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Junho/Agosto de 2013 – Ano 1 – Nº 04 Valorizar os cursos de Licenciatura é contribuir para uma sociedade desenvolvida

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Junho/Agosto de 2013 – Ano 1 – Nº 04

Valorizar os cursos de Licenciatura écontribuir para uma sociedade desenvolvida

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Universidade de Caxias do SulReitor: Professor Isidoro ZorziVice-Reitor: Professor José Carlos KöchePró-Reitor Acadêmico: Professor Evaldo Antonio KuiavaPró-Reitor de Pesquisa, Inovação eDesenvolvimento Tecnológico: Professor José Carlos KöcheDiretor Administrativo e Financeiro: Professor Gilberto Henrique ChissiniChefe de Gabinete: Professor José Carlos Monteiro

Coordenação: Assessoria de Comunicação da UCS – Área de Imprensa

Impressão: Gráfica NordesteTiragem: 8.000 exemplaresContato: (54) 3218.2255, [email protected] www.ucs.br, @ucs_oficial, www.facebook.com/ucsoficialLeia também a revista no site www.ucs.br

Apresentação

Nesta edição da Revista UCS, que circula conjuntamente para os meses de junho, julho e agosto (com ampliação de páginas), tratamos de um assunto muito importante para o desenvolvimento da sociedade: os cursos de Licenciatura. Durante sua história, a UCS sempre va-lorizou a formação de professores. Essa é uma discussão que se faz necessária, pois, atualmente, no Brasil, há um défi-cit de cerca de 300 mil professores, se-gundo dados do MEC. Uma discussão sobre o tema, com apresentação de opi-niões de jovens envolvidos com a pro-fissão de educador, você acompanha entre as páginas 12 a 15.

Outro destaque é uma matéria que trata da UCS como um referencial para usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). Graças a convênios firmados com os governos federal, estadual e mu-nicipal, a comunidade dispõe de atendi-mento gratuito em diversos programas na área da Saúde. Na Universidade, eles encontram, além de uma estrutura avan-çada, equipes multiprofissionais. Nas páginas 10 e 11, você confere quais se-tores mantêm atendimento pelo SUS na Universidade.

Nas páginas 7 a 9, abordamos um projeto que envolve pesquisadores da UCS e da França, empenhados no de-senvolvimento de novos fármacos em potencial.

Além disso, entre outros assuntos, conheça, na página 6, o estudante de Engenharia Química que ganhou o Prê-mio Petrobras de Tecnologia por seu tra-balho de Iniciação Científica.

Boa leitura!

A foto da capa traz o professor Willian Daniel Hahh Schnei-der durante aula para alunos do terceiro ano da Escola Munici-pal Catulo da Paixão Cearense, em Caxias do Sul. Willian, que já recebeu um importante prêmio nacional sobre educação, é graduado em Ciências Biológicas e, atualmente, é mestrando do Programa de Pós-graduação em Biotecnologia. Conheça um pouco do seu trabalho na matéria das páginas centrais desta edição.

(Foto de Hugo Araújo)

Destaque da capa

Índice3

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5 6

7 a 9

10 e 11 12 a 15

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181920212223

Projeto Engenheiro do Futuro reúne escolas em Rally Científico e TecnológicoCentral de Prática Restaurativa na UCSDetalhes

Prefeitos conhecem a estrutura da UCSCursos recebem conceito muito bomFeira das Profissões acontece em outubro

Aprender Português está na moda

Aluno ganha Prêmio Petrobras de Tecnologia

Desenvolvimento de fármacos em potencial passapelas mãos de pesquisadores da UCS

Excelência acadêmica a serviço da comunidade

Cursos de Licenciatura: uma sociedade mais cidadã precisa de bons professores

Experimentando novos desafios

Consciência Artificial, uma realidade possível?Projetos de lei no Parlamento Ambiental

Falcoaria, a arte milenar como possibilidade profissional

Trilhando caminhos em universidades do Exterior

Vivências compartilhadas na natureza

Curiosidade da infância conduz à pesquisa

Conhecimento que dá bons frutos

Artigo: Justiça Restaurativa

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Destaques

Se você quer participar da seção Detalhes, envie, pelo e-mail [email protected], fotos em alta resolução que apresentem seu olhar sobre a UCS.

Projeto Engenheiro do Futuro reúneescolas em Rally Científico e Tecnológico

Central de Prática Restaurativana UCS

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A UCS conta, desde o início de ju-nho, com a Central de Prática Restaura-tiva da Infância e Juventude, instalada por meio de uma parceria entre a Pre-feitura Municipal de Caxias do Sul e o Juizado Regional de Infância e Juven-tude. A Central funciona na Sala 112 do Bloco 58 da Cidade Universitária, junto ao Posto de Justiça Comunitária.

Essa é uma das três Centrais de Prática Restaurativa que Caxias do Sul tem, a partir da criação do Núcleo de Justiça Restaurativa de Caxias do Sul, instituído em novembro de 2012. Um dos locais de atendimento é a Central Judicial de Prática Restaurativa, no Fó-rum de Caxias do Sul e o outro é a Cen-tral Comunitária de Prática Restaurativa, no Centro de Referência de Assistência Social (Cras), no Bairro Santa Fé.

A justiça restaurativa configura-se como uma abordagem alternativa para tratamento de crimes e atos infracio-nais. (Veja mais sobre essa prática no artigo da página 23).

A foto de Daniela Schiavo, que ilustra esta coluna, é do Bloco B/J do Campus Universitário da Região dos Vinhedos, em Bento Gonçalves. Essa construção – o Bloco B foi inaugurado em 2000 e o J em 2006 – abriga a Central de Atendimento na unidade universitária, além de dois auditórios. O Campus Universitário conta com cerca de cinco mil alunos nos 22 cursos de graduação abrigados em dois Centros de Ensino: o Centro de Ciências Sociais e da Educação e o Centro de Ciências Exatas, da Natureza e de Tecnologia. À frente do bloco está uma Timboúva, árvore com grande porte e de crescimento rápido.

Detalhes

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Dentre as 25 escolas públicas e privadas de Ensino Médio de Caxias do Sul e da região que participaram do Rally Científico e Tecnológico do Projeto Engenheiro do Fu-turo (ENGFUT), no mês de junho, quatro foram premiadas: a Escola Estadual Técnica de Caxias do Sul, em 1º lugar (foto); a Escola Estadual de Ensino Médio São Rafael, de Flores da Cunha, em 2º lugar; o Colégio La Salle Carmo, de Caxias do Sul, e Colégio Nossa Senhora Aparecida, de Nova Prata, empataram em 3º lugar. Durante o Rally, na Cidade Universitária, as equipes realizaram 15 ativida-des voltadas para a educação científica, com o objetivo de despertar o interesse dos estudantes para as áreas das engenharias, tecnologias e ciências exatas. O encontro contou com a participação de 50 professores e 250 estu-dantes do 2º e 3º ano do Ensino Médio.

O ENGFUT é realizado pela UCS com o apoio da 4ª Coordenadoria Regional de Educação e de empresas da região, com financiamento da Financiadora de Estudos e

Projetos do Ministério da Ciência e Tecnologia (Finep) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tec-nológico (CNPq). O projeto iniciou-se em 2009 e visa a despertar o interesse para as Ciências.

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Institucional

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Mais 19 cursos de graduação da UCS foram avaliados pelo Minis-tério da Educação para reconhecimento do órgão federal neste ano. De março até junho, as comissões avaliaram a organização didático- pedagógica, o corpo docente e as instalações físicas dos cursos. Os conceitos são definidos em uma escala de 1 a 5, sendo que os níveis 3, 4 e 5 indicam cursos bons, muito bons e excelentes.

Foram 14 cursos com conceito 4: as Tecnologias em Automação Industrial, em Eletrônica Industrial, em Fotografia e em Negócios Imo-biliários; a Licenciatura em Sociologia; as Tecnologias na modalida-de Educação a Distância: Gestão Comercial (Nova Prata), Gestão da Qualidade (Caxias do Sul), Gestão de Recursos Humanos (São Se-bastião do Caí), Marketing (Veranópolis), Projetos Gerenciais (Canela, Nova Prata, Guaporé e Caxias do Sul); e o curso de Licenciatura em Matemática (Bento Gonçalves), também na modalidade a distância. Outros cinco cursos receberam conceito 3.

Desde março do ano passado, a UCS recebeu 41 comissões do MEC para avaliação in loco de cursos de graduação, sendo que 80% dos cursos receberam conceito 5 e 4. Os demais cursos, conceito 3.

Dezenas de prefeitos dos municípios que integram a região de abrangência da UCS estiveram na Cidade Universitá-ria, na metade de junho, para participar de encontro promovido pela Reitoria, através do Instituto de Administração Municipal. O encontro teve como obje-tivo fortalecer a cooperação entre a Ins-tituição e as administrações municipais. Os representantes participaram, tam-bém, da palestra de Ozires Silva, reitor da Unimonte, de Santos (SP), que falou sobre conhecimento, educação e inova-ção no contexto mundial e nacional.

Ao saudar os representantes, o reitor Isidoro Zorzi falou sobre a configuração da UCS como instituição comunitária e regional e explicou como se deu o seu processo de regionalização. “As uni-versidades comunitárias, como a UCS, nasceram do esforço da sociedade e estão muito próximas dos anseios da comunidade. No Rio Grande do Sul, existem 15 universidades comunitárias e elas representam dois terços do to-tal de matrículas no Ensino Superior no nosso estado. Como a única universi-

Prefeitos conhecem a estrutura da UCS

Prefeitos conheceram laboratórios, como o de Solos, no Centro de Ciências Agrárias e Biológicas

Cursos recebemconceito muito bom

dade instalada nesta região, queremos que vocês - principalmente aqueles pre-feitos que estão no primeiro mandato - conheçam o nosso potencial em ensi-no, pesquisa e extensão. Potencial que está a serviço da comunidade regional.”

Os representantes dos municípios visitaram alguns dos laboratórios de ensino e pesquisa, que também po-

dem oferecer serviços à comunidade, tais como: a Clínica de Fisioterapia, o Instituto de Medicina do Esporte e Ci-ências Aplicadas ao Movimento Huma-no (IME), o Laboratório de Solos e as futuras instalações da Unidade de Alta Complexidade em Oncologia e Radio-terapia - Unacon, no Hospital Geral de Caxias do Sul.

Feira das Profissões acontece em outubro

Alunos de escolas de Ensino Médio terão a oportunidade de conhecer os cursos de graduação da UCS – nas nove áreas do co-nhecimento – durante a Feira das Profissões, que ocorre de 1º a 3 de outubro, na Cidade Universitária, em Caxias do Sul.

O evento tem como objetivo auxiliar os jo-vens na escolha de sua futura carreira profis-sional. Em um único espaço – na Vila Polies-portiva –, os estudantes poderão conversar com professores e acadêmicos da UCS para saber mais sobre os cursos e as suas carac-terísticas e, também, será possível conferir informações sobre Vestibular, intercâmbios acadêmicos e Programa de Línguas Estran-geiras (PLE).

A atividade é organizada pelo Programa de Relacionamento UCS Minha Escolha e as inscrições das escolas podem ser feitas no site www.ucs.br.

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Aprender Português está na moda

O idioma Português é falado por mais de 245 milhões de pessoas no mundo e é a língua oficial de nove países em quatro continentes. No Ocidente é a terceira língua mais falada. O atual destaque econômico e cultural do Brasil também está refletindo no interesse pelo aprendi-zado do idioma. Ainda, grandes eventos programados para ocorrer no País – como a Copa do Mundo e Olim-píadas – são atrativos para que cada vez mais pessoas aprendam a língua.

No Programa de Línguas Estrangeiras (PLE), interes-sados pelo idioma podem participar do Programa de Português para Estrangeiros. O Programa atende, ba-sicamente, alunos intercambistas que vêm à UCS para mobilidade acadêmica.

A UCS, por meio desse Programa, também mantém parcerias com outras instituições, como ocorre para a aplicação de exame comprobatório de conhecimento da língua, o Certificado Internacional de Língua Portuguesa (Cilp) na Argentina e no Uruguai.

Além disso, o Programa de Português para Estran-geiros acolhe alunos para uma imersão na língua e na cultura brasileira, por conta do Projeto Cores do Brasil. Neste ano, no mês de setembro, o PLE deverá receber 160 alunos uruguaios e argentinos, entre 15 e 17 anos, para participarem de uma semana de atividades interati-vas em língua portuguesa.

Foi por meio do Projeto Cores do Brasil que Peter Dale, CEO do Grupo Volgren, da Austrália, realizou uma imersão na língua e cultura do Brasil durante 15 dias. Sua empresa teve ações adquiridas pela empresa caxiense Marcopolo S.A. e, por isso, ele decidiu aprender o por-tuguês.

Além de aulas de língua portuguesa, Peter também teve aulas de economia, história e cultura do Brasil e da região, com diferentes professores da UCS. “O Brasil está tendo uma grande influência na economia mundial e saber o português é muito importante”, avalia Peter, que elogiou a eficiência do Projeto Cores do Brasil do PLE.

(Texto: Juliana Rossa)

Interesse pelo Brasil aumenta a procura pelo aprendizado de Língua Portuguesa

IdiomasAlém de Português para Estrangeiros, o PLE oferece aprendizado em mais oito idiomas: Alemão, Chinês, Espanhol, Francês, Inglês, Italiano, Japonês e Russo. O aluno de graduação da UCS tem a oportunidade de aproveitar os cursos do Programa como disciplinas eletivas e atividades complementares ao seu currículo. O PLE é aberto à comunidade e atende adolescentes, adultos e grupos da Melhor Idade.

Inscrições abertas Confira a programação para matrícula e rematrícula no PLE para o segundo semestre:- matrículas para alunos novos: até 2 de agosto- rematrículas, pelo site: até 5 de agosto

Ensino de Português BrasileiroO Programa de Línguas Estrangeiras também oferece o curso de Qualificação para Profissionais que Atuam no Ensino de Português Brasileiro como Língua Estrangeira - Modalidade EAD.

InformaçõesSite: www.ucs.br, no link Extensão/PLESecretaria: Bloco L, Sala 101 A - Cidade Universitária, em Caxias do Sul - Telefone: (54) 3218-2435

O CEO australiano Peter Dale estudou português no PLE por meio do Programa de Português para Estrangeiros

Extensão

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Há cinco anos atuando como bolsista de Iniciação Cientí-fica, Felipe Cemin, estudante do último ano da graduação em Engenharia Química, recebeu um reconhecimento importan-te à sua dedicação à pesquisa. Ele é o ganhador do Prêmio Petrobras de Tecnologia na categoria “Tecnologia de logística e de transporte de petróleo, gás e derivados”, subcategoria “graduação”. O prêmio visa a reconhecer contribuições da comunidade acadêmica brasileira para o desenvolvimento tecnológico da indústria do petróleo. A cerimônia de premia-ção será em setembro.

O trabalho premiado apresentou os resultados de um projeto de Iniciação Científica realizado no contexto do Pro-grama de Pós-graduação em Engenharia e Ciência dos Materiais da UCS (PGMAT). A pesquisa, orientada pelo pro-fessor Carlos Alejandro Figueroa, incluiu uma busca biblio-gráfica que condensou resultados de 20 artigos científicos, livros e dissertações, e um trabalho experimental realizado em laboratórios da UCS e da PUC-Rio, todos participantes do Instituto Nacional de Engenharia de Superfícies.

De acordo com o professor Figueroa, Felipe, que já es-tava realizando o trabalho, enxergou no prêmio uma oportu-nidade e tomou a iniciativa de aprofundar a pesquisa, trazer novas informações e escrever. “Ele se comprometeu e se dedicou do início até o fim, e realizou um trabalho que o fez crescer. Eu ajudei, revisei, corrigi, orientei. Resumindo, este é um excelente exemplo da simbiótica interação do orientando com o orientador, em que comprometimento e foco no traba-lho em conjunto são o mais importante”, declara o professor.

Após cinco anos trabalhando com pesquisa em engenha-ria de superfícies, em interação com mestrandos, doutoran-

dos, pós-doutores e professores ligados ao programa, Felipe exibe no seu currículo Lattes uma produção científica desta-cada. Ele participa como autor de cinco artigos publicados em periódicos científicos internacionais de revisão por pares e de cerca de 20 trabalhos apresentados em congressos.

“Quando ingressei como bolsista de Iniciação Científica, no segundo semestre do curso, eu desejava realizar uma ati-vidade prática em paralelo aos estudos, sem que isso com-prometesse minha dedicação e o bom rendimento no curso”, conta Felipe. “Com o passar do tempo, aprendi a lidar com a metodologia do mundo acadêmico e com a descoberta de novos conhecimentos e tecnologias. Essa experiência refle-tiu-se principalmente na mudança da minha forma de pensar e de agir, como um meio de crescimento pessoal e intelectual”, completa o acadêmico.

(Texto: Verónica Savignano)

Aluno ganha Prêmio Petrobras de Tecnologia

A pesquisa premiada

O trabalho premiado reuniu evidências científicas, bibliográficas e experimentais que impactam o trans-porte de petróleo por meio de dutos. Partindo da cons-tatação de que é possível superar as dificuldades apre-sentadas pelo formato cilíndrico dos dutos e revesti-los com filmes DLC (diamon-like carbon) usando uma tec-nologia simples, o trabalho confirmou algumas proprie-dades que o DLC confere aos dutos, como o aumento da sua vida útil e a diminuição do acúmulo de parafina em suas paredes internas.

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Projeto realizado no Instituto de Biotecnologia da Universidade de Caxias do Sul, em conjunto com Instituição de Ensino Superior da França, visa a desenvolver novos medicamentos para a epilepsia

Aliviar sintomas, diminuir a dor, pre-venir ou curar as doenças e, até mesmo, salvar vidas. Essas são algumas das principais funções dos medicamentos. A maioria das pessoas – mesmo aque-las que não apresentam patologias crô-nicas –, vez ou outra, fazem uso de um analgésico ou de um anti-inflamatório, para citar os mais comuns.

Hoje, é possível se afirmar que os medicamentos são uma das causas da longevidade e qualidade de vida da população. Frequentemente sur-gem novas drogas, graças à eficácia da ciência.

Dos experimentos iniciais para a criação de um novo medicamento até sua chegada às prateleiras das far-

mácias, são necessários anos, talvez décadas.

No Instituto de Biotecnologia do Centro de Ciências Agrárias e Biológi-cas, os primeiros passos para o “nas-cimento” de um novo medicamento estão sendo dados. Trata-se das ações do projeto “Novos compostos orga-nometálicos, uma visão terapêutica – fármacos em potencial’’, realizado em conjunto com a Universidade Paris Sud-XI (confira na página 9).

Pesquisas sobre novas drogas

O objetivo do projeto é pesquisar novos medicamentos capazes de me-lhorar a vida de quem sofre com a epi-

lepsia, doença que causa desordens neurológicas caracterizadas por des-cargas elétricas anormais dos neurô-nios, que podem gerar convulsões.

O projeto, coordenado pelo pro-fessor do Centro de Ciências Exatas e Tecnologia e do Programa de Pós-gra-duação em Biotecnologia Sidnei Moura e Silva, busca o desenvolvimento de novos compostos organometálicos – ou seja, por meio da química bioinorgâ-nica – com aplicações farmacológicas.

“O nosso projeto busca compre-ender os mecanismos relacionados à ação dessas possíveis novas drogas. O princípio será a união de moléculas orgânicas e alguns derivados com ati-vidades medicinais já conhecidas, com

Desenvolvimento de fármacosem potencial passa pelas mãosde pesquisadores da UCS

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metais de transição, e, a partir disso, produzir complexos organometálicos, os quais serão avaliados quanto às possíveis atividades farmacológicas bem como toxicológicas”, explica o professor Sidnei (na foto da página ao lado, o último à direita).

Dentre os primeiros complexos es-tudados no projeto, estão os derivados de alguns fármacos clássicos usa-dos na medicina como antiepilético (a exemplo do ácido valproico), ligados a metais de transição (que possuem alta capacidade de potencializar atividades dessas moléculas). “Por consequência, a primeira ação a ser testada desses novos protótipos será a de redução da atividade epilética”, relata o professor, apontando que a pesquisa está na fase inicial. “Prevemos que as primeiras es-truturas químicas dos compostos sin-tentizados serão elucidadas durante os próximos meses. Posterior a isso, os testes de atividade e toxicidade ini-ciarão em paralelo aqui e na França”, enfatiza.

Participam da pesquisa, atualmente, seis professores e cinco bolsistas (um de doutorado, dois de mestrado e dois de Iniciação Científica). Na UCS, o pro-jeto ocorre no Laboratório de Biotecno-logia de Produtos Naturais e Sintéticos e no Laboratório de Genômica, Proteô-mica e Reparo de DNA, do Instituto de Biotecnologia, ligados ao Programa de

Pós-graduação em Biotecnologia; e no Laboratório de Caracterização de Ma-teriais, do Centro de Ciências Exatas e Tecnologia, ligado ao Programa de Pós-graduação em Materiais. Também faz parte do projeto, além da Universi-dade Paris Sud-XI, a Universidade Fe-deral do Rio Grande do Sul.

Paulo Roberto dos Santos, mestran-do em Biotecnologia e bolsista CNPq, é um dos integrantes do projeto. A sua rotina consiste no cumprimento do cro-nograma do projeto de pesquisa, que é direcionada para a síntese, identifi-cação química e realização de ensaios biológicos de toxicidade dos compos-tos organometálicos. “Paralelamente, realizo coorientação de dois estudantes de Iniciação Científica, os quais auxi-liam nas atividades laborais do projeto, como síntese e recuperação de com-plexos metálicos, pesquisa bibliográfi-ca e organização do laboratório”, relata.

Para ele, estar envolvido nesse pro-jeto é muito importante. “A pesquisa dessa classe de medicamentos é ins-tigante, pelo fato da epilepsia e as cri-ses convulsivas serem patologias que afligem uma parcela significativa da po-pulação e por existirem opções restritas de tratamento. O desenvolvimento de uma classe de fármacos mais poten-tes e menos agressivos possibilitaria acréscimo à qualidade de vida ao do-ente”, destaca.

Compostos organometálicos

Segundo o professor Sidnei Moura e Silva, a importân-cia dos compostos organometálicos pode ser indicada pela sua presença em todos os organismos vivos. O mais conhecido composto organometálico natural é a vitamina B12, uma porfirina (tipo de molécula) contendo um átomo de cobalto, utilizada em várias transformações enzimáticas. Essas moléculas pertencem a uma família ampla e com ca-racterísticas versáteis, as quais apresentam uma gama de potenciais aplicações.

Baseada nessas propriedades características, uma nova área de pesquisa em química medicinal tem sido desenvol-vida. Gerard Jaouen foi o primeiro a introduzir o conceito de “química biorganometálica” em 1985, embora o primeiro composto organometálico utilizado na terapêutica foi o Sal-varsan (um antissifílico utilizado a partir de 1910) descoberto por Paul Ehrlich.

Quando se pensa em fármacos, normalmente, a primeira ideia que surge é a de compostos orgânicos, descobertos

Mestrando em Biotecnologia e bolsista do CNPq Paulo Roberto dos Santos empenha-se com a pesquisa na área farmacológica

Ilustração de molécula organometálica, produzida pelo mestrando Paulo Roberto dos Santos

como princípios ativos ou sintetizados em laboratório. No entanto, vários compostos ditos inorgânicos e que contêm metais são usados na clínica médica.

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Intercâmbio internacional de conhecimentos

O projeto “Novos compostos orga-nometálicos, uma visão terapêutica-fármacos em potencial’’ ocorre por meio de uma colaboração internacio-nal entre a UCS e a Universidade Pa-ris Sud-XI. O projeto, que teve início no começo de 2013, tem duração de três anos e possui apoio da Capes - edital Programa Pesquisador Visitante Especial -, ligado ao programa go-vernamental Ciência sem Fronteiras. O objetivo desse edital é promover a interação entre universidades e grupos de pesquisa nacionais com pesquisa-dores renomados de fora do Brasil.

Foi dessa forma que a pesquisa-dora Françoise Dumas veio à UCS em abril deste ano, quando permaneceu por um mês com os pesquisadores do Instituto de Biotecnologia. Na sua estada no Brasil, realizou ainda pales-tras em universidades gaúchas e pau-listas. Na UCS, participou do dia a dia no Laboratório de Produtos Naturais e Sintéticos, planejando e executando experimentos.

“É muito importante dividir experiên-cias entre a UCS e a minha universida-

de, porque nós nos beneficiamos com as diferenças de ensino. Em alguns as-pectos, as organizações são parecidas, e isso permite uma melhor colabora-ção”, relata a pesquisadora, que tam-bém fez elogios à estrutura de laborató-rios do Instituto de Biotecnologia.

A troca de experiências continua com a ida, a cada seis meses, de estu-dantes do curso de Doutorado em Bio-tecnologia da UCS para a Universida-de Paris Sud-XI, em Chatenay-Malabry, na França.

“A cooperação internacional é uma estratégia científica altamente produtiva, pois permite o intercâmbio de alunos e professores, a difusão do conhecimen-to por meio de palestras, conferências e congressos, além da transferência de conhecimento científico e tecnológico entre os países envolvidos”, avalia o professor Sidnei Moura e Silva.

Ele afirma que o projeto atual pre-tende consolidar o intercâmbio entre os grupos. “Esse projeto reflete a ex-periência prévia dos grupos participan-tes, o que é uma garantia da viabili-dade do trabalho e da excelência do

conhecimento científico gerado. A inte-ração dos laboratórios envolvidos pos-sibilitará consolidar a rede de pesquisa dentro de tema de interesse comum. Espera-se que a troca de experiências metodológicas e conceituais entre os grupos permita catalisar o processo de formação de pessoas e um salto quali-tativo no impacto da produção científi-ca”, enfatiza.

(Texto: Juliana Rossa)

Pesquisadora Françoise Dumas (de vermelho), da Universidade de Paris Sud-XI, esteve na UCS trocando experiências com integrantes do projeto

Saiba mais

O projeto “Novos compos-tos organometálicos, uma visão terapêutica - fármacos em po-tencial’’ integra as ações do Nú-cleo de Inovação e Desenvolvi-mento de Produtos Naturais e Sintéticos da Universidade, que é um dos 19 NIDs da UCS.

Informações:www.ucs.br, no link NIDs

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Saúde

Excelência acadêmica a serviço da comunidadeConvênios firmados para o atendimento

a usuários do Sistema Único de Saúde

confirmam a importância da atuação da

UCS na área da saúde pública

A estrutura avançada e a equipe multiprofissional da Uni-versidade, aliadas à excelência do ambiente universitário, garantem a qualidade do atendimento de pessoas como Dilvo Edson Vieira, 59 anos, de Caxias do Sul. Há três anos, duas vezes por semana, a sua rotina é sair de casa de am-bulância, para frequentar o Instituto de Medicina do Esporte e Ciências Aplicadas ao Movimento Humano (IME), no Blo-co 70 da UCS, na Cidade Universitária. Ele é um dos inte-grantes do Programa de Reabilitação para Pacientes com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, que visa a reintrodu-zir o pneumopata às suas atividades sociais e cotidianas. Na UCS, Dilvo faz exercícios físicos, sessões de fisioterapia respiratória e psicoterapia. O ex-fumante comemora os sete anos longe do cigarro e os benefícios de frequentar o IME pela segunda vez. “O que faço aqui é tão importante! Antes, não conseguia fazer três minutos de esteira e, agora, faço 30 minutos.”

A atividade desenvolvida por Dilvo e por outros pacientes no IME ocorre pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “Para todo o lugar que vou preciso andar com o cilindro de oxi-gênio, durante 24 horas por dia. Talvez eu precise entrar na fila de transplante de pulmão e, para isso, necessito manter os exercícios. Os profissionais aqui são fora de série. Eles não forçam nada. Param quando percebem que algo possa estar errado ou não indo bem”, relata Dilvo, que recebe aten-dimento de um grupo formado por médicos, fisioterapeutas, enfermeiras, educadores físicos, nutricionistas e psicólogas.

Também é no IME que Bruno Hahn, 62 anos, recebe atendimento. No Município de Feliz, onde mora, a capina ao redor de casa faz parte de sua rotina. Há algum tempo, isso não seria possível, pois ele esteve prestes a realizar um transplante de pulmão. Uma trombose, há sete anos, prejudicou o coração, o pulmão e o rim. Hoje, com uma pró-tese na perna esquerda, se alegra em estar com 86 quilos

– quando iniciou as atividades no IME estava com 106 quilos e agora não tem mais a necessidade de carregar o tubo de oxigênio durante as 24 horas. “Eu adoro vir aqui. Só falto mesmo quando os dias estão muito frios, pois tive asma e preciso me cuidar. Venho de ambulância e o atendimento que recebo é muito bom”, comenta.

No Hospital Geral de Caxias do Sul, há quase um ano e meio, nascia um menino (os nomes foram preservados a pedido da família) com 34 semanas, e abaixo do peso. Pre-maturo, ficou um mês internado, até atingir os dois quilos. O então bebê, que hoje alcançou oito quilos e duzentas gra-mas, é uma das crianças que frequentam o Ambulatório de Bebês de Alto Risco, junto ao Ambulatório Central da UCS. Psicólogo, nutricionista, pediatra, neuropediatra, terapeuta ocupacional, assistente social e enfermeira são os profissio-nais que prestam assistência a essa criança e a seus pais.

O atendimento, segundo a mãe, é exemplar. “Todos são atenciosos. Meu filho tinha uma grande assimetria na par-te motora, que poderia levar a sequelas. Frequentamos o

Dilvo integra o Programa de Reabilitação para Pacientes com Doença Pulmonar no IME

Foto: Daniela Schiavo

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Atendimentos na UCS

A UCS mantém atendimentos encaminhados pela Secre-taria Municipal da Saúde nos seguinte locais:

Ambulatório Central: é um dos centros de atendimento em serviços especializados de abrangência regional. Cerca de cinco mil pacientes são atendidos por mês;

Clínica de Fisioterapia: dispõe de atendimento em Me-dicina, Fisioterapia, Serviço Social, Psicologia, Enfermagem, Nutrição, Terapia Ocupacional e Podologia, além de prescri-ção, avaliação, adequação, treinamento, acompanhamento e entrega de órteses, próteses e meios auxiliares de loco-moção;

Instituto de Medicina do Esporte e Ciências Aplica-das ao Movimento Humano (IME): realiza atividade física monitorada para grupos de Reabilitação Cardiovascular; Re-abilitação Pulmonar e Reabilitação do Grupo de Portado-res de Lipodistrofia e Hemofílicos;

Hospital Geral de Caxias do Sul: é administrado pela Fundação Universidade de Caxias do Sul, com apoio dos go-vernos estadual, federal e municipal. O HG é um hospital de assistência, ensino e pesquisa da UCS e atende a população dos 49 municípios da 5ª Coordenadoria Regional da Saúde;

Serviço de Psicologia Aplicada: realiza atendimentos na área de Psicologia.

Saúde

Professora Maria do Carmo Mattana coordena o Ambulatório de Bebês de Alto Risco

ambulatório, fazemos a terapia ocupacional e hoje ele está quase caminhando”, emociona-se. Esse é mais um atendi-mento à comunidade, realizado na UCS pelos professores e alunos, e possibilitado pelo SUS.

A professora Maria do Carmo Mattana, neuropediatra do Ambulatório de Bebês de Alto Risco, explica que as crianças prematuras têm tendência natural de apresentar intercorrên-cias, necessitando frequentemente de atendimento em UTI Neonatal (em Caxias do Sul, o SUS conta com essa unidade no Hospital Geral e no Hospital Pompéia). “Ao saírem da UTI Neonatal, essas crianças são encaminhadas ao Ambulató-rio de Bebês de Alto Risco, onde recebem um atendimento multidisciplinar. As mães têm um apoio global, no ponto de vista social, científico e médico. O acolhimento aos bebês, dependendo da patologia, é acompanhado em diversas áreas”, explica.

Sistema Único de Saúde

Pela Constituição Federal de 1988, a saúde é considera-da um direito social e um dever do Estado. Com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) para o atendimento mé-dico e hospitalar, surgiu um dos maiores sistemas públicos de saúde. O SUS opera por meio de uma rede de unidades hospitalares e ambulatoriais públicas, privadas e de natureza filantrópica. (Texto: Cristina Boff)

Bruno elogia atendimento recebido na Universidade

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Ensino

Os traços desajeitados que formaram as primeiras le-tras, as experiências da Feira de Ciências ou a parceria na hora da escrita da monografia são recordações que muitos de nós carregamos com apreço, principalmente porque, em todas elas, tivemos um professor ao nosso lado.

No entanto, mesmo com fundamental importância para o desenvolvimento da sociedade em todos os seus aspec-tos, a figura do professor, no Brasil, parece não contar com o mesmo prestígio de algumas décadas atrás, principal-mente quando o assunto é o ensino público para crianças e adolescentes. Prova disso, é o déficit de profissionais da educação básica hoje no país, contemplando Ensino Fun-damental e Médio. Segundo dados do Ministério da Educa-ção, atualmente a educação básica brasileira apresenta um déficit de quase 300 mil professores. As disciplinas: Física, Química, Matemática, Biologia, Geografia, Sociologia e Fi-losofia são as que apresentam maior necessidade de pro-fissionais. Essa é uma situação complexa e preocupante.

Para refletir sobre esse cenário e sobre o aprimoramen-to dos cursos de Licenciatura da UCS, a Instituição reuniu especialistas em educação e criou uma comissão. Nesse grupo está o professor Vanderlei Carbonara, do Centro de Filosofia e Educação, que acredita que se por um lado há um diagnóstico bastante negativo sobre as condições atuais da educação, também é preciso considerar as mu-danças que esse cenário exige. “O fato de se saber da ne-cessidade de um projeto educacional como prioridade da nação brasileira para alavancar seu desenvolvimento, bem

como a constatação de que se está muito distante de uma educação capaz de contribuir para esta meta, cria a neces-sidade de mudanças expressivas nas ações que envolvem a educação e seus profissionais”, afirma.

Nesse contexto, o que fazer para mobilizar o interesse em ser professor? Para a professora e pesquisadora em Educação Nilda Stecanela, diretora do Centro de Filosofia e Educação, um dos caminhos a serem seguidos é o in-vestimento na formação docente. “Minhas pesquisas têm apontado que os conhecimentos específicos são impor-tantes na qualidade da docência, mas, um investimento maior nos conhecimentos pedagógicos da docência se faz urgente. Explico: os jovens professores têm ido à es-cola e não conseguem ensinar, por exemplo, História, pois a relação pedagógica com os alunos não se estabelece por conta de uma diversidade de interesses e de culturas que habitam o espaço da sala de aula. Não basta saber tudo sobre os conhecimentos historicamente sistematiza-dos, é preciso saber ter a competência de transformá-los em conhecimentos escolares, conforme o público para o qual são direcionados: infância, juventude ou vida adulta”, avalia.

“A Universidade aposta nesse tipo de formação e está ciente da importância do seu papel frente às necessidades atuais da área da educação”, afirma o reitor Isidoro Zorzi. Prova disso é que a UCS é a Instituição de Ensino Superior não estatal do Rio Grande do Sul com maior oferta de cur-sos de Licenciatura.

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Ensino

Profissão recompensadoraSe o cenário em que o professor está inserido apresenta algumas dificuldades, por outro lado, pode ser uma profissão

muito recompensadora. É o que é possível perceber por meio das vivências de quatro casos de jovens apaixonados pela missão de educar, que você acompanha a seguir.

Pequenos cientistas na escola

Na aula de revisão de conteúdos sobre geometria, com um quadrado de cartolina na mão, o professor Willian Da-niel Hahh Schneider, 24 anos, pergunta aos alunos do ter-ceiro ano da Escola Municipal Catulo da Paixão Cearense, em Caxias do Sul: “O que são vértices?” Os pequenos, apressadamente, levantam o dedo para responder: “São as pontas!”, “Ligam as arestas!”

Na parede da sala de aula, entre outros trabalhos colori-dos, estão expostas figuras montadas pelos alunos unindo diferentes formas geométricas. É nesse clima que ocorrem as aulas de Willian. O aprendizado flui por meio do lúdico, do incentivo à curiosidade. E os alunos saem ganhando, pois têm liberdade para imaginar e interagir.

Willian é graduado em Licenciatura e em Bacharelado em Ciências Biológicas, e, atualmente, cursa o Mestrado em Biotecnologia na UCS. A docência aliada à pesquisa é um dos seus principais trunfos como educador. Tanto que, no final de 2012, conquistou destaque nacional: ganhou o primeiro lugar no Prêmio Professores do Brasil, do Ministé-rio da Educação, com o projeto pedagógico Pesquisado-res Malucos – Trabalhando com o Método Científico.

“Nesse projeto, desenvolvido com o quinto ano da escola, os alunos criaram perguntas e eles mesmos pes-quisaram para descobrir respostas. As crianças tiveram a oportunidade de vivenciar as etapas do método científico, o que proporciona o desenvolvimento de diversas habili-dades, como a autonomia para buscar o conhecimento”, explica o professor que já planeja novos projetos.

Sobre a carreira, Willian ressalta que é necessário mui-ta dedicação e amor pela profissão. “Todo o dia é preciso trazer algo novo e diferente para a sala de aula.” Mesmo defendendo que o professor deveria ser melhor valorizado, diz ser um profissional realizado no que faz. “Acho que es-tou no caminho certo”, resume Willian, que desde a infân-cia sonhava em ser professor.

Saiba mais

Após concluir a graduação, o professor formado pode dar sequência à sua formação com uma diversida-de de cursos de especialização e, também, mestrados e doutorados.

Estudantes de cursos de Licenciatura que solicita-rem o Fundo de Financiamento Estudantil (FIES) pode-rão solicitar desconto no pagamento do financiamento se atuarem como professores em escolas públicas. Informa-ções: http://simec.mec.gov.br/

Willian foi premiado, em 2012, com o Prêmio Professores do Brasil, concedido pelo Ministério de Educação

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Ensino

Reflexões por meio da arte

Autores como o alemão Walter Benjamim apontam que a arte e sua crítica são meios de reflexão não apenas em relação à estéti-ca, mas, pela importância em relação ao que refletem sobre a sociedade. Dessa opinião compartilha o acadêmico do final do curso de Licenciatura em Artes Visuais Filipe Rafael Vebber, 27 anos.

Ele pensa a arte de uma forma ampla, impregnada por conceitos históricos, políti-cos e culturais. “É preciso que sejamos críti-cos. O que é a arte? O que será que o autor quis provocar com a obra? Só o que é belo é bom?”, questiona o futuro educador que, atualmente, trabalha como diretor de arte gráfica e produtos de moda.

Filipe acredita que o graduado em Licen-ciatura não deve limitar-se ao trabalho em sala de aula. Ele afirma que existem outros campos, como a curadoria artística. O estu-dante está projetando, por exemplo, a criação de um coletivo com participação de profissio-nais de diversas áreas, como jornalistas, de-signers e outras pessoas que tenham conteú-do para compartilhar.

O projeto de trabalho de conclusão do curso em Licenciatura em Artes Visuais está sendo construído nesse sentido: o acadêmi-co quer pesquisar alternativas metodológicas educativas para a interação com a arte não somente em sala de aula. Os primeiros tes-tes começarão a ser feitos nos estágios cur-riculares deste semestre, com alunos de En-sino Fundamental e Médio. “O educador na área de artes deve falar de estética com um olhar filosófico, incitando o pensamento das pessoas”, ressalta o acadêmico, que preten-de continuar sua formação em um curso de mestrado.

A pesquisa como preparação para a vida

A pesquisa deve estar intimamente ligada à atividade docente, pois aumenta a autonomia do professor e faz com que a prática educativa seja inovadora. Bruno Misturini, 21 anos, está construin-do sua carreira com essa perspectiva.

Como todo pesquisador, ele é curioso. Na gra-duação em Licenciatura em Letras, ele já atuava em pesquisas no Projeto Toponímia – área da Lin-guística que investiga a origem dos nomes dos lu-gares. Em 2012 ingressou no Mestrado em Letras, Cultura e Regionalidade da UCS, com proposta de estudar a origem dos nomes dos bairros do Municí-pio de Bento Gonçalves, sua cidade natal.

A curiosidade de Bruno fez com que descobris-se, por exemplo, o significado do nome do Bairro Pomarosa. Até chegar à última versão da origem do nome, várias entrevistas foram realizadas. A pri-meira versão dava conta de que o nome significava “pomar de rosas”. Depois veio a sugestão “pomo cor de rosa”, sendo pomo sinônimo de maçã. No bairro – popularmente chamado de Vinagreira –, havia uma empresa produtora de vinagre de maçã. Parecia convincente. No entanto, Bruno descobriu que Pomarosa nada mais era do que a junção das iniciais dos sobrenomes dos proprietários da tal empresa produtora de vinagre: Poletto, Marcon, Ross e Sandrin.

Um conjunto de investigações como essa será a base da dissertação de mestrado de Bruno. “A pesquisa é muito importante para quem quer se-guir a carreira de professor”, avalia o mestrando, que é bolsista da Capes e que sonha em ser do-cente universitário. “Ser professor é mais do que passar conhecimentos, é preparar para a vida”, resume.

Bruno pretende aliar a carreira de professor com a de pesquisador

Filipe espera atuar com educação pela arte também fora da sala de aula

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Ensino

O Ensino Superior chegou a Caxias do Sul em 1949 por iniciativa do poder municipal, com a criação da Escola Su-perior de Belas Artes. Esse fato é bastante simbólico para a região, pois o primeiro curso foi, justamente, voltado para a formação de educadores. Posteriormente, em 1967, a Es-cola Superior de Belas Artes integrou-se a outras entidades para a fundação da Universidade de Caxias do Sul.

Isso significa que a UCS já nasceu com o compromisso de desenvolver a área das licenciaturas. Em sua história, a Instituição já disponibilizou à sociedade 20 mil professores.

Atualmente, são 14 cursos ofertados:

Artes Visuais | Ciências Biológicas

Educação Física | Filosofia

Geografia | História | Letras

Língua Espanhola | Língua Inglesa

Matemática | Música

Pedagogia | Química | Sociologia

“A escola é um lugar incrível”

“Quando eu cursava o Ensino Médio, um professor de Física di-zia: – ‘Não me imagino longe da escola’. Achei aquilo tão interessan-te, que comecei a pensar em ser professora”, relata a acadêmica do curso de Licenciatura em Matemática, Daniela Bevilaqua, 19 anos. Além disso, ela queria seguir em uma profissão que permitisse es-tudar de forma contínua, e a docência configura-se como um eterno processo de aquisição de conhecimentos para o aperfeiçoamento da atuação.

No início deste ano letivo, iniciou a carreira docente como pro-fessora das disciplinas de Matemática e Seminário Integrado para o 1º e 2º anos do Ensino Médio da Escola Estadual Henrique Emílio Meyer, em Caxias do Sul. Ela revela que a escolha pela área de Exa-tas ocorreu por entender que a Matemática tem proximidade com diversas áreas, permitindo, assim, que se percorra um caminho in-terdisciplinar.

Daniela está dando os primeiros passos como professora, mas já tem uma opinião consistente sobre a profissão. “Ser professor não é apenas uma profissão, mas um compromisso de educar e cons-truir novas culturas. Há muito o professor deixou de ser o ‘transmis-sor’ do conhecimento para ser um educador. Acima de tudo, ele é o instrumento primordial na construção de uma nova sociedade, mais humana e igualitária, com suas bases em uma educação sólida e de qualidade. Para ser professor é preciso querer ensinar, mas também estar disposto a aprender”, destaca.

Para quem está pensando em cursar uma Licenciatura, Daniela afirma que não é uma profissão fácil e que a classe ainda sofre com a baixa remuneração e o acúmulo de trabalho. No entanto, é muito recompensadora. “A experiência de estar em sala de aula é única em cada turma. Cada aula é diferente, mesmo que o planejamento seja o mesmo, pois os alunos reagem de formas diferentes. E isso é muito interessante, pois nunca caímos na rotina e o retorno que cada aluno pode trazer é especial. Além disso, a escola é um local incrível, pois ali circulam conhecimentos de todos os tipos.”

(Texto: Juliana Rossa)

Apesar das dificuldades da profissão, Daniela ressalta a satisfação pelo retorno dos alunos

Informaçõeswww.ucs.br, no link Ensino / Graduação

Os cursos de Licenciatura na UCS

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Na sala de aula, livros, cadernos e notebooks são mate-riais que fazem parte da rotina dos alunos da Especialização em Gestão Estratégica e Negócios do Campus Universitário da Região dos Vinhedos, em Bento Gonçalves. Esses mate-riais, no entanto, foram substituídos numa aula especial que ocorreu ao ar livre, na Fazenda Sonho Meu, em Canela, num sábado do mês de abril.

Tonéis de plástico, pedaços de madeira e cordas foram utilizados numa das tarefas propostas aos alunos, que foram divididos em equipes. O objetivo era produzir uma balsa para atravessar um lago com os componentes do grupo de uma ponta a outra, em segurança. A tarefa também incluiu a cria-

ção de uma bandeira com a identidade da equipe, além da criação de um hino.

O aluno André Luis Teixeira de Matos, 35 anos, que atua no departamento de manutenção da empresa Concre-sul Britagem Ltda., de Bento Gonçalves, afirma que essas ações têm muito a agregar para a carreira profissional. “É o momento de experimentar formas diferentes de tomadas de decisão. Através da participação no grupo de trabalho, de-senvolvemos aptidões para a elaboração de estratégias de resolução dos desafios apresentados, aprendemos a ouvir propostas dos colegas, além de aceitar as diferenças de opiniões”, avalia.

O curso de Especialização em Gestão Estratégica e Ne-gócios é o primeiro curso de André na UCS. Ele, que possui graduação em Administração e veio de Porto Alegre, ficou surpreendido com a estrutura da UCS em Bento Gonçalves. “A exemplo da UCS, as empresas deveriam fazer esse tipo de atividade com seus colaboradores, para que eles possam experimentar novos desafios e explorar suas capacidades, além, é claro, de promover a integração da equipe”, enfatiza.

No mesmo dia, os alunos também participaram de ou-tras atividades na fazenda, como o cumprimento de tarefas em equipe em tempo reduzido. A metodologia experiencial foi proposta pela coordenadora do curso de Especialização, professora do Centro de Ciências Sociais e da Educação, Nívia Tumelero. “Ações como essa auxiliam o aluno a criar novas visões, sair do habitual, ligando a teoria da sala de aula com a prática da profissão”, destaca.

(Texto: Juliana Rossa)

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André ressalta o trabalho em equipe proporcionado pela atividade

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A integração entre diferentes áreas do conhecimento e o conceito de transdisciplinaridade – que visa a unidade do conhecimento – está bem representada na atividade desen-volvida por Daniel Müller da Silva, 23 anos. O aluno de Psi-cologia atua como bolsista de Iniciação Científica no curso de Engenharia de Controle e Automação, desenvolvendo pesquisas sobre Inteligência e Consciência Artificial. A Cons-ciência Artificial é um campo da Inteligência Artifical (AI) que trabalha integrando conhecimentos para a criação de uma consciência em robôs ou em Sistemas Cognitivos Autonô-mos. Os estudos nessa área podem ser aplicados na robó-tica e telecomunicação na otimização de processos. Daniel também trabalha com antigos paradigmas, como: será pos-sível um robô se tornar consciente? Segundo o acadêmico, sim! “Mas para isso temos que trabalhar em outras áreas do conhecimento, como, por exemplo, a Neurociência, que é uma ciência nova e que está trazendo grandes contribuições para outras áreas, como a Linguística, a Medicina, a Psicolo-gia e as Engenharias na modelagem de sistemas cognitivos artificiais.”

A pesquisa transdisciplinar é, na opinião do aluno, “desa-fiadora. Cada integrante do nosso grupo aprende muito com a outra área do conhecimento. Isso nos leva a novas pers-pectivas e soluções. Juntar uma área humana e outra tec-nológica leva a descobertas e aprimoramentos nunca antes

Projeto de lei no Parlamento Ambiental

Consciência Artificial, uma realidade possível?

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Daniel, da Psicologia, pesquisa na Engenharia de Controle e Automação

Os acadêmicos do curso de Direito Ale-xandre Lamas Rodrigues, Jéssica Cristianetti e Larissa Wegner Cezar foram responsáveis por um dos projetos de lei selecionados, em junho, para o V Parlamento Ambiental 2013, promovi-do pela Prefeitura Municipal de Caxias do Sul. O projeto dispõe sobre a implementação, à po-pulação de baixa renda, da possibilidade de es-colha da cremação na cidade de Caxias do Sul. Os alunos – bolsistas de Iniciação Científica – integram o Grupo de Pesquisa Metamorfose Jurídica, coordenado pelo professor Agostinho Oli Koppe Pereira.

Jéssica enfatiza a alegria pela premiação ao trabalho, principalmente “quando se discutem as questões ambientais e essas discussões se concretizam e são reconhecidas na prática”. Para Alexandre, a elaboração do projeto de lei o fez despertar pelo interesse às questões am-bientais e aprofundar o conhecimento sobre a legislação voltada à área. “O evento me agre-gou valor e fez com que eu pudesse desenvol-ver minha forma de pensar diante do projeto de lei.” A outra autora, Larissa Wegner Cezar, diz que a premiação “é uma forma de concretiza-

Alexandre, Jéssica e Larissa, alunos do Direito da UCS premiados no V Parlamento

ção do estudo realizado. Foi um ótimo aprendizado poder participar do processo legislativo”.

O Parlamento Ambiental, que também contou com a participação de projetos de lei de alunos de outras instituições de Ensino Superior, teve como tema “A legislação ambiental garantindo a sustentabilidade da nos-sa cidade.” (Textos: Cristina Boff)

pensados. Toda essa interdisciplinaridade é extremamente relevante quando se trabalha com Inteligência Artificial, ou melhor, em Consciência Artificial, como é o nosso caso”.

Daniel, entre suas atividades, também administra a ofici-na de Róbotica no projeto Engenheiro do Futuro - ENGFUT (veja mais na página 3), uma parceria entre Universidade-Empresa-Escola, que visa a aprofundar a formação pedagó-gica dos professores do Ensino Médio e provocar o encan-tamento dos alunos pelas áreas tecnológicas.

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Um grupo de 10 acadêmicos do curso de Ciências Bioló-gicas teve a oportunidade de conhecer de perto a falcoaria, a arte de criar, treinar e cuidar de falcões e outras aves de rapina para a caça. No Brasil, a falcoaria é utilizada em ae-roportos e para o controle de pombos domésticos e outras espécies consideradas pragas. Os alunos da UCS participa-ram, em junho, de um curso de extensão realizado na Cidade Universitária, em Caxias do Sul.

Nesse curso, ministrado pela Hayabusa Falcoaria e Con-sultoria Ambiental, de Porto Alegre, foram abordados assun-tos como a reabilitação, soltura e conservação de rapinantes. Os participantes conheceram mais sobre a história, a eco-logia, o manejo, a saúde (higiene, doenças e prevenção), o treinamento, o condicionamento e as áreas de atuação do profissional que treina os falcões.

De acordo com Gustavo Trainini, um dos ministrantes da atividade, o objetivo de treinar os falcões é que esses ani-mais afastam outras aves de determinados locais. “A função do falcão é tornar esses locais impróprios, fazendo com que os outros animais ‘pensem’ que tal região é um local de caça”, explica. Hoje essa prática é utilizada nos aeroportos de Porto Alegre, do Rio de Janeiro, de Belo Horizonte, Join-ville e Belém.

Entre os participantes do curso estava Luana Gonçalves Soares, acadêmica de Licenciatura e Bacharelado em Ciên-cias Biológicas. Ela sempre se interessou pela área de zoolo-gia, pela beleza dos animais e por sua complexidade. Prova disso é a sua curiosidade pelas aves de rapina. “Desde que entrei na UCS assisto vídeos, leio livros e reportagens sobre essas aves. Gosto tanto dessa área que estou fazendo o meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) sobre o assunto.”

Falcoaria, a arte milenar como possibilidade profissional

Luana Gonçalves Soares, acadêmica de Ciências Biológicas, tem intenções de trabalhar com aves de rapina

Durante o desenvolvimento do seu TCC, Luana realiza o estudo dos rapinantes em três regiões de Caxias do Sul. “Na pesquisa, pude identificar que na cidade é possível encon-trar urubus cabeça-preta e cabeça vermelha, gaviões carijó, carcará, carrapateiro e ximango, além do quiriquiri.” Para a estudante, o curso de extensão vem reforçar a sua vontade de trabalhar com aves de rapina após concluir a graduação.

Segundo a professora Renata De Boni Dal Corno, da dis-ciplina de “Etologia”, que aborda o comportamento dos ani-mais, a falcoaria é uma área pouco explorada, que trabalha com a aprendizagem e o condicionamento de aves de rapi-na. “Eu fiz esse curso em 2008, quando ainda era acadêmica de Biologia da UCS. Sabendo disso, os alunos me procura-ram pedindo informações. Então, com o apoio do Diretório Acadêmico, conseguimos realizar o curso dentro da própria Universidade”, conclui. (Texto: Wagner Júnior de Oliveira)

Grupo procurou conhecer a falcoaria em curso de extensão

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A aluna do terceiro semestre do curso de Engenharia Mecânica Patrícia Angélica Pasa Pezzi, 27 anos, é uma das acadêmicas que participa dos Pro-gramas de Mobilidade Acadêmica In-ternacional mantidos pela UCS. Ela foi selecionada, no ano passado, para o Programa Ciência Sem Fronteiras, do governo federal, para estudar na Univer-sidade de Massachusetts – Dartmouth (UMassD), na cidade de Dartmouth, no estado de Massachusetts, Estados Uni-dos, onde permaneceu de setembro a dezembro de 2012.

Hoje, ela continua participando do Programa, mas no Massachusetts Insti-tute of Technology (MIT), em Cambridge, na região metropolitana de Boston.

Para a Revista da UCS, Patrícia con-tou como é estudar na instituição que é referência mundial em Ciência e Tecno-logia, berço de 78 ganhadores do Prê-mio Nobel.

Logo no seu primeiro mês de MIT, após ter dormido apenas seis horas em três dias para concluir um trabalho de aula, a acadêmica conversava com seu professor de Cálculo, Terrence Black-man, a respeito do ritmo das atividades na universidade. “Questionei se seria

sempre assim. Ele respondeu: –‘Bem... estudando aqui você vai perceber que as pessoas superestimam a necessida-de de comida e sono. Você também se acostuma.’ Ele estava certo, você real-mente aprende a trabalhar com menos horas de sono e, às vezes, não percebe que pula uma refeição ou outra”, reco-nhece.

A privação de sono dos estudantes é frequentemente abordada no “The Tech”, o jornal interno do MIT. “Não é raro ver, entre uma aula e outra, alunos cochilando em sofás ou nas bibliotecas. Realmente o MIT exige muita dedicação, mas o sentimento comum que prevale-ce entre os alunos é a satisfação.” Patrí-cia ainda complementa: “Aqui existe o ditado ‘MIT is like drinking from a fireho-se’ (É como beber diretamente de um hidrante - na tradução literal).”

Ingresso no MIT

Para estudar no MIT, Patrícia preci-sou justificar a troca de instituição na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). “Me esforcei para ser aprovada no MIT e obtive uma carta de recomendação de

minha professora de Física na UMassD, Marguerite Zarrillo. Isso pesou na minha inscrição. Eu queria ir para uma univer-sidade melhor ainda da que eu estava. A UMassD é uma universidade pública com uma ótima assistência para estu-dantes internacionais. É uma universi-dade muito forte na área de Engenharia, Enfermagem e Artes Visuais, com mui-tas semelhanças com a UCS, principal-mente em termos de laboratórios e a dinâmica das aulas”, conclui.

(Texto: Wagner Júnior de Oliveira)

Trilhando caminhosem universidadesdo Exterior

Saiba mais:

A UCS mantém cerca de 190 par-cerias com instituições de Ensino Superior de 28 países. No segun-do semestre, mais de 80 alunos realizarão intercâmbio em institui-ções de 14 países. A Universidade também recebe, todos os anos, estudantes de ou-tros países. Em 2013, já recebeu 57 alunos estrangeiros, de 20 paí-ses, que realizam seus estudos de graduação e de pós-graduação na UCS.

Patrícia Pezzi, da Engenharia Mecânica, participa do Programa Ciência Sem Fronteiras, no MIT. Em um mapa, a instituição identifica os locais de onde vêm os intercambistas

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Carreiras

TurismoO bacharel em Turismo, ou turismólogo, atua em

agências e operadoras de turismo, transportes, meios de hospedagem, lazer e eventos, restaurantes e similares, órgãos públicos como secretarias, ministérios e espaços culturais, empresas de consultoria e assessoria na área de criação e análise de projetos turísticos. Planeja e pro-move o turismo em espaços culturais, elabora e imple-menta produtos e roteiros turísticos urbanos e rurais, cria e analisa projetos turísticos. Pode, também, atuar em con-sultoria. Efetua avaliações, emitindo laudos e pareceres.

Vivências compartilhadasna natureza

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“A vida ao ar livre tem sido uma grande opção para as pessoas recarregarem as baterias que o cotidiano descarrega.” A constatação é de Guadalupe Traslatti Pante, 30 anos, que vive no distrito de Criúva, a 60 qui-lômetros de Caxias do Sul. Seus pais apostaram, há mais de 15 anos, no turismo rural. De um restaurante, localizado no centro da localidade de cerca de dois mil habitantes, resolveram abrir, ali mesmo, uma agência de Turismo Receptivo. E, aos 17 anos, emancipada, Guadalupe definiu sua caminhada: foi cursar Turismo no Campus Universitário da Região dos Vinhedos, em Bento Gonçalves. “Me apaixonei por receber turistas no meio rural e percebi um potencial muito grande nessa área”, explica, ao definir porque decidiu ser turismólo-ga. E vai além: “Nesse trabalho há uma valorização do meio ambiente, da área rural, da nossa cultura. É viá-vel desenvolver o trabalho por aqui, um vilarejo pacato, tranquilo de se viver. E é tudo o que sonhei para mim.”

O turismo é visto por Guadalupe como uma gran-de oportunidade para as pessoas compartilharem o que se tem de mais valioso na vida: as experiências. E se essas experiências forem ao ar livre, melhor ainda, “pois as emoções são sentidas e os sentidos aguça-dos. Quer coisa melhor do que se conhecer a si pró-prio?”, indaga.

Para as pessoas realizarem o turismo de aventura não precisam ser esportistas. “Elas precisam encon-trar alguém que as estimule a estarem na natureza, a realizarem caminhadas, rapel, jantares noturnos na mata, cicloturismo, entre outras atividades”, destaca, elencando algumas das práticas efetuadas pelos seus “seguidores”: casais com ou sem filhos, grupos da ter-ceira idade e escolas que buscam roteiros de educa-ção ambiental.

O curso de Turismo a fez uma empreendedora. “Foi através da academia que me senti parte de um mundo que é estudado, que é e deve ser cada vez mais pes-quisado. Devemos pensar na proatividade. O mundo do trabalho é amplo e tudo que é amplo é complexo. É preciso ser dinâmico e estarmos preparados até mes-mo para recomeçar o tempo todo. Mas o que há de mais agradável nessa área é sentir que as pessoas se emocionam consigo mesmas, com suas conquistas, com as paisagens e nossa história. Elas param para ver os espetáculos da natureza, sentem o sabor e va-lorizam uma simples e deliciosa comida caseira sem querer ir embora. Tudo isso é planejado e coordenado por quem fica na retaguarda – ou na frente mesmo – que é o Bacharel em Turismo”, conclui.

(Texto: Cristina Boff)

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Pesquisador

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Vitalidade e energia são pontos ca-racterísticos na personalidade da pro-fessora e pesquisadora Mirian Salvador, facilmente identificados em uma con-versa. Talvez, a diversificação das suas áreas de pesquisa – Antioxidantes e Da-nos Oxidativos – sejam as responsáveis por isso. Doutora em Química pela Uni-versidad de La Republica (Uruguai), ela desenvolve pesquisas há cerca de 30 anos na UCS, além de ministrar aulas no Programa de Pós-graduação em Biotec-nologia e em cursos de graduação. Sua produção bibliográfica tem mais de mil citações no Web of Science.

Mirian descobriu o gosto pela ativi-dade ainda nos tempos de graduação, quando cursava Farmácia na Univer-sidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). “Sempre fui muito curiosa. Era uma criança inquieta, pois estava sem-pre em busca de novas descobertas. No período da graduação, quando apa-receu a oportunidade de fazer pesquisa, fui atrás para ver o que era.”

Na área de antioxidantes, a profes-sora estuda o efeito benéfico de alguns compostos que estão presentes na die-

ta, em suplementos alimentares ou em plantas. Os antioxidantes são compos-tos indispensáveis ao organismo e co-laboram para a manutenção da saúde. “Buscamos entender os mecanismos de ação desses compostos nas diferen-tes patologias que acometem os seres humanos.”

Os trabalhos realizados pela pesqui-sadora e sua equipe são desenvolvidos no Laboratório de Estresse Oxidativo e Antioxidantes, coordenado por ela. É nesse espaço, junto ao Instituto de Biotecnologia do Centro de Ciências Agrárias e Biológicas que também são realizadas pesquisas na área de Danos Oxidativos. “Estudamos as modifica-ções que ocorrem em células, já que as doenças iniciam com alterações nas moléculas, o que acarreta a lesão das células e tecidos. Atualmente, a ideia é tentar evitar as alterações em nível mo-lecular para minimizar a incidência de doenças e desenvolver fármacos que atuem em alvos específicos, gerando menos efeitos colaterais”, explica.

Em alguns projetos, a pesquisadora se utiliza de elementos da região muito

comuns na sua infância, como uvas, vinhos, suco de uva e espumante. “Me criei dentro de uma pipa de vinho”, cita a professora, ao relembrar as brincadeiras na vinícola administrada pela família.

Mirian considera o pesquisador bra-sileiro muito versátil, já que atua em di-versas frentes de estudo. “Quando um profissional que construiu sua carreira no Brasil vai para o Exterior, ele se dá muito bem em comparação aos pesqui-sadores de outros países.”

(Texto: Wagner Júnior de Oliveira)

Pesquisar: opção de vida

Segundo Mirian, as pessoas que de-sejam atuar como pesquisadoras, devem conhecer todos os estágios da pesquisa. Quem deseja desen-volver atividades profissionais nessa área, deve estar atento ao seu conse-lho: “Antes de ingressar em um curso de Mestrado ou Doutorado, passe determinado tempo em um laborató-rio para conhecer e viver a pesquisa. A pesquisa é uma opção de vida e não uma opção de emprego.”

Curiosidade da infância conduzà pesquisa

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Egressos

Cleverson Gasperin Dian, 33 anos, vem de uma família com forte atuação na agropecuária no Município de Va-caria, e cursar Agronomia sempre foi seu sonho. Aos 15 anos, ganhou uma área arrendada e insumos para plantar. “Esse foi o início das minhas atividades ligadas à agropecuária, as quais se-guiram uma trajetória de crescimento que se estende até hoje na produção de grãos. Em 1997 iniciamos também a implementação de um pomar de maçã”, conta.

Em Vacaria, sua terra natal, no en-tanto, na época em que terminou o En-sino Médio não havia a oferta de Agro-nomia e ele acabou cursando Direito no Campus Universitário de Vacaria. Tão logo o curso desejado foi implan-tado, em 2006, Cleverson não hesitou. Inscreveu-se no Vestibular e passou em primeiro lugar no concurso para Agro-nomia.

“É muito gratificante ver o desen-volvimento das plantas, que, ao final de seu ciclo, geram o alimento que

vai para a mesa de todos. O trabalho é árduo, sob as intempéries do tempo, mas a recompensa vem com a colhei-ta. Fico satisfeito em produzir alimentos preservando o meio ambiente, usando as melhores tecnologias disponíveis em uma profissão que me satisfaz mui-to”, revela.

Esse relato serve para confirmar como é importante a presença da UCS com seus cursos em unidades fora de Caxias do Sul, pois possibilita forma-ção acadêmica sem que os jovens pre-cisem deixar sua cidade natal. “Sempre trabalhei na área da produção rural e não ficaria satisfeito se não estudasse Agronomia. Na UCS, tive a oportunida-de de ser aluno de excelentes profes-sores. A minha segunda graduação foi mais marcante, pois eu já estava em um estágio profissional mais elevado e isso fez com que eu pudesse aprovei-tar melhor os ensinamentos do curso”, relata.

Atualmente, ele é vice-presidente da Cooperval, cooperativa de grãos

localizada em Vacaria, que atua no re-cebimento de grãos como soja, milho e trigo, e também comercializa esses produtos e oferece assistência técnica e insumos para os produtores associa-dos. O engenheiro agrônomo destaca que o sistema cooperativo é muito im-portante para a área agrícola. “Nesse sistema, em que há a união de pessoas com interesses comuns, fica mais fácil enfrentar as dificuldades do setor pro-dutivo. No cooperativismo não se visa ao lucro e sim ao bem comum”, avalia.

Para quem está começando na área, Cleverson aconselha a conhecer pro-fundamente a parte técnica da profis-são. Ele salienta que é preciso ter bom poder de comunicação para transmitir aos produtores o seu saber, para fazer com que as melhores técnicas sejam empregadas. “Não podemos parar de estudar, pois nossa profissão é muito dinâmica e exige atualização constan-te, já que novas tecnologias são lança-das frequentemente”, complementa.

(Texto: Juliana Rossa)

Conhecimento que dá bons frutos

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A justiça restaurativa encontra-se presente em algumas culturas. Seu iní-cio remonta às origens da civilização. Denomina-se desse modo pelo fato de ter representado e de, ainda, represen-tar uma forma de solucionar conflitos nas comunidades após fatos traumáti-cos que abalaram sua confiança, bem como ameaçaram seu bem-estar e sua ordem social. Na justiça restaura-tiva, quando um indivíduo provoca um dano, fere ou lesa outro, identifica-se a imprescindibilidade de se restabelecer o equilíbrio entre as partes envolvidas, atendendo às necessidades da vítima e, ao mesmo tempo, fazendo com que o ofensor reconheça sua responsabi-lidade em razão da própria conduta. Por esse motivo, concede-se a ele a oportunidade de corrigir seu erro. Dife-re assim do sistema tradicional (Justiça Retributiva), pois nesse modelo o sofri-mento da vítima não figura no processo judicial. O ofensor recebe a punição quantificada pelo Estado e cumpre seu “castigo” (pena). Após cumpri-lo, é li-berado sem ao menos ter conhecimen-to das consequências do ato praticado, tais como: verdadeira condição da víti-ma, seu sofrimento e suas perdas em virtude do mesmo.

No modelo restaurativo, oferece-se à vítima e ao ofensor a oportunidade de um encontro pessoal, mediado por um facilitador (profissional capacitado), em ambiente protegido, e com a participa-ção das famílias da vítima e do ofen-sor, de membros da comunidade e de demais entidades envolvidas (públicas e privadas). O encontro visa a alcançar um acordo em que o ofensor se com-promete a realizá-lo, ressarcindo os da-nos, tanto quanto possível, prestando serviços comunitários, ou assumindo de alguma outra forma sua responsa-bilidade. Os membros da família e da comunidade se comprometem a apoiar o ofensor no seu empenho para mudar

de comportamento. No final, é redigido um acordo, que é assinado por todos os envolvidos. Ao Judiciário fica o en-cargo de verificar o cumprimento do acordado.

Convém mencionar também que a justiça restaurativa é aplicada em pa-íses como Estados Unidos, Canadá, Nova Zelândia, Grã-Bretanha, Alema-nha e Brasil. Em nosso País, essa prá-tica é recente, tendo iniciado em março de 2005 em estados como Rio Grande do Sul e São Paulo. Inicialmente, o mo-delo restaurativo foi utilizado na área criminal, nas infrações de menor poten-cial ofensivo (menos graves); contudo, foi sendo ampliado e estendido em outros casos com complexidade mais elevada, inclusive no âmbito familiar.

Em Caxias do Sul, na Vara da Infân-cia e da Juventude vem sendo aplica-das as técnicas restaurativas, desde 2011, nos casos que envolvem ado-lescentes infratores. Nesses casos, a experiência tem sido positiva. Esse fato levou o Poder Público municipal a reconhecê-la como uma política pú-blica de pacificação. Atualmente, está em fase de implementação com a cria-ção de três centrais de pacificação em nosso município, sendo que uma delas funciona em nossa Universidade, cuja inauguração foi realizada em junho.

Para finalizar, não se pode deixar de mencionar que a implementação dessa prática restaurativa em nosso municí-pio faz com que Caxias do Sul seja co-nhecida como uma cidade de vanguar-da, ao aplicar métodos preventivos que mitiguem a violência na sociedade em geral. Para a efetivação dessa política pública, houve a atuação conjunta do Poder Judiciário, do Poder Público Mu-nicipal, da Fundação Caxias e da Uni-versidade de Caxias do Sul.

Claudia Maria Hansel, do Centro de Ciências

Jurídicas

Academia

No modelo

restaurativo,

oferece-se à vítima

e ao ofensor a

oportunidade de um

encontro pessoal,

mediado por um

facilitador”

Justiça Restaurativa como um instrumento aplicado na resolução de conflitos a partir da cultura de paz

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