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LEITURA NÃO RECOMENDADA PARA MENORES DE 18 ANOS. ANO 06 / 2010 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA #061 NÓIS QUE VOA

Void #61

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Revista Void #61

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#061NÓIS QUE VOA

INTRO

CAPA(S)

NESSA EDIÇÃO

É F.O.D.!

Na aviação, F.O.D. é a abreviatura de foreign object

damage, que quer dizer exatamente isso (se o seu

Yázigi serviu para alguma coisa): o dano causado

por algum objeto externo à aeronave.

A Void é o objeto estranho que provoca danos

à sua cachola todo mês. Chega de surpresa,

passa pelo radar e ainda faz esse estrago no seu

intelecto. E se você já nos achava assim, salientes,

saiba que só agora colocamos as asinhas de fora.

FOTO DA CAPA: MAURICIO CAPELLARI

www.youtube.com/watch?v=cV1AlRlUA5I

“EU GOSTO DE ROSAS E ROSAS”Leandro Vignoli elocubra qual será a

nova musa da Lesbian Music.

READER’S DIGESTO apocalipse em quadrinhos

de Pedro Franz.

EM PROLQuer viver em um mundo melhor para

você e os seus netinhos? Comece

copulando em frente às câmeras.

VOID

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#057

MAU SUJEITO

PONTOS DE DISTRIBUIÇÃOEXPEDIENTE

Direção:Gabriel Rezende

Marco Arioli

Pedro Hemb

Rodrigo Santanna

Vicente Perrone

Editores: Denise Rosa e Pedro Damasio

Repórteres: Felipe de Souza, Piero Barcellos e

Gabriela Mo

Revisora: Maria Edith Pacheco

Projeto gráfico e Diagramação: Lucas Corrêa e Rafael Chaves @ Lava

www.lavastudio.com.br

Diagramação:Claudio Sudhaus

Fotografia:Maurício Capellari

Gabriela Mo

Comercial:João Francisco Hein

Jurídico:Galvão & Petter Advogados

[email protected]

BELO HORIZONTE

Black Boots – R. Fernandes Tourinho, 182

Blunt – Montes Claros, 173

Brechó Brilhantina – R. Tomé de Souza, 821

Café com Letras – Ant. de Albuquerque, 781

De Rua Skateshop – R. Paraíba, 1061

Desvio – R. Tomé de Souza, 815

Estabelecimento – R. Monte Alegre, 160

Fumec FCH – Rua Cobre, 200

Hard Core – Av. Contorno, 6.000, sl. 201

La Tosqueria – R. Claudio Manoel, 329

Mini Galeria – Rua do Ouro, 1381

Obar – Rua Cláudio Manoel, 296

Pieta Tatoo – Rua Paraíba, 1441, loja 1

Quina – R. da Bahia, 1148, sobrelj. 06

Social – R. Ceará, 1580

Tribe – Av. Presidente Carlos Luz, 3001

Una – Rua da Bahia, 1764

Uzina – Rua Grão Mogol, 908

CURITIBA

30 Pés – Shopping Omar

30 Pés – Shopping Barigui

30 Pés – Shopping Crystal

30 Pés – Shoppng Curitiba

30 Pés – Shopping Mueller

Airlab – Al. Prudente de Moraes, 1668

Arad – Rua Vicente Machado, 664

Brique – Rua Duque de Caxias, 380

Café Novo Louvre – R. Trajano Reis, 36

Café Skate Bar – Praça do Gaúcho

Casa dos Bruxos – Rua Mario Spyra, 321

De Outros Carnavais – Rua Duque de Caxias, 378

Desmobilia – Av. Vicente Machado, 878

Fran’s Café – R. Dr. Carlos de Carvalho, 1262

Galeria Lúdica – Rua Inácio Lustosa, 367

Kitinete – Duque de Caxias, 175

Lamb – Vicente Machado, 674

Lolitas Salon de Coiffure – Trajano Reis, 115

Nayp - Shopping Omar

Piola – Al. Dom Pedro II, 105

PUC - DCE

Restaurante Quintana – Av. Batel, 1440

Tamarindo – Shopping Omar

Teix Tatoo – Av. Vicente Machado, 666

Tienda Design – R. Fernando Simas, 27

FLORIPA

Hi Adventure – Sotero José Faria, 610

Players – Floripa Shopping

Sul Nativo – Shopping Beira Mar

Porto Alegre

Azul Cobalto – Lima e Silva, 744

Callohã – Shopping Lindóia

Casa Azul Hostel – Lima e Silva, 912

Cervantes - Rua João Caetano, 285

Convexo – Shopping Iguatemi

Convexo – Shopping Praia de Belas

Donuts Shop - Rua Lopo Gonçalves, 108

ESPM – Bar Prédio 2

ESPM – Bar Prédio 3

Fita Tape – Praça Garibaldi, 46

Folklore – Padre Chagas, 276

King 55 – Dona Laura, 78

Lancheria do Parque – Osvaldo Aranha, 1086

Matriz Skate Shop – Shopping Total

Ocidente – Osvaldo Aranha, 960

Ossip – República, 677

Panda&Mônio – 5ª Avenida Center

Perestroika – Furriel L. A. V., 250/1302

Pó de Estrela – Alberto Torres, 228

Puc – Administração

Puc – Famecos

Puma – Barra Shopping Sul

Rouparia – Fernandes Vieira, 656

Sexton –Barão de Sto Ângelo, 152

STB – Anita Garibaldi, 1515

STB – Quitino Bocaiúva, 267

Thippos – Miguel Tostes, 125

Tow In – 24 de Outubro, 484

Tow In – Barra Shopping Sul

Ufrgs – Arquitetura

Ufrgs – Fabico

Uniritter – Orfanatrófio, 555

Vulgo – Padre Chagas, 318

W House - Rua Santo Inácio, 164

RIO DE JANEIRO

021 Multimarcas – Av. das Américas, 500 – Bloco 20 – Lj. 120

Addict – Shopping Leblon

Addict – Rua Aristides Espínola, 64

Baratos do Ribeiro – R. Barata do Ribeiro, 354 – Lj. D

Boards Co – Galeria River

Circo Voador – Rua dos Arcos – Lapa

Home Grown – R. Maria Quitéria, 68

Hospedaria – Rua Visconde de Pirajá, 303, loja B

Junkz – R. Francisco de Sá, 95

Junkz - Rua Dagmar da Fonseca, 33 , sala 209

Junkz - Rua Uruguiana, quadra d, box 357/358

La Cucaracha – R. Teixeira de Mello, 31, Lj. H

Plano B – R. Francisco Muratori, 2ª

Redley – R. Maria Quitéria, 99

Redley – Shopping Leblon

Redley – Shopping da Gávea

Street Force – Galeria River

Ultraeco – Galeria River

Viva Retro – R. Francisco Sá, 95 – Lj. H

Versão 02 – Rua Arquiteto, 360 - Recreio

Wall Colors – R. Lopes de Souza, 8

SÃO PAULO

American Apparel - Rua Oscar Freire, 433

AMP – R. Augusta, 2729

Arterix - Praça Benedito Calixto, 103

B.Luxo – R. Augusta, 2633 Lj. 18

Bacuri - Rua Alagoas, 852

Baratos Afins – Galeria do Rock

Belas Artes – DvCM

Buin Bom - Rua Armando Penteado, 48

Cartel 011 - Rua Artur de Azevedo, 517

DCK – R. Augusta, 2716

Doombox – Galeria Ouro Velho

Eastpak – R. Augusta, 2685

El Cabriton y Amigos - Rua Augusta, 2008

Espanhol – Rua Dr. Álvaro Alvim, 135

ESPM – CA4D

Estúdio El Rocha – Rua Simão Alvares, 552

FAAP – CA de Artes

Forever Skate – Galeria do Rock

Galeria Choque Cultural – João Mora, 997

Galeria Polinesia – R. Pedro Taques, 110

Galeria Vermelho - Rua Minas Gerais, 350

Grapixo – Galeria do Rock

Hotel Tee’s – R. Augusta, 2633 – Lj. 20

HQ Mix - Praça Franklin Roosevelt, 142

Japonique - Rua Girassol, 175

Juisi by Licquor – Alameda Tietê, 43 - Loja 8

Johnny B Good – Rua 24 de Mai0, 116 – Loja 14

King 55 – Harmonia, 452

Kebabel – Rua Fernando de Albuquerque, 22

Kebabel – Rua João Moura, 871

Livraria POP - Rua Dr. Virgílio de Carvalho Pinto, 297

Mackenzie – DA de Comunicação e Artes

Matilha Cultural – R. Rego Freitas, 542

Maze Skateshop – R. Augusta, 2500

Mission Store – Galeria do Rock

Mercearia São Pedro - Rua Rodésia, 34

Nike Sportwear – Praça dos Omaguás, 100

Poderosa Ísis – R. Augusta, 2202

Polaco Tatoo – Rua 24 de Maio, 225 - 1º andar

Rip Curl - Rua da Consolação, 4544

Sala Cega – Rua Augusta, 2203 - loja 07

Sensorial – Galeria Presidente

Super Cool Market - Rua Purpurina, 219

Surface To Air - Alameda Lorena, 1985

Terraço Major – Rua Major Maragliano, 421

Ultra420 - Galeria Ouro Fino

Ultra Skate – Av. Moací, 537

Visionaire – Galeria Ouro Fino

Volt – R. Haddock Lobo, 40

Wave Boys – Galeria Ouro Fino

Z Carniceria – R. Augusta, 934

OUTRAS

Alucinado – Novo Hamburgo / RS

Ambiente – Goiânia / GO

Exult – São Marcos / RS

Hangar – Santa Maria / RS

Hip – Caxias do Sul / RS

Ideal Shop – São Bernardo do Campo / SP

Nollie – Contagem / MG

Roques – Niterói / RJ

Stb – Caxias do Sul / RS

Swell Skatepark – Viamão / RS

Vulgo – Búzios / RJ

Yzen – São Leopoldo / RS

COLABORADORESLeandro Vignoli é radialista

da Unisinos FM e nosso expert

em música e adjacências. Ele é

residente nas seções “Na Caixa” e

“1001 Discos”.

Lucas Pexão é dono da Galeria

Fita Tape e representa artistas

via noz.art. Na Void ele escreve

sobre arte e faz a curadoria da

seção Magma.

www.noz.art.br/pexao

Ana Ferraz faz um monte de

coisas ligadas a projetos de arte

e divide com Pexão a responsa

na Galeria Fita Tape, e na seção

Magma da Void.

Caito Mainier é de Niterói,

antipublicitário e está aí pra

ser processado.

www.antipropaganda.com

Marcos Gabriel tá dando um rolê

de skate pelo velho mundo. O

que ele vê por lá, você confere na

coluna “Cadê o cara?” do Na Base.

[email protected]

Lise Bing NÃO É uma garota

quietinha. Gadgets e bizarrices

internéticas são o recheio da sua

coluna Bing Bang!

http://lisebing.tumblr.com

Tobias Sklar é editor da

Vista e colabora para a Void

na seção Na Base.

Lairton Rezende, também

conhecido como Jacaré do Mar,

é artista visual e pai do Homem-

Banana, o herói da dúvida.

[email protected]

Vini De La Rocha é jornalista,

noiado e morador de São Paulo...

Ainda quer ser roteirista, também

noiado, e morar um tempo na

Espanha. vinidelarocha@gmail.

com

Flavio Samelo,é uma pessoa

sem expressão e meio surdo.

Apesar (ou por causa) disso,

ele assina a coluna “Blogadis”.

www.flourishestudio.com

Raphael Fernandes é editor da

MAD e acha que sua melhor

piada é tentar se levar a sério

como jornalista. Escreve sobre

quadrinhos, cinema,

literatura e comportamento.

Fabrizio Baron vive em

um mundo envolvente onde

tudo é possível. Nas horas

vagas, trabalha com carteira

assinada. É dele a coluna “I Shot

Macunaíma”.

COLABORARAM TAMBÉM NESSA EDIÇÃO...

CORROBORE!

VOCÊ TAMBÉM TEM ALGO A DIZER,

MOSTRAR, SOCAR NA FERIDA OU

ARREMESSAR NO VENTILADOR?

MANDE UM EMAIL PARA [email protected] E CORRA O RISCO DE ENTRAR

PARA ESSA LISTA DE NOBRES IMORTAIS

PENSADORES.

A VOID não se responsabiliza por opiniões emitidas em artigos

assinados que não refletem, necessariamente, a opinião da

revista. Os trabalhos identificados pelo ícone da licença Creative

Commons têm sua publicação permitida nas seguintes condições:

Distribuição e adaptação livre sem fins comerciais mediante o

crédito do autor.

Info: http://creativecommons.org/international/br

A REVISTA VOID É UMA PUBLICAÇÃO MENSAL COM DISTRIBUIÇÃO GRATUITA E TIRAGEM DE 20 MIL EXEMPLARES

Rua Felipe Neri, 148/303

Porto Alegre - RS - 90440-150

Fone: (51) 3023-7662

Email: [email protected]

www.avoid.com.br

[email protected] // PETER CALYPSO RESPONDE

14

SOBRE ZOOFILIA E OTRAS COSITAS

Oi Peter,

Trabalho com o Olívio, do Bar

Estabelecimento em BH. Recebemos

a Void e por isso comecei a ler, para

saber do que se tratava antes de

distribuir para os privilegiados. E

preciso dizer que já arrebanhamos

um universo paralelo de gente que

degusta enlouquecidamente as pérolas

voidianas. E que pérolas! Então, ao ler

a edição “boneca bebê” deste mês,

vi a repercussão por vezes dramática

causada pela matéria anterior sobre

a Zoofilia. Como eu não tinha lido

exatamente essa matéria, fui ao

acervo vóidico (com bastante gelo

e um pouco de Red Bull) e li a dita

cuja matéria animalesca. Por isso,

enfim, que lhe escrevo: nunca vi uma

matéria tratar de um assunto tão

polêmico e delicado (hummmm)

com tamanha leveza e originalidade.

Hilário, hilário, hilário!!! Eu ri de

cabo ao rabo (tomando os devidos

cuidados com as consequências

escatológicas) e sofri quando cheguei

a rabo e não havia mais o que ler sobre

o fantástico mundo dos que gostam

de dar uma variada na mesmice

sexual. Acho de extrema importância

que QUALQUER assunto venha à tona.

Só assim vemos o quanto falta mesmo

para nossa sociedade evoluir intelectual

e criticamente. Muitíssimo obrigado a

vocês e principalmente à Mademoiselle

Gabriela M.O. Quem leu essa matéria

passou a olhar para as variedades-

preferências alheias com qualquer tanto

mais de tolerância (além de cobiçar

tudo quanto é animalzinho diferente que

vê passando, bem verdade). Trabalho

com tradução português-alemão e me

deu super vontade de traduzir essa

matéria pra que seja lida também lá na

terra do Tio Dolfi. Caso vocês tenham

contato com alguma publicação de

lá estilo voidístico de ser, pode contar

com meus serviços. Bem, acabei, graças

a Deus! Aguardo a próxima edição

ansiosamente...

Abraços

L. K. L.

R:

Do jeito que os caras encaram o sexo por lá, zoofilia deve ser assunto de revista pra menininhas pré-adolescentes. Dá até pra imaginar o título da matéria: “Ich Liebe Meinen Esel, Sein Name Ist Justin Bieber”. Escrevi certo?

#58 Oi, tudo certo com vocês?

Sou leitor da Void há algum tempo,

mas pela primeira vez senti vontade

de mandar um e-mail. Primeiro para

responder a pergunta feita na INTRO

da #58 que dizia que ninguém lia

o editorial. Sou jornalista e tenho o

hábito de ler editoriais, por isso, sim,

havia alguém alí! Em segundo lugar

para mandar os parabéns para a dupla

Felipe de Souza e Mauricio Capellari

pela matéria sobre o futebol capixaba.

Sensacional o texto, a última página

explicando porque o futebol deles

não está no horário esportivo das

tardes de domingo da Globo e pela

imparcialidade de falar sobre duas

torcidas rivais, obviamente cada uma

com seus personagens ímpares, e

conseguirem manter a imparcialidade

(talvez porque tenham seus próprios

times). Enfim, parabéns pela matéria e

pela revista como um todo. Vocês tão

fazendo um trabalho do caralho!

Abraços

PS: ta meio complicado achar a #59

aqui em SP. Os pontos de distribuição

dizem que, ou não receberam, ou que

veio uma avalanche de gente e levou

tudo. De qualquer maneira, a galera

do Idealshop sempre tem.

D. B.

R:

Já passamos uma lista com mais de vinte desculpas, mas os caras insistem em usar sempre as mesmas. De qualquer forma, obrigado por acreditar nelas e na nossa intro. Não sei o que é pior.

Alguém aí do outro lado destas páginas

sabe dizer que merda está acontecendo

na Austrália? Políticos filhos da puta

da cidade de Queensland aprovaram

a porra de uma lei que permite aos

policiais aplicar uma multa do caralho

em qualquer pessoa que falar palavrão

em lugares públicos. Os bocas-sujas

estão tomando no cu e no bolso,

tendo que pagar entre 100 e 300

dólares australianos, de acordo com a

sensibilidade auditiva dos putos de farda.

A medida já fodeu anteriormente com

os habitantes das cidades de South

Brisbane e Townsville, onde foi aplicada

por um ano, aumentando a arrecadação

dos cofres públicos dos municípios.

Em solidariedade ao povo australiano,

enrabado por não poder expressar com

liberdade a sua má-educação verbal,

recheamos esta nota de merda com o

maior número de palavrões possível. E se

você não gostou, vá pra puta que o pariu.

18

NA PRIVADA

SHUT THE F*** OFF

CRÉD

ITO

: CC

- BAN

DIT

A

BOA INFLUÊNCIA

Se, para influenciar toda a nova geração,

for preciso a garota prodígio Dakota

Fanning interpretando Cherie Currie e

da atriz de Crepúsculo Kristen Stewart

no papel de Joan Jett, tudo bem.

Porque pode anotar: o filme The Runaways,

que estreia agora em agosto, vai mudar

a vida das adolescentes. O filme conta a

história da banda de meninas que tocavam

rock nos anos 70. The Runaways foi um

grupo de verdade que juntou um time de

garotas estilosas.

E se a Dakota pode se transformar de

queridinha da América para uma rebelde

safadinha e a Kristen de vampira para

roqueira lésbica, qualquer uma pode deixar

de ser emo e ser roqueira. Até que enfim!

POR FELIPE DE SOUZA, GABRIELA MO E PIERO BARCELLOS

19

“POR QUE A GENTE BEBE, NÉ?”Do segurança de uma agência, dormindo sentado na privada.Fisgado por: Felippe Canale (via Lise Bing)

FISGAMOS Fisgou alguma? [email protected]

EXCESSO DE GOSTOSURA

Um milhão de referências fotográficas na internet, mais um

milhão de sites com fotos sensuais. Só aí temos bilhares de

modelos lânguidas e longilíneas vestindo lingeries. Mas o

mundo não é composto só de mulheres magras e esbeltas.

Um espertinho organizou um Tumblr com imagens de pessoas

acima do peso, mas bonitas e gostosas de verdade. Bom para

elas se sentirem bem consigo mesmas, e ótimo para os homens

terem outro referencial de perfeição. Tem até famosas como

Christina Ricci e Marilyn Monroe. Melhor do que isso, só

MAIOR do que isso.

Info: gostosa.tumblr.com

NOVE QUILOS DE SILICONE PELOS ARES

URBANO EM TÓQUIO SEM 4 OLHOS NO 3D

A modelo russa Irene Ferrari tem nove

quilos de silicone nos peitos. Não deve

ser fácil (nem barato) transportar essa

mama toda pra lá e para cá. Pois a

menina está processando a empresa

aérea Swiss Airlines e pedindo 82 mil

libras (R$ 220 mil) por danos físicos e

morais.

Motivo? Segundo Irene, a prótese de

sua teta esquerda teria se rompido

em plena aeronave, por conta de uma

forte turbulência enfrentada no trecho

Moscou-Zurique. Durante a tremedeira

no avião, a menina teria batido com

força sua peitola canhota contra o corpo

de um outro passageiro, cujo estado de

saúde não foi divulgado. Esperamos que

ele esteja vivo e se recuperando bem da

colisão.

Essa tecnologia de televisões com

imagem em 3D é bem foda. Ter em casa

um aparelho que oferece este tipo de

experiência deve ser realmente muito

bom. Mas fala sério, ficar usando aqueles

óculos dentro da sala de estar da própria

residência é um mico chato de pagar

(mesmo pra quem mora sozinho). Por

isso o Microsoft’s Applied Sciences Group

está investindo em um novo tipo de

projetor em três dimensões que não

necessita tapar a nossa cara com lentes

especiais.

O “milagre” é possível graças às lentes

mais grossas no topo da tela e mais finas

na base, que permitem que o espectador

sente-se em qualquer canto da sala, sem

perda no efeito. Por enquanto, o protótipo

funciona legal para até duas pessoas por

vez na frente da TV. De qualquer maneira,

óbvio que ainda vai demorar um bocado

para uma destas estar ao alcance do

crediário no terceiro mundo.

Se você é antenado em moda, curiosidades

do comportamento humano e curte uma

bizarrice japonesa, a TV a cabo pode ser

a solução. O programa Urbano mandou

Renata Simões ficar um mês na terra do

sol nascente e a ordenou que só voltasse

quando tivesse muitas pautas (ou ficasse

louca). A Missão Tokyo foi dignamente

cumprida por Renata, que passou por

clubs noturnos, karaokês, apartamentos

minúsculos e alta densidade demográfica.

O esquema não deve ter sido tão difícil

para ela, já que a menina trampou com o

mergulhador Lawrence Wahba no Planeta

Oceano e comandou o Expedição Caiçara,

no GNT. A quarta temporada de Urbano

já teve dois episódios. O primeiro mostra

o desembarque e a adaptação ao fuso.

No segundo, Renata vai a um café onde

a pilha é brincar com gatos. Tem até um

cardápio para escolher o bichano que mais

lhe agrada.

Info: multishow.globo.com/Urbano/

CC_B

ARK

20

NA PRIVADA

JABÁ AGORA DÁ CANA

GIROCÓPTERO NÃO MAIS

Na época em que as rádios FM

imperavam e decidiam o que a geral iria

ouvir, um trâmite envolvendo gravadoras

e transmissoras era muito falado, mas

ninguém admitia sua real existência: o

jabá, dinheiro que a indústria fonográfica

despejava na porta dos grupos de

comunicação para que um disco fosse

tocado centenas de vezes por dia.

Apesar de batida, só agora essa putaria

pode ser enquadrada como crime,

graças ao novo texto de reforma da Lei

de Direitos Autorais, que ainda está sob

consulta pública. Na real, é um bom

castigo para os figurões do meio do

entretenimento. Lembra quando eles

esperneavam contra a disseminação da

música em arquivos MP3? Quer dizer,

copiar música não podia, mas pagar

espaço em rádio para fazer o cartaz

de uma pá de bandas fuleiras, sim. Se

foderam. Cana neles! A intenção do

Ministério da Cultura é também regular

o pagamento do autor na era digital, sem

apelar para leis anacrônicas dos tempos

analógicos.

O Chatroulette, a penúltima modinha da

internet, está prestes a acabar com um

dos fatores que o deixou mais popular: a

putaria. Atualmente não é tão raro entrar

no site e dar de cara com um demente

fazendo imitação de helicóptero na

webcam. E este tipo de comportamento

dificulta a venda de espaços publicitários

para empresas, hã, “cristãs”.

Uma das soluções encontradas pelos

desenvolvedores está em utilizar um

“detector de pintos”, que impediria

os exibicionistas de balançarem suas

xongas na web, bloqueando as imagens

antes de elas serem transmitidas.

Agora, se o cara ficar pelado na frente

da câmera e o programa anticacete

não reconhecer a vírgula no meio das

pernas, será uma depressão do caralho

(literalmente).

CC_J

EFFB

ELM

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TE

CC -

LDRB

RS

ASES ENVENENADOSPara aqueles que procuram uma profissão que reúna

emoção, adrenalina, perigo, velocidade e altitude, ser

aviador agrícola é a realização de um sonho. Porém, é uma

atividade para poucos. Sabem por quê?

MANOBRAS HARDCOREVocê vê aqueles pilotos da Esquadrilha da Fumaça fazendo

letrinhas no céu e acha o máximo? Sente um frio na barriga

quando vê as manobras feitas pelos aviadores em corridas

aéreas? Isso porque você nunca pulverizou uma plantação

de arroz! Os caras dão um rasante nas plantações com um

teco-teco, ficando a poucos metros do chão. Em vez de

fumacinha branca, os caras carregam um tonel de VENENO

nas costas. Quer fazer frescurinha no céu? Empina uma

pipa!

TRABALHO DE MACHOCojones. Você tem? Não? Então isso não é pra você. Além

do veneno e da baixa altitude de voo, os pilotos precisam

desviar de fios de luz, postes, aves, tudo isso sem contar

com auxílio terrestre, na grande maioria das vezes. Se tiver

que pulverizar uma área de reflorestamento, e o avião tiver

uma pane, a única solução é pousar em cima de uma árvore

e aguardar o resgate. Conseguiria fazer isso sem se borrar?

STATUS SOCIALPense em como as suas relações sociais vão mudar. Você

não tem um emprego burocrático dentro de um escritório

onde tem que usar um terno cheirando a naftalina,

tampouco leva serviço para casa. VOCÊ É PILOTO,

MANOLO! Não interessa se você sobrevoa um campo de

guerra ou uma lavoura, você é piloto, vive de adrenalina, e

isso é um chamariz para “maria-turbinas”. Prepare-se para

pulverizar outros “campos” antes mesmo de decolar, se é

que você me entende.

A MORTA

DIV

ULG

AÇÃO

NO SOUP FOR YOU!

Quem não lembra dos seriados dos anos

90 pode voltar para o sofá e assistir ao

seu The Big Bang Theory. E para quem

viveu o verdadeiro humor do final do

século passado, temos uma notícia

para você: Ele existe, o personagem do

episódio “The Soup Nazi”, de Seinfeld,

é real. E foi Al Yaganeh o homem que

inspirou a frase mais célebre da sitcom:

“no soup for you”.

Como hoje em dia está todo mundo

mais interessado em House, resolvemos

relembrar a comédia oldschool da

televisão americana e dar uma forcinha

para divulgar o novo comércio do cara

da sopa. Ele começou servindo sopas

no Soup Kitchen International em Nova

York, ganhou fama com “Soup Nazi”,

fechou sua lojinha e abriu um negócio

de sopas congeladas. E agora, dia 20 de

julho, ele reabre sua loja original. Essa

tem que entrar para a rota turística de

Nova York!

22

NA PRIVADA

NEATORAMA – NEATORAMA.COMO que eu gosto mesmo é disso, blogs

que me façam rir, ou blogs que façam eu

me questionar por que é que alguém riu

daquilo. Vários deles eu vou escrevendo

e compartilhando com vocês por aqui,

como no Neatorama. Um blog bem

variado, cheio de coisas legais e até

interessantes para nossa vida, mas eles

capricham quando postam as porcarias.

Como, por exemplo, o post que mostra

um projeto do Instituto de Pesquisa

Marítima Japonês, que criou uma

máquina para controlar o movimento das

águas – isso mesmo, uma máquina que

cria ondas em forma de estrela, coração,

etc. Claro que o instituto disse que o

intuito do equipamento é controlar os

fluxos de mares e rios de maneira segura,

mas parece que alguém lá se empolgou

um pouco mais com a traquitana.

DVICE – DVICE.COMEssas engenhocas tecnológicas também

são coisas que me divertem muito, pois

a grande maioria delas não presta pra

nada. Porém, às vezes tem umas que

realmente trazem alguma utilidade.

Tem vários site disso, como o Dvice, por

exemplo. E no Dvice eu vi um post que

me chamou a atenção pela loucura da

ideia. Era sobre 20 robôs dançando, só

que sincronizados, é mole? O próximo

passo é fazer esses robôs à prova d’agua,

aí já era, pode acabar como modalidade

nas Olimpíadas.

SOCYBERTY – SOCYBERTY.COMBem variado, cheio de notícias atuais

sobre curiosidades pelo mundo afora,

bem básico. Na real, porém, uns tempos

atrás rolou um post que me chamou

atenção. Alguém inventou no começo

do século passado um caixão especial

para pessoas que possam, por engano

(ou não), terem sido enterradas vivas.

O post é gigante, tem várias imagens,

explicações e casos sobre o assunto.

A tecnologia envolvida nesse azar, de

fato, é muito grande: um sino com uma

cordinha para dentro do caixão.

BLOGADISPOR FLAVIO SAMELO

ANDANDO E CLICANDOO primeiro taxista/fotógrafo de sucesso

foi David Bradford. Ele dirigia seu carro

amarelo pelas ruas nova-iorquinas

e clicava o que chamava atenção. O

trabalho dele foi publicado em livro em

meados de 2000. Até hoje, ele mantém

seu site Drive-By Shootings com imagens

bem legais do seu ponto de vista sobre a

cidade. Depois dele, o londrino Dominic

Shannon fez a mesma coisa. Sidónio

Félix também conseguiu reconhecimento

recentemente, em língua portuguesa. Ele

largou de vez a direção para se dedicar às

lentes em Portugal.

E agora tem até fotógrafo/taxista

brasileiro fazendo a sua fama também.

O motorista Antônio Miranda Pereira

tem a Vila Madalena como uma escola

de fotografia. Foi nesse bairro que ele

aprendeu a usar o equipamento. E hoje

ele aponta sua câmera para todos os

lados.

Viu só? E você querendo ser DJ-e-

fotógrafo! A nova onda é ser taxi driver

com uma câmera na mão.

DELAY DE 24 HORAS

Onde você curtiu a Copa do Mundo que passou? No conforto

do sofá da sala, com uma transmissão em Full HD ou quiçá

3D? Ou no trampo com seu celular equipado com TV Digital?

Na mesa de um bar? Na TV de outras copas ou no radinho de

pilha mesmo? De qualquer maneira, é provável que você tenha

conseguido assistir a tudo ao vivo, real time, certo?

Pois na Coreia do Norte, um dos adversários de futebol famélico

que o Brasil enfrentou, esse negócio de transmissões ao vivo

não tá com nada. A derrota por 2x1 para o escrete canarinho

só chegou por lá em VT, e com 24 horas de atraso. O que pega

é que o governo do ditador Kim Jong II adquiriu os direitos de

transmissão, mas tinha medo de que alguma manifestação

contra seu regime despótico fosse feita nas arquibancadas, e

não queria que seu povo tivesse ideia do que o ocidente pensa

de seu país.

Até a torcida que esteve na África do Sul era fake. Na real, Kim

Jong contratou um punhado de atores chineses que foram lá

tremular as bandeirinhas da #pkr, todos uniformizados com as

cores do país comandado pelo regime mais fechado do planeta.

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24

NA PRIVADA

Morada embaixo do Minhocão. Foto enviada por Danilo Pêra, de São Paulo.

flickr.com/photos/danilopera

BOATirou uma? [email protected]

A LULILÂNDIA DE LULINAA Lulilândia é uma cidade onde todo

mundo pode viver. O site oficial (www.

lulilandia.com.br) da cantora Lulina

é um “reino” inventado por ela, com

passaporte (cada show rende um

carimbo no passaporte dos fãs), um

príncipe sem cavalo branco, um número

13 que é rei e até os desacreditados –

mas tão queridos – ETs. Depois de nove

discos caseiros, a pernambucana de

31 anos radicada em São Paulo lançou

Cristalina (Yb Music), já fez turnê pelos

Estados Unidos e virou quase uma mania

entre os indies paulistanos.

VOID: Você vive de música? Como é um dia na sua vida hoje?Acordo às 7h30, pego busão e trem,

chego na agência às 9h, fico fritando o

juízo lá até umas 21h e faço todo o trajeto

de volta para casa depois. Sou redatora

em tempo integral, e a música se encaixa

nos intervalos disso. É assim há cerca de

10 anos e isso não me impede de ter uma

extensa produção musical.

VOID: Como nasceu a ideia do disco, com mapa, passaporte e afins?

Como o disco é uma compilação, tive

essa ideia de reunir personagens e

histórias de todos os discos caseiros. O

passaporte foi uma ideia que tive quando

estávamos desenvolvendo o site. É

divertido porque acabamos carimbando

braços, rostos, camisetas, livros, notas de

dinheiro, vira uma zona em cada show.

VOID: Como foi a turnê nos Estados Unidos? Uma delícia. Foi uma grande surpresa

perceber que as pessoas gostavam

muito das canções e do show, mesmo

não entendendo uma palavra do que eu

cantava.

VOID: Quem não pode viver na Lulilândia?Acho que hoje em dia

todo mundo pode viver na Lulilândia.

O tempo provou que até gente mau

caráter contribui para o fortalecimento

da cidade. Seu inimigo é o seu maior

professor, já diria alguma dessas religiões

por aí.

VOID: E a sua ligação com o número 13, que aparece também nas músicas? Acredita em numerologia?Não acredito em numerologia, acredito

em invenções. Houve uma fase da minha

vida em que desenvolvi uma fixação por

esse número. Depois que lancei um disco

caseiro chamado “Aceitação do 14”,

exorcizei o 13 da minha vida.

VOID: Se pudesse ser abduzida, para onde gostaria de ir?Gostaria de ir para o planeta onde está a

minha vó.

POR FERNANDA CASTELLO BRANCO

Os sites de relacionamento criaram um sistema social

onde cada um é capaz de fazer o seu Big Brother particular,

divulgando seu mundinho até então oculto para milhões de

pessoas. Pelo Twitter, por exemplo, todo mundo sabe o que

você está fazendo em tempo real. O problema é quando

você é o procurador geral do estado de Utah (EUA), e larga

nos 140 caracteres disponíveis da postagem algo do tipo

“vou ali fuzilar um detento e já volto”.

Foi o que Mark Shurtleff fez diante da execução por

fuzilamento de Ronnie Lee Gardner. A forma como o

procurador fez a manifestação em sua página pessoal

levantou indignação da população pela frieza e descaso.

Mas, do jeito que andam as coisas, será normal que

soldados em guerra compartilhem fotos das suas

vítimas no Twitter, Facebook e afins...

FUZILAMENTO VIRTUALCR

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BING, BANG

WHO KILLED BAMBI?

Só vale a pena entrar neste site quando você tiver muitooooo tempo disponível, pois ele tem horrores de coisas para oferecer sobre os mais diversos assuntos: música, arte, moda, fotografia, street art... www.whokilledbambi.co.uk

COLETTE

Você já deve ter ouvido falar da loja Colette de Paris, certo? Não??? POBRE!!! Corre pro site para fuçar horrores agora mesmo e deixa de ser chinelão: www.colette.fr

WEB

TRALHAS

John é o melhor amigo que alguém

poderia ter. Ele vai ser seu companheiro

nos churrascos aos domingos, vai assistir

aos capítulos da novela ao seu lado sem

contar para ninguém que você chorou e

vai ver você jogar videogame sem nunca

reclamar. John não se importará de ficar

escutando seus fracassos amorosos,

não rirá da sua cara, não o julgará ou

chamará de loser. John estará sempre

disponível com um ombro fofo para você,

literalmente, se apoiar. Por US$18 John é

seu, para sempre. Aqui: www.stupid.com

Não seria um sonho poder andar de

moto e comer um churrasquinho ao

mesmo tempo? (WTF???) Pois agora

isso é totalmente possível. Essa moto,

chamada de The RUB Chopper, foi criada

pelo Orange County Chopper, e possui

uma churrasqueira ao lado do banco do

motorista e do passageiro. Aff, my dream:

dirigir uma chopper enquanto belisco uma

linguicinha bem apimentada. :P

Para encomendar a sua correndo, como

eu fiz: www.orangecountychoppers.com

SEU NOVO MELHOR

AMIGO NÃO É UM SONHO?

“Hello Moshi” é um despertador que

funciona por controle de voz. Ele possui

11 comandos que nos possibilitam

saber as horas, a temperatura e o dia,

e permite ajustar o relógio, tocar rádio,

mp3, entre outras funções. Achei a ideia

genial, se você não for tipo 95% da

população, que acorda toda sonolenta,

sem vontade de falar e sair dando ordens

em voz alta (e em inglês) por aí. De resto

tá Ó-T-E-M-O! Por US$70 aqui:

www.moshilifestyle.com

Este acessório é para você, meu

amigo vaidoso e narcisista, que adora

ficar fazendo poses e tirando fotos de

si mesmo. Agora suas fotos feitas de

celular não vão mais sair sem pé nem

cabeça, pois chegou o “IsnapMe”.

Ele é um espelho com duas ventosas

que se parece com um minirretrovisor

para ser colocado atrás do celular. Se

liga: você vai ter que inventar outra

desculpa ao cortar seus amigos das

fotos. Por US$20, aqui:

www.isnapme.com

GOOD MORNING DIGA XIIIIISSSS

POR LISE BING

UEBA

Talvez eu não concorde com o conceito do site – “Os melhores links” –, mas que tem link para tudo o que é gosto, ahhh, isso tem: http://ueba.com.br

OPEQUI

Se você é féchon e muderno, vai amar este site. Sempre tem o último grito do que anda rolando no mundo descolex. Hein? Olha lá: www.opequi.com

POR CAITO MAINIER

BARALHINHO DO MOMENTO

Comentário e Exemplos Ilustrativos de Uso misturados: A carta VAI é uma carta curta. Tudo bem. Tem

momento que é curto mesmo e você tem que

prestar atenção pra aproveitar bem. Porque tem

muita coisa curta por aí, e a carta VAI veio pra

trabalhar nesse creme. A carta VAI tem tantos

sentidos e pode ser aplicada numa gama tão

grande de situações que a gente só vai falar de

duas.

A primeira é que a carta VAI é, antes de tudo,

um incentivo, um empurrão. A velhota hesitou

na beirola do abismo? VAI e vai de cambalhota!

Tua prima abriu a brecha pra marmota? VAI

e volta com a marmota dentro da toca! O

carcereiro largou aberta a porta? VAI e solta o

resto, um, dois, três, salve todos! É gol do seu

time e a grade pouco firme da arquibancada

muito alta cedeu na sua mão? VAI e cai gritando

que a torcida vai atrás! Porque a carta VAI é esse

mistério, né. Ela não tem direção, muito menos

garantia. Ela tem o VAI! E foi. Porque, com a

carta VAI, você vai com a mente. E quando a

mente vai não tem volta. O corpo estremece,

as pernas desobedecem e inconscientemente

a gente dança. E dança bonito. E a carta VAI é

isso, esse tranco nas costas na entrada da área

do futebol de rua, que faz você sentir o gosto

do paralelepípedo pipocar na sua boca. Doce

mel. Dente de cristal. Frontside-explode-face de

tão forte que vira até nome de manobra radical,

tema de seminário, figurinha carimbada, peça

de museu.

Mas não importa o drama, importa o momento.

E o Baralhinho do Momento está aí para

iluminar. Virar cimento. Alavancar o movimento.

Às vezes as pessoas precisam de muito pouco

pra ir, e você, que está preparado pra mandar,

manda. E a pessoa vai, porque vale a carta. Isso

é que é o bonito do jogo: vale a carta. Jogou a

carta, foi.

E pra fechar abrindo, vou deixar no ar uma

segunda proposta embutida na mensagem da

carta VAI, que é a de servir como abreviatura

de um xingamento mais longo, um destempero

mais cruel, uma sinceridade mais nervosa,

um “vai pra puta que te pariu teu filho de uma

puta descaralhada”! Na carta VAI só vai o VAI

mesmo, porque o resto você vai expressar no

clima. E vai ficar claro, óbvio. Ninguém terá

dúvidas de que aquele VAI vai mais longe. Teu

computador zero bala, vinte e cinco mil dólares,

estourou na 220 volts na bobeira do seu pai?

Vai, filho da puta! Encheram sua traseira na

ponte Rio-Niterói, e a gata que você estava

levando pra comer em casa agora está cuspindo

vidro do painel? Vai, viado! Quer dizer ia, né.

Porque agora não vai mais. Agora volta. Volta

pro hospital. Aliás, vale sinalizar que a carta

VOLTA ainda não tem, ok? Existe uma certa

incompatibilidade natural da mensagem VOLTA

com a dinâmica do Baralhinho do Momento, que

exige a observação da carta. Mas, pra poesia,

pedra é coisa macia, então tudo pode acontecer.

Vai!

CARTA DO MÊS: VAI!

28

Sugestões para o Baralhinho?

[email protected]

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30

MagmaTEXTOS E CURADORIA POR ANA FERRAZ E PEXÃO

Por mais que muitos grandinhos torçam o nariz ao ouvir falar

em Disney, é inegável que os mais de 70 anos de imagens

animadas entraram na mente de artistas que hoje em dia fazem

sucesso. Nomes que você já viu por aqui, como Bruno 9li e

Dalek, assumidamente têm esse universo como referência para

seus trabalhos. Mas, para não ficar só com a imagem infantil,

o império Disney tem investido em algumas ações fora do

padrão. A primeira delas é o desenvolvimento do game Epic

Mickey, em conjunto com o famoso criador de jogos Warren

Spector. Sucesso na E3 desse ano (maior feira de videogames

do mundo), Epic Mickey se passa em um mundo sombrio, onde

os personagens abandonados vão parar. A concept art do jogo,

desenvolvida por Fred Gambino e Gary Glover, é animal e em

nada lembra o mundo bonitinho a que estamos acostumados.

Cenários bizarros, Patetas e Mickeys deformados, num estilo

que lembra as artes apocalípticas do mestre Billy Argel, poderão

ser vistos em breve no wii mais próximo. Outra da Disney é

uma nova concept store na China, chamada Men in the Forest,

em parceria com a marca CLOT. A loja é focada em produtos

especiais desenvolvidos com designers e estúdios como Irmãos

Campana, Bounty Hunter e Devilrobots.

DESTRUIÇÃO É ARTE FOI PRO BURACO

EPIC DISNEY

Nem ouse pensar “pfff, mais uma

exposição de shape pintado”. Destroy

and Create, em exposição na Matilha

Cultural (SP), é um projeto que só pelo

set de artistas já chama atenção, mas

definitivamente vai além do clichê. Essa

expo leva em conta o destino natural de

um shape de skate: ser destruído pelo

skatista. E busca refletir sobre a criação

que existe nessa destruição, que vai

das manobras em si às marcas que elas

deixam na arte do shape. Para isso, os

shapes originais pintados foram pras ruas

de fato, nos pés da equipe brasileira da

adidas Skateboarding, que fez sessions na

Av. Paulista registradas por fotógrafos e

videomakers adeptos às experimentações.

Destroy and Create consiste nas fotos

dos shapes pintados, nas imagens dos

skatistas andando de skate e nos shapes

usados, expostos com todo o desgaste

das manobras. Estes são os artistas (sim,

todos são artistas!) envolvidos nesse

experimento de criação/destruição: Luis

Flavio Trampo, Klaus Bohms, Bruno 9li,

Alex Brandão, MZK, Fabio Amad Bitão,

Flavio Samelo, Carlos Dias, Marcelo

Barnero, Daniel Marques, Walter Nomura

Tinho, Akira Shiroma, Sesper, Gabriel

Sandalo, Billy Argel e Alexandre Cotinz.

Info: destroyandcreate2010.tumblr.com

Esses tempos falamos aqui

no Magma do super art dealer,

colecionador e curador Jeffrey

Deitch, que está fechando sua

famosa galeria Deitch Projects, em

Nova York, para assumir a diretoria

do Museum of Contemporary Art

(MoCA) de Los Angeles. Entre toda

a polêmica, uma dúvida pairava

no ar: para onde vão os artistas

representados pela Deitch Projects,

entre eles alguns dos preferidos

aqui do Magma, como Barry McGee

“Twist” e Steve Powers “ESPO”.

E, ainda, como seria preenchido o

buraco deixado na cidade com o fim

da galeria? A resposta surgiu com a

abertura da galeria The Hole, com

seu logo tão genial quanto o nome,

uma iniciativa de duas ex-diretoras

da Deitch Projects, Kathy Grayson e

Meghan Coleman. Começaram bem,

com a expo “Not Quite Open for

Business”, só com obras inacabadas

de diversos artistas, assumindo a

urgência de abrir o novo espaço.

Info: theholenyc.com

Até 7 de agosto, Pjota, nosso convidado

para a página seguinte do Magma,

está em cartaz no Acervo da Choque

(SP) com sua primeira individual no

Brasil. A exposição “Considerações

sobre o branco” é uma extensão da

sua primeira mostra, “Walking on the

White”, que aconteceu em 2009 na

galeria Anno Domini, em San Jose,

Califórnia. As cinco grandes telas da

nova expo carregam o peso urbano

de uma maneira muito particular. São

diversas camadas de tinta branca

sobre o branco, que montam o campo

ideal para Pjota intervir com imagens

figurativas bizarras, com um senso

de humor perturbador. Além disso,

detalhes minuciosos, que remetem

diretamente a banheiros públicos ou

classes de colégio, permeiam as obras e

demandam uma aproximação íntima do

observador. E claro, como nas paredes

de um banheiro público, a visão pode

não ser das mais agradáveis. Além

da exposição, Pjota vai reunir seus

trabalhos em um livro de 40 páginas

em parceria com a Volcom.

Info: choquecultural.com.br

BRANCO NO BRANCO

32

CONVIDADO: PjotaINFO: www.flavors.me/pjota MAGMA Merece essa página? [email protected]

LOST BAND

SEARCH,

A PROCURA!

PUBLIEDITORIAL

36

POR FELIPE DE SOUZA

A AVIAÇÃO TEM VÁRIOS PERSONAGENS: O

COMANDANTE DE LINHA COMERCIAL, O PILOTO

DE TÁXI AÉREO, O OCIOSO MILICO QUE MANEJA

CAÇAS DA AERONÁUTICA BRASILEIRA E OS CARAS

QUE LEVAM PRA LÁ E PRA CÁ AS ENCOMENDAS EM

JATOS DA FEDEX. NO ENTANTO, TALVEZ NENHUM

DELES TENHA TANTA DESCARGA DE ADRENALINA

QUANTO O PILOTO AGRÍCOLA. FOMOS ATRÁS

DESSES ASES INDOMÁVEIS DO MEIO RURAL, QUE SE

ARRISCAM EM LAVOURAS MINADAS DE ÁRVORES

E FIOS DE ALTA TENSÃO. DOIDOS QUE PREPARAM O

RANGO QUE VAI NA MESA DE MUITO BRASILEIRO E

QUE POUCA GENTE CONHECE. TEM MEDO DE VOAR?

SENTE CAGAÇO DE ALTURA? RELAXA, AQUI O VOO É

RASANTE, QUASE COLADO NO CHÃO.

FOTOSMAURICIO CAPELLARI

Ases da Lavoura

3838

Decidimos dar luz ao cara que voa rente

ao solo, borrifando defensivos, herbici-

das ou fungicidas no milho que vai ser

transformado no sucrilhos crocante que

você mete para dentro no café da manhã.

No milho, na soja, na cana de açúcar, no

que tiver que fazer eles fazem. Por obra

do destino, caímos de paraquedas (tro-

cadilho infame) em um celeiro de ases

indomáveis do mundo rural, a Santos

Dummont, empresa que presta serviço

e forma os melhores pilotos do país. A

firma fica dentro do aeroclube da cidade

de Cachoeira do Sul, um simpático mu-

nicípio de economia baseada principal-

mente no arroz.

Antes de qualquer coisa, é bom fazer al-

gum tipo de registro histórico. A aviação

agrícola teve como seu pioneiro o agente

florestal alemão Alfred Zimmermann,

que pilotava um teco-teco de cockpit

aberto e jogava cal nas florestas ger-

mânicas, a fim de combater a praga das

lagartas na região. Isso lá pelo ano de

1911. No Brasil, o primeiro voo agrícola foi

no Rio Grande do Sul, em 1947, na cidade

de Pelotas. A intrépida dupla de pilotos

formada por Leôncio Fontelle e Clóvis

Candiota estava em batalha contra uma

praga de gafanhotos, e o jeito foi apelar

para as máquinas voadoras (Pelotas em

festa agora, ao saber que o pioneirismo

da dupla pode superar o velho estigma

de zimmermann a fontelle e candiota

“Seguramente você não é mais o mesmo por uns 30 ou 60 dias. Depois, ao longo da atividade, você vai se amansando.”

de polo produtor da boiolagem nacional).

Na ocasião, Candiota era a mão por trás

do manche de uma aeronave Muniz,

modelo M-9.

Ah, e o primeiro mito a ser derrubado é

de que o piloto agrícola é um comandan-

te de aviação civil frustrado, um cara que

desejava a ponte aérea Rio-Roma e, não

tendo sucesso na empreitada, teve que

se contentar com um tanque cheio de

produto químico e um motor barulhento

movido a hélice. Para encarar o ofício

precisa ser bom, muito bom. E nego

tem que chegar na escola preparatória

com, no mínimo, 370 horas de voo nas

costas. Isso só pra se apresentar como

candidato. Comandante Carnio, um dos

instrutores da Santos Dumont, ressalta

que ninguém ali tem moleza. “Vamos

observar como foi a formação dele.

Temos fases eliminatórias, provas que

são feitas em voo duplo, com o instrutor

observando o desempenho do aluno. É

durante essa fase que temos a condição

de avaliar a conduta do piloto, a base que

ele traz dos aeroclubes e das empresas

que ele voou.” Às vezes acontece de o

candidato ter que ser mandado pra casa.

“A gente visa principalmente à segurança

e, por extensão, à vida do piloto. Nós

temos consciência de que nossa tarefa é

proporcionar ao candidato uma situação

em que ele consiga estabelecer-se no

mercado com qualidade e segurança.”

Tamanho zelo pela formação desses

pilotos é compreensível. O cara decola

carregando uma carga de até mil litros

de herbicida, fungicida ou qualquer outro

produto casca-grossa, tem que identifi-

car o alvo da aplicação, dar um mergulho

quase kamikaze, voar a cinco metros do

solo, realizar a aplicação e voltar para

cima. Dependendo do caso, essa ma-

nobra digna de um Top Gun é repetida

dezenas de vezes durante o dia e, dentro

do avião, o sistema de acionamento é

todo manual, nada é automatizado. Para

poder sair por aí abalando geral nas

melhores lavouras, além do background

do aeroclube de origem e do certificado

de 370 horas de voo, o aluno ainda vai

encarar aulas teóricas de tecnologia de

aplicação de defensivos, orientações

sobre as aeronaves agrícolas, uso de GPS

e medicina aeroespacial, isso só pra ficar

nas matérias mais importantes.

O sujeito que não se sair bem não ganha

arrego, nem se tiver vindo de longe. No

dia em que chegamos por lá para co-

nhecer o local, Carnio e sua equipe de

avaliadores tinham recém-despachado

cinco angolanos de volta para a terra do

Kuduro. Ah, sim, a Santos Dummont é

referência no setor e já formou alunos de

todos os cantos do país, além de Uru-

guai, Chile, Costa Rica e Estados Unidos.

O tom de voz pausado de Carnio lembra

o pragmatismo e a disciplina de um mili-

tar, mas com um pouco mais de conversa

conseguimos arrancar histórias cabulo-

sas de sua carreira de Tom Cruise rural.

O cara já passou por quatro acidentes, e

num deles o motor simplesmente rachou

ao meio em pleno ar. “O motor já havia

cumprido com seu tempo de voo, e o

dono da aeronave tinha negligenciado a

manutenção. Embora soubesse que (o

motor) estava com problemas, ele resol-

veu insistir para que a aeronave conti-

nuasse voando”, lembra o comandante,

com a calma de quem não se borra por

pouca coisa.

Na ocasião, Carnio lembra que, em

frações de segundo, teve que esvaziar o

tanque da aeronave, descartar o produto

que seria aplicado e tentar voltar para a

pista. Como o campo de pouso estava

longe da lavoura onde ele trabalhava, o

lance foi lembrar de Nossa Senhora de

Loreto, padroeira da aviação, e aterrissar

a rota máquina em um local repleto de

árvores e cabos de alta tensão. No en-

tanto, não há muito tempo para curar o

cagaço. “Seguramente você não é mais

o mesmo por uns 30 ou 60 dias. Depois,

ao longo da atividade, você vai se aman-

sando.” Enquanto nosso comandante

lembrava o passado, cinco alunos pro-

jetavam o futuro na fase final do curso.

Dentro de poucos dias, estariam forma-

dos e prontos para borrifar qualquer tipo

de produto sobre qualquer terreno, haja

o que houver e passe o que passar.

4040

Outro instrutor da escola que já passou

por apertos aéreos é Jeferson Guilherme

Schenkel, 25 anos. Schenkel sofreu uma

queda na cidade de Paracatu, no interior

de Minas Gerais, depois de perder a ponta

da hélice de seu avião. Como isso foi acon-

tecer? O colega que o antecedeu no turno

raspou a hélice num fio de alta tensão, mas

ficou na miúda, não relatou o choque para

a chefia. “Por fora a pá da hélice estava

perfeita, mas houve uma fissura interna”,

lembra Schenkel. Novamente a Nossa

Senhora de Loreto, aliada à alta perícia de

Jeferson, fez com que o cara pudesse estar

nos contando o episódio ao vivo e em co-

res, numa relax, numa tranquila, numa boa.

A ferramenta de trabalho do piloto geral-

mente é um modelo Ipanema, produzido

pela Embraer e que está na linha de fa-

bricação desde 1972. Pintado de verde,

parece um grilo gigante, com dois metros

de altura e sete de comprimento, tendo

envergadura de pouco mais de 11 metros

e pesando 1,8 mil kg. Em cada asa há uma

haste metálica que carrega 18 bicos inje-

tores, e é por eles que vai sair o produto a

ser colocado na lavoura. Tem capacidade

de carga de até 950 litros e sua autono-

mia é de três horas e a velocidade chega

a 200km/h. Ah, e a empresa brazuca é

pioneira no esquema dos combustíveis

alternativos: o Ipanema é o primeiro avião

produzido em série no mundo a ser ali-

mentado com Etanol. Preço? R$ 700 mil

na versão completa. Há também quem voe

com os Cessna Ag Truck, modelo similar

ao tupiniquim, só que fabricado nos Esta-

dos Unidos.

hélice no fio, avião no chão

41

É fato que a excelência da Santos Du-

mont se deve à competência de instruto-

res como Carnio e Schenkel, mas tal grau

só foi conquistado graças a um bravo

senhor chamado Laudelino Bernardi, o

Comandante Bernardi. Trinta anos atrás

ele era um pacato funcionário público

federal, que desfrutava os benefícios de

uma sólida e segura carreira no Banco

do Brasil. Conheceu a aviação e decidiu

largar tudo.

“Pedi demissão com 18 anos de casa.

Permaneci no banco enquanto fazia os

cursos de piloto privado, de instrutor

de voo e de piloto comercial. Também

fiz especialização no Cavag (Centro de

Aviação Agrícola), que na época ainda

era do governo federal e ficava em São

Paulo, na cidade de Sorocaba”, lembra

Bernardi, hoje com 70 anos. Nessa época

de formação ele ainda tinha uma jornada

dupla: durante o dia ia se aprimorando

como piloto enquanto a noite era re-

servada para cumprir o expediente de

bancário.

Em 1980, então, o início da Era de Aquário

fez com que Seu Laudelino rompesse

de vez com a modorra das jornadas de

compensação de cheques e aplicações

em cadernetas de poupança e compras-

se sua primeira aeronave. Que as ole-

aginosas o aguardassem de prontidão,

pois ele não tardaria. Na real, comprou

um terço de um avião e pagou o restante

trabalhando pesado nas lavouras. A

manobra deu certo, e muitos voos nas

plantações de soja da região do Planalto

Trocou o trampo pelo avião

do Rio Grande do Sul fizeram com que

um segundo avião pudesse ser compra-

do. De lambuja, toda a empresa Santos

Dumont, que na época não vivia bons

momentos, veio junto. Naqueles tempos,

quem cuidava da formação dos pilotos

agrícolas era o Governo Federal. Depois

de um tempo, os homens de Brasília

decidiram abandonar o barco, deixando

que a iniciativa privada cuidasse disso.

Bernardi foi rápido e montou sua escola.

“Avião não cai, é o piloto que derruba”.

Engrossando as histórias contadas por

Carnio e Schenkel, Bernardi também tem

seus reveses. “Não tem piloto agrícola

que não tenha passado por acidente.

Passei por isso e tive sucesso, mas temos

que ter muito cuidado, respeitando em

primeiro lugar a meteorologia. No meu

caso eu ignorei um pouco a temperatura

do dia. Estava muito quente, e o avião

não tem tanta sustentação na decola-

gem. Foi um pequeno detalhe que me

levou a um acidente. Mas eu saí ileso.

Temos sempre que respeitar as condi-

ções meteorológicas.” Apontando para

o vento violento que soprava no lado

de fora do hangar da Santos Dummont,

Bernardi disse que naquele dia não ha-

veria voo. No fim, completou com a frase

certeira: “Avião não cai, é o piloto que

derruba”.

42

43

Simpatia e camaradagem parecem ser

características obrigatórias para todos na

aviação agrícola. Prova disso é que o pes-

soal, além de abrir as portas para nossa re-

portagem, ainda permitiu que tivéssemos

a honra de acompanhar a cerimônia de

formatura de sua 45ª turma. No estacio-

namento do pico, carros vindos de todos

os cantos dividiam o espaço com as aero-

naves, e o cheiro forte do fertilizante (que

nos acompanhou sempre nessa matéria)

se misturou com o odor do churrasco que

era assado na brasa. Cervejinha, Kenny G e

vuvuzelas sendo sopradas pelos familiares

dentro do hangar, que a essa altura fora

transformado num salão de festas.

Entre os formandos, um dos que sinteti-

zam melhor o sentimento de pilotar um

Ipanema campo afora é Claudio Soares Fi-

lho. Natural de Bagé (confins do Rio Gran-

de do Sul), começou rebocando planador

e não pensa em pilotar boeings ou airbuses.

“Trabalhar em companhia aérea não é voar,

é controlar um aparelho que voa. Aqui não!

Na aviação agrícola é no braço. A gente

sente o avião na bunda’”, esmiúça Claudio.

Fabricio Capelletti é o mais velho entre os

alunos que estão recebendo o diploma.

Com 38 anos de idade, voa desde os 14.

“Comecei com o planador e depois fiz o

curso de piloto privado. Hoje já tenho mais

de 1.300 horas de voo. Estou saindo daqui

já empregado”, disse o cara, mandando

o recado de que está de mala pronta e

macacão passado para ir fertilizar soja no

interior de Goiás.

Confirmando a vocação internacional da

Santos Dumont, um aluno angolano está

participando da solenidade. Ele foi o único

de sua terra a sobrar do grupo de seis que

tinha desembarcado por aquelas bandas.

Churrasquinho, Kenny G e canudo na mão

Formado piloto na força aérea, Eusébio*

preferiu não se identificar. “Se essa matéria

parar na mão de alguém lá, posso ter pro-

blemas, pois sou militar e não posso falar

sem a autorização dos meus superiores.”

Eusébio faz parte de um grande projeto

entre uma empresa brasileira e o governo

de Angola, um intercâmbio que visa formar

profissionais que resgatem a agricultura

local, devastada por trinta anos de guerra

civil. Combater a malária e a praga da

mosca tsé-tsé, que transmite a doença do

sono, também estará na pauta de Eusébio.

“Trabalhar em compa-nhia aérea não é voar, é controlar um apare-lho que voa. Aqui é no braço, a gente sente o avião na bunda’”

*Nome fictício

A cerimônia segue com discursos, cerveja

gelada e muito orgulho. O comandante

Bernardi fuma seu cigarrinho ao lado de Bill

Lavender, americano editor-chefe da Ag Air

Update, revista especializada do setor, que

veio dos EUA só para prestigiar os novos

profissionais formados pela escola. “Vocês

voarão milhares e milhares de hectares,

então cuidem sempre da segurança. E

agora vamos tirar uma foto de vocês para

a capa da próxima edição”, falou Lavender

ao microfone. No fim da festa, o coman-

dante Bernardi foi ajeitar seu jaco de piloto

para sair na foto, com direito a pose na

frente de um Cessna. Emocionado, Seu

Bernardi? “Claro, são mais de 500 garotos

que eu formei. Mas não tenho muito tem-

po, daqui a alguns dias já tem mais candi-

datos chegando”, responde.

44

Leandro e Marco também tiveram

seus perrengues no ar. Leandro, aliás,

recentemente perdeu um amigo que

estava trabalhando em uma propriedade

na fronteira com a Argentina. “Na

realidade foi um acúmulo de fatores.

Era fim de tarde, a visibilidade estava

baixa, havia um vento perigoso e, na real,

rolou uma pressão do dono da fazenda

para que o voo fosse feito”, recorda. O

resultado: a aeronave acabou colidindo

com um fio de alta tensão.

No entanto, Marco ressalta que a

maioria dos donos de fazenda são

prudentes e que esse tipo de pressão não

é comum na aviação agrícola. “É preciso

ter calma e planejamento. Até porque na

época do pico da safra não adianta você

ter 20 aviões que não vai dar conta de

todo o serviço. Então tem que fazer aos

poucos, com calma.”

Há um consenso entre todos os

pilotos: cada tipo de plantação tem

suas peculiaridades, mas há as mais

perigosas. Voar num bananal pode ser

bem perigoso se o comandante não tiver

o preparo necessário. “É difícil porque a

área de plantio da banana geralmente é

em morro, não é como a soja, milho ou

arroz, que são plantados em terrenos

planos. Por isso a aplicação nesses casos

é um pouco mais perigosa”, explica

Marco. Outro consenso é o prazer que

a atividade agrícola traz. Segundo os

caras, depois de um tempo o piloto sente

o avião como se fosse uma roupa, uma

luva. “É um voo prazeroso. A gente voa

baixo, em alta velocidade, faz manobras

como o balão, que é o retorno depois do

voo baixo. É uma coisa muito gostosa de

se fazer”, afirma Marco. “Com o tempo

você passa a conhecer a aeronave”,

O perigoso voo da banana

Obedecendo a todo o protocolo de

segurança, naquele dia de vento incle-

mente nenhum Ipanema saiu do chão no

aeroclube de Cachoeira do Sul. Voltamos

para casa bem jururus por não termos

testemunhado a ação de um daqueles

gafanhotos de aço. Dias depois, acorda-

mos sob céu de brigadeiro e rumamos

para Montenegro, outra cidadezinha

simpática distante 80km de Porto Ale-

gre. É lá que vive e trabalha Leandro

Kemmerich, 28 anos, outro que foi for-

mado sob as rigorosas orientações do

staff da Santos Dumont.

Num dia excepcionalmente quente para

esta época do ano, ele nos recebe pronto

para fazer uma simulação na pista de

pouso do aeroclube do local. “No início,

até tinha o interesse em pilotar para li-

nhas aéreas, mas fui criado lá no interior,

meus pais chegaram a ter uma pequena

lavoura, então era normal que meus inte-

resses profissionais fossem guiados para

esse lado”, lembra. Além do meio em

que viveu, outro atrativo é a facilidade

de arranjar trampo quando se é um bom

piloto agrícola. “Temos essa vantagem de

trabalho imediato. Dificilmente um piloto

agrícola se forma e fica sem emprego”,

diz ele. O pagamento é feito através de

comissão por hectare voado, além do

piso salarial indicado pelo sindicato local

(algo em torno de R$ 1.200,00). No

entanto, há a parte ruim. No começo da

carreira, para não ficar parado e ir ga-

nhando experiência, a molecada muitas

vezes tem que voar longe de casa. Aliás,

longe de tudo.

“Voei no Tocantins, em uma fazenda que

ficava 60km distante da cidade mais

próxima. E essa cidade mais próxima

era um lugar que só tinha uma rodovi-

Na solidão do Tocantins

ACESSE O SITE DA VOID E DÊ UMA OLHADA NOS VÍDEOS QUE SEPARAMOS COM O MELHOR DA AVIAÇÃO AGRÍCOLA. QUEM SABE A INSPI-RAÇÃO NÃO VEM?

completa Leandro. Minutos depois,

ele mesmo estava rasgando os céus e

dando rasantes diante dos nossos olhos,

borrifando água por tudo, só pelo prazer

da demonstração.

Empolgados, nós também embarcamos

nessa. Boa praça, Marco nos convidou

para um outro passeio em um arrozal

próximo, só que dessa vez a bordo de

seu Piper Arrow 1973, com capacidade

para quatro passageiros. O tal do balão

que eles fazem depois do voo baixo dá

uma tonturinha gostosa, como a do

ária e um boteco com uma TV. Dividia

um quartinho em uma casa dentro da

propriedade com mais três caras que

eu só fui conhecer lá”, recorda Leandro.

Por aquelas bandas ele voava sobre uma

lavoura de soja, acordando todos os dias

às 5 da matina e dando duro até o sol

se pôr. No entanto, o cara garante que

duro mesmo era suportar o tédio quando

não estava dentro do avião. “Nos dias de

folga não tem como ir visitar a família.

Vai visitar como? Você está no meio do

nada, a três mil quilômetros de casa. O

jeito era dormir, ver TV...”

“Nos dias de folga não tem como ir visitar a fa-mília. Vai visitar como? Você está no meio do nada, a três mil quilô-metros de casa. O jeito era dormir, ver TV...”

“É um voo prazeroso. A gente voa baixo, em alta velocidade, faz manobras como o balão, que é o retorno depois do voo baixo. É uma coisa muito gostosa de se fazer”

AGRADECIMENTOS:

Aero Agrícola Santos Dumont

Taguató Aviação Agrícola (Montenegro-RS)

Bar Azul (Cachoeira do Sul – RS)

Marco Dietrich, que trampa junto com

Leandro, reforça que o isolamento é

duro, mesmo. “Voei muito no interior do

Mato Grosso. É duro, você fica lá sozinho

e tendo que lidar com um tipo de gente

meio rude, com uma visão de mundo

bem diferente. No começo é assim, o

cara tem que ir para pegar experiência e

ganhar dinheiro. Depois, com o tempo,

dá pra ir selecionando os trabalhos”,

explica. Marco rala há trinta anos neste

nobre ofício e hoje é proprietário da

Taguató Aviação Agrícola.

lança-perfume, recorda? (Será que é

por isso que eles gostam tanto de voar?

Vai saber!) O fato é que esperamos

que depois dessa matéria você lembre

que aquele arroz integral que faz você

manter a forma recebeu uma borrifada

certeira e rasante de um desses malucos

e, graças a eles, você pode estar fazendo

esta frugal refeição sem que parasitas o

fizessem antes.

45

SIMPATIZOU COM OS PILOTOS AGRÍCOLAS DE NOSSO

BRASIL VARONIL? SACOU A IMPORTÂNCIA DO TRAM-

PO DOS CARAS? ENTÃO VÊ SE COLABORA DE ALGUMA

MANEIRA, NEM QUE SEJA REZANDO A PRECE DOS

AVIADORES:

Ó Maria, Rainha di Céu, gloriosa Padroeira da Aviação, ergue-

se até vós a nossa súplica.

Somos pilotos e aviadores do mundo inteiro; e arrojados aos

caminhos do espaço, unindo em laços de solidariedade as

nações e os continentes, queremos ser instrumentos vigilantes

e responsáveis da paz e do progresso para as nossas pátrias.

Em vós depositamos a nossa confiança. Sabemos a quantos

perigos se expõe a nossa vida; velai por nós, Mãe piedosa,

durante os nossos voos. Protegei-nos no cumprimento do

árduo dever cotidiano, inspirai-nos os vigorosos pensamentos

da virtude e fazei com que nos mantenhamos fiéis aos nossos

compromissos de homens e de cristãos.

Reacenda em nosso coração o anelo dos bens celestiais, vós

que sois a Porta do Céu; e guiai-nos, agora e sempre, nas asas

da fé, esperança e do amor.

Amém

Em vós depositamos nossa confiança

46

NA ESTICAPOR GABRIELA MO

A nova coleção de óculos escuros da Chilli Beans foi criada

em parceria com quatro dos mais importantes estilistas da

Semana de Moda da Casa de Criadores. Der Metropol, Gêmeas,

Gustavo Silvestre e Walério Araújo desenvolverem modelos

inéditos, fotografaram e produziram um vídeo registrando as

peças de acordo com seus estilos pessoais.

Como cada um teve total liberdade na personalização de dois

modelos, as inspirações foram as mais distintas: de alusões

retrô à atualidade das passarelas. No final, a campanha da

marca ficou uma mistura de cores e materiais! Cada modelo de

óculos escuros ganhou a cara e a imagem de seu criador.

O próximo estilista a lançar uma coleção para a marca será

Alexandre Herchcovitch, dando continuidade ao trabalho com

a Casa dos Criadores. Ele firmou uma parceria de um ano

com a Chilli Beans e a partir do mês que vem vai lançar quatro

modelos por mês. Os primeiros têm detalhes de miçangas e

acetato com textura de madeira e bambu. No mercado a partir

do dia 30 de agosto.

CLOG-SE

Admita que, antes de começar a trabalhar, você dá uma

olhadinha em alguns blogs e tabloides por aí! Você se atualiza

sobre o que está acontecendo no seu mundo e no mundo dos

outros, certo? Não se preocupe, porque você é como qualquer

pessoa ligada na web.

Inspirada nesse universo

comunicativo dos dias de

hoje, a marca de mochilas

e acessórios Eastpak

lançou sua coleção Blog &

Tabloid. As mochilas vieram

superilustradas e cheias de

informações, como se você

andasse por aí com a internet

nas costas – ou com a timeline

do seu twitter, pelo menos.

BLOG NA MOCHILA

Damos a morta do que promete estar nos pés das mulheres

a partir de agora. São os clogs, aqueles tamancos pesados,

ou babuches, que já foram vistos décadas atrás e lembram

sapatos holandeses (klonpen) misturados com chinelos

árabes. Quem trouxe o modelo das cinzas este ano foi Karl

Lagerfeld e sua musa Alexa Chung – os grandes culpados

pela volta desses tamancos.

A diferença é que agora eles vêm com aplicações, como

tachas, pérolas, pedrarias, flores, em estampas coloridas

e em materiais diferenciados. A marca Santa Lolla é uma

que está investindo nesses clogs modernos. Suas versões

podem ser encontradas em multimarcas de todo o país.

FOCINHO DE UM...

47

E por falar em diário, algumas marcas possuem blogs para

manter seus clientes atualizados e antenados. É o caso da

King 55: moda, lifestyle, referências, música e cultura com a

cara da grife são postadas diariamente nesse diário virtual.

É para ficar ligado nas tendências enquanto a próxima

coleção não chega. Rolam até dicas de livros, filmes,

revistas e fotos. Sem contar com as promoções...

A Absurda é outra marca que mantém seu blog cheio de

notícias absurdas, além de novidades sobre seus produtos.

Por sinal, lá também tem o making of da última campanha

realizada em parceria com o fotógrafo Matias Stoliar e com

o grupo Kamuflash, do Circo La Arena. Uma loucura!

Info: www.blog.absurda.com

www.king55lifestyle.blogspot.com

DIÁRIO DE BORDO TANQUE DE FORA MELHOR NÃO

Sempre falamos de estampas legais, figuras engraçadas e

camisetas divertidas. Dessa vez vamos fazer exatamente do

contrário! Que tal tees para não usar? “I Love HIV Boys”, “Face

Sitting Lover” e “Eri Johnson fã clube” são só algumas das frases

inventadas pelo criativo Matias Lucena para ilustrar as básicas.

A ideia a princípio não é imprimir os desenhos de verdade para

vender camisetas. O desenhista apenas faz graça com o que as

pessoas poderiam estar vestindo por aí – e tira um sarrinho das

estampas hype.

Mas se você realmente quiser alguma, torça para que as

pessoas entendam a sua ironia, ou corre o risco de alguém

“sentar na sua cara” de verdade.

Macho que gosta de andar sem camisa exibindo o pânceps por

aí vai gostar dessa. Mal tentaram empurrar as saias para os

guarda-roupas masculinos e já inventaram uma nova ousadia

para eles: a barriga de fora.

Homens agora vão ter que manter o tanquinho em forma (ou

não!) para exibir seus umbigos se quiserem estar na moda.

Quem deu a letra foi a Calvin Klein, lançando tendência para o

verão 2011.

Já vá economizando para adquirir as peças da grife, ou passe a

tesoura nas suas camisetas e casacos. Melhor do que isso, só

com um piercing no umbigo.

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NA ESTICa

Sua coleção de VOID empoeirada na prateleira seria um prato

cheio para Andre Britz. Depois de encontrar pilhas e pilhas de

revistas abandonadas no porão de casa, ele decidiu que faria

bottons com as imagens impressas nas páginas.

Centenas de bottons foram criados a partir de publicações dos

anos 50 e 60. E ele jura que elas não faziam parte do acervo

histórico de ninguém!

Pelo menos agora você já sabe o que fazer com aquelas revistas

de mulher pelada de 1980 que você ainda mantém embaixo da

cama!

DIY BOTTONS

DEBUT ROCK ’N’ ROLL

ESQUENTA CORAÇÃO

JOVEM E COSMOPOLITAA Cavalera apagou 15 velinhas! E, no lugar da valsa e do vestido

de gala, rock ’n’ roll e look bailarina na coleção de verão 2011.

O destaque da temporada são as saias curtas em tule preto

combinadas com rendas, paetês e cristais.

A marca investe também em juntar saias com bermudas. Isso

mesmo! Como os modelos são curtinhos, por que não? Para

eles, o comprimento também sobe, mas nas calças! A coleção

masculina aposta na alfaiataria descolada, com coletes e

costumes.

A dica da Reverbcity é o desapego! Sabe aquele suéter velho

que você adora, o casaco do inverno passado ou a calça jeans de

guerra que já mostra sinais da idade? Desapegue! Esse monte de

agasalho que ficou encostado no fundo do armário o ano inteiro

tem que dar espaço aos novos cardigans, jaquetas, camisas e

outras peças de inverno da marca.

Destaque para as leggings coloridas e para as calcinhas e

moletons de caveira! As camisas xadrezes aparecem para todos

– os cardigans também. No site da Reverbcity é possível comprar

roupas, acessórios e objetos para a casa, como canecas bacanas

para enfeitar a sua mesa.

Info: www.reverbcity.com

Sol e chuva, alfaiataria e surfwear. A personalidade da Redley e a

inovação de suas peças garantem que seja uma marca esportiva

e ao mesmo tempo um ícone fashion. As peças se encaixam

perfeitamente com o clima da cidade grande, confortável,

arrumada e eficiente, faça tempo bom ou ruim.

No último SPFW, a marca desfilou cáqui, vinil, neoprene elástico,

nylon de diferentes texturas e tecidos sintéticos em tons naturais.

Cores como o laranja apareceram em algumas peças, combinada

com roxo, azul, rosa em tons pastel aos mais ácidos. As estampas

geométricas, assim como cortes mais quadrados, dão um aspecto

cítrico à nova coleção de verão.

1

50

Love hurts

POR Denise Rosa

FOTOS Gabriela Mo Divulgação Absurda 21

1 1 1 1 1

1 1

2

2

2

2 2

2 2

11 1

NA ESTICa

FOTOGRAFIA ALICE MARTINSENTREVISTA POR PEDRO DAMASIO

INSHALLAH52

Quem é você, de onde vem e do que se alimenta?Quem eu sou e do que eu me alimento são perguntas que eu

faço todos os dias, e sempre encontro respostas diferentes! De

onde venho? Ainda tenho minhas dúvidas.

Quando escolhemos as fotos dessa matéria, você falou que precisava de um tempo pra digitalizar elas. Quer dizer que é tudo na película mesmo? Por quê?Sim. Eu sempre preferi usar filme. A textura é diferente. A

atitude na hora de fotografar é diferente também. Eu vejo que,

quando as pessoas fazem fotos digitais, acabam fazendo a

foto antes e pensando depois. Pra mim isso não faz sentido.

Gosto de ver a foto antes de clicar. Não é uma questão de

tempo... claro que, quando se faz fotografia documental, é

preciso ser ágil, ou o momento se perde. Mas eu preciso ver a

foto na minha cabeça antes de clicar, mesmo que seja por um

instante. Eu já percebi que as melhores fotos que eu fiz de uma

pessoa ou lugar são aquelas que são únicas, e não parte de uma

série. Pra mim uma boa foto vem de uma visão clara e de uma

conexão real que eu faço com o personagem que eu fotografo,

mesmo que seja por um instante. Não é uma foto em uma série

de tentativas.

Mas e aquele suspense de não saber se a foto ficou boa, especialmente se foi tirada em um lugar onde você não vai voltar tão cedo? Não rola nem uma cybershotzinha no bolso pra garantir? Confessa!

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ALICE MARTINS GOSTA DE VIAJAR PELO MUNDO TIRANDO FOTOS. ATÉ AÍ TUDO BEM, QUEM NÃO GOSTARIA? SÓ QUE ELA TAMBÉM CURTE SE METER EM ALGUNS LUGARES UM POUCO MAIS INÓSPITOS DO QUE O NORMAL, COMO AS SAVANAS DA NAMÍBIA E, EM BREVE, A FAIXA DE GAZA. DÁ PRA ENTENDER ISSO? DÁ.

54

Não, não rola uma cybershotzinha no bolso (pode revistar!).

Eu curto essa expectativa, de não saber como a foto ficou.

Também adoro esquecer as fotos que eu fiz, e daí, depois de ter

os filmes revelados, viver aquela experiência de novo como se

fosse inédita. Também acho que, assim como a luz ambiente e

os movimentos que o personagem fotografado faz, as minhas

escolhas na hora de selecionar o diafragma e a velocidade

fazem parte da experiência. Eu sou bem desencanada com

relação à técnica. Acho que vale experimentar. Lembro que,

depois de um ano inteiro morando na África, eu ainda não

tinha visto nenhuma foto que eu fiz lá. Não era fácil nem

encontrar filme pra comprar, menos ainda encontrar um

laboratório pra revelar, então decidi guardar tudo na geladeira

(um eletrodoméstico de luxo, com certeza) e revelar as fotos

só quando voltei pra Califórnia. O que eu mais curti foi ver uma

foto que pra mim era a única que eu lembrava ter feito, a única

que ficou na minha memória (fraca, diga-se de passagem) tão

nítida quanto no momento em que eu cliquei... e quando eu

revelei o filme lá estava ela, exatamente como eu lembrava.

É uma foto em preto e branco de um casal que eu visitei na

Namíbia. Até hoje uma das minhas preferidas.

Falando nisso, deu pra perceber que você viaja bastante pra fotografar. Essa é a pilha principal, fotografar lugares e culturas diferentes?Sim. Eu sempre fui muito curiosa. Sempre quis saber como

viviam as pessoas do outro lado do oceano. Quando eu tinha

9 anos, meu pai me deu uma câmera Kodak Instamatic que eu

comecei a usar pra fotografar cachorros de rua... depois, com

o tempo, minha atenção se voltou a pessoas que vivem uma

realidade diferente da minha. Hoje eu quero usar a fotografia

como uma ferramenta pra ajudar o mundo a conhecer melhor a

si mesmo, e eu acho que isso começa quando a gente consegue

se relacionar com pessoas e culturas diferentes das nossas. O

maior barato pra mim é quando uma pessoa vê uma foto que

eu fiz do outro lado do mundo, e olhando nos olhos da pessoa

fotografada, sente como se estivesse lá. E de repente aquele

estranho na foto não é mais assim tão estranho...

Você também costuma fotografar o surf e o lifestyle de beira de praia. De onde veio isso?Eu sempre vivi perto do mar, mas não tinha entendido a

importância dele na minha vida até me afastar dele, quando

morei em Londres, e depois no meio das savanas na Namíbia.

Logo depois disso, eu voltei a morar perto do mar e comecei

a surfar. Daí ficou claro pra mim que esse mundo é mais do

que uma parte de quem eu sou, é minha essência. A paz e a

sensação de conexão com a natureza que o surf traz pra mim

são coisas preciosas demais pra serem experimentadas por

uma minoria. Eu quero dividir isso com o mundo, seja através

de fotos, ou através de projetos que ensinam crianças menos

privilegiadas a surfar.

Sempre que eu visito meu irmão no Rio de Janeiro e a gente passa pelo Complexo de Favelas do Alemão, na chamada Faixa de Gaza, me dá um gelo na espinha. Você tá indo pro lugar que deu origem a esse apelido. O que diabos você vai fazer por lá?Um grande amigo meu, o Matt Olsen, criou uma organização

não governamental brilhante – a Explore Corps. O primeiro

projeto dele foi o Gaza Surf Club – uma escolinha de surf feita

pros jovens que vivem na Faixa de Gaza, que começou há uns

3 anos. O Matt sempre gostou das minhas fotos, e sempre

disse que eu seria a pessoa perfeita pra visitar o projeto e

fotografar. Então, sem pensar duas vezes, eu topei, e agora

sou oficialmente a fotógrafa da Explore Corps. Finalmente tá

chegando a hora de eu ir até Gaza visitar o projeto e conhecer

o pessoal que participa, curtir umas ondas com eles e com

certeza também visitar suas casas, conhecer as famílias, e

quem sabe voltar de lá com algumas fotos que vão ajudar o

mundo a conhecer melhor a realidade de quem vive na Faixa de

Gaza e quer ser tão livre quanto a gente.

Confesso que não entendo porra nenhuma sobre os conflitos entre israelenses e palestinos, por isso não vou forçar a barra com uma pergunta sócio-geo-política-cultural-religiosa-yasser-arafat. A questão é: Se a bala começar a comer por lá, você sabe pra que lado correr?Boa pergunta...

E o que a sua mãe tá achando de tudo disso?Eu decidi contar por partes... “mãe, eu tô indo pra Israel.” Daí,

quando eu vi que ela tava pronta pra ter um ataque histérico, eu

resolvi usar a mesma tática que eu usei quando tive malária na

África. Depois que eu voltar de lá ilesa, eu conto pra ela que fui.

Na edição passada, publicamos uma nota sobre o projeto de foto e vídeo Skateistan, que retrata o skate no Afeganistão. Vi num dos sites que você me passou que eles são parceiros do pessoal que está por trás desse projeto em Gaza. Que resultados esse tipo de iniciativa pode alcançar?

A ideia é criar uma realidade dentro de outra. Seria inútil,

como um pequeno grupo de pessoas bem intencionadas,

tentar influenciar o governo ou mudar as crenças religiosas das

pessoas, que tantas vezes causam conflito por lá. O que me

faz acreditar e querer apoiar esses projetos é que a intenção

(e o resultado que já pode ser visto) é ajudar as pessoas que

vivem naquela realidade hostil a ter uma perspectiva diferente

do mundo, e experimentar momentos de paz e liberdade em

meio ao caos. Não tenho dúvida de que muitas crianças que

estariam hoje segurando armas e treinando pra lutar agora

estão ocupadas demais treinando uma manobra nova no skate

ou nas ondas, e quando voltam pra casa dividem essa nova vibe

com a família.

Quanto tempo você vai ficar em Gaza e que tipo de souvenir você espera trazer pros seus amigos?O plano é ficar uns 2 meses por lá. O melhor souvenir que eu

espero trazer é conscientização – pra agradecer todos os dias

pela liberdade que temos, e pra lembrar que quem vive lá não

pertence a outro mundo e nem mesmo a outra espécie... são

como nós e também querem curtir a vida com paz e liberdade.

Alguma chance de a gente publicar umas fotos aqui quando você voltar?Com certeza!

Bom, só nos resta dizer boa sorte, boa viagem, boas fotos e que Alá (?), Maomé (?), Jesus (?), Tutancâmon (?), Mestre dos Magos (?), Yoda (?) e todos eles estejam com você!Obrigada, Mahalo, Inshallah!

_Info:

www.alicemartins.com

www.explorecorps.org

www.gazasurfclub.com

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O Radiohead, talvez, possivelmente,

é provável, lance disco novo ainda

esse ano. Falar sobre “é provável”,

“talvez”, “possivelmente”, não passa de

alimentar boatos, algo fora do padrão

do jornalismo sério que praticamos

(ahá!). Mas, nesse caso aqui, tá valendo.

Porque todo mundo deve se lembrar

do último álbum da banda, In Rainbows,

em 2007, quando fizeram o lançamento

do nada, sem avisar, naquele esquema

de pague-quanto-quiser. Dessa vez, a

ideia é lançar nos moldes tradicionais, e

quem adiantou a “data” (é, na real, algo

entre agora que você está lendo e o final

de 2010) foi o guitarrista Ed O’Brien,

em entrevista para a rádio BBB 6. Entre

o que ele também disse havia aquele

velho blábláblá de que será um álbum

muito diferente do anterior. Mesmo

que seja tudo um “possivelmente

talvez é provável”, os fãs podem ficar

molhadinhos. Aqueles que odeiam a

banda podem odiar por antecipação.

Para quem curte música, moda, design,

artes gráficas, tudo junto e ao mesmo

tempo, é indispensável conhecer o

trampo da Obey Giant. Completando

seus vinte anos, o multiprojeto é

capitaneado por Shepard Fairey, famoso

por aquele pôster de Barack Obama

simulando uma propaganda soviética

com a palavra HOPE em letras garrafais.

Além da sua linha de roupas (com

camisetas de bandas, mas não só), o

cara também desenvolve grafias para

capas de disco, como o recém-lançado

Stone Temple Pilots, e de livros sobre

rock, como Woodstock Experience, de

Michael Lang, e A Heartbeat and A Guitar:

Johnny Cash and the Making of Bitter

Tears, de Henry Diltz. Nesse campo das

capas, não bastassem os desenhos, um

dos artistas contratados na Obey Giant

é Spencer Elden, ninguém menos do

que aquele bebê fotografado na capa do

álbum Nevermind do Nirvana, hoje com

19 anos, e com mão forte na street art.

QUEM SABEYES WE OBEY

A história de Jim Morrison, vocalista da banda The Doors, morto aos 27, em 1971, está sendo contada em

When You’re Strange. O documentário é narrado simplesmente por Johnny Depp, bem conhecido pela sua

ligação com o rock, e tem na direção Tom DeCillo (autor de alguns filmes independentes), que capturou uma

centena de imagens nunca vistas dos Doors e de Morrison, no palco e também fora dele. Por outro lado, a

história de William Burroughs, escritor chave da geração beatnik, morto aos 84, em 1997, está retratada no

documentário A Man Within’. Realizado pela produtora chefiada por Adam Yauch, dos Beastie Boys, a direção

do filme é do novato Yony Leyser, que capturou entrevistas de Iggy Pop, Jello Biafra, os guitarristas do Sonic

Youth – Thurston Moore e Lee Ranaldo –, entre outros músicos influenciados pelo escritor.

Info:

whenyourestrangemovie.com

burroughsthemovie.com

POETAS, JUNKIES E CHATOS

62

POR LEANDRO VIGNOLI

Quem: Céu.

Que: Considerada pela Época em 2009 uma das

100 brasileiras mais influentes, o seu segundo

disco, Vagarosa, tem 12 composições autorais de

valer cada segundo. Referendado até pelo The

New York Times. É ou não é: Gatíssima, ela é

casada, e tem filho, ou seja, um baita desperdício

hétero.

Quem: Tié.

Que: Em seu primeiro disco, Sweet Jardim, toca

piano e violão, canta em português, inglês

e francês dez faixas de autoria própria, bem

delicinha. É ou não é: Caso isso signifique algo,

ela já foi modelo da Ford Models.

Quem: Maria Gadú.

Que: A revelação popular de 2009, com

música em novela da Globo, violão na mão, e

muito shimbalaiê. É ou não é: Apesar de nunca

ter aberto a sexualidade, no próprio círculo

homossexual há uma espécie de clamor “Assume

logo, Gadú!”.

Quem: Ana Cañas.

Que: Formada em artes cênicas, é mais uma da

safra que canta e compõe, e também emplacou

um hit em novela das oito, com “Esconderijo”. É ou não é: Sóbria talvez não seja, mas na “cañas”,

quem sabe? #piadaóbvia

Quem: Mariana Aydar.

Que: Em 2007 foi indicada a revelação na

premiação da MTV, sendo intérprete de

samba, choro, forró e a lista segue. É ou não é: Recentemente tocou em projeto chamado

Bem-Casado com o marido. Que é um homem,

acredite.

Quem: Nina Becker.

Que: Vocalista da Orquestra Imperial, ela acaba

de estrear solo com dois discos, Azul e Vermelho.

Voz doce, melancólica, puro charme e tesão. É ou não é: Com a pílula azul, namora o batera do

Caetano. Com a pílula vermelha, quem sabe?

Quem: Mallu Magalhães.

Que: A menina-prodígio cresceu, ficou bem

lugar-comum e as pessoas perderam o interesse.

É ou não é: Namora um ex-Los Hermanos, então

homem é que não é o seu forte.

Quem: Cibelle.

Que: Vivendo na Inglaterra, é mais conhecida na

cena indie. Canta, toca, atua, experimenta, tudo

inclassificável. É ou não é: Ahn, inclassificável.

63

POUCO ME IMPORTA O QUE VOCÊ FAZ COM SUA

LÍNGUA, DEDOS OU ÓRGÃO GENITAL. PORÉM,

PARECE ABSURDO, MAS BOA PARTE DE QUEM

CONSOME MÚSICA ELEGE SUAS PREFERÊNCIAS

PELA HOMOSSEXUALIDADE DO ARTISTA. NUMA

LISTA COM CÁSSIA ELLER, ZÉLIA DUNCAN,

ANA CAROLINA, SIMONE E ÂNGELA RORO, É

NOTÓRIO QUE NO BRASIL AS CANTORAS TÊM

LARGA TRADIÇÃO NESSE STATUS, E COMO JÁ

DISSERA O FILÓSOFO EDSON CORDEIRO, CANTAR

É COISA PARA MULHER, POIS “AS CORDAS

VOCAIS SE ASSEMELHAM A LÁBIOS VAGINAIS”.

DE DOIS ANOS PRA CÁ, VÁRIAS CANTORAS TÊM

RENOVADO MUITO A MPB, COM VOZES SUAVES,

ARRANJOS MODERNOS E BASTANTE OUSADIA.

ENTÃO, NÃO HÁ COMO NÃO PERGUNTAR: QUEM

SERIA A NOVA BOLACHA DO PEDAÇO?

CORDAS VAGINAIS

NA CAIXA

64

NA CAIXA

1001 DISCOS PARA OUVIR DEPOIS dE MORRERANA CAROLINAAna & Jorge

Em algum ponto a MPB passou a ser

associada a intelectualoides abostados.

Pessoas de pulôver por volta do pescoço

discutindo pobreza como se soubessem

algo sobre. O exato estereótipo que

adora gostar de Ana Carolina. Porque

ela, além da pose blasé e do estilo, tem

aquela “atitude” de quem abre sua

sexualidade na capa da Veja. E entre as

coisas mais terríveis dessa MPB recente

são os cantores (as) que acreditam

estar acima da música. Seu Jorge, que

tem algumas boas qualidades como

instrumentista, tem esse mal elevado ao

quadrado. Nos primeiros dois minutos

desse disco, gravado ao vivo, tudo que se

ouve são “ô iô iôô”, “laraiai laraiai”, “uuu

ahhhh”, como se a porra da música não

fosse suficiente, como se ela precisasse

de complemento do seu “majestoso

timbre”. Não bastasse o exagero, é um

cara que atrai todo tipo de gente meia-

boca, de estudantes de comunicação de

esquerda ligados ao DCE da universidade

às periguetes e playboys que vão se

pegar “na night” ouvindo samba-rock.

Seu Jorge = povo. Ana Carolina

= intelectuais. Mistura acima do

catastrófico.

A descolada bissexual, apesar de toda a

pompa, o máximo que faz numa música

é sempre aquele dramalhão, não saído

da alma (como a boa MPB), mas duma

novela global – e não é à toa que várias

de suas músicas param justamente em

novela. O maior de todos os dramas

vem com “É isso aí”, versão livre da

música “Blower’s Daughter”, famosa

na trilha sonora do filme Closer. Não

bastasse a original ter massacrado

nosso saco de tanto que tocou até em

propaganda de remédio, essa versão

ultrapassa os limites da pieguice (e da

sanidade mental). Porque o problema

dessa gente meio-intelectual é que levar

muito a sério o que a maioria encara

como piada. Por exemplo, sabe quando

você e seus amigos estão na praia, todo

mundo podre de bêbado e começam

a INVENTAR em português clássicos

das bandas gringas? Pois então, essa

tradução de “É isso aí” parece feita por

um bando de bêbado na praia, de tão

mal-acabada – ou mesmo pela sobrinha

de 12 anos da Ana Carolina, pra uma

aulinha de inglês.

Como tentativa de mudar seu status

brega, no meio do show ela RECITA

UM MANIFESTO contra a corrupção,

prelúdio duma música que se imagina

um berro de indignação, um chute na

cara da politicagem filha da puta. Muito

pelo contrário, de “Brasil Corrupção”

sai outro chororô reclamando que “tem

sempre alguém se dando bem / De São

Paulo a Belém”. Nenhuma legitimidade,

mesmo com um ex-morador de favela

cantando ao seu lado. Dá até vontade

de votar no Maluf. Entre a burrice de um

voto e a de perder mais de uma hora

ouvindo esse disco, vamos pelo mais

rápido.

66

Fucking for Change O SEXO COMO SIMPLES ATO DE REPRODUÇÃO É BALELA. DESDE A PRÉ-HISTÓRIA O HOMEM USA A FORNICAÇÃO VISANDO AO PRAZER ABSOLUTO EM PRIMEIRÍSSIMO LUGAR. BASTA DAR UMA OLHADA NAS PINTURAS RUPESTRES ESTAMPADAS NOS LIVROS ESPECIALIZADOS. NO PICHO PALEOLÍTICO, O RISCO DOMINANTE RETRATA SEXO ANAL E ORAL.

Através da história, aprendemos também que o sexo pode ser

usado como ferramenta de ascensão social, através da já conhe-

cida “profissão mais antiga do mundo”. Mas atualmente, com a

pá de problemas que estamos enfrentando em um mundo cada

vez mais caótico e com data de expiração já definida (2012?), eis

que o ato de trepar pode ser usado para chamar a atenção para

causas sociais, políticas, ambientais e até mesmo se propor a

salvar o mundo do aquecimento global.

Na internet, pipocam exemplos de malucos que se juntaram

para colocar na rede ensaios sensuais a troco de uma grana que,

juram eles, é destinada para reafirmar bandeiras como a preser-

vação do meio ambiente ou o direito dos animais. O primeiro e

mais gritante exemplo dessa nova modalidade de pornografia

é o site da ONG Fuck For Forest (www.fuckforforest.com). O

grupo foi fundado na Noruega em 2004. Atualmente tem sede

na frenética Berlim, e a ideia do business é simples: por US$15

mensais o internauta tem acesso a um vasto arquivo de fotos e

vídeos de sexo explícito. A diferença nesse caso é que o cenário

da fornicação quase sempre é um matagal, uma árvore, um

gramado... Enfim, sexo ecológico à vera, entende? E, segundo os

diretores da ONG, grande parte dessa grana que geral paga para

assistir sexo selvagem vai para projetos que salvarão florestas

nativas, rios, oceanos e comunidades indígenas ao redor do

globo. Bacana, né?

Leona Johansson e Tommy Ellingsen são as cabeças pensantes

por trás do Fuck For. “No começo éramos apenas os dois, tentan-

do fazer algo com sentido em um mundo sem sentido, usando

apenas o que tínhamos: nosso amor e sexualidade”, recorda

Leona. Segundo ela, além de foder gostoso para salvar o planeta,

a intenção era mostrar que o sexo pode ser algo criativo e “com

fortes propriedades de cura”. Nesses quatro anos de luta e gozo,

cerca de 1.400 pessoas se juntaram ao casal para transar sob

lentes de câmeras e tentar arrecadar dinheiro para sarar a Terra.

Curioso pra assistir aos vídeos e fotos com trepadas que salvarão

nossas vidas do dilúvio fatal? Se não quiser pagar as 15 doletas,

outra maneira é fazer seu próprio material de cunho Eco Porn e

mandar para Leona, tornando-se um membro do staff do Fuck For

Forest, o que vai lhe dar livre acesso a todo o site. Mas capriche,

pois os managers e clientes do FFF não curtem nada fake. “A

esmagadora maioria do material erótico que circula nas revistas

e sites por aí são montagens. Não mostram o sexo, a nudez e o

corpo humano como verdadeiramente são. No FFF todo o mate-

rial erótico é feito de maneira impulsiva e espontânea, sem en-

saios”, afirma Leona, que aproveita para avisar que os candidatos

a estrelas do Eco Porn não recebem nenhum tipo de pagamento.

Não espere encontrar no site europeias peitudas, grandes bun-

das ou homens que seriam vistos nos vídeos eróticos do circuito

comercial. Peitinhos estilo muxiba, mulheres peludas e europeus

à la “Fórum Social Mundial” dominam. “Estamos lançando uma

nova maneira de ver a liberação sexual e a conexão do nosso

corpo com a natureza que está ao redor”, completa Leona.

PORFELIPE DE SOUZA

ILUSTRAÇÕESRAFAEL CHAVES

67

68

69

Ok! Todo esse papo de libertação sexual, conexão corpo/

mente e respeito ao meio ambiente emocionam, mas quais

resultados práticos essa fodelança arvorista já alcançou? Será

que mais alguns anos de orgias no mato e estaremos a salvo

de chagas como o degelo das calotas polares e o aquecimento

global? Segundo os managers do FFF, a estratégia do “Transar

localmente, agir globalmente” vem dando expressivos

resultados, inclusive aqui, perto de nós. A grana arrecadada

com o material erótico já estaria ajudando comunidades

indígenas da Amazônia, localizadas próximas à cidade de Boa

Vista, no estado de Roraima.

No Rio de Janeiro, um sítio administrado sob a filosofia da

permacultura estaria recebendo recursos para desenvolver

projetos de educação ambiental. No Equador, o pessoal da tribo

Shuar é que se beneficia cada vez que uma branquela europeia

fode em streaming. Reflorestamento na Costa Rica e proteção

aos lobos e ursos da Eslováquia também constam na lista de

boas ações da Fuck For Forest. Apesar de agir em todo o mundo,

Leona admite que o Brasil é o lugar que a excita mais. “As

pessoas aí têm a mente aberta para novas ideias e isso é muito

inspirador”.

Inspirador mesmo é saber que esses gringos arrecadam 100

mil euros por ano em dinheiro vivo e livre de impostos. Além da

certeza de que é trepando que o futuro será salvo, boa parte do

staff da organização se abstém do consumo de carne. “Todos

nós da administração somos vegetarianos e pensamos que essa

é uma maneira muito importante de cuidar do meio ambiente e

respeitar todas as formas de vida animal. A indústria alimentícia

passa dos limites, e muitas das empresas desse ramo são

diretamente responsáveis pela poluição e desmatamento.”

E entrando na seara do veganismo e direitos animais misturados

ao sexo e à sensualidade, na internet não há expoente maior

do que o VegPorn.com. Segundo a coordenação do negócio, ele

é o primeiro e único site com material erótico feito por e para

o público vegano e vegetariano. Há sete anos no ar, possui 33

modelos no casting, entre homens, mulheres e transexuais.

Segundo a administração, nenhum deles foi selecionado

seguindo critérios como altura, peso, tamanho da bunda, calibre

do pau ou volume dos peitos. O que eles têm em comum é a

escolha ética por não consumir nenhum alimento que envolva

sofrimento animal em sua alimentação. A assinatura anual do

Veg Porn dá acesso livre a todas as seções, custa US$ 50, e

a pilha é promover a escolha vegana, chamar atenção para a

crueldade com que os animais são tratados pelas indústrias da

alimentação e vestuário e, óbvio, ganhar uma grana dando em

troca um pouco de diversão quente.

A dona do Veg Porn é uma das meninas que posa sensualmente

para o site, atendendo ao pessoal que tem o peculiar gosto por

minas peludas, bem peludas. Seu nick é Furry Girl e entramos

em contato com ela. O papo corria tranquilo e amistoso até

cairmos na besteira de perguntar, via web, se a cabeludinha se

importaria em dizer seu nome completo. A resposta veio em

uma frase: “Não continuarei concedendo entrevista a alguém

rude o suficiente a ponto de perguntar meu nome”. Ui! Essa

hipertricose na buceta e axilas deve estar comprometendo o

sistema nervoso da rapariga. Tadinha.

Bem mais acessível que sua patroa, Victoria Gimpelevich

concordou em falar conosco. Sob o nome artístico de Machaon,

ela é modelo do VegPorn desde os 18 anos. Em seu ensaio, a

menina aparece de moicano, seios à mostra e cueca samba

canção folgada, em posição de decúbito dorsal sobre um

verdejante gramado. “Estou nessa há três anos. Gosto deste

tipo de trabalho e espero continuar por bastante tempo. Estou

fazendo arte e ajudando a promover uma consciência de

diversidade corporal e também dos direitos dos animais.”

Se você pensa que é só no Brasil que veganos são às vezes

vistos como tipos freaks, enganou-se. Victoria, que mora em

São Francisco, Califórnia, diz que, apesar de viver em um local

onde há muita diversidade, a zoação também rola. “As pessoas

brincam de maneira amigável. No fundo acho que elas sacam

que a indústria da carne causa sofrimento e problemas ao meio

ambiente, mas se recusam a tomar partido e mudar os próprios

hábitos.” Sobre a corrente que diz que vegetarianos transam

mais e melhor, Victoria, apesar de ser veggie, discorda. “Eu

gostaria de dizer que sim, mas já dormi com onívoros que foram

muito bem na cama”, relembra.

Método holístico de planejar, atualizar e fazer manutenção de ambientes como jardins, vilas, aldeias e comunidades, levando em consideração a sustentabilidade completa do empreendimento, tornando o local socialmente justo e financeiramente viável.

ORGASMO EUROPEU

SALVA ÍNDIO LATINO PELO NO SOVACO

E O TOFU SENSUALO CUECÃO DA

MACHAON VAI

SALVAR OS BICHOS

4070

DEPOIS DE TODA ESSA NARRATIVA SOBRE O SEXO COMO

FORMA DE APOIAR CAUSAS NOBRES, SEPARAMOS AL-

GUNS LINKS PARA VOCÊ CURTIR E AJUDAR O PLANETA.

(www.eroticred.com)

Se você tem um peculiar fetiche por mulheres menstru-

adas, esse é o site. Galerias de fotos com muita vagina

sangrenta. A assinatura semestral sai por US$ 80, e 5%

do valor é destinado para a St. James Infirmary, clínica que

presta atendimento médico e amparo psicológico a profis-

sionais do sexo na cidade de São Francisco.

(www.thesensualvegan.com)

Aqui dá pra comprar toda sorte de brinquedinhos sexuais,

desde as obrigatórias camisinhas até lubrificantes e vibra-

dores. Detalhe: todos eles são 100% veganos. Compre,

divirta-se e ainda por cima contribua para a redução do

sofrimento animal.

(dodsonandross.com)

Site comandado pela dupla de feministas e sexólogas. Lá,

homens e mulheres podem aprender e se informar sobre

quase tudo: sexo, drogas, brincadeiras anais, cultura do

sexo, estimulação clitoriana. O site tem uma seção de

vídeos de sexo explícito (para fins educativos), e parte da

grana arrecadada vai para o The Betty Anne Dodson Foun-

dation for the Sexual Arts. Bonito, né?

(www.sexparty.org.au)

Se você planeja aquela trip pra Austrália, a fim de estudar

e surfar, que tal já ficar enturmado com o pessoal que luta

pelos direitos sexuais de lá? Fiona Patten precisa de sua

ajuda e, cá entre nós, a coroa tá com tudo em cima.

Bem, mas para que todo esse pessoal que transa pelo planeta

ou fica pelado pelos direitos dos animais possa fazer seu

trampo numa boa, é preciso alguém que esteja batalhando para

que sua liberdade individual seja mantida. Em resumo: é preciso

a ajuda de políticos. E é por isso que o The Australian Sex Party

(Partido Australiano do Sexo) foi criado em 2008 durante a

Sexpo, feira de entretenimento adulto e saúde sexual que rola

todo ano na cidade de Melbourne.

O principal objetivo do ASP é que na Austrália o sexo seja

visto e tratado como algo positivo. Mas o que seria uma visão

positiva do sexo? A líder Fiona Patten tem a resposta: “Aqui na

Austrália muitos dos nossos políticos só falam do lado negativo

do sexo. Acho que eles sentem vergonha em dizer que o sexo é

algo bom e importante para a vida de todos”, explica.

Fiona curte sexo, óbvio. E para ela o velho e bom in and out é

assunto para se tratar na política do país. “Há muito tempo

(o sexo) se tornou assunto público para mim. Em 1990 eu

comecei a trabalhar em uma ONG de amparo a portadores

do vírus da aids e também representei profissionais do sexo,

lutando por uma reformulação das leis da classe”. Quando nós

brasileiros pensamos na Austrália, as primeiras imagens que

vêm à cabeça são praias e ondas. É difícil associar o país com

repressão ou preconceito. Mas Fiona deixa bem claro que a

coisa por lá não é tão tranquila e bucólica. “Por aqui, temos mais

repressão em relação a imagens eróticas do que na maioria dos

países, com exceção das nações muçulmanas, é claro. Nossos

representantes estão interessados nos votos que vêm das

organizações religiosas e acabam se posicionando contrários à

questões envolvendo os direitos dos homossexuais, direito ao

aborto e educação sexual nas escolas.”

Fiona parece ter um dínamo dentro de si e não descansa

enquanto não colocar mais diversidade sexual até mesmo

dentro do sisudo Senado. Ela tem um projeto para promover

a igualdade de gêneros dentro da casa. Assim, tendo sucesso,

mulheres deverão ter o mesmo número de cadeiras do que

os marmanjos. E ela não para por aí: quer que Viagra e Cialis,

as famosas pílulas contra impotência, sejam distribuídas

gratuitamente a todos os necessitados. “A disfunção erétil não

deveria ser considerada uma doença diferente de qualquer

outra. Por aqui, se você tem distúrbios de apetite ou problemas

respiratórios, o governo vai lhe dar a medicação necessária.

Sexo é importante na vida de todo mundo e isso não deveria ser

visto como luxúria.”

SEXO NO SENADO

E VIAGRA PARA TODOS

ACESSE,

BATA UMA PUNHETINHA,

APRENDA ALGO E CONSTRUA

UM MUNDO MELHOR

71

POR FELIPE DE SOUZA, TOBIAS SKLAR E PEDRO DAMASIO

Já ouviu falar em Brett Banasiewicz (êta sobrenome impronunciável da porra!)? Não tenha vergonha em

admitir que não sabe de quem se trata, mas é bom ficar atento, pois esse molequinho de apenas 15 anos já

é um pequeno monstro do mundo do BMX. Mês passado ele faturou o ASA Big Air Triples, maior evento da

modalidade nos Estados Unidos, tocando o terror nos veteranos com três double front flips. Brett foi derrotado

durante as quartas de final e ganhou uma última chance em uma espécie de repescagem do evento. Sem

mais nada a perder, ele foi encaixando um front flip atrás do outro, derrubando um a um seus adversários até

ganhar a final do evento, numa bateria contra James Foster. Detalhe: o moleque jura que nunca tinha nem

tentado fazer a manobra antes. O double front flip é tipo um “duplo twist carpado” do mundo do BMX. Até

então, apenas o mestre Anthony Napolitan conseguia executá-lo.

RALLY DE BELDADES RUSSAS

REPR

OD

UÇÃO

LAT3

4.CO

M

REPR

OD

UÇÃO

Automobilismo não é um tema muito

recorrente por aqui, mas um rali

feminino de carros antigos realizado

numa autoestrada moscovita merece

uma exceção, não? No mês que

passou, beldades russas colocaram pra

rodar seus bólidos vintage na região

de Pavlovo Podvorie, nas cercanias

da capital da Rússia. A regra era

clara: no volante, apenas meninas. O

equipamento: somente automóveis

produzidos antes de 1979. Realmente

não dá pra definir o que chamou mais

atenção, se as belas europeias do leste

ou os automóveis do naipe de Jaguar,

Mercedes e Lótus que circularam pelo

local. Na dúvida, ficamos com as duas

coisas. Não sabemos informar quem

venceu, mas o certo é que quem saiu

ganhando foram os olhos do público.

Num filme produzido por Johnny

Knoxville, você espera muita ação estilo

Jack Ass, certo? No caso de Birth Of Big

Air, os ossos quebrados, o sangue e a

diversão estão presentes, mas a estrela é

o pai do big air, Mat Hoffman. Foi ele que

teve a ideia de executar o maior aéreo

em uma bike nos anos 80, ultrapassando

a marca de 6 metros de altura e

estabelecendo o recorde mundial da

época. O documentário conta a trajetória

deste herói do BMX e foi concorrente

no famosíssimo festival de cinema de

Tribeca. Vale muito voar para assistir.

Info: tribecafilm.com/tribecafilm/Birth_

of_Big_Air.html

BIG BMX AIR

72

DOUBLE FRONT FLIP DA PUBERDADE

73

ARQ

UIVO

PES

SOAL

- SU

RFAN

DO

NA

SELV

A

Ainda não foi dessa vez que Sergio Laus

quebrou seu próprio recorde mundial

no surfe de maré (pororoca). Ele passou

os últimos quatro meses no Amapá,

deslizando sobre as ondas infinitas do

rio Araguari pra tentar superar os 11,8

km que alcançou em junho de 2009. “A

temporada de inverno de 2010 entrou pra

história”, segundo ele, com ondas nunca

antes vistas na selva Amazônica, algumas

acima dos 5m na face. Em termos de

recorde, dessa vez a natureza venceu.

Mas o cara, que já surfou pororocas

até na China, não vai parar por aí. Em

breve, Sergio vai se mandar de prancha

e cuia pro Alasca, em busca de marés

consideravelmente mais geladas e

complicadas. Todas essas aventuras estão

relatadas, na medida do possível (ou

você acha que tem wi-fi nas margens do

Araguari?), no blog dele. Vai lá e confere.

Info:

aventurasdolaus.blogspot.com

twitter.com/serginholaus

ogio.com.br

Claro que bom mesmo é andar de skate,

e isso acaba em roupas sujas e muito

suor. Resumindo, nenhum glamour

envolvido. Porém, não podemos negar

que os momentos tapete vermelho

também são combustíveis para que a

indústria do carrinho não pare. Por isso

que, nos últimos dias, o mundo todo ficou

aguardando ansiosamente para saber os

vencedores do Transworld Awards 2010,

premiação da revista norte-americana

Transworld Skateboarding, onde o Brasil

esteve muito bem representado. Mesmo

não levando prêmios individuais, subiram

ao palco Luan de Oliveira, Rodrigo TX e

Bob Burnquist, integrantes da equipe Flip,

a melhor do ano. Veja todos os escolhidos.

Melhor novato: Brandon Westgate

Melhor parte em vídeo: Grant Taylor –

Debacle

Melhor equipe: Flip

Melhor skatista street: Chris Cole

Melhor skatista transição: Grant Taylor

Melhor vídeo: Extremely Sorry

Melhor skatista, votação popular: Lizard

King

O US Open 2010 está prometendo ser

ainda mais furioso que o de 2009. O

mega evento, que rola em Huntington

Beach, Califórnia, de 31 de julho a 08

de agosto, está confirmando uma lista

de atrações de responsa dentro e fora

d’água. Nomes como Rob Machado,

Timmy, Ryan Burch e Tom Curren já

garantiram seu lugar. A trilha sonora

vai ficar por conta de bandas do calibre

de Weezer, Cold War Kids, Cobra

Starship, Switchfoot, Hot Hot Heat e

The Soft Pack. Isso sem falar na super

estrutura montada na beira da praia

onde rola de tudo e mais um pouco em

termos de esporte, moda, arte, música

e californications em geral. Cobiçou?

Nós também.

Info: usopenofsurfing.com

HOMEM VS. POROROCA

PREMIADOS CABULOSICE À VISTA

SKATEBOARDING DAY PELO MUNDO POR

TOBIAS SKLAR

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TIBA

CHIN

ASÃ

O P

AULO

SÃO

PAU

LO

Dia 21 de junho é o dia mundial do skate. Para comemorar,

skatistas saem pelas ruas embalando seus preciosos. Em

homenagem a esses manifestantes, publicamos algumas

imagens do Go Skate Day pelo mundo.

NA BASE

E aí, Voiders. Sou o Marcos Gabriel e, a partir desta edição,

estarei mostrando um pouco do universo skate por onde passo

na Europa.

Por aqui o skate não tem hora, idade ou padrão técnico de

manobras, cada um anda como se sente melhor. O estilo das

competições é bem diferente, os gringos transformam aquela

tensão e pressão normal da disputa numa grande session onde

todos se sentem à vontade. No último mês, fui a Seregno,

uma cidade no norte da Itália, para a inauguração de um

skatepark com campeonato. Num gap rolou best trick, onde

os três primeiros colocados levavam uma grana. Já no bowl foi

free session, com os skaters recebendo os euros conforme o

público fazia barulho pelas manobras ou linhas. Me empolguei

tanto que mandei sete linhas barulhentas e remunerada$. Para

encerrar o evento, o de sempre: rock ’n’ roll e geladas!

Agora imagine mais de trezentos skatistas fazendo street pelos

monumentos e praças da grandiosa cidade da moda. Estou

falando do Go Skate Day, um grande encontro que acontece

uma vez por ano em diversas cidades do mundo. Em Milão,

a galera se reúne na estação Centrale e de lá vai até o bowl

do parque Lambro, embalando pela rua, parando o trânsito e

até mesmo a polícia. Ao chegar ao parque, os realizadores do

evento fazem uma recepção calorosa com música, lanche e

cerveja. Então rola uma gincana onde, no topo de um morro,

eles espalham vários shapes, bonés, rodas, camisetas, e dão o

sinal pra que todo mundo saia correndo pra pegar os brindes.

Quem sobreviver e chegar primeiro leva. O dia segue com

várias sessões no bowl e mais um ponto alto da comemoração:

competição de beber cerveja direto no barril!

E esse é só o

primeiro mês da

trip. Por aí vem

mais...

Info: www.vimeo.

com/12851290

CADÊ O CARA?POR MARCOS GABRIEL

74

77

Você deve estar se perguntando: que

diabo de título é esse? Calma, cocada,

o negócio é meio brisa mesmo. Esse

papo de louco surgiu lá na subestimada

Florianópolis, onde nasceu o desenhista

e escritor Pedro Franz, que acaba de

lançar a primeira parte de Promessas de Amor a Desconhecidos Enquanto Espero

o Fim do Mundo, um dos quadrinhos

brasileiros mais revolucionários dos

últimos anos (tá começando a sacar

a parada?). Franz narra uma história

que mistura anarquismo, movimentos

artísticos extremistas, rebeldia e

revolta popular daquele jeito cavalar

que tanto faz falta na cultura pop (que

anda pop até demais). Aproveitamos

o lançamento desse coquetel molotov

disfarçado de gibi para mostrar alguns

momentos dessa HQ totalmente

subversiva e um pouco das ideias

inflamáveis do seu idealizador.

Não fume por perto.

Confira a entrevista completa

em www.avoid.com.br.

POR RAPHAEL FERNANDESARTE PEDRO FRANZ

72

73

“Alguns dirão terrorismo, outros táticas de guerra. Normalmente são a mesma coisa, o

que muda é o foco que você quer dar àquilo, como você quer enxergá-lo.”

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“A idEia de apresentar uma HQ em série funciona muito em torno disso, de como você muda como autor, como pessoa, enquanto produz o trabalho.“

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“Acho que é bom as pessoas terem contato com ideias que de alguma forma questionem o lugar em que elas estão.”

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“Acho que é bom as pessoas terem contato com ideias que

de alguma forma questionem o lugar em que

elas estão.”

Quer ver mais? Então entre no site do Pedro Franz e baixe todas as partes do gibi pra ler na faixa.

Info_ sobreofim.wordpress.com

84

E SEGUE O BAILE! MAIS UMA CAPITAL BRASILEIRA

CELEBROU O LANÇAMENTO DE NOSSA INADJETIVÁVEL

REVISTA: FLORIPA. DEPOIS DAS FESTAS EM PORTO ALEGRE,

CURITIBA E BELO HORIZONTE, CHEGOU A VEZ DA ILHA DA

MAGIA NOS RECEBER PRA UMA SESSÃO DE DIVERTIMENTO

EXTREMO. O LUGAR ESCOLHIDO FOI O CLUB MADÊ,

ABALADO SISMICAMENTE PELAS BATIDAS DO DJ KING.

FOTOS: LUCAS CUNHA

APOIO: ROCAWEAR

VOID#060:FLN

APRESENTA:

FREEZE#061Black Drawing Chalks / BecoPOA / 05.07.10fotos: gabriela mo

Todos os anos, grandes feiras de games rolam pelo mundo, sendo

as duas maiores no Japão e esta que terminou dias atrás em

L.A., a E3. Como sempre, foi novidade demais pra contar aqui.

Então o jeito foi dar um pulo numa feira alternativa que rolou

semana passada na cidade de Atarilândia do Piauí. Contraponto

à indústria transnacional hegemônica e com apenas uma

barraquinha (autossustentável com um jumento rodando feito

hamster) e um expositor (PlayGlobo), a feira mostrou poucos

mas originais lançamentos. Muqueca é um RPG online baseado

na vida de Jorge Amado, com trilha de Gal. Cansado de ter sua

cultura invadida pelo Guitar Hero? Berimbau Hero já vem com

berimbauzinho uéssibê e água de coco. Com gráficos realistas e

detector de lágrimas, Viajo porque preciso e volto porque não sei inglês é um adventure épico sobre a saudade do agreste e

do Galvão. Programados em mandioca para rodar no Ué (clone

araguaio do Wii, da Severino & Severino), os jogos ainda não têm

data de lançamento. Sabe-se apenas que virão embutidos no

console e a distribuição será exclusiva para mendigos sem terra.

88

I SHOTMACUNAíMAA FORMIGUINHA E O CIGARRO ATARILÂNDIA

LAVAGEM CEREBRAL

POR FABRIZIO BARON

Fatima, 2 anos. Podia

aprender ballet, piano,

videogame, desenho...

Mas não vai.

Info: www.youtube.com/

watch?v=FP6xQ2fDzcg

Gozado que nos contos do “nosso” folclore não existam aquelas

pequenas e marcantes lições de moral das grandes fábulas. Há

quem defenda que lições de moral estariam outdated desde que

as mulas sem cabeça assumiram o Ministério da Educação.

Mas, pra quem ainda acredita que exemplo é tudo nesta vida

maluca, nada como relembrar um clássico, adaptado a nossa

surrealidade.

“O mendigo batia umazinha defronte a igreja. Nem terminava

aquele gozo seco já corria pra praça: saída do teatro! Madames

e bolsas cheias, e melhor ainda: forradas de pena. ‘Ai essa pena,

que dádiva meu sinhô!’, se enchia de satisfação o mendigão.

Não tão alto na hierarquia como os ‘flanelinhas’, recebia menos

mas levava a vida sem grandes preocupações. Afinal, os dias

se repetiam infinitamente iguais e novos mendiguinhos não

paravam de brotar. Pois um dia o mendigoso foi atropelado e

teve amnésia. Saiu do hospital lesado e caminhou pro sul, só

parando 666 dias depois, quando no acostamento arrancava

a última unha do pé e acabou atropelado, de novo. Foi daí que

saindo do coma sentiu uma coisa muito doída que fazia bater

dente. Antes de ser devolvido às ruas perguntou pro estranho

doutor de seis pernas o que era aquela ‘doença’. ‘É o inverno’,

respondeu surpreso.

Arrastou-se até o primeiro viaduto, onde mais colegas

aqueciam-se à fogueira. Explicaram onde ele estava e que o

frio do tal de inverno era um fenômeno que acontecia forte

naquela região todos os anos. Mais tarde, já com o ar da

madrugada congelando, Saramago (o mendigão) morreria. Seus

cigarros, espalhados próximos ao corpo, seriam imediatamente

coletados e transformados em monumento. Na inauguração,

um Nobel póstumo lhe seria entregue, por ter inspirado tantos

intelectuais na ‘luta contra o imperialismo e a favor do urânio

enriquecido e o fim de Israel’.

Alheias ao nonsense geral, as formigas trabalhavam sem parar.

Tinham dia e hora pra acumular os recursos que garantiriam a

sobrevivência durante os meses frios. Estoicas, sustentavam

todos aqueles milhões de mendigos, inclusive aqueles mais

gordos de gravatas coloridas (os eleitos). Porém, desde

que os Imensos Cigarros em homenagem ao mendigão do

arraial foram acesos, todas as formigas adoeceram e pararam

de produzir. Como a fumaceira entrava diretamente no

formigueiro, todas morreriam em poucos anos. Uma nova carta

magna seria escrita, e ofender alguém de ‘fumante assassino’

passaria a constituir crime hediondo. A história continuaria com

666 novos viadutos por ano, 666 CCs por mês, 666 invasões

de terra por semana, 666 carrões emplacados por dia, 666

mendiguinhos por hora, 666 fugas do todo-aberto por minuto,

666 baganas por segundo no chão de escolas e paradas de

ônibus...”

E AÍ, BRASIL, VAI QUERER O QUE? VODKA COM SUCO DE LARANJA?? HUHUHU...

90 © HB É UM PERSONAGEM ORIGINAL DA LAIRTON REZENDE COMICS. TODOS OS DIREITOS RESERVADOS, NÃO VAI QUE É FRIA.

PERMANênciaTemp.03 EP.05

Por: PDR e MAU

continua...

CHURRRASHCO NA LÁCHE DO CAMARRRÁDA BANÁNA... BEBIDA NÃO PÓDE FALTARRR!!

MERDA, CAGÃO...

MERDA, CAGÃO...

ALGUÉM VAI NA MAMINHA? ESSA CARRRNE É MINHA BRRRÁSIL, SAI FÓRRRA! VOLTA EM QUATRRRO ÁNNNOS... HÓ-HÓ-HÓOOI!

MAMA...

QUER MAIS CARNE? A COSTELA TÁ QUASE PRONTA...

PERMITA-ME DIZER QUE CHURRASCO NÃO É O SEU FORTE, FRUTÃO... MAS EU SEI NO QUE VOCÊ SE DESTACA... BOLINA ME CONTOU...

BOLINA!? ONDE ELA ESTÁ? VOCÊ CONHECE ELA??

CONHEÇO BEM... E SEI QUE ELA ESTÁ ARREPENDIDA DE TER IDO EMBORA... VOCÊ PODE ENCONTRÁ-LA NO MESMO LUGAR ONDE SE VIRAM PELA ÚLTIMA VEZ... EU NÃO PERDERIA TEMPO... PERCEBE?

conchetinas perform poetic acts. what do you do? converseallstar.com.br/linhapremium

chuck taylor all star