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zonacultural. ANO 1 R$7,00 # 5 Gostas do delirio, baby?

Zona Cultural #5

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5th issue of Zona Cultural.

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zonacultural.ANO 1

R$7,00

#5

Gostas do delirio, baby?

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Mal conseguimos colocar a última revis-

ta nas ruas e já estou aqui, pregado na

cadeira, escrevendo este editorial. Para

aproveitar o embalo e a língua afiada em

época de campanha política, não posso

perder tempo.

Fiz um convite a alguns candidatos a

cargos políticos para falarem na revista

sobre algum plano ligado à cultura.

Os ditos cujos foram: Zé Fernando

- PV (candidato ao governo de MG),

Miguel Corrêa Júnior - PT (candidato a

deputado federal), Jô Moraes - PC do

B (candidata a deputada federal), e por

último Eduardo Janot - PDT (candidato a

deputado federal). Logicamente matéria

paga, nenhum deles topou.

Por falta de dinheiro não foi, com cer-

teza absoluta foi por falta do que falar.

Afinal o que são estes candidatos a

não ser meros cidadãos correndo atrás

de um bom salário? Quem disse que

candidato ou eleito tem que ter cultura

ou se interessar por ela? Ao contrário,

quem tem não é candidato a nada. O

único cara em que eu particularmen-

te me atreveria a votar em qualquer

eleição, até para síndico, seria o grande

Tim Maia. Até para presidente eu votaria

no Tim Maia. Como o meu voto não vale

nada então não votei, fingi que estava

viajando e justifiquei depois. A máquina

do governo só quis mesmo os meus

4 reais. Fiquei mais miserável 4 reais e

com mais saúde, fumei um free maço a

menos.

Corri também, na edição passada, atrás

de colégios que tivessem planos cultu-

rais para seus alunos. Dos procurados

apenas um tem sempre a preocupação

de fazer uma feira de livros. Aliás, colé-

gio e botequim hoje em dia é tudo igual,

só existe mesmo a preocupação com a

aparência e mensalidades estratosféri-

cas. Já no ensino público nem vou co-

mentar, coitados, mal conseguem dar as

aulas que são obrigatórias, imagina falar

de cultura ou ter algum plano para tal.

Por fim, quero firmar aqui para vocês,

leitores da revista, que continuaremos a

editá-la, mesmo sem muitos anuncian-

tes e mesmo tomando umas porradas

de vez em quando. Quanto aos anun-

ciantes, continuamos querendo apenas

aqueles empresários com sabedoria e

inteligência ao ponto de terem noção de

que sem cultura voltaremos para as ca-

vernas. Aos restantes nossos pêsames,

e as porradas a gente vai assimilando.

Na verdade gostamos de ser assim um

degrau acima do que existe por ai. A

nossa revista não é para todos, apenas

para uns seletos, não é para o resto,

que no lugar de massa encefálica, tem

dentro do crânio bolinhas de cocô de

bode.

Rui [email protected]

Cultura e política

// EDITORIAL download (pdf) zonacultural.tumblr.com

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10FOTOGRAFIACHASE JARVIS

8 I SITES CULTURAIS

26 I RICHIE KOTZEN

32 I LONDRES

34 I PORTUGAL

36 I ENTRETENIMENTO

38 I LITERATURA

42 I CINEMA

46 I 2ª AULA DE GAITA

18GOSTAS DODELÍRIO, BABY?

14ARTE DE RUAGRAFITE

28QUE PORRAÉ ESSA?

40BREGA, MACONHEIRO E UNIVERSIOTÁRIO

EXPEDIENTEEditor chefe Rui Alves Jornalista João Oliveira Diagramação Vitor Carvalho Correspondentes John Heringer, Mario Pessanha Pesquisa musical Lucas Luis Literatura Gerusa Maya Fotografia Gugu Lois Administração Teresa Cristina Acompanhamento gráfico Simone Goulart, Paulo Groeff Colaboradores Fernanda Shairon, Pedro Strumpf, Bernardo Cortez Comercial Mara Nascimento Revisão Pedro Giuliari Pauta e produção Rafael Mira Capa Adriano Falabella - Foto Rui Alves

CORRESPONDÊNCIAAlameda dos Pequis 390Bela Vista, CEP 33400-000Lagoa Santa - MG - Brasil

CONTATOFone (31) 3681-3044Editor [email protected] [email protected]

PUBLICIDADEFone (31) 8775-5374 e (31) 8694-7700E-mail [email protected]

DIVULGAÇÃOQuer divulgar seu trabalho? Mande seu material [email protected]

44RESTARTA MTV, RESTARTA!

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8 ZONACULTURAL

SITESCULTURAIS

David Lanham> www.dlham.com

“Eu sempre tive um fascínio pelo con-traste da natureza e da tecnologia. Com uma imaginação ativa é possível amar tanto a arte digital como a tradicional. Eu tive a sorte de aprender com profes-sores maravilhosos enquanto crescia e seguia estudando desenho e design na Universidade Central da Flórida, gradu-ando-me em 2004. Desde então, fiz to-dos os tipos de ícones para todos os tipos de software na Iconfactory, en-quanto continuava com meus trabalhos pessoais no tempo que me sobrava.

Minha arte é feita para ser diverti-da, apreciada e também aberta para que outras pessoas acrescentem suas próprias histórias às imagens. Os tra-balhos digitais são feitos em um Mac, usando Photoshop e/ou Illustrator.”

– David Lanham

IMDb> www.imdb.com

O Internet Movie Database é uma base dados on line de informações re-lacionadas a filmes, programas de TV, atores, produtores, vídeo games e mais recentemente de personagens presen-tes em mídia de entretenimento virtual.

No site é possível encontrar infor-mações detalhadas de milhares de títu-los, incluindo muitas citações e diversas fotos de pré e pós produções, além de um grande sistema de avaliação.

Worth 1000> www.worth1000.com

Worth 1000 é um site de manipulação e competição de imagens. O site foi aber-to em 1 de Janeiro de 2002 e hospeda mais de 340 mil imagens únicas feitas em competições temáticas. O website e seus membros já criaram três livros sobre ma-nipulação de imagens: When Pancakes Go Bad, I've Got a Human in my Thro-at e More Than One Way to Skin a Cat.

Atualmente, oferece também uma vasta seção de tutoriais.

fotos divulgação

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Joshua Davis> www.joshuadavis.com

Joshua Davis é um web designer, ar-tista e autor da nova mídia. Ele foi um dos pioneiros no uso do Macromedia Flash como uma ferramenta para ge-rar arte. Davis é o autor do livro Flash to the Core (2002) e foi destacado no li-vro New Masters of Flash (2000).

Pintor e ilustrador com paixão pela tec-nologia, o trabalho de Davis trouxe uma nova dimensão para a arte. Utilizando ran-domificação em ambientes controlados, estabeleceu uma nova e única perspectiva na comunicação visual e expressão criati-va, sendo o pioneiro em uma área previa-mente não explorada no design gráfico.

Seu currículo inclui trabalhos para a BMW, Nike e Motown Records. Davis já exibiu seus trabalhos no Guggenheim de Bilbao, na Espanha, MoMA (museu de arte moderna) em Nova Iorque, nos EUA, e na Galeria Maxalot em Amster-dã, Holanda, e atualmente é professor na New York's School of Visual Arts.

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CHASEJARVIS“Eu não me aventu-

rei com piratas, nem nadei no Canal da Mancha. Nun-ca estive na Antártica, mas eu viajei para lugares muito longes, criei muitas imagens para mim e para outros. E eu fiz com que o objetivo da minha vida fosse ser o mais criativo possível com respei-to a tudo em que eu me empenho, fora do meu cereal matinal, quero dizer.

Nem sempre faço a minha cama, mas preguiçoso eu não sou. Em uma ilha de-serta eu ficaria louco sem fotografia, fil-mes, música, minha esposa Kate e os mascotes da família. Histórias, inovação criativa e vudu visual – não importando o meio – fazem meu coração bater, e divi-dir isso com o mundo me dá o máximo de experiência que eu possa reunir e, além disso, faz minha alma cantar. Sou afei-çoado por corvos e amo que eles voem na direção de qualquer coisa brilhante. Sinto-me como um corvo na maioria dos dias. Consigo achar humor em qualquer coisa, ainda estou trabalhando nisso.

Ganhei muitos prêmios pelo meu tra-balho e sou grato por cada um deles, mas sempre tive incerteza se eu os merecia, se alguém que eu conhecia, ou se alguém que eu conhecia alguém que eu conhecia ma-nipulou o júri. Eu era transparente antes de ser legal ser assim, e eu acredito profunda-mente em trabalho de equipe, comunidade e colaboração. Vamos ser amigos. Melhor ainda, vamos nadar no Canal da Mancha”.

– Chase Jarvis, Fotógrafo

texto e fotoschase jarvis (chasejarvis.com)

10 ZONACULTURAL

// FOTOGRAFIA

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MAIS TRABALHOS:> www.chasejarvis.com> blog.chasejarvis.com/blog

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Rui AlvesF O T O G R A F I A

myspace.com/ruialves

[email protected]

(31) 3681-3044 / 8775-5374

IMAGENS VALEM MAIS QUE

PALAVRAS

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por pedro strumpf

14 ZONACULTURAL

Existem registros de Grafite desde o Império Romano. Considera-se grafite um desenho ou inscrição caligrafada sobre suportes, que nor-malmente são paredes de rua. Por muito tempo foi visto como um ato subversivo. Atualmente, já é considerado como forma de expressão e catalogado como artes visuais, mais especifi-camente da street art ou arte urbana – onde o artista aproveita os espaços públicos criando uma linguagem intencional para interferir na ci-dade. Entretanto ainda há quem não concorde equiparando seu valor artístico ao da picha-ção, que é bem mais controverso. Normalmen-te, distingue-se o grafite pela elaboração mais complexa ao contrário da simples pichação, quase sempre considerada como contraven-ção. No entanto, muitos grafiteiros respeitáveis como Os gêmeos, autores de importantes tra-balhos em várias paredes do mundo - incluída ai a grande fachada da Tate Modern de Lon-dres, admitem ter um passado de pichadores.

A partir do movimento contracultural de maio de 1968, quando os muros de Paris fo-ram suporte para inscrições de caráter poético--político, a prática dessa arte generalizou-se pelo mundo em diferentes contextos, tipos e estilos, que vão do simples rabisco ou de tags repetidas como uma espécie de demarcação de território, até grandes murais executados em espaços especialmente designados para tal, ganhando status de verdadeiras obras de arte.

Os grafites podem também estar associa-dos a diferentes movimentos como o hip-hop e a variados graus de transgressão. Entre os gra-fiteiros, talvez o mais célebre seja Jean-Michel Basquiat que, no final dos anos 70, despertou a atenção da imprensa novaiorquina, sobre-tudo pelas mensagens poéticas que deixa-va nas paredes dos prédios abandonados de Manhattan. Posteriormente, Basquiat ganhou o rótulo de neo-expressionista e foi reconhe-cido como um dos mais significativos artistas do final do século XX. Muitas polêmicas giram em torno desse movimento artístico, se de um lado o grafite tem qualidade artística, de outro não passa de poluição visual e vandalismo.

BANKSYBanksy é o pseudônimo de um prolífico grafiteiro, ativista e pintor britânico, cuja identidade é desco-nhecida. Sua arte “satírica” de rua e epigramas subversivos combinam um humor negro irreverente com grafite, feito em uma distinta técnica de estampa. Suas obras, de comentário político e social, podem ser vistas em ruas, paredes e pontes em cidades de todo o mundo. > www.banksy.co.uk> banksystreetart.tumblr.com

// ARTE DE RUA

Grafite

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TIKKA MESZAROSComeçou no ano de 2002. Já realizou traba-lhos para grandes nomes como Ellus, Spezza-to, Credicard, Marie Claire, Shopping Morumbi e Oxford. Já expôs seu trabalho em São Paulo, Belo Horizonte, Bienal Internacional de Grafite - Brasília, Exposição “Reciclando Ideias e Con-ceitos” - Los Angeles, Carmichael Gallery - Lon-dres, Exposição “400ml” - Edgeart e Paris.> flickr.com/tikka_noturnas

TINHO Um dos pioneiros, iniciou seu trabalho aos 13 anos, em 1986. Desenvolve uma pintura que expressa o acúmulo de informações e a influên-cia da estética punk num mundo de violência e solidão.> flickr.com/tinho_nomura

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OZI - OZÉAS DUARTE Apaixonou-se pelo grafite em 1985 quando ini-ciou seu trabalho ocupando os muros da cida-de. Desde então tem participado ativamente da cena street art de São Paulo. Nesses 25 anos o artista tem apresentado suas obras em exposi-ções no Brasil e no exterior.> flickr.com/graffitivivo

SAMIR MAUAD Artista multimídia nascido em São Paulo. A partir de 2001 começa a desenhar usando as técnicas do grafite. Passa por vários estilos até que em 2004 resolve voltar a escre-ver nos muros, mas agora dialoga com a cidade em forma de poesia concreta e frases impactantes. É também web designer.> flickr.com/samirmauad

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CELSO GITAHY Iniciou a sua produção artística no começo dos anos oitenta, dese-nhando e escrevendo com canetas Pilot em banheiros públicos e ôni-bus coletivos. Graduou-se em ar-tes plásticas pela Faculdade Belas Artes de São Paulo em 1989 e, a partir do começo dos anos noven-ta, especializou-se em estêncil arte, técnica muito presente em seu tra-balho até os dias de hoje.> flickr.com/celsogitahy

RUI AMARAL Artista plástico multimídia, ativista cultural, 48 anos, paulista. Também é um dos pioneiros do movimento no Brasil possuindo, atualmente, um dos maiores murais na cidade de São Paulo.> artbr.com.br/ruiamaral

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ação

Page 16: Zona Cultural #5

Em plena semana do SWU (Starts With

You, movimento de conscientização em prol

da sustentabilidade), com várias bandas de

rock e outros, preferimos ficar no sossego das

montanhas de Minas e bater um longo papo

com a maior “enciclopédia viva e ambulan-

te” que já habitou este planeta, Adriano Fala-

bella, apresentador do quadro “Enciclopédia

do Rock” dentro do programa “Alto-falante”

comandado por Terence Machado. Aliás, só

pra não deixar passar batido, haverão de se

passar largos anos antes que a tv brasileira

consiga superar esse programa em informação

e qualidade. Falabella é assim, saca tudo do

lado “A” mas conhece muito do lado “B”. Duas

perguntas foram suficientes para esta entre-

vista, uma no começo e outra no final. O resto

ficou por conta da memória deste cara incrível.

18 ZONACULTURAL

texto e fotos rui alves

DO DELÍRIO,

ADRIANO FALABELLA

// ENTREVISTA

Page 17: Zona Cultural #5

Zona Cultural: Quando é que co-meçou essa Enciclopédia do Rock?

Adriano Falabella: A minha história é a seguinte: Janeiro de 1964, a beatlemania ainda não tinha começado. Eu tinha 10 anos de ida-de quando apareceu na minha casa uma revis-ta Time, surgida não sei de onde, se meu pai trouxe dos EUA ou se alguém pegou de algum lugar. E eu garoto, curioso, comecei a folhear a revista, toda em inglês, eu nem lia inglês. No meio da revista eu me deparei com uma puta reportagem escrita assim “Here Comes The Be-atles”. Era uma reportagem de 5 ou 6 páginas, exatamente o anúncio da chegada dos Beatles aos EUA, no dia 7 de fevereiro de 64, à 1 hora da manhã, vôo 101 da Pan Am, no aeroporto JFK. Quando eu vi aquelas botinhas, terninhos, aqueles cabelos, pra época era um escândalo, eu com 10 anos, me apaixonei de cara com o visual. Na matéria, estava escrito “Beattles” com dois “T” e na bateria do Ringo tinha um “T” só, isso já começou a aguçar a minha curiosidade . Na última folha da reportagem veio o “blim”, tinha uma foto deles no camarim, sentados com os instrumentos, o Paul McCartney, com aque-le baixo Höfner, a guitarra do John Lennon era uma Rickenbacker, a do George era uma Grets-ch e o Ringo só com as baquetas. Do lado de cada um tinha o nome com local e data de nas-cimentos, todos nascidos em Liverpool. Quando

eu saquei a data de nascimento do John Len-non, 9 de Outubro de 1940 (eu nasci no dia 10), o cara fazia aniversário um dia antes do meu, “Meu Deus”, xinguei até minha mãe: “Pô, por que eu não nasci um dia antes?! Esse cara é meu ídolo!”. Tempos depois fui descobrir que eu já tinha escutado os Beatles. No meu terceiro ano de grupo, em 63, eu estudava no Institu-to de Educação, havia uma sala onde funcio-nava um convênio da escola com uma escola americana. Então a professora, no meio do ano de 63, passou pra gente uma música do Tony Sheridan, era “My bonnie”, eu só não sabia que eram os Beatles acompanhando o cantor. Em suma, quando eu vi a data de nascimento do John Lennon um dia antes do meu aniversá-rio, eu nunca mais parei de decorar nada, não é nem decorar, eu nunca decorei nada, o que vai entrando vai ficando. Então eu desenvolvi um método de memória que eu não sei expli-car como é que é, mas foi por causa disso.

Bom, daí pra frente eu comecei a encher o saco dos meus pais. Não tinha saído disco ne-nhum dos Beatles no Brasil, inclusive o primeiro LP que saiu no Brasil - She Loves You/I Wanna Hold Your Hand, a Beatlemania já tinha estou-rado nos EUA. Como aqui não chegava, eu já ficava naquela e meu pai dizia “Como é que eu vou arranjar esses discos? Eu nem sei quem são esses cabeludos!”, no final eu sei que ele

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20 ZONACULTURAL

OS POLÍTICOS NÃO

QUEREM O POVO

CULTO, OS MEIOS DE

COMUNICAÇÃO NÃO

QUEREM AJUDAR

A POPULAÇÃO A

FICAR MAIS CULTA

arrumou o disco pra mim. Ai nunca mais parei, eu e meu irmão começamos a colecionar LPs e compactos. Durante os anos 60 fomos pe-gando tudo na forma, tudo saindo prontinho. Meu irmão estudava num colégio militar e pas-sava todo dia pelo centro da cidade, sempre vindo com as novidades: “Ó, tem uma banda tocando coisas novas, você já viu? Satisfac-tion” eu: “Satisfaction? O que é isso?”. Era a invasão britânica: The Hollies, The Clark Five e tal, e a gente ávido por informações corríamos atrás de tudo que saia. Eu me lembro do dia que meu irmão chegou e disse “Nossa cara, tem um negão ai com um disco que você não vai acreditar, Jimi Hendrix, e tem outro cara um tal de Jim Morrison, cantando Light my Fire, você tem que ouvir”. Pegávamos tudo assim. Um dia um rapaz chegou com uma revista Manchete, 1969, abriu a revista e estava lá “Led Zeppe-lin, a banda que veio para desbancar os Be-atles”. Meses depois, os Beatles acabaram.

Tenho até hoje jornais da morte do Jimi Hendrix, dia 18 de setembro, da Janis Joplin, dia 4 de outubro, agora fez 40 anos. Eu esta-va lá, jornalzinho na mão, quer dizer, sempre de olho em tudo que acontecia. Continuei co-lecionando discos, ai veio o rock progressivo.

Paralelamente a tudo isso e com o adven-to dos Beatles surgiu a Jovem Guarda. Quem não gostou da Jovem Guarda na minha idade, não viveu. A Jovem Guarda veio pra ficar, eram os nossos Beatles, Erasmo Carlos, Wanderléa, Ronnie Von. Tenho discos do Roberto Carlos adoidado dessa época, depois ele virou bobão, de cantar música pra coroa. Roberto Carlos era meu ídolo nacional cara, eu era louco com ele.

Ainda em 64 meu pai me deu um vio-lão. Então tem uns 46 anos que eu to ar-ranhando guitarra, violão, bateria, gaita, tudo que é instrumento a gente ia pegan-do e querendo tirar um som, já toquei pro-fissionalmente, mas isso é outra história.

Eu me lembro em 68 no programa do Ronnie

Von quando ele anunciou: “Agora estreando no nosso programa uma banda aqui de SP do bair-ro de Pompeia, Os Mutantes”. Ai entra a Rita Lee vestida de noiva, aquelas figuras. A primeira vez que eles apareceram pro Brasil eles toca-ram uma música dos Mamas and the Papas, um cover “Dedicated To The One I Love”, não dá pra esquecer, uma balada linda, eles não tinham ain-da música própria. Logo depois os festivais, Gil-berto Gil e aquele negócio todo. E foi ali que os Mutantes começaram, peguei tudo fresco, tudo que saia eu pegava fresco. Antes de eu nascer, meu pai já trabalhava com o início da tv no Bra-sil, ele tinha uma firma de comerciais e foi pio-neiríssimo em MG. Meu pai sempre mexeu com isso, televisão, rádio, cinema, então eu já nasci nesse meio, e meu tio também, pai da minha pri-ma Débora Falabella que também é fruto daquilo tudo. Em 68, meu pai foi convidado pra ser dire-tor comercial da TV Vila Rica que hoje é a Band. Eu enchia muito o saco dele porque a gente queria ter mais informação, o que era difícil em plena ditadura. Ele então importou um progra-ma americano chamado “Shindig!”, o programa levava todos os astros de rock do final dos anos 60, e ele importou vários episódios. Ali então eu conheci Tommy com o The Who, The Moody Blues, The Electric Prunes, em suma, uma por-rada de bandas que a gente nunca tinha visto na tv. Eu e meu irmão sempre chegávamos pra nossa turma: “Você conhece o Deep Purple?”, “Deep o quê?!”, “O Deep Purple bicho, uma banda nova inglesa da pesada”, ninguém co-nhecia nada e a gente fazendo a cabeça de uma moçada que era muito grande no bairro São Lu-cas, Savassi, que era o nosso pedaço, e sempre com disquinho debaixo do braço, o vinil sem-pre debaixo do braço, fomos os pioneiros nes-se trem todo. Nessa época, já tínhamos banda, inclusive até hoje me relaciono com os integran-tes, tocando só de brincadeira. A gente queria ser astro do rock, 15 ou 16 anos, mil sonhos né. Mas a ditadura não deixou a gente progredir.

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Em Belo Horizonte não tinha lugar pra tocar, hoje ainda não tem, imagine na época. O DOPS perseguia “cabeludo, maconheiro e subversivo” levava todo mundo. Não tivemos chance. Não aconteceu o mesmo com aquele povo dos anos 80 que já pegou tudo aberto, a porteira toda aberta, mas nós dos anos 70 corríamos de po-lícia, não podia tocar. Inclusive, teve um show aqui em 74 no Cine Brasil, de uma banda paulis-ta, o Som Nosso de Cada Dia, no meio do show, cheio de maluco lá dentro, chegou o DOPS, cercou o Cine Brasil, quem ia saindo já ia direto pro camburão. Até provar que focinho de por-co não era tomada... e eu consegui escapar, eu era muito magrinho, eu me espremi ali no meio e vupt, saí correndo. Quando eu me dei conta já tava no Parque Municipal e pensei “agora eles não me pegam mais não”, corri quarteirões. Pra você ver, uma banda paulista famosa que tinha o Manito no saxofone, que era do The Clevers que depois virou Os Incríveis, o cara já tinha 30 anos de idade passando por uma situação dessas numa cidade que nem era dele. A ditadura não deixava, teve até um show que o Led Zeppelin vinha fazer em 76, a ditadura espalhou que ti-nha um surto de meningite no país, os caras não quiseram vir. Era assim. Meio que desencantado com tudo fui criar cães, eu e meu pai abrimos a primeira pet shop que se tem notícia por aqui.

Ainda na universidade, continuava minha coleção de discos, meu violão, minha guitarra, tinha banda ainda. Vieram os anos 80, fiz ou-tra banda, a coisa começou a amenizar, veio a abertura política e tal, parei pra pensar uma hora e falei “quer saber de uma coisa, vou largar isso tudo que to fazendo e vou procurar mexer com o que eu gosto, que é o rock n' roll”, aliás não é rock n' roll, é música. As pessoas me estigma-tizavam como enciclopédia do rock, tudo bem, minha vida é rock n' roll mesmo, mas no começo dos anos 60 eu aprendi muito no violão, bossa nova, estudei violão clássico, acompanhei a tra-jetória da MPB todinha, a gente não perdia, era

na frente da televisão, minha família toda vendo os festivais onde apareceram Chico Buarque, Caetano Veloso, eu era fã demais deles, Gilber-to Gil, o Bituca (Milton Nascimento) que hoje é um grande amigo. Nós pegamos isso tudo, tinha Miltinho, Noite Ilustrada, samba, MPB, era um tempo bom de curtir, não só o rock, mas tudo que aparecia era novidade. Ai depois nos anos 80 já virou uma bagunça danada.

Em 77, conheci um cara que era o papa da FM de BH, o Zancar Duarte, grande amigo. Ele foi o fundador da Rádio Del Rey, que hoje é a 98, a primeira rádio estéreo do Brasil. Ele tinha um pub ali na Rua Professor Morais, chamava Aqui Jazz, e naquela troca de papo, eu já tinha disco pra dedeu, ele falou pra fazermos um programa ali na Del Rey. Começava ai minha história com rádio. Eu programava junto com meu irmão, levávamos os discos, mas não éramos locuto-res, não falávamos nada, só fazíamos a fichinha, disco tal, música tal, e ficava a cargo do locutor, que não sabia nada de rock, mas ele pelo me-nos dava os nomes das músicas, os nomes das bandas. Bom, esse projeto foi engavetado em 78 pois não deu ibope, só rolava Premiata, Gen-tle Giant, Druid, Fluid, Bel Mel, Jane, bandas ale-mãs, era só novidade, ninguém entendeu nada. Anexa à Rádio Del Rey estava nascendo a Rá-dio Terra, com outra estrutura e outra filosofia. O Programa “O Rock que a Terra Não Esqueceu”, com Mr. T, estava no ar fazia algum tempo e eu comecei então a dar uns palpites. O cara abriu a porta, eu falei “Eu tenho disco pra dedeu lá em casa, mas é muita coisa que nunca tocou na rá-dio” e ele dizia “Traz pô, traz ai”. Comecei a levar, comecei a conquistar o cara, a gente saía junto pra tomar uma cerveja e ouvir a Rádio à noite. Até que me passaram para a Rádio Terra, dois meses e eu já era diretor da rádio. O Zé Augusto, ex-diretor, voltou e com a sua volta nasceu o Get Crazy, coisa de sorte. Foi assim: tinha a chama-da do rock, o locutor com aquele vozeirão gra-vava as chamadas que iam passando durante a

semana. Um belo dia, o diretor Zé Augusto falou assim: “faz um texto ai Adriano, pra chamada do rock, falando os nomes das bandas e tal” e eu pensei “bom, vou fazer o que já tá sendo feito”, e eu tinha levado um disco de uma banda que jamais tinha tocado no rádio de Belo Horizonte, que eu me lembro só a Cultura tocou “Sweet Home Alabama” e nunca mais tocou nada deles, o Lynyrd Skynyrd, uma banda americana do sul da Flórida e que é um nome complicado de falar porque é tudo com “Y”, então pensei “vou pro-gramar uma musicassa desses caras”. Na hora de gravar eu falei pro diretor “olha Zé, cuidado na hora do locutor falar esse nome aqui por-que a pronúncia certa é 'Lynyrd Skynyrd'”. Acho que eu carreguei demais na pronúncia, ele ficou olhando o papel, olhou pra mim e disse “entra lá no estúdio, você que vai gravar essa chama-da”, falei “eu? Nunca falei no rádio”, “vai lá!”. E cara, minha voz pra época era totalmente fora dos padrões do rádio, eu cheguei e já mudei o texto: “e ai galera, nesse domingo ai, vamo cha-par com o Rock que a Terra Não Esqueceu”, e ai fui falando o nome das bandas. Foi um rebu-liço em Belo Horizonte, todo mundo ligando pra Terra e perguntando “quem é esse doidão da chamada ai?!”. Como os caras tinham visão, eu pensei “Eu to na minha”, o Zancar foi até contra falando que era uma voz muito diferente, muito aguda, o Zé bateu o pé e falou “ntão, quem vai gravar todas as chamadas agora é o Adriano”.

Nossa sala era lotada de discos no chão e, numa dessas chamadas, tinha um disco de um filme com o ator Malcom McDowell, Get Crazy. O cara olhou aquilo, sem saber o que significa-va, ligou pro locutor e falou: “na hora que apare-cer ai a chamada do Adriano, você fala que ele é o garotão Get Crazy” da Rádio Terra. Estava eu lá ouvindo a rádio e quando o locutor falou “vocês acabaram de ouvir o garotão Get Crazy da Rádio Terra” e soltou um comercial. Eu fa-lei: “o quê?! Get o quê?!”, “A partir de hoje você é o Get Crazy da Rádio Terra” e aquilo pegou,

OS PODEROSOS

QUEREM QUE O POVO

CONTINUE IMBECIL

PARA NÃO TEREM O

PENSAMENTO PRÓPRIO

Page 20: Zona Cultural #5

22 ZONACULTURAL22 ZONACULTURAL

QUANDO TEM O

VOTO QUE É PRA

DAR A RESPOSTA,

A MAIORIA VEM E

VOTA NAQUELE QUE

QUER O MAL PRO

POVO, ISSO QUE EU

NÃO COMPREENDO

NESTE PAÍS

pegou de tal maneira que a negada ficava ligan-do “passa ai de novo o negócio do doidão, o Crazy num-sei-o-que”. No carnaval de 86, ainda nas primeiras chamadinhas, dei uma ideia pro diretor de fazer uma brincadeira, “nesse domin-go no Rock que a Terra Não Esqueceu, vamos ouvir Beatles, Led Zeppelin, etc”, no meio da minha fala entrava com um batuque de carnaval então eu emendava: “ei, ei, ei, ei, sai daqui meu irmão, samba me dá asma, aqui só dá guitarra!”, ai entrava um Yngwie Malmsteen fritando, um solo de guitarra caxapante. Começaram assim as historinhas do Get Crazy que duraram anos, toda semana tinha que inventar uma história. Isso nunca parou até a minha saída da rádio.

Em 89 a Rádio Terra tava indo para o bu-raco. O Colégio Promove comprou na épo-ca a Rádio 107, encontrei com o Claudinei Albertino, que é outro grande diretor de rá-dio que eu trabalhei, me ensinou demais. O Claudinei me disse que tinha feito um es-túdio vitrine na nova 107 FM (onde o vidro dava pra rua), a primeira rádio vitrine do Bra-sil, pensei então em ir lá fazer uma visita.

Cheguei lá e fiquei espantado, uma menina-da danada tocando House, aquela bate estaca, mas era a onda na época, e eu como nunca gostei de ficar parado, acabei indo pra 107 FM. De cara o Claudinei: “você quer um programa na rádio? Que dia? Domingo tá bom? De duas as cinco?”, já me deu três horas de programa todo domingo. Fiquei lá até o final dela em 98 e antes de acabar (foi vendida pra igreja, em 1997), eu já estava com um programa chamado Enciclopé-dia do Rock. Esse programa começou na verda-de em 94 quando lá estava o Léo Spinola, novo diretor da rádio, um blueseiro de primeira que odiava “bate estaca”. O Léo queria rock n' roll, então fomos fazer uma rádio de rock. Ai nascia o meu programa “Enciclopédia do Rock”, nome sugerido por um cara que na época já acompa-nhava meus programas anteriores. A princípio não gostei não, vou te confessar [risos], Enciclo-pédia do Rock? Mas foi batido o martelo: “você é a enciclopédia do rock, e vai ser isso ai”, eu falei “ah, então tá bom, vamo ver o que vai dar”. Fui programador da rádio, coordenador artístico e tal. 20 anos em função de rádio. Em 97 en-tão, o Terence Machado, que era colaborador do programa Agenda da TV Minas, finalmente ganhou um horário só para ele, o Alto-Falante. Antes de começar o programa, me procurou e disse “Olha, eu to estreando um programa na televisão daqui a dois meses, você não quer participar? Você vai ter um quadro que vai cha-mar 'Rock em Geral'”. Esse “Rock em Geral” foi ao ar só duas vezes, no terceiro eu já dei um toque: “esse nome tá muito ruim, vamos por o meu nome, Enciclopédia do Rock”. Foi dito e feito, desde junho de 97 que eu to na televisão.

Antes disso passei uma tempora-da viajando, New York, Miami e tal.

De lá pra cá eu fiquei só com a televi-são, porque infelizmente Belo Horizonte nun-ca mais teve uma rádio de rock n' roll.

Não ouço mais rádio. Rádio rock n’roll não existe. Dia desses, escutei um programa, só toca aquele Lado A, o cara não dá informação nenhuma porque ele não sabe. Só fala o nome da banda e da música, só toca aquelas man-jaderrimas. É um campo muito grande. Tenho pilhas de discos, o que tem de banda que todo mundo tinha que ouvir, eu to pondo no meu twit-ter, dando um toque “corram atrás de tal banda, disco tal”, tenho cada coisa dos anos 60, 70, 80, caixotes e caixotes. Tem coisas que se tocarem no rádio é uma nova dimensão pra essa nova geração que gosta de rock e não tem acesso. Então essa rádio fica tocando aquele Lado A que todo mundo conhece. Vai tocar um Deep Purple, o cara não pesquisa ai toca “Smoke On the Water”, vai tocar Hendrix é “Purple Haze”, vai tocar Led é “Whole Lotta Love” ou um “Im-migrant Song”. O cara não vai num Lado B, não tem informação e a pessoa não sabe falar inglês, então programa de rock n' roll sem a pessoa saber inglês e sem informação não funciona.

Já na televisão só tem o Alto-Falante. Hoje eu estava pensando na MTV, estou muito de-cepcionado com este país. Há muitos anos eu moro aqui por questões familiares, senão já ti-nha ido embora. Eu vi um sociólogo falando que o Brasil tem um ministério de propaganda em conjunto com essas emissoras de canal aber-to que é um oba-oba desgraçado. O Brasil não respeita os outros países da América do Sul, tem um presidente fanfarrão, que fica dizendo pra Deus e o mundo que o Brasil é maior que todo mundo e que está peitando os EUA, que o Brasil vai ser país de primeiro mundo. É tudo mentira, vamos ao caso da MTV. Os EUA es-tão pouco se lixando pro Brasil, eles querem é vender e comprar o bom e do melhor que nós temos, inclusive música. Então vemos a MTV, o que eles tocam é tudo o que a MTV america-na manda. Vemos aquelas meninas apresen-tadoras e até aqueles mais velhos, como o tal de Léo Madeira, a outra, Marina Person, não entendem nada de música, estão focados com-pletamente na tal de Lady Gaga, que é ridícula e o menininho Justin Bieber, é uma criança, não tem voz. Você liga a MTV, ela é feita pra garo-tinhos de 10, no máximo 17 anos e olhe lá.

Eu penso nisso tudo com muita tristeza. É tudo combinado. Hoje, no Brasil, a MTV vi-rou aquele negócio “engole ai o que vamos vo-mitar agora, você tem que engolir, é isso que você tem que ouvir, é assim que você tem que ser, bobo, idiota”, quer dizer, nós estamos ven-do uma nova geração de idiotas, adolescentes

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AS RÁDIOS, CADA VEZ

MAIS DETERIORADAS,

EM PROL DAQUELE

NEGÓCIO QUE

CHAMAMOS DE

ENLATADO: LADYS

GAGAS, JUSTINS

BIEBERS, ESSA

PORCARIADA TODA

completamente idiotas, fúteis, sem idealismo nenhum. Não é que tenha que ter idealismo como tinham lá os estudantes dos anos 60 que a ditadura varreu todo mundo, não é isso, eles já pegam tudo pronto “ah, eu quero fazer uma tatuagem de 50 dragões nas costas, eu quero por 40 mil piercings, porque todo mun-do usa, a MTV e as figuras todas usam”, quer dizer “engole ai o que vamos vomitar”. Isso é assim pras tvs abertas e a MTV virou tv aber-ta, então fica fazendo isso com a juventude.

Eu tenho uma filha de 6 anos, ela jamais viu Xuxa, ela não sabe quem é Eliana, não sabe o que é “Bom Dia e Cia.” ela não vê tv aberta, não é porque ela é proibida não, nós encaminha-mos ela pra um outro lado. Eu tenho orgulho de falar que ela ama os Beatles, ela ama bandas que muita gente não conhece, e a mãe também ajuda nisso. E pra assistir é Disney, Pato Donald, Pateta, Mickey, os grandes clássicos. Isso é muito importante pra formação de uma pessoa, não ficar vendo esses besteirois, desenhos vio-lentos e música da pior qualidade, quer dizer, o menino já cresce em casa, com os pais brasilei-ros pondo ele pra ver MTV, esses programinhas de auditório ridículos, o domingo por exemplo, a meninada ta vendo o quê? Eliana, Faustão, Gugu, o podre do podre, aquilo ali é uma anti-cultura. No Brasil é isso, quanto pior, melhor. É uma lástima, e as tvs a cabo já tão entrando no popularesco porque o povo brasileiro, cá pra nós, o povo brasileiro é um povo que não tem cultura, é um povo ignorante, não tem discerni-mento (a maioria da população), não sabe sepa-rar as coisas. Eu gostaria muito de ver o Brasil inteiro culto, ai ia ser a maior nação do planeta.

Quer saber de uma coisa? Há muitas dé-cadas que o bom e velho rock n’ roll acabou. Aquele negócio de rock dos anos 80, o rock nacional, aquilo pra mim nunca foi rock n' roll, é uma bobagem. O povo fica ai delirando, falando que Legião Urbana, Capital Inicial é rock n' roll, Paralamas do Sucesso, Titãs, nada daquilo é rock n' roll. Aquilo foi um popzinho pós-ditadura que eles aproveitaram, pegaram as portas todas abertas, não tinha mais repressão, você vê que essas bandas todas estouraram depois de 84. O DOPS não corria mais atrás de quem tinha gui-tarra. Muita gente fica brava quando eu digo que Titãs não é rock n' roll. Não é. É um pop bobo,

chato, que não tem nada a ver. Um Titãzinho, Cabeça Dinossauro que eles falam, não vejo nada demais naquele disco. Capital Inicial, acho pavoroso. Se você vê as fotos dos caras em 84, tudo calcado na new wave inglesa, Duran Duran, Smiths, The Clash, e eles falam nesse discur-so ai que eram “Punk”. Punk filhinho de papai? Onde você já viu isso? Renato Russo, Dinho Ouro Preto, Dado Vila Lobos, Herbert Vianna, Cazuza, tudo filhinho de papai. É tudo mentira. Sempre digo isso: se uma banda que se diz de rock n' roll - inclusive essas bandas hoje de in-die rock, que eu acho nada a ver com rock n' roll - se em uma banda você não sentir traços do rockabilly dos anos 50, dos Beatles, isso engloba Stones, os anos 60, se você não sen-tir um tique disso, de rock progressivo, de hard rock e até de heavy metal, pode esquecer cara.

Eu acho muito engraçado e morro de rir quando algum entrevistador pergunta: “quais são as influências da banda?”, ai é que vem o papo, há muitos anos que a gente escuta a mesma coisa: “é, o baterista ali é muito do he-avy metal nós somos ecléticos”, agora o barato é falar que é “eclético”, “eu sou mais assim Be-atles, Stones, The Doors, aquele outro ali ouve Radiohead, Justin Bieber, o outro gosta de ba-ter na praia do eletrônico”, quer dizer, os caras hoje, o que eles fazem? Pegam um liquidifica-dor, põem um monte de morango maduro, ra-banete, marshmallow, jiló, pimenta, bate tudo e fala que é o som, rock n' roll, “nós somos uma banda de rock”, mentira, não tem nada de rock, pra mim é isso, uma banda que não tem esses vestígios fortes não é nada. A única banda dos anos 80 que foi pra mídia e que realmente tinha várias dessas coisas é o nosso 14 Bis, o primei-ro disco então, ouço ele sempre, tem country, aliás até esqueci do country rock, o folk, bala-das bem feitas. No 14 Bis você vê country, rocks progressivos com aqueles teclados, o rock pro-gressivo está ali, Beatles pelas harmonias vo-cais, os falsetes e tal, tá tudo ali, só não fizeram heavy metal e hard rock porque não era a praia deles, mas tem no contexto. Ao vivo eles bo-tam pra fuder. Isso é uma banda de rock n' roll.

Tem uma geração ai, que eu encontro na rua, muito garoto me cumprimentando, me parabenizando que está aprendendo mui-to comigo, meu twitter está cheio de reca-dos “você é responsável por 80% da minha formação musical”, 80% pô? Eu quase for-mei o cara! Então veja bem, o rock n' roll, esse que nós conhecemos, Beatles, Stones e daí pra fora, é o bom e velho rock n' roll.

O Paul McCartney está vindo ai! Ah! Eu já vi tudo, a Rede Globo vai fazer a área vip, ai vão aqueles globais, que nem sabem de nada, vo-mitar um monte de asneira. Foi como no show dos Stones, a Rede Globo mostrou os Globais,

ESSES REALITY SHOWS

QUE NÃO SERVEM

PRA NADA, UMA

BABOSEIRA DANADA

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24 ZONACULTURAL

EU CONTINUO

DESEMPENHANDO

O MEU PAPEL. O

DRAGÃO TÁ AFIM

DE CUSPIR FOGO!

Siga o Adriano Falabella no Twitter:

> twitter.com/falabella_real

a gostosona, Cláudia Raia, aqueles globais no camarim, todo mundo com a camisa com a língua dos Stones “issstoooooonis, istoniiiiis”, dá vontade de falar assim “me cita uma mú-sica com o Brian Jones dos Stones que você conhece a não ser Satisfaction, me cita cinco músicas do Between the Buttons, me cita duas músicas do Twelve by Five, Stones pra lá, Sto-nes pra cá, me cita uma música do Let it Bleed, e o Beggars Banquet, você conhece o quê? Só o Sympathy for the Devil. Quer dizer, não enten-dem merda nenhuma. Ai a grande mídia vem, é Paul McCartney “ah, o Paul não sei o que” eu chego e vou sabatinar umas figuras des-sas, globais, com a camisa do Paul, The Bea-tles, “minha querida, qual que é o primeiro disco solo do Paul McCartney? Me canta uma músi-ca dele. Me canta uma do segundo, uma! Me canta uma do terceiro! Me canta uma música do Paul McCartney dos anos 70 que você co-nhece”. Não sabem nada. Mas isso que eu fico injuriado, é de ver o que agora vocês vão ver.

Com o Paul McCartney no Brasil, a Globo vai fazer um estardalhaço, já tá fazendo nesse Festival SWU. O que de rock n' roll mesmo tem lá? Kings of Leon? Indie rock gringo, não é rock n' roll. Rage Against the Machine? Não é heavy metal, não é rap, não é hip-hop, não sei o que é aquilo. Você pega um Iron Maiden pra tocar num palco, isso é heavy metal, o Guns N' Ro-ses, isso é hard rock, mesmo com a formação nova, você pega o Soundgarden que tá voltando agora, o Pearl Jam, isso é grunge. Então vem o time Jota Quest, Capital Inicial, ai ai ai que pé no saco, só bobagem nacional, e essas ban-das ai, Queens of the Stone Age, não é rock n' roll, não é, é um póstudo que eu não sei definir.

Não vai nascer outro Jimi Hendrix, outro Bob Dylan. Não vai nascer não, acabou. Da-qui pra frente, jamais. Hoje a tecnologia é tanta que o cara liga tanto multiefeito que ele pode jogar a guitarra pra cima que ela sai falando.Você vê o primeiro disco do Hendrix foi grava-do numa bostica de mesa de quatro canais, e o cara fez aquele estardalhaço todo, um gê-nio. Ele criava os fuzz, as distorções, ele mexia na eletrônica, colava pedal no outro pra ver o que dava, ficava o dia todo por conta disso, é genial, ninguém mais vai fazer não cara. O últi-mo guitarrista que eu acho que foi a sombra do Hendrix foi Eddie Van Halen. Depois vem Mal-msteen, Steve Vai, Satriani, eles são muito mais de escala. O Van Halen criou um jeito de tocar que você não percebe no Hendrix, por exem-plo, mas ele aprendeu tudo com o Hendrix. En-tão pra mim foi o último guitarrista, Guitar Hero mesmo. Depois aqueles que vieram é tudo em cima do Van Halen, você vê o solo que ele faz com o Michael Jackson naquela música “Beat It”, ali a marca registrada dele, e quantos não

vieram com esses efeitos de alavanca, tudo que o Hendrix tinha feito. Então, não adianta, nunca mais vai ter os Beatles, nunca mais Led, Hen-drix, Deep Purple, não adianta, não vai ter.

A cada virada de década surge um fenôme-no, desde os anos 40 sempre teve um fenô-meno, 40 pra 50, os anos dourados, apareceu Elvis Presley, 54, mudou o mundo. Vira 50 pra 60, Elvis vai pro exército, decadência total, fa-zendo filminho romântico. Vêm os cabeludos de Liverpool, explode. 60 pra 70, Led Zeppe-lin, Jimi Hendrix, Deep Purple, ai começou a aumentar a gama, fenômenos totais e ai vem aquele monte de banda atrás, Kiss, Aerosmi-th, Grand Funk, Rush, tudo filhote do Zeppelin, The Who, que são do final dos anos 60. Década de 70 pra 80, Iron Maiden, 90, Guns N' Roses, Nirvana e o Grunge, acabou por ai. Virada do século, who? Quem? Nada. Tá virando agora, nova década, não vai vir nada, eu te garanto. Outra coisa, eles chamam de “música eletrô-nica” essa merda. Cadê a partitura? Não exis-te. Isso não é música, isso é “nós” eletrônico.

Acho que por um certo lado, a juventude vai ficar cada vez mais burra, porque a mídia não dá chance, e olha que nosso programa é em rede nacional. Nas grandes emissoras, Rede TV, Re-cord, Globo, Band, você só vê porcaria, só vê bunda, todo mundo sabe disso, e o povo não faz nada, eles só querem jogar o vômito na gale-ra. Deu ibope? Patrocinador? Quanto pior, me-lhor pra esse povo. O dono de televisão deve rir do povo brasileiro. A dona Adélia Prado, que é uma tremenda escritora, disse uma vez na Rede Minas “será que esses donos de televisão, di-retores, dormem com a cabeça tranquila? Des-sa merda toda que eles jogam o dia inteiro no povo brasileiro? Pro povo brasileiro ficar cada vez mais burro?”. Um país, uma nação só com gente sem cultura, com imbecis, ignorantes, não adianta que isso nunca vai ser um país respeita-do, e a música tem uma influência total nisso.

Tem um programa que ta sendo transmi-tido ai, com um tal de Jairo Bauer, é um pro-graminha de auditório, pra adolescentes, fraquíssimo na minha opinião, uns adoles-centes que não sabem de nada, dão as opi-niões mais bobocas, o cara pra mim é um boboca, ainda tem um assistente, que é um garoto que fica no laptop, só fala bobagem, um conteúdo inútil pra te dizer a verdade.

ZC: E pra finalizar, o que

você vai deixar pra gente?AF: [risos] No Brasil, a memória é apa-

gada rapidinho. Um livro seria bacana. O povo esquece rápido das coisas, ago-ra um livro não, um livro eu gostaria de dei-xar. Minha vida, histórias do arco da velha, correndo da polícia, tem muita coisa.

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?

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RICHIEKOTZENNascido em 1971, Richie Kotzen teve o seu pri-

meiro contato com a música aos cinco anos de idade, com o piano. Com sete anos, sente-se influencia-do pela banda de Nova York, Kiss, e começa então a tocar guitarra. Aos doze, forma sua primeira ban-da chamada Exis. A partir de então, passa a reali-zar vários shows na Pensilvânia e em Nova Jersey, ao passo em que terminava o ensino médio. Sua ati-vidade musical manteve-se em alta durante toda a sua adolescência, realizando cerca de quinhentos concertos com apenas dezessete anos de idade.

Em 1989, Kotzen foi para São Francisco onde gravou seu primeiro álbum junto à gravadora Shrap-nel Records (editora também de guitarristas como Jason Becker, Paul Gilbert e Marty Friedman) e, no mesmo ano, grava um vídeo instrutivo de guitar-ra intitulado “Rock Chops”, lançado pela REH. Nes-sa época, já estava em várias capas de revistas especializadas em guitarra, sendo eleito como um dos três melhores novos guitarristas daquele ano.

Até 1991, o guitarrista continuou trabalhando ao lado do selo Shrapnel Records mas nesse ano mudou--se para Los Angeles - Califórnia, por ter sido convi-dado a integrar (substituindo C.C. Deville), o grupo de Glam Rock - Poison, com quem gravou 1 CD. É en-tão o principal compositor do álbum Native Tongue, destacando os singles - a música Stand (que alcan-çou a quarta posição no programa “Most Wanted” da MTV e estava entre o Top 20 da Billboard, o que lhes rendeu um disco de platina), e Until You Fuffer Some (Fire and Ice). Após a turnê de promoção deste ál-bum, Kotzen é expulso do Poison por ter se envolvido com Deanna Eve, mulher de Rikki Rockket (bateris-ta do grupo), com quem mais tarde viria a se casar.

Após encerrar o contrato com o Poison, voltou a trabalhar como artista solo e lançou discos em vá-rios selos, Shrapnel, Geffen e JVC, ao passo que foi convidado pela lenda do Jazz, Stanley Clarke, para montar a banda Vertu, com a qual gravou em 1999 um disco pelo selo da Sony. Passaram um lon-go tempo tocando em festivais de Jazz pela Europa.

O próprio Kotzen falou sobre sua experiência com esta banda: “Foi uma honra e uma grande experiência estar em uma banda com Stanley Clarke”. No mesmo ano de 1999, Richie Kotzen foi convidado para entrar na banda de hard rock Mr. Big, famosa pelo hit “To Be With You”, para substituir o antigo guitarrista, Paul Gilbert (Racer X), mantendo o sucesso da banda com a gra-vação do álbum Get Over It que vendeu 175 mil cópias nas duas primeiras semanas de lançamento no Japão. No álbum seguinte, Actual Size, a música Shine, com-posição de Kotzen, foi número 1 nas rádios japonesas.

Em 2002, o Mr. Big encerrou suas atividades e Ri-chie Kotzen voltou aos seus projetos solo e a partir de então tem viajado pelo mundo para tocar em festivais e, mais recentemente, como banda de abertura para os Rolling Stones na turnê “A Bigger Bang Tour”. Kotzen lançou em 2003 o álbum Change, em 2004, Get Up, em 2008, o Live In São Paulo, e em 2009 o Peace Sign.

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// CENÁRIO por lucas luis foto divulgação

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por rui alves

Queporraé essa?

// DESCENDO O PAU

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A cultura mais uma vez é usurpa-da, surrupiada, roubada, desprestigia-da e renegada a terceiro plano.

Enquanto um ditadorzinho estiver no co-mando da prefeitura da cidade de Lagoa San-ta, assim estará a cultura da cidade: usurpada, surrupiada, desprestigiada e renegada a terceiro plano. O pior de tudo isso, e ainda tem pior, é que não bastasse a ditadura, agora até verea-dor interfere no trabalho árduo que a secretaria de cultura tenta fazer, referindo-me ao segun-do festival de cultura regional da cidade. Afinal, por que vereadores semianalfabetos de pai e mãe têm que interferir em cultura? Simples, se algo ameaça os votos de cabresto de um ve-reador ele tenta alguma maneira de atrapalhar e jogar por terra a tentativa de se resgatar o mínimo de cultura que a cidade poderia ter.

Enquanto não houver pessoas desprovidas de interesses pessoais para enfrentar de fren-te esses pretensos ditadores, as coisas ten-dem a piorar, se é que algo mais nesse sentido pode ficar pior nesta cidade. Não tenho caráter para negar o trabalho que vi algumas pesso-as executarem dentro da secretaria, trabalho braçal feito por quem tem talento para mui-to mais que isso, falta de estrutura proposital, pessoas com capacidade de sobra para faze-rem as coisas acontecerem pintando paredes, carregando caixas nas costas, e para quê?

Vejo nessa secretaria de cultura pessoas deixarem para segundo plano sua vida pessoal e para quê? Vejo artistas indignados com situ-ações de mero descaso, bailarinos de renome

subjugados, músicos perplexos e por quê? Se a secretaria sempre foi uma espécie de Sibé-ria, aonde se jogam aqueles funcionários pú-blicos que só querem bater cartão, por outro lado, mesmo não contando com esses reles trabalhadores que só sabem viver às cus-tas do dinheiro público,outros querem que a cultura vença, porém cultura para o Sr. Pre-feito é feita somente de Geraldos Azevedos, Sérgios Reis, e todos que o derem a opor-tunidade de subir no palanque e claramen-te com isso arrecadar mais uns votinhos.

Fica claro também que a tentativa de se re-alizar um belo Segundo Festival de Cultura Re-gional atrapalha e muito o referido vereador, já que a secretária de cultura é oriunda do mes-mo lugar onde mora o dito cujo. Só isso bas-ta para que ele se cague de medo de perder seus votos de cabresto. Impressionante mas esse sujeito só consegue enxergar pela frente o salário que ganha dos cofres públicos, salário pago por mim, eu sou o patrão dele, logo me deve respeito. Num ato de covardia, o Sr. Pre-feito avisa aos seus escravos que eu, este que escreve esta nota, sou persona não grata. É mesmo Prefeito? Por que hein? Talvez você, em um momento de insanidade, acredite que serei candidato a algo público nesta cidadezinha que você diz governar. Acho que você deveria se preocupar com os buracos desta cidade, de-veria se preocupar com a saúde da população carente, deveria abrir mão do monopólio que detém no transporte, em vez de se preocupar comigo. “Eu sou apenas um rapaz latino ameri-cano sem dinheiro no bolso, sem parentes im-portantes e vindo do interior”, já disse Belchior.

Quanto ao vereador aqui citado, sem dizer o nome dele, que tal pelo menos de 10 em 10 anos ler um livro de autoa-juda? Quem sabe quando você não for mais eleito esse livro lhe sirva para algo? Mas antes aprenda a ler e a escrever.

Esta cidade não tem um puteiro, aqueles velhos puteiros de cidade do interior aqui não existem, e tem razão de ser afinal a putaria está a céu aberto. Ver um trabalho de Osório Garcia exposto num porão sórdido é algo repugnante, ver bailarinos como Belkiss Amorim dançarem sem uma estrutura decente é repugnante, ver músicos locais tocarem no asfalto é repugnan-te, ter que ver a cara lavada de vocês políticos é repugnante, me dá náuseas, tenho vontade de vomitar, ver a cara de vocês é pior do que

ESTA CIDADE

NÃO TEM UM

PUTEIRO, AQUELES

VELHOS PUTEIROS

DE CIDADE DO

INTERIOR AQUI

NÃO EXISTEM, E

TEM RAZÃO DE SER

AFINAL A PUTARIA

ESTÁ A CÉU ABERTO

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VOCÊS SÃO

VASSALOS E SE ACHAM

REIS DA COCADA PRETA

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ver alguém estuprado, mesmo com vaselina. Vocês políticos são a escória do povo, vocês

políticos que assassinam a cultura são tomates podres perdidos num Ceasa qualquer. Quan-do chegarem as próximas eleições, tenham a decência de não arreganharem suas bocas lo-tadas de dentes de ouro para nós que os sus-tentamos. Vocês são escrotos, só não posso comparar suas mentes a de um burro porque estaria sendo injusto com este animal. Vocês políticos desta cidade nada fazem pela cultu-ra, nada fazem pelo povo, um povo infelizmen-te estúpido e sem educação suficiente, e é só por isso vocês se mantêm no poder. Prefeitos vão, somem do mapa, vereadores idem, mas nós que lutamos pela cultura permaneceremos, intactos e com dignidade, uma dignidade que vocês políticos jamais chegarão a ter. Nós con-tinuaremos por aqui e faremos com que futuras gerações conheçam um pouco do que vocês tentaram tirar delas. A grana que vos sustenta

só lhes trarão câncer, câncer que nem médi-co, nem remédio darão jeito. Vocês destroem tudo, tudo que passa pelas vossas mãos vira gangrena, fica podre. Vocês são vassalos e se acham reis da cocada preta. Vocês se acham poderosos mas cagam de medo de meia dúzia de palavras. Enfim vocês não são nada, o po-der que julgam ter, vai passar. Caixão não tem gaveta e no inferno grana não vale nada. Po-nham a mão na consciência e deem para esta cidade um pouco de dignidade, um mínimo de cultura, cultura é mais barato do que hospital.

Quero por fim dizer abertamente que meu osso é muito duro de roer e que minha língua não foi achada em lata de lixo para que reles politicozinhos de quinta categoria possam man-ter minha boca fechada. Programas de casinha popular e depósito de material de construção de vereador fornecendo para a prefeitura são mais perigosos do que um festival de cultura.

Eu uso soutien 50.

Page 29: Zona Cultural #5

comemorando a conquista de seus sonhos

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32 ZONACULTURAL32 ZONACULTURAL

por john heringer foto @flickr jayteacat

escultura de Lenon

Início da HistóriaAlan Sytner abriu o Cavern inspirado pelo

distrito de Jazz de Paris, onde havia muitos clubes nos porões. Sytner então retornou a Liverpool com a ideia de abrir um local simi-liar ao Le Caveau. Ele, eventualmente, achou um porão perfeito para seu clube - um lugar que foi usado como abrigo durante a guer-ra - e o inaugurou em 16 de janeiro de 1957 com o show da banda Merseysippi Jazz.

O que começou como um clube de Jazz, tornou-se moradia para grupos Skiffle. Enquan-to jogava golfe com o pai de Sytner, Dr. Joseph Sytner, Nigel Walley - que deixou a escola com quinze anos para ser um aprendiz de golfe pro-fissional - perguntou ao Dr. Sytner se seu filho poderia apresentar os Quarrymen no Cavern, que era um dos três clubes de Jazz que ele ge-renciava. Dr. Sytner sugeriu que a banda tocasse primeiramente no clube de golfe, o que ocorreu.

Uma semana depois, Sytner telefonou para Walley oferecendo um lugar para tocar Ski-ffle entre as performances de duas bandas de Jazz, no Cavern, em 7 de agosto de 1957.

Antes da performance, os Quarrymen discu-tiram entre eles sobre o set list, já que canções de rock definitivamente não eram permitidas no local, porém skiffle era tolerado. Depois de começar com uma canção skiffle, John Len-non chamou os outros integrantes para toca-rem “Don't Be Cruel”. Davis alertou Lennon de que a plateia iria “comê-lo vivo”, mas Lennon o ignorou e começou a tocar a música sozinho, forçando os outros a se juntarem. No meio da canção, Sytner atravessou a plateia e entre-gou a Lennon uma nota que dizia “Pare com o maldito rock”. Os Quarrymen voltaram a tocar novamente no Cavern somente algum tempo depois, em 25 de janeiro de 1959, onde acon-teceu a primeira aparição de Paul McCartney ali, (George Harrison tocou pela primeira vez numa sessão de almoço em 9 de fevereiro de 1961).

Sytner acabou vendendo o clube para Ray McFall em 1959, depois de se mudar para Lon-dres. Bandas de Blues e grupos de Beat começa-ram a aparecer no clube regularmente no começo dos anos 60. A primeira “Beat Night” foi realiza-da em 25 de maio de 1960 onde destacou-se a performance da banda Rory Storm and the Hur-ricanes (que incluia Ringo Starr como baterista).

No começo de 1961, Bob Woo-ler havia se tornado o organizador de tem-po integral das sessões de almoço.

Cavernthe

// INGLATERRA

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Os Beatles e OutrosOs Beatles fizeram sua primeira sessão de

almoço no Cavern em 21 de fevereiro de 1961. Eles haviam retornado de Hamburgo, Alemanha, onde tocaram no Indra e no Kaiserkeller. Acon-teceram tantas mudanças em seus shows que alguns da plateia acharam que estavam vendo uma banda alemã. Entre 1961 e 1963, os Bea-tles fizeram 292 shows no clube, sendo o último em 3 de agosto de 1963, um mês antes da ban-da gravar “She Loves You” e seis meses antes da primeira viagem aos Estados Unidos. Na época, Brian Epstein prometeu que os Beatles retornariam algum dia mas a promessa nunca foi cumprida pois a “Beatlemania” estava brotando através da Inglaterra, e o pequeno clube já não mais satisfazia a demanda de audiência para o grupo. Durante o ano de 1962, os Hollies ocupa-ram a vaga dos Beatles no Cavern. Os Beatles graduaram e foram incluidos no selo da EMI Par-lophone pelo produtor George Martin. O volume da atividade musical em Liverpool e Manchester fez com que os produtores de gravadoras, que nunca haviam se aventurado pra muito longe de Londres, começassem a olhar para o norte.

Na década seguinte, uma grande varieda-de de bandas populares começaram a apa-recer no clube, incluindo os Rolling Stones, os Yardbirds, os Kinks, Queen, The Who, El-ton John e John Lee Hooker. A futura estrela Cilla Black trabalhou no Cavern como reco-lhedora de chapéus, em seus dias préfama. Um estúdio de gravação, “Cavern Sound”, foi aberto no porão de um edifício contíguo, diri-gido por Nigel Greenberg e Peter Hepworth.

O clube foi fechado em março de 1973 du-rante a construção da ferrovia subterrânea. Jan Akkerman, com o grupo holandês Focus, fo-ram os últimos a se apresentarem no local.

O Clube HojeEm abril de 1984, o Cavern foi retomado

pelo jogador do Liverpool F. C., Tommy Smith,

em associação com a Royal Life. Ocupan-do 50% do local original, foi reconstruido com muitos dos tijolos usados no clube original.

Era um período difícil, de grandes mudan-ças econômicas e políticas dentro e ao redor de Liverpool. O clube sobreviveu somente até 1989 quando cedeu a problemas financei-ros, fechando as portas por 18 meses. Em 1991, dois amigos - o professor Bill Heckle e o taxista Dave Jones - o reabriram. Apesar de ser um lugar conhecido mundialmente, con-tinuou a funcionar principalmente como um local de música ao vivo, apesar das contrata-ções de DJs nas noites de sextas e sábados. A política das músicas variava entre músi-cas indie, rock e pop dos anos 60 aos 90.

Em 14 de dezembro de 1999, o ex--Beatle Paul McCartney retornou ao clube para seu último show naquele ano promo-vendo seu novo álbum Run Devil Run.

O Cavern Club ainda é um dos locais mais famosos do Reino Unido. Tem por volta de 40 bandas tocando durante a semana, tan-to bandas tributo como bandas originais, apesar da maioria delas tocarem seu próprio material. A sala da frente é o principal atra-tivo turístico onde as pessoas vão para se-rem fotografadas junto à parede do famoso palco, local em que estão escritos os nomes das bandas que lá tocaram . Também ouve--se música acústica das 16 às 18:30 ho-ras nas sextas, sábados e domingos, com vários artistas tocando sucessos dos anos 60. Em alguns domingos acontece um even-to chamado Mersey Rats onde destacam--se bandas covers dos anos 50 e 60.

O Cavern também é usado como um local de aquecimento para turnês com shows semissecretos anunciados no úl-timo momento. Os Arctic Monkeys fi-zeram isso com Thomas Bhoane, em outubro de 2005, assim como outros an-tes deles, como o Oasis e Travis.

entrada do clube coldplay

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BAIRROALTOO Bairro Alto, antes conhecido como Vila

Nova dos Andrades, é uma zona típica de Lis-boa, com ruas estreitas e calçamento de pedra, bem perto do bairro do Carmo e do Chiado, com suas casas seculares e um pequeno co-mércio tradicional. Construído mais ou menos em plano ortogonal em finais do século XVI, o bairro é um dos mais pitorescos da cidade, sen-do delimitado a oeste pela Rua do Século, a este pela Rua da Misericórdia, a norte pela Rua D. Pedro V e a sul pela Rua do Loreto e Lar-go do Calhariz, dividindo-se entre freguesias da Encarnação e de Santa Catarina. Desde os anos 80 é o local mais conhecido da noite lis-boeta, com inúmeros bares, restaurantes e as famosas casas de fado e onde anos atrás se instalaram quase todos os órgãos de impren-sa de distribuição nacional. Nos últimos vinte anos, o Bairro Alto adquiriu uma vida muito pró-pria e característica onde se cruzam diferentes gerações à procura de divertimento noturno. Parte dos prédios foram recuperados, manten-do-se a fachada original, o que veio a permi-tir instalação de novos e alternativos espaços comerciais, encontrando-se desde lojas multi-marcas e ateliers a lojas de tatuagens e piercing.

Aos poucos, verifica-se também que passou a ser procurado como um lugar para se viver, estando a sua população a ser renovada e reju-venescida. Durante o Século XIX e até meados do Século XX, o bairro abrigava as sedes dos principais jornais e tipografias do país. Ainda hoje é possível encontrar ecos desse tempo em nomes de ruas como a Rua Diário de Notícias ou a Rua do Século. Este bairro, um dos mais intelectuais da capital, frequentado e habitado por jornalistas, escritores e estudantes, perti-nho do Chiado, era também lugar de bares de marinheiros, de lugares de má fama e de muita

prostituição. Vitorino Nemésio faz alusões a esse ambiente no romance “Mau tempo no canal”.

O edifício onde nasceu o Diário de Notícias foi mais tarde ocupado por A Capital (diário ex-tinto em 2005), sendo hoje mais conhecido por Edifício A Capital. Foi neste prédio que a Com-panhia de Teatro Artistas Unidos esteve sediada durante muito tempo. A companhia abandonou o espaço há alguns anos, uma vez que a Câma-ra Municipal iria proceder a obras de reabilitação. Do outro lado, o Bairro do Chiado é um dos bair-ros mais emblemáticos e com mais história da cidade de Lisboa. Localiza-se entre o Bairro Alto e a baixa pombalina. Em 1856, com a criação do Grêmio Literário, (um clube ponto de encon-tro dos intelectuais da época), o Chiado tornou--se o centro do romantismo português, ponto de passagem obrigatória para quem queria ser co-nhecido na cidade. Eça de Queiroz na sua obra “Os Maias” fazia grande referência ao Chiado e ao Grêmio Literário. O Chiado divide-se pelas freguesias do Sacramento e dos Mártires, duas das mais pequenas de Lisboa. Na década de 80 devido à mudança nos hábitos dos Lisboetas e à inauguração do Centro Comercial Amoreiras, o Chiado ficou decadente. Em 1988, na madruga-da do dia 25 de Agosto, entre as 3 e as 4 horas da manhã, deflagrou-se um incêndio no Edifício Grandela (famosa construção do local), que viria a tomar grandes proporções, alastrando-se por mais 17 edifícios. O Chiado ficou destruído e a sua reconstrução levou toda a década de 90, ficando o design a cargo do arquiteto Siza Vieira. Hoje, o Chiado voltou a ser um importante cen-tro de comércio de Lisboa sendo uma das zonas mais cosmopolitas e movimentadas da mesma.

Quem vai à Lisboa e não “respira a ma-gia” desses bairros com certeza deixará de conhecer uma intensa história portuguesa.

por mario pessanhafoto divulgação

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// PORTUGAL

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PARAPOUCOS!SKIN DEEP (2008)BUDDY GUYÉ errôneo caracterizar esse lançamento de Bu-ddy Guy, seu primeiro em três anos, como um regresso já que ele nunca foi embora. Mas des-de a performance ladra de holofotes do concer-to dos Rolling Stones, Shine a Light, do mesmo ano, e a aparência de Skin Deep, Buddy retornou à arena como o magnético e dinâmico bluesei-ro que sempre foi. Ouça qualquer uma das doze músicas, sete delas de autoria do guitarrista de Chicago, e vai ser como um assopro de vento quente na face. Mesmo com a produção habili-dosa do baterista Tom Hambrige, Buddy está na sua cara. Convidados como Derek Trucks e Eric Clapton parecem estar em segundo plano, mas o sensível trabalho com slide na balada principal traz uma ótima qualidade à canção. A mulher de Trucks, Susan Tedeschi, faz um vocal brilhante no óbvio single de meio tempo “Too Many Tears”. Fãs raízes de guitarra vão se emocionar na inten-sidade do blues “Out in the Woods”, onde Buddy desencadeia grande quantidade de sons crus que fazem o disco consistentemente estimulan-te e um realce no extenso catálogo da lenda.

MYSTIC MYLE (1993)ROBBEN FORD & THE BLUE LINERobben Ford nasceu em Ukiah, Califórnia, em 1951. Aos 13 anos de idade começou a tocar guitarra e aos 18 mudou-se para San Francisco onde iniciou sua carreira profissio-nal. Formou a Charles Ford Band (nome de seu pai) mas, paralelamente à banda, tocou com Charlie Musselwhite, Jimmy Withers-poon, Joni Mitchell e George Harrison. Na década de 80 Ford mergulhou no jazz, ten-do excursionado com Miles Davis em 1986 e com Sadao Watanabe em 1987. Em 1992 voltou às suas raízes de blues formando o grupo Blue Line e gravando alguns discos de blues-rock, entre eles o “Mystic Mile”.

FREE FALL (1977)DIXIE DREGSDixie Dregs é uma banda norte america-na de rock progressivo formada nos anos 70. Eles são conhecidos por misturarem em seu estilo os gêneros jazz, bluegrass e southern rock de uma forma única e reche-ada de virtuosismo. Steve Morse (Kansas, Deep Purple) é o membro mais conheci-do do grupo. A performance desta ban-da é conhecida entre os grandes músicos americanos como sendo a melhor das melhores. Todos os seus membros são, sem dúvida alguma, grandes virtuosos e excelentes tecnicistas. Altamente reco-mendada aos apreciadores de boa música.

YESTERDAY YOU SAID TOMORROW (2010)CHRISTIAN SCOTTChristian Scott, nascido em 31 de março de 1983 em New Orleans, é um jovem trom-petista, compositor e produtor, nomeado ao grammy. O “sobrinho do Jazz”, como é chamado por Donald Harrison, foi conside-rado pela Jazz Times como “arquiteto de uma nova comercialmente viável fusão de estilos” e “jovem deus do jazz”. Uma das marcas de seu estilo diferenciado de tocar o trompete é a chamada por ele de técni-ca de sussurro. Christian Scott lançou 5 álbuns desde 2006, incluindo um ao vivo. Imperdível para amantes de boa música.

// ENTRETENIMENTO

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PARATODOS!

ANTES DE PARTIRDireção Rob ReinerRoteiro Justin ZackhamLançamento 25 de Dezembro de 2007Duração 97 minutosIdioma Original InglêsElenco Jack Nicholson, Morgan Freeman, Sean Hayes e Beverly Todd.

Antes de Partir (The Bucket List) é um filme de comédia do ano de 2007, escrito por Justin Zackham e dirigido por Rob Reiner.O filme conta a história de dois homens: Carter Chambers (Freeman), um simples mecânico, e Edward Cole (Nicholson), um magnata bilionário, que se encontram pela primeira vez em um quarto de hospital após ambos serem diagnosticados com câncer terminal nos pulmões. Eles se tor-nam amigos e decidem fazer uma viagem com uma lista de coisas pra fazer antes de “bater as botas”. Salto de paraquedas? Feito. Pilotar um Mustang Shelby em alta velocidade? Feito. Admirar a grande pirâ-mide de Khufu? Feito. Descobrir a alegria em suas vidas antes que seja tarde de-mais? Feito! Sob a competente direção de Rob Reiner, estes dois astros oferecem interpretações de corpo e alma nesta inspirada saudação à vida, que prova que o melhor momen-to para se viver ainda é o agora. Você só vive uma vez, portanto, por que não viver com estilo?A música tema do filme, “Say” de John Mayer, concorreu ao Grammy em 2009.

TRAINSPOTTINGDireção Danny BoyleRoteiro John HodgeLançamento 23 de Fevereiro de 1996Duração 94 minutosIdioma Original InglêsElenco Ewan McGregor, Jonny Lee Mil-ler, Robert Carlyle e Ewen Bremmer.

Trainspotting é um filme britânico de dra-ma, dirigido por Danny Boyle e com rotei-ro baseado em livro homônimo de Irvine Welsh.Gerou polêmica em alguns países, incluin-do o Reino Unido e os Estados Unidos, devido a alegações de que promovia o uso de drogas. Apesar das críticas, Trains-potting foi aclamado como um filme bas-tante original e interessante, retratando o movimento clubber no Reino Unido. Em 2004, foi considerado pelo The New York Times como um dos 1000 melhores filmes já produzidos.Num subúrbio de Edimburgo, quatro jo-vens sem perspectivas mergulham no submundo para manter seu vício pela heroína. “Amigos”, que são ladrões e vicia-dos, caminham inexoravelmente para o fim desta amizade e, simultaneamente, mar-cham para a autodestruição.Trainspotting revelou ao mundo o talen-to do cineasta Danny Boyle (Extermínio) e dos atores Ewan McGregor (Moulin Rouge) e Robert Carlyle (Ou Tudo ou Nada). Trilha sonora sensacional, com muitas músicas de Iggy Pop, Lou Reed, Blur, entre outros.

DONNIE BRASCODireção Mike NewellRoteiro Paul AttanasioLançamento 28 de Fevereiro de 1997Duração 127 minutosIdioma Original InglêsElenco Johnny Depp, Al Pacino, Michael Madson, Anne Heche e Bruno Kirby.

Donnie Brasco é um filme norte-americano lançado em 1997, dos gêneros drama e policial, escrito por Paul Attanasio e dirigi-do por Mike Newell, baseado em fatos re-ais narrados no livro de Joseph Pistone.Johnny Depp está no papel do agente do FBI Joseph Pistone, que tem que se infil-trar na máfia e, nesta missão, usa o nome Donnie Brasco. Ele se torna amigo de Lef-ty Ruggiero (Al Pacino), um mafioso cheio de problemas que o toma como protegido e faz com que conheça muito bem o crime organizado.Enquanto a missão do FBI vai se esten-dendo, a vida pessoal de Donnie é afetada e ele fica cada vez mais amigo de Lefty.Com uma visão nada glamourosa ou sen-sacionalista da Máfia, “Donnie Brasco” é um filme sempre envolvente, tenso e in-teressante que também é um estudo do próprio Joseph Pistone, que sacrificou sua própria convivência com a esposa e as filhas por seis anos e até hoje vive em anonimato por ter sua cabeça colocada a prêmio pelos mafiosos.O filme concorreu ao Oscar de melhor ro-teiro adaptado em 1998.

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Dia desses tive um sonho. Estranho. Era meu ou era seu? Tão seu, que nem sei se fui eu quem teve. Vi você lá no fundo. E me des-cobri através. Era eu no s(eu) espelho. Eu sa-bia. Como se me pedisse que lhe contasse o que você mesmo fazia. Sua boca se mexia e sua mão descrevia. O cenário era vermelho, meio terra, meio ocre que cheirava forte. Vida ou morte? Nadava num fundo longe, triste, deep blue. Um mar de dentes frenéticos e sal-titantes aguardava a dança do toma lá dá cá. De repente, tudo cresceu e se alinhou. Assim, coisa seguida de coisa. Umas baixas outras altas. Umas longas outras curtas. Como uma montanha russa. Ao fundo castanholas, tam-bores, oboés, flautas, pianos, sons, sons, sons e vozes, choros, gritos, ventos de giros, giros de vírgulas, ponto, ponto, ponto, e ponto.

No outro dia lhe contei o que havia se pas-sado. Escrevi um poema e você o musicou. Mas como? Isso era um sonho! Não - você me disse – isso é o barulho do pensamento.

O texto acima ilustra de maneira metafóri-ca o nascimento de uma ideia. Uma ideia que pôde ser traduzida em palavras que por sua vez foi traduzida em sons e depois remusicada por um intérprete de acordo com sua percepção. Uma ideia textual e melodiosa, como todas, que teve seu início no útero do pensamento. O mesmo útero dos sons que deram origem aos instrumentos musicais criados, inicialmente, para imitar as vozes humanas, e que é, tam-bém, a caixa de ressonância do ritmo das pala-vras, o fator mais importante da composição.

Na poesia, por exemplo, o ritmo é mais importante até que o domínio do vocabu-lário ou a criatividade do escritor. É através dele que o escritor dita a emoção de um tex-to. É ele que determina, também, grande par-te do que sustenta o interesse do leitor.

O mesmo acontece na música, até mesmo na considerada música absoluta, aquela com-posta unicamente por instrumentos, onde o artista estrutura suas melodias em notas, que por sua vez formam frases de sons. Isso se tor-na mais fácil de entender quando imaginamos uma música como um texto literário, carregada de rimas, de repetições com início, meio e fim, mesmo que os símbolos usados sejam distintos.

Mas, além das comutações entre palavra e

música para traduzir pensamentos ritmados, existe a intertextualidade entre elas, tal como mostra o início do texto. Muitos artistas con-sagrados como Chico Buarque, por exemplo, se valeram dos versos de Drummond, Guima-rães Rosa, João Cabral de Melo Neto e muitos outros para musicarem seus pensamentos. O próprio Chico, numa conversa com o cineasta Roberto de Oliveira, disse certa vez que “...há sempre uma música no fundo da minha cabeça quando escrevo, é quase uma trilha sonora, um asso-vio, um cantarolar que dita o ritmo”. Imagino que Chico tenha se referido ao ritmo inerente das palavras na narrativa. Um ritmo que quando intertextualizado, às vezes, fica tão misturado que mal consegui-mos reconhecer a autoria da ideia, ou, ao con-trário, imediatamente reconhecemos o outro, o parceiro, o coautor quase plagiado.

Mas, Chico poderia estar falan-do, também, da velocidade que uma obra literária possui, pois um texto pode ser frenético, alucinante, carregado de ação como o thrash me-tal, ou até mesmo uma composição alucinada de Beethoven, ou pode ser calmo, lírico, carrega-do da mais tenra emoção.

De fato, um poema pode ser musicado, e apesar de já possuir sua música ineren-te, esta pode ser modificada sem perder sua essência melódica. Por outro lado uma música ao ser narrada em prosa ou verso pode passar a ter ou-tra melodia, outro ritmo a partir de então, e assim cria-se um novo olhar, um novo diálo-go. Um diálogo, que pode, também, ser cria-do na ausência das palavras, como no filme “O pianista”, por exemplo, em que o homem usa a música para expressar suas angús-tias e vencer a ausência de sons, o silêncio.

Mas, se o silêncio é a ausência de som, como pôde, então, musicar meu silên-cio? Certa vez, o poeta Décio Pignatari dis-se que o silêncio é o fundo do som. Pois, para mim, o silêncio é o barulho do pensa-mento, às vezes musicado, às vezes não.

O SOM DO SILÊNCIO

ESTRANHO. ERA MEU OU ERA SEU?

por gerusa maya

// LITERATURA

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ESCLARECIMENTO Os livros indicados nesta seção não são, necessariamente, títulos recém lançados, ou que se encontram divulgados nas

listas dos mais vendidos, mas sim, obras que merecem atenção particular independente do gênero literário e data de suas primeiras edições.

INDICAÇÕES DE LIVROS

Um ser, que se diz incompleto, trava uma bata-lha em busca da aquisição da forma humana e para isso busca a extinção da mesma colecio-nando obituários e narrando suas ocorrências nas cidades de Minas Gerais. Mas, um corpo insepulto por uma família que se nega a fazê--lo, o mantém impossibilitado de se completar. Carlos Brito Mello utiliza de um sentimento, ao mesmo tempo comum e tão individual, do ser humano para afirmar a necessidade da morte e nos deixa a simples opção de narrá--las. “Minha língua tem dito as mesmas coisas, sem alcançar sucesso. Tornei-me repetitivo”.

A PASSAGEM TENSA DOS CORPOSMello, Carlos de BritoCia das LetrasFicção # 249 páginas

Kazuo Ishiguro relata em contos as experiências vividas por cinco músicos de diversas partes do mundo, que despertam impressões diversas nas pessoas por onde passam. Nesta obra o autor utiliza a música como um veículo para traduzir sentimentos que descrevem histórias de amor, paixões delirantes, ilusões, encontros e desencontros. Cinco narrativas, carregadas de emoção, que além de traduzirem sentimentos muitas vezes inefáveis, se contrapõem com as limitações impostas pelo profissionalismo que o mercado musical exige, submetendo os músicos, então, a momentos comoventes e engraçados. Kazuo Ishiguro recebeu o “Booker Prize” pela obra, “Resíduos do Dia”, em 1989.

NOTURNOSIshiguro, KazuoCia das LetrasContos # 210 páginas

Um videomaker e duas mulheres tentam in-ventar uma vida através dos frames de uma câmera de filmar. Um triângulo amoroso intri-gante onde o real e o virtual se misturam todo o tempo. “A palavra mais difícil de dizer é um número: dois. É possível ser um, ou vários. Dois, nós não conseguimos. Imaginei que po-deríamos ser três.” Christiane Tassis constrói um diálogo denso de sensações, expectati-vas e possibilidades que acompanham o time-code desordenado das gravações enquanto cria o inferno particular do protagonista.

O MELHOR DO INFERNOTassis, ChristianeLíngua GeralFicção # 149 páginas

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// CRÔNICApor rui alvesfoto harrison keely

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Faz tempo que ser brega e maconheiro era coisa de nordestino ou de hippie. Hoje to-dos somos bregas, maconheiros ou ex, e uni-versitário só não é quem não tem pai rico.

Vou voltar no tempo. Em 21 de fevereiro de 1975, estava minha pessoa embarcando no Aeroporto da Portela, em Lisboa, rumo ao Brasil, após passar seis tenebrosos meses na capital portuguesa, recém saída de uma dita-dura e ainda respirando ranços antigos de um regime de quarenta anos de autoritarismo. Um frio medonho e uma família perdida pelo mun-do devido à guerra da África, lá estávamos eu e minha irmã doidos pra revermos os “velhos”, que por aqui desembarcaram meses antes.

Lembro-me que nesse dia, ainda no aero-porto e com muita grana no bolso, comprei tudo que era revista brasileira, das mais bregas às mais sofisticadas, logicamente sem entender de nenhum assunto pois o que eu conhecia do Brasil, naquela época com quinze anos de ida-de, era praticamente zero. Sabia eu de Roberto Carlos, Nelson Ned, Emerson Fittipaldi, Pelé e Martinho da Vila, sendo que este último conheci num final de ano em que passei junto a amigos negros moçambicanos nas “palhoças” de lá.

Conhecia também um pouqui-nho sobre Ouro Preto, que me foi en-sinado na escola de Moçambique.

Fora isso o Brasil para mim era uma gran-de fantasia. De onde eu vinha não havia TV, a meninada se divertia na rua com uma vitrola de um cara mais velho, hippie e maconheiro, que nos “aplicava” Jimi Hendrix, Janis Joplin, Bob Dylan e outros doidões da época. Era uma grande vida, muito calor, fartura de tudo e, ape-sar da ausência de meios de comunicação, a gente sabia de tudo, ou achava que sabia.

Dia 22 de fevereiro de 1975 ao desembarcar no Rio de Janeiro, já tinha consumido todas as revistas que comprara em Lisboa. Fotos enor-mes e pôster de formato duplo com artistas bra-sileiros eram uma constante em quase todas as publicações. Estava fascinado com tudo aquilo, cheguei numa terça-feira de carnaval, calor de rachar os bicos, mas o melhor de tudo: preto, branco, amarelo, vermelho, tudo junto em clima de festa, definitivamente era o paraíso. Ainda estava longe de conhecer o que era brega ou não, era tudo muito legal, aliás “legal” foi a pri-meira expressão aprendida do jeito brasileiro.

Dias depois, já instalado em Belo Horizon-te, o que mais me fascinava era a televisão, mi-nha nossa quanto programa de diversão, o meu

preferido era o Silvio Santos. Era estranho mas os primeiros amigos que fiz sempre me diziam que o tal de Silvio Santos era muito brega e que eles não assistiam, logicamente não me fiz de rogado, nunca mais toquei no assunto porém não deixei de ver Silvio Santos. O engraçado dessa historia era que ninguém assistia, mas todo mundo dava conta das coisas que aconte-ciam nas tardes de domingo do dito programa.

2010, trinta e tantos anos se passaram. Hoje farto de rir quando me lembro desses primeiros meses em terras tupiniquins. Adotei o Brasil, o Brasil me adotou, perdi o sotaque português, perdi o Landim (dialeto falado em Moçambique), e perdi a vergonha de dizer as coisas que pen-so, mesmo porque, hoje já naturalizado brasilei-ro, com direito a voto e pagando imposto, não tenho mais idade pra não dizer o que penso.

Penso, por exemplo, que a música bra-sileira nunca irá necessitar de adjetivos, os músicos brasileiros então nem se fala.

No entanto, hoje me deparo com desca-labros titânicos, vou contar: forró, sertanejo, caipira e tantos outros sons sempre foram con-siderados bregas, mas a exemplo do Silvio San-tos, todo mundo gosta sem querer assumir. Um belo dia algum esperto produtor musical sacou isso e inventou o tal de forró universitário. Era o seguinte: era forró, mas intelectual. Afinal, já que não dava para estudantes universitários assu-mirem o gosto pelo forró original, então, com o nome de universitário ninguém ia achar brega.

Esse produtor sacou esse lance e matou a charada fácil. Tudo resolvido, as gostosinhas da universidade e os “mauricin” agora pode-riam curtir o forró, afinal virou universitário.

Lógico que o forró é o mesmo, huuuum, mais ou menos o mesmo. Junto com o lan-ce de universitário tiveram que arrumar gru-pos de forró com uns “carinhas” de cabeça menos achatada e ai fudeu, forró sem ser to-cado por nordestino não existe,é só algo pa-recido, mas que vendeu pra cacete vendeu.

Boa jogada desse tal produtor, mas... como

no Brasil tudo vira gigante, os caras não se con-tentaram com apenas essa melodia, e ai come-ça a merda toda. Atrás vieram todos os gêneros musicais. Era preciso entender que universitário batendo cabeça com thrash metal não pega-va bem, então vai ai thrash metal universitário, aproveitando vamo lá de samba universitário, um pagodinho universitário, um rock universitá-rio, um pop universitário, um blues universitário e por ai vai. Resumindo, hoje existem basica-mente as mesmas músicas em duas versões, a comum para os “civis” e a música universitária.

Mas que porra é essa? Vocês estão lou-cos ou eu que pirei o cabeção? Que cace-te de merda são esses tais universitários?

Hoo, para com isso. Universitário é o bi-cho mais escroto que conheço, são uns bos-tinhas que depois que entram para aquela porra se acham intelectuais. Será que esses bossais não podem ouvir forró apenas legí-timo, nordestino? Será que esses babacas não podem ouvir metal sem acharem que tem que ser maconheiros? Aliás, numa pesquisa da “da-lhe folha”, nove entre nove universitá-rios é ou já foi fumante da “erva mardita”.

O pior de tudo isso é que os universitários dos dias de hoje nem são mais os mesmos, são literalmente uns bossais despolitizados e sem merda nenhuma na cabeça (regras e ex-ceções sempre existirão), haja vista a escola de belas artes que forma a cada seis meses um bando de gente que nunca chegará a lugar al-gum pela simples falta de talento pois arte não se aprende em universidade. Tem também a galera das Letras, que nunca irá escrever nada. A grande maioria vira professor, e como diz o velho ditado, “quem sabe faz, quem não sabe ensina”. Universitário sabe mesmo é de ba-lada com muito TUC TUC e grandes orgias. Alguém já se perguntou por que os velhos e bons puteiros acabaram? Ora, é por que hoje existem muitas universidades, tanto é que se uma gostosinha for para a universidade de mi-cro saia e os boiolas tentarem pegá-la, a gos-tosinha vira celebridade global fácil fácil.

Então, meus caros, música universi-tária e putaria são a mesma coisa.

Música universitária não existe, o que existe é uma tentativa de se acabar com o original porque é mais fácil e dá mais gra-na arrumar um Zé bonitinho e dizer que ele canta música universitária do que contra-tar os originais. Forró sem “nego” de ca-beça chata nunca será forró, eu acho.

BREGA, MACONHEIROE UNIVERSIOTÁRIO

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por fernanda shaironfoto divulgação Q

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// CINEMA

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À PROVA DA CRÍTICAOs filmes de Quentin Tarantino deram-lhe

fama imediata. São marcados por falar do sub-mundo, sempre mesclando doses de humor e uma abordagem irônica e inteligente à vio-lência no cinema. Revolucionou a indústria de filmes independentes na década de 90, mos-trando que estes filmes também são rentáveis.

Em 27 de março de 1963, no Tennessee, Estados Unidos, nasceu o mais famoso dos diretores por trás da revolução de filmes in-dependentes, Quentin Jerome Tarantino.

Diretor, ator e roteirista com vasto conheci-mento em crítica e história do cinema, especia-lista em filmes estrangeiros, de gênero e pouco conhecidos. Sua paixão por estes estilos de cinema reflete-se em seus trabalhos. Em seus filmes o estilo, histórias ou diálogos fazem re-ferências a outros filmes ou gêneros diferentes de cinema. Alguns críticos consideram suas ideias plágio, desconsideram que o cinema de Tarantino é o de homenagens. “Eu nunca fre-quentei a escola de cinema. Eu frequentei o cinema”, disse. Alcançou a fama rapidamente por seus roteiros de cronologia fragmentada, diálogos afiados e memoráveis, obsessão pela cultura pop e o uso de violência, que trouxeram um novo padrão de filmes norte-americanos.

Quentin Tarantino chegou a atuar em di-versas séries da TV americana antes de estre-ar como diretor em “Cães de Aluguel”. Captou recursos para o filme vendendo dois roteiros

seus que se tornariam sucessos em Hollywood, “Amor à Queima-Roupa” (1993), de Tony Scott, e “Assassinos por Natureza” (1994), de Oliver Stone. Atuou em alguns filmes de destaque, como “A Balada do Pistoleiro” (1995) e ”Um Drink no Inferno” (1996). O famoso “Pulp Fiction - Tempo de Violência” ressuscitou a carreira de John Travolta, deu novo impulso para Samuel L. Jackson e Uma Thurman, e ainda rendeu a Ta-rantino a Palma de Ouro no Festival de Cannes de 1994 junto com “Sexo, mentiras e videotape”, de Steven Soderbergh e “Roger e eu”, de Micha-el Moore, além do Oscar de Melhor Roteiro Ori-ginal e indicação na categoria de Melhor Filme.

Escreveu e dirigiu a saga vingativa “Kill Bill”, filme lançado em duas partes, com influência dos filmes japoneses, de faroeste, de terror italia-nos e de artes marciais chineses. O filme é ba-seado em uma personagem chamada A Noiva, que Tarantino criou conjuntamente com a atriz principal deste filme, Uma Thurman, durante as filmagens de “Pulp Fiction”. Em “À prova de morte”, sua metade em “Grindhouse”, homena-geou os filmes “B” de horror recebendo exce-lentes críticas. No último trabalho, “Bastardos Inglórios”, filme de maior bilheteria de Tarantino até hoje, recebeu vários prêmios e indicações, incluindo oito indicações ao Oscar. Pela sua brilhante atuação como Hans Landa, Christoph Waltz ganhou o Prêmio de Melhor Ator no Fes-tival de Cannes, bem como o BAFTA, o Globo de Ouro e o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante.

QQUENTINTARANTINO

FILMOGRAFIA

1992. Cães de Aluguel (Reservoir dogs)

1994. Pulp Fiction - Tempo de Violência (Pulp

fiction)

1995. Grande Hotel (Four Rooms) (Episódio - O

Homem de Hollywood)

1997. Jackie Brown (Jackie Brown)

2003. Kill Bill: Volume 1 (Kill Bill: Vol. 1)

2004. Kill Bill: Volume 2 (Kill Bill: Vol. 2)

2005. Sin City - A cidade do pecado (Sin City)

2007. À Prova de Morte (Death Proof)

2009. Bastardos Inglórios (Inglorious Bastards)

2014. Kill Bill: Vol. 3 (anunciado no dia 16 de

Outubro de 2009)

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Pai nosso que estais no céu, que não vejais a MTV, mas que seja feita a vossa vontade, não nos deixeis cair em tentação, dai-nos Miltons, Ritas e Caetanos, se puderes Skanks também.Livrai-nos do mal Restart nossas mentes, amém.

Não sei como enviar esta súplica ao céu mas, de repente, vamos que Deus lê a nossa revista.

Perdi meu precioso tempo ao parar na frente da televisão para assistir ao Video Music Brasil (MTV). Um repeteco do prê-mio Multishow de música, só deu retarda-do, e logicamente, o “pau” vai comer solto.

O que se passa na cabeça do jovem brasi-leiro? O que se passa na cabeça dos dirigentes

da MTV? O que se passa na cabeça do Brasil, anos a fio desperdiçando tempo com jovenzi-nhos coloridos que munidos de dois acordes viram superstars ovacionados por menini-nhas histéricas? PQP, por onde anda o bom e velho rock 'n' roll? Mas que porra é essa que ta acontecendo na música brasileira?

Não está acontecendo nada, nada literal-mente. Os velhos roqueiros estão cansados e tristes, mudaram o mundo e no mundo que eles mudaram, a herança foi toda uma gera-ção desperdiçada, crianças desprovidas de talento, de atitude política e de capacidade até para verem que meios de comunicação

como a própria MTV só tiram deles grana fácil com sucessos mentirosos e um futuro vazio.

Essas crianças, desprovidas de talen-to musical, poderiam muito bem ajudar este país em outras funções, no caso do “Res-tart” por exemplo, dariam ótimos estilistas de moda, isso eles fazem razoavelmente bem, muito estilo pra se vestir e apenas isso. Da-qui a poucos dias todos eles da banda estarão sendo fotografados por paparazzi de plantão em praias cariocas, comendo algumas des-sas menininhas histéricas e é exatamente na praia que a carreira dessas pobres criaturas irá morrer. E a música brasileira aonde chegou?

RESTARTA MTV, RESTARTA!

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// CRÔNICA por rui alves

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REVISTAZONACULTURAL.COM.BR 45

A minha esperança é que em algum porão deste país esteja nascendo rock, música, músi-cos, talentos de verdade, seres pensantes filhos de pais pobres que pela própria pobreza sejam obrigados a pensar. Talento não se compra com grana, qualidade musical não se adquire com a grana do papai. É duro ter que engolir goe-la abaixo o poder da grana interferir na música. Sempre foi assim? Creio que não. Na origem daqueles que mudaram o mundo através da música não havia grana, havia puro talento. Jimi Hendrix é seguido até hoje, várias gerações ten-tam alcançar seu modo de tocar, Bob Dylan can-tou o desencanto de toda uma geração. Papo retrógrado? Porra nenhuma, papo sensato sim.

Vamos analisar friamente. Coincidência fu-dida, a MTV coloca uma bandinha como a Restart no topo e, coincidentemente, elege Justin Bieber artista internacional do ano. Pra-to cheio para as menininhas histéricas de plan-tão e caixa registradora abastada para a MTV.

Chegamos ao fundo do poço ou será que esse poço ainda é mais fundo e coisa pior virá?

Pai nosso que estais no céu, que seja fei-ta a sua vontade, mas livrai-me deste mal, que seja mantida a minha sanidade, não me dei-xeis cair na tentação, dai-me lucidez, amém.

A MINHA ESPERANÇA É QUE EM ALGUM PORÃO DESTE PAÍS ESTEJA NASCENDO ROCK,MÚSICA, MÚSICOS,TALENTO DE VERDADE.

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Suas primeiras can-ções na gaita diatônica

A tablatura traduz informações contidas no pentagrama (pauta musical). Esta simbologia facilita o estudo da harmônica e de outros instrumentos que oferecem difi-culdade na visualização das no-tas e que são tocados através da memorização de “digitações”.

As tablaturas para gaita diatô-nica variam de país para país e nós a usaremos da seguinte forma:

• 1s-Sopraroorifício1

• 1a-Aspiraroorifício1

• 3a’-Produzir1semi-

tomnoorifício3

• 3a’’-Produzir2semi-

tonsnoorifício3

• 3a’’’-Produzir3semi-

tonsnoorifício3

• (1234)s-Soprarsimultaneamen-

teosquatroorifícios(acorde)

• (1-4)s-Soprarsomenteos

orifícios1e4(oitavar)

• (4=5)a-Alternarentreo4e

o5aspirado(HeadShake)

Execute com a ajuda da tabla-

tura suas primeiras canções:

Noite Feliz6s 6a 6s 5s6s 6a 6s 5s8a 8a 7a 7s 7s 6s6a 6a 7s 7a 6a 6s 6a 6s 5s6a 6a 7s 7a 6a 6s 6a 6s 5s8a 8a 9a 8a 7a 7s 8s7s 6s 5s 6s 5a 4a 4s

Popeye - Tema do Desenho5s 6s 6s 6s 5a 5s 6sI'm Popeye, the sailor man.

6s 6a 5a 6a 7s 6a 6sI'm Popeye, the sailor man.

6s 6a 5a 6a 7s 7aI fight to the finish

6a 6s 6a 6s 5s Cause I eats me spinach.

6s 6s 6s 6s 6a 7a 7s I'm Popeye, the sailor man

Oh Susanna4s 4a 5s 6s 6s 6a 6s 5s 4sI came from Al-a-bam-a

4s 4a 5s 5s 4a 4s 4awith my ban-jo on my knee;

4s 4a 5s 6s 6s 6a 6s 5s 4sI'm goin' to Lou-'si-an-a

4s 4a 5s 5s 4a 4a 4sM-y true love for to see.

I-t rained all night the day I left

The weath-er it was dry;

Th-e sun so hot I froze to death,

Su-san-na, don't you cry.

5a 5a 6a 6a 6a 6s 5s 4s 4aOh, Su-san-na, oh, don't

you cry for me;

4s 4a 5s 6s 6s 6a 6s 5s 4sI-ve come from Al-a-bam-a

4s 4a 5s 5s 4a 4a 4swith my ban-jo on my knee.

Happy Birthday (Pa-rabéns pra Você)6s 6s 6a 6s 7s 7aHap-py birth-day to you

6s 6s 6a 6s 8a 7sHap-py birth-day to you,

6s 6s 9s 8s 7s 7a 6aHap-py birth-day to

9a 9a 8s 7s 8a 7sHap-py birth-day to you.

Como soprar e aspirar cor-retamente sua gaita

Aprenderemos ago-ra a soprar e aspirar corre-tamente uma harmônica.Sopre sua gaita com o “bafo”, ar quente ou “o ar da vida” e não com o ar frio. Tencione seu abdome pra empurrar o ar para fora como os vocalistas e outros instrumentistas de sopro. Ao utilizar o ar frio ou ar torácico você estará se limitando, pois não possui tanta reserva de ar em seus pulmões. O certo é uti-lizar seu ar residual (ar que existe em seu corpo). Com o ar quente você conseguirá um timbre mais interessante, maior controle sobre sua gaita e maior resistência física. A grande dificuldade é conseguir soprar desta forma com a embo-cadura de bico, já que a tendência natural ao usar o bico é também usar o ar frio ou torácico. Um bom exercício é acender uma vela e soprá-la com a embocadura de bico. Se a vela apagar você estava usando o ar frio, se a chama so-mente ondular você estava usando o “bafo” ou ar diafragmático (abdo-minal). Quando se acostumar com

a técnica, encha o abdome de ar e sopre o máximo que puder uma mesma nota. Tente sempre au-mentar sua resistência e o tempo de duração desta nota. Com o ar quente você pode tocar sempre no seu limite de força, pois o seu pró-prio corpo regula esta força e não permite que você agrida sua gai-ta, mantendo o timbre desejado.

Aspire sua gaita pronunciando a vogal “A”. Não é necessário voca-lizar. Desta forma você aspira com a glote (garganta) bem aberta e a língua em repouso e pra baixo, evitando sugar seu instrumento e o travamento das palhetas, incluindo a palheta 2 aspirada que costuma ser o grande problema dos inician-tes. Você deve sentir sua garganta gelada como se tivesse acabado de chupar uma bala mentolada. Portanto seus lábios devem fun-cionar somente como um canali-zador de ar e nunca use seu poder de sucção, o que é uma tendência natural ao se aspirar com o bico. Um bom teste é aspirar a mão com a embocadura de bico e obser-var se está sugando, o correto é você não exercer tal pressão. Se ainda não conseguir assimilar a técnica correta, você pode ensi-nar ao seu corpo a não sugar as

palhetas inclinando a cabeça total-mente para trás e esticando a larin-ge, ou tampando o nariz ou ainda, ao aspirar a gaita, também aspire ar pelo nariz simultaneamente. A próxima fase é aprender onde co-locar este ar. O correto é colocá-lo no abdome (respiração diafragmáti-ca). Qualquer sensação de cansaço se deve ao uso da respiração torá-cica. Observe diante de um espe-lho se seus ombros sobem quando aspira a gaita. Esse movimento in-dica o uso da respiração incorreta.

Dicas: Evite tocar gaita após co-mer. Com o diafragma comprimi-do você se sentirá mais limitado.O corpo em repouso, como duran-te o sono, aciona o uso da respira-ção diafragmática. Portanto tocar gaita deitado é um bom exercício. Coloque um livro sobre o abdome e observe o movimento do diafragma.Coloque a mão esquerda so-bre o peito e a mão direita sobre o abdome. Respire normalmen-te e observe qual mão se mexe mais. O correto é a mão direi-ta (abdome) se movimentar mais do que a esquerda (tórax).Tais técnicas estão totalmente liga-das a um bom timbre e uma per-feita fabricação de notas (bends).

Leandro Ferrari Gaitista endorsee Bends Har-mônicas, leciona aulas particula-res, idealizador do projeto Minas Harp, gravou e tocou com vá-rios grupos, incluindo a banda mineira Skank e a banda nor-te americana Living Colour.

Tel.: (31) 9632-1525> [email protected]> myspace.com/leandroferrari

Alê Magalhães George IsraelLuiz Gustavo & Alessandro Nasi Tianastácia

EstEs são alguns artistas da vitrinE núclEo dE produção

Rua Barão do Rio Branco, 44 Sala 301 Tel.: 3681-1713

2ª AULA DE GAITA

Diafragma

Traqueia

Pulmão

Diafragma

// AULA

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Alê Magalhães George IsraelLuiz Gustavo & Alessandro Nasi Tianastácia

EstEs são alguns artistas da vitrinE núclEo dE produção

Rua Barão do Rio Branco, 44 Sala 301 Tel.: 3681-1713

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