3
1 INTRODUÇÃO Com um mundo cada vez mais bem estruturado tecnologicamente, mas
com severas falhas no sistema de preservação dos recursos naturais providos
pela natureza, há de se chamar atenção para o papel que cada cidadão possui
enquanto agente divulgador e disseminador de ações benéficas ao planeta e,
automaticamente, a todos ao seu redor.
Na realidade, a visão da população sobre essa necessidade tem
mudado nos últimos anos, e vem sendo despertada a consciência da
sociedade para o modo como o ser humano tem lidado com temas como
poluição, excesso de lixo, desperdício de alimentos e consumismo em
demasia, comprovadamente os pivôs das cada vez mais freqüentes catástrofes
e desequilíbrios ambientais. Órgãos e governos, assim como o ramo industrial
e empresarial, têm percebido essa mudança e, também, estado atentos a essa
necessidade de incutir nas atividades diárias das pessoas iniciativas que
prezem pela mudança nesse quadro de alerta que abrange o mundo como um
todo, uma vez que, nenhuma região do planeta está livre das conseqüências
decorrentes da ação do homem.
Porém, mesmo com essa percepção acerca dos problemas de caráter
natural que a população vem enfrentando, surgem questionamentos centrais:
porque não é recorrente a manifestação de meios de comunicação e
instituições, governamentais ou não, sobre métodos de reformulação desse
cotidiano da massa que vem afetando a situação dos recursos naturais do
planeta, atingindo o bioma mundial? Já que não é usual observarmos na mídia
informações dessa natureza, como é possível mudar esse cenário e levar ás
pessoas informação de grande importância sobre preservação do meio
ambiente e sustentabilidade?
A partir destes questionamentos, instaurou-se como objetivo principal
deste projeto despertar a consciência da população acerca dos impactos
negativos que nossas atitudes estão tendo sobre a natureza e os recursos que
ela nos oferece.
Por meio de dicas, novidades e informações rápidas e úteis para
aplicação no dia a dia de cada um, pretende-se levar aos ouvidos
consumidores de programação radiofônica uma nova maneira de enxergar e
4
pensar questões como a reciclagem e separação do lixo, o reaproveitamento
de produtos, alimentos e outros resíduos, o uso racional da água e da energia
elétrica, bem como trazer à tona iniciativas que já existem – como
biodigestores, reciclagem de equipamentos eletrônicos e transformação do
coco verde em matéria-prima para produtos de uso doméstico -, além de
atitudes simples para ajudar nosso planeta – como o uso de papel alumínio no
momento de cozinhar e a opção pelas placas solares para aquecimento da
água em regiões de calor – mas que ainda não se tornaram de conhecimento
público.
Constatou-se a demanda por este tipo de conteúdo após realização de
pesquisa qualitativa realizada com uma amostragem de rádios do estado do
Paraná, bem como declarações de autoridades da área que confirmam a
necessidade de maior divulgação desses temas - preservação do meio
ambiente e sustentabilidade – na mídia e nos grandes veículos e meios de
comunicação, além de órgãos governamentais e do meio corporativo e
industrial.
Buscando uma maneira de colaborar e incentivar atitudes positivas,
levando até as pessoas orientações e dicas para conscientização coletiva,
idealizou-se este projeto, que tem como resultado um produto radiofônico no
formato de programete, denominado “Reciclamundo”.
Com a dificuldade de penetrar nos grandes veículos de comunicação
para disseminar esse tipo de conteúdo, percebeu-se na internet um grande
potencial de difusão de materiais de cunho informativo/educativo. Ferramentas
disponíveis na web já permitem a divulgação de material advindo de qualquer
parte e produzido por qualquer pessoa do mundo, tornando-a um meio
democrático. Dois exemplos dessas ferramentas são o blog e o podcast, que
serão incorporados e utilizados como o meio que permitirá o acesso de
diversas emissoras aos materiais produzidos, para que sejam veiculados em
suas programações, de acordo com sua preferência.
Para se fazerem claros os cenários atuais no que tange ao meio
ambiente e sustentabilidade, foram usadas como apoio teórico obras do
jornalista André Trigueiro (2005). Já para embasamento quanto à história e uso
da web, serviram de literatura os autores Ana Carmen Foschini e Roberto
Romano Taddei (2006). Por fim, para entender mais sobre o funcionamento, a
5
abrangência, os formatos e os gêneros do rádio, deram respaldo ao projeto
teórico os autores André Barbosa Filho (2003) e Magaly Prado (2006).
6
2 RÁDIO
2.1 COMUNITÁRIA
Inicialmente, esta pesquisa tinha como foco um material educativo
produzido para veiculação em rádios comunitárias, porém, ao longo de
algumas semanas de estudo com o propósito de aprofundar o conhecimento
em relação a função e o papel social das estruturas comunitárias, detectou-se
através de artigos científicos, bem como livros que tratam desse tema e relatos
de profissionais do meio radiofônico informações e levantamentos que
mudaram o direcionamento do trabalho.
O motivo desse redirecionamento foi a descoberta de que os princípios
sociais desse gênero de rádio estão sendo corrompidos por anseios
econômicos, deixando de atender às premissas legislativas que regem as
emissoras comunitárias.
Segundo lei estabelecida pelo Governo Federal, o objetivo com a
criação das rádios comunitárias era o de que moradores de comunidades
pequenas, vilas ou bairros em geral pudessem ter voz ativa, difundindo, entre
eles mesmos e para a vizinhança, os acontecimentos e costumes daquela
região.
A constituição federal, no que tange à lei 9.612, criada por Fernando
Henrique Cardoso em fevereiro de 1998, especificamente no artigo 3º, deixa
claro que “O Serviço de Radiodifusão Comunitária tem por finalidade o
atendimento à comunidade beneficiada (...)”, e aponta alguns critérios a serem
seguidos pelo conselho fiscalizador da programação.
I - dar oportunidade à difusão de idéias, elementos de cultura, tradições e hábitos sociais da comunidade; II - oferecer mecanismos à formação e integração da comunidade, estimulando o lazer, a cultura e o convívio social; III - prestar serviços de utilidade pública, integrando-se aos serviços de defesa civil, sempre que necessário; IV - contribuir para o aperfeiçoamento profissional nas áreas de atuação dos jornalistas e radialistas, de conformidade com a legislação profissional vigente; V - permitir a capacitação dos cidadãos no exercício do direito de expressão da forma mais acessível possível (PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, 1998).
7
Interpretando os incisos, é possível perceber a importância e relevância
social de uma rádio comunitária, se administrada conforme os descritos da lei.
Sobre seu uso, Bruno Caetano (2013) diz que deve ser direcionado de
tal maneira que a população beneficiada seja provida de um meio que
possibilite “o direito de emitir opiniões sobre quaisquer assuntos abordados na
programação da emissora, bem como manifestar suas ideias, propostas,
sugestões, reclamações ou reivindicações” (CAETANO, 2013). Dessa forma,
os responsáveis pela programação devem agir direcionando a rádio para que
sirva como instrumento de democratização da informação, dando voz e vez aos
moradores da região.
Fica claro, também, o papel fundamental do veículo comunitário de atuar
como divulgador de serviço público, mantendo os moradores locais atualizados
quanto aos números de emergência, como corpo de bombeiro, polícia e outros
órgãos de segurança, bem como divulgar datas de corte de água no bairro,
obras na região, entre outros, visando facilitar o dia a dia da comunidade e
ajudar na segurança dos cidadãos.
Em suma, as estruturas radiofônicas comunitárias devem atuar, sempre,
como ferramenta para que a população inove, debata, dissemine culturas e
ideias, para que pratiquem a liberdade de expressão e opinião, difundindo,
também, material artístico, educativo e toda espécie de conteúdo que contribua
para o desenvolvimento daquela comunidade.
Apesar de todas as incumbências bem determinadas na lei, o serviço
prestado por uma parte significativa das rádios comunitárias do país tem sido
desvirtuado. O uso desses veículos como meio de angariar fundos e a
ganância de empresários na exploração das comunitárias vêm, há tempos,
transformando o cenário democrático das rádios que deveriam ser ferramenta
de educação, informação e socialização de comunidades. A autora Lilian
Mourão Bahia (2008), fala sobre esse fato, um tanto desconhecido da
sociedade em geral, que tem ocorrido em rádios comunitárias do país:
“De forma bastante próxima da realidade social brasileira, ocorre também que determinadas emissoras comunitárias reproduzem modelos semelhantes aos da radiofusão comercial. Alguns coordenadores das rádios admitem essa prática para não perderem a audiência para as emissoras comerciais, sendo obrigados, portanto, a mesclar a programação que, de acordo com a Lei 9612/98, deveria focalizar questões voltadas para o desenvolvimento socioeconômico
8
e cultural da sociedade. Por não visarem ao lucro pecuniário, a grande maioria das emissoras comunitárias sobrevive com baixo custo financeiro, o que acaba por facilitar o acesso dos cidadãos e das organizações sociais aos microespaços públicos para divulgar mensagens de seu interesse. De acordo com os representantes do movimento pela consolidação das rádios comunitárias, grande parte dessas emissoras é regida sob o sistema presidencialista (BAHIA, p.73).
Sendo assim. descoberta desse desvio de gerenciamento e condução
das atividades e programações nas rádios comunitárias fez com que este
projeto tomasse novo rumo, seguindo pelo caminho da veiculação do produto
proposto em rádios comerciais.
Uma vez escolhido o gênero radiofônico comercial como o provável
divulgador e disseminador do produto criado, faz-se necessário entender como
se dá o funcionamento deste tipo de rádio
2.2 ABERTA/ COMERCIAL Rádio Comercial é o serviço de radiodifusão sonora em frequência
modulada (FM) direcionado a empresários de pequeno, médio e grande porte
da área de comunicação. Nele as concessionárias e permissionárias possuem
total liberdade para a exploração comercial, não esquecendo, é claro, os limites
da lei de concessão.
Implantado no Brasil no início dos anos 80 o rádio FM, devido a sua
qualidade de áudio estéreo e fácil operacionalidade, rapidamente difundiu-se
superando o até então tradicional rádio AM (amplitude modulada). Através do
FM, anunciantes, ouvintes e concessionários, passaram a viver uma nova era
em radiodifusão no Brasil (ANATEL).
Ao contrário das emissoras comunitárias que de acordo com a lei não
visam lucro financeiro, as emissoras de rádio aberta - ou comerciais, como
também são conhecidas - dependem do lucro para que possam manter suas
atividades.
Uma emissora de rádio no interior do Brasil tem seus custos bem
menores do que uma emissora de rádio instalada em grandes centros do país.
Devido a estes importantes fatores é fundamental que uma emissora tenha
muito bem definido seu plano de marketing e uma das melhores estratégias
9
que uma rádio pode ter a seu favor é a audiência, que influencia
consideravelmente nas vendas de espaços publicitários.
Mas deixando os custos de lado e observando a contribuição desse
meio para a sociedade, pode-se afirmar que além das suas já citadas
qualidades, como fácil operacionalidade e boa qualidade técnica, existem
outros pontos importantes. O autor André Barbosa Filho (2003), citando Robert
Mcleish, fala sobre, se não a principal, uma das mais importantes
características de uso dessa ferramenta:
Sem grandes complicações tecnológicas, o rádio tem a vantagem de poder falar para milhões de pessoas, o que marca a era da radiofusão (transmissão e dispersão da informação produzida que abrange indivíduos, grupos e estratos sociais em todo mundo) [...] o rádio possui uma importante função social: atua como agente de informação e formação do coletivo. Desde a sua gênese vem se firmando como um serviço de utilidade pública, o qual exerce uma comunicação que em muito contribui para a história da humanidade. Deixa como legado princípios como ação, atuação, transformação e mobilização (FILHO apud. MCLEISH, p.46).
Através de sua programação, o rádio – ou seus agentes idealizadores –
consegue ajudar seus ouvintes, cumprindo dessa forma a sua função social
junto à comunidade que retribui no fortalecimento da audiência. O autor ainda
fala mais sobre isso, descrevendo de forma detalhada as funções do rádio:
[...] as funções do rádio para a sociedade são: fornecer informações sobre empregos, produtos e serviços, ajudando assim a criar mercados com o incentivo à renda e ao consumo; atuar como vigilante sobre os que detêm poder, propiciando o contato entre eles e o público; ajudar a desenvolver objetivos comuns e opções políticas, possibilitando o debate social e político e expondo temas e soluções práticas; contribuir para a cultura artística e intelectual, dando oportunidades para artistas novos e consagrados em todos os gêneros; divulgar idéias que podem ser radicais e que levem novas crenças e valores, promovendo assim diversidade e mudanças – ou que talvez reforcem valores tradicionais para ajudar a manter a ordem social por meio do status quo; facilitar o diálogo entre indivíduos e grupos, promovendo a noção de comunidade; mobilizar recursos públicos e privados para fins pessoais ou comunitários, especialmente numa emergência (FILHO, p.47).
A questão fundamental é que, servindo como meio de entretenimento ou
de informação, o rádio atinge íntima e particularmente cada pessoa, mas, ao
mesmo tempo, pode criar um sentido de coletividade. Diferente da TV, ele
pode ser ouvido em qualquer lugar e a qualquer hora, seu poder e capacidade
de abrangência facilitam a divulgação de seus conteúdos.
10
Para Antônio Carlos dos Santos Xavier (2005, p.15), “é inegável o fato
da onipresença do rádio em quase todos os ambientes possíveis à
sobrevivência humana”, e essa afirmação tem relação direta com o
envolvimento frente à esfera de identificação e humanização que o rádio cria,
além da praticidade e portabilidade advinda com a diminuição do tamanho dos
aparelhos transmissores, percebida década após década. Deve ser citada
como fator crucial, também, a evolução na programação das emissoras, que
levou a uma segmentação positiva dos conteúdos trabalhados por cada uma,
buscando agradar a todo tipo de interesse dos ouvintes, desde os jovens até à
terceira idade: rádios musicais, rádios informativas, educativas e até mesmo
religiosas.
Porém, apesar de todas as suas qualidades e características positivas
levantadas, há a instantaneidade da transmissão radiofônica, que soma pontos
e leva o rádio a um patamar acima até mesmo da web em se tratando de
rapidez na divulgação de conteúdo. Para Filho (2003), o imediatismo do rádio
só vem a colaborar com o público, pois permite que seus ouvintes se inteirem
dos fatos no exato momento em que se dá o acontecimento.
O rádio possui caráter imediato, possibilitando que o ouvinte se inteire dos fatos no momento em que acontecem. A transmissão de um jogo de futebol, a cobertura de acidentes no local ocorrido dão agilidade para o meio. O rádio acelera a disseminação das informações em curto espaço de tempo, subsidiando a sociedade, os grupos e indivíduos em dada formação cultural. (FILHO, p.47).
O autor Luiz Beltrão (1968) já compartilhava desta ideia muitos anos
antes, afirmando que a capacidade de transmissão imediata ajudou no próprio
desenvolvimento do homem enquanto integrante do mundo e sabedor dos
fatos que ocorrem a sua volta, o que reforça e fortalece a argumentação sobre
os benefícios de agilidade e rapidez desse meio.
A rádio foi o primeiro dos meios de comunicação de massa que deu imediatismo à notícia devido à possibilidade de divulgar os factos no exacto momento em que ocorrem. Permitiu que o Homem se sentisse participante de um mundo muito mais amplo do que aquele que estava ao alcance dos seus órgãos sensoriais: mediante uma ampliação da capacidade de ouvir, tornou-se possível saber o que está a acontecer em qualquer lugar do mundo (p.84).
11
Dessa forma, desde sua primeira transmissão em setembro de 1922, o
rádio vem se consolidando como um dos principais meios de comunicação e a
sua participação é visível na história do país. Nem mesmo a TV conseguiu
causar tamanho impacto em sua chegada como foi com o rádio.
Por esses e outros motivos, desde a sua criação, o rádio foi ganhando
cada vez mais adeptos. Com a novidade chamada televisão e o surgimento da
internet – que agregou todos os meios audiovisuais em uma única plataforma -,
sua utilização foi até mesmo questionada e colocada em xeque, afinal, sua
única “arma de guerra” é o som e a voz. Mas, diferente do que se previa, ele
não caiu em desuso. Ao contrário disso, o rádio continuou sendo tão ou mais
requisitado e apreciado do que a própria televisão.
Uma pesquisa encomendada pela Secretaria de Comunicação (Secom)
da Presidência da República aponta que o rádio e a TV são os meios de
comunicação mais utilizados pelas pessoas para obter informações. Ainda de
acordo com esses dados, o rádio é utilizado por 80,3% da população brasileira,
sendo que 60,9% dos entrevistados afirmaram que ouvem rádio de uma a
quatro horas por dia (SECOM, 2010).
A programação musical tem a preferência de 68,9% dos entrevistados,
seguida pelo noticiário (19,2%). O futebol é a terceira programação mais ouvida
(5,4%), segundo apontamentos da pesquisa.
Estatísticas interessantes apontam que as rádios FMs predominam
sobre as rádios AMs, sendo ouvidas por 73,5% dos usuários. Outros dados da
mesma pesquisa mostram que as pessoas ainda preferem ouvir notícias e
qualquer outro tipo de informação utilizando-se das emissoras de rádio.
A força do rádio permanece respeitada desde o seu surgimento, e o
jornalista Cláudia Figueiredo Modesto (2009) ressalta seu papel sócio-
educativo sobre a sociedade, prezando pela manutenção do rádio como meio
disseminador de informação.
No Brasil, o rádio continua constituindo um importante veículo de informação e cultura, com diferenças marcantes entre regiões e estados. Este é o resultado de uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), em parceria com o Ministério da Cultura, denominada Perfil dos Municípios Brasileiros no quesito Cultura e Meios de Comunicação, de 2006. Por isso, o papel do rádio na sociedade é de suma importância. Uma vez globalizado, deve contribuir para a integração nacional, valorização da cultura e dos valores nacionais. Portanto, discutir o futuro do rádio na era
12
globalizada também pressupõe discutir seu papel na sociedade (MODESTO,2009).
Aproveitando o gancho sobre globalização, é necessário que se
compreenda o fato da importância da era tecnológica para a difusão de
conteúdo social. Fato esse, porém, que o autor citado acima põe em
questionamento.
[...] diante do fenômeno da transmissão em rede de satélites e webtransmissão, que vem abafando (ou mesmo sufocando) a voz da comunidade, há que se pensar numa saída para resgatar as características iniciais do rádio como veículo educativo de mudança social e reforço da cidadania (MODESTO, 2009)
A partir dessa premissa, defini-se aqui uma contraposição a esse
argumento, afinal, a propagação das transmissões via web não vieram de, mas
sim ao encontro da necessidade de expansão na abrangência dos conteúdos
veiculados pelas rádios, bem como a criação de novas fontes emissoras.
Mediante a adaptação das rádios às novas ferramentas tecnológicas
criadas, a agregação de valor (no sentido intelectual, cultural e informativo) fica
evidente. Cada vez mais pessoas se comunicam e expressam suas ideologias,
suas descobertas e seus conhecimentos, criando seus próprios veículos, como
webrádios, blogs e vlogs1 (entenda mais sobre isso no próximo capítulo) e
compartilhando-os, de maneira fácil e rápida, com o resto do mundo.
A audiência na área radiofônica hoje tem aumentado ainda mais, graças
ao uso dessas tecnologias, afinal, além de escutar as emissoras preferidas
através do dial, já é possível ouvir rádio por meio de aparelhos de telefone
móveis e a maior parte das emissoras de rádio transmite sua programação via
internet.
Falando em web, o próximo capítulo abordará um pouco da história e
evolução dessa ferramenta que revolucionou o mundo e a maneira de
1 Blog é uma ferramenta colaborativa onde pessoas trocam informações e conhecimentos
cooperativamente. Pode ser utilizado como um laboratório de escrita virtual onde todos os membros
possam agir, interagir e trocar experiências sobre assuntos de mesmo interesse. Quanto a
funcionalidade, o blog diferencia-se de outras ferramentas síncronas e assíncronas como chat, fórum,
listas de discussão ente outras, pela possibilidade de interação, acesso e atualização das informações
através de comentários e posts (BITENCOURT, 2004). A diferença de blogs para fotologs e videologs é
que nos dois últimos, além de textos, as postagens são acompanhadas de fotografias e vídeos,
respectivamente.
13
compartilhar informações, e como, a partir disso, surgiram os podcasts,
escolhidos como meio de divulgação e acesso ao produto deste projeto.
2.3 A WEB: DISSEMINAÇÃO DE INFORMAÇÃO Os primeiros computadores da história surgiram por volta de 1940. As
máquinas utilizadas eram gigantescas e ocupavam enormes espaços, tendo
como principal finalidade facilitar o arquivamento de dados.
Paulo Vaz (2001) conta que após alguns anos de estudo, a fórmula para
que esses dados, além de arquivados, pudessem ser compartilhados foi
alcançada, levando ao surgimento da primeira rede operacional de
computadores e precursora da internet, a Arpanet, na década de 1960.
A “fórmula” foi denominada “comutação por pacote”, processo que, após
alguns anos de aperfeiçoamento tecnológico, atingindo uma conexão sem fio,
aparelhos de uso portátil e propagando a difusão de cultura e conteúdos, veio a
ser caracterizada, segundo André Lemos (2009), como uma cultura de
mobilidade, uma mobilidade informacional, mas de início, o objetivo dessa
idealização passava longe do que a internet se tornaria décadas depois. A
rede, inicialmente, era utilizada para colaborar nas estratégias militares durante
o período da guerra fria, permanecendo restrita à uma parte elitista da
sociedade, especificamente grandes corporações e áreas de estudo científico.
A primeira troca de informações entre dois modens, de computadores
remotos, caracterizando, aí sim, o início da internet, ocorreu em 1969 (VAZ,
2001). Em 1972 já surgia o conceito e a concepção de e-mail, mas ainda sem o
acesso da sociedade à rede de conexão e compartilhamento de dados.
“O e-mail promove uma mudança do sentido e da topologia da rede. Tal como implementada, a Arpanet visava a permitir o acesso remoto ao poder de processamento de computadores espalhados. Neste sentido, a rede significava um melhor modo de se distribuir um recurso escasso. Todos os computadores tornam-se um único grande computador acessado de qualquer lugar. Graças ao e-mail, a rede passa a ser vista como meio de comunicação. Torna-se dinâmica (novas informações sempre estarão surgindo), mutável, capaz de aproximar pessoas, permitindo a livre expressão e a troca de idéias.” (VAZ, 2001).
Percebido o poder da computação e sendo evidente a necessidade de
partilhar essa descoberta, surge a “ética Hacker”, provavelmente responsável
pelo livre acesso e distribuição de informações que conhecemos hoje:
14
“Eis os seus princípios segundo uma sistematização feita na década de 80: "o acesso a computadores e a qualquer coisa que possa ensinar sobre como o mundo funciona deve ser ilimitado e total"; "toda informação quer ser livre"; "promova descentralização"; "desconfie da autoridade"; "renda-se ao imperativo do trabalho"; "faça você mesmo"; "contrarie o poder"; "alimente o barulho do sistema"; "navegue". O sentido original do termo Hacker é, portanto, o de programadores entusiasmados que compartilham seus trabalhos com outros, e não criminosos que atacam sistemas de computador (VAZ, 2001)”
Em 1984, foi lançado o Macintosh da Apple, o primeiro da geração de
computadores de fácil utilização, mas o uso da internet em si continua restrito a
fins científicos. Alguns anos mais tarde, teve início a comercialização em
massa de computadores e, com ela, veio a utilização em maior escala da
internet.
Em 1986, a Universidade de Cleveland cria a FREENET, “primeira rede
de acesso público e livre à internet”, e daí por diante diversos países e
instituições começam a aderir à web. No Brasil, a internet só chegou, em
caráter de acesso livre à sociedade, em 1990, e quatro anos depois já se
registrava a presença de 20 jornais on-line no país: era a comunicação e
difusão de informações tendo sua iniciação no mundo cibernético.
Uma consciência coletiva foi formando-se em torno da grande utilidade
que esse meio de conexão poderia trazer à humanidade e, aos poucos, o
acesso à web foi sendo disseminado.
Atualmente, a internet representa uma valiosa ponte entre milhões de
usuários em todo o mundo, pela qual é possível atravessar não a um, mas a
vários lados diferentes de inúmeras culturas e ter acesso a um número
imensurável de dados, informações e conteúdo de muita ou pouca relevância.
Ana Paula Andrade Alves (2006) enxerga esse universo de materiais e
informações da rede como uma faca de dois gumes, mas concorda sobre a
questão da atuação social e de grande potencial de compartilhamento (seja de
amarguras, alegrias, dados importantes ou conteúdo de entretenimento) da
internet.
[...] a Internet não é uma simples tecnologia de comunicação, mas o epicentro de muitas áreas da actividade social, económica e política. Por este motivo, a Internet converte-se num grande instrumento de exclusão social, reforçando o hiato entre pobres e ricos, existente na maior parte do Mundo. Mas, por outro lado, a Internet, funciona como uma ágora global, onde as pessoas podem expressar e partilhar as suas preocupações e esperanças. Desta forma a Internet tem
15
potencialidades ao poder implicar e responsabilizar os cidadãos informados e conscientes dos problemas existentes na sociedade, na construção de Estados mais democráticos, conduzindo a uma sociedade mais humana e menos votada à desigualdade e à exclusão social. (ALVES, p,14)
Ainda na linha raciocínio da autora, percebe-se que a web tornou-se
palco de disputas sociais, políticas, econômicas e ferramenta para a resolução
– ou o aumento – de questões, fatos e conflitos que tangem às mais diferentes
áreas da humanidade.
William Gibson (2008), referindo-se à atmosfera de infinitas
possibilidades de compartilhamento de informações, conceituou o ciberespaço,
ainda antes da internet cair em uso massivo:
Ciberespaço. Uma alucinação consensual experimentada diariamente por bilhões de operadores legitimados, em cada nação, por crianças atrás de conceitos matemáticos ensinados... Uma representação gráfica de informação abstraída dos bancos de cada computador no sistema humano. Complexidade impensável. Linhas de luz vagueando no não espaço da mente, cachos e constelações de informação. Como luzes da cidade, recuando. (GIBSON, p.260)
Esse conceito foi escrito há anos, em 1984, mas ainda hoje ele produz
sentido. A internet está sendo, cada vez mais, utilizada para fins de difusão de
informações. Cada usuário posta suas experiências, descobertas, ideias e
percepções, formando as constelações, e aumentando o volume de conteúdo a
ser compartilhado, formando os cachos, carregados de informação de
relevância – ou não – social, conforme mostra o capítulo a seguir.
2.3.1 Livre acesso a conteúdos de importância social Com o crescimento exponencial da internet, ferramentas foram sendo
criadas para que os usuários pudessem, facilmente, compartilhar suas
vivências individuais. Blogs, fotologs e videologs, em ordem cronológica, se
tornaram espécies de “diários virtuais” e facilitaram a disponibilização de
informações dos usuários, bem como a visualização dos demais.
Com o passar do tempo, nota-se uma outra finalidade para o uso dessa
espécie de site: o uso profissional, ou seja, o uso da web para fins econômicos,
financeiros, etc.
O uso desses espaços virtuais, por parte de alguns usuários, foi
direcionado para a hospedagem de publicidade de patrocinadores, outros
16
começaram a disponibilizar arquivos multimídia para que “olheiros virtuais”
tivessem acesso aos seus talentos, e é aí que entra a utilização que dará base
ao produto resultante deste projeto.
Nessa linha de disponibilizar arquivos multimídia – de início, apenas em
caráter de diversão e passatempo dos usuários – uma das ferramentas criadas
foi o podcast. A seguir, entenderemos melhor qual o potencial dessa
ferramenta.
2.3.2 Podcasts Quando se fala em conteúdos sonoros na web, logo vem à mente o
download de músicas ou o simples fato de usar a rede para escutar seus sons
favoritos. Porém, lá pela metade da década de 2000, e com o surgimento do
até hoje cobiçado IPhone2, surgiu uma outra espécie de compartilhamento de
conteúdo de áudio na web: os podcasts.
Como explica Elaine Martins (2008), o termo vem da junção de duas
palavras: “iPod e broadcast (transmissão via rádio), e surgiu em 2004. Os
créditos do conceito deste termo são atribuídos ao ex-VJ da MTV Adam Curry”.
Utilizados tanto para fins pessoais quanto para divulgação de programas de
rádio que já foram ao ar, mas que podem ser ouvidos novamente a qualquer
momento. Para os autores Ana Carmen Foschini e Roberto Romano Taddei
(2006), o podcast dá aos internautas diversas possibilidades de atuação
enquanto agentes emissores de opinião.
“Ferramentas de publicação acessíveis na rede revolucionaram o modo como as pessoas consomem, interpretam, produzem e divulgam informações. Elas permitem ao internauta deixar de ser um receptor silencioso para tornar-se um criador. Falamos sobre as principais ferramentas que contribuem para a descentralização da produção: blogs, podcasts, flogs e vlogs (FOSCHINI e TADDEI, p.8).”
Ainda segundo eles, o podcast é um meio veloz, que permite ao usuário
transformar-se em um comunicador, experimentando um pouco do jornalista e
locutor que há dentro de si.
Com o nascimento dessa ferramenta, novamente o mundo da web
presencia a difusão democrática de informação e/ou conteúdos criados por
2 Aparelho celular que foi a criação de sucesso da americana líder em tecnologia Apple.
17
emissoras, instituições empresariais e, é claro, ou por nada menos do que
qualquer internauta. Fazendo uma ponte entre o que foi abordado em capítulos
anteriores, os autores reafirmam os diferentes usos da rede como meio de
aumentar a audiência das rádios.
Rádios convencionais viram no podcast uma forma de aumentar sua audiência. Oferecem sua programação em "fatias", segmentada, dando oportunidade aos ouvintes de escolher os programas e até qual parte dos programas ouvir. A BBC, sólida referência jornalística mundial, foi uma das que logo incorporaram a novidade. Nos Estados Unidos, os podcasts da National Public Radio tornaram-se uma referência de sucesso. Antes do fim de 2005, algumas rádios brasileiras mostraram que estavam atentas ao fenômeno e incluíram a opção entre seus serviços. Jornais e revistas fizeram o mesmo (FOSCHINI E TADDEI, p.13).
Em resumo, basicamente, os podcasts servem para facilitar a vida dos
usuários que gostam de usufruir da comodidade, praticidade e interatividade
que a web oferece. Isso porque servem como um meio de acessar matérias de
áudio no momento em que for conveniente para cada um. Um programa já foi
transmitido e o ouvinte perdeu? Se a emissora ou webrádio tiver um podcast,
sem problemas. Basta acessá-lo e ouvir o arquivo do programa gravado. “O
podcast tem vários programas, ou episódios, como se fosse um seriado. Os
arquivos ficam hospedados em um endereço na internet e, por download,
chegam ao computador pessoal ou tocador (FOSCHINI E TADDEI, p.9, 2006)”
Como pode ser percebido, logo após sua criação, os podcasts caíram no
gosto não só dos veículos de comunicação, mas também de instituições
públicas e privadas (como meio de divulgar seus trabalhos), de autoridades
políticas (reforçando suas campanhas eleitorais), de instituições de ensino
(disponibilizando programas de conteúdo educativo) e, claro, dos próprios
internautas, que passaram a produzir seus próprios materiais, disponibilizando-
os na web para ser ouvido por quem fosse e aumentando, assim, o número de
adeptos à “revolução do faça você mesmo” (FOSCHINI E TADDEI, 2006).
Por fazer parte do dia a dia da vivência na web, essa ferramenta foi vista
pelos autores deste projeto como a melhor opção para o alcance da
disseminação e divulgação que se espera do produto proposto, acreditando-se
que, pela relevância do tema, o podcast será um meio eficaz de dar à
18
diferentes emissoras de rádio o acesso aos materiais educativos. Sobre o
tema, entenda qual é ele no capítulo seguinte.
19
3 O MUNDO EM DESALINHO – CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS Consumir! Essa é a palavra chave, segundo especialistas, que define
uma parte, quase que totalitária, das questões causadoras dos principais
problemas ambientais. Não o ato isolado de consumir em si, afinal, consumir é
algo essencial à sobrevivência de qualquer ser vivo - consumir água para matar
a sede, consumir alimentos para repor toda a energia gasta, consumir oxigênio
para podermos respirar, consumir roupas para nos protegermos do clima. Mas
observa-se que o erro está, sim, num conjunto de ações díspares de qualquer
proposta pró-ambiental, destoando das ideias e atitudes consideradas “amigas
do planeta”, e que culminaram no que pode ser considerado hoje um estado de
extremo alerta ambiental.
O mais preocupante é que a população, em grande parte, ainda não
consegue ter consciência sobre o dano que esse excesso de consumo está
causando ao planeta. André Trigueiro (2004) aponta, em números, apenas
uma, entre as diversas conseqüências que esses atos desenfreados podem
trazer aos seres vivos de todo o mundo.
[...] Os consumidores não conscientes representam uma enorme ameaça para o mundo e para a sociedade – eles provocam um impacto como nunca antes aconteceu. Dos vários impactos que estão sendo causados, vamos pegar, por exemplo, o impacto sobre a água: estudos das Nações Unidas mostram que, em 2050, duas em cada três pessoas eventualmente não terão água para consumir [...] Então, a ameaça que é colocada pela inconsciência do consumo é uma ameaça global, para cada um de nós e para todos nós. E o curioso é que não é difícil uma pessoa agir positivamente para combater essa ameaça. Vou dar um exemplo: se os 17 milhões de pessoas da Grande São Paulo fecharem a torneira na hora de escovar os dentes, vamos economizar, todos os dias, o equivalente à água que cai pelas Cataratas do Iguaçu por nove minutos [...] Isso para mostrar que os pequenos gestos de consumo têm um enorme impacto e levam a grandes transformações.(TRIGUEIRO apud MATTAR, p.29)
Segundo estudos da WWF, uma organização não governamental que
atua em diversos países, incluindo o Brasil, o exacerbado consumo de recursos
naturais já está superando a capacidade do próprio planeta de regenerá-los.
No relatório publicado pela ONG em 2002, o consumo de recursos naturais já
atingia 20% ao ano, se comparado à capacidade de renovação. Dez anos
depois, em 2012, essa estatística já chegava a 50%, ou seja, o consumo
desenfreado da população sobre os recursos tanto renováveis quanto não
20
renováveis3 caracterizam uma séria ameaça à qualidade de vida e ao futuro da
humanidade no planeta.
Como há diversos fatores de toda essa problemática, a cada vez que se
vê o tema “ambiente” colocado em pauta, torna-se inviável apontar um culpado.
São empresas que não adotam políticas ambientais e contaminam a água e o
solo, é a população que ignora os avisos naturais de que o ecossistema está
em desequilíbrio, são agricultores que não modificam seus métodos de manejo
e transporte dos alimentos para que a menor quantidade possível seja
desperdiçada, e muitos outros pontos deficitários que poderiam ser
extensivamente elencados.
Como exemplo, pode ser levado em conta o setor industrial. Empresas
dos mais diversos ramos e segmentos agregam à natureza, diariamente,
elementos nocivos à estrutura ambiental do planeta.
Recursos naturais, como a água, o solo, a fauna e a flora, há anos,
estão sendo diretamente afetados pelo descumprimento do papel social de
empresas dos mais variados portes e nas mais variadas localidades, no Brasil
e no mundo todo. A grande maioria da população sabe disso, mas poucos
agem sobre essa sequência rotineira de atitudes contra-ambientais.
Observa-se que a discussão a respeito do impacto ambiental que
nossas atitudes estão tendo sobre os recursos naturais e áreas preservadas do
planeta existe há anos. Nota-se que a ação do homem sobre a natureza vai
acarretando em duras conseqüências, como deslizamentos de terras,
alagamentos em várias regiões do país, um desequilíbrio mundial do clima
mas, mesmo assim, as mesmas atitudes de indiferença quanto ao problema
generalizado se repetem todos os dias.
O que a maioria da população mundial desconhece é que existem cada
vez mais meios para a amenização dessas ações contínuas de poluição e
desequilíbrio ambiental, porém, enxerga-se que um fator que desfavorece as
ações pela preservação do planeta é a escassez de divulgação de projetos a
3 Os recursos naturais não renováveis abrangem todos os elementos que não têm capacidade de
renovação, ou seja, quanto mais se extrai, mais as reservas diminuem. Alguns exemplos são o alumínio,
o ferro, o petróleo, o ouro e o níquel. Já os recursos renováveis detêm, no caso de uso ponderado, a
capacidade de renovação após serem utilizados, como florestas, a água e o solo (FREITAS, 2013).
21
favor do meio ambiente, bem como ações que colaboram para a
sustentabilidade.
Visto que há meios e órgãos de grande poder comunicativo que
poderiam atuar nessa divulgação, mas pelo que se percebe, isso acontece com
uma freqüência demasiadamente baixa, presume-se que, por motivos políticos,
financeiros ou outros não identificados, haja uma falta de interesse de
estruturas governamentais e grandes corporações em aderir a projetos com
esse foco inovador, bem como dos meios de comunicação e da mídia em geral
em divulgar tais iniciativas.
3.1 O MEIO AMBIENTE (OCULTO) NA MÍDIA
Diversas instituições de ensino pelo país têm demonstrado interesse no
debate do tema “meio ambiente”. Um exemplo é o Núcleo Interdisciplinar de
Meio Ambiente (NIMA), da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro,
que existe desde 1999 com a proposta de servir de local para discussão da
“comunhão do ser humano com o ambiente” (2013). Vem aumentando o
surgimento de grupos específicos, especializações e cursos de extensão no
tema, ofertados por faculdades e universidades Brasil afora, além de estar
ganhando cada vez mais espaço na web, no formato de blogs e revistas.
Para tentar levar o tema para fora das salas de aula e das páginas da
internet, suscitando-o também na mídia em geral, cursos de jornalismo
ambiental estão ganhando destaque e, com eles, foi criado, há cinco anos, o
Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental, com a premissa de, através de
trocas de conhecimento, “aprimorar a cobertura do assunto pela imprensa
nacional” (JORNALISMO AMBIENTAL, 2013). Isto porque, em tempos nos
quais se fala tanto sobre “efeito estufa” e onde se vê tanto os fenômenos da
natureza arrasando civilizações, o espaço ofertado pela mídia para divulgação
de informação acerca deste ponto - preservação do meio ambiente e a prática
da sustentabilidade - pode ser definido como deficitário.
Mas porquê? Essa é uma pergunta que deve ser feita. Empresas de
diversos ramos diferentes já aplicam parte de seu capital em projetos que
atuem como medidas pró-sustentabilidade, cursos universitários investem em
corpo docente qualificado para ensinar alunos interessados a aplicar e
22
repassar, de maneira eficaz, atitudes e métodos agentes de uma preservação
do meio ambiente, cidades aderem a projetos diversos de reciclagem dos mais
diferentes materiais, ou seja, há uma parte da sociedade se mobilizando,
repensando, mudando os hábitos para cooperar na batalha contra a destruição
dos recursos naturais do planeta.
Mesmo assim, o número ainda é muito pequeno, e ainda é escasso o
espaço utilizado por veículos de comunicação – sejam eles do governo ou
privatizados – para levar à sociedade questões relevantes e preocupantes em
relação ao tema, e a inexistência desses projetos não é um argumento que
pode ser levado em consideração, pois após pesquisas e levantamentos,
constatou-se que eles existem.
Prova disso são as inúmeras e inovadoras ideias teorizadas e – como
dever ser – colocadas em prática em algumas cidades do Brasil, contadas por
escrito na obra de André Trigueiro, “Mundo Sustentável”, publicada em 2005.
Com o propósito de divulgar dados e informações sobre o tema, o
jornalista produziu um compilado de diversos projetos criados e/ou aderidos por
várias comunidades, além de momentos do meio comunicativo voltados à
discussão do tema “preservação do meio ambiente”, repassados ao leitor pela
transcrição de entrevistas de autoridades em textos, que trazem à tona alguns
números, novidades, dados preocupantes e também iniciativas desconhecidas
referentes à atual situação ambiental no mundo.
Em relação à falta de divulgação do tema na mídia, Trigueiro (2005)
afirma:
[...] tudo o que se relaciona com o meio ambiente precisar permear qualquer discussão na área econômica, na área política, na área social, na área ambiental – todas as áreas. Da mesma forma, precisa estar no centro de todas as políticas públicas e de todos os empreendimentos privados [...] Mas é raro que a comunicação siga por esse caminho. Quase sempre, trata de forma episódica essas questões, quando elas assumem o formato de catástrofes, acidentes de grandes proporções, dramas, grandes emoções. É pouco freqüente que discuta as relações desses problemas em toda a sua abrangência (p.15, 2005)
Em busca de atuar para uma mudança, mesmo que pequena, desse
cenário, este projeto buscou firmar uma parceria com um órgão reconhecido
em todo o estado do Paraná, para que a divulgação do produto seja extendida
23
às emissoras à ele associadas. Entenda, no próximo capítulo, quem é e qual o
trabalho deste órgão, bem como sua importância para o projeto.
24
4 PARCEIRA “RECICLAMUNDO” E AERP A Associação das Emissoras de Radiodifusão do Paraná (AERP) é uma
sociedade civil com personalidade jurídica de direito privado, sem fins
lucrativos, constituída por emissoras de radiodifusão autorizadas a funcionar no
Paraná, para fins de estudo, coordenação e representação das empresas de
rádio e televisão do Estado do Paraná, a ela associadas, inclusive como
entidade literária, recreativa, cívica, informativa e cultural (AERP, 2013).
A partir da constatação de que a associação funciona, também, como
produtora de materiais para retransmissão por parte das emissoras associadas
e divulgadora de materiais de terceiros, em caráter gratuito, firmou-se, por meio
de reunião com o presidente da associação, senhor Marco Villela, a parceria
para divulgação do produto deste projeto para todas as rádios associadas à
AERP.
Mediante conversa, fez-se clara a necessidade de conteúdo sócio-
educativo nas transmissões de rádio, conforme explicou Villela4.
As emissoras, por exigência da Anatel, têm que inserir até 5% de conteúdo sócio-educativo na programação. A proposta de vocês vem ao encontro de poder dispor na programação conteúdo como esse. Existe a demanda, existe a necessidade. O que deve acontecer, e isso é um processo gradativo, é as emissoras justamente se sensibilizarem e o mais breve possível começarem a criar espaço na sua grade. Então esse é o desafio inicial que a associação tem (2013).
Frente à demanda declarada por Vilela e à viabilidade de parceria para
divulgação do material proposto, definiu-se a AERP como apoiadora na
propagação do produto.
A maior relevância dessa parceria é a abrangência da associação, que
possui contato direto com mais de 150 emissoras de todas as regiões do
Paraná.
Dessa maneira, tendo-se em mãos quais serão as emissoras em
potencial para a retransmissão do produto proposto, e para levantar algumas
estatísticas sobre como andam as ações de preservação ambiental e
sustentabilidade nas cidades, os autores do projeto realizaram pesquisa
qualitativa com 26 rádios associadas, apresentada no capítulo a seguir. 4 Entrevista concedida aos autores deste projeto, na sede da AERP, no dia 31 de julho de 2013.
25
4.1 PESQUISA QUALITATIVA PARA EMBASAMENTO DO PROJETO
Para um melhor entendimento de como está o atual cenário na área de
projetos e iniciativas ambientais nas diferentes regiões do Paraná, 18
emissoras de rádio foram escolhidas como amostragem para uma pesquisa
qualitativa. Os e-mails de contato foram coletados, e foram enviadas às rádios
as seguintes questões:
- Há em sua cidade algum tipo de medida sócio-ambiental, que vise a
preservação do meio ambiente ou a sustentabilidade, como coleta de materiais
recicláveis, reaproveitamento da água da chuva, reutilização de materiais, etc?;
-Se a resposta for afirmativa, como essas atividades, projetos e/ou medidas
são divulgadas? Pelas rádios, pela TV, por redes sociais, pelo site da
prefeitura, alguma outra opção ou não há divulgação?
A seguir, é possível visualizar as rádios contactadas, as que retornaram
o contato e também as respostas dadas às questões, por meio de tabela
explicativa.
26
Quando analisados o número de rádios contactadas e o número de
rádios que retornaram com a resposta aos questionamentos, contabiliza-se
22% de aderência à pesquisa, o que, excluindo-se a possibilidade de o e-mail
encaminhado não ter chego ao destino, pressupõe uma escassez ou falta
suficiente de iniciativas ambientais para que fossem divulgadas e/ou
repassadas aos autores da pesquisa.
Já analisando os e-mails de retorno, verificou-se a existência de ações
de preservação e sustentabilidade, porém, em quantidade pequena.
Acompanhe na tabela a seguir as atividades desenvolvidas divididas por tipo
de ação.
27
Com base nas respostas das emissoras, produziu-se um gráfico
indicador dos meios de comunicação utilizados na divulgação das atividades e
movimentos ambientais, observando-se as redes sociais em primeiro e o rádio
em segundo lugar.
Sendo a amostragem pequena frente à necessidade real de
levantamentos de pesquisa, considera-se perigoso tomá-la como base, mas é
possível utilizá-la para observar que existem, sim, iniciativas de preservação
ambiental e sustentabilidade, mas em escassez, tanto de prática quanto de
divulgação.
Entenda como a idealização do produto “reciclamundo” pretende
amenizar e colaborar na mudança desse cenário.
28
5 RECICLAMUNDO – PÍLULAS QUE CONSCIENTIZAM Captar a atenção de um ouvinte de rádio pode ser fácil, o difícil é mantê-
la voltada ao conteúdo veiculado. O tema tratado nesse projeto e que dará o
direcionamento completo do produto produzido costuma ser visto como
maçante ou de desinteresse por parte da população.
Após estudos acerca da ideia de produzir um material sobre meio
ambiente e sustentabilidade, chegou-se à conclusão de que um programa de
meia hora, ou até mesmo quinze minutos seria o suficiente para dispersar o
público ouvinte, que não está acostumado a ter em suas emissoras mais
ouvidas conteúdo de tal natureza. Assim, veio às mentes autoras deste projeto
a ideia de pegar o teor educativo e informativo do assunto abordado e
transformá-lo em programetes de conscientização.
A conclusão foi reforçada após conversa com o presidente da AERP
que, quando questionado sobre o tempo máximo ideal para materiais do
gênero proposto, confirmou a inviabilidade de transmissão de produções de
média ou longa duração nas emissoras radiofônicas no cenário atual.
Já estamos despertando isso [a necessidade de conteúdo sócio-educativo] nos encontros regionais que nós fazemos, abordagens contínuas em nossa revista, em nossa newsletter, desse alerta [...] Vocês estão no caminho certo, no máximo 90 segundos, ninguém tem na emissora hoje espaço para colocar material de cinco minutos. Então no máximo 90 segundos e tem que ter periodicidade. Se o compromisso é uma edição por dia, é uma edição por dia. Porque isto é relevante? Primeiro que as rádios vão pensar “opa, esse conteúdo me interessa, vou inserir no programa da tarde”. Então todo dia tem que ter novidade, tem que ter primor pela qualidade, primor pelo conteúdo, respeitar o tempo (VILLELA,2013).
Após essa afirmação, firmou-se o formato do produto como
programetes, e o gênero foi definido como educativo/informativo. Mas, afinal, o
que são programetes?
Formato um tanto esquecido na literatura que engloba o universo
radiofônico, porém utilizado com frequência na prática diária da produção de
materiais e produtos em emissoras FM, os programetes são ferramentas úteis
para inserção rápida de conteúdo, de tempo em tempo, ao longo do dia.
Não possui conceito específico quanto à sua duração e o conteúdo que
nele pode ser abordado, mas possui direcionamentos padrões suficientes para
29
não ser confundido com boletins, ou para, pelo menos, não ser relegado ao
mundo dos “formatos existentes porém esquecidos”.
Magaly Prado (2006), em uma de suas obras sobre gêneros e formatos
de rádio, apresenta a definição para o termo.
O formato de um programa de curta duração, que em média dura entre um e três minutos, é chamado de programete, pílula, dropes, boletim, entre outros nomes [...] Os programetes costumam ser espalhados ao longo da programação, com ou sem horário determinado. Pode-se abordar qualquer assunto em seu conteúdo. Por exemplo, um programete sobre meteorologia, ondas ou astrologia. Ultimamente, emissoras apostam em temas pouco usuais para este formato, como boletins sobre decoração, empreendedorismo, mercado imobiliário, etc. (PRADO, p.67)
Observando a liberdade e a dinamicidade desse formato de material –
que não é exclusivo do meio radiofônico – percebeu-se que o uso dos
programetes para o trabalho de conscientização coletiva poderia ser mais
efetivo para, no mínimo, conseguir inserir no dia a dia de parte dos ouvintes
noções de como colaborar com a questão de preservação ambiental.
O tempo de curta duração dos dropes informativos é essencial para que
um assunto ainda em fase de introdução nessa esfera radiofônica não se perca
em grandes e longas explicações, que acabariam por desvirtuar a atenção do
ouvinte.
Quando se fala a respeito de um tema pouco usual dentro dos meios de
comunicação, como os males que a humanidade está causando ao meio
ambiente e os métodos que podem ser adotados para ajudar na preservação
de recursos não renováveis, é interessante e, espera-se, mais eficaz, utilizar
ferramentas práticas e diretas.
Através dos programetes, que a partir daqui serão chamados de
“pílulas”, viu-se a possibilidade de transmitir ao ouvinte dicas, informações,
orientações, curiosidades e conteúdo de aproveitamento social coletivo de
modo que o assunto não se torne maçante, atingindo uma absorção
substancial dos ouvintes e que provoque mudanças a longo prazo. Um
exemplo? As regrinhas básicas de não demorar no banho, não jogar lixo nas
ruas e fechar a torneira durante a escovação dos dentes são exemplos claros
de atitudes pró-meio ambiente e que já foram – e são até hoje – muito
difundidas na sociedade, por meio de campanhas de educação ambiental.
30
Porém, mesmo com as inúmeras campanhas que batem sempre nessas
mesmas teclas, ainda hoje, não raro, encontramos pessoas que praticam
exatamente atitudes contrárias às regras divulgadas, indo de encontro às
súplicas de ONG’s, entidades representativas e Secretarias do Meio Ambiente
de todo o país.
É por isso que o produto idealizado neste projeto visa um impacto sob as
atitudes da população. O objetivo é que as dicas rápidas e proveitosas que
serão levadas diariamente aos dials provoquem uma reavaliação de suas
ações sobre o mundo em que vivemos, aproveitando o gancho no que André
Trigueiro chama de “os 4 Rs” (p.28).
[...] o primeiro deles é o Repensar. Então, a reflexão sobre o ato do consumo leva naturalmente a reduzir, porque você não precisa de tudo o que você está consumindo; a reutilizar, porque algumas das coisas que você compra podem ser utilizadas continuamente, sem precisar comprar de novo; e reciclar, dado os enormes impactos que a reciclagem tem sobre a sociedade e o meio ambiente. (2005)
Para colaborar na mudança positiva dessa realidade, as pílulas foram
pensadas de modo que resultem em um produto de cerca de 1 minuto e trinta
segundos, trazendo uma informação rápida, porém útil ao ouvinte.
A ideia é que o conteúdo produzido seja disponibilizado, primeiramente,
para o maior número possível de emissoras estaduais abertas, pois conforme
constatado nas pesquisas citadas anteriormente, detectou-se uma deficiência
na quantidade de divulgação bem como das ações colocadas em prática em se
tratando de preservação ambiental e sustentabilidade, o que impõe limites e
barreiras à difusão dessas iniciativas.
Já futuramente, prevê-se a disponibilização para qualquer emissora
nacional, afinal, nenhum estado do país possui índices de manejo, coleta e
destinação de resíduos perto do adequado, além de a maior parte da
população não saber o significado real da palavra “sustentabilidade”, e aqueles
que sabem, acabam não praticando-a por desconhecer as maneiras e
caminhos para tal, ou simplesmente por relegar sua importância.
O conteúdo – dicas, curiosidades, novidades e informações sobre o
tema – será retirado de fontes oficiais e especializadas, como sites, revistas,
blogs, jornais e/ou informações repassadas diretamente de especialistas na
área, como o já citado jornalista André Trigueiro. Isso porque, uma vez
31
divulgada em um meio como a internet ou uma revista de segmentação e
público específicos, a disseminação dessa informação limita-se àquele nicho,
dificultando o acesso coletivo a esse material.
Se veiculado por meio do rádio, a informação se tornará,
automaticamente, mais acessada, mais ouvida e a chance de abrangência será
maior, logo, seu valor enquanto notícia, enquanto conteúdo de relevância social
se tornará ainda mais efetivo, e seu resultado mais eficaz.
A locução será feita de forma dinâmica e alternada entre os autores do
projeto, um homem e uma mulher, a cada nova edição. O objetivo é dar ritmo e
dinamicidade ao material que chegará até o ouvinte, seguindo a dica de
Foschini e Taddei (2006): “experimente dividir seu podcast com um amigo.
Duas vozes diferentes (feminina e masculina, por exemplo) dão mais colorido
ao programa.”
Outra dica de Toschini e Taddei (2006) que será utilizada é criar um blog
para complementar as informações sobre os conteúdos disponibilizados. No
caso das pílulas, o blog trará informações sobre como andam as informações
recentes sobre o mundo da sustentabilidade e do meio ambiente e, aos
poucos, serão implantadas ferramentas, textos e outros serviços que
colaborem na programação das rádios que utilizarão as “pílulas que
conscientizam” em suas programações.
A princípio, a intenção é a de disponibilizar, dentro do blog, os arquivos
de cada edição das pílulas, em formato de podcast, daí a importância da
explicação anterior sobre o uso dessa ferramenta. O acesso das emissoras ao
material será permitido por meio de cadastro no blog.
A periodicidade será semanal, gravado de cinco em cinco edições, e
cada semana trará um novo tema – reutilização de objetos e materiais, água da
chuva, latas de alumínio, etc.
Antecipando e prevenindo gastos inesperados na produção do material,
criou-se um orçamento que servirá como base no momento da produção dos
programetes. Observe abaixo:
32
A intenção inicial era de disponibilizar os arquivos de programetes às
emissoras por um valor definitivamente simbólico, porém, após estimados os
gastos mensais para a produção do conteúdo desejado, viu-se a necessidade
de implantar um período mínimo de adesão bem como uma mensalidade acima
da esperada, mas ainda assim, dentro do que pode ser considerado acessível
às rádios, tendo como expectativa a maior adesão possível por parte das
emissoras do Paraná.
Desse modo, os autores do projeto, sabendo da importância em falar
sobre sustentabilidade e meio ambiente, criaram essa alternativa com o selo
AERP do Paraná a todas as emissoras do país que venham a se interessar
pela transmissão do material produzido.
33
Toda a produção, desde argumentação, roteiro, direção, gravação,
locução, edição e finalização são de responsabilidade dos autores do Projeto
Reciclamundo.
Sendo a internet uma importante alternativa de comunicação, percebeu-
se o blog e os podcasts como as melhores soluções para que todas as
emissoras, inclusive aqueles com verbas limitadas, tenham acesso a esses
materiais de áudio, que serão disponibilizados para download através do site
www.reciclamundo.com.br .
34
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Após pesquisas realizadas com algumas emissoras do Estado do
Paraná e entrevista com o presidente da AERP, sr. Márcio Villela, confirmou-se
a grande importância e necessidade em produzir um programa que sirva como
ferramenta socioeducativa, sendo que a produção proposta neste projeto vai ao
encontro de uma lacuna que ainda não pôde ser preenchida por muitas
emissoras de rádio, devido ao alto custo de produção que exige mão de obra
especializada.
Sendo assim, o projeto Reciclamundo, tem como objetivo suprir essa
necessidade do mercado através dos programetes citados nesta pesquisa,
auxiliando a população com informações relevantes sobre a grande
importância de preservação ambiental.
Os autores do projeto reconhecem que muitas emissoras de rádio, por
questões orçamentárias, não conseguem financiar produções específicas e
com isso, não podem ter em sua grade de programação conteúdo que agregue
valor e credibilidade em sua grade, no quesito informação e educação.
A mídia de modo geral, tem contribuído pouco para que o maior número
de pessoas tenha acesso às informações sobre sustentabilidade e meio
ambiente e, por isso, nota-se através das pesquisas realizadas pelos autores
do Reciclamundo que é possível realizar muito mais do que se tem realizado
atualmente.
A grande preocupação é levar este tipo de conteúdo que aborda
orientações necessárias sobre o meio ambiente e sustentabilidade ao maior
número de pessoas possível, por isso, pretende-se disponibilizar os materiais
Reciclamundo a qualquer emissora de rádio do Brasil.
Vale repetir que devido aos custos de produção para a execução deste
tipo de material, que necessita de profissionais especializados, bem como
pesquisas e levantamentos de conteúdo específicos, muitas rádios
continuariam com dificuldade para transmitir os 5% de conteúdo sócio-
educativo exigido pelos órgãos oficiais. Porém, em parceria com a AERP, no
que tange à divulgação do produto, e com o baixo valor de mensalidade a ser
cobrado, o Projeto Reciclamundo se torna acessível a todas as emissoras que
assim desejarem ter o conteúdo em sua grade de programação.
35
REFERÊNCIAS
AERP. Quem somos? Disponível em <http://www.aerp.org.br/inicio/?page_id=33> Acesso em: 15 jul. 2013. ALVES, Ana Paula Andrade. Resenhas educativas. Disponível em <http://www.edrev.info/reviews/revp49.pdf>. Acesso em: 09 jul. 2013. ANATEL. Disponível em <http://www.anatel.gov.br/Portal/exibirPortalInternet.do> Acesso em: 25 jul. 2013. BAHIA, Lilian Mourão. Rádios comunitárias: mobilização e cidadania na reconfiguração da esfera pública. Belo Horizonte. Autêntica LTDA, 2008. BELTRÃO, Luiz. Jornalismo pela televisão e pelo rádio: perspectivas. Revista da escola de comunicações culturais, USP, vol.1, nº1, 1968. BITENCOURT, Jossiane Boyen. O que são blogs? Disponível em <http://penta3.ufrgs.br/PEAD/Semana01/blogs_conceitos.pdf> Acesso em: 3 ago. 2013. CAETANO, Bruno. As perguntas e respostas mais freqüentes sobre rádio comunitária. Disponível em < http://www.abraconacional.org/as-perguntas-e-respostas-mais-frequentes-sobre-radio-comunitaria/> Acesso em: 28 jun. 2013. FILHO, André Barbosa. Gêneros Radiofônicos. São Paulo. Paulinas, 2003. FOSCHINI, Ana Carmen e TADDEI, Roberto Romano. Coleção Conquiste a Rede – Podcast. Disponível em <http://www.anacarmen.com/download/conquiste-a-rede> Acesso em: 2 jun. 2013. FREITAS, Eduardo de. Os recursos naturais. Disponível em <http://www.brasilescola.com/geografia/os-recursos-naturais.htm> Acesso em: 28 jul. 2013. GIBSON, William. Neuromancer. São Paulo. Aleph, reedição de 2008. Jornalismo Ambiental. Os caminhos da Economia verde e a cobertura jornalística. Disponível em < http://jornalismoambiental.jor.br/ja/?p=831> Acesso em 25 ago. 2013.
36
LEMOS, André e JOSGRILBERG, Fábio organizadores. Comunicação e mobilidade : aspectos socioculturais das tecnologias móveis de comunicação no Brasil. Salvador . EDUFBA, 2009. MARTINS, Elaine. O que é Podcast. Disponível em <http://www.tecmundo.com.br/1252-o-que-e-podcast-.htm> Acesso em: 25 jul. 2013. MCLEISH, Robert. Produção de rádio: um guia abrangente de produção radiofônica. São Paulo, Summus Editorial, 2001. MODESTO, Cláudia Figueiredo. Papel Social do rádio na era globalizada. Disponível em <http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/papel_social_do_radio_na_era_globalizada> Acesso em 22 jul. 2013. NIMA. Sobre o NIMA. Disponível em <http://www.nima.puc-rio.br/index.php/pt/sobre-o-nima/historico > Acesso em 25 ago. 2013. Presidência da República. Lei nº 9.612, de 19 de fevereiro de 1998. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9612.htm> Acesso em: 2 jul. 2013. PRADO, Magaly. Produção de rádio: um manual prático. Rio de Janeiro. Campus, 2006. Rádio Alternativa AM, Cândido de Abreu <http://www.alternativa710.com.br/> Rádio Ampére AM, Ampére <http://www.radioampere.com.br> Rádio Atual Guairacá FM, Mandaguari < http://www.radioguairaca.com.br> Rádio Cacique AM, Guarapuava <://www.radiocaciqueam.com/> Rádio Cesumar FM, Maringá <http://www.radiocesumar.com.br> Rádio Difusora AM, Ponta Grossa <www.difusora690.com> Rádio Educadora AM, Laranjeiras do Sul <http://www.radioeducadora1120.com.br> Rádio Entre Rios AM, Entre Rios <http://www.radioentrerios1170.com.br> Rádio Ilha do Mel FM, Paranaguá < http://www.fmilhadomel.com.br> Rádio Ilustrada FM, Umuarama < http://www.ilustradafm.com.br> Rádio Lontras FM, Lontra <http://www.lontrasfm.com.br>
37
Rádio Fronteira AM, Barracão <http://www.radiofronteira.com.br> Rádio Musical FM, Campo Mourão < http://radiomusicalfm.com.br> Rádio Tradição AM , Rio Branco do Sul <http://radiotradicaoam.com.br> Rádio Turquesa FM, Astorga <http://www.fmturquesa.com.br> Rádio 98 Timburi FM, Andirá <http://www.timburifm.com.br> SAM Broadcast. A diferença entre rádio comunitária, educativa e comercial. <http://www.sam.ind.br/Radio%20Comunitaria%20Educativa%20e%20Comercial.htm > Acesso em: 1 ago. 2013.
SECOM. Relatório de pesquisa quantitativa. Disponível em <http://www.secom.gov.br/pesquisas/2010-12-habitos-ii/2010-12-habitos-de-informacao-e-formacao-de-opiniao-da-populacao-brasileira-ii-sudeste-e-centro-oeste.pdf>. Acesso em: 14 jul. 2013. TRIGUEIRO, André. Mundo Sustentável: abrindo espaço na mídia para um planeta em transformação. São Paulo: Globo, 2005. VAZ, Paulo. Cronologia da internet. Disponível em <http://www.febf.uerj.br/crono_web/cronologia_internet.html> Acesso em: 25 jul. 2013. VILLELA, Márcio. Entrevista concedida a Anna Luiza Dassie e Gilmar Cerqueira. Curitiba, 31/07/2013. WWF. Consumo cada vez maior e utilização de mais recursos por população crescente aumenta a pressão sobre o planeta. Disponível em <http://www.wwf.org.br/?uNewsID=31304> Acesso em: 20 jul 2013. XAVIER, Antonio Carlos dos Santos. A Linguagem do Rádio. São Paulo. Respel, 2006
38
ANEXO A
Mensagem encaminhada às rádios, via e-mail, com questões para levantamento de pesquisa qualitativa:
Somos do corpo discente da Universidade Tuiuti do Paraná e estamos realizando uma pesquisa para a produção de um material radiofônico que será divulgado em parceria com a Associação de Emissoras de Radiodifusão do Paraná (AERP), e servirá de apoio para a programação das rádios paranaenses. O material terá caráter informativo e educativo, visando a conscientização da sociedade acerca de diversos temas atuais e de grande importância, e será disponibilizado às rádios via web, por um valor simbólico. Para que o resultado seja de boa qualidade, estamos levantando dados quanto ao envolvimento dos municípios do Paraná com projetos e atividades que colaborem para sustentabilidade. Sendo assim, gostaríamos da colaboração da sua emissora, respondendo à duas perguntas, que vão abaixo: Primeira pergunta: -Há em sua cidade algum tipo de medida sócio-ambiental, que vise a preservação do meio ambiente ou a sustentabilidade, como coleta de materiais recicláveis, reaproveitamento da água da chuva, reutilização de materiais, etc? -Se a resposta for afirmativa, como essas atividades, projetos e/ou medidas são divulgadas? Pelas rádios, pela TV, por redes sociais, pelo site da prefeitura, alguma outra opção, ou não há divulgação? Agradecemos por hora, e em breve devemos entrar em contato novamente para mostrar o resultado de nossa produção.
39
ANEXO B
Roteiro do programete piloto gravado para apresentação à banca examinadora deste projeto.
PROGRAMA RECICLAMUNDO Piloto - Cimento ecológico PRODUÇÃO E APRESENTAÇÃO ANNA LUIZA DASSIE E GILMAR CERQUEIRA DURAÇÃO : 90’’
TÉCNICA ÁUDIO Vinheta de abertura Trilha de fundo Locução feminina Vinheta de encerramento Locução masculina, tom médio, puxando um pouco mais para o grave
RECICLAMUNDO
VOCÊ SABIA QUE A PRODUÇÃO DE CIMENTO
TEM IMPACTOS MUITO NEGATIVOS SOBRE A
SAÚDE E TAMBÉM SOBRE O MEIO AMBIENTE?
UM EXEMPLO É A CONTAMINAÇÃO DO AR, DA
ÁGUA E DO SOLO COM SUBSTÂNCIAS
EXTREMAMENTE TÓXICAS// MAS PARA
REVERTER ESSA SITUAÇÃO, JÁ EXISTEM
DIVERSOS ESTUDOS QUE APONTAM
SOLUÇÕES SUSTENTÁVEIS PARA A PRODUÇÃO
DESSA COMPOSIÇÃO TÃO UTILIZADA PELA
INDÚSTRIA CIVIL//
UM EXEMPLO É O CIMENTO ECOLÓGICO
PRODUZIDO A PARTIR DO BAGAÇO DA CANA
DE AÇUCAR, DA CASCA DE ARROZ E DE
RESÍDUOS DE MATERIAIS DE CERÂMICA, O QUE
O TORNA SUSTENTÁVEL TANTO PELA
REDUÇÃO NA EMISSÃO DE GASES QUANTO
PELO REAPROVEITAMENTO DE MATERIAIS
NATURAIS// A INDÚSTRIA DO CIMENTO É
RESPONSÁVEL POR CERCA DE 7% DAS
EMISSÕES MUNDIAIS DE GASES TÓXICOS DO
EFEITO ESTUFA, MAS COM ALTERNATIVAS
COMO A DO CIMENTO ECOLÓGICO ESSA
HISTÓRIA PODE MUDAR, VOCÊ NÃO ACHA?
DIVULGUE ESSA IDEIA//
RECICLAMUNDO, UMA IDEIA SUSTENTÁVEL APOIO: AERP/ ASSOCIAÇÃO DAS EMISSORAS DE RÁDIOFUSÃO DO PARANÁ///