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VICTOR LEITE DA ROCHA AZEVEDO
AVALIAO ECONMICO-FINANCEIRA DE UM MODELO DE NEGCIOS PARA UMA REDE DE CULOS SOLARES
Trabalho de Formatura apresentado Escola Politcnica da Universidade de So
Paulo para a obteno do Diploma de Engenheiro de Produo
SO PAULO 2008
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VICTOR LEITE DA ROCHA AZEVEDO
AVALIAO ECONMICO-FINANCEIRA DE UM MODELO DE NEGCIOS PARA UMA REDE DE CULOS SOLARES
Trabalho de Formatura apresentado Escola Politcnica da Universidade de So
Paulo para a obteno do Diploma de Engenheiro de Produo
Orientador: Prof. Dr. Luis Fernando de Pinto Abreu
SO PAULO 2008
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FICHA CATALOGRFICA
Azevedo,Victor Leite da Rocha Avaliao Econmico Financeira de um modelo de negcios para uma rede de culos solares/ V.L.R. Azevedo So Paulo, 2009. p. Trabalho de Formatura Escola Politcnica da Universidade de So Paulo. Departamento de Engenharia de Produo. 1. Modelos de Negcios 2. Avaliao de projetos I. Escola Politcnica da Universidade de So Paulo. Departamento de Engenharia de Produo II.t.
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AGRADECIMENTOS
A toda minha famlia Aos meus amigos e colegas
Ao meu professor orientador e aos professores do departamento
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RESUMO
Este trabalho consiste na descrio e avaliao de um modelo de negcios para uma de
lojas de culos solares no Brasil. Apesar de ser um modelo de negcios de sucesso e
razoavelmente comum no exterior, ainda explorado no Brasil.
Para demonstrar a viabilidade deste modelo, este trabalho contempla: (i) uma anlise
setorial do mercado tico no Brasil, (ii) uma descrio bastante resumida dos modelos de
negcios similares e de sucesso existentes (iii) Uma descrio detalhada do modelo de
negcios proposto, (iv) uma anlise qualitativa deste modelo e, por fim, (v) uma anlise
quantitativa, ou seja, a avaliao econmico-financeira do projeto.
Com a elaborao deste trabalho, espera-se fornecer uma base para novos investimentos
no setor tico.
Palavras-chave: Setor tico, culos solares, Modelo de Negcios, Avaliao econmico-
financeira
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ABSTRACT
This assignment consists on a description and valuation of a business plan for a chain of
sunglass stores in Brazil. Despite being successful and relatively common in other
countries it is still incipient in Brazil.
In order to prove the feasibility of this model, this project contains: (i) An overview of
the optical industry in Brazil, (ii) a short description on similar and successful business
models, (iii) a detailed description of the proposed business plan, (iv) a qualitative analysis
of this model and, last but not least, (v) an economic and financial analysis of the project.
The development of this project aims to provide a guide to new investments in the
optical industry in Brazil.
Keywords: Optical Industry, Sunglasses, Business Plan, Valuation
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NDICE DE FIGURAS FIGURA 1.1 ESTRUTURA SOCIETRIA DAS TICAS CAROL ...............22 FIGURA 1.2 NMERO DE LOJAS DAS TICAS CAROL ...........................23 FIGURA 1.3 DISTRIBUIO DA RECEITA DE REVENDA DE PRODUTOS TICOS.................................................................................................................24 FIGURA 1.4 ORGANOGRAMA DAS TICAS CAROL ..............................25 FIGURA 2.1 BALANO PATRIMONIAL ....................................................27 FIGURA 2.2 DEMONSTRAO DO RESULTADO DO EXERCCIO .......28 FIGURA 3.1 GRFICO DE PARETO NMERO DE LOJAS E PARTICIPAO ACUMULADA ....................................................................................................41 FIGURA 3.2 PARTICIPAO DE TICAS E OUTRAS LOJAS .................41 FIGURA 3.3 PERFIL DAS EMPRESAS ATUANTES NO SETOR ...............42 FIGURA 3.4 DISTRIBUIO REGIONAL DAS TICAS NO BRASIL ......43 FIGURA 3.5 DISTRIBUIO DAS TICAS CONFORME O TAMANHO DE CADA CIDADE ................................................................................................................44 FIGURA 3.6 FATURAMENTO DO SETOR TICO EM 2006 .......................45 FIGURA 3.7 FATURAMENTO MDIO MENSAL POR TICA POR REGIO ...45 FIGURA 3.8 VENDAS UNITRIAS POR PRODUTO ...................................47 FIGURA 3.9 FATURAMENTO DO SETOR TICO EM 2006 POR PRODUTO ...48 FIGURA 3.10 PREO MDIO DE VENDA DOS PRODUTOS .....................49 FIGURA 3.11 COMPARATIVO DO PREO MDIO DE VENDA ...............50 FIGURA 3.12 DIFERENA DE PREOS PRATICADOS EM OUTRAS LOJAS EM RELAO AO PREO PRATICADO EM TICAS .........................................51 FIGURA 3.13 PARTICIPAO DE OUTRAS LOJAS NO FATURAMENTO TOTAL DO SETOR TICO POR PRODUTO ..................................................................52 FIGURA 3.14 PENETRAO E ASPIRAO POR ATIGOS DE LUXO NA AMRICA LATINA .............................................................................................53 FIGURA 3.15 PENETRAO DE ARTIGOS DE LUXO EM DIFERENTES MERCADOS DA AMRICA LATINA ...............................................................54 FIGURA 3.16 PERFIL DOS CONSUMIDORES DE CULOS SOLARES ....55 FIGURA 5.1. PLANO DE EXPANSO DO NMERO DE LOJAS ...............69 FIGURA 5.2. PREO UNITRIO MDIO DE AQUISIO DOS PRODUTOS ..74
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FIGURA 5.3. CUSTO DOS PRODUTOS VENDIDOS DA REDE .................75 FIGURA 5.4. DESPESAS ANUAIS COM SALRIOS ..................................78 FIGURA 5.5. DESPESAS ANUAIS DE VENDAS .........................................78 FIGURA 5.6. DESPESAS ANUAIS DE ALUGUEL ......................................80 FIGURA 5.7. DESPESAS GERAIS FIXAS DA REDE ..................................81 FIGURA 5.8. VALOR DO IMOBILIZADO DA REDE .................................82 FIGURA 5.9. VALOR DA EMPRESA ............................................................92
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NDICE DE TABELAS TABELA 1.1 NMERO DE LOJAS E PARTICIPAO DE MERCADO DAS 10 PRINCIPAIS TICAS BRASILEIRAS .......................................................23 TABELA 3.1 NMERO MDIO DE HABITANTES ATENDIDO POR CADA TICA ............................................................................................................43 TABELA 3.2 FATURAMENTO MENSAL MDIO POR TICA EM FUNO DO PORTE DA CIDADE ...................................................................................46 TABELA 4.1. MIX DE PRODUTOS ........................................................62 TABELA 4.2. NMERO DE FUNCIONRIOS POR TIPO DE LOJA ...65 TABELA 5.1 PROJEO DE ABERTURA DE NOVAS LOJAS POR TIPO DE LOJA ........................................................................................................................69 TABELA 5.2. CRESCIMENTO REAL DO PIB E CRESCIMENTO DE VENDAS NO VAREJO POR QUANTIDADE ....................................................................70 TABELA 5.3. PROJEO DE CRESCIMENTO DO PIB .......................70 TABELA 5.4. PROJEO DO CRESCIMENTO DE VENDAS .............71 TABELA 5.5. VENDAS MDIAS MENSAIS POR TIPO DE LOJA ......71 TABELA 5.6. CLCULO DO PREO MDIO DE VENDA DOS PRODUTOS ...72 TABELA 5.7. PROJEO DE IPCA .........................................................72 TABELA 5.8. PREO MDIO DE VENDA DO MIX ...............................73 TABELA 5.9. FATURAMENTO BRUTO DA REDE .................................73 TABELA 5.10. NMERO DE FUNCIONRIOS POR TIPO DE LOJA ...76 TABELA 5.11 CLCULO DOS SALRIOS DOS FUNCIONRIOS DA REDE ..77 TABELA 5.12 PROJEO DE IGP-M ........................................................79 TABELA 5.13 DESPESAS GERAIS E ADMINISTRATIVAS FIXAS POR LOJA ..80 TABELA 5.14 TAMANHO, CUSTO DE REFORMA E VALOR DO DIREITO DE LUVAS DAS LOJAS ......................................................................................82 TABELA 5.15 DESPESAS ANUAIS DE DEPRECIAO/AMORTIZAO ........83 TABELA 5.16 NECESSIDADE DE CAPITAL, DESPESAS FINANCEIRAS E AMORTIZAO DA DVIDA ......................................................................84 TABELA 5.17 PROJEO DE SELIC MDIA ANUAL ...........................85 TABELA 5.18. CLCULO DO PARMETRO BETA DE EMPRESAS COMPARVEIS....... .......................................................................................87
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TABELA 5.19 CLCULO DOS FLUXOS DE CAIXA LIVRE PARA A EMPRESA, DO VALOR DA PERPETUIDADE E DO VALOR DA EMPRESA .....................91 TABELA 5.20 ANLISE DE SENSIBILIDADE DO VALOR DA EMPRESA SEM A PERPETUIDADE AO WACC .................................................................................93 TABELA 5.21 ANLISE DE SENSIBILIDADE DO VALOR DA EMPRESA COM A PERPETUIDADE VARIAO DO WACC E DO CRESCIMENTO NA PERPETUIDADE ....................................................................................................93 TABELA 5.22 FLUXO DE CAIXA ACUMULADO PARA CLCULO DO PERODO DE PAYBACK .........................................................................................................94 TABELA 5.23 - ANLISE DO PERODO DE PAYBACK DESCONTADO .....94
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NDICE DE EQUAES EQUAO 2.1 RELAO ENTRE ATIVO, PASSIVO E PATRIMNIO LQUIDO.....................................................................................................27 EQUAO 2.2 FLUXO DE CAIXA LIVRE PARA A EMPRESA.......29 EQUAO 2.3 CUSTO DO CAPITAL DE TERCEIROS APS IMPOSTOS.......31 EQUAO 2.4 CAPITAL ASSET PRICING MODEL (CAPM) ............32 EQUAO 2.5 PARMETRO BETA DE UM TTULO I ......................33 EQUAO 2.6 FRAO NO-DIVERSIFICVEL DO RISCO DE UM TTULO I.......................................................................................................................33 EQUAO 2.7 DESALAVANCAGEM DO BETA .................................34 EQUAO 2.8 CAPM PARA MERCADOS EMERGENTES ................35 EQUAO 2.9 WACC ..............................................................................35 EQUAO 2.10 VALOR DA EMPRESA POR MEIO DO FLUXO DE CAIXA DESCONTADO ............................................................................................37. EQUAO 2.11 - VALOR DA PERPETUIDADE .....................................37 EQUAO 2.12 VALOR DA EMPRESA CONSIDERANDO A PERPETUIDADE..........................................................................................38 EQUAO 2.13 - PERODO DE PAYBACK ............................................38 EQUAO 5.1 RECEITA BRUTA TOTAL DA REDE ...........................68 EQUAO 5.2. CLCULO DO CUSTO DE CAPITAL PRPRIO DA EMPRESA....................................................................................................... 88 EQUAO 5.3. CLCULO DO CUSTO MDIO DE CAPITAL PONDERADO DA EMPRESA (WACC) .......................................................................................89
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LISTA DE ABREVIAES ABITICA Associao Brasileira da Indstria ptica CAPEX Capital Expenditures Investimentos de Capital CDI Certificado de Depsito Interbancrio COFINS Contribuio para o Financiamento da Seguridade Social EBITDA Earnings Before Interest, Taxes,Depreciation and Amortization Lucro antes de juros, impostos, depreciao e amortizao (LAJIDA) FGTS Fundo de Garantia do Tempo de Servio IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica IBOPE Instituto Brasileiro de Opinio Pblica e Estatstica INSS Instituto Nacional de Seguridade Social PIS Programa de Integrao Social WACC Weighted Average Cost of Capital
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SUMRIO
1. INTRODUO ..............................................................................................18 1.1. Descrio do Estgio ..........................................................................20 1.2. Engenharia de Produo e o Trabalho de Formatura .........................20 1.3. Descrio da Organizao .................................................................21
2. REVISO BIBLIOGRFICA ........................................................................26
2.1. Conceitos Bsicos de Contabilidade ...................................................26 2.1.1. O Balano Patrimonial .......................................26
2.1.2. Demonstrao dos Resultados do Exerccio ......26 2.1.3. Demonstrao de Fluxo de Caixa ......................28 2.2. Fluxo de Caixa Livre para a empresa .................................................29 2.3. Custo do Capital de uma empresa ......................................................30 2.3.1. Custo do capital de Terceiros ..............................30 2.3.2. Custo do Capital Prprio .....................................31 2.3.3. Custo mdio de Capital Ponderado (WACC) ......35 2.4. O Mtodo do Fluxo de Caixa Descontado (DCF) ..............................36 2.5. O Perodo de Payback ........................................................................38
3. ANLISE SETORIAL DO MERCADO TICO ..........................................40 3.1. Nmero de Lojas ................................................................................40 3.2. Distribuio Regional da Lojas ..........................................................42 3.3. Faturamento das Lojas ........................................................................44 3.4. Vendas nas Lojas ................................................................................46 3.5. Evidncias da demanda por culos solares ........................................52 3.6. Perfil dos consumidores de culos solares .........................................54 3.7. Modelos de Negcios Semelhantes ....................................................55 3.7.1. Sunglass Hut ......................................................55 3.7.2. Sunglass Island ..................................................57 3.7.3. Chilli Beans .......................................................58
4. DESCRIO DO MODELO DE NEGCIOS .............................................59
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4.1. O Pblico-Alvo ..................................................................................59 4.2. Os Produtos Vendidos .......................................................................60 4.2.1. Os fornecedores ................................................61 4.3. Os Tipos de Lojas .............................................................................62 4.4. O Plano de Expanso ........................................................................63 4.5.O nmero de funcionrios ................................................................64 4.6. Os departamentos de apoio ..............................................................65 4.7. Negociao com fornecedores .........................................................66
5. ANLISE ECONMICO-FINANCEIRA ..................................................67
5.1. Projees das Receitas ....................................................................68 5.1.1. Projeo da Expanso ....................................68 5.1.2. Projeo de Vendas ........................................70 5.1.3. Preos .............................................................72 5.2. Impostos e Devolues sobre Receita Bruta ...................................73 5.3. Custo do Produtos Vendidos ............................................................73 5.4. Despesas de Vendas, Gerais e Administrativas ...............................75 5.4.1. Despesas de Salrios .......................................75 5.4.2. Despesas de Vendas ........................................78 5.4.3. Despesas de Aluguis .....................................79 5.4.4. Despesas Administrativas Fixas ......................80 5.5. Imobilizado ......................................................................................81 5.6. Financiamento ..................................................................................83 5.6.1. Receitas Financeiras ........................................85 5.7. Custo Mdio Ponderado de Capital (WACC) ..................................85 5.7.1. Custo de Capital Prprio (Ke)..........................86 5.7.1.1. Taxa Livre de Risco ................................86 5.7.1.2. Prmio de Risco ......................................86 5.7.1.3. Clculo do parmetro Beta da empresa ..87 5.7.1.4. Clculo do Risco Brasil ..........................88 5.7.1.5. Size Premium ..........................................88 5.7.2. Custo do Capital de Terceiros (Kd) ................88
-
5.7.3. Clculo do Custo Mdio Ponderado do Capital da Empresa (WACC).......................................................................................................89 5.8. Clculo do Fluxo de Caixa Livre para a Empresa (FCFF) ...............89 5.9. Anlises de Sensibilidade .................................................................92 5.9.1. Anlise de Sensibilidade do Valor da Empresa sem a perpetuidade variao do WACC ............................................................................93 5.9.2. Anlise de Sensibilidade do Valor da Empresa com a perpetuidade variao do WACC e do crescimento na perpetuidade .....................93 5.10. Anlise do Tempo de Payback .......................................................93 5.11. Anlise do Tempo de Payback descontado ....................................94 5.12. Concluses sobre as anlises de Viabilidade Econmico-Financeiras .....................................................................................................................................94
6. CONCLUSO ................................................................................................95
7. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .............................................................96
8. ANEXO I: DEMONSTRATIVO DOS RESULTADOS DO EXERCCIO ...........................................................................................................................98
9. ANEXO II: BALANOS PATRIMONIAIS ...................................................99
10. ANEXO III: DEMONSTRATIVO DE FLUXOS DE CAIXA .......................100
11. ANEXO IV: RECEITAS FINANCEIRAS ......................................................
CAPITULO 1 INTRODUO
_______________________________________________________________________
18
1. INTRODUO O mercado de produtos ticos desperta atualmente um interesse crescente por parte de
grandes grupos nacionais e internacionais. Este interesse motivado pelo grande
crescimento do setor, que, segundo dados do IBGE, foi o segundo setor da economia
brasileira que mais cresceu em 2008 e que, ainda segundo o IBGE, apresentou crescimento
de 6% durante o primeiro quadrimestre de 2009.
Segundo dados da ABITICA, o mercado de produtos ticos movimentou em 2006
aproximadamente R$ 8,83 bilhes, sendo que os culos solares segmento deste setor em
que se insere o negcio cujo plano delineado neste trabalho movimentou
aproximadamente R$ 2,26 bilhes. Esta dimenso de mercado, combinada ao grande
crescimento dos ltimos anos e a fatores que podem impulsionar altas taxas de
crescimento pelos prximos anos justificaram o desenvolvimento deste trabalho, que
servir de base ou guia para o desenvolvimento de uma cadeia de ticas voltadas apenas
para a venda de culos de sol um modelo de sucesso e bastante copiado no exterior que,
no entanto, ainda pouco comum no Brasil.
Este trabalho organiza-se da seguinte maneira:
O primeiro captulo consiste de uma introduo ao trabalho. Sendo assim, demonstra a
forma como est dividido o trabalho, descreve o estgio realizado pelo autor que
possibilitou a realizao do trabalho de formatura, faz uma caracterizao da empresa
onde este estgio foi realizado e estabelece a relao entre o curso de Engenharia de
Produo e o trabalho de formatura desenvolvido.
O Captulo 2 fornece a Reviso Bibliogrfica, ou seja, lista e explica os conceitos
utilizados para o desenvolvimento deste plano de negcios. Desta forma, apresenta
conceitos sobre contabilidade, sobre custo de capital, sobre a avaliao econmica de
projetos, como o Fluxo de Caixa Descontado, a Taxa Interna de Retorno e o perodo de
payback e, tambm, sobre perpetuidade.
CAPITULO 1 INTRODUO
_______________________________________________________________________
19
O terceiro captulo consiste em uma anlise setorial do mercado ptico. Assim, baseado
em pesquisas e relatrios de consultorias, so descritos o tamanho do mercado brasileiro, o
nmero de participantes, a distribuio regional dos participantes, os volumes de produtos
negociados e so dadas as perspectivas para esse setor baseadas nas opinies dos
participantes, colhidas por meio de pesquisas. Neste captulo, feita ainda uma anlise
resumida dos principais modelos de negcios que tem pontos de similaridade com o
modelo de negcios descrito neste trabalho, sejam eles brasileiros ou estrangeiros.
O Captulo 4 faz uma descrio do modelo de negcios a ser desenvolvido.
Conseqentemente, encontram-se neste captulo dados sobre a segmentao de mercado e
o pblico-alvo do negcio e a estratgia de instalao e expanso do negcio. Desta forma,
este captulo fornece uma anlise muito mais qualitativa do que quantitativa a respeito do
modelo de negcios, sem, no entanto, ser de menor importncia.
O quinto captulo concentra-se na anlise quantitativa do negcio, ou seja, na avaliao
econmico-financeira do mesmo. Assim, neste captulo em que se encontram projetados
os balanos patrimoniais da futura empresa, os demonstrativos de resultados dos
exerccios futuros e os demonstrativos de fluxos de caixa. A partir destas informaes
contbeis so feitas as anlises a respeito do valor e da rentabilidade do negcio.
Conseqentemente, esto presentes neste captulo anlises de fluxo de caixa descontado, ,
tempo de retorno do investimento, entre outras.
O sexto captulo apresenta as concluses deste trabalho. Logo, leva em conta todas as
anlises qualitativas e quantitativas feitas em captulos anteriores a respeito do mercado e
do negcio para chegar a uma opinio final a respeito da viabilidade de se criar no Brasil
uma rede de lojas focadas apenas em culos solares.
Aps a concluso encontram-se os apndices e anexos a este trabalho, tabelas e dados que
foram utilizadas e listadas ao longo do mesmo.
CAPITULO 1 INTRODUO
_______________________________________________________________________
20
1.1 Descrio do estgio
O estgio que possibilitou o desenvolvimento deste trabalho foi realizado na Arbela
Investimentos, empresa de investimentos do grupo Amaro Participaes, que controla as
ticas Carol.
As atividades desenvolvidas durante o estgio eram de anlises de investimento. Desta
forma, o autor desenvolvia estudos que envolviam anlises qualitativas e quantitativas a
respeito de empresas de capital aberto ou fechado a fim de verificar a viabilidade e a
atratividade de investimentos nas mesmas.
Eram realizadas tambm anlises de monitoramento de investimentos realizados. neste
segmento em que se encontra o controle do investimento realizado nas ticas Carol e
investimentos relacionados ao setor tico, origem do interesse no desenvolvimento de uma
cadeia de lojas de culos solares, descrito neste trabalho.
1.2 Engenharia de Produo e o Trabalho de Formatura
Os conceitos aprendidos durante os cinco anos cursados na Escola Politcnica da
Universidade de So Paulo foram fundamentais para o desenvolvimento deste trabalho.
As matrias que mais se relacionam ao desenvolvimento deste trabalho foram aquelas
relacionadas a economia e anlises financeiras. Assim, matrias como Contabilidade e
Custos, Engenharia Econmica e Finanas e Economia de Empresas forneceram
ferramentas fundamentais ao desenvolvimento deste trabalho. Foi tambm muito
importante para o desenvolvimento deste trabalho a disciplina de Anlise Estratgica da
Produo, em cujas aulas aprendeu-se muito a respeito do desenvolvimento de planos de
negcios e anlises setoriais.
importante ressaltar tambm que agregaram muito ao desenvolvimento deste trabalho os
conceitos aprendidos durante o perodo de intercmbio realizado pelo autor por meio do
programa de Aproveitamento de Crditos que a Escola Politcnica da USP mantm com o
CAPITULO 1 INTRODUO
_______________________________________________________________________
21
Politecnico di Milano. Neste programa, as disciplinas de Estratgia e Finanas
Corporativas foram as que mais se relacionaram com o tema deste trabalho.
1.3 Descrio da Organizao
Este trabalho de formatura foi desenvolvido nas ticas Carol, empresa controlada pelo
grupo Amaro Participaes empresa em que o autor estagirio e voltada para a
consolidao do mercado tico no Brasil.
As ticas Carol foram fundadas em 1997, na cidade de Sorocaba pela famlia Santana. Ao
fim de 1997, a empresa contava com duas lojas prprias e quando concluiu a abertura de
sete lojas prprias estrategicamente posicionadas em cidades importantes do estado de So
Paulo, deu incio ao seu programa de franquias. O resultado foi uma rpida expanso,
passando de 7 lojas prprias para 114 lojas ao fim de 2005.
Em Dezembro de 2005, 50% do capital das ticas Carol foi adquirido pela Tecnol, a
maior fabricante de produtos ticos (armaes) do Brasil e fabricante das armaes de
marcas prprias, licenciadas para a Carol. Com essa aquisio, acelerou-se o crescimento
do nmero de lojas e a consolidao do setor tico no estado de So Paulo
Em maio de 2008, o grupo privado de investimentos Amaro Participaes adquiriu 65%
do capital das ticas Carol, correspondendo fatia de 50% adquirida previamente pela
TECNOL somada a uma fatia de 15% da empresa que era de posse dos fundadores das
ticas Carol, a famlia Santana.
CAPITULO 1 INTRODUO
_______________________________________________________________________
22
Amaro Participaes LTDA
Fbrica de Marcas LTDA
OVERLAP LTDAFamlia Santana
Carol S/A
99,9%
99,9%
65,0%35,0%
Famlia Santana
Amaro Participaes LTDA
Fbrica de Marcas LTDA
OVERLAP LTDAFamlia Santana
Carol S/A
99,9%
99,9%
65,0%35,0%
Famlia Santana
Figura 1.1- Estrutura Societria das ticas Carol (Fonte: ticas Carol)
Com essa aquisio, o grupo Amaro Participaes tem como objetivo participar da
consolidao e profissionalizao do setor tico no Brasil, que marcado pela
fragmentao, informalidade e sonegao de impostos.
Sendo assim, essa mudana no controle da empresa deu continuidade ao processo de
expanso, mas trouxe como marco mudanas nos princpios de governana corporativa: A
empresa passou a ser uma S.A., com a totalidade do capital composto por aes com poder
de voto (aes ON), h uma empresa independente contratada para auditoria anual
(TERCO Grant Thornton) e as decises passaram a ser tomadas em um conselho
composto por 5 membros.
Durante todos seus anos de existncia e mudanas de controle, a Carol conseguir uma
elevada taxa de crescimento, passando de 2 lojas ao fim de 1997 para 244 lojas ao fim de
2008. Com isso, a empresa obteve a liderana em participao de mercado no setor tico
brasileiro.
CAPITULO 1 INTRODUO
_______________________________________________________________________
23
No. De Lojas Participao de mercadoticas Carol 244 1,05%Chilli Beans 175 0,75%ticas Diniz 150 0,64%Fotptica 88 0,38%ticas do Povo 72 0,31%tica So Jos 30 0,13%Casa dos Relojoeiros 26 0,11%Ponto de Viso 22 0,09%Centro tica 21 0,09%New tica 18 0,08%
Restante 22.428 96,37%
Total 23.274 100,00%
Tabela 1.1 Nmero de lojas e participao de mercado das 10 principais ticas
brasileiras (Fonte: ticas Carol)
Este impressionante crescimento e a ambiciosa meta de crescimento da empresa podem
ser vistos na Figura 1.2 abaixo. Os anos seguidos pela letra e ao fim representam as
estimativas dos nmeros de loja. importante ressaltar que a meta de crescimento prev
600 lojas entre lojas prprias e franqueadas ao fim de 2013.
2 9 22 27 47114
175 220244 283
414501
568 600
0100200300400500600
1997 2000 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009e 2010e 2011e 2012e 2013e
Nm
ero
de L
ojas
Figura 1.2 Nmero de Lojas das ticas Carol (Fonte: ticas Carol)
CAPITULO 1 INTRODUO
_______________________________________________________________________
24
As receitas da empresa totalizam aproximadamente 181 milhes de Reais e provm da
revenda de produtos ticos (culos com receiturio, lentes e culos de sol) e da taxa de
franquias, cobrada sobre o faturamento do franqueados.
Na revenda de produtos ticos, a receita distribuda conforme demonstra a Figura 1.3:
culos - receiturio
47,0%
Lentes32,9%
culos - solar20,1%
Figura 1.3 Distribuio da receita de revenda de produtos ticos (Fonte: ticas
Carol)
At a concluso deste trabalho, as ticas Carol contavam com 112 funcionrios,
distribudos em sete departamentos: Operaes, Gente & Gesto, Marketing, Tecnologia
da Informao (T.I.), Centro de Servios Compartilhados (CSC) , Laboratrio e Expanso
de Relacionamento. A seguir, a Figura 1.4 mostra o organograma da empresa, elaborado,
Sr. Roberto Hobeika:
CAPTULO 1 INTRODUO
25
Presidncia(Ronaldo Pereira)
Diretoria de CSC(Ricardo Maeda)
Diretoria de Laboratrio(Odilon Neto)
Diretoria de Marketing(Paula Santana)
Diretoria de Gente& Gesto
(Roberto Hobeika)
Diretoria de Expanso& Relacionamento
(Odilon Santana)
Diretoria de Operaes(ND)
Operacional de Loja(Juliana)
Coordenao(Juliano)
Arquitetura(Bruna)
Tcnicos
Gesto de Lojas Prprias(Henrique Macedo)
Gerente de Processo(Christian)
Controle de lojas(Ronar)
Superviso de Campo(Edvanio)
Atendimento tcnicoRelacionamento Corporativo
e Consumidor(Karen Amaral)
Gesto de ExpansoMdia
(Andr)
Gesto de produto(Luciane Gobett)
Marketing(Mariana Bella)Legal
(Ricardo Maeda)
Gesto CSC(Cludia)
Tesouraria(Ana Paula)
Fiscal(Luclia)
Administrao Financeira(Luciana)
Auxiliar de Contabilidade(Dayanna Meira)
Contabilidade(Mauro Cardoso)
Coordenao(Ludgrio)
Tcnico(Michel) Coordenao de
Treinamento(Wesley Oliveira)
Coordenao de Relaes Externas(Juliana Narciso)
Gesto de Qualidade(Rachel Torres)
Analista RH(Karen Leo)
Diretoria de T.I.(Agldio)
Gesto de Implantao(Rodrigo Martins)
Gesto de Rede(Maurcio)
Superviso de Campo
Supervisor de Relacionamento(Moiss)
Presidncia(Ronaldo Pereira)
Diretoria de CSC(Ricardo Maeda)
Diretoria de Laboratrio(Odilon Neto)
Diretoria de Marketing(Paula Santana)
Diretoria de Gente& Gesto
(Roberto Hobeika)
Diretoria de Expanso& Relacionamento
(Odilon Santana)
Diretoria de Operaes(ND)
Operacional de Loja(Juliana)
Coordenao(Juliano)
Arquitetura(Bruna)
Tcnicos
Gesto de Lojas Prprias(Henrique Macedo)
Gerente de Processo(Christian)
Controle de lojas(Ronar)
Superviso de Campo(Edvanio)
Atendimento tcnicoRelacionamento Corporativo
e Consumidor(Karen Amaral)
Gesto de ExpansoMdia
(Andr)
Gesto de produto(Luciane Gobett)
Marketing(Mariana Bella)Legal
(Ricardo Maeda)
Gesto CSC(Cludia)
Tesouraria(Ana Paula)
Fiscal(Luclia)
Administrao Financeira(Luciana)
Auxiliar de Contabilidade(Dayanna Meira)
Contabilidade(Mauro Cardoso)
Coordenao(Ludgrio)
Tcnico(Michel) Coordenao de
Treinamento(Wesley Oliveira)
Coordenao de Relaes Externas(Juliana Narciso)
Gesto de Qualidade(Rachel Torres)
Analista RH(Karen Leo)
Diretoria de T.I.(Agldio)
Gesto de Implantao(Rodrigo Martins)
Gesto de Rede(Maurcio)
Superviso de Campo
Supervisor de Relacionamento(Moiss)
Figura 1.4 Organograma das ticas Carol (Fonte: ticas Carol)
CAPTULO 2 REVISO BIBLIOGRFICA
_______________________________________________________________________
26
2. REVISO BIBLIOGRFICA Neste captulo so apresentados os conceitos tericos em que se baseiam as afirmaes
deste trabalho.
2.1 Conceitos Bsicos de Contabilidade
A base para as anlises financeiras realizadas sero os demonstrativos financeiros da
empresa que se pretende criar. Os demonstrativos financeiros utilizados sero: (i) O
Balano Patrimonial, (ii) o Demonstrativo de Resultados do Exerccio (DRE) e (iii) o
Demonstrativo dos Fluxos de Caixa. Segundo BRIGHAM, GAPENSKI E
EHRHARDT(2008) estas demonstraes em conjunto fornecem uma fotografia contbil
das operaes da empresa e de sua posio financeira.
2.1.1 O Balano Patrimonial
STICKNEY, WEIL(2001) definem que o Balano Patrimonial apresenta uma
demonstrao dos financiamentos e investimentos de uma empresa em um determinado
instante. Assim, nesse demonstrativo financeiro, esto listados os ativos, os passivos e o
patrimnio lquido da empresa.
Ainda segundo estes autores, os ativos de uma empresa correspondem aos recursos
econmicos com capacidade ou potencial para lhes fornecer benefcios futuros, enquanto
os passivos so os direitos que os credores da empresa tm sobre seus ativos, ou seja, so
as obrigaes da empresa perante seus credores, os recursos que a empresa utiliza para
financiar suas atividades. J o patrimnio lquido corresponde aos direitos que os
proprietrios da empresa tm sobre os ativos da mesma, direito este residual, uma vez que
representa o direito ao ativo da empresa excedente ao que necessrio para atender aos
direitos dos credores. Desta forma, estas trs classificaes (ativo, passivo e patrimnio
lquido) guardam entre si a seguinte relao:
CAPTULO 2 REVISO BIBLIOGRFICA
_______________________________________________________________________
27
Equao 2.1 Relao entre Ativo, Passivo e Patrimnio Lquido
Em um Balano Patrimonial, os itens do ativo e passivo encontram-se subclassificados de
acordo com o prazo em que vencem. Assim, direitos a receber no curto prazo ou
obrigaes que vencem dentro do prximo exerccio encontram-se listados antes de
direitos a receber em prazos mais longos ou obrigaes que devem ser pagas em perodos
mais distantes do prximo exerccio. A Figura 2.1, elaborada pelo autor e baseada em
STICKNEY, WEIL(2001) demonstra um Balano Patrimonial, listando ativo, passivo e
patrimnio lquido de uma empresa.
CIRCULANTE CIRCULANTE
Lucros ou Prejuzos acumulados
ImobilizadosDiferido
Direitos realizveis dentro de um ciclo operacional. Ex:
PASSIVO
Obrigaes que a empresa espera liquidar durante seu ciclo operacional. Ex:Fornecedores/Empregados/Impostos a pagar/ Emprstimos de curto prazoEXIGVEL A LONGO PRAZOObrigaes que vencem em prazo superior a um ano da data do balano. Ex:
ATIVO
PATRIMNIO LQUIDO
REALIZVEL A LONGO PRAZODireitos a receber aps o trmino do exerccio seguintePERMANENTEInvestimentos
Caixa/ Estoques/Clientes
Emprstimos de Longo Prazo/Imposto de Renda Diferido
Capital SocialReservas de Reavaliao
Figura 2.1 Balano Patrimonial (Elaborado pelo autor)
2.1.2 Demonstrao do Resultado do Exerccio (DRE)
Segundo GITMAN (2004), a demonstrao do resultado do exerccio fornece uma sntese
financeira dos resultados operacionais de uma empresa durante um certo perodo.
BRIGHAM, GAPENSKI E EHRHARDT(2001) destacam que justamente essa a
diferena entre o Balano Patrimonial e a Demonstrao do Resultado do exerccio:
Enquanto o primeiro fornece uma fotografia da empresa num dado momento, o segundo
relata suas operaes durante um perodo de tempo.
Ativo = Passivo + Patrimnio Lquido
CAPTULO 2 REVISO BIBLIOGRFICA
_______________________________________________________________________
28
O DRE apresenta o resultado das operaes de um certo perodo por meio da confrontao
entre as receitas e despesas que ocorrem no perodo, conforme a Figura 2.2 demonstra:
(-) Imposto de Renda(-) Contribuio Social(=) Lucro ou prejuzo lquido
(-) Devolues(-) Abatimentos(-) Impostos
(-) Custo dos produtos vendidos (CPV)
(-) Despesas de vendas(-) Despesas gerais e administrativas(-) Despesas de depreciao(-) Outras despesas operacionais(+) Outras receitas operacionais
(=) Resultado do Exerccio antes de Imposto de Renda e Contribuio Social
DEMONSTRAO DOS RESULTADOS DO EXERCCIOReceita Bruta de vendas e servios
(=)Receita Lquida de Vendas e Servios
(=) Lucro Bruto
(=) Resultado Operacional(-) Despesas financeiras(+) Receitas Financeiras(-) Outras despesas no-operacionais(+) Outras receitas no-operacionais
Figura 2.2 Demonstrao de Resultado do Exerccio (Elaborado pelo autor)
2.1.3 Demonstrao de Fluxo de Caixa
A demonstrao do fluxo de caixa resume os movimentos de entrada e sada do de caixa
durante o perodo, clasificando esses fluxos de caixa em (i) operacionais, (ii) de
investimento e (iii) de financiamento (GITMAN, 2004). Assim, ela fornece uma descrio
das atividades que realmente impactaram o caixa da empresa, ao invs de ser apenas uma
indicao contbil do resultado obtido pela mesma durante um certo perodo, como o
caso do lucro lquido.
CAPTULO 2 REVISO BIBLIOGRFICA
_______________________________________________________________________
29
Fluxo de Caixa Livre = EBIT*(1-t) + D&A - CG - Capex
STICKNEY, WEIL(2001) ressaltam que por explicitar as atividades operacionais, de
investimento e financiamento num perodo, ela ajuda a explicar as diferenas existentes
entre o balano patrimonial em dois instantes diferentes no tempo.
Os mesmos autores evidenciam a relao entre a demonstrao do fluxo de caixa e a
demonstrao do resultado do exerccio, dizendo que enquanto a primeira demonstra como
as operaes afetaram o caixa da empresa num perodo, a segunda demonstra como as
mesmas operaes afetaram receitas e despesas.
2.2 Fluxo de Caixa Livre para a empresa
Segundo BRIGHAM, GAPENSKI, EHRHARDT (2008), o valor das operaes a empresa
determinado pela seqncia de todos os fluxos de caixa livres esperados no futuro.
Segundo os mesmos autores, o fluxo de caixa para a empresa corresponde ao lucro
operacional para a empresa aps impostos, somado aos encargos que no impactam o
caixa, como depreciao e amortizao, menos os investimentos necessrios para manter a
empresa, ou seja, os investimentos em capital de giro, manuteno e expanso. Daqui para
a frente, neste trabalho, os investimentos em manuteno e expanso sero denotados pelo
jargo Capex (Capital Expenditures), ou seja, investimentos de capital. Assim, temos a
Equao 2.2:
Equao 2.2 Fluxo de Caixa Livre para a Empresa
Onde:
EBIT Earnings before interest and taxes Lucro operacional ou lucro antes de juros e
impostos
t Alquota de impostos
D&A Depreciao e Amortizao
CAPTULO 2 REVISO BIBLIOGRFICA
_______________________________________________________________________
30
CG Variao de Capital de Giro
Capex Capital Expenditures Investimentos de capital em manuteno e expanso
2.3 Custo de Capital de uma empresa
Segundo GITMAN (2004), o custo de capital pode ser entendido como a taxa de retorno
que uma empresa deve conseguir nos projetos em que investe a fim de manter o valor de
mercado de suas aes ou como a taxa de retorno exigida pelos fornecedores de capital no
mercado, para que ela consiga captar fundos.
Uma empresa pode utilizar capital prprio ou de terceiros para financiar seus projetos,
sendo que a empresa decide sobre a combinao de ambos, chamada de estrutura de
capital da empresa.
Cada uma dessas fontes de capital (capital prprio ou capital de terceiros) apresenta um
custo, e o custo de capital da empresa corresponde a uma ponderao das formas de
capital utilizadas pela empresa.
2.3.1 Custo de capital de terceiros
BRIGHAM, GAPENSKI E EHRHARDT (2008) afirmam que o primeiro passo para a
determinao do custo de capital de terceiros determinar a taxa de retorno que os
detentores da dvida requerem, denominado kd.
Esse retorno requerido pelos detentores da dvida afetado principalmente por dois
fatores:
Nvel das taxas de juros do mercado: Quanto maior as taxas de juros de ttulos no
mercado, mais alta ser a taxa requerida por detentores da dvida da empresa.
Risco de inadimplncia da empresa: O risco de inadimplncia da empresa, medido
por agncias de rating, influencia diretamente a taxa requerida por investidores,
CAPTULO 2 REVISO BIBLIOGRFICA
_______________________________________________________________________
31
Custo do capital de terceiros aps impostos = kd *(1-t)
uma vez que quanto maior o risco de no pagamento das obrigaes, mais os
investidores esperam receber por esse risco.
Os mesmos autores ressaltam que o retorno kd requerido pelos detentores da dvida no
igual ao custo da dvida da empresa, uma vez que os pagamentos de juros reduzem o
resultado da empresa e, portanto, so dedutveis do imposto de renda. Assim, o custo do
capital de terceiros para a empresa inferior ao retorno esperado por detentores da dvida,
conforme mostra a Equao 2.3:
Equao 2.3 - Custo do capital de terceiros aps impostos
Onde:
t Alquota de impostos a que a empresa est sujeita
2.3.2 Custo do capital prprio
Segundo GITMAN (2002), o custo de capital prprio a taxa de retorno qual os
investidores descontam os dividendos que esperam receber da empresa para avaliar suas
aes. BRIGHAM, GAPENSKI E EHRHARDT (2001) afirmam que esse custo ks o
retorno que os acionistas podem esperar comprando a ao de uma empresa similar
empresa avaliada. Os mesmos autores afirmam que se a empresa no pode oferecer um
retorno mnimo ks sobre os lucros retidos, ento ela deve distribuir os dividendos aos
acionistas e deix-los investir o dinheiro em ativos que rendam ks.
Neste trabalho, para a avaliao de ks ser utilizado o mtodo mais comumente
empregado, o Capital Asset Pricing Model (CAPM), ou modelo de formao de preos
de ativos.
CAPTULO 2 REVISO BIBLIOGRFICA
_______________________________________________________________________
32
Capital Asset Pricing Model (CAPM):
Segundo GIUDICI (2008), Sharpe (1964) Prmio Nobel de Economia em 1990
demonstrou que o rendimento em equilbrio de um ttulo acionrio deve ser igual taxa de
retorno de um ttulo livre de risco somada a um prmio de risco, que proporcional
contribuio marginal de risco que este ttulo agrega a uma carteira de ttulos. Para tanto,
assumiu as hipteses de que os investidores so racionais e tem expectativas homogneas
e de que o mercado caracterizado por uma eficincia forte, ou seja, os preos dos ttulos
no mercado respeitam todas as informaes, sejam elas pblicas ou no, o que
equivalente a dizer que todos os investidores dispem das mesmas informaes, ao mesmo
custo e que no h informaes privilegiadas.
Assim, o prmio de risco r exigido pelo mercado para os ttulos de uma empresa
depende da capacidade deste ttulo de aumentar ou reduzir o risco marginal de um
portflio de mercado. Indo mais alm, GIUDICI (2008) afirma que este prmio de risco
no proporcional a todo o risco, mas apenas parte sistemtica ou no eliminvel do
risco. Esta parte do risco, chamada de risco no diversificvel, corresponde parte do
risco que no se pode eliminar por meio da diversificao dos ttulos que compem uma
carteira de ttulos.
Levando em considerao os conceitos supracitados, temos a Equao 2.4 para o modelo
do CAPM:
).( fmifi rkrk +=
Equao 2.4 Capital Asset Pricing Model (CAPM)
Onde:
ki = rendimento exigido pelo Mercado para o ttulo i (custo de capital prprio)
rf = taxa de retorno do ttulo livre de risco
kM = rendimento do portflio de mercado M
CAPTULO 2 REVISO BIBLIOGRFICA
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33
i = parmetro Beta do ttulo i
O parmetro Beta do ttulo i pode ser definido pela Equao 2.5:
M
iiMi
.=
Equao 2.5 Parmetro Beta de um ttulo i
Onde:
iM = correlao entre os retornos do ttulo i e os retornos do portflio de mercado M
i = risco associado ao ttulo i (desvio-padro dos retornos do ttulo i)
M = risco associado ao portflio de mercado M (desvio-padro dos retornos do portflio
M)
Conforme mencionado acima, o prmio de mercado proporcional ao risco no
diversificvel do ttulo i. Este risco no diversificvel corresponde, na verdade, ao
numerador do parmetro Beta do ttulo i. Assim, tem-se a Equao 2.6:
iiMNDIV .=
Equao 2.6 : Frao no-diversificvel do risco de um ttulo i
Onde:
NDIV = risco no diversificvel
iM = correlao entre os retornos do ativo i e do portflio de mercado M
i = risco do ativo i (desvio padro dos retornos do ativo i)
CAPTULO 2 REVISO BIBLIOGRFICA
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34
Segundo GITMAN(2004), o Beta obtido pela frmula descrita acima corresponde ao Beta
alavancado da empresa, ou seja, o Beta que leva em conta a estrutura de capital da
empresa. Assim, para obter o Beta de uma empresa que no leva em conta a estrutura da
empresa, necessrio desalavanc-lo, conforme a Equao 2.7:
)]}(*)1[(1{EDt
LU
+=
Equao 2.7 Desalavancagem do Beta
Onde:
U = Beta desalavancado
BL = Beta Alavancado
t = alquota de impostos da empresa
D = Dvida Lquida da empresa
E = Valor de mercado da empresa
Na avaliao de empresas no cotadas em Bolsas, ou seja, empresas de capital fechado, a
estimativa do Beta no pode ser feita por meio da aplicao acima descrita, que requer
uma srie histrica dos retornos do ttulo (ao) da empresa e do portflio de mercado.
Assim, neste trabalho, para estimar o Beta DAMODARAN (2002) e COPELAND,
KOLLER, MURRIN (2000), sugerem trs possveis abordagens:
- Utilizao de empresas comparveis: Consiste no clculo do Beta desalavancado do
setor em que a empresa atua a partir do Beta desalavancado das empresas que o compem.
Esta tcnica se justifica pelo fato de as empresas do mesmo setor serem comparveis em
termos de risco de negcio e alavancagem operacional. A partir do Beta desalavancado do
setor, obtm-se o Beta alavancado da empresa, utilizando as frmulas listadas acima.
CAPTULO 2 REVISO BIBLIOGRFICA
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35
- Utilizao de Betas contbeis: Nesta tcnica, ao invs de retornos do ativo, so
utilizados lucros peridicos da empresa(mais precisamente o EBIT) que so comparados a
lucros agregados do setor em que a empresa atua ou do portflio, a fim de obter o Beta
- Utilizao de fatores fundamentais (regresso mltipla): Dados do DRE e do Balano
Patrimonial da empresa so utilizados como variveis em regresses para prever Betas.
Neste trabalho ser utilizada a tcnica dos betas comparveis para a estimativa do beta da
empresa cujo Business Plan ser avaliado.
COPELAND, KOLLER, MURRIN(2000) afirmam que a principal diferena na avaliao
de empresas em mercados desenvolvidos e empresas em pases emergentes est no maior
risco associado s empresas de pases emergentes. Assim, para mercados emergentes
necessrio adicionar mais uma parcela no clculo do CAPM, conforme demonstra a
Equao 2.8:
Pfmifi Rrkrk ++= ).(
Equao 2.8 CAPM para mercados emergentes
Onde:
RP Risco pas (Prmio de Risco adicional)
2.3.3 Custo mdio de Capital Ponderado ( WACC - Weighted Average Cost of Capital)
BRIGHAM, GAPENSKI, EHRHARDT(2008) afirmam que o WACC o custo mdio
ponderado do capital novo levantado pela empresa, ou custo marginal . Assim, seu clculo
bastante simples e leva em conta o custo de cada forma de capital levantado pela
empresa e sua proporo em relao ao capital total da empresa. A Equao 2.9
demonstra o clculo do custo mdio ponderado de capital de uma empresa:
DDEE kwkwWACC ** +=
Equao 2.9 WACC
CAPTULO 2 REVISO BIBLIOGRFICA
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36
Onde:
wE = Proporo do capital prprio sobre o capital total da empresa ( EDEwE +
= )
kE = Custo do capital prprio
wD = Proporo do capital de terceiros sobre o capital total da empresa ( EDDwD +
= )
KD = Custo do capital de terceiros
2.4 O Mtodo do Fluxo de Caixa Descontado (Discounted Cash Flow DCF)
Neste trabalho para a avaliao econmico-financeira da empresa cujo Business Plan se
est analisando, ser utilizada a tcnica do Fluxos de Caixa Descontado (Discounted Cash
Flow DCF). Segundo DAMODARAN (2002), este mtodo amplamente utilizado e a
base para outros mtodos de avaliao de empresas.
Ainda segundo o mesmo autor, existem outro dois mtodos de avaliao de empresas alm
do mtodo de Fluxo de Caixa Descontado O primeiro o mtodo da avaliao por
mltiplos, em que preos ativos semelhantes so comparados por meio da relao entre
esses preos e informaes a respeito dos resultados das operaes da empresa, como o
Luco lquido, o EBITDA(Earnings Before Interest, Taxes and Depreciation) ou outros. J
o segundo, conhecido como Contigent Claim Valuation, consiste em utilizar a teoria de
opes financeiras para avaliar a empresa.
Segundo o mtodo em que focaremos neste trabalho, o mtodo do Fluxo de Caixa
Descontado, o valor de uma empresa corresponde ao valor presente dos fluxos de caixa
que se espera que a empresa gerar.
Assim, segundo DAMODARAN (2002), o valor de qualquer ativo funo de trs
variveis: (i) A gerao de fluxos de caixa, (ii) o instante no tempo em que esses fluxos
acontecem e (iii) o nvel de incerteza associado ao fluxos de caixa. O mtodo do fluxo de
caixa descontado leva em conta estes trs fatores ao considerar que o valor de uma
CAPTULO 2 REVISO BIBLIOGRFICA
_______________________________________________________________________
37
empresa corresponde ao valor presente dos fluxos de caixa que se espera que a empresa
gere, utilizando a taxa de desconto (que, na verdade, funo do risco da empresa) para
trazer esses fluxos a valor presente.
Neste trabalho, ser avaliado o valor total da empresa e no apenas o valor para o
acionista. Desta forma, a anlise ser feita por meio dos fluxos de caixa livres para a
empresa e contemplar o capital total da empresa, ou seja, o capital prprio e o capital de
terceiros.
O valor da empresa, ento obtido ao se descontar os fluxos de caixa livres para a
empresa, cujo clculo foi descrito na Equao 2.2, ao custo mdio de capital ponderado
da empresa, o WACC, descrito pela Equao 2.9. Assim, tm-se a Equao 2.10, que
descreve o Valor da empresa:
= +
=n
ii
i
WACCFCFFEmpresadaValor
1 )1(
Equao 2.10 Valor da Empresa por meio do Fluxo de Caixa Descontado
Onde:
FCFFi = Fluxo de Caixa Livre para a Empresa (Free Cash Flow to the Firm)
No entanto, no se pode prever todos os fluxos de caixa at o infinito. Assim, GIUDICI
(2002) afirma que a soluo prever os fluxos at um ano n e, caso os fluxos ainda sejam
crescentes, assumir uma taxa de crescimento constante g e descobrir o valor da
perpetuidade. O mesmo autor demonstra que para se o valor da perpetuidade consiste de
uma srie geomtrica. Assim, seu valor pode ser obtido pela convergncia da srie
geomtrica:
)()1(*
gWACCgFCFFVP n
+
=
Equao 2.11 Valor da Perpetuidade
CAPTULO 2 REVISO BIBLIOGRFICA
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38
Onde:
VP = Valor da Perpetuidade
FCFFn = Fluxo de caixa livre para a empresa no instante n
g = taxa de crescimento dos fluxos de caixa
importante ressaltar que o valor da perpetuidade conforme descrito na Equao 2.11
estar expresso como valor presente no instante n. Para se obter o valor da empresa,
necessrio traz-lo ao valor presente do instante 0 e som-lo ao valor presente dos fluxos
de caixa obtidos anteriormente. Assim, considerando a perpetuidade, temos a Equao
2.12, que determina o valor da empresa:
n
n
ii
i
WACCVP
WACCFCFFEmpresadaValor
)1()1(1 ++
+=
=
Equao 2.12 Valor da Empresa considerando a perpetuidade
Onde:
VP = Valor da Perpetuidade
2.5 O Perodo de Payback
Segundo BRIGHAM, GAPENSKI, EHRHARDT (2008) o perodo de payback consiste no
nmero de anos necessrios para recuperar o investimento original.
Para definir exatamente o perodo de payback, os autores citados anteriormente definem o
seguinte procedimento
anoodurantecaixadeFluxoanodoincionorecuperadonoCusto
totalorecuperadaantesAnoPaybacks +=
Equao 2.13 Perodo de Payback
CAPTULO 2 REVISO BIBLIOGRFICA
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39
Os mesmos autores afirmam ainda que muitas empresas utilizam uma variao do perodo
de payback na avaliao de seus projetos, o Perodo de Payback descontado, em que os
fluxos de caixa esperados so descontados pelo custo de capital do projeto. Assim, o
perodo de payback descontad definido como o nmero de anos necessrio para
recuperar o investimento dos fluxos de caixa descontados.
BRIGHAM, GAPENSKI E EHRHARDT (2008) destacam ainda que o empecilho dos
mtodos de payback e do payback descontado est no fato de que esses mtodos ignoram
os fluxos que so pagos ou recebidos aps o perodo de payback. Assim, esses mtodos
no so exatamente mtodos de avaliao da rentabilidade de um projeto, mas sim da
segurana ou liquidez de um projeto. Isso equivalente a dizer que um projeto com
perodo de payback inferior a outro, no necessariamente mais rentvel, mas um
projeto com maior liquidez, uma vez que mantm os fundos aplicados no projeto por
menos tempo que o projeto concorrente.
CAPTULO 3 ANLISE SETORIAL
_______________________________________________________________________
40
3. ANLISE SETORIAL
Este captulo consiste na descrio do setor de varejo tico brasileiro. Devido ao fato de
ser um setor muito pulverizado e com poucos grandes grupos, h uma grande dificuldade
no levantamento de informaes confiveis sobre o mesmo. O que se encontra so
opinies de pessoas atuantes no setor, que muitas vezes so divergentes ou contaminadas
pela viso pessoal da pessoa a respeito do setor.
A fim de transmitir uma viso imparcial sobre o setor, com fatos e nmeros, este captulo
foi baseado em uma pesquisa realizada pelo instituto de pesquisa THE GALLUP
ORGANIZATION DO BRASIL para a ABITICA, a Associao Brasileira de Produtos e
Equipamentos ticos, em Junho de 2007.
Aps a descrio sobre o setor de varejo tico no Brasil, h uma descrio de modelos de
negcios semelhantes ao que se deseja criar redes de ticas voltadas apenas para culos
solares. Assim, so descritos brevemente os casos da Sunglass Hut e da Sunglass Island no
exterior e o modelo da Chilli Beans o modelo de negcios no mercado brasileiro que
possui o maior nmero de pontos de semelhana com o modelo de negcio descrito neste
relatrio.
3.1 Nmero de lojas
O varejo de produtos ticos um setor extremamente pulverizado, marcado pela presena
de muitas pequenas ticas e poucas grandes redes, como o caso das ticas Carol, da
Chilli Beans, das ticas Diniz e da Fottica.
Como constatao deste fato, basta apontar que os dez maiores grupos de ticas no Brasil
somam um total de 846 lojas, ou 3,63% do total de ticas existentes. O grfico de Pareto
evidenciado pela Figura 3.1 demonstra este fato
CAPTULO 3 ANLISE SETORIAL
_______________________________________________________________________
41
175 150 88 72 30 26 22 21 18
22.428
244
3,13% 3,26% 3,37% 3,47% 3,56% 3,63%1,05% 1,80% 2,44% 2,82%100,00%
tic
asC
arol
Chi
lli B
eans
tic
asD
iniz
Fot
ptic
a
tic
as d
oPo
vo
tic
a S
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Cas
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sR
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oeir
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Pont
o de
Vis
o
Cen
tro
tic
a
New
tic
a
Out
ros
Figura 3.1 Grfico de Pareto - Nmero de Lojas e porcentagem acumulada (Fonte:
ticas Carol)
Alm das ticas, h tambm uma srie de estabelecimentos como farmcias, grandes lojas
de departamento ou lojas de acessrios que vendem produtos ticos, sem no entanto
dedicarem-se exclusivamente a este tipo de produto. Segundo dados da ABITICA(2007),
existem 4.784 estabelecimentos que atuam desta forma no varejo tico. Assim, dos
atuantes no varejo tico, aproximadamente 83% so ticas e 17% so outros tipos de
estabelecimento que tambm vendem culos, conforme mostrado na Figura 3.2:
ticas23.27483%
Outras Lojas4.78417%
Figura 3.2 Participao de ticas e Outras Lojas
Conforme mencionado anteriormente, o setor marcado por uma grande disperso no
comando das lojas, sendo que a maior parte dos atuantes so donos de uma nica loja ou
pequenos empresrios que possuem mais de uma loja na mesma cidade. Este grupo
CAPTULO 3 ANLISE SETORIAL
_______________________________________________________________________
42
responde por 74% das ticas existentes no pas, sendo que os 26% restantes so ticas de
redes regionais ou nacionais. Dentro desta fatia de 26%, a maior rede responde por apenas
1,05% do total de lojas e as 10 maiores redes possuem em conjunto apenas 3,63% das
ticas do pas, como j foi demonstrado.
Mais de uma loja na mesma
cidade13%
Apenas uma loja61%
Rede regional ou nacional
26%
Figura 3.3 Perfil das empresas atuantes no setor
3.2 Distribuio Regional das Lojas
A distribuio regional das ticas no pas tambm bastante dspare. As regies Sudeste e
Nordeste apresentam um grande nmero de lojas, respondendo por 48% e 28% do total de
lojas, respectivamente. Em seguida, a regio Sul conta com 13% das lojas do pas, a regio
Centro-Oeste, com 7% e a Regio Norte, com 4%.
A disparidade na distribuio nacional de lojas est presente tambm dentro das regies.
Um grande exemplo disso a Regio Sudeste, em que o estado de So Paulo conta com
54% das lojas da regio, e os outros 3 estados remanescentes ( Minas Gerais, Rio de
Janeiro e Esprito Santo) respondem pelos 46% restantes. Assim, o estado de So Paulo
sozinho atendido por 26% de todas as lojas do pas.
CAPTULO 3 ANLISE SETORIAL
_______________________________________________________________________
43
Figura 3.4 Distribuio regional das ticas no Brasil (Fonte: ABITICA)
A disparidade no nmero de lojas por regio reflete-se no nmero de pessoas que so
atendidas por tica. A regio melhor atendida por ticas a regio Sudeste, com 6.483
habitantes/tica e a pior atendida a regio Norte, com 14.835 habitantes/tica. A Tabela
3.1 fornece maiores detalhes a respeito deste indicador:
Regio Habitantes/ticaNorte 14.835Sul 8.034Nordeste 7.387Centro-Oeste 7.067Sudeste 6.483
Tabela 3.1 Nmero mdio de habitantes atendidos por cada tica (Fonte:
ABITICA)
Assim como no nmero de lojas, a disparidade no indicador de habitantes atendidos por
cada loja est presente dentro de cada regio tambm. Na regio Sudeste, o Estado de So
CAPTULO 3 ANLISE SETORIAL
_______________________________________________________________________
44
Paulo apresenta 6.109 habitantes por cada tica, enquanto nos estados de Minas Gerais,
Rio de Janeiro e Esprito Santo, este indicador atinge o valor de 6.926 habitantes/tica.
Sobre a distribuio das ticas nas cidades, interessante notar tambm que menos de um
tero delas esto nas capitais (31%). As pequenas cidades, com populao entre 20.000 e
50.000 habitantes contam com pouco mais de um tero das ticas existentes no pas (34%)
e as cidades mdias e grandes(acima de 50 mil habitantes), contam com os 35%
remanescentes.
Cidades com mais de 2mi
8%
Capitais com menos de 5mi
20%
Capitais com mais de 5mi11%
Cidades entre 20 mil e 50 mil
34%
Cidades entre 200 mil e 500 mil
11%
Cidades entre 50 mil e 200 mil
16%
Figura 3.5 Distribuio das ticas conforme o tamanho de cada cidade (Fonte:
ABITICA)
3.3 Faturamento das Lojas
Segundo dados da avaliao do mercado ptico brasileiro realizada pelo Instituto Gallup
para a ABITICA ,o mercado tico como um todo faturou em 2006 R$ 8,8 bilhes. No
entanto, conforme havia sido mencionado no incio deste captulo, o setor tico engloba
no apenas ticas, mas tambm outros estabelecimentos que vendem culos, como lojas
de convenincia, grandes magazines e farmcias.
Apenas em ticas, o faturamento no ano de 2006, foi de R$ 7,7 bilhes, ou 87% do
faturamento total do setor tico, restando os outros 13%, ou R$ 1,1 bilho, para os outros
estabelecimentos.
CAPTULO 3 ANLISE SETORIAL
_______________________________________________________________________
45
Outros estabelecimentos
1.10813%ticas
7.72187%
Figura 3.6 Faturamento do setor tico em 2006 (em R$ milhes Fonte:
ABITICA)
Assim como no nmero de lojas, h grandes disparidades quanto ao faturamento das lojas
por regio do Brasil. A regio Sul a que apresenta o maior faturamento mensal mdio
por tica no pas, com R$ 32.667, enquanto a regio Nordeste a que apresenta o menor
faturamento mensal mdio por tica, com R$ 21.071. Os faturamentos mensais mdios por
tica esto detalhados na Figura 3.7, mostrada abaixo. Nesta figura, importante ressaltar
que a Regio Sudeste apresentada sem considerar o dado relativo ao estado So Paulo, j
que esse muito superior ao restante da regio. Assim, o estado de So Paulo retratado
individualmente, apresentando, inclusive, um faturamento mensal mdio por tica superior
ao da regio Sul.
36.873 32.66725.555 23.645 21.637 21.071
0
10.000
20.000
30.000
40.000
So Paulo Sul CentroOeste
Sudeste(ex-SoPaulo)
Norte Nordeste
Fatu
ram
ento
Men
sal M
dio
(R
$)
Figura 3.7 Faturamento mensal mdio por tica por regio (Fonte: ABITICA)
CAPTULO 3 ANLISE SETORIAL
_______________________________________________________________________
46
O faturamento mensal mdio pode ser expresso tambm em funo do tamanho das
cidades em que se encontram as ticas. Nesse caso, o maior faturamento mdio encontrado
foi nas cidades que no so capitais e tem populao entre 200 mil e 500 mil habitantes,
enquanto o menor faturamento foi encontrado nas cidades que no so capitais e
apresentam uma populao inferior a 50 mil habitantes. Os dados so expressos de forma
mais clara na Tabela 3.2, mostrada abaixo:
Populao Faturamento mensal por tica (em R$)
Acima de 5i 36.105
Abaixo de 5mi 34.225Acima de 500 mil 37.214Entre 200 mil e 500 mil 43.173Entre 50 e 200 mil 23.988Abaixo de 50 mil 15.014
Cap
itais
Cid
ades
Tabela 3.2 Faturamento mensal mdio por tica em funo do porte da cidade
(Fonte: ABITICA)
3.4 Vendas nas Lojas
Em varejos que vendem produtos ticos so vendidas armaes, lentes culos de sol e
acessrios. Para ser mais especfico, os dados da ABITICA apresentam-se mais
detalhados para cada tipo de produto citado acima. Assim, as lentes apresentam-se
classificadas em lentes simples e lentes multifocais e as armaes apresentam-se
subdivididas em armaes de acetato, armaes injetadas e armaes de metal. O foco
deste relatrio os produtos solares, ento este detalhamento desnecessrio. Assim, os
dados que apresentam-se detalhados a respeito de lentes e armaes sero apresentados
consolidados, sem diferenas entre cada subclassificao.
Em termos de unidades, o produto mais expressivo no varejo tico so as lentes, tanto em
ticas quanto em outros tipos de loja. Seguidos das lentes, o segundo produto mais
CAPTULO 3 ANLISE SETORIAL
_______________________________________________________________________
47
expressivo em termos de unidades vendidas so as armaes. Os culos solares so apenas
os penltimos no ranking de unidades vendidas e os ltimos so os acessrios.
60.816
32.399
9.188 7.5286.015 3.218 1.345 1.2130
20.000
40.000
60.000
80.000
Lentes Armaes culos de Sol Acessrios
Uni
dade
s (m
ilhar
es)
ticas Outras Lojas
Figura 3.8 Vendas unitrias por produto (Fonte: ABITICA)
Embora a anlise comparativa de vendas unitrias no seja conclusiva, uma vez que os
produtos apresentam preos unitrios bastante diferentes entre si, ela servir de base para
uma srie de outras anlises que sero feitas mais adiante neste relatrio.
Em termos de faturamento, os produtos que apresentam maior representatividade nas
vendas do varejo tico so as armaes, que em 2006 apresentaram vendas de quase R$4,2
bilhes. Em seguida, as lentes so o produto com segundo maior faturamento, com vendas
de R$ 3,1 bilhes no mesmo ano. Os culos de sol, segmento de mercado em que focamos
este relatrio, representaram um mercado de aproximadamente R$ 1,6 bilho e o mercado
de acessrios ticos venderam o equivalente a R$ 61,80 milhes em 2006.
CAPTULO 3 ANLISE SETORIAL
_______________________________________________________________________
48
3.691,7
2.730,5
1.249,7
49,4460,1 322,4 312,9 12,4
0,0
1.000,0
2.000,0
3.000,0
4.000,0
Armaes Lentes culos de Sol AcessriosFatu
ram
ento
(em
R$
milh
es)
ticas Outras Lojas
Figura 3.9 Faturamento do setor tico em 2006 por produto (em R$ milhes Fonte:
ABITICA)
Assim, como se pode ver, os produtos mais representativos nas ticas so de fato os
produtos direcionados para a correo de problemas visuais. Os produtos que no so de
necessidade imediata para a sade como culos solares e acessrios ainda apresentam
nmeros de vendas bem menos representativos.
No caso dos culos solares, a tendncia, segundo pessoas que atuam no setor, que cada
vez mais o produto seja enxergado como um produto diretamente ligado sade, dado a
proteo que este fornece para os olhos em relao a raios ultravioletas. A evidncia disso
o aumento de campanhas pregando a importncia do uso dirio dos culos de sol como
forma de preveno para queimaduras na retina e postergao de enfermidades visuais
como a catarata.
Alm deste fato, os culos solares so vistos cada vez mais como acessrios de moda e
status. Desta forma, muitas pessoas quando pensam em comprar culos solares no
recorrem a ticas, mas sim a lojas de departamento ou lojas que se dedicam a artigos de
moda e acessrios.
De posse dos dados listados acima, pode-se tirar algumas concluses interessantes a
respeito da venda de culos solares. Essas concluses referem-se tanto s vendas de culos
CAPTULO 3 ANLISE SETORIAL
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49
solares no varejo tico como um todo quanto s vendas de culos solares em outros
estabelecimentos comparadas com as vendas de culos solares em ticas.
Primeiramente, o que se pode perceber que os culos solares apresentam um preo de
venda muito superior a todas as outras classificaes de produtos do setor tico.
148,35
116,57
45,68
7,070,00
40,00
80,00
120,00
160,00
culos Solares Armaes Lentes AcessriosPre
o d
e M
dio
de
Ven
da (e
m R
$)
Figura 3.10 Preo mdio de venda dos produtos (Elaborado pelo autor a partir de
dados da ABITICA)
Assim, como pode-se perceber, os culos solares apresentam um preo mdio de vendas
cerca de 27% superior ao produto com o segundo maior preo mdio de vendas, as
armaes para culos de grau.
Alm disso, pode-se perceber pelos dados j relatados pela ABITICA, que os culos
solares vendidos em ticas apresentam valores mdios inferiores aos vendidos em outras
lojas, conforme mostra a Figura 3.11:
CAPTULO 3 ANLISE SETORIAL
_______________________________________________________________________
50
136,01113,94
44,906,56
232,64
142,98
53,60
10,220,00
50,00
100,00
150,00
200,00
250,00
culos Solares Armaes Lentes Acessrios
Pre
o m
dio
(em
R$)
ticas Outras Lojas
Figura 3.11 Comparativo de preo mdio de venda (elaborado pelo autor a partir
de dados da ABITICA)
O grfico acima mostra que no so apenas os preos de culos escuros que so inferiores
nas ticas em relao s outras lojas, mas sim todos os produtos. Assim, pode-se inferir
que, dado o menor faturamento em produtos ticos dessas lojas e dado o menor nmero de
itens ticos vendidos em relao s ticas, menor o poder de barganha e a capacidade de
negociao desses estabelecimentos com fornecedores de produtos ticos. Assim, graas
menor capacidade de reduo de preos por negociao de grandes lotes de produtos, essa
outra forma de varejo tico no consegue oferecer preos to competitivos ao consumidor
final.
Alm disso, podemos perceber, como mostra a Figura 3.12 abaixo, que a diferena no
preo mdio de venda de culos solares em outras lojas em relao ao preo mdio de
venda em ticas muito superior diferena praticada em outros produtos. Este fato pode
indicar no apenas uma incapacidade de negociar grandes descontos com fornecedores,
mas tambm pode indicar que esses outros estabelecimentos vendem produtos de maior
valor agregado, ou seja, culos de marcas mais conceituadas, com maior apelo a clientes
que buscam artigos de moda ou culos com recursos tecnolgicos mais avanados.
CAPTULO 3 ANLISE SETORIAL
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51
71,0%
55,8%
25,5%19,4%
0,0%
30,0%
60,0%
90,0%
culos Solares Acessrios Armaes Lentes
Pre
o em
out
ras l
ojas
/Pre
o e
m
ticas
-1
Figura 3.12 Diferena de preos praticados em outras lojas em relao ao preo
praticado em ticas (elaborado pelo autor a partir de dados da ABITICA)
Conforme mencionado, pessoas que atuam no setor tico afirmam que cada vez mais os
consumidores esto recorrendo a lojas de roupas, lojas de departamento ou lojas de artigos
de moda e acessrios para comprar culos solares. Estas pessoas afirmam que pessoas
dispostas a encontrar culos de sol para uso com artigo de moda ou acessrio, comumente
no recorrem primeiramente a uma tica para a compra. Segundo as pessoas que
defendem esta opinio, muitas vezes isso se deve ao fato de as ticas no terem um
ambiente agradvel e descontrado como as lojas de roupas ou acessrios, j que nas ticas
as pessoas costumam receber um atendimento muito tcnico e frio, simbolizado por
atendentes com uniformes e/ou jalecos, assemelhando-se a mdicos ou tcnicos.
A partir dos dados fornecidos pela ABITICA e j relatados neste relatrio, podemos
mostrar como evidncia dessas opinies, o fato de que os produtos menos relacionados
com a necessidade imediata de correo de problemas oftalmolgicos, ou seja, os
acessrios e os culos solares, so aqueles em que as outras lojas roubam fatias maiores
do faturamento total do setor quando comparados aos produtos ligados a necessidades
mdicas (armaes e lentes).
CAPTULO 3 ANLISE SETORIAL
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52
20,1% 20,0%
11,1% 10,6%
0,0%
5,0%
10,0%
15,0%
20,0%
25,0%
Acessrios culos Solares Armaes LentesFra
o
das V
enda
s tot
ais d
o se
tor
em O
utra
s Loj
as
Figura 3.13 Participao das outras lojas no faturamento total do setor tico por
produto (elaborado pelo autor a partir de dados da ABITICA)
3.5 Evidncias da demanda por culos solares
Conforme foi dito anteriormente, os culos solares, alm de serem muito importantes na
proteo dos olhos contra a radiao ultravioleta, prevenindo problemas como
queimaduras na retina e postergando outros como a catarata, so vistos cada vez mais
como acessrios de moda e de luxo. A evidncia disso que a quase totalidade de
estilistas e grifes assinam culos escuros ou licenciam marcas de culos escuros fabricadas
por grandes grupos do setor tico.
Conforme mencionado, o mercado de culos solares no Brasil apresentou em 2006
vendas de R$ 1,6 bilho segundo dados da ABITICA, um nmero bastante expressivo.
Alm disso, um mercado que apresenta um grande crescimento e um potencial ainda
maior, pelo apelo a questes de sade e pelo apelo esttico que este produto representa.
Em uma pesquisa da AC Nielsen sobre o mercado de luxo na Amrica Latina, os culos
solares foram apontados como um dos itens de luxo que apresentam a maior diferena
entra a penetrao (porcentagem de pessoas que j compraram o produto) e a aspirao
(porcentagem de pessoas que comprariam o produto caso o dinheiro no fosse o
CAPTULO 3 ANLISE SETORIAL
_______________________________________________________________________
53
problema), alm de ser um dos produtos mais desejados dentre a lista de produtos de luxo
listados na pesquisa.
0%
20%
40%
60%
80%Sapatos
culos de Sol
Cintos
Pastas
CarteirasArtigos de Papelaria
Bolsas
Malas
Chaveiros
Aspirao Penetrao
Figura 3.14 Penetrao e aspirao por artigos de luxo na Amrica Latina (Fonte:
AC Nielsen)
A mesma pesquisa realizada pela consultoria AC Nielsen mostra que o Brasil ainda um
dos pases com menor penetrao para artigos de luxo na Amrica Latina, sendo que os
outros mercados apresentam padres semelhantes de penetrao destes artigos. Esta menor
penetrao deve-se s grandes diferenas sociais e de renda no pas, j que artigos de luxo
no so fundamentais sobrevivncia e, portanto, so muito sensveis variao de renda.
Assim, percebe-se que no pas h um mercado potencial bastante grande para artigos de
luxo. Este consumo reprimido ento uma grande oportunidade a ser explorada, j que a
expectativa que, com o desenvolvimento da economia nacional, a renda per capita cresa
e cada vez mais pessoas tenham acesso a produtos de maior valor agregado e artigos de
luxo.
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54
0%
20%
40%
60%
80%
100%Sapatos
culos de Sol
Cintos
Pastas
CarteirasArtigos de Papelaria
Bolsas
Malas
Chaveiros
Mxico Argentina Chile Brasil
Figura 3.15 Penetrao de artigos de luxo em diferentes mercados da Amrica
Latina (Fonte:AC Nielsen)
3.6 Perfil dos consumidores de culos solares
Os culos solares, conforme dito anteriormente, so considerados artigos dispensveis e
considerados suprfluos por muitos. Conseqentemente, de se esperar que os maiores
consumidores desses produtos pertenam s classes mais altas da sociedade, onde maior
a freqncia de pessoas com excedente de renda disponvel para o consumo de acessrios.
Por serem artigos muito relacionados com moda, status e estilo, de se esperar tambm
que este produto encontre como maiores consumidores pessoas em grupos mais sensveis
moda e consciente de tendncias e novidades relacionadas a este aspecto. Assim, de se
esperar que os maiores consumidores de culos solares sejam mulheres a partir da
adolescncia at a meia-idade.
A pesquisa Target Group ndex realizada pelo Insituto Brasileiro de Opinio Pblica e
Estatstica, o IBOPE, realizada entre setembro de 2003 e agosto de 2004 traou o perfil
dos consumidores de culos escuros no Brasil. A pesquisa confirma as expectativas
listadas acima, mostrando que o grupo de consumidores mais freqentes de culos solares
CAPTULO 3 ANLISE SETORIAL
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55
so mulheres das classes A e B entre 25 e 34 anos. Em termos de faixa etria, os maiores
consumidores de culos escuros so os jovens.
Classes Sociais
AB47,1%
C25,4%
DE27,5%
Sexo
Masculino47,5%Feminino
52,5%
Faixa Etria
12-1922,4%
20-2420,4%
25-3423,2%
35-4415,9%
45-5416,1%
55-641,9%
Figura 3.16 Perfil dos consumidores de culos solares (Fonte: IBOPE)
3.7 Modelos de Negcio Semelhantes
Nesta sesso do captulo de Anlise Setorial, so descritos brevemente trs modelos de
negcios que se assemelham em alguns pontos com o modelo de negcios proposto por
este trabalho. Basicamente, o ponto comum entre todos estes modelos de negcios e o
modelo de negcio proposto que todos se dedicam a um segmento especfico do setor
tico, os culos solares. Alguns vendem culos de diversas marcas (varejo multimarcas),
incluindo marcas prprias enquanto um deles se dedica exclusivamente venda de culos
solares de uma marca prpria.
3.7.1 Sunglass Hut
A Sunglass Hut uma cadeia de lojas dedicadas exclusivamente venda de culos solares.
Atualmente, esta rede a lder mundial no varejo tico de culos solares, com 1.562
pontos de venda na Amrica do Norte, 212 pontos de venda na sia, 56 pontos de venda
na frica do Sul e 33 pontos de venda no Oriente Mdio. Alm disso, a empresa vem se
expandindo para os mercados emergentes, sendo que recentemente montou pontos de
vendas em dois importantes novos mercados, a ndia e a Tailndia.
CAPTULO 3 ANLISE SETORIAL
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56
A empresa foi fundada em 1971 nos Estados Unidos, com o objetivo de operar dentro das
grandes lojas de departamento norte-americanas. Com o passar do tempo, a empresa
passou a expandir suas operaes por meio de lojas e quiosques em shopping centers, em
ruas de comrcio nas cidades e em aeroportos.
A empresa tentou expandir suas operaes com a venda de relgios, em um novo modelo
de negcios conhecido como The Watches Station. Com o passar do tempo, essa nova
operao se mostrou pouco interessante.
A partir do declnio da operao destes produtos, a empresa definiu como foco a venda de
culos solares premium, segmento no qual a empresa reconhecidamente lder. Essa
posio de liderana atribuda, em grande parte, ao novo formato e conceito das lojas,
um formato moderno e luxuoso que est sendo implantado em diversos pontos estratgicos
ao redor do mundo. Atualmente, o tamanho mdio das mais de 1800 lojas e quiosques da
Sunglass Hut espalhados pelo mundo de 37 m2.
Em Abril de 2001, a Sunglass Hut foi adquirida pela Luxottica, um dos maiores grupos
ticos do mundo, com faturamento anual superior a 5,2 bilhes de Euros e mais de 60.000
funcionrios. A Luxottica foi fundada em 1961 em Agordo, na Itlia e tornou-se um grupo
tico verticalizado e integrado, atuando na produo, na logstica, na distribuio e na
venda (no atacado ou no varejo) de culos de grau e culos solares. Na produo e
distribuio, o portflio de marcas da Luxottica inclui marcas muito importantes e
conhecidas pelo pblico, atuantes principalmente no segmento premium, como Burberry,
Ray-Ban, Persol, Oakley, Arnette, Oliver Peoples, Revo, Bvlgari, Burberry, Vogue
Eyewear, Anne Klein, Adrienne Vittadini, Chanel, Chaps Eyewear, Club Mnaco, Dolce
& Gabbana, D&G, Donna Karan, DKNY, Miu Mil, Fox, Paul Smith, Polo Ralph Lauren,
Ralph by Ralph Lauren, Ralph Lauren Purple Label, Salvatore Ferragamo, Stella
McCartney, Tiffany & Co., Versace, Versus, entre outras.
Essa grande lista de marcas premium foi um dos fatores que permitiu o reposicionamento
das lojas Sunglass Hut para a atuao primordial no segmento de luxo. Em Abril de 2001,
CAPTULO 3 ANLISE SETORIAL
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57
quando foi adquirida, apenas 14% do culos que vendia eram fabricados pelo grupo
Luxottica, e, ao fim de 2008, esse percentual superava os 80%. Com isso, a cadeia de lojas
tornou-se um importante ponto para a distribuio e venda dos produtos do grande grupo
italiano e o fornecimento de marcas premium pelo grupo facilitou o reposicionamento das
lojas da Sunglass Hut, o que se provou uma estratgia de muito sucesso.
3.7.2 Sunglass Island
A Sunglass Island um grupo de varejo tico especializado em culos solares que foi
fundado no Mxico em 1992. Em 2007, o faturamento desta rede atingiu
aproximadamente 26 milhes de dlares.
Assim como a Sunglass Hut, a Sunglass Island utiliza quiosques e lojas localizados em
pontos estratgicos e de alto fluxo como pontos de venda. As lojas esto em pontos
prestigiosos nas principais cidades tursticas do Mxico, como, por exemplo, Cancun,
Acapulco, Playa Del Carmen e Los Cabos. No total, o grupo opera 45 pontos de venda no
Mxico, sendo 38 Sunglass Island e 7 Island pticas, que no se dedicam exclusivamente
venda de culos solares.
As lojas seguem um conceito arquitetnico bastante moderno e com alta qualidade de
acabamento e, desta forma, so conhecidas como as ticas de nvel mais alto no pas.
Em Fevereiro de 2008, a Safilo, grande grupo italiano atuante na fabricao, distribuio,
lojstica e vendas tanto no atacado quanto no varejo tico, adquiriu 60% da empresa.
Assim como a Luxottica, a Safilo possui em seu portflio marcas bastante importantes e
conceituadas no mercado de luxo, sendo parte delas marcas prprias, criadas pela Safilo,
e marcas licenciadas para a Safilo por estilistas ou marcas conceituadas. Dentre as marcas
prprias, pode-se citar Safilo, Carrera, Oxydo, Blue Bay e Smith. Dentre as marcas
licenciadas, podemos citar nomes bastante conhecidos como Giorgio Armani, A/X
Armani Exchange, Emporio Armani, Diesel, Dior, Gucci, Valentino, Marc Jacobs, Marc
CAPTULO 3 ANLISE SETORIAL
_______________________________________________________________________
58
by Marc Jacobs, Liz Clairbone, Pierre Cardin, Yves Saint Laurent, BOSS, HUGO, Jimmy
Choo, entre outras.
As aquisies da Sunglass Hut pela Luxottica e da Sunglass Island pela Safilo so
bastante semelhantes e seguem a mesma estratgica, sendo que o grande ponto de
diferena entre ambas o tamanho das redes adquiridas. As duas aquisies foram feitas
por grandes grupos ticos verticalizados e integrados, que desejam, com estas aquisies,
expandir suas atividades no varejo tico e aumentar a venda dos produtos fabricados pelo
grupo. Alm disso, as duas redes ticas adquiridas so bastante luxuosas e transmitem
uma imagem de alta qualidade, status e modernidade, imagem que compartilhada pelas
marcas que integram o portflio dos grupos que passaram a control-las.
3.7.3 Chilli Beans
A Chilli Beans foi criada no Brasil em 1997, quando seu fundador, aps um perodo de
estudos nos Estados Unidos durante o qual percebeu a tendncia de jovens americanos
consumirem culos escuros com design moderno a preos baixos, resolveu criar no pas
uma marca prpria com lojas prprias que vendesse culos solares bastante acessveis e
com design que segue a tendncia de moda vigente.
Os culos vendidos no so de fabricao prpria, so importados da China, onde o custo
de produo muito reduzido, o que viabiliza a estratgia de vender culos a preos
baixos no Brasil.
As vendas so feitas em lojas com rea bastante reduzida ou em quiosques que se
encontram principalmente em shopping centers no Brasil. As lojas contam com poucos
funcionrios, sendo que a mdia de dois funcionrios por ponto de venda. No total, a
empresa possui mais de 170 pontos de vendas no Brasil e, recentemente, expandiu suas
operaes para o exterior, mais especificamente para os Estados Unidos e para Portugal.
CAPTULO 4 DESCRIO DO MODELO DE NEGCIOS
_______________________________________________________________________
59
4. DESCRIO DO MODELO DE NEGCIOS
Neste captulo ser apresentada a descrio do modelo de negcios desenvolvido neste
trabalho. Assim, sero apresentados os planos a respeito do plano de abertura de lojas, das
cidades atendidas, do tipo de local preferencial de instalao das lojas, do segmento de
mercado que se deseja atingir, do nmero de funcionrios de cada tipo de loja, entre outros
conceitos qualitativos.
Este captulo bastante importante para a compreenso geral do modelo de negcios e os
conceitos delineados aqui estaro presentes na avaliao econmico-financeira
demonstrada no captulo seguinte.
4.1. O pblico alvo
Na anlise setorial do captulo anterior, foi descrito que o pblico que mais consome
culos solares so pessoas entre 25 e 34 anos, das classes A e B e do sexo feminino.
Com base nesta pesquisa e na experincia adquirida na operao das ticas Carol,
decidiu-se segmentar o mercado a ser atingido pelas lojas