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Valores no Consumo Pet:
Valores na relação entre Consumidores
e seus Animais de Estimação
Marcos Iazzetti
São Paulo | 2018
ESCOLA SUPERIOR DE PROPAGANDA E MARKETING
PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM
COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR (MPCC)
MARCOS IAZZETTI
VALORES NO CONSUMO PET
Valores na relação entre Consumidores e seus Animais de Estimação.
SÃO PAULO
2018
MARCOS IAZZETTI
VALORES NO CONSUMO PET
Valores na relação entre Consumidores e seus Animais de Estimação.
Dissertação apresentada como requisito para
obtenção do título de Mestre em Administração,
com ênfase em Comportamento do Consumidor,
pela Escola Superior de Propaganda e Marketing –
ESPM.
Orientador: Prof. Dr. Vivian Strehlau
SÃO PAULO
2018
Iazzetti, Marcos
Valores no Consumo Pet, Valores na Relação entre Consumidores e seus
Animais de Estimação / Marcos Iazzetti. – São Paulo, 2019.
XXX f. : il. p&b.
Dissertação, Mestrado Profissional em Comportamento do Consumidor, São
Paulo, 2019
Orientador: Vivian Strehlau
1. Valores. 2. Pets. 3. Animais de Estimação. 4. Comportamento de Consumo. I.
Vivian Strehlau. II. Escola Superior de Propaganda e Marketing. III. Título.
Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca
ESPM.
MARCOS IAZZETTI
VALORES NO CONSUMO PET
Valores na relação entre Consumidores e seus Animais de Estimação.
Dissertação apresentada como requisito para
obtenção do título de Mestre em Administração,
com ênfase em Comportamento do Consumidor,
pela Escola Superior de Propaganda e Marketing –
ESPM.
Data de Aprovação:
_____/____/____
Banca examinadora:
______________________________________
Prof. Dr. Vivian Strehlau
Orientadora – MPCC / ESPM
______________________________________
Prof. Dr. Suzane Strehlau
MPCC / ESPM
______________________________________
Prof. Dr. Leonardo Aureliano da Silva
Universidade Anhembi Morumbi / SP
Aos 74 milhões de pets brasileiros, seus donos e
profissionais do setor que acreditam e desenvolvem o
setor de suprimentos, acessórios e serviços para animais
de estimação.
Em agradecimento a Prof. Vivian Strehlau pela orientação e
paciência nessa transformação acadêmica, excelentes jornadas
possuem grandes capitães.
Aos alunos e membros do Pet Desenvolve por fazerem parte e
acreditarem comigo que é só o começo de muito aprendizado e
trabalhos acadêmico para o setor no Brasil.
RESUMO
O comportamento do consumidor assume um importante papel na definição das ocasiões de
consumo, incluindo diferentes atores e entidades. O mercado brasileiro de suprimentos, acessórios
e serviços para animais de estimação possibilita que esse estudo identifique valores de consumo
presentes na relação dos consumidores e seus pets, fenômeno que resulta em escolhas de consumo
e vive constantemente seus laços relacionais baseado no Antropomorfismo. A triangulação
metodológica entre 30 dias de observação, análise documental de 1.516 fotos publicadas em
Facebook e oito entrevistas em profundidade propiciam identificar valores de consumo para o
segundo maior mercado pet global, o qual vem atingindo taxas positivas de crescimento na última
década.
Palavras Chave: valores, pet, animais de estimação, comportamento de consumo.
ABSTRACT
Consumer Behavior has an important role on consumption occasion definition, which includes
different actors and entities. The Brazilian animal companion supplies, accessories and services
market provides this study a ground field to identify consumer values that are expressed through
animal relationship, on consumer choices based on the Anthropomorphism theory. A three method
approach through 30 day observation, 1.516 photographs post on Facebook documental analysis
and eight interviews identifies a consumption values approach to the second biggest Pet Supplies
market worldwide, that have been posting a constantly growth in the past decade.
Key words: values, pet, companion animals, consumer behavior.
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Caminho Referencial Teórico e Mapa Mental..................................................... 19
Quadro 2 – 18 Valores Instrumentais e 18 Terminais. .......................................................... 22
Quadro 3 - Estágios da Decisão do Consumo. ....................................................................... 23
Quadro 4 - Valores Terminais e Instrumentais com Maior Incidência nas Capitais. ............ 25
Quadro 5 - Consumo relacionado com Pets e Construção de Identidade. ........................... 29
Quadro 6 - Papeis da Relação entre Consumidor e seus Animais de Estimação. ................. 31
Quadro 7 – Metáforas do Consumo. ...................................................................................... 33
Quadro 8 – Triangulação Metodológica. ............................................................................... 37
Quadro 9 - Coleta de Dados ................................................................................................... 37
Quadro 10 – Aspectos Observados ........................................................................................ 39
Quadro 11 - Localidades Analisadas. .................................................................................... 40
Quadro 12– Aspectos Analisados no Registro de Fotos. ....................................................... 41
Quadro 13 – Perfil Respondentes do Diário de Consumo ..................................................... 43
Quadro 14- Categorização do Conteúdo. ............................................................................... 44
Quadro 15– Relevância da Categorização durante registros de Observação. ........................ 47
Quadro 16 – R$/Kg Marcas Mencionadas. ............................................................................ 49
Quadro 17– Valores Identificados durante Observação. ....................................................... 51
Quadro 18 - Adereços para Consumidores e Animais de Estimação .................................... 52
Quadro 19– Relevância da Categorização durante registros fotográficos. ............................ 53
Quadro 20– Demonstração Afetiva. ...................................................................................... 55
Quadro 21– Análise do uso e não uso de Adereços em Animais de Estimação. ................... 56
Quadro 22 – Outros Animais. ................................................................................................ 57
Quadro 23 – Relevância da Categorização durante Entrevistas em Profundidade. ............... 59
Quadro 24– Relevância Vocabulário de Prazer. .................................................................... 61
Quadro 25– Problemas de Saúde Relatados, Consumo e Endosso Veterinário. ................... 64
Quadro 26 – Relevância da Categorização durante Entrevistas em Profundidade. ............... 65
Quadro 27– Valores de Consumo para Animais de Estimação. ............................................ 69
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Frequentadores Observados em Parques. .......................................................................... 46
Figura 2– Presença em Registro Fotográfico. ...................................................................................... 54
Figura 3– Preocupações com Animais de Estimação. ....................................................................... 63
LISTA DE ABREVEATURAS E SIGLAS
ABINPET............Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação
ABNT.....................................................................Associação Brasileira de Normas Técnicas
ESPM ...................................................................Escola Superior de Propaganda e Marketing
IBGE...................................................................Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
MPCC........................................... Mestrado Profissional em Comportamento do Consumidor
PNS................................................................................................Pesquisa Nacional de Saúde
WOM.................................................................................................................Word of Mouth
SUMÁRIO
1.0 Introdução ............................................................................................................ 14
1.1 Objetivo e Problema de Pesquisa. ................................................................. 16
1.2 Caminho Metodológico. ................................................................................ 17
1.3 Estrutura do Estudo. ...................................................................................... 17
2.0 Revisão da Literatura. .......................................................................................... 19
2.1 Comportamento e Experiência de Consumo. ................................................ 19
2.2 Valores no Consumo. .................................................................................... 21
2.3 Cenário Cultural Brasileiro e seus Valores. .................................................. 23
2.4 Relação com Animais de Estimação e o Mercado Brasileiro. ....................... 27
2.5 Experiência de Consumo Pet. ........................................................................ 32
2.6 Antropomorfismo no Consumo. .................................................................... 34
3.0 Metodologia. ........................................................................................................ 36
3.1 Observação. ................................................................................................... 38
3.2 Registro Fotográfico Documental. ................................................................ 40
3.3 Entrevista em Profundidade. ......................................................................... 42
3.4 Categorização do Conteúdo. .......................................................................... 43
4.0 Resultados e Discussão. ....................................................................................... 46
4.1 Observação. ................................................................................................... 46
4.2 Análise Documental de Registros Fotográficos. ........................................... 51
4.3 Entrevistas em Profundidade. ........................................................................ 58
4.4 Discussão. ...................................................................................................... 66
5.0 Conclusão ............................................................................................................. 70
6.0 Bibliografia. ......................................................................................................... 74
7.0 Apêndice .............................................................................................................. 78
14
1.0 Introdução
O comportamento do consumidor possui um importante papel para entendimento de
indivíduos e grupos através da expressão de suas necessidades e desejos atendidos por
produtos e serviços presentes no mercado. Suas decisões de consumo como a escolha de
marcas, disponibilidade de recursos, ou locais de compra passam por suas esferas
geográficas, sociais e culturais. (SOLOMON, 2003).
A manifestação do comportamento de consumo ocorre de maneira distinta de acordo com
a ocasião e atores envolvidos, colocando o consumidor como centro da tomada de decisão.
Por sua vez algumas ocasiões de consumo exigem que essa tomada de decisão ocorra para
determinar o consumo para outros indivíduos ou entidades, sendo o caso das categorias de
produtos para crianças, bebês, idosos, e suprimentos para animais de estimação, objeto de
estudo desse trabalho.
A evidente presença de animais de estimação releva a importância na vida dos
consumidores e a ocupação de novos papeis na sociedade. Indivíduos expressam suas
decisões de consumo de acordo com os laços relacionais que criam com seus pets, os quais
se fortificam e transformam-se em escolhas de marcas e produtos de suprimentos,
acessórios e serviços. Essa nova configuração é medida através do gasto por animal, que
se torna maior toda vez que essa relação extrapola a relação entre diferentes espécies.
(BROCKMAN, TAYLOR e BROCKMAN, 2008).
Hisrchman (1994) releva que a relação entre consumidores e seus animais de estimação
possui configurações e funções distintas, a autora as define em dois grupos: o primeiro
como de propriedade, seguido pelo segundo grupo de relações de companhia. Aqueles que
nutrem laços de companhia com seus animais, permitem que ocupem papeis familiares, de
amizade, ou até mesmo vivem uma projeção do “eu estendido”, denominado self. Já as
relações de propriedade acabam por utilizar-se dos animais como símbolo de status,
sustento, e até a ocupar funções ornamentais que distam de uma relação próxima.
A mesma autora explora o território familiar, evidenciando que essas relações estabelecidas
pelo consumidor com seus animais de estimação tocam a esfera do fenômeno do
Antropomorfismo da psicologia, através do qual indivíduos atribuem características
15
humanas a outras entidades, o que permite a formação de relações familiares como irmãos
ou filhos, dependendo do momento de vida que o animal foi introduzido na estrutura
familiar. (EPLEY, WAYTZ E CACIOPPO, 2017).
Entender essa relação antropomórfica na esfera do consumo, é afirmar que ter um animal
de estimação é compartilhar uma experiência de consumo, a qual é fortificada por laços
afetivos e influenciada culturalmente. (BROCKMAN, TAYLOR e BROCKMAN, 2006).
A cultura de uma nação ou país se fortifica através de laços genéticos e sociais em comum,
podendo se decompor em subculturas ou microculturas. De acordo com Solomon (2003)
essa estratificação cultural é motivo de distinção de grupos e membros, criando então
identificações claras de pertencimento.
Cleveland (2015) conduz o entendimento que o consumo é valorizado por sua habilidade
de atender necessidades, as quais são manifestadas através da cultura e personalidade dos
consumidores. Essas mesmas necessidades possuem consideráveis variações entre
sociedades, desembocando nas diferenças culturais, indício pelo qual a categoria de
suprimentos, acessórios e serviços possui diferentes resultados em culturas distintas.
Logo, entender o povo brasileiro é desdobrar o nacionalismo verde-amarelo, de acordo
com Strehlau, Claro e Laban Neto (2005) existem valores de consumo que sintetizam a
identificação do povo brasileiro como nação, assim como existem distintos valores
periféricos que são compostos pelos costumes e hábitos regionais, essência essa que
demonstra os valores dos paulistanos.
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de
Estimação (ABINPET), o Brasil faturou R$ 20,3 bilhões em 2017 com performance
positiva de +7,9% em comparação ao ano anterior, consagrando-se como o terceiro maior
mercado mundial de produtos e serviços para animais de estimação, apesar de representar
somente 5,1% das vendas mundiais do setor em um momento que a economia nacional se
demonstrou estagnada.
A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) em 2013 estima a população de cães e gatos brasileiros em 74 milhões
de animais, sendo 52 milhões de cães e 22 milhões de gatos nascidos em território nacional,
16
tal expressividade posiciona o Brasil como segunda maior população de cães e gatos do
mundo de acordo com a base de dados Euromonitor.
Com a maior concentração mundial de cães por lar, o consumidor brasileiro em suas raízes
culturais reforça a importância dos animais de estimação em seu cotidiano, extrapolando o
consumo de suprimentos, acessórios e serviços embasados em seus próprios valores
humanos.
A PNS abrange a divisão populacional de animais entre as regiões brasileiras, demostrando
uma grande concentração nas praças do Sudeste, Nordeste e Sul respectivamente, o que
evidencia fatores sociais e culturais como importantes peças para a compreensão do viés
regional desse trabalho.
1.1 Objetivo e Problema de Pesquisa.
Considerando a atual oportunidade mercadológica e a realidade cultural brasileira, define-
se como objetivo geral desse trabalho identificar valores de consumo expressados na
relação entre consumidores e seus animais de estimação. O viés cultural desse trabalho
possibilita o aprofundamento em São Paulo, que se consagra como relevante região
brasileiras para a categoria, utilizando-se de valores de consumo agora expressados para
escolha de suprimentos, acessórios e serviços para animais de estimação.
A utilidade gerencial desse estudo é a identificação de valores que são utilizados na
experiência de consumo pet, gerando literatura sobre o terceiro maior mercado global que
auxilie empresas e empreendedores a melhor atendimento das necessidades desse
segmento. As utilidades do estudo possibilitam uso dos valores de consumo em campanhas
de comunicação, tons comunicativos, estratégias de ponto de venda, mapeamento de fluxo
de loja, construção de marcas para o setor e escolha de sortimento para lojas especializadas.
Já a aplicabilidade acadêmica evolui o aprofundamento do consumo e da relação com
animais de estimação em um mercado em crescimento, bordando os valores como forma
de expressão distinta do consumo.
17
Assim o estudo desemboca na problematização dessa pesquisa a qual indaga que existam
valores próprios brasileiros que ampliem o consumo para animais de estimação,
justificando sua expressão no cenário global e taxas positivas de crescimento.
1.2 Caminho Metodológico.
Para o atingimento do objetivo principal desse trabalho construiu um caminho
metodológico com base em três momentos distintos sob a ótica da Decisão de Consumo de
Solomon (2003), fazendo com que desse trabalho compreendesse uma triangulação
metodológica com uma abordagem qualitativa.
Para isso, a escolha de três métodos e abordagens analíticas distintas gerou corpo de
indícios que foram criando pontes com a literatura através da Categorização de Conteúdo,
estrutura dorsal desse trabalho. Entre os métodos de análise estão: Descritiva por meio de
trinta dias de Observação, Documental por Categorização de 1516 registros fotográficos e
Exploratória por oito entrevistas em profundida com roteiro semiestruturado.
Logo, a triangulação metodológica composta pelos métodos escolhidos compôs um
objetivo secundário desse trabalho de levantar dados qualitativos sobre o setor, gerando
literatura sobre o terceiro maior mercado de suprimentos, acessórios e serviços para
animais de estimação do mundo.
1.3 Estrutura do Estudo.
O trabalho a seguir está dividido entre os capítulos 2.0 Revisão da Literatura com suas
subdivisões em Comportamento e Ocasiões do Consumo, Experiência de Consumo para
Animais de Estimação, Antropomorfismo e Valores Culturais do Consumo Brasileiro, além
de levantar os principais autores e embasamentos teóricos para compor o levantamento de
dados e análise feita.
Na sequência o capítulo sobre 3.0 Metodologia do Estudo retoma o caminho metodológico
utilizado e compreende a Categorização dos Resultados que serviu de alicerce para a
análise detalhada no capítulo de 4.0 Resultados e Discussão, passando por todos os
procedimentos e seus resultados elegidos para discussão cerne do estudo.
18
Nesse capítulo compreende-se o aprofundamento da análise descritiva dos trinta dias de
observação em parques da cidade de São Paulo, seguidos da análise documental de 1516
fotos publicadas no Facebook e análise exploratória de 10 entrevista com consumidores
tutores de 10 cães e 4 gatos.
Por fim os achados empíricos e discussões condensam-se na 5.0 Conclusão sobre o
comportamento do consumidor de suprimentos para animais de estimação, retomando a
revisão da literatura e bordando os achados para identificar os valores de consumo
estudados nesse trabalho.
19
2.0 Revisão da Literatura.
A revisão teórica desse trabalho possui três subcapítulos que permeiam o comportamento
do consumidor, a experiência do consumo pet e os valores brasileiros, construídos como
alicerces para a identificação dos valores de consumo expressados na relação entre
consumidores e seus animais de estimação. Porém para uma melhor compreensão do
caminho referencial traçado, o Quadro 1 foi criado como mapa mental e guia para
construção do capitulo e cerne dos estudos desse trabalho.
Quadro 1 - Caminho Referencial Teórico e Mapa Mental.
Fonte: Autor
2.1 Comportamento e Experiência de Consumo.
Centro dessa dissertação, o Comportamento do Consumidor demonstra como indivíduos
ou grupos se expressam através do consumo, transformando diferentes ocasiões e
consumidores em suas relações com produtos, serviços, ideias ou experiências que visam
satisfazer suas necessidades e desejos. O consumo definido por Solomon (2003) pode
tomar diferentes formas de acordo com o papel do consumidor como protagonista da
decisão de consumo, moldando as ocasiões e construindo seus hábitos e comportamento.
COMPORTAMENTO
DO CONSUMO
Solomon, M. (2006)
EXPERIÊNCIAS DE
CONSUMO
Schmitt,B. (1999)
VALORES
ANTROPOMORFISMO
NO CONSUMO
Epley et all (2017)
RELAÇÃO COM
ANIMAIS DE
ESTIMAÇÃO
Hirschman, E. C. (1994)
EXPERIÊNCIA DE
CONSUMO PET
Holbrook et all (2001)
VALORES DE
CONSUMO PET
Rokeach et all (1989)
20
Assim, o mesmo autor reforça que o comportamento do consumidor deve variar de acordo
com a perspectiva que o consumidor se encontra para avaliar produtos ou serviços no
momento de consumo, o que aterrissa o objetivo desse estudo ao identificar os valores de
consumo expandidos na decisão de compra de suprimento, acessórios e serviços para
animais de estimação, sendo o consumidor o tomador da decisão para o consumo final
realizado por outra entidade.
Assim o consumo é valorizado por sua habilidade de atender necessidades, as quais são
manifestadas através da cultura e personalidade dos consumidores. Essas mesmas
necessidades possuem consideráveis variações entre sociedades, desembocando nas
diferenças micro culturais. (CLEVELAND, M. 2015)
Os papeis do consumo podem ser definidos como compradores, influenciadores e usuários
finais. Sendo o primeiro agente tomador da decisão de compra ou aquisição do bem ou
serviço, podendo ou não ser impactado pelo papel do influenciador, o qual recomenda o
uso e endossa o momento do consumo. Por fim, o usuário final é o destinatário do uso e
consumo do objeto da transação em questão. (SOLOMON, 2003)
Logo, para melhor entendimento desse estudo, o consumidor deverá ser considerado como
o comprador de produtos e serviços toda a vez que referir-se ao animal de estimação como
usuário final, decidindo e avaliando o consumo através de sua percepção e valores próprios
expandidos através da relação com seu animal de estimação.
O consumo traduz-se na experiência da decisão, escolha, utilização e avaliação de produtos
através da exposição do consumidor a atributos racionais e irracionais que enriquecem a
ligação entre consumidor e o momento de consumo. Tais atributos navegam pelas
necessidades, desejos, disponibilidade de recursos, pertencimento e auto expressão que se
extrapolam na experiência em consumir. (SCHIMITT, 1999)
A experiência do consumo pet é composta não somente pelos atributos racionais e
irracionais como definidos anteriormente, mas também pela inerente relação entre o
consumidor e seu animal de estimação, que orbita a decisão de possuir um pet, os laços
relacionais estabelecidos com o animal e sua disponibilidade de recurso.
21
Ainda se aprofundando na experiência do consumo, é válido o entendimento do
consumidor e de suas decisões e escolhas. Mark Cleveland (2017) afirma que o indivíduo
se expressa de maneira pessoal através de seu consumo, proclamando um estilo de vida
além de evidenciar o pertencimento de grupo e subgrupos, os quais o define como
indivíduo em meio a sociedade.
O mesmo autor nos lembra que esse processo é definido como “eu estendido” ou “extended
self” em sua versão em inglês. Esse fenômeno que transmite valores e crenças e os traduz
em escolha por produtos e serviços cria filtros que interligam a oferta, as necessidades e os
desejos de pertencimento.
2.2 Valores no Consumo.
“[...] as pessoas alcançam seus valores pessoais
através de algumas ações ou atividades específicas,
dentre as quais o consumo”
(LEÃO e MELLO, 2006, p.1).
De acordo com Schwartz (1992), valores são inerentes a experiência social e
comportamental do indivíduo inserido em uma cultura, sendo relativamente variáveis
perante desdobramentos culturais. Assim pode-se indagar existem diferentes maneiras com
que consumidores se expressam e incessantemente buscam por produtos e serviços que
traduzam sua particular identidade, reforçando a importância do recorte desse estudo
ocorrer na cidade de São Paulo.
Já Hofstede (1984) aborda valores como parte de uma programação mental introduzida em
uma fase primária da vida dos consumidores, sendo comumente relacionados a intensidade
e a direção as quais atitudes são executadas e decisões tomadas, podendo ser comparados
com flechas direcionais as quais indivíduos desejam ter ou já foram desejadas.
De maneira complementar as definições de Schwartz e Hofstede, Rokeach e Ball-Rokeach
(1989) não somente afirmam que os valores são crenças humanas que guiam ações e
consumo, mas também podem ser agrupados em dezoito valores terminais e dezoito valores
instrumentais. O primeiro grupo está diretamente inserido na esfera do
22
autodesenvolvimento e crescimento pessoal, já os instrumentais são os valores derivados a
forma de atingir metas e a maneira de interagir e tomar decisões;
O Quadro 2 demostra os valores instrumentais e terminais estudados por Rokeach e Ball-
Rockeach (1989), demonstrando seus dois grupos distintos: Instrumentais e Terminais, o
último grupo utilizado como fonte teórica para categorização desse trabalho.
Quadro 2 – 18 Valores Instrumentais e 18 Terminais.
Instrumentais Terminais
1 Honestidade Paz 2 Ambição Segurança Familiar 3 Responsabilidade Felicidade 4 Perdão Autoestima 5 Tolerância Sabedoria 6 Coragem Igualdade 7 Prestativo Salvação 8 Asseio Conforto 9 Capacidade/Competência Conquista 10 Autocontrole Amizade real 11 Amável / Amoroso Segurança Nacional 12 Alegre Liberdade 13 Independente Beleza Natural e Artística 14 Educado Reconhecimento Social 15 Intelectual Prazer 16 Respeitos Independência 17 Racional Intimidade 18 Imaginativo Vida Ativa
Fonte: ROKEACH e ROKEACH, B. (1989)
Os mesmos autores indicam que valores podem ser priorizados e possuir importâncias
distintas de acordo com o grupo, sociedade e cultura analisada, criando então uma
hierarquia de valores inerentes a quantidade limitada de valores que uma sociedade possui,
juntamente com suas combinações próprias vivida por seus indivíduos.
Tais expressões pessoais de valor são também evidenciadas na escolha por marcas, que se
demonstram mais significativas se conectadas com a essência do consumidor, tal conexão
é percebida uma vez que consumidores passam a considerar marcas em sua definição e
23
expressão como indivíduos, assim passando a considera-las na construção de sua própria
imagem e escolhas de consumo. (ESCALAS e BETTMAN, 2003).
Assim essa expressão pessoal no consumo que adentra a esfera do “eu estendido” e que
possui suas raízes em valores terminais e instrumentais, expande-se no consumo pet toda
vez que a experiência em consumir para um animal de estimação mostra suas raízes
culturais na relação que o consumidor estabelece com o pet, derivada do fenômeno do
Antropomorfismo, detalhado nos próximos capítulos dessa revisão da literatura.
Por fim, tal laço relacional guia a intensidade que consumidor passa pelos seis estágios de
decisão de consumo definidos por Solomon (2003) e ilustrados do Quadro 3 como: (1)
reconhecimento do problema, (2) procura por informações, (3) avaliação das alternativas e
(4) decisão de compra, (5) consumo e (6) avaliação pós compra, sendo essa relação fator
catalizador do consumo.
Quadro 3 - Estágios da Decisão do Consumo.
Fonte: SOLOMON, 2003
2.3 Cenário Cultural Brasileiro e seus Valores.
Conduzir um estudo sobre o mercado brasileiro é compreender em um cenário repleto de
nuanças culturais regionais, quando costumes, comportamentos e preferências mesclam-se
em uma grande herança miscigenada em um país consagrado como a quinta maior extensão
RECONHECIMENTO DO
PROBLEMA
PROCURA POR
INFORMAÇÕES
AVALIAÇÕES DAS
ALTERNATIVAS
COMPRA
CONSUMO
AVALIAÇÃO PÓS
COMPRA
24
do mundo, sendo aproximadamente noventa e seis vezes maior que a área ocupada por
Portugal, de acordo com o estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), no ano de 2012.
O entendimento de cultura inclui suas origens na presença de suas fronteiras étnicas,
identificadas por Ahmad (2013) como características comuns de um grupo racial ao
compartilhar costumes e comportamentos.
A enorme dificuldade em controlar os influenciadores durante a colisão cultural pela a
descoberta da nova colônia, gerou um povo repleto de retalhos culturais que hoje vive rico
em suas particularidades regionais e genéticas, compondo diferentes preferências e
comportamentos de consumo dentro do território verde e amarelo.
Aterrissando o âmbito histórico-cultural brasileiro ao objeto desse estudo, Hirschman
(1994) retrata o comportamento do índio nativo da América do Sul em já possuir o hábito
de possuir animais de estimação como componente próprio de sua cultura previamente a
chegada dos colonizadores portugueses.
Os animais que viviam na era pré-colonial brasileira eram carregados no colo como
crianças e evidências mostravam que erem enterrados perto da casa de seus donos após a
morte.
A revisão histórica feita pela National Geographic edição de maio de 2010, intitulada
“Nosso amigo Vira-lata”, referente a introdução do cão no território brasileiro pelos
Jesuítas, retoma que os animais trazidos pelos europeus acabaram por fazer parte também
da vida indígena principalmente por seu poder de alerta e defesa. (Nosso Amigo Vira-lata,
2010)
Com uma vida em constante conflitos entre tribos e com a chegada dos portugueses, os
animais passavam a trazer conforto e mais tarde usados também como auxiliares na caça
por sua capacidade de farejar a presa e habilidade de caça em bando. A reportagem aborda
que a capacidade reprodutiva dos cães, os fez chegar em algumas tribos do interior do
Brasil previamente ao contato com os colonizadores, além de sua adaptabilidade os
ajudaram a viver em diferentes condições climáticas do Brasil.
Outro indício da literatura que possibilita extrapolar a relação de objeto vivida pelos
animais de estimação no início da formação cultural brasileira é a valorização dos pequenos
25
núcleos e famílias em território nacional, papel esse ocupado por animais de estimação
quando apresentam relações traçadas como de companhia e afeto. (Hirschman, 1994).
Holanda (1987) revive a trajetória migratória ao construir um país através da mistura
étnica, sobrepondo os costumes de além-mar, assim a formação da índole do brasileiro
ocorre pela distância da pátria mãe perda referencias e senso de comunidade, passando a
valorizar os interesses próprios e a constante prevalência por vontades particulares ou de
um pequeno grupo similar ao seu de origem, criando a grande valorização do núcleo
familiar ou de regiões por seus contatos primários.
Tendo construído um breve panorama histórico, Strehlau, Claro e Neto (2008) aterrissam
dois grupos distintos de valores mencionados na cultura brasileira e investigam suas
diferenças em quatro capitais distintas que representam o vasto repertório cultural
brasileiro, apesar de terem utilizado de outro objeto de pesquisa que dista do setor de
suprimentos, acessórios e serviços para animais de estimação, o estudo serve como apoio
da literatura visando uma futura comparação entre os valores identificados.
Os autores construíram o estudo sobre a escala de valores determinada por Rokeach e Ball-
Rokeach (1989), e adaptaram a realidade nacional para melhor entendimento da amostra
respondente de oito grupos, através de uma abordagem qualitativa e exploratória.
O Quadro 4 demonstra os valores identificados pelos autores presentes nas diferentes
regiões nacionais, assim com evidencia outros que se demonstraram comuns ano brasileiro.
Quadro 4 - Valores Terminais e Instrumentais com Maior Incidência nas Capitais.
Valores Belém Porto Alegre Salvador São Paulo
Instrumentais
Independência Independência Independência Independência
Responsabilidade Responsabilidade Responsabilidade Responsabilidade
Imaginação Educação / Gentil Capacidade Ambição
Lógica Prestativo / Útil Intelectual Amável/Amoroso
Terminais
Liberdade Reconhecimento
Social
Reconhecimento
Social
Reconhecimento
Social
Reconhecimento
Social
Liberdade Liberdade Prazer
26
Vida Confortável Segurança Familiar Saúde Segurança Familiar
Prazer Vida Confortável Igualdade Saúde
Fonte: Strehlau, Claro e Neto (2008)
Logo, como valores regionais instrumentais destacam-se a Independência e a
Responsabilidade, acompanhados da Liberdade e Reconhecimento social como aqueles
relacionados ao desenvolvimento denominados terminais, construindo o cerne do
indivíduo brasileiro que possui expressões legítimas de um vasto fundo emotivo que
transborda na maneira de conviver em sociedade, conforme nos lembra Buarque de
Holanda (1987).
Já a pluralidade de valores regionais nos mostra perfis legítimos entre moradores de quatro
diferentes capitais que correspondem a realidades culturais tão diferentes. Para auxiliar na
composição do recorte desse estudo, os valores apontados em São Paulo serão considerados
na construção dos roteiros de pesquisa e nas análises documentais mencionadas no item
3.0 Metodologia.
Em São Paulo, os valores instrumentais específicos evidenciam a Ambição e a Amabilidade
como maneiras particulares de distinguir os indivíduos que se relacionam, trabalham,
vivem e consomem na maior metrópole da América Latina de acordo com o IBGE (2016).
Já os valores terminais constroem São Paulo através da Segurança Familiar, reverberando
a necessidade e apego aos pequenos núcleos pela ausência histórica de apoio estrutural já
mencionado no subcapitulo anterior. Além da valorização da Saúde por uma população de
12,04 milhões de habitantes com baixo apoio e recursos governamentais.
De sua origem em 1553 pela criação de um Colégio no planalto de Piratininga pela
Companhia de Jesus, o pequeno vilarejo com a missão de catequização indígena evolui
através do ponto de partida das Bandeiras Exploratórias, das constantes manifestações
culturais, religiosas, intelectuais e miscigenadas pela escravidão e contrapondo-se pela
construção da elite brasileira, compondo o contraste cultural símile da introdução de
animais de estimação na cultura brasileira.
Por fim, o entendimento dos valores culturais brasileiros e sua expressão no consumo
completam o caminho da revisão literária desse trabalho, e se tornam fonte e indícios que
27
serão provados nos capitulo sobre Discussões e Resultados, identificados no consumo na
relação com animais de estimação.
O aprofundamento na relação de consumidores com seus animais de estimação passa então
a ser peça essencial para melhor compreensão do referencial teórico e da elaboração do
objetivo e questão de pesquisa desse trabalho, assunto esse abordado no próximo
subcapitulo dessa revisão da literatura.
2.4 Relação com Animais de Estimação e o Mercado Brasileiro.
De acordo com a ABINPET, o segmento de suprimentos, acessórios e serviços para animais
de estimação movimentou R$ 20,7 bilhões de reais em 2017, consolidando o Brasil como
terceiro maior mercado global, ficando atrás somente dos Estados Unidos da América e da
Inglaterra.
As taxas de crescimento do mercado brasileiro na última década imprimem a velocidade a
qual o segmento vem tomando maior expressividade para atendimento da segunda maior
população de cães e gatos do mundo, segundo a base de dados Euromonitor.
De acordo com a PNS, o Brasil consagra-se com a maior concentração de cães por lar
mundial com 1,8 cão por lar, e atinge 1,9 gato por lar brasileiro, o que se traduz na conquista
de 44% dos domicílios em 2013, com sua maior concentração nas regiões Sudeste,
Nordeste e Sul do país. O mesmo estudo elaborado pelo IBGE, determina a população de
cães brasileiros em 52 milhões de animais, seguida pela população de gatos em 22 milhões.
O censo humano elaborado pelo IBGE em 2016 registrou 42 milhões de crianças com até
14 anos de idade, número que se confronta com a população de animais de estimação que
atinge 74 milhões em expansão.
Tal concentração e dependência da população de cães, gera uma concentração de
faturamento no mercado, estimado pela base de dados Euromonitor em 78% do total da
soma entre gastos com pets.
Porém a adaptabilidade dos felinos, e tendências como urbanização e mudança do estilo de
vida nos grandes centros propicia uma rápida penetração e escolha dos gatos como animais
28
de estimação, conforme publicação feita também pelo Euromonitor em 2018 em seu
Passport Consumer Review Analyses (2018).
Brockman, Taylor e Brockman (2008), retomam a decisão de altos gastos veterinários e
sua correlação com os laços afetivos que consumidores possuem com seus animais, os
autores evidenciam que a dependência afetiva, o papel na família e a responsabilidade pela
posse do animal assim como influenciadores externos passam a ser determinantes da
decisão em assumir altos gastos no momento que o animal apresenta problemas de saúde.
Tal relação que movimenta os grandes números do mercado brasileiro, pode ser melhor
entendida através do estudo de Hirschman (1994), retomando a domesticação dos animais
na trajetória humana em possuir um papel relevante de companhia, não somente para
proteção, caça e propósitos utilitários. A revisão da história humana feita pela autora passa
pela América do Sul, evidenciando a presenças entre os índios nativos de animais de
companhia, carregados como crianças e quando mortos enterrados perto da casa de seus
donos.
A autora possui suas raízes em dois fenômenos da psicologia para definição do atual papel
dos animais na vida dos consumidores. O primeiro deles é denominado Antropomorfismo,
e corresponde a capacidade universal do homem em atribuir características humanas a
objetos e outras entidades, tal fenômeno aplicado a outras espécies animais justifica a
proximidade criada através da domesticação, laços criados os nomes batizados e papeis
ocupados na sociedade.
O segundo fenômeno retomado pela autora é chamado de Neoteny em sua versão em inglês,
o qual evidencia a tendência de uma espécie animal em manter-se características juvenis
na vida adulta, o que acaba por provocar nos consumidores a real necessidade de cuidado
e proteção por toda a vida do animal, sendo essa uma das grandes causas raízes da forçada
seleção animal feita pelo homem na construção de raças.
Logo, tal habilidade humana em projetar-se através de outras espécies acabou por resultar
na domesticação de animais que atualmente se adaptaram à nova realidade e convívio
humano, assumindo um papel correlato a identidade do consumo. Jyrinki (2011) através de
um estudo empírico sugere que existem seis maneiras distintas de usar animais de
estimação como construção da identidade de consumo, conforme ilustrado no Quadro 5.
29
Quadro 5 - Consumo relacionado com Pets e Construção de Identidade.
DESENVOLVEDOR
DE CARÁTER
FONTE DE
BEM-ESTAR
SIGNIFICADO
DE CONEXÃO
STATUS
OBJETO
DE DEVOÇÃO
INTERMEDIÁRIO
A.
Desenvolvimento de
independência e
responsabilidade.
B.
Retoma paz e
relaxamento, através
do aconchego de
cuidar de outro ser
C.
Conexão com o animal,
conexão com a natureza,
conexão com outros
donos de pets.
D.
Pet como a represen-
tação do dono, aceitação
social.
E.
Objeto de apego, pet
molda a via do dono,
humanização e paixão
F.
Indiferença, animal
como objeto.
Fonte: JIRINKI, 2011
O uso do consumo para animais de estimação como forma de construção da identidade
humana passa por momentos de desenvolvimento de caráter, fonte de bem-estar, conexão,
status, objeto de devoção e até a contribuição intermediária por gerar indiferença na
identidade do consumidor. Porém o estudo demostra o impacto que o momento do consumo
possui a intensão de gerar na identidade e autoimagem do consumidor.
Dessa maneira, animais de estimação geram experiências fortemente envolventes para os
seres humanos dentre as quais o consumo, tal relação amplamente percebida pela
publicidade a qual se apropria de animais em seus filmes e anúncios, demonstrando que a
lembrança de marcas com animais em sua comunicação é maior e assim mais efetiva do
que o uso de celebridades. (HOGGAN, 1989)
Seja como forma de expressão de consumo, apropriação publicitária ou objeto de expansão
das características humanas, a relação dos consumidores com os animais chama a atenção
por solidificar desejos e necessidades que se transformam em um mercado lucrativo e em
expansão no território nacional também através de uma extensão da teia relacional humana,
assumindo posições sociais. (SANDERS, C. R., 1990)
“Animais de estimação assumem muitos papeis na
vida dos consumidores, podendo assumir o risco de
serem extremamente simplificados, embora tais
papeis possam ser categorizados em: animais como
objetos/produtos e animais como companhias.”
(HIRSCHMAN, E. C., 1994)
O Quadro 6 apresenta a contribuição da autora Hirschman (1994) como grande alicerce da
revisão da literatura desse trabalho, demonstrando as relações entre consumidores e
30
animais de estimação e graus de proximidade. Dentre as relações apontadas, as que
demonstram aplicabilidade nesse trabalho encontram-se na categoria companhia, apesar de
consolidar uma visão norte-americana da década de 1990, sua consideração torna-se
atemporal por representar o maior mercado mundial.
31
Quadro 6 - Papeis da Relação entre Consumidor e seus Animais de Estimação.
Fonte: HIRSCHMAN, E. C., 1994
A. ANIMAIS COMO OBJETOS:
B. ANIMAIS COMO COMPANHIA
ORNAMENTOS:
STATUS:
VOCAÇÃO:
EQUIPAMENTOS:
AMIGO:
SELF
FAMÍLIA
I. Animais
promovem valores
estéticos, ex.:
pássaros tropicais,
peixes ornamentais.
II. Possuem o
mesmo papel de
paisagismo e
decoração.
III. Posse
decorativa ou de
beleza estética.
I. Animais como
símbolos de elite.
II. Meio para
alcance de status
social.
III. Animais raros
ou de alto valor
podem assumir o
mesmo papel social
que a aquisição de
uma Mercedez ou
Rolex.
IV. Algumas raças
de cachorro
(Pedigree) e cavalos
possuem esse papel.
I. Possuem animais
para criação e
exposição em
competições.
II. Eventos
extremamente
competitivos levam
a busca pela
excelência
morfológica e
padrão de raças.
I. Animais usados
para caça ou
saneamento básico.
II. Animais de
Terapia e atividade
de recreação para
comunidade.
III. Animais como
segurança e
proteção de
domicílios.
I. Oferecem amor
incondicional e
retribuem com
lealdade.
II. Normalmente
servem aos amigos
melhor do que
amigos humanos.
III. Ganham a
permissão de
dividir a cama com
o dono.
IV. Dividem a vida
juntos e constroem
memórias afetivas.
V. Compartilham
de Rituais e
hábitos que
definem o convívio.
I. Representam a
extensão do dono e
de sua
personalidade.
II. A escolha do
animal como
forma de
afirmação.
III. Características
de personalidade e
físicas se
assemelham.
IV. Animal como
forma de expressão
e aceitação
perante a um
grupo.
I. Assumem papeis
como membro da
família.
II. Ganham o
títulos de irmão,
filhos e netos
dependendo do
momento de
introdução no
núcleo familiar.
III. Constroem o
desenvolvimento
familiar e possuem
seu lugar próprio
na memória
afetiva e história
de vida.
IV. Ocupam o
papel de filhos
para casais sem
crianças ou com
filhos pequenos.
V. Participam de
rituais como Natal
e aniversários.
32
Tendo compreendido a relação de consumidores com seus animais de estimação, torna-se
necessário o aprofundamento na experiência de consumo em possuir um animal de
estimação, evidenciando quais suprimentos, acessórios e serviços fazem parte da
experiência de possuir um pet.
2.5 Experiência de Consumo Pet.
Possuir um animal de estimação é um fator determinante na demanda de suprimentos,
acessórios e serviços, e acaba por gerar uma experiência de consumo própria a qual exige
frequentar determinados ambientes de varejo, consultas ao veterinário, acesso a produtos e
busca por informações assim como locais e serviços pet friendly.
Para um melhor entendimento dessa ótica de consumo, é preciso compreender a
experiência como uma série intangível de atividades que permeiam o momento da compra
de produtos ou serviços, que acompanha as percepções positivas ou negativas do
consumidor de forma pessoal. (PINE e GILMORE, 1999)
Consumir torna-se uma experiência de decisão, escolha, utilização e avaliação de produtos
que margeiam as necessidades dos consumidores, vivem sua expressão por meio de seus
desejos que estão em frequente conflito com sua disponibilidade de recursos. (SCHIMITT,
1999)
Ainda sobre experiência, Holt (1995) ilustra o consumo em diferentes perspectivas que
passam pelo propósito e estrutura de ações que o consumidor toma ao consumir, com esse
cruzamento o autor chega em quatro diferentes dimensões de consumo: consumo como
experiência, como integração, como classificação e como play ou aproveitamento.
O mesmo autor classifica as quatro dimensões como metáforas do consumo, as quais todas
podem ser aplicadas no consumo de suprimentos, acessórios e serviços, porém a ótica da
experiência consegue traduzir os laços relacionais entre consumidores e seus animais,
assim como os colocar de volta ao centro das decisões de consumo e construir percepções
positiva de forma pessoal por meio do consumo para um animal, construindo uma ponte
com o estudo de Pine e Gilmore (1999).
33
O Quadro 7 ilustra as metáforas do consumo desenhadas por Holt, e seus fatores
determinantes construídos por ações:
Quadro 7 – Metáforas do Consumo.
Fonte: HOLT, 1995
De acordo com o relatório anual publicado pela ABINPET, o mercado pet apresentou uma
concentração de 68,8% do faturamento de 2017 em alimentos, seguidos de 15,8% de
serviços incluindo consultas, 7,9% com acessórios e produtos de higiene e beleza, e 7,7%
gastos com medicamentos veterinários, compondo uma cesta ou variedade de consumo a
qual possibilita a aplicação da dimensão de experiência tratada por Holt (1995).
Tal cesta passa não somente por uma variedade de ambientes de varejo como mencionado,
mas assim como por uma grande quantidade de agentes influenciadores durante o os
estágios de consumo definidos por Solomon (2003), os quais se tornam evidentes no
capítulo sobre Discussões e Resultados desse trabalho, por fim tais agentes possuem
aplicações interpessoais por meio de comunicação direta que incentiva ou não o consumo
e a busca por informações. (GALEOTTI et all, 2010).
Por fim, durante qualquer estágio de consumo entende-se que ao consumir para o animal
de estimação o consumidor passa por uma experiência própria de consumo (Holbrook,
1996), pela qual se posiciona no centro como tomador de decisão de diferentes produtos e
serviços e busca por informações relevantes por uma rede interpessoal de comunicação. O
sucesso dessa experiência ocorre por sua qualidade analisada por Dewey (1995) em dois
aspectos: o imediato em ser satisfatória e o mediato por ser influenciado por experiências
anteriores.
34
Tal caminho literário sobre experiência desemboca na capacidade psicológica humana em
atribuir características e necessidades humanas à outras entidades, denominada de
Antropomorfismo por de uma forma pessoal o consumidor construir percepções e ações de
consumo para um animal, o que possui aplicações no consumo conforme próximo item
desse trabalho. (EPLEY, WAYTZ E CACIOPPO, 2017)
2.6 Antropomorfismo no Consumo.
O elo entre os valores humanos de consumo já levantados pelo caminho literário desse
trabalho, os laços relacionais com animais de estimação, as experiências de consumo e o
setor de suprimentos, acessórios e serviços para animais de estimação ocorre devido a um
fenômeno psicológico humano denominado de Antropomorfismo.
Determinado por Epley, Waytz e Cacioppo (2007), o Antropomorfismo é a tendência da
humana de atribuir comportamentos humanos em agente não humanos - dentre tais
comportamentos atribuídos estão características, intensões, emoções e motivações que
podem ser reais ou imaginárias.
Apesar de estudos sobre Antropomorfismo aplicados em robôs, entidades religiosas e na
psicologia, a apropriação desse fenômeno no setor de suprimentos, acessórios e serviço
para animais de estimação é a base da definição relacional entre consumidores e seus pets,
assim como fator importante para o entendimento dos crescentes números apurados pela
ABINPET.
Logo, tal fenômeno vive o que Escalas e Bettman (2003) descrevem pelo uso de valores
pessoais na escolha por marcas e conexões com consumidores, passando a considera-las
na construção de sua própria imagem, porém por meio da aplicação de valores humanos
para a escolha de produtos, serviços e marcas de consumo final para animais de estimação,
sendo esse o principal gatilho para a identificação dos valores humanos de consumo
abordados nesse trabalho.
Epley, Waytz e Cacioppo (2007) descrevem o fenômeno humano por meio de três
determinantes psicológicos: a motivação em entender e explicar o comportamento do
35
agente não humano, a necessidade por convívio social e a aplicação do antropocentrismo,
considerar o homem com o centro e referencia superior.
Tais fatores constroem uma ponte com o estudo de Hirschman (1994), ao atribuir o
comportamento de objeto ou companhia ao pet, o consumidor passa a determinar seu
comportamento demonstrando sua motivação junto ao agente não humano, reforça sua
necessidade por convívio social e a aplicação do antropocentrismo ao considerar o animal
como amigo ou ente familiar e até mesmo declarar sua própria extensão.
Katcher (1981) em sua pesquisa de abordagem psicológica com 120 adultos que tiveram
animais de estimação durante a infância, retrata a relação desse mesmos indivíduos durante
a vida adulta, evidenciando acreditarem que seus animais entendem parcialmente o que
eles falam, assim como registra o uso da mesma linguagem falada com bebês.
Assim essa revisão da literatura volta a colocar o consumidor no centro das ações de
consumo e passa a compreende-lo em seu contexto cultural e de personalidade, possuindo
diferenças entre sociedades. (CLEVELAND, M. 2015)
Como elo entre os laços relacionais com animais de estimação, a experiência ao consumir
e o antropomorfismo encontrou-se os valores humanos que são acionados durante o
consumo, já previamente definidos nesse trabalho no item 2.2 Valores no Consumo.
Assim, valores inerentes a experiência social e comportamental dos indivíduos na cultura
brasileira e paulistana tornam-se variáveis determinantes para o atingimento do objetivo
desse trabalho, considerando que valores e crenças guiam o consumo, aplicado no objeto
de estudo resulta na identificação de valores de consumo na relação com animais de
estimação.
Para isso torna-se essencial adentrar a esfera cultural e de valores de consumo brasileiro
retomando a variabilidade do Antropomorfismo de acordo com aspectos situacionais e de
influências culturais já previstas pelo estudo de Epley, Waytz e Cacioppo (2007).
36
3.0 Metodologia.
A proposta metodológica desse trabalho possui três subcapítulos os quais guiam o caminho
metodológico e definem a triangulação usada para atingir o objetivo do estudo, sendo
ilustrada pelo Quadro 7 que contém os três métodos utilizados que em comum possuem
abordagens qualitativa e análise de conteúdos e documental de indícios empíricos que
constroem uma ponta com a revisão da literatura.
A pesquisa qualitativa não possui uma preocupação com representatividade numérica,
porém compõe um cenário de aprofundamento na amostra respondente que aborda a
compreensão de um grupo determinado e representativo, levantando dados muitas vezes
não métricos. (GIL, 2017).
A triangulação metodológica é a composição de um instrumental analítico qualitativo com
três distintas fontes para coleta e levantamento de dados que auxiliam no estudo,
codificação, interpretação e significados das evidências analisadas. A triangulação favorece
o processo conclusivo qualitativo, reforçando a relação entre a coleta empírica sobre um
mesmo assunto e ótica de estudo, compondo uma análise de um conjunto de indícios para
construção dos resultados do estudo. (MARCONDES, N. A. V. e BRISOLA, E. M. A.,
2014)
A composição metodológica foi elaborada de acordo com o mapeamento de evidências de
consumo por indivíduos que possuem animais de estimação, passando por três etapas
distintas: Observação, Análise Documental e Entrevistas em Profundidade. A triangulação
usada permite que sua análise possa retomar todos os estágios da Decisão de Consumo
evidenciados por Solomon (2003).
Assim, o Quadro 8 demonstra a triangulação metodológica utilizada e seu alicerce
metodológico, além de comporto o entendimento das abordagens analíticas necessárias
para compor os resultados e discussões desse trabalho.
37
Quadro 8 – Triangulação Metodológica.
Fonte: Autor
A primeira etapa qualitativa, com método utilizado de Observação e análise descritiva
deriva do caminho da revisão literária que aborda o consumo como experiência, bordando
o consumo de suprimentos, acessórios e serviços para animais de estimação como uma
retomada do consumidor no centro da tomada de decisão e o compartilhamento de suas
percepções com outros indivíduos no hábito de frequentar parques na cidade de São Paulo.
Já a segunda etapa também qualitativa, por registros fotográficos e análise documental
compreende o momento de abastecimento em Pet Shops como uma fonte de indícios da
relação entre consumidores e seus animais de estimação por meio de registros fotográficos
que geram indícios documentais para a análise.
Por fim os resultados desse trabalho também contaram com uma última abordagem
qualitativa, de análise exploratório e método de entrevista em profundidade com roteiro-
semiestruturado, com oito consumidores da cidade de São Paulo donos de cães e gatos que
ativamente fazem escolhas de marcas, produtos e serviços para seus animais de estimação.
Como registro do esforço metodológico o Quadro 9 demonstra a quantidade de evidências
empíricas coletadas e analisadas para a construção dos elos de Categorização detalhados
no capítulo de Resultados e Discussões desse trabalho.
Quadro 9 - Coleta de Dados
MÉTODO: COLETA ANALISADA:
A. Observação 30 dias
B. Análise Fotográfica Documental 1.516 fotos – 6 pet shops
C. Entrevistas em Profundidade 8 entrevistas
Fonte: Autor
OBSERVAÇÃO ANÁLISE
DOCUMENTAL ENTREVISTAS EM PROFUNDIDADE
38
Os subcapítulos revelam detalhes e embasamento na literatura dos métodos utilizados,
seguindo a seguintes ordem: 3.1 Observação, 3.2 Análise Documental de Registros
Fotográficos, 3.3 Entrevistas em Profundidade e 3.4 Categorização.
3.1 Observação.
De abordagem qualitativa descritiva, o primeiro passo metodológico conta com 30 dias de
registros a partir de observações feitas no Parque do Ibirapuera, Parque Vila Lobos e Parque
do Povo, na região sul da cidade de São Paulo, os quais tinham como objetivo capturar
valores e a experiência em conjunto de se possuir um cão durante os passeios e momentos
de descontração como uma pequena parte da rotina, porém com grande representatividade
na interação entre agentes.
Gil (1987) reforça que uma pesquisa descritiva tem como intensão estudar um grupo que
suas características e comportamentos sejam relevantes para a análise em questão, assim
como assume uma função importante para definição dos métodos utilizados e amostra a
ser estudada. O mesmo autor aborda o levantamento de dados em distintas técnicas,
reforçando a Observação como uma técnica que descreve o comportamento de um grupo e
possibilita a interpretação e olhar do pesquisador em relação ao universo pesquisado.
Gil (1987) também aborda que o entendimento das relações entre os fatos rotineiros é
determinante para soluções científicas, gerando um senso de realidade nos problemas de
pesquisa e objetivos dos estudos da ciência, assim classificando esse método como uma
pesquisa descritiva que possui a característica de estudar um grupo de indivíduos.
O método de observação ativo das atividades de donos de cães na cidade de São Paulo
descreve o comportamento de aproximadamente 932 indivíduos observados, que gerou
uma Matriz de Informações que serviu de fonte para a análise de conteúdo e primeira
categorização desse trabalho, processo também realizado na segunda e terceira etapa e
concluído no capítulo 4 sobre Resultados e Discussões.
O levantamento de 30 dias de observação nos Parques do Ibirapuera, Parque Vila Lobos e
Parque do Povo nas regiões de Moema e Itaim na cidade de São Paulo, possibilitou o
39
registro de aspectos demográficos e sociais, além de possibilitarem uma análise
comportamental dos frequentadores aos finais de semana.
As observações tiverem início em 27 de janeiro de 2018 e finalizaram em 02 de setembro
do mesmo ano, realizadas entre sábados e domingo das 10:00 às 14:00 horas, atingindo
uma saturação ao longo do período analisado. Apesar dos passeios representarem uma
pequena parte da rotina dos donos de animais de estimação, existe um grande esforço e
expressão da interação entre diferentes consumidores.
O Quadro 10 demonstra os principais aspectos observados prévios a abordagem descritiva,
que possibilitou a análise do conteúdo por meio da Categorização abordada no item 3.4
desse trabalho.
Quadro 10 – Aspectos Observados
Local.
Horário.
Quantidade de Pessoas.
Familias com Crianças.
Casal sem filhos.
Solteiros ou Não acompanhados.
Sexo Maioria.
Quantidade de Animais.
Atividades.
Presença de Acessórios.
Marcas utilizadas.
Carrinhos de Cachorro.
Presença de Pote de Água.
Fonte: Autor
Estima-se que no período analisado passaram pelos parques 932 pessoas, e 1.149 animais,
totalizando uma média de 1,2 animal de estimação por indivíduo. A matriz de informações
por data das observações realizadas encontra-se no apêndice desse trabalho, já com a
categorização do conteúdo realizada pelo software Atlas TI usado em todo o processo de
categorização metodológica.
40
3.2 Registro Fotográfico Documental.
A segunda etapa metodológica denominada de Registro Fotográfica Documental, engloba
o estudo de 1.516 fotos de consumidores e animais de estimação publicadas na página do
Facebook da marca de rações Dog Chow, esse conteúdo derivou de uma ação para
alavancar as vendas na Petz, uma cadeia de lojas para animais de estimação em São Paulo.
Tal registro possibilitou a análise indícios da literatura que reforcem a relação dos
consumidores com seus animais de estimação e os valores no momento do consumo, uma
vez que as fotos foram realizadas por uma cabine de fotos em seis pet shops em diferentes
bairros da cidade de São Paulo.
A ação itinerante em São Paulo teve duração de 1 mês, e ocorreu entre os dias de sete de
outubro de 2017 até 12 de novembro de 2017, o Quadro 11 consta os as localidades, datas
dos registros e quantidade de fotos tiradas por localidade, identificadas em diferentes
postagens e álbuns criados na página da marca em rede social, conforme fonte principal
desse levantamento para a análise.
Quadro 11 - Localidades Analisadas.
Região Data do Registro Fotos
Limão 21 e 22/10/2017 168
Bandeirantes 14 e 15/10/2017 201
Itaim 11 e 12/11/2017 579
Jaguaré 04 e 05/11/2017 103
Washington Luiz 28 e 29 /10/2017 95
Matriz – Marginal Tiete 07 e 08/10/2017 370
Total Registros 1.516
Fonte: Autor
“Em boa parte dos casos os documentos a serem
utilizados na pesquisa não receberam nenhum
tratamento analítico, torna-se necessária a análise de
41
seus dados. Essa análise deve ser feita em observância
aos objetivos e ao plano da pesquisa e pode exigir, em
alguns casos, o concurso de técnicas altamente
sofisticadas. ”
(GIL, 1987, p. 87)
Visando atingir o objetivo principal desse trabalho, ocorreu a aplicação analítica para
identificar valores de consumo expressados na relação entre consumidores e seus animais
de estimação, aplicando a categorização utilizada nos outros métodos da triangulação desse
trabalho e detalhada no item 3.4 desse trabalho.
Alguns aspectos foram considerados como indícios para análise dos blocos e categorias,
sendo detalhados no Quadro 12 como aspectos analisados, o mesmo quadro evidencia dois
exemplos das fotos analisadas, ilustrando o campo de análise – além de demonstrar a
preocupação em preservar a identidade da amostra analisada por se tratar de registros
fotográficos pessoais, conservando a ética no momento da pesquisa.
Quadro 12– Aspectos Analisados no Registro de Fotos.
Local.
Uso de Adereços
Quantidade de Fotos.
Familias com Crianças.
Casais sem filhos.
Solteiros ou Não acompanhados.
Sexo Maioria.
Quantidade de Animais.
Existência de Outros Animais
Demonstração de Afeto.
Vira-latas.
Cães de Raça.
Fonte: Autor
Observou-se que durante o momento dos registros das fotos foram ofertados adereços para
que consumidores e seus animais de estimação fossem fantasiados, podendo ou não utiliza-
los, assim como se caracterizar da mesma maneira. Identificaram-se nove diferentes
adereços que tinham tamanhos e aplicações para consumidores e seus animais de
42
estimação, sendo eles: Batman, Super-Homem, Chapéu Mexicano, Peruca de Palhaço,
Chapéu de Motoqueiro, Chapéu de Bruxa, Unicórnio, Coroa de Flores, Chapéu de Pirata.
Assim como os registros do método de Observação, primeira etapa metodológica desse
trabalho, as 1.516 fotos tornam-se documentos que necessitam de um olhar analítico para
atingir o objetivo desse estudo, passando assim pela mesma categorização, porém derivada
em uma análise documental, em sincronia com as etapas metodológicas 1 e 3 por meio do
software Atlas TI.
3.3 Entrevista em Profundidade.
A última etapa metodológica é marcada por uma abordagem qualitativa e constrói seu
ponto de partida em uma análise exploratória por meio do procedimento aplicado em oito
entrevistas com roteiros semiestruturados, assim pode-se evidenciar a percepção de valor
na perspectiva do consumidor, uma vez que já observados outros dois métodos e momentos
distintos na condução desse trabalho.
A pesquisa exploratória possui sua natureza em proporcionar uma aproximação com o
problema de pesquisa, visando identificar e torna-lo visível. Em sua maioria, envolve o
procedimento de entrevistas com respondentes que vivem ou possuem experiências com o
problema pesquisado. (GIL, 2007)
A entrevista é uma técnica de coleta de dados não documentados, que possibilita interação
com a amostra respondente com papeis distintos. O pesquisador passa a ter o objetivo de
obter dados e o respondente torna-se fonte de informações necessárias para o estudo.
(GERHARD, T. E e SILVEIRA, D. T., 2009)
Para a realização das entrevistas foram escolhidos oito paulistanos através de uma
amostragem do tipo bola-de-neve, utilizando contatos que possuíam cães e gatos como
animais de estimação que responderam um recrutamento on-line através do Facebook do
autor, o Quadro 13 revela o perfil dos participantes.
O roteiro semiestruturado exige que o autor organize um roteiro necessário, porém
possibilita que a amostra possa se expressar sobre os assuntos que surgem mediante
43
entrevista, o que possibilitou uma flexibilidade em adentrar a esfera de consumo e dos
laços relacionais com os animais de estimação, possibilitando o atingimento do objetivo
desse estudo, não restringindo que as respostas ocorressem de acordo com qualquer padrão
enviesado pelo método. (MANZINI, 2004).
Biernacki e Waldorf (1981) exploram as aplicabilidades, soluções e problema da utilização
desse tipo amostral, evidenciando seu grande uso em trabalhos qualitativos e sociológicos,
pois transmitir uma cadeia interligada que possui o potencial de explorar comportamentos
de um determinado grupo, assim então chamada de bola-de-neve.
Quadro 13 – Perfil Respondentes do Diário de Consumo
# REGIÃO CIDADE SEXO: IDADE: ANIMAL:
A. Sul Masculino 40 anos 2 cães
B. Centro Feminino 29 anos 2 gatos
C. Norte Masculino 22 anos 2 cães
D. Norte Masculino 25 anos 1 cão
E. Sul Feminino 29 anos 1 gato
F. Centro Feminino 33 anos 1 cão
G. Leste Masculino 26 anos 1 cão
H. Leste Feminino 28 anos 1 cão
Fonte: Autor
O esgotamento foi determinado de acordo com a saturação das respostas e tamanho
amostral, possibilitando uma abordagem de maneira interativa e de interesse por parte do
autor e respondentes. (DE BRITTO, J. e et all, 2012).
3.4 Categorização do Conteúdo.
A partir dos registros gerados de todo o conteúdo dos registros da observação, e
transcrições das entrevistas, foi utilizada a técnica de análise de conteúdo por Hsieh e
Shannon (2005) com o objetivo de construir um alicerce para análise dos métodos
qualitativos usados.
44
Já os documentos fotográficos utilizados na construção dessa pesquisa passaram por uma
análise documental, possibilitando um olhar analítico que os fizessem parte metodológica
integrante do estudo, e compondo uma sinergia com a análise de conteúdo.
Os mesmos autores abordam a categorização como três técnicas distintas: convencional,
direcionada e somativa. A primeira técnica gera códigos que se agrupam a partir da
produção de pesquisa, já para técnica direcionada os códigos gerados nascem na academia,
sendo necessária uma prévia revisão literária. Por fim, a técnica sumativa envolve a
contagem de palavras e comparações de métodos para a geração dos códigos, seguida do
entendimento do contexto analisado.
Nesse estudo foi utilizada a técnica de categorização direcionada, encontrando na revisão
da literatura códigos agrupados em Blocos que possuem sincronia com o Quadro 1.0 desse
trabalho, o qual ilustra o caminho da revisão literária.
Visando atender o objetivo desse trabalho Categorias e Subcategorias foram criadas
também por meio da literatura para que possibilitasse uma maior aplicação nas três distintas
fontes metodológicas, ilustrada no Quadro 14.
Quadro 14- Categorização do Conteúdo.
Bloco Categoria Subcategoria Referência
Bibliográfica
Valores de
Consumo
Valores Terminais
Paz
ROKEACH e
BALL ROKEACH
(1989)
Segurança Familiar
Felicidade
Auto-Estima
Sabedoria
Igualdade;
Consciência Social
Salvação
Conforto
Conquista
Amizade real
Segurança Nacional
45
Liberdade
Beleza Natural e
Artística
Reconhecimento
Social
Prazer
Independência
Intimidade
Fonte: Autores
Como abordado na revisão da literatura desse trabalho, Rokeach e Ball Rokeach (1989)
determinam que existem dois distintos grupos de valores humanos: (A) instrumentais e (B)
terminais. O segundo grupo foi escolhido por representar os valores derivados da forma de
agir, atingir metas, interagir e tomar decisões que dentre elas o consumo.
Logo, para o atingimento do objetivo primário desse trabalho criou-se um bloco com uma
categoria, porém com dezoito subcategorias que se transforam em códigos identificados ao
longo da triangulação desse trabalho para a composição da categorização.
Assim para identificar valores de consumo expressados na relação entre consumidores e
seus animais de estimação, deu-se início a análise da teoria de Rokeach e Bal Rokeach
(1989) criando um alicerce na literatura para os indícios encontrados na categorização
desse trabalho.
Como facilitador da aplicação da categorização desse trabalho foi utilizado o software
Atlas TI, que compreendeu as categorias detalhadas no Quadro 10, além de possibilitar o
manuseio das diferentes fontes e formatos.
Os resultados encontrados estão detalhados no capítulo seguinte desse trabalho, e
constroem indícios para atender o objetivo geral desse trabalho em identificar valores de
consumo expressados na relação entre consumidores e seus animais de estimação.
46
4.0 Resultados e Discussão.
O capitulo a seguir contém os achados e indícios empíricos do estudo realizado, dividido
pelas fases metodológicas de Observação, Análise Documental o e Entrevistas em
Profundidade, mapeando a experiência do consumidor de suprimentos, acessórios e
serviços para animais de estimação na cidade de São Paulo.
4.1 Observação.
A primeira coleta de dados desse trabalho teve início por meio das observações que
iniciaram em 27 de janeiro de 2018 e datam até dois de setembro do mesmo ano, ocorridas
aos finais de semana entre 10:00 às 14:00 horas, atingindo sua saturação ao longo dos
registros.
O registro possibilitou identificar 932 indivíduos que passaram pelos parques do
Ibirapuera, Vila Lobos e do Povo, e uma média de 1,2 animal de estimação por pessoa, o
que totaliza 1.149 animais. Observou-se uma grande concentração de casais sem filho,
atingindo 44% da amostra, seguidos de famílias com crianças que representaram 36% dos
frequentadores e pessoas desacompanhadas 13%, demonstrando um indício teórico inicial
do laço relacional familiar entre pessoas e seus animais de estimação. (HIRCHMAN,
1994).
Figura 1 – Frequentadores Observados em Parques.
Fonte: Autor
37%
44%
14%5%
Família com Crianças Casais sem CriançasDesacompanhados Sem Animais
47
A observação possibilitou um registro das atividades realizadas nos parques e em 100%
dos dias ocorreu troca de informação sobre práticas, atividades ou produtos entre os
observados, assim como em todos os dias observados ocorreu o compartilhamento de
brinquedos e potes de água entre cães, criando um segundo indício com a teoria sobre
experiência de consumo e busca de informação como passo de decisão de consumo.
(SOLOMON, 2003).
Em cinco dos trinta dias observados, frequentadores levaram cães de pequeno porte em
carrinhos de bebê, observou-se uma única vez um animal com sapatos e em 10 dias animais
foram carregados em pequenas bolsas, demonstrando grande sinergia com o
Antropomorfismo estudado nesse trabalho, por meio da atribuição de características e
consumo humano para outras entidades. (EPLEY et all, 2007).
Somente foi possível identificar 1 marca presente em 100% dos dias observados, a Zee-
Dog, marca de acessórios para animais de estimação, porém marcas de alimentos, serviços
e medicamentos foram capturada das conversas observadas e estão presentes no registro
da observação, como: Premier, Golden, Royal Canin, Pro Plan, Dog Hero e Pet Society.
A análise do conteúdo do registro dos 30 dias de observação constrói uma ponte entre as
evidências observadas e a teoria, registradas no Quadro 15 sobre a relevâncias das
categorias analisadas com o uso do software Atlas TI.
Quadro 15– Relevância da Categorização durante registros de Observação.
Subcategoria Recorrência
Reconhecimento Social 11
Amizade Real 7
Segurança Familiar 6
Igualdade / Consciência
Social
3
Prazer 3
Fonte: Autor.
48
Dentre os valores observados, identificou-se indícios de Reconhecimento Social com uma
forte expressão durante a análise de conteúdo, devido a composição de um sentimento de
grupo entre os observados, assim como senso comum das atitudes e grupos que se
formavam ou se encontravam por meio da experiência de socialização entre seus animais.
Encontro de Donos de Dogue Alemão, animais
chamavam atenção de todos os frequentadores. Oito
cães gigantes e seus donos que usam coleiras
reforçadas, levam escovas e petiscos. [...] Donos com
animais menores se distanciam, cria-se dois grupos
no parque.
Reconhecidos socialmente, e em uma experiência de pertencimento a observação retrata
um grande espaço para entendimento de uma procura por informações como um momento
de Word of Mouth (WOM) na perspectiva de Comunicação e Marcas, sendo um momento
de grande troca de informação e de recomendação entre consumidores em um momento de
lazer familiar, descrito por Rosen (2009) como um assunto, marca ou recomendação falada
por agentes de influência em qualquer grau.
“Perguntar sobre a raça é a forma de aproximar
frequentadores e iniciar troca de informação, 3 casais
falavam sobre animais ansiosos. "- O Lucke sofre de
ansiedade crônica, o seu sofre disso também?", "- Já
tentou chá de maracujá?", ocorreu a recomendação
de um veterinário na Mooca, especializado em
ansiedade canina.”
Identificou-se também a menção de marcas em dez fragmentos do registro, as quais
demonstraram um alto valor financeiro ao consumidor como Zee-Dog, Premier, Royal
Canin, Pro Plan, Pedigree e Golden.
“Após elogio a pelagem de um dos cães, ocorreu
conversa breve sobre as rações que utilizavam em
seus animais, dentre elas foram citadas: Premier,
Royal Canin e Golden.”
49
O Quadro 16 abaixo representa uma extração do Euromonitor Internacional do valor médio
por quilo gastos com as rações mencionadas e a comparação com a média gasta por
consumidores em todo o território nacional, evidenciando o fenômeno do WOM em meio
ao momento de Reconhecimento Social.
Quadro 16 – R$/Kg Marcas Mencionadas.
2017 vs. Média
Premier R$ 10,6 + 312%
Pro Plan R$ 13,5 + 397%
Golden R$ 7,80 + 229%
Pedigree R$ 6,27 + 184%
Média R$ 3,40 --
Fonte: Passport Euromonitor Internacional, Disponível em:
<https://www.portal.euromonitor.com/portal/>, Acessado em: 18 dez. 2018.
Já indícios do valor sobre Amizade Real possibilitaram ser identificados por meio de três
relações com animais de estimação que se tornaram evidentes quando observadas nos 30
dias de registro, sendo elas Self, Amigo e Família, definidas previamente nesse trabalho
por Hirschman (1994), explorado no referencial teórico desse trabalho.
A primeira identificada pelo uso de artefatos e acessórios que conectassem a relação de self
com os animais de estimação como gravatas, sapatos, almofadas feitas do mesmo tecido
que a canga utilizada pela dona, laços iguais usados pela consumidora e seus animais de
estimação, evidenciando a projeção do consumo também no momento de consumo pet
observados. (CLEVELAND, M., 2003)
As relações de Amizade e Família foram capturadas ao observar as atividades e discursos
da amostra analisadas, brincadeira e esportes como jogar bolinhas e brinquedos
conseguiram traduzir uma relação de amizade que nasce do papel familiar ocupado pelos
animais de estimação conforme registro do dia 18/08 no Parque Vila Lobos por volta do
12:45 PM.
“Falavam que frequentavam o pet shop para tomar
banho uma vez por semana, e sempre após o parque
usava talco para limpeza do no animal. Um dos cães
engasgou com um graveto, a dona pedia socorro
50
referindo-se ao animal como filho e dizia que ele não
poderia morrer, saiu do parque acompanhada do
marido para o veterinário”
Assim é possível margear o valor de Segurança Familiar, uma vez que a relação de família
era reforçada, e não somente amostra observada referia-se aos seus animais como filhos,
mas também davam nomes humanos como: Jorge, Alice e Emília. Porém conflitos pela
falta do uso de coleiras foram recorrentes, assim como um episódio de comoção dos
frequentadores com a perda de um dos animais pelo parque, demonstrando indícios da
preocupação com segurança dos animais.
Observaram-se indícios do valor de Igualdade/Consciência Social expressados na
relevância dos assuntos abordados sobre Adoção e a população de Vira-Latas entre os
frequentadores dos parques, estimados em 60% da população dos animais entre adultos e
filhotes. Demonstrando então valorização do tema na amostra observada e o indício desse
valor no consumidor de suprimentos, acessórios e serviços para animais de estimação.
Por fim, dentre os valores presentes na categorização desse trabalho, observou-se uma
atividade de lazer por meio de passeios em parques da cidade de São Paulo, retratando
aspectos de Prazer na relação entre consumidores e animais de estimação, pela companhia
familiar e momentos de descontração.
Por fim, após a interpretação dos registros e análise do conteúdo pode-se observar indícios
de outro valor não mencionados por Rokeach e Bal Rokeach (1989), que possui presença
na interação entre frequentadores dos parques e troca de informações, sendo analisado
como a Saúde de seus animais de estimação.
A preocupação com Saúde dos animais se mostra representativa com 7 identificações no
conteúdo, materializada por ser uma troca de informação relevante no momento do passeio,
estando relacionada com a Alimentação, Ansiedade, Problemas de Pele e Recomendação
Veterinária.
“Duas mulheres não acompanhadas comentam da
rotina de higiene de seus Buldogues Franceses, “- Ele
tem muito problema de pele, e o seu?" , uma delas
51
recomendou Shampoo Pet Society, reforçando que foi
recomendação da veterinária.”
Como contribuições sumárias da primeira etapa de resultados está a identificação de cinco
valores presentes na categorização desse trabalho, sendo eles: Reconhecimento Social,
Amizade Real, Segurança Familiar, Igualdade/Consciência Social e Prazer. E o acréscimo
do valor sobre Saúde. As próximas análises de resultados partem dessa construção para
identificação dos valores de consumo expressados na relação entre consumidores e seus
animais de estimação em outros dois momentos distintos para coleta de dados.
Quadro 17– Valores Identificados durante Observação.
Subcategoria Recorrência
Reconhecimento Social 11
Amizade Real 7
Saúde 7
Segurança Familiar 6
Igualdade / Consciência
Social
3
Prazer 3
Fonte: Autor
O quadro 17 demonstra os valores encontrados durante o processo metodológico, e sua
classificação e sua relevância, conforme revisão da literatura e abordagem de valores por
Rocheach e Bal Rocheach (1991).
4.2 Análise Documental de Registros Fotográficos.
A análise documental de registros fotográficos ocorreu por meio de uma campanha da
marca de alimentos para cães Dog Chow em divulgação ocorrida em sua página no
Facebook, quando em seis pet shops da rede Petz por São Paulo foram espalhadas cabines
52
de fotos para que consumidores registrassem o momento com seus animais de estimação
durante um final de semana.
A ação itinerante em São Paulo teve duração de um mês e ocorreu entre os dias sete de
outubro de 2017 até doze de novembro de 2017, nas regiões do Limão, Bandeirantes, Itaim,
Jaguaré, Washington Luiz e Marginal Tietê.
Um ponto já abordado no capítulo de Metodologia desse trabalho, porém crucial para
entendimento da análise de dado é a presença de adereços para que consumidores e seus
animais de estimação se caracterizassem iguais por vontade própria. O que propiciou a
identificação de nove adereços que eram utilizados em consumidores e seus animais de
estimação, sendo eles: Batman, Super-Homem, Chapéu Mexicano, Peruca de Palhaço,
Chapéu de Motoqueiro, Chapéu de Bruxa, Unicórnio, Coroa de Flores, Chapéu de Pirata,
conforme Quadro 18.
Quadro 18 - Adereços para Consumidores e Animais de Estimação
Fonte: Disponível em < https://www.facebook.com/DogChowBR/>, Acesso em: 1 dez. 2017.
53
Para a análise dos resultados, a identidade dos consumidores foi preservada respeitando os
princípios éticos de pesquisa assim as fotos usadas nesse trabalho terão os rostos dos
consumidores censurados, conforme Quadro 18
Durante o processo de análise, foi possível identificar indícios de valores terminais que
construíram o Quadro 19 e a relevância da categorização documental pelos 1.516 de fotos,
passando por uma limitação pelo método de coleta dos registros, pela natureza documental
estática da análise, não possibilitando interação entre o autor e a amostra respondente.
Quadro 19– Relevância da Categorização durante registros fotográficos.
Subcategoria Recorrência
Amizade Real 1.505
Reconhecimento Social 942
Igualdade / Consciência Social 303
Fonte: Autor
O primeiro valor com maior indício entre os registros fotográficos é Amizade Real,
evidenciando os laços relacionais entre consumidores e animais de estimação em 100% das
fotos analisadas. A Figura 2 demonstra a quantidade de fotos com a presença de famílias,
assim como o número de famílias com crianças, casais sem filhos, desacompanhados com
animais de estimação.
Os registros evidenciam 834 fotos em família, que representam 56% das fotos tiradas, das
quais 599 são de casais sem filhos (40%), indício abordado na revisão da teoria como
papeis relacionais de Companhia assumidos para animais de estimação como família.
(HIRSCHMAN, 1994).
54
Figura 2– Presença em Registro Fotográfico.
Fonte: Autor
Tal concentração de famílias foi analisada também como relevante durante a primeira etapa
metodológica dos resultados levantados pela Observação, o qual apontou 81% dos
frequentadores dos parques, também liderados por Casais sem Filhos que representavam
54% das famílias.
Já os Desacompanhados com animais de estimação passam a representar uma grande
parcela dos registros fotográficos, gerando um indício sobre o hábito de compra do
consumidor de suprimentos, acessórios e serviços para animais de estimação, sendo essa
uma possível pesquisa futura a partir desse levantamento, assim como um caminho para
entendimento das novas configurações familiares brasileiras, e laços relacionais de
Amigos, também subcategoria desse trabalho.
Em 1505 fotos foram registrados demonstração de afeto entre consumidores e seus animais
de estimação, sendo considerados pela aproximação do animal do corpo do consumidor
com abraços.
Foram registradas 1498 fotos com abraços, representando 99% do material analisado,
assim como o registro de sete beijos dados em animais de estimação, totalizando 1.505
demonstrações de afeto que tiveram uma maior concentração nas fotos com adereços,
conforme ilustra o Quadro 20, com exemplos de demonstração afetiva.
As 11 fotos que não foram categorizadas por Amizade Real são registros de animais de
estimação desacompanhados e não foram interpretadas em nenhuma subcategoria do Bloco
Valores Terminais.
16%
40%
45%
Família com Crianças Casais sem Filhos Desacompanhados
55
Quadro 20– Demonstração Afetiva.
Não Uso de Adereços Uso de Adereços
Fonte: Disponível em < https://www.facebook.com/DogChowBR/>, Acesso em: 1 dez. 2017.
Gerando um aprofundamento na subcategoria Reconhecimento Social, as fotos registraram
o uso ou não de adereços em animais de estimação e em seus donos, compondo uma ponte
com a teoria de Epley et all (2007), pela manifestação do antropomorfismo em atribuir
características humanas em outras entidades como animais de estimação.
Assim como constrói um indício da relação entre o self tratado por Hirschman (1994),
como uma forma de projeção de hábitos humanos em seus animais, assim como Cleveland
(2003) constrói o self como uma projeção e expressão do eu-estendido por meio do
consumo.
O Quadro 21 representa a importância das fotos registradas com adereços e sem adereços,
demonstrando que 61% das fotos possuíam o uso de adereços em consumidores e seus
animais, gerando indício entre os estudos mencionados acima entre antropomorfismo e eu-
estendido.
O que a análise documental torna evidente é que a escolha por adereços além de ser um
fenômeno antropomórfico, também pode ser interpretada como um fator que evidencia
56
proximidade da relação entre consumidores e seus animais de estimação, analisadas pelo
aumento de fotos que registraram famílias com crianças (16% com adereços vs. 14% sem
adereços), maior número de casais sem filhos em 413 fotos (44% com adereços vs. 32%
sem adereços).
Quadro 21– Análise do uso e não uso de Adereços em Animais de Estimação.
Não Uso de Adereços Uso de Adereços
Total de Fotos: 585 fotos 931 fotos
Famílias com Crianças: 83 fotos (14%) 152 fotos (16%)
Casais sem Filhos 186 fotos (32%) 413 fotos (44%)
Desacompanhados 316 fotos (54%) 366 fotos (39%)
Vira-Latas 95 fotos (16%) 208 fotos (22%)
Outros Animais 12 fotos (2%) 1 foto (0%)
Fonte: Disponível em < https://www.facebook.com/DogChowBR/>, Acesso em: 1 dez. 2017.
O fenômeno da caracterização por personagens foi estudado por Barboza e Silva (2013) ao
identificar que o ato de se fantasiar por um determinado grupo traduz a maneira como se
relacionam, seu senso de pertencimento e sua extensão por meio do consumo. As autoras
reforçam que o consumidor se apropria de uma determinada cultura para expressar
fragmentos do seu eu, gerando uma ponte com o valor de Reconhecimento Social
identificado.
57
Outro indício de Reconhecimento Social é a presença de outros animais no registro
fotográfico, criando grupos distintos e uma outra maneira de expressão de consumo por
meio de animais de estimação.
Ao todo foi registrado 1,3 cão por foto, totalizando 1.970 cães fotografados além da
presença de outros animais como descrição contida no Quadro 22, demonstrando indícios
que apesar de participarem de uma atividade publicitária para cães, consumidores se
expressaram com seus gatos, peixes, porcos e pássaros, reforçando os valores de
Reconhecimento Social em diferentes comunidades dentro de consumidores de animais de
estimação.
Quadro 22 – Outros Animais.
Gatos: Porco: Pássaro:
7 Fotos 3 Fotos 1 Foto
Fonte: Disponível em < https://www.facebook.com/DogChowBR/>, Acesso em: 1 dez. 2017.
Por fim, o valor de Igualdade/ Consciência Social apresentou indícios na amostra de
participantes pela presença de vira-latas, considerados adotados para critérios da análise.
O grupo de consumidores que escolheu por usar adereços em seus animais de estimação
58
demonstrou uma maior taxa de adoção de animais, 22% dos animais registrados eram vira-
latas, enquanto as fotos com vira-latas sem adereços somente atingiram 16% do universo,
A análise descritiva da Observação e a análise Documental dos Registros Fotográficos
conseguiram gerar evidências sobre a presença de valores de consumo em distintos
momentos na relação entre consumidores e seus animais de estimação, porém o caminho
metodológico desse trabalho se fez completo pela necessidade de um aprofundamento.
O próximo item desse trabalho, entra na terceira a última etapa metodológica por meio de
10 entrevistas em profundidade com o objetivo de comprovar os indícios das análises
anteriores e identificar valores de consumo expressados na relação entre consumidores e
seus animais de estimação.
4.3 Entrevistas em Profundidade.
Como último método utilizado, foram conduzidas oito entrevistas com consumidores entre
28 e 40 anos, moradores da cidade de São Paulo encontrados através do método bola-de-
neve, por um anúncio feito na página do Facebook do autor.
Identificou-se a necessidade de aprofundamento dos laços relacionais para explorar os
valores de consumo na relação entre indivíduos e animais de estimação, cada entrevista
teve em média 40 minutos de duração, e foram realizadas entre os meses de setembro e
Outubro de 2018.
Importante ressaltar que foram selecionados consumidores que atribuíam papeis de
companhia aos seus animais de estimação, sendo eles familiar, amizade/companheiros ou
self/eu-estendido, conforme Hirschman (1994). Foi possível essa abordagem em uma
conversa prévia por telefone, sendo esse um critério de seleção e facilitador para
exploração de valores utilizados ao consumir durante as entrevistas exploratórias.
Os critérios para aplicação da Categorização foi o mesmo utilizado pelos métodos
anteriores, e descritos no item 3.4 desse trabalho. Logo, a relevância das subcategorias
encontradas no conteúdo analisado encontra-se no Quadro 23.
59
Quadro 23 – Relevância da Categorização durante Entrevistas em Profundidade.
Subcategoria Recorrência
Reconhecimento Social 27
Segurança Familiar 22
Amizade real 20
Prazer 20
Igualdade; Consciência Social 9
Fonte: Autor.
O valor presente nos critérios de categorização com maior expressão é Reconhecimento
Social, percebido por meio da necessidade de pertencer a um grupo e passar a fazer parte
de atividades que identifiquem o consumidor como pertencente ao grupo de donos de
animais de estimação, essa expressão se deu por conta da identificação com raças distintas,
assim como pela busca de serviços e atividades que possibilitem o sentimento de serem
reconhecidos socialmente.
Frequentar escola para cães, idas aos parques, socialização com outros animais, ser dona
de gato, ter um vira-lata que veio das ruas, assim como ter um cão gigante possibilitaram
a interpretação dos indícios teóricos sobre agrupamentos sociais e sua busca por
reconhecimento.
Eu escolhi esse pet shop porque eles tem uma
banheira para cachorro gigante, eles não precisam
pegar ele no colo, ele sobe pela escadinha, porque é
melhor e mais confortável para ele.
Constrói-se uma ponte com a estratificação cultural de consumo por identificar
microculturas que vivem dentro do universo de animais de estimação. Solomon (2003)
define microcultura como símbolos, significados, atitudes e experiências trocadas por
pequenos grupos com viés de pertencimento e identidade, o que se mostrou dentro do pet
ao gerar um consumo próprio para gatos, animais de pequeno ou grande porte.
Eu sempre tive gato a vida inteira, tive mais de 25
gatos entre infância e adolescência, mas eu sempre
60
quis um Pug, e um dia cheguei em casa e me fizeram
surpresa e minha bolinha de pelos estava na sacada
(cão) [...]. Hoje as pessoas me reconhecem na rua
pela página do Instragram que criei para ela.
Outro ponto que auxilia na identificação desse valor é que 100% das amostra mencionou
marcas de maneira proativa, ou seja, sem estimula. Marcas de produtos e serviços como:
Golden, Premier, Pro Plan, Bravecto, Royal Canin, Anhembi Morumbi, Cobasi e Petz
foram citadas, assim como um dos respondentes se mostrou buscar raças de animais que
possuam um preço elevado.
Eu sempre sonhei em ter um Bernese, mas nunca
imaginei que fosse ter realmente, por conta do espaço
e preço, é um animal muito caro!
Já Segurança Familiar é estabelecida por preocupações com o lar, assim como o valor se
mostrou presente em todo o processo de passeio com relato de escolha de acessórios que
propiciem uma experiência de passeio prazerosa e segura, evitando acidentes e que os
animais se percam.
A interpretação desse valor se deve ao entendimento que o animal assume um papel
familiar, protagonizando um valor de consumo como de fato fosse um filho, irmão ou neto,
conforme relatado pela amostra respondente.
[...] minha mãe preferiu, quando viajou para fora do
país, gastar R$ 1.500 ao invés de deixá-los com a avó
da minha noiva. Ela prefere ver um vídeo deles no
hotel a hora que quiser do que correr algum risco de
eles escaparem com a avó que já tem uma idade
avançada.
Assim como o processo de adaptação do animal se mostrou uma fase importante para o
valor Segurança Familiar analisado, gerando indícios que a chegada do pet traria novas
preocupações em relação a sua segurança.
61
A princípio ela ficava na varanda, eu colocava até
música clássica para ela, mas fui aprendendo com ela
e ela comigo. Comprei algumas portas de madeira
para construir um ambiente mais aconchegante para
ela... [...] Hoje deixo alguns esconderijos na casa com
ela, minha preocupação sempre foi ela atravessar
uma porta de vidro.
Já o valor Prazer, foi percebido pelo momento da diversão com os animais de estimação
mostrou-se presente em 100% das entrevistas, para o qual consumidores buscaram
soluções em passeios, idas aos parques e compra de bolinhas e brinquedos como um
momento prazeroso na relação com os animais de estimação.
Prazer pode ser percebido também na adequação da rotina de lazer como passeios e
viagens, assim como nos momentos denominados da hora da brincadeira, tal vocabulário
foi compilado no Quadro 29.
Quadro 24– Relevância Vocabulário de Prazer.
Ocasião Ocorrência
Hora de Brincar 8
Festa 6
Explorar 4
Passeio 4
Jogar e Pegar 3
Válvula de Escape 1
Fonte: Autor
Outro valor identificado em momentos de interação foi Amizade Real, principalmente
quando perguntado quais os momentos mais valiosos na relação da amostra respondente e
seus animais de estimação, a concentração da resposta entre a recepção ao chegar em casa,
hora de dormir, hora de acordar e companhia diária demonstra que tal valor se faz presente
62
não só nos laços relacionais como descreve a revisão da literatura desse trabalho, mas
também nos momentos de consumo.
Eu tenho mania de comprar brinquedo, não vou dizer
que a cada compra, mas digo que volta e meia estou
comprando um brinquedo de presente para elas.
Outro indício desse valor foi 50% das entrevistas conduzidas na presença dos animais de
estimação de maneira proativa dos entrevistados em apresentar seus pets, demonstrando
ainda mais indícios sobre seus laços relacionais.
Consciência Social aparece na análise devido menções sobre resgatar e adotar animais
abandonados, construindo uma rede entre ONGS, comunidades em redes sociais e suprindo
a necessidade desses animais ao longo da vida e relação com seus donos.
Apareceu no meu Facebook, uma menina tinha
recolhido uns cachorros na praia, porque tinha tido
aquela enchente no litoral, e ela recolheu e trouxe
para adoção. [...] Hoje tem a faxineira, que eu chamo
de babá da Brisa e ela mesmo se chama de baba da
Brisa, se a Brisa estiver estressada da chuva, eu falo
para ela desencanar da roupa, para ficar com a Brisa,
passear com a Brisa, brincar com a Brisa. Tem a
escolinha também, ela vai uma vez por semana, mas
já chegou a ir três vezes.
Além dos valores presentes na Categorização desse trabalho, observou-se outro valor de
maior expressão no discurso da amostra, já identificado na etapa de Observação desse
trabalho. O valor de Saúde foi transmitido ao animal de estimação como uma relevante
preocupação que ronda o consumo e se apoia na comunidade veterinária em busca de
endosso e de produtos e serviços como tratamentos e prevenções, dos oito entrevistados
sete relataram procurar por alternativas de consumo devido a algum problema de saúde,
além de 100% da amostra respaldar a escolha de algum dos produtos consumidos pela
indicação veterinária.
63
Eu acabei restringindo algumas marcas por
recomendação de veterinários, [...] eu não tenho
conhecimento técnico para avaliar as rações, mas eu
acredito que marcas baratas não sejam tão boas.
A saúde do animal de estimação consagrou-se como a maior preocupação entre os
consumidores e apontada pela amostra em 80% das respostas, seguida de Segurança e Falta
de Atenção, conforme demonstra a Figura 03.
Figura 3– Preocupações com Animais de Estimação.
Fonte: Autor
A relevância de relatos de antigos problemas de saúde, assim como a escolha da
alimentação e serviços como forma de evitar a recorrência, torna-se evidente a presença do
valor Saúde entre os entrevistados.
Ele sai do banho, eu ponho os dedos no meio do pelo
para ver se está bem sequinho, porque ele é sensível.
Já teve perda de pelo, eu sou mais exigente com o
serviço, eu escolhi porque é o lugar que seca melhor
ele, conhecem ele, ele toma banho lá desde filhote.
O Quadro 25 demonstra os problemas de saúde relatados e os produtos ou serviços
escolhidos como alternativas, além do relato do endosso veterinário na resolução do
80%
10%
10%
Saúde Falta de Atenção Segurança
64
problema e momento de consumo, construindo uma ponte com a literatura de Solomon
(2003) pela busca de informações.
Quadro 25– Problemas de Saúde Relatados, Consumo e Endosso Veterinário.
Problema de Saúde Produto ou Serviço Endosso Veterinário
Obesidade Ração Premier Obesity Sim
Alergia Dermatológica Ração Premier Dermacare’
Comida Preparada em Casa
Sim
Fezes Moles Ração Premier Sim
Perda de Pelo Banheira para Cães Gigantes Não
Cálculo Urinário Pro Plan Urinary Sim
Câncer - Linfoma Hospital Veterinário Anhembi
Morumbi
Sim
Ansiedade Floral Não
Infestação de Pulga Bravecto Sim
Fonte: Autor
Os respondentes referiram-se à saúde como a busca por tratamento de problemas já
ocorridos, assim como a busca por prevenção evidenciando a teoria do Antropomorfismo
de Eppley et all (2007) ao atribuir a mesma preocupação de saúde humana a uma entidade
não humana.
Ela estar sempre bem cuidada, vacinada e saúde toda
ok. [...] E eu tenho medo que ela tenha uma síncope,
ela fica muito tensa, aí eu dou floral para ela também.
Porém o resultado dos serviços mostrou-se importante para 100% dos respondentes,
retomando o consumo como uma experiência relatado por Holt (1995), e dessa vez o
65
consumo de um serviço para animais de estimação traduzido para uma experiência positiva
para o humano.
No atendimento e atenção com elas e comigo... mais
com elas do que comigo, comigo também...
Atendimento é como qualquer tipo de serviço...
Educação e preocupação. Principalmente
veterinários e banho e tosa, essas pessoas atendem
muitos animais por dia, acabam lidando como se
fosse um pedaço de carne, mas elas não são qualquer
um para mim, são as minhas cachorras.
O Quadro 26 identifica os valores encontrados durante a etapa de Entrevistas em
Profundidade, baseados na Categorização conforme revisão da literatura e abordagem de
valores por Rocheach e Bal Rocheach (1991), e valor de Saúde indentificado na análise do
conteúdo coletado da amostra.
Quadro 26 – Relevância da Categorização durante Entrevistas em Profundidade.
Valores Recorrência
Saúde 40
Reconhecimento Social 27
Segurança Familiar 22
Amizade real 20
Prazer 20
Igualdade; Consciência Social 9
Fonte: Autor.
O item 4.4 desse trabalho aborda a discussão e a ligação dos resultados levantados na
triangulação metodológica desse trabalho, assim com constrói um quadro sumário a partir
de indícios a expressados na relação entre consumidores e seus animais de estimação.
66
4.4 Discussão.
Após a análise e levantamento dos indícios que identificaram valores de consumo descritos
previamente por Rocheach e Bal Rocheach (1998) como crenças e atitudes que levaram os
consumidores analisados ao consumo, pode-se compor o Quadro 27 que é a contribuição
final desse trabalho.
O Quadro denominado de Valores de Consumo para Animais de Estimação, contempla as
etapas metodológicas de Observação, Análise de Registros Fotográficos e Entrevistas em
Profundidade, compondo os valores identificados pelas análises descritiva, documental e
exploratória.
Pela triangulação metodológica e diferentes momentos os quais consumidores foram
analisados, entende-se que a lista mais completa de valores se deu ao explorar a amostra
de oito respondentes das entrevistas, e análise descritiva da Observação, quando se torna
possível identificar seis desses mesmos valores, dos quais somente três puderam ser
percebidos no momento do abastecimento.
O campo com maior conexão de valores entre consumidores e animais de estimação foi a
relação estabelecida no convívio e rotina, seria esse então o momento mais propício para
conexões com marcas de suprimentos, acessórios e serviços que utilizem dos mesmos
valores encontrados por esse estudo. (ESCALAS e BETTMAN, 2003).
Com um escopo menor, por se tratar de somente um momento de interação e convívio, a
Observação demostrou-se expressiva pelo repertório de valores identificados,
evidenciando o consumo como experiência detalhado por Holt (2003).
Já o momento do abastecimento demonstrou-se repleto de indícios relacionais e de
Reconhecimento Social e auto expressão, principalmente devido à natureza do registro pela
caracterização e eu-estendido observada, o que passou a aclarar o fenômeno
antropomórfico de Eppley et all (2005).
Escalas e Bettman (2003) evidenciam que existem etapas durante o processo produtivo que
geram valor e identificação entre marcas e produtos, e dentre eles está o Marketing que se
apropria de valores humanos para a construção de pontes com crenças e atitudes humanas
que aceleram o consumo ou escolha.
67
O estudo permite adicionar um valor aos já analisados pelo embasamento teórico da
Categorização, sendo Saúde o sexto valor identificado entre os valores terminais. Também
é valido o entendimento que tal valor já havia sido identificado por Strehlau et all (2005)
que apesar de conduzidos pela temática de outro objeto de estudo, se mostrou presente
também na cidade de São Paulo.
Logo, a principal discussão desse trabalho é exemplificada no Quadro 27, por meio da
identificação dos valores de consumo para animais de estimação, apoiados em três alicerces
que compõe a revisão da literatura desse trabalho, sendo eles inerentes ao consumir para
pets como a decisão de consumo, a relação de companhia e o Antropomorfismo.
Os valores identificados se mostram permear todas as etapas de Decisão de Consumo de
Solomon (2003), o resultado de todo o caminho metodológico demonstrou que o
Reconhecimento do Problema, Procura por Informações, Avaliação de Alternativas,
Compra, Consumo e Avaliação Pós Compra possuem raízes nos seis valores terminais
identificados.
As três distintas coletas de dados que formam o estudo permitiram identificar essas etapas
de maneiras distintas, sendo assim a análise descritiva da Observação conseguiu registrar
a Procura por Informações, Consumo e Avaliação Pós Consumo de suprimentos, acessórios
e serviços para animais de estimação. Assim como os registros fotográficos foram
realizados em uma rede de pet-shops no momento e pré e pós compra e análise das
alternativas.
Por fim, durante as entrevistas em profundidade foi possível abordar todas as etapas de
decisão de consumo, as quais foram alicerces para a identificação dos valores de consumo
para animais de estimação, atingindo o objetivo primário desse trabalho.
Já a relação de companhia, atribuiu papeis de acordo com a revisão da literatura de
Hirschman (1994), pela qual possibilitou identificar valores vividos em laços relacionais
próximos ao consumidor, a amostra foi selecionada para que essa relação fosse fator de
consumo conforme literatura, sendo a relação de companhia o segundo pilar para o
atingimento do objetivo do estudo.
68
Assim o Antropomorfismo consegue construir o último pilar teórico e base do estudo por
evidenciar que consumidores estão buscando seus valores na constante tentativa de suprir
as necessidades de seus animais de estimação, tentando entender e se colocar na
perspectiva de outra entidade não humana ao consumir, assim vivendo suas próprias
decisões de consumo em uma categoria de produtos e serviços que é de consumo final por
animais de estimação.
O Quadro 27 reforça a ligação da literatura acadêmica com os indícios de valores
encontrados no processo de triangulação metodológica para identificação dos valores de
consumo na relação com animais de estimação.
69
Quadro 27– Valores de Consumo para Animais de Estimação.
Fonte: Autor
Observação Análise Documental
Registro Fotográfico
Entrevistas em
Profundidade
Saúde Amizade Real Saúde
Segurança Familiar Igualdade; Consciência Social Segurança Familiar
Amizade Real Amizade Real
Prazer
Reconhecimento Social
Igualdade; Consciência Social Igualdade; Consciência Social
Prazer
Reconhecimento Social Reconhecimento Social
Valores de Consumo para
Animais de Estimação
Antropomorfismo
Relação de Companhia
Decisão do Consumo
70
5.0 Conclusão
Após preencher o caminho metodológico desse trabalho e analisar as três fontes distintas
de levantamento de dados, torna-se evidente o papel dos animais de estimação na sociedade
de consumo, detalhando o comportamento ao consumir suprimentos, acessórios e serviços.
A tomada de decisão humana vive um momento de consumo antropomórfico, na constante
intensão de suprir as necessidades de seus animais de estimação perante os valores
humanos de consumo, conforme ponte com a literatura de Epley et all (2017).
Os resultados levantados partem da relação de companhia entre consumidores e seus
animais, recortando o universo de consumo e permeando as etapas de decisão de consumo
de produtos e serviço, além de demonstrar os seis valores de consumo detalhados como
maior contribuição do estudo.
Assim as três diferentes etapas metodológicas, constroem uma ponte com o caminho de
decisão de consumo de Solomon (2003), transformando os diferentes momentos analisados
nesse trabalho como as fontes utilizadas para mapear o comportamento do consumo e
entendimento dos valores aos quais são acionados ao consumir.
Durante os trinta dias de observação encontraram-se indícios antropomórficos, além de
uma forte presença familiar na atividade de passeio. Ao mesmo tempo que ocorriam
agrupamentos para trocas de informação e preocupações sociais voltada ao setor, como
referências à abrigos, feiras de adoção e quantidade de vira-latas acompanhados de seus
donos.
Já a análise documental do registro fotográfico, realizada por meio da publicação por uma
marca de ração para cães em sua página no Facebook possibilitou a análise da relação de
eu-estendido ao escolherem se caracterizar da mesma maneira que seus animais para
registro fotográfico, além de demonstrarem afeto e busca por reconhecimento social
extrapolando a proposta da marca e registrando inclusive outros animais como: gatos,
porcos, pássaros, peixes e porquinhos da índia.
71
Por fim, as entrevistas realizadas em profundidade possibilitaram um vasto campo para
exploração dos valores de consumo, reforçando o caminho teóricos do estudo e as
primeiras etapas metodológicas.
A utilização da triangulação metodológica compôs uma robustez no levantamento da
análise, evitando possíveis vieses de interpretações durante a categorização de todo o
conteúdo analisado. Logo, foram identificados um valor incrementais aos detalhados
durante o processo de categorização do conteúdo analisado, o qual se mostrou inerente à
categoria e registrou um caminho de aplicação do estudo feito, servindo de ponto de partida
como base referencial para a categoria de suprimentos, acessórios e serviços para animais
de estimação.
O levantamento de dados contou com uma presença de uma amostra familiar, sendo casais
sem crianças a maior concentração entre os respondentes das três fases metodológicas,
demonstrando um indício da teoria de Hirschman (1994) ao detalhar o papel do animal em
uma família perante ao período familiar que ele é inserido no núcleo.
Durante a condução do estudo foram declaradas marcas em uso pelos distintos
consumidores como: Premier, Golden, Royal Canin, Pro Plan, Dog Hero, Pro Plan,
Anhembi-Morumbi, Petz, Cobasi e Pet Society, gerando indícios de marcas que conseguem
atingir seu posicionamento na consideração dos consumidores e que assim possivelmente
se conectar com os valores identificados no trabalho.
As limitações do estudo demonstram-se ao entender que a amostra analisada teve três
diferentes fontes para compor a triangulação metodológica, ou seja, as pessoas analisadas
durante os trinta dias da Observação sobre Socialização, não são as mesmas pessoas que
passaram pela análise documental fotográfica e entrevista em profundidade.
Apesar de que a amostra passou por um recorte para a cidade e São Paulo escolhida para
condução do estudo, é necessário evidenciar que por se tratar da maior metrópole nacional
e concentração de renda do país, a relação de consumo para animais de estimação tende a
ser potencializada nesse grande centro.
O último ponto sobre as limitações do estudo é a análise documental fotográfica que apesar
de gerar o maior levantamento de dados para a análise, pode somente demonstrar valores
72
possíveis de se interpretar sem interação com a amostra, não sendo possível a identificação
de valores como: Saúde, Prazer e Segurança Familiar.
Como futura continuação desse estudo sugere-se dois caminhos distintos, o primeiro como
extrapolação dos valores identificados na cidade de São Paulo para outras cidades de outros
estados brasileiros, compondo um caminho de evidências para identificação de valores
brasileiros ao compreender as particularidades regionais, e assim validando os valores
encontrados ao analisar peças comunicativas de marcas que já tenham uma expressão no
mercado local.
Como segundo caminho de continuação do estudo está o aprofundamento nas relações de
propriedade com animis de estimação ao invés de companhia usadas como base nesse
estudo, fazendo então que se entenda todas os valores de consumo utilizados para todas as
relações presentes entre humanos e animais de estimação.
O uso desse estudo garante aplicações nas decisões de Marketing, posicionamento e
construção de marcas e branding no setor de suprimentos, acessórios e serviços para
animais de estimação, por entender que consumidores buscam conectar-se através de seis
valores distintos como instrumentos ou destino final na escolha de consumo. Algumas das
utilidades do estudo são o uso dos valores de consumo em campanhas de comunicação,
tons comunicativos, estratégias de ponto de venda e escolha de sortimento para lojas no
setor.
O resultado colhido durante dois anos de estudo também visa identificar o ponto de partida
da importância dos animais de estimação na cultura local, retomando a chegada dos
animais nas mãos colonizadores e recebimento dos índios e significação afetiva, mesmo
ocorrido em outros países que tiveram histórias colônias semelhantes.
Academicamente, os resultados contribuem para aplicação do estudo sobre valores
brasileiros com um viés para a cidade de São Paulo em uma categoria distinta de consumo,
aprofundando em um momento de empatia antropomórfica para o consumo, além de gerar
literatura sobre o setor objeto desse estudo.
Por fim, conclui-se que os seis valores de consumo identificados nesse trabalho fazem parte
da consideração humana ao consumir para seus animais de estimação, reforçando os
73
valores sobre Saúde, Amizade Real, Prazer, Segurança Familiar, Reconhecimento Social e
Igualdade identificados na cidade de São Paulo.
74
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78
7.0 Apêndice
7.1 Roteiro semiestruturado para condução das entrevistas.
A. QUEBRA GELO:
1. Obrigado por ter topado participar do estudo, nessa reta final é muito importante esse
tipo de colaboração.
2. Como você sabe iremos falar sobre os seus pets, porem me conta um pouco sobre
você?
3. Qual sua idade? Ocupação? Casado? Solteiro?
4. Como é sua rotina?
5. Você faz compras correto? Para vc, para a casa? O que você valoriza ao se abastecer
para casa? O que você valorize ao se abastecer para vc mesmo?
B. VAMOS FALAR DO PET?
6. Me conta um pouco sobre a história de vocês? Como eles vieram para você?
7. Como foi a decisão em comprar/adotar o pet? Tomou em conjunto?
8. Ocorreu alguma mudança de rotina? Me conte mais sobre a sua rotina com o pet.
9. Você sabia que todas essas mudanças iriam ocorrer?
10. O que eles representam para você? Mas é uma companhia… familia? Amigo? Ou faz
parte de quem você é?
Explorar a relação.
C. E O CONSUMO?
11. Me conta sobre os produtos que você compra para o seu pet.
12. E os servicos? Creche? Day Care? Dog Walker?
Para continuarmos precisarmos escolher o produtos/serviço que você acredita ser o
mais valioso para você.
13. Com qual frequência você os compra?
79
14. Me conta como você escolhe esses produtos /serviços?
15. Qual a expectativa quando você decide comprar esse produtos/serviços?
D. APROFUNDAR EM VALOR?
16. O que você valoriza na escolha desses produtos/serviços?
17. Como você se sente ao comprar? Como você espera que seu animal se sinta?
18. Qual a experiência da compra desse produto ou serviço?
19. O que você valorize na experência/resultado desse produto/serviço.
19. Se fosse para você/para sua familia/para seu amigo o que vc valorizaria?
80
7.2 Registro de 30 Dias de observação.
81
82
83
84
85
7.3 Entrevistas em Profundidade Transcritas.
Entrevista 1:
Bom, obrigado pela entrevista! Para começarmos eu preciso conhecer a história
delas. Você poderia me contar um pouco mais sobre vocês?
A Maia é o primeiro cachorro que eu tenho na verdade, minha família sempre teve
gatos, quando eu morava com eles mais novo sempre tive gatos.
Tive 25 gatos na vida ao longo da minha infância e adolescência. Eu sempre gostei de
Pugs especificamente, minha ex-mulher me fez uma surpresa um dia. Em 2014, um dia
cheguei em casa e tinha um Pug na varanda, pequenininha com 4 meses.
Ela foi comprada, a gente comprou, mas foi surpresa dela porque eu já gostava de Pugs,
nunca tive cachorro, com Pugs acabei aceitando. A Suka foi resgatada, uma amiga da
minha ex-mulher resgatou em um dia de chuva e estava cuidando dela, resolvemos
adotar para fazer companhia para a Maia.
Quanto tempo você está com elas?
A Maia chegou novembro de 2014, tem 4 anos e pouco, e a Suka janeiro 2016 e estima-
se que ela tem 3 anos e meio.
E como é a relação delas com a sua ex-mulher e as cachorras? A guarda é
compartilhada?
Em partes, na verdade elas ficam comigo... maior parte do tempo, pq minha ex-mulher
não sei com quem ela está morando e prefiro ficar com elas porque elas me fazem
companhia, mas quando ela quer fica com elas no final de semana, ou quando eu tenho
que viajar. Então hoje ela vai passar aqui pegar as duas, e vai leva-las para o interior,
na casa da minha ex-sogra onde elas costumam ficar, ou eu mesmo quando preciso levo
as duas para a casa da minha ex-sogra e ela traz de volta, mas a maior parte do tempo
elas estão comigo.
86
Qual a rotina de vocês?
Eu tento colocar uma rotina bem estabelecida para eu poder me organizar também, eu
normalmente levanto umas 07:30 – 08:00, tirando as exceções 07:30 a gente acorda, a
Maia passeia primeiro porque ela é dominante, a Suka já aprendeu isso então ela espera.
Então a Maia sai e passeia 5 minutos, pq PUG não aguenta. Ai eu passeio com a Suka
pq elas têm capacidades diferentes de passeio, a Maia passeia 5 minutos e não aguenta,
e a Suka passeia 30 minutos tranquilamente. Na volta elas tem o café da manhã delas,
inclusive biscoitos diferentes. A Maia come Rodeio e a Suka come Doguitos, aí elas
dormem, Domem até 13:30, que é o período que eu trabalho, que é quando tenho
sossego para trabalhar porque elas dormem de sono profundo. 13:30 acordam para
ganhar carinho, e as vezes almoçam junto comigo. De tarde elas ficam pedindo atenção
e minha produtividade cai tremendamente, porque eu saio do escritório aqui do lado e
trago minhas coisas para cá, porque elas vão ficar pedindo atenção o tempo todo. Por
volta das 16:00 eu passei com elas novamente, e dormem novamente por volta das
18:30... as 22:00 pegam fogo e fazem uma puta bagunça e por volta 00:00 eu vou
dormir e elas dormem comigo.
O que varia, é quando tem gente em casa, por exemplo você está aqui e elas vão trocar
o sono, vão dormir de tarde. E domingo elas têm um almoço especial, elas comem uma
ração úmida que elas amam e todo domingo tem um almoço especial que elas ficam
esperando.
Você fala muito da distinção entre as duas? Isso se dá pelas preferências ou por
serem muito diferentes entre si?
Tem duas coisas, uma é por necessidade e outra pelo hábito. A Maia é a mais gordinha,
aliás é bem gordinha... e tem mais tendência a ganhar mais peso pela raça. Tem coisas
que elas comem, funcionalmente... como o Rodeio ou alguma ou outra ração por causa
do peso dela. As outras coisas que não tem a ver com a questão funcional, é por gosto
mesmo... A Maia sempre comeu Rodeio no café da manhã, a Suka não gosta porque é
muito duro. Não é tão duro assim, mas é mais duro comparado com outros. Quando eu
comprei Doguitos para variar, Suka amou... então cada uma prefere um outro diferente.
A raçao seca elas alternam, Premier e Premier dermacare, só que a Suka também gostou
87
da Dermacare, embora não precise... Demrcare é por conta da pela da Maia. Quando
eu percebo que elas enjoaram eu troco, quando elas não almoçam e só vão comer a
noite por necessidade esse é o indicio que elas enjoaram e aí em inverto. Quando ela
rejeita a comida no horário certo.
Falando nos produtos que você compra para elas... é um momento que você se
abastece só para elas?
Eu compro online, na Cobasi... na maior parte das vezes na Cobasi... já fiz compra na
Petz, mas por uma questão de hábito eu já tenho os produtos separados na Cobasi, pq
eu compro a mesma coisa todos os meses. Um saco de 2kg de casa Racão, uma
quantidade de Doguitos e de Rodeio, e a raçao úmida Dog Chow ou Pedigree.
Você tem o hábito de fazer compra on-line para você também? É algo que está
inserido na sua rotina de compras?
É mais prático, até tem Cobasi próximo daqui... mas eu não tenho carro, eu teria que
pegar um Uber ou alguma coisa, o preço de pegar um Uber e ir até a Ricardo Jaffet, a
Cobasi mais próxima é o valor do Frete do pedido online, e a Cobasi não tem frete,
então é mais barato eu comprar online do que na loja, que o preço é o mesmo.
Levando em consideração que você compra online para elas, o que você valoriza
no momento da compra?
Como é o mesmo preço da loja, é muito mais prático comprar online... não é algo do
tipo acabou vou ter que sair correndo, percebo que está acabando, a raçao vai durar por
mais uma semana e já me planejo pelo preço da entrega. O tempo médio é de 3 dias,
antes de 3 dias de algo acabar eu já sei que está acabando.
Você valoriza essa previsibilidade?
É, não é por saber os dias... mas você vai acompanhando e sabe que chega em 3 dias.
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Falamos no que você valoriza no momento de comprar... mas o que você valoriza
no momento de escolher um produto/marca?
No início eu variava muito as rações secas, a Maia comeu muitas rações distintas. Eu
acabei restringindo algumas marcas por recomendação de veterinários, aqui eu tenho
que fazer um parênteses porque veterinários recomendam marcas que são muito
Premium e muito caras, eu não tenho conhecimento técnico para avaliar as rações, mas
eu acredito que marcas baratas não sejam tão boas... mas também algumas marcas
muito mais caras, eu não consigo enxergar porquê. Então eu vou olhando as mais caras
e começo a abaixar, não é super premium mas entende-se que tem uma qualidade contra
as mais baratas, e possui um preço justo. Já que algumas muito mais caras não tem
razões de ser e cobrar por isso.
Algumas funcionais, por exemplo a Maia vai passar a comer obesity, obesity é bem
mais caro que uma normal, mas tem, embora eu ainda ache caro, uma razão por ser...
ela deve ter uma coisa ali, um preparo x, por isso que ela é direcionada para obesidade.
No começo eu variei algumas marcas, e depois elas acabaram gostando mais de
algumas, a principal é Premier pq elas gostam, mas eu as vezes eu variam... Dermacare
é uma dessas, mas por acaso. Embora seja funcional, a Suka também come por saber.
Essa busca por melhores marcas e range de preço, é uma busca que você também
faz para você?
Na verdade, eu faço mais para elas do que para mim. Eu acabo me preocupando mais
com o delas do que para mim, porque eu consigo saber como estou me sentindo, porque
eu sei dizer se não me caiu bem algo que comi, já elas eu preciso ficar buscando indícios
do que faz bem ou não. Tem algumas rações ou saches que elas não gostam ou passam
mal, eu tenho trauma de alguma raçao sabor cordeiro. Elas vomitam com o sabor
cordeiro, mas é engraçado que a gente pegou trauma desse sache cordeiro.
Saindo da alimentação, o que mais você compra para elas?
Eu tenho mania de comprar brinquedo, não vou dizer que a cada compra mas digo que
volta e meia estou comprando um brinquedo de presente para elas. E brinquedo é um
grande problema para mim pq elas destorem rapidamente, todos os brinquedos
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estufados duram só dois dias por aqui, eu brinco que eu alugo os brinquedos por dois
dias, pq depois tenho que jogar fora. Elas tem uma ciaxa de brinquedo distruidos, os
estufados. Deixa só eu pegar aqui e te mostras, eles sem enchimento duram... olha isso
era um esquilo e esse um gamba, isso acaba durando mais pq não comem o que está
dentro. Mas isso me dá um desespero de elas comerem espuma, então brinquedo é algo
que compro com frequência, mais como pai babão... Ah... vou comprar um brinquedo
para elas se divertirem.
Isso é um agrado?
Cara, é um agrado... meio que estou passando lá e trago uma surpresa, uma novidade
para elas do dia-a-dia, com relação a coleira eu comprei uma vez e não tenho o hábito
de ficar comprando. A coleira da Maia tem um bom tempo, conforme ela foi crescendo
eu fui trocando coleiras, ela veio com quatro meses, era um cotoquinho... mas agora
que ela chegou no tamanho máximo, espero eu... principalmente lateral. Então tem uma
coleira que serve nela, e no caso dela é se é segura.. pq como ela é criada dentro de
casa... ela é estabanada na rua, quer atravessar no meio dos carros. Já a Suka acabou
herdando as coleiras da Maia, porque ela veio depois... apesar de que elas é menor, tem
menos musculo que a Maia... a coleira da Maia acabou passando para a Suka, eu tive
que comprar uma especifico para ela, late para cachorro e para moto... como ela é de
rua eu tive que comprar uma para que ela não escapasse, pq isso aconteceu algumas
vezes.
Nesse caso você valoriza ser funcional?
Outro caso, são esses cintinhos de segurança pendurados atrás de vocês, assim elas
podem andar de carro. Não é algo que eu fico comprando.
A aparência desses acessórios é importante para você?
Eu acho que sim, faz diferença porque é um negócio fixo... porque eu vou ficar vendo
o tempo todo. Obviamente para elas não faz a menor diferença, se tem logotipo ou não.
Se for um produto para a segurança delas, a funcionalidade tem mais valor, mas se a
funcionalidade for igual a aparência acaba sendo um fato de desempate. A coleira da
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Suka é feia, mas segura ela bem, e não vou comprar porque tem marca, porque é da
Zee-Dog, que é uma marca famosa... não é por isso que acabo comprando ou não.
Elas fazem uso de algum serviço?
Basicamente Pet Shop. Então tosa, banho e veterinário nada diferente disso, como eu
trabalho em casa eu não preciso deixar em escolinha, day care ou coisa do tipo... se
algum dia eu voltar a ter um emprego coorporativo, com horários restritos,
eventualmente vou ter que levar.
Pet Shop você usa da região?
O mais próximo que a gente vai andando.
Além de ser perto, o que mais você valoriza nessa escolha do serviço?
No serviço, atendimento e atenção com elas e comigo... mais com elas do que comigo,
comigo também... atendimento é como qualquer tipo de serviço... educação,
preocupação. E com elas, principalmente veterinários e banho e tosa, essas pessoas
atendem muitos animais por dia. Acabam lidando como se fosse um pedaço de carne,
mas elas não são qualquer um para mim... são as minhas cachorras. E então a maneira...
no caso de tosa, a Maia é um PUG, tem que ter um cuidado maior por conta dos olhos,
das dobras... o PUG demanda um certo cuidado diferente da Suka. Eu percebo como o
cara que vai tosar trata, não é como uma linha de produção, entendo que essa demanda
uma certa atenção, independente da raça... não mais um pedaço de carne na linha de
produção.
Agora eu preciso entender melhor a relação de vocês, você consegue definir?
É uma relação de paternidade, mesmo... meu dia e minha vida, meus planos giram ao
redor delas, eu não posso sair a hora que eu quero, eu não posso ficar fora o tempo que
eu quero, vou sair vou dormir fora, conheci uma garota e vou dormir na casa dela, não
posso porque eu tenho filhas e preciso voltar para casa. Eu posso deixa-las sozinhas
durante um tempo, mas não posso deixa-las mais do que 4-5 horas que elas ficam mal.
Se eu tiver um trabalho que eu tenha que ficar 8 horas fora, eu preciso dar um jeito
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nelas... isso já foi um fator de decisão inclusive para voltar ao mercado, eu já cheguei
negar voltar ao mercado, uma proposta de emprego porque emocionalmente não
pagava as contas de eu ficar longe delas e elas ficarem em um daycare, a relação é
muito de paternidade, minha vida acaba gerando ao redor delas... não que eu não faça
qualquer outra coisa, mas é que eu tenho que levar em consideração a existência delas
para tomar decisões banais, como vou ficar fora ou não... vou sair ou não.
No momento de consumir para elas você assume esse papel de pai?
Faz a diferença também... é a compra para casa, são as coisas que a gente vai comprar
para os moradores da casa, desde que ainda casado, depois acabei me separando é a
minha família, nossa família vive nessa casa. Uma parte come comida, outra parte
precisa de comida e ração. Não separo as coisas delas e as minhas, são as coisas que
cada membro da família precisa. A casa tem uma dinâmica que envolvem elas também,
cada vez que elas ficam fora muda a rotina da casa. Elas vão ficar fora 3 semanas, eu
nunca fiquei tanto tempo longe delas, eu já fiquei 1 semana ou 2 semanas, e as vezes
sozinho... é outra casa, preocupações que não existem e muitos bônus de tê-las por
perto, ficar brincando que não existem.
Elas são válvulas de escape, inclusive no trabalho, volta e meia eu paro e vou brincar
um pouquinho, vou fazer um carinho e depois eu volto a trabalhar.
Você usa elas no seu trabalho?
Em partes, coisas foram surgindo... eu dou alguns cursos sobre personagens e para
aplicar eu acabei usando-as como exemplo, elas têm Instagram com histórias com
monte de histórias bestas, para as pessoas rirem. Eu dou cursos EAD, usando webcam,
e elas participam dessas brincadeiras para dar uma quebrada no gelo, eu pego elas
mostro na câmera... eles acabam se envolvendo com a Maia, outro dia passou um casa
na rua e reconheceu a Maia e era um aluno do EAD.
Isso é o privilégio de trabalhar em casa?
Sim, muito de estar aqui, pq elas pedem atenção.
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Existe algum momento além do consumo que você tem preocupação com elas?
Elas não falam, eu procuro vestígios... o comportamento delas acaba dando indicações
sobre determinada coisa, se estão bem ou mal, gostando ou não. A minha principal
preocupação é a segurança delas... Seja alimentar, passou mal ou não, se vomita ou
não... se fica continuo ou não eu levo no médico. Uma coisa que muita gente não pensa,
eu vivo só com elas... e minha principal preocupação é se acontece alguma coisa
comigo, quando eu saio, até alguém lembrar delas, elas vão ficar aqui sozinhas... essa
é minha principal preocupação com elas... tanto que eu carrego comigo um bilhete
dizendo que se algo acontecer comigo, eu tenho cachorras em casa, pedindo para que
ligue para a minha irmã, que aí ela vai falar com a minha ex-mulher, com alguém para
vir cuidar delas.
Você falou da rotina de vocês, você procura informações em outros meios?
Parque? Costuma conversar e trocar informação com as pessoas?
Não, mas uma questão pessoal, eu não sou uma pessoal social. A minha ex-mulher fala
com qualquer um, a procura que eu faço é com a veterinária. Mas um pouco menos, a
maior parte é a internet... Comportamento, produto, não sei dizer um site especifico,
ou aplicativo de referência, mas no geral é online, principalmente por conta da Maia
que é mais sensível a doença, engordar, eu leio muito sobre Pugs, a Suka veio das ruas,
mas roots ela aguenta mais coisas, eu não tenho tanta preocupação pela saúde dela
como tenho com a da Maia.
Você costuma compartilhar informações?
Eu considero importante, porque aprendi muita coisa com o tempo... principalmente
sobre o PUG, muita gente me procura porque quer ter um ou comprar um. Mas muita
gente não sabe que eles têm muito problema, que soltam muito pelo, que não pode
puxar a cabeça que o olho pode saltar. E pela preocupação com o futuro cachorrinho
que eles vão ter, eu falo compulsivamente para poder explicar todas as preocupações
que precisa ter com essa ração. Com a Suka as preocupações são menores, ela veio das
ruas ao contrário da Maia.
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E qual a maior diferença entre ter tido gato a vida inteira e agora cães?
É bem diferente, gato é um bicho independente... ele vive contigo e as vezes deixa você
interagir... já os cachorros dependem de você. O lance que eu comentei sobre
paternidade, eu sinto isso com cachorro e não sentia com o gato... o gato da essa
impressão que não precisa cuidar, que ele se vira. Ele não liga e vai se virar. Elas não...
elas precisam de mim... não sei como viveram ou vivem sem eu estar aqui, para cuidar,
proteger e dar alimento. Essa relação de dependência é a principal diferença que eu tive
até então...eu tive que aprender a conviver desse jeito desde que a Maia chegou aqui.
Elas são muito engraçadas, cada uma tem sua personalidade, elas são bem diferentes e
isso acaba refletindo até nas histórias, a Maia é mais dominante e a Suka é mais
racional, e cada uma tem sua personalidade.
Qual o momento mais valioso entre vocês? Se tivesse que escolher um.
Eu tenho alguns que são muito icônicos, um deles é quando chego em casa. Tenho uma
reunião, sei lá... fui dar aula a noite, e toda a festa que elas fazem... e outro que acho
muito engraçado, é a hora de dormir... a Maia mais espirito livre, a Maia mais
obediente, inclusive tenho uma história interessante da Suka para conta... na hora de
dormir, temos um ritual. Temos uma palavra mágica e todos nós sabemos o que fazer,
toda noite acaba seguindo esse ritual para dormir... que é a hora da naninha, da caminha
na verdade... vc fala uma palavra e elas segue uma sequência de procedimentos, vai
tomar agua, pegar não sei o que... a Suka pega o brinquedo dela e junta todo mundo na
cama para dormir, final do dia para relaxar.
Entrevista 2:
Me conta um pouco qual a história de vocês?
Eu sempre sonhei em ter um Bernese, mas nunca imaginei que fosse ter realmente, por
conta do espaço e tudo... um amigo nosso tem um Bernese adulto, deixou cruzar com
a vizinha dele e me deu um filhote, e eu não consegui não aceitar e eu fiz essa loucura
de ter um Bernese dentro de um apartamento e deu tudo certo graças a deus.
Quanto tempo ele está com vocês?
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3 anos, ele chegou com 45 dias… muito baby, ele sempre foi um cachorro muito fácil,
nunca tive problema com ele, de fazer xixi no lugar, não faz nada em casa, só faz na
rua… temperamento, eu nunca imaginei que fosse ter um cachorro tão fácil quanto o
Blue.
Qual a rotina de vocês hoje?
Ele passeia 4 vezes ao dia, a hora que eu acordo07:30 – 08:00 hrs da manhã… aí dele
passei 12:00 as 05 da tarde e 10:00 da noite, ele come muito pouco por incrível que
pareça, eu deixo lá a ração e tem dia que ele nem come. Quando eu chego a noite, no
final da tarde ele vai e come tudo, sabe? Bebe muita agua e agora que eu to em casa,
ele fica o dia inteiro no meu pé, ele é um cachorro muito tranquilo, não requer nenhuma
atividade física… eu desço mesmo com ele mesmo só para fazer as necessidades, tanto
que ele nem gosta mesmo de passear, ele é bem preguiçoso. A rotina dele é assim, ele
fica deitado o dia inteiro, esporadicamente ele levanta para pedir carinho.
Me fala um pouco mais das compras que você faz para ele? Como funciona?
Eu sempre compro tudo no Pet Shop que ele toma banho, raramente eu compro os
Dentastix dele no mercado, como eu vou toda semana no pet se está acabando eu
compro lá. Já a ração dele, minha mãe traz para mim porque ela tem um canil. Então
ela compra direto, voltei a dar Premier para ele. Eu não compro muitas coisas para
ele… eu não sou de… O Blue é criado como cachorro não como um filho, então eu não
sou de comprar acessório, coleira e não sei mais o que… o que eu acabo gastando mais
com ele é banho e tal, produtos que eu uso sempre, Bravecto de 3 em 3 meses que eu
compro no Pet Shop.
Falando dessa relação de criar como cachorro, você pode me explicar um pouco
mais?
Eu não sou de tratar como bebe, roupinha. Ficar colocando coisas, ele é tratado como
cachorro, o mais bem cuidado que ele pode ser. Ele não sobe no sofá, não sobe na cama,
ele tem o cantinho dele, a caminha dele… ele só come ração, a gente não fica dando
nossa comida, ele não pede nossa comida… Eu sou apaixonada por cachorro, então eu
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dou muito carinho para ele, eu convivo bastante com ele, que é o que ele precisa. As
pessoas falam, que judiação você tem no apartamento, mas as vezes eu penso… será
que ele seria mais feliz como um cachorro de quintal, ele preso fora e a gente dentro de
casa? Ele fica no meu pé o dia inteiro, se eu ficar em casa o dia inteiro, ele vai ficar
comigo o dia inteiro. Até quando ele tem espaço… por exemplo a gente vai para
campos e fica em uma casa, ele poderia ficar no quintal, mas não ele fica dentro de
casa, dorme no quarto, ele gosta de ficar com a gente… como ele não é ativo, ajuda.
Ele faz parte da sua família, ele é um companheiro seu ou ele é uma extensão
sua?
Ele é um companheiro.
Mas ele é da sua família?
Tem gente que trata como um ser, um filho…isso não ele não é… muito amado, muito
querido, meu companheiro de todos os dias… mas eu sei que ele é cachorro, entendeu?
Você comentou que você costuma comprar no Pet Shop, o que você valorize no
momento da compra?
Olha… eu vou pela qualidade e eficiência do produto, por exemplo o Bravecto, eu
compro porque a veterinária disse que é o melhor que tem para o tamanho dele e para
a rotina dele, ele é um cachorro alérgico… se ele pega uma pulga ele fica careca, eu
vou comprar o que for melhor para ele. O Dentalstix é um produto que funciona para
ele… Eu não compro muitas coisas para ele.
Você comentou que você ele vai no Pet Shop uma vez por semana, ele usa algum
outro serviço?
Sim, eu faço pacotes... ele tem hidratação e tosa higiênica, então ele faz uma tosa
higiênica por mês e a tosa ele faz uma vez a cada 3 meses, e o banho toda a semana e
a hidratação de 15 em 15 dias, talvez se eu não tivesse a hidratação no pacote eu não
faria.
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E nesse momento, o que você valoriza no serviço?
No serviço, eu sou mais chata, o Blue não é um cachorro fácil... de dar banho e secar e
tudo. Eu escolhi esse pet shop pq ele tem uma banheira para cachorro gigante, eles não
precisam pegar ele no colo. Ele sobe pela escadinha, porque é melhor e mais
confortável para ele... e eles deixam 100% seco, porque eu reclamo... ele sai do banho,
eu ponho os dedos no meio do pelo para ver se está bem sequinho, porque ele é sensível.
Ele já teve perda de pelo, eu sou mais exigente com o serviço, eu escolhi pq o lugar
que seca melhor ele, conhecem ele, ele toma banho lá desde filhote.
Ser funcional é algo que você comenta muito, isso é algo que você presa para você?
Sim, de qualidade de serviço.
Você escolhe o que e onde comprar para sua família pq tem benefícios claros? Ou
por qualidade de serviço?
Depende, o atendimento é uma coisa que conta muito para mim... mesmo que o serviço
seja de qualidade e o atendimento seja ruim, eu deixo de ir... inclusive para ele.
Você já teve alguma mudança de marca ou serviço? Teve alguma experiência
ruim ou boa?
Na verdade, a única coisa que eu mudei foi a ração e de pet shop porque ele teve esse
problema da perda de pelo e tal, aí eu mudei pq... eu nem questionei, eu só sai de lá...
aconteceu uma vez, aconteceu na segunda eu só sai. A ração eu troquei de Pro Plan
para Premier, por conta do preço que para mim sai muito mais em conta, e eu achei que
o coco dele ficava mais mole, e como eu passei com ele na rua, era mais pratico a
Premier, apesar de achar que a Pro Plan é um pouco melhor, não que eu tenha sentido
isso, não que achei que foi uma melhora extraordinária, pq é algo que não dá para
mensurar no dia-a-dia.
Os lugares Pet Friendly fazem a diferença para você?
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Sim, eu não gosto de deixar o Blue sozinho, sabe? Eu sei que ele gosta muito de
companhia, eu vou na casa da minha mãe eu levo, na minha sogra eu levo, eu decido o
lugar porque eu posso levar o Blue.
Qual a maior preocupação com ele hoje?
A minha preocupação com a questão da displasia, ele tem uma tendência de ter
displasia, e a minha casa é piso liso... então penso nisso, porque a médio e longo prazo
ele possa ter isso.
Você consome alguma coisa por conta disso?
Eu dou para ele Condroton, a veterinária falou que era bom como preventivo.
Alguma coisa para casa?
Na verdade, para casa... na minha casa não tem muito o que fazer, como eu não
pretendo ficar na minha casa muito tempo, no próximo lugar que eu tiver eu penso não
colocar um piso tão escorregadio.
Falando dos momentos mais valiosos de vocês. O que hoje é o momento mais
valioso?
Companheirismo, essa convivência. Eu amo conviver com ele, estar em casa e ele vem
pedir carinho, ele dá muito amor para mim e para a minha família, como Pedro.
Você compra alguma coisa para esses momentos de carinho?
Não.
E busca de informação?
Como eu tenho relação com cachorro desde sempre na minha vida, eu tenho uma
relação muito próxima com a veterinário lá do canil, isso facilita. Tem mtas coisas que
eu já sei desde sempre. Tudo que eu tenho dúvida eu pergunto para a veterinário. Como
ele tem muito problema de pele, eu levo ele na dermatologista. Como é um assunto que
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eu gosto muito, eu acabo guardando as informações. Eu tenho um contato mais
próximo né.
E vcs costumam ir no parque?
Eu acabo não indo por uma questão de logística, pq não faz sentido ir no parque com o
Blue e sem o Pedro, apesar de ser mais fácil ir no parque só com o Blue do que só com
o Pedro.
Entrevista 3:
Como a Brisa chegou na vida de vocês?
Eu estava tentando ter filho, há seis meses… nessa fase você fica muito ansiosa, você
quer resolver rápido, eu nunca tive contato com criança, eu nunca fui uma pessoa que
se dá bem com criança, mesmo minha mãe tinha quatro cachorros e eu não era super
apegada neles. Nessa época minha mãe falou, porque vc não vai fazer um serviço social
para ter contato com criança ou vai adotar um cachorro. Aí eu falei, eu vou adotar um
cachorro… e aí sei lá como apareceu, porque eu queria uma branquinha, pequenininha,
fêmea.
E aí apareceu no meu Facebook, uma menina tinha recolhido uns cachorros na praia,
porque tinha tido aquela enchente no litoral, e ela recolheu e trouxe para adoção. A
menina era amiga de uma amiga minha e eu falei vou aí conhecer, fiquei enrolando
porque a gente trabalha, quando cheguei na sexta só tinha uma, queriam essa também,
mas eu segurei para você, eu só vim para ver, não ia pegar… eu olhei ela super fofinha,
pulava loucamente, caia e dormia… pulava loucamente, caia e dormia, não sei se ela
era agitava ou calma, e eu queria um cachorro calmo.
A moça foi chamar a cachorra dela e falou Brisa, e eu fiquei com isso na cabeça, e eu
não sabia se eu levava, estava com as coisas da praia no carro e disse que ia pensar, ela
então vou entregar para outra pessoa, ai eu perguntei o histórico dela, ela me contou
essa história da enchente, vc sabe quanto tempo ela tem, a moça me falou que sabia até
o dia porque estava acompanhando, e me disse que era 28 de janeiro.
E 28 de janeiro é o meu aniversário, aí eu falei ela é minha, é o sinal que eu precisava,
catei a cachorra chorando, fui para a Petz, comprei caminha, casinha, ração… tudo que
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ela precisava, ela não tinha nem dente, e não sabia se ela ia comer a ração, ela tinha 30
dias, super novinha, cancelei a praia e liguei para a minha mãe e disse: Mãe não sei o
que fazer com ela, adotei um cachorro. Coloquei na varanda, e depois entendi que a
varanda esquentava muito, porque é onde nasce o sol, meu fui lendo baixei um livro,
adestramento de cães daquele cara que adestra cães que aparece na TV tudo… para
saber como tratar ela, coloquei luzinhas, música clássica para ela quando eu saia… mas
ela começou a roer minha casa inteira, cozinha, sala de jantar era tudo junto, comprei
umas portas de madeira para colocar no chão para fazer divisória porque ela estava
destruindo todos os meus móveis, foi um caos até eu ir aprendendo a lidar com ela, eu
era nova para ela e ela era nova para mim, não tinha a menor noção mas fui aprendendo.
Qual a relação de vocês?
Ela não poderia estar mais inserida na minha família, só se eu trocasse o Dani (marido)
por ela, nesses dias ele me falou, eu te amo mais que tudo. Eu perguntei, mais que
tudo… ele disse: você e a Brisinha, só que de jeitos diferentes. Ela dorme com a gente
na cama, as vezes eu expulso, mas ela volta, quando eu vejo que vai dar uma tempestade
alguém vai ficar com ela, ou eu saio do trabalho para ficar com ela, eu tenho faxineira
duas vezes na semana para não deixar ela sozinha, ela vai na escolinha para socializar,
ela brinca com os primos pobres que são da minha mãe porque como são 4 eles são
mais mendiguinhos, ela vai para o sítio, vai para a praia, só vou para ligar que aceita
cachorro, para mim é filha, é igual. A gente fala, vai vir um irmãozinho para você,
sabe?
Você consome algum outro serviço para ela?
Tem a faxineira, que eu chamo de babá da Brisa e ela mesmo se chama de baba da
brisa, se a brisa estiver estressada da chuva, eu falo desencana da roupa, vai ficar com
a Brisa, vai passear com a Brisa, brinca com a Brisa. Tem a escolinha, ela vai 1 vez por
semana, mas já chegou a ir 3. Como ela já tem quase 3 anos ela já não tem mais a
mesma energia, já usei o Taxi Dog quando fiquei presa no trabalho, mas hoje em dia a
gente consegue se organizar, a minha sogra fica uma vez por semana com ela, mas não
usa nenhum serviço e as coisas que a gente compra para ela. A comida é da Hills, mas
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ela come com peito de frango cozido desfiado, minha sogra ensinou, minha sogra é a
pior que todo mundo, ela está triste que não teve neto ainda e ela mima a Brisa, ela
aprendeu a comer fruta, não pode abrir um abacate que ela pula em cima da pia se
deixar, tomate, frango… e aí ela só come com essas coisas, quando eu compro coisas
extras, misturinha, Biscrock eu compro tudo dos naturais.
Você tem a rotina de comprar aonde?
Antes eu comprava na Petz e na Cobasi, porque tinha perto da minha casa, mas como
eu moro longe, eu compro na própria escolinha dela que vende uns produtos, ou no pet
shop que ela vai para cortar a unha, tomar vacina e ela foi castrada e aí eu passo lá e
compro, pela conveniência.
A ração eu pego aonde eu trabalho, a fralda o Dani pega na Pet Club que é perto da
minha casa, na Santo Amaro ele pega a fralda lá... e o resto é aonde a gente tiver, mais
fácil.
Essa praticidade é algo seu ou que você passou a valorizar por conta dela?
Minha, eu não tenho tempo né... vai no que é mais próximo de casa, pago mais caro
porque é próximo de casa? Pago, se entregar em casa agradeço e se lavar as embalagens
e guardar na geladeira, melhor ainda, porque eu não tenho tempo, eu faço compra
online que chega no dia da faxineira, ou compro perto de casa nível máximo, eu faço
mercado no St. Marche ou no Hortifruti porque é mais caro porque eu não vou entrar
no Extra ou no Carrefour nem ferrando, talvez quando eu tiver 2 filhos que vou precisar
fazer compra de mês, mas hoje não preciso, como em casa 3 vezes na semana.
O que você valoriza nos produtos para ela?
O que eu valorizo hoje é ingredientes, eu leio a lista de ingredientes... quanto menos
ingredientes quer dizer que o produto é mais natural, inclusive eu tenho uma amiga que
vende comida pronta e biscoitinhos naturais para eles no Instagram, e as vezes eu
consumo também, como eu também compro para mim comida de amigas, essa coisa
de comprar pelo Instagram que você sabe a procedência, que você sabe que é mais
natural, é uma coisa que eu faço e outra coisa é a embalagem, eu consumo o mínimo
101
de embalagem possível, se uma amiga minha vai me mandar um tapware eu devolvo
para mandar de novo, se é suco eu guardo a jarra... eu gosto das embalagens de papelão,
e isso eu faço para ela também.
Qual sua maior preocupação?
Ela estar sempre bem cuidada, vacinada e saúde ok. Como eu peguei ela da chuva, ela
tem muito medo, então quando a gente viaja e vai ficar muito tempo fora... eu sempre
treino ela para ficar com a minha mãe, com a minha sogra, para ficar na escolinha, para
ter opções... mas ela tem muito medo de chuva de fogos, e até se tiver jogo e a galera
estiver gritando ela tem medo, então eu tenho que fazer subterrâneos em casa, sofá tem
espaço embaixo para ela entrar, a cama tem espaço embaixo para ela entrar... sabe? E
eu tenho medo que ela tenha uma sincope, que ela atravessasse um vidro por conta
disso porque ela fica muito tensa, aí eu dou floral para ela também.
O que você valoriza mais nessa relação?
Quando eu chego em casa, ela é a pessoa melhor do mundo quando eu chego em casa...
opa não é uma pessoa, amo acordar com ela na cama, ela vem me lamber de bom dia,
e amo chegar em casa e ela está super feliz me esperando... não tenho coragem de sair
ir pra balada, emendar dormir fora, e deixar ela sozinha a noite toda... qualquer coisa
que a gente vai fazer é planejado, a gente deixa ela em algum lugar, ela não fica sozinha.
Vc usa desses momentos especiais para consumir? Dar um agrado?
É mais na relação, ela não é mimada não! Ela tem uma roupinha por ano, minha sogra
fala que ela é mendiguinha, minha sogra que fala! Ela tem a mesma coleira desde que
ela nasceu, tem umas treês bolinhas e um pneuzinho que ela ama, mas minha sogra que
faz mais comidinhas e mima. O que eu faço de agrado é que quando eu vou sair eu
sempre dou um biscoitinho para ela, ao invés de ela ficar ansiosa que eu vou sair, ela
pega o Biscrock e fica de boa. Mas quando eu chego, a alegria dela é que vai ter jantar
na verdade.
Quais suas fontes de informação?
102
Eu busquei primeiro pelo famoso, que foi indicação de uns amigos... eu tinha a Luana,
que ela postava foto de um vira-lata que ela tinha adotado, ela me mandou esse livro
que era de um cara da TV para eu ler, e ela indicou o adestrador... eu chamei o
adestrador, ela fez uma sessão mais longa para ensinar a fazer as necessidades no lugar
certo, depois foi mais umas 2 ou 3 vezes para ensinar os comandos... ele tem Instagram,
eu sigo ele bastante tem várias dicas. Eu levei ela no veterinário, eu comecei a seguir a
veterinária, quando ela começou na escolinha, eu queria pessoas carismáticas, que são
loucas por cachorros, uma coisa menor, não um bilhão de cachorros amontoados, e eu
comecei a seguir a escolinha que tem várias dicas.
Vocês possuem o costume de ir em parque?
Toda a semana, se eu não estou eu vou para praia ou vou para São Roque que tem
espaço na chácara, se eu estou em São Paulo ou no Sábado ou domingo vamos no
parque eu treinei ela com coleira pequena, maior e coleira de 8 metros até soltar ela,
então ela corre até 8 metros envolta de mim e volta.
Você teve que mudar muito a sua rotina por conta dela?
Antes eu morava longe, eu saia do trabalho, ia jantar com as amigas, ia para o MBA e
só depois eu ia para casa, e com ela... na época também o Dani trabalhava até muito
tarde... ai eu deixei de ir em muita coisa por conta dela, com o tempo peguei a faxineira
2 vezes na semana e a escolinha 3 vezes na semana, eu deixava para sair a noite quando
ela estava na minha sogra, pegava da escolinha, deixava na minha mãe ou na minha
sogra, saia e na volta pegava ela e ia para casa. Ai quando a gente mudou para mais
perto ficou bem mais fácil, passei a lugar a casa na praia e adaptei a casa toda para
poder levar ela. Agora eu vou sair de férias, a gente pensou em ir mais perto, Fernando
de Noronha... mas o Dani falou, sacanagem com a Brisinha, a gente tem várias férias
programadas e estamos deixando muita ela, a gente vai para o litoral norte e vai levar
ela.
Entrevista 4:
Como foi a decisão de ter seus cães?
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Na verdade não era uma decisão mutual lá em casa, minha mãe tinha decidido que não
queria mais ter cão, por conta do São Bernardo que morreu… fazia um ano que a gente
não tinha mais cão em casa… e meu pai falou, estou conversando com o cara do
hotelzinho que ficava com o São Bernardo, ele tinha dois buldogues filhotes lá e disse
que a cadela estava prenha… meu pai aproveitou que ele ia viajar com a minha mãe e
meu pai me mandou uma mensagem dizendo que eles tinham nascidos, pedindo que eu
ligasse para o cara.
A gente logo ligou e deixou reservado, aí fui com meu irmão e com meu pai visitou…
minha mãe não queria ver porque ia querer ficar com eles, e quando chegou no hotel
para conhecer os dois a gente foi para pegar um… aí meu pai olhou os dois, os dois
foram na direção do meu pai... e ele disse, não podemos separar os dois… eles são
irmãos. Mas não era algo que a minha mãe estava comprando a ideia não, mas quando
chegaram em casa não teve o que fazer
Qual a relação de vocês?
A relação que dá para ver em casa é com a minha mãe, ela trata igual filho... se precisar
passar a madrugada do lado, vendo medicando... ela consegue passar a madrugada no
hospital veterinário, ela consegue gastar uma grana com hotelzinho, trata como filho.
Eu trato igual cão, brinco passo o dia inteiro com eles, a minha é mais cão mesmo, mas
eles não são meus irmãos.
Quantos anos vc tinha quando eles chegaram?
19 anos.
Qual a rotina que eles têm hoje?
O Bud e o Bolt, é o seguinte... quando minha mão levanta... mais ou menos 06:00 da
manhã eles sabem que vão ter a primeira refeição, minha mãe abre a porta para eles
entrarem dentro de casa, eles ficam no fundo que tem uma conexão com o quintal, onde
eles fazem como e xixi. Minha mãe acorda e dá comida para eles, até eles entrarem em
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casa, n momento que minha mãe com meu pai... já fecha os dois la dentro, mas quando
a gente acompanha os dois... a maioria do dia estão dormindo... eles passam uns 40
minutos brincando entre eles, de se pegar e se morder, mas dormem o dia todo.
O que você consome para eles?
Infelizmente em questão de alimentação é muito restrito por questão da intolerância
que o BOLT tem, se não for ração hipoalérgica, ele tem uma diarreia absurda... de jato,
então a gente não consegue comprar snacks e nem saches, porque ele reage mal... então
os dos não comem... Cenoura os dois comem, porque minha mãe dá. Mas gasto que
minha tem com eles é o Hotel, banho de 15 em 14 dias e caminha porque eles destroem,
os brinquedos são os mesmos tem 2 anos.
Onde vc compra as coisas para eles?
Na Pets, e tem um agora que abriu perto de casa, que ela vai e compra também.
O que vc valoriza no momento de comprar?
Como são dois, minha mãe busca um brinquedo que eles possam interagir, ou aqueles
que tem barulhinho, mas a percepção de fazer barulho eles estão lá embaixo brincando.
Ou bolinha para jogar e pegar, o que eu tenho participado de compra é mais isso.
Sobre o local de compra?
O Petz não é tão perto, apesar de ter essa casa de ração que a gente tem comprado que
é mais perto de casa. Como era um momento que a gente era mais novo, e ter uma parte
de filhotes, estrutura grande... ficou uma rotina de passeio, igual sapato... tem sapataria
perto de casa, mas minha mãe prefere comprar sapatos no shopping do que perto de
casa. Ela se sente mais confortável de fazer a compra, e isso era um momento familiar
de comprar ração... coisa que era 20 minutos ficava 1:30 lá dentro. Era o momento que
entrava todo mundo no carro e falávamos que íamos comprar ração.
Vocês levavam eles com vocês?
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Na época do São Bernardo também não dava, porque era muito grande. Até uma idade
eu e meu irmão iramos juntos com eles até no supermercado, mas mesmo que a gente
deixou de ir, íamos juntos no Pet.
Existiu alguma mudança na vida de vocês com a vinda dos dois?
A preocupação da minha mãe em não mais só se preocupar comigo e com meu irmão,
a preocupação com a casa por conta deles, quando a empregada chega para garantir que
o portãozinho esteve fechado evitando que eles escapem e qualquer acidente. Todo o
planejamento de feriados, ferias e viagens para ver quem vai ficar com eles, a rotina de
casa quem vai ficar responsável por limpar, alimentar. Dentro de casa, sempre foi o
mesmo espaço, eles não dormem no mesmo espaço.
Teve algum consumo que não existia e que passou a existir?
For a alimentação deles acho que não, a cenoura é algo que a gente passou comprar a
mais. Minha mãe tem um prazer imenso em ver eles comerem cenoura, mas não sei...
como foi um prazo pequeno entre o São Bernardo e eles, nem pensamos em mudanças...
mas anteriormente teve, como era um cão gigantes, ele tinha um pote especial para
beber o dia todos, igual mecânica de cavalo, com uma boia que já vai na torneira.
Qual o momento do dia que vc mais valorizou?
A chegada em casa, a recepção é um negócio que vc fica meio bobo... está colocando
o carro na garagem e já esperando o escarcéu. O BOLT faz uns grunhidos de vido,
minha mãe fica feliz, meu pai fica batendo palma... chegou e não teve a festa tem algo
errado, usamos como parâmetro. Por exemplo a quimioterapia, quando a gente fazia a
quimioterapia no Bolt e a gente chegava e não tinha festa nos primeiros 3 dias, sabíamos
que eles não estevam bem... toda a recepção vc sabe que está de volta em casa.
Eles fazem parte da sua de família?
Com certeza, minha mãe cogitou quando viajou para fora gastar 1.500 ou deixa-los
comigo e com a vó da minha noiva, que ia ficar com a avo sozinha. Ela prefere ver um
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vídeo delas no hotel a hora que quiser do que correr algum risco com a vó que já tem
uma idade avançada.
Você falou da quimioterapia o de um deles, como foi o processo?
Como eu fiz veterinária, eu quando vi tentei segurar o diagnóstico, porque meu último
cão havia morrido de câncer, foi um tumor ósseo no crânio, bem agressivo e deformou
o rosto deles, foi bem chocante para nós. A primeiro momento eles negaram, quando
levei no hotelzinho, os donos são veterinários e eles confirmaram o diagnóstico. Nos
recomendaram fazer a punção e foi diagnosticado, foi difícil até de começar o
tratamento, quanto dele vai sofrer e quanto de melhora ele vai ter na vida dele, então
assim a quimioterapia foi algo impactante, e esse ano quando voltou foi algo ainda mais
difícil, nas primeiras sessões ele ficou muito mal, e minha mãe já queria desistir por ele
ficar muito mal... mas mudamos o tratamento, agora ele toma via oral e não mais via
venosa, já não está mais tendo sintomas que eles estava tendo antes.
Você procurou um especialista?
Eu levei ele no hospital da faculdade Anhembi, ele foi diagnosticado, passou por um
oncologista, foi todos os exames necessários, e a punção que deu 100% do linfoma. Foi
dentro da Anhembi o processo todo, como eu estudei lá eu conheço as veterinárias
porque foram minhas professoras e sei a atenção o que eles vão dar para eles, o hospital
escola oferece a quantidade de um hospital grande e gastasse 3 veze mais, a minha mãe
como tem a rotina de ir a cada 20 dias, as meninas já sabem que ela vai, hoje em dia as
pessoas esperam que os veterinários passem seus telefones pessoais para poder
conversar, mas só isso que minha mãe não ficou satisfeita. Minha mãe não mede gastos
com eles e com o tratamento, o que precisar els faz quantos raios x ou exames.
Você falou sobre família e conforto, você valoriza isso quando consome para vc?
Com certeza, assim a gente tem uma casa em Itupeva, que é uma casa em condomínio,
ali é o momento que a gente usa no final de semana para estar todo mundo junto, amigo
família e difícil de estar sozinho, a gente por receber muita gente em casa, qualquer um
que chega os cães fazem festa com eles meus amigos fazem festa com eles. Conforto
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sem duvida é um ponto muito forte para minha mãe e para o meu pai, quando a gente
compro em Itupeva, eles quiseram montar a casa do jeito melhor para os convidados,
muitas coisas que são importantes não só para nós mas para os convidados. Eu vou sair
agora de casa e não sei como vai ser, porque família é algo muito importante para a
gente. Eles pesquisam muito antes de comprar algo, de novo falando dos cachorros, ela
ao comprar coisas para os cachorros... caminha compra os acolchoados cheio de
espumas, para estar confortáveis, e ela compra a mior e mais cara, eles tem caminhas
um para cada, apesar de caberem os dois em uma só.
Essa preocupação o com a saúde vc tem com todos ou só com os cães?
Dentro de casa, sempre que está relacionado a saúde, vai no melhor ortopedista,
infectologista, a gente já teve problema de família com médicos ruins, meu avo quase
morrer em cirurgia com médicos ruins. Ela gasta bastante com o nutricionista dela, ela
sempre gastou muito com isso, para todos.
Marca é importante?
Para mim, não... meu pai sempre desde que eu era pequeno, o labrador que a gente teve
comeu labrador e Royal, mas quando meu pai estava ferrado de grana comeu Golden.
E os outros produtos?
Coleira não, o que der para segurar.
E para vc?
Não gosto com marca. Gastar R$ 20 mil em uma bolsa Channel... se puder comprar na
TNG por R$40,00 está ótimo, provavelmente reflete o que a gente consome para eles...
não sei como é para a minha mãe. Porque ela compra caminha de 150 reais, ainda da
para eles usarem a cama... porque eles comeram, e ela se preocupa e ja disse que a
gente precisa dar outra para eles.
Entrevista 5:
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Faz quanto tempo que você tem seu cachorro, é fêmea ou macho?
É uma cachorra, e ela tem 10 anos., eu tinha 14 anos.
Como ela chegou para vocês? Vocês decidiram comprar?
Eu ainda estava no colégio, eu e minhas irmãs a gente sempre quis ter um animalzinho,
e meus pais sempre foram muito contra. Depois de tanto enchermos o saco
conseguimos, eles falaram está bom. A gente comprou uma revista que tem várias
raças, e ficamos escolhendo o que era melhor para apartamento, quais eram agressivos,
e escolhermos o West... que é minha cachorra.
Você mora com seus pais?
Sim, isso mesmo!
Como é a relação de vocês?
Hoje o Pet já é parte da família, mora dentro de casa, tem apego e amor pelo cachorro.
No caso a Hanna, a gente faz tudo, o que precisar de noite, de madrugada... por exemplo
ela só faz xixi e coco na rua, a gente tenta levar ela de 3 a 4 horas por dia, levar em
parque... quanto todo mundo terminar de trabalhar, a gente brinca com ela, para dar
atenção.
Como é a rotina de vocês?
07:00 da manhã é o horário que ela sai a primeira hora na rua, que ´´o horário antes de
irmos trabalhar e que a gente consegue, lá para 11:00 horas eu ou a minha mãe a gente
volta para dar o almoço para ela, e aí depois na parte da tarde por volta das 15:00 –
16:00 a gente vi de novo na rua, e da o jantar mais uma vez... as 09:00 sai na rua de
novo, a gente brinca com ela, lá para 18:00 pega a bolinha, o que ela preferir, ela tem
muitos brinquedos.
Quando vocês fazem as compras delas?
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Eu particularmente moro a 5 minutos de uma Cobasi, 98% das compras a gente faz na
Cobasi... é mais perto e tem tudo, a gente acaba indo lá, não demora muito e está certo.
O que Você valoriza nessa compra?
Eu acho que na Cobasi tem tudo, o que Você precisar tem, ração, brinquedo, acessório,
ossinho, bifinho... sabe que vai ter tudo, não precisa ir de lugar em lugar.
Você valoriza isso para você?
Com certeza, a facilidade, hoje em dia deslocamento é tudo principalmente para a gente
que mora em São Paulo.
Quais as marcas que ela usa de produtos? Como vocês passaram a usar?
Brinquedo para ela é tudo, eu sempre compro e ela acaba escolhendo também, e a gente
está sempre comprando. Quando ela veio, ela comia Eukanuba. Depois passou a comer
Premier, e a gente passou a trocar a ração porque ela não comia, e por isso ela come
comida natural hoje, que assim a gente faz ela comer direito. Ela toma banho com Pet
Society, uma marca um pouco cara mas uma marca boa, e até hoje ela toma banho de
Pet Society.
Você falou sobre entender o que era bom para ela, e a ração mudando o hábito.
Na escolha das marcas, você valoriza a aceitação dela ou o produto é importante?
A ração era escolhida pela fotinho dela antes, depois a gente foi procurar uma ração
um pouco melhor e que ela se adapta... porque se o cachorro não come, não adiantava,
então era o que ela comia. Mas depois a gente via se o pelo estava brilhante e essas
coisas.
Qual a maior preocupação com ela hoje?
Ela já está muito velhinha, então a gente tenta dar o melhor para ela. Passar esse tempo
que ela não tem mais, brincar porque ela não tem mais a mesma energia. Então minha
preocupação com ela é dar atenção, me divertir com ela... eu sinto que ela já fica mais
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cabisbaixa, e de noite que está todo mundo em casa ela fica com mais energia
acumulada do dia todo.
Você compra alguma coisa para suprir essa preocupação?
Na realidade não... só os brinquedos, bolinha, bichinhos.
Durante o acompanhamento, quais os momentos mais valiosos?
Quando a gente acorda, na realidade ela que acorda a gente... oh está na hora de acordar,
já amanheceu, ela está toda alegre, vem chamar a gente na cama. É o momento mais
especial do dia, a gente dá a tenção para ela.
Ela faz uso de algum serviço?
Veterinário e banho e tosa, em viagem... a gente tem uma pessoa que ela fica na casa
da pessoa ela, uma pessoa que a gente conheceu por parente nosso.
O que é mais importante?
A qualidade, atenção, a busca pelo melhor para o animal, dá uma atenção a mais. Além
do banho, no caso do hotel... da pessoa que cuida, ela é uma amiga de uma prima da
minha mãe... ela é super atenciosa, mandava foto da cachorra... a Hana estava se
divertindo, atenciosa, mostrar que o animal está bem, se divertindo, e que não estava
presa em algum lugar.
Na alimentação natural, quando vocês resolveram mudar?
A Hana é uma West, e pela raça tem muito problema de pele, tentamos vária rações
inclusive as hipoalérgicas, e ela foi diagnosticada como atópica, e aí passamos para
alimentação natural e foi a que ela aceitou, e ela deixava a ração de lado, não comia de
jeito nenhum.
Como é o processo, quem que faz?
Quem faz é minha mãe, ela faz as porções e coloca no freezer. Quando está acabando
a comida da semana, ela faz e congela. Congela a alimentação, que faz 1 vez e vai
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descongelando aos poucos, ela come duas vezes por dia, no almoço e na hora do jantar,
no horário que ela está em casa.
Mesmo horário que Vocês comem?
Sim, quando eu vou almoçar, já pego e já esquento a dela. Eu almoço a minha e ela
almoço a dela.
Como Você busca por informação?
O principal é boca-boca, as pessoas que eu conheço... veterinário que eu conheço, e
pesquiso na internet, quais são os princípios. Tiro a conclusão do produto.
Na sua estrutura de família, você consegue colocar ela em algum lugar?
Ela é minha irmã, por mais que ela não queria... ela é o xodó da minha mãe, ela é filha
dela hoje.
O fato da sua mãe fazer a comida influenciou essa tomada de decisão?
A cachorra escolheu alguém em casa, e foi minha mãe. Foi esperta que minha mãe
cozinha bem.
Entrevista 6:
Obrigado por participar! Sei que é difícil arranjarmos um tempo, não? Vamos
começar com a história dos seus gatos. Como eles chegaram para vocês?
Imagina, sempre gostoso poder falar dos bichanos da gente! Vamos lá, era um dia de
muita chuva e eu estava com a minha avó voltando da feira de domingo, estávamos
agarradas debaixo do guarda-chuva e passando por uma caçamba de lixo aqui perto na
Rua Augusta. Então eu ouvi, um miado bem baixinho vindo de dentro da caçamba, isso
já faz dez anos, minha avó já faleceu... e fomos nos aproximando e dentro de um saco
estavam os dois, o Nino e a Preta. Alguém tinha jogado fora, você acredita? Tinham
amarrado no saco, e quando abrimos na mesma hora minha avó trouxe os dois para
casa. Nunca tinha visto um gato filhote na vida, muito menos dois, então demos leite
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para eles, e no dia seguinte eles passaram mal, sujaram toda a cozinha e foi então que
levamos no veterinário, e eles foram ficando. Estão comigo até hoje.
Você mora com seus pais?
Moro com a minha mãe, que foi super contra quando os dois chegara, e hoje eles
dormem na cama dela.
Me conta mais da relação de vocês? Como você os considera?
Eles são meus filhos, são parte da minha família e eram netos da minha avó que já
morreu. Impossível não falar dela e não chorar, me desculpe. Mas eles são tudo para
mim, quando chego em casa, eles sempre estão sentados na escada me esperando,
parecem que sabem que chego sempre com um petisco ou com ração. Eles dormem
com a minha mãe, mas quando eu estou doente... com gripe boba mesmo, eles dormem
comigo, as vezes perto do travesseiro, as vezes se abrigam no meio peito. Não me
imagino vivendo sem os dois.
Você falou dos petiscos e da ração. Me fala um pouco mais, qual a rotina de
compra para eles?
Eu sempre ia na Cobasi aqui perto de casa, mas depois que o Nino foi diagnosticado
com problema renal, eu passei a ir na Dra. Glória e aproveitar para comprar a ração
especifica para o problema dele, que é cara. Mas funciona, ele nunca mais teve nada, e
a Preta aproveita e come a ração junto, porque você sabe né? Ia ser difícil separar a
comida dos dois. Mas eu sempre que volto do trabalho, e estou com um dinheirinho na
bolsa trago um sachê para eles, eles amam sachê e é o momento da comilança para eles.
O que você valoriza comprando para eles?
Ah, ter tudo o que eu preciso, sempre compro ração, areia e os petiscos. Gato não tem
muito o que se preocupar, são muito limpos e gosto que eles são independentes e
exploram a casa. Mas de uns meses para cá tenho achado umas tocas e arranhadores na
internet, é que agora eles não arranham tanto os sofás, mas eu sempre procuro trazer
uma novidade diferente para eles afiarem as unhas.
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É importante que sejam bonitas as caminhas?
O que? As tocas? Ah sim! Ficam pela casa, e minha mãe é bem chata com a decoração,
então se combinar com sala dela ela não enche tanto o saco.
Você falou do problema de saúde do Nino, me conta um pouco mais como foi que
você descobriu?
Sabe que gato é difícil de entender o que eles têm, são muito fortes, mas ele começou
comendo menos, ficando escondido e as vezes entrava na caixa de areia e chorava para
fazer xixi, parecia apertado... mas não estava. Fiquei preocupada, e levei ele na Dra.
Glória, que foi uma recomendação de uma amiga da minha avó, vizinha pegado aqui
em casa que tem quatro gatos. Chegando lá, sempre uma dificuldade enorme mas
tivemos que fazer exame de sangue, não me lembro direito faz uns dois anos isso, a
clínica lá é bem grande e a doutora é de confiança, tratou ele super bem e recomendou
trocar de ração, ele come Pro Plan Urinary hoje, e nunca mais teve nada. Tive que dar
remédio por um tempo, o coitado tinha era pedra no rim.
Você procurou informação na internet nessa época?
Não sabe, eu ainda falei para minha mãe parar de olhar no Google porque a gente não
tem conhecimento para entender essas palavras difíceis que saia, um dia cheguei em
casa e ela estava com o gato no colo, chorando que ele ia morrer, que ela tinha lido que
gatos poderiam ter isso a vida toda.
Fora essa parte veterinária e a novidade, o que você valoriza no momento da
compra?
A qualidade, precisa ser coisa boa. O dinheiro não nasce em árvore, e manter dois gatos
é caro, se bem onde come um come dois, não é mesmo? Mas a qualidade, se o
veterinário falar que é bom e eu ver o resultado, estou contente. Além disso, importante
atender a gente bem, saí de onde comprava antes porque o povo era mal-encarado,
agora na Dra. Glória todo mundo te atende sorrindo, conhecem os dois e sempre
perguntam deles.
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Qual a maior preocupação com eles hoje?
Se eles estão bem de saúde, se tem ração para comer e se vão viver muito tempo
comigo, eu tenho um amor muito grande nos dois. São irmão um do outro, e eles tem
que se fazer companhia quando ficam sozinhos. E eles são nossa família quando
estamos em casa, para mim um dia de casa cheia sou eu, minha mãe e os dois antes do
almoço de domingo.
Esse é um momento que você valoriza mais?
Sem dúvida, mas amo chegar em casa, abrir a porta e olhar os dois deitados no degrau
me esperando. No escuro vejo os olhinhos deles olhando para mim, principalmente da
Pretinha que são amarelos e parecem bilhar no escuro.
Durante o acompanhamento, quais os momentos mais valiosos?
Quando a gente acorda, na realidade ela que acorda a gente... oh está na hora de acordar,
já amanheceu, ela está toda alegre, vem chamar a gente na cama. É o momento mais
especial do dia, a gente dá a tenção para ela.
Você coloca a comida para eles no domingo no momento que vocês vão almoçar?
Eles têm sempre comida a vontade, não gosto que eles peçam comida, tem que comer
a ração e pronto. Então não, comem a raçãozinha deles, só quando coloco o sachê que
é diferente.
Entrevista 7:
Vamos lá, me conta sobre o Perseu! Quando ele entrou na sua vida?
Eu vim sozinha, e confesso que nos primeiros meses senti muita falta da minha cidade,
dos meus pais e dos meus primos, que moravam na casa encostada a nossa. Na minha
casa de Jundiaí sempre tive gato, mas nunca sozinha, minha mãe ajudava a cuidar. E
foi amor à primeira vista, eu estava na internet e vi um post sobre uma feira de adoção
aqui na Paulista, tem uns 3 anos isso... e resolvi passar no domingo para dar uma olhada
nos filhotes, e ele estava escondidinho debaixo dos irmãos quando eu cheguei, pretinho
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logo chamou a atenção. E foi assim, ele me olhou e eu sabia que ele viria morar comigo,
meu companheiro de todas as horas, meu filhote.
Então você mora sozinha? Qual a rotina de vocês?
Veja bem, gato é tranquilo, ele que se adequa a minha rotina, uma vez que ele tem
comida, água, e areia limpa ele fica bem em casa. Às vezes acho que ele espera eu sair
para aproveitar a casa. De manhã de antes de sair abasteço a comida e vejo se tem água
na fonte, ele só toma água corrente, é um mimado. Veio da adoção, mas eu brinco que
ele não sabe que foi adotada, acha que nasceu no luxo. Troco a areia sempre que
precisa, não gosto da casa com cheiro ruim, e ele mesmo se deixa mais de um dia sem
limpar fica pedindo.
Me conta mais sobre essa preocupação com a casa, você compra algo específico
para isso?
Olha queria falar que não, porque é mais caro. Mas compro areia só sílica, que não
deixa o cheiro das necessidades dele em casa, pelo menos eu acho. E espalho aqueles
borrifadores de cheiro, sabe? Aqueles automáticos na casa toda. Eu sou a louca do pelo
também, não dá para ter um gato em casa e não ter pelo na sala, mas eu passo aspirador
de pó todos os dias no sofá, e as vezes na minha roupa aqueles rolos de tirar pelo, sabe?
Não dá para ter um gato e não cuidar dessas coisas.
Me conta mais da relação de vocês? Como vocês o considera?
Meu filho, mesmo ele sendo rebelde e muito independente. Acho que ele está naquela
fase de adolescente que não sabe o que quer da vida. Ele dorme comigo todos os dias,
mas de noite eu percebo que ele levanta e sempre que eu chamo ele pula na cama e
ronrona encostado em mim. Você já teve gato? Isso para mim é a maior prova de amor,
como sou só eu e ele todos os dias, ele é para quem eu volto para casa, eu tenho de
cuidar dele e me preocupo em deixar ele muito tempo sozinho. Ele fica carente quando
eu saio, mas está sempre perto da porta quando vou entrar, sempre impressionante.
E o que você compra para ele? Me fala também o que você valoriza nessa compra?
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Ah, primeiro praticidade como eu trabalho o dia todo na Rádio, eu não posso sair para
ir no pet shop ou no veterinário o tempo todo, então eu compro tudo online. Acho que
só a primeira compra eu fiz na loja, de resto eu prefiro que me tragam em casa. Assim
não me preocupo com tudo o que ele precisa. Eu gosto de ir nessas Cobasi, mas para
passear e ver as novidades, mas confesso que é bem difícil. Eu compro a ração, sachês
e petiscos, não sou de comprar casinha, arranhador e ele acostumou comigo assim.
Mas você me disse que ele era mimado, certo? Mimado com o que? Fala mais
sobre isso.
Você consegue enxergar o tamanho da barriga dele, se ele não é mimado aqui quem é?
Eu faço de tudo por ele, melhor ração, atenção e cuidado. Por isso digo que ele é
mimado, ele come bem, queria eu ter algúem cuidando de mim como eu cuido dele.
Ele é meu filhotão.
O que você valoriza na comida dele, então?
De pequeno ele tinha as fezes muito moles e com um cheiro forte, e depois que a
Vatarinária me indicou Premier, ele passou a se endireitar e facilita na hora de trocar a
areia da caixa. Mas tem que ser de qualidade, ele não fala, eu preciso dar o que for de
melhor, prefiro pecar pelo excesso.
Fora esse problema no intestino, ele já teve outra complicação de saúde?
Para fala a verdade, não. Ele é bem forte, veio do abrigo. É vira-lata, tem a saúde de
ferro.
Mas me fala mais de quando você resolver adotar ele, você procurou informação
na internet?
Como eu gosto de gato, eu sigo muitos Instagram de gateiro. Meu feed só tem gato, e
eu acabo lendo muita coisa, mas eu já sabia também. Por mais que minha mãe que
cuidava, eu sempre tive gato. E essa experiência de familia conta, por mais que é
diferente viu quando você vem morar sozinha, tem que dar conta de tudo.
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Qual a maior preocupação com ele hoje?
Tempo que fica sozinho, e estar bem alimentado. Sempre penso nessas coisas, se estiver
comendo bem, vai ficar bem. Gosto dele gordinho, é mais gostoso de apertar.
Qual o momento de vocês que você valoriza mais?
A hora que acordo e ele está na minha barriga me olhando, todos os dias a mesma coisa.
Os olhos parecem um farol me olhando logo de manhã, ele é rebelde, mas eu sei que
ele ama a mãe dele.
Consegue me falar mais dessa rebeldia?
Ah não é que ele é revoltado, sabe? Quando eu aperto ele, ele sai correndo meio que
dizendo, mãe eu cresci, não preciso disso mais. Acho bonitinho, dá a sensação de que
eu criei ele para o mundo lá fora.
Ele sai de casa?
Não o apartamento é todo telado, não dá para deixar um gato solto em São Paulo.
Como você acha que ele se sente morando com você?
Despreocupado, e muito feliz. Ele tem o espaço dele, explora a casa toda e come bem.
Ele é feliz, me dá prazer em ver ele assim. Sabe orgulho de mãe? Não podia ser
diferente, você pega uma bola de pelos indefesa e faz dele um gato adulto.
Entrevista 8:
Como foi a história da Mel? Conta para mim desde o começo.
Eu ganhei a Mel do meu irmão, eu tinha um sonho de criança em ter um Golden depois
que vi aquele filme Buddy. Você já, viu? Sabe aquele filme que o moleque acha um
Golden que joga basquete? Eu sempre quis um macho e quando foi meu aniversário de
20 anos, meu irmão apareceu com uma caixa em casa, com um laço rosa, e quando abri
ela era a coisa mais linda desse mundo. Tinha uns olhinhos tão pequenos que achei que
ela era muito novinha. No mesmo dia levei ela no veterinário e fui na Cobasi comprar
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tudo o que precisava, pode imaginar minha felicidade? É a mesma quando eu olho para
ela deitada no hall de casa todos os dias.
Você mora em apartamento?
Sim, moro com meus pais, meu irmão e a gente tinha uma calopsita que morre semana
passada, durou muito tempo, o nome dela era José, as vezes a Mel ficava no pé da
gaiola horas olhando para a José, parecia que conversavam.
Você teve alguma mudança de rotina com a chegada da Mel?
Completamente, sabe eu que tinha ganhado ela, não queria que ninguém em casa
ficasse com o trabalho de cuidar, afinal ela era minha. Então passeia a acordar mais
cedo para levar ela passear, mudei o quartinho da empregada para que ela pudesse
dormir lá, comer lá e brincar com os brinquedos dela. E de final de semana sempre
procuro ir em parques, ela é um cachorro grande e precisa de atividade.
Me conta mais da relação de vocês. Como você a considera?
Sabe, eu chamo ela de filha e tudo mais, mas juro que ela parece mais minha irmã. Por
morar com meus pais, ela meio que entrou na família, você entende? Quando eu saio
para o estágio, ela fica com a minha mãe, e parece mesmo que ela está com a mãe dela,
assumiu a família para ela direitinho, safada. A vida era sem graça em casa quando a
gente tinha só a José, coitada, só cantava a bicava a agente, mas meu pai amava ela de
peixão, o nome dela era Maria José na verdade, José só para os mais chegados.
Você tem alguma preocupação com a Mel hoje?
A Mel é nova, mas já teve que fazer uma cirurgia para tirar um tumor da mama, temos
sempre que levar no veterinário para ele examinar, mas a vida é normal não era
maligno, mas fiquei tão preocupado quando ela foi operar, não queria deixar ela na
clínica, mas sabia que era para o bem dela, então fiz o melhor.
Você procurou um especialista para a cirurgia?
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Olha, não sabia! A loucura foi tanta, que nem passou pela nossa cabeça. A gente confia
no Dr. Renato, ele cuida dela desde que chegou. Ele é bem bom, um cara profissional,
é novo, mas muito ligado nesse lance animal. Ele mesmo que operou a Mel, e a cirurgia
foi cara, paguei anestesista também, igual de gente.
Bom, me fala o que você compra para a Mel?
A Mel tem de tudo, caminha, casinha, roupa e lacinho. Essa parte deixo para minha
mãe comprar, mas sempre compro mais a parte da ração e dos biscoito e osso branco
que ela adora. Ela passa hora roendo os ossos, e chega dar dó, ela tenta esconder no
chão como se o chão fosse de terra, chega que dá para ouvir o barulho do nariz dela
fazendo força no piso duro.
Ela faz uso de algum serviço?
Ah o normal, toma banho uma vez por semana e toma vacina essas coisas. Não gosto
de deixar em creche, acho que não cuidam direto. E sempre que viajo deixo ela na
minha avó. Ela ama minha avó, que diz que não dá comida para ela, mas eu duvido.
Sério duvido mesmo, elas são cumplices uma da outra.
O que você valoriza na compra para ela?
Novidade, estou sempre vendo na internet coisas legais para Golden, e ela podia ser
modelo o pelo lindo e parece que sorri quando a gente vai tirar foto. Também olho o
preço e se ela não vai engolir os brinquedos, sabe tem que ser de qualidade.. é uma
questão de segurança até, pensa no tamanho da boca dela se passa uma bola o tamanho
do problema que vai ser tirar, cirurgia... meu deus, chega que arrepia.
Qual o momento mais valioso de vocês hoje em dia?
Quando vou dormir, sem dúvida. Ela vai até a porta do quarto, e fica esperando o beijo
dela de boa noite, como ela tem muito calor, ela dorme no quarto da empregada com a
janela aberta. Eu dou o beijo nela, e falo boa noite, e ela vai embora dormir. Ela é muito
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inteligente, toda noite o mesmo ritual. Sabe as vezes chego tarde em casa, e ela fica na
porta do meu quarto esperando o beijo de boa noite para ir dormir.
Você passeia muito com ela?
Todos os dias, não dá né um cachorro desse tamanho no apartamento, solta muito pelo
e ela fica sem tomar sol, sem se exercitar. Então tento sair com ela todos os dias de
manhã e de noite. Ela segura as necessidades, raras as vezes faz em casa, então já viu
o desespero que ela deve ficar.
Você acha que ela gosta de morar em um apartamento?
Não digo pelo espaço em si, mas sim pela companhia. Ela é um cachorro que precisa
de gente o tempo todo, e em casa ela tem isso. Acho que ela é muito feliz para falar a
verdade.