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Vídeos do Papa - agencia.ecclesia.pt · participação na rede mundial de oração pelo Papa através de uma mensagem vídeo. Um projeto do Apostolado da Oração a confirmar que

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04 - Editorial: Paulo Rocha06 - Foto da semana07 - Citações08 - Nacional14 - Internacional20 - Opinião D. Manuel Linda22 - Opinião José Luís Gonçalves22 - Semana de.. Luís Filipe Santos26 - Dossier Seja a Misericórdia de Deus

28 - Entrevista Catarina Martins56 - Multimédia58 - Estante60 - Concílio Vaticano II62 - Agenda64 - Por estes dias66 - Programação Religiosa67 - Minuto Positivo68 - Liturgia70 - Jubileu da Misericórdia72 - DNPJ (Pastoral Juvenil)74 - Fundação AIS76 - LusoFonias

Foto da capa: LusaFoto da contracapa: Agência ECCLESIA

AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio CarmoRedação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,Luís Filipe Santos, Sónia NevesGrafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana GomesPropriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Padre Américo AguiarPessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D1885-076 MOSCAVIDE.Tel.: 218855472; Fax: [email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

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Opinião

CongressoEucarísticorelançou aMensagem deFátima[ver+]

Prevenção, justiçaedesenvolvimentosão a chave para apaz[ver+]

Campanhamundial "Seja aMisericórdia deDeus"[ver+]

Paulo Rocha | D. Manuel Linda |José Luís GOnçalves | Luís Filipe

Santos Manuel Barbosa Paulo Aido |Tony Neves | Fernando Cassola

Marques3

Vídeos do Papa

Paulo Rocha Agência ECCLESIA

Os líderes são frequentemente escrutinados emdatas marcantes, como os 100 dias de ummandato, o primeiro ou segundo aniversário doseu início. Ocasiões para rever momentosprincipais de um percurso na vida política,religiosa ou social, em torno da importância deacontecimentos, afirmações ou de instantesanedóticos, que sempre acontecem.Com o Papa Francisco poucas vezes tem sidopossível esperar por essas ocasiões de viragemem qualquer unidade de contagem, porque todosos dias deixam surpresas…A celebração do Jubileu da Misericórdia trazimagens e mensagens a partir de Roma (einfelizmente quase só a partir de Roma) querelatam iniciativas, intervenções, gestos epalavras novas; que apontam para um horizontede vida em torno das consequências dessaatitude misericordiosa, concretizada noquotidiano e cada pessoa, na sua família, notrabalho, no grupo de amigos e companheiros dolazer; sonhada também em torno de grandesprojetos, que elevam a meta do humanismo eapontam para a excelência das relações entreindivíduos, grupos ou nações.A forma de comunicar, de criar relações comqueles com quem se cruza, é a maior de todas assurpresas deste Papa. Francisco inaugurou umanova forma de ser, estar e de falar! Aespontaneidade é, por certo, o segredo principal.E a autenticidade a garantia da eficácia natransmissão de todas as mensagens. Pelo meio,projetos inovadores que levam mensagens

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de todos os tempos a novospúblicos e com novo vigor. Doisexemplos.Mensalmente, Francisco convida àparticipação na rede mundial deoração pelo Papa através de umamensagem vídeo. Um projeto doApostolado da Oração a confirmarque as ferramentas multimédia dãograndes contributos a tradiçõesconsolidadas no tempo e esperamoportunidades para servirconteúdos pastorais e não são umexclusivo de projetos informativos.Mais recentemente, a campanha“Seja a Misericórdia de Deus”,dinamizada pela Ajuda à Igreja queSofre, prova novamente a força dacomunicação pela imagem, no casocom o objetivo de convocar todo omundo para a solidariedade, paraatos de misericórdia quepermaneçam. O vídeo do Papa, quelança este projeto em todo o mundo,foi gravado inesperadamente, nodecurso de um audiência e semgrandes recursos técnicos. Mas temo essencial de todos os processosde transmissão de mensagenscredíveis: espontaneidade, verdade,naturalidade, autenticidade. É assima comunicação de Francisco, tantonas ocasiões em que o podemosolhar nos olhos como quandovemos um vídeo do Papa.

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Portugal empatou frente à Islândia (1-1) na estreia no Europeu França 2016.A esperança aponta agora o próximo jogo, no sábado, às

20h..Foto: SapoFotos

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"O melhor que nós temos é o povo. Não éque os políticos também não sejam bons.Mas o povo é melhor do que os políticos".Marcelo Rebelo de Sousa, no discurso emParis, no dia de Portugal, 10-06-2016. “O medo de parte da esquerda em discutira segurança social, no contexto de ummundo em rápida mudança, é que se tratade discutir o futuro daquilo que tem estadono cerne da ideologia social-democrata oudo socialismo democrático.” Paulo TrigoPereira, economista do grupo de MárioCenteno, Observador, 15-06-2016 “Há quem peça a fusão do FundoMonetário Internacional (o mau) com o FMI(o bom). Pelo menos, ganhava-se emcoerência, abertura de caminhos,escrutínio e verdade. E obrigaria, quemmanda, a discutir diferentes vias paraatingir os mesmos objetivos, sem vãs metase ilusórios devaneios”. Bagão Félix,Público, 15-06-2016 “Com Armando Vara, a Caixa (Geral deDepósitos) transformou-se num imensocaldeirão onde os mais variados interessesse foram servir”. João Miguel Tavares,Público, 16-06-2016

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Congresso Eucarístico constituiuum "relançamento" da Mensagem deFátima

O cardeal-patriarca de Lisboaafirmou hoje no encerramento doCongresso Eucarístico Nacional quea ligação entre Fátima, Eucaristia eMisericórdia é “muitíssimo acertada”e constitui um “relançamento” daMensagem de Fátima no seusegundo século.“Viver a Eucaristia Fonte de

Misericórdia” foi o tema do IVCongresso Eucarístico Nacional queterminou hoje em Fátima, promovidopela Conferência EpiscopalPortuguesa, o Apostolado daOração e o Santuário de Fátima.D. Manuel Clemente disse nasessão de encerramento doCongresso

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que “Fátima é a paróquia dePortugal” e que o debate em tornoda Eucaristia e da Misericórdiaconstitui um “relançamento damensagem de Fátima na vida daIgreja e na vida do mundo”.Para reitor do Santuário de Fátima,a realização do IV CongressoEucarístico constitui um contributo“precioso” para as celebrações docentenário das Aparições em.Na sua intervenção na sessão deencerramento do CongressoEucarístico, que decorreu entre osdias 10 e 12 de junho, o padreCarlos Cabecinhas afirmou que aEucaristia é “o centro” de toda avida do Santuário de Fátima,nomeadamente nas grandesperegrinações aniversárias.O reitor do Santuário de Fátimavalorizou a exposição permanentedo Santíssimo Sacramento, queacontece desde o dia 1 janeiro de1960, considerando a adoração aJesus Cristo na Eucaristia o“suporte do Santuário e dos seusperegrinos”.O padre António Valério, secretáriodo Apostolado da Oração emPortugal, valorizou a realização doCongresso Eucarístico Nacional porter proporcionado uma “visita” ao

“código genético da espiritualidadedo apostolado de oração”.O IV Congresso Eucarístico Nacionalteve mais de 750 participantes eanalisou o tema da Eucaristia como“fonte de misericórdia com a partirde conferências e debates,contando a presenta do presidentedo Comité Pontifício para osCongressos EucarísticosInternacionais, D. Piero Marini.O representante do Papa nesteCongresso foi o prefeito daCongregação para os Institutos deVida Consagrada e Sociedades deVida Apostólica (Santa Sé), cardealJoão Braz de Aviz, natural do Brasil.O pontífice argentino designouainda como membros da MissãoPontifícia o reitor do Santuário deFátima, padre Carlos Cabecinhas eo secretário da ConferênciaEpiscopal Portuguesa, padreManuel Barbosa.

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Dia de Portugal: Núncio apostólicoelogiou espírito aventureiro»lusitanoO presidente da República recebeuesta quinta-feira os recebeucumprimentos do Corpo Diplomáticoacreditado em Lisboa, no final doprimeiro dia das Comemorações doDia de Portugal, de Camões e dasComunidades Portuguesas.Na cerimónia, que decorreu noPalácio da Cidadela em Cascais,usou da palavra, em nome do CorpoDiplomático acreditado em Portugal,o núncio apostólico (embaixador daSanta Sé), D. Rino Passigato.“Nesta celebração alia-se a‘Portugalidade’ com o génio doPoeta e com o espírito aventureirodos Portugueses, que, tal como nostempos dos Descobrimentos e daexpansão marítima em que Portugal‘deu novos mundos ao mundo’,continuam espalhados pelos várioscontinentes, levando consigo osaber, a língua, a cultura e as raízesnacionais”, referiu o representantediplomático do Papa, num discursoenviado hoje à Agência ECCLESIA.O núncio apostólico recordou que odia 10 de Junho coincide também

com “outra festa muito querida dopovo português”, a do “Santo Anjoda Guarda de Portugal”.“Comemorando-se este ano oCentenário das aparições do Anjoda Guarda de Portugal aospastorinhos de Fátima, o meu voto éde que, pela intercessão desteMensageiro celeste, Portugal possaconhecer tempos de tranquilidade,de prosperidade e de paz”, concluiu.

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Fátima: O “13 de Maio” dos maispequenosMilhares de crianças portuguesasparticiparam hoje na celebração deencerramento da sua peregrinaçãonacional a Fátima, presidida esteano por D. José Cordeiro, bispo deBragança-Miranda."Cada um de nós tem um lugarmuito especial no coração de Deus.Ele faz uma festa quando um filhose arrepende e volta para a casa doamor na família, o lugar dos afetos eo santuário da vida", disse oprelado, na homilia da celebração,que decorreu num contexto de core festa com a presença dos maisnovos na Cova da Iria.No final da celebração e depois deter sido distribuído um balão e umpuzzle a cada criança com amensagem do Anjo aos Pastorinhos,foram lançados mais de 3 mil balõescoloridos.O Santuário de Fátima adianta quemais de 220 mil pessoasparticiparam na Missa;concelebraram 15 bispos e 160sacerdotes.A 8ª Peregrinação das Criançascomeçou na quinta-feira com aevocação das Aparições do Anjo,numa caminhada desde a Capelinhadas Aparições até aos Valinhos, emFátima,

durante a qual as crianças rezarame meditaram o terço.Celebrando também o centenáriodas Aparições do Anjo queprepararam os pastorinhos paraacolher a Mensagem de NossaSenhora, a Peregrinação dasCrianças, escolheu este ano o lema'Deus está contente', refere apágina oficial do Santuário deFátima.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizadosemwww.agencia.ecclesia.pt

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Terço do Centenário das Aparições de Fátima

Educação Moral e Religiosa Católica «não é reduto confessional»

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Prevenção, justiça edesenvolvimento são a chave para apaz no mundo

Os bispos europeus apontaramjunto da União Europeia emBruxelas “três pilares” essenciaispara a promoção da paz no mundo:“a prevenção da violência, apromoção de uma maior justiçasocial e o apoio aodesenvolvimento”.As propostas saíram de um relatórioda Comissão dos EpiscopadosCatólicos da Europa (COMECE),

apresentado esta quarta-feirana Bélgica, no âmbito dapreparação da próxima reunião daUnião Europeia sobre políticainternacional e de segurança,marcada para os dias 28 e 29 dejunho.Os contributos presentes nodocumento dos bispos (22 no total)visam sublinhar que o projeto daUnião Europeia é sobretudo “

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um projeto de paz” e que tem de ser“fiel à sua vocação no mundo”.O vice-presidente da COMECE, D.Jean Kockerols, destacou aresponsabilidade da União Europeiaem contribuir para uma política de“desarmamento, incluindodesarmamento nuclear, no VelhoContinente e em todo o mundo”.Segundo os membros do organismocatólico, se as instâncias europeiasquerem mesmo ter um papel napacificação global, elas precisamainda de “reforçar a ligação entre osseus instrumentos de políticainterna e externa”.É essencial que a UE participe na“reforma do sistema das NaçõesUnidas”, de modo a que acomposição do seu Conselho deSegurança “acompanhe a realidadeatual e não seja dominada porinteresses particulares estatais”,realça a COMECE.Sobre o primeiro pilar apontadocomo fundamental para o esforçode paz, a “prevenção”, os bisposrealçam que ela deve ser colocadaem prática “o mais cedo possível” enum raio de ação “alargado”.

De modo a que “as sementes deum potencial conflito possam sergeridas e transformadas de formasustentável” e se “evite o recurso àforça” que muitas vezes é vistacomo “único recurso”, algo que é“inaceitável”, frisam os prelados.Os desafios detetados pelaCOMECE são muitos, desde “asinstabilidades regionais à pobrezados migrantes e refugiados,passando pela ameaça doterrorismo fundamentalista”.No que toca a este último caso, osbispos defendem a importância de“cortar os fluxos financeiros quealimentam o terrorismo, a nívelinternacional”, incluindo o “comérciode armas”, e uma partilha deinformação mais efetiva entre osEstados, que permita combater ascausas deste fenómeno, a nívelsocial, político e religioso.Quanto aos pilares da justiça e dodesenvolvimento, a COMECEapontou para a necessidade dedefender um sistema financeiro mais“justo e ético” e de apostar num“desenvolvimento humano,socioeconómico e ambiental” maisefetivo.

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«Horror e condenação»pelo massacre em OrlandoO Papa Francisco manifestou“horror e condenação” pelomassacre que ocorreu este domingonum bar em Orlando, nos EstadosUnidos da América, que fez 50mortos e 53 feridos.Uma declaração lida pelo diretor daSala de Imprensa da Santa Sérevelou que “o terrível massacreque ocorreu em Orlando, com umnúmero altíssimo de vítimasinocentes, suscitou no PapaFrancisco e na Igreja Católica osmais profundos sentimentos dehorror e condenação, dor eperturbação”.O padre Federico Lombardi referiu-se ao sucedido como “uma novamanifestação de loucura homicida eódio insensato”.De acordo com porta-voz doVaticano, “o Papa Francisco une-seem oração e em compaixão pelosofrimento indescritível das famíliasdas vítimas e dos feridos erecomendamos ao Senhor para quepossam encontrar consolo”.Na declaração, publicada na Salade Imprensa da Santa Sé, afirma-setambém o desejo de que “se possaidentificar e combater eficazmente

e quando antes as causas destaviolência horrível e absurda, queafeta profundamente o desejo depaz do povo americano e de toda ahumanidade”.No último domingo, dia 12 de junho,Omar Mateen, com 29 anos, entrounum bar em Orlando, nos EstadosUnidos da América, e começou adisparar provocando a morte a 50pessoas e ferindo outras 53.

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«Usa-se a fome como arma deguerra»- Papa FranciscoO Papa visitou a sede do ProgramaAlimentar Mundial (PAM) em Roma edisse que a fome é hoje usada“como arma de guerra”,denunciando ainda as políticas queimpedem a circulação da ajudahumanitária e liberalizam o comérciodas armas.“Alimentam-se as guerras, não aspessoas”, apontou o Papa, numaintervenção integrada na aberturada Sessão Anual do ConselhoExecutivo do PAM, acrescentandoque “nalguns casos, usa-se aprópria fome como arma de guerra”.“Encontramo-nos assim perante umfenómeno estranho e paradoxal:enquanto as ajudas e os planos dedesenvolvimento se veemobstaculizados por intrincadas eincompreensíveis decisões políticas,por tendenciosas visões ideológicasou por insuperáveis barreirasalfandegárias, as armas não; nãoimporta a sua origem, circulam comuma liberdade presunçosa e quaseabsoluta em muitas partes domundo”, afirmou Francisco.Diante da fácil e abundantecirculação de informação, que geraa indiferença, Francisco frisou quenão basta “conhecer a situação”

de quem passa fome, uma vez queas estatísticas “não saciam”.É necessário “desnaturalizar” amiséria e a fome, “deixando deconsiderá-la como um dado entremuitos outros da realidade”.Na sua intervenção, o Papadefendeu ainda que a fome demuitas pessoas no século XXI “deve-se a uma egoísta e má distribuiçãodos recursos, a uma‘mercantilização’» dos alimentos” elembrou que “o alimentodesperdiçado é como se fosseroubado à mesa do pobre”.O Programa Alimentar Mundial foifundado em 1961 e é a maiororganização de ajuda humanitáriaque luta contra a fome em todo omundo; com sede em Roma, esteorganismo da ONU ajuda cerca de80 milhões de pessoas em mais de75 países.

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Papa desafiado a fazer festas a um tigre, durante o Jubileu dos profissionaisdo circo, das feiras e espetáculos itinerantes

Papa: Uma sociedade indiferente ao sofrimento é uma sociedade «cega»

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Em nome da personalização dasociedade

D. Manuel Linda Bispos das Forças Armadas e Forças de Segurança

Sabe o que é uma equipa cinotécnica? É issomesmo: conjunto de pessoas que instruem,monitorizam e treinam cães para determinadasmissões, tais como busca e salvamento, guardade bens, imobilização de criminosos, detecção dedrogas e explosivos, etc.Na minha missão pastoral, há dias, visitei umadestas equipas. Fiquei deslumbrado com asmuitas histórias que me contaram a respeito dainterligação do cão com o seu tratador: comoaquele tende a assimilar o querer, ossentimentos e as reacções deste, de forma ainteragirem numa linha de quase sintoniaemocional. Mas o que mais me maravilhou foi ahistória de um cão que se conta em poucaslinhas: o seu monitor fez uma luxação numaperna e ficou a coxear durante umas semanas.Passados uns quatro ou cinco dias, viu que ocão também mancava. Não sabendo do que setratava, levou-o ao veterinário. Após examesaturados, este não detectou qualquer problemaou doença. Afinal, o que se passou é que o cãosintonizava tanto com o seu tratador que chegouao ponto de o imitar no gesto de coxear.Se esta permuta de «sentimentos» se passa comos animais, muito mais acontece com oshumanos. Por exemplo, todos nós sabemos, hádécadas e décadas, que na gestação humana seestabelece uma tal transferência de emoçõesque o bebé acorda quando a mãe acorda, relaxaquando a mãe relaxa, agita-se quando a mãe sealtera, entra em estado de descontracçãoquando a mãe ouve música clássica. E estáconfirmado que isso lhe cria predisposiçõesartísticas. Todos sabemos que, quantitativa e

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qualitativamente, a maternidadetransmite muito mais que umasimples carga genética de DNA.Perdão: sabemo-lo nós, mas nemtodos o sabem. Por exemplo, não osabem os legisladores portuguesese de outras partes do «primeiromundo», esse mundo antigamentetido por culto… Se o soubessem,certamente não reduziam amaternidade a uma mera operaçãotécnico-científica. Não confundiriama concepção humana com oprocesso de fabrico de umcomputador ou de um saco plástico.E não teriam coragem de imaginar,sequer, que uma criança podereceber de uma senhora, dita«barriga de aluguer», praticamentetudo o que a constitui pessoa, aindaque em grau inicial –emotividade,

maneira de ser, inteligência,vontade, predisposições…- e depoisser abandonada por essa mãe combem mais facilidade e bem menosremorso do que aqueles com queantigamente se abandonavam osbebés na roda de um convento.Não! Os legisladores não conhecemisso porque, se o conhecessem, nãose atreveriam a, explicitamente,induzir a despersonalização dasociedade.Mas precisamente porque odesconhecem, atrevo-me arecomendar-lhes: visitem umaunidade cinotécnica e observem oslaços que se estabelecem entre oanimal e o homem. E agoraimaginem as relações que se criamentre humanos… Será pedirdemais?

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Solidão: uma realidade silenciosa

José Luís Gonçalves Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti

A solidão é multifacetada e os “rostos de solidãosão [geralmente] máscaras de outrasrealidades”, na expressão de José MachadoPais. A solidão constitui um fenómeno humanocontemporâneo agudo e ambivalente quepermite múltiplas interpretações quanto às suascausas, o seu desenvolvimento e as suasmodalidades de manifestação. Assim, podemosencontrar pessoas que vivem numa solidãodespovoada, qual ermo que denuncia o vazioexistencial que dói na alma, e ninguém, a não sero próprio, poderá preencher esse lugar deausência; ausência de alguém a quem se ligar,de um projeto e de um sentido de vida a que seagarrar, ânsia por plenitude de si, atalho fácilpara a depressão. Em sentido contrário, temos asolidão habitada daqueles que carregammemórias e presenças: este tipo de solidãodesperta emoções e afetos, evoca utopias efrustrações, relembra lugares e escuta vozes,mas, no meio de tanta ‘presença’, de tantapressão pelo sucesso e sem ninguém operceber, este solitário pode estar emdesamparo, rutura ou agonia, porque habitadopor um profundo desejo de isolamento. Podemosidentificar ainda aqueles que experienciam umasolidão assumida em resultado de uma opção oupor imposição de acontecimentos da vida; nestaexperiência, o solitário não se engana nem seesconde da realidade, antes revela-se si mesmona autenticidade e inteireza humanas,

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tenta vivenciar uma serenidade queevoca espessura antropológica emsituações-limite quando assumeuma separação, uma perda ou fazluto. Por fim, destaca-se a solidãocriadora de novos espaços de ser ede agir que brotam de umaliberdade e convicção interiorestrabalhadas pela sabedoria de vidaadquiridas na ascese ou naespiritualidade, fonte de ondebrotam tanto o silêncio fecundoquanto o diálogo comprometido. Osilêncio pode não significarisolamento, apenas interioridaderepleta de sentido que revelamaturidade emocional e de projetode vida.É relativamente fácil confundirisolamento e solidão, depressão,luto e ascese. A depressão poderesultar da solidão, mas não seconfunde com ela; o luto constituisobretudo um processo daassunção de uma separação e sópor momentos pode serexperimentado como solidãoquando, não raras vezes, seconfunde com saudade; a ascesenão comporta necessariamenteestados de angústia ou desofrimento típicos da solidão. Mas asolidão difere, acima de tudo, doisolamento. Se o isolamento

reflete a dificuldade em estabelecercanais de comunicação e derelacionamento com o outros,geradores de reconhecimento, asolidão é, sobretudo, um estadomental angustiante de afastamentosocial e emocional dos outros comsede de intimidade. A condiçãofísica da falta de reconhecimento éa solidão: se os outros estãoausentes, não podemos pordefinição captar o seu olhar. Mas oque é provavelmente ainda maisdoloroso do que solidão física, quepode ser amenizada ou atenuadacom algumas soluções, é viver nomeio dos outros sem deles recebernenhum sinal, como afirmavaTzvetan Todorov.

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Terapia da festa

Luís Filipe Santos Agência ECCLESIA

As festas pulsam na vida das pessoas. Elas têmum efeito emocional e psicológico no quotidianodos cidadãos. Não podemos olvidar que ascores, na diversidade das festividades queexistem de norte a sul do país, provocam ummetabolismo diferenciado nos seres humanos.Neste mês de junho, para além das chamadasfestas populares (Santo António, São João e SãoPedro), os portugueses vivem, diariamente, coma festa da seleção das quinas. Desde aconvocatória que os jogadores portuguesesestão no centro das atenções dos media. Até osjornais generalistas trocaram os destaqueseconómicos e políticos pelo dia-a-dia doscraques da bola. As redações dos jornais, rádiose televisões estão sintonizadas nos treinos e nosjogos dos portugueses em terras gaulesas.No campo de treinos e nos relvados tudo servepara noticiar… A tatuagem nova, os pratospreferidos, a indumentária, as pequenas mazelase as beldades que seguem os jogadores.

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Para além destes factos, asentrevistas aos apoiantes eemigrantes portugueses em Françasão o prato forte deste manjardiário.É uma festa diferente, mas nãodeixa de ser festa. É um arraial quese aproveita da bola e dosjogadores para colocar o coraçãodos portugueses a vibrar. Depoisdos jogos preparatórios, os atletasdesceram do céu aos planosmedianos. O bloco de gelo islandêscolocou em sentido a glória vitoriosados magriços. Como estamos emfesta, é conveniente - como disse opresidente da República, MarceloRebelo de Sousa – existir um pontode equilíbrio. Nem pessimismo, nemexcesso de otimismo.Carregamos séculos de história,mas estes 100 dias do presidenteda República foram mais festivos edinâmicos que os últimos dez anos.Ele colocou no coração dosportugueses, a autoestima que nosfaltava. A festa também tem o lado

afetivo. Marcelo Rebelo de Sousapercebeu que os habitantes desteretângulo e aqueles que fugiramdurante a anterior legislaturamerecem mais do que planos deausteridade. Para além dossacrifícios diários também têmdireito a momentos lúdicos.- Bendito mês de junho que nostiraste dos media, os buracosfinanceiros que os «lídimosdemocratas» nos colocaram naspaupérrimas carteiras.- Bendito mês de junho que nostiraste dos media, os rostos sisudose voz colocada de alguns políticosdemagógicos.- Bendito mês de junho que nostiraste dos media, os debates sobreos lances mais polémicos dasjornadas de futebol.- Bendito mês de junho que nostiraste as cenas macabras dosmedia e fizeste um pouco de festacom o povo português. O sexto mêsdo ano é terapêutico…

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Seja a Misericórdia de Deus“Fazer Obras de Misericórdia, mas que permaneçam”. O desafiofoi transmitido pelo Papa Francisco à Fundação Ajuda à Igrejaque Sofre após a Páscoa e concretiza-se agora com umacampanha que a organização desenvolve em todo o mundo paraapoiar projetos onde se identificam necessidades, lugares,apóstolos e frutos da misericórdia.

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Fazer uma Obra deMisericórdiaque permaneçaA Fundação Ajuda à Igreja que Sofre lançou hoje a campanha mundial «Sejaa Misericórdia de Deus», no contexto do Jubileu da Misericórdia e emresposta a um desafio do Papa Francisco.Ao longo de quatro meses a instituição pontifícia pretende apoiar diversosprojetos em países de África, América Latina, Ásia e Médio Oriente onde apopulação vive em situações de pobreza e onde os cristãos sãoperseguidos.A diretora do secretariado português da AIS, Catarina Martins deBettencourt, explica em entrevista à Agência ECCLESIA esta campanha,como surgiu, qual o objetivo e quem vai ser ajudado através de projetos quesão o continuar do trabalho diário de apoio e reconciliação que a fundaçãodesenvolve há 70 anos, desde a sua fundação no final da 2.ª Grande GuerraMundial

Entrevista realizada por Paulo Rocha

Agência Ecclesia (AE) – Qual oobjetivo da campanha ‘Seja aMisericórdia de Deus’ e em quecontexto surge?Catarina Martins de Bettencourt(CMB) – A campanha surge apósuma gravação de uma mensagemvídeo que o Papa Francisco fezpara a nossa instituição em queapela a todos os homens emulheres de boa vontade parafazerem uma Obra de Misericórdiaque permaneça. Uma obra queperdure ao longo dos

tempos nos locais que necessitem.Como a Ajuda à Igreja que Sofre,que nasceu há 70 anos com objetivode fazer uma obra de misericórdia,um trabalho de reconciliação, deamor ao próximo, o Papa pede paracontinuarmos a sermos fiéis a esseprincípio. Para hoje, neste anoJubilar da Misericórdia,continuarmos a trabalhar e fazermosobras de misericórdia no mundo.

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AE – Quando é que o Papa gravouesse vídeo?CMB – No Domingo da Misericórdia(03 de abril). E esta campanhasurge depois.Perguntamo-nos: O que é quepodemos fazer para responder aeste apelo do Papa? Não podíamosficar de modo algum sossegados esilenciados.Foi criado um grupo de trabalhointernacional para ver até que pontopodíamos transmitir estamensagem

do Papa, de como podíamos fazerchegar a mensagem não só aosnossos amigos e benfeitores mastambém a novos públicos, levandoa mensagem que o Papa nos dirigiue que tem repetido desde o início dopontificado: “Temos de estar juntosdo outro, estarmos mais próximos.”A mensagem do Papa é muito nestesentido: todos nós precisamos damisericórdia de Deus, mas acima detudo precisamos da misericórdia

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de cada um de nós, um do outro.Esta campanha vem com esteobjetivo: cada um de nós olhe parao outro e veja o que é que podefazer para ajudar a pessoa que estáao seu lado. AE – Fazer por todo o mundo umaobra de misericórdia quepermaneça, são as palavras doPapa Francisco no vídeo. De queforma a Fundação Ajuda à Igrejaque Sofre sugere que se concretizeeste desafio do Papa?CMB – O Papa de facto pede-nosque façamos obras quepermaneçam, que sejam seguras aolongo dos tempos.o Ano da Misericórdia não se vaiesgotar, a misericórdia não se podeesgotar neste ano jubilar. E o Papaquando lançou este desafio não épara que acabe no fim deste ano de2016 mas para que permaneça eperdure ao longo do tempo.Todos os projetos, ou grande partedos projetos da Ajuda à Igreja queSofre são Obras de Misericórdiaporque estamos juntos dos maisnecessitados, no terreno.A partir das palavras do Papa,decidimos apoiar quatro grandesáreas de ação: As necessidades demisericórdia; os lugares de

misericórdia, os apóstolos e osfrutos da misericórdia. Dentro decada uma destas áreas colocamos eestamos a apresentar os projetosque estão a decorrer e necessitamdo nosso apoio, da generosidade decada um de nós para quepossamos efetivamente estar juntosdos mais necessitados. Se olharmos para a forma como omundo tem evoluído cada vez maisas necessidades são maiores, cadavez mais há necessidade de ajudaro outro em países desde a África àAmérica Latina, a Ásia e o MédioOriente. São tantos os países queestão a passar dificuldades queestes projetos são obras que sãonecessárias, urgentes. Sem esteapoio muitas pessoas não vãoconseguir sobreviver. É a diferençaentre a vida e a morte para estaspessoas.

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AE – Habituamo-nos muitas vezesao conceito de misericórdia quandorelacionamos com quem se cruzaconnosco ou está ao nosso lado. Aproposta é alargar das fronteiras?CMB – Sem dúvida! A Ajuda à Igrejaque Sofre é uma instituiçãointernacional que está presente em140 países, com apoio direto àspopulações. Os nossos projetos nãosão apenas em determinadocontinente, são no mundo todo.Queremos com estes projetos dizera quem nos está a ouvir, a ver, aquem recebe as nossasinformações que pode ajudar,efetivamente, alguém que está numpaís de África, Ásia, América Latinae pode fazer a diferença. É este onosso objetivo, levar a ajuda, amisericórdia a todas as pessoas queestão a passar por dificuldades,neste momento. Necessidades deMisericórdiaAE – Caracterize-nos cada uma dasquatro áreas referiu. Que‘Necessidades de Misericórdia’estão referenciadas nestacampanha?CMB – Pensamos em todos aquelespaíses, nas populações, em todasas

pessoas que estão a viver e apassar por dificuldades e que, sema a ajuda de padres, freiras,congregações que estão no terreno,não poderiam sobreviver.Dentro de cada área os projetos sãosemelhantes e posso referir, porexemplo, um na Índia: o apoio amulheres que são colocadas na rua.São mulheres que são deficientes esão desprezadas, abandonadaspelas suas famílias e são recolhidaspor irmãs. Com este projetoajudamos esta comunidade de irmãsa conseguir apoiar estas mulheresque são abandonadas, quenecessitam de cuidados de saúde,do apoio também espiritual porquesão abandonadas pelos seus.Ao apoiar projetos deste géneroestamos a pensar nas necessidadesda misericórdia pensamos nestaspessas que estão no limite enecessitam de ajuda de alguém, quenestes países acontece sempreatravés da Igreja, de leigos queestão ligados à Igreja. Eles do apoiode instituições como a Ajuda à Igrejaque Sofre para continuar a fazeresse trabalho de misericórdia.

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Lugares de MisericórdiaAE – E quais são os ‘lugares demisericórdia’? CMB – São muitos os lugares quenecessitam de misericórdia!Pensamos concretamente nospaíses do Médio Oriente e algunsde África, que estão a passar porcrises de refugiados. A Ajuda àIgreja que Sofre tem apoiado osdeslocados que ficam nos seuspróprios países ou em paísesvizinhos desde o início desta grandecrise de refugiados.

São muito os projetos que temosa decorrer, neste momento, noIraque, Líbano, Jordânia, Síria equeremos estar juntos. Um dosprojetos é exatamente apoiarrefugiados com alimentação diária.Um bispo, no Líbano, disse-nos queprecisa de ajuda para conseguiralimentar 500 pessoas por dia. Sãoprojetos muito concretos, sãolugares de misericórdia, onde aspessoas não têm nada, perderamtudo na sua fuga e precisam danossa ajuda porque não conseguemsobreviver.

insira a foto aqui

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AE – Estes lugares de misericórdiasão referenciados através deinformações que chegam dospróprios locais?CMB – Diariamente recebemospedidos de ajuda de quem está noterreno de quase todos os paísesdo mundo. Mas pensamos no MédioOriente e Ásia em que há esteproblema dramático dos refugiados.São pessoas que fugiram, perderamtudo, muitas vezes levam apenas aroupa que têm no corpo e não têmmais nada.A ajuda é fundamental e essencialpara tudo: medicação, alimentação,roupa, educação. Tudo é básico eessencial e há muitos lugares assimhoje. Se pensarmos na crise derefugiados que estamos a viver e étransversal muitos países nomundo. Apóstolos da MisericórdiaAE – Quem são os ‘apóstolos damisericórdia’?CMB – Somos uma instituiçãopastoral que está presente no apoiodireto à Igreja e à subsistência daIgreja nos lugares onde éperseguida, ameaçada e onde estáa sofrer. São milhares e milhares depessoas no mundo – padres, irmãs,leigos, catequistas – que estão noterreno e levam a

misericórdia. É necessário apoiá-losporque em muitos destes paísesestas pessoas estão sós, acomunidade não os pode ajudar,não tem como ajudar.A única forma destas pessoascontinuarem a dar o apoio é atravésda ajuda que recebem deinstituições estrangeiras. Ao falardos ‘Apóstolos da Misericórdia’queremos também homenagear,trabalhar e dar apoio para acontinuação deste trabalho deEvangelização pelo mundo que aIgreja Católica faz.AE – O apoio que fazem chegar tempor objetivo ajudar também naformação desses agentes depastoral?CMB – A Ajuda à Igreja que Sofre éuma instituição pastoral e tem pormissão apoiar a formação destaspessoas e também a suasubsistência. Um dos principaistrabalhos da AIS é apoiar ascomunidades que estão no terreno.AE – De que forma chega o apoioàs comunidades e aos seus líderes? CMB – Nós fazemos sempre o enviodas nossas ajudas através dasestruturas locais da Igreja, sejaatravés das congregações, dasdioceses, ou em alguns países anunciatura apostólica, para termos acerteza que o dinheiro chega ao seudestino e é aplicado nos projetosque nos chegam para seremapoiados.

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Frutos da MisericórdiaAE – A campanha ‘Seja aMisericórdia de Deus’ vai seraplicada também nos “frutos damisericórdia”, é a quarta área. A quese refere a iniciativa nestes frutos.CMB – Os frutos da misericórdiasão este trabalho que o padreWerenfried van Straaten começouhá 70 anos de reconciliação entreos povos, de amor ao próximo.No início da instituição, o fundadorapelou à ajuda a um povo odiado,aos alemães, e pede aos vizinhos,holandeses e belgas, que ajudem opovo que era a causa da destruiçãodos seus próprios países. Era umtrabalho de reconciliação e foi feitoao longo dos anos demonstrandoamor ao próximo com a mensagemde perdão que a Igreja Católica tem,que a mensagem do Evangelho nosdá. E esse trabalho continuou aolongo dos tempos…Hoje, a Igreja continua a ter o papelextraordinário e extremamenteimportante em países em que hágrupos étnicos em conflitos, háentrada de grupos radicais, queprovocam a destabilização de umpaís: trabalhar o perdão e areconciliação.Nós temos vários projetos, nessesentido. Por exemplo, na República

Centro Africana há um grupo radicalislâmico, os ‘Selekka’, que provocouo caos dentro do próprio país. Épreciso fazer este trabalho dereconciliação entre todas asreligiões para que possam continuara subsistir e a conviver respeitandoo outro. Porque não foram só oscristãos que foram obrigados a fugirdos seus lugares mas tambémmuitos muçulmanos.O trabalho da reconciliação é umfruto da misericórdia, de estarmos aajudar a reconciliação dos povos,extremamente importante e tãoessencial nos dias que correm. AE – Os destinatários de todos osprojetos, que vão beneficiar destacampanha internacional, sãosobretudo os locais onde os cristãossão perseguidos no Médio Oriente eonde as comunidades são maisafetadas pela pobreza na África ena América Latina?CMB – Sim. África e América Latinasão questões mais ligadas com aquestão da pobreza embora hajaalguns países africanos que existeperseguição à comunidade cristã.Depois pensamos no Médio Orientenas causas desta perseguição quea comunidade cristã está a ser alvoe na Ásia também há vários casosdestes.

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A nossa missão enquanto instituiçãoé de facto estar junto da Igrejaperseguida, ameaçada, que sofre,que é necessitada e esse trabalho étransversal ao mundo. Sepensarmos

países de África, Ásia, a Igreja sofre,é necessitada, a Igreja precisa deajuda para a sua subsistência. É defacto a grande área de trabalho, deapoio da Ajuda à Igreja que Sofre.

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AE – A campanha é lançada hoje eestá a decorrer simultaneamenteem todo o mundo?CMB – Os 21 secretariados da AISno mundo lançam em conjunto estacampanha que decorre até 04 deoutubro, dia de São Francisco deAssis, e vamos estar ativos nestespaíses todos apelando àgenerosidade das pessoas paraapoiarem estes projetos.Se em 2015 apoiamos cerca de 6mil projetos, este ano queremosapoiar mais e queremos que estamensagem que o Papa dirige acada um nos toqueverdadeiramente no coração. E quenos toque no sentido de querermosfazer algo pelo outro. AE – Considera que a campanhaconcretiza os objetivos do Jubileuda Misericórdia?CMB – O Papa Francisco quandodeclara este ano jubilar daMisericórdia quer que estejamospróximos do outro, olharmos para ooutro. Isso é o que fazemosdiariamente: estarmos junto dos quemais sofrem através de todos osparceiros que temos no terreno,padres, irmãs, que estão a ajudar ooutro. Nós queremos continuar equeremos cada vez mais estarpresentes ao lado dos que estão asofrer e queremos apoiá-los a

ultrapassar estes momentos.Esta campanha vem exatamente aoencontro do que o Papa quer:olharmos para o outro, estarmosatentos às periferias e juntos dosmais necessitados. AE – Que estratégia seguiram paraque todos os secretariados, em todoo mundo, estevissemsimultaneamente a concretizar estacampanha?CMB – Para além do lançamentooficial no mesmo dia e à mesmahora em todos os países ondeexistem secretariados da AIS, vãoser lançadas campanhas deinformação - radio, televisão, jornais– para dizer o que se está a passar,transmitir a mensagem do Papa emostrar os projetos que a Fundaçãotem neste momento e quer apoiardurante este ano.Em Portugal, por exemplo, vamos terações concretas no terreno comorezar pela paz na praia, em julho,junto dos veraneantes que estão apassar as férias; quando vamospara alguma paróquia fazermomentos de oração, explicamos oque são estes projetos, o que é aAIS, falamos da realidade da Igreja.Vão ser ações que vão ser feitas eafuniladas para esta grandecampanha ‘Seja a Misericórdia deDeus’.

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Apoio aos refugiados na sua terra

AE – Esta segunda-feira assinala-seo Dia Mundial do Refugiado. Qual éa estratégia da Fundação Ajuda àIgreja que Sofre para apoiar quemtem de sair das suas terras?CMB – A AIS desde o início temestado junto dos refugiados,primeiro no Leste, que temos vindoa apoiar da Segunda GuerraMundial e ao longo dos anos. Masnão podemos ficar indiferentes aoque está a acontecer hoje, a estagrande crise dos refugiados.

A posição da Ajuda à Igreja queSofre é estar sempre juntos dosrefugiados e apoiá-los nos seuspaíses de origem porque é esse opedido que nos chega dos bisposda Igreja local: apoiar para que osrefugiados possam ficar nos seuspaíses.Estamos verdadeiramenteempenhado e sempre que chega umprojeto de um país onde há estasnecessidades temos estado equeremos estar junto destaspessoas dando o apoio básico,desde comida, roupa, habitação.Como no

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Iraque onde pessoas foramdesalojadas, despojadas de tudo eestamos a ajudar a recolocarpessoas em casas para que possamter alguma dignidade e sair doscampos de refugiados.Não estamos a ver o fim destasituação… Na Europa sabemos queestes milhões de pessoas queremchegar, mas também há muitosmilhões nos seus próprios paísesque querem ficar e precisam deajuda porque muitas vezes sãoesquecidos por todos. Não ouvimosfalar, por

exemplo, de um Sudão do Sul ondehá milhões de refugiados; do Mali.Os últimos dados da ONU falam emcerca de 60 milhões de refugiados ede facto na Europa temos de olharpara todos e estar junto deles.Este dia do refugiado é exatamentepara nos lembrarmos deles e sendouma instituição católica queremosmarcar este dia rezando peladignidade destas pessoas. Quesejam tratadas com justiça. Nãopodemos fechar os olhos, ignorá-lase achar que não é connosco!

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Mensagem do Papa para a AIS Neste Domingo da Divina Misericórdia, a Oitava da Páscoa, queropedir a todos os homens e mulheres de boa vontade de todo o mundopara que se faça uma obra de misericórdia em cada cidade, em cadadiocese, em cada associação. Nós, homens e mulheres, precisamosda misericórdia de Deus, mas também precisamos da misericórdiauns dos outros. Precisamos de dar a mão, de acariciar, de cuidar unsdos outros e não fazer tantas guerras. Estou a ler o dossier preparado pela AIS, uma fundação pontifícia,para desenvolver obras de misericórdia em todo o mundo. Confio àAIS este trabalho… também confio à AIS que mantenha o espíritoque herdaram do Padre Werenfried van Straaten, que teve a visão nomomento certo de pôr em prática estes gestos de proximidade, debondade, de amor e de misericórdia. Assim, convido-vos a todos, juntamente com a AIS, a fazer, por todo omundo, uma obra de misericórdia, mas que permaneça, uma obra demisericórdia permanente; uma estrutura para tantas necessidadesque actualmente existem no mundo. Agradeço-vos tudo o que fazem.E, não tenham medo da misericórdia: a misericórdia é a carícia deDeus.

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Papa Francisco desafia-nos a todos a sermos…

A carícia de Deus

São apenas 3 minutos que podemmudar por completo as nossasvidas. Numa vídeo-mensagem,dirigida aos benfeitores e amigos daFundação AIS – a si, portanto… –, oSanto Padre desafia os cristãos afazerem obras de misericórdia, atransformarem o mundo. A nãoterem medo de serem cristãos. “Amisericórdia é a carícia de Deus!”,diz Francisco.Não vale a pena passar já para apágina ao lado. A mensagem doPapa Francisco é mesmo dirigida asi e a todos os benfeitores e amigosda Fundação AIS em todo o mundo.É uma mensagem que, no estilomuito

próprio do Santo Padre, é tambémum desafio. É um desafio que nosinquieta, sobressalta, mobiliza eque, por isso tudo, nos faz bem.Estamos no Ano da Misericórdia.Desde que convocou o Jubileu,desde o instante em que abriu aPorta Santa, em Dezembro do anopassado, em Roma, o PapaFrancisco não se tem cansado defalar em Misericórdia, incentivandoos cristãos e todas as pessoas em

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todo o mundo a mudarem, adescobrirem o significado doperdão, da caridade, a seremtolerantes e solidárias. Adescobrirem o amor. O apelo do PapaAgora, num gesto inédito, Franciscodecidiu gravar uma vídeo-mensagem, com apenas 3 minutos,dirigida a todos os benfeitores eamigos da Fundação AISespalhados pelo mundo, em queapela a que se façam “obras demisericórdia”. Esta misericórdia,

de que nos fala Francisco, é amorgratuito, compaixão e ternura,emespecial pelos mais pobres, osdoentes, os que estão emsofrimento. Os mais necessitados,os mais frágeis. Diz o PapaFrancisco (na verdade, isto deve serlido assim: “Diz-me o PapaFrancisco…”): “Apelo a todos oshomens e mulheres de boa vontadeno mundo inteiro a que façam emcada cidade, em cada diocese, emcada associação, uma obra demisericórdia”. E prossegue: “Nós,homens e mulheres, precisamos damisericórdia de Deus, masprecisamos também da nossamisericórdia; precisamos de dar amão uns aos outros, de nosacarinhar, de cuidar uns dos outrose de não fazer tantas guerras”.

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E agora, que fazer?São três minutos apenas que têm ocondão de mudarem a nossa vida.Que vamos fazer a partir desteinstante? Ignorar as palavras doSanto Padre, fingir que não aslemos, que não as ouvimos? OPapa lança-nos o desafio defazermos obras de misericórdia e dizque confia esse trabalho também àAIS. “Convido-vos a todos, com aAIS, a fazer em cada lugar domundo uma obra de misericórdiaque perdure, uma obra permanentede misericórdia… E não tenhaismedo da misericórdia: a misericórdiaé a carícia de Deus.”O desafio do Papa é claro: cumprira compaixão pelos outros, os maisnecessitados, nos lugares ondevivemos, onde trabalhamos ouestudamos, nas ruas quepercorremos todos os dias. Maispróximo do outro significa tambémestar atento às suas necessidades -necessidades materiais eespirituais. Rostos concretosAo confiar este trabalho também àFundação AIS, o Papa Franciscocolocou o foco nesta instituiçãocriada pelo Padre Werenfried vanStraaten, que “teve a visão derealizar no mundo gestos deproximidade, de

aproximação, de bondade, de amore de misericórdia”. De facto, todosos anos, em todo o mundo, aFundação AIS apoia mais de 6 milprojectos. São milhares e milharesde pessoas envolvidas. Em cada umdestes projectos há rostosconcretos, homens e mulheres deboa vontade que ajudam a levar ascarícias de Deus – como disseFrancisco – até aos lugares maisimprováveis, mais perigosos ou maisdistantes. Em cada um destesprojectos há também o rosto dosbenfeitores e amigos da FundaçãoAIS que o tornam possível com asua generosidade e que otransformam numa obra de Deuscom as suas orações. Todos osdias, há multidões inumeráveis depessoas sem nome que estãofamintas, que têm sede, que estãodoentes, presas, que sãoperseguidas por causa da sua fé,que estão sós e tristes, queprecisam de uma voz amiga, de umabraço… São mesmo muitos osgestos possíveis de misericórdia. Odesafio está lançado.Em www.aismisericordia.org podeacompanhar tudo aquilo que vaiacontecer e envolver-se tambémnesta aventura de amor. Afinal,como diz o Papa Francisco, aMisericórdia é a carícia de Deus.

Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt

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Como colaborar?Esta campanha da misericórdia, que é um desafio lançado a todos oscristãos pelo Papa Francisco, vai decorrer até Outubro, mas, na verdade,deve acompanhar-nos até ao fim das nossas vidas. A Fundação AIS, emresposta a este apelo concreto do Santo Padre, decidiu, a nívelinternacional, dividir esta campanha em quatro grandes áreas:necessidades, apóstolos, lugares e frutos de misericórdia. Há, nestemomento, mais de 6 mil projectos em curso na AIS e que podem - e devem –ser apoiados por todos nós. Ao longo das próximas semanas a FundaçãoAIS vai multiplicar as suas acções em todo o país, procurando levar maislonge este desejo do Papa Francisco. Em www.aismisericordia.org podeacompanhar tudo aquilo que vai acontecer. E será muito. Se, um dia destes,quando estiver na praia, reparar que umas largas dezenas de pessoas estãoa rezar o Terço, não estranhe… Junte-se a nós, nesta carícia de Deus.

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Necessidades de MisericórdiaAs necessidades de misericórdiasão omnipresentes: pobreza,desolação, doença… mas aresposta a estas necessidadesvai para além do aspeto material:o Papa Francisco pede-nos queresolvamos estes problemassociais, mas este cuidado deveser sempre ancorado no nossoamor ao próximo.?A IgrejaCatólica esforça-se sempre poratender ambas as necessidades: as necessidades materiais diretas, o “comovivemos”, e as necessidades espirituais, o “porque vivemos” na necessidadehumana do amor de Deus e do amor ao próximo. (www.aismisericordia.org)

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Lugares de MisericórdiaAs necessidades exigemestruturas: hospitais para osdoentes, centros de reabilitaçãopara os adictos, casas para ossem-abrigo, capelas e igrejas –lugares sagrados em que ascomunidades estão unidas e sãofortalecidas na fé. Inspiradospela Fé, os Católicos continuama construir lugares demisericórdia em todo o mundo.(www.aismisericordia.org)

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Frutos de MisericórdiaOs frutos da misericórdia sãoimensuráveis, assim como oamor de Deus é infinito. Quempode quantificar a gratidão dapessoa a quem uma doença foicurada, uma tristeza foiconsolada ou a fome foisaciada? Ou as bênçãosrecebidas através do perdão eda reconciliação?O primeiro passo no apoio aobras de misericórdia é fortalecer aqueles cujas vidas são dedicadas àmisericórdia, através do apoio directo e de estruturas necessárias para quepossam servir os mais necessitados. (www.aismisericordia.org)

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Apóstolos de MisericórdiaNo seu apelo, o Santo Padrepede-nos a todos para oseguirmos e fazermos obras demisericórdia. Na Fundação AIS(ACN) procuramos apoiaraqueles que dão a vida aoserviço da misericórdia: homense mulheres da Igreja – padres,religiosas, activas oucontemplativas, e leigos –aqueles que dedicam a sua vidaao serviço dos outros para superarem as suas muitas necessidades. Muitasvezes, chegam àqueles que não podem ou não serão apoiados por outros,alimentando os pobres, curando os doentes e consolando os tristes, rezandopor eles e apoiando-os através da partilha da Boa Nova e dos sacramentos.(www.aismisericordia.org)

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NECESSIDADE de MISERICÓRDIA

Paquistão: destes-lhes segurançaA segurança pode ser um dom damisericórdia. Sobretudo em paísescomo o Paquistão, onde os cristãosvivem permanentemente ameaçadospor fanáticos. Estes fanáticosquerem expulsar os cristãos.Sucedem-se os atentados suicidas aigrejas - por exemplo, à Igreja deSão João em Youhanabad, naDiocese de Lahore. Pelo menos 15pessoas morreram no últimoatentado e 70 sofreram ferimentos.Só graças à intervenção altruístados jovens socorristas, que destaforma perderam a vida, se pôdeevitar uma catástrofe maior comainda mais derramamento desangue.

Muitas famílias vítimas destesatentados vivem, desde então, namaior das misérias, outras ainda seressentem dos seus ferimentos. Sãovítimas esquecidas da perseguiçãoaos cristãos. Reina o medo de quepossa voltar a acontecer noutrodomingo qualquer. Por isso, épreciso melhorar as medidas desegurança eletrónicas. Prometemos10.000 euros para isso. Os fiéishão-de poder voltar a sentir nocoração sereno o que o seupadroeiro, São João, escreveu:"Mas, a quantos o receberam, deu-lhes o poder de se tornarem filhosde Deus" (1,12).

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LUGARES de MISERICÓRDIA

Zâmbia: um plano mestre damisericórdia

Têm um plano mestre. Osmissionários da Ordem dosCarmelitas Descalços querem darum nível de vida humanamentedigno a uma das regiões maispobres da já pobre Zâmbia, tanto anível pastoral, como na saúde, naeducação e na área social, tudo istonum período de 15 anos. Não bastasofrer com as pessoas. A verdadeiramisericórdia, segundo Tomás deAquino, também se manifesta em"afastar a miséria do outro". É o quefazem o Padre Jacob Paxy e os seusquatro confrades - para isso,desenvolveram um plano mestre.Primeiro, está prevista a construção

de uma casa para os padres, comcapela, destinada também a retirose ao trabalho com jovens e noviços.Ao mesmo tempo, pretendemmelhorar a agricultura e a criaçãode gado através de modeloscooperativos e também criar umcentro de emprego para jovens,onde estes possam aprenderofícios.Há muitos projectos, mas tem queser um de cada vez, diz o PadrePaxy. Primeiro, o centro espiritual, acasa dos padres. A AIS prometeu90.000 euros para isso. Daí partirãoos impulsos para o resto.

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APÓSTOLOS de MISERICÓRDIA

Nigéria: um minibus para osfundamentos da misericórdiaAs catequistas em Jos / Nigériarealizam um trabalho missionáriomagnífico. Percorrendo trilhos eestradas acidentadas, levam aPalavra e ajuda prática às pessoas.Há dez anos financiámos-lhes umcamião de caixa aberta. Este está aprecisar de muitas reparaçõesagora e só pode transportar cincopessoas. Não chega para levar assenhoras das 43 paróquias para ocentro de formação das catequistas.Aí frequentam um programa deformação de dois anos. Asinscrições aumentam, o centro temque ser ampliado e restaurado. Ficaa 40 km de Jos. Agora, precisam de

um minibus robusto, com 30 lugares.Este não é barato, mas os elevadosimpostos sobre as importações e acorrupção corrente no porto deLagos tornariam uma importaçãoainda mais cara. O Bispo D. IgnatiusKaigama deu tudo o que tinha emcaixa para isso. Valoriza muito estecentro para catequistas. É um farolpara a dignidade da mulher – numaregião, onde precisamente essadignidade é espezinhada pelosislamistas. Prometemos 53.000euros para o autocarro e o trabalhodas catequistas e mais 21.400 eurospara a ampliação do centro. Palavrae dignidade – fundamentos damisericórdia.

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FRUTOS de MISERICÓRDIA

Iraque: as portas abertas do Hospital deSão José

Não tinham medicamentos e vósdestes-lhes alguns. Embora naBíblia não venham referidos comotal, estes medicamentos sãoverdadeiros dons da misericórdia.Pois, sem eles, os 3000 doentes doHospital de São José em Ankawa, noNorte do Iraque, não poderiamsobreviver. Estes doentes crónicosfazem parte das 12.000 famíliascristãs que tiveram que fugir derepente dos bandos de islamistas deMossul e de Nínive, no Outono

de 2014, e que chegaram àArquidiocese de Erbil, esgotados,feridos, espiritualmente despojados.Não têm mais do que a própria pelee as suas doenças. A pequenaclínica presta-lhes cuidadosmédicos. As suas portas estãoabertas para todos. Mas osremédios são caros: 40.000 dólarespor mês. Foi o que prometemos.Para os meses deste Verão. Edepois? É uma intenção cara aoPapa. O Outono não pode ser o fimdo São José.

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#BeGodsMercy

www.aismisericordia.org

Como não poderia deixar de ser,tendo em conta a temática que éabordada nesta edição, a minhasugestão passa pela visita ao sítiowww.aismisericordia.org. Aoentrarmos neste espaço virtualencontramos um ambiente

graficamente muito bem concebido ecom uma simplicidade de navegaçãoque rapidamente nos ajuda aencontrar o que pretendemos. Éparticularmente relevante o facto dodesign estar de acordo com os maisrecentes requisitos para aapresentação de páginas web,tendo a capacidade de permitir queo

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próprio sítio seja acessível nos maisvariados dispositivos tecnológicos(computadores, tablets, telemóveis,etc.).O grande destaque desta páginapassa fortemente pela mensagemdo Papa Francisco, pelo vídeo, quemensalmente será renovado, eclaro, um forte apelo à participaçãoe envolvimento de todos.De seguida encontramos quatrograndes áreas: necessidades demisericórdia, lugares demisericórdia, apóstolos demisericórdia e frutos demisericórdia. Cada uma destasáreas tem uma breve explicação eum conteúdo multimédia queprocura contar através de imagense/ou vídeos toda esta dinâmica damisericórdia que

está a acontecer no mundo graças aação social e pastoral da IgrejaCatólica.Por último chamo a atenção paraquem pretender colaborar. Pois temao dispor a opção “donativo” ondefacilmente pode fazer uma doaçãoonline e assim prestar uma pequenamas vital ajuda para estaextraordinária iniciativa.Claramente este sítio merece anossa atenção, divulgação eenvolvimento porque, como nos dizo Santo Padre, “Nós, homens emulheres, precisamos damisericórdia de Deus, mas tambémprecisamos da misericórdia uns dosoutros”.

Fernando Cassola [email protected]

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«O Padre das Prisões» em livro é umensaio baseado na vida do padreJoão GonçalvesA autora do livro ‘O Padre dasPrisões Portuguesas’ disse hoje àAgência ECCLESIA que a obraapresenta episódios do interior dascadeias, análises à presença daIgreja nesse ambiente e permite"traçar um caminho novo" naespiritualidade.Inês Leitão explicou que o livrosurge na sequência do “muitomaterial que tinha guardado” da pré-investigação realizada para odocumentário ‘O padre das prisões’que foi apresentado a 20 defevereiro 2015.“Achei sobretudo que aquelematerial que não estava incluído,que era áudio, era importantepartilhar com outras pessoasporque o que ouvi ajudou-meenquanto ser humano. As reflexõesque ouvi o padre João fazer,fizeram-me traçar um caminho novona minha espiritualidade. Ele fez-melançar um novo olhar na minhaespiritualidade”, desenvolveu aautora.O livro ‘O Padre das PrisõesPortuguesas, ensaio baseado navida do Pe. João Gonçalves’ vai serapresentado hoje na Feira do Livrode Aveiro, no Mercado ManuelFirmino, pelas 17h00, e dá aconhecer mais

sobre o trabalho de 40 anos deassistência espiritual e religiosa nascadeias do sacerdote católico daDiocese de Aveiro, que é atualmenteo coordenador nacional da PastoralPenitenciária da Igreja Católica.A entrevistada destaca que o seu

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quarto livro é um ensaio e, por isso,permite ter “algumas declaraçõescríticas, éticas, morais”, que são dopadre João Gonçalves mas também“um caminho” que a autora traçouconsigo.Na obra com a chancela da Editorial‘Caritas’, o leitor vai descobrir“episódios pontuais” com pessoasque estiveram na prisão com opadre João Gonçalves,“pensamentos que têm a ver com alei que rege a entrada da Igreja nasprisões”, existe também umsegmento que “dá importância, dáalguma compreensão ao leitor”sobre o que é a PastoralPenitenciária atualmente e “maisalguns episódios

que não estavam no documentário”.A também argumentista conta quepara si o padre João Gonçalves éprimeiro um “ser humano deexceção” e, depois, um sacerdoteque trabalha num dos lugares “maisdifíceis de trabalhar”, que é acadeia, um sítio de reclusão e “o serhumano não nasceu para estarpreso”.Inês Leitão destaca que ocoordenador nacional da PastoralPenitenciária da Igreja Católica fazpara além de um trabalho deevangelização uma“acompanhamento à pessoa comonunca” conheceu.

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II Concílio do Vaticano: Os«inimigos»da «Mater Ecclesiae»

Como é do conhecimento geral, o II Concílio doVaticano (1962-65) teve e, ainda tem, em vistaproblemas de ordem pastoral. Tudo isso écondensado naquela expressão, feliz e inspirada, doPapa João XXIII: «aggiornamento della chiesa». Este«aggiornamento» exige que a igreja esteja a par dosproblemas hodiernos, a fim de que, uma vezatualizada possa dar-lhes o seu contributo deverasindispensável.Antes de mais, urge não olvidar que a questão marialteve “o condão de fazer vibrar intensamente todo omundo”, dentro e fora da assembleia conciliar, já queestavam em jogo “os privilégios e honra daquela queé a nossa Mãe” (In: Revista Theologica; Volume I –Fascículo 2; Ano 1966, Página 155). Esse vibrarsentiu-se logo, desde que o Papa João XXIII anuncioua convocação desta assembleia magna. Em exagerode notícia sensacional, “não faltou quem falasse depadres em favor da SS. Virgem ou contra…” (Certaimprensa, em especial na Itália, referiu-se bastante aum grupo numeroso de padres conciliares que seriam«nemici della Madona»). A verdade, porém, é quetoda a assembleia do II Concílio do Vaticano admitiuentrar em discussão.Para isso muito concorreu a vontade expressa doPapa João XXIII, e também a de Paulo VI que,mostrou-se claro e categórico nestas ricas palavrasdirigidas à Virgem; “Ó Maria, olha para a Igreja e olhapara os membros mais responsáveis do CorpoMístico, reunidos em volta de Ti, para tereconhecerem e celebrarem como Mãe mística…”(Estas palavras pertencem à alocução do Papa

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pronunciada perante os padresconciliares no começo da 2ª sessãodo II Concílio do Vaticano).Surge então matéria para uma“controvérsia longa e… nadapacífica” (In: Revista Theologica;Volume I – Fascículo 2; Ano 1966).Tudo se resume nisto: deveriam asquestões mariais ficar em esquemaseparado e independente, ou comocapítulo do «De Ecclesia»? Aresposta foi dada pelosmoderadores do concílio aocomunicarem que a questão ia sersubmetida ao sufrágio do plenário.

Só este decidiria em definitivo.E decidiu pela tão escassa maioriade 17 votos que o «De Beata» fossetratado como último capítulo do «DeEcclesia». Vitória sem qualquerglória, como diria o padre YvesCongar – e que nos veio mostrar agrande divisão existente, portasadentro do Concílio.O título e doutrina da «MaterEcclesiae» ficarão como uma dasmaiores glórias de Paulo VI. O PapaMontini fica nos anais da históriacomo o Papa da «Mater Ecclesiae».

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Junho 2016 18 de junho. Capela da Senhora do Ar, Serra daEstrela - O bispo da Guarda vaipresidir à peregrinação Jubilar doArciprestado de Seia à capela daSenhora do Ar, na zona da Torreque é o “ponto mais alto da Serrada Estrela”. . Fátima - Casa de São Nuno,09h15 - Reunião dos SecretariadosDiocesanos da Pastoral Juvenil . Centro Cultural e Pastoral daArquidiocese de Braga, 09h30 - APastoral Penitenciária de Braga vaidinamizar uma formação para futuros voluntários dosEstabelecimentos prisionais deBraga e Guimarães, no CentroCultural e Pastoral da Arquidiocesede Braga. . Évora - Colégio dos Salesianos,10h00 - Dia nacional do antigoaluno salesiano . Évora, 10h00 - Conselho PastoralDiocesano . Coimbra - Colégio de SãoTeotónio, 10h30 - Conferênciasobre «Os meios de Comunicaçãoao serviço da ação

pastoral diocesana na era digital» pelo cónego António Rego eintegrada no encontro de coletoresdos jornais «Amigo do Povo» e«Correio de Coimbra» . Évora, 21h00 - Celebração deenvio de missionária do caminhoneo-catecumenal para a China porD. José Alves, arcebispo de Évora . Lamego - Vila da Ponte, 21h15 - Concerto orante pelo padreMarcos Alvim . Porto – Sé, 21h30 - Concerto deSão João com o organista TiagoFerreira . Beja, 21h30 - Concerto deencerramento do Festival TerrasSem Sombra (18 e 19 de junho) 19 de junho. Fátima - Peregrinaçãointernacional da Família Blasiananos 50 anos da morte do padreJoaquim Alves Brás . Pavilhão Municipal Barcelos,09h30 - A Fraternidade de Barcelosda Ordem Franciscana Secular(OFS) vai acolher o encontronacional da ordem de irmãos leigosinspirados pelo modo de vida cristãde São Francisco de Assis.

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. Casa Diocesana de Vilar – Porto,15h00 - A Diocese do Porto vaipromover o primeiro encontro de“cuidadores”, iniciativa inserida noJubileu da Misericórdia, com o tema‘Felizes os misericordiosos - cuidardos que cuidam’. . Lisboa - Igreja do Colégio S. Joãode Brito, 15h30 - Concerto de verãodo Coro de Santo Inácio com oorganista Artur Caldas. . Lisboa - Igreja de Santos-o-Velho,16h00 - Sessão do Festival«SacroSanctus» para ajudar arestaurar o órgão de tubos da Igrejade Santos-o-Velho, em Lisboa. 20 de junho. Lisboa - Instituto Superior deEconomia e Gestão (ISEG) - OInstituto Superior de Economia eGestão (ISEG) em Lisboa vaiministrar, de 20 a 24 de junho, umaformação avançada de gestão deorganizações religiosas. . Vaticano, 10h00 - O PapaFrancisco preside à celebração doconsistório para a canonização decinco novos beatos

. Casa Diocesana de Vilar – Porto, 15h00 - A Diocese do Porto vai promover o primeiroencontro de “cuidadores”, iniciativa inserida no Jubileu da Misericórdia, com o tema

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encontro de “cuidadores”, iniciativa inserida no Jubileu da Misericórdia, com o tema‘Felizes os misericordiosos - cuidar dos que cuidam’.. Lisboa - Igreja do Colégio S. João de Brito, 15h30 - Concerto de verão do Coro deSanto Inácio com o organista Artur Caldas.. Lisboa - Igreja de Santos-o-Velho, 16h00 - Sessão do Festival «SacroSanctus» paraajudar a restaurar o órgão de tubos da Igreja de Santos-o-Velho, em Lisboa. 20 de junho. Lisboa - Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) - O Instituto Superior deEconomia e Gestão (ISEG) em Lisboa vai ministrar, de 20 a 24 de junho, uma formaçãoavançada de gestão de organizações religiosas. . Vaticano, 10h00 - O Papa Francisco preside à celebração do consistório para acanonização de cinco novos beatos

17 junho, 21h30 Setúbal, Capela de Nossa Senhora dos AnjosA menos de 40 dias para o início da JMJ oSecretariado da Pastoral Juvenil de Setúbal dinamiza aúltima sessão ‘Rezar com Arte’ com o tema ‘Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa dajustiça, porque deles é o reino dos céus’. 18 de junho de 2016, 21h30A Sé do Porto recebe o concerto de São João, com oorganista Tiago Ferreira, a menos de uma semana dacidade viver a sua maior noite do ano, a véspera doSão João.A sul, a Sé de Beja acolhe o concerto deencerramento da 12.ª edição do Festival Terras SemSombra. O ensemble vocal e instrumental de músicaantiga ‘La Grande Chapelle’ anima a ultima noitemusical do certame que alia património, música ebiodiversidade. 19 junho, 06h00O programa ECCLESIA na Antena 1 da radio públicaassinala o primeiro aniversário da Encíclica do PapaFrancisco ‘Laudato Sí’. Numa entrevista o professorFilipe Duarte Santos, físico português, comenta aspropostas do pontífice argentino, a receção aodocumento da “ecologia integral” e a aproveitar anatureza. 24 a 26 de junho, 21h30 - Fátima - Valinhos e aAljustrel‘A Luz do Anjo’, o Santuário de Fátima promove umaexperiência multimédia - video mapping - que assinalaos 100 anos das aparições do Anjo aos trêspastorinhos videntes.

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h00Transmissão damissa dominical

10h30 - Oitavo Dia 11h00 -Transmissão missa

Domingo: 10h00 - ODia do Senhor; 11h00- Eucaristia; 23h30 -Ventos e Marés;segunda a sexta-feira:6h57 - Sementes dereflexão; 7h55 -Oração daManhã; 12h00 -Angelus; 18h30 -Terço; 23h57-Meditando; sábado:23h30 - TerraPrometida.

RTP2, 13h30Domingo, 19 de junho -Myanmar - Um projeto dacampanha "Seja aMisericórdia de Deus" Segunda-feira, dia 20 - Entrevista a Catarina MartinsBettencourt sobre a campanha "Seja a Misericórdia deDeus" Terça-feira, dia 21-Informação e entrevista aPedro Vaz Patto, presidenteda Comissão Nacional Justiçae Paz Quarta-feira, dia 22 dejunho - Informação e entrevista a Américo Pereira,autor do livro "Ética e Teologia" Quinta-feira, dia 23 - Informação e entrevista ao freiFernando Ventura, sobre o São João Sexta-feira, dia 24 - Análise à liturgia de domingopelo padre João Lourenço e Juan Ambrosio. Antena 1Domingo, dia 19 de junho - 06h00 - Um ano depoisda enciclica 'Laudato Si' Segunda a sexta-feira, 19 a 24 de junho - 22h45 -O São João, o santo popular e os seus festejos.

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Ano C – 12.º Domingo do TempoComum E vós, quemdizeis que Eusou?

O Evangelho deste 12.º domingo do tempo comumconfronta-nos com a pergunta de Jesus: «E vós, quemdizeis que Eu sou?» Paralelamente, apresenta ocaminho messiânico de Jesus, não como um caminhode glória e de triunfos humanos, mas como umcaminho de amor e de cruz. Conhecer Jesus é aderir aEle e segui-l’O nesse caminho de entrega, de doação,de amor total.É nesta tonalidade que devem ser escutadas asoutras leituras. A Profecia de Zacarias apresenta-nosum misterioso profeta trespassado, cuja entregatrouxe conversão e purificação para os seusconcidadãos. Revela que o caminho da entrega não éum caminho de fracasso, mas um caminho que geravida nova para nós e para os outros. A Carta aosGálatas insiste que o cristão deve revestir-se deJesus, renunciar ao egoísmo e ao orgulho e percorrero caminho do amor e do dom da vida. Esse caminhofaz dos crentes uma única família de irmãos, iguais emdignidade e herdeiros da vida em plenitude.Centremos o nosso olhar no Evangelho, que define aexistência cristã como um tomar a cruz do amor, dadoação, da entrega aos irmãos. Supõe uma existênciavivida na simplicidade, no serviço humilde, nagenerosidade, no esquecimento de si para se fazerdom aos outros. É esse o caminho que eu devopercorrer, para ser fiel ao seguimento de Cristo.«Quem dizem as multidões que Eu sou?» É a primeirapergunta de Jesus. «E vós, quem dizeis que Eu sou?»É a segunda pergunta a comprometer tudo o quesomos e fazemos.Quem é Jesus, para nós? É alguém que conhecemosdas fórmulas do catecismo ou dos livros de teologia,sobre quem sabemos dizer coisas que aprendemosnos livros?

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Ou é alguém que está no centro danossa existência, cuja vida circulaem nós e nos transforma, com quemdialogamos, com quem nosidentificamos e a quem amamos?Só na oração de encontro confiantecom Deus podemos perceber a suavontade e encontrar o caminho doamor e do dom da vida. Nosmomentos das decisões importantesda nossa vida, precisamos dedialogar com Deus e de escutar oque Ele tem para nos dizer.Jesus continua a questionar-nos.Que dizemos nós d’Ele, diante deDeus, no mais secreto do nossoser? Que dizemos nós d’Ele, emfamília,

aos filhos, aos amigos, aos irmãos? Quando a ocasião se apresenta, nonosso trabalho, nas nossas relaçõessociais e em tantos espaçoshabitados da sociedade, ousamosanunciar claramente quem somosou temos receio de dizer que somosde Cristo?Que este Ano Santo da Misericórdiacontinue a ser um tempo preciosopara renovar os nossos encontroscom Jesus Cristo, homem admirávele Deus adorável, e com os irmãos.Sempre no amor e na misericórdiade Deus!

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.org

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Papa denuncia tentativas de criar«reservas» para pessoas comdeficiência

O Papa denunciou no Vaticano astentativas de isolar as pessoas comdeficiência em “reservas” feitas deum “compassivo assistencialismo”,durante o Jubileu dos Doentes ePessoas com Deficiência, integradono Ano da Misericórdia.Na homilia da Missa que assinalou oevento, no último domingo,Francisco salientou que o mundonão se tornaria melhor se contasseapenas com pessoasaparentemente “perfeitas”.O Papa argentino defendeu aindaque na atualidade, o “cuidado docorpo tornou-se um mitogeneralizado e consequentementeum negócio”, onde o que éimperfeito “deve ser ocultado,porque atenta contra a felicidade ea serenidade dos privilegiados epõe em crise o modelo dominante”.

“É melhor manter tais pessoassegregadas em qualquer ‘recinto’– eventualmente dourado – ou em‘reservas’ criadas por umcompassivo assistencialismo, paranão estorvar o ritmo dum bem-estarfalso”, acusou Francisco,denunciando quem sustenta que “émelhor desembaraçar-se o maisrapidamente possível de taispessoas, porque se tornam umencargo financeiro insuportável emtempos de crise”.Milhares de mulheres e homensmarcados pela fragilidade física,partilharam histórias de vida,comunicadas em diferenteslinguagens, músicas e encenações,a que se seguiu a Missa e a oraçãomariana do ângelus, presididos peloPapa.

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Circo no Vaticanoassinalou o Ano da MisericórdiaO Papa destacou no Vaticano amissão dos profissionais do mundodo circo, das feiras e espetáculositinerantes, em “enriquecer asociedade” através da sua alegria,do seu empenho e audácia.Numa audiência que teve lugar estaquinta-feira, com cerca de 6 milprofissionais do setor, integrada noJubileu da Misericórdia, Franciscoclassificou os presentes como“artesãos da festa, da maravilha edo belo”.Lembrou ainda que os artistas “têmum recurso especial, de com a suacontínua itinerância levarem a todoso amor de Deus, o seu abraço e asua misericórdia, de seremcomunidade cristã itinerante,testemunhas de Cristo que estásempre a caminho ao encontro dequem está mais longe”.A iniciativa decorreu na Sala PauloVI,

no contexto do Ano Santoda Misericórdia que a Igreja Católicatem vindo a promover.Durante o Ano Santo, osespetáculos têm sido abertos egratuitos para todas as pessoasmais necessitadas, para os pobres esem-abrigo, para os presos e jovenscom deficiência.Agradecendo a todos osprofissionais por este gesto,Francisco lembrou que esta atitude“também é misericórdia”.“Semear a beleza e a alegria nummundo tantas vezes sombrio e triste.Muito obrigado a todos”,complementou.No encontro estiveram artistas dosvários continentes, que tiveramoportunidade de atuar para o Papae inclusivamente desafiá-lo a darfestas num tigre e a dar colo a umacria de pantera.

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O doce sabor da JMJ Cracóvia’16

“Deus é como o açúcar! Não se vê,dissolve-se… mas sente-se. Adoçae alegra a vida”, destaca o diretordo Departamento Nacional daPastoral Juvenil (DNPJ), o padreEduardo Novo, sobre a coleção depacotes de açúcar dedicados àJornada Mundial da Juventude (JMJ)2016.“O café preferido dos portugueses”,um dos slogans da Delta Cafés,associou-se ao DNPJ rumo àpróxima edição da JMJ e preparouuma série temática de pacotes deaçúcar que está a ajudar todos osportugueses, de norte a sul semesquecer os

arquipélagos da Madeira e Açores, afazer um caminho de formação,informação e sensibilização rumo àperegrinação mundial de jovens emCracóvia, na Polónia.Nas últimas semanas queantecedem o grande encontro entreos jovens com o Papa Francisco, dePortugal estão mais de sete milinscritos a marca de café nacionalcolocou no mercado uma coleção de12 pacotes de açúcar temáticos.O açúcar da Delta Cafés éembalado em Campo Maior, ondefinalizam

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“milhares de unidades todos osdias”, e agora adoça o café, opingo, o carioca, o abatanado e/ouo galão com informações simples econcretas como : A JMJ; os símbolosJMJ;

o logótipo dos diversos encontros;tema JMJ 2016; patronos; CampusMisericórdia e Santuário da DivinaMisericórdia.

O Departamento Nacional da Pastoral Juvenil e os secretariados diocesanosvão reunir este sábado entre as 09h40 e as 13h00, na Casa São Nuno, emFátima. Da agenda destaca-se a Jornada Mundial da Juventude 2016 ediversas iniciativas em Portugal.

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O exemplo de fé dos Chin em plena selva, na Birmânia

O padre da florestaEm Myanmar, antiga Birmânia, oscristãos são uma imensa minoria econfundem-se com os mais pobresdos pobres, os mais discriminados,os que têm menos direitos. Os quevivem na selva. Como os Chin, quetodos os dias ensinam ao padreJohn que as orações também sedizem nos sacrifícios, nasdificuldades e sofrimentos do dia-a-dia.Birmânia. Paróquia de Tanzang, emplena floresta junto à Índia. A vidanão é fácil para a população local,muito pobre. O Padre John Om Seprocura aliviar sofrimentos,promover algum bem-estar. Apopulação local, os Chin, como sãoconhecidos, fazem parte de umadas minorias mais desprotegidas emtoda o país. Os cristãos Chin sabembem o que é viver na margem dasociedade. Ser-se cristão emMyanmar, a antiga Birmânia, épertencer-se a uma minoria. Numpaís em que se confunde o Budismocom o próprio Estado, é muito difícillidar com situações de extremismo.Este é um problema que afecta acomunidade cristã. “As pessoasaqui são muito pobres – explica o

Padre John Om Se. Cultivamos asnossas quintas e se o tempo émau… acabou-se. Sobreviver ébastante difícil.” A região Chin, quebaptizou as populações locais com oseu nome, alberga algumas dascomunidades cristãs da Birmânia.A região é composta por montanhasacidentadas, por vezes com florestadensa. Diz o Padre John: “Acomunicação e o transporte sãomuito difíceis. Na estação daschuvas, não conseguimos ir até àsaldeias”. Dizer aldeias pode serpretensioso. Às vezes, são apenascasas isoladas. Umas aqui, outrasacolá. Caminhos difíceisNo início, a única forma de o PadreJohn se deslocar de aldeia emaldeia era a pé, em trilhos difíceis,sinuosos. Por vezes, ia a cavalo.Agora, tem uma mota, com a ajudada Fundação AIS. Mas, mesmoassim, a natureza é demasiadocaprichosa. “Mesmo com a mota,não se consegue viajar durante aestação das chuvas. Osdeslizamentos de terra destroem

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os caminhos…” Quando oscaminhos se revelam intransitáveis,o isolamento é total. “Não hátelemóveis, não há rede. Se houveruma emergência, temos de enviaruma pessoa.” Apesar dasdificuldades, o Padre Johy nuncadesistiu da sua missão junto dosmais pobres. “Temos de associar aoração às obras de caridade e,assim, experimentar a presença deDeus em nós, a fim de nossentirmos tocados e ajudar osoutros: os órfãos, as viúvas e osviúvos. Temos de cuidar deles”, diz,acrescentando: “Eles fazem parte

da nossa vida”. “Na verdade,quando rezamos por eles e elesrezam por nós – com os seussacrifícios, oferecendo as suasdificuldades e sofrimentos a Deus…de alguma forma também nosajudam. Ajudam-me a ser umsacerdote cheio de vida, de fé e afazer o bem aos outros.” Lá longe,no meio das florestas da Birmânia,os cristãos continuam a ensinar queas orações também se dizem nossacrifícios, nas dificuldades esofrimentos do dia-a-dia.

Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt

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Refugiados e Escravos: que relação?

Tony Neves Espiritano

Parece uma relação forçada, mas a verdade éque muitas pessoas que fogem a criseshumanitárias acabam por ser escravizadas nasterras onde vão parar.A Walk Free Foudation, no Índice Global daEscravatura, publicado a 31 de maio, apontapara números que assustam e beliscam aconsciência da humanidade: afirma que há nomundo 45,8 milhões de pessoas vítimas daescravatura! As principais formas de escravidãoestão identificadas: redes de tráficohumano, trabalho forçado, servidão por dívidas,casamento forçado ou exploração sexual.Segundo este Relatório, as empresas estão nalinha da frente no que diz respeito à culpa pelaprática de boa parte das escravaturas modernas.Por isso, há que investir num controlo maisrigoroso acerca das formas como se contratam etratam os trabalhadores.Os organizadores deste Índice encontraramsinais evidentes de escravatura em váriasindústrias. Citam expressamente os casos depescarias na Tailândia, plantações de algodãono Uzbequistão e Turquestão, bem comoempresas de construção civil no Qatar. Foi aindaidentificada a existência de trabalhadoresdomésticos de diplomatas, em zonas controladaspelo autoproclamado Estado Islâmico e em zonasafectadas por desastres naturais, como o Nepalou a República Democrática do Congo. A Índia ea Coreia do Norte lideram o triste ranking dosque mais escravizam ou menos fazem paracombater a escravatura humana.

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Mas entre os responsáveis máximosda escravatura hoje, estão tambémas guerras e as migrações forçadas,ou melhor, aqueles que asprovocam e delas se aproveitam,escravizando as vítimas indefesas.A Europa, destino de boa parte demigrantes e refugiados, é acusadade escravizar mais de um milhão depessoas, através de trabalhosforçados e exploração sexual.A Organização Internacional doTrabalho também denuncia aexploração de alguns dos imigrantes/refugiados da bacia domediterrâneo. No seu RelatórioAnual, afirma que as vagasmigratórias aumentaram

imenso a vulnerabilidade àescravatura moderna.Combater a escravatura implica doistipos de medidas: aplicar sançõesmuito duras aos esclavagistas ediminuir os índices de pobrezaextrema que potenciam o trabalhoforçado e a criação de redes detráfico humano.Nelson Mandela aponta o palmilhardo ‘longo caminho para a liberdade’como uma exigência de futuro dahumanidade. Combater todas asformas de escravidão humana é darum passo decisivo para que omundo seja terra de fraternidade.

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