Capítulo 5
Poema: reflexo da alma e do pensamento 2
Capítulo 6
Regimento: organizando os espaços sociais 26
Capítulo 7
Cordel: um poema narrativo 48
Capítulo 8
Letra de canção: ritmo e rima 76
Volume 2
capí
tulo
Alguns textos têm função de encantar, emocionar e
sensibilizar o leitor. É o caso do poema. De um jogo feito
com as palavras, o poeta consegue descortinar vários senti-
dos para um mesmo verso ou estrofe.
Observar o mundo considerando a perspectiva do
poeta é o desafio de quem lê um poema.
Poema: reflexo da alma e do pensamento
5
Poema visual
Intertextualidade
Figuras de linguagem
Denotação e conotação
o que vocêvai conhecer
SANTOS, Militão dos. Bandeira do Brasil Naif. 2013. 1 acrílica sobre tela, 40 cm × 60 cm. ©2020 Militão dos Santos, artista plástico brasileiro. Todos os direitos reservados. Acervo Particular PE Brasil.
2
©Acervo Particular PE Brasil
Língua Portuguesa
Observe a obra de Militão dos Santos e responda às questões propostas.
1 A que país se refere essa obra de arte? Como você descobriu isso?
2 Observando os elementos representados, o que se pode concluir?
3 Que sentimento desperta em você ao contemplar essa obra? Por quê?
4 Essa obra de arte retrata características de qual espaço geográfico? Justifique sua resposta.
Conhecer a estrutura do poema.
Identificar marcas de outros textos no
poema.
Analisar essas marcas com o objetivo de
criticar ou distorcer a ideia original.
Identificar a voz presente no poema.
Produzir um poema explorando a lingua-
gem verbal e a não verbal.
Compreender a imagem formada no
poema com base na combinação de
fonemas.
Expor poemas oralmente.
objetivos do capítulo
3
estudo do texto
Poema
O poema a seguir, escrito em 1843, tem como tema a exaltação da natureza brasileira.
Leia-o atentamente e responda às questões.
Canção do exílio
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar – sozinho, à noite –
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
DIAS, Gonçalves. Canção do exílio. In: RONCARI, Luiz. Literatura brasileira: dos primeiros cronistas aos últimos românticos. São Paulo: Edusp, 2002. p. 320.
exílio: expatriação, forçada ou voluntária; degredo, desterro.
primores: belezas, encantos.
1 Ao escrever esse poema, o poeta brasileiro Gonçalves Dias residia em Portugal. Diante disso, iden-tifique a que espaços se referem as palavras “cá” e “lá” no contexto do poema.
2 Na caracterização da terra natal, há dois elementos que remetem ao Brasil. Quais são eles?
3 O que a segunda estrofe sugere sobre o Brasil?
4
Língua Portuguesa
4 Que sentimento(s) pode(m) ter motivado a escrita do poema?
5 Que desejo é manifestado explicitamente no poema?
Repare como o poema Canção do exílio apresenta musicalidade ditada pelo ritmo, o qual
é marcado pela alternância entre sílabas átonas e tônicas e também pelas rimas.
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
O poema é um gênero literário. Sua estrutura é organizada em versos, que, reunidos,
compõem as estrofes. Caracteriza-se pela sonoridade e pelo ritmo, efeitos atingidos por
uma seleção de palavras que podem ou não apresentar rimas. Outra característica do poe-
ma é a presença do eu lírico ou eu poético, a “voz” que narra os sentimentos transcritos,
que, em geral, diferem das perspectivas do poeta.
6 Que palavras rimam nas cinco estrofes do poema?
7 Explique a presença da palavra “canção” no título do poema.
Intertextualidade
Você já percebeu que alguns textos dialogam com outros, isto é, estabelecem uma rela-
ção dialógica com outro já existente. Essa “conversa” entre textos pode se dar por meio de
citação (implícita ou explícita), paráfrase ou paródia.
5
Hino Nacional[...]
Do que a terra mais garrida
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores:
Nossos bosques têm mais vida
Nossa vida, no teu seio, mais amores.
[...]
DUQUE ESTRADA, Joaquim O. Hino Nacional. In: SANTOS, Wayne T. Compreendendo os hinos brasileiros. Petrópolis: Vozes, 2002. p. 15.
Canção do exílio[...]
Nossas flores são mais bonitas
Nossas frutas mais gostosas
Mas custam cem mil réis a dúzia.
[...]
MENDES, Murilo. Canção do exílio. In: BASTOS, Alceno. Poesia brasileira e estilos de época. 2. ed. Rio de Janeiro: 7Letras, 2004. p. 125.
8 Em qual desses textos o fragmento apresentado é semelhante aos versos da Canção do exílio, de Gonçalves Dias? Identifique os versos semelhantes.
9 Em qual texto há um verso que se opõe à visão de exaltação do Brasil? Identifique o verso.
Paráfrase
Na paráfrase, a ideia do texto original é mantida, porém é efetivada, na releitura, usando
outras palavras. É o que acontece no trecho apresentado do Hino Nacional, que estabelece
relação intertextual com o poema Canção do exílio, de Gonçalves Dias.
Paródia
A paródia é uma relação intertextual caracterizada pela recriação do texto-base, geral-
mente com o objetivo de produzir efeito cômico, criticando ou distorcendo suas ideias, como
ocorre com a Canção do exílio, de Murilo Mendes, em relação ao texto de Gonçalves Dias.
Leia esses dois textos e responda às questões a seguir:
6
Língua Portuguesa
Leia a história em quadrinhos a seguir.
CAULOS. Vida de passarinho. 5. ed. São Paulo: L&PM, 2005.
10 Nessa história em quadrinhos, foram reproduzidos versos originais da Canção do exílio. O último qua-drinho, porém, revela uma situação diferente da encontrada nos versos. Pode-se, com isso, dizer que houve uma atualização do contexto apresentado no poema de Gonçalves Dias? Explique sua resposta.
11 Qual é o propósito dessa alteração?
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7
A seguir estão reproduzidos dois textos. O primeiro foi escrito por Casimiro de Abreu, no
século XIX; e o segundo, por Oswald de Andrade, no século XX. Leia-os e compare-os.
Meus oito anos
Oh que saudades que eu tenho
Da aurora de minha vida
Das horas
de minha infância
Que os anos não trazem mais
Naquele quintal de terra
Da Rua de Santo Antônio
Debaixo da bananeira
Sem nenhum laranjais.
[...]
ANDRADE, Oswald de. Meus oito anos. In: BASTOS, Alceno. Poesia brasileira e estilos de época. 2. ed. Rio de Janeiro: 7Letras, 2004. p. 126. Crédito: Poesias reunidas de Oswald de Andrade, Companhia das Letras. São Paulo, 2017. ©Oswald de Andrade
Meus oito anos
Oh! Que saudades que tenho
Da aurora de minha vida,
Da minha infância querida,
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
[...]
ABREU, Casimiro de. Meus oito anos. In: ______. Obras de Casimiro de Abreu. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1940. p. 93. (Obras-primas da literatura nacional, v. 3).
12 De que é a saudade retratada em ambos os poemas?
13 Com relação à leitura dos dois poemas, assinale a alternativa correta.
a) Os temas abordados nos poemas são diferentes.
b) O ritmo apresentado nos poemas é muito diferente.
c) O poema de Casimiro de Abreu dialoga explicitamente com o poema de Oswald de Andrade.
d) O poema de Oswald de Andrade dialoga diretamente com o poema de Casimiro de Abreu.
14 É possível entender que a releitura da Canção do exílio feita pelo quadrinista Caulos apresenta se-melhanças em relação à releitura de Meus oito anos, de Oswald de Andrade? Explique sua resposta.
8
Língua Portuguesa
Poema visual
Leia o poema a seguir, desvendando o sentido de sua forma.
conectado
1. Observando a disposição dos quatro primei-ros versos, o que se pode deduzir?
2. No 5º. verso, há uma quebra na forma em razão da quantidade de palavras em cada verso.
a) O que essa quebra brusca representa em relação ao voo do pássaro?
b) O que teria provocado essa interrupção?
c) A julgar pelos versos que sucedem o 5.º verso, o que aconteceu com o pássaro?
3. Qual é a relação entre o título e a forma do poema?
4. Analisando o poema Pássaro em vertical, como se pode definir um poema visual?
Pássaro em vertical
Cantava o pássaro e voava
Cantava para lá
Voava para cá
Voava o pássaro e cantava
de
repente
um
tiro
seco
penas fofas
leves plumas
mole espuma
e um risco
surdo
n
o
r
t
e
__
s
u
l
NEVES, Libério. Pássaro em vertical. In: AGUIAR, Vera (Org.). Poesia fora da estante. 21. ed. Porto Alegre: Projeto, 1990. p. 34. ©Liberio Neves
9
estudo da língua
Fig
Em textos literários, a repetição do som de consoantes ou vogais é um recurso que pode
tornar o texto mais expressivo. Essas repetições são classificadas como figuras de som, e o
efeito sonoro é usado como recurso estilístico.
1 Releia, em voz alta, os primeiros versos do poema Pássaro em vertical.
Cantava o pássaro e voava
Cantava para lá
Voava para cá
Voava o pássaro e cantava
b) Pensando nesse som, que efeito de sentido essa repetição constrói?
2 Agora, releia outros versos do mesmo poema.
penas fofas
leves plumas
mole espuma
e um risco
surdo
a) Nesses versos, há repetição de sons consonantais que imitam um zumbido. Que sons são esses?
Violões que choram [...]
Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpias dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.
[...]
a) Nesses versos, há repetição de um som vocálico. Que som é esse?
b) Que efeito de sentido esses sons ajudam a construir?
3 Leia os versos do poema a seguir em voz alta.
SOUZA, João da C. e. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1995. p. 123.
10
Língua Portuguesa
Que som consonantal mais se repete?
b) Sublinhe as vogais tônicas do poema. Qual som vocálico mais se repete?
c) A assonância no poema reitera que ideia presente no poema?
( ) O sonho é tumultuado, conturbado.
( ) O sonho é tranquilo.
Assonância é a figura de som
de uma ou mais vogais tôni-
cas em uma frase ou verso.
a) Qual é o som que se repete diversas vezes?
b) A repetição desses sons se assemelha
( ) ao som do dedilhar em um violão.
( ) ao canto dos pássaros.
c) Quais dos excertos a seguir fazem referência direta à aliteração do poema?
( ) “Dos ventos”.
( ) “vozes veladas”.
( ) “velhos vórtices velozes”.
( ) “Volúpias dos violões”.
4 Agora, leia o poema a seguir.
O sonho e a fronhaSonho risonho
na fronha de linho.
Na fronha de linho,
a flor sem espinho.
[...]
MEIRELES, Cecília. Ou isto ou aquilo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002. p. 62.
a) Leia as palavras a seguir, retiradas do poema O sonho e a fronha, de Cecília Meireles.
sonho risonho fronha linho espinho
Aliteração é a figura de som
de sons consonantais idênti-
-
ma frase ou verso, como em
"veludosas vozes".
11
5 Leia o poema a seguir.
Insônia
A girafa gira
No safári atrás de
safiras.
DOLABELA, Marcelo. Poeminhas & outros poemas. 2. ed. Belo Horizonte: Associação Cultural Pandora, 1998. p. 59.
a) Relacione os pares considerando as palavras cujos sons são semelhantes.
I. girafa
II. safári
( ) safiras
( ) gira
b) Nos pares de palavras do item anterior, como acontece a coincidência sonora?
( ) Entre as primeiras sílabas.
( ) Entre os sons representados pelas duas primeiras consoantes.
( ) Entre os sons representados pelas duas últimas consoantes.
Paronomásia é a figura de
som caracterizada pelo em-
similaridade sonora, porém
significados distintos.
Ode triunfal
[...]
À dolorosa luz das grandes lâmpadas eléctricas da fábrica
Tenho febre e escrevo.
Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto,
Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos.
Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r eterno!
[...]
CAMPOS, Álvaro de. O Eu profundo e os outros Eus. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2006. p. 253.
c) Como a paronomásia ajuda a construir o sentido nesse poema?
6 Leia os versos a seguir.
12
Língua Portuguesa
a)
( ) O eu lírico trabalha no campo.
( ) O eu írico é um operário.
( ) O eu lírico exalta a modernidade, o progresso industrial.
b) Sublinhe a onomatopeia
7
a) Jogo de bola
A bela bola rola:
a bela bola de Raul.
[...]
MEIRELES, Cecília. Jogo de bola. In: ______. Poesias: ou isto ou aquilo & inéditos. São Paulo: Melhoramentos, 1969. p. 12.
b) Muda
Palavra muda silencia
Palavra muda
Muda a palavra
Muda a fala
Muda sentido
Muda gente.
[...]
THEODORO, Edith C. Muda. In: ______. Simplesmente ler. São Paulo: Callis, 2011. p. 10.
Onomatopeias são palavras
usadas para representar al-
gum som, como gritos, ruídos
diversos, sons da natureza,
de animais, entre outros.
13
c)
Colar de Carolina
Com seu colar de coral
Carolina
corre por entre as colunas
da colina.
[...]
MEIRELES, Cecília. Colar de Carolina. In:______. Poesias: ou isto ou aquilo & inéditos. São Paulo: Melhoramentos, 1969. p. 7.
d)
Cheiro tem cor?
Hummmm!
De novo aquele cheiro verde
que vem lá da cozinha...
É de minha mãe misturando na panela
um punhado de salsa com cebolinha...
AZEVEDO, Alexandre. Poeminhas sensacionais. Curitiba: Positivo, 2010. p. 4.
e)
Noite de São João
[...]
Foguetes, bombas, chuvinhas,
chios, chuveiros, chiando,
Chiando, chovendo, chuvas de fogo!
Chá-Bum!
[...]
LIMA, Jorge de. Noite de São João. In: SANTOS, Wolnyr. Poesia: palavra em falta – uma anatomia do poema. Porto Alegre: WS Editor, 2002. p. 63.
14
Língua Portuguesa
f)
Barulho antigo
Taratatatá tatá
feito metralhadora
fazia a máquina de escrever
da minha vó
[...]
CUNHA, Leo. Barulho antigo. In: ______. Viva voz! Curitiba: Positivo, 2008. p. 21.
g)
Chove chuva
choverando...
Chove chuva choverando
Que a cidade de meu bem
Está-se toda se lavando.
[...]
ANDRADE, Oswald de. Chove, chuva, choverando... In: CARUSO, Carla. Oswald de Andrade. 2. ed. São Paulo: Callis, 2011. p. 31.
Sentidos denotativo e conotativo
8 Leia a tira a seguir.
ZIRALDO. O Menino Maluquinho. O Globo, Rio de Janeiro, ago. 2002.
a) descrever o personagem?
( ) Introvertido.
( ) Animado.
( ) Ativo.
©Z
ira
ldo
15
Sentido denotativo de
significado original, literal,
objetivo, independente-
aparece, transmitindo a
mensagem de forma clara e
objetiva.
Sentido conotativo fi-
gurado
expressão corresponde a
um significado novo, dife-
rente do original, expres-
sando subjetividade, de-
pendendo do contexto em
b)
9
( 1 ) Denotativo
( 2 ) Conotativo
a) ( janela
b) ( janela
c) ( leão
d) ( leão
e) ( pé direito.
f) ( pé direito.
g) ( onda
h) ( ondas
10 A palavra destacada em cada frase a seguir tem sentido conotativo. Escreva outra frase usando-a em sentido denotativo.
a) ovelha
c) O sentido dessa palavra, na tira, é conotativo ou denotativo?
d) bateria
( ) Pilha ou dispositivo usado com a intenção de fazer funcionar um
(
Os sentidos assinalados correspondem à linguagem conotativa ou denotativa?
16
Língua Portuguesa
b) chave
c) pantera
d) coração
Meu partido
É um coração partido
E as ilusões
Estão todas perdidas
Os meus sonhos
Foram todos vendidos
Tão barato que eu nem acredito
Ah! Eu nem acredito
[...]
CAZUZA; FREJAT, Roberto. Ideologia. In: CARMO, Paulo S. do. Culturas da rebeldia: juventude em questão. 2. ed. São Paulo: Senac, 2000. p. 155.
a)
b)
c)
11 Leia um trecho da canção Ideologia
17
12 Leia um trecho do poema Passagem da noite, de Carlos Drummond de Andrade.
Passagem da noite
É noite. Sinto que é noite
não porque a sombra descesse
(bem me importa a face negra)
mas porque dentro de mim,
no fundo de mim, o grito
se calou, fez-se desânimo.
Sinto que nós somos noite,
que palpitamos no escuro
e em noite nos dissolvemos.
Sinto que é noite no vento,
noite nas águas, na pedra.
[...]
ANDRADE, Carlos D. de. Passagem da noite. In: ______. Reunião. Rio de Janeiro: José Olympio, 1969. Crédito: A Rosa do Povo, Companhia das Letras, São Paulo. 2012, p. 32. Carlos Drummond de Andrade © Graña Drummond www.carlosdrummond.com.br
a) Releia este verso:
É noite. Sinto que é noite
b)
conotativo:
denotativo:
c)
( ) Sofrimento, tristeza.
( ) Cegueira.
( ) Ignorância.
d)
18
Língua Portuguesa
Poema
PreparaçãoO poeta José Paulo Paes escreveu o texto Dicionário, no qual apresenta algumas defini-
ções poéticas. Leia uma delas.
produção escrita
PAES, José P. Poemas para brincar. São Paulo: Ática, 2004.
coração
livro
computador
vento
Observe que a definição dada não apresenta uma característica científica, mas reflete
uma forma particular, subjetiva, de perceber determinado elemento.
Defina poeticamente os elementos a seguir.
Agora, escolha outros dois elementos e defina-os poeticamente.
©S
hu
tte
rsto
ck/A
usp
icio
us
Nuvem: algodão que chove.
19
Avaliação e reescrita
esses itens.
Critérios de avaliação
O texto foi escrito em versos?
Explorou recursos estilísticos, como o ritmo?
Fez uso de figuras de sons?
O título é coerente e criativo?
Produção1. Agora, inspire-se em uma das imagens apresentadas a seguir e crie um poema. Em sua
produção, procure usar ao menos um dos conceitos trabalhados neste capítulo:
ritmo;
intertextualidade;
figuras de som.
2. Antes de começar a escrever, analise cuidadosamente cada uma das imagens. Em segui-
a poesia: aves, mar, livro, céu, dia, árvores, sabedo-
elemento da natureza, sentimento ou ideia pode ser
expresso de maneira criativa. Para finalizar sua produ-
©V
lad
imir
Ku
sh
CAULOS. Paisagem. 1 serigrafia, 70 cm × 50 cm. Coleção do artista.
©C
au
los
KUSH, Vladimir. Diary of discoveries. 2015. 1 pintura, color., 61 cm × 107 cm. Coleção do artista.
20
Língua Portuguesa
Ilustrações:
Eduardo Borges.
2019. Digital.
Ilu
stra
çõe
s:
©S
hu
tte
rsto
ck/
Dro
ga
tne
v
21
Língua Portuguesa
Sarau de poesia
Preparação
produção de texto oral
Sarau é uma reunião festiva, geralmente noturna, com a finalidade de proporcionar às
Produção
-
-
-
Avaliação
Critérios de avaliação
Sua leitura foi fluente?
23
1
o que já conquistei
SOUSA, Maurício de. O Estado de S.Paulo, 11 fev. 2006.
2
a) , escrito
por
b)
No poema, essa palavra significa um tipo de árvore; na tira, um
3 -tido entre as palavras palmeiras e Palmeiras
a) Palmeiras: b) palmeiras:
4
5
O rato
O rato roeu a roupa
Do rei de Roma.
E a rainha, de raiva,
roeu o resto.
Cultura popular.
6
24
Língua Portuguesa
7
QUINO. Toda Mafalda. São Paulo: Martins Fontes, 2003. p. 73.
a)
b) -
c)
d)
8
THAVES. Frank e Ernest. Disponível em: <www.frankandernest.com>. Acesso em: 5 jun. 2019.
25
capí
tulo Regimento:
organizando os espaços sociais
6
Neste capítulo, o gê-
nero textual tratado é o
regimento escolar, conside-
rando seções relativas aos
direitos e deveres dos alu-
nos. Após o estudo de tex-
tos que têm como finalidade
regular ações e comporta-
mentos visando à harmonia
nas relações, será feita uma
enquete para saber como os
entrevistados avaliam a se-
gurança na escola.
Regimento
Pronomes relativos I
(que, quem, onde)
O regimento e a lei
Pronomes relativos II
(o qual, cujo, quanto
e variações)
Enquete e relatório:
segurança na escola
o que vocêvai conhecer
26
©Shutterstock/Maximmmmum
Ler e compreender um regimento considerando sua composição, seu estilo e sua função comunicativa.
Compreender o papel dos pronomes relativos para garantir coesão entre as partes da frase.
Reconhecer pronomes relativos como pré-requisito para o estudo das orações subordina-das adjetivas.
Discutir um caso real de regimento, submetido a juízo, que está em desacordo com o Código Civil.
Realizar enquete com um público específico, produzir relatório com o resultado e apresen-tar proposta de intervenção.
objetivos do capítulo
Língua Portuguesa
estudo do texto
Regimento
1 Converse com sua turma sobre as questões a seguir.
a) Dentre os espaços que você frequenta, quais têm regras a cumprir? Exemplifique.
b) Por que regras em espaços públicos (parques, escolas, museus, etc.) são importantes?
2 Leia o texto.
Regulamento geral do aluno
Seção I. Dos Direitos
Art. 1º. O aluno, como um ser biopsicossociocultural, deverá ser atendido em toda a sua dimensão, mediante uma formação integral, para que analise, compreenda e intervenha na realidade, visando ao bem-estar do ser humano, no plano pessoal e coletivo.
Parágrafo único – A formação integral deve ser entendida como saber essencial: saber sentir, saber inovar, saber refletir, saber fazer, saber ser crítico e saber ser ético.
Art. 2º. São prerrogativas dos alunos:
I. ser respeitado na sua condição de ser humano, usufruindo igualdade de atendimen-to, sem sofrer qualquer tipo de discriminação;
II. participar das aulas, das avaliações e demais atividades promovidas pela escola, como também solicitar orientações aos professores, teacher advisors, gestores peda-gógicos, psicólogo escolar, orientador disciplinar, sempre que julgar necessário;
III. utilizar-se das instalações e dos recursos materiais da escola, mediante prévia au-torização de quem de direito;
IV. tomar conhecimento do sistema de avaliação da escola e dos resultados obtidos em provas, trabalhos, médias e frequência, nos prazos estabelecidos, podendo, sempre que julgar necessário, solicitar revisão de provas no prazo de 48 horas, a partir da divulga-ção da mesma;
27
V. requerer e realizar provas de segunda chamada, sempre que venha a perder as provas, exclusivamente por motivo de doença, luto, casamento, convocação para atividades cívicas ou jurídicas e impedimentos por motivos religiosos (Lei Estadual nº. 7.102 de 15/01/79);
VI. requerer transferência, por si, quando maior de idade, ou através do pai ou respon-sável quando menor, bem como documentação escolar, mediante o pagamento dos encargos devidos ao estabelecimento.
Seção II. Dos Deveres
Art. 3º. Constituirão deveres do aluno:
I. entregar a documentação exigida pela escola no ato da matrícula ou, quando for o caso, no prazo estipulado;
II. apresentar sua carteirinha de identificação, ao entrar no estabelecimento ou sem-pre que lhe for solicitado, para toda e qualquer atividade;
III. ser assíduo e pontual, e comunicar ao estabelecimento qualquer impedimento de frequência às aulas;
IV. ocupar o lugar que lhe for destinado no mapeamento da sala;
V. manter-se atento e participativo durante as aulas, executando as atividades determi-nadas pelos professores, com empenho e dedicação;
VI. estudar, fazer as tarefas, portar todo material escolar solicitado e guardar os livros didáticos até o final do ano letivo;
VII. ser honesto na apresentação das tarefas, na realização das avaliações e nas atitu-des do dia a dia;
VIII. apresentar-se devidamente uniformizado em todas as atividades da escola;
IX. respeitar professores, funcionários e colegas, comportando-se adequadamente dentro e fora da escola;
X. zelar pela limpeza e conservação do patrimônio do estabelecimento;
XI. indenizar o prejuízo, quando produzir danos materiais à escola ou a objetos de propriedade de colegas, professores e funcionários;
XII. entregar à família a correspondência enviada pela escola, devolvendo-a assinada, no prazo estabelecido, quando for o caso;
XIII. comparecer às solenidades, festas cívicas e outros eventos promovidos pelo estabelecimento;
XIV. respeitar os símbolos nacionais;
XV. cuidar de seus pertences, como material escolar, peças do uniforme, objetos pes-soais, etc.;
XVI. zelar pelo bom nome e imagem do estabelecimento;
XVII. cumprir as disposições deste Regimento Escolar, bem como outras determina-ções emanadas da Direção do estabelecimento.
MANUAL da família. Disponível em: <http://www.colegiopositivo.com.br/wp-content/uploads/2018/01/download_ManualFamilia2018_EF2-Geral.pdf>. Acesso em: 6 jun. 2019.
28
Língua Portuguesa
3 -
4 tratam?
5
6
7
8 “prerrogativa”
Os incisos de artigo são
numerados em algarismos
-
grafo, escreve-se: Parágra-
fo único
§ 1.º, § 2.º
9
biopsicossocio-
cultural é um neologismo,
-
Art. 2º. São prerrogativas dos alunos:
O aluno, como um ser biopsicossociocultural, deverá ser atendido em toda a sua dimensão [...].
Complete:
-mano é um ser , ,
e
29
10
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...]
BRASIL. Constituição (1988). Constituição: República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988.
11 essa lei assegura?
12 as quais
a)
b)
13 ; e com dois, aquelas que revelam que
Art. 2º. São prerrogativas dos alunos:
I. ser respeitado na sua condição de ser humano, usufruindo igualdade de atendimento,
sem sofrer qualquer tipo de discriminação;
II. participar das aulas, das avaliações e demais atividades promovidas pela escola, como
também solicitar orientações aos professores, teacher advisors, gestores pedagógicos, psi-
cólogo escolar, orientador disciplinar, sempre que julgar necessário;
III. utilizar-se das instalações e dos recursos materiais da escola, mediante prévia autori-
zação de quem de direito;
IV. tomar conhecimento do sistema de avaliação da escola e dos resultados obtidos em pro-
vas, trabalhos, médias e frequência, nos prazos estabelecidos, podendo, sempre que julgar
necessário, solicitar revisão de provas no prazo de 48 horas, a partir da divulgação da mesma;
V. requerer e realizar provas de segunda chamada, sempre que venha a perder as provas,
exclusivamente por motivo de doença, luto, casamento, convocação para atividades cívicas
ou jurídicas e impedimentos por motivos religiosos (Lei Estadual n.º 7.102 de 15/01/79);
VI. requerer transferência, por si, quando maior de idade, ou através do pai ou responsável
quando menor, bem como documentação escolar, mediante o pagamento dos encargos
devidos ao estabelecimento.
30
Língua Portuguesa
14
a)
b)
c)
d) Respeito aos bens da escola:
e) Respeito à pátria:
15
VI. estudar, fazer as tarefas, portar todo material escolar solicitado e guardar os livros didáti-cos até o final do ano letivo;
a)
b)
16
a)
b) -
c) -
d)
17
a)
b)
31
estudo da língua
Pronomes relativos I 1 Releia um trecho do regulamento escolar que trata dos deveres dos alunos.
IV. ocupar o lugar que lhe for destinado no mapeamento da sala;
a) De acordo com o inciso, o que se espera que os alunos façam?
( ) Espera-se que os alunos ocupem qualquer lugar da sala.
( ) Espera-se que os alunos ocupem apenas os lugares destinados a eles.
( ) Espera-se que os alunos escolham seus lugares no mapeamento da sala.
b) Qual vocábulo a palavra “que” retoma?
c) Como esse pronome relativo contribui para o encadeamento das ideias contidas no trecho?
( ) O pronome atribui mais formalidade ao texto, alongando os períodos.
( ) O pronome evita a repetição de substantivos já mencionados no texto.
( ) O pronome detalha ou explicita palavras que já apareceram no texto.
( ) O pronome introduz uma explicação contrária àquela já mencionada no texto.
A palavra que, em
muitas orações,
retoma termos
anteriormente cita-
dos. Nesse caso, é
chamada de prono-
me relativo. Assim,
ela estabelece uma
ligação entre ora-
ções, isto é, reúne
os períodos.
2 Leia o texto a seguir e faça o que se pede.
Os alunos devem guardar os livros didáticos. Os livros didáticos podem vir a
ser úteis.
a) Sublinhe os períodos.
b) Circule as expressões que se repetem nas orações.
c) Una os períodos utilizando o pronome relativo que, evitando repetições desne-cessárias.
d) O pronome que retoma qual substantivo na frase?
3 Forme dois períodos excluindo o termo que, conforme o modelo.
Os lugares estão marcados no mapeamento, que deve ser obedecido.
Os lugares estão marcados no mapeamento. O mapeamento deve ser obedecido.
a) Os alunos buscam a formação integral, que é o objetivo da escola.
b) A escola promove a formação integral dos alunos, que é seu objetivo prioritário.
32
Língua Portuguesa
c) Brasileiros e estrangeiros têm direito à igualdade, que é um bem constitucional.
d) Os regimentos devem seguir a Constituição, que é a carta magna do país.
variáveis invariáveis.
PRONOMES RELATIVOS
Variáveis
InvariáveisMasculino Feminino
Singular Plural Singular Plural
o qual os quais a qual as quais que
cujo cujos cuja cujas quem
quanto quantos quanta quantas onde
Que
4 Leia este poema e faça o que se pede:
Quadrilha
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.
ANDRADE, Carlos D. de. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002. p. 26. Crédito: Alguma poesia. Companhia das Letras. São Paulo. 2013, p. 54. Carlos Drummond de Andrade © Graña Drummond www.carlosdrummond.com.br
Entre os pronomes re-
que
o nome de pessoas e
de coisas (substanti-
vos), evitando-se, as-
sim, a repetição de um
termo na frase.
Releia estes versos e, em seguida, complete as lacunas com os nomes substituídos pelo pro-
nome relativo em destaque:
João amava Teresa que (1) amava Raimundo
que (2) amava Maria que (3) amava Joaquim que (4) amava Lili
que (5) não amava ninguém.
33
Que -
me relativo quando é possí-
o qual,
a qual os quais as quais,
conforme o termo a que se
refere.
6 Leia o conto As pérolas, escrito por Drummond, e responda às questões.
As pérolas
Dentro do pacote de açúcar, Renata encontrou uma pérola. A pérola era evidentemen-te para Renata, que sempre desejou possuir um colar de pérolas, mas sua profissão de do-ceira não dava para isto. Agora vou esperar que cheguem as outras pérolas – disse Renata, confiante. E ativou a fabricação de doces, para esvaziar mais pacotes de açúcar. Os clien-tes queixavam-se de que os doces de Renata estavam demasiado doces, e muitos devolviam as encomendas. Por que não aparecia outra pérola? Renata deixou de ser doceira qualificada, e ultimamente só fazia arroz-doce. Envelheceu. A menina que provou o arroz-doce, aquele dia, quase ia quebrando um dente, ao mastigar um pedaço encaroçado. O caroço era uma pérola. A mãe não quis devolvê-la a Renata, e disse: “Quem sabe se não aparecerão outras, e eu farei com elas um colar de pérolas? Vou encomendar arroz-doce toda semana”.
ANDRADE, Carlos D. de. Histórias para o rei. 9. ed. Rio de Janeiro: Record, 2006. p. 34. Crédito: Contos Plausíveis. Companhia das Letras. São Paulo. 2012. Carlos Drummond de Andrade © Graña Drummond www.carlosdrummond.com.br
a) Qual é a semelhança entre a pérola e o açúcar?
b) Renata deixou de encontrar a tão sonhada pérola novamente por motivo de distração? Que fato mencionado no texto comprova sua resposta?
O pronome relativo que
tem papel de destaque na
construção desse poema. É
repetido várias vezes, indi-
cando termos anteceden-
tes diferentes.
Na primeira ocorrência, o pronome substitui o nome ; na
; na quar-
ta, ; e, na quinta, .
5 Leia a informação ao lado e reescreva os três versos da questão anterior fazendo a substituição adequada.
34
Língua Portuguesa
7 que
8 Una as orações em um único período, utilizando o pronome relativo que para evitar a repetição de palavras.
a) Uso frequentemente o computador. Ganhei o computador de meu pai.
b)
c) Estamos lendo um livro. O livro foi escrito por Ariano Suassuna.
d) No Brasil, foi lançado um celular. O celular tem boa qualidade.
e) Meus amigos irão ao show. O show acontecerá no maior estádio do país.
que
Observe estes exemplos:
em que
a que
de que
com que
9 Una as orações em um único período, utilizando o pronome relativo que antecedido da preposição exigida pelo verbo.
a) A meta foi vencida. O atleta aspirava a uma meta.
b) O chocolate acabou. Gostamos do chocolate.
c) O professor é competente. O aluno simpatiza com o professor.
d)
e) O livro já está sendo vendido. O professor fez referência ao livro.
35
Onde
onde em que.
Exemplo:
onde/em que
Se o contexto fizer referência a um nome (substantivo) que não seja de lugar, deveremos
em que no qual na qual nos quais nas quais. Exemplo:
em que/no qual
O navio negreiro
[...]
São os filhos do deserto,
Onde a terra esposa a luz.
Onde vive em campo aberto
A tribo dos homens nus...
São os guerreiros ousados
Que com os tigres mosqueados
Combatem na solidão.
Ontem simples, fortes, bravos.
Hoje míseros escravos,
Sem luz, sem ar, sem razão...
[...]
ALVES, Castro. Obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1966. p. 248.
a) Qual é o assunto principal do poema?
b) A que termo se refere "Onde", no segundo e terceiro versos?
( ) "filhos". ( ) "deserto". ( ) "terra".
c) Que outro pronome relativo consta nesse trecho? A que termo ele se refere?
Aquela é a igreja de onde saíram os turistas.
a) Nessa oração, o pronome relativo "onde" se refere a que termo?
b)
10 Leia um trecho do poema O navio negreiro, de Castro Alves, e responda às questões.
11 ondeoração e responda às questões:
36
Língua Portuguesa
Aonde/donde
As formas aonde e donde devem ser empregadas quando acompanharem verbos que
ir chegar levar.
a aonde. Exemplo:
aonde
de donde de onde. Exemplo:
de onde
12 onde aonde donde.
a) O turista perguntou
b)
c)
d)
e)
f)
g)
h)
i)
Quem
13 A Seção IV do Regulamento geral do aluno trata das medidas pedagógicas disciplinares. Leia um dos parágrafos dessa seção.
§ 4º. O aluno retirado da sala por conduta inconveniente será encaminhado ao orientador disciplinar ou ao gestor, a quem caberá aplicar as medidas previstas nos incisos I a V do presente artigo.
MANUAL da família. Disponível em: <http://www.colegiopositivo.com.br/wp-content/uploads/2018/01/download_
ManualFamilia2018_EF2-Geral.pdf>. Acesso em: 23 set. 2019.
a) Identifique o referente da expressão em destaque.
b) Qual é a natureza do referente?
( ( ) Lugar. ( ) Situação.
c) Como se classifica a palavra “quem” nesse contexto?
37
estudo da língua
Pronomes relativos II
O qual, os quais, a qual, as quais
o qual, os quais, a qual e as quais, assim como o que, são usados
a qual
que
a tia.
2. Quando o antecedente se encontra distante. Exemplo:
o discurso o qual
repercussão na mídia.
3. Com palavras de duas ou mais sílabas. Exemplo:
algumas das quais
que -
ção. Exemplos:
perante as quais
sobre os quais
segundo a qual
quem
a.
quem
Quando o verbo é transitivo indireto, o pronome aparece antecedido da preposição exi-
gida pelo verbo ou pelo nome.
por quem
14 quem.
a) Este é meu professor. Admiro o professor.
b) Uma pessoa maravilhosa está nesta foto. Apaixonei-me por ela.
c) O ator representa papéis difíceis. Eu me referi ao ator.
38
Língua Portuguesa
Cujo, cujos, cuja, cujas
Os pronomes relativos cujo, cujos, cuja e cujas exprimem posse e se referem a um nome
antecedente (ser possuidor) e a um nome consequente (ser possuído), com os quais concor-
dam em gênero e número. Exemplo:
cujas
períodos a seguir.
A mãe tinha um filho doente. A mãe atravessava o rio em busca de um especialista.
-
elemento possuidor pronome ser pos-
suído
cujo filho
cujo cuja cujos cujas
de cuja
1 Observando a regência verbal, una os períodos usando os pronomes relativos cujo, cujos, cuja ou
cujas.
a)
b) A escritora lançou um belo romance. A professora de Literatura fez alusão a seu livro ontem.
c)
d)
e)
f)
g)
as obras.
h) O filhote de cão custa caro. Apaixonei-me por sua raça.
39
Traziam alguns deles arcos e setas, que todos trocaram por carapuças ou por qualquer coisa
que lhes davam. Comiam conosco do que lhes dávamos. Bebiam alguns deles vinho; outros o
não podiam beber. Mas parece-me, que se lho avezarem, o beberão de boa vontade.
Andavam todos tão dispostos, tão bem-feitos e galantes com
suas tinturas, que pareciam bem. Acarretavam dessa lenha, quan-
ta podiam, com mui boa vontade, e levavam-na aos batéis.
avezarem
a) O que Pero Vaz de Caminha descrevia nesse trecho?
( ) Os comerciantes. ( ) A fauna selvagem. ( ) Os nativos brasileiros.
b) Como é possível chegar a essa conclusão?
4 Releia este trecho:
CAMINHA, Pero V. de. A carta de Pero Vaz de Caminha. Disponível em: <http://objdigital.bn.br/Acervo_Digital/livros_eletronicos/carta.pdf>. Acesso em: 19 set. 2019.
Acarretavam dessa lenha, quanta podiam, com mui boa vontade, e levavam-na aos batéis.
a) Sublinhe o pronome relativo presente nesse trecho.
b) Qual é o referente desse pronome relativo?
2
I. O acesso à internet permite a produção de reportagens mais completas.
II.
Assinale as alternativas que apresentam uso correto do pronome relativo para unir as duas orações.
a) O acesso à internet, cujos dados podem ser consultados por jornalistas de dentro das reda-ções, permite a produção de reportagens mais completas.
b) Os dados da internet, cujo acesso permite a produção de reportagens mais completas, podem
c) De dentro das redações, os jornalistas podem consultar a internet, cujo acesso permite a pro-
d)
tanto todo
tudo. Exemplo:
tanta quanto
tudo quanto
3 Leia a seguir um trecho extraído do primeiro documento oficial do Brasil, a carta de Pero Vaz de Caminha, escrivão da frota de Pedro Álvares Cabral.
40
Língua Portuguesa
PreparaçãoLeia o texto a seguir.
produção escrita
Resumo: Verifica-se que os direitos da personalidade vêm sendo constantemente expostos na internet,
tanto por seus titulares quanto por terceiros. O grande avanço tecnológico permitiu o desenvolvimento de
diversos mecanismos para a captação, a manipulação e a divulgação da imagem da pessoa humana, o que
estudos relativos tanto ao conteúdo do direito à imagem quanto aos meios para a sua proteção na internet.
No presente artigo, concluiu-se que, em regra, a utilização não autorizada da imagem alheia deveria ser
proibida independentemente de eventual lesão à honra, salvo se as peculiaridades e as circunstâncias do
caso legitimassem tal uso. O direito à imagem encontra-se envolvido em diversos conflitos de interesses,
que em geral se relacionam também a liberdades fundamentais, de modo que a solução do caso concreto
TEFFÉ, Chiara S. de. Considerações sobre a proteção do direito à imagem na internet. Disponível em: <http://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/531158/001104250.pdf>. Acesso em: 3 jul. 2019.
De que tipo de direito o texto trata?
( ) Direito à proteção de bens.
( ) Direito à proteção de imagem.
( ) Direito à proteção de valores.
Releia o texto e converse com os colegas sobre as questões a seguir.
Você percebe esse tema como uma questão de segurança?
Como você avalia a proteção da sua imagem hoje?
ProduçãoCada escola apresenta particularidades e variações em relação ao espaço físico, à localização
da segurança de uma instituição. O regulamento escolar, por exemplo, é uma ferramenta que as
escolas usam para garantir a proteção dos direitos das pessoas que ocupam esse espaço.
No texto, a autora afirma que uma escola segura “é aquela que apresenta maior conhe-
cimento dos seus fatores de risco e planeja sua segurança”.
41
O primeiro passo dessa produção é planejar uma enquete
para saber como os agentes escolares percebem a segurança da
escola.
1. Organizem-se em equipes de quatro participantes e determi-
-
Finais, alunos do Ensino Médio, etc. Definam, também, qual
2. O objetivo da enquete é descobrir como a segurança da es-
vulnerabilidade.
3. Todas essas definições devem constar em um texto introdutó-
rio da pesquisa.
4. Finalizado esse texto, organizem as perguntas, lembrando que,
sejam perguntas abertas para que vocês consigam informa-
ções mais detalhadas.
5. Antes de aplicar a enquete, as equipes devem trocar informa-
ções sobre as perguntas que elaboraram e, se julgarem neces-
6. Após essa etapa, as equipes podem aplicar a enquete, sem es-
-
sultado à escola como uma colaboração de vocês.
7. Pronta a pesquisa, vocês devem apresentar os resultados
para a turma e avaliar se são consistentes para, então, redi-
gir um relatório em nome da equipe à direção da escola com
o resultado das enquetes. O objetivo é colaborar com dados
risco. Por fim, façam propostas de intervenção para o pro-
blema apresentado.
Avaliação
As perguntas elaboradas foram pertinentes para obter o resultado da pesquisa?
Fizeram um relatório com o resultado da pesquisa usando linguagem formal?
O relatório apresenta título, introdução, desenvolvimento e conclusão?
Fizeram propostas de intervenção para o problema?
A enquete é uma reunião
de testemunhos ou opi-
niões de um determinado
número de pessoas sobre
algum assunto específico.
Pergunta fechada
Exemplo: Qual foi o me-
lhor jogador de futebol do
mundo?
( ) Pelé
( ) Maradona
A pergunta aberta não
apresenta alternativas, por-
tanto qualquer resposta
é possível. É indicada para
enquetes que não tenham
um grande número de
entrevistados.
O relatório é um texto
usado para relatar uma
atividade.
É escrito com linguagem
formal e deve conter:
• título
• introdução
• desenvolvimento
• conclusão
42
Língua Portuguesa 43
44
Língua Portuguesa
Preparação
produção de texto oral
Software é um termo técni-
co que se refere a um con-
junto de informações que,
ao ser traduzido por um
computador, comanda suas
funções.
As redes sociais, assim como os espaços físicos de convivência
social, têm um regimento interno com o objetivo de regular as
-
ços, tecnologias e softwares oferecidos.
Com base nessa informação, acesse uma rede social à escolha
da turma e encontre os Termos de Serviço. Faça a leitura desse
regimento e tome notas sobre o que é apresentado para, poste-
riormente, conversar com seus colegas.
ProduçãoSob a orientação do professor, organizem-se em círculo e conversem sobre as ideias vei-
culadas nos Termos de Serviço da rede social escolhida. Antes, criem regras para que todos
possam falar, interagir com os colegas, acrescentar ou refutar informações. É importante
que todos participem.
Respeitar a vez de um colega falar e sinalizar sua participação antes de tomar a palavra
são ações imprescindíveis em uma roda de conversa.
Elaborem um roteiro para comentar o que foi lido com as informações que julgar rele-
vantes. Abordem questões como:
1. De qual rede social você acessou os Termos de Serviço?
3. Qual é o objetivo desse gênero textual?
4. O tema exposto nesse texto envolve um conflito. Que partes estão envolvidas e que
conflito é esse?
5. Quais subtítulos existem nesse regimento? Comente aqueles que mais chamaram sua
atenção.
6. É possível relacionar esses Termos à Constituição Federal? Em quais informações?
7. Nos Termos de Serviço, é possível encontrar informações sobre a idade permitida para
uso dessa rede social? Qual é?
8. De modo geral, essa idade é respeitada?
9. A que conclusão se pode chegar a respeito desse regimento?
10. Após tomar conhecimento sobre esses Termos, sua opinião mudou em relação a essa
rede social? Explique sua resposta.
45
O debate foi produtivo, ajudando a esclarecer as ideias veiculadas no texto?
Houve participação de todos?
A discussão trouxe alguma informação nova?
Os termos jurídicos foram pesquisados e esclarecidos?
O funcionamento da rede social ser tornou mais claro?
AvaliaçãoFaçam uma avaliação coletiva da atividade com base nos critérios a seguir.
1 Assinale as alternativas que apresentam características de um regimento.
a) Seção.
b) Enredo.
c) Inciso.
d) Linguagem conotativa.
e) Linguagem denotativa.
2 Transforme períodos simples em períodos compostos usando o pronome relativo que para ligar as orações.
a) O aluno é atento e participativo. O aluno alcança bons resultados.
b)
c) Os alunos fizeram a enquete. Os alunos chegaram a uma conclusão interessante.
d) A segurança é um item essencial. A segurança vem sendo discutida mais intensamente.
3 Assinale as alternativas incorretas e explique o problema existente na formulação das frases.
a) Trata-se de uma pessoa de quem gostamos muito.
b) Trata-se de uma pessoa a quem gostamos muito.
c) Trata-se de uma mesa de quem fazemos as tarefas.
o que já conquistei
46
Língua Portuguesa
4 Reescreva as frases a seguir substituindo o pronome relativo que por o qual, os quais, a qual ou as quais.
a) Regimentos que são alterados para punir moradores inadimplentes são ilegais.
b) As proibições que são ilegais submetem o morador a situações vexatórias.
c)
d) A coação é uma atitude ilegal que pode causar prejuízos ao condomínio.
5 uma preposição.
a) Os jovens pais estiveram presentes sentiram-se prestigiados.
b) os passarinhos faziam ninho foi derrubada.
c) As incumbências eram tantas eles podiam resolver.
d) espera sempre alcança, diz o ditado.
e) Não entendi o conteúdo foi explicado hoje.
f) Desconheço a pessoa
g) Nunca mais voltei à cidade nasci.
h)
6 Sublinhe, em cada um dos trechos, a oração subordinada iniciada por um pronome relativo.
a) O primeiro questionamento que surge na cabeça dos pais é se a escola conta com uma estrutura
b) A segurança se tornou, para os pais, o critério mais importante na hora de escolher a escola onde seus filhos irão estudar.
c) Uma instituição de ensino verdadeiramente segura é aquela que tem consciência de seus fato-
res de risco e planeja sua segurança.
d) -
sas do condomínio.
e) não as expressamente previstas em lei, vão na contramão do princípio de dignidade da pessoa
humana.
7 Os pronomes relativos não têm significação própria, pois se referem ao termo antecedente. Trans-
creva os termos a que os pronomes presentes nos trechos da atividade anterior fazem referência.
a)
b)
c)
d)
e)
47
capí
tulo
Entrevista
Orações subordinadas
adjetivas
Cordel
Pontuação das orações
subordinadas adjetivas
Cordel em jogral
Orações subordinadas
adjetivas desenvolvidas
e reduzidas
Uma história para
um cordel
o que vocêvai conhecer
Cordel: um poema narrativo7
Este capítulo se inicia
com uma entrevista realiza-
da com o cordelista Paulo
Nunes Batista, para se co-
nhecer um pouco mais so-
bre essa literatura popular.
Só então, será feita a leitura
de um cordel, observando-
-se suas características com-
posicionais e sua narrativa.
BORGES, J. O monstro do Sertão. In: PENTEADO, José O. (Org.). A arte
de J. Borges: do cordel à xilogravura. Curitiba: Museu Oscar Niemeyer, 2008.
©Museu Oscar Niemeyer, Curitiba, PR
48
Língua Portuguesa
Ana Lúcia Nunes e Mário Henrique
Numa casa simples do centro de Anápolis (GO), Paulo Nunes Batista recebeu nossa equipe
muito sentimento sua história na arte [...].
Segundo ele, esta pode ser uma de suas últimas entrevistas. O poeta sofre de isquemia cerebral e mal con-
segue ler hoje.
Ele tem 319 escritos de cordel, folhetos e ABCs, entre obras publicadas e inéditas. É bacharel em direito e
jornalista profissional. Trabalhou como vendedor ambulante de folhetos de cordel e livros. Conquistou vários
prêmios literários. É citado na enciclopédia Delta Larousse. Tem poemas traduzidos para o espanhol, inglês e
japonês e mais de dez livros publicados.
Observe a xilogravura e responda às questões.
1. Você já ouviu falar em xilogravura? O que é isso?
3. Em que região brasileira essa representação faz sentido? Por quê?
4. Essa representação se dá por meio de qual figura de linguagem?
Ler e identificar, em uma entrevista, sua estrutura composicional e as característi-cas de linguagem.
Ler e identificar, em um cordel, sua estru-tura composicional e as características de linguagem.
Compreender que a oração adjetiva, assim como o adjetivo, atribui caracterís-ticas ao substantivo.
Identificar os termos a que as orações adjetivas se referem e sua estrutura, sempre iniciada por um pronome relativo.
Compreender que a oração adjetiva pode
tanto restringir quanto explicar uma característica do substantivo.
Identificar os diferentes sentidos assumi-dos pela oração adjetiva, relacionando-os à presença ou à ausência de vírgula.
Compreender que as orações adjetivas podem se apresentar na forma desenvol-vida ou reduzida.
Organizar e apresentar um cordel em for-mato de jogral.
Produzir um cordel com base em história conhecida.
objetivos do capítulo
estudo do texto
Entrevista
A entrevista a seguir foi concedida pelo cordelista Paulo Nunes Batista ao jornal
Democracia. Leia-a com atenção.
49
AND – Paulo, como a vida que você teve influenciou sua obra?
– Meu pai era dono de livraria e de tipografia. Então tínhamos uma vida confortável. Quando o meu
-
ba. Aliás, a história do cordel no Brasil começa com minha família, segundo os livros. Em 1797, nascia o meu
bisavô, Agostinho Nunes da Costa. Ele foi cantador e glosador famoso no Nordeste. Participou do núcleo
inicial do cordel no Brasil, na Serra do Teixeira (PB). Três de seus filhos foram poetas, dentre eles o meu avô
materno, Ugolino Nunes da Costa ou mestre Gulino. Meu avô Ugolino foi um grande cantador repentista,
-
parte de minha mãe e de meu pai, que eram primos, há vários cantadores, repentistas e cordelistas famosos.
Eu levantei 50 cantadores famosos na nossa família.
-
pentista canta versos de improviso. O cantador apenas canta, ele pode simplesmente ter decorado os versos.
Coquista é o cantador de coco, ele pode ser repentista ou não. Ele decora e canta, utilizando o pandeiro ou o
PNB -
te ia para a feira comprar cordel porque o filho dele que estava na escola podia ler para ele. Então, o cordel
é um veículo de difusão de cultura muito importante. No Nordeste muita gente aprendeu a ler através do
cordel. O cordel inspirou vários autores, como Jorge Amado e Ariano Suassuna. Ele é a poesia popular não
erudita, não sofisticada, não da elite. É poesia do povo, feita em folhetos baratos, humildes. Essa poesia
do povo transmite de geração para geração os conhecimentos, as lutas, como a do camponês sem-terra. O
cordel é um universo que pode abranger todo o conhecimento do povo: os camponeses, os cangaceiros, os
beatos, os latifundiários, a seca, a miséria. É uma riqueza só. Atualmente existe também o cordel urbano que
é feito nas cidades, mas o originário é o do Sertão. É a história dos bois brabos que ninguém pegava, dos can-
gaceiros. O meu cordel tem um pouco de tudo. O cordel tem a maior significação na difusão, na divulgação
da cultura popular. Essa é sua missão, que está amassada pela anticultura, contracultura norte-americana.
Existiam milhares de folhetarias de cordéis no Brasil, mas hoje estão reduzidas a meia dúzia. Hoje, quem vive
de cordel no Brasil? Um ou outro lá no Nordeste porque não tem público, o povo não compra mais cordel. [...]
PNB
Os cordelistas e cantadores de viola estão vendidos ao sistema porque o que dá dinheiro para eles é isso. É
o latifundiário que paga a cantoria deles. Então eles acabam tendo que cantar para os latifundiários. Como
eu sempre procurei viver independente, vendendo meus folhetos, eu me libertei disso. Raramente trabalhei
para patrão, depois fui trabalhar no Estado por concurso. [...] Eu não jogo confete em capitalista nenhum. Foi
um verdadeiro milagre eu ter sido eleito para a Academia Goiana de Letras [...].
[...]
50
Língua Portuguesa
PNB
memorizar. Eu fiz muitos ABCs e vou até publicar um livro só com eles agora. O ABC é fácil de gravar e nin-
guém faz mais ABCs. Ele é tão antigo que tem até na Bíblia. Também quando os portugueses chegaram, eles
trouxeram a poesia popular em folhas volantes e em ABC porque era fácil memorizar.
pai. Escreveu mais de mil folhetos e nunca fez outra coisa na vida. Ele chegava à venda, [...] pedia ao dono
um papel de embrulho e escrevia um folheto na hora como pagamento. Qualquer acontecimento, ele fazia o
folheto na hora. Tinha uma pequena prensa em casa e imprimia os folhetos para vender na feira. Houve ou-
tros grandes cordelistas, como José Camelo de Melo Rezende, Manoel de Almeida Filho. Meu pai foi grande
cordelista também, mas como o Leandro não teve.
PNB
em sextilha ou em setilhas (sete linhas). O Patativa colocou linguagem caipira no meio do cordel, uma coisa
eram cordelistas autênticos. Autêntico mesmo é Azulão, Mocó. O Mocó vivia miseravelmente e era um corde-
lista formidável. Veja só um verso dele, quando ele chegou à Paraíba e estava uma seca danada:
“O nordeste está tranco,
cercado por uma desgraça imensa,
uma banda já caiu,
a outra banda está pensa,
e neste grande aperreio,
sofre o nortista no meio
igual à marca na prensa.”
Olha a imagem desse homem, é um poeta do povo, um homem quase analfabeto.
PNB
aquele que diz o que o povo sente. É o poeta que não está ligado a latifundiário, à elite, mas ao povo. O povo
está com fome porque não tem dinheiro, não recebe pelo que produz, então ele escreve sobre isso. [...]
PNB
ela publicou o folheto havia muito preconceito. Mulher não podia escrever cordel. O que o homem pode
fazer a mulher pode fazer igual. Ela tem inteligência, cultura, vontade. [...]
NUNES, Ana L.; HENRIQUE, Mário. Entrevista: Paulo Nunes Batista – o cordel na poesia do povo. Disponível em: <http://www.anovademocracia.com.br/no-33/360-entrevista-paulo-nunes-batista-o-cordel-na-poesia-do-povo>. Acesso em: 23 set. 2019. ©Editora Aimberê
51
1 Uma entrevista pode ser individual (dada a apenas um veículo de comunicação) ou coletiva (concedi-
2 Identifique as partes que, geralmente, compõem uma entrevista.
3 Como os interlocutores, isto é, entrevistador e entrevistado, estão identificados graficamente na série de perguntas e respostas?
4 Com que objetivo os interlocutores foram identificados dessa forma?
5 O tratamento do entrevistador com o entrevistado é formal ou informal? Apresente exemplos que comprovem sua resposta.
6 Que estratégia inicial o jornal usou para mostrar ao leitor a literatura de cordel como uma arte re-presentativa de um povo?
7 As entrevistas são feitas, geralmente, com pessoas de projeção, as quais respondem a perguntas elaboradas por jornalistas. Considerando a resposta de Paulo Nunes Batista à segunda pergunta, por que razões o jornal o elegeu para ser o entrevistado da edição?
8 Preencha o quadro a seguir com explicações de Paulo Nunes Batista sobre as palavras referentes à
literatura de cordel.
Glosador
Cordelista
52
Língua Portuguesa
Repentista
Cantador
Coquista
9 Por meio de uma entrevista, o leitor pode conhecer o posicionamento do entrevistado a respeito de determinado assunto. Transcreva trechos que revelem a visão do cordelista Paulo Nunes Batista sobre
a)
b)
c)
d)
e)
f) a participação da mulher no cordel.
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10 Por que o cordel produzido por Paulo Nunes Batista é considerado de resistência?
11 Segundo o entrevistado, o ABC apresenta uma facilidade. Que facilidade é essa e por que isso ocorre?
estudo da língua
que introduzem as orações subordinadas adjetivas. Leia este exemplo, obser-
vando o adjetivo e a quem ele se refere. Em seguida, acompanhe as explicações.
era
adjetivo
Esse período é simples, pois tem apenas uma oração. Contudo, pode-se transformar o
adjetivo em verbo, construindo-se, dessa forma, uma oração adjetiva.
era encantava.
Nota-se, com isso, que é possível caracterizar um termo por meio de uma única palavra
subordinada adjetiva.
-
tantivo antecedente.
54
Língua Portuguesa
1 Transforme os períodos simples em períodos compostos nos quais a oração subordinada seja adjetiva.
a) confortável.
b) .
c) urbano.
d) Para o poeta popular, há cordéis s.
2 Nas orações abaixo, as expressões destacadas caracterizam o sentido dos substantivos a que se re-ferem. Reescreva os períodos transformando essas expressões em orações subordinadas adjetivas.
a) , foi criticado na entrevista.
b) Maria das Neves Batista Pimentel, , sofreu preconceito por ser mulher.
c) , era dono de livraria e de tipografia.
d) s, tiveram seus nomes citados por poe-tas famosos do Brasil.
e) Delta Larousse, tem poemas traduzidos em várias línguas.
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Nesse exemplo, o adjetivo é explicativo, pois explicita uma característica que é própria
do cordel, uma vez que todo cordel é popular. O adjetivo "popular", nesse caso, poderia ser
excluído, sem causar prejuízo à mensagem.
O mesmo raciocínio pode ser aplicado às orações subordinadas adjetivas, as quais po-
ou .
3 sua resposta.
a) que fica em Goiás, Paulo Nunes Batista recebeu a equipe de reportagem.
b) , são artistas tradicionais da Região Nordeste.
c)
d) simples.
e) O cordel, , apresenta diferentes categorias de cordelistas.
A classe dos adjetivos pode tanto restringir o sentido de um substantivo quanto explicar
uma característica que lhe é própria. Observe estes dois exemplos:
.
Nesse caso, o adjetivo "popular" atribui uma característica particular ao substantivo "carro".
-
to, o adjetivo é restritivo.
é vendido em folhetos.
56
Língua Portuguesa
f) Os livretos custam caro.
Repentistas são mais independentes.
4 Assinale para as orações adjetivas explicativas e R para as restritivas.
(
( ) A Terra, , é o nosso planeta.
(
( que tem areia, pode ser fonte de doenças de pele.
( ) Os livros
( ra, são considerados causadores de poluição natural.
Cor
Leia o poema de cordel a seguir. Seu autor, Arievaldo Viana Lima, é o criador do proje-
adultos. O projeto é adotado pela Secretaria de Educação, Cultura e Desporto de Canindé,
no Ceará, e por outros municípios brasileiros. O cordelista é também membro da Academia
Brasileira de Literatura de Cordel.
Encontro com a consciência
Bons leitores vou narrar
Um caso que foi passado
Num livro muito decente
Foi o fato relatado
Minhas são somente as rimas
Nada aqui é inventado.
O senhor Ramiro Chaves
Um grande caminhoneiro
Que nasceu e se criou
Nos vales de Tabuleiro
Em seu livro de memórias
Diz que o caso é verdadeiro.
conectado
57
Pois bem, vamos à história.
Do jeito que foi narrada
Dizem que um fazendeiro
De vida boa e honrada
Nas estradas do destino
Caiu em grande cilada.
Leonel dos Santos era
Este dito fazendeiro
Morava nos Inhamuns
Era pacato e ordeiro
Por ser muito inteligente
Sabia ganhar dinheiro.
Em novecentos e seis
Do outro século passado
Veio ele à Fortaleza
Pedir dinheiro emprestado
Pra comprar gado de corte
Com um lucro avantajado.
Cinquenta contos de réis
Pretendia o fazendeiro
Foi ao Banco do Brasil
Lá conseguiu o dinheiro
Passou ele a comprar gado
Contente e bem prazenteiro.
Entregou sua fazenda
A um parente e amigo
Tocando sua boiada
Jamais pensou em perigo
Mas a sorte e o azar
São como o joio e o trigo.
Aconteceu uma tragédia
Quando o negócio já ia
Crescendo de vento em popa
Melhorando a cada dia
Por uma fatalidade
Perdeu vultosa quantia.
Tinha ele por costume
Toda vida descansar
Na sombra de uma oiticica
Depois do burro amarrar
Preparava qualquer coisa
Para ali mesmo almoçar.
Nesse tempo se vivia
Com certa tranquilidade
O povo de antigamente
Prezava a honestidade
Seu Leonel era um desses
Que não pensava em maldade.
Mas foi a fatalidade
Que este dano originou
Chegando na oiticica
Os seus alforjes tirou
Num galho da dita árvore
Com cuidado pendurou.
Dentro de um dos alforjes
A sua fortuna estava
Mais de cem contos de réis
O fazendeiro levava
Com um lapso de memória
Este pobre não contava.
Depois que almoçou bem
Armou a rede e dormiu
oiticica: árvore rosácea (Licania rigida) que habita o Nordeste e cuja semente fornece óleo secativo muito útil.
alforje: bolsa ou sacola de dois compartimentos, normalmente fechada nas extremidades e aberta no meio, sendo a carga transportada no lombo de cavalgaduras ou ao ombro de pessoas.
58
Língua Portuguesa
Quando bateu duas horas
Selou o burro e saiu
Lá os alforjes ficaram
E seu Leonel não viu.
Esqueceu sua fortuna
Talvez devido à soneira.
No seu burro de valor
Galopou a tarde inteira
Coitado, sem se dar conta
Da sua grande leseira.
Na casa de um compadre
Dormir ele pretendia
Como de fato chegou
Ao toque da Ave-Maria
Cumprimentou o compadre
Com afeto e alegria.
Mas veio o golpe fatal
Quando tirou a bagagem
Que não viu os seus alforjes
Pensou que fosse visagem
Junto com o seu compadre
Ganhou de novo a rodagem.
Porque a dita oiticica
Dali era bem distante
Coisa de umas sete léguas
E o fazendeiro errante
Seguia a todo galope
Nessa hora angustiante.
Chegando na oiticica
Nem sinal ele encontrou
Alforje, dinheiro e tudo
Passou alguém e levou.
Agora o leitor calcule
De que forma ele ficou!
No gancho da oiticica
Só restava a ingratidão
De saber que nunca mais
Veria nenhum tostão
Saiu dali como um louco
Entregue à tentação.
O seu compadre notou
Que ele estava transtornado
Então dali por diante
O tratou com mais cuidado
Se não fosse assim, talvez
Tivesse se suicidado.
Durante a noite velou
Ao lado de sua rede
Escondeu cordas e foices
Lá no canto da parede
Foi com ele até o pote
Quando estava com sede.
Assim procede o amigo
Quando é bom e verdadeiro
Também sente a mesma dor
E protege o companheiro
Sendo ele milionário
Ou sem possuir dinheiro...
E assim, depois de três dias
Julgando-o mais conformado
Liberou o seu amigo
Com um abraço apertado
Leonel partiu levando
Só a tristeza ao seu lado.
rodagem: andança, caminhada, percurso.
59
Chegando em sua fazenda
Único bem que lhe restou
Ao seu parente e amigo
Todo drama relatou
Para o Banco do Brasil
Urgente telegrafou.
Com quatro dias, um fiscal
Chegou na propriedade
Ainda deu noventa dias
De prazo, mas na verdade
Já sabia que o caso
Era uma fatalidade.
Depois do prazo vencido
A fazenda foi tomada
O Banco ficou com tudo
Ele voltou pra estrada
Desta vez como mendigo
Já não possuía nada...
Somente o burro de sela
De consolo lhe restou
Ao deixar sua fazenda
De tristeza ele chorou
E um aboio saudoso
Na porteira ele soltou.
Seguiu a sua jornada
Pesaroso, sem roteiro
Lá na Serra das Pipocas
Encontrou um fazendeiro
Que ofereceu-lhe um emprego
Como simples cambiteiro.
Por lá passou cinco anos
Nunca contou seu passado
Foi fazendo economia
E teve um bom resultado
Juntou duzentos mil réis
Já pensava em comprar gado.
Negociar com boiada
Isto fica pra quem pode
Pois seu dinheiro só dava
Pra comprar ovelha e bode
Mesmo assim ele enfrentou
Pois honrava seu bigode.
E assim foi tocando a vida
Seu capital aumentou
20 cabeças de bode
De uma feita ele comprou
Vendê-las em Fortaleza
Leonel imaginou.
Com o seu plano formado
Pela estrada seguia
Conduzindo as criações
Lembrando o maldito dia
Que aquela velha oiticica
Roubara a sua alegria.
A estrada era a mesma
Ele havia de passar
Na sombra da oiticica
A causa do seu penar
Nem a poeira do tempo
Pudera a dor apagar.
Os bodes seguiam lentos
Alheios a sua aflição
O burro apressava o passo
aboio: canto monótono com que os vaqueiros guiam as boiadas ou chamam os bois dispersos.
cambiteiro: indivíduo empregado para transportar, em costas de animais, lenha, cana-de-açúcar, capim, etc.
60
Língua Portuguesa
Lágrimas caíam no chão
Nisto a casa do compadre
Encheu a sua visão.
Demorou alguns minutos
Para ele reconhecer
Aquele amigo que outrora
Chegava ao anoitecer
Com o bolso cheio de notas
Ansioso por lhe ver.
Estava magro e barbado
Roupa velha e remendada
Currulepes muito gastos
De tanto andar na estrada
E um lote de 20 bodes
Ao invés da grande boiada.
Sua barba muito grande
Era a cópia do desprezo,
O compadre, como dantes,
Manteve o afeto aceso
E não falou no passado
Para não causar mais peso.
Leonel guardou os bodes
E depois adormeceu
Porém seguiu a viagem
Quando o dia amanheceu
O rebanho obediente
Ouvia o comando seu.
Ao pino do meio-dia
Quando o sol mais quente fica
E a luz esfuziante
Nos escalda e purifica
A comitiva chegou
Na sombra da oiticica.
Entretanto, a árvore ingrata
Já se achava ocupada
Nos galhos de sua copa
Havia uma rede armada
E pastando ali se via
Uma vastíssima boiada.
Leonel e seus bodinhos
Chegam na copa ramada
O fogo já estava aceso
Diz ele: – Meu camarada
Me permita descansar
Pois também sou da estrada.
Ao dizer estas palavras
Ele viu o boiadeiro
Erguer a vista e dizer
Se aproxime companheiro
Leonel sentiu um choque
Vendo o galho do dinheiro.
Mas sentindo a acolhida
Pura, simples, verdadeira
Cumprimentou o rapaz
E falou desta maneira:
– Me deixe assar umas tripas
Nas brasas desta fogueira?!
– Não senhor! Disse o rapaz
Deixe isso pra depois,
Ainda tem carne assada
Feijão de corda e arroz
A comida é bastante
Para alimentar nós dois!
currulepes: chinelos rudimentares feitos de couro e borracha de pneu.
61
Leonel agradeceu
Porém parecia aflito
De vez em quando um gemido
A fim de conter um grito
Sempre que ele fitava
Aquele galho maldito.
O tempo corria lento
Cada minuto arrastado
Os bodes pastavam perto
Junto ao rebanho de gado
No seu íntimo o tangedor
Recordava seu passado.
Um tormento igual a este
É medonho, ele é infindo
Esmaece a luz do dia
Ofusca o ambiente lindo,
Nisto diz o boiadeiro:
Amigo, o que estás sentindo?
– Nada, nada, meu amigo!
respondia Leonel
Acabrunhado num canto
Bebendo a taça de fel
De vez em quando fitava
Aquele galho cruel.
De vez em quando uma lágrima
Rolava de sua face
Lhe garanto, meu leitor
Se alguém ali passasse
Vendo aquela triste cena
Não duvido que chorasse...
O boiadeiro deitado
Prestava bem atenção
Sem entender o motivo
Daquela grande aflição
Fez novamente a pergunta
Esperando explicação...
– Meu amigo, me responda
Não se faça de rogado,
Me responda por que é
Que estás tão magoado?
Me diga qual é a dor
Que lhe deixa transtornado?
Leonel abria a boca
Mas não podia falar
A lembrança do passado
Fez sua voz se turvar
Até que criou coragem
E assim se pôs a falar:
– Meu amigo, no meu peito
hoje existe uma lacuna,
e a dor desta lembrança
fere mais do que borduna
nos galhos desta oiticica
já perdi grande fortuna...
– Passei aqui certa vez
Como um rico fazendeiro
Aqui armei minha rede
E guardei o meu dinheiro
Sem pensar que o destino
Fosse vil e traiçoeiro.
– Há quanto tempo, me diga
Este fato aconteceu?
– Faz 10 anos, meu amigo
tangedor: aquele que toca o gado.
borduna: designação genérica das armas indígenas feitas de madeira dura e usadas para dar bordoadas.
62
Língua Portuguesa
O pobre assim respondeu,
– Pois meu amigo, sossegue
porque quem achou fui eu!
Dizendo isto o rapaz
Apertou a sua mão
Fitou bem o seu semblante
E disse com emoção:
Há muito tempo eu espero
esta grande ocasião!
Leonel atarantado
Não queria acreditar
Aquela felicidade
Jamais ousou desejar
A emoção era tanta
Que ele ia desmaiar.
Vendo então o seu estado
O rapaz lhe ofereceu
A rede para deitar
Ele com gosto aquiesceu
Ao acordar perguntava:
O que foi que aconteceu?
Leitor, se tu és honesto
Mostra agora que tu sois...
O boiadeiro lhe disse
Sem deixar para depois,
– Tudo o que eu tenho na vida
meu amigo, é de nós dois.
– Está vendo essa boiada
Que eu tanjo prazenteiro?
Eu ganhei nesta oiticica,
Multipliquei seu dinheiro,
Lhe considero meu sócio
Pois não sou interesseiro.
Chamava-se Zé Messias
O honrado boiadeiro
Sua esposa Dona Amélia
Passando por Tabuleiro
Contou tudo a seu Ramiro
Eis um caso verdadeiro.
Dona Amélia garantiu
Que quando o marido achou
Aquela grande quantia
Por mais de um ano guardou
Não aparecendo o dono
Com cuidado ele aplicou.
O certo é que eles dois
Viveram em sociedade
Gozando desta fortuna
Com justiça e lealdade
Tudo ali era dos dois
Não se falava em metade.
Arievaldo é poeta
Escolhe o tema certeiro
Valoriza essa cultura
Agradece ao Tabuleiro
Longínquo, que lhe estima
Deste ARIEVALDO LIMA
O abraço é verdadeiro.
LIMA, Arievaldo V. Encontro com a consciência. Disponível em: <http://www.ablc.com.br/encontro-com-a-consciencia/>. Acesso em: 19 set. 2019.
tanjo: conjugação do verbo “tanger”; tocar animais de carga para estimulá-los na marcha.
63
1. Em que estrofes é possível identificar a voz do cordelista Arievaldo Viana Lima? Que con-teúdo elas apresentam?
2. É possível identificar, nesse cordel, elementos como narrador, personagens, espaço, tempo e enredo, o que o configura como um poema narrativo. Com base nisso, responda às ques-tões propostas.
a) Quem são os personagens no cordel?
b) Em que cenários a história se passa?
c) Há alguma indicação do tempo em que ocorrem os fatos?
3. O enredo de um poema de cordel é simples, apresentando poucos conflitos. Responda:
a) Que fatos compõem a introdução da história de Leonel dos Santos?
b) Qual é o conflito (complicação) da história?
c) Qual é o clímax (o ponto de maior tensão da narrativa)?
d) Resuma o desfecho da história.
4. Nos poemas de cordel, predomina a linearidade temporal, ou seja, os fatos ocorrem em ordem cronológica. Numere, de 1 a 10, os principais acontecimentos correspondentes ao desenvolvimento da história, na ordem em que ocorreram.
( ) Em Serra das Pipocas, começa a trabalhar em uma fazenda transportando pequenas
cargas no lombo de animais.
( ) Economiza e compra 20 cabeças de bode.
64
Língua Portuguesa
( ) Leonel volta ao local onde parara para descansar, mas não encontra o que havia
esquecido.
( ) Retorna à estrada, onde ficava a oiticica, conduzindo os animais que comprara.
( ) Não consegue pagar suas contas e o banco lhe tira a fazenda.
( ) Leonel conta ao boiadeiro a tragédia que lhe acontecera dez anos antes.
( ) Desesperado, retorna à casa do compadre, que o acolhe com muita atenção.
( ) O boiadeiro oferece boa alimentação a Leonel.
( ) Encontra um boiadeiro descansando em uma rede à sombra da oiticica.
( ) O boiadeiro percebe a tristeza de Leonel.
5. No cordel, cabe também ao narrador interpretar as atitudes dos personagens e o sentido geral da narrativa, por isso se dirige ao leitor para tecer considerações de ordem ética ou moral. Nesse poema, são contempladas duas grandes virtudes, comentadas pelo narrador: a amizade sincera e a honestidade.
a) Que personagem simboliza a verdadeira amizade?
b) Cite uma atitude desse personagem que comprove sua resposta.
c) Que personagem representa a honestidade?
d) De que forma ele demonstrou ser honesto?
e) Um personagem comprovou a honestidade de Zé Messias. Quem foi e como o fez?
6. Como o narrador do cordel mantém um diálogo com seu interlocutor? Cite dois exemplos que comprovem sua resposta.
65
7. O poema apresenta várias rimas. Identifique-as nas estrofes abaixo e responda em que versos elas ocorrem.
a)
8. O que essas rimas proporcionam ao longo do texto?
9. Observe a imagem e responda às questões a seguir.
Bons leitores vou narrar
Um caso que foi passado
Num livro muito decente
Foi o fato relatado
Minhas são somente as rimas
Nada aqui é inventado.
Arievaldo é poeta
Escolhe o tema certeiro
Valoriza essa cultura
Agradece ao Tabuleiro
Longínquo, que lhe estima
Deste ARIEVALDO LIMA
O abraço é verdadeiro.
a) Qual é o formato utilizado para a impressão da literatura de cordel?
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b)
66
Língua Portuguesa
b) Por que esse gênero literário é chamado de cordel?
c) Com base nessas características, conclui-se que a literatura de cordel é essencialmente
. (popular/erudita)
10. O cordel apresenta regionalismo, ou seja, o emprego de palavras específicas a determina-das regiões. Em alguns casos, a estrutura dessas palavras não condiz com a norma-padrão. Cite exemplos dessas variantes linguísticas.
Cordel
geralmente abrange temas como o cotidiano, episódios históricos, lendas de um povo e religião.
Inicialmente, as composições eram transmitidas somente de forma oral. Na atualidade,
são registradas também em folhetos, embora os cordelistas continuem a recitar seus poe-
mas, às vezes, acompanhados de uma viola.
estudo da língua
Pontuação das orações subordinadas adjetivas
orações subordinadas adjetivas restritivas
seja, não são demarcadas por vírgulas. Observe os exemplos a seguir.
que valorizam o cordel.
que eu tanjo prazenteiro?
orações subordinadas adjetivas explicativas
por meio de vírgulas. Observe alguns exemplos.
que valorizam a cultura popular, compõem poemas narrativos.
que é o maior de todos os cordelistas, é paraibano.
1 Considerando o sentido da frase destacada de cada item, pontue, se necessário, o período composto.
a) Alguns compositores brasileiros têm preconceito contra certos ritmos.
Os compositores brasileiros que têm preconceito contra certos ritmos são desprezados pela classe artística.
67
b) Todos os gêneros musicais devem ser respeitados.
Os gêneros musicais que devem ser respeitados em sua diversidadegrande de ritmos.
c) Nem todo jovem conhece a literatura de cordel.
O jovem que não conhece o cordel deveria ler mais sobre essa rica contribuição à literatura bra-sileira.
d) Em todas as escolas nordestinas, ensina-se o cordel.
As escolas nordestinas que ensinam o cordel deveriam ser reconhecidas como boas divulgado-ras da cultura da região.
2 Compare:
I. Os músicos que venderam muitos CDs foram premiados com o disco de ouro.
II. Os músicos, que venderam muitos CDs, foram premiados com o disco de ouro.
Com relação a esses períodos, assinale V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.
( é um pronome relativo.
( ) Em I, a oração adjetiva, que não está entre vírgulas, classifica-se como restritiva.
( ) Em II, a oração adjetiva, que está entre vírgulas, classifica-se como explicativa.
( ) Em I e II, o sentido é o mesmo.
( ) Em I, subentende-se que somente alguns músicos venderam muitos CDs e somente esses fo-ram premiados com o disco de ouro.
( ) Em II, subentende-se que parte dos músicos mencionados não vendeu muitos CDs.
3 Somente em um dos dois períodos a seguir é imprescindível colocar vírgulas. Coloque-as, se for o caso, e explique por que elas são necessárias.
I. Leandro Gomes de Barros que nasceu em Pernambuco foi um dos maiores cordelistas do país.
II. Meu tio que é poeta acaba de ser homenageado.
4 Explique por que, no período a seguir, há uma informação que não corresponde à realidade.
A cidade de Recife que é capital de Pernambuco é berço de grandes poetas
brasileiros.
68
Língua Portuguesa
5 Qual é o papel da pontuação nas orações subordinadas adjetivas?
6 Classifique as orações adjetivas em restritivas (R) ou explicativas (E) e use as vírgulas quando necessário.
( que está sobre a mesa.
( que escreveu Robinson Crusoé -lista do mundo.
( imprensa.
( Brasileira.
Cordel: jogral
PreparaçãoLeia o texto sobre as características do cordel.
produção de texto oral
Cordel
A literatura de cordel é uma forma de contação de histórias em verso. Originalmente, era de transmissão oral e com o tempo foi sendo escrita e impressa. É considerada uma litera-tura popular e foi difundida no Brasil pelos portugueses no século XVI a partir de Salvador, na Bahia, para o resto do Nordeste.
Na literatura de cordel, as histórias nascem como poemas cantados. O cordelista, ou can-tador de histórias, vai inventando seus versos e cantando de forma rimada e cadenciada, depois as histórias são impressas e os livretos pendurados num cordão, para serem vendidos. Daí seu nome, literatura de cordel. Para atrair compradores, o vendedor vai cantando as his-tórias, muitas vezes acompanhado de uma viola.
CORDEL. Disponível em: <https://escola.britannica.com.br/artigo/conta%C3%A7%C3%A3o-de-hist%C3%B3rias/482590#295015>. Acesso em: 12 jun. 2019. ©Encyclopædia Britannica, Inc.
69
ProduçãoConsiderando que o cordel é um gênero de tradição oral, você e sua turma deverão
organizar a apresentação de um jogral do texto de Arievaldo Viana Lima. Como o poema
Encontro com a consciência é relativamente longo (64 estrofes), as estrofes poderão ser
distribuídas entre os alunos. Algumas serão declamadas individualmente e outras podem ser
declamadas por mais de um aluno ou pela turma toda.
O cordel é um texto que, além de ter características da linguagem falada, apresenta ritmo
e rima, o que torna a sua apresentação sonora e agradável ao espectador. Prestem atenção ao
conteúdo do trecho declamado e o interpretem usando modulações de voz e expressões corpo-
rais. Além disso, é preciso falar alto e de forma clara, assim, os ouvintes podem compreender a
narrativa na íntegra. Se cada um decorar sua parte, a apresentação será mais interessante.
Conversem com o professor sobre as possibilidades de apresentação pública desta
atividade.
AvaliaçãoFaçam a avaliação em conjunto.
Critérios de avaliação
Vocês ensaiaram o suficiente para fazer uma apresentação pública?
Os participantes deram uma entonação interpretativa ao texto?
Há estrofes declamadas simultaneamente por mais de um participante?
Nos ensaios, foi possível perceber um tom de declamação?
estudo da língua
Orações subordinadas adjetivas desenvolvidas e reduzidas
1 Leia a tirinha.
Pe
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yn
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SCHULZ, Charles M. Peanuts. Disponível em: <http://tiras-snoopy.blogspot.com.br/>. Acesso em: 29 abr. 2014.
70
Língua Portuguesa
a) Snoopy expressa sua fidelidade por meio de ações realizadas simultaneamente a outros aconte-cimentos. Que verbos expressam isso?
b) No último quadrinho, ele revela um certo desânimo com suas ações. Por quê?
seguindo percebendo -
sentado cão
orações subordinadas adjetivas desenvolvidas, ficariam da seguinte forma:
que segue
que está sentado
Aqui está o fiel cão
que percebe
Portanto, as orações subordinadas adjetivas podem se apresentar sob a forma
desenvolvida ou reduzida.
FORMA DESENVOLVIDA FORMA REDUZIDA
É iniciada por pronome relativo. Não apresenta pronome relativo.
O verbo é conjugado. O verbo aparece no infinitivo, no gerúndio ou no particípio.
2
a) Não levei em consideração as ideias que foram apresentadas na reunião.
b) Quase todas as músicas produzidas no Brasil têm fãs fiéis ao seu ritmo.
c)
d) As mulheres que gostam de poesia produziram cordéis.
e) Passou a torcida comemorando o resultado do jogo.
71
3 Transforme as orações desenvolvidas em reduzidas.
a) O evento que o governo patrocinou foi muito importante para a difusão da cultura.
b) Os antigos cordelistas contavam histórias que arrepiavam.
c) Elaborei alguns passos que combinam com este ritmo.
d) No Brasil, há artistas que esperam pacientemente pelo sucesso.
e) Você já assistiu aos vídeos que foram lançados neste mês?
f) As alunas foram as primeiras que se apresentaram.
Uma história para um cordel
Preparação Das histórias que você já vivenciou em casa, na escola, na rua ou durante uma viagem,
muitas devem ter chamado sua atenção. Selecione uma delas como inspiração para a produ-
ção de um cordel.
Primeiramente, faça um resumo dessa história, destacando os aspectos mais importan-
tes. Lembre-se de que essa narrativa deve ter começo, meio e fim.
Produção1. Escolhido o acontecimento e com o resumo da narrativa em mãos, escreva essa história
na forma de cordel.
produção escrita
72
Língua Portuguesa
2. Lembre-se de que se trata de um texto em versos, com ritmo e rima, e que sua linguagem se
aproxima da oralidade. Em razão disso, ao ser declamado, deve apresentar musicalidade.
3. Você deverá compor no mínimo três estrofes de seis versos cada uma, seguindo o pa-
drão de rimas do cordel Encontro com a consciência – no segundo, quarto e sexto versos.
Observe o exemplo.
Bons leitores vou narrar
Um caso que foi passado (A)
Num livro muito decente
Foi o fato relatado (A)
Minhas são somente as rimas
Nada aqui é inventado. (A)
Avaliação Verifique se o seu cordel tem as características presentes na e, principalmen-
te, se a história apresenta uma sequência narrativa compreensível.
Em caso afirmativo, finalize a atividade escrevendo-o em um folheto. Crie uma capa, ob-
servando o traço característico da xilogravura, e pendure-o em cordas pela escola.
1 De acordo com as características do poema de cordel, assinale V para verdadeiro e F para falso nas afirmações a seguir.
( ) Os poemas de cordel costumam apresentar uma linearidade temporal.
( ) Glosador, cordelista e repentista são categorias dadas a autores de cordel.
( ) O cordel não representa o pluralismo cultural brasileiro.
( ) A palavra cordel vem do fato de que os folhetos contendo os poemas, geralmente, são pendu-rados em cordas ou barbantes.
2 Sublinhe, nos trechos a seguir, a oração subordinada adjetiva.
a) Bons leitores vou narrar
Um caso que foi passado
Num livro muito decente
b) O senhor Ramiro Chaves
Um grande caminhoneiro
Que nasceu e se criou
c) Pois bem, vamos à história.
Do jeito que foi narrada
d) Mas foi a fatalidade
Que este dano originou
o que já conquistei
73
d) ( ) Já sabia que o caso
Era uma fatalidade.
e) ( ) Dizem que um fazendeiro
De vida boa e honrada
4 Sublinhe os adjetivos presentes em cada frase. Em seguida, reescreva os períodos de modo que apresentem uma oração subordinada substantiva adjetiva.
a) Caiu em uma cilada o fazendeiro honrado.
b) O fazendeiro tinha uma vida boa.
c) O fazendeiro pacato e ordeiro sabia ganhar dinheiro.
d) O fazendeiro contente e bem prazenteiro passou a comprar gado.
e) O dinheiro emprestado desapareceu.
f) Por uma fatalidade perdeu quantia vultosa.
g) Mas veio o golpe fatal.
Lembre-se de que, para ca-
racterizar uma oração subor-
dinada adjetiva, o que pode
ser substituído por o qual, os
quais, a qual ou as quais.
3 Assinale a alternativa em que a oração grifada é subordinada adjetiva.
a) ( ) Pensou que fosse visagem
b) ( ) O seu compadre notou
Que ele estava transtornado
c) ( ) Chegando em sua fazenda
Único bem que lhe restou
74
Língua Portuguesa
5 Reescreva os períodos transformando as orações subordinadas adjetivas em adjetivos.
a) Ouvíamos gritos que assustaram.
b) Compramos livros que encantam.
c) Fizemos uma viagem que impressionou.
d) O discurso que foi um enigma continua indecifrável.
6 Assinale os períodos que apresentam oração subordinada substantiva explicativa. Depois, insira corretamente a pontuação.
( ) A Terra que é um planeta do Sistema Solar está passando por mudanças climáticas.
( ) Os terremotos que são fenômenos da natureza atemorizam algumas regiões do planeta.
( ) Os animais que são seres irracionais devem ser respeitados.
( ) A desilusão que o fazendeiro sofreu se estendeu por muito tempo.
7 Analise os períodos a seguir e faça o que se pede.
I. Todos os magistrados, que votaram contra a ação, acreditam ter agido constitucionalmente.
II. Todos os magistrados que votaram contra a ação acreditam ter agido constitucionalmente.
a) Classifique a oração destacada.
I.
II.
b) Qual o sentido expresso em
I.
II:
75
capí
tulo
A letra de canção apresentada a seguir é uma
mistura, principalmente, de rap e cordel. Além dis-
so, abrange ritmos como forró e baião, compondo,
assim, um mix da cultura popular brasileira.
As figuras de linguagem e os recursos poéti-
cos são desvendados em versos de poemas e de
canções.
Letra de canção
de palavras e de pensamento
Debate: o pensamento atual
nas letras de canção
Escrevendo uma letra de canção
o que vocêvai conhecer
Letra de canção: ritmo e rima8
76
©Shutterstock/Mehaniq
Língua Portuguesa
1. Você toca algum instrumento musical? Qual?
2. Ouvir música enquanto estuda o ajuda ou o atrapalha?
3. Você está envolvido com algum tipo de arte? Com qual?
4. Qual é a diferença entre o hip hop e o rap?
Ler e identificar, em uma letra de canção, sua estrutura composicional e as características de linguagem.
Distinguir os sentidos atribuídos a uma palavra.
Compreender o valor semântico das palavras.
Debater o pensamento atual expresso em letras de canções.
Escrever uma letra de canção tendo como tema a própria música e considerando as carac-terísticas composicionais do gênero.
objetivos do capítulo
estudo do texto
Letra de canção
O co rap
rap
Na palma da mão
Viajei pelo Nordeste pra fazer um som maneiro
Com Jackson do Pandeiro e Luiz Gonzaga
Vim do Rio de Janeiro fui até Campina Grande
Viajando na riqueza que nenhum dinheiro paga
Eu viajei nesta cultura brasileira
e misturei no hip hop o forró e o baião
Eu fiz um rap na sanfona e na zabumba
e quando eu canto o povo ajuda na palma da mão
REFRÃO
Bate na palma da mão
Aqui na minha mão
Bate na palma da mão
É hip hop, forró e baião
(2×)
77
O cantador que pensa de improviso
É um pensador que canta com emoção
Em cada passo nesse chão que eu piso
Eu também deixo um pedaço do meu coração
Levando a vida na improvisação
Com muito amor e um pouco de juízo
A gente faz o choro virar riso
E transforma um problema numa solução
REFRÃO (2×)
Ouvi falar que um tal de Lampião
Roubava muito junto com seu bando
Depois fugia a pé pelo Sertão
Com a polícia toda lhe caçando
Sua cabeça acabaram cortando
Pra dar exemplo como punição
Mas hoje em dia tem bem mais ladrão
Roubando mais que o Lampião
Com todo mundo olhando
REFRÃO (2×)
Foi na Junina, Caruaru, Campina
Conheci essa menina, dois pra lá e dois pra cá
Gostei da brincadeira, tô no jogo é pra jogar
Pulei numa fogueira, tô no fogo é pra queimar
E chegou com uma peixeira o namorado meio bolado
Porque a sua namorada me chamou pra forrozar
Que é isso, meu irmão? Não se aperreie não
Tua mina tá me dando uma lição e viva São João!
Tô indo ali com ela pra dançar uma quadrilha
Esse país tá cheio de armadilha
Quadrilha que só dança e quadrilha que não dança
Que é quadrilha de outro tipo, tipo as de Brasília
REFRÃO
(2×)
GABRIEL o Pensador. Na palma da mão. Disponível em: <http://www.gabrielopensador.com.br/#11>. Acesso em: 4 maio 2014. Crédito: Itaal Shur – Hipgnosis Songs Fund Ltd.
78
Língua Portuguesa
1 Que características composicionais identificam esse poema como uma letra de canção?
2 Releia a primeira estrofe da canção e, no próprio texto, sublinhe as rimas.
3 Que funções a escrita em versos e as rimas assumem na letra de uma canção?
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Eu viajei nesta cultura brasileira
e misturei no hip hop o forró e o baião
Eu fiz um rap na sanfona e na zabumba
e quando eu canto o povo ajuda na palma da mão
5 O poema narrativo conta uma história em que, geralmente, é possível identificar a voz do narrador. Transcreva um verso da primeira estrofe no qual se reconheça essa voz.
6
com relação à informação de que o narrador da história viajou com eles?
7 Transcreva versos que
a) apresentem termos regionalistas:
b) apresentem liberdade quanto ao uso informal da língua:
c) façam menção a festas populares:
d) façam menção a personagens típicos da região:
e) façam referência aos cordelistas:
8 Releia estes versos e responda às questões:
79
estudo da língua
Figpensamento
Conforme mencionamos, um dos aspectos que caracterizam a criação poética é a pre-
figuras de palavras
hipérbole) e de pensamento -
dentemente de terem sido escritos em prosa ou em verso.
Metá
A metáfora consiste no uso de uma palavra ou expressão em lugar de outra. É uma espé-
cie de comparação implícita, já que o elemento comparativo não aparece de maneira clara.
É o mais expressivo elemento em que se apoia a linguagem figurada.
Confira as frases a seguir.
Suas mãos são como pétalas de rosa.
Sua boca é como um túmulo.
O céu é como um mar de estrelas.
A paz de espírito é como uma recompensa.
Esses casos não constituem metáforas, mas sim comparações, evidenciadas pelo emprego
da palavra como.
a) O que a visão do eu lírico sugere nesses versos?
b) Que elementos presentes nesses versos comprovam sua resposta?
9 rapversos a seguir.
Esse país tá cheio de armadilha
Quadrilha que só dança e quadrilha que não dança
Que é quadrilha de outro tipo, tipo as de Brasília
80
Língua Portuguesa
Suas mãos são pétalas de rosa.
Sua boca é um túmulo.
O céu é um mar de estrelas.
A paz de espírito é uma recompensa.
Nesses exemplos, em razão da ausência do termo como, não há mais uma comparação,
mas sim uma metáfora.
Naquele túmulo, são guardados muitos
segredos.
estrelas.
Leia o poema a seguir prestando atenção em como Olavo Bilac constrói a metáfora em
seus versos.
A mocidade
A Mocidade é como a Primavera!
A alma, cheia de flores, resplandece,
Crê no Bem, ama a vida, sonha e espera,
E a desventura facilmente esquece.
É a idade da força e da beleza:
Olha o futuro, e inda não tem passado:
E, encarando de frente a Natureza,
Não tem receio do trabalho ousado.
Ama a vigília, aborrecendo o sono;
Tem projetos de glória, ama a Quimera;
E ainda não dá frutos como o outono,
Pois só dá flores como a Primavera!
Observe, agora, estas construções:
BILAC, Olavo. Poesias infantis. Disponível em: <https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/_documents/poesias_infantis_de_olavo_bilac-1.htm#Amocidade>. Acesso em: 20 set. 2019.
1 Qual é o tema desse poema?
2 Transcreva alguns versos que sirvam como exemplos de comparação.
3 Agora, transcreva um verso que contenha uma metáfora.
4 Aponte uma diferença entre as comparações e a metáfora presentes nesse poema.
81
5
6 Se a está relacionada à Mocidade, ao que se vincula a figura do outono, presente na últi-ma estrofe do poema? Explique sua resposta.
7 O poema faz referência a uma figura mitológica: a Quimera. Realize uma pesquisa sobre essa figura e descreva o animal que ela representa.
No poema A E I O U -
tadas pelas vogais no final de cada estrofe.
GUIMARAENS, Alphonsus de. A E I O U. In: ______. Obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1960. p. 506.
A E I O U
Manhã de primavera. Quem não pensa
Em doce amor, e quem não amará?
Começa a vida. A luz do céu é imensa...
A adolescência é toda sonhos. A.
O luar erra nas almas. Continua
O mesmo sonho de oiro, a mesma fé.
Olhos que vemos sob a luz da lua...
A mocidade é toda lírios. E.
Descamba o sol nas púrpuras do ocaso.
As rosas morrem. Como é triste aqui!
O fado incerto, os vendavais do acaso...
Marulha o pranto pelas faces. I.
A noite tomba. O outono chega. As flores
Penderam murchas. Tudo, tudo é pó.
Não mais beijos de amor, não mais amores...
Ó sons de sinos a finados! O.
Abre-se a cova. Lutulenta e lenta,
A morte vem. Consoladora és tu!
Sudários rotos na mansão poeirenta...
Crânios e tíbias de defunto. U.
erra
oiro
ocaso
Marulha
Lutulenta
Sudários
rotos
82
Língua Portuguesa
8 “Manhã de primavera”, na primeira estrofe, é uma metáfora para adolescência. Explique essa com-paração implícita.
9 Qual fase da vida está relacionada à segunda estrofe?
10
11 Nas três estrofes finais, não ficam claras as fases da vida retratadas; entretanto, é possível perceber a passagem do tempo. Transcreva, da terceira e quarta estrofes, metáforas relacionadas à natureza que evidenciam essa mudança temporal.
12 A última estrofe faz referência a que período da vida?
13 Que metáfora as vogais simbolizam nesse poema? Com que palavras elas rimam?
Hipérbole
A hipérbole consiste em expressar uma ideia com exagero. Exemplos:
um milhão de vezes.
quando ele me contou.
Chorei .
14 Leia este poema e responda às questões:
Orion
A primeira namorada, tão alta
que o beijo não alcançava,
o pescoço não alcançava,
nem mesmo a voz a alcançava.
Eram quilômetros de silêncio.
Luzia na janela do sobradão.
ANDRADE, Carlos D. de. Orion. In: ______. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1973. p. 392. Crédito: Boitempo, menino antigo. Companhia das Letras. São Paulo. 2017. Carlos Drummond de Andrade © Graña Drummond www.carlosdrummond.com.br
Orion
a) No primeiro verso, a namorada é caracteri-zada por qual adjetivo?
b) Esse adjetivo é reforçado por qual palavra?
83
c) Com o uso de ideias exageradas, o que se pretende revelar em relação à mulher amada?
) O distanciamento que existe entre o eu lírico e a mulher amada.
d) Que verso resume o distanciamento do eu lírico em relação à mulher amada?
e) A palavra "sobradão" está no grau aumentativo ou diminutivo?
f) Essa palavra parece afastar ou aproximar o eu lírico da mulher amada?
15 As estrelas se caracterizam pela distância e pela frieza, uma vez que emitem luz sem que o calor delas chegue até nós.
a) A quem se refere a palavr que dá título ao poema?
b) Que semelhanças há entre a mulher amada e as estrelas em geral?
16 A palavra “Luzia”, empregada no último verso, apresenta uma ambiguidade. O termo em questão refere-se
luzir -ção Orion.
ao nome da mãe do eu lírico, com quem ele morava no sobradão.
Amor é um fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que ganha em se perder;
O soneto italiano é um
poema com forma fixa: dois
-
tro versos) e dois tercetos
Luís Vaz de Camões
poeta português. Conside-
rado sofisticado e erudito,
escreveu uma coleção de
sonetos de amor, da qual
faz parte o poema ao lado.
Antítese
A antítese consiste em evidenciar ideias contrárias, como se
, do escritor português Luís
Vaz de Camões:
84
Língua Portuguesa
CAMÕES, Luís V. de. Sonetos. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000164.pdf>. Acesso em: 20 set. 2019.
17 Na primeira estrofe, ao definir o amor, o eu lírico menciona duas dores provocadas fisicamente. Quais são elas?
18 Que contradição há na descrição dessas dores?
19 No terceiro e quarto versos, há contrassensos, isto é, definições que fogem à razão. Explique essa afirmação.
20 ser
relação há entre essa forma verbal e o tema do poema?
21 Nesse soneto, o jogo de contraste entre as palavras e de ideias contraditórias conduz a uma revela-ção sobre o amor. Explique-a.
22 Que figura de linguagem está presente no verso “Amor é um fogo que arde sem se ver”?
) Metáfora.
23 Ao encerrar o soneto com uma pergunta, pode-se inferir que o poeta
) pretendia realçar a impossibilidade de se definir o amor.
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo amor?
85
Debate: o pensamento atual nas letras de canção Preparação
Leia os mapas a seguir e converse com seus colegas sobre as diferentes preferências
musicais nos estados brasileiros.
produção de texto oral
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dit
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/Fo
lha
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Língua Portuguesa
©E
dit
ori
a d
e A
rte
/Fo
lha
pre
ss
MÚSICA muito popular brasileira: Folha analisa 134 bilhões de execuções no YouTube para descobrir o que os brasileiros ouvem e como, quando, onde e por quê. Folha de S.Paulo, 15 dez. 2017. Ilustrada.
87
Escrevendo uma letra para uma canção
Preparação O texto a seguir trata das atuais tendências e da importância da música para a socieda-
de. Leia-o e faça o que se pede.
produção escrita
Produção1. Para essa atividade, escolha uma música brasileira da atualidade que represente uma
tendência tanto em termos de ritmo como em relação ao conteúdo expresso na letra e apre-
sente-a aos colegas. Essa atividade pode ser realizada em grupos de quatro ou cinco pessoas.
2. Escolhida a letra da canção, analisem-na, desvendando o assunto, o tema e os demais
elementos composicionais estudados (estrutura, rima, figuras de linguagem).
3. Escolham um mediador, o qual deverá planejar a ordem em que cada um do grupo vai
expor seus argumentos. Promovam um debate e apresentem a música escolhida, explicando
a razão da escolha e indicando seus elementos composicionais.
4. É importante lembrar que um debate não se trata apenas de uma exposição de opi-
niões, mas sim de pensar, refletir e argumentar acerca de um tema e da sua influência posi-
tiva ou negativa na sociedade, apresentando fatos. Para isso, é importante se posicionar de
modo contrário ou favorável ao conteúdo da letra da canção analisada.
5. Também é importante refletir sobre o que pensa a juventude atual, analisando se as
letras das músicas em questão são representativas desse pensamento.
AvaliaçãoFaça uma autoavaliação julgando se:
foram usados argumentos coerentes que apontavam, de modo claro, o posicionamento
do grupo;
souberam respeitar e se posicionar frente à fala dos outros colegas.
A influência da música na sociedade
A música é a principal arte em todo o mundo. Desde tribos indígenas, até em grandes cidades, a música é em especial uma forte presença artística na cultura.
O feito de cantar ou escutar uma canção pode desencadear efeitos emocionais numa pessoa. Tristeza, ale-
gria, nostalgia, raiva, muitos são os sentimentos que veem aos ouvintes da música. Estes sentimentos, quan-
do contidos em várias pessoas, podem gerar movimentos sociais. Como exemplo, os movimentos: punk,
88
Língua Portuguesa
grunge, alternativo e emotivo (este, o mais popular no Brasil). Muitos movimentos buscavam, como meta,
uma maior liberdade de expressão e uma melhor qualidade de vida na sociedade.
Portanto, a música pode ser considerada uma das artes que mais influenciam na sociedade. Por isso,
muitas mídias optam pela monopolização do mercado fonográfico. Se há décadas era a censura a prin-
cipal vilã, agora é a alienação, o controle do que vai ou não fazer sucesso. Isso somado ao descaso pela
qualidade musical atual na sociedade brasileira, especialmente nas classes mais pobres, provocando um
declínio cultural.
Ocorrendo o declínio cultural, ocorre juntamente o declínio da educação, com o declínio da educação, au-
menta a facilidade de alienação. Situação perfeita para os políticos, burgueses e outros monopolizadores da
nossa sociedade. É só observar em volta, liga o rádio e escuta o que está tocando, liga a TV no domingo e vê
os grupos convidados para tocar nos programas, provavelmente não são grupos tocando canções com letras
bem elaboradas e que falem sobre questões sociais, certo?
No Brasil, é predominante o movimento cultural emotivo. Isso porque são produzidas em exagero músicas
que só falam de amor, isso é visto em todos os estilos. Não que falar de amor seja algo ruim, o problema é
que as grandes emissoras só colocam obras com esse tipo de tema para tocar, parecendo até que estamos
num filme de amor, onde tudo são flores.
A população tem que entender como é preciso uma melhoria na arte nacional, pois através dessa melhoria
poderão ocorrer efeitos muito significativos na educação. Projetos sociais com o intuito de incentivar as
crianças a trabalhar com a música e a arte em geral, especialmente nas favelas, facilidade ao acesso a instru-
mentos musicais, e entre outras ações que podem, juntas, modificar aos poucos a cultura da nossa sociedade,
melhorando assim, a nossa qualidade de vida.
KOBYLINSKI, Diego. A influência da música na sociedade. Disponível em: <https://inverta.org/jornal/edicao-impressa/445/cultura/a-influencia-da-musica-na-sociedade>. Acesso em: 13 jun. 2019.
Conversem sobre as questões a seguir.
Que aspectos positivos da música são abordados nesse texto?
Que prejuízos são causados à sociedade quando a música tem como única função atender a in-
dústria fonográfica?
Qual classe social é a mais prejudicada?
De acordo com o texto, que tipo de música predomina na atualidade?
Há alguma afirmação apresentada no texto de que você discorde? Explique sua resposta.
Produção1. Em duplas, aproveitem as ideias expressas no texto para produzir uma letra de canção
tematizando a função sociocultural da música.
2. Se quiserem trabalhar com uma melodia já conhecida, é possível escolher uma música já
existente de qualquer ritmo e reescrever a letra, realizando uma paródia.
3. Elementos como ritmo, de rima e de figuras de linguagem – como comparação, metáfo-
ra, hipérbole e antítese – são característicos de letras de canção e devem ser explorados
em sua composição.
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Avaliação Verifiquem se a sua composição segue estes critérios e apresentem a atividade para os
colegas.
Critérios de avaliação
O assunto abordado é a própria música?
Foi escolhido um ritmo musical?
A letra apresenta ritmo e rima?
Trabalhou-se com alguma figura de linguagem?
1 Com relação às letras de canção, assinale V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.
( ) Apresentam rimas que deixam o som mais harmonioso.
( ) A linguagem predominante é a denotativa.
( ) Apresentam figuras de linguagem.
( ) Carregam ideologias morais, sociais ou políticas.
( ) O objetivo principal é informar.
2 Transcreva e classifique as figuras de linguagem presentes nos versos de letras de canção a seguir.
a) b)
[...]
Você é linda
Mais que demais
Você é linda sim
Onda do mar do amor
Que bateu em mim
[...]
VELOSO, Caetano. Você é linda. In: ______. Uns. Rio de Janeiro: Philips, 1983.
Não existiria som
Se não houvesse o silêncio
Não haveria luz
Se não fosse a escuridão
A vida é mesmo assim
Dia e noite, não e sim
[...]
SANTOS, Lulu; MOTTA, Nelson. Certas coisas. In: SANTOS, Lulu. Tudo azul. Rio de Janeiro: WEA, 1984.
o que já conquistei
90