Revista Brasileira de Geografia Fsica 05 (2012) 1133-1144
Marcuzzo, F. F. N.; Oliveira, N. L.; Cardoso, M. R. D. 1133
ISSN:1984-2295
Revista Brasileira de
Geografia Fsica
Homepage: www.ufpe.br/rbgfe
Tendncia do Nmero de Dias de Chuva no Estado do Mato Grosso do Sul e Sua
Relao com o Fenmeno ENOS
Francisco F. N. Marcuzzo1, Nayhara de L. Oliveira
2, Murilo R. D. Cardoso
3
1 Eng, Dr., Pesquisador em Geocincias, CPRM/SGB - Servio Geolgico do Brasil Ministrio de Minas e Energia - Rua
Banco da Provncia, n105 - Santa Tereza - CEP 90840-030, Tel.:(51) 3406-7324 Porto Alegre/RS. [email protected];
2Tecnloga Ambiental, IFG - Instituto Federal de Gois - Rua 75, n 46, Centro - CEP
74055-110. Goinia/GO. [email protected]; 3 Gegrafo, Mestrando, UFG/IESA - Universidade Federal de Gois /
Instituto de Estudos Scio-Ambientais Campus II (Samambaia) - CEP 74001-970 - Goinia/GO. Telefones: (62) 3521-1077. [email protected].
Artigo recebido em 02/08/2012 e aceito em 17/12/2012
R E S U M O
Vrios sistemas atmosfricos da Amrica do Sul, com mais de um tipo de regime pluviomtrico, convergem no estado do
Mato Grosso do Sul. Assim, obtendo-se relevncia nos estudos que focam sries histricas pluviomtricas de modo a se
entender sua tendncia utilizando sua correlao com diferentes dados climatolgicos. Com o objetivo de analisar a tendncia
mensal e anual do Nmero de Dias de Chuva (NDC) no estado do Mato Grosso do Sul, realizou-se um estudo de sua
variabilidade extrema e a sua possvel correlao com o fenmeno ENOS de intensidade moderada ou forte. Foram utilizadas
mdias mensais e anuais do NDC das sries histricas de dados pluviomtricos obtidos da Rede Hidrometeorolgica
Nacional, da Agncia Nacional de guas e do Servio Geolgico do Brasil. A srie histrica utilizada foi de 30 anos (1977 a
2006). Para o tratamento estatstico calculou-se as mdias temporais do nmero de dias com precipitao de 92 estaes
pluviomtricas distribudas no estado do Mato Grosso do Sul. Observou-se que apenas o ms de outubro apresentou tendncia
de aumento do NDC, para a srie histrica estudada, ficando os outros meses e a mdia geral anual, com tendncia de
decrscimo no NDC do estado Sul-Mato-Grossense. Como resultados so apresentados grficos com as tendncias de NDC
para cada ms e anual, correlacionados com a intensidade do ENOS, alm do histograma mensal com a mdia de 30 anos e
para cada uma das trs dcadas.
Palavras-chave: NDC, El Nio, precipitao pluviomtrica.
Trend in Number of Days of Precipitation in the State of Mato Grosso do
Sul and Its Relationship with ENSO Phenomenon
A B S T R A C T
Several weather systems in South America, with more than one type of rainfall, converge in the state of Mato Grosso do Sul.
Thus, obtaining relevant in studies that focus on historical rainfall series in order to understand its trend using its correlation
with different climatological data. In order to analyze the trend of monthly and annual Number of Days of Precipitation (NDP)
in the state of Mato Grosso do Sul, there was a study of its variability and correlation with ENSO. We used monthly and
annual averages of the NDP of the time series of rainfall data obtained from the National Hydrometeorological Network, the
National Water Agency and the Geological Survey of Brazil. The series used was 30 years (1977-2006). The statistic
calculated the mean time the number of days with rainfall of 92 rainfall stations distributed in the state of Mato Grosso do Sul
was observed that only the month of October tended to increase the NDP for the series studied, leaving the other months and
the average annual general decreasing trend with NDP in the state of Mato Grosso do Sul. Results are presented in graphical
trends NDP for each month and year, correlated with the intensity of ENSO, and the histogram with the monthly average of
30 years and for each of three decades.
Keywords: NDP, El Nio, rainfall.
1. Introduo
A anlise e o diagnstico da tendncia
do Nmero de Dias de Chuva (NDC) so de
relevante importncia para estudos
relacionados hidrologia, climatologia e
meteorologia.
As incertezas hidrolgicas, como o
NDC, as variaes das demandas e o grande
* E-mail para correspondncia:
[email protected] (Marcuzzo, F. F. N.).
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nmero de variveis representativas dos
processos fsicos, qumicos e biolgicos,
conferem elevado nvel de complexidade
anlise dos sistemas de recursos hdricos
(Carvalho et al., 2009).
Arajo et al. (2001), em um estudo de
precipitao pluviomtrica mensal provvel em
Boa vista, estado de Roraima, observaram que,
alm do conhecimento da precipitao pluvial,
importante conhecer o balano hdrico
climtico, o qual indica a disponibilidade de
gua para as plantas em dado tipo de solo.
Em um estudo sobre distribuio
espacial de chuvas no Mato Grosso do Sul,
Marcuzzo e Costa (2012) verificaram que a
mdia total pluvial se distribui desigual no
territrio do Mato Grosso do Sul, separado por
trs unidades fisiogrfica, bioma cerrado,
pantanal e mata atlntica. Assim, observado
que para o bioma cerrado, o de maior
ocorrncia no estado, acumula a ocorrncia de
35% de toda a precipitao mdia para o
perodo histrico estudado. O pantanal,
localizado a oeste do estado, fica com um total
de pluviosidade de 27% da srie histrica
utilizada. A mata atlntica registra, 37% da
precipitao do estado.
Furlan 2009, em variabilidade temporal
e espacial das chuvas e do balano hdrico no
estado de Rondnia, estudou os efeitos que a
mudana na cobertura vegetal pode ter sobre a
dinmica climtica e pluviomtrica dessa
regio, com o objetivo de verificar se os atuais
ndices de desmatamento em Rondnia,
ocorridos nos ltimos 30 anos, so suficiente
para contribuir para a modificao do regime
hdrico e pluviomtrico. Para este estudo
utilizou 29 postos pluviomtricos, com dados
obtidos da Agncia Nacional das guas,
concluindo que as analises de tendncia no
identificaram mudanas no regime
pluviomtrico no perodo analisado.
Em um estudo sobre a precipitao
irregular do nordeste, observou-se a
necessidade do monitoramento por meio de
emprego de ndices climticos. Com base
neles, pode-se desenvolver um sistema de
acompanhamento das caractersticas dos
perodos secos ou chuvosos, obtendo
informaes anuais, sazonais ou mensais, com
as quais se pode conhecer profundamente a
climatologia de uma regio, e verificar os
impactos que o clima global causa sobre a
distribuio pluviomtrica local, ou seja, a
regionalizao da precipitao para
determinado local (Da Silva, 2009).
Santos et al. (2009), em um estudo de
Intensidade-Durao-Frequncia (IDF) de
chuvas para o estado do Mato Grosso do Sul,
observaram que a relao IDF de chuvas
intensas, tem sido usada como ferramenta
importante na previso de eventos extremos
empregados na elaborao de obras de
drenagem, nos mais diversos campos da
engenharia. No mesmo estudo relataram a
grande variabilidade de valores de intensidade
de precipitao observada nas regies do
estado, o qual evidencia a necessidade de
considerao das informaes locais para a
realizao de estudos e projetos hidrulicos,
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interferindo na segurana no dimensionamento
e nos custos da obras.
Modelos matemticos tm sido
aplicados descrio de fenmenos naturais,
por se tratarem de abstraes da realidade
encontrada, uma tentativa de representao de
uma ou todas as propriedades de um fenmeno,
sistema ou objeto, que tem como propsito
compreender melhor a resposta de processos, a
partir de observaes realizadas ou mesmo
deduzir efeitos (Tucci, 2004).
Com todas as abordagens descritas
anteriormente, verifica-se a escassez de estudos
sobre a tendncia do NDC, portanto, este
estudo tem como objetivo principal analisar a
variao e a tendncia mensal e anual do NDC
no estado do Mato Grosso do Sul; e a possvel
relao dos mximos e mnimos NDC com o
moderado ou forte aquecimento ou esfriamento
das guas do Oceano Pacifico.
2. Material e Mtodos
O Estado de Mato Grosso do Sul
(Figura 1), que est localizada na regio centro-
oeste do Brasil, possui uma rea total de
357.124,33 km2 e permetro de 3.663,36 km e
possui 78 municpios sendo que o maior
territrio municipal do Estado (IBGE, 2010)
pertence ao municpio de Corumb (rea de
64.923,23 km2 e permetro de 1.812,74 km) e o
menor, o municpio de Douradina (rea de
278,94 km2 e permetro de 75,94 km).
Segundo dados do IBGE (2010), toda a
populao residente nos municpios do Estado
de Mato Grosso do Sul somam 357.145,83
pessoas, sendo que a maior densidade
populacional pertence ao municpio de Campo
Grande, com 97,22 habitantes.km-2
(Figura 1).
Figura 1. Densidade de habitantes por quilmetro quadrado, clima e localizao no Estado de Mato
Grosso do Sul.
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O clima do Estado de Mato Grosso do
Sul, segundo a classificao de Kppen, ao
norte e oeste o Tropical (Aw), com estao
seca no inverno, ao sul e sudoeste o
Temperado mido com vero quente (Cfa) e a
leste o Temperado mido com inverno seco e
vero mido (Cwa) (Figura 1) (Peel et al.,
2007).
Neste trabalho foram utilizados dados
do projeto SRTM (Shuttle Radar Topographic
Mission) do qual foram obtidos imagens com
resoluo de 90 metros as quais foram
agrupadas em um programa GIS (Geographic
Information System) e em seguida o MDE
(Modelo Digital de Elevao) foi delimitado o
que permitiu analisar a hipsometria do Estado
de Mato Grosso do Sul. O Estado de Mato
Grosso do Sul est inserido nos biomas
Cerrado, Mata Atlntica e Pantanal (Figura 2).
Figura 2. Relevo, altimetria, localizao e biomas do estado do Mato Grosso do Sul.
O uso do solo no Estado de Mato
Grosso do Sul se concentra em grande parte na
pecuria alm de uma considervel regio de
vegetao remanescente (Figura 3).
Utilizou-se neste estudo 92 estaes
pluviomtricas (Figura 3) cujos dados de
Nmero de Dias de Chuva utilizados neste
estudo foram obtidos da Rede
Hidrometeorolgica Nacional da Agncia
Nacional de guas (ANA) e da CPRM/SGB
(Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais
/ Servio Geolgico do Brasil). Estes dados
dirios de NDC correspondem a uma srie
histrica de 30 anos (1977 a 2006) e foram
compilados, consistidos, organizados e tratados
estatisticamente, com informao mensal e
anual. As tendncias do NDC foram obtidas
utilizando regresso linear dos dados,
utilizando-se planilhas de clculo.
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Figura 3. Uso e ocupao do solo, estaes pluviomtricas e localizao do Mato Grosso do Sul.
O ION (ndice Ocenico Nio(a)) um
ndice que identifica as anomalias da superfcie
do oceano Pacfico atravs de uma mdia
mvel de trs meses. Quando o ION for maior
que +0,5C por no mnimo cinco meses
consecutivos o perodo caracterizado como El
Nio e quando o ndice for menor que -0, C
por no mnimo cinco meses consecutivos o
perodo caracterizado como La Nia, assim
variaes de at 0,5 graus na temperatura das
guas do Oceano Pacfico so consideradas
normais. No Quadro 1 e 2 observam-se a
intensidade do fenmeno ENOS que foi
classificada em classes fraca, moderada e forte
utilizando-se a mdia do ION. Os dados das
maiores intensidades dos fenmenos climticos
El Nio e La Nia na regio 3.4 (Quadro 2 e
Figura 4), nas coordenadas 5oN a 5
oS e 120
o a
170oW, foram obtidos do Servio
Climatolgico Nacional dos Estados Unidos
(NOAA - National Weather Service).
Quadro 1. Critrios para classificar a intensidade do fenmeno ENOS usado no estudo.
Evento ndice Ocenico Nio Intensidade
El Nio
0,5 a 0,9 Fraca
1,0 a 1,4 Moderada
1,5 Forte
La Nia
-0,5 a -0,9 Fraca
-1,0 a -1,4 Moderada
-1,5 Forte
Fonte: Golden Gate Weather Services (2008).
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Quadro 2. Classificao anual da intensidade do fenmeno ENOS 3.4 usado no estudo.
El Nio La Nia
Fraco Moderado Forte Fraco Moderado Forte
1969 1951 1957 1950 1955 1973
1976 1963 1965 1954 1970 1975
1977 1968 1972 1956 1998 1988
2004 1986 1982 1962 2007 1999
2006 1987 1997 1964
2010
1991
1967
1994
1971
2002
1974
2009
1984
1995
2000
2011
Fonte: NOAA - National Weather Service.
Figura 4. ENOS de 1977 a 2006.
Fonte: NOAA - National Weather Service.
3. Resultados e Discusso
3.1 Tendncia do Nmero de Dias de Chuva
Mensais no Mato Grosso do Sul
A distribuio dos Nmeros de Dias de
Chuvas das mdias mensais, com base nos
dados da srie histrica de 1977 a 2006,
registradas em 92 estaes pluviomtricas
distribudas no estado do Mato Grosso do Sul,
apresenta uma variao significativa.
O maior NDC observado, para o ms de
janeiro (Figura 5(a)), foi de 19,8 no ano de
1989, caracterizado pelo final de um perodo de
La Nia forte (Quadro 2 e Figura 4). O menor
foi de 9,3 no ano de 2004, totalizando uma
variao do maior para o menor NDC, para a
srie histrica estudada, de 53%. Para o
perodo de 1977 a 2006 observou-se uma
tendncia mdia de reduo do NDC de -10,4%
no ms de janeiro.
O maior NDC observado, para o ms de
fevereiro (Figura 5(b)), foi de 14,5 no ano de
1989, caracterizado pelo final de um perodo de
La Nia forte (Quadro 2 e Figura 4). O menor
foi de 4,7 no ano de 2005, totalizando uma
-2,0
-1,5
-1,0
-0,5
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0,5
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variao do maior para o menor NDC, para a
srie histrica estudada, de 67,6%. Observou-
se uma tendncia mdia de reduo do NDC na
ordem de -8,2% no ms de fevereiro.
O maior NDC para o ms de maro
(Figura 5(c)), observado no estado, foi de 15 no
ano de 1982 e o menor foi de 5,5 no ano de
2004, totalizando uma variao do maior para o
menor NDC, para a srie histrica estudada, de
63,3%. Para o perodo de 1977 a 2006
observou-se uma tendncia mdia de reduo
do NDC de -9,1% no ms de maro.
O maior NDC para o ms de abril (Figura
5(d)), observado no estado, foi de 9,7 no ano de
1988 e o menor foi de 2,5 no ano de 2002,
totalizando uma variao do maior para o
menor NDC, para a srie histrica estudada, de
74,2%. Observou-se uma tendncia mdia de
reduo do NDC de -4,2% no ms de abril.
No ms de maio (Figura 5(e)), o maior
NDC observado foi de 10,7 no ano de 1981 e o
menor foi de 1,3 no ano de 2004, totalizando
uma variao do maior para o menor NDC,
para a srie histrica estudada, de 87,9%. Para
o ms de maio, observou-se uma tendncia
mdia de decrscimo do NDC de -25,5%.
No ms de junho (Figura 5(f)), o maior
NDC observado foi de 7,9 no ano de 1997,
perodo que as guas do Oceano Pacfico
estavam se aquecendo (Figura 4) para um El
Nio forte (Quadro 2). O menor foi de 0,4 no
ano de 2002, totalizando uma variao do
maior para o menor NDC, para a srie histrica
estudada, de 94,9%. Para o ms de junho, no
perodo de 1977 a 2006, observou-se uma
tendncia mdia de decrscimo do NDC de -
6,4%.
No ms de julho (Figura 6(a)), o maior
NDC observado foi de 4,8 no ano de 1979 e o
menor foi de 0,6 no ano de 1981, totalizando
uma variao do maior para o menor NDC,
para a srie histrica estudada, de 87,5%. Para
o ms de julho, observou-se uma tendncia
mdia de decrscimo do NDC de -9,1%.
Para o ms de agosto (Figura 6(b)), o
maior NDC foi de 7,6 no ano de 1986 e o
menor foi de 0,1 no ano de 1999 (ano de forte
La Nia - Quadro 2 e Figura 4), totalizando
uma variao do maior para o menor NDC,
para a srie histrica estudada, de 98,7%. Para
o ms de agosto, no perodo de 1977 a 2006,
observou-se uma tendncia mdia de
decrscimo do NDC de -18,4%.
(a) (b)
y = -0,0489x + 13,675
R = 0,0213
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Janeiro - Mato Grosso do Sul y = -0,0324x + 11,5R = 0,0163
0,0
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3,0
4,5
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7,5
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10,5
12,0
13,5
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Fevereiro - Mato Grosso do Sul
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continuao
(c) (d)
(e) (f)
Figura 5. Tendncia de NDC nos meses de janeiro (a), fevereiro (b), maro (c), abril (d), maio (e) e
junho (f) no Mato Grosso do Sul.
(a) (b)
(c) (d)
y = -0,0335x + 10,726
R = 0,0159
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Maro - Mato Grosso do Sul y = -0,0088x + 6,055R = 0,0021
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Abril - Mato Grosso do Sul
y = -0,0518x + 5,9484
R = 0,0403
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05
20
06
N
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o d
e D
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de
Ch
uv
a
Maio - Mato Grosso do Sul y = -0,0074x + 3,3798R = 0,0017
0
1
2
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5
6
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ias
de
Ch
uv
a
Junho - Mato Grosso do Sul
y = -0,0075x + 2,3997
R = 0,0041
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
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19
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19
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N
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o d
e D
ias
de
Ch
uv
a
Julho - Mato Grosso do Sul y = -0,0192x + 3,0435R = 0,0073
0
1
2
3
4
5
6
7
8
19
77
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91
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a
Agosto - Mato Grosso do Sul
y = -0,036x + 5,8759
R = 0,0313
0
1
2
3
4
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de
Ch
uv
a
Setembro - Mato Grosso do Sul y = 0,0532x + 6,484R = 0,0839
0
1
2
3
4
5
6
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8
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11
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88
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89
19
90
19
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93
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98
19
99
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01
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Outubro - Mato Grosso do Sul
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Marcuzzo, F. F. N.; Oliveira, N. L.; Cardoso, M. R. D. 1141
continuao
(e) (f)
Figura 6. Tendncia de NDC nos meses de julho (a), agosto (b), setembro (c), outubro (d),
novembro (e) e dezembro (f) no Mato Grosso do Sul.
Para o ms de setembro (Figura 6(c)), o
maior NDC observado, no estado do Mato
Grosso do Sul, foi de 9,9 no ano de 1992 e o
menor foi de 1,6 no ano de 2004, totalizando
uma variao do maior para o menor NDC,
para a srie histrica estudada, de 83,8%. Para
o ms de setembro, no perodo de 1977 a 2006,
observou-se uma tendncia mdia de
decrscimo do NDC de -17,9%.
Para o ms de outubro (Figura 6(d)), o
maior NDC observado foi de 10,4 no ano de
2005 e o menor foi de 4,7 no ano de 1984,
totalizando uma variao do maior para o
menor NDC, para a srie histrica estudada, de
54,8%. Para o ms de outubro, no perodo de
1977 a 2006, observou-se uma tendncia mdia
de aumento do NDC de 23,6%.
No ms de novembro (Figura 6(e)), o
maior NDC observado foi de 12,1 nos anos de
1977 e 1977 e o menor foi de 5,3 no ano de
1991 (caracterizado por El Nio moderado -
Quadro 2 e Figura 4), totalizando uma variao
do maior para o menor NDC, para a srie
histrica estudada, de 56,2%. Para o ms de
novembro, no perodo de 1977 a 2006,
observou-se uma tendncia mdia de
decrscimo do NDC de -12%.
Para o ms de dezembro (Figura 6(f)), o
maior NDC observado foi de 12,1 no ano de
1979 e o menor foi de 4,9 no ano de 1985,
totalizando uma variao do maior para o
menor NDC, para a srie histrica estudada, de
69%. Para o ms de dezembro, no perodo de
1977 a 2006, observou-se uma tendncia mdia
de decrscimo do NDC de -18%.
3.2 Tendncia do Nmero de Dias de Chuva
Anual Total no Mato Grosso do Sul
O maior NDC observado para a soma
histrica anual (Figura 7), foi de 102 no ano de
1989 (fim de um perodo forte de La Nia -
Figura 4). O menor NDC foi de 70 no ano de
2002 (perodo moderado de El Nio - Figura 4
e Quadro 2). A variao do maior para o menor
foi de 31,1%. Observa-se tambm que as
oscilaes interanuais no so bruscas, e as
y = -0,0382x + 9,2378
R = 0,0356
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
131
97
71
97
81
97
91
98
01
98
11
98
21
98
31
98
41
98
51
98
61
98
71
98
81
98
91
99
01
99
11
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99
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99
71
99
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99
92
00
02
00
12
00
22
00
32
00
42
00
52
00
6
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mer
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de
Ch
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a
Novembro - Mato Grosso do Sul y = -0,0755x + 12,237R = 0,0911
0
2
4
6
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10
12
14
16
19
77
19
78
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19
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19
87
19
88
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19
90
19
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19
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19
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19
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19
97
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
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Dezembro - Mato Grosso do Sul
Revista Brasileira de Geografia Fsica 05 (2012) 1133-1144
Marcuzzo, F. F. N.; Oliveira, N. L.; Cardoso, M. R. D. 1142
tendncias de decrscimo do NDC total anual
fica, em mdia, na ordem de -9,8% de 1977 a
2006.
Figura 7. Tendncia de NDC interanual no Mato Grosso do Sul.
3.3 Distribuio Mensal do Nmero de Dias de
Chuva
Na Figura 8 verifica-se a distribuio
mdia nos meses do ano, para o perodo de
1977 a 2006, do Nmero de Dias de Chuva.
Verificam-se tambm as mximas,
mnimas e a tendncia polinomial mdia no
decorrer dos meses do ano. Verifica-se que, em
mdia, o ms de janeiro possui o maior NDC
(12,9 dias) no Mato Grosso do Sul, alm da
maior mxima mdia (19,8 dias) e a menor
mnima mdia (4,7 dias) no ano. Verifica-se
que, em mdia, o ms de julho possui o menor
NDC (2,3 dias), alm da menor mxima mdia
(4,8 dias). J a menor mnima mdia (0,1 dia)
no ano foi observada no ms de agosto. Na
Figura 9, observa-se que na evoluo decadal
mdia, do perodo de 30 anos estudado, houve
uma tendncia mdia de diminuio dos dias de
chuva para os meses do ano dcada aps
dcada, conforme relatado na discusso das
Figuras 5 e 6, havendo poucas excees.
Figura 8. Histograma de NDC da mdia mensal, suas mximas, mnimas e tendncia polinomial,
no Mato Grosso do Sul, para o perodo de 1977 a 2006.
y = -0,3061x + 90,562
R = 0,1007
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
1977
1978
1979
1980
1981
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
N
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de
Ch
uv
a
Anual - Mato Grosso do Sul
y = -0,0078x4 + 0,2113x3 - 1,6186x2 + 2,3223x + 11,851
R = 0,9761
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
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Mato Grosso do Sul Mdia Mximo Mnimo Polinmio (Mdia)
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Marcuzzo, F. F. N.; Oliveira, N. L.; Cardoso, M. R. D. 1143
Figura 9. Evoluo do NDC da mdia mensal, para trs perodos de 10 anos, entre 1977 e 2006.
4. Concluses
Entre os anos de 1977 a 2006, no Estado
do Mato Grosso do Sul, verificou-se um
decrscimo mdio anual no NDC de -9,8%.
Em todos os meses do ano verificou-se
um decrscimo mdio do NDC de 1977 a 2006,
exceto para o ms de outubro que foi verificado
um acrscimo mdio para o perodo estudado,
tendo o ENOS pouca influncia nos valores
mximos e mnimos do NDC.
Os meses de primavera e vero
obtiveram os maiores valores mdios de NDC,
para o perodo estudado, ficando os meses de
outono e inverno com os menores valores. O
ms de janeiro o que possui maior NDC e o
ms de julho o menor NDC do Mato Grosso do
Sul.
5. Agradecimentos
Os autores agradecem a CPRM/SGB
(Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais
/ Servio Geolgico do Brasil - Empresa
Pblica de Pesquisa do Ministrio de Minas e
Energia) pelo fomento que viabilizou o
desenvolvimento deste trabalho.
6. Referncias
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0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
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Ch
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Mato Grosso do Sul
1977 a 1986 1987 a 1996 1997 a 2006
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