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VIOLÊNCIA NO CONTEXTO ESCOLAR: entre práticas e representações
AUTORA: Cenira de Moura Henriques SchmikaORIENTADORA: Drª Valéria Floriano Machado
RESUMO:
Este artigo tem por finalidade fazer um levantamento das representações sociais da violência que ocorrem dentro da escola e que prejudicam o relacionamento no contexto escolar. As práticas sociais da violência geram conflitos e a escola tem procurado meios de minimizar as ocorrências, com ações efetivas direcionadas para esse problema. Neste estudo é abordada exatamente a questão das representações sociais de violência dos alunos, buscando observar como a escola, juntamente com a família, poderia agir na resolução de problemas de violência escolar. Buscou-se neste estudo subsídios para trabalhar essa questão, pois a maior parte dos sujeitos da ação educativa, não sabem, exatamente, até que ponto uma ação pode ser considerada violência e, portanto, não entendem o que é a sua contrapartida. O estudo teve como base uma pesquisa de campo, realizada por meio de entrevista e questionário, cujos dados foram utilizados para nortear o desenvolvimento de ações que colaborassem para uma cultura de não violência na escola
Palavras- chave: violência, representações, práticas sociais, sujeitos
INTRODUÇÃO
Com o aumento da violência e falta de respeito entre os próprios alunos e
dos mesmos em relação aos funcionários no ambiente escolar ou, com a constante
ameaça de ações que possam colocar em risco a integridade física e moral dos
alunos, a escola não está encontrando em si mesma garantias de propiciar um
ambiente adequado à aprendizagem. Também não está conseguindo cumprir com
sua função que é, repassar os conteúdos necessários à aprendizagem, não estando
aptos a resolver sozinha, problemas que fogem à sua competência desde que a
escola é parte integrante de uma sociedade que interfere na formação do indivíduo.
Compete a essa mesma sociedade contribuir para a solução dos problemas de
violência que tem dificultado a inter-relação escola/aluno.
As representações de violência, que estão intrínsecas na formação do aluno,
com diversidades de origens, valores e culturas, trazem diferenças que deverão ser
trabalhadas pela escola, que tem a tendência de massificar o
conteúdo/aprendizagem.
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O tema Violência no Contexto Escolar, abordado nesse artigo, tem
preocupado de modo geral todas as instâncias governamentais e não
governamentais, visto que os problemas causados pela mesma estão fugindo ao
controle e sendo direcionados à um colapso social.
Essas manifestações violentas possivelmente são utilizadas como meio de
demonstrar a insatisfação social que, por si mesma, chama a atenção para a
necessidade de mudanças que contemplem todas as camadas sociais. A
massificação do conhecimento não atende as demandas das diferentes culturas que
compõem o ambiente escolar, que configuram em um sistema arcaico e
desconectado da realidade social.
Analisando a pesquisa feita com alunos do Ensino Fundamental e Médio, do
Colégio Estadual Drº Décio Dossi, do Município de Fazenda Rio Grande Região
Metropolitana de Curitiba verificou-se, as Representações Sociais de Violência que
configuram as práticas sociais, que interferem no comportamento escolar,
prejudicando a relação aluno/aluno e professor/aluno e na aquisição de
conhecimento.
Essa abordagem busca alternativas junto aos alunos e comunidade escolar,
que possam minimizar as práticas violentas no âmbito da escola assim colaborando
para uma educação de qualidade e um enfrentamento a essa problemática com
ações que possam minimizar o quadro de violência.
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS: uma construção de conceitos
Entende-se por representações sociais, segundo definição apresentada por
Jodelet (1985), aquelas modalidades de conhecimento orientadas para a
comunicação e para a compreensão do contexto social, material e ideal em que
vivemos. São conseqüentemente, as formas do desconhecimento que se
manifestam como elementos de caráter cognitivos — imagens, conceitos,
categorias,teorias, mas que não se reduzem jamais aos componentes cognitivos.
Sendo socialmente elaboradas e compartilhadas, contribuem para a
construção de uma realidade comum, que possibilita a comunicação.
Moscovici (1978, p.11) as representações sociais é “uma modalidade de
conhecimento particular que tem por função a elaboração de comportamentos e a
comunicação entre os indivíduos”.
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Para entender as representações sociais de violência é fundamental termos
claro o que se entende por violência. Neste sentido, neste artigo, apresentamos um
breve levantamento a cerca da bibliografia cujos autores problematizam esta
questão e num segundo momento buscamos analisar as representações sociais de
violência tendo como referencial teórico Moscovici.
Para Abramovay (2005):
Apresentar um conceito de violência requer uma certa cautela, isso porque ela é, inegavelmente, algo dinâmico e mutável. Suas representações, suas dimensões e seus significados passam por adaptações à medida que as sociedades se transformam. A dependência do momento histórico, da localidade, do contexto cultural e de uma série de outros fatores lhe atribui um caráter de dinamismo próprio dos fenômenos sociais (p. 53).
De acordo com o Dicionário Aurélio, de maneira geral pode-se dizer que
violência é o uso de palavras ou ações que ofendem as pessoas. É violência,
também, o uso abusivo ou injusto do poder, assim como o uso da força que resulta
em ferimento, sofrimento ou morte.
De acordo com o Novo Dicionário Aurélio Século XXI (2011), a palavra
violência vem do Latim violentia1 Qualidade do violento, 2 ato violento, 3 ato de
violentar, 4Jur. Constrangimento físico ou moral; uso da força; coação.
Já segundo o Dicionário Houaiss (2009): “Não existe uma definição
consensual ou incontroversa de violência. O termo é potente demais para que isso
seja possível”.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) a violência é
definida como: “a imposição de um grau significativo de dor e sofrimento evitáveis”
(SOUZA, 2010). Podem ser de varias modalidades seja por agressões físicas ou por
palavras ofensivas.
A Organização Mundial de Saúde (2002) também refere-se à violência
como:
(...) uso intencional de força física ou poder, em forma de ameaça ou praticada, contra si mesmo, contra outra pessoa, ou contra um grupo ou comunidade, que resulta ou tem uma grande possibilidade de ocasionar ferimentos, morte, conseqüências psicológicas negativas, mau desenvolvimento ou privação (p. 5).
E tratando de violência principalmente no contexto escolar pode-se dizer que
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os jovens estão tendo muitas etapas queimadas, sendo responsabilizados por algo
que não estão preparados para realizar. Muitas vezes enfrentam problemas
familiares, dificuldades de interação com os colegas entre outros. Levam para a
escola as suas inquietações, onde não encontram respostas para seus problemas
agem de forma violenta para chamar a atenção que algo não vai bem. Muitos são
deixados de lado para que resolvam seus problemas por si mesmos sem qualquer
orientação. São cobrados de algo que nem conseguem entender e usam a violencia
como linguagem (OLIVEIRA e OLIVEIRA, s.d., p.67).
As reflexões sobre violência são mais profundas que poderíamos imaginar,
porque ela levanta as questões morais, crenças, de dos mais variados contextos.
Sendo assim, as representações sociais têm a ver com a visão dos diferentes
atores ou sujeitos que constroem e têm o poder de transformar a sociedade. O que
não pode é ser tratada como algo normal ou natural.
As práticas de violência vêm desde a antiguidade no comportamento da
humanidade. Fala-se em civilização, mas na realidade a violência tomou muitas
formas no decorrer do tempo com as mudanças sociais. Foram tomados alguns
cuidados para minimizá-la, mas temos visto na sociedade atual que isso não foi
possível.
Erradicar a violência é impossível, desde que ela está presente até nas
formas de governo como instrumento de dominação e controle. Segundo Foucault
(2004, p. 42), “Um suplício bem sucedido justifica na medida em que publica a
verdade do crime no próprio corpo do supliciado”.
A violência é tão poderosa que se mascara e muitas vezes passa até
despercebida e está presente até nas melhores das intenções, usada como
justificativa ou método. Ela está separada da disciplina e da correção por uma tênue
linha que é ultrapassada sem que se perceba ou intencionalmente também.
No campo da espiritualidade existe o antagonismo entre o bem e o mal,
usada ora para o bem ora para o mal, supõe-se que ela é benéfica em alguns casos.
“No campo político ela é usada pelo bem comum conforme a situação, aí a
discussão parte pra outros rumos” (FOUCAULT, 2004, p. 42).
A discussão é muito ampla muitos querem explicar a violência. O que se
sabe, é que a violência gera vítimas, descontroles, ceifa vidas, mas ao ver histórico
é, somente “uma ponta do iceberg”. O “olho por olho dente por dente”, para muitas
pessoas, é considerado como violência extrema.
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É preciso analisar a “linguagem” da violência e estarmos atentos ao que ela
está nos dizendo, qual é o caminho que ela própria aponta para as possíveis
transformações.
De acordo com Foucault (2004):
Vemos na Historia, que, medidas autoritarias e punições físicas não resolveram as quetões da criminalidade, passou-se das punições por representação em presídios com o objetivo de correção e recuperação e daí partiu-se para um controle de toda a população em repartições públicas como: escolas, hospitais, igrejas, exércitos, etc. Dessa forma a escola não poderia ser vista apenas como meio de controle mas sim um lugar de formação genuina dos estudantes. Lugares determinados se definem para satisfazer não só a necessidade de vigiar, de romper as comunicações perigosas mas também de criar um espaço útil (FOUCAULT, 2004, p. 123).
Enquanto a escola for tratada apenas como meio de controle não dando a
devida atenção às potencialidades dos alunos como seres pensantes, criadores e
co/participantes na construção da sociedade, não se dá conta de uma formação
genuína. A falta de oportunidades de modo igualitário tem acarretado na formação
de jovens rebeldes que não querem colaborar com o sistema. O apoio à família é
primordial, por ser a célula má ter da sociedade, é na família que se recebe a base
para a formação de cidadãos. Nesse projeto foi possível perceber que os alunos
estão dispostos a colaborar com uma sociedade melhor, que tem anseios por uma
sociedade livre da violência, onde possam exercer seus deveres e direitos mas, com
justiça.
Sobre a violência na escola, é a sala de aula o lugar onde se tece uma
complexa rede de relações. Mas na medida em que o professor não consegue
perceber essa teia, ele concentra os conflitos ou na sua pessoa, ou em alguns
alunos, não os deslocando, portanto, para o coletivo. Como não há reversibilidade
de posições, forma-se uma rígida divisão entre aquele que sabe e impõe e aquele
que obedece e se revolta. Dessa forma, cada um passa a ser movido por uma
ordem, por uma obrigação que é imposta e não incorporada (ESTRELA, 1992, p.65).
O professor imagina que a garantia do seu lugar se dá pela manutenção da
ordem, mas a diversidade dos elementos que compõem a sala de aula impede a
tranqüilidade da permanência neste lugar. Ao mesmo tempo que a ordem é
necessária, o professor desempenha um papel violento e ambíguo, pois se, de um
lado, ele tem a função de estabelecer os limites da realidade, das obrigações e das
normas, de outro, ele desencadeia novos dispositivos para que o aluno, ao se
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diferenciar dele, tenha autonomia sobre o seu próprio aprendizado e sobre sua
própria vida (ESTRELA, 1992, p.65).
Na sua ambigüidade, a violência escolar não expressa apenas ódio, raiva,
vingança, mas também uma forma de interromper as pretensões do controle
homogeneizador imposto pela escola. Tanto nas brigas (envolvendo alunos,
professores e diretores) como nas brincadeiras, existe uma duplicidade que, ao
garantir a expressão de forças heterogêneas, assegura a coesão dos alunos, pois
eles passam a partilhar de emoções que fundam o sentimento da vida coletiva
(TIBA, 1996, p.32).
Com relação à participação da família na construção da violência, pode-se
dizer que é a interação de seus membros, através dos sentimentos de uns pelos
outros, pela maneira como se relacionam no cotidiano, pelos seus próprios ideais e
do grupo no qual estão inseridos, que podem definir o comportamento da criança ou
adolescente quando sai de sua casa e vai para a escola.
É interessante observar a definição de família dada por Bettelheim (apud
VALENTE, 1995, p.47), “a família mais feliz é aquela em que cada membro, dada a
sua idade e nível de maturidade, agem com consideração e respeito em relação à
natureza individual e específica de todos os outros”. Ou seja, o inverso, a família
infeliz, pode ser a causa de reações violentas por parte de seus membros, como a
ponta Bassedas (1996): Quando a família é desunida com limites rígidos e pouco
permeáveis ou mesmo unida com limites pouco definidos ou difusos, geram
dificuldades de comunicação entre os membros.
Segundo Shorter (Apud PRADO, 1981, p. 27):
A família contemporânea caminha para o desconhecido e sem rumo, pode orientar-se em três direções: ruptura das relações que unem antigas gerações às mais novas, maior instabilidade dos jovens casais que se reflete no aumento vertical da curva de divórcios; a destruição sistemática, através da liberação da mulher, do conceito 'lar/ninho' em torno do qual foi construída a família nuclear.
As mudanças ocorridas na formação das família, além de resistência e
conflitos no sistema familiar geram sintomas, que é considerado por Volnovich
(1991), como aquilo que emerge como mensagem de uma situação conflitiva, mas
que não podendo ser dita, não atingindo seu pleno sentido na linguagem, por isso
elas devem acontecer de uma forma gradual, para que haja um impacto e sim, uma
incorporação na estrutura já existente. Todas as famílias têm dificuldades e
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problemas, algumas resolvem seus problemas dentro do próprio sistema, sem fazer-
se necessário à intervenção de pessoas de fora do sistema, outras precisam de
ajuda.
Essas pessoas que procuram ajuda, conseguem, através da intervenção de
pessoas de fora do sistema, uma visão melhor do funcionamento do próprio sistema,
podendo assim, analisar com maior clareza os problemas e criando novos elos de
mudança e desenvolvimento. Dentro de uma análise familiar, faz-se necessário
também o histórico familiar, o qual contribui para a identidade atual da família, bem
como para a identidade de cada um de seus membros independentes do sistema.
Durkheim foi o primeiro autor a usar - nas ciências sociais - o termo de
representações: são percepções, sensações, imagens localizadas na consciencia
de cada indivíduo”a vida social é toda ela feita de representações” e que a ideia que
se faz das práticas coletivas, do que constituem, ou do que devem ser, representa
um dos fatores do seu desenvolvimento” ( DURKHEIM, 1971, p.17).
Ja Moscovici, aponta para o fato das Representações Sociais serem um
“fenômeno” “antes de um conceito” e que deve ser teorizado e que se deve incluir
conceitos psicológicos conciliando a psicologia social com a sociologia centrada no
conceito de representação.
As representações refletem a heterogeneidade da sociedade que geram
diferentes representações e que podem surgir num ponto de conflito. Elas são
construídas coletivamente, principalmente com a modernidade.
A relação das representações e comunicação pode ser o aspecto mais
controverso da Teoria de Moscovici, elas podem mudar devido a consistência na
comunicação, gerando novas representações sociais através de uma mudança de
estruturas anteriores.
Nem sempre se pensa comportamento de maneira crítica, simplesmente são
adquiridos como algo familiar e comum. Essas representações interferem numa
visão de mundo e são determinantes quando se tornam estáticas e a sociedade a
reproduz. Ela tem o poder de transformar a idéia em objeto, mensurável, palpável e,
portanto passível de controle.
As representações são rotuladas e ao avaliarmos e classificarmos, quando
se dá nomes a elas, julgando, a partir de um protótipo, porque não se tem o poder
de conhecer realmente um indivíduo. A partir dessa análise particular que se define
o que é aceitação ou rejeição. Classifica-se coletivamente.
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A partir das representações intrínsecas nos indivíduos, as quais foram
internalizadas de forma coletiva, se transformam em práticas sociais de igual modo
construídas, de forma coletiva e, portanto, a responsabilidade não é do indivíduo.
Quanto a essas ações devem ser repensadas e direcionadas para não se tornarem
uma simples reprodução de ideologias incutidas de forma intencional para cumprir
um fim não democrático.
A cultura é um exemplo de construção coletiva, que demonstra questões
morais, crenças, costumes, contextos, etc. A cultura leva a transformar palavras em
realidade. A linguagem torna possível, personificar, objetivar a cultura. ”As palavras
não só representam coisas, mas as criam e as investem com suas próprias
características” (MOSCOVICI, 2011, p. 77).
A sociedade é formada por diversidades e a teoria das Representações
Sociais quer entender como os seres podem construir um mundo estável através
destas diversidades. As Representações Sociais tornam compatíveis as idéias com
as ações. Nós julgamos porque não nos perguntamos sobre a razão que leva uma
pessoa a se comportar desta ou daquela forma sempre achamos qual a causa que
levou a um comportamento, e com uma intenção.
São as representações sociais que estabelecem atribuições tanto ao
particular quanto ao coletivo. Depende do olhar de quem julga. Por meio de
conversações as pessoas se interagem e vão construindo ações. A palavra deixa de
ser abstrata e se torna realidade.
Quanto mais as pessoas conversam, barreiras são derrubadas em busca de
um argumento comum que possa levar a um consenso necessário para a
compreensão da realidade e para novas investigações. A escola deveria criar
ambientes de discussão dos problemas que mais incomodam com a participação
dos estudantes que podem contribuir de forma colaborativa para o enfrentamento
dos mesmos.
O fenômeno das representações não pode ser ignorado. Elas levam a
sociedade a se comunicar, define e molda a realidade condicionando o
comportamento em relação a essa realidade. Segundo Moscovici (2011):
As Representações Sociais determinam tanto o estímulo como a resposta e constitui um meio de promover as interações grupais como, por exemplo, novas representações internas, que herdamos da sociedade ou que nós mesmos fabricamos, podem mudar nossa atitude em relação a algo fora de nós mesmos (MOSCOVICI, 2011, p. 102).
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Experiências demonstraram que a redução na ameaça e o aumento na
comunicação durante um conflito, podem estimular a cooperação para mudanças
em um sistema. Outro destacou que a exibição de força era preciso para facilitar a
resolução do conflito, ambas uma reflexão de duas opções políticas dominantes.
Os grupos não são indagados de como podem produzir a sua própria
atividade. Em como podem criar, independente do ambiente que os circundam, o
seu próprio ambiente. A resistência à mudança é inerente tanto ao “receptor” quanto
ao “iniciador”. A alternativa competição versus cooperação é irrealística.
À sociedade é essencial dar liberdade como condição necessária para um
verdadeiro diálogo, e analisar objetivamente vários aspectos de um problema e
considerar os vários pontos de vista, isso sim conduziria a respostas diferentes
destas que temos presenciado. As representações continuadas poderiam
transformar a conduta humana na sociedade em que vivemos.
Com base em experimentos em escolhas de risco concluiu-se que alguns
grupos tendem mais para as soluções de risco do que os indivíduos. Já outros
ousam mais em correr risco porque diminui a responsabilidade, os indivíduos correm
mais riscos depois da interação social, o estudo de mudança de risco de maneira
isolada perde totalmente seu interesse.
Ainda citando Moscovici (2011, p. 45), ao exortar os estudantes a produzir
novos dados, se reproduz as pressões das instituições acadêmicas e econômicas,
ao passo que os esforços deveriam, ao invés disso, ser dirigidos para ajudá-los a
educarem a si mesmos.
Sendo assim, os estudantes devem ser estimulados a pensarem sua
realidade. Em como podem redefinir os conceitos para tornarem práticas sociais, a
eles não se pode impor o que foi construído de forma estática, sem dar-lhes a
chance de criarem a sua própria maneira de construção, a seu ver, em uma
sociedade ideal.
O propósito da Psicologia Social é explicar os fenômenos sociais e culturais
e engajarmos numa crítica social para estudo da vida cotidiana e as relações entre
indivíduos e destes com o grupo. Essa ciência foi tornada “ciência do
comportamento” reduzindo o seu campo de atuação. Mesmo como “ciência do
comportamento” leva-nos aos estudos com a finalidade de descobrir em como os
estímulos sociais afetam o julgamento, percepção e formação de atitudes.
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A comunicação de massa deve ser investigada, mas, ela não é determinante
no comportamento social, são meios secundários na rede de comunicação. A
pessoa é uma unidade biológica que deve ser transformada em uma unidade social,
a sociedade é um dado “imutável” onde o individuo deve se adaptar. Ele deixa de
ser indivíduo quando é absorvido por essa sociedade que se torna mediadora das
necessidades individuais.
A Psicologia Social não está interessada em explicar as transformações que
se dão dentro da sociedade mas com as transformações do biológico para o social.
O meio ambiente não explica nada, pois é por nós construídos e limitados por nós.
“Ideologias são seus produtos, a comunicação é seu meio de intercâmbio e
consumo e linguagem é sua moeda” (MOSCOVICI, 2011, p. 160)
As crianças e adolescentes dos dias atuais, relativamente àquelas de outros
tempos, estão cada vez mais, confinadas às suas casas por opção ou força das
circunstâncias, cada vez mais em contato com os recursos da mídia (televisão,
computadores com internet) e cada vez mais privadas de um tipo de contato lúdico
com os pais que, em contrapartida e por razões diversas, dedicam cada vez mais
tempo ao trabalho. Assim todos ficam, pais e filhos, submetidos a constantes
tensões, como a de um trânsito cada dia mais complicado, e preocupações de
naturezas múltiplas, como aquela contra a violência urbana, por exemplo (TIBA,
1996, p.51).
A rua, antes lugar privilegiado de ampliação de contatos com o mundo torna-
se ameaça cada vez maior e muitas vezes é substituída ou mostrada através da tela
da televisão.
As escolas, que acolhem essas crianças e adolescentes, em boa parte do
dia, dada a competitividade sem limites própria de nossos tempos, convertem-se em
"pré-vestibulares" precoces, visando o sucesso futuro. O que acontece então?
A criança vive, no cotidiano de sua vida, sua vaidade e suas rivalidades com
colegas a partir daquilo que materialmente possui: o melhor e mais moderno e se
não possuem nada de valor para comparar, tendem a ganhar o seu espaço a força
(TIBA, 1996, p.51).
Assim, a sociedade é construída coletivamente e a partir da transformação
do indivíduo em ser social ele agirá de forma consciente da sua participação nesta
sociedade, e nela atuar de forma coletiva. A partir de sua conscientização de um ser
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social, ele agirá de forma a interferir na sociedade, não apenas reproduzir ações da
forma que foi herdado.
VIOLÊNCIA: PROBLEMAS IDENTIFICADOS
Os problemas identificados na escola foram as representações sociais de
violência relatadas pelos integrantes da comunidade escolar.Entre as mais citadas
foram brigas, morte, agressão, drogas, xingamentos, violência doméstica, roubo,
preconceitos, armas, álcool, entre outros. Em sala de aula, pátio, e ao entorno da
escola ondese percebe a falta de tolerância de alunos e professores.
No trabalho feito com alunos do ensino médio uma das questões levantadas
é o descrédito nas autoridades, e as julgam injustas, truculentas, e que não visam o
bem comum. Que agem sem critérios éticos. Que subestimam a inteligência e a
capacidade de discernimento dos adolescentes e jovens.
Muitos têm capacidades intelectuais para entender o sistema de
massificação na qual a escola está inseridae que muitas vezes de forma violenta
querem romper esse ciclo.
Essas manifestações violentas foram direcionadas para uma ação positiva e
integradora fazendo-os sentirem-se parte do contexto de forma ativa e
colaborativa.Muitos alunos na faixa etária de 14 aos 18 anos já trabalham e sabem
das dificuldades enfrentadas quando são muitas vezes tratados como marginais.
Querem oportunidades para ascensão social através de seus esforços em estudar e
trabalhar para suprir suas necessidades.Foi identificada a necessidade em realizar
mudanças para uma escola melhor.
Visando minimizar a questão da violência, os alunos realizaram palestras,
vídeos, compuseram músicas, grafitagem, folders nos quais abordaram o tema
violência e o envolvimento dos mesmos, como agentes possíveis de realizarem as
mudanças, a partir de reflexões e conscientização por parte dos próprios alunos.
As representações de violência adquiridas na formação do indivíduo são
construídas na inter/relação do indivíduo no contexto social construído
coletivamente.
Na entrevista realizada com estudantes, professores, funcionários, direção e
pais, foram classificados dentre os mais citados, os seguintes dados:
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Quadro 01 – Ações de violência
AÇÕES Briga Morte Agressa
o
Drogas Xingamento
s
Violência
doméstica
Roubo Alcoolismo Preconceito
s
Armas
Número
de
vezes
39 39 36 29 29 27 16 14 13 13
Essas representações foram internalizadas pelo indivíduo de forma coletiva,
desde quando várias pessoas têm a mesma noção de violência quanto às outras,
isso poderá orientar para uma tomada de atitudes de enfrentamento ao problema
que levará com certeza a mudanças significativas na sociedade. Não será em vão
essa tentativa, porque com base no estudo aqui desenvolvido, podemos sim ter
sucesso, e construir uma sociedade mais consciente de seu potencial como
geradora de conflito como também de superação dos problemas.
Se toda a sociedade for chamada a responsabilidade em sua participação
para uma sociedade melhor, poderemos ter mudanças no comportamento,
buscando valorizar as crenças, os valores para como embasamento para uma
conscientização. Esses valores poderão ser objetivados e serem transformados em
práticas sociais que trarão a devida mudança almejada por todos, possibilitando uma
postura de enfrentamento com fortes argumentos, bem alicerçados na construção
dessa própria sociedade.
Os próprios alunos se mobilizaram buscando: vídeos, palestras, músicas,
grafitagem, etc., com significados culturais que possibilitaram uma abordagem sobre
o tema e assim conscientizarem-se da necessidade de mudança e a capacidade que
os mesmos têm para promovê-las em seus próprios comportamentos, e
influenciarem os demais componentes da comunidade escolar.
Concluíram que, as diferenças devem ser trabalhadas de uma forma
consistente e metodológica e que a aquisição de conhecimentos não podem estar
desvinculados da realidade. Deverá haver um melhor comprometimento na
inter/relação professor/aluno e aluno/aluno.
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VIOLÈNCIA NO CONTEXTO ESCOLAR: entre práticas sociais e
representações
Os professores e professoras deparam-se com inúmeras dificuldades que
levam o aluno e a aluna à violência dentro da escola, desde dificuldades econômico-
financeiras até a própria falta de preparo para tratar dessa questão.
Mas o que se pode perceber é que violência não se encontra apenas
restrita ao âmbito da escola, mas sim a toda sociedade. Pois o que acontece
atualmente é um descaso total com as dificuldades que a educação enfrenta, desde
a situação econômica até a questão da valorização das escolas e dos professores.
Dia 12 de agosto de 2011, iniciou-se o trabalho com a apresentação do
projeto, com vídeos, na reunião pedagógica aos professores e equipe pedagógica.
Nesta oportunidade foi apresentado também o material didático. Essa atividade fez
com que os colegas ficassem interados do projeto e se colocassem a disposição
para que fosse efetivado da melhor forma possível. Acharam o assunto oportuno,
por ser de interesse de todos, as melhorias que poderão trazer na escola, portanto
mostraram-se receptivos ao projeto.
A partir do dia 16 de agosto foi apresentado o projeto e o material didático
em sala de aula, para os alunos do ensino fundamental e médio. No ensino médio
foi solicitado que os alunos interessados em participarem de um grupo para a
implementação do projeto se inscrevessem.
No dia 01 de setembro formou-se o grupo com 20 alunos sendo eles do
período matutino e noturno. Em uma reunião, os mesmos planejaram o que
poderiam realizar. Foi decidido fazer uma música e um vídeo. Em todas as
oportunidades o assunto foi abordado como, por exemplo: em comemoração a
semana da Pátria esse grupo confeccionou uma bandeira, usando tinta guache, no
mural da escola. Em lugar das estrelas que representam os estados brasileiros
colocaram figuras de pombinhas representando a PAZ.
Esta atividade envolvendo os jovens fez com que eles pudessem pensar em
uma forma de manifestação em grupo e despertar a atenção para o problema de
violência que não é local, mas um problema nacional e a escola como um veículo
onde se levanta as questões que devem ser pensadas coletivamente.
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FOTO 01 – Atividades prática realizadas
FOTO 02 - Atividades práticas realizadas
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Sempre que possível o assunto foi abordado, alternado aos conteúdos. Um
aluno do terceiro ano do ensino médio criou um desenho para ser grafitado no muro
do colégio, com o tema Paz. A grafitagem por sua vez é mais uma forma de
manifestação social, que usada de forma adequada pode surtir o efeito de
conscientização.
No dia 10 de novembro no período noturno, foi apresentado um videoclipe
da música Minha Alma (a paz que eu não quero )escolhida pelos alunos para assim
perceber qual é a real angústia dos mesmos a respeito da violência. Um aluno do 2º
ano do ensino médio, ministrou uma palestra destacando que o jovem trabalhador
muitas vezes é confundido com bandido, que o preconceito não dá o direito de ir e
vir a todos, de maneira igualitária, com segurança.
A palestra também ressaltou que a polícia é fruto de uma sociedade
violenta, que usa da mesma para impor o poder servindo como meio de controle,
para todo o aparelho governamental. Também mencionou que todos têm o poder de
mudar a sociedade, a partir da conscientização e a união. Falou da importância do
voto, e da participação dos alunos como cidadãos na construção de uma sociedade
mais justa e igualitária, contribuindo para a diminuição da violência. Nesta atividade
pôde ser percebido, que os alunos foram conscientizados que todos nós estamos
inseridos em um sistema que manipula as opiniões, de forma que somente uma
visão crítica do problema poderá romper com o estabelecido, gerando mudanças.
Foi apresentado um vídeo também produzido pelos alunos com base na
poesia A Escola , de Paulo Freire .
A Escola
Escola é...o lugar onde se faz amigosnão se trata só de prédios, salas, quadros,programas, horários, conceitos...Escola é, sobretudo, gente,gente que trabalha, que estuda,que se alegra, se conhece, se estima.O diretor é gente,O coordenador é gente, o professor é gente,o aluno é gente,cada funcionário é gente.E a escola será cada vez melhorna medida em que cada umse comporte como colega, amigo, irmão.Nada de ‘ilha cercada de gente por todos os lados’.
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Nada de conviver com as pessoas e depois descobrirque não tem amizade a ninguémnada de ser como o tijolo que forma a parede,indiferente, frio, só.Importante na escola não é só estudar, não é só trabalhar, é também criar laços de amizade,é criar ambiente de camaradagem,é conviver, é se ‘amarrar nela’!Ora , é lógico...numa escola assim vai ser fácilestudar, trabalhar, crescer,fazer amigos, educar-se,ser feliz.
Esta poesia chamou a atenção dos participantes das atividades do projeto,
para práticas de boa convivência e respeito, pois enfatiza o bom relacionamento na
construção de um ambiente onde todos podem participar da construção de uma
escola valorizada, contribuindo para um ensino de qualidade.
No dia 11 de novembro, nos turnos da manhã e tarde, a mesma palestra foi
ministrada a todos os alunos nas dependências do refeitório da escola. Primeiro as
turmas das 5ªs e 6ªs séries depois as 7ªs e 8ªs séries do ensino fundamental. Com o
diferencial da música de autoria do grupo de apoio e cantada por todos os alunos. A
música foi ensinada pelos alunos do 3º ano, autores da mesma.
Música: Paz e violência
Autores: Marcos, Wey e Jordhy
A violência não pode acontecer,
A atitude tem que vir de você,
temos que nos conscientizar,
colocar nossa cabeça no lugar.
Muitas brigas já aconteceram,
muitos amigos que já se perderam,
a violência veio dominar,
precisamos nos unir para isso mudar
Refrão
Precisamos mudar, o mundo ajudar.
Pra haver paz e felicidade em todo lugar.
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Só depende de nós,
de mim e de você,
vamos nos unir...
Para vencer!
A letra da música levanta a questão de que a responsabilidade não é de um
ou outro indivíduo e que as mudanças necessárias na sociedade são construídas
com a participação de todos, principalmente dos estudantes, no ambiente escolar.
FOTO 03 – Atividades práticas realizadas
A palestra também foi ministrada para o ensino médio. Os alunos sentiram-
se participantes nessa construção e com certeza levaram até suas famílias a
questão de enfrentamento à violência e isso ajudou a vislumbrarem uma esperança
para seus futuros, abrindo uma perspectiva de vida mais comprometida e ao alcance
de todos.
Um professor, que trabalha no colégio falou sobre a PAZ na escola. Nesta
palestra o professor enfatizou que cada pessoa deve fazer a sua parte a fim de
reverter o quadro de violência. Que é preciso primar pela prática de bons costumes
como: respeito, amizade, amor pelo próximo, etc. Em todas as apresentações um
aluno cantou músicas em inglês para um momento de descontração. Um aluno do
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ensino médio noturno declamou uma poesia enquanto passava um vídeo mostrando
todas as dependências da escola. Nessa atividade foi dada a noção de que é
preciso amar, cuidar e preservar esse espaço de construção do saber. Nesta
atividade também foi passada a noção de pertencimento a esse grupo.
FOTO 04 – Atividades práticas realizadas
A partir do dia 12 de novembro foi exibido o filme Escritores da Liberdade. O
enredo foi baseado em fatos verídicos, sobre uma professora que lecionava para
uma turma de alunos contraventores. A sala de aula era dividida em gangues, a
professora chama a atenção para o fato e realiza um trabalho com o livro O Diário
de Anne Frank. Através das anotações em um diário, realizadas por todos os alunos
a professora passa a conhecer a história de cada um deles e constrói junto com eles
uma conscientização que veio trazer mudanças no comportamento da turma. O filme
foi exibido para algumas turmas da 7ª série do Ensino Fundamental ao 3º ano do
Ensino Médio.
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Os mesmos relataram o filme oralmente ou em forma de redação. Esse filme
despertou a noção de que o problema da violência pode ser superado pela
educação e que somente ela poderá fazê-los compreender e mostrar o caminho de
superação dos problemas, por mais graves que possam ser. Que isso não impede
de transpor os obstáculos em busca de uma vida digna onde todas as suas
necessidades possam ser satisfeitas, como: trabalho, lazer, religião, etc.
Os vídeos e músicas foram apresentados à comunidade na Mostra do
Conhecimento no dia 22 de novembro. Na oportunidade foi apresentado o projeto, à
comunidade por um aluno do ensino médio e pela da diretora da escola. A mesma
falou sobre a importância da família na formação moral da pessoa e nas
conseqüências positivas de uma família bem estruturada, com responsabilidade,
amor, compreensão, incentivo, onde o indivíduo tem os primeiros contatos com a
sociedade.
Foi apresentada a música Canário do Reino, de Tim Maia, que tem
mensagem de felicidade e liberdade. Esta música leva a pensar que o cantar é uma
prática positiva, as músicas são expressões de sentimentos que retratam
culturalmente o pensar de uma sociedade e podem abrir questões para debates de
forma construtiva.
CONCLUSÃO
Os alunos sentiram-se valorizados, agentes de sua própria construção como
cidadão. Tiveram espaço para posicionar-se e externar suas próprias opiniões e
conceitos. Percebendo-se integrantes de um contexto com uma finalidade, não
apenas de cumprir seus deveres, atuando de forma a levantar as questões que
causam angústias e que ficam retidas por falta de oportunidades em serem
exteriorizadas.
Perceberam-se capazes em resolver problemas a partir da conscientização
e ações de enfrentamento. Essas oportunidades aliadas a aquisição do
conhecimento, podem formar cidadãos conscientes e transformadores. Os demais
funcionários e professores apoiaram a realização desse projeto e estão abertos e
dispostos a realizarem o que for necessário a esse trabalho de conscientização, por
levantar valores e oportunizar momentos onde os alunos possam demonstrar suas
capacidades.
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Os mesmos passaram a conhecer conceitos que lhes mostraram que são
capazes de mudar seus comportamentos e ações do dia-a-dia. Demonstraram
amadurecimento ao participar e envolveram-se com a Escola e com a Educação.
A falta de articulação dessas ações com o conteúdo, podem causar
problemas, porque muitos concluem que é perda de tempo desde que muitos vêem
a escola como transmissora de conteúdos, em simplesmente preparar o aluno para
um vestibular, por exemplo. Não abrindo espaço para o pensar consciente.
A falta de investimento em material e recursos financeiros para a
implementação do projeto dificulta o trabalho. Esse projeto não dá resultado
imediato devendo ser desenvolvido em longo prazo.
Para a implementação do projeto foi trabalhado em conjunto com a direção
do colégio, que forneceu material como: papel sulfite, material de pintura para a
grafitagem do muro, etc.
Através da confecção de folders os alunos puderam expressar quais são as
representações sociais de violência que foram interiorizadas e construíram conceitos
sobre o tema, em forma de debate.
Os participantes do projeto demonstraram interesse no enfrentamento
problema, com uma postura responsável, por uma sociedade livre da violência.
Tiveram momentos de reflexão juntamente com a comunidade escolar, que viram
esse projeto com seriedade por ser um tema que tem preocupado a todos. Nos
folders foi possivel constatar algumas representações sociais de violência.
Não há como falar de violência sem analisar o contexto social e de como os
atores sociais se comportam na sociedade e são influenciados de forma
historicamente construída.
A violência é resultante das inter/relações sociais, da classe dominante
sobre a base da sociedade e dos indivíduos entre si. A violência foi utilizada como
meio de controle e de afirmação de governos em toda a história.
As linguagens conhecidas em presídios, escolas, igrejas são meios de
massificação e controle da sociedade onde os valores, as crenças e ideologias
foram manipuladas de maneira injusta e desigual. Na sociedade moderna não é
diferente.
O acesso ao conhecimento está mais acessível e democrático. O desafio da
escola é maior em função de sistematizar essas informações, problematizá-las e
transformá-las em conhecimento científico de forma organizada.
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O papel da escola não está sendo substituída pelo acesso às informações e
sim está mais do que nunca sendo requisitada para junto com os estudantes pensar
uma nova realidade, porque o conhecimento nunca foi estático, ele está sempre se
renovando e descobrindo novos paradigmas.
O tema violência não está desvinculado de tantos outros temas porque eles
se entrelaçam e se completam. Não tem como refletir sobre violência de forma
isolada do contexto social, para tanto tem que se pensar em todos os segmentos
sociais de forma colaborativa no enfrentamento a esse problema.
As representações sociais de violência é ponto de partida para essa
discussão porque elas norteiam a compreensão do comportamento social que é
determinado de forma coletiva. Não basta apenas identificar o problema, mas atacá-
lo com muita energia.
Para que isso aconteça os próprios jovens devem ser ouvidos, e garantir a
eles um espaço apropriado onde poderão ter voz e vez. Terão que receber um voto
de confiança para que eles próprios possam colaborar para a cultura da não
violência onde eles próprios são as vítimas em potencial.
Seus estilos, suas músicas, seus comportamentos revelam o que muitas
vezes eles mesmos não conseguem traduzir, necessitam que outros interpretem
suas linguagens e revertam em ações capazes de garantir sua inserção na
sociedade, que a eles pertencem também. No presente preparam o seu futuro
dando continuidade a projetos em andamento e propondo novas possibilidades de
uma sociedade mais justa onde devem ser contemplados de maneira mais igualitária
possível. Esse trabalho com os alunos será de forma contínua, sempre que possível,
estando nos planos uma abordagem à comunidade numa via principal da cidade,
onde farão uma panfletagem sobre o tema não violência.
A sociedade não lhes pode negar o direito de sonhar, de construir, de pelo
menos exporem seus pensamentos e desejos, não se pode mais pensar por eles,
mas ajudá-los a pensar em alternativas de um futuro de sucesso.
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