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VOZDAS MISERICÓRDIAS director: Paulo Moreira | ano: XXVII | novembro 2011 | publicação mensal Contabilidade Qualidade Boas práticas Em Ação Revisores oficias de contas obrigatórios Acreditação em mais sete unidades Restaurar para preservar em Arez No âmbito do novo sistema de nor- malização contabilística, as Misericór- dias serão obrigadas a ter as contas certificadas por um revisor oficial de contas. Em Ação, 10 A União das Misericórdias Portuguesas continua a apoiar as Santas Casas inte- ressadas em processos de acreditação de qualidade na área dos cuidados continuados. Saúde, 16 Misericórdia de Arez investe na res- tauração da sua igreja, preservando um património de séculos. Empreitada deverá estar concluída em Dezembro. Património, 20 As datas festivas são mote para convívio nas Misericórdias de todo o país e o São Martinho não é exceção. As atividades variam, mas o objetivo é quase sempre o mesmo. Em Foco, 12 e13 Magusto S. Martinho comemorado em todo o país União das Misericórdias Portuguesas Portimão Idosos ganharam um cruzeiro Deficiência Escola inclusiva no Centro João Paulo II Em Ação Terceira Idade Educação Pág. 7 Pág. 14 Pág. 19 Securicórdia Mediadora dedicada ao setor social Governo vai saldar dívidas com as Santas Casas Até Março de 2012, o governo estará em condições de liquidar “o essencial da dívida” às Santas Casas de Miseri- córdia. A intenção foi anunciada pelo primeiro-ministro em Vila Real, onde elho anunciou ainda a devolução de “pelo menos uma quinzena” de hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) às Misericórdias. “Em 1974, boa parte dos hospitais das se deslocou para marcar presença no lançamento do livro que compila os 500 anos da Santa Casa daquela cidade transmontana. Naquele dia, 19 de Novembro, Pedro Passos Co- Misericórdias foram nacionalizados e alguns foram devolvidos entretanto. Agora, está na altura de darmos mais um passo”, afirmou. Destaque, 4 e 5 Setor social para minorar efeitos da crise Estado Cavaco Silva enalteceu “esforço extraordinário” das instituições de solidariedade social. 6

Voz das Misericórdias

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Voz das Misericórdias edição de novembro

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Page 1: Voz das Misericórdias

VOZDASMISERICÓRDIASdirector: Paulo Moreira | ano: XXVII | novembro 2011 | publicação mensal

Contabilidade

Qualidade

Boas práticas

Em Ação

Revisores oficiasde contasobrigatórios

Acreditaçãoem mais seteunidades

Restaurarpara preservar em Arez

No âmbito do novo sistema de nor-malização contabilística, as Misericór-dias serão obrigadas a ter as contas certificadas por um revisor oficial de contas. Em Ação, 10

A União das Misericórdias Portuguesascontinua a apoiar as Santas Casas inte-ressadas em processos de acreditação de qualidade na área dos cuidados continuados. Saúde, 16

Misericórdia de Arez investe na res-tauração da sua igreja, preservando um património de séculos. Empreitada deverá estar concluída em Dezembro. Património, 20

As datas festivas são mote para convívio nas Misericórdias de todo o país e o São Martinho não é

exceção. As atividades variam, mas o objetivo é quase sempre o mesmo. Em Foco, 12 e13

Magusto S. Martinho comemorado em todo o país

União das Misericórdias Portuguesas

PortimãoIdososganharamum cruzeiro

DeficiênciaEscola inclusiva no Centro João Paulo II

Em Ação Terceira Idade EducaçãoPág. 7 Pág. 14 Pág. 19

SecuricórdiaMediadora dedicada ao setor social

Governo vai saldar dívidas com as Santas CasasAté Março de 2012, o governo estará em condições de liquidar “o essencial da dívida” às Santas Casas de Miseri-córdia. A intenção foi anunciada pelo primeiro-ministro em Vila Real, onde

elho anunciou ainda a devolução de “pelo menos uma quinzena” de hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) às Misericórdias. “Em 1974, boa parte dos hospitais das

se deslocou para marcar presença no lançamento do livro que compila os 500 anos da Santa Casa daquela cidade transmontana. Naquele dia, 19 de Novembro, Pedro Passos Co-

Misericórdias foram nacionalizados e alguns foram devolvidos entretanto. Agora, está na altura de darmos mais um passo”, afirmou.Destaque, 4 e 5

Setorsocialparaminorar efeitosda criseEstado Cavaco Silva enalteceu “esforço extraordinário” das instituições de solidariedade social. 6

Page 2: Voz das Misericórdias

A FOTOGRAFIA

O NúmeRO

O CAsO

A subirFado é património

da humanidade

O fado é agora Património Imaterial da Humanidade. A decisão da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) foi

conhecida no passado dia 27 de Novembro.

A Descermais recessão e

desemprego

Em 2012, a economia portuguesa deverá contrair 3,2%, segundo a OCDE.

Esta é a pior previsão feita por uma organização internacional. A taxa de

desemprego vai subir mais do que o previsto.

isabel Jonetocupação

“É uma lição de vida, um exemplo

de mobilização coletiva”

sobre a campanha da Federação Portuguesa

dos Bancos Alimentares Contra a Fome

A FrAse

ESPAço SénIor

100 EDIçõESD’O MOCHO

Na Academia de Cultura e Cooperação da UMP, o acontecimento marcante deste mês de Novembro foi, sem dúvida, a publicação da centésima edição de “O Mocho”, que nasceu há 11 anos, no âmbito da disciplina de informática

MeMóriA missa por aFonso calado da maia

15homens condenados por homicídio de mulheres

O Dia da Alimentação, celebrado a 17 de Outubro, foi celebrado pelas Misericórdias Oliveira do Bairro, Sangalhos e Barcelos.

Em Oliveira do Bairro, a data foi celebrada com atenção aos cuidados alimentares para garantir uma vida saudável, mas sem deixar de lado aqueles que não conseguem garantir sequer a própria subsistência. Ou seja, além de um dia repleto de atividades alusivas aos alimentos – que foram desde uma horta re-pleta de couves, alfaces, bróculos e ervas aromáticas até a prova cega de vários frutos, entre outros – a Santa Casa também desafiou pais e encarregados de educação para a dádiva de alimentos destinada a famílias carenciadas do concelho.

17 De OutubrO santas casascelebram diada alimentação

Ao todo, foram recolhidos 286 kg de alimentos que o Departamento de Ação Social da Santa Casa distribuiu em 9 cabazes a famílias realmente necessitadas. Segundo comunicado da instituição, tratou-se de “uma ação simples de participação no Dia Mundial da Erradicação da Pobreza e, pedagogicamente, bastante signi-ficativa para despertar nas crianças

e jovens a importância da partilha, da doação e de servir o outro”.

Em Sangalhos, as atividades do Dia da Alimentação tiveram como objetivo sensibilizar os idosos para os cuidados de saúde necessá-rios em relação aos alimentos que ingerimos. Entre algumas ações, destacam-se a criação de um livro de receitas saudáveis para seniores e a sua implementação no cardápio semanal, assim como duas oficinas: uma de culinária onde foram confe-cionadas espetadas de frutas e outra que promoveu a criação de uma pequena horta, com a plantação de ervas aromáticas (salsa, coentros, orégãos) legumes (alho francês, couve, couve roxa, espinafres, alfa-ce) e morangos.

Em Barcelos, a nutricionista Sílvia Sousa preparou atividades para crianças e idosos. Os mais pequenos puderam provar diversos alimentos para, assim, conhecer os vários sabores.

Dezenas de provedores se associaram à missa em memória de Afonso Calado da Maia, ex- provedor da Misericórdiade Rio Maior. A eucaristia do 30.º do seu falecimento foi celebrada a 23 de Novembro pelo presidente honorárioda União das Misericórdias (UMP) e provincial dos franciscanos, Vítor Melícias, e contou também com a presençade dirigentes e colaboradores da UMP, das irmãs Missionárias de Maria, assim como de familiares.No mesmo dia foi apresentado um livro “As Misericórdias Portuguesas - Padrões de Fé, de Históriae de Cidadania”, cujo prefácio foi assinado por Calado da Maia (ver página 7).

Pelo menos 15 homens foram condenados em 2011 por homicídios de mulheres.O levantamento do Observatório de Mulheres Assassinadas foi apresentadono Dia Internacional pela Eliminação de Todas as Formas de Violência Contra as Mulheres.

Na Academia, o acontecimento marcante deste mês de Novembro foi, sem dúvida, a publicação da centésima edição de “O mocho”.

A nossa gazeta nasceu, há 11 anos, de um sonho do Eng. Quadros Martins, depois de ter criado a disciplina de Informática. Com alguns dos seus alunos, uma equipa de cinco elementos, meteram mãos à obra, trocaram-se opiniões, ouviram-se sugestões e decidiram que a Academia iria ter uma publicação interna e mensal de divulgação das suas atividades, abordagem de temas de reconhecido interesse, integrando ainda uma parte lúdica. Depois de pedida autorização ao Conselho Diretivo, pensou-se como se havia de chamar a nossa gazetinha. Foi então decidido, com entusiasmo, que se chamaria “O mocho” por este ser o símbolo da Academia.

Assim, em Novembro de 2000, saiu o nº 0, num “voo” tímido e inseguro, mas determinado a continuar e levantá-lo bem alto. E assim foi. A pouco e pouco foi melhorando a sua apresentação e conteúdo. Alguns colegas foram colaborando com trabalhos seus.

Infelizmente, o seu mentor, Quadros Martins, deixou-nos devido a grave doença.

Mas a equipa não perdeu o ânimo pois “O mocho” era já uma mais-valia da Academia. E assim continuou até este Novembro de 2011 em que atingiu as 100 publicações.

Devemos aqui salientar o apoio sempre dado com grande interesse e entusiasmo pelo atual Conselho Diretivo. O seu “voo” nem sempre tem sido tranquilo: alguns altos e baixos causados por insignificantes reparos de alguns colegas e por temporário impedimento de algum membro da redação, tudo ultrapassado tranquilamente. Hoje, a equipa que o coordena e executa sente-se particularmente feliz pelo trabalho realizado durante os últimos 11 anos.Há apenas um motivo que a pode desencorajar: a escassa colaboração dos colegas, o que provoca um maior esforço dos três elementos da equipa. Mas o empenho e entusiasmo pelo seu trabalho, esse, continua sempre igual. Assim o nosso “O mocho” continuará a “voar” mais alto e mais longe por muito mais tempo.

Alimentos para valorizar saúde

pANORAMAwww.ump.pt

Isabel rodeia Academia de Culturae Cooperação da [email protected]

2 vm novembro 2011

Page 3: Voz das Misericórdias

ON-LINe

oPInIão

RA

DA

R

À semelhança dos anos anteriores, a Misericórdia de Vale de Cambra, promo-veu mais uma desfolhada à moda antiga para os seus utentes das respostas sociais dedicadas à terceira idade. O evento teve lugar a 11 de Outubro e contou ainda com a presença de dois tocadores de concertina e acordeão, o que incentivou os presentes a um “pezinho de dança” e também a relembrar tempos passados, de quando se trabalhava nos campos.

trADiçãO desFolhada emVale de cambra

MAiA prémios aos melhores alunos do concelhoA Misericórdia da Maia entregou, a 12 de Novembro, a Bolsa de Estudo Prof. Doutor José Vieira de Carvalho, no valor de mil euros, a Ana Luísa da Silva Azevedo, que conclui o ensino Secundário na Escola Secundária do Castelo da Maia, com média final de 18 valores e frequenta a licenciatura em Ciências da Comunicação Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Foram ainda atribuídas bolsas honrosas no valor de 200 euros.

À Misericórdia de Palmela foi atribuí-do recentemente o título de reconhecimen-to de “Profissional do Ano” pelo Rotary Club daquela localidade. A placa foi entre-gue à instituição através das mãos do atual provedor, Francisco Cardoso (que também é secretário do Secretariado Regional da UMP de Setúbal) no dia 17 de Outubro. Recorde-se que também às Santas Casas da Misericórdia do Entroncamento e de Águeda foi entregue prémio semelhante.

recOnheciMentO palmela reconhecidapelo rotary club

No dia 17 de Outubro, o lar da Mi-sericórdia de Porto de Mós festejou o seu 16.º aniversário. Para assinalar a data realizou-se uma missa, seguida de almoço e de uma visita das crianças da sala dos 5 anos da instituição, que presentearam os idosos com uma dramatização da história tradicional “O Velho, o Rapaz e o Burro. Os idosos retribuíram com músicas do seu tempo, algumas histórias tradicionais, cantando todos juntos os parabéns.

POrtO De Mós lar FesteJa16.º aniVersário

A Misericórdia de Ovar inaugurou, a 14 de Outubro, um parque infantil para as crianças que acolhe. A infraestrutura dispõe de diversos equipamentos de exterior, numa área de cerca de 700 me-tros quadrados, destinados a atividades recreativas das crianças que frequentam os serviços da infância. A inauguração contou com a presença do provedor e outros membros da Mesa Administrativa, pais e colaboradores.

equiPAMentO oVar inaugurouparque inFantil

SERVOLUNTÁRIO

Estar ao lado dos desprotegidos, dos mais carenciados, das crianças negligenciadas, famílias em sofrimento, dá-me um bem-sentir (que contradição) que eu própria não sou capaz de explicar

Voluntária, porquê?

Tudo começou há quatro décadas!Grandes cheias em Lisboa, mais precisamente no lugar da

pontinha. Centenas de mortos, milhares de desalojados!A situação era muito grave. Éramos um grupo de alunas do

Colégio de S. José, de Coimbra. A família de uma das nossas religiosas pereceu nesta tragédia – pai, mãe e três filhos pequeninos.

Nós vimos in locco e estas imagens ficaram na minha memória para sempre!

Depois, várias situações pontuais ao longo da minha vida académica.Estar ao lado dos desprotegidos, dos mais carenciados, das crianças

negligenciadas, famílias em sofrimento, dá-me um bem-sentir (que contradição) que eu própria não sou capaz de explicar.

Gosto de as sentir, de lhes dar o que me vai cá dentro.Dar um pouco do meu tempo a quem já não tem tempo para dar, é

de certeza bem mais importante que qualquer outra tarefa que eu goste de fazer.

Estou na Santa Casa porque gosto.Bem-haja a todos!

O voluntariado no Lar de Idosos da Santa Casa da Misericórdia da Murtosa era um tema que se debatia há já algum tempo mas, foi em Setembro de 2009 que teve o seu arranque oficial após a aprovação do Contrato Local de Desenvolvimento Social (CLDS) – projeto Quatro Âncoras no qual estava previsto, na ação A-Companha (II Eixo de Intervenção – Intervenção Familiar e parental), a criação de um grupo de voluntários, no sentido de envolver a comunidade murtoseira na concretização de ações socioculturais para os idosos.

O grupo de voluntariado tem evoluído de modo muito positivo e regular, em termos de atividades dinamizadas e adesão dos voluntários. Atualmente, este grupo no Lar de Idosos é, sem dúvida, uma mais-valia para a nossa instituição pois permite, acima de tudo, melhorar a qualidade de vida dos idosos.

sLIDesHOW

www.ump.pt novembro 2011 vm 3

NOTA DA mIseRICóRDIA De muRTOsA

Maria do rosário Barros Voluntária na Misericórdia de Murtosa

Page 4: Voz das Misericórdias

DESTAQUEwww.ump.pt4 vm novembro 2011

Governo vai saldar dívidascom as MisericórdiasAlém da regularização das dívidas às Misericórdias que atuam na área da saúde, o primeiro-ministro Pedro Passos coelho revelou ainda a intenção de devolver uma quinzena de hospitais às santas casas

Até Março de 2012, o governo estará em condições de liquidar “o essen-cial da dívida” às Santas Casas de Misericórdia. A intenção foi anun-ciada pelo primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, em Vila Real, onde se deslocou para marcar presença no lançamento do livro que compila os 500 anos da Santa Casa daquela cidade transmontana.

“Se tudo correr de acordo com as nossas expectativas, teremos pos-sibilidade de poder regularizar uma parte muito sensível do que é esta dívida histórica”, afirmou o primeiro--ministro. Sem avançar com valores, o chefe do atual governo sublinhou que as instituições - que têm atravessado dificuldades porque o Estado “não paga a horas, nem salda os compro-missos que assumiu - poderão ter um quadro de previsibilidade e estabilida-de”. “Nas atuais circunstâncias, não é possível pagar tudo o que está para trás e ainda contratar novas respon-sabilidades para o futuro”, ressalvou.

As palavras do primeiro-ministro foram acolhidas com “simpatia e

Patrícia Posse grande alergia” pelo presidente do Secretariado Nacional da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), considerando a regularização das dívidas “fundamental para que as Misericórdias consigam manter a sua sustentabilidade e continuarem a servir os portugueses”. “O que é prioritário é retomar os pagamentos nos cuidados continuados, amortizan-do o que está para trás e que já está acordado com o Ministério de Saúde, e a parte das consultas e cirurgias que são efetuadas nos hospitais das Miseri-córdias”, salientou Manuel de Lemos.

Naquele dia, 19 de Novembro, Passos Coelho anunciou ainda a devo-lução de “pelo menos uma quinzena” de hospitais do Serviço Nacional de Saúde às Misericórdias. “Em 1974, boa parte desses hospitais foram nacio-nalizados e alguns foram devolvidos entretanto. Agora, está na altura de darmos mais um passo”, afirmou.

Assim, durante o primeiro trimes-tre de 2012, o governo vai preparar a devolução às Santas Casas de uma quinzena dos 27 hospitais que se mantêm na esfera pública. “Vamos fazer a correção da nossa história mais

“a santa casa da misericórdia de Vila real – história e património” é o título da nova publicação com a chancela daquela instituição. “esta obra ajuda-nos a traba-lhar para o futuro. dizem que a história é a mestra da vida e esta história é também a mestra para o nosso futuro”, considera o provedor da santa casa de Vila real, Joaquim gomes.o livro começou a ser produzido nos finais de 2008 e contou com a participação de 22 investigadores do centro de estudos da população, economia e sociedade. “tivemos que fazer a investigação toda a partir do nada e, por outro lado, in-ventariar o património que estava por inventariar uma vez que a santa casa quer constituir como museu”, revelou Fernando de sousa. com uma tiragem de mil exemplares, a publicação conta a história, a atividade e a inventariação do património da santa casa de Vila real em mais de 700 páginas.

no âmbito da recente declaração do primeiro-ministro, o jornal Voz das miseri-córdias sabe que são 27 as misericórdias que poderão receber de volta os seus hospitais. segundo pedro passos coe-lho, o governo pretende devolver “pelo menos uma quinzena” dessas unidades às santas casas. as instituições que poderão reaver os hospitais são: águeda, anadia, espinho, estarreja, ovar, são João da madeira, Famalicão, barcelos, Fafe, porto, Valongo, amarante, póvoa de Varzim, Vila do conde, Vila nova de gaia, santo tirso, serpa, Fundão, cantanhede, seia, pombal, torres Vedras, montijo, tondela, alcobaça, oliveira de azeméis e peso da régua. o processo de devolução come-çará a ser estudado e até março de 2012 deverá estar concluído. naquele dia, o primeiro-ministro anunciou também que irá saldar as dívidas com as misericórdias que atuam na área da saúde.

Páginas de uma história com 500 anos

27 hospitaispor devolver

recente e concluir esse trabalho impor-tante que é de devolver à sua origem esses hospitais que têm prestado um serviço importante às comunidades”, sublinhou o primeiro-ministro.

Para o presidente da UMP, esta devolução “é melhor para os portu-gueses”, já que as Misericórdias fazem nos seus hospitais “mais consultas e cirurgias com menos custos” do que as unidades do setor público.

Por outro lado, recorda o presiden-te da UMP, a medida governamental acarretará “uma grande responsabili-dade”, pois a atividade das Misericór-dias, que se encarregam atualmente da gestão de 18 hospitais, “mais do que duplicará”.

“O processo deve avançar de-vagar e deve implicar uma análise caso a caso”, defendeu Manuel de Lemos. Por seu turno, Pedro Passos Coelho assegurou que o processo será feito em contato com a União das Misericórdias para que as ati-vidades desenvolvidas na área da saúde não sejam colocadas em causa. O presidente da UMP alertou para a morosidade deste trabalho, pois

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www.ump.pt novembro 2011 vm 5

D. Jorge Ortiga é o novo presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana. A eleição decorreu na última assembleia plenária da CEP, entre 10 a 13 de Novembro.

PASTorAl SoCIAl TEM noVo líDEr

Aviso – Revisores Oficiais de Contas

De acordo com a Legislação em vigor relativa ao Sistema de Normalização Contabi-lística (SNC), as Misericórdias que atingirem dois dos limites definidos no artº 262 nº 2 do Código das Sociedades Comerciais, passam a ter de apresentar as suas contas devidamente certificadas por um Revisor Oficial de Contas (ROC).

A UMP vai, no final de Janeiro de 2012, definir os critérios das propostas a apresentar pelas empresas interessadas, assim como o período para a entrega das mesmas.

para mais informações contactar:[email protected]@ump.pt

VOZDASMISERICÓRDIAS

engloba grandes hospitais, como o de Santo António, no Porto, médias unidades de saúde como as de Bar-celos ou Montijo, e pequenas como Cantanhede ou Serpa.

Manuel de Lemos adiantou que existem três tipos de dívidas às Mi-sericórdias: cuidados continuados, comparticipações de novas unidades no âmbito do Programa Modelar e, por fim, consultas e cirurgias.

O presidente da UMP salientou ainda que as Misericórdias percebem que “o país vive um momento difícil” e que “dificuldades orçamentais são enormes”, pelo que a disponibilidade para negociar com o governo é total. “O único limite que pomos é a nossa sustentabilidade”, concluiu.

No que respeita à sustentabilida-de, o secretário de Estado da Solida-riedade e da Segurança Social, Marco António Costa, anunciou, no passado dia 26 de Novembro, que o governo está a negociar com uma entidade financeira a possibilidade de criação de uma linha extraordinária de finan-ciamento para que as instituições de solidariedade social possam resolver problemas de tesouraria.

“Regularização das dívidas é fundamental para que as Misericórdias consigam manter a sua sustentabilidade e continuarem a servir os portugueses

Vamos fazer a correção da nossa história mais recente e concluir esse trabalho importante que é de devolver à sua origem esses hospitais

Misericórdias percebem que o país vive um momento difícil, pelo que a disponibilidade para negociar com o governo é total

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EM AçãO

Instituições de solidariedademinoram efeitos da crise

cavaco silva enalteceu recentemente o “esforço extraordinário” das instituições de solidariedadesocial no sentido de responder ao aumento das solicitações que lhes são dirigidas

O Presidente da República enalteceu recentemente o “esforço extraordiná-rio” das instituições de solidariedade social no sentido de “responderem ao aumento significativo das solicitações que lhes são dirigidas”, refere uma nota informativa da Presidência.Aníbal Cavaco Silva recebeu, a 21 de Novembro, representantes da União das Misericórdias Portuguesas (UMP) - nas pessoas de Manuel de Lemos, presidente do Secretariado Nacional, e Carlos Andrade, responsável pelo Gabinete de Ação Social da UMP -, da União das Mutualidades Portuguesas, da Confederação Nacional das Insti-tuições de Solidariedade (CNIS), da Federação dos Bancos Alimentares

contra a Fome e da Cáritas Portuguesa.A reunião de trabalho com a dele-

gação das instituições de solidariedade visava sobretudo “recolher informação sobre a situação social do país e so-bre o papel desempenhado por estas organizações no apoio às famílias e aos cidadãos mais carenciados e desprotegidos da sociedade portu-guesa, no quadro da crise económica e financeira que Portugal atravessa”.

O chefe de Estado sublinhou ainda que as instituições estão a ser confron-tadas com “a redução dos recursos financeiros que lhes são disponibili-zados” e também com as “perspetivas de maior contenção”.

Sobre as dificuldades vividas pe-las instituições, o presidente da UMP recordou que as Misericórdias estão a

ser confrontadas com o avolumar dos pedidos de ajuda. As cantinas sociais, continuou aquele responsável, são disso um exemplo. Segundo Manuel de Lemos, as Santas Casas criaram “largas dezenas “ de cantinas no último ano e aquelas que já tinham essa resposta social “aumentaram exponencialmen-te” o número de refeições servidas.

Nas respostas dedicadas à infância e à terceira idade também se registam dificuldades por parte das famílias que não conseguem fazer face às mensali-dades dos equipamentos. Daí, refere, a importância do cumprimento dos compromissos que o Estado assume com as Misericórdias, uma vez que o não pagamento das comparticipações coloca em risco as instituições e, con-sequentemente, as pessoas apoiadas.

Bethania Pagin

Cavaco Silva reuniu líderes do setor social

a união das misericórdias portuguesas está preocupada com os possíveis efeitos das medidas do orçamento de estado para 2012 junto das misericórdias. se-gundo o responsável do gabinete de ação social, carlos andrade, a não atribuição de subsídio de férias e subsídio de natal a funcionários públicos e pensionistas poderá dificultar, ainda mais, a sustenta-bilidade das instituições que apoiam, na sua maioria, idosos que dependem das suas pensões. neste momento, centenas de santas casas lidam com dificuldades graves de tesouraria.

para relançar o crescimento da economia, o conselho económico e social (ces) divulgou recentemente uma série de medidas que considera fundamentais. contudo, o envelhecimento da popula-ção exige também que sejam revistas as políticas públicas de modo a que os idosos passem a ser valorizados na so-ciedade. por isso, o ces decidiu elaborar um parecer de iniciativa sobre o tema. o relator nomeado por aquele plenário foi o presidente do secretariado nacional da união das misericórdias portuguesas, manuel de lemos.

Situação agravadaé cenário para 2012

Valorizar idososna sociedade

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D. Carlos Azevedo, então bispo auxiliar de Lisboa, foi recentemente nomeado pelo Papa Bento XVI como delegado do Conselho Pontifício para a Cultura (CPC), organismo da Santa Sé.

D. CArloS AzEVEDo no VATICAno

Ferreira da Silvaapresenta novo livroO livro “As Misericórdias Portuguesas - Padrões de Fé, de História e de Cidadania”, de Manuel Ferreira da silva, foi apresentado

O livro “As Misericórdias Portugue-sas - Padrões de Fé, de História e de Cidadania”, de Manuel Ferreira da Silva, foi apresentado ao público na sede da União das Misericórdias Por-tuguesas (UMP) a 23 de Novembro. Diversos provedores se associaram à iniciativa que contou com a presença de familiares do autor e do presidente honorário da UMP, Vítor Melícias.

Para Manuel ferreira da Silva, fundador do Voz das Misericórdias, o livro foi resultado de investigação “permanente” e que teve início jun-tamente com a UMP, ainda nas suas primeiras instalações no Lumiar, numa altura em que o presidente era o padre Virgílio Lopes.

A apresentação do livro decorreu no auditório Dr. Afonso Calado da Maia, que faleceu recentemente. Em sua me-mória, naquele dia também foi celebrada uma eucaristia (ver também página 2).

Para o presidente honorário da UMP, tratava-se de um momento especial da vivência das Misericórdias, visto serem dois homens – Calado da Maia e Ferreira da Silva – que viveram os primórdios da criação da União. Além disso, Vítor Melícias quis lembrar também Carlos Diniz da Fonseca e Fraústo Basso.

Para o atual presidente da UMP, Manuel de Lemos, o facto das Santas Casas apadrinharem a apresentação do novo livro é uma forma de dar

destaque a um “autêntico arquivo histórico” e a uma figura que todos os dias “deixa algo de novo” para o tra-balho daquela rede de solidariedade.

A obra mais conhecida de fer-reira da Silva, “A Rainha D. Leonor e as Misericórdias Portuguesas”, foi escrita em 1998, no âmbito dos 500 anos da implementação das Santas Casas em Portugal, tendo merecido inclusivamente um louvor da parte do Papa João Paulo II.

Apresentação foi a 23de novembro

Bethania Pagin

Securicórdiaquer reforçarpresença dasSantas CasasA securicórdia está apostada em afirmar-se como uma mediadora de seguros especializada no setor social em geral e nas Misericórdias em particular

A Securicórdia está apostada em afirmar-se como uma mediadora de seguros especializada no setor social em geral e nas Misericórdias em parti-cular. Com uma experiência de 15 anos e capital exclusivo da União das Mise-ricórdias Portuguesas (UMP) há cerca de um ano, a Securicórdia tem vindo a desenvolver esforços para reforçar e consolidar a carteira de clientes.

Segundo os responsáveis pela mais recente instituição anexa da UMP, neste momento, a Securicórdia consegue apresentar valores competi-tivos e adequados à realidade das ins-tituições do setor social. Entre alguns produtos, os responsáveis destacaram o seguro para voluntários que muitas Misericórdias já utilizam.

Atualmente, a esmagadora maio-ria dos clientes desta mediadora e consultora de seguros da UMP são as Santas Casas, mas também há outras entidades dos setores social e privado. Contudo, apelam aqueles responsáveis, é necessário reforçar ainda mais a presença das Misericórdias. Conforme explicaram, uma boa carteira de clientes aumenta o poder de negociação junto das seguradoras, o que traz vantagens para as Santas Casas mas também para a União, que neste momento é a única sócia. Desde que foi fundada, em 1993, a Securicórdia foi sempre uma participada, visto que havia outros sócios, mas em Novembro do ano passado a mediadora passou a contar exclusivamente com capital da UMP.

Para facilitar o contato com prove-dores e restantes membros das Mesas Administrativas, os responsáveis da Securicórdia estão disponíveis para visitar Santas Casas, mas também a participar em reuniões de Secretaria-dos Regionais.

O Conselho de Gerência da Secu-ricórdia é presidido pelo provedor da Santa Casa de Torres Vedras, Vasco Fernandes, e conta também com a par-ticipação dos provedores de Setúbal, Fernando Cardoso Ferreira, e Mafra, Aníbal Rodrigues Silva. O consultor responsável é Rui Coelho Campos.

Bethania Pagin

VOLTAApORTUGAL

Teatro sénior emOliveira do BairroA santa casa da Misericórdia de Oliveira do bairro promoveu no passado dia 12 de novembro a 2ª edição do bengal’Arte. “Da meninice à Velhice” foi o tema des-ta iniciativa de teatro sénior que reuniu diversas instituições de apoio à terceira idade daquele distrito. As Misericórdias de Murtosa e Águeda, entre outras entidades, também apresentaram peças durante o evento.

Aldeia social é projeto em BragaA santa casa da Misericórdia de braga está a estudar a possibilidade de criar uma “Aldeia social” para a área da Veiga de Penso. O projeto, inscrito no plano de ação da Misericórdia para o triénio 2012-2014, surgiu do contrato local de Desenvolvimento social e tem como objetivo principal combater a pobreza e a exclusão social numa área considerada deprimida.

Património recuperadoem Viana do CasteloA câmara Municipal de Viana do castelo aprovou um protocolo com a Misericórdia local para a conservação do património. O protocolo assenta no reconhecimento da necessidade de reabilitação de um património arquitetónico que representa um dos melhores cartões-de-visita da cidade, bem como da dificuldade daquela entidade para suportar a totalidade dos encargos financeiros.

Faleceu provedor de ManteigasFaleceu o provedor da santa casa de Manteigas, no distrito da Guarda. O óbi-to de José Abrantes serra aconteceu no dia 17 de novembro. As cerimónias fúnebres decorreram no dia a seguir, na igreja Matriz de santa Maria. Aos fami-liares e amigos, o Voz das Misericórdias, em associação à união das Misericórdias Portuguesas, apresenta sentidos pêsames por esta perda.

25.ºAniversárioa misericórdia da azinhaga come-morou, a 25 de novembro, o 25.º aniversário da sua reativação. a co-munidade aderiu às comemorações nas quais a instituição recebeu uma medalha da autarquia.

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Dezenas de provedores marcaram presença no II Encontro Cinegético. A iniciativa promovida pela União das Misericórdias Portuguesas teve lugar em Borba, a 19 de Novembro.

lArgADA DE PErDIzES EM BorBAEM AçãO

Moda sustentável na passarelaA santa casa de Oliveirade Azeméis transformou- -se em passerelle paraum desfile concebido com peças de vestuário a partirde material reciclado

A emoção marcou o encerramento do curso de Educação e Formação de Adultos (EFA) de Operador de Arma-zenagem, promovido pelo Centro de Formação da Santa Casa da Misericór-dia de Oliveira de Azeméis.

Na Misericórdia partilhou-se a última atividade, o culminar de 17 meses de formação contínua de 14 formandos. Sob o lema “Sustentabi-lidade das famílias e as instituições”, a instituição transformou-se em pas-serelle para um desfile “Ecofashion”, concebido com peças de vestuário a partir de material reciclado.

Com idades entre os 20 e os 60 anos, os formandos, residentes no concelho, alcançaram uma dupla certificação: 9.º ano/nível B3 e sa-ída profissional como operador de armazenagem. No último dia 14 de

Diversos materiais transformaram-se

em vestuário

Novembro, iniciaram estágio em empresas da região.

O vestido de noiva abriu e fechou o desfile. Pelo meio, passaram as tendências da moda ‘sustentável’. Cortiça, plástico, metal e outros ma-teriais reciclados do dia-a-dia viram-se transformados em verdadeiras peças artísticas de vestuário. A conceção esteve a cargo dos formandos do curso EFA, e contou na passerelle com a colaboração dos utentes – crianças e idosos – da Santa Casa de Oliveira de Azeméis. Numa tarde com cheirinho a S. Martinho, não faltaram as casta-nhas assadas, distribuídas por todos os presentes.

Susana Rocha, mediadora do curso, afirmava no boletim “In (for-mação)” que “o fim de um percurso é sempre um tempo de balanços, de análise dos ganhos e das perdas. O que ganhamos: as nossas relações interpessoais alargaram-se e os nossos conhecimentos aumentaram, mas as nossas expectativas são agora mais difíceis de concretizar. É que somos cidadãos mais exigentes, queremos saber mais, ter oportunidades de tra-balho e melhorar as nossas condições de vida, mas decorridos 17 meses, as

condições socioeconómicas deterio-ram-se, tornando assim mais difícil alcançar as melhorias desejadas”.

Ao Voz das Misericórdias, a media-dora reforçou as dificuldades encon-tradas na colocação dos formandos em estágio. “Foram inúmeras as recusas de empresas em aceitar estagiários. Diziam-me que não tinham trabalho para os funcionários, por isso, menos ainda para estagiários”, contou. As

previsões de emprego não são ani-madoras, ainda que, “uma ou outra empresa” tenha mostrado “alguma abertura positiva de emprego pós--estágio”.

Ao longo dos últimos meses, aque-le mesmo grupo revitalizou também um terreno baldio que existia nas instalações da Santa Casa da Mise-ricórdia de Oliveira de Azeméis e onde decorreu a formação. Ali deram vida a uma horta urbana, que já deu muitos frutos.

Vera Campos

Misericórdia comemora 25 anos com conferênciasPara assinalar o 25º aniversário, a Misericórdia da Amadora organizou um ciclo de três conferências sobre os desafios da solidariedade. A terceira e última – “concretizar a solidariedade” - realizou-se em novembro, a três vozes: Manuel de lemos, presidente da uMP, Alfredo bruto da costa, presidente da comissão nacional Justiça e Paz, e eugénio da Fonseca, presidente da cáritas, participaram no debate que encerrou as comemorações. A primeira conferência realizou-se em Março e o orador foi o franciscano capuchinho Frei Fernando Ventura. A segunda foi em Junho e o orador foi D. carlos Azevedo, na altura presidente da comissão episcopal da Pastoral social.

Barreiro lança livrono 450.º aniversárioA santa casa da Misericórdia do barreiro, no âmbito das comemorações do 450ª aniversário da instituição, vai promover a apresentação do livro “Obras de Miseri-córdia - Origens, Doutrina, simbologia”, do jornalista e escritor Jorge Morais. A sessão de apresentação pública da obra irá decorrer, no Auditório da biblioteca Municipal do barreiro, no próximo dia 1 de Dezembro. A obra é patrocinada pela própria santa casa da Misericórdia do barreiro e o prefácio foi escrito pelo presidente honorário da união das Mise-ricórdias Portuguesas (uMP) e provincial dos franciscanos, padre Vítor Melícias.

500Colaboradoresa santa casa da misericórdia de Vila Verde aprovou recentemente o plano e orçamento para 2012, com cerca de 20 milhões de euros. a assembleia geral ficou também marcada pela reeleição do provedor para um novo mandato de três anos. bento morais adiantou que os recursos humanos são a prioridade para o próximo ano, uma vez que a instituição tem cerca de 500 colaboradores.

VOLTAApORTUGAL

17 meses de formação sob o lema “sustentabilidade das famílias e

as instituições” culminaram com o desfile de moda sustentável. Ao todo, eram 14 os formandos.

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www.ump.pt

EM AçãO

10 vm novembro 2011

RECEITAS NAS MISERICÓRDIAS

Caldeta de cação de Avis

INGREDIENTES (120 PESSOAS)

INFORMAçãO NuTRICIONAl: PREçO:

DIFICuDADE:

MODO DE PREPARAçãO:

30kg de cação4litros de azeite400g de cebola200g de massa de alho2 molhos de poejos1 molho de coentros2kg de farinha100g de colorau40 pães alentejanossal q.b

546 Kcal16 g Proteínas65,5 g hidratos de carbono25,5 g Gordura7,5 g Fibras

€ € € € €

,,,,,

coloca-se o azeite numa panela, com a cebola e a massa de alho. O cação é cozido em água com sal e reserva-se essa água, que depois é colocada no refoga-do, juntamente com os coentros, Poejos, farinha e o cação em postas. está pronto a servir. esta caldeta é servida com pão alentejano às fatias.

Nova contabilidadepara Santas CasasPara apoiar as santascasas no âmbito do regime da normalização contabilística, a união das Misericórdias promoveu três sessões de informação

A partir de 1 de janeiro de 2012, as Misericórdias passarão a estar sujeitas a novas normas de contabilidade. O regi-me da normalização contabilística para as entidades do setor não lucrativo foi aprovado no âmbito do decreto-lei n.º 36-A/2011, de 9 de março. Para apoiar as Santas Casas nesta fase de mudança, a União das Misericórdias Portuguesas

(UMP) promoveu recentemente três sessões de informação que reuniram cerca de 350 pessoas.

Segundo aquele decreto, ficam dispensadas da aplicação da normali-zação contabilística as entidades sem fins lucrativos cujas vendas e outros rendimentos não excedam 150 mil euros em nenhum dos dois exercícios anteriores, com algumas exceções constantes no decreto. Contudo, o Gabinete de Ação Social da UMP sabe que a norma poderá vir a ser obrigatória para todas as entidades que tenham acordos de cooperação com a Segurança Social.

As sessões decorrem em Fátima, Vila do Conde e Portel. Cerca de 350 pessoas, maioritariamente técnicos

marcaram presença. Em conversa com o Voz das Misericórdias (VM), o técnico oficial de contas da Santa Casa de Ma-tosinhos, Manuel Moreira, referiu que esta fase inicial é a mais complicada. “A dificuldade não está nos números, mas sim em alterar e estabelecer novos critérios”. O provedor da Misericórdia de Caminha também não está preocupado. António Afonso disse ao VM que a Santa Casa já apresentou o orçamento para 2012 com base nos novos critérios. De qualquer forma, considera que as sessões de informação são úteis, especialmente nesta fase inicial de adaptação à nova realidade.

Recorde-se que as Misericórdias passam a ter de apresentar as contas certificadas por um revisor oficial.

Sessões de informação contaram com a presen-

ça de muitos técnicos

Bethania Pagin

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EM FOCOwww.ump.pt12 vm novembro 2011

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5Santa Casa da Misericórdia de Almeirim

Santa Casa da Misericórdia de Barcelos

Santa Casa da Misericórdia de Elvas

Santa Casa da Misericórdia de Murça

Santa Casa da Misericórdia de gáfete

Santa Casa da Misericórdia da Ericeira

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As datas festivas são mote para convívio nas Misericórdias de todo o país e o São Martinho não é exceção. As atividades variam, mas o objetivo principal é sempre reunir utentes – idosos ou crianças, com colaboradores, voluntários, dirigentes e a comunidade em geral. Não faltaram as castanhas e em muitas instituições a música deu o toque final de alegria às festas. Além das Misericórdias cujas fotos publicamos (recordamos que não é possível publicar todas), agradecemos a partici-pação das Santas Casas de Arraiolos, Castro Daire, Chaves, Golegã, Maia, Montemor-o-Velho, Póvoa de Lanhoso, Póvoa de Varzim, Reguengos de Monsaraz, Vila Nova de Gaia, Sangalhos, Sernancelhe, Vila do Conde, Porto, Mangualde, Sines, Santa Maria da Feira, Pernes, Valongo, Sardoal, Pampilhosa da Serra e Vila Franca de Xira.

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Santa Casa de oeiras

Santa Casa de Cantanhede

Santa Casa de Ponte de lima

Santa Casa de Santar

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TERCEIRA IDADEwww.ump.pt14 vm novembro 2011

de boas-vindas de Carlos Guarita, res-ponsável da Pullmantur em Portugal.

Nove mulheres e um homem compõem este grupo sénior. “Sele-cionámos as pessoas que pudessem apreciar o passeio, que estivessem ainda dentro das suas capacidades cognitivas, e que, fisicamente, fossem as mais autónomas”, explica Mónica Afonso, diretora técnica.

Marçalo Gregório Rosende, 74 anos, é o único cavalheiro, mas não se mostra preocupado. “Sinto-me bem no meio destas senhoras”, confessa com um sorriso, recordando o dia em que embarcou no Santa Maria, rumo à Madeira. Mas, como conta ao VM, “este barco é mais importante”. A di-ferença também foi notada por Maria José Albano, 69 anos, a mais nova do grupo, que, apesar de já ter experiência em cruzeiro, considerou este especial porque “tem todas as condições e está

Idosos embarcam em aventura atlântica

um grupo de dez utentes da santa casa da Misericórdia de Portimão deixou aquela cidadedo barlavento algarvio, por um dia, e embarcou num cruzeiro especial rumo a Lisboa

Os passos vagarosos contrastam com a enorme vontade de conhecer e explo-rar o que é novo. Um grupo de utentes da Misericórdia de Portimão deixou a cidade do barlavento algarvio, por um dia, e embarcou num cruzeiro rumo a Lisboa. A experiência não poderia ter sido melhor.

A bordo do Empress está tudo preparado para receber os idosos que tiveram uma prenda antecipada de Natal: um cruzeiro oferecido pela empresa Pullmantur, por ocasião do seu décimo aniversário.

Pouco passava das 11 horas da manhã quando os idosos - acom-panhados por três funcionárias e pelo provedor, José Manuel Correia - chegaram ao porto de Portimão para darem início ao cruzeiro. Um pouco ansiosos, todos ouviram as palavras

nélia Sousa muito bem ornamentado”. Carlos Guarita refere que a empresa

não queria deixar passar em claro o dé-cimo aniversário e resolveu proporcio-nar a estes idosos um cruzeiro especial. “Só de ver as caras deles felizes como vimos compensa todo o investimento e todo o sacrifício”, destaca.

Pouco passava do meio-dia quan-do o grupo entrou no grande barco. Efetuados todos os procedimentos necessários, esperava-os um merecido almoço. Antes ainda houve tempo para a fotografia que iria recordar esta grande jornada. Por esta altura, o representante da Pullmantur entregou ao provedor da Misericórdia uma simbólica recordação: uma miniatura do cruzeiro.

A tarde aproximava-se e com ela a vontade de sentir o navio largar ânco-ra. Na popa, Crisante Matos, 84 anos, recorda os anos que esteve em Angola. “Quando vejo isto assim faz-me lembrar

o Lobito”, refere, mirando ao longe a paisagem. Crisante adora passear e não perde uma oportunidade. Também Maria da Conceição Esteves, 81 anos, adora “conhecer coisas novas” e esta viagem vai ser especial, pois em Lisboa vai ter a neta à sua espera.

Devagarinho o Empress foi dei-xando Portimão. Os idosos estavam radiantes. Mas a noite ainda agora tinha começado. Vestidos a rigor, foram recebidos pelo diretor do cru-zeiro, Pedro Garcia, para um pequeno coquetel. No restaurante, à sua espera, tinham um delicioso repasto, regado com música e animação. E até houve quem tivesse energia para dar um pe-zinho de dança. Isabel Maria da Silva Pereira tem tantos anos que já não se lembra. Sabe que são mais de 80. Mas há uma coisa que não esquece: o jeito para dançar. “Comecei a dançar miúda”, conta-nos sorridente.

A manhã seguinte surgiu resplan-decente. O grupo levantou-se cedo para iniciar a jornada em terra firme. Apesar de cansadas, “as pernas têm que aguentar para aproveitarmos o passeio até ao fim”, diz Cesaltina Portela, 84 anos. O itinerário foi feito de autocarro, mas houve tempo para duas paragens. Uma no Parque Eduardo VII e outra perto da Torre de Belém, onde os idosos compraram os famosos pastéis.

O regresso ao navio deu-se por volta do meio-dia. As saudades já se notavam nos rostos e olhares. Para Cesaltina Portela foi uma “experiência única”. A opinião é partilhada por Teresa Duarte: “Nunca tinha tido um dia assim”. Com 84 anos, Gentileza Romão fez o batismo de barco: “Não me importava de ir oito dias.” Maria Jacinto, a mais velha do grupo, embar-cou pela primeira vez, mas considera ser “aventura a mais”.

Cruzeiro foi oferecidoaos utentes da Misericórdia

de Portimão

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SAúDEwww.ump.pt16 vm novembro 2011

partilharam as diferentes perspectivas e experiências num encontro relacionado com a nova lei sobre o acompanhamen-to religioso nas instituições de saúde.

Uma atividade motivada pela “convergência entre o encontro inter--religioso ao mais alto nível que tem lugar em Assis, a 27 de Outubro, a filo-sofia institucional desta escola e a atual lei sobre o acompanhamento espiritual e religioso nas instituições de saúde”, destaca a Escola de Enfermagem através de comunicado. “Pretende-se o encontro entre os diversos agentes, a partilha de experiências e o diálogo acerca de perspectivas de futuro”, conclui o documento.

Este encontro contou com as pre-

Encontro decorreu noAuditório do Montepio em lisboa

Aposta na qualidade

‘Saúde, religiõese culturas’ em debate

centro de bioética da escola de enfermagem da união das Misericórdias reuniu representantes de diversas religiões para debate

Bethania Pagin

O Centro de Bioética e Enfermagem da Escola Superior de Enfermagem S. Francisco das Misericórdias (ESES-FM), da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), realizou a 26 de Outubro, em Lisboa, um encontro de reflexão no âmbito do projeto “Saúde Religiões e Culturas”. No mesmo dia foi igualmente assinalada a abertura do novo ano escolar. O evento contou com cerca de 200 participantes.

Sob a temática “Contributo das Tradições Espirituais no Acompa-nhamento Espiritual e Religioso nas Instituições de Saúde”, os membros do grupo de trabalho Religiões e Saúde

senças de António Teixeira, da União Budista Portuguesa; Artur Machado, da União Portuguesa dos Adventistas do Sétimo Dia ; Fernando Sampaio, da Igreja Católica; Jorge Nobre, presiden-te da Aliança Evangélica Portuguesa; José Ruah, da Comunidade Israelita de Lisboa; e José Salvador, da Igreja Metodista Portuguesa.

Recorde-se que o Centro de Bioéti-ca da ESESFM é a primeira instituição portuguesa a dedicar-se a questões bioéticas específicas no âmbito da enfermagem. Criado pelo franciscano Hermínio Araújo, o Centro organiza reuniões de reflexão, sempre subor-dinadas a temas atuais e de interesse para a prática da enfermagem.

Acreditaçãoem mais sete Santas CasasAs Misericórdias continuam a apostar na certificação de qualidade. recentemente, tiveram início auditoriasde diagnóstico em maissete unidades

A União das Misericórdias Portuguesas (UMP) continua a apoiar as Santas Casas interessadas em processos de acreditação de qualidade na área dos cuidados continuados. Recentemente, tiveram início auditorias de diagnós-tico em mais sete unidades.

Segundo informação do Grupo Misericórdias Saúde (GMS), os pro-cessos de acreditação desenvolvem--se “no âmbito da forte aposta que a UMP e as Misericórdias têm vindo conjuntamente a fazer, no sentido de promover a qualidade dos cuidados prestados e a segurança dos utentes na área dos cuidados continuados”.

As instituições envolvidas neste processo são as Misericórdias de Gui-marães, Póvoa do Varzim, Mortágua, Entroncamento, Mora, Santiago do Cacém e Loulé, “cujas Mesas Adminis-trativas e equipas técnicas têm vindo a desenvolver um enorme esforço de melhoria e um trabalho fantástico”, destaca o GMS.

“As auditorias serão asseguradas pelo Consórcio Brasileiro de Acredita-ção (CBA), representante da Joint Co-mission International e constituem-se como mais um passo do processo de melhoria contínua, que está subjacen-te à preparação para a acreditação”, concluem os responsáveis do Grupo Misericórdias Saúde.

Bethania Pagin

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EDUCAçãOwww.ump.pt18 vm novembro 2011

com outras comunidades educativas com as quais “Os Moinhos” desen-volvem projetos conjuntos.

Este conjunto de profissionais tra-balha também ao nível dos domínios cognitivo e comportamental mas é a comunicação que Isabel Costa assume ser dos mais complexos: “estas crian-ças não falam e muitas não entendem a linguagem verbal”, refere.

Nesta incessante procura de sen-tidos, “nunca é fácil saber se o sorriso que nos dão é dirigido à nossa voz ou a outra coisa qualquer”, diz a responsável.

Mas, “ao manifestarem-se, embora sem falar, isso significa que desen-volveram a perceção da capacidade de agir sobre o meio que os rodeia”, explicita, e isso, é um passo de gigante.

Rosa Alves, 60 anos, 12 dos quais dedicados a estes “Moinhos” como educadora de infância, domina esta linguagem imperceptível, feita do que sobra, e do que está para além da comunicação. “Só com um olhar,

Pequenas evoluçõese grandes recompensas

na escola de educação especial “Os Moinhos”, professores e educadores cuidamde crianças com deficiência profunda, mas também aprendem lições de vida

Há mais de uma década que os pro-fissionais da Escola de Educação Especial “Os Moinhos”, em Fátima, travam uma luta desigual com as suas próprias emoções, ao mesmo tempo que canalizam uma energia sem limites para ajudar crianças especiais.

Estas batalhas nem sempre são vencidas, mas os avanços consegui-dos, e que se traduzem numa lingua-gem imperceptível para quem não a domina, são recompensas gigantescas reservadas para muito poucos.

Nesta escola que cuida de crianças com deficiência profunda, os professo-res e educadores também aprendem lições de vida, num quotidiano que resiste à voragem das horas.

Isabel Costa, psicóloga e diretora da escola, confessa que se trata de um trabalho que exige “muita per-sistência, resistência à frustração e capacidade de observação”, porque,

Filipe Mendes

na Escola de EducaçãoEspecial os Moinhos, todas estas crianças têm limitaçõesmotoras e muitas nãopossuem movimentos ativos

atalha, “não é fácil”.Há toda uma alteração de refe-

renciais que “obriga a uma enorme construção interior”, refere: “não é uma coisa que se aprende durante a forma-ção. Aprende-se fazendo”, explica.

Neste caminho “às vezes dolo-roso”, há que encontrar pontos de apoio e perceber, até que ponto, uma pequena evolução “corresponde a um grande resultado”.

É para isto que a escola trabalha todos os dias: aqui trata-se de fazer o que é possível por crianças cujas ne-cessidades não encontram resposta nos estabelecimentos de ensino formal.

E dentro deste universo de último recurso para “dependentes de alto grau”, em todas as áreas, esse “pos-sível” passa, sobretudo, pela autono-mia, alimentação e comunicação oral.

Todas estas crianças têm limi-tações motoras e muitas delas não possuem movimentos ativos. Daí que os 25 alunos especiais deste ano letivo

necessitem de cuidados excecionais. Assim, os curricula focam-se em

“objetivos práticos, que melhorem a qualidade de vida dos utentes”, explica a responsável Isabel Costa.

São trabalhadas, em particular, as áreas da motricidade global e fina como forma de impedir a instalação ou de-senvolvimento de deformidades: “com

isto, estamos a fazer com que seja mais fácil a ajuda dada pelos cuidadores, para além de estarmos a promover um desenvolvimento músculo-esquelético normalizado”, detalha.

Outras das aprendizagens passam pelos treinos de mastigação, ou de alimentação autónoma e também pela socialização, quer com pares, quer

Escola tem 25 alunos este ano letivo

sabemos se estão tristes ou felizes”, refere, acrescentando: “o coração deles bate da mesma forma que o nosso. Só é preciso saber escutá-lo”.

“Eles sentem que trabalhamos para eles e retribuem-nos esse afeto”, afirma Rosa Alves, confessando que “de início” foi difícil adaptar-se, mas agora tem dificuldade em deixar as crianças: “elas são o nosso bem”, afirma.

Em atividade desde o ano letivo de 2000/2001, esta escola com acordo de cooperação com o Ministério da Educação é parte integrante do Centro João Paulo II, usufruindo assim de toda uma estrutura de retaguarda.

Tido como um estabelecimento de referência ao nível de equipamentos e serviços, nasceu da vontade dos técnicos do Centro e do apoio benemérito do padre Abel Duarte e Santuário de Fátima.

“Na altura em que avançámos com o projeto, que demorou cinco anos a ser aprovado pela tutela, tínha-mos apenas as paredes”, conta Isabel Costa que “transportou” para a escola toda a bagagem que adquiriu no lar residencial do Centro João Paulo II: “tive o privilégio trabalhar em áreas transversais e isso permitiu-me perce-ber onde estavam as dificuldades e o que era necessário alterar”, recordou.

E de facto, estes “santos da casa” têm feito milagres, como sublinha Manuel Cálem, presidente da direção do Centro João Paulo II: “tudo o que se faz aqui deve-se aos colaboradores”.

Segundo o responsável desta ins-tituição anexa da União da Misericór-dias Portuguesas (UMP), “esta casa é o reflexo da belíssima equipa que cá trabalha, nunca estão satisfeitos e isso é ótimo”, conclui.

O Centro para Deficientes Profun-dos João Paulo II existe há 22 anos e tem capacidade para acolher 192 residentes, com idades entre os seis e os 65 anos. Atualmente, colaboram na instituição mais de duas centenas de funcionários e está equipado com ginásio e uma sala Snoezelen - um ambiente multissensorial que permite estimular os sentidos primários – entre muitos outros.

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Um infantário da Misericórdia de Monção foi assaltado recentemente, mas os larápios levaram apenas algumas moedas e vandalizaram parte das instalações, impossibilitando o seu funcionamento.

InFAnTárIo ASSAlTADo EM Monção

Gavião promove encontrode intervenção precoce Instituições do distritode Portalegre partilhamexperiências e conhecimentos sobreuma área onde aindahá muito para ser feito

Proporcionar uma troca de experiên-cias e de conhecimentos, dando a co-nhecer o trabalho desenvolvido pelas Equipas Locais de Intervenção Direta. Foi esse o objetivo da Santa Casa da Misericórdia de Gavião ao promover o V Encontro de Intervenção Precoce do distrito de Portalegre.

Esta iniciativa, organizada pela Equipa Local de Intervenção de Ga-vião e Nisa, que tem como entidade promotora a Santa Casa Misericórdia de Gavião, reuniu durante um dia mais de centena e meia de pessoas, oriundas de diversas instituições do distrito, no Cine-Teatro Francisco Ventura, em Gavião.

Tendo como tema central “Con-ceitos e Dinâmicas”, este encontro foi enriquecido pela abordagem a deter-minadas temáticas, nomeadamente a intervenção precoce e a parentalidade e a sinalização à intervenção com práticas colaborativas, tendo inclusive sido dada oportunidade aos partici-pantes de integrarem workshops sobre musicoterapia, a criança autista em contexto pré-escolar e a adaptação ao meio aquático segundo Wallick.

Reforçando a ideia de que este encontro vem dar realce ao trabalho que está a ser desenvolvido nesta área no distrito de Portalegre, e de um modo particular pelas Equipas Locais de Intervenção (ELI), a diretora técnica da Santa Casa da Misericórdia de Gavião, Inês Martins, refere que foi importante para a instituição ter a oportunidade de promover “esta troca de experiências”, que ao mesmo tempo “permite-nos refletir sobre os conceitos e o que é a intervenção precoce”, esclarece.

Inês Martins reconhece que “ainda há muito para ser feito nesta área”, no entanto destaca o trabalho que está a ser desenvolvido pelas ELI junto das famílias, que garante “ser muito importante”, e que para o qual “é imprescindível que seja feita a com-posição das equipas técnicas”.

O vice-provedor, Carlos Estevinha, conta-nos que desde logo a Santa

Casa acedeu à proposta que lhe foi feita de coordenar esta resposta so-cial da Intervenção Precoce nos dois concelhos, Gavião e Nisa, e sublinha que, ao organizar este encontro, a instituição espera contribuir para uma maior sensibilização para esta temá-tica, dando como exemplo o trabalho que é desenvolvido no distrito e que pode ser um bom exemplo para outras instituições.

“A minha experiência em saúde pública leva-me a acreditar que se intervirmos precocemente vamos conseguir atenuar os problemas”, refere o vice-provedor, que assegura ainda que “a Misericórdia de Gavião procura honrar os compromissos e a responsabilidade de gerir estas ELI, pois reconhece que esta é uma res-posta “meritória e que merece todo o nosso apoio”, sublinha.

O Sistema Nacional de Interven-ção Precoce na Infância (SNIPI) é uma medida de apoio centralizado na crian-ça e na família, que pretende apoiar crianças, entre os 0 e os 6 anos de idade e respectivas famílias, desenvolvendo ações de natureza preventiva.

Encontro reuniu técnicos de todo o concelho

Patrícia leitão

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pATRIMÓNIOwww.ump.pt20 vm novembro 2011

ArTE nAS MISErICÓrDIAS

Apontamentos do inventário promovido pela UMP, Ver mais em http://matriz.softlimits.com/ump/

CálICE E PATENAscmn 02661768–1784 d.c. scMnisaensaiador João coelho de s. Paio (Porto)

cálice e patena em prata fundida, cinze-lada, repuxada e gravada. O cálice apre-senta base circular curvilínea, alteada em três registos, com haste em balaústre. O primeiro registo está decorado com diversas secções de perfil ondulado, onde se insere um florão de pétalas recortadas, com quatro folhas destacadas nos cantos, sobre fundo pontilhado. O segundo registo possui uma sucessão de elementos florais e concheados. O terceiro registo é liso e relevado. A haste é composta por elemen-tos bulbosos salientes, de vários tamanhos e com diferentes decorações, apresen-tando elementos florais e vegetalistas estilizados e concheados. A copa é lisa, em forma de campânula invertida. A patena é circular e ligeiramente côncava, contendo nessa face um pelicano a alimentar as suas três crias, símbolo da Paixão de cristo e da eucaristia, com a inscrição em latim “hOc est eniM cOrPus MeuM”.

BANDEIRA REAlscmaF 0003século XVii scMAlfândega da Fé

bandeira real, composta por duas telas pintadas a óleo. De um lado encontra--se uma representação da Virgem da Misericórdia de mãos postas, coroada e ladeada por dois anjos. O vasto manto azul acolhe à direita um Papa, um bispo e um terceiro personagem de barbas. À esquerda, ajoelhados, está o rei e a rainha coroados e um frade trino. Os persona-gens olham contemplativamente na dire-ção de nossa senhora. no reverso está uma representação de nossa senhora da Piedade. na base da cruz, a Virgem contempla o Filho morto estendido a seus pés, encontrando-se de braços abertos, expressando todo o seu sofrimento. cristo encontra-se sobre o lençol da deposição, apenas coberto ao nível da cintura pelo cendal. é amparado nas costas por são João evangelista, ao mesmo tempo que Maria Madalena lhe beija a mão direita. Atrás desta, encontra-se Maria. A ladear a Virgem, encontram-se nicodemos e José de Arimateia.

Restaurar para preservar em ArezMisericórdia de Arez investe na restauração da sua Igreja, preservando um património de séculos. empreitada deve estar concluída em Dezembro

A Santa Casa da Misericórdia de Arez iniciou em Agosto as obras de restauração da sua igreja, que habi-tualmente é utilizada pela população desta localidade como casa mortuária.

Este edifício do século XVI estava já um pouco degradado e a instituição estava ciente da necessidade de serem feita obras, sobretudo no que se refere ao telhado, por ser o que estava em pior estado, no entanto, e como nos explica o provedor, José Fazendas, a Misericórdia tinha outras prioridades, daí que só recentemente tenha deci-dido avançar com a obra.

“Estávamos bastante empenhados no projeto da construção de um lar, o que representaria um grande investi-mento por parte da instituição, e por isso sabíamos não ter capacidade para avançar também com a restauração da Igreja”, esclarece.

Entretanto, e por diversos motivos, a Misericórdia acabou por desistir do

projeto da construção do lar e avançou com a recuperação da igreja, onde inicialmente estava apenas prevista a substituição do telhado, mas “uma vez que íamos começar com obras, e porque queremos dar as melhores condições possíveis aos irmãos e a quem usufrui deste espaço, decidimos fazer uma recuperação completa”, conta o provedor.

Para tal, e porque em dois dos três altares no interior da igreja se encontram pinturas antigas, também bastante degradas, a Misericórdia pediu a colaboração de especialistas do Insti-tuto de História da Arte, da Faculdade de Letras de Lisboa, que avaliaram o património artístico e se compromete-ram a recuperar essas pinturas, tendo ainda aconselhado a instituição sobre o que seria importante fazer, preservar e os materiais a utilizar.

Patrícia leitão

Conforme relata José Fazendas, a primeira fase da obra consistiu na substituição total do telhado, numa segunda fase foram então feitos os arranjos ao nível do edifício, nomea-damente nas paredes interiores e exte-riores, e a substituição do pavimento. Já numa terceira fase será então feita a recuperação das pinturas dos altares, bem como a pintura da igreja.

“Fizemos uma recuperação de fundo da nossa igreja, e estamos convictos de que se trata de um in-vestimento a pensar no futuro, ou seja, em que estamos já a preservar o património da Misericórdia para os próximos anos. Esperamos que as pessoas gostem e que percebam que a nossa intenção foi fazer o melhor possível, mas sem descaracterizar o já existia”, sublinha o provedor,

que orgulhosamente nos revela que fizeram questão de manter o coro.

A recuperação da igreja representa um investimento que deverá rondar os 50 mil euros, e de acordo com José Fazendas foi importante poderem recorrer os materiais que, mantendo as suas características, tornaram o espaço “mais acolhedor e com con-dições para receber condignamente quem dele usufrui”, e que ao mesmo tempo vão permitir a sua preservação durante mais tempo. O provedor re-vela ainda que, tudo indica que obra deverá estar concluída em meados de Dezembro.

Construída em 1618, a Capela do Divino Espírito Santo, ou Igreja da Misericórdia como é conhecida, foi o local onde foi fundada a Irmandade da Misericórdia de Arez.

na Capela do Divino Espírito Santo, ou Igreja da Misericór-dia como é conhecida, foi fundada a Irmandadeda Misericórdia de Arez

obra de recuperação deverá estar concluída

em Dezembro

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ESTANTEwww.ump.pt novembro 2011 vm 21

lISTA DE lIVroS

HOSPITAl NOVO DA MISERICóRDIA DE VISEuVera magalhãesMisericórdia de Viseu, 2011

segundo o mesário da Misericórdia de Viseu, Alberto correia, a autora “Vera Magalhães intentou em boa hora realizar a tarefa de elaborar a história do hospital novo” da instituição. “é sob o signo basilar da história da Arte que se propõe com-preender a majestosa máquina de uma novíssima arquitetura que rompe sobre o alto arrabalde do sul da cidade quanto até aí se grande fizera na produtiva cen-túria dos setecentos”, refere. A obra tece o rigoroso percurso de uma assistência hospitalar em Viseu, desde os medievos albergues ou hospitais como também se chamavam os desajustados locais de acolhimento de doentes ou peregrinos até ao primeiro hospital dito das chagas de que a Misericórdia recebe encargos antes que assuma a sua administração por inteiro. “sentimos ainda o descompassado fluir da cidade, o marulhar das crises, a emulação entre as instituições, tanto como entre os homens, o tempo circunstanciado sobre cujos veios a história se constrói. um belo livro que importa ler”, conclui o responsável da Mesa Administrativa pelo património.

FORMAçãO PARA A PRESTAçãO DE CuIDADOS A PESSOAS IDOSASmaria manuela sousaPrincipia, 2011

O envelhecimento demográfico constitui, nos dias de hoje, uma realidade e um sério desafio para as sociedades atuais e para as gerações vindouras. Os cenários demográficos prospetivos apontam para um crescente envelhecimento da popula-ção. este fenómeno será particularmente acentuado no grupo dos idosos muito ido-sos, os quais constituirão uma população sucessivamente mais numerosa, exigente, escolarizada, consciente da sua dignidade e dos seus direitos e portadora de novas patologias que determinam maiores con-sumos de cuidados de saúde, nomeada-mente na fase final da vida. este cenário obriga a uma reflexão cuidada acerca das respostas socias destinadas aos idosos, na qual assumem particular importância os recursos humanos. Por isto, esta obra elege a formação profissional como objeto de estudo por ser um dos fatores-chave para a qualidade dos cuidados que são devidos a todos os idosos.

365 DIAS COM HISTóRIAS DA HISTóRIA DE PORTuGAlluís almeida martinsesfera dos livros, 2011

História de Portugal ao longo de 365 dias

só precisa de poucos minutos por dia para,de forma concisa e divertida, fazer uma extraordinária viagempela história de Portugal

O convite é irrecusável. Só precisa de poucos minutos por dia para, de forma concisa e divertida, fazer uma extraordinária viagem pela História de Portugal ao longo de 365 dias. Cada dia é uma nova descoberta, uma nova história. Quem convida é a Esfera dos Livros através da publicação “365 Dias com Histórias da História de Portugal”, cujo autor é Luís Almeida Martins.

À segunda-feira conheça os grandes factos e pequenos episódios que marca-ram a História de Portugal. À terça é a vez de ser apresentado aos seus protago-

nistas, na quarta trave guerras sangrentas e batalhas vitoriosas e na quinta veja-se envolvido em revoluções e conspirações que abalaram o poder. A sexta é dia de ficar a par das histórias de alcova, de traições e infidelidades de reis, rainhas e não só. No sábado surpreenda-se com os mitos, lendas e curiosos mistérios dos nossos nove séculos de História. Para terminar a semana, ao domingo é tempo de descansar a ler episódios relacionados com grandes escritores, artistas e monumentos de Portugal.

Luís Almeida Martins é jornalista, divulgador de temas históricos, ficcio-nista, guionista e tradutor. Nasceu em Lisboa em 1949 e licenciou-se pela Faculdade de Letras. Foi diretor do Se7e e director-adjunto do Jornal de Letras, antes de fazer parte, em 1993, do núcleo fundador da revista Visão, a cujo Gabinete Editorial pertence. É editor da Visão História.

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VMEDITorIAl

ESPAçO PARAENTENDIMENTO

As declarações do primeiro-ministro, afirmando a vontade de saldar as dívidas com as Misericórdias e devolver-lhes, pelo menos, cerca de 15 hospitais são, sem margem para dúvida, boas notícias

Aelas se podem acrescentar o anúncio de que entrarão em funcionamento em breve as unidades de cuidados continuados que algumas Misericórdias já

têm terminadas e que não sabiam quando e como poderiam por ao serviço da comunidade que delas tanto necessita.

Temos que acrescentar a estes factos o recente encontro promovido pelo presidente da República com os representantes das instituições de solidariedade social, dando conta do seu interesse e preocupação com o que se passa nesse setor num momento tão preocupante da sociedade portuguesa.

Estes factos não aconteceram nem por acaso, nem por mera circunstância histórica. Sabemos bem que a situação de muitas Santas Casas é hoje bem difícil dado o incumprimento por parte do governo das suas obrigações contratuais. podemos constatar a forma firme, persistente e combativa com que o presidente da UMp, apoiado pelo Secretariado e Conselho Nacionais, sempre se bateu pelos direitos das suas associadas, apostando no diálogo constante e permanente com o governo, por forma a encontrar uma solução, que tendo em conta os constrangimentos existentes, permitisse uma saída que fosse do interesse de todos.

Uma vez mais, acreditando na via do diálogo que levou à prática com determinação, firmeza e coragem, acreditando na razão dos seus argumentos, mas tendo igualmente respeito pelos interlocutores e pelos seus argumentos, o presidente da UMp concluiu uma importante negociação e construiu um espaço de entendimento que a todos interessa e beneficia, evitando o caminho fácil e, por vezes tentador, da crispação desnecessária e da rutura que a nada conduz. Já no passado recente e noutro contexto, esta forma de estar e de agir deu bons resultados que são bem visíveis e evidentes.

Paulo Moreira [email protected]

VOZ DASMISERICÓRDIAS

Órgão noticiosodas Misericórdias em Portugal e no mundo

Propriedade: união das Misericórdias PortuguesasContribuinte: 501 295 097 Redacção e Administração: rua de entrecampos, 9, 1000-151 lisboaTels: 218 110 540218 103 016 Fax: 218 110 545 e-mail: [email protected] Tiragem do n.º anterior:13.550 ex.Registo: 110636Depósito legal n.º: 55200/92Assinatura Anual:Misericórdias normal - €20benemérita – €30Outros: normal - €10benemérita – €20Fundador:Dr. Manuel Ferreira da silvaDirector: Paulo MoreiraEditor: bethania PaginDesign e Composição: Mário henriques Publicidade:Paulo lemosColaboradores: nélia sousaFilipe MendesPatrícia leitãoPatrícia PosseVera camposAssinantes: sofia OliveiraImpressão: Diário do Minho– rua de santaMargarida, 4 A4710-306 braga tel.: 253 609 460

É nos momentos de crise que os homens e mulheres portuguesas se elevam, através da sua preocu-pação em proporcionar afetos aos mais desprotegidos, dando-lhes uma oportunidade única de se sentirem pessoas importantes, acedendo a níveis de convivência e de lazer únicos e que na sua avançada idade não era expectável.

Foi sem dúvida um ato de Soli-dariedade para quem o prestou e de Caridade para quem o recebeu.

Para aquele grupo de dez pessoas excecionais, utentes da Misericórdia de Portimão, ficou-lhes eternamente marcada na sua memória, os inesque-cíveis dois dias de uma viagem de so-nho, que jamais teriam ousado pen-sar, mas que graças à generosidade de pessoas de coração grande, o sonho tornou-se realidade, permitindo-lhes usufruir das maravilhosas condições de hospitalidade, num convívio com algumas centenas de pessoas dos mais variados estratos sociais. Neste mini-cruzeiro de Portimão/Lisboa, estas pessoas foram Reis e Rainhas naquele reinado flutuante, “alvo” do centro de todas as atenções dos com-panheiros anónimos de viagem, dos responsáveis da Tinkle e Pullmantur, e da comunicação social, RTP, Correio da Manhã e Jornal Voz das Mise-ricórdias, que fizeram a cobertura exclusiva da viagem, sendo visível nos seus rostos a ternura, a felicida-de e o sentido solidário de entrega profissional com que se envolveram num trabalho, que porventura lhes proporcionaram uma experiência única e que estou convicto lhes trará gratas recordações à sua nobre mis-são de comunicar e informar.

Ao grupo dos nossos maiores,

passando momentos de grande ale-gria, em que os seus corações rejuve-nesceram, já estão preparados para mais uma aventura, pois afirmam que tudo o que lhes foi permitido obter nessa viagem maravilhosa, lhes trouxe mais vontade de viver e sentem-se preparados para novos desafios.

Em termos de conclusão e pa-rafraseando as obras de Misericór-dia, podemos afirmar com espirito Misericordioso, que, adaptando a terminologia aos tempos modernos, foram cumpridas das mais significa-tivas, como sejam:

Alimentar o corpo, dando-lhes de comer “Matar” a sede, dando-lhes de beber Sendo peregrinos, dando-lhes pousada Numa nova aventura, dando--lhes conselhos

Por fim, resta-me acrescentar que me sinto feliz, pela grande ação solidária em prol dos nossos heróis. Quero expressar o meu agradecimen-to do tamanho do mundo, a todos os homens e mulheres que deram o seu melhor, para que o sucesso de toda viagem.

Deus vos ajude a todos.

oPInIão

é nos momentos de crise que os homens e mulheres portuguesas se elevam, através da sua preocupação em proporcionar afetos aos mais desprotegidos, dando-lhes uma oportunidade única de se sentirem pessoas importantes

José Manuel Correia Provedor da Misericórdia de Portimão

SOLIDARIEDADE NA CARIDADE

VOZ ATIVA

União das Misericórdias Portuguesas

www.ump.pt22 vm novembro 2011

A meu lado, fazendo um gigan-tesco esforço de equilíbrio no espaço acanhado de um autocarro mais do que superlotado, alguém dizia com bom humor e igualmente boa intenção estas palavras: “ Isto o que importa é a aprendermos a viver uns com os outros”.

Não se irritou…nem disse mal dos transportes… nem invectivou ninguém por um incómodo, afinal, que estava a ser de todos os passagei-ros. Procurou apenas olhar a situação

e envolvê-la de uma certa filosofia de viver. E sofrer solidariamente com todos certos apertos é também uma forma de viver uns com os outros.

Mas quem são os outros? O que são eles para mim? O que serei eu para eles? Como encontrar e definir o exato sentido de convivência?

Os outros são todos aqueles para quem “o próximo” és tu.

De uma forma geral, coexistimos, mas não convivemos. Vivemos ao lado uns dos outros. Habitamos no

oPInIão

Manuel Ferreira da [email protected]

CULTURA DE PROXIMIDADE

Page 23: Voz das Misericórdias

A organização dos processos que permitem caminhar para este deside-rato levou a que, ao longo do tempo, se tivessem consolidado dinâmicas profissionais visíveis, em paralelo com outras menos visíveis.

A complexidade da área da saúde reside, não tanto na técnica e na orga-nização das intervenções biomédicas, mas muito mais no facto de ser hoje evidente um novo paradigma; o pós modernista, no qual é a singularidade da pessoa cuidada que determina o rumo e, eventualmente, o sucesso das intervenções.

Os devaneios de alguns pensa-dores, que sonharam a saúde, não numa base antropológica, mas sim tecnocrata, levaram a um “encar-niçamento profissional”, ou seja, são tantos os técnicos para cuidar da pessoa, que a mesma “se perde” no meio da multidão que justifica a sua existência, querendo ajudá-la. A título de exemplo refira-se que “a crescente procura de cuidados de saúde de qualidade nos Estados Uni-dos da América, exige a passagem de um modelo médico tradicional, para uma solução cientificamente válida de centração no paciente. Para além disso, os cuidados de saúde devem ser sustentáveis, com grande ênfase na qualidade, e fornecer acesso ade-quado a todas as populações em todas as configurações sociais.” (Sims, W Bryan , The Patient-Centered Health Home: Transformation to Excellence in Practice. Clinical Scholars Review [serial online]. April 2011;4(1):35-42)

Descobrimos, não na retórica, mas na investigação aplicada, que a proba-bilidade de ajudar alguém, centrando--nos em tecnicismos exclusivistas, é inferior à probabilidade de ajudar o

rEFlEXão

A probabilidade de ajudar alguém, centrando-nos em tecnicismos exclusivistas, é inferior à probabilidade de ajudar o mesmo alguém, concentrando-nos na sua especificidade, dinamismo, conjunto de forças e de projetos

mesmo alguém, concentrando-nos na sua especificidade, dinamismo, conjunto de forças e de projetos. É, mesmo, eticamente questioná-vel tentar ajudar alguém, levando-o numa direção que não é a sua, mas sim, a nossa visão sobre a sua vida. Chama-se a isto “Empowerment”, um anglicismo que traduz a ideia de que devemos dar à pessoa, poder para decidir sobre o seu futuro e, concre-tamente, sobre o seu projeto de vida.

É neste sentido que a Escola Su-perior de Enfermagem de S. Francisco das Misericórdias, no âmbito das comemorações dos seus 60 anos de atividade de formação em saúde, e através do seu Centro de Bioética e

Enfermagem, levou a cabo um Semi-nário, no âmbito do Projeto “Saúde Religiões e Culturas”. Sob a temática “Contributo das Tradições Espirituais no Acompanhamento Espiritual e Religioso nas Instituições de Saúde”, os membros do grupo de trabalho Religiões Saúde, partilharam as di-ferentes perspectivas e experiências num encontro relacionado com a nova Lei sobre o acompanhamento religioso nas instituições de saúde.

De realçar que, enquanto numa história recente, a relativa homogenei-dade de crença religiosa, permitia uma natural relação entre os assistentes espirituais e os técnicos de saúde, o que assistimos hoje em dia é uma pro-

gressiva presença nos nossos serviços de saúde, de pessoas com diferentes tradições religiosas. Ora, na senda do inicialmente aflorado, torna-se eviden-te que a todos é devida uma assistência espiritual adequada à sua vontade e às suas raízes culturais e filosóficas.

Este é um espaço novo, em ter-mos do desafio subjacente. Mas aqui podemos descobrir a vantagem de ali-cerçarmos as práticas de cuidados em critérios modernos, antropocêntricos e, eventualmente, mais humanizados. Afinal, as obras de misericórdia são um quadro referencial de absoluto humanismo personalista. Não fosse S. Francisco de Assis, o nosso patrono e o Evangelho, a nossa matriz.

João Paulo nunes Diretor da Escola Superior de Enfermagem S. Francisco das Misericórdias

CUIDAR DOS ENFERMOS

www.ump.pt novembro 2011 vm 23

mesmo prédio. Somos condóminos, mas não vizinhos.

Vivemos e cruzamo-nos na mes-ma rua, mas desconhecemo-nos e ignoramo-nos. Já se não respira pro-ximidade.

As paredes são fronteiras.E as ruas trincheiras; e pior do

que tudo isso movimentamo-nos entre valas de preconceitos. Não nos cruzamos, acotovelamo-nos.

Daí, o respirarmos apenas uma certa atmosfera de desconfiança, trans-

pirando reticências; quando não até um certo medo, este medo que parece ser uma característica mais do que doentia, e que até já parece fazer parte da cultura do século, mas, apesar de tudo, vale a pena esperar que é sem-pre possível virem dias melhores…e melhores transportes. Até lá vamos sabendo filosofar um pouco.

Que tudo o que seja acreditar naquilo que de melhor ainda pode e há-de acontecer, e está para vir, é uma forma de viver a filosofia da

esperança.E dar testemunho de tolerância,

sem significar o calarmo-nos perante o que está mal, com quem com isso se conforma – que isso é cobardia e cumplicidade – tolerância é também uma saudável filosofia de vida.

Viva, por isso, a filosofia da tolerância!Tolerantes na diversidade.Ecuménicos no acolhimento. Testemunhas de uma cultura da proximidade

Coexistimos, mas não convivemos. Vivemos ao lado uns dos outros. Habitamos no mesmo prédio. Somos condóminos, mas não vizinhos

Enviar para: Jornal Voz das Misericórdias, Rua de Entrecampos, 9 – 1000-151 Lisboa Telefone: 218110540 ou 218103016 Email: [email protected]

Leia, assine e divulgue

VOZDASMISERICÓRDIAS

Page 24: Voz das Misericórdias

1111www.ump.pt

Setor social é fator de amortecimentodas tensões sociaiso parecer do CES sobre as goP 2012-2015 refere que as mesmas “não evidenciam uma verdadei-ra orientação estratégica para o desenvolvimento do país nos próximos anos”. Considera que Portugal está preparado para o desafio que tem pela frente?O desafio que o nosso país tem pela frente não é fácil de ser ultrapassado. Estamos deparados com uma recessão económica que pode dificultar a reto-ma do crescimento; um abaixamento do consumo privado de cerca de 8% em 2011 e 2012; um decréscimo do in-vestimento de 20% nos mesmos dois anos; um elevado grau de incerteza so-bre o que se vai passar nas economias dos nossos principais clientes, o que pode afetar o volume das exportações; e uma grande dificuldade de acesso ao crédito por parte das empresas. Tudo isto tendo por pano de fundo a necessidade de corrigir a trajetória do défice do Orçamento do Estado, de corrigir os desequilíbrios das contas com o exterior e de termos assistido a hesitações da vária ordem quanto à forma de gerir a situação económica e financeira da zona euro. Este é o pano de fundo onde nos teremos de mover.

o que fazer então?Perante esta situação há que fazer um grande esforço, no sentido da mobilização de todos quanto à forma de conciliar os objetivos do controlo das contas públicas com a necessidade de criar condições para o crescimento económico e a criação de investimento produtivo. E aqui é muito importante que tanto os responsáveis políticos, como os agentes económicos e so-ciais, saibam distinguir o importante do acessório e, no que é importante, serem capazes de preparar um ver-

dadeiro contrato social que tenha por objetivo o crescimento, a competitivi-dade e o emprego. Uma definição de uma orientação estratégica para os próximos anos só depende de nós e da nossa capacidade de nos entendermos uns com os outros.

o desemprego tende a aumen-tar. Quais serão as consequên-cias sociais e económicas deste facto?Com o aumento do desemprego para além das consequências económicas objetivas preocupa-me outro tipo de consequências que estão associadas à perda de confiança nos que ficam no desemprego e dos que não têm acesso a um emprego, bem como às suas famílias. Da perda de confiança ao medo sobre o futuro é um pequeno passo e todos sabemos como é difícil combater os medos. Até por isto a exis-tência de um contrato social com vista

à criação de emprego e ao aumento da competitividade e do crescimento da economia é muito importante.

o envelhecimento da população à conceção de novas políticas públicas neste domínio. Estão a ser tomadas medidas no sentido de preparar o país para esta alteração da pirâmide etária?O CES entende que o envelhecimento acentuado da população portuguesa, o consequente aumento do número de idosos dependentes e as alterações profundas na dimensão, estrutura e di-nâmica das famílias vão seguramente obrigar à tomada de decisões cruciais em domínio de políticas públicas, nomeadamente as relacionadas com a saúde, segurança social, fiscali-dade, administração local, cultura, lazer, segurança, ordenamento do território e imigração para além de uma mudança de paradigma cultural

que passará nomeadamente pela valorização do idoso na sociedade. Nos próximos 50 anos manter-se--á a tendência de envelhecimento demográfico, projetando-se que em 2060 residam no território nacional cerca de três idosos, por cada jovem, mais do dobro do valor registado em 2009. A população mais idosa, com 80 e mais anos de idade, poderá passar de 4% em 2008 para valores entre 13% e 16% em 2060. Esta evolução demográfica, a par da incorporação da mulher no mercado de trabalho e de uma mobilidade geográfica acrescida das famílias, tem contribuído para a redução do apoio familiar tradicional às pessoas dependentes e de um forte aumento da procura de serviços de cuidados continuados.

neste âmbito, sabemos que o CES está a elaborar um pare-cer…

José Silva Peneda

Entrevista José Silva Peneda Presidente do Conselho Económico e Social

LivroFerreira da Silva apresentanovo trabalho

Oliveirade AzeméisDesfile de moda sustentável

GaviãoEncontrode intervenção precoce

Em Ação Em Ação EducaçãoPág. 2 Pág. 9 Pág. 19

O CES decidiu elaborar um Parecer de Iniciativa que tem como objetivo pro-ceder a um análise sobre as possíveis formas de evolução dos serviços que o Estado – nomeadamente as autarquias –, o sector privado, o terceiro sector e as famílias devem facilitar, no sentido de se tornarem mais eficazes face à tendência previsível dos problemas e situações decorrentes das necessida-des da população dependente. Outro objetivo é identificar os efeitos na economia e no mercado de trabalho do potencial desenvolvimento de um conjunto de atividades relacionadas com a prestação de serviços de apoio à população dependente. O relator nomeado pelo Plenário do CES para elaborar este parecer foi o Dr. Manuel de Lemos, presidente da União das Misericórdias. Dificilmente a escolha poderia ser melhor dada a experiência vivida dia a dia pelo Dr. Manuel de Le-mos com a realidade social nacional.

Em que medida considera que o setor social, em especial as Mi-sericórdias, pode colaborar para a economia portuguesa?O setor social tem hoje a maior das importâncias para a economia por-tuguesa. Em primeiro lugar, como fator de amortecimento das tensões sociais que andam sempre associadas a momentos de recessão económica. As Instituições Particulares de Solida-riedade Social e as Misericórdias estão na linha da frente e podem atenuar muitos problemas que o Estado por si só não poderia acudir e muito me-nos resolver. Em segundo lugar, estas instituições já representam muito em termos de volume de emprego criado e tudo aponta que este venha a ser um dos sectores que irá criar ainda mais emprego no futuro.