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27/1/1923 Rio de Janeiro, RJ 20/9/1980 São Paulo, SP Na infância, passada no bairro do Engenho Novo, costumava apanhar passarinhos que depois vendia. Foi assim que conseguiu dinheiro para comprar seu primeiro instrumento, uma flauta, quando tinha sete anos de idade. Pouco depois, trocou a flauta por um bandolim e começou a se reunir com amigos para tocar música, aos sábados. Do bandolim foi para o cavaquinho, instrumento com o qual se tornaria conhecido nacionalmente anos mais tarde. Na década de 1930, quando o violão elétrico entrou na moda, abandonou o cavaquinho por algum tempo. Já que a flauta havia sido seu primeiro instrumento, não é de se estranhar que sua primeira apresentação em público tenha sido exatamente como flautista. Aconteceu no Carnaval de 1933, quando tocou "Trem blindado", de João de Barro, no Jardim do Meyer. Sonhava ser aviador, mas como sofria de problemas cardíacos pôs de lado os planos de aviação e conseguiu um emprego na Light, casando-se em 1945. Até meados da década de 1940, a música era para ele uma atividade de amador. Iniciou a carreira artística em 1940 quando montou um conjunto regional e passou a se apresentar em diversos programas de calouros. Em 1942, foi vencedor de dois concursos de calouros, um na Rádio Cruzeiro do Sul e outro na Rádio Guanabara. Na ocasião, recebeu nota máxima pela interpretação do choro "Camburá", de Pascoal de Barros ao violão. Foi contratado em seguida pela Rádio Guanabara. Em 1943, passou a atuar profissionalmente no conjunto regional de César Moreno. Logo depois do casamento, ainda durante a lua-de-mel em Miguel Pereira (RJ), em 1945, que soube de uma vaga para cavaquinista no regional de Dilermando Reis, em um programa da Rádio Clube do Brasil. Acabou sendo aceito por Dilermando que lhe passou a liderança do conjunto, dois anos mais tarde. No final da década de 1940, compôs o choro "Brasileirinho", quase que por acaso, que seria gravado com bastante sucesso tanto por ele quanto por Ademilde Fonseca. Em 1949, trabalhando na Rádio Clube, que ficava no mesmo prédio da gravadora Continental, foi ouvido

Waldir Azevedo Bio

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Pequna biografria de Waldir Azevedo

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27/1/1923 Rio de Janeiro, RJ 20/9/1980 So Paulo, SP

Na infncia, passada no bairro do Engenho Novo, costumava apanhar passarinhos que depois vendia. Foi assim que conseguiu dinheiro para comprar seu primeiro instrumento, uma flauta, quando tinha sete anos de idade. Pouco depois, trocou a flauta por um bandolim e comeou a se reunir com amigos para tocar msica, aos sbados. Do bandolim foi para o cavaquinho, instrumento com o qual se tornaria conhecido nacionalmente anos mais tarde.

Na dcada de 1930, quando o violo eltrico entrou na moda, abandonou o cavaquinho por algum tempo. J que a flauta havia sido seu primeiro instrumento, no de se estranhar que sua primeira apresentao em pblico tenha sido exatamente como flautista. Aconteceu no Carnaval de 1933, quando tocou "Trem blindado", de Joo de Barro, no Jardim do Meyer. Sonhava ser aviador, mas como sofria de problemas cardacos ps de lado os planos de aviao e conseguiu um emprego na Light, casando-se em 1945. At meados da dcada de 1940, a msica era para ele uma atividade de amador. Iniciou a carreira artstica em 1940 quando montou um conjunto regional e passou a se apresentar em diversos programas de calouros. Em 1942, foi vencedor de dois concursos de calouros, um na Rdio Cruzeiro do Sul e outro na Rdio Guanabara. Na ocasio, recebeu nota mxima pela interpretao do choro "Cambur", de Pascoal de Barros ao violo. Foi contratado em seguida pela Rdio Guanabara. Em 1943, passou a atuar profissionalmente no conjunto regional de Csar Moreno. Logo depois do casamento, ainda durante a lua-de-mel em Miguel Pereira (RJ), em 1945, que soube de uma vaga para cavaquinista no regional de Dilermando Reis, em um programa da Rdio Clube do Brasil. Acabou sendo aceito por Dilermando que lhe passou a liderana do conjunto, dois anos mais tarde. No final da dcada de 1940, comps o choro "Brasileirinho", quase que por acaso, que seria gravado com bastante sucesso tanto por ele quanto por Ademilde Fonseca. Em 1949, trabalhando na Rdio Clube, que ficava no mesmo prdio da gravadora Continental, foi ouvido pelo diretor artstico da mesma, o compositor Braguinha, que o convidou a gravar. No mesmo ano, gravou com seu regional seu primeiro disco na Continental interpretando de sua autoria os choros "Carioquinha" e "Brasileirinho", este, por sinal tornaria-se um clssico da msica popular brasileira com inmeras regravaes. Em 1950, gravou seu primeiro disco solo na Continental interpretando ao cavaquinho os choros "Cinco malucos", de sua autoria e "O que que h", de Dilermano Reis. Em seguida gravou, tambm solando ao cavaquinho, os choros "Quitandinha", parceria com Salvador Miceli e "Vai por mim", de Francisco S e Risadinha do Pandeiro. No mesmo perodo, registrou com seu regional o baio "Delicado", outra de suas composies que se tornou no apenas um grande sucesso, como tambm um clssico da msica popular, tornando-se um recordista de vendagens em 78 rpm e entrando para o hit parade da revista americana Cash box como uma das mais vendidas em todos os tempos. Acompanhou tambm na mesma poca, com seu conjunto, a cantora Ademilde Fonseca na gravao do choro "Brasileirinho", que recebeu letra de Pereira Costa. Em 1951, gravou os choros "Pedacinho do cu", de sua autoria e "Camundongo", parceria com Risadinha do Pandeiro. Nessa poca, formou um conjunto e gravou no mesmo ano o choro "Paulistinha" e o frevo "Cachopa no frevo", de sua autoria. No ano seguinte, gravou solando ao cavaquinho o choro "Mgoas de um cavaquinho", parceria com Fernando Ribeiro e a valsa "Chiquita", de sua autoria. Tambm em 1952, gravou com seu conjunto o choro "Vai levando", de Risadinha do Pandeiro e Jorge Santos e o baio "Mengo", parceria com Edinho. Em 1953, gravou "Ave Maria com preldio", de Gounod e Bach, "Brincando com o cavaquinho" e "Vo do marimbondo", as duas de sua autoria. Em 1954, gravou com seu conjunto, com vocal de Albertinho Fortuna, o samba "J demais", parceria com Jorge Santos e a marcha "Amigo do rei", de Alberto Rego e Norival Reis. No mesmo ano, gravou na Todamrica com o Trio Madrigal o choro "Madrigal", de sua autoria. Ainda na Continental acompanhou com seu conjunto gravaes de Aracy de Almeida e Dilermano Reis. Em 1955 gravou os sambas "Na baixa do sapateiro", de Ary Barroso e "Amigos do samba", de sua autoria e, com seu conjunto, os choros "meu sonho", de Risadinha do Pandeiro e "Conversa fiada", parceria com Jorge Santos. Excursionou pela Amrica do Sul e pela Europa, algumas vezes a convite do Itamarati, na Caravana da Msica Brasileira, criada pela Lei Humberto Teixeira. Excursionou ao Oriente Mdio com o multiinstrumentista Poly. Teve msicas gravadas no exterior, principalmente em pases como Japo, Alemanha e Estados Unidos. Neste ltimo, o baio "Delicado" foi gravado por Percy Faith e sua orquestra vendendo mais de um milho de cpias. Participou de um programa na B.B.C. de Londres, Inglaterra, transmitido para 52 pases. Em 1956, gravou com seu conjunto o samba "Para danar" e o choro "Nosso amor", ambos de sua autoria. Em 1957, gravou o frevo "Evocao", do pernambucano Nelson Ferreira e o baio "Vai com jeito", de Joo de Barro. No ano seguinte, gravou em forma de baio a modinha "Luar de Paquet", de Freire Jr. e Hermes Fontes. Em 1960 gravou os choros "Contando tempo", de sua autoria e "Catete", de Humberto Teixeira. No ano seguinte registrou com seu Quarteto, de sua autoria, o choro "Jogadinho" e a valsa "Voc, carinho e amor". No mesmo ano, lanou o LP "Waldirizando", no qual interpretou, entre outras composies, a msica ttulo, "Balada oriental" e "A voz do cavaquinho", todas de sua autoria. Em 1962 lanou com o multiinstrumentista Poly o LP "Dois bicudos no se beijam", no qual os dois interpretaram "Boogie woogie na favela", de Denis Brean, "A voz do violo", de Horcio Campos e Francisco Alves, "De papo pro ar", de Joubert de Carvalho e a msica ttulo, de sua autoria, entre outras. Em 1963 lanou "Longe de voc", seu terceiro LP na Continetal, interpretando msicas como "S dano samba", de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, "A lua camarada", de Armando Cavalcnti e Klcius Caldas e "Pois no", de sua autoria. Na Continental gravou um total de 38 discos em 78 rpm. Em 1964 sofreu um grande revrs com a morte de uma das filhas e com isso diminuiu suas atividades artsticas. Em 1965, lanou o LP "Melodia do cu" pela gravadora Continental interpretando os choros "Turinha", "Guarnia sertaneja", "Voc", "Melodia do cu", "Tema N 1", "Chorando escondido" e "Alvoroo", todas de sua autoria, alm do clssico "Sofres porque queres", de Pixinguinha. Em 1967, retornou aos estdios e lanou o LP Delicado" pela London/Odeon interpretando uma srie de clssicos da msica brasileira, entre os quais, a msica ttulo, de sua autoria, "Preldio para ninar gente grande", de Luiz Vieira, "Kalu", de Humberto Teixeira, "Asa branca", de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira e "A saudade mata a gente", de Antnio Almeida e Joo de Barro. Este considerado por muitos, como seu ltimo grande trabalho como instrumentista. Em 1970 aposentou-se como diretor artsitico da Rdio Clube do Brasil. Em 1971 mudou-se para a cidade de Braslia. No mesmo ano, sofeu um grave acidente com um cortador de grama, no qual quase perdeu um dedo, ficando afastado durante alguns anos das atividades artsticas. Em 1975 aps cirugias corretivas e longas sesses de ficsioterapia conseguiu voltar s atividades artsitcas e gravou o LP "Melodia do cu" pela Replay/Continental interpretando inmeras composies de sua autoria tais como "Turinha", "Guarnia sertaneja", "Melodia do cu" e "Chorando escondido". Em 1976 gravou o LP "Minhas mos, meu cavaquinho", ttulo dado em homenagem pintora Cla Maria Novelino que pintou um quadro a ele dedicado com o mesmo ttulo e que foi premiado em um salo de belas artes. Ao final da msica ttulo incluiu trechos da "Ave Maria", de Gonoud, num agradecimento ao seu restabelecimento e retorno vida artstica aps o grave acidente em que quase perdeu o dedo anelar. Em Braslia teve contato com chores da cidade e tornou-se um dos fundadores do Clube do choro da cidade. Em 1977 lanou mais um LP pela Continental interpretando "Flor do cerrado", de aua autoria e uma homenagem capital brasileira. No mesmo disco, interpretou "Brejeiro", de Ernesto Nazareth e "Cho de estrelas", de Slvio Caldas e Orestes Barbosa. Em 1978 gravou o LP "Lamento de um cavaquinho", registrando entre outras composies o "Choro doido", de sua autoria, a "Valsa para uma rosa", de Avena de Castro, "Naquele tempo", de Benedito Lacerda e Pixinguinha e "Viagem", de Paulo Csar Pinheiro e Joo de Aquino. Em 1979 foi homenageado com um show comemorativo aos seus 30 anos de carreira numa grande roda de choro que contou com a presena de Paulinho da Viola; Csar Farias; Raphael Rabelo; Ademilde Fonseca; Arthur Moreira Lima; Copinha; Carlos Poyares; Isaas e seus chores; Paulo Moura; Osmar Macedo e Celso Machado, alm de Joo de Barro, o Braguinha. No mesmo ano, realizou show no Teatro Municipal de So Paulo do qual resultou um LP gravado ao vivo no qual interpretou obras de sua autoria como "Mgoas de um cavaquinho" e "Pedacinho do cu", e de outros compositores como "Vassourinhas", de Capiba e "Carinhoso", de Pixinguinha. Em 1980, comeou a preparar a gravao de um novo disco, e como era muito meticuloso em seu trabalho, gravou instrues em uma fita cassete tanto para os msicos que o acompanhariam como para o maestro Messias. Faleceu entretanto, poucos dias antes de iniciar as gravaes do novo trabalho. O disco foi gravado postumamente com a presena do msica Canhotinho, que ficou encarregado de substitu-lo. O LP recebeu o nome de "Luzes e sombras", ttulo de uma composio de sua autoria e teve includas as falas gravadas por ele como instruo para a realizao do trabalho. Deixou mais de 70 obras de sua autoria e gravou mais de 200 msicas, sendo considerado um marco na histria da execusso do cavaquinho. Em 1999, foi homenageado por ocasio dos 50 anos de seu choro "Brasileirinho" com o lanamento de um songbook com sua obra lanado pela Todamrica e com um show na Cobal do Humait, RJ, com Henrique Cazes, Omar Cavalheiro, Marcelo Gonalves e Beto Cazes. Em 2000, foi lanada sua biografia assinada pelos jornalistas Srgio Cabral e Eulcia Esteves. Em 2003 e 2004, o choro "Brasileirinho" voltou ao cartaz ao ser executado durante as apresentaes solo da ginasta Daiane dos Santos inclusive na Olimpada de Atenas, Grcia. Em 2009, foi homenageado com o lanamento de caixa com trs CDs, com produo de Carlos Sion, e com texto e seleo de repertrio de Henrique Cazes. Em 2010, foi homenageado pelo ICCA com o sarau "Chorando com Joel", cujo principal solista veio a ser seu herdeiro artstico Ronaldinho do Cavaquinho, que exibiu suas principais composies. No mesmo ano, seu choro "Carioquinha", foi gravado em dueto de violo e acordeom por Dominguinhos e Yamandu Costa, no CD Lado B, do selo Biscoito Fino. No mesmo, sua gravao para o choro "Gosto tanto de voc", de sua autoria, foi includa na coletnea "Chorinho do Brasil - Vol. 2", da Warner Music. Em 2011, foi lanado pelo selo Discobertas em convnio com o ICCA - Instituto Cultural Cravo Albin a caixa "100 anos de msica popular brasileira" com a reedio em 4 CDs duplos dos oito LPs lanados com as gravaes dos programas realizados pelo radialista e produtor Ricardo Cravo Albin na Rdio MEC em 1974 e 1975. No volume 4 esto includas as interpretaes feitas por Abel Ferreira e seu conjunto acompanhando a cantora Ademilde Fonseca na interpretao dos choros "Brasileirinho" e "Delicado".