A CONSTRUÇÃO DA HISTORIOGRAFIA DA ARQUITETURA MODERNA NA AMAZÔNIA:
estudo da arquitetura residencial em Belém
DIAS, REBECA. (1); CHAVES, CELMA. (2)
1. Universidade Federal do Pará. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Av. Augusto Correa, 1, Cidade Universitária José da Silveira Netto, Guamá.
2. Universidade Federal do Pará. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Av. Augusto Correa, 1, Cidade Universitária José da Silveira Netto, Guamá.
RESUMO
A pesquisa acerca do espaço construído amazônico possibilita a documentação de uma arquitetura de referências modernas, materializada em Belém num recorte que se estende de 1949 a 1960. A compilação e sistematização de material gráfico e textual sobre a cidade e a arquitetura desse período contribui para a construção de um quadro teórico-conceitual renovado sobre essa arquitetura, levando em consideração a descontinuidade e heterogeneidade inerentes ao processo modernizador corrente na América Latina e em suas regiões periféricas, como é o caso de Belém do Pará. No Brasil, somente em meados da década de 1990 a revisão crítica acerca da historiografia da modernidade foi aprofundada, enquanto internacionalmente, tal revisão vigora desde a década de 60. Deste modo, fica evidente que a discussão sobre fenômenos formais regionais ainda é pouco conhecida, acarretando na contínua transmissão de valores arquitetônicos, os quais valorizam a modernidade dos centros em detrimento da expressiva produção moderna do hemisfério sul. Esse fato explica um particular entrave dentro dos processos de análise e investigação desses exemplares de referência moderna: a recente inclusão do debate acerca dessa tipologia nas pesquisas acadêmicas acarreta em uma tardia consciência do valor patrimonial desses edifícios. Como consequência, nota-se a descaracterização formal crescente desses exemplares. O edifício construído ou idealizado é documento essencial ao estudo, permitindo a constatação de diversos aspectos formais, funcionais, técnicos e construtivos, que suscitam o estudo dos condicionantes econômicos do período e das formulações e teórico-conceituais, das experiências individuais, de suas formas resultantes, pensadas a partir de uma perspectiva histórica que se compõe de necessidades e contingências, condições reais e simbólicas, de mitos e de realidades. No caso específico da cidade de Belém, apesar da instalação da graduação em arquitetura ter iniciado em 1964, já se observava, anteriormente, a produção de obras com referências modernas,
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viabilizadas pelo contato que alguns engenheiros tiveram com essa arquitetura em cidades como Rio de Janeiro e São Paulo. A partir da análise da arquitetura privada e pública realizada durante os anos de 1940 a 1960, traça-se um panorama de sua atualização formal, que se expressou mesmo com o distanciamento histórico-temporal da cidade de Belém em relação aos grandes centros difusores da arquitetura moderna. O levantamento e análise arquitetônica dessas expressões revelam um uso instrumental de princípios e soluções da Arquitetura Moderna Brasileira. Esse processo de materialização de uma nova arquitetura apresenta características de acordo com as expectativas e necessidades simbólicas dos clientes (elite belenense, em grande parte), e com a necessidade de integração das obras ao contexto ambiental onde se localizam. O artigo tem como objetivo apresentar os resultados parciais das pesquisas em desenvolvimento sobre essa arquitetura, que se estrutura a partir do registro fotográfico dos exemplares remanescentes, do levantamento arquitetônico das unidades, sejam apartamentos ou residências unifamiliares, dos redesenhos, sejam dos projetos originais ou do material levantado, e também da biografia dos autores das obras estudadas. Pretende-se que esse material sistematizado e analisado contribua para o entendimento de um momento singular das novas expressões da arquitetura na cidade de Belém da segunda metade do século XX.
Palavras-chave: Belém; Arquitetura Moderna; Modernização.
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Introdução
Neste artigo denominaremos como primeiro processo de modernização da cidade de Belém
o período que esteve intrinsecamente relacionado aos condicionantes econômicos
observados no final do século XIX e início do século XX. A exploração da economia
gomífera em território amazônico traduziu-se na cidade em lucros abundantes, os quais
foram aplicados principalmente num projeto higienista de embelezamento da cidade.
Antônio Lemos, intendente no período de 1897 a 1911, tomado pelos ideais haussmanianos
tentou converter Belém em uma Paris Tropical, a partir de remodelações urbanas e
arquitetônicas. As áreas próximas ao entreposto comercial da borracha (“antigo centro”)
viriam a se tornar o estandarte de uma arquitetura eclética a qual, segundo Chaves (2004),
possuía aspectos europeizados do art noveau, de um neoclassicismo tardio além de uma
tímida presença de elementos da arquitetura mourisca. Percebe-se então a intensidade
daquela modernização formal, a partir do momento em que se observam as remodelações
em relação às plantas baixas, à implantação no terreno e ao uso de técnicas e materiais.
Essas mudanças, portanto, atestam uma ruptura com o padrão colonial anteriormente
presentes na arquitetura da cidade de Belém. O anseio por assemelhar-se aos grandes
centros europeus fez de Belém um ávido consumidor das inovações construtivas. A
Revolução Industrial havia ampliado a produção e uso de materiais como o ferro, e diante da
prosperidade das terras amazônicas, empresas estrangeiras não hesitaram em instalar suas
filiais em Belém. Além disso, os catálogos ofereciam um vasto mostruário de estruturas e
peças em ferro, como escadas, pilares e gradis (CHAVES, 2004, p.74).
O início do século XX testemunhou uma grande mudança no quadro político e econômico
em nível nacional e local. Em Belém, a débâcle da intendência lemista se iniciou com as
dívidas contraídas durante o auge da exploração da borracha. Mais tarde, em 1930, o Golpe
é instaurado com a proposta de aniquilar as estruturas oligárquicas e anacrônicas da
“República Velha”, a qual se enfraquecia paulatinamente devido a condicionantes como “a
ambiência do imediato pós-guerra com seu surto de industrialização, com o crescimento e
complexização da vida urbana, a presença massiva e atuante de imigrantes, o
conhecimento e a repercussão dos acontecimentos internacionais” (MARTINS, 2010, p.283).
O governo de Getúlio Vargas trouxe consigo a política do Estado Novo, consolidando a
partir dali um governo central autoritário e centralizador que viabilizaria a construção de uma
nacionalidade (MARTINS, 2010, p.282). A “ordem” suscitada pelo ideário positivista de
progresso de Vargas muito se pautou na valorização dos centros econômicos, visto a
consolidação dos parques industriais no eixo sul-sudeste. Deste modo, a cidade foi
valorizada, a partir de sua centralidade e infraestrutura e foi alvo das inúmeras propostas de
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remodelação urbana planejadas por Vargas. A ação estatal promovida por Vargas era
desprovida de um código urbanístico regulador, suscitando a criação do Código de
Administração Municipal em 1934, no qual constavam “[...] orientações básicas sobre os
padrões a serem adotados nas construções [...]” (CHAVES, 2008). Deste modo, a
reestruturação dos centros urbanos visava adequá-los às novas funções da cidade, o que
gerou investimentos e especulação de capital no setor construtivo.
A institucionalização também foi um processo marcante, mostrando com clareza o quadro
político-social daquele período. Por outro lado, a demanda privada começava a crescer e
segundo Carvalho (2013), ao contrário da arquitetura pública, a arquitetura privada é
individual e, por conseguinte, não se mostra tão vinculada ao contexto social de
determinada época, e sim às necessidades de um grupo em específico.
1. A difusão do moderno no contexto amazônico
Nomeado por Getúlio Vargas em 1930 como interventor do Estado do Pará, Magalhães
Barata centrou-se, sobretudo, na imagem que a cidade teria diante dos visitantes e do
governo central, em detrimento de uma intervenção que abrangesse muito mais que a área
central da cidade. Barata foi responsável por estender o autoritarismo do governo central
aos limites municipais.
O cenário industrial brasileiro ainda era incipiente e concentrado ao longo do eixo sul-
sudeste. Deste modo, nota-se que em capitais como Belém, a industrialização não se
desenvolveria o suficiente para permitir que as iniciativas modernizadoras se estendessem
no espaço da cidade. As poucas eram concentradas, com destaque para Avenida 15 de
Agosto, que passou a ser "[...] vitrine das modernas tendências arquitetônicas" (CHAVES,
2008): verticalizada e ponto de irradiação para bairros fronteiriços.
A cidade de Belém começou a crescer em direção aos chamados segundo e terceiro “eixos”
de modernização – bairros nobres visados pelo poder público, vistos como
“potencializadores” da modernização – bem como às áreas que compreendiam áreas onde
os terrenos apresentavam generosas dimensões, e que tinham sido adquiridos por
empresários, comerciantes, advogados e grupos imobiliários que ali construíram os
primeiros condomínios da cidade (CARVALHO, 2013, p.22).
Nas áreas do entorno do eixo principal, as residências de referências modernas
confrontavam e incrementavam a antiga estética residencial do Ecletismo. Chaves (2004)
destaca a figura do engenheiro-arquiteto Camilo Porto de Oliveira, formado pela escola de
engenharia do Pará em 1956, e um dos responsáveis por introduzir as inovações da
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arquitetura moderna brasileira em Belém. Porto de Oliveira e outros engenheiros começam
sua carreira construindo casas de traços ecléticos e referências ao neocolonial. A
aproximação às ideias e processos expressivos das vanguardas europeias não foi direta –
tais referências passaram primeiramente pelas vanguardas do eixo centro-sul, para só então
serem incorporadas aos projetos dos arquitetos-engenheiros belenenses, de maneira
diluída. Elementos como paredes de vidro, brise soleil, telhado “mariposa”, marquises, pilotis
e cobogós, exemplificam essas interconexões indiretas. As frequentes viagens de Camilo
Porto ao Rio de Janeiro e São Paulo e o contato com revistas e catálogos de arquitetura
proporcionaram ferramentas de projeto que, a partir dos anos cinquenta se constituíram em
repertório, o qual seria utilizado em várias propostas de residências.
Portanto, o processo de “individualização” na demanda arquitetônica foi viabilizado devido à
renovação de hábitos urbanos e ascensão de novos grupos econômicos. Assim sendo, os
bangalôs ecléticos deram lugar a novas formas de moradia, mais compatíveis àquelas
novas necessidades funcionais e simbólicas.
Como contribuição ao desenvolvimento da temática do edifício como documento, o artigo
propõe-se uma análise do edifício como portador material de valores simbólicos. De acordo
com Müller (2011), a permanência e publicização da imagem do edifício são capazes de
oferecer condicionantes os quais o relacionam a um “porta voz” do ideário transcendente
que provê algumas garantias de estabilidade, mas que por outro lado pode representar uma
re-apropriação de supostos valores em diferentes séries ideológicas de acordo com o
contexto em que serão relidas.
No entanto, a discussão sobre fenômenos formais regionais ainda é pouco difundida,
iniciada somente a partir da década de 90, acarretando na contínua transmissão de valores
arquitetônicos que valorizam a modernidade dos centros em detrimento da expressiva
produção moderna do hemisfério sul. Como consequência, nota-se uma tardia consciência
do valor patrimonial desses edifícios, com a descaracterização formal crescente desses
exemplares.
Para tanto, este trabalho apresenta os resultados parciais das pesquisas em
desenvolvimento sobre a arquitetura de referências modernas desenvolvida em Belém, a
partir do registro fotográfico dos exemplares remanescentes, do levantamento arquitetônico
das unidades, dos redesenhos e do estudo da biografia dos autores de tais obras. Essas
análises revelam um uso instrumental de princípios e soluções da Arquitetura Moderna
Brasileira, viabilizando o traçado de um panorama da atualização formal da cidade,
expressa mesmo com distanciamento histórico-temporal de Belém em relação aos grandes
centros difusores da arquitetura moderna.
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1.1. A questão da história e de sua interpretação historiográfica
A partir da Escola dos Annales e particularmente dos estudos de Fernand Braudel “[...] o
protagonismo se transfere do indivíduo para o grupo social, e à narração linear se contrapõe
a multiplicidade dos tempos – as ‘durações’” (WAISMAN, 2013, p.6) e deste modo, o sujeito
da história, anteriormente reconhecível e identificável acabou por ceder seu lugar a
entidades ditas “anônimas” como as mentalidades, classes sociais e nações. Ainda segundo
a autora, a nouvelle historie é uma história sem personagens, não podendo, deste modo, ser
considerada como um relato.
Por outro lado, ainda segundo Waisman (2013), o desmonte dos mecanismos da
historiografia possibilitam extrair motivações, intenções e ideologias de uma obra
historiográfica, visto que esta é dotada de juízos históricos, ligados essencialmente ao olhar
do historiador. Os problemas historiográficos são trabalhados num contexto que leva em
consideração diversas relações causais (factuais ou circunstanciais), que explanam a
justificativa de eleição do objeto de estudo, além de estruturar conexões com sistemas
gerais. Há que ver, portanto, que apesar de utilizar-se de instrumentos os quais conferem
uma riqueza sui generis à análise de determinada realidade, a pesquisa historiográfica,
irremediavelmente recai numa ressignificação subjetiva dos fatos.
A partir daí, esquadrinha-se a problemática da construção historiográfica da Amazônia, pois
internacionalmente, a revisão historiográfica vigora desde a década de 60. Porém, como nos
adverte Waisman, “com os instrumentos de conhecimento forjados nos países centrais
corremos o risco real de nos equivocarmos ou desconhecer nossa realidade histórico-
arquitetônica e urbana” (WAISMAN, 2013, p.15). Portanto, evidencia-se que, além de pouco
debatida, a discussão sobre fenômenos formais regionais segue transmitindo continuamente
valores arquitetônicos os quais desvalorizam a expressiva produção moderna local. Trata-
se, portanto, da urgência em adequar uma análise “[...] à nossa condição contemporânea de
tempo e lugar” (ZEIN, 2013, apud WAISMAN, 2013, p.10).
A cidade de Belém se revela um ambiente “duplamente provinciano” (GORELIK apud
MÜLLER, 2011, p.10), pois além de estar localizada em um país do hemisfério sul, longe do
centro difusor europeu, faz parte da região Norte do país, dentro do contexto amazônico,
área relegada ao ostracismo econômico-cultural durante muitos anos, face ao
desenvolvimento mais acelerado do eixo sul-sudeste. Pode-se afirmar, portanto, que Belém
funcionou como porta das correntes civilizadoras, deparando-se com seu lugar subalterno
(arquitetura moderna subsidiária, de acordo com Tafuri) e ratificando a “irrefreável tendência
à cópia dos sucessivos estilos das metrópoles de referência” (GORELIK apud MÜLLER,
2011, p.9).
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Os limites da arquitetura moderna produzida no contexto amazônico oriental são estudados
a partir da sua abrangência temporal, ou seja, do recorte cronológico adotado para defini-la.
A partir disso, Chaves (2012) aponta alguns questionamentos como: até onde se pode
afirmar que essa arquitetura é moderna? Quais são os critérios formais, espaciais,
programáticos, sociais, técnicos, culturais e históricos para tal definição? Por fim, essa
classificação seria realmente necessária?
2. Temporalidades e conceitos
Face às diferenças temporais e espaciais, e a um contexto particularmente adverso para a
produção arquitetônica em Belém no período estudado, faz-necessário um entendimento
dessa arquitetura a partir de determinados marcos conceituais. A “difusão” se refere ao
processo de desenvolvimento da arquitetura moderna brasileira, tanto no campo físico,
relacionado à sua expansão ao longo do território nacional, quanto no social, pois conseguiu
alcançar um público diversificado (PEREIRA, 2008, p.11). Contudo, este conceito não
abrange os regionalismos e heterogeneidades inerentes à construção da arquitetura
moderna no país, pois “difundir” estaria relacionado à ideia de propagação verticalizada dos
conhecimentos, neste caso, do centro para periferia, irrestritamente.
A “influência” também se mostra um termo que incorre em verticalização de conhecimentos,
por não permitir um diálogo fluido entre fonte e receptor, estabelecendo implicitamente que a
fonte seria a única detentora da ideia “original” e valorizável. Deste modo, o receptor correria
o risco de ter sua obra pouco valorizada a partir do momento em que este, porventura,
afirme ter recebido influências (SANTOS, 2014, p.20). Nota-se que na Influência, os
processos pessoais de pesquisa e experiências provenientes do receptor acabam por ser
ignorados. (SILVA, 2004, p.16). Pode-se dizer que este conceito “[...] opõe cosmopolitismo e
tradicionalismo, apresentando a metrópole como fonte de inovação e originalidade frente à
‘idiotice’ provinciana, lugar de resistência conservadora e demorada imitação” (GORELIK
apud MÜLLER, 2011, p.9).
No caso de Belém e de outros regionalismos arquitetônicos, opta-se por trabalhar com o
conceito de “recepção”, que admite trocas e interações diversas entre fonte e receptor,
contestando a ideia de que somente há irradiação de um movimento artístico de um centro
maior para um menor, e por fim, viabiliza uma produção mais crítica por parte do receptor
(MARQUES & NASLAVSKY, 2011, p. 4).
É importante delinear mais alguns conceitos que são analisados dentro dos processos de
revisão historiográfica da arquitetura moderna. Primeiramente, a “representação”, abrange
um campo que vai além da limitada noção de representação como conhecimento imediato
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que torna visível um objeto ausente ao substituí-lo por uma ‘imagem’ capaz de trazê-lo de
volta a memória (ARFUCH, 2002). Envolve também uma ponderação das múltiplas e
contraditórias configurações da realidade social e suas práticas, das identidades e das
formas institucionalizadas (CHARTIER, 1995).
Os “imaginários sociais”, de acordo com Baczko (1991), fazem menção às
“[...] referências específicas dentro de um vasto sistema simbólico produzido
pela coletividade e por intermédio da qual ela se percebe, divide-se e elabora
suas finalidades. Deste modo, por meio desses imaginários sociais, a
coletividade designa sua identidade elaborando uma representação de si
mesma, conservando e modelando recordações passadas, bem como
projetando para futuro seus temores e esperanças. (BACZKO, 1991).
O “campo” pode ser visualizado, de acordo com Bourdieu e Wacquant (1995), como um
espaço de conflitos e competição. Configura-se também como um sistema de relações entre
posições determinantes e condicionantes acerca das propriedades e possiblidades de cada
agente ou grupo de agentes (MÜLLER, 2011, p.16).
A tríade “modernidade”, “arquitetura moderna” e “movimento moderno” se entrecruza
densamente, tendo a ideia de modernidade uma acepção tanto sociológica, relacionando-se
majoritariamente aos processos de industrialização, secularização, à burocracia e à cidade
(PAYNE, 2002, p.475), quanto cronológico, associando-se à visão de Habermas (1989) de
ruptura com o passado, de aceleração do tempo histórico, de simultaneidade cronológica,
caracterizando uma renovação permanente, regida pela nova experiência de progresso,
esta que cria e destrói constantemente. O movimento moderno seria resultado de uma
construção historiográfica produzida entre 1927 e 1941, baseada nas expressões
arquitetônicas modernas europeias e norte-americanas (LIERNUR, 2004, p.141). Já a
Arquitetura Moderna se relaciona com ideias de vanguarda como o racionalismo,
funcionalismo e purismo, ressaltando mudanças de caráter técnico-formais como,
[...] a distribuição espacial e circulatória regida por critérios funcionalistas, a
adoção de formas geométricas simples, puras e abstratas, o jogo de
volumes com ajuste à espacialidade interior resultante da resolução
funcional, a experimentação formal, o ajuste dos elementos de iluminação e
ventilação às necessidades funcionais, a incorporação de novas tecnologias
e materiais industrializados e a negação do ornamento, entendido como
elemento supérfluo e sobreposto à arquitetura. (MÜLLER, 2011, p.10).
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3. Protagonistas
A sociedade belenense esteve inserida em dois contextos históricos significativos no que
concerne a produção do espaço privado, destacando-se o processo modernizador da
Revolução de 30 e a ideologia do desenvolvimentismo da década de 1950. Esses marcos
temporais apresentam novas composições quanto à produção do espaço privado,
assinalando a valorização dos projetos residenciais detentores de elementos e soluções da
arquitetura moderna.
O grupo que presenciou e arcou financeiramente com as composições modernas eram
famílias ligadas aos dividendos da borracha e da castanha, bem como médicos, advogados,
engenheiros e outros profissionais liberais em ascensão. O motivo pelo qual o faziam estava
relacionado à inevitável aquisição de novos hábitos culturais e urbanos ao longo deste
período, inspirando no grupo não só um desejo de renovação, mas também de retorno a
uma modernidade já experimentada no início do século XX durante a Belle Époque.
No entanto, as tipologias associadas ao ecletismo não mais respondiam aos anseios da
elite. Em vista disso, teve início uma nova etapa no espaço construtivo belenense, “[...] na
qual os esforços se concentrariam na conjugação dos princípios modernistas internacionais
em vista da consolidação de uma linguagem regional – no rumo da ‘arquitetura amazônica’
consagrada (ou rotulada) a partir do final da década de 1970” (SARQUIS e NETO, 2003,
p.31). Ainda segundo Sarquis e Neto (2003), a década de 40 assinalou um momento de
muito prestigio da arquitetura moderna praticada no Brasil, e nesta via, a atualização formal
foi o “estopim” para que os engenheiros atuantes começassem a reivindicar um campo de
atuação para os arquitetos, visto o status que a profissão vinha adquirindo com aquela nova
arquitetura. Naquele momento, em 1963, o reitor da Universidade Federal do Pará José da
Silveira Netto incumbiu o então engenheiro Camilo Porto de Oliveira da criação do curso de
Arquitetura na UFPA.
Essa nova expressão arquitetônica era modismo entre a elite local, porém disseminada
também nas arquiteturas anônimas dos anos setenta. Contudo, frente à “[...] difícil realidade
econômica local, formavam-se grupos de pequenos empresários desejosos de viabilizar o
mercado da construção, lançando-se na árdua tarefa que em alguns casos poderia levar até
seis anos entre o projeto e a conclusão da obra” (CHAVES, 2008, p.147).
Afirma-se então que as particularidades formais das obras de Camilo Porto de Oliveira
(autor de grande parte das produções estudadas), e de outros arquitetos, engenheiros e
construtores do mesmo período como Edmar Penna de Carvalho, Agenor Penna de
Carvalho, Milton Monte e Laurindo Amorim, Roberto La Rocque, Ruy Vieira, Alcyr Meira e
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Ocyr Proença, mostram que se não estão estendidas no espaço da cidade, essas
particularidades continuam existindo como representação de um novo momento na história
da construção de um novo espaço doméstico em Belém. Nota-se, por fim, parafraseando
Tafuri (1978), que uma vez identificada na cidade a unidade real do ciclo de produção, o
único trabalho do arquiteto é aquele de organizador do ciclo.
4. Obras
Para o desenvolvimento da pesquisa foram levantadas e analisadas diversas obras
residenciais, das quais foram selecionadas três que se destacam por seu pioneirismo nas
formas modernas na cidade de Belém (Moura Ribeiro), pelo caráter racionalista (Casa
Belisário Dias) e pela simplificação formal (Casa Presidente Pernambuco). O procedimento
metodológico utilizado se baseia no levantamento arquitetônico, o qual consiste,
essencialmente, na visitação in loco dos edifícios, seguido de registro fotográfico e
averiguação de medidas. Posteriormente, baseado no roteiro do livro El proyecto moderno,
de Cristina Gastón e Teresa Rovira (2010), foi realizada a análise das obras, que consiste
em analisar aspectos espaciais, formais e estruturais dos exemplares estudados, bem como
traçar uma relação entre estas e o espaço urbano e arquitetônico.
Constata-se que a arquitetura de referências modernas apresenta interessante diversidade
tipológica – clubes, residências, escolas e edifícios institucionais, objetos de investigação na
próxima fase da pesquisa – gerando um conjunto representativo de obras cujas formas
foram resultantes de um modo de produção local, não isento de contradições (CHAVES,
2012, p.12).
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I. CASA MOURA RIBEIRO (1949)
Realidade física, geométrica e construtiva do edifício: Camilo Porto, em entrevista,
afirmou que um dos motivos que o levou a projetar uma residência de referências modernas,
foi a ponderação de que em Belém não se produzia uma “autêntica arquitetura moderna”
(entrevista concedida à Profa. Celma Chaves em 2001). Foi então que em 1949, Camilo
concebeu a Casa Moura Ribeiro. Esta possui fachadas assimétricas, destacando-se a
adição de um volume semicircular envidraçado, o qual corresponde à sala de música.
Imagem 1 – Perspectiva da Casa Moura Ribeiro, 1949 (projeto original) e imagens da residência
Fonte: Chaves, 2004 (imagens) e acervo Antônio Couceiro (projeto).
Local e programa: A escolha do lote para a construção dessa casa se relaciona à
tendência crescente de aquisição de extensos terrenos nas áreas altas e secas da cidade.
Em contrapartida, isso acarretou num distanciamento dos vizinhos (CHAVES e MACHADO,
2014, p. 11), ocasionando uma redução da atividade social, já que as áreas externas livres
do lote já não eram usadas para fins de sociabilidade, como acontecia na varanda ou
quintais. Na concepção modernista, a área livre do terreno passou a ser um elemento de
destaque à monumentalidade da residência.
Configuração do edifício: Os ambientes dessa residência são dispostos de maneira
justaposta, com circulações predominantemente fluidas em hall, denotando a funcionalidade
do projeto. No projeto, destaca-se o gabinete, onde profissionais liberais poderiam receber
seus clientes em casa, garantindo privacidade nos negócios, no entanto, sem haver perdas
no convívio social, já que este ambiente está localizado estrategicamente próximo à sala de
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estar. Na lateral da residência encontramos um jardim que funciona também como elemento
de conforto térmico, auxiliando na ventilação. No pavimento superior há um terraço com
vista para os fundos do lote, de maneira contemplativa tanto ao terreno quanto à vizinhança,
à semelhança da proposta da sacada nos edifícios verticalizados.
Identificação dos componentes básicos do projeto: A estrutura da casa é em concreto
armado e a residência se dispõe acima do nível da rua, a fim de evitar a umidade. Além
disso, a casa possui um dispositivo para o escape do ar quente. Deste modo, nota-se a
inventividade na adaptação dos projetos de Porto do Oliveira às condições climáticas locais,
revelando a necessidade de adequá-los a um contexto díspar ao eixo sul-sudeste.
Imagem 2 – Implantação acima do nível da rua, Casa Moura Ribeiro
Fonte: Chaves (2004).
II. CASA BELISÁRIO DIAS (1954)
Realidade física, geométrica e construtiva do edifício: Nesta casa, a fachada que
combina vigas em curvatura e uma marquise inclinada permite uma integração interior-
exterior, já que estes elementos em concreto armado se prolongam desde a fachada, numa
espécie de arco, e adentram a casa. Nas residências desse período, em especial nas de
Camilo Porto, havia quase um determinismo tipológico, que se enfatizava tanto no aspecto
formal como na funcionalidade. Deste modo, as repetições formais de suas obras se
relacionavam à racionalidade, viabilizando uma economia de tempo e material, devido ao
grande número de projetos que lhe eram encomendados. A pertinência dessas soluções
como estandartes da nova arquitetura, implicou um risco de utilização inconsciente de tais
elementos, sem o devido entendimento de seus papeis como parte de uma composição
significativa e aberta (NORBERG-SCHULZ, 2005, p.92).
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Outras constantes do repertório formal de Porto podem ser vistas nessa residência, como as
paredes onduladas com brise-soleil na vertical e colunas em arco na sua fachada principal,
propiciando benefícios térmicos e de iluminação. O uso desses elementos remete às
soluções da Escola Carioca, especialmente o cobogó, largamente utilizado por Lúcio Costa.
Neste projeto, encontra-se também menção a Frank Lloyd Wright, quando se nota a
interação fluida entre interior e exterior por meio de vazios contínuos e elementos em
balanço (NORBERG-SCHULZ, 2005, p.52). Novos materiais industrializados, trazidos de
outros estados brasileiros permitiram a adoção de formas expressivas que se referem a
coberturas expressivas como a abobadada da Igreja São Francisco de Assis (1942) ou a
cobertura em “V”, comum nas obras de Afonso Reidy e Oscar Niemeyer (CHAVES, 2008, p.
160).
Imagem 3 – Elementos em destaque na fachada lateral da Casa Belisário Dias
Fonte: Redesenho - acervo do Laboratório de Historiografia da Arquitetura e Cultura Arquitetônica –
LAHCA; Esquema elaborado pela autora.
Local e programa: A casa se dispõe no terreno de forma justaposta e o desenho de sua
planta apresenta considerável organicidade, utilizando grande parte do terreno. A avenida
onde é localizada corresponde a um dos eixos de desenvolvimento da arquitetura moderna
em Belém. O prédio está implantado parcialmente livre no lote, envolto por um jardim nas
áreas livres frontal e lateral esquerda, destacando visualmente suas duas fachadas, o que
ressalta a ideia de monumentalização, observada nas obras de Camilo Porto.
Configuração do edifício: Os ambientes do setor social estão dispostos de forma
justaposta, conectados em halls, o que viabiliza melhor permeabilidade da casa. A
residência, de acordo com os proprietários, possui desníveis e escadas que dificultam a
locomoção interna.
Quanto à distribuição dos volumes no projeto, Chaves (2008) observa:
“A atualização formal que Camilo Porto realiza em seus projetos
residenciais, responde aos propósitos construtivos e também
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tipológicos de converter o espaço doméstico interior em uma
expressão vinculada aos novos hábitos da classe em ascensão, e
externamente atraente ao observador. Esta condição se manifestava
em variados detalhes, principalmente no uso de um formalismo de
viés orgânico muitas vezes incongruente com a proposta funcional da
obra. A casa adquire assim uma dimensão pública, expondo-se como
um objeto moderno na cidade, quase uma escultura.” (CHAVES,
2008, p.160)
Identificação dos componentes básicos do projeto: A residência conta com cobertura de
laje em concreto em “V”, uma influência visivelmente corbusiana. Os proprietários afirmam
que a casa tem habitabilidade ideal, excelente iluminação e ventilação devido aos vãos
grandes.
Imagem 4 – Fachada principal da Casa Belisário Dias
Fonte: Chaves (2006).
III. CASA PRESIDENTE PERNAMBUCO (Década de 1960)
Este projeto, ao contrário das obras anteriores de Camilo Porto, revela uma simplicidade e
regularidade em sua composição formal, sem a usual repetição de elementos de referências
modernas, levando-nos a crer que tal projeto seja da década de 60, período que coincide
com a obtenção do diploma de Arquiteto por Camilo Porto (1966). Nota-se, portanto, um
maior refinamento nos acabamentos, por meio do uso de vidros e pedras polidas, vide apoio
trapezoidal em pedra na fachada. A valorização das transparências também é patente neste
projeto. Na fachada principal, nota-se a profusão de elementos inclinados, um indicativo da
revolução no processo construtivo o qual anteriormente se atinha à ortogonalidade. A
fachada à mostra era um ponto de extrema relevância nos projetos de Camilo, funcionando
como elemento divulgador de seu trabalho (TUTYIA, 2007, p.9). Portanto, originalmente, a
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fachada não possuía o muro hoje existente, adicionado entre as décadas de 80 e 90, a partir
da modificação no uso dos edifícios do entorno.
Imagem 5 – Fachada da Casa Presidente Pernambuco (ano desconhecido)
Fonte: FUMBEL (1997/1998).
Local e programa: O terreno desta residência é um dos maiores dentre as de Camilo Porto.
A vegetação do entorno é significativa, por estar localizada próximo à Praça Batista Campos
e ao Cemitério da Soledade. Por meio de imagens antigas, nota-se que a área de lazer
(hoje, completamente cimentada para vedação da piscina) era mais arborizada,
evidenciando um processo que se observa não somente nesse caso, mas que se estende a
muitas outras situações, de “desnaturalização” dos espaços externos das casas,
restringindo áreas antes naturais como quintais e jardins em favor de espaços artificiais.
Configuração do edifício: No salão principal há uma espécie de jardim de inverno,
potencializando a relação interior-exterior. Notamos, em alguns ambientes, a angulação das
paredes, estas que foram condicionadas à volumetria da casa. No projeto original, não havia
nenhum volume sobre a garagem de parede inclinada, localizada à esquerda da casa.
Posteriormente, criou-se uma espécie de varanda acima da garagem, ladeada por um
guarda-corpo em ferro. Atualmente, os guarda-corpos deram lugar a maciças paredes em
alvenaria, o que “[...] acarretou a perda de equilíbrio entre os volumes da edificação”
(TUTYIA, 2007, p.9).
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Imagem 6 – Vista da área de lazer da Casa Presidente Pernambuco
Fonte: Chaves (2015).
Identificação dos componentes básicos do projeto: Externamente, a versatilidade da
forma-suporte da cobertura pode ser vista a partir do volume superior da casa, o qual é
formado a partir do encontro da cobertura com a parede lateral inclinada, formando um
recuo utilizado para uma iluminação mais elaborada da fachada.
Imagem 7 – Detalhe da forma-suporte da cobertura
Fonte: Chaves (2015).
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Considerações Finais
O trabalho desenvolvido contribui para a construção da historiografia da arquitetura moderna
no contexto amazônico, a partir do estudo que compreende uma análise física desses
exemplares de referência moderna, a partir de visitações in loco. Não somente, encarrega-
se também da análise conceitual, desenvolvendo formulações acerca da relação da obra
tanto com seu entorno, quanto com seu contexto de construção, sempre valorizando a
atuação dos protagonistas na consolidação desses projetos. Ademais, a salvaguarda dos
projetos modernos, por meio dos redesenhos, somada à leitura de pranchas, imagens e
relatos, contribuem para que se delineie um panorama das intenções e simbolismos
inerentes à adoção de determinadas formas e partidos arquitetônicos. Deste modo, o
trabalho conjectura as aspirações dos protagonistas e o processo heterogêneo de difusão
da renovação formal moderna, elucidando ao público a praxis da arquitetura moderna. Tece-
se uma conversa entre os exemplares, os quais tem suas semelhanças e assimetrias
confrontadas. Complementarmente, o levantamento historiográfico revisado se estabelece
como “[...] meio para conhecer a própria realidade e, em consequência, projetar um futuro
próprio livre da limitação dos modelos alheios” (WAISMAN, 2013). Deste modo, as
indagações e conclusões acerca dos objetos aqui estudados podem se relacionar às
problemáticas presentes no processo de modernização de outras “modernidades de
província”, fomentando uma produção teórica cada vez mais expressiva e holística sobre a
arquitetura moderna produzida na cidade de Belém.
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