Upload
others
View
5
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
UTILIZAÇÃO DE POLPA E RESÍDUOS DE BETERRABA
PARA APROVEITAMENTO TECNOLÓGICO NA
FORMULAÇÃO DE IOGURTE CONCENTRADO
LIZANDRA CARLA PEREIRA DE OLIVEIRA
CUIABÁ – MT
Abril de 2017
LIZANDRA CARLA PEREIRA DE OLIVEIRA
Orientadora: Profª. Drª. Rozilaine Aparecida Pelegrine Gomes de Faria
Coorientadora: Profª. Drª. Nágela F. M. Picanço Siqueira
UTILIZAÇÃO DE POLPA E RESÍDUOS DE BETERRABA PARA APROVEITAMENTO
TECNOLÓGICO NA FORMULAÇÃO DE IOGURTE CONCENTRADO
Dissertação apresentada ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso como parte das exigências
do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos, área de
concentração Ciência e Tecnologia de Alimentos e Linha de pesquisa em
Qualidade de Alimentos, para obtenção do título de Mestre.
CUIABÁ – MT
2017
Divisão de Serviços Técnicos. Catalogação da Publicação na Fonte. IFMT Campus Cuiabá Bela
Vista
Biblioteca Francisco de Aquino Bezerra
O49u
Oliveira, Lizandra Carla Pereira de.
Utilização de polpa e resíduos de beterraba para aproveitamento tecnológico
na formulação de iogurte concentrado/ Lizandra Carla Pereira de Oliveira._
Cuiabá, 2017.
82f.
Orientador(a): Drª. Rozilaine Aparecida Pelegrine Gomes de Faria
Co-Orientador(a): Drª Nágela F. M. Picanço Siqueira
Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos). Programa de
Pós-graduação. Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Mato
Grosso.
1. Beta vulgaris L. – Dissertação. 2. Vida de prateleira – Dissertação. 3.
Coeficiente de correlação de Pearson - Dissertação. I. Faria, Rozilaine Aparecida
Pelegrine Gomes de. II. Siqueira, Nágela F. M. Picanço. III. Título.
CDU 637.1 IFMT CAMPUS CUIABÁ BELA VISTA CDD 637.146
LIZANDRA CARLA PEREIRA DE OLIVEIRA
UTILIZAÇÃO DE POLPA E RESÍDUOS DE BETERRABA PARA APROVEITAMENTO
TECNOLÓGICO NA FORMULAÇÃO DE IOGURTE CONCENTRADO
Dissertação apresentada ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso como parte das exigências
do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos, área de
concentração Ciência e Tecnologia de Alimentos e Linha de pesquisa em
Qualidade de Alimentos, para obtenção do título de Mestre.
Data de Defesa: 24 de abril 2017
COMISSÃO EXAMINADORA
Profª Drª. Rozilaine A. P. Gomes de Faria IFMT - Campus Cuiabá – Bela Vista Profª Drª. Erika Cristina Rodrigues IFMT - Campus Cuiabá – Bela Vista Prof. Dr. Edgar Nascimento IFMT - Campus Cuiabá – Bela Vista
ATESTADO
Atesto terem sido feitas as correções sugeridas pela Comissão Examinadora
_______________________________________
Profa. Dra. Rozilaine Aparecida Pelegrine Gomes de Faria
Presidente da comissão examinadora
CUIABÁ – MT 2017
iv
À minha avó, Maria da Conceição Pereira
Dourado (in memoriam), eu dedico com
todo amor esta dissertação.
v
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por não ter me deixado desistir nas horas mais difíceis durante
esses dois anos de caminhada, por proporcionar saúde, paciência, força e conhecimento
durante cada decisão tomada.
À minha mãe, que mesmo longe me incentivou, apoiou e orou cada dia pela minha
saúde, para me manter firme e alcançar meu objetivo final e por ser o melhor exemplo que
eu poderia seguir. Agradeço, igualmente, ao meu pai e aos meus irmãos.
À minha orientadora, Professora Doutora Rozilaine A. P. G. de Faria, por todo apoio
e confiança depositados em mim. E, principalmente, por cada “puxão de orelha” e desafio
imposto, pois foi o que me tornou mais forte, capaz e responsável. Sou imensamente grata
pela oportunidade de ser sua “filha” nesses dois anos.
À minha coorientadora, Professora Nágela F. M. Picanço Siqueira, por todo suporte
e apoio, pelas melhores risadas e conversas e por ser uma excelente docente e pessoa
comigo. Aos Professores Doutores Adriana Paiva de Oliveira, Erika C. Rodrigues, Edgar
Nascimento e Daryne Lu M. G. Costa, pela disponibilidade e paciência por me ajudarem
em todas as dúvidas que tive. E não foram poucas! A vocês, minha sincera gratidão!
Aos meus braços direito e esquerdo, minhas irmãs do IFMT, minhas amigas, enfim,
minhas “sombras”, Tábata Baldus e Ananda Farias, por cada hora de dedicação, cada
apoio, cada análise, cada momento dentro e fora do IFMT e por fazerem o papel de irmãs
mais novas, para eu brigar, mandar e “encher a paciência”.
A turma 2015, popular “Farra, Pinga e Foguete”, reuniu mais que colegas de classe
e foi uma família presente em cada momento, ajudando uns aos outros. Alexandre Molina,
Claudia Amaral, Ednéia Arcanjo, Ethienne Carneiro, Ilza Tomaselli, Jéssika Santos, Mirelly
Amorim, Monique Almeida e Pollyana Peron, meus sinceros agradecimentos pela amizade,
confiança e por cada momento memorável juntos. Levarei cada recordação vivida pelo resto
da vida. Obrigada!
Às colegas discentes que sempre estiveram presentes e dispostas a ajudar: Elaine
Carvalho, Natalie Veggi, Karine Campos, Nayara Ferreira e Tamila Almeida, obrigada!
Aos meus amigos “de sempre para sempre”, por estarem ao meu lado nos
momentos mais difíceis, e também alegres, apoiando-me em todas as decisões,
acalmando-me nas horas conturbadas e me ajudando em tudo ao seu alcance. Obrigada,
Anna Letícia M. P. Leite, Thiago Fernandes, Izabela Plens e Raffaelly Coelho.
vi
A Isadora Tibaldi e Evelyn Guimarães, por me socorrerem a cada momento de
“aperto” e por estarem sempre disponíveis a ajudar no que fosse preciso.
Aos técnicos de laboratório, Rafael Rodrigues, Milena Athie, Cleverson e Jobim,
por todo apoio e disposição ao me ajudarem no andamento do projeto.
Aos meus docentes queridos do mestrado, Professores doutores José Masson,
João Vicente, Gilma Chitarra, Wander Barros, Xisto Rodrigues, pelos ensinamentos, pelos
desafios propostos e pela ajuda!
À Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior – CAPES, pela
concessão da bolsa de estudos (DS/Capes e PIBID), ao Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pelo financiamento do projeto Chamada
CNPq-SETEC/MEC Nº 17/2014 - Linha 4: Soluções Inovadoras, Processo: 467612/2014-5,
ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso (IFMT), pelo auxílio
recebido e onde o estudo foi realizado, e ao SENAI – FATEC, pelo suporte e espaço para
a realização de parte do projeto.
vii
RESUMO
Oliveira, Lizandra Carla Pereira de. Utilização de polpa e resíduos de beterraba para
aproveitamento tecnológico na formulação de iogurte concentrado. Dissertação (Mestrado).
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso – campus Cuiabá Bela
Vista, 2017. 82 p.
Objetivou-se neste trabalho caracterizar físico-quimicamente a beterraba (polpa e resíduos) e o iogurte concentrado adicionado de xarope de polpa e de resíduos de beterraba. Foram realizados três experimentos em delineamento inteiramente casualizado, sendo considerado como tratamento para cada experimento a matéria prima (polpa e resíduos) in natura, cozida a vapor e xarope. As análises realizadas foram a capacidade de sequestrar radicais livres (DPPH), compostos fenólicos (CF), pH, acidez titulável (% ácido cítrico) (AT), atividade de água (Aw), parâmetros de cor (L*, a* e b*) e minerais (Ca, Mg e Na). As variáveis foram comparadas entre si pelos testes de média t e SNK. O iogurte foi elaborado nas concentrações de 5% de xarope de polpa de beterraba e 15% de xarope de resíduos de beterraba e avaliado durante 28 dias, em intervalos de 14 dias (0,14 e 28 dias). Foram analisados a capacidade de sequestrar radicais livres (DPPH), oxidação lipídica (teste TBARS), parâmetros de cor, AT (% ácido lático), pH e atividade de água (Aw), além da composição centesimal e mineral (Ca, Mg, Na e K) dos iogurtes. Realizou-se primeiramente a correlação entre as variáveis e aquelas que apresentaram significância pelo teste F da ANOVA, sendo efetuada a Regressão Linear. Para a polpa de beterraba, os valores médios de Mg (2,73 mg/100g de polpa), Na (74,76 mg/100g de polpa) e CF (101 mg GAE/100 g) foram maiores para a polpa submetida ao cozimento a vapor. Para os resíduos, os valores de Mg (2,42 mg/100g de resíduos), Na (100,71 mg/100g de resíduos) e CF (117,77 mg GAE/100 g) também foram maiores para as amostras submetidas à cocção a vapor. Em comparação aos xaropes, o xarope de polpa de beterraba apresentou maiores teores de Mg (8,62 mg/100g de xarope) e Na (80,95 mg/100g de xarope) do que o xarope de resíduos. Em relação ao iogurte, observou-se forte correlação de Pearson (r > 0,75) entre ATxTBARS, AA x pH e a*x b*, para o iogurte adicionado de polpa de beterraba (p<0,05) e moderada para AA x Aw (r>50). Para o iogurte adicionado de resíduos de beterraba, as relações Aw x TBARS e AT x TBARS apresentaram correlação moderada (r>0,50), para AA x Aw uma correlação forte e para a* x b* uma fraca correlação (r<0,50). Conclui-se que a qualidade observada nos parâmetros analisados para polpa e/ou resíduos de beterraba possibilita seu consumo tanto in natura quanto cozidos, contribuindo com uma ótima dieta em relação a minerais e composição físico-química. Os iogurtes adicionados com xarope de polpa e de resíduos de beterraba se mantiveram estáveis durante os dias de armazenamento, podendo ser uma excelente opção para o mercado consumidor, visto que, sem adição de conservantes sintéticos, mantiveram suas características físico-químicas dentro do padrão de qualidade de leites fermentados. Palavras-chave: Beta vulgaris L., vida de prateleira, coeficiente de correlação de Pearson.
viii
ABSTRACT
The objective of this work was to characterize physicochemically beet (pulp and residues) and concentrated yoghurt added with pulp syrup and beet residues. Three experiments were carried out in a completely randomized design and the raw material (pulp and residues) in natura, steamed and syrup was considered as a treatment for each experiment. The analyzes were the radical scavenging activity (DPPH), phenolic compounds (CF), pH, titratable acidity (% citric acid), water activity (Aw), color parameters (L *, a * e b *) and minerals (Ca, Mg and Na). The variables were compared by the mean t and SNK tests. Yogurt was prepared at concentrations of 5% beet pulp syrup and 15% beet waste syrup and evaluated for 28 days at 14 day intervals (0, 14 and 28 days). The radical scavenging activity (DPPH), lipid oxidation (TBARS test), color parameters, AT (% lactic acid), pH and water activity (Aw), and centesimal and mineral composition (Ca, Mg, Na and K) of the yogurts. The correlation between the variables and those that presented significance by the ANOVA F test was performed first, linear regression was performed. For the beet pulp the mean values of Mg (2.73 mg / 100g pulp), Na (74.76 mg / 100g pulp) and CF (101 mg GAE / 100 g) were higher for the pulp submitted to cooking steam. For the residues, the values of Mg (2.42 mg / 100 g of residues), Na (100.71 mg / 100 g of residues) and CF (117.77 mg GAE / 100 g) were also higher for samples submitted to steam cooking. Compared to syrups, beet pulp syrup had higher Mg contents (8.62 mg / 100 g syrup) and Na (80.95 mg / 100 g syrup) than did the syrup. In relation to yogurt, a strong Pearson correlation (r> 0.75) was observed between ATxTBARS, AA x pH and a * x b *, for the added yoghurt of beet pulp (p <0.05) and moderate for AA X Aw (r>0.50). For the added yogurt of beet residues the Aw x TBARS and AT x TBARS ratios presented moderate correlation (r> 0.50), for AA x Aw a strong correlation and for *a x b * a weak correlation (r <0.50 ). It is concluded that the quality observed in the analyzed parameters for pulp and / or beet residues, allows the consumption both in natura and cooked, contributing with an excellent diet in relation to minerals and physicochemical composition. The yogurts added with pulp syrup and beet residues remained stable during storage days, and may be an excellent option for the consumer market, since without addition of synthetic preservatives they maintained their physico-chemical characteristics within the quality standard of fermented milks. Keywords: Beta vulgaris L; shelf life; Pearson correlation coefficient
ix
LISTA DE FIGURAS
CAPÍTULO 1 Figura 1. A) Estrutura da betalaína; B) Estrutura básica da betacianina; C) Estrutura básica da betaxantina..................................................................................................
19
Figura 2. Etapas da oxidação lipídica ........................................................................ 25 Figura 3. Reação do teste de TBA entre o ácido 2-tiobarbitúrico e o malonaldeído, formando o composto colorido, medido espectrofotometricamente a 532 nm ...........
26
Figura 4. Estrutura do radical livre estável DPPH ...................................................... 28 Figura 5. Mecanismos de reação entre o radical DPPH e um antioxidante através da transferência de um átomo de hidrogênio ...................................................................
29
CAPÍTULO 3 Figura 1. Relação entre a atividade de água e a atividade antioxidante radicalar do iogurte adicionado de xarope de polpa de beterraba durante o período de armazenamento ..........................................................................................................
66 Figura 2. Relação entre a atividade de água e a atividade antioxidante radicalar do iogurte adicionado de xarope de resíduos de beterraba durante o período de armazenamento ..........................................................................................................
66 Figura 3. Relação entre o pH e a atividade antioxidante radicalar do iogurte adicionado de xarope de polpa de beterraba .............................................................
67
Figura 4. Relação entre a acidez titulável em ácido lático e a oxidação lipídica (mg malonaldeído/kg de amostra) do iogurte adicionado de xarope de polpa de beterraba .....................................................................................................................................
69 Figura 5. Relação entre a acidez titulável em ácido lático e a oxidação lipídica (mg malonaldeído/kg de amostra) do iogurte adicionado de xarope de resíduos de beterraba ....................................................................................................................
69
Figura 6. Relação entre os parâmetros de cor a* e b* do iogurte adicionado de xarope de polpa de beterraba ................................................................................................
70
Figura 7. Relação entre a atividade de água e a oxidação lipídica, medida em malonaldeídos (mg) por Kg da amostra pelo teste TBARS do iogurte adicionado de xarope de resíduos de beterraba ...............................................................................
71
x
LISTA DE TABELAS
CAPÍTULO 2 Tabela 1. Valores médios ± desvio padrão das determinações físico-químicas da polpa in natura (PN) e cozida a vapor (PV) ...........................................................
48
Tabela 2. Valores médios ± desvio padrão das determinações físico-químicas do resíduo in natura (RN) e cozido a vapor (RV) .........................................................
49
Tabela 3. Valores médios ± desvio padrão das determinações físico-químicas do xarope elaborado com polpa (XP) e resíduo (XR) de beterraba ..........................
49
Tabela 4. Valores de EC50 expressos em mg/mL dos tratamentos analisados .... 50 Tabela 5. Valores médios da cor da polpa e resíduo de beterraba in natura, cozida a vapor e em forma de xarope ................................................................................
51
CAPÍTULO 3 Tabela 1. Correlação de Pearson (r) entre as variáveis analisadas nos iogurtes com xarope de polpa e xarope de resíduo de beterraba ........................................ 65
Tabela 2. Equação de regressão linear obtida a partir da matriz de correlação de Pearson (r) dos iogurtes com xarope de polpa e xarope de resíduo ..................... 65
Tabela 3. Valores médios ± desvio padrão dos teores dos minerais dos iogurtes adicionados de xarope de polpa e xarope de resíduo de beterraba ...................... 72
Tabela 4. Composição centesimal de iogurte natural, adicionado de xarope de polpa e resíduo de beterraba (g/100g) (média ± desvio padrão) ............................ 74
xi
LISTA DE ABREVIAÇÕES E SÍMBOLOS
∆E* diferença da cor a* índice de intensidade de vermelho ANOVA Análise de variância ATT acidez titulável Aw atividade de água b* índice de intensidade de amarelo C* índice de saturação Ca cálcio CLAE Cromatografia Líquida de Alta Eficiência DPPH radical 2,2-difenil-1-picril-hidrazil EC50 Coeficiente de equivalência EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária FAO Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação Fe ferro GAE equivalente de ácido gálico h* ângulo de tonalidade HO2 hidroperóxido K potássio L* índice de luminosidade m:m massa:massa m:v massa:volume MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento MDA malonaldeído Mg magnésio Na sódio
NO óxido nítrico radicalar
NO2 dióxido de nitrogênio radicalar
O2 superóxido
OH hidroxila radical
R radical livre RH ácido graxo insaturado
ROO radical peróxido ROOH radical hidroperóxido SNK Student-Newman-Keuls TACO Tabela Brasileira de Composição de Alimentos TBA ácido tiobarbitúrico TBARS substâncias reativas ao ácido 2-tiobarbitúrico v:v volume:volume XP Xarope da polpa de beterraba XR Xarope dos resíduos de beterraba.
xii
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1: CONSIDERAÇÕES INICIAIS 1. Introdução ............................................................................................. 15 2. REVISÃO DE LITERATURA.................................................................. 17 2.1 Aproveitamento de alimentos.................................................................. 17 2.2 Beterraba (Beta vulgaris L.) .................................................................... 18 2.3 Iogurte..................................................................................................... 21 2.3.1 Oxidação em produtos lácteos ............................................................... 24 2.4 Atividade Antioxidante de vegetais ......................................................... 27 2.5 Desenvolvimento de novos produtos ...................................................... 30 2.5.1 Cor .......................................................................................................... 31 REFERÊNCIAS .................................................................................................. 33 CAPÍTULO 2: Artigo 1 CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE POLPA, RESÍDUO E XAROPE DE BETERRABA .......................................................................................................
42
RESUMO............................................................................................................. 42 ABSTRACT ........................................................................................................ 42 1. INTRODUÇÃO ....................................................................................... 43 2. MATERIAIS E MÉTODO ........................................................................ 44 2.1 Obtenção da matéria prima .................................................................... 44 2.1.1 Delineamento experimental .................................................................... 44 2.2 Obtenção dos extratos para determinação dos compostos fenólicos
totais e atividade antioxidante radicalar .................................................
45 2.2.1 Atividade Antioxidante por 1,1-difenil-2-picril-hidrazila (DPPH) ............. 45 2.2 Análise de Compostos Fenólicos ........................................................... 46 2.3 Determinação da cor .............................................................................. 46 2.4 Atividade de água (Aw) ........................................................................... 47 2.5 Determinação do pH e acidez titulável (AT) ........................................... 47 2.6 Determinação de minerais ...................................................................... 47 2.6.1 Decomposição da amostra por via úmida .............................................. 47 2.6.2 Cálcio e Magnésio .................................................................................. 47 2.6.3 Sódio ...................................................................................................... 48 2.7 Análise estatística dos dados ................................................................. 48 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................. 48 4. CONCLUSÃO ........................................................................................ 52 5. Agradecimentos ................................................................................... 52 REFERÊNCIAS .................................................................................................. 53 CAPÍTULO 3: Artigo 2 INFLUÊNCIA DO ARMAZENAMENTO NAS CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DE IOGURTE ADICIONADO COM XAROPE DE RESÍDUOS E DE POLPA DE BETERRABA ....................................................................................
56 RESUMO ............................................................................................................. ABSTRACT .........................................................................................................
56 56
1. INTRODUÇÃO......................................................................................... 57 2. MATERIAIS E MÉTODOS ...................................................................... 59 2.1 Elaboração do xarope e do iogurte ......................................................... 59 2.2 Caracterização físico-química do iogurte ................................................ 60
xiii
2.2.1 Atividade Antioxidante radicalar (AA) pelo método DPPH ....................... 60 2.2.2 Oxidação lipídica ..................................................................................... 60 2.2.3 Atividade de água (Aw), pH e acidez titulável em ácido lático ................ 61 2.2.4 Cor .......................................................................................................... 61 2.3 Minerais ................................................................................................... 61 2.3.1 Cálcio e Magnésio ................................................................................... 61 2.3.2 Decomposição da amostra por via úmida ............................................... 62 2.3.2.1 Ferro ........................................................................................................ 62 2.3.2.2 Potássio .................................................................................................. 62 2.3.2.3 Sódio ....................................................................................................... 63 2.4 Composição centesimal do iogurte ......................................................... 63 2.5 Análise estatística dos dados .................................................................. 63 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................. 64 3.1 Minerais ................................................................................................... 71 3.2 Composição centesimal do iogurte .......................................................... 73 4. CONCLUSÃO ......................................................................................... 74 5. Agradecimentos .................................................................................... 75 REFERÊNCIAS ................................................................................................... 75
14
CAPÍTULO 1: CONSIDERAÇÕES INICIAIS
15
1. Introdução
Uma importante parcela da produção de alimentos é perdida nas diferentes fases
da cadeia produtiva agroalimentar, sendo que aproximadamente 6% das perdas mundiais
de alimentos ocorrem nas regiões que, a cada ano, perdem ou desperdiçam cerca de 15%
dos alimentos disponíveis. O Brasil tem altos níveis de perdas pós-colheitas em cultivos de
frutas, hortaliças e grãos, o que coloca o país entre as 10 nações que mais desperdiçam
alimentos no mundo (EMBRAPA, 2015).
Vale ressaltar que o desperdício de alimentos está ligado ao descarte intencional de
itens próprios para alimentação, particularmente pelos varejistas e consumidores, que
ocorre pelo comportamento dos comerciantes e indivíduos (EMBRAPA, 2014). Dentre as
hortaliças, a beterraba, em sua maioria, tem seus talos e folhas descartados, para
comercialização apenas da polpa.
A beterraba (Beta vulgaris L.) é uma hortaliça originária de regiões europeias e
norte-africanas de clima temperado. No Brasil, seu cultivo é principalmente na região
Sudeste, colaborando com 45% da produção nacional. Ela é consumida em grandes
quantidades ao longo do ano e está prontamente disponível no mercado. Além disso, é um
vegetal com fontes valiosas de compostos bioativos, que contém várias propriedades
benéficas, com efeitos antioxidante, anti-inflamatório e anticancerígeno, sendo rico em
zinco, cloro e potássio e com alto teor de ferro e proteína (MIKOŁAJCZYK-BATOR;
PAWLAK, 2016; SILVA; SILVA; KLAR, 2013).
Para contornar o problema do desperdício, a busca pelo aproveitamento integral do
alimento surge como proposta inovadora, ofertando produtos diferenciados e que possam
despertar o interesse do consumidor, principalmente se adicionados em produtos
conhecidos e de consumo diário, como as bebidas lácteas e os iogurtes. Desta forma, o
aproveitamento dos resíduos pode agregar valor ao produto, uma vez que são descartados
evitando a incorporação de fibras e minerais tão importantes e necessários para o
desenvolvimento de uma boa saúde.
O leite e os produtos lácteos têm sua importância reconhecida pelas instituições
científicas e governamentais, especialmente pelas concentrações altas de nutrientes, como
vitaminas A, B1, B2 e B12, minerais, como cálcio, zinco, magnésio e potássio, além de
proteínas. O iogurte é um produto lácteo coagulado, resultante da fermentação do leite com
atuação de duas bactérias ácido lácticas, Streptococcus thermophilus e Lactobacillus
delbereuckii subsp. Bulgaricus, que pode ser enriquecido com leite em pó para aumentar o
teor de sólidos (MUNIANDY; SHORI; BABA, 2016; PASSA et al., 2015).
16
O consumo de iogurte vem se intensificando a cada ano, pois promove vários efeitos
benéficos à saúde, como a capacidade de restabelecer a flora intestinal do aparelho
digestivo, proporciona melhor digestibilidade que o leite, é rico em ácido láctico, que ativa
o metabolismo.
É possível que o iogurte com adição de xarope de polpa e de resíduo de beterraba
apresente estabilidade nas características físico-químicas ao longo do tempo de
armazenamento e boa aceitabilidade para o consumidor que incorpora produtos lácteos a
sua dieta. Diante disso, o objetivo deste trabalho foi caracterizar físico-quimicamente a
beterraba (polpa e resíduos) e o iogurte concentrado adicionado de xarope de polpa e de
resíduos de beterraba.
Este trabalho foi dividido em 3 capítulos: o Capítulo 1, em que foi abordada a revisão
de literatura, o Capitulo 2, denominado “Caracterização físico-química de polpa, resíduo
e xarope de beterraba”, foi redigido conforme as normas da dissertação do Programa de
Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos do Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia de Mato (IFMT), campus Bela Vista, Cuiabá - Mato Grosso e o
Capítulo 3, denominado “Influência do armazenamento nas características físico-
químicas de iogurte adicionado com xarope de resíduos e de polpa de beterraba”,
que foi redigido de acordo com as normas de submissão para publicação na Revista Ciência
e Agrotecnologia.
17
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Aproveitamento de Alimentos
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) estima que o Brasil
tenha uma perda pós-colheita de aproximadamente 30%, e este fato coloca o país entre as
10 nações que mais desperdiçam alimento no mundo. Além do desperdício pós-colheita, o
país enfrenta elevado índice de desperdício no final da cadeia produtiva. Segundo a FAO,
há uma distinção conceitual entre perda e desperdício de alimentos: a perda de alimentos
é a redução não intencional disponível para consumo humano que resulta na ineficiência
da cadeia produtiva e abastecimento; já o desperdício se refere ao descarte intencional de
itens próprios para a alimentação (EMBRAPA, 2014; 2015).
Dados da FAO (2014) relatam que cerca de 28% das perdas de alimentos ocorrem
no segmento de consumo, 28% no segmento de produção, 17% durante a comercialização
e distribuição, 22% durante o manuseio e armazenamento e os 6% restantes durante o
processamento.
A geração de resíduos é um dos impactos ambientais oriundos da cadeia alimentar.
Porém, um dos maiores problemas em relação a isto é a forma inadequada como esses
resíduos são descartados. Devido à crescente preocupação com os impactos causados ao
meio ambiente, e visto que a indústria de alimentos produz uma série de resíduos com alto
potencial de reaproveitamento, vários estudos estão procurando formas de reaproveitá-los,
buscando minimizar o impacto ambiental e agregar valor ao produto final (CÂMARA et al.,
2014; POLIZER; PONTIERI; MORAES, 2007).
São vários os fatores que ocasionam perdas no processamento de alimentos, entre
eles o manuseio inadequado, embalagens impróprias, transporte ineficiente,
comercialização a granel e a falta de informação sobre a importância nutricional das partes
não convencionais. O descarte inadequado começa no campo, com os problemas
mecânicos no momento da colheita, calor, umidade, pragas, roedores entre outros
(CÂMARA et al., 2014).
Segundo Melo e Faria (2014), a maior parte dos alimentos consumidos no Brasil é
de origem vegetal, sendo que 10% são consumidos in natura e os outros 10% constituídos
por talos, folhas e cascas são descartados, apresentando um desperdício de milhões de
toneladas.
As indústrias de processamento de alimentos, anualmente, produzem grandes
quantidades de resíduos líquidos e sólidos. Estas grandes cargas de resíduos podem ser
reduzidas através do seu tratamento e reutilização para conversão em biocombustível,
18
ingredientes alimentares e outros bioprodutos de valor acrescentado (MAKRIS; BOSKOU;
ANDRIKKOPOULOS, 2007).
Novaes et al. (2015) relatam que os resíduos provenientes de frutas e hortaliças,
como cascas, talos, sementes e mesocarpos, podem contribuir como fonte alternativa de
nutrientes e ser utilizados como ingredientes de produtos já existentes ou para o
desenvolvimento de novos produtos.
Com uma abordagem mais antiga, Federici et at. (2009) citam que devido, à falta de
informação sobre a importância nutricional destes resíduos, a maneira mais fácil de explorá-
los era utilizá-los na alimentação animal. Porém, recentemente, com o uso de novas
tecnologias e informações mais claras, começaram a transformar o que antes era
desperdício em produtos de interesse comercial.
O Aproveitamento Integral de Alimentos (AIA) consiste em aproveitar o máximo do
alimento, sejam folhas, talos e cascas, colaborando com a economia e minimização de
resíduos alimentares descartados. É uma prática sustentável ecologicamente correta, que
permite a redução de gastos com a alimentação em família e estimula novos hábitos
alimentares (SANTANA; OLIVEIRA, 2005).
Chama-se de alimentação alternativa a proposta de promover na dieta brasileira o
uso de alimentos tradicionais e não tradicionais ricos em vitaminais e minerais, que são
acessíveis à população, como farelos, folhas verdes, casca de verduras e frutas. Ainda há
resistência em relação a este tipo de alimentação, porém, pensando na alimentação sadia
e rica em nutrientes, o mercado está buscando novas alternativas para agregá-los em
produtos processados. Desta forma, diminuem-se gastos, melhora-se o cardápio nutricional
e reduz-se o desperdício. Os alimentos que não são aproveitados no dia-a-dia, como
cascas e folhas de frutas e vegetais, podem ser aproveitados e transformados em doces,
cremes, pães, bolos, entre outros (SOUZA et al., 2007).
Estudo feito por Souza e colaboradores (2007) relata que as folhagens de cenoura
e beterraba são ricas em minerais e podem ser consumidas como saladas, refogadas ou
até mesmo utilizadas em outros tipos de processamento para se adequar ao cardápio do
consumidor. Além disso, cascas e sementes de vegetais elevam a ingestão de fibras, sendo
que estas aumentam a saciedade, melhoram o trânsito intestinal, reduzem o colesterol e
minimizam a constipação intestinal funcional (SILVA; SILVA, 2012).
2.2 Beterraba
A beterraba (Beta vulgaris L.) é uma das principais hortaliças cultivadas no Brasil,
chegando a ocupar a 13ª posição em termos de valor econômico. Ela é originária de regiões
19
europeias e norte-africanas de clima temperado. No Brasil, é cultivada principalmente nas
regiões Sudeste e Sul. Na região Sudeste, tem importância no aspecto socioeconômico,
responsável por 45% da produção nacional, o que representa 250.000 toneladas por ano
(SILVA; SILVA; KLAR, 2013).
Destaca-se entre as hortaliças por sua composição nutricional, sobretudo açúcar e
ferro, e pelas formas de consumo da raiz e das folhas. Sua parte usualmente comestível é
uma raiz tuberosa de formato globular e sabor acentuadamente doce, de coloração
vermelho-arroxeada devido às betalaínas. Embora a raiz seja mais consumida, suas folhas
são ricas em provitamina A e ácido ascórbico (ALVES et al., 2008; GRANGEIRO et al.,
2007; ZARATE et al., 2010).
As betalaínas são produtos naturais provenientes do metabolismo secundário,
pertencentes ao grupo dos compostos nitrogenados alcaloides. São pigmentos
hidrossolúveis e a cor está relacionada às ligações duplas conjugadas presentes nas
estruturas. Desta forma, as betalaínas podem ser divididas em dois grupos estruturais:
betaxantinas (amarelas), em que o ácido betalâmico é conjugado com um aminóacio ou
amina, e a betacianina (vermelho-arroxeada), na qual a mesma porção de ácido betalâmico
é exibida compreendendo de 80-90% de betalaínas (Figura 1) (KLUGE et al., 2006;
PRUDENCIO et al.; 2008).
Figura 1: A) Estrutura da betalaína; B) Estrutura básica da betacianina; C) Estrutura básica da betaxantina. Fonte: GENGATHARAN, DYKES, CHOO (2015)
20
As betacianinas podem ser classificadas em 4 tipos: betanina, amarantina,
gonfrenina e bougainvillea. Eles são solúveis em água, derivados da glicosilação de
betanidina, que pode ser considerado como um produto de condensação do ciclo-DOPA
com ácido betalâmico, com propriedades antioxidante, anti-inflamatória e anticancerígena.
A betanina é a betacianina mais comum no reino vegetal e por muito tempo a beterraba
vermelha foi considerada a única fonte desse pigmento (RESHMI; ARAVINDHAN; DEVI,
2012; RODRIGUEZ-AMAYA, 2016).
O fator mais importante na estabilidade da betalaína durante o processamento e
armazenamento de alimentos é a temperatura. Pesquisadores relatam que o aumento das
taxas de degradação das betalaínas é resultante do aumento das temperaturas. Além da
temperatura, fatores como enzimas, presença de metais, exposição à luz, pH, atividade de
água, oxigênio e as operações de lavagem, como a sanitização e enxague, podem
favorecer a perda e/ou degradação de betalaínas (AZEREDO, 2009; LOGINOVA;
LEBOVKA; VOROBIEV, 2011; PITALUA et al., 2010).
Diversos modelos químicos e biológicos vêm demonstrando a atividade antioxidante
das betalaínas. Através da equivalência ao trolox (TEAC), as betalaínas de beterraba
vermelha tiveram um aumento na eliminação de radical livre 1,5 - 2,0 vezes maior que
algumas antocianinas acima de pH 4. As betalaínas de beterraba vermelha exibem fortes
antioxidantes biológicos, inibindo a peroxidação lipídica e a decomposição de heme em
concentrações muito baixas (GENGATHARAN; DYKES; CHOO, 2015).
Há trabalhos voltados à utilização de cascas e talos de beterrabas como uma
alternativa de aumento do valor nutricional do produto final. Souza et al. (2007) utilizaram
cascas de beterraba e de cenoura para elaboração de torta salgada para avaliar sua
aceitabilidade e qualidade nutricional. Esses pesquisadores concluíram que os talos e
cascas podem ser considerados boas fontes de nutrientes, principalmente de minerais e
fibras, sendo mais ricos que as partes convencionais consumidas.
Bassetto et al. (2013) utilizaram a casca da beterraba e, através da secagem,
obtiveram uma farinha para elaborar “cookies”, com a finalidade de agregar valor ao resíduo
gerado a partir de alimentos minimamente processados. Eles concluíram que houve boa
aceitabilidade perante os provadores e a farinha da casca apresentou valores semelhantes
aos da farinha de beterraba como uma fonte rica de betacianina, poderoso antioxidante.
Diversos autores, como Alves et al. (2008), citam que a beterraba vem se
destacando dentre as hortaliças, devido ao seu conteúdo de vitaminas do complexo B e de
nutrientes, como potássio, sódio, ferro, cobre e zinco.
21
Ramos et al. (2016) avaliaram as modificações dos minerais presentes nas
beterrabas submetidas a diferentes tipos de cortes (com casca, sem casca e fatiada) e
métodos de cocção (vapor, pressão, forno e imersão). O cálcio manteve-se constante em
todos os tratamentos e os teores de magnésio tiveram perdas nas cocções da beterraba
inteira, sem casca, no forno e em imersão, assim como fatiadas no forno, pressão e
imersão.
Dentre os diversos produtos ofertados aos quais se podem agregar maiores valores
nutricionais, especialmente os da beterraba, o iogurte surge como uma excelente
alternativa, levando-se em conta que, nos últimos anos, sua fabricação cresceu de maneira
considerável, registrando-se seu alto consumo, especialmente em virtude do apelo de
alimento funcional que o mesmo tem recebido (FUCHS et al., 2005).
2.3 Iogurte
Variedades de produtos lácteos fermentados são produzidas em todo o mundo;
dentre estes, o iogurte é o mais popular. A produção mundial de produtos lácteos chega a
ultrapassar 20 milhões de toneladas. Este grande consumo está associado a várias
alegações de saúde e benefícios terapêuticos (MADHU; AMRUTHA; PRAPULHA, 2012;
SAH et al., 2016).
O iogurte é um produto lácteo coagulado, resultante da fermentação do leite com
atuação de duas bactérias ácido-lácticas, Streptococcus thermophilus e Lactobacillus
delbereuckii subsp. Bulgaricus, e que pode ser enriquecido com leite em pó para aumentar
o teor de sólidos (MUNIANDY; SHORI; BABA, 2016).
É um alimento tradicionalmente consumido devido a suas propriedades nutricionais,
contendo microrganismos vivos em números suficientes para resultar em efeitos benéficos
à saúde. Além disso, altera a microflora própria do intestino, por doses orais repetidas, além
de ser rico em potássio, cálcio, proteínas e vitaminas. Consumir regularmente iogurte com
culturas vivas e cepas probióticas é eficaz para redução dos níveis de colesterol, digestão
da lactose no caso de intolerância a lactose, sindromes intestinais, diarreia e câncer no
cólon (AMIRDIVANI; BABA; 2011; MUNIANDY; SHORI; BABA, 2016; YE et al., 2013).
Além de ser rico em minerais, o iogurte também é boa fonte de riboflavina, nicianina,
vitaminas B6 e B12, bem como excelente fonte de aminoácidos essenciais de alta qualidade
biológica, geralmente contendo níveis mais altos de proteínas do que o leite (CANO-
SANCHO et al., 2015).
Duas classes de bactérias realizam o processo de fermentação: as
homofermentadoras e as heterofermentadoras. As homofermentadoras atuam na
22
degradação dos açúcares, transformando-os em ácido lático, que, através da acidez,
proporcionam a coagulação da caseína do leite; já as heterofermentadoras produzem, além
do ácido lático, o acético, álcoois e gases. As bactérias mais utilizadas na produção do
iogurte são Streptococcus thermophilus e Lactobacillus. delbrueckii ssp. Bulgaricus,
também conhecidas como ácido-láticas pela capacidade de utilizar a lactose como
substrato enérgico na produção do ácido láctico (SANDOVAL-CASTILLA et al., 2004;
SILVA et al., 2012).
Kumar e Mishra (2004) relatam que a viabilidade e a atividade de bactérias do iogurte
são considerações importantes para a sobrevivência ao longo da vida de prateleira. O termo
“iogurte” no rótulo de um produto com apenas vestígios de culturas iniciadoras ou com
sabores de iogurte e sem bactérias vivas é enganoso. A legislação poderá exigir que todos
os produtos denominados iogurtes contenham níveis mínimos de culturas ativas de
Streptococcus thermophilus e Lactobacillus bulgaricus. A normativa brasileira para leites
fermentados exige no mínimo 107 UFC de bactérias lácticas.
Durante a fermentação, formam-se compostos de aromas, como diacetil e
acetaldeído, que conferem características sensoriais agradáveis aos produtos lácteos
fermentados. Devido à diminuição do pH do iogurte durante o armazenamento, há a perda
de acetaldeídos e, após acidificação, este período é resultado da atividade residual de
bactérias ácido-lácticas. O controle do pH e da acidez durante a fermentação é essencial
para que não ocorram a separação de fases, acidificação elevada influenciada pelo tempo,
nem alterações sensoriais, tornando o produto indesejável (TSENG; ZHAO, 2013;
ZAINOLDIN; BABA, 2009).
Virtanen et al. (2006) relatam que as bactérias ácido-lácticas possuem vários efeitos
benéficos, tais como atividade antimicrobiana, e que alguns lactobacilos possuem
atividades antioxidantes. Além disso, afirmam que foram feitas várias sugestões sobre os
possíveis mecanismos pelos quais o componente do leite inibe a oxidação.
O iogurte pode ser consumido em diferentes formas: natural, que é o iogurte
tradicional com seu típico sabor ácido acentuado; com frutas, produzido por adição de
frutas, usualmente fruta natural, congelada, purê, polpa, pedaços, ou geleias/xarope ou por
adição de compostos de sabores sintéticos (COISSON et al., 2005).
Sua popularidade vem aumentando devido à aceitabilidade perante os
consumidores, pelas suas características nutricionais e efeitos benéficos à saúde. Com
isso, levou os fabricantes a desenvolver e produzir uma grande variedade desses produtos
com características diferentes (FUENTE et al., 2003). A viscosidade e a consistência são
fatores que influenciam diretamente a aceitabilidade e qualidade do produto final pelos
23
consumidores. Nessa perspectiva, um dos produtos que vem se destacando na indústria
láctea, seguindo estes quesitos, é o iogurte concentrado.
O iogurte concentrado é produzido em vários países com distintos nomes, como
labneh (Oriente), skyr (Islandia), shrikhand (Índia) e iogurte grego (Grécia e outros países).
É um produto obtido a partir do iogurte tradicional, mas diferenciado pelo processo de
dessoragem. A remoção de soro é o principal passo para obtenção deste produto,
utilizando-se métodos como ultrafiltração e centrifugação e, no método tradicional, sacos
de panos. Este processo torna-o mais espesso e cremoso, com características físicas
semelhantes à dos queijos petit-suisse e boursin, com aumento no teor de sólidos, proteínas
e gordura (RAMOS et al., 2009; SENEL et al., 2011).
Além da dessoragem, a homogeneização é uma etapa fundamental na elaboração
do iogurte, pois, quando eficiente, resulta em aumento na consistência e estabilidade do
produto final. Ter uma homogeneização correta dos ingredientes ao elaborar o iogurte
previne a formação de aglomerados sólidos durante a incubação e assegura a distribuição
da gordura, dando ao produto uma consistência lisa (SERRA et al., 2008).
O iogurte é considerado uma boa fonte de nutrientes essenciais, como minerais, na
dieta humana. Ele pode contribuir com a recomendação diária de cálcio (Ca) e magnésio
(Mg) para manter os processos fisiológicos (FUENTE et al., 2003).
O cálcio é um dos minerais mais presentes em produtos lácteos, porém a
disponibilidade desse mineral nos produtos pode ser afetada pela sua natureza complexa.
A absorção de cálcio não depende unicamente da quantidade de mineral presente no
alimento, mas de fatores como solubilidade e ionização. Além disso, as proteínas podem
afetar a absorção de cálcio favoravelmente (DESLILE; AMIOT; DORÉ, 1995).
Santillán-Urquiza, Méndez-Rojas e Véles-Ruiz (2017) afirmam que o iogurte é um
produto rico em nutrientes, como cálcio e proteínas de alta qualidade, porém o teor de ferro
é muito baixo e devido a isso utilizam-se fontes ricas em ferro para fortificação do produto.
Autores como Gutiérrez et al. (2016) relatam que a fortificação de produtos lácteos sempre
foi considerada uma das melhores abordagens para prevenir distúrbios de deficiência de
ferro e suas propriedades dependem tanto do tipo de fonte mineral como da quantidade de
composto adicionado.
Durante o processamento e armazenamento de produtos que contêm lipídios na sua
composição, a deterioração oxidativa é responsável pelos odores e sabores rançosos,
diminuindo a qualidade nutricional e a segurança dos alimentos, devido à formação de
compostos secundários (MOURE et al., 2001; ZAINOL et al., 2003).
24
2.3.1 Oxidação em produtos lácteos
O termo oxidação refere-se à perda de um ou mais elétrons para outra substância e
o efeito colateral dessa reação é a produção de radicais livres e outras espécies reativas
de oxigênio (ERO) que podem causar dano oxidativo. Esses radicais livres são átomos ou
moléculas produzidas durante os processos metabólicos, atuando como mediadores para
transferência de elétrons em várias reações bioquímicas, em que desempenham funções
relevantes ao metabolismo. Quando em excesso, apresentam efeitos deletérios que
provocam alteração na estrutura e funções celulares que se encontram envolvidas em
diversas patologias, como câncer, envelhecimentos precoce, doenças cardiovasculares,
catarata e outras. Devido a isso, os organismos vivos produzem substâncias para combater
os radicais livres que são capazes de regenerar ou prevenir os danos oxidativos, exercendo
seu papel de antioxidante (AUDDY et al., 2003; DAVID et al., 2010).
Produtos que possuem em sua composição óleos ou gorduras são susceptíveis à
oxidação lipídica. Esta é responsável pelo desenvolvimento de sabores e odores
desagradáveis, tornando o alimento impróprio à saúde, afetando o valor nutricional e
também as características sensoriais (BRANDÃO et al., 2015; RAMALHO; JORGE, 2006).
Os produtos lácteos, em sua maioria, são susceptíveis à luz e são expostos a ela
durante o processamento e armazenamento. A luz induz à degradação de proteínas,
lipídios e vitaminas, bem como à formação de off-flavours e mudança de cor. Além da luz,
o oxigênio também pode ser ativado na presença de metais ou complexos metálicos e
iniciar a oxidação lipídica pela formação de radicais livres ou de oxigênio singlete (O2),
sendo este último um agente oxidante muito eficiente (VEBERG et al., 2007).
A produção de off-flavours no leite e nos produtos lácteos pode ocorrer como
resultado da exposição à luz e consequência da atividade microbiana, especialmente das
bactérias psicotróficas. Estudos afirmam que as principais reações ocorridas no
desenvolvimento dos off-flavours são a oxidação lipídica e lipólise. Alguns compostos
originados da oxidação lipídica do leite são os aldeídos, cetonas, álcoois e hidrocarbonetos
(SERRA et al., 2008).
Semeniuc et al. (2016) explicam que normalmente a oxidação lipídica não é um
problema importante no iogurte devido ao pH baixo, à baixa temperatura de
armazenamento, à opacidade e à baixa permeabilidade ao oxigênio dos materiais de
embalagens. Porém, a riboflavina, naturalmente presente no iogurte, pode absorver luz
visível e reagir com um fotossensibilizador.
Esta oxidação consiste em 3 fases: iniciação, propagação e terminação (Figura 2).
Na primeira etapa, ocorre a formação de radicais livres devido à retirada de um átomo de
25
hidrogênio do carbono metilênico da molécula do ácido graxo. Posteriormente, ocorre a
propagação, em que os radicais livres, que são prontamente susceptíveis ao ataque de
oxigênio atmosférico, são convertidos em outros radicais, aparecendo os produtos
primários de oxidação (peróxido e hidroperóxidos), cuja estrutura depende da natureza dos
ácidos graxos presentes. Os radicais livres formados atuam como propagadores da reação,
resultando em um processo autocatalítico. Por fim, na última fase, os dois radicais
combinam-se, com a formação de produtos estáveis ou não reativos. Os produtos da
oxidação lipídica envolvem os derivados da decomposição de hidroperóxidos, como
álcoois, aldeídos, cetonas, ésteres e outros hidrocarbonetos (ESTERBAUER, 1993;
KUBOW, 1992; RAMALHO; JORGE, 2006).
Onde: H = Ácido graxo insaturado; R = Radical livre; ROO = Radical peróxido; ROOH = Radical hidroperóxido.
Figura 2: Etapas da oxidação lipídica. Fonte: Adaptado por RAMALHO; JORGE (2006)
Existem vários métodos para determinar a oxidação lipídica em alimentos, como os
métodos de medida de produtos de oxidação (primários e secundários). Para determinação
dos produtos primários, utiliza-se geralmente o Índice de Peróxido (IP) e Dienos conjugados
(DC) e para os produtos secundários, o teste do ácido 2-tiobarbitúrico (Tbars), Índice de p-
Anisidina (IpA), Cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE), Análise de compostos
voláteis por cromatografia gasosa e o Bidimensional CG-MS (SILVA; BORGES;
FERREIRA, 1999).
Um dos produtos mais importantes da oxidação é o malonaldeído (MDA), um
aldeído de cadeia curta. A presença dessa molécula reagindo com compostos oxigenados
nos alimentos afetará o sabor, o valor nutricional e a qualidade geral. Ele tem sido usado
como marcador de dano oxidativo em amostras biológicas. O método mais utilizado para
quantificação desse aldeído é a espectrofotometria do complexo de ácido MDA-
tiobarbitúrico cor-de-rosa fluorescente produzido após reação com ácido 2-tiobarbitúrico
(TBA) a pH baixo e temperatura elevada, formando um cromóforo de cor-de-rosa estável
26
com absorbância máxima a 532nm (GAD; SAYD, 2015; MENDES; CARDOSO; PESTANA,
2009).
Figura 3: Reação do teste de TBARS entre o ácido 2-tiobarbitúrico e o malonaldeído, formando o composto colorido, medido espectrofotometricamente a 532 nm. Fonte:
OSAWA et al. (2005)
Rosmini et al. (1996) relataram que existem várias maneiras pelas quais o teste TBA
pode ser realizado no alimento: 1) diretamente sobre o alimento, seguido pela extração dos
pigmentos formados; 2) numa alíquota de um extrato aquoso ou ácido da amostra; 3) numa
porção de vapor destilado do alimento; 4) nos lipídios extraídos do alimento.
Em relação ao tempo e à temperatura para produzir a reação TBA-MDA, vários
autores propuseram 900 minutos à temperatura ambiente ou 30-60 minutos em banho de
água a 100°C. Este aquecimento na presença de ar pode promover a autoxidação da
amostra e levar a valores de ensaios elevados. Além disso, foram sugeridas diferentes
soluções de extração, incluindo o ácido tricloroacético (TCA) em solução aquosa, TCA em
solução de ácido fosfórico (PA) e ácido periclórico em solução aquosa (ULU, 2004).
Segundo Semeniuc et al. (2016), a oxidação de ácidos graxos poli-insaturados em
produtos lácteos leva à formação de uma cor rosa de Tbars, enquanto os ácidos graxos
monoinsaturados produzem uma coloração amarela.
Gad e Sayd (2015) afirmaram que uma das maneiras mais eficazes de retardar a
oxidação lipídica em produtos lácteos é incorporar antioxidantes. Antioxidante fenólico
sintético, hidroxianisol butilado (BHA) e hidroxitolueno butilado (BHT) são usados para
retardar esta oxidação, na maioria das vezes. Mas, os antioxidantes naturais são os
melhores usados em produtos lácteos. Trabalhos recentes utilizam a adição de óleo
essencial e adição de produtos vegetais com ótima atividade antioxidante em produtos
lácteos para inibir a oxidação.
Li et al. (2008) afirmam que o estresse oxidativo desempenha um papel significativo
em uma série de doenças e que os fatores que influenciam isto são os peróxidos e os
compostos de baixo peso molecular produzidos durante a fase tardia da reação oxidativa.
Desta forma, para evitar que os alimentos sofram deterioração e proporcionem proteção
contra várias doenças, é importante inibir a peroxidação e a formação de radicais livres que
ocorrem no corpo vivo e nos gêneros alimentícios. A adição de antioxidantes surge como
uma solução na inibição desses radicais livres.
27
2.4 Atividade Antioxidante de vegetais
Durante o metabolismo celular normal das plantas, são formadas espécies reativas
ao oxigênio e nitrogênio, mas, em concentrações altas, elas se tornam tóxicas. Isso levou
o organismo dessas plantas a desenvolver mecanismo de defesa, a fim de proteger as
células contra níveis excessivos de radicais livres (MARTINS et al., 2014). Conforme Ismail,
Marjan e Foong (2004), os antioxidantes têm a principal função de retardar a oxidação de
outras moléculas, inibindo a iniciação ou propagação de reações oxidantes em cadeias
pelos radicais livres, e podem reduzir os danos oxidativos ao corpo humano.
Os vegetais são grandes fontes de diversos compostos antioxidantes, como
vitamina C, compostos fenólicos, vitamina E e carotenoides. Devido a isso, o incentivo para
o consumo desses vegetais vem aumentando a cada dia, pois a sua ingestão na dieta diária
pode produzir uma ação protetora contra os processos oxidativos que naturalmente
ocorrem no organismo.
As frutas e hortaliças, além de fornecerem componentes importantes para
desempenhar funções básicas do organismo, como ácido ascórbico, betacaroteno e ácido
fólico, são fontes de compostos bioativos diretamente associados à prevenção de doenças
(TURKMEN; SARI; VELIOGLU, 2005).
Lee et al. (2016) complementam que as frutas e os vegetais fornecem uma ampla
gama de compostos fenólicos derivados de plantas com atividade antioxidante, que ajudam
o corpo a lidar com o estresse oxidativo. Segundo Odžaković et al. (2016), os compostos
fenólicos são considerados os antioxidantes mais eficazes e também possuem maior
influência na estabilidade, nas características sensoriais e nutricionais do produto.
Atualmente, foram identificados mais de 8000 compostos fenólicos em plantas (ZHAO;
ZHANG; ZHANG, 2017)
Conforme Murcia, Jiménez e Martínez-Tomé (2009), os níveis de antioxidantes
individuais nos alimentos não refletem necessariamente sua capacidade antioxidante total,
pois esta depende das interações sinérgicas e redox entre as moléculas antioxidantes,
como minerais, fibras e vitaminas, presentes nos alimentos.
Os antioxidantes presentes na planta podem atuar como agentes redutores,
sequestradores de radicais livres, inibidores de enzimas e como quelantes de metais. A
maioria de seus efeitos biológicos estão relacionados à atividade antioxidante. Estudos
relatam que os resíduos e subprodutos de frutas e produtos hortícolas podem ser fontes
abundantes de polifenóis antioxidantes (BALASUNDRAM; SUNDRAM; SAMMAN, 2006).
Os compostos fenólicos são originados do metabolismo secundário das plantas, que
possuem um anel aromático com um ou mais substituintes hidroxílicos, incluindo outros
28
grupos funcionais. Nas plantas, os fenólicos são essenciais para o crescimento e
reprodução dos vegetais. Nos alimentos, eles podem influenciar no valor nutricional e na
qualidade sensorial, conferindo atributos como cor, textura, amargor e adstringência
(ANGELO; JORGE, 2004; ROCHA et al., 2011).
Estes compostos são multifuncionais como antioxidantes, pois desempenham
várias funções, a saber: combater os radicais livres através da doação de um átomo de
hidrogênio de um grupo hidroxila (OH-) da sua estrutura aromática; quelar metais de
transição, como o Fe2+ e o Cu+; interromper a reação de propagação dos radicais livres
na oxidação lipídica, modificando o potencial redox do meio e reparando a lesão a
moléculas atacadas por radicais livres (SUCUPIRA et al., 2012).
Na mesma sequência, Zaniol et al. (2003) citam que muitos compostos fenólicos,
particularmente os flavonoides, exibem uma ampla gama de efeitos biológicos, incluindo
antibacterianos, antivirais e anti-inflamatórios. Por serem potentes catadores de radicais
livres, são úteis na prevenção da arteriosclerose, diabetes, doenças neurodegenerativas,
artrite entre outras.
O método baseado na eliminação do radical livre estável 2,2-difenil-1-picril-hidrazila
(DPPH) é uma das técnicas atuais mais utilizadas para detectar a capacidade antioxidante
de um alimento. Este vem sofrendo muitas modificações ou adaptações e, por isso, vários
procedimentos têm sido relatados, incluindo diferentes solventes para dissolver o radical
DPPH, diferentes alíquotas das várias substâncias utilizadas, diferentes tempos de reação
com o radical e diferentes absorbâncias (SUCUPIRA et al., 2012).
Além disso, a molécula de DPPH (Figura 4) é bastante conhecida por caracterizar-
se como radical orgânico livre e estável e por ter diversas vantagens, como boa estabilidade
na ausência de luz, aplicabilidade, simplicidade e viabilidade, sendo um método rápido e
prático (OLIVEIRA, 2015).
Figura 4: Estrutura do radical livre estável DPPH. Fonte: OLIVEIRA (2015)
29
Devido à localização do elétron livre ao longo da molécula do DPPH, o radical possui
cor púrpura ou violeta, com uma absorção em solução de etanol ou metanol a 515-520 nm.
Este procedimento deve ser realizado no escuro, pois a luz é um fator que interfere
diretamente na reação do radical com uma substância, acelerando a diminuição da
absorbância e alterando os resultados (OLIVEIRA, 2015).
Conforme David et al. (2010), quando uma substância que age como doador de
átomos de hidrogênio é adicionada a uma solução de DPPH, a hidrazina é obtida com
mudança simultânea na coloração de violeta para amarelo pálido. Em outras palavras,
Moraes-de-Souza et al. (2011) também afirmam que a ação de um antioxidante ou uma
espécie radicalar (R•) reduz o DPPH, formando 2,2-difenil-1-picril-hidrazila (DPPH-H) de
coloração amarela, com consequente desaparecimento da banda de absorção, sendo a
mesma monitorada pelo decréscimo da absorbância (Figura 5).
Figura 5: Mecanismos de reação entre o radical DPPH• e um antioxidante através da transferência de um átomo de hidrogênio. Fonte: OLIVEIRA (2015)
Devido ao fato de os vegetais serem apontados como importantes antioxidantes
naturais, diversos trabalhos vêm tentando determinar este potencial. Viana et al. (2015),
pensando nas características de biodiversidade, da importância nutricional e ainda no
resgate cultural associado à falta de informações, avaliaram o potencial de antioxidante de
partes não convencionais de plantas. Nesse estudo, utilizaram o método de DPPH e as
hortaliças investigadas foram a beldroega (Portulaca oleracea), bertalha (Basella rubra),
caruru (Amaranthus viridis), peixinho (Stachis lanata) e azedinha (Rumex acetosa). Foi
determinado que estas partes não convencionais possuem alto potencial nutricional e
antioxidante, podendo ter o consumo regular associado a benefícios à saúde humana.
Zabotti e Genena (2013), sabendo que as betalaínas têm a função de antioxidantes
naturais, objetivaram em seu estudo avaliar o extrato de beterraba pelo método DPPH (2,2-
difenil-1-picril-hidrazila). Nesse estudo, eles concluíram que a atividade do extrato de
beterraba não provém apenas das betalaínas, mas também de outros compostos presentes
no mesmo e que, devido a sua atividade antioxidante, pode ser empregado como um
recurso natural para ser aplicado em alimentos industrializados, como alternativa aos
antioxidantes sintéticos.
30
É possível que com a ação da temperatura haja a liberação dos compostos
antioxidantes. A esse respeito, Raupp et al. (2011), ao analisarem o potencial antioxidante
e o teor de fenóis em polpa de beterraba submetida a duas técnicas de processamento
térmico, concluíram que, ao se utilizarem temperaturas mais altas, aumentou-se a atividade
antioxidante dos produtos processados, enquanto em temperaturas mais brandas diminuiu-
se ou não teve efeito.
Devido ao fato de as partes não convencionais de hortaliças apresentarem, em sua
maioria, maiores fontes nutricionais do que as partes convencionais, torna-se importante
avaliar sua atividade antioxidante. Com isso, Melo e Faria (2014) avaliaram os compostos
fenólicos e atividade antioxidante das partes não convencionais, como talos e folhas de
beterraba, rabanete, couve, repolho e brócolis e concluíram que estas partes apresentaram
alta qualidade nutricional, além de propriedades antioxidantes. Os métodos utilizados para
determinar a capacidade antioxidante e compostos fenólicos foram método DPPH (2,2-
difenil-1-picril-hidrazila) e Folin-Ciocalteau, respectivamente.
2.5 Desenvolvimento de novos produtos
Em busca de melhores condições vida, os consumidores estão voltados a produtos
que lhes proporcionam benefícios à saúde, além de buscarem cores, flavour, textura e
nutrição. O mercado de produtos lácteos funcionais vem aumentando devido a esta
demanda de consumidores preocupados com a saúde; com isso, a indústria láctea vem
enfrentando grandes desafios, como o desenvolvimento de produtos inovadores com
propriedades funcionais (COSTA et al., 2017).
Conforme Moraes et al. (2014), as sobremesas lácteas são apreciadas pelos
consumidores e podem ser formuladas com vários ingredientes. Estes ingredientes
interagem, resultando em uma grande variedade de texturas, sabores e aparências, que
influenciam as características nutricionais, físicas e sensoriais, com efeitos diretos sobre a
aceitabilidade do consumidor.
Santos e colaboradores (2014) afirmam que bebidas baseadas em fruta e derivados
de leite estão recebendo atenção considerável devido ao potencial de crescimento do seu
mercado, pois são sensorialmente agradáveis e têm alto valor nutritivo. Visto que o iogurte
é um dos alimentos que vêm se destacando, diversos estudos relacionados com adição de
frutas, hortaliças, extrato hidrossolúvel de soja, probióticos e prebióticos estão sendo
realizados para inseri-lo no mercado consumidor e ter boa comercialização.
Segundo Chouchouli et al. (2013), o iogurte adicionado com antioxidantes de fontes
naturais parece ser um formato conveniente para satisfazer o interesse do consumidor em
31
nutrientes originais e efeitos benéficos para a saúde. Desta forma, são várias as tentativas
para inserir no mercado produtos enriquecidos com extratos naturais.
Zhao, Zhang e Zhang (2017) relatam a existência de evidências crescentes
indicando que os vegetais ricos em fitoquímicos podem desempenhar um papel vital na
proteção contra muitas doenças crônicas, incluindo doenças cardiovasculares, diabetes
tipo 2 e alguns cânceres.
Conforme Neres, Souza e Bezerra (2015), o reaproveitamento de partes não
convencionais dos alimentos pode colaborar para a elaboração de novos produtos,
inclusive os que são bem aceitos pelos consumidores, transformando-os em opções de
alimentos mais ricos nutricionalmente.
Para lançar um novo produto no mercado, deve-se analisar sua aceitação pelos
consumidores. A aceitabilidade de um produto refere-se ao grau de aceitação de um
produto por um indivíduo ou população em termos de propriedades sensoriais, como sabor,
odor, textura, entre outras (JOHANSEN et al., 2008).
Um alimento não deve ser apenas nutritivo, mas também agradar e satisfazer o
consumidor. Assim, no desenvolvimento de um novo produto, é indispensável a avaliação
de alguns aspectos, como cor, aroma, flavour, textura, aparência, consistência, sabor, com
vistas à qualidade excelente e boa aceitação do produto (BARBOZA; FREITAS;
WASZCZYNSKYJ, 2003).
Para mensurar esta aceitabilidade e para que seja comercializado, torna-se
necessária a aplicação de ferramentas que permitam uma avaliação e otimização de suas
possíveis alterações tecnológicas. Desta forma, a análise sensorial é considerada como
quesito primordial durante o processo de mensuração. Um bom resultado demostrará a
satisfação do consumidor e assim poderá ser comercializado (SANTOS et al., 2014).
2.5.1 Cor
Uma das qualidades mais importantes do alimento é a cor. Ela está relacionada à
aceitação do produto e vem ganhando cada dia mais importância. Na indústria de
alimentos, são utilizados diversos tipos de corantes para conferir a cor desejada ao produto.
São utilizados os sintéticos e os naturais, sendo que estes últimos possuem menor
estabilidade, pois são muitas vezes sensíveis à luz e ao calor em meios ácidos, o que
dificulta seu uso (ROCHA; REED, 2014).
As cores naturais são geralmente extraídas de frutas, legumes, sementes e raízes.
Dentre os corantes naturais produzidos pela natureza, a antocianina e a betalaína são os
pigmentos hidrossolúveis. A beterraba, devido à presença das betalaínas, confere uma cor
32
atraente ao produto, visto que ser esse aspecto o primeiro contato que o consumidor tem
com o alimento, ou seja, é o início do marketing do produto. Porém, este pigmento é muito
instável, o que limita seu uso na indústria alimentícia (ROY et al., 2004).
A cor está relacionada mais com a percepção humana do que com uma
característica absoluta de um objeto. Essa percepção só é concretizada quando os
estímulos recebidos são processados no cérebro. O olho humano é capaz de detectar
apenas 3 cores (vermelho, verde e azul), pois possui apenas três cones receptores; porém,
a partir da combinação destas cores pode visualizar todas as demais (MELCHIADES;
BOSCHI,1999).
A cor dos alimentos pode ser analisada através dos métodos instrumentais, como
os colorímetros, e pelas avaliações sensoriais, em que os julgadores utilizam a visão. Para
Penna, Oliveira e Baruffaldi (1997), correlacionar estes dois métodos é de suma importância
devido à necessidade do desenvolvimento de testes objetivos que possam predizer e, em
última instancia, substituir a análise sensorial. Além disso, relatam que diversos autores
avaliaram a existência de correlação entre os dois, chegando a um coeficiente de 0,96.
O sistema CIE, em 1976, estabeleceu um padrão denominado CIELAB para
utilização da escala de cor. Este representa de maneira mais próxima a sensibilidade
humana para cor. O L* vai do topo à base com valores mínimo e máximo de 0 a 100,
respectivamente. Já as coordenadas a* e b* são representadas pelas cores vermelho (+a*)
a verde (-a*) e amarelo (+b*) a azul (-b*) (HUNTERLAB, 1996).
Avaliar a cor dos alimentos, principalmente quando se deseja inserir um novo
produto no mercado, torna-se indispensável. Por isso, a utilização dos dois métodos, tanto
afetivo como instrumental, é importante (OLIVEIRA et al., 2003).
33
REFERÊNCIAS
ALVES, A. U. et al. Desenvolvimento e estado nutricional da beterraba em função da omissão de nutrientes. Horticultura Brasileira, [S. l.], v.26, n.2, p. 292-295, 2008.
AMIRDIVANI, S; BABA, A. S. Changes in yogurt fermentation characteristics, and antioxidant potential and in vitro inhibition of angiotensin-1 converting enzyme upon the inclusion of peppermint, dill and basil. Food Science and Technology, [S. l.], v.44, n.6, p. 1458 – 1464, 2011.
ANGELO, P. M; JORGE, N. Compostos fenólicos em alimentos – Uma breve revisão. Revista Instituto Adolfo Lutz, [S. l.], v.66, n.1, p. 1-9, 2007.
AUDDY, B. et al. Screening of antioxidant activity of three Indian medicinal plants, traditionally used for the management of neurodegenerative diseases. Journal of Ethnopharmacology, [S. l.], v. 84, n.2-3, p. 131 -/138, 2003.
AZEREDO, H. M. C. Betalains: properties, sources, applications, and stability – a review. International Journal of Food Science and Technology, [S. l.], v.44, n.12, p. 2365–2376, 2009.
BALASUNDRA, N; SUNDRAM, K; SAMMAM, S. Phenolic compounds in plants and agri- industrial by-products: Antioxidant activity, occurrence, and potential uses. Food Chemistry, [S. l.], v. 99, n.1, p.191–203, 2006.
BASSETTO, R. Z. et al. Produção de biscoitos com resíduo do processamento de beterraba (Beta vulgaris L.). Revista Verde, [S. l.], v. 8, n.1, p. 139 – 145, 2013.
BARBOZA, L. M. V; FREITAS, R. J. S; WASZCZYNSKYJ, N. Desenvolvimentos de produtos e análise sensorial. Brasil Alimentos, [S. l.], n.18, p. 34-5, 2003.
BRANDÃO, Y. B. et al. Avaliação físico-química e sensorial de manteiga adicionada de óleo essencial de orégano e em embalagem ativa biodegradável. Revista Ciências Exatas e Naturais, [S. l.], v.17, n.2, p. 307-320, 2015.
CAMARA, F. M. et al. Caracterização dos resíduos gerados na Ceasa paulistana sob ótica da saúde ambiental e segurança alimentar. Segurança Alimentar e Nutricional, [S. l.], v.21, n.1, p.395-403, 2014.
CANO-SANCHO, G. et al. Comparison of the nutritional composition and the concentrations of various contaminants in branded and private label yogurts. Journal of Food Composition and Analysis, [S. l.], v. 42, p.71–77, 2015.
COISSON, J. D. Euterpe oleracea juice as a functional pigment for yogurt. Food Research International, [S. l.], v.38, n. 8-9, p. 893–897, 2005.
34
COSTA, M. P. et al. Consumer perception, health information, and instrumental parameters of cupuassu (Theobroma grandiflorum) goat milk yogurts. Journal of Dairy Science, [S. l.], v.100, n.1, p. 157-168, 2017.
CHOUCHOULI, V. et al. Fortification of yoghurts with grape (Vitis vinifera) seed extracts. Food Science and Technology, [S. l.], v.53, n.2, p. 522 – 529, 2013.
DAVID, C. A. J. et al. Métodos para determinação de atividade antioxidante in vitro em substratos orgânicos. Química Nova, [S. l.], v.33, n.10, p. 2202-2210, 2010.
DESLILE, J; AMIOT, J; DORE, F. Biological availability of calcium and magnesium from dairy products. Dairy Journal, [S. l.], v.5, n.1, p. 87-96, 1995.
EMPRESA BRASILEIRA DE PESUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA. Embrapa discute
relação de perdas e desperdícios com segurança alimentar e nutricional. Brasília:
Embrapa, 2015. Disponível em: < https://www.embrapa.br/web/portal/busca-de-noticias/-
/noticia/2771291/embrapa-discute-relacao-de-perdas-e-desperdicios-com-seguranca-
alimentar-e-nutricional> Acesso em: 08 mar, 2017.
EMPRESA BRASILEIRA DE PESUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA. FAO promove
consulta regional sobre redução de perdas e desperdício de alimentos. Brasília: Embrapa,
2014. Disponível em: < https://www.embrapa.br/web/portal/busca-de-noticias/-
/noticia/2111730/fao-promove-consulta-regional-sobre-reducao-de-perdas-e-desperdicio-
de-alimentos:> Acesso em: 08 Mar, 2017.
ESTERBAUER, H. Cytotoxicity and genotoxicityof lipid-oxidation products. American Journal of Clinical Nutrition, [S. l.], v.57, n.5, p.779-786, 1993.
FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNUTED NATIONS - FAO (2014).
Food losses and waste in the Latin America and the Caribbean. Food and
Agriculture Organization for the United Nations, Rome: FAO, 2014. Disponível em:
<http://www.fao.org/3/a-i3942e.pdf/>. Acesso em: 08 mar. 2017.
FEDERICI, F. et al. Valorisation of agro-industrial by-products, effluents and waste: concept, opportunities and the case of olive mil wastewater. Journal of Chemical Technology Biotechnology, [S. l.], v.84, n.6, p. 895-900, 2009.
FUCHS, R.H.B. et al. Iogurte de soja suplementado com oligofrutose e inulina. Ciência e Tecnologia de Alimentos, [S. l.], v. 25, n.1, p.175-181, 2005.
FUENTE, M. A. et al. Total and soluble contents of calcium, magnesium, phosphorus and zinc in yoghurts. Food Chemistry, [S. l.], v.80, n.4, p. 573-578, 2003.
GAD; A. S; SAYD, A. F. Antioxidant properties of rosemary and its potential uses as natural antioxidant in dairy products―a review. Food and Nutrition Sciences, [S. l.], v. 6, n.1, p.
35
1-14, 2015.
GENGATHARAN, A; DYKES, G. A; CHOO, W. S. Betalains: Natural plant pigments with potential application in functional foods. Food Science and Technology, [S. l.], v. 64, n.2, p. 645-649, 2015.
GRANGEIRO, L. C. et al. Acúmulo e exportação de nutrientes em beterraba. Ciência e Agrotecnologia, [S. l.], v. 31, n.2, p. 267-273, 2007.
GUTIÉRREZ, G. et al. Iron-entrapped niosomes and their potential application for yogurt fortification. Food Science and Technology, [S. l.], v.74, p. 550-556, 2016.
HUNTERLAB. CIE L*a*b* color scale. Applications note, [S. l.], v.8, n.7, p.1-15, 1996.
ISMAIL, A; MARJAN, Z. M; FOONG, C. W. Total antioxidant activity and phenolic content in selected vegetables. Food Chemistry, [S. l.], v. 87, n.4, p. 581–586, 2004.
JOHANSEN, S. M. B. et al. Prediction of sensory properties of low-fat yoghurt and cream cheese from surface images. Food Quality and Preference, [S. l.], v.19, n.2, p. 232–246, 2008.
KLUGE, R. A. et al. Armazenamento refrigerado de beterraba minimamente processada em diferentes tipos de cortes. Ciência Rural, [S. l.], v. 36, n.1, 263-270, 2006.
KUBOW, S. Routes of formation and toxic consequences of lipid oxidation products in foods. Free Radical Biology and Medicine, [S. l.], v.12, n.1, p.63-81, 1992.
KUMAR, P; MSHRA, H. N. yoghurt powder—a review of process technology, storage and utilization. Food and Bioproducts Processing, [S. l.], v. 82, n.2, p. 133–142, 2004.
LEE, W. Z. et al. Influence of different extraction conditions on antioxidant properties of soursop peel. Acta Scientiarum Polonorum Technologia Alimentaria, [S. l.], v.15, n.4, p. 419–428, 2016.
LI, Y. et al. Antioxidant and free radical-scavenging activities of chickpea protein hydrolysate (CPH). Food Chemistry, [S. l.], v.106, n.2, p. 444–450, 2008.
LOGINOVA, K. V; LEBVOKA, N. I; VOROBIEV, E. Pulsed electric field assisted aqueous extraction of colorants from red beet. Journal of Food Engineering, [S. l.], v. 106, n.2, p. 127–133, 2011.
MADHU; A. N; AMRUTHA, N; PRAPULHA, S. G. Characterization and antioxidant
property of probiotic and synbiotic yogurts. Probiotics and Antimicrobial Proteins, [S. l.],
v. 4, n.2, p. 90–97, 2012.
36
MAKRIS, D. P; BOSKOU, G; ANDRIKKOPOULOS, N. K. Polyphenolic content and in vitro antioxidant characteristics of wine industry and other agri-food solid waste extracts. Journal of Food Composition and Analysis, [S. l.], v.20, n. 2, p. 125–133, 2007.
MARTINS, A. et al. Phenolic extracts of Rubus ulmifolius Schott flowers: characterization, microencapsulation and incorporation into yogurts as nutraceutical sources. Food and Function, [S. l.], v. 5, n.6, p. 1073 – 1091, 2014.
MELCHIADES, F. G.; BOSCHI, A. O. Cores e Tonalidades em Revestimentos Cerâmicos. Cerâmica Industrial, [S. l.], v. 2, n. 4, p.1-6, 1999.
MELO, C. M. T; FARIA, J. V. Composição centesimal, compostos fenólicos e atividade antioxidante em partes comestíveis não convencionais de seis olerícolas. Bioscience Journal, [S. l.], v.30, n.1, p. 93-100, 2014.
MENDES, R; CARDOSO, C; PESTANA, C. Measurement of malondialdehyde in fish: A comparison study between HPLC methods and the traditional spectrophotometric test. Food Chemistry, [S. l.], v. 112, n.4, p. 1038–1045, 2009.
MIKOŁAJCZYK-BATOR, K. PAWLAK, S. The effect of thermal treatment on antioxidant capacity and pigment contents in separated betalain fractions. Acta Scientiarum Polonorum Technologia Alimentaria, [S. l.], v.15, n.3, p. 257–265, 2016.
MOURE, A. et al. Natural antioxidants from residual sources. Food Chemistry, [S. l.], v. 72, n.4, p. 145 -171, 2001.
MUNIANDY, P; SHORI, A. B; BABA, A. S. Influence of green, white and black tea addition on the antioxidant activity of probiotic yogurt during refrigerated storage. Food Packaging and Shelf Life, [S. l.], n. 8, p. 1–8, 2016.
MURCIA, M. A; JIMÉNEZ, A. M; MARTÍNEZ-TOMÉ, M. Vegetables antioxidant losses during industrial processing and refrigerated storage. Food Research International, [S. l.], n. 42, v.8, p.1046–1052, 2009.
MORAES, E. C. et al. A. Development of chocolate dairy dessert with addition of prebiotics and replacement of sucrose with different high-intensity sweeteners. Journal of Dairy Science, [S. l.], v. 97, n. 5, p. 2600-9, 2014.
NERES, J. P. G; SOUZA, R. L. A; BEZERRA, C. F. Iogurte com polpa e farinha da casca do abacaxi. Revista Instituto de Laticínios Cândido Tostes, [S. l.], v. 70, n.5, p. 262-269, 2015.
NOVAES, M. D. S. et al. Composição proximal e mineral de biscoitos tipo amanteigado enriquecidos com diferentes farinhas de casca de frutas. Revista Instituto Adolfo Lutz, [S. l.], v. 74, n.4, p. 390-8, 2015.
37
ODŽAKOVIĆ, B. et al. Effect of roasting degree on the antioxidant activity of different
arabica coffee quality classes. ACTA Scientiarum Polonorum - Food Science and
Human Nutrition, [S. l.], n.15, v.4, p. 409-417, 2016.
OLIVEIRA, G. L. S. Determinação da capacidade antioxidante de produtos naturais in vitro pelo método do DPPH: estudo de revisão. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, [S. l.], n. 17, v.1, p. 36-44, 2015.
OLIVEIRA, A. P. V. et al. Medida instrumental de cor em sobremesas lácteas de chocolate: uma técnica de baixo custo e versátil utilizando câmara digital. Brazilian Journal Food Technology, [S. l.], n.6, v.2, p. 191-196, 2003.
OSAWA, C.C. et al. Teste de TBA aplicado a carnes e derivados: métodos tradicionais, modificados e alternativos. Quimica Nova, [S. l.], v. 28, n.4, p. 655-663, 2005.
PASSA, G. et al. Probability and amounts of yogurt intake are differently affected by sociodemographic, economic, and lifestyle factors in adults and the elderly—results from a population-based study. Nutrition Research, [S. l.], n.35, v.8, p. 700-706, 2015.
PENNA, A. L. B; OLIVEIRA, N. M; BARUFFALDI, R. Análise de consistência de iogurte: correlação entre medida sensorial e instrumental. Ciência e Tecnologia de Alimentos, [S. l.], v.1, n.2, p. 98-101, 1997.
PITALUA, E. et al. Antioxidative activity of microcapsules with beetroot juice using gum Arabic as wall material. Food and Bioproducts Processing, [S. l.], v. 88, n.2-3, p. 253–258, 2010.
POLIZER, L. H; PONTIERI, M. H; MORAES, I. O. Utilização de resíduos agro-industriais em processos biotecnológicos como perspectiva de redução do impacto ambiental. J. Technology Management Innovation, [S. l.], v.2, n.1, p. 118-127, 2007.
PRUDENCIO, I. D; et al. Petit suisse manufactured with cheese whey retentate and application of betalains and anthocyanins. Food Science and Technology – LWT. [S. l.], v. 41, n. 5, p. 905–910, 2008.
RAMALHO, V. C.; JORGE, N. Antioxidantes utilizados em óleos, gorduras e alimentos gordurosos. Quimica Nova, [S. l.], v.29, n.4, p. 755-760, 2006.
RAMOS, T. M. Perfil de textura de Labneh (iogurte grego). Revista do Instituto de Laticínios Cândido Tostes, [S. l.], v.64, n.369, p. 8-12, 2009.
RAMOS, J. A. et al. modificação da composição físico-química de beterrabas submetidas a diferentes tipos de corte e métodos de Cocção. Energia na Agricultura, Botucatu, v.31, n.1, p. 97-101, 2016.
RAUPP, D. S; et al. Effect of processing on antioxidant potential andtotal phenolics content
38
in beet (Beta vulgaris L.). Ciência e Tecnologia de Alimentos, [S. l.], v. 31, n.3, p. 688-693, 2011.
RESHMI, S. K; ARAVINDHAN, K. M; DEVI, P. S. The effect of light, temperature, ph on
stability of betacyanin pigments in basella alba fruit. Asian Journal of Pharmaceutical
and Clinical Research, [S. l.], v.5, n.4, p. 107-110, 2012.
ROCHA, D. S. R; REED, E. Pigmentos naturais em alimentos e sua importância para a saúde. Estudos, [S. l.], v.41, n.1, p. 76-85, 2014.
ROCHA, W. S. et al. Compostos fenólicos totais e taninos condensados em frutas nativas do Cerrado. Revista Brasileira de Fruticultura, [S. l.], v. 33, n.4, p. 1215-1221, 2011.
RODRIGUEZ-AMAYA, D. B. Natural food pigments and colorants. Food Science, [S. l.], v.7, p.20–26, 2016.
ROSMINI, M. R. et al. TBA Test by an Extractive Method Applied to ‘Pat’. Meat Science, [S. l.], v. 42, n.1, p. 103-110, 1996.
ROY, K. et al. The use of a natural colorant based on betalain in the manufacture of sweet products in India. International Journal of Food Science and Technology, [S. l.], v.39, n.10, p.1087–1091, 2004.
SAH, B. N. P. et al. Effect of pineapple waste powder on probiotic growth, antioxidant and antimutagenic activities of yogurt. Journal Food Science and Technologic, [S. l.], v. 53, n.3, p. 1698–1708, 2016.
SANDOVAL-CASTILA, O. et al. Microstructure and texture of yogurt as influenced by fat replacers. International Dairy Journal, [S. l.], v. 14, n.2, p. 151–159, 2004.
SANTANA, A. F; OLIVEIRA, L. F. Aproveitamento da casca de melancia (Curcubita citrullus, Shrad) na produção artesanal de doces alternativos. Alimentos e Nutrição, [S. l.], v.16, n.4, p. 363-368, 2005.
SANTILLÁN-URQUIZA, E; MÉNDEZ-ROJAS, A. M; VÉLEZ-RUIZ, J. F. ,Fortification of yogurt with nano and micro sized calcium, iron and zinc, effect on the physicochemical and rheological properties. Food Science and Technology, [S. l.], v.80, p. 462-469, 2017.
SANTOS, K. A. et al. Avaliação das características sensoriais e físico-químicas de iogurte adicionado de inulina. Uniabeu, [S. l.], v. 7, n.15, p. 50-65, 2014.
SEMENIUC, C. A; et al. Stability of flavoured phytosterol-enriched drinking yogurts during storage as affected by different packaging materials. Journal of the Science of Food and Agriculture, [S. l.], v. 96, n.8, p. 2782–2787, 2016.
SENEL, et al. Changes in some properties of strained (Suzme) goat’s yoghurt during
39
storage. Small Ruminant Research, [S. l.], v. 99, n. 2-3, p. 171– 177, 2011.
SERRA, M. et al. Quantification of lipolysis and lipid oxidation during cold storage of yogurts produced from milk treated by ultra-high pressure homogenization. Journal of Food Engineering, [S. l.], v. 89, n. 1, p. 99–104, 2008. SILVA, F. A. M; BORGES, M. F. M; FERREIRA, M. A. Métodos para avaliação do grau de oxidação lipídica e da capacidade antioxidante. Química Nova, [S. l.], v. 22, n.1, p. 94-103, 1999.
SILVA, E. B; SILVA, E. S. Aproveitamento integral de alimentos: avaliação sensorial de bolos com coprodutos de abóbora (Cucurbita moschata, L.). Revista Verde, [S. l.], v. 7, n.5, p. 121-131, 2012.
SILVA, L. C. et al. Aspectos microbiológicos, ph e acidez de iogurtes de produção caseira comparados aos industrializados da região de Santa Maria – RS. Disc. Scientia. Série: Ciências da Saúde, [S. l.], v.13, n.1, p. 111-120, 2012.
SILVA, A. O; SILVA, E. F. F; KLAR, A. E. Eficiência de uso da água em cultivares de beterraba submetidas a diferentes tensões da água no solo. Water Resources and Irrigation Management, [S. l.], v.2, n.1, p. 27-36, 2013.
SOUZA, P. D. J. et al. Análise sensorial e nutricional de torta salgada elaborada através do aproveitamento alternativo de talos e cascas de hortaliças. Alimento e Nutrição, [S. l.], v.18, n.1, p. 55-60, 2007.
SUCUPIRA, N. R; et al. Métodos de determinação da atividade antioxidante de frutos. Revista Científica Ciências Biológica e da Saúde, [S. l.], v. 14, n.4, p. 263-9, 2012.
TSENG, A; ZHAO, Y. Wine grape pomace as antioxidant dietary fibre for enhancing nutritional value and improving storability of yogurt and salad. Food Chemistry, [S. l.], v. 138, n.1, p. 356-65, 2013.
TURKMEN, N; SARI, F; VELIOGLU, S. The effect of cooking methods on total phenolics and antioxidant activity of selected green vegetables. Food Chemistry, [S. l.], v. 93, n.4, p. 713–718, 2005.
ULU, H. Evaluation of three 2-thiobarbituric acid methods for the measurement of lipid oxidation in various meats and meat products. Meat Science, [S. l.], v. 67, n.4, p. 683–687, 2004.
VEBERG, A. et al. Front-face fluorescence measurement of photosensitizers and lipid oxidation products during the photooxidation of butter. Journal of Dairy Science, [S. l.], v.90, n.5, p. 2189–2199, 2007.
VIANA, M. M. S; et al. Composição fitoquímica e potencial antioxidante em hortaliças não convencionais. Horticultura Brasileira, [S. l.], v. 33, n.4, p. 504-509, 2015.
40
VIRTANEN, T. et al. Development of antioxidante activity in milk whey during fermentation with lactic acid bactéria. Journal of Applied Microbiology, [S. l.], v.102, n.1, p. 106-115, 2006.
YE, M. et al. Quality characteristics and antioxidant activity of hickory-black soybean yogurt. Food Science and Technology, [S. l.], v. 51, n.1, p. 314 - 318, 2013.
ZABOTTI, C; GENEMA, A. Z; Avaliação do potencial antioxidante do extrato obtido a partir da beterraba vermelha (Beta vulgaris l.) por meio do uso da água como solvente de extração. Cascavel, [S. l.], v.6, n. 4, p. 195 - 200, 2013.
ZAINOLDIN, K. H; BABA, A. S. The Effect of Hylocereus polyrhizus and Hylocereus undatus on Physicochemical, Proteolysis, and Antioxidant Activity in Yogurt. International Scholarly and Scientific Research & Innovation, [S. l.], v.3, n.12, p. 585 – 590, 2009.
ZANIOL, M. K. et al. Antioxidative activity and total phenolic compounds of leaf, root and petiole of four accessions of Centella asiatica (L.) Urban. Food Chemistry, [S. l.], v.81, n.4, p. 575–581, 2003.
ZARATE, N. A. H; et al. Cobertura do solo com cama-de-frango, com e sem amontoa, na produção de beterraba. Ciência e agrotecnologia, [S. l.], v.34 (Edição especial), p. 1598-1603, 2010.
ZHAO, G; ZHANG, R; ZHANG, M. Effects of high hydrostatic pressure processing and subsequent storage on phenolic contents and antioxidant activity in fruit and vegetable products. International Journal of Food Science and Technology, [S. l.], n. 52, p. 3–12, 2017.
41
CAPÍTULO 2: ARTIGO CIENTÍFICO
42
CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUIMICA DE POLPA, RESÍDUO E XAROPE DE
BETERRABA
Lizandra Carla Pereira de Oliveira, Tábata Baldus, Ananda Karla N. Farias, Erika Cristina Rodrigues, Nágela Farias Magave Picanço Siqueira, Edgar Nascimento e Rozilaine
Aparecida Pelegrine Gomes de Faria
Resumo: Este trabalho teve como objetivo avaliar as características físico-químicas da beterraba, polpa e resíduo, apresentadas na forma crua e cozida e na forma em xarope. O delineamento foi inteiramente casualizado com 7 repetições em triplicatas para cada tratamento, desenvolvidos em três experimentos considerado como tratamento para cada a matéria prima (polpa e resíduos) in natura, cozida a vapor e na forma de xarope. Os parâmetros analisados foram a capacidade de sequestrar radicais livres pelo método DPPH, compostos fenólicos (CF), pH, acidez titulável (%ácido cítrico) (AT), atividade de água (Aw), parâmetros de cor (L*, a* e b*) e minerais (Ca, Mg e Na). As variáveis foram comparadas entre si pelos testes de média t e SNK. Entre as variáveis analisadas para a polpa de beterraba os valores de Mg (2,73 mg/100g de polpa), Na (74,76 mg/100g de polpa) e CF (101 mg/mL) foram maiores para a polpa submetida ao processo térmico. O mesmo foi observado para as variáveis analisadas com os resíduos, sendo que os valores de Mg (2,42 mg/100g de resíduos), Na (100,71 mg/100g de resíduos) e CF (117,77 mg/mL) foram maiores em comparação com o resíduo in natura. Em relação a comparação entre os tratamentos xarope de polpa e xarope de resíduos, o xarope de polpa de beterraba apresentou maiores teores médios de Mg (8,62 mg/100g de xarope e Na (80,95 mg/100g de xarope). Conclui-se que dependendo da forma de preparo do alimento e intenção no tipo de aproveitamento para consumo pode-se optar entre polpa e resíduos cozidos a vapor. Além disso, pode-se incorporar os xaropes de polpa e de resíduos de beterraba em produtos como iogurte, panificação e outros. Palavras-chave: minerais; Beta vulgaris L.; atividade antioxidante. Abstract: The objective of this work was to evaluate the physicochemical characteristics of beet, pulp and residue, presented in the raw and cooked form and in syrup form. The design was completely randomized with 7 replicates in triplicates for each treatment, developed in three experiments considered as treatment for each raw material (pulp and waste) in natura, steamed and in the form of syrup. The parameters analyzed were radical scavenging activity DPPH, phenolic compounds (CF), pH, titratable acidity (% citric acid) (AT), water activity (Aw), color parameters (L *, a * e b *) and minerals (Ca, Mg and Na). The variables were compared by the mean t and SNK tests. Among the variables analyzed for beet pulp, the values of Mg (2.73 mg / 100g pulp), Na (74.76 mg / 100g pulp) and CF (101 mg / mL) were higher for pulp submitted to Thermal process. The values of Mg (2.42 mg / 100 g of residues), Na (100.71 mg / 100 g of residues) and CF (117.77 mg / mL) were the same for the analyzed variables, Were greater in comparison with the in natura residue. In relation to the pulp syrup and waste syrup treatments, the beet pulp syrup had higher mean Mg contents (8.62 mg / 100 g syrup and Na (80.95 mg / 100 g syrup). It is believed that depending on the form of preparation of the food and intention in the type of use for consumption one can choose between pulp and steamed residues. In addition, syrups of pulp and beet residues can be incorporated into products such as yogurt, baking and others. Keysword: minerals; Beta vulgaris L.; activity antioxidant.
43
1. INTRODUÇÃO
Os vegetais possuem valores nutricionais, sendo ricos em minerais, vitaminas e
fibras, o que torna essencial sua presença na dieta diária. Estes vegetais, além de
fornecerem componentes importantes para desempenhar funções básicas do organismo,
como ácido ascórbico, betacaroteno e ácido fólico, são fontes de compostos bioativos
diretamente associados à prevenção de doenças (FALLER; FIALHO, 2009).
Lee et al. (2016) complementa que as frutas e os vegetais fornecem uma ampla
gama de compostos fenólicos derivados de plantas com atividade antioxidante, que ajuda
o corpo a lidar com o estresse oxidativo. Segundo Odžaković et al. (2016) os compostos
fenólicos são considerados os antioxidantes mais eficazes e também possui maior
influência na estabilidade, nas características sensoriais e nutricionais do produto.
Além das propriedades benéficas, os fitoquímicos naturais são importantes na
indústria de alimentos, pois são frequentemente utilizados como substitutos dos
antioxidantes sintéticos (AIRES; CARVALHO; SAAVEDRA, 2017).
A beterraba (Beta vulgaris L.) é uma hortaliça originária de regiões europeias e
norte-africanas de clima temperado. No Brasil, seu cultivo é principalmente na região
Sudeste, colaborando com 45% da produção nacional. Ela é consumida em grandes
quantidades ao longo do ano e está prontamente disponível no mercado. Além disso, é um
vegetal com fontes valiosas de compostos bioativos, que exercem várias propriedades
benéficas como antioxidante, anti-inflamatória e anticancerígenos, rico em zinco, cloro e
potássio e possui alto teor de ferro e proteína (MIKOŁAJCZYK-BATOR; PAWLAK, 2016;
SILVA; SILVA; KLAR, 2013). Alguns trabalhos baseados em testes in vitro classificam a
beterraba entre os dez vegetais mais potentes em relação a sua atividade antioxidante e
que a betalaína é responsável pela maior parte dessas propriedades benéficas (AZEREDO,
2009).
As partes não convencionais de vegetais como cascas, talos e folhas vem sendo
alvo de estudos devido sua importância nutricional. Eles são fontes valiosas para
recuperação de polifenóis, pectinas e proteínas e, são usados como antioxidantes naturais
e ingredientes alimentares funcionais. Porém, ainda há resistência desse tipo de
alimentação na mesa do consumidor, o que torno imprescindível a busca de novas
alternativas de agregar esses nutrientes em produtos processados, com intuito de diminuir
gastos, melhorar o cardápio nutricional e diminuir o desperdício (KAMMERER et al., 2014;
SILVA; SILVA, 2012; SOUZA et al., 2007).
Em muitos casos as hortaliças são consumidas cruas, mas há situações em que a
cocção é necessária pois, atua na qualidade das proteínas destruindo ou inativando
44
termicamente os fatores lábeis que reduzem o valor nutritivo. Porém, provoca alterações
consideráveis no conteúdo de seus constituintes, tais como vitaminas, aminoácidos e
minerais, dependendo do tipo, tempo e temperatura do processo térmico aplicado. Estas
alterações podem variar de acordo com a espécie do vegetal pesquisada (SLUPSKI, 2011).
Apesar de obter ricas propriedades, são descartados as folhas e os caules das
beterrabas para comercialização apenas da polpa e casca. Com isso, o estímulo ao
aproveitamento integral da beterraba, promove o incentivo ao consumo desse grupo de
alimentos e contribui para a promoção da saúde (SANTOS, 2010).
Diante do exposto, objetivou-se com este trabalho avaliar as características físico-
químicas da beterraba, polpa e resíduo, apresentadas na forma crua, cozida e de xarope.
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1 Obtenção da matéria prima
O presente estudo foi realizado no Laboratório de Físico-Química do Programa de
Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos pertencente ao Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso (IFMT), campus Bela Vista, Cuiabá – MT.
As beterrabas foram adquiridas em feira local, porém cultivadas no município de Chapada
dos Guimarães-MT (15°27′39″ S, 55°45′0″ W) localizada a aproximadamente 64 KM da
capital Cuiabá – MT (15º35’46” S, 56º05’49” W).
As polpas com as cascas foram cortadas com faca de porcelana previamente
higienizadas, em aproximadamente 1 cm de espessura, e a parte aérea (resíduos) foram
separadas em folhas e caules.
O material obtido (polpa e resíduos de beterraba) foi submetido a três
procedimentos: in natura, cozida a vapor e xarope. Foi escolhido o método a vapor pois
resulta em uma maior retenção dos nutrientes, por não entrar direto com a água.
2.1.1 Delineamento experimental
O experimento foi divido em três partes: polpa com casca in natura (PN) e cozida a
vapor (PV); resíduos (talos e folhas) in natura (RN) e cozidos a vapor (RV) e por último,
xarope da polpa (XP) e xarope dos resíduos (XR).
O experimento foi desenvolvido em Delineamento Inteiramente Casualizado
considerando como tratamento a matéria prima (polpa e resíduos), com 7 repetições e as
variáveis analisadas em triplicata. O xarope foi elaborado com 50% (m:m) de polpa e de
resíduos in natura e triturados, considerando como dois tratamentos com adição de
sacarose até atingir 54°Brix.
45
Para a cocção utilizou-se uma panela elétrica de cozimento à vapor em que a polpa
com casca, cortadas em aproximadamente 1 cm de espessura, foram expostas a 15
minutos e o resíduo durante 3 minutos. Para elaboração dos xaropes foram utilizados 50%
da matéria prima (m:m) (triturada) e 50% de sacarose (m:m), levados ao fogo até atingir
54°Brix. As amostras foram trituradas, armazenadas em potes de polipropileno, protegidos
com papel alumínio para não haver interferência da luz e congeladas a temperatura de -
12°C até o momento das análises.
Os parâmetros analisados foram a capacidade de sequestrar radicais livres pelo
método DPPH, compostos fenólicos (CF), pH, acidez titulável total (AT), atividade de água
(Aw), análise de cor (L*, a* e b*) e os teores de minerais (cálcio (Ca), magnésio (Mg) e sódio
(Na)).
2.2 Obtenção dos extratos para determinação dos compostos fenólicos totais e
atividade antioxidante radicalar
A obtenção do extrato para determinação de compostos fenólicos totais e da
atividade antioxidante radicalar seguiu conforme metodologia proposta por Rufino (2010).
Acrescentou-se a amostra, pesada previamente (5 gramas para compostos fenólicos e 5 a
60 gramas para atividade antioxidante), 40 mL de metanol:água (50:50, v:v) deixado em
repouso por 60 min, e em seguida a amostra foi centrifugada a 7.500 rpm, por 40 min, sendo
o sobrenadante reservado em balão volumétrico de 100mL fechado e protegido da luz, e o
resíduo restante foi submetido a nova extração com solução aquosa de acetona 70% (v:v),
seguindo o mesmo processo anterior. O sobrenadante foi acrescentado ao balão
juntamente com a extração anterior e o volume completado até a marca de aferição com
água destilada.
2.2.1 Atividade Antioxidante por 2,2-difenil-1-picril-hidrazila (DPPH)
A atividade antioxidante radicalar foi realizada pelo método de DPPH baseado na
captura do radical DPPH (2,2-difenil-1-picril-hidrazila) por compostos antioxidantes. A partir
dos extratos aceto-hidro-alcoólico descrito anteriormente, foram realizadas cinco diluições
com concentrações variadas de 5 a 60 gramas, pois cada matriz comporta-se de maneira
diferenciada. Transferiu-se alíquotas de 0,1 mL de cada diluição dos extratos para tubos de
ensaio contendo 3,9 mL da solução de DPPH 0,06Mm. A leitura da absorbância foi realizada
em espectrofotômetro de marca SHIMADZU modelo UV – 1800 em comprimento de onda
de 517 nm, ao abrigo da luz, após 30 minutos do início da reação. O aparelho foi zerado
com a solução aceto-hidro-alcoólico (BRAND-WILLIANS et al, 1995).
46
A capacidade de descoloração do radical DPPH foi comparada com o controle (3,9
mL de DPPH e 0,1 mL da solução aceto-hidro-alcoólico), estabelecendo a porcentagem de
inibição do radical conforme a equação, sendo que AbsC é a absorbância da solução
controle e AbsA é a absorbância da amostra (Equação 1):
% de inibição = [(AbsC – AbsA) / AbsC] x 100 Eq. (1)
2.2.2 Análise de Compostos Fenólicos
Após a obtenção do extrato descrito no item 2.2, utilizando 5 gramas da amostra,
foram adicionados em tubos de ensaio 1 mL do extrato, 1 mL do reagente Folin-Ciocalteou
(1:3, v:v), 2 mL da solução aquosa de carbonato de sódio 20% (m:v) e 2 mL de água
destilada. Após 30 minutos a absorbância foi lida em espectrofotômetro SHIMADZU modelo
UV – 1800 em comprimento de onda de 700 nm. Para obtenção dos dados utilizou-se a
curva analítica (R2= 0,9993) construída com ácido gálico nas concentrações de 0, 10, 20,
30, 40 e 50 µg/mL (OBANA; OWUOR, 1997).
2.3 Determinação da cor
A determinação da cor foi realizada com um colorímetro da marca Minolta, modelo
CM-700D, na escala L*, a* e b* do sistema CIELab, calibrado para um padrão branco. O
valor de L* determina a posição do ponto sobre o eixo vertical de luminosidade (0-100); o
valor a* é do ponto sobre o eixo a* (-) verde (+) vermelho e o valor de b*, do ponto
correspondente sobre o eixo (-) azul (+) amarelo. A determinação ocorreu em três pontos
diferentes, com três medições em cada amostra e as médias foram utilizadas para análise
estatística.
Após a obtenção dos resultados, foi calculado a diferença global de cor, também
chamada de ∆E*, que expressa a impressão do olho humano a diferenciação de cores entre
as amostras. O cálculo foi realizado conforme a Equação 3, de Ramos e Gomides (2007).
Além do cálculo de ∆E*, foram realizados também os cálculos para obtenção do índice de
saturação (C*) Equação 4 e índice de tonalidade (h*) Equação 5.
∆𝐸∗ = √(∆𝐿∗)2 + (∆𝑎∗)2 + (∆𝑏∗)2 Eq. (3)
47
𝐶∗ = √(∆𝑎∗)2 + (∆𝑏∗)2 Eq. (4)
ℎ∗ = tan−1( 𝑏∗/𝑎∗) Eq. (5)
2.4 Atividade de água (Aw)
A determinação da atividade de água foi realizada utilizando o equipamento Aqualab
4TE 02 (2008), segundo AOAC (2012) método 978.18 e ASTM D6836.
2.5 Determinação do pH e acidez titulável total (ATT)
As medidas de pH das amostras foram feitas por potenciometria direta utilizando
potenciômetro digital (HANNA instruments, modelo HI 2221) de acordo com AOAC (2012),
método 943.71. O pH das amostras foi quantificado durante o armazenamento.
A acidez titulável foi determinada por titulação potenciométrica (311/IV) conforme o
IAL (2008) utilizado para amostras fortemente colorida, através da neutralização com NaOH
0,1mol/L até pH 8,2 – 8,4 e os resultados foram expressos em g de ácido cítrico/100g de
amostra.
2.6 Determinação de minerais
2.6.1 Decomposição da amostra por via úmida
Inicialmente pesou-se 1 grama de amostra e, em seguida, a mesma foi levada para
calcinar em forno mufla por aquecimento em rampa em intervalos de 30 minutos
aumentando de 50 em 50°C até 450°C. Quando as amostras apresentaram coloração
cinzas brancas ou claras, foram retiradas e levadas ao dessecador até arrefecimento. Após
pesagem, foram levadas a chapa elétrica à temperatura de aproximadamente 300°C e
adicionados 0,5 mL de ácido nítrico PA (65%) e 0,5 mL de ácido clorídrico PA (37%).
Posteriormente, os resíduos foram dissolvidos e transferidos para um balão volumétrico de
100 mL com auxílio de água destilada até aferição do menisco (IAL, 2008).
2.6.2 Cálcio e Magnésio
Para determinação de cálcio foram adicionados em um erlenmeyer de 150 mL, 5 mL
da amostra digerida, 10 mL de EDTA 0,04 mol/L e 15 mL de NaOH 0,5 mol/L, titulados com
solução de padrão de CaCO3 0,025mol/L usando o indicador Calcon, como indicador
químico, sendo o ponto final a mudança de coloração de azul para vermelho vinho
(BACCAN et al., 2001).
A quantificação da concentração de magnésio foi feita da adição em um erlenmeyer
de 150 mL de 5 mL da amostra digerida, 10 mL de EDTA 0,04 mol/L e 2 mL de solução
tampão pH=10, titulados com solução de padrão de MgCl2 0,025mol/L usando o indicador
48
negro de ericromo, como indicador químico, sendo o ponto final a mudança de coloração
de vermelho para arroxeado (BACCAN et al., 2001).
2.6.3 Sódio
A determinação de sódio foi realizada por eletrodo íon seletivo, utilizando o
equipamento LAQUAtwin – Horiba, calibrado com a solução de 150 mg/L (Standard solution
– model Y022L).
2.7 Análise estatística dos dados
As variáveis foram submetidas ao teste de normalidade Lilliefors e, para as variáveis
que apresentaram normalidade foram analisadas pelo teste t e para os que não
apresentaram normalidade foram analisadas pelo teste SNK (Student-Newman-Keuls).
Para comparação dos valores de EC50, foi realizada inicialmente uma curva de calibração
para cada repetição de cada tratamento para verificar o comportamento dos valores de
EC50. Após a obtenção dos valores, os mesmos foram analisados pelo teste de média SNK
(Student-Newman-Keuls). Os dados foram analisados com o auxílio do Software ASSISTAT
7.7.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os valores de AT e Ca não apresentaram diferença estatisticamente significativa
pelo teste t (p<0,05) e Aw pelo teste SNK (p<0,05). Para a polpa de beterraba cozida a
vapor o pH (6,32), Mg (2,73 mg/ 100g), Na (74,76 mg/100g) e compostos fenólicos (101 mg
GAE/100g) foram maiores em comparação com a polpa in natura. Não houve diferença
estatisticamente significativa para teores de cálcio.
Tabela 1: Valores médios ± desvio padrão das determinações físico-químicas da polpa in natura (PN) e cozida à vapor (PV)
Parâmetros CV (%) PN PV
AT (%acido cítrico) † 6,42 0,10±0,01a 0,10±0,01a
Aw 0,74 0,9847±0,02a 0,9813±0,00a
pH † 0,72 6,25±0,04b 6,32±0,04a
Ca (mg/100g) † 6,06 12,97±1,20a 13,14±1,64a
Mg (mg/100g) † 1,49 1,77±0,22b 2,73±0,40a
Na (mg/100g) 3,67 69,52±6,87b 74,76±5,32a
Compostos Fenólicos (mg GAE/100 g)
6,09 46,37±3,42b 101±5,74a
CV coeficiente de variação; Letras iguais na mesma linha não indicam diferença significativa (p<0,05)
pelo teste t † e teste Student-Newman-Keuls (SNK).
49
As variáveis AT, pH, Ca e Mg apresentaram diferença média significativa pelo teste
t (p<0,05) enquanto que Aw, Na e compostos fenólicos pelo teste SNK (p<0,05) (Tabela 2).
Para os valores de resíduos cozidos a AT (0,82 (%ácido cítrico), Mg (2,42 mg/100g), Na
(100,71 mg/100g) e CF (117,77 mg GAE/100 g) apresentaram maiores valores quando
submetidos ao cozimento a vapor quando comparados aos resíduos in natura, enquanto
que o Ca (15,33 mg/100g) e pH (6,83) e Aw (0,9817) foram maiores para o resíduo in natura.
Tabela 2: Valores médios ± desvio padrão das determinações físico-químicas do resíduo in natura (RN) e cozido à vapor (RV)
Parâmetros CV (%) RN RV
AT (%ácido cítrico) † 3,08 0,66±0,12b 0,82±0,08a
Aw 0,15 0,9914±0,00a 0,9881±0,00b
pH † 2,22 6,83±0,18a 6,17±0,06b
Ca (mg/100g) † 1,84 15,33±0,77a 14,32±0,77b
Mg (mg/100g) † 2,34 1,33±0,21b 2,42±0,53a
Na (mg/100g) 1,81 79,28±5,97b 100,71±3,96a
Compostos Fenólicos (mg GAE/100 g)
5,46 35,14±4,78b 117,77±4,93a
CV coeficiente de variação; Letras iguais na mesma linha não indicam diferença significativa (p<0,05)
pelo teste Student t † e teste Student-Newman-Keuls (SNK).
Em relação a comparação entres os valores médios das variáveis analisadas entre
os xaropes, a AT, Aw, Ca e Mg foram analisados pelo teste t (p<0,05) e pH Na e CF pelo
teste de SNK (p<0,05). Os valores médios de Aw e pH não apresentaram diferença
estatisticamente significativa (p<0,05) entre os tratamentos (Tabela 3). As variáveis
analisadas do xarope de polpa AT (0,12 %ácido cítrico), Mg (8,62 mg/100g) e Na (80,95
mg/100g) foram maiores quando comprados ao xarope de resíduos. Enquanto que Ca
(14,09 mg/100g) e CF (146,27 mg GAE/100g) foram maiores para xarope de resíduos.
Tabela 3: Valores médios ± desvio padrão das determinações físico-químicas do xarope elaborado com polpa (XP) e resíduo (XR) de beterraba
Parâmetros CV (%) Xarope Polpa Xarope Resíduo
AT (%ácido cítrico) † 5,49 0,12±0,01a 0,08±0,00b
Aw † 1,12 0,9081±0,01a 0,9102±0,01a
pH 2,61 6,55±0,14a 6,73±0,19a
Ca (mg/100g) † 2,57 5,67±0,26b 14,09±0,24a
Mg (mg/100g) † 3,93 8,62±0,91a 2,33±0,28b
Na (mg/100g) 1,58 80,95±4,36a 60,71±4,29b
Compostos Fenólicos (mg GAE/100 g)
1,69 115,47±3,23b 146,27±4,29a
CV: coeficiente de variação; Letras iguais na mesma linha não indicam diferença significativa
(p<0,05) pelo teste t † e teste Student-Newman-Keuls (SNK).
Produtos de origem vegetal, como a beterraba, possui elevada atividade de água,
sendo que ela interfere nas velocidades de crescimento microbiano e de outras reações
50
envolvida na deterioração dos alimentos, indicando o grau de perecibilidade dos mesmos
(FILHO et al., 2011).
Estudos relatam que o cozimento a vapor apresenta menores perdas dos nutrientes
(DAIUTO et al., 2015). Além disso, por ser uma cocção mais lenta e não haver contato
direto com a água pode ter evitado as perdas por lixiviação (ALVES et al., 2011). Scheibler
e colaboradores (2010) em estudo com quantificação de macronutrientes em vegetais
submetidos a diferentes métodos de cocção também obtiveram valores de sódio maior nos
diferentes métodos do que in natura. Ramos e colaboradores (2007) também determinaram
maiores valores de magnésio na beterraba ao passar pelo processo de cocção a vapor
quando comparado a in natura e, quanto ao teor de cálcio também não tiveram diferença.
Em relação aos xaropes, maiores quantidades de compostos fenólicos foram
determinadas para o que contém resíduos, sendo que a matéria prima pode ter
influenciado, por apresentar maiores quantidades de fenólicos do que a polpa.
Machado, Pereira e Marcon (2013) em seu estudo sobre o efeito do processamento
e armazenamento em compostos fenólicos presentes em frutas e hortaliças relataram que
o aumento da temperatura auxilia na extração dos pigmentos e também na transferência
da casca para polpa, se for o caso. Além disso, eles afirmaram que com o aumento da
temperatura a 100°C e o maior tempo de exposição observou-se maior concentração de
fenólicos, sendo que esse aumento auxilia na inativação das enzimas que degradam os
compostos fenólicos, preservando-os.
Da mesma forma que os compostos fenólicos, a atividade antioxidante medida
através do método DPPH, mostrou-se melhor com os extratos das matérias primas
submetidos ao tratamento térmico conforme demonstrado na Tabela 4, apresentando
diferença estatisticamente significativa (p<0,05) para todos os parâmetros, assim como o
do xarope de resíduos.
Tabela 4: Valores de EC50 expressos em mg/mL dos tratamentos analisados
Tratamentos/médias±desvio padrão (EC50 mg/mL)
PN 62,05a
PV 17,69b
RN 21,29a RV 8,38b
XP 32,71a
XR 25,20b
PN: polpa in natura; PV: polpa cozida à vapor; RN: resíduo in natura; RV: resíduo cozido à vapor; XP: Xarolpe da polpa; XR: Xarope do resíduo. Letras diferentes na mesma coluna indicam diferença significativa (p<0,05) pelo teste SNK - Student-Newman-Keuls.
51
Estudos apontam que maiores valores de atividade antioxidante estão relacionados
com a quantidade de compostos fenólicos presentes na matéria prima analisada (ABE, et
al., 2007). Com isso, observa-se neste trabalho que os valores da polpa e dos resíduos da
beterraba cozidos a vapor tiveram maiores quantidades de compostos fenólicos e
consequentemente melhor atividade antioxidante observados pelos menores valores de
EC50. O mesmo observa-se com o xarope de resíduos em relação ao xarope de polpa.
Raupp et al. (2011) avaliaram o efeito do processamento no potencial antioxidante
e conteúdo de fenólicos totais de beterraba (Beta vulgaris L.) e determinaram que submeter
a beterraba ao processo de secagem à 100°C por 5 a 6 horas resultaram em valores mais
altos na atividade antioxidante.
Os parâmetros L* e ∆E* de todos os tratamentos apresentaram normalidades, assim
como a* e C* para polpa e h* para o resíduo e o xarope. Em relação a polpa, o índice de
luminosidade L* e o ∆E não tiveram diferença estatisticamente significativa em 5% de
probabilidade. O mesmo ocorreu com o índice C* e h* para o resíduo.
Tabela 5: Valores médios da cor da polpa e resíduo de beterraba in natura, cozida à vapor e em forma de xarope
Tratamentos L* a* b* ∆𝐸∗ C* h*
PN 25,46a 5,62b -0,55b 26,10a 5,64b -0,1b
PV 22,94a 8,55a 0,80a 24,53a 8,59a 0,09a
RN 23,50b 1,84b 1,31b 23,61b 1,13a 0,62a
RV 26,35a 6,65a 4,50a 27,59a 2,59a 0,61a
XP 28,86a 2,28a -0,53a 28,96b 2,28b -0,25a
XR 26,50a 1,20b -0,53a 26,54a 8,07a -0,40b
PN: polpa in natura; PV: polpa cozida à vapor; RN: resíduo in natura; RV: resíduo cozido à vapor; XP: Xarope da polpa; XR: Xarope do resíduo. Letras iguais na mesma coluna não indicam diferença significativa (p<0,05) pelo teste Student t e SNK - Student-Newman-Keuls.
A coordenada L* refere-se à claridade do produto que vai de 0 (totalmente escura) a
100 (totalmente claro), desta forma, os valores variam de 23,50 a 26,35 para os resíduos in
natura e cozidos a vapor, respectivamente. Em relação ao índice de saturação C*, percebe-
se que o tratamento fez com que as amostras tivessem coloração mais intensa. Herbach,
Stintzing e Carle (2004) em seu estudo sobre o impacto do tratamento térmico na cor do
pigmento da beterraba que os valores de C* aumentou após o aquecimento.
A coordenada a*, referente a cor vermelha (+) teve maiores valores quando submetidos
ao processo de cocção à vapor para ambas as partes estudadas e quando se comparam
os xaropes. Os valores de a* são maiores que b*, devido a presença das betaninas que
representa a cor vermelha em 75 a 95% (CUCHINSKI; CAETANO; DRAGUNSKI, 2010).
52
Conforme Azeredo (2009) durante o processamento térmico, a betanina pode ser
degradada por isomerização, descarboxilação ou clivagem, resultando numa redução da
cor vermelha no aparecimento de um castanho claro, e ainda, a desidrogenação da
betanina leva a formação da neobetanina, provocando um deslocamento para o amarelo.
Este fato pode explicar a diferença significativa entre o parâmetro b* nos tratamentos que
receberam tratamento térmico.
Para Ramos e Gomide (2007) o ∆E*, que é a representação da diferença de percepção
de cor entre as amostras, deve apresentar uma variação de 0,5 a 1,5 para que não haja
diferença perceptível a olho nu. Comparando a polpa in natura e cozida à vapor, resíduo
nas mesmas condições e xarope da polpa com o xarope de resíduo obtém-se valores de
∆E* 1,57, 3,98 e 2,42 respectivamente, o que acarreta a diferença de cor na percepção
visual dos tratamentos.
4. CONCLUSÃO
O cozimento a vapor em que a polpa e o resíduo foram submetidos possibilitou a
liberação de alguns compostos melhorando a quantidade de compostos fenólicos e
atividade antioxidante da polpa e dos resíduos de beterraba analisados.
O xarope de resíduo, apresentou-se melhor do que a polpa de beterraba em relação
a atividade antioxidante, compostos fenólicos e teor de Ca. O xarope de beterraba tanto da
polpa quanto do resíduo, surge como uma possibilidade de novo produto para ser
consumido juntamente com outros produtos como iogurte, pães, sorvetes e outros.
A utilização das partes não convencionais da beterraba surge como possibilidade
de agregar valores a outros produtos, pois apresentam grande potencial antioxidante e boa
composição mineral. Além disso, essa utilização dos resíduos surge como oportunidade de
desenvolver um sistema de gestão ambiental para lidar com o excesso de resíduos
agrícolas e gerar novas oportunidades para produtores rurais e fabricantes e agregando
valores ao produto final.
5. Agradecimentos
À Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior – CAPES, pela
concessão da bolsa de estudos (DS/Capes, PIBITI e PRODOC), ao Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo financiamento do projeto (Processo
467612/2014-5) e ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso
(IFMT) pelo apoio na estrutura e financiamento deste estudo.
53
REFERÊNCIAS
ABE, L. T. et al. Compostos fenólicos e capacidade antioxidante de cultivares de uvas Vitis labrusca L. e Vitis vinifera L. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v.27, n.2, p. 394-400, 2007. AIRES, CARVALHO, R. SAAVEDRA, M. J. Reuse potential of vegetable wastes (broccoli, green bean andtomato) for the recovery of antioxidant phenolic acids and flavonoids. International Journal of Food Science and Technology, v.52, n.1, p. 98–107, 2017. ALVES, N. E. G. et al. T. Efeito dos diferentes métodos de cocção sobre os teores de nutrientes em brócolis (Brassica oleracea L. var. italica). Revista Instituto Adolfo Lutz, v. 70, n.4, p. 507-13, 2011. AOAC. Association of official analytical chemists. Official methods of analysis – AOAC International. 19th ed. Maryland, USA, 2012. AZEREDO, H. M. C. Betalains: properties, sources, applications, and stability – a review. International Journal of Food Science and Technology, v. 44, n. 12, p, 2365–2376, 2009. BACCAN, N. et al. Química Analítica Quantitativa Elementar. Campinas: Edgard Blucher Ltda. 2001. BRAND-WILLIAMS, W. et al. Use of free radical method to evaluate antioxidant activity. Lebensm Wiss Technology, v. 28, p. 25-30, 1995 CAMPOS, F. M. et al. Estabilidade de compostos antioxidantes em hortaliças processadas: uma revisão. Alimentos e Nutrição, v. 19, n.4, p. 481-490, 2008. CUCHINSKI, A.S; CAETANO, J; DRAGUNSKI, D.C. Extração do corante da beterraba (Beta vulgaris) para utilização como indicador ácido-base. Eclética química, v.35, n.4, p. 17-23, 2010. DAIUTO, E. R; et al. Estabilidade dos minerais em hortaliças submetidas a diferentes métodos de cozimento. Nativa, v. 3, n.2, p. 102-108, 2015. FALLER, A. L. K; FIALHO, E. Disponibilidade de polifenóis em frutas e hortaliças consumidas no Brasil. Revista Saúde Pública, v. 43, n.2, p. 211-8, 2009. HERBACH, K. M; STINTZING, F. C; CARLE, R. Impact of thermal treatment on color and pigment pattern of red beet (Beta vulgaris L.) preparations. Journal of Food Science, v. 69, n.6, p. 491 – 498, 2004. KAMMERER, D.R; et al. Recovery of polyphenols from the by-products of plant food pro-cessing and application as valuable food ingredients. Food Research International, v.65, Part A, p. 2–12, 2014. LEE, W. Z. et al. Influence of different extraction conditions on antioxidant properties of soursop peel. Acta Scientiarum Polonorum Technologia Alimentaria, v.15, n.4, p. 419–428, 2016.
54
MACHADO, W. M; PEREIRA, A. D; MARCON, M. V. Efeito do processamento e armazenamento em compostos fenólicos presentes em frutas e hortaliças. Publicatio UFPG: Ciências Exatas e da Terra, Ciência Agrária e Engenharias, v.19, n.1, p. 17-30, 2013. MIKOŁAJCZYK-BATOR, K; PAWLAK, S. The effect of thermal treatment on antioxidant capacity and pigment contents in separated betalain fractions. Acta Scientiarum Polonorum Technologia Alimentaria, v. 15, n.3, p. 257–265, 2016. ODŽAKOVIĆ, B; et al. Effect of roasting degree on the antioxidant activity of different arabica coffee quality classes. Acta Scientiarum Polonorum Technologia Alimentaria, v. 15, n.4, p. 409–417, 2016. RAMOS, E.M.; GOMIDE, L.A.M. Avaliação da qualidade de carnes: fundamentos e metodologias. Viçosa: UFV, 2007. 599p. RAUPP et al. Effect of processing on antioxidant potential and total phenolics content in beet (Beta vulgaris L.). Ciência e Tecnologia de Alimentos, v.31, n.3, p. 688-693, 2011. RUFINO, M. do S. M. et al. Bioactive compounds and antioxidant capacities of 18 non-traditional tropical fruits from Brazil. Food Chemistry, v.121, n.4, p. 996-1.002, 2010. SANTOS, A. O. Produção de olerícolas (alface, beterraba e cenoura) sob manejo orgânico nos sistemas mandalla e convencional. Dissertação (Mestre em Agronomia) – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Vitória da Conquista - Bahia, 2010. SCHEIBLER, J. et al. Quantificação de micronutrientes em vegetais submetidos a diferentes métodos de cocção para doente renal crônico. ConScientiae Saúde, v. 9, n.4, p.549-555, 2010 SILVA, E. B; SILVA, E. S. Aproveitamento integral de alimentos: avaliação sensorial de bolos com coprodutos de abóbora (Cucurbita moschata, L.). Revista Verde, v. 7, n.5, p. 121 - 131, 2012. SILVA, A. O; SILVA, E. F. F; KLAR, A. E. Eficiência de uso da água em cultivares de beterraba submetidas a diferentes tensões da água no solo. Water Resources and Irrigation Management, v.2, n.1, p. 27-36, 2013. SLUPSKI, J. Effect of freezing and canning on the content of vitamin c in immature seeds of five cultivars of common bean (phaseolus vulgaris l.). Acta Scientiarum Polonorum Technologia Alimentaria, v.10, n.2, 197-208, 2011. SOUZA, P. D. J. et al. Análise sensorial e nutricional de torta salgada elaborada através do aproveitamento alternativo de talos e cascas de hortaliças. Nutrição, v. 18, n.1, p. 55-60, 2007. ZANATTA, C.L; SCHLABITZ, C; ETHUR, E.M. Avaliação físico-química e microbiológica de farinhas obtidas a partir de vegetais não conformes à comercialização. Alimentos e Nutrição, v. 21, n.3, p. 459-468, 2010.
55
CAPÍTULO 3: ARTIGO CIENTÍFICO
56
INFLUÊNCIA DO ARMAZENAMENTO NAS CARACTERÍSTICAS FÍSICO-
QUÍMICA DE IOGURTE ADICIONADO COM XAROPE DE RESÍDUOS E DE
POLPA DE BETERRABA
Lizandra Carla Pereira de Oliveira1*
Ananda Karla Nascimento Farias2
Tábata Baldus2
Edgar Nascimento2
Nágela Farias Magave Picanço1
Rozilaine Aparecida Pelegrine Gomes de Faria1
__________________________________________________________________________________________________________
1 Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso Campus Cuiabá-Bela Vista, Av. Juliano da
Costa Marques, s/n. Bairro Bela Vista. CEP 78050-560, Cuiabá, Mato Grosso, Brasil. email:
[email protected]* 2Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso, Av. Juliano da Costa
Marques, s/n. Bairro Bela Vista. CEP 78050-560, Cuiabá, Mato Grosso, Brasil. _____________________________________________________________________________
RESUMO: A beterraba destaca-se por seus teores de minerais e vitaminas e apesar das suas
folhas possuírem propriedades benéficas a saúde, são pouco consumidas. A adição de
vegetal, como a beterraba no iogurte proporciona melhores nutrientes e benefícios à saúde.
Este trabalho teve como objetivo analisar a influência do armazenamento na qualidade físico-
química do iogurte concentrado. Foram avaliados a atividade antioxidante radicalar (AA)
pelo método DPPH, oxidação lipídica pelo teste TBARS, cor (a* e b*), acidez titulável (AT),
pH e atividade de água (Aw) durante 28 dias em intervalos de 14 dias, além da composição
centesimal e mineral dos iogurtes. Foi analisada a correlação entre as variáveis e aquelas que
apresentaram significância pelo teste F da ANOVA, foi efetuado a Regressão Linear para
obtenção da equação que explicasse melhor o modelo. Observou-se forte correlação de
Pearson (r > 0,90) entre a AT x TBARS, a* x b*, AA x pH e AA x Aw para o iogurte
adicionado de polpa de beterraba (p<0,05). Para o iogurte adicionado de xarope de resíduos
de beterraba apenas TBARS x Aw teve significância. Os iogurtes mostraram uma excelente
fonte de cálcio e potássio e as características físico-químicas dentro do exigido pelo PIQ de
Leites Fermentados. Com base nos resultados obtidos, o iogurte adicionado com xarope de
polpa e xarope de resíduos de beterraba tiveram ótimas correlações entre os parâmetros
físico-químicos analisados durante os dias de armazenamento, podendo ser uma excelente
opção para o mercado consumidor, visto que possuem apenas conservantes naturais.
Palavras-chave: Correlação; minerais; Beta vulgaris L.; xarope.
ABSTRACT: Beetroot stands out because of its contents of minerals and vitamins and,
although its leaves have beneficial health properties, they are little consumed. Addition of
vegetable, such as beetroots, in yogurt provides better nutrients and health benefits. This
work had the aim to analyze the influence of storage on the physico-chemical quality of
concentrated yogurt. For a period of 28 days at 14 days intervals, the properties evaluated
were radical scavenging activity DPPH, lipidic oxidation by the TBARS test, color, titratable
acidity (AT), pH and water activity (Aw), as well as the proximate and mineral composition
of the yoghurts. The correlation between the variables and those that presented significance
57
were analyzed by the ANOVA F test. Linear Regression was performed to obtain the
equation that better explained the model. It was observed a strong correlation of Pearson (r>
0,90) between AT x TBARS, a * x b *, AA x pH and AA x Aw for the yogurt added with
beetroot pulp (p <0.05). For the yogurt added with beetroot residue syrup, only TBARS x
Aw had significance. The yogurts showed to be an excellent source of calcium and potassium
and the physico-chemical characteristics within the required parameters by the PIQ of
Fermented Milks. Based on the results obtained, the yogurt added with beetroot pulp syrup
and beetroot residue syrup had excellent correlations between the physico-chemical
parameters analyzed during the storage days and could be an excellent option for the
consumer market, since they have only natural preservatives.
Index Terms: Correlation, minerals, Beta vulgaris L., syrup.
1. INTRODUÇÃO
Segundo Melo e Faria (2014) a maior parte dos alimentos consumido no Brasil
provem de origem vegetal, sendo que 10% são consumidos in natura e os outros 10%
constituído por talos, folhas e cascas são descartados, apresentando um desperdício de
milhões de toneladas. Devido a isso, o aproveitamento de alimentos surge como uma
alternativa para acabar ou diminuir o grande desperdício dessas partes não convencionais,
além de colaborar com a economia e estimular novos hábitos alimentares.
Novaes et al. (2015) relatam que estes resíduos provenientes de frutas e hortaliças,
podem contribuir como fonte alternativa de nutrientes e serem utilizados como ingredientes
de produtos já existentes ou para desenvolvimento de novos produtos. Além disso, estes
vegetais possuem atividade antioxidante que podem atuar como agentes redutores,
sequestradores de radicais livres, inibidores de enzimas e como quelantes de metais e a
maioria de seus efeitos biológicos estão relacionados à atividade antioxidante (Vedana et al.,
2008).
A beterraba (Beta vulgaris L.) é uma das principais hortaliças cultivadas no Brasil,
chegando a ocupar a 13° posição, em termos de valor econômico. Este vegetal destaca-se
pelos teores de sais minerais e vitaminas A, B1, B2 e C. Além disso, as folhas das beterrabas
58
possuem propriedades benéficas e são tão ricas quanto a raiz em minerais e vitaminas, porém
é pouco consumida na alimentação humana (Silva et al., 2011; Linhares et al., 2012).
A betalaína é o pigmento responsável pela coloração vermelho-arroxeada da
beterraba e que confere a cor atraente aos produtos, visto que a cor é o primeiro contato que
o consumidor tem com o alimento, ou seja, é onde o marketing do produto começa (Granjeiro
et al., 2007). Ela surge como uma alternativa natural e segura para substituir os corantes
sintéticos utilizados hoje em dia e não há nenhuma limitação para ingestão diária
recomendada (Neagu e Barbu, 2014). Bandyopadhyay, Chakraborty e Raychaudhuri (2008)
concluíram que a beterraba tem boas atividades antioxidantes, e que pode ser comparada aos
antioxidantes sintéticos como TBHQ e a combinação de BHT e BHA.
O iogurte é um produto lácteo obtido pela fermentação comumente de duas espécies
de bactérias lácticas: Lactobacillus delbruechii subsp. Bulgaricus e Streptococos salivarius
subsp. Thermophilus. Estas bactérias são consideradas como ácido lácticas e possuem vários
efeitos benéficos como atividade antimicrobiana e antioxidante que podem inibir a oxidação.
O consumo do iogurte vem intensificando a cada ano, pois promove vários efeitos benéficos
à saúde como a capacidade de restabelecer a flora intestinal do aparelho digestivo,
proporciona melhor digestibilidade que o leite e rico em ácido láctico que ativa o
metabolismo. (Hanifah, Arief e Budiman, 2016; Virtanen et al., 2008).
Com isso, a oferta de diversos produtos lácteos no mercado consumidor é necessária
e está aumentando a cada dia. Dentre eles, destaca-se o iogurte concentrado, resultado da
dessoragem do iogurte batido tradicional. O processo de dessoragem torna-o mais consistente
e cremoso, com teor de sólidos, proteína e gordura superior ao tradicional (Silva et al., 2012).
A adição de polpa e/ou xarope de frutas e vegetais no iogurte não só melhoram as
características sensoriais e organoléptica do produto como também o torna mais nutritivo e
59
benéfico à saúde. Diante disso, o objetivo neste estudo foi avaliar a influência do
armazenamento na qualidade físico-química do iogurte concentrado.
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1 Elaboração do xarope e do iogurte
As beterrabas obtidas na cidade de Chapada dos Guimarães – MT (15°27’39’’S,
55°45’0’’W) foram obtidas em feira local de Cuiabá – MT (15°35’46’’ S, 56°05’49’’ W).
Para o controle da qualidade do produto, as beterrabas foram sanitizadas e separadas em duas
partes: aérea (talos e folhas) e a polpa com casca. Para elaboração do xarope utilizou-se a
mistura em massa de 50% da matéria prima (m:m), 50% de sacarose (m:m) e 5% de água
potável (m:v).
O iogurte concentrado foi preparado com leite UHT integral, 1,5% (m:v) de leite em
pó (integral) para aumentar o teor de sólidos totais e 8% (m:v) de sacarose. A mistura foi
levada a tratamento térmico a 92ºC por 5 minutos e, em seguida resfriada até 35ºC para adição
de 0,2% (v:v) de fermento láctico liofilizado, composto por duas linhagens de bactérias
lácticas superconcentradas – L. bulgaricus e S. thermophilus da Chr. Hansen, adquirido pela
Global Foods (Goiânia e Cultura Probiótica: Bio Rich®). Os iogurtes foram incubados a
42ºC até atingir pH entre 4,4 - 4,6. Após refrigerados, os iogurtes passaram pelo processo de
dessoragem por 24 horas em B.O.D à 4°C até o momento das análises.
2.2 Caracterização físico-química do iogurte
Após elaboração de iogurte com concentrações de xarope de polpa entre 5, 10, 15 e
20% e xarope dos resíduos nas mesmas proporções, verificou-se que os iogurtes com 5% de
xarope de polpa de beterraba e de 15% de xarope de resíduo apresentavam melhor
aceitabilidade entre os 100 provadores aleatoriamente escolhidos. Para a caracterização do
60
iogurte foram desenvolvidos os iogurtes com 5% de xarope de polpa de beterraba e 15% de
xarope de resíduo.
As variáveis atividade antioxidante radicalar pelo método DPPH, oxidação lipídica
pelo teste reativo ao ácido tiobarbitúrico (TBARS), cor, acidez titulável total, pH e atividade
de água. foram analisadas a cada 14 dias durante 28 dias, nos tempos zero, 14 e 28, além da
composição centesimal e mineral no final do período do armazenamento.
2.2.1 Atividade Antioxidante radicalar (AA) pelo método DPPH
A avaliação da atividade antioxidante radicalar pelo sequestro de radicais 2,2-difenil-
1-picril-hidrazila (DPPH) foi realizada de acordo com metodologia proposta por Behrad et
al. (2009) com modificações. Dez gramas de iogurte foram misturadas com 10 mL de água
destilada (1:1, m:v), centrifugada a 7000 rpm por 40 min. Ao extrato (250µL) foi adicionado
a 3mL de 60µM DPPH (Sigma - Aldrich, Germany) em etanol e a absorbância foi lida em
comprimento de onda de 517nm em um espectrofotômetro UV – VIS 1800, Shimadzu). A
porcentagem de inibição de DPPH foi calculada usando a Equação 1 (Mensor et al., 2001),
descrita abaixo:
AA% = 100 – {[(AbsA – AbsB) * 100] / AbsC} Eq. 1
Onde AbsA é a absorbância da amostra em solução, AbsB é a absorbância do etanol e AbsC é
a absorbância da solução de DPPH.
2.2.2 Oxidação lipídica (TABRS)
O teste reativo ao ácido 2-tiobarbitúrico (TBARS) foi utilizado para medir o nível de
oxidação, de acordo com a metodologia proposta por Rosmini et al. (1996), adaptado por
Silvestre et al. (2012). A absorbância foi lida a 532nm, usando um espectrofotômetro UV –
VIS 1800, Shimadzu Spectrophotometer, e a concentração de malonaldeído (MDA) foi
61
quantificado utilizando uma curva analítica, onde a constante K utilizada para expressar os
resultados em mg de MDA/Kg da amostra, foi calculada de acordo com Tarladgis (1960).
2.2.3 Atividade de água (Aw), pH e acidez titulável em ácido lático
A determinação da atividade de água foi realizada utilizando o equipamento AquaLab
4TE 02, conforme a AOAC (2012) método 978.18.
As medidas de pH das amostras foram feitas por potenciometria direta utilizando
potenciômetro digital (HANNA instruments, modelo HI 2221) de acordo com AOAC (2012),
método 943.71, e a acidez titulável foi determinada por titulometria, em termos de ácido
láctico, pelo método 937.05.
2.2.4 Cor
A determinação da cor na escala L*, a* e b* do sistema CIELab, foi medida pelo
aparelho colorimétrico Minolta CM-700D calibrado para um padrão branco, em três pontos
distintos da amostra com três medições cada. O valor de L* determina a posição do ponto
sobre o eixo vertical de luminosidade; o valor a* é do ponto sobre o eixo a* (-) verde (+)
vermelho e o valor de b*, do ponto correspondente sobre o eixo, (-) azul (+) amarelo (Ramos
e Gomide, 2007). A determinação ocorreu em três pontos diferentes, com três medições em
cada amostra e as médias foram utilizadas para análise estatística.
2.3 Minerais
2.3.1 Cálcio e Magnésio
Para determinação do teor de cálcio, foram adicionados em um erlenmeyer de 150
mL, 5 mL do iogurte, 10 mL de EDTA 0,04 mol/L e 15 mL de NaOH 0,5 mol/L, titulados
com solução de padrão de CaCO3 0,025mol/L usando o indicador Calcon e a parte final foi
visualizada por meio da mudança de coloração de azul para rósea.
62
O teor de magnésio foi quantificado por meio da adição de 5 mL da amostra, 10 mL
de EDTA 0,04 mol/L e 2 mL de solução tampão pH 10, titulados com solução de padrão de
MgCl2 0,025mol/L usando o indicador negro de Ericromo, no qual o ponto final foi indicado
pela mudança de cor azul para roxo (BACCAN et al., 2001).
2.3.2 Decomposição da amostra por via úmida
Para digestão da amostra pesou-se 1 g para análise de potássio e 6 g para ferro. As
amostras foram levadas para calcinar em forno mufla por aquecimento em rampa em
intervalos de 30 minutos aumentando de 50 em 50°C até 450°C. Quando as amostras
apresentaram coloração cinzas brancas ou claras, foram retiradas e levadas ao dessecador até
arrefecimento. Após pesagem, foram levadas a chapa elétrica à temperatura de
aproximadamente 300°C e adicionados 0,5 mL de ácidro nítrico PA (65%) e 0,5 mL de ácido
clorídrico PA (37%). Posteriormente, os resíduos foram dissolvidos e transferidos para um
balão volumétrico de 100 mL com auxílio de água destilada deionizada até aferição do
menisco (IAL, 2008).
2.3.2.1 Ferro
Em um balão de 50 mL foram adicionados, 20 mL da amostra digerida, 2,0 mL de
solução de cloridrato de hidroxilamina (0,7 mol/L), 10,0 mL de 1,10 fenantrolina (5,0 x 10-3
mol/L) e 10,0 mL de acetato de sódio e, posteriormente completado o volume do balão
volumétrico com água destilada até o menisco. Após 15 minutos para reação, as amostras
foram lidas usando um espectrofotômetro Spectrum – VIS Spectrophotometer Meter (SP –
1105). Para obtenção dos dados utilizou-se a curva analítica construída com sulfato ferroso
amoniacal nas concentrações de 0,1; 0,2; 0,4; 0,6; 0,8 e 1,0 mol/L (R2= 0,9974 r= 0,9989).
Metodologia seguida conforme a AOAC (2012), método 956.01.
63
𝑦 = 0,172𝑥 − 0,0072 Eq. (2)
Onde:
y: Absorbância do sulfato ferroso amoniacal
x: Concentração de ferro
2.3.2.2 Potássio
O padrão analítico foi preparado a partir da solução estoque de 1000 mg-1 de cloreto
de potássio (KCL). Para as leituras das amostras utilizou-se o fotômetro de chama da marca
Digmed, modelo DM-62, com taxa de aspiração de 1,9 mL.min-1 e a repetitividade em um
desvio padrão de 0,04 e, posteriormente construída a curva analítica nas concentrações de 0
– 20 mg.L-1 de K. Após a construção da curva analítica (R2 = 0,9989 r = 0,9994) (Eq.3), as
amostras digeridas foram diluídas em 1:3 (v:v), devido a concentração estar fora do nível de
leitura. A metodologia foi realizada conforme a AOAC (2012), método 956.01.
𝑦 = 1,111𝑥 + 0,5607 Eq. (3)
Onde:
y: Absorbância do KCl (Cloreto de Potássio)
x: Concentração de KCl
2.3.2.3 Sódio
A determinação de sódio foi feita pela técnica de eletrodo íons seletivos, utilizando o
equipamento LAQUAtwin – Horiba, calibrado com a solução de 150 mg/L (Standard
solution – model Y022L).
2.4 Composição centesimal do iogurte
Foi realizada a análise de composição centesimal do iogurte elaborado com 5% de
xarope de polpa e 15% de xarope de resíduo de beterraba. O teor de umidade foi determinado
pelo método gravimétrico nº 950.46, proteína por determinação de nitrogênio total realizada
pelo método de Kjeldahl (método 928.08), utilizando o fator de conversão de nitrogênio em
proteína de 6,38 e cinzas por incineração em mulfla a 550ºC (método 920.153) (AOAC,
64
2012). A determinação de gordura seguiu o método de Gerber 322/IV e o teor de glicídios
redutores em lactose e não redutores em sacarose foi determinado pelos métodos 432/IV e
489/IV respectivamente, ambos pelo Instituto Adolfo Lutz (2008). Todas as análises foram
realizadas em triplicata.
2.5 Análise estatística dos dados
As variáveis foram submetidas ao teste de normalidade de Shapiro Wilks que indicou
o coeficiente de Pearson (r) como parâmetro de construção da matriz de correlação. Os
valores de r encontrados foram comparados e optou-se em trabalhar somente as variáveis
onde os módulos de r foram superiores a 0,50 para modelar a equação de regressão,
classificando a correlação em perfeita (r=1), forte (r>0,75), moderada (r>0,5), fraca (r<0,5) e
inexistente (r=0) (NOGUEIRA et al., 2010). Foi analisada a correlação entre as variáveis e
aquelas que apresentaram significância pelo teste F da ANOVA construiu-se o modelo geral
y = a + bt. Assim por teste de hipóteses formulou-se a hipótese nula h0: a = b = 0 (onde os
coeficientes da equação não apresentam diferenças significativas) e hipótese alternativa h1:
a ≠ b ≠ 0 (onde os coeficientes da equação apresentam diferenças significativas). Também
foi observado o p-valor dos coeficientes para garantir um modelo adequado e considerado
p<0,05. Utilizou-se o software R 3.3.1 para análise dos dados.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após teste de normalidade observou-se valores de r > 0,50 para a correlação entre AA
x Aw, AA x pH, AT x TBARS, TBARS x tempo e parâmetros de cor a* x b*, para o iogurte
com adição de xarope de polpa. O iogurte com adição de xarope de resíduo apresentou forte
correlação (r > 0,75) para AA x Aw, correlação moderada para TBARS x Aw e fraca
65
correlação para os parâmetros de cor a*x b*. As correlações que apresentaram valores
positivo foram diretamente proporcionais enquanto que os valores negativos apresentaram
correlação inversamente proporcional (Tabela 1).
Tabela 1: Correlação de Pearson (r) entre as variáveis analisadas nos iogurtes com xarope
de polpa e xarope de resíduo de beterraba Variáveis R Variáveis r
Iogurte com polpa
de beterraba
Coeficiente de
correlação
Iogurte com resíduo
de beterraba
Coeficiente de
correlação
AA x Aw -0,67 AA x Aw 0,83
AA x pH 0,75 Aw x TBARS -0,70
AT x TBARS 0,92 AT x TBARS 0,52
a* x b* -0,84 a* x b* -0,18
AA: atividade antioxidante; AT: acidez titulável em ácido lático; Aw: atividade de água; a* (+vermelho);
b* (amarelo);
Os coeficientes da equação de regressão linear que apresentaram significância
(p<0,05†) estão descritos na Tabela 2, em que pode observar a relação entre os parâmetros
que apresentaram de fraca a forte correlação de Pearson e a significância da equação que
representa o modelo.
Tabela 2: Equação de regressão linear obtida a partir da matriz de correlação de Pearson (r)
dos iogurtes com xarope de polpa e xarope de resíduo Variáveis Variáveis
Iogurte PB
Equação de regressão
Iogurte RB
Equação de regressão
Aw x AA Aw = 0,98-0,0001AA† Aw x AA Aw = 0,96+0,0002AA†
pH x AA pH = 4,15+0,003AA† Aw x TBARS Aw = 0,98-0,01TBARS†
AT x TBARS AT= 0,92 + 0,32TBARS† AT x TBARS AT = 0,95+0,19TBARS†
a*x b* a*= 16,26-0,88b*† a* x b* a* = 4,09+0,13b*
PB: Iogurte adicionado de xarope de polpa de beterraba; RB: Iogurte adicionado de xarope de resíduos de
beterraba AA: atividade antioxidante radicalar; AT: acidez titulável em ácido lático; Aw: atividade de água;
T: Tempo; a* (vermelho); b* (amarelo); significância do coeficiente da equação a p<0,05†
Através da Figura 1 e 2, observa-se que quanto maior a atividade de água menor é a
atividade antioxidante radicalar do iogurte com xarope de polpa de beterraba e do xarope de
resíduos de beterraba. O iogurte é um produto com alta atividade de água, o que afeta o tempo
de armazenamento. A alta atividade de água interferiu diretamente a atividade antioxidante
radicalar do produto.
66
Figura 1: Relação entre a atividade de água e a atividade antioxidante
radicalar do iogurte adicionado de xarope de polpa de beterraba
durante o período de armazenamento
Figura 2: Relação entre a atividade de água e a atividade antioxidante
radicalar do iogurte adicionado de xarope de resíduos de beterraba
durante o período de armazenamento
Para Pitalua et al. (2010) a atividade de água é um dos fatores que mais influenciam
na segurança e estabilidade do alimento e, juntamente com a temperatura, controla os
processos físico-químicos. A adsorção de água pode levar mudanças nas propriedades
antioxidantes que podem afetar a qualidade e a estabilidade dos produtos alimentares.
Estudos de atividade antioxidante com frutas demonstraram que diminuindo a atividade da
água a atividade antioxidante radicalar foi diretamente afetada (Patthamakanokporn et al.,
2008; Damiani et al., 2013).
67
Segundo Afify et al. (2012) as bactérias ácido-lácticas são responsáveis pela
fermentação do leite em iogurte que podem reduzir o risco de câncer e o envelhecimento
precoce, regular o equilíbrio da flora intestinal, atuar como antioxidante e inibir a oxidação.
Durante os dias de armazenamento observou-se um declínio na atividade antioxidante
variando de 40,82 a 28,66 (%) para o iogurte com xarope de polpa de beterraba e entre 74,15
a 49,93 (%) para o iogurte adicionado com xarope de resíduo de beterraba. Yildiz e Eyduran
(2009) afirmam em seu estudo que essa diminuição está atribuída à crescente degradação dos
compostos fenólicos com atividade antioxidante. Por isso, é indicado o consumo do iogurte
após o 7 dia de fabricação para ter benefícios de alto conteúdo de bactérias vivas e altas
atividades antioxidante para efeito produtor cardiovascular.
Valores de pH também interferem na atividade antioxidante radicalar (Figura 3). A
interação entre os íons de hidrogênio com o radical gerado poderia ocasionar a descoloração
interferindo na leitura da atividade antioxidante (Damiani et al., 2013).
Figura 3: Relação entre pH e a atividade antioxidante radicalar do iogurte
adicionado de xarope de polpa de beterraba
O pH é a medida da concentração de H+ contribuída pela produção de ácidos
orgânicos por bactérias ácido-láticas. Quando os teores de ácido lático aumentam, os níveis
de pH correspondente diminuem durante a fermentação. Nessas condições, a atividade
68
proteolítica produz aminoácidos e pequenos peptídeos que estimulam o crescimento do S.
termophilus (Amirdivani e Baba, 2011). Conforme Farvin et al. (2010) as frações de iogurte
contem peptídeos e/ou proteínas com resíduos de aminoácidos que podem atuar como
doadores de elétrons e reagem com radicais livres para converter em produtos estáveis.
Subsequente, outros péptidos, derivados de caseínas e outras fontes de proteína, mostraram
atividade de eliminação de radical DPPH.
A betalaína é o pigmento responsável pela coloração característica da beterraba. Ela
está sendo utilizada na indústria de alimentos como uma alternativa natural e segura para os
corantes sintéticos usados hoje em dia (Neagu e Barbu, 2014). Além disso, a betalaína possui
ótima atividade antioxidante e com pH na faixa entre 4 e 5 são estáveis, colaborando com
essa atividade (Cuchinski, Caetano e Dragunski, 2010).
Os valores de pH do estudo de Santillán-Urquiza, Méndez-Rojas e Véles-Ruiz (2017)
sobre fortificação de minerais em iogurte, assim como este trabalho tiveram uma tendência
em diminuir nos 28 dias de armazenamento, sendo que para iogurte adicionado com xarope
de polpa de beterraba o pH variou entre 4,33-4,21 enquanto que o iogurte adicionado com
xarope de resíduos variou entre 4,33-4,17.
A acidez titulável interferiu diretamente na formação de malonaldeído, medidos pelo
método TBARS. Quanto maior a liberação do ácido lático pelas bactérias lácticas, maior a
geração do malonaldeído (Figura 4 e 5).
69
Figura 4: Relação entre a acidez titulável em ácido lático e a oxidação
lipídica (mg de malonaldeído/kg de amostra) do iogurte adicionado de
xarope de polpa de beterraba
Figura 5: Relação entre a acidez titulável em ácido lático e a oxidação
lipídica (mg de malonaldeído/kg de amostra) do iogurte adicionado de
xarope de resíduos de beterraba
Os produtos lácteos como o iogurte concentrado são ricos em ácidos graxos
poliinsaturados e são facilmente oxidados por oxigênio ao longo do tempo. Alterações
causadas nos produtos lácteos incluem não a perda do sabor como também a perda de cor,
valor nutritivo e compostos que podem ser prejudiciais aos consumidores (Gad e Sayd, 2015).
Com isso, segundo McClements e Decker (2000) um dos meios mais eficazes de para
retardar a oxidação lipídica do alimento é a incorporação de antioxidantes. Estes
antioxidantes trabalham por uma variedade de método diferente incluindo o controle de
70
substratos da oxidação (lipídeos e oxigênio), controle de pró-oxidantes e inativação de
radicais livres.
A combinação de fatores como pH baixo, temperatura de armazenamento baixa e a
vida útil relativamente curta favorece a lipólise que pode causar alterações negativas no sabor
do iogurte (Abbas, Hussien e Ibrahim, 2016). Além disso, o processo de oxidação pode ser
catalisado pela luz, calor, enzimas, metais e microrganismos que levam ao desenvolvimento
de off-flavor.
Os valores de acidez em ácido lático tiveram um aumento durante os 28 dias de
armazenamento, sendo que para o iogurte adicionado com xarope de polpa variou entre 1,04
a 1,16 e com xarope de resíduos de beterraba variou entre 0,97 a 1,06 g de ácido lático/100g.
Estes resultados de ambos os iogurtes estão dentro do permitido pelo Padrão de Identidade e
Qualidade (PIQ) de Leites Fermentados que exige de 0,6 a 1,5 g de ácido lático/100g (Brasil,
2001).
A relação entre os parâmetros de cor a* e b* do iogurte adicionado com xarope de
polpa de beterraba está descrito na Figura 6.
Figura 6: Relação entre os parâmetros de cor a* e b* do iogurte
adicionado de xarope de polpa de beterraba
A betalaína é subdivida em dois grupos: a betacianina (vermelho-violeta) e a
betaxantina (amarelo-alaranjado). Durante os dias analisados, mostrou-se uma forte
71
correlação inversamente proporcional entre a* (vermelho) e b*(amarelo), provavelmente a
cor rósea característica das betacianina foi degradada para tons amarelos (betaxantina), o que
também foi observado em trabalho desenvolvido por Mello et al. (2015). Outro fator que
pode estar relacionado é a degradação da betanina, que resulta numa redução da cor vermelha
no aparecimento de um castanho claro, e ainda também, a desidrogenação da betanina leva a
formação da neobetanina, provocando um deslocamento para o amarelo (Azeredo, 2009).
Em relação ao iogurte adicionado de xarope de resíduo de beterraba, apenas a relação
entre atividade de água e TBARS foram estatisticamente significativos a p<0,05 (Figura 7).
Figura 7: Relação entre a atividade de água e a oxidação lipídica,
medida em malonaldeído (mg) por Kg da amostra pelo teste TBARS
do iogurte adicionado de xarope de resíduo de beterraba
Conforme Mestdagh et al. (2011) os produtos lácteos como o iogurte são susceptíveis
à oxidação induzida pela luz devido à presença do fotossensibilizador riboflavina. Esta
vitamina após a excitação produz radicais livres ou oxigênio singleto muito reativo afetando
a qualidade do produto e degradação de nutrientes valiosos. As gorduras lácteas e proteínas
são os principais alvos para a foto-oxidação.
Entender o mecanismo pela qual a oxidação lipídica prossegue, permite que os
fabricantes desenvolvam estratégias eficazes para retardar este processo (McClements e
Decker, 2000). O processo de fermentação ainda ocorre durante o armazenamento do iogurte,
72
com isso há um aumento na acidez titulável e um declínio do pH, o que pode favorecer a
degradação da betalaína, alterando a cor e também sua capacidade antioxidante, tornando o
alimento mais propício a oxidação.
3.1 Minerais
Observa-se que mesmo com menor concentração de xarope, o iogurte adicionado com
xarope de polpa apresentou teores mais elevados de cálcio (Ca) (Tabela 3).
Tabela 3: Valores médios ± desvio padrão dos teores dos minerais dos iogurtes adicionado
de xarope de polpa e xarope de resíduo de beterraba
Minerais/Iogurte
(mg/100g)
Iogurte Natural Iogurte adicionado
de xarope PB
Iogurte de xarope
adicionado de RB
Cálcio (Ca) 90,84±1,15 132,15±2,65 105,98±0,91
Magnésio (Mg) 18,01±1,28 9,44±0,89 24,39±0,99
Sódio (Na) 44,16±3,73 51,38±4,13 81,94±3,88
Potássio (K) 50,94±2,06 72,99±2,81 86,49±2,06
Ferro (Fe) 7,52±0,1 7,83±0,2 8,03±0,08 PB: polpa de beterraba; RB: resíduo de beterraba
Em relação ao magnésio observa-se que houve uma diminuição no teor do mineral
quando adicionado o xarope com polpa de beterraba. Segundo Soares et al. (2015) existem
fatores inibidores do processo de absorção do magnésio, como a presença de alimentos ricos
oxalatos, fibras alimentares e promotores como lactose e carboidratos.
Mbaeyi-Nwaoha, Elizabeth e Onyinyechi (2012) em seu estudo sobre produção e
avaliação de iogurte aromatizado com beterraba (Beta vulgaris L.) determinaram a
composição mineral (Ca, Mg, Na e K) do iogurte em diferentes concentrações de beterraba
e observou-se que no presente estudo os teores de minerais foram superiores.
Zamberlin et al. (2012) determinou em seu estudo sobre o teor de minerais em
iogurtes valores de 200, 19, 80 e 280 mg/100 de Ca, Mg, Na e K respectivamente, valores
próximos ao iogurte adicionado com xarope de resíduo de beterraba. Além da adição de
73
xarope, a composição do leite UHT integral e do leite em pó podem interferir na quantidade
de minerais.
Santillán-Urquiza, Méndez-Rojas e Véles-Ruiz (2017) afirmam que o iogurte é um
produto rico em nutrientes como cálcio e proteínas de alta qualidade, porém o teor de ferro é
muito baixo e devido a isso utilizam fontes ricas em ferro para fortificação do produto.
Autores como Gutiérrez et al. (2016) relatam que a fortificação de produtos lácteos sempre
foi considerada uma das melhores abordagens para prevenir distúrbios de deficiência de ferro
e suas propriedades dependem tanto do tipo de fonte mineral quanto da quantidade de
composto adicionado. A quantidade de ferro em produtos lácteos como o iogurte
concentrado, pode estar relacionado com o xarope e/ou polpa adicionado no produto, no caso
a beterraba, e o leite em pó, que geralmente é fortificado com ferro em sua composição.
Passa et al. (2015) afirma que apesar do iogurte ter uma composição nutricional
semelhante ao leite, devido os procedimentos de fabricação específicos e fermentação do
leite, ele contém menos lactose, mais proteínas e uma maior concentração de minerais como
cálcio e potássio do que os outros produtos lácteos. Esses minerais comparado com leite são
mais altas em iogurte em quase 50% (Cano-Sancho et al., 2015).
3.2 Composição centesimal
O processo de dessoragem em que o iogurte é submetido faz com que o mesmo
aumente os sólidos totais, concentrando o teor de proteína e gordura. Desta forma, pode-se
observar na Tabela 4 que os três tipos de iogurte tiveram o dobro de gordura quando
comparado aos integrais tradicionais, que apresentam aproximadamente 3%. O mesmo
ocorreu com a proteína que apresentou valores superiores, especialmente o natural com a
média de 7,27±0,021.
74
Tabela 4: Composição centesimal de iogurte natural, adicionado de xarope de polpa e
resíduo de beterraba (g/100g) (média ± desvio padrão).
Parâmetros/Tratamento
(Média ± desvio padrão)
Natural Xarope de
polpa
Xarope de
Resíduo
Umidade 73,91±0,02 73,82±0,04 72,63±0,05
Cinzas 0,99±0,003 0,99±0,001 0,99±0,001
Proteína 7,27±0,021 6,45±0,073 5,76±0,043
Gordura 6,83±0,28 6,33±0,28 6,23±0,28
Glicídios redutores em lactose 3,45±0,04 3,37±0,07 3,27±0,10
Glicídios não redutores em sacarose 6,27±0,03 7,91±0,09 9,74±0,04
A quantidade total de glicídios no iogurte adicionado xarope de resíduo foi de
13,01%, considerando os glicídios redutores em lactose e não redutores em sacarose, em uma
adição de 15% de xarope. Os teores de cinzas determinado não variou com ou sem adição de
xarope e para umidade menores valores foram determinados para o iogurte adicionado com
xarope de resíduo de beterraba.
Mbaeyi-Nwaoha, Elizabeth e Onyinyechi (2012) avaliando iogurte aromatizado com
beterraba observou que a quantidade superior de umidade em relação ao estudo destes autores
é explicada devido o iogurte ser o batido e não concentrado. Porém, observa-se que a proteína
foi superior mesmo não sendo concentrado.
4. CONCLUSÃO
O iogurte adicionado com xarope de polpa e xarope de resíduos de beterraba tiveram
ótimas correlações entre os parâmetros físico-químicos analisados durante os dias de
armazenamento, mostrando que um fator tem forte influência no outro para manter as
propriedades do iogurte durante sua vida útil.
A adição da beterraba ao iogurte contribuiu para melhorar a atividade antioxidante,
além de manter o iogurte com suas características físico-químicas dentro do Padrão de
Identidade e Qualidade de leites fermentados exigido pela legislação o que é importante por
se tratar de um produto com adição de conservantes naturais. A adição desses xaropes de
75
beterraba também colaborou para uma excelente composição mineral, destacando-se na
quantidade de Cálcio e Potássio.
5. Agradecimentos
À Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior – CAPES, pela
concessão da bolsa de estudos, ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq) pelo financiamento do projeto (Processo 467612/2014-5) e ao Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso (IFMT) pelo auxílio e a FATEC
– SENAI pela disponibilização do espaço para a análise de Potássio. As professoras Drª
Adriana Paiva de Oliveira e Drª Erika Cristina Rodrigues pela ajuda nas análises do presente
estudo.
REFERÊNCIAS
ABBAS, H. M; HUSSIEN, A. M. S; IBRAHIM, G. E. Changes in antioxidant activity and
volatile compounds of functional yoghurt fortified with rice bran during storage. Journal
of Chemical and Pharmaceutical Research, 8(7):761-766, 2016.
AFIFY, A. E. M. R. et al. Antioxidant activity and biological evaluations of probiotic
bacteria strains. International journal of academic research, 4(6):.131-139, 2012.
AOAC. Association of official analytical chemists. Official methods of analysis – AOAC
International. 19th ed. Maryland, USA, 2012.
AZEREDO, H. M. C. Betalains: properties, sources, applications, and stability – a review.
International Journal of Food Science and Technology, 44: 2365–2376, 2009.
BACCAN, N. et al. Química Analítica Quantitativa Elementar. Campinas: Edgard
Blucher Ltda. 2001.
76
BANDYOPADHYAY, M. CHAKRABORTY, R. RAYCHAUDHURI, U. Antioxidant
activity of natural plant sources in dairy dessert (Sandesh) under thermal treatment. Food
Science and Technology, 41: 816–825, 2008.
BEHRAD, S., et al. Manipulation of probiotics fermentation of yogurt by cinnamon and
licorice: effects on yogurt formation and inhibition of Helicobacter Pylorigrowthin vitro.
International Journal Food Science and Nutrition, 3(12): 563-567, 2009.
CANO-SANCHO, G. et al. Comparison of the nutritional composition and the
concentrations of various contaminants in branded and private label yogurts. Journal of
Food Composition and Analysis, 42 (2015) 71–77
CUCHINSKI, A. S; CAETANO, J; DRAGUNSKI, D. C. Extração do corante da beterraba
(Beta vulgaris) para utilização como indicador ácido-base. Eclética Química, 35(4): 17-23,
2010.
DAMIANI, C. et al. Changes in the physicochemical and microbiological properties of
frozen araça pulp during storage. Ciência e Tecnologia de Alimentos, 33 (Supl 1): 19-27,
2013.
FARVIN, K. H. S. et al. Antioxidant activity of yoghurt peptides: Part 2 – Characterisation
of peptide fractions. Food chemistry, 123: 1090-1097, 2010.
GAD; A. S; SAYD, A. F; Antioxidant properties of rosemary and its potential uses as
natural antioxidant in dairy products―a review. Food and Nutrition Sciences, 6(1): 1-14,
2015.
GRANGEIRO, L. C; et al. Acúmulo e exportação de nutrientes em beterraba. Ciência e
Agrotecnologia, 31 (2): 267-273, 2007.
GUTIÉRREZ, G. et al. Iron-entrapped niosomes and their potential application for yogurt
fortification. Food Science and Technology, 74: 550-556, 2016.
HANIFAH, R; ARIEF, I. I; BUDIMAN, C. Antimicrobial activity of goat milk yoghurt
with addition of a probiotic Lactobacillus acidophilus IIA - 2B4 and roselle (Hibiscus
sabdariffa L) extract. International Food Research Journal, 23(6): 2638-2645, 2016.
LINHARES, P. C. F. et al. Beterraba fertilizada sob diferentes doses de palha de carnaúba
incorporada ao solo. Agropecuária Científica no Semi-Árido, 8(4): 71-76, 2012.
77
MBAEYI-NWAOHA, ELIZABETH, I; ONYINYECHI, N. G; Production and Evaluaton
of Yoghurt Flavoured with Beetroot (Beta vulgaris L.). Journal of Food Science and
Engineering, 2: 583-592, 2012.
McCLEMENTS, D. J; DECKER, E. A. Lipid Oxidation in Oil-in-Water Emulsions:
Impact of Molecular Environment on Chemical Reactions in Heterogeneous Food Systems.
Journal of food Science, 65(8): 1270-1281, 2000.
MELO, C. M. T; FARIA, J. V. Composição centesimal, compostos fenólicos e atividade
antioxidante em partes comestíveis não convencionais de seis olerícolas. Bioscience
Journal, 30(1): 93-100, 2014.
MELLO, F. R. et al. Antioxidant properties, quantification and stability of betalains from
pitaya (Hylocereus undatus) peel. Ciência Rural, 45(2): 323-328, 2015.
MENSOR, L. L. et al. Screening of brazilian plant extracts for antioxidant activity by the
use of DPPH free radical method. Phytotherapy Research, 15(2): 127-130, 2001.
MESTDAGH, F. et al. Interaction between whey proteins and lipids during light-
induced oxidation, Food Chemistry, 126(3): 1190-1197, 2011.
NEAGU, C; BARBU, V. Principal component analysis of the factors involved in the
extraction of beetroot betalains. Journal of Agroalimentary Processes and Technologies,
20(4), 311-318, 2014.
NOVAES, M. D. S; et al. Composição proximal e mineral de biscoitos tipo amanteigado
enriquecidos com diferentes farinhas de casca de frutas. Revista Instituto Adolfo Lutz,
74(4): 390-8, 2015.
PASSA, G. et al. Probability and amounts of yogurt intake are differently affected by
sociodemographic, economic, and lifestyle factors in adults and the elderly—results from a
population-based study. Nutrition Research, 35: 700-706, 2015.
PATTHAMAKANOKPORN, O. et al. Changes of antioxidant activity and total phenolic
compounds during storage of selected fruits. Journal of Food Composition and Analysis,
21: 241-248, 2008.
78
PITALUA, E; et al. Antioxidative activity of microcapsules with beetroot juice using gum
Arabic as wall material. Food and Bioproducts Processing. 88: 253–258, 2010.
RAMOS, E.M.; GOMIDE, L.A.M. Avaliação da qualidade de carnes: fundamentos e
metodologias. Viçosa: UFV, 2007. 599p.
ROSMINI, M. R. et al. TBA Test by an Extractive Method Applied to ‘Pat’. Meat Science,
v. 42(1): 103-110, 1996.
SANTILLÁN-URQUIZA, E; MÉNDEZ-ROJAS, A. M; VÉLEZ-RUIZ, J. F. Fortification
of yogurt with nano and micro sized calcium, iron and zinc, effect on the physicochemical
and rheological properties. Food Science and Technology, 80: 462-469, 2017.
SILVA, L. C. et al. Aspectos microbiológicos, ph e acidez de iogurtes de produção caseira
comparados aos industrializados da região de Santa Maria – RS. Disc. Scientia: Ciências
da Saúde, 13(1): 111-120, 2012.
SILVA, M. L. et al. Produção de beterraba fertilizada com jitirana em diferentes doses e
tempos de incorporação ao solo. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e
Ambiental, 15(8): 801–809, 2011.
TARLADGIS, B. G. et al. A distillation method for the quantitative determination of
malonaldehyde in rancid foods. Journal of the American Oil Chemists’ Society, 7: 44–
48, 1960.
VEDANA, M. I. et al. Efeito do processamento na atividade antioxidante da uva.
Alimentos e Nutrição, 19(2): 159-165, 2008.
VIRTANEN, T; PIHLANTO, A; AKKANEN, S; KORHONEN, H. Development of
antioxidante activity in milk whey during fermentation with lactic acid bactéria. Journal of
Applied Microbiology, 1002:106-115, 2006.
YILDIZ, O; EYDURAN S. P. Functional components of berry fruits and their usage in
food technologies. African Journal of Agricultural Research, 4:422–426, 2009.
ZAMBERLIN, S. et al. Mineral elements in milk and dairy products. Mljekarstvo, 62 (2):
111-125, 2012.
79
INSTRUÇÕES AOS AUTORES
Escopo e política
A publicação de artigos dependerá da observância das Normas Editoriais, dos pareceres
do Corpo Editorial e da Comissão ad hoc. Todos os pareceres têm caráter sigiloso e
imparcial, e tanto os autores quanto os membros do Corpo Editorial e/ou Comissão ad
hoc não obtêm informações identificadoras entre si.
Forma de preparação dos manuscritos
1. Os conceitos e afirmações contidos nos artigos são de inteira responsabilidade do(s)
autor(es).
2. A Ciência e Agrotecnologia é uma revista científica, editada bimestralmente pela
Editora da Universidade Federal de Lavras (Editora UFLA). Publica artigos científicos
elaborados por membros da comunidade científica nacional e internacional, nas áreas
de Ciências Agrárias, Zootecnia e Medicina Veterinária, Ciência e Tecnologia de
Alimentos, Economia e Administração do Agronegócio e Engenharia Rural. É condição
fundamental que os artigos submetidos não tenham sido e nem serão publicados
simultaneamente em outro periódico. Com a aceitação do artigo para publicação, a
revista adquire amplos e exclusivos direitos sobre o artigo para todas as línguas e países.
3. Processo para publicação de artigos: O artigo é inicialmente avaliado pelo
Conselho Editorial quanto à relevância, comparativa a outros artigos da área de
conhecimento submetidos para publicação. Apresentando relevância comparativa, o
artigo é avaliado por consultores ‘ad hoc' para emitirem seus pareceres. Aprovado por
consultores, caso necessário, o artigo é enviado ao autor correspondente para
atendimento das correções e/ou sugestões. Caso as correções não sejam retornadas no
prazo solicitado, a tramitação do artigo será automaticamente cancelada. O não
atendimento às solicitações dos consultores sem justificativas também leva ao
cancelamento automático do processo de publicação do artigo. Após a aprovação das
correções, o artigo é revisto quanto à nomenclatura científica, inglês, referências
bibliográficas e português (resumo), sendo a seguir encaminhado para diagramação e
publicação.
4. Custo para publicação: O custo da publicação é de R$60,00 (sessenta reais) por
página editorada (página impressa no formato final) até seis páginas e R$120,00 (cento
e vinte reais) por página adicional. No encaminhamento inicial, deve-se efetuar o
pagamento de R$120,00 (cento e vinte reais), não reembolsável, valor esse a ser
descontado no custo final do artigo editorado (formato final). Por ocasião da submissão,
deverá ser encaminhado o comprovante de depósito ou transferência bancária a favor
de Fundecc/Livraria, Banco do Brasil, agência 0364-6, conta corrente 75.353-X. O
comprovante de depósito ou de transferência bancária deve ser anexado no campo"File
Upload".
5. O artigo deverá ser encaminhado via eletrônica (www.editora.ufla.br), editados
em língua inglesa e deve-se usar somente nomenclaturas oficiais e abreviaturas
consagradas. O artigo deverá ser digitado no processador de texto Microsoft Word
para Windows, tamanho A4 (21cm x 29,7cm), espaço duplo entre linhas, fonte: Times
New Roman, tamanho 12, observada uma margem de 2,5 cm para o lado esquerdo e de
2,5 cm para o direito, 2,5 cm para margem superior e inferior, 2,5 cm para o cabeçalho
e 2,5 cm para o rodapé. Cada artigo deverá ter no máximo 25 páginas e junto do
mesmo deverá ser encaminhado ofício dirigido ao Editor Chefe, solicitando a publicação.
Esse ofício deverá ser assinado por todos os autores, constando nome dos autores sem
abreviação, a titulação e o endereço profissional completo (rua, nº, bairro, caixa postal,
cep, cidade, estado, país e e-mail). Ao submeter o artigo, esse ofício deverá ser anexado
no campo "Cover Letter". Qualquer futura inclusão, exclusão ou alteração na ordem
80
dos autores deverá ser notificada mediante ofício assinado por todos os autores
(inclusive do autor excluído, se o caso).
6. O artigo deverá conter os seguintes tópicos: a) Título (em letras maiúsculas) em
inglês e português, escrito de maneira clara, concisa e completa, sem abreviaturas e
palavras supérfluas. Recomenda-se começar pelo termo que represente o aspecto mais
importante do trabalho, com os demais termos em ordem decrescente de importância;
b) NOME(S) DO(S) AUTOR(ES) listado(s) no lado direito, um debaixo do
outro, sendo no máximo 6 (seis); c) ABSTRACT não deve ultrapassar 250 (duzentos
e cinquenta) palavras e estar em um único parágrafo. Deve conter pelo menos,
breve introdução, objetivo(s) e resultados mais importantes;
d) INDEX TERMScontendo entre 3 (três) e 5 (cinco) palavras-chave em inglês que
identifiquem o conteúdo do artigo, diferentes daquelas constantes no título e separadas
por vírgula; e) RESUMO (versão em português do abstract); f) TERMOS PARA
INDEXAÇÃO (versão em português dos index terms); g) INTRODUCTION (incluindo
a revisão de literatura e objetivo); h) MATERIAL AND METHODS;
i) RESULTS AND DISCUSSION (podendo conter tabelas e figuras);
j) CONCLUSION(S); k) ACKNOWLEDGEMENT(S) (opcional) com estilo sério e claro,
indicando as razões dos agradecimentos; l) REFERENCES (sem citações de teses,
dissertações e/ou resumos de congressos e de outros eventos).
7. RODAPÉ: Deve constar formação, instituição de vínculo empregatício, contendo
endereço profissional completo (rua, número, bairro, Cx. P., CEP, cidade, estado, país e
e-mail) do autor correspondente. Os demais autores devem informar o endereço
profissional, cidade, estado e país.
8. TABELAS: Deverão ser providas de um título claro e conciso e construidos de modo
a serem auto-explicativos. Não deverão usar linhas verticais. As linhas verticais devem
aparecer para separar o titulo do cabeçalho e este do conteudo, além de uma ao final
da tabala. A tabela deve ser feita utilizando-se Microsoft Word (TABELA/INSERIR
TABELA), no qual cada valor deve ser inserido em células distintas, estando centralizado
e alinhado.
9. Caso o artigo contenha fotografias, gráficos, figuras, símbolos e fórmu
las, essas deverão obedecer às seguintes normas:
Observação: Além de inseridas, no texto após a citação, foto, figura e graficos deverão
ser enviados em arquivos separados anexados no campo "manuscript files".
9.1 Fotografias podem ser coloridas ou em preto e branco, nítidas e com contraste,
inseridas no texto, após a citação das mesmas,salvas em extensão "TIFF" ou "JPEG"
com resolução de 300 dpi. Na versão impressa da revista, as fotografias sairão
em preto e branco.
9.2 Figuras podem ser coloridas ou em preto e branco, nítidas e com contraste,
inseridas no texto, após a citação das mesmas, salvas em extensão "TIFF" ou
"JPEG" com resolução de 300 dpi. As figuras deverão ser elaboradas com
letra Times New Roman, tamanho 10, sem negrito, sem caixa de textos e
agrupadas. Na versão impressa da revista, as figuras sairão em preto e branco.
9.3 Gráficos deverão ser inseridos no texto após a citação dos mesmos. Esses deverão
ser elaborados preferencialmente em Excel, com letra Times New Roman, tamanho
10, sem negrito, salvos em extensão XLS e transformados em TIFF ou JPG, com
resolução de 300 dpi.
9.4 Símbolos e Fórmulas Químicas deverão ser feitos em processador que possibilite
a formatação para o programa Adobe InDesing CS6 (ex: MathType), sem perda de
suas formas originais.
81
10. CITAÇÃO BIBLIOGRAFICA NO CORPO DO TEXTO: PELO SISTEMA ALFA
BÉTICO (AUTOR-DATA)
Dois autores: Silva and Leão (2014).
Três autores: Silva, Pazeto and Vieira, (2013).
Mais de três autores: Ribeiro et al. (2014).
Obs.: Quando dois autores de uma mesma obra forem citados na sentença, deve-se
separá-los por (and), se não incluidos na sentença separá-los por ponto e virgula (;).
Se houver mais de uma citação no mesmo texto, deve-se apresentar os autores em
ordem alfabetica dos sobrenomes, seguidos pela data e separados por ponto e vírgula
(;), por exemplo: Araújo (2010); Nunes Junior (2011); Pereira (2012) and Souza
(2013).
11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: A exatidão das referências constantes da
listagem e a correta citação no texto são de responsabilidade do(s) autor(es) do artigo.
Orientações gerais:
- O nome do periódico deve ser descrito por extenso e em negrito.
- Em todas as referências deve-se apresentar volume, número entre parênteses,
página inicial e final e ano de publicação.
- As referências devem ser ordenadas alfabeticamente e "alinhadas à margem
esquerda". Deve-se deixar espaçamento simples nas entrelinhas e duplo entre as
referências.
EXEMPLIFICAÇÃO (TIPOS MAIS COMUNS):
ARTIGO DE PERIÓDICO:
-Até três autores:
PINHEIRO, A. C. M.; NUNES, C. A.; VIETORIS, V. Sensomaker: a tool for sensorial
characterization of food products. Ciência e Agrotecnologia, 37(3):199-201, 2013.
-Mais de três autores:
MENEZES, M. D. de et al. Digital soil mapping approach based on fuzzy logic and field
expert knowledge. Ciência e Agrotecnologia, 37(4):287-298, 2013.
LIVRO:
a) Livro no todo:
FERREIRA, D.F. Estatística multivariada. Lavras: Editora UFLA, 2008. 672p.
b) Capítulo de livro com autoria específica:
BERGEN, W.G.; MERKEL, R.A. Protein accretion. In: PEARSON, A.M.; DUTSON,
T.R. Growth regulation in farm animals: advances in meat research. London:
Elsevier Science, 1991. v.7, p.169-202.
c) Capítulo de livro sem autoria específica:
JUNQUEIRA, L.C.; CARNEIRO, J. Tecido muscular. In: ______. Histologia básica.
11.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008. 524p.
DISSERTAÇÃO E TESE:
Não utilizar citações de dissertações e teses.
TRABALHOS DE CONGRESSO E de OUTROS EVENTOS:
Não utilizar citações de trabalhos de congressos e de outros eventos.
DOCUMENTOS ELETRÔNICOS:
As obras publicadas somente online são referenciadas conforme normas específicas para
cada tipo de documento, acrescidas de informações sobre o endereço eletrônico
apresentado entre braquetes (< >), precedido da expressão "Available in:" e
da data de acesso ao documento, precedida da expressão "Access in:". Nota:
82
"Não se deve referenciar material eletrônico de curta duração, na internet. Segundo
padrões internacionais, a divisão de endereço eletrônico, no fim da linha, deve ocorrer
sempre após barra (/).
a) Livro no todo
TAKAHASHI, T. (Coord.). Tecnologia em foco. Brasília, DF: Socinfo/MCT, 2000.
Available in: <http//www.socinfo.org.br>. Access in: August, 22, 2000.
b) Parte de livro
TAKAHASHI, T. Mercado, trabalho e oportunidades. In: ______. Sociedade da
informação no Brasil: livro verde. Brasília, DF: Socinfo/MCT, 2000. cap.2. Available
in: <http://www.socinfo.gov.br>. Access in: August, 22, 2000.
c) Artigo de periódico (acesso online):
AVELAR, A.E.de; REZENDE, D.C.de. Hábitos alimentares fora do lar: um estudo de
caso em Lavras MG. Organizações Rurais & Agroindustriais. 15(1):137-152, 2013.
Available in: <http://revista.dae.ufla.br/index.php/ora/article/view/652> Access in:
August, 18, 2014.