo
27
atraveacutes da mucilagem e a pulverizaccedilatildeo apoacutes a moagem do quiabo Concluindo que a
segunda teacutecnica a forma mais simples de aplicaccedilatildeo proporcionou resultados positivos
no tratamento de aacutegua e esgoto
36 Pavimento permeaacutevel
Aleacutem da aplicaccedilatildeo de poliacutemeros a utilizaccedilatildeo de pisos drenantes como constituintes
do leito de secagem pode otimizar o desaguamento do lodo de esgoto Constitui-se em
alternativa simples e de baixo custo para ETE de pequeno porte localizadas em
comunidades rurais Aleacutem disso a utilizaccedilatildeo de poliacutemeros naturais melhoraria a
qualidade da torta seca em termos de nutrientes aspecto positivo para a aplicaccedilatildeo de
lodo na agricultura como alternativa agrave adubaccedilatildeo quiacutemica
Os pavimentos permeaacuteveis satildeo utilizados haacute mais de trecircs deacutecadas nos Estados
Unidos da Ameacuterica e na Inglaterra e Alemanha (PRISMA 2013) como controle
estrutural alternativo de drenagem urbana e fazem parte do conjunto de teacutecnicas
intitulado de Best manegement practices (BMP) pela agecircncia ambiental norte-
americana Enviromental Protection Agency (USEPA) criado na deacutecada de 1980 que
tem como objetivo resolver os problemas de drenagem na proacutepria bacia
Essas teacutecnicas incluem construccedilatildeo de estruturas fiacutesicas para armazenamento e
infiltraccedilatildeo do escoamento como reservatoacuterios trincheiras de infiltraccedilatildeo e pavimentos
permeaacuteveis na tentativa de compensar os impactos negativos da grande
impermeabilizaccedilatildeo do solo causada pela urbanizaccedilatildeo (CRUZ SOUZA amp TUCCI 2007)
Estes uacuteltimos por possuiacuterem espaccedilos livres na sua estrutura permitem que aacutegua
e ar o atravessem e satildeo geralmente empregados em via de pedestres e veiacuteculos e
estacionamentos para auxiliar na drenagem urbana (MARCHIONI amp SILVA 2010)
No Brasil estes pavimentos foram introduzidos recentemente e em 2006 a
Prefeitura Municipal de Porto Alegre publicou o Decreto Nordm153712006 que
regulamenta as medidas de controle de drenagem urbana aponta como alternativa
28
para reduccedilatildeo de aacutereas impermeaacuteveis em terrenos com aacutereas inferiores a 100 ha a
utilizaccedilatildeo de pavimentos permeaacuteveis abatendo 50 da aacuterea impermeaacutevel do terreno
(CRUZ SOUZA amp TUCCI 2007) A Figura 4 mostra a sua utilizaccedilatildeo no Brasil
Figura 4 - Exemplo de aplicaccedilatildeo de pavimento permeaacutevel em estacionamento
FONTE MARCHIONI amp SILVA (2010)
Estes pavimentos podem ser fabricados com areia pedregulho argila expandida
fibra de coco cimento e poacute de pedra e estaacute em curso a normatizaccedilatildeo pela Associaccedilatildeo
Brasileira de Normas Teacutecnicas para a fabricaccedilatildeo destes pisos A produccedilatildeo deste tipo
de piso estaacute se disseminando no paiacutes e sua utilizaccedilatildeo poderia permitir a reduccedilatildeo da
aacuterea do leito Uma vez que o lodo pode ser drenado em cerca de metade da aacuterea
superficial enquanto que ao se empregar o leito de secagem tradicionalmente sugerido
pela NBR 122091992 a infiltraccedilatildeo somente ocorre entre os vatildeos dos tijolos onde estaacute
presente a areia (ABNT 1992)
29
4 METODOLOGIA
O trabalho foi desenvolvido nos Laboratoacuterios de Estrutura (LES) Materiais da
Construccedilatildeo (LMC) Protoacutetipos (LABPRO) Reuso (LABREUSO) e Saneamento
(LABSAN) pertencentes agrave Faculdade de Engenharia Civil Arquitetura e Urbanismo da
Universidade Estadual de Campinas
41 Pavimento permeaacutevel
O pavimento permeaacutevel foi fornecido pela empresa Villa Stone Comeacutercio e
Induacutestria de Materiais Baacutesicos para Construccedilatildeo Limitada localizada no distrito de Baratildeo
Geraldo Campinas (SP)
Os pavimentos permeaacuteveis utilizados na pesquisa satildeo compostos de pedrisco de
basalto e cimento na proporccedilatildeo de 80 e 20 respectivamente As amostras utilizadas
tecircm aproximadamente 006 m de altura e foram cortados em diacircmetro igual a 010 m
com o emprego de uma extratora de corpo de prova como mostram as Figuras 5 e 6
Figura 5 - Pavimento permeaacutevel utilizado no projeto
30
Figura 6 - Extratora de corpo de prova utilizada para o corte do pavimento utilizado na pesquisa
A caracterizaccedilatildeo destes pisos drenantes foi realizada com a determinaccedilatildeo das
dimensotildees massa volume de vazios e taxa de infiltraccedilatildeo conforme apresentados a
seguir
Dimensotildees e massa As dimensotildees foram mensuradas com o uso de paquiacutemetro
e a massa com uso de balanccedila semi analiacutetica A altura diacircmetro e massa meacutedia das
peccedilas de pavimento cortadas foi de 0006 m 01 m e 0695 kg respectivamente
Iacutendice de vazios A metodologia adotada baseou-se na norma NBR NM 532009
de Determinaccedilatildeo de massa especiacutefica massa especiacutefica aparente e absorccedilatildeo de aacutegua
de agregados grauacutedos e na norma NBR 108381988 de Solo - Determinaccedilatildeo da massa
especiacutefica aparente de amostras indeformadas com emprego de balanccedila hidrostaacutetica -
Meacutetodo de ensaio O iacutendice de vazios meacutedio foi de 043 e a porosidade de 2975
31
Taxa de infiltraccedilatildeo A forma de determinaccedilatildeo seraacute apresentada no subitem 45
42 Lodo
Coletou-se aproximadamente 200 L de lodo de tanques seacutepticos Cerca de 70 L
de lodo utilizado foram coletados no mecircs de abril de 2013 provenientes de um tanque
seacuteptico operado pela Companhia de Saneamento Baacutesico do Estado de Satildeo Paulo
(SABESP) Sendo um tanque seacuteptico de cacircmara uacutenica com capacidade de
aproximadamente 40 msup3 e atende cerca de 500 famiacutelias no municiacutepio de Satildeo Miguel
Arcanjo ndash SP Ao longo dos 20 anos de operaccedilatildeo desta pequena estaccedilatildeo nunca havia
sido feita a retirada de lodo
Devido a dificuldades com o transporte e a distacircncia entre este tanque seacuteptico e
a universidade natildeo foi possiacutevel coletar a quantidade necessaacuteria utilizada no projeto A
quantidade restante foi entatildeo fornecida pela Sociedade de Abastecimento de Aacutegua e
Esgoto SA (SANASA) O lodo foi retirado do tanque seacuteptico da Estaccedilatildeo de Tratamento
de Esgoto Bandeirantes situada no municiacutepio de Campinas cujo tratamento se daacute por
tanques seacutepticos seguidos de filtro anaeroacutebio A coleta de lodo foi realizada no mecircs de
maio de 2013 Ao contraacuterio do lodo disponibilizado pela SABESP o montante de lodo
retirado desta ETE ainda natildeo estava estabilizado por ter pouca idade e ter sido
realizada uma grande retirada do lodo do tanque cerca de um mecircs antes da data da
coleta Desde entatildeo as aliacutequotas de lodo coletadas foram misturadas e armazenadas
numa caixa drsquoaacutegua de 500 L no Laboratoacuterio de Protoacutetipos
A caracterizaccedilatildeo do lodo foi feita no Laboratoacuterio de Saneamento (LABSAN)
sendo baseada nos seguintes paracircmetros tempo de succcedilatildeo capilar soacutelidos totais
soacutelidos suspensos totais soacutelidos suspensos fixos e volaacuteteis pH e alcalinidade Essa
caracterizaccedilatildeo foi realizada anteriormente a execuccedilatildeo de cada uma das seacuteries
32
Para a dosagem dos poliacutemeros Metcalf amp Eddy (1991) relatam que deve ser
realizada em laboratoacuterio considerando a origem do lodo a sua idade o pH a
alcalinidade e a concentraccedilatildeo de soacutelidos bem como o meacutetodo de desaguamento a ser
utilizado e recomenda a utilizaccedilatildeo do teste de filtraccedilatildeo a vaacutecuo para caacutelculo da
dosagem
Todas as anaacutelises para caracterizaccedilatildeo do lodo foram baseadas no Standard
Methods for the Examination of Water and Wastewater (APHA 2012)
Para a anaacutelise do teor de soacutelidos da torta seca dos sistemas homogeneizou-se
inicialmente a torta obtida de cada sistema utilizando-se uma aliacutequota de
aproximadamente 0005 kg que foi pesada em balanccedila analiacutetica jaacute na caacutepsula A
amostra entatildeo foi deixada por no miacutenimo 12h em estufa a 100ordmC para obtenccedilatildeo dos
Soacutelidos Totais Para os Soacutelidos Totais Fixos e Volaacuteteis a metodologia foi adaptada para
evitar emissatildeo de fumaccedila devido agrave alta fraccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica presente no lodo
Para isso a amostra natildeo foi colocada na mufla diretamente a 550degC A temperatura foi
escalonada mantendo-se inicialmente a 200ordmC por 30 minutos elevando-se a
temperatura para 300ordmC por mais 30 minutos e entatildeo elevando-se a temperatura para
550degC por mais 1 hora Tambeacutem evitou-se colocar na mufla massas maiores que 0015
kg de lodo seco pois acima desta quantidade verificou-se emissatildeo de fumaccedila
Teste de Jarros Embora natildeo forneccedila dados quantitativos sobre a capacidade
dos poliacutemeros no condicionamento do lodo produz informaccedilatildeo qualitativa (quanto a
formaccedilatildeo de flocos) de forma raacutepida (WPCFM 1988) Por esta razatildeo o teste foi
utilizado para preparo da soluccedilatildeo estoque dos poliacutemeros e para o condicionamento do
lodo para a anaacutelise das dosagens oacutetimas (WPCFM 1988 MORTARA 2011) A Figura 7
ilustra a utilizaccedilatildeo deste meacutetodo no condicionamento do lodo
33
Figura 7 - Teste de jarros para dosagem oacutetima de poliacutemero
Tempo de Succcedilatildeo Capilar conhecido como CST - sua sigla na liacutengua inglesa
para Capillary Suction Time - eacute um dos meacutetodos mais utilizados em pesquisas sobre o
desaguamento do lodo Eacute um teste empiacuterico que auxilia na determinaccedilatildeo da dosagem
oacutetima de poliacutemeros sendo indicado por Vesilind (1988) WPCFM (1988) Metcalf amp
Eddy (1991) Andreoli von Sperling amp Fernandes (2001) Andreoli (2009) e APHA et al
(2012) Apesar do inconveniente de trabalhar com pequenos volumes acarretando na
seleccedilatildeo de uma fase do efluente clarificado e de flocos quando o lodo eacute condicionado
organicamente Ruiz Kaosol amp Wisniewsk (2010) afirmam que o teste ainda estaacute entre
as teacutecnicas mais utilizadas para definiccedilatildeo da filtrabilidade do lodo Algumas destas
razotildees eacute a rapidez e simplicidade na realizaccedilatildeo pois determina em segundos quanto
tempo a aacutegua presente no lodo leva para percorrer um meio poroso atraveacutes de um
equipamento utilizando-se uma pequena quantidade de amostra
Jin Wileacuten amp Lant (2003) verificaram uma boa relaccedilatildeo estatiacutestica entre os valores
de CST e EPS e relacionaram altos valores de floculabilidade hidrofobicidade cargas
negativas das superfiacutecies e viscosidade agrave grande quantidade de aacutegua fiacutesico-
quimicamente ligada e longos CST Contudo constataram que as caracteriacutesticas
morfoloacutegicas determinadas como o tamanho dos flocos dimensatildeo fractal e iacutendice de
34
filamento tecircm estatisticamente fracas correlaccedilotildees com a quantidade de aacutegua ligada
fiacutesico-quimicamente e o tempo do CST
Como ilustra a Figura 8 o teste eacute realizado em um aparelho denominado CST
(Capilary Succcedilatildeo Time) que consiste em duas placas de acriacutelico um cilindro metaacutelico
um filtro de papel trecircs contatos eleacutetricos fixados em dois ciacuterculos concecircntricos que
circundam uma abertura circular no meio da placa e um cronocircmetro
O papel eacute colocado entre as duas placas de acriacutelico e o cilindro metaacutelico eacute
encaixado na abertura circular O teste eacute feito com 68 mL de lodo colocado dentro do
cilindro A aacutegua contida no lodo atravessa o filtro de papel cromatograacutefico (Whatman n
17 tamanho 7 x 9 cm) Apoacutes percorrer 08 cm a aacutegua chega ao ciacuterculo interno que
conteacutem dois dos contatos eleacutetricos dispara-se o cronocircmetro quando a aacutegua percorre
mais 07 cm chegando ao ciacuterculo externo o terceiro contato eleacutetrico para a contagem
do tempo (VESILIND 1988) A Tabela 2 indica os meacutetodos utilizados para anaacutelise do
lodo
Tabela 2 - Meacutetodos utilizados na anaacutelise do lodo
Paracircmetro Meacutetodo Soacutelidos Totais Standard Methods 20 2540
Soacutelidos Suspensos Totais Standard Methods 20 2540 Alcalinidade Standard Methods 20 2320 B
pH Standard Methods 20 4500 B Teste de Succcedilatildeo Capilar Standard Methods 20 2710 G
35
Figura 8 - Aparelho utilizado para aferir o Tempo de Succcedilatildeo Capilar (Capilary Suction Time)
43 Poliacutemeros
Na pesquisa estudou-se o efeito do uso de diferentes poliacutemeros naturais
(moringa mandioca e quiabo) e um sinteacutetico no desaguamento do lodo Ressalva-se
que foram elegidas metodologias simplificadas e de baixo custo cuja produccedilatildeo e
preparo podem se dar em ETE de pequeno porte localizadas em comunidades rurais
eou isoladas Os poliacutemeros sinteacutetico e os naturais oriundos da mandioca e do quiabo
foram aplicados em soluccedilatildeo aquosa e o poliacutemero da moringa foi aplicado em poacute
diretamente sobre o lodo As sementes de moringa foram obtidas do Campo
Experimental da Faculdade de Engenharia Agriacutecola ndash UNICAMP e da Coordenadoria de
Assistecircncia Teacutecnica Integral (CATI) de Pederneiras e Mariacutelia ambas localizadas no
estado de Satildeo Paulo O amido de mandioca eacute extraiacutedo das partes comestiacuteveis da
mandioca sendo conhecido comercialmente por feacutecula ou polvilho doce O quiabo
tambeacutem eacute disponiacutevel comercialmente e foi obtido na Central de Abastecimento SA
36
(CEASA) de Campinas e o poliacutemero sinteacutetico utilizado Superflocreg 8394 foi doado pela
empresa Kemira Os poliacutemeros foram preparados obedecendo os criteacuterios de
simplicidade e baixo custo utilizando as metodologias abaixo
Superflocreg 8394 Eacute uma poliacrilamida catiocircnica de baixo peso molecurar e pode
ser utilizada nas etapas de desaguamento de lodos e clarificaccedilatildeo das aacuteguas numa
ampla variedade de induacutestrias O preparo da soluccedilatildeo estoque foi feito na concentraccedilatildeo
maacutexima indicada pela empresa 05 no teste de jarros com agitaccedilatildeo de
aproximadamente 250 rpm - gradiente de velocidade2 (G) asymp 160 s-1 - por 60 minutos
com o objetivo de homogeneizar totalmente a soluccedilatildeo (KEMIRA [sd]) A soluccedilatildeo foi
aplicada no lodo em teste de jarros com agitaccedilatildeo inicial de 250 rpm por 10 s
diminuindo- se a velocidade para 100 rpm (Gasymp 64 s-1) por mais 5 min
Mandioca (Manihot esculenta Crantz) Para obtenccedilatildeo do poliacutemero da mandioca
seguiu-se as orientaccedilotildees de Dantas amp Di Bernardo (2000) que utilizaram amido de
mandioca catiocircnico waxy (um tipo de amido modificado) Segundo Di Bernardo (2005)
os gracircnulos de amido satildeo insoluacuteveis em aacutegua abaixo de 50degC Para tornaacute-los soluacuteveis
portanto eacute preciso aquecer a suspensatildeo de amido na aacutegua aleacutem da temperatura criacutetica
para que os gracircnulos absorvam a aacutegua e intumesccedilam formando uma pasta gelatinosa
Para obtenccedilatildeo deste amido a feacutecula da mandioca foi aquecida agrave temperatura de 80 plusmn
5degC com agitaccedilatildeo constante ateacute a formaccedilatildeo da pasta gelatinosa como ilustrado na
Figura 9 Preparou-se soluccedilatildeo estoque de 10 gL-1 e adicionou-se ao lodo em teste de
jarros com agitaccedilatildeo inicial de 250 rpm por 10 s diminuindo- se para 100 rpm por mais 5
min
2 Gradiente de velocidade calculado considerando a mesma viscosidade da aacutegua
37
Figura 9 - Preparo da soluccedilatildeo de poliacutemero produzida a partir da mandioca
Moringa (Moringa oleifera) Ilustrada na Figura 10 eacute um poliacutemero catiocircnico e sua
metodologia foi realizada adaptando-se a metodologia de Muyibi et al (2001) e Arantes
Ribeiro amp Paterniani (2012) Primeiramente as sementes foram descascadas e moiacutedas
para obtenccedilatildeo de um poacute sendo posteriormente homogeneizadas em peneira com
abertura de 0125 mm O poacute obtido foi utilizado diretamente sobre o lodo em teste de
jarros com agitaccedilatildeo inicial de 250 rpm por 10 s diminuindo- se a velocidade para 100
rpm por mais 5 min
38
Figura 10 - Semente de Moringa oleiacutefera
FONTE FEAGRI (2004)
Quiabo (Abelmoschus esculentus) Eacute um poliacutemero aniocircnico e adaptou-se a
metodologia apresentada por Abreu Lima (2007) que consiste no uso do fruto do
quiabo maduro e seco (rejeitado pelo consumidor) O processo consistiu na lavagem do
quiabo para remoccedilatildeo de resiacuteduos provenientes do solo exposiccedilatildeo ao sol ateacute a total
secagem dos frutos e moagem em um moedor eleacutetrico Adicionou-se aacutegua destilada ao
poacute que foi obtido nas peneiras de 0841 mm e 0149 mm nas concentraccedilotildees de 50 e 45
gL-1 respectivamente homogeneizando as soluccedilotildees em teste de jarros a 250 rpm ateacute
total dissoluccedilatildeo (cerca de 15 min para a primeira e 2h para a segunda) A primeira
soluccedilatildeo que possuiacutea partiacuteculas maiores do quiabo foi peneirada em funil de Buumlchner
para utilizaccedilatildeo somente da ldquobabardquo formada Essa praacutetica natildeo foi necessaacuteria para a
segunda soluccedilatildeo As duas soluccedilotildees foram adicionadas ao lodo em teste de jarros com
agitaccedilatildeo inicial de 250 rpm por 10 s diminuindo- se para 100 rpm por mais 5 min como
ilustra a Figura 11
39
Figura 11 - Preparo da soluccedilatildeo de poliacutemero produzida a partir do quiabo
44 Montagem dos leitos de secagem
Os sistemas foram montados em escala de bancada sendo que cada leito de
secagem a ser testado foi composto por um tubo de PVC com diacircmetro de 010 m Os
tubos foram acoplados atraveacutes de uma luva a uma reduccedilatildeo excecircntrica de 100 x 50 mm
cujo objetivo eacute facilitar o escoamento da aacutegua percolada minimizando possiacuteveis
perdas O pavimento permeaacutevel foi fixado na parte interna do tubo de PVC e
impermeabilizado no periacutemetro com veda calha impedindo a passagem de aacutegua ou
soacutelidos entre o pavimento e o tubo
Conforme pode ser visualizado na Figura 12 foram construiacutedas trecircs diferentes
composiccedilotildees para o leito de secagem Com o objetivo de evitar diferenccedilas na influecircncia
da evaporaccedilatildeo nos sistemas haacute uma mesma altura livre de 075 m na parte superior de
cada tubo
40
Figura 12 - Sistema de bancada de leito de secagem utilizado na pesquisa
a) Sistema convencional foi construiacutedo baseado nas orientaccedilotildees da
NBR122091992 Sobre o pavimento permeaacutevel foram adicionadas camadas de
aproximadamente 020 m de brita e 015 m de areia A norma prevecirc a utilizaccedilatildeo
de tijolos sobre a camada de brita entretanto desconsiderou-se o uso dos
mesmos devido ao fato de que a infiltraccedilatildeo somente ocorrer entre os vatildeos dos
tijolos onde estaacute presente a areia Neste caso o pavimento permeaacutevel cumpriu
unicamente a funccedilatildeo de sustentar o sistema impedindo o arraste da brita e da
areia para fora do conjunto natildeo interferindo na capacidade drenante do leito
b) Pavimento permeaacutevel O sistema foi composto somente com o pavimento
permeaacutevel
c) Pavimento permeaacutevel acrescido de camada de areia Sobre pavimento
permeaacutevel foi adicionada uma camada de 001 m de areia Neste conjunto foi
41
possiacutevel avaliar se a colocaccedilatildeo de fina camada de areia impediu o entupimento
dos poros do pavimento permeaacutevel pelo lodo
A areia utilizada foi classificada como meacutedia pelo procedimento da NBR NM
2482003 Possuindo diacircmetro efetivo D10 018mm coeficiente de desuniformidade
CD 318 e porosidade de 48
Foram construiacutedos quinze sistemas para a aplicaccedilatildeo do lodo com adiccedilatildeo dos
poliacutemeros separadamente A Tabela 3 ilustra os pavimentos equivalentes aos sistemas
pavimento permeaacutevel (P) pavimento permeaacutevel com adiccedilatildeo de areia (P+A) e
convencional (C)
Tabela 3 - Organizaccedilatildeo dos sistemas
Pavimentos Sistemas Poliacutemeros
1 P (1) Sem poliacutemero
2 P+A (1) Sem poliacutemero
3 C (1) Sem poliacutemero
4 P (2) Sinteacutetico
5 P+A (2) Sinteacutetico
6 C (2) Sinteacutetico
7 P (3) Mandioca
8 P+A (3) Mandioca
9 C (3) Mandioca
10 P (4) Moringa
11 P+A (4) Moringa
12 C (4) Moringa
13 P (5) Quiabo
14 P+A (5) Quiabo
15 C (5) Quiabo
Com o objetivo de evitar influecircncia da precipitaccedilatildeo os sistemas foram dispostos
em local coberto por telhas e cobertura plaacutestica que foi fixada atraacutes da bancada
Abaixo as Figuras 13 e 14 mostram a bancada de experimentaccedilatildeo
42
Figura 13 - Bancada experimental localizada no Laboratoacuterio de Protoacutetipos
Figura 14 - Detalhe dos sistemas em utilizaccedilatildeo na bancada experimental
43
45 Taxa de infiltraccedilatildeo
A taxa de infiltraccedilatildeo foi determinada a partir de testes realizados com cada
sistema O teste consistiu na manutenccedilatildeo de uma altura de coluna de aacutegua constante
sobre os leitos em estudo e com a coleta e mediccedilatildeo do volume de aacutegua percolada
atraveacutes do pavimento a cada 5 segundos3 Este teste foi feito em quintuplicata tendo-se
em vista a obtenccedilatildeo de um conjunto confiaacutevel de dados
Com o objetivo de avaliar a viabilidade da reutilizaccedilatildeo dos pavimentos apoacutes a sua
primeira utilizaccedilatildeo estes foram limpos com lavadora de alta pressatildeo para retirar
partiacuteculas residuais de lodo que restaram nos sistemas Depois da limpeza os
pavimentos foram submetidos a um novo teste de infiltraccedilatildeo Quando estes
apresentaram resultados significativamente inferiores ao primeiro teste foram
mergulhados em aacutegua com soluccedilatildeo detergente por uma semana com o propoacutesito de
dissolver oacuteleos e graxas possivelmente aderidos aos pavimentos Descartaram-se
aqueles que apresentaram taxas de infiltraccedilatildeo discrepantes para isso foi utilizado o
meacutetodo estatiacutestico de normalidade
Posteriormente foram calculadas as taxas de infiltraccedilatildeo dos sistemas
convencional e pavimento permeaacutevel acrescido de camada de areia obedecendo-se os
mesmos criteacuterios de validaccedilatildeo estatiacutestica
46 Avaliaccedilatildeo dos sistemas quanto ao desaguamento do lodo
Para anaacutelise da eficiecircncia do desaguamento nos sistemas foi comparado o
volume de lodo aplicado sobre os leitos e a aacutegua percolada de cada sistema ao longo
do tempo Para mensuraccedilatildeo do volume de aacutegua percolado colocou-se abaixo de cada
sistema um beacutequer que armazenou a aacutegua percolada No primeiro dia realizou-se um
monitoramento por 12 h sendo que o intervalo de tempo entre as coletas foi
significativamente menor nas primeiras horas devido ao desaguamento mais intenso
3 O tempo foi determinado em funccedilatildeo da capacidade de afericcedilatildeo da vazatildeo infiltrada de modo que tempos
maiores teriam infiltraccedilotildees aleacutem da capacidade de medida dos instrumentos utilizados no experimento
44
A avaliaccedilatildeo do desaguamento do lodo seria realizada na seguinte ordem Seacuterie
1 Sem adiccedilatildeo de poliacutemero Seacuterie 2 Adiccedilatildeo de poliacutemero sinteacutetico Seacuterie 3 Adiccedilatildeo de
poliacutemero extraiacutedo da Mandioca Seacuterie 4 Adiccedilatildeo de poliacutemero extraiacutedo da Moringa Seacuterie
5 Adiccedilatildeo de poliacutemero extraiacutedo do Quiabo como ilustrado na Tabela 4 As seacuteries foram
realizadas em triplicata
Tabela 4 - Avaliaccedilatildeo dos sistemas
Seacuterie Poliacutemero Sistema
Seacuterie 1 Sem adiccedilatildeo de poliacutemero
Pavimento permeaacutevel
Pavimento permeaacutevel + areia
Convencional
Seacuterie 2 Poliacutemero sinteacutetico
Pavimento permeaacutevel
Pavimento permeaacutevel + areia
Convencional
Seacuterie 3 Mandioca
Pavimento permeaacutevel
Pavimento permeaacutevel + areia
Convencional
Seacuterie 4 Moringa
Pavimento permeaacutevel
Pavimento permeaacutevel + areia
Convencional
Seacuterie 5 Quiabo
Pavimento permeaacutevel
Pavimento permeaacutevel + areia
Convencional
461 Avaliaccedilatildeo do desaguamento sem adiccedilatildeo de poliacutemero (Seacuterie 1)
Para a disposiccedilatildeo nos leitos de secagem utilizou-se volume de 20 L de lodo
para cada sistema em todas as seacuteries
45
462 Avaliaccedilatildeo do desaguamento com adiccedilatildeo de poliacutemeros (Seacuteries 2 a 5)
Para as amostras de lodo que tiveram adiccedilatildeo de poliacutemero foi utilizado o Teste de
Jarros para preparo da soluccedilatildeo estoque e condicionamento do lodo para a avaliaccedilatildeo da
dosagem e formaccedilatildeo de flocos Atraveacutes do CST determinou-se a dosagem oacutetima dos
poliacutemeros (Item 42) Apoacutes esta etapa obedeceu-se a mesma metodologia empregada
na dosagem isto eacute primeiramente o lodo foi condicionado com poliacutemero sendo entatildeo
aplicado nos sistemas
463 Sistema controle
Aleacutem dos sistemas com lodo utilizou-se um controle para aferir a quantidade de
aacutegua sujeita a evaporaccedilatildeo no local Este controle consistiu em uma coluna drsquoaacutegua feita
de tubo de PVC do mesmo modo em que o utilizado nos sistemas de desaguamento
permitindo a comparaccedilatildeo entre o volume de aacutegua inicial (2 L) e o restante apoacutes o tempo
despendido pelo desaguamento Para isso utilizou-se o princiacutepio dos vasos
comunicantes ilustrado na Figura 15
46
Figura 15 - Coluna drsquoaacutegua utilizada como controle na bancada experimental
464 Avaliaccedilatildeo do Lodo Desaguado
As amostras de torta seca foram retiradas quando os desaguamentos dos
sistemas cessaram Analisou-se o teor de umidade obtido em cada sistema expresso
pela anaacutelise de Soacutelidos Totais
47
5 RESULTADOS
51 Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas
O teste para determinaccedilatildeo da taxa de infiltraccedilatildeo foi realizado em todos os
pavimentos e nos sistemas de pavimento com adiccedilatildeo de areia e convencional
Primeiramente realizou-se os testes nos quinze pavimentos A meacutedia encontrada foi de
1144 mL plusmn 6229 e CV 005 (em 5 segundos de infiltraccedilatildeo) Verificou-se que as taxas de
infiltraccedilatildeo de aacutegua dos mesmos tinham indiacutecios de normalidade4 em seguida fez-se o
boxplot (Figura 34 Apecircndice B) e verificou-se a existecircncia de dois valores atiacutepicos (768
e 852 mL) por fim buscou-se confirmar se estes pontos apontados eram taxas de
infiltraccedilatildeo fora do padratildeo apresentado pelos demais pavimentos Observa-se que estes
dois pavimentos (2 e 14) foram utilizados em testes preliminares com o objetivo de
verificar a viabilidade do projeto Como seriam avaliados tambeacutem o pavimento
permeaacutevel com adiccedilatildeo de areia utilizou-se esses pavimentos nestes sistemas pois a
taxa de infiltraccedilatildeo neste caso eacute menor devido a esta camada de areia possibilitando
seu uso para este fim
A taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas pavimento permeaacutevel acrescido de areia e
convencional foram calculados do mesmo modo A meacutedia destes foi de 182 mL plusmn 209 e
CV 01 para o primeiro e de 526 mL plusmn1433 e CV 027 para o segundo
52 Caracterizaccedilatildeo do lodo bruto
Realizou-se caracterizaccedilatildeo do lodo durante o periacuteodo de agosto a fevereiro de
2014 Observou-se que o lodo sofreu perda de aacutegua deste periacuteodo devido agraves condiccedilotildees
de acondicionamento uma vez que recebeu forte insolaccedilatildeo e o recipiente em que
estava natildeo possuiacutea condiccedilotildees ideais de vedaccedilatildeo tendo possivelmente uma perda de
aacutegua livre por evaporaccedilatildeo elevando o valor de soacutelidos Para caracterizaccedilatildeo deste lodo
no entanto os valores obtidos de Soacutelidos Totais foram considerados respeitando-se o
4 Isto eacute que tem indiacutecios de uma distribuiccedilatildeo de probabilidade normal
48
intervalo de confianccedila conforme o Boxplot da Figura 30 Apecircndice A Todavia o pH e a
alcalinidade natildeo sofreram interferecircncia com estas condiccedilotildees A Tabela 5 mostra que o
lodo utilizado foi mais concentrado que usualmente encontrado na literatura (tendo em
meacutedia 77634 mgL-1 de ST plusmn 669003 e CV 009) mas como citado por Andreoli (2009)
o lodo de tanque seacuteptico possui grande variabilidade e dependendo da forma em que eacute
retirado pode apresentar-se mais ou menos concentrado
Tabela 5 - Comparaccedilatildeo entre dados encontrados na literatura e na presente pesquisa
Paracircmetros PHILIPPI et
al (1999) Withers Jarvie amp Stoate (2011)
Moussavi Kazembeigi amp
Farzadkia (2010) Neste trabalho
Meacutedia Meacutedia Meacutedia Meacutedia plusmn CV
ST (mgL-1
) 1083 - 1070 77634 66900 009
STV (mgL-1
) 673 - - 35164 23127 007
pH 66 73 73 70 02 003
Alcalinidade (mg CaCO3L
-1)
- 6085 480 2300 3438 015
49
Os Soacutelidos Totais e Soacutelidos Suspensos Totais fazem parte do conjunto de
paracircmetros mais importantes do lodo e satildeo dependentes do tipo de processo de
tratamento de esgoto e do tratamento do lodo Tiacutepicas concentraccedilotildees de ST estatildeo na
faixa de 2 a 12 no lodo bruto e 12 a 30 no lodo desaguado No lodo seco ou
compostado esses valores podem alcanccedilar 50 (SHAMMAS amp WANG 2008)
Outro importante paracircmetro eacute a relaccedilatildeo entre os Soacutelidos Totais Volaacuteteis e
Soacutelidos Totais (STVST) que de acordo com Metcalf amp Eddy (1991) Shammas amp Wang
(2008) e Andreoli (2009) eacute uma boa indicaccedilatildeo da fraccedilatildeo orgacircnica dos soacutelidos e de seu
niacutevel de digestatildeo A relaccedilatildeo encontrada neste trabalho foi em meacutedia de 046 sendo
valores proacuteximos aos encontrados por Andreoli et al (2009) em RAFA de 055
A relaccedilatildeo meacutedia de SSVSST neste trabalho foi de 047 plusmn001 e CV 002
semelhante agrave encontrada para STVST Moussavi Kazembeigi amp Farzadkia (2010)
correlacionaram os valores de SSVSST tambeacutem em tanque seacuteptico com o mesmo
objetivo e essa relaccedilatildeo foi de 057 classificando o lodo como estabilizado
Eacute necessaacuterio observar que a relaccedilatildeo entre STVST tiacutepica de um lodo primaacuterio eacute
de 075 a 080 proacutepria de lodos natildeo digeridos (METCALF amp EDDY 1991 ANDREOLI
VON SPERLING amp FERNANDES 2001 ANDREOLI et al 2009) O lodo proveniente de
tanques seacutepticos eacute classificado como lodo primaacuterio como o gerado em decantadores
primaacuterios Contudo diferentemente deste uacuteltimo o lodo de tanques seacutepticos sofre
digestatildeo anaeroacutebia
Os lodos digeridos tecircm valores entre 060 e 065 (ANDREOLI VON SPERLING
amp FERNANDES 2001) Apesar disso a Resoluccedilatildeo CONAMA 37506 afirma que os
lodos de esgoto que apresentem relaccedilatildeo (STVST) inferiores a 070 jaacute satildeo
considerados estaacuteveis para fins de utilizaccedilatildeo agriacutecola (BRASIL 2006)
Entretanto lodos que se adequam a essa relaccedilatildeo podem conter quantidades
significativas de areia e outros componentes inorgacircnicos que contribuem para o
aumento de soacutelidos fixos A baixa relaccedilatildeo entre soacutelidos volaacuteteis e soacutelidos totais pode
natildeo ser a mais adequada para indicaccedilatildeo do niacutevel de mineralizaccedilatildeo do lodo e de seu
impacto no solo A NBR 122091992 conceitua lodo estabilizado como aquele natildeo
sujeito a putrefaccedilatildeo poreacutem a quantificaccedilatildeo de STV natildeo eacute um indicador direto deste
50
fenocircmeno Existem algumas metodologias que fornecem essa indicaccedilatildeo como a
determinaccedilatildeo do potencial de mineralizaccedilatildeo do carbono e nitrogecircnio e de foacutesforo
atraveacutes da quantificaccedilatildeo de CO2 nitrogecircnio na forma de amocircnio e nitrogecircnio na forma
de nitrato (N-NH4+ e N-NO3
-) e extraccedilatildeo de foacutesforo como realizado por Tognetti et al
(2008)
Outro meacutetodo relativamente simples e amplamente utilizado eacute a respirometria de
Bartha que quantifica a produccedilatildeo de CO2 produzida pela microbiota quando em contato
com um composto natildeo presente naturalmente no solo medindo de maneira indireta
sua atividade metaboacutelica para degradaccedilatildeo destes compostos que mesmo sendo
orgacircnicos podem ser recalcitrantes Essa teacutecnica pode ser utilizada na anaacutelise da
biodegradabilidade do lodo para fins de utilizaccedilatildeo agriacutecola por medir o impacto de sua
aplicaccedilatildeo no solo (CLARKE TAYLOR amp COSSINS 2007)
Em relaccedilatildeo agrave alcalinidade e ao pH pode-se afirmar que satildeo os paracircmetros mais
importantes entre as anaacutelises quiacutemicas simples que verificam a qualidade do lodo
Visto que o pH determina as espeacutecies coagulantes que seratildeo utilizadas no
condicionamento bem como a natureza das cargas superficiais dos coloides (WPCF
1988) Aleacutem disso concentraccedilotildees elevadas de iacuteons de caacutelcio contribuem para melhora
do desaguamento do lodo (JIN WILEacuteN amp LANT 2003) Contudo no uso de
condicionantes inorgacircnicos a alta alcalinidade associada a lodos digeridos
anaeroacutebiamente pode levar a altas doses desses coagulantes pois se comportam
como aacutecidos quando satildeo adicionados a aacutegua isto eacute reduzem o pH da mistura gerada
(WPCF 1988)
53 Dosagem oacutetima dos poliacutemeros
A avaliaccedilatildeo das dosagens dos poliacutemeros baseou-se primeiramente na formaccedilatildeo de
flocos no teste de jarros Nas dosagens onde houve essa formaccedilatildeo realizou-se o
tempo de succcedilatildeo capilar (CST) comparando-se com os resultados do lodo sem
poliacutemero Segundo WPCF (1988) valores tiacutepicos para o Tempo de Succcedilatildeo Capilar
(CST) de lodo natildeo condicionado satildeo de aproximadamente 200 segundos O lodo em
51
estudo teve uma meacutedia de 2338 plusmn 1723 segundos demonstrando que seu
desaguamento ideal eacute ligeiramente mais lento do que lodos usualmente encontrados
Um dos fatores que influencia longos tempos de CST eacute a concentraccedilatildeo de soacutelidos Por
isso analisou-se esse paracircmetro nas aliacutequotas de lodo utilizadas em cada teste
Apesar da concentraccedilatildeo de soacutelidos no lodo estudado ser alta pode natildeo ser a uacutenica
responsaacutevel por estes resultados como jaacute mencionado outros fatores podem interferir
no desaguamento como o tipo de aacutegua encontrada no lodo e a alcalinidade (VESILIND
1988 WPCF 1988 VESILIND1994)
Para a dosagem oacutetima dos poliacutemeros o criteacuterio utilizado foi de acordo com WPCF
(1988) que indica que um lodo bem condicionado natildeo deve ultrapassar 10 segundos
no teste CST Sendo assim escolheu-se a menor dosagem dentre as que tiveram
resultados inferiores a 10 segundos As dosagens dos poliacutemeros que foram testadas
podem ser vistas na Tabela 6 e nos subitens 531 532 533 e 534
52
Tabela 6 - Dosagens testadas dos poliacutemeros utilizados na pesquisa
Poliacutemeros
Kemira 8394 reg Mandioca Moringa Quiabo
Dosagens testadas
(gL-1)
005 200 600 1000
010 250 800 1500
020 300 1000 2000
040
1200 1000
050
1400 1500
060
1600 2000
1800
2000
2200
2400
2600
2800
3000
3200
3400
3600
3800
4000
4200
4400
4600
4800
5000
6000
7000
9000
12000
531 Poliacutemero Sinteacutetico
Foram realizados dois testes de dosagem para o poliacutemero sinteacutetico uma em agosto
de 2013 e outra em fevereiro de 2014 devido ao intervalo relativamente grande entre a
primeira e a segunda seacuterie de desaguamento No primeiro teste as dosagens
53
analisadas foram de 005 010 020 e 040 gL-1 sendo encontrada a dosagem ideal
de 020 g L-1 Calculando a dosagem em funccedilatildeo da concentraccedilatildeo de soacutelidos do lodo
obteacutem-se que a dosagem ideal foi de 68 g kg ST-1 ressalta-se que o caacutelculo foi
realizado em funccedilatildeo dos ST e natildeo como o indicado por Andreoli von Sperlin
Fernandes (2001) que fazem em funccedilatildeo de SST devido ao fato do condicionamento
quiacutemico natildeo agir somente nos SST mas tambeacutem em partiacuteculas coloidais e dissolvidas
presentes no lodo (LIBAcircNIO 2005) Uma vez obtida a relaccedilatildeo ideal entre poliacutemero e
ST adicionou-se ao lodo em todos as seacuteries a mesma dosagem
No segundo teste foram utilizadas as seguintes dosagens 040 050 e 060 gL-1
A dosagem ideal obtida no teste foi de 050 g L-1 Os tempos registrados no CST
podem ser observados na Tabela 7
Tabela 7 - Resultados obtidos no CST nas dosagens de poliacutemero testadas
Poliacutemero Sinteacutetico
Dosagem (gL-1) Meacutedia plusmn CV
0055 - - -
010 106 14 01
020 74 15 02
040 1107 14 01
040 109 45 04
050 64 21 03
060 925 07 01
532 Mandioca
Preparou-se soluccedilatildeo estoque de 10 gL-1 A concentraccedilatildeo esteve em funccedilatildeo do
limite de saturaccedilatildeo da mistura da aacutegua com a feacutecula de mandioca visto que acima
desta concentraccedilatildeo a soluccedilatildeo natildeo se solubilizava por completo Apesar da
concentraccedilatildeo da soluccedilatildeo ser muito superior a testes realizados em aacutegua por Dantas amp
5 Como citado na literatura o CST foi feito somente nas dosagens em que houve formaccedilatildeo de flocos
54
Di Bernardo (2000) de 10 gL-1 natildeo foi possiacutevel testar grandes dosagens jaacute que isso
implicaria em um grande volume de poliacutemero superior inclusive ao volume de lodo
utilizado o que inviabilizaria sua aplicaccedilatildeo As dosagens testadas foram de 20 25 e
30 gL-1 sendo que em nenhuma delas houve a formaccedilatildeo de flocos Ressalva-se que
foi possiacutevel realizar essas dosagens utilizando-se volumes de lodo menores que os de
poliacutemero mantendo-se assim o volume total de 2 L no teste de jarros
Os testes mostraram que pela metodologia empregada no presente projeto natildeo foi
possiacutevel utilizar o poliacutemero obtido a partir da mandioca como condicionante de lodo de
esgoto natildeo sendo realizados testes de desaguamento nos sistemas Possivelmente
seriam necessaacuterias dosagens extremamente elevadas deste poliacutemero para a obtenccedilatildeo
de resultados positivos no lodo que foi utilizado como auxiliar de coagulaccedilatildeo no
tratamento de aacutegua por Di Bernardo (2000)
533 Moringa
As concentraccedilotildees testadas iniciaram em 60 gL-1 - dosagem oacutetima de poacute seco
obtida por Muyibi et al (2001) As demais dosagens foram de 80 100 120 140
160 180 200 220 240 260 280 300 320 340 360 380 400 420 440
460 480 500 600 700 900 1200 g L-1 Natildeo houve formaccedilatildeo de flocos em
nenhuma dosagem Ressalva-se que o teste foi limitado pela quantidade poacute obtido pelo
descascamento seleccedilatildeo moagem e peneiramento das sementes de moringa
Existem diversos fatores que podem contribuir para a natildeo correlaccedilatildeo de resultados
obtidos no presente estudo e os relatados na literatura Dentre eles nota-se que apesar
de Muyibi et al (2001) terem conseguido obter resultados positivos no condicionamento
do lodo pela moringa os testes realizados para tal natildeo satildeo os mesmos realizados nesta
pesquisa os pesquisadores utilizaram teste de resistecircncia especiacutefica e de reduccedilatildeo de
volume do lodo em teste de jarros Aleacutem disso o meacutetodo de preparo do poacute seco
utilizado no experimento natildeo eacute detalhado podendo sofrer variaccedilotildees importantes que
podem interferir nos resultados Outro fator importante eacute a concentraccedilatildeo de soacutelidos do
lodo utilizado no trabalho que em momento algum eacute fornecida pelos autores apenas
55
afirmam que o lodo eacute proveniente de uma ETE Como haacute uma correlaccedilatildeo positiva entre
a concentraccedilatildeo de soacutelidos do lodo e a dosagem de condicionantes caso este lodo seja
menos concentrado que o lodo utilizado no presente projeto provavelmente as
dosagens dos condicionantes empregados seratildeo menores
534 Quiabo
Para os testes com o quiabo foram empregadas duas metodologias que se
diferem somente na abertura das peneiras utilizadas Na primeira o peneiramento foi de
0841 mm e na segunda o peneiramento foi de 0149 mm Ambos tiveram soluccedilatildeo
estoque com concentraccedilatildeo de 50 g L-1 (limite de saturaccedilatildeo) e as mesmas dosagens
testadas de 100 150 e 200 g L-1 Ressalta-se que as dosagens foram limitadas pela
quantidade de poacute obtido no processo para se obter aproximadamente 01 kg do poacute
mais fino utilizou-se 15 kg de quiabo jaacute que grande parte desta massa eacute aacutegua e eacute
necessaacuterio secaacute-lo moecirc-lo e peneiraacute-lo Em todas as dosagens testadas natildeo se
verificou a formaccedilatildeo de flocos Um dos fatores que pode ter contribuiacutedo para a natildeo
formaccedilatildeo de flocos eacute o fato do poliacutemero ser aniocircnico conforme apontado por Abreu
Lima (2007)
535 Avaliaccedilatildeo geral da dosagem dos poliacutemeros
Natildeo foram encontradas dosagens oacutetimas para o condicionamento do lodo de esgoto
de tanque seacuteptico quando utilizou-se os poliacutemeros naturais oriundos da mandioca
moringa e quiabo Destaca-se que foram avaliadas somente algumas metodologias
simplificadas adequadas a ETE de pequeno porte localizadas em comunidades
isoladas eou rurais Eacute possiacutevel que existam resultados positivos caso empregue-se
outras metodologias mais complexas que aumentem a concentraccedilatildeo dos poliacutemeros em
volumes viaacuteveis para aplicaccedilatildeo no lodo de esgoto uma vez que outras pesquisas
relataram sua eficiecircncia no tratamento de aacutegua esgoto e condicionamento do lodo
Em relaccedilatildeo ao poliacutemero orgacircnico sinteacutetico a dosagem oacutetima encontrada eacute viaacutevel
para aplicaccedilatildeo Poreacutem eacute importante considerar que a utilizaccedilatildeo de poliacutemeros orgacircnicos
56
sinteacuteticos incrementa custos significativos agrave operaccedilatildeo da ETE bem como matildeo-de-obra
especializada para sua manipulaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo
54 Desaguamento do lodo nos sistemas
Como explicado anteriormente as seacuteries satildeo as replicatas da anaacutelise de
desaguamento do lodo ao longo do tempo na escala de bancada Para cada seacuterie
utilizou-se 2 L de lodo de esgoto a carga meacutedia aplicada no projeto foi de 1880
kgSTm-2 com plusmn 263 e CV 014 ou seja tem-se indiacutecios estatiacutesticos de que a meacutedia eacute
representativa Em todas as seacuteries considerou-se o teacutermino do desaguamento quando
a percolaccedilatildeo parou nos sistemas ou seja quando o volume coletado foi de 0 mL Eacute
importante observar que as condiccedilotildees climaacuteticas variaram consideravelmente no
periacuteodo em que as seacuteries foram realizadas deste modo verifica-se que a influecircncia da
temperatura e da evaporaccedilatildeo foram diferentes em cada uma das seacuteries Na Tabela 8
satildeo apresentadas as condiccedilotildees relativas a cada uma das seacuteries No Apecircndice B as
Figura 41 42 43 44 e 45 exibem as temperaturas diaacuterias registradas e a evaporaccedilatildeo
da coluna drsquoaacutegua (Sistema controle item 463)
Tabela 8 - Temperatura evaporaccedilatildeo e duraccedilatildeo das seacuteries
Sem poliacutemero Poliacutemero Sinteacutetico
Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie IV
TdegC Maacutex 341 357 371 271 370 343 343
TdegC Min 96 132 160 65 203 160 160
Evaporaccedilatildeo coluna daacutegua ()
180 200 320 15 160 40 40
Iniacutecio 030913 291013 280114 280913 060214 180214 180214
Duraccedilatildeo (dias) 350 390 280 40 80 50 50
Em que TdegC Maacutex Temperatura Maacutexima TdegC Min Temperatura Miacutenima
Na Tabela 9 satildeo apresentados os volumes desaguados os teores de soacutelidos das
tortas secas resultantes dos sistemas de bancada a meacutedia amostral e a meacutedia
ajustada6 de cada sistema Esta uacuteltima eacute decorrente de um ajuste de um modelo linear
6 A meacutedia ajustada decorre da meacutedia geral das categorias tomadas como sendo iguais incluindo um erro
aleatoacuterio
57
normal Desta forma eacute possiacutevel verificar se haacute diferenccedilas significativas entre os valores
amostrais Os boxplot dos volumes amostrais e dos ajustados podem ser visualizados
nas Figura 46 e 47 (Apecircndice B)
No que se refere ao volume desaguado haacute indiacutecios estatiacutesticos de que tanto nas
seacuteries sem adiccedilatildeo de poliacutemero e com adiccedilatildeo de poliacutemero nos sistemas pavimento
permeaacutevel e pavimento permeaacutevel acrescido de areia as meacutedias natildeo tecircm diferenccedila
significativa como observado na Figura 47 Todavia comparando-se estes sistemas ao
convencional a diferenccedila eacute significativa segundo a anaacutelise de variacircncia
No tocante ao teor de soacutelidos da torta seca comparando-se o condicionamento ou
natildeo do lodo verificou-se que o lodo sem poliacutemero produziu tortas com igual umidade
que o lodo condicionado visto que quando se comparou os valores de ST nos sistemas
com ou sem poliacutemero natildeo se verificou diferenccedila significativa Examinando-se o
desempenho dos sistemas notou-se que natildeo haacute diferenccedila significativa de ST entre
pavimento permeaacutevel e pavimento permeaacutevel e areia Todavia haacute diferenccedila entre estes
e o convencional segundo a anaacutelise de variacircncia verificado nos boxplot da Figura 48
(Apecircndice B) Ademais como realizado no volume desaguado ajustou-se um modelo
linear em que calculou-se uma meacutedia ajustada para cada sistema como pode ser visto
na Figura 49 do Apecircndice B
58
Tabela 9 - Resultados do desaguamento do lodo de esgoto de tanque seacuteptico
Seacuteries
Sem poliacutemero Poliacutemero Sinteacutetico
P P+A C P P+A C
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
I 1960 540 2208 578 2824 561 2412 1484 2645 1413 2980 1232
II 2777 665 2967 675 3279 492 2503 1411 262 1377 2753 1145
III 2487 628 2824 609 2872 587 2327 1481 2473 1513 2843 1265
IV - - - - - - 2336 1479 - - - -
Meacutedia 2408 611 2667 621 2992 547 2395 1464 2519 1434 2859 1214
plusmn 414 6421 403 4954 250 4910 088 4131 093 7047 114 6199
CV 1720 1051 1512 798 836 898 368 282 369 491 400 511
Meacutedia ajustada
7
2503 64451 2503 64451 2925 48931 2503 142656 2503 142656 2925 127136
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia C Convencional ST Soacutelidos Totais plusmn Desvio Padratildeo CV Coeficiente de Variaccedilatildeo
7 A meacutedia ajustada demonstra que estatisticamente certos valores satildeo iguais
59
541 Sistema composto por Pavimento Permeaacutevel
a) Lodo natildeo condicionado
Para o lodo sem adiccedilatildeo de poliacutemero desaguado em pavimento permeaacutevel o
desaguamento foi respectivamente de 540 665 e 628 mL nas seacuteries I II e III Nota-se
que houve pequenas variaccedilotildees nas trecircs seacuteries justificadas em parte pela variabilidade
das condiccedilotildees climaacuteticas e em parte pela variabilidade normal na reproduccedilatildeo dos
experimentos Contudo eacute possiacutevel notar um comportamento geral das seacuteries onde o
desaguamento eacute mais intenso nas primeiras 70 horas e mais ameno nas restantes A
Figura 16 mostra a evoluccedilatildeo do desaguamento no sistema composto por pavimento
permeaacutevel
Figura 16 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento permeaacutevel com lodo de esgoto sem poliacutemero
0
100
200
300
400
500
600
700
0 200 400 600 800 1000
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo em pavimento permeaacutevel
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
60
b) Lodo condicionado
Para o lodo com adiccedilatildeo de poliacutemero o desaguamento foi realizado em quatro
seacuteries e o volume percolado foi de 1484 1411 1481 e 1479 mL nas seacuteries I II III e IV
respectivamente A seacuterie IV foi realizada somente para verificar se haveria diferenccedila no
desaguamento do pavimento permeaacutevel em decorrecircncia do aumento da taxa de
infiltraccedilatildeo ocasionada na segunda lavagem dos sistemas como seraacute exposto no item
59 Realizou-se o desaguamento concomitantemente com a terceira seacuterie do lodo
condicionado Observa-se um comportamento geral nas seacuteries semelhante ao lodo sem
condicionamento intensidade de desaguamento maior nas primeiras horas e menor
nas demais Contudo diferentemente do lodo natildeo condicionado o desaguamento foi
mais intenso nas primeiras 3 h quando adicionou-se o poliacutemero Estes resultados
evidenciam que o condicionamento do lodo com poliacutemeros aumenta radicalmente natildeo
soacute a taxa de desaguamento mas tambeacutem o volume de aacutegua percolado chegando a ser
em meacutedia 5803 maior que nas seacuteries sem poliacutemero utilizando-se o mesmo sistema
Tanto a raacutepida percolaccedilatildeo quanto o maior volume devem-se agraves pontes quiacutemicas
formadas entre o poliacutemero e aos soacutelidos presentes no lodo que agregam-se em flocos
facilitando a sua separaccedilatildeo da aacutegua livre (LIBAcircNIO 2005 WPCFM 1988) O
hidrograma gerado pode ser observado na Figura 17
61
Figura 17 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento permeaacutevel com lodo de esgoto com adiccedilatildeo de poliacutemero
542 Sistema composto por Pavimento Permeaacutevel e areia
a) Lodo natildeo condicionado
O sistema composto por pavimento permeaacutevel com adiccedilatildeo de areia natildeo teve
diferenccedilas significativas em relaccedilatildeo ao composto somente por pavimento permeaacutevel
tendo comportamento semelhante a este e desaguando 578 675 e 609 mL
respectivamente nas seacuteries I II e III como observado na Figura 18
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
0 10 20 30 40 50 60 70
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo com adiccedilatildeo de poliacutemero sinteacutetico em pavimento permeaacutevel
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
Seacuterie IV
62
Figura 18 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento permeaacutevel com lodo de esgoto sem poliacutemero
a) Lodo condicionado
Como os sistemas anteriores o lodo com adiccedilatildeo de poliacutemero sinteacutetico teve
desempenho superior ao sem condicionamento com 1413 1377 e 1513 mL de
desaguamento nas seacuteries I II e III respectivamente O hidrograma deste sistema pode
ser visto na Figura 19
0
100
200
300
400
500
600
700
800
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo em pavimento permeaacutevel e areia
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
63
Figura 19 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento permeaacutevel e areia com
lodo de esgoto com adiccedilatildeo de poliacutemero
543 Sistema Convencional
a) Lodo natildeo condicionado
Para o lodo sem adiccedilatildeo de poliacutemero desaguado em sistema convencional o
volume percolado foi de 561 492 e 587 mL respectivamente nas seacuteries I II e III
Apesar da seacuterie II ter um desaguamento menor e mais lento que as seacuteries I e II essa
diferenccedila natildeo eacute estatisticamente relevante como observado no boxplot da Figura 46 no
Apecircndice B Nota-se tambeacutem que o desaguamento na Seacuterie III foi mais raacutepido uma
das razotildees apontadas pode ser a alta temperatura e evaporaccedilatildeo registradas neste
periacuteodo sendo este comportamento observado nos sistemas compostos por pavimento
permeaacutevel e pavimento permeaacutevel com camada de areia
Ainda que verifiquem-se algumas diferenccedilas entre as seacuteries eacute possiacutevel constatar
o mesmo comportamento geral registrado nos sistemas anteriores onde o
desaguamento foi mais intenso nas primeiras horas e mais lento nas demais conforme
hidrograma exposto na Figura 20
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo com poliacutemero sinteacutetico em pavimento permeaacutevel e areia
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
64
Figura 20 - Hidrograma do desaguamento do sistema convencional com lodo de esgoto sem poliacutemero
b) Lodo condicionado
Para o lodo condicionado com poliacutemero o volume desaguado foi maior e grande
parte foi percolado nos primeiros minutos comportamento observado em todas as
seacuteries O sistema convencional desaguou nas seacuteries I II e III 1232 1145 e 1265 mL
respectivamente volumes menores que os demais sistemas Devido ao raacutepido
desaguamento deste lodo pode-se afirmar que a evaporaccedilatildeo exerce pouca influecircncia
neste processo sendo a drenagem o principal mecanismo Apesar da evidente
discrepacircncia de volume e tempo de desaguamento na seacuterie II natildeo houve diferenccedila
estatiacutestica entre as demais seacuteries como comprovado pelo boxplot da Figura 46 no
Apecircndice B A Figura 21 mostra o hidrograma deste desaguamento
0
100
200
300
400
500
600
700
0 200 400 600 800 1000
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo em sistema convencional
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
65
Figura 21 - Hidrograma do desaguamento do sistema convencional com lodo de esgoto com adiccedilatildeo de poliacutemero
55 Teor de soacutelidos das tortas secas
Analisou-se tambeacutem os teores de soacutelidos nas tortas secas obtidos em cada
sistema Nota-se que apesar da maior percolaccedilatildeo dos sistemas compostos por
pavimento permeaacutevel e pavimento permeaacutevel com areia os melhores valores foram do
sistema convencional tanto para o lodo sem condicionamento quanto para o lodo
condicionado Esses resultados provavelmente decorrem da retenccedilatildeo de parte da aacutegua
percolada pela camada de areia do sistema fazendo com que o volume total percolado
natildeo consiga atravessar toda a camada de areia e a camada de brita do sistema ateacute ser
coletado no recipiente
Constatou-se que natildeo houve diferenccedila significativa na utilizaccedilatildeo ou natildeo de
poliacutemero ou seja os sistemas produziram tortas secas de semelhante teor quando natildeo
adicionou-se poliacutemero e quando adicionou-se Tambeacutem natildeo houve diferenccedila
significativa entre os sistemas pavimento permeaacutevel e pavimento permeaacutevel acrescido
de areia Poreacutem houve entre os mesmos e sistema convencional como mostra a
Figura 49 no Apecircndice B O teor de soacutelidos no sistema pavimento permeaacutevel sem
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo com adiccedilatildeo de poliacutemero sinteacutetico em sistema convencional
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
66
condicionamento foi em meacutedia de 2408 plusmn414 enquanto que o lodo condicionado a
meacutedia foi de 2395 plusmn 088 No sistema pavimento permeaacutevel e areia a meacutedia foi de
2667 plusmn 403 para o lodo sem poliacutemero e de 2519 plusmn 093 para o lodo com adiccedilatildeo de
poliacutemero Para o sistema convencional a meacutedia de ST foi de 2992 plusmn 250 e 2859 plusmn
114 no lodo natildeo condicionado e no condicionado respectivamente
Contudo eacute possiacutevel notar comportamentos distintos no lodo condicionado e natildeo
condicionado enquanto o lodo natildeo condicionado perdeu mais umidade quando a
temperatura foi mais alta (nas seacuteries) o lodo condicionado parece natildeo ter sofrido
influecircncia significativa desta variaacutevel ambiental esse fato deve-se ao seu raacutepido
desaguamento jaacute mencionado anteriormente Ademais observa-se que as
concentraccedilotildees de STV satildeo maiores que as de STF uma hipoacutetese eacute que a mateacuteria
inorgacircnica dissolvida pode ter sido percolada juntamente com a aacutegua drenada do lodo
As Figura 22 e 23 ilustram a os valores de Soacutelidos Totais Soacutelidos Totais Fixos e Soacutelidos
Totais Volaacuteteis das tortas secas dos lodos desaguados sem e com adiccedilatildeo de poliacutemero
respectivamente
Figura 22 - Teor de soacutelidos da torta seca do lodo desaguado sem poliacutemero
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia C Convencional Soacutelidos Totais
STF Soacutelidos Totais Fixos e STV Soacutelidos Totais Volaacuteteis
000
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III
P P+A C
Teor de soacutelidos da torta seca do lodo sem poliacutemero
ST
STF
STV
67
Figura 23 - Teor de soacutelidos da torta seca do lodo desaguado com poliacutemero sinteacutetico
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia C Convencional Soacutelidos Totais
STF Soacutelidos Totais Fixos e STV Soacutelidos Totais Volaacuteteis
56 Anaacutelise geral dos sistemas
O lodo com ou sem poliacutemero mostrou comportamento semelhante ao percolar
uma fraccedilatildeo significativa de seu volume nas primeiras horas do desaguamento e
posteriormente assumiu uma taxa de infiltraccedilatildeo mais lenta a diferenccedila verificada foi no
menor tempo necessaacuterio e na maior quantidade de aacutegua desaguada do lodo
condicionado como observado na Figura 24 Os pontos no graacutefico tratam-se das
meacutedias das seacuteries nos sistemas Neste graacutefico foram inclusos todos os pontos de todas
as seacuteries em ordem cronoloacutegica sendo possiacutevel assim observar um comportamento em
cada sistema estudado
000
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie IV Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III
P P+A C
Teor de soacutelidos da torta seca do lodo com poliacutemero sinteacutetico
ST
STF
STV
68
Figura 24 - Hidrograma do desaguamento do lodo em todos os sistemas no lodo natildeo condicionado e condicionado
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
Esta raacutepida percolaccedilatildeo pode ser justificada pela interaccedilatildeo do poliacutemero com as
partiacuteculas do lodo ocorrer quase imediatamente apoacutes a sua aplicaccedilatildeo (WPCFM 1988)
Isso ocorre porque os poliacutemeros atuam como coagulantes formando pontes quiacutemicas
entre o poliacutemero e as partiacuteculas coloidais presentes no lodo que satildeo adsorvidas pelas
diversas cadeias de monocircmeros do poliacutemero agregando-se em flocos densos passiacuteveis
de serem removidos por filtraccedilatildeo sedimentaccedilatildeo ou flotaccedilatildeo (LIBAcircNIO 2005)
Portanto tempos menores de desaguamento implicariam em maior quantidade
de ciclos de secagem em leitos em escala real podendo ocasionar um impacto
consideraacutevel no caacutelculo da aacuterea necessaacuteria para o leito
Apesar disso os valores de ST nas seacuteries com adiccedilatildeo de poliacutemero podem ser
considerados iguais aos do lodo sem condicionamento Certamente pelo periacuteodo de
desaguamento do lodo sem poliacutemero ter sido muito superior ao do lodo condicionado
(em torno de 35 e 6 dias respectivamente) houve maior evaporaccedilatildeo da aacutegua presente
no lodo nestes sistemas (por volta de 23 e 6 de modo respectivo) que compensou o
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo nos sistemas com e sem poliacutemero
P Sem poliacutemero P com poliacutemero P+A sem poliacutemero
C sem poliacutemero C com poliacutemero P+A com poliacutemero
69
menor volume drenado Isso decorre de que em leitos de secagem haacute necessidade de
tempos relativamente longos de evaporaccedilatildeo (van Haandel amp Lettinga 1994)
Pode-se considerar que a evaporaccedilatildeo eacute uma grande contribuinte no desaguamento
em escala real e consequentemente na obtenccedilatildeo de teores maiores de ST nas tortas
secas Poreacutem em escala de bancada os sistemas sofreram menor influecircncia da
evaporaccedilatildeo devido a menor influecircncia dos fatores climaacuteticos responsaacuteveis pela
evaporaccedilatildeo tendo entatildeo seus valores de ST subestimados
Analisando-se os sistemas verifica-se que de maneira geral pelas Figuras 25 e
26 que o sistema convencional foi significativamente mais lento que os sistemas
alternativos e os volumes desaguados foram menores do que nos sistemas pavimento
permeaacutevel e pavimento e areia No lodo sem condicionamento enquanto 563 do
volume inicial foi percolado nas 30 primeiras horas no sistema composto por pavimento
permeaacutevel o sistema pavimento permeaacutevel e areia foi ligeiramente mais lento
desaguando neste periacuteodo 486 de seu volume e no sistema convencional somente
301 Para o lodo condicionado nas primeiras 3 h o pavimento permeaacutevel pavimento
permeaacutevel acrescido de areia e convencional desaguaram 690 487 e 185 de seu
volume
Figura 25 - Desaguamento do lodo sem poliacutemero - meacutedias das seacuteries
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
00
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
00 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000
Volu
me
acum
ulad
o (m
L)
Tempo (h)
Desaguamento meacutedio do lodo sem poliacutemero
P
P+A
C
70
Figura 26 - Desaguamento do lodo com poliacutemero - meacutedias das seacuteries
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
Todavia o sistema convencional produziu tortas secas com menor umidade
Como jaacute explicado anteriormente esses resultados podem ser justificados pela
existecircncia de uma camada maior de areia em que parte da aacutegua percolada tenha
ficado ali retida A adiccedilatildeo da camada de areia de 001 m ao pavimento permeaacutevel natildeo
mostrou aumento significativo tanto no volume desaguado quanto na torta seca
produzindo valores de ST semelhantes aos do sistema composto somente por
pavimento permeaacutevel
Aleacutem do sistema composto por pavimento permeaacutevel obter maior volume de
aacutegua percolada do que o sistema convencional pode-se considerar que este uacuteltimo tem
uma pequena aacuterea de drenagem (2 a 3 cm de camada de areia entre os tijolos
recozidos) em escala real como ilustra a Figura 27
00
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
00 100 200 300 400 500 600 700 800
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento meacutedio do lodo com poliacutemero
P
P+A
C
71
Figura 27 - Detalhe da constituiccedilatildeo do leito de secagem convencional
A NBR 122091992 considera que a aacuterea ocupada pela areia natildeo pode ser
inferior a 15 da aacuterea total do leito Desta forma considerando os valores das meacutedias
ajustadas o lodo sem poliacutemero e com poliacutemero desaguariam respectivamente 5298 e
13762 Lm-sup2 no sistema convencional Enquanto que o pavimento permeaacutevel e
pavimento permeaacutevel acrescido de areia desaguariam 8210 e 18173 Lm-sup2 para o lodo
sem adiccedilatildeo de poliacutemero e com adiccedilatildeo de poliacutemero respectivamente8
Por esse motivo como a percolaccedilatildeo da aacutegua eacute fator importante no teor de
umidade final da torta seca eacute importante balizar que da mesma forma que no processo
de drenagem o teor de soacutelidos da torta seca do sistema convencional eacute superestimado
na escala de bancada ou seja em escala real eacute provaacutevel que estes valores sejam
significativamente menores ou que demande-se mais tempo para obtenccedilatildeo da mesma
umidade na torta seca
Nota-se tambeacutem que os valores de Soacutelidos Totais Volaacuteteis (STV) satildeo superiores
aos Soacutelidos Totais Fixos (STF) com a relaccedilatildeo meacutedia de STVST de 058 superior a do
lodo bruto de 046 como jaacute citado uma das razotildees pode ser a percolaccedilatildeo de mateacuteria
inorgacircnica dissolvida Segundo Andreoli von Sperling amp Fernandes (2001) a relaccedilatildeo
8 Para a obtenccedilatildeo destes valores utilizou-se a meacutedia dos volumes desaguados dos sistemas para
calcular-se o volume desaguado por msup2 Considerou-se que a percolaccedilatildeo ocorre em toda a aacuterea do leito
nos sistemas pavimento permeaacutevel e pavimento permeaacutevel e areia No sistema convencional
considerou-se que a percolaccedilatildeo somente ocorre na aacuterea do onde haacute areia portanto estes valores foram
multiplicados por 15
72
entre SVST tiacutepica do eacute lodo desidratado eacute de 060 a 065 Poreacutem a relaccedilatildeo encontrada
por Andreoli et al (2009) foi de 022 indicando a grande variabilidade do lodo
Como jaacute mencionado Ruiz Kaosol amp Wisniewsk (2010) relacionaram a
quantidade de mateacuteria orgacircnica presente no lodo e sua aptidatildeo ao desaguamento
mecacircnico estabelecendo a relaccedilatildeo inversamente proporcional entre mateacuteria orgacircnica e
eficiecircncia do processo de desaguamento mecacircnico Andreoli von Sperling amp Fernandes
(2001) tambeacutem afirmam que lodos com menor teor de mateacuteria orgacircnica tambeacutem satildeo
mais indicados para o desaguamento por processos naturais Esses resultados
apontam que o lodo utilizado na pesquisa tem aptidatildeo ao desaguamento por ter sofrido
digestatildeo
Aleacutem disso eacute necessaacuterio atentar que diferentemente dos resultados obtidos por
van Haandel amp Lettinga (1994) a concentraccedilatildeo de soacutelidos influenciou o desaguamento
do lodo uma vez que o volume aplicado sobre os leitos foi o mesmo sendo que a
carga aplicada alterou-se em funccedilatildeo da concentraccedilatildeo de soacutelidos que se alterou
durante a pesquisa
Observa-se tambeacutem que van Haandel amp Lettinga (1994) utilizaram lodos com ST
entre 4 e 10 finalizando o desaguamento com fraccedilatildeo de soacutelidos de aproximadamente
20 nos leitos de secagem convencional Os valores obtidos na presente pesquisa
para o leito de secagem convencional satildeo superiores aos encontrados pelos
pesquisadores variando de 28 a 33
Com o objetivo de estimar a influecircncia da evaporaccedilatildeo nos sistemas elaborou-se
duas hipoacuteteses a primeira considera a quantidade de aacutegua evaporada como percolada
pelos sistemas e a segunda trata-se de calcular a umidade do lodo caso natildeo houvesse
a evaporaccedilatildeo nos sistemas Ambas baseiam-se nas perdas de aacutegua por evaporaccedilatildeo
registradas pelo sistema controle
73
57 Hipoacutetese I ndash Aacutegua evaporada do lodo sendo percolada
Com o intuito de explicar a diferenccedila de volume desaguado no lodo sem e com
condicionamento a primeira hipoacutetese assume a ausecircncia de evaporaccedilatildeo considerando
que a porccedilatildeo de aacutegua que foi evaporada da coluna drsquoaacutegua foi percolada nos sistemas
respeitando-se a quantidade e tempo em que ocorreu a evaporaccedilatildeo no sistema
controle Para tanto faz-se necessaacuterias algumas ponderaccedilotildees
A evaporaccedilatildeo de um liacutequido tem relaccedilatildeo estreita com sua tensatildeo superficial
quanto mais baixa esta eacute maior seraacute a evaporaccedilatildeo Sabe-se que a aacutegua naturalmente
presente na natureza tem alta tensatildeo superficial e existem substacircncias que conteacutem
moleacuteculas anfifiacutelicas como detergente e sabatildeo que diminuem a tensatildeo superficial da
aacutegua e consequentemente acabam facilitando a evaporaccedilatildeo da aacutegua O lodo de
esgoto eacute uma matriz complexa isto eacute tem composiccedilatildeo diversificada e provavelmente
tem quantidade consideraacutevel de moleacuteculas anfifiacutelicas podendo deixar a tensatildeo
superficial mais baixa e portanto facilitando a evaporaccedilatildeo da aacutegua livre presente no
lodo Para fins de melhor aplicabilidade desta hipoacutetese seria necessaacuterio mensurar a
tensatildeo superficial do lodo (MYERS 1999) Aleacutem disso a aacuterea superficial de aacutegua que
entra em contato com a atmosfera eacute muito maior no lodo do que na coluna drsquoaacutegua
colaborando para maior evaporaccedilatildeo do primeiro
Para tanto admitiu-se que a evaporaccedilatildeo da aacutegua ldquocomumrdquo eacute a mesma que a da
aacutegua livre presente no lodo e que esta eacute predominante em relaccedilatildeo aos demais tipos de
aacutegua presente (van Haandel amp Lettinga1994 VESILIND 1994) As estimativas dos
volumes percolados em todas as seacuteries podem ser visualizadas na Tabela 10
Ressalva-se que as Seacuteries II e III do lodo com adiccedilatildeo de poliacutemero foram iniciadas
durante a Seacuterie III do lodo sem adiccedilatildeo de poliacutemero fazendo com que o sistema controle
para estas seacuteries natildeo tenha sido iniciado com 2000 mL de aacutegua pois jaacute havia certa
perda pela Seacuterie III sem adiccedilatildeo de poliacutemero O volume presente na coluna drsquoaacutegua
quando Seacuteries II e III iniciaram era de 17473 e 14079 mL respectivamente Sendo os
volumes estimados calculados a partir destes volumes
74
Tabela 10 - Desaguamento do lodo de esgoto nos sistemas - Hipoacutetese I
Sem Poliacutemero
Sistemas Seacuteries I II III IV Meacutedia plusmn CV
VE (mL) 355 408 643 - 469 1533 327
P V (mL) 540 665 628 - 611 642 105
V (mL) 895 814 1271 - 993 2439 245
P+A V (mL) 578 675 609 - 621 495 80
V (mL) 933 1083 1251 - 1089 1591 146
C V (mL) 561 492 587 - 547 491 90
V (mL) 916 901 1227 - 1015 1840 181
Com poliacutemero
VE (mL) 29 282 48 48 120 1407 1177
P V (mL) 1484 1411 1481 1479 1459 413 28
V (mL) 1513 1693 1532 1493 1579 989 63
P+A V (mL) 1413 1377 1513 - 1434 705 49
V (mL) 1442 1658 1564 - 1611 665 41
C V (mL) 1232 1145 1265 - 1214 620 51
V (mL) 1378 1426 1316 - 1426 552 39 Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia C Convencional VE Volume
evaporado no sistema controle V Volume real e Vrsquo Volume estimado na Hipoacutetese I
Para o sistema composto por pavimento permeaacutevel com lodo sem poliacutemero os
volumes aumentariam em 6574 2240 e 10229 o volume real percolado nas seacuteries
I II e III respectivamente No mesmo sistema o lodo condicionado os volumes
incrementados nas seacuteries I II e III seriam muito pequenos de 195 1999 344 e 095
no volume desaguado Como dito anteriormente a seacuterie II foi a mais influenciada pela
evaporaccedilatildeo devido agraves altas temperaturas e maior periacuteodo de percolaccedilatildeo
O desaguamento do lodo sem condicionamento no sistema pavimento permeaacutevel
e areia os volumes desaguados nas seacuteries I II e III acresceriam em 6142 6044 e
10542 respectivamente No lodo condicionado no mesmo sistema o desaguamento
nas seacuteries I II e III receberiam um incremento de 205 2041 e 337 respectivamente
no volume percolado pelos sistemas
75
Jaacute no sistema convencional a inserccedilatildeo do volume evaporado agrave aacutegua percolada
acrescentaria 6328 8313 e 10903 aos volumes desaguados nas seacuteries I II e III
respectivamente Para as seacuteries em que o lodo foi condicionado com poliacutemero sinteacutetico
a percolaccedilatildeo nas seacuteries I II e III representariam um aumento de 1185 2454 e 403
em relaccedilatildeo ao volume desaguado real
Esperava-se que esta hipoacutetese pudesse explicar a grande diferenccedila de volume
desaguado entre o lodo sem poliacutemero e com poliacutemero com os volumes deste primeiro
aproximando-se deste uacuteltimo Conquanto isso natildeo foi verificado visto que a diferenccedila
foi em torno de 400 mL No entanto eacute necessaacuterio fazer uma ressalva quanto ao volume
desaguado no lodo condicionado ser ainda muito maior que no lodo natildeo condicionado
a evaporaccedilatildeo mensurada provavelmente eacute subestimada pois a evaporaccedilatildeo da aacutegua
em matrizes complexas como o lodo de esgoto eacute provavelmente facilitada pela menor
tensatildeo superficial o que poderia compensar parte desta discrepacircncia entre maior
volume percolado pelo lodo com poliacutemero e tortas secas de umidade iguais as do lodo
sem poliacutemero
Natildeo obstante os volumes foram maiores nas seacuteries que ocorreram em periacuteodos
mais quentes assim como nas seacuteries em que se avaliou o desaguamento natural do
lodo verificou-se que a influecircncia da evaporaccedilatildeo foi maior devido ao maior periacuteodo de
exposiccedilatildeo
76
58 Hipoacutetese II ndash Ausecircncia de evaporaccedilatildeo nos sistemas
Para fins de anaacutelise da eficiecircncia do pavimento permeaacutevel de forma isolada
calculou-se qual seria o teor de soacutelidos da torta seca se natildeo houvesse evaporaccedilatildeo
Sabendo que a densidade do lodo eacute proacutexima agrave da aacutegua bem como sua massa
especiacutefica (ANDREOLI VON SPERLING amp FERNANDES 2001)
Considerou-se que a aacutegua comum tem comportamento igual ao da aacutegua
livre do lodo e portanto que um 1 mL de aacutegua eacute igual a 1 mg de aacutegua
Assumiu-se que o volume de aacutegua evaporada no sistema controle foi
evaporada tambeacutem pelos sistemas com lodo Buscou-se entatildeo verificar a
contribuiccedilatildeo dessa evaporaccedilatildeo para a constituiccedilatildeo das tortas secas
estimando o teor de soacutelidos secos descontando sua contribuiccedilatildeo
A estimativa do valor de soacutelidos totais sem contribuiccedilatildeo da evaporaccedilatildeo ( )
pode ser expressa pela seguinte equaccedilatildeo
Em que
Parcela de soacutelidos
Massa total
Onde a parcela de soacutelidos pode ser definida como
Volume do lodo bruto
Volume da aacutegua percolada pelo sistema
Volume da aacutegua no lodo desaguado
77
E o volume da aacutegua no lodo desaguado pode ser calculado por
Onde
Teor de umidade do lodo desaguado
Volume de aacutegua evaporada
E por fim a massa total seraacute
Nas seacuteries sem condicionamento quiacutemico as seacuteries I II e III tiveram uma
diferenccedila de meacutedia entre os teores de soacutelidos de 460 683 e 861 respectivamente
sendo que a temperatura foi crescente nas seacuteries Quanto agraves seacuteries com adiccedilatildeo de
poliacutemero a diferenccedila meacutedia foi de 128 769 209 nas seacuteries I II III
respectivamente A seacuterie IV natildeo foi possiacutevel aferir meacutedia e a diferenccedila foi de 206 Os
valores dos Soacutelidos Totais reais (ST) e Soacutelidos Totais estimados na Hipoacutetese II (STrsquo)
podem ser vistos na Tabela 11 e as Figuras 28 e 29
78
Tabela 11 - Teor de soacutelidos da torta seca ndash comparaccedilatildeo com a Hipoacutetese II
Sem Poliacutemero
Sistemas Seacuteries I II III IV Meacutedia plusmn CV
P ST () 196 2777 2487 - 2408 414 1720
ST () 1577 2127 1694 - 1799 290 1610
P+A ST () 2208 2967 2824 - 2666 403 1513
ST () 1768 2268 1932 - 1989 255 1281
C ST () 2824 3279 2872 - 2992 250 836
ST () 2265 258 1974 - 2273 303 1333
Com poliacutemero
P ST () 2412 2503 2327 2336 2395 082 341
ST () 2282 1693 2121 2129 2056 253 1232
P+A ST () 2645 262 2473 - 2579 092 360
ST () 2519 1805 2241 - 2188 360 1645
C ST () 2980 2753 2843 - 2859 114 400
ST () 2851 2071 2660 - 2527 407 1609 Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia C Convencional ST Soacutelidos
Totais real e STrsquo Soacutelidos Totais estimado na Hipoacutetese II
Figura 28 - Teor de soacutelidos das tortas secas sem condicionamento quiacutemico - Hipoacutetese II
Em que ST Soacutelidos Totais real e STrsquo Soacutelidos Totais estimado na Hipoacutetese II
05
101520253035
P P + A C P P + A C P P + A C
Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III
Teor de soacutelidos da torta seca sem poliacutemero - H2
ST
ST
79
Figura 29 - Teor de soacutelidos das tortas secas com condicionamento quiacutemico - Hipoacutetese II
Em que ST Soacutelidos Totais real e STrsquo Soacutelidos Totais estimado na Hipoacutetese II
Realizando esses caacutelculos observa-se que a evaporaccedilatildeo teve importante
contribuiccedilatildeo nas tortas secas especialmente nas seacuteries em que o lodo natildeo foi
condicionado com poliacutemero sinteacutetico devido ao tempo de percolaccedilatildeo ser muito maior
aumentando a exposiccedilatildeo do lodo ao ambiente Nota-se tambeacutem que altas temperaturas
e baixa umidade do ar9 favorecem a evaporaccedilatildeo da aacutegua presente no lodo jaacute que nas
seacuteries em que a evaporaccedilatildeo foi mais intensa ocorreu no periacuteodo de forte calor e baixa
precipitaccedilatildeo (Seacuterie III do lodo sem poliacutemero e Seacuterie II do lodo com poliacutemero)
A partir dos dados observados podem-se realizar algumas ponderaccedilotildees satildeo
elas
No lodo sem condicionamento orgacircnico a evaporaccedilatildeo foi mais significativa na
seacuterie III Nota-se que os volumes percolados dobrariam caso a aacutegua
evaporada fosse incorporada aos mesmos Como citado anteriormente o
periacuteodo em que se realizou esta seacuterie foi marcado por altas temperaturas e
quase nenhuma precipitaccedilatildeo
9 Natildeo foi possiacutevel obter dados da umidade relativa do ar
05
101520253035
P P + A C P P + A C P P + A C P
Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie IV
Teor de soacutelidos da torta seca do lodo com poliacutemero sinteacutetico - H2
ST
ST
80
No lodo condicionado a seacuterie II foi a de maior evaporaccedilatildeo tambeacutem devido
agraves altas temperaturas e baixa precipitaccedilatildeo registrada no periacuteodo em que a
seacuterie foi realizada
O aumento meacutedio das seacuteries sem condicionamento com poliacutemero foi de
6257 7545 e 8548 para os sistemas pavimento permeaacutevel pavimento
permeaacutevel acrescido de areia e convencional respectivamente Quanto agraves
seacuteries com adiccedilatildeo de poliacutemero esse aumento foi bem menor sendo de
642 no pavimento permeaacutevel 839 no pavimento permeaacutevel acrescido
de areia e 1312 no convencional
Enquanto o lodo com poliacutemero tem a maior perda de umidade decorrente da
maior percolaccedilatildeo gerada pela interaccedilatildeo entre poliacutemero e soacutelidos presentes
no lodo o lodo sem utilizaccedilatildeo de poliacutemero tem a evaporaccedilatildeo como maior
contribuinte para a perda de umidade e por isso produzem tortas secas de
igual teor
A partir do desaguamento real e das hipoacuteteses formuladas observa-se que o
desaguamento do lodo em leitos de secagem ocorre em duas fases distintas a primeira
eacute a percolaccedilatildeo preponderante nos primeiros dias das seacuteries e quando esta diminui o
processo de evaporaccedilatildeo torna-se o maior responsaacutevel pela perda de umidade no
restante do periacuteodo Fazem-se necessaacuterios estudos em escalas maiores onde se possa
mensurar a diferenccedila de volume bem como a influecircncia da evaporaccedilatildeo nos leitos de
secagem alternativos e convencional
59 Manutenccedilatildeo dos pavimentos
Apoacutes a utilizaccedilatildeo de doze pavimentos realizou-se o segundo teste de infiltraccedilatildeo em
meados de janeiro onde PV 2 foi descartado pois sua taxa esteve bem abaixo da
meacutedia dos outros (infiltrando 164 mL enquanto a meacutedia dos demais foi de 1000 mL) natildeo
possibilitando seu uso nos sistemas com camada de areia Ressalva-se que no
segundo e terceiro teste os pavimentos 10 11 e 12 ateacute entatildeo natildeo tinham sido
utilizados com o objetivo de garantir que tanto o lodo condicionado quanto o natildeo
81
condicionado tivessem duas de suas seacuteries desaguadas em pavimentos ainda natildeo
utilizados e somente uma delas em pavimentos reutilizados
Para tanto todos os pavimentos foram limpos com lavadora de alta pressatildeo
anteriormente ao teste com o objetivo de retirar o lodo que permaneceu aderido ao
pavimento e ao tubo do sistema Contudo o valor obtido dos demais pavimentos
tambeacutem natildeo foi satisfatoacuterio pois tiveram taxa de infiltraccedilatildeo em meacutedia 126 plusmn 8490 e
CV 009 abaixo do primeiro teste tendo em vista a possiacutevel existecircncia de oacuteleos e
graxas presentes em partiacuteculas de lodo que ainda podem ter permanecido nos
pavimentos Sendo assim para obtenccedilatildeo de taxas mais altas utilizou-se soluccedilatildeo
detergente deixando os sistemas mergulhados por uma semana Poreacutem a taxa de
infiltraccedilatildeo encontrada foi de 1421 mL 242 em meacutedia superior a do primeiro teste
Estes resultados podem ser explicados pela lavagem com alta pressatildeo ter movido
alguns gratildeos de basalto e areia presentes no pavimento de modo que os espaccedilos
vazios tornaram-se maiores a ponto de aumentarem a taxa
No que diz respeito aos sistemas pavimento permeaacutevel e areia e convencional a
taxa de infiltraccedilatildeo do teste 2 soacute foi aferida depois do terceiro teste dos pavimentos
sendo em meacutedia de 3613 plusmn 19817 e CV 055 e 788 mL plusmn471 e CV 006
respectivamente representando um aumento de 19858 e 4956 na taxa de infiltraccedilatildeo
em relaccedilatildeo ao teste 1 De acordo com as consideraccedilotildees expostas a meacutedia da taxa de
infiltraccedilatildeo eacute muito influenciada pela reutilizaccedilatildeo dos pavimentos como mostra a Figura
35 no Apecircndice B
A partir dos testes realizados eacute importante fazer algumas ponderaccedilotildees como os
pavimentos podem sofrer variaccedilotildees no volume de espaccedilos vazios que podem
influenciar a taxa de infiltraccedilatildeo de maneira significativa a reutilizaccedilatildeo dos pavimentos
mostrou-se possiacutevel poreacutem apresenta algumas limitaccedilotildees como a necessidade de
realizar lavagem dos pavimentos implicando em uso consideraacutevel de aacutegua Conquanto
esse processo eacute trabalhoso visto que a simples lavagem com aacutegua natildeo garante sua
limpeza necessitando do emprego de algo que friccione a superfiacutecie do pavimento para
82
que este seja limpo Para isso foi preciso utilizar uma lavadora de alta pressatildeo na
limpeza dos sistemas Mesmo assim dependendo das caracteriacutesticas do lodo pode
natildeo ser suficiente para remover totalmente os resiacuteduos sendo necessaacuterio o uso de
soluccedilotildees detergentes ou anaacutelogas
83
6 CONCLUSAtildeO
As metodologias utilizadas para condicionamento do lodo de tanque seacuteptico com
poliacutemeros naturais natildeo se mostraram eficazes no condicionamento do lodo de esgoto
de tanque seacuteptico
Todavia o uso de poliacutemero orgacircnico sinteacutetico mostrou-se eficiente Evidenciando
melhores resultados que o lodo sem condicionamento pela maior quantidade de
volume percolado e menor tempo de desaguamento que possibilitam a realizaccedilatildeo de
mais ciclos de secagem por ano e possivelmente a reduccedilatildeo da aacuterea do leito Todavia
os teores de soacutelidos da torta seca foram semelhantes aos obtidos no lodo sem
aplicaccedilatildeo de poliacutemero
Quanto agrave utilizaccedilatildeo de leito de secagem alternativo tanto o pavimento permeaacutevel
quanto o pavimento permeaacutevel com adiccedilatildeo de areia natildeo tiveram diferenccedila significativa
entre o volume desaguado e a umidade na torta seca o que dispensaria o acreacutescimo
de areia ao pavimento Comparando-se ao leito de secagem convencional verifica-se
que as duas formas de leito de secagem alternativo foram melhores nos quesitos
volume desaguado e tempo Contudo pela camada de areia maior a torta seca
produzida pelo leito convencional teve menor umidade apresentando melhor resultado
na escala de bancada Poreacutem em escala real esta camada de areia ocuparia uma
pequena parte da aacuterea do leito diminuindo consideravelmente a percolaccedilatildeo e
aumentando o tempo do ciclo de secagem A reutilizaccedilatildeo do pavimento mostrou-se
possiacutevel poreacutem trabalhosa e pode interferir na sua taxa de infiltraccedilatildeo
84
85
7 RECOMENDACcedilOtildeES
No decorrer da pesquisa pela limitaccedilatildeo de tempo do delineamento experimental e
de outros fatores muitas possibilidades de aprofundamento do estudo natildeo foram
possiacuteveis Poreacutem caso realizadas seriam interessantes contribuiccedilotildees no campo das
pesquisas em saneamento rural aleacutem de serem necessaacuterias para complementaccedilatildeo da
presente pesquisa
Apesar dos resultados natildeo terem sido positivos na aplicaccedilatildeo de poliacutemeros naturais
no lodo de tanque seacuteptico estes ainda podem ser uma alternativa promissora aos
poliacutemeros sinteacuteticos Para tanto sugere-se que sejam estudadas outras dosagens visto
que estas foram limitadas no estudo especialmente no caso do poliacutemero oriundo do
quiabo Ademais eacute possiacutevel que existam resultados positivos caso empregue-se
metodologias diferentes mas ainda simplificadas Aleacutem disso ainda que possivelmente
natildeo atendam a essa premissa o emprego de meacutetodos mais complexos que aumentem
a concentraccedilatildeo dos poliacutemeros em volumes viaacuteveis para aplicaccedilatildeo no lodo de esgoto
tambeacutem pode gerar resultados positivos uma vez que diversas pesquisas relataram
sua eficiecircncia no tratamento de aacutegua e esgoto Tambeacutem seria interessante a anaacutelise de
custos versus benefiacutecios no emprego de poliacutemeros naturais e sinteacuteticos e a sua
comparaccedilatildeo
No que diz respeito a utilizaccedilatildeo do pavimento permeaacutevel como leito de secagem
alternativo fazem-se necessaacuterios estudos em escalas maiores onde se possa mensurar
a diferenccedila de volume desaguado bem como a influecircncia da evaporaccedilatildeo nos leitos de
secagem alternativos e convencional para verificar a sua viabilidade Tambeacutem eacute
necessaacuterio verificar se a limpeza destes leitos seria factiacutevel nestas escalas
Portanto a otimizaccedilatildeo da etapa de desaguamento de lodo de tanque seacuteptico tanto
a utilizaccedilatildeo de poliacutemeros naturais quanto a simplificaccedilatildeo dos leitos de secagem
constituem-se objetos de estudo valiosos para buscar alternativas necessaacuterias para o
gerenciamento de lodo de lodo de esgoto e contribuem em uacuteltimo caso para a
melhoria dos serviccedilos de saneamento especialmente o saneamento rural
86
87
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92
93
APEcircNDICES
APEcircNDICE A Alcalinidade pH e concentraccedilatildeo de Soacutelidos do lodo bruto
Para caacutelculo da meacutedia dos valores obtidos eacute importante esclarecer que soacute foram
realizados estes caacutelculos para ST SST pH e alcalinidade haja visto que os STF STV
e SSF e SSV satildeo valores dependentes dos primeiros paracircmetros citados calculando-se
a meacutedia desvio padratildeo e coeficiente de variaccedilatildeo somente das anaacutelises validadas
destes Deste modo verificou-se primeiramente se as observaccedilotildees tinham indiacutecio de
normalidade como todas as variaacuteveis se adequavam a essa condiccedilatildeo fez-se um
intervalo de confianccedila calculando-se dois desvios acima da meacutedia e dois abaixo
cobrindo-se assim 98 da distribuiccedilatildeo dos dados Como a meacutedia eacute altamente
influenciada por valores extremos excluiu-se os valores indicados pelo intervalo de
confianccedila para seu caacutelculo plotando graacuteficos boxplot obteacutem-se o mesmo resultado
Para a anaacutelise de ST o intervalo de confianccedila foi de 6469874 a 9126126 mgL-1
Como pode ser observado na Figura 30 para ST foram excluiacutedos quatro valores por
natildeo se encaixarem neste criteacuterio e que podem ser fruto de erros laboratoriais
Figura 30 - Boxplot dos Soacutelidos Totais encontrados no lodo bruto
94
No caso dos SST somente um valor foi descartado e o intervalo de confianccedila foi
de 6162486 a 73752 14 mgL-1 A Figura 31 mostra o boxplot gerado
Figura 31 - Boxplot dos Soacutelidos Suspensos Totais encontrados no lodo bruto
A alcalinidade natildeo teve nenhum valor descartado e o intervalo de confianccedila foi
de 2146656 a 2483784 mg CaCO3 L-1 o boxplot pode ser visualizado na Figura 32
Figura 32 - Boxplot da Alcalinidade encontrada no lodo bruto
95
O pH tambeacutem teve o mesmo comportamento da alcalinidade eacute o intervalo de
confianccedila mostra que o verdadeiro valor da meacutedia de pH estaacute entre 736 a 759 como
evidencia o boxplot da Figura 33
Figura 33 - Boxplot do pH encontrado no lodo bruto
96
APEcircNDICE B Infiltraccedilatildeo dos sistemas volume desaguado e tortas secas dos
sistemas temperatura registradas duraccedilatildeo evaporaccedilatildeo das seacuteries
Infiltraccedilatildeo
Tabela 12 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos
Taxa de Infiltraccedilatildeo
P Teste I Teste II Teste III
Volume (mL)
Volume (mL)
Volume (mL)
1 1192 1068 1600
2 768 164 -
3 1216 1148 1596
4 1228 948 1552
5 1252 1020 1580
6 1068 1012 1364
7 1092 1020 1524
8 1192 924 1312
9 1110 1048 1588
10 1116 - -
11 1104 - -
12 1096 - -
13 1112 840 1000
14 852 588 1332
15 1092 968 1180
Figura 34 - Boxplot da taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos no Teste 1
97
Na Figura 35 os valores de PV10 PV11 e PV12 satildeo considerados como 0 no
graacutefico por natildeo terem sido incluso no caacutelculo porque ateacute entatildeo natildeo tinham sido
utilizados natildeo sendo considerados nas meacutedias dos testes 2 e 3 Em cada ponto satildeo
mostrados o intervalo de confianccedila aproximado das taxas de infiltraccedilatildeo utilizando a
suposiccedilatildeo de normalidade dos dados As linhas auxiliam na visualizaccedilatildeo geral dos
valores nos diferentes testes
Figura 35 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos permeaacuteveis nos testes 1 (sem utilizaccedilatildeo) 2 (lavagem) e 3 (lavagem com soluccedilatildeo detergente)
Em que PV Pavimentos PV10 PV11 E PV12 natildeo foram inclusos nos testes 2 e 3
Na Tabela 13 encontram-se os valores da taxa de infiltraccedilatildeo para os sistemas
pavimento com adiccedilatildeo de areia e convencional Como jaacute citado o pavimento 11
(equivalente ao sistema 4 em P+A) natildeo tinha sido utilizado ateacute a realizaccedilatildeo do segundo
teste Com exceccedilatildeo do primeiro sistema P+A (equivalente ao pavimento 2) todos os
sistemas tiveram suas taxas de infiltraccedilatildeo bastante elevadas no segundo teste
98
Tabela 13 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas pavimento com adiccedilatildeo de areia e convencional
Taxa de Infiltraccedilatildeo
P+A Teste I Teste II
C Teste I Teste II
Volume (mL) Volume (mL) Volume (mL) Volume (mL)
1 646 296 1 430 738
2 626 440 2 490 792
3 738 436 3 760 754
4 2048 - 4 616 940
5 2040 208 5 424 844 P+A Pavimento e Areia e C Convencional
Na Figura 36 visualiza-se os testes 1 e 2 de infiltraccedilatildeo nos sistemas compostos
por pavimento permeaacutevel e camada de areia Da mesma forma que o graacutefico observado
na Figura 39 os sistemas considerados com valor igual a 0 natildeo foram inclusos caacutelculo
neste caso por motivos distintos PV1 foi descartado antes do teste 2 e PV4 ateacute entatildeo
natildeo tinha sido utilizado Em cada ponto satildeo mostrados o intervalo de confianccedila
aproximado das taxas de infiltraccedilatildeo utilizando a suposiccedilatildeo de normalidade dos dados
As linhas tecircm a funccedilatildeo de auxiliar a visualizaccedilatildeo dos valores nos dois testes
Figura 36 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas compostos por pavimento permeaacutevel e areia nos testes 1 (sem utilizaccedilatildeo) e 2 (apoacutes lavagem dos pavimentos com soluccedilatildeo detergente)
Em que PV Pavimento permeaacutevel e areia PV1 e PV4 foram considerados como 0 por natildeo participarem do teste 2
99
A Figura 37 trata dos testes de infiltraccedilatildeo 1 e 2 do sistema convencional Da
mesma forma que nas duas figuras anteriores o sistema com valor igual a 0 natildeo foi
incluso caacutelculo por ateacute entatildeo natildeo ter sido utilizado Satildeo mostrados o intervalo de
confianccedila aproximado das taxas de infiltraccedilatildeo em cada ponto utilizando a suposiccedilatildeo de
normalidade dos dados Foram traccediladas linhas para auxiliar a visualizaccedilatildeo dos valores
nos testes
Figura 37 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas convencionais nos testes 1 (sem utilizaccedilatildeo) e 2 (apoacutes lavagem dos pavimentos com soluccedilatildeo detergente)
Em que C Sistema Convencional C4 foi considerado como 0 no graacutefico por natildeo participar do teste 2
Temperaturas
As temperaturas maacuteximas miacutenimas do dia foram fornecidas pelo Centro de
Pesquisas Meteoroloacutegicas e Climaacuteticas Aplicadas agrave Agricultura da Universidade
Estadual de Campinas (CEPAGRIUNICAMP) Tambeacutem houve monitoramento da
temperatura no Laboratoacuterio de Protoacutetipos contudo esse monitoramento se deu nos
momentos em que houve coleta de volume drenado dos sistemas realizando-se a
meacutedia dos valores nos dias em que houve mais de uma coleta As temperaturas podem
ser observadas nas Figuras 38 39 40 41 41 e 43
100
Figura 38 - Temperaturas registradas na Seacuterie I sem poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
Figura 39 - Temperaturas registradas na Seacuterie II sem poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
Figura 40 - Temperaturas registradas na Seacuterie III sem poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
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11
20
13
25
11
20
13
26
11
20
13
27
11
20
13
28
11
20
13
29
11
20
13
30
11
20
13
01
12
20
13
02
12
20
13
03
12
20
13
04
12
20
13
05
12
20
13
06
12
20
13
TdegC
Temperatura na Seacuterie II - Sem Poliacutemero
Maacutex Min Lab
0050
100150200250300350400
28
01
20
14
29
01
20
14
30
01
20
14
31
01
20
14
01
02
20
14
02
02
20
14
03
02
20
14
04
02
20
14
05
02
20
14
06
02
20
14
07
02
20
14
080
22
01
4
09
02
20
14
10
02
20
14
11
02
20
14
12
02
20
14
13
02
20
14
14
02
20
14
15
02
20
14
16
02
20
14
17
02
20
14
18
02
20
14
19
02
20
14
20
02
20
14
21
02
20
14
22
02
20
14
23
02
20
14
24
02
20
14
TdegC
Temperatura na Seacuterie III - Sem Poliacutemero
Maacutex Min Lab
101
Figura 41 - Temperaturas registradas na Seacuterie I com poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
Figura 42 - Temperaturas registradas na Seacuterie II com poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
0
5
10
15
20
25
30
27813 28813 29813
TdegC
Temperaturas Seacuterie I - Poliacutemero Sinteacutetico
Maacutex
Min
Lab
15
20
25
30
35
40
TdegC
Temperaturas Seacuterie II - Poliacutemero Sinteacutetico
Maacutex
Min
Lab
102
Figura 43 -Temperaturas registradas na Seacuterie III sem poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
Evaporaccedilatildeo Figura 44 - Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua nas seacuteries sem adiccedilatildeo de poliacutemero
10
15
20
25
30
35
40
180214 190214 200214 210214 220214
TdegC
Temperaturas Seacuterie III - Poliacutemero Sinteacutetico
Maacutex
Min
Lab
0
5
10
15
20
25
30
35
0 200 400 600 800 1000
Tempo (h)
Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua - Seacuteries sem Poliacutemero
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
103
Figura 45 - Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua nas seacuteries com adiccedilatildeo de poliacutemero
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
0 50 100 150 200
Tempo (h)
Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua - Seacuteries com Poliacutemero
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III e IV
104
Volume desaguado
Figura 46 - Boxplot do volume desaguado com ou sem poliacutemero em cada sistema (valores amostrais)
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
105
Figura 47 - Boxplot dos volumes desaguados com ou sem poliacutemero em cada sistema (valores ajustados)
Em que PP Sistemas Pavimento permeaacutevel e Pavimento com adiccedilatildeo de Areia e C Sistema Convencional
106
Figura 48 - Boxplot dos Soacutelidos Totais na torta seca do lodo com ou sem condicionamento quiacutemico
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
107
Figura 49 - Meacutedias e valores maacuteximos e miacutenimos dos teores de soacutelidos da torta seca nos sistemas com ou sem poliacutemero (valores ajustados)
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
xi
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 1
2 OBJETIVOS 3
21 Objetivos especiacuteficos 3
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 5
31 Breve histoacuterico do saneamento baacutesico na zona rural no Brasil 5
32 Tanque Seacuteptico 7
33 Lodo de esgoto 11
34 Desaguamento do lodo de esgoto 15
35 Condicionamento do lodo 21
36 Pavimento permeaacutevel 27
4 METODOLOGIA 29
41 Pavimento permeaacutevel 29
42 Lodo 31
43 Poliacutemeros 35
44 Montagem dos leitos de secagem 39
45 Taxa de infiltraccedilatildeo 43
46 Avaliaccedilatildeo dos sistemas quanto ao desaguamento do lodo 43
461 Avaliaccedilatildeo do desaguamento sem adiccedilatildeo de poliacutemero (Seacuterie 1)44
462 Avaliaccedilatildeo do desaguamento com adiccedilatildeo de poliacutemeros (Seacuteries 2 a 5)45
463 Sistema controle45
464 Avaliaccedilatildeo do Lodo Desaguado46
5 RESULTADOS 47
xii
51 Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas 47
52 Caracterizaccedilatildeo do lodo bruto 47
53 Dosagem oacutetima dos poliacutemeros 50
531 Poliacutemero Sinteacutetico52
532 Mandioca53
533 Moringa54
534 Quiabo55
535 Avaliaccedilatildeo geral da dosagem dos poliacutemeros55
54 Desaguamento do lodo nos sistemas 56
541 Sistema composto por Pavimento Permeaacutevel59
a) Lodo natildeo condicionado59
b) Lodo condicionado60
a) Lodo condicionado62
543 Sistema Convencional63
a) Lodo natildeo condicionado63
b) Lodo condicionado64
55 Teor de soacutelidos das tortas secas 65
56 Anaacutelise geral dos sistemas 67
57 Hipoacutetese I ndash Aacutegua evaporada do lodo sendo percolada 73
58 Hipoacutetese II ndash Ausecircncia de evaporaccedilatildeo nos sistemas 76
59 Manutenccedilatildeo dos pavimentos 80
6 CONCLUSAtildeO 83
7 RECOMENDACcedilOtildeES 85
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 87
xiii
APEcircNDICE A Alcalinidade pH e concentraccedilatildeo de Soacutelidos do lodo bruto 93
APEcircNDICE B Infiltraccedilatildeo dos sistemas volume desaguado e tortas secas dos
sistemas temperatura registradas duraccedilatildeo evaporaccedilatildeo das seacuteries 96
xiv
xv
AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo primeiramente aos meus pais Maria Elisa e Reinaldo por terem me
dado aleacutem da educaccedilatildeo o amor e a noccedilatildeo de que a vida tem um propoacutesito maior
Agradeccedilo tambeacutem aos meus familiares em especial ao meu irmatildeo Juacutelio e a minha avoacute
Ameacutelia com quem tenho a oportunidade do conviacutevio do lar haacute tantos anos Pela
paciecircncia que tecircm comigo em dias que estou impossiacutevel e pelos risos que cobriram
meu rosto muitas vezes
Agradeccedilo ao Prof Adriano pela excepcional orientaccedilatildeo por todos os conselhos e
paciecircncia durante esses mais de dois anos
Agraves amigas e amigos que compartilharam algumas xiacutecaras de cafeacute e happy hours
comigo Amanda Maia Amanda Marchi Artur Cardoso Bianca Gomes Gabriela
Bosshard Gabriela dos Reis Guilherme da Silva Guilherme Rebecchi Jenifer Silva
Joatildeo Paulo Hadler Jorge Barbarotto Lays Leonel Luana Cruz Maacutercio Haiba Mocircnica
Rodrigues Rodolfo Valentim Thalita Cruz e Thaita Rissi Os conselhos e as risadas
foram imprescindiacuteveis para a realizaccedilatildeo deste trabalho
Ao Ademir que aleacutem de toda a ajuda na idealizaccedilatildeo construccedilatildeo dos sistemas e
avaliaccedilatildeo dos pavimentos se tornou meu amigo Ao Diego e Eduardo da Secretaria de
Poacutes-Graduaccedilatildeo e ao Ariovaldo da Secretaria do Departamento de Saneamento e
Ambiente por terem resolvido muito dos meus pepinos burocraacuteticos pela simpatia e
gentileza com que me trataram sempre Aos ateacute entatildeo teacutecnicos do Lab San Enelton
Fernando e Liacutegia pelo grande suporte nas anaacutelises Ao meu amigo David Matta que
aleacutem da amizade me deu uma super ajuda com a anaacutelise estatiacutestica dos meus dados
De uma forma ou de outra todas e todos aqui mencionados contribuiacuteram natildeo soacute
para a obtenccedilatildeo do meu tiacutetulo de mestra mas tambeacutem para o meu crescimento
enquanto pessoa Saibam que aprendi muito com vocecircs
xvi
xvii
ldquoVivendo se aprende mas o que se aprende mais eacute soacute fazer outras maiores perguntasrdquo (Joatildeo Guimaratildees Rosa Grande Sertatildeo Veredas 1956)
xviii
xix
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Esquema do funcionamento de tanque seacuteptico de cacircmara uacutenica 8
Figura 2 - Planta de um leito de secagem convencional 17
Figura 3 - Corte transversal de um leito de secagem convencional 17
Figura 4 - Exemplo de aplicaccedilatildeo de pavimento permeaacutevel em estacionamento 28
Figura 5 - Pavimento permeaacutevel utilizado no projeto 29
Figura 6 - Extratora de corpo de prova utilizada para o corte do pavimento utilizado na
pesquisa 30
Figura 7 - Teste de jarros para dosagem oacutetima de poliacutemero 33
Figura 8 - Aparelho utilizado para aferir o Tempo de Succcedilatildeo Capilar (Capilary Suction
Time) 35
Figura 9 - Preparo da soluccedilatildeo de poliacutemero produzida a partir da mandioca 37
Figura 10 - Semente de Moringa oleiacutefera 38
Figura 11 - Preparo da soluccedilatildeo de poliacutemero produzida a partir do quiabo 39
Figura 12 - Sistema de bancada de leito de secagem utilizado na pesquisa 40
Figura 13 - Bancada experimental localizada no Laboratoacuterio de Protoacutetipos 42
Figura 14 - Detalhe dos sistemas em utilizaccedilatildeo na bancada experimental 42
Figura 15 - Coluna drsquoaacutegua utilizada como controle na bancada experimental 46
Figura 16 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento
permeaacutevel com lodo de esgoto sem poliacutemero 59
Figura 17 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento
permeaacutevel com lodo de esgoto com adiccedilatildeo de poliacutemero 61
Figura 18 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento
permeaacutevel com lodo de esgoto sem poliacutemero 62
xx
Figura 19 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento
permeaacutevel e areia com lodo de esgoto com adiccedilatildeo de poliacutemero 63
Figura 20 - Hidrograma do desaguamento do sistema convencional com lodo de esgoto
sem poliacutemero 64
Figura 21 - Hidrograma do desaguamento do sistema convencional com lodo de esgoto
com adiccedilatildeo de poliacutemero 65
Figura 22 - Teor de soacutelidos da torta seca do lodo desaguado sem poliacutemero 66
Figura 23 - Teor de soacutelidos da torta seca do lodo desaguado com poliacutemero sinteacutetico 67
Figura 24 - Hidrograma do desaguamento do lodo em todos os sistemas no lodo natildeo
condicionado e condicionado 68
Figura 25 - Desaguamento do lodo sem poliacutemero - meacutedias das seacuteries 69
Figura 26 - Desaguamento do lodo com poliacutemero - meacutedias das seacuteries 70
Figura 27 - Detalhe da constituiccedilatildeo do leito de secagem convencional 71
Figura 28 - Teor de soacutelidos das tortas secas sem condicionamento quiacutemico - Hipoacutetese
II 78
Figura 29 - Teor de soacutelidos das tortas secas com condicionamento quiacutemico - Hipoacutetese
II 79
Figura 30 - Boxplot dos Soacutelidos Totais encontrados no lodo bruto 93
Figura 31 - Boxplot dos Soacutelidos Suspensos Totais encontrados no lodo bruto 94
Figura 32 - Boxplot da Alcalinidade encontrada no lodo bruto 94
Figura 33 - Boxplot do pH encontrado no lodo bruto 95
Figura 34 - Boxplot da taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos no Teste 1 96
Figura 35 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos permeaacuteveis nos testes 1 (sem
utilizaccedilatildeo) 2 (lavagem) e 3 (lavagem com soluccedilatildeo detergente) 97
Figura 36 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas compostos por pavimento permeaacutevel e
areia nos testes 1 (sem utilizaccedilatildeo) e 2 (apoacutes lavagem dos pavimentos com soluccedilatildeo
detergente) 98
xxi
Figura 37 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas convencionais nos testes 1 (sem utilizaccedilatildeo)
e 2 (apoacutes lavagem dos pavimentos com soluccedilatildeo detergente) 99
Figura 38 - Temperaturas registradas na Seacuterie I sem poliacutemero 100
Figura 39 - Temperaturas registradas na Seacuterie II sem poliacutemero 100
Figura 40 - Temperaturas registradas na Seacuterie III sem poliacutemero 100
Figura 41 - Temperaturas registradas na Seacuterie I com poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no
Laboratoacuterio 101
Figura 42 - Temperaturas registradas na Seacuterie II com poliacutemero 101
Figura 43 -Temperaturas registradas na Seacuterie III sem poliacutemero 102
Figura 44 - Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua nas seacuteries sem adiccedilatildeo de poliacutemero 102
Figura 45 - Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua nas seacuteries com adiccedilatildeo de poliacutemero 103
Figura 46 - Boxplot do volume desaguado com ou sem poliacutemero em cada sistema
(valores amostrais) 104
Figura 47 - Boxplot dos volumes desaguados com ou sem poliacutemero em cada sistema
(valores ajustados) 105
Figura 48 - Boxplot dos Soacutelidos Totais na torta seca do lodo com ou sem
condicionamento quiacutemico 106
Figura 49 - Meacutedias e valores maacuteximos e miacutenimos dos teores de soacutelidos da torta seca
nos sistemas com ou sem poliacutemero (valores ajustados) 107
xxii
xxiii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Caracteriacutesticas de lodo de esgoto no Brasil 13
Tabela 2 - Meacutetodos utilizados na anaacutelise do lodo 34
Tabela 3 - Organizaccedilatildeo dos sistemas 41
Tabela 4 - Avaliaccedilatildeo dos sistemas 44
Tabela 5 - Comparaccedilatildeo entre dados encontrados na literatura e na presente pesquisa
48
Tabela 6 - Dosagens testadas dos poliacutemeros utilizados na pesquisa 52
Tabela 7 - Resultados obtidos no CST nas dosagens de poliacutemero testadas 53
Tabela 8 - Temperatura evaporaccedilatildeo e duraccedilatildeo das seacuteries 56
Tabela 9 - Resultados do desaguamento do lodo de esgoto de tanque seacuteptico 58
Tabela 10 - Desaguamento do lodo de esgoto nos sistemas - Hipoacutetese I 74
Tabela 11 - Teor de soacutelidos da torta seca ndash comparaccedilatildeo com a Hipoacutetese I 78
Tabela 12 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos 96
Tabela 13 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas pavimento com adiccedilatildeo de areia e
convencional 98
xxiv
xxv
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ANA ndash Agecircncia Nacional de Aacuteguas
CV ndash Coeficiente de Variaccedilatildeo
EPS - Substacircncias Polimeacutericas Extracelulares
ETE ndash Estaccedilatildeo de Tratamento de Esgoto
FUNASA ndash Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede
LABPRO ndash Laboratoacuterio de Protoacutetipos
LABREUSO ndash Laboratoacuterio de Reuso
LABSAN ndash Laboratoacuterio de Saneamento
LES - Laboratoacuterios de Estrutura
LMC - Materiais da Construccedilatildeo
PLANASA ndash Plano Nacional de Saneamento
PNAD ndash Pesquisa Nacional por Amostras em Domiciacutelios
PNRH ndash Poliacutetica Nacional de Recursos Hiacutedricos
PNSB ndash Poliacutetica Nacional de Saneamento Baacutesico
PV ndash Pavimento
SST ndash Soacutelidos Suspensos Totais
SSF ndash Soacutelidos Suspensos Fixos
SSV ndash Soacutelidos Suspensos Volaacuteteis
ST ndash Soacutelidos Totais
STF ndash Soacutelidos Totais Fixos
STV ndash Soacutelidos Totais Volaacuteteis
xxvi
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
O saneamento baacutesico eacute um direito garantido pela constituiccedilatildeo federal brasileira No
entanto diversos municiacutepios natildeo tecircm acesso adequado a este serviccedilo no paiacutes
principalmente quando se trata da coleta e tratamento de esgoto Neste contexto as
regiotildees de baixa densidade demograacutefica como as zonas rurais satildeo as que mais
carecem do esgotamento sanitaacuterio No Brasil segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatiacutestica - IBGE (2010) cerca de 30 milhotildees de pessoas vivem na zona
rural ou seja haacute necessidade de realizaccedilatildeo de pesquisas que atendam agraves demandas
dessas comunidades sendo uma delas o saneamento baacutesico
Contudo a Pesquisa Nacional de Amostras por Domiciacutelios (PNAD) de 2011 revela
que entre os domiciacutelios sem rede coletora de esgoto os tanques seacutepticos representam
a principal alternativa para o lanccedilamento do esgoto domeacutestico e estatildeo presentes em
22 dos domiciacutelios no paiacutes (IBGE 2012)
A disposiccedilatildeo em tanques seacutepticos segundo Andreoli et al (2009) ainda que
longe do desejaacutevel pode reduzir cerca de 30 do potencial poluidor sendo
responsaacuteveis por uma reduccedilatildeo de carga orgacircnica de no miacutenimo 13 milhatildeo de kg de
Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO) por dia fato que ameniza os impactos
ambientais decorrentes da falta da rede coletora de esgoto
Considerando que mais de 23 milhotildees de domiciacutelios possuem tanques seacutepticos
ou fossas rudimentares no Brasil pode-se estimar que a produccedilatildeo de lodo digerido que
possui de 94 a 97 de umidade ultrapasse 8 milhotildees de msup3 por ano ndash observando-se o
valor indicado pela NBR 72291993 para o coeficiente de reduccedilatildeo de volume por
digestatildeo (ABNT 1993)
Desta forma haacute necessidade de realizar-se adequadamente o gerenciamento
deste lodo etapa comumente negligenciada no tratamento de esgoto caso contraacuterio o
benefiacutecio ambiental gerado pelo tratamento estaraacute comprometido Dentro deste
gerenciamento o desaguamento por processos naturais satildeo os mais adequados agraves
comunidades rurais por serem meacutetodos simplificados e de baixo custo
2
Tendo em vista um aumento da eficiecircncia deste processo vislumbrou-se a
possibilidade de utilizaccedilatildeo de poliacutemeros que atuam como condicionantes de lodo Os
poliacutemeros podem ser sinteacuteticos ou naturais Os primeiros satildeo produzidos
industrialmente e podem oferecer riscos agrave sauacutede humana aleacutem de impactos
ambientais A utilizaccedilatildeo de poliacutemeros naturais permitiria a reduccedilatildeo destes riscos e
impactos aleacutem de apresentarem menor custo constituindo-se como melhor alternativa
agraves comunidades rurais
Aleacutem disso a reconfiguraccedilatildeo dos leitos de secagem tradicionais utilizando-se
pavimentos permeaacuteveis poderia aumentar a taxa da drenagem da aacutegua presente no
lodo Essa combinaccedilatildeo entre poliacutemeros naturais e leito de secagem permitiria a reduccedilatildeo
do tempo de formaccedilatildeo e remoccedilatildeo da torta seca e da aacuterea do leito de secagem jaacute que
estes apresentam diversos inconvenientes como a demanda por grandes aacutereas e
longos periacuteodos para o desaguamento
Portanto a busca por alternativas adequadas agrave ETE de pequeno porte
localizadas em comunidades isoladas eou rurais historicamente negligenciadas pelo
Estado brasileiro constitui-se como medida efetiva de promoccedilatildeo de sauacutede e melhoria
na qualidade do ambiente uma vez que o acesso ao saneamento integra o conjunto de
medidas da medicina preventiva e reduz o impacto ambiental em corpos hiacutedricos e
contaminaccedilatildeo do solo e lenccediloacuteis freaacuteticos
3
2 OBJETIVOS
O objetivo do projeto foi comparar a eficiecircncia de desaguamento da porccedilatildeo de aacutegua
livre contida no lodo de tanque seacuteptico com o emprego de leito de secagem
convencional e leito de secagem composto por pavimento permeaacutevel e avaliar a
utilizaccedilatildeo de poliacutemeros naturais oriundos da mandioca (Manihot esculenta Crantz)
moringa (Moringa oleifera) e quiabo (Abelmoschus esculentus) e um sinteacutetico como
auxiliares do processo
21 Objetivos especiacuteficos
Comparar o desaguamento da porccedilatildeo de aacutegua livre contida no lodo de tanque
seacuteptico entre
a) leito de secagem convencional
b) leito de secagem composto por pavimento permeaacutevel e uma camada de
areia de 001m
c) leito de secagem composto somente com pavimento permeaacutevel
Avaliar a influecircncia da utilizaccedilatildeo dos poliacutemeros na eficiecircncia do desaguamento
Sendo estes oriundos da mandioca (Manihot esculenta Crantz) moringa
(Moringa oleifera) e quiabo (Abelmoschus esculentus) e um sinteacutetico
Comparar a eficiecircncia entre a utilizaccedilatildeo dos poliacutemeros naturais e sinteacutetico
4
5
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
31 Breve histoacuterico do saneamento baacutesico na zona rural no Brasil
O saneamento na zona rural sempre foi negligenciado por parte do Estado Tendo
se tornado uma preocupaccedilatildeo para o poder puacuteblico somente no iniacutecio do seacuteculo XX apoacutes
trabalho realizado pela Liga Proacute-Saneamento do Brasil que foi um movimento
nacionalista formado por meacutedicos cientistas antropoacutelogos e funcionaacuterios dos serviccedilos
federais Este movimento realizou um relatoacuterio sobre o saneamento na zona rural
atraveacutes de diversas incursotildees pelos ldquosertotildeesrdquo e encontraram uma populaccedilatildeo doente e
miseraacutevel A ausecircncia de poliacuteticas sociais e a grande pobreza decorrente da grande
concentraccedilatildeo de terras e a exploraccedilatildeo a que boa parte desta populaccedilatildeo era submetida
a tornava enfraquecida por doenccedilas decorrentes da falta de saneamento baacutesico e
impossibilitada de ter melhores condiccedilotildees de vida (GRECO 1999 NEVES 2009) Esse
grupo criticava a ausecircncia do poder puacuteblico nestes locais e acreditava ser possiacutevel
reverter este quadro promovendo accedilotildees integradas de sauacutede e saneamento baseando-
se no conceito de sociabilidade das doenccedilas (REZENDE amp HEacuteLLER 2008)
No entanto natildeo consideravam os aspectos de subdesenvolvimento e desigualdade
social que contribuiacuteam para tal situaccedilatildeo (GRECO 1999 NEVES 2009 REZENDE amp
HEacuteLLER 2008) Como se o personagem ldquoJeca Taturdquo de Monteiro Lobato assolado
pela ancilostomiacutease pudesse tornar-se vigoroso capitalista somente tendo acesso agrave
sauacutede Portanto o projeto de ldquosaneamento dos sertotildeesrdquo atraveacutes da exclusiva promoccedilatildeo
de sauacutede buscava defender a ldquovocaccedilatildeo agriacutecolardquo do paiacutes e integrar a populaccedilatildeo rural agrave
economia nacional Contudo foi a partir deste movimento que se lanccedilou as bases para
uma reforma que unificou e centralizou as accedilotildees de sauacutede e saneamento no paiacutes
(REZENDE amp HEacuteLLER 2008)
Com a intensificaccedilatildeo do ecircxodo rural a partir da deacutecada de 1940 pela
industrializaccedilatildeo do paiacutes causando intensa urbanizaccedilatildeo deslocou-se recursos a serem
destinados a zona rural que viviam em condiccedilotildees precaacuterias de sauacutede saneamento
educaccedilatildeo e moradia A partir da deacutecada de 1970 houve um distanciamento das accedilotildees
de sauacutede e saneamento e a criaccedilatildeo do Plano Nacional de Saneamento (PLANASA)
6
que investiu em abastecimento de aacutegua coleta e tratamento de esgoto (REZENDE amp
HEacuteLLER 2008)
Em 2007 com a criaccedilatildeo da Lei Nacional de Saneamento Baacutesico (LNSB) e sua
respectiva poliacutetica entendeu-se a grande vinculaccedilatildeo que deve existir entre as poliacuteticas
de saneamento baacutesico as poliacuteticas nacionais e regionais de recursos hiacutedricos e as
poliacuteticas regionais e locais de desenvolvimento urbano e sauacutede puacuteblica A Poliacutetica
Nacional de Recursos Hiacutedricos (PNRH) jaacute tem certa integraccedilatildeo com a LNSB como
exemplificado pelas accedilotildees da Agecircncia Nacional de Aacuteguas (ANA) Poreacutem a sauacutede
puacuteblica eacute uma grande ausente na LNSB exceto pela imposiccedilatildeo de que os planos de
saneamento baacutesico devam partir de um diagnoacutestico baseado em indicadores sanitaacuterios
e epidemioloacutegicos (CUNHA 2011)
A Poliacutetica Nacional de Saneamento Baacutesico (PNSB) determinou a elaboraccedilatildeo dos
programas de saneamento baacutesico integrado saneamento estruturante e saneamento
rural Sendo este uacuteltimo responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede por meio da
Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede (FUNASA) que tem coordenado o Programa Nacional de
Saneamento Rural visando integrar as poliacuteticas puacuteblicas de meio ambiente recursos
hiacutedricos sauacutede habitaccedilatildeo e igualdade racial (FUNASA 2012)
Entretanto ainda hoje de acordo com a PNAD 2011 a zona rural eacute marginalizada
quanto ao acesso aos serviccedilos de saneamento Somente 33 dos domiciacutelios tem
ligaccedilatildeo a rede de abastecimento de aacutegua e o acesso eacute ainda mais baixo quando se
trata de esgoto apenas 5 estatildeo ligados a rede coletora e 28 utilizam o tanque
seacuteptico como unidade de destinaccedilatildeo do esgoto mas a grande parte da populaccedilatildeo ainda
faz uso de fossa rudimentar lanccedilamento em corpos daacutegua e no solo a ceacuteu aberto
(IBGE 2012)
Do ponto de vista ambiental um projeto de saneamento deve estar apto a
responder natildeo soacute as questotildees sanitaacuterias mas tambeacutem as fontes de perturbaccedilatildeo da
qualidade ambiental no ambiente como a implicaccedilatildeo dos usos do efluente gerado e
seus subprodutos (PHILIPPI et al 1999)
7
Dentre as teacutecnicas de tratamento utilizadas nas zonas rurais o tratamento
anaeroacutebio oferece algumas vantagens em relaccedilatildeo ao aeroacutebio tais como projeto
relativamente simples e baixo custo baixa produccedilatildeo de lodo baixo consumo de energia
e de demanda de nutrientes com capacidade de receber altas cargas orgacircnicas e
sendo potencialmente gerador de energia (MOUSSAVI KAZEMBEIGI amp FARZADKIA
2010)
32 Tanque Seacuteptico
Eacute a forma de tratamento anaeroacutebia mais difundida e mais antiga no mundo haacute
registros de seu uso no seacuteculo XIX (BITTON 2005) e ainda se constitui como a
principal alternativa de tratamento de esgoto em comunidades isoladas eou rurais em
paiacuteses de economia perifeacuterica por ser uma forma de tratamento descentralizado
(MOUSSAVI KAZEMBEIGI amp FARZADKIA 2010) Desde que seja projetado situado e
mantido corretamente eacute considerado um tratamento de esgoto eficiente em aacutereas rurais
(WITHERS JARVIE amp STOATE 2011)
Os tanques seacutepticos podem ser definidos como uma unidade ciliacutendrica ou
prismaacutetica retangular de fluxo horizontal usada para tratamento de esgotos por
processos de sedimentaccedilatildeo flotaccedilatildeo e digestatildeo (ABNT 1993) Podem ser de cacircmara
uacutenica de cacircmaras em seacuterie ou de cacircmaras sobrepostas (ANDREOLI 2009) e sua
constituiccedilatildeo pode ser de concreto metal ou fibra de vidro (BITTON 2005)
Os soacutelidos sedimentaacuteveis presentes no esgoto formam a camada de lodo na parte
inferior do tanque Oacuteleos graxas e outros materiais leves flotam na superfiacutecie formando
uma camada de escuma A mateacuteria orgacircnica retida no fundo do tanque sofre
decomposiccedilatildeo facultativa e anaeroacutebia sendo convertida a compostos mais estaacuteveis e a
gases como gaacutes carbocircnico (CO2) e gaacutes sulfiacutedrico (H2S) e a remoccedilatildeo de Soacutelidos
Suspensos Totais (SST) e Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO) eacute geralmente de 70
a 80 e de 65 a 80 respectivamente podendo alcanccedilar em climas quentes remoccedilatildeo
8
de 80 de SST e 90 de DBO (METCALF amp EDDY 2009 BITTON 2005) Contudo eacute
pouco eficiente na remoccedilatildeo de organismos patogecircnicos (BITTON 2005)
O tempo em que o esgoto permanece no tanque para que seja tratado Tempo de
Detenccedilatildeo Hidraacuteulica (TDH) varia de 24 a 72 h (BITTON 2005) Na Figura 1 estaacute
representado um esquema de funcionamento de um tanque seacuteptico de cacircmara uacutenica
Figura 1 - Esquema do funcionamento de tanque seacuteptico de cacircmara uacutenica
Apesar deste sistema de tratamento ser extremamente antigo ainda eacute objeto de
pesquisa em diversos paiacuteses e se constitui como a principal forma de tratamento de
esgotos em comunidades rurais Entretanto a forma de operaccedilatildeo as unidades que
precedem ou sucedem os tanques seacutepticos e a destinaccedilatildeo final do efluente e do lodo
sofreram modificaccedilotildees qualitativas ao longo do tempo Fato que natildeo soacute comprova a
relevacircncia das pesquisas sobre este sistema como impacta positivamente a sauacutede
puacuteblica e o ambiente de modo geral
Moussavi Kazembeigi amp Farzadkia (2010) estudaram um modelo diferente de
tanque seacuteptico em escala piloto onde o fluxo de esgoto eacute vertical assemelhando-se
aos Reatores Anaeroacutebios de Fluxo Ascendente (RAFA) Os pesquisadores constataram
a remoccedilatildeo de 86 de SST 85 Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO) e 77 da
Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DQO) quando o TDH foi de 24h
9
Em seguida testaram a eficiecircncia de remoccedilatildeo desses indicadores com TDH de 12 e
6 h e notaram que esse decrescimento tambeacutem ocasionou o decrescimento da
remoccedilatildeo de SST de 67 para 33 respectivamente O mesmo ocorreu para os
paracircmetros de DBO e DQO em que o periacuteodo de 12h houve remoccedilatildeo de 71 e 77 e
no periacuteodo de 6 h remoccedilatildeo de 33 e 31 respectivamente constatando que neste caso
natildeo eacute possiacutevel reduzir o tempo de detenccedilatildeo hidraacuteulica dentro da unidade de tratamento
sem comprometer a eficiecircncia de remoccedilatildeo da carga orgacircnica
Os autores concluiacuteram que a modificaccedilatildeo do fluxo de esgoto se revelou eficiente no
tratamento de esgotos domeacutesticos e pode propiciar menor geraccedilatildeo de lodo implicando
em uma manutenccedilatildeo mais simplificada comparada agraves unidades convencionais e
consequentemente em menores custos
Uma pesquisa semelhante foi realizada em escala real em El Tel El Sagheer uma
pequena comunidade localizada agrave 120 km de Cairo Egito O tanque seacuteptico modificado
proposto por Sabry (2010) constitui-se por dois compartimentos O primeiro cujo fluxo
do efluente era vertical possuiacutea uma seacuterie de chapas inclinadas a 60deg conhecidas
como decantadores por colmeia que separavam a fase soacutelida da liacutequida minimizando
a quantidade de soacutelidos que escapavam para o compartimento seguinte e retinham a
escuma O primeiro tanque exercia a funccedilatildeo de digerir anaeroacutebiamente a mateacuteria
orgacircnica sedimentando os soacutelidos suspensos no fundo que formam o lodo tendo
tambeacutem uma saiacuteda para o biogaacutes formado
O segundo compartimento era divido em dois e servia como uma unidade de
polimento degradando a mateacuteria orgacircnica residual atraveacutes da filtraccedilatildeo que ocorria o
com cascalho no fundo do tanque retendo os soacutelidos bioloacutegicos por um longo periacuteodo
Para tal o sistema exigia a utilizaccedilatildeo de duas bombas submersas uma em cada
tanque com vazatildeo de 0003 msup3s-1 O TDH dos dois compartimentos era de 20 h
velocidade ascensional na vazatildeo maacutexima diaacuteria de 0125 m h-1 e carga orgacircnica meacutedia
no segundo compartimento de 042 kg DBO m-3 d Aleacutem disso uma unidade de
10
desinfecccedilatildeo foi instalada para injetar uma soluccedilatildeo de hipoclorito de soacutedio no efluente
tratado com vistas a adequaccedilatildeo a legislaccedilatildeo local
Durante quase um ano de operaccedilatildeo e monitoramento o sistema removeu 81 da
DBO 84 do DQO e 89 dos SST enquanto a remoccedilatildeo em um sistema de tanque
seacuteptico seguido de filtro anaeroacutebio citado pelo pesquisador foi de 56 para DBO 52
para DQO e 54 para SST O sistema tambeacutem se mostrou de faacutecil reprodutibilidade e
baixo custo provando-se uma alternativa promissora para o tratamento de esgotos em
comunidades rurais em regiotildees em situaccedilatildeo anaacuteloga ao Egito
Os tanques seacutepticos tambeacutem podem ser integrados a outros processos de
tratamento como demonstrado por Philippi et al (1999) numa pesquisa realizada no
Brasil no estado de Santa Catarina Os pesquisadores verificaram a eficiecircncia de uma
zona de raiacutezes (tambeacutem conhecida pelo seu termo em inglecircs wetland) que recebia
efluente de um tanque seacuteptico Proveniente de uma induacutestria alimentiacutecia continha soro
de queijo gordura sangue alimentos enlatados carne suiacutena e esgoto sanitaacuterio sendo
que parte desse material ficava na caixa de gordura situada apoacutes o tanque seacuteptico que
foi construiacutedo em escala real de acordo com a NBR 72231993
Apoacutes a caixa de gordura o efluente entrava na parte inferior da zona de raiacutezes e
passava por camadas de areia feno de arroz e argila chegando as raiacutezes da
Zizaniopsis bonariensis espeacutecie de planta aquaacutetica tiacutepica da regiatildeo sul do paiacutes Os
pontos de monitoramento foram nas saiacutedas do tanque seacuteptico (P1) e da zona de raiacutezes
(P2) e os resultados mostraram que a reduccedilatildeo do P1 para DBO e DQO foi de 32 e 33
de 29 e 36 para ST e STV de 5 e 40 para Nitrogecircnio Total Kjedhal (NTK) e nitratos
e de 13 para o foacutesforo total (PT) respectivamente Enquanto que para o P2 a reduccedilatildeo
foi de 69 para DBO 71 para a DQO para ST e STV de 61 e 75 para NTK e
nitratos e PT de 78 e 40 72 respectivamente Destaca-se que a pesquisa estuda
uma das possibilidades de poacutes-tratamento de efluente de tanques seacutepticos poreacutem
existem diversas formas indicadas pela NBR 139691997 como vala de infiltraccedilatildeo o
poccedilo absorvente escoamento superficial e canteiro de infiltraccedilatildeo e evapotranspiraccedilatildeo
11
Os resultados da pesquisa revelam bom desempenho da associaccedilatildeo dos sistemas
de tratamento e alta remoccedilatildeo de N e P em decorrecircncia da desnitrificaccedilatildeo na zona de
raiacutezes e apoacutes o periacuteodo de maturaccedilatildeo do sistema comeccedilou a produzir efluente em
acordo com a legislaccedilatildeo local sendo o sistema integrado uma boa alternativa para o
tratamento efluentes sanitaacuterios e para induacutestrias que tenham efluentes semelhantes aos
da pesquisa (PHILIPPI et al 1999)
Contudo a operaccedilatildeo incorreta e a destinaccedilatildeo inadequada do efluente e do lodo
gerado pelos tanques seacutepticos em zonas rurais podem contribuir para a eutrofizaccedilatildeo de
nascentes de corpos hiacutedricos Withers Jarvie amp Stoate (2011) monitoraram o impacto
dos tanques seacutepticos na concentraccedilatildeo de nutrientes em uma comunidade rural na
Inglaterra Os pesquisadores verificaram altas concentraccedilotildees de nitrogecircnio foacutesforo
soacutedio potaacutessio e amocircnia aleacutem de concentraccedilotildees de nitrato consideradas nocivas aos
peixes tipicamente associados agrave digestatildeo anaeroacutebia de tanques seacutepticos tanto nas
valas de infiltraccedilatildeo quanto agrave jusante do corpo hiacutedrico situado proacuteximo aos tanques
seacutepticos
Portanto aleacutem de melhorias nas tecnologias simplificadas de tratamento de esgoto
eacute necessaacuterio o correto gerenciamento do lodo gerado caso contraacuterio o beneficio
ambiental gerado pelo tratamento do efluente pode ser parcialmente comprometido
33 Lodo de esgoto
O lodo de esgoto eacute um subproduto do tratamento de esgoto e eacute gerado em vaacuterias
etapas Seu gerenciamento eacute complexo e por vezes ignorado nas ETE
Contraditoriamente Campbell (2000) aponta que quanto mais efetivo o processo de
remoccedilatildeo de contaminantes maior a produccedilatildeo de lodo Ou seja a preocupaccedilatildeo com o
tratamento do efluente deve ser proporcional ao gerenciamento de seu subproduto
Apesar disso natildeo representa mais que 2 do volume de esgoto tratado Poreacutem os
custos variam de 20 a 60 do total gasto numa ETE no Brasil (ANDREOLI VON
SPERLING amp FERNANDES 2001) Essa realidade natildeo eacute soacute brasileira em outros
12
paiacuteses tambeacutem representa custos elevados e seu gerenciamento eacute por vezes
negligenciado (RUIZ KAOSOL amp WISNIEWSK 2010)
Uma fraccedilatildeo significativa da expansatildeo da infraestrutura estaacute ocorrendo em paiacuteses
em desenvolvimento dirigidas aos maiores centros urbanos do mundo como eacute o caso
da Cidade do Meacutexico e Satildeo Paulo Para ter estrateacutegias mais apropriadas de
gerenciamento de lodo contudo satildeo necessaacuterias informaccedilotildees histoacutericas pouco
disponiacuteveis nestas cidades segundo afirma Campbell (2000)
Aleacutem disso eacute imprescindiacutevel o conhecimento do lodo gerado para que seu
gerenciamento possa ser eficiente Ainda que a NBR 100042004 classifique o lodo de
esgoto como um resiacuteduo soacutelido natildeo inerte (ABNT 2004) aproximadamente 95 de sua
constituiccedilatildeo eacute aacutegua sofrendo algumas variaccedilotildees devido as diferentes caracteriacutesticas
dos esgotos e tratamentos O lodo tambeacutem pode ser classificado de acordo com a sua
origem
Lodo primaacuterio eacute aquele gerado em decantadores primaacuterios e tanques
seacutepticos Eacute formado principalmente por soacutelidos sedimentaacuteveis Pode
exalar odor forte caso fique retido por periacuteodos elevados e em altas
temperaturas Nos tanques seacutepticos sofre digestatildeo anaeroacutebia
Lodo secundaacuterio eacute formado nas etapas bioloacutegicas do tratamento aeroacutebia
e anaeroacutebia podendo estar estabilizado ou natildeo Compreende a
comunidade microbiana que realiza a degradaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica no
sistema
Lodo quiacutemico eacute originaacuterio de tratamentos que adicionam condicionantes
quiacutemicos como decantadores primaacuterios com precipitaccedilatildeo quiacutemica
O Programa de Pesquisa em Saneamento Baacutesico realizou um trabalho com lodo
de esgoto em diferentes institutos de pesquisa no Brasil Algumas caracteriacutesticas do
lodo encontradas podem ser vistas na Tabela 1 utilizando-se o procedimento de coleta
13
de aliacutequotas dos resiacuteduos descartados pelos caminhotildees limpa-fossa na entrada da
ETE ressalta-se que apesar da pesquisa focar em lodo de tanque seacuteptico nem todas
as ETE coletaram desta unidade de tratamento nem adotaram a mesma metodologia
de coleta e os contribuintes do esgoto foram variados como restaurantes domiciacutelios
hospitais entre outros e satildeo mantidos e operados de formas diferentes Nota-se que
todos os valores satildeo elevados indicando alta concentraccedilatildeo de soacutelidos
Tabela 1 - Caracteriacutesticas de lodo de esgoto seacuteptico no Brasil
Paracircmetros
Lodo de esgoto
FAE UFRN UNB USP
SANEPAR LARHISA CAESB EESC
Mediana Mediana Mediana Mediana
ST (mgL-1) 8208 6508 10214 6508
STV (mgL-1) 5612 4368 7368 3053
SST (mgL-1) 5042 3891 6395 3257
DBO (mgL-1) 2734 955 - 1524
DQO (mgL-1) 11219 3434 1281 4491
pH 72 66 71 69 Adaptado de Andreoli (2009)
Diversos estudos tecircm buscado relaccedilotildees entre caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas do
lodo e seu desaguamento De acordo com Vesilind (1994) o tamanho e a superfiacutecie das
partiacuteculas soacutelidas presentes no lodo satildeo caracteriacutesticas importantes que podem
determinar a receptividade ao espessamento ou desaguamento do lodo A carga das
partiacuteculas pode estabelecer ligaccedilotildees com as moleacuteculas de aacutegua difiacuteceis de serem
quebradas essas cargas superficiais alteram propriedades fiacutesicas daacute aacutegua
descongelamento agrave temperaturas abaixo do ponto de congelamento (-20degC) e a
densidade pode ser reduzida a 0965 gcmsup3
Neste mesmo trabalho Vesilind (1994) investigou os tipos de aacutegua presentes no
lodo e verificou que uma fraccedilatildeo estaacute ligada fisicamente agrave superfiacutecie das partiacuteculas
presentes no lodo atraveacutes de pontes de hidrogecircnio denominada aacutegua vicinal e pode
ser removida pela diminuiccedilatildeo da aacuterea superficial total das partiacuteculas soacutelidas a que estaacute
ligada atraveacutes da utilizaccedilatildeo de condicionantes quiacutemicos
14
A remoccedilatildeo da aacutegua localizada nos interstiacutecios dos flocos pode se dar por
processos mecacircnicos que conseguem destruir a estrutura do floco (RUIZ KAOSOL amp
WISNIEWSK 2010 VESILIND 1994) A aacutegua de hidrataccedilatildeo eacute aquela ligada
quimicamente agrave superfiacutecie da partiacutecula e eacute removida apenas com aumento da
temperatura Somente a fraccedilatildeo denominada ldquoaacutegua livrerdquo eacute que natildeo estaacute associada e
natildeo sofre influecircncia dos soacutelidos presentes no lodo A drenagem adensamento e
desidrataccedilatildeo mecacircnica e natural podem realizar a sua remoccedilatildeo (VESILIND 1994)
O trabalho de Liao et al (2000) constatou forte relaccedilatildeo entre o tamanho dos flocos e
a quantidade de aacutegua ligada fisico-quimicamente agraves partiacuteculas soacutelidas quanto menor
era o floco maior a quantidade deste tipo de aacutegua encontrada no lodo Mikkelsen amp
Keiding (2002) concluiacuteram que Substacircncias Polimeacutericas Extracelulares (EPS) satildeo o
paracircmetro mais importante na estrutura do lodo e altas concentraccedilotildees destas
substacircncias podem diminuir a tensatildeo de cisalhamento e propiciar um menor grau de
dispersatildeo do lodo pois agem na estabilidade da estrutura dos flocos reduzindo desta
forma a resistecircncia agrave filtraccedilatildeo Entretanto altas concentraccedilotildees de EPS diminuem o teor
de soacutelidos na torta seca
Jin Wileacuten amp Lant (2003) tambeacutem investigaram a relaccedilatildeo entre as EPS e o
desaguamento no lodo de esgoto Os pesquisadores observaram que altas
concentraccedilotildees de iacuteons Ca+ Mg2+ Fe3+ e Al3+ proporcionam melhora significativa no
desaguamento Tambeacutem concluiacuteram que lodos que contem flocos compactos grandes
e com muitos filamentos tem grande quantidade de aacutegua ligada intersticial
Propriedades de floculabilidade hidrofobicidade carga superficial e viscosidade satildeo
fatores que afetam significativamente a capacidade de ligaccedilatildeo da aacutegua nos flocos de
lodo sendo que altos valores destas propriedades indicam grande quantidade de aacutegua
ligada Ademais proteiacutenas e carboidratos contribuem significativamente para a ligaccedilatildeo
da aacutegua nos flocos
No espessamento por gravidade a presenccedila de aacutegua vicinal em volta das
partiacuteculas menores no lodo (de 2 a 4 microm cerca de 6 do total de partiacuteculas presentes
15
no lodo digerido anaeroacutebiamente) melhoraria o processo devido ao aumento do
diacircmetro efetivo das partiacuteculas como resultado da baixa densidade encontrada na aacutegua
vicinal e do aumento da viscosidade da aacutegua que circunda as partiacuteculas (VESILIND
1994)
As alternativas para a disposiccedilatildeo do lodo satildeo variadas e tecircm sido desenvolvidas haacute
vaacuterias deacutecadas Campbell (2000) as divide em trecircs categorias satildeo elas (i) aplicaccedilatildeo no
solo (ii) disposiccedilatildeo em aterro sanitaacuterio e (iii) tecnologias de incineraccedilatildeo Para as duas
primeiras - mais aplicadas no Brasil - torna-se indispensaacutevel a retirada de uma parcela
de sua umidade pois interfere na umidade ideal do solo quando aplicado na agricultura
e sobrecarrega o tratamento do chorume nos aterros
34 Desaguamento do lodo de esgoto
De acordo com Andreoli von Sperling amp Fernandes (2001) o gerenciamento do
lodo eacute uma atividade complexa e pode promover impactos ambientais negativos caso
seja mal executada Dentre as etapas envolvidas o desaguamento eacute um dos desafios
da engenharia ambiental e continua sendo um problema no tratamento de esgotos
(VESILIND 1988 VESILIND 1994 CAMPBELL 2000)
Metcalf amp Eddy (1991) descrevem o desaguamento como uma operaccedilatildeo fiacutesica
utilizada na reduccedilatildeo de umidade contida no lodo Eacute necessaacuterio realizar esta operaccedilatildeo
por propiciar (i) o manuseio mais faacutecil (ii) a reduccedilatildeo dos custos no transporte (iii) a
disposiccedilatildeo em aterros sanitaacuterios reduzindo a quantidade de chorume produzido (iv) a
melhora na etapa de compostagem do lodo (v) a reduccedilatildeo da atividade microbiana e
consequentemente da produccedilatildeo de odores
O desaguamento pode ser realizado por processos naturais ou mecanizados A
seleccedilatildeo dos mecanismos de desaguamento deve ser determinada pelo tipo de lodo a
ser desaguado caracteriacutesticas desejadas do lodo desaguado e espaccedilo disponiacutevel Os
processos mecanizados satildeo mais indicados para Estaccedilotildees de Tratamento de Esgotos
(ETE) de grande porte e onde haja restriccedilatildeo de aacuterea Centriacutefugas filtros a vaacutecuo
16
filtros-prensa prensas desaguadoras e secagem teacutermica satildeo exemplos de processos
mecanizados mais utilizados em ETE
Em estudo realizado por Ruiz Kaosol amp Wisniewsk (2010) relacionou-se a
quantidade de mateacuteria orgacircnica presente no lodo e sua aptidatildeo ao desaguamento
mecacircnico verificou-se que quanto maior essa quantidade (expressa pelo valor de
Soacutelidos Totais Volaacuteteis) menor era a resistecircncia a filtraccedilatildeo mas maior sua
compressibilidade (expressa pelo seu limite de plasticidade) e portanto menor a
eficiecircncia do processo de desaguamento mecacircnico Todavia lodos com menor teor de
mateacuteria orgacircnica isto eacute mais estabilizados tambeacutem satildeo mais indicados para os
processos naturais de desaguamento (ANDREOLI VON SPERLING amp FERNANDES
2001)
Verifica-se no entanto que poucas pesquisas tecircm se preocupado com o
desaguamento por processos naturais como os leitos de secagem e as lagoas de
secagem que estatildeo mais presentes em ETE pequenas ou que natildeo tecircm restriccedilotildees
quanto a aacuterea O mecanismo de desaguamento nestes casos se daacute pela evaporaccedilatildeo e
percolaccedilatildeo da aacutegua presente no lodo O desaguamento de lodos por leitos de secagem
eacute adequado para comunidades de pequeno e meacutedio porte sendo indicado para lodos
tipicamente encontrados em tanques seacutepticos (estabilizados)
Um leito de secagem convencional conforme ilustram as Figuras 2 e 3 caracteriza-
se por um tanque com paredes e base de concreto O fundo deve ser constituiacutedo por
uma camada de areia trecircs camadas de brita e tijolos recozidos ou outro material
resistente agrave operaccedilatildeo de remoccedilatildeo do lodo seco com juntas de areia (ABNT 1992)
17
Figura 2 - Planta de um leito de secagem convencional
Figura 3 - Corte transversal de um leito de secagem convencional
Van Haandel amp Lettinga (1994) descrevem que o tempo total para um ciclo de
secagem em leitos de secagem se compotildee por quatro periacuteodos Satildeo eles
T1 = tempo de preparaccedilatildeo do leito e descarga do lodo que dependem do
gerenciamento do leito como nuacutemero de trabalhadores e disponibilidade de
equipamentos
T2 = tempo de percolaccedilatildeo da aacutegua presente no lodo
T3 = tempo de evaporaccedilatildeo para se atingir a fraccedilatildeo desejada de soacutelidos que assim
como T2 varia em funccedilatildeo de condiccedilotildees operacionais durante a secagem condiccedilotildees
metereoloacutegicas (temperatura e pluviosidade) e a carga aplicada de soacutelidos
T4 = tempo de remoccedilatildeo dos soacutelidos secos
18
Para amenizar as variaacuteveis metereoloacutegicas os leitos de secagem podem ser
instalados ao ar livre ou cobertos por proteccedilatildeo contra a influecircncia das chuvas e de
geadas
De acordo com Metcalf amp Eddy (1991) Andreoli von Sperling amp Fernandes (2001) e
Andreoli (2009) em comparaccedilatildeo aos processos mecanizados apresenta diversas
vantagens tais como
Simplicidade na instalaccedilatildeo e operaccedilatildeo
Baixa sensibilidade agrave qualidade do lodo
Natildeo provoca ruiacutedos e vibraccedilotildees
Natildeo demanda energia
Baixo custo
Baixo consumo de poliacutemeros
A exposiccedilatildeo prolongada ao sol pode promover a remoccedilatildeo de organismos
patogecircnicos (VAN HAANDEL amp LETTINGA 1994)
Entretanto tambeacutem possui desvantagens sendo elas
Demanda tempo elevado para remoccedilatildeo da torta seca
Necessitam de que o lodo esteja estabilizado
Eacute sujeito agraves variaccedilotildees climaacuteticas
A remoccedilatildeo do lodo eacute trabalhosa
Demanda grande aacuterea
Considerando que a aacuterea especiacutefica requerida para leitos de secagem (Ae) pode
ser calculada em funccedilatildeo1 da quantidade de lodo digerido produzido na ETE (Q) - que eacute
funccedilatildeo da produccedilatildeo de lodo fresco (1 L pessoadia-1) e do coeficiente de reduccedilatildeo de
volume por digestatildeo (025) (Q = 025) da espessura da camada de lodo aplicado em
cada ciclo (e = 045 m) e do nuacutemero de ciclos de secagem por ano (nc = 15 ciclosano)
1 Valores sugeridos pela NBR 72291993
19
Calculando-se pela formula
Pode-se estimar uma aacuterea meacutedia de 0014 msup2hab-1 (para lodos anaeroacutebios de
origem domeacutestica) (NBR 72291993 MORTARA 2011)
Um dos poucos trabalhos que estudaram os leitos de secagem em bancada foi
produzido por van Haandel amp Lettinga (1994) que realizaram uma investigaccedilatildeo
experimental semelhante a presente pesquisa No entanto os resultados natildeo satildeo
diretamente comparaacuteveis uma vez que os autores estudaram o tempo necessaacuterio para
obtenccedilatildeo de uma determinada umidade para diferentes cargas de soacutelidos Aleacutem disso
separou-se os processos de percolaccedilatildeo e evaporaccedilatildeo de modo que o experimento foi
feito em duas etapas na primeira utilizaram tubos de PVC de 10 m de comprimento e
020 m de diacircmetro adicionando-se aos tubos camadas de cascalho estratificado de 1
a 18rdquo (brita meacutedia) e areia meacutedia ambas com espessura de 020 m cada O lodo
utilizado foi proveniente de RAFA e foi inserido nos tubos sendo que estes foram
cobertos para evitar a evaporaccedilatildeo
Apoacutes esta fase o lodo era removido dos tubos e colocado em aneacuteis de 0040 m de
comprimento e 0050 m de diacircmetro dispostos em colunas que ficavam ao ar livre para
avaliar-se a evaporaccedilatildeo que era realizada por diferenccedila de massa observada
diariamente ateacute que se estabelecesse massa constante A perda de massa era
acompanhada por perda de volume de lodo e para facilitar a evaporaccedilatildeo sempre que
o lodo atingia niacutevel mais baixo ao niacutevel superior do tubo o anel imediatamente acima
era retirado sendo a evaporaccedilatildeo natildeo limitada pela difusatildeo de vapor de aacutegua no tubo
Tambeacutem realizou-se testes de evaporaccedilatildeo com aacutegua pura
Os autores concluiacuteram que a concentraccedilatildeo inicial de ST no lodo natildeo teve influecircncia
mensuraacutevel sobre o tempo necessaacuterio para a percolaccedilatildeo da aacutegua ou sobre a
concentraccedilatildeo final de ST no lodo Em contraste cargas de soacutelidos diferentes tiveram
tempos de percolaccedilatildeo diferentes Outrossim grande parte da aacutegua no lodo eacute livre e eacute
removida no periacuteodo de percolaccedilatildeo que eacute relativamente curto Entretanto periacuteodos
elevados de evaporaccedilatildeo satildeo necessaacuterios para obtenccedilatildeo de altos valores de ST nas
20
tortas secas Ademais a produtividade do leito de secagem (massa de soacutelidos
processados por unidade de aacuterea do leito e por unidade de tempo) eacute muito influenciada
pela fraccedilatildeo de soacutelidos que se deseja no lodo apoacutes a secagem A produtividade para
lodo com relativamente muito aacutegua (umidade de 60 a 70) eacute mais que o dobro daquela
para lodo com pouca aacutegua (umidade de 20 a 30)
Cofie et al (2006) realizaram estudo com leito de secagem em escala real em
Ghana e monitoraram oito ciclos de secagem por dez meses O leito de secagem era
composto por uma camada de 015 m de areia fina e duas camadas de brita a primeira
de tipo 1 tinha 010 m de espessura e a segunda de tipo 2 tinha espessura de 015 m
O leito tinha aacuterea de 25 msup2 e capacidade de 15 msup3 de lodo com espessura de 030 m
Um terccedilo do lodo foi proveniente de sanitaacuterios puacuteblicos e o restante de tanques
seacutepticos tendo baixa concentraccedilatildeo de soacutelidos cerca de 3 A carga aplicada de
soacutelidos utilizada foi de 196 a 321 kg msup2 e quando seco era retirado manualmente O
teor de soacutelidos da torta seca foi em meacutedia de 3045 os STV de 71 e o tempo de
desaguamento variou de 7 a 59 dias
Os pesquisadores atribuem essa grande variaccedilatildeo a alguns fatores (i) ao
incremento de aacutegua no lodo causado pela chuva (ii) o entupimento da areia que
diminuiu a capacidade de percolaccedilatildeo da aacutegua livre do lodo e (iii) ao tipo de lodo
utilizado que apesar da parcela oriunda de tanque seacuteptico estar bem digerida a porccedilatildeo
proveniente de sanitaacuterios puacuteblicos apresentava grande quantidade de mateacuteria orgacircnica
tornando esse lodo pouco digerido e improacuteprio para o desaguamento nesse tipo de
leito
Mortara (2011) estudou a utilizaccedilatildeo de leitos de drenagem como alternativa aos
leitos de secagem Estes primeiros se diferenciam por substituiacuterem a camada de areia
por uma com manta geossinteacutetica e terem reduzida a altura de camada de brita (que
passa a ser somente uma camada de brita nordm 1 ou 2 de 005 a 010 m de espessura)
Essa mudanccedila proporcionou aumento da taxa de retirada da aacutegua livre e portanto
reduccedilatildeo do tempo de drenagem Aleacutem disso o autor cita que a massa de lodo seco
retirada foi menor assim como o trabalho para sua retirada e a estrutura para
21
armazenar o material ateacute sua disposiccedilatildeo final foram menores quando comparados ao
leito de secagem
35 Condicionamento do lodo
O condicionamento eacute um processo que melhora as caracteriacutesticas do lodo com
vistas a processaacute-lo de forma mais eficiente e mais raacutepida jaacute que o lodo geralmente
natildeo eacute facilmente manipulaacutevel Faz-se entatildeo necessaacuterio seu condicionamento para
facilitar o espessamento desaguamento e secagem O condicionamento do lodo pode
se dar por diversos meacutetodos que vatildeo desde a separaccedilatildeo de partiacuteculas soacutelidas das
moleacuteculas de aacutegua (processos fiacutesicos) ateacute a oxidaccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (processos
quiacutemicos) (AMUDA et al 2008)
Alguns exemplos de processos fiacutesicos empregados satildeo o congelamento do lodo
que proporciona a separaccedilatildeo de parte da aacutegua presente das partiacuteculas soacutelidas (AMUDA
et al 2008) a hidroacutelise teacutermica que permite a liberaccedilatildeo da aacutegua ligada fiacutesico-
quimicamente em temperaturas acima de 100degC o tratamento ultrassocircnico que tambeacutem
pode ser quiacutemico que em ambos os casos causa ruptura da estrutura celular e dos
flocos de micro-organismos atraveacutes do uso de baixas ou altas frequecircncias por processo
de cavitaccedilatildeo ou de reaccedilotildees quiacutemicas (CARREgraveRE et al 2010) A eletrodesidrataccedilatildeo
tambeacutem conhecida como desidrataccedilatildeo assistida por campo eleacutetrico consiste na
aplicaccedilatildeo de um campo eleacutetrico que atrai as partiacuteculas de aacutegua eletricamente
carregadas rompendo as ligaccedilotildees com as partiacuteculas soacutelidas do lodo (MAHMOUD et al
2010)
Um outro exemplo de condicionamento eacute a destruiccedilatildeo bioloacutegica celular atraveacutes da
aplicaccedilatildeo de fortes oxidantes quiacutemicos promove a desintegraccedilatildeo bioloacutegica da mateacuteria
orgacircnica do lodo a CO2 e aacutegua e consequentemente reduz o volume do lodo (AMUDA
et al 2008)
A alternativa de condicionamento mais comum nas ETE eacute a utilizaccedilatildeo sais
inorgacircnicos e de poliacutemeros orgacircnicos Satildeo empregados tradicionalmente produtos jaacute
22
utilizados no tratamento de aacutegua e esgoto condicionantes inorgacircnicos como cloreto
feacuterrico sulfato de alumiacutenio e a cal (AMUDA et al 2008 METCALF amp EDDY 1991) A
desvantagem na utilizaccedilatildeo destes eacute o aumento do teor de soacutelidos de 20 a 30 no lodo
enquanto que a utilizaccedilatildeo de poliacutemeros orgacircnicos natildeo aumenta significativamente
(METCALF amp EDDY 1991) A escolha e utilizaccedilatildeo de condicionantes inorgacircnicos ou
orgacircnicos deve ser baseada em estudos teacutecnicos e econocircmicos (MORTARA 2011)
Os condicionantes orgacircnicos atuam como coagulantes formando pontes quiacutemicas
entre o poliacutemero e as partiacuteculas coloidais presentes no lodo que satildeo adsorvidas pelas
diversas cadeias de monocircmeros do poliacutemero agregando-se em flocos densos passiacuteveis
de serem removidos por filtraccedilatildeo sedimentaccedilatildeo ou flotaccedilatildeo (LIBAcircNIO 2005) Sua
aplicaccedilatildeo em dosagem correta acelera o processo de desaguamento e aumenta o teor
de soacutelidos da torta seca (WPCFM 1988)
A adiccedilatildeo de poliacutemeros ocorre antes da etapa de desaguamento e podem reduzir a
umidade de entrada de 90 a 99 para 65 a 85 dependendo das caracteriacutesticas dos
soacutelidos a serem tratados (METCALF amp EDDY 1991 WPCFM 1988)
Os poliacutemeros podem ser classificados de acordo com a sua carga eleacutetrica em
catiocircnicos aniocircnicos natildeo-iocircnicos e anfoliacuteticos e quanto a sua origem sinteacutetica ou
natural Libacircnio (2005) destaca duas vantagens no uso especiacutefico de poliacutemeros
catiocircnicos de menor peso molecular que se aplicam ao tratamento de lodo de esgoto
Satildeo elas (i) reduccedilatildeo do volume do lodo gerado (ii) maior facilidade de desidrataccedilatildeo do
lodo gerado comparada aos sais de ferro e alumiacutenio
Mortara (2011) realizou ensaios com poliacutemeros sinteacuteticos em lodo de ETE analisou
18 poliacutemeros catiocircnicos 15 soacutelidos e 3 em emulsatildeo associados a um leito de
drenagem no condicionamento do lodo anaeroacutebio Atraveacutes de testes em laboratoacuterio e
em escala piloto constatou que quase todos os poliacutemeros soacutelidos testados produziram
lodos mais facilmente desaguaacuteveis com dosagens relativamente baixas cerca de 2 gkg
de ST-1 enquanto que os poliacutemeros em emulsatildeo tinham dosagens oacutetimas maiores
23
cerca de 6 gkg-1 Tambeacutem se verificou que o condicionamento quiacutemico propiciou maior
drenagem da aacutegua quando comparado ao lodo natildeo condicionado Entretanto natildeo
influenciou a evaporaccedilatildeo e consequentemente os tempos de ciclo de secagem uma
vez que o teor de soacutelidos do lodo sem condicionamento apresentou evoluccedilatildeo
semelhante a dos lodos condicionados ao longo do periacuteodo de secagem
Contudo segundo Abreu Lima (2007) os poliacutemeros sinteacuteticos podem ser
contaminados no processo de produccedilatildeo ou ainda gerar subprodutos (monocircmeros) de
risco agrave sauacutede dos consumidores Uma alternativa a esses condicionantes seria o
emprego de poliacutemeros oriundos de fontes naturais como as plantas e substacircncias
retiradas de animais
Ainda que estes riscos preocupem mais as Estaccedilotildees de Tratamento de Aacutegua (ETA)
jaacute que afetam diretamente a aacutegua captada para abastecimento humano a atenccedilatildeo
deve-se dar no tratamento de esgoto e no gerenciamento do lodo tambeacutem
Considerando que a aacutegua drenada do lodo retorna ao sistema de tratamento e que
esse efluente tratado eacute lanccedilado em um corpo hiacutedrico que posteriormente pode servir
como manancial
Diversos estudos tecircm utilizado poliacutemeros naturais como auxiliares da floculaccedilatildeo no
tratamento de aacutegua e esgoto Visto que natildeo apresentam riscos agrave sauacutede a longo prazo e
por serem fonte de alimentaccedilatildeo humana em sua maioria De acordo com Di Bernardo
(2005) a utilizaccedilatildeo destes poliacutemeros permite um aumento da velocidade de
sedimentaccedilatildeo dos flocos reduccedilatildeo da accedilatildeo das forccedilas de cisalhamento nos flocos
durante a veiculaccedilatildeo da aacutegua floculada e uma dosagem menor do coagulante primaacuterio
quando estes satildeo sais de alumiacutenio ou ferro
Borba (2001) Arantes Ribeiro amp Paterniani (2012) e Di Bernardo (2005) citam
como exemplo de fonte destes compostos a mandioca (Manihot esculenta) a batata
(Solanum tuberosum L) a quitosana o tanino o quiabo (Abelmoschus esculentus) o
milho (Zea mays) e a moringa (Moringa oleiacutefera)
24
Dentre os poliacutemeros naturais os mais utilizados satildeo os amidos (DI BERNARDO
2005 LIBAcircNIO 2005) O milho a batata a mandioca e o trigo satildeo os alimentos
produzidos em larga escala que mais possuem amido podendo variar a quantidade em
funccedilatildeo da idade do solo da variedade da espeacutecie e do clima
A facilidade de obtenccedilatildeo do poliacutemero o custo e a simplicidade metodoloacutegica do
preparo satildeo fatores importantes para a seleccedilatildeo em trabalhos direcionados agraves
comunidades rurais Dos poliacutemeros pesquisados os originaacuterios da mandioca moringa e
quiabo foram os que mais se adequaram a estes criteacuterios baseando-se em Dantas amp Di
Bernardo (2000) Muyibi et al (2001) e Abreu Lima (2007)
A mandioca (Manihot esculenta) eacute originaacuteria da Ameacuterica do Sul e eacute comum nas
regiotildees tropicais da Aacutefrica e Aacutesia sendo uma importante fonte de alimentaccedilatildeo da
populaccedilatildeo mais pobre e eacute rica em amido Dantas amp Di Bernardo (2000) estudaram o
potencial do amido catiocircnico da mandioca como auxiliar de floculaccedilatildeo no tratamento de
aacuteguas para abastecimento Os resultados obtidos indicaram que este poliacutemero natural
pode ser utilizado em substituiccedilatildeo dos poliacutemeros sinteacuteticos auxiliares de floculaccedilatildeo Natildeo
foram encontradas referecircncias sobre a utilizaccedilatildeo de amido de mandioca em tratamento
de esgoto ou condicionamento de lodo de esgoto
A moringa (Moringa oleifera) eacute provavelmente o poliacutemero natural mais conhecido no
mundo eacute nativa do continente africano presente tambeacutem nas Ameacutericas e Aacutesia Mais
utilizada no tratamento de aacutegua como coagulante tambeacutem satildeo encontradas aplicaccedilotildees
no tratamento de esgoto incluindo efluentes industriais e no lodo de esgoto
Bhuptawat Folkard amp Chaudhari (2006) verificaram o potencial de aplicaccedilatildeo da
moringa no tratamento de esgoto domeacutestico em escala piloto na Iacutendia e obtiveram
64 de remoccedilatildeo de DQO combinando 100 mgL-1 de Moringa oleifera e 10 mgL-1 de
sulfato de alumiacutenio
No tocante agrave utilizaccedilatildeo de moringa no lodo pesquisas realizadas por Muyibi et al
(2001) na Iacutendia e Ademiluyi (1988) Nigeacuteria indicaram seu potencial como
25
condicionante quiacutemico do lodo de esgoto diminuindo a resistecircncia agrave filtraccedilatildeo Muyibi et
al (2001) testaram a soluccedilatildeo da semente de moringa sem casca o poacute seco da
semente sem casca e o oacuteleo da semente de moringa em lodo proveniente de uma
estaccedilatildeo de tratamento de esgoto A dosagem foi determinada por dois meacutetodos (i)
reduccedilatildeo de volume do lodo em teste de jarros (apoacutes 30 min de sedimentaccedilatildeo) e (ii)
resistecircncia especiacutefica do lodo
No primeiro meacutetodo as dosagens oacutetimas encontradas foram de 4750 4000 e 6000
mgL-1 para a soluccedilatildeo de moringa sem casca oacuteleo e poacute seco respectivamente
Chegando a reduccedilatildeo maacutexima de 26 19 e 26 vezes o volume inicial do lodo para a
soluccedilatildeo de moringa sem casca oacuteleo e poacute seco respectivamente Esses resultados
indicam o potencial da moringa em decantadores ou outras unidades de tratamento que
retenham lodo por certo tempo
No segundo teste realizado empregou-se somente a soluccedilatildeo de moringa sem
casca e o oacuteleo e a soluccedilatildeo com oacuteleo teve melhor resultado com dosagem de 4000
mgL-1 enquanto que para a soluccedilatildeo de moringa sem casca foi de 4500 mgL-1 A razatildeo
para esses resultados ligeiramente controversos ainda eacute desconhecida mas os
pesquisadores acreditam que a remoccedilatildeo do oacuteleo da semente possa produzir flocos
mais leves o que favoreceria a filtraccedilatildeo Aleacutem disso por ter baixo peso molecular e ser
um poliacutemero catiocircnico os flocos formados satildeo leves pequenos e reteacutem menos a fraccedilatildeo
de aacutegua ligada fiacutesico-quimicamente agraves partiacuteculas soacutelidas do lodo indicando a
possibilidade da reduccedilatildeo da aacuterea dos leitos de secagem convencionais Poreacutem ainda
satildeo necessaacuterias pesquisas aprofundadas sobre a questatildeo
O uso de moringa no lodo foi comparado aos sais de alumiacutenio e ferro por Ademiluyi
(1988) A amostra de lodo utilizada foi coletada no tanque de sedimentaccedilatildeo da ETE da
Universidade da Nigeacuteria que trata esgoto domeacutestico A sensibilidade relativa do lodo
aos poliacutemeros mostrou que o lodo proveniente de esgoto domeacutestico tem menor
sensibilidade a moringa do que ao sulfato de alumiacutenio e cloreto feacuterrico Aleacutem disso a
concentraccedilatildeo de moringa foi menor no liquido filtrado do que os sais metaacutelicos o que
26
pode ser vantajoso em Estaccedilotildees de Tratamento de Esgoto Poreacutem as dosagens oacutetimas
encontradas foram mais altas para a moringa do que para os sais metaacutelicos 215 17 e
17 gL-1 para a moringa sulfato de alumiacutenio e cloreto feacuterrico respectivamente
Entretanto o baixo custo e o fato da moringa ser um poliacutemero natural a tornam
aplicaacutevel como condicionante do lodo
Outro poliacutemero natural potencialmente condicionante do lodo eacute o quiabo
(Abelmoschus esculentus) que tem origem na Aacutefrica mas eacute produzido em todo o globo
sendo conhecido por suas propriedades nutritivas
Anastasakis Kalderis amp Diamadopoulos (2009) estudaram o quiabo como floculante
no tratamento de esgoto utilizando como coagulante o sulfato de alumiacutenio Foi
realizada a mucilagem do quiabo para a extraccedilatildeo do oacuteleo e a dosagem oacutetima foi obtida
atraveacutes do teste de jarros Como amostras de esgoto foram utilizadas esgoto sinteacutetico e
um efluente biologicamente tratado O estudo comprovou as propriedades floculantes
do quiabo No esgoto sinteacutetico em sua dosagem oacutetima de 0005 g L-1 removeu 93 96 e
97 de turbidez depois de 10 20 e 30 minutos do tempo de sedimentaccedilatildeo
respectivamente Isso representou uma adiccedilatildeo de 25 9 e 10 de remoccedilatildeo da turbidez
quando se utilizou somente sulfato de alumiacutenio em 10 20 e 30 minutos
respectivamente
No efluente biologicamente tratado a dosagem oacutetima para 10 minutos foi de 0020
gL-1 com remoccedilatildeo 70 da turbidez Para os tempos de sedimentaccedilatildeo de 20 e 30
minutos a dosagem foi menor (00025 gL-1) alcanccedilando a reduccedilatildeo de 71 e 74 de
turbidez Incrementando em 19 10 e 10 a remoccedilatildeo de turbidez utilizando-se somente
de sulfato de alumiacutenio
Abreu Lima (2007) realizou testes com o quiabo verde e maduro e constatou que o
fruto maduro possui melhores propriedades coagulantes que o fruto verde fato positivo
jaacute que o quiabo maduro eacute rejeitado pelo consumidor e torna-se um resiacuteduo O autor
tambeacutem comparou as teacutecnicas de aplicaccedilatildeo do poliacutemero a utilizaccedilatildeo do oacuteleo extraiacutedo
27
atraveacutes da mucilagem e a pulverizaccedilatildeo apoacutes a moagem do quiabo Concluindo que a
segunda teacutecnica a forma mais simples de aplicaccedilatildeo proporcionou resultados positivos
no tratamento de aacutegua e esgoto
36 Pavimento permeaacutevel
Aleacutem da aplicaccedilatildeo de poliacutemeros a utilizaccedilatildeo de pisos drenantes como constituintes
do leito de secagem pode otimizar o desaguamento do lodo de esgoto Constitui-se em
alternativa simples e de baixo custo para ETE de pequeno porte localizadas em
comunidades rurais Aleacutem disso a utilizaccedilatildeo de poliacutemeros naturais melhoraria a
qualidade da torta seca em termos de nutrientes aspecto positivo para a aplicaccedilatildeo de
lodo na agricultura como alternativa agrave adubaccedilatildeo quiacutemica
Os pavimentos permeaacuteveis satildeo utilizados haacute mais de trecircs deacutecadas nos Estados
Unidos da Ameacuterica e na Inglaterra e Alemanha (PRISMA 2013) como controle
estrutural alternativo de drenagem urbana e fazem parte do conjunto de teacutecnicas
intitulado de Best manegement practices (BMP) pela agecircncia ambiental norte-
americana Enviromental Protection Agency (USEPA) criado na deacutecada de 1980 que
tem como objetivo resolver os problemas de drenagem na proacutepria bacia
Essas teacutecnicas incluem construccedilatildeo de estruturas fiacutesicas para armazenamento e
infiltraccedilatildeo do escoamento como reservatoacuterios trincheiras de infiltraccedilatildeo e pavimentos
permeaacuteveis na tentativa de compensar os impactos negativos da grande
impermeabilizaccedilatildeo do solo causada pela urbanizaccedilatildeo (CRUZ SOUZA amp TUCCI 2007)
Estes uacuteltimos por possuiacuterem espaccedilos livres na sua estrutura permitem que aacutegua
e ar o atravessem e satildeo geralmente empregados em via de pedestres e veiacuteculos e
estacionamentos para auxiliar na drenagem urbana (MARCHIONI amp SILVA 2010)
No Brasil estes pavimentos foram introduzidos recentemente e em 2006 a
Prefeitura Municipal de Porto Alegre publicou o Decreto Nordm153712006 que
regulamenta as medidas de controle de drenagem urbana aponta como alternativa
28
para reduccedilatildeo de aacutereas impermeaacuteveis em terrenos com aacutereas inferiores a 100 ha a
utilizaccedilatildeo de pavimentos permeaacuteveis abatendo 50 da aacuterea impermeaacutevel do terreno
(CRUZ SOUZA amp TUCCI 2007) A Figura 4 mostra a sua utilizaccedilatildeo no Brasil
Figura 4 - Exemplo de aplicaccedilatildeo de pavimento permeaacutevel em estacionamento
FONTE MARCHIONI amp SILVA (2010)
Estes pavimentos podem ser fabricados com areia pedregulho argila expandida
fibra de coco cimento e poacute de pedra e estaacute em curso a normatizaccedilatildeo pela Associaccedilatildeo
Brasileira de Normas Teacutecnicas para a fabricaccedilatildeo destes pisos A produccedilatildeo deste tipo
de piso estaacute se disseminando no paiacutes e sua utilizaccedilatildeo poderia permitir a reduccedilatildeo da
aacuterea do leito Uma vez que o lodo pode ser drenado em cerca de metade da aacuterea
superficial enquanto que ao se empregar o leito de secagem tradicionalmente sugerido
pela NBR 122091992 a infiltraccedilatildeo somente ocorre entre os vatildeos dos tijolos onde estaacute
presente a areia (ABNT 1992)
29
4 METODOLOGIA
O trabalho foi desenvolvido nos Laboratoacuterios de Estrutura (LES) Materiais da
Construccedilatildeo (LMC) Protoacutetipos (LABPRO) Reuso (LABREUSO) e Saneamento
(LABSAN) pertencentes agrave Faculdade de Engenharia Civil Arquitetura e Urbanismo da
Universidade Estadual de Campinas
41 Pavimento permeaacutevel
O pavimento permeaacutevel foi fornecido pela empresa Villa Stone Comeacutercio e
Induacutestria de Materiais Baacutesicos para Construccedilatildeo Limitada localizada no distrito de Baratildeo
Geraldo Campinas (SP)
Os pavimentos permeaacuteveis utilizados na pesquisa satildeo compostos de pedrisco de
basalto e cimento na proporccedilatildeo de 80 e 20 respectivamente As amostras utilizadas
tecircm aproximadamente 006 m de altura e foram cortados em diacircmetro igual a 010 m
com o emprego de uma extratora de corpo de prova como mostram as Figuras 5 e 6
Figura 5 - Pavimento permeaacutevel utilizado no projeto
30
Figura 6 - Extratora de corpo de prova utilizada para o corte do pavimento utilizado na pesquisa
A caracterizaccedilatildeo destes pisos drenantes foi realizada com a determinaccedilatildeo das
dimensotildees massa volume de vazios e taxa de infiltraccedilatildeo conforme apresentados a
seguir
Dimensotildees e massa As dimensotildees foram mensuradas com o uso de paquiacutemetro
e a massa com uso de balanccedila semi analiacutetica A altura diacircmetro e massa meacutedia das
peccedilas de pavimento cortadas foi de 0006 m 01 m e 0695 kg respectivamente
Iacutendice de vazios A metodologia adotada baseou-se na norma NBR NM 532009
de Determinaccedilatildeo de massa especiacutefica massa especiacutefica aparente e absorccedilatildeo de aacutegua
de agregados grauacutedos e na norma NBR 108381988 de Solo - Determinaccedilatildeo da massa
especiacutefica aparente de amostras indeformadas com emprego de balanccedila hidrostaacutetica -
Meacutetodo de ensaio O iacutendice de vazios meacutedio foi de 043 e a porosidade de 2975
31
Taxa de infiltraccedilatildeo A forma de determinaccedilatildeo seraacute apresentada no subitem 45
42 Lodo
Coletou-se aproximadamente 200 L de lodo de tanques seacutepticos Cerca de 70 L
de lodo utilizado foram coletados no mecircs de abril de 2013 provenientes de um tanque
seacuteptico operado pela Companhia de Saneamento Baacutesico do Estado de Satildeo Paulo
(SABESP) Sendo um tanque seacuteptico de cacircmara uacutenica com capacidade de
aproximadamente 40 msup3 e atende cerca de 500 famiacutelias no municiacutepio de Satildeo Miguel
Arcanjo ndash SP Ao longo dos 20 anos de operaccedilatildeo desta pequena estaccedilatildeo nunca havia
sido feita a retirada de lodo
Devido a dificuldades com o transporte e a distacircncia entre este tanque seacuteptico e
a universidade natildeo foi possiacutevel coletar a quantidade necessaacuteria utilizada no projeto A
quantidade restante foi entatildeo fornecida pela Sociedade de Abastecimento de Aacutegua e
Esgoto SA (SANASA) O lodo foi retirado do tanque seacuteptico da Estaccedilatildeo de Tratamento
de Esgoto Bandeirantes situada no municiacutepio de Campinas cujo tratamento se daacute por
tanques seacutepticos seguidos de filtro anaeroacutebio A coleta de lodo foi realizada no mecircs de
maio de 2013 Ao contraacuterio do lodo disponibilizado pela SABESP o montante de lodo
retirado desta ETE ainda natildeo estava estabilizado por ter pouca idade e ter sido
realizada uma grande retirada do lodo do tanque cerca de um mecircs antes da data da
coleta Desde entatildeo as aliacutequotas de lodo coletadas foram misturadas e armazenadas
numa caixa drsquoaacutegua de 500 L no Laboratoacuterio de Protoacutetipos
A caracterizaccedilatildeo do lodo foi feita no Laboratoacuterio de Saneamento (LABSAN)
sendo baseada nos seguintes paracircmetros tempo de succcedilatildeo capilar soacutelidos totais
soacutelidos suspensos totais soacutelidos suspensos fixos e volaacuteteis pH e alcalinidade Essa
caracterizaccedilatildeo foi realizada anteriormente a execuccedilatildeo de cada uma das seacuteries
32
Para a dosagem dos poliacutemeros Metcalf amp Eddy (1991) relatam que deve ser
realizada em laboratoacuterio considerando a origem do lodo a sua idade o pH a
alcalinidade e a concentraccedilatildeo de soacutelidos bem como o meacutetodo de desaguamento a ser
utilizado e recomenda a utilizaccedilatildeo do teste de filtraccedilatildeo a vaacutecuo para caacutelculo da
dosagem
Todas as anaacutelises para caracterizaccedilatildeo do lodo foram baseadas no Standard
Methods for the Examination of Water and Wastewater (APHA 2012)
Para a anaacutelise do teor de soacutelidos da torta seca dos sistemas homogeneizou-se
inicialmente a torta obtida de cada sistema utilizando-se uma aliacutequota de
aproximadamente 0005 kg que foi pesada em balanccedila analiacutetica jaacute na caacutepsula A
amostra entatildeo foi deixada por no miacutenimo 12h em estufa a 100ordmC para obtenccedilatildeo dos
Soacutelidos Totais Para os Soacutelidos Totais Fixos e Volaacuteteis a metodologia foi adaptada para
evitar emissatildeo de fumaccedila devido agrave alta fraccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica presente no lodo
Para isso a amostra natildeo foi colocada na mufla diretamente a 550degC A temperatura foi
escalonada mantendo-se inicialmente a 200ordmC por 30 minutos elevando-se a
temperatura para 300ordmC por mais 30 minutos e entatildeo elevando-se a temperatura para
550degC por mais 1 hora Tambeacutem evitou-se colocar na mufla massas maiores que 0015
kg de lodo seco pois acima desta quantidade verificou-se emissatildeo de fumaccedila
Teste de Jarros Embora natildeo forneccedila dados quantitativos sobre a capacidade
dos poliacutemeros no condicionamento do lodo produz informaccedilatildeo qualitativa (quanto a
formaccedilatildeo de flocos) de forma raacutepida (WPCFM 1988) Por esta razatildeo o teste foi
utilizado para preparo da soluccedilatildeo estoque dos poliacutemeros e para o condicionamento do
lodo para a anaacutelise das dosagens oacutetimas (WPCFM 1988 MORTARA 2011) A Figura 7
ilustra a utilizaccedilatildeo deste meacutetodo no condicionamento do lodo
33
Figura 7 - Teste de jarros para dosagem oacutetima de poliacutemero
Tempo de Succcedilatildeo Capilar conhecido como CST - sua sigla na liacutengua inglesa
para Capillary Suction Time - eacute um dos meacutetodos mais utilizados em pesquisas sobre o
desaguamento do lodo Eacute um teste empiacuterico que auxilia na determinaccedilatildeo da dosagem
oacutetima de poliacutemeros sendo indicado por Vesilind (1988) WPCFM (1988) Metcalf amp
Eddy (1991) Andreoli von Sperling amp Fernandes (2001) Andreoli (2009) e APHA et al
(2012) Apesar do inconveniente de trabalhar com pequenos volumes acarretando na
seleccedilatildeo de uma fase do efluente clarificado e de flocos quando o lodo eacute condicionado
organicamente Ruiz Kaosol amp Wisniewsk (2010) afirmam que o teste ainda estaacute entre
as teacutecnicas mais utilizadas para definiccedilatildeo da filtrabilidade do lodo Algumas destas
razotildees eacute a rapidez e simplicidade na realizaccedilatildeo pois determina em segundos quanto
tempo a aacutegua presente no lodo leva para percorrer um meio poroso atraveacutes de um
equipamento utilizando-se uma pequena quantidade de amostra
Jin Wileacuten amp Lant (2003) verificaram uma boa relaccedilatildeo estatiacutestica entre os valores
de CST e EPS e relacionaram altos valores de floculabilidade hidrofobicidade cargas
negativas das superfiacutecies e viscosidade agrave grande quantidade de aacutegua fiacutesico-
quimicamente ligada e longos CST Contudo constataram que as caracteriacutesticas
morfoloacutegicas determinadas como o tamanho dos flocos dimensatildeo fractal e iacutendice de
34
filamento tecircm estatisticamente fracas correlaccedilotildees com a quantidade de aacutegua ligada
fiacutesico-quimicamente e o tempo do CST
Como ilustra a Figura 8 o teste eacute realizado em um aparelho denominado CST
(Capilary Succcedilatildeo Time) que consiste em duas placas de acriacutelico um cilindro metaacutelico
um filtro de papel trecircs contatos eleacutetricos fixados em dois ciacuterculos concecircntricos que
circundam uma abertura circular no meio da placa e um cronocircmetro
O papel eacute colocado entre as duas placas de acriacutelico e o cilindro metaacutelico eacute
encaixado na abertura circular O teste eacute feito com 68 mL de lodo colocado dentro do
cilindro A aacutegua contida no lodo atravessa o filtro de papel cromatograacutefico (Whatman n
17 tamanho 7 x 9 cm) Apoacutes percorrer 08 cm a aacutegua chega ao ciacuterculo interno que
conteacutem dois dos contatos eleacutetricos dispara-se o cronocircmetro quando a aacutegua percorre
mais 07 cm chegando ao ciacuterculo externo o terceiro contato eleacutetrico para a contagem
do tempo (VESILIND 1988) A Tabela 2 indica os meacutetodos utilizados para anaacutelise do
lodo
Tabela 2 - Meacutetodos utilizados na anaacutelise do lodo
Paracircmetro Meacutetodo Soacutelidos Totais Standard Methods 20 2540
Soacutelidos Suspensos Totais Standard Methods 20 2540 Alcalinidade Standard Methods 20 2320 B
pH Standard Methods 20 4500 B Teste de Succcedilatildeo Capilar Standard Methods 20 2710 G
35
Figura 8 - Aparelho utilizado para aferir o Tempo de Succcedilatildeo Capilar (Capilary Suction Time)
43 Poliacutemeros
Na pesquisa estudou-se o efeito do uso de diferentes poliacutemeros naturais
(moringa mandioca e quiabo) e um sinteacutetico no desaguamento do lodo Ressalva-se
que foram elegidas metodologias simplificadas e de baixo custo cuja produccedilatildeo e
preparo podem se dar em ETE de pequeno porte localizadas em comunidades rurais
eou isoladas Os poliacutemeros sinteacutetico e os naturais oriundos da mandioca e do quiabo
foram aplicados em soluccedilatildeo aquosa e o poliacutemero da moringa foi aplicado em poacute
diretamente sobre o lodo As sementes de moringa foram obtidas do Campo
Experimental da Faculdade de Engenharia Agriacutecola ndash UNICAMP e da Coordenadoria de
Assistecircncia Teacutecnica Integral (CATI) de Pederneiras e Mariacutelia ambas localizadas no
estado de Satildeo Paulo O amido de mandioca eacute extraiacutedo das partes comestiacuteveis da
mandioca sendo conhecido comercialmente por feacutecula ou polvilho doce O quiabo
tambeacutem eacute disponiacutevel comercialmente e foi obtido na Central de Abastecimento SA
36
(CEASA) de Campinas e o poliacutemero sinteacutetico utilizado Superflocreg 8394 foi doado pela
empresa Kemira Os poliacutemeros foram preparados obedecendo os criteacuterios de
simplicidade e baixo custo utilizando as metodologias abaixo
Superflocreg 8394 Eacute uma poliacrilamida catiocircnica de baixo peso molecurar e pode
ser utilizada nas etapas de desaguamento de lodos e clarificaccedilatildeo das aacuteguas numa
ampla variedade de induacutestrias O preparo da soluccedilatildeo estoque foi feito na concentraccedilatildeo
maacutexima indicada pela empresa 05 no teste de jarros com agitaccedilatildeo de
aproximadamente 250 rpm - gradiente de velocidade2 (G) asymp 160 s-1 - por 60 minutos
com o objetivo de homogeneizar totalmente a soluccedilatildeo (KEMIRA [sd]) A soluccedilatildeo foi
aplicada no lodo em teste de jarros com agitaccedilatildeo inicial de 250 rpm por 10 s
diminuindo- se a velocidade para 100 rpm (Gasymp 64 s-1) por mais 5 min
Mandioca (Manihot esculenta Crantz) Para obtenccedilatildeo do poliacutemero da mandioca
seguiu-se as orientaccedilotildees de Dantas amp Di Bernardo (2000) que utilizaram amido de
mandioca catiocircnico waxy (um tipo de amido modificado) Segundo Di Bernardo (2005)
os gracircnulos de amido satildeo insoluacuteveis em aacutegua abaixo de 50degC Para tornaacute-los soluacuteveis
portanto eacute preciso aquecer a suspensatildeo de amido na aacutegua aleacutem da temperatura criacutetica
para que os gracircnulos absorvam a aacutegua e intumesccedilam formando uma pasta gelatinosa
Para obtenccedilatildeo deste amido a feacutecula da mandioca foi aquecida agrave temperatura de 80 plusmn
5degC com agitaccedilatildeo constante ateacute a formaccedilatildeo da pasta gelatinosa como ilustrado na
Figura 9 Preparou-se soluccedilatildeo estoque de 10 gL-1 e adicionou-se ao lodo em teste de
jarros com agitaccedilatildeo inicial de 250 rpm por 10 s diminuindo- se para 100 rpm por mais 5
min
2 Gradiente de velocidade calculado considerando a mesma viscosidade da aacutegua
37
Figura 9 - Preparo da soluccedilatildeo de poliacutemero produzida a partir da mandioca
Moringa (Moringa oleifera) Ilustrada na Figura 10 eacute um poliacutemero catiocircnico e sua
metodologia foi realizada adaptando-se a metodologia de Muyibi et al (2001) e Arantes
Ribeiro amp Paterniani (2012) Primeiramente as sementes foram descascadas e moiacutedas
para obtenccedilatildeo de um poacute sendo posteriormente homogeneizadas em peneira com
abertura de 0125 mm O poacute obtido foi utilizado diretamente sobre o lodo em teste de
jarros com agitaccedilatildeo inicial de 250 rpm por 10 s diminuindo- se a velocidade para 100
rpm por mais 5 min
38
Figura 10 - Semente de Moringa oleiacutefera
FONTE FEAGRI (2004)
Quiabo (Abelmoschus esculentus) Eacute um poliacutemero aniocircnico e adaptou-se a
metodologia apresentada por Abreu Lima (2007) que consiste no uso do fruto do
quiabo maduro e seco (rejeitado pelo consumidor) O processo consistiu na lavagem do
quiabo para remoccedilatildeo de resiacuteduos provenientes do solo exposiccedilatildeo ao sol ateacute a total
secagem dos frutos e moagem em um moedor eleacutetrico Adicionou-se aacutegua destilada ao
poacute que foi obtido nas peneiras de 0841 mm e 0149 mm nas concentraccedilotildees de 50 e 45
gL-1 respectivamente homogeneizando as soluccedilotildees em teste de jarros a 250 rpm ateacute
total dissoluccedilatildeo (cerca de 15 min para a primeira e 2h para a segunda) A primeira
soluccedilatildeo que possuiacutea partiacuteculas maiores do quiabo foi peneirada em funil de Buumlchner
para utilizaccedilatildeo somente da ldquobabardquo formada Essa praacutetica natildeo foi necessaacuteria para a
segunda soluccedilatildeo As duas soluccedilotildees foram adicionadas ao lodo em teste de jarros com
agitaccedilatildeo inicial de 250 rpm por 10 s diminuindo- se para 100 rpm por mais 5 min como
ilustra a Figura 11
39
Figura 11 - Preparo da soluccedilatildeo de poliacutemero produzida a partir do quiabo
44 Montagem dos leitos de secagem
Os sistemas foram montados em escala de bancada sendo que cada leito de
secagem a ser testado foi composto por um tubo de PVC com diacircmetro de 010 m Os
tubos foram acoplados atraveacutes de uma luva a uma reduccedilatildeo excecircntrica de 100 x 50 mm
cujo objetivo eacute facilitar o escoamento da aacutegua percolada minimizando possiacuteveis
perdas O pavimento permeaacutevel foi fixado na parte interna do tubo de PVC e
impermeabilizado no periacutemetro com veda calha impedindo a passagem de aacutegua ou
soacutelidos entre o pavimento e o tubo
Conforme pode ser visualizado na Figura 12 foram construiacutedas trecircs diferentes
composiccedilotildees para o leito de secagem Com o objetivo de evitar diferenccedilas na influecircncia
da evaporaccedilatildeo nos sistemas haacute uma mesma altura livre de 075 m na parte superior de
cada tubo
40
Figura 12 - Sistema de bancada de leito de secagem utilizado na pesquisa
a) Sistema convencional foi construiacutedo baseado nas orientaccedilotildees da
NBR122091992 Sobre o pavimento permeaacutevel foram adicionadas camadas de
aproximadamente 020 m de brita e 015 m de areia A norma prevecirc a utilizaccedilatildeo
de tijolos sobre a camada de brita entretanto desconsiderou-se o uso dos
mesmos devido ao fato de que a infiltraccedilatildeo somente ocorrer entre os vatildeos dos
tijolos onde estaacute presente a areia Neste caso o pavimento permeaacutevel cumpriu
unicamente a funccedilatildeo de sustentar o sistema impedindo o arraste da brita e da
areia para fora do conjunto natildeo interferindo na capacidade drenante do leito
b) Pavimento permeaacutevel O sistema foi composto somente com o pavimento
permeaacutevel
c) Pavimento permeaacutevel acrescido de camada de areia Sobre pavimento
permeaacutevel foi adicionada uma camada de 001 m de areia Neste conjunto foi
41
possiacutevel avaliar se a colocaccedilatildeo de fina camada de areia impediu o entupimento
dos poros do pavimento permeaacutevel pelo lodo
A areia utilizada foi classificada como meacutedia pelo procedimento da NBR NM
2482003 Possuindo diacircmetro efetivo D10 018mm coeficiente de desuniformidade
CD 318 e porosidade de 48
Foram construiacutedos quinze sistemas para a aplicaccedilatildeo do lodo com adiccedilatildeo dos
poliacutemeros separadamente A Tabela 3 ilustra os pavimentos equivalentes aos sistemas
pavimento permeaacutevel (P) pavimento permeaacutevel com adiccedilatildeo de areia (P+A) e
convencional (C)
Tabela 3 - Organizaccedilatildeo dos sistemas
Pavimentos Sistemas Poliacutemeros
1 P (1) Sem poliacutemero
2 P+A (1) Sem poliacutemero
3 C (1) Sem poliacutemero
4 P (2) Sinteacutetico
5 P+A (2) Sinteacutetico
6 C (2) Sinteacutetico
7 P (3) Mandioca
8 P+A (3) Mandioca
9 C (3) Mandioca
10 P (4) Moringa
11 P+A (4) Moringa
12 C (4) Moringa
13 P (5) Quiabo
14 P+A (5) Quiabo
15 C (5) Quiabo
Com o objetivo de evitar influecircncia da precipitaccedilatildeo os sistemas foram dispostos
em local coberto por telhas e cobertura plaacutestica que foi fixada atraacutes da bancada
Abaixo as Figuras 13 e 14 mostram a bancada de experimentaccedilatildeo
42
Figura 13 - Bancada experimental localizada no Laboratoacuterio de Protoacutetipos
Figura 14 - Detalhe dos sistemas em utilizaccedilatildeo na bancada experimental
43
45 Taxa de infiltraccedilatildeo
A taxa de infiltraccedilatildeo foi determinada a partir de testes realizados com cada
sistema O teste consistiu na manutenccedilatildeo de uma altura de coluna de aacutegua constante
sobre os leitos em estudo e com a coleta e mediccedilatildeo do volume de aacutegua percolada
atraveacutes do pavimento a cada 5 segundos3 Este teste foi feito em quintuplicata tendo-se
em vista a obtenccedilatildeo de um conjunto confiaacutevel de dados
Com o objetivo de avaliar a viabilidade da reutilizaccedilatildeo dos pavimentos apoacutes a sua
primeira utilizaccedilatildeo estes foram limpos com lavadora de alta pressatildeo para retirar
partiacuteculas residuais de lodo que restaram nos sistemas Depois da limpeza os
pavimentos foram submetidos a um novo teste de infiltraccedilatildeo Quando estes
apresentaram resultados significativamente inferiores ao primeiro teste foram
mergulhados em aacutegua com soluccedilatildeo detergente por uma semana com o propoacutesito de
dissolver oacuteleos e graxas possivelmente aderidos aos pavimentos Descartaram-se
aqueles que apresentaram taxas de infiltraccedilatildeo discrepantes para isso foi utilizado o
meacutetodo estatiacutestico de normalidade
Posteriormente foram calculadas as taxas de infiltraccedilatildeo dos sistemas
convencional e pavimento permeaacutevel acrescido de camada de areia obedecendo-se os
mesmos criteacuterios de validaccedilatildeo estatiacutestica
46 Avaliaccedilatildeo dos sistemas quanto ao desaguamento do lodo
Para anaacutelise da eficiecircncia do desaguamento nos sistemas foi comparado o
volume de lodo aplicado sobre os leitos e a aacutegua percolada de cada sistema ao longo
do tempo Para mensuraccedilatildeo do volume de aacutegua percolado colocou-se abaixo de cada
sistema um beacutequer que armazenou a aacutegua percolada No primeiro dia realizou-se um
monitoramento por 12 h sendo que o intervalo de tempo entre as coletas foi
significativamente menor nas primeiras horas devido ao desaguamento mais intenso
3 O tempo foi determinado em funccedilatildeo da capacidade de afericcedilatildeo da vazatildeo infiltrada de modo que tempos
maiores teriam infiltraccedilotildees aleacutem da capacidade de medida dos instrumentos utilizados no experimento
44
A avaliaccedilatildeo do desaguamento do lodo seria realizada na seguinte ordem Seacuterie
1 Sem adiccedilatildeo de poliacutemero Seacuterie 2 Adiccedilatildeo de poliacutemero sinteacutetico Seacuterie 3 Adiccedilatildeo de
poliacutemero extraiacutedo da Mandioca Seacuterie 4 Adiccedilatildeo de poliacutemero extraiacutedo da Moringa Seacuterie
5 Adiccedilatildeo de poliacutemero extraiacutedo do Quiabo como ilustrado na Tabela 4 As seacuteries foram
realizadas em triplicata
Tabela 4 - Avaliaccedilatildeo dos sistemas
Seacuterie Poliacutemero Sistema
Seacuterie 1 Sem adiccedilatildeo de poliacutemero
Pavimento permeaacutevel
Pavimento permeaacutevel + areia
Convencional
Seacuterie 2 Poliacutemero sinteacutetico
Pavimento permeaacutevel
Pavimento permeaacutevel + areia
Convencional
Seacuterie 3 Mandioca
Pavimento permeaacutevel
Pavimento permeaacutevel + areia
Convencional
Seacuterie 4 Moringa
Pavimento permeaacutevel
Pavimento permeaacutevel + areia
Convencional
Seacuterie 5 Quiabo
Pavimento permeaacutevel
Pavimento permeaacutevel + areia
Convencional
461 Avaliaccedilatildeo do desaguamento sem adiccedilatildeo de poliacutemero (Seacuterie 1)
Para a disposiccedilatildeo nos leitos de secagem utilizou-se volume de 20 L de lodo
para cada sistema em todas as seacuteries
45
462 Avaliaccedilatildeo do desaguamento com adiccedilatildeo de poliacutemeros (Seacuteries 2 a 5)
Para as amostras de lodo que tiveram adiccedilatildeo de poliacutemero foi utilizado o Teste de
Jarros para preparo da soluccedilatildeo estoque e condicionamento do lodo para a avaliaccedilatildeo da
dosagem e formaccedilatildeo de flocos Atraveacutes do CST determinou-se a dosagem oacutetima dos
poliacutemeros (Item 42) Apoacutes esta etapa obedeceu-se a mesma metodologia empregada
na dosagem isto eacute primeiramente o lodo foi condicionado com poliacutemero sendo entatildeo
aplicado nos sistemas
463 Sistema controle
Aleacutem dos sistemas com lodo utilizou-se um controle para aferir a quantidade de
aacutegua sujeita a evaporaccedilatildeo no local Este controle consistiu em uma coluna drsquoaacutegua feita
de tubo de PVC do mesmo modo em que o utilizado nos sistemas de desaguamento
permitindo a comparaccedilatildeo entre o volume de aacutegua inicial (2 L) e o restante apoacutes o tempo
despendido pelo desaguamento Para isso utilizou-se o princiacutepio dos vasos
comunicantes ilustrado na Figura 15
46
Figura 15 - Coluna drsquoaacutegua utilizada como controle na bancada experimental
464 Avaliaccedilatildeo do Lodo Desaguado
As amostras de torta seca foram retiradas quando os desaguamentos dos
sistemas cessaram Analisou-se o teor de umidade obtido em cada sistema expresso
pela anaacutelise de Soacutelidos Totais
47
5 RESULTADOS
51 Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas
O teste para determinaccedilatildeo da taxa de infiltraccedilatildeo foi realizado em todos os
pavimentos e nos sistemas de pavimento com adiccedilatildeo de areia e convencional
Primeiramente realizou-se os testes nos quinze pavimentos A meacutedia encontrada foi de
1144 mL plusmn 6229 e CV 005 (em 5 segundos de infiltraccedilatildeo) Verificou-se que as taxas de
infiltraccedilatildeo de aacutegua dos mesmos tinham indiacutecios de normalidade4 em seguida fez-se o
boxplot (Figura 34 Apecircndice B) e verificou-se a existecircncia de dois valores atiacutepicos (768
e 852 mL) por fim buscou-se confirmar se estes pontos apontados eram taxas de
infiltraccedilatildeo fora do padratildeo apresentado pelos demais pavimentos Observa-se que estes
dois pavimentos (2 e 14) foram utilizados em testes preliminares com o objetivo de
verificar a viabilidade do projeto Como seriam avaliados tambeacutem o pavimento
permeaacutevel com adiccedilatildeo de areia utilizou-se esses pavimentos nestes sistemas pois a
taxa de infiltraccedilatildeo neste caso eacute menor devido a esta camada de areia possibilitando
seu uso para este fim
A taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas pavimento permeaacutevel acrescido de areia e
convencional foram calculados do mesmo modo A meacutedia destes foi de 182 mL plusmn 209 e
CV 01 para o primeiro e de 526 mL plusmn1433 e CV 027 para o segundo
52 Caracterizaccedilatildeo do lodo bruto
Realizou-se caracterizaccedilatildeo do lodo durante o periacuteodo de agosto a fevereiro de
2014 Observou-se que o lodo sofreu perda de aacutegua deste periacuteodo devido agraves condiccedilotildees
de acondicionamento uma vez que recebeu forte insolaccedilatildeo e o recipiente em que
estava natildeo possuiacutea condiccedilotildees ideais de vedaccedilatildeo tendo possivelmente uma perda de
aacutegua livre por evaporaccedilatildeo elevando o valor de soacutelidos Para caracterizaccedilatildeo deste lodo
no entanto os valores obtidos de Soacutelidos Totais foram considerados respeitando-se o
4 Isto eacute que tem indiacutecios de uma distribuiccedilatildeo de probabilidade normal
48
intervalo de confianccedila conforme o Boxplot da Figura 30 Apecircndice A Todavia o pH e a
alcalinidade natildeo sofreram interferecircncia com estas condiccedilotildees A Tabela 5 mostra que o
lodo utilizado foi mais concentrado que usualmente encontrado na literatura (tendo em
meacutedia 77634 mgL-1 de ST plusmn 669003 e CV 009) mas como citado por Andreoli (2009)
o lodo de tanque seacuteptico possui grande variabilidade e dependendo da forma em que eacute
retirado pode apresentar-se mais ou menos concentrado
Tabela 5 - Comparaccedilatildeo entre dados encontrados na literatura e na presente pesquisa
Paracircmetros PHILIPPI et
al (1999) Withers Jarvie amp Stoate (2011)
Moussavi Kazembeigi amp
Farzadkia (2010) Neste trabalho
Meacutedia Meacutedia Meacutedia Meacutedia plusmn CV
ST (mgL-1
) 1083 - 1070 77634 66900 009
STV (mgL-1
) 673 - - 35164 23127 007
pH 66 73 73 70 02 003
Alcalinidade (mg CaCO3L
-1)
- 6085 480 2300 3438 015
49
Os Soacutelidos Totais e Soacutelidos Suspensos Totais fazem parte do conjunto de
paracircmetros mais importantes do lodo e satildeo dependentes do tipo de processo de
tratamento de esgoto e do tratamento do lodo Tiacutepicas concentraccedilotildees de ST estatildeo na
faixa de 2 a 12 no lodo bruto e 12 a 30 no lodo desaguado No lodo seco ou
compostado esses valores podem alcanccedilar 50 (SHAMMAS amp WANG 2008)
Outro importante paracircmetro eacute a relaccedilatildeo entre os Soacutelidos Totais Volaacuteteis e
Soacutelidos Totais (STVST) que de acordo com Metcalf amp Eddy (1991) Shammas amp Wang
(2008) e Andreoli (2009) eacute uma boa indicaccedilatildeo da fraccedilatildeo orgacircnica dos soacutelidos e de seu
niacutevel de digestatildeo A relaccedilatildeo encontrada neste trabalho foi em meacutedia de 046 sendo
valores proacuteximos aos encontrados por Andreoli et al (2009) em RAFA de 055
A relaccedilatildeo meacutedia de SSVSST neste trabalho foi de 047 plusmn001 e CV 002
semelhante agrave encontrada para STVST Moussavi Kazembeigi amp Farzadkia (2010)
correlacionaram os valores de SSVSST tambeacutem em tanque seacuteptico com o mesmo
objetivo e essa relaccedilatildeo foi de 057 classificando o lodo como estabilizado
Eacute necessaacuterio observar que a relaccedilatildeo entre STVST tiacutepica de um lodo primaacuterio eacute
de 075 a 080 proacutepria de lodos natildeo digeridos (METCALF amp EDDY 1991 ANDREOLI
VON SPERLING amp FERNANDES 2001 ANDREOLI et al 2009) O lodo proveniente de
tanques seacutepticos eacute classificado como lodo primaacuterio como o gerado em decantadores
primaacuterios Contudo diferentemente deste uacuteltimo o lodo de tanques seacutepticos sofre
digestatildeo anaeroacutebia
Os lodos digeridos tecircm valores entre 060 e 065 (ANDREOLI VON SPERLING
amp FERNANDES 2001) Apesar disso a Resoluccedilatildeo CONAMA 37506 afirma que os
lodos de esgoto que apresentem relaccedilatildeo (STVST) inferiores a 070 jaacute satildeo
considerados estaacuteveis para fins de utilizaccedilatildeo agriacutecola (BRASIL 2006)
Entretanto lodos que se adequam a essa relaccedilatildeo podem conter quantidades
significativas de areia e outros componentes inorgacircnicos que contribuem para o
aumento de soacutelidos fixos A baixa relaccedilatildeo entre soacutelidos volaacuteteis e soacutelidos totais pode
natildeo ser a mais adequada para indicaccedilatildeo do niacutevel de mineralizaccedilatildeo do lodo e de seu
impacto no solo A NBR 122091992 conceitua lodo estabilizado como aquele natildeo
sujeito a putrefaccedilatildeo poreacutem a quantificaccedilatildeo de STV natildeo eacute um indicador direto deste
50
fenocircmeno Existem algumas metodologias que fornecem essa indicaccedilatildeo como a
determinaccedilatildeo do potencial de mineralizaccedilatildeo do carbono e nitrogecircnio e de foacutesforo
atraveacutes da quantificaccedilatildeo de CO2 nitrogecircnio na forma de amocircnio e nitrogecircnio na forma
de nitrato (N-NH4+ e N-NO3
-) e extraccedilatildeo de foacutesforo como realizado por Tognetti et al
(2008)
Outro meacutetodo relativamente simples e amplamente utilizado eacute a respirometria de
Bartha que quantifica a produccedilatildeo de CO2 produzida pela microbiota quando em contato
com um composto natildeo presente naturalmente no solo medindo de maneira indireta
sua atividade metaboacutelica para degradaccedilatildeo destes compostos que mesmo sendo
orgacircnicos podem ser recalcitrantes Essa teacutecnica pode ser utilizada na anaacutelise da
biodegradabilidade do lodo para fins de utilizaccedilatildeo agriacutecola por medir o impacto de sua
aplicaccedilatildeo no solo (CLARKE TAYLOR amp COSSINS 2007)
Em relaccedilatildeo agrave alcalinidade e ao pH pode-se afirmar que satildeo os paracircmetros mais
importantes entre as anaacutelises quiacutemicas simples que verificam a qualidade do lodo
Visto que o pH determina as espeacutecies coagulantes que seratildeo utilizadas no
condicionamento bem como a natureza das cargas superficiais dos coloides (WPCF
1988) Aleacutem disso concentraccedilotildees elevadas de iacuteons de caacutelcio contribuem para melhora
do desaguamento do lodo (JIN WILEacuteN amp LANT 2003) Contudo no uso de
condicionantes inorgacircnicos a alta alcalinidade associada a lodos digeridos
anaeroacutebiamente pode levar a altas doses desses coagulantes pois se comportam
como aacutecidos quando satildeo adicionados a aacutegua isto eacute reduzem o pH da mistura gerada
(WPCF 1988)
53 Dosagem oacutetima dos poliacutemeros
A avaliaccedilatildeo das dosagens dos poliacutemeros baseou-se primeiramente na formaccedilatildeo de
flocos no teste de jarros Nas dosagens onde houve essa formaccedilatildeo realizou-se o
tempo de succcedilatildeo capilar (CST) comparando-se com os resultados do lodo sem
poliacutemero Segundo WPCF (1988) valores tiacutepicos para o Tempo de Succcedilatildeo Capilar
(CST) de lodo natildeo condicionado satildeo de aproximadamente 200 segundos O lodo em
51
estudo teve uma meacutedia de 2338 plusmn 1723 segundos demonstrando que seu
desaguamento ideal eacute ligeiramente mais lento do que lodos usualmente encontrados
Um dos fatores que influencia longos tempos de CST eacute a concentraccedilatildeo de soacutelidos Por
isso analisou-se esse paracircmetro nas aliacutequotas de lodo utilizadas em cada teste
Apesar da concentraccedilatildeo de soacutelidos no lodo estudado ser alta pode natildeo ser a uacutenica
responsaacutevel por estes resultados como jaacute mencionado outros fatores podem interferir
no desaguamento como o tipo de aacutegua encontrada no lodo e a alcalinidade (VESILIND
1988 WPCF 1988 VESILIND1994)
Para a dosagem oacutetima dos poliacutemeros o criteacuterio utilizado foi de acordo com WPCF
(1988) que indica que um lodo bem condicionado natildeo deve ultrapassar 10 segundos
no teste CST Sendo assim escolheu-se a menor dosagem dentre as que tiveram
resultados inferiores a 10 segundos As dosagens dos poliacutemeros que foram testadas
podem ser vistas na Tabela 6 e nos subitens 531 532 533 e 534
52
Tabela 6 - Dosagens testadas dos poliacutemeros utilizados na pesquisa
Poliacutemeros
Kemira 8394 reg Mandioca Moringa Quiabo
Dosagens testadas
(gL-1)
005 200 600 1000
010 250 800 1500
020 300 1000 2000
040
1200 1000
050
1400 1500
060
1600 2000
1800
2000
2200
2400
2600
2800
3000
3200
3400
3600
3800
4000
4200
4400
4600
4800
5000
6000
7000
9000
12000
531 Poliacutemero Sinteacutetico
Foram realizados dois testes de dosagem para o poliacutemero sinteacutetico uma em agosto
de 2013 e outra em fevereiro de 2014 devido ao intervalo relativamente grande entre a
primeira e a segunda seacuterie de desaguamento No primeiro teste as dosagens
53
analisadas foram de 005 010 020 e 040 gL-1 sendo encontrada a dosagem ideal
de 020 g L-1 Calculando a dosagem em funccedilatildeo da concentraccedilatildeo de soacutelidos do lodo
obteacutem-se que a dosagem ideal foi de 68 g kg ST-1 ressalta-se que o caacutelculo foi
realizado em funccedilatildeo dos ST e natildeo como o indicado por Andreoli von Sperlin
Fernandes (2001) que fazem em funccedilatildeo de SST devido ao fato do condicionamento
quiacutemico natildeo agir somente nos SST mas tambeacutem em partiacuteculas coloidais e dissolvidas
presentes no lodo (LIBAcircNIO 2005) Uma vez obtida a relaccedilatildeo ideal entre poliacutemero e
ST adicionou-se ao lodo em todos as seacuteries a mesma dosagem
No segundo teste foram utilizadas as seguintes dosagens 040 050 e 060 gL-1
A dosagem ideal obtida no teste foi de 050 g L-1 Os tempos registrados no CST
podem ser observados na Tabela 7
Tabela 7 - Resultados obtidos no CST nas dosagens de poliacutemero testadas
Poliacutemero Sinteacutetico
Dosagem (gL-1) Meacutedia plusmn CV
0055 - - -
010 106 14 01
020 74 15 02
040 1107 14 01
040 109 45 04
050 64 21 03
060 925 07 01
532 Mandioca
Preparou-se soluccedilatildeo estoque de 10 gL-1 A concentraccedilatildeo esteve em funccedilatildeo do
limite de saturaccedilatildeo da mistura da aacutegua com a feacutecula de mandioca visto que acima
desta concentraccedilatildeo a soluccedilatildeo natildeo se solubilizava por completo Apesar da
concentraccedilatildeo da soluccedilatildeo ser muito superior a testes realizados em aacutegua por Dantas amp
5 Como citado na literatura o CST foi feito somente nas dosagens em que houve formaccedilatildeo de flocos
54
Di Bernardo (2000) de 10 gL-1 natildeo foi possiacutevel testar grandes dosagens jaacute que isso
implicaria em um grande volume de poliacutemero superior inclusive ao volume de lodo
utilizado o que inviabilizaria sua aplicaccedilatildeo As dosagens testadas foram de 20 25 e
30 gL-1 sendo que em nenhuma delas houve a formaccedilatildeo de flocos Ressalva-se que
foi possiacutevel realizar essas dosagens utilizando-se volumes de lodo menores que os de
poliacutemero mantendo-se assim o volume total de 2 L no teste de jarros
Os testes mostraram que pela metodologia empregada no presente projeto natildeo foi
possiacutevel utilizar o poliacutemero obtido a partir da mandioca como condicionante de lodo de
esgoto natildeo sendo realizados testes de desaguamento nos sistemas Possivelmente
seriam necessaacuterias dosagens extremamente elevadas deste poliacutemero para a obtenccedilatildeo
de resultados positivos no lodo que foi utilizado como auxiliar de coagulaccedilatildeo no
tratamento de aacutegua por Di Bernardo (2000)
533 Moringa
As concentraccedilotildees testadas iniciaram em 60 gL-1 - dosagem oacutetima de poacute seco
obtida por Muyibi et al (2001) As demais dosagens foram de 80 100 120 140
160 180 200 220 240 260 280 300 320 340 360 380 400 420 440
460 480 500 600 700 900 1200 g L-1 Natildeo houve formaccedilatildeo de flocos em
nenhuma dosagem Ressalva-se que o teste foi limitado pela quantidade poacute obtido pelo
descascamento seleccedilatildeo moagem e peneiramento das sementes de moringa
Existem diversos fatores que podem contribuir para a natildeo correlaccedilatildeo de resultados
obtidos no presente estudo e os relatados na literatura Dentre eles nota-se que apesar
de Muyibi et al (2001) terem conseguido obter resultados positivos no condicionamento
do lodo pela moringa os testes realizados para tal natildeo satildeo os mesmos realizados nesta
pesquisa os pesquisadores utilizaram teste de resistecircncia especiacutefica e de reduccedilatildeo de
volume do lodo em teste de jarros Aleacutem disso o meacutetodo de preparo do poacute seco
utilizado no experimento natildeo eacute detalhado podendo sofrer variaccedilotildees importantes que
podem interferir nos resultados Outro fator importante eacute a concentraccedilatildeo de soacutelidos do
lodo utilizado no trabalho que em momento algum eacute fornecida pelos autores apenas
55
afirmam que o lodo eacute proveniente de uma ETE Como haacute uma correlaccedilatildeo positiva entre
a concentraccedilatildeo de soacutelidos do lodo e a dosagem de condicionantes caso este lodo seja
menos concentrado que o lodo utilizado no presente projeto provavelmente as
dosagens dos condicionantes empregados seratildeo menores
534 Quiabo
Para os testes com o quiabo foram empregadas duas metodologias que se
diferem somente na abertura das peneiras utilizadas Na primeira o peneiramento foi de
0841 mm e na segunda o peneiramento foi de 0149 mm Ambos tiveram soluccedilatildeo
estoque com concentraccedilatildeo de 50 g L-1 (limite de saturaccedilatildeo) e as mesmas dosagens
testadas de 100 150 e 200 g L-1 Ressalta-se que as dosagens foram limitadas pela
quantidade de poacute obtido no processo para se obter aproximadamente 01 kg do poacute
mais fino utilizou-se 15 kg de quiabo jaacute que grande parte desta massa eacute aacutegua e eacute
necessaacuterio secaacute-lo moecirc-lo e peneiraacute-lo Em todas as dosagens testadas natildeo se
verificou a formaccedilatildeo de flocos Um dos fatores que pode ter contribuiacutedo para a natildeo
formaccedilatildeo de flocos eacute o fato do poliacutemero ser aniocircnico conforme apontado por Abreu
Lima (2007)
535 Avaliaccedilatildeo geral da dosagem dos poliacutemeros
Natildeo foram encontradas dosagens oacutetimas para o condicionamento do lodo de esgoto
de tanque seacuteptico quando utilizou-se os poliacutemeros naturais oriundos da mandioca
moringa e quiabo Destaca-se que foram avaliadas somente algumas metodologias
simplificadas adequadas a ETE de pequeno porte localizadas em comunidades
isoladas eou rurais Eacute possiacutevel que existam resultados positivos caso empregue-se
outras metodologias mais complexas que aumentem a concentraccedilatildeo dos poliacutemeros em
volumes viaacuteveis para aplicaccedilatildeo no lodo de esgoto uma vez que outras pesquisas
relataram sua eficiecircncia no tratamento de aacutegua esgoto e condicionamento do lodo
Em relaccedilatildeo ao poliacutemero orgacircnico sinteacutetico a dosagem oacutetima encontrada eacute viaacutevel
para aplicaccedilatildeo Poreacutem eacute importante considerar que a utilizaccedilatildeo de poliacutemeros orgacircnicos
56
sinteacuteticos incrementa custos significativos agrave operaccedilatildeo da ETE bem como matildeo-de-obra
especializada para sua manipulaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo
54 Desaguamento do lodo nos sistemas
Como explicado anteriormente as seacuteries satildeo as replicatas da anaacutelise de
desaguamento do lodo ao longo do tempo na escala de bancada Para cada seacuterie
utilizou-se 2 L de lodo de esgoto a carga meacutedia aplicada no projeto foi de 1880
kgSTm-2 com plusmn 263 e CV 014 ou seja tem-se indiacutecios estatiacutesticos de que a meacutedia eacute
representativa Em todas as seacuteries considerou-se o teacutermino do desaguamento quando
a percolaccedilatildeo parou nos sistemas ou seja quando o volume coletado foi de 0 mL Eacute
importante observar que as condiccedilotildees climaacuteticas variaram consideravelmente no
periacuteodo em que as seacuteries foram realizadas deste modo verifica-se que a influecircncia da
temperatura e da evaporaccedilatildeo foram diferentes em cada uma das seacuteries Na Tabela 8
satildeo apresentadas as condiccedilotildees relativas a cada uma das seacuteries No Apecircndice B as
Figura 41 42 43 44 e 45 exibem as temperaturas diaacuterias registradas e a evaporaccedilatildeo
da coluna drsquoaacutegua (Sistema controle item 463)
Tabela 8 - Temperatura evaporaccedilatildeo e duraccedilatildeo das seacuteries
Sem poliacutemero Poliacutemero Sinteacutetico
Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie IV
TdegC Maacutex 341 357 371 271 370 343 343
TdegC Min 96 132 160 65 203 160 160
Evaporaccedilatildeo coluna daacutegua ()
180 200 320 15 160 40 40
Iniacutecio 030913 291013 280114 280913 060214 180214 180214
Duraccedilatildeo (dias) 350 390 280 40 80 50 50
Em que TdegC Maacutex Temperatura Maacutexima TdegC Min Temperatura Miacutenima
Na Tabela 9 satildeo apresentados os volumes desaguados os teores de soacutelidos das
tortas secas resultantes dos sistemas de bancada a meacutedia amostral e a meacutedia
ajustada6 de cada sistema Esta uacuteltima eacute decorrente de um ajuste de um modelo linear
6 A meacutedia ajustada decorre da meacutedia geral das categorias tomadas como sendo iguais incluindo um erro
aleatoacuterio
57
normal Desta forma eacute possiacutevel verificar se haacute diferenccedilas significativas entre os valores
amostrais Os boxplot dos volumes amostrais e dos ajustados podem ser visualizados
nas Figura 46 e 47 (Apecircndice B)
No que se refere ao volume desaguado haacute indiacutecios estatiacutesticos de que tanto nas
seacuteries sem adiccedilatildeo de poliacutemero e com adiccedilatildeo de poliacutemero nos sistemas pavimento
permeaacutevel e pavimento permeaacutevel acrescido de areia as meacutedias natildeo tecircm diferenccedila
significativa como observado na Figura 47 Todavia comparando-se estes sistemas ao
convencional a diferenccedila eacute significativa segundo a anaacutelise de variacircncia
No tocante ao teor de soacutelidos da torta seca comparando-se o condicionamento ou
natildeo do lodo verificou-se que o lodo sem poliacutemero produziu tortas com igual umidade
que o lodo condicionado visto que quando se comparou os valores de ST nos sistemas
com ou sem poliacutemero natildeo se verificou diferenccedila significativa Examinando-se o
desempenho dos sistemas notou-se que natildeo haacute diferenccedila significativa de ST entre
pavimento permeaacutevel e pavimento permeaacutevel e areia Todavia haacute diferenccedila entre estes
e o convencional segundo a anaacutelise de variacircncia verificado nos boxplot da Figura 48
(Apecircndice B) Ademais como realizado no volume desaguado ajustou-se um modelo
linear em que calculou-se uma meacutedia ajustada para cada sistema como pode ser visto
na Figura 49 do Apecircndice B
58
Tabela 9 - Resultados do desaguamento do lodo de esgoto de tanque seacuteptico
Seacuteries
Sem poliacutemero Poliacutemero Sinteacutetico
P P+A C P P+A C
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
ST Torta Seca ()
Volume desaguado
(mL)
I 1960 540 2208 578 2824 561 2412 1484 2645 1413 2980 1232
II 2777 665 2967 675 3279 492 2503 1411 262 1377 2753 1145
III 2487 628 2824 609 2872 587 2327 1481 2473 1513 2843 1265
IV - - - - - - 2336 1479 - - - -
Meacutedia 2408 611 2667 621 2992 547 2395 1464 2519 1434 2859 1214
plusmn 414 6421 403 4954 250 4910 088 4131 093 7047 114 6199
CV 1720 1051 1512 798 836 898 368 282 369 491 400 511
Meacutedia ajustada
7
2503 64451 2503 64451 2925 48931 2503 142656 2503 142656 2925 127136
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia C Convencional ST Soacutelidos Totais plusmn Desvio Padratildeo CV Coeficiente de Variaccedilatildeo
7 A meacutedia ajustada demonstra que estatisticamente certos valores satildeo iguais
59
541 Sistema composto por Pavimento Permeaacutevel
a) Lodo natildeo condicionado
Para o lodo sem adiccedilatildeo de poliacutemero desaguado em pavimento permeaacutevel o
desaguamento foi respectivamente de 540 665 e 628 mL nas seacuteries I II e III Nota-se
que houve pequenas variaccedilotildees nas trecircs seacuteries justificadas em parte pela variabilidade
das condiccedilotildees climaacuteticas e em parte pela variabilidade normal na reproduccedilatildeo dos
experimentos Contudo eacute possiacutevel notar um comportamento geral das seacuteries onde o
desaguamento eacute mais intenso nas primeiras 70 horas e mais ameno nas restantes A
Figura 16 mostra a evoluccedilatildeo do desaguamento no sistema composto por pavimento
permeaacutevel
Figura 16 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento permeaacutevel com lodo de esgoto sem poliacutemero
0
100
200
300
400
500
600
700
0 200 400 600 800 1000
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo em pavimento permeaacutevel
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
60
b) Lodo condicionado
Para o lodo com adiccedilatildeo de poliacutemero o desaguamento foi realizado em quatro
seacuteries e o volume percolado foi de 1484 1411 1481 e 1479 mL nas seacuteries I II III e IV
respectivamente A seacuterie IV foi realizada somente para verificar se haveria diferenccedila no
desaguamento do pavimento permeaacutevel em decorrecircncia do aumento da taxa de
infiltraccedilatildeo ocasionada na segunda lavagem dos sistemas como seraacute exposto no item
59 Realizou-se o desaguamento concomitantemente com a terceira seacuterie do lodo
condicionado Observa-se um comportamento geral nas seacuteries semelhante ao lodo sem
condicionamento intensidade de desaguamento maior nas primeiras horas e menor
nas demais Contudo diferentemente do lodo natildeo condicionado o desaguamento foi
mais intenso nas primeiras 3 h quando adicionou-se o poliacutemero Estes resultados
evidenciam que o condicionamento do lodo com poliacutemeros aumenta radicalmente natildeo
soacute a taxa de desaguamento mas tambeacutem o volume de aacutegua percolado chegando a ser
em meacutedia 5803 maior que nas seacuteries sem poliacutemero utilizando-se o mesmo sistema
Tanto a raacutepida percolaccedilatildeo quanto o maior volume devem-se agraves pontes quiacutemicas
formadas entre o poliacutemero e aos soacutelidos presentes no lodo que agregam-se em flocos
facilitando a sua separaccedilatildeo da aacutegua livre (LIBAcircNIO 2005 WPCFM 1988) O
hidrograma gerado pode ser observado na Figura 17
61
Figura 17 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento permeaacutevel com lodo de esgoto com adiccedilatildeo de poliacutemero
542 Sistema composto por Pavimento Permeaacutevel e areia
a) Lodo natildeo condicionado
O sistema composto por pavimento permeaacutevel com adiccedilatildeo de areia natildeo teve
diferenccedilas significativas em relaccedilatildeo ao composto somente por pavimento permeaacutevel
tendo comportamento semelhante a este e desaguando 578 675 e 609 mL
respectivamente nas seacuteries I II e III como observado na Figura 18
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
0 10 20 30 40 50 60 70
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo com adiccedilatildeo de poliacutemero sinteacutetico em pavimento permeaacutevel
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
Seacuterie IV
62
Figura 18 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento permeaacutevel com lodo de esgoto sem poliacutemero
a) Lodo condicionado
Como os sistemas anteriores o lodo com adiccedilatildeo de poliacutemero sinteacutetico teve
desempenho superior ao sem condicionamento com 1413 1377 e 1513 mL de
desaguamento nas seacuteries I II e III respectivamente O hidrograma deste sistema pode
ser visto na Figura 19
0
100
200
300
400
500
600
700
800
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo em pavimento permeaacutevel e areia
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
63
Figura 19 - Hidrograma do desaguamento do sistema composto por pavimento permeaacutevel e areia com
lodo de esgoto com adiccedilatildeo de poliacutemero
543 Sistema Convencional
a) Lodo natildeo condicionado
Para o lodo sem adiccedilatildeo de poliacutemero desaguado em sistema convencional o
volume percolado foi de 561 492 e 587 mL respectivamente nas seacuteries I II e III
Apesar da seacuterie II ter um desaguamento menor e mais lento que as seacuteries I e II essa
diferenccedila natildeo eacute estatisticamente relevante como observado no boxplot da Figura 46 no
Apecircndice B Nota-se tambeacutem que o desaguamento na Seacuterie III foi mais raacutepido uma
das razotildees apontadas pode ser a alta temperatura e evaporaccedilatildeo registradas neste
periacuteodo sendo este comportamento observado nos sistemas compostos por pavimento
permeaacutevel e pavimento permeaacutevel com camada de areia
Ainda que verifiquem-se algumas diferenccedilas entre as seacuteries eacute possiacutevel constatar
o mesmo comportamento geral registrado nos sistemas anteriores onde o
desaguamento foi mais intenso nas primeiras horas e mais lento nas demais conforme
hidrograma exposto na Figura 20
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo com poliacutemero sinteacutetico em pavimento permeaacutevel e areia
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
64
Figura 20 - Hidrograma do desaguamento do sistema convencional com lodo de esgoto sem poliacutemero
b) Lodo condicionado
Para o lodo condicionado com poliacutemero o volume desaguado foi maior e grande
parte foi percolado nos primeiros minutos comportamento observado em todas as
seacuteries O sistema convencional desaguou nas seacuteries I II e III 1232 1145 e 1265 mL
respectivamente volumes menores que os demais sistemas Devido ao raacutepido
desaguamento deste lodo pode-se afirmar que a evaporaccedilatildeo exerce pouca influecircncia
neste processo sendo a drenagem o principal mecanismo Apesar da evidente
discrepacircncia de volume e tempo de desaguamento na seacuterie II natildeo houve diferenccedila
estatiacutestica entre as demais seacuteries como comprovado pelo boxplot da Figura 46 no
Apecircndice B A Figura 21 mostra o hidrograma deste desaguamento
0
100
200
300
400
500
600
700
0 200 400 600 800 1000
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo em sistema convencional
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
65
Figura 21 - Hidrograma do desaguamento do sistema convencional com lodo de esgoto com adiccedilatildeo de poliacutemero
55 Teor de soacutelidos das tortas secas
Analisou-se tambeacutem os teores de soacutelidos nas tortas secas obtidos em cada
sistema Nota-se que apesar da maior percolaccedilatildeo dos sistemas compostos por
pavimento permeaacutevel e pavimento permeaacutevel com areia os melhores valores foram do
sistema convencional tanto para o lodo sem condicionamento quanto para o lodo
condicionado Esses resultados provavelmente decorrem da retenccedilatildeo de parte da aacutegua
percolada pela camada de areia do sistema fazendo com que o volume total percolado
natildeo consiga atravessar toda a camada de areia e a camada de brita do sistema ateacute ser
coletado no recipiente
Constatou-se que natildeo houve diferenccedila significativa na utilizaccedilatildeo ou natildeo de
poliacutemero ou seja os sistemas produziram tortas secas de semelhante teor quando natildeo
adicionou-se poliacutemero e quando adicionou-se Tambeacutem natildeo houve diferenccedila
significativa entre os sistemas pavimento permeaacutevel e pavimento permeaacutevel acrescido
de areia Poreacutem houve entre os mesmos e sistema convencional como mostra a
Figura 49 no Apecircndice B O teor de soacutelidos no sistema pavimento permeaacutevel sem
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo com adiccedilatildeo de poliacutemero sinteacutetico em sistema convencional
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
66
condicionamento foi em meacutedia de 2408 plusmn414 enquanto que o lodo condicionado a
meacutedia foi de 2395 plusmn 088 No sistema pavimento permeaacutevel e areia a meacutedia foi de
2667 plusmn 403 para o lodo sem poliacutemero e de 2519 plusmn 093 para o lodo com adiccedilatildeo de
poliacutemero Para o sistema convencional a meacutedia de ST foi de 2992 plusmn 250 e 2859 plusmn
114 no lodo natildeo condicionado e no condicionado respectivamente
Contudo eacute possiacutevel notar comportamentos distintos no lodo condicionado e natildeo
condicionado enquanto o lodo natildeo condicionado perdeu mais umidade quando a
temperatura foi mais alta (nas seacuteries) o lodo condicionado parece natildeo ter sofrido
influecircncia significativa desta variaacutevel ambiental esse fato deve-se ao seu raacutepido
desaguamento jaacute mencionado anteriormente Ademais observa-se que as
concentraccedilotildees de STV satildeo maiores que as de STF uma hipoacutetese eacute que a mateacuteria
inorgacircnica dissolvida pode ter sido percolada juntamente com a aacutegua drenada do lodo
As Figura 22 e 23 ilustram a os valores de Soacutelidos Totais Soacutelidos Totais Fixos e Soacutelidos
Totais Volaacuteteis das tortas secas dos lodos desaguados sem e com adiccedilatildeo de poliacutemero
respectivamente
Figura 22 - Teor de soacutelidos da torta seca do lodo desaguado sem poliacutemero
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia C Convencional Soacutelidos Totais
STF Soacutelidos Totais Fixos e STV Soacutelidos Totais Volaacuteteis
000
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III
P P+A C
Teor de soacutelidos da torta seca do lodo sem poliacutemero
ST
STF
STV
67
Figura 23 - Teor de soacutelidos da torta seca do lodo desaguado com poliacutemero sinteacutetico
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia C Convencional Soacutelidos Totais
STF Soacutelidos Totais Fixos e STV Soacutelidos Totais Volaacuteteis
56 Anaacutelise geral dos sistemas
O lodo com ou sem poliacutemero mostrou comportamento semelhante ao percolar
uma fraccedilatildeo significativa de seu volume nas primeiras horas do desaguamento e
posteriormente assumiu uma taxa de infiltraccedilatildeo mais lenta a diferenccedila verificada foi no
menor tempo necessaacuterio e na maior quantidade de aacutegua desaguada do lodo
condicionado como observado na Figura 24 Os pontos no graacutefico tratam-se das
meacutedias das seacuteries nos sistemas Neste graacutefico foram inclusos todos os pontos de todas
as seacuteries em ordem cronoloacutegica sendo possiacutevel assim observar um comportamento em
cada sistema estudado
000
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie IV Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III
P P+A C
Teor de soacutelidos da torta seca do lodo com poliacutemero sinteacutetico
ST
STF
STV
68
Figura 24 - Hidrograma do desaguamento do lodo em todos os sistemas no lodo natildeo condicionado e condicionado
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
Esta raacutepida percolaccedilatildeo pode ser justificada pela interaccedilatildeo do poliacutemero com as
partiacuteculas do lodo ocorrer quase imediatamente apoacutes a sua aplicaccedilatildeo (WPCFM 1988)
Isso ocorre porque os poliacutemeros atuam como coagulantes formando pontes quiacutemicas
entre o poliacutemero e as partiacuteculas coloidais presentes no lodo que satildeo adsorvidas pelas
diversas cadeias de monocircmeros do poliacutemero agregando-se em flocos densos passiacuteveis
de serem removidos por filtraccedilatildeo sedimentaccedilatildeo ou flotaccedilatildeo (LIBAcircNIO 2005)
Portanto tempos menores de desaguamento implicariam em maior quantidade
de ciclos de secagem em leitos em escala real podendo ocasionar um impacto
consideraacutevel no caacutelculo da aacuterea necessaacuteria para o leito
Apesar disso os valores de ST nas seacuteries com adiccedilatildeo de poliacutemero podem ser
considerados iguais aos do lodo sem condicionamento Certamente pelo periacuteodo de
desaguamento do lodo sem poliacutemero ter sido muito superior ao do lodo condicionado
(em torno de 35 e 6 dias respectivamente) houve maior evaporaccedilatildeo da aacutegua presente
no lodo nestes sistemas (por volta de 23 e 6 de modo respectivo) que compensou o
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento do lodo nos sistemas com e sem poliacutemero
P Sem poliacutemero P com poliacutemero P+A sem poliacutemero
C sem poliacutemero C com poliacutemero P+A com poliacutemero
69
menor volume drenado Isso decorre de que em leitos de secagem haacute necessidade de
tempos relativamente longos de evaporaccedilatildeo (van Haandel amp Lettinga 1994)
Pode-se considerar que a evaporaccedilatildeo eacute uma grande contribuinte no desaguamento
em escala real e consequentemente na obtenccedilatildeo de teores maiores de ST nas tortas
secas Poreacutem em escala de bancada os sistemas sofreram menor influecircncia da
evaporaccedilatildeo devido a menor influecircncia dos fatores climaacuteticos responsaacuteveis pela
evaporaccedilatildeo tendo entatildeo seus valores de ST subestimados
Analisando-se os sistemas verifica-se que de maneira geral pelas Figuras 25 e
26 que o sistema convencional foi significativamente mais lento que os sistemas
alternativos e os volumes desaguados foram menores do que nos sistemas pavimento
permeaacutevel e pavimento e areia No lodo sem condicionamento enquanto 563 do
volume inicial foi percolado nas 30 primeiras horas no sistema composto por pavimento
permeaacutevel o sistema pavimento permeaacutevel e areia foi ligeiramente mais lento
desaguando neste periacuteodo 486 de seu volume e no sistema convencional somente
301 Para o lodo condicionado nas primeiras 3 h o pavimento permeaacutevel pavimento
permeaacutevel acrescido de areia e convencional desaguaram 690 487 e 185 de seu
volume
Figura 25 - Desaguamento do lodo sem poliacutemero - meacutedias das seacuteries
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
00
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
00 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000
Volu
me
acum
ulad
o (m
L)
Tempo (h)
Desaguamento meacutedio do lodo sem poliacutemero
P
P+A
C
70
Figura 26 - Desaguamento do lodo com poliacutemero - meacutedias das seacuteries
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
Todavia o sistema convencional produziu tortas secas com menor umidade
Como jaacute explicado anteriormente esses resultados podem ser justificados pela
existecircncia de uma camada maior de areia em que parte da aacutegua percolada tenha
ficado ali retida A adiccedilatildeo da camada de areia de 001 m ao pavimento permeaacutevel natildeo
mostrou aumento significativo tanto no volume desaguado quanto na torta seca
produzindo valores de ST semelhantes aos do sistema composto somente por
pavimento permeaacutevel
Aleacutem do sistema composto por pavimento permeaacutevel obter maior volume de
aacutegua percolada do que o sistema convencional pode-se considerar que este uacuteltimo tem
uma pequena aacuterea de drenagem (2 a 3 cm de camada de areia entre os tijolos
recozidos) em escala real como ilustra a Figura 27
00
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
00 100 200 300 400 500 600 700 800
Vo
lum
e a
cum
ula
do
(m
L)
Tempo (h)
Desaguamento meacutedio do lodo com poliacutemero
P
P+A
C
71
Figura 27 - Detalhe da constituiccedilatildeo do leito de secagem convencional
A NBR 122091992 considera que a aacuterea ocupada pela areia natildeo pode ser
inferior a 15 da aacuterea total do leito Desta forma considerando os valores das meacutedias
ajustadas o lodo sem poliacutemero e com poliacutemero desaguariam respectivamente 5298 e
13762 Lm-sup2 no sistema convencional Enquanto que o pavimento permeaacutevel e
pavimento permeaacutevel acrescido de areia desaguariam 8210 e 18173 Lm-sup2 para o lodo
sem adiccedilatildeo de poliacutemero e com adiccedilatildeo de poliacutemero respectivamente8
Por esse motivo como a percolaccedilatildeo da aacutegua eacute fator importante no teor de
umidade final da torta seca eacute importante balizar que da mesma forma que no processo
de drenagem o teor de soacutelidos da torta seca do sistema convencional eacute superestimado
na escala de bancada ou seja em escala real eacute provaacutevel que estes valores sejam
significativamente menores ou que demande-se mais tempo para obtenccedilatildeo da mesma
umidade na torta seca
Nota-se tambeacutem que os valores de Soacutelidos Totais Volaacuteteis (STV) satildeo superiores
aos Soacutelidos Totais Fixos (STF) com a relaccedilatildeo meacutedia de STVST de 058 superior a do
lodo bruto de 046 como jaacute citado uma das razotildees pode ser a percolaccedilatildeo de mateacuteria
inorgacircnica dissolvida Segundo Andreoli von Sperling amp Fernandes (2001) a relaccedilatildeo
8 Para a obtenccedilatildeo destes valores utilizou-se a meacutedia dos volumes desaguados dos sistemas para
calcular-se o volume desaguado por msup2 Considerou-se que a percolaccedilatildeo ocorre em toda a aacuterea do leito
nos sistemas pavimento permeaacutevel e pavimento permeaacutevel e areia No sistema convencional
considerou-se que a percolaccedilatildeo somente ocorre na aacuterea do onde haacute areia portanto estes valores foram
multiplicados por 15
72
entre SVST tiacutepica do eacute lodo desidratado eacute de 060 a 065 Poreacutem a relaccedilatildeo encontrada
por Andreoli et al (2009) foi de 022 indicando a grande variabilidade do lodo
Como jaacute mencionado Ruiz Kaosol amp Wisniewsk (2010) relacionaram a
quantidade de mateacuteria orgacircnica presente no lodo e sua aptidatildeo ao desaguamento
mecacircnico estabelecendo a relaccedilatildeo inversamente proporcional entre mateacuteria orgacircnica e
eficiecircncia do processo de desaguamento mecacircnico Andreoli von Sperling amp Fernandes
(2001) tambeacutem afirmam que lodos com menor teor de mateacuteria orgacircnica tambeacutem satildeo
mais indicados para o desaguamento por processos naturais Esses resultados
apontam que o lodo utilizado na pesquisa tem aptidatildeo ao desaguamento por ter sofrido
digestatildeo
Aleacutem disso eacute necessaacuterio atentar que diferentemente dos resultados obtidos por
van Haandel amp Lettinga (1994) a concentraccedilatildeo de soacutelidos influenciou o desaguamento
do lodo uma vez que o volume aplicado sobre os leitos foi o mesmo sendo que a
carga aplicada alterou-se em funccedilatildeo da concentraccedilatildeo de soacutelidos que se alterou
durante a pesquisa
Observa-se tambeacutem que van Haandel amp Lettinga (1994) utilizaram lodos com ST
entre 4 e 10 finalizando o desaguamento com fraccedilatildeo de soacutelidos de aproximadamente
20 nos leitos de secagem convencional Os valores obtidos na presente pesquisa
para o leito de secagem convencional satildeo superiores aos encontrados pelos
pesquisadores variando de 28 a 33
Com o objetivo de estimar a influecircncia da evaporaccedilatildeo nos sistemas elaborou-se
duas hipoacuteteses a primeira considera a quantidade de aacutegua evaporada como percolada
pelos sistemas e a segunda trata-se de calcular a umidade do lodo caso natildeo houvesse
a evaporaccedilatildeo nos sistemas Ambas baseiam-se nas perdas de aacutegua por evaporaccedilatildeo
registradas pelo sistema controle
73
57 Hipoacutetese I ndash Aacutegua evaporada do lodo sendo percolada
Com o intuito de explicar a diferenccedila de volume desaguado no lodo sem e com
condicionamento a primeira hipoacutetese assume a ausecircncia de evaporaccedilatildeo considerando
que a porccedilatildeo de aacutegua que foi evaporada da coluna drsquoaacutegua foi percolada nos sistemas
respeitando-se a quantidade e tempo em que ocorreu a evaporaccedilatildeo no sistema
controle Para tanto faz-se necessaacuterias algumas ponderaccedilotildees
A evaporaccedilatildeo de um liacutequido tem relaccedilatildeo estreita com sua tensatildeo superficial
quanto mais baixa esta eacute maior seraacute a evaporaccedilatildeo Sabe-se que a aacutegua naturalmente
presente na natureza tem alta tensatildeo superficial e existem substacircncias que conteacutem
moleacuteculas anfifiacutelicas como detergente e sabatildeo que diminuem a tensatildeo superficial da
aacutegua e consequentemente acabam facilitando a evaporaccedilatildeo da aacutegua O lodo de
esgoto eacute uma matriz complexa isto eacute tem composiccedilatildeo diversificada e provavelmente
tem quantidade consideraacutevel de moleacuteculas anfifiacutelicas podendo deixar a tensatildeo
superficial mais baixa e portanto facilitando a evaporaccedilatildeo da aacutegua livre presente no
lodo Para fins de melhor aplicabilidade desta hipoacutetese seria necessaacuterio mensurar a
tensatildeo superficial do lodo (MYERS 1999) Aleacutem disso a aacuterea superficial de aacutegua que
entra em contato com a atmosfera eacute muito maior no lodo do que na coluna drsquoaacutegua
colaborando para maior evaporaccedilatildeo do primeiro
Para tanto admitiu-se que a evaporaccedilatildeo da aacutegua ldquocomumrdquo eacute a mesma que a da
aacutegua livre presente no lodo e que esta eacute predominante em relaccedilatildeo aos demais tipos de
aacutegua presente (van Haandel amp Lettinga1994 VESILIND 1994) As estimativas dos
volumes percolados em todas as seacuteries podem ser visualizadas na Tabela 10
Ressalva-se que as Seacuteries II e III do lodo com adiccedilatildeo de poliacutemero foram iniciadas
durante a Seacuterie III do lodo sem adiccedilatildeo de poliacutemero fazendo com que o sistema controle
para estas seacuteries natildeo tenha sido iniciado com 2000 mL de aacutegua pois jaacute havia certa
perda pela Seacuterie III sem adiccedilatildeo de poliacutemero O volume presente na coluna drsquoaacutegua
quando Seacuteries II e III iniciaram era de 17473 e 14079 mL respectivamente Sendo os
volumes estimados calculados a partir destes volumes
74
Tabela 10 - Desaguamento do lodo de esgoto nos sistemas - Hipoacutetese I
Sem Poliacutemero
Sistemas Seacuteries I II III IV Meacutedia plusmn CV
VE (mL) 355 408 643 - 469 1533 327
P V (mL) 540 665 628 - 611 642 105
V (mL) 895 814 1271 - 993 2439 245
P+A V (mL) 578 675 609 - 621 495 80
V (mL) 933 1083 1251 - 1089 1591 146
C V (mL) 561 492 587 - 547 491 90
V (mL) 916 901 1227 - 1015 1840 181
Com poliacutemero
VE (mL) 29 282 48 48 120 1407 1177
P V (mL) 1484 1411 1481 1479 1459 413 28
V (mL) 1513 1693 1532 1493 1579 989 63
P+A V (mL) 1413 1377 1513 - 1434 705 49
V (mL) 1442 1658 1564 - 1611 665 41
C V (mL) 1232 1145 1265 - 1214 620 51
V (mL) 1378 1426 1316 - 1426 552 39 Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia C Convencional VE Volume
evaporado no sistema controle V Volume real e Vrsquo Volume estimado na Hipoacutetese I
Para o sistema composto por pavimento permeaacutevel com lodo sem poliacutemero os
volumes aumentariam em 6574 2240 e 10229 o volume real percolado nas seacuteries
I II e III respectivamente No mesmo sistema o lodo condicionado os volumes
incrementados nas seacuteries I II e III seriam muito pequenos de 195 1999 344 e 095
no volume desaguado Como dito anteriormente a seacuterie II foi a mais influenciada pela
evaporaccedilatildeo devido agraves altas temperaturas e maior periacuteodo de percolaccedilatildeo
O desaguamento do lodo sem condicionamento no sistema pavimento permeaacutevel
e areia os volumes desaguados nas seacuteries I II e III acresceriam em 6142 6044 e
10542 respectivamente No lodo condicionado no mesmo sistema o desaguamento
nas seacuteries I II e III receberiam um incremento de 205 2041 e 337 respectivamente
no volume percolado pelos sistemas
75
Jaacute no sistema convencional a inserccedilatildeo do volume evaporado agrave aacutegua percolada
acrescentaria 6328 8313 e 10903 aos volumes desaguados nas seacuteries I II e III
respectivamente Para as seacuteries em que o lodo foi condicionado com poliacutemero sinteacutetico
a percolaccedilatildeo nas seacuteries I II e III representariam um aumento de 1185 2454 e 403
em relaccedilatildeo ao volume desaguado real
Esperava-se que esta hipoacutetese pudesse explicar a grande diferenccedila de volume
desaguado entre o lodo sem poliacutemero e com poliacutemero com os volumes deste primeiro
aproximando-se deste uacuteltimo Conquanto isso natildeo foi verificado visto que a diferenccedila
foi em torno de 400 mL No entanto eacute necessaacuterio fazer uma ressalva quanto ao volume
desaguado no lodo condicionado ser ainda muito maior que no lodo natildeo condicionado
a evaporaccedilatildeo mensurada provavelmente eacute subestimada pois a evaporaccedilatildeo da aacutegua
em matrizes complexas como o lodo de esgoto eacute provavelmente facilitada pela menor
tensatildeo superficial o que poderia compensar parte desta discrepacircncia entre maior
volume percolado pelo lodo com poliacutemero e tortas secas de umidade iguais as do lodo
sem poliacutemero
Natildeo obstante os volumes foram maiores nas seacuteries que ocorreram em periacuteodos
mais quentes assim como nas seacuteries em que se avaliou o desaguamento natural do
lodo verificou-se que a influecircncia da evaporaccedilatildeo foi maior devido ao maior periacuteodo de
exposiccedilatildeo
76
58 Hipoacutetese II ndash Ausecircncia de evaporaccedilatildeo nos sistemas
Para fins de anaacutelise da eficiecircncia do pavimento permeaacutevel de forma isolada
calculou-se qual seria o teor de soacutelidos da torta seca se natildeo houvesse evaporaccedilatildeo
Sabendo que a densidade do lodo eacute proacutexima agrave da aacutegua bem como sua massa
especiacutefica (ANDREOLI VON SPERLING amp FERNANDES 2001)
Considerou-se que a aacutegua comum tem comportamento igual ao da aacutegua
livre do lodo e portanto que um 1 mL de aacutegua eacute igual a 1 mg de aacutegua
Assumiu-se que o volume de aacutegua evaporada no sistema controle foi
evaporada tambeacutem pelos sistemas com lodo Buscou-se entatildeo verificar a
contribuiccedilatildeo dessa evaporaccedilatildeo para a constituiccedilatildeo das tortas secas
estimando o teor de soacutelidos secos descontando sua contribuiccedilatildeo
A estimativa do valor de soacutelidos totais sem contribuiccedilatildeo da evaporaccedilatildeo ( )
pode ser expressa pela seguinte equaccedilatildeo
Em que
Parcela de soacutelidos
Massa total
Onde a parcela de soacutelidos pode ser definida como
Volume do lodo bruto
Volume da aacutegua percolada pelo sistema
Volume da aacutegua no lodo desaguado
77
E o volume da aacutegua no lodo desaguado pode ser calculado por
Onde
Teor de umidade do lodo desaguado
Volume de aacutegua evaporada
E por fim a massa total seraacute
Nas seacuteries sem condicionamento quiacutemico as seacuteries I II e III tiveram uma
diferenccedila de meacutedia entre os teores de soacutelidos de 460 683 e 861 respectivamente
sendo que a temperatura foi crescente nas seacuteries Quanto agraves seacuteries com adiccedilatildeo de
poliacutemero a diferenccedila meacutedia foi de 128 769 209 nas seacuteries I II III
respectivamente A seacuterie IV natildeo foi possiacutevel aferir meacutedia e a diferenccedila foi de 206 Os
valores dos Soacutelidos Totais reais (ST) e Soacutelidos Totais estimados na Hipoacutetese II (STrsquo)
podem ser vistos na Tabela 11 e as Figuras 28 e 29
78
Tabela 11 - Teor de soacutelidos da torta seca ndash comparaccedilatildeo com a Hipoacutetese II
Sem Poliacutemero
Sistemas Seacuteries I II III IV Meacutedia plusmn CV
P ST () 196 2777 2487 - 2408 414 1720
ST () 1577 2127 1694 - 1799 290 1610
P+A ST () 2208 2967 2824 - 2666 403 1513
ST () 1768 2268 1932 - 1989 255 1281
C ST () 2824 3279 2872 - 2992 250 836
ST () 2265 258 1974 - 2273 303 1333
Com poliacutemero
P ST () 2412 2503 2327 2336 2395 082 341
ST () 2282 1693 2121 2129 2056 253 1232
P+A ST () 2645 262 2473 - 2579 092 360
ST () 2519 1805 2241 - 2188 360 1645
C ST () 2980 2753 2843 - 2859 114 400
ST () 2851 2071 2660 - 2527 407 1609 Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia C Convencional ST Soacutelidos
Totais real e STrsquo Soacutelidos Totais estimado na Hipoacutetese II
Figura 28 - Teor de soacutelidos das tortas secas sem condicionamento quiacutemico - Hipoacutetese II
Em que ST Soacutelidos Totais real e STrsquo Soacutelidos Totais estimado na Hipoacutetese II
05
101520253035
P P + A C P P + A C P P + A C
Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III
Teor de soacutelidos da torta seca sem poliacutemero - H2
ST
ST
79
Figura 29 - Teor de soacutelidos das tortas secas com condicionamento quiacutemico - Hipoacutetese II
Em que ST Soacutelidos Totais real e STrsquo Soacutelidos Totais estimado na Hipoacutetese II
Realizando esses caacutelculos observa-se que a evaporaccedilatildeo teve importante
contribuiccedilatildeo nas tortas secas especialmente nas seacuteries em que o lodo natildeo foi
condicionado com poliacutemero sinteacutetico devido ao tempo de percolaccedilatildeo ser muito maior
aumentando a exposiccedilatildeo do lodo ao ambiente Nota-se tambeacutem que altas temperaturas
e baixa umidade do ar9 favorecem a evaporaccedilatildeo da aacutegua presente no lodo jaacute que nas
seacuteries em que a evaporaccedilatildeo foi mais intensa ocorreu no periacuteodo de forte calor e baixa
precipitaccedilatildeo (Seacuterie III do lodo sem poliacutemero e Seacuterie II do lodo com poliacutemero)
A partir dos dados observados podem-se realizar algumas ponderaccedilotildees satildeo
elas
No lodo sem condicionamento orgacircnico a evaporaccedilatildeo foi mais significativa na
seacuterie III Nota-se que os volumes percolados dobrariam caso a aacutegua
evaporada fosse incorporada aos mesmos Como citado anteriormente o
periacuteodo em que se realizou esta seacuterie foi marcado por altas temperaturas e
quase nenhuma precipitaccedilatildeo
9 Natildeo foi possiacutevel obter dados da umidade relativa do ar
05
101520253035
P P + A C P P + A C P P + A C P
Seacuterie I Seacuterie II Seacuterie III Seacuterie IV
Teor de soacutelidos da torta seca do lodo com poliacutemero sinteacutetico - H2
ST
ST
80
No lodo condicionado a seacuterie II foi a de maior evaporaccedilatildeo tambeacutem devido
agraves altas temperaturas e baixa precipitaccedilatildeo registrada no periacuteodo em que a
seacuterie foi realizada
O aumento meacutedio das seacuteries sem condicionamento com poliacutemero foi de
6257 7545 e 8548 para os sistemas pavimento permeaacutevel pavimento
permeaacutevel acrescido de areia e convencional respectivamente Quanto agraves
seacuteries com adiccedilatildeo de poliacutemero esse aumento foi bem menor sendo de
642 no pavimento permeaacutevel 839 no pavimento permeaacutevel acrescido
de areia e 1312 no convencional
Enquanto o lodo com poliacutemero tem a maior perda de umidade decorrente da
maior percolaccedilatildeo gerada pela interaccedilatildeo entre poliacutemero e soacutelidos presentes
no lodo o lodo sem utilizaccedilatildeo de poliacutemero tem a evaporaccedilatildeo como maior
contribuinte para a perda de umidade e por isso produzem tortas secas de
igual teor
A partir do desaguamento real e das hipoacuteteses formuladas observa-se que o
desaguamento do lodo em leitos de secagem ocorre em duas fases distintas a primeira
eacute a percolaccedilatildeo preponderante nos primeiros dias das seacuteries e quando esta diminui o
processo de evaporaccedilatildeo torna-se o maior responsaacutevel pela perda de umidade no
restante do periacuteodo Fazem-se necessaacuterios estudos em escalas maiores onde se possa
mensurar a diferenccedila de volume bem como a influecircncia da evaporaccedilatildeo nos leitos de
secagem alternativos e convencional
59 Manutenccedilatildeo dos pavimentos
Apoacutes a utilizaccedilatildeo de doze pavimentos realizou-se o segundo teste de infiltraccedilatildeo em
meados de janeiro onde PV 2 foi descartado pois sua taxa esteve bem abaixo da
meacutedia dos outros (infiltrando 164 mL enquanto a meacutedia dos demais foi de 1000 mL) natildeo
possibilitando seu uso nos sistemas com camada de areia Ressalva-se que no
segundo e terceiro teste os pavimentos 10 11 e 12 ateacute entatildeo natildeo tinham sido
utilizados com o objetivo de garantir que tanto o lodo condicionado quanto o natildeo
81
condicionado tivessem duas de suas seacuteries desaguadas em pavimentos ainda natildeo
utilizados e somente uma delas em pavimentos reutilizados
Para tanto todos os pavimentos foram limpos com lavadora de alta pressatildeo
anteriormente ao teste com o objetivo de retirar o lodo que permaneceu aderido ao
pavimento e ao tubo do sistema Contudo o valor obtido dos demais pavimentos
tambeacutem natildeo foi satisfatoacuterio pois tiveram taxa de infiltraccedilatildeo em meacutedia 126 plusmn 8490 e
CV 009 abaixo do primeiro teste tendo em vista a possiacutevel existecircncia de oacuteleos e
graxas presentes em partiacuteculas de lodo que ainda podem ter permanecido nos
pavimentos Sendo assim para obtenccedilatildeo de taxas mais altas utilizou-se soluccedilatildeo
detergente deixando os sistemas mergulhados por uma semana Poreacutem a taxa de
infiltraccedilatildeo encontrada foi de 1421 mL 242 em meacutedia superior a do primeiro teste
Estes resultados podem ser explicados pela lavagem com alta pressatildeo ter movido
alguns gratildeos de basalto e areia presentes no pavimento de modo que os espaccedilos
vazios tornaram-se maiores a ponto de aumentarem a taxa
No que diz respeito aos sistemas pavimento permeaacutevel e areia e convencional a
taxa de infiltraccedilatildeo do teste 2 soacute foi aferida depois do terceiro teste dos pavimentos
sendo em meacutedia de 3613 plusmn 19817 e CV 055 e 788 mL plusmn471 e CV 006
respectivamente representando um aumento de 19858 e 4956 na taxa de infiltraccedilatildeo
em relaccedilatildeo ao teste 1 De acordo com as consideraccedilotildees expostas a meacutedia da taxa de
infiltraccedilatildeo eacute muito influenciada pela reutilizaccedilatildeo dos pavimentos como mostra a Figura
35 no Apecircndice B
A partir dos testes realizados eacute importante fazer algumas ponderaccedilotildees como os
pavimentos podem sofrer variaccedilotildees no volume de espaccedilos vazios que podem
influenciar a taxa de infiltraccedilatildeo de maneira significativa a reutilizaccedilatildeo dos pavimentos
mostrou-se possiacutevel poreacutem apresenta algumas limitaccedilotildees como a necessidade de
realizar lavagem dos pavimentos implicando em uso consideraacutevel de aacutegua Conquanto
esse processo eacute trabalhoso visto que a simples lavagem com aacutegua natildeo garante sua
limpeza necessitando do emprego de algo que friccione a superfiacutecie do pavimento para
82
que este seja limpo Para isso foi preciso utilizar uma lavadora de alta pressatildeo na
limpeza dos sistemas Mesmo assim dependendo das caracteriacutesticas do lodo pode
natildeo ser suficiente para remover totalmente os resiacuteduos sendo necessaacuterio o uso de
soluccedilotildees detergentes ou anaacutelogas
83
6 CONCLUSAtildeO
As metodologias utilizadas para condicionamento do lodo de tanque seacuteptico com
poliacutemeros naturais natildeo se mostraram eficazes no condicionamento do lodo de esgoto
de tanque seacuteptico
Todavia o uso de poliacutemero orgacircnico sinteacutetico mostrou-se eficiente Evidenciando
melhores resultados que o lodo sem condicionamento pela maior quantidade de
volume percolado e menor tempo de desaguamento que possibilitam a realizaccedilatildeo de
mais ciclos de secagem por ano e possivelmente a reduccedilatildeo da aacuterea do leito Todavia
os teores de soacutelidos da torta seca foram semelhantes aos obtidos no lodo sem
aplicaccedilatildeo de poliacutemero
Quanto agrave utilizaccedilatildeo de leito de secagem alternativo tanto o pavimento permeaacutevel
quanto o pavimento permeaacutevel com adiccedilatildeo de areia natildeo tiveram diferenccedila significativa
entre o volume desaguado e a umidade na torta seca o que dispensaria o acreacutescimo
de areia ao pavimento Comparando-se ao leito de secagem convencional verifica-se
que as duas formas de leito de secagem alternativo foram melhores nos quesitos
volume desaguado e tempo Contudo pela camada de areia maior a torta seca
produzida pelo leito convencional teve menor umidade apresentando melhor resultado
na escala de bancada Poreacutem em escala real esta camada de areia ocuparia uma
pequena parte da aacuterea do leito diminuindo consideravelmente a percolaccedilatildeo e
aumentando o tempo do ciclo de secagem A reutilizaccedilatildeo do pavimento mostrou-se
possiacutevel poreacutem trabalhosa e pode interferir na sua taxa de infiltraccedilatildeo
84
85
7 RECOMENDACcedilOtildeES
No decorrer da pesquisa pela limitaccedilatildeo de tempo do delineamento experimental e
de outros fatores muitas possibilidades de aprofundamento do estudo natildeo foram
possiacuteveis Poreacutem caso realizadas seriam interessantes contribuiccedilotildees no campo das
pesquisas em saneamento rural aleacutem de serem necessaacuterias para complementaccedilatildeo da
presente pesquisa
Apesar dos resultados natildeo terem sido positivos na aplicaccedilatildeo de poliacutemeros naturais
no lodo de tanque seacuteptico estes ainda podem ser uma alternativa promissora aos
poliacutemeros sinteacuteticos Para tanto sugere-se que sejam estudadas outras dosagens visto
que estas foram limitadas no estudo especialmente no caso do poliacutemero oriundo do
quiabo Ademais eacute possiacutevel que existam resultados positivos caso empregue-se
metodologias diferentes mas ainda simplificadas Aleacutem disso ainda que possivelmente
natildeo atendam a essa premissa o emprego de meacutetodos mais complexos que aumentem
a concentraccedilatildeo dos poliacutemeros em volumes viaacuteveis para aplicaccedilatildeo no lodo de esgoto
tambeacutem pode gerar resultados positivos uma vez que diversas pesquisas relataram
sua eficiecircncia no tratamento de aacutegua e esgoto Tambeacutem seria interessante a anaacutelise de
custos versus benefiacutecios no emprego de poliacutemeros naturais e sinteacuteticos e a sua
comparaccedilatildeo
No que diz respeito a utilizaccedilatildeo do pavimento permeaacutevel como leito de secagem
alternativo fazem-se necessaacuterios estudos em escalas maiores onde se possa mensurar
a diferenccedila de volume desaguado bem como a influecircncia da evaporaccedilatildeo nos leitos de
secagem alternativos e convencional para verificar a sua viabilidade Tambeacutem eacute
necessaacuterio verificar se a limpeza destes leitos seria factiacutevel nestas escalas
Portanto a otimizaccedilatildeo da etapa de desaguamento de lodo de tanque seacuteptico tanto
a utilizaccedilatildeo de poliacutemeros naturais quanto a simplificaccedilatildeo dos leitos de secagem
constituem-se objetos de estudo valiosos para buscar alternativas necessaacuterias para o
gerenciamento de lodo de lodo de esgoto e contribuem em uacuteltimo caso para a
melhoria dos serviccedilos de saneamento especialmente o saneamento rural
86
87
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92
93
APEcircNDICES
APEcircNDICE A Alcalinidade pH e concentraccedilatildeo de Soacutelidos do lodo bruto
Para caacutelculo da meacutedia dos valores obtidos eacute importante esclarecer que soacute foram
realizados estes caacutelculos para ST SST pH e alcalinidade haja visto que os STF STV
e SSF e SSV satildeo valores dependentes dos primeiros paracircmetros citados calculando-se
a meacutedia desvio padratildeo e coeficiente de variaccedilatildeo somente das anaacutelises validadas
destes Deste modo verificou-se primeiramente se as observaccedilotildees tinham indiacutecio de
normalidade como todas as variaacuteveis se adequavam a essa condiccedilatildeo fez-se um
intervalo de confianccedila calculando-se dois desvios acima da meacutedia e dois abaixo
cobrindo-se assim 98 da distribuiccedilatildeo dos dados Como a meacutedia eacute altamente
influenciada por valores extremos excluiu-se os valores indicados pelo intervalo de
confianccedila para seu caacutelculo plotando graacuteficos boxplot obteacutem-se o mesmo resultado
Para a anaacutelise de ST o intervalo de confianccedila foi de 6469874 a 9126126 mgL-1
Como pode ser observado na Figura 30 para ST foram excluiacutedos quatro valores por
natildeo se encaixarem neste criteacuterio e que podem ser fruto de erros laboratoriais
Figura 30 - Boxplot dos Soacutelidos Totais encontrados no lodo bruto
94
No caso dos SST somente um valor foi descartado e o intervalo de confianccedila foi
de 6162486 a 73752 14 mgL-1 A Figura 31 mostra o boxplot gerado
Figura 31 - Boxplot dos Soacutelidos Suspensos Totais encontrados no lodo bruto
A alcalinidade natildeo teve nenhum valor descartado e o intervalo de confianccedila foi
de 2146656 a 2483784 mg CaCO3 L-1 o boxplot pode ser visualizado na Figura 32
Figura 32 - Boxplot da Alcalinidade encontrada no lodo bruto
95
O pH tambeacutem teve o mesmo comportamento da alcalinidade eacute o intervalo de
confianccedila mostra que o verdadeiro valor da meacutedia de pH estaacute entre 736 a 759 como
evidencia o boxplot da Figura 33
Figura 33 - Boxplot do pH encontrado no lodo bruto
96
APEcircNDICE B Infiltraccedilatildeo dos sistemas volume desaguado e tortas secas dos
sistemas temperatura registradas duraccedilatildeo evaporaccedilatildeo das seacuteries
Infiltraccedilatildeo
Tabela 12 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos
Taxa de Infiltraccedilatildeo
P Teste I Teste II Teste III
Volume (mL)
Volume (mL)
Volume (mL)
1 1192 1068 1600
2 768 164 -
3 1216 1148 1596
4 1228 948 1552
5 1252 1020 1580
6 1068 1012 1364
7 1092 1020 1524
8 1192 924 1312
9 1110 1048 1588
10 1116 - -
11 1104 - -
12 1096 - -
13 1112 840 1000
14 852 588 1332
15 1092 968 1180
Figura 34 - Boxplot da taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos no Teste 1
97
Na Figura 35 os valores de PV10 PV11 e PV12 satildeo considerados como 0 no
graacutefico por natildeo terem sido incluso no caacutelculo porque ateacute entatildeo natildeo tinham sido
utilizados natildeo sendo considerados nas meacutedias dos testes 2 e 3 Em cada ponto satildeo
mostrados o intervalo de confianccedila aproximado das taxas de infiltraccedilatildeo utilizando a
suposiccedilatildeo de normalidade dos dados As linhas auxiliam na visualizaccedilatildeo geral dos
valores nos diferentes testes
Figura 35 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos pavimentos permeaacuteveis nos testes 1 (sem utilizaccedilatildeo) 2 (lavagem) e 3 (lavagem com soluccedilatildeo detergente)
Em que PV Pavimentos PV10 PV11 E PV12 natildeo foram inclusos nos testes 2 e 3
Na Tabela 13 encontram-se os valores da taxa de infiltraccedilatildeo para os sistemas
pavimento com adiccedilatildeo de areia e convencional Como jaacute citado o pavimento 11
(equivalente ao sistema 4 em P+A) natildeo tinha sido utilizado ateacute a realizaccedilatildeo do segundo
teste Com exceccedilatildeo do primeiro sistema P+A (equivalente ao pavimento 2) todos os
sistemas tiveram suas taxas de infiltraccedilatildeo bastante elevadas no segundo teste
98
Tabela 13 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas pavimento com adiccedilatildeo de areia e convencional
Taxa de Infiltraccedilatildeo
P+A Teste I Teste II
C Teste I Teste II
Volume (mL) Volume (mL) Volume (mL) Volume (mL)
1 646 296 1 430 738
2 626 440 2 490 792
3 738 436 3 760 754
4 2048 - 4 616 940
5 2040 208 5 424 844 P+A Pavimento e Areia e C Convencional
Na Figura 36 visualiza-se os testes 1 e 2 de infiltraccedilatildeo nos sistemas compostos
por pavimento permeaacutevel e camada de areia Da mesma forma que o graacutefico observado
na Figura 39 os sistemas considerados com valor igual a 0 natildeo foram inclusos caacutelculo
neste caso por motivos distintos PV1 foi descartado antes do teste 2 e PV4 ateacute entatildeo
natildeo tinha sido utilizado Em cada ponto satildeo mostrados o intervalo de confianccedila
aproximado das taxas de infiltraccedilatildeo utilizando a suposiccedilatildeo de normalidade dos dados
As linhas tecircm a funccedilatildeo de auxiliar a visualizaccedilatildeo dos valores nos dois testes
Figura 36 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas compostos por pavimento permeaacutevel e areia nos testes 1 (sem utilizaccedilatildeo) e 2 (apoacutes lavagem dos pavimentos com soluccedilatildeo detergente)
Em que PV Pavimento permeaacutevel e areia PV1 e PV4 foram considerados como 0 por natildeo participarem do teste 2
99
A Figura 37 trata dos testes de infiltraccedilatildeo 1 e 2 do sistema convencional Da
mesma forma que nas duas figuras anteriores o sistema com valor igual a 0 natildeo foi
incluso caacutelculo por ateacute entatildeo natildeo ter sido utilizado Satildeo mostrados o intervalo de
confianccedila aproximado das taxas de infiltraccedilatildeo em cada ponto utilizando a suposiccedilatildeo de
normalidade dos dados Foram traccediladas linhas para auxiliar a visualizaccedilatildeo dos valores
nos testes
Figura 37 - Taxa de infiltraccedilatildeo dos sistemas convencionais nos testes 1 (sem utilizaccedilatildeo) e 2 (apoacutes lavagem dos pavimentos com soluccedilatildeo detergente)
Em que C Sistema Convencional C4 foi considerado como 0 no graacutefico por natildeo participar do teste 2
Temperaturas
As temperaturas maacuteximas miacutenimas do dia foram fornecidas pelo Centro de
Pesquisas Meteoroloacutegicas e Climaacuteticas Aplicadas agrave Agricultura da Universidade
Estadual de Campinas (CEPAGRIUNICAMP) Tambeacutem houve monitoramento da
temperatura no Laboratoacuterio de Protoacutetipos contudo esse monitoramento se deu nos
momentos em que houve coleta de volume drenado dos sistemas realizando-se a
meacutedia dos valores nos dias em que houve mais de uma coleta As temperaturas podem
ser observadas nas Figuras 38 39 40 41 41 e 43
100
Figura 38 - Temperaturas registradas na Seacuterie I sem poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
Figura 39 - Temperaturas registradas na Seacuterie II sem poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
Figura 40 - Temperaturas registradas na Seacuterie III sem poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
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Temperatura da Seacuterie I - Sem Poliacutemero
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TdegC
Temperatura na Seacuterie II - Sem Poliacutemero
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02
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14
TdegC
Temperatura na Seacuterie III - Sem Poliacutemero
Maacutex Min Lab
101
Figura 41 - Temperaturas registradas na Seacuterie I com poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
Figura 42 - Temperaturas registradas na Seacuterie II com poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
0
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27813 28813 29813
TdegC
Temperaturas Seacuterie I - Poliacutemero Sinteacutetico
Maacutex
Min
Lab
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TdegC
Temperaturas Seacuterie II - Poliacutemero Sinteacutetico
Maacutex
Min
Lab
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Figura 43 -Temperaturas registradas na Seacuterie III sem poliacutemero
Em que Maacutex Temperatura Maacutexima Min Temperatura Miacutenima e Lab Temperatura no Laboratoacuterio
Evaporaccedilatildeo Figura 44 - Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua nas seacuteries sem adiccedilatildeo de poliacutemero
10
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20
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180214 190214 200214 210214 220214
TdegC
Temperaturas Seacuterie III - Poliacutemero Sinteacutetico
Maacutex
Min
Lab
0
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0 200 400 600 800 1000
Tempo (h)
Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua - Seacuteries sem Poliacutemero
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III
103
Figura 45 - Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua nas seacuteries com adiccedilatildeo de poliacutemero
0
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4
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8
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0 50 100 150 200
Tempo (h)
Evaporaccedilatildeo da coluna daacutegua - Seacuteries com Poliacutemero
Seacuterie I
Seacuterie II
Seacuterie III e IV
104
Volume desaguado
Figura 46 - Boxplot do volume desaguado com ou sem poliacutemero em cada sistema (valores amostrais)
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
105
Figura 47 - Boxplot dos volumes desaguados com ou sem poliacutemero em cada sistema (valores ajustados)
Em que PP Sistemas Pavimento permeaacutevel e Pavimento com adiccedilatildeo de Areia e C Sistema Convencional
106
Figura 48 - Boxplot dos Soacutelidos Totais na torta seca do lodo com ou sem condicionamento quiacutemico
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional
107
Figura 49 - Meacutedias e valores maacuteximos e miacutenimos dos teores de soacutelidos da torta seca nos sistemas com ou sem poliacutemero (valores ajustados)
Em que P Pavimento Permeaacutevel P+A Pavimento Permeaacutevel e Areia e C Convencional