UNIME - UNIÃO METROPOLITANA PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO E CULTURA
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E DA SAÚDECURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM INSPEÇÃO SANITÁRIA E
INDUSTRIAL DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL
EDSON SOUZA RIBEIRO
PRINCIPAIS CAUSAS DE CONDENAÇÃO EM BOVINOS ABATIDOS EM MATADOURO-FRIGORÍFICO SOB INSPEÇÃO
ESTADUAL NO ESTADO DA BAHIA NO ANO DE 2008
LAURO DE FREITAS – BA2009
12
U n i ã o M e t r o p o l i t a n a d e E d u c a ç ã o e C u l t u r a
EDSON SOUZA RIBEIRO
PRINCIPAIS CAUSAS DE CONDENAÇÃO EM BOVINOS ABATIDOS EM MATADOURO-FRIGORÍFICO SOB INSPEÇÃO ESTADUAL NO ESTADO
DA BAHIA NO ANO DE 2008
Orientador: PAULO EMÍLIO L. M. de VINHAES TORRES
13
Monografia apresentada à UNIME – União Metropolitana para o Desenvolvimento da Educação e Cultura, como exigência para obtenção do título de especialista em Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal.
LAURO DE FREITAS – BA2009
Folha de Aprovação
EDSON SOUZA RIBEIRO
PRINCIPAIS CAUSAS DE CONDENAÇÃO EM BOVINOS ABATIDOS EM MATADOURO-FRIGORÍFICO SOB INSPEÇÃO ESTADUAL NO ESTADO
DA BAHIA NO ANO DE 2008
Banca Examinadora
_____________________________________________Paulo Emílio L. M. de V. Torres – UNIME
_____________________________________________
_____________________________________________
14
Lauro de Freitas, de julho de 2009.Dedicatória
Para meus pais, Custodia Ribeiro Soares, in memorian e Amorim Ribeiro Souza Soares, alicerces da minha vida, responsáveis pela minha formação, educação, carinho e dedicação, as quais tive o privilégio de receber.
15
Agradecimentos
Principalmente gostaria de agradecer a Deus por me guiar à escolha certa, pela proteção e companhia nos momentos mais difíceis;
À minha filha, Nayara Ledout Ribeiro, pelo apoio e dedicação, permitindo assim a elaboração e desenvolvimento dessa pesquisa;
Ao amigo e colega Paulo Emílio Landulfo Moraes de Vinhaes Torres, pela amizade, orientação e apoio no desenvolvimento da pesquisa, além do oferecimento de conhecimentos teórico-prático, demonstrando interesse no meu crescimento profissional.
16
“Tentar e falhar é, pelo menos, aprender. Não chegar a tentar é sofrer a inestimável perda do que poderia ter sido”.
Geraldo Eustáquio
17
RIBEIRO, Edson Souza. Principais causas de condenação em bovinos abatidos em matadouro-frigorífico sob Inspeção Estadual no Estado da Bahia no ano de 2008. Lauro de Freitas: UNIME, 2009. (Trabalho de conclusão de curso).
Orientador: Prof. Paulo Emílio L. M. de Vinhaes Torres
RESUMO
O Brasil, além de grande consumidor, é o maior exportador de carne bovina do mundo. Porém, para que o consumo seja feito de forma segura quanto a sua qualidade higiênico-sanitária, torna-se necessário que os produtos alimentícios derivados do abate tenham origem em indústrias inspecionadas, onde os animais são submetidos a minuciosos exames ante mortem e post mortem realizados por inspetores médicos veterinários. O presente trabalho teve como objetivo identificar as principais ocorrências patológicas na rotina de inspeção em matadouro bovino sob o serviço de Inspeção Estadual (S.I.E.) no Estado da Bahia. Foram condenados 16.786 órgãos entre vísceras comestíveis e partes de carcaça. Os órgãos mais condenados foram os pulmões (46,96%) e os rins (40,91%) e as principais causas de condenação foram aspiração de sangue, representando 19,53% das lesões, seguida de enfisema pulmonar (16,51%), congestão venosa (13,50%) e nefrite (13,40%). Este trabalho confirma a importância de profissionais devidamente qualificados em um estabelecimento de abate, minimizando as perdas durante o processo, garantindo a produção de alimentos de qualidade e a manutenção da saúde pública.
Palavras-chave: ocorrências patológicas, matadouro bovino, S.I.E., vísceras comestíveis.
18
RIBEIRO, Edson Souza. Main causes of condemnation in abated cattle at Slaughterhouse under state inspection service (S.I.E) in the state of Bahia during 2008. Lauro de Freitas: UNIME, 2009. (Monography).
Adviser: Prof. Paulo Emílio L. M. de Vinhaes Torres
ABSTRACT
Besides being a great consumer, Brazil is the largest bovine meat exporter in the world. However, in order to get safe consumption regarding its health hygiene quality ,it becomes necessary that the nourishing products derivative of slaughterhouse must be originally from inspected industries where animals are submitted to meticulous exams before and after death, done by doctor of veterinary inspectors. The aim of the present work was to identify the main pathologic occurences on routine inspection at bovine slaughterhouse under state inspection service (S.I.E) in the state of Bahia. There were 16.786 denied organs between eatable visceras and pieces of carcass. The most denied organs were lungs (46,96 %), and kidneys (40,91%) and the main causes of condemnation were blood aspiration, representing 19,53% of injuries followed by lung emphysema (16,51%), venous congestion (13,50%) and nephritis (13,40%). This work confirms the importance of properly qualified professionals of slaughterhouse establishment, minimizing losses throughout the process, assuring food quality production and public health maintenance.
Keywords: pathologic occurrences, bovine slaughterhouse, S.I.E, eatable visceras.
19
Lista de abreviaturas e siglas
Atm
ADAB
BA
BSE
C
DIPOA
DIF
EUA
IBGE
Kg
kg/hab/ano
MDIC
MG
Nº
PR
PIB
Ppm
RJ
SIE
SIF
SIM
SIPOA
RIISPOA
Atmosfera
Agencia Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia
Bahia
Eencefalopatia espongiforme bovina
Celsius
Divisão de Inspeção de Produtos de Origem Animal
Departamento de Inspeção Final
Estados Unidos da América
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Kilograma
Kilograma por habitante por ano
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Minas Gerais
Número
Paraná
Produto Interno Bruto
Parte por milhão
Rio de Janeiro
Serviço de Inspeção Estadual
Serviço de Inspeção Federal
Serviço de Inspeção Municipal
Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal
Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos
de Origem Animal
20
Lista de gráficos
Gráfico 1. Distribuição da ocorrência de condenações por órgãos.........................
Gráfico 2. Principais causas de condenações de órgãos e partes de carcaça........
Gráfico 3. Principais ocorrências patológicas nos pulmões condenados pelo
S.I.E. no ano de 2008...............................................................................................
Gráfico 4. Principais ocorrências patológicas nos rins condenados pelo S.I.E. no
ano de 2008..............................................................................................................
Gráfico 5. Principais ocorrências patológicas nos fígados condenados pelo S.I.E.
no ano de 2008.........................................................................................................
Gráfico 6. Principais ocorrências patológicas nos mocotós condenados pelo
S.I.E. no ano de 2008...............................................................................................
Gráfico 7. Principais ocorrências patológicas nos baços condenados pelo S.I.E.
no ano de 2008.........................................................................................................
Gráfico 8. Principais ocorrências patológicas nos corações condenados pelo
S.I.E. no ano de 2008...............................................................................................
31
32
33
34
35
36
37
38
22
Sumário
Resumo.................................................................................................................. viAbstract.................................................................................................................. viiLista de abreviaturas e siglas..............................................................................Lista de símbolos..................................................................................................Lista de gráficos....................................................................................................Sumário..................................................................................................................1. INTRODUÇÃO....................................................................................................
viiiixxxi12
2. JUSTIFICATIVA.................................................................................................. 143. OBJETIVOS........................................................................................................ 15 3.1. OBJETIVO GERAL........................................................................................ 15 3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS......................................................................... 154. REVISÃO DE LITERATURA.............................................................................. 16 4.1. PRODUÇÃO, COMÉRCIO E CONSUMO DE CARNE BOVINA................... 16 4.2. A INSPEÇÃO SANITÁRIA E O ABATE CLANDESTINO.............................. 19 4.3. ABATE E PROCESSAMENTO DE BOVINOS.............................................. 22 4.3.1. Pré-abate e abate................................................................................... 4.3.2. Processamento......................................................................................
2325
4.4. A INSPEÇÃO NO FLUXOGRAMA DE PRODUÇÃO DA CARNE................. 4.5. PRINCIPAIS CAUSAS DE CONDENAÇÃO DE ÓRGÃOS COMESTÍVEIS. 4.6. LESÕES DE CARCAÇAS............................................................................. 5. MATERIAL E MÉTODOS...................................................................................6. RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................................... 6.1. PULMÕES..................................................................................................... 6.2. RINS.............................................................................................................. 6.3. FÍGADO......................................................................................................... 6.4. MOCOTÓS.................................................................................................... 6.5. BAÇO............................................................................................................ 6.6. CORAÇÃO....................................................................................................7. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................REFERÊNCIAS.......................................................................................................
27293133343537383940404143
23
1. INTRODUÇÃO
O Brasil possui uma situação privilegiada no cenário da bovinocultura, uma vez que
concentra um dos maiores rebanhos comerciais do mundo, estando, atualmente, no
topo do ranking dos países exportadores de carne bovina. Entretanto, num cenário que
deveria ser propício ao pleno desenvolvimento, encontramos ainda alguns entraves,
como a existência de abates clandestinos, o contraste entre frigoríficos que se
modernizam e os que se mantêm absolutos e a ocorrência de epizootias, que
interferem na consolidação do setor de carnes e derivados no mercado interno e
externo (MIRANDA, 2002).
Segundo o Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitário de Produtos de Origem
Animal (RIISPOA), entende-se por carnes de açougue, as massas musculares
maturadas e demais tecidos que as acompanham, incluindo ou não a base óssea
correspondente, procedentes de animais abatidos sob inspeção veterinária (BRASIL,
1997).
A carne tem seu consumo recomendado como parte integrante de uma dieta saudável,
sendo especialmente rica em proteínas, ácidos graxos essenciais, vitaminas e minerais
(LOBATO; FREITAS, 2006). Para o consumidor, além dos atributos nutricionais, a
carne traz expectativas no tocante a qualidade sanitária, organoléptica e valor
econômico (FELÌCIO, 1998).
No mundo todo, vem se notando uma exigência crescente das pessoas com relação a
procedência dos alimentos que adquirem, destacando-se, no caso da carne, o interesse
quanto a forma como os animais são criados, manejados e abatidos (BORGES;
ALMEIDA, 2008), bem como a busca pela segurança quanto a existência de
contaminações por microrganismos patogênicos (FEIJÓ, 1999), o que tem obrigado a
indústria alimentícia a adotar práticas que garantam um elevado padrão dos produtos
que oferece (BOURROUL; KAARNA, 2006).
24
A contaminação da carne pode acontecer em quase todas as operações executadas
durante o abate, processamento, armazenamento e distribuição, ocorrendo pelo contato
da carcaça com microrganismos existentes na pele, patas, fezes, água, facas, roupas
dos trabalhadores e equipamentos em geral. Assim, se o processo não for realizado de
forma adequada, pode fazer com que o produto final venha a ter alterações, ocorrendo
possíveis surtos de doenças que trazem sérios danos à saúde da população, além de
prejuízos econômicos (XAVIER; JOELE, 2004).
Em virtude da grande perecibilidade da carne e seus derivados, a inspeção sanitária
assume um papel fundamental na qualidade destes produtos; e, sendo de caráter
obrigatório, tem por objetivo assegurar, através de diferentes meios e processos, a sua
qualidade higiênico-sanitária e tecnológica, fazendo com que os mesmos cheguem às
prateleiras sem oferecerem risco à saúde dos consumidores (PRATA; FUKUDA, 2001).
Por outro lado, diversas lesões e alterações observadas no abate são decorrentes de
doenças infecciosas e parasitárias que os animais padecem durante sua vida produtiva
(FREITAS, 2004). Assim, ao reconhecer as enfermidades encontradas em bovinos
abatidos em uma determinada região, o inspetor veterinário fornece dados que
permitem a elaboração e adoção de medidas e políticas públicas, inclusive de
orientação a produtores, que visam a prevenção de zoonoses (FONSECA; COLLARES;
FONSECA, 2008).
Assim a realização deste estudo permitirá a identificação das principais causas de
condenação de órgãos e carcaças, fornecendo subsídios para a melhora do processo
em toda cadeia produtiva e, principalmente reduzindo possíveis agravos relacionados à
saúde pública.
25
2. JUSTIFICATIVA
A indústria da carne ocupa um lugar de destaque na indústria alimentícia, sendo de
extrema importância a atuação da inspeção sanitária para a produção de produtos de
boa qualidade, de forma a satisfazer as exigências dos consumidores, no que se refere
aos seus caracteres organolépticos, composição nutricional e inocuidade (GIL; DURÃO,
2000).
A condenação de vísceras e carcaças em matadouros influi significativamente na saúde
pública, pois muitas das alterações patológicas observadas no abate são devidas a
zoonoses, podendo acarretar diversos problemas quando entregues ao consumo
humano (MELLO et al., 2005). Os trabalhos da inspeção para garantia de alimentos
seguros baseiam-se na observação de todo o processo produtivo, desde a chegada dos
animais ao abatedouro até a comercialização, buscando identificar situações anormais
que comprometam ou impeçam o aproveitamento do produto ou matéria-prima para a
alimentação (PRATA; FUKUDA, 2001).
Assim, este trabalho visa confirmar a importância do médico veterinário em um
estabelecimento de abate, na manutenção da saúde pública e na redução das perdas
econômicas direta ou indiretamente associadas à produção de alimentos de origem
animal.
26
3. OBJETIVOS
3.1. OBJETIVO GERAL
Identificar as principais causas de condenação de vísceras e carcaças de bovinos
abatidos em frigorífico sob Inspeção Estadual na Bahia no ano de 2008.
3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Avaliar a ocorrência das principais causas de condenação;
Identificar falhas tecnológicas ocorridas no processamento de abate;
Evidenciar a importância de um médico veterinário permanente nos
estabelecimentos de abate;
Coletar informações relevantes à defesa sanitária para elaboração de programas de
controle diante da ocorrência de zoonoses ou enfermidades importantes para a
saúde pública.
27
4. REVISÃO DE LITERATURA
4.1. PRODUÇÃO, COMÉRCIO E CONSUMO DE CARNE BOVINA
Na última década, a pecuária de corte brasileira foi marcada por intensas
transformações, resultantes principalmente da aplicação de técnicas modernas de
produção, da utilização dos cruzamentos e de uma estabilização da economia, o que
permitiram ao setor ganhos extraordinários de volume e produtividade e, foram
determinantes para colocar o Brasil em condição de destaque como um grande
produtor de carne bovina (LUCHIARI FILHO, 2006).
Nos últimos anos, a produção mundial de carne bovina manteve-se constante, sendo
de aproximadamente 55 milhões de toneladas de equivalente-carcaça (GALLI et al.,
2009). Em 2006, os principais países produtores, responsáveis por 82% da produção
mundial, foram os Estados Unidos (EUA), Brasil, China, União Européia, Argentina,
Índia e Austrália, sendo que o Brasil produziu 9,1 milhões de toneladas, só ficando atrás
dos EUA, com 12,2 milhões de toneladas (SOUZA FILHO et al., 2008).
Durante o mesmo período, a produção norte-americana e da União Européia
mantiveram-se estáveis. Porém, segundo dados do Censo Agropecuário de 2006, o
rebanho bovino brasileiro apresentou um crescimento de 11% em relação ao ano
anterior, passando a possuir 170 milhões de cabeças, responsabilizando-se por 17% da
produção mundial em 2007, onde a principal região produtora foi a Centro-Oeste (32%
do rebanho), seguida das Regiões Sudeste (21%), Norte (18%), Nordeste (15%) e Sul
(14%) (SOUZA FILHO et al., 2008).
A cadeia produtiva da carne bovina tem um peso significativo na formação do produto
interno bruto (PIB) brasileiro, gerando somente em divisas mais de 5,5 bilhões de
dólares com as exportações de carne, calçados e couros (LUCHIARI FILHO, 2006). De
28
acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC-SECEX), de
janeiro a outubro de 2006, a pecuária colaborou com 17,1% do valor total das
exportações, onde a carne bovina exportada somou 7,8% desse total, valor próximo a 3
bilhões de dólares, levando a um crescimento de 22% em relação ao mesmo período
de 2005 (ROTTA; PRADO; PRADO, 2007).
Em 2004, o Brasil alcançou a primeira colocação, em volume, como exportador mundial
de carne bovina (GALLI et al., 2009). Em 2007, atingiu cerca de dois milhões de
toneladas, com 27% das exportações totais daquele ano, sendo responsável, junto com
Austrália, Índia, EUA e Argentina, por 75 % das exportações mundiais (SOUZA FILHO
et al., 2008).
Um estudo realizado pela AgraFNP, divisão brasileira do Agra Informa, líder em
consultoria global na área de agricultura e pecuária, estima um crescimento na
demanda mundial de carne de 250 mil a 300 mil toneladas por ano, devendo o Brasil
ampliar as suas vendas externas em 32% até 2017, atingindo 2,9 milhões de toneladas
equivalente-carcaça, por compras de países asiáticos e até pelos Estados Unidos
(SAMORA, 2008).
Aproximadamente 140 países compram hoje a carne bovina brasileira. Porém, apesar
de ser o líder mundial em tonelagem de carne bovina exportada, em valores, a situação
brasileira é um pouco distinta, já que não exporta para os mercados mais exigentes e
que pagam maior valor agregado pelo produto, como o Japão, Coréia do Sul e Canadá
(LUCHIARI FILHO, 2006).
A maior parcela das exportações de carne bovina brasileira são as do tipo in natura,
ficando a carne industrializada com 15% em valor e 18% em volume do total exportado
até novembro de 2004. Neste mesmo período, segundo dados do MDIC-SECEX, os
principais destinos da carne bovina brasileira, em valor, foram Rússia (12,4%), Países
Baixos (10,8%) e Chile (9,8%), para a carne in natura, e EUA (44%) e Reino Unido
(28%) para a carne industrializada (GALLI et al., 2009).
29
As enfermidades têm grande influencia sobre o comércio internacional de carne bovina.
Países livres da febre aftosa, como Canadá, Estados Unidos e México, por exemplo,
restringem a importação de carne dos países que não têm sido capazes de erradicar
totalmente a doença de seus territórios, como Brasil e Paraguai. Por outro lado, a
encefalopatia espongiforme bovina (BSE), restringiu as exportações de carne em
diversos países da Europa (GALLI et al., 2009).
Embora tenham afetado o seu crescimento, as crises de BSE e febre aftosa não foram
capazes de reduzir o consumo mundial de carne bovina, onde os maiores produtores
mundiais são também os maiores consumidores, destacando-se os EUA, União
Européia, China e Brasil, responsáveis por 70% do consumo mundial em 2007 (SOUZA
FILHO et al., 2008).
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população brasileira
cresceu 8,3% de 2000 a 2007, passando de 169,8 para 183,9 milhões de pessoas.
Neste mesmo período, o consumo de carne bovina cresceu 9,2%, passando de 34,2 kg
para 37,3 kg por habitante, perdendo o primeiro lugar na preferência dos brasileiros
para a carne de frango. O crescimento da produção (48,1%) foi maior que o
crescimento do consumo interno, tendo sido sustentado pelo excepcional crescimento
nas exportações (330 %) (ROPPA, 2008).
De acordo com Zen (2004), a disponibilidade interna de carne bovina no Brasil situa-se
em torno de 34 kg/hab./ano, sendo que o consumo segue as disparidades da renda
existentes no País. As pessoas da classe A, de renda elevada, tem taxas de consumo
semelhantes às dos maiores consumidores mundiais, que são mais de 50 kg/hab./ano,
já as camadas de baixa renda têm consumo de terceiro mundo, com menos de 10
kg/hab./ano.
Os consumidores, que estão se tornando cada vez mais esclarecidos e exigentes, tem
buscado por produtos de maior qualidade. Adicionalmente, a preocupação com os
aspectos relacionados à saúde também tem aumentado consideravelmente. No caso
30
específico das carnes, a demanda por qualidade acontece tanto pelos seus atributos
intrínsecos como, maciez, sabor, aroma e quantidade de gordura, como também pelas
características relacionadas às formas de produção, processamento e comercialização,
que envolvem a integridade do produto, além de questões relacionadas ao bem-estar
animal (LUCHIARI FILHO, 2006).
4.2. A INSPEÇÃO SANITÁRIA E O ABATE CLANDESTINO
No Direito Romano, podem ser identificadas as normas realmente precursoras da
inspeção de alimentos, havendo regras para alimentos adulterados e impróprios, além
da criação dos matadouros públicos. Entretanto, as disposições sanitárias referentes ao
abate de animais evoluíram lentamente até o início do século XIX, quando Napoleão
reconheceu o valor higiênico dos matadouros e intensificou sua construção em cidades
da França. No Brasil, a preocupação com a saúde pública coincide com a vinda da
família real, sendo instituída, em 1886, a Polícia Sanitária, cabendo a ela a fiscalização
dos gêneros alimentícios (PRATA; FUKUDA, 2001).
Em 1909, foi criada a Diretoria da Indústria Animal, que dispunha de legislação
referente à inspeção sanitária e tecnologia de produtos de origem animal, sendo
instalados nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, a partir do
ano seguinte, os primeiros matadouros frigoríficos com caracterizações tecnológicas.
Através do Decreto nº 8.331, em 1910, foi criado o serviço de veterinária, cujas
atribuições legais tinham como exigência “a inspeção sanitária em matadouros,
entrepostos, frigoríficos e estabelecimentos de laticínios” (PARDI et al., 1995).
Em 1925, através do Decreto nº 11.462, o setor foi regulamentado com a criação do
Serviço de Inspeção de Fábricas de Produtos Animais. Em 1934 a classe médico-
veterinária assumiu o domínio dessa área de competência, com a reorganização do
Ministério da Agricultura e a criação do Serviço de Inspeção de Produtos de Origem
31
Animal (SIPOA) (PRATA; FUKUDA, 2001). Em 1952, através do decreto 30.691, Lei nº
1283, regulamentou-se o RIISPOA. Em 1968, de acordo com a lei nº 5.517, o médico
veterinário foi determinado como responsável exclusivo da atividade de inspeção
sanitária de produtos de origem animal (BRASIL, 1997).
Em 1971, por meio da Lei nº 5.760, foi decretada a Federalização da Inspeção, que
passava a constituir competência exclusiva da União em todo o território nacional,
estando a cargo do Serviço de Inspeção Federal (SIF) da Divisão de Inspeção de
Produtos de Origem Animal (DIPOA). Iniciava-se então, na surdina, o crescimento dos
produtos clandestinos, oriundos de estabelecimentos fechados por falta de condições
ou adequação às novas exigências, que se expandiam devido a uma competição
desigual com os produtos legalizados, onerados pelo pagamento de insumos, impostos
e taxas (PRATA; FUKUDA, 2001).
A Lei nº 5.760, apesar de ter transformado fábricas obsoletas e improdutivas em
indústrias modernas e com elevada capacidade de abate, foi perdendo força à medida
que foram diminuindo os recursos financeiros e de pessoal para padronizar os
procedimentos modernos de inspeção que a legislação determinava. Argumentando de
que o Governo Federal protegia as grandes companhias em detrimento dos pequenos
empresários, políticos do Sul do País uniram-se aos diversos setores interessados e
encabeçaram um movimento que resultou, em 1976, na interrupção do processo de
federalização (CALIL, 2007).
Por fim, quando da elaboração da Lei 7.889, em 1989, o sistema foi desmembrado em
três níveis de atuação, o que implicou na transferência do controle para outras esferas
de poder (BANKUTI; AZEVEDO, 2001). Assim, atualmente no Brasil, existem: o SIF, no
qual registram-se os estabelecimentos que comercializam produtos entre Estados e/ou
para exportação; o Serviço de Inspeção Estadual (SIE), no qual são registrados os
estabelecimentos que comercializam produtos para outro Município, e o Serviço de
Inspeção Municipal (SIM), no qual são registrados os estabelecimentos que
comercializam produtos dentro do Município (BRASIL, 2005).
32
Alguns autores acreditam que após a divisão da responsabilidade de fiscalização, que
teoricamente deveria reduzir o abate clandestino por disponibilizar aos municípios
locais adequados para o abate, a clandestinidade se agravou ainda mais, uma vez que
permitiu ao próprio estado ou município contratar o veterinário responsável pelo serviço
de inspeção (BANKUTI; AZEVEDO, 2001), restringindo assim, o poder dos inspetores
federais aos estabelecimentos já fiscalizados (FELÍCIO, 2001).
Várias são as conseqüências do abate clandestino, envolvendo aspectos econômicos,
como sonegação de impostos, prejuízos aos cofres públicos e menor arrecadação do
Estado; e aspectos sociais, relacionados à ingestão de carne contaminada devido ao
abate inadequado e em locais impróprios, ocasionando custos diretos aos sistemas de
saúde e indiretos à capacidade de trabalho (ARAKAKI et al., 2002).
De acordo com Calil (2007), o abate sem inspeção oficial vem também sendo
responsável pela manutenção de parte de um rebanho doente, maltratado, e que, por
não interessar às indústrias com inspeção, abastecem o mercado paralelo; além de
utilizar mão-de-obra à margem da lei e contribuir para a poluição das pastagens, rios e
redes de esgoto, nos quais, sem tratamento prévio, são jogados os resíduos.
Entretanto, segundo o autor, antes de fechar um local de abate ilegal, deve-se pensar
na substituição do fornecimento com carne inspecionada a fim de evitar o
desabastecimento.
Em uma tentativa do governo para diminuir os abates clandestinos foram criadas as
Portarias 304 de 22/04/96 e 145 de 04/01/99, que contemplam, respectivamente,
aspectos fundamentais à manutenção da qualidade higiênico-sanitária e a
obrigatoriedade de desossa, corte, embalagem e rotulagem das carnes obtidas. Porém
essas medidas não inibiram a clandestinidade, uma vez que a fiscalização concentra-se
nas principais cidades do país, onde a atuação ilegal não é tão intensa (BANKUTI;
AZEVEDO, 2001).
Por sua vez, determinados hábitos da população brasileira, como presenciar os cortes e
33
a compra de carne com osso, a fim de “personalizá-la”; a compra de carnes em
açougues não especializados ou feiras; ou até a preferência da compra de carne
proveniente do animal recém-abatido (em determinadas localidades) estão em
consonância com o abate clandestino e dificultam o pleno cumprimento das leis
(BANKUTI; AZEVEDO, 2001).
Sendo assim, para vencer o combate aos produtos clandestinos, é necessário muito
mais do que uma lei ou um sistema, mas que os Serviços de Inspeção Federal,
Estaduais e Municipais, funcionem de forma efetiva e permanente, com ações amplas,
envolvendo todos os setores da cadeia produtiva, sendo importante incluir os aspectos
educativos, mostrando à sociedade brasileira os riscos de adquirir carne sem inspeção.
O resultado certamente seria bastante favorável e econômico para o país, já que atingir
a segurança dos alimentos significa a conquista de um fator de progresso na busca de
uma nação mais evoluída (CALIL, 2007).
4.3. ABATE E PROCESSAMENTO DE BOVINOS
Há algumas décadas, o abate de animais para consumo humano era considerado uma
operação de baixo nível tecnológico e científico, não se constituindo em um tema
pesquisado seriamente por universidades, institutos de pesquisa e indústrias (ROÇA,
2001). A tecnologia do abate de animais somente assumiu importância científica
quando percebeu-se que os eventos que se sucedem desde a propriedade rural até o
abate no frigorífico tinham grande influência na qualidade final do produto (FILHO;
SILVA, 2004).
Quando o manejo antes do abate é inadequado, o nível elevado do estresse animal
prejudica a qualidade da carne, uma vez que o pH ideal poderá não ser atingido,
prejudicando sua coloração, sabor e maciez (BOURROUL; KAARNA, 2006). O cuidado
no manejo até o momento da sangria também é particularmente importante para evitar
34
reações de vacina, perdas de peso e contusões nas carcaças (RENNER, 2006).
Por outro lado, no mundo todo, tem-se notado uma exigência cada vez maior dos
consumidores com a qualidade e a procedência dos alimentos que adquirem, o que
obriga a indústria alimentícia a adotar práticas que garantam um elevado padrão dos
produtos que oferece, como o abate humanitário de bovinos (BOURROUL; KAARNA,
2006), que pode ser definido como o conjunto de procedimentos técnicos e científicos
que garantem o bem-estar dos animais desde as operações de embarque na
propriedade rural até a o abate propriamente dito, evitando-se sofrimentos
desnecessários (ROÇA, 2001).
Além da preocupação constante com o bem-estar dos animais, existe um fator ainda
mais atraente ao produtor na adoção deste procedimento, que é o maior retorno
financeiro que se obterá em decorrência das menores perdas durante as operações de
abate dos animais (BORGES; ALMEIDA, 2008). Assim, se dermos condições para que
o animal se desenvolva de uma forma que não agrida seu comportamento, juntamente
com a capacitação do pessoal envolvido durante todo o processo, certamente
obteremos uma matéria-prima de melhor qualidade (RENNER, 2006).
4.3.1. Pré-abate e abate
O embarque dos bovinos na fazenda é o início do processo de pré-abate, pois é o
momento em que os animais estarão susceptíveis a iniciar o processo de estresse
devido à saída do seu ambiente habitual (PEREIRA; LOPES, 2008). Para minimizar o
problema, deve-se manejá-los com calma, sem agressões, e as instalações do
embarcadouro e do caminhão devem estar em perfeitas condições. Assim, evita-se o
consumo excessivo do glicogênio muscular, que é a fonte de energia para que ocorra o
processo post mortem da carne (RENNER, 2006).
35
Nas condições atuais, em que predomina o transporte rodoviário, os bovinos são
embarcados em “caminhões boiadeiros”, devendo-se evitar o pernoite com os animais
embarcados, a permanência destes em decúbito e os maus tratos durante todo o
transporte. Este deve ser realizado nas horas mais frescas do dia, respeitando-se a
lotação dos caminhões, a fim de evitar estresse, contusão e até mesmo a morte dos
animais (SARCINELLI; VENTURINI; SILVA, 2007; PRATA; FUKUDA, 2001).
Ao chegar ao abatedouro, os bovinos são desembarcados nos currais de recepção,
devendo-se manejá-los da mesma forma como foram embarcados na fazenda. Em
seguida, são separados por lotes de acordo com a procedência e conduzidos aos
currais de espera, onde permanecerão por tempo suficiente para que descansem e se
recuperem da viagem (PEREIRA; LOPES, 2008). De acordo com o RIISPOA, após a
chegada, os animais deverão permanecer em descanso, jejum e dieta hídrica por 24
horas, podendo este tempo ser reduzido em função de uma menor distância percorrida
(BRASIL, 1997).
Após o período de descanso, os animais são conduzidos por uma rampa ao boxe
individual de atordoamento. Nesta rampa é feita uma lavagem dos animais por um
banho de aspersão, existindo mais à frente um afunilamento (seringa) que permite a
passagem de apenas um animal por vez, onde ocorre uma nova lavagem a fim de
garantir uma esfola mais higiênica. A limpeza dos cascos, região do ânus e
extremidades deve ser feita previamente no curral, com mangueiras (SARCINELLI;
VENTURINI; SILVA, 2007).
Assim que os animais, em bom estado de limpeza, chegam a sala de matança, entram
no circuito de abate, que se inicia pela imobilização da rez. Esta consiste na limitação
dos movimentos do animal, a fim de permitir um atordoamento adequado (GIL; DURÃO,
2000). A condução dos animais até a linha de abate deverá ser executada da maneira
menos estressante possível, o que será atingido levando-se em consideração os
aspectos construtivos e adequação das instalações e equipamentos, além do
treinamento e a capacitação do pessoal envolvido (PEREIRA; LOPES, 2008).
36
O atordoamento ou insensibilização pode ser considerado a primeira operação do abate
propriamente dito. Consiste em colocar o animal num estado de inconsciência,
determinado por processo adequado e que perdure até o fim da sangria. O propósito é
não causar sofrimento desnecessário ao animal, além de facilitar a operação e proteger
os funcionários (GIL; DURÃO, 2000). Um atordoamento realizado de forma correta é
necessário para que o frigorífico cumpra com o abate humanitário e o bem-estar animal,
além de levar a uma carne de melhor qualidade (RENNER, 2006).
Existem diversas formas de fazer o atordoamento. Tradicionalmente em nosso meio, o
instrumento mais utilizado era a marreta, entretanto, em função das proibições e maior
conscientização, esta vem sendo substituída por martelos ou pistolas pneumáticas, que
demonstram maior precisão, principalmente por dependerem menos da força e
disposição de funcionários especializados (PRATA; FUKUDA, 2001). Depois da
insensibilização o animal atordoado desliza sobre a grade tubular da área de vômito,
sendo em seguida suspenso ao trilho aéreo por um dos membros posteriores (ROÇA,
2002).
Os animais são então levados através dos trilhos até a canaleta de sangria, que ocorre
por meio de corte dos grandes vasos do pescoço. Uma sangria executada de maneira
adequada remove até 60% do sangue do animal, sendo que os 40% restantes ficam
retidos nos músculos e nas vísceras. A morte de dá pela falta de oxigenação no cérebro
(SARCINELLI; VENTURINI; SILVA, 2007).
A operação de sangria deverá ser iniciada logo após a insensibilização dos animais,
durando um tempo mínimo de 3 minutos, de modo a provocar um rápido e completo
escoamento do sangue. Constitui numa operação de grande importância pelas
conseqüências que tem na higiene e na conservação das carnes, contribuindo também
para uma perfeita maturação destas (PRATA; FUKUDA, 2001).
4.3.2. Processamento
37
Após a sangria, quando o animal deixa de apresentar movimentos reacionais, inicia-se
a esfola, que consiste na remoção do couro por separação do panículo subcutâneo.
Concomitantemente, são realizados outros procedimentos, como a serragem ou corte
dos chifres (quando existentes), esfola da cabeça, retirada das extremidades podais
(mocotós) e da cauda (rabada), além do vergalhão e das glândulas mamárias (GIL;
DURÃO, 2000).
No Brasil, a operação de esfola é realizada principalmente com o bovino suspenso no
trilho, o que dá evidentes vantagens do ponto de vista higiênico-sanitário e tecnológico.
Às vezes, após a separação da pele nas extremidades, a esfola é completada
mecanicamente por tração, sendo em seguida realizada a oclusão do esôfago e a
separação do conjunto cabeça e língua (ROÇA, 2002).
Terminada a esfola, procede-se a evisceração, realizada pela abertura da cavidade
torácica, abdominal e pélvica, através de um corte ao longo da linha branca e do
externo (GIL; DURÃO, 2000). Esta operação é sempre problemática, particularmente
nos ruminantes, podendo levar a perfurações e contaminações com conteúdo fecal,
principalmente naqueles animais que não cumpriram devidamente o período de jejum e
dieta hídrica, que facilita essa operação pelo esvaziamento do trato gastrointestinal
(PRATA; FUKUDA, 2001).
Antes da evisceração, deve ser realizada a oclusão do duodeno, próximo ao piloro e do
reto, juntamente com a bexiga urinaria. Em seguida, são extraídos os órgãos da
cavidade pélvica, as vísceras abdominais (com exceção dos rins), e as vísceras
torácicas, traquéia e esôfago, que são conduzidas para a inspeção através de uma
mesa rolante, assegurando-se sempre a identificação entre órgãos e carcaças. Por
medidas higiênicas, as vísceras são então encaminhadas à secção de triparia, o que
comumente é realizado através de condutos denominados "chutes" (ROÇA, 2002).
Seguidamente procede-se à divisão da carcaça em duas meias metades pela serragem
longitudinal da coluna vertebral, o que facilita todas as demais operações de
38
preparação e preservação da carne (PRATA; FUKUDA, 2001). As meias carcaças são
então submetidas à toalete para remoção dos rins, gorduras, 'ferida de sangria', medula
espinhal, diafragma e seus pilares (LUCHIARI FILHO, 2002).
Após a toalete as meias carcaças são pesadas e lavadas com jatos de água
hiperclorada com 5 ppm a uma temperatura em torno de 38ºC e sob pressão mínima de
3 atm, a fim de remover esquírolas ósseas, coágulos e pêlos. Dando sequência, é feita
a carimbagem das meias carcaças na altura da paleta, do coxão, lombo e ponta de
agulha. Esse procedimento é realizado com o intuito de comprovar a qualidade e a
sanidade da carne (BRASIL, 1997; PARDI, 1995).
Em seguida, as carcaças são encaminhadas para as câmaras de resfriamento onde
permanecem por volta de 24 horas, período em que ocorrem transformações
enzimáticas e bioquímicas, caracterizando a chamada conversão músculo em carne. Aí
as temperaturas decrescem até próximo de 0°C, não devendo ultrapassar os 7°C no
interior do músculo Longissimus dorsi (BRASIL, 1997).
4.4. A INSPEÇÃO NO FLUXOGRAMA DE PRODUÇÃO DA CARNE
Logo após a chegada dos animais ao abatedouro, tem início a inspeção ante-mortem,
sendo verificados os certificados de vacinação e a sanidade do gado, as condições
higiênicas dos currais e anexos, e realizado o isolamento dos animais doentes ou
suspeitos, bem como das vacas com gestação adiantada e recém-paridas. Em seguida,
os animais são encaminhados para os currais de espera (SARCINELLI; VENTURINI;
SILVA, 2007).
Momentos antes do abate, um novo exame deverá ser realizado a fim de verificar
mudanças de atitude ou comportamento dos animais. A constatação de alterações
determina a separação do animal do lote, sendo este encaminhado para o curral de
39
observação, onde, de acordo com as necessidades, sofrerá uma avaliação clínica mais
detalhada. Quando forem constatados casos isolados de doenças não contagiosas, os
animais deverão ser abatidos no fim da matança (BRASIL, 1997).
A inspeção ante mortem é prática indispensável e de grande valor num programa
satisfatório de higiene de carnes, tendo como objetivos (PRATA; FUKUDA, 2001):
Identificar a presença de enfermidades de sintomatologia nervosa (raiva, listeriose,
tétano), de difícil diagnóstico, que em muitos casos não apresentam lesões
macroscópicas que possam ser encontradas no exame pós-morte;
Obter o máximo de informações possíveis que possam auxiliar no exame
diagnóstico pós-morte;
Separar os animais e racionalizar o abate, evitando contaminação desnecessária
dos equipamentos e instalações na sala de matança, assim como dos
manipuladores das carnes, por animais doentes;
Retirar do consumo carcaças que apresentem alterações que não possam ser
detectadas na rotina de inspeção pós-morte;
Cooperar com os serviços de controle sanitário animal em programas de controle ou
erradicação de enfermidades animais.
Também é importante que o serviço de inspeção sanitária vigie sistematicamente as
operações de condução, imobilização, atordoamento e sangria dos animais,
assegurando que os procedimentos sejam feitos sem maus tratos ou excitação dos
animais, de modo a evitar falhas tecnológicas e conseqüências indesejáveis na
qualidade das carnes, como lesões traumáticas, aspiração de alimentos ou sangue, ou
hemorragias (GIL; DURÃO, 2000).
Após o abate, mais precisamente após a evisceração, tem início a inspeção post
mortem, que consiste no exame de todos os órgãos e tecidos do animal abatido. Este
deverá ser efetuado tão logo as carcaças, órgãos, vísceras ou partes do corpo animal
estejam disponíveis para a sua efetivação, a fim de evitar alterações nocivas que
mascarem anomalias intrínsecas ou que se produzam efeitos deletérios nas carnes
40
devido à ação do meio ambiente (PARDI, 1995).
O exame post mortem é executado por funcionários capacitados denominados
auxiliares de linhas, sob supervisão do inspetor veterinário encarregado do
Departamento de Inspeção Final (DIF), para onde são conduzidos todos os órgãos e
carcaças nos quais foram detectadas alterações nas linhas de inspeção, sendo estas
distribuídas da seguinte forma (PRATA; FUKUDA, 2001):
Linha A: Exames dos pés - realizados em estabelecimentos exportadores;
Linha B: Exame do conjunto cabeça-língua;
Linha C: Cronologia dentária - exame facultativo;
Linha D: Exames do trato gastrointestinal e do baço, do pâncreas, da vesícula
urinária e do útero;
Linha E: Exame do fígado;
Linha F: Exame do coração e dos pulmões;
Linha G: Exame dos rins;
Linha H: Exame dos lados interno e externo da parte caudal da carcaça e dos
nódulos linfáticos correspondentes;
Linha I: Exame dos lados interno e externo da parte cranial da carcaça e dos
nódulos pré-escapulares.
Qualquer carcaça ou víscera com lesões ou alterações macroscópicas que possam
torná-las impróprias ao consumo será marcada pelo Serviço de Inspeção Sanitária
oficial e encaminhada ao DIF, onde serão tomadas as providências cabíveis (BRASIL,
1997). Por outro lado, quando os resultados da inspeção post mortem revelarem a não
existência de qualquer indício significativo de anormalidade ou doença; e que a
operação de abate foi efetuada conforme as normas de higiene, os produtos serão
aprovados para o consumo humano (GIL; DURÃO, 2000).
4.5. PRINCIPAIS CAUSAS DE CONDENAÇÃO DE ÓRGÃOS COMESTÍVEIS
41
Segundo o RIISPOA, consideram-se miúdos os órgãos e vísceras dos animais de
açougue utilizados na alimentação humana, incluindo miolos, língua, coração, fígado,
rins, rúmem e retículo, além do mocotó e da rabada (BRASIL, 1997), que constituem
excelentes alimentos pela sua riqueza em componentes essenciais da dieta como
aminoácidos, vitaminas e sais minerais (FONSECA; COLLARES; FONSECA, 2008).
Porém, para que o consumidor tenha segurança quanto à sua qualidade, torna-se
imprescindível um minucioso exame post mortem (GIL; DURAO, 2000), uma vez que
muitas das lesões observadas possuem um importante significado higiênico-sanitário
por representarem patologias produzidas por prováveis agentes infecciosos ou
parasitários (BRASIL, 1997).
Segundo Miranda (1999), nos pulmões, as atribuições mais freqüentes constituem
afecções por arejamento, representadas principalmente por enfisema e atelectasia. Por
sua vez, Souza (2007), refere ainda como principais causas de condenação pulmonar
aspiração de sangue, contaminação, congestão, bronquite, aspiração de alimento,
abscesso e pneumonia.
Com relação aos rins, Silva (2004) relata que as alterações circulatórias são as
ocorrências mais frequêntes de condenação renal, seguindo-se alterações inflamatórias
e alterações regressivas. Barbosa et al. (2006a) inclui entre as principais causas infarto
renal, cisto urinário, congestão, contaminação, cálculo renal, nefrite, esteatose, edema,
uronefrose, hemorragia e hemossiderose.
Calderazzo (2007) citou que as principais causas de descarte de mocotós são
traumatismo, edema, pododermatite necrótica, pododermatite cartilaginona, miíase e
abscesso; enquanto que Souza (2007) destaca, além das contusões, a contaminação
como atribuição freqüente em mocotós.
42
De acordo com Locatelli et al. (2008), as principais causas de condenação de fígados
bovinos não tem implicações com as carcaças e com os demais órgãos, sendo:
teleangiectasia, abscesso, contaminação, cirrose, congestão, hidatidose, esteatose e
peri-hepatite. São também citados na literatura condenações expressivas por
aderências, hepatite (RIBEIRO et al., 2006) e fasciolose (BARBOSA et al., 2006).
Ramos et al. (2003) refere contaminação, esplenomegalia, abscesso, esplenite,
congestão e tuberculose como patologias comuns em baços de bovinos; enquanto que
no coração, Calderazzo (2007) cita que as afecções mais comuns são cisticercose
calcificada, pericardite, abscesso, fibrose, congestão, endocardite e miocardite.
4.6. LESÕES DE CARCAÇAS
O manejo inadequado dos animais antes do abate pode resultar em carcaças com
hematomas (contusões), presença de carnes escuras, reações de vacina e perdas de
peso, levando a depreciação das mesmas (PEREIRA; LOPES, 2008). Segundo Prata;
Fukuda (2001) entende-se por carcaça bovina o corpo do animal abatido para consumo
humano, formado das massas musculares e ossos, desprovidos de cabeça, mocotós,
cauda, couro, órgãos e vísceras, após passar por limpeza ou toalete.
Os hematomas ou contusões são acúmulos de sangue originados pela ruptura de
vasos sanguíneos, atingindo com maior freqüência as regiões do quarto, vazio, costela,
dianteiro e lombo. As zonas atingidas têm uma aparência feia e desagradável, sendo
necessário fazer toaletes que causam perda de peso e de seu valor comercial, além de
aumentar a propensão a contaminações (RENNER, 2006).
As carnes apresentando hematomas não são utilizadas para consumo humano
(GONÇALVES et al., 2004), devendo, de acordo com o RIISPOA, ser condenadas e
43
utilizadas como sub-produtos na fabricação de farinha de carne e ossos no setor de
graxaria (BRASIL, 1997).
Em trabalho realizado por Braggion; Silva (2004), onde quantificou-se lesões em
carcaças de bovinos abatidos em frigoríficos no pantanal sul-mato-grossense,
constatou-se que a maioria das lesões encontradas (41,55%) era resultante de
aplicação indevida de medicamentos e vacinas, sendo o transporte a segundo maior
causa das lesões, com 33,08%. Outras causas, como chifradas, coices, pisoteios e
tombos, representaram 24,65% das ocorrências.
Em estudo realizado por França Filho et al. (2006), onde avaliou-se as lesões ocorridas
por abscessos vacinais e/ou medicamentosos em carcaças de bovinos, observou-se
que estas restringiam-se ao quarto dianteiro, especificamente às regiões do cupim
(9,4%), pescoço (24%), acém/paleta (48%) e entrecorte (18,6%). Do total de 2.662
animais abatidos, foram colhidos 518,1 kg de porção cárnea associada a abcesso, o
que proporcionou uma média de 0,213 kg de material retirado por carcaça.
44
5. MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa foi realizada a partir dos dados referentes às condenações de abate
ocorridas no ano de 2008 em um matadouro localizado no município de Inhambupe,
sob regime de Inspeção Estadual.
Durante o período, foram abatidos 32.786 animais, sendo a frequência das
condenações de órgãos e carcaças registradas em relatórios diários e mensais, os
quais eram enviados à Agencia Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia (ADAB),
que forneceu os mapas nosográficos que permitiram a realização deste trabalho.
Após análise das causas de condenação, separadas de acordo com o órgão afetado,
foi realizada a interpretação por distribuição simples de freqüência, considerando-se
como principais causas de condenação àquelas que tiveram ocorrência acima de 1%.
Os órgãos existentes nos dois antímeros foram considerados como uma unidade.
45
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Durante o período estudado, foram condenados 16.786 órgãos entre vísceras e partes
de carcaça. Dentre os órgãos avaliados, os que apresentaram maior número de
condenações foram os pulmões, correspondendo a 46,96% do total e os rins, com
40,91%, seguidos de fígado (3,93%), mocotós (3,24%), baço (1,36%) e coração
(1,24%) (gráfico 1). Ramos et al. (2003) obtiveram resultados semelhantes em
matadouro sob Inspeção Federal do Estado de Sergipe, onde os pulmões foram
responsáveis por 56,77% das condenações, também seguidos de rins e fígado, com
27,12% e 5,75% das ocorrências, respectivamente.
3,93%
46,96%
40,91%
3,24%
1,36%
2,36%
0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00%
Outros
Coração
Baço
Mocotós
Fígado
Rins
Pulmão
1,24%
Gráfico 1. Distribuição da ocorrência de condenações por órgãos.
Foi observado que a maioria das condenações deveu-se à aspiração de sangue,
representando 19,53% das lesões, seguida de enfisema pulmonar (16,51%), congestão
venosa (13,50%) e nefrite (13,40%) (gráfico 2). Resultado diferente foi observado por
Calderazzo (2007), em matadouro sob Inspeção Estadual na Bahia, onde a nefrite foi a
principal causa de condenação, com 24%, seguida de congestão pulmonar (10%),
aspiração de sangue (6,9%) e enfisema pulmonar (5,2%).
46
2,53%
3,12%
4,14%
13,40%
13,50%
16,51%
19,53%
6,92%
4,94%
4,25%
0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00%
Abscesso
Uronefrose
Nefrose
Aspiração de alimentos
Bronquite
Cisto urinário
Nefrite
Congestão venosa
Enfisema pulmonar
Aspiração de sangue
Gráfico 2. Principais causas de condenações de órgãos e partes de carcaça.
Por sua vez, Souza (2007), em matadouro sob Inspeção Federal na Bahia, obteve a
maior frequência de condenações para contusão e contaminação de mocotós,
representando 16,16% do total, seguidos de contaminação (5,35%) e congestão de
baço (5,35%), além de aspiração de sangue nos pulmões (5,24%).
6.1. PULMÕES
Dentre os órgãos avaliados, os pulmões foram os que apresentaram maior número de
condenações: 7.883 de um total de 16.786 ocorrências, correspondendo a 40,91% dos
órgãos condenados e 21,42% da totalidade de pulmões inspecionados. Este resultado
mostrou-se superior ao descrito por Mello et al. (2005), que obteve 13,7% de pulmões
condenados em matadouro sob Inspeção Federal no Estado do Rio de Janeiro e 9,87%
em matadouro sob Inspeção Estadual.
A aspiração de sangue foi responsável por 41,58% das ocorrências, seguida pelo
enfisema, com 35,15%, bronquite (10,52%), aspiração de alimentos (9,06%) e
pneumonia (3,69%) (gráfico 3). Souza (2007) também observou a aspiração de sangue
47
como principal patologia de condenação de pulmões, seguida de enfisema,
contaminação e congestão.
Aspiração de sangue: 41,58%
Pneumonia 3,69%
Aspiração de alimentos;
9,06%
Enfisema 35,15%
Bronquite: 10,52%
Gráfico 3. Principais ocorrências patológicas nos pulmões condenados pelo S.I.E. no ano de 2008.
Entretanto, Mello et al. (2005), em matadouro sob regime de Inspeção Federal, verificou
que a maior ocorrência foi a congestão, representando 44,9% das lesões; seguido de
aspiração de sangue (36,1%) enfisema (18,5%) e aspiração de conteúdo ruminal
(0,5%). O mesmo foi observado por Calderazzo (2007), que teve na congestão,
aspiração de sangue e enfisema as principais causas de condenação pulmonar. Por
sua vez, Bouzas et al. (2006), em matadouro sob Inspeção Estadual na Bahia,
destacou o enfisema como patologia mais freqüente, correspondendo a 30,59% das
condenações, seguido de aspiração de sangue (26,75%) e bronquite (21,62%).
Podemos observar, de maneira geral, que na literatura consultada, as ocorrências
patológicas pulmonares são muito semelhantes, indicando possíveis deficiências nas
técnicas de insensibilização e sangria no pré-abate. No presente estudo, as
condenações por falhas tecnológicas, incluindo aspiração de sangue e alimentos e
enfisema, representaram 40,29% do total de condenações e 85,79% das condenações
pulmonares. Bastante superior aos resultados encontrados por Souza (2007) e
Calderazzo et al. (2007), que constataram que as tecnopatias foram responsáveis por
10,43% e 12,34% das condenações pulmonares, respectivamente.
48
6.2. RINS
Os rins, depois dos pulmões foram as vísceras mais destinadas à graxaria pelo serviço
de inspeção, correspondendo a 40,91% do total de condenações e 21,42% do total de
rins inspecionados. Este resultado aproximou-se do descrito por Mello et al. (2005), em
matadouro sob Inspeção Federal no Estado do Rio de Janeiro, que obteve 18,4% de
rins condenados.
Dentre as patologias observadas destacaram-se a congestão venosa, com 33% das
condenações renais, nefrite (32,01%), cisto urinário (19,92%), nefrose (10,12%) e
uronefrose (7,63%) (gráfico 4). Resultado semelhante foi obtido por Silva (2004), em
matadouro sob Inspeção Estadual no município se Simões Filho-BA, onde a congestão
foi responsável por 44, 58% das lesões, seguindo-se nefrite (34,75%), palidez renal
(16,10%), cistos renais (3,56%) e nefrose (1,02%).
Uronefrose: 7,63%
Nefrite: 32,01%
Congestão venosa: 33,00%
Cisto urinário: 16,92%
Outros 0,32%
Nefrose: 10,12%
Gráfico 4. Principais ocorrências patológicas nos rins condenados pelo S.I.E. no ano de 2008.
Entretanto, em grande parte da literatura consultada, observou-se que a nefrite foi a
principal causa de condenação renal. Ramos et al. (2003) constatou que esta patologia
representou 38,19% das ocorrências, seguida de uronefrose (27,93%), isquemia
(16,02%), congestão (9,56%) e hemossiderose (7,03%); enquanto que para Bouzas et
al. (2006), a nefrite correspondeu a 46,75% das condenações, seguida de congestão
49
venosa (19,75%), cisto urinário (10,95%), uronefrose (6,11%), nefrose (4,93%) e
isquemia (4,78%).
6.3. FÍGADOS
As condenações hepáticas corresponderam a 3,93% do total de órgãos condenados,
sendo da ordem de 2,06% do total de fígados inspecionados. Resultado superior a este
(6,85%) foi apresentado por Bonesi et al. (2003), ao avaliarem lesões hepáticas de
bovinos abatidos em matadouro frigorífico sob Inspeção Federal em Maringá-PR.
Os abscessos corresponderam a 64,24% das patologias, caracterizando-se como a
principal ocorrência encontrada, seguido de teleangiectasia (14,85%), cirrose (13,49%),
hepatite (3,48%) e angiomatose (3,03%) (gráfico 5). O abscesso também foi o distúrbio
que mais se destacou entre as causas de condenação apontadas por Calderazzo
(2007) e Mello et al. (2005).
Abscesso: 64,24%
Teleangiectasia 14,85%
Outros: 0,91%
Cirrose: 13,49%
Hepatite: 3,48%
Angiomatose: 3,03%
Gráfico 5. Principais ocorrências patológicas nos fígados condenados pelo S.I.E. no ano de 2008.
Da mesma forma, Barbosa et al. (2006b), em matadouro sob SIF no município de Três
Rios-RJ, destacaram o abscesso como maior ocorrência patológica, com 77,5%,
seguida de peri-hepatite (13,40%), fasciolose (4,09%), cirrose (2,5%), contaminação
50
(1,36%) e hidatitose (1,13%); porém, Ribeiro et al. (2006), em matadouro sob SIF em
Uberaba-MG, a maior prevalência de condenações foi para teleangiectasia, com
frequência de 39,20%, seguindo-se aderências hepáticas (30,67%), cirrose (8,60%),
congestão (6,22%), abscesso (4,68%), hepatite (4,24%) e hidatitose (1,57%).
6.4. MOCOTÓS
No período estudado, as condenações de mocotós corresponderam a 3,24% do total de
órgãos condenados e 1,7% dos mocotós inspecionados. Souza (2007), por sua vez,
obteve taxa muito distante desta, onde a condenação de mocotós correspondeu a
16,16% do total de condenações. A patologia que se apresentou com maior freqüência
foi o traumatismo, representando 46,51% das lesões observadas, seguida de edema,
com 30,88%, pododermatite necrótica (11,58%) e pododermatite cartilaginosa (11,53%)
(gráfico 6).
Edema: 30,88%Pododermatite necrótica: 11,58%
Pododermatite cartilaginosa:
11,53%Traumatismo:
46,51%
Gráfico 6. Principais ocorrências patológicas nos mocotós condenados pelo S.I.E. no ano de 2008.
Resultados semelhantes foram obtidos por Calderazzo (2007), que teve no traumatismo
a principal causa de condenação de mocotós, sendo este também seguido de edema,
pododermatite necrotica e pododermatite catilaginosa. Entretanto, para Souza (2007),
além das contusões, a contaminação foi a segunda principal causa de condenação de
mocotós.
51
6.5. BAÇOS
O exame dos baços resultou na condenação de 228 órgãos, correspondendo a 0,71%
dos baços avaliados e 1,36% do total de órgãos condenados. Este resultado foi
superior ao obtido por Bouzas et al. (2006), onde a freqüência de condenações foi de
2,10% do total de baços inspecionados. As ocorrências patológicas mais encontradas
foram a congestão venosa, representando 56,58% dos baços condenados, seguida de
esplenomegalia (38,60%), hemorragia (4,39%) e esplenite (0,43%) (gráfico 7).
Esplenomegalia 38,60%
Hemorragia: 4,39%
Esplenite: 0,43%Congestão
venosa: 56,58%
Gráfico 7. Principais ocorrências patológicas nos baços condenados pelo S.I.E. no ano de 2008.
Da mesma forma, Bouzas et al. (2004) destacaram a congestão (82,11%) como a lesão
mais freqüente em baços, seguida de contaminação (6,12%) e esplenomegalia (3,44%).
Entretanto, Ramos et al. (2003) observaram a contaminação com maior freqüência
(35,82%), seguida de esplenomegalia (34,33%), abscesso (11,19%), congestão
(11,19%) e esplenite (6,71%).
6.6. CORAÇÕES
Na inspeção de corações, a freqüência de condenações de 0,65% em relação ao total
de corações inspecionados e 1,24% em relação ao total de condenações, estabeleceu-
52
se entre as mais baixas analisadas neste trabalho, concordando com os resultados
achados por Mello et al. (2005) e Bouzas et al. (2006), onde a freqüência de
condenações foi de 0,60% e 0,69% com relação ao total de corações inspecionados,
respectivamente.
A pericardite apresentou-se como a patologia cardíaca mais freqüente, sendo
responsável por 69,38% das condenações no coração, seguidos de endocardite
(27,75%) e hemorragia (2,87%) (gráfico 8). Da mesma forma, Ramos et al. (2003)
observaram a pericardite como a causa patológica mais habitual entre as ocorridas,
correspondendo a 80,95% das ocorrências, seguida de contaminação (10,48%) e
abscesso (65,71%).
Pericardite: 69,38%
Hemorragia: 2,87%
Endocardite: 27,75%
Gráfico 8. Principais ocorrências patológicas nos corações condenados pelo S.I.E. no ano de 2008.
Entretanto, Bouzas et al. (2006), Calderazzo (2007) e Mello et al. (2005) identificaram a
cisticercose como patologia de maior freqüência em corações, sendo pericardite a
causa secundária. Por sua vez, Souza (2007) teve na contaminação a principal causa
de condenação, seguida de cisticercose e aderência.
53
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Dentre as vísceras e carcaças inspecionadas, o pulmão foi o que apresentou maior
freqüência de condenações, sendo responsável por 46,96% das ocorrências. As
alterações causadas por falhas tecnológicas, como aspiração de sangue e alimentos,
foram responsáveis por 51,64% das lesões, sem contar as condenações por enfisema.
Este dado evidencia a necessidade de melhor capacitação dos funcionários envolvidos
nas operações de pré-abate, de forma que estas falhas sejam menos freqüentes.
Nos demais órgãos, as principais patologias encontradas foram: congestão venosa
(33%), nefrite (32,01%), cisto urinário (19,92%) e nefrose (10,12%) nos rins; abscesso
(64,24%), teleangiectasia (14,85%) e cirrose (13,49%) no fígado; traumatismo
(46,51%), edema (30,88%), pododermatite necrótica (11,58%) e cartilaginosa (11,53%)
em mocotós; congestão venosa (56,58%), esplenomegalia (38,60%) e hemorragia
(4,39%) em baços; e pericardite (69,38%) e endocardite (27,75%) nos corações.
Apesar de responsáveis por apenas 3,24% do total condenações, as ocorrências em
mocotós se destacam pelo fato de 77,39% destas serem decorrentes de contusões
ocorridas principalmente durante o transporte. Este fato mostra a importância de um
manejo e um transporte adequados, evitando perdas econômicas desnecessárias.
Outro fato que também chama a atenção é a inexistência de condenações por
cisticercose, principalmente em corações, bastante relatada na literatura, o que mostra
uma conscientização dos produtores quanto ao manejo durante a criação.
É importante salientar que mais do que da saúde dos animais, o veterinário cuida da
saúde humana. Quando presente em um estabelecimento de abate, caba a ele manter
um controle rigoroso de todo o processo, fornecendo subsídios à defesa sanitária
quanto ao aparecimento de doenças e evitando que chegue à mesa do consumidor um
produto de baixa qualidade e que possa pôr em risco a saúde da população.
54
REFERÊNCIAS
ARAKAKI, F. M.; SILVA, M. S.; BRESSAN, M. C.; FARIA, P. B.; VIEIRA, J. O.; RODRIGUES, G. H. Programa de distribuição de carnes bovinas e bubalinas: vantagens, padronização de cortes e rastreabilidade da qualidade. Boletim técnico – Série extensão. Lavras: UFLA, 2002. Disponível em: <http://www.editora.ufla.br/BolExtensao/pdfBE/bol_77.pdf>. Acesso em 12 de janeiro de 2009. BANKUTI, F. I.; AZEVEDO, P. F. Abates clandestinos de bovinos: uma análise das características do ambiente institucional. In: XXXIX Congresso Brasileiro de Economia e Sociologia Rural – Sober, Recife, v. 1, p. 1-20, 2001.Disponível em: <http://dgta.fca.unesp.br/docentes/andrea/antigos/200601-Economia-e-administracao-rural-2VET/textos%20de%20apoio/abate%20clandestino%20de%20bovinos.pdf>. Acesso em 4 janeiro de 2009.
BARBOSA, F. O.; ESTEVES, F. M.; CAMPOS, D. I.; ARDUINO, G. G. C. Levantamento da prevalência de alterações renais em bovinos abatidos em Uberaba (MG), sob o serviço de Inspeção Federal no ano de 2005. Higiene Alimentar, v. 21, n. 150, p. 101-102, abril, 2006a.
BARBOSA, V. M. SILVA, F. L. A. TANCREDI, I. P.; TANCREDI, M. G. F. Alterações de fígado bovino, observadas em um matadouro sob regime de Inspeção Oficial, localizado no município de Três Rios – RJ, 2004. Higiene Alimentar, v. 21, n. 150, p. 102-103, abril, 2006b.
BRAGGION, M.; SILVA, R. A. M. S. Quantificações de lesões em carcaças de bovinos abatidos em frigoríficos no pantanal sul-Mato-Grossense. Comunicado técnico n°45 Corumbá-MS, 2004. Disponível em: <http://www.cpap.embrapa.br/publicacoes/online/COT45.pdf>. Acesso em 4 de janeiro de 2009.
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal – DIPOA. Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal – RIISPOA. Decreto de Lei nº 30691, de 29 de março de 1952, alterado, por fim, pelo Decreto nº 2244 de 04/06/97. Brasília, 1997. 241 p.
BRASIL.. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Anexo I – Regulamento da Lei nº 9.712 de 20 de novembro de 1998, que módica o Capítulo VII – Defesa Agropecuária, da Lei Agrícola nº 8. 171 de 17 de Janeiro de 1991. Diário oficial da União, Brasília, 17 de agosto de 2005, nº 158, Seção I, p. 8-30.
BONESI, G. L.; SCALONE, B. C. V.; OKANO, W.; ROSA, A. Lesões hepaticas em bovinos em matadouro-frigorífico. Higiene Alimentar, v. 17, n. 106, p. 78-83, 2003.
55
BORGES, T. D.; ALMEIDA, L. P. Estudo sobre os processos de pré-abate de bovinos em matadouro-frigorífico de Uberlândia-mg, visando o bem-estar animal. Disponível em: <www.horizontecientifico.propp.ufu.br/include/getdoc.php?id=217&article=80&mode=pdf>. Acesso em 4 de janeiro de 2009.
BOURROUL, G.; KAARNA, B. A humanização do abate animal. Revista Nacional da Carne, v. 30, n. 352, p. 24-30, junho, 2006.
BOUZAS, A. S.; OLIVEIRA, F. L.; SANTOS, M. A.; CARVALHO FILHO, N. C. C.; TORRES, P. E. L. M. V.; SILVA, R. J. M. Avaliação da freqüência de condenações dos órgãos comestíveis de bovinos e as principais ocorrências patológicas em matadouros sob regime do serviço de inspeção estadual no Estado da Bahia no ano de 2004. Monografia de Graduação, Universidade Federal da Bahia. Escola de Medicina Veterinária, Departamento de Patologia e Clínicas. Salvador: UFBA, 2006. CALDERAZZO, R. M. Principais causas de condenação em bovinos abatidos em matadouro-frigorífico sob inspeção estadual no Estado da Bahia. Monografia de Graduação, Universidade Federal da Bahia. Escola de Medicina Veterinária, Departamento de Patologia e Clínicas. Salvador: UFBA, 2007
CALIL, R. M. A continuidade do abate sem inspeção oficial. Revista Nacional da Carne, v. 31, n. 361, p. 63-66março, 2007.
FEIJÓ, J. L. D. Qualidade da carne bovina. I Curso - Conhecendo a carne que você consome. Campo Grande, MS, 5 de julho de 1999, Embrapa Gado de corte. Disponível em: <http://www.cnpgc.embrapa.br/publicacoes/doc/doc77/>. Acesso em 12 de janeiro de 2009.
FELÍCIO, P. E. Avaliação da qualidade da carne bovina. In: Simpósio sobre Produção Intensiva de Gado de Corte, Anais, Campinas, SP, Colégio Brasileiro de Nutrição Animal, p.92-99, 1998. Disponível em: <http://www.sic.org.br/PDF/qc_avaliacao.pdf>. Acesso em 12 de janeiro de 2009.
FELÍCIO, P. E. Sistemas de qualidade assegurada na cadeia de carne bovina: a experiência brasileira. In: I Congresso Brasileiro de Ciência e Tecnologia de Carnes, Anais. Campinas: Instituto de Tecnologia de Alimentos/Centro de Tecnologia de Carnes, p.342-355, 2001. Disponível em: <http://www.fea.unicamp.br/deptos/dta/carnes/files/Qualidade_assegurada_final.pdf>. Acesso em 12 de janeiro de 2009.
FONSECA, M. A. F.; COLLARES, R. L. M.; FONSECA, P. A. F. Principais doenças diagnosticadas em matadouros frigoríficos com inspeção municipal, Bagé-RS. Disponível em: <http://www.sovergs.com.br/conbravet2008/anais/cd/resumos/R1079-1.pdf>. Acesso em 4 de janeiro de 2008. FILHO, A. D. B.; SILVA, I. J. O. Abate humanitário: ponto fundamental do bem-estar animal. Revista nacional da carne. São Paulo, v.328, p.36-44, 2004.
56
FRANÇA FILHO, A.; ALVES, G.; MESQUITA, A.; CHIQUETTO, C.; BUENO, C.; OLIVEIRA, A. Perdas econômicas por abscessos vacinais e/ou medicamentosos em carcaças de bovinos abatidos no estado de Goiás. Ciência Animal Brasileira, Goiania, v.7, n. 1, p. 93-96, jan/mar, 2006. Disponível em: <http://www.cnpgc.embrapa.br/produtoseservicos/bpa/Literatura/perdaseconomicasabcessosvacinais.pdf>. Acesso em 4 de janeiro de 2009.
FREITAS, J. A. Patologias observadas no abate de bovinos e bubalinos e significado higiênico-sanitário da carne destinada ao consumo. Higiene Alimentar, v. 18, n. 122, p. 41-4, julho, 2004.
GALLI, F.; SILVA, T. G. R.; RODRIGUES, F. R.; MIRANDA, S. H. G. A regulamentação sobre o comércio de carne bovina no contexto do Acordo SPS. Disponível em: <http://www.cepea.esalq.usp.br/pdf/galli_miranda.pdf >. Acesso em 12 de janeiro de 2009. GONÇALVES, H. B.; ALENCAR, F. A.; KAMIYA, E.; RAMOS, M. I. L. Avaliação microbiológica, físico-química e sensorial da carne bovina proveniente de animais com hematoma e fraturas recentes. Higiene Alimentar, v. 18, n. 123, p. 77-81, ago, 2004. LOBATO, J. F. P.; FREITAS, A. K. Carne bovina: mitos e verdades. In: Pecuária Competitiva, FEDERACITE, 2006. Disponível em: <www. carne angus.org.br/artigo/download/?ID_ARTIGO=8 >. Acesso em 12 de janeiro de 2009.
LUCHIARI FILHO, A. O rendimento da carcaça bovina. In: Beefpoint. Março, 2002. Disponível em: <http://www.beefpoint.com.br/o-rendimento-da-carcaca-bovina_noticia_4992_60_179_.aspx>. Acesso em 12 de janeiro de 2009. LUCHIARI FILHO, A. Produção de carne bovina no Brasil: Qualidade, quantidade ou ambas? In: II SIMBOI - Simpósio sobre Desafios e Novas Tecnologias na Bovinocultura de Corte, abril de 2006, Brasília-DF. Disponível em: <http://www.upis.br/simboi/anais/Produ%E7%E3o%20de%20Carne%20Bovina%20no%20Brasil%20-%20Albino%20Luchiari%20Filho.pdf>. Acesso em 12 de janeiro de 2008.
MELLO, F. A. M.; FERNANDEZ, A. T.; MACHADO, T. C. C.; FREDERICO, F. R.; OLIVEIRA, A. J. Ocorrência de condenações de órgãos comestíveis de bovinos, em matadouros sob regime de inspeção estadual e federal no Estado do Rio de Janeiro, RJ. Higiene Alimentar, v. 19, n. 137, p. 56-62, nov/dez, 2005. MIRANDA, Z. B. Alterações do conteúdo aero-pulmonar em bovinos abatidos em estabelecimentos industriais. Revista Brasileira de Ciência Veterinária, v. 6, n. 2, p. 53-54, 1999.
57
MIRANDA, Z. B. Inspeção de produtos de origem animal. Revista do Conselho Federal de Medicina Veterinária, Brasília, ano 8, n. 26, p. 21-25, maio/ago, 2002.
PARDI, M. C.; SANTOS, I. F.; SOUZA, E. R.; PARDI, H. S. Ciência, higiene e tecnologia da carne. V. 2. Goiânia: GEGRAG – UFG/ Niterói: EDUFF, 1995. p ??
PEREIRA, A. S. C.; LOPES, M. R. F. Manejo pré-abate e qualidade da carne. Disponível em: <http://ainfo.cnpgc.embrapa.br/produtoseservicos/bpa/Literatura/preabateequalidadedacarne.pdf>. Acesso em 12 de janeiro de 2009.
PRATA, L. F.; FUKUDA, R. T. Fundamentos de higiene e inspeção de carnes. Jaboticabal: FUNEP, 2001. 349 p.
RAMOS, A. K. S; SIQUEIRA, J. R.; BARROS, G. C.; MENDES, E. S.; SOUZA, J. C. R. Patologias observadas em animais abatidos sob inspeção federal, em matadouro na cidade de Própria, Sergipe. Higiene Alimentar, v. 17, n. 112, p. 16-21, setembro, 2003.
RENNER, R. M. O manejo pré-abate e seus reflexos na qualidade da carcaça e da carne para a indústria frigorífica. Revista Nacional da Carne, v. 30, n. 353, P. 186-198, julho, 2006.
RIBEIRO, G. M.; ESTEVES, F. M.; LIMA, A. M. C.; CAMPOS, D. I.; ARDUINO, G. G. C. Ocorrência de alterações hepáticas em bovinos abatidos em Uberaba (MG). Higiene Alimentar, v. 21, n. 150, p. 88, abril, 2006.
ROÇA, R.O. Abate humanitário: manejo ante-mortem - Revista Tec Carnes, Campinas, SP, v.3, n.1, p.7-12, 2001. Disponível em: <http://stoa.usp.br/oliveiraramon/files/-1/5284/ante-mortem.pdf>. Acesso em 4 de janeiro de 2009.
ROÇA, R. O. Abate humanitário de bovinos. In: Conferência Virtual Global sobre Produção Orgânica de Bovinos de Corte, set/out, 2002. Disponível em: <http://www.cpap.embrapa.br/agencia/congressovirtual/pdf/portugues/02pt03.pdf>. Acesso em 12 de janeiro de 2009. ROPPA, L. Brasil: O consumo de carnes passado a limpo! Aveworld, fev/mar, p. 10-14, 2008. Disponível em: <http://www.carneangus.org.br/artigo/?page=2&ordertype=a>. Acesso em 12 de janeiro de 2009. ROTTA, P. P.; PRADO, R. M.; PRADO, I. N. Produzindo, exportando e consumindo mais carne bovina. Revista Nacional da Carne, v. 31, n. 362, p. 22-28, abril, 2007. SAMORA, R. Exportação de carne bovina do Brasil crescerá 32% até 2017. Reuters/Brasil Online. O Globo, 29/07/2008. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/economia/mat/2008/07/29/exportacao_de_carne_bovina_do_brasil_crescera_32_ate_2017-547467323.asp>. Acesso em 12 de janeiro de 2009.
58
SARCINELLI, M. F.; VENTURINI, K. S.; SILVA, L. C. Abate de bovinos. Boletim Técnico, PIE-UFES, n. 7, ago, 2007. Disponível em: <http://www.agais.com/telomc/b01507_abate_bovinodecorte.pdf>. Acesso em 4 de janeiro de 2009. SILVA, W. M. Achados anatomopatológicos em rins condenados de bovinos, abatidos em matadouro, no município de Simões Filho, Bahia. Monografia de Graduação, Universidade Federal da Bahia. Escola de Medicina Veterinária, Departamento de Patologia e Clínicas. Salvador: UFBA, 2004.
SOUZA, M. S. Principais causas de condenação em bovinos abatidos em matadouro- frigorífico sob Inspeção Federal no Estado da Bahia. Monografia de Graduação, Universidade Federal da Bahia. Escola de Medicina Veterinária, Departamento de Patologia e Clínicas. Salvador: UFBA, 2007.
SOUZA FILHO, H. M.; VINHOLIS, M.; ROSA, F. T.; ALVES, J. C. D. Uma agenda de competitividade para a indústria paulista - Cadeia de carne bovina. Instituto de pesquisa tecnologia do estado de São Paulo. Fevereiro, 2008. Disponível em: <http://www.ipt.br/atividades/pit/notas/files/NT_Carne_bovina.pdf>. Acesso em 12 de janeiro de 2009.
XAVIER, V. G.; JOELE, M. R. S. P. Avaliação das condições higiênico sanitárias da carne bovina in natura comercializada na cidade de Belém, PA. Higiene Alimentar, v. 18, n. 125, p. 64-73, out, 2004. ZEN, S. A cadeia da carne bovina no Brasil. Dezembro, 2004. Disponível em: <http://www.embrapa.br/imprensa/artigos/2000/artigo.2004-12-07.2530561427>. Acesso em 12 de janeiro de 2009.
59