Utilização Da Vermiculita Como Adsorvente De

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Utilização Da Vermiculita

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  • UTILIZAO DA VERMICULITA COMO ADSORVENTE DE LEO DA INDSTRIA PETROLFERA

    Lucas Santos Menezes e Oliveira Bolsista de Inic. Cientfica, Enga. Qumica, UFF

    Jos Fernandes de Oliveira Ugarte Orientador, Engenheiro Qumico, D. Sc

    RESUMO

    O presente trabalho teve como objetivo estudar, atravs de um planejamento fatorial de experimentos, os fatores que influenciaram a obteno de diferentes graus de expanso da vermiculita, em forno esttico, em amostras da Brasil Minrios e Unio Brasileira de Minerao. Foram analisadas suas caractersticas como adsorvente

    de leo derivado do petrleo, uma vez tendo sido expandida e hidrofobizada. Os resultados mostraram que a vermiculita adsorveu uma quantidade considervel de leo, alm de permitir sua reutilizao, quando regenerada, uma vez que suas propriedades estruturais e de superfcie permaneciam sem alteraes significativas.

    1 INTRODUO Vermiculita um aluminosilicato hidratado de ferro e de magnsio, pertencente famlia dos filossilicatos, que possui estrutura cristalina micceo-lamelar com ctions trocveis em posies interlamelares. Uma representao geral da sua frmula de uma clula unitria : (Mg, Fe)3 [(Si, Al)4 O10] (OH)2 4H2O Sua particularidade que quando aquecido a 800-1000 graus expande-se abruptamente na direo axial aumentando seu volume em at 20 vezes, devido a vaporizao das molculas de gua que se encontram entre as camadas. Esse fenmeno chamado de exfoliao e faz com que a vermiculita expandida tenha uma baixa densidade (entre 0,15 g/cm3 e 0,25 g/cm3), uma grande rea superficial especfica, seja inerte, adsorvente, isolante trmico e acstico, resistente ao fogo e muito poroso. Essas caractersticas o fazem um material com alta capacidade de troca catinica, tendo o potssio e o magnsio como principais ctions trocadores. A

  • vermiculita comercializada sempre na sua forma expandida, possuindo inmeras aplicaes nos seguintes setores: Agricultura Condicionamento de solos, componente de liberao lenta de nutrientes, suporte para inseticidas, condicionador de sementes, suporte para micronutrientes; Construo civil Blocos e placas de isolamento trmico e acstico, enchimento; Indstria qumica Catalisador de reaes orgnicas; Cermica - Refratrios isolantes, concretos isolantes; Meio Ambiente Remediao de solos contaminados por petrleo. 2 OBJETIVO Nesta etapa do projeto estudou-se a cintica de adsoro e dessoro de concentrados de vermiculitas, na forma expandida, em leo derivado do petrleo, baseado no estudo da caracterizao tecnolgica (UGARTE et al, 2004) onde foram realizadas as seguintes tcnicas: Difrao de Raios-X (DRX), Infravermelho com Transformada de Fourier com Reflectncia Difusa (IVTF-RD), Fluorescncia de Raios-X (FRX) e Microscopia Eletrnica de Varredura (MEV). 3 MATERIAIS E MTODOS 3.1 MATERIAIS Foram utilizadas amostras de vermiculita de granulometria superfina (partculas entre 0,5 mm e 1,0 mm) cedidas pelas empresas Brasil Minrios (BM) e Unio Brasileira de Minerao (UBM), situadas respectivamente, nos estados de Gois e Paraba. As amostras em sacos de 5kg foram quarteadas e separadas em alquotas de 0,5 kg e 1,0 kg para realizar os ensaios de adsoro e dessoro. 3.2 METODOLOGIA 3.2.1 - FATOR DE EXPANSO (FE) A expanso dos concentrados das amostras de vermiculita, da BM e da UBM, foi realizada, por meio de um planejamento fatorial de experimentos com dois nveis e trs fatores (23), onde se variou a temperatura de

  • expanso, o tempo de exposio ao calor e a massa de vermiculita. Foram realizados oito experimentos para cada concentrado de vermiculita, totalizando 16 experimentos. A matriz de experimentos com dois nveis (+) e (-) e trs fatores (X1, X2 e X3) dado por oito experimentos apresentado na Tabela 1, onde X1, X2 e X3 so, respectivamente, temperatura de expanso (em oC), tempo de exposio (em minutos) e massa da amostra (%).

    Tabela 1 - Matriz de Experimentos do Planejamento Fatorial 23

    Experimento X1 X2 X3 X1 X2 X3 Y 1 - - - 700 5 40 Y1 2 + - - 900 5 40 Y2 3 - + - 700 10 40 Y3 4 + + - 900 10 40 Y4 5 - - + 700 5 60 Y5 6 + - + 900 5 60 Y6 7 - + + 700 10 60 Y7 8 + + + 900 10 60 Y8

    O fator de expanso (FE) foi calculado pela equao FE = V1/V2, onde V1 e V2 correspondem respectivamente aos volumes de vermiculita expandida e crua. Os experimentos de expanso foram realizados em forno esttico do tipo mufla. O modelo do planejamento proposto, para os experimentos de expanso, dado pela Equao 1,

    Y= b0 + b1X1 + b2X2 + b3X3 + b12X12 + b13X13 + b23X23 + b123X123 (1)

    onde Y representa a resposta desejada, b0 o valor mdio de resposta Y; b1, b2 e b3 representam respectivamente os efeitos dos fatores X1, X2 e X3; b12, b13 e b23 representam os efeitos das interaes entre os fatores dois a dois e, b123 representa o efeito da interao entre os trs fatores. A matriz para o clculo dos efeitos apresentada na Tabela 2, e so calculados pela Equao 2:

  • Efeito = {[(? respostas para o nvel (+)] [(? respostas para o nvel (-)]}/ rk-1 (2) onde r representa o nmero de nveis e k o nmero de fatores. Para o clculo do efeito b0, utiliza-se rk no denominador da Equao 2.

    Tabela 2 - Matriz para o clculo dos efeitos

    Experimento i X1 X2 X3 X1X2 X1X3 X2X3 X123 Y

    1 + + + - + + + - Y1

    2 + - + - - - + + Y2

    3 + + - - - + - + Y3

    4 + - - - + - - - Y4

    5 + + + + + - - + Y5

    6 + - + + - + - - Y6

    7 + + - + - - + - Y7

    8 + - - + + + + + Y8

    Efeito b0 b1 b2 b3 b12 b13 b23 b123 3.2.2 ADSORO Inicialmente, as amostras de vermiculitas expandidas foram submetidas a uma modificao na sua superfcie, atravs da hidrofobizao, que consistiu na adio de leo de linhaa vermiculita, na razo de 10% em massa, aquecido, em estufa, por 24 horas a temperatura de 110 C (FRANA, 2001). A amostra foi embalada a vcuo para impedir os efeitos da umidade na superfcie da amostra hidrofobizada. Os estudos realizados em escala de laboratrio mostraram que a vermiculita hidrofobizada apresenta uma capacidade maior de soro de compostos apolares, alm no adsorver gua em sua estrutura. Para os ensaios de adsoro foi usada uma razo vermiculita-leo de 1:7, em uma cuba com capacidade para 20 L de gua, onde se colocou 70g de leo combustvel SAE 40 da marca Falub, conforme propriedades fsicas

  • apresentadas na Tabela 3. Uma massa de 10 g de vermiculita foi colocada sobre o leo, no intervalo de 10 a 50 minutos, com o objetivo de estudar o percentual de leo adsorvido com o tempo, a eficincia da adsoro, e a concentrao residual de leo que permaneceu no leito.

    Tabela 3 Propriedades fsicas do leo FALUB SAE-40

    3.2.3 DESSORO Para os ensaios de dessoro, a vermiculita, impregnada com leo, foi retirada do leito, e aquecida a 60oC, em banho-maria com agitao constante, com o objetivo de diminuir a viscosidade do leo, seguido de filtragem a vcuo. Assim como nos ensaios de adsoro, foram tambm analisadas as quantidades dessorvida, a eficincia e a concentrao residual de leo que permaneceu na estrutura da vermiculita. 3.2.4 SEGUNDA ADSORO / DESSORO Foram utilizadas condies brandas nos ensaios de dessoro de leo, de modo que a vermiculita no perdesse a sua hidrofobicidade, nem as suas propriedades estruturais, para que pudesse ser reaproveitada em ensaios futuros. Para isso, estudou-se o seu comportamento perante um segundo ensaio de adsoro e dessoro de leo de acordo com os mtodos descritos anteriormente.

    4 RESULTADOS E DISCUSSO Para os ensaios em forno esttico com os dois tipos de vermiculita (Brasil Minrios e UBM), notamos que o fator determinante para estimar o grau de expanso a temperatura do forno (X1), em relao ao tempo de exposio e

    Peso Especfico a 20oC 0,89 40 oC 167 cST

    Viscosidade Cinemtica 100 oC 14,8 cST

    ndice de Viscosidade 108

    Ponto de fluidez -27oC Ponto de flash 235oC

  • massa de vermiculita. Para corroborar a linearidade do modelo, uma anlise experimental no ponto mdio (bo) dos trs fatores foi realizada, nas seguintes condies: temperatura de expanso 800oC, tempo de exposio 7,5 minutos e massa de amostra 50% em peso. Comparando-se esses valores, observa-se que no h variao significativa entre os modelos tericos e experimentais, indicando que o modelo linear proposto descreve adequadamente o comportamento do FE no intervalo de variveis estudado.

    Figura 1 - Representao grfica para o fator de expanso (FE) da vermiculita

    BM, dos experimentos executados de acordo com o planejamento fatorial.

    Figura 2 - Representao grfica para o fator de expanso (FE) da vermiculita UBM, dos experimentos executados de acordo com o planejamento fatorial.

  • Os valores do FE encontrados nessas condies foram 5,4 e 3,6 e esto representados no centro de cada cubo nas Figuras 1 e 2. Para a vermiculita da BM o melhor resultado do FE (6,5) foram para as condies no nvel (+), ou seja, temperatura de 900oC, tempo de 10 minutos e massa de 60% em peso. J para as amostras da UBM nas mesmas condies obteve-se FE de 4,3 (Figura 2).

    A diferena de valores observadas no FE, entre as amostras estudadas pode ser atribudo pela presena de fases mineralgicas presentes nos concentrados de vermiculita que no foram expandidas. No estudo de caracterizao (UGARTE et al, 2004) alm da vermiculita, foram identificadas outras fases: Hidrobiotita e flogopita (BM); talco, quartzo e magnsio hornblenda (UBM).

    Para os ensaios de adsoro de leo, utilizando vermiculita da Brasil Minrios, observou-se que a vermiculita atingiu um patamar de saturao da quantidade de leo em sua estrutura, aps um tempo de 10 minutos. A eficincia dos experimentos no passou de 60% (Figura 3) devido a utilizao de uma massa de vermiculita pequena, ocasionando numa massa de leo residual no leito de 30 gramas (Figura 4). Podendo alcanar resultados promissores com o uso de massas maiores.

    0%

    10%

    20%

    30%

    40%

    50%

    60%

    10 15 20 25 30 35 40 50

    Tempo (min)

    Efic

    inc

    ia (%

    )

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    Mas

    sa d

    e ol

    eo (g

    )

    EficinciaAdsoroEficienciadessoroMassaadsorv idaMassadessorv ida

    Figura 3 Representao Grfica da eficincia e da massa de leo versus o

    tempo para adsoro e dessoro

  • 2022242628303234

    10 15 20 25 30 35 40 50

    Tempo (min)

    Mas

    sa R

    esid

    ual d

    e

    leo

    (g)

    Adsoro

    Dessoro

    Figura 4 Representao grfica das massas residuais de leo presente na

    gua e na vermiculita para adsoro e dessoro respectivamente Nos ensaios de dessoro, verificou-se que as quantidades de leo dessorvidas so muito pequenas, devido a ineficincia dos presentes mtodos (aquecimento seguido de filtrao a vcuo) em retirar todo o leo presente nos intertcios das amostras de vermiculita. A Figura 4 mostra que permaneceram 25 g de leo, em mdia, na estrutura da vermiculita, aps os ensaios de dessoro, interferindo nos ensaios de segunda adsoro e dessoro (Figuras 5 e 6 respectivamente), onde a capacidade da vermiculita de adsorver leo ficou reduzida em at 50%. Os ensaios de segunda adsoro e dessoro mostraram que a segunda adsoro teve resultados abaixo do esperado, pois a vermiculita j saturada de leo em sua estrutura, acumulou leo apenas em sua superfcie. Conseqentemente, a segunda dessoro obteve eficincia de at 80 %, pois no retirou leo da estrutura da vermiculita e sim da sua superfcie.

  • 0

    10

    20

    30

    40

    10 15 20 25 30 35 40 45 50

    Tempo (min)

    Mas

    sa d

    e l

    eo (g

    )

    Primeira

    Segunda

    Figura 5 Representao grfica comparativa entre a primeira e a segunda adsoro de leo

    10

    13

    16

    19

    22

    10 15 20 25 30 35 40 45 50

    Tempo (min)

    Mas

    sa d

    e l

    eo

    dess

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    da

    PrimeiraDessoro

    SegundaDessoro

    Figura 6 Representao Grfica comparativa entre primeira e segunda dessoro de leo

  • 5 CONCLUSO Depois de realizados os estudos de cintica de adsoro e dessoro, concluiu-se que a vermiculita expandida hidrofobizada adsorve leo em seus intertcios at chegar em um patamar de saturao onde a partir da, a quantidade adicional de leo adsorvido pequena. Comprovamos que esse patamar atingido aps um tempo de 10 minutos. Os ndices percentuais de dessoro de leo apresentaram resultados abaixo do esperado devido ineficincia dos presentes mtodos em retirar o leo da estrutura da vermiculita. Outras tcnicas de dessoro de leo, como extrao por solvente, esto sendo estudadas. Um estudo detalhado de como se comporta a curva de adsoro, antes de atingir o patamar de saturao de leo na estrutura da vermiculita, para tempos inferiores a 10 minutos, necessrio para que se possa definir o tempo timo de contato da vermiculita com o leo. Estudos complementares de adsoro, usando diferentes razes vermiculita-leo (1:2 at 1:6), esto sendo realizados para elucidar melhor a cintica de adsoro e dessoro de leo.

    6 BIBLIOGRAFIA Frana, S.C.A. (2001) Utilizao da Vermiculita como Adsorvente de Compostos

    Orgnicos Poluentes, Relatrio Tcnico, Cetem/MCT 20p. Martins, J. (1998) Novos Aspectos na Produo e Utilizao da Vermiculita

    Expandida e Hidrofobizada. Revista Escola de Minas, Ouro Preto 51(1) 5p. Luz, A.B. da; Sampaio, J.A.; Monte, M.B. de M.; Almeida, S.L.M. de (2003)

    Tratamento de Minrios CETEM/MCT, 3a Edio, 850p. Ugarte, J. F. de O., et al (2004) Comparao Estatstica do Fator de Expanso de

    Concentrado de Vermiculita, CETEM/MCT, 8p.