UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
FACULDADE DE LETRAS
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM
ESTUDOS LINGUIacuteSTICOS
Regina Ceacutelia Esteves dos Santos Tormin Botelho
A TERMINOLOGIA NAacuteUTICA NO
DICCIONARIO DA LINGUA BRASILEIRA
DE LUIZ MARIA DA SILVA PINTO
Belo Horizonte
2011
Regina Ceacutelia Esteves dos Santos Tormin Botelho
A TERMINOLOGIA NAacuteUTICA NO
DICCIONARIO DA LINGUA BRASILEIRA
DE LUIZ MARIA DA SILVA PINTO
Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo
em Estudos Linguiacutesticos da Faculdade de Letras da
Universidade Federal de Minas Gerais como requisito
parcial para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Linguiacutestica
Teoacuterica e Descritiva
Aacuterea de concentraccedilatildeo Linha B ndash Linguiacutestica teoacuterica e
Descritiva
Linha de pesquisa Estudo da Variaccedilatildeo e Mudanccedila
Linguiacutestica
Orientador Maria Cacircndida Trindade Costa de Seabra
Belo Horizonte
Faculdade de Letras da UFMG
2011
Dissertaccedilatildeo aprovada em 05072011 pela Banca Examinadora constituiacuteda pelos
Professores Doutores
_______________________________________________________
Profa Dra Maria Cacircndida Trindade Costa de Seabra ndash UFMG
Orientadora
_______________________________________________________
Profa Dra Ana Paula Antunes Rocha ndash UFOP
_______________________________________________________
Prof Dr Aderlande Pereira Ferraz ndash UFMG
Dedico este trabalho
aos meus pais in memorian Oswaldo e Madalena seres muito especiais
ao Virgiacutelio cumplicidade e inspiraccedilatildeo
aos meus filhos Tomaacutes e Tuacutelio amores de minha vida
Agradecimentos
A Deus que tem cuidado dos meus caminhos tem me orientado e abenccediloado permitindo-me
alcanccedilar mais uma conquista
Aos meus pais que foram exemplos de vida para mim
Agrave Profordf Dra Maria Cacircndida Trindade Costa de Seabra orientadora na plena acepccedilatildeo da
palavra ao seu apoio incondicional constante e seguro com quem o estudo e o trabalho satildeo
experiecircncias gratificantes e extremamente enriquecedoras
Aos meus irmatildeos e irmatildes pela compreensatildeo e suporte durante toda a minha vida
Agraves minhas amigas itabiranas Ritinha Graccedila Andrade e Karine pela amizade e presenccedila o
meu carinho e gratidatildeo
Agrave Fernanda amiga querida a quem eu admiro pelo incentivo e confidecircncias nos momentos
difiacuteceis
Agrave Antocircnia pela presenccedila apoio disponibilidade e por cuidar dos meus filhos quando estive
ausente
Ao Paulo Araujo pessoa iacutempar que sempre atendeu com a maacutexima gentileza e
disponibilidade todas as solicitaccedilotildees que lhe fiz durante a pesquisa
Agrave Profordf Graccedila Lima pelo seu constante incentivo e abertura de horizontes intelectuais
Aos professores do Mestrado pelo profissionalismo sempre presente em todas as atividades
desenvolvidas
Meus agradecimentos especiais agrave Suely Perucci coordenadora do Museu dos Inconfidentes de
Ouro Preto e ao Dr Joseacute Mendonccedila Telles Coordenador do Centro de Cultura Goiana pela
disponibilidade e atenccedilatildeo as minhas solicitaccedilotildees
Agrave Elizabete e ao Joel por me acolherem carinhosamente em sua casa em Satildeo Joseacute do Rio
Preto ao participar do Seminaacuterio de Terminologia na UNESP
Enfim a todos vocecircs que fizeram diferenccedila nesta etapa de minha vida deixo registrado um
carinhoso muito obrigada
Chamam por mim as aacuteguas
Chamam por mim os mares
Chamam por mim levantando uma voz corpoacuterea os longes
As eacutepocas mariacutetimas todas sentidas no passado a chamar (Ode Mariacutetima Aacutelvaro de Campos)
Resumo
O presente trabalho tem como objetivo o estudo dos termos naacuteuticos constantes no
Diccionario da Lingua Brasileira (DLB) de Luiz Maria da Silva Pinto Publicado na cidade
de Ouro Preto Minas Gerais na Typografia Silva no ano de 1832 dez anos depois de
proclamada a independecircncia do Brasil esse dicionaacuterio eacute hoje considerado o primeiro
dicionaacuterio impresso nesse paiacutes De tamanho pequeno tem 1111 paacuteginas nos moldes atuais de
um ldquodicionaacuterio portaacutetilrdquo o DLB eacute um livro raro Para a realizaccedilatildeo desta pesquisa utilizamo-
nos do volume em formato digital da ediccedilatildeo microfilmada da obra realizada pelo Arquivo
Puacuteblico Mineiro localizado na capital mineira Belo Horizonte Inicialmente fizemos
levantamento das unidades leacutexicas que remetem ao mundo da navegaccedilatildeo observando as
ldquomarcas de usordquo que se referem agrave terminologia naacuteutica Partimos portanto de um corpus
dicionariacutestico de terminologia naacuteutica composto de 153 termos constituiacutedos de 117
substantivos 03 adjetivos 32 verbos e 1 adveacuterbio Em uma segunda etapa os dados foram
organizados em fichas lexicograacuteficas Para cada um dos termos construiacutemos uma ficha
lexicograacutefica que nos indica se o termo ocorreu ou natildeo no Brasil desde o periacuteodo colonial ateacute
os dias de hoje aleacutem de mostrar origens e outras informaccedilotildees importantes para anaacutelise
linguiacutestica Para os conceitos de leacutexico lexicologia apoiamo-nos em Haensch Biderman
Krieger e Finatto para a Terminologia em Barros Para a anaacutelise dos dados ao longo do
tempo tomamos como base norteadora a concepccedilatildeo de Linguiacutestica Histoacuterica tal como
apresentada por Bynon e Cohen Como partimos de um tema ou seja da terminologia
naacuteutica trabalhamos com o percurso ldquodo conceito agrave palavrardquo nos moldes do meacutetodo
onomasioloacutegico Em seguida estendemos nossa anaacutelise agrave palavra ou ao signo linguiacutestico -
percurso semasioloacutegico Nossa anaacutelise apontou uma terminologia de base europeia pouco
representativa da realidade mariacutetima brasileira pouco descritiva e bastante prescritiva
Palavras-chave Lexicografia Terminologia Liacutengua Brasileira Liacutengua Portuguesa
Minas Gerais
Abstract
This paper aims the study of nautical terms contained in the Brazilian Language Dictionary
(Diccionario da Lingua Brasileira) (DLB) Luiz Maria da Silva Pinto It was published in
Ouro Preto in Minas Gerais at Typography Silva in 1832 ten years after the proclamation of
the independence of Brazil This dictionary is now considered the first printed dictionary in
that country Its size is small but there are 1111 pages in the current pattern of a portable
dictionary The DLB is a rare book In the presented study we have used the volume in
digital format of the microfilm edition undertaken by the Arquivo Puacuteblico Mineiro that is
located in the capital of Minas Gerais Belo Horizonte At first we surveyed the lexical words
referring to the world of navigation noting the tags of use which refers to nautical
terminology We started the paper from a dicitionary corpus of nautical terminology
composed of 153 terms consisting of 117 nouns 03 adjectives 32 verbs and an adverb In a
second step the data were arranged in lexicographic forms In each of the words we wrote a
lexical form that shows us if the word was used or not in Brazil since the colonial era to the
present day besides showing the origins and other important information for linguistic
analysis We based ourselves on Haensch Biderman Krieger and Finatto for the concepts of
lexicon and lexicology and on Barros for the Terminology For data analysis we took as the
basis guiding the development of Historical Linguistics as presented by Cohen and Bynon As
we started from nautical terminology we worked towards ldquothe concept to word similar to the
method onomasiological Next we extended our analysis to the word or the sign language - a
route semasiology Our analysis revealed an European terminology and unrepresentative of
the Brazilian maritime context rather descriptive and prescriptive
Key-words Lexicography Terminology Language Brazilian Portuguese Minas Gerais
ABREVIATURAS E SIGLAS
Adj ndash adjetivo
Adv ndash adveacuterbio
Cf ndash Confira
DLB ndash Diccionario da Lingua Brasileira
DPB ndash Dicionaacuterio Portuguecircs-Brasiliano
LI ndash Liacutengua Indiacutegena
LP ndash Liacutengua Portuguesa
ne ndash natildeo encontrado
naacuteut ndash naacuteutico
p ndash Paacutegina
PDHPB ndash Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do Portuguecircs do Brasil
s ndash substantivo
sf substantivo feminino
sm ndash substantivo masculino
TN ndash Traduccedilatildeo nossa
v ndash verbo
VLB ndash Vocabulaacuterio na Liacutengua Brasiacutelica
lt ndash Procede de
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 ndash Classificaccedilatildeo morfoloacutegica dos dados analisados161
Tabela 2 ndash Classificaccedilatildeo do gecircnero dos dados analisados162
Tabela 3 ndash Quadro comparativo dos termos naacuteuticos164
LISTA DE GRAacuteFICOS
Graacutefico 1 ndash Unidades lexicais encontradas em dicionaacuterios e banco de dados163
Graacutefico 2 ndash Unidades lexicais destacadas como termo naacuteutico168
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 ndash Relaccedilatildeo Triaacutedica23
Figura 2 ndash Triacircngulo de Ogden e Richards adaptado por Biderman24
Figura 3 ndash Ficha lexicograacutefica57
Figura 4 ndash Ficha lexicograacutefica preenchida58
LISTA DE FOTOS
Foto 1 ndash Diccionario da Lingua Brasileira 32
Foto 2 ndash Detalhe da capa do Diccionario 33
Foto 3 ndash Casa de Silva Pinto em Ouro Preto35
Foto 4 ndash Localizaccedilatildeo da casa de Silva Pinto em Ouro Preto35
Foto 5 ndash Notiacutecia de Jornal37
Foto 6 ndash Diccionario Brasileiro (1832)38
Foto 7 ndash Prologo do Diccionario da Lingua Brasileira39
LISTA DE IMAGENS
Imagem 1 ndash Lista de abreviaturas proposta pelo Diccionario da Lingua Brasileira40
Imagem 2 ndash Primeira Esquadra brasileira46
Imagem 3 ndash Marinha Imperial48
Imagem 4 ndash Documentaccedilatildeo da obra digitalizada55
Imagem 5 ndash Obra consultada digitalizada pelo APM56
Imagem 6 ndash O Vocabulario de Bluteau60
Imagem 7 ndash O Diccionario de Moraes Silva61
Imagem 8 ndash Grande e Noviacutessimo Dicionaacuterio da Liacutengua Portuguesa de Laudelino Freire62
Imagem 9 ndash Unidades lexicais natildeo marcadas como termo naacuteutico171
LISTA DE MAPAS
Mapa 1 ndash As grandes navegaccedilotildees43
Mapa 2 ndash Terra Brasilis45
Sumaacuterio
Introduccedilatildeo 14
Capiacutetulo 1 ndash O Leacutexico em foco 17
11 Lexicologia 17
111 Leacutexico 19
1111 Leacutexico e Referecircncia 22
12 Lexicografia 25
121 Dicionaacuterio 26
1211 Os Dicionaacuterios na eacutepoca do Brasil Colocircnia 27
12111 Dicionaacuterios Bilingues29
12112 Dicionaacuterios Monolingues30
13 Terminologia 31
14 O Diccionario da Lingua Brasileira de Luiz Maria da Silva Pinto 32
Capiacutetulo 2 ndash Contextualizaccedilatildeo histoacuterica 42
21 As grandes navegaccedilotildees 42
22 As navegaccedilotildees na eacutepoca do Brasil Colocircnia 44
23 As navegaccedilotildees na eacutepoca do Brasil Impeacuterio 47
24 Consideraccedilotildees 48
Capiacutetulo 3 ndash Procedimentos Metodoloacutegicos 51
31 Objetivos 52
32 Caracteriacutesticas do Diccionario da Lingua Brasileira 54
33 Meacutetodos e Procedimentos 55
332 Fichas Lexicograacuteficas 57
332 Sobre os dicionaacuterios consultados 59
333 Sobre o Banco de Dados 63
Capiacutetulo 4 Apresentaccedilatildeo e descriccedilatildeo dos dados 65
Capiacutetulo 5 - Anaacutelise e discussatildeo dos resultados 161
51 Quanto agrave classificaccedilatildeo gramatical dos termos 161
52 Quanto agrave forma e gecircnero dos termos naacuteuticos do DLB 162
53 Quanto ao nuacutemero de unidades lexicais presentes em obras de referecircncia 163
54 Descriccedilatildeo e Comparaccedilatildeo dos Dados 168
55 Sobre a marca de uso termo naacuteutico 170
551 Variaccedilatildeo no Diccionario de Lingua Brasileira 170
552 Variaccedilatildeo em outros dicionaacuterios 171
56 Quanto agrave origem 172
Capiacutetulo 6 ndash Consideraccedilotildees Finais 180
Referecircncias 184
13
Introduccedilatildeo
14
Introduccedilatildeo
Conforme postulam Krieger e Finatto (2004 p 24) tomando como referecircncia
Rondeau (1984 p1) qualquer histoacuteria sobre as linguagens especializadas natildeo pode deixar de
lembrar que
A terminologia natildeo eacute um fenocircmeno recente Com efeito tatildeo longe quanto se
remonte na histoacuteria do homem desde que se manifesta a linguagem nos
encontramos em presenccedila de liacutenguas de especialidade eacute assim que se encontra a
terminologia dos filoacutesofos gregos a liacutengua de negoacutecios dos comerciantes cretas os
vocaacutebulos especializados da arte militar etc
Certamente a terminologia entendida como o leacutexico dos saberes teacutecnicos e
cientiacuteficos eacute uma praacutetica antiga Seu interesse deixa de estar restrito aos especialistas quando
as pessoas necessitam dominar o vocabulaacuterio especiacutefico de seus campos de competecircncia Isso
se daacute sobretudo em eacutepocas de grandes transaccedilotildees comerciais entre as naccedilotildees quando os
termos ultrapassam o acircmbito comercial expandindo-se para o mundo cientiacutefico tecnoloacutegico e
cultural
Integrando em uma proporccedilatildeo maior ou menor o cotidiano das pessoas esses
termos passam a ser inscritos em dicionaacuterios de liacutengua Consequentemente ampliam-se o
contato e o uso das terminologias mesmo com alteraccedilotildees denominativas e perdas conceituais
efeitos proacuteprios da divulgaccedilatildeo do conhecimento em grande escala
Todo esse conjunto de fatores sociais linguiacutesticos e culturais em torno do termo
despertou nosso interesse em pesquisar a terminologia naacuteutica no primeiro Diccionario da
Lingua Brasileira de Luiz Maria da Silva Pinto publicado na cidade mineira de Ouro Preto
no ano de 1832 Levaram-nos a propor esta pesquisa questotildees como i) quais seriam os
primeiros termos que fizeram parte de um dicionaacuterio que se intitula brasileiro ii) por que
eles seriam selecionados essa terminologia naacuteutica fazia parte realmente do leacutexico
brasileiro ou era ldquoidealrdquo que fizesse
Nossas discussotildees se dividiratildeo em 6 capiacutetulos
No capiacutetulo I intitulado O Leacutexico em foco abordaremos o estudo do leacutexico
como a aacuterea da liacutengua responsaacutevel por registrar o conhecimento do universo enfocando
principalmente os estudos realizados por Biderman Discorreremos acerca da lexicologia e da
lexicografia de seus pressupostos teoacutericos desenvolvidos por Matoreacute Haensch Biderman
Krieger e Finatto Discorreremos tambeacutem sobre os Dicionaacuterios na eacutepoca do Brasil Colocircnia
destacando as obras biliacutengues e monolingues A Terminologia seraacute enfocada neste capiacutetulo
15
com pressupostos definidos por Barros Ainda neste capiacutetulo trataremos do dicionaacuterio em
estudo e de seu impressor Luiz Maria da Silva Pinto
No capiacutetulo II Contextualizaccedilatildeo histoacuterica versaremos sobre as grandes
navegaccedilotildees destacando as navegaccedilotildees nas eacutepocas do Brasil Colocircnia e do Brasil Impeacuterio
No capiacutetulo III denominado Procedimentos metodoloacutegicos apresentaremos os
meacutetodos utilizados nas vaacuterias etapas do nosso estudo Enfocaremos os procedimentos
adotados para a coleta dos dados a construccedilatildeo do corpus a metodologia para a confecccedilatildeo das
fichas lexicograacuteficas que seratildeo apresentadas no capiacutetulo 4 e tambeacutem os criteacuterios empregados
para a seleccedilatildeo dos dicionaacuterios consultados Neste capiacutetulo baseando-nos em Murakawa
(2010) faremos um breve relato do Banco de Dados do Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do
Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI XVII XVIII base de dados usada como consulta neste
trabalho
No capiacutetulo IV intitulado Apresentaccedilatildeo e descriccedilatildeo dos dados apresentaremos
o nosso corpus referente agrave terminologia naacuteutica coletado na obra Diccionario da Lingua
Brasileira de Luiz Maria da Silva Pinto Os dados retirados do corpus seratildeo apresentados na
forma de fichas lexicograacuteficas contendo a) a transcriccedilatildeo do verbete selecionado b) registros
em dicionaacuterios c) abonaccedilatildeo do termo em Banco de Dados d) comentaacuterios e) origens Essas
informaccedilotildees serviratildeo de subsiacutedio para nossa anaacutelise linguiacutestica
No capiacutetulo V designado como Anaacutelise e discussatildeo dos resultados
apresentaremos anaacutelises quantitativas e discussatildeo de resultados
No capiacutetulo VI abordaremos algumas Consideraccedilotildees finais sobre nossa
pesquisa quando seratildeo relembrados nossos objetivos e as conclusotildees decorrentes das anaacutelises
propostas
16
Capiacutetulo 1
17
Capiacutetulo 1 ndash O Leacutexico em foco
Segundo Biderman (1998 p 11) o leacutexico de uma liacutengua constitui uma forma de
registrar o conhecimento do universo Atraveacutes de um processo criativo de organizaccedilatildeo o
homem rotula seres e objetos e os classifica simultaneamente identificando semelhanccedilas e
distinguindo traccedilos estruturando o mundo que o cerca Assim se processa a geraccedilatildeo do leacutexico
ou seja atraveacutes de atos sucessivos de cogniccedilatildeo da realidade e de categorizaccedilatildeo da
experiecircncia cristalizada em signos linguiacutesticos as palavras
Em vista disso o leacutexico que integra uma liacutengua conserva uma estreita relaccedilatildeo com
a histoacuteria soacutecio-cultural de uma comunidade jaacute que sintetiza a sua maneira de ver o mundo
recortando realidades e tambeacutem fatos de cultura Evidencia-se portanto como um espaccedilo de
produccedilatildeo de significaccedilatildeo articulado pelos elementos de ordem focircnica morfoloacutegica semacircntica
e gramatical como atesta Lepschy (1984 p 156) Todo o funcionamento da liacutengua em seus
vaacuterios niacuteveis parece constar de sistemas que giram agrave volta da palavra
Contemporaneamente em trecircs grandes aacutereas se divide o estudo da palavra ou o
estudo do leacutexico a Lexicologia a Lexicografia e a Terminologia De acordo com Biderman
(1998 p 7-8)
Embora complementares entre si essas aacutereas possuem objeto de estudo
metodologia e pressupostos teoacutericos distintos Enquanto a primeira ocupa-se dos
problemas teoacutericos que embasam o estudo do leacutexico a segunda estaacute voltada para as
teacutecnicas de elaboraccedilatildeo dos dicionaacuterios para o estudo da descriccedilatildeo da liacutengua feita
pelas obras lexicograacuteficas Jaacute a terceira aacuterea tem como objeto de estudo o termo a
palavra especializada os conceitos proacuteprios de diferentes aacutereas de especialidades
O notoacuterio desenvolvimento que se vem observando nessas duas uacuteltimas deacutecadas
nas aacutereas de lexicologia lexicografia e terminologia tem evidenciado a importacircncia das
pesquisas que estatildeo sendo empreendidas nesse campo bem como suscitado reflexotildees a
respeito de seus campos de atuaccedilatildeo
11 Lexicologia
A Lexicologia eacute consensualmente definida como o estudo cientiacutefico do leacutexico em
suas relaccedilotildees linguiacutesticas pragmaacuteticas discursivas histoacutericas e culturais conforme afirma
Finatto (2004 p44) Essa ciecircncia estaacute intimamente relacionada agrave complexidade bem como agrave
multiplicidade de facetas e abordagens que a palavra encerra e permite Por isso configura-se
como um campo de conhecimento de caraacuteter transdisciplinar dado que a palavra eacute um lugar de
encontro e interesse particular de muitas ciecircncias embora tenha sido na ciecircncia linguiacutestica
que essa aacuterea se estabeleceu
18
Haensch (1982 p 91) mostra que essa disciplina cientiacutefica inscrita na aacuterea da
linguiacutestica pode ser concebida de diversas maneiras por diversos autores desse modo
segundo ele torna-se legiacutetimo ser fiel a uma definiccedilatildeo ao tratar do objeto de estudo
Entretanto entre essas diversas definiccedilotildees existem pontos em comum jaacute que se define sempre
como leacutexicolsquo um conjunto de significantes verbais ou de signos (na concepccedilatildeo bilateral de
signo)1 Haensch (1982 p 92-93) chama de lexicologia a descriccedilatildeo do leacutexico que se ocupa
das estruturas e regularidades dentro da totalidade do leacutexico de um sistema individual ou de
um sistema coletivo2
Assim definida a lexicologia pode ter seu enfoque tanto a partir do leacutexico total de
um sistema individual quanto no leacutexico de um sistema coletivo examinando em ambos os
casos as estruturas e as regularidades que podem neles se encontrar
Nessa aacuterea conhecida como Lexicologia estrutural desenvolveram-se estudos
correlacionando leacutexico e sociedade Enquadram-se aqui as pesquisas desenvolvidas por
George Matoreacute (1953) inscritas na obra La meacutethode en lexicologie Para Matoreacute (1953 p37)
a palavra analisa e objetiva o pensamento individual assumindo um valor coletivo haacute uma
socialidade proacutepria da liacutengua A partir dessa obra os linguistas passam a considerar os
aspectos sociais no estudo do leacutexico o que fez com que a Lexicologia comeccedilasse a ser vista
como uma disciplina de caraacuteter socioloacutegico Defendia esse linguista como princiacutepio teoacuterico
que o leacutexico eacute testemunha de uma sociedade de uma eacutepoca seus elementos satildeo palavras-
testemunhas ndash mots teacutemoins elementos particularmente importantes em funccedilatildeo dos quais a
estrutura lexicoloacutegica se hierarquiza e se coordena3 (traduccedilatildeo nossa) Em sua abordagem
social da Lexicologia Matoreacute (1953) informa que
ao constatar a impossibilidade de dissociar na linguagem a forma do conteuacutedo a
Lexicologia se fundamentara natildeo sobre formas isoladas mas sobre conjuntos de
noccedilotildees a estrutura e as relaccedilotildees sendo explicadas pelos fatos sociais dos quais os
fatos do vocabulaacuterio satildeo ao mesmo tempo o reflexo e a condiccedilatildeo4 (TN)
1 [] se define siempre como bdquoleacutexico‟ um conjunto de significantes verbales o de signos (em la concepcioacuten
bilateral de signo) 2 [] a la descripcioacuten del leacutexico que se ocupa de latildes estructuras y regularidades dentro de la totalidad del leacutexico
de um sistema individual o de um sistema coectivo 3 [] des eacuteleacutements particuliegraverement importants em fonction desquels la structure lexicologique se hieacuterarchise et
se coordonne Nous proposons pour deacutesigner ces eacuteleacutements caracteacuteristiques l‟expression de mots-teacutemoins
(Matoreacute 1953 65) 4 [] constatant l‟impossibiliteacute de dissocier dans le langage la forme du contenu la lexicologie se fondera non
pas sur des formes isoleacutees mais sur des ensembles de notions la structure et les relation eacutetant espliqueacutees par les
faits sociaux dont les faits de vocabulaire sont agrave la fois le reflet et la condition (MATORE 1953 p 94)
19
Corroborando a afirmaccedilatildeo assumida por Matoreacute Biderman (1981 p 132)
acrescenta que
eacute pela palavra (pela nomeaccedilatildeo) que o homem exerce a sua capacidade de abstrair e de
generalizar o individual o subjetivo A palavra cristaliza o conceito resultante dessa
operaccedilatildeo mental possibilitando a sua transmissatildeo agraves geraccedilotildees seguintes
Sobre os limites e o alcance da Lexicologia muito se tem discutido Pergunta-se
i) quais deveriam ser os limites dessa disciplina cientiacutefica ii) quais as causas dos inuacutemeros
desencontros no que se refere agrave natureza da Lexicologia Satildeo questotildees bastante pertinentes
pois sendo o leacutexico o uacutenico domiacutenio da liacutengua que constitui um sistema aberto diversamente
dos demais que constituem sistema fechados (fonologia morfologia e sintaxe) eacute
reconhecidamente o niacutevel da liacutengua mais resistente agrave sistematizaccedilatildeo tendo em vista seu
caraacuteter dinacircmico
111 Leacutexico
Estudar o leacutexico de uma liacutengua eacute enveredar pela histoacuteria costumes haacutebitos de um
povo ou de uma sociedade Sem duacutevida as palavras podem ser consideradas como forte
elemento de coesatildeo social constituindo elos entre os indiviacuteduos dando-lhes consciecircncia de
que pertencem a uma comunidade (tambeacutem linguiacutestica)
Conforme afirmam Mussalim e Bentes ( 2001 p 21-47)
A relaccedilatildeo leacutexico e sociedade eacute mais profunda do que se imagina A proacutepria liacutengua
como sistema acompanha de perto a evoluccedilatildeo da sociedade e reflete de certo modo
os padrotildees de comportamento que variam em funccedilatildeo do tempo e do espaccedilo
Inversamente pode-se supor que certas atitudes sociais ou manifestaccedilotildees do
pensamento sejam influenciadas pelas caracteriacutesticas que a liacutengua da comunidade
apresenta
Um dos estudos mais antigos sobre o leacutexico remonta a Panini ao seacuteculo IV aC
na Iacutendia Em sua gramaacutetica Panini estudou o sacircnscrito e definiu elementos significativos
dessa liacutengua
No Ocidente devemos aos gregos as primeiras reflexotildees conhecidas sobre o
leacutexico Tivemos tambeacutem a contribuiccedilatildeo dos latinos Esses desenvolveram estudos
gramaticais mostrando a oposiccedilatildeo entre sistema (gramaacutetica da liacutengua) e norma (uso social
efetivo)
20
Do Renascimento ateacute o seacuteculo XVIII podemos dizer que o estudo do leacutexico se
desenvolveu basicamente em torno de dois eixos i) confecccedilatildeo de dicionaacuterios ii) estudo da
palavra numa perspectiva filosoacutefica
Com relaccedilatildeo aos primeiros apesar de existirem desde tempos remotos com as
antigas listas lexicais como ideogramas chineses lista de palavras aparentadas ou ainda
listas de palavras biliacutengues ndash as listas mais conhecidas satildeo o Appendix Probi (anocircnimo) o
glossaacuterio de Reicheneau (seacuteculo VII) o glossaacuterio de Caacutessel (seacuteculo IX) ndash foi no seacuteculo XVI
no Ocidente que sistematicamente se iniciam os estudos de descriccedilatildeo ordenada do leacutexico
Isso se daacute com a invenccedilatildeo da imprensa quando surgiram os dicionaacuterios monoliacutengues e
pluriliacutengues
Os estudos filosoacuteficos por sua vez acabaram por influenciar o pensamento dos
gramaacuteticos da eacutepoca que procuravam definir os fatores constitutivos da linguagem e das
liacutenguas
No seacuteculo XIX haacute mudanccedilas no foco de estudo da Lexicologia a palavra passa a
ser vista como uma forma cuja natureza foneacutetica e fonoloacutegica deveria ser observada Os
estudiosos da eacutepoca deixam de se preocupar com a relaccedilatildeo pensamento e palavra e o interesse
passa a ser a comparaccedilatildeo das formas linguiacutesticas marca predominantemente deste seacuteculo
Surge o meacutetodo da Gramaacutetica Comparada lanccedilado por Franz Bopp enquanto aumentam o
interesse pelos textos medievais despertados na eacutepoca do Romantismo
Nos finais desse seacuteculo com a marca triunfal da Geografia Linguiacutestica e
consequentemente o florescimento da Onomasiologia o interesse linguiacutestico passa pouco a
pouco da investigaccedilatildeo foneacutetica para o estudo dos problemas lexicais No VII Congresso
Internacional de Linguiacutestica em 1952 na cidade de Londres os conceitos linguiacutesticos gerais
satildeo elaborados sobre uma base fenomenoloacutegica significando um sistema de referecircncias
extralinguiacutestico Ateacute entatildeo os dicionaacuterios satildeo sistematizados sem relacionarem as definiccedilotildees
com os sinocircnimos existentes
A partir da deacutecada de 50 com a obra La meacutethode em lexicologie de Georges
Matoreacute (1953) seguindo a linha estruturalista os linguistas passam a considerar os aspectos
sociais no estudo do leacutexico enfocando a palavra natildeo como um objeto isolado mas como parte
de uma estrutura social responsaacutevel por nomear e exprimir o universo de uma sociedade
Postura que ateacute hoje encontra-se bastante recorrente nos estudos sobre a palavra conforme
mostra o dizer de Seabra (2006 p 7)
21
[] o leacutexico encontra-se arraigado na histoacuteria tradiccedilatildeo e costumes de um povo
estando por isso em constante processo de expansatildeo alteraccedilatildeo e contraccedilatildeo Devido
a essas caracteriacutesticas eacute considerado o subsistema mais dinacircmico da liacutengua
Podemos dizer que a histoacuteria da formaccedilatildeo do leacutexico natildeo corresponde a um
processo linear continuado Ela decorre de vaacuterios estados de produccedilatildeo do saber linguiacutestico e
das transformaccedilotildees sofridas pelas unidades lexicais ao longo dos processos histoacutericos as
palavras se submetem a bloqueios desvios apagamentos deslocamentos enquanto
constroem redes de memoacuteria e filiaccedilotildees soacutecio-histoacutericas Sem duacutevida alguma o movimento
de uma cultura leva ao movimento de palavras Essa eacute a maneira como a liacutengua se ajusta agrave
evoluccedilatildeo da sociedade
Biderman (1978 139) ao tratar de questotildees inerentes agrave relaccedilatildeo leacutexico e
sociedade argumenta que o universo semacircntico se estrutura em torno de dois polos opostos
o indiviacuteduo e a sociedade Dessa tensatildeo em movimento se origina o leacutexico De acordo com
essa linguista podemos ver o leacutexico como
o patrimocircnio social da comunidade por excelecircncia juntamente com outros
siacutembolos da heranccedila cultural Dentro desse acircngulo de visatildeo esse tesouro leacutexico eacute
transmitido de geraccedilatildeo para geraccedilatildeo como signos operacionais por meio dos quais
os indiviacuteduos de cada geraccedilatildeo podem pensar e exprimir seus sentimentos e ideias5
Atraveacutes do universo vocabular a liacutengua reflete a cultura da sociedade servindo de
meio de expressatildeo e interaccedilatildeo social para mundo que a cerca por isso o leacutexico se expande se
altera e agraves vezes se contrai Sobre essa questatildeo Biderman (2001 p 179) assim se
manifesta
As mudanccedilas sociais e culturais acarretam alteraccedilotildees nos usos vocabulares daiacute
resulta que unidades ou setores completos do Leacutexico podem ser marginalizados
entrar em desuso e vir a desaparecer Inversamente poreacutem podem ser ressuscitados
termos que voltam agrave circulaccedilatildeo geralmente com novas conotaccedilotildees Enfim novos
vocaacutebulos ou novas significaccedilotildees de vocaacutebulos jaacute existentes surgem para
enriquecer o Leacutexico
O leacutexico classifica de maneira uacutenica as experiecircncias humanas de uma cultura natildeo
apresentando deste modo apenas um conjunto de palavras mas uma espeacutecie de ponte entre
os falantes de uma liacutengua em suas condiccedilotildees reais de uso A criatividade lexical dos falantes
possibilita que eles criem e recriem de acordo com suas necessidades sociointeracionais
Guilbert6 ressalta que o leacutexico ao contraacuterio da gramaacutetica sofre transformaccedilotildees
muito mais raacutepidas visto que natildeo se constitui de natureza puramente linguiacutestica Para ele o
5 BIDERMAN 1981 p 132
6 GUILBERT 1992 p 30
22
leacutexico participa da estrutura linguiacutestica da liacutengua e tambeacutem espelha nessa liacutengua as
diversidades sociais e culturais
Predominantemente de origem latina a histoacuteria do leacutexico portuguecircs reflete
tambeacutem a histoacuteria da liacutengua portuguesa e os contatos de seus falantes com as mais
diversificadas realidades linguiacutesticas
1111 Leacutexico e Referecircncia
Caracteriza-se a liacutengua para Saussure como um produto social da faculdade da
linguagem isto eacute a liacutengua eacute um fato social no sentido de que eacute um sistema convencional
adquirido pelos indiviacuteduos no conviacutevio social Esse grande mestre da linguiacutestica estruturalista
concebe a liacutengua como um sistema de signos que por si soacute datildeo conta da significaccedilatildeo No
capiacutetulo ldquoImutabilidade e mutabilidade do signordquo da obra Cours Saussure afirma que a
comunidade linguiacutestica impotildee ao falante um significante e que o ldquosigno linguiacutestico escapa agrave
nossa vontaderdquo isto eacute seja qual for o momento histoacuterico em que focalizarmos o idioma a
liacutengua evidencia-se sempre como uma heranccedila de eacutepocas anteriores Ao conceituar o que eacute
signo ele deixa marcada a distinccedilatildeo entre entidades psiacutequicas (que constituiriam o signo) e
fiacutesicas (que lhe seriam estranhas)
Os termos implicados no signo linguiacutestico satildeo ambos psiacutequicos e estatildeo unidos em
nosso ceacuterebro por um viacutenculo de associaccedilatildeo [] O signo linguiacutestico une natildeo uma
coisa e um palavra mas um conceito e uma imagem acuacutestica Esta natildeo eacute o som
material coisa puramente fiacutesica mas a impressatildeo psiacutequica desse som a
representaccedilatildeo que dele nos daacute o testemunho de nossos sentidos [] O signo
linguiacutestico eacute pois uma entidade psiacutequica de duas faces [] Esses dois elementos
estatildeo intimamente unidos e um reclama o outro (SAUSSURE 1970 p 79-80)
Essa dicotomia saussuriana (significadosignificante) usada para distinguir as
duas faces psiacutequicas e indissociaacuteveis do signo linguiacutestico desde entatildeo foi analisada na
literatura linguiacutestica resultando na expansatildeo e substituiccedilatildeo pela forma triaacutedica formulada por
Charles K Ogden e Ivor A Richards
A figura triangular de Ogden e Richards (1956) ganhou respeito entre os
estudiosos por representar em um de seus veacutertices a figura do referente isto eacute da ldquocoisardquo
extralinguiacutestica que os autores distinguiam claramente de referecircncia (o conceito o
significado) e de signo (o nome a palavra o significante) Esse triacircngulo foi reaplicado por
Lyons (1977 p 85) sendo a partir dessa eacutepoca bastante utilizado em estudos lexicoloacutegicos e
semacircnticos A relaccedilatildeo triaacutedica sugerida pelos autores citados pode ser assim representada
23
FIGURA 1 Relaccedilatildeo triaacutedica7
As linhas que ligam o nome ao sentido e este uacuteltimo ao referente satildeo contiacutenuas
representando relaccedilotildees diretas Jaacute a linha pontilhada ligando o nome ao referente indica uma
relaccedilatildeo indireta que deve necessariamente ser mediada pelo sentido ou seja a identificaccedilatildeo
do referente passa pelo sentido do nome Cabe salientar que a presenccedila do referente foi
durante muito tempo ignorada pelos linguistas que se ocuparam fundamentalmente da
gramaacutetica e de questotildees sintaacuteticas Contudo o chamado ldquotriacircngulo da significaccedilatildeordquo reavivou
o interesse de inuacutemeros teoacutericos
A reformulaccedilatildeo do triacircngulo de Ogden e Richards (1956) adaptado por Biderman
(1998 p 116) busca ilustrar a dimensatildeo linguiacutestica da palavra ou seja evidenciando
justamente o lado direito do triacircngulo o lado em que se coloca o referente jaacute como uma
transformaccedilatildeo da realidade como parte integrante do signo linguiacutestico
7 Haacute discordacircncia entre vaacuterios autores quanto aos termos utilizados e tambeacutem quanto agraves definiccedilotildees para cada
termo Entretanto natildeo eacute objetivo deste trabalho entrar nessa questatildeo
24
FIGURA 2 Triacircngulo de Ogden e Richards adaptado por Biderman
Nesse quadro teoacuterico visto como modelo e modelador de cultura o estudo sobre
o leacutexico permite compreender conceitos e ocorrecircncias da vida cotidiana Eacute importante
ressaltar que agrave realidade (parte acrescentada por Biderman) diz respeito o ambiente e
tambeacutem a cultura herdada A transmissatildeo do repertoacuterio lexical de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo atraveacutes
da educaccedilatildeo informal e formal exerce papel importante na categorizaccedilatildeoconceptualizaccedilatildeo do
universo ao fornecer ao indiviacuteduo um estoque de nomes jaacute codificados nessa cultura
conforme bem mostra Biderman (1998 p 104)
Eacute preciso lembrar ainda que o vocabulaacuterio natildeo eacute criado (ou recriado) pelo indiviacuteduo
mas que ele eacute adquirido atraveacutes do processo social da educaccedilatildeo De fato atraveacutes do
processo de educaccedilatildeo social o homem adquire tanto a liacutengua da sua comunidade
como o seu vocabulaacuterio Nessa aprendizagem o falante-aprendiz recebe da sociedade
um produto acabado ndash a liacutengua ndash que vem a ser o produto da experiecircncia acumulada
historicamente na cultura da sua sociedade Essa cristalizaccedilatildeo da experiecircncia social
tanto cultural como linguiacutestica eacute o ponto de partida e o fundamento tanto do
pensamento como da linguagem individual
Liacutengua e cultura formam pois um todo indissociaacutevel que natildeo eacute ensinado em
nenhum lugar especial mas adquirido ao sabor dos acontecimentos cotidianos e o
vocabulaacuterio siacutembolo verbal da cultura perpetua a heranccedila cultural atraveacutes dos signos
verbais8
8 BIDERMAN 1998 p5
25
12 Lexicografia
As ciecircncias da linguagem constituiacutedas pelo saber linguiacutestico resultam do
aparecimento da escrita 3000 aC Segundo Nunes (1996 p 34) o advento da escrita
constitui a primeira grande revoluccedilatildeo tecnoloacutegica dessas ciecircncias A segunda revoluccedilatildeo seria
a da ldquogramatizaccedilatildeordquo isto eacute o processo pelo qual se descreve e se instrumenta uma liacutengua
atraveacutes de duas tecnologias9 ndash a gramaacutetica e o dicionaacuterio
Objeto de nossa pesquisa a palavra bdquodicionaacuterio‟ segundo Cunha (2007 p 263)
tem sua origem provavelmente do francecircs dictionnaire derivado do latim medieval
dictiōnārĭum de dictĭo-ōnis ou seja livro de dictiones ldquolivro de expressotildees e palavrasrdquo O
dicionaacuterio eacute visto geralmente como um objeto de consulta que apresenta os significados das
palavras com a certitude do saber de um especialista e eventualmente desse modo como uma
obra de referecircncia agrave disposiccedilatildeo dos leitores nos momentos de duacutevida e de desejo de saber
Se entendermos que todo o conhecimento humano estaacute condensado em palavras
entenderemos que essa necessidade de estruturaccedilatildeo do leacutexico eacute algo inerente ao espiacuterito ou
ceacuterebro humano que diante de um novo ser ou fato vecirc-se compelido a processar o novo a
partir daquilo que jaacute sabe ou conhece Nesse processo de categorizaccedilatildeo percepccedilatildeo e
comparaccedilatildeo do novo com referentes similares eacute que se daacute a nomeaccedilatildeo ndash o homem identifica
as propriedades distintivas e caracteriacutesticas do referente para nomeaacute-lo E na medida em que o
denomina sente tambeacutem que o domina Uma vez designado o referente passa a integrar ao
menos parcialmente o conjunto de nossos domiacutenios cognitivos possibilitando sua
apropriaccedilatildeo e transmissatildeo agraves geraccedilotildees seguintes
Por consistir nesse espaccedilo imaginaacuterio de certitude sustentado pela acumulaccedilatildeo e
pela repeticcedilatildeo o dicionaacuterio constitui um rico material para anaacutelise dos modos de dizer de uma
sociedade Nele as significaccedilotildees natildeo satildeo aquelas que se singularizam em um texto tomado
isoladamente mas sim as que se sedimentam e que se apresentam traccedilos significativos de uma
eacutepoca
De acordo com Krieger (2006 p 173-187)
o dicionaacuterio de liacutengua ndash a mais prototiacutepica das obras lexicograacuteficas ndash constitui-se no
uacutenico lugar que reuacutene de modo sistemaacutetico o conjunto dos itens lexicais criados e
utilizados por uma comunidade linguiacutestica permitindo que ela reconheccedila-se a
si mesma em sua histoacuteria e em sua cultura Aleacutem de se constituir em espelho da
memoacuteria social da liacutengua o dicionaacuterio desempenha o papel de legitimar o leacutexico
9 Entende-se neste texto tecnologia como conjunto de teacutecnicas especiacuteficas de determinado domiacutenio
26
E como tal alcanccedila o estatuto de um coacutedigo normativo que define paracircmetros
orientadores dos usos lexicais Converte-se portanto no testemunho por excelecircncia da
constituiccedilatildeo histoacuterica do leacutexico de um idioma bem como da identidade linguiacutestico-cultural de
comunidades Nessa medida atribui coesatildeo agraves sociedades e projeccedilatildeo agraves suas culturas10
121 Dicionaacuterio
Como disciplina linguiacutestica a Lexicografia contemporacircnea divide-se em duas
grandes aacutereas Lexicografia praacutetica e Lexicografia teoacuterica A primeira se ocupa da descriccedilatildeo
do leacutexico e tem como um de seus principais objetivos produzir obras de referecircncia como
dicionaacuterios vocabulaacuterios e glossaacuterios Jaacute a Lexicografia teoacuterica ou Metalexicografia dedica-
se a todas as questotildees ligadas aos dicionaacuterios como histoacuteria problemas de elaboraccedilatildeo
anaacutelise uso
Os dicionaacuterios podem registrar uma parcela maior ou menor do leacutexico total de
uma liacutengua ou podem se restringir a um determinado tema ou ainda se referir a uma
determinada regiatildeo ndash satildeo os dicionaacuterios regionais Podem se dedicar aos fraseologismos
(expressotildees idiomaacuteticas proveacuterbios etc) agrave liacutengua escrita agrave giacuteria agrave liacutengua falada Podem ser
descritivos registrando como os itens lexicais satildeo usados na realidade ou prescritivos ndash
determinando de que maneira palavras e expressotildees deveriam ser empregadas ou criticando
seu uso Podem ser monoliacutengues (uma soacute liacutengua) biliacutengues (duas liacutenguas) triliacutengues (trecircs
liacutenguas) ou multiliacutengues
Como trazem sempre informaccedilotildees que interessam ao consulente Biderman (1998
p 15) assinala a importacircncia do dicionaacuterio de liacutengua como porta-voz da norma lexical
corrente na sociedade jaacute que esses manuais fazem uma descriccedilatildeo do vocabulaacuterio da liacutengua em
questatildeo buscando registrar e definir os signos lexicais que referem os conceitos elaborados e
cristalizados na cultura Eacute fato que essas obras exercem desde eacutepocas antigas funccedilotildees
normativas e informativas na sociedade
Aleacutem de estabilizar conceitos o dicionaacuterio normativiza a liacutengua no que concerne agrave
ortografia e agraves variaccedilotildees morfossintaacuteticas Ele tambeacutem informa sentidos vocabulares
operados no seio de uma dada comunidade num dado periacuteodo de tempo ndash comporta portanto
a memoacuteria das sociedades de diferentes eacutepocas
10
LARA citado por KRIEGER 2006 p173-187
27
1211 Os dicionaacuterios na eacutepoca do Brasil Colocircnia
O saber lexicograacutefico se inicia no Brasil com os primeiros escritos sobre o paiacutes
Nesse sentido surge juntamente com a etnografia (conhecimento de povos indiacutegenas) a
economia (mercantilismo) e a geopoliacutetica (expansatildeo territorial das naccedilotildees europeias) Os
relatos de viajantes colonos e missionaacuterios estatildeo pontuados por citaccedilotildees de termos indiacutegenas
de modo que eacute formada uma constelaccedilatildeo de comentaacuterios lexicais Os comentaacuterios dos
viajantes se direcionam para as coisas do Novo Mundo de maneira que a questatildeo da
referecircncia torna-se importante Ao descrever as novidades do paiacutes esses falantes colocam em
evidecircncia os referentes Fala-se de lugares animais plantas nunca vistos fala-se de coisas
natildeo idecircnticas mas semelhantes constata-se a existecircncia ou inexistecircncia de coisas Nessas
circunstacircncias a organizaccedilatildeo dos espaccedilos lexicais estaacute intimamente relacionada com a
geografia e a economia com os interesses de conquista e de comeacutercio
Biderman (2002 p 65) acrescenta ainda que nos primeiros seacuteculos da
colonizaccedilatildeo processa-se lentamente a aculturaccedilatildeo dos nativos por meio do idioma portuguecircs
quando os jesuiacutetas ensinavam os iacutendios a falar portuguecircs Contudo nesses primeiros seacuteculos a
liacutengua portuguesa encontrara em terras brasileiras um forte concorrente o Tupi uma liacutengua
franca empregada em grande parte do territoacuterio brasileiro Essa liacutengua geral falada em toda
costa brasileira ldquoera simples e de reduzido material morfoloacutegico natildeo possuiacutea declinaccedilatildeo nem
conjugaccedilatildeordquo (SILVA NETO 1976 p 50) Os jesuiacutetas usaram-na como instrumento de
evangelizaccedilatildeo dos indiacutegenas Portanto o contexto brasileiro nesse periacuteodo eacute marcado pela
descriccedilatildeo de liacutenguas indiacutegenas nos iniacutecios da colonizaccedilatildeo11
Quanto agrave gramatizaccedilatildeo afirma Horta (2002 p 72)
[] nesse periacuteodo atingiu apenas trecircs liacutenguas indiacutegenas o tupinambaacute (ou tupi) que
era falado na costa o kariri e o manau aleacutem das chamadas liacutenguas gerais Destacam-
se as gramaacuteticas do tupi de Anchieta (1595) e de Figueira (1621) e do kariri de
Mamiani (1699) bem como o Vocabulaacuterio na Liacutengua Brasiacutelica Este uacuteltimo deve ter
sido composto durante a segunda metade do seacuteculo XVI e no iniacutecio do XVII
11
Ateacuteo fim do seacuteculo XVIII tinham sido publicado as duas gramaacuteticas e dois catecismos em tupinambaacute aleacutem de
observaccedilotildees gramaticais textos e palavras dessa mesma liacutengua em obras francesas e uma gramaacutetica e dois
catecismos em kariri liacutengua do interior da Bahia e SergipeSomente isso Ineacuteditos que natildeo se perderam incluem
um dicionaacuterio e outros documentos do tupinambaacute e um catecismo na liacutengua amazocircnica manau aleacutem de muitos
documentos sobre a Liacutengua Geral Amazocircnica e um sobre a Liacutengua Paulista (ambas formas do tupi antigo
assumidas no uso dos mesticcedilos) Perderam-se entretanto muitos escritos certamente importantes como os
dicionaacuterios das liacutenguas Maromimim (ou Guarulho) e kariri e os catecismos em sete liacutenguas amazocircnicas feitos
pelo Pe Antocircnio VieiraEm resumo em trecircs seacuteculos da colonizaccedilatildeo do Brasil soacute nos ficaram documentos sobre
trecircs liacutenguas nativas tupinambaacute kariri e manau (RODRIGUES 1993 v 8 p86)
28
Contudo a decadecircncia da liacutengua geral comeccedilara a intensificar-se nos setecentos
por causa de maciccedila imigraccedilatildeo de portugueses para o Brasil atraiacutedos pela descoberta das
minas gerais e tambeacutem em decorrecircncia das determinaccedilotildees e ordens do Marquecircs de Pombal
para que na Colocircnia soacute se falasse a liacutengua portuguesa
Ao longo de sua histoacuteria conforme afirma Krieger12
o Brasil jamais contou com
uma poliacutetica linguiacutestica que levasse agrave valorizaccedilatildeo de alguma obra lexicograacutefica a despeito do
projeto da Academia Brasileira de Letras De toda forma os primeiros dicionaacuterios que por
diferentes razotildees e interesses passam a contemplar a realidade linguiacutestica do Brasil
desempenharam tambeacutem o papel de fixar a unidade e a pluralidade do portuguecircs aqui falado
A identificaccedilatildeo das estrateacutegias lexicograacuteficas de fixaccedilatildeo de nosso leacutexico contribui para a
histoacuteria da identidade do Portuguecircs Brasileiro tema em torno do qual muita polecircmica jaacute se
estabeleceu
Eacute importante explicitar que entendemos o processo de dicionarizaccedilatildeo como a
descriccedilatildeo e instrumentaccedilatildeo de uma liacutengua no dicionaacuterio Nunes (2006 p 43) salienta que
Considerar o dicionaacuterio como um instrumento linguiacutestico implica concebecirc-lo com
uma alteridade para o sujeito falante alteridade que se torna uma injunccedilatildeo no
processo de identificaccedilatildeo nacional educaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de conhecimentos
linguiacutesticos [] Assim o dicionaacuterio se apresenta como uma exterioridade para o
sujeito e interfere na relaccedilatildeo que ele entreteacutem com a liacutengua em determinadas
conjunturas
Ressalta Nunes (2002 p100) que a compreensatildeo da historicidade da
dicionarizaccedilatildeo traz elementos para abordar questotildees de eacutetica e de poliacutetica linguiacutestica levando-
se em conta o processo de produccedilatildeo dos dicionaacuterios com os diversos fatores soacutecio-histoacutericos
aiacute envolvidos
Como aparece um saber dicionariacutestico no Brasil Esta questatildeo suscita uma seacuterie
de apontamentos conforme um ou outro criteacuterio Se considerarmos a unidade da palavra
conforme Biderman (2005 p47) desde os primeiros relatos de viajantes temos um saber que
se volta para os termos empregados no Brasil sejam as nomeaccedilotildees em liacutengua portuguesa
desde Caminha (1500) sejam termos indiacutegenas traduzidos e comentados desde Pigafeta em
1519 como aponta Neiva (1940) Se considerarmos a forma acabada do dicionaacuterio os
biliacutengues portuguecircs-tupi foram os primeiros a aparecer na Eacutepoca Colonial (seacutec XVI-XVII)
Segundo Horta (2002 p72) o processo de dicionarizaccedilatildeo brasileiro pode ser
visualizado nas seguintes etapas i) transcriccedilatildeo alfabeacutetica de termos indiacutegenas ii) citaccedilotildees
12
Alfa Satildeo Paulo 50 (2) 173-187 2006
29
comentaacuterios traduccedilotildees de termos indiacutegenas diaacutelogos iii) listas temaacuteticas de palavras LI-LP
(Liacutengua Indiacutegena e Liacutengua Portuguesa) e LP-LI iv) dicionaacuterios biliacutengues LP-LI v)
dicionaacuterios biliacutengues LI-LP vi) dicionaacuterios monoliacutengues de LP no Brasil
12111 Dicionaacuterios Biliacutengues
Os jesuiacutetas desde sua chegada em 1549 no Brasil estabeleceram uma orientaccedilatildeo
para os estudos de liacutengua indiacutegena com fins catequeacuteticos da qual resultou a triacuteade gramaacutetica-
dicionaacuterio-doutrina Satildeo portanto os primeiros dicionaacuterios alfabeacuteticos brasileiros concebidos
por missionaacuterios obras biliacutengues (portuguecircs-indiacutegena)
O Vocabulaacuterio na Liacutengua Brasiacutelica (VLB) anocircnimo circulou pelas missotildees e
coleacutegios jesuiacutetas do Brasil na segunda metade do seacuteculo XVI e nos seacuteculos XVII e XVIII Satildeo
conhecidos vaacuterios manuscritos desse dicionaacuterio que natildeo foi publicado integralmente senatildeo
em 1938 por Pliacutenio Ayrosa Essa obra traz a representaccedilatildeo de uma unidade do espaccedilo
linguiacutestico brasileiro a chamada ldquoliacutengua brasiacutelicardquo a que Anchieta se refere tambeacutem como ldquoa
liacutengua mais falada na costa do Brasilrdquo e foi elaborado com o interesse praacutetico de ensinar aos
missionaacuterios a liacutengua indiacutegena a fim de converter os nativos
Outro dicionaacuterio bastante importante na eacutepoca colonial eacute o Dicionaacuterio Portuguecircs-
Brasiliano (DPB) publicado em Lisboa em 1795 O percurso que vai desde o manuscrito do
DPB ateacute sua ediccedilatildeo reflete a substituiccedilatildeo da praacutetica jesuiacutetica banida do paiacutes em 1759 pela
praacutetica editorial e de arquivo que vem marcar o final do seacuteculo XVII e iniacutecio do XVIII Esta
acentuaria com a chegada da imprensa ao Brasil e com a poliacutetica linguiacutestica promovida pelo
Impeacuterio
Outro momento de destaque na histoacuteria dos dicionaacuterios biliacutengues no Brasil foi o
aparecimento do primeiro dicionaacuterio (liacutengua indiacutegena-liacutengua portuguesa) Ainda na forma
manuscrita encontram-se dois dicionaacuterios o manuscrito do Dicionaacuterio Brasiliano-Portuguecircs
(DBP) de Frei Veloso e o manuscrito do Vocabulaacuterio na Liacutengua Geral (VLG- Poranduba) de
Frei Prazeres do Maranhatildeo(1826)
Alguns estudiosos brasileiros (Gonccedilalves Dias Ferreira Franccedila Prazeres do
Maranhatildeo) e estrangeiros (Martius Platzman) realizaram compilaccedilotildees de dicionaacuterios dos
jesuiacutetas no Brasil acrescentando ou suprimindo termos atualizando o corpo dos verbetes
introduzindo comentaacuterios gramaticais ou mesmo reduzindo os dicionaacuterios de caraacuteter
enciclopeacutedico a glossaacuterios termo a termo Podemos incluir dentre as obras produzidas nesse
contexto a Chrestomathia da Liacutengua Brasiacutelica de Ferreira Franccedila (Leipzig 1859) e o
30
Dicionaacuterio da liacutengua geral Brasiacutelica portuguecircs e alematildeo inserido na Glossaria Linguarum
Brasiliensium de Martius (1863)
12112 Dicionaacuterios Monoliacutengues
Publicado em Lisboa pela Typographia Lacerdina o primeiro dicionaacuterio
monoliacutengue do portuguecircs o Dicionaacuterio da Liacutengua Portuguesa datado de 1789 elaborado
pelo brasileiro Antocircnio de Moraes Silva constitui um marco na histoacuteria da lexicografia
brasileira A obra de Moraes preencheu o horizonte metalinguiacutestico ao longo dos seacuteculos XIX
e XX como um verdadeiro siacutembolo natildeo soacute da lexicografia mas da liacutengua em geral e da
cultura portuguesa
Moraes tomou por base o Vocabulaacuterio Portuguecircs e Latino de Raphael Bluteau e
resumiu os oito volumes daquele a apenas dois mantendo a orientaccedilatildeo de seu antecessor de
exaltar os grandes autores de liacutengua portuguesa A obra teve oito reediccedilotildees no seacuteculo XIX
(1813 1823 1831 1844 1858 18771878 1891 9a ed sd)
Na segunda ediccedilatildeo de 1813 Moraes acrescenta nos textos introdutoacuterios uma
gramaacutetica filosoacutefica aos moldes da Gramaacutetica de Port Royal o que mostra a filiaccedilatildeo agraves
concepccedilotildees racionalistas da eacutepoca
Em 1922 recebeu uma ediccedilatildeo comemorativa do centenaacuterio da Independecircncia no
Brasil a qual reproduz a segunda ediccedilatildeo de 1813 a primeira em que Moraes inclui seu nome
como autor Uma ediccedilatildeo ampliada foi publicada pela Editora Confluecircncia em 1949-59
organizada por Augusto Moreno Cardoso Juacutenior e Joseacute Pedro Machado
O Dicionaacuterio da Liacutengua Portuguesa ou o Dicionaacuterio de Moraes eacute considerado
pelos lexicoacutegrafos uma obra fundadora da lexicografia de liacutengua portuguesa servindo de base
para a confecccedilatildeo de outros dicionaacuterios em Portugal e no Brasil
Na eacutepoca do Brasil Colocircnia no que diz respeito aos dicionaacuterios monolingues
referentes agrave Liacutengua Portuguesa a partir do seacuteculo XVIII aleacutem do dicionaacuterio de Moraes
(1789) satildeo considerados representativos o Novo Dicionaacuterio da Liacutengua Portugueza (1855) de
Eduardo de Faria o Diccionario Manual Etymologico da Lingua Portugueza de Francisco
Adolfo Coelho e o Diccionario Contemporaneo da Liacutengua Portugueza de Francisco Caldas
Aulete publicado em 1881
Em se tratando de obras consideradas brasileiras os estudiosos apontam os
primeiros dicionaacuterios datados do seacuteculo XIX a saber o Diccionario Brazileiro para Servir de
Complemento aos Diccionarios de Lingua Portugueza (1853) de Costa Rubim o Diccionario
31
Brazileiro da Lingua Portugueza (1888) de Macedo Soares e o Diccionario de Vocabulos
Brazileiros (1889) de Beaurepaire-Rohan
Em todas essas trecircs obras citadas acima observam-se palavras tiacutepicas do Brasil
chamadas ldquobrasileirismosrdquo Essas obras contribuiacuteram para se questionar ldquoo caraacuteter normativo
do dicionaacuterio dando-lhe uma caracteriacutestica mais descritivardquo13
13 Terminologia
A Terminologia pode ser definida segundo Barros (2007 p 11) como o estudo
cientiacutefico dos termos usados nas liacutenguas de especialidade ou melhor empregados em
discursos e textos de aacutereas teacutecnicas cientiacuteficas e especializadas
O termo eacute entendido como ldquodesignaccedilatildeo por meio de uma unidade linguiacutestica de
um conceito definido em uma liacutengua de especialidaderdquo (ISO 1087 1990 p5) O termo eacute
portanto uma unidade lexical que designa um conceito de um domiacutenio de especialidade Eacute
tambeacutem chamado de unidade terminoloacutegica O conjunto de termos de uma aacuterea especializada
chama-se conjunto terminoloacutegico ou terminologia
O campo de pesquisa proacuteprio da Terminologia satildeo as chamadas liacutenguas de
especialidade entendidas como ldquosistemas de comunicaccedilatildeo oral ou escrita usados por uma
comunidade de especialistas de uma aacuterea particular do conhecimentordquo (PAVEL NOLET apud
BARROS 2007 p11)
Apesar de a Terminologia ser a mais contemporacircnea das ciecircncias do leacutexico o
reconhecimento formal de vocabulaacuterios especiacuteficos de determinadas aacutereas de conhecimento
especializado datam de mais de trecircs seacuteculos quando jaacute vinham com ldquomarcas de usordquo em
dicionaacuterios de liacutengua
Obra monoliacutengue o denominado dicionaacuterio geral de liacutengua consiste na referecircncia
primeira do fazer lexicograacutefico na diversificada tipologia de obras dicionariacutesticas Tal tipo de
dicionaacuterio registra o leacutexico geral de um idioma reunindo seu conjunto de palavras e locuccedilotildees
da forma mais abrangente possiacutevel Alguns desses dicionaacuterios incluem tambeacutem terminologias
em seus repertoacuterios entendendo que essas integram o componente lexical das liacutenguas Nessas
obras entende-se por terminologia o conjunto de palavras marcadas pela temaacutetica de uma
aacuterea de especialidade por exemplo a terminologia da fiacutesica quacircntica da medicina da
informaacutetica a terminologia juriacutedica ou a terminologia naacuteutica ndash essa uacuteltima nosso objeto de
estudo
13
DIAS BEZERRA 2006 p 30
32
Usamos a liacutengua comum no dia-a-dia mas usamos a linguagem especializada
quando falamos sobre uma aacuterea do conhecimento e empregamos palavras que dentro dessa
aacuterea tecircm um significado particular Assim sendo para noacutes neste objeto de estudo os termos
satildeo acima de tudo unidades lexicais que tecircm a particularidade de ocorrer em discursos
especializados assumindo neles significaccedilotildees especiacuteficas e podendo em consequecircncia
denominar conceitos cientiacuteficos eou teacutecnicos
14 O Diccionario da Lingua Brasileira de Luiz Maria da Silva Pinto
Sobre os primoacuterdios da lexicografia brasileira voltamos nossos olhares para
aquela que teria sido a primeira obra escrita editada e impressa no Brasil ndash o Diccionario da
Lingua Brasileira de Luiz Maria da Silva Pinto
FOTO 1 Diccionario da Lingua Brasileira
Fonte acervo pessoal
Praticamente desconhecida dos pesquisadores ateacute fins do seacuteculo XX por
iniciativa do professor Joatildeo Mendonccedila Teles ndash do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico Brasileiro
ndash essa obra foi reeditada em ediccedilatildeo fac-siacutemile com patrociacutenio da Caixa Econocircmica Federal
pela Sociedade Goiana de Cultura e pelo Centro de Cultura Goiana da Universidade Catoacutelica
de Goiaacutes do qual Teles era coordenador em 1996
33
FOTO 2 Detalhe da capa do Diccionario
Fonte acervo pessoal
Sabemos que a histoacuteria da imprensa no Brasil tem seu iniacutecio oficial em 1808 com
a chegada da famiacutelia real portuguesa Antes dessa eacutepoca toda atividade de imprensa -
publicaccedilatildeo de jornais livros ou panfletos ndash era proibida conforme Carta Reacutegia de 1706 que
mandava sequestrar e destruir qualquer modalidade de atividade tipograacutefica que fosse
encontrada como tambeacutem punir seus proprietaacuterios Mesmo assim em caraacuteter clandestino
algumas impressotildees foram realizadas em Minas dentre elas citamos o poema laudatoacuterio
escrito por Diogo Pereira Ribeiro de Vasconcelos intitulado Canto Encomiaacutestico publicado
por Padre Viegas14
Padre Viegas ou o Padre Joaquim Viegas de Menezes em funccedilatildeo dos
conhecimentos especializados que possuiacutea dirigiu em 1820 em Ouro Preto juntamente com
o artiacutefice portuguecircs Manuel Joseacute Barbosa Pimenta e Sal e alguns operaacuterios a construccedilatildeo da
primeira tipografia mineira a Tyipografia Patriacutecia assim denominada em referecircncia agrave paacutetria
Daacute-se nessa tipografia o iniacutecio da imprensa perioacutedica em Minas Gerais com a circulaccedilatildeo do
jornal Compilador Mineiro em 13 de outubro de 182315
encerrada em 9 de janeiro de 1824
Apenas trecircs dias apoacutes o seu desaparecimento surgiu impresso na mesma tipografia e com o
objetivo expresso de substituir o Compilador o perioacutedico A Abelha do Itaculumy (1824-
1825)
Ainda nesse periacuteodo em 8 de abril de 1822 o goiano que residia em Ouro Preto
o major Luiz Maria da Silva Pinto propotildee a iniciativa de um plano para a instalaccedilatildeo da
primeira tipografia oficial do Estado aleacutem da publicaccedilatildeo de uma folha como porta-voz dos
atos governamentais Esse major foi o principal impressor de Ouro Preto durante vaacuterios anos
14
SEABRA 2008 p 151 15
COSTA FILHO A Imprensa Mineira no Primeiro Reinado
34
tornando-se o administrador do estabelecimento real A graacutefica real estreia tipos e prelos com
a produccedilatildeo dos impressos avulsos do poder oficial da Capitania e das diversas reparticcedilotildees
puacuteblicas aleacutem de papeis de encomenda particular
Luiz Maria da Silva Pinto nasceu em Pilar de Goiaacutes em 15 de marccedilo de 1775 e
faleceu em 20 de dezembro de 1869 em Vila Rica hoje Ouro Preto aos 94 anos de idade Era
filho de Joseacute Pinto da Silva e de Joaquina Maria Zunega Iniciou seus estudos em Goiaacutes
completando-os em Ouro Preto cidade para onde se transferiu em companhia de sua matildee e
irmatilde Em Ouro Preto eacute crismado por Tomaacutes Antocircnio Gonzaga e sob a proteccedilatildeo de Frei
Domingos da Encarnaccedilatildeo Pontevel Silva Pinto avanccedila em seus estudos Foi secretaacuterio do
Palaacutecio do Governo nomeado por Visconde de Barbacena e mais tarde por promoccedilatildeo ao
cargo de oficial-mor e logo em seguida major Foi tambeacutem Deputado Provincial
Procurador Fiscal da Mesa de Rendas de Minas tendo sido nomeado vice-diretor geral da
Instituiccedilatildeo Segundo Teixeira de Freitas16
Silva Pinto pode ser considerado o pai da
estatiacutestica geral mineira uma vez que quando secretaacuterio da Proviacutencia promoveu um
inqueacuterito estatiacutestico-cronograacutefico em 23 de julho de1825 aleacutem de um levantamento por ele
organizado em 1854 por ordem do Presidente de Proviacutencia Francisco D Pereira de
Vasconcellos Freitas afirma que vaacuterios satildeo os documentos que demonstram esforccedilos
repetidos da administraccedilatildeo mineira em prol da estatiacutestica geral17
Entre suas obras destaca-se
ainda O Mapa Geodeacutesio de Minas Gerais editado em 1825 Silva Pinto foi ainda membro
do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico Brasileiro patrono da cadeira nuacutemero 29 da Academia de
Letras de Goiaacutes18
16
Diretor Geral de Informaccedilotildees Estatiacutesticas e Divulgaccedilatildeo do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo em 1931 17
FREITAS 1940 18
MAPA Disponiacutevel em lthttpacademiagoianadeletrasorgmembroluiz-maria-da-silva-pintogt Acesso em 1
abr 2011
35
FOTO 3 Casa de Silva Pinto em Ouro Preto19
Fonte acervo pessoal
FOTO 4 Localizaccedilatildeo da casa de Silva Pinto em Ouro Preto -
Vista de Vila Rica 1820 de Armand Julien Palliegravere
Fonte acervo pessoal
Sobre as impressotildees causadas pelo Diccionario da Lingua Brasileira no meio
intelectual e ainda sobre seu autor o goiano Luiz Maria da Silva Pinto destacamos as vozes
de
a) Joseacute Pedro Xavier da Veiga ndash nas Efemeacuterides Mineiras em data de 19 de setembro de
1869 Xavier da Veiga registra o oacutebito de Luiacutes Maria da Silva Pinto consagrando-lhe uma
19
Localizada na Rua Claacuteudio Manuel nordm 129 Centro Atualmente Repuacuteblica Maracangalha propriedade da
Escola de Farmaacutecia e Bioquiacutemica de Ouro Preto UFOP
36
paacutegina biograacutefica em que aponta os seus relevantissimos serviccedilos agrave administraccedilatildeo puacuteblica de
Minas Gerais desde a uacuteltima fase do govecircrno colonial e durante meio seacuteculo Dizendo-o
homem muito inteligente extraordinariamente trabalhador e dotado de espiacuterito de organizaccedilatildeo
e de pesquisa Xavier da Veiga (1897 p 47-52) afirmando nunca ter visto o dicionaacuterio
disserta
Tambeacutem durante muitos anos o major Luiacutes Maria da Silva Pinto possuiu e dirigiu
oficinas tipograacuteficas em Ouro Precircto editando nelas muitos livros alguns bem
volumosos e em tempos difiacuteceis para a imprensa no interior do paiacutes Entre os
aludidos livros figura um dicionaacuterio portuguecircs de sua proacutepria composiccedilatildeo ao qual
deu o tiacutetulo de Dicionaacuterio da liacutengua brasileira e cujos exemplares satildeo hoje
rariacutessimos
b) Affonso E de Taunay20
ndash na obra Inopia cientiacutefica e vocabular dos grandes dicionarios
portuguezes (1932 p 147) Taunay destaca
Quarenta annos apoacutes o apparecimento do Diccionario de Moraes novo tentame de
igual natureza ao do lexicographo fluminense se daria no Brasil muito embora delle
resultase obra de mediocre valor hoje quasi totalmente esquecido o Diccionario da
Lingua Brasileira Pela terceira vez creio apparecia o nosso patronymico nacional aacute
portada dos diccionarios da lingua Fizera Bluteau garbo de que o seu tambem
[seria] brasilico entre numerosos outros predicados E Moraes como bom brasileiro
timbrara em lembrar que o seu lexico recolhera milhares de palavras de sua terra
Mas Silva Pinto fora adiante redigira um diccionario da lingua brasileira
Infelizmente poreacutem natildeo lhe correspondeu a obra aacute altissonacircncia do programma
constante do patriotico titulo Deve ter sido composto por homem inteligente e lido
que se valeu natildeo ha duvida e muito dos trabalhos de Moraes mas nem por isto
deixou de levantar em homenagem aacute riqueza vocabular da liacutengua luso-brasileira ateacute
hoje tatildeo deficiente tatildeo mesquinhamente invetariada Eacute um tanto obscura a
biographia deste nosso segundo diccionarista Luiz Maria da Silva Pinto
c) Eduardo Frieiro ndash no artigo um velho dicionaacuterio impresso em Minas21
(1955) destacamos
as impressotildees de Frieiro
Acham-se vinculados aos primeiros tempos da Tipografia em Minas trecircs nomes que
natildeo podem ser esquecidos o do mineiro Padre Viegas de Meneses o do portuguecircs
Manuel Joseacute Barbosa Pimenta e Sal e o do goiano Luiacutes Maria da Silva Pinto []
Administrava a oficina provincial o major Luis Maria da Silva Pinto que durante
vaacuterias deacutecadas foi o principal impressor de Ouro Precircto jaacute como gerente do
estabelecimento oficial jaacute como editor particular proprietaacuterio da Tipografia de
Silva cuja marca tenho encontrado em diversas obras dadas a lume de 1827 a 1848
Algumas eram de autoria do operoso Silva Pinto que chegou mesmo a publicar um
Diccionario da lingua brasileira portaacutetil de 1132 paacuteginas para remediar a penuacuteria
de vocabulaacuterios ocorrente na Proviacutencia Era o Dicionaacuterio uma compilaccedilatildeo apressada
feita pelo proacuteprio impressor que tambeacutem editou para uso das escolas de primeiras
letras numerosos voluminhos dos quais posso citar os tiacutetulos de alguns que possuo
a saber Ortografia ou Arte de escrever (1829) Aritmeacutetica ou Arte de contar (1831)
Princiacutepios da Moral cristatilde (1846) e Gramaacutetica brasileira ou Arte de falar conforme
20
TAUNAY 1932 p182 21
FRIEIRO 1955 p390-397
37
as regras da Manuel Borges Carneiro (1847) Embora se intitulasse Dicionaacuterio da
liacutengua brasileira nada tinha que ver com a fala dos aboriacutegenes nem com os
particularismos da liacutengua corrente no Brasil Era um pequeno leacutexico da liacutengua
portuguecircsa com alguns escassos brasileirismos colhidos provagravevelmenle em Moraes
Silva O caso eacute que naquela eacutepoca achando-se os Brasileiros ainda na lua de mel da
independecircncia nacional o espiacuterito nativista entatildeo muito alvoroccedilado natildeo se
contentava unicamente com a autonomia poliacutetica almejava romper todos os laccedilos
que ainda nos atavam agrave repudiada Metroacutepole inclusive o liame infrangiacutevel da liacutengua
materna Como natildeo era possiacutevel fabricar uma com peccedilas totalmente novas
chamava-se brasileira agrave liacutengua que sem deixar de ser portuguesa eacute de qualquer
forma tambeacutem a nossa
d) L G ndash que assina a nota do recorte do jornal22
(sem data) abaixo apresentado
FOTO 5 Notiacutecia de jornal
Fonte acervo pessoal
e) Paulo Mario Beserra de Araujo ndash neste iniacutecio de seacuteculo XX quando a ciecircncia linguiacutestica se
volta para a anaacutelise de dicionaacuterios e as versotildees digitais de obras se encontram disponibilizadas
na internet Araujo (2009) realizou um ldquoensaio metalexicograacutefico analiacutetico comparativo e
criacuteticordquo do Diccionario de Silva Pinto publicado com o tiacutetulo Um diccionario sem auctor
versus hum auctorlsquo com diccionario Esse pesquisador buscando estudar o que motivou
Silva Pinto a delimitar a macroestrutura de seu dicionaacuterio (cf Araujo 2009 p 9-10) mostra
inuacutemeras semelhanccedilas da obra desse autor ndash o Diccionario da Lingua Brasileira com a obra
22
Recorte encontrado na contra-capa do volume do Diccionario do Museu da Inconfidecircncia em Ouro Preto
poreacutem natildeo haacute informaccedilotildees sobre a autoria
38
ldquosem autor declarado pelo editor impressor e livreiro Francisco Rollandrdquo23
denominada
Novo Diccionario da Liacutengua Portugueza ediccedilatildeo de 1806 ldquodisponiacutevel desde 23 de fevereiro
de 2007 no website booksgoogle obtida do original existente na Taylor Institution Library
da Oxford University Oxford Inglaterrardquo24
Apoacutes um cuidadoso estudo Arauacutejo conclui que a
ldquoanaacutelise comparativa efetuada permite constatar que a semelhanccedila entre as duas obras estaacute
aleacutem do que pode ser classificado como compilaccedilatildeordquo25
Apresentamos a seguir a folha de rosto do Diccicionario da Liacutengua Brasileira
FOTO 6 Diccionario da Lingua Brasileira (1832) Fonte acervo pessoal
Diferentemente de seu colega editor responsaacutevel pela obra similar portuguesa
Silva Pinto assina a obra brasileira Com esse comportamento o consulente entende que cabe
a ele aleacutem da ediccedilatildeo a autoria do dicionaacuterio Entretanto no proacutelogo apresentado esse autor
se coloca como impressor natildeo como autor ndash ldquome suggerio o projecto de imprimir este
auxiliante da Grammatica e da Orthographiardquo deixa claro tambeacutem que a obra ao ser editada
jaacute contava com um nuacutemero de leitores ou ldquoassignantesrdquo mais do que suficientes para sua
confecccedilatildeo Isso nos leva a refletir que Silva Pinto realizou um trabalho de ediccedilatildeo de uma obra
portuguesa de faacutecil manuseio visando atender aos brasileiros Salientamos que apesar do
23
ARAUJO 2009 p 13 24
Ibidem p 10 25
Ibidem p 78
39
tiacutetulo se referir agrave variante do portuguecircs brasileiro esse dicionaacuterio tem um caraacuteter normativo
ateacute mesmo preconceituoso conforme podemos inferir no trecho do proacutelogo em que
destacamos a preocupaccedilatildeo do autor em mostrar que no nosso leacutexico havia palavras da liacutengua
portuguesa e natildeo somente dlsquoaquellas que proferem os Iacutendios Posiccedilatildeo conservadora sem
duacutevida
FOTO 7 Prologo do Diccionario da Lingua Brasileira
Fonte acervo pessoal
Mais do que descrever o leacutexico brasileiro dos primeiros anos dos oitocentos com
certeza o Diccionario da Lingua Brasileira do goiano Luiz Maria da Silva Pinto tinha como
objetivo ser prescritivista conduta bastante comum nessa eacutepoca
Publicado dez anos depois da Independecircncia do Brasil o dicionaacuterio nesse
contexto constitui-se como um instrumento de divulgaccedilatildeo da nova naccedilatildeo e da posiccedilatildeo
poliacutetica de seu editor diante dos acontecimentos histoacutericos Como homem respeitado na
sociedade local em um periacuteodo em que o Brasil acabava de ser tornar independente de
Portugal Silva Pinto se preocupava com os rumos que a liacutengua portuguesa poderia tomar e
40
como editor colocou-se como ldquoprotetorrdquo do portuguecircs lusitano ldquobem faladordquo em terras
brasileiras
A imagem que apresentamos a seguir destaca a paacutegina do dicionaacuterio que trata
das abreviaturas da obra com a inserccedilatildeo de vaacuterias terminologias dentre elas a terminologia
naacuteutica objeto de anaacutelise desta Pesquisa
IMAGEM 1 Lista de abreviaturas proposta pelo Diccionario da Lingua Brasileira
Dada a estreita relaccedilatildeo entre cultura e leacutexico abordaremos no proacuteximo capiacutetulo as
grandes navegaccedilotildees destacando a navegaccedilatildeo portuguesa em terras brasileiras
41
Capiacutetulo 2
42
Capiacutetulo 2 ndash Contextualizaccedilatildeo histoacuterica
21 As grandes navegaccedilotildees
A aventura mariacutetima portuguesa natildeo foi um marco isolado Ela se fez no contexto
de uma das maiores aventuras expansionistas empreendidas pelo homem e se tornou
conhecida como grandes navegaccedilotildees De costas para Castela e de frente para o mar a uacutenica
forma de Portugal expandir seus domiacutenios era enfrentar as aacuteguas desconhecidas
Desde 1385 com a ascensatildeo de D Joatildeo I ao trono apoacutes a Revoluccedilatildeo de Avis
antes de qualquer outro paiacutes europeu Portugal jaacute possuiacutea um Estado centralizado apoiado por
uma burguesia mercantil forte e disposta a investir na expansatildeo a fim de ampliar suas
possibilidades de lucros Construiacuteram caravelas principal meio de transporte mariacutetimo e
comercial do periacuteodo desenvolvidas com qualidade superior agraves de outras naccedilotildees Neste paiacutes
tambeacutem houve a preocupaccedilatildeo com os estudos naacuteuticos pois os portugueses chegaram a criar
ateacute mesmo um centro de estudos a Escola de Sagres Nesse centro o Infante Dom Henrique
filho do Rei Dom Joatildeo I reuniu numerosos pilotos cartoacutegrafos e astrocircnomos cujos trabalhos
favoreceram o avanccedilo da arte de navegar e impulsionaram a expansatildeo mariacutetima portuguesa A
partir daiacute com o aprimoramento da cartografia ndash em especial com o desenvolvimento das
cartas naacuteuticas ndash e com o avanccedilo das teacutecnicas de navegaccedilatildeo recorrendo ao que havia de mais
novo no campo cientiacutefico tais como a ampliaccedilatildeo dos conhecimentos sobre correntes
mariacutetimas o uso do astrolaacutebio e da buacutessola que permitia navegaccedilotildees mais seguras
privilegiando a situaccedilatildeo geograacutefica de seu paiacutes os portugueses partiram para as grandes
expediccedilotildees mariacutetimas
Entre os grandes obstaacuteculos vencidos para que fossem aleacutem do conhecido mar
Mediterracircneo estavam o medo e vaacuterias preacute-concepccedilotildees Foi necessaacuterio um longo processo de
mudanccedilas para que o povo europeu apostasse na teoria da esfericidade da Terra e se
ldquoconvencesserdquo de que havia alguma possibilidade de ir aleacutem das aacuteguas jaacute navegadas desde
muito tempo
Durante os seacuteculos XV e XVI os europeus principalmente portugueses e
espanhoacuteis lanccedilaram-se nos oceanos Paciacutefico Iacutendico e Atlacircntico com dois objetivos
principais descobrir uma nova rota mariacutetima para as Iacutendias e encontrar novas terras Este
periacuteodo ficou conhecido como a Era das Grandes Navegaccedilotildees e Descobrimentos Mariacutetimos
O iniacutecio da expansatildeo portuguesa deu-se em 1415 com a conquista da cidade de
Ceuta no norte da Aacutefrica na costa do atual Marrocos importante centro comercial da eacutepoca ndash
ponto de convergecircncia de caravanas de comerciantes aacuterabes Depois de Ceuta os portugueses
43
continuaram suas conquistas contornando a Aacutefrica em um trajeto conhecido como peacuteriplo
africano A expansatildeo portuguesa incluiu a ilha da Madeira os Accedilores Cabo Verde a
ultrapassagem do Cabo Bojador (grande obstaacuteculo para a continuaccedilatildeo da viagem e muito
temido pelos navegadores por causa das fortes ondas e dos nevoeiros comuns na regiatildeo)
Senegal e Serra Leoa
Durante o peacuteriplo africano os portugueses desenvolveram a caravela um tipo de
barco adaptado agrave navegaccedilatildeo em mar aberto e comeccedilaram a esboccedilar o audacioso plano de
contornar o sul da Aacutefrica e chegar agraves Iacutendias
MAPA 1 As grandes navegaccedilotildees26
A chegada dos portugueses ao litoral da Ameacuterica em 1500 foi portanto uma
consequecircncia da expansatildeo ultramarina anteriormente realizada em vaacuterios cantos do mundo
As grandes navegaccedilotildees transformaram Portugal em um impeacuterio respeitado em
toda agrave Europa o interesse despertado pelas viagens transoceacircnicas natildeo soacute permitiu a expansatildeo
dos conhecimentos naacuteuticos com o desenvolvimento da buacutessola do astrolaacutebio das
embarcaccedilotildees e de mapas rudimentares denominados portulanos mas tambeacutem por ser o
primeiro paiacutes europeu a iniciar a expansatildeo ultramarina teve seu comeacutercio ampliado dominou
povos e terras impocircs um sistema de colonizaccedilatildeo imprimindo aiacute sua soberania religiatildeo
cultura e liacutengua
26
NAVEGACcedilOtildeES Disponiacutevel em lthttpwwwgooglecombrsearchhl=ptgt Acesso em 1 Abr 2011
44
O desenvolvimento do comeacutercio europeu nos seacuteculos XV XVI e XVII
favorecido pelas praacuteticas mercantilistas das monarquias absolutistas foi tambeacutem chamado de
revoluccedilatildeo comercial A revoluccedilatildeo comercial caracterizou-se pela integraccedilatildeo da Ameacuterica
Aacutefrica e Aacutesia agrave economia europeia atraveacutes da navegaccedilatildeo pelo Oceano Atlacircntico pelo
aumento da circulaccedilatildeo de mercadorias e de moedas pela criaccedilatildeo de novos meacutetodos de
produccedilatildeo de manufaturas pela ampliaccedilatildeo dos bancos dos sistemas de creacutedito seguros e
demais operaccedilotildees financeiras O crescimento da agricultura da mineraccedilatildeo da metalurgia da
navegaccedilatildeo da divisatildeo do trabalho do comeacutercio colonial promoveu uma grande acumulaccedilatildeo
de capital preparando a Europa para avanccedilos importantes na produccedilatildeo o corridos a partir do
seacuteculo XVIII
22 As navegaccedilotildees na eacutepoca do Brasil Colocircnia
A primeira exploraccedilatildeo do litoral do territoacuterio descoberto foi feita pela proacutepria
esquadra de Cabral que seguiu paralelamente agrave costa em direccedilatildeo norte procurando um porto
onde os navios ficassem abrigados A partir daiacute nos primeiros trinta anos o contato com as
terras brasileiras ficou limitado ao envio de algumas expediccedilotildees de reconhecimento e defesa
do litoral e outras com o objetivo de explorar o pau-brasil uacutenico artigo que poderia ser
convertido em lucros para Portugal
Em 1530 Dom Joatildeo III enviou ao Brasil a expediccedilatildeo de Martim Afonso de Sousa
cujos principais objetivos eram verificar a existecircncia de metais preciosos explorar e patrulhar
o litoral e estabelecer os fundamentos da colonizaccedilatildeo do Brasil Martim Afonso percorreu
quase todo o litoral brasileiro de Pernambuco enviou dois barcos para explorar o litoral
norte organizou expediccedilotildees rumo ao sertatildeo partindo de Cabo Frio e de Cananeia chegou ateacute
a foz do rio da Prata e depois retornou ao litoral paulista onde fundou a vila de Satildeo Vicente
(1532) Ali se organizaram alguns povoados iniciou-se o plantio da cana e foram construiacutedos
os primeiros engenhos da colocircnia Comeccedilava assim a colonizaccedilatildeo efetiva do Brasil apoiada
inicialmente na produccedilatildeo de accediluacutecar para o mercado externo
O aproveitamento sistemaacutetico dos recursos da terra brasileira em benefiacutecio da
metroacutepole portuguesa permitiu a fixaccedilatildeo de populaccedilotildees europeias na regiatildeo o que contribuiu
para a incorporaccedilatildeo dos modelos sociais culturais e religiosos europeus no Novo Mundo
45
MAPA 2 ldquoTerra Brasilisrdquo27
A busca de colocircnias constituiacutea um dos principais objetivos dos paiacuteses
mercantilistas europeus As aacutereas coloniais eram um excelente mercado consumidor dos
manufaturados europeus e fornecedor de mateacuterias-primas e produtos agriacutecolas tropicais
As colocircnias eram vistas como instrumentos de poder das metroacutepoles Por isso a
produccedilatildeo foi organizada de acordo com a poliacutetica econocircmica do mercantilismo tendo como
objetivo o fortalecimento do Estado nacional e a acumulaccedilatildeo de riquezas monetaacuterias nas matildeos
das burguesias europeias Cada metroacutepole preocupava-se fundamentalmente e manter a posse
de suas colocircnias como bem mostra Caacuteceres (1993 p 19)
A administraccedilatildeo colonial estava centralizada na metroacutepole e tinha por finalidade
baacutesica garantir que as colocircnias gerassem produtos para a metroacutepole a baixos custos e
consumissem os manufaturados metropolitanos a preccedilos mais altos O elemento
mais importante desse sistema era o monopoacutelio comercial das metroacutepoles sobre as
colocircnias cuja economia girava em torno das necessidades econocircmicas
metropolitanas e de sua burguesia
Ateacute mesmo as formas de produccedilatildeo das colocircnias eram organizadas de acordo com
as necessidades metropolitanas No Brasil colocircnia por exemplo foi introduzida a escravidatildeo
a fim de se obter uma produccedilatildeo em larga escala necessaacuteria agrave economia europeia Essas
colocircnias em aacutereas tropicais que produziam para o mercado externo eram chamadas colocircnias
de exploraccedilatildeo28
Sua economia era baseada na grande propriedade na monocultura e no
trabalho compulsoacuterio isto eacute obrigatoacuterio
Com o estado portuguecircs no Brasil aumentaram tanto as exportaccedilotildees quanto as
importaccedilotildees e consequentemente a necessidade de um satisfatoacuterio transporte mariacutetimo
27
TERRA BRASILIS Disponiacutevel em lthttpswwwmarmilbrdhndhnhistoricohtmlgt Acesso em 1 Abr 2011 28
CAacuteCERES 1993 p 19
46
Durante o seacuteculo XVI e iniacutecio do seacuteculo XVII o Brasil tornou-se o maior produtor de accediluacutecar
do mundo e o responsaacutevel pela riqueza dos senhores de engenho da Coroa e de comerciantes
portugueses poreacutem foi soacute com a vinda da famiacutelia real portuguesa para o Brasil que a
navegaccedilatildeo brasileira se intensificou
A chegada ao Rio de Janeiro do Priacutencipe Regente D Joatildeo e da Rainha D Maria I
fugindo das guerras napoleocircnicas na Europa foi um marco na histoacuteria da marinha brasileira
Nessa eacutepoca a marinha portuguesa encontrava-se decadente mas sua capacidade foi ampliada
para poder apoiar a ldquoEsquadra Realrdquo e os navios estrangeiros jaacute que o fluxo aumentou
consideravelmente em virtude da abertura dos portos brasileiros ao comeacutercio com outras
naccedilotildees Podemos dizer que a transmigraccedilatildeo da Famiacutelia Real portuguesa foi fundamental para
que mais tarde ocorresse a independecircncia unificada de todo o territoacuterio de colonizaccedilatildeo
portuguesa na Ameacuterica A cidade do Rio de Janeiro tornou-se sede do governo portuguecircs o
que gerou um surto de progresso em vaacuterios setores da sociedade colonial
IMAGEM 2 Primeira esquadra brasileira29
Posteriormente com as tentativas das Cortes de fazer D Pedro regressar para a
Europa iniciou-se a cisatildeo da Marinha de Portugal Desde o princiacutepio de 1822 alguns
comandantes de navios passaram a obedecer somente ao Priacutencipe e o apoiaram nas ocasiotildees
em que houve ameaccedilas de uso de forccedila Comeccedilava nesse periacuteodo a se formar o embriatildeo da
marinha do Brasil
29
ESQUADRA Disponiacutevel em lthttpwwwgooglecombrsearch3Fq3D2522Marinha2BImperial
2BBrasileiragt Acesso em 1 Abr 2011
47
23 As navegaccedilotildees na eacutepoca do Brasil Impeacuterio
Com a independecircncia do Brasil o primeiro governo encontrou a difiacutecil tarefa de
unificar o extenso territoacuterio brasileiro em cujo litoral encontravam-se os principais centros
urbanos ou seja era emergencial que o Estado possuiacutesse uma Esquadra e estabelecimentos de
apoio para manter a unidade nacional Para eliminar os focos de resistecircncia interna agrave
autoridade do novo Imperador que eram mais fortes nas proviacutencias da Bahia Maranhatildeo
Gratildeo-Paraacute e Cisplatina e rechaccedilar qualquer tentativa de recolonizaccedilatildeo por parte da antiga
metroacutepole foi necessaacuterio o aprestamento de forccedilas terrestres e principalmente o preparo de
uma forccedila naval capaz de obter o domiacutenio do mar interceptar a vinda de reforccedilos portugueses
bloquear as posiccedilotildees inimigas e manter livres as comunicaccedilotildees mariacutetimas do novo Impeacuterio
garantindo a unidade nacional Era preciso aleacutem da Esquadra possuir a capacidade de reparar
os navios existentes e construir outros
Segundo Bittencourt30
em fins de 1822 ldquoo material flutuante ainda era muito
escasso com navios que tinham sua origem na Marinha de Portugal e que passaram a constituir o
primeiro nuacutecleo da Esquadra brasileira composto pelas Fragatas Uniatildeo e Real Carolina Corvetas
Maria da Gloacuteria e Liberal Brigue Real Pedro Brigue-Escuna Real 13 escunas ndash das quais sete
encontravam-se estacionadas no Prata ndash e de aproximadamente 20 navios-transportes e
canhoneiras Os outros navios estacionados no Rio de Janeiro somente trecircs eram utilizaacuteveis a
Nau Martins de Freitas a Fragata Sucesso e o Brigue Reino Unido os quais foram prontamente
reparados no Arsenal de Marinha A Nau Priacutencipe Real que trouxe D Joatildeo VI ao Brasil soacute pocircde
ser utilizada como navio-prisatildeo devido ao peacutessimo estado que se encontravardquo
De acordo com Vale (1971 p 10)
[] a princiacutepio parecia natildeo haver falta de oficiais para a nova Marinha 160 tinham se
estabelecido no Brasil desde 1808 mas a maioria era de portugueses e tornou-se
necessaacuterio verificar primeiro sua lealdade Com esta finalidade Cunha Moreira
estabeleceu uma comissatildeo em 5 de dezembro de 1822 para perguntar a cada oficial se
ele desejava servir ao Brasil ou voltar para Portugal Ficou logo claro que a grande
maioria aderia agrave causa brasileira e quando foram retirados os nomes dos mais velhos e
dos incapazes restou um total de 94 Era evidente que o Brasil tinha oficiais superiores
em nuacutemero suficiente mas a quantidade de oficiais inferiores dava apenas para
guarnecer os navios jaacute em comissatildeo nos estabelecimentos de guerra
Nesse periacuteodo a Marinha Imperial Brasileira possuiacutea em seus quadros
profissionais oriundos de diversos grupos sociais O engajamento e o recrutamento de pessoal
30
MARINHA IMPERIAL Disponiacutevel em lthttpwwwmarmilbrdiversosArtigos_selecionadosDocumentos
marinha_imperialpdfgt Acesso em 25 Abr 2011
48
para a marinhagem ocorriam de forma voluntaacuteria por contrato (geralmente estrangeiros) ou
pelo recrutamento agrave forccedila (vagabundos e criminosos) e posteriormente em decreto emitido
em fevereiro de 1823 permitiu-se a admissatildeo de escravos na Marinha Muitos eram oriundos
da Marinha de Portugal despertavam portanto desconfianccedila Outros tantos natildeo tinham
experiecircncia no mar Apesar desses problemas o governo imperial conseguiu unificar a
marinha brasileira da eacutepoca
IMAGEM 3 Marinha Imperial31
Eacute consenso que o instrumento decisivo para alcanccedilar a Independecircncia do Brasil
certamente foi a feliz decisatildeo do Governo Imperial de aprestar uma Esquadra capaz de
garantir o controle no mar negando-o aos portugueses possibilitar o deslocamento de tropas
de maneira mais raacutepida cortar as linhas de recebimento de suprimento e reforccedilo do inimigo
pelo mar
24 Consideraccedilotildees
Como se sabe os marinheiros envolvidos nas viagens mariacutetimas portuguesas
eram fundamentalmente gente do povo pouco instruiacuteda natildeo lhes sendo acessiacutevel portanto
o domiacutenio de uma terminologia muito elaborada Mesmo assim ela existe eacute dicionarizada e
merece ser estudada Podemos dizer que ao desenvolvimento das ciecircncias e teacutecnicas naacuteuticas
em Portugal correspondeu o florescimento de toda uma terminologia vernaacutecula herdada no
Brasil
31
MARINHA IMPERIAL Disponiacutevel em lt httpswwwmarmilbrmenu_hnoticias0609201002htmlgt
Acesso em 25 Abr 2011
49
Depois dessa breve exposiccedilatildeo acerca das grandes navegaccedilotildees que rudimentares
nos seacuteculos XIV e XV ultrapassaram o niacutevel da praacutetica rotineira jaacute nos primeiros anos do
seacuteculo XVI passamos a apresentar os procedimentos metodoloacutegicos adotados nesta pesquisa
50
Capiacutetulo 3
51
Capiacutetulo 3 ndash Procedimentos metodoloacutegicos
Como jaacute apontado na Introduccedilatildeo nossa pesquisa insere-se na aacuterea do leacutexico mais
especificamente do leacutexico especializado referente aos termos naacuteuticos Em nosso entender o
leacutexico especializado ou a terminologia e suas unidades ndash os termos ndash natildeo se separam
artificialmente do resto da liacutengua mas encaixam-se fazendo parte integrante dela Nessa
perspectiva natildeo concebemos a terminologia nem os termos seus objetos de anaacutelise como um
mundo agrave parte da realidade linguiacutestica de uma liacutengua Ao contraacuterio acreditamos que as
terminologias presentes em um dicionaacuterio satildeo constituiacutedas de subsistemas ndash tais como termos
meacutedicos termos da arquitetura termos naacuteuticos dentre muitos outros ndash que interagem dentro
de um sistema maior que eacute o leacutexico geral
Sobre esse tema Murakawa (2002 p 21) discorre
[] o leacutexico de uma liacutengua se compotildee de dois grupos de unidades lexicais num 1ordm
grupo as unidades satildeo compreendidas e empregadas do mesmo modo por todos os
membros da sociedade num 2ordm grupo as unidades satildeo apenas compreendidas e
empregadas por parte maior ou menor dessa sociedade e satildeo usadas no seu emprego
correto pelos membros de um grupo particular
De acordo com essa linguista por necessidade de se compor uma terminologia as
pessoas buscam na liacutengua comum unidades leacutexicas que passaratildeo a ter daiacute por diante um
significado especiacutefico
Nessa visatildeo seguimos as propostas teoacutericas defendidas por Cabreacute (1999) no
acircmbito da teoria comunicativa da terminologia Segundo essa terminoacuteloga os termos satildeo
unidades lexicais de fato que assumem significados especializados quando usadas em
determinados acircmbitos de especialidade Assim sendo podemos encontrar inuacutemeros termos
que tecircm por base unidades da liacutengua corrente que migram para registros linguiacutesticos
especializados como tambeacutem encontramos unidades lexicais terminoloacutegicas formadas por
estruturas morfoloacutegicas comuns agraves estruturas de palavras que encontramos no leacutexico da liacutengua
corrente
Sabemos que nos uacuteltimos anos os estudos terminoloacutegicos conheceram um
desenvolvimento notaacutevel com os avanccedilos da Linguiacutestica em geral e da lexicologia em
particular tendo-se hoje em dia uma visatildeo muito mais ampla da unidade lexical de uma
linguagem especializada
Neste estudo partimos de um tema ou de um ldquoassuntordquo ndash ou seja da terminologia
naacuteutica trabalhamos pois com o percurso ldquodo conceito agrave palavrardquo ou ldquoda ideia ao signordquo
nos moldes do meacutetodo onomasioloacutegico
52
Por onomasiologia entende-se um aspecto particular da pesquisa linguiacutestica que
partindo de uma determinada ideia examina as vaacuterias maneiras com as quais essa
ideia encontrou expressatildeo na palavra32
Em seguida estendemos nossa anaacutelise agrave palavra ou ao signo linguiacutestico ndash percurso
semasioloacutegico e voltamos ao onoma
Para os conceitos de leacutexico lexicologia lexicografia terminologia adotamos
como base teoacuterica Matoreacute (1953) Biderman (1978 1991 1998 1999 2001) Cabreacute (1999)
Barros (2007 2009) Krieger e Finatto (2004) Krieger (2006)
Para a anaacutelise dos dados ao longo do tempo tomamos como base norteadora a
concepccedilatildeo de Linguiacutestica Histoacuterica tal como apresentada por Bynon (1977 p 1-2) e Cohen
(1996 p3) que postulam
A Linguiacutestica Histoacuterica procura investigar e descrever a maneira pela qual as liacutenguas
mudam ou conservam suas estruturas atraveacutes do tempo seu domiacutenio eacute portanto a
liacutengua no seu aspecto diacrocircnico
As limitaccedilotildees do trabalho diacrocircnico satildeo tantas que natildeo se pode abrir matildeo de
informaccedilotildees que possam nos facilitar o acesso agrave liacutengua antiga
31 Objetivos
Nosso objetivo geral nesta pesquisa eacute realizar um estudo sincrocircnico e diacrocircnico
do leacutexico correspondente agrave terminologia naacuteutica presente no Diccionario da Lingua
Brasileira de Luiz Maria da Silva Pinto publicado na cidade de Ouro Preto no ano de 1832
Como objetivos especiacuteficos almejamos
1) estudar as origens dos termos naacuteuticos Sabemos que ao desenvolvimento das ciecircncias
e teacutecnicas naacuteuticas em Portugal correspondeu o florescimento de toda uma
terminologia vernaacutecula mas haacute outros termos provenientes de liacutenguas como o catalatildeo
o italiano e o aacuterabe
2) conferir se os termos selecionados se encontram presentes em obras lexicograacuteficas de
referecircncia nos seacuteculos XVIII XIX XX e se os mesmos mantiveram seus
significados e ainda se constam como ldquotermos naacuteuticosrdquo
3) consultar o corpus do Projeto DHPB CNPq com o objetivo de verificar se os termos
constantes no Diccionario da Lingua Brasileira integraram no passado o nosso
leacutexico e se havia variantes ortograacuteficas da palavra nos textos escritos dos seacuteculos
XVI XVII XVIII
4) o Brasil eacute composto por numerosas culturas que se vecircem refletidas em nossas escolhas
vocabulares atraveacutes do tempo inclusive no campo das liacutenguas de especialidade A
32
BERTOLDI citado por Babini 2006 p 38
53
exploraccedilatildeo econocircmica das terras americanas constitui um episoacutedio da Histoacuteria que se
refletiu de maneira significativa natildeo soacute na incorporaccedilatildeo de novas palavras no
Portuguecircs do Brasil mas na progressiva modificaccedilatildeo semacircntica e lexical de diversos
termos no fluir do tempo Assim temos como um dos objetivos analisar o repertoacuterio
textual concernente agrave navegaccedilatildeo econocircmica da colocircnia em documentos e textos
originais o que constitui uma das fontes primaciais para a compreensatildeo de nossa
proacutepria trajetoacuteria histoacuterica
5) verificar se a terminologia naacuteutica presente no Diccionario da Lingua Brasileira
descreve a realidade brasileira nessa aacuterea ou se faz parte desse dicionaacuterio somente com
o objetivo de enriquecer nosso leacutexico
6) apontar os termos naacuteuticos do dicionaacuterio Aureacutelio ndash seacuteculo XX Comparar esses termos
com o primeiro dicionaacuterio impresso no Brasil ou seja o Diccionario da Lingua
Brasileira verificando se houve manutenccedilatildeo expansatildeo ou mudanccedila nesse leacutexico de
especialidade
7) eacute notoacuterio que os marinheiros envolvidos nas viagens e na empresa dos
Descobrimentos eram fundamentalmente gente do povo gente simples que tripulava
os navios e executava a maioria das operaccedilotildees necessaacuterias agrave manobra do barco natildeo
lhes sendo acessiacutevel portanto o domiacutenio de uma terminologia elaborada Supomos
que a terminologia usada por estes profissionais teria de ser forccedilosamente simples (ou
simplificada) constituiacuteda por muitos termos provenientes da liacutengua corrente que lhes
permitissem conceitualizar realidades especializadas (como as relacionadas com a
navegaccedilatildeo com as manobras envolvidas neste processo com as partes do navio e com
os instrumentos que dele fazem parte) Esse leacutexico estaacute presente no Diccionario da
Lingua Brasileira e ou no Aureacutelio ndash seacuteculo XX
8) contribuir para o desenvolvimento da investigaccedilatildeo histoacuterica na aacuterea da Terminologia
disponibilizando um estudo da aacuterea de especialidade devidamente analisado
54
32 Caracteriacutesticas do Diccionario da Lingua Brasileira
Em termos de microestrutura o Diccionario da Lingua Brasileira apresenta
basicamente a entrada e a classe morfoloacutegica seguida da definiccedilatildeo Quando recebe ldquomarcas
de usordquo essas vecircm entre parecircnteses depois da classificaccedilatildeo morfoloacutegica e antes da definiccedilatildeo
se o vocaacutebulo soacute tem uma acepccedilatildeo como mostra o verbete em destaque
Poucas vezes o Diccionario da Lingua Brasileira apresenta duas acepccedilotildees como
em abotoadura raras vezes apresenta trecircs como em arruela e nunca apresenta abonaccedilotildees
Algumas vezes realiza pequenos comentaacuterios
Quando apresenta duas ou mais acepccedilotildees a ldquomarca de usordquo vem sempre antes de
cada definiccedilatildeo como eacute o caso do termo arruela que eacute definida pelo autor como termo de
armaria termo naacuteutico e termo de ourives
55
33 Meacutetodos e procedimentos
Para a realizaccedilatildeo deste trabalho utilizamo-nos do volume digital da ediccedilatildeo
microfilmada iniciada no ano de 1982 pelo Arquivo Puacuteblico Mineiro localizado na cidade
de Belo Horizonte Minas Gerais certificado pela documentaccedilatildeo apresentada a seguir
IMAGEM 4 Documentaccedilatildeo da obra digitalizada
Realizamos primeiramente a leitura do Diccionario da Lingua Brasileira e
fizemos o levantamento das unidades lexicais que remetem ao mundo da navegaccedilatildeo
Observamos inicialmente para proceder a essa seleccedilatildeo as ldquomarcas de usordquo que se referem agrave
terminologia naacuteutica Em uma segunda etapa lemos todos os outros verbetes uma vez que
temos consciecircncia de que muitas terminologias dentre elas a naacuteutica natildeo se encontram
marcadas Partimos portanto como jaacute mencionamos de um corpus dicionariacutestico referente agrave
terminologia naacuteutica que se intitula da liacutengua brasileira do iniacutecio do seacuteculo XIX e
posteriormente organizamos um corpus composto por 153 unidades leacutexicas constituiacutedo de
117 substantivos 3 adjetivos 32 verbos e 1 adveacuterbio
Feita a recolha os dados foram organizados em fichas lexicograacuteficas
56
IMAGEM 5 Obra utilizada digitalizada pelo APM
57
331 Fichas lexicograacuteficas
Para sistematizar e analisar os dados elaboramos uma ficha que chamamos de
lexicograacutefica para cada unidade leacutexica selecionada Nesta seccedilatildeo apresentaremos a
constituiccedilatildeo dessa ficha
(Nuacutemero da ficha)
Apresentaccedilatildeo do termo selecionado da obra em formato digital
Apresentaccedilatildeo do termo digitado
______________________________________________________________________
Registro em dicionaacuterios
rarrCunha
rarrBluteau
rarrMoraes e Silva
rarrLaudelino Freire
rarrAureacutelio
Abonaccedilatildeo do termo em Banco de Dados
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Origem
Figura 3 Ficha Lexicograacutefica
a) Do lado esquerdo na parte de cima apresentamos o nuacutemero da ficha lexicograacutefica em
negrito
b) Na primeira divisatildeo da ficha na parte superior destacamos a unidade lexical que seraacute
analisada colando natildeo soacute o termo mas todo o verbete copiado da versatildeo digital da
obra em seguida no lado esquerdo esse verbete eacute digitalizado objetivando desse
modo facilitar a leitura
c) Na segunda parte da ficha destacamos como cada um dos cinco dicionaacuterios consultados
definem o termo Quando isso natildeo ocorre ou seja quando um dos dicionaacuterios natildeo
registra o termo indicamos ldquonerdquo (natildeo-encontrado) no espaccedilo seguinte ao nome do
autor
d) Quando o termo eacute abonado pelo Banco de Dados do Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do
Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI XVII XVIII constituiacutedo por textos da eacutepoca do
Brasil Colocircnia copiamos a abonaccedilatildeo no espaccedilo abaixo da linha pontilhada
e) A uacuteltima parte da ficha eacute composta por comentaacuterios e aponta ainda a origem do termo
Por meio das fichas consultando os autores das obras lexicograacuteficas
correspondentes a periacuteodos diversos podemos visualizar se a unidade lexical em estudo eacute ou
natildeo dicionarizada por um ou mais autores ou por nenhum deles e tambeacutem podemos
conhecer sua origem A ficha aponta ainda se o termo ocorreu ou natildeo no Brasil no periacuteodo
58
colonial Aleacutem de analisar o termo coletado a ficha lexicograacutefica constitui uma boa
ferramenta para nos auxiliar no trabalho de quantificaccedilatildeo e comparaccedilatildeo dos dados
Segue o modelo de uma ficha preenchida
Ficha 43
Calmaria s f (T Naut) Falta de vento
______________________________________________________________________
rarrCunha calma sf bdquogrande calor atmosfeacuterico geralmente sem vento‟ XV bdquoserenidade
sossego‟ 1813 Do it calma derivado do latim tardio cauma e este do grego kauma bdquocalor
ardente chama‟ [] calmaria sf bdquocalma‟ XVI
rarrBluteau Calmaricirca Tanquilidade das aguas do mar Malacia amp Fem Amanheceo o dia
ſeguinte em huma terrivel Calmaria Queirograves Vida do Irmatildeo Baſto pag 351
rarrMoraes e Silva calmaria sf de Naut Tempo de calma no mar em que o navio natildeo surde
ldquoestar o mar em calmariardquo []
rarrLaudelino Freire sf De calma + aria Cessaccedilatildeo do vento e do movimento das ondas
[]
rarrAureacutelio [ De calma + aria] Sf 1 Ausecircncia de ventos eou do movimento das ondas
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
[] por cinco ou seis dias tivemos grandes calmarias trovoadas e chuveiros tatildeo escuros e
medonhos e tatildeo fortes ventos que era cousa despanto e no meio dia ficavamos numa noite
mui escura
PADRE FERNAtildeO CARDIM (1980) [1583] III - INFORMACcedilAtildeO DA MISSAtildeO DO P
CHRISTOVAtildeO GOUVEcircA AacuteS PARTES DO BRASIL - ANNO DE 83 - OU NARRATIVA
EPISTOLAR DE UMA VIAGEM E MISSAtildeO JESUIacuteTICA[A00_0751 p 142]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente Moraes e Silva define calmaria como termo naacuteutico mas todos os
outros dicionaacuterios em suas definiccedilotildees remetem o significado desse termo a tempo e
atmosfera Origem italiana lt latina
FIGURA 4 Ficha Lexicograacutefica preenchida
Nesta parte de construccedilatildeo das fichas nos apoiamos em dicionaacuterios e banco de
dados tomamos como referecircncia o dizer de Bluteau (1712 v1) quando afirma que
As palavras natildeo significam por sua natureza mas por instituiccedilam dos homens amp
cada Naccedilatildeo assim barbara como polida deu principio amp sentido agraves palavras de
que usa Daqui nace que natildeo temos outra prova da propriedade das palavras que o
uso dellas amp deste uso natildeo hatilde evidencia mais certa amp permanente que a q nos fica
nas obras dos Autores ou manuscritas ou impressas
59
332 Sobre os dicionaacuterios consultados
Para a anaacutelise das unidades leacutexicas coletadas contamos com obras lexicograacuteficas
consideradas de referecircncia a saber
a) Vocabulario Portuguez e Latino de autoria de P Raphael Bluteau (seacuteculo XVIII)
Selecionamos esse dicionaacuterio por ser uma obra que contempla grande parte do leacutexico
da liacutengua portuguesa ateacute iniacutecio do seacuteculo XVIII aumentando e atualizando
aproximadamente em cinco vezes o vocabulaacuterio ateacute entatildeo dicionarizado conforme
destaca Verdelho33
e principalmente por ser reconhecido pelos estudiosos da aacuterea
como uma obra de referecircncia nos estudos lexicograacuteficos de liacutengua portuguesa De
acordo com Murakawa (2007 p173) a obra de Bluteau ldquonatildeo eacute uma obra lexicograacutefica
que trata apenas das palavras mas tambeacutem trata de coisas e por isso deve ser
considerada um dicionaacuterio ou um vocabulaacuterio enciclopeacutedicordquo De acordo com a
mesma autora ldquona maioria das vezes a informaccedilatildeo enciclopeacutedica completa a
informaccedilatildeo linguiacutestica das entradas e neste aspecto o Vocabulario se transforma num
repositoacuterio da cultura portuguesa e tambeacutem da cultura universalrdquo34
Ainda sobre a
importacircncia de termos selecionado essa obra que se organiza em torno de um corpus
real de liacutengua apoiamo-nos dizeres em Murakawa (2007 p 187)
Entre os inuacutemeros e variados meacuteritos que o Vocabulario possui um deles merece ser
ressaltado o iniacutecio de uma lexicografia portuguesa baseada em um corpus de
referecircncia organizado a partir de obras dos seacuteculos XV ao XVIII pertencentes aacutes
mais diversas aacutereas de conhecimento do periacuteodo de setecentos e o registro dessas
obras acompanhando os exemplos no interior dos verbetes indicando volume
paacutegina paraacutegrafo foacutelio e quando existia ateacute mesmo a ediccedilatildeo consultada
A composiccedilatildeo do Vocabulario constituiu um longo e conturbado
empreendimento que ocupou quase 50 anos da vida de Rafael Bluteau Na dedicatoacuteria a D
Joatildeo V Bluteau lembra a necessidade de uma obra que fizesse justiccedila agrave grandeza da liacutengua
portuguesa de Portugal e sobretudo do seu rei ldquoobjectivos que conferem ao Vocabulario
uma dupla funccedilatildeo poliacutetica pois para aleacutem de contribuir para a afirmaccedilatildeo do portuguecircs no
panorama linguiacutestico europeu concorre para a construccedilatildeo da imagem de um monarca
ilustrado e mecenasrdquo35
33
VERDELHO 2002 p 23 34
MURAKAWA 2007 p 186-187 35
SILVESTRE 2001 p 2
60
IMAGEM 6 O Vocabulario de Bluteau
61
b) Diccionario da Liacutengua Portugueza de autoria de Antoacutenio de Moraes Silva (seacuteculo
XIX) Tomando como base o Vocabulaacuterio Portuguez e Latino Moraes constroi seu
dicionaacuterio utilizando-se tambeacutem de obras de vaacuterios autores acrescentando outros
mais que P Raphael Bluteau o que talvez por influecircncia do Tribunal do Santo Ofiacutecio
e ainda pela censura literaacuteria tenham sido deixadas por esse uacuteltimo conforme
destaca Murakawa36
Segundo ainda essa autora37
ldquoo Diccionario de Moraes pode
ser considerado como o primeiro dicionaacuterio de uso da liacutengua portuguesa porque os
que o antecederam natildeo podem ser classificados de tal maneirardquo Nesta pesquisa
utilizamos para consulta o volume digitalizado da ediccedilatildeo de 1813
IMAGEM 7 O Diccionario de Moraes Silva
36
MURAKAWA 2007 p31 37
Op cit p119
62
c) O Grande e Noviacutessimo Dicionaacuterio da Liacutengua Portuguesa de Laudelino Freire
(primeira metade do seacuteculo XX) foi escolhido como obra de referecircncia da primeira
metade do seacuteculo XX por tratar-se de um dicionaacuterio que apresenta grande riqueza
vocabular por incluir muitas locuccedilotildees expressotildees e brasileirismos Laudelino de
Oliveira Freire seu autor nasceu em Lagarto SE em 26 de janeiro de 1873 e faleceu
no Rio de Janeiro RJ em 18 de junho de 1937 Formou-se em Direito em 1902 Foi
advogado jornalista professor poliacutetico criacutetico e filoacutelogo Eleito em 1923 para a
Cadeira n 10 na sucessatildeo de Rui Barbosa como membro da Academia Brasileira de
Letras laacute organizou trabalhos em lexicografia tendo apresentado em 1924 um plano
de dicionaacuterio de liacutengua portuguesa A comissatildeo encarregada desse dicionaacuterio foi
dissolvida em 1934 A obra (1939-1944) eacute publicaccedilatildeo poacutestuma composta em cinco
volumes impressa pela editora A Noite com a colaboraccedilatildeo de J L de Campos Vasco
Lima e Antocircnio Soares Franco Juacutenior
IMAGEM 8 Grande e Noviacutessimo Dicionaacuterio da Liacutengua Portuguesa de Laudelino Freire
d) Novo Dicionaacuterio Aureacutelio da Liacutengua Portuguesa de Aureacutelio Buarque de Holanda
Ferreira (2004) Optamos por essa obra pelo fato de este ser considerado como um
dicionaacuterio padratildeo da sociedade brasileira apresentando um vasto repertoacuterio lexical
incluindo grande nuacutemero de brasileirismos Eacute um dicionaacuterio que embora conte com
limitaccedilotildees apresenta grande nuacutemero de abonaccedilotildees de obras variadas exemplificaccedilotildees
exemplos baseados em linguagem falada e escrita indicaccedilatildeo da variabilidade
linguiacutestica no territoacuterio nacional aleacutem de concisatildeo e clareza nas definiccedilotildees
e) Dicionaacuterio Etimoloacutegico Nova Fronteira da Liacutengua Portuguesa de autoria de Antocircnio
Geraldo da Cunha Consta em nossa ficha esse dicionaacuterio com o objetivo principal
esclarecer a origem dos vocaacutebulos e a dataccedilatildeo aproximada da sua entrada na liacutengua
63
portuguesa Outra finalidade da escolha desse dicionaacuterio foi a de identificar as formas
variantes que tais vocaacutebulos adquiriram ao longo do tempo podendo com isso verificar
se algumas dessas formas coincidiam com aquelas encontradas no nosso corpus
Apoacutes a consulta a essas obras visando constatar se os termos selecionados
encontravam-se ou natildeo presentes nelas observando ainda suas origens e as marcas de uso
passamos posteriormente a consultar o Banco de Dados do Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do
Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI XVII XVIII
333 Sobre o Banco de Dados
O Banco de Dados PDHPB CNPq integra o Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do
Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI XVII XVIII e eacute constituiacutedo por uma base informatizada
que reuacutene textos do portuguecircs do Brasil ou sobre o Brasil colonial dos mais variados gecircneros
escritos por autores brasileiros e portugueses radicados no paiacutes desde o seacuteculo XVI
O Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI XVII XVIII
(DHPB) do Programa Instituto do Milecircnio ndash CNPq com sede na Faculdade de Ciecircncias e
Letras da UNESP (Universidade Estadual Paulista) Campus de Araraquara foi idealizado e
construiacutedo pela linguista Maria Tereza Camargo Biderman e com seu falecimento em 2008
estaacute sendo coordenado pela tambeacutem linguista Clotilde de Almeida Azevedo Murakawa Eacute um
projeto de um dicionaacuterio histoacuterico diacrocircnico portanto documental que tem como objetivos
especiacuteficos
1) reunir numa obra de consulta o leacutexico da liacutengua portuguesa que no periacuteodo do
Brasil Colonial fixou um repertoacuterio lexical que veio a constituir o portuguecircs
brasileiro 2) registrar as unidades lexicais substantivos adjetivos e verbos que
compotildeem a nomenclatura do Dicionaacuterio Histoacuterico 3) extrair dos contextos
inseridos no banco de dados todas as acepccedilotildees que a palavra-entrada ou lema
possui acompanhadas do contexto e de completa informaccedilatildeo bibliograacutefica 4)
registrar a data mais antiga que a entrada apresenta no conjunto de todos os
documentos que compotildeem o banco de dados38
Utilizando dois programas computacionais ndash o Philologic e o UNITEX 20 o
Banco de Dados do DHPB foi construiacutedo no Laboratoacuterio de Lexicografia da UNESP sede do
Projeto estabelecido o ano de 1500 com a carta de Caminha a dataccedilatildeo documental mais
antiga e o ano de 1808 data da chegada da famiacutelia real ao Brasil sua dataccedilatildeo mais perto da
contemporacircnea
38
MURAKAWA 2010 p 331
64
Sobre os textos utilizados eles se constituem os mais variados possiacuteveis
conforme nos aponta Murakawa (2010 p334)
Com relaccedilatildeo agrave tipologia das obras escolhidas haacute que se ressaltar que tendo em vista
os objetivos especiacuteficos do DHPB elas foram as mais variadas possiacuteveis obras dos
missionaacuterios viajantes na sua maioria jesuiacutetas que vieram em missatildeo catequeacutetica e
no Brasil se fixaram diaacuterios de navegaccedilatildeo como o de Pero Lopes de Sousa irmatildeo
de Martim Afonso de Sousa cartas de sesmarias roteiros descritivos da flora e
fauna brasileiras descriccedilotildees geograacuteficas cartas e sermotildees do PeVieira pregados
aqui no Brasil e de outros oradores sacros que para aqui vieram obras e
documentos que tratam do Estado do Gratildeo Paraacute durante a era pombalina obras
sobre a nobiliarquia paulistana atos de cacircmaras municipais documentos cartoriais
autos de devassas feitos durante a Inconfidecircncia Mineira processos inventaacuterios
testamentos alvaraacutes posturas bandos atos de doaccedilotildees de terras casas e terrenos
cartas de ofiacutecio patentes cartas dos governadores gerais provisotildees documentos
forenses constituiccedilotildees dos bispados no Brasil regimentos militares obras sobre
medicina farmaacutecia agricultura etc e muitas outras num conjunto que pode ser
considerado ldquomonumentalrdquo para os fins a que foi proposto
Contando com aproximadamente 7 milhotildees e 500 mil ocorrecircncias esse Banco de
Dados por noacutes consultado permitiu que dele extraiacutessemos as unidades lexicais comuns aos
153 termos constantes no nosso corpus em estudo
A utilizaccedilatildeo do Banco de Dados do Projeto DHPB permitiu que conferiacutessemos se
os termos que compotildeem nosso corpus se encontram contextualizados em textos do periacuteodo
colonial brasileiro e ainda que observaacutessemos suas variaccedilotildees
Depois de explicitarmos as posiccedilotildees teoacutericas adotadas e os meacutetodos e
procedimentos de que lanccedilamos matildeo nesta pesquisa passemos no proacuteximo capiacutetulo agrave
descriccedilatildeo e anaacutelise dos dados catalogados em fichas lexicograacuteficas
65
Capiacutetulo 4
66
Capiacutetulo 4 ndash Apresentaccedilatildeo e Descriccedilatildeo dos Dados
Conforme jaacute relatado no Capiacutetulo 3 para cada um dos 153 termos marcados
como ldquotermo naacuteuticordquo no dicionaacuterio DLB construiacutemos uma ficha lexicograacutefica Essa ficha
nos daacute vaacuterias informaccedilotildees 1) transcreve o verbete selecionado do DLB 2) aponta sua origem
3) mostra se o dado selecionado eacute considerado ldquotermo naacuteuticordquo pelos lexicoacutegrafos a) Bluteau
(seacutec XVIII) b) Moraes e Silva (seacutec XIX) c) Laudelino Freire (seacutec XX) d) Aureacutelio (seacutec
XXI) 4) indica por meio de abonaccedilotildees se o termo em estudo ndash na forma apresentada pelo
dicionaacuterio em anaacutelise ou em suas variantes ortograacuteficas e foneacuteticas ndash consta no Banco de
Dados do Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI XVII XVIII
que reuacutene textos escritos por brasileiros ou sobre o Brasil durante o periacuteodo colonial 5)
realizam-se comentaacuterios com o objetivo de fornecer esclarecimentos para posterior anaacutelise
A seguir listamos essas fichas em ordem alfabeacutetica
A
Ficha 1
[]
rarrAba sf [] No plural (T naut) os lados dos machos e femeas em que gira o leme e que
estatildeo pregados no navio e no leme
________________________________________________________________ rarrCunha aba
1 sf bdquoparte pendente de um objeto‟l XIII abaa XIV l De origem duvidosa
talvez se filie ao lat ălăpa atraveacutes de uma forma ăpăla como se poderia depreender do port
ant abaa []
rarrBluteau Diz-ſe da extremidade ou de algum acrecentamento na extremidade de couſas
naturaes ou artificiaes como em obras de marcenaria carpintaria amp outras []
rarrMoraes e Silva natildeo consta com essa acepccedilatildeo
rarrLaudelino Freire sf [] 4 Os lados de uma cousa as metades as partes laterais as
bandas aba da focirclha da janela etc
rarrAureacutelio [] 3 Prolongamento ger dobraacutevel de tampo de mesa ou de outros moacuteveis []
8Fig Proteccedilatildeo amparo arrimo
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo existem ocorrecircncias de aba como termo
naacuteutico
_______________________________________________________________ Comentaacuterios nenhum dos dicionaacuterios define aba como termo naacuteutico Origem duvidosa
(latina)
67
Ficha 2
Abotoadura sf [] No plur (T naut) As peccedilas de ferro que estatildeo debaixo das mezas e
seguratildeo as enxarcias com suas bigotas Abotucaduras parece ser corrupccedilatildeo deste vocabulo ______________________________________________________________________
rarrCunha abotoado ndashadura -amento -ar rarr BOTAtildeO [] Do a francecircs AbotoADURA
1813 botoadura XIV
rarrBluteau Abotoadugravera (Termo de navio) Satildeo huns ferros que vem debaxo das mezas de
guarniccedilatildeo amp tem matildeo na enxarcia com ſuas bigotas
rarrMoraes e Silva abotoaduacuteras s f pl naut Peccedilas do navio de ferro que vem debaixo das
mezas de guarniccedilatildeo e tem matildeo na enxarcia com suas bigotas
rarrLaudelino Freire sf De abotoar + dura Ato de abotoar []Jocircgo de bototildees que se
tomam no aparelho do navio com linha alcatroada em forma de cruz etc ABOTOADURAS
sf pl O mesmo que abatocadurasABATOCADURAS sf pl De abatocar + dura ndash s Naacuteut
Nome geneacuterico que designa as cadeias chapas e cavilhas que seguram as mesas das enxaacutercias
reais contra o costado do navio Var morf Batocaduras
rarrAureacutelio [De abotoar + -dura] SF Marinh Conjunto de bototildees que ligam dois cabos ou
duas pernadas do mesmo cabo
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo existem ocorrecircncias de abotoadura
abotoaduras abotucaduras abatocaduras como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios consultados apresentam abotuadura(s) como termo
naacuteutico ou da marinha ou de navio Origem francesa
Ficha 3
Abroquelar va cobrir com broquel (T nau) Bracear por sota vento ao virar de bordo
depois de ter dado geito ao braccedilo do velaxo por barlavento
______________________________________________________________________
rarrCunha abroquelar BROQUEL sm bdquoescudo antigo redondo e pequeno‟bru- XVIDo a
francecircs bocler (hoje bouclier) de bocle bdquoguarniccedilatildeo de metal no centro do escudo‟ e este do
latim bŭcŭla dim de bucca bdquoboca‟ AbroquelAR XVII abru- XVI
rarrBluteau natildeo consta
rarrMoraes e Silva ABROQUELAacuteR vat Cobrir com broquel sect __se no f guardar-se
forrar-se emparar-se Arte de furtar p 322
rarrLaudelino Freire ABROQUELAR Naacuteut Bracear por sotavento ao virar de bordo depois
de ter dado jeito ao braccedilo do velacho por barlavento
rarrAureacutelio [De a-2 + broquel + -ar
2] [] 2 Resguardar ou cobrir com broquel ou escudo 3
Fig Proteger defender resguardar escudar []
68
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo existem ocorrecircncias de abroquelar como
termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios somente Laudelino Freire aponta abroquelar como termo naacuteutico Sua
definiccedilatildeo eacute idecircntica agrave do DLB Origem francesa
Ficha 4
[]
Accedilafratildeo sm ndashotildees no plur [] T Naut o largo do leme justo ao couce que serve para
facilitar o movimento delle
______________________________________________________________________
rarrCunha sm bdquoplanta da fam das iridaacuteceas‟ ccedilaffram XIV Do aacuterabe az-zafaran rarrBluteau AacuteCAFRAM [] do Arabico Zabafaran[] Accedilafratildeo (Termo de naacutevio) He o
largo do leme junto agrave patelha amp ſerve para facilitar o movimento do meſmo leme
rarrMoraes e Silva ACcedilAFRAtildeO sm t naut O largo do leme junto agrave patelha o qual serve
para facilitar o seu movimento
rarrLaudelino Freire ACcedilAFRAtildeO sm Aacuter Azzaferan Planta bulbosa da famiacutelia das iridaacuteceas
(Crocus sativus) Naacuteut Madeira exterior larga junto a palhecircta do leme ao qual facilita os
movimentos
rarrAureacutelio accedilafratildeo [Do aacuter az-zalsquofarăn do persa] Sm Bot Planta herbaacutecea da famiacutelia das
iridaacuteceas (Crocus sativus) de procedecircncia europeia e possuidora de um bolbo perene 2 Bot
A flor dessa planta accedilaflor 3 Bras V urucu1 (2)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo apresenta ocorrecircncia para accedilafratildeo como
termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Aureacutelio e Cunha soacute definem accedilafratildeo como nome de planta Os outros
dicionaacuterios apontam accedilafratildeo como 1) nome de planta 2) termo naacuteutico Origem aacuterabe
Ficha 5
Agarruchar va (T naut) atar com garruchas
______________________________________________________________________
rarrCunha Garrocha gt garra ceacuteltico
rarrBluteau AGARROCHAR Ferir com garrocha Jaculo figere transfigegravere transverberare
Vid Garrocha
rarrMoraes e Silva AGARRUCHAR v at Naut Apertar atar com garruchas [] mesuraratildeo
as velas e agarruchaacuteratildeo os papafigos
rarrLaudelino Freire AGARROCHAR v tr dir De a + garrocha + ar Ferir com garrocha
farpear Instigar excitar incitar estimular AGARRUCHADO adj p p de agarruchar1
Naacuteut Apertado com garruchas AGARRUCHAR [] Ant Naacuteut Atar ou apertar com
garruchas
rarrAureacutelio agarruchar [De a-2+ garrocha + -ar
2 ] V td 1 Apertar ou atar com garrucha (2)
[Cf agarrochar e agarrunchar] agarrochar [De a-2
+ garrocha + -ar2
] Vtd 1 Ferir ou
picar com garrocha garrochar 2 Incitar estimular 3 Atormentar mortificar []
agarrunchar [] Vtd Ligar com garruncho []
69
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo apresenta ocorrecircncia para agarruchar
como termo naacuteutico
_____________________________________________________________________
Comentaacuterios Moraes e Silva e Laudelino Freire apontam agarruchar como termo naacuteutico
Origem duvidosa (ceacuteltico)
Ficha 6
Alcaxas sf (T naut) Espaccedilo entre cinta e cinta do navio
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau T de navio He tomado o vatildeo entre cinta amp cinta da banda de fora da nao
rarrMoraes e Silva sf pl t naut O vatildeo entre cinta e cinta pelo costado do navio
rarrLaudelino Freire ALCAXAS sf O mesmo que alcaichaALCAIXA Naacuteut 1 Espaccedilo
entre as cintas e verdugas por fora dos navios 2 Faixa branca pintada na altura da bateria
pela parte exterior 3 Uma ou mais ordens de debrum branco no colarinho das camisas dos
marinheiros
rarrAureacutelio natildeo constam os lemas alcaicha alcaxa alcaixa alcaxas
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo apresenta o termo alcaxas e suas
variantes
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Bluteau Moraes e Laudelino apresentam alcaxas como termo naacuteutico
Origem controvertida (Houaiss 2001)
Ficha 7
Aldrope sm (T nautico) cabo que se ata agrave manga da bomba V Gualdrope
Gualdrope sm Cabo que se ata no extremo da cana do leme e nas amuradas para o governar
melhor
______________________________________________________________________
rarrCunha aldrope- sm bdquocabo com que se puxa a picota da bomba a bordo ou se auxilia o
governo do leme‟l aldrope XVI gualdrope XVIII l Do ing guide-rope provavelmente
rarrBluteau ALDROPE (Termo de navio) Vid Gualdrope Sem largarem os Aldropes das
bombas das matildeos de dia nem de noite
rarrMoraes e Silva ALDROacutePE sm Cabo que se ata aacute manga da bomba para augmentar a
forccedila ou para poderem zonchar mais pessoas Couto 415sect Talvez se toma poacutelo manuacutebrio ou
manga e seraacute o mesmo que Gualdrope cabo que se ata ao leme para o segurar melhor e
governa-lo Idem 7103
rarrLaudelino Freire ALDROPE sm O mesmo que galdropeGaldrope sm Naacuteut Cabo
com que se puxa a picota da bomba a bordo ou se auxilia o governo do leme
rarrAureacutelio aldrope- (Galdrope [Do ing guide rope]) Sm Constr Nav Ant V gualdrope
Gualdrope [Var De galdrope lt ingl guide-rope] Sm Const Nav 1 Corrente cadeia ou
cabo de arame que transmite agrave cana do leme os movimentos da roda do leme [] 2 Nas
embarcaccedilotildees miuacutedas cada um dos cabos presos agraves duas pontas da meia-lua do leme para
manobra deste
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo constam aldrope e suas variantes
______________________________________________________________________
70
Comentaacuterios Em todas as obras consultadas aldrope e gualdrope satildeo termos ligados a arte
de navegaccedilatildeo Origem inglesa
Ficha 8
Alestar va Por lesto Ter prestes ccedilafar entre os naacuteuticos
______________________________________________________________________
rarrCunha alestar natildeo consta Lesto de origem obscura
rarrBluteau LESTO O meſmo que leſtes Vid No ſeu lugar (De maneira que ficou leſto o
navio Britto Viagem do Braſil pag 85) LESTES amp preſtes Preparado poſto em ordem
couſa prompta para algum fim Paratus a um Cic Vid Preſtes
rarrMoraes e Silva ALEacuteSTAR vat fazer lesto desembaraccedilar Amaral f51v mandou alestar
as peccedilas do leme que vinhatildeo recolhidas ieacute ter prestes safar se natildeo eacute erro por assestar
rarrLaudelino Freire ALESTAR vrv De a + lesto + ar Tornar lesto pronto ou
desembaraccedilado (tr dir pr) ldquoAlestar os empregadosrdquo ldquoMinerva o enrija e alestardquo (Odorico
Mendes) ldquoAleste-se
rarrAureacutelio ALESTAR [De a-2 + lesto + -ar
2] []1 Tornar(-se) lesto apressar(-se) ativar(-
se)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Cinco dias se deteve a caravela em Cabo-Verde os quaes acabados levou ferro e se pocircz
lesta a seguir viagem aos 26 do mesmo Dezembro []
PADRE JOSEacute DE MORAES (1860) [1759] LIVRO III - ENTRADA DA COMPANHIA DE
JESUS NA CAPITANIA DO GRAtildeO-PARAacute - CAP X - FELIZ VIAGEM PARA A MISSAtildeO DO
MARANHAtildeO DO GRANDE PADRE ANTONIO VIEIRA GRANDE EMBARACcedilO QUE TEVE
ANTES DA SUA PARTIDA PODERES E MERCEcircS COM QUE O DESPEDIO O PIISSIMO E
SEMPRE AUGUSTO REI O SR D JOAtildeO IV [A00_0279 p 281]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios nenhum dos dicionaristas apontam alestar como termo naacuteutico embora
Bluteau e Moraes apresentem abonaccedilotildees indicando que esse lexema remete ao universo
mariacutetimo Origem obscura
Ficha 9
[]
Alforge sm [] Alforges no Navio he a parte da poppa nos encontros e a reacute com humas
janellas para os lados que lhe servem de ornato
______________________________________________________________________
rarrCunha alforje sm ldquoduplo saco fechado nos extremos e aberto no meio‟ 1899 alforge
XVI alforja 1871 l Do ar Al- hurğ
rarrBluteau ALFORGE ou Alforges he huma eſpecie de ſacola de couro ou de outra mateacuteria
dividida em duas algibeiras em que ſe mete alguma proviſaotilde neceſſaria para a jornada amp nas
beſtas ſe potildeem nas ancas ou de huma amp outra parte do arccedilaotilde da ſella amp na gente de pegrave ſe
carrega nos ombros co hua parte ao peito amp outra agraves coſtas Derivaſe Alforge do Araacutebico
Ahfodia amp do verbo Ahfad que valo meſmo que guardar porque no Alforge guarda o
viandante o que leva para o ſeu ſuſtento []
rarrMoraes e Silva Apresenta alforje mas natildeo como termo naacuteutico
71
rarrLaudelino Freire ALFORJE sm Ar Al-khurj [] ALFORJES s m pl Naacuteut Saliecircncias
nos dois cantos da pocircpa
rarrAureacutelio alforge ou alforje- s m [Do aacuter al-hurğ] 1 Duplo saco fechado nas extremidades
e aberto no meio formando como que dois bornais que se enchem equilibradamente sendo a
carga transportada no lombo de cavalgaduras ou ao ombro de pessoas []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo apresenta ocorrecircncias para alforje alforge
como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios dentre os dicionaristas consultados somente Laudelino Freire aponta alforjes
(na forma plural) como termo naacuteutico Origem aacuterabe
Ficha 10
Almeida sm (T naut) O vatildeo por onde entra a cana do leme acima do cadaste
______________________________________________________________________
rarrCunha almeida sf bdquoabertura por onde entra a cana do leme‟ XVI De origem controvertida
rarrBluteau Almeida do leme ou almeida da nao He por onde entra a cana do leme por cima
do cadaſte Naotilde ſei que tenha nome proprio latino Calcule pella Almeida da nao abaixo em
bergantim Barros Decad 2 fol68 col2
rarrMoraes e Silva ALMEIDA sft de Naut O vatildeo por onde entra a cana do leme por cima
do cadaste A almeida do leme Barros
rarrLaudelino Freire ALMEIDA s f Ar Almayda Naacuteut Abertura ou vatildeo por onde entra a
cana do leme acima do cadaste parte cocircncava da popa do navio
rarr Aureacutelioalmeida S f Constr Nav 1 Parte curva do costado dos antigos navios de popa
quadrada logo abaixo do painel da popa e que com este forma acircngulo obtuso ou uma
curvatura
rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo apresenta ocorrecircncias para almeida como
termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todas as obras indicam almeida como termo naacuteutico Origem aacuterabe (Sousa
amp Moura)
Ficha 11
Amura sf (T naut) cabo grosso que prende nos punhos das vegravelas e se fixatildeo na amurada
______________________________________________________________________
rarrCunha muro sm Amura sf bdquotipo de cabo naacuteutico‟ XVI Der Regress De amurada
rarrBluteau Amugravera Termo de navio He hum cabo groſſo que vai do punho da vela grande amp
do traquete a borda da nao para eſtender as velas quando o vento he eſcaſſo Naotilde tem palavra
propria latina
rarrMoraes e Silva AMURA s f t naut A quadra de proa nas embarcaccedilotildees Cast 2 c 101 sect
it Cabo que prende em uma ponta da vela grande e a vem fixar na borda ou amurada da naacuteo
rarrLaudelino AMURA s f Cabo com que se mareiam os papafigos e as velas menores
cutelos e varredouras 2 Quadra da proa
rarrAureacutelio amura [Der regress de amurada] S f 1 Constr Nav Bochecha (3) 2Marinh
Cabo com que se puxa para vante o punho de barlavento de uma vela redonda de modo que
ela receba bem o vento 3 MarinhCabo com que se prende ao mastro ou na direccedilatildeo da proa
o punho da amura de uma vela latina
72
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo conteacutem o termo amura Origem
portuguesa lt latina
Ficha 12
Amurada s f (T naut) A parte exterior e interior do navio onde se fixatildeo as amuras
______________________________________________________________________
rarrCunha amura -ada ndash MURO sm bdquoparede forte que circunda um recinto ou separa um
lugar do outro‟ fig defesa proteccedilatildeo XIII Do latim murus ndashi Amura sf 1tipo de cabo
naacuteutico‟ XVI Der Regress de AmurADA sf 1face interna do costado de uma embarcaccedilatildeo‟
XVI []
rarrBluteau AMURADAS da nao caravela ou outra Embarcaccedilaotilde Saotilde mais altos da parte de
dentro Latera navis interiora Nas Amuradas das caravellas Damiaotilde de Goes Fol 70 col 3
rarrMoraes e Silva AMURAacuteDA s f A parte mais alta dos bordos da natildeo onde se fixatildeo as
amuras Goacutees Cron Man 70 sect O costado do navio pola parte de dentro ldquo encostar-se nas
amuradasrdquo correu o canhatildeo contra a amurada de bombordordquo
rarrLaudelino Freire AMURADA s f De amura + ada Prolongamento do costado do navio
acima da parede interna do casco
rarr Aureacutelio [F subst de amurado]S f 1 Constr Nav Face interna do costado de uma
embarcaccedilatildeo2 Constr Nav Prolongamento do costado da embarcaccedilatildeo acima do conveacutes
descoberto borda da embarcaccedilatildeo 3 P ext Muro de arrimo paredatildeo
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Muito conʃiderada ʃeragrave a eleiccedilatildeo dos Cabos para aʃsiʃtir agrave polvora trazer cartuxos apagar
fogo cudado da artelharia do arpeo amp ronda das amuradas com lenternas em vigia das
balas ao lume da agoa para as tomarem por dentro
FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR () [A00_2496 p 61]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todas as obras consultadas apresentam amurada ou amuradas como termo
naacuteutico Origem portuguesa lt latina
Ficha 13
Anrique sm (T naut) Corda em que a boia se prende aacute ancora
______________________________________________________________________
rarrCunha consta ourinque sm bdquoespeacutecie de espinhel‟ l XVI ourinquis pl XV l O voc port
talvez se relacione com o cast orinque o a cat orri e o fr orin todos derivados do neerl
ooring bdquoanel que sutenta o cabo das embarcaccedilotildees‟
rarrBluteau ANRIQUE da Anchora He huma corda que ſe amarra na unha da Anchora amp
vem acima da agoa amp na ponta ſe lhe potildeem huma boya Serve paraq cortandoſe a amarra
com que a nagraveo eſta amarrada ſe vacirc depois buſcar a Ancora Naotilde tem palavra proacutepria latina Na
Historia de Fern Mendes Pinto fol 262 col2 eſta erradamente Ourique em lugar de
Anrique
rarrMoraes e Silva ANRIacuteQUE s m t de Naut Corda com que se prende a boya aacute unha da
ancora
rarrLaudelino Freire ANRIQUE s m Corda com que se prende a boacuteia agrave unha da acircncora
rarrAureacutelio arinque1 [Var de ourinque (q v)]Sm Marinh1Linha que prende o ferro a uma
boacuteia para indicar a posiccedilatildeo daquele quando se encontra fundeado ourinque anrique arinque2
S m Bras SC 1 Espeacutecie de espinhel
73
rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo conteacutem o termo anrique
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam anrique como termo naacuteutico Origem
castelhana (orinque) lt neerlandesa (ooring)
Ficha 14
Arfar va (T Naut) Metter o navio hora a proa hora a poppa
______________________________________________________________________
rarrCunha arfar vb bdquorespirar com dificuldade ansiar ofegar‟ XVI Talvez do lat vulg
arefāre (claacutess arefacegravere bdquosecar‟) arfANTE 1899
rarrBluteau ARFAR (Termo Nautico) Arfar a naacuteo Levantar a naacuteo com alternadas agitaccediloens
a popa amp a proa Arfa a nao [] A grande capitania que recebe Com aproa ogroſſo mar que
Arfando (bebePereira Ulyſſca Cant 5 oit 16Arfar []
rarrMoraes e Silva ARFAR v n Balancear erguendo-se e tombando ou pendendo a naacuteo
Euf 25 B 3 7 sect Arfar o cavalo empinar-se por-se em femeas sect fig Restituir-se a cima a
coisa elastica acurvada v g as tranccedilas da palmeira arfatildeo com algum peso
rarrLaudelino Freire ARFAR v r v Naacuteut Balancear ou oscilar o navio abaixando ora a
popa ora a proa jogar (intr) ldquoNo oceano arfam trecircs caravelasrdquo (Pocircrto Alegre) ldquoQue importa
a borrasca se a nau tem a prende-la os rijos dentes de ferro da acircncora
rarrAureacutelio arfar [Do lat vulg arefare ltlat arefacere secar poss] [] 4Mar Balouccedilar
oscilar (a embarcaccedilatildeo) no sentido longitudinal erguendo a proa []
rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq
As naus entre montanhas de mar ainda quando arfavam mal se viam
JOSEacute ALVARES DE OLIVEIRA (1981) [nd] HISTOacuteRIA DO DISTRITO DO RIO DAS
MORTES SUA DESCRICcedilAtildeO DESCOBRIMENTO DAS SUAS MINAS CASOS NELE
ACONTECIDOS ENTRE PAULISTAS E EMBOABAS E CRIACcedilAtildeO DAS SUAS
VILAS[A00_0395p95]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam arfar tambeacutem como termo naacuteutico
Origem duvidosa (latim vulgar)
Ficha 15
Arriar v a (T Naacuteutico) Abaixar ou alargar a vela a bandeira etc
____________________________________________________________________
rarrCunha arriar vb bdquoabaixar descer ( o que estava suspenso ou levantado)‟ XVI Do cast
arriar deriv Do lat arrēdāre ldquopreparar dispor‟ Cp ARREAR
rarrBluteau ARRIAR ou Arrear (Termo Nautico) Alargar abater amp Arriar a eſcota He
alargar a ditta corda paraque naotilde tome a vela tanto vento Verjoriam laxare Arrias velas V
Amainar O que eſtiver de ſotavento Arrie o velacho Britto Viagem do Brazil pag 268
Arriar a bandeira Abaxalla Bellicum vexilium demittere (mitto ) pondolhe a proa com
a bandeira que Arriaracirc amp iſſaracirc com eſpaccedilo Britto Viagem do Braſil paacuteg 269
rarrMoraes e Silva ARRIAacuteR v at Abater amainar vg arriar as bandeiras velassect
Afroixar vg arriar as escotas para que a veacutela natildeo vaacute tatildeo enfunada sect Arriar-se segurar-se a
cabo para se alar para algum posto Cast 2 157
rarrLaudelino Freire ARRIAR vr 2ordf- Arriar eacute abaixar e em sua origem tecircrmo naacuteutico
Arriar a vela ( ad-retro ad-retrare cf francecircs cognato arriegravere)
74
rarrAureacutelioarriar [Do cat arriar] Verbo transitivo direto1Abaixar descer (o que estava
suspenso ou levantado) [] 4Marinh Deixar correr pouco a pouco (um cabo que aguenta um
peso)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
O que deʃcubrir vellas amp natildeo forem das noʃʃas tiraragrave hũa peʃʃa ʃeguindo-as com o farol aʃezo
para o acompanharem os mais Se as eʃtrangeiras paʃʃarem de duas tantas vezes como forem
as embarcaccedilotildees iʃʃaragrave amp arriaragrave hum farol de correr junto ao principal para advertirʃe que
eʃte movimento natildeo he do mar amp deʃparando hũa peʃʃa a Capitana volte aviʃala
FRACISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 59]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterio apesentam arriar entre outras acepccedilotildees como termo do
universo mariacutetimo acima consultados Origem castelhana
Ficha 16
[]
Arruella sf [] (T Nautico) Argolinhas de ferro
_____________________________________________________________________
rarrCunha arruela sf bdquochapa com furo circular pelo qual se introduz o parafuso a fim de que a
porca natildeo desgaste a peccedila que vai ser aparafusada‟ XV rroela XIV Do ant fr roelle (hoje
rouelle) deriv Do lat tard rotella dim De rǒta bdquoroda‟
rarrBluteau ARRUELAS Arruelas (Termo de Navio) Saotilde humas argolinhas de ferro que ſe
metem nas cavilhas ate ajuſtar o buraco para ſe lhe meter a chaveta Naotilde tem termo proprio
Latino
rarrMoraes e Silva (arrueacutella) [] t de Naut Arruellas satildeo argolinhas de ferro que se mettem
na cavilha ate ajustar o buraco para se lhe metter a chaveta aninas lhe chamatildeo nos engenhos
d‟assucar
rarrLaudelino Freire ARRUELA sf Fr Ant roele Circunferecircncia em forma de moeda em
escudos heraacuteldicos 3 Pedaccedilo redondo de prata que se obteacutem vazando a prata fundida no
tijolo 4 Chapa de ferro na ponta da cavilha 5 Arco de ferro para apertar ou reforccedilar
usado em construccedilotildees navais
rarrAureacutelio arruela [De ar-4 + ruela
2] sf 1Chapa redonda de accedilo com furo circular na qual
se mete o parafuso a fim de que a porca natildeo desgaste a peccedila que vai ser aparafusada 2Heraacuteld
Besante de brasatildeo roel 3Pedaccedilo de prata lavrado em tijolo
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
As aſpas da Roda larga amp grande ſuſtentaotilde aos arcos o
interior da meſma Roda entre os dous arcos della aſſegurados cotilde muitas cavilhas de ferro amp
com ſuas arruellas amp chavetas meti
ſuas voltas ſegura
ANDREacute JOAtildeO ANTONIL (1711) [1711] LIVRO II - CAPITVLO I - DA EſCOLHA DA
TERRA PARA PLANTAR CANNAS DE AſſUCAR amp PARA OS MANTIMENTOS
NECEſſARIOS amp PROVIMENTO DO ENGENHO [A00_2577 P 48]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios de todos os dicionaacuterios acima consultados soacute o Aureacutelio natildeo apresenta arruela
como termo naacuteutico Origem francesa
75
Ficha 17
Avencadura ou Ovencadura (T naut) Enxarcia real
______________________________________________________________________
rarrCunha Natildeo constam avencadura e ovencadura Consta oveacutem sm bdquo(Marinh) cordas
grossas de navio‟ 1813 Do a fr hobent (ou hobenc) deriv do escandinavo ant houmlfuđbendur
(pl de houmlfuđbenda) de benda bdquocorda‟ e houmlfuđ bdquocabeccedila‟
rarrBluteau AVENCADURA Avenccediladugravera (Termo de Marinhagem) Chamaotilde-lhe outros
Enxarcia Real Vid Ovencadura Qual voltando pela Avencadura Na antena mayor contra a
procella A vela grande quer ver amainada Inful De Man Thomas livro 2 oit 86
rarrMoraes e Silva AVENCADURA V Ovencadura Enxarcia real T de Naut
OVENCADUacuteRA (ovencaduacutera) s f t de Naut A enxarcia real o feixe ou totalidade dos
ovens OVEacuteM (oveacutem) s m t de Naut Nome commum a todo cabo que serve de ter matildeo nos
mastros descendo das gargantas dlsquoelles ate aacutes mesas de guarniccedilatildeo
rarrLaudelino Freire AVENCADURA s f Ant O mesmo que ovencadura
OVENCADURA s f Naacuteut Conjunto de oveacutens a enxarcia real OVEacuteM s m Antfr hauban
Naacuteut Cada um dos cabos que aguentam os mastros para a borda
rarrAureacutelio natildeo constam avencadura e ovencadura Consta oveacutem Oveacutem [Do escand ant
houmlfudbendur pelo fr ant hobent ou hobene] Substantivo masculino 1Constr Nav Cada
uma das pernadas da enxaacutercia Desarmam o toldo de lona agrave proa [] colhem os guardins as
enxaacutercias os oveacutens os brandais todo o cordame em suma capaz de ser tocado pela ramaria
do arvoredo debruccedilado na calha (Raimundo Moraes Na Planiacutecie Amazocircnica p 77)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Que experimentamos jaacute quando noutra jornada do Braſil padecernos nelle hum horrivel
naufragio De preſente pela forccedila com que jugava ſurto na Ilha da Madeira abrio o calcegraves
por duas partes rebentando o eſtay mayor amp muita avencadura
FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 14]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios de todos os dicionaacuterios acima consultados soacute o Aureacutelio natildeo apresenta
avencadura ovencadura Os outros apresentam esse lexema como termo naacuteutico Origem
francesa
B Ficha 18
Banzeiro adj (T Naut) Diz-se do mar quando natildeo faz grandes ondas e do jogo que anda
igual para os parceiros
______________________________________________________________________
rarrCunha banzar bdquoespantar pasmar surpreender‟ 1813 Do lat bilanceare de bilancia
bdquobalanccedila‟ Do significado primitivo de bdquooscilar mover-se como balanccedila‟ passaria ao de
ondear‟ de que resultaria o de bdquoficar estonteado‟ [] banzeiro XVI
rarrBluteau BANZEIRO Inquieto Mal ſeguro Mar banzeiro nem quieto nem tormentoſo
[] Mas como o mar com a calamaria andave Banzeiro Barros I Decfol27colI []
rarrMoraes e Silva BANZEgraveIRO adj t de Naut Diz-se do mar que natildeo tem ondas mas que se
agita vagarosamente []
76
rarrLaudelino Freire banzeiro adj Diz-se do mar quando faz pequenas ondas e se agita
vagarosamente []
rarrAureacutelio Adjetivo 1 Diz-se do mar que se agita vagarosamente e em pequenas ondas []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Os mesmos remos padeceratildeo tantas falhas no seu exerciacutecio quantas forem as inconstacircncias
assim no mar como dos navios inquietos e inclinados jaacute para um e para outro lado nos
mares banzeiros e muito mais nos alterados e assim muitas e muitas vezes natildeo chegaratildeo a
aacutegoa e circularatildeo em seco apontando os ares mas natildeo virando os mares
PADRE JOAtildeO DANIEL (1976) [1757] PARTE SEXTA - DO TESOURO DESCUBERTO NO
RIO MAXIMO AMAZONAS - CONTEacuteM INVENTOS UacuteTEIS E CURIOSOS PARA A MELHOR
FAZENDO NAVEGACcedilAtildeO PROacuteSPEROS TODOS OS VENTOS AINDA OS MAIS
PONTEIROS E CONTRAacuteRIOS E PARA FAZER NAS CALMARIAS BOA VIAGEM COM
NOVA INVENCcedilAtildeO DE REPRESAR AS MAREacuteS PARA MOEREM FAacuteBRICAS E INGENHOS
DE MOTO CONTIacuteNUO ACCRESCEM ALGUMAS OUTRAS IDEacuteAS DE INGENHOS
MANUAES PARA SERRAR MADEIRA FAZER ACcedilUacuteCAR E MUITOS OUTROS NAtildeO
MENOS CURIOSOS QUE UacuteTEIS A VIDA HUMANA - CAP 2deg - SOBRE A MESMA
MATEacuteRIA DO PRIMEIRO INVENTO [A00_1965 p 393]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterio apesentam banzeiro entre outras acepccedilotildees como termo do
universo mariacutetimo Origem portuguesa lt latina
Ficha 19
Barbear va Fazer as barbas a algueacutem vn (T Naut) Estar prezo
______________________________________________________________________
rarrCunha barba ndash sf bdquocabelos do rosto do homem‟ XIII Do lat barba ndashae []
rarrBluteau BARBEAR Fazer a barba Cic Barbear (Termo Nautico) Barbeando os navios
ſobre as amarras trinta amp outo dias Britto Viagem do Braſil pag 180
rarrMoraes e Silva BARBEacuteAR vat Fazer as barbas a alguemsect vnt de Naut estar
abarbado preso vg barbeando os navios sobre a amarra Brito Viag
rarrLaudelino Freire BARBEAR vrv De barba + ear Fazer ou talhar as barbas a (tr dir
pr) [] 2 Abarbar (o cavalo) para medir a alccedilada (tr dir) [] 3Amarrar (tr dir)
rarr Aureacutelio barbear [De barba + -ear2] Verbo transitivo direto 1Fazer a barba a Verbo
pronominal2Fazer a proacutepria barba []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Depois que com ſingular felicidade eſtiveratildeo ſem nenhum dano tantos navios barbeando
ſobre a amarra trinta amp oito dias no perigoſo ſurgidouro da Coſta do Recife aacute terccedila feira da
Semana Santa onze de Abril principiamos noſſa derrota
FRACISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR () [A00_2496 p 36]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Bluteau e Moraes e Silva apresentam barbear como termo naacuteutico
significando ldquoprender estar presordquo Na 3ordf acepccedilatildeo desse verbo Laudelino Freire define-o
como amarrar mas natildeo o classifica como termo naacuteutico Origem portuguesa lt latina
77
Ficha 20
Barcolas sf plur (T Naut) As bordas onde encaixatildeo os quarteis de fechar as escotilhas
______________________________________________________________________
rarrCunha barc∙ o -ola rarr BARCA - bdquotipo de embarcaccedilatildeo‟ XIII Do lat tard barca de
origem hispacircnica [] barcOLA 1899
rarrBluteau BARCOLAS Barcocirclas (Termo de navio) Saotilde humas bordas mais altas em que
encaxatildeo os quarteis com que ſe cobrem as eſcotilhas amp deſpois ſe paſſa hum varatildeo ou cadeu
de ferro em que ficaotilde fechadas Naotilde temos palavras propria Latina
rarrMoraes e Silva BARCOacuteLAS (barcoacutelas) s f plur T de Naut As bordas onde encaxatildeo os
quarteis de fechar as escoltilhas
rarrLaudelino Freire BARCOLAS sf pl Naacuteut Bordas em que se encaixam os quarteacuteis de
fechar as escotilhas
rarrAureacutelio natildeo consta
rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Aureacutelio natildeo apresenta o lexema barcola Em todos os outros dicionaacuterios esse
lexema eacute apresentado como termo naacuteutico Origem hispacircnica lt latina
Ficha 21
Barquilha sf Peccedila atada a hum cordel comprido com que os navegantes medem o espaccedilo
que o navio vence com certo vento
______________________________________________________________________
rarrCunha barca ndash do latim tardio barca de origem hispacircnica
rarrBluteau natildeo consta barquilha mas barquinha ndash [] He como um barco de pescar ordinario
mas com quilha alta amp torre por baixo que vem de proa ateacute popa amp os furos por onde vai a
corda com facilidade []
rarrMoraes e Silva BARQUIacuteLHA (barquiacutelha) s f t Naut Peccedila de madeira da feiccedilatildeo de um
quarto de circulo atada a um longo cordel a qual se lanccedila por popa e dando-se-lhe corda por
tempo medido pela ampolheta se recolhe para saber-se o espaccedilo que o navio vinga com certo
vento em certo tempo e isto pouco mais ou menos outros dizem barquinha
rarrLaudelino Freire BARQUILHA s f De barca + ilha Mar Peccedila de madeira de forma
triangular ou dum quadrante precircsa a um cordel que se lanccedila da pocircpa dum navio para avaliar a
velocidade da sua marcha barquinha
rarrAureacutelio natildeo consta barquilha consta barquinha ndash [Dim de barca] Substantivo
feminino[] 4Ant Naacuteut Dispositivo com que na eacutepoca dos descobrimentos mariacutetimos do
seacutec XV se determinava a velocidade do navio
rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq
A praacutetica que usam os navegantes sobre a navegaccedilatildeo de Leste a Oeste eacute ordinariamente a
que chamam barquinha que eacute uma taboinha no fim de um comprido cordatildeo enrodilhado em
um rodiacutezio a qual taboinha largam sobre o mar da popa abaixo tendo na matildeo uma
ampulheta e segundo a velocidade com que o peso da barquinha levada das aacutegoas
desenrola o cordel do seu rodiacutezio inferem a velocidade ou andadura do navio para o que o
cordel tem sua conta que regulam pela ampulheta e dela foram seus caacutelculos e destes suas
ideacuteas de quanto anda em cada minuto em cada quarto em cada hora e em cada sangradura
78
Quatildeo sujeita seja a erros esta barquinha se pode logo inferir do seu cocircmputo e caacutelculo que
natildeo eacute outra cousa mais que uma conjectura ou estimativa tatildeo irregular e diversa como a
diversidade dos pilotos e navegantes
PADRE JOAtildeO DANIEL (1976) [1757] PARTE SEXTA - DO TESOURO DESCUBERTO NO
RIO MAXIMO AMAZONAS - CONTEacuteM INVENTOS UacuteTEIS E CURIOSOS PARA A MELHOR
FAZENDO NAVEGACcedilAtildeO PROacuteSPEROS TODOS OS VENTOS AINDA OS MAIS
PONTEIROS E CONTRAacuteRIOS E PARA FAZER NAS CALMARIAS BOA VIAGEM COM
NOVA INVENCcedilAtildeO DE REPRESAR AS MAREacuteS PARA MOEREM FAacuteBRICAS E INGENHOS
DE MOTO CONTIacuteNUO ACCRESCEM ALGUMAS OUTRAS IDEacuteAS DE INGENHOS
MANUAES PARA SERRAR MADEIRA FAZER ACcedilUacuteCAR E MUITOS OUTROS NAtildeO
MENOS CURIOSOS QUE UacuteTEIS A VIDA HUMANA - CAP 4deg - DE ALGUAS OUTRAS
ADVERTEcircNCIAS SOBRE A NAVEGACcedilAtildeO [A00_1967]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Moraes e Silva e Laudelino Freire classificam barquilha como termo naacuteutico
Aureacutelio na 4ordf acepccedilatildeo para o lexema barquinha apresenta esse termo como naacuteutico
indicando ainda ser termo antigo No Banco de Dados consultado soacute encontramos a variante
barquinha Origem hispacircnica lt latina
Ficha 22
Bastardo sm Nome de huma uva Moeda que houve na Iacutendia de 10 soldos [T Nautico]
Cabo que se mette por meio das lebres e coccedilonros para atracar as vergas aos mastros
______________________________________________________________________
rarrCunha bastardo adj sm bdquoque nasceu fora do matrimocircnio‟ bdquodegenerado da espeacutecie a que
pertence‟ XIV Do a fr bastard hoje bacirctard [] AbastardAR vb bdquoalterar corromper‟ 1813
rarrBluteau Baſtardos (Termo de navio) Satildeo huns cabos que ſe metem pello meyo das lebres
amp coccedilouros com que ſe atra Atraccedilatildeo as vergas aos mattos [] Ficou a Galeacute Pheniz fem
Baſtardo Malaca conquiſt livro 1oit32
rarrMoraes e Silva BASTAacuteRDO (bastaacuterdo) s m [] Bastardos t de Naut Cabos que se
mettem por meyo das lebres e coccedilouros com que se atraccedilaotilde as vergas aos mastrossect Parece
ser veacutela que se mettia nas galeacutes quando queriaotilde fazer forccedila de veacutela B 4 107 e mettendo os
bastardos por o alcanccedilar
rarrLaudelino Freire BASTARDO adj Fr bacirctard [] 3 Cabo naacuteutico de atracar vecircrgas nos
mastros 4 Naacuteut Vela triangular de pequenas embarcaccedilotildees
rarrAureacutelio bastardo [Do fr ant bastart] [] 10Marinh Cada um dos cabos de que se
compotildeem os enxertaacuterios das vergas de gaacutevea 11Marinh Pequeno cabo munido de caccediloilos e
destinado a aguentar a boca de lobo da carangueja ou retranca de encontro ao mastro 12Mar
V vela de bastardo
rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Aleacutem do significado mais conhecido todos os dicionaacuterios indicam bastardo e
bastardos tambeacutem como termo naacuteutico Origem francesa
79
Ficha 23
Beque sm (T naut) A extremidade da proa
______________________________________________________________________
rarrCunha beque1 sm bdquoestrutura saliente que forma a parte alta da proa dos navios antigos‟
XVI Do fr bec deriv do lat beccus bdquobico‟
rarrBluteau BEQUE Begraveque He na Proa do Baxel a ultima obra de madeira em que de
ordinario aſſenta a figura de algum animal ou monſtro marinho []
rarrMoraes e Silva BEacuteQUE (beacuteque) s m t de Naut A extremidade da proa onde o ordinario
vaacutei alguma figura Viriato 1720 O mar Tyrrbeno os beques vatildeo rasgando
rarrLaudelino Freire BEQUE s m Fr bec Extremidade superior da proa em forma de bico
2 Pop Nariz grande 3 Pop Parte posterior dos vestidos das mulheres Ant Giacuter Bocircca
rarrAureacutelio beque1 [Do fr bec us no fr ant em vez de avant] Substantivo masculino
1Constr Nav Estrutura saliente em geral inclinada para fora que forma a parte alta da proa
dos navios antigos a fim de servir de apoio ao gurupeacutes 2Pop V narigatildeo (2)
rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq
As antigas tem como temos dito na circunferecircnc
bem largas e para se segurarem nas cavernas natildeo seratildeo necessaacuterios mais pregos do que as
de casco logo nesta parte ficaraacute quasi o mesmo poreacutem como estas taacutebuas vatildeo a rematar no
beque e fazer a proa ali poupam toda a ferramenta que levam de mais os cascos com o
accrescentamento das conchas e bochecas e nesta parte levam as taacuteboas menos pregos
PADRE JOAtildeO DANIEL (1976) [1757] QUINTA PARTE - DO TESOURO DESCUBERTO
NO RIO MAXIMO AMAZONAS - CONTEacuteM UM NOVO MEacuteTODO PARA A SUA
AGRICULTURA UTILIacuteSSIMA PRAXE PARA A SUA POVOACcedilAtildeO NAVEGACcedilAtildeO
AUGMENTO E COMEacuteRCIO ASSIM DOS IacuteNDIOS COMO EUROPEOS - CAP 9deg - DE
MELHOR MEacuteTODO PARA A FACTURA DAS CANOAS DO AMAZONAS [A00_1959 p
363]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios indicam beque como termo naacuteutico Origem francesa
Ficha 24
Bigotas sm plur (T Nautico) Satildeo como huns moitotildees com trecircs furos pelo meiochatos e
sem roldanas por onde se enfiatildeo os colhedores das velas
______________________________________________________________________
rarrCunha bigota ndash BIGA sf bdquocarro romano de duas ou quatro rodas puxado por dois
cavalos‟ 1844 Do lat bīga bigota sf bdquoantiga peccedila de embarcaccedilatildeordquo 1813
rarrBluteau BIGOTA de navio Bigocirctas (Termo de navio) ſaotilde huns paos redondos mas
chatos com tres buracos por onde paſſaotilde os colhedores para fazer a enxarcia
rarrMoraes e Silva BIGOacuteTAS (bigoacutetas) s f pl t de Naut Moitotildees chatos sem roldanas
aburacados pelo meyo com furos por onde passatildeo colhedores de veacutelas
rarrLaudelino Freire BIGOTAS s f Naacuteut Montatildeo chato sem roldana furado pelo meio para
dar passagem aos colhedores das velas e a cabos da enxaacutercia
rarrAureacutelio bigota [Do it bigotta] Substantivo feminino 1Marinh Ant Poleame surdo de
madeira de forma lenticular biconvexa com uma goivadura na orla para receber uma alccedila de
80
fixaccedilatildeo e trecircs furos de face a face usado aos pares com um colhedor ligando-os empregado
para tesar oveacutens brandais estais etc
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Fazem-se igualmente vigotas de 25 palmos de comprido e hum de grosso e seu preccedilo he de
500 atheacute 400 rs
LUIZ DOS SANTOS VILHENA (1921) [1801] CARTA VIGESIMA [A00_0846]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios indicam bigota como termo naacuteutico No Banco de Dados
consultado consta a variante vigotas Origem latina
Ficha 25
Bolinete sm (T Naut) He o paacuteo roliccedilo com hum vatildeo por onde joga o pinccedilote e fixo na
coberta de sorte que se move de bombordo a estibordo
______________________________________________________________________
rarrCunha molinete bdquoespeacutecie de cabrestante que sustenta a acircncora em navios pequenos‟
bdquomovimento giratoacuterio raacutepido que se faz com a espada com um pau etc‟ XVI Do fr Moulinet
bdquomoinho pequeno‟ []
rarrBluteau BOLINETE Bolinegravete (Termo de navio) He hum patildeo roliccedilo que eſtacirc fixo na
cuberta de maneira que ſe mova redondamente de Bombordo para Eſtibordo Tem hum
buraco por onde paſſa amp joga o Pinccedilote Natildeo temos palavra propria Latina
rarrMoraes e Silva BOLINEgraveTE (bolinegravete) s m t de Naut Paacuteo roliccedilo que estaacute fixo na
coberta de maneira que se mova e borneye de bombordo a estribordo tem um vatildeo por onde
joga o Pinccedilote
rarrLaudelino Freire BOLINETE s m Cilindro de madeira na coberta do navio o qual
serve de cabrestante para a manobra2 Bateia
rarrAureacutelio bolinete (ecirc) [De molinete (ecirc) poss] Substantivo masculino 1Constr Nav
Molinete 2Vaso de madeira para lavagem das areias auriacuteferas [Cf bulinete]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo constam bolinete molinete com a acepccedilatildeo
naacuteutica
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios indicam bolinete como termo naacuteutico ou referente a navio
Origem francesa
Ficha 26
Bombordo sm (T Naut) O lado esquerdo da nagraveo olhando da popa para a proa
______________________________________________________________________
rarrCunha bombordo sm bdquo(Mar) o lado esquerdo da embarcaccedilatildeo considerando-se a proa
como a sua frente‟ XVI babordo XV Do fr bacircbord deriv do neerl bakboord Com
visiacutevel influecircncia de BOM
rarrBluteau BOMBORDO (Termo de navio) He a parte eſquerda da natildeo eſtando huma peſſoa
com a cara para a proa Siniſtrum latus navis Faz tal pendor para Bombordo Queirograves Vida do
Irmaotilde Baſto fol 124 col1
81
rarrMoraes e Silva BOMBOacuteRDO (bomboacuterdo) s m t de Naut O lado da naacuteo opposto a
estriboacuterdo Naufr De Sep73
rarrLaudelino Freire BOMBORDO s m De bom + bordo Naacuteut 1- Lado esquerdo do navio
olhando-se para a proa 2 Tudo o que fica ao lado esquerdo do navio
rarrAureacutelio bombordo [Do neerl bak boord bordo das costas do dorso (do timoneiro
quando o governo da embarcaccedilatildeo se fazia com um comprido remo colocado a estibordo) pelo
fr babord talvez com infl de bom] S m 1Mar O lado esquerdo da embarcaccedilatildeo
considerando-se a proa como a sua frente [v estibordo e boreste]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Da banda de bombordo me arrebataram os aparelhos com o jogar da nao
PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE
SOUSA [A00_0078 p 55]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios indicam bombordo como termo naacuteutico ou referente a
mariacutetimo Origem francesa
Ficha 27
Botalograves sm (T naut) Paacuteos que tem nas pontas ferros de tres bicos e segundo a sua grossura
servem para largar ou os cutellos ou as varredouras ou para afastar o navio que vem
abordar
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau BOTALOS Botacirclos (Termo de Navio) Satildeo huns paos com huns ferros nas
pontas com tres bicos que ſe botatildeo pelos coſtados dos navios para ſe largarē os cutellos
para que com mais preſſa ſe chegue ao navio a que ſe dagrave caccedila E embaixo no coſtado ſe botatildeo
outros botalos mais groſſos em que ſe largatildeo outras velas a que chamatildeo Barredouras amp eſtes
Botalos ſervem tambeacutem para ſe fincarem no coſtado de outro navio para afaſtar para fora
Natildeo tem nome proprio Latino
rarrMoraes e Silva (botaloacutes) s m pl t de Naut Paacuteos com ferros de tres bicos nas pontas
que servem para se largarem os cutellos e sendo botaloacutes mais grossos para largar as
varredouras que vatildeo polo lados os botaloacutes afastam tambem o navio que vem abordar
rarrLaudelino Freire BOTALOacuteS (botaloacutes) s m pl Naacuteut Paus com ferros de trecircs bicos nas
pontas para vaacuterios serviccedilos a bordo
rarrAureacutelio botaloacute [De botar1 + a
3 + loacute
1] Substantivo masculino Mar 1Ant Pontalete com
que os navios afastavam os inimigos que tentassem abordaacute-los 2Pau que sai pela popa de
embarcaccedilatildeo de vela que usa catita para caccedilaacute-la
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta o termo botaloacutes
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios indicam botalos como termo naacuteutico ou mariacutetimo
Origemonomatopaica - ldquoetim voc trissilaacutebico oxiacutetono formado de todo um segmento
fonoloacutegico que representava a oraccedilatildeo imperativa bota a loacute isto eacute bdquobota a vela da embarcaccedilatildeo
virada para captar o vento‟rdquo (Houaiss 2001)
82
Ficha 28
Bracear v n Mover os braccedilos v a (T Naut) Marear as velas _____________________________________________________________________________
rarrCunha bracear- consta no verbete de braccedilo - sm bdquocada um dos membros superiores do
corpo humano‟ XIII Do lat brac(c) hĭum [] bracEAR XVII
rarrBluteau Natildeo consta
rarrMoraes e Silva BRACEAacuteR (braceaacuter) v at Mover os braccedilossect t de Naut Bracear as
veacutelas H Naut Tom 3 mareaacute-las por meyo dos braccedilos []
rarrLaudelino Freire BRACEAR vrv De braccedilo + ear O mesmo que bracejar (intr) 2
Naacuteut Movimentar horizontalmente (as vecircrgas) em tocircrno do mastro por meio de cabos
chamados braccedilos (tr dir) ldquoAacuterduos penoacuteis braceia rebraceia teacute que o socircpro agrave feiccedilatildeo lhe
enfuna as velasrdquo (Odorico Mendes)
rarrAureacutelio bracear [De braccedilo + -ear2] Verbo transitivo direto 1Marinh Fazer girar (a verga)
no plano horizontal alando pelos braccedilos [v braccedilo (21)] para que a vela fique
convenientemente disposta em relaccedilatildeo ao vento []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Bluteau natildeo dicionariza bracear Todos os outros dicionaristas indicam
bracear como termo naacuteutico ou remete ao universo naacuteutico Origem portuguesa lt latina
Ficha 29
Braccedilo sm membro do corpo humano desde o hombro ateacute a matildeo Pernas dianteiras do
cavallo e outros quadrupedes A parte do instrumento de cordas onde estas se titiliatildeo A peccedila
que atravessa o arco da cruz Peccedila da cadeira onde encosta os braccedilos quem estagrave sentado nelle
Porccedilatildeo de mar entre duas costas pouco apariadas No plur (T Naut) Cabos que vem da ponta
da verga e servem para marear de hum para outro bordo _____________________________________________________________________________
rarrCunha braccedilo sm bdquocada um dos membros superiores do corpo humano‟ XIII Do lat
brac(c)hĭum []
rarrBluteau Braccedilos (Outro termo de navio) ſatildeo huns cabos que vem da ponta da verga com
que ſe marea a hum bordo amp outro ſe poderagrave exprimir em Latim com circumlocuccedilatildeo
rarrMoraes e Silva BRAacuteCcedilO (braacuteccedilo) t de Naut Satildeo os pegatildeo em cavernas para levantar o
grosso navio e estes satildeo braccedilos primeiros sect Braccedilos segundos satildeo as ultimas partes que botatildeo
cavernas da quilha para cima sect Braccedilos satildeo cabos que vem da ponta da verga em que se
mareya de um bordo a outro quando braceyatildeo
rarrLaudelino Freire BRACcedilO s m Lat brachium Naacuteut Cabos fixos agraves extremidades das
vecircrgas e que servem para as fazer girar em tocircrno do mastro
83
rarrAureacutelio braccedilo [Do gr brachiacuteon pelo lat brachiu] Substantivo masculino Marinh Cada
um dos cabos singelos ou dobrados que presos aos laises das vergas redondas se destinam a
dar-lhes movimento no sentido horizontal e a aguentaacute-las para reacute ~ V braccedilos Braccedilo da
acircncora 1 Marinh Cada uma das duas partes recurvadas da acircncora no extremo inferior da
haste que formam a cruz e terminam pelas patas
Braccedilo da verga 1 Marinh Cada um dos cabos ou teques presos agraves extremidades da verga e
que servem para fazecirc-la girar no plano horizontal [Cf amantilho (2)]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta braccedilo como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaristas indicam braccedilo tambeacutem como termo naacuteutico ou da
marinha Origem portuguesa lt latina
Ficha 30
Braga sf Argola com cadea de ferro com que se prende alguem pela perna (T Naut) Cabo
de alar pipas e outras cousas No plur Calccedilas largas
______________________________________________________________________
rarrCunha braga sf ldquocalccedilatildeo geralmente curto e largo que se usava outrora‟ XV bdquogrilheta‟
XVI Do lat braccedila []
rarrBluteau Braga Argola de ferro que prende na perna com huma cadca que prende por
cima Pocircr a braga a hum negro Servo catenas injicere E para que experimente a ſujeiccedilaotilde
pezada lhe lanccedila a dura Braga carregada Lobo o Deſengan Paacuteg 135 Braga chamaotilde nos
navios a huma corbalas quando embarcatildeo []
rarrMoraes e Silva BRAacuteGA (braacutega) Cabo do navio com que alatildeo caixas pipas e outras
coisas pesadas [] sect Braga no sing Cast 5 c 59 ldquoLanccedilou-se a gente na agua que lhe dava
pela bragardquo
rarrLaudelino Freire BRAGA s f Lat braccedila Argola de ferro que cingia a parte inferior da
perna do condenado a trabalhos forccedilados prendendo-o a uma corrente de ferro atada agrave cintura
do mesmo ou agrave argola de outro condenado grilheta 2 Caacutelerea com que se iccedilam cousas
pesadas como caixas pipas etc 3 Cabo que serve para sustar o recuo de um canhatildeo 4
Muro que servia de tranqueira nas antigas fortificaccedilotildees 5 Lus Casta laia qualidade
BRAGAS s f pl Ant Calccedilas largas e curtas calccedilotildees 2 Lus Ceroulas
rarrAureacutelio braga [Do lat braca] Substantivo feminino Marinh Gato de escape ou manilha
com que se prende o chicote da amarra agrave paixatildeo2 (q v) no paiol da amarra
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta braga como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaristas indicam braga tambeacutem como termo naacuteutico ou da
marinha Origem portuguesa lt latina
84
Ficha 31
Bragueiro sm Funda de que usa o que he quebrado Especie de manteo para cobrir os
genitaes (T Naut) Cabo que atravessa o leme para segurallo na falta das femeas Cabo
encostado ao Castello da proa fixo em huma argola e com huma bigota de hum furo na ponta
e serve para impedir que natildeo se afaste nem corte a escota no costado Cabo de amarrar
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau Bragueiro (Outro termo de navio) He hum cabo fixo em huma argola encoſtado
ao caſtello da proa que tem na ponta hum bigota de hum olho amp ſerve paraque ſe natildeo a faſte
nem corte a eſcota no coſtado []
rarrMoraes e Silva BRAGUEacuteIRO (braguegraveiro) s m [] sect t de Naut Cabo que atravessa o
leme pelo meyom para que faltando as fecircmeas se natildeo perca F M G Tambeacutem se chama assim
outro cabo fixo em uma argola encostado ao Castello da proa que tem na ponta uma bigota
de um olho e serve para que natildeo affaste nem corte a escota no costado
rarrLaudelino Freire BRAGUEIRO sm De braga + eiro Cabo que atravessa o leme para o
segurar no caso de se quebrarem as fecircmeas2Braga de segurar a artilharia ou cousas
pesadas3 Cabo de atracar []
rarrAureacutelio bragueiro [De braga + -eiro] Substantivo masculino 1Cinta ou funda para
heacuternias e rupturas 2Cueiro fralda
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta o termo bragueiro
______________________________________________________________________
Comentaacuterios De todos os dicionaacuterios analisados soacute Aureacutelio natildeo apresenta bragueiro como
termo naacuteutico Origem portuguesa lt latina
Ficha 32
Brandaes sm (T Naacuteutico) Especie de cabos os grandes passatildeo da enxarcia dos mastareos
pelas gaveas e vem a fazer fixo nos ouvens da enxarcia grande Os de gavea vem das pontas
dos mastereos a fazer fixo no costado do navio
______________________________________________________________________
rarrCunha brandal sm bdquotipo de cabo usado a bordo‟ l ndashdaacutees pl 1813 l Do cat brandal
rarrBluteau BRANDAES (Termo de navio) Brandaes grandes ſaotilde huns cabos que paſſaotilde da
enxarcia dos maſtarcos pellas gaveas amp vem a fazer fixos ao redor dos ſouvēs da enxarcia
85
grande Brandaes da Gavea ſaotilde huns cabos que vem das pontas dos maſtarcos a fazer fixo ao
coſtado da nao Natildeo temos palavra propria Latina
rarrMoraes e Silva BRANDAacuteES splmasc t de Naut Brandaes grandes uns cabos que
passatildeo da enxaacutercia dos mastareacuteos pelas gaacuteveas e vem a fazer fixo ao redor dos ouvens da
enxaacutercia grandesect Brandaes da Gaacutevea cabos que vem das pontas dos mastareacuteos a fazer fixo
ao costado das naacuteos
rarrLaudelino Freire BRANDAL s m De brando + al Naacuteut Cada um dos cabos que
aguentam os mastareacuteus para a borda
rarr Aureacutelio brandal [Do cat brandal poss] Substantivo masculino Marinh 1Cada um dos
cabos que aguentam os mastareacuteus para um e outro bordo e um pouco para reacute 2Cada um dos
cabos que aguentam os mastros de embarcaccedilatildeo miuacuteda para um e outro bordo e um pouco para
reacute [Cf estai] ESTAI [Do fr ant estai estay (atual eacutetai)] Substantivo masculino 1Marinh
Qualquer dos cabos que aguentam a mastreaccedilatildeo para vante 2Marinh Qualquer cabo
destinado a suportar em posiccedilatildeo vertical um turco chamineacute balauacutestre ou qualquer outra peccedila
do equipamento da embarcaccedilatildeo 3Bras Constr Nav Haste metaacutelica geralmente ciliacutendrica
que serve para manter em posiccedilatildeo qualquer parte ou peccedila da embarcaccedilatildeo [Cf brandal]
rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq
Por 5 Brandaes de 2 libras a 640 []
LUIZ DOS SANTOS VILHENA (1921) [1802] CARTA PRIMEIRA [A00_0404 p 71]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios analisados apresentam brandal brandaes como termo
naacuteutico ou da marinha Origem catalatilde
Ficha 33
Briol sm (T naut) Corda para ferrar e colher as velas
______________________________________________________________________
rarrCunha briol sm bdquotipo de cabo usado nas embarcaccedilotildees a vela‟ 1813 Do cast briol deriv
do a fr braivel (hoje breuil) dim de braie bdquobraga‟
rarrBluteau BRIOES (Termo de marinagem) Satildeo huns cabos com que ſe colhem as velas
quando ſe querem ferrar Funes contrabendis ou colligendis velis
rarrMoraes e Silva BRIOacuteES sm pl t de Naut Cordas que servem para ferrar e colher as
veacutelas (briyoes)
rarrLaudelino Freire BRIOL s m Cast briol Naacuteut Cabo de ferrar as velas 2 Giacuter Vinho
de qualidade inferior BRIOL adj Lus Becircbado eacutebrio
rarrAureacutelio briol [Do esp briol] Substantivo masculino 1Marinh Cada um dos cabos fixos
nas esteiras das velas redondas destinados a carregar o pano de encontro agraves vergas respectivas
[]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta o termo briol
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios analisados apresentam briol como termo naacuteutico ou da
marinha Origem castelhana lt francesa
Ficha 34
Buccedilardas sf (T Naut) pagraveos que atravessatildeo a roda da proa para reforccedilal-a
______________________________________________________________________
86
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau BUCARDAS Buccedilardas (Termo de navio) Satildeo huns paacuteos tortos que atraveſſaotilde a
roda de proa pella banda de dentro para fortificar amp em navios pequenos nellas aſſenta o
maſtro do traquete Naotilde tem palavra propria Latina
rarrMoraes e Silva BUCcedilAacuteRDAS sfpl t de Naut Satildeo uns paacuteos tortos que atravessatildeo a roda
de proa pela banda de dentro para a reforccedilarem sect Nos navios pequenos o mastro do traquete
assenta sobre as buccedilardas
rarrLaudelino Freire natildeo consta
rarrAureacutelio natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
__________________________________________________________________
Comentaacuterios Soacute Bluteau e Moraes apresentam o verbete buccedilardas e o indicam como termo
naacuteutico ou da marinha Origem controvertida
Ficha 35
Burra sf A femea do burro Cofre para dinheiro (T familiar) Nome de uma corda da mezena
[ T Naut ]
______________________________________________________________________
rarrCunha burro ndash do latim burrus bdquoruccedilo vermelho‟
rarrBluteau Burra de Mezena He huma corda que ſerve na vela da popa
rarrMoraes e Silva BUacuteRRA s f Jumenta a femea do burro sect famil Cofre para dinheiro
ordinariamente chapeado e forrado sect Uma corda de mezena t de Naut
rarrLaudelino Freire BURRA s f Fecircmea do burro jumenta 2 Naacuteut Cabo de mezena []
rarrAureacutelio Burro [] Mar Cada uma das pequenas talhas engatadas nos lais da retranca e nas
alhetas do navio uma por bordo e destinadas a aguentaacute-la quando a vela estiver caccedilada []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam burra burro tambeacutem como termo ligado agrave
vida mariacutetima Origem portuguesa lt latina
C Ficha 36
Cabresto sm Corda para prender as bestas na estribaria e que serve na falta de freio O freio
do prepucio No plr (T Naut) Cabos que vem do ldquoguropezrdquo a fazer fixo no costado em
humas argolas agrave proa
______________________________________________________________________
rarrCunha cabresto sm bdquoarreio freio‟ l XIII -bestro XIV l Do lat capĭstrum []
87
rarrBluteau Cabreſto (Termo de Mariagem) ſaotilde huns cabos que vem da ponta do gurupez a
fazer fixo em humas argolas que eſtaotilde no coſtado da nao agrave proa A falta do termo proprio
latino deſculparagrave aos que‟ fallarem por circumlocuccedilaotilde
rarrMoraes e Silva CABREgraveSTO s m [] t de Naut Cabos que vem da ponta do gurupeacutes a
fazer fixo em umas argolas que estatildeo no costado da naacuteo aacute proa []
rarrLaudelino Freire CABRESTOS s m Lat capistrum [] 2 Naacuteut Cabo grosso que
segura o gurupeacutes a argolas fixas no costado do navio 3 Corrente correia ou corda que
prende o cabeccedilalho agrave canga socairo
rarrAureacutelio cabresto (ecirc) [Do lat capistru com metaacutetese] Substantivo masculino Constr
Nav Cada uma das correntes de ferro que aguentam o gurupeacutes para a roda de proa Bras
Reforccedilo de linha ou de arame fino aplicado na extremidade da vara ou caniccedilo de pesca Bras
NE Ligamento de cordas que prendem os bancos agrave jangada []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
[] chegada a occasiatildeo de levar acircncora se lhe prende o cabresto e se larga ou solta a roda
a qual quanto mais tesa estiver tanto mais forccedila poraacute no cabresto e quando por si soacute natildeo
seja suficiente para a levantar o faraacute com muita brevidade ajudada com alguns poucos
serventes porque as cordas como violentadas hatildeo de buscar o seu natural
PADRE JOAtildeO DANIEL (1976) [1757] PARTE SEXTA - DO TESOURO DESCUBERTO NO
RIO MAXIMO AMAZONAS - CONTEacuteM INVENTOS UacuteTEIS E CURIOSOS PARA A MELHOR
FAZENDO NAVEGACcedilAtildeO PROacuteSPEROS TODOS OS VENTOS AINDA OS MAIS
PONTEIROS E CONTRAacuteRIOS E PARA FAZER NAS CALMARIAS BOA VIAGEM COM
NOVA INVENCcedilAtildeO DE REPRESAR AS MAREacuteS PARA MOEREM FAacuteBRICAS E INGENHOS
DE MOTO CONTIacuteNUO ACCRESCEM ALGUMAS OUTRAS IDEacuteAS DE INGENHOS
MANUAES PARA SERRAR MADEIRA FAZER ACcedilUacuteCAR E MUITOS OUTROS NAtildeO
MENOS CURIOSOS QUE UacuteTEIS A VIDA HUMANA - CAP 4deg - DE ALGUAS OUTRAS
ADVERTEcircNCIAS SOBRE A NAVEGACcedilAtildeO () [A00_1967 p 402]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios analisados apresentam cabresto como termo naacuteutico ou
de marinhagem Origem portuguesa lt latina
Ficha 37
Cachola sf (T baixo) Cabeccedila Fig Juizo Touticcedilo No plur (T naut) Pagraveos posticcedilos sobre o
calcez para engrossallo
______________________________________________________________________
rarrCunha cacho ndash provavelmente do latim vulgar cacculus [] cachOLA sf bdquopop Cabeccedila‟
XVIII []
rarrBluteau CACHOacuteLAS Cacholas (Termo de navio) Satildeo huns posticcedilos em cima do calcez
para o engroſſar quando naotilde tem groſſura proporcionada ao Navio Naotilde temos palavra propria
Latina
rarrMoraes e Silva CACHOgraveLAS t de Naut Paacuteos posticcedilos sobre o calcez para o engrossar
[]
rarrLaudelino Freire CACHOLA s f Mar Taacutebua que se prega no tocircpo do calcecircs de um
mastro afim de que a aacutegua se natildeo introduza entre os encaixes do madeiro2 Cavidade na
cabeccedila do leme onde se introduz a cana []
rarrAureacutelio [De cacho2 + -ola
1 poss] Substantivo feminino 1Pop V cabeccedila []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo foram encontradas ocorrecircncias
______________________________________________________________________
88
Comentaacuterios Soacute Aureacutelio natildeo apresenta cachola como termo naacuteutico
Origemcontrovertida
Ficha 38
Calabre sm (T Naut) corda grossa
______________________________________________________________________
rarrCunha calabre cabre sm bdquo(Marinh) amarra de cabo‟ l cabre XVI caaure XIV l Do ant
port caabre deriv Do a fr caable e este provavelmente do lat tard capŭlum bdquocorda‟
rarrBluteau Calabre que ſe ata agrave ancora Funis ancorarius Cœfar Calabre com que ſe ata bdquoa
verga ao maſto Anquina œ Fem Penult long []
rarrMoraes e Silva CALAacuteBRE ( calaacutebre) smt de Naut Corda grossa amarreta para varios
usos
rarrLaudelino Freire CALABRE s m Corda grossa feita de piaccedilaba a que se prendem os
alcatruzes das noras 2 Naacuteut Cabo grosso amarra
rarrAureacutelio calabre [Do port ant caabre (v cabre) poss com infl do port ant calabre
catapulta] S m 1Corda grossa Diz Cristo que eacute mais faacutecil entrar um calabre pelo fundo
de a agulha que entrar um avarento no Reino do Ceacuteu (Pe Antocircnio Vieira Sermotildees II p
259) 2Marinh Amarra de cabo cabre 3Constr Cabo2 (4)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Acham-se alguns de tal grossura que servem de calabres e amarras de embarcaccedilotildees
FRANCISCO XAVIER RIBEIRO DE SAMPAIO (1872) [1642] RELACcedilAtildeO GEOGRAPHICA
HISTORICA DO RIO BRANCO DA AMERICA PORTUGUEZA COMPOSTA PELO
BACHAREL FRANCISCO XAVIER RIBEIRO DE SAMPAIO () [A00_0713 p 262]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios analisados apresentam calabre como termo naacuteutico ou da
marinha Origem francesa lt latina
Ficha 39
Calabrote sm (T Naut) Calabre menos grosso Accediloute feito de hum pedaccedilo de calabrote
______________________________________________________________________
rarrCunha calabre cabre sm(Marinh) amarra de cabo‟ l cabre XVI caaure XIV l Do ant
port caabre deriv Do a fr caable e este provavelmente do lat tard capŭlum bdquocorda‟
calabrETE XV calabrOTE 1813
rarrBluteau CALABROTE Calabrocircte Vid Calabre Calabre pouco groſſo Com que a nao ſe
amarra em terra Com hum calabrote forte Jacinto Freire mihi pag 198 []
rarrMoraes e Silva CALABROacuteTE s m t de Naut Sorte de calabre menos grosso de um
pedaccedilo delle se faz accediloite donde se toma calabrote por accediloite de que usa o comitre ou
mestre para castigar a maruja
rarrLaudelino Freire CALABROTE s m De calabre + ote Calabre pouco grosso 2
Ponta de cabo de accediloute
rarrAureacutelio calabrote [De calabre + -ote1] Substantivo masculino 1Corda de pequena
grossura 2Marinh Cabo2 (6) de pequena bitola Atraacutes dos soldados chegaram marujos a
brandir calabrotes e chuccedilos (Xavier Marques O Sargento Pedro p 135)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
89
Mandarʃeha aos Meʃtres que cinjatildeo a enxarʃea levem area para as cubertas tomem boccedilas
nas vergas nas ancoras nas eʃcotas contra-eʃtais amp os bateis pela popa com dous
calabrotes hum mais baganagraveo do que outro
FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR () [A00_2496 p 61]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios analisados remetem calabrote a calabro ndash termo naacuteutico
ou de marinhagem Origem francesa lt latina
Ficha 40
Calafeto sm (T Naut) A estopa e breo com que se calafeta Acccedilatildeo de calafetar
______________________________________________________________________
rarrCunha Calafetar vb‟tapar vedar‟ XIII Do it calafatare provavelmente do ar qaacutelfat De
origem incerta o voc aacuterabe talvez derive do lat vulg calefare (claacutess calefacĕre‟) bdquoaquecer‟
por ser a operaccedilatildeo de derreter o alcatratildeo submetendo-o ao fogo uma das mais importantes
que pratica o calafate []
rarrBluteauCALAFETO Calafeto Couſa que ſe uſa para calafetar como eſtopa amp outra
couſa ſemelhante ou a acccedilaotilde de calafetar []
rarrMoraes e Silva CALAFEgraveTO s m t de Naut A estopa e breu com que se calafeta o
navio vg ldquo o navio cospia o calafetordquo A acccedilatildeo de calafetar
rarrLaudelino Freire s m De calafetar O mesmo que calafetagem [] 2 Estocircpa ou outra
substacircncia com que se calafeta calafecircto CALAFETAR v r v Ital Calafatare MarTapar
com estocircpa introduzida agrave forccedila (as junturas buracos ou fendas de uma embarcaccedilatildeo) e
embebendo de pez alcatratildeo para velar a aacutegua (tr Direto) ldquoEspalma as naves calafeta as
fendas repara as bordas o massame as velasrdquo (Pocircrto Alegre)
rarrAureacutelio calafeto (ecirc) [Dev de calafetar] Substantivo masculino1Calafetagem (2) [Pl
calafetos (ecirc) Cf calafeto do v calafetar] CALAFETAR [Do cat calafatar calafetar pelo
esp ant calafetar] Verbo transitivo direto 1Vedar com estopa alcatroada (as junturas
buracos ou fendas de uma embarcaccedilatildeo) 2Tapar vedar com pano papel massa etc (fenda ou
buraco de toneacuteis assoalhos tabiques etc) []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
E natildeo cause estranheza o calafetar das canoas porque pocircsto que aqui se fazem de um soacute pau
como no Brasil satildeo poreacutem abertas pela proa e pela pocircpa e acrescentadas pela borda com
falcas para ficarem mais altas e possantes e assim as costuras destas como os escudos ou
rodelas com que se fecham a proa e pocircpa necessitam de calafeto
ANTOacuteNIO VIEIRA (1925) [1654] CARTA LXV - AO PADRE PROVINCIAL DO BRASIL
1654 ()[A00_0157 p 373]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Moraes e Silva apresenta calafeto como termo naacuteutico Laudelino Freire e
Aureacutelio apresentam acepccedilotildees que remetem ao universo da marinha Bluteau natildeo faz nenhuma
referecircncia Origem italiana
Ficha 41
Calcez sm (T naut) O pescoccedilo do mastro onde encapella a enxarcia real
______________________________________________________________________
90
rarrCunha calcecircs bdquo(Const Nav) parte da seccedilatildeo retangular no extremo superior de um mastro
ou mastareacuteu‟ l ndashceses pl XVI l Do it calceacutese deriv do lat tardio calcēse adaptaccedilatildeo do lat
carchēsium e este do gr karchēsion bdquovaso para beber‟ parte superior do mastro cesto da
gaacutevea‟
rarrBluteau CALCEZ Calcecircz (Termo de Navio) he o peſcoccedilo do maſtro para riba aonde
encapella a Enxarcia Real Falta palavra propria Latina Pela muita forccedila o Maſtareo abrio o
Calcez por duas partes BritoViagem ao Braſil pag 67 []
rarrMoraes e Silva CALCEgraveZ s m t de Naut O pescoccedilo do mastro para riba onde encapella
a enxarcia real F Mend c 7
rarrLaudelino Freire CALCEZ ou CALCEcircS s m Lat carchesium Naacuteut Parte quadrada do
mastro ou mastareacuteu desde a romatilde para cima e na qual encapela a enxaacutercia real
rarrAureacutelio calcecircs [Do it calcese lt lat vulg calcese lt lat claacutess carchesiu] Substantivo
masculino 1Marinh Parte de seccedilatildeo retangular no extremo superior de um mastro ou
mastareacuteu logo acima da romatilde [Pl calceses (ecirc)]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios analisados apresentam calcez como termo naacuteutico ou da
marinha Origem italiana
Ficha 42
Calma sf calor causado pelo sol (T naut) Falta de vento
______________________________________________________________________
rarrCunha calma sf bdquogrande calor atmosfeacuterico geralmente sem vento‟ XV bdquoserenidade
sossego‟ 1813 Do it calma deriv Do lat tardio cauma e este do gr kauma bdquocalor ardente
chama‟ []
rarrBluteau calma borralho Phraſe Nautica Emparelhado onde elle participa da outra linha da
coſta tranſversal [] Bonanccedila Por em calma ao mar Mare tranquillarem placare fedare
Vid Abonanccedilar Seus alterados mares punha em Calma Inful De Man Thomas liv 2
Oit69
rarrMoraes e Silva CAacuteLMA s f t de Naut tempo em que natildeo haacute a menor aragem nenhum
vento sect Calma entre os Nautas falta de vento calmarialdquo cahir em calma ldquoficar em
calmariardquo
rarrLaudelino Freire CALMA s f B lat cauma do gr kauma Hora do dia em que haacute mais
calor 2 Falta de vento cessaccedilatildeo de agitaccedilatildeo no mar bonanccedila calmaria []
rarrAureacutelio calma [Do gr kaucircma calor ardente pelo lat tard cauma] SF 1Grande calor
atmosfeacuterico em geral sem vento calmaria [] 3V calmaria (1) 4Fig Serenidade de acircnimo
sossego tranquilidade calmaria malacia []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Este dia todo nom ventou vento senam choveo muita aacutegua e fazia tam grande calma que nom
se podia soportar
PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE
SOUSA () [A00_0078 p 35]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Nem todos os dicionaacuterios citam o termo como naacuteutico mas todos eles abonam
ou exemplificam o termo como relativo ao mar Origem italiana lt latina
91
Ficha 43
Calmaria s f (T Naut) Falta de vento
______________________________________________________________________
rarrCunha calma sf bdquogrande calor atmosfeacuterico geralmente sem vento‟ XV bdquoserenidade
sossego‟ 1813 Do it calma derivado do latim tardio cauma e este do grego kauma bdquocalor
ardente chama‟ [] calmaria sf bdquocalma‟ XVI
rarrBluteau CALMARIA Calmaricirca Tanquilidade das aguas do mar Malacia amp Fem []
Amanheceo o dia ſeguinte em huma terrivel Calmaria Queirograves Vida do Irmatildeo Baſto pag
351colI
rarrMoraes e Silva calmaria sf de Naut Tempo de calma no mar em que o navio natildeo surde
ldquoestar o mar em calmariardquo []
rarrLaudelino Freire sf De calma + aria Cessaccedilatildeo do vento e do movimento das ondas
[]
rarrAureacutelio [ De calma + aria] Sf 1 Ausecircncia de ventos eou do movimento das ondas []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
[] por cinco ou seis dias tivemos grandes calmarias trovoadas e chuveiros tatildeo escuros e
medonhos e tatildeo fortes ventos que era cousa despanto e no meio dia ficavamos numa noite
mui escura
PADRE FERNAtildeO CARDIM (1980) [1583] III - INFORMACcedilAtildeO DA MISSAtildeO DO P
CHRISTOVAtildeO GOUVEcircA AacuteS PARTES DO BRASIL - ANNO DE 83 - OU NARRATIVA
EPISTOLAR DE UMA VIAGEM E MISSAtildeO JESUIacuteTICA[A00_0751 p 142]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente Moraes e Silva define calmaria como termo naacuteutico mas todos os
outros dicionaacuteriosem suas definiccedilotildees remetem a tempo e atmosfera Origem italiana lt
latina
Ficha 44
Canjar vs (T Naut) Ir avante
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau natildeo consta
rarrMoraes e Silva CANJAacuteR vr t de Naut Surdir aacute vante ldquo os ventos ponteiros faziatildeo
desandar o que o navio tinha canjadordquo i eacute os ventos abatiatildeo o que o navio tinha surdido
vingado Freire
rarrLaudelino Freire CANJAR v intran Ant Trocar de cocircr ou de rumo cambiar Canjar s
m Aacuter kandjar Espeacutecie de punhal de lacircmina comprida afiada dos dois lados alfanje
rarrAureacutelio natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente Moraes e Silva apresenta canjar como termo naacuteutico Origem
duvidosa (italiana) (Houaiss 2001)
92
Ficha 45
Carlinga sf (T Naut) He hum encaixe onde na sobrequilha da nagraveo ou navio assenta o pegrave
do mastro grande e do traquete por outro nome pia
______________________________________________________________________
rarrCunha carlinga sf bdquo(Constr Nav) ant forte peccedila de madeira fixa agrave sobrequilha com um
encaixe onde entra a mecha do peacute do mastro real‟ XVI (Aeron) cabina XX Do fr carlingue
deriv do a escand kerling bdquomulher‟ bdquocarlinga‟ por uma comparaccedilatildeo de ordem sexual
rarrBluteau CARLINGA (Termo de navio) He na ſobrequilha hum encaixo ou covaſinha
onde aſſentaotilde o maſto grande amp agraves vezes o do traquete Por outro nome chamotildelhe PiaO Padre
Filiberto Monet com termos Grego-Latinos chama a Carlinga Hiftodoche es Fem amp
Hiftopus odis Mafe O peacute do maſto ſe encaixa em hum buraco quadrado da Carlinga Pterna
mali ou peacutes mau ou talus mali inditur ftatuitur in quadro biftodoches cavo A Carlinga
ſerve de de baze ao maſto amp a quilha de pedeſtal Hiftodoche feumodius bafin dyrochus verograve
ftylobaten navali malo fubminiftratA agoa que a nao fazia era pola Carlinga Comentar De
Affonſo d‟Albuquerque pag 22
rarrMoraes e Silva CARLIacuteNGA s f t de Naut Na sobrequilha dos navios eacute um encaxe onde
assenta o peacute do mastro grande e do traquete aliaacutes se diz pia Comment dlsquo Albuq P22 Couto
6921
rarrLaudelino Freire CARLINGA s f Naacuteut Peccedila fixada na sobrequilha ou abertura nesta
praticada e em que encaixam os mastros sobrequilha 2 Aeron Lugar onde fica o pilocircto
3 Tabuleta com furos em baixo do banco da vela da jangada e na qual se prende o peacute do
mastro mudando-se de um furo para o outro conforme a conveniecircncia da ocasiatildeo carninga
rarrAureacutelio carlinga [Do fr carlingue] Substantivo feminino 1Ant Constr Nav Forte peccedila
de madeira fixa agrave sobrequilha e em cuja face superior haacute um encaixe de seccedilatildeo quadrangular
onde entra a mecha do peacute do mastro real 2Constr Nav Gola metaacutelica fixa no conveacutes (quando
o mastro natildeo vai ateacute agrave quilha) e onde se apoia o peacute do mastro As meias arrendadas foram
atiradas agrave carlinga do mastro (Xavier Marques Jana e Joel p 173) 3Cabina (3) 4Bras
NE Tabuleta com furos embaixo do banco da vela de uma jangada e na qual se prende o peacute
do mastro mudando-se de um furo para o outro segundo a conveniecircncia da ocasiatildeo [Var
carninga]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam carlinga como termo naacuteutico Origem
francesa
Ficha 46
Carregadeiras por outro nome Sirgideiras Sf plr (T Naut) Cabos delgados para colher ou
carregar as velas Dous moitotildees com cabo fixo no enxertario para arriar a verga
______________________________________________________________________
rarrCunha do latim carrus ndash carregadeira 1813
93
rarrBluteau CARREGADEIRAS ou Sirgideiras (Termo de Marinhagem) Carregadeiras da
mezena ſaotilde huns cabos delgados cotilde que ſe carrega a vela amp ſe colhe colligendo velo
poftico Carregadeiras (Outro termo de marinhagem) Satildeo dous moutoens com hũ cabo fixo
no enxertario que ſerve para arriar a verga a baixo quando faz tempo
rarrMoraes e Silva CARREGADEIRAS s f pl t de Naut ou Sirgideiras cabos delgados
com que se colhem ou carregatildeo as velassect Dois moitotildees com cabo fixo no enxertario para
arriar a verga quando faz tempo
rarr Laudelino Freire s f pl Lus Giacuter As pernas CARREGADEIRA s f De carregar +
deixara Cabo delgado com que se carregam ou colhem as velas dos navios []
rarrAureacutelio carregadeira [De carregar + -deira] Substantivo feminino 1Marinh Cabo
delgado com que se carregam ou colhem as velas []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo constam carregadeiras nem sirgideiras
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam carregadeiras como termo naacuteutico de
marinhagem ou do mar Origem portuguesa lt latina
Ficha 47
Cevadeira sf (T Naut) vela pequena agrave proa do navio Alforge de comida
______________________________________________________________________
rarrCunha do latim cibare
rarrBluteau CEVADEIRA Vela pequena que ſe potildeem na proa Proclinati ad proram mali
velum
rarrMoraes e Silva CEVAgraveDEIRA s f vela pequena de proa t de Naut sect Alforge de comer
Couto 5113 natildeo levatildeo mais que suas armas e cevadeiras com farinha de trigo Cont de
Trancoso sect Homem da minha cevadeira i eacute da minha conversaccedilatildeo Eufr 51 Hist Naut 1
456 ldquoSem alforge e cevadeirardquo os Apoacutestolos despedidos por J Christo Feo Sem De Nossa
Senhora das Neves p115 ldquoRumecan General com 7 ou 8 mil de cavallo da sua cevadeira
Couto 495
rarrLaudelino Freire CEVADEIRA s f de cevar + deira Naacuteut Pequena vela suspensa de
uma vecircrga que atravessa horizontalmente o gurupeacutes
rarrAureacutelio cevadeira [De cevada + -eira] Substantivo feminino 1Saco que se adapta ao
focinho das cavalgaduras para lhes dar a cevada ou outro alimento bornal embornal
2Marinh Ant Verga de cevadeira 3Marinh Ant Vela quadrangular que envergava na
verga do mesmo nome por baixo do gurupecircs [Cf sevadeira]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Apartados os dous navios da ſombra da terra deſcubrioſe entatildeo da Armada que rendido o
noſſo do Pirata o levava aacute toa E metendolhe breviſlimamente vellas de eſtay cutellos
joanetes barredouras (aacutelem da meſena amp ſevadeira que lhe faltou) adiantava grande
caminho em pouco tempo fugindo a hum cortar para ſervirlhe o vento a todo pano o vento
a todo pano
FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 42]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam cevadeira como termo naacuteutico ou relativo ao
mar Origem portuguesa lt latina
94
Ficha 48
Chapeleta sf (T Naut) Couro pregado sobre o pagraveo chamado de nabo O salto da pedra
atirada agrave superficie da agua
______________________________________________________________________
rarrCunha do a f chapel
rarrBluteau CHAPELETA Chapeleta (Termo de navio) He hum couro pregado em cima de
hum pagraveo redondo que chamaotilde Nabo Coriaceum tegumentum i Neut
rarrMoraes e Silva CHAPELETA s f t de Naut Coiro pregado sobre o paacuteo a que os
Nauticos chamatildeo Nabo da Bomba de esgotar o fundo dos navios
rarrLaudelino Freire CHAPELETA s f Cast chapelete Chapelinho 2 Vaacutelvula nas
bombas que se usam a bordo
rarrAureacutelio [De chapeacuteu1 (lt fr ant chapel) + -eta (ecirc) seg o padratildeo erudito] Substantivo
feminino 1V chapeacuteu1 (1) 2Vaacutelvula de bola (q v) usada nas bombas [v bomba (4)] 3V
ricochete (1) 4Mancha de rubor nas faces chapeacuteu1 [Do fr ant chapel atual chapeau]
Substantivo masculino 1Peccedila de feltro palha etc com copa e abas e destinada a cobrir a
cabeccedila [Aum chapelatildeo chapeiratildeo dim irreg chapelete chapeleta Sin (bras giacuter) tampa
e penante] Marinh A parte superior do cabrestante
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Embora natildeo conste em todos os dicionaacuterios como termo naacuteutico as definiccedilotildees
apresentadas remetem a esse termo Origem portuguesa lt francesa
Ficha 49
Chapiteo sm (T Naut) O remate mais alto da popa e proa No edifiacutecio Chapitel he o
rematte delle
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau CHAPITEO Chapiteo (Termo de navio Por quanto hum homem podia diviſar do
Chapiteo da naacuteo Barr 2 Dec pag 186col2
rarrMoraes e Silva CHAPITEO Chapiteacutel V Chapiteacuteo Palm 3111Chapiteacuteo s m t de
Naut o chapiteacuteo da naacuteo Barros 2186 quanto um homem podia divisar do chapiteacuteo da naacuteo
Amaral 2 Eacute a parte mais alta em que se remata a popa e proa onde frequentemente havia
castellos e entatildeo o Chapiteo rematava os castellos bem como na arquitectura civil os
chapiteacuteis rematatildeo os edificios Seg Cerco de Diu f157 ―chapiteacuteos da Igreja M Pinto
6214
rarrLaudelino Freire CHAPITEacuteU s m De capitel A parte mais elevada da proa e da pocircpa
do navio
rarrAureacutelio natildeo constam chapiteacuteo chapiteacuteu
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Era tam grande o mar que agrave entrada da baiacutea em 9 braccedilas de fundo me deu o mar por riba
do chapiteacuteo e veo quebrar no conveacutes
PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE
SOUSA [A00_0078 p 107]
95
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Aureacutelio natildeo lista chapiteo em seu dicionaacuterio Para os demais autores
consultados chapiteo eacute um termo de navio Origem natildeo encontrada
Ficha 50
Chaveta sf (T Naut) Ferro com que se bdquore em‟ as cavilhas fechando por cima das arruelas
Ferro no eixo que natildeo deixa saacutelvio o que estagrave enfiado nelle
_____________________________________________________________________
rarrCunha chaveta - do latim clavem
rarrBluteau CHAVETA Chaveta (Termo de navio) Chapa de ferro da largura de dous dedos
eſtreita para a ponta fecha por cima das arruelas para que ſe naotilde poacuteſſaotilde tirar as cavilhas
Clavorum retinaculum i Neut
rarrMoraes e Silva CHAVEgraveTA s f t de Naut Peccedila de ferro que fecha por cima das
arruellas para reter as cavilhas ou se mette no extremo de algum eixo paranatildeo sair o que estaacute
enfiado nelle
rarrLaudelino Freire CHAVEcircTA s f De chave Peccedila de ferro na extremidade de um eixo
para natildeo deixar sair as rodas ou peccedila que segura uma cavilha 2 Cavilha 3 Haste em que
jogam as dobradiccedilas 4 Lus O mesmo que chavelha
rarrAureacutelio chaveta (ecirc) [De chave + -eta (ecirc)] Substantivo feminino 1Peccedila na extremidade
dum eixo para fixar as rodas2Peccedila para segurar a cavilha 3Haste em que jogam as
dobradiccedilas 4Bras SP Peccedila de madeira que prende a canga agrave tiradeira [Pl chavetas (ecirc) Cf
chaveta e chavetas do v chavetar]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
[] e estas fontes como outros tantos Cyfoens enchem delivel com aagoa dorio aquellas
praccedilas logo que amachina se interrompe machina ha destas q consta de quatro centas
chapas deferro ecada chapa de oito Libras fora as cavilhas e chavetas do mesmo metal
[]
ANTONIO PIRES DA SILVA PONTES LEME (1896) [nd] MEMORIAS SOBRE A
EXTRACCcedilAtildeO DO OURO NA CAPITANIA DE MINAS GERAES () [A00_0761 P 420]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam o termo chaveta ligado ao mundo mariacutetimo
Origem portuguesa lt latina
Ficha 51
Cheleira sf (T naut) peccedila de madeira nas nagraveos junto aacutes portinholas com vatildeos onde se
mettem as balas
_____________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau natildeo consta
rarrMoraes e Silva CHELEgraveIRA s f Nas naacuteos de guerra eacute peccedila de madeira que corre ao
longo do costado junto aacutes portinholas e onde estatildeo as ballas vi uns vatildeos feitos para isso nas
cheleiras (do Inglez Shelf) Exame de Artilheiros
96
rarrLaudelino Freire CHELEIRA s f Lugar em que empilham as balas na bateria de um
navio 2 Peccedila de madeira em que a bordo se encaixam baldes
rarrAureacutelio natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Em suas acepccedilotildees os dicionaacuterios de Moraes e Silva e Laudelino Freire
apontam o termo como do universo naacuteutico Os demias dicionaristas natildeo citam o termo
Origem natildeo encontrada
Ficha 52
Ciar se va refl Ter ciumes (T Naut) vn Remar para traz em quanto outros rematildeo ao
contrario para voltar o baixel
______________________________________________________________________
rarrCunha ciar vb bdquoremar para traacutes‟ l cear XVI l Do cast ciacutear talvez deriv de cia bdquoquadril‟
pelo esforccedilo que faz esta parte do corpo ao ciar
rarrBluteau CIAR ou ciarſe ter ciumes Emulari Vid Ciume amp Ciofo Pois ſe Chriſto ſe Cia
tanto de morrer algum hoacutemem antes que elle morra pelos homens OP Ant Vieira
rarrMoraes e Silva CIAR-SE t de Naut Remar para traz ao tempo que os outros remeiros do
lado opposto rematildeo para diante para voltar a galeacute V Ciavoga Cast 2161 V Cear como
escrevem Barros e Castanheda CIAVOacuteGA s f t de Naut Volta em redondo que se daacute aacute
galeacute remando os de um lado e ciando os do outro Cast
rarrLaudelino FreireCIAR v intr Naacuteut Remar no sentido contraacuterio ao andamento para
recuar ou para voltar a embarcaccedilatildeo vogando a direito os remeiros do outro lado 2 Mover-
se para traacutesrdquo Cia a igara e reparte um silvo extensordquo (Pocircrto Alegre)
rarrAureacutelio ciar1 [Do esp ciar poss] Verbo intransitivo 1Remar para traacutes 2P ext Mover-se
para traacutes [Cf siar e cear]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Vista jaacute posto que em sombras a pintura do corpo natural desta Regiatildeo a benevolecircncia do
seu clima a fermosura dos seus Astros a distancia das suas costas o curso cia sua
navegaccedilatildeo o movimento dos seus mares objectos que mereciaotilde mais vivos e dilatados
rascunhos []
SEBASTIAtildeO DA ROCHA PITTA (1878) [1730] LIVRO PRIMEIRO [A00_0567 p 13]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Dentre os dicionaacuterios consultados somente o de Bluteau natildeo cita o termo ciar-
se como naacuteutico Origem castelhana
Ficha 53
Cifa sf Assim chamatildeo os ourives a aregravea de que enchem os frascos de moldar e vasar as
peccedilas (T Naut) untura que se dagrave nas embarcaccedilotildees
______________________________________________________________________
rarrCunha cifa sf bdquoareia que os ourives empregam para moldar‟ 1813 Do arsatildeifacirc
97
rarrBluteau natildeo consta
rarrMoraes e Silva CIFA sf eacute untura que se daacute aos navios feita de gordura ou azeite de
peixes ampc B 4816 ldquodaria 100 quintaacutees de Cifa ( que eacute azeite de peixe) ―Couto V de Lima
6 16 lhe mandassem municcedilotildees remos cifa cotonias []
rarrLaudelino Freire sf aacuter saifa Areia de que os ourives enchem os frascos de moldar e
vazar as peccedilas que eles depois tecircm de lavar
rarrAureacutelio cifa [Do aacuter sayf espada areia fina (sentido metafoacuterico)] Substantivo feminino
1Areia que os ourives empregam para moldar
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente Moraes e Silva abona o termo cifa como naacuteutico Origem aacuterabe
Ficha 54
Cifar va (T Naut) Dar cifa
______________________________________________________________________
rarrCunha de cifa sf bdquoDo arsatildeifacirc
rarrBluteau CIFAR Termo Nautico Mandou logo Cifar amp baſtecer trinta navios Jacinto
Freire mihi 322 Cinco navios varados amp Cifados para ſe lanccedilarem ao mar Couto 8 Dic 129
col1
rarrMoraes e Silva CIFAacuteR v at De Naut Dar cifa aos navios ldquocifar e alimpar os naviosrdquo
Cron F III P 3 c 77 mandou cifar e bastecer trinta navios Freire cinco navios varados e
cifados para se lanccedilarem ao mar Cast 8 fol I col I ldquocifados e ensevados os navios para
que ficassem mais ligeirosrdquo e a f 250 como as embarcaccedilotildees estavatildeo cifadas e enseyadas
prendeo logo o fogo nellas V Cifa
rarrLaudelino Freire CIFAR v tr dir De cifa + ar Ant Untar com cifa (os navios) 2
Aparelhar ou abastecer (embarcaccedilatildeo) para se lanccedilar agrave aacutegua
rarrAureacutelio natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Dos dicionaacuterios consultados natildeo citam o termo as obras de Aureacutelio e Cunha
Origem aacuterabe
Ficha 55
Cinta sf Faixa de apertar o corpo Cintura onde se aperta a cinta Peccedila das culumnas e
pedestaes (T Naut) Pagraveos de reforccedilar o forro do costado de popa agrave proa
______________________________________________________________________
rarrCunha cinta sf bdquofaixa para apertar a cintura‟ XIII Do lat cĭncta part De cĭngĕre cintAR
1881 cinto1
adj bdquocingido‟ XIV Do lat cinctus ndashūs part De cĭngĕre cinto2
sm bdquofaixa ou
tira que cinge o meio do corpo com uma soacute volta‟ XIII Do lat cinctus -ŭs cintura sf bdquoa
parte meacutedia do tronco humano situada abaixo do peito e acima dos quadris‟ l ccedilin- XIV ccedilim-
XV l Do lat cinctūra cintURAtildeO sm bdquocinto grande‟ 1813
rarrBluteau Cintas (Termo de navio) Saotilde huns paacuteos que cingem o navio da popa ateacute a proa
pela parte de fora abraccedilando toda aquella madeira em diſtancia huma da outra de palmo amp
meyo ou dous palmos de largo ou ſaotilde huns paacuteos q coacuterrem davante a Reacute ſobre as eſtacas que
ellas foraotilde correndo ao longo das Cintas do coſtados []
98
rarrMoraes e Silva [] t de Naut Paacuteos que vatildeo por fora do costado de popa aacute proa e servem
de reforccedilo ao taboado ou forro do costado Barros
rarrLaudelino Freire CINTAS s f pl Taacutebuas pregadas aos caibros junto agrave cumieira e
paralelas a esta de dois em dois metros mais ou menos para dar firmeza aos planos do
madeiramento 2 Pranchotildees que cingem o navio da pocircpa agrave proa
rarrAureacutelio cinta [Do lat cincta fem do part pass de cingere] Substantivo feminino
Constr Nav Fiada de chapas mais grossas dispostas de proa agrave popa no forro exterior do
costado de navios de ferro agrave altura do conveacutes da borda-livre com o fim de aumentar a
resistecircncia do casco e do proacuteprio costado cintado []1 Bras Mar G Dispositivo instalado
numa embarcaccedilatildeo de casco de ferro ou de accedilo e que atenua ou neutraliza a deformaccedilatildeo que o
magnetismo da embarcaccedilatildeo causa nas linhas de forccedila do magnetismo terrestre assim
reduzindo muito a eficaacutecia das minas e torpedos eletromagneacuteticos que se possam encontrar na
rota Cinta couraccedilada 1 Constr Nav Cinta de chapas de couraccedila para proteger navio
encouraccedilado e que se estende desde abaixo da sua linha de flutuaccedilatildeo ateacute pouco acima dela
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam cinta como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Ficha 56
Clara s f O branco glutinoso do ovo (T Naut) No beque do navio he hum pagraveo que vai por
baixo da curva e por cima do talhamar
______________________________________________________________________
rarrCunhaclara - Claro adj bdquoorig luminoso brilhante iluminado‟ fig niacutetido inteligiacutevel
manifesto‟ XIII Do lat clarus []
rarrBluteau [] Clara do Beque Palavra de Navio He hum paacuteo que vay por cima do
Talhamar amp por baxo da curva Chamaſe Clara porque tem ſeus vatildeos para por ella paſſar o
mar
rarrMoraes e Silva CLARA sf [] Clara do beque pao que vai por cima do talhamar e por
baixo da curva t de Naut
rarrLaudelino Freire CLARA sf [] 4 Abertura em algumas peccedilas do navio
rarrAureacutelio clara [F subst do adj claro] s f 4Mar V aberta (9) 5Constr Nav Designaccedilatildeo
comum a algumas aberturas existentes no casco ou no aparelho das embarcaccedilotildees []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todas as obras apontam clara como termo de navio entre outras acepccedilotildees
Origem portuguesa lt latina
99
Ficha 57
Colhedor sm Que colhe as frutas das aacutervores No plur(T Naut) Cabos que para fortificar
os mastros passatildeo pelas bigotas fixas nas pontas dos bdquoovens‟ da enxarcia e nas que estatildeo fixas
na abotoadura
______________________________________________________________________
rarrCunha colhedor ndash de colher Do latim colligere
rarrBluteau Colhedocircres (Termo de navio) Saotilde huns cabos que paſſaotilde pelas bigotas que
eſtaotilde fixas nas pontas dos ovens da Enxarcia como tambem por aquellas que eſtaotilde fixas na
abotocadura para fortificar os maſtos Demandaotilde toda a forccedila amp vaotilde a poder de muyto cabo
[]
rarrMoraes e Silva sm [] t de Naut cabos que passatildeo pelas bigotas fixas nas pontas dos
ovens da enxaacutercia e por outras fixas na abotoadura para fortificar os mastros
rarrLaudelino Freire COLHEDOR adj E sm De colher + dor O que colhe o que recebe
Colhedores s m pl Cabos delgados que enfiando pelos buracos de duas bigotas ou sapatos
servem para tesar os oveacutens estais
rarrAureacutelio [De colher (ecirc) + -dor] Adjetivo Marinh Cabo com que se tesa um estai um
oveacutem etc e que gorne em um par de bigotas uma das quais eacute presa no chicote do cabo a
tesar e a outra num ponto apropriado do conveacutes do costado de um mastro etc
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam colhedor como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Ficha 58
Contrapunho sm [T Naut] cabo pegado na ponta da vela grande e do traquete para ajudar
a amarra
______________________________________________________________________
rarrCunha contra (latim) +punho (latim)
rarrBluteau (Termo de navio) He hum cabo que eſtaacute pegado na ponta da vella grande amp do
traquete que ſerve de ajudar a amarra Naotilde tem nome proprio Latino
rarrMoraes e Silva CONTRAPUacuteNHO s m t de Naut Cabo pegado na ponta da vela grande
e do traquete para ajudar a amarra
rarrLaudelino Freire CONTRAPUNHO s m De contra + punho Naacuteut Cabo fixo na ponta
da vela grande e do traquete para auxiliar a manobra
rarrAureacutelio contrapunho [De contra- + punho] Substantivo masculino 1Marinh Cabo ligado
agrave ponta da vela grande e do traquete e que serve para auxiliar a manobra
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam contrapunho como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
100
Ficha 59
Corda sf fios torcidos de estopa etc entre si de diversas grossuras e para diversos usos Nos
Instrumentos musicos he de intestinos de animaes ou de arame No relogio he de accedilo
Cordilheria Extremidade do muscolo No plr (T Naut) Chapas de lata que vatildeo davante agrave regrave
nas cobertas
______________________________________________________________________
rarrCunha corda sf bdquocabo de fios vegetais unidos e torcidos uns sobre os outros‟ bdquofios de
vibra em alguns instrumentos‟ XIII Do lat chŏrda deriv Do gr chordē bdquotripa corda musical
feita com tripas‟ []
rarrBluteau CORDA Corda de navio Funis nauticus i Maſe Rudens tis Maſe Plauto faz
eſte nome do genero feminino mas melhor he fazelo do genero maſculino agrave imitaccedilaotilde de
Catullo Virgilio Oviacutedio Lucano Silio Italico amp Juvenal Vid Ancora Vid Calabre Cordas
com que ſe governaotilde as antenas Funes opiferi Corda com que ſe atta a antena ao maſto
Anquina e Fem Cinna Corda que puxa agrave firga []
rarrMoraes e Silva COacuteRDAS sf pl t de Naut Satildeo umas latas davante a re em todas as
cobertas
rarrLaudelino Freire CORDA s f Lat chorda Peccedila de fios unidos e torcidos uns socircbre os
outros e que serve para prender ou apertar[]
rarrAureacutelio corda [Do lat chorda] Substantivo feminino Constr Nav Ant Cada uma das
vigas longitudinais que nas naus galeotildees etc juntamente com os vaus e as latas aguentavam
os pavimentos 10Marinh Pedaccedilo de cabo ligado ao badalo do sino de bordo [Eacute este a bordo
o uacutenico cabo que tem o nome de corda Cf sicorda]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Falta soacute a induacutestria de as ir puxando para diante para cada vez irem avanccedilando e eacute faacutecil
pondo na ponta de cada pao alguma roda ou reacutegoa entesada em cordas
um calabre cujas pontas vatildeo prender na extremidade dos acircngulos que seguram
PADRE JOAtildeO DANIEL (1976) [1757] PARTE SEXTA - DO TESOURO DESCUBERTO NO
RIO MAXIMO AMAZONAS - CONTEacuteM INVENTOS UacuteTEIS E CURIOSOS PARA A MELHOR
FAZENDO NAVEGACcedilAtildeO PROacuteSPEROS TODOS OS VENTOS AINDA OS MAIS
PONTEIROS E CONTRAacuteRIOS E PARA FAZER NAS CALMARIAS BOA VIAGEM COM
NOVA INVENCcedilAtildeO DE REPRESAR AS MAREacuteS PARA MOEREM FAacuteBRICAS E INGENHOS
DE MOTO CONTIacuteNUO ACCRESCEM ALGUMAS OUTRAS IDEacuteAS DE INGENHOS
MANUAES PARA SERRAR MADEIRA FAZER ACcedilUacuteCAR E MUITOS OUTROS NAtildeO
MENOS CURIOSOS QUE UacuteTEIS A VIDA HUMANA - CAP 12deg - DOS OUTROS TREcircS
MODOS DE SERRAR MADEIRA COM INGENHO PORTAacuteTIL [A00_1975 p 431]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam corda como termo naacuteutico exceto Laudelino
Origem portuguesa lt latina lt grega
101
Ficha 60
Cossouro sm (T Naut] bola de ferro furada no meio onde se mette o mastro Na espora he
a roda com dentes
______________________________________________________________________
rarrCunha cossouro sm bdquoroseta de espora‟ 1813 De origem obscura
rarrBluteau COSSOUROS do navio Saotilde humas bolas de ferro furadas no meyo em que ſe
mete o maſto Servem para os Enxertarios []
rarrMoraes e Silva COSSOgraveUROS s m pl t de Naut Bolas de ferro furadas no meyo em
que se mette o mastro servem para os enxertarios sect Cossouro da espora roda que estaacute na puacutea
rarrLaudelino Freire COSSOURO s m Bola de ferro com orifiacutecio ao centro onde se embebe
o mastrosect 2 Roseta de espora
rarrAureacutelio cossouro [De or obscura] SM 1Roseta de espora [F paral cossoiro]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios remetem o significado do termo cossouro ao mundo
naacuteutico Origem obscura
Ficha 61
[]
Costa sf Terreno que se levanta em ladeira Terra junta ao mar No plr costelas do corpo
(T Naut] curvas e outras peccedilas que sostecircm o costado []Dar aacute costa naufragar encalhar
[]
______________________________________________________________________
rarrCunha costa sf bdquo(no pl) espaacuteduas‟ XIII bdquocostela‟ XIII bdquolitoral‟ XIV Do lat cŏsta
bdquocostela ilharga lado flanco‟ []
rarrBluteau COSTA do mar ( chamada porque de ordinario he amp coſtumamos dizer A
coſta do monte ou porque a terra junto ao mar de ordinario he curva a modo de Correr a
coſta Navali excursione oram Deſpois de corrida toda a coſta Proximo laure Tacito
fallatildedo em huma armada Navegar coſta a coſta Luttus radere Vr V CoſtearDar agrave coſta
Allidi ad eram ou ad oram maritimam Com naacuteos deſtroccediladas tem quaſi agrave Coſta Chagas
Cart Eſpirit Tom 291 Fez fazer mytos navios para guardar a coſta Varias naves ad oram
maritimam tuendam
rarrMoraes e Silva COacuteSTA s f Terreno que se vaacutei erguendo e fazendo ladeira sect Ir coacutesta a
riba i eacute debaixo para cima e fig com difficuldadesect Correr a costa ir ao longo perto della
e assim navegar costa a costa sem se empeacutegar nem emmarar sect Dar agrave costa vir encalhar ou
naufragar nella com tormenta ou varar nella de proposito vg deu este navio aacute costa o tempo
forte deu elle aacute costardquo naacuteos lanccediladas aacute costardquo B 453
rarrLaudelino Freire COSTA s f Ant Anat Costela 2 Regiatildeo proacutexima do mar borda
do mar litoral praia 3 Porccedilatildeo de mar proacutexima da terra
102
rarr Aureacutelio [] 2Litoral (2) 3Porccedilatildeo de mar proacutexima da terra 4A costa da Aacutefrica em geral
[Nesta acepccedil figura em vaacuterios vocaacutebulos ou expressotildees como p ex pano da costa e sabatildeo-
da-costa] 5Encosta declive Dar agrave costa 1 Mar Encalhar (a embarcaccedilatildeo) no litoral por
acidente ou maacute visibilidade ou impelida por tormenta ir agrave costa 2 Fig Perder-se arruinar-se
Ir agrave costa 1 Mar Dar agrave costa (1)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
mar quebrar na costa
preto
PERO VAZ DE CAMINHA (1964) [1500] CARTA DE PERO VAZ DE CAMINHA
[A00_0335 p 01]
Sesta-feira 2 dias de Novembro veo a gente que tinha mandada em busca de Martim Afonso
e me disseram como a nao capitaina dera agrave costa por falta de amarras e que Martim Afonso
com toda a gente se salvaram todos a nado (sogravemente morreram sete pessoas seis afogados e
um que morreo de pasmo) e que o bragantim dera tambeacutem agrave costa e poreacutem que lhe nom
fizera nojo e o batel do galeam e da capitaina tinhatildeo satildeos []
PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE
SOUSA] [A00_0078 p 73]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todas as obras indicam costas dentre outras acepccedilotildees como termo ligado agrave
vida mariacutetima Como termo naacuteutico o DLB apresenta tambeacutem a expressatildeo dar agrave costa
Origem portuguesa lt latina
Ficha 62
Cruzar va Por em forma de cruz Atravessar pelo meio Fig Sobmetter-se conformar-se (T
Naut) Pairar
______________________________________________________________________
rarrCunha cruzarrarr CRUZ [] Do lat crux crǔcis [] cruzAR vb bdquofazer cruzada‟ XIII
bdquopercorrer atravessar‟ XVII []
rarrBluteau CRUZAR Andar atraveſſando de huma parte a outra Cruzar o mar aſſi
como diz Cicero Andatildeo os Piratas cruzando o mar Pirate mareacute inſeſtum havent Ex Cicer
ou mareacute navibus interclu ou claufum tenent Outras duas velas Cruzaratildeo largo tempo o mar
Britt Viagem ao Braſil pag 56 Dos que Nos Eſtreytos do mar ſe levantatildeo as ondas
amp andatildeo os mares Cruzados Vieir Tom 6 pag 481
rarrMoraes e Silva CRUZAacuteR v at Pograver em cruz v g cruzatildeo as vergas Mousinho Afonso
Afric sect Andar bordejando pairar Brito Viag Braacutes P56 duas velas cruzaacuteratildeo largo tempo o
mar Vieira andatildeo os homens cruzando as cortes atravessando daqui para alli no mesmo
lugar Cruza este terreiro a cavalo cruza os mares
rarrLaudelino Freire CRUZAR v r v De cruz + ar Ocupar ou vigiar certa extensatildeo do mar
percorrendo-a em tocircdas as direccedilotildees (intr tr ind com prep em) ldquoAs esquadras federais
cruzaram veratildeo e inverno durante anosrdquo (Rui) ldquoUma esquadra destinada a cruzar no
Baacutelticordquo (Aulete)
rarrAureacutelio cruzar [De cruz + -ar2][]3Cortar atravessar A Avenida Rio Branco cruza a
Presidente VargasCruzam o firmamento as estrelas cadentes (Martins Fontes Veratildeo p
154) 4Passar por percorrer atravessar Lembrava-se bem do tempo em que cruzara aquelas
estradas5Transpor penetrar Saiu dizendo que jamais voltaria a cruzar aqueles
umbrais6Percorrer em diversos sentidos cruzar os mares cruzar estradas []
8Encontrar-se vindo em direccedilotildees opostascruzara com um caboclo espadauacutedo e rijo
(Herman Lima Garimpos p 142) [] 10Percorrer o mar em direccedilotildees diversas11Estar
103
atravessado colocar-se de traveacutes 12Encontrar-se vindo em direccedilotildees opostas cruzar-se []
Cruzar (16) Os navios cruzaram-se em pleno equador []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Em que se declara o clima da Bahia como cruzam os ventos na sua costa e correm as aguas
GABRIEL SOARES DE SOUSA (1938) [1587] DESCRIPCcedilAtildeO TOPOGRAPHICA DA BAHIA
(PARTE SEGUNDA -TITULO 2) [A00_0178 p 133]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Os dicionaacuterios consultados apresentam abonaccedilotildees que remetem ao termo
cruzar na acepccedilatildeo de mariacutetimo Origem portuguesa lt latina
Ficha 63
Cunho sm Instrumento com que se marca a moeda ou medalha Fig Uso pronunciaccedilatildeo
sentido que se daacute agraves palavras (T Naut) Pagraveos em torno do cabrestante com seus dentes em
que pegatildeo o linguete e as amarras Sem cruzes nem cunhos famil sem caracter certo vario
______________________________________________________________________
rarrCunha cunho sm ldquoplaca de ferro para marcar moedas medalhas etcrdquo XV Do lat cŭněus
ndashī
rarrBluteau Cunhos (Palavra de navio) Satildeo huns paacuteos pregados agrave roda do cabreſtante por
baxo com ſeus dentes em que pega o linguete amp as amarras quando viraotilde Natildeo temos
palavra propria Latina
rarrMoraes e Silva CUNHO Cunhos t de Naut paacuteos pregados aacute roda do cabrestante com
seus dentes em que pega o linguete e as amarras quando viratildeo
rarrLaudelino Freire CUNHO Cunhos s m pl Naacuteut Espaccedilo junto ao lais tendo aberto
perpendicularmente um gorne onde passam certos cabos que manobram a vela que lhes fica
superior 2 Naacuteut Paus pregados em tocircrno do cabrestante nos quais pelo linguete 3
Pedaccedilos de pau curtos pregados no lugar conveniente e que servem para dar volta aos cabos de
mareaccedilatildeo
rarrAureacutelio cunho [Do lat cuneu] Substantivo masculino1Constr Nav Peccedila de metal
incudiforme que se fixa na amurada das embarcaccedilotildees nos turcos ou nos lugares por onde
possam passar cabos de laborar para dar-lhes volta2Tip Cada uma das peccedilas de metal que
com o auxiacutelio de chave servem para apertar a focircrma na rama [Sin nesta acepccedil aperto e
(desus) cunha V enviesado]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam cunho como termo de navio Origem
portuguesa lt latina
Ficha 64
104
Curva sf A parte interior do joelho No pl (T Naut) Os pagraveos curvos que pegatildeo na quilha e
onde se pregatildeo as taboas
______________________________________________________________________ rarrCunha curv ˙a -ado -ar -atura rarr CURVO Curva sf bdquoqualquer linha ou superfiacutecie curva‟
1500 bdquo(Geom) lugar geomeacutetrico de um ponto que se desloca no espaccedilo com um uacutenico grau de
liberdade‟ 1844curvADO-bado XIV Do lat curvātus part de curvāre []
rarrBluteau Curva (Termo de Navio) Curvas de cotildevez ſaotilde as chaves da naacuteo que fortificatildeo os
lados Parece que ſaotilde o que Plinio chama Navium coft amp arum Fem Plur Curva do falcatildeo
do Beque he huma curva particular em que prega o Talhamar A quilha eſtava podre podres
as Curvas ou cavernas Vieira Tom 10220 E dando entre duas ondas impetuoſas Taboas
rendeo amp as Curvas mais forccediloſas Malaca conquiſt livro 1 oit 35
rarrMoraes e Silva CUacuteRVA Curvas t de Naut as costas ou peccedilas de paacuteo curvas que
nascem da quilha nas quaes se pregatildeo as taacuteboas do costado cavernas Vieira sect Curva do
falcatildeo do beque eacute uma curva onde se prega o talhamar
rarrLaudelino Freire CURVAS sf pl Mar Madeiros arqueados que partem do costado do
navio
rarrAureacutelio curva [F subst de curvo] SF 1Geom Lugar geomeacutetrico de um ponto que se
desloca num espaccedilo com um uacutenico grau de liberdade linha curva [O conceito pode abranger
como caso particular a linha reta] Curva de giraccedilatildeo 1 Lus Mar Curva de giro (q v)
Curva de giro 1 Bras Mar A que o centro de gravidade duma embarcaccedilatildeo descreve quando
se manteacutem o leme carregado para um dos bordos curva de giraccedilatildeo
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
A madeira eacute leve mas muito liada que natildeo fende de que se tiram curvas para barcos e que
se fazem vasos de sellas e destas folhas podem manter bichos de seda e os levarem a estas
partes
GABRIEL SOARES DE SOUSA (1938) [1587] DAS ARVORES MEANS COM
DIFFERENTES PROPRIEDADES DOS CIPOacuteS E FOLHAS UTEIS (PARTE SEGUNDA -
TITULO 9) [A00_0185 p 252]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaristas apresentam curva como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Ficha 65
Curvatatildeo sm ndashotildees no plr (T Naut) Vatildeo onde assenta a gavea Entre os Ferreiros satildeo dous
pagraveos do folle onde se prega a bdquoperada‟
______________________________________________________________________
rarrCunha curvo Do latim curvus
rarrBluteau CURVATAM Curvataotilde (Palavra de Navio) Curvatatildeo do gurupez he donde ſe
poem o vatildeo para aſſentar a gavea Carchefij fulcimentum i Neut Curvatoens tambem ſaotilde
huns paacuteos fortes em que ſe pregatildeo as perchas do beque Curvatoens do folle em officina de
fundidor ſaotilde dous paacuteos em que ſe prega huma taacuteboa de madeyra a que chamaotilde Perada
rarrMoraes e Silva CURVATAtildeO s m t de Naut No Curvatatildeo do gurupeacutes estaacute o vatildeo para
assentar a gaacutevea sectCurvatotildees do folle de ferreiro satildeo dois paacuteos onde se prega uma taacuteboa
chamada perada
rarrLaudelino Freire CURVATAtildeO Curvatotildees s m pl Naacuteut Duas peccedilas do mastro acima
da romatilde nas quais assentam os vaus reais
rarrAureacutelio curvatatildeo [Do esp curvatoacuten lt cat corbatoacute] Substantivo masculino 1Constr Nav
Ant Cada uma das duas fortes peccedilas de madeira presas agrave romatilde do mastro ou mastareacuteu e sobre
as quais assenta o cesto da gaacutevea
105
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaristas apresentam curvatatildeo como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Ficha 66
Cutegravelo sm Alfange Instrumento semi-circular de ferro de que servem os curtidores [T
Naut] Vela pequena que se ajunta as gaveas No plr Pennas da extremidade das azas do
falcatildeo
______________________________________________________________________
rarrCunhacutelo sm bdquofaca‟ coitello XIII coytelo XIII Do lat cŭltěllus []
rarrBluteau Cutelos (Termo de navio) Armando-lhe joanetes amp Cutelos que natildeo trazia
Britto Viagem do Braſil pag 120
rarrMoraes e Silva CUTEgraveLO s m Alfange [] Velas pequenas que se ajuntatildeo quando haacute
bom vento Britto Viagem Metter cutelos e varreduras
rarrLaudelino Freire CUTELOS s m pl Mar Pequenas velas quadrangulares que servem de
suplemento agraves outras e se desfraldam quando o vento eacute favoraacutevel 2 Pedaccedilos de lona ou
brim que saem do painel das velas quando estas se cortam
rarrAureacutelio cutelo1 [Do lat cultellu faquinha] S m 3Ant Marinh Cada uma das velas
suplementares quadrangulares caccediladas junto agraves testas do velacho e da gaacutevea quando o vento
era de feiccedilatildeo para aumentar a superfiacutecie do pano vela de cutelo
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaristas apresentam cutelo como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
D
Ficha 67
Drsquoavante adv (T naut-) por diante
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta dlsquoavante poreacutem haacute avante adj bdquoadiante para frente‟ XIII Do lat tard
ǎbantě [] auantal XIV vante sf bdquoa metade dianteira da embarcaccedilatildeo‟ XVI
rarrBluteau DAVANTE Em praſe Nautica vai tanto como por diante Fez tomar o navio por
Davante Barros Dec 4 fol 57 Saltaraotilde no Caſtello Davante Barros 1 Dec 116 col2
Antes de darem por Davante Britto Viagem do Braſil 284
rarrMoraes e Silva D‟AVANTE adv tde Naut V Avante Barros Surdir obedecer ao leme
ou governo e mareaccedilatildeo que se faz para fazer cabeccedila e navegar
rarrLaudelino Freire natildeo constad‟avante AVANTE sm Despor O mesmo que atacante
Avante Interj Voz que exprime incitamento e equivale a ldquovamos para dianterdquo Prossigamos
rarrAureacutelio natildeo consta d‟avante consta avante [Do lat vulg abante] Adveacuterbio 1Adiante
Mais avante comeccedilava a selva2Para adiante para a frente Marchemos avante
106
Interjeiccedilatildeo 3Para a frente rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Quinta-feira no quarto de alva me deu por davante o vento sudoeste levando as velas cheas
do vento nordeste que foi a mor afronta que nesta viajem noacutes tiacutenhamos visto E com o vento
sudoeste lanccedilaacutemos as naos ao pairo
PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE
SOUSA [A00_0078 p 65]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios somente Bluteau e Moraes e Silva indicam dlsquoavante como termo naacuteutico
Origem portuguesa lt latina
Ficha 68
Desaferrar va Soltar cousa preza com ferro ou a ferro Soltar largar o que estava prezo
Fig Tirar a forccedila das matildeos das unhas etc (T naut) Levantar ancora
______________________________________________________________________
rarrCunha des˙a˙ferr˙ar -olhar - FERRO sf bdquometal maleaacutevel e tenaz de numerosas aplicaccedilotildees
na induacutestria e na arte‟ XIII Do lat ferrum ndashi [] DESAferrAR XVI []
rarrBluteau DESAFERRAR Tirar alguma couſa do ferro com que eſtaacute preſo Aliquid ferreo
vinculo exfolvere Deſaferrar da maotilde dos dentes das garras unhas ampc he tirar por forccedila que
as ditas couſas tem aferrado Aliquid egrave manibus dentibus unguibus avellere evellere
revellere (vello vulfi vullere evellere revellere (vello vulfi vulfum) Ex Cic Deſaterrar do
Porto Levantar ferro Solvere egrave portu ou folvere navem Cic Deſpois de Deſaferrar do
Porto Ancoris folutis Cic Nem aſſi quizeraotilde Deſaferrar do Porto Jacinto Freyre mihi pag
27
rarrMoraes e Silva DESAFERRAR v at Soltar alguma coisa do ferro a que estava presa v
g desaferraratildeo a embarcaccedilatildeo inimiga a preza te desaferro Lobo Egl7 sect Desaferrar do
porto levantar ferro ancora
rarrLaudelino Freire DESAFERRAR v r v De des + aferrar Levantar ferro ou acircncora (o
navio) (intr tr ind com prep de) ldquo O navio desaferrourdquo ldquoA primeira esquadra agraves ordens de
Lencastre desaferrou do pocircrto de Woolwichrdquo (Rebecirclo da Silva)
rarrAureacutelio desaferrar [De des- + aferrar] Verbo transitivo direto 1Soltar (o que estava
aferrado preso com ferro) 2Soltar (o que estava seguro) Verbo transitivo direto e indireto
3Fazer desistir dissuadir Natildeo conseguimos desaferraacute-lo daquela ideia
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todas as acepccedilotildees exceto as apresentadas por Aureacutelio remetem ao universo
naacuteutico Origem portuguesa lt latina
Ficha 69
Desancorar va (T naut) Levantar ancora
______________________________________________________________________
rarrCunha Do lat ancōra deriv do gr aacutegkyra
rarrBluteau DESANCORAR Levantar a ancora Anchoras toliere Vid Ancora
rarrMoraes e Silva DESANCORAacuteR v at Levantar a ancora o ferro do navio sect vn
Desaferrar
107
rarrLaudelino FreireDESANCORAR vrv De des + ancorar Levantar a acircncora de (tr dir)
2 Levantar acircncora (intr)
rarrAureacutelio desancorar [De des- + ancorar] Verbo td Desus 1Levantar a acircncora de
desancorar um barcoVerbo intransitivo 2Levantar acircncora desaferrar do porto
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam desancorar como termo naacuteutico Aureacutelio
acrescenta ldquotermo em desuso Origem portuguesa lt latina lt grego
Ficha 70
Descahir v n [T naut] Apartar-se do rumo por causa da corrente etc Soffrer decadencia de
bens de valimento etc Ir a mal o que estava bem Declinar
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta descair consta cair cair vb bdquocorresponder a tocar a‟ bdquoir ao chatildeo‟
XIV caer XIII Do lat caděre cadente adj 2g bdquoque vai caindo‟ bdquocadenciado ritmado‟
XVIII Do lat cadens -ēntis bdquoque tomba que cai‟ caIacuteDO 1572 -hi- XVI caIMENTO
-hi- XVIII DEcaIacuteDO decau- XIII DEcaiMENTO -cay- XV Decair XIII
DEScaIacuteDA -hi- 1813 DEScaIacuteDO XVI DEScaIMENTO XVI DEScair XVI
descayr XV queda sf bdquobaque tombo‟[]
rarrBluteau DESCAHIacuteR (Termo Nautico) He nas viagens por mar cotilde a forccedila do vento das
mares ou das correntes perder o rumo amp ſahir da derrota que ſe tem tomado itinere
ventorum ou aquarum vi de (Fleto flexi flexum) Como pairava podia Deſcahir com o
vento Britto viagem do Braſil 37 O Galeaotilde foy Deſcahindo com a correnteQueyros Vida do
Irmatildeo Baſto 311 col2 Deſcahir do valimento In principis offenſionem incurrere ou cadere
Cic
rarrMoraes e Silva DESCAHIR v n t de Naut Apartar-se do rumo por forccedila do vento
contrario de aguagens ou correntes B145 ldquonatildeo querendo o navio fazer cabeccedila (por tomar
vento d‟avante) comeccedilou de ir descahindo sobre hum baixo
rarrLaudelino Freire DESCAIR vrv De des+cair Naacuteut Desviar-se do rumo ou direccedilatildeo
derivar (intr) Abrandar amainar (intr) ldquoO vento comeccedila a descairrdquo (Aulete)
rarrAureacutelio [De des- + cair] V t d[] 4Mudar de rumo derivar (embarcaccedilatildeo) [] 9Estar
inclinado em (certa direccedilatildeo) []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
[] quando voltou encontrara huma armada de vinte naacuteos Hollandezes que lhe impediratildeo o
poder lanccedilar da sua gente a que pretendia no porto de Tamandareacute e por descahir muito com
as correntezas apenas podera tomar o porto dos Touros onde fizera dezembarcar o Mestre
de Campo Andreacute Vidal de Negreiros []
LUIZ DOS SANTOS VILHENA (1921) [1802] CARTA UNDECIMA [A00_0832 p 401]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam descahir como termo naacuteutico ou remete ao
universo mariacutetimo Origem portuguesa lt latina
108
Ficha 71
[]
Dobrar va voltar parte de alguma cousa sobre outra Fazer girar sobre o eixo fallando de
hum sino e de hum cabo (T Naut) Passar alem delle Curvar commover mover alguem
Amansar Accrescentar outro tanto Dobrar-se figldquoAugmentar-serdquo em dobro vnVoltar
______________________________________________________________________
rarrCunhadobrar vb‟duplicar aumentar tornar mais completo mais extenso‟‟curvar abater
domar‟ bdquomodificar passar aleacutem de torneando‟ XIII Do lattardio duplārede duplus
bdquodobro‟derivde duo bdquodois‟ []
rarrBluteauDOBRAR Dobrar hum cabo (Termo nautico) []
rarrMoraes e Silva DOBRAacuteR v at Voltar a porccedilatildeo ou parte de uma coisa sobre outra parte
v g um ramo do panno sobre outro a parte de uma folha de papel sobre outra a ponta de um
prego ou arame sobre o maissect Dobrar o Cabo t de Naut passar aleacutem delle navegando fig
ao dobrar de huma assomada Lobo Egl 5
rarrLaudelino Freire DOBRAR v r v Lat duplicare Passar aleacutem dando volta costeando ou
torneando (tr dir) ldquoAs primeiras navegaccedilotildees regulam-se pelas balizas que deixaram os
predecessores e pelos mesmos cabos que ecircles dobravamrdquo (Latino Coelho)
rarrAureacutelio dobrar [Do lat duplare] Verbo transitivo direto 1Tornar duas vezes maior
duplicar As chuvas dobraram o volume de aacutegua da represa4Voltar ou virar (um objeto) de
modo que uma ou mais partes dele se sobreponham a outra(s) Apoacutes a cerimocircnia os soldados
dobraram a bandeira5Fazer vergar curvar flexionar flectir dobrar os joelhos Ao redor de
noacutes o vento selvagem que dobra vergocircnteas ondeia cidreiras e despetala flores (Maacuterio da
Silva Brito Conversa Vai Conversa Vem p 12) 6Passar aleacutem de circundando Vasco da
Gama dobrou o cabo da Boa Esperanccedila em 1498 7Teatr Interpretar dois ou mais papeacuteis
numa mesma peccedila 8Vergar-se curvar-se 9Ceder transigir 10Pocircr-se (o Sol) 11Bras
Gorjear cantar (paacutessaro) 12Bras PA Proceder a uma dobraccedilatildeo (2) Verbo pronominal
13Tornar-se maior aumentar(-se) 14Curvar-se inclinar-se vergar15Afrouxar(-se) ceder
[Pres ind dobro etc Cf dobro (ocirc) s m]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
O vento era sueste que nos era escasso pera dobrar(e)mos o cabo de Santlsquo Agostinho As
aacuteguas nesta paragem correm a loeste com muita forccedila
PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE
SOUSA () [A00_0078 P 36]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Bluteau e Moraes e Silva apontam dobrar como termo naacuteutico Laudelino
Freire e Aureacutelio natildeo o fazem mas apresentam abonaccedilotildees que mostram o termo como do
universo mariacutetimo Origem portuguesa lt latina
109
Ficha 72
Dormenteadj Adormecido Entorpecido Que estaacute fixa fullando de huma ponte No pl (T
Naut) Diz-se de huns pagraveos que vatildeo fechar nas buccedilardas da proa e em que se assenta a coberta
Na atafona satildeo dois pagraveos em que descanccedilatildeo os emparamentos sobre que anda a moacute
______________________________________________________________________
rarrCunha dormente rarr DORMIR Dormir vb bdquodeixar de estar acordado descansar no sono‟
XIII Do lat dormīre AdormENTAR XIII dormentar XIVAdormir XIII dormEcircNCIA
XX dormENTE1
adj bdquoaquele que dorme‟ bdquodiz-se das plantas cujas folhas se enrolam ou se
desdobram de noite‟ bdquoentorpecido‟ bdquoque estaacute assentado firme‟ XIV Do lat dorm(i)ens ndash
(i)entis part pres de dormīre dormENTE2
sm bdquocada um dos paus da coberta de um navio‟
bdquotravessas em que se assentam os trilhos da linha feacuterrea‟ XVI O termo comeccedila a usar-se
nestas acepccedilotildees como oposto a elevadiccedilo moacutevel natildeo-fixo Assim ponte dormente eacute aquela
que eacute fixa em oposiccedilatildeo a ponte elevadiccedila daiacute o uso substantivado e sua expansatildeo
rarrBluteau Dormentes (Termo de navio) Saotilde os em que ſe forma a cobertaa amp vaotilde a fechar
em buccedilardas da Proa
rarrMoraes e Silva DORMEgraveNTES s m pl t de Naut Satildeo paacuteos em que se foacuterma a coberta e
vatildeo fechar nas buccedilardas da proa sect na Atafona Satildeo 2 paacuteos em que se descanccedilatildeo os
emparamentos nos Engenhos de assucar paacuteos em que assenta a ponte da moendasect Os Sete
Dormentes V C Flos Sanct De Fr Diogo do Rosario que traz a sua histoacuteria curiosamente
ldquoacordaratildeo os dormentesrdquo P d‟Aveiro c 91
rarrLaudelino Freire DORMENTE sm Naacuteut Cada um dos paus com que se forma a coberta
e que vatildeo fechar nas buccedilardas da proa2 Uma das peccedilas da atafona 3 cada uma das
travessas em que assentam os carriacutes das linhas feacuterreas
rarrAureacutelio dormente [De dormir + -ente] Substantivo masculino 1Peccedila fixa de marcenaria
ou de serralharia assim chamada em contraposiccedilatildeo a outras do mesmo tipo ou aparecircncia
poreacutem moacuteveis 2Peccedila da atafona 3Cada uma das peccedilas de madeira em que se pregam as
taacutebuas do soalho 4Constr Nav Cada uma das fortes vigas de madeira que correm de proa agrave
popa sobre o topo das balizas e sobre as quais se apoiam os topos dos vaus 5Constr Nav
Cada uma das vigas de madeira que correm de proa agrave popa presas agraves cavernas de embarcaccedilatildeo
miuacuteda um pouco abaixo do alcatrate e sobre as quais se apoiam as bancadas dos
remadores[]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
[ -
inconveniente no Amazonas por abundar tanto nele e nas suas matas a madeira mas ainda
que esta seja muita e esteja agrave escolha sempre custa a cortar e a conduzir e a lavrar de
sorte que chamando-se embarcaccedilotildees de um soacute pao inteiriccedilas necessitam de muitos mais
paos do que as embarcaccedilotildees ordinaacuterias um pao para fazer o casco outros dous paos para
tirar as duas cavernas outros dous para os dous talabardotildees e todos esses satildeos paos
grandes 4 paos famosos para construir as duas bochecas e as duas conchas da proa sem
falar nos muitos outros paos para dormentes bancos mastros e mais requisitos E por
ventura satildeo estas embarcaccedilotildees mais fortes e duraacuteveis que as ordinaacuterias
110
PADRE JOAtildeO DANIEL (1976) [1757] PARTE QUINTA - EM QUE MOSTRA UM NOVO E
FAacuteCIL MEacuteTODO DA SUA AGRICULTURA O MEIO MAIS UacuteTIL PARA EXTRAIR AS SUAS
RIQUEZAS E O MODO MAIS BREVE PARA DESFRUTAR OS SEUS HAVERES PARA
MAIS BREVE E MAIS FACILMENTE SE EFEITUAR A SUA POVOACcedilAtildeO E COMEacuteRCIO -
TRATADO 4deg - DA FACTURA DAS CANOAS OU EMBARCACcedilOtildeES DO AMAZONAS - CAP
2deg - DOS MUITOS INCONVENIENTES QUE TEM ESTA PRAXE DAS CANOAS [A00_1923
P 193]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios aprsentam dormente como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Ficha 73
Driccedila sf (T Naut) Corda de iccedilar e marear as velas
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau DRICA Corda de roldana ou cabo com que ſe levantaotilde amp abaixaotilde as vergas
dos navios []
rarrMoraes e Silva DRICcedilA s f t de Naut Corda de iccedilar e marear as velas Couto 836
cortou a driccedila da vela Epanaforas H Naut 2134 enxarcea e driccedila fizeratildeo de huma linha de
pescar
rarrLaudelino Freire DRICcedilA s f ital drizza Corda com que se iccedilam pavilhotildees vecircrgas de
navio etc adriccedila ADRICcedilA s f De a + ital drizza Naacuteut Cabo para iccedilar velas ou bandeiras
nos mastros dos navios
rarrAureacutelio driccedila [Do it drizza pela f driccedila] S f 1Marinh Ant Adriccedila Adriccedila [De a-5 +
it drizza pela f ant driccedila] 1Marinh Cabo de laborar utilizado para iccedilar bandeira flacircmula
roupa maca e determinadas vergas e velas driccedila De improviso flutuaram todas [as canoas]
com rangidos de adriccedilas e palpitaccedilotildees do velame que o vento encopava e propelia (Xavier
Marques Jana e Joel p 53) A meia adriccedila 1 Marinh Diz-se de bandeira iccedilada ateacute 23 da
distacircncia vertical que vai do lais da verga ou do tope do mastro ao local de onde foi iccedilada a
meio 2 Mar Giacuter Um tanto embriagado tocado
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Do entrecasco de duas qualidades que ha de Imbira se fazem rijissimas cordas e ainda
amarras escotas driccedilas etc para as embarcaccediloens que navegatildeo pella costa e reconcavo
asim como estocircpa para calafates e outros uzos
LUIZ DOS SANTOS VILHENA (1921) [1801] CARTA VIGESIMA [A00_0846 p 762]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam driccedila como termo naacuteutico Origem italiana
E
Ficha 74
Embonar va (T Naut) Accrescentar o costado da embarcaccedilatildeo para ter mais bojo
______________________________________________________________________
rarrCunha em˙bon˙ar -o - bom boa adj bdquoque tem as qualidades adequadas agrave sua natureza ou
funccedilatildeo‟ bdquobeneacutevolo bondoso benigno‟ [] EMbonAR 1813 Do cast embonar EMbono
1813 Do cast embono
111
rarrBluteau (Termo Nautico) Embonar hum navio He ſobre o proprio madeyro com taboas
groſſas ou com novos madeyros amp com novo taboado dar bojo a hum navio que por falta
delle naotilde ſuſtenta a vela Navis latera lignis tabuliſque novis veſtire []
rarrMoraes e Silva EMBONAacuteR vatt de Naut |Acrescentar o costado do navio que fique
mais bojudo para aguentar melhor o panno
rarrLaudelino Freire EMBONAR v tr dir De embono + ar Naacuteut Reforccedilar exteriormente o
costado de (um navio)
rarrAureacutelio Embonar [Do esp embonar] Verbo transitivo direto 1Constr Nav Colocar
embono em (uma embarcaccedilatildeo)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam embonar como termo naacuteutico ou naval
Origem castelhana
Ficha 75
Embono sm [T naut] Accrescentamento de bojo ao costado do navio
______________________________________________________________________
rarrCunha em˙bon˙o - BOM bom boa adj bdquoque tem as qualidades adequadas agrave sua natureza
ou funccedilatildeo‟ bdquobeneacutevolo bondoso benigno‟ [] EMbono 1813 Do cast embono
rarrBluteau Embocircno (Termo Nautico) Hagrave dous generos de embono Embono que ſe faz
ſobre o proprio madeyro deſcozendo o coſtado amp pondo o coſtado ſobre o embono Outro
embono faz ſobre o proprio coſtado com taboado groſſo Vid Embonar
rarrMoraes e Silva EMBOgraveNO s m Augmento de bojo que se daacute o costado do navio para
que possa aguentar melhor o panno faz-se sobre o antigo costado pondo-lhe outro
rarrLaudelino Freire EMBONO s m Naacuteut O bocircjo ou saliecircncia do costado de qualquer navio
embonado embonada EMBONOS s m pl Naacuteut Madeiras que servem para embonar o
navio2 Paus que fixam socircbre o costado para facilitar o desembarque
rarrAureacutelio [Do esp embono] S m 1Ant Constr Nav Revestimento de madeira aplicado
sobre o casco de embarcaccedilatildeo desde o fundo ateacute agrave linha-daacutegua quando ela mostra grande
tendecircncia para se inclinar 2Ant Constr Nav Revestimento suplementar com estrutura
celular que em navios metaacutelicos corria a um e outro bordo ao longo do costado desde um
pouco acima da linha-daacutegua ateacute certa profundidade e destinado a melhorar a proteccedilatildeo do
navio contra as explosotildees de torpedos ou minas contracarena [Cf nesta acepccedil coacuteferdatilde (2)]
3Bras N NE Grande viga de pau de jangada ou de outra madeira leve presa ao longo da
borda de algumas embarcaccedilotildees de boca estreita com o fim de aumentar-lhes a estabilidade e
amortecer-lhes o balanccedilo lateral
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam embono como termo naacuteutico Origem
castelhana
112
Ficha 76
Embornal sm O saco com cevada ou milho em que se mette o focinho da besta (T Naut)
Buracos no costado do navio para escovar a agua que cahe na coberta
______________________________________________________________________
rarrCunha embornal - bornal sm bdquosaco de pano utilizado para transportar provisotildees
ferramentas etc‟ 1813 De origem incerta Embornal 1813 Embornais sm Pl ldquo(Const Nav
) abertura que se faz no costado de embarcaccedilatildeo rente com o conveacutes para escoamento das
aacuteguas da baldeaccedilatildeo ou da chuva‟ 1813 Do it imbrunali
rarrBluteau Embornagravees (Termo de Navio) Saotilde huns buracos nos coſtados da naacuteo junto das
cubertas donde ſahe a lagoa dellas para o mar [] Haacute outros Embornaes nos Trin da
cuberta por onde a agoa vay para o poratildeo donde deſpois ſe tira com a bomba
rarrMoraes e Silva EMBORNAacuteL ou Ambornal s m Saco em que se daacute cevada ou milho aacutes
bestas mettendo-lho no focinhosect Embornaacutees t de Naut buracos no costado do navio ao livel
das cobertas por onde se escogravea a agua que caacutei nellas tem umas angas de pano alcatroado ou
oleado pelas taes se saacutei foacutera a agua Amaral 51 V orndes
rarrLaudelino Freire EMBORNAL s m De em + bornal Saco em que se daacute cevada ou
milho agraves becircstas para o que se lhe prende em tocircrno da bocircca cevadeirardquoEu vi vocecirc uma
bichinha cabia num embornal estaacute ouvindordquo (C Neto)
rarrAureacutelio embornal2 [Do cat ant embrunal poss pelo esp embornal] Substantivo
masculino 1Constr Nav Abertura que se faz no costado de embarcaccedilatildeo rente com o conveacutes
para escoamento das aacuteguas da baldeaccedilatildeo ou da chuva
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Eraotilde valeroſos ambos os Commandantes e tratando jaacute como deſempenho da ſua honra a
occaſiaotilde a que ella meſma os conduzia foy tanta a forccedila que pozeraotilde nos remos e fizeraotilde de
veacutela que na noite logo do dia 9 ſe meteraotilde de baixo das baterias inimigas com hum tal
deſprezo de chuveiros de balas que quando os Hollandezes ſe conſideravaotilde ſoacute acomettidos ſe
viraotilde entrados mas recobrando-ſe do primeiro ſuſto empenharaotilde de ſorte toda a ſua
conſtancia na oppoſiccedilaotilde da furia dos golpes que jaacute corria o ſangue pelos embornaes de hum
e outro bordo
BERNARDO PEREIRA DE BERREDO (1749) [1718] ANNAES HISTORICOS DO ESTADO
DO MARANHAOtilde - LIVRO V [A00_2517 p 183]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios De todos os dicionaacuterios consultados somente o Laudelino Freire natildeo apresenta
embornal como termo naacuteutico Origem incerta (italiana)
Ficha 77
Encalamentos s m plur (T Naut) Peccedilas de madeira que atravessatildeo os braccedilos do navio para
o segurar
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau ENCALAMENTOS (Termo de navio) Satildeo os que atraveſſaotilde os braccedilos amp as
poſturas do navio para fortificar []
113
rarrMoraes e Silva ENCALAMEgraveNTOS s m pl t de Naut Peccedilas de madeira que atravessatildeo
os braccedilos e posturas do navio para as fortificar
rarrLaudelino Freire ENCALAMENTO s m Naacuteut Peccedila de madeira que fortalece o navio
atravessando-lhe os braccedilos
rarrAureacutelio natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente o Aureacutelio natildeo apresenta o termo naacuteutico encalamento Origem natildeo
encontrada
Ficha 78
Encapellar va Levantar a onda e fazella dobrar sobre si Vn (T Naut) vir caindo sobre a
calcez ategrave descanccedilar nos vatildeos
______________________________________________________________________
rarrCunha encapelar ndash CAPELO - sm bdquocapacete da armadura‟ XIII Do lat vulg cappěllus
ENcapelADO sm em- XV ENcapelAR -llar XIX
rarrBluteau Encapellar (Termo de Mariagem) Diz-ſe da enxarcia ou cordas que vem cahindo
pelo calcegravez ou peſcoccedilo do masto ateacute aſſentarem em cima dos vatildeos amp quando ſe tiratildeo diz-ſe
Deſencapellar
rarrMoraes e Silva ENCAPELLAacuteR v at Levantar encrespar e fazer dobrar o apice ou
lingua da onda sobre si mesma como succede andando o mar mui grosso o mar encapella as
ondas Mansinho f 35 sect ldquoassombrar as terras encapella os mares Barreto v do Evangelho
sect Encapellar n t de Naut vir caindo a enxarcia ou cordas pelo calcez ateacute assentarem sobre
os vatildeos []
rarrLaudelino Freire ENCAPELAR ou ENCAPELLAR vrv De em + capela + ar Naacuteut Ir
introduzindo a encapeladura da enxarcia alccedila etc pelo calcecircs ou lais de qualquer mastro
mastareacuteu ou vecircrga ateacute ficar assente socircbre os vaus ou cunhos dos madeiros (intr) 2 Agitar-
se e amontoar-se formando serras (falando do mar ou das ondas) (intr pr) ldquoVentos sopraram
o mar encapelourdquo Suacutebito encapelam-se as ondasrdquo (Paranapiacaba) 3 Levantar
encrespar (tr dir pr) ldquoO oceano encapelava as ondasrdquo (Pocircrto Alegre)
rarrAureacutelio encapelar2 [De en-
2 + capelo
1 + -ar
2] Verbo trans Dir [] 2Levantar erguer
encrespar (o mar as ondas etc)Verbo intransitivo 3Encrespar-se agitar-se (o mar as
ondas) encapelar-se 4Marinh Introduzir no calcecircs ou lais a enxaacutercia a alccedila etc Verbo
pronominal [] 6Encapelar (3) E as vagas do oceano que ameaccedilava tragaacute-los encapelavam-
se aos peacutes deles (A Herculano Lendas e Narrativas I p 147)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Qual sereno mar que num instante As ondas sobre as ondas encapela
TOMAacuteS ANTOcircNIO GONZAGA (2000) [1863] CARTA 3a [A00_1215 p84]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam encapelar como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Ficha 79
Encodar-se va refl [T Naut] Prender-se de poppa ou ficar com ella debaixo d‟agua
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
114
rarrBluteau Natildeo consta
rarrMoraes e Silva ENCODAacuteR-SE v recipr t de Naut Encodar-se a naacuteo pender a popa ou
ficar com ella debaixo da agua (de coda Italiano) Cast 2 f 161
rarrLaudelino Freire ENCODAacuteR-SE v pr De em + coda + ar Inclinar a pocircpa ou metecirc-la
debaixo de aacutegua (o navio)
rarrAureacutelio natildeo consta encodar ou encodar-se Consta encodeamento [De encodear + -mento]
Substantivo masculino 1Accedilatildeo de encodear2Crosta cocircdea
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Moraes e Silva e Laudelino Freire apresentam encodar-se como termo naacuteutico
Origem italiana
Ficha 80
Enfrechadura sf (TNaut) Cabos que atravessatildeo os covens como escadas
______________________________________________________________________
rarrCunha [] do fr fleche de origem germacircnica [] frechal 1813
rarrBluteau Enfrechadugravera (Termo de Marianhagem) Satildeo huns cabos que atraveſſaotilde os ouveins
a modo de eſcadas formacirc transſverſa Scal nautic arum Fem Plur Virgilio lhe chama
Pontes Neſte ſentido entendem os Commentadores eſte verſo do livro da Eneida []
rarrMoraes e Silva ENFRECHADUacuteRA s f t de Naut Satildeo cabos que atravessatildeo os oveis a
modo de escadas
rarrLaudelino Freire ENFRECHADURA s f O mesmo que enfrechateEnfrechate s m De
enfrechar Naacuteut Cada um dos cabos paralelos e horizontais nos oveacutens das enxarcias
Enfrechar v tr De en + frecha + ar Naacuteut Pocircr enfrechates em
rarrAureacutelio enfrechadura s f1Constr Nav O conjunto de enfrechates duma enxaacutercia
Enfrechate s m1Constr Nav Cada um dos degraus feitos de cabo madeira ou ferro presos
aos oveacutens formando escada para que por ela possa subir ao mastro o pessoal empregado na
manobra de um veleiro
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam enfrechadura como termo naacuteutico Origem
francesa lt germacircnica
Ficha 81
Enora sm (T Naut] Pagraveo de atochar o mastro
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau ENORAS (Termo de Navio) Saotilde dous paos a que antigamente chamavaotilde
Poſquetes ſervem de atochar o maſto
rarrMoraes e Silva ENOacuteRAS s f pl t de Naut Paacuteos de atochar o mastro V
PosquetesPosquegravetes s m pl t de Naut antiq V Enoras
rarrLaudelino Freire ENORA s f lat ora Naacuteut 1 Abertura nos vaacuterios pavimentos do
navio por onde os mastros vatildeo assentar na carlinga 2 Abertura circular no conveacutes agrave reacute por
onde se enfia a cabeccedila da madre do leme 3 Peccedila de madeira com que se atocha o mastro
rarrAureacutelio [De en-2 + lat ora extremidade cabo amarra] S f 1Constr Nav Abertura
feita num conveacutes e por onde enfurna um mastro ou eixo de um cabrestante
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
115
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam enora como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Ficha 82
Envergar va ndashguei (T Naut) Enrolar as velas com os envergues nas vergas Vergar
______________________________________________________________________
rarrCunha en˙ver˙ado -adura -ar - VERGA verga sf bdquovara flexiacutevel‟XIII virga XIIIDo
lat virgaENvergADO XVIIENvergADU˙RA 1844 ENvergAR XVII []
rarrBluteau natildeo consta
rarrMoraes e Silva ENVERGAacuteR v at t de Naut Atar e enrolar as velas nas vergas com os
envergues Couto 6921sect V Vergar vg envergar um prego sect Cobrir tapar com vergas
rarrLaudelino Freire ENVERGAR vrv De en +vergar Mar Enrolar e atar com os
envergues (as velas) nas vergas (tran dir) Ligar (o pano) agraves vergas ou aos estais para
servirem na manobra (tr dir)
rarrAureacutelio Envergar [De en-2 + verga + -ar
2] Verbo transitivo direto1Marinh Atar (vela) a
uma verga ou a um estai2Curvar arquear Envergou o bambu3Vestir trajar envergar um
fraqueVerbo intransitivoVerbo pronominal 4Vergar-se curvar-se [Conjug v largar]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam envergar como termo naacuteutico exceto Bluteau
onde o termo natildeo foi encontrado Origem portuguesa lt latina
Ficha 83
Envergues sm plr (T Naut) Os cabos que atatildeo a vela por huns ilhograves aacute verga
______________________________________________________________________
rarrCunha verga sf bdquovara flexiacutevel‟XIII virga XIIIDo lat virgaENvergADO
XVIIENvergADU˙RA 1844 ENvergAR XVII []
rarrBluteau ENVERGUES (Termo de marinhagem) Saotilde huns cabos que fazem fixos ilhograves
com as vergas no gorotil Fumes quibus concraEtum velum alligatur ad antennas
rarrMoraes e Silva ENVEacuteRGUES s m pl t de Naut Cabos que fazem fixos e atatildeo as velas
por uns ilhoacutes aacutes vergas V Gorotil
rarrLaudelino Freire ENVERGUES s m pl de envergar Mar Amarrilhos gaxetas fixas nos
ilhoses do guratil das velas que as atam contra as suas vecircrgas ou vergueiros
rarrAureacutelio envergues [Dev de envergar] Substantivo masculino plural 1Marinh Cabos ou
cordas que prendem a vela agrave verga
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam envergues como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
116
Ficha 84
Escacear vn (T Naut) Ir faltando ou diminuindo va Dar com escaceza [ No primeiro
sentido se toma tambem figuradamente)
______________________________________________________________________
rarrCunha escasso adj bdquoparco avaro raro‟ XIII Do lat excarpsus part De excerpěre
escassEAR escacear XVI []
rarrBluteau ESCACEAR (Termo Nautico) Ir faltando Eſcacear o vento Remiffius flure
ventum O vento eſcacea Ventus remittit ou ſe remittit Por lhe Eſcacear o vento as naotilde
ſeguio Damiaotilde de Goes 221 Eſcacear Dizſe de outras que ſem largueza amp com
difficuldade ſe comunicaotilde Vendo a ambiccedilaotildecom que As chamas ſe arroja o peito Eſcacearaotilde
as luzes Por naotilde honrar nos reflexos Crift Dalma 117 Vid Eſcaſſear
rarrMoraes e Silva ESCACEAacuteR vnt de Naut Escacear os ventos natildeo os aproveitar
mettendo todas as velas ou levando-as enrisadas ou de outro modo que o vento natildeo faccedila
vingar o navio quanto pudera se fosse todo aproveitado H naut t 398
rarrLaudelino Freire ESCASSEAR vrv De escasso + ear Naacuteut Natildeo aproveitar toda a accedilatildeo
de (o vento) diminuindo o pano (tr dir)
rarrAureacutelio escassear [De escasso + -ear2] Verbo transitivo diretoVerbo transitivo direto e
indireto 1Dar com escassez com parcimocircnia natildeo prodigalizar Natildeo escasseia presentes S
M natildeo escasseia mercecircs aos que o servemVerbo intransitivo 2Fazer-se escasso tornar-se
diminuto minguar rarear []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Deixa esta ilha entre si e o morro de Tinhareacute outra bahia mui grande com fundo e porto em
que poacutedem entrar naacuteos de todo o porte e tem grande ancoradouro e abrigada aacute sombra do
morro de que se aproveitam muitas vezes as naacuteos que vem do reino quando lhe escacea o
vento e natildeo podem entrar na bahia da ilha para dentro
GABRIEL SOARES DE SOUSA (1938) [1587] DA ENSEADA DA BAHIA SUAS ILHAS
RECONCAVOSRIBEIROS E ENGENHOS (PARTE SEGUNDA - TITULO 3) [A00_0179 p
146]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Dos dicionaacuterios consultados soacute Aureacutelio natildeo apresenta o verbo escacear como
termo naacuteutico Origem portuguesa lt latina
Ficha 85
Escatelado adj (T naut) Furado na ponta
______________________________________________________________________
rarrCunha escatelADO 1881 sm bdquo(Constr Nav) fenda ou furo na extremidade de uma
cavilha para receber chaveta que natildeo a deixe sair do lugar‟ De origem controversa
rarrBluteau ESCATELADO (Termo de Navio) Cavilha Eſcatelada quer dizer furada na ponta
depois de paſſada a Abita amp a curva para ſe fechar atraveſſſandolhe a chaveta em cima de
huma arruela
rarrMoraes e Silva ESCATELAacuteDO adj T de Naut Cavilha escatelada furada na ponta
depois de passada a abita e a curva para se fechar com a chaveta em cima de uma arruella
rarrLaudelino Freire ESCATELADO v tr dir De escatel + ar Fechar (a cavilha) com a
chaveta em cima da arruela2 Furar na extremidade (a cavilha)
rarrAureacutelio escatelar [De escatel + -ar2] Verbo trans dir Constr Nav1Abrir escatel em (uma
cavilha) 2Introduzir a chaveta no escatel de (uma cavilha) Escatel [De or obscura] S
117
m1Constr Nav Fenda ou furo na extremidade de uma cavilha para receber chaveta que natildeo
a deixe sair do lugar [Pl escateacuteis]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios consultados apresenta esse termo como naacuteutico
Origem cotrovertida
Ficha 86
Escoas sf plur (T Naut) Peccedilas que fortificatildeo as cavernas d‟avante a regrave pela parte de
dentro
______________________________________________________________________
rarrCunha escoa sf bdquo(Const Nav) cada uma das carreiras de tabuado do forro interior do
navio de maior espessura destinadas a consolidar os pontos fracos das balizas‟ XVII Do cat
escoa deriv de escosa particiacutepio do antigo verbo escondre
rarrBluteau Eſcoas (Termo da carpintaria de humanao) Saotilde aſque fortificaotilde as cavernas
davante arepella parte de dentro Fundamentorumnavis interiorra munimenta or um Plur
Neut
rarrMoraes e Silva ESCOgraveAS sf pl t de Naut Peccedilas que fortificatildeo as cavernas por dentro
d‟avante aacute reacute H Naut I 320
rarrLaudelino Freire ESCOA sf Cada uma das peccedilas que fortificam interiormente as
cavernas de uma embarcaccedilatildeo Obs Usado mais no pl
rarrAureacutelio escoa(ocirc) [Do cat escoa] s f Constr Nav1Cada uma das carreiras de tabuado
do forro interior do navio de maior espessura destinadas a consolidar a ligaccedilatildeo dos braccedilos agraves
cavernas [Em geral satildeo trecircs ou quatro carreiras colocadas ateacute junto agrave sobrequilha] 2Cada
uma das cantoneiras longitudinais dispostas paralelamente agrave sobrequilha e assentes nos pontos
onde as cavernas comeccedilam a subir para consolidaccedilatildeo interna da ossada do navio
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Sapucaya he madeira de muita duraccedilatildeo e rijeza a natureza das sapucayas he serem direitas e
monstruozas em altura e grossura pello que dellas se fazem quilhas para naacuteos do maior
poacuterte sobre quilhas cadastes vaacuteos cintas dormentes escoas alem do que em terra se fazem
dormentes ou grandes vigas para os corpos de Engenhos e armazens do maior comprimento
e grossura
LUIZ DOS SANTOS VILHENA (1921) [1801] CARTA VIGESIMA [A00_0846 p 739]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios consultados indicam escoa como termo naacuteutico
Origem catalatilde
Ficha 87
Escorrer va Fazer correr o liquido vn correr o liquido (T Naut) va Passar alecircm sem
tomar nem avistar porto
______________________________________________________________________
rarrCunha escorrer - CORRER vb [] Do lat cǔrrěre corrED˙EIRA sf bdquotrecho de rio
onde as aacuteguas correm ceacuteleres‟ 1844 EScorrer XVI Do lat ex-cǔrrěre []
rarrBluteau Eſcorrer (Termo Nautico) Eſcorrer huma terra huma proviacutencia Paſſar alě
navegandoſem deſcobrilla [] Porque com o eſcuro da noite lhe naotilde ſuccedeſſe Eſcorrer a
118
terra (aſſim dizem aſeu deſencontro os marinheiros) D Franc Man Epan 3 pag pag 319
Dobrou o Cabo de Bon Eſperanccedila Eſcorreo a Ethiopia paſſou a Arabia Vieira Tom 2140
rarrMoraes e Silva ESCORREgraveR at t de Naut Passar alegravem sem tomar ou ver algum Porto
ou Terra onde queriatildeo ir ou que se havia de encontrar Vieira ldquoescorreu a Ethiopiardquo Albuq
41 F Mendes c6b277
rarrLaudelino Freire ESCORRER vrv De es + correr Naacuteut Ant Correr ao longo da
costa de costear (tr dir)
rarrAureacutelio escorrer [Do lat excurrere] Verbo trans Dir 1Fazer correr ou esgotar (o
liacutequido) 2Tirar a (alguma coisa) o liacutequido com que se achava misturada fazendo-o correr
gota a gota 3Deixar sair deitar verter O ferimento escorria um liacutequido sanguinolentoVerbo
intransitivo []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente o Aureacutelio natildeo apresenta escorrer como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Ficha 88
Escoteira sf (T Naut) A peccedila onde se fixa a escota
______________________________________________________________________
rarrCunha - escota sf bdquo(Mar) cabo para governar as velas do navio‟ XV Do ant fr escoute
(hoje eacute coute) deriv do goacutetico skaut escotEIRA XVI escotILHA XV
rarrBluteau ESCOTEIRAS (Termo de navio) Saotilde huns paos onde ſe fazem fixas as eſcotas
da gavea Ligna quibus superiores navis verfori firmantur
rarrMoraes e Silva ESCOTEgraveIRAS s f pl t de Naut Peccedilas de navio onde se fixatildeo as
escogravetas Goes Cron Man 4c78 a escoteira no sing Couto 47II ldquodas escoteirasrdquo
rarrLaudelino Freire ESCOTEIRA s f Naacuteut Peccedila por onde passam as escotas
rarrAureacutelio escoteira [De escota + -eira] s f 1Ant Constr Nav Armaccedilatildeo constituiacuteda de
duas colunas fixas no conveacutes por ante a vante dos mastros ligadas por um travessatildeo no qual se
enfiavam malaguetas onde davam volta as escotas das gaacuteveas escotel Escota (ocirc) [Do fr ant
escoute (atual eacutecoute) poss do goacutet skaut] s f1Marinh Cabo de laborar fixo no punho da
escota (q v) e que permite caccedilar o pano i e estender a vela pelo punho respectivo de modo
que apresente ao vento toda a sua superfiacutecie [A escota iraacute mais ou menos folgada ou entrada
de acordo com a mareaccedilatildeo Nas velas redondas haacute duas escotas uma por barlavento e outra
por sota-vento nas latinas apenas uma]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam escoteira como termo naacuteutico
Origem francesa lt goacutetica
Ficha 89
Escotilha sf (T Naut] espeacutecie de alccedilapatildeo no convez do navio por onde se desce para as
cobertas
_____________________________________________________________________
rarrCunhaescotilha - escota sf bdquo(Mar) cabo para governar as velas do navio‟ XV Do ant fr
escoute (hoje eacute coute) deriv do goacutetico skaut
119
rarrBluteau ESCOTILHA Eſpecie de alccedilapaotilde no convez do navio por onde ſe decĕ as
mercaneiras amp os mantimentos para eſtarem debaixo de cuberta Eſcotilha grande he a porta
principal da nao por onde ſe metem as couſas de mayor volume Eſcotilhas[] Os ouviraotilde no
ar ir eſparzidos Pella Eſcotilha dentro derribados []
rarrMoraes e Silva ESCOTIacuteLHA s f t de Naut Especie de alccedilapatildeo com que se fecha a
entrada para as cobertas e poratildeo do navio usatildeo-se nos tablados da scena theatral
rarrLaudelino Freire ESCOTILHA sf Cast escotilha Naacuteut Alccedilapatildeo ou abertura nas
cobertas e poratildeo do navio2 Lus Abertura na parte superior do tonel para limpeza da
vasilha e entrada de uvas ou bagaccedilo
rarrAureacutelio escotilha [Do esp escotilla fonte tb do fr ant escoutille (atual eacutecoutille)]
Substantivo feminino1Constr Nav Abertura de grande ou meacutedio tamanho feita em qualquer
pavimento de uma embarcaccedilatildeo para tracircnsito de pessoal aeraccedilatildeo ou iluminaccedilatildeo das cobertas
ou passagem de carga []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
O ignorante Capitatildeo paſſado de hum chuccedilo pelos peitos cahio da eſcotilha abaixo
FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 41]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam escotilha como termo naacuteutico
Origem francesa
Ficha 90
Escouves sm ult l-ezes no plr (T Naut) Buraco na proa da embarcaccedilatildeo por onde sahe a
amarra
______________________________________________________________________
rarrCunha sm bdquo(Const Nav) tubo ou manga de ferro por onde passa a amarra da acircncora para
ir do conveacutes ao costado de onde desce ao mar‟escouvē XVI de origem incerta
rarrBluteau ESCOVENS ou Eſcouves (Termo de navio) Saotilde na proa huns buracos redondos
por onde ſahem as amarras []
rarrMoraes e Silva ESCOgraveUVES s m pl t de Naut Buracos na progravea dos navios por onde
saacuteem as amarras Alburq P I f 8 escouves
rarrLaudelino Freire ESCOUVES ESCOUVEacuteM Lat excubiœ Abertura para a passagem da
amarra no costado do navio
rarrAureacutelio escovem [De or incerta poss do cat escobenc lt cat escova] Substantivo
masculino 1Constr Nav Tubo ou manga de ferro por onde passa a amarra da acircncora para ir
do conveacutes ao costado de onde desce ao mar [Cf escovem do v escovar]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam escouves como termo naacuteutico
Origem incerta (castelhana)
Ficha 91
Estibordo sm (T Naut) O lado direito do navio olhando da poppa para a proa
______________________________________________________________________
rarrCunha estibordo sm ldquo(Mar) o lado direito da embarcaccedilatildeo considerando-se a proa como
a sua frente‟ 1813 estribordo XV Do fr ant estribord (hoje tribord apoacutecope de
120
estribord) deriv do neerl stierboord boreste 1884 de estibordo (com supressatildeo da uacuteltima
siacutelaba e colocaccedilatildeo da penuacuteltima no priciacutepio) Neologismo atribuiacutedo ao almirante brasileiro
Saldanha da Gama O aviso de 14021884 do Ministeacuterio da Marinha do Impeacuterio do Brasil
mandou substitur estibordo por boreste para evitar confusatildeo entre bombordo e estibordo
rarrBluteau ESTIBORDO Querem alguns que ſeja de Dextribordo He o lado do navio para
quem eſtaacute na popa com a cara voltada para a proa []
rarrMoraes e SilvaESTIBOacuteRDO smt de Naut Para quem estaacute na popa da naacuteo como rosto
para a proa eacute o lado direito ( de Stribord Inglez)
rarrLaudelino Freire ESTIBORDO sm Din Styrbord Lado do navio agrave direitos de quem
olha da popa para a proa
rarrAureacutelio estibordo[Do port arc estribordo (lt fr ant estribord [atual tribord] neerl
stierboord poss) com dissi-milaccedilatildeo] Substantivo masculino1Mar O lado direito da
embarcaccedilatildeo considerando-se a proa como a sua frente [Cf bombordo e boreste]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
E quando menos conta faziam das vidas do cesto da gaacutevea gritou o gajeiro terra pela proa e
como o temporal os ia empurrando para o rolo da costa por falta de governo desfizeram os
bolsos do traquete e braceando por estibordo foram costeando a dita terra e dando vista de
um abra e uma entrada puseram proa a ela e a todo o risco sem sondar a entraram e fixas as
amarras na habita desabossadas as acircncoras deram fundo
JOSEacute ALVARES DE OLIVEIRA (1981) [nd] HISTOacuteRIA DO DISTRITO DO RIO DAS
MORTES SUA DESCRICcedilAtildeO DESCOBRIMENTO DAS SUAS MINAS CASOS NELE
ACONTECIDOS ENTRE PAULISTAS E EMBOABAS E CRIACcedilAtildeO DAS SUAS VILAS
[A00_0395 p 97]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam estibordo como termo naacuteutico
Origem francesa lt neerlandesa
Ficha 92
Estiva sf (T naut) Contrapeso para o navio ir em equilibrio Grades de pagraveo no poratildeo por
baixo da carga A primeira carga que vai sobre ella Grades de patildeo estreitas na estribaria para
escoarem por baixo dellas a ourina dos cavallosEspecie de registro em que se taxa o preccedilo do
patildeo azeite etc
______________________________________________________________________
rarrCunha estiva sf bdquoa primeira porccedilatildeo do navio‟ bdquoarmaccedilatildeo do tabuleiro duma ponte de
madeira‟ estiba XV Do it stiva estivADOR 1858 estivAR XVI Do it stivare deriv
do lat stipāre
rarr Bluteau ESTIVA Eſtiva Termo Nautico He palavra Italiana ou ſe deriva do Franceacutez
Eſtive He o contrapeſo da carga do navio que ſe daacute a cada lado delle para o ter em equiliacutebrio
Nas ſuas cartas pag362 Uſa D Franciſco Manoel deiſa dicccedilaotilde no ſentido moral Vemos que
a naacuteo da India ſe carrega por conto amp eſta Eſtiva do que leva a paciencia do homem naotilde a
ſabe outro homem que lha carrega de injurias cujo exceſſo do homem naotilde a ſabe outro
homem cujo exceſſo permitte a providencia por caſtigallos a ambos eſte com a ſua fraqueza
aquelle cotilde a ſua tyrannia Vid Equilibrio Vid contrapeſo Vid Eſtivar
rarrMoraes e Silva ESTIacuteVA sf t de Naut O contrapeso que se potildee ao navio para ir em
equiliacutebrio se vai mais carregado de alguma parte sect Grades de paacuteos que no poratildeo vatildeo por
baixo da carga para que natildeo assente no costado e receba alguma humidade sect Grades de paacuteo
121
mūi estreitas com que se pavimentatildeo estrebarias para que a urina se escoe por ellassect Especie
de registo em que se taxa o preccedilo do patildeo azeite palha ampc pelos officiaacutees competentes Leis
de 1765sect A carga primeira que se carrega no navio
rarrLaudelino Freire ESTIVA sf Lat stiva Mar Todo o fundo interno de um navio da
pocircpa agrave proa 2 Mar A primeira camada de carga que se mete em um navio e que eacute
ordinagraveriamente a mais pesada o contrapecircso que se potildee ao navio para o equilibrar e natildeo descair
para o lado mais carregado3 Mar Grade de pau assente no poratildeo do navio socircbre o qual se
arruma a primeira carga para o isolar da umidade
rarrAureacutelio estiva [Do it stiva] Substantivo feminino1A primeira porccedilatildeo de carga do navio
2Bras Mar Merc Serviccedilo de movimentaccedilatildeo de carga a bordo dos navios nos portos o qual
compreende a retirada e a arrumaccedilatildeo desta nos porotildees e nos conveses [Cf nesta acepccedil
resistecircncia (16)] 3Bras P ext O conjunto dos estivadores [v estivador (2)]4Bras Os
gecircneros que formam a base do comeacutercio de secos e molhados especialmente os gecircneros em
grosso5Pesagem dos gecircneros ou mercadorias estivadas 6Bras N Ponte feita de um soacute pau
sobre forquilhas em terrenos alagadiccedilos ou pantanosos [Cf nesta acepccedil estivado
(2)]7Bras MG RS Ponte tosca feita de varas ou paus atravessados sobre um coacuterrego
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Provido do que lhe foi necessario sahiu Thomaz de Souza Villa Real do porto da foz do
Ferreiro no Rio Vermelho em 22 de Dezembro do anno passado ficando aquelle porto
quatorze leguas abaixo da villa o mais proximo della que permitte navegaccedilatildeo mesmo a
pequenos botes com
este rio pouco rico de aguas e por ser o seu fundo em partes de pedra que ainda oppondo
g
estivas sobre que se
poderatildeo arrastar as canocircas []
JOAQUIM MARIA NASCENTES DE AZAMBUJA (1891) [1797] VIAGEM DE THOMAZ DE
SOUZA VILLA REAL PELOS RIOS TOCANTINS ARAGUAYA E VERMELHO
ACOMPANHADA DE IMPORTANTES DOCUMENTOS OFFICIAES RELATIVOS Aacute MESMA
NAVEGACcedilAtildeO [A00_0710 p 47]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam estiva como termo naacuteutico Origem
italiana
Ficha 93
Estribo sm Peccedila em que firmatildeo os pegraves para montar a cavallo ou entrar no Coche etc No
plr (T Naut) Os primeiros cabos que na enfreixadura servem de degragraveos Perder os estribos
fig Perturbar-se natildeo saber onde firmar-se ou em quem confiar
______________________________________________________________________
rarrCunha estriborarr ESTRIBEIRA estribeira sf bdquoestribo de montar agrave gineta‟-eyra XIII
estrebeyra XIII etcDo a fr estriviegravere de origem germacircnica estribAR XV estribO
estrybo XV
122
rarrBluteau Estribos (Termo de mariagem) Saotilde os primeiros cabos que ſervem como de
degraos aacute enfrechadura Vid Enfrechadura
rarrMoraes e Silva ESTRIacuteBO s m Peccedila de madeira (V Caccedilanbas) onde metal em que o
Cavalleiro mette as pontas dos peacutes e se firma para montarsect Nos coches obra feita para se
subir por ella aos cochassect Estribos t de Naut primeiros cabos que servem como de degraos
a enfrexadura
rarrLaudelino Freire ESTRIBO sm Germ streup Naacuteut Cabo brando agrave maneira de sanefa
encapelados nas vecircrgas para servir de apoio aos peacutes dos marinheiros quando ferram o pano
rarrAureacutelio estribo- sm [] 1Marinh Cabo cujos chicotes satildeo presos aos laises de uma
verga e cujo seio eacute a espaccedilos aguentado agrave verga por meio de pedaccedilos de cabos denominados
andorinhos Serve de apoio aos peacutes dos marinheiros que trabalham na verga [Tb o pau da
bujarrona e por vezes a retranca tecircm estribo] 2Peccedila de accedilo colocada transversalmente a uma
armadura longitudinal num concreto para mantecirc-la em posiccedilatildeo ou para resistir a certos
esforccedilos 3Fig Arrimo apoio esteio
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam estribo como termo naacuteutico
Origem francesa lt germacircnica
Ficha 94
Estribordo (T Naut) v Estibordo
______________________________________________________________________
rarrCunha estibordo sm ldquo(Mar) o lado direito da embarcaccedilatildeo considerando-se a proa como
a sua frente‟ 1813 estribordo XV Do fr ant estribord (hoje tribord apoacutecope de
estribord) deriv do neerl stierboord boreste 1884 de estibordo (com supressatildeo da uacuteltima
siacutelaba e colocaccedilatildeo da penuacuteltima no princiacutepio) Neologismo atribuiacutedo ao almirante brasileiro
Saldanha da Gama O aviso de 14021884 do Ministeacuterio da Marinha do Impeacuterio do Brasil
mandou substitur estibordo por boreste para evitar confusatildeo entre bombordo e estibordo
rarrBluteau natildeo consta
rarrMoraes e Silva ESTRIBOacuteRDO V Estibordo Cast Ined 11 536 opposto a babordo
vulgo bombordo ESTIBOacuteRDO smt de Naut Para quem estaacute na popa da naacuteo como rosto
para a proa eacute o lado direito ( de Stribord Inglez)
rarrLaudelino Freire ESTRIBORDO sm Ant O mesmo que estibordo ESTIBORDO sm
Din Styrbord Lado do navio agrave direitos de quem olha da popa para a proa
rarrAureacutelio natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta estribordo soacute estibordo
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Exceto Bluteau e Aureacutelio todos os demais dicionaacuterios apresentam o lema
estribordo mas remetem para o termo estibordo Origem francesa lt neerlandesa
Ficha 95
Estrinca sf (T Naut) Especie de escotilha nas embarcaccedilotildees por onde sobe a amarra
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau natildeo consta
123
rarrMoraes e Silva ESTRIacuteNCA sft de Naut Especie de escotilha nos navios HNaut
2f222 por ella saacutei a amarra donde estaacute envolta e daiacute tem o nome (strinca corda em
Italiano)
rarrLaudelino Freire ESTRINCA sf Ingl string Espeacutecie de escotilha por onde passa a
amarra
rarrAureacutelio natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente Moraes e Silva e Laudelino Freire apresentam estrinca Origem
inglesa
F
Ficha 96
Ferrar va Pregar ferradura Foxerir ferratildeo ou remate de ferro Marcar com ferrete
Guarnecer de cintas ou chapas de ferro Cravar Segurar com harpegraveo ou ferir com elle (T
Naut) Colher as velas Lanccedilar ancora Fig Tomar porto (T de Marcineiro) Metter porcas
Ferrar no sono adormecer
______________________________________________________________________
rarrCunha ferrarrarr FERRO ferro sf bdquometal maleaacutevel e tenaz de numerosas aplicaccedilotildees na
induacutestria e na arte‟ XIII Do lat ferrum ndashi AferrAR XVI AferrO sm XVIII [] Do lat
ferramenta nom pl de ferramentum bdquoinstrumento ou utensiacutelio de ferro‟ ferrAtildeO 1813
ferrAR XIII ferrARIA XIIIferrEIRO XIII ferrENHO XVI feacuterrEO 1572
rarrBluteau Ferrar (Termo Nautico) Ferrar velas ou ferrar o panno Vela colliger Vendoſe em
perigo Ferrara todo panno Britto viagem do Braſil 277 A naacuteo ditoſa Ferrava a vela
Barretto vida do Evang 21377
rarrMoraes e Silva FERRAR v at t naut Colher vg ferrar a vela o pannosect Lanccedilar ferro
ou ancora f tomar portovg ferraratildeo o porto de Coulatildeo Vieira-Freire ferrou a barra
rarrLaudelino Freire FERRAR vrv De ferro + ar Naacuteut Colhecircr amarrar (tr
dir)rdquoTrabalhados de perigos lanccedilai nautas nos nossos portos ferro ferrai velasrdquo (Filinto
Eliacutesio) 118 Atracar (a embarcaccedilatildeo) (trdir) Colhecircr (as velas) (tr dir intr) ldquoferrar as
velasrdquo ldquonunca as ondas tormenta resolveu mais arriscada Ferra ferra (bradou) que eacute enorme
o perigordquo (Filinto Eliacutesio) Deitar o navio ferro (intr) Folgar
rarrAureacutelio ferrar [De ferro + -ar2] Verbo transitivo direto [] 5Marinh Colher (vela ou
toldo) atando-os com amarrilhos a uma verga estai ou vergueiro navegou terra a terra agrave
sombra da costa ferrou panos e fundeou sobre virotes (Galpi Narrativas Militares p
23)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
[] mas natildeo sei se com este vento se com outro que lhe deo nas velas quando ia jaacute pera a
ferrar pendeo tanto a sua naacuteu que tomou agoa pelas portinholas da artilharia e calando-se
pelas escotilhas que iatildeo abertas foi entrando tanta que em continenti se foi ao fundo com
seu dono []
FREI VICENTE DE SALVADOR (1888) [1627] LIVRO QUINTO - DA HISTORIA DO
BRASIL DO TEMPO QUE O GOVERNOU GASPAR DE SOUZA ATHEacute A VINDA DO
124
GOVERNADOR DIOGO LUIZ DE OLIVEIRA - CAPITULO SEXTO - DE COMO O
CAPITAtildeO BALTHAZAR DE ARAGAtildeO SAHIO DA BAHIA COM HUMA ARMADA CONTRA
OS FRANCEZES E SE PERDEO [A00_2084 p 195]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam ferrar como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Folgar vn Cessar de trabalhar Alegrar-se ter gosto de alguma cousa va (T Naut) Alargar
______________________________________________________________________
rarrCunha folgar vbrdquodescansar ter aliacutevio desapertar‟XIII follegar XVDo lat fotildellǐcārě
bdquorespirar como fole‟ deriv de fotildellis focirclegoXIII folgoXVIDeverbal do a port
folegarfolgafolgua XVfolgADIO XV folgADO XIII folgANCcedilA-cia
XIIIfolgAZAtildeO folgasatildeo 1813 folguEDO XVI RESfolegar XVII
rarrBluteau FOLGAR Coſſar do trabalho Deſcanccedilar Andar ocioſoOtiari (or atus fum) Cic
Como foſſe agrave Cidade de Syracuſa para folgar amp naotilde para trabalhar Cum ſe Syracuſas otiandi
non negotiandi
rarrMoraes e Silva FOacuteLGAR vat Largar ou alargar vg folgar o leme t nautsect vn Cessar
do trabalho
rarrLaudelino Freire FOLGAR descansar (intr trind com prep em) ldquoOs piratas folgando
em grupos se dispersamrdquo (Paranapiacaba) 3 Ter prazer alegrar-se regozijar-se (intr
trindcom prep com de em)ldquoDesabe o firmamento socircbre a Terra tudo pereccedila Folgaraacute
minh‟almardquo (Paranapiacaba) ldquoFolgo muito em ver-terdquo
rarrAureacutelio folgar [Do lat tard follicare] Verbo transitivo direto1Dar folga ou descanso a
[] 2Tornar largo desajustar desapertar folgar a roupa 3Tornar menos penoso tornar
leve suave folgado []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta folgar como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente Moraes e Silva apresenta folgar como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
G
Ficha 98
Garrucha sf Antigamente era o mesmo que Albarda Poleacute de dar tratos (T Naut) Cabo que
se mette na relinga por entre chicotes
______________________________________________________________________
rarrCunha garrucha sf bdquoorig pau curto com que se armavam as bestas‟guarrucha XV
bdquopistola de carregar pela boca‟ XX Do cast garrucha
rarrBluteau GARRUCHA He palavra Caſtelhana VID Poleacute de tormento amp tratos de poleacute
As cataſtas as Garruchas as fogucigueiras Vieira Tom 1076col1
rarrMoraes e Silva sft naut Garruchas satildeo ou eratildeo cabos que se mettem nas relingas por
entre os chicotes donde se fazem as puas das bolinas daqui vem agarruchar ampc
125
rarrLaudelino Freire GARRUCHAS sm pl Naacuteut 1 Argola de ferro pregadas no garotil das
velas latinas 2 Cabos que se metem nas relingas por entre chicotes
rarrAureacutelio Garrocha [Do esp garrocha] []Marinh Poleame de laborar constituiacutedo de duas
caixas sobrepostas a topo e com os eixos das suas rodas dispostos paralelamente ou
perpendicularmente um em relaccedilatildeo ao outro
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Moraes e Silva Laudelino Freire apresentam garrucha com termo naacuteutico
Aureacutelio daacute como termo naacuteutico garrocha Origem castelhana
Ficha 99
Gavea sf (T Naut) Armaccedilatildeo de taboa com feiccedilatildeo de grade do cimo dos mastros Vela que
toma o nome da gavea sobre que anda
______________________________________________________________________
rarrCunha gaacutevea sf bdquo(Naacuteut) espeacutecie de tabuleiro ou plataforma a certa altura de um
mastro‟gauea 1572Do lat med gabia (claacutess cavěa) com provaacutevel interferecircncia do it
gagravebbia ESgaivAR XXgaiva sf bdquojaula fosso‟ 1813gaivEL 1899 gajeiro sm bdquomarinheiro
que vigia da gaacutevea‟-geiro 1813 Do it gagraveggia e este do genovecircs gagravegia deriv Do lat cavěa
rarrBluteau Gaacutevea (Termo Nautico) He huma eſpecie de gayola ou guarita aſſentada em
huma roda de taboas no alto dos matos ſerve para recolher as velas quando as ferraotilde
Carchefium ij Naut Catull Mali corbita e Fem
rarrMoraes e Silva sf naut Eacute armaccedilatildeo de taboas como uma meza com bordas na ponta do
mastro
rarrLaudelino Freire GAVEA sf Lat cavea Naacuteut Espeacutecie de gaiola tabuleiro plataforma
ou guarita assente em uma rodas de taacutebuas no alto dos mastros e atravessada por ecircle 2 Vela
que ocupa o lugar imediatamente superior agrave grande GAacuteVEAS sfpl Conjunto das trecircs velas
das galeras 2 A gaacutevea e o velacho nos brigues
rarrAureacutelio [Do lat gavia por cavea gaiola] s f Marinh 1Cada um dos mastareacuteus que
espigam logo acima dos mastros reais [Nos navios de trecircs mastros denominam-se a partir de
vante mastareacuteu do velacho mastareacuteu da gaacutevea e mastareacuteu da gata] 2Mastareacuteu que espiga
logo acima do mastro real grande 3Cada uma das vergas que cruzam nos mastareacuteus de gaacutevea
[Nos navios de trecircs mastros chamam-se a partir de vante verga do velacho verga da gaacutevea e
verga da gata Antigamente chamavam-se traquetes sendo a partir de vante traquete de proa
ou de vante tranquete da gaacutevea e traquete da gata] 4Verga que cruza no mastareacuteu de gaacutevea
grande 5Cada uma das velas que envergam nas vergas de gaacutevea [Nos navios de trecircs mastros
denominam-se a partir de vante vela do velacho vela da gaacutevea e vela da gata Antigamente
chamavam-se traquetes] 6Vela que enverga na verga de gaacutevea grande 7Mar Cesto de
gaacutevea
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Com as vellas que anoitecer a Capitana ha de navegar ategrave que aclare o dia Succedendo
largar mais pano aʃcenderagrave dous faroes na popa amp hum na gavea
FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR () [A00_2496 p 57]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam gaacutevea como termo naacuteutico Origem italiana
Ficha 100
126
Gio sm (T Naut) O travessatildeo sobre que a cana do leme anda e sobre que se formatildeo as
obras chamadas mortas da poppa
______________________________________________________________________
rarrCunha gio sm bdquo(Naacuteut) peccedila que entalha no contracadaste do navio‟ 1813 De origem
obscura
rarrBluteau GIO (Termo da carpintaria de huatilde nao) He hum traveſſaotilde ſobreque anda a cana
do leme amp ſobre o qual ſe formaotilde as obras mortas da popa Lignea compages in puppi
tranſverſa
rarrMoraes e Silva GIacuteO sm naut Travessatildeo sobre que anda a cana do leme e sobre que se
foacutermatildeo as obras mortas da popa
rarrLaudelino Freire GIO sm Naacuteut Nome de duas peccedilas curvas de madeira que formam
angula entalhando-se entre si e no contracadaste
rarrAureacutelio gio [De or obscura] Substantivo masculino1Constr Nav Nas popas quadradas
cada uma das peccedilas dispostas horizontalmente entalhadas e cavilhadas no contracadaste
constituindo assim como que as cavernas de tais popas
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam gio como termo naacuteutico Origem obscura
Ficha 101
Guinada sf (T Naut) Acccedilatildeo de guinar Gargalhada fallando de riso
______________________________________________________________________
rarrCunha guinar vb bdquobordejar desviar-se rapidamente‟ XVI De origem obscura guinADA
XVI
rarrBluteau GUINADA Guinaacuteda amp Guinar ſaotilde termos Nauticos Vid Guinar
rarrMoraes e Silva GUIacuteNADA sf O acto de guinar t naut ldquode duas guinadas que deu (com
a sua naacuteo) sobre duas galeacutes ambas se despejaratildeo deixando os cascos vasiosrdquo (remettidas
para as ababroar) B236 Amaral
rarrLaudelino Freire GUINADA sf Angl-sax winan Naacuteut Desvio que o navio faz da sua
esteira bordejando2 salto que o cavalo daacute para furtar o corpo ao castigo do cavaleiro
rarrAureacutelio guinada [De guinar + -ada1] Substantivo feminino 1Mar Desvio da proa para
um ou outro bordo que afasta o navio deliberadamente ou por forccedila das circunstacircncias do
rumo em que vinha Havia um torvelinhar surdo e vago de coisas no tombadilho eram as
ondas que agraves vezes agrave menor guinada apesar de todo o cuidado no leme embarcavam pelo
traveacutes pela alheta (Virgiacutelio Vaacuterzea Nas Ondas p 45)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Como saiacuteo a lua se fez o vento leacutes-nordeste e ventou com tanta forccedila que nom podiacuteamos com
a vela Indo assi corre guinada e em preparando de
loacute nos arrebentou o masto do traquete pelos tamboretes de que sentimos muita fortuna e
amainaacutemos a vela e fomos correndo ao som do mar ateacute que foi de dia
127
PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE
SOUSA () [A00_0078 p 33]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam guinada como termo naacuteutico Origem obscura
(anglo saxatildeo)
Ficha 102
Guinar vn (T Naut) Desviar-se do caminho da esteira que leva Diz-se do navio e
propriamente fallando sograve tem terceiras pessoas
______________________________________________________________________
rarrCunha guinar vb bdquobordejar desviar-se rapidamente‟ XVI De origem obscura guinADA
XVI
rarrBluteau Guinar (Termo Nautico) He quando o navio ſe deſvia alguma couſa hora de
huma hora de outra parte ſeguindo ſempre o meſmo rumo Conftanti ſempre curſa de via
aliquantum deſle
rarrMoraes e Silva GUINAacuteR vn naut Desviar-se o navio um pouco da esteira que leva
hora a um bordo hora a outro mas seguindo sempre o mesmo rumo Amaral 6 Fomos
guinados a elas Fern Mend c5
rarrLaudelino Freire GUINAR vrv Mover-se agraves guinadas desviar-se (a embarcaccedilatildeo da sua
esteira) (intr)
rarrAureacutelio guinar [Da mesma or incerta que o esp guintildear poss da raiz gin- de criaccedilatildeo
expressiva] Verbo intransitivoVerbo transitivo circunstancial1Mover-se agraves guinadas
oscilar Becircbado guinava agrave direita e agrave esquerda2Mar Desviar (a embarcaccedilatildeo) de propoacutesito
ou por forccedila das circunstacircncias a proa do rumo que vem seguindo para outro rumo dar uma
guinada (1)3P ext Dar guinada (3) Desorientado o ciclista guinava a torto e a
direito4Desviar-se com rapidezVerbo transitivo direto 5Desviar com rapidez ou
repentinamente Guinou a embarcaccedilatildeo para natildeo se chocar com o rochedo
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
A ruindade desta barra consiste principalmente em ser muito estreito o seu canal e dar este
uma volta pelo meio dos dous baixos que o rodeatildeo e promettem naufragio infallivel se a
embarcaccedilatildeo guinar para algum dos lados
FREI GASPAR DA MADRE DE DEUS (1920) [1767] MEMORIAS PARA A HISTORIA DA
CAPITANIA DE S VICENTE HOJE CHAMADA DE S PAULO [A00_0169 P 123]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam guinar como termo naacuteutico Origem obscura
I Ficha 103
Iccedilar va (T Naut) Levantar as vergas e vegravelas para o navio navegar
______________________________________________________________________
128
rarrCunha iccedilar vb bdquoerguer levantar‟ XVIII Do fr hisser e este do neerl hijsen ou do baixo
al hissen iccedilAMENTO XX
rarrBluteau ICAR (Termo Nautico) Levantar as velas Vella attollere Na bonanccedila Iccedilar ateacute os
topos Vieira Tom3pag76 Iccedilaraotilde de gaacutevea perdendo ancoras amp amarras Ciabra Exhortaccedil
Militar24 verſ As velas Iccediladas nos palancos Jacinto Freyre 259
rarrMoraes e Silva ICcedilAacuteR vat Levantar as vergas e as velas para navegar Freire
rarrLaudelino Freire ICcedilAR vrv Al hissen Levantar erguer alccedilar (tr dir bitr com prep a
com)rdquoIccedilar o cordamerdquo ldquoVia-se entre homens armados que a arrebatavam iccedilando-a agrave garupa
de ginete socircfregordquo (C Neto) ldquoCom taacuteureas cordas brancas velas iccedilamrdquo (Odorico Mendes)
rarrAureacutelio iccedilar [Do fr hisser] Verbo td 1Erguer alccedilar levantar iccedilar velasApenas o
vapor comeccedilou a enfrentar o Feliz este iccedilou a bandeira brasileira saudando-o (Virgiacutelio
Vaacuterzea Nas Ondas p 150) [Conjug v laccedilar Pres ind iccedilo etc pret perf icei etc pres
subj ice icem Cf isso issei o top Iceacutem e o v inccedilar]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Fizeram-se primeiro que tudo cabos poreacutem o arbusto foi cortado foacutera de tempo e o linho
cortido por pessoas imperitas e que natildeo sabiam o tempo que se devia gastar no cortimento
nem o modo com que se deviam separar a capa do linho e os fabricantes dos mesmos cabos
natildeo soacute pouco habeis em fazerem o fio mas ignorando mais o modo de lhe dar o alcatratildeo
beneficio essencialissimo para perfeiccedilatildeo dos mesmos cabos poreacutem assim mesmo me servi
logo de alguns ainda que poucos nas embarcaccedilotildees da esquadra aonde serviram tatildeo bem
como os outros que tinham as embarcaccedilotildees de sorte que um delles serviu muito tempo ao
cabrestante para iccedilar a aguada e mantimentos do navio Santo Antonio e depois de soffrer
todo aquelle trabalho sem quebrar o applicaram ao ministerio da guingorra aonde durou
muito tempo
MARQUEZ DO LAVRADO (1863) [1799] RELATORIO DO MARQUEZ DE LAVRADIO
VICE-REI DO RIO DE JANEIRO ENTREGANDO O GOVERNO A LUIZ DE
VASCONCELLOS E SOUSA QUE O SUCCEDEU NO VICE-REINADO [A00_0851 p 471]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam iccedilar como termo naacuteutico Origem francesa
L
Ficha 104
Lais sm (T Naut) A ponta verga
______________________________________________________________________
rarrCunha lais sm bdquo(Naacuteut) a ponta da vergardquo lays XVI De origem obscura
rarrBluteau Lais Chamatildeo os marinheiros agrave ponta das vergas a da Mezena ſe chama penna
LAIZ (Termo nautico) Extremidades das vergas Cornu antemnarum Virgilio diz Cornua
antemn (Enforcaſſe no Laiz da verga Decad 1 de Barr Paacuteg 110col4)
rarrMoraes e Silva LAacuteIS sm tnaut A ponta da verga Barros o lais da verga
rarrLaudelino Freire LAIS sm Naacuteut Ponta da verga
Lais de Guia sm Naacuteut Noacute que se daacute no seio do cabo com um dos chicotes para formar
bocirclso
rarrAureacutelio lais [De or obscura] s m Marinh1Cada uma das extremidades de uma verga
Os [marinheiros] que ofereciam resistecircncia nas abordagens ou davam combate eram iccedilados
depois no lais das vergas (Virgiacutelio Vaacuterzea Mares e Campos p 103)2Extremidade oposta
ao peacute num pau de surriola [Pl laises Cf Laiacutes antr f menos boa poreacutem usual de Lais]
Lais de guia 1 Marinh Noacute que se daacute no chicote de um cabo formando uma alccedila ou balso e
serve para encapelaacute-lo ou para fazer um laccedilo de correr
129
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Querendo a Capitana fallar aos navios no lays da verga grande ʃotavento largaragrave huatilde
flamula tirar agrave a huatilde peʃʃa por ʃehaacute agrave capa
FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 55]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam lais como termo naacuteutico Origem obscura
Ficha 105
Leme sm Entre Nauticos he hum pranchatildeo formado de vaacuterios madeiros posto ao alto no
cadaste do navio e que se move para hum e outro lado por meio de huns gonzos fixos que
tem os machos fixos no mesmo pranchatildeo e encaixados nas fecircmeas que estatildeo fixas no cadaste
O ferro da dobradiccedila que encaixa no leme Fig Direcccedilatildeo Duas estrelas iguaes na
Constellaccedilacirco chamada Barca
______________________________________________________________________
rarrCunha leme sm‟aparelho usado na parte traseira do barco e do aviatildeo e que serve para lhes
dar direccedilatildeo‟ XV De origem obscura
rarrBluteau LEME Pao que anda junto do cadaſte que quebra amp aparta as ondas para huma
amp outra parte amp he o total governo da nao Dizem que Tiphys companheiro dos Argonautas
na expediccedilatildeo de Colchos inventagravera o leme pelo que obſervou no Minhoto quando voa alto
que troce a aza para lhe dar nelle o vento em poppa amp ſubir amp baixar como quer Outros
dizem que dos peixes que com cauda regulaotilde nas aguas ſeu caminho ſe tomou a invenccedilaatildeo do
leme Clavus i Ma Gubernaculum i Neut Cic No Commento da Oitava 74 do Canto 5
da Luſiada aonde diz Camotildees Esta pa logo o leve leme
rarrMoraes e Silva LEgraveME sm Governalho peccedila de madeira grossa plana de certa largura
que vai em gonzos no meyo da popa do navio e outros vasos de navegar d‟alto a baixo e
serve de os fazer voltar a proa a diversos rumos voltando ao lemesect O ferro da dobradiccedila que
se embebe no vatildeo da femea eacute sobre que joga a janella ou portasect Natildeo dar o navio pelo leme
ou natildeo obedecer ao leme se diz quando natildeo proeja ainda que manejem o leme e o virem
rarrLaudelino Freire LEME sm B lat limo Aparelho situado na parte traseira do barco e
que serve para lhe dar direccedilatildeo2 Ferro ou dobradiccedila que se embebe no vatildeo da fecircmea e socircbre
que joga a porta ou janela
rarrAureacutelio leme [De or obscura] s m 1Constr Nav Peccedila ou dispositivo instalado na popa
da embarcaccedilatildeo e que serve para lhe dar direccedilatildeo para governaacute-la 2Dispositivo instalado na
cauda do aviatildeo e que regula a direccedilatildeo do aparelho 3Ferro que se embebe no vatildeo da fecircmea e
sobre o qual se move a porta ou a janela 4Fig Direccedilatildeo governo governanccedila Leme de
direccedilatildeo 1 Aer Leme que governa o aviatildeo no plano horizontalLeme de fortuna 1 Marinh V
esparrela (4)Leme de loacute 1 Marinh Posiccedilatildeo do leme com sua porta voltada para barlavento
Leme de profundidade 1 Aer Leme que governa o aviatildeo no plano verticalLeme horizontal
1 Constr Nav Cada um dos lemes que governam o submarino no plano vertical
130
(profundidade) Leme vertical 1 Constr Nav Cada um dos lemes que governam o submarino
no plano horizontal (rumo)Perder o leme 1 Ficar atarantado sem saber o que fazer
desnortear-se desorientar-seTer o leme 1 Governar administrar dirigir
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Avistaratildeo esta Costa em 15 de Junho e por natildeo conhecerem a paragem que era a enseada de
Vasabarris lanccedilaratildeo ferro mas era tatildeo forte o vento Sul e correm alli tanto as agoas que se
quebraratildeo duas amarras e querendo entrar por conselho de hum Francez chamado
Honorato que veio aacute terra com dous Indios em huma jangada e lhes facilitou a entrada
tocou a naacuteu e deo tantas pancadas que lhe saltou o leme foacutera e arrombou pelo que alguns se
lanccedilaratildeo a nadar e se afogaratildeo em as ondas []
FREI VICENTE DE SALVADOR (1888) [1627] LIVRO QUARTO - DA HISTORIA DO
BRASIL DO TEMPO QUE O GOVERNOU MANOEL TELLES BARRETO ATHE A VINDA
DO GOVERNADOR GASPAR DE SOUZA - CAPITULO VIGESIMO QUARTO - DA
JORNADA QUE GABRIEL SOARES DE SOUZA FAZIA AacuteS MINAS DO SERTAtildeO QUE A
MORTE LHE ATALHOU [A00_2060 P 148]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam leme como termo naacuteutico Origem obscura
Ficha 106
Leva sf (T Naut) Acccedilatildeo de levantar ancora para fazer-se aacute vegravela Entre Militares
Conducccedilatildeo de recrutas
______________________________________________________________________
rarrCunha leva - LEVAR levar vb bdquotransportar retirar afastar induzir tirar roubar‟ XIII Do
lat lěvāre []
rarrBluteau LEVA (Termo Nautico) A acccedilatildeo de levantar as ancoras do porto para a partida
Anchorarum fublatio ou Navis egrave portu onis FemTocar a leva He dar aviſo com a trotildebeta
que ſe recolhatildeo os q eſtatildeo na praya quando o baxel eſtagrave para partir Dare tubacirc fignum
recipiendi in navem (Julio Ceſar farfallando na retirada dos ſoldados diz Milites figno
recipiendi dato non conftitehellip (Manda jagrave tocar a leva Ciabra Exhort Militar pag 26)
rarrMoraes e Silva LEVA sf O acto de levantar ancora para sair do porto vg ldquopeccedila de
leva a que se atira para fazer sinal de botar foacutera e que tocar leva com a trombeta para
acodirem a bordo os que hatildeo-de ir na naacuteo que estaacute para levantar ferro M Conq Vieira
rarrLaudelino Freire LEVA sf De levar O ato de levantar ferro o levantar da acircncora para
navegarNaacuteut Cabo folgado que passa por um furo do costado do navio e vai prender-se no
sapatilho dos arganeacuteus das portas5 Pop Andadura
rarrAureacutelio leva [Dev de levar] s f 1Ant Mar Ato de levantar acircncora para navegar
2Alistamento de tropa recrutamento []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam leva como termo naacuteutico Origem portuguesa
lt latina
131
Ficha 107
Liame sm (T Naut) Madeira das curvas com que seliatildeo por dentro as peccedilas do costado do
navio
______________________________________________________________________
rarrCunha liame sm bdquoaquilo que prende uma coisa a outra ligaccedilatildeo‟ XVIII Do lat ligamen -
ǐnis bdquolaccedilo fita‟ de ligāre
rarrBluteau LIAcircME A madeira das curvas com q por dentro ſe liatildeo os coſtados dos navios
Lignam quibus navium latera intus coagmentantur Joatildeo de Barros diz Liaccedilatildeo (Foy cortada
algūa liaccedilatildeo para galegraves Decada 2 fol39col4) (Na meſma Decada diz LiameContaratildeo-ſe
huma ſoma de madeiras da anaf para liames fol 12 col1) (os que fabricatildeo obra naval tiraotilde
della curvas amp liames Valcone Noticia do Braſil 259)
rarrMoraes e Silva LIAacuteME smt de Naut A madeira das curvas com que se ligatildeo e atatildeo as
peccedilas do costado dos navios Barros Ined IIIf506 ldquotavoados e liamerdquo
rarrLaudelino Freire LIAME sm Lat ligamen Liaccedilatildeo Naacuteut A madeira das curvas com que
se ligam e atam as peccedilas do costado dos navios Naacuteut Cordame de navio de vela
rarrAureacutelio liame (acirc) [Do lat ligamen] s m1Aquilo que prende ou liga uma coisa a outra
ligaccedilatildeo []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Nas varzeas de arecirca se datildeo outras arvores reaes a que os Indios chamam curuaacute as quaes se
parecem na feiccedilatildeo na folha na cocircr da madeira com carvalhos e acham-se alguns de vinte e
cinco a trinta palmos de roda de que se fazem gangorras mesas eixos virgens esteios e
outras obras miudas mas natildeo eacute muito fixo ao longo da terra a qual tambem serve para
liames de navios e barcos e para taboado e de pesado se vai ao fundo
GABRIEL SOARES DE SOUSA (1938) [1587] DAS ARVORES REAES E PAUS DE LEI
(PARTE SEGUNDA - TITULO 8) [A00_0184 p 243]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Soacute Aureacutelio natildeo apresenta liame como termo naacuteutico Origem portuguesa lt
latina
Ficha 108
Linguete sm (T Naut) Peccedila de pagraveo ou de ferro com que se tolhe que natildeo desande o
cabrestante embebendo-a nas mossas deste ______________________________________________________________________
rarrCunha linguete - LIacuteNGUA[] Do latlǐngŭaliacutegula sf [] Do it lingueta dimin de
liacutengua []
rarrBluteau LINGUETE ou lingoete (Termo de navio) He hum patildeo que encayxa nos cunhos
para ter matildeo do cabreſtante que natildeo ande depois que ſe tem levado a ancora ou algum fardo
Machin nautic
rarrMoraes e Silva LINGUEgraveTE smt de Naut Peccedila de paacuteo ou ferro que se embebe nas
mossas do cabrestante para que natildeo desande depois que se tem levado a ancora ou algum
132
fardo V Cunhos CUNHOS smpl t de Naut paacuteos pregados agrave roda do cabrestante com seus
dentes em que se pega o linguegravete e as amarras quando viratildeo
rarrLaudelino Freire LINGUETE sf De liacutengua Peccedila de ferro ou madeira que se embebe nas
rodas dentadas para que estas natildeo desandem
rarrAureacutelio- natildeo consta linguete consta lingueta lingueta (guecirc) [De liacutengua + -eta (ecirc) it
lingueta] Substantivo feminino1P us Liacutengua (1) pequena 2Qualquer objeto pequeno
semelhante a uma liacutengua3Fiel da balanccedila 4Peccedila chata e delgada que faz parte dalguns
instrumentos de sopro5Peccedila moacutevel de ferro das fechaduras que se encaixa quando movida
pela chave na chapatesta trancando a porta ou gaveta6Dispositivo moacutevel para fechar portas
sem o auxiacutelio da chave constatou [o serralheiro] que nada poderia fazer desde que a porta do
chuveiro natildeo dispunha propriamente de fechadura mas de uma simples lingueta (Fernando
Sabino Medo em Nova Iorque A Cidade Vazia p 118) 7Pedaccedilo de couro utilizado como
fecho em pastas valises malas etc 8Pedaccedilo de couro que no sapato de atacador protege o
peito do peacute 9Ladeira ou rampa em cais junto agrave qual atracam as embarcaccedilotildees 10Muacutes V
martinete4 (1) 11Bras PE Rampa natural que se inclina para o mar ou para o rio 12Ant
Rampa num cais para embarque e desembarque de passageiros
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Soacute Laudelino Freire natildeo apresenta linguete como termo naacuteutico Aureacutelio
apresenta lingueta Origem italiana
M
Ficha 109
Maccedilame sm Lastro de pedra e betume nas cisternas etc (T Naut) Cordoalha do navio __________________________________________________ rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau Maccedilame Termo Nautico He todo o encordoamento da nao aſſim dos Brandaes
como da Sirgideira Brioens Apagaſanaes amp toda a mais Enxaacutercia Funium velorum
aliorum ad regendam navim inſtrumentor apparatus (Domar onde hiatildeo os Marinheiros
da queda dos paos amp do Maccedilame Brito Relaccedilatildeo da viagem do Braſil 69)
rarrMoraes e Silva MACcedilAgraveME sm t de Naut Toda a cordoalha do apparelho de um navio
Brito
rarrLaudelino Freire natildeo consta
rarrAureacutelio natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Que lhes concede todos os mantimentos assi secos como molhados que tiuerem nos
almazens do Recife amp fortalezas pera se sentirem delles amp fazerem suas viagens largando
aos soldados os de que elles necessitarem pera seu sustento amp viagem mas nam lhes
outorga o maccedilame pera os nauios porque promete darlhos aprestados pera quando partirem
pera Olanda
NAtildeO TRAZ O NOME DO AUTOR MAS Eacute DO DR JOAtildeO DE MEDEIROS CORREcircA
SEGUNDO A OPINIAtildeO GERAL DOS BIBLIOGRAPHOS (1899) [1653] BREVE |
RELACcedilAM | DOS VLTIMOS | SVCESSOS DA GVERRA | DO BRASIL RESTITUICcedilAOtilde DA
CIDADE MAU- | RICIA FORTALEZAS DO RECIFE DE PER- | NAMBUCO amp MAIS
133
PRACcedilAS QUE OS | OLANDESES OCCUPAUAOtilde NA- | QUELLE ESTADO| [A00_1127 p
175]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Laudelino Freire e Aureacutelio natildeo apresentam o verbete maccedilame Origem natildeo
encontrada
Ficha 110
Madre sf Uacutetero Leito do rio Antigamente Matildei Titulo de Freiras (T Naut) Pagraveo que
atravessa a escotilha O madeiro principal do leme Cabo delgado que se enfia pelas lebres
dos enxertarios Madre-pia v Piamater
______________________________________________________________________ rarrCunha [] Do lat mater ndashtris []
rarrBluteau Madre (Termo de navio) He hum pao que atraveſſa a eſcotilha com ſeu encaixo
para aſſentar nos quarteis da meſma eſcotilha
rarrMoraes e Silva MAacuteDRE sf t de Naut paacuteo que atravessa a escotilha com seu encaixe
para assentar nos quarteis della sect Nas pontes de madeira satildeo os paacuteos que formatildeo o assento
para as estivas e assentatildeo nas asnas ao longo da ponte
rarrLaudelino Freire sf Lat mater matrem Naacuteut Pau que atravessa a escotilha com seu
encaixe para assentar nos quarteacuteis delaO madeiro principal agrave roda do qual ou socircbre o qual
se entalham outros menores ateacute perfazer o composto da grossura ou largura necessaacuteria para o
objeto que se exige como os mastros o leme etcO madeiro que prega na roda de proa e
socircbre o qual estaacute construiacutedo o beque O madeiro central do cabrestante agrave roda do qual se
entalham as mais peccedilas de que se compotildee e que forma o peatildeo ferrado socircbre o qual se move a
maacutequina O madeiro prolongado pelo cadaste que forma a parte principal do safratildeo onde se
pregam os machos e emecha a cana do lemeCada uma das peccedilas mais grossas de que se
formam os mastros quando natildeo satildeo feitos de um soacute pau
rarrAureacutelio madre [Do lat mater matildee] Substantivo feminino1Constr Nav A parte central
mais grossa de que se formam o mastro o cabrestante e outras partes do aparelho do navio
quando natildeo satildeo feitos de uma peccedila uacutenica2Marinh Cabo de fibra ou de algodatildeo em torno do
qual se cocham os cordotildees de um cabo calabroteado ou de um cabo metaacutelicoMadre do leme
Constr Nav 1 Eixo que penetra no casco do navio e transmite movimento ao leme 2 Parte
reforccedilada nos lemes de certas embarcaccedilotildees (antigas ou miuacutedas) agrave qual se prendem as
governaduras e que se prolonga acima da porta do leme para fixar-lhe a cana ou a meia-lua
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam madre como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Ficha 111
Majarrona sf (T Naut) Vela triangular de navio que do mastarro do velacho vem ter agrave
ponta do gurupegraves
______________________________________________________________________
134
rarrCunha bujarrona sf ldquo(Mar) tipo de vela‟ 1858 bdquoinsulto afronta1 1899 Do cast bujarroacuten
deriv do b lat Bŭlgărus bdquobuacutelgaro‟ empregado como insulto por tratar-se de hereges
pertencentes agrave Igreja ortodoxa grega Cp BUGRE
rarrBluteau Natildeo constam bujarrona bojarrona e majarrona
rarrMoraes e Silva MAJARROgraveNA sf t de Naut Vela de navio que vem da ponta do
mastareo do velacho a ponta do gorupecircs vulgo bojarrona talvez porque boacuteja muito quando
cheya
rarrLaudelino Freire MAJARRONA sf Corr De bujarronaBujarrona sf Naacuteut Vela latina
triangular que se iccedila agrave proa socircbre um pau proacuteprio Pau em que se iccedila essa vela rarrAureacutelio-
natildeo constam majarrona ou bojarrona Bujarrona S f 1Marinh Vela triangular iccedilada entre o
mastro de vante e o gurupeacutes ou a proa da embarcaccedilatildeo agrave vela A toalha de espuma rasgada
para um lado e para outro tufou ferveu subiu alcanccedilou parte do conveacutes molhou a bujarrona
(Josueacute Montelo Cais da Sagraccedilatildeo p 159) []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaristas remetem o termo majarrona a bujarrona ao universo
mariacutetimo Bluteau natildeo cita nem um nem outro Origem castelhana
Ficha 112
Malaqueta sf (T Naut) Pagraveo torneado mais grosso em huma de suas extremidades que
serve para dar vela aos cabos delgados da marcaccedilatildeo do navio Na roda do leme he huma como
manivela em que os homens que vatildeo ao leme fazem forccedila para o mover Dagrave-se tambem este
nome ao remate do pagraveo da bandeira e de outros ______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau MALAQUETAS Termo de navio Satildeo todo o patildeo em que ſe daacute volta a qualquer
cabo que ſeja
rarrMoraes e Silva MALAQUEgraveTA sf t de Naut Paacuteo em que se reata o cabo de corda do
navio para o fazer fixo eacute como um crescente e estaacute pregado pelo meyo
rarrLaudelino Freire MALAQUETA sf Ant Cavilha naacuteutica o mesmo que
malaguetaMALAGUETA s f Naacuteut Cavilha de pau torneado que se enfia nos fusos das
mesas do amurado e da meia nau para dar volta aos cabos de laborar Cada um dos cabos
salientes da roda do leme
rarrAureacutelio natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Aureacutelio natildeo cita o termo Para os demais autores malaqueta eacute termo de navio
Origem obscura (Houaiss 2001)
135
Ficha 113
Michelos sm plur (T Naut) Cabos que servem para segurar a amarra quando se leva
ancora
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau natildeo consta
rarrMoraes e Silva MICHEgraveLOS s f pl t de Naut As cordas aleacutem da amarra que servem de
levar a ancora
rarrLaudelino Freire MICHELOS s f pl Naacuteut Cabos pequenos terminados de um lado por
um olhal e de outro por um chicote que serve para conservar verticais as vecircrgas ou mastareacuteus
que tecircm de ser iccedilados ou arreados2 Cabos que se tomam nos andrabelos quando se iccedila
alguma peccedila do aparelho
rarrAureacutelio- natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente Moraes e Silva e Laudelino Freire arrolam o verbete michelos
Origem obscura (Houaiss 2001)
Ficha 114
Molhelha sf Especie de almofada de palha de que satildeo os mariolas ao pescosco para assentar
sobre ella a canga (T Naut) Troxa de fio de carreta e estopa que serve para afastar as
escotas da gaacutevea e velaxo
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo constam molhelha ou monelha
molhe sm bdquoparedatildeo construiacutedo no mar para servir de cais acostaacutevel ou para quebrar a
impetuosidade das vagas‟XVI mole XVI Provavelmente do cat molh e este talvez do lat
mōlēs bdquomassa‟
rarrBluteau MOLHELHA Hum tufo de palha que trazem os mariolas ao peſcoccedilo Collare
O adjectivo a um He de Propercio Quer dizer couſa de palha
rarrMoraes e Silva MOLHEgraveLHA sf Tufo de palha que os mariolas trazem no pescoccedilo e
sobre que assenta a canga para natildeo os molestar []
rarrLaudelino Freire MOLHELHAS sfpl Naacuteut Pedaccedilos de lona estofados com estocircpa que
se pregam nas peccedilas de madeira branda em que os cabos laboram para as tornar mais suaves
agraves encapeladuras
rarrAureacutelio molhelha (ecirc) [De or controversa] Substantivo feminino 1Lus Marinh
Monelha Monelha (ecirc) Substantivo feminino
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta _____________________________________________________________________________
136
Comentaacuterios Laudelino e Aureacutelio citam molhelha como termo naacuteutico Origem
controvertida (catalatildeo)
Ficha 115
Moucarratildeo -ona mf-otildees -onas no plur Muito mouco Moucarrotildees entre Nauticos satildeo
huns pagraveos que servem para empavezar o navio
______________________________________________________________________ rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau natildeo consta
rarrMoraes e Silva adj chulo Mũito mouco Eufr 35 Moucarrotildees smpl t de Naut Paacuteos
que estatildeo pelo bordo do navio que servem para o empavezar
rarrLaudelino Freire [] smpl Paus de empavesar o navio
rarrAureacutelio moucarratildeo [De mouco + -arratildeo] Adjetivo 1Muito mouco [Fem moucarrona]
Mouco [De or obscura] Adjetivo 1Que natildeo ouve ou que ouve pouco ou mal surdo 2Diz-
se do ouvido de quem eacute mouco (1) Palavras loucas ouvidos moucos (prov) s m 3Aquele
que eacute mouco (1) surdo [Aum moucarratildeo]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente Moraes e Silva e Laudelino Freire apontam moucarratildeo como termo
naacuteutico Origem obscura
N
Ficha 116
Nabo sm Hortaliccedila conhecida (T Naut) Peccedila de madeira furada e redonda que tem por
cima a chapeleta pregada
______________________________________________________________________
rarrCunha nabo sm bdquoplanta herbaacutecea da fam das cruciacuteferas‟ XIII Do lat nāpus []
rarrBluteau Nabo Palavra de navio He hum pagraveo redondo furado que em cima tem hum
couro pregado aq chamatildeo Chapeleta
rarrMoraes e Silva NABO sm t de Naut Peccedila de paacuteu redonda furada que tem por cima a
chapeleta nas bombas
rarrLaudelino Freire NABO do lat napus Naacuteut Peccedila de madeira ou bronze em forma de
tronco de cone com abertura no centro e vaacutelvula para regular a aspiraccedilatildeo da bomba
rarrAureacutelio nabo [Do lat napu] Substantivo masculino 1Bot Planta herbaacutecea da famiacutelia das
cruciacuteferas (Brassica napus) cultivada por suas raiacutezes comestiacuteveis arredondadas ou
pontiagudas roxas ou brancas conforme a variedade 2A raiz desenvolvida dessa
planta3Burl Pessoa ignorante neacutescia estuacutepida 4 Bras S A parte do mouratildeo da tranqueira
do poste ou do esteio que fica enterrada no solo[]
137
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente Aureacutelio eacute que natildeo aponta nabo como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Ficha 117
Nautico adj (T Naut) Pertencente agrave navegaccedilatildeo Que serve para dirigir a navegaccedilatildeo Que
entende da arte de navegar Homem do mar Nautica (como subst) A arte de navegar
______________________________________________________________________
rarrCunha nauta sm bdquomarinheiro navegador‟ 1572 Do lat nauta ndashae derivado do gr nauacutetes
naacuteutICA XVII naacuteutICO XVII Do lat nautǐcus ndasha[]
rarrBluteau NAUTICO Couſa concernente agrave nautica ou fabrica amp mariagem dos navios
Nauticus a umDeterminaotilde o nautico aparelho Camotildees Cant4 Oit 76 Agulha nautica
Agulha de marcar Vid Agulha (A agulha nautica buſcando o Norte Varella Num Vocal
463) Homem nautico Os homens do mar Os marinheiros Nautici orum Masc Plur Plin
(A que os naacuteuticos chamatildeo Meſ Tranccedila Epanaphor De D Franc Man 468)
rarrMoraes e Silva NAUTICO adj Que respeita aacute navegaccedilatildeo e serve para a dirigir vg
naacuteutico apparelho Arte agulha nauticasect Homem naacuteutico o que sabe a Arte de navegarsect Os
naacuteuticos os homens do mar Epanaph De D Franc Man
rarrLaudelino FreireNAacuteUTICO adj Lat nauticus Relativo agrave navegaccedilatildeo ldquoemprecircsa naacuteuticardquo
rarrAureacutelio naacuteutico[Do gr nautikoacutes pelo lat nauticu] Adjetivo1Relativo a marinheiro
navegante nauta espiacuterito naacuteutico termo naacuteutico 2Respeitante agrave navegaccedilatildeo processo
naacuteutico ~ V almanaque mdash carta mdasha e crepuacutesculo mdash
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Fazia toda a prevenccedilaotilde dos mantimentos para a viagem e de todos os aprestos para a
expediccedilaotilde quando na manhaatilde de hum claro dia por desattenccedilaotilde que houve em huma salva
se ateou o fogo em a nao Serea com taotilde irremediavel incendio que se naotilde pode extinguir
porque pegando logo nas amarras foy levando a nao para o meyo do golfo lanccedilando-se a
nado alguns Marinheiros e Officiaes nauticos que nella se achavaotilde
SEBASTIAtildeO DA ROCHA PITTA (1878) [1730] LIVRO OITAVO [A00_0574 p 344]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios consultados apresentam este termo como ldquoda marinhardquo
Origem portuguesa lt latina lt grega
O
Ficha 118
Orthodomia (T Naut) Entre nauticos derrota do navio que segue hum dos rumos da agulha
138
______________________________________________________________________
rarrCunha [] Ort(o)- elem Comp do gr orthoacutes bdquoreto direito‟ que se documenta em vocs
formados no proacuteprio grego como ortoeacutepia e em vaacuterios outros introduzidos na linguagem
cientiacutefica internacional a partir do seacutec XIX [] ortoDROMIAorthodromia 1844
rarrBluteau ORTHODROMIA (Termo Nautico) Derivaſe do Grego Orthos Direyto amp
Dromos curſo Val o meſmo que Derrota em linha reta Tal he o caminho que faz hum
navio ſeguindo hum dos trinta amp dous ventos apontados na carta de marear
rarrMoraes e Silva ORTHODOMIacuteA sft de Naut Derrota do navio que vai seguindo um
dos 32 rumos da agulha
rarrLaudelino Freire natildeo consta
rarrAureacutelio- Ortodromia [Do gr orthoacutedromos que corre em linha reta + -ia1] sf 1Naacuteut
Arco de ciacuterculo maacuteximo compreendido entre dois pontos da superfiacutecie da Terra e que eacute o
caminho mais curto para ir de um ao outro
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Soacute Moraes e Silva registra orthodomia os demais dicionaristas citam
ortodromia Origem grega
Ficha 119
Ostaes sm plr (T Naut) Cabos grossos que vem dos calcezes dos mastros fixar-se na proa
com seus cadernaes
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo constam ostais e ostaes Consta estai sm (Mar) bdquoqualquer dos cabos que
aguentam a mastreaccedilatildeo para vante‟ XVII Do antigo fr estaie (hoje eacutetai) de origem
germacircnica
rarrBluteau OSTAIS (Termo de Marinhagem) Saotilde hũs cabos groſſos que vem dos calces dos
maſtros a fazer fixo agrave proa com ſeus cadernaes o meſmo tem os maſtareos mas mais
ligeyrosRudentes agrave malo ad proram intenti Franciſco de Brito Freyre na relaccedilatildeo da ſua
viagem do Braſil diz Eſtay (Rebentando o eſtay mayor amp a ovencadura pag 67)Vid Eſtay
rarrMoraes e Silva OSTAacuteES sm pl t de Naut Cabos grossos que vem dos calcezes dos
mastros a fazer fixo na progravea com seus cadernaes CastL2f156 outros dizem Estaacutees como
Brito Guerra Brasil
rarrLaudelino Freire OSTAES natildeo consta Ostai sm Desc O mesmo que estai ESTAI ou
ESTAE sm Ingl stays Naacuteut 1- Cada um dos cabos grossos que fixos na proa firmam a
mastreaccedilatildeo 2 Designaccedilatildeo de outros cabos de navio ESTAI DA RABECA sm Cabo que
vai por cima da mezena a coser ante a reacute do calcecircs do mastro respectivo vindo o outro chicote
a passas a um sapatilho que se aguenta a uma alccedila cosida por ante-avante do mastro grande a
um tecircrccedilo pouco mais ou menos da sua altura e vai rondar a um olhal ao peacute decircste mastro
abotoando por uacuteltimo o dito chicote ao vivo
rarrAureacutelio- natildeo constam ostaes e ostais consta estai Estai- S m 1- Marinh Qualquer dos
cabos que aguentam a mastreaccedilatildeo para vante
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Laudelino Freire e Aureacutelio natildeo citam Ostai mas estai Origem francesa lt
germacircnica
139
Ficha 120
Ostagas sf plur (T naut) Cabos que sustentatildeo vergas nos moutotildees de coroa e vem por
cima da pega
______________________________________________________________________
rarrCunha ostaga sf bdquocabo com que se arria horizontalmente pelo terccedilo ao longo do mastro
uma verga de gaacutevea‟ XV Do cast ostaga de origem germacircnica
rarrBluteau OSTAGAS (Termo de Marinhagem) Saotilde hŭs cabos que ſuſtentatildeo vergas em
huns moutotildees que chamatildeo de coroa amp vem por cima da pega Funes quibus ligantur
antenn(Nos quebragraveraotilde ſubitamente as oſtagas da vela grande amp vindo a verga abayxo ampc
Peregr De Fern Mend Pinto fol262col1) []
rarrMoraes e Silva OSTAacuteGAS sfpl t de Naut Cabos que sustentatildeo as vergas em uns
moutotildees chamados de Coroa e vem por cima da pega Amaral7
rarrLaudelino Freire sf Cast ostaga Naacuteut Cabo grosso que vem por cima da pecircga e
sustenta as vecircrgas em seus moitotildees
rarrAureacutelio ostaga [Do esp ostaga] sf 1Marinh Cabo com que se arria horizontalmente pelo
terccedilo ao longo do mastro uma verga de gaacutevea
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Meteram de arribada e carregado o traquete acima e ferrada a mezena apertaram as
enxarcias atezaram os estaes para seguranccedila dos mastros e mastareacuteus E para seguranccedila das
vergas reforccedilaram as ostagas e passaram bossas em ajuda aos enxertaacuterios Tudo se fazia
necessaacuterio a respeito do vento que tatildeo furiosamente a suavizava pelas entenas que se queria
levar diante de si
JOSEacute ALVARES DE OLIVEIRA (1981) [nd] HISTOacuteRIA DO DISTRITO DO RIO DAS
MORTES SUA DESCRICcedilAtildeO DESCOBRIMENTO DAS SUAS MINAS CASOS NELE
ACONTECIDOS ENTRE PAULISTAS E EMBOABAS E CRIACcedilAtildeO DAS SUAS VILAS
[A00_0395 p 96]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaristas arrolam ostagas como termo naacuteutico ou da marinha
Origem castelhana
P
Ficha 121
Pairar vn (T Naut) entre os nauticos Andar o navio aacutes voltas sem fazer viagem v a
Soster demorar ______________________________________________________________________
rarrCunha pairar vb bdquoadejar voar vagarosamente‟ XV Do ant prov pairar e este
provavelmente do lat pariāre []
rarrBluteau PAIRAR (Termo Nautico) Ir a nao flutuando de hũa para outra ſem fazer
viagem Hine inde flutare e ou flu Plin Cic (Toda a noyte tinhaotilde pairado a arvore ſeca
H de Fern Mend Pinto 682) Joatildeo Hugo Lindrchotano 3 part India Oriental pag 28 diz
velis elatis integrum Mareacute fulcabamus quod (Pairou o General alguns dias Britto Relaccedilatildeo
140
da ſua viagem pag 64) Andar pairando Diz-ſe com metaphora Nautica de quem anda
buſcando ſubterfugios para evitar alguma couſa
rarrMoraes e Silva PAIRAacuteR vn t de Naut Parar no mar estar aacute capa natildeo surdir
CastL1c59edI natildeo podendo pairar andavatildeo aacutes voltas Albuq P4c2 com provisatildeo para
pairar toda calmariasect vat Soster soffrer vg pairar a tormenta sobre a amarra sect Pairar aacute
tormenta resistir-lhe aturar Lavanha Naufr da Naacuteo S Alberto f15sect Cruzar bordejar em
certa altura esperando outro navio Freire I pag17 Ed de Paris Sabio a comboyar as naacuteos
que se esperavatildeo da India e pairando na altura do seu regimento houve vista de hum
Corsario Francez
rarrLaudelino Freire PAIRAR vrv Naacuteut Estar agrave capa o navio cruzar bordejar (int) Pairo
sm Naacuteut Accedilatildeo de pairar2 Estado do navio quando paira e que consiste em ter as velas
estendidas as escotas socircltas ou conservar-se em aacutervore secircca atado o leme
rarrAureacutelio- pairar[Do lat pariare ser igual pelo provenccedil pairar aguentar suportar
pacientar] Verbo intransitivo 1Cruzar (uma embarcaccedilatildeo) em espaccedilo relativamente restrito
com pequeno seguimento[] 4Mover-se ou agitar-se com lentidatildeo no alto Pairam nuvens
espessasuma neacutevoa subtil pairava acima dos pacircntanos (Coelho Neto Treva p 322) Paira
no silecircncio do espaccedilo a alma das geraccedilotildees mortas (Afonso Arinos
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Ainda que a gente eſpalhada na terra ſe recolheo com brevidade aos navios houve detenccedila
com o de Ruy Diaz que eſteve ao largar quaſi perdido em hũa rogravecha natildeo arribando com o
pano da proa ategrave lhe cortarem a amarra que por deſcudo dos Officiaes hia arrojando a
ancora pelo fundo Ao Galleatildeo do Faleiro rebentou outra amp natildeo tendo outra talingada foi
preciſo fazerſe ao mar Como eſtava nelle Manuel Freyre que havia de acompanhar os
ultimos navios ſem ſaber a occaſiatildeo vẽdo-o aacute vella a que jaacute vinhatildeo nove com ſoacute o traquete
ſe pogravez a caminho a Capitana eſperando os que lhe ficavatildeo pela popa Mas tanto que o Meſtre
de Campo mareou na volta da terra para deſamarrar os que ainda eſtavatildeo ſurtos ferrando
outra veacutez o traquete tornou a pairar com a meſena
FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 09]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaristas apontam pairar tambeacutem como termo naacuteutico
Origem provenccedilal lt latim
Ficha 122
Palmejar sm (TNaut) As peccedilas de madeira que cingem o navio de poppa agrave proa por
dentro ______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau PALMEJAR Bater as palmas Vid Palma da matildeo
rarrMoraes e Silva PALMEJAacuteR smt de Naut O palmejar satildeo peccedilas de madeira que
cingem o navio de poupa aacute proa por dentro as quaes vatildeo endentadas como a madeira da
liaccedilatildeo ou liames Hist Naut I f 316 ldquono navio havia dous palmos de agua sobre o
palmejarrdquo
rarrLaudelino Freire PALMEJAR sm Prancha que reveste interiormente o arcabouccedilo do
navio
rarrAureacutelio- natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
141
Comentaacuterios Com exceccedilatildeo de Bluteau todos os dicionaristas apontam palmejar como termo
naacuteutico Origem portuguesa lt latina
Ficha 123
Palomas s f Cabos nas vergas onde se fixatildeo as pontas das ostagas
______________________________________________________________________
rarrCunha paloma sf ldquo(Naacuteut) cabo corda‟ 1813 Do it meridional paloma que corresponde
a parogravema em outras regiotildees palomAR palonbar XV palomEIRA XV
rarrBluteau PALOMAS Termo de marinhagem Saotilde hũs cabos que eſtaotilde nas vergas onde ſe
fazem fixas as pontas das oſtagas
rarrMoraes e Silva PALOgraveMAS sf t de Naut Cabos que estatildeo nas vergas onde se fazem
fixas as pontas das ostagas
rarrLaudelino Freire PALOMAS sf Cast paloma Espeacutecie de cabo naacuteutico
rarrAureacutelio paloma [Do esp paloma] s f 1 Bras Giacuter Meretriz 2 Ant Pomba (1)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Exceto Aureacutelio todos os dicionaristas apontam paloma como termo naacuteutico
Origem italiana
Ficha 124
Palomba sf Entre Nauticos Novello de mialhar ______________________________________________________________________
rarrCunha palomba sf bdquo(Naacuteut) cabo corda‟ 1813 Do it meridional paloma que corresponde
a parogravema em outras regiotildees [] palonbar XV []
rarrBluteau Natildeo consta
rarrMoraes e Silva PALOMBA sft de Naut Cabos que estatildeo nas vergas onde se fazem
fixas as pontas das ortagas Novelo de mealhar
rarrLaudelino Freire PALOMBA sf Lat palumba Naacuteut 1 Corda da vela do estai2 Fio
grosso com que se cose o cabo da tralha agraves orlas das velas fazendo passar os pontos pelas
cocircchas do mesmo cabo fio de palomba3 Novecirclo de mealhar de forma alongada4 Alccedila
para iccedilar no mastro a vecircrga de uma vela latina
rarrAureacuteliorarr palomba [Alter de paloma] s f Marinh 1Novelo de mialhar 2Espeacutecie de
ponto us para coser as tralhas das velas dos toldos etc ponto de palomba
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Exceto Bluteau (que natildeo apresenta o termo) todos os dicionaristas apontam
palomba como termo naacuteutico Origem italiana
Ficha 125
Patelha sf (T Naut) O couce do leme Encaixa na quilha no fundo do cadaste sobre que
joga o leme
142
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau PATELHA ou Patilha do leme por outro nome Couce he no fundo do cadaſte
hum encayxo na quilha ſobre que joga o leme
rarrMoraes e Silva PATEgraveLHA sf t de Naut O couce do leme e eacute no fundo do cadaste um
encaixe na quilha sobre que joga o leme
rarrLaudelino Freire PATELHA sf Parte inferior do leme e a parte saliente da quilha socircbre
que ecircle se move
rarrAureacuteliorarr natildeo consta patelha Patilha [Do esp patilla poss] s f 1Constr Nav
Prolongamento da quilha para reacute do cadaste sobre o qual se apoia o peacute da madre do leme nas
embarcaccedilotildees em que o leme tem de trabalhar afastado do cadaste (como p ex nas de uma soacute
heacutelice)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaristas apontam patelhapatilha como termo naacuteutico Origem
espanhola
Ficha 126
[] Pegrave de carneiro [T Naut) Paacuteos perpendiculares da coberta ategrave o poratildeo em que se sustenta
a coberta
______________________________________________________________________
rarrCunha peacute sm bdquoparte inferior da perna que se articula com esta assentado por completo no
chatildeo e que permite a postura vertical e o andar‟XIII pee XIIIDo lat pes pĕdis []
rarrBluteau Peacutes de carneyro Termo de navio Saotilde huns paos que eſtaotilde perpendicularmente
da cuberta ao poraotilde para ſuſtentar a meſma cuberta Os primeyros ſaotilde os do poraotilde amp ha
outros entre pontes
rarrMoraes e Silva Pes de carneiro t de Naut paacuteos perpendiculares da coberta ao poratildeo
para sustentar a coberta e talvez tem moacuteccedilas por onde os marujos descem
rarrLaudelino Freire PEacute sm T Naacuteut A ponta da corda com que se vira a vela Peacute de
carneiro sm Naacuteut Pau varatildeo ou prumo de suporte
rarrAureacutelio peacute- [Do lat pede] [] peacute de carneiro [De peacute + de + carneiro] Substantivo
masculino 1 Constr Nav Qualquer peccedila ou parte da estrutura de uma embarcaccedilatildeo que tenha
forma de coluna 2 Rolo peacute de carneiro [Pl peacutes de carneiro]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta peacute-de-carneiro como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam peacute de carneiro como termo naacuteutico
Origem portuguesa lt latina
Ficha 127
143
Pinccedilote sf Entre nauticos pagraveo pegado aacute ponta da cana do leme para o governar Tambeacutem a
bomba o tem
______________________________________________________________________
rarrCunha pinccedilote natildeo consta
rarrBluteau PINCcedilOTE Termo de navio He hum pao que pega na ponta da cana do leme amp
vem agrave cuberta da Timoneyra por hũ bolinete amp ſerve para governar o leme
rarrMoraes e Silva PINCcedilOacuteTE smt de Naut Paacuteo que pega na ponta da cana do leme e vem
agrave coberta da timoreira por um molinete e serve para governar o leme haacute tambeacutem pinccedilote da
bomba H Naut Tom3
rarrLaudelino Freire PINCcedilOTE sm Cast pinzote Naacuteut1 Alavanca de pau na extremidade
da cana do leme2 Corda delgada fixo por uma das extremidades agrave pena da vecircrga para
amarrar a esta uma vela quando fundeada a embarcaccedilatildeo de velas latinas
rarrAureacutelio 1Marinh Nas canas do leme constituiacutedas por duas peccedilas ligadas em cotovelo eacute
aquela em que o timoneiro segura [A outra eacute a cana]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam pinccedilote como termo naacuteutico Origem
espanhola Origem espanhola (Houaiss 2001)
Ficha 128
Pontal sm ponta de terra (T Naut) Altura do navio da quilha ateacute o convez
______________________________________________________________________
rarrCunha ponta sf bdquoa parte ou o ponto em que alguma coisa termina extremidade‟ XIII Do
lat puncta ndashae bdquoestocada‟ [] pontAL1 sm bdquo(Naacuteut) altura da embarcaccedilatildeo entre a quilha e o
conveacutes principal‟ XVI pontAL2 sm‟ ponta de terra‟ XVIII
rarrBluteau PONTAL (Termo de navio) He a altura que tem o navio da quilha ateacute primeyra
cuberta Navis altitudo agrave trabe [] Tambem em termos nauticos Pontal para avante amp
Pontal para a reacute he o que vay de altura de bordo da nao para a proa amp para a poppa entre as
duas cubertas chama-ſe tambem Pontal o que vay de huma cuberta a outra parece derivado
do Francez porque nos navios o que chamamos cuberta os Francezes lhe chamatildeo Ponte
rarrMoraes e Silva PONTAacuteL sm Altura do navio desde a quilha ateacute aacute primeira coberta Cast
L8f154col2 e B4614 sect it O que vai d‟uma coberta aacute outrasect Pontal para a vante ou para
a reacute eacute o que vai do bordo do navio para a progravea ou para a popasect Ponta de terra que sai do
mar vg o pontal de Cacilhas
rarrLaudelino Freire PONTAL sm De ponta Altura da embarcaccedilatildeo entre a quilha e a
primeira coberta 2 Ponta de terra ou da penedia que entra um pouco no mar acima do niacutevel
da aacutegua
rarrAureacuteliorarr [1Constr Nav Altura da embarcaccedilatildeo entre a quilha e o conveacutes principal2Ponta
de terra ou penedia que penetra um pouco no mar ou no rio []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam pontal como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
144
Ficha 129
Ponte sf Obra sobre arcos para passar rios Algumas ha de barcas e de madeira para fossos
A peccedila em que se volve a moenda no engenho de accedilucar Entre Nauticos a coberta do navio
______________________________________________________________________
rarrCunha ponte sf bdquoconstruccedilatildeo destinada a estabelecer a ligaccedilatildeo entre duas margens opostas
de um curso de aacutegua ou de outra superfiacutecie liacutequida qualquer‟ XIII Do lat pōns pontis []
rarrBluteau Ponte (Termo de navio) Ponte corrida he a cuberta do caſtello de Poppa ateacute a
proa Ponte na orelha he a cuberta do convez curva para que com brevidade ſe deſagoe o mar
que entrar nella Natildeo temos nomes proprios Latinos
rarrMoraes e Silva POgraveNTE sf t de Naut O mesmo que coberta do navio Cast L7c86
f133 col1 Amaral c2 Ponte nas galeacutes e navios obra feita para cima della se pelejar
B347 lanccedilar-lhe algumas panellas de poacutelvora sobre a ponte que levava foratildeo queimar
muitos Mouros que vinhatildeo debaixo parece que era obra levadiccedila Id 235 naacuteo com suas
arrombadas com ponte e redes a sua naacuteo levava sobre a ponte tecida huma rede ibid
rarrLaudelino Freire PONTE sf Lat pons pontem Mar Coberta ou sobrado estabelecido
em todo o comprimento do navio seja para cobrir o poratildeo e preservar as mercadorias seja
para dividir o navio em diversos andares como se divide uma casa de habitaccedilatildeo 2 Naacuteut
Pavimento acima da borda do navio na direccedilatildeo de bombordo a estibordo donde em viagem se
dirige a manobra
rarrAureacuteliorarr ponte [Do lat ponte] s f [] 2Ant Constr Nav Cada uma das cobertas de um
navio Ponte de vieacutes 1 Lus Ponte esconsa Ponte esconsa 1 Ponte (1) cuja direccedilatildeo eacute obliacutequa
agrave do curso de aacutegua que transpotildee [Sin lus ponte de vieacutes] []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam ponte como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Ficha 130
Porca s f A femea do porcoPaacuteo que atravessa os malhaes no lagar A obra de madeira
sobre o sino Entre Nauticos Nome de hum dos paacuteos que atravessatildeo o carro da poppa e vatildeo
145
acabar nos pegraves mancos Na atafona peccedila pregada na trave com hum ferratildeo onde anda o piatildeo
Peccedila dp parafuso onde elle embebe as suas espiras Na impressatildeo peccedila no someiro grande de
cima onde encaixa a arvore de ferro
______________________________________________________________________
rarrCunhaporcararr PORCO porco sm bdquomamiacutefero da ordem dos artiodaacutectilos natildeo ruminante
originaacuterio do javali poreacutem existente quase em toda parte como animal domeacutestico‟ XIII Do
lat pŏrcus -ī [] porcA1
sf bdquoa fecircmea do porco‟ XIII porcA2 sf bdquopeccedila em que se introduz o
parafuso‟ 1813 Segundo parece a relaccedilatildeo entre porca2 e porca
1 decorre da semelhanccedila que o
oacutergatildeo genital do porco apresenta com o parafuso
rarrBluteau Porcas (Termo de Navio) Saotilde hũs paos groſſos que atrave ſſaotilde o carro de
poppa amp vaotilde acabar em os peacutes mancos
rarrMoraes e Silva POacuteRCAS sfpl paacuteos grossos que atravessatildeo o carro da popa e vatildeo
acabar nos peacutes mancos
rarrLaudelino Freire PORCA sf Lat porca [] 3 Pau do largar que atravessa os malhais
Pau grosso que atravessa o carro da pocircpa
rarrAureacutelio Porca [Do lat porca] Substantivo feminino Pequena peccedila de ferro em geral
sextavada ou quadrada munida de furo em espiral que se atarraxa na extremidade de parafuso
ciliacutendrico
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam porca como termo naacuteutico exceto Aureacutelio
Origem portuguesa lt latina
Ficha 131
Proejar vn Navegar com certo rumo _____________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau PROEJAR (Termo Nautico) Por a proa vid Proa (Quem viſſe huma natildeo proejar
contra hũa alta ſerra Epanaphor De D Franc Man pag109)ſ
rarrMoraes e Silva PROEJAacuteR vn Navegar para certo rumo vg uma nau proejando contra
uma alta serra Epanaforas sect at Buscar com a proa demandar navegando ldquoproejando ao
Oriente tantas vezes requestadordquo ldquoproejaratildeo a uma calheta quem com a cerraccedilatildeo vararatildeo e
escorreratildeo ateacute que a mareacute de todo lhes faltourdquo
rarrLaudelino Freire PROEJAR v intr De proa Aproar dirigir-se navegar em determinada
direccedilatildeo
rarrAureacutelio proejar [De proa + -ejar] Verbo transitivo circunstancial 1P us Dirigir-se
navegar (em determinada direccedilatildeo) aproar O comandante proeja para nordesteAs galeacutes de
Castela sarparam tenderam velas e demandaram a barra proejando ao norte (Antero de
Figueiredo Leonor Teles p 229) [Conjug v pelejar]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam proejar como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
146
R
Ficha 132
Rabada sf o rabo do peixe Antigamente tranccedila para traz cheia de laccedilos de fitas (T naut)
Parte da poppa onde estagrave a cacircmara de cima
______________________________________________________________________
rarrCunha rabada rarr rabo rabo sm bdquocauda‟ bdquoprolongamento da coluna vertebral de certos
mamiacuteferos‟ XIII Do lat rāpum -ī bdquonabo‟[] rabADA XVI []
rarrBluteau RABADA Vid Tomo 7 Vocabulario Rabada termo de navio He o apoſento da
poppa no andar ſuperior do navio por cima da camera de modo que dos tres andares que ha
na poppa ao ſuperior he que chamaotilde Rabada ao do meyo camera e ao de baixo praccedila
d‟armas
rarrMoraes e Silva RABAacuteDA sf Do navio galeacute Couto 10105 poupa onde estaacute o
lemerdquopoz-lhe a proacutea pela rabada Couto 98
rarrLaudelino Freire RABADA sf De rabo O mesmo que rabadela 2 Pocircpa do navio
rarrAureacuteliorarr rabada [De rabo + -ada1] s f 1 V rabadilha (1) Rabadilha [De rabada + -
ilha] Substantivo feminino 1 A parte posterior do corpo das aves peixes e mamiacuteferos
rabada rabadela 2 A porccedilatildeo do peixe que o pescador destina a seu proacuteprio consumo em vez
de vender rabadela Rabada 1 Rabo de boi de porco ou de vitela sem pele nem pelos para
uso na alimentaccedilatildeo humana 2 Cul Iguaria preparada com rabada (2) 3 Rabicho (1) 4 Fig
O(s) uacuteltimo(s) numa corrida fila etc rabeira
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Embarcaccedilotildees de meia coberta Botes Igariteacutes e Balccedilas ou Jangadas que servem na
conducccedilatildeo da quarta Partida Hespanhola na foacuterma que se aprezentaram na Fronteira da
Tabatinga em 7 de Marccedilo de 1781 CAPITAINA Maria Luiza Barco de foacuterma de meia
coberta de nove remos por banda de um mastro armada aacute redonda remada de palamenta
ou de remo pequeno ordinario Tem uma formoza Camara em que cabem vinte pessoas seis
por banda nos aposentos lateraes e os mais na face da frente e fundos tem um camarim aacute
rabada muito proprio para escrever e outros exercicios privados tudo muito bem asseiado e
pintado com seu cortinado de Damasco de latilde carmezim tem tres janellas por banda e nove
palmos de peacute direito
ALEXANDRE RODRIGUES FERREIRA [nd] 2ordf PARTE BAIXO RIO NEGRO -
SUPLEMENTO Agrave PARTICIPACcedilAtildeO PRIMEIRA [A00_2236 p440]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Exceto Aureacutelio (que natildeo apresenta o termo) todos os dicionaristas apontam
rabada como termo naacuteutico Origem portuguesa lt latina
Ficha 133
Rabeca sf Instrumento musico de quatro cordas (T Naut) vela que vai entre o mastro
grande e a poppa atravessada Enxergatildeo pequeno de palha ______________________________________________________________________
147
rarrCunha rabeca sf bdquodesignaccedilatildeo antiquada do violino‟ bdquoutensiacutelio de ferreiro que serve para
fazer girar a broca‟ XVI Do fr rebec deriv do ant fr rebebe e este do ar rabāb []
rarrBluteau RABECA ou Rebeca Pequeno inſtrumento muſico de cordas Diriva ſe do
Arabico Rebab ou Rebaba que no Lexicon Coptico ſegundo os Interpretes he Lyra Outros
o derivatildeo do Hebraico Rebiac que ſignifica o inſtrumento a q os Latinos chamatildeo Siſtrum
outros finalmente o derivatildeo de Rebet que na linguagem Celtica val o meſmo que Rebeca
Conſta a Rabeca de quatro cordas amp tange-ſe com arco Os ſeus ſons agudos ſaotilde muytos
alegres amp deſpertatildeo o eſpirito O ſeu concerto he de quinta em quinta Natildeo temos em Latim
palavra propria Latina ſeragrave preciſo uſar das Comuas como vg Fides ium Plur Fem ou
Fidis is Fem do qual uſa Columella no ſingular ou Lyra ou Cithara e Fem Barbitus de
ordinario natildeo ſe acha ſenatildeo em verſo Natildeo ſerve acreſcentar a Fides nem a Lyra decumana
nem Primaria eſtes adjeξtivos natildeo eſtatildeo aqui no ſeu lugar
rarrMoraes e Silva RABEacuteCA sf Instrumento Musico de quatro cordas que se ferem com
hum arco de cerdas de cavallo
rarrLaudelino Freire RABECA sf Aacuter rabeb Instrumento muacutesico em forma de viola com
quatro cordas de tripa e de retroacutes afinada em quintas (sol reacute laacute mi) de que tiram os sons por
meio de um arco guarnecido de crinas e pregraveviamente passadas pela resina violino 2 Naacuteut
Uma das velas latinas que servem para estais
rarrAureacuteliorarrrabeca [Do aacuter rabatildeb pelo fr ant rebec ou pelo provenccedil ant rebec] Substantivo
feminino 1Designaccedilatildeo antiquada do violino [F paral rebeca var arrabeca] 2Utensiacutelio
de ferreiro que serve para fazer girar a broca sanfona 3Lus V fancho 4Bras Espeacutecie de
violino com quatro cordas de tripa e sonoridade fanhosa que se toca apoiando-o na altura do
coraccedilatildeo ou no ombro esquerdo mas sempre com a voluta para baixo
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente Laudelino Freire apresenta rabeca como termo naacuteutico Origem
francesa
Ficha 134
Resbordo sm (T Naut) O segundo solho do navio e o lugar onde elle se dobra mais
Rescaldar Escaldar muito ______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau RESBORDO Derivaſe do Francez Ribord que he a ſegunda ordem de taboas ou
o ſegundo ſolho do navio amp como cotovelo delle ou o lugar onde mais ſe dobra (na coſtura
da taboa do Resbordo Britto viagem do Braſil pag 86)
rarrMoraes e Silva RESBOacuteRDO sm Naut O segundo solho do navio e como cotovelo
delle ou o lugar onde mais se dobra Brito Viag ldquona costura da taboa do resbordordquo (rebord
em Francez he borda resaltada)
rarrLaudelino Freire RESBORDO sm De res + bordo Naacuteut Abertura feita no costado de
alguns navios na altura da primeira coberta para carga e descarga de carvatildeo ou de pequenos
artigos 2 Abertura na amurada para dar lugar agrave bocircca do canhatildeo
rarr AureacuteliorarrResbordo Substantivo masculino Constr Nav 1 A primeira fiada de chapas (ou
de taacutebuas nas embarcaccedilotildees de madeira) do forro exterior do casco de um e de outro lado da
quilha 2 Cisbordo Cisbordo (oacute) [De cis-1 + bordo] Substantivo masculino 1 Ant Constr
Nav Grande abertura com porta no costado de certos navios agrave altura de um pavimento para
embarque ou desembarque de objetos pesados ou de grandes dimensotildees resbordo
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
148
Recorriatildeo os altos os Calafates deſaparelhavatildeo as vergas os Marinheiros naotilde ſeccedilando as
bombas nem os baldes Cotilde que vencido o trabalho ficou legraveſto o navio amp eſtanque de hũa
batildeda para crenar ſobre ella em a manhatildeatilde ſeguinte que ſe tomou a agoa na coſtura da taboa
de resbordo
FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 17]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam resbordo como termo naacuteutico Origem
francesa
Ficha 135
Rumo sm A linha que denota hum dos ventos na agulha de marear A direcccedilatildeo que leva o
navio (T Naut) Palmo e polegada d‟agua entre os nauticos Fig Maneira de proceder A
rumo em boa ordem em termos de ter boa effeito ______________________________________________________________________
rarrCunha rumo sm bdquo(Naacuteut) cada uma das direccedilotildees marcadas na rosa-dos-ventos‟ bdquocaminho
direccedilatildeo vereda‟ rrumo XV Do cast rumbo deriv do lat rhombus e este do gr rhoacutembos
rumAR 1844
rarrBluteau Rumo na Roſa Nautica Index venti linea Fem (O numero dos graos amp ſuas
medidas ſegundo differentes Rumos Vieyra tom10 pag263) Vid Roſa
rarrMoraes e Silva RUacuteMO sm Na rosa Nautica a linha que denota hum dos 32 ventos sect A
direccedilatildeo que leva a proa do Navio por hum dos 32 rumos sect t Naut i eacute palmo e polegada de
agua de sorte que seis rumos ou palmos destes fazem sete ordinarios vg tem esta quilha
tantos rumosrdquo pegado (o monstro marinho) na quilha do galeatildeo por todo o comprimento
delle sendo de vinte e hum rumos que satildeo certo e cinco palmosrdquo B347 (por esta conta cada
rumo satildeo cinco palmos) ult Ediccedil Tom3 PI p462
rarrLaudelino Freire RUMO sm Ingl rhumb Cada uma das trinta e duas divisotildees ou linhas
da rosa dos ventos que representam as trinta e duas direccedilotildees mariacutetimas adotadas pelos
naacuteuticos 2 Direccedilatildeo do navio por estes rumos 3 Direccedilatildeo orientaccedilatildeo caminho 4
Antiga medida naacuteutica que equivalia pouco mais ou menos a cinco palmos 5 Meacutetodo
ordem de proceder norma
rarrAureacutelio rumo [Do esp rumbo] s m 1 Naacuteut Cada uma das direccedilotildees marcadas na rosa dos
ventos 2 Naacuteut Direccedilatildeo do movimento da embarcaccedilatildeo quando se estaacute navegando 3 Naacuteut
Acircngulo que a direccedilatildeo para onde aponta a proa da embarcaccedilatildeo faz com a direccedilatildeo do norte
verdadeiro (rumo verdadeiro) ou com a direccedilatildeo do norte magneacutetico (rumo magneacutetico) ou
ainda com a direccedilatildeo do norte da agulha (rumo da agulha) []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Segunda-feira 30 dias do mecircs de Janeiro tomei o sol e estava na altura do cabo de Santlsquo
Agostinho e iacuteamo-lo a demandar pelo rumo de loeste
PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE
SOUSA [A00_0078 p 38]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam rumo como termo naacuteutico Origem
castelhana
149
S
Ficha 136
Salamear va (T Naut) Fazer celeuma Cantar alternamente
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau SALAMEAR Termo de Marinheyro Fazer a Saloma ou Salema Vid Salema
Vid Fayna SALEMA Vozaria de Marinheyros He derivado da palavra Grego-Latina
Celeuma Vid Fayna (As Salemas ordinarias dos Marinheyros ſe fazem com taes vozes que
natildeo ſaotilde ouvidas muytas vezes Britto Viagē do Braſil pag 278)
rarrMoraes e Silva SALAMEAacuteR vn Naut Levantar ou cantar a celeuma Cast 280 escreve
ccedilalamear ldquosem as naos apitarem nem ccedilalamearem por natildeo serem sentidos dos Rumesrdquo
B384 ldquohomens do mar que ccedilalameatildeo para hum tempo pograverem toda a forccedila
CELEUMA sf A vozeria que faz a gente do mar quando trabalha CamLusII25 A
celeuma medonha se levanta No rumo marinheiro que trabalha
rarrLaudelino Freire natildeo consta
rarrAureacutelio natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios somente Bluteau e Moraes e Silva apontam salamear como termo naacuteutico Os
demais autores natildeo citam o termo Origem aacuterabe (Sousa amp Moura 1830)
Ficha 137
Salema sf Na Turquia cortesia feita com certas palavras em que entra a palavra Zalemaq
Nome de um peixe (T Naut) Entre os nauticos celeuma
Celeuma sf gritaria da gente do mar quando trabalha
______________________________________________________________________ rarrCunha salema sf bdquopeixe teleoacutesteo percomorfo da famiacutelia dos pomadasiacutedeos da costa
atlacircntica‟ 1874 De etimologia obscura [] celeuma sf bdquovozearia barulho algazarra‟ 1572
Do lat celeuma deriv do gr keacuteleuma bdquoordem‟ bdquocanto‟ bdquogrito‟
rarrBluteau SALEMA Vozaria de Marinheyros He derivado da palavra Grego-Latina
Celeuma Vid Fayna (As Salemas ordinarias dos Marinheyros ſe fazem com taes vozes que
natildeo ſaotilde ouvidas muytas vezes Britto Viagē do Braſil pag 278)
rarrMoraes e Silva SALEgraveMA sf V Celeuma nautsect t Turquesco cortezia acompanhada de
certas palavras entre as quaes vem Zalemaq Barrosrdquoque fosse a Corte do Badur a lhe fazer a
salemeardquoCELEUMA sf A vozeria que faz a gente do mar quando trabalha CamLusII25
A celeuma medonha se levanta No rumo marinheiro que trabalha
rarrLaudelino Freire SALEMA sfAacuter calam sf Naacuteut O mesmo que celeuma CELEUMA
sf Lat celeuma Vozearia de homens que trabalham juntos 2 Barulho algazarra 3
Canto ou vozes de barqueiros cantiga rude que entoa o marinheiro para estimular o trabalho
4 Alarma
rarrAureacutelio natildeo consta
150
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Exceto Aureacutelio ( que natildeo cita o termo) todos os demais dicionaristas apontam
salema como termo naacuteutico Origem obsura
Ficha 138
Sapatilhos sm (T Naut) Entre nauticos Ferros redondos em que se pegatildeo as poas ______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta sapatilhos consta sapato sapato sm bdquocalccedilado em geral de sola dura
que cobre o peacute‟XVI ccedila- XIII De origem duvidosa talvez do turco čabata sapatA XVI
[] sapatilho 1873
rarrBluteau SAPATILHOS Termo de navio Satildeo huns ferros redondos em que preacutegatildeo as
poas por ſe natildeo cortar a bolina o meſmo tem a eſteyra da vela em q os briois peacutegatildeo Vid
Sapato de ferro
rarrMoraes e Silva SAPATIacuteLHOS smpl Naut Ferros redondos em que se pegatildeo as poas
por se natildeo cortar a bolina haacute outros na esteira da vela em que os brioes pegatildeo
rarrLaudelino Freire SAPATILHO sm De sapato + ilho Naacuteut Aro de ferro forrado de
chapas com meia cana na parte exterior e que serve para se aguentar nos punhos das velas nos
chicotes dos cabos onde se introduzem os gatos etc
rarrAureacutelio sapatilho [De sapato + -ilho] s m 1 A primeira folha seca arrancada da cana-de-
accediluacutecar quando se limpa esta 2 Marinh Aro metaacutelico circular ou oval geralmente de ferro
zincado com a periferia goivada usado como berccedilo e proteccedilatildeo agraves matildeos [v matildeo (19)] que se
faz em cabos sobretudo nos cabos de arame
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaristas apresentam sapatilhos como termo naacuteutico Origem
duvidosa (turco)
Ficha 139
Sarpar va (T naut) Levantar
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta sarpar consta zarpar zarpar vb bdquolevantar acircncora fazer-se ao mar
partir‟ XVII Do cast zarpar deriv do a it sarpare (hoje salpare) deriv do lat tard
exharpare e este do gr exharpaacutezō
rarrBluteau SARPAR Termo Nautico He tomado do Italiano Salpare ou Sarpare que val o
meſmo que Levantar ferro Solvere portu ou solvere navem Cic C Vid Levantar (foy
tatildeo furioſa a tempeſtade que ſobreveyo a eſtas duas galeacutes Sarpando entre hŭas Ilhas
Vieyrtom5pag 326) (Poucos dias antes que Sarpaſſe a Armada Jacintho Freyre liv4 sect 83)
rarrMoraes e Silva SARPAacuteR vn naut Levantar vg sarpar a ancora
rarrLaudelino Freire SARPAR vrv Cast zarpar O mesmo que zarpar ldquoSarpou a corvetardquo
(Latino Coelho) ZARPAR vrv Cast zarpar Naacuteut O mesmo que sarpar (tr dir)2 Lus
Enganar abusar da boa feacute de em proveito proacuteprio (tr dir) 3 Fugir partir (intr)
rarrAureacutelio Sarpar Verbo intransitivoVerbo transitivo circunstancial 1Desus V zarpar As
galeacutes de Castela havia meses ancoradas no Tejo sarparam tenderam velas e demandaram a
barra (Antero de Figueiredo Leonor Teles p 229)Zarpar-[Do gr exarpaacutezein levantar
(acircncora) pelo lat exharpare e pelo it ant sarpare atual salpare] Verbo intransitivoVerbo
151
transitivo circunstancial 1Levantar acircncora fazer-se ao mar partir Quantas vezes em
pequeno ao contemplar o oceano e ao ver os navios que zarpavam barra afora senti o
impulso ardente de Sindbad o Mariacutetimo (Sousa Bandeira Evocaccedilotildees e Outros Escritos p
56) [Var (ant) sarpar] 2Bras V fugir (1 e 2) 3Bras Ir partir
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
E vendo o inimigo que todas as capitanias estavam juntas e tatildeo perto dacuteelles nos deitaram
aquella nojte aacutes 10 horas 3 navios de fogo um ficou sentado na arecirca que natildeo pocircde sahir e
os 2 sahiram mas quiz Deos que vimos vir uma vela e entendendo que fugiam comeccedilaacutemos
todos a sarpar []
desconhecido (1885) [1625] RELACcedilAtildeO VERDADEIRA DE TODO O SUCCEDIDO NA
RESTAURACcedilAtildeO DA BAHIA DE TODOS OS SANTOS DESDE O DIA EM QUE PARTIRAM
AS ARMADAS DE S M ATEacute O EM QUE EM A DITA CIDADE FORAM ARVORADOS SEUS
ESTANDARDES ETC [A00_0700 P 512]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaristas apresentam sarpar como termo naacuteutico Origem
espanhola lt francesa
Ficha 140
Sejar V Ciar (T Naut)
______________________________________________________________________
rarrCunha sejar natildeo consta
rarrBluteau Natildeo consta
rarrMoraes e Silva SEJAR v at Ceiar remar o navio de sorte que o faccedila voltar para hum
lado remando os remeiros de hum lado para vogarem aacute vante e outros para traz Vieira
ldquosaber vogar quando se haacute de ir a diante e sejar quando se haacute de dar voltardquo
rarrLaudelino Freire natildeo consta
rarrAureacutelio natildeo consta sejar consta ciar1 [Do esp ciar poss] Verbo intransitivo1Remar para
traacutes 2P ext Mover-se para traacutes [Cf siar e cear]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente Moraes apresenta sejar como termo que remete ao universo naacuteutico
Aureacutelio presenta ciar e natildeo sejar Origem natildeo encontrada
Ficha 141
Siar va Ciar (T Naut) Na Volateria Cerrar a ave as azas em aferrando a relegrave para baixar
com ella mais depressa
______________________________________________________________________
rarrCunha siar vb bdquofechar (as asas) para descer mais depressa‟ XVIII De origem obscura
rarr Bluteau SIAR ou CIAR Termo de alta volateria Siar as azas na autoridade que ſe
ſegue parece quer dizer Fechar a ave as azas para cahir (Eu vi hum Accedilor afferrado a hūa
Abetarda dependurarſe agrave terra amp Siar as azas para a fazer vir ao chatildeo Arte da Caccedila pag28)
rarrMoraes e Silva SIAacuteR vatde Volater Siar a ave as azas he cerralas depois de afferrar a
releacute para cair com ella mais depressasect V Ceiar e Ceiavoga
rarrLaudelino Freire SIAR vtr dir fechar (as asas) para descer mais ragravepidamente
152
rarrAureacutelio Siar Verbo transitivo direto 1Fechar (as asas) para descer mais depressa[Cf ciar
e cear]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Nenhum dos dicionaacuterios apresenta siar como termo naacuteutico Origem
obscura
Ficha 142
Sirgideiras sf plur (T Naut) Entre nauticos corda para atracar a enxarcia
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau SIRGIDEIRAS (Termo de navio) Cordas para atracar a enxaacutercia Saotilde huns cabos
com huns moutotildees pequenos que ſervem de apertar de huns ouvens a outros Ha mais outras
Sirgideyras por bayxo das gaveas que ſervem do meſmo Natildeo temos palavra propria Latina
rarrMoraes e Silva SIRGIDEgraveIRAS sf naut pl Cordas para atracar a enxarcia
rarrLaudelino Freire SIRGIDEIRAS sf De sirgir + deira Corda proacutepria para enxaacutercia 2
O mesmo que serzideira
rarrAureacutelio natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Bluteau Moraes e Silva e Laudelino Freire apontam sirgideiras como termo
naacuteutico Origem natildeo encontrada
Ficha 143
Sobrecevadeira sf (T Naut) A vela que fica sobre a cevadeira
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau SOBRECEVADEIRA Veacutela pequena que ſe potildeem ſobre outra a que chamaotilde
Cevadeyra Vid Cevadeyra (Largue hū galhardete na Sobrecevadeyra CEVADEIRA Vela
pequena que ſe potildeem na proa Proclinati ad proram mali velum
rarrMoraes e Silva SOBRECEVADEgraveIRA sf Naut vela pequena
rarrLaudelino Freire SOBRECEVADEIRA sf De socircbre + cevadeira Naacuteut Pequena vela de
navio socircbre a cevadeira CEVADEIRA s f de cevar + deira Naacuteut Pequena vela suspensa
de uma vecircrga que atravessa horizontalmente o gurupeacutes
rarrAureacutelio natildeo consta sobrecevadeira 1- Cevadeira [De cevada + -eira] sf [] 2Marinh
Ant Verga de cevadeira 3Marinh Ant Vela quadrangular que envergava na verga do
mesmo nome por baixo do gurupecircs [Cf sevadeira] []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaristas apontam sobrecevadeira como termo naacuteutico
Origem portuguesa lt latina
153
Ficha 144
Sobregata sf (T Naut) Entre nauticos Vela que fica sobre a gata
______________________________________________________________________
rarrCunhasobregata natildeo consta
rarrBluteau Natildeo consta GATA[]Gata nos navios he a vela de cima da mezena
rarrMoraes e Silva natildeo consta Consta GAacuteTA sf Femea do gatosect t de Naacuteutico Vela de
cima da mezena
rarrLaudelino Freire SOBREGATA sf De socircbre + gata Naacuteut 1 Segunda vela do mastro
de mezena 2 Vecircrga correspondente a essa vela
rarrAureacutelio 1- Sobregata [De sobr(e)- + gata] s f 1Marinh O joanete do mastro da gata[]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Laudelino Freire e Aureacutelio apresentam o termo sobregata Origem
portuguesa lt latina
Ficha 145
Socairo sm Cabo amarra Ao socairo ao abrigo Em seguimento Para traz (T Naut) Entre
nauticos A regrave pela poppa do navio
______________________________________________________________________
rarrCunha socairo1 sm bdquo(Marinh) parte de um cabo‟ XVI Do cat socaire bdquo o que estica uma
corda‟ com influecircncia de Cairo
rarrBluteau SOCAIRO Ao Socayro Termo Nautico antiquado Val o meſmo que ao longo Ir
ao ſocayro da Fortaleza com barco ou navio Arcem vel nave legere ou radere (Outras
fuſtas que eſtavatildeo ao Socairo da Fortaleza Barros 4 Dec pag650) (Se abrigou com a
Armada de remo ao Socairo da naacuteo amp do Galeaotilde Lemos Cercos de Malaca 15 verſ) A regrave
pela poppa do navio
rarrMoraes e Silva SOCAacuteIRO sm (composto de so ou sob e cairo no fig por amarra)sect
Amarra de pogravepa Castan L3f66 ldquoos que levavatildeo a toa soltaratildeo com medo o socairo e a naacuteo
dera a costa se outros natildeo acodissem a tomar o socairordquosect Ao socairo ieacute agrave reacute por detraz da
poupa do navio Lemos Cerco de Malaca Fig ao socairo da fortaleza ieacute emparado com
ella por traz della Barros ir ao socairo de alguem ieacute seguindo-o sect Poacutede-se derivar talvez
da palavra Irlandeza socair que significa em posto abrigado do vento (Bullet Memoires surla
Langue Cellique Tom2 artigo soucair) PPer LIf133 ldquoretirar-se ao socairo de huma ponta
de ilha ou reciferdquo para detraz dellasect
rarrLaudelino Freire SOCAIRO sm Naacuteut O cabo que vai sobejando e se vai colhendo
quando se ala qualquer braccedilo tirador etc o cabo de ala e larga que vai saindo do cabrestante
Pela popa do navio 2 Correia cujas pontas se prendem aos canzeacutes dos carros e que serve
para ajudar a sustecirc-los nas descidas
rarrAureacutelio socairo1 [Do cat socaire] Substantivo masculino1Marinh A parte de um cabo
que depois de dar volta a um cabrestante guincho cabeccedilo etc eacute aguentada agrave matildeo para ir
sendo colhida ou largada segundo as necessidades da manobra Pela popa do navio se faz a reacute
2Marinh A parte de um cabo que estaacute com volta em um cabeccedilo ou noutra peccedila fixa 3Correia
ou corda com que se sustecircm carros nas descidas
154
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Do porto de Olinda aacute ponta de Pero Cavarim satildeo quatro leguas Da ponta de Pero Cavarim
ao rio de Jaboatatildeo eacute uma legua em o qual entram barcos Do rio de Jaboatatildeo ao Cabo Santo
Agostinho satildeo quatro leguas o qual cabo estaacute em oito graacuteos e meio Ao socairo deste cabo
da banda do norte podem surgir naacuteos grandes quando cumprir onde tem boa abrigada Do
Cabo ateacute Pernambuco corre-se a costa norte sul
GABRIEL SOARES DE SOUSA (1938) [1587] ROTEIRO GERAL COM LARGAS
INFORMACcedilOtildeES DE TODA A COSTA DO BRASIL (PRIMEIRA PARTE - PROEMIO)
[A00_0176 p 30]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam socairo como termo naacuteutico Origem
castelhana
Ficha 146
Sumeas sf plu (T Naut) As taboas com que se repara o leme
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo constam Ximeas e Sumeas Chuacutemeas sfpl bdquopeccedilas de madeira com que se
consertam os mastros estalados‟1873 chuacutembeas 1813 Provavemente do aacuter jāmalsquoacirc na var
chuacutembeas deve ter havido influecircncia de CHUMBO
rarrBluteau SUMEAS de leme ou maſto
rarrMoraes e Silva SUMEAS sf pl Naut Taboas com que o leme se refaz e repara BPer
rarrLaudelino Freire SUacuteMEAS sf pl Naacuteut Peccedilas de madeira com que se conserta ou
fortifica o leme CHUacuteMEAS sfpl Naacuteut Pedaccedilo de madeira cavada em uma das faces que se
aplica ao longo de um mastro de uma verga etc para reforccedilaacute-lo por meio de braccediladeiras de
ferro ou de arreataduras
rarrAureacutelio Sumeas Substantivo feminino plural 1V chuacutemeasChuacutemeas [Do aacuter a(t) da raiz juntar agrupar] Substantivo feminino plural1Mar Peccedilas de
madeira com que se consertam os mastros estalados [Var chuacutembeas suacutemeas]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam sumeas como termo naacuteutico Origem
aacuterabe
T
Ficha 147
Tamborete sm Cadeira rasa Tamboretes (entre Nauticos) satildeo as peccedilas que fechatildeo os
mastros na coberta de cima
______________________________________________________________________
rarrCunha tambor sm bdquo(Muacutes) instrumento de percussatildeo‟XV atanbor XIII atambor XIV
Do ar attanbucircr tamborETE sm bdquo(Marinh) orig peccedila de madeira que arremata o mastro na
coberta de cima‟ XVI bdquoext banqueta‟ XVIII
155
rarrBluteau Tamboretes (Termo de navio) ſaotilde huns paos amp taboas que fechatildeo o maſtro na
cuberta de cima amp levaotilde dous paos a que antigamente chamavatildeo Poſquetes amp hoje Enoras
para atochar o maſtro
rarrMoraes e Silva TAMBORETES satildeo peccedilas de taboas que fechatildeo o mastro na coberta de
cima e levatildeo dois paacuteos ditos antigamente posquetes e hoje enoras de atochar o mastro
Couto 6921 ldquocortou-lhe o masto pelos tamboretesrdquo
rarrLaudelino Freire Tamboretes s m pl Naacuteut Conjunto de peccedilas destinadas a garantir a
seguranccedila e verticalidade dos mastros e a impedir que as aacuteguas se infiltrem por ecircsse conduto
rarrAureacutelio tamborete (ecirc) [Do fr tabouret com infl de tambor] Natildeo consta como termo
naacuteutico
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
arrebentou o masto do traquete pelos tamboretes de que sentimos muita fortuna e
amainaacutemos a vela e fomos correndo ao som do mar ateacute que foi de dia
PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE
SOUSA [A00_0078 p 33]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente o dicionaacuterio Aureacutelio natildeo apresenta tamborete como termo naacuteutico
Origem francesa lt aacuterabe
Ficha 148
Trinca sf Entre nauticos voltas de hum cabo que se faz fixo no talhamar do gurupes No
jogo da garatuza tres cartas do mesmo valor
______________________________________________________________________
rarrCunha Trincar vb bdquoapertar comprimir‟ bdquocortar com os dentes‟ bdquocomer mastigar‟ XVI
De origem incerta talvez alteraccedilatildeo do a fr tringler tingler bdquounir as taacutebuas de uma
embarcaccedilatildeo‟ deriv do a escandinavo tengja bdquounir atar‟trinca2
sf bdquocabo naacuteutico‟ XVI
trinca 3
sf bdquoarranhatildeo dentada‟ XX trinco sm bdquotranqueta com que se trancam portas‟ XVI
Dev de trincarTrecircs num bdquo3 III‟ Do lat trēs Do lat trēcěntos trinca1
sf bdquoreuniatildeo de trecircs
coisas semelhantes‟ XVI
rarrBluteau TRINCA (Termo de navio) Trincas ſaotilde as que atracatildeo o gurupeacutes amp vem a fazer
fixo ao talhamar Poacuter a nao agrave trinca ou porſe agrave trinca (Se puzeratildeo agrave Trinca Barros 4
Decpag 45) (Por conſelho do Piloto payrou agrave Trinca Lucena Vida de Xavier 67)
rarrMoraes e Silva TRIacuteNCA sf Naut Trincas do goropeacutes satildeo voltas de hum cabo que o
vem fazer fixo no talhamarsect Pograver a nau aacute trinca ou pograver-se a trinca pairar aacute trinca ieacute agrave capa
com a proa ao vento e as velas levantadas Couto 431 bdquose pozeratildeo agrave trinca batendo-a
rijamenterdquo Amaral c9 ldquopozeratildeo-se os inimigos agrave trinca para concertarem o galeatildeo ou lanccedilar
ferrordquo VF Mend c6r princip sect Na garatuza trinca satildeo 3 cartas do mesmo valor
rarrLaudelino Freire TRINCA sf Esp Trinca Mar Volta de cabo para fixar alguma peccedila
do navio
rarrAureacutelio trinca3 [Do esp trinca] s f 1Constr Nav Corrente ou cabo forte que prende o
gurupeacutes ao beque
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Fazendo negravevoa taotilde eʃpeʃʃa que ʃe naotilde vejatildeo os navios toquem os tambores deʃparem a
eʃpaccedilos algũs moʃquetes amp ʃiguaotilde o caminho que antes levava a Capitana Se ella durando a
negravevoa quiʃer virar tiraragrave huatilde peʃʃa amp os Galleoẽs do comboy faraacuteotilde o meʃmo em carregando
156
o leme antes de darem por davante Pondoʃe agrave trinca tirar agrave duas peszligas juntas a que
reʃponderagraveotilde tambem com duas os navios de guerra
FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 55]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam trinca como termo naacuteutico Origem
incerta
Ficha 149
Troccedila sf (T Naut) Entre nauticos Cabo com que se seguratildeo as entenas nos mastros
______________________________________________________________________
rarrCunha [] De origem obscura troccedila sf bdquozombaria‟ 1881 Dev de troccedilar []
rarrBluteau natildeo consta
rarrMoraes e Silva TROacuteCcedilA sf Cabo com que as entennas se seguratildeo no mastro
rarrLaudelino Freire TROCcedilA sf Mar Cabo que segura as antenas no mastro
rarrAureacutelio troccedila [Dev de troccedilar] s f1V zombaria 2V graccedila (6) 3Bras Pacircndega farra
4Bras Vida devassa5Pop Ajuntamento (de pessoas) multidatildeo
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente Moraes e Silva e Laudelino Freire apresentam troccedila como termo
naacuteutico Origem obscura
V
Ficha 150
Vela sf (T Naut) Entre nauticos O panno do navio que se abre ao vento para o fazer
navegar Rolo de cera espermacete ou cebo com pavio para alumiar Sentinellavigia Fig
Embarcaccedilatildeo
______________________________________________________________________ rarrCunha [] Do lat vēlumvelEIRO adj sm bdquodiz-se de ou navio que anda agrave vela‟
rarrBluteau Vela de navio Panno grande que preſo nas vergas amp aberto recebe o vento amp
faz andar o navio Velum i Neut Cic A vela meſtra ou a vela do maſto Grande Velum
fummi mali maximum caacutetion que alguns Autores de Diccionarios potildeesm neſte lugar natildeo ſe
acha em Autores Latinos amp Roberto Eſteves mostra que ateacute no Grego natildeo eſtagrave ce a
ſignificaccedilatildeo deſta palavra neſte ſentido []
rarrMoraes e Silva sf Vela do navio o panno de treu que se abre ao vento e serve para
impellir o navio communicando o impulso do vento aos mastros[]
rarrLaudelino Freire sf Lat velum Naacuteut Pano largo de linho ou de outro qualquer tecido
que se desfralda ao longo dos mastros ou das vergas para receber a accedilatildeo do vento em virtude
da qual eacute impelida a embarcaccedilatildeo2 Embarcaccedilatildeo movido por um conjunto decircsses panos []
157
rarrAureacutelio vela1
[Do lat vela pl de velu veacuteu] sf 1Marinh Peccedila de lona ou de brim
destinada a recebendo o sopro do vento impelir embarcaccedilotildees ou movimentar moinhos [Sin
no sing ou no pl pano] []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Saacutebado 10 dias do dito mecircs agraves quatro horas depois de meo-dia surgimos no porto da ilha da
Gomeira Em terra tomei o sol em 28 graos e um quarto Ali corregemos o leme 29-
A00_0078txtN 3^a feira 13 de Dezembro no quarto de alva nos fizemos agrave vela com vento
nordeste faziacuteamos o caminho do sul e a quarta do sudoeste 4^a feira 14 do dito mecircs ao
meo-dia tomei o sol em 26 graos e um quarto
PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE
SOUSA [A00_0078 p 29]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam vela como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Ficha 151
Vergueiro sm cabo de pagraveo das talhadeiras dos ferreiros (T Naut) Entre nauticos Cabo
dobrado no laiz com huns moutotildees que com huma volta em torno da pega grande finca os
moutotildees no bdquoagrave do‟ gavea Pedaccedilo de cabo com huma alccedila em cada chicote que serve no estaes
para algumas manobras Cadecirca de ferro que anda em hum arganegraveo do leme com hum pedaccedilo
de cabo grosso com que se atraca o leme quando se quebra a cana delle
______________________________________________________________________
rarrCunha verga sf bdquovara flexiacutevelXIII virga XIIIDo lat virga []verguEIRO sm
bdquovergasta‟ 1813
rarrBluteau Natildeo consta
rarrMoraes e Silva VERGUEgraveIRO sm Cabo de paacuteo em cujo extremo os ferreiros cravatildeo as
suas talhadeiras
rarrLaudelino Freire VERGUEIRO sm De vecircrga + eiro Vergasta verdasca vara 2
Cabo de pau que se crava nas talheiras rompedeiras e palmetas para natildeo se magoarem as matildeos
dos que trabalham com estes instrumentos Vergueiro da Peccedila sm Naacuteut Cabo grosso enfiado
nos olhais das falcas Vergueiros do Leme sm pl Naacuteut Cabos grossos ou cadeias de ferro
que prendem o leme pelos arganeacuteus do safatildeo Vergueiros do Pano sm pl Naacuteut Cabos
prolongados com as vecircrgas e encapelados nos laises
rarrAureacutelio vergueiro [De verga + -eiro] Substantivo masculino 1V verdasca 2Cabo de
madeira em alguns utensiacutelios de ferreiro 3Constr Nav Corrente ou cabo de arame que se
enfia nos balauacutestres da borda para resguardo da tripulaccedilatildeo 4Constr Nav Cabo de arame que
158
se enfia nos ferros de sustentaccedilatildeo do toldo ou vergalhatildeo preso ao longo de uma antepara ou
verga e no qual se amarram os fieacuteis do toldo ou do pano
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Moraes e Silva Laudelino Freire e Aureacutelio apresentam vergueiro como termo
naacuteutico Origem portuguesa lt latina
X
Ficha 152
Xaretas sfpl (T Naut) Entre nauticos redes de cordas aacute borda do navio para tolher a
entrada ao inimigo
______________________________________________________________________
rarrCunha xaretas sf bdquoant rede com que se cobria a tolda e o conveacutes das naus e galeotildees de
guerra‟ XVII Do aacuter vulg šarīta bdquocorda cinta‟ []
rarrBluteau XAcircRETA Vid Enxarcia (Pegados agraves Xaretas do bordo alto Oriente conquiſtado
part 2493) Deriva-ſe do Francez Charette que quer dizer Carro []
rarrMoraes e Silva XAREgraveTAS sf Naut Redes de corda que acompanhatildeo o bordo do navio
para impedir a entrada ao inimigo Amaral4
rarrLaudelino Freire XARETA sf Ar xarita Recircde com que se impede a abordagem de um
navio 2 Recircde de pescar
rarrAureacutelio xareta (ecirc) [Do aacuter (t) cordel]Substantivo feminino1Ant Mar G
Rede com que se cobriam a tolda e o conveacutes das naus e galeotildees de guerra por ocasiatildeo dos
combates para dificultar aos assaltantes a entrada a bordo nas abordagens2Rede de pescar
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam xareta como termo naacuteutico Origem aacuterabe
Ficha 153
Ximeas sf plur (TNaut) v Sumeas
Sumeas sf plu (T Naut) As taboas com que se repara o leme
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo constam Ximeas e Sumeas Chuacutemeas sfpl bdquopeccedilas de madeira com que se
consertam os mastros estalados‟1873 chuacutembeas 1813 Provavemente do aacuter jāmalsquoacirc na var
chuacutembeas deve ter havido influecircncia de CHUMBO
rarrBluteau XIMEA Couſa de navio( Neceſſitava a Capitania de Ximeas nos maſtos Britto
viagem do Braſil 160)
rarrMoraes e Silva XIMEA sf V Sumea T Naut SUMEAS sf pl Naut Taboas com que
o leme se refaz e repara BPer
rarrLaudelino Freire natildeo consta
rarrAureacutelio Natildeo constam Ximeas e Sumeas Chuacutemeas [Do aacuter a(t) da raiz juntar agrupar]Substantivo feminino plural 1Mar Peccedilas de madeira com que se consertam
os mastros estalados [Var chuacutembeas suacutemeas ximeas]
159
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios De todos os dicionaacuterios consultados soacute Laudelino Freire natildeo lista esse lexema
Os demais dicionaristas classificam o termo como naacuteutico ou mariacutetimo Origem duvidosa
(aacuterabe)
Apoacutes selecionar os termos naacuteuticos constituiacutemos 153 fichas lexicograacuteficas
elaboradas juntamente a consultas em 5 dicionaacuterios e ainda a 1 Banco de Dados referente ao
portuguecircs brasileiro da eacutepoca do Brasil Colocircnia Passemos no proacuteximo capiacutetulo agrave anaacutelise dos
dados
160
Capiacutetulo 5
161
Capiacutetulo 5 ndash Anaacutelise e discussatildeo dos dados
Apoacutes selecionarmos os termos naacuteuticos presentes no Diccionario de Lingua
Brasileira preenchermos as 153 fichas lexicograacuteficas ndash elaboradas junto agrave pesquisa em cinco
dicionaacuterios e em um banco de dados de liacutengua portuguesa do Projeto DHPB composto de
textos escritos nos seacuteculos XVI XVII e XVIII ndash acompanhadas de abonaccedilotildees classificaccedilotildees
gramaticais e comentaacuterios passemos agrave anaacutelise quantitativa e discussatildeo dos resultados
51 Quanto agrave classificaccedilatildeo gramatical dos termos
Conforme jaacute relatado organizamos um corpus de unidades lexicais do domiacutenio da
terminologia naacuteutica com 153 termos constituiacutedo de 117 substantivos 3 adjetivos 32 verbos
e 1 adveacuterbio que satildeo entradas no Diccionario de Lingua Brasileira editado por Luiz Maria da
Silva Pinto na cidade de Ouro Preto em 1832 Os substantivos se destacam com 7647 de
dados os adjetivos por sua vez totalizam 196 dessas entradas os verbos 2092 e o
adveacuterbio com 065 de nossos dados terminoloacutegicos Abaixo apresentamos em tabela a
distribuiccedilatildeo conforme a classificaccedilatildeo morfoloacutegica dos dados analisados
TABELA 1
Classificaccedilatildeo morfoloacutegica dos dados analisados
Classe Gramatical Nuacutemero de unidades lexicais Percentual
Substantivo 117 7647
Adjetivo 003 196
Verbo 032 2092
Adveacuterbio 001 065
TOTAL 153 10000
Destacam-se a seguir as unidades leacutexicas classificadas como
Substantivos rarr aba abotoadora accedilafratildeo alcaxas aldrope alforje almeida amura
amurada anrique arruelas avencadura barcolas barquilha bastardo beque
bigotas bolinete bombordo botalos braccedilo braga bragueiro brandaes briol
buccedilardas burra cabresto cacholascalabre calabrote calafeto calcez calma
calmaria carlinga carregadeiras cevadeira chapeleta chapiteo chaveta cheleira
cifa cinta clara colhedores contrapunho cordas cossouro costa cunho curva
curvatatildeo cutelo driccedila embono embornal encalamento enfrechadura enora
envergues escoa escoteira escotilha escouves estibordo estiva estribos estrinca
162
garrucha gaacutevea gio guinada lais leme leva liame linguete maccedilame madre
majarrona malaquetas michelos molhelha moucarrotildees nabo orthodomia ostaes
ostagas palomas palomba patelha pinccedilote pontal ponte porca rabada rabeca
resbordo rumo salema sapatilho sirgideiras sobrecevadeira sobregata socairo
sumeas trinca troccedila vela vergueiro xaretas ximea peacute dormentes tamboretes
estribordo
Adjetivos rarr banzeiro escatelado naacuteutico
Verbos rarr abroquelar agarruchar alestar arfar arriar barbear bracear canjar
ciar-se cifar cruzar desaferrar desancorar descahir dobrar embonar encapelar
encodar-se envergar escacear escorrer ferrar folgar guinar iccedilar pairar
palmejar proejar salamear sarpar sejar siar
Adveacuterbio rarr dlsquoavante
52 Quanto agrave forma e o gecircnero dos termos naacuteuticos do DLB
Em se tratando dos 117 substantivos o gecircnero masculino se sobressai com 55
ocorrecircncias o que corresponde a 47 dos dados presentes em nosso corpus O gecircnero
feminino aparece com 53 dos dados somando 62 ocorrecircncias
Todas as 3 unidades leacutexicas cujas classificaccedilotildees morfoloacutegicas indicam adjetivos
apresentam-se no gecircnero masculino correspondendo a 196 dos dados presentes em nosso
corpus
Tanto os substantivos quanto os adjetivos soacute ocorreram em sua forma simples A
quantificaccedilatildeo total dos dados quanto ao gecircnero eacute destacada na TABELA 2 apresentada a
seguir
TABELA 2
Classificaccedilatildeo do gecircnero dos dados analisados
Classe Gramatical Masculino Feminino
Substantivo 55 (47) 62 (53)
Adjetivo 03 (196) -----
163
53 Quanto ao nuacutemero de unidades lexicais presentes em obras de referecircncia
Verificamos que 152 das 153 unidades lexicais se encontram dicionarizadas em
pelo menos uma das obras escolhidas como base de referecircncia neste trabalho embora parte
delas natildeo tenha a marca terminoloacutegica ldquotermo naacuteutico A fim de termos ideia do nuacutemero de
vocaacutebulos que constam em cada um dos cinco dicionaacuterios pesquisados e ainda consultando o
nuacutemero de ocorrecircncias no banco de dados do Projeto DHPB fizemos um levantamento
quantitativo que eacute apresentado no graacutefico a seguir
111
134
152146
130
79
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
Cunha
Bluteau
Morais
Laudelino
Aureacutelio
DHPB
GRAacuteFICO 1 Nuacutemero de unidades lexicais encontradas em cada dicionaacuterio e no banco de dados
O GRAacuteFICO 1 mostra em nuacutemeros absolutos quantas unidades lexicais entre as
153 dicionarizadas constam em cada dicionaacuterio a) a barra azul mostra que 111 vocaacutebulos
foram encontrados no Dicionaacuterio Etimoloacutegico de Antocircnio Geraldo da Cunha o que
corresponde a 7254 dos 153 vocaacutebulos dicionarizados b) o dicionaacuterio de Raphael de
Bluteau representado em barra verde corresponde a 134 unidades lexicais entre aquelas
dicionarizadas o que representa 8758 desse total c) Antocircnio de Moraes e Silva
representado pela barra marrom eacute aquele que mais apresenta em suas paacuteginas unidades
lexicais constantes do grupo das dicionarizadas com 152 unidades lexicais o que representa
9934 do total de vocaacutebulos d) o dicionaacuterio de Laudelino Freire representado pela barra
amarela apresenta 146 unidades lexicais o que corresponde a 9542 do total analisado e) o
dicionaacuterio de Aureacutelio Buarque de Hollanda Ferreira apontado no graacutefico pela barra de cor
vermelha apresenta 130 unidades lexicais entre aquelas dicionarizadas o que representa um
percentual de 8496 Por uacuteltimo apoacutes exaustiva consulta ao Banco de Dados do Projeto
164
DHPB verificamos a presenccedila de 79 unidades leacutexicas (5163) correspondentes agravequelas
selecionadas em nosso corpus para esta pesquisa
No quadro que apresentamos abaixo podemos identificar quais satildeo as unidades
lexicais presentes em cada dicionaacuterio e tambeacutem no Banco de Dados do Projeto DHPB
TABELA 3
Quadro comparativo dos termos naacuteuticos39
Bluteau Moraes e Silva Laudelino Aureacutelio DHPB
aba aba aba aba aba
abotoadura abotoadura abotoadura abotoadura abotoadura
abroquelar abroquelar abroquelar abroquelar
accedilafratildeo accedilafratildeo accedilafratildeo accedilafratildeo accedilafratildeo
agarrochar agarruchar agarrochar agarruchar agarruchar
alcaxas alcaxas alcaxas
aldrope aldroacutepe aldrope aldrope
alestar alestar alestar
alforge alforge alforge alforge alforge
almeida almeida almeida almeida almeida
amugravera amura amura amura
amuradas amuraacuteda amurada amurada amurada
anrique anriacuteque anrique anrique
arfar arfar arfar arfar arfar
arriar arriar arriar arriar arriar
arruelas arrueacutellas arruela arruela arruela
avencadura avencadura avencadura avencadura
banzeiro banzegraveiro banzeiro banzeiro banzeiro
barbear barbeacutear barbear barbear barbear
barcolas barcoacutelas barcolas
barquiacutelha barquilha
bastardos bastaacuterdo bastardo bastardo bastardo
beque beque beque beque beque
bigota bigoacutetas bigotas bigota
bolinete bolinegravete bolinete bolinete bolinete
bombordo bombordo bombordo bombordo bombordo
botalos botaloacutes botaloacutes botaloacute
braceacutear bracear bracear
braga braga braga braga braga
bragueiro bragueiro bragueiro bragueiro
brandaes brandaes brandal brandal brandaes
brioes brioacutees briol briol
buccedilardas buccedilardas
burra buacuterra burra burra
39
Salientamos que os termos destacados em negrito satildeo encontrados nos dicionaacuterios mencionados poreacutem natildeo
apresentam acepccedilatildeo naacuteutica ou natildeo nos remetem ao universo mariacutetimo Os espaccedilos em branco representam
ausecircncia da unidade lexical no dicionaacuterio e no DHPB
165
cabresto cabregravesto cabrestos cabresto cabresto
cachoacutela cachogravela cachola cachola
calabre calaacutebre calabre calabre calabres
calabrote calabroacutete calabrote calabrote calabrotes
calafeto calafegraveto calafeto calafeto calafeto
calcecircz calcegravez calcecircs calcecircs
calma caacutelma calma calma calma
calmaria calmaria calmaria calmaria calmaria
canjaacuter canjar
carlinga carlinga carlinga carlinga
carregadeiras carregadeiras carregadeira carregadeira
cevadeira cevadegraveira cevadeira cevadeira cevadeira
chapeleta chapeleta chapeleta chapeleta
chapiteo chapiteo chapiteacuteu chapiteacuteo
chaveta chavegraveta chavecircta chaveta chavetas
cheleira cheleira
ciar ciar-se ciar ciar ciar
cifa cifa cifa
cifar cifaacuter cifar
cintas cinta cintas cinta
clara clara clara clara
colhedocircres colhedores colhedores colhedor
contrapunho contrapuacutenho contrapunho contrapunho
cordas cordas corda corda cordas
cossouros cossograveuros cossouro cossouro
costa coacutesta costa costa costa
cruzar cruzar cruzar cruzar cruzar
cunhos cunhos cunhos cunho
curva cuacutervas curva curva curvas
curvatatildeo curvatatildeo curvatatildeo curvatatildeo
cutelos cugravetelos cutelos cutelo
davante davante d‟avante
desaferrar desaferrar desaferrar desaferrar desaferrar
desancorar desancoraacuter desancorar desancorar
descahir descahir descair descair descahir
dobrar dobraacuter dobrar dobrar dobrar
dormentes dormegraventes dormente dormente dormentes
driccedila driccedila driccedila driccedila driccedilas
embocircno embograveno embono embono
embornal embornagravel embornal embornal embornaes
encalamentos encalamentos encalamento
encapellar encapellaacuter encapelar encapelar encapelar
encodaacuter-se encodaacuter-se
enfrechadura enfrechadura enfrechadura enfrechadura
enoras enograveras enora enora
envergar envergar envergar envergar
envergues enveacutergues envergues envergues
166
escacear escacear escassear escassear escacear
escatelado escatelaacutedo escatelado escatelarado
escoas escograveas escoa escoa escoas
escorrer escorrer escorrer escorrer escorrer
escoteiras escoteira escoteira escoteira escoteira
escotilha escotilha escotilha escotilha escotilha
escouves escouves escouves escouvem
estibordo estibordo estibordo estibordo estibordo
estiva estiva estiva estiva estiva
estribos estribos estribo estribo estribo
estribograverdo estribordo
estrinca estrinca
ferrar ferrar ferrar ferrar ferrar
folgar folgar folgar folgar folgar
garrucha garruacutecha garruchas garrocha
gaacutevea gaacutevea gaacutevea gaacutevea gaacutevea
gio gio gio gio
guinada guinada guinada guinada guinada
guinar guinar guinar guinar guinar
iccedilar iccedilar iccedilar iccedilar iccedilar
lais laacuteis lais lais lais
leme leme leme leme leme
leva leva leva leva
liame liame liame liame liame
linguete linguete linguete lingueta
maccedilame maccedilagraveme maccedilame
madre madre madre madre
majarrona majarrona majarrona
malaquetas malaqueta malaqueta
michegravelos michelos
molhelha molhelha molhelhas molhelha
moucarrotildees moucarrotildees moucarratildeo
nabo nabo nabo nabo
naacuteutico naacuteutico naacuteutico naacuteutico naacuteutico
orthodromia orthodomia ortodromia
ostais ostaacutees ostaes ostaes
ostagas ostaacutegas ostaga ostaga ostagas
pairar pairaacuter pairar pairar pairar
palmejar palmejar palmejar
palomas palomas palomas paloma
palomba palomba palomba
patelha pategravelha patelha patelha
pinccedilote pinccedilote pinccedilote pinccedilote
pontal pontal pontal pontal pontal
ponte ponte ponte ponte ponte
porca porca porca porca porca
proejar proejar proejar proejar
167
rabada rabada rabada rabada rabada
rabeca rabeca rabeca rabeca rabeca
resbordo resbordo resbordo resbordo resbordo
rumo rumo rumo rumo rumo
salamear salamear
salema salema salema
sapatilhos sapatilhos sapatilhos sapatilhos
sarpar sarpaacuter zarpar sarpar sarpar
sejar
siar siar siar siar
sirgideiras sirgideiras sirgideiras
sobrecevadeira sobrecevadegraveira sobrecevadeira
sobregata sobregata
socairo socairo socairo socairo socairo
sumeas suacutemeas suacutemeas sumeas
trinca trinca trinca trinca trinca
troacuteccedila troccedila troccedila
vela vela vela vela vela
verguegraveiro vergueiro vergueiro
xacircreta xaregravetas xareta xareta xareta
ximea ximea ximea
braccedilo braccedilo braccedilo braccedilo
peacute peacute peacute peacute peacute
tamboretes tamboretes tamboretes tamboretes tamboretes
embonar embonaacuter embonar embonar
168
54 Descriccedilatildeo e Comparaccedilatildeo de dados
Das unidades lexicais referentes aos termos naacuteuticos que compotildeem nosso corpus
encontramos correspondentes em vaacuterios dicionaacuterios como jaacute salientamos em 51 Dessas
apresentamos em nuacutemero no graacutefico seguinte as que se destacam como termo naacuteutico
50
123
146136
105
56
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
Cunha
Bluteau
Morais
Laudelino
Aureacutelio
DHPB
GRAacuteFICO 2 Nuacutemero de unidades lexicais destacadas como termo naacuteutico
a) Dos 153 termos que constituem nosso corpus o Dicionaacuterio Etimoloacutegico de Cunha registra
50 unidades leacutexicas como termo naacuteutico correspondendo a 3267 aldrope almeida amura
amurada beque barcola bigota bolinete bombordo brandal briol calabre calabrote
calcecircs calma calmaria carlinga ciar desancorar dormente embornal escatelado escoa
escoteira escotilha escouves estibordo estiva estribordo gaacutevea gio lais leme majarrona
naacuteutico ostaes ostaga paloma palomba pontal ponte rumo zarpar socairo sumeas
trinca vela xaretas peacute tamborete
b) O dicionaacuterio de Bluteau registra 123 dos termos naacuteuticos constantes no Diccionario da
Liacutengua Brasileira o que corresponde a 8039 a saber abotoadura accedilafratildeo alcaxas
aldrope almeida amura amuradas anrique arfar arriar arruelas avencadura banzeiro
barbear barcolas bastardos beque bigota bolinete bombordo botalos braccedilos braga
bragueiro brandaes brioes buccedilardas burra cabresto cacholas calabre calabrote calcez
calma calmaria carlinga carregadeiras cevadeira chapeleta chapiteo chaveta cifar
cintas clara colhedores contrapunho cordas cossouros costa cruzar cunhos curva
curvatatildeo cutelos davante desaferrar desancorar descair dobrar dormentes driccedila
embonar embono embornal encalamentos encapelar enfrechadura enoras envergues
169
escacear escatelado escoas escorrer escoteiras escotilha escouves estibordo estiva
estribos ferrar gaacutevea gio guinada guinar iccedilar lais leme leva liame linguete maccedilame
madre malaquetas nabo naacuteutico orthodromia ostais ostagas pairar palomas patelha
pinccedilote pontal ponte porca proejar rabada resbordo rumo salamear salema sapatilho
sarpar sirgideiras sobrecevadeira socairo suemas trinca vela xareta ximea peacute
tamboretes
c) Encontramos 146 unidades leacutexicas comuns ao nosso corpus dicionarizadas como termos
naacuteuticos na obra de Moraes e Silva correspondendo a 9542 abotoadura accedilafratildeo
agarruchar alcaxas aldrope alestar almeida amura amurada anrique arfar arriar
arruelas avencadura banzeiro barbear barcolas barquilha bastardo beque bigotas
bolinete bombordo botalos bracear braccedilo braga bragueiro brandaes brioacutees buccedilardas
burra cabresto cacholas calabre calabrote calafeto calcez calma calmaria canjar
carlinga carregadeiras cevadeira chapeleta chapiteo chaveta cheleira ciar-se cifa cifar
cinta clara colhedores contrapunho cordas cossouros costa cruzar cunhos curvas
curvatatildeo cutelo davante desaferrar desancorar descair dobrar dormentes driccedila
embonar embono embornal encalamentos encapelar encodar-se enfrechadura enora
envergar envergues escassear escatelado escoa escorrer escoteira escotilha escouves
estibordo estiva estribos estribordo estrinca ferrar folgar garrucha gaacutevea gio guinada
guinar iccedilar lais leme levaliame linguete maccedilame madre majarrona malaqueta
michelos moucarrotildees nabo naacuteutico orthodomia ostaes ostagas pairar palmejar
polomas palomba patelha pinccedilote pontal ponte porca proejar rabada resbordo rumo
salamear salema sapatilho sarpar sejar sirgideiras sobrecevadeira socairo sumeas
trinca troccedila vela vergueiro xaretas ximea peacute tamboretes
d) Entre as 153 unidades o dicionaacuterio de Laudelino Freire contabiliza 136 termos naacuteuticos o
que corresponde a 8888 abotoaduras abroquelar accedilafratildeo agarruchar alcaxas aldrope
alforjes almeida amura amurada anrique arfar arrear arruela avencadura banzeiro
barcolas barquilha bastardo beque bigotas bolinete bombordo botalos bracear braccedilo
braga bragueiro brandal briol burra cabrestos cachola calabre calabrote calafeto
calcez calma calmaria carlinga carregadeira cevadeira chapeleta chapiteacuteu chaveta
cheleira ciar cifar cintas clara colhedores contrapunho cossouro costa cruzar cunho
curvas curvatatildeo cutelos desaferrar desancorar descair dobrar dormente driccedila embonar
embono encalamento encapelar encodar-se enfrechadura enora envergar envergues
escassear escatelado escoa escorrer escoteira escotilha escouves estibordo estiva
estribo estribordo estrinca ferrar garruchas gaacutevea gio guinada guinar iccedilar lais leme
170
leva liame madre majarrona malaqueta michelos molhelhas moucarrotildees nabo naacuteutico
ostaes ostaga pairar palmejar palomas palomba patelha pinccedilote pontal ponte porca
proejar rabada rabeca resbordo rumo salemasapatilho sarpar sirgideiras
sobrecevadeira sobregata socairo sumeas trinca troccedila vela vergueiroxareta peacute
tamboretes
e) Dos 153 termos que constituem nosso corpus o Novo Dicionaacuterio Aureacutelio da Liacutengua
Portuguesa registra 105 unidades leacutexicas como termo naacuteutico correspondendo a 6862 dos
dados abotoaduras aldrope almeida amura amurada anrique arfar arriar banzeiro
barbear bastardo beque bigota bolinete bombordo botaloacute bracear braccedilo braga
brandal briol burro cabresto calabre calabrote calcecircs calma calmaria carlinga
carregadeira cevadeira chapeleta chaveta ciar cinta clara colhedor contrapunho corda
costa cruzar cunho curva curvatatildeo cutelodesancorar descair dobrar dormente driccedila
embonar embono embornal encapelar enfrechadura enora envergar envergues
escatelado escoa escoteira escotilha escouves estibordo estiva estribo ferrar garrocha
gaacutevea gio guinada guinar iccedilar lais leme leva linguete madre majarrona molhelha
nabo ortodromia ostaes ostaga pairar palomba patelha pinccedilote pontal ponte proejar
resbordo rumo sapatilho sarpar sobregata socairo sumeas trinca vela vergueiro
xareta ximea peacute tamboretes
f) O Banco de Dados do Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI
XVII XVIII registra 56 unidades leacutexicas (366) com significado que remetem ao mundo da
navegaccedilatildeo amuradas arfar arriar arruela avencadura banzeiro barbear beque
bombordo brandaes cabresto calabrecircs calabrotes calafeto calma calmarias cevadeira
chapiteo chavetas cordas ciar costa cruzar curvas dlsquoavante descahir dobrar
dormentes driccedilas embornaes encapelar escacear escoas escotilha estibordo estiva
ferrar gaacutevea guinada guinar iccedilar lais leme liames maccedilamenaacuteutico ostagas pairar
rabada resbordo rumo sarpar socairo vela tamboretes trinca
55 Sobre a marca de uso ldquotermo naacuteuticordquo
551 Variaccedilatildeo no Diccionario de Lingua Brasileira
As unidades do corpus em anaacutelise satildeo marcadas como (t naut) 117 ocorrecircncias
correspondendo a 765 dos dados (entre naacuteuticos) 21 ocorrecircncias ou 138 dos dados (t
naacuteutico) 9 ocorrecircncias contabilizando 59 (t nau) 1 ocorrecircncia o que correponde a 06
171
do total dos dados analisados Contabilizamos ainda 5 unidades lexicas ou 32 que natildeo
recebem marcas de uso mas vemos pela definiccedilatildeo que satildeo termos naacuteuticos a saber palomas
barquilha proejar naacuteutico vela
IMAGEM 9 Unidades lexicais natildeo marcadas como termo naacuteutico
552 Variaccedilatildeo em outros dicionaacuterios
Completada a verificaccedilatildeo da marca terminoloacutegica no Diccionario de Lingua
Brasileira resolvemos observar a terminologia naacuteutica adotada nos outros dicionaacuterios
utilizados nesta pesquisa como referecircncia As unidades do corpus satildeo marcadas nessas obras
como i) em Bluteau rarr termo de navegantes termo de navio termo de marinhagem termo
naacuteutico termo de barqueiros ii) em Moraes e Silva rarr termo de naacuteutica na naacuteutica termo
naacuteutico entre os nautas entre barqueiros iii) em Laudelino Freire rarr termo da naacuteutica
termo de navegaccedilatildeo termo de navegaccedilatildeo fluvial termo da marata ou marinha iv) em
Aureacutelio rarr termo da marinha (23 termos) termo da marinhagem (60 termos) termo naacuteutico
(01 termo) termo de construccedilatildeo naval (31 termos) Encontramos em todas essas obras
citadas algumas unidades que natildeo recebem marcas de uso mas vemos pela definiccedilatildeo que
pertencem ao universo naacuteutico
Como termo naacuteutico Aureacutelio marca somente a unidade lexical rumo Para esse
lexicoacutegrafo a marca terminoloacutegica marinhagem refere-se aos conhecimentos naacuteuticos
desenvolvidos e sistematizados pelos navegadores portugueses desde o Infante D Henrique
ateacute os fins do seacuteculo XVII Tais conhecimentos foram depois muito ampliados e
aprofundados e passaram a constituir a ciecircncia e a arte da navegaccedilatildeo sobre aacutegua denominada
172
naacuteutica De acordo com o mesmo dicionarista a marca terminoloacutegica marinha significa
ldquoaquilo que diz respeito ao serviccedilo de bordo dos navios agrave atividade de marinheiro agrave
navegaccedilatildeo por mar ou ainda conjunto de navios ou forccedilas navais ou por marrdquo Jaacute a marca
construccedilatildeo naval diz respeito agrave arte de construir navios e a marca naacuteutico eacute relativo a
marinheiro navegante e nauta por sua vez dizem respeito agrave navegaccedilatildeo Aureacutelio natildeo
classificou as unidades lexicais cruzar desancorar e sarpar e outras receberam mais de uma
classificaccedilatildeo
56 Quanto agrave origem
Para elucidar a origem dos termos como jaacute mencionamos no Capiacutetulo 3
consultamos o Dicionaacuterio Etimoloacutegico de A G Cunha poreacutem quando o termo natildeo constava
nesse dicionaacuterio lanccedilamos matildeo do Houaiss (2001) e se as palavras remetiam ao universo
aacuterabe do vocabulaacuterio de Sousa amp Moura intitulado Vestigios da Lingoa Arabica em Portugal
ou Lexicon Etymologico das palavras e nomes portuguezes que tem origem araacutebica
publicado em 1830 e impresso em ediccedilatildeo fac siacutemile em 2004
Quantificaccedilatildeo Total ndash quanto agrave origem dos termos naacuteuticos
a) Aacuterabe 07
b) Catalatildeo 02
c) Espanhol 16
d) Francecircs 23
e) Grego 01
f) Inglecircs 02
g) Italiano 11
h) Portuguesa 55
i) Provenccedilal 01
j) Onomatopaica 01
k) Incerta 28
l) Natildeo encontradas 06
173
a Termos de origem aacuterabe
Accedilafratildeo (do ar Az-zafaran cf Cunha 1982)
Alforge (do ar al-hurg cf Cunha 1982)
Almeida (Sousa amp Moura 1830)
Cifa (do ar satildeifa cf Cunha 1982)
Cifar (do ar satildeifacirc cf Cunha 1982)
Salamear (do ar salama cf Sousa amp Moura 1830)
Xaretas (do ar vulgar šarīta cf Cunha 1982)
b Termos de origem catalatilde
Brandaes (do catalatildeo brandal cf Cunha 1982)
Escoa (do catalatildeo escoa cf Cunha 1982)
c Termos de origem espanhola
Anrique (castelhano lt neerlandesa cf Cunha 1982)
Arriar (castelhano lt latim cf Cunha 1982)
Barcolas (espanhol lt latim cf Cunha 1982)
Barquilha (espanhol lt latim cf Cunha 1982)
Briol (castelhanoltfrancesa cf Cunha 1982)
Ciar-se (castelhano cf Cunha 1982)
Embonar (castelhano cf Cunha 1982)
Embono (castelhano cf Cunha 1982)
Garrucha (castelhano Cunha 1982)
MajarronaBujarrona (castelhano lt latim baacuterbaro cf Cunha 1982)
Ostagas (castelhano lt germacircnico cf Cunha 1982)
Patelha (espanhol cf Aureacutelio 2004)
Pinccedilote (castelhano cf Houaiss 2001)
Rumo (castelhano lt latim lt grego cf Cunha 1982)
Socairo (castelhano cf Cunha 1982)
Sarparzarpar (castelhano lt francesa lt latim tardio lt grego cf Cunha 1982)
d Termos de origem francesa
Abotoadura (do antigo francecircscf Cunha 1982)
Abroquelar (do antigo francecircscf Cunha 1982)
Arruela (do antigo francecircs lt latimcf Cunha 1982)
Avencadura (do antigo francecircs lt escandinavo antigo cf Cunha 1982)
Bastardo (do antigo francecircscf Cunha 1982)
174
Beque (do francecircs lt latimcf Cunha 1982)
Bolinete (do francecircs moulinet cf Cunha 1982)
Bombordo (do francecircs bacircbord lt neerlandecircs bakboord cf Cunha 1982)
Calabre (do antigo francecircs caable lt latim tardio cf Cunha 1982)
Calabrote (do antigo francecircs caable lt latim tardio cf Cunha 1982)
Carlinga (do francecircs carlingue lt escandinavo kerling cf Cunha 1982)
Chapeleta (lt antigo francecircs chapel cf Cunha 1982)
Escotilha (do antigo francecircs escoute (coute) derivado do goacutetico skautcf Cunha
1982)
Escoteira (do francecircs escoute lt goacutetico skaut cf Cunha 1982)
Enfrechadura (do francecircs fleche lt germacircnico cf Cunha 1982)
Estibordo (do francecircs antigo estribord lt neerlandecircs stierboord cf Cunha 1982)
Estribo (do antigo francecircs estriviegravere lt germacircnico cf Cunha 1982)
Estribordo (do francecircs antigo estribord lt neerlandecircs stierboord cf Cunha 1982)
Iccedilar (do francecircs hisser lt neerlandecircs hijsen cf Cunha 1982)
Ostaiestai (do antigo francecircs estaie lt germacircnico cf Cunha 1982)
Rabeca (do francecircs rebec lt antigo francecircs rebebe lt aacuterabe rābab cf Cunha 1982)
Resbordo (do francecircs ribord cf Cunha 1982)
Tamboretes (do francecircs tambouret cf Cunha 1982)
e Termos de origem grega
ortodromia
f Termos de origem inglesa
Aldrope (Do inglecircs guide-ropecf Cunha 1982)
Estrinca (Do inglecircs string cf Laudelino Freire 1949)
g Termos de origem italiana
Calma (lt latina cf Cunha 1982)
Calmaria (lt latina cf Cunha 1982)
Calafeto (aacuterabe lt latim vulgar cf Cunha 1982)
Calcez (latim tardio lt latim lt grego cf Cunha 1982)
Driccedila (lt francecircs cf Aureacutelio 2004)
Encodar-se (cf Moraes e Silva 1813)
Estiva (lt latim cf Cunha 1982)
Gaacutevea (lt latim cf Cunha 1982)
Linguete (lt latim cf Cunha 1982)
175
Palomas (do italiano meridional cf Cunha 1982)
Palomba (do italiano meridional cf Cunha 1982)
h Termos de origem portuguesa
Amura (ltlatina cf Cunha 1982)
Amurada (ltlatina cf Cunha 1982)
Banzeiro (ltlatina cf Cunha 1982)
Barbear (ltlatina cf Cunha 1982)
Bigotas (lt latina cf Cunha 1982)
Bracear (ltlatina cf Cunha 1982)
Braccedilo (ltlatina cf Cunha 1982)
Braga (ltlatina cf Cunha 1982)
Bragueiro (ltlatina cf Cunha 1982)
Burra (ltlatina cf Cunha 1982)
Cabresto (ltlatina cf Cunha 1982)
Carregadeiras (ltlatina cf Cunha 1982)
Cevadeira (ltlatina cf Cunha 1982)
Chaveta (ltlatina cf Cunha 1982)
Cinta (ltlatina cf Cunha 1982)
Clara (ltlatina cf Cunha 1982)
Colhedor (ltlatina cf Cunha 1982)
Contrapunho (ltlatina cf Cunha 1982)
Corda (latina lt grega cf Cunha 1982)
Costa (ltlatina cf Cunha 1982)
Cruzar (ltlatina cf Cunha 1982)
Cunho (ltlatina cf Cunha 1982)
Curva (ltlatina cf Cunha 1982)
Curvatatildeo (ltlatina cf Cunha 1982)
Cutelo (ltlatina cf Cunha 1982)
D‟avante (ltlatina cf Cunha 1982)
Desaferrar (ltlatina cf Cunha 1982)
Desancorar (latina lt grega cf Cunha 1982)
Descahir (ltlatina cf Cunha 1982)
Dobrar (ltlatina cf Cunha 1982)
Dormente (ltlatina cf Cunha 1982)
176
Encapelar (ltlatina cf Cunha 1982)
Enora (ltlatina cf Cunha 1982)
Envergar (ltlatina cf Cunha 1982)
Envergues (ltlatina cf Cunha 1982)
Escacear (ltlatina cf Cunha 1982)
Escorrear (ltlatina cf Cunha 1982)
Ferrar (ltlatina cf Cunha 1982)
Folgar (ltlatina cf Cunha 1982)
Leva (ltlatina cf Cunha 1982)
Liame (ltlatina cf Cunha 1982)
Madre (ltlatina cf Cunha 1982)
Naacuteutico (latina lt grega cf Cunha 1982)
Nabo (ltlatina cf Cunha 1982)
Palmejar (ltlatina cf Cunha 1982)
Pontal (ltlatina cf Cunha 1982)
Ponte (ltlatina cf Cunha 1982)
Porca (ltlatina cf Cunha 1982)
Proejar (ltlatina cf Cunha 1982)
Rabada (ltlatina) cf Cunha 1982
Sobrecevadeira (ltlatina cf Cunha 1982)
Sobregata (ltlatina cf Cunha 1982)
Vela (ltlatina cf Cunha 1982)
Vergueiro (ltlatina cf Cunha 1982)
Peacute (ltlatina cf Cunha 1982)
i Termos de origem provenccedilal
Pairar (lt latim cf Cunha 1982)
j Termo de origem onomatopaica
Botalos (Houaiss 2001)
k Termos de origens controvertida incerta duvidosa obscura
Aba (de origem duvidosa (latim) cf Cunha 1982)
Agarruchar (de origem duvidosa (ceacuteltico) cf Cunha 1982)
Alcaxas (de origem controvertida cf Houaiss 2001)
Alestar (de origem obscura cf Cunha 1982)
Arfar (de origem duvidosa (latim vulgar) cf Cunha 1982)
177
Buccedilardas (origem controvertida cf Bluteau 1712)
Cachola (origem duvidosa (latim vulgar) cf Cunha 1982)
Canjar (origem duvidosa (italiana) cf Houaiss 2001)
Cossouro (de origem obscura cf Cunha 1982)
Embornal (de origem incerta (italiana) cf Cunha 1982)
Escatelado (de origem controvertida cf Cunha 1982)
Escouves (de origem incerta (castelhana) cf Cunha 1982)
Gio (de origem obscura cf Cunha 1982)
Guinar (de origem obscura cf Cunha 1982)
Guinada (de origem obscura (anglo saxatildeo) cf Cunha 1982)
Lais (de origem obscura cf Cunha 1982)
Leme (de origem obscura cf Cunha 1982)
Malaqueta (de origem obscura cf Houaiss 2001)
Michelos (de origem obscura cf Houaiss2001)
Molhelha (de origem controvertida (catalatildeo) cf Aureacutelio 2004)
Moucarratildeo (de origem obscura cf Aureacutelio 2004)
Salema (de origem obscura cf Cunha 1982)
Sapatilhos (de origem duvidosa (turco) cf Cunha 1982)
Siar (de origem obscura cf Cunha 1982)
Sumeas (de origem duvidosa (aacuterabe) cf Cunha 1982)
Trinca (de origem incerta (antigo francecircs lt antigo escandinavo cf Cunha 1982)
Troccedila (de origem obscura cf Cunha 1982)
Ximeas (de origem duvidosa (aacuterabe) cf Cunha 1982)
l Termos de origens natildeo encontradas
Chapiteo
Cheleira
Maccedilame
Encalamentos
Sejar
Sirgideiras
Observando os resultados expostos acima vimos que a predominacircncia entre as
origens dos termos eacute Portuguecircs lt Latim com 55 unidades lexicais Isso corresponde a
3595 das ocorrecircncias totais Em segundo lugar destacam-se os termos de origem
178
controvertida incerta duvidosa e obscura satildeo 28 termos o que corresponde a 1831 do
total de dados Os nomes de origem francesa figuram em terceiro lugar com 23 ocorrecircncias
ou 1503 do total dos dados Em seguida em quarta posiccedilatildeo temos os nomes de origem
espanhola com 16 ocorrecircncias ou 1046 do total dos dados Os nomes de origem italiana
estatildeo em quinto lugar com 11 dados ou 719 do total dos termos analisados Os termos
aacuterabes contabilizam 07 ocorrecircncias ou 458 do total dos dados Em quantidade menor temos
os termos em catalatildeo (02 ocorrecircncias 130 do total de dados) em inglecircs (02 ocorrecircncias
130 do total de dados) em grego (01 ocorrecircncia 065 do total de dados) em provenccedilal
(01 ocorrecircncia 065 do total de dados) e de origem onomatopaica (01 ocorrecircncias 065
do total de dados) Alguns termos (06 ocorrecircncias 393 do total de dados) natildeo tiveram suas
origens apontadas por nenhuma obra que consultamos Satildeo eles chapiteo cheleira maccedilame
encalamentos sejar sirgideiras
Por se tratar de uma heranccedila portuguesa toda a terminologia naacuteutica presente no
Diccionario de Lingua Brasileira se restringe em sua maior parte como podemos ver a
termos oriundos da Europa
Passemos no proacuteximo capiacutetulo agraves Consideraccedilotildees finais
179
Capiacutetulo 6
180
Capiacutetulo 6 ndash Consideraccedilotildees finais
Esta dissertaccedilatildeo teve como objetivo realizar um estudo do leacutexico correspondente agrave
terminologia naacuteutica presente no Diccionario da Lingua Brasileira publicado por Luiz
Maria da Silva Pinto proprietaacuterio da Typografia de Silva na cidade mineira de Ouro Preto no
ano de 1832
Tivemos como objetivos especiacuteficos estudar as origens dos termos naacuteuticos
conferir se os termos selecionados se encontravam presentes em obras lexicograacuteficas de
referecircncia nos seacuteculos XVIII XIX XX e se os mesmos mantiveram seus significados e
ainda se constavam como ldquotermos naacuteuticosrdquo consultar o corpus do Projeto DHPB CNPq
(composto por documentos e textos da eacutepoca colonial) com o objetivo de verificar se os
termos constantes no Diccionario da Lingua Brasileira integraram no passado o nosso
leacutexico verificar se a terminologia naacuteutica presente no Diccionario da Lingua Brasileira
descreve a realidade brasileira nessa aacuterea ou se faz parte desse dicionaacuterio somente com o
objetivo de enriquecer nosso leacutexico apontar os termos naacuteuticos do dicionaacuterio Aureacutelio ndash seacuteculo
XXI comparar esses termos com o primeiro dicionaacuterio impresso no Brasil ou seja o
Diccionario da Lingua Brasileira verificando se houve manutenccedilatildeo expansatildeo ou mudanccedila
nesse leacutexico de especialidade contribuir para o desenvolvimento da investigaccedilatildeo histoacuterica na
aacuterea da Terminologia disponibilizando um estudo da aacuterea de especialidade devidamente
analisado
Nosso interesse em pesquisar a terminologia naacuteutica nesse dicionaacuterio que se
intitula o primeiro dicionaacuterio da liacutengua brasileira pautou-se nas seguintes questotildees i) Quais
seriam os primeiros termos que fizeram parte de um dicionaacuterio brasileiro ii) Eles se mantecircm
ainda na liacutengua ou seja satildeo dicionarizados Essa terminologia fazia parte realmente do leacutexico
brasileiro da eacutepoca ou era ldquoidealrdquo que fizesse
Aleacutem de termos naacuteuticos o DLB marca termo anatomico termo de bombeiros
termo de architectura termo de geometria termo meacutedico termo militar termo de artilheria
termo de fortificaccedilatildeo termo forense termo familiar termo juriacutedico termo methaphysico
termo mythologico termo de pintura termo plebeu termo vulgar termo baixo Nosso
interesse se voltou para os termos naacuteuticos por serem esses os de maiores ocorrecircncias na obra
estudada Analisamos 153 unidades leacutexicas terminoloacutegicas sendo 117 substantivos 3
adjetivos 32 verbos e 2 adveacuterbios
Apoacutes leitura da obra seleccedilatildeo de termos construccedilatildeo do corpus e anaacutelise dos dados
constatamos que os substantivos se destacam com 7647 dos dados os adjetivos com 196
181
e os adveacuterbios com 065 Surpreendeu-nos a quantificaccedilatildeo dos verbos 2092 em valores
numeacutericos 32 nuacutemero expressivo em se tratanto de leacutexico especializado Desses verbos o
Dicionaacuterio Aureacutelio Seacuteculo XXI traz somente 17 arfar arriar barbear bracear ciar-se
cruzar descair dobrar embonar encapelar envergar ferrar guinar iccedilar pairar proejar
sarpar Consultando o Banco de Dados do PDHPB contamos 14 desses verbos arrolados
arfar arriar barbear ciar cruzar descahir dobrar encapelarescacear ferrar guinar
iccedilar pairar sarpar Todos esses termos conforme podemos constatar dicionarizados
tambeacutem pelo Aureacutelio com exceccedilatildeo de bracear embonar envergar guinar proejar Isso nos
leva a pensar que em se tratando da realidade brasileira Silva Pinto apresentou um nuacutemero
bem maior de verbos com a marca de uso ldquonaacuteuticosrdquo
Interessante tambeacutem eacute observar que os termos naacuteuticos que satildeo inseridos na obra
de Luiz Maria da Silva Pinto satildeo muito superiores quase trecircs vezes ao nuacutemero que o Banco
de Dados consultado aponta 56 termos Contemporaneamente essa marca terminoloacutegica
tambeacutem eacute menor jaacute que o Aureacutelio registra 105 termos naacuteuticos Observamos ainda variaccedilotildees
na marca de uso ldquotermo naacuteuticosrdquo o que indica sub-especialidades nessa aacuterea jaacute na eacutepoca do
Brasil colocircnia Nossa anaacutelise mostra que a terminologia apontada por Silva Pinto natildeo
retratava satisfatoriamente a realidade da eacutepoca nem se manteacutem totalmente hoje
No que se refere agrave origem constatamos a predominacircncia de nomes de origem
portuguesa 3595 das ocorrecircncias totais Em se tratando de base europeia bastante
representativos tambeacutem foram os termos de origem francesa espanhola e italiana Em
segundo lugar contabilizamos os nomes de origens incerta controvertida duvidosa e obscura
com 1831 de ocorrecircncias Acreditamos que esse iacutendice alto de palavras de origem natildeo
identificada se deve ao fato de muitos desses termos que retratam equipamentos artefatos
processos ou teacutecnicas da navegaccedilatildeo terem sido cunhados em um paiacutes e usados em outros por
pessoas na maioria das vezes quase sem nenhuma escolaridade como eacute o caso de muitos
marinheiros Natildeo encontramos nenhum termo naacuteutico de origem americana de liacutenguas
indiacutegenas caribenhas ou preacute-colombianas natildeo encontramos tambeacutem termos hiacutebridos nem
africanos
Entatildeo em se tratando da terminologia naacuteutica como se justifica uma obra se
intitular Diccionario da Lingua Brasileira se natildeo identifica nem descreve os termos de sua
eacutepoca Conforme Biderman (1994 p 27) os dicionaacuterios devem ser uma espeacutecie de porta-
voz da sociedade falar em nome dela e reunir em sua nomenclatura o repertoacuterio lexical em
uso na sua sociedade e da forma pela qual ela usualmente se exprime Inserindo-nos no
periacuteodo histoacuterico da publicaccedilatildeo do dicionaacuterio isto eacute dez anos apoacutes a Independecircncia do Brasil
182
em uma sociedade que comeccedilava a discutir a questatildeo da ldquoliacutengua brasileirardquo acreditamos que
Luiz Maria da Silva Pinto brasileiro mas de formaccedilatildeo lusitana detentor de ideologias
historicamente contruiacutedas quis contribuir com a constituiccedilatildeo da sociedade brasileira
acreditando que fornecer um leacutexico de origem europeia ou ldquobem formadordquo era seu dever
como brasileiro culto e proprietaacuterio de uma tipografia Com base em nosso estudo podemos
dizer que seu dicionaacuterio eacute prescritivista
Neste ainda iniacutecio de seacuteculo quando a lexicografia contemporacircnea passou a ver
o dicionaacuterio de liacutengua sob outra oacutetica40
atribuindo isso ao reconhecimento de seu verdadeiro
papel que eacute o de registrar a norma lexical que impera em uma sociedade41
acreditamos que
os resultados de nossa anaacutelise trazem elementos para a histoacuteria da lexicografia e da
terminologia brasileira jaacute que passamos a conhecer um pouco mais o seu iniacutecio estudando
uma obra que como mostramos em 14 natildeo eacute o primeiro Diccionario da Lingua Brasileira
mas eacute o primeiro dicionaacuterio impresso no Brasil
40
BIDERMAN 1994 p 28 41
Ibidem
183
Referecircncias
184
Referecircncias
ARAUacuteJO P M B Hum diccionario sem auctor versus hum auctor com diccionario Rio de
Janeiro Non Edictandi 2009
BABINI M Do conceito agrave palavra os dicionaacuterios onomasioloacutegicos Satildeo Paulo Ciecircncia e
Cultura (SBPC) v 2 2006 p 38-42
BARROS L A Conhecimentos de terminologia geral e praacutetica tradutoacuteria Satildeo Paulo
NovaGraf 2007
BARROS L A Curso baacutesico de Terminologia Satildeo Joseacute do Rio Preto Editora UNESP
2009
BIDERMAN M T C A formaccedilatildeo e a consolidaccedilatildeo da norma lexical e lexicograacutefica no
Portuguecircs do Brasil in Histoacuteria do saber lexical e constituiccedilatildeo de um leacutexico brasileiro JH
NUNES e M PETTER (Org) Satildeo Paulo Humanitas Campinas Pontes 2002
BIDERMAN M T C A nomenclatura de um dicionaacuterio de liacutengua In Anais do Seminaacuterio
do Grupo de Estudos Linguiacutesticos (Gel) Satildeo Paulo v1 n23 24-42 1994
BIDERMAN M T C As Ciecircncias do Leacutexico In Ana Maria Pinto de Olveira Aparecida
Negri Isquerdo (Orgs) As Ciecircncias do Leacutexico Lexicologia Lexicografia Terminologia
Campo Grande Ed UFMS 1998
BIDERMAN M T C Dimensotildees da Palavra In Filologia e Linguiacutestica Portuguesa n 2 p
81-118 1981
BIDERMAN M T C Teoria Linguiacutestica teoria lexical e linguiacutesitica computacional Satildeo
Paulo Martins Fontes 2001
BIDERMAN M T C Unidades complexas do leacutexico In Rio-Torto G Figueiredo O M
Silva F (orgs) Estudos em Homenagem ao Professor Doutor Maacuterio Vilela 1ordf ed Porto
Portugal Faculdade de Letras da Universidade do Porto 2005 v II p 747-757 Disponiacutevel
em httplerletrasupptuploadsficheiros4603pdf
BIDERMAN MTC A estrutura mental do leacutexico In Estudos de Filologia Satildeo Paulo T A
QueirozEDUSP p131-145 1981
BIDERMAN Maria Teresa Camargo Leacutexico testemunho de uma cultura In Anais do XIX
Congresso internacional de Linguiacutestica e Filologia Romacircnica Santiago de Compostela 49
de setembro de 1978
BLUTEAU R Vocabulario Portuguez e Latino Coimbra Companhia de JESUS 1712
BOXER C R O Impeacuterio Mariacutetimo Portuguecircs Satildeo Paulo Companhia das Letras 2002
BUENO E Brasil Terra agrave vista Porto Alegre LGPM 2003
BYNON T Historical Linguistics London CUP 1977
185
CABREacute M T Importancia de la terminologiacutea en la fijacioacuten de la lengua Revista
internacional de liacutengua portuguesa Lisboa Editorial Notiacutecias n 15 jul 96 p9-24
CABREacute M T La terminologia Teoria Metodologia Aplicacio-nes Barcelona
AntaacutertidaEmpuacuteries 1993
CABREacute M T Lexicologia y variacioacuten hacia um modelo integrado In Simpoacutesio
Iberoamericano de Terminologia RITERM 1996
CABREacute M Teresa 1999 La terminologiacutea ndash representacioacuten y comunicacioacuten Barcelona
IULA Universitat Pompeu Fabra
CAacuteCERES F Histoacuteria do Brasil Satildeo Paulo Modernas 1993
COHEN M A A M A liacutengua do seacuteculo XVII e a liacutengua contemporacircnea In Anais do XI
Encontro Internacional da ALFAL Las Palmas (Gram Canaacuteria) 1996
CORREIA M Terminologia e morfologia marcas morfoloacutegicas da geacutenese do vocabulaacuterio da
Naacuteutica em portuguecircs Disponiacutevel em lthttpwwwiltecptpdfwpapers2004-mcorreia-
barcelonapdfgt Acesso em 20 Abr 2011
COSERIU E Sincronia diacronia e histoacuteria O problema da mudanccedila linguiacutestica Rio de
Janeiro Presenccedila Satildeo Paulo EDUSP 1979
COSTA FILHO M A Imprensa Mineira no Primeiro Reinado Rio de Janeiro [sn] 1955 62p (Tese apresentada ao VI Congresso Nacional de Jornalistas)
CUNHA A G da Dicionaacuterio Etimoloacutegico da Liacutengua Portuguesa 3ordf ediccedilatildeo 2ordf impressatildeo
Rio de Janeiro Lexikon Editora Digital 2007
CUNHA A G da Dicionaacuterio Etimoloacutegico Nova Fronteira da Liacutengua Portuguesa 2ordf ediccedilatildeo
Rio de JaneiroNova Fronteira 1987
DIAS L F BEZERRA M A Gramaacutetica e Dicionaacuterio In GUIMARAtildeES E
ZOPPIFONTANA (Orgs) Introduccedilatildeo agraves Ciecircncias da Linguagem ndash A Palavra e a Frase
Campinas Pontes Editores p 11-37 2006
ESQUADRA Disponiacutevel em lthttpwwwgooglecombrsearch3Fq3D2522Marinha
2BImperial2BBrasileiragt Acesso em 1 Abr 2011
ESQUIVEL F M C La lexicografia em las variedades no estaacutendar Jaeacuten- Espanha Editora
da Universidade de Jaeacuten 2001
FARACO C A Linguiacutestica histoacuterica Satildeo Paulo Aacutetica 1991
FAULSTICH E Princiacutepios formais e funcionais de variaccedilatildeo em terminologia Seminaacuterio de
Terminologia Teoacuterica Barcelona Espanha 28-29 de jan 1999
FERREIRA A B de H Novo Dicionaacuterio Eletrocircnico Aureacutelio versatildeo 50 Satildeo paulo Nova
Fronteira 2003 CD-ROM
186
FERREIRA A B de H Novo Dicionaacuterio Rio de Janeiro Nova Fronteira 1987
FINATTO M J B Introduccedilatildeo agrave Terminologia teoria e praacutetica Satildeo Paulo Contexto 2004
FREIRE L Grande e Noviacutessimo Dicionaacuterio da Liacutengua Portuguesa 1ordf ediccedilatildeo 1ordf impressatildeo
Rio de Janeiro Editocircra A Noite SA 1939 ∕ 1944
FREITAS M A Teixeira Os Serviccedilos Estatiacutesticos do Estado de Minas Gerais Revista
Brasileira de Estatiacutestica Ano I nordm 1 janmar 1940 p108-130
GUILBERT L La creativiteacute lexicalie Paris Larousse 1992
HAENSCH G WOLF L ETTINGER S WERNER R La lexicografia ndash de la linguiacutestica
teoacuterica a la lexicografia praacutectica Madrid Gredos 1982
HOUAISS A Dicionaacuterio Houaiss da liacutengua Portuguesa Rio de Janeiro Objetiva 2001
In OLIVEIRA Ana M P P de e ISQUERDO Aparecida N (orgs) As ciecircncias do leacutexico
lexicologia lexicografia terminologia Campo GrandeMS Editora da UFMS 1989 p 129-
149
ISQUERDO A N ALVES I M As ciecircncias do Leacutexico Lexicologia Lexicografia
Terminologia v3 Campo Grande Editora da UFMS 2007
KRIEGER M da G Do reconhecimento de terminologias entre o linguiacutestico e o textual In
IS QUERDO AN amp KRIEGER MG As Ciecircncias do Leacutexico 2 UFMS UFRGS Campo
GrandePorto Alegre 2006
KRIEGER M da G FINATTO Maria J B Introduccedilatildeo agrave Terminologia teoria amp praacutetica
Satildeo Paulo Contexto 2004
LEPSCHY J Leacutexico Enciclopeacutedia Einaudi linguagem e enunciaccedilatildeo v 2 Portugal
Imprensa Nacional-Casa da Moeda 1984
LORENTE M A lexicologia como ponto de encontro entre a gramaacutetica e a semacircntica In
ISQUERDO A N e KRIEGER MG As ciecircncias do leacutexico vol II Campo Grande Editora
UFMS 2004
MAPA Disponiacutevel em lthttpacademiagoianadeletrasorgmembroluiz-maria-da-silva-
pintogt Acesso em 1 abr 2011
MARINHA IMPERIAL Disponiacutevel em lthttpwwwmarmilbrdiversosArtigos_
selecionadosDocumentosmarinha_imperialpdfgt Acesso em 25 Abr 2011
MATOREacute G La meacutethode en lexicologie Domaine franccedilais Paris Didier 1953
MINEIRO A Uma abordagem lexical da Terminologia Naacuteutica no PE In Actas do IX
Simpoacutesio ibero-americano de Terminologia Barcelona Barcelona Espanha 2006
187
MURAKAWA C A (1998) Tradiccedilatildeo lexicograacutefica em liacutengua portuguesa Bluteau Moraes
e Vieira In OLIVEIRA AMPP amp ISQUERDO A N (orgs) As ciecircncias do leacutexico
lexicologia lexicografia terminologia v3 Campo Grande Editora da UFMS 2007
MURAKAWA C A A Dicionaacuterio Histoacuterico do Portuguecircs do Brasil um modelo de
dicionaacuterio Histoacuterico In ALVES Ieda Maria e Lino Maria Tereza (Org) Revista de
Filologia e Linguiacutestica Portuguesa Satildeo Paulo FFLCHUSP 2010 v 12 p 329-349
MURAKAWA C de A A Empreacutestimo linguiacutestico interno um estudo sobre o vocabulaacuterio
da naacuteutica portuguesa In Histoacuteria da Liacutengua e Histoacuteria da Gramaacutetica Actas do Encontro
Coleccedilacirco Poliedro 11 Braga Portugal Universidade do Minho Centro de Estudos
Humaniacutesticos 2002
MUSSALIM F BENTES A C (Orgs) Introduccedilatildeo agrave Linguiacutestica 6 ed Satildeo Paulo Cortez
2001 v 1-2
NAVEGACcedilOtildeES Disponiacutevel em lthttpwwwgooglecombrsearchhl=ptgt Acesso em 1
Abr 2011
NEIVA A Estudos da liacutengua nacional Satildeo Paulo Brasiliana 1940
NUNES J H Dicionaacuterios no Brasil anaacutelise e histoacuteria do seacuteculo XVI ao XIX Campinas
Pontes 2006
NUNES J H Discurso e Instrumentos Linguiacutesticos no Brasil dos Relatos de Viajantes aos
Primeiros Dicionaacuterios Campinas UNICAMP tese de doutorado 1996
NUNES J H e PETTER M (Orgs) Histoacuteria do saber lexical e constituiccedilatildeo de um leacutexico
brasileiro Satildeo Paulo Humanitas 2002 p 29-30
NUNES J H Histoire Epistemologie Langage Satildeo Paulo Humanitas 2006
OGDEN C K RICHARDS I A The Meaning of Meaning Londres Routledge amp Kegan
Paul 1923
OLIVEIRA A M P O portuguecircs do Brasil brasileirismos e regionalismos Tese de
Doutorado -UNESP Araraquara Satildeo Paulo 1999
ORGANISATION INTERNATIONALE DE NOTMALISATION Terminologie ndash
Vocabulaire Genebra ISO 1990 (Norme Internationale ISO 1087 1990)
ORLANDI E P O Estado a Gramaacutetica a Autoria Relatos n 4 jun Campinas UNICAMP
1997
PAVEL S NOLET D Manual de Terminologia Trad de FAULSTICH Enilde Disponiacutevel
em ltwwwURL wwwtranslationbureaugccagt
PERES D Histoacuteria dos descobrimentos portugueses Lisboa Comissatildeo executiva das
comemoraccedilotildees do Quinto Centenaacuterio da morte do Infante D Henrique 1959
188
PIGAFETTA A A primeira viagem ao redor do mundo o diaacuterio da expediccedilatildeo de Fernatildeo de
Magalhatildees Porto Alegre LampPM 1985
PINTO Luiz Maria da Silva Diccionario da Lingua Brasileira Ouro Preto Typographia de
Silva 1832
REY A (dir) Dictionnaire historique de la langue franccedilaise 2 vols Paris Le Robert 1992
REY Alan A terminologia entre a experiecircncia da realidade e o comando dos signos Satildeo
Paulo Humanitas 2007
RODRIGUES A D Liacutenguas indiacutegenas 500 anos de descobertas e perdas DELTA
vol9 n 1 pp 83-103 1993
SAUSSURE F ldquoNatureza do signo linguiacutesticordquo In Curso de Linguiacutestica Geral Satildeo Paulo
Cultrix 1970 pp 79-84
SEABRA Maria Cacircndida Trindade Costa (Org) O leacutexico em estudo Belo Horizonte Editora
FALEUFMG 2006
SEABRA Maria Cacircndida Trindade Costa Dom Joatildeo VI e o iniacutecio da imprensa no Brasil e
em Minas Gerais In Revista do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Minas Gerais Belo
Horizonte Santaclara volume XXXI julho de 2008
SILVA NETO Serafim da Introduccedilatildeo ao estudo da Liacutengua Portuguesa no Brasil 3 ed Rio
de Janeiro Presenccedila 1976
SILVA Antonio de Moraes e Diccionario da Lingua Portugueza 2ordf ediccedilatildeo Lisboa
Typographia Laceacuterdina 1813
SILVESTRE J P O Vocabulario Portuguez e Latino principais caracteriacutesticas da obra
lexicograacutefica de Rafael Bluteau Artigo disponiacutevel em lt
httpclpdlcuaptPublicacoesvocabulario_principais_caracteristicaspdfgt Acesso em 25
abr 2011
SOUSA F J de MOURA F J de S A Vestiacutegios da liacutengua araacutebica em Portugal Lisboa
Academia Real das Sciencias 1830 (ed Fac-simile Lisboa Alcalaacute 2004)
TAUNAY A Inopia cientiacutefica e vocabular dos grandes dicionarios portuguezes Satildeo
Paulo Imprensa Oficial 1932 182 p
THEODORO J Pensadores exploradores e mercadores dos mares oceanos e continentes
Satildeo Paulo Scipione 1994
ULLMANN S The Principles of Semantics Glasgow Jackson amp Oxford Blackwell 1957
VALE B Estrateacutegia poder mariacutetimo e a criaccedilatildeo da Marinha do Brasil In Revista Navigator
Rio de Janeiro Serviccedilo de Documentaccedilatildeo Geral da Marinha n 4 dezembro de 1971 p 10
189
VEIGA J P X da Efemeacuterides mineiras Ouro Preto [sn] 1897 p 47-52
VEIGA J P X da Palavras preliminares Revista do Arquivo Puacuteblico Mineiro Ouro Preto
ano 1 fasc I p III e IV janmar 1896
Regina Ceacutelia Esteves dos Santos Tormin Botelho
A TERMINOLOGIA NAacuteUTICA NO
DICCIONARIO DA LINGUA BRASILEIRA
DE LUIZ MARIA DA SILVA PINTO
Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo
em Estudos Linguiacutesticos da Faculdade de Letras da
Universidade Federal de Minas Gerais como requisito
parcial para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Linguiacutestica
Teoacuterica e Descritiva
Aacuterea de concentraccedilatildeo Linha B ndash Linguiacutestica teoacuterica e
Descritiva
Linha de pesquisa Estudo da Variaccedilatildeo e Mudanccedila
Linguiacutestica
Orientador Maria Cacircndida Trindade Costa de Seabra
Belo Horizonte
Faculdade de Letras da UFMG
2011
Dissertaccedilatildeo aprovada em 05072011 pela Banca Examinadora constituiacuteda pelos
Professores Doutores
_______________________________________________________
Profa Dra Maria Cacircndida Trindade Costa de Seabra ndash UFMG
Orientadora
_______________________________________________________
Profa Dra Ana Paula Antunes Rocha ndash UFOP
_______________________________________________________
Prof Dr Aderlande Pereira Ferraz ndash UFMG
Dedico este trabalho
aos meus pais in memorian Oswaldo e Madalena seres muito especiais
ao Virgiacutelio cumplicidade e inspiraccedilatildeo
aos meus filhos Tomaacutes e Tuacutelio amores de minha vida
Agradecimentos
A Deus que tem cuidado dos meus caminhos tem me orientado e abenccediloado permitindo-me
alcanccedilar mais uma conquista
Aos meus pais que foram exemplos de vida para mim
Agrave Profordf Dra Maria Cacircndida Trindade Costa de Seabra orientadora na plena acepccedilatildeo da
palavra ao seu apoio incondicional constante e seguro com quem o estudo e o trabalho satildeo
experiecircncias gratificantes e extremamente enriquecedoras
Aos meus irmatildeos e irmatildes pela compreensatildeo e suporte durante toda a minha vida
Agraves minhas amigas itabiranas Ritinha Graccedila Andrade e Karine pela amizade e presenccedila o
meu carinho e gratidatildeo
Agrave Fernanda amiga querida a quem eu admiro pelo incentivo e confidecircncias nos momentos
difiacuteceis
Agrave Antocircnia pela presenccedila apoio disponibilidade e por cuidar dos meus filhos quando estive
ausente
Ao Paulo Araujo pessoa iacutempar que sempre atendeu com a maacutexima gentileza e
disponibilidade todas as solicitaccedilotildees que lhe fiz durante a pesquisa
Agrave Profordf Graccedila Lima pelo seu constante incentivo e abertura de horizontes intelectuais
Aos professores do Mestrado pelo profissionalismo sempre presente em todas as atividades
desenvolvidas
Meus agradecimentos especiais agrave Suely Perucci coordenadora do Museu dos Inconfidentes de
Ouro Preto e ao Dr Joseacute Mendonccedila Telles Coordenador do Centro de Cultura Goiana pela
disponibilidade e atenccedilatildeo as minhas solicitaccedilotildees
Agrave Elizabete e ao Joel por me acolherem carinhosamente em sua casa em Satildeo Joseacute do Rio
Preto ao participar do Seminaacuterio de Terminologia na UNESP
Enfim a todos vocecircs que fizeram diferenccedila nesta etapa de minha vida deixo registrado um
carinhoso muito obrigada
Chamam por mim as aacuteguas
Chamam por mim os mares
Chamam por mim levantando uma voz corpoacuterea os longes
As eacutepocas mariacutetimas todas sentidas no passado a chamar (Ode Mariacutetima Aacutelvaro de Campos)
Resumo
O presente trabalho tem como objetivo o estudo dos termos naacuteuticos constantes no
Diccionario da Lingua Brasileira (DLB) de Luiz Maria da Silva Pinto Publicado na cidade
de Ouro Preto Minas Gerais na Typografia Silva no ano de 1832 dez anos depois de
proclamada a independecircncia do Brasil esse dicionaacuterio eacute hoje considerado o primeiro
dicionaacuterio impresso nesse paiacutes De tamanho pequeno tem 1111 paacuteginas nos moldes atuais de
um ldquodicionaacuterio portaacutetilrdquo o DLB eacute um livro raro Para a realizaccedilatildeo desta pesquisa utilizamo-
nos do volume em formato digital da ediccedilatildeo microfilmada da obra realizada pelo Arquivo
Puacuteblico Mineiro localizado na capital mineira Belo Horizonte Inicialmente fizemos
levantamento das unidades leacutexicas que remetem ao mundo da navegaccedilatildeo observando as
ldquomarcas de usordquo que se referem agrave terminologia naacuteutica Partimos portanto de um corpus
dicionariacutestico de terminologia naacuteutica composto de 153 termos constituiacutedos de 117
substantivos 03 adjetivos 32 verbos e 1 adveacuterbio Em uma segunda etapa os dados foram
organizados em fichas lexicograacuteficas Para cada um dos termos construiacutemos uma ficha
lexicograacutefica que nos indica se o termo ocorreu ou natildeo no Brasil desde o periacuteodo colonial ateacute
os dias de hoje aleacutem de mostrar origens e outras informaccedilotildees importantes para anaacutelise
linguiacutestica Para os conceitos de leacutexico lexicologia apoiamo-nos em Haensch Biderman
Krieger e Finatto para a Terminologia em Barros Para a anaacutelise dos dados ao longo do
tempo tomamos como base norteadora a concepccedilatildeo de Linguiacutestica Histoacuterica tal como
apresentada por Bynon e Cohen Como partimos de um tema ou seja da terminologia
naacuteutica trabalhamos com o percurso ldquodo conceito agrave palavrardquo nos moldes do meacutetodo
onomasioloacutegico Em seguida estendemos nossa anaacutelise agrave palavra ou ao signo linguiacutestico -
percurso semasioloacutegico Nossa anaacutelise apontou uma terminologia de base europeia pouco
representativa da realidade mariacutetima brasileira pouco descritiva e bastante prescritiva
Palavras-chave Lexicografia Terminologia Liacutengua Brasileira Liacutengua Portuguesa
Minas Gerais
Abstract
This paper aims the study of nautical terms contained in the Brazilian Language Dictionary
(Diccionario da Lingua Brasileira) (DLB) Luiz Maria da Silva Pinto It was published in
Ouro Preto in Minas Gerais at Typography Silva in 1832 ten years after the proclamation of
the independence of Brazil This dictionary is now considered the first printed dictionary in
that country Its size is small but there are 1111 pages in the current pattern of a portable
dictionary The DLB is a rare book In the presented study we have used the volume in
digital format of the microfilm edition undertaken by the Arquivo Puacuteblico Mineiro that is
located in the capital of Minas Gerais Belo Horizonte At first we surveyed the lexical words
referring to the world of navigation noting the tags of use which refers to nautical
terminology We started the paper from a dicitionary corpus of nautical terminology
composed of 153 terms consisting of 117 nouns 03 adjectives 32 verbs and an adverb In a
second step the data were arranged in lexicographic forms In each of the words we wrote a
lexical form that shows us if the word was used or not in Brazil since the colonial era to the
present day besides showing the origins and other important information for linguistic
analysis We based ourselves on Haensch Biderman Krieger and Finatto for the concepts of
lexicon and lexicology and on Barros for the Terminology For data analysis we took as the
basis guiding the development of Historical Linguistics as presented by Cohen and Bynon As
we started from nautical terminology we worked towards ldquothe concept to word similar to the
method onomasiological Next we extended our analysis to the word or the sign language - a
route semasiology Our analysis revealed an European terminology and unrepresentative of
the Brazilian maritime context rather descriptive and prescriptive
Key-words Lexicography Terminology Language Brazilian Portuguese Minas Gerais
ABREVIATURAS E SIGLAS
Adj ndash adjetivo
Adv ndash adveacuterbio
Cf ndash Confira
DLB ndash Diccionario da Lingua Brasileira
DPB ndash Dicionaacuterio Portuguecircs-Brasiliano
LI ndash Liacutengua Indiacutegena
LP ndash Liacutengua Portuguesa
ne ndash natildeo encontrado
naacuteut ndash naacuteutico
p ndash Paacutegina
PDHPB ndash Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do Portuguecircs do Brasil
s ndash substantivo
sf substantivo feminino
sm ndash substantivo masculino
TN ndash Traduccedilatildeo nossa
v ndash verbo
VLB ndash Vocabulaacuterio na Liacutengua Brasiacutelica
lt ndash Procede de
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 ndash Classificaccedilatildeo morfoloacutegica dos dados analisados161
Tabela 2 ndash Classificaccedilatildeo do gecircnero dos dados analisados162
Tabela 3 ndash Quadro comparativo dos termos naacuteuticos164
LISTA DE GRAacuteFICOS
Graacutefico 1 ndash Unidades lexicais encontradas em dicionaacuterios e banco de dados163
Graacutefico 2 ndash Unidades lexicais destacadas como termo naacuteutico168
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 ndash Relaccedilatildeo Triaacutedica23
Figura 2 ndash Triacircngulo de Ogden e Richards adaptado por Biderman24
Figura 3 ndash Ficha lexicograacutefica57
Figura 4 ndash Ficha lexicograacutefica preenchida58
LISTA DE FOTOS
Foto 1 ndash Diccionario da Lingua Brasileira 32
Foto 2 ndash Detalhe da capa do Diccionario 33
Foto 3 ndash Casa de Silva Pinto em Ouro Preto35
Foto 4 ndash Localizaccedilatildeo da casa de Silva Pinto em Ouro Preto35
Foto 5 ndash Notiacutecia de Jornal37
Foto 6 ndash Diccionario Brasileiro (1832)38
Foto 7 ndash Prologo do Diccionario da Lingua Brasileira39
LISTA DE IMAGENS
Imagem 1 ndash Lista de abreviaturas proposta pelo Diccionario da Lingua Brasileira40
Imagem 2 ndash Primeira Esquadra brasileira46
Imagem 3 ndash Marinha Imperial48
Imagem 4 ndash Documentaccedilatildeo da obra digitalizada55
Imagem 5 ndash Obra consultada digitalizada pelo APM56
Imagem 6 ndash O Vocabulario de Bluteau60
Imagem 7 ndash O Diccionario de Moraes Silva61
Imagem 8 ndash Grande e Noviacutessimo Dicionaacuterio da Liacutengua Portuguesa de Laudelino Freire62
Imagem 9 ndash Unidades lexicais natildeo marcadas como termo naacuteutico171
LISTA DE MAPAS
Mapa 1 ndash As grandes navegaccedilotildees43
Mapa 2 ndash Terra Brasilis45
Sumaacuterio
Introduccedilatildeo 14
Capiacutetulo 1 ndash O Leacutexico em foco 17
11 Lexicologia 17
111 Leacutexico 19
1111 Leacutexico e Referecircncia 22
12 Lexicografia 25
121 Dicionaacuterio 26
1211 Os Dicionaacuterios na eacutepoca do Brasil Colocircnia 27
12111 Dicionaacuterios Bilingues29
12112 Dicionaacuterios Monolingues30
13 Terminologia 31
14 O Diccionario da Lingua Brasileira de Luiz Maria da Silva Pinto 32
Capiacutetulo 2 ndash Contextualizaccedilatildeo histoacuterica 42
21 As grandes navegaccedilotildees 42
22 As navegaccedilotildees na eacutepoca do Brasil Colocircnia 44
23 As navegaccedilotildees na eacutepoca do Brasil Impeacuterio 47
24 Consideraccedilotildees 48
Capiacutetulo 3 ndash Procedimentos Metodoloacutegicos 51
31 Objetivos 52
32 Caracteriacutesticas do Diccionario da Lingua Brasileira 54
33 Meacutetodos e Procedimentos 55
332 Fichas Lexicograacuteficas 57
332 Sobre os dicionaacuterios consultados 59
333 Sobre o Banco de Dados 63
Capiacutetulo 4 Apresentaccedilatildeo e descriccedilatildeo dos dados 65
Capiacutetulo 5 - Anaacutelise e discussatildeo dos resultados 161
51 Quanto agrave classificaccedilatildeo gramatical dos termos 161
52 Quanto agrave forma e gecircnero dos termos naacuteuticos do DLB 162
53 Quanto ao nuacutemero de unidades lexicais presentes em obras de referecircncia 163
54 Descriccedilatildeo e Comparaccedilatildeo dos Dados 168
55 Sobre a marca de uso termo naacuteutico 170
551 Variaccedilatildeo no Diccionario de Lingua Brasileira 170
552 Variaccedilatildeo em outros dicionaacuterios 171
56 Quanto agrave origem 172
Capiacutetulo 6 ndash Consideraccedilotildees Finais 180
Referecircncias 184
13
Introduccedilatildeo
14
Introduccedilatildeo
Conforme postulam Krieger e Finatto (2004 p 24) tomando como referecircncia
Rondeau (1984 p1) qualquer histoacuteria sobre as linguagens especializadas natildeo pode deixar de
lembrar que
A terminologia natildeo eacute um fenocircmeno recente Com efeito tatildeo longe quanto se
remonte na histoacuteria do homem desde que se manifesta a linguagem nos
encontramos em presenccedila de liacutenguas de especialidade eacute assim que se encontra a
terminologia dos filoacutesofos gregos a liacutengua de negoacutecios dos comerciantes cretas os
vocaacutebulos especializados da arte militar etc
Certamente a terminologia entendida como o leacutexico dos saberes teacutecnicos e
cientiacuteficos eacute uma praacutetica antiga Seu interesse deixa de estar restrito aos especialistas quando
as pessoas necessitam dominar o vocabulaacuterio especiacutefico de seus campos de competecircncia Isso
se daacute sobretudo em eacutepocas de grandes transaccedilotildees comerciais entre as naccedilotildees quando os
termos ultrapassam o acircmbito comercial expandindo-se para o mundo cientiacutefico tecnoloacutegico e
cultural
Integrando em uma proporccedilatildeo maior ou menor o cotidiano das pessoas esses
termos passam a ser inscritos em dicionaacuterios de liacutengua Consequentemente ampliam-se o
contato e o uso das terminologias mesmo com alteraccedilotildees denominativas e perdas conceituais
efeitos proacuteprios da divulgaccedilatildeo do conhecimento em grande escala
Todo esse conjunto de fatores sociais linguiacutesticos e culturais em torno do termo
despertou nosso interesse em pesquisar a terminologia naacuteutica no primeiro Diccionario da
Lingua Brasileira de Luiz Maria da Silva Pinto publicado na cidade mineira de Ouro Preto
no ano de 1832 Levaram-nos a propor esta pesquisa questotildees como i) quais seriam os
primeiros termos que fizeram parte de um dicionaacuterio que se intitula brasileiro ii) por que
eles seriam selecionados essa terminologia naacuteutica fazia parte realmente do leacutexico
brasileiro ou era ldquoidealrdquo que fizesse
Nossas discussotildees se dividiratildeo em 6 capiacutetulos
No capiacutetulo I intitulado O Leacutexico em foco abordaremos o estudo do leacutexico
como a aacuterea da liacutengua responsaacutevel por registrar o conhecimento do universo enfocando
principalmente os estudos realizados por Biderman Discorreremos acerca da lexicologia e da
lexicografia de seus pressupostos teoacutericos desenvolvidos por Matoreacute Haensch Biderman
Krieger e Finatto Discorreremos tambeacutem sobre os Dicionaacuterios na eacutepoca do Brasil Colocircnia
destacando as obras biliacutengues e monolingues A Terminologia seraacute enfocada neste capiacutetulo
15
com pressupostos definidos por Barros Ainda neste capiacutetulo trataremos do dicionaacuterio em
estudo e de seu impressor Luiz Maria da Silva Pinto
No capiacutetulo II Contextualizaccedilatildeo histoacuterica versaremos sobre as grandes
navegaccedilotildees destacando as navegaccedilotildees nas eacutepocas do Brasil Colocircnia e do Brasil Impeacuterio
No capiacutetulo III denominado Procedimentos metodoloacutegicos apresentaremos os
meacutetodos utilizados nas vaacuterias etapas do nosso estudo Enfocaremos os procedimentos
adotados para a coleta dos dados a construccedilatildeo do corpus a metodologia para a confecccedilatildeo das
fichas lexicograacuteficas que seratildeo apresentadas no capiacutetulo 4 e tambeacutem os criteacuterios empregados
para a seleccedilatildeo dos dicionaacuterios consultados Neste capiacutetulo baseando-nos em Murakawa
(2010) faremos um breve relato do Banco de Dados do Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do
Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI XVII XVIII base de dados usada como consulta neste
trabalho
No capiacutetulo IV intitulado Apresentaccedilatildeo e descriccedilatildeo dos dados apresentaremos
o nosso corpus referente agrave terminologia naacuteutica coletado na obra Diccionario da Lingua
Brasileira de Luiz Maria da Silva Pinto Os dados retirados do corpus seratildeo apresentados na
forma de fichas lexicograacuteficas contendo a) a transcriccedilatildeo do verbete selecionado b) registros
em dicionaacuterios c) abonaccedilatildeo do termo em Banco de Dados d) comentaacuterios e) origens Essas
informaccedilotildees serviratildeo de subsiacutedio para nossa anaacutelise linguiacutestica
No capiacutetulo V designado como Anaacutelise e discussatildeo dos resultados
apresentaremos anaacutelises quantitativas e discussatildeo de resultados
No capiacutetulo VI abordaremos algumas Consideraccedilotildees finais sobre nossa
pesquisa quando seratildeo relembrados nossos objetivos e as conclusotildees decorrentes das anaacutelises
propostas
16
Capiacutetulo 1
17
Capiacutetulo 1 ndash O Leacutexico em foco
Segundo Biderman (1998 p 11) o leacutexico de uma liacutengua constitui uma forma de
registrar o conhecimento do universo Atraveacutes de um processo criativo de organizaccedilatildeo o
homem rotula seres e objetos e os classifica simultaneamente identificando semelhanccedilas e
distinguindo traccedilos estruturando o mundo que o cerca Assim se processa a geraccedilatildeo do leacutexico
ou seja atraveacutes de atos sucessivos de cogniccedilatildeo da realidade e de categorizaccedilatildeo da
experiecircncia cristalizada em signos linguiacutesticos as palavras
Em vista disso o leacutexico que integra uma liacutengua conserva uma estreita relaccedilatildeo com
a histoacuteria soacutecio-cultural de uma comunidade jaacute que sintetiza a sua maneira de ver o mundo
recortando realidades e tambeacutem fatos de cultura Evidencia-se portanto como um espaccedilo de
produccedilatildeo de significaccedilatildeo articulado pelos elementos de ordem focircnica morfoloacutegica semacircntica
e gramatical como atesta Lepschy (1984 p 156) Todo o funcionamento da liacutengua em seus
vaacuterios niacuteveis parece constar de sistemas que giram agrave volta da palavra
Contemporaneamente em trecircs grandes aacutereas se divide o estudo da palavra ou o
estudo do leacutexico a Lexicologia a Lexicografia e a Terminologia De acordo com Biderman
(1998 p 7-8)
Embora complementares entre si essas aacutereas possuem objeto de estudo
metodologia e pressupostos teoacutericos distintos Enquanto a primeira ocupa-se dos
problemas teoacutericos que embasam o estudo do leacutexico a segunda estaacute voltada para as
teacutecnicas de elaboraccedilatildeo dos dicionaacuterios para o estudo da descriccedilatildeo da liacutengua feita
pelas obras lexicograacuteficas Jaacute a terceira aacuterea tem como objeto de estudo o termo a
palavra especializada os conceitos proacuteprios de diferentes aacutereas de especialidades
O notoacuterio desenvolvimento que se vem observando nessas duas uacuteltimas deacutecadas
nas aacutereas de lexicologia lexicografia e terminologia tem evidenciado a importacircncia das
pesquisas que estatildeo sendo empreendidas nesse campo bem como suscitado reflexotildees a
respeito de seus campos de atuaccedilatildeo
11 Lexicologia
A Lexicologia eacute consensualmente definida como o estudo cientiacutefico do leacutexico em
suas relaccedilotildees linguiacutesticas pragmaacuteticas discursivas histoacutericas e culturais conforme afirma
Finatto (2004 p44) Essa ciecircncia estaacute intimamente relacionada agrave complexidade bem como agrave
multiplicidade de facetas e abordagens que a palavra encerra e permite Por isso configura-se
como um campo de conhecimento de caraacuteter transdisciplinar dado que a palavra eacute um lugar de
encontro e interesse particular de muitas ciecircncias embora tenha sido na ciecircncia linguiacutestica
que essa aacuterea se estabeleceu
18
Haensch (1982 p 91) mostra que essa disciplina cientiacutefica inscrita na aacuterea da
linguiacutestica pode ser concebida de diversas maneiras por diversos autores desse modo
segundo ele torna-se legiacutetimo ser fiel a uma definiccedilatildeo ao tratar do objeto de estudo
Entretanto entre essas diversas definiccedilotildees existem pontos em comum jaacute que se define sempre
como leacutexicolsquo um conjunto de significantes verbais ou de signos (na concepccedilatildeo bilateral de
signo)1 Haensch (1982 p 92-93) chama de lexicologia a descriccedilatildeo do leacutexico que se ocupa
das estruturas e regularidades dentro da totalidade do leacutexico de um sistema individual ou de
um sistema coletivo2
Assim definida a lexicologia pode ter seu enfoque tanto a partir do leacutexico total de
um sistema individual quanto no leacutexico de um sistema coletivo examinando em ambos os
casos as estruturas e as regularidades que podem neles se encontrar
Nessa aacuterea conhecida como Lexicologia estrutural desenvolveram-se estudos
correlacionando leacutexico e sociedade Enquadram-se aqui as pesquisas desenvolvidas por
George Matoreacute (1953) inscritas na obra La meacutethode en lexicologie Para Matoreacute (1953 p37)
a palavra analisa e objetiva o pensamento individual assumindo um valor coletivo haacute uma
socialidade proacutepria da liacutengua A partir dessa obra os linguistas passam a considerar os
aspectos sociais no estudo do leacutexico o que fez com que a Lexicologia comeccedilasse a ser vista
como uma disciplina de caraacuteter socioloacutegico Defendia esse linguista como princiacutepio teoacuterico
que o leacutexico eacute testemunha de uma sociedade de uma eacutepoca seus elementos satildeo palavras-
testemunhas ndash mots teacutemoins elementos particularmente importantes em funccedilatildeo dos quais a
estrutura lexicoloacutegica se hierarquiza e se coordena3 (traduccedilatildeo nossa) Em sua abordagem
social da Lexicologia Matoreacute (1953) informa que
ao constatar a impossibilidade de dissociar na linguagem a forma do conteuacutedo a
Lexicologia se fundamentara natildeo sobre formas isoladas mas sobre conjuntos de
noccedilotildees a estrutura e as relaccedilotildees sendo explicadas pelos fatos sociais dos quais os
fatos do vocabulaacuterio satildeo ao mesmo tempo o reflexo e a condiccedilatildeo4 (TN)
1 [] se define siempre como bdquoleacutexico‟ um conjunto de significantes verbales o de signos (em la concepcioacuten
bilateral de signo) 2 [] a la descripcioacuten del leacutexico que se ocupa de latildes estructuras y regularidades dentro de la totalidad del leacutexico
de um sistema individual o de um sistema coectivo 3 [] des eacuteleacutements particuliegraverement importants em fonction desquels la structure lexicologique se hieacuterarchise et
se coordonne Nous proposons pour deacutesigner ces eacuteleacutements caracteacuteristiques l‟expression de mots-teacutemoins
(Matoreacute 1953 65) 4 [] constatant l‟impossibiliteacute de dissocier dans le langage la forme du contenu la lexicologie se fondera non
pas sur des formes isoleacutees mais sur des ensembles de notions la structure et les relation eacutetant espliqueacutees par les
faits sociaux dont les faits de vocabulaire sont agrave la fois le reflet et la condition (MATORE 1953 p 94)
19
Corroborando a afirmaccedilatildeo assumida por Matoreacute Biderman (1981 p 132)
acrescenta que
eacute pela palavra (pela nomeaccedilatildeo) que o homem exerce a sua capacidade de abstrair e de
generalizar o individual o subjetivo A palavra cristaliza o conceito resultante dessa
operaccedilatildeo mental possibilitando a sua transmissatildeo agraves geraccedilotildees seguintes
Sobre os limites e o alcance da Lexicologia muito se tem discutido Pergunta-se
i) quais deveriam ser os limites dessa disciplina cientiacutefica ii) quais as causas dos inuacutemeros
desencontros no que se refere agrave natureza da Lexicologia Satildeo questotildees bastante pertinentes
pois sendo o leacutexico o uacutenico domiacutenio da liacutengua que constitui um sistema aberto diversamente
dos demais que constituem sistema fechados (fonologia morfologia e sintaxe) eacute
reconhecidamente o niacutevel da liacutengua mais resistente agrave sistematizaccedilatildeo tendo em vista seu
caraacuteter dinacircmico
111 Leacutexico
Estudar o leacutexico de uma liacutengua eacute enveredar pela histoacuteria costumes haacutebitos de um
povo ou de uma sociedade Sem duacutevida as palavras podem ser consideradas como forte
elemento de coesatildeo social constituindo elos entre os indiviacuteduos dando-lhes consciecircncia de
que pertencem a uma comunidade (tambeacutem linguiacutestica)
Conforme afirmam Mussalim e Bentes ( 2001 p 21-47)
A relaccedilatildeo leacutexico e sociedade eacute mais profunda do que se imagina A proacutepria liacutengua
como sistema acompanha de perto a evoluccedilatildeo da sociedade e reflete de certo modo
os padrotildees de comportamento que variam em funccedilatildeo do tempo e do espaccedilo
Inversamente pode-se supor que certas atitudes sociais ou manifestaccedilotildees do
pensamento sejam influenciadas pelas caracteriacutesticas que a liacutengua da comunidade
apresenta
Um dos estudos mais antigos sobre o leacutexico remonta a Panini ao seacuteculo IV aC
na Iacutendia Em sua gramaacutetica Panini estudou o sacircnscrito e definiu elementos significativos
dessa liacutengua
No Ocidente devemos aos gregos as primeiras reflexotildees conhecidas sobre o
leacutexico Tivemos tambeacutem a contribuiccedilatildeo dos latinos Esses desenvolveram estudos
gramaticais mostrando a oposiccedilatildeo entre sistema (gramaacutetica da liacutengua) e norma (uso social
efetivo)
20
Do Renascimento ateacute o seacuteculo XVIII podemos dizer que o estudo do leacutexico se
desenvolveu basicamente em torno de dois eixos i) confecccedilatildeo de dicionaacuterios ii) estudo da
palavra numa perspectiva filosoacutefica
Com relaccedilatildeo aos primeiros apesar de existirem desde tempos remotos com as
antigas listas lexicais como ideogramas chineses lista de palavras aparentadas ou ainda
listas de palavras biliacutengues ndash as listas mais conhecidas satildeo o Appendix Probi (anocircnimo) o
glossaacuterio de Reicheneau (seacuteculo VII) o glossaacuterio de Caacutessel (seacuteculo IX) ndash foi no seacuteculo XVI
no Ocidente que sistematicamente se iniciam os estudos de descriccedilatildeo ordenada do leacutexico
Isso se daacute com a invenccedilatildeo da imprensa quando surgiram os dicionaacuterios monoliacutengues e
pluriliacutengues
Os estudos filosoacuteficos por sua vez acabaram por influenciar o pensamento dos
gramaacuteticos da eacutepoca que procuravam definir os fatores constitutivos da linguagem e das
liacutenguas
No seacuteculo XIX haacute mudanccedilas no foco de estudo da Lexicologia a palavra passa a
ser vista como uma forma cuja natureza foneacutetica e fonoloacutegica deveria ser observada Os
estudiosos da eacutepoca deixam de se preocupar com a relaccedilatildeo pensamento e palavra e o interesse
passa a ser a comparaccedilatildeo das formas linguiacutesticas marca predominantemente deste seacuteculo
Surge o meacutetodo da Gramaacutetica Comparada lanccedilado por Franz Bopp enquanto aumentam o
interesse pelos textos medievais despertados na eacutepoca do Romantismo
Nos finais desse seacuteculo com a marca triunfal da Geografia Linguiacutestica e
consequentemente o florescimento da Onomasiologia o interesse linguiacutestico passa pouco a
pouco da investigaccedilatildeo foneacutetica para o estudo dos problemas lexicais No VII Congresso
Internacional de Linguiacutestica em 1952 na cidade de Londres os conceitos linguiacutesticos gerais
satildeo elaborados sobre uma base fenomenoloacutegica significando um sistema de referecircncias
extralinguiacutestico Ateacute entatildeo os dicionaacuterios satildeo sistematizados sem relacionarem as definiccedilotildees
com os sinocircnimos existentes
A partir da deacutecada de 50 com a obra La meacutethode em lexicologie de Georges
Matoreacute (1953) seguindo a linha estruturalista os linguistas passam a considerar os aspectos
sociais no estudo do leacutexico enfocando a palavra natildeo como um objeto isolado mas como parte
de uma estrutura social responsaacutevel por nomear e exprimir o universo de uma sociedade
Postura que ateacute hoje encontra-se bastante recorrente nos estudos sobre a palavra conforme
mostra o dizer de Seabra (2006 p 7)
21
[] o leacutexico encontra-se arraigado na histoacuteria tradiccedilatildeo e costumes de um povo
estando por isso em constante processo de expansatildeo alteraccedilatildeo e contraccedilatildeo Devido
a essas caracteriacutesticas eacute considerado o subsistema mais dinacircmico da liacutengua
Podemos dizer que a histoacuteria da formaccedilatildeo do leacutexico natildeo corresponde a um
processo linear continuado Ela decorre de vaacuterios estados de produccedilatildeo do saber linguiacutestico e
das transformaccedilotildees sofridas pelas unidades lexicais ao longo dos processos histoacutericos as
palavras se submetem a bloqueios desvios apagamentos deslocamentos enquanto
constroem redes de memoacuteria e filiaccedilotildees soacutecio-histoacutericas Sem duacutevida alguma o movimento
de uma cultura leva ao movimento de palavras Essa eacute a maneira como a liacutengua se ajusta agrave
evoluccedilatildeo da sociedade
Biderman (1978 139) ao tratar de questotildees inerentes agrave relaccedilatildeo leacutexico e
sociedade argumenta que o universo semacircntico se estrutura em torno de dois polos opostos
o indiviacuteduo e a sociedade Dessa tensatildeo em movimento se origina o leacutexico De acordo com
essa linguista podemos ver o leacutexico como
o patrimocircnio social da comunidade por excelecircncia juntamente com outros
siacutembolos da heranccedila cultural Dentro desse acircngulo de visatildeo esse tesouro leacutexico eacute
transmitido de geraccedilatildeo para geraccedilatildeo como signos operacionais por meio dos quais
os indiviacuteduos de cada geraccedilatildeo podem pensar e exprimir seus sentimentos e ideias5
Atraveacutes do universo vocabular a liacutengua reflete a cultura da sociedade servindo de
meio de expressatildeo e interaccedilatildeo social para mundo que a cerca por isso o leacutexico se expande se
altera e agraves vezes se contrai Sobre essa questatildeo Biderman (2001 p 179) assim se
manifesta
As mudanccedilas sociais e culturais acarretam alteraccedilotildees nos usos vocabulares daiacute
resulta que unidades ou setores completos do Leacutexico podem ser marginalizados
entrar em desuso e vir a desaparecer Inversamente poreacutem podem ser ressuscitados
termos que voltam agrave circulaccedilatildeo geralmente com novas conotaccedilotildees Enfim novos
vocaacutebulos ou novas significaccedilotildees de vocaacutebulos jaacute existentes surgem para
enriquecer o Leacutexico
O leacutexico classifica de maneira uacutenica as experiecircncias humanas de uma cultura natildeo
apresentando deste modo apenas um conjunto de palavras mas uma espeacutecie de ponte entre
os falantes de uma liacutengua em suas condiccedilotildees reais de uso A criatividade lexical dos falantes
possibilita que eles criem e recriem de acordo com suas necessidades sociointeracionais
Guilbert6 ressalta que o leacutexico ao contraacuterio da gramaacutetica sofre transformaccedilotildees
muito mais raacutepidas visto que natildeo se constitui de natureza puramente linguiacutestica Para ele o
5 BIDERMAN 1981 p 132
6 GUILBERT 1992 p 30
22
leacutexico participa da estrutura linguiacutestica da liacutengua e tambeacutem espelha nessa liacutengua as
diversidades sociais e culturais
Predominantemente de origem latina a histoacuteria do leacutexico portuguecircs reflete
tambeacutem a histoacuteria da liacutengua portuguesa e os contatos de seus falantes com as mais
diversificadas realidades linguiacutesticas
1111 Leacutexico e Referecircncia
Caracteriza-se a liacutengua para Saussure como um produto social da faculdade da
linguagem isto eacute a liacutengua eacute um fato social no sentido de que eacute um sistema convencional
adquirido pelos indiviacuteduos no conviacutevio social Esse grande mestre da linguiacutestica estruturalista
concebe a liacutengua como um sistema de signos que por si soacute datildeo conta da significaccedilatildeo No
capiacutetulo ldquoImutabilidade e mutabilidade do signordquo da obra Cours Saussure afirma que a
comunidade linguiacutestica impotildee ao falante um significante e que o ldquosigno linguiacutestico escapa agrave
nossa vontaderdquo isto eacute seja qual for o momento histoacuterico em que focalizarmos o idioma a
liacutengua evidencia-se sempre como uma heranccedila de eacutepocas anteriores Ao conceituar o que eacute
signo ele deixa marcada a distinccedilatildeo entre entidades psiacutequicas (que constituiriam o signo) e
fiacutesicas (que lhe seriam estranhas)
Os termos implicados no signo linguiacutestico satildeo ambos psiacutequicos e estatildeo unidos em
nosso ceacuterebro por um viacutenculo de associaccedilatildeo [] O signo linguiacutestico une natildeo uma
coisa e um palavra mas um conceito e uma imagem acuacutestica Esta natildeo eacute o som
material coisa puramente fiacutesica mas a impressatildeo psiacutequica desse som a
representaccedilatildeo que dele nos daacute o testemunho de nossos sentidos [] O signo
linguiacutestico eacute pois uma entidade psiacutequica de duas faces [] Esses dois elementos
estatildeo intimamente unidos e um reclama o outro (SAUSSURE 1970 p 79-80)
Essa dicotomia saussuriana (significadosignificante) usada para distinguir as
duas faces psiacutequicas e indissociaacuteveis do signo linguiacutestico desde entatildeo foi analisada na
literatura linguiacutestica resultando na expansatildeo e substituiccedilatildeo pela forma triaacutedica formulada por
Charles K Ogden e Ivor A Richards
A figura triangular de Ogden e Richards (1956) ganhou respeito entre os
estudiosos por representar em um de seus veacutertices a figura do referente isto eacute da ldquocoisardquo
extralinguiacutestica que os autores distinguiam claramente de referecircncia (o conceito o
significado) e de signo (o nome a palavra o significante) Esse triacircngulo foi reaplicado por
Lyons (1977 p 85) sendo a partir dessa eacutepoca bastante utilizado em estudos lexicoloacutegicos e
semacircnticos A relaccedilatildeo triaacutedica sugerida pelos autores citados pode ser assim representada
23
FIGURA 1 Relaccedilatildeo triaacutedica7
As linhas que ligam o nome ao sentido e este uacuteltimo ao referente satildeo contiacutenuas
representando relaccedilotildees diretas Jaacute a linha pontilhada ligando o nome ao referente indica uma
relaccedilatildeo indireta que deve necessariamente ser mediada pelo sentido ou seja a identificaccedilatildeo
do referente passa pelo sentido do nome Cabe salientar que a presenccedila do referente foi
durante muito tempo ignorada pelos linguistas que se ocuparam fundamentalmente da
gramaacutetica e de questotildees sintaacuteticas Contudo o chamado ldquotriacircngulo da significaccedilatildeordquo reavivou
o interesse de inuacutemeros teoacutericos
A reformulaccedilatildeo do triacircngulo de Ogden e Richards (1956) adaptado por Biderman
(1998 p 116) busca ilustrar a dimensatildeo linguiacutestica da palavra ou seja evidenciando
justamente o lado direito do triacircngulo o lado em que se coloca o referente jaacute como uma
transformaccedilatildeo da realidade como parte integrante do signo linguiacutestico
7 Haacute discordacircncia entre vaacuterios autores quanto aos termos utilizados e tambeacutem quanto agraves definiccedilotildees para cada
termo Entretanto natildeo eacute objetivo deste trabalho entrar nessa questatildeo
24
FIGURA 2 Triacircngulo de Ogden e Richards adaptado por Biderman
Nesse quadro teoacuterico visto como modelo e modelador de cultura o estudo sobre
o leacutexico permite compreender conceitos e ocorrecircncias da vida cotidiana Eacute importante
ressaltar que agrave realidade (parte acrescentada por Biderman) diz respeito o ambiente e
tambeacutem a cultura herdada A transmissatildeo do repertoacuterio lexical de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo atraveacutes
da educaccedilatildeo informal e formal exerce papel importante na categorizaccedilatildeoconceptualizaccedilatildeo do
universo ao fornecer ao indiviacuteduo um estoque de nomes jaacute codificados nessa cultura
conforme bem mostra Biderman (1998 p 104)
Eacute preciso lembrar ainda que o vocabulaacuterio natildeo eacute criado (ou recriado) pelo indiviacuteduo
mas que ele eacute adquirido atraveacutes do processo social da educaccedilatildeo De fato atraveacutes do
processo de educaccedilatildeo social o homem adquire tanto a liacutengua da sua comunidade
como o seu vocabulaacuterio Nessa aprendizagem o falante-aprendiz recebe da sociedade
um produto acabado ndash a liacutengua ndash que vem a ser o produto da experiecircncia acumulada
historicamente na cultura da sua sociedade Essa cristalizaccedilatildeo da experiecircncia social
tanto cultural como linguiacutestica eacute o ponto de partida e o fundamento tanto do
pensamento como da linguagem individual
Liacutengua e cultura formam pois um todo indissociaacutevel que natildeo eacute ensinado em
nenhum lugar especial mas adquirido ao sabor dos acontecimentos cotidianos e o
vocabulaacuterio siacutembolo verbal da cultura perpetua a heranccedila cultural atraveacutes dos signos
verbais8
8 BIDERMAN 1998 p5
25
12 Lexicografia
As ciecircncias da linguagem constituiacutedas pelo saber linguiacutestico resultam do
aparecimento da escrita 3000 aC Segundo Nunes (1996 p 34) o advento da escrita
constitui a primeira grande revoluccedilatildeo tecnoloacutegica dessas ciecircncias A segunda revoluccedilatildeo seria
a da ldquogramatizaccedilatildeordquo isto eacute o processo pelo qual se descreve e se instrumenta uma liacutengua
atraveacutes de duas tecnologias9 ndash a gramaacutetica e o dicionaacuterio
Objeto de nossa pesquisa a palavra bdquodicionaacuterio‟ segundo Cunha (2007 p 263)
tem sua origem provavelmente do francecircs dictionnaire derivado do latim medieval
dictiōnārĭum de dictĭo-ōnis ou seja livro de dictiones ldquolivro de expressotildees e palavrasrdquo O
dicionaacuterio eacute visto geralmente como um objeto de consulta que apresenta os significados das
palavras com a certitude do saber de um especialista e eventualmente desse modo como uma
obra de referecircncia agrave disposiccedilatildeo dos leitores nos momentos de duacutevida e de desejo de saber
Se entendermos que todo o conhecimento humano estaacute condensado em palavras
entenderemos que essa necessidade de estruturaccedilatildeo do leacutexico eacute algo inerente ao espiacuterito ou
ceacuterebro humano que diante de um novo ser ou fato vecirc-se compelido a processar o novo a
partir daquilo que jaacute sabe ou conhece Nesse processo de categorizaccedilatildeo percepccedilatildeo e
comparaccedilatildeo do novo com referentes similares eacute que se daacute a nomeaccedilatildeo ndash o homem identifica
as propriedades distintivas e caracteriacutesticas do referente para nomeaacute-lo E na medida em que o
denomina sente tambeacutem que o domina Uma vez designado o referente passa a integrar ao
menos parcialmente o conjunto de nossos domiacutenios cognitivos possibilitando sua
apropriaccedilatildeo e transmissatildeo agraves geraccedilotildees seguintes
Por consistir nesse espaccedilo imaginaacuterio de certitude sustentado pela acumulaccedilatildeo e
pela repeticcedilatildeo o dicionaacuterio constitui um rico material para anaacutelise dos modos de dizer de uma
sociedade Nele as significaccedilotildees natildeo satildeo aquelas que se singularizam em um texto tomado
isoladamente mas sim as que se sedimentam e que se apresentam traccedilos significativos de uma
eacutepoca
De acordo com Krieger (2006 p 173-187)
o dicionaacuterio de liacutengua ndash a mais prototiacutepica das obras lexicograacuteficas ndash constitui-se no
uacutenico lugar que reuacutene de modo sistemaacutetico o conjunto dos itens lexicais criados e
utilizados por uma comunidade linguiacutestica permitindo que ela reconheccedila-se a
si mesma em sua histoacuteria e em sua cultura Aleacutem de se constituir em espelho da
memoacuteria social da liacutengua o dicionaacuterio desempenha o papel de legitimar o leacutexico
9 Entende-se neste texto tecnologia como conjunto de teacutecnicas especiacuteficas de determinado domiacutenio
26
E como tal alcanccedila o estatuto de um coacutedigo normativo que define paracircmetros
orientadores dos usos lexicais Converte-se portanto no testemunho por excelecircncia da
constituiccedilatildeo histoacuterica do leacutexico de um idioma bem como da identidade linguiacutestico-cultural de
comunidades Nessa medida atribui coesatildeo agraves sociedades e projeccedilatildeo agraves suas culturas10
121 Dicionaacuterio
Como disciplina linguiacutestica a Lexicografia contemporacircnea divide-se em duas
grandes aacutereas Lexicografia praacutetica e Lexicografia teoacuterica A primeira se ocupa da descriccedilatildeo
do leacutexico e tem como um de seus principais objetivos produzir obras de referecircncia como
dicionaacuterios vocabulaacuterios e glossaacuterios Jaacute a Lexicografia teoacuterica ou Metalexicografia dedica-
se a todas as questotildees ligadas aos dicionaacuterios como histoacuteria problemas de elaboraccedilatildeo
anaacutelise uso
Os dicionaacuterios podem registrar uma parcela maior ou menor do leacutexico total de
uma liacutengua ou podem se restringir a um determinado tema ou ainda se referir a uma
determinada regiatildeo ndash satildeo os dicionaacuterios regionais Podem se dedicar aos fraseologismos
(expressotildees idiomaacuteticas proveacuterbios etc) agrave liacutengua escrita agrave giacuteria agrave liacutengua falada Podem ser
descritivos registrando como os itens lexicais satildeo usados na realidade ou prescritivos ndash
determinando de que maneira palavras e expressotildees deveriam ser empregadas ou criticando
seu uso Podem ser monoliacutengues (uma soacute liacutengua) biliacutengues (duas liacutenguas) triliacutengues (trecircs
liacutenguas) ou multiliacutengues
Como trazem sempre informaccedilotildees que interessam ao consulente Biderman (1998
p 15) assinala a importacircncia do dicionaacuterio de liacutengua como porta-voz da norma lexical
corrente na sociedade jaacute que esses manuais fazem uma descriccedilatildeo do vocabulaacuterio da liacutengua em
questatildeo buscando registrar e definir os signos lexicais que referem os conceitos elaborados e
cristalizados na cultura Eacute fato que essas obras exercem desde eacutepocas antigas funccedilotildees
normativas e informativas na sociedade
Aleacutem de estabilizar conceitos o dicionaacuterio normativiza a liacutengua no que concerne agrave
ortografia e agraves variaccedilotildees morfossintaacuteticas Ele tambeacutem informa sentidos vocabulares
operados no seio de uma dada comunidade num dado periacuteodo de tempo ndash comporta portanto
a memoacuteria das sociedades de diferentes eacutepocas
10
LARA citado por KRIEGER 2006 p173-187
27
1211 Os dicionaacuterios na eacutepoca do Brasil Colocircnia
O saber lexicograacutefico se inicia no Brasil com os primeiros escritos sobre o paiacutes
Nesse sentido surge juntamente com a etnografia (conhecimento de povos indiacutegenas) a
economia (mercantilismo) e a geopoliacutetica (expansatildeo territorial das naccedilotildees europeias) Os
relatos de viajantes colonos e missionaacuterios estatildeo pontuados por citaccedilotildees de termos indiacutegenas
de modo que eacute formada uma constelaccedilatildeo de comentaacuterios lexicais Os comentaacuterios dos
viajantes se direcionam para as coisas do Novo Mundo de maneira que a questatildeo da
referecircncia torna-se importante Ao descrever as novidades do paiacutes esses falantes colocam em
evidecircncia os referentes Fala-se de lugares animais plantas nunca vistos fala-se de coisas
natildeo idecircnticas mas semelhantes constata-se a existecircncia ou inexistecircncia de coisas Nessas
circunstacircncias a organizaccedilatildeo dos espaccedilos lexicais estaacute intimamente relacionada com a
geografia e a economia com os interesses de conquista e de comeacutercio
Biderman (2002 p 65) acrescenta ainda que nos primeiros seacuteculos da
colonizaccedilatildeo processa-se lentamente a aculturaccedilatildeo dos nativos por meio do idioma portuguecircs
quando os jesuiacutetas ensinavam os iacutendios a falar portuguecircs Contudo nesses primeiros seacuteculos a
liacutengua portuguesa encontrara em terras brasileiras um forte concorrente o Tupi uma liacutengua
franca empregada em grande parte do territoacuterio brasileiro Essa liacutengua geral falada em toda
costa brasileira ldquoera simples e de reduzido material morfoloacutegico natildeo possuiacutea declinaccedilatildeo nem
conjugaccedilatildeordquo (SILVA NETO 1976 p 50) Os jesuiacutetas usaram-na como instrumento de
evangelizaccedilatildeo dos indiacutegenas Portanto o contexto brasileiro nesse periacuteodo eacute marcado pela
descriccedilatildeo de liacutenguas indiacutegenas nos iniacutecios da colonizaccedilatildeo11
Quanto agrave gramatizaccedilatildeo afirma Horta (2002 p 72)
[] nesse periacuteodo atingiu apenas trecircs liacutenguas indiacutegenas o tupinambaacute (ou tupi) que
era falado na costa o kariri e o manau aleacutem das chamadas liacutenguas gerais Destacam-
se as gramaacuteticas do tupi de Anchieta (1595) e de Figueira (1621) e do kariri de
Mamiani (1699) bem como o Vocabulaacuterio na Liacutengua Brasiacutelica Este uacuteltimo deve ter
sido composto durante a segunda metade do seacuteculo XVI e no iniacutecio do XVII
11
Ateacuteo fim do seacuteculo XVIII tinham sido publicado as duas gramaacuteticas e dois catecismos em tupinambaacute aleacutem de
observaccedilotildees gramaticais textos e palavras dessa mesma liacutengua em obras francesas e uma gramaacutetica e dois
catecismos em kariri liacutengua do interior da Bahia e SergipeSomente isso Ineacuteditos que natildeo se perderam incluem
um dicionaacuterio e outros documentos do tupinambaacute e um catecismo na liacutengua amazocircnica manau aleacutem de muitos
documentos sobre a Liacutengua Geral Amazocircnica e um sobre a Liacutengua Paulista (ambas formas do tupi antigo
assumidas no uso dos mesticcedilos) Perderam-se entretanto muitos escritos certamente importantes como os
dicionaacuterios das liacutenguas Maromimim (ou Guarulho) e kariri e os catecismos em sete liacutenguas amazocircnicas feitos
pelo Pe Antocircnio VieiraEm resumo em trecircs seacuteculos da colonizaccedilatildeo do Brasil soacute nos ficaram documentos sobre
trecircs liacutenguas nativas tupinambaacute kariri e manau (RODRIGUES 1993 v 8 p86)
28
Contudo a decadecircncia da liacutengua geral comeccedilara a intensificar-se nos setecentos
por causa de maciccedila imigraccedilatildeo de portugueses para o Brasil atraiacutedos pela descoberta das
minas gerais e tambeacutem em decorrecircncia das determinaccedilotildees e ordens do Marquecircs de Pombal
para que na Colocircnia soacute se falasse a liacutengua portuguesa
Ao longo de sua histoacuteria conforme afirma Krieger12
o Brasil jamais contou com
uma poliacutetica linguiacutestica que levasse agrave valorizaccedilatildeo de alguma obra lexicograacutefica a despeito do
projeto da Academia Brasileira de Letras De toda forma os primeiros dicionaacuterios que por
diferentes razotildees e interesses passam a contemplar a realidade linguiacutestica do Brasil
desempenharam tambeacutem o papel de fixar a unidade e a pluralidade do portuguecircs aqui falado
A identificaccedilatildeo das estrateacutegias lexicograacuteficas de fixaccedilatildeo de nosso leacutexico contribui para a
histoacuteria da identidade do Portuguecircs Brasileiro tema em torno do qual muita polecircmica jaacute se
estabeleceu
Eacute importante explicitar que entendemos o processo de dicionarizaccedilatildeo como a
descriccedilatildeo e instrumentaccedilatildeo de uma liacutengua no dicionaacuterio Nunes (2006 p 43) salienta que
Considerar o dicionaacuterio como um instrumento linguiacutestico implica concebecirc-lo com
uma alteridade para o sujeito falante alteridade que se torna uma injunccedilatildeo no
processo de identificaccedilatildeo nacional educaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de conhecimentos
linguiacutesticos [] Assim o dicionaacuterio se apresenta como uma exterioridade para o
sujeito e interfere na relaccedilatildeo que ele entreteacutem com a liacutengua em determinadas
conjunturas
Ressalta Nunes (2002 p100) que a compreensatildeo da historicidade da
dicionarizaccedilatildeo traz elementos para abordar questotildees de eacutetica e de poliacutetica linguiacutestica levando-
se em conta o processo de produccedilatildeo dos dicionaacuterios com os diversos fatores soacutecio-histoacutericos
aiacute envolvidos
Como aparece um saber dicionariacutestico no Brasil Esta questatildeo suscita uma seacuterie
de apontamentos conforme um ou outro criteacuterio Se considerarmos a unidade da palavra
conforme Biderman (2005 p47) desde os primeiros relatos de viajantes temos um saber que
se volta para os termos empregados no Brasil sejam as nomeaccedilotildees em liacutengua portuguesa
desde Caminha (1500) sejam termos indiacutegenas traduzidos e comentados desde Pigafeta em
1519 como aponta Neiva (1940) Se considerarmos a forma acabada do dicionaacuterio os
biliacutengues portuguecircs-tupi foram os primeiros a aparecer na Eacutepoca Colonial (seacutec XVI-XVII)
Segundo Horta (2002 p72) o processo de dicionarizaccedilatildeo brasileiro pode ser
visualizado nas seguintes etapas i) transcriccedilatildeo alfabeacutetica de termos indiacutegenas ii) citaccedilotildees
12
Alfa Satildeo Paulo 50 (2) 173-187 2006
29
comentaacuterios traduccedilotildees de termos indiacutegenas diaacutelogos iii) listas temaacuteticas de palavras LI-LP
(Liacutengua Indiacutegena e Liacutengua Portuguesa) e LP-LI iv) dicionaacuterios biliacutengues LP-LI v)
dicionaacuterios biliacutengues LI-LP vi) dicionaacuterios monoliacutengues de LP no Brasil
12111 Dicionaacuterios Biliacutengues
Os jesuiacutetas desde sua chegada em 1549 no Brasil estabeleceram uma orientaccedilatildeo
para os estudos de liacutengua indiacutegena com fins catequeacuteticos da qual resultou a triacuteade gramaacutetica-
dicionaacuterio-doutrina Satildeo portanto os primeiros dicionaacuterios alfabeacuteticos brasileiros concebidos
por missionaacuterios obras biliacutengues (portuguecircs-indiacutegena)
O Vocabulaacuterio na Liacutengua Brasiacutelica (VLB) anocircnimo circulou pelas missotildees e
coleacutegios jesuiacutetas do Brasil na segunda metade do seacuteculo XVI e nos seacuteculos XVII e XVIII Satildeo
conhecidos vaacuterios manuscritos desse dicionaacuterio que natildeo foi publicado integralmente senatildeo
em 1938 por Pliacutenio Ayrosa Essa obra traz a representaccedilatildeo de uma unidade do espaccedilo
linguiacutestico brasileiro a chamada ldquoliacutengua brasiacutelicardquo a que Anchieta se refere tambeacutem como ldquoa
liacutengua mais falada na costa do Brasilrdquo e foi elaborado com o interesse praacutetico de ensinar aos
missionaacuterios a liacutengua indiacutegena a fim de converter os nativos
Outro dicionaacuterio bastante importante na eacutepoca colonial eacute o Dicionaacuterio Portuguecircs-
Brasiliano (DPB) publicado em Lisboa em 1795 O percurso que vai desde o manuscrito do
DPB ateacute sua ediccedilatildeo reflete a substituiccedilatildeo da praacutetica jesuiacutetica banida do paiacutes em 1759 pela
praacutetica editorial e de arquivo que vem marcar o final do seacuteculo XVII e iniacutecio do XVIII Esta
acentuaria com a chegada da imprensa ao Brasil e com a poliacutetica linguiacutestica promovida pelo
Impeacuterio
Outro momento de destaque na histoacuteria dos dicionaacuterios biliacutengues no Brasil foi o
aparecimento do primeiro dicionaacuterio (liacutengua indiacutegena-liacutengua portuguesa) Ainda na forma
manuscrita encontram-se dois dicionaacuterios o manuscrito do Dicionaacuterio Brasiliano-Portuguecircs
(DBP) de Frei Veloso e o manuscrito do Vocabulaacuterio na Liacutengua Geral (VLG- Poranduba) de
Frei Prazeres do Maranhatildeo(1826)
Alguns estudiosos brasileiros (Gonccedilalves Dias Ferreira Franccedila Prazeres do
Maranhatildeo) e estrangeiros (Martius Platzman) realizaram compilaccedilotildees de dicionaacuterios dos
jesuiacutetas no Brasil acrescentando ou suprimindo termos atualizando o corpo dos verbetes
introduzindo comentaacuterios gramaticais ou mesmo reduzindo os dicionaacuterios de caraacuteter
enciclopeacutedico a glossaacuterios termo a termo Podemos incluir dentre as obras produzidas nesse
contexto a Chrestomathia da Liacutengua Brasiacutelica de Ferreira Franccedila (Leipzig 1859) e o
30
Dicionaacuterio da liacutengua geral Brasiacutelica portuguecircs e alematildeo inserido na Glossaria Linguarum
Brasiliensium de Martius (1863)
12112 Dicionaacuterios Monoliacutengues
Publicado em Lisboa pela Typographia Lacerdina o primeiro dicionaacuterio
monoliacutengue do portuguecircs o Dicionaacuterio da Liacutengua Portuguesa datado de 1789 elaborado
pelo brasileiro Antocircnio de Moraes Silva constitui um marco na histoacuteria da lexicografia
brasileira A obra de Moraes preencheu o horizonte metalinguiacutestico ao longo dos seacuteculos XIX
e XX como um verdadeiro siacutembolo natildeo soacute da lexicografia mas da liacutengua em geral e da
cultura portuguesa
Moraes tomou por base o Vocabulaacuterio Portuguecircs e Latino de Raphael Bluteau e
resumiu os oito volumes daquele a apenas dois mantendo a orientaccedilatildeo de seu antecessor de
exaltar os grandes autores de liacutengua portuguesa A obra teve oito reediccedilotildees no seacuteculo XIX
(1813 1823 1831 1844 1858 18771878 1891 9a ed sd)
Na segunda ediccedilatildeo de 1813 Moraes acrescenta nos textos introdutoacuterios uma
gramaacutetica filosoacutefica aos moldes da Gramaacutetica de Port Royal o que mostra a filiaccedilatildeo agraves
concepccedilotildees racionalistas da eacutepoca
Em 1922 recebeu uma ediccedilatildeo comemorativa do centenaacuterio da Independecircncia no
Brasil a qual reproduz a segunda ediccedilatildeo de 1813 a primeira em que Moraes inclui seu nome
como autor Uma ediccedilatildeo ampliada foi publicada pela Editora Confluecircncia em 1949-59
organizada por Augusto Moreno Cardoso Juacutenior e Joseacute Pedro Machado
O Dicionaacuterio da Liacutengua Portuguesa ou o Dicionaacuterio de Moraes eacute considerado
pelos lexicoacutegrafos uma obra fundadora da lexicografia de liacutengua portuguesa servindo de base
para a confecccedilatildeo de outros dicionaacuterios em Portugal e no Brasil
Na eacutepoca do Brasil Colocircnia no que diz respeito aos dicionaacuterios monolingues
referentes agrave Liacutengua Portuguesa a partir do seacuteculo XVIII aleacutem do dicionaacuterio de Moraes
(1789) satildeo considerados representativos o Novo Dicionaacuterio da Liacutengua Portugueza (1855) de
Eduardo de Faria o Diccionario Manual Etymologico da Lingua Portugueza de Francisco
Adolfo Coelho e o Diccionario Contemporaneo da Liacutengua Portugueza de Francisco Caldas
Aulete publicado em 1881
Em se tratando de obras consideradas brasileiras os estudiosos apontam os
primeiros dicionaacuterios datados do seacuteculo XIX a saber o Diccionario Brazileiro para Servir de
Complemento aos Diccionarios de Lingua Portugueza (1853) de Costa Rubim o Diccionario
31
Brazileiro da Lingua Portugueza (1888) de Macedo Soares e o Diccionario de Vocabulos
Brazileiros (1889) de Beaurepaire-Rohan
Em todas essas trecircs obras citadas acima observam-se palavras tiacutepicas do Brasil
chamadas ldquobrasileirismosrdquo Essas obras contribuiacuteram para se questionar ldquoo caraacuteter normativo
do dicionaacuterio dando-lhe uma caracteriacutestica mais descritivardquo13
13 Terminologia
A Terminologia pode ser definida segundo Barros (2007 p 11) como o estudo
cientiacutefico dos termos usados nas liacutenguas de especialidade ou melhor empregados em
discursos e textos de aacutereas teacutecnicas cientiacuteficas e especializadas
O termo eacute entendido como ldquodesignaccedilatildeo por meio de uma unidade linguiacutestica de
um conceito definido em uma liacutengua de especialidaderdquo (ISO 1087 1990 p5) O termo eacute
portanto uma unidade lexical que designa um conceito de um domiacutenio de especialidade Eacute
tambeacutem chamado de unidade terminoloacutegica O conjunto de termos de uma aacuterea especializada
chama-se conjunto terminoloacutegico ou terminologia
O campo de pesquisa proacuteprio da Terminologia satildeo as chamadas liacutenguas de
especialidade entendidas como ldquosistemas de comunicaccedilatildeo oral ou escrita usados por uma
comunidade de especialistas de uma aacuterea particular do conhecimentordquo (PAVEL NOLET apud
BARROS 2007 p11)
Apesar de a Terminologia ser a mais contemporacircnea das ciecircncias do leacutexico o
reconhecimento formal de vocabulaacuterios especiacuteficos de determinadas aacutereas de conhecimento
especializado datam de mais de trecircs seacuteculos quando jaacute vinham com ldquomarcas de usordquo em
dicionaacuterios de liacutengua
Obra monoliacutengue o denominado dicionaacuterio geral de liacutengua consiste na referecircncia
primeira do fazer lexicograacutefico na diversificada tipologia de obras dicionariacutesticas Tal tipo de
dicionaacuterio registra o leacutexico geral de um idioma reunindo seu conjunto de palavras e locuccedilotildees
da forma mais abrangente possiacutevel Alguns desses dicionaacuterios incluem tambeacutem terminologias
em seus repertoacuterios entendendo que essas integram o componente lexical das liacutenguas Nessas
obras entende-se por terminologia o conjunto de palavras marcadas pela temaacutetica de uma
aacuterea de especialidade por exemplo a terminologia da fiacutesica quacircntica da medicina da
informaacutetica a terminologia juriacutedica ou a terminologia naacuteutica ndash essa uacuteltima nosso objeto de
estudo
13
DIAS BEZERRA 2006 p 30
32
Usamos a liacutengua comum no dia-a-dia mas usamos a linguagem especializada
quando falamos sobre uma aacuterea do conhecimento e empregamos palavras que dentro dessa
aacuterea tecircm um significado particular Assim sendo para noacutes neste objeto de estudo os termos
satildeo acima de tudo unidades lexicais que tecircm a particularidade de ocorrer em discursos
especializados assumindo neles significaccedilotildees especiacuteficas e podendo em consequecircncia
denominar conceitos cientiacuteficos eou teacutecnicos
14 O Diccionario da Lingua Brasileira de Luiz Maria da Silva Pinto
Sobre os primoacuterdios da lexicografia brasileira voltamos nossos olhares para
aquela que teria sido a primeira obra escrita editada e impressa no Brasil ndash o Diccionario da
Lingua Brasileira de Luiz Maria da Silva Pinto
FOTO 1 Diccionario da Lingua Brasileira
Fonte acervo pessoal
Praticamente desconhecida dos pesquisadores ateacute fins do seacuteculo XX por
iniciativa do professor Joatildeo Mendonccedila Teles ndash do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico Brasileiro
ndash essa obra foi reeditada em ediccedilatildeo fac-siacutemile com patrociacutenio da Caixa Econocircmica Federal
pela Sociedade Goiana de Cultura e pelo Centro de Cultura Goiana da Universidade Catoacutelica
de Goiaacutes do qual Teles era coordenador em 1996
33
FOTO 2 Detalhe da capa do Diccionario
Fonte acervo pessoal
Sabemos que a histoacuteria da imprensa no Brasil tem seu iniacutecio oficial em 1808 com
a chegada da famiacutelia real portuguesa Antes dessa eacutepoca toda atividade de imprensa -
publicaccedilatildeo de jornais livros ou panfletos ndash era proibida conforme Carta Reacutegia de 1706 que
mandava sequestrar e destruir qualquer modalidade de atividade tipograacutefica que fosse
encontrada como tambeacutem punir seus proprietaacuterios Mesmo assim em caraacuteter clandestino
algumas impressotildees foram realizadas em Minas dentre elas citamos o poema laudatoacuterio
escrito por Diogo Pereira Ribeiro de Vasconcelos intitulado Canto Encomiaacutestico publicado
por Padre Viegas14
Padre Viegas ou o Padre Joaquim Viegas de Menezes em funccedilatildeo dos
conhecimentos especializados que possuiacutea dirigiu em 1820 em Ouro Preto juntamente com
o artiacutefice portuguecircs Manuel Joseacute Barbosa Pimenta e Sal e alguns operaacuterios a construccedilatildeo da
primeira tipografia mineira a Tyipografia Patriacutecia assim denominada em referecircncia agrave paacutetria
Daacute-se nessa tipografia o iniacutecio da imprensa perioacutedica em Minas Gerais com a circulaccedilatildeo do
jornal Compilador Mineiro em 13 de outubro de 182315
encerrada em 9 de janeiro de 1824
Apenas trecircs dias apoacutes o seu desaparecimento surgiu impresso na mesma tipografia e com o
objetivo expresso de substituir o Compilador o perioacutedico A Abelha do Itaculumy (1824-
1825)
Ainda nesse periacuteodo em 8 de abril de 1822 o goiano que residia em Ouro Preto
o major Luiz Maria da Silva Pinto propotildee a iniciativa de um plano para a instalaccedilatildeo da
primeira tipografia oficial do Estado aleacutem da publicaccedilatildeo de uma folha como porta-voz dos
atos governamentais Esse major foi o principal impressor de Ouro Preto durante vaacuterios anos
14
SEABRA 2008 p 151 15
COSTA FILHO A Imprensa Mineira no Primeiro Reinado
34
tornando-se o administrador do estabelecimento real A graacutefica real estreia tipos e prelos com
a produccedilatildeo dos impressos avulsos do poder oficial da Capitania e das diversas reparticcedilotildees
puacuteblicas aleacutem de papeis de encomenda particular
Luiz Maria da Silva Pinto nasceu em Pilar de Goiaacutes em 15 de marccedilo de 1775 e
faleceu em 20 de dezembro de 1869 em Vila Rica hoje Ouro Preto aos 94 anos de idade Era
filho de Joseacute Pinto da Silva e de Joaquina Maria Zunega Iniciou seus estudos em Goiaacutes
completando-os em Ouro Preto cidade para onde se transferiu em companhia de sua matildee e
irmatilde Em Ouro Preto eacute crismado por Tomaacutes Antocircnio Gonzaga e sob a proteccedilatildeo de Frei
Domingos da Encarnaccedilatildeo Pontevel Silva Pinto avanccedila em seus estudos Foi secretaacuterio do
Palaacutecio do Governo nomeado por Visconde de Barbacena e mais tarde por promoccedilatildeo ao
cargo de oficial-mor e logo em seguida major Foi tambeacutem Deputado Provincial
Procurador Fiscal da Mesa de Rendas de Minas tendo sido nomeado vice-diretor geral da
Instituiccedilatildeo Segundo Teixeira de Freitas16
Silva Pinto pode ser considerado o pai da
estatiacutestica geral mineira uma vez que quando secretaacuterio da Proviacutencia promoveu um
inqueacuterito estatiacutestico-cronograacutefico em 23 de julho de1825 aleacutem de um levantamento por ele
organizado em 1854 por ordem do Presidente de Proviacutencia Francisco D Pereira de
Vasconcellos Freitas afirma que vaacuterios satildeo os documentos que demonstram esforccedilos
repetidos da administraccedilatildeo mineira em prol da estatiacutestica geral17
Entre suas obras destaca-se
ainda O Mapa Geodeacutesio de Minas Gerais editado em 1825 Silva Pinto foi ainda membro
do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico Brasileiro patrono da cadeira nuacutemero 29 da Academia de
Letras de Goiaacutes18
16
Diretor Geral de Informaccedilotildees Estatiacutesticas e Divulgaccedilatildeo do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo em 1931 17
FREITAS 1940 18
MAPA Disponiacutevel em lthttpacademiagoianadeletrasorgmembroluiz-maria-da-silva-pintogt Acesso em 1
abr 2011
35
FOTO 3 Casa de Silva Pinto em Ouro Preto19
Fonte acervo pessoal
FOTO 4 Localizaccedilatildeo da casa de Silva Pinto em Ouro Preto -
Vista de Vila Rica 1820 de Armand Julien Palliegravere
Fonte acervo pessoal
Sobre as impressotildees causadas pelo Diccionario da Lingua Brasileira no meio
intelectual e ainda sobre seu autor o goiano Luiz Maria da Silva Pinto destacamos as vozes
de
a) Joseacute Pedro Xavier da Veiga ndash nas Efemeacuterides Mineiras em data de 19 de setembro de
1869 Xavier da Veiga registra o oacutebito de Luiacutes Maria da Silva Pinto consagrando-lhe uma
19
Localizada na Rua Claacuteudio Manuel nordm 129 Centro Atualmente Repuacuteblica Maracangalha propriedade da
Escola de Farmaacutecia e Bioquiacutemica de Ouro Preto UFOP
36
paacutegina biograacutefica em que aponta os seus relevantissimos serviccedilos agrave administraccedilatildeo puacuteblica de
Minas Gerais desde a uacuteltima fase do govecircrno colonial e durante meio seacuteculo Dizendo-o
homem muito inteligente extraordinariamente trabalhador e dotado de espiacuterito de organizaccedilatildeo
e de pesquisa Xavier da Veiga (1897 p 47-52) afirmando nunca ter visto o dicionaacuterio
disserta
Tambeacutem durante muitos anos o major Luiacutes Maria da Silva Pinto possuiu e dirigiu
oficinas tipograacuteficas em Ouro Precircto editando nelas muitos livros alguns bem
volumosos e em tempos difiacuteceis para a imprensa no interior do paiacutes Entre os
aludidos livros figura um dicionaacuterio portuguecircs de sua proacutepria composiccedilatildeo ao qual
deu o tiacutetulo de Dicionaacuterio da liacutengua brasileira e cujos exemplares satildeo hoje
rariacutessimos
b) Affonso E de Taunay20
ndash na obra Inopia cientiacutefica e vocabular dos grandes dicionarios
portuguezes (1932 p 147) Taunay destaca
Quarenta annos apoacutes o apparecimento do Diccionario de Moraes novo tentame de
igual natureza ao do lexicographo fluminense se daria no Brasil muito embora delle
resultase obra de mediocre valor hoje quasi totalmente esquecido o Diccionario da
Lingua Brasileira Pela terceira vez creio apparecia o nosso patronymico nacional aacute
portada dos diccionarios da lingua Fizera Bluteau garbo de que o seu tambem
[seria] brasilico entre numerosos outros predicados E Moraes como bom brasileiro
timbrara em lembrar que o seu lexico recolhera milhares de palavras de sua terra
Mas Silva Pinto fora adiante redigira um diccionario da lingua brasileira
Infelizmente poreacutem natildeo lhe correspondeu a obra aacute altissonacircncia do programma
constante do patriotico titulo Deve ter sido composto por homem inteligente e lido
que se valeu natildeo ha duvida e muito dos trabalhos de Moraes mas nem por isto
deixou de levantar em homenagem aacute riqueza vocabular da liacutengua luso-brasileira ateacute
hoje tatildeo deficiente tatildeo mesquinhamente invetariada Eacute um tanto obscura a
biographia deste nosso segundo diccionarista Luiz Maria da Silva Pinto
c) Eduardo Frieiro ndash no artigo um velho dicionaacuterio impresso em Minas21
(1955) destacamos
as impressotildees de Frieiro
Acham-se vinculados aos primeiros tempos da Tipografia em Minas trecircs nomes que
natildeo podem ser esquecidos o do mineiro Padre Viegas de Meneses o do portuguecircs
Manuel Joseacute Barbosa Pimenta e Sal e o do goiano Luiacutes Maria da Silva Pinto []
Administrava a oficina provincial o major Luis Maria da Silva Pinto que durante
vaacuterias deacutecadas foi o principal impressor de Ouro Precircto jaacute como gerente do
estabelecimento oficial jaacute como editor particular proprietaacuterio da Tipografia de
Silva cuja marca tenho encontrado em diversas obras dadas a lume de 1827 a 1848
Algumas eram de autoria do operoso Silva Pinto que chegou mesmo a publicar um
Diccionario da lingua brasileira portaacutetil de 1132 paacuteginas para remediar a penuacuteria
de vocabulaacuterios ocorrente na Proviacutencia Era o Dicionaacuterio uma compilaccedilatildeo apressada
feita pelo proacuteprio impressor que tambeacutem editou para uso das escolas de primeiras
letras numerosos voluminhos dos quais posso citar os tiacutetulos de alguns que possuo
a saber Ortografia ou Arte de escrever (1829) Aritmeacutetica ou Arte de contar (1831)
Princiacutepios da Moral cristatilde (1846) e Gramaacutetica brasileira ou Arte de falar conforme
20
TAUNAY 1932 p182 21
FRIEIRO 1955 p390-397
37
as regras da Manuel Borges Carneiro (1847) Embora se intitulasse Dicionaacuterio da
liacutengua brasileira nada tinha que ver com a fala dos aboriacutegenes nem com os
particularismos da liacutengua corrente no Brasil Era um pequeno leacutexico da liacutengua
portuguecircsa com alguns escassos brasileirismos colhidos provagravevelmenle em Moraes
Silva O caso eacute que naquela eacutepoca achando-se os Brasileiros ainda na lua de mel da
independecircncia nacional o espiacuterito nativista entatildeo muito alvoroccedilado natildeo se
contentava unicamente com a autonomia poliacutetica almejava romper todos os laccedilos
que ainda nos atavam agrave repudiada Metroacutepole inclusive o liame infrangiacutevel da liacutengua
materna Como natildeo era possiacutevel fabricar uma com peccedilas totalmente novas
chamava-se brasileira agrave liacutengua que sem deixar de ser portuguesa eacute de qualquer
forma tambeacutem a nossa
d) L G ndash que assina a nota do recorte do jornal22
(sem data) abaixo apresentado
FOTO 5 Notiacutecia de jornal
Fonte acervo pessoal
e) Paulo Mario Beserra de Araujo ndash neste iniacutecio de seacuteculo XX quando a ciecircncia linguiacutestica se
volta para a anaacutelise de dicionaacuterios e as versotildees digitais de obras se encontram disponibilizadas
na internet Araujo (2009) realizou um ldquoensaio metalexicograacutefico analiacutetico comparativo e
criacuteticordquo do Diccionario de Silva Pinto publicado com o tiacutetulo Um diccionario sem auctor
versus hum auctorlsquo com diccionario Esse pesquisador buscando estudar o que motivou
Silva Pinto a delimitar a macroestrutura de seu dicionaacuterio (cf Araujo 2009 p 9-10) mostra
inuacutemeras semelhanccedilas da obra desse autor ndash o Diccionario da Lingua Brasileira com a obra
22
Recorte encontrado na contra-capa do volume do Diccionario do Museu da Inconfidecircncia em Ouro Preto
poreacutem natildeo haacute informaccedilotildees sobre a autoria
38
ldquosem autor declarado pelo editor impressor e livreiro Francisco Rollandrdquo23
denominada
Novo Diccionario da Liacutengua Portugueza ediccedilatildeo de 1806 ldquodisponiacutevel desde 23 de fevereiro
de 2007 no website booksgoogle obtida do original existente na Taylor Institution Library
da Oxford University Oxford Inglaterrardquo24
Apoacutes um cuidadoso estudo Arauacutejo conclui que a
ldquoanaacutelise comparativa efetuada permite constatar que a semelhanccedila entre as duas obras estaacute
aleacutem do que pode ser classificado como compilaccedilatildeordquo25
Apresentamos a seguir a folha de rosto do Diccicionario da Liacutengua Brasileira
FOTO 6 Diccionario da Lingua Brasileira (1832) Fonte acervo pessoal
Diferentemente de seu colega editor responsaacutevel pela obra similar portuguesa
Silva Pinto assina a obra brasileira Com esse comportamento o consulente entende que cabe
a ele aleacutem da ediccedilatildeo a autoria do dicionaacuterio Entretanto no proacutelogo apresentado esse autor
se coloca como impressor natildeo como autor ndash ldquome suggerio o projecto de imprimir este
auxiliante da Grammatica e da Orthographiardquo deixa claro tambeacutem que a obra ao ser editada
jaacute contava com um nuacutemero de leitores ou ldquoassignantesrdquo mais do que suficientes para sua
confecccedilatildeo Isso nos leva a refletir que Silva Pinto realizou um trabalho de ediccedilatildeo de uma obra
portuguesa de faacutecil manuseio visando atender aos brasileiros Salientamos que apesar do
23
ARAUJO 2009 p 13 24
Ibidem p 10 25
Ibidem p 78
39
tiacutetulo se referir agrave variante do portuguecircs brasileiro esse dicionaacuterio tem um caraacuteter normativo
ateacute mesmo preconceituoso conforme podemos inferir no trecho do proacutelogo em que
destacamos a preocupaccedilatildeo do autor em mostrar que no nosso leacutexico havia palavras da liacutengua
portuguesa e natildeo somente dlsquoaquellas que proferem os Iacutendios Posiccedilatildeo conservadora sem
duacutevida
FOTO 7 Prologo do Diccionario da Lingua Brasileira
Fonte acervo pessoal
Mais do que descrever o leacutexico brasileiro dos primeiros anos dos oitocentos com
certeza o Diccionario da Lingua Brasileira do goiano Luiz Maria da Silva Pinto tinha como
objetivo ser prescritivista conduta bastante comum nessa eacutepoca
Publicado dez anos depois da Independecircncia do Brasil o dicionaacuterio nesse
contexto constitui-se como um instrumento de divulgaccedilatildeo da nova naccedilatildeo e da posiccedilatildeo
poliacutetica de seu editor diante dos acontecimentos histoacutericos Como homem respeitado na
sociedade local em um periacuteodo em que o Brasil acabava de ser tornar independente de
Portugal Silva Pinto se preocupava com os rumos que a liacutengua portuguesa poderia tomar e
40
como editor colocou-se como ldquoprotetorrdquo do portuguecircs lusitano ldquobem faladordquo em terras
brasileiras
A imagem que apresentamos a seguir destaca a paacutegina do dicionaacuterio que trata
das abreviaturas da obra com a inserccedilatildeo de vaacuterias terminologias dentre elas a terminologia
naacuteutica objeto de anaacutelise desta Pesquisa
IMAGEM 1 Lista de abreviaturas proposta pelo Diccionario da Lingua Brasileira
Dada a estreita relaccedilatildeo entre cultura e leacutexico abordaremos no proacuteximo capiacutetulo as
grandes navegaccedilotildees destacando a navegaccedilatildeo portuguesa em terras brasileiras
41
Capiacutetulo 2
42
Capiacutetulo 2 ndash Contextualizaccedilatildeo histoacuterica
21 As grandes navegaccedilotildees
A aventura mariacutetima portuguesa natildeo foi um marco isolado Ela se fez no contexto
de uma das maiores aventuras expansionistas empreendidas pelo homem e se tornou
conhecida como grandes navegaccedilotildees De costas para Castela e de frente para o mar a uacutenica
forma de Portugal expandir seus domiacutenios era enfrentar as aacuteguas desconhecidas
Desde 1385 com a ascensatildeo de D Joatildeo I ao trono apoacutes a Revoluccedilatildeo de Avis
antes de qualquer outro paiacutes europeu Portugal jaacute possuiacutea um Estado centralizado apoiado por
uma burguesia mercantil forte e disposta a investir na expansatildeo a fim de ampliar suas
possibilidades de lucros Construiacuteram caravelas principal meio de transporte mariacutetimo e
comercial do periacuteodo desenvolvidas com qualidade superior agraves de outras naccedilotildees Neste paiacutes
tambeacutem houve a preocupaccedilatildeo com os estudos naacuteuticos pois os portugueses chegaram a criar
ateacute mesmo um centro de estudos a Escola de Sagres Nesse centro o Infante Dom Henrique
filho do Rei Dom Joatildeo I reuniu numerosos pilotos cartoacutegrafos e astrocircnomos cujos trabalhos
favoreceram o avanccedilo da arte de navegar e impulsionaram a expansatildeo mariacutetima portuguesa A
partir daiacute com o aprimoramento da cartografia ndash em especial com o desenvolvimento das
cartas naacuteuticas ndash e com o avanccedilo das teacutecnicas de navegaccedilatildeo recorrendo ao que havia de mais
novo no campo cientiacutefico tais como a ampliaccedilatildeo dos conhecimentos sobre correntes
mariacutetimas o uso do astrolaacutebio e da buacutessola que permitia navegaccedilotildees mais seguras
privilegiando a situaccedilatildeo geograacutefica de seu paiacutes os portugueses partiram para as grandes
expediccedilotildees mariacutetimas
Entre os grandes obstaacuteculos vencidos para que fossem aleacutem do conhecido mar
Mediterracircneo estavam o medo e vaacuterias preacute-concepccedilotildees Foi necessaacuterio um longo processo de
mudanccedilas para que o povo europeu apostasse na teoria da esfericidade da Terra e se
ldquoconvencesserdquo de que havia alguma possibilidade de ir aleacutem das aacuteguas jaacute navegadas desde
muito tempo
Durante os seacuteculos XV e XVI os europeus principalmente portugueses e
espanhoacuteis lanccedilaram-se nos oceanos Paciacutefico Iacutendico e Atlacircntico com dois objetivos
principais descobrir uma nova rota mariacutetima para as Iacutendias e encontrar novas terras Este
periacuteodo ficou conhecido como a Era das Grandes Navegaccedilotildees e Descobrimentos Mariacutetimos
O iniacutecio da expansatildeo portuguesa deu-se em 1415 com a conquista da cidade de
Ceuta no norte da Aacutefrica na costa do atual Marrocos importante centro comercial da eacutepoca ndash
ponto de convergecircncia de caravanas de comerciantes aacuterabes Depois de Ceuta os portugueses
43
continuaram suas conquistas contornando a Aacutefrica em um trajeto conhecido como peacuteriplo
africano A expansatildeo portuguesa incluiu a ilha da Madeira os Accedilores Cabo Verde a
ultrapassagem do Cabo Bojador (grande obstaacuteculo para a continuaccedilatildeo da viagem e muito
temido pelos navegadores por causa das fortes ondas e dos nevoeiros comuns na regiatildeo)
Senegal e Serra Leoa
Durante o peacuteriplo africano os portugueses desenvolveram a caravela um tipo de
barco adaptado agrave navegaccedilatildeo em mar aberto e comeccedilaram a esboccedilar o audacioso plano de
contornar o sul da Aacutefrica e chegar agraves Iacutendias
MAPA 1 As grandes navegaccedilotildees26
A chegada dos portugueses ao litoral da Ameacuterica em 1500 foi portanto uma
consequecircncia da expansatildeo ultramarina anteriormente realizada em vaacuterios cantos do mundo
As grandes navegaccedilotildees transformaram Portugal em um impeacuterio respeitado em
toda agrave Europa o interesse despertado pelas viagens transoceacircnicas natildeo soacute permitiu a expansatildeo
dos conhecimentos naacuteuticos com o desenvolvimento da buacutessola do astrolaacutebio das
embarcaccedilotildees e de mapas rudimentares denominados portulanos mas tambeacutem por ser o
primeiro paiacutes europeu a iniciar a expansatildeo ultramarina teve seu comeacutercio ampliado dominou
povos e terras impocircs um sistema de colonizaccedilatildeo imprimindo aiacute sua soberania religiatildeo
cultura e liacutengua
26
NAVEGACcedilOtildeES Disponiacutevel em lthttpwwwgooglecombrsearchhl=ptgt Acesso em 1 Abr 2011
44
O desenvolvimento do comeacutercio europeu nos seacuteculos XV XVI e XVII
favorecido pelas praacuteticas mercantilistas das monarquias absolutistas foi tambeacutem chamado de
revoluccedilatildeo comercial A revoluccedilatildeo comercial caracterizou-se pela integraccedilatildeo da Ameacuterica
Aacutefrica e Aacutesia agrave economia europeia atraveacutes da navegaccedilatildeo pelo Oceano Atlacircntico pelo
aumento da circulaccedilatildeo de mercadorias e de moedas pela criaccedilatildeo de novos meacutetodos de
produccedilatildeo de manufaturas pela ampliaccedilatildeo dos bancos dos sistemas de creacutedito seguros e
demais operaccedilotildees financeiras O crescimento da agricultura da mineraccedilatildeo da metalurgia da
navegaccedilatildeo da divisatildeo do trabalho do comeacutercio colonial promoveu uma grande acumulaccedilatildeo
de capital preparando a Europa para avanccedilos importantes na produccedilatildeo o corridos a partir do
seacuteculo XVIII
22 As navegaccedilotildees na eacutepoca do Brasil Colocircnia
A primeira exploraccedilatildeo do litoral do territoacuterio descoberto foi feita pela proacutepria
esquadra de Cabral que seguiu paralelamente agrave costa em direccedilatildeo norte procurando um porto
onde os navios ficassem abrigados A partir daiacute nos primeiros trinta anos o contato com as
terras brasileiras ficou limitado ao envio de algumas expediccedilotildees de reconhecimento e defesa
do litoral e outras com o objetivo de explorar o pau-brasil uacutenico artigo que poderia ser
convertido em lucros para Portugal
Em 1530 Dom Joatildeo III enviou ao Brasil a expediccedilatildeo de Martim Afonso de Sousa
cujos principais objetivos eram verificar a existecircncia de metais preciosos explorar e patrulhar
o litoral e estabelecer os fundamentos da colonizaccedilatildeo do Brasil Martim Afonso percorreu
quase todo o litoral brasileiro de Pernambuco enviou dois barcos para explorar o litoral
norte organizou expediccedilotildees rumo ao sertatildeo partindo de Cabo Frio e de Cananeia chegou ateacute
a foz do rio da Prata e depois retornou ao litoral paulista onde fundou a vila de Satildeo Vicente
(1532) Ali se organizaram alguns povoados iniciou-se o plantio da cana e foram construiacutedos
os primeiros engenhos da colocircnia Comeccedilava assim a colonizaccedilatildeo efetiva do Brasil apoiada
inicialmente na produccedilatildeo de accediluacutecar para o mercado externo
O aproveitamento sistemaacutetico dos recursos da terra brasileira em benefiacutecio da
metroacutepole portuguesa permitiu a fixaccedilatildeo de populaccedilotildees europeias na regiatildeo o que contribuiu
para a incorporaccedilatildeo dos modelos sociais culturais e religiosos europeus no Novo Mundo
45
MAPA 2 ldquoTerra Brasilisrdquo27
A busca de colocircnias constituiacutea um dos principais objetivos dos paiacuteses
mercantilistas europeus As aacutereas coloniais eram um excelente mercado consumidor dos
manufaturados europeus e fornecedor de mateacuterias-primas e produtos agriacutecolas tropicais
As colocircnias eram vistas como instrumentos de poder das metroacutepoles Por isso a
produccedilatildeo foi organizada de acordo com a poliacutetica econocircmica do mercantilismo tendo como
objetivo o fortalecimento do Estado nacional e a acumulaccedilatildeo de riquezas monetaacuterias nas matildeos
das burguesias europeias Cada metroacutepole preocupava-se fundamentalmente e manter a posse
de suas colocircnias como bem mostra Caacuteceres (1993 p 19)
A administraccedilatildeo colonial estava centralizada na metroacutepole e tinha por finalidade
baacutesica garantir que as colocircnias gerassem produtos para a metroacutepole a baixos custos e
consumissem os manufaturados metropolitanos a preccedilos mais altos O elemento
mais importante desse sistema era o monopoacutelio comercial das metroacutepoles sobre as
colocircnias cuja economia girava em torno das necessidades econocircmicas
metropolitanas e de sua burguesia
Ateacute mesmo as formas de produccedilatildeo das colocircnias eram organizadas de acordo com
as necessidades metropolitanas No Brasil colocircnia por exemplo foi introduzida a escravidatildeo
a fim de se obter uma produccedilatildeo em larga escala necessaacuteria agrave economia europeia Essas
colocircnias em aacutereas tropicais que produziam para o mercado externo eram chamadas colocircnias
de exploraccedilatildeo28
Sua economia era baseada na grande propriedade na monocultura e no
trabalho compulsoacuterio isto eacute obrigatoacuterio
Com o estado portuguecircs no Brasil aumentaram tanto as exportaccedilotildees quanto as
importaccedilotildees e consequentemente a necessidade de um satisfatoacuterio transporte mariacutetimo
27
TERRA BRASILIS Disponiacutevel em lthttpswwwmarmilbrdhndhnhistoricohtmlgt Acesso em 1 Abr 2011 28
CAacuteCERES 1993 p 19
46
Durante o seacuteculo XVI e iniacutecio do seacuteculo XVII o Brasil tornou-se o maior produtor de accediluacutecar
do mundo e o responsaacutevel pela riqueza dos senhores de engenho da Coroa e de comerciantes
portugueses poreacutem foi soacute com a vinda da famiacutelia real portuguesa para o Brasil que a
navegaccedilatildeo brasileira se intensificou
A chegada ao Rio de Janeiro do Priacutencipe Regente D Joatildeo e da Rainha D Maria I
fugindo das guerras napoleocircnicas na Europa foi um marco na histoacuteria da marinha brasileira
Nessa eacutepoca a marinha portuguesa encontrava-se decadente mas sua capacidade foi ampliada
para poder apoiar a ldquoEsquadra Realrdquo e os navios estrangeiros jaacute que o fluxo aumentou
consideravelmente em virtude da abertura dos portos brasileiros ao comeacutercio com outras
naccedilotildees Podemos dizer que a transmigraccedilatildeo da Famiacutelia Real portuguesa foi fundamental para
que mais tarde ocorresse a independecircncia unificada de todo o territoacuterio de colonizaccedilatildeo
portuguesa na Ameacuterica A cidade do Rio de Janeiro tornou-se sede do governo portuguecircs o
que gerou um surto de progresso em vaacuterios setores da sociedade colonial
IMAGEM 2 Primeira esquadra brasileira29
Posteriormente com as tentativas das Cortes de fazer D Pedro regressar para a
Europa iniciou-se a cisatildeo da Marinha de Portugal Desde o princiacutepio de 1822 alguns
comandantes de navios passaram a obedecer somente ao Priacutencipe e o apoiaram nas ocasiotildees
em que houve ameaccedilas de uso de forccedila Comeccedilava nesse periacuteodo a se formar o embriatildeo da
marinha do Brasil
29
ESQUADRA Disponiacutevel em lthttpwwwgooglecombrsearch3Fq3D2522Marinha2BImperial
2BBrasileiragt Acesso em 1 Abr 2011
47
23 As navegaccedilotildees na eacutepoca do Brasil Impeacuterio
Com a independecircncia do Brasil o primeiro governo encontrou a difiacutecil tarefa de
unificar o extenso territoacuterio brasileiro em cujo litoral encontravam-se os principais centros
urbanos ou seja era emergencial que o Estado possuiacutesse uma Esquadra e estabelecimentos de
apoio para manter a unidade nacional Para eliminar os focos de resistecircncia interna agrave
autoridade do novo Imperador que eram mais fortes nas proviacutencias da Bahia Maranhatildeo
Gratildeo-Paraacute e Cisplatina e rechaccedilar qualquer tentativa de recolonizaccedilatildeo por parte da antiga
metroacutepole foi necessaacuterio o aprestamento de forccedilas terrestres e principalmente o preparo de
uma forccedila naval capaz de obter o domiacutenio do mar interceptar a vinda de reforccedilos portugueses
bloquear as posiccedilotildees inimigas e manter livres as comunicaccedilotildees mariacutetimas do novo Impeacuterio
garantindo a unidade nacional Era preciso aleacutem da Esquadra possuir a capacidade de reparar
os navios existentes e construir outros
Segundo Bittencourt30
em fins de 1822 ldquoo material flutuante ainda era muito
escasso com navios que tinham sua origem na Marinha de Portugal e que passaram a constituir o
primeiro nuacutecleo da Esquadra brasileira composto pelas Fragatas Uniatildeo e Real Carolina Corvetas
Maria da Gloacuteria e Liberal Brigue Real Pedro Brigue-Escuna Real 13 escunas ndash das quais sete
encontravam-se estacionadas no Prata ndash e de aproximadamente 20 navios-transportes e
canhoneiras Os outros navios estacionados no Rio de Janeiro somente trecircs eram utilizaacuteveis a
Nau Martins de Freitas a Fragata Sucesso e o Brigue Reino Unido os quais foram prontamente
reparados no Arsenal de Marinha A Nau Priacutencipe Real que trouxe D Joatildeo VI ao Brasil soacute pocircde
ser utilizada como navio-prisatildeo devido ao peacutessimo estado que se encontravardquo
De acordo com Vale (1971 p 10)
[] a princiacutepio parecia natildeo haver falta de oficiais para a nova Marinha 160 tinham se
estabelecido no Brasil desde 1808 mas a maioria era de portugueses e tornou-se
necessaacuterio verificar primeiro sua lealdade Com esta finalidade Cunha Moreira
estabeleceu uma comissatildeo em 5 de dezembro de 1822 para perguntar a cada oficial se
ele desejava servir ao Brasil ou voltar para Portugal Ficou logo claro que a grande
maioria aderia agrave causa brasileira e quando foram retirados os nomes dos mais velhos e
dos incapazes restou um total de 94 Era evidente que o Brasil tinha oficiais superiores
em nuacutemero suficiente mas a quantidade de oficiais inferiores dava apenas para
guarnecer os navios jaacute em comissatildeo nos estabelecimentos de guerra
Nesse periacuteodo a Marinha Imperial Brasileira possuiacutea em seus quadros
profissionais oriundos de diversos grupos sociais O engajamento e o recrutamento de pessoal
30
MARINHA IMPERIAL Disponiacutevel em lthttpwwwmarmilbrdiversosArtigos_selecionadosDocumentos
marinha_imperialpdfgt Acesso em 25 Abr 2011
48
para a marinhagem ocorriam de forma voluntaacuteria por contrato (geralmente estrangeiros) ou
pelo recrutamento agrave forccedila (vagabundos e criminosos) e posteriormente em decreto emitido
em fevereiro de 1823 permitiu-se a admissatildeo de escravos na Marinha Muitos eram oriundos
da Marinha de Portugal despertavam portanto desconfianccedila Outros tantos natildeo tinham
experiecircncia no mar Apesar desses problemas o governo imperial conseguiu unificar a
marinha brasileira da eacutepoca
IMAGEM 3 Marinha Imperial31
Eacute consenso que o instrumento decisivo para alcanccedilar a Independecircncia do Brasil
certamente foi a feliz decisatildeo do Governo Imperial de aprestar uma Esquadra capaz de
garantir o controle no mar negando-o aos portugueses possibilitar o deslocamento de tropas
de maneira mais raacutepida cortar as linhas de recebimento de suprimento e reforccedilo do inimigo
pelo mar
24 Consideraccedilotildees
Como se sabe os marinheiros envolvidos nas viagens mariacutetimas portuguesas
eram fundamentalmente gente do povo pouco instruiacuteda natildeo lhes sendo acessiacutevel portanto
o domiacutenio de uma terminologia muito elaborada Mesmo assim ela existe eacute dicionarizada e
merece ser estudada Podemos dizer que ao desenvolvimento das ciecircncias e teacutecnicas naacuteuticas
em Portugal correspondeu o florescimento de toda uma terminologia vernaacutecula herdada no
Brasil
31
MARINHA IMPERIAL Disponiacutevel em lt httpswwwmarmilbrmenu_hnoticias0609201002htmlgt
Acesso em 25 Abr 2011
49
Depois dessa breve exposiccedilatildeo acerca das grandes navegaccedilotildees que rudimentares
nos seacuteculos XIV e XV ultrapassaram o niacutevel da praacutetica rotineira jaacute nos primeiros anos do
seacuteculo XVI passamos a apresentar os procedimentos metodoloacutegicos adotados nesta pesquisa
50
Capiacutetulo 3
51
Capiacutetulo 3 ndash Procedimentos metodoloacutegicos
Como jaacute apontado na Introduccedilatildeo nossa pesquisa insere-se na aacuterea do leacutexico mais
especificamente do leacutexico especializado referente aos termos naacuteuticos Em nosso entender o
leacutexico especializado ou a terminologia e suas unidades ndash os termos ndash natildeo se separam
artificialmente do resto da liacutengua mas encaixam-se fazendo parte integrante dela Nessa
perspectiva natildeo concebemos a terminologia nem os termos seus objetos de anaacutelise como um
mundo agrave parte da realidade linguiacutestica de uma liacutengua Ao contraacuterio acreditamos que as
terminologias presentes em um dicionaacuterio satildeo constituiacutedas de subsistemas ndash tais como termos
meacutedicos termos da arquitetura termos naacuteuticos dentre muitos outros ndash que interagem dentro
de um sistema maior que eacute o leacutexico geral
Sobre esse tema Murakawa (2002 p 21) discorre
[] o leacutexico de uma liacutengua se compotildee de dois grupos de unidades lexicais num 1ordm
grupo as unidades satildeo compreendidas e empregadas do mesmo modo por todos os
membros da sociedade num 2ordm grupo as unidades satildeo apenas compreendidas e
empregadas por parte maior ou menor dessa sociedade e satildeo usadas no seu emprego
correto pelos membros de um grupo particular
De acordo com essa linguista por necessidade de se compor uma terminologia as
pessoas buscam na liacutengua comum unidades leacutexicas que passaratildeo a ter daiacute por diante um
significado especiacutefico
Nessa visatildeo seguimos as propostas teoacutericas defendidas por Cabreacute (1999) no
acircmbito da teoria comunicativa da terminologia Segundo essa terminoacuteloga os termos satildeo
unidades lexicais de fato que assumem significados especializados quando usadas em
determinados acircmbitos de especialidade Assim sendo podemos encontrar inuacutemeros termos
que tecircm por base unidades da liacutengua corrente que migram para registros linguiacutesticos
especializados como tambeacutem encontramos unidades lexicais terminoloacutegicas formadas por
estruturas morfoloacutegicas comuns agraves estruturas de palavras que encontramos no leacutexico da liacutengua
corrente
Sabemos que nos uacuteltimos anos os estudos terminoloacutegicos conheceram um
desenvolvimento notaacutevel com os avanccedilos da Linguiacutestica em geral e da lexicologia em
particular tendo-se hoje em dia uma visatildeo muito mais ampla da unidade lexical de uma
linguagem especializada
Neste estudo partimos de um tema ou de um ldquoassuntordquo ndash ou seja da terminologia
naacuteutica trabalhamos pois com o percurso ldquodo conceito agrave palavrardquo ou ldquoda ideia ao signordquo
nos moldes do meacutetodo onomasioloacutegico
52
Por onomasiologia entende-se um aspecto particular da pesquisa linguiacutestica que
partindo de uma determinada ideia examina as vaacuterias maneiras com as quais essa
ideia encontrou expressatildeo na palavra32
Em seguida estendemos nossa anaacutelise agrave palavra ou ao signo linguiacutestico ndash percurso
semasioloacutegico e voltamos ao onoma
Para os conceitos de leacutexico lexicologia lexicografia terminologia adotamos
como base teoacuterica Matoreacute (1953) Biderman (1978 1991 1998 1999 2001) Cabreacute (1999)
Barros (2007 2009) Krieger e Finatto (2004) Krieger (2006)
Para a anaacutelise dos dados ao longo do tempo tomamos como base norteadora a
concepccedilatildeo de Linguiacutestica Histoacuterica tal como apresentada por Bynon (1977 p 1-2) e Cohen
(1996 p3) que postulam
A Linguiacutestica Histoacuterica procura investigar e descrever a maneira pela qual as liacutenguas
mudam ou conservam suas estruturas atraveacutes do tempo seu domiacutenio eacute portanto a
liacutengua no seu aspecto diacrocircnico
As limitaccedilotildees do trabalho diacrocircnico satildeo tantas que natildeo se pode abrir matildeo de
informaccedilotildees que possam nos facilitar o acesso agrave liacutengua antiga
31 Objetivos
Nosso objetivo geral nesta pesquisa eacute realizar um estudo sincrocircnico e diacrocircnico
do leacutexico correspondente agrave terminologia naacuteutica presente no Diccionario da Lingua
Brasileira de Luiz Maria da Silva Pinto publicado na cidade de Ouro Preto no ano de 1832
Como objetivos especiacuteficos almejamos
1) estudar as origens dos termos naacuteuticos Sabemos que ao desenvolvimento das ciecircncias
e teacutecnicas naacuteuticas em Portugal correspondeu o florescimento de toda uma
terminologia vernaacutecula mas haacute outros termos provenientes de liacutenguas como o catalatildeo
o italiano e o aacuterabe
2) conferir se os termos selecionados se encontram presentes em obras lexicograacuteficas de
referecircncia nos seacuteculos XVIII XIX XX e se os mesmos mantiveram seus
significados e ainda se constam como ldquotermos naacuteuticosrdquo
3) consultar o corpus do Projeto DHPB CNPq com o objetivo de verificar se os termos
constantes no Diccionario da Lingua Brasileira integraram no passado o nosso
leacutexico e se havia variantes ortograacuteficas da palavra nos textos escritos dos seacuteculos
XVI XVII XVIII
4) o Brasil eacute composto por numerosas culturas que se vecircem refletidas em nossas escolhas
vocabulares atraveacutes do tempo inclusive no campo das liacutenguas de especialidade A
32
BERTOLDI citado por Babini 2006 p 38
53
exploraccedilatildeo econocircmica das terras americanas constitui um episoacutedio da Histoacuteria que se
refletiu de maneira significativa natildeo soacute na incorporaccedilatildeo de novas palavras no
Portuguecircs do Brasil mas na progressiva modificaccedilatildeo semacircntica e lexical de diversos
termos no fluir do tempo Assim temos como um dos objetivos analisar o repertoacuterio
textual concernente agrave navegaccedilatildeo econocircmica da colocircnia em documentos e textos
originais o que constitui uma das fontes primaciais para a compreensatildeo de nossa
proacutepria trajetoacuteria histoacuterica
5) verificar se a terminologia naacuteutica presente no Diccionario da Lingua Brasileira
descreve a realidade brasileira nessa aacuterea ou se faz parte desse dicionaacuterio somente com
o objetivo de enriquecer nosso leacutexico
6) apontar os termos naacuteuticos do dicionaacuterio Aureacutelio ndash seacuteculo XX Comparar esses termos
com o primeiro dicionaacuterio impresso no Brasil ou seja o Diccionario da Lingua
Brasileira verificando se houve manutenccedilatildeo expansatildeo ou mudanccedila nesse leacutexico de
especialidade
7) eacute notoacuterio que os marinheiros envolvidos nas viagens e na empresa dos
Descobrimentos eram fundamentalmente gente do povo gente simples que tripulava
os navios e executava a maioria das operaccedilotildees necessaacuterias agrave manobra do barco natildeo
lhes sendo acessiacutevel portanto o domiacutenio de uma terminologia elaborada Supomos
que a terminologia usada por estes profissionais teria de ser forccedilosamente simples (ou
simplificada) constituiacuteda por muitos termos provenientes da liacutengua corrente que lhes
permitissem conceitualizar realidades especializadas (como as relacionadas com a
navegaccedilatildeo com as manobras envolvidas neste processo com as partes do navio e com
os instrumentos que dele fazem parte) Esse leacutexico estaacute presente no Diccionario da
Lingua Brasileira e ou no Aureacutelio ndash seacuteculo XX
8) contribuir para o desenvolvimento da investigaccedilatildeo histoacuterica na aacuterea da Terminologia
disponibilizando um estudo da aacuterea de especialidade devidamente analisado
54
32 Caracteriacutesticas do Diccionario da Lingua Brasileira
Em termos de microestrutura o Diccionario da Lingua Brasileira apresenta
basicamente a entrada e a classe morfoloacutegica seguida da definiccedilatildeo Quando recebe ldquomarcas
de usordquo essas vecircm entre parecircnteses depois da classificaccedilatildeo morfoloacutegica e antes da definiccedilatildeo
se o vocaacutebulo soacute tem uma acepccedilatildeo como mostra o verbete em destaque
Poucas vezes o Diccionario da Lingua Brasileira apresenta duas acepccedilotildees como
em abotoadura raras vezes apresenta trecircs como em arruela e nunca apresenta abonaccedilotildees
Algumas vezes realiza pequenos comentaacuterios
Quando apresenta duas ou mais acepccedilotildees a ldquomarca de usordquo vem sempre antes de
cada definiccedilatildeo como eacute o caso do termo arruela que eacute definida pelo autor como termo de
armaria termo naacuteutico e termo de ourives
55
33 Meacutetodos e procedimentos
Para a realizaccedilatildeo deste trabalho utilizamo-nos do volume digital da ediccedilatildeo
microfilmada iniciada no ano de 1982 pelo Arquivo Puacuteblico Mineiro localizado na cidade
de Belo Horizonte Minas Gerais certificado pela documentaccedilatildeo apresentada a seguir
IMAGEM 4 Documentaccedilatildeo da obra digitalizada
Realizamos primeiramente a leitura do Diccionario da Lingua Brasileira e
fizemos o levantamento das unidades lexicais que remetem ao mundo da navegaccedilatildeo
Observamos inicialmente para proceder a essa seleccedilatildeo as ldquomarcas de usordquo que se referem agrave
terminologia naacuteutica Em uma segunda etapa lemos todos os outros verbetes uma vez que
temos consciecircncia de que muitas terminologias dentre elas a naacuteutica natildeo se encontram
marcadas Partimos portanto como jaacute mencionamos de um corpus dicionariacutestico referente agrave
terminologia naacuteutica que se intitula da liacutengua brasileira do iniacutecio do seacuteculo XIX e
posteriormente organizamos um corpus composto por 153 unidades leacutexicas constituiacutedo de
117 substantivos 3 adjetivos 32 verbos e 1 adveacuterbio
Feita a recolha os dados foram organizados em fichas lexicograacuteficas
56
IMAGEM 5 Obra utilizada digitalizada pelo APM
57
331 Fichas lexicograacuteficas
Para sistematizar e analisar os dados elaboramos uma ficha que chamamos de
lexicograacutefica para cada unidade leacutexica selecionada Nesta seccedilatildeo apresentaremos a
constituiccedilatildeo dessa ficha
(Nuacutemero da ficha)
Apresentaccedilatildeo do termo selecionado da obra em formato digital
Apresentaccedilatildeo do termo digitado
______________________________________________________________________
Registro em dicionaacuterios
rarrCunha
rarrBluteau
rarrMoraes e Silva
rarrLaudelino Freire
rarrAureacutelio
Abonaccedilatildeo do termo em Banco de Dados
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Origem
Figura 3 Ficha Lexicograacutefica
a) Do lado esquerdo na parte de cima apresentamos o nuacutemero da ficha lexicograacutefica em
negrito
b) Na primeira divisatildeo da ficha na parte superior destacamos a unidade lexical que seraacute
analisada colando natildeo soacute o termo mas todo o verbete copiado da versatildeo digital da
obra em seguida no lado esquerdo esse verbete eacute digitalizado objetivando desse
modo facilitar a leitura
c) Na segunda parte da ficha destacamos como cada um dos cinco dicionaacuterios consultados
definem o termo Quando isso natildeo ocorre ou seja quando um dos dicionaacuterios natildeo
registra o termo indicamos ldquonerdquo (natildeo-encontrado) no espaccedilo seguinte ao nome do
autor
d) Quando o termo eacute abonado pelo Banco de Dados do Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do
Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI XVII XVIII constituiacutedo por textos da eacutepoca do
Brasil Colocircnia copiamos a abonaccedilatildeo no espaccedilo abaixo da linha pontilhada
e) A uacuteltima parte da ficha eacute composta por comentaacuterios e aponta ainda a origem do termo
Por meio das fichas consultando os autores das obras lexicograacuteficas
correspondentes a periacuteodos diversos podemos visualizar se a unidade lexical em estudo eacute ou
natildeo dicionarizada por um ou mais autores ou por nenhum deles e tambeacutem podemos
conhecer sua origem A ficha aponta ainda se o termo ocorreu ou natildeo no Brasil no periacuteodo
58
colonial Aleacutem de analisar o termo coletado a ficha lexicograacutefica constitui uma boa
ferramenta para nos auxiliar no trabalho de quantificaccedilatildeo e comparaccedilatildeo dos dados
Segue o modelo de uma ficha preenchida
Ficha 43
Calmaria s f (T Naut) Falta de vento
______________________________________________________________________
rarrCunha calma sf bdquogrande calor atmosfeacuterico geralmente sem vento‟ XV bdquoserenidade
sossego‟ 1813 Do it calma derivado do latim tardio cauma e este do grego kauma bdquocalor
ardente chama‟ [] calmaria sf bdquocalma‟ XVI
rarrBluteau Calmaricirca Tanquilidade das aguas do mar Malacia amp Fem Amanheceo o dia
ſeguinte em huma terrivel Calmaria Queirograves Vida do Irmatildeo Baſto pag 351
rarrMoraes e Silva calmaria sf de Naut Tempo de calma no mar em que o navio natildeo surde
ldquoestar o mar em calmariardquo []
rarrLaudelino Freire sf De calma + aria Cessaccedilatildeo do vento e do movimento das ondas
[]
rarrAureacutelio [ De calma + aria] Sf 1 Ausecircncia de ventos eou do movimento das ondas
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
[] por cinco ou seis dias tivemos grandes calmarias trovoadas e chuveiros tatildeo escuros e
medonhos e tatildeo fortes ventos que era cousa despanto e no meio dia ficavamos numa noite
mui escura
PADRE FERNAtildeO CARDIM (1980) [1583] III - INFORMACcedilAtildeO DA MISSAtildeO DO P
CHRISTOVAtildeO GOUVEcircA AacuteS PARTES DO BRASIL - ANNO DE 83 - OU NARRATIVA
EPISTOLAR DE UMA VIAGEM E MISSAtildeO JESUIacuteTICA[A00_0751 p 142]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente Moraes e Silva define calmaria como termo naacuteutico mas todos os
outros dicionaacuterios em suas definiccedilotildees remetem o significado desse termo a tempo e
atmosfera Origem italiana lt latina
FIGURA 4 Ficha Lexicograacutefica preenchida
Nesta parte de construccedilatildeo das fichas nos apoiamos em dicionaacuterios e banco de
dados tomamos como referecircncia o dizer de Bluteau (1712 v1) quando afirma que
As palavras natildeo significam por sua natureza mas por instituiccedilam dos homens amp
cada Naccedilatildeo assim barbara como polida deu principio amp sentido agraves palavras de
que usa Daqui nace que natildeo temos outra prova da propriedade das palavras que o
uso dellas amp deste uso natildeo hatilde evidencia mais certa amp permanente que a q nos fica
nas obras dos Autores ou manuscritas ou impressas
59
332 Sobre os dicionaacuterios consultados
Para a anaacutelise das unidades leacutexicas coletadas contamos com obras lexicograacuteficas
consideradas de referecircncia a saber
a) Vocabulario Portuguez e Latino de autoria de P Raphael Bluteau (seacuteculo XVIII)
Selecionamos esse dicionaacuterio por ser uma obra que contempla grande parte do leacutexico
da liacutengua portuguesa ateacute iniacutecio do seacuteculo XVIII aumentando e atualizando
aproximadamente em cinco vezes o vocabulaacuterio ateacute entatildeo dicionarizado conforme
destaca Verdelho33
e principalmente por ser reconhecido pelos estudiosos da aacuterea
como uma obra de referecircncia nos estudos lexicograacuteficos de liacutengua portuguesa De
acordo com Murakawa (2007 p173) a obra de Bluteau ldquonatildeo eacute uma obra lexicograacutefica
que trata apenas das palavras mas tambeacutem trata de coisas e por isso deve ser
considerada um dicionaacuterio ou um vocabulaacuterio enciclopeacutedicordquo De acordo com a
mesma autora ldquona maioria das vezes a informaccedilatildeo enciclopeacutedica completa a
informaccedilatildeo linguiacutestica das entradas e neste aspecto o Vocabulario se transforma num
repositoacuterio da cultura portuguesa e tambeacutem da cultura universalrdquo34
Ainda sobre a
importacircncia de termos selecionado essa obra que se organiza em torno de um corpus
real de liacutengua apoiamo-nos dizeres em Murakawa (2007 p 187)
Entre os inuacutemeros e variados meacuteritos que o Vocabulario possui um deles merece ser
ressaltado o iniacutecio de uma lexicografia portuguesa baseada em um corpus de
referecircncia organizado a partir de obras dos seacuteculos XV ao XVIII pertencentes aacutes
mais diversas aacutereas de conhecimento do periacuteodo de setecentos e o registro dessas
obras acompanhando os exemplos no interior dos verbetes indicando volume
paacutegina paraacutegrafo foacutelio e quando existia ateacute mesmo a ediccedilatildeo consultada
A composiccedilatildeo do Vocabulario constituiu um longo e conturbado
empreendimento que ocupou quase 50 anos da vida de Rafael Bluteau Na dedicatoacuteria a D
Joatildeo V Bluteau lembra a necessidade de uma obra que fizesse justiccedila agrave grandeza da liacutengua
portuguesa de Portugal e sobretudo do seu rei ldquoobjectivos que conferem ao Vocabulario
uma dupla funccedilatildeo poliacutetica pois para aleacutem de contribuir para a afirmaccedilatildeo do portuguecircs no
panorama linguiacutestico europeu concorre para a construccedilatildeo da imagem de um monarca
ilustrado e mecenasrdquo35
33
VERDELHO 2002 p 23 34
MURAKAWA 2007 p 186-187 35
SILVESTRE 2001 p 2
60
IMAGEM 6 O Vocabulario de Bluteau
61
b) Diccionario da Liacutengua Portugueza de autoria de Antoacutenio de Moraes Silva (seacuteculo
XIX) Tomando como base o Vocabulaacuterio Portuguez e Latino Moraes constroi seu
dicionaacuterio utilizando-se tambeacutem de obras de vaacuterios autores acrescentando outros
mais que P Raphael Bluteau o que talvez por influecircncia do Tribunal do Santo Ofiacutecio
e ainda pela censura literaacuteria tenham sido deixadas por esse uacuteltimo conforme
destaca Murakawa36
Segundo ainda essa autora37
ldquoo Diccionario de Moraes pode
ser considerado como o primeiro dicionaacuterio de uso da liacutengua portuguesa porque os
que o antecederam natildeo podem ser classificados de tal maneirardquo Nesta pesquisa
utilizamos para consulta o volume digitalizado da ediccedilatildeo de 1813
IMAGEM 7 O Diccionario de Moraes Silva
36
MURAKAWA 2007 p31 37
Op cit p119
62
c) O Grande e Noviacutessimo Dicionaacuterio da Liacutengua Portuguesa de Laudelino Freire
(primeira metade do seacuteculo XX) foi escolhido como obra de referecircncia da primeira
metade do seacuteculo XX por tratar-se de um dicionaacuterio que apresenta grande riqueza
vocabular por incluir muitas locuccedilotildees expressotildees e brasileirismos Laudelino de
Oliveira Freire seu autor nasceu em Lagarto SE em 26 de janeiro de 1873 e faleceu
no Rio de Janeiro RJ em 18 de junho de 1937 Formou-se em Direito em 1902 Foi
advogado jornalista professor poliacutetico criacutetico e filoacutelogo Eleito em 1923 para a
Cadeira n 10 na sucessatildeo de Rui Barbosa como membro da Academia Brasileira de
Letras laacute organizou trabalhos em lexicografia tendo apresentado em 1924 um plano
de dicionaacuterio de liacutengua portuguesa A comissatildeo encarregada desse dicionaacuterio foi
dissolvida em 1934 A obra (1939-1944) eacute publicaccedilatildeo poacutestuma composta em cinco
volumes impressa pela editora A Noite com a colaboraccedilatildeo de J L de Campos Vasco
Lima e Antocircnio Soares Franco Juacutenior
IMAGEM 8 Grande e Noviacutessimo Dicionaacuterio da Liacutengua Portuguesa de Laudelino Freire
d) Novo Dicionaacuterio Aureacutelio da Liacutengua Portuguesa de Aureacutelio Buarque de Holanda
Ferreira (2004) Optamos por essa obra pelo fato de este ser considerado como um
dicionaacuterio padratildeo da sociedade brasileira apresentando um vasto repertoacuterio lexical
incluindo grande nuacutemero de brasileirismos Eacute um dicionaacuterio que embora conte com
limitaccedilotildees apresenta grande nuacutemero de abonaccedilotildees de obras variadas exemplificaccedilotildees
exemplos baseados em linguagem falada e escrita indicaccedilatildeo da variabilidade
linguiacutestica no territoacuterio nacional aleacutem de concisatildeo e clareza nas definiccedilotildees
e) Dicionaacuterio Etimoloacutegico Nova Fronteira da Liacutengua Portuguesa de autoria de Antocircnio
Geraldo da Cunha Consta em nossa ficha esse dicionaacuterio com o objetivo principal
esclarecer a origem dos vocaacutebulos e a dataccedilatildeo aproximada da sua entrada na liacutengua
63
portuguesa Outra finalidade da escolha desse dicionaacuterio foi a de identificar as formas
variantes que tais vocaacutebulos adquiriram ao longo do tempo podendo com isso verificar
se algumas dessas formas coincidiam com aquelas encontradas no nosso corpus
Apoacutes a consulta a essas obras visando constatar se os termos selecionados
encontravam-se ou natildeo presentes nelas observando ainda suas origens e as marcas de uso
passamos posteriormente a consultar o Banco de Dados do Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do
Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI XVII XVIII
333 Sobre o Banco de Dados
O Banco de Dados PDHPB CNPq integra o Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do
Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI XVII XVIII e eacute constituiacutedo por uma base informatizada
que reuacutene textos do portuguecircs do Brasil ou sobre o Brasil colonial dos mais variados gecircneros
escritos por autores brasileiros e portugueses radicados no paiacutes desde o seacuteculo XVI
O Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI XVII XVIII
(DHPB) do Programa Instituto do Milecircnio ndash CNPq com sede na Faculdade de Ciecircncias e
Letras da UNESP (Universidade Estadual Paulista) Campus de Araraquara foi idealizado e
construiacutedo pela linguista Maria Tereza Camargo Biderman e com seu falecimento em 2008
estaacute sendo coordenado pela tambeacutem linguista Clotilde de Almeida Azevedo Murakawa Eacute um
projeto de um dicionaacuterio histoacuterico diacrocircnico portanto documental que tem como objetivos
especiacuteficos
1) reunir numa obra de consulta o leacutexico da liacutengua portuguesa que no periacuteodo do
Brasil Colonial fixou um repertoacuterio lexical que veio a constituir o portuguecircs
brasileiro 2) registrar as unidades lexicais substantivos adjetivos e verbos que
compotildeem a nomenclatura do Dicionaacuterio Histoacuterico 3) extrair dos contextos
inseridos no banco de dados todas as acepccedilotildees que a palavra-entrada ou lema
possui acompanhadas do contexto e de completa informaccedilatildeo bibliograacutefica 4)
registrar a data mais antiga que a entrada apresenta no conjunto de todos os
documentos que compotildeem o banco de dados38
Utilizando dois programas computacionais ndash o Philologic e o UNITEX 20 o
Banco de Dados do DHPB foi construiacutedo no Laboratoacuterio de Lexicografia da UNESP sede do
Projeto estabelecido o ano de 1500 com a carta de Caminha a dataccedilatildeo documental mais
antiga e o ano de 1808 data da chegada da famiacutelia real ao Brasil sua dataccedilatildeo mais perto da
contemporacircnea
38
MURAKAWA 2010 p 331
64
Sobre os textos utilizados eles se constituem os mais variados possiacuteveis
conforme nos aponta Murakawa (2010 p334)
Com relaccedilatildeo agrave tipologia das obras escolhidas haacute que se ressaltar que tendo em vista
os objetivos especiacuteficos do DHPB elas foram as mais variadas possiacuteveis obras dos
missionaacuterios viajantes na sua maioria jesuiacutetas que vieram em missatildeo catequeacutetica e
no Brasil se fixaram diaacuterios de navegaccedilatildeo como o de Pero Lopes de Sousa irmatildeo
de Martim Afonso de Sousa cartas de sesmarias roteiros descritivos da flora e
fauna brasileiras descriccedilotildees geograacuteficas cartas e sermotildees do PeVieira pregados
aqui no Brasil e de outros oradores sacros que para aqui vieram obras e
documentos que tratam do Estado do Gratildeo Paraacute durante a era pombalina obras
sobre a nobiliarquia paulistana atos de cacircmaras municipais documentos cartoriais
autos de devassas feitos durante a Inconfidecircncia Mineira processos inventaacuterios
testamentos alvaraacutes posturas bandos atos de doaccedilotildees de terras casas e terrenos
cartas de ofiacutecio patentes cartas dos governadores gerais provisotildees documentos
forenses constituiccedilotildees dos bispados no Brasil regimentos militares obras sobre
medicina farmaacutecia agricultura etc e muitas outras num conjunto que pode ser
considerado ldquomonumentalrdquo para os fins a que foi proposto
Contando com aproximadamente 7 milhotildees e 500 mil ocorrecircncias esse Banco de
Dados por noacutes consultado permitiu que dele extraiacutessemos as unidades lexicais comuns aos
153 termos constantes no nosso corpus em estudo
A utilizaccedilatildeo do Banco de Dados do Projeto DHPB permitiu que conferiacutessemos se
os termos que compotildeem nosso corpus se encontram contextualizados em textos do periacuteodo
colonial brasileiro e ainda que observaacutessemos suas variaccedilotildees
Depois de explicitarmos as posiccedilotildees teoacutericas adotadas e os meacutetodos e
procedimentos de que lanccedilamos matildeo nesta pesquisa passemos no proacuteximo capiacutetulo agrave
descriccedilatildeo e anaacutelise dos dados catalogados em fichas lexicograacuteficas
65
Capiacutetulo 4
66
Capiacutetulo 4 ndash Apresentaccedilatildeo e Descriccedilatildeo dos Dados
Conforme jaacute relatado no Capiacutetulo 3 para cada um dos 153 termos marcados
como ldquotermo naacuteuticordquo no dicionaacuterio DLB construiacutemos uma ficha lexicograacutefica Essa ficha
nos daacute vaacuterias informaccedilotildees 1) transcreve o verbete selecionado do DLB 2) aponta sua origem
3) mostra se o dado selecionado eacute considerado ldquotermo naacuteuticordquo pelos lexicoacutegrafos a) Bluteau
(seacutec XVIII) b) Moraes e Silva (seacutec XIX) c) Laudelino Freire (seacutec XX) d) Aureacutelio (seacutec
XXI) 4) indica por meio de abonaccedilotildees se o termo em estudo ndash na forma apresentada pelo
dicionaacuterio em anaacutelise ou em suas variantes ortograacuteficas e foneacuteticas ndash consta no Banco de
Dados do Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI XVII XVIII
que reuacutene textos escritos por brasileiros ou sobre o Brasil durante o periacuteodo colonial 5)
realizam-se comentaacuterios com o objetivo de fornecer esclarecimentos para posterior anaacutelise
A seguir listamos essas fichas em ordem alfabeacutetica
A
Ficha 1
[]
rarrAba sf [] No plural (T naut) os lados dos machos e femeas em que gira o leme e que
estatildeo pregados no navio e no leme
________________________________________________________________ rarrCunha aba
1 sf bdquoparte pendente de um objeto‟l XIII abaa XIV l De origem duvidosa
talvez se filie ao lat ălăpa atraveacutes de uma forma ăpăla como se poderia depreender do port
ant abaa []
rarrBluteau Diz-ſe da extremidade ou de algum acrecentamento na extremidade de couſas
naturaes ou artificiaes como em obras de marcenaria carpintaria amp outras []
rarrMoraes e Silva natildeo consta com essa acepccedilatildeo
rarrLaudelino Freire sf [] 4 Os lados de uma cousa as metades as partes laterais as
bandas aba da focirclha da janela etc
rarrAureacutelio [] 3 Prolongamento ger dobraacutevel de tampo de mesa ou de outros moacuteveis []
8Fig Proteccedilatildeo amparo arrimo
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo existem ocorrecircncias de aba como termo
naacuteutico
_______________________________________________________________ Comentaacuterios nenhum dos dicionaacuterios define aba como termo naacuteutico Origem duvidosa
(latina)
67
Ficha 2
Abotoadura sf [] No plur (T naut) As peccedilas de ferro que estatildeo debaixo das mezas e
seguratildeo as enxarcias com suas bigotas Abotucaduras parece ser corrupccedilatildeo deste vocabulo ______________________________________________________________________
rarrCunha abotoado ndashadura -amento -ar rarr BOTAtildeO [] Do a francecircs AbotoADURA
1813 botoadura XIV
rarrBluteau Abotoadugravera (Termo de navio) Satildeo huns ferros que vem debaxo das mezas de
guarniccedilatildeo amp tem matildeo na enxarcia com ſuas bigotas
rarrMoraes e Silva abotoaduacuteras s f pl naut Peccedilas do navio de ferro que vem debaixo das
mezas de guarniccedilatildeo e tem matildeo na enxarcia com suas bigotas
rarrLaudelino Freire sf De abotoar + dura Ato de abotoar []Jocircgo de bototildees que se
tomam no aparelho do navio com linha alcatroada em forma de cruz etc ABOTOADURAS
sf pl O mesmo que abatocadurasABATOCADURAS sf pl De abatocar + dura ndash s Naacuteut
Nome geneacuterico que designa as cadeias chapas e cavilhas que seguram as mesas das enxaacutercias
reais contra o costado do navio Var morf Batocaduras
rarrAureacutelio [De abotoar + -dura] SF Marinh Conjunto de bototildees que ligam dois cabos ou
duas pernadas do mesmo cabo
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo existem ocorrecircncias de abotoadura
abotoaduras abotucaduras abatocaduras como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios consultados apresentam abotuadura(s) como termo
naacuteutico ou da marinha ou de navio Origem francesa
Ficha 3
Abroquelar va cobrir com broquel (T nau) Bracear por sota vento ao virar de bordo
depois de ter dado geito ao braccedilo do velaxo por barlavento
______________________________________________________________________
rarrCunha abroquelar BROQUEL sm bdquoescudo antigo redondo e pequeno‟bru- XVIDo a
francecircs bocler (hoje bouclier) de bocle bdquoguarniccedilatildeo de metal no centro do escudo‟ e este do
latim bŭcŭla dim de bucca bdquoboca‟ AbroquelAR XVII abru- XVI
rarrBluteau natildeo consta
rarrMoraes e Silva ABROQUELAacuteR vat Cobrir com broquel sect __se no f guardar-se
forrar-se emparar-se Arte de furtar p 322
rarrLaudelino Freire ABROQUELAR Naacuteut Bracear por sotavento ao virar de bordo depois
de ter dado jeito ao braccedilo do velacho por barlavento
rarrAureacutelio [De a-2 + broquel + -ar
2] [] 2 Resguardar ou cobrir com broquel ou escudo 3
Fig Proteger defender resguardar escudar []
68
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo existem ocorrecircncias de abroquelar como
termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios somente Laudelino Freire aponta abroquelar como termo naacuteutico Sua
definiccedilatildeo eacute idecircntica agrave do DLB Origem francesa
Ficha 4
[]
Accedilafratildeo sm ndashotildees no plur [] T Naut o largo do leme justo ao couce que serve para
facilitar o movimento delle
______________________________________________________________________
rarrCunha sm bdquoplanta da fam das iridaacuteceas‟ ccedilaffram XIV Do aacuterabe az-zafaran rarrBluteau AacuteCAFRAM [] do Arabico Zabafaran[] Accedilafratildeo (Termo de naacutevio) He o
largo do leme junto agrave patelha amp ſerve para facilitar o movimento do meſmo leme
rarrMoraes e Silva ACcedilAFRAtildeO sm t naut O largo do leme junto agrave patelha o qual serve
para facilitar o seu movimento
rarrLaudelino Freire ACcedilAFRAtildeO sm Aacuter Azzaferan Planta bulbosa da famiacutelia das iridaacuteceas
(Crocus sativus) Naacuteut Madeira exterior larga junto a palhecircta do leme ao qual facilita os
movimentos
rarrAureacutelio accedilafratildeo [Do aacuter az-zalsquofarăn do persa] Sm Bot Planta herbaacutecea da famiacutelia das
iridaacuteceas (Crocus sativus) de procedecircncia europeia e possuidora de um bolbo perene 2 Bot
A flor dessa planta accedilaflor 3 Bras V urucu1 (2)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo apresenta ocorrecircncia para accedilafratildeo como
termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Aureacutelio e Cunha soacute definem accedilafratildeo como nome de planta Os outros
dicionaacuterios apontam accedilafratildeo como 1) nome de planta 2) termo naacuteutico Origem aacuterabe
Ficha 5
Agarruchar va (T naut) atar com garruchas
______________________________________________________________________
rarrCunha Garrocha gt garra ceacuteltico
rarrBluteau AGARROCHAR Ferir com garrocha Jaculo figere transfigegravere transverberare
Vid Garrocha
rarrMoraes e Silva AGARRUCHAR v at Naut Apertar atar com garruchas [] mesuraratildeo
as velas e agarruchaacuteratildeo os papafigos
rarrLaudelino Freire AGARROCHAR v tr dir De a + garrocha + ar Ferir com garrocha
farpear Instigar excitar incitar estimular AGARRUCHADO adj p p de agarruchar1
Naacuteut Apertado com garruchas AGARRUCHAR [] Ant Naacuteut Atar ou apertar com
garruchas
rarrAureacutelio agarruchar [De a-2+ garrocha + -ar
2 ] V td 1 Apertar ou atar com garrucha (2)
[Cf agarrochar e agarrunchar] agarrochar [De a-2
+ garrocha + -ar2
] Vtd 1 Ferir ou
picar com garrocha garrochar 2 Incitar estimular 3 Atormentar mortificar []
agarrunchar [] Vtd Ligar com garruncho []
69
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo apresenta ocorrecircncia para agarruchar
como termo naacuteutico
_____________________________________________________________________
Comentaacuterios Moraes e Silva e Laudelino Freire apontam agarruchar como termo naacuteutico
Origem duvidosa (ceacuteltico)
Ficha 6
Alcaxas sf (T naut) Espaccedilo entre cinta e cinta do navio
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau T de navio He tomado o vatildeo entre cinta amp cinta da banda de fora da nao
rarrMoraes e Silva sf pl t naut O vatildeo entre cinta e cinta pelo costado do navio
rarrLaudelino Freire ALCAXAS sf O mesmo que alcaichaALCAIXA Naacuteut 1 Espaccedilo
entre as cintas e verdugas por fora dos navios 2 Faixa branca pintada na altura da bateria
pela parte exterior 3 Uma ou mais ordens de debrum branco no colarinho das camisas dos
marinheiros
rarrAureacutelio natildeo constam os lemas alcaicha alcaxa alcaixa alcaxas
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo apresenta o termo alcaxas e suas
variantes
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Bluteau Moraes e Laudelino apresentam alcaxas como termo naacuteutico
Origem controvertida (Houaiss 2001)
Ficha 7
Aldrope sm (T nautico) cabo que se ata agrave manga da bomba V Gualdrope
Gualdrope sm Cabo que se ata no extremo da cana do leme e nas amuradas para o governar
melhor
______________________________________________________________________
rarrCunha aldrope- sm bdquocabo com que se puxa a picota da bomba a bordo ou se auxilia o
governo do leme‟l aldrope XVI gualdrope XVIII l Do ing guide-rope provavelmente
rarrBluteau ALDROPE (Termo de navio) Vid Gualdrope Sem largarem os Aldropes das
bombas das matildeos de dia nem de noite
rarrMoraes e Silva ALDROacutePE sm Cabo que se ata aacute manga da bomba para augmentar a
forccedila ou para poderem zonchar mais pessoas Couto 415sect Talvez se toma poacutelo manuacutebrio ou
manga e seraacute o mesmo que Gualdrope cabo que se ata ao leme para o segurar melhor e
governa-lo Idem 7103
rarrLaudelino Freire ALDROPE sm O mesmo que galdropeGaldrope sm Naacuteut Cabo
com que se puxa a picota da bomba a bordo ou se auxilia o governo do leme
rarrAureacutelio aldrope- (Galdrope [Do ing guide rope]) Sm Constr Nav Ant V gualdrope
Gualdrope [Var De galdrope lt ingl guide-rope] Sm Const Nav 1 Corrente cadeia ou
cabo de arame que transmite agrave cana do leme os movimentos da roda do leme [] 2 Nas
embarcaccedilotildees miuacutedas cada um dos cabos presos agraves duas pontas da meia-lua do leme para
manobra deste
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo constam aldrope e suas variantes
______________________________________________________________________
70
Comentaacuterios Em todas as obras consultadas aldrope e gualdrope satildeo termos ligados a arte
de navegaccedilatildeo Origem inglesa
Ficha 8
Alestar va Por lesto Ter prestes ccedilafar entre os naacuteuticos
______________________________________________________________________
rarrCunha alestar natildeo consta Lesto de origem obscura
rarrBluteau LESTO O meſmo que leſtes Vid No ſeu lugar (De maneira que ficou leſto o
navio Britto Viagem do Braſil pag 85) LESTES amp preſtes Preparado poſto em ordem
couſa prompta para algum fim Paratus a um Cic Vid Preſtes
rarrMoraes e Silva ALEacuteSTAR vat fazer lesto desembaraccedilar Amaral f51v mandou alestar
as peccedilas do leme que vinhatildeo recolhidas ieacute ter prestes safar se natildeo eacute erro por assestar
rarrLaudelino Freire ALESTAR vrv De a + lesto + ar Tornar lesto pronto ou
desembaraccedilado (tr dir pr) ldquoAlestar os empregadosrdquo ldquoMinerva o enrija e alestardquo (Odorico
Mendes) ldquoAleste-se
rarrAureacutelio ALESTAR [De a-2 + lesto + -ar
2] []1 Tornar(-se) lesto apressar(-se) ativar(-
se)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Cinco dias se deteve a caravela em Cabo-Verde os quaes acabados levou ferro e se pocircz
lesta a seguir viagem aos 26 do mesmo Dezembro []
PADRE JOSEacute DE MORAES (1860) [1759] LIVRO III - ENTRADA DA COMPANHIA DE
JESUS NA CAPITANIA DO GRAtildeO-PARAacute - CAP X - FELIZ VIAGEM PARA A MISSAtildeO DO
MARANHAtildeO DO GRANDE PADRE ANTONIO VIEIRA GRANDE EMBARACcedilO QUE TEVE
ANTES DA SUA PARTIDA PODERES E MERCEcircS COM QUE O DESPEDIO O PIISSIMO E
SEMPRE AUGUSTO REI O SR D JOAtildeO IV [A00_0279 p 281]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios nenhum dos dicionaristas apontam alestar como termo naacuteutico embora
Bluteau e Moraes apresentem abonaccedilotildees indicando que esse lexema remete ao universo
mariacutetimo Origem obscura
Ficha 9
[]
Alforge sm [] Alforges no Navio he a parte da poppa nos encontros e a reacute com humas
janellas para os lados que lhe servem de ornato
______________________________________________________________________
rarrCunha alforje sm ldquoduplo saco fechado nos extremos e aberto no meio‟ 1899 alforge
XVI alforja 1871 l Do ar Al- hurğ
rarrBluteau ALFORGE ou Alforges he huma eſpecie de ſacola de couro ou de outra mateacuteria
dividida em duas algibeiras em que ſe mete alguma proviſaotilde neceſſaria para a jornada amp nas
beſtas ſe potildeem nas ancas ou de huma amp outra parte do arccedilaotilde da ſella amp na gente de pegrave ſe
carrega nos ombros co hua parte ao peito amp outra agraves coſtas Derivaſe Alforge do Araacutebico
Ahfodia amp do verbo Ahfad que valo meſmo que guardar porque no Alforge guarda o
viandante o que leva para o ſeu ſuſtento []
rarrMoraes e Silva Apresenta alforje mas natildeo como termo naacuteutico
71
rarrLaudelino Freire ALFORJE sm Ar Al-khurj [] ALFORJES s m pl Naacuteut Saliecircncias
nos dois cantos da pocircpa
rarrAureacutelio alforge ou alforje- s m [Do aacuter al-hurğ] 1 Duplo saco fechado nas extremidades
e aberto no meio formando como que dois bornais que se enchem equilibradamente sendo a
carga transportada no lombo de cavalgaduras ou ao ombro de pessoas []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo apresenta ocorrecircncias para alforje alforge
como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios dentre os dicionaristas consultados somente Laudelino Freire aponta alforjes
(na forma plural) como termo naacuteutico Origem aacuterabe
Ficha 10
Almeida sm (T naut) O vatildeo por onde entra a cana do leme acima do cadaste
______________________________________________________________________
rarrCunha almeida sf bdquoabertura por onde entra a cana do leme‟ XVI De origem controvertida
rarrBluteau Almeida do leme ou almeida da nao He por onde entra a cana do leme por cima
do cadaſte Naotilde ſei que tenha nome proprio latino Calcule pella Almeida da nao abaixo em
bergantim Barros Decad 2 fol68 col2
rarrMoraes e Silva ALMEIDA sft de Naut O vatildeo por onde entra a cana do leme por cima
do cadaste A almeida do leme Barros
rarrLaudelino Freire ALMEIDA s f Ar Almayda Naacuteut Abertura ou vatildeo por onde entra a
cana do leme acima do cadaste parte cocircncava da popa do navio
rarr Aureacutelioalmeida S f Constr Nav 1 Parte curva do costado dos antigos navios de popa
quadrada logo abaixo do painel da popa e que com este forma acircngulo obtuso ou uma
curvatura
rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo apresenta ocorrecircncias para almeida como
termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todas as obras indicam almeida como termo naacuteutico Origem aacuterabe (Sousa
amp Moura)
Ficha 11
Amura sf (T naut) cabo grosso que prende nos punhos das vegravelas e se fixatildeo na amurada
______________________________________________________________________
rarrCunha muro sm Amura sf bdquotipo de cabo naacuteutico‟ XVI Der Regress De amurada
rarrBluteau Amugravera Termo de navio He hum cabo groſſo que vai do punho da vela grande amp
do traquete a borda da nao para eſtender as velas quando o vento he eſcaſſo Naotilde tem palavra
propria latina
rarrMoraes e Silva AMURA s f t naut A quadra de proa nas embarcaccedilotildees Cast 2 c 101 sect
it Cabo que prende em uma ponta da vela grande e a vem fixar na borda ou amurada da naacuteo
rarrLaudelino AMURA s f Cabo com que se mareiam os papafigos e as velas menores
cutelos e varredouras 2 Quadra da proa
rarrAureacutelio amura [Der regress de amurada] S f 1 Constr Nav Bochecha (3) 2Marinh
Cabo com que se puxa para vante o punho de barlavento de uma vela redonda de modo que
ela receba bem o vento 3 MarinhCabo com que se prende ao mastro ou na direccedilatildeo da proa
o punho da amura de uma vela latina
72
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo conteacutem o termo amura Origem
portuguesa lt latina
Ficha 12
Amurada s f (T naut) A parte exterior e interior do navio onde se fixatildeo as amuras
______________________________________________________________________
rarrCunha amura -ada ndash MURO sm bdquoparede forte que circunda um recinto ou separa um
lugar do outro‟ fig defesa proteccedilatildeo XIII Do latim murus ndashi Amura sf 1tipo de cabo
naacuteutico‟ XVI Der Regress de AmurADA sf 1face interna do costado de uma embarcaccedilatildeo‟
XVI []
rarrBluteau AMURADAS da nao caravela ou outra Embarcaccedilaotilde Saotilde mais altos da parte de
dentro Latera navis interiora Nas Amuradas das caravellas Damiaotilde de Goes Fol 70 col 3
rarrMoraes e Silva AMURAacuteDA s f A parte mais alta dos bordos da natildeo onde se fixatildeo as
amuras Goacutees Cron Man 70 sect O costado do navio pola parte de dentro ldquo encostar-se nas
amuradasrdquo correu o canhatildeo contra a amurada de bombordordquo
rarrLaudelino Freire AMURADA s f De amura + ada Prolongamento do costado do navio
acima da parede interna do casco
rarr Aureacutelio [F subst de amurado]S f 1 Constr Nav Face interna do costado de uma
embarcaccedilatildeo2 Constr Nav Prolongamento do costado da embarcaccedilatildeo acima do conveacutes
descoberto borda da embarcaccedilatildeo 3 P ext Muro de arrimo paredatildeo
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Muito conʃiderada ʃeragrave a eleiccedilatildeo dos Cabos para aʃsiʃtir agrave polvora trazer cartuxos apagar
fogo cudado da artelharia do arpeo amp ronda das amuradas com lenternas em vigia das
balas ao lume da agoa para as tomarem por dentro
FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR () [A00_2496 p 61]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todas as obras consultadas apresentam amurada ou amuradas como termo
naacuteutico Origem portuguesa lt latina
Ficha 13
Anrique sm (T naut) Corda em que a boia se prende aacute ancora
______________________________________________________________________
rarrCunha consta ourinque sm bdquoespeacutecie de espinhel‟ l XVI ourinquis pl XV l O voc port
talvez se relacione com o cast orinque o a cat orri e o fr orin todos derivados do neerl
ooring bdquoanel que sutenta o cabo das embarcaccedilotildees‟
rarrBluteau ANRIQUE da Anchora He huma corda que ſe amarra na unha da Anchora amp
vem acima da agoa amp na ponta ſe lhe potildeem huma boya Serve paraq cortandoſe a amarra
com que a nagraveo eſta amarrada ſe vacirc depois buſcar a Ancora Naotilde tem palavra proacutepria latina Na
Historia de Fern Mendes Pinto fol 262 col2 eſta erradamente Ourique em lugar de
Anrique
rarrMoraes e Silva ANRIacuteQUE s m t de Naut Corda com que se prende a boya aacute unha da
ancora
rarrLaudelino Freire ANRIQUE s m Corda com que se prende a boacuteia agrave unha da acircncora
rarrAureacutelio arinque1 [Var de ourinque (q v)]Sm Marinh1Linha que prende o ferro a uma
boacuteia para indicar a posiccedilatildeo daquele quando se encontra fundeado ourinque anrique arinque2
S m Bras SC 1 Espeacutecie de espinhel
73
rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo conteacutem o termo anrique
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam anrique como termo naacuteutico Origem
castelhana (orinque) lt neerlandesa (ooring)
Ficha 14
Arfar va (T Naut) Metter o navio hora a proa hora a poppa
______________________________________________________________________
rarrCunha arfar vb bdquorespirar com dificuldade ansiar ofegar‟ XVI Talvez do lat vulg
arefāre (claacutess arefacegravere bdquosecar‟) arfANTE 1899
rarrBluteau ARFAR (Termo Nautico) Arfar a naacuteo Levantar a naacuteo com alternadas agitaccediloens
a popa amp a proa Arfa a nao [] A grande capitania que recebe Com aproa ogroſſo mar que
Arfando (bebePereira Ulyſſca Cant 5 oit 16Arfar []
rarrMoraes e Silva ARFAR v n Balancear erguendo-se e tombando ou pendendo a naacuteo
Euf 25 B 3 7 sect Arfar o cavalo empinar-se por-se em femeas sect fig Restituir-se a cima a
coisa elastica acurvada v g as tranccedilas da palmeira arfatildeo com algum peso
rarrLaudelino Freire ARFAR v r v Naacuteut Balancear ou oscilar o navio abaixando ora a
popa ora a proa jogar (intr) ldquoNo oceano arfam trecircs caravelasrdquo (Pocircrto Alegre) ldquoQue importa
a borrasca se a nau tem a prende-la os rijos dentes de ferro da acircncora
rarrAureacutelio arfar [Do lat vulg arefare ltlat arefacere secar poss] [] 4Mar Balouccedilar
oscilar (a embarcaccedilatildeo) no sentido longitudinal erguendo a proa []
rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq
As naus entre montanhas de mar ainda quando arfavam mal se viam
JOSEacute ALVARES DE OLIVEIRA (1981) [nd] HISTOacuteRIA DO DISTRITO DO RIO DAS
MORTES SUA DESCRICcedilAtildeO DESCOBRIMENTO DAS SUAS MINAS CASOS NELE
ACONTECIDOS ENTRE PAULISTAS E EMBOABAS E CRIACcedilAtildeO DAS SUAS
VILAS[A00_0395p95]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam arfar tambeacutem como termo naacuteutico
Origem duvidosa (latim vulgar)
Ficha 15
Arriar v a (T Naacuteutico) Abaixar ou alargar a vela a bandeira etc
____________________________________________________________________
rarrCunha arriar vb bdquoabaixar descer ( o que estava suspenso ou levantado)‟ XVI Do cast
arriar deriv Do lat arrēdāre ldquopreparar dispor‟ Cp ARREAR
rarrBluteau ARRIAR ou Arrear (Termo Nautico) Alargar abater amp Arriar a eſcota He
alargar a ditta corda paraque naotilde tome a vela tanto vento Verjoriam laxare Arrias velas V
Amainar O que eſtiver de ſotavento Arrie o velacho Britto Viagem do Brazil pag 268
Arriar a bandeira Abaxalla Bellicum vexilium demittere (mitto ) pondolhe a proa com
a bandeira que Arriaracirc amp iſſaracirc com eſpaccedilo Britto Viagem do Braſil paacuteg 269
rarrMoraes e Silva ARRIAacuteR v at Abater amainar vg arriar as bandeiras velassect
Afroixar vg arriar as escotas para que a veacutela natildeo vaacute tatildeo enfunada sect Arriar-se segurar-se a
cabo para se alar para algum posto Cast 2 157
rarrLaudelino Freire ARRIAR vr 2ordf- Arriar eacute abaixar e em sua origem tecircrmo naacuteutico
Arriar a vela ( ad-retro ad-retrare cf francecircs cognato arriegravere)
74
rarrAureacutelioarriar [Do cat arriar] Verbo transitivo direto1Abaixar descer (o que estava
suspenso ou levantado) [] 4Marinh Deixar correr pouco a pouco (um cabo que aguenta um
peso)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
O que deʃcubrir vellas amp natildeo forem das noʃʃas tiraragrave hũa peʃʃa ʃeguindo-as com o farol aʃezo
para o acompanharem os mais Se as eʃtrangeiras paʃʃarem de duas tantas vezes como forem
as embarcaccedilotildees iʃʃaragrave amp arriaragrave hum farol de correr junto ao principal para advertirʃe que
eʃte movimento natildeo he do mar amp deʃparando hũa peʃʃa a Capitana volte aviʃala
FRACISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 59]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterio apesentam arriar entre outras acepccedilotildees como termo do
universo mariacutetimo acima consultados Origem castelhana
Ficha 16
[]
Arruella sf [] (T Nautico) Argolinhas de ferro
_____________________________________________________________________
rarrCunha arruela sf bdquochapa com furo circular pelo qual se introduz o parafuso a fim de que a
porca natildeo desgaste a peccedila que vai ser aparafusada‟ XV rroela XIV Do ant fr roelle (hoje
rouelle) deriv Do lat tard rotella dim De rǒta bdquoroda‟
rarrBluteau ARRUELAS Arruelas (Termo de Navio) Saotilde humas argolinhas de ferro que ſe
metem nas cavilhas ate ajuſtar o buraco para ſe lhe meter a chaveta Naotilde tem termo proprio
Latino
rarrMoraes e Silva (arrueacutella) [] t de Naut Arruellas satildeo argolinhas de ferro que se mettem
na cavilha ate ajustar o buraco para se lhe metter a chaveta aninas lhe chamatildeo nos engenhos
d‟assucar
rarrLaudelino Freire ARRUELA sf Fr Ant roele Circunferecircncia em forma de moeda em
escudos heraacuteldicos 3 Pedaccedilo redondo de prata que se obteacutem vazando a prata fundida no
tijolo 4 Chapa de ferro na ponta da cavilha 5 Arco de ferro para apertar ou reforccedilar
usado em construccedilotildees navais
rarrAureacutelio arruela [De ar-4 + ruela
2] sf 1Chapa redonda de accedilo com furo circular na qual
se mete o parafuso a fim de que a porca natildeo desgaste a peccedila que vai ser aparafusada 2Heraacuteld
Besante de brasatildeo roel 3Pedaccedilo de prata lavrado em tijolo
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
As aſpas da Roda larga amp grande ſuſtentaotilde aos arcos o
interior da meſma Roda entre os dous arcos della aſſegurados cotilde muitas cavilhas de ferro amp
com ſuas arruellas amp chavetas meti
ſuas voltas ſegura
ANDREacute JOAtildeO ANTONIL (1711) [1711] LIVRO II - CAPITVLO I - DA EſCOLHA DA
TERRA PARA PLANTAR CANNAS DE AſſUCAR amp PARA OS MANTIMENTOS
NECEſſARIOS amp PROVIMENTO DO ENGENHO [A00_2577 P 48]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios de todos os dicionaacuterios acima consultados soacute o Aureacutelio natildeo apresenta arruela
como termo naacuteutico Origem francesa
75
Ficha 17
Avencadura ou Ovencadura (T naut) Enxarcia real
______________________________________________________________________
rarrCunha Natildeo constam avencadura e ovencadura Consta oveacutem sm bdquo(Marinh) cordas
grossas de navio‟ 1813 Do a fr hobent (ou hobenc) deriv do escandinavo ant houmlfuđbendur
(pl de houmlfuđbenda) de benda bdquocorda‟ e houmlfuđ bdquocabeccedila‟
rarrBluteau AVENCADURA Avenccediladugravera (Termo de Marinhagem) Chamaotilde-lhe outros
Enxarcia Real Vid Ovencadura Qual voltando pela Avencadura Na antena mayor contra a
procella A vela grande quer ver amainada Inful De Man Thomas livro 2 oit 86
rarrMoraes e Silva AVENCADURA V Ovencadura Enxarcia real T de Naut
OVENCADUacuteRA (ovencaduacutera) s f t de Naut A enxarcia real o feixe ou totalidade dos
ovens OVEacuteM (oveacutem) s m t de Naut Nome commum a todo cabo que serve de ter matildeo nos
mastros descendo das gargantas dlsquoelles ate aacutes mesas de guarniccedilatildeo
rarrLaudelino Freire AVENCADURA s f Ant O mesmo que ovencadura
OVENCADURA s f Naacuteut Conjunto de oveacutens a enxarcia real OVEacuteM s m Antfr hauban
Naacuteut Cada um dos cabos que aguentam os mastros para a borda
rarrAureacutelio natildeo constam avencadura e ovencadura Consta oveacutem Oveacutem [Do escand ant
houmlfudbendur pelo fr ant hobent ou hobene] Substantivo masculino 1Constr Nav Cada
uma das pernadas da enxaacutercia Desarmam o toldo de lona agrave proa [] colhem os guardins as
enxaacutercias os oveacutens os brandais todo o cordame em suma capaz de ser tocado pela ramaria
do arvoredo debruccedilado na calha (Raimundo Moraes Na Planiacutecie Amazocircnica p 77)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Que experimentamos jaacute quando noutra jornada do Braſil padecernos nelle hum horrivel
naufragio De preſente pela forccedila com que jugava ſurto na Ilha da Madeira abrio o calcegraves
por duas partes rebentando o eſtay mayor amp muita avencadura
FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 14]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios de todos os dicionaacuterios acima consultados soacute o Aureacutelio natildeo apresenta
avencadura ovencadura Os outros apresentam esse lexema como termo naacuteutico Origem
francesa
B Ficha 18
Banzeiro adj (T Naut) Diz-se do mar quando natildeo faz grandes ondas e do jogo que anda
igual para os parceiros
______________________________________________________________________
rarrCunha banzar bdquoespantar pasmar surpreender‟ 1813 Do lat bilanceare de bilancia
bdquobalanccedila‟ Do significado primitivo de bdquooscilar mover-se como balanccedila‟ passaria ao de
ondear‟ de que resultaria o de bdquoficar estonteado‟ [] banzeiro XVI
rarrBluteau BANZEIRO Inquieto Mal ſeguro Mar banzeiro nem quieto nem tormentoſo
[] Mas como o mar com a calamaria andave Banzeiro Barros I Decfol27colI []
rarrMoraes e Silva BANZEgraveIRO adj t de Naut Diz-se do mar que natildeo tem ondas mas que se
agita vagarosamente []
76
rarrLaudelino Freire banzeiro adj Diz-se do mar quando faz pequenas ondas e se agita
vagarosamente []
rarrAureacutelio Adjetivo 1 Diz-se do mar que se agita vagarosamente e em pequenas ondas []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Os mesmos remos padeceratildeo tantas falhas no seu exerciacutecio quantas forem as inconstacircncias
assim no mar como dos navios inquietos e inclinados jaacute para um e para outro lado nos
mares banzeiros e muito mais nos alterados e assim muitas e muitas vezes natildeo chegaratildeo a
aacutegoa e circularatildeo em seco apontando os ares mas natildeo virando os mares
PADRE JOAtildeO DANIEL (1976) [1757] PARTE SEXTA - DO TESOURO DESCUBERTO NO
RIO MAXIMO AMAZONAS - CONTEacuteM INVENTOS UacuteTEIS E CURIOSOS PARA A MELHOR
FAZENDO NAVEGACcedilAtildeO PROacuteSPEROS TODOS OS VENTOS AINDA OS MAIS
PONTEIROS E CONTRAacuteRIOS E PARA FAZER NAS CALMARIAS BOA VIAGEM COM
NOVA INVENCcedilAtildeO DE REPRESAR AS MAREacuteS PARA MOEREM FAacuteBRICAS E INGENHOS
DE MOTO CONTIacuteNUO ACCRESCEM ALGUMAS OUTRAS IDEacuteAS DE INGENHOS
MANUAES PARA SERRAR MADEIRA FAZER ACcedilUacuteCAR E MUITOS OUTROS NAtildeO
MENOS CURIOSOS QUE UacuteTEIS A VIDA HUMANA - CAP 2deg - SOBRE A MESMA
MATEacuteRIA DO PRIMEIRO INVENTO [A00_1965 p 393]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterio apesentam banzeiro entre outras acepccedilotildees como termo do
universo mariacutetimo Origem portuguesa lt latina
Ficha 19
Barbear va Fazer as barbas a algueacutem vn (T Naut) Estar prezo
______________________________________________________________________
rarrCunha barba ndash sf bdquocabelos do rosto do homem‟ XIII Do lat barba ndashae []
rarrBluteau BARBEAR Fazer a barba Cic Barbear (Termo Nautico) Barbeando os navios
ſobre as amarras trinta amp outo dias Britto Viagem do Braſil pag 180
rarrMoraes e Silva BARBEacuteAR vat Fazer as barbas a alguemsect vnt de Naut estar
abarbado preso vg barbeando os navios sobre a amarra Brito Viag
rarrLaudelino Freire BARBEAR vrv De barba + ear Fazer ou talhar as barbas a (tr dir
pr) [] 2 Abarbar (o cavalo) para medir a alccedilada (tr dir) [] 3Amarrar (tr dir)
rarr Aureacutelio barbear [De barba + -ear2] Verbo transitivo direto 1Fazer a barba a Verbo
pronominal2Fazer a proacutepria barba []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Depois que com ſingular felicidade eſtiveratildeo ſem nenhum dano tantos navios barbeando
ſobre a amarra trinta amp oito dias no perigoſo ſurgidouro da Coſta do Recife aacute terccedila feira da
Semana Santa onze de Abril principiamos noſſa derrota
FRACISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR () [A00_2496 p 36]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Bluteau e Moraes e Silva apresentam barbear como termo naacuteutico
significando ldquoprender estar presordquo Na 3ordf acepccedilatildeo desse verbo Laudelino Freire define-o
como amarrar mas natildeo o classifica como termo naacuteutico Origem portuguesa lt latina
77
Ficha 20
Barcolas sf plur (T Naut) As bordas onde encaixatildeo os quarteis de fechar as escotilhas
______________________________________________________________________
rarrCunha barc∙ o -ola rarr BARCA - bdquotipo de embarcaccedilatildeo‟ XIII Do lat tard barca de
origem hispacircnica [] barcOLA 1899
rarrBluteau BARCOLAS Barcocirclas (Termo de navio) Saotilde humas bordas mais altas em que
encaxatildeo os quarteis com que ſe cobrem as eſcotilhas amp deſpois ſe paſſa hum varatildeo ou cadeu
de ferro em que ficaotilde fechadas Naotilde temos palavras propria Latina
rarrMoraes e Silva BARCOacuteLAS (barcoacutelas) s f plur T de Naut As bordas onde encaxatildeo os
quarteis de fechar as escoltilhas
rarrLaudelino Freire BARCOLAS sf pl Naacuteut Bordas em que se encaixam os quarteacuteis de
fechar as escotilhas
rarrAureacutelio natildeo consta
rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Aureacutelio natildeo apresenta o lexema barcola Em todos os outros dicionaacuterios esse
lexema eacute apresentado como termo naacuteutico Origem hispacircnica lt latina
Ficha 21
Barquilha sf Peccedila atada a hum cordel comprido com que os navegantes medem o espaccedilo
que o navio vence com certo vento
______________________________________________________________________
rarrCunha barca ndash do latim tardio barca de origem hispacircnica
rarrBluteau natildeo consta barquilha mas barquinha ndash [] He como um barco de pescar ordinario
mas com quilha alta amp torre por baixo que vem de proa ateacute popa amp os furos por onde vai a
corda com facilidade []
rarrMoraes e Silva BARQUIacuteLHA (barquiacutelha) s f t Naut Peccedila de madeira da feiccedilatildeo de um
quarto de circulo atada a um longo cordel a qual se lanccedila por popa e dando-se-lhe corda por
tempo medido pela ampolheta se recolhe para saber-se o espaccedilo que o navio vinga com certo
vento em certo tempo e isto pouco mais ou menos outros dizem barquinha
rarrLaudelino Freire BARQUILHA s f De barca + ilha Mar Peccedila de madeira de forma
triangular ou dum quadrante precircsa a um cordel que se lanccedila da pocircpa dum navio para avaliar a
velocidade da sua marcha barquinha
rarrAureacutelio natildeo consta barquilha consta barquinha ndash [Dim de barca] Substantivo
feminino[] 4Ant Naacuteut Dispositivo com que na eacutepoca dos descobrimentos mariacutetimos do
seacutec XV se determinava a velocidade do navio
rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq
A praacutetica que usam os navegantes sobre a navegaccedilatildeo de Leste a Oeste eacute ordinariamente a
que chamam barquinha que eacute uma taboinha no fim de um comprido cordatildeo enrodilhado em
um rodiacutezio a qual taboinha largam sobre o mar da popa abaixo tendo na matildeo uma
ampulheta e segundo a velocidade com que o peso da barquinha levada das aacutegoas
desenrola o cordel do seu rodiacutezio inferem a velocidade ou andadura do navio para o que o
cordel tem sua conta que regulam pela ampulheta e dela foram seus caacutelculos e destes suas
ideacuteas de quanto anda em cada minuto em cada quarto em cada hora e em cada sangradura
78
Quatildeo sujeita seja a erros esta barquinha se pode logo inferir do seu cocircmputo e caacutelculo que
natildeo eacute outra cousa mais que uma conjectura ou estimativa tatildeo irregular e diversa como a
diversidade dos pilotos e navegantes
PADRE JOAtildeO DANIEL (1976) [1757] PARTE SEXTA - DO TESOURO DESCUBERTO NO
RIO MAXIMO AMAZONAS - CONTEacuteM INVENTOS UacuteTEIS E CURIOSOS PARA A MELHOR
FAZENDO NAVEGACcedilAtildeO PROacuteSPEROS TODOS OS VENTOS AINDA OS MAIS
PONTEIROS E CONTRAacuteRIOS E PARA FAZER NAS CALMARIAS BOA VIAGEM COM
NOVA INVENCcedilAtildeO DE REPRESAR AS MAREacuteS PARA MOEREM FAacuteBRICAS E INGENHOS
DE MOTO CONTIacuteNUO ACCRESCEM ALGUMAS OUTRAS IDEacuteAS DE INGENHOS
MANUAES PARA SERRAR MADEIRA FAZER ACcedilUacuteCAR E MUITOS OUTROS NAtildeO
MENOS CURIOSOS QUE UacuteTEIS A VIDA HUMANA - CAP 4deg - DE ALGUAS OUTRAS
ADVERTEcircNCIAS SOBRE A NAVEGACcedilAtildeO [A00_1967]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Moraes e Silva e Laudelino Freire classificam barquilha como termo naacuteutico
Aureacutelio na 4ordf acepccedilatildeo para o lexema barquinha apresenta esse termo como naacuteutico
indicando ainda ser termo antigo No Banco de Dados consultado soacute encontramos a variante
barquinha Origem hispacircnica lt latina
Ficha 22
Bastardo sm Nome de huma uva Moeda que houve na Iacutendia de 10 soldos [T Nautico]
Cabo que se mette por meio das lebres e coccedilonros para atracar as vergas aos mastros
______________________________________________________________________
rarrCunha bastardo adj sm bdquoque nasceu fora do matrimocircnio‟ bdquodegenerado da espeacutecie a que
pertence‟ XIV Do a fr bastard hoje bacirctard [] AbastardAR vb bdquoalterar corromper‟ 1813
rarrBluteau Baſtardos (Termo de navio) Satildeo huns cabos que ſe metem pello meyo das lebres
amp coccedilouros com que ſe atra Atraccedilatildeo as vergas aos mattos [] Ficou a Galeacute Pheniz fem
Baſtardo Malaca conquiſt livro 1oit32
rarrMoraes e Silva BASTAacuteRDO (bastaacuterdo) s m [] Bastardos t de Naut Cabos que se
mettem por meyo das lebres e coccedilouros com que se atraccedilaotilde as vergas aos mastrossect Parece
ser veacutela que se mettia nas galeacutes quando queriaotilde fazer forccedila de veacutela B 4 107 e mettendo os
bastardos por o alcanccedilar
rarrLaudelino Freire BASTARDO adj Fr bacirctard [] 3 Cabo naacuteutico de atracar vecircrgas nos
mastros 4 Naacuteut Vela triangular de pequenas embarcaccedilotildees
rarrAureacutelio bastardo [Do fr ant bastart] [] 10Marinh Cada um dos cabos de que se
compotildeem os enxertaacuterios das vergas de gaacutevea 11Marinh Pequeno cabo munido de caccediloilos e
destinado a aguentar a boca de lobo da carangueja ou retranca de encontro ao mastro 12Mar
V vela de bastardo
rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Aleacutem do significado mais conhecido todos os dicionaacuterios indicam bastardo e
bastardos tambeacutem como termo naacuteutico Origem francesa
79
Ficha 23
Beque sm (T naut) A extremidade da proa
______________________________________________________________________
rarrCunha beque1 sm bdquoestrutura saliente que forma a parte alta da proa dos navios antigos‟
XVI Do fr bec deriv do lat beccus bdquobico‟
rarrBluteau BEQUE Begraveque He na Proa do Baxel a ultima obra de madeira em que de
ordinario aſſenta a figura de algum animal ou monſtro marinho []
rarrMoraes e Silva BEacuteQUE (beacuteque) s m t de Naut A extremidade da proa onde o ordinario
vaacutei alguma figura Viriato 1720 O mar Tyrrbeno os beques vatildeo rasgando
rarrLaudelino Freire BEQUE s m Fr bec Extremidade superior da proa em forma de bico
2 Pop Nariz grande 3 Pop Parte posterior dos vestidos das mulheres Ant Giacuter Bocircca
rarrAureacutelio beque1 [Do fr bec us no fr ant em vez de avant] Substantivo masculino
1Constr Nav Estrutura saliente em geral inclinada para fora que forma a parte alta da proa
dos navios antigos a fim de servir de apoio ao gurupeacutes 2Pop V narigatildeo (2)
rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq
As antigas tem como temos dito na circunferecircnc
bem largas e para se segurarem nas cavernas natildeo seratildeo necessaacuterios mais pregos do que as
de casco logo nesta parte ficaraacute quasi o mesmo poreacutem como estas taacutebuas vatildeo a rematar no
beque e fazer a proa ali poupam toda a ferramenta que levam de mais os cascos com o
accrescentamento das conchas e bochecas e nesta parte levam as taacuteboas menos pregos
PADRE JOAtildeO DANIEL (1976) [1757] QUINTA PARTE - DO TESOURO DESCUBERTO
NO RIO MAXIMO AMAZONAS - CONTEacuteM UM NOVO MEacuteTODO PARA A SUA
AGRICULTURA UTILIacuteSSIMA PRAXE PARA A SUA POVOACcedilAtildeO NAVEGACcedilAtildeO
AUGMENTO E COMEacuteRCIO ASSIM DOS IacuteNDIOS COMO EUROPEOS - CAP 9deg - DE
MELHOR MEacuteTODO PARA A FACTURA DAS CANOAS DO AMAZONAS [A00_1959 p
363]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios indicam beque como termo naacuteutico Origem francesa
Ficha 24
Bigotas sm plur (T Nautico) Satildeo como huns moitotildees com trecircs furos pelo meiochatos e
sem roldanas por onde se enfiatildeo os colhedores das velas
______________________________________________________________________
rarrCunha bigota ndash BIGA sf bdquocarro romano de duas ou quatro rodas puxado por dois
cavalos‟ 1844 Do lat bīga bigota sf bdquoantiga peccedila de embarcaccedilatildeordquo 1813
rarrBluteau BIGOTA de navio Bigocirctas (Termo de navio) ſaotilde huns paos redondos mas
chatos com tres buracos por onde paſſaotilde os colhedores para fazer a enxarcia
rarrMoraes e Silva BIGOacuteTAS (bigoacutetas) s f pl t de Naut Moitotildees chatos sem roldanas
aburacados pelo meyo com furos por onde passatildeo colhedores de veacutelas
rarrLaudelino Freire BIGOTAS s f Naacuteut Montatildeo chato sem roldana furado pelo meio para
dar passagem aos colhedores das velas e a cabos da enxaacutercia
rarrAureacutelio bigota [Do it bigotta] Substantivo feminino 1Marinh Ant Poleame surdo de
madeira de forma lenticular biconvexa com uma goivadura na orla para receber uma alccedila de
80
fixaccedilatildeo e trecircs furos de face a face usado aos pares com um colhedor ligando-os empregado
para tesar oveacutens brandais estais etc
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Fazem-se igualmente vigotas de 25 palmos de comprido e hum de grosso e seu preccedilo he de
500 atheacute 400 rs
LUIZ DOS SANTOS VILHENA (1921) [1801] CARTA VIGESIMA [A00_0846]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios indicam bigota como termo naacuteutico No Banco de Dados
consultado consta a variante vigotas Origem latina
Ficha 25
Bolinete sm (T Naut) He o paacuteo roliccedilo com hum vatildeo por onde joga o pinccedilote e fixo na
coberta de sorte que se move de bombordo a estibordo
______________________________________________________________________
rarrCunha molinete bdquoespeacutecie de cabrestante que sustenta a acircncora em navios pequenos‟
bdquomovimento giratoacuterio raacutepido que se faz com a espada com um pau etc‟ XVI Do fr Moulinet
bdquomoinho pequeno‟ []
rarrBluteau BOLINETE Bolinegravete (Termo de navio) He hum patildeo roliccedilo que eſtacirc fixo na
cuberta de maneira que ſe mova redondamente de Bombordo para Eſtibordo Tem hum
buraco por onde paſſa amp joga o Pinccedilote Natildeo temos palavra propria Latina
rarrMoraes e Silva BOLINEgraveTE (bolinegravete) s m t de Naut Paacuteo roliccedilo que estaacute fixo na
coberta de maneira que se mova e borneye de bombordo a estribordo tem um vatildeo por onde
joga o Pinccedilote
rarrLaudelino Freire BOLINETE s m Cilindro de madeira na coberta do navio o qual
serve de cabrestante para a manobra2 Bateia
rarrAureacutelio bolinete (ecirc) [De molinete (ecirc) poss] Substantivo masculino 1Constr Nav
Molinete 2Vaso de madeira para lavagem das areias auriacuteferas [Cf bulinete]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo constam bolinete molinete com a acepccedilatildeo
naacuteutica
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios indicam bolinete como termo naacuteutico ou referente a navio
Origem francesa
Ficha 26
Bombordo sm (T Naut) O lado esquerdo da nagraveo olhando da popa para a proa
______________________________________________________________________
rarrCunha bombordo sm bdquo(Mar) o lado esquerdo da embarcaccedilatildeo considerando-se a proa
como a sua frente‟ XVI babordo XV Do fr bacircbord deriv do neerl bakboord Com
visiacutevel influecircncia de BOM
rarrBluteau BOMBORDO (Termo de navio) He a parte eſquerda da natildeo eſtando huma peſſoa
com a cara para a proa Siniſtrum latus navis Faz tal pendor para Bombordo Queirograves Vida do
Irmaotilde Baſto fol 124 col1
81
rarrMoraes e Silva BOMBOacuteRDO (bomboacuterdo) s m t de Naut O lado da naacuteo opposto a
estriboacuterdo Naufr De Sep73
rarrLaudelino Freire BOMBORDO s m De bom + bordo Naacuteut 1- Lado esquerdo do navio
olhando-se para a proa 2 Tudo o que fica ao lado esquerdo do navio
rarrAureacutelio bombordo [Do neerl bak boord bordo das costas do dorso (do timoneiro
quando o governo da embarcaccedilatildeo se fazia com um comprido remo colocado a estibordo) pelo
fr babord talvez com infl de bom] S m 1Mar O lado esquerdo da embarcaccedilatildeo
considerando-se a proa como a sua frente [v estibordo e boreste]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Da banda de bombordo me arrebataram os aparelhos com o jogar da nao
PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE
SOUSA [A00_0078 p 55]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios indicam bombordo como termo naacuteutico ou referente a
mariacutetimo Origem francesa
Ficha 27
Botalograves sm (T naut) Paacuteos que tem nas pontas ferros de tres bicos e segundo a sua grossura
servem para largar ou os cutellos ou as varredouras ou para afastar o navio que vem
abordar
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau BOTALOS Botacirclos (Termo de Navio) Satildeo huns paos com huns ferros nas
pontas com tres bicos que ſe botatildeo pelos coſtados dos navios para ſe largarē os cutellos
para que com mais preſſa ſe chegue ao navio a que ſe dagrave caccedila E embaixo no coſtado ſe botatildeo
outros botalos mais groſſos em que ſe largatildeo outras velas a que chamatildeo Barredouras amp eſtes
Botalos ſervem tambeacutem para ſe fincarem no coſtado de outro navio para afaſtar para fora
Natildeo tem nome proprio Latino
rarrMoraes e Silva (botaloacutes) s m pl t de Naut Paacuteos com ferros de tres bicos nas pontas
que servem para se largarem os cutellos e sendo botaloacutes mais grossos para largar as
varredouras que vatildeo polo lados os botaloacutes afastam tambem o navio que vem abordar
rarrLaudelino Freire BOTALOacuteS (botaloacutes) s m pl Naacuteut Paus com ferros de trecircs bicos nas
pontas para vaacuterios serviccedilos a bordo
rarrAureacutelio botaloacute [De botar1 + a
3 + loacute
1] Substantivo masculino Mar 1Ant Pontalete com
que os navios afastavam os inimigos que tentassem abordaacute-los 2Pau que sai pela popa de
embarcaccedilatildeo de vela que usa catita para caccedilaacute-la
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta o termo botaloacutes
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios indicam botalos como termo naacuteutico ou mariacutetimo
Origemonomatopaica - ldquoetim voc trissilaacutebico oxiacutetono formado de todo um segmento
fonoloacutegico que representava a oraccedilatildeo imperativa bota a loacute isto eacute bdquobota a vela da embarcaccedilatildeo
virada para captar o vento‟rdquo (Houaiss 2001)
82
Ficha 28
Bracear v n Mover os braccedilos v a (T Naut) Marear as velas _____________________________________________________________________________
rarrCunha bracear- consta no verbete de braccedilo - sm bdquocada um dos membros superiores do
corpo humano‟ XIII Do lat brac(c) hĭum [] bracEAR XVII
rarrBluteau Natildeo consta
rarrMoraes e Silva BRACEAacuteR (braceaacuter) v at Mover os braccedilossect t de Naut Bracear as
veacutelas H Naut Tom 3 mareaacute-las por meyo dos braccedilos []
rarrLaudelino Freire BRACEAR vrv De braccedilo + ear O mesmo que bracejar (intr) 2
Naacuteut Movimentar horizontalmente (as vecircrgas) em tocircrno do mastro por meio de cabos
chamados braccedilos (tr dir) ldquoAacuterduos penoacuteis braceia rebraceia teacute que o socircpro agrave feiccedilatildeo lhe
enfuna as velasrdquo (Odorico Mendes)
rarrAureacutelio bracear [De braccedilo + -ear2] Verbo transitivo direto 1Marinh Fazer girar (a verga)
no plano horizontal alando pelos braccedilos [v braccedilo (21)] para que a vela fique
convenientemente disposta em relaccedilatildeo ao vento []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Bluteau natildeo dicionariza bracear Todos os outros dicionaristas indicam
bracear como termo naacuteutico ou remete ao universo naacuteutico Origem portuguesa lt latina
Ficha 29
Braccedilo sm membro do corpo humano desde o hombro ateacute a matildeo Pernas dianteiras do
cavallo e outros quadrupedes A parte do instrumento de cordas onde estas se titiliatildeo A peccedila
que atravessa o arco da cruz Peccedila da cadeira onde encosta os braccedilos quem estagrave sentado nelle
Porccedilatildeo de mar entre duas costas pouco apariadas No plur (T Naut) Cabos que vem da ponta
da verga e servem para marear de hum para outro bordo _____________________________________________________________________________
rarrCunha braccedilo sm bdquocada um dos membros superiores do corpo humano‟ XIII Do lat
brac(c)hĭum []
rarrBluteau Braccedilos (Outro termo de navio) ſatildeo huns cabos que vem da ponta da verga com
que ſe marea a hum bordo amp outro ſe poderagrave exprimir em Latim com circumlocuccedilatildeo
rarrMoraes e Silva BRAacuteCcedilO (braacuteccedilo) t de Naut Satildeo os pegatildeo em cavernas para levantar o
grosso navio e estes satildeo braccedilos primeiros sect Braccedilos segundos satildeo as ultimas partes que botatildeo
cavernas da quilha para cima sect Braccedilos satildeo cabos que vem da ponta da verga em que se
mareya de um bordo a outro quando braceyatildeo
rarrLaudelino Freire BRACcedilO s m Lat brachium Naacuteut Cabos fixos agraves extremidades das
vecircrgas e que servem para as fazer girar em tocircrno do mastro
83
rarrAureacutelio braccedilo [Do gr brachiacuteon pelo lat brachiu] Substantivo masculino Marinh Cada
um dos cabos singelos ou dobrados que presos aos laises das vergas redondas se destinam a
dar-lhes movimento no sentido horizontal e a aguentaacute-las para reacute ~ V braccedilos Braccedilo da
acircncora 1 Marinh Cada uma das duas partes recurvadas da acircncora no extremo inferior da
haste que formam a cruz e terminam pelas patas
Braccedilo da verga 1 Marinh Cada um dos cabos ou teques presos agraves extremidades da verga e
que servem para fazecirc-la girar no plano horizontal [Cf amantilho (2)]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta braccedilo como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaristas indicam braccedilo tambeacutem como termo naacuteutico ou da
marinha Origem portuguesa lt latina
Ficha 30
Braga sf Argola com cadea de ferro com que se prende alguem pela perna (T Naut) Cabo
de alar pipas e outras cousas No plur Calccedilas largas
______________________________________________________________________
rarrCunha braga sf ldquocalccedilatildeo geralmente curto e largo que se usava outrora‟ XV bdquogrilheta‟
XVI Do lat braccedila []
rarrBluteau Braga Argola de ferro que prende na perna com huma cadca que prende por
cima Pocircr a braga a hum negro Servo catenas injicere E para que experimente a ſujeiccedilaotilde
pezada lhe lanccedila a dura Braga carregada Lobo o Deſengan Paacuteg 135 Braga chamaotilde nos
navios a huma corbalas quando embarcatildeo []
rarrMoraes e Silva BRAacuteGA (braacutega) Cabo do navio com que alatildeo caixas pipas e outras
coisas pesadas [] sect Braga no sing Cast 5 c 59 ldquoLanccedilou-se a gente na agua que lhe dava
pela bragardquo
rarrLaudelino Freire BRAGA s f Lat braccedila Argola de ferro que cingia a parte inferior da
perna do condenado a trabalhos forccedilados prendendo-o a uma corrente de ferro atada agrave cintura
do mesmo ou agrave argola de outro condenado grilheta 2 Caacutelerea com que se iccedilam cousas
pesadas como caixas pipas etc 3 Cabo que serve para sustar o recuo de um canhatildeo 4
Muro que servia de tranqueira nas antigas fortificaccedilotildees 5 Lus Casta laia qualidade
BRAGAS s f pl Ant Calccedilas largas e curtas calccedilotildees 2 Lus Ceroulas
rarrAureacutelio braga [Do lat braca] Substantivo feminino Marinh Gato de escape ou manilha
com que se prende o chicote da amarra agrave paixatildeo2 (q v) no paiol da amarra
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta braga como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaristas indicam braga tambeacutem como termo naacuteutico ou da
marinha Origem portuguesa lt latina
84
Ficha 31
Bragueiro sm Funda de que usa o que he quebrado Especie de manteo para cobrir os
genitaes (T Naut) Cabo que atravessa o leme para segurallo na falta das femeas Cabo
encostado ao Castello da proa fixo em huma argola e com huma bigota de hum furo na ponta
e serve para impedir que natildeo se afaste nem corte a escota no costado Cabo de amarrar
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau Bragueiro (Outro termo de navio) He hum cabo fixo em huma argola encoſtado
ao caſtello da proa que tem na ponta hum bigota de hum olho amp ſerve paraque ſe natildeo a faſte
nem corte a eſcota no coſtado []
rarrMoraes e Silva BRAGUEacuteIRO (braguegraveiro) s m [] sect t de Naut Cabo que atravessa o
leme pelo meyom para que faltando as fecircmeas se natildeo perca F M G Tambeacutem se chama assim
outro cabo fixo em uma argola encostado ao Castello da proa que tem na ponta uma bigota
de um olho e serve para que natildeo affaste nem corte a escota no costado
rarrLaudelino Freire BRAGUEIRO sm De braga + eiro Cabo que atravessa o leme para o
segurar no caso de se quebrarem as fecircmeas2Braga de segurar a artilharia ou cousas
pesadas3 Cabo de atracar []
rarrAureacutelio bragueiro [De braga + -eiro] Substantivo masculino 1Cinta ou funda para
heacuternias e rupturas 2Cueiro fralda
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta o termo bragueiro
______________________________________________________________________
Comentaacuterios De todos os dicionaacuterios analisados soacute Aureacutelio natildeo apresenta bragueiro como
termo naacuteutico Origem portuguesa lt latina
Ficha 32
Brandaes sm (T Naacuteutico) Especie de cabos os grandes passatildeo da enxarcia dos mastareos
pelas gaveas e vem a fazer fixo nos ouvens da enxarcia grande Os de gavea vem das pontas
dos mastereos a fazer fixo no costado do navio
______________________________________________________________________
rarrCunha brandal sm bdquotipo de cabo usado a bordo‟ l ndashdaacutees pl 1813 l Do cat brandal
rarrBluteau BRANDAES (Termo de navio) Brandaes grandes ſaotilde huns cabos que paſſaotilde da
enxarcia dos maſtarcos pellas gaveas amp vem a fazer fixos ao redor dos ſouvēs da enxarcia
85
grande Brandaes da Gavea ſaotilde huns cabos que vem das pontas dos maſtarcos a fazer fixo ao
coſtado da nao Natildeo temos palavra propria Latina
rarrMoraes e Silva BRANDAacuteES splmasc t de Naut Brandaes grandes uns cabos que
passatildeo da enxaacutercia dos mastareacuteos pelas gaacuteveas e vem a fazer fixo ao redor dos ouvens da
enxaacutercia grandesect Brandaes da Gaacutevea cabos que vem das pontas dos mastareacuteos a fazer fixo
ao costado das naacuteos
rarrLaudelino Freire BRANDAL s m De brando + al Naacuteut Cada um dos cabos que
aguentam os mastareacuteus para a borda
rarr Aureacutelio brandal [Do cat brandal poss] Substantivo masculino Marinh 1Cada um dos
cabos que aguentam os mastareacuteus para um e outro bordo e um pouco para reacute 2Cada um dos
cabos que aguentam os mastros de embarcaccedilatildeo miuacuteda para um e outro bordo e um pouco para
reacute [Cf estai] ESTAI [Do fr ant estai estay (atual eacutetai)] Substantivo masculino 1Marinh
Qualquer dos cabos que aguentam a mastreaccedilatildeo para vante 2Marinh Qualquer cabo
destinado a suportar em posiccedilatildeo vertical um turco chamineacute balauacutestre ou qualquer outra peccedila
do equipamento da embarcaccedilatildeo 3Bras Constr Nav Haste metaacutelica geralmente ciliacutendrica
que serve para manter em posiccedilatildeo qualquer parte ou peccedila da embarcaccedilatildeo [Cf brandal]
rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq
Por 5 Brandaes de 2 libras a 640 []
LUIZ DOS SANTOS VILHENA (1921) [1802] CARTA PRIMEIRA [A00_0404 p 71]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios analisados apresentam brandal brandaes como termo
naacuteutico ou da marinha Origem catalatilde
Ficha 33
Briol sm (T naut) Corda para ferrar e colher as velas
______________________________________________________________________
rarrCunha briol sm bdquotipo de cabo usado nas embarcaccedilotildees a vela‟ 1813 Do cast briol deriv
do a fr braivel (hoje breuil) dim de braie bdquobraga‟
rarrBluteau BRIOES (Termo de marinagem) Satildeo huns cabos com que ſe colhem as velas
quando ſe querem ferrar Funes contrabendis ou colligendis velis
rarrMoraes e Silva BRIOacuteES sm pl t de Naut Cordas que servem para ferrar e colher as
veacutelas (briyoes)
rarrLaudelino Freire BRIOL s m Cast briol Naacuteut Cabo de ferrar as velas 2 Giacuter Vinho
de qualidade inferior BRIOL adj Lus Becircbado eacutebrio
rarrAureacutelio briol [Do esp briol] Substantivo masculino 1Marinh Cada um dos cabos fixos
nas esteiras das velas redondas destinados a carregar o pano de encontro agraves vergas respectivas
[]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta o termo briol
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios analisados apresentam briol como termo naacuteutico ou da
marinha Origem castelhana lt francesa
Ficha 34
Buccedilardas sf (T Naut) pagraveos que atravessatildeo a roda da proa para reforccedilal-a
______________________________________________________________________
86
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau BUCARDAS Buccedilardas (Termo de navio) Satildeo huns paacuteos tortos que atraveſſaotilde a
roda de proa pella banda de dentro para fortificar amp em navios pequenos nellas aſſenta o
maſtro do traquete Naotilde tem palavra propria Latina
rarrMoraes e Silva BUCcedilAacuteRDAS sfpl t de Naut Satildeo uns paacuteos tortos que atravessatildeo a roda
de proa pela banda de dentro para a reforccedilarem sect Nos navios pequenos o mastro do traquete
assenta sobre as buccedilardas
rarrLaudelino Freire natildeo consta
rarrAureacutelio natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
__________________________________________________________________
Comentaacuterios Soacute Bluteau e Moraes apresentam o verbete buccedilardas e o indicam como termo
naacuteutico ou da marinha Origem controvertida
Ficha 35
Burra sf A femea do burro Cofre para dinheiro (T familiar) Nome de uma corda da mezena
[ T Naut ]
______________________________________________________________________
rarrCunha burro ndash do latim burrus bdquoruccedilo vermelho‟
rarrBluteau Burra de Mezena He huma corda que ſerve na vela da popa
rarrMoraes e Silva BUacuteRRA s f Jumenta a femea do burro sect famil Cofre para dinheiro
ordinariamente chapeado e forrado sect Uma corda de mezena t de Naut
rarrLaudelino Freire BURRA s f Fecircmea do burro jumenta 2 Naacuteut Cabo de mezena []
rarrAureacutelio Burro [] Mar Cada uma das pequenas talhas engatadas nos lais da retranca e nas
alhetas do navio uma por bordo e destinadas a aguentaacute-la quando a vela estiver caccedilada []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam burra burro tambeacutem como termo ligado agrave
vida mariacutetima Origem portuguesa lt latina
C Ficha 36
Cabresto sm Corda para prender as bestas na estribaria e que serve na falta de freio O freio
do prepucio No plr (T Naut) Cabos que vem do ldquoguropezrdquo a fazer fixo no costado em
humas argolas agrave proa
______________________________________________________________________
rarrCunha cabresto sm bdquoarreio freio‟ l XIII -bestro XIV l Do lat capĭstrum []
87
rarrBluteau Cabreſto (Termo de Mariagem) ſaotilde huns cabos que vem da ponta do gurupez a
fazer fixo em humas argolas que eſtaotilde no coſtado da nao agrave proa A falta do termo proprio
latino deſculparagrave aos que‟ fallarem por circumlocuccedilaotilde
rarrMoraes e Silva CABREgraveSTO s m [] t de Naut Cabos que vem da ponta do gurupeacutes a
fazer fixo em umas argolas que estatildeo no costado da naacuteo aacute proa []
rarrLaudelino Freire CABRESTOS s m Lat capistrum [] 2 Naacuteut Cabo grosso que
segura o gurupeacutes a argolas fixas no costado do navio 3 Corrente correia ou corda que
prende o cabeccedilalho agrave canga socairo
rarrAureacutelio cabresto (ecirc) [Do lat capistru com metaacutetese] Substantivo masculino Constr
Nav Cada uma das correntes de ferro que aguentam o gurupeacutes para a roda de proa Bras
Reforccedilo de linha ou de arame fino aplicado na extremidade da vara ou caniccedilo de pesca Bras
NE Ligamento de cordas que prendem os bancos agrave jangada []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
[] chegada a occasiatildeo de levar acircncora se lhe prende o cabresto e se larga ou solta a roda
a qual quanto mais tesa estiver tanto mais forccedila poraacute no cabresto e quando por si soacute natildeo
seja suficiente para a levantar o faraacute com muita brevidade ajudada com alguns poucos
serventes porque as cordas como violentadas hatildeo de buscar o seu natural
PADRE JOAtildeO DANIEL (1976) [1757] PARTE SEXTA - DO TESOURO DESCUBERTO NO
RIO MAXIMO AMAZONAS - CONTEacuteM INVENTOS UacuteTEIS E CURIOSOS PARA A MELHOR
FAZENDO NAVEGACcedilAtildeO PROacuteSPEROS TODOS OS VENTOS AINDA OS MAIS
PONTEIROS E CONTRAacuteRIOS E PARA FAZER NAS CALMARIAS BOA VIAGEM COM
NOVA INVENCcedilAtildeO DE REPRESAR AS MAREacuteS PARA MOEREM FAacuteBRICAS E INGENHOS
DE MOTO CONTIacuteNUO ACCRESCEM ALGUMAS OUTRAS IDEacuteAS DE INGENHOS
MANUAES PARA SERRAR MADEIRA FAZER ACcedilUacuteCAR E MUITOS OUTROS NAtildeO
MENOS CURIOSOS QUE UacuteTEIS A VIDA HUMANA - CAP 4deg - DE ALGUAS OUTRAS
ADVERTEcircNCIAS SOBRE A NAVEGACcedilAtildeO () [A00_1967 p 402]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios analisados apresentam cabresto como termo naacuteutico ou
de marinhagem Origem portuguesa lt latina
Ficha 37
Cachola sf (T baixo) Cabeccedila Fig Juizo Touticcedilo No plur (T naut) Pagraveos posticcedilos sobre o
calcez para engrossallo
______________________________________________________________________
rarrCunha cacho ndash provavelmente do latim vulgar cacculus [] cachOLA sf bdquopop Cabeccedila‟
XVIII []
rarrBluteau CACHOacuteLAS Cacholas (Termo de navio) Satildeo huns posticcedilos em cima do calcez
para o engroſſar quando naotilde tem groſſura proporcionada ao Navio Naotilde temos palavra propria
Latina
rarrMoraes e Silva CACHOgraveLAS t de Naut Paacuteos posticcedilos sobre o calcez para o engrossar
[]
rarrLaudelino Freire CACHOLA s f Mar Taacutebua que se prega no tocircpo do calcecircs de um
mastro afim de que a aacutegua se natildeo introduza entre os encaixes do madeiro2 Cavidade na
cabeccedila do leme onde se introduz a cana []
rarrAureacutelio [De cacho2 + -ola
1 poss] Substantivo feminino 1Pop V cabeccedila []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo foram encontradas ocorrecircncias
______________________________________________________________________
88
Comentaacuterios Soacute Aureacutelio natildeo apresenta cachola como termo naacuteutico
Origemcontrovertida
Ficha 38
Calabre sm (T Naut) corda grossa
______________________________________________________________________
rarrCunha calabre cabre sm bdquo(Marinh) amarra de cabo‟ l cabre XVI caaure XIV l Do ant
port caabre deriv Do a fr caable e este provavelmente do lat tard capŭlum bdquocorda‟
rarrBluteau Calabre que ſe ata agrave ancora Funis ancorarius Cœfar Calabre com que ſe ata bdquoa
verga ao maſto Anquina œ Fem Penult long []
rarrMoraes e Silva CALAacuteBRE ( calaacutebre) smt de Naut Corda grossa amarreta para varios
usos
rarrLaudelino Freire CALABRE s m Corda grossa feita de piaccedilaba a que se prendem os
alcatruzes das noras 2 Naacuteut Cabo grosso amarra
rarrAureacutelio calabre [Do port ant caabre (v cabre) poss com infl do port ant calabre
catapulta] S m 1Corda grossa Diz Cristo que eacute mais faacutecil entrar um calabre pelo fundo
de a agulha que entrar um avarento no Reino do Ceacuteu (Pe Antocircnio Vieira Sermotildees II p
259) 2Marinh Amarra de cabo cabre 3Constr Cabo2 (4)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Acham-se alguns de tal grossura que servem de calabres e amarras de embarcaccedilotildees
FRANCISCO XAVIER RIBEIRO DE SAMPAIO (1872) [1642] RELACcedilAtildeO GEOGRAPHICA
HISTORICA DO RIO BRANCO DA AMERICA PORTUGUEZA COMPOSTA PELO
BACHAREL FRANCISCO XAVIER RIBEIRO DE SAMPAIO () [A00_0713 p 262]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios analisados apresentam calabre como termo naacuteutico ou da
marinha Origem francesa lt latina
Ficha 39
Calabrote sm (T Naut) Calabre menos grosso Accediloute feito de hum pedaccedilo de calabrote
______________________________________________________________________
rarrCunha calabre cabre sm(Marinh) amarra de cabo‟ l cabre XVI caaure XIV l Do ant
port caabre deriv Do a fr caable e este provavelmente do lat tard capŭlum bdquocorda‟
calabrETE XV calabrOTE 1813
rarrBluteau CALABROTE Calabrocircte Vid Calabre Calabre pouco groſſo Com que a nao ſe
amarra em terra Com hum calabrote forte Jacinto Freire mihi pag 198 []
rarrMoraes e Silva CALABROacuteTE s m t de Naut Sorte de calabre menos grosso de um
pedaccedilo delle se faz accediloite donde se toma calabrote por accediloite de que usa o comitre ou
mestre para castigar a maruja
rarrLaudelino Freire CALABROTE s m De calabre + ote Calabre pouco grosso 2
Ponta de cabo de accediloute
rarrAureacutelio calabrote [De calabre + -ote1] Substantivo masculino 1Corda de pequena
grossura 2Marinh Cabo2 (6) de pequena bitola Atraacutes dos soldados chegaram marujos a
brandir calabrotes e chuccedilos (Xavier Marques O Sargento Pedro p 135)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
89
Mandarʃeha aos Meʃtres que cinjatildeo a enxarʃea levem area para as cubertas tomem boccedilas
nas vergas nas ancoras nas eʃcotas contra-eʃtais amp os bateis pela popa com dous
calabrotes hum mais baganagraveo do que outro
FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR () [A00_2496 p 61]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios analisados remetem calabrote a calabro ndash termo naacuteutico
ou de marinhagem Origem francesa lt latina
Ficha 40
Calafeto sm (T Naut) A estopa e breo com que se calafeta Acccedilatildeo de calafetar
______________________________________________________________________
rarrCunha Calafetar vb‟tapar vedar‟ XIII Do it calafatare provavelmente do ar qaacutelfat De
origem incerta o voc aacuterabe talvez derive do lat vulg calefare (claacutess calefacĕre‟) bdquoaquecer‟
por ser a operaccedilatildeo de derreter o alcatratildeo submetendo-o ao fogo uma das mais importantes
que pratica o calafate []
rarrBluteauCALAFETO Calafeto Couſa que ſe uſa para calafetar como eſtopa amp outra
couſa ſemelhante ou a acccedilaotilde de calafetar []
rarrMoraes e Silva CALAFEgraveTO s m t de Naut A estopa e breu com que se calafeta o
navio vg ldquo o navio cospia o calafetordquo A acccedilatildeo de calafetar
rarrLaudelino Freire s m De calafetar O mesmo que calafetagem [] 2 Estocircpa ou outra
substacircncia com que se calafeta calafecircto CALAFETAR v r v Ital Calafatare MarTapar
com estocircpa introduzida agrave forccedila (as junturas buracos ou fendas de uma embarcaccedilatildeo) e
embebendo de pez alcatratildeo para velar a aacutegua (tr Direto) ldquoEspalma as naves calafeta as
fendas repara as bordas o massame as velasrdquo (Pocircrto Alegre)
rarrAureacutelio calafeto (ecirc) [Dev de calafetar] Substantivo masculino1Calafetagem (2) [Pl
calafetos (ecirc) Cf calafeto do v calafetar] CALAFETAR [Do cat calafatar calafetar pelo
esp ant calafetar] Verbo transitivo direto 1Vedar com estopa alcatroada (as junturas
buracos ou fendas de uma embarcaccedilatildeo) 2Tapar vedar com pano papel massa etc (fenda ou
buraco de toneacuteis assoalhos tabiques etc) []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
E natildeo cause estranheza o calafetar das canoas porque pocircsto que aqui se fazem de um soacute pau
como no Brasil satildeo poreacutem abertas pela proa e pela pocircpa e acrescentadas pela borda com
falcas para ficarem mais altas e possantes e assim as costuras destas como os escudos ou
rodelas com que se fecham a proa e pocircpa necessitam de calafeto
ANTOacuteNIO VIEIRA (1925) [1654] CARTA LXV - AO PADRE PROVINCIAL DO BRASIL
1654 ()[A00_0157 p 373]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Moraes e Silva apresenta calafeto como termo naacuteutico Laudelino Freire e
Aureacutelio apresentam acepccedilotildees que remetem ao universo da marinha Bluteau natildeo faz nenhuma
referecircncia Origem italiana
Ficha 41
Calcez sm (T naut) O pescoccedilo do mastro onde encapella a enxarcia real
______________________________________________________________________
90
rarrCunha calcecircs bdquo(Const Nav) parte da seccedilatildeo retangular no extremo superior de um mastro
ou mastareacuteu‟ l ndashceses pl XVI l Do it calceacutese deriv do lat tardio calcēse adaptaccedilatildeo do lat
carchēsium e este do gr karchēsion bdquovaso para beber‟ parte superior do mastro cesto da
gaacutevea‟
rarrBluteau CALCEZ Calcecircz (Termo de Navio) he o peſcoccedilo do maſtro para riba aonde
encapella a Enxarcia Real Falta palavra propria Latina Pela muita forccedila o Maſtareo abrio o
Calcez por duas partes BritoViagem ao Braſil pag 67 []
rarrMoraes e Silva CALCEgraveZ s m t de Naut O pescoccedilo do mastro para riba onde encapella
a enxarcia real F Mend c 7
rarrLaudelino Freire CALCEZ ou CALCEcircS s m Lat carchesium Naacuteut Parte quadrada do
mastro ou mastareacuteu desde a romatilde para cima e na qual encapela a enxaacutercia real
rarrAureacutelio calcecircs [Do it calcese lt lat vulg calcese lt lat claacutess carchesiu] Substantivo
masculino 1Marinh Parte de seccedilatildeo retangular no extremo superior de um mastro ou
mastareacuteu logo acima da romatilde [Pl calceses (ecirc)]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios analisados apresentam calcez como termo naacuteutico ou da
marinha Origem italiana
Ficha 42
Calma sf calor causado pelo sol (T naut) Falta de vento
______________________________________________________________________
rarrCunha calma sf bdquogrande calor atmosfeacuterico geralmente sem vento‟ XV bdquoserenidade
sossego‟ 1813 Do it calma deriv Do lat tardio cauma e este do gr kauma bdquocalor ardente
chama‟ []
rarrBluteau calma borralho Phraſe Nautica Emparelhado onde elle participa da outra linha da
coſta tranſversal [] Bonanccedila Por em calma ao mar Mare tranquillarem placare fedare
Vid Abonanccedilar Seus alterados mares punha em Calma Inful De Man Thomas liv 2
Oit69
rarrMoraes e Silva CAacuteLMA s f t de Naut tempo em que natildeo haacute a menor aragem nenhum
vento sect Calma entre os Nautas falta de vento calmarialdquo cahir em calma ldquoficar em
calmariardquo
rarrLaudelino Freire CALMA s f B lat cauma do gr kauma Hora do dia em que haacute mais
calor 2 Falta de vento cessaccedilatildeo de agitaccedilatildeo no mar bonanccedila calmaria []
rarrAureacutelio calma [Do gr kaucircma calor ardente pelo lat tard cauma] SF 1Grande calor
atmosfeacuterico em geral sem vento calmaria [] 3V calmaria (1) 4Fig Serenidade de acircnimo
sossego tranquilidade calmaria malacia []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Este dia todo nom ventou vento senam choveo muita aacutegua e fazia tam grande calma que nom
se podia soportar
PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE
SOUSA () [A00_0078 p 35]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Nem todos os dicionaacuterios citam o termo como naacuteutico mas todos eles abonam
ou exemplificam o termo como relativo ao mar Origem italiana lt latina
91
Ficha 43
Calmaria s f (T Naut) Falta de vento
______________________________________________________________________
rarrCunha calma sf bdquogrande calor atmosfeacuterico geralmente sem vento‟ XV bdquoserenidade
sossego‟ 1813 Do it calma derivado do latim tardio cauma e este do grego kauma bdquocalor
ardente chama‟ [] calmaria sf bdquocalma‟ XVI
rarrBluteau CALMARIA Calmaricirca Tanquilidade das aguas do mar Malacia amp Fem []
Amanheceo o dia ſeguinte em huma terrivel Calmaria Queirograves Vida do Irmatildeo Baſto pag
351colI
rarrMoraes e Silva calmaria sf de Naut Tempo de calma no mar em que o navio natildeo surde
ldquoestar o mar em calmariardquo []
rarrLaudelino Freire sf De calma + aria Cessaccedilatildeo do vento e do movimento das ondas
[]
rarrAureacutelio [ De calma + aria] Sf 1 Ausecircncia de ventos eou do movimento das ondas []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
[] por cinco ou seis dias tivemos grandes calmarias trovoadas e chuveiros tatildeo escuros e
medonhos e tatildeo fortes ventos que era cousa despanto e no meio dia ficavamos numa noite
mui escura
PADRE FERNAtildeO CARDIM (1980) [1583] III - INFORMACcedilAtildeO DA MISSAtildeO DO P
CHRISTOVAtildeO GOUVEcircA AacuteS PARTES DO BRASIL - ANNO DE 83 - OU NARRATIVA
EPISTOLAR DE UMA VIAGEM E MISSAtildeO JESUIacuteTICA[A00_0751 p 142]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente Moraes e Silva define calmaria como termo naacuteutico mas todos os
outros dicionaacuteriosem suas definiccedilotildees remetem a tempo e atmosfera Origem italiana lt
latina
Ficha 44
Canjar vs (T Naut) Ir avante
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau natildeo consta
rarrMoraes e Silva CANJAacuteR vr t de Naut Surdir aacute vante ldquo os ventos ponteiros faziatildeo
desandar o que o navio tinha canjadordquo i eacute os ventos abatiatildeo o que o navio tinha surdido
vingado Freire
rarrLaudelino Freire CANJAR v intran Ant Trocar de cocircr ou de rumo cambiar Canjar s
m Aacuter kandjar Espeacutecie de punhal de lacircmina comprida afiada dos dois lados alfanje
rarrAureacutelio natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente Moraes e Silva apresenta canjar como termo naacuteutico Origem
duvidosa (italiana) (Houaiss 2001)
92
Ficha 45
Carlinga sf (T Naut) He hum encaixe onde na sobrequilha da nagraveo ou navio assenta o pegrave
do mastro grande e do traquete por outro nome pia
______________________________________________________________________
rarrCunha carlinga sf bdquo(Constr Nav) ant forte peccedila de madeira fixa agrave sobrequilha com um
encaixe onde entra a mecha do peacute do mastro real‟ XVI (Aeron) cabina XX Do fr carlingue
deriv do a escand kerling bdquomulher‟ bdquocarlinga‟ por uma comparaccedilatildeo de ordem sexual
rarrBluteau CARLINGA (Termo de navio) He na ſobrequilha hum encaixo ou covaſinha
onde aſſentaotilde o maſto grande amp agraves vezes o do traquete Por outro nome chamotildelhe PiaO Padre
Filiberto Monet com termos Grego-Latinos chama a Carlinga Hiftodoche es Fem amp
Hiftopus odis Mafe O peacute do maſto ſe encaixa em hum buraco quadrado da Carlinga Pterna
mali ou peacutes mau ou talus mali inditur ftatuitur in quadro biftodoches cavo A Carlinga
ſerve de de baze ao maſto amp a quilha de pedeſtal Hiftodoche feumodius bafin dyrochus verograve
ftylobaten navali malo fubminiftratA agoa que a nao fazia era pola Carlinga Comentar De
Affonſo d‟Albuquerque pag 22
rarrMoraes e Silva CARLIacuteNGA s f t de Naut Na sobrequilha dos navios eacute um encaxe onde
assenta o peacute do mastro grande e do traquete aliaacutes se diz pia Comment dlsquo Albuq P22 Couto
6921
rarrLaudelino Freire CARLINGA s f Naacuteut Peccedila fixada na sobrequilha ou abertura nesta
praticada e em que encaixam os mastros sobrequilha 2 Aeron Lugar onde fica o pilocircto
3 Tabuleta com furos em baixo do banco da vela da jangada e na qual se prende o peacute do
mastro mudando-se de um furo para o outro conforme a conveniecircncia da ocasiatildeo carninga
rarrAureacutelio carlinga [Do fr carlingue] Substantivo feminino 1Ant Constr Nav Forte peccedila
de madeira fixa agrave sobrequilha e em cuja face superior haacute um encaixe de seccedilatildeo quadrangular
onde entra a mecha do peacute do mastro real 2Constr Nav Gola metaacutelica fixa no conveacutes (quando
o mastro natildeo vai ateacute agrave quilha) e onde se apoia o peacute do mastro As meias arrendadas foram
atiradas agrave carlinga do mastro (Xavier Marques Jana e Joel p 173) 3Cabina (3) 4Bras
NE Tabuleta com furos embaixo do banco da vela de uma jangada e na qual se prende o peacute
do mastro mudando-se de um furo para o outro segundo a conveniecircncia da ocasiatildeo [Var
carninga]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam carlinga como termo naacuteutico Origem
francesa
Ficha 46
Carregadeiras por outro nome Sirgideiras Sf plr (T Naut) Cabos delgados para colher ou
carregar as velas Dous moitotildees com cabo fixo no enxertario para arriar a verga
______________________________________________________________________
rarrCunha do latim carrus ndash carregadeira 1813
93
rarrBluteau CARREGADEIRAS ou Sirgideiras (Termo de Marinhagem) Carregadeiras da
mezena ſaotilde huns cabos delgados cotilde que ſe carrega a vela amp ſe colhe colligendo velo
poftico Carregadeiras (Outro termo de marinhagem) Satildeo dous moutoens com hũ cabo fixo
no enxertario que ſerve para arriar a verga a baixo quando faz tempo
rarrMoraes e Silva CARREGADEIRAS s f pl t de Naut ou Sirgideiras cabos delgados
com que se colhem ou carregatildeo as velassect Dois moitotildees com cabo fixo no enxertario para
arriar a verga quando faz tempo
rarr Laudelino Freire s f pl Lus Giacuter As pernas CARREGADEIRA s f De carregar +
deixara Cabo delgado com que se carregam ou colhem as velas dos navios []
rarrAureacutelio carregadeira [De carregar + -deira] Substantivo feminino 1Marinh Cabo
delgado com que se carregam ou colhem as velas []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo constam carregadeiras nem sirgideiras
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam carregadeiras como termo naacuteutico de
marinhagem ou do mar Origem portuguesa lt latina
Ficha 47
Cevadeira sf (T Naut) vela pequena agrave proa do navio Alforge de comida
______________________________________________________________________
rarrCunha do latim cibare
rarrBluteau CEVADEIRA Vela pequena que ſe potildeem na proa Proclinati ad proram mali
velum
rarrMoraes e Silva CEVAgraveDEIRA s f vela pequena de proa t de Naut sect Alforge de comer
Couto 5113 natildeo levatildeo mais que suas armas e cevadeiras com farinha de trigo Cont de
Trancoso sect Homem da minha cevadeira i eacute da minha conversaccedilatildeo Eufr 51 Hist Naut 1
456 ldquoSem alforge e cevadeirardquo os Apoacutestolos despedidos por J Christo Feo Sem De Nossa
Senhora das Neves p115 ldquoRumecan General com 7 ou 8 mil de cavallo da sua cevadeira
Couto 495
rarrLaudelino Freire CEVADEIRA s f de cevar + deira Naacuteut Pequena vela suspensa de
uma vecircrga que atravessa horizontalmente o gurupeacutes
rarrAureacutelio cevadeira [De cevada + -eira] Substantivo feminino 1Saco que se adapta ao
focinho das cavalgaduras para lhes dar a cevada ou outro alimento bornal embornal
2Marinh Ant Verga de cevadeira 3Marinh Ant Vela quadrangular que envergava na
verga do mesmo nome por baixo do gurupecircs [Cf sevadeira]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Apartados os dous navios da ſombra da terra deſcubrioſe entatildeo da Armada que rendido o
noſſo do Pirata o levava aacute toa E metendolhe breviſlimamente vellas de eſtay cutellos
joanetes barredouras (aacutelem da meſena amp ſevadeira que lhe faltou) adiantava grande
caminho em pouco tempo fugindo a hum cortar para ſervirlhe o vento a todo pano o vento
a todo pano
FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 42]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam cevadeira como termo naacuteutico ou relativo ao
mar Origem portuguesa lt latina
94
Ficha 48
Chapeleta sf (T Naut) Couro pregado sobre o pagraveo chamado de nabo O salto da pedra
atirada agrave superficie da agua
______________________________________________________________________
rarrCunha do a f chapel
rarrBluteau CHAPELETA Chapeleta (Termo de navio) He hum couro pregado em cima de
hum pagraveo redondo que chamaotilde Nabo Coriaceum tegumentum i Neut
rarrMoraes e Silva CHAPELETA s f t de Naut Coiro pregado sobre o paacuteo a que os
Nauticos chamatildeo Nabo da Bomba de esgotar o fundo dos navios
rarrLaudelino Freire CHAPELETA s f Cast chapelete Chapelinho 2 Vaacutelvula nas
bombas que se usam a bordo
rarrAureacutelio [De chapeacuteu1 (lt fr ant chapel) + -eta (ecirc) seg o padratildeo erudito] Substantivo
feminino 1V chapeacuteu1 (1) 2Vaacutelvula de bola (q v) usada nas bombas [v bomba (4)] 3V
ricochete (1) 4Mancha de rubor nas faces chapeacuteu1 [Do fr ant chapel atual chapeau]
Substantivo masculino 1Peccedila de feltro palha etc com copa e abas e destinada a cobrir a
cabeccedila [Aum chapelatildeo chapeiratildeo dim irreg chapelete chapeleta Sin (bras giacuter) tampa
e penante] Marinh A parte superior do cabrestante
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Embora natildeo conste em todos os dicionaacuterios como termo naacuteutico as definiccedilotildees
apresentadas remetem a esse termo Origem portuguesa lt francesa
Ficha 49
Chapiteo sm (T Naut) O remate mais alto da popa e proa No edifiacutecio Chapitel he o
rematte delle
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau CHAPITEO Chapiteo (Termo de navio Por quanto hum homem podia diviſar do
Chapiteo da naacuteo Barr 2 Dec pag 186col2
rarrMoraes e Silva CHAPITEO Chapiteacutel V Chapiteacuteo Palm 3111Chapiteacuteo s m t de
Naut o chapiteacuteo da naacuteo Barros 2186 quanto um homem podia divisar do chapiteacuteo da naacuteo
Amaral 2 Eacute a parte mais alta em que se remata a popa e proa onde frequentemente havia
castellos e entatildeo o Chapiteo rematava os castellos bem como na arquitectura civil os
chapiteacuteis rematatildeo os edificios Seg Cerco de Diu f157 ―chapiteacuteos da Igreja M Pinto
6214
rarrLaudelino Freire CHAPITEacuteU s m De capitel A parte mais elevada da proa e da pocircpa
do navio
rarrAureacutelio natildeo constam chapiteacuteo chapiteacuteu
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Era tam grande o mar que agrave entrada da baiacutea em 9 braccedilas de fundo me deu o mar por riba
do chapiteacuteo e veo quebrar no conveacutes
PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE
SOUSA [A00_0078 p 107]
95
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Aureacutelio natildeo lista chapiteo em seu dicionaacuterio Para os demais autores
consultados chapiteo eacute um termo de navio Origem natildeo encontrada
Ficha 50
Chaveta sf (T Naut) Ferro com que se bdquore em‟ as cavilhas fechando por cima das arruelas
Ferro no eixo que natildeo deixa saacutelvio o que estagrave enfiado nelle
_____________________________________________________________________
rarrCunha chaveta - do latim clavem
rarrBluteau CHAVETA Chaveta (Termo de navio) Chapa de ferro da largura de dous dedos
eſtreita para a ponta fecha por cima das arruelas para que ſe naotilde poacuteſſaotilde tirar as cavilhas
Clavorum retinaculum i Neut
rarrMoraes e Silva CHAVEgraveTA s f t de Naut Peccedila de ferro que fecha por cima das
arruellas para reter as cavilhas ou se mette no extremo de algum eixo paranatildeo sair o que estaacute
enfiado nelle
rarrLaudelino Freire CHAVEcircTA s f De chave Peccedila de ferro na extremidade de um eixo
para natildeo deixar sair as rodas ou peccedila que segura uma cavilha 2 Cavilha 3 Haste em que
jogam as dobradiccedilas 4 Lus O mesmo que chavelha
rarrAureacutelio chaveta (ecirc) [De chave + -eta (ecirc)] Substantivo feminino 1Peccedila na extremidade
dum eixo para fixar as rodas2Peccedila para segurar a cavilha 3Haste em que jogam as
dobradiccedilas 4Bras SP Peccedila de madeira que prende a canga agrave tiradeira [Pl chavetas (ecirc) Cf
chaveta e chavetas do v chavetar]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
[] e estas fontes como outros tantos Cyfoens enchem delivel com aagoa dorio aquellas
praccedilas logo que amachina se interrompe machina ha destas q consta de quatro centas
chapas deferro ecada chapa de oito Libras fora as cavilhas e chavetas do mesmo metal
[]
ANTONIO PIRES DA SILVA PONTES LEME (1896) [nd] MEMORIAS SOBRE A
EXTRACCcedilAtildeO DO OURO NA CAPITANIA DE MINAS GERAES () [A00_0761 P 420]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam o termo chaveta ligado ao mundo mariacutetimo
Origem portuguesa lt latina
Ficha 51
Cheleira sf (T naut) peccedila de madeira nas nagraveos junto aacutes portinholas com vatildeos onde se
mettem as balas
_____________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau natildeo consta
rarrMoraes e Silva CHELEgraveIRA s f Nas naacuteos de guerra eacute peccedila de madeira que corre ao
longo do costado junto aacutes portinholas e onde estatildeo as ballas vi uns vatildeos feitos para isso nas
cheleiras (do Inglez Shelf) Exame de Artilheiros
96
rarrLaudelino Freire CHELEIRA s f Lugar em que empilham as balas na bateria de um
navio 2 Peccedila de madeira em que a bordo se encaixam baldes
rarrAureacutelio natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Em suas acepccedilotildees os dicionaacuterios de Moraes e Silva e Laudelino Freire
apontam o termo como do universo naacuteutico Os demias dicionaristas natildeo citam o termo
Origem natildeo encontrada
Ficha 52
Ciar se va refl Ter ciumes (T Naut) vn Remar para traz em quanto outros rematildeo ao
contrario para voltar o baixel
______________________________________________________________________
rarrCunha ciar vb bdquoremar para traacutes‟ l cear XVI l Do cast ciacutear talvez deriv de cia bdquoquadril‟
pelo esforccedilo que faz esta parte do corpo ao ciar
rarrBluteau CIAR ou ciarſe ter ciumes Emulari Vid Ciume amp Ciofo Pois ſe Chriſto ſe Cia
tanto de morrer algum hoacutemem antes que elle morra pelos homens OP Ant Vieira
rarrMoraes e Silva CIAR-SE t de Naut Remar para traz ao tempo que os outros remeiros do
lado opposto rematildeo para diante para voltar a galeacute V Ciavoga Cast 2161 V Cear como
escrevem Barros e Castanheda CIAVOacuteGA s f t de Naut Volta em redondo que se daacute aacute
galeacute remando os de um lado e ciando os do outro Cast
rarrLaudelino FreireCIAR v intr Naacuteut Remar no sentido contraacuterio ao andamento para
recuar ou para voltar a embarcaccedilatildeo vogando a direito os remeiros do outro lado 2 Mover-
se para traacutesrdquo Cia a igara e reparte um silvo extensordquo (Pocircrto Alegre)
rarrAureacutelio ciar1 [Do esp ciar poss] Verbo intransitivo 1Remar para traacutes 2P ext Mover-se
para traacutes [Cf siar e cear]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Vista jaacute posto que em sombras a pintura do corpo natural desta Regiatildeo a benevolecircncia do
seu clima a fermosura dos seus Astros a distancia das suas costas o curso cia sua
navegaccedilatildeo o movimento dos seus mares objectos que mereciaotilde mais vivos e dilatados
rascunhos []
SEBASTIAtildeO DA ROCHA PITTA (1878) [1730] LIVRO PRIMEIRO [A00_0567 p 13]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Dentre os dicionaacuterios consultados somente o de Bluteau natildeo cita o termo ciar-
se como naacuteutico Origem castelhana
Ficha 53
Cifa sf Assim chamatildeo os ourives a aregravea de que enchem os frascos de moldar e vasar as
peccedilas (T Naut) untura que se dagrave nas embarcaccedilotildees
______________________________________________________________________
rarrCunha cifa sf bdquoareia que os ourives empregam para moldar‟ 1813 Do arsatildeifacirc
97
rarrBluteau natildeo consta
rarrMoraes e Silva CIFA sf eacute untura que se daacute aos navios feita de gordura ou azeite de
peixes ampc B 4816 ldquodaria 100 quintaacutees de Cifa ( que eacute azeite de peixe) ―Couto V de Lima
6 16 lhe mandassem municcedilotildees remos cifa cotonias []
rarrLaudelino Freire sf aacuter saifa Areia de que os ourives enchem os frascos de moldar e
vazar as peccedilas que eles depois tecircm de lavar
rarrAureacutelio cifa [Do aacuter sayf espada areia fina (sentido metafoacuterico)] Substantivo feminino
1Areia que os ourives empregam para moldar
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente Moraes e Silva abona o termo cifa como naacuteutico Origem aacuterabe
Ficha 54
Cifar va (T Naut) Dar cifa
______________________________________________________________________
rarrCunha de cifa sf bdquoDo arsatildeifacirc
rarrBluteau CIFAR Termo Nautico Mandou logo Cifar amp baſtecer trinta navios Jacinto
Freire mihi 322 Cinco navios varados amp Cifados para ſe lanccedilarem ao mar Couto 8 Dic 129
col1
rarrMoraes e Silva CIFAacuteR v at De Naut Dar cifa aos navios ldquocifar e alimpar os naviosrdquo
Cron F III P 3 c 77 mandou cifar e bastecer trinta navios Freire cinco navios varados e
cifados para se lanccedilarem ao mar Cast 8 fol I col I ldquocifados e ensevados os navios para
que ficassem mais ligeirosrdquo e a f 250 como as embarcaccedilotildees estavatildeo cifadas e enseyadas
prendeo logo o fogo nellas V Cifa
rarrLaudelino Freire CIFAR v tr dir De cifa + ar Ant Untar com cifa (os navios) 2
Aparelhar ou abastecer (embarcaccedilatildeo) para se lanccedilar agrave aacutegua
rarrAureacutelio natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Dos dicionaacuterios consultados natildeo citam o termo as obras de Aureacutelio e Cunha
Origem aacuterabe
Ficha 55
Cinta sf Faixa de apertar o corpo Cintura onde se aperta a cinta Peccedila das culumnas e
pedestaes (T Naut) Pagraveos de reforccedilar o forro do costado de popa agrave proa
______________________________________________________________________
rarrCunha cinta sf bdquofaixa para apertar a cintura‟ XIII Do lat cĭncta part De cĭngĕre cintAR
1881 cinto1
adj bdquocingido‟ XIV Do lat cinctus ndashūs part De cĭngĕre cinto2
sm bdquofaixa ou
tira que cinge o meio do corpo com uma soacute volta‟ XIII Do lat cinctus -ŭs cintura sf bdquoa
parte meacutedia do tronco humano situada abaixo do peito e acima dos quadris‟ l ccedilin- XIV ccedilim-
XV l Do lat cinctūra cintURAtildeO sm bdquocinto grande‟ 1813
rarrBluteau Cintas (Termo de navio) Saotilde huns paacuteos que cingem o navio da popa ateacute a proa
pela parte de fora abraccedilando toda aquella madeira em diſtancia huma da outra de palmo amp
meyo ou dous palmos de largo ou ſaotilde huns paacuteos q coacuterrem davante a Reacute ſobre as eſtacas que
ellas foraotilde correndo ao longo das Cintas do coſtados []
98
rarrMoraes e Silva [] t de Naut Paacuteos que vatildeo por fora do costado de popa aacute proa e servem
de reforccedilo ao taboado ou forro do costado Barros
rarrLaudelino Freire CINTAS s f pl Taacutebuas pregadas aos caibros junto agrave cumieira e
paralelas a esta de dois em dois metros mais ou menos para dar firmeza aos planos do
madeiramento 2 Pranchotildees que cingem o navio da pocircpa agrave proa
rarrAureacutelio cinta [Do lat cincta fem do part pass de cingere] Substantivo feminino
Constr Nav Fiada de chapas mais grossas dispostas de proa agrave popa no forro exterior do
costado de navios de ferro agrave altura do conveacutes da borda-livre com o fim de aumentar a
resistecircncia do casco e do proacuteprio costado cintado []1 Bras Mar G Dispositivo instalado
numa embarcaccedilatildeo de casco de ferro ou de accedilo e que atenua ou neutraliza a deformaccedilatildeo que o
magnetismo da embarcaccedilatildeo causa nas linhas de forccedila do magnetismo terrestre assim
reduzindo muito a eficaacutecia das minas e torpedos eletromagneacuteticos que se possam encontrar na
rota Cinta couraccedilada 1 Constr Nav Cinta de chapas de couraccedila para proteger navio
encouraccedilado e que se estende desde abaixo da sua linha de flutuaccedilatildeo ateacute pouco acima dela
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam cinta como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Ficha 56
Clara s f O branco glutinoso do ovo (T Naut) No beque do navio he hum pagraveo que vai por
baixo da curva e por cima do talhamar
______________________________________________________________________
rarrCunhaclara - Claro adj bdquoorig luminoso brilhante iluminado‟ fig niacutetido inteligiacutevel
manifesto‟ XIII Do lat clarus []
rarrBluteau [] Clara do Beque Palavra de Navio He hum paacuteo que vay por cima do
Talhamar amp por baxo da curva Chamaſe Clara porque tem ſeus vatildeos para por ella paſſar o
mar
rarrMoraes e Silva CLARA sf [] Clara do beque pao que vai por cima do talhamar e por
baixo da curva t de Naut
rarrLaudelino Freire CLARA sf [] 4 Abertura em algumas peccedilas do navio
rarrAureacutelio clara [F subst do adj claro] s f 4Mar V aberta (9) 5Constr Nav Designaccedilatildeo
comum a algumas aberturas existentes no casco ou no aparelho das embarcaccedilotildees []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todas as obras apontam clara como termo de navio entre outras acepccedilotildees
Origem portuguesa lt latina
99
Ficha 57
Colhedor sm Que colhe as frutas das aacutervores No plur(T Naut) Cabos que para fortificar
os mastros passatildeo pelas bigotas fixas nas pontas dos bdquoovens‟ da enxarcia e nas que estatildeo fixas
na abotoadura
______________________________________________________________________
rarrCunha colhedor ndash de colher Do latim colligere
rarrBluteau Colhedocircres (Termo de navio) Saotilde huns cabos que paſſaotilde pelas bigotas que
eſtaotilde fixas nas pontas dos ovens da Enxarcia como tambem por aquellas que eſtaotilde fixas na
abotocadura para fortificar os maſtos Demandaotilde toda a forccedila amp vaotilde a poder de muyto cabo
[]
rarrMoraes e Silva sm [] t de Naut cabos que passatildeo pelas bigotas fixas nas pontas dos
ovens da enxaacutercia e por outras fixas na abotoadura para fortificar os mastros
rarrLaudelino Freire COLHEDOR adj E sm De colher + dor O que colhe o que recebe
Colhedores s m pl Cabos delgados que enfiando pelos buracos de duas bigotas ou sapatos
servem para tesar os oveacutens estais
rarrAureacutelio [De colher (ecirc) + -dor] Adjetivo Marinh Cabo com que se tesa um estai um
oveacutem etc e que gorne em um par de bigotas uma das quais eacute presa no chicote do cabo a
tesar e a outra num ponto apropriado do conveacutes do costado de um mastro etc
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam colhedor como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Ficha 58
Contrapunho sm [T Naut] cabo pegado na ponta da vela grande e do traquete para ajudar
a amarra
______________________________________________________________________
rarrCunha contra (latim) +punho (latim)
rarrBluteau (Termo de navio) He hum cabo que eſtaacute pegado na ponta da vella grande amp do
traquete que ſerve de ajudar a amarra Naotilde tem nome proprio Latino
rarrMoraes e Silva CONTRAPUacuteNHO s m t de Naut Cabo pegado na ponta da vela grande
e do traquete para ajudar a amarra
rarrLaudelino Freire CONTRAPUNHO s m De contra + punho Naacuteut Cabo fixo na ponta
da vela grande e do traquete para auxiliar a manobra
rarrAureacutelio contrapunho [De contra- + punho] Substantivo masculino 1Marinh Cabo ligado
agrave ponta da vela grande e do traquete e que serve para auxiliar a manobra
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam contrapunho como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
100
Ficha 59
Corda sf fios torcidos de estopa etc entre si de diversas grossuras e para diversos usos Nos
Instrumentos musicos he de intestinos de animaes ou de arame No relogio he de accedilo
Cordilheria Extremidade do muscolo No plr (T Naut) Chapas de lata que vatildeo davante agrave regrave
nas cobertas
______________________________________________________________________
rarrCunha corda sf bdquocabo de fios vegetais unidos e torcidos uns sobre os outros‟ bdquofios de
vibra em alguns instrumentos‟ XIII Do lat chŏrda deriv Do gr chordē bdquotripa corda musical
feita com tripas‟ []
rarrBluteau CORDA Corda de navio Funis nauticus i Maſe Rudens tis Maſe Plauto faz
eſte nome do genero feminino mas melhor he fazelo do genero maſculino agrave imitaccedilaotilde de
Catullo Virgilio Oviacutedio Lucano Silio Italico amp Juvenal Vid Ancora Vid Calabre Cordas
com que ſe governaotilde as antenas Funes opiferi Corda com que ſe atta a antena ao maſto
Anquina e Fem Cinna Corda que puxa agrave firga []
rarrMoraes e Silva COacuteRDAS sf pl t de Naut Satildeo umas latas davante a re em todas as
cobertas
rarrLaudelino Freire CORDA s f Lat chorda Peccedila de fios unidos e torcidos uns socircbre os
outros e que serve para prender ou apertar[]
rarrAureacutelio corda [Do lat chorda] Substantivo feminino Constr Nav Ant Cada uma das
vigas longitudinais que nas naus galeotildees etc juntamente com os vaus e as latas aguentavam
os pavimentos 10Marinh Pedaccedilo de cabo ligado ao badalo do sino de bordo [Eacute este a bordo
o uacutenico cabo que tem o nome de corda Cf sicorda]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Falta soacute a induacutestria de as ir puxando para diante para cada vez irem avanccedilando e eacute faacutecil
pondo na ponta de cada pao alguma roda ou reacutegoa entesada em cordas
um calabre cujas pontas vatildeo prender na extremidade dos acircngulos que seguram
PADRE JOAtildeO DANIEL (1976) [1757] PARTE SEXTA - DO TESOURO DESCUBERTO NO
RIO MAXIMO AMAZONAS - CONTEacuteM INVENTOS UacuteTEIS E CURIOSOS PARA A MELHOR
FAZENDO NAVEGACcedilAtildeO PROacuteSPEROS TODOS OS VENTOS AINDA OS MAIS
PONTEIROS E CONTRAacuteRIOS E PARA FAZER NAS CALMARIAS BOA VIAGEM COM
NOVA INVENCcedilAtildeO DE REPRESAR AS MAREacuteS PARA MOEREM FAacuteBRICAS E INGENHOS
DE MOTO CONTIacuteNUO ACCRESCEM ALGUMAS OUTRAS IDEacuteAS DE INGENHOS
MANUAES PARA SERRAR MADEIRA FAZER ACcedilUacuteCAR E MUITOS OUTROS NAtildeO
MENOS CURIOSOS QUE UacuteTEIS A VIDA HUMANA - CAP 12deg - DOS OUTROS TREcircS
MODOS DE SERRAR MADEIRA COM INGENHO PORTAacuteTIL [A00_1975 p 431]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam corda como termo naacuteutico exceto Laudelino
Origem portuguesa lt latina lt grega
101
Ficha 60
Cossouro sm (T Naut] bola de ferro furada no meio onde se mette o mastro Na espora he
a roda com dentes
______________________________________________________________________
rarrCunha cossouro sm bdquoroseta de espora‟ 1813 De origem obscura
rarrBluteau COSSOUROS do navio Saotilde humas bolas de ferro furadas no meyo em que ſe
mete o maſto Servem para os Enxertarios []
rarrMoraes e Silva COSSOgraveUROS s m pl t de Naut Bolas de ferro furadas no meyo em
que se mette o mastro servem para os enxertarios sect Cossouro da espora roda que estaacute na puacutea
rarrLaudelino Freire COSSOURO s m Bola de ferro com orifiacutecio ao centro onde se embebe
o mastrosect 2 Roseta de espora
rarrAureacutelio cossouro [De or obscura] SM 1Roseta de espora [F paral cossoiro]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios remetem o significado do termo cossouro ao mundo
naacuteutico Origem obscura
Ficha 61
[]
Costa sf Terreno que se levanta em ladeira Terra junta ao mar No plr costelas do corpo
(T Naut] curvas e outras peccedilas que sostecircm o costado []Dar aacute costa naufragar encalhar
[]
______________________________________________________________________
rarrCunha costa sf bdquo(no pl) espaacuteduas‟ XIII bdquocostela‟ XIII bdquolitoral‟ XIV Do lat cŏsta
bdquocostela ilharga lado flanco‟ []
rarrBluteau COSTA do mar ( chamada porque de ordinario he amp coſtumamos dizer A
coſta do monte ou porque a terra junto ao mar de ordinario he curva a modo de Correr a
coſta Navali excursione oram Deſpois de corrida toda a coſta Proximo laure Tacito
fallatildedo em huma armada Navegar coſta a coſta Luttus radere Vr V CoſtearDar agrave coſta
Allidi ad eram ou ad oram maritimam Com naacuteos deſtroccediladas tem quaſi agrave Coſta Chagas
Cart Eſpirit Tom 291 Fez fazer mytos navios para guardar a coſta Varias naves ad oram
maritimam tuendam
rarrMoraes e Silva COacuteSTA s f Terreno que se vaacutei erguendo e fazendo ladeira sect Ir coacutesta a
riba i eacute debaixo para cima e fig com difficuldadesect Correr a costa ir ao longo perto della
e assim navegar costa a costa sem se empeacutegar nem emmarar sect Dar agrave costa vir encalhar ou
naufragar nella com tormenta ou varar nella de proposito vg deu este navio aacute costa o tempo
forte deu elle aacute costardquo naacuteos lanccediladas aacute costardquo B 453
rarrLaudelino Freire COSTA s f Ant Anat Costela 2 Regiatildeo proacutexima do mar borda
do mar litoral praia 3 Porccedilatildeo de mar proacutexima da terra
102
rarr Aureacutelio [] 2Litoral (2) 3Porccedilatildeo de mar proacutexima da terra 4A costa da Aacutefrica em geral
[Nesta acepccedil figura em vaacuterios vocaacutebulos ou expressotildees como p ex pano da costa e sabatildeo-
da-costa] 5Encosta declive Dar agrave costa 1 Mar Encalhar (a embarcaccedilatildeo) no litoral por
acidente ou maacute visibilidade ou impelida por tormenta ir agrave costa 2 Fig Perder-se arruinar-se
Ir agrave costa 1 Mar Dar agrave costa (1)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
mar quebrar na costa
preto
PERO VAZ DE CAMINHA (1964) [1500] CARTA DE PERO VAZ DE CAMINHA
[A00_0335 p 01]
Sesta-feira 2 dias de Novembro veo a gente que tinha mandada em busca de Martim Afonso
e me disseram como a nao capitaina dera agrave costa por falta de amarras e que Martim Afonso
com toda a gente se salvaram todos a nado (sogravemente morreram sete pessoas seis afogados e
um que morreo de pasmo) e que o bragantim dera tambeacutem agrave costa e poreacutem que lhe nom
fizera nojo e o batel do galeam e da capitaina tinhatildeo satildeos []
PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE
SOUSA] [A00_0078 p 73]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todas as obras indicam costas dentre outras acepccedilotildees como termo ligado agrave
vida mariacutetima Como termo naacuteutico o DLB apresenta tambeacutem a expressatildeo dar agrave costa
Origem portuguesa lt latina
Ficha 62
Cruzar va Por em forma de cruz Atravessar pelo meio Fig Sobmetter-se conformar-se (T
Naut) Pairar
______________________________________________________________________
rarrCunha cruzarrarr CRUZ [] Do lat crux crǔcis [] cruzAR vb bdquofazer cruzada‟ XIII
bdquopercorrer atravessar‟ XVII []
rarrBluteau CRUZAR Andar atraveſſando de huma parte a outra Cruzar o mar aſſi
como diz Cicero Andatildeo os Piratas cruzando o mar Pirate mareacute inſeſtum havent Ex Cicer
ou mareacute navibus interclu ou claufum tenent Outras duas velas Cruzaratildeo largo tempo o mar
Britt Viagem ao Braſil pag 56 Dos que Nos Eſtreytos do mar ſe levantatildeo as ondas
amp andatildeo os mares Cruzados Vieir Tom 6 pag 481
rarrMoraes e Silva CRUZAacuteR v at Pograver em cruz v g cruzatildeo as vergas Mousinho Afonso
Afric sect Andar bordejando pairar Brito Viag Braacutes P56 duas velas cruzaacuteratildeo largo tempo o
mar Vieira andatildeo os homens cruzando as cortes atravessando daqui para alli no mesmo
lugar Cruza este terreiro a cavalo cruza os mares
rarrLaudelino Freire CRUZAR v r v De cruz + ar Ocupar ou vigiar certa extensatildeo do mar
percorrendo-a em tocircdas as direccedilotildees (intr tr ind com prep em) ldquoAs esquadras federais
cruzaram veratildeo e inverno durante anosrdquo (Rui) ldquoUma esquadra destinada a cruzar no
Baacutelticordquo (Aulete)
rarrAureacutelio cruzar [De cruz + -ar2][]3Cortar atravessar A Avenida Rio Branco cruza a
Presidente VargasCruzam o firmamento as estrelas cadentes (Martins Fontes Veratildeo p
154) 4Passar por percorrer atravessar Lembrava-se bem do tempo em que cruzara aquelas
estradas5Transpor penetrar Saiu dizendo que jamais voltaria a cruzar aqueles
umbrais6Percorrer em diversos sentidos cruzar os mares cruzar estradas []
8Encontrar-se vindo em direccedilotildees opostascruzara com um caboclo espadauacutedo e rijo
(Herman Lima Garimpos p 142) [] 10Percorrer o mar em direccedilotildees diversas11Estar
103
atravessado colocar-se de traveacutes 12Encontrar-se vindo em direccedilotildees opostas cruzar-se []
Cruzar (16) Os navios cruzaram-se em pleno equador []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Em que se declara o clima da Bahia como cruzam os ventos na sua costa e correm as aguas
GABRIEL SOARES DE SOUSA (1938) [1587] DESCRIPCcedilAtildeO TOPOGRAPHICA DA BAHIA
(PARTE SEGUNDA -TITULO 2) [A00_0178 p 133]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Os dicionaacuterios consultados apresentam abonaccedilotildees que remetem ao termo
cruzar na acepccedilatildeo de mariacutetimo Origem portuguesa lt latina
Ficha 63
Cunho sm Instrumento com que se marca a moeda ou medalha Fig Uso pronunciaccedilatildeo
sentido que se daacute agraves palavras (T Naut) Pagraveos em torno do cabrestante com seus dentes em
que pegatildeo o linguete e as amarras Sem cruzes nem cunhos famil sem caracter certo vario
______________________________________________________________________
rarrCunha cunho sm ldquoplaca de ferro para marcar moedas medalhas etcrdquo XV Do lat cŭněus
ndashī
rarrBluteau Cunhos (Palavra de navio) Satildeo huns paacuteos pregados agrave roda do cabreſtante por
baxo com ſeus dentes em que pega o linguete amp as amarras quando viraotilde Natildeo temos
palavra propria Latina
rarrMoraes e Silva CUNHO Cunhos t de Naut paacuteos pregados aacute roda do cabrestante com
seus dentes em que pega o linguete e as amarras quando viratildeo
rarrLaudelino Freire CUNHO Cunhos s m pl Naacuteut Espaccedilo junto ao lais tendo aberto
perpendicularmente um gorne onde passam certos cabos que manobram a vela que lhes fica
superior 2 Naacuteut Paus pregados em tocircrno do cabrestante nos quais pelo linguete 3
Pedaccedilos de pau curtos pregados no lugar conveniente e que servem para dar volta aos cabos de
mareaccedilatildeo
rarrAureacutelio cunho [Do lat cuneu] Substantivo masculino1Constr Nav Peccedila de metal
incudiforme que se fixa na amurada das embarcaccedilotildees nos turcos ou nos lugares por onde
possam passar cabos de laborar para dar-lhes volta2Tip Cada uma das peccedilas de metal que
com o auxiacutelio de chave servem para apertar a focircrma na rama [Sin nesta acepccedil aperto e
(desus) cunha V enviesado]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam cunho como termo de navio Origem
portuguesa lt latina
Ficha 64
104
Curva sf A parte interior do joelho No pl (T Naut) Os pagraveos curvos que pegatildeo na quilha e
onde se pregatildeo as taboas
______________________________________________________________________ rarrCunha curv ˙a -ado -ar -atura rarr CURVO Curva sf bdquoqualquer linha ou superfiacutecie curva‟
1500 bdquo(Geom) lugar geomeacutetrico de um ponto que se desloca no espaccedilo com um uacutenico grau de
liberdade‟ 1844curvADO-bado XIV Do lat curvātus part de curvāre []
rarrBluteau Curva (Termo de Navio) Curvas de cotildevez ſaotilde as chaves da naacuteo que fortificatildeo os
lados Parece que ſaotilde o que Plinio chama Navium coft amp arum Fem Plur Curva do falcatildeo
do Beque he huma curva particular em que prega o Talhamar A quilha eſtava podre podres
as Curvas ou cavernas Vieira Tom 10220 E dando entre duas ondas impetuoſas Taboas
rendeo amp as Curvas mais forccediloſas Malaca conquiſt livro 1 oit 35
rarrMoraes e Silva CUacuteRVA Curvas t de Naut as costas ou peccedilas de paacuteo curvas que
nascem da quilha nas quaes se pregatildeo as taacuteboas do costado cavernas Vieira sect Curva do
falcatildeo do beque eacute uma curva onde se prega o talhamar
rarrLaudelino Freire CURVAS sf pl Mar Madeiros arqueados que partem do costado do
navio
rarrAureacutelio curva [F subst de curvo] SF 1Geom Lugar geomeacutetrico de um ponto que se
desloca num espaccedilo com um uacutenico grau de liberdade linha curva [O conceito pode abranger
como caso particular a linha reta] Curva de giraccedilatildeo 1 Lus Mar Curva de giro (q v)
Curva de giro 1 Bras Mar A que o centro de gravidade duma embarcaccedilatildeo descreve quando
se manteacutem o leme carregado para um dos bordos curva de giraccedilatildeo
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
A madeira eacute leve mas muito liada que natildeo fende de que se tiram curvas para barcos e que
se fazem vasos de sellas e destas folhas podem manter bichos de seda e os levarem a estas
partes
GABRIEL SOARES DE SOUSA (1938) [1587] DAS ARVORES MEANS COM
DIFFERENTES PROPRIEDADES DOS CIPOacuteS E FOLHAS UTEIS (PARTE SEGUNDA -
TITULO 9) [A00_0185 p 252]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaristas apresentam curva como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Ficha 65
Curvatatildeo sm ndashotildees no plr (T Naut) Vatildeo onde assenta a gavea Entre os Ferreiros satildeo dous
pagraveos do folle onde se prega a bdquoperada‟
______________________________________________________________________
rarrCunha curvo Do latim curvus
rarrBluteau CURVATAM Curvataotilde (Palavra de Navio) Curvatatildeo do gurupez he donde ſe
poem o vatildeo para aſſentar a gavea Carchefij fulcimentum i Neut Curvatoens tambem ſaotilde
huns paacuteos fortes em que ſe pregatildeo as perchas do beque Curvatoens do folle em officina de
fundidor ſaotilde dous paacuteos em que ſe prega huma taacuteboa de madeyra a que chamaotilde Perada
rarrMoraes e Silva CURVATAtildeO s m t de Naut No Curvatatildeo do gurupeacutes estaacute o vatildeo para
assentar a gaacutevea sectCurvatotildees do folle de ferreiro satildeo dois paacuteos onde se prega uma taacuteboa
chamada perada
rarrLaudelino Freire CURVATAtildeO Curvatotildees s m pl Naacuteut Duas peccedilas do mastro acima
da romatilde nas quais assentam os vaus reais
rarrAureacutelio curvatatildeo [Do esp curvatoacuten lt cat corbatoacute] Substantivo masculino 1Constr Nav
Ant Cada uma das duas fortes peccedilas de madeira presas agrave romatilde do mastro ou mastareacuteu e sobre
as quais assenta o cesto da gaacutevea
105
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaristas apresentam curvatatildeo como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Ficha 66
Cutegravelo sm Alfange Instrumento semi-circular de ferro de que servem os curtidores [T
Naut] Vela pequena que se ajunta as gaveas No plr Pennas da extremidade das azas do
falcatildeo
______________________________________________________________________
rarrCunhacutelo sm bdquofaca‟ coitello XIII coytelo XIII Do lat cŭltěllus []
rarrBluteau Cutelos (Termo de navio) Armando-lhe joanetes amp Cutelos que natildeo trazia
Britto Viagem do Braſil pag 120
rarrMoraes e Silva CUTEgraveLO s m Alfange [] Velas pequenas que se ajuntatildeo quando haacute
bom vento Britto Viagem Metter cutelos e varreduras
rarrLaudelino Freire CUTELOS s m pl Mar Pequenas velas quadrangulares que servem de
suplemento agraves outras e se desfraldam quando o vento eacute favoraacutevel 2 Pedaccedilos de lona ou
brim que saem do painel das velas quando estas se cortam
rarrAureacutelio cutelo1 [Do lat cultellu faquinha] S m 3Ant Marinh Cada uma das velas
suplementares quadrangulares caccediladas junto agraves testas do velacho e da gaacutevea quando o vento
era de feiccedilatildeo para aumentar a superfiacutecie do pano vela de cutelo
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaristas apresentam cutelo como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
D
Ficha 67
Drsquoavante adv (T naut-) por diante
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta dlsquoavante poreacutem haacute avante adj bdquoadiante para frente‟ XIII Do lat tard
ǎbantě [] auantal XIV vante sf bdquoa metade dianteira da embarcaccedilatildeo‟ XVI
rarrBluteau DAVANTE Em praſe Nautica vai tanto como por diante Fez tomar o navio por
Davante Barros Dec 4 fol 57 Saltaraotilde no Caſtello Davante Barros 1 Dec 116 col2
Antes de darem por Davante Britto Viagem do Braſil 284
rarrMoraes e Silva D‟AVANTE adv tde Naut V Avante Barros Surdir obedecer ao leme
ou governo e mareaccedilatildeo que se faz para fazer cabeccedila e navegar
rarrLaudelino Freire natildeo constad‟avante AVANTE sm Despor O mesmo que atacante
Avante Interj Voz que exprime incitamento e equivale a ldquovamos para dianterdquo Prossigamos
rarrAureacutelio natildeo consta d‟avante consta avante [Do lat vulg abante] Adveacuterbio 1Adiante
Mais avante comeccedilava a selva2Para adiante para a frente Marchemos avante
106
Interjeiccedilatildeo 3Para a frente rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Quinta-feira no quarto de alva me deu por davante o vento sudoeste levando as velas cheas
do vento nordeste que foi a mor afronta que nesta viajem noacutes tiacutenhamos visto E com o vento
sudoeste lanccedilaacutemos as naos ao pairo
PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE
SOUSA [A00_0078 p 65]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios somente Bluteau e Moraes e Silva indicam dlsquoavante como termo naacuteutico
Origem portuguesa lt latina
Ficha 68
Desaferrar va Soltar cousa preza com ferro ou a ferro Soltar largar o que estava prezo
Fig Tirar a forccedila das matildeos das unhas etc (T naut) Levantar ancora
______________________________________________________________________
rarrCunha des˙a˙ferr˙ar -olhar - FERRO sf bdquometal maleaacutevel e tenaz de numerosas aplicaccedilotildees
na induacutestria e na arte‟ XIII Do lat ferrum ndashi [] DESAferrAR XVI []
rarrBluteau DESAFERRAR Tirar alguma couſa do ferro com que eſtaacute preſo Aliquid ferreo
vinculo exfolvere Deſaferrar da maotilde dos dentes das garras unhas ampc he tirar por forccedila que
as ditas couſas tem aferrado Aliquid egrave manibus dentibus unguibus avellere evellere
revellere (vello vulfi vullere evellere revellere (vello vulfi vulfum) Ex Cic Deſaterrar do
Porto Levantar ferro Solvere egrave portu ou folvere navem Cic Deſpois de Deſaferrar do
Porto Ancoris folutis Cic Nem aſſi quizeraotilde Deſaferrar do Porto Jacinto Freyre mihi pag
27
rarrMoraes e Silva DESAFERRAR v at Soltar alguma coisa do ferro a que estava presa v
g desaferraratildeo a embarcaccedilatildeo inimiga a preza te desaferro Lobo Egl7 sect Desaferrar do
porto levantar ferro ancora
rarrLaudelino Freire DESAFERRAR v r v De des + aferrar Levantar ferro ou acircncora (o
navio) (intr tr ind com prep de) ldquo O navio desaferrourdquo ldquoA primeira esquadra agraves ordens de
Lencastre desaferrou do pocircrto de Woolwichrdquo (Rebecirclo da Silva)
rarrAureacutelio desaferrar [De des- + aferrar] Verbo transitivo direto 1Soltar (o que estava
aferrado preso com ferro) 2Soltar (o que estava seguro) Verbo transitivo direto e indireto
3Fazer desistir dissuadir Natildeo conseguimos desaferraacute-lo daquela ideia
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todas as acepccedilotildees exceto as apresentadas por Aureacutelio remetem ao universo
naacuteutico Origem portuguesa lt latina
Ficha 69
Desancorar va (T naut) Levantar ancora
______________________________________________________________________
rarrCunha Do lat ancōra deriv do gr aacutegkyra
rarrBluteau DESANCORAR Levantar a ancora Anchoras toliere Vid Ancora
rarrMoraes e Silva DESANCORAacuteR v at Levantar a ancora o ferro do navio sect vn
Desaferrar
107
rarrLaudelino FreireDESANCORAR vrv De des + ancorar Levantar a acircncora de (tr dir)
2 Levantar acircncora (intr)
rarrAureacutelio desancorar [De des- + ancorar] Verbo td Desus 1Levantar a acircncora de
desancorar um barcoVerbo intransitivo 2Levantar acircncora desaferrar do porto
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam desancorar como termo naacuteutico Aureacutelio
acrescenta ldquotermo em desuso Origem portuguesa lt latina lt grego
Ficha 70
Descahir v n [T naut] Apartar-se do rumo por causa da corrente etc Soffrer decadencia de
bens de valimento etc Ir a mal o que estava bem Declinar
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta descair consta cair cair vb bdquocorresponder a tocar a‟ bdquoir ao chatildeo‟
XIV caer XIII Do lat caděre cadente adj 2g bdquoque vai caindo‟ bdquocadenciado ritmado‟
XVIII Do lat cadens -ēntis bdquoque tomba que cai‟ caIacuteDO 1572 -hi- XVI caIMENTO
-hi- XVIII DEcaIacuteDO decau- XIII DEcaiMENTO -cay- XV Decair XIII
DEScaIacuteDA -hi- 1813 DEScaIacuteDO XVI DEScaIMENTO XVI DEScair XVI
descayr XV queda sf bdquobaque tombo‟[]
rarrBluteau DESCAHIacuteR (Termo Nautico) He nas viagens por mar cotilde a forccedila do vento das
mares ou das correntes perder o rumo amp ſahir da derrota que ſe tem tomado itinere
ventorum ou aquarum vi de (Fleto flexi flexum) Como pairava podia Deſcahir com o
vento Britto viagem do Braſil 37 O Galeaotilde foy Deſcahindo com a correnteQueyros Vida do
Irmatildeo Baſto 311 col2 Deſcahir do valimento In principis offenſionem incurrere ou cadere
Cic
rarrMoraes e Silva DESCAHIR v n t de Naut Apartar-se do rumo por forccedila do vento
contrario de aguagens ou correntes B145 ldquonatildeo querendo o navio fazer cabeccedila (por tomar
vento d‟avante) comeccedilou de ir descahindo sobre hum baixo
rarrLaudelino Freire DESCAIR vrv De des+cair Naacuteut Desviar-se do rumo ou direccedilatildeo
derivar (intr) Abrandar amainar (intr) ldquoO vento comeccedila a descairrdquo (Aulete)
rarrAureacutelio [De des- + cair] V t d[] 4Mudar de rumo derivar (embarcaccedilatildeo) [] 9Estar
inclinado em (certa direccedilatildeo) []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
[] quando voltou encontrara huma armada de vinte naacuteos Hollandezes que lhe impediratildeo o
poder lanccedilar da sua gente a que pretendia no porto de Tamandareacute e por descahir muito com
as correntezas apenas podera tomar o porto dos Touros onde fizera dezembarcar o Mestre
de Campo Andreacute Vidal de Negreiros []
LUIZ DOS SANTOS VILHENA (1921) [1802] CARTA UNDECIMA [A00_0832 p 401]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam descahir como termo naacuteutico ou remete ao
universo mariacutetimo Origem portuguesa lt latina
108
Ficha 71
[]
Dobrar va voltar parte de alguma cousa sobre outra Fazer girar sobre o eixo fallando de
hum sino e de hum cabo (T Naut) Passar alem delle Curvar commover mover alguem
Amansar Accrescentar outro tanto Dobrar-se figldquoAugmentar-serdquo em dobro vnVoltar
______________________________________________________________________
rarrCunhadobrar vb‟duplicar aumentar tornar mais completo mais extenso‟‟curvar abater
domar‟ bdquomodificar passar aleacutem de torneando‟ XIII Do lattardio duplārede duplus
bdquodobro‟derivde duo bdquodois‟ []
rarrBluteauDOBRAR Dobrar hum cabo (Termo nautico) []
rarrMoraes e Silva DOBRAacuteR v at Voltar a porccedilatildeo ou parte de uma coisa sobre outra parte
v g um ramo do panno sobre outro a parte de uma folha de papel sobre outra a ponta de um
prego ou arame sobre o maissect Dobrar o Cabo t de Naut passar aleacutem delle navegando fig
ao dobrar de huma assomada Lobo Egl 5
rarrLaudelino Freire DOBRAR v r v Lat duplicare Passar aleacutem dando volta costeando ou
torneando (tr dir) ldquoAs primeiras navegaccedilotildees regulam-se pelas balizas que deixaram os
predecessores e pelos mesmos cabos que ecircles dobravamrdquo (Latino Coelho)
rarrAureacutelio dobrar [Do lat duplare] Verbo transitivo direto 1Tornar duas vezes maior
duplicar As chuvas dobraram o volume de aacutegua da represa4Voltar ou virar (um objeto) de
modo que uma ou mais partes dele se sobreponham a outra(s) Apoacutes a cerimocircnia os soldados
dobraram a bandeira5Fazer vergar curvar flexionar flectir dobrar os joelhos Ao redor de
noacutes o vento selvagem que dobra vergocircnteas ondeia cidreiras e despetala flores (Maacuterio da
Silva Brito Conversa Vai Conversa Vem p 12) 6Passar aleacutem de circundando Vasco da
Gama dobrou o cabo da Boa Esperanccedila em 1498 7Teatr Interpretar dois ou mais papeacuteis
numa mesma peccedila 8Vergar-se curvar-se 9Ceder transigir 10Pocircr-se (o Sol) 11Bras
Gorjear cantar (paacutessaro) 12Bras PA Proceder a uma dobraccedilatildeo (2) Verbo pronominal
13Tornar-se maior aumentar(-se) 14Curvar-se inclinar-se vergar15Afrouxar(-se) ceder
[Pres ind dobro etc Cf dobro (ocirc) s m]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
O vento era sueste que nos era escasso pera dobrar(e)mos o cabo de Santlsquo Agostinho As
aacuteguas nesta paragem correm a loeste com muita forccedila
PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE
SOUSA () [A00_0078 P 36]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Bluteau e Moraes e Silva apontam dobrar como termo naacuteutico Laudelino
Freire e Aureacutelio natildeo o fazem mas apresentam abonaccedilotildees que mostram o termo como do
universo mariacutetimo Origem portuguesa lt latina
109
Ficha 72
Dormenteadj Adormecido Entorpecido Que estaacute fixa fullando de huma ponte No pl (T
Naut) Diz-se de huns pagraveos que vatildeo fechar nas buccedilardas da proa e em que se assenta a coberta
Na atafona satildeo dois pagraveos em que descanccedilatildeo os emparamentos sobre que anda a moacute
______________________________________________________________________
rarrCunha dormente rarr DORMIR Dormir vb bdquodeixar de estar acordado descansar no sono‟
XIII Do lat dormīre AdormENTAR XIII dormentar XIVAdormir XIII dormEcircNCIA
XX dormENTE1
adj bdquoaquele que dorme‟ bdquodiz-se das plantas cujas folhas se enrolam ou se
desdobram de noite‟ bdquoentorpecido‟ bdquoque estaacute assentado firme‟ XIV Do lat dorm(i)ens ndash
(i)entis part pres de dormīre dormENTE2
sm bdquocada um dos paus da coberta de um navio‟
bdquotravessas em que se assentam os trilhos da linha feacuterrea‟ XVI O termo comeccedila a usar-se
nestas acepccedilotildees como oposto a elevadiccedilo moacutevel natildeo-fixo Assim ponte dormente eacute aquela
que eacute fixa em oposiccedilatildeo a ponte elevadiccedila daiacute o uso substantivado e sua expansatildeo
rarrBluteau Dormentes (Termo de navio) Saotilde os em que ſe forma a cobertaa amp vaotilde a fechar
em buccedilardas da Proa
rarrMoraes e Silva DORMEgraveNTES s m pl t de Naut Satildeo paacuteos em que se foacuterma a coberta e
vatildeo fechar nas buccedilardas da proa sect na Atafona Satildeo 2 paacuteos em que se descanccedilatildeo os
emparamentos nos Engenhos de assucar paacuteos em que assenta a ponte da moendasect Os Sete
Dormentes V C Flos Sanct De Fr Diogo do Rosario que traz a sua histoacuteria curiosamente
ldquoacordaratildeo os dormentesrdquo P d‟Aveiro c 91
rarrLaudelino Freire DORMENTE sm Naacuteut Cada um dos paus com que se forma a coberta
e que vatildeo fechar nas buccedilardas da proa2 Uma das peccedilas da atafona 3 cada uma das
travessas em que assentam os carriacutes das linhas feacuterreas
rarrAureacutelio dormente [De dormir + -ente] Substantivo masculino 1Peccedila fixa de marcenaria
ou de serralharia assim chamada em contraposiccedilatildeo a outras do mesmo tipo ou aparecircncia
poreacutem moacuteveis 2Peccedila da atafona 3Cada uma das peccedilas de madeira em que se pregam as
taacutebuas do soalho 4Constr Nav Cada uma das fortes vigas de madeira que correm de proa agrave
popa sobre o topo das balizas e sobre as quais se apoiam os topos dos vaus 5Constr Nav
Cada uma das vigas de madeira que correm de proa agrave popa presas agraves cavernas de embarcaccedilatildeo
miuacuteda um pouco abaixo do alcatrate e sobre as quais se apoiam as bancadas dos
remadores[]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
[ -
inconveniente no Amazonas por abundar tanto nele e nas suas matas a madeira mas ainda
que esta seja muita e esteja agrave escolha sempre custa a cortar e a conduzir e a lavrar de
sorte que chamando-se embarcaccedilotildees de um soacute pao inteiriccedilas necessitam de muitos mais
paos do que as embarcaccedilotildees ordinaacuterias um pao para fazer o casco outros dous paos para
tirar as duas cavernas outros dous para os dous talabardotildees e todos esses satildeos paos
grandes 4 paos famosos para construir as duas bochecas e as duas conchas da proa sem
falar nos muitos outros paos para dormentes bancos mastros e mais requisitos E por
ventura satildeo estas embarcaccedilotildees mais fortes e duraacuteveis que as ordinaacuterias
110
PADRE JOAtildeO DANIEL (1976) [1757] PARTE QUINTA - EM QUE MOSTRA UM NOVO E
FAacuteCIL MEacuteTODO DA SUA AGRICULTURA O MEIO MAIS UacuteTIL PARA EXTRAIR AS SUAS
RIQUEZAS E O MODO MAIS BREVE PARA DESFRUTAR OS SEUS HAVERES PARA
MAIS BREVE E MAIS FACILMENTE SE EFEITUAR A SUA POVOACcedilAtildeO E COMEacuteRCIO -
TRATADO 4deg - DA FACTURA DAS CANOAS OU EMBARCACcedilOtildeES DO AMAZONAS - CAP
2deg - DOS MUITOS INCONVENIENTES QUE TEM ESTA PRAXE DAS CANOAS [A00_1923
P 193]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios aprsentam dormente como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Ficha 73
Driccedila sf (T Naut) Corda de iccedilar e marear as velas
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau DRICA Corda de roldana ou cabo com que ſe levantaotilde amp abaixaotilde as vergas
dos navios []
rarrMoraes e Silva DRICcedilA s f t de Naut Corda de iccedilar e marear as velas Couto 836
cortou a driccedila da vela Epanaforas H Naut 2134 enxarcea e driccedila fizeratildeo de huma linha de
pescar
rarrLaudelino Freire DRICcedilA s f ital drizza Corda com que se iccedilam pavilhotildees vecircrgas de
navio etc adriccedila ADRICcedilA s f De a + ital drizza Naacuteut Cabo para iccedilar velas ou bandeiras
nos mastros dos navios
rarrAureacutelio driccedila [Do it drizza pela f driccedila] S f 1Marinh Ant Adriccedila Adriccedila [De a-5 +
it drizza pela f ant driccedila] 1Marinh Cabo de laborar utilizado para iccedilar bandeira flacircmula
roupa maca e determinadas vergas e velas driccedila De improviso flutuaram todas [as canoas]
com rangidos de adriccedilas e palpitaccedilotildees do velame que o vento encopava e propelia (Xavier
Marques Jana e Joel p 53) A meia adriccedila 1 Marinh Diz-se de bandeira iccedilada ateacute 23 da
distacircncia vertical que vai do lais da verga ou do tope do mastro ao local de onde foi iccedilada a
meio 2 Mar Giacuter Um tanto embriagado tocado
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Do entrecasco de duas qualidades que ha de Imbira se fazem rijissimas cordas e ainda
amarras escotas driccedilas etc para as embarcaccediloens que navegatildeo pella costa e reconcavo
asim como estocircpa para calafates e outros uzos
LUIZ DOS SANTOS VILHENA (1921) [1801] CARTA VIGESIMA [A00_0846 p 762]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam driccedila como termo naacuteutico Origem italiana
E
Ficha 74
Embonar va (T Naut) Accrescentar o costado da embarcaccedilatildeo para ter mais bojo
______________________________________________________________________
rarrCunha em˙bon˙ar -o - bom boa adj bdquoque tem as qualidades adequadas agrave sua natureza ou
funccedilatildeo‟ bdquobeneacutevolo bondoso benigno‟ [] EMbonAR 1813 Do cast embonar EMbono
1813 Do cast embono
111
rarrBluteau (Termo Nautico) Embonar hum navio He ſobre o proprio madeyro com taboas
groſſas ou com novos madeyros amp com novo taboado dar bojo a hum navio que por falta
delle naotilde ſuſtenta a vela Navis latera lignis tabuliſque novis veſtire []
rarrMoraes e Silva EMBONAacuteR vatt de Naut |Acrescentar o costado do navio que fique
mais bojudo para aguentar melhor o panno
rarrLaudelino Freire EMBONAR v tr dir De embono + ar Naacuteut Reforccedilar exteriormente o
costado de (um navio)
rarrAureacutelio Embonar [Do esp embonar] Verbo transitivo direto 1Constr Nav Colocar
embono em (uma embarcaccedilatildeo)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam embonar como termo naacuteutico ou naval
Origem castelhana
Ficha 75
Embono sm [T naut] Accrescentamento de bojo ao costado do navio
______________________________________________________________________
rarrCunha em˙bon˙o - BOM bom boa adj bdquoque tem as qualidades adequadas agrave sua natureza
ou funccedilatildeo‟ bdquobeneacutevolo bondoso benigno‟ [] EMbono 1813 Do cast embono
rarrBluteau Embocircno (Termo Nautico) Hagrave dous generos de embono Embono que ſe faz
ſobre o proprio madeyro deſcozendo o coſtado amp pondo o coſtado ſobre o embono Outro
embono faz ſobre o proprio coſtado com taboado groſſo Vid Embonar
rarrMoraes e Silva EMBOgraveNO s m Augmento de bojo que se daacute o costado do navio para
que possa aguentar melhor o panno faz-se sobre o antigo costado pondo-lhe outro
rarrLaudelino Freire EMBONO s m Naacuteut O bocircjo ou saliecircncia do costado de qualquer navio
embonado embonada EMBONOS s m pl Naacuteut Madeiras que servem para embonar o
navio2 Paus que fixam socircbre o costado para facilitar o desembarque
rarrAureacutelio [Do esp embono] S m 1Ant Constr Nav Revestimento de madeira aplicado
sobre o casco de embarcaccedilatildeo desde o fundo ateacute agrave linha-daacutegua quando ela mostra grande
tendecircncia para se inclinar 2Ant Constr Nav Revestimento suplementar com estrutura
celular que em navios metaacutelicos corria a um e outro bordo ao longo do costado desde um
pouco acima da linha-daacutegua ateacute certa profundidade e destinado a melhorar a proteccedilatildeo do
navio contra as explosotildees de torpedos ou minas contracarena [Cf nesta acepccedil coacuteferdatilde (2)]
3Bras N NE Grande viga de pau de jangada ou de outra madeira leve presa ao longo da
borda de algumas embarcaccedilotildees de boca estreita com o fim de aumentar-lhes a estabilidade e
amortecer-lhes o balanccedilo lateral
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam embono como termo naacuteutico Origem
castelhana
112
Ficha 76
Embornal sm O saco com cevada ou milho em que se mette o focinho da besta (T Naut)
Buracos no costado do navio para escovar a agua que cahe na coberta
______________________________________________________________________
rarrCunha embornal - bornal sm bdquosaco de pano utilizado para transportar provisotildees
ferramentas etc‟ 1813 De origem incerta Embornal 1813 Embornais sm Pl ldquo(Const Nav
) abertura que se faz no costado de embarcaccedilatildeo rente com o conveacutes para escoamento das
aacuteguas da baldeaccedilatildeo ou da chuva‟ 1813 Do it imbrunali
rarrBluteau Embornagravees (Termo de Navio) Saotilde huns buracos nos coſtados da naacuteo junto das
cubertas donde ſahe a lagoa dellas para o mar [] Haacute outros Embornaes nos Trin da
cuberta por onde a agoa vay para o poratildeo donde deſpois ſe tira com a bomba
rarrMoraes e Silva EMBORNAacuteL ou Ambornal s m Saco em que se daacute cevada ou milho aacutes
bestas mettendo-lho no focinhosect Embornaacutees t de Naut buracos no costado do navio ao livel
das cobertas por onde se escogravea a agua que caacutei nellas tem umas angas de pano alcatroado ou
oleado pelas taes se saacutei foacutera a agua Amaral 51 V orndes
rarrLaudelino Freire EMBORNAL s m De em + bornal Saco em que se daacute cevada ou
milho agraves becircstas para o que se lhe prende em tocircrno da bocircca cevadeirardquoEu vi vocecirc uma
bichinha cabia num embornal estaacute ouvindordquo (C Neto)
rarrAureacutelio embornal2 [Do cat ant embrunal poss pelo esp embornal] Substantivo
masculino 1Constr Nav Abertura que se faz no costado de embarcaccedilatildeo rente com o conveacutes
para escoamento das aacuteguas da baldeaccedilatildeo ou da chuva
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Eraotilde valeroſos ambos os Commandantes e tratando jaacute como deſempenho da ſua honra a
occaſiaotilde a que ella meſma os conduzia foy tanta a forccedila que pozeraotilde nos remos e fizeraotilde de
veacutela que na noite logo do dia 9 ſe meteraotilde de baixo das baterias inimigas com hum tal
deſprezo de chuveiros de balas que quando os Hollandezes ſe conſideravaotilde ſoacute acomettidos ſe
viraotilde entrados mas recobrando-ſe do primeiro ſuſto empenharaotilde de ſorte toda a ſua
conſtancia na oppoſiccedilaotilde da furia dos golpes que jaacute corria o ſangue pelos embornaes de hum
e outro bordo
BERNARDO PEREIRA DE BERREDO (1749) [1718] ANNAES HISTORICOS DO ESTADO
DO MARANHAOtilde - LIVRO V [A00_2517 p 183]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios De todos os dicionaacuterios consultados somente o Laudelino Freire natildeo apresenta
embornal como termo naacuteutico Origem incerta (italiana)
Ficha 77
Encalamentos s m plur (T Naut) Peccedilas de madeira que atravessatildeo os braccedilos do navio para
o segurar
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau ENCALAMENTOS (Termo de navio) Satildeo os que atraveſſaotilde os braccedilos amp as
poſturas do navio para fortificar []
113
rarrMoraes e Silva ENCALAMEgraveNTOS s m pl t de Naut Peccedilas de madeira que atravessatildeo
os braccedilos e posturas do navio para as fortificar
rarrLaudelino Freire ENCALAMENTO s m Naacuteut Peccedila de madeira que fortalece o navio
atravessando-lhe os braccedilos
rarrAureacutelio natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente o Aureacutelio natildeo apresenta o termo naacuteutico encalamento Origem natildeo
encontrada
Ficha 78
Encapellar va Levantar a onda e fazella dobrar sobre si Vn (T Naut) vir caindo sobre a
calcez ategrave descanccedilar nos vatildeos
______________________________________________________________________
rarrCunha encapelar ndash CAPELO - sm bdquocapacete da armadura‟ XIII Do lat vulg cappěllus
ENcapelADO sm em- XV ENcapelAR -llar XIX
rarrBluteau Encapellar (Termo de Mariagem) Diz-ſe da enxarcia ou cordas que vem cahindo
pelo calcegravez ou peſcoccedilo do masto ateacute aſſentarem em cima dos vatildeos amp quando ſe tiratildeo diz-ſe
Deſencapellar
rarrMoraes e Silva ENCAPELLAacuteR v at Levantar encrespar e fazer dobrar o apice ou
lingua da onda sobre si mesma como succede andando o mar mui grosso o mar encapella as
ondas Mansinho f 35 sect ldquoassombrar as terras encapella os mares Barreto v do Evangelho
sect Encapellar n t de Naut vir caindo a enxarcia ou cordas pelo calcez ateacute assentarem sobre
os vatildeos []
rarrLaudelino Freire ENCAPELAR ou ENCAPELLAR vrv De em + capela + ar Naacuteut Ir
introduzindo a encapeladura da enxarcia alccedila etc pelo calcecircs ou lais de qualquer mastro
mastareacuteu ou vecircrga ateacute ficar assente socircbre os vaus ou cunhos dos madeiros (intr) 2 Agitar-
se e amontoar-se formando serras (falando do mar ou das ondas) (intr pr) ldquoVentos sopraram
o mar encapelourdquo Suacutebito encapelam-se as ondasrdquo (Paranapiacaba) 3 Levantar
encrespar (tr dir pr) ldquoO oceano encapelava as ondasrdquo (Pocircrto Alegre)
rarrAureacutelio encapelar2 [De en-
2 + capelo
1 + -ar
2] Verbo trans Dir [] 2Levantar erguer
encrespar (o mar as ondas etc)Verbo intransitivo 3Encrespar-se agitar-se (o mar as
ondas) encapelar-se 4Marinh Introduzir no calcecircs ou lais a enxaacutercia a alccedila etc Verbo
pronominal [] 6Encapelar (3) E as vagas do oceano que ameaccedilava tragaacute-los encapelavam-
se aos peacutes deles (A Herculano Lendas e Narrativas I p 147)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Qual sereno mar que num instante As ondas sobre as ondas encapela
TOMAacuteS ANTOcircNIO GONZAGA (2000) [1863] CARTA 3a [A00_1215 p84]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam encapelar como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Ficha 79
Encodar-se va refl [T Naut] Prender-se de poppa ou ficar com ella debaixo d‟agua
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
114
rarrBluteau Natildeo consta
rarrMoraes e Silva ENCODAacuteR-SE v recipr t de Naut Encodar-se a naacuteo pender a popa ou
ficar com ella debaixo da agua (de coda Italiano) Cast 2 f 161
rarrLaudelino Freire ENCODAacuteR-SE v pr De em + coda + ar Inclinar a pocircpa ou metecirc-la
debaixo de aacutegua (o navio)
rarrAureacutelio natildeo consta encodar ou encodar-se Consta encodeamento [De encodear + -mento]
Substantivo masculino 1Accedilatildeo de encodear2Crosta cocircdea
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Moraes e Silva e Laudelino Freire apresentam encodar-se como termo naacuteutico
Origem italiana
Ficha 80
Enfrechadura sf (TNaut) Cabos que atravessatildeo os covens como escadas
______________________________________________________________________
rarrCunha [] do fr fleche de origem germacircnica [] frechal 1813
rarrBluteau Enfrechadugravera (Termo de Marianhagem) Satildeo huns cabos que atraveſſaotilde os ouveins
a modo de eſcadas formacirc transſverſa Scal nautic arum Fem Plur Virgilio lhe chama
Pontes Neſte ſentido entendem os Commentadores eſte verſo do livro da Eneida []
rarrMoraes e Silva ENFRECHADUacuteRA s f t de Naut Satildeo cabos que atravessatildeo os oveis a
modo de escadas
rarrLaudelino Freire ENFRECHADURA s f O mesmo que enfrechateEnfrechate s m De
enfrechar Naacuteut Cada um dos cabos paralelos e horizontais nos oveacutens das enxarcias
Enfrechar v tr De en + frecha + ar Naacuteut Pocircr enfrechates em
rarrAureacutelio enfrechadura s f1Constr Nav O conjunto de enfrechates duma enxaacutercia
Enfrechate s m1Constr Nav Cada um dos degraus feitos de cabo madeira ou ferro presos
aos oveacutens formando escada para que por ela possa subir ao mastro o pessoal empregado na
manobra de um veleiro
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam enfrechadura como termo naacuteutico Origem
francesa lt germacircnica
Ficha 81
Enora sm (T Naut] Pagraveo de atochar o mastro
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau ENORAS (Termo de Navio) Saotilde dous paos a que antigamente chamavaotilde
Poſquetes ſervem de atochar o maſto
rarrMoraes e Silva ENOacuteRAS s f pl t de Naut Paacuteos de atochar o mastro V
PosquetesPosquegravetes s m pl t de Naut antiq V Enoras
rarrLaudelino Freire ENORA s f lat ora Naacuteut 1 Abertura nos vaacuterios pavimentos do
navio por onde os mastros vatildeo assentar na carlinga 2 Abertura circular no conveacutes agrave reacute por
onde se enfia a cabeccedila da madre do leme 3 Peccedila de madeira com que se atocha o mastro
rarrAureacutelio [De en-2 + lat ora extremidade cabo amarra] S f 1Constr Nav Abertura
feita num conveacutes e por onde enfurna um mastro ou eixo de um cabrestante
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
115
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam enora como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Ficha 82
Envergar va ndashguei (T Naut) Enrolar as velas com os envergues nas vergas Vergar
______________________________________________________________________
rarrCunha en˙ver˙ado -adura -ar - VERGA verga sf bdquovara flexiacutevel‟XIII virga XIIIDo
lat virgaENvergADO XVIIENvergADU˙RA 1844 ENvergAR XVII []
rarrBluteau natildeo consta
rarrMoraes e Silva ENVERGAacuteR v at t de Naut Atar e enrolar as velas nas vergas com os
envergues Couto 6921sect V Vergar vg envergar um prego sect Cobrir tapar com vergas
rarrLaudelino Freire ENVERGAR vrv De en +vergar Mar Enrolar e atar com os
envergues (as velas) nas vergas (tran dir) Ligar (o pano) agraves vergas ou aos estais para
servirem na manobra (tr dir)
rarrAureacutelio Envergar [De en-2 + verga + -ar
2] Verbo transitivo direto1Marinh Atar (vela) a
uma verga ou a um estai2Curvar arquear Envergou o bambu3Vestir trajar envergar um
fraqueVerbo intransitivoVerbo pronominal 4Vergar-se curvar-se [Conjug v largar]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam envergar como termo naacuteutico exceto Bluteau
onde o termo natildeo foi encontrado Origem portuguesa lt latina
Ficha 83
Envergues sm plr (T Naut) Os cabos que atatildeo a vela por huns ilhograves aacute verga
______________________________________________________________________
rarrCunha verga sf bdquovara flexiacutevel‟XIII virga XIIIDo lat virgaENvergADO
XVIIENvergADU˙RA 1844 ENvergAR XVII []
rarrBluteau ENVERGUES (Termo de marinhagem) Saotilde huns cabos que fazem fixos ilhograves
com as vergas no gorotil Fumes quibus concraEtum velum alligatur ad antennas
rarrMoraes e Silva ENVEacuteRGUES s m pl t de Naut Cabos que fazem fixos e atatildeo as velas
por uns ilhoacutes aacutes vergas V Gorotil
rarrLaudelino Freire ENVERGUES s m pl de envergar Mar Amarrilhos gaxetas fixas nos
ilhoses do guratil das velas que as atam contra as suas vecircrgas ou vergueiros
rarrAureacutelio envergues [Dev de envergar] Substantivo masculino plural 1Marinh Cabos ou
cordas que prendem a vela agrave verga
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam envergues como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
116
Ficha 84
Escacear vn (T Naut) Ir faltando ou diminuindo va Dar com escaceza [ No primeiro
sentido se toma tambem figuradamente)
______________________________________________________________________
rarrCunha escasso adj bdquoparco avaro raro‟ XIII Do lat excarpsus part De excerpěre
escassEAR escacear XVI []
rarrBluteau ESCACEAR (Termo Nautico) Ir faltando Eſcacear o vento Remiffius flure
ventum O vento eſcacea Ventus remittit ou ſe remittit Por lhe Eſcacear o vento as naotilde
ſeguio Damiaotilde de Goes 221 Eſcacear Dizſe de outras que ſem largueza amp com
difficuldade ſe comunicaotilde Vendo a ambiccedilaotildecom que As chamas ſe arroja o peito Eſcacearaotilde
as luzes Por naotilde honrar nos reflexos Crift Dalma 117 Vid Eſcaſſear
rarrMoraes e Silva ESCACEAacuteR vnt de Naut Escacear os ventos natildeo os aproveitar
mettendo todas as velas ou levando-as enrisadas ou de outro modo que o vento natildeo faccedila
vingar o navio quanto pudera se fosse todo aproveitado H naut t 398
rarrLaudelino Freire ESCASSEAR vrv De escasso + ear Naacuteut Natildeo aproveitar toda a accedilatildeo
de (o vento) diminuindo o pano (tr dir)
rarrAureacutelio escassear [De escasso + -ear2] Verbo transitivo diretoVerbo transitivo direto e
indireto 1Dar com escassez com parcimocircnia natildeo prodigalizar Natildeo escasseia presentes S
M natildeo escasseia mercecircs aos que o servemVerbo intransitivo 2Fazer-se escasso tornar-se
diminuto minguar rarear []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Deixa esta ilha entre si e o morro de Tinhareacute outra bahia mui grande com fundo e porto em
que poacutedem entrar naacuteos de todo o porte e tem grande ancoradouro e abrigada aacute sombra do
morro de que se aproveitam muitas vezes as naacuteos que vem do reino quando lhe escacea o
vento e natildeo podem entrar na bahia da ilha para dentro
GABRIEL SOARES DE SOUSA (1938) [1587] DA ENSEADA DA BAHIA SUAS ILHAS
RECONCAVOSRIBEIROS E ENGENHOS (PARTE SEGUNDA - TITULO 3) [A00_0179 p
146]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Dos dicionaacuterios consultados soacute Aureacutelio natildeo apresenta o verbo escacear como
termo naacuteutico Origem portuguesa lt latina
Ficha 85
Escatelado adj (T naut) Furado na ponta
______________________________________________________________________
rarrCunha escatelADO 1881 sm bdquo(Constr Nav) fenda ou furo na extremidade de uma
cavilha para receber chaveta que natildeo a deixe sair do lugar‟ De origem controversa
rarrBluteau ESCATELADO (Termo de Navio) Cavilha Eſcatelada quer dizer furada na ponta
depois de paſſada a Abita amp a curva para ſe fechar atraveſſſandolhe a chaveta em cima de
huma arruela
rarrMoraes e Silva ESCATELAacuteDO adj T de Naut Cavilha escatelada furada na ponta
depois de passada a abita e a curva para se fechar com a chaveta em cima de uma arruella
rarrLaudelino Freire ESCATELADO v tr dir De escatel + ar Fechar (a cavilha) com a
chaveta em cima da arruela2 Furar na extremidade (a cavilha)
rarrAureacutelio escatelar [De escatel + -ar2] Verbo trans dir Constr Nav1Abrir escatel em (uma
cavilha) 2Introduzir a chaveta no escatel de (uma cavilha) Escatel [De or obscura] S
117
m1Constr Nav Fenda ou furo na extremidade de uma cavilha para receber chaveta que natildeo
a deixe sair do lugar [Pl escateacuteis]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios consultados apresenta esse termo como naacuteutico
Origem cotrovertida
Ficha 86
Escoas sf plur (T Naut) Peccedilas que fortificatildeo as cavernas d‟avante a regrave pela parte de
dentro
______________________________________________________________________
rarrCunha escoa sf bdquo(Const Nav) cada uma das carreiras de tabuado do forro interior do
navio de maior espessura destinadas a consolidar os pontos fracos das balizas‟ XVII Do cat
escoa deriv de escosa particiacutepio do antigo verbo escondre
rarrBluteau Eſcoas (Termo da carpintaria de humanao) Saotilde aſque fortificaotilde as cavernas
davante arepella parte de dentro Fundamentorumnavis interiorra munimenta or um Plur
Neut
rarrMoraes e Silva ESCOgraveAS sf pl t de Naut Peccedilas que fortificatildeo as cavernas por dentro
d‟avante aacute reacute H Naut I 320
rarrLaudelino Freire ESCOA sf Cada uma das peccedilas que fortificam interiormente as
cavernas de uma embarcaccedilatildeo Obs Usado mais no pl
rarrAureacutelio escoa(ocirc) [Do cat escoa] s f Constr Nav1Cada uma das carreiras de tabuado
do forro interior do navio de maior espessura destinadas a consolidar a ligaccedilatildeo dos braccedilos agraves
cavernas [Em geral satildeo trecircs ou quatro carreiras colocadas ateacute junto agrave sobrequilha] 2Cada
uma das cantoneiras longitudinais dispostas paralelamente agrave sobrequilha e assentes nos pontos
onde as cavernas comeccedilam a subir para consolidaccedilatildeo interna da ossada do navio
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Sapucaya he madeira de muita duraccedilatildeo e rijeza a natureza das sapucayas he serem direitas e
monstruozas em altura e grossura pello que dellas se fazem quilhas para naacuteos do maior
poacuterte sobre quilhas cadastes vaacuteos cintas dormentes escoas alem do que em terra se fazem
dormentes ou grandes vigas para os corpos de Engenhos e armazens do maior comprimento
e grossura
LUIZ DOS SANTOS VILHENA (1921) [1801] CARTA VIGESIMA [A00_0846 p 739]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios consultados indicam escoa como termo naacuteutico
Origem catalatilde
Ficha 87
Escorrer va Fazer correr o liquido vn correr o liquido (T Naut) va Passar alecircm sem
tomar nem avistar porto
______________________________________________________________________
rarrCunha escorrer - CORRER vb [] Do lat cǔrrěre corrED˙EIRA sf bdquotrecho de rio
onde as aacuteguas correm ceacuteleres‟ 1844 EScorrer XVI Do lat ex-cǔrrěre []
rarrBluteau Eſcorrer (Termo Nautico) Eſcorrer huma terra huma proviacutencia Paſſar alě
navegandoſem deſcobrilla [] Porque com o eſcuro da noite lhe naotilde ſuccedeſſe Eſcorrer a
118
terra (aſſim dizem aſeu deſencontro os marinheiros) D Franc Man Epan 3 pag pag 319
Dobrou o Cabo de Bon Eſperanccedila Eſcorreo a Ethiopia paſſou a Arabia Vieira Tom 2140
rarrMoraes e Silva ESCORREgraveR at t de Naut Passar alegravem sem tomar ou ver algum Porto
ou Terra onde queriatildeo ir ou que se havia de encontrar Vieira ldquoescorreu a Ethiopiardquo Albuq
41 F Mendes c6b277
rarrLaudelino Freire ESCORRER vrv De es + correr Naacuteut Ant Correr ao longo da
costa de costear (tr dir)
rarrAureacutelio escorrer [Do lat excurrere] Verbo trans Dir 1Fazer correr ou esgotar (o
liacutequido) 2Tirar a (alguma coisa) o liacutequido com que se achava misturada fazendo-o correr
gota a gota 3Deixar sair deitar verter O ferimento escorria um liacutequido sanguinolentoVerbo
intransitivo []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente o Aureacutelio natildeo apresenta escorrer como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Ficha 88
Escoteira sf (T Naut) A peccedila onde se fixa a escota
______________________________________________________________________
rarrCunha - escota sf bdquo(Mar) cabo para governar as velas do navio‟ XV Do ant fr escoute
(hoje eacute coute) deriv do goacutetico skaut escotEIRA XVI escotILHA XV
rarrBluteau ESCOTEIRAS (Termo de navio) Saotilde huns paos onde ſe fazem fixas as eſcotas
da gavea Ligna quibus superiores navis verfori firmantur
rarrMoraes e Silva ESCOTEgraveIRAS s f pl t de Naut Peccedilas de navio onde se fixatildeo as
escogravetas Goes Cron Man 4c78 a escoteira no sing Couto 47II ldquodas escoteirasrdquo
rarrLaudelino Freire ESCOTEIRA s f Naacuteut Peccedila por onde passam as escotas
rarrAureacutelio escoteira [De escota + -eira] s f 1Ant Constr Nav Armaccedilatildeo constituiacuteda de
duas colunas fixas no conveacutes por ante a vante dos mastros ligadas por um travessatildeo no qual se
enfiavam malaguetas onde davam volta as escotas das gaacuteveas escotel Escota (ocirc) [Do fr ant
escoute (atual eacutecoute) poss do goacutet skaut] s f1Marinh Cabo de laborar fixo no punho da
escota (q v) e que permite caccedilar o pano i e estender a vela pelo punho respectivo de modo
que apresente ao vento toda a sua superfiacutecie [A escota iraacute mais ou menos folgada ou entrada
de acordo com a mareaccedilatildeo Nas velas redondas haacute duas escotas uma por barlavento e outra
por sota-vento nas latinas apenas uma]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam escoteira como termo naacuteutico
Origem francesa lt goacutetica
Ficha 89
Escotilha sf (T Naut] espeacutecie de alccedilapatildeo no convez do navio por onde se desce para as
cobertas
_____________________________________________________________________
rarrCunhaescotilha - escota sf bdquo(Mar) cabo para governar as velas do navio‟ XV Do ant fr
escoute (hoje eacute coute) deriv do goacutetico skaut
119
rarrBluteau ESCOTILHA Eſpecie de alccedilapaotilde no convez do navio por onde ſe decĕ as
mercaneiras amp os mantimentos para eſtarem debaixo de cuberta Eſcotilha grande he a porta
principal da nao por onde ſe metem as couſas de mayor volume Eſcotilhas[] Os ouviraotilde no
ar ir eſparzidos Pella Eſcotilha dentro derribados []
rarrMoraes e Silva ESCOTIacuteLHA s f t de Naut Especie de alccedilapatildeo com que se fecha a
entrada para as cobertas e poratildeo do navio usatildeo-se nos tablados da scena theatral
rarrLaudelino Freire ESCOTILHA sf Cast escotilha Naacuteut Alccedilapatildeo ou abertura nas
cobertas e poratildeo do navio2 Lus Abertura na parte superior do tonel para limpeza da
vasilha e entrada de uvas ou bagaccedilo
rarrAureacutelio escotilha [Do esp escotilla fonte tb do fr ant escoutille (atual eacutecoutille)]
Substantivo feminino1Constr Nav Abertura de grande ou meacutedio tamanho feita em qualquer
pavimento de uma embarcaccedilatildeo para tracircnsito de pessoal aeraccedilatildeo ou iluminaccedilatildeo das cobertas
ou passagem de carga []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
O ignorante Capitatildeo paſſado de hum chuccedilo pelos peitos cahio da eſcotilha abaixo
FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 41]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam escotilha como termo naacuteutico
Origem francesa
Ficha 90
Escouves sm ult l-ezes no plr (T Naut) Buraco na proa da embarcaccedilatildeo por onde sahe a
amarra
______________________________________________________________________
rarrCunha sm bdquo(Const Nav) tubo ou manga de ferro por onde passa a amarra da acircncora para
ir do conveacutes ao costado de onde desce ao mar‟escouvē XVI de origem incerta
rarrBluteau ESCOVENS ou Eſcouves (Termo de navio) Saotilde na proa huns buracos redondos
por onde ſahem as amarras []
rarrMoraes e Silva ESCOgraveUVES s m pl t de Naut Buracos na progravea dos navios por onde
saacuteem as amarras Alburq P I f 8 escouves
rarrLaudelino Freire ESCOUVES ESCOUVEacuteM Lat excubiœ Abertura para a passagem da
amarra no costado do navio
rarrAureacutelio escovem [De or incerta poss do cat escobenc lt cat escova] Substantivo
masculino 1Constr Nav Tubo ou manga de ferro por onde passa a amarra da acircncora para ir
do conveacutes ao costado de onde desce ao mar [Cf escovem do v escovar]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam escouves como termo naacuteutico
Origem incerta (castelhana)
Ficha 91
Estibordo sm (T Naut) O lado direito do navio olhando da poppa para a proa
______________________________________________________________________
rarrCunha estibordo sm ldquo(Mar) o lado direito da embarcaccedilatildeo considerando-se a proa como
a sua frente‟ 1813 estribordo XV Do fr ant estribord (hoje tribord apoacutecope de
120
estribord) deriv do neerl stierboord boreste 1884 de estibordo (com supressatildeo da uacuteltima
siacutelaba e colocaccedilatildeo da penuacuteltima no priciacutepio) Neologismo atribuiacutedo ao almirante brasileiro
Saldanha da Gama O aviso de 14021884 do Ministeacuterio da Marinha do Impeacuterio do Brasil
mandou substitur estibordo por boreste para evitar confusatildeo entre bombordo e estibordo
rarrBluteau ESTIBORDO Querem alguns que ſeja de Dextribordo He o lado do navio para
quem eſtaacute na popa com a cara voltada para a proa []
rarrMoraes e SilvaESTIBOacuteRDO smt de Naut Para quem estaacute na popa da naacuteo como rosto
para a proa eacute o lado direito ( de Stribord Inglez)
rarrLaudelino Freire ESTIBORDO sm Din Styrbord Lado do navio agrave direitos de quem
olha da popa para a proa
rarrAureacutelio estibordo[Do port arc estribordo (lt fr ant estribord [atual tribord] neerl
stierboord poss) com dissi-milaccedilatildeo] Substantivo masculino1Mar O lado direito da
embarcaccedilatildeo considerando-se a proa como a sua frente [Cf bombordo e boreste]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
E quando menos conta faziam das vidas do cesto da gaacutevea gritou o gajeiro terra pela proa e
como o temporal os ia empurrando para o rolo da costa por falta de governo desfizeram os
bolsos do traquete e braceando por estibordo foram costeando a dita terra e dando vista de
um abra e uma entrada puseram proa a ela e a todo o risco sem sondar a entraram e fixas as
amarras na habita desabossadas as acircncoras deram fundo
JOSEacute ALVARES DE OLIVEIRA (1981) [nd] HISTOacuteRIA DO DISTRITO DO RIO DAS
MORTES SUA DESCRICcedilAtildeO DESCOBRIMENTO DAS SUAS MINAS CASOS NELE
ACONTECIDOS ENTRE PAULISTAS E EMBOABAS E CRIACcedilAtildeO DAS SUAS VILAS
[A00_0395 p 97]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam estibordo como termo naacuteutico
Origem francesa lt neerlandesa
Ficha 92
Estiva sf (T naut) Contrapeso para o navio ir em equilibrio Grades de pagraveo no poratildeo por
baixo da carga A primeira carga que vai sobre ella Grades de patildeo estreitas na estribaria para
escoarem por baixo dellas a ourina dos cavallosEspecie de registro em que se taxa o preccedilo do
patildeo azeite etc
______________________________________________________________________
rarrCunha estiva sf bdquoa primeira porccedilatildeo do navio‟ bdquoarmaccedilatildeo do tabuleiro duma ponte de
madeira‟ estiba XV Do it stiva estivADOR 1858 estivAR XVI Do it stivare deriv
do lat stipāre
rarr Bluteau ESTIVA Eſtiva Termo Nautico He palavra Italiana ou ſe deriva do Franceacutez
Eſtive He o contrapeſo da carga do navio que ſe daacute a cada lado delle para o ter em equiliacutebrio
Nas ſuas cartas pag362 Uſa D Franciſco Manoel deiſa dicccedilaotilde no ſentido moral Vemos que
a naacuteo da India ſe carrega por conto amp eſta Eſtiva do que leva a paciencia do homem naotilde a
ſabe outro homem que lha carrega de injurias cujo exceſſo do homem naotilde a ſabe outro
homem cujo exceſſo permitte a providencia por caſtigallos a ambos eſte com a ſua fraqueza
aquelle cotilde a ſua tyrannia Vid Equilibrio Vid contrapeſo Vid Eſtivar
rarrMoraes e Silva ESTIacuteVA sf t de Naut O contrapeso que se potildee ao navio para ir em
equiliacutebrio se vai mais carregado de alguma parte sect Grades de paacuteos que no poratildeo vatildeo por
baixo da carga para que natildeo assente no costado e receba alguma humidade sect Grades de paacuteo
121
mūi estreitas com que se pavimentatildeo estrebarias para que a urina se escoe por ellassect Especie
de registo em que se taxa o preccedilo do patildeo azeite palha ampc pelos officiaacutees competentes Leis
de 1765sect A carga primeira que se carrega no navio
rarrLaudelino Freire ESTIVA sf Lat stiva Mar Todo o fundo interno de um navio da
pocircpa agrave proa 2 Mar A primeira camada de carga que se mete em um navio e que eacute
ordinagraveriamente a mais pesada o contrapecircso que se potildee ao navio para o equilibrar e natildeo descair
para o lado mais carregado3 Mar Grade de pau assente no poratildeo do navio socircbre o qual se
arruma a primeira carga para o isolar da umidade
rarrAureacutelio estiva [Do it stiva] Substantivo feminino1A primeira porccedilatildeo de carga do navio
2Bras Mar Merc Serviccedilo de movimentaccedilatildeo de carga a bordo dos navios nos portos o qual
compreende a retirada e a arrumaccedilatildeo desta nos porotildees e nos conveses [Cf nesta acepccedil
resistecircncia (16)] 3Bras P ext O conjunto dos estivadores [v estivador (2)]4Bras Os
gecircneros que formam a base do comeacutercio de secos e molhados especialmente os gecircneros em
grosso5Pesagem dos gecircneros ou mercadorias estivadas 6Bras N Ponte feita de um soacute pau
sobre forquilhas em terrenos alagadiccedilos ou pantanosos [Cf nesta acepccedil estivado
(2)]7Bras MG RS Ponte tosca feita de varas ou paus atravessados sobre um coacuterrego
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Provido do que lhe foi necessario sahiu Thomaz de Souza Villa Real do porto da foz do
Ferreiro no Rio Vermelho em 22 de Dezembro do anno passado ficando aquelle porto
quatorze leguas abaixo da villa o mais proximo della que permitte navegaccedilatildeo mesmo a
pequenos botes com
este rio pouco rico de aguas e por ser o seu fundo em partes de pedra que ainda oppondo
g
estivas sobre que se
poderatildeo arrastar as canocircas []
JOAQUIM MARIA NASCENTES DE AZAMBUJA (1891) [1797] VIAGEM DE THOMAZ DE
SOUZA VILLA REAL PELOS RIOS TOCANTINS ARAGUAYA E VERMELHO
ACOMPANHADA DE IMPORTANTES DOCUMENTOS OFFICIAES RELATIVOS Aacute MESMA
NAVEGACcedilAtildeO [A00_0710 p 47]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam estiva como termo naacuteutico Origem
italiana
Ficha 93
Estribo sm Peccedila em que firmatildeo os pegraves para montar a cavallo ou entrar no Coche etc No
plr (T Naut) Os primeiros cabos que na enfreixadura servem de degragraveos Perder os estribos
fig Perturbar-se natildeo saber onde firmar-se ou em quem confiar
______________________________________________________________________
rarrCunha estriborarr ESTRIBEIRA estribeira sf bdquoestribo de montar agrave gineta‟-eyra XIII
estrebeyra XIII etcDo a fr estriviegravere de origem germacircnica estribAR XV estribO
estrybo XV
122
rarrBluteau Estribos (Termo de mariagem) Saotilde os primeiros cabos que ſervem como de
degraos aacute enfrechadura Vid Enfrechadura
rarrMoraes e Silva ESTRIacuteBO s m Peccedila de madeira (V Caccedilanbas) onde metal em que o
Cavalleiro mette as pontas dos peacutes e se firma para montarsect Nos coches obra feita para se
subir por ella aos cochassect Estribos t de Naut primeiros cabos que servem como de degraos
a enfrexadura
rarrLaudelino Freire ESTRIBO sm Germ streup Naacuteut Cabo brando agrave maneira de sanefa
encapelados nas vecircrgas para servir de apoio aos peacutes dos marinheiros quando ferram o pano
rarrAureacutelio estribo- sm [] 1Marinh Cabo cujos chicotes satildeo presos aos laises de uma
verga e cujo seio eacute a espaccedilos aguentado agrave verga por meio de pedaccedilos de cabos denominados
andorinhos Serve de apoio aos peacutes dos marinheiros que trabalham na verga [Tb o pau da
bujarrona e por vezes a retranca tecircm estribo] 2Peccedila de accedilo colocada transversalmente a uma
armadura longitudinal num concreto para mantecirc-la em posiccedilatildeo ou para resistir a certos
esforccedilos 3Fig Arrimo apoio esteio
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam estribo como termo naacuteutico
Origem francesa lt germacircnica
Ficha 94
Estribordo (T Naut) v Estibordo
______________________________________________________________________
rarrCunha estibordo sm ldquo(Mar) o lado direito da embarcaccedilatildeo considerando-se a proa como
a sua frente‟ 1813 estribordo XV Do fr ant estribord (hoje tribord apoacutecope de
estribord) deriv do neerl stierboord boreste 1884 de estibordo (com supressatildeo da uacuteltima
siacutelaba e colocaccedilatildeo da penuacuteltima no princiacutepio) Neologismo atribuiacutedo ao almirante brasileiro
Saldanha da Gama O aviso de 14021884 do Ministeacuterio da Marinha do Impeacuterio do Brasil
mandou substitur estibordo por boreste para evitar confusatildeo entre bombordo e estibordo
rarrBluteau natildeo consta
rarrMoraes e Silva ESTRIBOacuteRDO V Estibordo Cast Ined 11 536 opposto a babordo
vulgo bombordo ESTIBOacuteRDO smt de Naut Para quem estaacute na popa da naacuteo como rosto
para a proa eacute o lado direito ( de Stribord Inglez)
rarrLaudelino Freire ESTRIBORDO sm Ant O mesmo que estibordo ESTIBORDO sm
Din Styrbord Lado do navio agrave direitos de quem olha da popa para a proa
rarrAureacutelio natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta estribordo soacute estibordo
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Exceto Bluteau e Aureacutelio todos os demais dicionaacuterios apresentam o lema
estribordo mas remetem para o termo estibordo Origem francesa lt neerlandesa
Ficha 95
Estrinca sf (T Naut) Especie de escotilha nas embarcaccedilotildees por onde sobe a amarra
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau natildeo consta
123
rarrMoraes e Silva ESTRIacuteNCA sft de Naut Especie de escotilha nos navios HNaut
2f222 por ella saacutei a amarra donde estaacute envolta e daiacute tem o nome (strinca corda em
Italiano)
rarrLaudelino Freire ESTRINCA sf Ingl string Espeacutecie de escotilha por onde passa a
amarra
rarrAureacutelio natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente Moraes e Silva e Laudelino Freire apresentam estrinca Origem
inglesa
F
Ficha 96
Ferrar va Pregar ferradura Foxerir ferratildeo ou remate de ferro Marcar com ferrete
Guarnecer de cintas ou chapas de ferro Cravar Segurar com harpegraveo ou ferir com elle (T
Naut) Colher as velas Lanccedilar ancora Fig Tomar porto (T de Marcineiro) Metter porcas
Ferrar no sono adormecer
______________________________________________________________________
rarrCunha ferrarrarr FERRO ferro sf bdquometal maleaacutevel e tenaz de numerosas aplicaccedilotildees na
induacutestria e na arte‟ XIII Do lat ferrum ndashi AferrAR XVI AferrO sm XVIII [] Do lat
ferramenta nom pl de ferramentum bdquoinstrumento ou utensiacutelio de ferro‟ ferrAtildeO 1813
ferrAR XIII ferrARIA XIIIferrEIRO XIII ferrENHO XVI feacuterrEO 1572
rarrBluteau Ferrar (Termo Nautico) Ferrar velas ou ferrar o panno Vela colliger Vendoſe em
perigo Ferrara todo panno Britto viagem do Braſil 277 A naacuteo ditoſa Ferrava a vela
Barretto vida do Evang 21377
rarrMoraes e Silva FERRAR v at t naut Colher vg ferrar a vela o pannosect Lanccedilar ferro
ou ancora f tomar portovg ferraratildeo o porto de Coulatildeo Vieira-Freire ferrou a barra
rarrLaudelino Freire FERRAR vrv De ferro + ar Naacuteut Colhecircr amarrar (tr
dir)rdquoTrabalhados de perigos lanccedilai nautas nos nossos portos ferro ferrai velasrdquo (Filinto
Eliacutesio) 118 Atracar (a embarcaccedilatildeo) (trdir) Colhecircr (as velas) (tr dir intr) ldquoferrar as
velasrdquo ldquonunca as ondas tormenta resolveu mais arriscada Ferra ferra (bradou) que eacute enorme
o perigordquo (Filinto Eliacutesio) Deitar o navio ferro (intr) Folgar
rarrAureacutelio ferrar [De ferro + -ar2] Verbo transitivo direto [] 5Marinh Colher (vela ou
toldo) atando-os com amarrilhos a uma verga estai ou vergueiro navegou terra a terra agrave
sombra da costa ferrou panos e fundeou sobre virotes (Galpi Narrativas Militares p
23)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
[] mas natildeo sei se com este vento se com outro que lhe deo nas velas quando ia jaacute pera a
ferrar pendeo tanto a sua naacuteu que tomou agoa pelas portinholas da artilharia e calando-se
pelas escotilhas que iatildeo abertas foi entrando tanta que em continenti se foi ao fundo com
seu dono []
FREI VICENTE DE SALVADOR (1888) [1627] LIVRO QUINTO - DA HISTORIA DO
BRASIL DO TEMPO QUE O GOVERNOU GASPAR DE SOUZA ATHEacute A VINDA DO
124
GOVERNADOR DIOGO LUIZ DE OLIVEIRA - CAPITULO SEXTO - DE COMO O
CAPITAtildeO BALTHAZAR DE ARAGAtildeO SAHIO DA BAHIA COM HUMA ARMADA CONTRA
OS FRANCEZES E SE PERDEO [A00_2084 p 195]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam ferrar como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Folgar vn Cessar de trabalhar Alegrar-se ter gosto de alguma cousa va (T Naut) Alargar
______________________________________________________________________
rarrCunha folgar vbrdquodescansar ter aliacutevio desapertar‟XIII follegar XVDo lat fotildellǐcārě
bdquorespirar como fole‟ deriv de fotildellis focirclegoXIII folgoXVIDeverbal do a port
folegarfolgafolgua XVfolgADIO XV folgADO XIII folgANCcedilA-cia
XIIIfolgAZAtildeO folgasatildeo 1813 folguEDO XVI RESfolegar XVII
rarrBluteau FOLGAR Coſſar do trabalho Deſcanccedilar Andar ocioſoOtiari (or atus fum) Cic
Como foſſe agrave Cidade de Syracuſa para folgar amp naotilde para trabalhar Cum ſe Syracuſas otiandi
non negotiandi
rarrMoraes e Silva FOacuteLGAR vat Largar ou alargar vg folgar o leme t nautsect vn Cessar
do trabalho
rarrLaudelino Freire FOLGAR descansar (intr trind com prep em) ldquoOs piratas folgando
em grupos se dispersamrdquo (Paranapiacaba) 3 Ter prazer alegrar-se regozijar-se (intr
trindcom prep com de em)ldquoDesabe o firmamento socircbre a Terra tudo pereccedila Folgaraacute
minh‟almardquo (Paranapiacaba) ldquoFolgo muito em ver-terdquo
rarrAureacutelio folgar [Do lat tard follicare] Verbo transitivo direto1Dar folga ou descanso a
[] 2Tornar largo desajustar desapertar folgar a roupa 3Tornar menos penoso tornar
leve suave folgado []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta folgar como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente Moraes e Silva apresenta folgar como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
G
Ficha 98
Garrucha sf Antigamente era o mesmo que Albarda Poleacute de dar tratos (T Naut) Cabo que
se mette na relinga por entre chicotes
______________________________________________________________________
rarrCunha garrucha sf bdquoorig pau curto com que se armavam as bestas‟guarrucha XV
bdquopistola de carregar pela boca‟ XX Do cast garrucha
rarrBluteau GARRUCHA He palavra Caſtelhana VID Poleacute de tormento amp tratos de poleacute
As cataſtas as Garruchas as fogucigueiras Vieira Tom 1076col1
rarrMoraes e Silva sft naut Garruchas satildeo ou eratildeo cabos que se mettem nas relingas por
entre os chicotes donde se fazem as puas das bolinas daqui vem agarruchar ampc
125
rarrLaudelino Freire GARRUCHAS sm pl Naacuteut 1 Argola de ferro pregadas no garotil das
velas latinas 2 Cabos que se metem nas relingas por entre chicotes
rarrAureacutelio Garrocha [Do esp garrocha] []Marinh Poleame de laborar constituiacutedo de duas
caixas sobrepostas a topo e com os eixos das suas rodas dispostos paralelamente ou
perpendicularmente um em relaccedilatildeo ao outro
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Moraes e Silva Laudelino Freire apresentam garrucha com termo naacuteutico
Aureacutelio daacute como termo naacuteutico garrocha Origem castelhana
Ficha 99
Gavea sf (T Naut) Armaccedilatildeo de taboa com feiccedilatildeo de grade do cimo dos mastros Vela que
toma o nome da gavea sobre que anda
______________________________________________________________________
rarrCunha gaacutevea sf bdquo(Naacuteut) espeacutecie de tabuleiro ou plataforma a certa altura de um
mastro‟gauea 1572Do lat med gabia (claacutess cavěa) com provaacutevel interferecircncia do it
gagravebbia ESgaivAR XXgaiva sf bdquojaula fosso‟ 1813gaivEL 1899 gajeiro sm bdquomarinheiro
que vigia da gaacutevea‟-geiro 1813 Do it gagraveggia e este do genovecircs gagravegia deriv Do lat cavěa
rarrBluteau Gaacutevea (Termo Nautico) He huma eſpecie de gayola ou guarita aſſentada em
huma roda de taboas no alto dos matos ſerve para recolher as velas quando as ferraotilde
Carchefium ij Naut Catull Mali corbita e Fem
rarrMoraes e Silva sf naut Eacute armaccedilatildeo de taboas como uma meza com bordas na ponta do
mastro
rarrLaudelino Freire GAVEA sf Lat cavea Naacuteut Espeacutecie de gaiola tabuleiro plataforma
ou guarita assente em uma rodas de taacutebuas no alto dos mastros e atravessada por ecircle 2 Vela
que ocupa o lugar imediatamente superior agrave grande GAacuteVEAS sfpl Conjunto das trecircs velas
das galeras 2 A gaacutevea e o velacho nos brigues
rarrAureacutelio [Do lat gavia por cavea gaiola] s f Marinh 1Cada um dos mastareacuteus que
espigam logo acima dos mastros reais [Nos navios de trecircs mastros denominam-se a partir de
vante mastareacuteu do velacho mastareacuteu da gaacutevea e mastareacuteu da gata] 2Mastareacuteu que espiga
logo acima do mastro real grande 3Cada uma das vergas que cruzam nos mastareacuteus de gaacutevea
[Nos navios de trecircs mastros chamam-se a partir de vante verga do velacho verga da gaacutevea e
verga da gata Antigamente chamavam-se traquetes sendo a partir de vante traquete de proa
ou de vante tranquete da gaacutevea e traquete da gata] 4Verga que cruza no mastareacuteu de gaacutevea
grande 5Cada uma das velas que envergam nas vergas de gaacutevea [Nos navios de trecircs mastros
denominam-se a partir de vante vela do velacho vela da gaacutevea e vela da gata Antigamente
chamavam-se traquetes] 6Vela que enverga na verga de gaacutevea grande 7Mar Cesto de
gaacutevea
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Com as vellas que anoitecer a Capitana ha de navegar ategrave que aclare o dia Succedendo
largar mais pano aʃcenderagrave dous faroes na popa amp hum na gavea
FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR () [A00_2496 p 57]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam gaacutevea como termo naacuteutico Origem italiana
Ficha 100
126
Gio sm (T Naut) O travessatildeo sobre que a cana do leme anda e sobre que se formatildeo as
obras chamadas mortas da poppa
______________________________________________________________________
rarrCunha gio sm bdquo(Naacuteut) peccedila que entalha no contracadaste do navio‟ 1813 De origem
obscura
rarrBluteau GIO (Termo da carpintaria de huatilde nao) He hum traveſſaotilde ſobreque anda a cana
do leme amp ſobre o qual ſe formaotilde as obras mortas da popa Lignea compages in puppi
tranſverſa
rarrMoraes e Silva GIacuteO sm naut Travessatildeo sobre que anda a cana do leme e sobre que se
foacutermatildeo as obras mortas da popa
rarrLaudelino Freire GIO sm Naacuteut Nome de duas peccedilas curvas de madeira que formam
angula entalhando-se entre si e no contracadaste
rarrAureacutelio gio [De or obscura] Substantivo masculino1Constr Nav Nas popas quadradas
cada uma das peccedilas dispostas horizontalmente entalhadas e cavilhadas no contracadaste
constituindo assim como que as cavernas de tais popas
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam gio como termo naacuteutico Origem obscura
Ficha 101
Guinada sf (T Naut) Acccedilatildeo de guinar Gargalhada fallando de riso
______________________________________________________________________
rarrCunha guinar vb bdquobordejar desviar-se rapidamente‟ XVI De origem obscura guinADA
XVI
rarrBluteau GUINADA Guinaacuteda amp Guinar ſaotilde termos Nauticos Vid Guinar
rarrMoraes e Silva GUIacuteNADA sf O acto de guinar t naut ldquode duas guinadas que deu (com
a sua naacuteo) sobre duas galeacutes ambas se despejaratildeo deixando os cascos vasiosrdquo (remettidas
para as ababroar) B236 Amaral
rarrLaudelino Freire GUINADA sf Angl-sax winan Naacuteut Desvio que o navio faz da sua
esteira bordejando2 salto que o cavalo daacute para furtar o corpo ao castigo do cavaleiro
rarrAureacutelio guinada [De guinar + -ada1] Substantivo feminino 1Mar Desvio da proa para
um ou outro bordo que afasta o navio deliberadamente ou por forccedila das circunstacircncias do
rumo em que vinha Havia um torvelinhar surdo e vago de coisas no tombadilho eram as
ondas que agraves vezes agrave menor guinada apesar de todo o cuidado no leme embarcavam pelo
traveacutes pela alheta (Virgiacutelio Vaacuterzea Nas Ondas p 45)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Como saiacuteo a lua se fez o vento leacutes-nordeste e ventou com tanta forccedila que nom podiacuteamos com
a vela Indo assi corre guinada e em preparando de
loacute nos arrebentou o masto do traquete pelos tamboretes de que sentimos muita fortuna e
amainaacutemos a vela e fomos correndo ao som do mar ateacute que foi de dia
127
PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE
SOUSA () [A00_0078 p 33]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam guinada como termo naacuteutico Origem obscura
(anglo saxatildeo)
Ficha 102
Guinar vn (T Naut) Desviar-se do caminho da esteira que leva Diz-se do navio e
propriamente fallando sograve tem terceiras pessoas
______________________________________________________________________
rarrCunha guinar vb bdquobordejar desviar-se rapidamente‟ XVI De origem obscura guinADA
XVI
rarrBluteau Guinar (Termo Nautico) He quando o navio ſe deſvia alguma couſa hora de
huma hora de outra parte ſeguindo ſempre o meſmo rumo Conftanti ſempre curſa de via
aliquantum deſle
rarrMoraes e Silva GUINAacuteR vn naut Desviar-se o navio um pouco da esteira que leva
hora a um bordo hora a outro mas seguindo sempre o mesmo rumo Amaral 6 Fomos
guinados a elas Fern Mend c5
rarrLaudelino Freire GUINAR vrv Mover-se agraves guinadas desviar-se (a embarcaccedilatildeo da sua
esteira) (intr)
rarrAureacutelio guinar [Da mesma or incerta que o esp guintildear poss da raiz gin- de criaccedilatildeo
expressiva] Verbo intransitivoVerbo transitivo circunstancial1Mover-se agraves guinadas
oscilar Becircbado guinava agrave direita e agrave esquerda2Mar Desviar (a embarcaccedilatildeo) de propoacutesito
ou por forccedila das circunstacircncias a proa do rumo que vem seguindo para outro rumo dar uma
guinada (1)3P ext Dar guinada (3) Desorientado o ciclista guinava a torto e a
direito4Desviar-se com rapidezVerbo transitivo direto 5Desviar com rapidez ou
repentinamente Guinou a embarcaccedilatildeo para natildeo se chocar com o rochedo
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
A ruindade desta barra consiste principalmente em ser muito estreito o seu canal e dar este
uma volta pelo meio dos dous baixos que o rodeatildeo e promettem naufragio infallivel se a
embarcaccedilatildeo guinar para algum dos lados
FREI GASPAR DA MADRE DE DEUS (1920) [1767] MEMORIAS PARA A HISTORIA DA
CAPITANIA DE S VICENTE HOJE CHAMADA DE S PAULO [A00_0169 P 123]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam guinar como termo naacuteutico Origem obscura
I Ficha 103
Iccedilar va (T Naut) Levantar as vergas e vegravelas para o navio navegar
______________________________________________________________________
128
rarrCunha iccedilar vb bdquoerguer levantar‟ XVIII Do fr hisser e este do neerl hijsen ou do baixo
al hissen iccedilAMENTO XX
rarrBluteau ICAR (Termo Nautico) Levantar as velas Vella attollere Na bonanccedila Iccedilar ateacute os
topos Vieira Tom3pag76 Iccedilaraotilde de gaacutevea perdendo ancoras amp amarras Ciabra Exhortaccedil
Militar24 verſ As velas Iccediladas nos palancos Jacinto Freyre 259
rarrMoraes e Silva ICcedilAacuteR vat Levantar as vergas e as velas para navegar Freire
rarrLaudelino Freire ICcedilAR vrv Al hissen Levantar erguer alccedilar (tr dir bitr com prep a
com)rdquoIccedilar o cordamerdquo ldquoVia-se entre homens armados que a arrebatavam iccedilando-a agrave garupa
de ginete socircfregordquo (C Neto) ldquoCom taacuteureas cordas brancas velas iccedilamrdquo (Odorico Mendes)
rarrAureacutelio iccedilar [Do fr hisser] Verbo td 1Erguer alccedilar levantar iccedilar velasApenas o
vapor comeccedilou a enfrentar o Feliz este iccedilou a bandeira brasileira saudando-o (Virgiacutelio
Vaacuterzea Nas Ondas p 150) [Conjug v laccedilar Pres ind iccedilo etc pret perf icei etc pres
subj ice icem Cf isso issei o top Iceacutem e o v inccedilar]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Fizeram-se primeiro que tudo cabos poreacutem o arbusto foi cortado foacutera de tempo e o linho
cortido por pessoas imperitas e que natildeo sabiam o tempo que se devia gastar no cortimento
nem o modo com que se deviam separar a capa do linho e os fabricantes dos mesmos cabos
natildeo soacute pouco habeis em fazerem o fio mas ignorando mais o modo de lhe dar o alcatratildeo
beneficio essencialissimo para perfeiccedilatildeo dos mesmos cabos poreacutem assim mesmo me servi
logo de alguns ainda que poucos nas embarcaccedilotildees da esquadra aonde serviram tatildeo bem
como os outros que tinham as embarcaccedilotildees de sorte que um delles serviu muito tempo ao
cabrestante para iccedilar a aguada e mantimentos do navio Santo Antonio e depois de soffrer
todo aquelle trabalho sem quebrar o applicaram ao ministerio da guingorra aonde durou
muito tempo
MARQUEZ DO LAVRADO (1863) [1799] RELATORIO DO MARQUEZ DE LAVRADIO
VICE-REI DO RIO DE JANEIRO ENTREGANDO O GOVERNO A LUIZ DE
VASCONCELLOS E SOUSA QUE O SUCCEDEU NO VICE-REINADO [A00_0851 p 471]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam iccedilar como termo naacuteutico Origem francesa
L
Ficha 104
Lais sm (T Naut) A ponta verga
______________________________________________________________________
rarrCunha lais sm bdquo(Naacuteut) a ponta da vergardquo lays XVI De origem obscura
rarrBluteau Lais Chamatildeo os marinheiros agrave ponta das vergas a da Mezena ſe chama penna
LAIZ (Termo nautico) Extremidades das vergas Cornu antemnarum Virgilio diz Cornua
antemn (Enforcaſſe no Laiz da verga Decad 1 de Barr Paacuteg 110col4)
rarrMoraes e Silva LAacuteIS sm tnaut A ponta da verga Barros o lais da verga
rarrLaudelino Freire LAIS sm Naacuteut Ponta da verga
Lais de Guia sm Naacuteut Noacute que se daacute no seio do cabo com um dos chicotes para formar
bocirclso
rarrAureacutelio lais [De or obscura] s m Marinh1Cada uma das extremidades de uma verga
Os [marinheiros] que ofereciam resistecircncia nas abordagens ou davam combate eram iccedilados
depois no lais das vergas (Virgiacutelio Vaacuterzea Mares e Campos p 103)2Extremidade oposta
ao peacute num pau de surriola [Pl laises Cf Laiacutes antr f menos boa poreacutem usual de Lais]
Lais de guia 1 Marinh Noacute que se daacute no chicote de um cabo formando uma alccedila ou balso e
serve para encapelaacute-lo ou para fazer um laccedilo de correr
129
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Querendo a Capitana fallar aos navios no lays da verga grande ʃotavento largaragrave huatilde
flamula tirar agrave a huatilde peʃʃa por ʃehaacute agrave capa
FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 55]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam lais como termo naacuteutico Origem obscura
Ficha 105
Leme sm Entre Nauticos he hum pranchatildeo formado de vaacuterios madeiros posto ao alto no
cadaste do navio e que se move para hum e outro lado por meio de huns gonzos fixos que
tem os machos fixos no mesmo pranchatildeo e encaixados nas fecircmeas que estatildeo fixas no cadaste
O ferro da dobradiccedila que encaixa no leme Fig Direcccedilatildeo Duas estrelas iguaes na
Constellaccedilacirco chamada Barca
______________________________________________________________________
rarrCunha leme sm‟aparelho usado na parte traseira do barco e do aviatildeo e que serve para lhes
dar direccedilatildeo‟ XV De origem obscura
rarrBluteau LEME Pao que anda junto do cadaſte que quebra amp aparta as ondas para huma
amp outra parte amp he o total governo da nao Dizem que Tiphys companheiro dos Argonautas
na expediccedilatildeo de Colchos inventagravera o leme pelo que obſervou no Minhoto quando voa alto
que troce a aza para lhe dar nelle o vento em poppa amp ſubir amp baixar como quer Outros
dizem que dos peixes que com cauda regulaotilde nas aguas ſeu caminho ſe tomou a invenccedilaatildeo do
leme Clavus i Ma Gubernaculum i Neut Cic No Commento da Oitava 74 do Canto 5
da Luſiada aonde diz Camotildees Esta pa logo o leve leme
rarrMoraes e Silva LEgraveME sm Governalho peccedila de madeira grossa plana de certa largura
que vai em gonzos no meyo da popa do navio e outros vasos de navegar d‟alto a baixo e
serve de os fazer voltar a proa a diversos rumos voltando ao lemesect O ferro da dobradiccedila que
se embebe no vatildeo da femea eacute sobre que joga a janella ou portasect Natildeo dar o navio pelo leme
ou natildeo obedecer ao leme se diz quando natildeo proeja ainda que manejem o leme e o virem
rarrLaudelino Freire LEME sm B lat limo Aparelho situado na parte traseira do barco e
que serve para lhe dar direccedilatildeo2 Ferro ou dobradiccedila que se embebe no vatildeo da fecircmea e socircbre
que joga a porta ou janela
rarrAureacutelio leme [De or obscura] s m 1Constr Nav Peccedila ou dispositivo instalado na popa
da embarcaccedilatildeo e que serve para lhe dar direccedilatildeo para governaacute-la 2Dispositivo instalado na
cauda do aviatildeo e que regula a direccedilatildeo do aparelho 3Ferro que se embebe no vatildeo da fecircmea e
sobre o qual se move a porta ou a janela 4Fig Direccedilatildeo governo governanccedila Leme de
direccedilatildeo 1 Aer Leme que governa o aviatildeo no plano horizontalLeme de fortuna 1 Marinh V
esparrela (4)Leme de loacute 1 Marinh Posiccedilatildeo do leme com sua porta voltada para barlavento
Leme de profundidade 1 Aer Leme que governa o aviatildeo no plano verticalLeme horizontal
1 Constr Nav Cada um dos lemes que governam o submarino no plano vertical
130
(profundidade) Leme vertical 1 Constr Nav Cada um dos lemes que governam o submarino
no plano horizontal (rumo)Perder o leme 1 Ficar atarantado sem saber o que fazer
desnortear-se desorientar-seTer o leme 1 Governar administrar dirigir
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Avistaratildeo esta Costa em 15 de Junho e por natildeo conhecerem a paragem que era a enseada de
Vasabarris lanccedilaratildeo ferro mas era tatildeo forte o vento Sul e correm alli tanto as agoas que se
quebraratildeo duas amarras e querendo entrar por conselho de hum Francez chamado
Honorato que veio aacute terra com dous Indios em huma jangada e lhes facilitou a entrada
tocou a naacuteu e deo tantas pancadas que lhe saltou o leme foacutera e arrombou pelo que alguns se
lanccedilaratildeo a nadar e se afogaratildeo em as ondas []
FREI VICENTE DE SALVADOR (1888) [1627] LIVRO QUARTO - DA HISTORIA DO
BRASIL DO TEMPO QUE O GOVERNOU MANOEL TELLES BARRETO ATHE A VINDA
DO GOVERNADOR GASPAR DE SOUZA - CAPITULO VIGESIMO QUARTO - DA
JORNADA QUE GABRIEL SOARES DE SOUZA FAZIA AacuteS MINAS DO SERTAtildeO QUE A
MORTE LHE ATALHOU [A00_2060 P 148]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam leme como termo naacuteutico Origem obscura
Ficha 106
Leva sf (T Naut) Acccedilatildeo de levantar ancora para fazer-se aacute vegravela Entre Militares
Conducccedilatildeo de recrutas
______________________________________________________________________
rarrCunha leva - LEVAR levar vb bdquotransportar retirar afastar induzir tirar roubar‟ XIII Do
lat lěvāre []
rarrBluteau LEVA (Termo Nautico) A acccedilatildeo de levantar as ancoras do porto para a partida
Anchorarum fublatio ou Navis egrave portu onis FemTocar a leva He dar aviſo com a trotildebeta
que ſe recolhatildeo os q eſtatildeo na praya quando o baxel eſtagrave para partir Dare tubacirc fignum
recipiendi in navem (Julio Ceſar farfallando na retirada dos ſoldados diz Milites figno
recipiendi dato non conftitehellip (Manda jagrave tocar a leva Ciabra Exhort Militar pag 26)
rarrMoraes e Silva LEVA sf O acto de levantar ancora para sair do porto vg ldquopeccedila de
leva a que se atira para fazer sinal de botar foacutera e que tocar leva com a trombeta para
acodirem a bordo os que hatildeo-de ir na naacuteo que estaacute para levantar ferro M Conq Vieira
rarrLaudelino Freire LEVA sf De levar O ato de levantar ferro o levantar da acircncora para
navegarNaacuteut Cabo folgado que passa por um furo do costado do navio e vai prender-se no
sapatilho dos arganeacuteus das portas5 Pop Andadura
rarrAureacutelio leva [Dev de levar] s f 1Ant Mar Ato de levantar acircncora para navegar
2Alistamento de tropa recrutamento []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam leva como termo naacuteutico Origem portuguesa
lt latina
131
Ficha 107
Liame sm (T Naut) Madeira das curvas com que seliatildeo por dentro as peccedilas do costado do
navio
______________________________________________________________________
rarrCunha liame sm bdquoaquilo que prende uma coisa a outra ligaccedilatildeo‟ XVIII Do lat ligamen -
ǐnis bdquolaccedilo fita‟ de ligāre
rarrBluteau LIAcircME A madeira das curvas com q por dentro ſe liatildeo os coſtados dos navios
Lignam quibus navium latera intus coagmentantur Joatildeo de Barros diz Liaccedilatildeo (Foy cortada
algūa liaccedilatildeo para galegraves Decada 2 fol39col4) (Na meſma Decada diz LiameContaratildeo-ſe
huma ſoma de madeiras da anaf para liames fol 12 col1) (os que fabricatildeo obra naval tiraotilde
della curvas amp liames Valcone Noticia do Braſil 259)
rarrMoraes e Silva LIAacuteME smt de Naut A madeira das curvas com que se ligatildeo e atatildeo as
peccedilas do costado dos navios Barros Ined IIIf506 ldquotavoados e liamerdquo
rarrLaudelino Freire LIAME sm Lat ligamen Liaccedilatildeo Naacuteut A madeira das curvas com que
se ligam e atam as peccedilas do costado dos navios Naacuteut Cordame de navio de vela
rarrAureacutelio liame (acirc) [Do lat ligamen] s m1Aquilo que prende ou liga uma coisa a outra
ligaccedilatildeo []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Nas varzeas de arecirca se datildeo outras arvores reaes a que os Indios chamam curuaacute as quaes se
parecem na feiccedilatildeo na folha na cocircr da madeira com carvalhos e acham-se alguns de vinte e
cinco a trinta palmos de roda de que se fazem gangorras mesas eixos virgens esteios e
outras obras miudas mas natildeo eacute muito fixo ao longo da terra a qual tambem serve para
liames de navios e barcos e para taboado e de pesado se vai ao fundo
GABRIEL SOARES DE SOUSA (1938) [1587] DAS ARVORES REAES E PAUS DE LEI
(PARTE SEGUNDA - TITULO 8) [A00_0184 p 243]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Soacute Aureacutelio natildeo apresenta liame como termo naacuteutico Origem portuguesa lt
latina
Ficha 108
Linguete sm (T Naut) Peccedila de pagraveo ou de ferro com que se tolhe que natildeo desande o
cabrestante embebendo-a nas mossas deste ______________________________________________________________________
rarrCunha linguete - LIacuteNGUA[] Do latlǐngŭaliacutegula sf [] Do it lingueta dimin de
liacutengua []
rarrBluteau LINGUETE ou lingoete (Termo de navio) He hum patildeo que encayxa nos cunhos
para ter matildeo do cabreſtante que natildeo ande depois que ſe tem levado a ancora ou algum fardo
Machin nautic
rarrMoraes e Silva LINGUEgraveTE smt de Naut Peccedila de paacuteo ou ferro que se embebe nas
mossas do cabrestante para que natildeo desande depois que se tem levado a ancora ou algum
132
fardo V Cunhos CUNHOS smpl t de Naut paacuteos pregados agrave roda do cabrestante com seus
dentes em que se pega o linguegravete e as amarras quando viratildeo
rarrLaudelino Freire LINGUETE sf De liacutengua Peccedila de ferro ou madeira que se embebe nas
rodas dentadas para que estas natildeo desandem
rarrAureacutelio- natildeo consta linguete consta lingueta lingueta (guecirc) [De liacutengua + -eta (ecirc) it
lingueta] Substantivo feminino1P us Liacutengua (1) pequena 2Qualquer objeto pequeno
semelhante a uma liacutengua3Fiel da balanccedila 4Peccedila chata e delgada que faz parte dalguns
instrumentos de sopro5Peccedila moacutevel de ferro das fechaduras que se encaixa quando movida
pela chave na chapatesta trancando a porta ou gaveta6Dispositivo moacutevel para fechar portas
sem o auxiacutelio da chave constatou [o serralheiro] que nada poderia fazer desde que a porta do
chuveiro natildeo dispunha propriamente de fechadura mas de uma simples lingueta (Fernando
Sabino Medo em Nova Iorque A Cidade Vazia p 118) 7Pedaccedilo de couro utilizado como
fecho em pastas valises malas etc 8Pedaccedilo de couro que no sapato de atacador protege o
peito do peacute 9Ladeira ou rampa em cais junto agrave qual atracam as embarcaccedilotildees 10Muacutes V
martinete4 (1) 11Bras PE Rampa natural que se inclina para o mar ou para o rio 12Ant
Rampa num cais para embarque e desembarque de passageiros
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Soacute Laudelino Freire natildeo apresenta linguete como termo naacuteutico Aureacutelio
apresenta lingueta Origem italiana
M
Ficha 109
Maccedilame sm Lastro de pedra e betume nas cisternas etc (T Naut) Cordoalha do navio __________________________________________________ rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau Maccedilame Termo Nautico He todo o encordoamento da nao aſſim dos Brandaes
como da Sirgideira Brioens Apagaſanaes amp toda a mais Enxaacutercia Funium velorum
aliorum ad regendam navim inſtrumentor apparatus (Domar onde hiatildeo os Marinheiros
da queda dos paos amp do Maccedilame Brito Relaccedilatildeo da viagem do Braſil 69)
rarrMoraes e Silva MACcedilAgraveME sm t de Naut Toda a cordoalha do apparelho de um navio
Brito
rarrLaudelino Freire natildeo consta
rarrAureacutelio natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Que lhes concede todos os mantimentos assi secos como molhados que tiuerem nos
almazens do Recife amp fortalezas pera se sentirem delles amp fazerem suas viagens largando
aos soldados os de que elles necessitarem pera seu sustento amp viagem mas nam lhes
outorga o maccedilame pera os nauios porque promete darlhos aprestados pera quando partirem
pera Olanda
NAtildeO TRAZ O NOME DO AUTOR MAS Eacute DO DR JOAtildeO DE MEDEIROS CORREcircA
SEGUNDO A OPINIAtildeO GERAL DOS BIBLIOGRAPHOS (1899) [1653] BREVE |
RELACcedilAM | DOS VLTIMOS | SVCESSOS DA GVERRA | DO BRASIL RESTITUICcedilAOtilde DA
CIDADE MAU- | RICIA FORTALEZAS DO RECIFE DE PER- | NAMBUCO amp MAIS
133
PRACcedilAS QUE OS | OLANDESES OCCUPAUAOtilde NA- | QUELLE ESTADO| [A00_1127 p
175]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Laudelino Freire e Aureacutelio natildeo apresentam o verbete maccedilame Origem natildeo
encontrada
Ficha 110
Madre sf Uacutetero Leito do rio Antigamente Matildei Titulo de Freiras (T Naut) Pagraveo que
atravessa a escotilha O madeiro principal do leme Cabo delgado que se enfia pelas lebres
dos enxertarios Madre-pia v Piamater
______________________________________________________________________ rarrCunha [] Do lat mater ndashtris []
rarrBluteau Madre (Termo de navio) He hum pao que atraveſſa a eſcotilha com ſeu encaixo
para aſſentar nos quarteis da meſma eſcotilha
rarrMoraes e Silva MAacuteDRE sf t de Naut paacuteo que atravessa a escotilha com seu encaixe
para assentar nos quarteis della sect Nas pontes de madeira satildeo os paacuteos que formatildeo o assento
para as estivas e assentatildeo nas asnas ao longo da ponte
rarrLaudelino Freire sf Lat mater matrem Naacuteut Pau que atravessa a escotilha com seu
encaixe para assentar nos quarteacuteis delaO madeiro principal agrave roda do qual ou socircbre o qual
se entalham outros menores ateacute perfazer o composto da grossura ou largura necessaacuteria para o
objeto que se exige como os mastros o leme etcO madeiro que prega na roda de proa e
socircbre o qual estaacute construiacutedo o beque O madeiro central do cabrestante agrave roda do qual se
entalham as mais peccedilas de que se compotildee e que forma o peatildeo ferrado socircbre o qual se move a
maacutequina O madeiro prolongado pelo cadaste que forma a parte principal do safratildeo onde se
pregam os machos e emecha a cana do lemeCada uma das peccedilas mais grossas de que se
formam os mastros quando natildeo satildeo feitos de um soacute pau
rarrAureacutelio madre [Do lat mater matildee] Substantivo feminino1Constr Nav A parte central
mais grossa de que se formam o mastro o cabrestante e outras partes do aparelho do navio
quando natildeo satildeo feitos de uma peccedila uacutenica2Marinh Cabo de fibra ou de algodatildeo em torno do
qual se cocham os cordotildees de um cabo calabroteado ou de um cabo metaacutelicoMadre do leme
Constr Nav 1 Eixo que penetra no casco do navio e transmite movimento ao leme 2 Parte
reforccedilada nos lemes de certas embarcaccedilotildees (antigas ou miuacutedas) agrave qual se prendem as
governaduras e que se prolonga acima da porta do leme para fixar-lhe a cana ou a meia-lua
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam madre como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Ficha 111
Majarrona sf (T Naut) Vela triangular de navio que do mastarro do velacho vem ter agrave
ponta do gurupegraves
______________________________________________________________________
134
rarrCunha bujarrona sf ldquo(Mar) tipo de vela‟ 1858 bdquoinsulto afronta1 1899 Do cast bujarroacuten
deriv do b lat Bŭlgărus bdquobuacutelgaro‟ empregado como insulto por tratar-se de hereges
pertencentes agrave Igreja ortodoxa grega Cp BUGRE
rarrBluteau Natildeo constam bujarrona bojarrona e majarrona
rarrMoraes e Silva MAJARROgraveNA sf t de Naut Vela de navio que vem da ponta do
mastareo do velacho a ponta do gorupecircs vulgo bojarrona talvez porque boacuteja muito quando
cheya
rarrLaudelino Freire MAJARRONA sf Corr De bujarronaBujarrona sf Naacuteut Vela latina
triangular que se iccedila agrave proa socircbre um pau proacuteprio Pau em que se iccedila essa vela rarrAureacutelio-
natildeo constam majarrona ou bojarrona Bujarrona S f 1Marinh Vela triangular iccedilada entre o
mastro de vante e o gurupeacutes ou a proa da embarcaccedilatildeo agrave vela A toalha de espuma rasgada
para um lado e para outro tufou ferveu subiu alcanccedilou parte do conveacutes molhou a bujarrona
(Josueacute Montelo Cais da Sagraccedilatildeo p 159) []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaristas remetem o termo majarrona a bujarrona ao universo
mariacutetimo Bluteau natildeo cita nem um nem outro Origem castelhana
Ficha 112
Malaqueta sf (T Naut) Pagraveo torneado mais grosso em huma de suas extremidades que
serve para dar vela aos cabos delgados da marcaccedilatildeo do navio Na roda do leme he huma como
manivela em que os homens que vatildeo ao leme fazem forccedila para o mover Dagrave-se tambem este
nome ao remate do pagraveo da bandeira e de outros ______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau MALAQUETAS Termo de navio Satildeo todo o patildeo em que ſe daacute volta a qualquer
cabo que ſeja
rarrMoraes e Silva MALAQUEgraveTA sf t de Naut Paacuteo em que se reata o cabo de corda do
navio para o fazer fixo eacute como um crescente e estaacute pregado pelo meyo
rarrLaudelino Freire MALAQUETA sf Ant Cavilha naacuteutica o mesmo que
malaguetaMALAGUETA s f Naacuteut Cavilha de pau torneado que se enfia nos fusos das
mesas do amurado e da meia nau para dar volta aos cabos de laborar Cada um dos cabos
salientes da roda do leme
rarrAureacutelio natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Aureacutelio natildeo cita o termo Para os demais autores malaqueta eacute termo de navio
Origem obscura (Houaiss 2001)
135
Ficha 113
Michelos sm plur (T Naut) Cabos que servem para segurar a amarra quando se leva
ancora
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau natildeo consta
rarrMoraes e Silva MICHEgraveLOS s f pl t de Naut As cordas aleacutem da amarra que servem de
levar a ancora
rarrLaudelino Freire MICHELOS s f pl Naacuteut Cabos pequenos terminados de um lado por
um olhal e de outro por um chicote que serve para conservar verticais as vecircrgas ou mastareacuteus
que tecircm de ser iccedilados ou arreados2 Cabos que se tomam nos andrabelos quando se iccedila
alguma peccedila do aparelho
rarrAureacutelio- natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente Moraes e Silva e Laudelino Freire arrolam o verbete michelos
Origem obscura (Houaiss 2001)
Ficha 114
Molhelha sf Especie de almofada de palha de que satildeo os mariolas ao pescosco para assentar
sobre ella a canga (T Naut) Troxa de fio de carreta e estopa que serve para afastar as
escotas da gaacutevea e velaxo
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo constam molhelha ou monelha
molhe sm bdquoparedatildeo construiacutedo no mar para servir de cais acostaacutevel ou para quebrar a
impetuosidade das vagas‟XVI mole XVI Provavelmente do cat molh e este talvez do lat
mōlēs bdquomassa‟
rarrBluteau MOLHELHA Hum tufo de palha que trazem os mariolas ao peſcoccedilo Collare
O adjectivo a um He de Propercio Quer dizer couſa de palha
rarrMoraes e Silva MOLHEgraveLHA sf Tufo de palha que os mariolas trazem no pescoccedilo e
sobre que assenta a canga para natildeo os molestar []
rarrLaudelino Freire MOLHELHAS sfpl Naacuteut Pedaccedilos de lona estofados com estocircpa que
se pregam nas peccedilas de madeira branda em que os cabos laboram para as tornar mais suaves
agraves encapeladuras
rarrAureacutelio molhelha (ecirc) [De or controversa] Substantivo feminino 1Lus Marinh
Monelha Monelha (ecirc) Substantivo feminino
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta _____________________________________________________________________________
136
Comentaacuterios Laudelino e Aureacutelio citam molhelha como termo naacuteutico Origem
controvertida (catalatildeo)
Ficha 115
Moucarratildeo -ona mf-otildees -onas no plur Muito mouco Moucarrotildees entre Nauticos satildeo
huns pagraveos que servem para empavezar o navio
______________________________________________________________________ rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau natildeo consta
rarrMoraes e Silva adj chulo Mũito mouco Eufr 35 Moucarrotildees smpl t de Naut Paacuteos
que estatildeo pelo bordo do navio que servem para o empavezar
rarrLaudelino Freire [] smpl Paus de empavesar o navio
rarrAureacutelio moucarratildeo [De mouco + -arratildeo] Adjetivo 1Muito mouco [Fem moucarrona]
Mouco [De or obscura] Adjetivo 1Que natildeo ouve ou que ouve pouco ou mal surdo 2Diz-
se do ouvido de quem eacute mouco (1) Palavras loucas ouvidos moucos (prov) s m 3Aquele
que eacute mouco (1) surdo [Aum moucarratildeo]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente Moraes e Silva e Laudelino Freire apontam moucarratildeo como termo
naacuteutico Origem obscura
N
Ficha 116
Nabo sm Hortaliccedila conhecida (T Naut) Peccedila de madeira furada e redonda que tem por
cima a chapeleta pregada
______________________________________________________________________
rarrCunha nabo sm bdquoplanta herbaacutecea da fam das cruciacuteferas‟ XIII Do lat nāpus []
rarrBluteau Nabo Palavra de navio He hum pagraveo redondo furado que em cima tem hum
couro pregado aq chamatildeo Chapeleta
rarrMoraes e Silva NABO sm t de Naut Peccedila de paacuteu redonda furada que tem por cima a
chapeleta nas bombas
rarrLaudelino Freire NABO do lat napus Naacuteut Peccedila de madeira ou bronze em forma de
tronco de cone com abertura no centro e vaacutelvula para regular a aspiraccedilatildeo da bomba
rarrAureacutelio nabo [Do lat napu] Substantivo masculino 1Bot Planta herbaacutecea da famiacutelia das
cruciacuteferas (Brassica napus) cultivada por suas raiacutezes comestiacuteveis arredondadas ou
pontiagudas roxas ou brancas conforme a variedade 2A raiz desenvolvida dessa
planta3Burl Pessoa ignorante neacutescia estuacutepida 4 Bras S A parte do mouratildeo da tranqueira
do poste ou do esteio que fica enterrada no solo[]
137
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente Aureacutelio eacute que natildeo aponta nabo como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Ficha 117
Nautico adj (T Naut) Pertencente agrave navegaccedilatildeo Que serve para dirigir a navegaccedilatildeo Que
entende da arte de navegar Homem do mar Nautica (como subst) A arte de navegar
______________________________________________________________________
rarrCunha nauta sm bdquomarinheiro navegador‟ 1572 Do lat nauta ndashae derivado do gr nauacutetes
naacuteutICA XVII naacuteutICO XVII Do lat nautǐcus ndasha[]
rarrBluteau NAUTICO Couſa concernente agrave nautica ou fabrica amp mariagem dos navios
Nauticus a umDeterminaotilde o nautico aparelho Camotildees Cant4 Oit 76 Agulha nautica
Agulha de marcar Vid Agulha (A agulha nautica buſcando o Norte Varella Num Vocal
463) Homem nautico Os homens do mar Os marinheiros Nautici orum Masc Plur Plin
(A que os naacuteuticos chamatildeo Meſ Tranccedila Epanaphor De D Franc Man 468)
rarrMoraes e Silva NAUTICO adj Que respeita aacute navegaccedilatildeo e serve para a dirigir vg
naacuteutico apparelho Arte agulha nauticasect Homem naacuteutico o que sabe a Arte de navegarsect Os
naacuteuticos os homens do mar Epanaph De D Franc Man
rarrLaudelino FreireNAacuteUTICO adj Lat nauticus Relativo agrave navegaccedilatildeo ldquoemprecircsa naacuteuticardquo
rarrAureacutelio naacuteutico[Do gr nautikoacutes pelo lat nauticu] Adjetivo1Relativo a marinheiro
navegante nauta espiacuterito naacuteutico termo naacuteutico 2Respeitante agrave navegaccedilatildeo processo
naacuteutico ~ V almanaque mdash carta mdasha e crepuacutesculo mdash
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Fazia toda a prevenccedilaotilde dos mantimentos para a viagem e de todos os aprestos para a
expediccedilaotilde quando na manhaatilde de hum claro dia por desattenccedilaotilde que houve em huma salva
se ateou o fogo em a nao Serea com taotilde irremediavel incendio que se naotilde pode extinguir
porque pegando logo nas amarras foy levando a nao para o meyo do golfo lanccedilando-se a
nado alguns Marinheiros e Officiaes nauticos que nella se achavaotilde
SEBASTIAtildeO DA ROCHA PITTA (1878) [1730] LIVRO OITAVO [A00_0574 p 344]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios consultados apresentam este termo como ldquoda marinhardquo
Origem portuguesa lt latina lt grega
O
Ficha 118
Orthodomia (T Naut) Entre nauticos derrota do navio que segue hum dos rumos da agulha
138
______________________________________________________________________
rarrCunha [] Ort(o)- elem Comp do gr orthoacutes bdquoreto direito‟ que se documenta em vocs
formados no proacuteprio grego como ortoeacutepia e em vaacuterios outros introduzidos na linguagem
cientiacutefica internacional a partir do seacutec XIX [] ortoDROMIAorthodromia 1844
rarrBluteau ORTHODROMIA (Termo Nautico) Derivaſe do Grego Orthos Direyto amp
Dromos curſo Val o meſmo que Derrota em linha reta Tal he o caminho que faz hum
navio ſeguindo hum dos trinta amp dous ventos apontados na carta de marear
rarrMoraes e Silva ORTHODOMIacuteA sft de Naut Derrota do navio que vai seguindo um
dos 32 rumos da agulha
rarrLaudelino Freire natildeo consta
rarrAureacutelio- Ortodromia [Do gr orthoacutedromos que corre em linha reta + -ia1] sf 1Naacuteut
Arco de ciacuterculo maacuteximo compreendido entre dois pontos da superfiacutecie da Terra e que eacute o
caminho mais curto para ir de um ao outro
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Soacute Moraes e Silva registra orthodomia os demais dicionaristas citam
ortodromia Origem grega
Ficha 119
Ostaes sm plr (T Naut) Cabos grossos que vem dos calcezes dos mastros fixar-se na proa
com seus cadernaes
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo constam ostais e ostaes Consta estai sm (Mar) bdquoqualquer dos cabos que
aguentam a mastreaccedilatildeo para vante‟ XVII Do antigo fr estaie (hoje eacutetai) de origem
germacircnica
rarrBluteau OSTAIS (Termo de Marinhagem) Saotilde hũs cabos groſſos que vem dos calces dos
maſtros a fazer fixo agrave proa com ſeus cadernaes o meſmo tem os maſtareos mas mais
ligeyrosRudentes agrave malo ad proram intenti Franciſco de Brito Freyre na relaccedilatildeo da ſua
viagem do Braſil diz Eſtay (Rebentando o eſtay mayor amp a ovencadura pag 67)Vid Eſtay
rarrMoraes e Silva OSTAacuteES sm pl t de Naut Cabos grossos que vem dos calcezes dos
mastros a fazer fixo na progravea com seus cadernaes CastL2f156 outros dizem Estaacutees como
Brito Guerra Brasil
rarrLaudelino Freire OSTAES natildeo consta Ostai sm Desc O mesmo que estai ESTAI ou
ESTAE sm Ingl stays Naacuteut 1- Cada um dos cabos grossos que fixos na proa firmam a
mastreaccedilatildeo 2 Designaccedilatildeo de outros cabos de navio ESTAI DA RABECA sm Cabo que
vai por cima da mezena a coser ante a reacute do calcecircs do mastro respectivo vindo o outro chicote
a passas a um sapatilho que se aguenta a uma alccedila cosida por ante-avante do mastro grande a
um tecircrccedilo pouco mais ou menos da sua altura e vai rondar a um olhal ao peacute decircste mastro
abotoando por uacuteltimo o dito chicote ao vivo
rarrAureacutelio- natildeo constam ostaes e ostais consta estai Estai- S m 1- Marinh Qualquer dos
cabos que aguentam a mastreaccedilatildeo para vante
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Laudelino Freire e Aureacutelio natildeo citam Ostai mas estai Origem francesa lt
germacircnica
139
Ficha 120
Ostagas sf plur (T naut) Cabos que sustentatildeo vergas nos moutotildees de coroa e vem por
cima da pega
______________________________________________________________________
rarrCunha ostaga sf bdquocabo com que se arria horizontalmente pelo terccedilo ao longo do mastro
uma verga de gaacutevea‟ XV Do cast ostaga de origem germacircnica
rarrBluteau OSTAGAS (Termo de Marinhagem) Saotilde hŭs cabos que ſuſtentatildeo vergas em
huns moutotildees que chamatildeo de coroa amp vem por cima da pega Funes quibus ligantur
antenn(Nos quebragraveraotilde ſubitamente as oſtagas da vela grande amp vindo a verga abayxo ampc
Peregr De Fern Mend Pinto fol262col1) []
rarrMoraes e Silva OSTAacuteGAS sfpl t de Naut Cabos que sustentatildeo as vergas em uns
moutotildees chamados de Coroa e vem por cima da pega Amaral7
rarrLaudelino Freire sf Cast ostaga Naacuteut Cabo grosso que vem por cima da pecircga e
sustenta as vecircrgas em seus moitotildees
rarrAureacutelio ostaga [Do esp ostaga] sf 1Marinh Cabo com que se arria horizontalmente pelo
terccedilo ao longo do mastro uma verga de gaacutevea
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Meteram de arribada e carregado o traquete acima e ferrada a mezena apertaram as
enxarcias atezaram os estaes para seguranccedila dos mastros e mastareacuteus E para seguranccedila das
vergas reforccedilaram as ostagas e passaram bossas em ajuda aos enxertaacuterios Tudo se fazia
necessaacuterio a respeito do vento que tatildeo furiosamente a suavizava pelas entenas que se queria
levar diante de si
JOSEacute ALVARES DE OLIVEIRA (1981) [nd] HISTOacuteRIA DO DISTRITO DO RIO DAS
MORTES SUA DESCRICcedilAtildeO DESCOBRIMENTO DAS SUAS MINAS CASOS NELE
ACONTECIDOS ENTRE PAULISTAS E EMBOABAS E CRIACcedilAtildeO DAS SUAS VILAS
[A00_0395 p 96]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaristas arrolam ostagas como termo naacuteutico ou da marinha
Origem castelhana
P
Ficha 121
Pairar vn (T Naut) entre os nauticos Andar o navio aacutes voltas sem fazer viagem v a
Soster demorar ______________________________________________________________________
rarrCunha pairar vb bdquoadejar voar vagarosamente‟ XV Do ant prov pairar e este
provavelmente do lat pariāre []
rarrBluteau PAIRAR (Termo Nautico) Ir a nao flutuando de hũa para outra ſem fazer
viagem Hine inde flutare e ou flu Plin Cic (Toda a noyte tinhaotilde pairado a arvore ſeca
H de Fern Mend Pinto 682) Joatildeo Hugo Lindrchotano 3 part India Oriental pag 28 diz
velis elatis integrum Mareacute fulcabamus quod (Pairou o General alguns dias Britto Relaccedilatildeo
140
da ſua viagem pag 64) Andar pairando Diz-ſe com metaphora Nautica de quem anda
buſcando ſubterfugios para evitar alguma couſa
rarrMoraes e Silva PAIRAacuteR vn t de Naut Parar no mar estar aacute capa natildeo surdir
CastL1c59edI natildeo podendo pairar andavatildeo aacutes voltas Albuq P4c2 com provisatildeo para
pairar toda calmariasect vat Soster soffrer vg pairar a tormenta sobre a amarra sect Pairar aacute
tormenta resistir-lhe aturar Lavanha Naufr da Naacuteo S Alberto f15sect Cruzar bordejar em
certa altura esperando outro navio Freire I pag17 Ed de Paris Sabio a comboyar as naacuteos
que se esperavatildeo da India e pairando na altura do seu regimento houve vista de hum
Corsario Francez
rarrLaudelino Freire PAIRAR vrv Naacuteut Estar agrave capa o navio cruzar bordejar (int) Pairo
sm Naacuteut Accedilatildeo de pairar2 Estado do navio quando paira e que consiste em ter as velas
estendidas as escotas socircltas ou conservar-se em aacutervore secircca atado o leme
rarrAureacutelio- pairar[Do lat pariare ser igual pelo provenccedil pairar aguentar suportar
pacientar] Verbo intransitivo 1Cruzar (uma embarcaccedilatildeo) em espaccedilo relativamente restrito
com pequeno seguimento[] 4Mover-se ou agitar-se com lentidatildeo no alto Pairam nuvens
espessasuma neacutevoa subtil pairava acima dos pacircntanos (Coelho Neto Treva p 322) Paira
no silecircncio do espaccedilo a alma das geraccedilotildees mortas (Afonso Arinos
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Ainda que a gente eſpalhada na terra ſe recolheo com brevidade aos navios houve detenccedila
com o de Ruy Diaz que eſteve ao largar quaſi perdido em hũa rogravecha natildeo arribando com o
pano da proa ategrave lhe cortarem a amarra que por deſcudo dos Officiaes hia arrojando a
ancora pelo fundo Ao Galleatildeo do Faleiro rebentou outra amp natildeo tendo outra talingada foi
preciſo fazerſe ao mar Como eſtava nelle Manuel Freyre que havia de acompanhar os
ultimos navios ſem ſaber a occaſiatildeo vẽdo-o aacute vella a que jaacute vinhatildeo nove com ſoacute o traquete
ſe pogravez a caminho a Capitana eſperando os que lhe ficavatildeo pela popa Mas tanto que o Meſtre
de Campo mareou na volta da terra para deſamarrar os que ainda eſtavatildeo ſurtos ferrando
outra veacutez o traquete tornou a pairar com a meſena
FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 09]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaristas apontam pairar tambeacutem como termo naacuteutico
Origem provenccedilal lt latim
Ficha 122
Palmejar sm (TNaut) As peccedilas de madeira que cingem o navio de poppa agrave proa por
dentro ______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau PALMEJAR Bater as palmas Vid Palma da matildeo
rarrMoraes e Silva PALMEJAacuteR smt de Naut O palmejar satildeo peccedilas de madeira que
cingem o navio de poupa aacute proa por dentro as quaes vatildeo endentadas como a madeira da
liaccedilatildeo ou liames Hist Naut I f 316 ldquono navio havia dous palmos de agua sobre o
palmejarrdquo
rarrLaudelino Freire PALMEJAR sm Prancha que reveste interiormente o arcabouccedilo do
navio
rarrAureacutelio- natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
141
Comentaacuterios Com exceccedilatildeo de Bluteau todos os dicionaristas apontam palmejar como termo
naacuteutico Origem portuguesa lt latina
Ficha 123
Palomas s f Cabos nas vergas onde se fixatildeo as pontas das ostagas
______________________________________________________________________
rarrCunha paloma sf ldquo(Naacuteut) cabo corda‟ 1813 Do it meridional paloma que corresponde
a parogravema em outras regiotildees palomAR palonbar XV palomEIRA XV
rarrBluteau PALOMAS Termo de marinhagem Saotilde hũs cabos que eſtaotilde nas vergas onde ſe
fazem fixas as pontas das oſtagas
rarrMoraes e Silva PALOgraveMAS sf t de Naut Cabos que estatildeo nas vergas onde se fazem
fixas as pontas das ostagas
rarrLaudelino Freire PALOMAS sf Cast paloma Espeacutecie de cabo naacuteutico
rarrAureacutelio paloma [Do esp paloma] s f 1 Bras Giacuter Meretriz 2 Ant Pomba (1)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Exceto Aureacutelio todos os dicionaristas apontam paloma como termo naacuteutico
Origem italiana
Ficha 124
Palomba sf Entre Nauticos Novello de mialhar ______________________________________________________________________
rarrCunha palomba sf bdquo(Naacuteut) cabo corda‟ 1813 Do it meridional paloma que corresponde
a parogravema em outras regiotildees [] palonbar XV []
rarrBluteau Natildeo consta
rarrMoraes e Silva PALOMBA sft de Naut Cabos que estatildeo nas vergas onde se fazem
fixas as pontas das ortagas Novelo de mealhar
rarrLaudelino Freire PALOMBA sf Lat palumba Naacuteut 1 Corda da vela do estai2 Fio
grosso com que se cose o cabo da tralha agraves orlas das velas fazendo passar os pontos pelas
cocircchas do mesmo cabo fio de palomba3 Novecirclo de mealhar de forma alongada4 Alccedila
para iccedilar no mastro a vecircrga de uma vela latina
rarrAureacuteliorarr palomba [Alter de paloma] s f Marinh 1Novelo de mialhar 2Espeacutecie de
ponto us para coser as tralhas das velas dos toldos etc ponto de palomba
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Exceto Bluteau (que natildeo apresenta o termo) todos os dicionaristas apontam
palomba como termo naacuteutico Origem italiana
Ficha 125
Patelha sf (T Naut) O couce do leme Encaixa na quilha no fundo do cadaste sobre que
joga o leme
142
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau PATELHA ou Patilha do leme por outro nome Couce he no fundo do cadaſte
hum encayxo na quilha ſobre que joga o leme
rarrMoraes e Silva PATEgraveLHA sf t de Naut O couce do leme e eacute no fundo do cadaste um
encaixe na quilha sobre que joga o leme
rarrLaudelino Freire PATELHA sf Parte inferior do leme e a parte saliente da quilha socircbre
que ecircle se move
rarrAureacuteliorarr natildeo consta patelha Patilha [Do esp patilla poss] s f 1Constr Nav
Prolongamento da quilha para reacute do cadaste sobre o qual se apoia o peacute da madre do leme nas
embarcaccedilotildees em que o leme tem de trabalhar afastado do cadaste (como p ex nas de uma soacute
heacutelice)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaristas apontam patelhapatilha como termo naacuteutico Origem
espanhola
Ficha 126
[] Pegrave de carneiro [T Naut) Paacuteos perpendiculares da coberta ategrave o poratildeo em que se sustenta
a coberta
______________________________________________________________________
rarrCunha peacute sm bdquoparte inferior da perna que se articula com esta assentado por completo no
chatildeo e que permite a postura vertical e o andar‟XIII pee XIIIDo lat pes pĕdis []
rarrBluteau Peacutes de carneyro Termo de navio Saotilde huns paos que eſtaotilde perpendicularmente
da cuberta ao poraotilde para ſuſtentar a meſma cuberta Os primeyros ſaotilde os do poraotilde amp ha
outros entre pontes
rarrMoraes e Silva Pes de carneiro t de Naut paacuteos perpendiculares da coberta ao poratildeo
para sustentar a coberta e talvez tem moacuteccedilas por onde os marujos descem
rarrLaudelino Freire PEacute sm T Naacuteut A ponta da corda com que se vira a vela Peacute de
carneiro sm Naacuteut Pau varatildeo ou prumo de suporte
rarrAureacutelio peacute- [Do lat pede] [] peacute de carneiro [De peacute + de + carneiro] Substantivo
masculino 1 Constr Nav Qualquer peccedila ou parte da estrutura de uma embarcaccedilatildeo que tenha
forma de coluna 2 Rolo peacute de carneiro [Pl peacutes de carneiro]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta peacute-de-carneiro como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam peacute de carneiro como termo naacuteutico
Origem portuguesa lt latina
Ficha 127
143
Pinccedilote sf Entre nauticos pagraveo pegado aacute ponta da cana do leme para o governar Tambeacutem a
bomba o tem
______________________________________________________________________
rarrCunha pinccedilote natildeo consta
rarrBluteau PINCcedilOTE Termo de navio He hum pao que pega na ponta da cana do leme amp
vem agrave cuberta da Timoneyra por hũ bolinete amp ſerve para governar o leme
rarrMoraes e Silva PINCcedilOacuteTE smt de Naut Paacuteo que pega na ponta da cana do leme e vem
agrave coberta da timoreira por um molinete e serve para governar o leme haacute tambeacutem pinccedilote da
bomba H Naut Tom3
rarrLaudelino Freire PINCcedilOTE sm Cast pinzote Naacuteut1 Alavanca de pau na extremidade
da cana do leme2 Corda delgada fixo por uma das extremidades agrave pena da vecircrga para
amarrar a esta uma vela quando fundeada a embarcaccedilatildeo de velas latinas
rarrAureacutelio 1Marinh Nas canas do leme constituiacutedas por duas peccedilas ligadas em cotovelo eacute
aquela em que o timoneiro segura [A outra eacute a cana]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam pinccedilote como termo naacuteutico Origem
espanhola Origem espanhola (Houaiss 2001)
Ficha 128
Pontal sm ponta de terra (T Naut) Altura do navio da quilha ateacute o convez
______________________________________________________________________
rarrCunha ponta sf bdquoa parte ou o ponto em que alguma coisa termina extremidade‟ XIII Do
lat puncta ndashae bdquoestocada‟ [] pontAL1 sm bdquo(Naacuteut) altura da embarcaccedilatildeo entre a quilha e o
conveacutes principal‟ XVI pontAL2 sm‟ ponta de terra‟ XVIII
rarrBluteau PONTAL (Termo de navio) He a altura que tem o navio da quilha ateacute primeyra
cuberta Navis altitudo agrave trabe [] Tambem em termos nauticos Pontal para avante amp
Pontal para a reacute he o que vay de altura de bordo da nao para a proa amp para a poppa entre as
duas cubertas chama-ſe tambem Pontal o que vay de huma cuberta a outra parece derivado
do Francez porque nos navios o que chamamos cuberta os Francezes lhe chamatildeo Ponte
rarrMoraes e Silva PONTAacuteL sm Altura do navio desde a quilha ateacute aacute primeira coberta Cast
L8f154col2 e B4614 sect it O que vai d‟uma coberta aacute outrasect Pontal para a vante ou para
a reacute eacute o que vai do bordo do navio para a progravea ou para a popasect Ponta de terra que sai do
mar vg o pontal de Cacilhas
rarrLaudelino Freire PONTAL sm De ponta Altura da embarcaccedilatildeo entre a quilha e a
primeira coberta 2 Ponta de terra ou da penedia que entra um pouco no mar acima do niacutevel
da aacutegua
rarrAureacuteliorarr [1Constr Nav Altura da embarcaccedilatildeo entre a quilha e o conveacutes principal2Ponta
de terra ou penedia que penetra um pouco no mar ou no rio []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam pontal como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
144
Ficha 129
Ponte sf Obra sobre arcos para passar rios Algumas ha de barcas e de madeira para fossos
A peccedila em que se volve a moenda no engenho de accedilucar Entre Nauticos a coberta do navio
______________________________________________________________________
rarrCunha ponte sf bdquoconstruccedilatildeo destinada a estabelecer a ligaccedilatildeo entre duas margens opostas
de um curso de aacutegua ou de outra superfiacutecie liacutequida qualquer‟ XIII Do lat pōns pontis []
rarrBluteau Ponte (Termo de navio) Ponte corrida he a cuberta do caſtello de Poppa ateacute a
proa Ponte na orelha he a cuberta do convez curva para que com brevidade ſe deſagoe o mar
que entrar nella Natildeo temos nomes proprios Latinos
rarrMoraes e Silva POgraveNTE sf t de Naut O mesmo que coberta do navio Cast L7c86
f133 col1 Amaral c2 Ponte nas galeacutes e navios obra feita para cima della se pelejar
B347 lanccedilar-lhe algumas panellas de poacutelvora sobre a ponte que levava foratildeo queimar
muitos Mouros que vinhatildeo debaixo parece que era obra levadiccedila Id 235 naacuteo com suas
arrombadas com ponte e redes a sua naacuteo levava sobre a ponte tecida huma rede ibid
rarrLaudelino Freire PONTE sf Lat pons pontem Mar Coberta ou sobrado estabelecido
em todo o comprimento do navio seja para cobrir o poratildeo e preservar as mercadorias seja
para dividir o navio em diversos andares como se divide uma casa de habitaccedilatildeo 2 Naacuteut
Pavimento acima da borda do navio na direccedilatildeo de bombordo a estibordo donde em viagem se
dirige a manobra
rarrAureacuteliorarr ponte [Do lat ponte] s f [] 2Ant Constr Nav Cada uma das cobertas de um
navio Ponte de vieacutes 1 Lus Ponte esconsa Ponte esconsa 1 Ponte (1) cuja direccedilatildeo eacute obliacutequa
agrave do curso de aacutegua que transpotildee [Sin lus ponte de vieacutes] []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam ponte como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Ficha 130
Porca s f A femea do porcoPaacuteo que atravessa os malhaes no lagar A obra de madeira
sobre o sino Entre Nauticos Nome de hum dos paacuteos que atravessatildeo o carro da poppa e vatildeo
145
acabar nos pegraves mancos Na atafona peccedila pregada na trave com hum ferratildeo onde anda o piatildeo
Peccedila dp parafuso onde elle embebe as suas espiras Na impressatildeo peccedila no someiro grande de
cima onde encaixa a arvore de ferro
______________________________________________________________________
rarrCunhaporcararr PORCO porco sm bdquomamiacutefero da ordem dos artiodaacutectilos natildeo ruminante
originaacuterio do javali poreacutem existente quase em toda parte como animal domeacutestico‟ XIII Do
lat pŏrcus -ī [] porcA1
sf bdquoa fecircmea do porco‟ XIII porcA2 sf bdquopeccedila em que se introduz o
parafuso‟ 1813 Segundo parece a relaccedilatildeo entre porca2 e porca
1 decorre da semelhanccedila que o
oacutergatildeo genital do porco apresenta com o parafuso
rarrBluteau Porcas (Termo de Navio) Saotilde hũs paos groſſos que atrave ſſaotilde o carro de
poppa amp vaotilde acabar em os peacutes mancos
rarrMoraes e Silva POacuteRCAS sfpl paacuteos grossos que atravessatildeo o carro da popa e vatildeo
acabar nos peacutes mancos
rarrLaudelino Freire PORCA sf Lat porca [] 3 Pau do largar que atravessa os malhais
Pau grosso que atravessa o carro da pocircpa
rarrAureacutelio Porca [Do lat porca] Substantivo feminino Pequena peccedila de ferro em geral
sextavada ou quadrada munida de furo em espiral que se atarraxa na extremidade de parafuso
ciliacutendrico
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam porca como termo naacuteutico exceto Aureacutelio
Origem portuguesa lt latina
Ficha 131
Proejar vn Navegar com certo rumo _____________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau PROEJAR (Termo Nautico) Por a proa vid Proa (Quem viſſe huma natildeo proejar
contra hũa alta ſerra Epanaphor De D Franc Man pag109)ſ
rarrMoraes e Silva PROEJAacuteR vn Navegar para certo rumo vg uma nau proejando contra
uma alta serra Epanaforas sect at Buscar com a proa demandar navegando ldquoproejando ao
Oriente tantas vezes requestadordquo ldquoproejaratildeo a uma calheta quem com a cerraccedilatildeo vararatildeo e
escorreratildeo ateacute que a mareacute de todo lhes faltourdquo
rarrLaudelino Freire PROEJAR v intr De proa Aproar dirigir-se navegar em determinada
direccedilatildeo
rarrAureacutelio proejar [De proa + -ejar] Verbo transitivo circunstancial 1P us Dirigir-se
navegar (em determinada direccedilatildeo) aproar O comandante proeja para nordesteAs galeacutes de
Castela sarparam tenderam velas e demandaram a barra proejando ao norte (Antero de
Figueiredo Leonor Teles p 229) [Conjug v pelejar]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam proejar como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
146
R
Ficha 132
Rabada sf o rabo do peixe Antigamente tranccedila para traz cheia de laccedilos de fitas (T naut)
Parte da poppa onde estagrave a cacircmara de cima
______________________________________________________________________
rarrCunha rabada rarr rabo rabo sm bdquocauda‟ bdquoprolongamento da coluna vertebral de certos
mamiacuteferos‟ XIII Do lat rāpum -ī bdquonabo‟[] rabADA XVI []
rarrBluteau RABADA Vid Tomo 7 Vocabulario Rabada termo de navio He o apoſento da
poppa no andar ſuperior do navio por cima da camera de modo que dos tres andares que ha
na poppa ao ſuperior he que chamaotilde Rabada ao do meyo camera e ao de baixo praccedila
d‟armas
rarrMoraes e Silva RABAacuteDA sf Do navio galeacute Couto 10105 poupa onde estaacute o
lemerdquopoz-lhe a proacutea pela rabada Couto 98
rarrLaudelino Freire RABADA sf De rabo O mesmo que rabadela 2 Pocircpa do navio
rarrAureacuteliorarr rabada [De rabo + -ada1] s f 1 V rabadilha (1) Rabadilha [De rabada + -
ilha] Substantivo feminino 1 A parte posterior do corpo das aves peixes e mamiacuteferos
rabada rabadela 2 A porccedilatildeo do peixe que o pescador destina a seu proacuteprio consumo em vez
de vender rabadela Rabada 1 Rabo de boi de porco ou de vitela sem pele nem pelos para
uso na alimentaccedilatildeo humana 2 Cul Iguaria preparada com rabada (2) 3 Rabicho (1) 4 Fig
O(s) uacuteltimo(s) numa corrida fila etc rabeira
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Embarcaccedilotildees de meia coberta Botes Igariteacutes e Balccedilas ou Jangadas que servem na
conducccedilatildeo da quarta Partida Hespanhola na foacuterma que se aprezentaram na Fronteira da
Tabatinga em 7 de Marccedilo de 1781 CAPITAINA Maria Luiza Barco de foacuterma de meia
coberta de nove remos por banda de um mastro armada aacute redonda remada de palamenta
ou de remo pequeno ordinario Tem uma formoza Camara em que cabem vinte pessoas seis
por banda nos aposentos lateraes e os mais na face da frente e fundos tem um camarim aacute
rabada muito proprio para escrever e outros exercicios privados tudo muito bem asseiado e
pintado com seu cortinado de Damasco de latilde carmezim tem tres janellas por banda e nove
palmos de peacute direito
ALEXANDRE RODRIGUES FERREIRA [nd] 2ordf PARTE BAIXO RIO NEGRO -
SUPLEMENTO Agrave PARTICIPACcedilAtildeO PRIMEIRA [A00_2236 p440]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Exceto Aureacutelio (que natildeo apresenta o termo) todos os dicionaristas apontam
rabada como termo naacuteutico Origem portuguesa lt latina
Ficha 133
Rabeca sf Instrumento musico de quatro cordas (T Naut) vela que vai entre o mastro
grande e a poppa atravessada Enxergatildeo pequeno de palha ______________________________________________________________________
147
rarrCunha rabeca sf bdquodesignaccedilatildeo antiquada do violino‟ bdquoutensiacutelio de ferreiro que serve para
fazer girar a broca‟ XVI Do fr rebec deriv do ant fr rebebe e este do ar rabāb []
rarrBluteau RABECA ou Rebeca Pequeno inſtrumento muſico de cordas Diriva ſe do
Arabico Rebab ou Rebaba que no Lexicon Coptico ſegundo os Interpretes he Lyra Outros
o derivatildeo do Hebraico Rebiac que ſignifica o inſtrumento a q os Latinos chamatildeo Siſtrum
outros finalmente o derivatildeo de Rebet que na linguagem Celtica val o meſmo que Rebeca
Conſta a Rabeca de quatro cordas amp tange-ſe com arco Os ſeus ſons agudos ſaotilde muytos
alegres amp deſpertatildeo o eſpirito O ſeu concerto he de quinta em quinta Natildeo temos em Latim
palavra propria Latina ſeragrave preciſo uſar das Comuas como vg Fides ium Plur Fem ou
Fidis is Fem do qual uſa Columella no ſingular ou Lyra ou Cithara e Fem Barbitus de
ordinario natildeo ſe acha ſenatildeo em verſo Natildeo ſerve acreſcentar a Fides nem a Lyra decumana
nem Primaria eſtes adjeξtivos natildeo eſtatildeo aqui no ſeu lugar
rarrMoraes e Silva RABEacuteCA sf Instrumento Musico de quatro cordas que se ferem com
hum arco de cerdas de cavallo
rarrLaudelino Freire RABECA sf Aacuter rabeb Instrumento muacutesico em forma de viola com
quatro cordas de tripa e de retroacutes afinada em quintas (sol reacute laacute mi) de que tiram os sons por
meio de um arco guarnecido de crinas e pregraveviamente passadas pela resina violino 2 Naacuteut
Uma das velas latinas que servem para estais
rarrAureacuteliorarrrabeca [Do aacuter rabatildeb pelo fr ant rebec ou pelo provenccedil ant rebec] Substantivo
feminino 1Designaccedilatildeo antiquada do violino [F paral rebeca var arrabeca] 2Utensiacutelio
de ferreiro que serve para fazer girar a broca sanfona 3Lus V fancho 4Bras Espeacutecie de
violino com quatro cordas de tripa e sonoridade fanhosa que se toca apoiando-o na altura do
coraccedilatildeo ou no ombro esquerdo mas sempre com a voluta para baixo
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente Laudelino Freire apresenta rabeca como termo naacuteutico Origem
francesa
Ficha 134
Resbordo sm (T Naut) O segundo solho do navio e o lugar onde elle se dobra mais
Rescaldar Escaldar muito ______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau RESBORDO Derivaſe do Francez Ribord que he a ſegunda ordem de taboas ou
o ſegundo ſolho do navio amp como cotovelo delle ou o lugar onde mais ſe dobra (na coſtura
da taboa do Resbordo Britto viagem do Braſil pag 86)
rarrMoraes e Silva RESBOacuteRDO sm Naut O segundo solho do navio e como cotovelo
delle ou o lugar onde mais se dobra Brito Viag ldquona costura da taboa do resbordordquo (rebord
em Francez he borda resaltada)
rarrLaudelino Freire RESBORDO sm De res + bordo Naacuteut Abertura feita no costado de
alguns navios na altura da primeira coberta para carga e descarga de carvatildeo ou de pequenos
artigos 2 Abertura na amurada para dar lugar agrave bocircca do canhatildeo
rarr AureacuteliorarrResbordo Substantivo masculino Constr Nav 1 A primeira fiada de chapas (ou
de taacutebuas nas embarcaccedilotildees de madeira) do forro exterior do casco de um e de outro lado da
quilha 2 Cisbordo Cisbordo (oacute) [De cis-1 + bordo] Substantivo masculino 1 Ant Constr
Nav Grande abertura com porta no costado de certos navios agrave altura de um pavimento para
embarque ou desembarque de objetos pesados ou de grandes dimensotildees resbordo
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
148
Recorriatildeo os altos os Calafates deſaparelhavatildeo as vergas os Marinheiros naotilde ſeccedilando as
bombas nem os baldes Cotilde que vencido o trabalho ficou legraveſto o navio amp eſtanque de hũa
batildeda para crenar ſobre ella em a manhatildeatilde ſeguinte que ſe tomou a agoa na coſtura da taboa
de resbordo
FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 17]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam resbordo como termo naacuteutico Origem
francesa
Ficha 135
Rumo sm A linha que denota hum dos ventos na agulha de marear A direcccedilatildeo que leva o
navio (T Naut) Palmo e polegada d‟agua entre os nauticos Fig Maneira de proceder A
rumo em boa ordem em termos de ter boa effeito ______________________________________________________________________
rarrCunha rumo sm bdquo(Naacuteut) cada uma das direccedilotildees marcadas na rosa-dos-ventos‟ bdquocaminho
direccedilatildeo vereda‟ rrumo XV Do cast rumbo deriv do lat rhombus e este do gr rhoacutembos
rumAR 1844
rarrBluteau Rumo na Roſa Nautica Index venti linea Fem (O numero dos graos amp ſuas
medidas ſegundo differentes Rumos Vieyra tom10 pag263) Vid Roſa
rarrMoraes e Silva RUacuteMO sm Na rosa Nautica a linha que denota hum dos 32 ventos sect A
direccedilatildeo que leva a proa do Navio por hum dos 32 rumos sect t Naut i eacute palmo e polegada de
agua de sorte que seis rumos ou palmos destes fazem sete ordinarios vg tem esta quilha
tantos rumosrdquo pegado (o monstro marinho) na quilha do galeatildeo por todo o comprimento
delle sendo de vinte e hum rumos que satildeo certo e cinco palmosrdquo B347 (por esta conta cada
rumo satildeo cinco palmos) ult Ediccedil Tom3 PI p462
rarrLaudelino Freire RUMO sm Ingl rhumb Cada uma das trinta e duas divisotildees ou linhas
da rosa dos ventos que representam as trinta e duas direccedilotildees mariacutetimas adotadas pelos
naacuteuticos 2 Direccedilatildeo do navio por estes rumos 3 Direccedilatildeo orientaccedilatildeo caminho 4
Antiga medida naacuteutica que equivalia pouco mais ou menos a cinco palmos 5 Meacutetodo
ordem de proceder norma
rarrAureacutelio rumo [Do esp rumbo] s m 1 Naacuteut Cada uma das direccedilotildees marcadas na rosa dos
ventos 2 Naacuteut Direccedilatildeo do movimento da embarcaccedilatildeo quando se estaacute navegando 3 Naacuteut
Acircngulo que a direccedilatildeo para onde aponta a proa da embarcaccedilatildeo faz com a direccedilatildeo do norte
verdadeiro (rumo verdadeiro) ou com a direccedilatildeo do norte magneacutetico (rumo magneacutetico) ou
ainda com a direccedilatildeo do norte da agulha (rumo da agulha) []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Segunda-feira 30 dias do mecircs de Janeiro tomei o sol e estava na altura do cabo de Santlsquo
Agostinho e iacuteamo-lo a demandar pelo rumo de loeste
PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE
SOUSA [A00_0078 p 38]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam rumo como termo naacuteutico Origem
castelhana
149
S
Ficha 136
Salamear va (T Naut) Fazer celeuma Cantar alternamente
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau SALAMEAR Termo de Marinheyro Fazer a Saloma ou Salema Vid Salema
Vid Fayna SALEMA Vozaria de Marinheyros He derivado da palavra Grego-Latina
Celeuma Vid Fayna (As Salemas ordinarias dos Marinheyros ſe fazem com taes vozes que
natildeo ſaotilde ouvidas muytas vezes Britto Viagē do Braſil pag 278)
rarrMoraes e Silva SALAMEAacuteR vn Naut Levantar ou cantar a celeuma Cast 280 escreve
ccedilalamear ldquosem as naos apitarem nem ccedilalamearem por natildeo serem sentidos dos Rumesrdquo
B384 ldquohomens do mar que ccedilalameatildeo para hum tempo pograverem toda a forccedila
CELEUMA sf A vozeria que faz a gente do mar quando trabalha CamLusII25 A
celeuma medonha se levanta No rumo marinheiro que trabalha
rarrLaudelino Freire natildeo consta
rarrAureacutelio natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios somente Bluteau e Moraes e Silva apontam salamear como termo naacuteutico Os
demais autores natildeo citam o termo Origem aacuterabe (Sousa amp Moura 1830)
Ficha 137
Salema sf Na Turquia cortesia feita com certas palavras em que entra a palavra Zalemaq
Nome de um peixe (T Naut) Entre os nauticos celeuma
Celeuma sf gritaria da gente do mar quando trabalha
______________________________________________________________________ rarrCunha salema sf bdquopeixe teleoacutesteo percomorfo da famiacutelia dos pomadasiacutedeos da costa
atlacircntica‟ 1874 De etimologia obscura [] celeuma sf bdquovozearia barulho algazarra‟ 1572
Do lat celeuma deriv do gr keacuteleuma bdquoordem‟ bdquocanto‟ bdquogrito‟
rarrBluteau SALEMA Vozaria de Marinheyros He derivado da palavra Grego-Latina
Celeuma Vid Fayna (As Salemas ordinarias dos Marinheyros ſe fazem com taes vozes que
natildeo ſaotilde ouvidas muytas vezes Britto Viagē do Braſil pag 278)
rarrMoraes e Silva SALEgraveMA sf V Celeuma nautsect t Turquesco cortezia acompanhada de
certas palavras entre as quaes vem Zalemaq Barrosrdquoque fosse a Corte do Badur a lhe fazer a
salemeardquoCELEUMA sf A vozeria que faz a gente do mar quando trabalha CamLusII25
A celeuma medonha se levanta No rumo marinheiro que trabalha
rarrLaudelino Freire SALEMA sfAacuter calam sf Naacuteut O mesmo que celeuma CELEUMA
sf Lat celeuma Vozearia de homens que trabalham juntos 2 Barulho algazarra 3
Canto ou vozes de barqueiros cantiga rude que entoa o marinheiro para estimular o trabalho
4 Alarma
rarrAureacutelio natildeo consta
150
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Exceto Aureacutelio ( que natildeo cita o termo) todos os demais dicionaristas apontam
salema como termo naacuteutico Origem obsura
Ficha 138
Sapatilhos sm (T Naut) Entre nauticos Ferros redondos em que se pegatildeo as poas ______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta sapatilhos consta sapato sapato sm bdquocalccedilado em geral de sola dura
que cobre o peacute‟XVI ccedila- XIII De origem duvidosa talvez do turco čabata sapatA XVI
[] sapatilho 1873
rarrBluteau SAPATILHOS Termo de navio Satildeo huns ferros redondos em que preacutegatildeo as
poas por ſe natildeo cortar a bolina o meſmo tem a eſteyra da vela em q os briois peacutegatildeo Vid
Sapato de ferro
rarrMoraes e Silva SAPATIacuteLHOS smpl Naut Ferros redondos em que se pegatildeo as poas
por se natildeo cortar a bolina haacute outros na esteira da vela em que os brioes pegatildeo
rarrLaudelino Freire SAPATILHO sm De sapato + ilho Naacuteut Aro de ferro forrado de
chapas com meia cana na parte exterior e que serve para se aguentar nos punhos das velas nos
chicotes dos cabos onde se introduzem os gatos etc
rarrAureacutelio sapatilho [De sapato + -ilho] s m 1 A primeira folha seca arrancada da cana-de-
accediluacutecar quando se limpa esta 2 Marinh Aro metaacutelico circular ou oval geralmente de ferro
zincado com a periferia goivada usado como berccedilo e proteccedilatildeo agraves matildeos [v matildeo (19)] que se
faz em cabos sobretudo nos cabos de arame
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaristas apresentam sapatilhos como termo naacuteutico Origem
duvidosa (turco)
Ficha 139
Sarpar va (T naut) Levantar
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta sarpar consta zarpar zarpar vb bdquolevantar acircncora fazer-se ao mar
partir‟ XVII Do cast zarpar deriv do a it sarpare (hoje salpare) deriv do lat tard
exharpare e este do gr exharpaacutezō
rarrBluteau SARPAR Termo Nautico He tomado do Italiano Salpare ou Sarpare que val o
meſmo que Levantar ferro Solvere portu ou solvere navem Cic C Vid Levantar (foy
tatildeo furioſa a tempeſtade que ſobreveyo a eſtas duas galeacutes Sarpando entre hŭas Ilhas
Vieyrtom5pag 326) (Poucos dias antes que Sarpaſſe a Armada Jacintho Freyre liv4 sect 83)
rarrMoraes e Silva SARPAacuteR vn naut Levantar vg sarpar a ancora
rarrLaudelino Freire SARPAR vrv Cast zarpar O mesmo que zarpar ldquoSarpou a corvetardquo
(Latino Coelho) ZARPAR vrv Cast zarpar Naacuteut O mesmo que sarpar (tr dir)2 Lus
Enganar abusar da boa feacute de em proveito proacuteprio (tr dir) 3 Fugir partir (intr)
rarrAureacutelio Sarpar Verbo intransitivoVerbo transitivo circunstancial 1Desus V zarpar As
galeacutes de Castela havia meses ancoradas no Tejo sarparam tenderam velas e demandaram a
barra (Antero de Figueiredo Leonor Teles p 229)Zarpar-[Do gr exarpaacutezein levantar
(acircncora) pelo lat exharpare e pelo it ant sarpare atual salpare] Verbo intransitivoVerbo
151
transitivo circunstancial 1Levantar acircncora fazer-se ao mar partir Quantas vezes em
pequeno ao contemplar o oceano e ao ver os navios que zarpavam barra afora senti o
impulso ardente de Sindbad o Mariacutetimo (Sousa Bandeira Evocaccedilotildees e Outros Escritos p
56) [Var (ant) sarpar] 2Bras V fugir (1 e 2) 3Bras Ir partir
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
E vendo o inimigo que todas as capitanias estavam juntas e tatildeo perto dacuteelles nos deitaram
aquella nojte aacutes 10 horas 3 navios de fogo um ficou sentado na arecirca que natildeo pocircde sahir e
os 2 sahiram mas quiz Deos que vimos vir uma vela e entendendo que fugiam comeccedilaacutemos
todos a sarpar []
desconhecido (1885) [1625] RELACcedilAtildeO VERDADEIRA DE TODO O SUCCEDIDO NA
RESTAURACcedilAtildeO DA BAHIA DE TODOS OS SANTOS DESDE O DIA EM QUE PARTIRAM
AS ARMADAS DE S M ATEacute O EM QUE EM A DITA CIDADE FORAM ARVORADOS SEUS
ESTANDARDES ETC [A00_0700 P 512]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaristas apresentam sarpar como termo naacuteutico Origem
espanhola lt francesa
Ficha 140
Sejar V Ciar (T Naut)
______________________________________________________________________
rarrCunha sejar natildeo consta
rarrBluteau Natildeo consta
rarrMoraes e Silva SEJAR v at Ceiar remar o navio de sorte que o faccedila voltar para hum
lado remando os remeiros de hum lado para vogarem aacute vante e outros para traz Vieira
ldquosaber vogar quando se haacute de ir a diante e sejar quando se haacute de dar voltardquo
rarrLaudelino Freire natildeo consta
rarrAureacutelio natildeo consta sejar consta ciar1 [Do esp ciar poss] Verbo intransitivo1Remar para
traacutes 2P ext Mover-se para traacutes [Cf siar e cear]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente Moraes apresenta sejar como termo que remete ao universo naacuteutico
Aureacutelio presenta ciar e natildeo sejar Origem natildeo encontrada
Ficha 141
Siar va Ciar (T Naut) Na Volateria Cerrar a ave as azas em aferrando a relegrave para baixar
com ella mais depressa
______________________________________________________________________
rarrCunha siar vb bdquofechar (as asas) para descer mais depressa‟ XVIII De origem obscura
rarr Bluteau SIAR ou CIAR Termo de alta volateria Siar as azas na autoridade que ſe
ſegue parece quer dizer Fechar a ave as azas para cahir (Eu vi hum Accedilor afferrado a hūa
Abetarda dependurarſe agrave terra amp Siar as azas para a fazer vir ao chatildeo Arte da Caccedila pag28)
rarrMoraes e Silva SIAacuteR vatde Volater Siar a ave as azas he cerralas depois de afferrar a
releacute para cair com ella mais depressasect V Ceiar e Ceiavoga
rarrLaudelino Freire SIAR vtr dir fechar (as asas) para descer mais ragravepidamente
152
rarrAureacutelio Siar Verbo transitivo direto 1Fechar (as asas) para descer mais depressa[Cf ciar
e cear]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Nenhum dos dicionaacuterios apresenta siar como termo naacuteutico Origem
obscura
Ficha 142
Sirgideiras sf plur (T Naut) Entre nauticos corda para atracar a enxarcia
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau SIRGIDEIRAS (Termo de navio) Cordas para atracar a enxaacutercia Saotilde huns cabos
com huns moutotildees pequenos que ſervem de apertar de huns ouvens a outros Ha mais outras
Sirgideyras por bayxo das gaveas que ſervem do meſmo Natildeo temos palavra propria Latina
rarrMoraes e Silva SIRGIDEgraveIRAS sf naut pl Cordas para atracar a enxarcia
rarrLaudelino Freire SIRGIDEIRAS sf De sirgir + deira Corda proacutepria para enxaacutercia 2
O mesmo que serzideira
rarrAureacutelio natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Bluteau Moraes e Silva e Laudelino Freire apontam sirgideiras como termo
naacuteutico Origem natildeo encontrada
Ficha 143
Sobrecevadeira sf (T Naut) A vela que fica sobre a cevadeira
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau SOBRECEVADEIRA Veacutela pequena que ſe potildeem ſobre outra a que chamaotilde
Cevadeyra Vid Cevadeyra (Largue hū galhardete na Sobrecevadeyra CEVADEIRA Vela
pequena que ſe potildeem na proa Proclinati ad proram mali velum
rarrMoraes e Silva SOBRECEVADEgraveIRA sf Naut vela pequena
rarrLaudelino Freire SOBRECEVADEIRA sf De socircbre + cevadeira Naacuteut Pequena vela de
navio socircbre a cevadeira CEVADEIRA s f de cevar + deira Naacuteut Pequena vela suspensa
de uma vecircrga que atravessa horizontalmente o gurupeacutes
rarrAureacutelio natildeo consta sobrecevadeira 1- Cevadeira [De cevada + -eira] sf [] 2Marinh
Ant Verga de cevadeira 3Marinh Ant Vela quadrangular que envergava na verga do
mesmo nome por baixo do gurupecircs [Cf sevadeira] []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaristas apontam sobrecevadeira como termo naacuteutico
Origem portuguesa lt latina
153
Ficha 144
Sobregata sf (T Naut) Entre nauticos Vela que fica sobre a gata
______________________________________________________________________
rarrCunhasobregata natildeo consta
rarrBluteau Natildeo consta GATA[]Gata nos navios he a vela de cima da mezena
rarrMoraes e Silva natildeo consta Consta GAacuteTA sf Femea do gatosect t de Naacuteutico Vela de
cima da mezena
rarrLaudelino Freire SOBREGATA sf De socircbre + gata Naacuteut 1 Segunda vela do mastro
de mezena 2 Vecircrga correspondente a essa vela
rarrAureacutelio 1- Sobregata [De sobr(e)- + gata] s f 1Marinh O joanete do mastro da gata[]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Laudelino Freire e Aureacutelio apresentam o termo sobregata Origem
portuguesa lt latina
Ficha 145
Socairo sm Cabo amarra Ao socairo ao abrigo Em seguimento Para traz (T Naut) Entre
nauticos A regrave pela poppa do navio
______________________________________________________________________
rarrCunha socairo1 sm bdquo(Marinh) parte de um cabo‟ XVI Do cat socaire bdquo o que estica uma
corda‟ com influecircncia de Cairo
rarrBluteau SOCAIRO Ao Socayro Termo Nautico antiquado Val o meſmo que ao longo Ir
ao ſocayro da Fortaleza com barco ou navio Arcem vel nave legere ou radere (Outras
fuſtas que eſtavatildeo ao Socairo da Fortaleza Barros 4 Dec pag650) (Se abrigou com a
Armada de remo ao Socairo da naacuteo amp do Galeaotilde Lemos Cercos de Malaca 15 verſ) A regrave
pela poppa do navio
rarrMoraes e Silva SOCAacuteIRO sm (composto de so ou sob e cairo no fig por amarra)sect
Amarra de pogravepa Castan L3f66 ldquoos que levavatildeo a toa soltaratildeo com medo o socairo e a naacuteo
dera a costa se outros natildeo acodissem a tomar o socairordquosect Ao socairo ieacute agrave reacute por detraz da
poupa do navio Lemos Cerco de Malaca Fig ao socairo da fortaleza ieacute emparado com
ella por traz della Barros ir ao socairo de alguem ieacute seguindo-o sect Poacutede-se derivar talvez
da palavra Irlandeza socair que significa em posto abrigado do vento (Bullet Memoires surla
Langue Cellique Tom2 artigo soucair) PPer LIf133 ldquoretirar-se ao socairo de huma ponta
de ilha ou reciferdquo para detraz dellasect
rarrLaudelino Freire SOCAIRO sm Naacuteut O cabo que vai sobejando e se vai colhendo
quando se ala qualquer braccedilo tirador etc o cabo de ala e larga que vai saindo do cabrestante
Pela popa do navio 2 Correia cujas pontas se prendem aos canzeacutes dos carros e que serve
para ajudar a sustecirc-los nas descidas
rarrAureacutelio socairo1 [Do cat socaire] Substantivo masculino1Marinh A parte de um cabo
que depois de dar volta a um cabrestante guincho cabeccedilo etc eacute aguentada agrave matildeo para ir
sendo colhida ou largada segundo as necessidades da manobra Pela popa do navio se faz a reacute
2Marinh A parte de um cabo que estaacute com volta em um cabeccedilo ou noutra peccedila fixa 3Correia
ou corda com que se sustecircm carros nas descidas
154
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Do porto de Olinda aacute ponta de Pero Cavarim satildeo quatro leguas Da ponta de Pero Cavarim
ao rio de Jaboatatildeo eacute uma legua em o qual entram barcos Do rio de Jaboatatildeo ao Cabo Santo
Agostinho satildeo quatro leguas o qual cabo estaacute em oito graacuteos e meio Ao socairo deste cabo
da banda do norte podem surgir naacuteos grandes quando cumprir onde tem boa abrigada Do
Cabo ateacute Pernambuco corre-se a costa norte sul
GABRIEL SOARES DE SOUSA (1938) [1587] ROTEIRO GERAL COM LARGAS
INFORMACcedilOtildeES DE TODA A COSTA DO BRASIL (PRIMEIRA PARTE - PROEMIO)
[A00_0176 p 30]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam socairo como termo naacuteutico Origem
castelhana
Ficha 146
Sumeas sf plu (T Naut) As taboas com que se repara o leme
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo constam Ximeas e Sumeas Chuacutemeas sfpl bdquopeccedilas de madeira com que se
consertam os mastros estalados‟1873 chuacutembeas 1813 Provavemente do aacuter jāmalsquoacirc na var
chuacutembeas deve ter havido influecircncia de CHUMBO
rarrBluteau SUMEAS de leme ou maſto
rarrMoraes e Silva SUMEAS sf pl Naut Taboas com que o leme se refaz e repara BPer
rarrLaudelino Freire SUacuteMEAS sf pl Naacuteut Peccedilas de madeira com que se conserta ou
fortifica o leme CHUacuteMEAS sfpl Naacuteut Pedaccedilo de madeira cavada em uma das faces que se
aplica ao longo de um mastro de uma verga etc para reforccedilaacute-lo por meio de braccediladeiras de
ferro ou de arreataduras
rarrAureacutelio Sumeas Substantivo feminino plural 1V chuacutemeasChuacutemeas [Do aacuter a(t) da raiz juntar agrupar] Substantivo feminino plural1Mar Peccedilas de
madeira com que se consertam os mastros estalados [Var chuacutembeas suacutemeas]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam sumeas como termo naacuteutico Origem
aacuterabe
T
Ficha 147
Tamborete sm Cadeira rasa Tamboretes (entre Nauticos) satildeo as peccedilas que fechatildeo os
mastros na coberta de cima
______________________________________________________________________
rarrCunha tambor sm bdquo(Muacutes) instrumento de percussatildeo‟XV atanbor XIII atambor XIV
Do ar attanbucircr tamborETE sm bdquo(Marinh) orig peccedila de madeira que arremata o mastro na
coberta de cima‟ XVI bdquoext banqueta‟ XVIII
155
rarrBluteau Tamboretes (Termo de navio) ſaotilde huns paos amp taboas que fechatildeo o maſtro na
cuberta de cima amp levaotilde dous paos a que antigamente chamavatildeo Poſquetes amp hoje Enoras
para atochar o maſtro
rarrMoraes e Silva TAMBORETES satildeo peccedilas de taboas que fechatildeo o mastro na coberta de
cima e levatildeo dois paacuteos ditos antigamente posquetes e hoje enoras de atochar o mastro
Couto 6921 ldquocortou-lhe o masto pelos tamboretesrdquo
rarrLaudelino Freire Tamboretes s m pl Naacuteut Conjunto de peccedilas destinadas a garantir a
seguranccedila e verticalidade dos mastros e a impedir que as aacuteguas se infiltrem por ecircsse conduto
rarrAureacutelio tamborete (ecirc) [Do fr tabouret com infl de tambor] Natildeo consta como termo
naacuteutico
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
arrebentou o masto do traquete pelos tamboretes de que sentimos muita fortuna e
amainaacutemos a vela e fomos correndo ao som do mar ateacute que foi de dia
PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE
SOUSA [A00_0078 p 33]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente o dicionaacuterio Aureacutelio natildeo apresenta tamborete como termo naacuteutico
Origem francesa lt aacuterabe
Ficha 148
Trinca sf Entre nauticos voltas de hum cabo que se faz fixo no talhamar do gurupes No
jogo da garatuza tres cartas do mesmo valor
______________________________________________________________________
rarrCunha Trincar vb bdquoapertar comprimir‟ bdquocortar com os dentes‟ bdquocomer mastigar‟ XVI
De origem incerta talvez alteraccedilatildeo do a fr tringler tingler bdquounir as taacutebuas de uma
embarcaccedilatildeo‟ deriv do a escandinavo tengja bdquounir atar‟trinca2
sf bdquocabo naacuteutico‟ XVI
trinca 3
sf bdquoarranhatildeo dentada‟ XX trinco sm bdquotranqueta com que se trancam portas‟ XVI
Dev de trincarTrecircs num bdquo3 III‟ Do lat trēs Do lat trēcěntos trinca1
sf bdquoreuniatildeo de trecircs
coisas semelhantes‟ XVI
rarrBluteau TRINCA (Termo de navio) Trincas ſaotilde as que atracatildeo o gurupeacutes amp vem a fazer
fixo ao talhamar Poacuter a nao agrave trinca ou porſe agrave trinca (Se puzeratildeo agrave Trinca Barros 4
Decpag 45) (Por conſelho do Piloto payrou agrave Trinca Lucena Vida de Xavier 67)
rarrMoraes e Silva TRIacuteNCA sf Naut Trincas do goropeacutes satildeo voltas de hum cabo que o
vem fazer fixo no talhamarsect Pograver a nau aacute trinca ou pograver-se a trinca pairar aacute trinca ieacute agrave capa
com a proa ao vento e as velas levantadas Couto 431 bdquose pozeratildeo agrave trinca batendo-a
rijamenterdquo Amaral c9 ldquopozeratildeo-se os inimigos agrave trinca para concertarem o galeatildeo ou lanccedilar
ferrordquo VF Mend c6r princip sect Na garatuza trinca satildeo 3 cartas do mesmo valor
rarrLaudelino Freire TRINCA sf Esp Trinca Mar Volta de cabo para fixar alguma peccedila
do navio
rarrAureacutelio trinca3 [Do esp trinca] s f 1Constr Nav Corrente ou cabo forte que prende o
gurupeacutes ao beque
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Fazendo negravevoa taotilde eʃpeʃʃa que ʃe naotilde vejatildeo os navios toquem os tambores deʃparem a
eʃpaccedilos algũs moʃquetes amp ʃiguaotilde o caminho que antes levava a Capitana Se ella durando a
negravevoa quiʃer virar tiraragrave huatilde peʃʃa amp os Galleoẽs do comboy faraacuteotilde o meʃmo em carregando
156
o leme antes de darem por davante Pondoʃe agrave trinca tirar agrave duas peszligas juntas a que
reʃponderagraveotilde tambem com duas os navios de guerra
FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 55]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam trinca como termo naacuteutico Origem
incerta
Ficha 149
Troccedila sf (T Naut) Entre nauticos Cabo com que se seguratildeo as entenas nos mastros
______________________________________________________________________
rarrCunha [] De origem obscura troccedila sf bdquozombaria‟ 1881 Dev de troccedilar []
rarrBluteau natildeo consta
rarrMoraes e Silva TROacuteCcedilA sf Cabo com que as entennas se seguratildeo no mastro
rarrLaudelino Freire TROCcedilA sf Mar Cabo que segura as antenas no mastro
rarrAureacutelio troccedila [Dev de troccedilar] s f1V zombaria 2V graccedila (6) 3Bras Pacircndega farra
4Bras Vida devassa5Pop Ajuntamento (de pessoas) multidatildeo
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente Moraes e Silva e Laudelino Freire apresentam troccedila como termo
naacuteutico Origem obscura
V
Ficha 150
Vela sf (T Naut) Entre nauticos O panno do navio que se abre ao vento para o fazer
navegar Rolo de cera espermacete ou cebo com pavio para alumiar Sentinellavigia Fig
Embarcaccedilatildeo
______________________________________________________________________ rarrCunha [] Do lat vēlumvelEIRO adj sm bdquodiz-se de ou navio que anda agrave vela‟
rarrBluteau Vela de navio Panno grande que preſo nas vergas amp aberto recebe o vento amp
faz andar o navio Velum i Neut Cic A vela meſtra ou a vela do maſto Grande Velum
fummi mali maximum caacutetion que alguns Autores de Diccionarios potildeesm neſte lugar natildeo ſe
acha em Autores Latinos amp Roberto Eſteves mostra que ateacute no Grego natildeo eſtagrave ce a
ſignificaccedilatildeo deſta palavra neſte ſentido []
rarrMoraes e Silva sf Vela do navio o panno de treu que se abre ao vento e serve para
impellir o navio communicando o impulso do vento aos mastros[]
rarrLaudelino Freire sf Lat velum Naacuteut Pano largo de linho ou de outro qualquer tecido
que se desfralda ao longo dos mastros ou das vergas para receber a accedilatildeo do vento em virtude
da qual eacute impelida a embarcaccedilatildeo2 Embarcaccedilatildeo movido por um conjunto decircsses panos []
157
rarrAureacutelio vela1
[Do lat vela pl de velu veacuteu] sf 1Marinh Peccedila de lona ou de brim
destinada a recebendo o sopro do vento impelir embarcaccedilotildees ou movimentar moinhos [Sin
no sing ou no pl pano] []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Saacutebado 10 dias do dito mecircs agraves quatro horas depois de meo-dia surgimos no porto da ilha da
Gomeira Em terra tomei o sol em 28 graos e um quarto Ali corregemos o leme 29-
A00_0078txtN 3^a feira 13 de Dezembro no quarto de alva nos fizemos agrave vela com vento
nordeste faziacuteamos o caminho do sul e a quarta do sudoeste 4^a feira 14 do dito mecircs ao
meo-dia tomei o sol em 26 graos e um quarto
PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE
SOUSA [A00_0078 p 29]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam vela como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Ficha 151
Vergueiro sm cabo de pagraveo das talhadeiras dos ferreiros (T Naut) Entre nauticos Cabo
dobrado no laiz com huns moutotildees que com huma volta em torno da pega grande finca os
moutotildees no bdquoagrave do‟ gavea Pedaccedilo de cabo com huma alccedila em cada chicote que serve no estaes
para algumas manobras Cadecirca de ferro que anda em hum arganegraveo do leme com hum pedaccedilo
de cabo grosso com que se atraca o leme quando se quebra a cana delle
______________________________________________________________________
rarrCunha verga sf bdquovara flexiacutevelXIII virga XIIIDo lat virga []verguEIRO sm
bdquovergasta‟ 1813
rarrBluteau Natildeo consta
rarrMoraes e Silva VERGUEgraveIRO sm Cabo de paacuteo em cujo extremo os ferreiros cravatildeo as
suas talhadeiras
rarrLaudelino Freire VERGUEIRO sm De vecircrga + eiro Vergasta verdasca vara 2
Cabo de pau que se crava nas talheiras rompedeiras e palmetas para natildeo se magoarem as matildeos
dos que trabalham com estes instrumentos Vergueiro da Peccedila sm Naacuteut Cabo grosso enfiado
nos olhais das falcas Vergueiros do Leme sm pl Naacuteut Cabos grossos ou cadeias de ferro
que prendem o leme pelos arganeacuteus do safatildeo Vergueiros do Pano sm pl Naacuteut Cabos
prolongados com as vecircrgas e encapelados nos laises
rarrAureacutelio vergueiro [De verga + -eiro] Substantivo masculino 1V verdasca 2Cabo de
madeira em alguns utensiacutelios de ferreiro 3Constr Nav Corrente ou cabo de arame que se
enfia nos balauacutestres da borda para resguardo da tripulaccedilatildeo 4Constr Nav Cabo de arame que
158
se enfia nos ferros de sustentaccedilatildeo do toldo ou vergalhatildeo preso ao longo de uma antepara ou
verga e no qual se amarram os fieacuteis do toldo ou do pano
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Moraes e Silva Laudelino Freire e Aureacutelio apresentam vergueiro como termo
naacuteutico Origem portuguesa lt latina
X
Ficha 152
Xaretas sfpl (T Naut) Entre nauticos redes de cordas aacute borda do navio para tolher a
entrada ao inimigo
______________________________________________________________________
rarrCunha xaretas sf bdquoant rede com que se cobria a tolda e o conveacutes das naus e galeotildees de
guerra‟ XVII Do aacuter vulg šarīta bdquocorda cinta‟ []
rarrBluteau XAcircRETA Vid Enxarcia (Pegados agraves Xaretas do bordo alto Oriente conquiſtado
part 2493) Deriva-ſe do Francez Charette que quer dizer Carro []
rarrMoraes e Silva XAREgraveTAS sf Naut Redes de corda que acompanhatildeo o bordo do navio
para impedir a entrada ao inimigo Amaral4
rarrLaudelino Freire XARETA sf Ar xarita Recircde com que se impede a abordagem de um
navio 2 Recircde de pescar
rarrAureacutelio xareta (ecirc) [Do aacuter (t) cordel]Substantivo feminino1Ant Mar G
Rede com que se cobriam a tolda e o conveacutes das naus e galeotildees de guerra por ocasiatildeo dos
combates para dificultar aos assaltantes a entrada a bordo nas abordagens2Rede de pescar
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam xareta como termo naacuteutico Origem aacuterabe
Ficha 153
Ximeas sf plur (TNaut) v Sumeas
Sumeas sf plu (T Naut) As taboas com que se repara o leme
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo constam Ximeas e Sumeas Chuacutemeas sfpl bdquopeccedilas de madeira com que se
consertam os mastros estalados‟1873 chuacutembeas 1813 Provavemente do aacuter jāmalsquoacirc na var
chuacutembeas deve ter havido influecircncia de CHUMBO
rarrBluteau XIMEA Couſa de navio( Neceſſitava a Capitania de Ximeas nos maſtos Britto
viagem do Braſil 160)
rarrMoraes e Silva XIMEA sf V Sumea T Naut SUMEAS sf pl Naut Taboas com que
o leme se refaz e repara BPer
rarrLaudelino Freire natildeo consta
rarrAureacutelio Natildeo constam Ximeas e Sumeas Chuacutemeas [Do aacuter a(t) da raiz juntar agrupar]Substantivo feminino plural 1Mar Peccedilas de madeira com que se consertam
os mastros estalados [Var chuacutembeas suacutemeas ximeas]
159
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios De todos os dicionaacuterios consultados soacute Laudelino Freire natildeo lista esse lexema
Os demais dicionaristas classificam o termo como naacuteutico ou mariacutetimo Origem duvidosa
(aacuterabe)
Apoacutes selecionar os termos naacuteuticos constituiacutemos 153 fichas lexicograacuteficas
elaboradas juntamente a consultas em 5 dicionaacuterios e ainda a 1 Banco de Dados referente ao
portuguecircs brasileiro da eacutepoca do Brasil Colocircnia Passemos no proacuteximo capiacutetulo agrave anaacutelise dos
dados
160
Capiacutetulo 5
161
Capiacutetulo 5 ndash Anaacutelise e discussatildeo dos dados
Apoacutes selecionarmos os termos naacuteuticos presentes no Diccionario de Lingua
Brasileira preenchermos as 153 fichas lexicograacuteficas ndash elaboradas junto agrave pesquisa em cinco
dicionaacuterios e em um banco de dados de liacutengua portuguesa do Projeto DHPB composto de
textos escritos nos seacuteculos XVI XVII e XVIII ndash acompanhadas de abonaccedilotildees classificaccedilotildees
gramaticais e comentaacuterios passemos agrave anaacutelise quantitativa e discussatildeo dos resultados
51 Quanto agrave classificaccedilatildeo gramatical dos termos
Conforme jaacute relatado organizamos um corpus de unidades lexicais do domiacutenio da
terminologia naacuteutica com 153 termos constituiacutedo de 117 substantivos 3 adjetivos 32 verbos
e 1 adveacuterbio que satildeo entradas no Diccionario de Lingua Brasileira editado por Luiz Maria da
Silva Pinto na cidade de Ouro Preto em 1832 Os substantivos se destacam com 7647 de
dados os adjetivos por sua vez totalizam 196 dessas entradas os verbos 2092 e o
adveacuterbio com 065 de nossos dados terminoloacutegicos Abaixo apresentamos em tabela a
distribuiccedilatildeo conforme a classificaccedilatildeo morfoloacutegica dos dados analisados
TABELA 1
Classificaccedilatildeo morfoloacutegica dos dados analisados
Classe Gramatical Nuacutemero de unidades lexicais Percentual
Substantivo 117 7647
Adjetivo 003 196
Verbo 032 2092
Adveacuterbio 001 065
TOTAL 153 10000
Destacam-se a seguir as unidades leacutexicas classificadas como
Substantivos rarr aba abotoadora accedilafratildeo alcaxas aldrope alforje almeida amura
amurada anrique arruelas avencadura barcolas barquilha bastardo beque
bigotas bolinete bombordo botalos braccedilo braga bragueiro brandaes briol
buccedilardas burra cabresto cacholascalabre calabrote calafeto calcez calma
calmaria carlinga carregadeiras cevadeira chapeleta chapiteo chaveta cheleira
cifa cinta clara colhedores contrapunho cordas cossouro costa cunho curva
curvatatildeo cutelo driccedila embono embornal encalamento enfrechadura enora
envergues escoa escoteira escotilha escouves estibordo estiva estribos estrinca
162
garrucha gaacutevea gio guinada lais leme leva liame linguete maccedilame madre
majarrona malaquetas michelos molhelha moucarrotildees nabo orthodomia ostaes
ostagas palomas palomba patelha pinccedilote pontal ponte porca rabada rabeca
resbordo rumo salema sapatilho sirgideiras sobrecevadeira sobregata socairo
sumeas trinca troccedila vela vergueiro xaretas ximea peacute dormentes tamboretes
estribordo
Adjetivos rarr banzeiro escatelado naacuteutico
Verbos rarr abroquelar agarruchar alestar arfar arriar barbear bracear canjar
ciar-se cifar cruzar desaferrar desancorar descahir dobrar embonar encapelar
encodar-se envergar escacear escorrer ferrar folgar guinar iccedilar pairar
palmejar proejar salamear sarpar sejar siar
Adveacuterbio rarr dlsquoavante
52 Quanto agrave forma e o gecircnero dos termos naacuteuticos do DLB
Em se tratando dos 117 substantivos o gecircnero masculino se sobressai com 55
ocorrecircncias o que corresponde a 47 dos dados presentes em nosso corpus O gecircnero
feminino aparece com 53 dos dados somando 62 ocorrecircncias
Todas as 3 unidades leacutexicas cujas classificaccedilotildees morfoloacutegicas indicam adjetivos
apresentam-se no gecircnero masculino correspondendo a 196 dos dados presentes em nosso
corpus
Tanto os substantivos quanto os adjetivos soacute ocorreram em sua forma simples A
quantificaccedilatildeo total dos dados quanto ao gecircnero eacute destacada na TABELA 2 apresentada a
seguir
TABELA 2
Classificaccedilatildeo do gecircnero dos dados analisados
Classe Gramatical Masculino Feminino
Substantivo 55 (47) 62 (53)
Adjetivo 03 (196) -----
163
53 Quanto ao nuacutemero de unidades lexicais presentes em obras de referecircncia
Verificamos que 152 das 153 unidades lexicais se encontram dicionarizadas em
pelo menos uma das obras escolhidas como base de referecircncia neste trabalho embora parte
delas natildeo tenha a marca terminoloacutegica ldquotermo naacuteutico A fim de termos ideia do nuacutemero de
vocaacutebulos que constam em cada um dos cinco dicionaacuterios pesquisados e ainda consultando o
nuacutemero de ocorrecircncias no banco de dados do Projeto DHPB fizemos um levantamento
quantitativo que eacute apresentado no graacutefico a seguir
111
134
152146
130
79
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
Cunha
Bluteau
Morais
Laudelino
Aureacutelio
DHPB
GRAacuteFICO 1 Nuacutemero de unidades lexicais encontradas em cada dicionaacuterio e no banco de dados
O GRAacuteFICO 1 mostra em nuacutemeros absolutos quantas unidades lexicais entre as
153 dicionarizadas constam em cada dicionaacuterio a) a barra azul mostra que 111 vocaacutebulos
foram encontrados no Dicionaacuterio Etimoloacutegico de Antocircnio Geraldo da Cunha o que
corresponde a 7254 dos 153 vocaacutebulos dicionarizados b) o dicionaacuterio de Raphael de
Bluteau representado em barra verde corresponde a 134 unidades lexicais entre aquelas
dicionarizadas o que representa 8758 desse total c) Antocircnio de Moraes e Silva
representado pela barra marrom eacute aquele que mais apresenta em suas paacuteginas unidades
lexicais constantes do grupo das dicionarizadas com 152 unidades lexicais o que representa
9934 do total de vocaacutebulos d) o dicionaacuterio de Laudelino Freire representado pela barra
amarela apresenta 146 unidades lexicais o que corresponde a 9542 do total analisado e) o
dicionaacuterio de Aureacutelio Buarque de Hollanda Ferreira apontado no graacutefico pela barra de cor
vermelha apresenta 130 unidades lexicais entre aquelas dicionarizadas o que representa um
percentual de 8496 Por uacuteltimo apoacutes exaustiva consulta ao Banco de Dados do Projeto
164
DHPB verificamos a presenccedila de 79 unidades leacutexicas (5163) correspondentes agravequelas
selecionadas em nosso corpus para esta pesquisa
No quadro que apresentamos abaixo podemos identificar quais satildeo as unidades
lexicais presentes em cada dicionaacuterio e tambeacutem no Banco de Dados do Projeto DHPB
TABELA 3
Quadro comparativo dos termos naacuteuticos39
Bluteau Moraes e Silva Laudelino Aureacutelio DHPB
aba aba aba aba aba
abotoadura abotoadura abotoadura abotoadura abotoadura
abroquelar abroquelar abroquelar abroquelar
accedilafratildeo accedilafratildeo accedilafratildeo accedilafratildeo accedilafratildeo
agarrochar agarruchar agarrochar agarruchar agarruchar
alcaxas alcaxas alcaxas
aldrope aldroacutepe aldrope aldrope
alestar alestar alestar
alforge alforge alforge alforge alforge
almeida almeida almeida almeida almeida
amugravera amura amura amura
amuradas amuraacuteda amurada amurada amurada
anrique anriacuteque anrique anrique
arfar arfar arfar arfar arfar
arriar arriar arriar arriar arriar
arruelas arrueacutellas arruela arruela arruela
avencadura avencadura avencadura avencadura
banzeiro banzegraveiro banzeiro banzeiro banzeiro
barbear barbeacutear barbear barbear barbear
barcolas barcoacutelas barcolas
barquiacutelha barquilha
bastardos bastaacuterdo bastardo bastardo bastardo
beque beque beque beque beque
bigota bigoacutetas bigotas bigota
bolinete bolinegravete bolinete bolinete bolinete
bombordo bombordo bombordo bombordo bombordo
botalos botaloacutes botaloacutes botaloacute
braceacutear bracear bracear
braga braga braga braga braga
bragueiro bragueiro bragueiro bragueiro
brandaes brandaes brandal brandal brandaes
brioes brioacutees briol briol
buccedilardas buccedilardas
burra buacuterra burra burra
39
Salientamos que os termos destacados em negrito satildeo encontrados nos dicionaacuterios mencionados poreacutem natildeo
apresentam acepccedilatildeo naacuteutica ou natildeo nos remetem ao universo mariacutetimo Os espaccedilos em branco representam
ausecircncia da unidade lexical no dicionaacuterio e no DHPB
165
cabresto cabregravesto cabrestos cabresto cabresto
cachoacutela cachogravela cachola cachola
calabre calaacutebre calabre calabre calabres
calabrote calabroacutete calabrote calabrote calabrotes
calafeto calafegraveto calafeto calafeto calafeto
calcecircz calcegravez calcecircs calcecircs
calma caacutelma calma calma calma
calmaria calmaria calmaria calmaria calmaria
canjaacuter canjar
carlinga carlinga carlinga carlinga
carregadeiras carregadeiras carregadeira carregadeira
cevadeira cevadegraveira cevadeira cevadeira cevadeira
chapeleta chapeleta chapeleta chapeleta
chapiteo chapiteo chapiteacuteu chapiteacuteo
chaveta chavegraveta chavecircta chaveta chavetas
cheleira cheleira
ciar ciar-se ciar ciar ciar
cifa cifa cifa
cifar cifaacuter cifar
cintas cinta cintas cinta
clara clara clara clara
colhedocircres colhedores colhedores colhedor
contrapunho contrapuacutenho contrapunho contrapunho
cordas cordas corda corda cordas
cossouros cossograveuros cossouro cossouro
costa coacutesta costa costa costa
cruzar cruzar cruzar cruzar cruzar
cunhos cunhos cunhos cunho
curva cuacutervas curva curva curvas
curvatatildeo curvatatildeo curvatatildeo curvatatildeo
cutelos cugravetelos cutelos cutelo
davante davante d‟avante
desaferrar desaferrar desaferrar desaferrar desaferrar
desancorar desancoraacuter desancorar desancorar
descahir descahir descair descair descahir
dobrar dobraacuter dobrar dobrar dobrar
dormentes dormegraventes dormente dormente dormentes
driccedila driccedila driccedila driccedila driccedilas
embocircno embograveno embono embono
embornal embornagravel embornal embornal embornaes
encalamentos encalamentos encalamento
encapellar encapellaacuter encapelar encapelar encapelar
encodaacuter-se encodaacuter-se
enfrechadura enfrechadura enfrechadura enfrechadura
enoras enograveras enora enora
envergar envergar envergar envergar
envergues enveacutergues envergues envergues
166
escacear escacear escassear escassear escacear
escatelado escatelaacutedo escatelado escatelarado
escoas escograveas escoa escoa escoas
escorrer escorrer escorrer escorrer escorrer
escoteiras escoteira escoteira escoteira escoteira
escotilha escotilha escotilha escotilha escotilha
escouves escouves escouves escouvem
estibordo estibordo estibordo estibordo estibordo
estiva estiva estiva estiva estiva
estribos estribos estribo estribo estribo
estribograverdo estribordo
estrinca estrinca
ferrar ferrar ferrar ferrar ferrar
folgar folgar folgar folgar folgar
garrucha garruacutecha garruchas garrocha
gaacutevea gaacutevea gaacutevea gaacutevea gaacutevea
gio gio gio gio
guinada guinada guinada guinada guinada
guinar guinar guinar guinar guinar
iccedilar iccedilar iccedilar iccedilar iccedilar
lais laacuteis lais lais lais
leme leme leme leme leme
leva leva leva leva
liame liame liame liame liame
linguete linguete linguete lingueta
maccedilame maccedilagraveme maccedilame
madre madre madre madre
majarrona majarrona majarrona
malaquetas malaqueta malaqueta
michegravelos michelos
molhelha molhelha molhelhas molhelha
moucarrotildees moucarrotildees moucarratildeo
nabo nabo nabo nabo
naacuteutico naacuteutico naacuteutico naacuteutico naacuteutico
orthodromia orthodomia ortodromia
ostais ostaacutees ostaes ostaes
ostagas ostaacutegas ostaga ostaga ostagas
pairar pairaacuter pairar pairar pairar
palmejar palmejar palmejar
palomas palomas palomas paloma
palomba palomba palomba
patelha pategravelha patelha patelha
pinccedilote pinccedilote pinccedilote pinccedilote
pontal pontal pontal pontal pontal
ponte ponte ponte ponte ponte
porca porca porca porca porca
proejar proejar proejar proejar
167
rabada rabada rabada rabada rabada
rabeca rabeca rabeca rabeca rabeca
resbordo resbordo resbordo resbordo resbordo
rumo rumo rumo rumo rumo
salamear salamear
salema salema salema
sapatilhos sapatilhos sapatilhos sapatilhos
sarpar sarpaacuter zarpar sarpar sarpar
sejar
siar siar siar siar
sirgideiras sirgideiras sirgideiras
sobrecevadeira sobrecevadegraveira sobrecevadeira
sobregata sobregata
socairo socairo socairo socairo socairo
sumeas suacutemeas suacutemeas sumeas
trinca trinca trinca trinca trinca
troacuteccedila troccedila troccedila
vela vela vela vela vela
verguegraveiro vergueiro vergueiro
xacircreta xaregravetas xareta xareta xareta
ximea ximea ximea
braccedilo braccedilo braccedilo braccedilo
peacute peacute peacute peacute peacute
tamboretes tamboretes tamboretes tamboretes tamboretes
embonar embonaacuter embonar embonar
168
54 Descriccedilatildeo e Comparaccedilatildeo de dados
Das unidades lexicais referentes aos termos naacuteuticos que compotildeem nosso corpus
encontramos correspondentes em vaacuterios dicionaacuterios como jaacute salientamos em 51 Dessas
apresentamos em nuacutemero no graacutefico seguinte as que se destacam como termo naacuteutico
50
123
146136
105
56
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
Cunha
Bluteau
Morais
Laudelino
Aureacutelio
DHPB
GRAacuteFICO 2 Nuacutemero de unidades lexicais destacadas como termo naacuteutico
a) Dos 153 termos que constituem nosso corpus o Dicionaacuterio Etimoloacutegico de Cunha registra
50 unidades leacutexicas como termo naacuteutico correspondendo a 3267 aldrope almeida amura
amurada beque barcola bigota bolinete bombordo brandal briol calabre calabrote
calcecircs calma calmaria carlinga ciar desancorar dormente embornal escatelado escoa
escoteira escotilha escouves estibordo estiva estribordo gaacutevea gio lais leme majarrona
naacuteutico ostaes ostaga paloma palomba pontal ponte rumo zarpar socairo sumeas
trinca vela xaretas peacute tamborete
b) O dicionaacuterio de Bluteau registra 123 dos termos naacuteuticos constantes no Diccionario da
Liacutengua Brasileira o que corresponde a 8039 a saber abotoadura accedilafratildeo alcaxas
aldrope almeida amura amuradas anrique arfar arriar arruelas avencadura banzeiro
barbear barcolas bastardos beque bigota bolinete bombordo botalos braccedilos braga
bragueiro brandaes brioes buccedilardas burra cabresto cacholas calabre calabrote calcez
calma calmaria carlinga carregadeiras cevadeira chapeleta chapiteo chaveta cifar
cintas clara colhedores contrapunho cordas cossouros costa cruzar cunhos curva
curvatatildeo cutelos davante desaferrar desancorar descair dobrar dormentes driccedila
embonar embono embornal encalamentos encapelar enfrechadura enoras envergues
169
escacear escatelado escoas escorrer escoteiras escotilha escouves estibordo estiva
estribos ferrar gaacutevea gio guinada guinar iccedilar lais leme leva liame linguete maccedilame
madre malaquetas nabo naacuteutico orthodromia ostais ostagas pairar palomas patelha
pinccedilote pontal ponte porca proejar rabada resbordo rumo salamear salema sapatilho
sarpar sirgideiras sobrecevadeira socairo suemas trinca vela xareta ximea peacute
tamboretes
c) Encontramos 146 unidades leacutexicas comuns ao nosso corpus dicionarizadas como termos
naacuteuticos na obra de Moraes e Silva correspondendo a 9542 abotoadura accedilafratildeo
agarruchar alcaxas aldrope alestar almeida amura amurada anrique arfar arriar
arruelas avencadura banzeiro barbear barcolas barquilha bastardo beque bigotas
bolinete bombordo botalos bracear braccedilo braga bragueiro brandaes brioacutees buccedilardas
burra cabresto cacholas calabre calabrote calafeto calcez calma calmaria canjar
carlinga carregadeiras cevadeira chapeleta chapiteo chaveta cheleira ciar-se cifa cifar
cinta clara colhedores contrapunho cordas cossouros costa cruzar cunhos curvas
curvatatildeo cutelo davante desaferrar desancorar descair dobrar dormentes driccedila
embonar embono embornal encalamentos encapelar encodar-se enfrechadura enora
envergar envergues escassear escatelado escoa escorrer escoteira escotilha escouves
estibordo estiva estribos estribordo estrinca ferrar folgar garrucha gaacutevea gio guinada
guinar iccedilar lais leme levaliame linguete maccedilame madre majarrona malaqueta
michelos moucarrotildees nabo naacuteutico orthodomia ostaes ostagas pairar palmejar
polomas palomba patelha pinccedilote pontal ponte porca proejar rabada resbordo rumo
salamear salema sapatilho sarpar sejar sirgideiras sobrecevadeira socairo sumeas
trinca troccedila vela vergueiro xaretas ximea peacute tamboretes
d) Entre as 153 unidades o dicionaacuterio de Laudelino Freire contabiliza 136 termos naacuteuticos o
que corresponde a 8888 abotoaduras abroquelar accedilafratildeo agarruchar alcaxas aldrope
alforjes almeida amura amurada anrique arfar arrear arruela avencadura banzeiro
barcolas barquilha bastardo beque bigotas bolinete bombordo botalos bracear braccedilo
braga bragueiro brandal briol burra cabrestos cachola calabre calabrote calafeto
calcez calma calmaria carlinga carregadeira cevadeira chapeleta chapiteacuteu chaveta
cheleira ciar cifar cintas clara colhedores contrapunho cossouro costa cruzar cunho
curvas curvatatildeo cutelos desaferrar desancorar descair dobrar dormente driccedila embonar
embono encalamento encapelar encodar-se enfrechadura enora envergar envergues
escassear escatelado escoa escorrer escoteira escotilha escouves estibordo estiva
estribo estribordo estrinca ferrar garruchas gaacutevea gio guinada guinar iccedilar lais leme
170
leva liame madre majarrona malaqueta michelos molhelhas moucarrotildees nabo naacuteutico
ostaes ostaga pairar palmejar palomas palomba patelha pinccedilote pontal ponte porca
proejar rabada rabeca resbordo rumo salemasapatilho sarpar sirgideiras
sobrecevadeira sobregata socairo sumeas trinca troccedila vela vergueiroxareta peacute
tamboretes
e) Dos 153 termos que constituem nosso corpus o Novo Dicionaacuterio Aureacutelio da Liacutengua
Portuguesa registra 105 unidades leacutexicas como termo naacuteutico correspondendo a 6862 dos
dados abotoaduras aldrope almeida amura amurada anrique arfar arriar banzeiro
barbear bastardo beque bigota bolinete bombordo botaloacute bracear braccedilo braga
brandal briol burro cabresto calabre calabrote calcecircs calma calmaria carlinga
carregadeira cevadeira chapeleta chaveta ciar cinta clara colhedor contrapunho corda
costa cruzar cunho curva curvatatildeo cutelodesancorar descair dobrar dormente driccedila
embonar embono embornal encapelar enfrechadura enora envergar envergues
escatelado escoa escoteira escotilha escouves estibordo estiva estribo ferrar garrocha
gaacutevea gio guinada guinar iccedilar lais leme leva linguete madre majarrona molhelha
nabo ortodromia ostaes ostaga pairar palomba patelha pinccedilote pontal ponte proejar
resbordo rumo sapatilho sarpar sobregata socairo sumeas trinca vela vergueiro
xareta ximea peacute tamboretes
f) O Banco de Dados do Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI
XVII XVIII registra 56 unidades leacutexicas (366) com significado que remetem ao mundo da
navegaccedilatildeo amuradas arfar arriar arruela avencadura banzeiro barbear beque
bombordo brandaes cabresto calabrecircs calabrotes calafeto calma calmarias cevadeira
chapiteo chavetas cordas ciar costa cruzar curvas dlsquoavante descahir dobrar
dormentes driccedilas embornaes encapelar escacear escoas escotilha estibordo estiva
ferrar gaacutevea guinada guinar iccedilar lais leme liames maccedilamenaacuteutico ostagas pairar
rabada resbordo rumo sarpar socairo vela tamboretes trinca
55 Sobre a marca de uso ldquotermo naacuteuticordquo
551 Variaccedilatildeo no Diccionario de Lingua Brasileira
As unidades do corpus em anaacutelise satildeo marcadas como (t naut) 117 ocorrecircncias
correspondendo a 765 dos dados (entre naacuteuticos) 21 ocorrecircncias ou 138 dos dados (t
naacuteutico) 9 ocorrecircncias contabilizando 59 (t nau) 1 ocorrecircncia o que correponde a 06
171
do total dos dados analisados Contabilizamos ainda 5 unidades lexicas ou 32 que natildeo
recebem marcas de uso mas vemos pela definiccedilatildeo que satildeo termos naacuteuticos a saber palomas
barquilha proejar naacuteutico vela
IMAGEM 9 Unidades lexicais natildeo marcadas como termo naacuteutico
552 Variaccedilatildeo em outros dicionaacuterios
Completada a verificaccedilatildeo da marca terminoloacutegica no Diccionario de Lingua
Brasileira resolvemos observar a terminologia naacuteutica adotada nos outros dicionaacuterios
utilizados nesta pesquisa como referecircncia As unidades do corpus satildeo marcadas nessas obras
como i) em Bluteau rarr termo de navegantes termo de navio termo de marinhagem termo
naacuteutico termo de barqueiros ii) em Moraes e Silva rarr termo de naacuteutica na naacuteutica termo
naacuteutico entre os nautas entre barqueiros iii) em Laudelino Freire rarr termo da naacuteutica
termo de navegaccedilatildeo termo de navegaccedilatildeo fluvial termo da marata ou marinha iv) em
Aureacutelio rarr termo da marinha (23 termos) termo da marinhagem (60 termos) termo naacuteutico
(01 termo) termo de construccedilatildeo naval (31 termos) Encontramos em todas essas obras
citadas algumas unidades que natildeo recebem marcas de uso mas vemos pela definiccedilatildeo que
pertencem ao universo naacuteutico
Como termo naacuteutico Aureacutelio marca somente a unidade lexical rumo Para esse
lexicoacutegrafo a marca terminoloacutegica marinhagem refere-se aos conhecimentos naacuteuticos
desenvolvidos e sistematizados pelos navegadores portugueses desde o Infante D Henrique
ateacute os fins do seacuteculo XVII Tais conhecimentos foram depois muito ampliados e
aprofundados e passaram a constituir a ciecircncia e a arte da navegaccedilatildeo sobre aacutegua denominada
172
naacuteutica De acordo com o mesmo dicionarista a marca terminoloacutegica marinha significa
ldquoaquilo que diz respeito ao serviccedilo de bordo dos navios agrave atividade de marinheiro agrave
navegaccedilatildeo por mar ou ainda conjunto de navios ou forccedilas navais ou por marrdquo Jaacute a marca
construccedilatildeo naval diz respeito agrave arte de construir navios e a marca naacuteutico eacute relativo a
marinheiro navegante e nauta por sua vez dizem respeito agrave navegaccedilatildeo Aureacutelio natildeo
classificou as unidades lexicais cruzar desancorar e sarpar e outras receberam mais de uma
classificaccedilatildeo
56 Quanto agrave origem
Para elucidar a origem dos termos como jaacute mencionamos no Capiacutetulo 3
consultamos o Dicionaacuterio Etimoloacutegico de A G Cunha poreacutem quando o termo natildeo constava
nesse dicionaacuterio lanccedilamos matildeo do Houaiss (2001) e se as palavras remetiam ao universo
aacuterabe do vocabulaacuterio de Sousa amp Moura intitulado Vestigios da Lingoa Arabica em Portugal
ou Lexicon Etymologico das palavras e nomes portuguezes que tem origem araacutebica
publicado em 1830 e impresso em ediccedilatildeo fac siacutemile em 2004
Quantificaccedilatildeo Total ndash quanto agrave origem dos termos naacuteuticos
a) Aacuterabe 07
b) Catalatildeo 02
c) Espanhol 16
d) Francecircs 23
e) Grego 01
f) Inglecircs 02
g) Italiano 11
h) Portuguesa 55
i) Provenccedilal 01
j) Onomatopaica 01
k) Incerta 28
l) Natildeo encontradas 06
173
a Termos de origem aacuterabe
Accedilafratildeo (do ar Az-zafaran cf Cunha 1982)
Alforge (do ar al-hurg cf Cunha 1982)
Almeida (Sousa amp Moura 1830)
Cifa (do ar satildeifa cf Cunha 1982)
Cifar (do ar satildeifacirc cf Cunha 1982)
Salamear (do ar salama cf Sousa amp Moura 1830)
Xaretas (do ar vulgar šarīta cf Cunha 1982)
b Termos de origem catalatilde
Brandaes (do catalatildeo brandal cf Cunha 1982)
Escoa (do catalatildeo escoa cf Cunha 1982)
c Termos de origem espanhola
Anrique (castelhano lt neerlandesa cf Cunha 1982)
Arriar (castelhano lt latim cf Cunha 1982)
Barcolas (espanhol lt latim cf Cunha 1982)
Barquilha (espanhol lt latim cf Cunha 1982)
Briol (castelhanoltfrancesa cf Cunha 1982)
Ciar-se (castelhano cf Cunha 1982)
Embonar (castelhano cf Cunha 1982)
Embono (castelhano cf Cunha 1982)
Garrucha (castelhano Cunha 1982)
MajarronaBujarrona (castelhano lt latim baacuterbaro cf Cunha 1982)
Ostagas (castelhano lt germacircnico cf Cunha 1982)
Patelha (espanhol cf Aureacutelio 2004)
Pinccedilote (castelhano cf Houaiss 2001)
Rumo (castelhano lt latim lt grego cf Cunha 1982)
Socairo (castelhano cf Cunha 1982)
Sarparzarpar (castelhano lt francesa lt latim tardio lt grego cf Cunha 1982)
d Termos de origem francesa
Abotoadura (do antigo francecircscf Cunha 1982)
Abroquelar (do antigo francecircscf Cunha 1982)
Arruela (do antigo francecircs lt latimcf Cunha 1982)
Avencadura (do antigo francecircs lt escandinavo antigo cf Cunha 1982)
Bastardo (do antigo francecircscf Cunha 1982)
174
Beque (do francecircs lt latimcf Cunha 1982)
Bolinete (do francecircs moulinet cf Cunha 1982)
Bombordo (do francecircs bacircbord lt neerlandecircs bakboord cf Cunha 1982)
Calabre (do antigo francecircs caable lt latim tardio cf Cunha 1982)
Calabrote (do antigo francecircs caable lt latim tardio cf Cunha 1982)
Carlinga (do francecircs carlingue lt escandinavo kerling cf Cunha 1982)
Chapeleta (lt antigo francecircs chapel cf Cunha 1982)
Escotilha (do antigo francecircs escoute (coute) derivado do goacutetico skautcf Cunha
1982)
Escoteira (do francecircs escoute lt goacutetico skaut cf Cunha 1982)
Enfrechadura (do francecircs fleche lt germacircnico cf Cunha 1982)
Estibordo (do francecircs antigo estribord lt neerlandecircs stierboord cf Cunha 1982)
Estribo (do antigo francecircs estriviegravere lt germacircnico cf Cunha 1982)
Estribordo (do francecircs antigo estribord lt neerlandecircs stierboord cf Cunha 1982)
Iccedilar (do francecircs hisser lt neerlandecircs hijsen cf Cunha 1982)
Ostaiestai (do antigo francecircs estaie lt germacircnico cf Cunha 1982)
Rabeca (do francecircs rebec lt antigo francecircs rebebe lt aacuterabe rābab cf Cunha 1982)
Resbordo (do francecircs ribord cf Cunha 1982)
Tamboretes (do francecircs tambouret cf Cunha 1982)
e Termos de origem grega
ortodromia
f Termos de origem inglesa
Aldrope (Do inglecircs guide-ropecf Cunha 1982)
Estrinca (Do inglecircs string cf Laudelino Freire 1949)
g Termos de origem italiana
Calma (lt latina cf Cunha 1982)
Calmaria (lt latina cf Cunha 1982)
Calafeto (aacuterabe lt latim vulgar cf Cunha 1982)
Calcez (latim tardio lt latim lt grego cf Cunha 1982)
Driccedila (lt francecircs cf Aureacutelio 2004)
Encodar-se (cf Moraes e Silva 1813)
Estiva (lt latim cf Cunha 1982)
Gaacutevea (lt latim cf Cunha 1982)
Linguete (lt latim cf Cunha 1982)
175
Palomas (do italiano meridional cf Cunha 1982)
Palomba (do italiano meridional cf Cunha 1982)
h Termos de origem portuguesa
Amura (ltlatina cf Cunha 1982)
Amurada (ltlatina cf Cunha 1982)
Banzeiro (ltlatina cf Cunha 1982)
Barbear (ltlatina cf Cunha 1982)
Bigotas (lt latina cf Cunha 1982)
Bracear (ltlatina cf Cunha 1982)
Braccedilo (ltlatina cf Cunha 1982)
Braga (ltlatina cf Cunha 1982)
Bragueiro (ltlatina cf Cunha 1982)
Burra (ltlatina cf Cunha 1982)
Cabresto (ltlatina cf Cunha 1982)
Carregadeiras (ltlatina cf Cunha 1982)
Cevadeira (ltlatina cf Cunha 1982)
Chaveta (ltlatina cf Cunha 1982)
Cinta (ltlatina cf Cunha 1982)
Clara (ltlatina cf Cunha 1982)
Colhedor (ltlatina cf Cunha 1982)
Contrapunho (ltlatina cf Cunha 1982)
Corda (latina lt grega cf Cunha 1982)
Costa (ltlatina cf Cunha 1982)
Cruzar (ltlatina cf Cunha 1982)
Cunho (ltlatina cf Cunha 1982)
Curva (ltlatina cf Cunha 1982)
Curvatatildeo (ltlatina cf Cunha 1982)
Cutelo (ltlatina cf Cunha 1982)
D‟avante (ltlatina cf Cunha 1982)
Desaferrar (ltlatina cf Cunha 1982)
Desancorar (latina lt grega cf Cunha 1982)
Descahir (ltlatina cf Cunha 1982)
Dobrar (ltlatina cf Cunha 1982)
Dormente (ltlatina cf Cunha 1982)
176
Encapelar (ltlatina cf Cunha 1982)
Enora (ltlatina cf Cunha 1982)
Envergar (ltlatina cf Cunha 1982)
Envergues (ltlatina cf Cunha 1982)
Escacear (ltlatina cf Cunha 1982)
Escorrear (ltlatina cf Cunha 1982)
Ferrar (ltlatina cf Cunha 1982)
Folgar (ltlatina cf Cunha 1982)
Leva (ltlatina cf Cunha 1982)
Liame (ltlatina cf Cunha 1982)
Madre (ltlatina cf Cunha 1982)
Naacuteutico (latina lt grega cf Cunha 1982)
Nabo (ltlatina cf Cunha 1982)
Palmejar (ltlatina cf Cunha 1982)
Pontal (ltlatina cf Cunha 1982)
Ponte (ltlatina cf Cunha 1982)
Porca (ltlatina cf Cunha 1982)
Proejar (ltlatina cf Cunha 1982)
Rabada (ltlatina) cf Cunha 1982
Sobrecevadeira (ltlatina cf Cunha 1982)
Sobregata (ltlatina cf Cunha 1982)
Vela (ltlatina cf Cunha 1982)
Vergueiro (ltlatina cf Cunha 1982)
Peacute (ltlatina cf Cunha 1982)
i Termos de origem provenccedilal
Pairar (lt latim cf Cunha 1982)
j Termo de origem onomatopaica
Botalos (Houaiss 2001)
k Termos de origens controvertida incerta duvidosa obscura
Aba (de origem duvidosa (latim) cf Cunha 1982)
Agarruchar (de origem duvidosa (ceacuteltico) cf Cunha 1982)
Alcaxas (de origem controvertida cf Houaiss 2001)
Alestar (de origem obscura cf Cunha 1982)
Arfar (de origem duvidosa (latim vulgar) cf Cunha 1982)
177
Buccedilardas (origem controvertida cf Bluteau 1712)
Cachola (origem duvidosa (latim vulgar) cf Cunha 1982)
Canjar (origem duvidosa (italiana) cf Houaiss 2001)
Cossouro (de origem obscura cf Cunha 1982)
Embornal (de origem incerta (italiana) cf Cunha 1982)
Escatelado (de origem controvertida cf Cunha 1982)
Escouves (de origem incerta (castelhana) cf Cunha 1982)
Gio (de origem obscura cf Cunha 1982)
Guinar (de origem obscura cf Cunha 1982)
Guinada (de origem obscura (anglo saxatildeo) cf Cunha 1982)
Lais (de origem obscura cf Cunha 1982)
Leme (de origem obscura cf Cunha 1982)
Malaqueta (de origem obscura cf Houaiss 2001)
Michelos (de origem obscura cf Houaiss2001)
Molhelha (de origem controvertida (catalatildeo) cf Aureacutelio 2004)
Moucarratildeo (de origem obscura cf Aureacutelio 2004)
Salema (de origem obscura cf Cunha 1982)
Sapatilhos (de origem duvidosa (turco) cf Cunha 1982)
Siar (de origem obscura cf Cunha 1982)
Sumeas (de origem duvidosa (aacuterabe) cf Cunha 1982)
Trinca (de origem incerta (antigo francecircs lt antigo escandinavo cf Cunha 1982)
Troccedila (de origem obscura cf Cunha 1982)
Ximeas (de origem duvidosa (aacuterabe) cf Cunha 1982)
l Termos de origens natildeo encontradas
Chapiteo
Cheleira
Maccedilame
Encalamentos
Sejar
Sirgideiras
Observando os resultados expostos acima vimos que a predominacircncia entre as
origens dos termos eacute Portuguecircs lt Latim com 55 unidades lexicais Isso corresponde a
3595 das ocorrecircncias totais Em segundo lugar destacam-se os termos de origem
178
controvertida incerta duvidosa e obscura satildeo 28 termos o que corresponde a 1831 do
total de dados Os nomes de origem francesa figuram em terceiro lugar com 23 ocorrecircncias
ou 1503 do total dos dados Em seguida em quarta posiccedilatildeo temos os nomes de origem
espanhola com 16 ocorrecircncias ou 1046 do total dos dados Os nomes de origem italiana
estatildeo em quinto lugar com 11 dados ou 719 do total dos termos analisados Os termos
aacuterabes contabilizam 07 ocorrecircncias ou 458 do total dos dados Em quantidade menor temos
os termos em catalatildeo (02 ocorrecircncias 130 do total de dados) em inglecircs (02 ocorrecircncias
130 do total de dados) em grego (01 ocorrecircncia 065 do total de dados) em provenccedilal
(01 ocorrecircncia 065 do total de dados) e de origem onomatopaica (01 ocorrecircncias 065
do total de dados) Alguns termos (06 ocorrecircncias 393 do total de dados) natildeo tiveram suas
origens apontadas por nenhuma obra que consultamos Satildeo eles chapiteo cheleira maccedilame
encalamentos sejar sirgideiras
Por se tratar de uma heranccedila portuguesa toda a terminologia naacuteutica presente no
Diccionario de Lingua Brasileira se restringe em sua maior parte como podemos ver a
termos oriundos da Europa
Passemos no proacuteximo capiacutetulo agraves Consideraccedilotildees finais
179
Capiacutetulo 6
180
Capiacutetulo 6 ndash Consideraccedilotildees finais
Esta dissertaccedilatildeo teve como objetivo realizar um estudo do leacutexico correspondente agrave
terminologia naacuteutica presente no Diccionario da Lingua Brasileira publicado por Luiz
Maria da Silva Pinto proprietaacuterio da Typografia de Silva na cidade mineira de Ouro Preto no
ano de 1832
Tivemos como objetivos especiacuteficos estudar as origens dos termos naacuteuticos
conferir se os termos selecionados se encontravam presentes em obras lexicograacuteficas de
referecircncia nos seacuteculos XVIII XIX XX e se os mesmos mantiveram seus significados e
ainda se constavam como ldquotermos naacuteuticosrdquo consultar o corpus do Projeto DHPB CNPq
(composto por documentos e textos da eacutepoca colonial) com o objetivo de verificar se os
termos constantes no Diccionario da Lingua Brasileira integraram no passado o nosso
leacutexico verificar se a terminologia naacuteutica presente no Diccionario da Lingua Brasileira
descreve a realidade brasileira nessa aacuterea ou se faz parte desse dicionaacuterio somente com o
objetivo de enriquecer nosso leacutexico apontar os termos naacuteuticos do dicionaacuterio Aureacutelio ndash seacuteculo
XXI comparar esses termos com o primeiro dicionaacuterio impresso no Brasil ou seja o
Diccionario da Lingua Brasileira verificando se houve manutenccedilatildeo expansatildeo ou mudanccedila
nesse leacutexico de especialidade contribuir para o desenvolvimento da investigaccedilatildeo histoacuterica na
aacuterea da Terminologia disponibilizando um estudo da aacuterea de especialidade devidamente
analisado
Nosso interesse em pesquisar a terminologia naacuteutica nesse dicionaacuterio que se
intitula o primeiro dicionaacuterio da liacutengua brasileira pautou-se nas seguintes questotildees i) Quais
seriam os primeiros termos que fizeram parte de um dicionaacuterio brasileiro ii) Eles se mantecircm
ainda na liacutengua ou seja satildeo dicionarizados Essa terminologia fazia parte realmente do leacutexico
brasileiro da eacutepoca ou era ldquoidealrdquo que fizesse
Aleacutem de termos naacuteuticos o DLB marca termo anatomico termo de bombeiros
termo de architectura termo de geometria termo meacutedico termo militar termo de artilheria
termo de fortificaccedilatildeo termo forense termo familiar termo juriacutedico termo methaphysico
termo mythologico termo de pintura termo plebeu termo vulgar termo baixo Nosso
interesse se voltou para os termos naacuteuticos por serem esses os de maiores ocorrecircncias na obra
estudada Analisamos 153 unidades leacutexicas terminoloacutegicas sendo 117 substantivos 3
adjetivos 32 verbos e 2 adveacuterbios
Apoacutes leitura da obra seleccedilatildeo de termos construccedilatildeo do corpus e anaacutelise dos dados
constatamos que os substantivos se destacam com 7647 dos dados os adjetivos com 196
181
e os adveacuterbios com 065 Surpreendeu-nos a quantificaccedilatildeo dos verbos 2092 em valores
numeacutericos 32 nuacutemero expressivo em se tratanto de leacutexico especializado Desses verbos o
Dicionaacuterio Aureacutelio Seacuteculo XXI traz somente 17 arfar arriar barbear bracear ciar-se
cruzar descair dobrar embonar encapelar envergar ferrar guinar iccedilar pairar proejar
sarpar Consultando o Banco de Dados do PDHPB contamos 14 desses verbos arrolados
arfar arriar barbear ciar cruzar descahir dobrar encapelarescacear ferrar guinar
iccedilar pairar sarpar Todos esses termos conforme podemos constatar dicionarizados
tambeacutem pelo Aureacutelio com exceccedilatildeo de bracear embonar envergar guinar proejar Isso nos
leva a pensar que em se tratando da realidade brasileira Silva Pinto apresentou um nuacutemero
bem maior de verbos com a marca de uso ldquonaacuteuticosrdquo
Interessante tambeacutem eacute observar que os termos naacuteuticos que satildeo inseridos na obra
de Luiz Maria da Silva Pinto satildeo muito superiores quase trecircs vezes ao nuacutemero que o Banco
de Dados consultado aponta 56 termos Contemporaneamente essa marca terminoloacutegica
tambeacutem eacute menor jaacute que o Aureacutelio registra 105 termos naacuteuticos Observamos ainda variaccedilotildees
na marca de uso ldquotermo naacuteuticosrdquo o que indica sub-especialidades nessa aacuterea jaacute na eacutepoca do
Brasil colocircnia Nossa anaacutelise mostra que a terminologia apontada por Silva Pinto natildeo
retratava satisfatoriamente a realidade da eacutepoca nem se manteacutem totalmente hoje
No que se refere agrave origem constatamos a predominacircncia de nomes de origem
portuguesa 3595 das ocorrecircncias totais Em se tratando de base europeia bastante
representativos tambeacutem foram os termos de origem francesa espanhola e italiana Em
segundo lugar contabilizamos os nomes de origens incerta controvertida duvidosa e obscura
com 1831 de ocorrecircncias Acreditamos que esse iacutendice alto de palavras de origem natildeo
identificada se deve ao fato de muitos desses termos que retratam equipamentos artefatos
processos ou teacutecnicas da navegaccedilatildeo terem sido cunhados em um paiacutes e usados em outros por
pessoas na maioria das vezes quase sem nenhuma escolaridade como eacute o caso de muitos
marinheiros Natildeo encontramos nenhum termo naacuteutico de origem americana de liacutenguas
indiacutegenas caribenhas ou preacute-colombianas natildeo encontramos tambeacutem termos hiacutebridos nem
africanos
Entatildeo em se tratando da terminologia naacuteutica como se justifica uma obra se
intitular Diccionario da Lingua Brasileira se natildeo identifica nem descreve os termos de sua
eacutepoca Conforme Biderman (1994 p 27) os dicionaacuterios devem ser uma espeacutecie de porta-
voz da sociedade falar em nome dela e reunir em sua nomenclatura o repertoacuterio lexical em
uso na sua sociedade e da forma pela qual ela usualmente se exprime Inserindo-nos no
periacuteodo histoacuterico da publicaccedilatildeo do dicionaacuterio isto eacute dez anos apoacutes a Independecircncia do Brasil
182
em uma sociedade que comeccedilava a discutir a questatildeo da ldquoliacutengua brasileirardquo acreditamos que
Luiz Maria da Silva Pinto brasileiro mas de formaccedilatildeo lusitana detentor de ideologias
historicamente contruiacutedas quis contribuir com a constituiccedilatildeo da sociedade brasileira
acreditando que fornecer um leacutexico de origem europeia ou ldquobem formadordquo era seu dever
como brasileiro culto e proprietaacuterio de uma tipografia Com base em nosso estudo podemos
dizer que seu dicionaacuterio eacute prescritivista
Neste ainda iniacutecio de seacuteculo quando a lexicografia contemporacircnea passou a ver
o dicionaacuterio de liacutengua sob outra oacutetica40
atribuindo isso ao reconhecimento de seu verdadeiro
papel que eacute o de registrar a norma lexical que impera em uma sociedade41
acreditamos que
os resultados de nossa anaacutelise trazem elementos para a histoacuteria da lexicografia e da
terminologia brasileira jaacute que passamos a conhecer um pouco mais o seu iniacutecio estudando
uma obra que como mostramos em 14 natildeo eacute o primeiro Diccionario da Lingua Brasileira
mas eacute o primeiro dicionaacuterio impresso no Brasil
40
BIDERMAN 1994 p 28 41
Ibidem
183
Referecircncias
184
Referecircncias
ARAUacuteJO P M B Hum diccionario sem auctor versus hum auctor com diccionario Rio de
Janeiro Non Edictandi 2009
BABINI M Do conceito agrave palavra os dicionaacuterios onomasioloacutegicos Satildeo Paulo Ciecircncia e
Cultura (SBPC) v 2 2006 p 38-42
BARROS L A Conhecimentos de terminologia geral e praacutetica tradutoacuteria Satildeo Paulo
NovaGraf 2007
BARROS L A Curso baacutesico de Terminologia Satildeo Joseacute do Rio Preto Editora UNESP
2009
BIDERMAN M T C A formaccedilatildeo e a consolidaccedilatildeo da norma lexical e lexicograacutefica no
Portuguecircs do Brasil in Histoacuteria do saber lexical e constituiccedilatildeo de um leacutexico brasileiro JH
NUNES e M PETTER (Org) Satildeo Paulo Humanitas Campinas Pontes 2002
BIDERMAN M T C A nomenclatura de um dicionaacuterio de liacutengua In Anais do Seminaacuterio
do Grupo de Estudos Linguiacutesticos (Gel) Satildeo Paulo v1 n23 24-42 1994
BIDERMAN M T C As Ciecircncias do Leacutexico In Ana Maria Pinto de Olveira Aparecida
Negri Isquerdo (Orgs) As Ciecircncias do Leacutexico Lexicologia Lexicografia Terminologia
Campo Grande Ed UFMS 1998
BIDERMAN M T C Dimensotildees da Palavra In Filologia e Linguiacutestica Portuguesa n 2 p
81-118 1981
BIDERMAN M T C Teoria Linguiacutestica teoria lexical e linguiacutesitica computacional Satildeo
Paulo Martins Fontes 2001
BIDERMAN M T C Unidades complexas do leacutexico In Rio-Torto G Figueiredo O M
Silva F (orgs) Estudos em Homenagem ao Professor Doutor Maacuterio Vilela 1ordf ed Porto
Portugal Faculdade de Letras da Universidade do Porto 2005 v II p 747-757 Disponiacutevel
em httplerletrasupptuploadsficheiros4603pdf
BIDERMAN MTC A estrutura mental do leacutexico In Estudos de Filologia Satildeo Paulo T A
QueirozEDUSP p131-145 1981
BIDERMAN Maria Teresa Camargo Leacutexico testemunho de uma cultura In Anais do XIX
Congresso internacional de Linguiacutestica e Filologia Romacircnica Santiago de Compostela 49
de setembro de 1978
BLUTEAU R Vocabulario Portuguez e Latino Coimbra Companhia de JESUS 1712
BOXER C R O Impeacuterio Mariacutetimo Portuguecircs Satildeo Paulo Companhia das Letras 2002
BUENO E Brasil Terra agrave vista Porto Alegre LGPM 2003
BYNON T Historical Linguistics London CUP 1977
185
CABREacute M T Importancia de la terminologiacutea en la fijacioacuten de la lengua Revista
internacional de liacutengua portuguesa Lisboa Editorial Notiacutecias n 15 jul 96 p9-24
CABREacute M T La terminologia Teoria Metodologia Aplicacio-nes Barcelona
AntaacutertidaEmpuacuteries 1993
CABREacute M T Lexicologia y variacioacuten hacia um modelo integrado In Simpoacutesio
Iberoamericano de Terminologia RITERM 1996
CABREacute M Teresa 1999 La terminologiacutea ndash representacioacuten y comunicacioacuten Barcelona
IULA Universitat Pompeu Fabra
CAacuteCERES F Histoacuteria do Brasil Satildeo Paulo Modernas 1993
COHEN M A A M A liacutengua do seacuteculo XVII e a liacutengua contemporacircnea In Anais do XI
Encontro Internacional da ALFAL Las Palmas (Gram Canaacuteria) 1996
CORREIA M Terminologia e morfologia marcas morfoloacutegicas da geacutenese do vocabulaacuterio da
Naacuteutica em portuguecircs Disponiacutevel em lthttpwwwiltecptpdfwpapers2004-mcorreia-
barcelonapdfgt Acesso em 20 Abr 2011
COSERIU E Sincronia diacronia e histoacuteria O problema da mudanccedila linguiacutestica Rio de
Janeiro Presenccedila Satildeo Paulo EDUSP 1979
COSTA FILHO M A Imprensa Mineira no Primeiro Reinado Rio de Janeiro [sn] 1955 62p (Tese apresentada ao VI Congresso Nacional de Jornalistas)
CUNHA A G da Dicionaacuterio Etimoloacutegico da Liacutengua Portuguesa 3ordf ediccedilatildeo 2ordf impressatildeo
Rio de Janeiro Lexikon Editora Digital 2007
CUNHA A G da Dicionaacuterio Etimoloacutegico Nova Fronteira da Liacutengua Portuguesa 2ordf ediccedilatildeo
Rio de JaneiroNova Fronteira 1987
DIAS L F BEZERRA M A Gramaacutetica e Dicionaacuterio In GUIMARAtildeES E
ZOPPIFONTANA (Orgs) Introduccedilatildeo agraves Ciecircncias da Linguagem ndash A Palavra e a Frase
Campinas Pontes Editores p 11-37 2006
ESQUADRA Disponiacutevel em lthttpwwwgooglecombrsearch3Fq3D2522Marinha
2BImperial2BBrasileiragt Acesso em 1 Abr 2011
ESQUIVEL F M C La lexicografia em las variedades no estaacutendar Jaeacuten- Espanha Editora
da Universidade de Jaeacuten 2001
FARACO C A Linguiacutestica histoacuterica Satildeo Paulo Aacutetica 1991
FAULSTICH E Princiacutepios formais e funcionais de variaccedilatildeo em terminologia Seminaacuterio de
Terminologia Teoacuterica Barcelona Espanha 28-29 de jan 1999
FERREIRA A B de H Novo Dicionaacuterio Eletrocircnico Aureacutelio versatildeo 50 Satildeo paulo Nova
Fronteira 2003 CD-ROM
186
FERREIRA A B de H Novo Dicionaacuterio Rio de Janeiro Nova Fronteira 1987
FINATTO M J B Introduccedilatildeo agrave Terminologia teoria e praacutetica Satildeo Paulo Contexto 2004
FREIRE L Grande e Noviacutessimo Dicionaacuterio da Liacutengua Portuguesa 1ordf ediccedilatildeo 1ordf impressatildeo
Rio de Janeiro Editocircra A Noite SA 1939 ∕ 1944
FREITAS M A Teixeira Os Serviccedilos Estatiacutesticos do Estado de Minas Gerais Revista
Brasileira de Estatiacutestica Ano I nordm 1 janmar 1940 p108-130
GUILBERT L La creativiteacute lexicalie Paris Larousse 1992
HAENSCH G WOLF L ETTINGER S WERNER R La lexicografia ndash de la linguiacutestica
teoacuterica a la lexicografia praacutectica Madrid Gredos 1982
HOUAISS A Dicionaacuterio Houaiss da liacutengua Portuguesa Rio de Janeiro Objetiva 2001
In OLIVEIRA Ana M P P de e ISQUERDO Aparecida N (orgs) As ciecircncias do leacutexico
lexicologia lexicografia terminologia Campo GrandeMS Editora da UFMS 1989 p 129-
149
ISQUERDO A N ALVES I M As ciecircncias do Leacutexico Lexicologia Lexicografia
Terminologia v3 Campo Grande Editora da UFMS 2007
KRIEGER M da G Do reconhecimento de terminologias entre o linguiacutestico e o textual In
IS QUERDO AN amp KRIEGER MG As Ciecircncias do Leacutexico 2 UFMS UFRGS Campo
GrandePorto Alegre 2006
KRIEGER M da G FINATTO Maria J B Introduccedilatildeo agrave Terminologia teoria amp praacutetica
Satildeo Paulo Contexto 2004
LEPSCHY J Leacutexico Enciclopeacutedia Einaudi linguagem e enunciaccedilatildeo v 2 Portugal
Imprensa Nacional-Casa da Moeda 1984
LORENTE M A lexicologia como ponto de encontro entre a gramaacutetica e a semacircntica In
ISQUERDO A N e KRIEGER MG As ciecircncias do leacutexico vol II Campo Grande Editora
UFMS 2004
MAPA Disponiacutevel em lthttpacademiagoianadeletrasorgmembroluiz-maria-da-silva-
pintogt Acesso em 1 abr 2011
MARINHA IMPERIAL Disponiacutevel em lthttpwwwmarmilbrdiversosArtigos_
selecionadosDocumentosmarinha_imperialpdfgt Acesso em 25 Abr 2011
MATOREacute G La meacutethode en lexicologie Domaine franccedilais Paris Didier 1953
MINEIRO A Uma abordagem lexical da Terminologia Naacuteutica no PE In Actas do IX
Simpoacutesio ibero-americano de Terminologia Barcelona Barcelona Espanha 2006
187
MURAKAWA C A (1998) Tradiccedilatildeo lexicograacutefica em liacutengua portuguesa Bluteau Moraes
e Vieira In OLIVEIRA AMPP amp ISQUERDO A N (orgs) As ciecircncias do leacutexico
lexicologia lexicografia terminologia v3 Campo Grande Editora da UFMS 2007
MURAKAWA C A A Dicionaacuterio Histoacuterico do Portuguecircs do Brasil um modelo de
dicionaacuterio Histoacuterico In ALVES Ieda Maria e Lino Maria Tereza (Org) Revista de
Filologia e Linguiacutestica Portuguesa Satildeo Paulo FFLCHUSP 2010 v 12 p 329-349
MURAKAWA C de A A Empreacutestimo linguiacutestico interno um estudo sobre o vocabulaacuterio
da naacuteutica portuguesa In Histoacuteria da Liacutengua e Histoacuteria da Gramaacutetica Actas do Encontro
Coleccedilacirco Poliedro 11 Braga Portugal Universidade do Minho Centro de Estudos
Humaniacutesticos 2002
MUSSALIM F BENTES A C (Orgs) Introduccedilatildeo agrave Linguiacutestica 6 ed Satildeo Paulo Cortez
2001 v 1-2
NAVEGACcedilOtildeES Disponiacutevel em lthttpwwwgooglecombrsearchhl=ptgt Acesso em 1
Abr 2011
NEIVA A Estudos da liacutengua nacional Satildeo Paulo Brasiliana 1940
NUNES J H Dicionaacuterios no Brasil anaacutelise e histoacuteria do seacuteculo XVI ao XIX Campinas
Pontes 2006
NUNES J H Discurso e Instrumentos Linguiacutesticos no Brasil dos Relatos de Viajantes aos
Primeiros Dicionaacuterios Campinas UNICAMP tese de doutorado 1996
NUNES J H e PETTER M (Orgs) Histoacuteria do saber lexical e constituiccedilatildeo de um leacutexico
brasileiro Satildeo Paulo Humanitas 2002 p 29-30
NUNES J H Histoire Epistemologie Langage Satildeo Paulo Humanitas 2006
OGDEN C K RICHARDS I A The Meaning of Meaning Londres Routledge amp Kegan
Paul 1923
OLIVEIRA A M P O portuguecircs do Brasil brasileirismos e regionalismos Tese de
Doutorado -UNESP Araraquara Satildeo Paulo 1999
ORGANISATION INTERNATIONALE DE NOTMALISATION Terminologie ndash
Vocabulaire Genebra ISO 1990 (Norme Internationale ISO 1087 1990)
ORLANDI E P O Estado a Gramaacutetica a Autoria Relatos n 4 jun Campinas UNICAMP
1997
PAVEL S NOLET D Manual de Terminologia Trad de FAULSTICH Enilde Disponiacutevel
em ltwwwURL wwwtranslationbureaugccagt
PERES D Histoacuteria dos descobrimentos portugueses Lisboa Comissatildeo executiva das
comemoraccedilotildees do Quinto Centenaacuterio da morte do Infante D Henrique 1959
188
PIGAFETTA A A primeira viagem ao redor do mundo o diaacuterio da expediccedilatildeo de Fernatildeo de
Magalhatildees Porto Alegre LampPM 1985
PINTO Luiz Maria da Silva Diccionario da Lingua Brasileira Ouro Preto Typographia de
Silva 1832
REY A (dir) Dictionnaire historique de la langue franccedilaise 2 vols Paris Le Robert 1992
REY Alan A terminologia entre a experiecircncia da realidade e o comando dos signos Satildeo
Paulo Humanitas 2007
RODRIGUES A D Liacutenguas indiacutegenas 500 anos de descobertas e perdas DELTA
vol9 n 1 pp 83-103 1993
SAUSSURE F ldquoNatureza do signo linguiacutesticordquo In Curso de Linguiacutestica Geral Satildeo Paulo
Cultrix 1970 pp 79-84
SEABRA Maria Cacircndida Trindade Costa (Org) O leacutexico em estudo Belo Horizonte Editora
FALEUFMG 2006
SEABRA Maria Cacircndida Trindade Costa Dom Joatildeo VI e o iniacutecio da imprensa no Brasil e
em Minas Gerais In Revista do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Minas Gerais Belo
Horizonte Santaclara volume XXXI julho de 2008
SILVA NETO Serafim da Introduccedilatildeo ao estudo da Liacutengua Portuguesa no Brasil 3 ed Rio
de Janeiro Presenccedila 1976
SILVA Antonio de Moraes e Diccionario da Lingua Portugueza 2ordf ediccedilatildeo Lisboa
Typographia Laceacuterdina 1813
SILVESTRE J P O Vocabulario Portuguez e Latino principais caracteriacutesticas da obra
lexicograacutefica de Rafael Bluteau Artigo disponiacutevel em lt
httpclpdlcuaptPublicacoesvocabulario_principais_caracteristicaspdfgt Acesso em 25
abr 2011
SOUSA F J de MOURA F J de S A Vestiacutegios da liacutengua araacutebica em Portugal Lisboa
Academia Real das Sciencias 1830 (ed Fac-simile Lisboa Alcalaacute 2004)
TAUNAY A Inopia cientiacutefica e vocabular dos grandes dicionarios portuguezes Satildeo
Paulo Imprensa Oficial 1932 182 p
THEODORO J Pensadores exploradores e mercadores dos mares oceanos e continentes
Satildeo Paulo Scipione 1994
ULLMANN S The Principles of Semantics Glasgow Jackson amp Oxford Blackwell 1957
VALE B Estrateacutegia poder mariacutetimo e a criaccedilatildeo da Marinha do Brasil In Revista Navigator
Rio de Janeiro Serviccedilo de Documentaccedilatildeo Geral da Marinha n 4 dezembro de 1971 p 10
189
VEIGA J P X da Efemeacuterides mineiras Ouro Preto [sn] 1897 p 47-52
VEIGA J P X da Palavras preliminares Revista do Arquivo Puacuteblico Mineiro Ouro Preto
ano 1 fasc I p III e IV janmar 1896
Dissertaccedilatildeo aprovada em 05072011 pela Banca Examinadora constituiacuteda pelos
Professores Doutores
_______________________________________________________
Profa Dra Maria Cacircndida Trindade Costa de Seabra ndash UFMG
Orientadora
_______________________________________________________
Profa Dra Ana Paula Antunes Rocha ndash UFOP
_______________________________________________________
Prof Dr Aderlande Pereira Ferraz ndash UFMG
Dedico este trabalho
aos meus pais in memorian Oswaldo e Madalena seres muito especiais
ao Virgiacutelio cumplicidade e inspiraccedilatildeo
aos meus filhos Tomaacutes e Tuacutelio amores de minha vida
Agradecimentos
A Deus que tem cuidado dos meus caminhos tem me orientado e abenccediloado permitindo-me
alcanccedilar mais uma conquista
Aos meus pais que foram exemplos de vida para mim
Agrave Profordf Dra Maria Cacircndida Trindade Costa de Seabra orientadora na plena acepccedilatildeo da
palavra ao seu apoio incondicional constante e seguro com quem o estudo e o trabalho satildeo
experiecircncias gratificantes e extremamente enriquecedoras
Aos meus irmatildeos e irmatildes pela compreensatildeo e suporte durante toda a minha vida
Agraves minhas amigas itabiranas Ritinha Graccedila Andrade e Karine pela amizade e presenccedila o
meu carinho e gratidatildeo
Agrave Fernanda amiga querida a quem eu admiro pelo incentivo e confidecircncias nos momentos
difiacuteceis
Agrave Antocircnia pela presenccedila apoio disponibilidade e por cuidar dos meus filhos quando estive
ausente
Ao Paulo Araujo pessoa iacutempar que sempre atendeu com a maacutexima gentileza e
disponibilidade todas as solicitaccedilotildees que lhe fiz durante a pesquisa
Agrave Profordf Graccedila Lima pelo seu constante incentivo e abertura de horizontes intelectuais
Aos professores do Mestrado pelo profissionalismo sempre presente em todas as atividades
desenvolvidas
Meus agradecimentos especiais agrave Suely Perucci coordenadora do Museu dos Inconfidentes de
Ouro Preto e ao Dr Joseacute Mendonccedila Telles Coordenador do Centro de Cultura Goiana pela
disponibilidade e atenccedilatildeo as minhas solicitaccedilotildees
Agrave Elizabete e ao Joel por me acolherem carinhosamente em sua casa em Satildeo Joseacute do Rio
Preto ao participar do Seminaacuterio de Terminologia na UNESP
Enfim a todos vocecircs que fizeram diferenccedila nesta etapa de minha vida deixo registrado um
carinhoso muito obrigada
Chamam por mim as aacuteguas
Chamam por mim os mares
Chamam por mim levantando uma voz corpoacuterea os longes
As eacutepocas mariacutetimas todas sentidas no passado a chamar (Ode Mariacutetima Aacutelvaro de Campos)
Resumo
O presente trabalho tem como objetivo o estudo dos termos naacuteuticos constantes no
Diccionario da Lingua Brasileira (DLB) de Luiz Maria da Silva Pinto Publicado na cidade
de Ouro Preto Minas Gerais na Typografia Silva no ano de 1832 dez anos depois de
proclamada a independecircncia do Brasil esse dicionaacuterio eacute hoje considerado o primeiro
dicionaacuterio impresso nesse paiacutes De tamanho pequeno tem 1111 paacuteginas nos moldes atuais de
um ldquodicionaacuterio portaacutetilrdquo o DLB eacute um livro raro Para a realizaccedilatildeo desta pesquisa utilizamo-
nos do volume em formato digital da ediccedilatildeo microfilmada da obra realizada pelo Arquivo
Puacuteblico Mineiro localizado na capital mineira Belo Horizonte Inicialmente fizemos
levantamento das unidades leacutexicas que remetem ao mundo da navegaccedilatildeo observando as
ldquomarcas de usordquo que se referem agrave terminologia naacuteutica Partimos portanto de um corpus
dicionariacutestico de terminologia naacuteutica composto de 153 termos constituiacutedos de 117
substantivos 03 adjetivos 32 verbos e 1 adveacuterbio Em uma segunda etapa os dados foram
organizados em fichas lexicograacuteficas Para cada um dos termos construiacutemos uma ficha
lexicograacutefica que nos indica se o termo ocorreu ou natildeo no Brasil desde o periacuteodo colonial ateacute
os dias de hoje aleacutem de mostrar origens e outras informaccedilotildees importantes para anaacutelise
linguiacutestica Para os conceitos de leacutexico lexicologia apoiamo-nos em Haensch Biderman
Krieger e Finatto para a Terminologia em Barros Para a anaacutelise dos dados ao longo do
tempo tomamos como base norteadora a concepccedilatildeo de Linguiacutestica Histoacuterica tal como
apresentada por Bynon e Cohen Como partimos de um tema ou seja da terminologia
naacuteutica trabalhamos com o percurso ldquodo conceito agrave palavrardquo nos moldes do meacutetodo
onomasioloacutegico Em seguida estendemos nossa anaacutelise agrave palavra ou ao signo linguiacutestico -
percurso semasioloacutegico Nossa anaacutelise apontou uma terminologia de base europeia pouco
representativa da realidade mariacutetima brasileira pouco descritiva e bastante prescritiva
Palavras-chave Lexicografia Terminologia Liacutengua Brasileira Liacutengua Portuguesa
Minas Gerais
Abstract
This paper aims the study of nautical terms contained in the Brazilian Language Dictionary
(Diccionario da Lingua Brasileira) (DLB) Luiz Maria da Silva Pinto It was published in
Ouro Preto in Minas Gerais at Typography Silva in 1832 ten years after the proclamation of
the independence of Brazil This dictionary is now considered the first printed dictionary in
that country Its size is small but there are 1111 pages in the current pattern of a portable
dictionary The DLB is a rare book In the presented study we have used the volume in
digital format of the microfilm edition undertaken by the Arquivo Puacuteblico Mineiro that is
located in the capital of Minas Gerais Belo Horizonte At first we surveyed the lexical words
referring to the world of navigation noting the tags of use which refers to nautical
terminology We started the paper from a dicitionary corpus of nautical terminology
composed of 153 terms consisting of 117 nouns 03 adjectives 32 verbs and an adverb In a
second step the data were arranged in lexicographic forms In each of the words we wrote a
lexical form that shows us if the word was used or not in Brazil since the colonial era to the
present day besides showing the origins and other important information for linguistic
analysis We based ourselves on Haensch Biderman Krieger and Finatto for the concepts of
lexicon and lexicology and on Barros for the Terminology For data analysis we took as the
basis guiding the development of Historical Linguistics as presented by Cohen and Bynon As
we started from nautical terminology we worked towards ldquothe concept to word similar to the
method onomasiological Next we extended our analysis to the word or the sign language - a
route semasiology Our analysis revealed an European terminology and unrepresentative of
the Brazilian maritime context rather descriptive and prescriptive
Key-words Lexicography Terminology Language Brazilian Portuguese Minas Gerais
ABREVIATURAS E SIGLAS
Adj ndash adjetivo
Adv ndash adveacuterbio
Cf ndash Confira
DLB ndash Diccionario da Lingua Brasileira
DPB ndash Dicionaacuterio Portuguecircs-Brasiliano
LI ndash Liacutengua Indiacutegena
LP ndash Liacutengua Portuguesa
ne ndash natildeo encontrado
naacuteut ndash naacuteutico
p ndash Paacutegina
PDHPB ndash Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do Portuguecircs do Brasil
s ndash substantivo
sf substantivo feminino
sm ndash substantivo masculino
TN ndash Traduccedilatildeo nossa
v ndash verbo
VLB ndash Vocabulaacuterio na Liacutengua Brasiacutelica
lt ndash Procede de
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 ndash Classificaccedilatildeo morfoloacutegica dos dados analisados161
Tabela 2 ndash Classificaccedilatildeo do gecircnero dos dados analisados162
Tabela 3 ndash Quadro comparativo dos termos naacuteuticos164
LISTA DE GRAacuteFICOS
Graacutefico 1 ndash Unidades lexicais encontradas em dicionaacuterios e banco de dados163
Graacutefico 2 ndash Unidades lexicais destacadas como termo naacuteutico168
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 ndash Relaccedilatildeo Triaacutedica23
Figura 2 ndash Triacircngulo de Ogden e Richards adaptado por Biderman24
Figura 3 ndash Ficha lexicograacutefica57
Figura 4 ndash Ficha lexicograacutefica preenchida58
LISTA DE FOTOS
Foto 1 ndash Diccionario da Lingua Brasileira 32
Foto 2 ndash Detalhe da capa do Diccionario 33
Foto 3 ndash Casa de Silva Pinto em Ouro Preto35
Foto 4 ndash Localizaccedilatildeo da casa de Silva Pinto em Ouro Preto35
Foto 5 ndash Notiacutecia de Jornal37
Foto 6 ndash Diccionario Brasileiro (1832)38
Foto 7 ndash Prologo do Diccionario da Lingua Brasileira39
LISTA DE IMAGENS
Imagem 1 ndash Lista de abreviaturas proposta pelo Diccionario da Lingua Brasileira40
Imagem 2 ndash Primeira Esquadra brasileira46
Imagem 3 ndash Marinha Imperial48
Imagem 4 ndash Documentaccedilatildeo da obra digitalizada55
Imagem 5 ndash Obra consultada digitalizada pelo APM56
Imagem 6 ndash O Vocabulario de Bluteau60
Imagem 7 ndash O Diccionario de Moraes Silva61
Imagem 8 ndash Grande e Noviacutessimo Dicionaacuterio da Liacutengua Portuguesa de Laudelino Freire62
Imagem 9 ndash Unidades lexicais natildeo marcadas como termo naacuteutico171
LISTA DE MAPAS
Mapa 1 ndash As grandes navegaccedilotildees43
Mapa 2 ndash Terra Brasilis45
Sumaacuterio
Introduccedilatildeo 14
Capiacutetulo 1 ndash O Leacutexico em foco 17
11 Lexicologia 17
111 Leacutexico 19
1111 Leacutexico e Referecircncia 22
12 Lexicografia 25
121 Dicionaacuterio 26
1211 Os Dicionaacuterios na eacutepoca do Brasil Colocircnia 27
12111 Dicionaacuterios Bilingues29
12112 Dicionaacuterios Monolingues30
13 Terminologia 31
14 O Diccionario da Lingua Brasileira de Luiz Maria da Silva Pinto 32
Capiacutetulo 2 ndash Contextualizaccedilatildeo histoacuterica 42
21 As grandes navegaccedilotildees 42
22 As navegaccedilotildees na eacutepoca do Brasil Colocircnia 44
23 As navegaccedilotildees na eacutepoca do Brasil Impeacuterio 47
24 Consideraccedilotildees 48
Capiacutetulo 3 ndash Procedimentos Metodoloacutegicos 51
31 Objetivos 52
32 Caracteriacutesticas do Diccionario da Lingua Brasileira 54
33 Meacutetodos e Procedimentos 55
332 Fichas Lexicograacuteficas 57
332 Sobre os dicionaacuterios consultados 59
333 Sobre o Banco de Dados 63
Capiacutetulo 4 Apresentaccedilatildeo e descriccedilatildeo dos dados 65
Capiacutetulo 5 - Anaacutelise e discussatildeo dos resultados 161
51 Quanto agrave classificaccedilatildeo gramatical dos termos 161
52 Quanto agrave forma e gecircnero dos termos naacuteuticos do DLB 162
53 Quanto ao nuacutemero de unidades lexicais presentes em obras de referecircncia 163
54 Descriccedilatildeo e Comparaccedilatildeo dos Dados 168
55 Sobre a marca de uso termo naacuteutico 170
551 Variaccedilatildeo no Diccionario de Lingua Brasileira 170
552 Variaccedilatildeo em outros dicionaacuterios 171
56 Quanto agrave origem 172
Capiacutetulo 6 ndash Consideraccedilotildees Finais 180
Referecircncias 184
13
Introduccedilatildeo
14
Introduccedilatildeo
Conforme postulam Krieger e Finatto (2004 p 24) tomando como referecircncia
Rondeau (1984 p1) qualquer histoacuteria sobre as linguagens especializadas natildeo pode deixar de
lembrar que
A terminologia natildeo eacute um fenocircmeno recente Com efeito tatildeo longe quanto se
remonte na histoacuteria do homem desde que se manifesta a linguagem nos
encontramos em presenccedila de liacutenguas de especialidade eacute assim que se encontra a
terminologia dos filoacutesofos gregos a liacutengua de negoacutecios dos comerciantes cretas os
vocaacutebulos especializados da arte militar etc
Certamente a terminologia entendida como o leacutexico dos saberes teacutecnicos e
cientiacuteficos eacute uma praacutetica antiga Seu interesse deixa de estar restrito aos especialistas quando
as pessoas necessitam dominar o vocabulaacuterio especiacutefico de seus campos de competecircncia Isso
se daacute sobretudo em eacutepocas de grandes transaccedilotildees comerciais entre as naccedilotildees quando os
termos ultrapassam o acircmbito comercial expandindo-se para o mundo cientiacutefico tecnoloacutegico e
cultural
Integrando em uma proporccedilatildeo maior ou menor o cotidiano das pessoas esses
termos passam a ser inscritos em dicionaacuterios de liacutengua Consequentemente ampliam-se o
contato e o uso das terminologias mesmo com alteraccedilotildees denominativas e perdas conceituais
efeitos proacuteprios da divulgaccedilatildeo do conhecimento em grande escala
Todo esse conjunto de fatores sociais linguiacutesticos e culturais em torno do termo
despertou nosso interesse em pesquisar a terminologia naacuteutica no primeiro Diccionario da
Lingua Brasileira de Luiz Maria da Silva Pinto publicado na cidade mineira de Ouro Preto
no ano de 1832 Levaram-nos a propor esta pesquisa questotildees como i) quais seriam os
primeiros termos que fizeram parte de um dicionaacuterio que se intitula brasileiro ii) por que
eles seriam selecionados essa terminologia naacuteutica fazia parte realmente do leacutexico
brasileiro ou era ldquoidealrdquo que fizesse
Nossas discussotildees se dividiratildeo em 6 capiacutetulos
No capiacutetulo I intitulado O Leacutexico em foco abordaremos o estudo do leacutexico
como a aacuterea da liacutengua responsaacutevel por registrar o conhecimento do universo enfocando
principalmente os estudos realizados por Biderman Discorreremos acerca da lexicologia e da
lexicografia de seus pressupostos teoacutericos desenvolvidos por Matoreacute Haensch Biderman
Krieger e Finatto Discorreremos tambeacutem sobre os Dicionaacuterios na eacutepoca do Brasil Colocircnia
destacando as obras biliacutengues e monolingues A Terminologia seraacute enfocada neste capiacutetulo
15
com pressupostos definidos por Barros Ainda neste capiacutetulo trataremos do dicionaacuterio em
estudo e de seu impressor Luiz Maria da Silva Pinto
No capiacutetulo II Contextualizaccedilatildeo histoacuterica versaremos sobre as grandes
navegaccedilotildees destacando as navegaccedilotildees nas eacutepocas do Brasil Colocircnia e do Brasil Impeacuterio
No capiacutetulo III denominado Procedimentos metodoloacutegicos apresentaremos os
meacutetodos utilizados nas vaacuterias etapas do nosso estudo Enfocaremos os procedimentos
adotados para a coleta dos dados a construccedilatildeo do corpus a metodologia para a confecccedilatildeo das
fichas lexicograacuteficas que seratildeo apresentadas no capiacutetulo 4 e tambeacutem os criteacuterios empregados
para a seleccedilatildeo dos dicionaacuterios consultados Neste capiacutetulo baseando-nos em Murakawa
(2010) faremos um breve relato do Banco de Dados do Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do
Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI XVII XVIII base de dados usada como consulta neste
trabalho
No capiacutetulo IV intitulado Apresentaccedilatildeo e descriccedilatildeo dos dados apresentaremos
o nosso corpus referente agrave terminologia naacuteutica coletado na obra Diccionario da Lingua
Brasileira de Luiz Maria da Silva Pinto Os dados retirados do corpus seratildeo apresentados na
forma de fichas lexicograacuteficas contendo a) a transcriccedilatildeo do verbete selecionado b) registros
em dicionaacuterios c) abonaccedilatildeo do termo em Banco de Dados d) comentaacuterios e) origens Essas
informaccedilotildees serviratildeo de subsiacutedio para nossa anaacutelise linguiacutestica
No capiacutetulo V designado como Anaacutelise e discussatildeo dos resultados
apresentaremos anaacutelises quantitativas e discussatildeo de resultados
No capiacutetulo VI abordaremos algumas Consideraccedilotildees finais sobre nossa
pesquisa quando seratildeo relembrados nossos objetivos e as conclusotildees decorrentes das anaacutelises
propostas
16
Capiacutetulo 1
17
Capiacutetulo 1 ndash O Leacutexico em foco
Segundo Biderman (1998 p 11) o leacutexico de uma liacutengua constitui uma forma de
registrar o conhecimento do universo Atraveacutes de um processo criativo de organizaccedilatildeo o
homem rotula seres e objetos e os classifica simultaneamente identificando semelhanccedilas e
distinguindo traccedilos estruturando o mundo que o cerca Assim se processa a geraccedilatildeo do leacutexico
ou seja atraveacutes de atos sucessivos de cogniccedilatildeo da realidade e de categorizaccedilatildeo da
experiecircncia cristalizada em signos linguiacutesticos as palavras
Em vista disso o leacutexico que integra uma liacutengua conserva uma estreita relaccedilatildeo com
a histoacuteria soacutecio-cultural de uma comunidade jaacute que sintetiza a sua maneira de ver o mundo
recortando realidades e tambeacutem fatos de cultura Evidencia-se portanto como um espaccedilo de
produccedilatildeo de significaccedilatildeo articulado pelos elementos de ordem focircnica morfoloacutegica semacircntica
e gramatical como atesta Lepschy (1984 p 156) Todo o funcionamento da liacutengua em seus
vaacuterios niacuteveis parece constar de sistemas que giram agrave volta da palavra
Contemporaneamente em trecircs grandes aacutereas se divide o estudo da palavra ou o
estudo do leacutexico a Lexicologia a Lexicografia e a Terminologia De acordo com Biderman
(1998 p 7-8)
Embora complementares entre si essas aacutereas possuem objeto de estudo
metodologia e pressupostos teoacutericos distintos Enquanto a primeira ocupa-se dos
problemas teoacutericos que embasam o estudo do leacutexico a segunda estaacute voltada para as
teacutecnicas de elaboraccedilatildeo dos dicionaacuterios para o estudo da descriccedilatildeo da liacutengua feita
pelas obras lexicograacuteficas Jaacute a terceira aacuterea tem como objeto de estudo o termo a
palavra especializada os conceitos proacuteprios de diferentes aacutereas de especialidades
O notoacuterio desenvolvimento que se vem observando nessas duas uacuteltimas deacutecadas
nas aacutereas de lexicologia lexicografia e terminologia tem evidenciado a importacircncia das
pesquisas que estatildeo sendo empreendidas nesse campo bem como suscitado reflexotildees a
respeito de seus campos de atuaccedilatildeo
11 Lexicologia
A Lexicologia eacute consensualmente definida como o estudo cientiacutefico do leacutexico em
suas relaccedilotildees linguiacutesticas pragmaacuteticas discursivas histoacutericas e culturais conforme afirma
Finatto (2004 p44) Essa ciecircncia estaacute intimamente relacionada agrave complexidade bem como agrave
multiplicidade de facetas e abordagens que a palavra encerra e permite Por isso configura-se
como um campo de conhecimento de caraacuteter transdisciplinar dado que a palavra eacute um lugar de
encontro e interesse particular de muitas ciecircncias embora tenha sido na ciecircncia linguiacutestica
que essa aacuterea se estabeleceu
18
Haensch (1982 p 91) mostra que essa disciplina cientiacutefica inscrita na aacuterea da
linguiacutestica pode ser concebida de diversas maneiras por diversos autores desse modo
segundo ele torna-se legiacutetimo ser fiel a uma definiccedilatildeo ao tratar do objeto de estudo
Entretanto entre essas diversas definiccedilotildees existem pontos em comum jaacute que se define sempre
como leacutexicolsquo um conjunto de significantes verbais ou de signos (na concepccedilatildeo bilateral de
signo)1 Haensch (1982 p 92-93) chama de lexicologia a descriccedilatildeo do leacutexico que se ocupa
das estruturas e regularidades dentro da totalidade do leacutexico de um sistema individual ou de
um sistema coletivo2
Assim definida a lexicologia pode ter seu enfoque tanto a partir do leacutexico total de
um sistema individual quanto no leacutexico de um sistema coletivo examinando em ambos os
casos as estruturas e as regularidades que podem neles se encontrar
Nessa aacuterea conhecida como Lexicologia estrutural desenvolveram-se estudos
correlacionando leacutexico e sociedade Enquadram-se aqui as pesquisas desenvolvidas por
George Matoreacute (1953) inscritas na obra La meacutethode en lexicologie Para Matoreacute (1953 p37)
a palavra analisa e objetiva o pensamento individual assumindo um valor coletivo haacute uma
socialidade proacutepria da liacutengua A partir dessa obra os linguistas passam a considerar os
aspectos sociais no estudo do leacutexico o que fez com que a Lexicologia comeccedilasse a ser vista
como uma disciplina de caraacuteter socioloacutegico Defendia esse linguista como princiacutepio teoacuterico
que o leacutexico eacute testemunha de uma sociedade de uma eacutepoca seus elementos satildeo palavras-
testemunhas ndash mots teacutemoins elementos particularmente importantes em funccedilatildeo dos quais a
estrutura lexicoloacutegica se hierarquiza e se coordena3 (traduccedilatildeo nossa) Em sua abordagem
social da Lexicologia Matoreacute (1953) informa que
ao constatar a impossibilidade de dissociar na linguagem a forma do conteuacutedo a
Lexicologia se fundamentara natildeo sobre formas isoladas mas sobre conjuntos de
noccedilotildees a estrutura e as relaccedilotildees sendo explicadas pelos fatos sociais dos quais os
fatos do vocabulaacuterio satildeo ao mesmo tempo o reflexo e a condiccedilatildeo4 (TN)
1 [] se define siempre como bdquoleacutexico‟ um conjunto de significantes verbales o de signos (em la concepcioacuten
bilateral de signo) 2 [] a la descripcioacuten del leacutexico que se ocupa de latildes estructuras y regularidades dentro de la totalidad del leacutexico
de um sistema individual o de um sistema coectivo 3 [] des eacuteleacutements particuliegraverement importants em fonction desquels la structure lexicologique se hieacuterarchise et
se coordonne Nous proposons pour deacutesigner ces eacuteleacutements caracteacuteristiques l‟expression de mots-teacutemoins
(Matoreacute 1953 65) 4 [] constatant l‟impossibiliteacute de dissocier dans le langage la forme du contenu la lexicologie se fondera non
pas sur des formes isoleacutees mais sur des ensembles de notions la structure et les relation eacutetant espliqueacutees par les
faits sociaux dont les faits de vocabulaire sont agrave la fois le reflet et la condition (MATORE 1953 p 94)
19
Corroborando a afirmaccedilatildeo assumida por Matoreacute Biderman (1981 p 132)
acrescenta que
eacute pela palavra (pela nomeaccedilatildeo) que o homem exerce a sua capacidade de abstrair e de
generalizar o individual o subjetivo A palavra cristaliza o conceito resultante dessa
operaccedilatildeo mental possibilitando a sua transmissatildeo agraves geraccedilotildees seguintes
Sobre os limites e o alcance da Lexicologia muito se tem discutido Pergunta-se
i) quais deveriam ser os limites dessa disciplina cientiacutefica ii) quais as causas dos inuacutemeros
desencontros no que se refere agrave natureza da Lexicologia Satildeo questotildees bastante pertinentes
pois sendo o leacutexico o uacutenico domiacutenio da liacutengua que constitui um sistema aberto diversamente
dos demais que constituem sistema fechados (fonologia morfologia e sintaxe) eacute
reconhecidamente o niacutevel da liacutengua mais resistente agrave sistematizaccedilatildeo tendo em vista seu
caraacuteter dinacircmico
111 Leacutexico
Estudar o leacutexico de uma liacutengua eacute enveredar pela histoacuteria costumes haacutebitos de um
povo ou de uma sociedade Sem duacutevida as palavras podem ser consideradas como forte
elemento de coesatildeo social constituindo elos entre os indiviacuteduos dando-lhes consciecircncia de
que pertencem a uma comunidade (tambeacutem linguiacutestica)
Conforme afirmam Mussalim e Bentes ( 2001 p 21-47)
A relaccedilatildeo leacutexico e sociedade eacute mais profunda do que se imagina A proacutepria liacutengua
como sistema acompanha de perto a evoluccedilatildeo da sociedade e reflete de certo modo
os padrotildees de comportamento que variam em funccedilatildeo do tempo e do espaccedilo
Inversamente pode-se supor que certas atitudes sociais ou manifestaccedilotildees do
pensamento sejam influenciadas pelas caracteriacutesticas que a liacutengua da comunidade
apresenta
Um dos estudos mais antigos sobre o leacutexico remonta a Panini ao seacuteculo IV aC
na Iacutendia Em sua gramaacutetica Panini estudou o sacircnscrito e definiu elementos significativos
dessa liacutengua
No Ocidente devemos aos gregos as primeiras reflexotildees conhecidas sobre o
leacutexico Tivemos tambeacutem a contribuiccedilatildeo dos latinos Esses desenvolveram estudos
gramaticais mostrando a oposiccedilatildeo entre sistema (gramaacutetica da liacutengua) e norma (uso social
efetivo)
20
Do Renascimento ateacute o seacuteculo XVIII podemos dizer que o estudo do leacutexico se
desenvolveu basicamente em torno de dois eixos i) confecccedilatildeo de dicionaacuterios ii) estudo da
palavra numa perspectiva filosoacutefica
Com relaccedilatildeo aos primeiros apesar de existirem desde tempos remotos com as
antigas listas lexicais como ideogramas chineses lista de palavras aparentadas ou ainda
listas de palavras biliacutengues ndash as listas mais conhecidas satildeo o Appendix Probi (anocircnimo) o
glossaacuterio de Reicheneau (seacuteculo VII) o glossaacuterio de Caacutessel (seacuteculo IX) ndash foi no seacuteculo XVI
no Ocidente que sistematicamente se iniciam os estudos de descriccedilatildeo ordenada do leacutexico
Isso se daacute com a invenccedilatildeo da imprensa quando surgiram os dicionaacuterios monoliacutengues e
pluriliacutengues
Os estudos filosoacuteficos por sua vez acabaram por influenciar o pensamento dos
gramaacuteticos da eacutepoca que procuravam definir os fatores constitutivos da linguagem e das
liacutenguas
No seacuteculo XIX haacute mudanccedilas no foco de estudo da Lexicologia a palavra passa a
ser vista como uma forma cuja natureza foneacutetica e fonoloacutegica deveria ser observada Os
estudiosos da eacutepoca deixam de se preocupar com a relaccedilatildeo pensamento e palavra e o interesse
passa a ser a comparaccedilatildeo das formas linguiacutesticas marca predominantemente deste seacuteculo
Surge o meacutetodo da Gramaacutetica Comparada lanccedilado por Franz Bopp enquanto aumentam o
interesse pelos textos medievais despertados na eacutepoca do Romantismo
Nos finais desse seacuteculo com a marca triunfal da Geografia Linguiacutestica e
consequentemente o florescimento da Onomasiologia o interesse linguiacutestico passa pouco a
pouco da investigaccedilatildeo foneacutetica para o estudo dos problemas lexicais No VII Congresso
Internacional de Linguiacutestica em 1952 na cidade de Londres os conceitos linguiacutesticos gerais
satildeo elaborados sobre uma base fenomenoloacutegica significando um sistema de referecircncias
extralinguiacutestico Ateacute entatildeo os dicionaacuterios satildeo sistematizados sem relacionarem as definiccedilotildees
com os sinocircnimos existentes
A partir da deacutecada de 50 com a obra La meacutethode em lexicologie de Georges
Matoreacute (1953) seguindo a linha estruturalista os linguistas passam a considerar os aspectos
sociais no estudo do leacutexico enfocando a palavra natildeo como um objeto isolado mas como parte
de uma estrutura social responsaacutevel por nomear e exprimir o universo de uma sociedade
Postura que ateacute hoje encontra-se bastante recorrente nos estudos sobre a palavra conforme
mostra o dizer de Seabra (2006 p 7)
21
[] o leacutexico encontra-se arraigado na histoacuteria tradiccedilatildeo e costumes de um povo
estando por isso em constante processo de expansatildeo alteraccedilatildeo e contraccedilatildeo Devido
a essas caracteriacutesticas eacute considerado o subsistema mais dinacircmico da liacutengua
Podemos dizer que a histoacuteria da formaccedilatildeo do leacutexico natildeo corresponde a um
processo linear continuado Ela decorre de vaacuterios estados de produccedilatildeo do saber linguiacutestico e
das transformaccedilotildees sofridas pelas unidades lexicais ao longo dos processos histoacutericos as
palavras se submetem a bloqueios desvios apagamentos deslocamentos enquanto
constroem redes de memoacuteria e filiaccedilotildees soacutecio-histoacutericas Sem duacutevida alguma o movimento
de uma cultura leva ao movimento de palavras Essa eacute a maneira como a liacutengua se ajusta agrave
evoluccedilatildeo da sociedade
Biderman (1978 139) ao tratar de questotildees inerentes agrave relaccedilatildeo leacutexico e
sociedade argumenta que o universo semacircntico se estrutura em torno de dois polos opostos
o indiviacuteduo e a sociedade Dessa tensatildeo em movimento se origina o leacutexico De acordo com
essa linguista podemos ver o leacutexico como
o patrimocircnio social da comunidade por excelecircncia juntamente com outros
siacutembolos da heranccedila cultural Dentro desse acircngulo de visatildeo esse tesouro leacutexico eacute
transmitido de geraccedilatildeo para geraccedilatildeo como signos operacionais por meio dos quais
os indiviacuteduos de cada geraccedilatildeo podem pensar e exprimir seus sentimentos e ideias5
Atraveacutes do universo vocabular a liacutengua reflete a cultura da sociedade servindo de
meio de expressatildeo e interaccedilatildeo social para mundo que a cerca por isso o leacutexico se expande se
altera e agraves vezes se contrai Sobre essa questatildeo Biderman (2001 p 179) assim se
manifesta
As mudanccedilas sociais e culturais acarretam alteraccedilotildees nos usos vocabulares daiacute
resulta que unidades ou setores completos do Leacutexico podem ser marginalizados
entrar em desuso e vir a desaparecer Inversamente poreacutem podem ser ressuscitados
termos que voltam agrave circulaccedilatildeo geralmente com novas conotaccedilotildees Enfim novos
vocaacutebulos ou novas significaccedilotildees de vocaacutebulos jaacute existentes surgem para
enriquecer o Leacutexico
O leacutexico classifica de maneira uacutenica as experiecircncias humanas de uma cultura natildeo
apresentando deste modo apenas um conjunto de palavras mas uma espeacutecie de ponte entre
os falantes de uma liacutengua em suas condiccedilotildees reais de uso A criatividade lexical dos falantes
possibilita que eles criem e recriem de acordo com suas necessidades sociointeracionais
Guilbert6 ressalta que o leacutexico ao contraacuterio da gramaacutetica sofre transformaccedilotildees
muito mais raacutepidas visto que natildeo se constitui de natureza puramente linguiacutestica Para ele o
5 BIDERMAN 1981 p 132
6 GUILBERT 1992 p 30
22
leacutexico participa da estrutura linguiacutestica da liacutengua e tambeacutem espelha nessa liacutengua as
diversidades sociais e culturais
Predominantemente de origem latina a histoacuteria do leacutexico portuguecircs reflete
tambeacutem a histoacuteria da liacutengua portuguesa e os contatos de seus falantes com as mais
diversificadas realidades linguiacutesticas
1111 Leacutexico e Referecircncia
Caracteriza-se a liacutengua para Saussure como um produto social da faculdade da
linguagem isto eacute a liacutengua eacute um fato social no sentido de que eacute um sistema convencional
adquirido pelos indiviacuteduos no conviacutevio social Esse grande mestre da linguiacutestica estruturalista
concebe a liacutengua como um sistema de signos que por si soacute datildeo conta da significaccedilatildeo No
capiacutetulo ldquoImutabilidade e mutabilidade do signordquo da obra Cours Saussure afirma que a
comunidade linguiacutestica impotildee ao falante um significante e que o ldquosigno linguiacutestico escapa agrave
nossa vontaderdquo isto eacute seja qual for o momento histoacuterico em que focalizarmos o idioma a
liacutengua evidencia-se sempre como uma heranccedila de eacutepocas anteriores Ao conceituar o que eacute
signo ele deixa marcada a distinccedilatildeo entre entidades psiacutequicas (que constituiriam o signo) e
fiacutesicas (que lhe seriam estranhas)
Os termos implicados no signo linguiacutestico satildeo ambos psiacutequicos e estatildeo unidos em
nosso ceacuterebro por um viacutenculo de associaccedilatildeo [] O signo linguiacutestico une natildeo uma
coisa e um palavra mas um conceito e uma imagem acuacutestica Esta natildeo eacute o som
material coisa puramente fiacutesica mas a impressatildeo psiacutequica desse som a
representaccedilatildeo que dele nos daacute o testemunho de nossos sentidos [] O signo
linguiacutestico eacute pois uma entidade psiacutequica de duas faces [] Esses dois elementos
estatildeo intimamente unidos e um reclama o outro (SAUSSURE 1970 p 79-80)
Essa dicotomia saussuriana (significadosignificante) usada para distinguir as
duas faces psiacutequicas e indissociaacuteveis do signo linguiacutestico desde entatildeo foi analisada na
literatura linguiacutestica resultando na expansatildeo e substituiccedilatildeo pela forma triaacutedica formulada por
Charles K Ogden e Ivor A Richards
A figura triangular de Ogden e Richards (1956) ganhou respeito entre os
estudiosos por representar em um de seus veacutertices a figura do referente isto eacute da ldquocoisardquo
extralinguiacutestica que os autores distinguiam claramente de referecircncia (o conceito o
significado) e de signo (o nome a palavra o significante) Esse triacircngulo foi reaplicado por
Lyons (1977 p 85) sendo a partir dessa eacutepoca bastante utilizado em estudos lexicoloacutegicos e
semacircnticos A relaccedilatildeo triaacutedica sugerida pelos autores citados pode ser assim representada
23
FIGURA 1 Relaccedilatildeo triaacutedica7
As linhas que ligam o nome ao sentido e este uacuteltimo ao referente satildeo contiacutenuas
representando relaccedilotildees diretas Jaacute a linha pontilhada ligando o nome ao referente indica uma
relaccedilatildeo indireta que deve necessariamente ser mediada pelo sentido ou seja a identificaccedilatildeo
do referente passa pelo sentido do nome Cabe salientar que a presenccedila do referente foi
durante muito tempo ignorada pelos linguistas que se ocuparam fundamentalmente da
gramaacutetica e de questotildees sintaacuteticas Contudo o chamado ldquotriacircngulo da significaccedilatildeordquo reavivou
o interesse de inuacutemeros teoacutericos
A reformulaccedilatildeo do triacircngulo de Ogden e Richards (1956) adaptado por Biderman
(1998 p 116) busca ilustrar a dimensatildeo linguiacutestica da palavra ou seja evidenciando
justamente o lado direito do triacircngulo o lado em que se coloca o referente jaacute como uma
transformaccedilatildeo da realidade como parte integrante do signo linguiacutestico
7 Haacute discordacircncia entre vaacuterios autores quanto aos termos utilizados e tambeacutem quanto agraves definiccedilotildees para cada
termo Entretanto natildeo eacute objetivo deste trabalho entrar nessa questatildeo
24
FIGURA 2 Triacircngulo de Ogden e Richards adaptado por Biderman
Nesse quadro teoacuterico visto como modelo e modelador de cultura o estudo sobre
o leacutexico permite compreender conceitos e ocorrecircncias da vida cotidiana Eacute importante
ressaltar que agrave realidade (parte acrescentada por Biderman) diz respeito o ambiente e
tambeacutem a cultura herdada A transmissatildeo do repertoacuterio lexical de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo atraveacutes
da educaccedilatildeo informal e formal exerce papel importante na categorizaccedilatildeoconceptualizaccedilatildeo do
universo ao fornecer ao indiviacuteduo um estoque de nomes jaacute codificados nessa cultura
conforme bem mostra Biderman (1998 p 104)
Eacute preciso lembrar ainda que o vocabulaacuterio natildeo eacute criado (ou recriado) pelo indiviacuteduo
mas que ele eacute adquirido atraveacutes do processo social da educaccedilatildeo De fato atraveacutes do
processo de educaccedilatildeo social o homem adquire tanto a liacutengua da sua comunidade
como o seu vocabulaacuterio Nessa aprendizagem o falante-aprendiz recebe da sociedade
um produto acabado ndash a liacutengua ndash que vem a ser o produto da experiecircncia acumulada
historicamente na cultura da sua sociedade Essa cristalizaccedilatildeo da experiecircncia social
tanto cultural como linguiacutestica eacute o ponto de partida e o fundamento tanto do
pensamento como da linguagem individual
Liacutengua e cultura formam pois um todo indissociaacutevel que natildeo eacute ensinado em
nenhum lugar especial mas adquirido ao sabor dos acontecimentos cotidianos e o
vocabulaacuterio siacutembolo verbal da cultura perpetua a heranccedila cultural atraveacutes dos signos
verbais8
8 BIDERMAN 1998 p5
25
12 Lexicografia
As ciecircncias da linguagem constituiacutedas pelo saber linguiacutestico resultam do
aparecimento da escrita 3000 aC Segundo Nunes (1996 p 34) o advento da escrita
constitui a primeira grande revoluccedilatildeo tecnoloacutegica dessas ciecircncias A segunda revoluccedilatildeo seria
a da ldquogramatizaccedilatildeordquo isto eacute o processo pelo qual se descreve e se instrumenta uma liacutengua
atraveacutes de duas tecnologias9 ndash a gramaacutetica e o dicionaacuterio
Objeto de nossa pesquisa a palavra bdquodicionaacuterio‟ segundo Cunha (2007 p 263)
tem sua origem provavelmente do francecircs dictionnaire derivado do latim medieval
dictiōnārĭum de dictĭo-ōnis ou seja livro de dictiones ldquolivro de expressotildees e palavrasrdquo O
dicionaacuterio eacute visto geralmente como um objeto de consulta que apresenta os significados das
palavras com a certitude do saber de um especialista e eventualmente desse modo como uma
obra de referecircncia agrave disposiccedilatildeo dos leitores nos momentos de duacutevida e de desejo de saber
Se entendermos que todo o conhecimento humano estaacute condensado em palavras
entenderemos que essa necessidade de estruturaccedilatildeo do leacutexico eacute algo inerente ao espiacuterito ou
ceacuterebro humano que diante de um novo ser ou fato vecirc-se compelido a processar o novo a
partir daquilo que jaacute sabe ou conhece Nesse processo de categorizaccedilatildeo percepccedilatildeo e
comparaccedilatildeo do novo com referentes similares eacute que se daacute a nomeaccedilatildeo ndash o homem identifica
as propriedades distintivas e caracteriacutesticas do referente para nomeaacute-lo E na medida em que o
denomina sente tambeacutem que o domina Uma vez designado o referente passa a integrar ao
menos parcialmente o conjunto de nossos domiacutenios cognitivos possibilitando sua
apropriaccedilatildeo e transmissatildeo agraves geraccedilotildees seguintes
Por consistir nesse espaccedilo imaginaacuterio de certitude sustentado pela acumulaccedilatildeo e
pela repeticcedilatildeo o dicionaacuterio constitui um rico material para anaacutelise dos modos de dizer de uma
sociedade Nele as significaccedilotildees natildeo satildeo aquelas que se singularizam em um texto tomado
isoladamente mas sim as que se sedimentam e que se apresentam traccedilos significativos de uma
eacutepoca
De acordo com Krieger (2006 p 173-187)
o dicionaacuterio de liacutengua ndash a mais prototiacutepica das obras lexicograacuteficas ndash constitui-se no
uacutenico lugar que reuacutene de modo sistemaacutetico o conjunto dos itens lexicais criados e
utilizados por uma comunidade linguiacutestica permitindo que ela reconheccedila-se a
si mesma em sua histoacuteria e em sua cultura Aleacutem de se constituir em espelho da
memoacuteria social da liacutengua o dicionaacuterio desempenha o papel de legitimar o leacutexico
9 Entende-se neste texto tecnologia como conjunto de teacutecnicas especiacuteficas de determinado domiacutenio
26
E como tal alcanccedila o estatuto de um coacutedigo normativo que define paracircmetros
orientadores dos usos lexicais Converte-se portanto no testemunho por excelecircncia da
constituiccedilatildeo histoacuterica do leacutexico de um idioma bem como da identidade linguiacutestico-cultural de
comunidades Nessa medida atribui coesatildeo agraves sociedades e projeccedilatildeo agraves suas culturas10
121 Dicionaacuterio
Como disciplina linguiacutestica a Lexicografia contemporacircnea divide-se em duas
grandes aacutereas Lexicografia praacutetica e Lexicografia teoacuterica A primeira se ocupa da descriccedilatildeo
do leacutexico e tem como um de seus principais objetivos produzir obras de referecircncia como
dicionaacuterios vocabulaacuterios e glossaacuterios Jaacute a Lexicografia teoacuterica ou Metalexicografia dedica-
se a todas as questotildees ligadas aos dicionaacuterios como histoacuteria problemas de elaboraccedilatildeo
anaacutelise uso
Os dicionaacuterios podem registrar uma parcela maior ou menor do leacutexico total de
uma liacutengua ou podem se restringir a um determinado tema ou ainda se referir a uma
determinada regiatildeo ndash satildeo os dicionaacuterios regionais Podem se dedicar aos fraseologismos
(expressotildees idiomaacuteticas proveacuterbios etc) agrave liacutengua escrita agrave giacuteria agrave liacutengua falada Podem ser
descritivos registrando como os itens lexicais satildeo usados na realidade ou prescritivos ndash
determinando de que maneira palavras e expressotildees deveriam ser empregadas ou criticando
seu uso Podem ser monoliacutengues (uma soacute liacutengua) biliacutengues (duas liacutenguas) triliacutengues (trecircs
liacutenguas) ou multiliacutengues
Como trazem sempre informaccedilotildees que interessam ao consulente Biderman (1998
p 15) assinala a importacircncia do dicionaacuterio de liacutengua como porta-voz da norma lexical
corrente na sociedade jaacute que esses manuais fazem uma descriccedilatildeo do vocabulaacuterio da liacutengua em
questatildeo buscando registrar e definir os signos lexicais que referem os conceitos elaborados e
cristalizados na cultura Eacute fato que essas obras exercem desde eacutepocas antigas funccedilotildees
normativas e informativas na sociedade
Aleacutem de estabilizar conceitos o dicionaacuterio normativiza a liacutengua no que concerne agrave
ortografia e agraves variaccedilotildees morfossintaacuteticas Ele tambeacutem informa sentidos vocabulares
operados no seio de uma dada comunidade num dado periacuteodo de tempo ndash comporta portanto
a memoacuteria das sociedades de diferentes eacutepocas
10
LARA citado por KRIEGER 2006 p173-187
27
1211 Os dicionaacuterios na eacutepoca do Brasil Colocircnia
O saber lexicograacutefico se inicia no Brasil com os primeiros escritos sobre o paiacutes
Nesse sentido surge juntamente com a etnografia (conhecimento de povos indiacutegenas) a
economia (mercantilismo) e a geopoliacutetica (expansatildeo territorial das naccedilotildees europeias) Os
relatos de viajantes colonos e missionaacuterios estatildeo pontuados por citaccedilotildees de termos indiacutegenas
de modo que eacute formada uma constelaccedilatildeo de comentaacuterios lexicais Os comentaacuterios dos
viajantes se direcionam para as coisas do Novo Mundo de maneira que a questatildeo da
referecircncia torna-se importante Ao descrever as novidades do paiacutes esses falantes colocam em
evidecircncia os referentes Fala-se de lugares animais plantas nunca vistos fala-se de coisas
natildeo idecircnticas mas semelhantes constata-se a existecircncia ou inexistecircncia de coisas Nessas
circunstacircncias a organizaccedilatildeo dos espaccedilos lexicais estaacute intimamente relacionada com a
geografia e a economia com os interesses de conquista e de comeacutercio
Biderman (2002 p 65) acrescenta ainda que nos primeiros seacuteculos da
colonizaccedilatildeo processa-se lentamente a aculturaccedilatildeo dos nativos por meio do idioma portuguecircs
quando os jesuiacutetas ensinavam os iacutendios a falar portuguecircs Contudo nesses primeiros seacuteculos a
liacutengua portuguesa encontrara em terras brasileiras um forte concorrente o Tupi uma liacutengua
franca empregada em grande parte do territoacuterio brasileiro Essa liacutengua geral falada em toda
costa brasileira ldquoera simples e de reduzido material morfoloacutegico natildeo possuiacutea declinaccedilatildeo nem
conjugaccedilatildeordquo (SILVA NETO 1976 p 50) Os jesuiacutetas usaram-na como instrumento de
evangelizaccedilatildeo dos indiacutegenas Portanto o contexto brasileiro nesse periacuteodo eacute marcado pela
descriccedilatildeo de liacutenguas indiacutegenas nos iniacutecios da colonizaccedilatildeo11
Quanto agrave gramatizaccedilatildeo afirma Horta (2002 p 72)
[] nesse periacuteodo atingiu apenas trecircs liacutenguas indiacutegenas o tupinambaacute (ou tupi) que
era falado na costa o kariri e o manau aleacutem das chamadas liacutenguas gerais Destacam-
se as gramaacuteticas do tupi de Anchieta (1595) e de Figueira (1621) e do kariri de
Mamiani (1699) bem como o Vocabulaacuterio na Liacutengua Brasiacutelica Este uacuteltimo deve ter
sido composto durante a segunda metade do seacuteculo XVI e no iniacutecio do XVII
11
Ateacuteo fim do seacuteculo XVIII tinham sido publicado as duas gramaacuteticas e dois catecismos em tupinambaacute aleacutem de
observaccedilotildees gramaticais textos e palavras dessa mesma liacutengua em obras francesas e uma gramaacutetica e dois
catecismos em kariri liacutengua do interior da Bahia e SergipeSomente isso Ineacuteditos que natildeo se perderam incluem
um dicionaacuterio e outros documentos do tupinambaacute e um catecismo na liacutengua amazocircnica manau aleacutem de muitos
documentos sobre a Liacutengua Geral Amazocircnica e um sobre a Liacutengua Paulista (ambas formas do tupi antigo
assumidas no uso dos mesticcedilos) Perderam-se entretanto muitos escritos certamente importantes como os
dicionaacuterios das liacutenguas Maromimim (ou Guarulho) e kariri e os catecismos em sete liacutenguas amazocircnicas feitos
pelo Pe Antocircnio VieiraEm resumo em trecircs seacuteculos da colonizaccedilatildeo do Brasil soacute nos ficaram documentos sobre
trecircs liacutenguas nativas tupinambaacute kariri e manau (RODRIGUES 1993 v 8 p86)
28
Contudo a decadecircncia da liacutengua geral comeccedilara a intensificar-se nos setecentos
por causa de maciccedila imigraccedilatildeo de portugueses para o Brasil atraiacutedos pela descoberta das
minas gerais e tambeacutem em decorrecircncia das determinaccedilotildees e ordens do Marquecircs de Pombal
para que na Colocircnia soacute se falasse a liacutengua portuguesa
Ao longo de sua histoacuteria conforme afirma Krieger12
o Brasil jamais contou com
uma poliacutetica linguiacutestica que levasse agrave valorizaccedilatildeo de alguma obra lexicograacutefica a despeito do
projeto da Academia Brasileira de Letras De toda forma os primeiros dicionaacuterios que por
diferentes razotildees e interesses passam a contemplar a realidade linguiacutestica do Brasil
desempenharam tambeacutem o papel de fixar a unidade e a pluralidade do portuguecircs aqui falado
A identificaccedilatildeo das estrateacutegias lexicograacuteficas de fixaccedilatildeo de nosso leacutexico contribui para a
histoacuteria da identidade do Portuguecircs Brasileiro tema em torno do qual muita polecircmica jaacute se
estabeleceu
Eacute importante explicitar que entendemos o processo de dicionarizaccedilatildeo como a
descriccedilatildeo e instrumentaccedilatildeo de uma liacutengua no dicionaacuterio Nunes (2006 p 43) salienta que
Considerar o dicionaacuterio como um instrumento linguiacutestico implica concebecirc-lo com
uma alteridade para o sujeito falante alteridade que se torna uma injunccedilatildeo no
processo de identificaccedilatildeo nacional educaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de conhecimentos
linguiacutesticos [] Assim o dicionaacuterio se apresenta como uma exterioridade para o
sujeito e interfere na relaccedilatildeo que ele entreteacutem com a liacutengua em determinadas
conjunturas
Ressalta Nunes (2002 p100) que a compreensatildeo da historicidade da
dicionarizaccedilatildeo traz elementos para abordar questotildees de eacutetica e de poliacutetica linguiacutestica levando-
se em conta o processo de produccedilatildeo dos dicionaacuterios com os diversos fatores soacutecio-histoacutericos
aiacute envolvidos
Como aparece um saber dicionariacutestico no Brasil Esta questatildeo suscita uma seacuterie
de apontamentos conforme um ou outro criteacuterio Se considerarmos a unidade da palavra
conforme Biderman (2005 p47) desde os primeiros relatos de viajantes temos um saber que
se volta para os termos empregados no Brasil sejam as nomeaccedilotildees em liacutengua portuguesa
desde Caminha (1500) sejam termos indiacutegenas traduzidos e comentados desde Pigafeta em
1519 como aponta Neiva (1940) Se considerarmos a forma acabada do dicionaacuterio os
biliacutengues portuguecircs-tupi foram os primeiros a aparecer na Eacutepoca Colonial (seacutec XVI-XVII)
Segundo Horta (2002 p72) o processo de dicionarizaccedilatildeo brasileiro pode ser
visualizado nas seguintes etapas i) transcriccedilatildeo alfabeacutetica de termos indiacutegenas ii) citaccedilotildees
12
Alfa Satildeo Paulo 50 (2) 173-187 2006
29
comentaacuterios traduccedilotildees de termos indiacutegenas diaacutelogos iii) listas temaacuteticas de palavras LI-LP
(Liacutengua Indiacutegena e Liacutengua Portuguesa) e LP-LI iv) dicionaacuterios biliacutengues LP-LI v)
dicionaacuterios biliacutengues LI-LP vi) dicionaacuterios monoliacutengues de LP no Brasil
12111 Dicionaacuterios Biliacutengues
Os jesuiacutetas desde sua chegada em 1549 no Brasil estabeleceram uma orientaccedilatildeo
para os estudos de liacutengua indiacutegena com fins catequeacuteticos da qual resultou a triacuteade gramaacutetica-
dicionaacuterio-doutrina Satildeo portanto os primeiros dicionaacuterios alfabeacuteticos brasileiros concebidos
por missionaacuterios obras biliacutengues (portuguecircs-indiacutegena)
O Vocabulaacuterio na Liacutengua Brasiacutelica (VLB) anocircnimo circulou pelas missotildees e
coleacutegios jesuiacutetas do Brasil na segunda metade do seacuteculo XVI e nos seacuteculos XVII e XVIII Satildeo
conhecidos vaacuterios manuscritos desse dicionaacuterio que natildeo foi publicado integralmente senatildeo
em 1938 por Pliacutenio Ayrosa Essa obra traz a representaccedilatildeo de uma unidade do espaccedilo
linguiacutestico brasileiro a chamada ldquoliacutengua brasiacutelicardquo a que Anchieta se refere tambeacutem como ldquoa
liacutengua mais falada na costa do Brasilrdquo e foi elaborado com o interesse praacutetico de ensinar aos
missionaacuterios a liacutengua indiacutegena a fim de converter os nativos
Outro dicionaacuterio bastante importante na eacutepoca colonial eacute o Dicionaacuterio Portuguecircs-
Brasiliano (DPB) publicado em Lisboa em 1795 O percurso que vai desde o manuscrito do
DPB ateacute sua ediccedilatildeo reflete a substituiccedilatildeo da praacutetica jesuiacutetica banida do paiacutes em 1759 pela
praacutetica editorial e de arquivo que vem marcar o final do seacuteculo XVII e iniacutecio do XVIII Esta
acentuaria com a chegada da imprensa ao Brasil e com a poliacutetica linguiacutestica promovida pelo
Impeacuterio
Outro momento de destaque na histoacuteria dos dicionaacuterios biliacutengues no Brasil foi o
aparecimento do primeiro dicionaacuterio (liacutengua indiacutegena-liacutengua portuguesa) Ainda na forma
manuscrita encontram-se dois dicionaacuterios o manuscrito do Dicionaacuterio Brasiliano-Portuguecircs
(DBP) de Frei Veloso e o manuscrito do Vocabulaacuterio na Liacutengua Geral (VLG- Poranduba) de
Frei Prazeres do Maranhatildeo(1826)
Alguns estudiosos brasileiros (Gonccedilalves Dias Ferreira Franccedila Prazeres do
Maranhatildeo) e estrangeiros (Martius Platzman) realizaram compilaccedilotildees de dicionaacuterios dos
jesuiacutetas no Brasil acrescentando ou suprimindo termos atualizando o corpo dos verbetes
introduzindo comentaacuterios gramaticais ou mesmo reduzindo os dicionaacuterios de caraacuteter
enciclopeacutedico a glossaacuterios termo a termo Podemos incluir dentre as obras produzidas nesse
contexto a Chrestomathia da Liacutengua Brasiacutelica de Ferreira Franccedila (Leipzig 1859) e o
30
Dicionaacuterio da liacutengua geral Brasiacutelica portuguecircs e alematildeo inserido na Glossaria Linguarum
Brasiliensium de Martius (1863)
12112 Dicionaacuterios Monoliacutengues
Publicado em Lisboa pela Typographia Lacerdina o primeiro dicionaacuterio
monoliacutengue do portuguecircs o Dicionaacuterio da Liacutengua Portuguesa datado de 1789 elaborado
pelo brasileiro Antocircnio de Moraes Silva constitui um marco na histoacuteria da lexicografia
brasileira A obra de Moraes preencheu o horizonte metalinguiacutestico ao longo dos seacuteculos XIX
e XX como um verdadeiro siacutembolo natildeo soacute da lexicografia mas da liacutengua em geral e da
cultura portuguesa
Moraes tomou por base o Vocabulaacuterio Portuguecircs e Latino de Raphael Bluteau e
resumiu os oito volumes daquele a apenas dois mantendo a orientaccedilatildeo de seu antecessor de
exaltar os grandes autores de liacutengua portuguesa A obra teve oito reediccedilotildees no seacuteculo XIX
(1813 1823 1831 1844 1858 18771878 1891 9a ed sd)
Na segunda ediccedilatildeo de 1813 Moraes acrescenta nos textos introdutoacuterios uma
gramaacutetica filosoacutefica aos moldes da Gramaacutetica de Port Royal o que mostra a filiaccedilatildeo agraves
concepccedilotildees racionalistas da eacutepoca
Em 1922 recebeu uma ediccedilatildeo comemorativa do centenaacuterio da Independecircncia no
Brasil a qual reproduz a segunda ediccedilatildeo de 1813 a primeira em que Moraes inclui seu nome
como autor Uma ediccedilatildeo ampliada foi publicada pela Editora Confluecircncia em 1949-59
organizada por Augusto Moreno Cardoso Juacutenior e Joseacute Pedro Machado
O Dicionaacuterio da Liacutengua Portuguesa ou o Dicionaacuterio de Moraes eacute considerado
pelos lexicoacutegrafos uma obra fundadora da lexicografia de liacutengua portuguesa servindo de base
para a confecccedilatildeo de outros dicionaacuterios em Portugal e no Brasil
Na eacutepoca do Brasil Colocircnia no que diz respeito aos dicionaacuterios monolingues
referentes agrave Liacutengua Portuguesa a partir do seacuteculo XVIII aleacutem do dicionaacuterio de Moraes
(1789) satildeo considerados representativos o Novo Dicionaacuterio da Liacutengua Portugueza (1855) de
Eduardo de Faria o Diccionario Manual Etymologico da Lingua Portugueza de Francisco
Adolfo Coelho e o Diccionario Contemporaneo da Liacutengua Portugueza de Francisco Caldas
Aulete publicado em 1881
Em se tratando de obras consideradas brasileiras os estudiosos apontam os
primeiros dicionaacuterios datados do seacuteculo XIX a saber o Diccionario Brazileiro para Servir de
Complemento aos Diccionarios de Lingua Portugueza (1853) de Costa Rubim o Diccionario
31
Brazileiro da Lingua Portugueza (1888) de Macedo Soares e o Diccionario de Vocabulos
Brazileiros (1889) de Beaurepaire-Rohan
Em todas essas trecircs obras citadas acima observam-se palavras tiacutepicas do Brasil
chamadas ldquobrasileirismosrdquo Essas obras contribuiacuteram para se questionar ldquoo caraacuteter normativo
do dicionaacuterio dando-lhe uma caracteriacutestica mais descritivardquo13
13 Terminologia
A Terminologia pode ser definida segundo Barros (2007 p 11) como o estudo
cientiacutefico dos termos usados nas liacutenguas de especialidade ou melhor empregados em
discursos e textos de aacutereas teacutecnicas cientiacuteficas e especializadas
O termo eacute entendido como ldquodesignaccedilatildeo por meio de uma unidade linguiacutestica de
um conceito definido em uma liacutengua de especialidaderdquo (ISO 1087 1990 p5) O termo eacute
portanto uma unidade lexical que designa um conceito de um domiacutenio de especialidade Eacute
tambeacutem chamado de unidade terminoloacutegica O conjunto de termos de uma aacuterea especializada
chama-se conjunto terminoloacutegico ou terminologia
O campo de pesquisa proacuteprio da Terminologia satildeo as chamadas liacutenguas de
especialidade entendidas como ldquosistemas de comunicaccedilatildeo oral ou escrita usados por uma
comunidade de especialistas de uma aacuterea particular do conhecimentordquo (PAVEL NOLET apud
BARROS 2007 p11)
Apesar de a Terminologia ser a mais contemporacircnea das ciecircncias do leacutexico o
reconhecimento formal de vocabulaacuterios especiacuteficos de determinadas aacutereas de conhecimento
especializado datam de mais de trecircs seacuteculos quando jaacute vinham com ldquomarcas de usordquo em
dicionaacuterios de liacutengua
Obra monoliacutengue o denominado dicionaacuterio geral de liacutengua consiste na referecircncia
primeira do fazer lexicograacutefico na diversificada tipologia de obras dicionariacutesticas Tal tipo de
dicionaacuterio registra o leacutexico geral de um idioma reunindo seu conjunto de palavras e locuccedilotildees
da forma mais abrangente possiacutevel Alguns desses dicionaacuterios incluem tambeacutem terminologias
em seus repertoacuterios entendendo que essas integram o componente lexical das liacutenguas Nessas
obras entende-se por terminologia o conjunto de palavras marcadas pela temaacutetica de uma
aacuterea de especialidade por exemplo a terminologia da fiacutesica quacircntica da medicina da
informaacutetica a terminologia juriacutedica ou a terminologia naacuteutica ndash essa uacuteltima nosso objeto de
estudo
13
DIAS BEZERRA 2006 p 30
32
Usamos a liacutengua comum no dia-a-dia mas usamos a linguagem especializada
quando falamos sobre uma aacuterea do conhecimento e empregamos palavras que dentro dessa
aacuterea tecircm um significado particular Assim sendo para noacutes neste objeto de estudo os termos
satildeo acima de tudo unidades lexicais que tecircm a particularidade de ocorrer em discursos
especializados assumindo neles significaccedilotildees especiacuteficas e podendo em consequecircncia
denominar conceitos cientiacuteficos eou teacutecnicos
14 O Diccionario da Lingua Brasileira de Luiz Maria da Silva Pinto
Sobre os primoacuterdios da lexicografia brasileira voltamos nossos olhares para
aquela que teria sido a primeira obra escrita editada e impressa no Brasil ndash o Diccionario da
Lingua Brasileira de Luiz Maria da Silva Pinto
FOTO 1 Diccionario da Lingua Brasileira
Fonte acervo pessoal
Praticamente desconhecida dos pesquisadores ateacute fins do seacuteculo XX por
iniciativa do professor Joatildeo Mendonccedila Teles ndash do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico Brasileiro
ndash essa obra foi reeditada em ediccedilatildeo fac-siacutemile com patrociacutenio da Caixa Econocircmica Federal
pela Sociedade Goiana de Cultura e pelo Centro de Cultura Goiana da Universidade Catoacutelica
de Goiaacutes do qual Teles era coordenador em 1996
33
FOTO 2 Detalhe da capa do Diccionario
Fonte acervo pessoal
Sabemos que a histoacuteria da imprensa no Brasil tem seu iniacutecio oficial em 1808 com
a chegada da famiacutelia real portuguesa Antes dessa eacutepoca toda atividade de imprensa -
publicaccedilatildeo de jornais livros ou panfletos ndash era proibida conforme Carta Reacutegia de 1706 que
mandava sequestrar e destruir qualquer modalidade de atividade tipograacutefica que fosse
encontrada como tambeacutem punir seus proprietaacuterios Mesmo assim em caraacuteter clandestino
algumas impressotildees foram realizadas em Minas dentre elas citamos o poema laudatoacuterio
escrito por Diogo Pereira Ribeiro de Vasconcelos intitulado Canto Encomiaacutestico publicado
por Padre Viegas14
Padre Viegas ou o Padre Joaquim Viegas de Menezes em funccedilatildeo dos
conhecimentos especializados que possuiacutea dirigiu em 1820 em Ouro Preto juntamente com
o artiacutefice portuguecircs Manuel Joseacute Barbosa Pimenta e Sal e alguns operaacuterios a construccedilatildeo da
primeira tipografia mineira a Tyipografia Patriacutecia assim denominada em referecircncia agrave paacutetria
Daacute-se nessa tipografia o iniacutecio da imprensa perioacutedica em Minas Gerais com a circulaccedilatildeo do
jornal Compilador Mineiro em 13 de outubro de 182315
encerrada em 9 de janeiro de 1824
Apenas trecircs dias apoacutes o seu desaparecimento surgiu impresso na mesma tipografia e com o
objetivo expresso de substituir o Compilador o perioacutedico A Abelha do Itaculumy (1824-
1825)
Ainda nesse periacuteodo em 8 de abril de 1822 o goiano que residia em Ouro Preto
o major Luiz Maria da Silva Pinto propotildee a iniciativa de um plano para a instalaccedilatildeo da
primeira tipografia oficial do Estado aleacutem da publicaccedilatildeo de uma folha como porta-voz dos
atos governamentais Esse major foi o principal impressor de Ouro Preto durante vaacuterios anos
14
SEABRA 2008 p 151 15
COSTA FILHO A Imprensa Mineira no Primeiro Reinado
34
tornando-se o administrador do estabelecimento real A graacutefica real estreia tipos e prelos com
a produccedilatildeo dos impressos avulsos do poder oficial da Capitania e das diversas reparticcedilotildees
puacuteblicas aleacutem de papeis de encomenda particular
Luiz Maria da Silva Pinto nasceu em Pilar de Goiaacutes em 15 de marccedilo de 1775 e
faleceu em 20 de dezembro de 1869 em Vila Rica hoje Ouro Preto aos 94 anos de idade Era
filho de Joseacute Pinto da Silva e de Joaquina Maria Zunega Iniciou seus estudos em Goiaacutes
completando-os em Ouro Preto cidade para onde se transferiu em companhia de sua matildee e
irmatilde Em Ouro Preto eacute crismado por Tomaacutes Antocircnio Gonzaga e sob a proteccedilatildeo de Frei
Domingos da Encarnaccedilatildeo Pontevel Silva Pinto avanccedila em seus estudos Foi secretaacuterio do
Palaacutecio do Governo nomeado por Visconde de Barbacena e mais tarde por promoccedilatildeo ao
cargo de oficial-mor e logo em seguida major Foi tambeacutem Deputado Provincial
Procurador Fiscal da Mesa de Rendas de Minas tendo sido nomeado vice-diretor geral da
Instituiccedilatildeo Segundo Teixeira de Freitas16
Silva Pinto pode ser considerado o pai da
estatiacutestica geral mineira uma vez que quando secretaacuterio da Proviacutencia promoveu um
inqueacuterito estatiacutestico-cronograacutefico em 23 de julho de1825 aleacutem de um levantamento por ele
organizado em 1854 por ordem do Presidente de Proviacutencia Francisco D Pereira de
Vasconcellos Freitas afirma que vaacuterios satildeo os documentos que demonstram esforccedilos
repetidos da administraccedilatildeo mineira em prol da estatiacutestica geral17
Entre suas obras destaca-se
ainda O Mapa Geodeacutesio de Minas Gerais editado em 1825 Silva Pinto foi ainda membro
do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico Brasileiro patrono da cadeira nuacutemero 29 da Academia de
Letras de Goiaacutes18
16
Diretor Geral de Informaccedilotildees Estatiacutesticas e Divulgaccedilatildeo do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo em 1931 17
FREITAS 1940 18
MAPA Disponiacutevel em lthttpacademiagoianadeletrasorgmembroluiz-maria-da-silva-pintogt Acesso em 1
abr 2011
35
FOTO 3 Casa de Silva Pinto em Ouro Preto19
Fonte acervo pessoal
FOTO 4 Localizaccedilatildeo da casa de Silva Pinto em Ouro Preto -
Vista de Vila Rica 1820 de Armand Julien Palliegravere
Fonte acervo pessoal
Sobre as impressotildees causadas pelo Diccionario da Lingua Brasileira no meio
intelectual e ainda sobre seu autor o goiano Luiz Maria da Silva Pinto destacamos as vozes
de
a) Joseacute Pedro Xavier da Veiga ndash nas Efemeacuterides Mineiras em data de 19 de setembro de
1869 Xavier da Veiga registra o oacutebito de Luiacutes Maria da Silva Pinto consagrando-lhe uma
19
Localizada na Rua Claacuteudio Manuel nordm 129 Centro Atualmente Repuacuteblica Maracangalha propriedade da
Escola de Farmaacutecia e Bioquiacutemica de Ouro Preto UFOP
36
paacutegina biograacutefica em que aponta os seus relevantissimos serviccedilos agrave administraccedilatildeo puacuteblica de
Minas Gerais desde a uacuteltima fase do govecircrno colonial e durante meio seacuteculo Dizendo-o
homem muito inteligente extraordinariamente trabalhador e dotado de espiacuterito de organizaccedilatildeo
e de pesquisa Xavier da Veiga (1897 p 47-52) afirmando nunca ter visto o dicionaacuterio
disserta
Tambeacutem durante muitos anos o major Luiacutes Maria da Silva Pinto possuiu e dirigiu
oficinas tipograacuteficas em Ouro Precircto editando nelas muitos livros alguns bem
volumosos e em tempos difiacuteceis para a imprensa no interior do paiacutes Entre os
aludidos livros figura um dicionaacuterio portuguecircs de sua proacutepria composiccedilatildeo ao qual
deu o tiacutetulo de Dicionaacuterio da liacutengua brasileira e cujos exemplares satildeo hoje
rariacutessimos
b) Affonso E de Taunay20
ndash na obra Inopia cientiacutefica e vocabular dos grandes dicionarios
portuguezes (1932 p 147) Taunay destaca
Quarenta annos apoacutes o apparecimento do Diccionario de Moraes novo tentame de
igual natureza ao do lexicographo fluminense se daria no Brasil muito embora delle
resultase obra de mediocre valor hoje quasi totalmente esquecido o Diccionario da
Lingua Brasileira Pela terceira vez creio apparecia o nosso patronymico nacional aacute
portada dos diccionarios da lingua Fizera Bluteau garbo de que o seu tambem
[seria] brasilico entre numerosos outros predicados E Moraes como bom brasileiro
timbrara em lembrar que o seu lexico recolhera milhares de palavras de sua terra
Mas Silva Pinto fora adiante redigira um diccionario da lingua brasileira
Infelizmente poreacutem natildeo lhe correspondeu a obra aacute altissonacircncia do programma
constante do patriotico titulo Deve ter sido composto por homem inteligente e lido
que se valeu natildeo ha duvida e muito dos trabalhos de Moraes mas nem por isto
deixou de levantar em homenagem aacute riqueza vocabular da liacutengua luso-brasileira ateacute
hoje tatildeo deficiente tatildeo mesquinhamente invetariada Eacute um tanto obscura a
biographia deste nosso segundo diccionarista Luiz Maria da Silva Pinto
c) Eduardo Frieiro ndash no artigo um velho dicionaacuterio impresso em Minas21
(1955) destacamos
as impressotildees de Frieiro
Acham-se vinculados aos primeiros tempos da Tipografia em Minas trecircs nomes que
natildeo podem ser esquecidos o do mineiro Padre Viegas de Meneses o do portuguecircs
Manuel Joseacute Barbosa Pimenta e Sal e o do goiano Luiacutes Maria da Silva Pinto []
Administrava a oficina provincial o major Luis Maria da Silva Pinto que durante
vaacuterias deacutecadas foi o principal impressor de Ouro Precircto jaacute como gerente do
estabelecimento oficial jaacute como editor particular proprietaacuterio da Tipografia de
Silva cuja marca tenho encontrado em diversas obras dadas a lume de 1827 a 1848
Algumas eram de autoria do operoso Silva Pinto que chegou mesmo a publicar um
Diccionario da lingua brasileira portaacutetil de 1132 paacuteginas para remediar a penuacuteria
de vocabulaacuterios ocorrente na Proviacutencia Era o Dicionaacuterio uma compilaccedilatildeo apressada
feita pelo proacuteprio impressor que tambeacutem editou para uso das escolas de primeiras
letras numerosos voluminhos dos quais posso citar os tiacutetulos de alguns que possuo
a saber Ortografia ou Arte de escrever (1829) Aritmeacutetica ou Arte de contar (1831)
Princiacutepios da Moral cristatilde (1846) e Gramaacutetica brasileira ou Arte de falar conforme
20
TAUNAY 1932 p182 21
FRIEIRO 1955 p390-397
37
as regras da Manuel Borges Carneiro (1847) Embora se intitulasse Dicionaacuterio da
liacutengua brasileira nada tinha que ver com a fala dos aboriacutegenes nem com os
particularismos da liacutengua corrente no Brasil Era um pequeno leacutexico da liacutengua
portuguecircsa com alguns escassos brasileirismos colhidos provagravevelmenle em Moraes
Silva O caso eacute que naquela eacutepoca achando-se os Brasileiros ainda na lua de mel da
independecircncia nacional o espiacuterito nativista entatildeo muito alvoroccedilado natildeo se
contentava unicamente com a autonomia poliacutetica almejava romper todos os laccedilos
que ainda nos atavam agrave repudiada Metroacutepole inclusive o liame infrangiacutevel da liacutengua
materna Como natildeo era possiacutevel fabricar uma com peccedilas totalmente novas
chamava-se brasileira agrave liacutengua que sem deixar de ser portuguesa eacute de qualquer
forma tambeacutem a nossa
d) L G ndash que assina a nota do recorte do jornal22
(sem data) abaixo apresentado
FOTO 5 Notiacutecia de jornal
Fonte acervo pessoal
e) Paulo Mario Beserra de Araujo ndash neste iniacutecio de seacuteculo XX quando a ciecircncia linguiacutestica se
volta para a anaacutelise de dicionaacuterios e as versotildees digitais de obras se encontram disponibilizadas
na internet Araujo (2009) realizou um ldquoensaio metalexicograacutefico analiacutetico comparativo e
criacuteticordquo do Diccionario de Silva Pinto publicado com o tiacutetulo Um diccionario sem auctor
versus hum auctorlsquo com diccionario Esse pesquisador buscando estudar o que motivou
Silva Pinto a delimitar a macroestrutura de seu dicionaacuterio (cf Araujo 2009 p 9-10) mostra
inuacutemeras semelhanccedilas da obra desse autor ndash o Diccionario da Lingua Brasileira com a obra
22
Recorte encontrado na contra-capa do volume do Diccionario do Museu da Inconfidecircncia em Ouro Preto
poreacutem natildeo haacute informaccedilotildees sobre a autoria
38
ldquosem autor declarado pelo editor impressor e livreiro Francisco Rollandrdquo23
denominada
Novo Diccionario da Liacutengua Portugueza ediccedilatildeo de 1806 ldquodisponiacutevel desde 23 de fevereiro
de 2007 no website booksgoogle obtida do original existente na Taylor Institution Library
da Oxford University Oxford Inglaterrardquo24
Apoacutes um cuidadoso estudo Arauacutejo conclui que a
ldquoanaacutelise comparativa efetuada permite constatar que a semelhanccedila entre as duas obras estaacute
aleacutem do que pode ser classificado como compilaccedilatildeordquo25
Apresentamos a seguir a folha de rosto do Diccicionario da Liacutengua Brasileira
FOTO 6 Diccionario da Lingua Brasileira (1832) Fonte acervo pessoal
Diferentemente de seu colega editor responsaacutevel pela obra similar portuguesa
Silva Pinto assina a obra brasileira Com esse comportamento o consulente entende que cabe
a ele aleacutem da ediccedilatildeo a autoria do dicionaacuterio Entretanto no proacutelogo apresentado esse autor
se coloca como impressor natildeo como autor ndash ldquome suggerio o projecto de imprimir este
auxiliante da Grammatica e da Orthographiardquo deixa claro tambeacutem que a obra ao ser editada
jaacute contava com um nuacutemero de leitores ou ldquoassignantesrdquo mais do que suficientes para sua
confecccedilatildeo Isso nos leva a refletir que Silva Pinto realizou um trabalho de ediccedilatildeo de uma obra
portuguesa de faacutecil manuseio visando atender aos brasileiros Salientamos que apesar do
23
ARAUJO 2009 p 13 24
Ibidem p 10 25
Ibidem p 78
39
tiacutetulo se referir agrave variante do portuguecircs brasileiro esse dicionaacuterio tem um caraacuteter normativo
ateacute mesmo preconceituoso conforme podemos inferir no trecho do proacutelogo em que
destacamos a preocupaccedilatildeo do autor em mostrar que no nosso leacutexico havia palavras da liacutengua
portuguesa e natildeo somente dlsquoaquellas que proferem os Iacutendios Posiccedilatildeo conservadora sem
duacutevida
FOTO 7 Prologo do Diccionario da Lingua Brasileira
Fonte acervo pessoal
Mais do que descrever o leacutexico brasileiro dos primeiros anos dos oitocentos com
certeza o Diccionario da Lingua Brasileira do goiano Luiz Maria da Silva Pinto tinha como
objetivo ser prescritivista conduta bastante comum nessa eacutepoca
Publicado dez anos depois da Independecircncia do Brasil o dicionaacuterio nesse
contexto constitui-se como um instrumento de divulgaccedilatildeo da nova naccedilatildeo e da posiccedilatildeo
poliacutetica de seu editor diante dos acontecimentos histoacutericos Como homem respeitado na
sociedade local em um periacuteodo em que o Brasil acabava de ser tornar independente de
Portugal Silva Pinto se preocupava com os rumos que a liacutengua portuguesa poderia tomar e
40
como editor colocou-se como ldquoprotetorrdquo do portuguecircs lusitano ldquobem faladordquo em terras
brasileiras
A imagem que apresentamos a seguir destaca a paacutegina do dicionaacuterio que trata
das abreviaturas da obra com a inserccedilatildeo de vaacuterias terminologias dentre elas a terminologia
naacuteutica objeto de anaacutelise desta Pesquisa
IMAGEM 1 Lista de abreviaturas proposta pelo Diccionario da Lingua Brasileira
Dada a estreita relaccedilatildeo entre cultura e leacutexico abordaremos no proacuteximo capiacutetulo as
grandes navegaccedilotildees destacando a navegaccedilatildeo portuguesa em terras brasileiras
41
Capiacutetulo 2
42
Capiacutetulo 2 ndash Contextualizaccedilatildeo histoacuterica
21 As grandes navegaccedilotildees
A aventura mariacutetima portuguesa natildeo foi um marco isolado Ela se fez no contexto
de uma das maiores aventuras expansionistas empreendidas pelo homem e se tornou
conhecida como grandes navegaccedilotildees De costas para Castela e de frente para o mar a uacutenica
forma de Portugal expandir seus domiacutenios era enfrentar as aacuteguas desconhecidas
Desde 1385 com a ascensatildeo de D Joatildeo I ao trono apoacutes a Revoluccedilatildeo de Avis
antes de qualquer outro paiacutes europeu Portugal jaacute possuiacutea um Estado centralizado apoiado por
uma burguesia mercantil forte e disposta a investir na expansatildeo a fim de ampliar suas
possibilidades de lucros Construiacuteram caravelas principal meio de transporte mariacutetimo e
comercial do periacuteodo desenvolvidas com qualidade superior agraves de outras naccedilotildees Neste paiacutes
tambeacutem houve a preocupaccedilatildeo com os estudos naacuteuticos pois os portugueses chegaram a criar
ateacute mesmo um centro de estudos a Escola de Sagres Nesse centro o Infante Dom Henrique
filho do Rei Dom Joatildeo I reuniu numerosos pilotos cartoacutegrafos e astrocircnomos cujos trabalhos
favoreceram o avanccedilo da arte de navegar e impulsionaram a expansatildeo mariacutetima portuguesa A
partir daiacute com o aprimoramento da cartografia ndash em especial com o desenvolvimento das
cartas naacuteuticas ndash e com o avanccedilo das teacutecnicas de navegaccedilatildeo recorrendo ao que havia de mais
novo no campo cientiacutefico tais como a ampliaccedilatildeo dos conhecimentos sobre correntes
mariacutetimas o uso do astrolaacutebio e da buacutessola que permitia navegaccedilotildees mais seguras
privilegiando a situaccedilatildeo geograacutefica de seu paiacutes os portugueses partiram para as grandes
expediccedilotildees mariacutetimas
Entre os grandes obstaacuteculos vencidos para que fossem aleacutem do conhecido mar
Mediterracircneo estavam o medo e vaacuterias preacute-concepccedilotildees Foi necessaacuterio um longo processo de
mudanccedilas para que o povo europeu apostasse na teoria da esfericidade da Terra e se
ldquoconvencesserdquo de que havia alguma possibilidade de ir aleacutem das aacuteguas jaacute navegadas desde
muito tempo
Durante os seacuteculos XV e XVI os europeus principalmente portugueses e
espanhoacuteis lanccedilaram-se nos oceanos Paciacutefico Iacutendico e Atlacircntico com dois objetivos
principais descobrir uma nova rota mariacutetima para as Iacutendias e encontrar novas terras Este
periacuteodo ficou conhecido como a Era das Grandes Navegaccedilotildees e Descobrimentos Mariacutetimos
O iniacutecio da expansatildeo portuguesa deu-se em 1415 com a conquista da cidade de
Ceuta no norte da Aacutefrica na costa do atual Marrocos importante centro comercial da eacutepoca ndash
ponto de convergecircncia de caravanas de comerciantes aacuterabes Depois de Ceuta os portugueses
43
continuaram suas conquistas contornando a Aacutefrica em um trajeto conhecido como peacuteriplo
africano A expansatildeo portuguesa incluiu a ilha da Madeira os Accedilores Cabo Verde a
ultrapassagem do Cabo Bojador (grande obstaacuteculo para a continuaccedilatildeo da viagem e muito
temido pelos navegadores por causa das fortes ondas e dos nevoeiros comuns na regiatildeo)
Senegal e Serra Leoa
Durante o peacuteriplo africano os portugueses desenvolveram a caravela um tipo de
barco adaptado agrave navegaccedilatildeo em mar aberto e comeccedilaram a esboccedilar o audacioso plano de
contornar o sul da Aacutefrica e chegar agraves Iacutendias
MAPA 1 As grandes navegaccedilotildees26
A chegada dos portugueses ao litoral da Ameacuterica em 1500 foi portanto uma
consequecircncia da expansatildeo ultramarina anteriormente realizada em vaacuterios cantos do mundo
As grandes navegaccedilotildees transformaram Portugal em um impeacuterio respeitado em
toda agrave Europa o interesse despertado pelas viagens transoceacircnicas natildeo soacute permitiu a expansatildeo
dos conhecimentos naacuteuticos com o desenvolvimento da buacutessola do astrolaacutebio das
embarcaccedilotildees e de mapas rudimentares denominados portulanos mas tambeacutem por ser o
primeiro paiacutes europeu a iniciar a expansatildeo ultramarina teve seu comeacutercio ampliado dominou
povos e terras impocircs um sistema de colonizaccedilatildeo imprimindo aiacute sua soberania religiatildeo
cultura e liacutengua
26
NAVEGACcedilOtildeES Disponiacutevel em lthttpwwwgooglecombrsearchhl=ptgt Acesso em 1 Abr 2011
44
O desenvolvimento do comeacutercio europeu nos seacuteculos XV XVI e XVII
favorecido pelas praacuteticas mercantilistas das monarquias absolutistas foi tambeacutem chamado de
revoluccedilatildeo comercial A revoluccedilatildeo comercial caracterizou-se pela integraccedilatildeo da Ameacuterica
Aacutefrica e Aacutesia agrave economia europeia atraveacutes da navegaccedilatildeo pelo Oceano Atlacircntico pelo
aumento da circulaccedilatildeo de mercadorias e de moedas pela criaccedilatildeo de novos meacutetodos de
produccedilatildeo de manufaturas pela ampliaccedilatildeo dos bancos dos sistemas de creacutedito seguros e
demais operaccedilotildees financeiras O crescimento da agricultura da mineraccedilatildeo da metalurgia da
navegaccedilatildeo da divisatildeo do trabalho do comeacutercio colonial promoveu uma grande acumulaccedilatildeo
de capital preparando a Europa para avanccedilos importantes na produccedilatildeo o corridos a partir do
seacuteculo XVIII
22 As navegaccedilotildees na eacutepoca do Brasil Colocircnia
A primeira exploraccedilatildeo do litoral do territoacuterio descoberto foi feita pela proacutepria
esquadra de Cabral que seguiu paralelamente agrave costa em direccedilatildeo norte procurando um porto
onde os navios ficassem abrigados A partir daiacute nos primeiros trinta anos o contato com as
terras brasileiras ficou limitado ao envio de algumas expediccedilotildees de reconhecimento e defesa
do litoral e outras com o objetivo de explorar o pau-brasil uacutenico artigo que poderia ser
convertido em lucros para Portugal
Em 1530 Dom Joatildeo III enviou ao Brasil a expediccedilatildeo de Martim Afonso de Sousa
cujos principais objetivos eram verificar a existecircncia de metais preciosos explorar e patrulhar
o litoral e estabelecer os fundamentos da colonizaccedilatildeo do Brasil Martim Afonso percorreu
quase todo o litoral brasileiro de Pernambuco enviou dois barcos para explorar o litoral
norte organizou expediccedilotildees rumo ao sertatildeo partindo de Cabo Frio e de Cananeia chegou ateacute
a foz do rio da Prata e depois retornou ao litoral paulista onde fundou a vila de Satildeo Vicente
(1532) Ali se organizaram alguns povoados iniciou-se o plantio da cana e foram construiacutedos
os primeiros engenhos da colocircnia Comeccedilava assim a colonizaccedilatildeo efetiva do Brasil apoiada
inicialmente na produccedilatildeo de accediluacutecar para o mercado externo
O aproveitamento sistemaacutetico dos recursos da terra brasileira em benefiacutecio da
metroacutepole portuguesa permitiu a fixaccedilatildeo de populaccedilotildees europeias na regiatildeo o que contribuiu
para a incorporaccedilatildeo dos modelos sociais culturais e religiosos europeus no Novo Mundo
45
MAPA 2 ldquoTerra Brasilisrdquo27
A busca de colocircnias constituiacutea um dos principais objetivos dos paiacuteses
mercantilistas europeus As aacutereas coloniais eram um excelente mercado consumidor dos
manufaturados europeus e fornecedor de mateacuterias-primas e produtos agriacutecolas tropicais
As colocircnias eram vistas como instrumentos de poder das metroacutepoles Por isso a
produccedilatildeo foi organizada de acordo com a poliacutetica econocircmica do mercantilismo tendo como
objetivo o fortalecimento do Estado nacional e a acumulaccedilatildeo de riquezas monetaacuterias nas matildeos
das burguesias europeias Cada metroacutepole preocupava-se fundamentalmente e manter a posse
de suas colocircnias como bem mostra Caacuteceres (1993 p 19)
A administraccedilatildeo colonial estava centralizada na metroacutepole e tinha por finalidade
baacutesica garantir que as colocircnias gerassem produtos para a metroacutepole a baixos custos e
consumissem os manufaturados metropolitanos a preccedilos mais altos O elemento
mais importante desse sistema era o monopoacutelio comercial das metroacutepoles sobre as
colocircnias cuja economia girava em torno das necessidades econocircmicas
metropolitanas e de sua burguesia
Ateacute mesmo as formas de produccedilatildeo das colocircnias eram organizadas de acordo com
as necessidades metropolitanas No Brasil colocircnia por exemplo foi introduzida a escravidatildeo
a fim de se obter uma produccedilatildeo em larga escala necessaacuteria agrave economia europeia Essas
colocircnias em aacutereas tropicais que produziam para o mercado externo eram chamadas colocircnias
de exploraccedilatildeo28
Sua economia era baseada na grande propriedade na monocultura e no
trabalho compulsoacuterio isto eacute obrigatoacuterio
Com o estado portuguecircs no Brasil aumentaram tanto as exportaccedilotildees quanto as
importaccedilotildees e consequentemente a necessidade de um satisfatoacuterio transporte mariacutetimo
27
TERRA BRASILIS Disponiacutevel em lthttpswwwmarmilbrdhndhnhistoricohtmlgt Acesso em 1 Abr 2011 28
CAacuteCERES 1993 p 19
46
Durante o seacuteculo XVI e iniacutecio do seacuteculo XVII o Brasil tornou-se o maior produtor de accediluacutecar
do mundo e o responsaacutevel pela riqueza dos senhores de engenho da Coroa e de comerciantes
portugueses poreacutem foi soacute com a vinda da famiacutelia real portuguesa para o Brasil que a
navegaccedilatildeo brasileira se intensificou
A chegada ao Rio de Janeiro do Priacutencipe Regente D Joatildeo e da Rainha D Maria I
fugindo das guerras napoleocircnicas na Europa foi um marco na histoacuteria da marinha brasileira
Nessa eacutepoca a marinha portuguesa encontrava-se decadente mas sua capacidade foi ampliada
para poder apoiar a ldquoEsquadra Realrdquo e os navios estrangeiros jaacute que o fluxo aumentou
consideravelmente em virtude da abertura dos portos brasileiros ao comeacutercio com outras
naccedilotildees Podemos dizer que a transmigraccedilatildeo da Famiacutelia Real portuguesa foi fundamental para
que mais tarde ocorresse a independecircncia unificada de todo o territoacuterio de colonizaccedilatildeo
portuguesa na Ameacuterica A cidade do Rio de Janeiro tornou-se sede do governo portuguecircs o
que gerou um surto de progresso em vaacuterios setores da sociedade colonial
IMAGEM 2 Primeira esquadra brasileira29
Posteriormente com as tentativas das Cortes de fazer D Pedro regressar para a
Europa iniciou-se a cisatildeo da Marinha de Portugal Desde o princiacutepio de 1822 alguns
comandantes de navios passaram a obedecer somente ao Priacutencipe e o apoiaram nas ocasiotildees
em que houve ameaccedilas de uso de forccedila Comeccedilava nesse periacuteodo a se formar o embriatildeo da
marinha do Brasil
29
ESQUADRA Disponiacutevel em lthttpwwwgooglecombrsearch3Fq3D2522Marinha2BImperial
2BBrasileiragt Acesso em 1 Abr 2011
47
23 As navegaccedilotildees na eacutepoca do Brasil Impeacuterio
Com a independecircncia do Brasil o primeiro governo encontrou a difiacutecil tarefa de
unificar o extenso territoacuterio brasileiro em cujo litoral encontravam-se os principais centros
urbanos ou seja era emergencial que o Estado possuiacutesse uma Esquadra e estabelecimentos de
apoio para manter a unidade nacional Para eliminar os focos de resistecircncia interna agrave
autoridade do novo Imperador que eram mais fortes nas proviacutencias da Bahia Maranhatildeo
Gratildeo-Paraacute e Cisplatina e rechaccedilar qualquer tentativa de recolonizaccedilatildeo por parte da antiga
metroacutepole foi necessaacuterio o aprestamento de forccedilas terrestres e principalmente o preparo de
uma forccedila naval capaz de obter o domiacutenio do mar interceptar a vinda de reforccedilos portugueses
bloquear as posiccedilotildees inimigas e manter livres as comunicaccedilotildees mariacutetimas do novo Impeacuterio
garantindo a unidade nacional Era preciso aleacutem da Esquadra possuir a capacidade de reparar
os navios existentes e construir outros
Segundo Bittencourt30
em fins de 1822 ldquoo material flutuante ainda era muito
escasso com navios que tinham sua origem na Marinha de Portugal e que passaram a constituir o
primeiro nuacutecleo da Esquadra brasileira composto pelas Fragatas Uniatildeo e Real Carolina Corvetas
Maria da Gloacuteria e Liberal Brigue Real Pedro Brigue-Escuna Real 13 escunas ndash das quais sete
encontravam-se estacionadas no Prata ndash e de aproximadamente 20 navios-transportes e
canhoneiras Os outros navios estacionados no Rio de Janeiro somente trecircs eram utilizaacuteveis a
Nau Martins de Freitas a Fragata Sucesso e o Brigue Reino Unido os quais foram prontamente
reparados no Arsenal de Marinha A Nau Priacutencipe Real que trouxe D Joatildeo VI ao Brasil soacute pocircde
ser utilizada como navio-prisatildeo devido ao peacutessimo estado que se encontravardquo
De acordo com Vale (1971 p 10)
[] a princiacutepio parecia natildeo haver falta de oficiais para a nova Marinha 160 tinham se
estabelecido no Brasil desde 1808 mas a maioria era de portugueses e tornou-se
necessaacuterio verificar primeiro sua lealdade Com esta finalidade Cunha Moreira
estabeleceu uma comissatildeo em 5 de dezembro de 1822 para perguntar a cada oficial se
ele desejava servir ao Brasil ou voltar para Portugal Ficou logo claro que a grande
maioria aderia agrave causa brasileira e quando foram retirados os nomes dos mais velhos e
dos incapazes restou um total de 94 Era evidente que o Brasil tinha oficiais superiores
em nuacutemero suficiente mas a quantidade de oficiais inferiores dava apenas para
guarnecer os navios jaacute em comissatildeo nos estabelecimentos de guerra
Nesse periacuteodo a Marinha Imperial Brasileira possuiacutea em seus quadros
profissionais oriundos de diversos grupos sociais O engajamento e o recrutamento de pessoal
30
MARINHA IMPERIAL Disponiacutevel em lthttpwwwmarmilbrdiversosArtigos_selecionadosDocumentos
marinha_imperialpdfgt Acesso em 25 Abr 2011
48
para a marinhagem ocorriam de forma voluntaacuteria por contrato (geralmente estrangeiros) ou
pelo recrutamento agrave forccedila (vagabundos e criminosos) e posteriormente em decreto emitido
em fevereiro de 1823 permitiu-se a admissatildeo de escravos na Marinha Muitos eram oriundos
da Marinha de Portugal despertavam portanto desconfianccedila Outros tantos natildeo tinham
experiecircncia no mar Apesar desses problemas o governo imperial conseguiu unificar a
marinha brasileira da eacutepoca
IMAGEM 3 Marinha Imperial31
Eacute consenso que o instrumento decisivo para alcanccedilar a Independecircncia do Brasil
certamente foi a feliz decisatildeo do Governo Imperial de aprestar uma Esquadra capaz de
garantir o controle no mar negando-o aos portugueses possibilitar o deslocamento de tropas
de maneira mais raacutepida cortar as linhas de recebimento de suprimento e reforccedilo do inimigo
pelo mar
24 Consideraccedilotildees
Como se sabe os marinheiros envolvidos nas viagens mariacutetimas portuguesas
eram fundamentalmente gente do povo pouco instruiacuteda natildeo lhes sendo acessiacutevel portanto
o domiacutenio de uma terminologia muito elaborada Mesmo assim ela existe eacute dicionarizada e
merece ser estudada Podemos dizer que ao desenvolvimento das ciecircncias e teacutecnicas naacuteuticas
em Portugal correspondeu o florescimento de toda uma terminologia vernaacutecula herdada no
Brasil
31
MARINHA IMPERIAL Disponiacutevel em lt httpswwwmarmilbrmenu_hnoticias0609201002htmlgt
Acesso em 25 Abr 2011
49
Depois dessa breve exposiccedilatildeo acerca das grandes navegaccedilotildees que rudimentares
nos seacuteculos XIV e XV ultrapassaram o niacutevel da praacutetica rotineira jaacute nos primeiros anos do
seacuteculo XVI passamos a apresentar os procedimentos metodoloacutegicos adotados nesta pesquisa
50
Capiacutetulo 3
51
Capiacutetulo 3 ndash Procedimentos metodoloacutegicos
Como jaacute apontado na Introduccedilatildeo nossa pesquisa insere-se na aacuterea do leacutexico mais
especificamente do leacutexico especializado referente aos termos naacuteuticos Em nosso entender o
leacutexico especializado ou a terminologia e suas unidades ndash os termos ndash natildeo se separam
artificialmente do resto da liacutengua mas encaixam-se fazendo parte integrante dela Nessa
perspectiva natildeo concebemos a terminologia nem os termos seus objetos de anaacutelise como um
mundo agrave parte da realidade linguiacutestica de uma liacutengua Ao contraacuterio acreditamos que as
terminologias presentes em um dicionaacuterio satildeo constituiacutedas de subsistemas ndash tais como termos
meacutedicos termos da arquitetura termos naacuteuticos dentre muitos outros ndash que interagem dentro
de um sistema maior que eacute o leacutexico geral
Sobre esse tema Murakawa (2002 p 21) discorre
[] o leacutexico de uma liacutengua se compotildee de dois grupos de unidades lexicais num 1ordm
grupo as unidades satildeo compreendidas e empregadas do mesmo modo por todos os
membros da sociedade num 2ordm grupo as unidades satildeo apenas compreendidas e
empregadas por parte maior ou menor dessa sociedade e satildeo usadas no seu emprego
correto pelos membros de um grupo particular
De acordo com essa linguista por necessidade de se compor uma terminologia as
pessoas buscam na liacutengua comum unidades leacutexicas que passaratildeo a ter daiacute por diante um
significado especiacutefico
Nessa visatildeo seguimos as propostas teoacutericas defendidas por Cabreacute (1999) no
acircmbito da teoria comunicativa da terminologia Segundo essa terminoacuteloga os termos satildeo
unidades lexicais de fato que assumem significados especializados quando usadas em
determinados acircmbitos de especialidade Assim sendo podemos encontrar inuacutemeros termos
que tecircm por base unidades da liacutengua corrente que migram para registros linguiacutesticos
especializados como tambeacutem encontramos unidades lexicais terminoloacutegicas formadas por
estruturas morfoloacutegicas comuns agraves estruturas de palavras que encontramos no leacutexico da liacutengua
corrente
Sabemos que nos uacuteltimos anos os estudos terminoloacutegicos conheceram um
desenvolvimento notaacutevel com os avanccedilos da Linguiacutestica em geral e da lexicologia em
particular tendo-se hoje em dia uma visatildeo muito mais ampla da unidade lexical de uma
linguagem especializada
Neste estudo partimos de um tema ou de um ldquoassuntordquo ndash ou seja da terminologia
naacuteutica trabalhamos pois com o percurso ldquodo conceito agrave palavrardquo ou ldquoda ideia ao signordquo
nos moldes do meacutetodo onomasioloacutegico
52
Por onomasiologia entende-se um aspecto particular da pesquisa linguiacutestica que
partindo de uma determinada ideia examina as vaacuterias maneiras com as quais essa
ideia encontrou expressatildeo na palavra32
Em seguida estendemos nossa anaacutelise agrave palavra ou ao signo linguiacutestico ndash percurso
semasioloacutegico e voltamos ao onoma
Para os conceitos de leacutexico lexicologia lexicografia terminologia adotamos
como base teoacuterica Matoreacute (1953) Biderman (1978 1991 1998 1999 2001) Cabreacute (1999)
Barros (2007 2009) Krieger e Finatto (2004) Krieger (2006)
Para a anaacutelise dos dados ao longo do tempo tomamos como base norteadora a
concepccedilatildeo de Linguiacutestica Histoacuterica tal como apresentada por Bynon (1977 p 1-2) e Cohen
(1996 p3) que postulam
A Linguiacutestica Histoacuterica procura investigar e descrever a maneira pela qual as liacutenguas
mudam ou conservam suas estruturas atraveacutes do tempo seu domiacutenio eacute portanto a
liacutengua no seu aspecto diacrocircnico
As limitaccedilotildees do trabalho diacrocircnico satildeo tantas que natildeo se pode abrir matildeo de
informaccedilotildees que possam nos facilitar o acesso agrave liacutengua antiga
31 Objetivos
Nosso objetivo geral nesta pesquisa eacute realizar um estudo sincrocircnico e diacrocircnico
do leacutexico correspondente agrave terminologia naacuteutica presente no Diccionario da Lingua
Brasileira de Luiz Maria da Silva Pinto publicado na cidade de Ouro Preto no ano de 1832
Como objetivos especiacuteficos almejamos
1) estudar as origens dos termos naacuteuticos Sabemos que ao desenvolvimento das ciecircncias
e teacutecnicas naacuteuticas em Portugal correspondeu o florescimento de toda uma
terminologia vernaacutecula mas haacute outros termos provenientes de liacutenguas como o catalatildeo
o italiano e o aacuterabe
2) conferir se os termos selecionados se encontram presentes em obras lexicograacuteficas de
referecircncia nos seacuteculos XVIII XIX XX e se os mesmos mantiveram seus
significados e ainda se constam como ldquotermos naacuteuticosrdquo
3) consultar o corpus do Projeto DHPB CNPq com o objetivo de verificar se os termos
constantes no Diccionario da Lingua Brasileira integraram no passado o nosso
leacutexico e se havia variantes ortograacuteficas da palavra nos textos escritos dos seacuteculos
XVI XVII XVIII
4) o Brasil eacute composto por numerosas culturas que se vecircem refletidas em nossas escolhas
vocabulares atraveacutes do tempo inclusive no campo das liacutenguas de especialidade A
32
BERTOLDI citado por Babini 2006 p 38
53
exploraccedilatildeo econocircmica das terras americanas constitui um episoacutedio da Histoacuteria que se
refletiu de maneira significativa natildeo soacute na incorporaccedilatildeo de novas palavras no
Portuguecircs do Brasil mas na progressiva modificaccedilatildeo semacircntica e lexical de diversos
termos no fluir do tempo Assim temos como um dos objetivos analisar o repertoacuterio
textual concernente agrave navegaccedilatildeo econocircmica da colocircnia em documentos e textos
originais o que constitui uma das fontes primaciais para a compreensatildeo de nossa
proacutepria trajetoacuteria histoacuterica
5) verificar se a terminologia naacuteutica presente no Diccionario da Lingua Brasileira
descreve a realidade brasileira nessa aacuterea ou se faz parte desse dicionaacuterio somente com
o objetivo de enriquecer nosso leacutexico
6) apontar os termos naacuteuticos do dicionaacuterio Aureacutelio ndash seacuteculo XX Comparar esses termos
com o primeiro dicionaacuterio impresso no Brasil ou seja o Diccionario da Lingua
Brasileira verificando se houve manutenccedilatildeo expansatildeo ou mudanccedila nesse leacutexico de
especialidade
7) eacute notoacuterio que os marinheiros envolvidos nas viagens e na empresa dos
Descobrimentos eram fundamentalmente gente do povo gente simples que tripulava
os navios e executava a maioria das operaccedilotildees necessaacuterias agrave manobra do barco natildeo
lhes sendo acessiacutevel portanto o domiacutenio de uma terminologia elaborada Supomos
que a terminologia usada por estes profissionais teria de ser forccedilosamente simples (ou
simplificada) constituiacuteda por muitos termos provenientes da liacutengua corrente que lhes
permitissem conceitualizar realidades especializadas (como as relacionadas com a
navegaccedilatildeo com as manobras envolvidas neste processo com as partes do navio e com
os instrumentos que dele fazem parte) Esse leacutexico estaacute presente no Diccionario da
Lingua Brasileira e ou no Aureacutelio ndash seacuteculo XX
8) contribuir para o desenvolvimento da investigaccedilatildeo histoacuterica na aacuterea da Terminologia
disponibilizando um estudo da aacuterea de especialidade devidamente analisado
54
32 Caracteriacutesticas do Diccionario da Lingua Brasileira
Em termos de microestrutura o Diccionario da Lingua Brasileira apresenta
basicamente a entrada e a classe morfoloacutegica seguida da definiccedilatildeo Quando recebe ldquomarcas
de usordquo essas vecircm entre parecircnteses depois da classificaccedilatildeo morfoloacutegica e antes da definiccedilatildeo
se o vocaacutebulo soacute tem uma acepccedilatildeo como mostra o verbete em destaque
Poucas vezes o Diccionario da Lingua Brasileira apresenta duas acepccedilotildees como
em abotoadura raras vezes apresenta trecircs como em arruela e nunca apresenta abonaccedilotildees
Algumas vezes realiza pequenos comentaacuterios
Quando apresenta duas ou mais acepccedilotildees a ldquomarca de usordquo vem sempre antes de
cada definiccedilatildeo como eacute o caso do termo arruela que eacute definida pelo autor como termo de
armaria termo naacuteutico e termo de ourives
55
33 Meacutetodos e procedimentos
Para a realizaccedilatildeo deste trabalho utilizamo-nos do volume digital da ediccedilatildeo
microfilmada iniciada no ano de 1982 pelo Arquivo Puacuteblico Mineiro localizado na cidade
de Belo Horizonte Minas Gerais certificado pela documentaccedilatildeo apresentada a seguir
IMAGEM 4 Documentaccedilatildeo da obra digitalizada
Realizamos primeiramente a leitura do Diccionario da Lingua Brasileira e
fizemos o levantamento das unidades lexicais que remetem ao mundo da navegaccedilatildeo
Observamos inicialmente para proceder a essa seleccedilatildeo as ldquomarcas de usordquo que se referem agrave
terminologia naacuteutica Em uma segunda etapa lemos todos os outros verbetes uma vez que
temos consciecircncia de que muitas terminologias dentre elas a naacuteutica natildeo se encontram
marcadas Partimos portanto como jaacute mencionamos de um corpus dicionariacutestico referente agrave
terminologia naacuteutica que se intitula da liacutengua brasileira do iniacutecio do seacuteculo XIX e
posteriormente organizamos um corpus composto por 153 unidades leacutexicas constituiacutedo de
117 substantivos 3 adjetivos 32 verbos e 1 adveacuterbio
Feita a recolha os dados foram organizados em fichas lexicograacuteficas
56
IMAGEM 5 Obra utilizada digitalizada pelo APM
57
331 Fichas lexicograacuteficas
Para sistematizar e analisar os dados elaboramos uma ficha que chamamos de
lexicograacutefica para cada unidade leacutexica selecionada Nesta seccedilatildeo apresentaremos a
constituiccedilatildeo dessa ficha
(Nuacutemero da ficha)
Apresentaccedilatildeo do termo selecionado da obra em formato digital
Apresentaccedilatildeo do termo digitado
______________________________________________________________________
Registro em dicionaacuterios
rarrCunha
rarrBluteau
rarrMoraes e Silva
rarrLaudelino Freire
rarrAureacutelio
Abonaccedilatildeo do termo em Banco de Dados
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Origem
Figura 3 Ficha Lexicograacutefica
a) Do lado esquerdo na parte de cima apresentamos o nuacutemero da ficha lexicograacutefica em
negrito
b) Na primeira divisatildeo da ficha na parte superior destacamos a unidade lexical que seraacute
analisada colando natildeo soacute o termo mas todo o verbete copiado da versatildeo digital da
obra em seguida no lado esquerdo esse verbete eacute digitalizado objetivando desse
modo facilitar a leitura
c) Na segunda parte da ficha destacamos como cada um dos cinco dicionaacuterios consultados
definem o termo Quando isso natildeo ocorre ou seja quando um dos dicionaacuterios natildeo
registra o termo indicamos ldquonerdquo (natildeo-encontrado) no espaccedilo seguinte ao nome do
autor
d) Quando o termo eacute abonado pelo Banco de Dados do Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do
Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI XVII XVIII constituiacutedo por textos da eacutepoca do
Brasil Colocircnia copiamos a abonaccedilatildeo no espaccedilo abaixo da linha pontilhada
e) A uacuteltima parte da ficha eacute composta por comentaacuterios e aponta ainda a origem do termo
Por meio das fichas consultando os autores das obras lexicograacuteficas
correspondentes a periacuteodos diversos podemos visualizar se a unidade lexical em estudo eacute ou
natildeo dicionarizada por um ou mais autores ou por nenhum deles e tambeacutem podemos
conhecer sua origem A ficha aponta ainda se o termo ocorreu ou natildeo no Brasil no periacuteodo
58
colonial Aleacutem de analisar o termo coletado a ficha lexicograacutefica constitui uma boa
ferramenta para nos auxiliar no trabalho de quantificaccedilatildeo e comparaccedilatildeo dos dados
Segue o modelo de uma ficha preenchida
Ficha 43
Calmaria s f (T Naut) Falta de vento
______________________________________________________________________
rarrCunha calma sf bdquogrande calor atmosfeacuterico geralmente sem vento‟ XV bdquoserenidade
sossego‟ 1813 Do it calma derivado do latim tardio cauma e este do grego kauma bdquocalor
ardente chama‟ [] calmaria sf bdquocalma‟ XVI
rarrBluteau Calmaricirca Tanquilidade das aguas do mar Malacia amp Fem Amanheceo o dia
ſeguinte em huma terrivel Calmaria Queirograves Vida do Irmatildeo Baſto pag 351
rarrMoraes e Silva calmaria sf de Naut Tempo de calma no mar em que o navio natildeo surde
ldquoestar o mar em calmariardquo []
rarrLaudelino Freire sf De calma + aria Cessaccedilatildeo do vento e do movimento das ondas
[]
rarrAureacutelio [ De calma + aria] Sf 1 Ausecircncia de ventos eou do movimento das ondas
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
[] por cinco ou seis dias tivemos grandes calmarias trovoadas e chuveiros tatildeo escuros e
medonhos e tatildeo fortes ventos que era cousa despanto e no meio dia ficavamos numa noite
mui escura
PADRE FERNAtildeO CARDIM (1980) [1583] III - INFORMACcedilAtildeO DA MISSAtildeO DO P
CHRISTOVAtildeO GOUVEcircA AacuteS PARTES DO BRASIL - ANNO DE 83 - OU NARRATIVA
EPISTOLAR DE UMA VIAGEM E MISSAtildeO JESUIacuteTICA[A00_0751 p 142]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente Moraes e Silva define calmaria como termo naacuteutico mas todos os
outros dicionaacuterios em suas definiccedilotildees remetem o significado desse termo a tempo e
atmosfera Origem italiana lt latina
FIGURA 4 Ficha Lexicograacutefica preenchida
Nesta parte de construccedilatildeo das fichas nos apoiamos em dicionaacuterios e banco de
dados tomamos como referecircncia o dizer de Bluteau (1712 v1) quando afirma que
As palavras natildeo significam por sua natureza mas por instituiccedilam dos homens amp
cada Naccedilatildeo assim barbara como polida deu principio amp sentido agraves palavras de
que usa Daqui nace que natildeo temos outra prova da propriedade das palavras que o
uso dellas amp deste uso natildeo hatilde evidencia mais certa amp permanente que a q nos fica
nas obras dos Autores ou manuscritas ou impressas
59
332 Sobre os dicionaacuterios consultados
Para a anaacutelise das unidades leacutexicas coletadas contamos com obras lexicograacuteficas
consideradas de referecircncia a saber
a) Vocabulario Portuguez e Latino de autoria de P Raphael Bluteau (seacuteculo XVIII)
Selecionamos esse dicionaacuterio por ser uma obra que contempla grande parte do leacutexico
da liacutengua portuguesa ateacute iniacutecio do seacuteculo XVIII aumentando e atualizando
aproximadamente em cinco vezes o vocabulaacuterio ateacute entatildeo dicionarizado conforme
destaca Verdelho33
e principalmente por ser reconhecido pelos estudiosos da aacuterea
como uma obra de referecircncia nos estudos lexicograacuteficos de liacutengua portuguesa De
acordo com Murakawa (2007 p173) a obra de Bluteau ldquonatildeo eacute uma obra lexicograacutefica
que trata apenas das palavras mas tambeacutem trata de coisas e por isso deve ser
considerada um dicionaacuterio ou um vocabulaacuterio enciclopeacutedicordquo De acordo com a
mesma autora ldquona maioria das vezes a informaccedilatildeo enciclopeacutedica completa a
informaccedilatildeo linguiacutestica das entradas e neste aspecto o Vocabulario se transforma num
repositoacuterio da cultura portuguesa e tambeacutem da cultura universalrdquo34
Ainda sobre a
importacircncia de termos selecionado essa obra que se organiza em torno de um corpus
real de liacutengua apoiamo-nos dizeres em Murakawa (2007 p 187)
Entre os inuacutemeros e variados meacuteritos que o Vocabulario possui um deles merece ser
ressaltado o iniacutecio de uma lexicografia portuguesa baseada em um corpus de
referecircncia organizado a partir de obras dos seacuteculos XV ao XVIII pertencentes aacutes
mais diversas aacutereas de conhecimento do periacuteodo de setecentos e o registro dessas
obras acompanhando os exemplos no interior dos verbetes indicando volume
paacutegina paraacutegrafo foacutelio e quando existia ateacute mesmo a ediccedilatildeo consultada
A composiccedilatildeo do Vocabulario constituiu um longo e conturbado
empreendimento que ocupou quase 50 anos da vida de Rafael Bluteau Na dedicatoacuteria a D
Joatildeo V Bluteau lembra a necessidade de uma obra que fizesse justiccedila agrave grandeza da liacutengua
portuguesa de Portugal e sobretudo do seu rei ldquoobjectivos que conferem ao Vocabulario
uma dupla funccedilatildeo poliacutetica pois para aleacutem de contribuir para a afirmaccedilatildeo do portuguecircs no
panorama linguiacutestico europeu concorre para a construccedilatildeo da imagem de um monarca
ilustrado e mecenasrdquo35
33
VERDELHO 2002 p 23 34
MURAKAWA 2007 p 186-187 35
SILVESTRE 2001 p 2
60
IMAGEM 6 O Vocabulario de Bluteau
61
b) Diccionario da Liacutengua Portugueza de autoria de Antoacutenio de Moraes Silva (seacuteculo
XIX) Tomando como base o Vocabulaacuterio Portuguez e Latino Moraes constroi seu
dicionaacuterio utilizando-se tambeacutem de obras de vaacuterios autores acrescentando outros
mais que P Raphael Bluteau o que talvez por influecircncia do Tribunal do Santo Ofiacutecio
e ainda pela censura literaacuteria tenham sido deixadas por esse uacuteltimo conforme
destaca Murakawa36
Segundo ainda essa autora37
ldquoo Diccionario de Moraes pode
ser considerado como o primeiro dicionaacuterio de uso da liacutengua portuguesa porque os
que o antecederam natildeo podem ser classificados de tal maneirardquo Nesta pesquisa
utilizamos para consulta o volume digitalizado da ediccedilatildeo de 1813
IMAGEM 7 O Diccionario de Moraes Silva
36
MURAKAWA 2007 p31 37
Op cit p119
62
c) O Grande e Noviacutessimo Dicionaacuterio da Liacutengua Portuguesa de Laudelino Freire
(primeira metade do seacuteculo XX) foi escolhido como obra de referecircncia da primeira
metade do seacuteculo XX por tratar-se de um dicionaacuterio que apresenta grande riqueza
vocabular por incluir muitas locuccedilotildees expressotildees e brasileirismos Laudelino de
Oliveira Freire seu autor nasceu em Lagarto SE em 26 de janeiro de 1873 e faleceu
no Rio de Janeiro RJ em 18 de junho de 1937 Formou-se em Direito em 1902 Foi
advogado jornalista professor poliacutetico criacutetico e filoacutelogo Eleito em 1923 para a
Cadeira n 10 na sucessatildeo de Rui Barbosa como membro da Academia Brasileira de
Letras laacute organizou trabalhos em lexicografia tendo apresentado em 1924 um plano
de dicionaacuterio de liacutengua portuguesa A comissatildeo encarregada desse dicionaacuterio foi
dissolvida em 1934 A obra (1939-1944) eacute publicaccedilatildeo poacutestuma composta em cinco
volumes impressa pela editora A Noite com a colaboraccedilatildeo de J L de Campos Vasco
Lima e Antocircnio Soares Franco Juacutenior
IMAGEM 8 Grande e Noviacutessimo Dicionaacuterio da Liacutengua Portuguesa de Laudelino Freire
d) Novo Dicionaacuterio Aureacutelio da Liacutengua Portuguesa de Aureacutelio Buarque de Holanda
Ferreira (2004) Optamos por essa obra pelo fato de este ser considerado como um
dicionaacuterio padratildeo da sociedade brasileira apresentando um vasto repertoacuterio lexical
incluindo grande nuacutemero de brasileirismos Eacute um dicionaacuterio que embora conte com
limitaccedilotildees apresenta grande nuacutemero de abonaccedilotildees de obras variadas exemplificaccedilotildees
exemplos baseados em linguagem falada e escrita indicaccedilatildeo da variabilidade
linguiacutestica no territoacuterio nacional aleacutem de concisatildeo e clareza nas definiccedilotildees
e) Dicionaacuterio Etimoloacutegico Nova Fronteira da Liacutengua Portuguesa de autoria de Antocircnio
Geraldo da Cunha Consta em nossa ficha esse dicionaacuterio com o objetivo principal
esclarecer a origem dos vocaacutebulos e a dataccedilatildeo aproximada da sua entrada na liacutengua
63
portuguesa Outra finalidade da escolha desse dicionaacuterio foi a de identificar as formas
variantes que tais vocaacutebulos adquiriram ao longo do tempo podendo com isso verificar
se algumas dessas formas coincidiam com aquelas encontradas no nosso corpus
Apoacutes a consulta a essas obras visando constatar se os termos selecionados
encontravam-se ou natildeo presentes nelas observando ainda suas origens e as marcas de uso
passamos posteriormente a consultar o Banco de Dados do Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do
Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI XVII XVIII
333 Sobre o Banco de Dados
O Banco de Dados PDHPB CNPq integra o Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do
Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI XVII XVIII e eacute constituiacutedo por uma base informatizada
que reuacutene textos do portuguecircs do Brasil ou sobre o Brasil colonial dos mais variados gecircneros
escritos por autores brasileiros e portugueses radicados no paiacutes desde o seacuteculo XVI
O Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI XVII XVIII
(DHPB) do Programa Instituto do Milecircnio ndash CNPq com sede na Faculdade de Ciecircncias e
Letras da UNESP (Universidade Estadual Paulista) Campus de Araraquara foi idealizado e
construiacutedo pela linguista Maria Tereza Camargo Biderman e com seu falecimento em 2008
estaacute sendo coordenado pela tambeacutem linguista Clotilde de Almeida Azevedo Murakawa Eacute um
projeto de um dicionaacuterio histoacuterico diacrocircnico portanto documental que tem como objetivos
especiacuteficos
1) reunir numa obra de consulta o leacutexico da liacutengua portuguesa que no periacuteodo do
Brasil Colonial fixou um repertoacuterio lexical que veio a constituir o portuguecircs
brasileiro 2) registrar as unidades lexicais substantivos adjetivos e verbos que
compotildeem a nomenclatura do Dicionaacuterio Histoacuterico 3) extrair dos contextos
inseridos no banco de dados todas as acepccedilotildees que a palavra-entrada ou lema
possui acompanhadas do contexto e de completa informaccedilatildeo bibliograacutefica 4)
registrar a data mais antiga que a entrada apresenta no conjunto de todos os
documentos que compotildeem o banco de dados38
Utilizando dois programas computacionais ndash o Philologic e o UNITEX 20 o
Banco de Dados do DHPB foi construiacutedo no Laboratoacuterio de Lexicografia da UNESP sede do
Projeto estabelecido o ano de 1500 com a carta de Caminha a dataccedilatildeo documental mais
antiga e o ano de 1808 data da chegada da famiacutelia real ao Brasil sua dataccedilatildeo mais perto da
contemporacircnea
38
MURAKAWA 2010 p 331
64
Sobre os textos utilizados eles se constituem os mais variados possiacuteveis
conforme nos aponta Murakawa (2010 p334)
Com relaccedilatildeo agrave tipologia das obras escolhidas haacute que se ressaltar que tendo em vista
os objetivos especiacuteficos do DHPB elas foram as mais variadas possiacuteveis obras dos
missionaacuterios viajantes na sua maioria jesuiacutetas que vieram em missatildeo catequeacutetica e
no Brasil se fixaram diaacuterios de navegaccedilatildeo como o de Pero Lopes de Sousa irmatildeo
de Martim Afonso de Sousa cartas de sesmarias roteiros descritivos da flora e
fauna brasileiras descriccedilotildees geograacuteficas cartas e sermotildees do PeVieira pregados
aqui no Brasil e de outros oradores sacros que para aqui vieram obras e
documentos que tratam do Estado do Gratildeo Paraacute durante a era pombalina obras
sobre a nobiliarquia paulistana atos de cacircmaras municipais documentos cartoriais
autos de devassas feitos durante a Inconfidecircncia Mineira processos inventaacuterios
testamentos alvaraacutes posturas bandos atos de doaccedilotildees de terras casas e terrenos
cartas de ofiacutecio patentes cartas dos governadores gerais provisotildees documentos
forenses constituiccedilotildees dos bispados no Brasil regimentos militares obras sobre
medicina farmaacutecia agricultura etc e muitas outras num conjunto que pode ser
considerado ldquomonumentalrdquo para os fins a que foi proposto
Contando com aproximadamente 7 milhotildees e 500 mil ocorrecircncias esse Banco de
Dados por noacutes consultado permitiu que dele extraiacutessemos as unidades lexicais comuns aos
153 termos constantes no nosso corpus em estudo
A utilizaccedilatildeo do Banco de Dados do Projeto DHPB permitiu que conferiacutessemos se
os termos que compotildeem nosso corpus se encontram contextualizados em textos do periacuteodo
colonial brasileiro e ainda que observaacutessemos suas variaccedilotildees
Depois de explicitarmos as posiccedilotildees teoacutericas adotadas e os meacutetodos e
procedimentos de que lanccedilamos matildeo nesta pesquisa passemos no proacuteximo capiacutetulo agrave
descriccedilatildeo e anaacutelise dos dados catalogados em fichas lexicograacuteficas
65
Capiacutetulo 4
66
Capiacutetulo 4 ndash Apresentaccedilatildeo e Descriccedilatildeo dos Dados
Conforme jaacute relatado no Capiacutetulo 3 para cada um dos 153 termos marcados
como ldquotermo naacuteuticordquo no dicionaacuterio DLB construiacutemos uma ficha lexicograacutefica Essa ficha
nos daacute vaacuterias informaccedilotildees 1) transcreve o verbete selecionado do DLB 2) aponta sua origem
3) mostra se o dado selecionado eacute considerado ldquotermo naacuteuticordquo pelos lexicoacutegrafos a) Bluteau
(seacutec XVIII) b) Moraes e Silva (seacutec XIX) c) Laudelino Freire (seacutec XX) d) Aureacutelio (seacutec
XXI) 4) indica por meio de abonaccedilotildees se o termo em estudo ndash na forma apresentada pelo
dicionaacuterio em anaacutelise ou em suas variantes ortograacuteficas e foneacuteticas ndash consta no Banco de
Dados do Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI XVII XVIII
que reuacutene textos escritos por brasileiros ou sobre o Brasil durante o periacuteodo colonial 5)
realizam-se comentaacuterios com o objetivo de fornecer esclarecimentos para posterior anaacutelise
A seguir listamos essas fichas em ordem alfabeacutetica
A
Ficha 1
[]
rarrAba sf [] No plural (T naut) os lados dos machos e femeas em que gira o leme e que
estatildeo pregados no navio e no leme
________________________________________________________________ rarrCunha aba
1 sf bdquoparte pendente de um objeto‟l XIII abaa XIV l De origem duvidosa
talvez se filie ao lat ălăpa atraveacutes de uma forma ăpăla como se poderia depreender do port
ant abaa []
rarrBluteau Diz-ſe da extremidade ou de algum acrecentamento na extremidade de couſas
naturaes ou artificiaes como em obras de marcenaria carpintaria amp outras []
rarrMoraes e Silva natildeo consta com essa acepccedilatildeo
rarrLaudelino Freire sf [] 4 Os lados de uma cousa as metades as partes laterais as
bandas aba da focirclha da janela etc
rarrAureacutelio [] 3 Prolongamento ger dobraacutevel de tampo de mesa ou de outros moacuteveis []
8Fig Proteccedilatildeo amparo arrimo
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo existem ocorrecircncias de aba como termo
naacuteutico
_______________________________________________________________ Comentaacuterios nenhum dos dicionaacuterios define aba como termo naacuteutico Origem duvidosa
(latina)
67
Ficha 2
Abotoadura sf [] No plur (T naut) As peccedilas de ferro que estatildeo debaixo das mezas e
seguratildeo as enxarcias com suas bigotas Abotucaduras parece ser corrupccedilatildeo deste vocabulo ______________________________________________________________________
rarrCunha abotoado ndashadura -amento -ar rarr BOTAtildeO [] Do a francecircs AbotoADURA
1813 botoadura XIV
rarrBluteau Abotoadugravera (Termo de navio) Satildeo huns ferros que vem debaxo das mezas de
guarniccedilatildeo amp tem matildeo na enxarcia com ſuas bigotas
rarrMoraes e Silva abotoaduacuteras s f pl naut Peccedilas do navio de ferro que vem debaixo das
mezas de guarniccedilatildeo e tem matildeo na enxarcia com suas bigotas
rarrLaudelino Freire sf De abotoar + dura Ato de abotoar []Jocircgo de bototildees que se
tomam no aparelho do navio com linha alcatroada em forma de cruz etc ABOTOADURAS
sf pl O mesmo que abatocadurasABATOCADURAS sf pl De abatocar + dura ndash s Naacuteut
Nome geneacuterico que designa as cadeias chapas e cavilhas que seguram as mesas das enxaacutercias
reais contra o costado do navio Var morf Batocaduras
rarrAureacutelio [De abotoar + -dura] SF Marinh Conjunto de bototildees que ligam dois cabos ou
duas pernadas do mesmo cabo
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo existem ocorrecircncias de abotoadura
abotoaduras abotucaduras abatocaduras como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios consultados apresentam abotuadura(s) como termo
naacuteutico ou da marinha ou de navio Origem francesa
Ficha 3
Abroquelar va cobrir com broquel (T nau) Bracear por sota vento ao virar de bordo
depois de ter dado geito ao braccedilo do velaxo por barlavento
______________________________________________________________________
rarrCunha abroquelar BROQUEL sm bdquoescudo antigo redondo e pequeno‟bru- XVIDo a
francecircs bocler (hoje bouclier) de bocle bdquoguarniccedilatildeo de metal no centro do escudo‟ e este do
latim bŭcŭla dim de bucca bdquoboca‟ AbroquelAR XVII abru- XVI
rarrBluteau natildeo consta
rarrMoraes e Silva ABROQUELAacuteR vat Cobrir com broquel sect __se no f guardar-se
forrar-se emparar-se Arte de furtar p 322
rarrLaudelino Freire ABROQUELAR Naacuteut Bracear por sotavento ao virar de bordo depois
de ter dado jeito ao braccedilo do velacho por barlavento
rarrAureacutelio [De a-2 + broquel + -ar
2] [] 2 Resguardar ou cobrir com broquel ou escudo 3
Fig Proteger defender resguardar escudar []
68
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo existem ocorrecircncias de abroquelar como
termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios somente Laudelino Freire aponta abroquelar como termo naacuteutico Sua
definiccedilatildeo eacute idecircntica agrave do DLB Origem francesa
Ficha 4
[]
Accedilafratildeo sm ndashotildees no plur [] T Naut o largo do leme justo ao couce que serve para
facilitar o movimento delle
______________________________________________________________________
rarrCunha sm bdquoplanta da fam das iridaacuteceas‟ ccedilaffram XIV Do aacuterabe az-zafaran rarrBluteau AacuteCAFRAM [] do Arabico Zabafaran[] Accedilafratildeo (Termo de naacutevio) He o
largo do leme junto agrave patelha amp ſerve para facilitar o movimento do meſmo leme
rarrMoraes e Silva ACcedilAFRAtildeO sm t naut O largo do leme junto agrave patelha o qual serve
para facilitar o seu movimento
rarrLaudelino Freire ACcedilAFRAtildeO sm Aacuter Azzaferan Planta bulbosa da famiacutelia das iridaacuteceas
(Crocus sativus) Naacuteut Madeira exterior larga junto a palhecircta do leme ao qual facilita os
movimentos
rarrAureacutelio accedilafratildeo [Do aacuter az-zalsquofarăn do persa] Sm Bot Planta herbaacutecea da famiacutelia das
iridaacuteceas (Crocus sativus) de procedecircncia europeia e possuidora de um bolbo perene 2 Bot
A flor dessa planta accedilaflor 3 Bras V urucu1 (2)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo apresenta ocorrecircncia para accedilafratildeo como
termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Aureacutelio e Cunha soacute definem accedilafratildeo como nome de planta Os outros
dicionaacuterios apontam accedilafratildeo como 1) nome de planta 2) termo naacuteutico Origem aacuterabe
Ficha 5
Agarruchar va (T naut) atar com garruchas
______________________________________________________________________
rarrCunha Garrocha gt garra ceacuteltico
rarrBluteau AGARROCHAR Ferir com garrocha Jaculo figere transfigegravere transverberare
Vid Garrocha
rarrMoraes e Silva AGARRUCHAR v at Naut Apertar atar com garruchas [] mesuraratildeo
as velas e agarruchaacuteratildeo os papafigos
rarrLaudelino Freire AGARROCHAR v tr dir De a + garrocha + ar Ferir com garrocha
farpear Instigar excitar incitar estimular AGARRUCHADO adj p p de agarruchar1
Naacuteut Apertado com garruchas AGARRUCHAR [] Ant Naacuteut Atar ou apertar com
garruchas
rarrAureacutelio agarruchar [De a-2+ garrocha + -ar
2 ] V td 1 Apertar ou atar com garrucha (2)
[Cf agarrochar e agarrunchar] agarrochar [De a-2
+ garrocha + -ar2
] Vtd 1 Ferir ou
picar com garrocha garrochar 2 Incitar estimular 3 Atormentar mortificar []
agarrunchar [] Vtd Ligar com garruncho []
69
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo apresenta ocorrecircncia para agarruchar
como termo naacuteutico
_____________________________________________________________________
Comentaacuterios Moraes e Silva e Laudelino Freire apontam agarruchar como termo naacuteutico
Origem duvidosa (ceacuteltico)
Ficha 6
Alcaxas sf (T naut) Espaccedilo entre cinta e cinta do navio
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau T de navio He tomado o vatildeo entre cinta amp cinta da banda de fora da nao
rarrMoraes e Silva sf pl t naut O vatildeo entre cinta e cinta pelo costado do navio
rarrLaudelino Freire ALCAXAS sf O mesmo que alcaichaALCAIXA Naacuteut 1 Espaccedilo
entre as cintas e verdugas por fora dos navios 2 Faixa branca pintada na altura da bateria
pela parte exterior 3 Uma ou mais ordens de debrum branco no colarinho das camisas dos
marinheiros
rarrAureacutelio natildeo constam os lemas alcaicha alcaxa alcaixa alcaxas
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo apresenta o termo alcaxas e suas
variantes
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Bluteau Moraes e Laudelino apresentam alcaxas como termo naacuteutico
Origem controvertida (Houaiss 2001)
Ficha 7
Aldrope sm (T nautico) cabo que se ata agrave manga da bomba V Gualdrope
Gualdrope sm Cabo que se ata no extremo da cana do leme e nas amuradas para o governar
melhor
______________________________________________________________________
rarrCunha aldrope- sm bdquocabo com que se puxa a picota da bomba a bordo ou se auxilia o
governo do leme‟l aldrope XVI gualdrope XVIII l Do ing guide-rope provavelmente
rarrBluteau ALDROPE (Termo de navio) Vid Gualdrope Sem largarem os Aldropes das
bombas das matildeos de dia nem de noite
rarrMoraes e Silva ALDROacutePE sm Cabo que se ata aacute manga da bomba para augmentar a
forccedila ou para poderem zonchar mais pessoas Couto 415sect Talvez se toma poacutelo manuacutebrio ou
manga e seraacute o mesmo que Gualdrope cabo que se ata ao leme para o segurar melhor e
governa-lo Idem 7103
rarrLaudelino Freire ALDROPE sm O mesmo que galdropeGaldrope sm Naacuteut Cabo
com que se puxa a picota da bomba a bordo ou se auxilia o governo do leme
rarrAureacutelio aldrope- (Galdrope [Do ing guide rope]) Sm Constr Nav Ant V gualdrope
Gualdrope [Var De galdrope lt ingl guide-rope] Sm Const Nav 1 Corrente cadeia ou
cabo de arame que transmite agrave cana do leme os movimentos da roda do leme [] 2 Nas
embarcaccedilotildees miuacutedas cada um dos cabos presos agraves duas pontas da meia-lua do leme para
manobra deste
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo constam aldrope e suas variantes
______________________________________________________________________
70
Comentaacuterios Em todas as obras consultadas aldrope e gualdrope satildeo termos ligados a arte
de navegaccedilatildeo Origem inglesa
Ficha 8
Alestar va Por lesto Ter prestes ccedilafar entre os naacuteuticos
______________________________________________________________________
rarrCunha alestar natildeo consta Lesto de origem obscura
rarrBluteau LESTO O meſmo que leſtes Vid No ſeu lugar (De maneira que ficou leſto o
navio Britto Viagem do Braſil pag 85) LESTES amp preſtes Preparado poſto em ordem
couſa prompta para algum fim Paratus a um Cic Vid Preſtes
rarrMoraes e Silva ALEacuteSTAR vat fazer lesto desembaraccedilar Amaral f51v mandou alestar
as peccedilas do leme que vinhatildeo recolhidas ieacute ter prestes safar se natildeo eacute erro por assestar
rarrLaudelino Freire ALESTAR vrv De a + lesto + ar Tornar lesto pronto ou
desembaraccedilado (tr dir pr) ldquoAlestar os empregadosrdquo ldquoMinerva o enrija e alestardquo (Odorico
Mendes) ldquoAleste-se
rarrAureacutelio ALESTAR [De a-2 + lesto + -ar
2] []1 Tornar(-se) lesto apressar(-se) ativar(-
se)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Cinco dias se deteve a caravela em Cabo-Verde os quaes acabados levou ferro e se pocircz
lesta a seguir viagem aos 26 do mesmo Dezembro []
PADRE JOSEacute DE MORAES (1860) [1759] LIVRO III - ENTRADA DA COMPANHIA DE
JESUS NA CAPITANIA DO GRAtildeO-PARAacute - CAP X - FELIZ VIAGEM PARA A MISSAtildeO DO
MARANHAtildeO DO GRANDE PADRE ANTONIO VIEIRA GRANDE EMBARACcedilO QUE TEVE
ANTES DA SUA PARTIDA PODERES E MERCEcircS COM QUE O DESPEDIO O PIISSIMO E
SEMPRE AUGUSTO REI O SR D JOAtildeO IV [A00_0279 p 281]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios nenhum dos dicionaristas apontam alestar como termo naacuteutico embora
Bluteau e Moraes apresentem abonaccedilotildees indicando que esse lexema remete ao universo
mariacutetimo Origem obscura
Ficha 9
[]
Alforge sm [] Alforges no Navio he a parte da poppa nos encontros e a reacute com humas
janellas para os lados que lhe servem de ornato
______________________________________________________________________
rarrCunha alforje sm ldquoduplo saco fechado nos extremos e aberto no meio‟ 1899 alforge
XVI alforja 1871 l Do ar Al- hurğ
rarrBluteau ALFORGE ou Alforges he huma eſpecie de ſacola de couro ou de outra mateacuteria
dividida em duas algibeiras em que ſe mete alguma proviſaotilde neceſſaria para a jornada amp nas
beſtas ſe potildeem nas ancas ou de huma amp outra parte do arccedilaotilde da ſella amp na gente de pegrave ſe
carrega nos ombros co hua parte ao peito amp outra agraves coſtas Derivaſe Alforge do Araacutebico
Ahfodia amp do verbo Ahfad que valo meſmo que guardar porque no Alforge guarda o
viandante o que leva para o ſeu ſuſtento []
rarrMoraes e Silva Apresenta alforje mas natildeo como termo naacuteutico
71
rarrLaudelino Freire ALFORJE sm Ar Al-khurj [] ALFORJES s m pl Naacuteut Saliecircncias
nos dois cantos da pocircpa
rarrAureacutelio alforge ou alforje- s m [Do aacuter al-hurğ] 1 Duplo saco fechado nas extremidades
e aberto no meio formando como que dois bornais que se enchem equilibradamente sendo a
carga transportada no lombo de cavalgaduras ou ao ombro de pessoas []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo apresenta ocorrecircncias para alforje alforge
como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios dentre os dicionaristas consultados somente Laudelino Freire aponta alforjes
(na forma plural) como termo naacuteutico Origem aacuterabe
Ficha 10
Almeida sm (T naut) O vatildeo por onde entra a cana do leme acima do cadaste
______________________________________________________________________
rarrCunha almeida sf bdquoabertura por onde entra a cana do leme‟ XVI De origem controvertida
rarrBluteau Almeida do leme ou almeida da nao He por onde entra a cana do leme por cima
do cadaſte Naotilde ſei que tenha nome proprio latino Calcule pella Almeida da nao abaixo em
bergantim Barros Decad 2 fol68 col2
rarrMoraes e Silva ALMEIDA sft de Naut O vatildeo por onde entra a cana do leme por cima
do cadaste A almeida do leme Barros
rarrLaudelino Freire ALMEIDA s f Ar Almayda Naacuteut Abertura ou vatildeo por onde entra a
cana do leme acima do cadaste parte cocircncava da popa do navio
rarr Aureacutelioalmeida S f Constr Nav 1 Parte curva do costado dos antigos navios de popa
quadrada logo abaixo do painel da popa e que com este forma acircngulo obtuso ou uma
curvatura
rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo apresenta ocorrecircncias para almeida como
termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todas as obras indicam almeida como termo naacuteutico Origem aacuterabe (Sousa
amp Moura)
Ficha 11
Amura sf (T naut) cabo grosso que prende nos punhos das vegravelas e se fixatildeo na amurada
______________________________________________________________________
rarrCunha muro sm Amura sf bdquotipo de cabo naacuteutico‟ XVI Der Regress De amurada
rarrBluteau Amugravera Termo de navio He hum cabo groſſo que vai do punho da vela grande amp
do traquete a borda da nao para eſtender as velas quando o vento he eſcaſſo Naotilde tem palavra
propria latina
rarrMoraes e Silva AMURA s f t naut A quadra de proa nas embarcaccedilotildees Cast 2 c 101 sect
it Cabo que prende em uma ponta da vela grande e a vem fixar na borda ou amurada da naacuteo
rarrLaudelino AMURA s f Cabo com que se mareiam os papafigos e as velas menores
cutelos e varredouras 2 Quadra da proa
rarrAureacutelio amura [Der regress de amurada] S f 1 Constr Nav Bochecha (3) 2Marinh
Cabo com que se puxa para vante o punho de barlavento de uma vela redonda de modo que
ela receba bem o vento 3 MarinhCabo com que se prende ao mastro ou na direccedilatildeo da proa
o punho da amura de uma vela latina
72
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo conteacutem o termo amura Origem
portuguesa lt latina
Ficha 12
Amurada s f (T naut) A parte exterior e interior do navio onde se fixatildeo as amuras
______________________________________________________________________
rarrCunha amura -ada ndash MURO sm bdquoparede forte que circunda um recinto ou separa um
lugar do outro‟ fig defesa proteccedilatildeo XIII Do latim murus ndashi Amura sf 1tipo de cabo
naacuteutico‟ XVI Der Regress de AmurADA sf 1face interna do costado de uma embarcaccedilatildeo‟
XVI []
rarrBluteau AMURADAS da nao caravela ou outra Embarcaccedilaotilde Saotilde mais altos da parte de
dentro Latera navis interiora Nas Amuradas das caravellas Damiaotilde de Goes Fol 70 col 3
rarrMoraes e Silva AMURAacuteDA s f A parte mais alta dos bordos da natildeo onde se fixatildeo as
amuras Goacutees Cron Man 70 sect O costado do navio pola parte de dentro ldquo encostar-se nas
amuradasrdquo correu o canhatildeo contra a amurada de bombordordquo
rarrLaudelino Freire AMURADA s f De amura + ada Prolongamento do costado do navio
acima da parede interna do casco
rarr Aureacutelio [F subst de amurado]S f 1 Constr Nav Face interna do costado de uma
embarcaccedilatildeo2 Constr Nav Prolongamento do costado da embarcaccedilatildeo acima do conveacutes
descoberto borda da embarcaccedilatildeo 3 P ext Muro de arrimo paredatildeo
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Muito conʃiderada ʃeragrave a eleiccedilatildeo dos Cabos para aʃsiʃtir agrave polvora trazer cartuxos apagar
fogo cudado da artelharia do arpeo amp ronda das amuradas com lenternas em vigia das
balas ao lume da agoa para as tomarem por dentro
FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR () [A00_2496 p 61]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todas as obras consultadas apresentam amurada ou amuradas como termo
naacuteutico Origem portuguesa lt latina
Ficha 13
Anrique sm (T naut) Corda em que a boia se prende aacute ancora
______________________________________________________________________
rarrCunha consta ourinque sm bdquoespeacutecie de espinhel‟ l XVI ourinquis pl XV l O voc port
talvez se relacione com o cast orinque o a cat orri e o fr orin todos derivados do neerl
ooring bdquoanel que sutenta o cabo das embarcaccedilotildees‟
rarrBluteau ANRIQUE da Anchora He huma corda que ſe amarra na unha da Anchora amp
vem acima da agoa amp na ponta ſe lhe potildeem huma boya Serve paraq cortandoſe a amarra
com que a nagraveo eſta amarrada ſe vacirc depois buſcar a Ancora Naotilde tem palavra proacutepria latina Na
Historia de Fern Mendes Pinto fol 262 col2 eſta erradamente Ourique em lugar de
Anrique
rarrMoraes e Silva ANRIacuteQUE s m t de Naut Corda com que se prende a boya aacute unha da
ancora
rarrLaudelino Freire ANRIQUE s m Corda com que se prende a boacuteia agrave unha da acircncora
rarrAureacutelio arinque1 [Var de ourinque (q v)]Sm Marinh1Linha que prende o ferro a uma
boacuteia para indicar a posiccedilatildeo daquele quando se encontra fundeado ourinque anrique arinque2
S m Bras SC 1 Espeacutecie de espinhel
73
rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo conteacutem o termo anrique
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam anrique como termo naacuteutico Origem
castelhana (orinque) lt neerlandesa (ooring)
Ficha 14
Arfar va (T Naut) Metter o navio hora a proa hora a poppa
______________________________________________________________________
rarrCunha arfar vb bdquorespirar com dificuldade ansiar ofegar‟ XVI Talvez do lat vulg
arefāre (claacutess arefacegravere bdquosecar‟) arfANTE 1899
rarrBluteau ARFAR (Termo Nautico) Arfar a naacuteo Levantar a naacuteo com alternadas agitaccediloens
a popa amp a proa Arfa a nao [] A grande capitania que recebe Com aproa ogroſſo mar que
Arfando (bebePereira Ulyſſca Cant 5 oit 16Arfar []
rarrMoraes e Silva ARFAR v n Balancear erguendo-se e tombando ou pendendo a naacuteo
Euf 25 B 3 7 sect Arfar o cavalo empinar-se por-se em femeas sect fig Restituir-se a cima a
coisa elastica acurvada v g as tranccedilas da palmeira arfatildeo com algum peso
rarrLaudelino Freire ARFAR v r v Naacuteut Balancear ou oscilar o navio abaixando ora a
popa ora a proa jogar (intr) ldquoNo oceano arfam trecircs caravelasrdquo (Pocircrto Alegre) ldquoQue importa
a borrasca se a nau tem a prende-la os rijos dentes de ferro da acircncora
rarrAureacutelio arfar [Do lat vulg arefare ltlat arefacere secar poss] [] 4Mar Balouccedilar
oscilar (a embarcaccedilatildeo) no sentido longitudinal erguendo a proa []
rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq
As naus entre montanhas de mar ainda quando arfavam mal se viam
JOSEacute ALVARES DE OLIVEIRA (1981) [nd] HISTOacuteRIA DO DISTRITO DO RIO DAS
MORTES SUA DESCRICcedilAtildeO DESCOBRIMENTO DAS SUAS MINAS CASOS NELE
ACONTECIDOS ENTRE PAULISTAS E EMBOABAS E CRIACcedilAtildeO DAS SUAS
VILAS[A00_0395p95]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam arfar tambeacutem como termo naacuteutico
Origem duvidosa (latim vulgar)
Ficha 15
Arriar v a (T Naacuteutico) Abaixar ou alargar a vela a bandeira etc
____________________________________________________________________
rarrCunha arriar vb bdquoabaixar descer ( o que estava suspenso ou levantado)‟ XVI Do cast
arriar deriv Do lat arrēdāre ldquopreparar dispor‟ Cp ARREAR
rarrBluteau ARRIAR ou Arrear (Termo Nautico) Alargar abater amp Arriar a eſcota He
alargar a ditta corda paraque naotilde tome a vela tanto vento Verjoriam laxare Arrias velas V
Amainar O que eſtiver de ſotavento Arrie o velacho Britto Viagem do Brazil pag 268
Arriar a bandeira Abaxalla Bellicum vexilium demittere (mitto ) pondolhe a proa com
a bandeira que Arriaracirc amp iſſaracirc com eſpaccedilo Britto Viagem do Braſil paacuteg 269
rarrMoraes e Silva ARRIAacuteR v at Abater amainar vg arriar as bandeiras velassect
Afroixar vg arriar as escotas para que a veacutela natildeo vaacute tatildeo enfunada sect Arriar-se segurar-se a
cabo para se alar para algum posto Cast 2 157
rarrLaudelino Freire ARRIAR vr 2ordf- Arriar eacute abaixar e em sua origem tecircrmo naacuteutico
Arriar a vela ( ad-retro ad-retrare cf francecircs cognato arriegravere)
74
rarrAureacutelioarriar [Do cat arriar] Verbo transitivo direto1Abaixar descer (o que estava
suspenso ou levantado) [] 4Marinh Deixar correr pouco a pouco (um cabo que aguenta um
peso)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
O que deʃcubrir vellas amp natildeo forem das noʃʃas tiraragrave hũa peʃʃa ʃeguindo-as com o farol aʃezo
para o acompanharem os mais Se as eʃtrangeiras paʃʃarem de duas tantas vezes como forem
as embarcaccedilotildees iʃʃaragrave amp arriaragrave hum farol de correr junto ao principal para advertirʃe que
eʃte movimento natildeo he do mar amp deʃparando hũa peʃʃa a Capitana volte aviʃala
FRACISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 59]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterio apesentam arriar entre outras acepccedilotildees como termo do
universo mariacutetimo acima consultados Origem castelhana
Ficha 16
[]
Arruella sf [] (T Nautico) Argolinhas de ferro
_____________________________________________________________________
rarrCunha arruela sf bdquochapa com furo circular pelo qual se introduz o parafuso a fim de que a
porca natildeo desgaste a peccedila que vai ser aparafusada‟ XV rroela XIV Do ant fr roelle (hoje
rouelle) deriv Do lat tard rotella dim De rǒta bdquoroda‟
rarrBluteau ARRUELAS Arruelas (Termo de Navio) Saotilde humas argolinhas de ferro que ſe
metem nas cavilhas ate ajuſtar o buraco para ſe lhe meter a chaveta Naotilde tem termo proprio
Latino
rarrMoraes e Silva (arrueacutella) [] t de Naut Arruellas satildeo argolinhas de ferro que se mettem
na cavilha ate ajustar o buraco para se lhe metter a chaveta aninas lhe chamatildeo nos engenhos
d‟assucar
rarrLaudelino Freire ARRUELA sf Fr Ant roele Circunferecircncia em forma de moeda em
escudos heraacuteldicos 3 Pedaccedilo redondo de prata que se obteacutem vazando a prata fundida no
tijolo 4 Chapa de ferro na ponta da cavilha 5 Arco de ferro para apertar ou reforccedilar
usado em construccedilotildees navais
rarrAureacutelio arruela [De ar-4 + ruela
2] sf 1Chapa redonda de accedilo com furo circular na qual
se mete o parafuso a fim de que a porca natildeo desgaste a peccedila que vai ser aparafusada 2Heraacuteld
Besante de brasatildeo roel 3Pedaccedilo de prata lavrado em tijolo
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
As aſpas da Roda larga amp grande ſuſtentaotilde aos arcos o
interior da meſma Roda entre os dous arcos della aſſegurados cotilde muitas cavilhas de ferro amp
com ſuas arruellas amp chavetas meti
ſuas voltas ſegura
ANDREacute JOAtildeO ANTONIL (1711) [1711] LIVRO II - CAPITVLO I - DA EſCOLHA DA
TERRA PARA PLANTAR CANNAS DE AſſUCAR amp PARA OS MANTIMENTOS
NECEſſARIOS amp PROVIMENTO DO ENGENHO [A00_2577 P 48]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios de todos os dicionaacuterios acima consultados soacute o Aureacutelio natildeo apresenta arruela
como termo naacuteutico Origem francesa
75
Ficha 17
Avencadura ou Ovencadura (T naut) Enxarcia real
______________________________________________________________________
rarrCunha Natildeo constam avencadura e ovencadura Consta oveacutem sm bdquo(Marinh) cordas
grossas de navio‟ 1813 Do a fr hobent (ou hobenc) deriv do escandinavo ant houmlfuđbendur
(pl de houmlfuđbenda) de benda bdquocorda‟ e houmlfuđ bdquocabeccedila‟
rarrBluteau AVENCADURA Avenccediladugravera (Termo de Marinhagem) Chamaotilde-lhe outros
Enxarcia Real Vid Ovencadura Qual voltando pela Avencadura Na antena mayor contra a
procella A vela grande quer ver amainada Inful De Man Thomas livro 2 oit 86
rarrMoraes e Silva AVENCADURA V Ovencadura Enxarcia real T de Naut
OVENCADUacuteRA (ovencaduacutera) s f t de Naut A enxarcia real o feixe ou totalidade dos
ovens OVEacuteM (oveacutem) s m t de Naut Nome commum a todo cabo que serve de ter matildeo nos
mastros descendo das gargantas dlsquoelles ate aacutes mesas de guarniccedilatildeo
rarrLaudelino Freire AVENCADURA s f Ant O mesmo que ovencadura
OVENCADURA s f Naacuteut Conjunto de oveacutens a enxarcia real OVEacuteM s m Antfr hauban
Naacuteut Cada um dos cabos que aguentam os mastros para a borda
rarrAureacutelio natildeo constam avencadura e ovencadura Consta oveacutem Oveacutem [Do escand ant
houmlfudbendur pelo fr ant hobent ou hobene] Substantivo masculino 1Constr Nav Cada
uma das pernadas da enxaacutercia Desarmam o toldo de lona agrave proa [] colhem os guardins as
enxaacutercias os oveacutens os brandais todo o cordame em suma capaz de ser tocado pela ramaria
do arvoredo debruccedilado na calha (Raimundo Moraes Na Planiacutecie Amazocircnica p 77)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Que experimentamos jaacute quando noutra jornada do Braſil padecernos nelle hum horrivel
naufragio De preſente pela forccedila com que jugava ſurto na Ilha da Madeira abrio o calcegraves
por duas partes rebentando o eſtay mayor amp muita avencadura
FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 14]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios de todos os dicionaacuterios acima consultados soacute o Aureacutelio natildeo apresenta
avencadura ovencadura Os outros apresentam esse lexema como termo naacuteutico Origem
francesa
B Ficha 18
Banzeiro adj (T Naut) Diz-se do mar quando natildeo faz grandes ondas e do jogo que anda
igual para os parceiros
______________________________________________________________________
rarrCunha banzar bdquoespantar pasmar surpreender‟ 1813 Do lat bilanceare de bilancia
bdquobalanccedila‟ Do significado primitivo de bdquooscilar mover-se como balanccedila‟ passaria ao de
ondear‟ de que resultaria o de bdquoficar estonteado‟ [] banzeiro XVI
rarrBluteau BANZEIRO Inquieto Mal ſeguro Mar banzeiro nem quieto nem tormentoſo
[] Mas como o mar com a calamaria andave Banzeiro Barros I Decfol27colI []
rarrMoraes e Silva BANZEgraveIRO adj t de Naut Diz-se do mar que natildeo tem ondas mas que se
agita vagarosamente []
76
rarrLaudelino Freire banzeiro adj Diz-se do mar quando faz pequenas ondas e se agita
vagarosamente []
rarrAureacutelio Adjetivo 1 Diz-se do mar que se agita vagarosamente e em pequenas ondas []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Os mesmos remos padeceratildeo tantas falhas no seu exerciacutecio quantas forem as inconstacircncias
assim no mar como dos navios inquietos e inclinados jaacute para um e para outro lado nos
mares banzeiros e muito mais nos alterados e assim muitas e muitas vezes natildeo chegaratildeo a
aacutegoa e circularatildeo em seco apontando os ares mas natildeo virando os mares
PADRE JOAtildeO DANIEL (1976) [1757] PARTE SEXTA - DO TESOURO DESCUBERTO NO
RIO MAXIMO AMAZONAS - CONTEacuteM INVENTOS UacuteTEIS E CURIOSOS PARA A MELHOR
FAZENDO NAVEGACcedilAtildeO PROacuteSPEROS TODOS OS VENTOS AINDA OS MAIS
PONTEIROS E CONTRAacuteRIOS E PARA FAZER NAS CALMARIAS BOA VIAGEM COM
NOVA INVENCcedilAtildeO DE REPRESAR AS MAREacuteS PARA MOEREM FAacuteBRICAS E INGENHOS
DE MOTO CONTIacuteNUO ACCRESCEM ALGUMAS OUTRAS IDEacuteAS DE INGENHOS
MANUAES PARA SERRAR MADEIRA FAZER ACcedilUacuteCAR E MUITOS OUTROS NAtildeO
MENOS CURIOSOS QUE UacuteTEIS A VIDA HUMANA - CAP 2deg - SOBRE A MESMA
MATEacuteRIA DO PRIMEIRO INVENTO [A00_1965 p 393]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterio apesentam banzeiro entre outras acepccedilotildees como termo do
universo mariacutetimo Origem portuguesa lt latina
Ficha 19
Barbear va Fazer as barbas a algueacutem vn (T Naut) Estar prezo
______________________________________________________________________
rarrCunha barba ndash sf bdquocabelos do rosto do homem‟ XIII Do lat barba ndashae []
rarrBluteau BARBEAR Fazer a barba Cic Barbear (Termo Nautico) Barbeando os navios
ſobre as amarras trinta amp outo dias Britto Viagem do Braſil pag 180
rarrMoraes e Silva BARBEacuteAR vat Fazer as barbas a alguemsect vnt de Naut estar
abarbado preso vg barbeando os navios sobre a amarra Brito Viag
rarrLaudelino Freire BARBEAR vrv De barba + ear Fazer ou talhar as barbas a (tr dir
pr) [] 2 Abarbar (o cavalo) para medir a alccedilada (tr dir) [] 3Amarrar (tr dir)
rarr Aureacutelio barbear [De barba + -ear2] Verbo transitivo direto 1Fazer a barba a Verbo
pronominal2Fazer a proacutepria barba []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Depois que com ſingular felicidade eſtiveratildeo ſem nenhum dano tantos navios barbeando
ſobre a amarra trinta amp oito dias no perigoſo ſurgidouro da Coſta do Recife aacute terccedila feira da
Semana Santa onze de Abril principiamos noſſa derrota
FRACISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR () [A00_2496 p 36]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Bluteau e Moraes e Silva apresentam barbear como termo naacuteutico
significando ldquoprender estar presordquo Na 3ordf acepccedilatildeo desse verbo Laudelino Freire define-o
como amarrar mas natildeo o classifica como termo naacuteutico Origem portuguesa lt latina
77
Ficha 20
Barcolas sf plur (T Naut) As bordas onde encaixatildeo os quarteis de fechar as escotilhas
______________________________________________________________________
rarrCunha barc∙ o -ola rarr BARCA - bdquotipo de embarcaccedilatildeo‟ XIII Do lat tard barca de
origem hispacircnica [] barcOLA 1899
rarrBluteau BARCOLAS Barcocirclas (Termo de navio) Saotilde humas bordas mais altas em que
encaxatildeo os quarteis com que ſe cobrem as eſcotilhas amp deſpois ſe paſſa hum varatildeo ou cadeu
de ferro em que ficaotilde fechadas Naotilde temos palavras propria Latina
rarrMoraes e Silva BARCOacuteLAS (barcoacutelas) s f plur T de Naut As bordas onde encaxatildeo os
quarteis de fechar as escoltilhas
rarrLaudelino Freire BARCOLAS sf pl Naacuteut Bordas em que se encaixam os quarteacuteis de
fechar as escotilhas
rarrAureacutelio natildeo consta
rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Aureacutelio natildeo apresenta o lexema barcola Em todos os outros dicionaacuterios esse
lexema eacute apresentado como termo naacuteutico Origem hispacircnica lt latina
Ficha 21
Barquilha sf Peccedila atada a hum cordel comprido com que os navegantes medem o espaccedilo
que o navio vence com certo vento
______________________________________________________________________
rarrCunha barca ndash do latim tardio barca de origem hispacircnica
rarrBluteau natildeo consta barquilha mas barquinha ndash [] He como um barco de pescar ordinario
mas com quilha alta amp torre por baixo que vem de proa ateacute popa amp os furos por onde vai a
corda com facilidade []
rarrMoraes e Silva BARQUIacuteLHA (barquiacutelha) s f t Naut Peccedila de madeira da feiccedilatildeo de um
quarto de circulo atada a um longo cordel a qual se lanccedila por popa e dando-se-lhe corda por
tempo medido pela ampolheta se recolhe para saber-se o espaccedilo que o navio vinga com certo
vento em certo tempo e isto pouco mais ou menos outros dizem barquinha
rarrLaudelino Freire BARQUILHA s f De barca + ilha Mar Peccedila de madeira de forma
triangular ou dum quadrante precircsa a um cordel que se lanccedila da pocircpa dum navio para avaliar a
velocidade da sua marcha barquinha
rarrAureacutelio natildeo consta barquilha consta barquinha ndash [Dim de barca] Substantivo
feminino[] 4Ant Naacuteut Dispositivo com que na eacutepoca dos descobrimentos mariacutetimos do
seacutec XV se determinava a velocidade do navio
rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq
A praacutetica que usam os navegantes sobre a navegaccedilatildeo de Leste a Oeste eacute ordinariamente a
que chamam barquinha que eacute uma taboinha no fim de um comprido cordatildeo enrodilhado em
um rodiacutezio a qual taboinha largam sobre o mar da popa abaixo tendo na matildeo uma
ampulheta e segundo a velocidade com que o peso da barquinha levada das aacutegoas
desenrola o cordel do seu rodiacutezio inferem a velocidade ou andadura do navio para o que o
cordel tem sua conta que regulam pela ampulheta e dela foram seus caacutelculos e destes suas
ideacuteas de quanto anda em cada minuto em cada quarto em cada hora e em cada sangradura
78
Quatildeo sujeita seja a erros esta barquinha se pode logo inferir do seu cocircmputo e caacutelculo que
natildeo eacute outra cousa mais que uma conjectura ou estimativa tatildeo irregular e diversa como a
diversidade dos pilotos e navegantes
PADRE JOAtildeO DANIEL (1976) [1757] PARTE SEXTA - DO TESOURO DESCUBERTO NO
RIO MAXIMO AMAZONAS - CONTEacuteM INVENTOS UacuteTEIS E CURIOSOS PARA A MELHOR
FAZENDO NAVEGACcedilAtildeO PROacuteSPEROS TODOS OS VENTOS AINDA OS MAIS
PONTEIROS E CONTRAacuteRIOS E PARA FAZER NAS CALMARIAS BOA VIAGEM COM
NOVA INVENCcedilAtildeO DE REPRESAR AS MAREacuteS PARA MOEREM FAacuteBRICAS E INGENHOS
DE MOTO CONTIacuteNUO ACCRESCEM ALGUMAS OUTRAS IDEacuteAS DE INGENHOS
MANUAES PARA SERRAR MADEIRA FAZER ACcedilUacuteCAR E MUITOS OUTROS NAtildeO
MENOS CURIOSOS QUE UacuteTEIS A VIDA HUMANA - CAP 4deg - DE ALGUAS OUTRAS
ADVERTEcircNCIAS SOBRE A NAVEGACcedilAtildeO [A00_1967]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Moraes e Silva e Laudelino Freire classificam barquilha como termo naacuteutico
Aureacutelio na 4ordf acepccedilatildeo para o lexema barquinha apresenta esse termo como naacuteutico
indicando ainda ser termo antigo No Banco de Dados consultado soacute encontramos a variante
barquinha Origem hispacircnica lt latina
Ficha 22
Bastardo sm Nome de huma uva Moeda que houve na Iacutendia de 10 soldos [T Nautico]
Cabo que se mette por meio das lebres e coccedilonros para atracar as vergas aos mastros
______________________________________________________________________
rarrCunha bastardo adj sm bdquoque nasceu fora do matrimocircnio‟ bdquodegenerado da espeacutecie a que
pertence‟ XIV Do a fr bastard hoje bacirctard [] AbastardAR vb bdquoalterar corromper‟ 1813
rarrBluteau Baſtardos (Termo de navio) Satildeo huns cabos que ſe metem pello meyo das lebres
amp coccedilouros com que ſe atra Atraccedilatildeo as vergas aos mattos [] Ficou a Galeacute Pheniz fem
Baſtardo Malaca conquiſt livro 1oit32
rarrMoraes e Silva BASTAacuteRDO (bastaacuterdo) s m [] Bastardos t de Naut Cabos que se
mettem por meyo das lebres e coccedilouros com que se atraccedilaotilde as vergas aos mastrossect Parece
ser veacutela que se mettia nas galeacutes quando queriaotilde fazer forccedila de veacutela B 4 107 e mettendo os
bastardos por o alcanccedilar
rarrLaudelino Freire BASTARDO adj Fr bacirctard [] 3 Cabo naacuteutico de atracar vecircrgas nos
mastros 4 Naacuteut Vela triangular de pequenas embarcaccedilotildees
rarrAureacutelio bastardo [Do fr ant bastart] [] 10Marinh Cada um dos cabos de que se
compotildeem os enxertaacuterios das vergas de gaacutevea 11Marinh Pequeno cabo munido de caccediloilos e
destinado a aguentar a boca de lobo da carangueja ou retranca de encontro ao mastro 12Mar
V vela de bastardo
rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Aleacutem do significado mais conhecido todos os dicionaacuterios indicam bastardo e
bastardos tambeacutem como termo naacuteutico Origem francesa
79
Ficha 23
Beque sm (T naut) A extremidade da proa
______________________________________________________________________
rarrCunha beque1 sm bdquoestrutura saliente que forma a parte alta da proa dos navios antigos‟
XVI Do fr bec deriv do lat beccus bdquobico‟
rarrBluteau BEQUE Begraveque He na Proa do Baxel a ultima obra de madeira em que de
ordinario aſſenta a figura de algum animal ou monſtro marinho []
rarrMoraes e Silva BEacuteQUE (beacuteque) s m t de Naut A extremidade da proa onde o ordinario
vaacutei alguma figura Viriato 1720 O mar Tyrrbeno os beques vatildeo rasgando
rarrLaudelino Freire BEQUE s m Fr bec Extremidade superior da proa em forma de bico
2 Pop Nariz grande 3 Pop Parte posterior dos vestidos das mulheres Ant Giacuter Bocircca
rarrAureacutelio beque1 [Do fr bec us no fr ant em vez de avant] Substantivo masculino
1Constr Nav Estrutura saliente em geral inclinada para fora que forma a parte alta da proa
dos navios antigos a fim de servir de apoio ao gurupeacutes 2Pop V narigatildeo (2)
rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq
As antigas tem como temos dito na circunferecircnc
bem largas e para se segurarem nas cavernas natildeo seratildeo necessaacuterios mais pregos do que as
de casco logo nesta parte ficaraacute quasi o mesmo poreacutem como estas taacutebuas vatildeo a rematar no
beque e fazer a proa ali poupam toda a ferramenta que levam de mais os cascos com o
accrescentamento das conchas e bochecas e nesta parte levam as taacuteboas menos pregos
PADRE JOAtildeO DANIEL (1976) [1757] QUINTA PARTE - DO TESOURO DESCUBERTO
NO RIO MAXIMO AMAZONAS - CONTEacuteM UM NOVO MEacuteTODO PARA A SUA
AGRICULTURA UTILIacuteSSIMA PRAXE PARA A SUA POVOACcedilAtildeO NAVEGACcedilAtildeO
AUGMENTO E COMEacuteRCIO ASSIM DOS IacuteNDIOS COMO EUROPEOS - CAP 9deg - DE
MELHOR MEacuteTODO PARA A FACTURA DAS CANOAS DO AMAZONAS [A00_1959 p
363]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios indicam beque como termo naacuteutico Origem francesa
Ficha 24
Bigotas sm plur (T Nautico) Satildeo como huns moitotildees com trecircs furos pelo meiochatos e
sem roldanas por onde se enfiatildeo os colhedores das velas
______________________________________________________________________
rarrCunha bigota ndash BIGA sf bdquocarro romano de duas ou quatro rodas puxado por dois
cavalos‟ 1844 Do lat bīga bigota sf bdquoantiga peccedila de embarcaccedilatildeordquo 1813
rarrBluteau BIGOTA de navio Bigocirctas (Termo de navio) ſaotilde huns paos redondos mas
chatos com tres buracos por onde paſſaotilde os colhedores para fazer a enxarcia
rarrMoraes e Silva BIGOacuteTAS (bigoacutetas) s f pl t de Naut Moitotildees chatos sem roldanas
aburacados pelo meyo com furos por onde passatildeo colhedores de veacutelas
rarrLaudelino Freire BIGOTAS s f Naacuteut Montatildeo chato sem roldana furado pelo meio para
dar passagem aos colhedores das velas e a cabos da enxaacutercia
rarrAureacutelio bigota [Do it bigotta] Substantivo feminino 1Marinh Ant Poleame surdo de
madeira de forma lenticular biconvexa com uma goivadura na orla para receber uma alccedila de
80
fixaccedilatildeo e trecircs furos de face a face usado aos pares com um colhedor ligando-os empregado
para tesar oveacutens brandais estais etc
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Fazem-se igualmente vigotas de 25 palmos de comprido e hum de grosso e seu preccedilo he de
500 atheacute 400 rs
LUIZ DOS SANTOS VILHENA (1921) [1801] CARTA VIGESIMA [A00_0846]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios indicam bigota como termo naacuteutico No Banco de Dados
consultado consta a variante vigotas Origem latina
Ficha 25
Bolinete sm (T Naut) He o paacuteo roliccedilo com hum vatildeo por onde joga o pinccedilote e fixo na
coberta de sorte que se move de bombordo a estibordo
______________________________________________________________________
rarrCunha molinete bdquoespeacutecie de cabrestante que sustenta a acircncora em navios pequenos‟
bdquomovimento giratoacuterio raacutepido que se faz com a espada com um pau etc‟ XVI Do fr Moulinet
bdquomoinho pequeno‟ []
rarrBluteau BOLINETE Bolinegravete (Termo de navio) He hum patildeo roliccedilo que eſtacirc fixo na
cuberta de maneira que ſe mova redondamente de Bombordo para Eſtibordo Tem hum
buraco por onde paſſa amp joga o Pinccedilote Natildeo temos palavra propria Latina
rarrMoraes e Silva BOLINEgraveTE (bolinegravete) s m t de Naut Paacuteo roliccedilo que estaacute fixo na
coberta de maneira que se mova e borneye de bombordo a estribordo tem um vatildeo por onde
joga o Pinccedilote
rarrLaudelino Freire BOLINETE s m Cilindro de madeira na coberta do navio o qual
serve de cabrestante para a manobra2 Bateia
rarrAureacutelio bolinete (ecirc) [De molinete (ecirc) poss] Substantivo masculino 1Constr Nav
Molinete 2Vaso de madeira para lavagem das areias auriacuteferas [Cf bulinete]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo constam bolinete molinete com a acepccedilatildeo
naacuteutica
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios indicam bolinete como termo naacuteutico ou referente a navio
Origem francesa
Ficha 26
Bombordo sm (T Naut) O lado esquerdo da nagraveo olhando da popa para a proa
______________________________________________________________________
rarrCunha bombordo sm bdquo(Mar) o lado esquerdo da embarcaccedilatildeo considerando-se a proa
como a sua frente‟ XVI babordo XV Do fr bacircbord deriv do neerl bakboord Com
visiacutevel influecircncia de BOM
rarrBluteau BOMBORDO (Termo de navio) He a parte eſquerda da natildeo eſtando huma peſſoa
com a cara para a proa Siniſtrum latus navis Faz tal pendor para Bombordo Queirograves Vida do
Irmaotilde Baſto fol 124 col1
81
rarrMoraes e Silva BOMBOacuteRDO (bomboacuterdo) s m t de Naut O lado da naacuteo opposto a
estriboacuterdo Naufr De Sep73
rarrLaudelino Freire BOMBORDO s m De bom + bordo Naacuteut 1- Lado esquerdo do navio
olhando-se para a proa 2 Tudo o que fica ao lado esquerdo do navio
rarrAureacutelio bombordo [Do neerl bak boord bordo das costas do dorso (do timoneiro
quando o governo da embarcaccedilatildeo se fazia com um comprido remo colocado a estibordo) pelo
fr babord talvez com infl de bom] S m 1Mar O lado esquerdo da embarcaccedilatildeo
considerando-se a proa como a sua frente [v estibordo e boreste]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Da banda de bombordo me arrebataram os aparelhos com o jogar da nao
PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE
SOUSA [A00_0078 p 55]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios indicam bombordo como termo naacuteutico ou referente a
mariacutetimo Origem francesa
Ficha 27
Botalograves sm (T naut) Paacuteos que tem nas pontas ferros de tres bicos e segundo a sua grossura
servem para largar ou os cutellos ou as varredouras ou para afastar o navio que vem
abordar
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau BOTALOS Botacirclos (Termo de Navio) Satildeo huns paos com huns ferros nas
pontas com tres bicos que ſe botatildeo pelos coſtados dos navios para ſe largarē os cutellos
para que com mais preſſa ſe chegue ao navio a que ſe dagrave caccedila E embaixo no coſtado ſe botatildeo
outros botalos mais groſſos em que ſe largatildeo outras velas a que chamatildeo Barredouras amp eſtes
Botalos ſervem tambeacutem para ſe fincarem no coſtado de outro navio para afaſtar para fora
Natildeo tem nome proprio Latino
rarrMoraes e Silva (botaloacutes) s m pl t de Naut Paacuteos com ferros de tres bicos nas pontas
que servem para se largarem os cutellos e sendo botaloacutes mais grossos para largar as
varredouras que vatildeo polo lados os botaloacutes afastam tambem o navio que vem abordar
rarrLaudelino Freire BOTALOacuteS (botaloacutes) s m pl Naacuteut Paus com ferros de trecircs bicos nas
pontas para vaacuterios serviccedilos a bordo
rarrAureacutelio botaloacute [De botar1 + a
3 + loacute
1] Substantivo masculino Mar 1Ant Pontalete com
que os navios afastavam os inimigos que tentassem abordaacute-los 2Pau que sai pela popa de
embarcaccedilatildeo de vela que usa catita para caccedilaacute-la
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta o termo botaloacutes
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios indicam botalos como termo naacuteutico ou mariacutetimo
Origemonomatopaica - ldquoetim voc trissilaacutebico oxiacutetono formado de todo um segmento
fonoloacutegico que representava a oraccedilatildeo imperativa bota a loacute isto eacute bdquobota a vela da embarcaccedilatildeo
virada para captar o vento‟rdquo (Houaiss 2001)
82
Ficha 28
Bracear v n Mover os braccedilos v a (T Naut) Marear as velas _____________________________________________________________________________
rarrCunha bracear- consta no verbete de braccedilo - sm bdquocada um dos membros superiores do
corpo humano‟ XIII Do lat brac(c) hĭum [] bracEAR XVII
rarrBluteau Natildeo consta
rarrMoraes e Silva BRACEAacuteR (braceaacuter) v at Mover os braccedilossect t de Naut Bracear as
veacutelas H Naut Tom 3 mareaacute-las por meyo dos braccedilos []
rarrLaudelino Freire BRACEAR vrv De braccedilo + ear O mesmo que bracejar (intr) 2
Naacuteut Movimentar horizontalmente (as vecircrgas) em tocircrno do mastro por meio de cabos
chamados braccedilos (tr dir) ldquoAacuterduos penoacuteis braceia rebraceia teacute que o socircpro agrave feiccedilatildeo lhe
enfuna as velasrdquo (Odorico Mendes)
rarrAureacutelio bracear [De braccedilo + -ear2] Verbo transitivo direto 1Marinh Fazer girar (a verga)
no plano horizontal alando pelos braccedilos [v braccedilo (21)] para que a vela fique
convenientemente disposta em relaccedilatildeo ao vento []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Bluteau natildeo dicionariza bracear Todos os outros dicionaristas indicam
bracear como termo naacuteutico ou remete ao universo naacuteutico Origem portuguesa lt latina
Ficha 29
Braccedilo sm membro do corpo humano desde o hombro ateacute a matildeo Pernas dianteiras do
cavallo e outros quadrupedes A parte do instrumento de cordas onde estas se titiliatildeo A peccedila
que atravessa o arco da cruz Peccedila da cadeira onde encosta os braccedilos quem estagrave sentado nelle
Porccedilatildeo de mar entre duas costas pouco apariadas No plur (T Naut) Cabos que vem da ponta
da verga e servem para marear de hum para outro bordo _____________________________________________________________________________
rarrCunha braccedilo sm bdquocada um dos membros superiores do corpo humano‟ XIII Do lat
brac(c)hĭum []
rarrBluteau Braccedilos (Outro termo de navio) ſatildeo huns cabos que vem da ponta da verga com
que ſe marea a hum bordo amp outro ſe poderagrave exprimir em Latim com circumlocuccedilatildeo
rarrMoraes e Silva BRAacuteCcedilO (braacuteccedilo) t de Naut Satildeo os pegatildeo em cavernas para levantar o
grosso navio e estes satildeo braccedilos primeiros sect Braccedilos segundos satildeo as ultimas partes que botatildeo
cavernas da quilha para cima sect Braccedilos satildeo cabos que vem da ponta da verga em que se
mareya de um bordo a outro quando braceyatildeo
rarrLaudelino Freire BRACcedilO s m Lat brachium Naacuteut Cabos fixos agraves extremidades das
vecircrgas e que servem para as fazer girar em tocircrno do mastro
83
rarrAureacutelio braccedilo [Do gr brachiacuteon pelo lat brachiu] Substantivo masculino Marinh Cada
um dos cabos singelos ou dobrados que presos aos laises das vergas redondas se destinam a
dar-lhes movimento no sentido horizontal e a aguentaacute-las para reacute ~ V braccedilos Braccedilo da
acircncora 1 Marinh Cada uma das duas partes recurvadas da acircncora no extremo inferior da
haste que formam a cruz e terminam pelas patas
Braccedilo da verga 1 Marinh Cada um dos cabos ou teques presos agraves extremidades da verga e
que servem para fazecirc-la girar no plano horizontal [Cf amantilho (2)]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta braccedilo como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaristas indicam braccedilo tambeacutem como termo naacuteutico ou da
marinha Origem portuguesa lt latina
Ficha 30
Braga sf Argola com cadea de ferro com que se prende alguem pela perna (T Naut) Cabo
de alar pipas e outras cousas No plur Calccedilas largas
______________________________________________________________________
rarrCunha braga sf ldquocalccedilatildeo geralmente curto e largo que se usava outrora‟ XV bdquogrilheta‟
XVI Do lat braccedila []
rarrBluteau Braga Argola de ferro que prende na perna com huma cadca que prende por
cima Pocircr a braga a hum negro Servo catenas injicere E para que experimente a ſujeiccedilaotilde
pezada lhe lanccedila a dura Braga carregada Lobo o Deſengan Paacuteg 135 Braga chamaotilde nos
navios a huma corbalas quando embarcatildeo []
rarrMoraes e Silva BRAacuteGA (braacutega) Cabo do navio com que alatildeo caixas pipas e outras
coisas pesadas [] sect Braga no sing Cast 5 c 59 ldquoLanccedilou-se a gente na agua que lhe dava
pela bragardquo
rarrLaudelino Freire BRAGA s f Lat braccedila Argola de ferro que cingia a parte inferior da
perna do condenado a trabalhos forccedilados prendendo-o a uma corrente de ferro atada agrave cintura
do mesmo ou agrave argola de outro condenado grilheta 2 Caacutelerea com que se iccedilam cousas
pesadas como caixas pipas etc 3 Cabo que serve para sustar o recuo de um canhatildeo 4
Muro que servia de tranqueira nas antigas fortificaccedilotildees 5 Lus Casta laia qualidade
BRAGAS s f pl Ant Calccedilas largas e curtas calccedilotildees 2 Lus Ceroulas
rarrAureacutelio braga [Do lat braca] Substantivo feminino Marinh Gato de escape ou manilha
com que se prende o chicote da amarra agrave paixatildeo2 (q v) no paiol da amarra
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta braga como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaristas indicam braga tambeacutem como termo naacuteutico ou da
marinha Origem portuguesa lt latina
84
Ficha 31
Bragueiro sm Funda de que usa o que he quebrado Especie de manteo para cobrir os
genitaes (T Naut) Cabo que atravessa o leme para segurallo na falta das femeas Cabo
encostado ao Castello da proa fixo em huma argola e com huma bigota de hum furo na ponta
e serve para impedir que natildeo se afaste nem corte a escota no costado Cabo de amarrar
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau Bragueiro (Outro termo de navio) He hum cabo fixo em huma argola encoſtado
ao caſtello da proa que tem na ponta hum bigota de hum olho amp ſerve paraque ſe natildeo a faſte
nem corte a eſcota no coſtado []
rarrMoraes e Silva BRAGUEacuteIRO (braguegraveiro) s m [] sect t de Naut Cabo que atravessa o
leme pelo meyom para que faltando as fecircmeas se natildeo perca F M G Tambeacutem se chama assim
outro cabo fixo em uma argola encostado ao Castello da proa que tem na ponta uma bigota
de um olho e serve para que natildeo affaste nem corte a escota no costado
rarrLaudelino Freire BRAGUEIRO sm De braga + eiro Cabo que atravessa o leme para o
segurar no caso de se quebrarem as fecircmeas2Braga de segurar a artilharia ou cousas
pesadas3 Cabo de atracar []
rarrAureacutelio bragueiro [De braga + -eiro] Substantivo masculino 1Cinta ou funda para
heacuternias e rupturas 2Cueiro fralda
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta o termo bragueiro
______________________________________________________________________
Comentaacuterios De todos os dicionaacuterios analisados soacute Aureacutelio natildeo apresenta bragueiro como
termo naacuteutico Origem portuguesa lt latina
Ficha 32
Brandaes sm (T Naacuteutico) Especie de cabos os grandes passatildeo da enxarcia dos mastareos
pelas gaveas e vem a fazer fixo nos ouvens da enxarcia grande Os de gavea vem das pontas
dos mastereos a fazer fixo no costado do navio
______________________________________________________________________
rarrCunha brandal sm bdquotipo de cabo usado a bordo‟ l ndashdaacutees pl 1813 l Do cat brandal
rarrBluteau BRANDAES (Termo de navio) Brandaes grandes ſaotilde huns cabos que paſſaotilde da
enxarcia dos maſtarcos pellas gaveas amp vem a fazer fixos ao redor dos ſouvēs da enxarcia
85
grande Brandaes da Gavea ſaotilde huns cabos que vem das pontas dos maſtarcos a fazer fixo ao
coſtado da nao Natildeo temos palavra propria Latina
rarrMoraes e Silva BRANDAacuteES splmasc t de Naut Brandaes grandes uns cabos que
passatildeo da enxaacutercia dos mastareacuteos pelas gaacuteveas e vem a fazer fixo ao redor dos ouvens da
enxaacutercia grandesect Brandaes da Gaacutevea cabos que vem das pontas dos mastareacuteos a fazer fixo
ao costado das naacuteos
rarrLaudelino Freire BRANDAL s m De brando + al Naacuteut Cada um dos cabos que
aguentam os mastareacuteus para a borda
rarr Aureacutelio brandal [Do cat brandal poss] Substantivo masculino Marinh 1Cada um dos
cabos que aguentam os mastareacuteus para um e outro bordo e um pouco para reacute 2Cada um dos
cabos que aguentam os mastros de embarcaccedilatildeo miuacuteda para um e outro bordo e um pouco para
reacute [Cf estai] ESTAI [Do fr ant estai estay (atual eacutetai)] Substantivo masculino 1Marinh
Qualquer dos cabos que aguentam a mastreaccedilatildeo para vante 2Marinh Qualquer cabo
destinado a suportar em posiccedilatildeo vertical um turco chamineacute balauacutestre ou qualquer outra peccedila
do equipamento da embarcaccedilatildeo 3Bras Constr Nav Haste metaacutelica geralmente ciliacutendrica
que serve para manter em posiccedilatildeo qualquer parte ou peccedila da embarcaccedilatildeo [Cf brandal]
rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq
Por 5 Brandaes de 2 libras a 640 []
LUIZ DOS SANTOS VILHENA (1921) [1802] CARTA PRIMEIRA [A00_0404 p 71]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios analisados apresentam brandal brandaes como termo
naacuteutico ou da marinha Origem catalatilde
Ficha 33
Briol sm (T naut) Corda para ferrar e colher as velas
______________________________________________________________________
rarrCunha briol sm bdquotipo de cabo usado nas embarcaccedilotildees a vela‟ 1813 Do cast briol deriv
do a fr braivel (hoje breuil) dim de braie bdquobraga‟
rarrBluteau BRIOES (Termo de marinagem) Satildeo huns cabos com que ſe colhem as velas
quando ſe querem ferrar Funes contrabendis ou colligendis velis
rarrMoraes e Silva BRIOacuteES sm pl t de Naut Cordas que servem para ferrar e colher as
veacutelas (briyoes)
rarrLaudelino Freire BRIOL s m Cast briol Naacuteut Cabo de ferrar as velas 2 Giacuter Vinho
de qualidade inferior BRIOL adj Lus Becircbado eacutebrio
rarrAureacutelio briol [Do esp briol] Substantivo masculino 1Marinh Cada um dos cabos fixos
nas esteiras das velas redondas destinados a carregar o pano de encontro agraves vergas respectivas
[]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta o termo briol
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios analisados apresentam briol como termo naacuteutico ou da
marinha Origem castelhana lt francesa
Ficha 34
Buccedilardas sf (T Naut) pagraveos que atravessatildeo a roda da proa para reforccedilal-a
______________________________________________________________________
86
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau BUCARDAS Buccedilardas (Termo de navio) Satildeo huns paacuteos tortos que atraveſſaotilde a
roda de proa pella banda de dentro para fortificar amp em navios pequenos nellas aſſenta o
maſtro do traquete Naotilde tem palavra propria Latina
rarrMoraes e Silva BUCcedilAacuteRDAS sfpl t de Naut Satildeo uns paacuteos tortos que atravessatildeo a roda
de proa pela banda de dentro para a reforccedilarem sect Nos navios pequenos o mastro do traquete
assenta sobre as buccedilardas
rarrLaudelino Freire natildeo consta
rarrAureacutelio natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
__________________________________________________________________
Comentaacuterios Soacute Bluteau e Moraes apresentam o verbete buccedilardas e o indicam como termo
naacuteutico ou da marinha Origem controvertida
Ficha 35
Burra sf A femea do burro Cofre para dinheiro (T familiar) Nome de uma corda da mezena
[ T Naut ]
______________________________________________________________________
rarrCunha burro ndash do latim burrus bdquoruccedilo vermelho‟
rarrBluteau Burra de Mezena He huma corda que ſerve na vela da popa
rarrMoraes e Silva BUacuteRRA s f Jumenta a femea do burro sect famil Cofre para dinheiro
ordinariamente chapeado e forrado sect Uma corda de mezena t de Naut
rarrLaudelino Freire BURRA s f Fecircmea do burro jumenta 2 Naacuteut Cabo de mezena []
rarrAureacutelio Burro [] Mar Cada uma das pequenas talhas engatadas nos lais da retranca e nas
alhetas do navio uma por bordo e destinadas a aguentaacute-la quando a vela estiver caccedilada []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam burra burro tambeacutem como termo ligado agrave
vida mariacutetima Origem portuguesa lt latina
C Ficha 36
Cabresto sm Corda para prender as bestas na estribaria e que serve na falta de freio O freio
do prepucio No plr (T Naut) Cabos que vem do ldquoguropezrdquo a fazer fixo no costado em
humas argolas agrave proa
______________________________________________________________________
rarrCunha cabresto sm bdquoarreio freio‟ l XIII -bestro XIV l Do lat capĭstrum []
87
rarrBluteau Cabreſto (Termo de Mariagem) ſaotilde huns cabos que vem da ponta do gurupez a
fazer fixo em humas argolas que eſtaotilde no coſtado da nao agrave proa A falta do termo proprio
latino deſculparagrave aos que‟ fallarem por circumlocuccedilaotilde
rarrMoraes e Silva CABREgraveSTO s m [] t de Naut Cabos que vem da ponta do gurupeacutes a
fazer fixo em umas argolas que estatildeo no costado da naacuteo aacute proa []
rarrLaudelino Freire CABRESTOS s m Lat capistrum [] 2 Naacuteut Cabo grosso que
segura o gurupeacutes a argolas fixas no costado do navio 3 Corrente correia ou corda que
prende o cabeccedilalho agrave canga socairo
rarrAureacutelio cabresto (ecirc) [Do lat capistru com metaacutetese] Substantivo masculino Constr
Nav Cada uma das correntes de ferro que aguentam o gurupeacutes para a roda de proa Bras
Reforccedilo de linha ou de arame fino aplicado na extremidade da vara ou caniccedilo de pesca Bras
NE Ligamento de cordas que prendem os bancos agrave jangada []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
[] chegada a occasiatildeo de levar acircncora se lhe prende o cabresto e se larga ou solta a roda
a qual quanto mais tesa estiver tanto mais forccedila poraacute no cabresto e quando por si soacute natildeo
seja suficiente para a levantar o faraacute com muita brevidade ajudada com alguns poucos
serventes porque as cordas como violentadas hatildeo de buscar o seu natural
PADRE JOAtildeO DANIEL (1976) [1757] PARTE SEXTA - DO TESOURO DESCUBERTO NO
RIO MAXIMO AMAZONAS - CONTEacuteM INVENTOS UacuteTEIS E CURIOSOS PARA A MELHOR
FAZENDO NAVEGACcedilAtildeO PROacuteSPEROS TODOS OS VENTOS AINDA OS MAIS
PONTEIROS E CONTRAacuteRIOS E PARA FAZER NAS CALMARIAS BOA VIAGEM COM
NOVA INVENCcedilAtildeO DE REPRESAR AS MAREacuteS PARA MOEREM FAacuteBRICAS E INGENHOS
DE MOTO CONTIacuteNUO ACCRESCEM ALGUMAS OUTRAS IDEacuteAS DE INGENHOS
MANUAES PARA SERRAR MADEIRA FAZER ACcedilUacuteCAR E MUITOS OUTROS NAtildeO
MENOS CURIOSOS QUE UacuteTEIS A VIDA HUMANA - CAP 4deg - DE ALGUAS OUTRAS
ADVERTEcircNCIAS SOBRE A NAVEGACcedilAtildeO () [A00_1967 p 402]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios analisados apresentam cabresto como termo naacuteutico ou
de marinhagem Origem portuguesa lt latina
Ficha 37
Cachola sf (T baixo) Cabeccedila Fig Juizo Touticcedilo No plur (T naut) Pagraveos posticcedilos sobre o
calcez para engrossallo
______________________________________________________________________
rarrCunha cacho ndash provavelmente do latim vulgar cacculus [] cachOLA sf bdquopop Cabeccedila‟
XVIII []
rarrBluteau CACHOacuteLAS Cacholas (Termo de navio) Satildeo huns posticcedilos em cima do calcez
para o engroſſar quando naotilde tem groſſura proporcionada ao Navio Naotilde temos palavra propria
Latina
rarrMoraes e Silva CACHOgraveLAS t de Naut Paacuteos posticcedilos sobre o calcez para o engrossar
[]
rarrLaudelino Freire CACHOLA s f Mar Taacutebua que se prega no tocircpo do calcecircs de um
mastro afim de que a aacutegua se natildeo introduza entre os encaixes do madeiro2 Cavidade na
cabeccedila do leme onde se introduz a cana []
rarrAureacutelio [De cacho2 + -ola
1 poss] Substantivo feminino 1Pop V cabeccedila []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo foram encontradas ocorrecircncias
______________________________________________________________________
88
Comentaacuterios Soacute Aureacutelio natildeo apresenta cachola como termo naacuteutico
Origemcontrovertida
Ficha 38
Calabre sm (T Naut) corda grossa
______________________________________________________________________
rarrCunha calabre cabre sm bdquo(Marinh) amarra de cabo‟ l cabre XVI caaure XIV l Do ant
port caabre deriv Do a fr caable e este provavelmente do lat tard capŭlum bdquocorda‟
rarrBluteau Calabre que ſe ata agrave ancora Funis ancorarius Cœfar Calabre com que ſe ata bdquoa
verga ao maſto Anquina œ Fem Penult long []
rarrMoraes e Silva CALAacuteBRE ( calaacutebre) smt de Naut Corda grossa amarreta para varios
usos
rarrLaudelino Freire CALABRE s m Corda grossa feita de piaccedilaba a que se prendem os
alcatruzes das noras 2 Naacuteut Cabo grosso amarra
rarrAureacutelio calabre [Do port ant caabre (v cabre) poss com infl do port ant calabre
catapulta] S m 1Corda grossa Diz Cristo que eacute mais faacutecil entrar um calabre pelo fundo
de a agulha que entrar um avarento no Reino do Ceacuteu (Pe Antocircnio Vieira Sermotildees II p
259) 2Marinh Amarra de cabo cabre 3Constr Cabo2 (4)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Acham-se alguns de tal grossura que servem de calabres e amarras de embarcaccedilotildees
FRANCISCO XAVIER RIBEIRO DE SAMPAIO (1872) [1642] RELACcedilAtildeO GEOGRAPHICA
HISTORICA DO RIO BRANCO DA AMERICA PORTUGUEZA COMPOSTA PELO
BACHAREL FRANCISCO XAVIER RIBEIRO DE SAMPAIO () [A00_0713 p 262]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios analisados apresentam calabre como termo naacuteutico ou da
marinha Origem francesa lt latina
Ficha 39
Calabrote sm (T Naut) Calabre menos grosso Accediloute feito de hum pedaccedilo de calabrote
______________________________________________________________________
rarrCunha calabre cabre sm(Marinh) amarra de cabo‟ l cabre XVI caaure XIV l Do ant
port caabre deriv Do a fr caable e este provavelmente do lat tard capŭlum bdquocorda‟
calabrETE XV calabrOTE 1813
rarrBluteau CALABROTE Calabrocircte Vid Calabre Calabre pouco groſſo Com que a nao ſe
amarra em terra Com hum calabrote forte Jacinto Freire mihi pag 198 []
rarrMoraes e Silva CALABROacuteTE s m t de Naut Sorte de calabre menos grosso de um
pedaccedilo delle se faz accediloite donde se toma calabrote por accediloite de que usa o comitre ou
mestre para castigar a maruja
rarrLaudelino Freire CALABROTE s m De calabre + ote Calabre pouco grosso 2
Ponta de cabo de accediloute
rarrAureacutelio calabrote [De calabre + -ote1] Substantivo masculino 1Corda de pequena
grossura 2Marinh Cabo2 (6) de pequena bitola Atraacutes dos soldados chegaram marujos a
brandir calabrotes e chuccedilos (Xavier Marques O Sargento Pedro p 135)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
89
Mandarʃeha aos Meʃtres que cinjatildeo a enxarʃea levem area para as cubertas tomem boccedilas
nas vergas nas ancoras nas eʃcotas contra-eʃtais amp os bateis pela popa com dous
calabrotes hum mais baganagraveo do que outro
FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR () [A00_2496 p 61]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios analisados remetem calabrote a calabro ndash termo naacuteutico
ou de marinhagem Origem francesa lt latina
Ficha 40
Calafeto sm (T Naut) A estopa e breo com que se calafeta Acccedilatildeo de calafetar
______________________________________________________________________
rarrCunha Calafetar vb‟tapar vedar‟ XIII Do it calafatare provavelmente do ar qaacutelfat De
origem incerta o voc aacuterabe talvez derive do lat vulg calefare (claacutess calefacĕre‟) bdquoaquecer‟
por ser a operaccedilatildeo de derreter o alcatratildeo submetendo-o ao fogo uma das mais importantes
que pratica o calafate []
rarrBluteauCALAFETO Calafeto Couſa que ſe uſa para calafetar como eſtopa amp outra
couſa ſemelhante ou a acccedilaotilde de calafetar []
rarrMoraes e Silva CALAFEgraveTO s m t de Naut A estopa e breu com que se calafeta o
navio vg ldquo o navio cospia o calafetordquo A acccedilatildeo de calafetar
rarrLaudelino Freire s m De calafetar O mesmo que calafetagem [] 2 Estocircpa ou outra
substacircncia com que se calafeta calafecircto CALAFETAR v r v Ital Calafatare MarTapar
com estocircpa introduzida agrave forccedila (as junturas buracos ou fendas de uma embarcaccedilatildeo) e
embebendo de pez alcatratildeo para velar a aacutegua (tr Direto) ldquoEspalma as naves calafeta as
fendas repara as bordas o massame as velasrdquo (Pocircrto Alegre)
rarrAureacutelio calafeto (ecirc) [Dev de calafetar] Substantivo masculino1Calafetagem (2) [Pl
calafetos (ecirc) Cf calafeto do v calafetar] CALAFETAR [Do cat calafatar calafetar pelo
esp ant calafetar] Verbo transitivo direto 1Vedar com estopa alcatroada (as junturas
buracos ou fendas de uma embarcaccedilatildeo) 2Tapar vedar com pano papel massa etc (fenda ou
buraco de toneacuteis assoalhos tabiques etc) []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
E natildeo cause estranheza o calafetar das canoas porque pocircsto que aqui se fazem de um soacute pau
como no Brasil satildeo poreacutem abertas pela proa e pela pocircpa e acrescentadas pela borda com
falcas para ficarem mais altas e possantes e assim as costuras destas como os escudos ou
rodelas com que se fecham a proa e pocircpa necessitam de calafeto
ANTOacuteNIO VIEIRA (1925) [1654] CARTA LXV - AO PADRE PROVINCIAL DO BRASIL
1654 ()[A00_0157 p 373]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Moraes e Silva apresenta calafeto como termo naacuteutico Laudelino Freire e
Aureacutelio apresentam acepccedilotildees que remetem ao universo da marinha Bluteau natildeo faz nenhuma
referecircncia Origem italiana
Ficha 41
Calcez sm (T naut) O pescoccedilo do mastro onde encapella a enxarcia real
______________________________________________________________________
90
rarrCunha calcecircs bdquo(Const Nav) parte da seccedilatildeo retangular no extremo superior de um mastro
ou mastareacuteu‟ l ndashceses pl XVI l Do it calceacutese deriv do lat tardio calcēse adaptaccedilatildeo do lat
carchēsium e este do gr karchēsion bdquovaso para beber‟ parte superior do mastro cesto da
gaacutevea‟
rarrBluteau CALCEZ Calcecircz (Termo de Navio) he o peſcoccedilo do maſtro para riba aonde
encapella a Enxarcia Real Falta palavra propria Latina Pela muita forccedila o Maſtareo abrio o
Calcez por duas partes BritoViagem ao Braſil pag 67 []
rarrMoraes e Silva CALCEgraveZ s m t de Naut O pescoccedilo do mastro para riba onde encapella
a enxarcia real F Mend c 7
rarrLaudelino Freire CALCEZ ou CALCEcircS s m Lat carchesium Naacuteut Parte quadrada do
mastro ou mastareacuteu desde a romatilde para cima e na qual encapela a enxaacutercia real
rarrAureacutelio calcecircs [Do it calcese lt lat vulg calcese lt lat claacutess carchesiu] Substantivo
masculino 1Marinh Parte de seccedilatildeo retangular no extremo superior de um mastro ou
mastareacuteu logo acima da romatilde [Pl calceses (ecirc)]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios analisados apresentam calcez como termo naacuteutico ou da
marinha Origem italiana
Ficha 42
Calma sf calor causado pelo sol (T naut) Falta de vento
______________________________________________________________________
rarrCunha calma sf bdquogrande calor atmosfeacuterico geralmente sem vento‟ XV bdquoserenidade
sossego‟ 1813 Do it calma deriv Do lat tardio cauma e este do gr kauma bdquocalor ardente
chama‟ []
rarrBluteau calma borralho Phraſe Nautica Emparelhado onde elle participa da outra linha da
coſta tranſversal [] Bonanccedila Por em calma ao mar Mare tranquillarem placare fedare
Vid Abonanccedilar Seus alterados mares punha em Calma Inful De Man Thomas liv 2
Oit69
rarrMoraes e Silva CAacuteLMA s f t de Naut tempo em que natildeo haacute a menor aragem nenhum
vento sect Calma entre os Nautas falta de vento calmarialdquo cahir em calma ldquoficar em
calmariardquo
rarrLaudelino Freire CALMA s f B lat cauma do gr kauma Hora do dia em que haacute mais
calor 2 Falta de vento cessaccedilatildeo de agitaccedilatildeo no mar bonanccedila calmaria []
rarrAureacutelio calma [Do gr kaucircma calor ardente pelo lat tard cauma] SF 1Grande calor
atmosfeacuterico em geral sem vento calmaria [] 3V calmaria (1) 4Fig Serenidade de acircnimo
sossego tranquilidade calmaria malacia []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Este dia todo nom ventou vento senam choveo muita aacutegua e fazia tam grande calma que nom
se podia soportar
PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE
SOUSA () [A00_0078 p 35]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Nem todos os dicionaacuterios citam o termo como naacuteutico mas todos eles abonam
ou exemplificam o termo como relativo ao mar Origem italiana lt latina
91
Ficha 43
Calmaria s f (T Naut) Falta de vento
______________________________________________________________________
rarrCunha calma sf bdquogrande calor atmosfeacuterico geralmente sem vento‟ XV bdquoserenidade
sossego‟ 1813 Do it calma derivado do latim tardio cauma e este do grego kauma bdquocalor
ardente chama‟ [] calmaria sf bdquocalma‟ XVI
rarrBluteau CALMARIA Calmaricirca Tanquilidade das aguas do mar Malacia amp Fem []
Amanheceo o dia ſeguinte em huma terrivel Calmaria Queirograves Vida do Irmatildeo Baſto pag
351colI
rarrMoraes e Silva calmaria sf de Naut Tempo de calma no mar em que o navio natildeo surde
ldquoestar o mar em calmariardquo []
rarrLaudelino Freire sf De calma + aria Cessaccedilatildeo do vento e do movimento das ondas
[]
rarrAureacutelio [ De calma + aria] Sf 1 Ausecircncia de ventos eou do movimento das ondas []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
[] por cinco ou seis dias tivemos grandes calmarias trovoadas e chuveiros tatildeo escuros e
medonhos e tatildeo fortes ventos que era cousa despanto e no meio dia ficavamos numa noite
mui escura
PADRE FERNAtildeO CARDIM (1980) [1583] III - INFORMACcedilAtildeO DA MISSAtildeO DO P
CHRISTOVAtildeO GOUVEcircA AacuteS PARTES DO BRASIL - ANNO DE 83 - OU NARRATIVA
EPISTOLAR DE UMA VIAGEM E MISSAtildeO JESUIacuteTICA[A00_0751 p 142]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente Moraes e Silva define calmaria como termo naacuteutico mas todos os
outros dicionaacuteriosem suas definiccedilotildees remetem a tempo e atmosfera Origem italiana lt
latina
Ficha 44
Canjar vs (T Naut) Ir avante
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau natildeo consta
rarrMoraes e Silva CANJAacuteR vr t de Naut Surdir aacute vante ldquo os ventos ponteiros faziatildeo
desandar o que o navio tinha canjadordquo i eacute os ventos abatiatildeo o que o navio tinha surdido
vingado Freire
rarrLaudelino Freire CANJAR v intran Ant Trocar de cocircr ou de rumo cambiar Canjar s
m Aacuter kandjar Espeacutecie de punhal de lacircmina comprida afiada dos dois lados alfanje
rarrAureacutelio natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente Moraes e Silva apresenta canjar como termo naacuteutico Origem
duvidosa (italiana) (Houaiss 2001)
92
Ficha 45
Carlinga sf (T Naut) He hum encaixe onde na sobrequilha da nagraveo ou navio assenta o pegrave
do mastro grande e do traquete por outro nome pia
______________________________________________________________________
rarrCunha carlinga sf bdquo(Constr Nav) ant forte peccedila de madeira fixa agrave sobrequilha com um
encaixe onde entra a mecha do peacute do mastro real‟ XVI (Aeron) cabina XX Do fr carlingue
deriv do a escand kerling bdquomulher‟ bdquocarlinga‟ por uma comparaccedilatildeo de ordem sexual
rarrBluteau CARLINGA (Termo de navio) He na ſobrequilha hum encaixo ou covaſinha
onde aſſentaotilde o maſto grande amp agraves vezes o do traquete Por outro nome chamotildelhe PiaO Padre
Filiberto Monet com termos Grego-Latinos chama a Carlinga Hiftodoche es Fem amp
Hiftopus odis Mafe O peacute do maſto ſe encaixa em hum buraco quadrado da Carlinga Pterna
mali ou peacutes mau ou talus mali inditur ftatuitur in quadro biftodoches cavo A Carlinga
ſerve de de baze ao maſto amp a quilha de pedeſtal Hiftodoche feumodius bafin dyrochus verograve
ftylobaten navali malo fubminiftratA agoa que a nao fazia era pola Carlinga Comentar De
Affonſo d‟Albuquerque pag 22
rarrMoraes e Silva CARLIacuteNGA s f t de Naut Na sobrequilha dos navios eacute um encaxe onde
assenta o peacute do mastro grande e do traquete aliaacutes se diz pia Comment dlsquo Albuq P22 Couto
6921
rarrLaudelino Freire CARLINGA s f Naacuteut Peccedila fixada na sobrequilha ou abertura nesta
praticada e em que encaixam os mastros sobrequilha 2 Aeron Lugar onde fica o pilocircto
3 Tabuleta com furos em baixo do banco da vela da jangada e na qual se prende o peacute do
mastro mudando-se de um furo para o outro conforme a conveniecircncia da ocasiatildeo carninga
rarrAureacutelio carlinga [Do fr carlingue] Substantivo feminino 1Ant Constr Nav Forte peccedila
de madeira fixa agrave sobrequilha e em cuja face superior haacute um encaixe de seccedilatildeo quadrangular
onde entra a mecha do peacute do mastro real 2Constr Nav Gola metaacutelica fixa no conveacutes (quando
o mastro natildeo vai ateacute agrave quilha) e onde se apoia o peacute do mastro As meias arrendadas foram
atiradas agrave carlinga do mastro (Xavier Marques Jana e Joel p 173) 3Cabina (3) 4Bras
NE Tabuleta com furos embaixo do banco da vela de uma jangada e na qual se prende o peacute
do mastro mudando-se de um furo para o outro segundo a conveniecircncia da ocasiatildeo [Var
carninga]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam carlinga como termo naacuteutico Origem
francesa
Ficha 46
Carregadeiras por outro nome Sirgideiras Sf plr (T Naut) Cabos delgados para colher ou
carregar as velas Dous moitotildees com cabo fixo no enxertario para arriar a verga
______________________________________________________________________
rarrCunha do latim carrus ndash carregadeira 1813
93
rarrBluteau CARREGADEIRAS ou Sirgideiras (Termo de Marinhagem) Carregadeiras da
mezena ſaotilde huns cabos delgados cotilde que ſe carrega a vela amp ſe colhe colligendo velo
poftico Carregadeiras (Outro termo de marinhagem) Satildeo dous moutoens com hũ cabo fixo
no enxertario que ſerve para arriar a verga a baixo quando faz tempo
rarrMoraes e Silva CARREGADEIRAS s f pl t de Naut ou Sirgideiras cabos delgados
com que se colhem ou carregatildeo as velassect Dois moitotildees com cabo fixo no enxertario para
arriar a verga quando faz tempo
rarr Laudelino Freire s f pl Lus Giacuter As pernas CARREGADEIRA s f De carregar +
deixara Cabo delgado com que se carregam ou colhem as velas dos navios []
rarrAureacutelio carregadeira [De carregar + -deira] Substantivo feminino 1Marinh Cabo
delgado com que se carregam ou colhem as velas []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo constam carregadeiras nem sirgideiras
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam carregadeiras como termo naacuteutico de
marinhagem ou do mar Origem portuguesa lt latina
Ficha 47
Cevadeira sf (T Naut) vela pequena agrave proa do navio Alforge de comida
______________________________________________________________________
rarrCunha do latim cibare
rarrBluteau CEVADEIRA Vela pequena que ſe potildeem na proa Proclinati ad proram mali
velum
rarrMoraes e Silva CEVAgraveDEIRA s f vela pequena de proa t de Naut sect Alforge de comer
Couto 5113 natildeo levatildeo mais que suas armas e cevadeiras com farinha de trigo Cont de
Trancoso sect Homem da minha cevadeira i eacute da minha conversaccedilatildeo Eufr 51 Hist Naut 1
456 ldquoSem alforge e cevadeirardquo os Apoacutestolos despedidos por J Christo Feo Sem De Nossa
Senhora das Neves p115 ldquoRumecan General com 7 ou 8 mil de cavallo da sua cevadeira
Couto 495
rarrLaudelino Freire CEVADEIRA s f de cevar + deira Naacuteut Pequena vela suspensa de
uma vecircrga que atravessa horizontalmente o gurupeacutes
rarrAureacutelio cevadeira [De cevada + -eira] Substantivo feminino 1Saco que se adapta ao
focinho das cavalgaduras para lhes dar a cevada ou outro alimento bornal embornal
2Marinh Ant Verga de cevadeira 3Marinh Ant Vela quadrangular que envergava na
verga do mesmo nome por baixo do gurupecircs [Cf sevadeira]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Apartados os dous navios da ſombra da terra deſcubrioſe entatildeo da Armada que rendido o
noſſo do Pirata o levava aacute toa E metendolhe breviſlimamente vellas de eſtay cutellos
joanetes barredouras (aacutelem da meſena amp ſevadeira que lhe faltou) adiantava grande
caminho em pouco tempo fugindo a hum cortar para ſervirlhe o vento a todo pano o vento
a todo pano
FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 42]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam cevadeira como termo naacuteutico ou relativo ao
mar Origem portuguesa lt latina
94
Ficha 48
Chapeleta sf (T Naut) Couro pregado sobre o pagraveo chamado de nabo O salto da pedra
atirada agrave superficie da agua
______________________________________________________________________
rarrCunha do a f chapel
rarrBluteau CHAPELETA Chapeleta (Termo de navio) He hum couro pregado em cima de
hum pagraveo redondo que chamaotilde Nabo Coriaceum tegumentum i Neut
rarrMoraes e Silva CHAPELETA s f t de Naut Coiro pregado sobre o paacuteo a que os
Nauticos chamatildeo Nabo da Bomba de esgotar o fundo dos navios
rarrLaudelino Freire CHAPELETA s f Cast chapelete Chapelinho 2 Vaacutelvula nas
bombas que se usam a bordo
rarrAureacutelio [De chapeacuteu1 (lt fr ant chapel) + -eta (ecirc) seg o padratildeo erudito] Substantivo
feminino 1V chapeacuteu1 (1) 2Vaacutelvula de bola (q v) usada nas bombas [v bomba (4)] 3V
ricochete (1) 4Mancha de rubor nas faces chapeacuteu1 [Do fr ant chapel atual chapeau]
Substantivo masculino 1Peccedila de feltro palha etc com copa e abas e destinada a cobrir a
cabeccedila [Aum chapelatildeo chapeiratildeo dim irreg chapelete chapeleta Sin (bras giacuter) tampa
e penante] Marinh A parte superior do cabrestante
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Embora natildeo conste em todos os dicionaacuterios como termo naacuteutico as definiccedilotildees
apresentadas remetem a esse termo Origem portuguesa lt francesa
Ficha 49
Chapiteo sm (T Naut) O remate mais alto da popa e proa No edifiacutecio Chapitel he o
rematte delle
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau CHAPITEO Chapiteo (Termo de navio Por quanto hum homem podia diviſar do
Chapiteo da naacuteo Barr 2 Dec pag 186col2
rarrMoraes e Silva CHAPITEO Chapiteacutel V Chapiteacuteo Palm 3111Chapiteacuteo s m t de
Naut o chapiteacuteo da naacuteo Barros 2186 quanto um homem podia divisar do chapiteacuteo da naacuteo
Amaral 2 Eacute a parte mais alta em que se remata a popa e proa onde frequentemente havia
castellos e entatildeo o Chapiteo rematava os castellos bem como na arquitectura civil os
chapiteacuteis rematatildeo os edificios Seg Cerco de Diu f157 ―chapiteacuteos da Igreja M Pinto
6214
rarrLaudelino Freire CHAPITEacuteU s m De capitel A parte mais elevada da proa e da pocircpa
do navio
rarrAureacutelio natildeo constam chapiteacuteo chapiteacuteu
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Era tam grande o mar que agrave entrada da baiacutea em 9 braccedilas de fundo me deu o mar por riba
do chapiteacuteo e veo quebrar no conveacutes
PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE
SOUSA [A00_0078 p 107]
95
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Aureacutelio natildeo lista chapiteo em seu dicionaacuterio Para os demais autores
consultados chapiteo eacute um termo de navio Origem natildeo encontrada
Ficha 50
Chaveta sf (T Naut) Ferro com que se bdquore em‟ as cavilhas fechando por cima das arruelas
Ferro no eixo que natildeo deixa saacutelvio o que estagrave enfiado nelle
_____________________________________________________________________
rarrCunha chaveta - do latim clavem
rarrBluteau CHAVETA Chaveta (Termo de navio) Chapa de ferro da largura de dous dedos
eſtreita para a ponta fecha por cima das arruelas para que ſe naotilde poacuteſſaotilde tirar as cavilhas
Clavorum retinaculum i Neut
rarrMoraes e Silva CHAVEgraveTA s f t de Naut Peccedila de ferro que fecha por cima das
arruellas para reter as cavilhas ou se mette no extremo de algum eixo paranatildeo sair o que estaacute
enfiado nelle
rarrLaudelino Freire CHAVEcircTA s f De chave Peccedila de ferro na extremidade de um eixo
para natildeo deixar sair as rodas ou peccedila que segura uma cavilha 2 Cavilha 3 Haste em que
jogam as dobradiccedilas 4 Lus O mesmo que chavelha
rarrAureacutelio chaveta (ecirc) [De chave + -eta (ecirc)] Substantivo feminino 1Peccedila na extremidade
dum eixo para fixar as rodas2Peccedila para segurar a cavilha 3Haste em que jogam as
dobradiccedilas 4Bras SP Peccedila de madeira que prende a canga agrave tiradeira [Pl chavetas (ecirc) Cf
chaveta e chavetas do v chavetar]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
[] e estas fontes como outros tantos Cyfoens enchem delivel com aagoa dorio aquellas
praccedilas logo que amachina se interrompe machina ha destas q consta de quatro centas
chapas deferro ecada chapa de oito Libras fora as cavilhas e chavetas do mesmo metal
[]
ANTONIO PIRES DA SILVA PONTES LEME (1896) [nd] MEMORIAS SOBRE A
EXTRACCcedilAtildeO DO OURO NA CAPITANIA DE MINAS GERAES () [A00_0761 P 420]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam o termo chaveta ligado ao mundo mariacutetimo
Origem portuguesa lt latina
Ficha 51
Cheleira sf (T naut) peccedila de madeira nas nagraveos junto aacutes portinholas com vatildeos onde se
mettem as balas
_____________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau natildeo consta
rarrMoraes e Silva CHELEgraveIRA s f Nas naacuteos de guerra eacute peccedila de madeira que corre ao
longo do costado junto aacutes portinholas e onde estatildeo as ballas vi uns vatildeos feitos para isso nas
cheleiras (do Inglez Shelf) Exame de Artilheiros
96
rarrLaudelino Freire CHELEIRA s f Lugar em que empilham as balas na bateria de um
navio 2 Peccedila de madeira em que a bordo se encaixam baldes
rarrAureacutelio natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Em suas acepccedilotildees os dicionaacuterios de Moraes e Silva e Laudelino Freire
apontam o termo como do universo naacuteutico Os demias dicionaristas natildeo citam o termo
Origem natildeo encontrada
Ficha 52
Ciar se va refl Ter ciumes (T Naut) vn Remar para traz em quanto outros rematildeo ao
contrario para voltar o baixel
______________________________________________________________________
rarrCunha ciar vb bdquoremar para traacutes‟ l cear XVI l Do cast ciacutear talvez deriv de cia bdquoquadril‟
pelo esforccedilo que faz esta parte do corpo ao ciar
rarrBluteau CIAR ou ciarſe ter ciumes Emulari Vid Ciume amp Ciofo Pois ſe Chriſto ſe Cia
tanto de morrer algum hoacutemem antes que elle morra pelos homens OP Ant Vieira
rarrMoraes e Silva CIAR-SE t de Naut Remar para traz ao tempo que os outros remeiros do
lado opposto rematildeo para diante para voltar a galeacute V Ciavoga Cast 2161 V Cear como
escrevem Barros e Castanheda CIAVOacuteGA s f t de Naut Volta em redondo que se daacute aacute
galeacute remando os de um lado e ciando os do outro Cast
rarrLaudelino FreireCIAR v intr Naacuteut Remar no sentido contraacuterio ao andamento para
recuar ou para voltar a embarcaccedilatildeo vogando a direito os remeiros do outro lado 2 Mover-
se para traacutesrdquo Cia a igara e reparte um silvo extensordquo (Pocircrto Alegre)
rarrAureacutelio ciar1 [Do esp ciar poss] Verbo intransitivo 1Remar para traacutes 2P ext Mover-se
para traacutes [Cf siar e cear]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Vista jaacute posto que em sombras a pintura do corpo natural desta Regiatildeo a benevolecircncia do
seu clima a fermosura dos seus Astros a distancia das suas costas o curso cia sua
navegaccedilatildeo o movimento dos seus mares objectos que mereciaotilde mais vivos e dilatados
rascunhos []
SEBASTIAtildeO DA ROCHA PITTA (1878) [1730] LIVRO PRIMEIRO [A00_0567 p 13]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Dentre os dicionaacuterios consultados somente o de Bluteau natildeo cita o termo ciar-
se como naacuteutico Origem castelhana
Ficha 53
Cifa sf Assim chamatildeo os ourives a aregravea de que enchem os frascos de moldar e vasar as
peccedilas (T Naut) untura que se dagrave nas embarcaccedilotildees
______________________________________________________________________
rarrCunha cifa sf bdquoareia que os ourives empregam para moldar‟ 1813 Do arsatildeifacirc
97
rarrBluteau natildeo consta
rarrMoraes e Silva CIFA sf eacute untura que se daacute aos navios feita de gordura ou azeite de
peixes ampc B 4816 ldquodaria 100 quintaacutees de Cifa ( que eacute azeite de peixe) ―Couto V de Lima
6 16 lhe mandassem municcedilotildees remos cifa cotonias []
rarrLaudelino Freire sf aacuter saifa Areia de que os ourives enchem os frascos de moldar e
vazar as peccedilas que eles depois tecircm de lavar
rarrAureacutelio cifa [Do aacuter sayf espada areia fina (sentido metafoacuterico)] Substantivo feminino
1Areia que os ourives empregam para moldar
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente Moraes e Silva abona o termo cifa como naacuteutico Origem aacuterabe
Ficha 54
Cifar va (T Naut) Dar cifa
______________________________________________________________________
rarrCunha de cifa sf bdquoDo arsatildeifacirc
rarrBluteau CIFAR Termo Nautico Mandou logo Cifar amp baſtecer trinta navios Jacinto
Freire mihi 322 Cinco navios varados amp Cifados para ſe lanccedilarem ao mar Couto 8 Dic 129
col1
rarrMoraes e Silva CIFAacuteR v at De Naut Dar cifa aos navios ldquocifar e alimpar os naviosrdquo
Cron F III P 3 c 77 mandou cifar e bastecer trinta navios Freire cinco navios varados e
cifados para se lanccedilarem ao mar Cast 8 fol I col I ldquocifados e ensevados os navios para
que ficassem mais ligeirosrdquo e a f 250 como as embarcaccedilotildees estavatildeo cifadas e enseyadas
prendeo logo o fogo nellas V Cifa
rarrLaudelino Freire CIFAR v tr dir De cifa + ar Ant Untar com cifa (os navios) 2
Aparelhar ou abastecer (embarcaccedilatildeo) para se lanccedilar agrave aacutegua
rarrAureacutelio natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Dos dicionaacuterios consultados natildeo citam o termo as obras de Aureacutelio e Cunha
Origem aacuterabe
Ficha 55
Cinta sf Faixa de apertar o corpo Cintura onde se aperta a cinta Peccedila das culumnas e
pedestaes (T Naut) Pagraveos de reforccedilar o forro do costado de popa agrave proa
______________________________________________________________________
rarrCunha cinta sf bdquofaixa para apertar a cintura‟ XIII Do lat cĭncta part De cĭngĕre cintAR
1881 cinto1
adj bdquocingido‟ XIV Do lat cinctus ndashūs part De cĭngĕre cinto2
sm bdquofaixa ou
tira que cinge o meio do corpo com uma soacute volta‟ XIII Do lat cinctus -ŭs cintura sf bdquoa
parte meacutedia do tronco humano situada abaixo do peito e acima dos quadris‟ l ccedilin- XIV ccedilim-
XV l Do lat cinctūra cintURAtildeO sm bdquocinto grande‟ 1813
rarrBluteau Cintas (Termo de navio) Saotilde huns paacuteos que cingem o navio da popa ateacute a proa
pela parte de fora abraccedilando toda aquella madeira em diſtancia huma da outra de palmo amp
meyo ou dous palmos de largo ou ſaotilde huns paacuteos q coacuterrem davante a Reacute ſobre as eſtacas que
ellas foraotilde correndo ao longo das Cintas do coſtados []
98
rarrMoraes e Silva [] t de Naut Paacuteos que vatildeo por fora do costado de popa aacute proa e servem
de reforccedilo ao taboado ou forro do costado Barros
rarrLaudelino Freire CINTAS s f pl Taacutebuas pregadas aos caibros junto agrave cumieira e
paralelas a esta de dois em dois metros mais ou menos para dar firmeza aos planos do
madeiramento 2 Pranchotildees que cingem o navio da pocircpa agrave proa
rarrAureacutelio cinta [Do lat cincta fem do part pass de cingere] Substantivo feminino
Constr Nav Fiada de chapas mais grossas dispostas de proa agrave popa no forro exterior do
costado de navios de ferro agrave altura do conveacutes da borda-livre com o fim de aumentar a
resistecircncia do casco e do proacuteprio costado cintado []1 Bras Mar G Dispositivo instalado
numa embarcaccedilatildeo de casco de ferro ou de accedilo e que atenua ou neutraliza a deformaccedilatildeo que o
magnetismo da embarcaccedilatildeo causa nas linhas de forccedila do magnetismo terrestre assim
reduzindo muito a eficaacutecia das minas e torpedos eletromagneacuteticos que se possam encontrar na
rota Cinta couraccedilada 1 Constr Nav Cinta de chapas de couraccedila para proteger navio
encouraccedilado e que se estende desde abaixo da sua linha de flutuaccedilatildeo ateacute pouco acima dela
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam cinta como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Ficha 56
Clara s f O branco glutinoso do ovo (T Naut) No beque do navio he hum pagraveo que vai por
baixo da curva e por cima do talhamar
______________________________________________________________________
rarrCunhaclara - Claro adj bdquoorig luminoso brilhante iluminado‟ fig niacutetido inteligiacutevel
manifesto‟ XIII Do lat clarus []
rarrBluteau [] Clara do Beque Palavra de Navio He hum paacuteo que vay por cima do
Talhamar amp por baxo da curva Chamaſe Clara porque tem ſeus vatildeos para por ella paſſar o
mar
rarrMoraes e Silva CLARA sf [] Clara do beque pao que vai por cima do talhamar e por
baixo da curva t de Naut
rarrLaudelino Freire CLARA sf [] 4 Abertura em algumas peccedilas do navio
rarrAureacutelio clara [F subst do adj claro] s f 4Mar V aberta (9) 5Constr Nav Designaccedilatildeo
comum a algumas aberturas existentes no casco ou no aparelho das embarcaccedilotildees []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todas as obras apontam clara como termo de navio entre outras acepccedilotildees
Origem portuguesa lt latina
99
Ficha 57
Colhedor sm Que colhe as frutas das aacutervores No plur(T Naut) Cabos que para fortificar
os mastros passatildeo pelas bigotas fixas nas pontas dos bdquoovens‟ da enxarcia e nas que estatildeo fixas
na abotoadura
______________________________________________________________________
rarrCunha colhedor ndash de colher Do latim colligere
rarrBluteau Colhedocircres (Termo de navio) Saotilde huns cabos que paſſaotilde pelas bigotas que
eſtaotilde fixas nas pontas dos ovens da Enxarcia como tambem por aquellas que eſtaotilde fixas na
abotocadura para fortificar os maſtos Demandaotilde toda a forccedila amp vaotilde a poder de muyto cabo
[]
rarrMoraes e Silva sm [] t de Naut cabos que passatildeo pelas bigotas fixas nas pontas dos
ovens da enxaacutercia e por outras fixas na abotoadura para fortificar os mastros
rarrLaudelino Freire COLHEDOR adj E sm De colher + dor O que colhe o que recebe
Colhedores s m pl Cabos delgados que enfiando pelos buracos de duas bigotas ou sapatos
servem para tesar os oveacutens estais
rarrAureacutelio [De colher (ecirc) + -dor] Adjetivo Marinh Cabo com que se tesa um estai um
oveacutem etc e que gorne em um par de bigotas uma das quais eacute presa no chicote do cabo a
tesar e a outra num ponto apropriado do conveacutes do costado de um mastro etc
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam colhedor como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Ficha 58
Contrapunho sm [T Naut] cabo pegado na ponta da vela grande e do traquete para ajudar
a amarra
______________________________________________________________________
rarrCunha contra (latim) +punho (latim)
rarrBluteau (Termo de navio) He hum cabo que eſtaacute pegado na ponta da vella grande amp do
traquete que ſerve de ajudar a amarra Naotilde tem nome proprio Latino
rarrMoraes e Silva CONTRAPUacuteNHO s m t de Naut Cabo pegado na ponta da vela grande
e do traquete para ajudar a amarra
rarrLaudelino Freire CONTRAPUNHO s m De contra + punho Naacuteut Cabo fixo na ponta
da vela grande e do traquete para auxiliar a manobra
rarrAureacutelio contrapunho [De contra- + punho] Substantivo masculino 1Marinh Cabo ligado
agrave ponta da vela grande e do traquete e que serve para auxiliar a manobra
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam contrapunho como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
100
Ficha 59
Corda sf fios torcidos de estopa etc entre si de diversas grossuras e para diversos usos Nos
Instrumentos musicos he de intestinos de animaes ou de arame No relogio he de accedilo
Cordilheria Extremidade do muscolo No plr (T Naut) Chapas de lata que vatildeo davante agrave regrave
nas cobertas
______________________________________________________________________
rarrCunha corda sf bdquocabo de fios vegetais unidos e torcidos uns sobre os outros‟ bdquofios de
vibra em alguns instrumentos‟ XIII Do lat chŏrda deriv Do gr chordē bdquotripa corda musical
feita com tripas‟ []
rarrBluteau CORDA Corda de navio Funis nauticus i Maſe Rudens tis Maſe Plauto faz
eſte nome do genero feminino mas melhor he fazelo do genero maſculino agrave imitaccedilaotilde de
Catullo Virgilio Oviacutedio Lucano Silio Italico amp Juvenal Vid Ancora Vid Calabre Cordas
com que ſe governaotilde as antenas Funes opiferi Corda com que ſe atta a antena ao maſto
Anquina e Fem Cinna Corda que puxa agrave firga []
rarrMoraes e Silva COacuteRDAS sf pl t de Naut Satildeo umas latas davante a re em todas as
cobertas
rarrLaudelino Freire CORDA s f Lat chorda Peccedila de fios unidos e torcidos uns socircbre os
outros e que serve para prender ou apertar[]
rarrAureacutelio corda [Do lat chorda] Substantivo feminino Constr Nav Ant Cada uma das
vigas longitudinais que nas naus galeotildees etc juntamente com os vaus e as latas aguentavam
os pavimentos 10Marinh Pedaccedilo de cabo ligado ao badalo do sino de bordo [Eacute este a bordo
o uacutenico cabo que tem o nome de corda Cf sicorda]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Falta soacute a induacutestria de as ir puxando para diante para cada vez irem avanccedilando e eacute faacutecil
pondo na ponta de cada pao alguma roda ou reacutegoa entesada em cordas
um calabre cujas pontas vatildeo prender na extremidade dos acircngulos que seguram
PADRE JOAtildeO DANIEL (1976) [1757] PARTE SEXTA - DO TESOURO DESCUBERTO NO
RIO MAXIMO AMAZONAS - CONTEacuteM INVENTOS UacuteTEIS E CURIOSOS PARA A MELHOR
FAZENDO NAVEGACcedilAtildeO PROacuteSPEROS TODOS OS VENTOS AINDA OS MAIS
PONTEIROS E CONTRAacuteRIOS E PARA FAZER NAS CALMARIAS BOA VIAGEM COM
NOVA INVENCcedilAtildeO DE REPRESAR AS MAREacuteS PARA MOEREM FAacuteBRICAS E INGENHOS
DE MOTO CONTIacuteNUO ACCRESCEM ALGUMAS OUTRAS IDEacuteAS DE INGENHOS
MANUAES PARA SERRAR MADEIRA FAZER ACcedilUacuteCAR E MUITOS OUTROS NAtildeO
MENOS CURIOSOS QUE UacuteTEIS A VIDA HUMANA - CAP 12deg - DOS OUTROS TREcircS
MODOS DE SERRAR MADEIRA COM INGENHO PORTAacuteTIL [A00_1975 p 431]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam corda como termo naacuteutico exceto Laudelino
Origem portuguesa lt latina lt grega
101
Ficha 60
Cossouro sm (T Naut] bola de ferro furada no meio onde se mette o mastro Na espora he
a roda com dentes
______________________________________________________________________
rarrCunha cossouro sm bdquoroseta de espora‟ 1813 De origem obscura
rarrBluteau COSSOUROS do navio Saotilde humas bolas de ferro furadas no meyo em que ſe
mete o maſto Servem para os Enxertarios []
rarrMoraes e Silva COSSOgraveUROS s m pl t de Naut Bolas de ferro furadas no meyo em
que se mette o mastro servem para os enxertarios sect Cossouro da espora roda que estaacute na puacutea
rarrLaudelino Freire COSSOURO s m Bola de ferro com orifiacutecio ao centro onde se embebe
o mastrosect 2 Roseta de espora
rarrAureacutelio cossouro [De or obscura] SM 1Roseta de espora [F paral cossoiro]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios remetem o significado do termo cossouro ao mundo
naacuteutico Origem obscura
Ficha 61
[]
Costa sf Terreno que se levanta em ladeira Terra junta ao mar No plr costelas do corpo
(T Naut] curvas e outras peccedilas que sostecircm o costado []Dar aacute costa naufragar encalhar
[]
______________________________________________________________________
rarrCunha costa sf bdquo(no pl) espaacuteduas‟ XIII bdquocostela‟ XIII bdquolitoral‟ XIV Do lat cŏsta
bdquocostela ilharga lado flanco‟ []
rarrBluteau COSTA do mar ( chamada porque de ordinario he amp coſtumamos dizer A
coſta do monte ou porque a terra junto ao mar de ordinario he curva a modo de Correr a
coſta Navali excursione oram Deſpois de corrida toda a coſta Proximo laure Tacito
fallatildedo em huma armada Navegar coſta a coſta Luttus radere Vr V CoſtearDar agrave coſta
Allidi ad eram ou ad oram maritimam Com naacuteos deſtroccediladas tem quaſi agrave Coſta Chagas
Cart Eſpirit Tom 291 Fez fazer mytos navios para guardar a coſta Varias naves ad oram
maritimam tuendam
rarrMoraes e Silva COacuteSTA s f Terreno que se vaacutei erguendo e fazendo ladeira sect Ir coacutesta a
riba i eacute debaixo para cima e fig com difficuldadesect Correr a costa ir ao longo perto della
e assim navegar costa a costa sem se empeacutegar nem emmarar sect Dar agrave costa vir encalhar ou
naufragar nella com tormenta ou varar nella de proposito vg deu este navio aacute costa o tempo
forte deu elle aacute costardquo naacuteos lanccediladas aacute costardquo B 453
rarrLaudelino Freire COSTA s f Ant Anat Costela 2 Regiatildeo proacutexima do mar borda
do mar litoral praia 3 Porccedilatildeo de mar proacutexima da terra
102
rarr Aureacutelio [] 2Litoral (2) 3Porccedilatildeo de mar proacutexima da terra 4A costa da Aacutefrica em geral
[Nesta acepccedil figura em vaacuterios vocaacutebulos ou expressotildees como p ex pano da costa e sabatildeo-
da-costa] 5Encosta declive Dar agrave costa 1 Mar Encalhar (a embarcaccedilatildeo) no litoral por
acidente ou maacute visibilidade ou impelida por tormenta ir agrave costa 2 Fig Perder-se arruinar-se
Ir agrave costa 1 Mar Dar agrave costa (1)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
mar quebrar na costa
preto
PERO VAZ DE CAMINHA (1964) [1500] CARTA DE PERO VAZ DE CAMINHA
[A00_0335 p 01]
Sesta-feira 2 dias de Novembro veo a gente que tinha mandada em busca de Martim Afonso
e me disseram como a nao capitaina dera agrave costa por falta de amarras e que Martim Afonso
com toda a gente se salvaram todos a nado (sogravemente morreram sete pessoas seis afogados e
um que morreo de pasmo) e que o bragantim dera tambeacutem agrave costa e poreacutem que lhe nom
fizera nojo e o batel do galeam e da capitaina tinhatildeo satildeos []
PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE
SOUSA] [A00_0078 p 73]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todas as obras indicam costas dentre outras acepccedilotildees como termo ligado agrave
vida mariacutetima Como termo naacuteutico o DLB apresenta tambeacutem a expressatildeo dar agrave costa
Origem portuguesa lt latina
Ficha 62
Cruzar va Por em forma de cruz Atravessar pelo meio Fig Sobmetter-se conformar-se (T
Naut) Pairar
______________________________________________________________________
rarrCunha cruzarrarr CRUZ [] Do lat crux crǔcis [] cruzAR vb bdquofazer cruzada‟ XIII
bdquopercorrer atravessar‟ XVII []
rarrBluteau CRUZAR Andar atraveſſando de huma parte a outra Cruzar o mar aſſi
como diz Cicero Andatildeo os Piratas cruzando o mar Pirate mareacute inſeſtum havent Ex Cicer
ou mareacute navibus interclu ou claufum tenent Outras duas velas Cruzaratildeo largo tempo o mar
Britt Viagem ao Braſil pag 56 Dos que Nos Eſtreytos do mar ſe levantatildeo as ondas
amp andatildeo os mares Cruzados Vieir Tom 6 pag 481
rarrMoraes e Silva CRUZAacuteR v at Pograver em cruz v g cruzatildeo as vergas Mousinho Afonso
Afric sect Andar bordejando pairar Brito Viag Braacutes P56 duas velas cruzaacuteratildeo largo tempo o
mar Vieira andatildeo os homens cruzando as cortes atravessando daqui para alli no mesmo
lugar Cruza este terreiro a cavalo cruza os mares
rarrLaudelino Freire CRUZAR v r v De cruz + ar Ocupar ou vigiar certa extensatildeo do mar
percorrendo-a em tocircdas as direccedilotildees (intr tr ind com prep em) ldquoAs esquadras federais
cruzaram veratildeo e inverno durante anosrdquo (Rui) ldquoUma esquadra destinada a cruzar no
Baacutelticordquo (Aulete)
rarrAureacutelio cruzar [De cruz + -ar2][]3Cortar atravessar A Avenida Rio Branco cruza a
Presidente VargasCruzam o firmamento as estrelas cadentes (Martins Fontes Veratildeo p
154) 4Passar por percorrer atravessar Lembrava-se bem do tempo em que cruzara aquelas
estradas5Transpor penetrar Saiu dizendo que jamais voltaria a cruzar aqueles
umbrais6Percorrer em diversos sentidos cruzar os mares cruzar estradas []
8Encontrar-se vindo em direccedilotildees opostascruzara com um caboclo espadauacutedo e rijo
(Herman Lima Garimpos p 142) [] 10Percorrer o mar em direccedilotildees diversas11Estar
103
atravessado colocar-se de traveacutes 12Encontrar-se vindo em direccedilotildees opostas cruzar-se []
Cruzar (16) Os navios cruzaram-se em pleno equador []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Em que se declara o clima da Bahia como cruzam os ventos na sua costa e correm as aguas
GABRIEL SOARES DE SOUSA (1938) [1587] DESCRIPCcedilAtildeO TOPOGRAPHICA DA BAHIA
(PARTE SEGUNDA -TITULO 2) [A00_0178 p 133]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Os dicionaacuterios consultados apresentam abonaccedilotildees que remetem ao termo
cruzar na acepccedilatildeo de mariacutetimo Origem portuguesa lt latina
Ficha 63
Cunho sm Instrumento com que se marca a moeda ou medalha Fig Uso pronunciaccedilatildeo
sentido que se daacute agraves palavras (T Naut) Pagraveos em torno do cabrestante com seus dentes em
que pegatildeo o linguete e as amarras Sem cruzes nem cunhos famil sem caracter certo vario
______________________________________________________________________
rarrCunha cunho sm ldquoplaca de ferro para marcar moedas medalhas etcrdquo XV Do lat cŭněus
ndashī
rarrBluteau Cunhos (Palavra de navio) Satildeo huns paacuteos pregados agrave roda do cabreſtante por
baxo com ſeus dentes em que pega o linguete amp as amarras quando viraotilde Natildeo temos
palavra propria Latina
rarrMoraes e Silva CUNHO Cunhos t de Naut paacuteos pregados aacute roda do cabrestante com
seus dentes em que pega o linguete e as amarras quando viratildeo
rarrLaudelino Freire CUNHO Cunhos s m pl Naacuteut Espaccedilo junto ao lais tendo aberto
perpendicularmente um gorne onde passam certos cabos que manobram a vela que lhes fica
superior 2 Naacuteut Paus pregados em tocircrno do cabrestante nos quais pelo linguete 3
Pedaccedilos de pau curtos pregados no lugar conveniente e que servem para dar volta aos cabos de
mareaccedilatildeo
rarrAureacutelio cunho [Do lat cuneu] Substantivo masculino1Constr Nav Peccedila de metal
incudiforme que se fixa na amurada das embarcaccedilotildees nos turcos ou nos lugares por onde
possam passar cabos de laborar para dar-lhes volta2Tip Cada uma das peccedilas de metal que
com o auxiacutelio de chave servem para apertar a focircrma na rama [Sin nesta acepccedil aperto e
(desus) cunha V enviesado]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam cunho como termo de navio Origem
portuguesa lt latina
Ficha 64
104
Curva sf A parte interior do joelho No pl (T Naut) Os pagraveos curvos que pegatildeo na quilha e
onde se pregatildeo as taboas
______________________________________________________________________ rarrCunha curv ˙a -ado -ar -atura rarr CURVO Curva sf bdquoqualquer linha ou superfiacutecie curva‟
1500 bdquo(Geom) lugar geomeacutetrico de um ponto que se desloca no espaccedilo com um uacutenico grau de
liberdade‟ 1844curvADO-bado XIV Do lat curvātus part de curvāre []
rarrBluteau Curva (Termo de Navio) Curvas de cotildevez ſaotilde as chaves da naacuteo que fortificatildeo os
lados Parece que ſaotilde o que Plinio chama Navium coft amp arum Fem Plur Curva do falcatildeo
do Beque he huma curva particular em que prega o Talhamar A quilha eſtava podre podres
as Curvas ou cavernas Vieira Tom 10220 E dando entre duas ondas impetuoſas Taboas
rendeo amp as Curvas mais forccediloſas Malaca conquiſt livro 1 oit 35
rarrMoraes e Silva CUacuteRVA Curvas t de Naut as costas ou peccedilas de paacuteo curvas que
nascem da quilha nas quaes se pregatildeo as taacuteboas do costado cavernas Vieira sect Curva do
falcatildeo do beque eacute uma curva onde se prega o talhamar
rarrLaudelino Freire CURVAS sf pl Mar Madeiros arqueados que partem do costado do
navio
rarrAureacutelio curva [F subst de curvo] SF 1Geom Lugar geomeacutetrico de um ponto que se
desloca num espaccedilo com um uacutenico grau de liberdade linha curva [O conceito pode abranger
como caso particular a linha reta] Curva de giraccedilatildeo 1 Lus Mar Curva de giro (q v)
Curva de giro 1 Bras Mar A que o centro de gravidade duma embarcaccedilatildeo descreve quando
se manteacutem o leme carregado para um dos bordos curva de giraccedilatildeo
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
A madeira eacute leve mas muito liada que natildeo fende de que se tiram curvas para barcos e que
se fazem vasos de sellas e destas folhas podem manter bichos de seda e os levarem a estas
partes
GABRIEL SOARES DE SOUSA (1938) [1587] DAS ARVORES MEANS COM
DIFFERENTES PROPRIEDADES DOS CIPOacuteS E FOLHAS UTEIS (PARTE SEGUNDA -
TITULO 9) [A00_0185 p 252]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaristas apresentam curva como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Ficha 65
Curvatatildeo sm ndashotildees no plr (T Naut) Vatildeo onde assenta a gavea Entre os Ferreiros satildeo dous
pagraveos do folle onde se prega a bdquoperada‟
______________________________________________________________________
rarrCunha curvo Do latim curvus
rarrBluteau CURVATAM Curvataotilde (Palavra de Navio) Curvatatildeo do gurupez he donde ſe
poem o vatildeo para aſſentar a gavea Carchefij fulcimentum i Neut Curvatoens tambem ſaotilde
huns paacuteos fortes em que ſe pregatildeo as perchas do beque Curvatoens do folle em officina de
fundidor ſaotilde dous paacuteos em que ſe prega huma taacuteboa de madeyra a que chamaotilde Perada
rarrMoraes e Silva CURVATAtildeO s m t de Naut No Curvatatildeo do gurupeacutes estaacute o vatildeo para
assentar a gaacutevea sectCurvatotildees do folle de ferreiro satildeo dois paacuteos onde se prega uma taacuteboa
chamada perada
rarrLaudelino Freire CURVATAtildeO Curvatotildees s m pl Naacuteut Duas peccedilas do mastro acima
da romatilde nas quais assentam os vaus reais
rarrAureacutelio curvatatildeo [Do esp curvatoacuten lt cat corbatoacute] Substantivo masculino 1Constr Nav
Ant Cada uma das duas fortes peccedilas de madeira presas agrave romatilde do mastro ou mastareacuteu e sobre
as quais assenta o cesto da gaacutevea
105
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaristas apresentam curvatatildeo como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Ficha 66
Cutegravelo sm Alfange Instrumento semi-circular de ferro de que servem os curtidores [T
Naut] Vela pequena que se ajunta as gaveas No plr Pennas da extremidade das azas do
falcatildeo
______________________________________________________________________
rarrCunhacutelo sm bdquofaca‟ coitello XIII coytelo XIII Do lat cŭltěllus []
rarrBluteau Cutelos (Termo de navio) Armando-lhe joanetes amp Cutelos que natildeo trazia
Britto Viagem do Braſil pag 120
rarrMoraes e Silva CUTEgraveLO s m Alfange [] Velas pequenas que se ajuntatildeo quando haacute
bom vento Britto Viagem Metter cutelos e varreduras
rarrLaudelino Freire CUTELOS s m pl Mar Pequenas velas quadrangulares que servem de
suplemento agraves outras e se desfraldam quando o vento eacute favoraacutevel 2 Pedaccedilos de lona ou
brim que saem do painel das velas quando estas se cortam
rarrAureacutelio cutelo1 [Do lat cultellu faquinha] S m 3Ant Marinh Cada uma das velas
suplementares quadrangulares caccediladas junto agraves testas do velacho e da gaacutevea quando o vento
era de feiccedilatildeo para aumentar a superfiacutecie do pano vela de cutelo
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaristas apresentam cutelo como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
D
Ficha 67
Drsquoavante adv (T naut-) por diante
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta dlsquoavante poreacutem haacute avante adj bdquoadiante para frente‟ XIII Do lat tard
ǎbantě [] auantal XIV vante sf bdquoa metade dianteira da embarcaccedilatildeo‟ XVI
rarrBluteau DAVANTE Em praſe Nautica vai tanto como por diante Fez tomar o navio por
Davante Barros Dec 4 fol 57 Saltaraotilde no Caſtello Davante Barros 1 Dec 116 col2
Antes de darem por Davante Britto Viagem do Braſil 284
rarrMoraes e Silva D‟AVANTE adv tde Naut V Avante Barros Surdir obedecer ao leme
ou governo e mareaccedilatildeo que se faz para fazer cabeccedila e navegar
rarrLaudelino Freire natildeo constad‟avante AVANTE sm Despor O mesmo que atacante
Avante Interj Voz que exprime incitamento e equivale a ldquovamos para dianterdquo Prossigamos
rarrAureacutelio natildeo consta d‟avante consta avante [Do lat vulg abante] Adveacuterbio 1Adiante
Mais avante comeccedilava a selva2Para adiante para a frente Marchemos avante
106
Interjeiccedilatildeo 3Para a frente rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Quinta-feira no quarto de alva me deu por davante o vento sudoeste levando as velas cheas
do vento nordeste que foi a mor afronta que nesta viajem noacutes tiacutenhamos visto E com o vento
sudoeste lanccedilaacutemos as naos ao pairo
PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE
SOUSA [A00_0078 p 65]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios somente Bluteau e Moraes e Silva indicam dlsquoavante como termo naacuteutico
Origem portuguesa lt latina
Ficha 68
Desaferrar va Soltar cousa preza com ferro ou a ferro Soltar largar o que estava prezo
Fig Tirar a forccedila das matildeos das unhas etc (T naut) Levantar ancora
______________________________________________________________________
rarrCunha des˙a˙ferr˙ar -olhar - FERRO sf bdquometal maleaacutevel e tenaz de numerosas aplicaccedilotildees
na induacutestria e na arte‟ XIII Do lat ferrum ndashi [] DESAferrAR XVI []
rarrBluteau DESAFERRAR Tirar alguma couſa do ferro com que eſtaacute preſo Aliquid ferreo
vinculo exfolvere Deſaferrar da maotilde dos dentes das garras unhas ampc he tirar por forccedila que
as ditas couſas tem aferrado Aliquid egrave manibus dentibus unguibus avellere evellere
revellere (vello vulfi vullere evellere revellere (vello vulfi vulfum) Ex Cic Deſaterrar do
Porto Levantar ferro Solvere egrave portu ou folvere navem Cic Deſpois de Deſaferrar do
Porto Ancoris folutis Cic Nem aſſi quizeraotilde Deſaferrar do Porto Jacinto Freyre mihi pag
27
rarrMoraes e Silva DESAFERRAR v at Soltar alguma coisa do ferro a que estava presa v
g desaferraratildeo a embarcaccedilatildeo inimiga a preza te desaferro Lobo Egl7 sect Desaferrar do
porto levantar ferro ancora
rarrLaudelino Freire DESAFERRAR v r v De des + aferrar Levantar ferro ou acircncora (o
navio) (intr tr ind com prep de) ldquo O navio desaferrourdquo ldquoA primeira esquadra agraves ordens de
Lencastre desaferrou do pocircrto de Woolwichrdquo (Rebecirclo da Silva)
rarrAureacutelio desaferrar [De des- + aferrar] Verbo transitivo direto 1Soltar (o que estava
aferrado preso com ferro) 2Soltar (o que estava seguro) Verbo transitivo direto e indireto
3Fazer desistir dissuadir Natildeo conseguimos desaferraacute-lo daquela ideia
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todas as acepccedilotildees exceto as apresentadas por Aureacutelio remetem ao universo
naacuteutico Origem portuguesa lt latina
Ficha 69
Desancorar va (T naut) Levantar ancora
______________________________________________________________________
rarrCunha Do lat ancōra deriv do gr aacutegkyra
rarrBluteau DESANCORAR Levantar a ancora Anchoras toliere Vid Ancora
rarrMoraes e Silva DESANCORAacuteR v at Levantar a ancora o ferro do navio sect vn
Desaferrar
107
rarrLaudelino FreireDESANCORAR vrv De des + ancorar Levantar a acircncora de (tr dir)
2 Levantar acircncora (intr)
rarrAureacutelio desancorar [De des- + ancorar] Verbo td Desus 1Levantar a acircncora de
desancorar um barcoVerbo intransitivo 2Levantar acircncora desaferrar do porto
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam desancorar como termo naacuteutico Aureacutelio
acrescenta ldquotermo em desuso Origem portuguesa lt latina lt grego
Ficha 70
Descahir v n [T naut] Apartar-se do rumo por causa da corrente etc Soffrer decadencia de
bens de valimento etc Ir a mal o que estava bem Declinar
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta descair consta cair cair vb bdquocorresponder a tocar a‟ bdquoir ao chatildeo‟
XIV caer XIII Do lat caděre cadente adj 2g bdquoque vai caindo‟ bdquocadenciado ritmado‟
XVIII Do lat cadens -ēntis bdquoque tomba que cai‟ caIacuteDO 1572 -hi- XVI caIMENTO
-hi- XVIII DEcaIacuteDO decau- XIII DEcaiMENTO -cay- XV Decair XIII
DEScaIacuteDA -hi- 1813 DEScaIacuteDO XVI DEScaIMENTO XVI DEScair XVI
descayr XV queda sf bdquobaque tombo‟[]
rarrBluteau DESCAHIacuteR (Termo Nautico) He nas viagens por mar cotilde a forccedila do vento das
mares ou das correntes perder o rumo amp ſahir da derrota que ſe tem tomado itinere
ventorum ou aquarum vi de (Fleto flexi flexum) Como pairava podia Deſcahir com o
vento Britto viagem do Braſil 37 O Galeaotilde foy Deſcahindo com a correnteQueyros Vida do
Irmatildeo Baſto 311 col2 Deſcahir do valimento In principis offenſionem incurrere ou cadere
Cic
rarrMoraes e Silva DESCAHIR v n t de Naut Apartar-se do rumo por forccedila do vento
contrario de aguagens ou correntes B145 ldquonatildeo querendo o navio fazer cabeccedila (por tomar
vento d‟avante) comeccedilou de ir descahindo sobre hum baixo
rarrLaudelino Freire DESCAIR vrv De des+cair Naacuteut Desviar-se do rumo ou direccedilatildeo
derivar (intr) Abrandar amainar (intr) ldquoO vento comeccedila a descairrdquo (Aulete)
rarrAureacutelio [De des- + cair] V t d[] 4Mudar de rumo derivar (embarcaccedilatildeo) [] 9Estar
inclinado em (certa direccedilatildeo) []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
[] quando voltou encontrara huma armada de vinte naacuteos Hollandezes que lhe impediratildeo o
poder lanccedilar da sua gente a que pretendia no porto de Tamandareacute e por descahir muito com
as correntezas apenas podera tomar o porto dos Touros onde fizera dezembarcar o Mestre
de Campo Andreacute Vidal de Negreiros []
LUIZ DOS SANTOS VILHENA (1921) [1802] CARTA UNDECIMA [A00_0832 p 401]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam descahir como termo naacuteutico ou remete ao
universo mariacutetimo Origem portuguesa lt latina
108
Ficha 71
[]
Dobrar va voltar parte de alguma cousa sobre outra Fazer girar sobre o eixo fallando de
hum sino e de hum cabo (T Naut) Passar alem delle Curvar commover mover alguem
Amansar Accrescentar outro tanto Dobrar-se figldquoAugmentar-serdquo em dobro vnVoltar
______________________________________________________________________
rarrCunhadobrar vb‟duplicar aumentar tornar mais completo mais extenso‟‟curvar abater
domar‟ bdquomodificar passar aleacutem de torneando‟ XIII Do lattardio duplārede duplus
bdquodobro‟derivde duo bdquodois‟ []
rarrBluteauDOBRAR Dobrar hum cabo (Termo nautico) []
rarrMoraes e Silva DOBRAacuteR v at Voltar a porccedilatildeo ou parte de uma coisa sobre outra parte
v g um ramo do panno sobre outro a parte de uma folha de papel sobre outra a ponta de um
prego ou arame sobre o maissect Dobrar o Cabo t de Naut passar aleacutem delle navegando fig
ao dobrar de huma assomada Lobo Egl 5
rarrLaudelino Freire DOBRAR v r v Lat duplicare Passar aleacutem dando volta costeando ou
torneando (tr dir) ldquoAs primeiras navegaccedilotildees regulam-se pelas balizas que deixaram os
predecessores e pelos mesmos cabos que ecircles dobravamrdquo (Latino Coelho)
rarrAureacutelio dobrar [Do lat duplare] Verbo transitivo direto 1Tornar duas vezes maior
duplicar As chuvas dobraram o volume de aacutegua da represa4Voltar ou virar (um objeto) de
modo que uma ou mais partes dele se sobreponham a outra(s) Apoacutes a cerimocircnia os soldados
dobraram a bandeira5Fazer vergar curvar flexionar flectir dobrar os joelhos Ao redor de
noacutes o vento selvagem que dobra vergocircnteas ondeia cidreiras e despetala flores (Maacuterio da
Silva Brito Conversa Vai Conversa Vem p 12) 6Passar aleacutem de circundando Vasco da
Gama dobrou o cabo da Boa Esperanccedila em 1498 7Teatr Interpretar dois ou mais papeacuteis
numa mesma peccedila 8Vergar-se curvar-se 9Ceder transigir 10Pocircr-se (o Sol) 11Bras
Gorjear cantar (paacutessaro) 12Bras PA Proceder a uma dobraccedilatildeo (2) Verbo pronominal
13Tornar-se maior aumentar(-se) 14Curvar-se inclinar-se vergar15Afrouxar(-se) ceder
[Pres ind dobro etc Cf dobro (ocirc) s m]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
O vento era sueste que nos era escasso pera dobrar(e)mos o cabo de Santlsquo Agostinho As
aacuteguas nesta paragem correm a loeste com muita forccedila
PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE
SOUSA () [A00_0078 P 36]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Bluteau e Moraes e Silva apontam dobrar como termo naacuteutico Laudelino
Freire e Aureacutelio natildeo o fazem mas apresentam abonaccedilotildees que mostram o termo como do
universo mariacutetimo Origem portuguesa lt latina
109
Ficha 72
Dormenteadj Adormecido Entorpecido Que estaacute fixa fullando de huma ponte No pl (T
Naut) Diz-se de huns pagraveos que vatildeo fechar nas buccedilardas da proa e em que se assenta a coberta
Na atafona satildeo dois pagraveos em que descanccedilatildeo os emparamentos sobre que anda a moacute
______________________________________________________________________
rarrCunha dormente rarr DORMIR Dormir vb bdquodeixar de estar acordado descansar no sono‟
XIII Do lat dormīre AdormENTAR XIII dormentar XIVAdormir XIII dormEcircNCIA
XX dormENTE1
adj bdquoaquele que dorme‟ bdquodiz-se das plantas cujas folhas se enrolam ou se
desdobram de noite‟ bdquoentorpecido‟ bdquoque estaacute assentado firme‟ XIV Do lat dorm(i)ens ndash
(i)entis part pres de dormīre dormENTE2
sm bdquocada um dos paus da coberta de um navio‟
bdquotravessas em que se assentam os trilhos da linha feacuterrea‟ XVI O termo comeccedila a usar-se
nestas acepccedilotildees como oposto a elevadiccedilo moacutevel natildeo-fixo Assim ponte dormente eacute aquela
que eacute fixa em oposiccedilatildeo a ponte elevadiccedila daiacute o uso substantivado e sua expansatildeo
rarrBluteau Dormentes (Termo de navio) Saotilde os em que ſe forma a cobertaa amp vaotilde a fechar
em buccedilardas da Proa
rarrMoraes e Silva DORMEgraveNTES s m pl t de Naut Satildeo paacuteos em que se foacuterma a coberta e
vatildeo fechar nas buccedilardas da proa sect na Atafona Satildeo 2 paacuteos em que se descanccedilatildeo os
emparamentos nos Engenhos de assucar paacuteos em que assenta a ponte da moendasect Os Sete
Dormentes V C Flos Sanct De Fr Diogo do Rosario que traz a sua histoacuteria curiosamente
ldquoacordaratildeo os dormentesrdquo P d‟Aveiro c 91
rarrLaudelino Freire DORMENTE sm Naacuteut Cada um dos paus com que se forma a coberta
e que vatildeo fechar nas buccedilardas da proa2 Uma das peccedilas da atafona 3 cada uma das
travessas em que assentam os carriacutes das linhas feacuterreas
rarrAureacutelio dormente [De dormir + -ente] Substantivo masculino 1Peccedila fixa de marcenaria
ou de serralharia assim chamada em contraposiccedilatildeo a outras do mesmo tipo ou aparecircncia
poreacutem moacuteveis 2Peccedila da atafona 3Cada uma das peccedilas de madeira em que se pregam as
taacutebuas do soalho 4Constr Nav Cada uma das fortes vigas de madeira que correm de proa agrave
popa sobre o topo das balizas e sobre as quais se apoiam os topos dos vaus 5Constr Nav
Cada uma das vigas de madeira que correm de proa agrave popa presas agraves cavernas de embarcaccedilatildeo
miuacuteda um pouco abaixo do alcatrate e sobre as quais se apoiam as bancadas dos
remadores[]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
[ -
inconveniente no Amazonas por abundar tanto nele e nas suas matas a madeira mas ainda
que esta seja muita e esteja agrave escolha sempre custa a cortar e a conduzir e a lavrar de
sorte que chamando-se embarcaccedilotildees de um soacute pao inteiriccedilas necessitam de muitos mais
paos do que as embarcaccedilotildees ordinaacuterias um pao para fazer o casco outros dous paos para
tirar as duas cavernas outros dous para os dous talabardotildees e todos esses satildeos paos
grandes 4 paos famosos para construir as duas bochecas e as duas conchas da proa sem
falar nos muitos outros paos para dormentes bancos mastros e mais requisitos E por
ventura satildeo estas embarcaccedilotildees mais fortes e duraacuteveis que as ordinaacuterias
110
PADRE JOAtildeO DANIEL (1976) [1757] PARTE QUINTA - EM QUE MOSTRA UM NOVO E
FAacuteCIL MEacuteTODO DA SUA AGRICULTURA O MEIO MAIS UacuteTIL PARA EXTRAIR AS SUAS
RIQUEZAS E O MODO MAIS BREVE PARA DESFRUTAR OS SEUS HAVERES PARA
MAIS BREVE E MAIS FACILMENTE SE EFEITUAR A SUA POVOACcedilAtildeO E COMEacuteRCIO -
TRATADO 4deg - DA FACTURA DAS CANOAS OU EMBARCACcedilOtildeES DO AMAZONAS - CAP
2deg - DOS MUITOS INCONVENIENTES QUE TEM ESTA PRAXE DAS CANOAS [A00_1923
P 193]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios aprsentam dormente como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Ficha 73
Driccedila sf (T Naut) Corda de iccedilar e marear as velas
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau DRICA Corda de roldana ou cabo com que ſe levantaotilde amp abaixaotilde as vergas
dos navios []
rarrMoraes e Silva DRICcedilA s f t de Naut Corda de iccedilar e marear as velas Couto 836
cortou a driccedila da vela Epanaforas H Naut 2134 enxarcea e driccedila fizeratildeo de huma linha de
pescar
rarrLaudelino Freire DRICcedilA s f ital drizza Corda com que se iccedilam pavilhotildees vecircrgas de
navio etc adriccedila ADRICcedilA s f De a + ital drizza Naacuteut Cabo para iccedilar velas ou bandeiras
nos mastros dos navios
rarrAureacutelio driccedila [Do it drizza pela f driccedila] S f 1Marinh Ant Adriccedila Adriccedila [De a-5 +
it drizza pela f ant driccedila] 1Marinh Cabo de laborar utilizado para iccedilar bandeira flacircmula
roupa maca e determinadas vergas e velas driccedila De improviso flutuaram todas [as canoas]
com rangidos de adriccedilas e palpitaccedilotildees do velame que o vento encopava e propelia (Xavier
Marques Jana e Joel p 53) A meia adriccedila 1 Marinh Diz-se de bandeira iccedilada ateacute 23 da
distacircncia vertical que vai do lais da verga ou do tope do mastro ao local de onde foi iccedilada a
meio 2 Mar Giacuter Um tanto embriagado tocado
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Do entrecasco de duas qualidades que ha de Imbira se fazem rijissimas cordas e ainda
amarras escotas driccedilas etc para as embarcaccediloens que navegatildeo pella costa e reconcavo
asim como estocircpa para calafates e outros uzos
LUIZ DOS SANTOS VILHENA (1921) [1801] CARTA VIGESIMA [A00_0846 p 762]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam driccedila como termo naacuteutico Origem italiana
E
Ficha 74
Embonar va (T Naut) Accrescentar o costado da embarcaccedilatildeo para ter mais bojo
______________________________________________________________________
rarrCunha em˙bon˙ar -o - bom boa adj bdquoque tem as qualidades adequadas agrave sua natureza ou
funccedilatildeo‟ bdquobeneacutevolo bondoso benigno‟ [] EMbonAR 1813 Do cast embonar EMbono
1813 Do cast embono
111
rarrBluteau (Termo Nautico) Embonar hum navio He ſobre o proprio madeyro com taboas
groſſas ou com novos madeyros amp com novo taboado dar bojo a hum navio que por falta
delle naotilde ſuſtenta a vela Navis latera lignis tabuliſque novis veſtire []
rarrMoraes e Silva EMBONAacuteR vatt de Naut |Acrescentar o costado do navio que fique
mais bojudo para aguentar melhor o panno
rarrLaudelino Freire EMBONAR v tr dir De embono + ar Naacuteut Reforccedilar exteriormente o
costado de (um navio)
rarrAureacutelio Embonar [Do esp embonar] Verbo transitivo direto 1Constr Nav Colocar
embono em (uma embarcaccedilatildeo)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam embonar como termo naacuteutico ou naval
Origem castelhana
Ficha 75
Embono sm [T naut] Accrescentamento de bojo ao costado do navio
______________________________________________________________________
rarrCunha em˙bon˙o - BOM bom boa adj bdquoque tem as qualidades adequadas agrave sua natureza
ou funccedilatildeo‟ bdquobeneacutevolo bondoso benigno‟ [] EMbono 1813 Do cast embono
rarrBluteau Embocircno (Termo Nautico) Hagrave dous generos de embono Embono que ſe faz
ſobre o proprio madeyro deſcozendo o coſtado amp pondo o coſtado ſobre o embono Outro
embono faz ſobre o proprio coſtado com taboado groſſo Vid Embonar
rarrMoraes e Silva EMBOgraveNO s m Augmento de bojo que se daacute o costado do navio para
que possa aguentar melhor o panno faz-se sobre o antigo costado pondo-lhe outro
rarrLaudelino Freire EMBONO s m Naacuteut O bocircjo ou saliecircncia do costado de qualquer navio
embonado embonada EMBONOS s m pl Naacuteut Madeiras que servem para embonar o
navio2 Paus que fixam socircbre o costado para facilitar o desembarque
rarrAureacutelio [Do esp embono] S m 1Ant Constr Nav Revestimento de madeira aplicado
sobre o casco de embarcaccedilatildeo desde o fundo ateacute agrave linha-daacutegua quando ela mostra grande
tendecircncia para se inclinar 2Ant Constr Nav Revestimento suplementar com estrutura
celular que em navios metaacutelicos corria a um e outro bordo ao longo do costado desde um
pouco acima da linha-daacutegua ateacute certa profundidade e destinado a melhorar a proteccedilatildeo do
navio contra as explosotildees de torpedos ou minas contracarena [Cf nesta acepccedil coacuteferdatilde (2)]
3Bras N NE Grande viga de pau de jangada ou de outra madeira leve presa ao longo da
borda de algumas embarcaccedilotildees de boca estreita com o fim de aumentar-lhes a estabilidade e
amortecer-lhes o balanccedilo lateral
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam embono como termo naacuteutico Origem
castelhana
112
Ficha 76
Embornal sm O saco com cevada ou milho em que se mette o focinho da besta (T Naut)
Buracos no costado do navio para escovar a agua que cahe na coberta
______________________________________________________________________
rarrCunha embornal - bornal sm bdquosaco de pano utilizado para transportar provisotildees
ferramentas etc‟ 1813 De origem incerta Embornal 1813 Embornais sm Pl ldquo(Const Nav
) abertura que se faz no costado de embarcaccedilatildeo rente com o conveacutes para escoamento das
aacuteguas da baldeaccedilatildeo ou da chuva‟ 1813 Do it imbrunali
rarrBluteau Embornagravees (Termo de Navio) Saotilde huns buracos nos coſtados da naacuteo junto das
cubertas donde ſahe a lagoa dellas para o mar [] Haacute outros Embornaes nos Trin da
cuberta por onde a agoa vay para o poratildeo donde deſpois ſe tira com a bomba
rarrMoraes e Silva EMBORNAacuteL ou Ambornal s m Saco em que se daacute cevada ou milho aacutes
bestas mettendo-lho no focinhosect Embornaacutees t de Naut buracos no costado do navio ao livel
das cobertas por onde se escogravea a agua que caacutei nellas tem umas angas de pano alcatroado ou
oleado pelas taes se saacutei foacutera a agua Amaral 51 V orndes
rarrLaudelino Freire EMBORNAL s m De em + bornal Saco em que se daacute cevada ou
milho agraves becircstas para o que se lhe prende em tocircrno da bocircca cevadeirardquoEu vi vocecirc uma
bichinha cabia num embornal estaacute ouvindordquo (C Neto)
rarrAureacutelio embornal2 [Do cat ant embrunal poss pelo esp embornal] Substantivo
masculino 1Constr Nav Abertura que se faz no costado de embarcaccedilatildeo rente com o conveacutes
para escoamento das aacuteguas da baldeaccedilatildeo ou da chuva
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Eraotilde valeroſos ambos os Commandantes e tratando jaacute como deſempenho da ſua honra a
occaſiaotilde a que ella meſma os conduzia foy tanta a forccedila que pozeraotilde nos remos e fizeraotilde de
veacutela que na noite logo do dia 9 ſe meteraotilde de baixo das baterias inimigas com hum tal
deſprezo de chuveiros de balas que quando os Hollandezes ſe conſideravaotilde ſoacute acomettidos ſe
viraotilde entrados mas recobrando-ſe do primeiro ſuſto empenharaotilde de ſorte toda a ſua
conſtancia na oppoſiccedilaotilde da furia dos golpes que jaacute corria o ſangue pelos embornaes de hum
e outro bordo
BERNARDO PEREIRA DE BERREDO (1749) [1718] ANNAES HISTORICOS DO ESTADO
DO MARANHAOtilde - LIVRO V [A00_2517 p 183]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios De todos os dicionaacuterios consultados somente o Laudelino Freire natildeo apresenta
embornal como termo naacuteutico Origem incerta (italiana)
Ficha 77
Encalamentos s m plur (T Naut) Peccedilas de madeira que atravessatildeo os braccedilos do navio para
o segurar
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau ENCALAMENTOS (Termo de navio) Satildeo os que atraveſſaotilde os braccedilos amp as
poſturas do navio para fortificar []
113
rarrMoraes e Silva ENCALAMEgraveNTOS s m pl t de Naut Peccedilas de madeira que atravessatildeo
os braccedilos e posturas do navio para as fortificar
rarrLaudelino Freire ENCALAMENTO s m Naacuteut Peccedila de madeira que fortalece o navio
atravessando-lhe os braccedilos
rarrAureacutelio natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente o Aureacutelio natildeo apresenta o termo naacuteutico encalamento Origem natildeo
encontrada
Ficha 78
Encapellar va Levantar a onda e fazella dobrar sobre si Vn (T Naut) vir caindo sobre a
calcez ategrave descanccedilar nos vatildeos
______________________________________________________________________
rarrCunha encapelar ndash CAPELO - sm bdquocapacete da armadura‟ XIII Do lat vulg cappěllus
ENcapelADO sm em- XV ENcapelAR -llar XIX
rarrBluteau Encapellar (Termo de Mariagem) Diz-ſe da enxarcia ou cordas que vem cahindo
pelo calcegravez ou peſcoccedilo do masto ateacute aſſentarem em cima dos vatildeos amp quando ſe tiratildeo diz-ſe
Deſencapellar
rarrMoraes e Silva ENCAPELLAacuteR v at Levantar encrespar e fazer dobrar o apice ou
lingua da onda sobre si mesma como succede andando o mar mui grosso o mar encapella as
ondas Mansinho f 35 sect ldquoassombrar as terras encapella os mares Barreto v do Evangelho
sect Encapellar n t de Naut vir caindo a enxarcia ou cordas pelo calcez ateacute assentarem sobre
os vatildeos []
rarrLaudelino Freire ENCAPELAR ou ENCAPELLAR vrv De em + capela + ar Naacuteut Ir
introduzindo a encapeladura da enxarcia alccedila etc pelo calcecircs ou lais de qualquer mastro
mastareacuteu ou vecircrga ateacute ficar assente socircbre os vaus ou cunhos dos madeiros (intr) 2 Agitar-
se e amontoar-se formando serras (falando do mar ou das ondas) (intr pr) ldquoVentos sopraram
o mar encapelourdquo Suacutebito encapelam-se as ondasrdquo (Paranapiacaba) 3 Levantar
encrespar (tr dir pr) ldquoO oceano encapelava as ondasrdquo (Pocircrto Alegre)
rarrAureacutelio encapelar2 [De en-
2 + capelo
1 + -ar
2] Verbo trans Dir [] 2Levantar erguer
encrespar (o mar as ondas etc)Verbo intransitivo 3Encrespar-se agitar-se (o mar as
ondas) encapelar-se 4Marinh Introduzir no calcecircs ou lais a enxaacutercia a alccedila etc Verbo
pronominal [] 6Encapelar (3) E as vagas do oceano que ameaccedilava tragaacute-los encapelavam-
se aos peacutes deles (A Herculano Lendas e Narrativas I p 147)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Qual sereno mar que num instante As ondas sobre as ondas encapela
TOMAacuteS ANTOcircNIO GONZAGA (2000) [1863] CARTA 3a [A00_1215 p84]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam encapelar como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Ficha 79
Encodar-se va refl [T Naut] Prender-se de poppa ou ficar com ella debaixo d‟agua
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
114
rarrBluteau Natildeo consta
rarrMoraes e Silva ENCODAacuteR-SE v recipr t de Naut Encodar-se a naacuteo pender a popa ou
ficar com ella debaixo da agua (de coda Italiano) Cast 2 f 161
rarrLaudelino Freire ENCODAacuteR-SE v pr De em + coda + ar Inclinar a pocircpa ou metecirc-la
debaixo de aacutegua (o navio)
rarrAureacutelio natildeo consta encodar ou encodar-se Consta encodeamento [De encodear + -mento]
Substantivo masculino 1Accedilatildeo de encodear2Crosta cocircdea
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Moraes e Silva e Laudelino Freire apresentam encodar-se como termo naacuteutico
Origem italiana
Ficha 80
Enfrechadura sf (TNaut) Cabos que atravessatildeo os covens como escadas
______________________________________________________________________
rarrCunha [] do fr fleche de origem germacircnica [] frechal 1813
rarrBluteau Enfrechadugravera (Termo de Marianhagem) Satildeo huns cabos que atraveſſaotilde os ouveins
a modo de eſcadas formacirc transſverſa Scal nautic arum Fem Plur Virgilio lhe chama
Pontes Neſte ſentido entendem os Commentadores eſte verſo do livro da Eneida []
rarrMoraes e Silva ENFRECHADUacuteRA s f t de Naut Satildeo cabos que atravessatildeo os oveis a
modo de escadas
rarrLaudelino Freire ENFRECHADURA s f O mesmo que enfrechateEnfrechate s m De
enfrechar Naacuteut Cada um dos cabos paralelos e horizontais nos oveacutens das enxarcias
Enfrechar v tr De en + frecha + ar Naacuteut Pocircr enfrechates em
rarrAureacutelio enfrechadura s f1Constr Nav O conjunto de enfrechates duma enxaacutercia
Enfrechate s m1Constr Nav Cada um dos degraus feitos de cabo madeira ou ferro presos
aos oveacutens formando escada para que por ela possa subir ao mastro o pessoal empregado na
manobra de um veleiro
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam enfrechadura como termo naacuteutico Origem
francesa lt germacircnica
Ficha 81
Enora sm (T Naut] Pagraveo de atochar o mastro
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau ENORAS (Termo de Navio) Saotilde dous paos a que antigamente chamavaotilde
Poſquetes ſervem de atochar o maſto
rarrMoraes e Silva ENOacuteRAS s f pl t de Naut Paacuteos de atochar o mastro V
PosquetesPosquegravetes s m pl t de Naut antiq V Enoras
rarrLaudelino Freire ENORA s f lat ora Naacuteut 1 Abertura nos vaacuterios pavimentos do
navio por onde os mastros vatildeo assentar na carlinga 2 Abertura circular no conveacutes agrave reacute por
onde se enfia a cabeccedila da madre do leme 3 Peccedila de madeira com que se atocha o mastro
rarrAureacutelio [De en-2 + lat ora extremidade cabo amarra] S f 1Constr Nav Abertura
feita num conveacutes e por onde enfurna um mastro ou eixo de um cabrestante
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
115
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam enora como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Ficha 82
Envergar va ndashguei (T Naut) Enrolar as velas com os envergues nas vergas Vergar
______________________________________________________________________
rarrCunha en˙ver˙ado -adura -ar - VERGA verga sf bdquovara flexiacutevel‟XIII virga XIIIDo
lat virgaENvergADO XVIIENvergADU˙RA 1844 ENvergAR XVII []
rarrBluteau natildeo consta
rarrMoraes e Silva ENVERGAacuteR v at t de Naut Atar e enrolar as velas nas vergas com os
envergues Couto 6921sect V Vergar vg envergar um prego sect Cobrir tapar com vergas
rarrLaudelino Freire ENVERGAR vrv De en +vergar Mar Enrolar e atar com os
envergues (as velas) nas vergas (tran dir) Ligar (o pano) agraves vergas ou aos estais para
servirem na manobra (tr dir)
rarrAureacutelio Envergar [De en-2 + verga + -ar
2] Verbo transitivo direto1Marinh Atar (vela) a
uma verga ou a um estai2Curvar arquear Envergou o bambu3Vestir trajar envergar um
fraqueVerbo intransitivoVerbo pronominal 4Vergar-se curvar-se [Conjug v largar]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam envergar como termo naacuteutico exceto Bluteau
onde o termo natildeo foi encontrado Origem portuguesa lt latina
Ficha 83
Envergues sm plr (T Naut) Os cabos que atatildeo a vela por huns ilhograves aacute verga
______________________________________________________________________
rarrCunha verga sf bdquovara flexiacutevel‟XIII virga XIIIDo lat virgaENvergADO
XVIIENvergADU˙RA 1844 ENvergAR XVII []
rarrBluteau ENVERGUES (Termo de marinhagem) Saotilde huns cabos que fazem fixos ilhograves
com as vergas no gorotil Fumes quibus concraEtum velum alligatur ad antennas
rarrMoraes e Silva ENVEacuteRGUES s m pl t de Naut Cabos que fazem fixos e atatildeo as velas
por uns ilhoacutes aacutes vergas V Gorotil
rarrLaudelino Freire ENVERGUES s m pl de envergar Mar Amarrilhos gaxetas fixas nos
ilhoses do guratil das velas que as atam contra as suas vecircrgas ou vergueiros
rarrAureacutelio envergues [Dev de envergar] Substantivo masculino plural 1Marinh Cabos ou
cordas que prendem a vela agrave verga
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam envergues como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
116
Ficha 84
Escacear vn (T Naut) Ir faltando ou diminuindo va Dar com escaceza [ No primeiro
sentido se toma tambem figuradamente)
______________________________________________________________________
rarrCunha escasso adj bdquoparco avaro raro‟ XIII Do lat excarpsus part De excerpěre
escassEAR escacear XVI []
rarrBluteau ESCACEAR (Termo Nautico) Ir faltando Eſcacear o vento Remiffius flure
ventum O vento eſcacea Ventus remittit ou ſe remittit Por lhe Eſcacear o vento as naotilde
ſeguio Damiaotilde de Goes 221 Eſcacear Dizſe de outras que ſem largueza amp com
difficuldade ſe comunicaotilde Vendo a ambiccedilaotildecom que As chamas ſe arroja o peito Eſcacearaotilde
as luzes Por naotilde honrar nos reflexos Crift Dalma 117 Vid Eſcaſſear
rarrMoraes e Silva ESCACEAacuteR vnt de Naut Escacear os ventos natildeo os aproveitar
mettendo todas as velas ou levando-as enrisadas ou de outro modo que o vento natildeo faccedila
vingar o navio quanto pudera se fosse todo aproveitado H naut t 398
rarrLaudelino Freire ESCASSEAR vrv De escasso + ear Naacuteut Natildeo aproveitar toda a accedilatildeo
de (o vento) diminuindo o pano (tr dir)
rarrAureacutelio escassear [De escasso + -ear2] Verbo transitivo diretoVerbo transitivo direto e
indireto 1Dar com escassez com parcimocircnia natildeo prodigalizar Natildeo escasseia presentes S
M natildeo escasseia mercecircs aos que o servemVerbo intransitivo 2Fazer-se escasso tornar-se
diminuto minguar rarear []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Deixa esta ilha entre si e o morro de Tinhareacute outra bahia mui grande com fundo e porto em
que poacutedem entrar naacuteos de todo o porte e tem grande ancoradouro e abrigada aacute sombra do
morro de que se aproveitam muitas vezes as naacuteos que vem do reino quando lhe escacea o
vento e natildeo podem entrar na bahia da ilha para dentro
GABRIEL SOARES DE SOUSA (1938) [1587] DA ENSEADA DA BAHIA SUAS ILHAS
RECONCAVOSRIBEIROS E ENGENHOS (PARTE SEGUNDA - TITULO 3) [A00_0179 p
146]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Dos dicionaacuterios consultados soacute Aureacutelio natildeo apresenta o verbo escacear como
termo naacuteutico Origem portuguesa lt latina
Ficha 85
Escatelado adj (T naut) Furado na ponta
______________________________________________________________________
rarrCunha escatelADO 1881 sm bdquo(Constr Nav) fenda ou furo na extremidade de uma
cavilha para receber chaveta que natildeo a deixe sair do lugar‟ De origem controversa
rarrBluteau ESCATELADO (Termo de Navio) Cavilha Eſcatelada quer dizer furada na ponta
depois de paſſada a Abita amp a curva para ſe fechar atraveſſſandolhe a chaveta em cima de
huma arruela
rarrMoraes e Silva ESCATELAacuteDO adj T de Naut Cavilha escatelada furada na ponta
depois de passada a abita e a curva para se fechar com a chaveta em cima de uma arruella
rarrLaudelino Freire ESCATELADO v tr dir De escatel + ar Fechar (a cavilha) com a
chaveta em cima da arruela2 Furar na extremidade (a cavilha)
rarrAureacutelio escatelar [De escatel + -ar2] Verbo trans dir Constr Nav1Abrir escatel em (uma
cavilha) 2Introduzir a chaveta no escatel de (uma cavilha) Escatel [De or obscura] S
117
m1Constr Nav Fenda ou furo na extremidade de uma cavilha para receber chaveta que natildeo
a deixe sair do lugar [Pl escateacuteis]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios consultados apresenta esse termo como naacuteutico
Origem cotrovertida
Ficha 86
Escoas sf plur (T Naut) Peccedilas que fortificatildeo as cavernas d‟avante a regrave pela parte de
dentro
______________________________________________________________________
rarrCunha escoa sf bdquo(Const Nav) cada uma das carreiras de tabuado do forro interior do
navio de maior espessura destinadas a consolidar os pontos fracos das balizas‟ XVII Do cat
escoa deriv de escosa particiacutepio do antigo verbo escondre
rarrBluteau Eſcoas (Termo da carpintaria de humanao) Saotilde aſque fortificaotilde as cavernas
davante arepella parte de dentro Fundamentorumnavis interiorra munimenta or um Plur
Neut
rarrMoraes e Silva ESCOgraveAS sf pl t de Naut Peccedilas que fortificatildeo as cavernas por dentro
d‟avante aacute reacute H Naut I 320
rarrLaudelino Freire ESCOA sf Cada uma das peccedilas que fortificam interiormente as
cavernas de uma embarcaccedilatildeo Obs Usado mais no pl
rarrAureacutelio escoa(ocirc) [Do cat escoa] s f Constr Nav1Cada uma das carreiras de tabuado
do forro interior do navio de maior espessura destinadas a consolidar a ligaccedilatildeo dos braccedilos agraves
cavernas [Em geral satildeo trecircs ou quatro carreiras colocadas ateacute junto agrave sobrequilha] 2Cada
uma das cantoneiras longitudinais dispostas paralelamente agrave sobrequilha e assentes nos pontos
onde as cavernas comeccedilam a subir para consolidaccedilatildeo interna da ossada do navio
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Sapucaya he madeira de muita duraccedilatildeo e rijeza a natureza das sapucayas he serem direitas e
monstruozas em altura e grossura pello que dellas se fazem quilhas para naacuteos do maior
poacuterte sobre quilhas cadastes vaacuteos cintas dormentes escoas alem do que em terra se fazem
dormentes ou grandes vigas para os corpos de Engenhos e armazens do maior comprimento
e grossura
LUIZ DOS SANTOS VILHENA (1921) [1801] CARTA VIGESIMA [A00_0846 p 739]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios consultados indicam escoa como termo naacuteutico
Origem catalatilde
Ficha 87
Escorrer va Fazer correr o liquido vn correr o liquido (T Naut) va Passar alecircm sem
tomar nem avistar porto
______________________________________________________________________
rarrCunha escorrer - CORRER vb [] Do lat cǔrrěre corrED˙EIRA sf bdquotrecho de rio
onde as aacuteguas correm ceacuteleres‟ 1844 EScorrer XVI Do lat ex-cǔrrěre []
rarrBluteau Eſcorrer (Termo Nautico) Eſcorrer huma terra huma proviacutencia Paſſar alě
navegandoſem deſcobrilla [] Porque com o eſcuro da noite lhe naotilde ſuccedeſſe Eſcorrer a
118
terra (aſſim dizem aſeu deſencontro os marinheiros) D Franc Man Epan 3 pag pag 319
Dobrou o Cabo de Bon Eſperanccedila Eſcorreo a Ethiopia paſſou a Arabia Vieira Tom 2140
rarrMoraes e Silva ESCORREgraveR at t de Naut Passar alegravem sem tomar ou ver algum Porto
ou Terra onde queriatildeo ir ou que se havia de encontrar Vieira ldquoescorreu a Ethiopiardquo Albuq
41 F Mendes c6b277
rarrLaudelino Freire ESCORRER vrv De es + correr Naacuteut Ant Correr ao longo da
costa de costear (tr dir)
rarrAureacutelio escorrer [Do lat excurrere] Verbo trans Dir 1Fazer correr ou esgotar (o
liacutequido) 2Tirar a (alguma coisa) o liacutequido com que se achava misturada fazendo-o correr
gota a gota 3Deixar sair deitar verter O ferimento escorria um liacutequido sanguinolentoVerbo
intransitivo []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente o Aureacutelio natildeo apresenta escorrer como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Ficha 88
Escoteira sf (T Naut) A peccedila onde se fixa a escota
______________________________________________________________________
rarrCunha - escota sf bdquo(Mar) cabo para governar as velas do navio‟ XV Do ant fr escoute
(hoje eacute coute) deriv do goacutetico skaut escotEIRA XVI escotILHA XV
rarrBluteau ESCOTEIRAS (Termo de navio) Saotilde huns paos onde ſe fazem fixas as eſcotas
da gavea Ligna quibus superiores navis verfori firmantur
rarrMoraes e Silva ESCOTEgraveIRAS s f pl t de Naut Peccedilas de navio onde se fixatildeo as
escogravetas Goes Cron Man 4c78 a escoteira no sing Couto 47II ldquodas escoteirasrdquo
rarrLaudelino Freire ESCOTEIRA s f Naacuteut Peccedila por onde passam as escotas
rarrAureacutelio escoteira [De escota + -eira] s f 1Ant Constr Nav Armaccedilatildeo constituiacuteda de
duas colunas fixas no conveacutes por ante a vante dos mastros ligadas por um travessatildeo no qual se
enfiavam malaguetas onde davam volta as escotas das gaacuteveas escotel Escota (ocirc) [Do fr ant
escoute (atual eacutecoute) poss do goacutet skaut] s f1Marinh Cabo de laborar fixo no punho da
escota (q v) e que permite caccedilar o pano i e estender a vela pelo punho respectivo de modo
que apresente ao vento toda a sua superfiacutecie [A escota iraacute mais ou menos folgada ou entrada
de acordo com a mareaccedilatildeo Nas velas redondas haacute duas escotas uma por barlavento e outra
por sota-vento nas latinas apenas uma]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam escoteira como termo naacuteutico
Origem francesa lt goacutetica
Ficha 89
Escotilha sf (T Naut] espeacutecie de alccedilapatildeo no convez do navio por onde se desce para as
cobertas
_____________________________________________________________________
rarrCunhaescotilha - escota sf bdquo(Mar) cabo para governar as velas do navio‟ XV Do ant fr
escoute (hoje eacute coute) deriv do goacutetico skaut
119
rarrBluteau ESCOTILHA Eſpecie de alccedilapaotilde no convez do navio por onde ſe decĕ as
mercaneiras amp os mantimentos para eſtarem debaixo de cuberta Eſcotilha grande he a porta
principal da nao por onde ſe metem as couſas de mayor volume Eſcotilhas[] Os ouviraotilde no
ar ir eſparzidos Pella Eſcotilha dentro derribados []
rarrMoraes e Silva ESCOTIacuteLHA s f t de Naut Especie de alccedilapatildeo com que se fecha a
entrada para as cobertas e poratildeo do navio usatildeo-se nos tablados da scena theatral
rarrLaudelino Freire ESCOTILHA sf Cast escotilha Naacuteut Alccedilapatildeo ou abertura nas
cobertas e poratildeo do navio2 Lus Abertura na parte superior do tonel para limpeza da
vasilha e entrada de uvas ou bagaccedilo
rarrAureacutelio escotilha [Do esp escotilla fonte tb do fr ant escoutille (atual eacutecoutille)]
Substantivo feminino1Constr Nav Abertura de grande ou meacutedio tamanho feita em qualquer
pavimento de uma embarcaccedilatildeo para tracircnsito de pessoal aeraccedilatildeo ou iluminaccedilatildeo das cobertas
ou passagem de carga []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
O ignorante Capitatildeo paſſado de hum chuccedilo pelos peitos cahio da eſcotilha abaixo
FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 41]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam escotilha como termo naacuteutico
Origem francesa
Ficha 90
Escouves sm ult l-ezes no plr (T Naut) Buraco na proa da embarcaccedilatildeo por onde sahe a
amarra
______________________________________________________________________
rarrCunha sm bdquo(Const Nav) tubo ou manga de ferro por onde passa a amarra da acircncora para
ir do conveacutes ao costado de onde desce ao mar‟escouvē XVI de origem incerta
rarrBluteau ESCOVENS ou Eſcouves (Termo de navio) Saotilde na proa huns buracos redondos
por onde ſahem as amarras []
rarrMoraes e Silva ESCOgraveUVES s m pl t de Naut Buracos na progravea dos navios por onde
saacuteem as amarras Alburq P I f 8 escouves
rarrLaudelino Freire ESCOUVES ESCOUVEacuteM Lat excubiœ Abertura para a passagem da
amarra no costado do navio
rarrAureacutelio escovem [De or incerta poss do cat escobenc lt cat escova] Substantivo
masculino 1Constr Nav Tubo ou manga de ferro por onde passa a amarra da acircncora para ir
do conveacutes ao costado de onde desce ao mar [Cf escovem do v escovar]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam escouves como termo naacuteutico
Origem incerta (castelhana)
Ficha 91
Estibordo sm (T Naut) O lado direito do navio olhando da poppa para a proa
______________________________________________________________________
rarrCunha estibordo sm ldquo(Mar) o lado direito da embarcaccedilatildeo considerando-se a proa como
a sua frente‟ 1813 estribordo XV Do fr ant estribord (hoje tribord apoacutecope de
120
estribord) deriv do neerl stierboord boreste 1884 de estibordo (com supressatildeo da uacuteltima
siacutelaba e colocaccedilatildeo da penuacuteltima no priciacutepio) Neologismo atribuiacutedo ao almirante brasileiro
Saldanha da Gama O aviso de 14021884 do Ministeacuterio da Marinha do Impeacuterio do Brasil
mandou substitur estibordo por boreste para evitar confusatildeo entre bombordo e estibordo
rarrBluteau ESTIBORDO Querem alguns que ſeja de Dextribordo He o lado do navio para
quem eſtaacute na popa com a cara voltada para a proa []
rarrMoraes e SilvaESTIBOacuteRDO smt de Naut Para quem estaacute na popa da naacuteo como rosto
para a proa eacute o lado direito ( de Stribord Inglez)
rarrLaudelino Freire ESTIBORDO sm Din Styrbord Lado do navio agrave direitos de quem
olha da popa para a proa
rarrAureacutelio estibordo[Do port arc estribordo (lt fr ant estribord [atual tribord] neerl
stierboord poss) com dissi-milaccedilatildeo] Substantivo masculino1Mar O lado direito da
embarcaccedilatildeo considerando-se a proa como a sua frente [Cf bombordo e boreste]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
E quando menos conta faziam das vidas do cesto da gaacutevea gritou o gajeiro terra pela proa e
como o temporal os ia empurrando para o rolo da costa por falta de governo desfizeram os
bolsos do traquete e braceando por estibordo foram costeando a dita terra e dando vista de
um abra e uma entrada puseram proa a ela e a todo o risco sem sondar a entraram e fixas as
amarras na habita desabossadas as acircncoras deram fundo
JOSEacute ALVARES DE OLIVEIRA (1981) [nd] HISTOacuteRIA DO DISTRITO DO RIO DAS
MORTES SUA DESCRICcedilAtildeO DESCOBRIMENTO DAS SUAS MINAS CASOS NELE
ACONTECIDOS ENTRE PAULISTAS E EMBOABAS E CRIACcedilAtildeO DAS SUAS VILAS
[A00_0395 p 97]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam estibordo como termo naacuteutico
Origem francesa lt neerlandesa
Ficha 92
Estiva sf (T naut) Contrapeso para o navio ir em equilibrio Grades de pagraveo no poratildeo por
baixo da carga A primeira carga que vai sobre ella Grades de patildeo estreitas na estribaria para
escoarem por baixo dellas a ourina dos cavallosEspecie de registro em que se taxa o preccedilo do
patildeo azeite etc
______________________________________________________________________
rarrCunha estiva sf bdquoa primeira porccedilatildeo do navio‟ bdquoarmaccedilatildeo do tabuleiro duma ponte de
madeira‟ estiba XV Do it stiva estivADOR 1858 estivAR XVI Do it stivare deriv
do lat stipāre
rarr Bluteau ESTIVA Eſtiva Termo Nautico He palavra Italiana ou ſe deriva do Franceacutez
Eſtive He o contrapeſo da carga do navio que ſe daacute a cada lado delle para o ter em equiliacutebrio
Nas ſuas cartas pag362 Uſa D Franciſco Manoel deiſa dicccedilaotilde no ſentido moral Vemos que
a naacuteo da India ſe carrega por conto amp eſta Eſtiva do que leva a paciencia do homem naotilde a
ſabe outro homem que lha carrega de injurias cujo exceſſo do homem naotilde a ſabe outro
homem cujo exceſſo permitte a providencia por caſtigallos a ambos eſte com a ſua fraqueza
aquelle cotilde a ſua tyrannia Vid Equilibrio Vid contrapeſo Vid Eſtivar
rarrMoraes e Silva ESTIacuteVA sf t de Naut O contrapeso que se potildee ao navio para ir em
equiliacutebrio se vai mais carregado de alguma parte sect Grades de paacuteos que no poratildeo vatildeo por
baixo da carga para que natildeo assente no costado e receba alguma humidade sect Grades de paacuteo
121
mūi estreitas com que se pavimentatildeo estrebarias para que a urina se escoe por ellassect Especie
de registo em que se taxa o preccedilo do patildeo azeite palha ampc pelos officiaacutees competentes Leis
de 1765sect A carga primeira que se carrega no navio
rarrLaudelino Freire ESTIVA sf Lat stiva Mar Todo o fundo interno de um navio da
pocircpa agrave proa 2 Mar A primeira camada de carga que se mete em um navio e que eacute
ordinagraveriamente a mais pesada o contrapecircso que se potildee ao navio para o equilibrar e natildeo descair
para o lado mais carregado3 Mar Grade de pau assente no poratildeo do navio socircbre o qual se
arruma a primeira carga para o isolar da umidade
rarrAureacutelio estiva [Do it stiva] Substantivo feminino1A primeira porccedilatildeo de carga do navio
2Bras Mar Merc Serviccedilo de movimentaccedilatildeo de carga a bordo dos navios nos portos o qual
compreende a retirada e a arrumaccedilatildeo desta nos porotildees e nos conveses [Cf nesta acepccedil
resistecircncia (16)] 3Bras P ext O conjunto dos estivadores [v estivador (2)]4Bras Os
gecircneros que formam a base do comeacutercio de secos e molhados especialmente os gecircneros em
grosso5Pesagem dos gecircneros ou mercadorias estivadas 6Bras N Ponte feita de um soacute pau
sobre forquilhas em terrenos alagadiccedilos ou pantanosos [Cf nesta acepccedil estivado
(2)]7Bras MG RS Ponte tosca feita de varas ou paus atravessados sobre um coacuterrego
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Provido do que lhe foi necessario sahiu Thomaz de Souza Villa Real do porto da foz do
Ferreiro no Rio Vermelho em 22 de Dezembro do anno passado ficando aquelle porto
quatorze leguas abaixo da villa o mais proximo della que permitte navegaccedilatildeo mesmo a
pequenos botes com
este rio pouco rico de aguas e por ser o seu fundo em partes de pedra que ainda oppondo
g
estivas sobre que se
poderatildeo arrastar as canocircas []
JOAQUIM MARIA NASCENTES DE AZAMBUJA (1891) [1797] VIAGEM DE THOMAZ DE
SOUZA VILLA REAL PELOS RIOS TOCANTINS ARAGUAYA E VERMELHO
ACOMPANHADA DE IMPORTANTES DOCUMENTOS OFFICIAES RELATIVOS Aacute MESMA
NAVEGACcedilAtildeO [A00_0710 p 47]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam estiva como termo naacuteutico Origem
italiana
Ficha 93
Estribo sm Peccedila em que firmatildeo os pegraves para montar a cavallo ou entrar no Coche etc No
plr (T Naut) Os primeiros cabos que na enfreixadura servem de degragraveos Perder os estribos
fig Perturbar-se natildeo saber onde firmar-se ou em quem confiar
______________________________________________________________________
rarrCunha estriborarr ESTRIBEIRA estribeira sf bdquoestribo de montar agrave gineta‟-eyra XIII
estrebeyra XIII etcDo a fr estriviegravere de origem germacircnica estribAR XV estribO
estrybo XV
122
rarrBluteau Estribos (Termo de mariagem) Saotilde os primeiros cabos que ſervem como de
degraos aacute enfrechadura Vid Enfrechadura
rarrMoraes e Silva ESTRIacuteBO s m Peccedila de madeira (V Caccedilanbas) onde metal em que o
Cavalleiro mette as pontas dos peacutes e se firma para montarsect Nos coches obra feita para se
subir por ella aos cochassect Estribos t de Naut primeiros cabos que servem como de degraos
a enfrexadura
rarrLaudelino Freire ESTRIBO sm Germ streup Naacuteut Cabo brando agrave maneira de sanefa
encapelados nas vecircrgas para servir de apoio aos peacutes dos marinheiros quando ferram o pano
rarrAureacutelio estribo- sm [] 1Marinh Cabo cujos chicotes satildeo presos aos laises de uma
verga e cujo seio eacute a espaccedilos aguentado agrave verga por meio de pedaccedilos de cabos denominados
andorinhos Serve de apoio aos peacutes dos marinheiros que trabalham na verga [Tb o pau da
bujarrona e por vezes a retranca tecircm estribo] 2Peccedila de accedilo colocada transversalmente a uma
armadura longitudinal num concreto para mantecirc-la em posiccedilatildeo ou para resistir a certos
esforccedilos 3Fig Arrimo apoio esteio
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam estribo como termo naacuteutico
Origem francesa lt germacircnica
Ficha 94
Estribordo (T Naut) v Estibordo
______________________________________________________________________
rarrCunha estibordo sm ldquo(Mar) o lado direito da embarcaccedilatildeo considerando-se a proa como
a sua frente‟ 1813 estribordo XV Do fr ant estribord (hoje tribord apoacutecope de
estribord) deriv do neerl stierboord boreste 1884 de estibordo (com supressatildeo da uacuteltima
siacutelaba e colocaccedilatildeo da penuacuteltima no princiacutepio) Neologismo atribuiacutedo ao almirante brasileiro
Saldanha da Gama O aviso de 14021884 do Ministeacuterio da Marinha do Impeacuterio do Brasil
mandou substitur estibordo por boreste para evitar confusatildeo entre bombordo e estibordo
rarrBluteau natildeo consta
rarrMoraes e Silva ESTRIBOacuteRDO V Estibordo Cast Ined 11 536 opposto a babordo
vulgo bombordo ESTIBOacuteRDO smt de Naut Para quem estaacute na popa da naacuteo como rosto
para a proa eacute o lado direito ( de Stribord Inglez)
rarrLaudelino Freire ESTRIBORDO sm Ant O mesmo que estibordo ESTIBORDO sm
Din Styrbord Lado do navio agrave direitos de quem olha da popa para a proa
rarrAureacutelio natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta estribordo soacute estibordo
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Exceto Bluteau e Aureacutelio todos os demais dicionaacuterios apresentam o lema
estribordo mas remetem para o termo estibordo Origem francesa lt neerlandesa
Ficha 95
Estrinca sf (T Naut) Especie de escotilha nas embarcaccedilotildees por onde sobe a amarra
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau natildeo consta
123
rarrMoraes e Silva ESTRIacuteNCA sft de Naut Especie de escotilha nos navios HNaut
2f222 por ella saacutei a amarra donde estaacute envolta e daiacute tem o nome (strinca corda em
Italiano)
rarrLaudelino Freire ESTRINCA sf Ingl string Espeacutecie de escotilha por onde passa a
amarra
rarrAureacutelio natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente Moraes e Silva e Laudelino Freire apresentam estrinca Origem
inglesa
F
Ficha 96
Ferrar va Pregar ferradura Foxerir ferratildeo ou remate de ferro Marcar com ferrete
Guarnecer de cintas ou chapas de ferro Cravar Segurar com harpegraveo ou ferir com elle (T
Naut) Colher as velas Lanccedilar ancora Fig Tomar porto (T de Marcineiro) Metter porcas
Ferrar no sono adormecer
______________________________________________________________________
rarrCunha ferrarrarr FERRO ferro sf bdquometal maleaacutevel e tenaz de numerosas aplicaccedilotildees na
induacutestria e na arte‟ XIII Do lat ferrum ndashi AferrAR XVI AferrO sm XVIII [] Do lat
ferramenta nom pl de ferramentum bdquoinstrumento ou utensiacutelio de ferro‟ ferrAtildeO 1813
ferrAR XIII ferrARIA XIIIferrEIRO XIII ferrENHO XVI feacuterrEO 1572
rarrBluteau Ferrar (Termo Nautico) Ferrar velas ou ferrar o panno Vela colliger Vendoſe em
perigo Ferrara todo panno Britto viagem do Braſil 277 A naacuteo ditoſa Ferrava a vela
Barretto vida do Evang 21377
rarrMoraes e Silva FERRAR v at t naut Colher vg ferrar a vela o pannosect Lanccedilar ferro
ou ancora f tomar portovg ferraratildeo o porto de Coulatildeo Vieira-Freire ferrou a barra
rarrLaudelino Freire FERRAR vrv De ferro + ar Naacuteut Colhecircr amarrar (tr
dir)rdquoTrabalhados de perigos lanccedilai nautas nos nossos portos ferro ferrai velasrdquo (Filinto
Eliacutesio) 118 Atracar (a embarcaccedilatildeo) (trdir) Colhecircr (as velas) (tr dir intr) ldquoferrar as
velasrdquo ldquonunca as ondas tormenta resolveu mais arriscada Ferra ferra (bradou) que eacute enorme
o perigordquo (Filinto Eliacutesio) Deitar o navio ferro (intr) Folgar
rarrAureacutelio ferrar [De ferro + -ar2] Verbo transitivo direto [] 5Marinh Colher (vela ou
toldo) atando-os com amarrilhos a uma verga estai ou vergueiro navegou terra a terra agrave
sombra da costa ferrou panos e fundeou sobre virotes (Galpi Narrativas Militares p
23)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
[] mas natildeo sei se com este vento se com outro que lhe deo nas velas quando ia jaacute pera a
ferrar pendeo tanto a sua naacuteu que tomou agoa pelas portinholas da artilharia e calando-se
pelas escotilhas que iatildeo abertas foi entrando tanta que em continenti se foi ao fundo com
seu dono []
FREI VICENTE DE SALVADOR (1888) [1627] LIVRO QUINTO - DA HISTORIA DO
BRASIL DO TEMPO QUE O GOVERNOU GASPAR DE SOUZA ATHEacute A VINDA DO
124
GOVERNADOR DIOGO LUIZ DE OLIVEIRA - CAPITULO SEXTO - DE COMO O
CAPITAtildeO BALTHAZAR DE ARAGAtildeO SAHIO DA BAHIA COM HUMA ARMADA CONTRA
OS FRANCEZES E SE PERDEO [A00_2084 p 195]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam ferrar como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Folgar vn Cessar de trabalhar Alegrar-se ter gosto de alguma cousa va (T Naut) Alargar
______________________________________________________________________
rarrCunha folgar vbrdquodescansar ter aliacutevio desapertar‟XIII follegar XVDo lat fotildellǐcārě
bdquorespirar como fole‟ deriv de fotildellis focirclegoXIII folgoXVIDeverbal do a port
folegarfolgafolgua XVfolgADIO XV folgADO XIII folgANCcedilA-cia
XIIIfolgAZAtildeO folgasatildeo 1813 folguEDO XVI RESfolegar XVII
rarrBluteau FOLGAR Coſſar do trabalho Deſcanccedilar Andar ocioſoOtiari (or atus fum) Cic
Como foſſe agrave Cidade de Syracuſa para folgar amp naotilde para trabalhar Cum ſe Syracuſas otiandi
non negotiandi
rarrMoraes e Silva FOacuteLGAR vat Largar ou alargar vg folgar o leme t nautsect vn Cessar
do trabalho
rarrLaudelino Freire FOLGAR descansar (intr trind com prep em) ldquoOs piratas folgando
em grupos se dispersamrdquo (Paranapiacaba) 3 Ter prazer alegrar-se regozijar-se (intr
trindcom prep com de em)ldquoDesabe o firmamento socircbre a Terra tudo pereccedila Folgaraacute
minh‟almardquo (Paranapiacaba) ldquoFolgo muito em ver-terdquo
rarrAureacutelio folgar [Do lat tard follicare] Verbo transitivo direto1Dar folga ou descanso a
[] 2Tornar largo desajustar desapertar folgar a roupa 3Tornar menos penoso tornar
leve suave folgado []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta folgar como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente Moraes e Silva apresenta folgar como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
G
Ficha 98
Garrucha sf Antigamente era o mesmo que Albarda Poleacute de dar tratos (T Naut) Cabo que
se mette na relinga por entre chicotes
______________________________________________________________________
rarrCunha garrucha sf bdquoorig pau curto com que se armavam as bestas‟guarrucha XV
bdquopistola de carregar pela boca‟ XX Do cast garrucha
rarrBluteau GARRUCHA He palavra Caſtelhana VID Poleacute de tormento amp tratos de poleacute
As cataſtas as Garruchas as fogucigueiras Vieira Tom 1076col1
rarrMoraes e Silva sft naut Garruchas satildeo ou eratildeo cabos que se mettem nas relingas por
entre os chicotes donde se fazem as puas das bolinas daqui vem agarruchar ampc
125
rarrLaudelino Freire GARRUCHAS sm pl Naacuteut 1 Argola de ferro pregadas no garotil das
velas latinas 2 Cabos que se metem nas relingas por entre chicotes
rarrAureacutelio Garrocha [Do esp garrocha] []Marinh Poleame de laborar constituiacutedo de duas
caixas sobrepostas a topo e com os eixos das suas rodas dispostos paralelamente ou
perpendicularmente um em relaccedilatildeo ao outro
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Moraes e Silva Laudelino Freire apresentam garrucha com termo naacuteutico
Aureacutelio daacute como termo naacuteutico garrocha Origem castelhana
Ficha 99
Gavea sf (T Naut) Armaccedilatildeo de taboa com feiccedilatildeo de grade do cimo dos mastros Vela que
toma o nome da gavea sobre que anda
______________________________________________________________________
rarrCunha gaacutevea sf bdquo(Naacuteut) espeacutecie de tabuleiro ou plataforma a certa altura de um
mastro‟gauea 1572Do lat med gabia (claacutess cavěa) com provaacutevel interferecircncia do it
gagravebbia ESgaivAR XXgaiva sf bdquojaula fosso‟ 1813gaivEL 1899 gajeiro sm bdquomarinheiro
que vigia da gaacutevea‟-geiro 1813 Do it gagraveggia e este do genovecircs gagravegia deriv Do lat cavěa
rarrBluteau Gaacutevea (Termo Nautico) He huma eſpecie de gayola ou guarita aſſentada em
huma roda de taboas no alto dos matos ſerve para recolher as velas quando as ferraotilde
Carchefium ij Naut Catull Mali corbita e Fem
rarrMoraes e Silva sf naut Eacute armaccedilatildeo de taboas como uma meza com bordas na ponta do
mastro
rarrLaudelino Freire GAVEA sf Lat cavea Naacuteut Espeacutecie de gaiola tabuleiro plataforma
ou guarita assente em uma rodas de taacutebuas no alto dos mastros e atravessada por ecircle 2 Vela
que ocupa o lugar imediatamente superior agrave grande GAacuteVEAS sfpl Conjunto das trecircs velas
das galeras 2 A gaacutevea e o velacho nos brigues
rarrAureacutelio [Do lat gavia por cavea gaiola] s f Marinh 1Cada um dos mastareacuteus que
espigam logo acima dos mastros reais [Nos navios de trecircs mastros denominam-se a partir de
vante mastareacuteu do velacho mastareacuteu da gaacutevea e mastareacuteu da gata] 2Mastareacuteu que espiga
logo acima do mastro real grande 3Cada uma das vergas que cruzam nos mastareacuteus de gaacutevea
[Nos navios de trecircs mastros chamam-se a partir de vante verga do velacho verga da gaacutevea e
verga da gata Antigamente chamavam-se traquetes sendo a partir de vante traquete de proa
ou de vante tranquete da gaacutevea e traquete da gata] 4Verga que cruza no mastareacuteu de gaacutevea
grande 5Cada uma das velas que envergam nas vergas de gaacutevea [Nos navios de trecircs mastros
denominam-se a partir de vante vela do velacho vela da gaacutevea e vela da gata Antigamente
chamavam-se traquetes] 6Vela que enverga na verga de gaacutevea grande 7Mar Cesto de
gaacutevea
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Com as vellas que anoitecer a Capitana ha de navegar ategrave que aclare o dia Succedendo
largar mais pano aʃcenderagrave dous faroes na popa amp hum na gavea
FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR () [A00_2496 p 57]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam gaacutevea como termo naacuteutico Origem italiana
Ficha 100
126
Gio sm (T Naut) O travessatildeo sobre que a cana do leme anda e sobre que se formatildeo as
obras chamadas mortas da poppa
______________________________________________________________________
rarrCunha gio sm bdquo(Naacuteut) peccedila que entalha no contracadaste do navio‟ 1813 De origem
obscura
rarrBluteau GIO (Termo da carpintaria de huatilde nao) He hum traveſſaotilde ſobreque anda a cana
do leme amp ſobre o qual ſe formaotilde as obras mortas da popa Lignea compages in puppi
tranſverſa
rarrMoraes e Silva GIacuteO sm naut Travessatildeo sobre que anda a cana do leme e sobre que se
foacutermatildeo as obras mortas da popa
rarrLaudelino Freire GIO sm Naacuteut Nome de duas peccedilas curvas de madeira que formam
angula entalhando-se entre si e no contracadaste
rarrAureacutelio gio [De or obscura] Substantivo masculino1Constr Nav Nas popas quadradas
cada uma das peccedilas dispostas horizontalmente entalhadas e cavilhadas no contracadaste
constituindo assim como que as cavernas de tais popas
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam gio como termo naacuteutico Origem obscura
Ficha 101
Guinada sf (T Naut) Acccedilatildeo de guinar Gargalhada fallando de riso
______________________________________________________________________
rarrCunha guinar vb bdquobordejar desviar-se rapidamente‟ XVI De origem obscura guinADA
XVI
rarrBluteau GUINADA Guinaacuteda amp Guinar ſaotilde termos Nauticos Vid Guinar
rarrMoraes e Silva GUIacuteNADA sf O acto de guinar t naut ldquode duas guinadas que deu (com
a sua naacuteo) sobre duas galeacutes ambas se despejaratildeo deixando os cascos vasiosrdquo (remettidas
para as ababroar) B236 Amaral
rarrLaudelino Freire GUINADA sf Angl-sax winan Naacuteut Desvio que o navio faz da sua
esteira bordejando2 salto que o cavalo daacute para furtar o corpo ao castigo do cavaleiro
rarrAureacutelio guinada [De guinar + -ada1] Substantivo feminino 1Mar Desvio da proa para
um ou outro bordo que afasta o navio deliberadamente ou por forccedila das circunstacircncias do
rumo em que vinha Havia um torvelinhar surdo e vago de coisas no tombadilho eram as
ondas que agraves vezes agrave menor guinada apesar de todo o cuidado no leme embarcavam pelo
traveacutes pela alheta (Virgiacutelio Vaacuterzea Nas Ondas p 45)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Como saiacuteo a lua se fez o vento leacutes-nordeste e ventou com tanta forccedila que nom podiacuteamos com
a vela Indo assi corre guinada e em preparando de
loacute nos arrebentou o masto do traquete pelos tamboretes de que sentimos muita fortuna e
amainaacutemos a vela e fomos correndo ao som do mar ateacute que foi de dia
127
PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE
SOUSA () [A00_0078 p 33]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam guinada como termo naacuteutico Origem obscura
(anglo saxatildeo)
Ficha 102
Guinar vn (T Naut) Desviar-se do caminho da esteira que leva Diz-se do navio e
propriamente fallando sograve tem terceiras pessoas
______________________________________________________________________
rarrCunha guinar vb bdquobordejar desviar-se rapidamente‟ XVI De origem obscura guinADA
XVI
rarrBluteau Guinar (Termo Nautico) He quando o navio ſe deſvia alguma couſa hora de
huma hora de outra parte ſeguindo ſempre o meſmo rumo Conftanti ſempre curſa de via
aliquantum deſle
rarrMoraes e Silva GUINAacuteR vn naut Desviar-se o navio um pouco da esteira que leva
hora a um bordo hora a outro mas seguindo sempre o mesmo rumo Amaral 6 Fomos
guinados a elas Fern Mend c5
rarrLaudelino Freire GUINAR vrv Mover-se agraves guinadas desviar-se (a embarcaccedilatildeo da sua
esteira) (intr)
rarrAureacutelio guinar [Da mesma or incerta que o esp guintildear poss da raiz gin- de criaccedilatildeo
expressiva] Verbo intransitivoVerbo transitivo circunstancial1Mover-se agraves guinadas
oscilar Becircbado guinava agrave direita e agrave esquerda2Mar Desviar (a embarcaccedilatildeo) de propoacutesito
ou por forccedila das circunstacircncias a proa do rumo que vem seguindo para outro rumo dar uma
guinada (1)3P ext Dar guinada (3) Desorientado o ciclista guinava a torto e a
direito4Desviar-se com rapidezVerbo transitivo direto 5Desviar com rapidez ou
repentinamente Guinou a embarcaccedilatildeo para natildeo se chocar com o rochedo
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
A ruindade desta barra consiste principalmente em ser muito estreito o seu canal e dar este
uma volta pelo meio dos dous baixos que o rodeatildeo e promettem naufragio infallivel se a
embarcaccedilatildeo guinar para algum dos lados
FREI GASPAR DA MADRE DE DEUS (1920) [1767] MEMORIAS PARA A HISTORIA DA
CAPITANIA DE S VICENTE HOJE CHAMADA DE S PAULO [A00_0169 P 123]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam guinar como termo naacuteutico Origem obscura
I Ficha 103
Iccedilar va (T Naut) Levantar as vergas e vegravelas para o navio navegar
______________________________________________________________________
128
rarrCunha iccedilar vb bdquoerguer levantar‟ XVIII Do fr hisser e este do neerl hijsen ou do baixo
al hissen iccedilAMENTO XX
rarrBluteau ICAR (Termo Nautico) Levantar as velas Vella attollere Na bonanccedila Iccedilar ateacute os
topos Vieira Tom3pag76 Iccedilaraotilde de gaacutevea perdendo ancoras amp amarras Ciabra Exhortaccedil
Militar24 verſ As velas Iccediladas nos palancos Jacinto Freyre 259
rarrMoraes e Silva ICcedilAacuteR vat Levantar as vergas e as velas para navegar Freire
rarrLaudelino Freire ICcedilAR vrv Al hissen Levantar erguer alccedilar (tr dir bitr com prep a
com)rdquoIccedilar o cordamerdquo ldquoVia-se entre homens armados que a arrebatavam iccedilando-a agrave garupa
de ginete socircfregordquo (C Neto) ldquoCom taacuteureas cordas brancas velas iccedilamrdquo (Odorico Mendes)
rarrAureacutelio iccedilar [Do fr hisser] Verbo td 1Erguer alccedilar levantar iccedilar velasApenas o
vapor comeccedilou a enfrentar o Feliz este iccedilou a bandeira brasileira saudando-o (Virgiacutelio
Vaacuterzea Nas Ondas p 150) [Conjug v laccedilar Pres ind iccedilo etc pret perf icei etc pres
subj ice icem Cf isso issei o top Iceacutem e o v inccedilar]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Fizeram-se primeiro que tudo cabos poreacutem o arbusto foi cortado foacutera de tempo e o linho
cortido por pessoas imperitas e que natildeo sabiam o tempo que se devia gastar no cortimento
nem o modo com que se deviam separar a capa do linho e os fabricantes dos mesmos cabos
natildeo soacute pouco habeis em fazerem o fio mas ignorando mais o modo de lhe dar o alcatratildeo
beneficio essencialissimo para perfeiccedilatildeo dos mesmos cabos poreacutem assim mesmo me servi
logo de alguns ainda que poucos nas embarcaccedilotildees da esquadra aonde serviram tatildeo bem
como os outros que tinham as embarcaccedilotildees de sorte que um delles serviu muito tempo ao
cabrestante para iccedilar a aguada e mantimentos do navio Santo Antonio e depois de soffrer
todo aquelle trabalho sem quebrar o applicaram ao ministerio da guingorra aonde durou
muito tempo
MARQUEZ DO LAVRADO (1863) [1799] RELATORIO DO MARQUEZ DE LAVRADIO
VICE-REI DO RIO DE JANEIRO ENTREGANDO O GOVERNO A LUIZ DE
VASCONCELLOS E SOUSA QUE O SUCCEDEU NO VICE-REINADO [A00_0851 p 471]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam iccedilar como termo naacuteutico Origem francesa
L
Ficha 104
Lais sm (T Naut) A ponta verga
______________________________________________________________________
rarrCunha lais sm bdquo(Naacuteut) a ponta da vergardquo lays XVI De origem obscura
rarrBluteau Lais Chamatildeo os marinheiros agrave ponta das vergas a da Mezena ſe chama penna
LAIZ (Termo nautico) Extremidades das vergas Cornu antemnarum Virgilio diz Cornua
antemn (Enforcaſſe no Laiz da verga Decad 1 de Barr Paacuteg 110col4)
rarrMoraes e Silva LAacuteIS sm tnaut A ponta da verga Barros o lais da verga
rarrLaudelino Freire LAIS sm Naacuteut Ponta da verga
Lais de Guia sm Naacuteut Noacute que se daacute no seio do cabo com um dos chicotes para formar
bocirclso
rarrAureacutelio lais [De or obscura] s m Marinh1Cada uma das extremidades de uma verga
Os [marinheiros] que ofereciam resistecircncia nas abordagens ou davam combate eram iccedilados
depois no lais das vergas (Virgiacutelio Vaacuterzea Mares e Campos p 103)2Extremidade oposta
ao peacute num pau de surriola [Pl laises Cf Laiacutes antr f menos boa poreacutem usual de Lais]
Lais de guia 1 Marinh Noacute que se daacute no chicote de um cabo formando uma alccedila ou balso e
serve para encapelaacute-lo ou para fazer um laccedilo de correr
129
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Querendo a Capitana fallar aos navios no lays da verga grande ʃotavento largaragrave huatilde
flamula tirar agrave a huatilde peʃʃa por ʃehaacute agrave capa
FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 55]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam lais como termo naacuteutico Origem obscura
Ficha 105
Leme sm Entre Nauticos he hum pranchatildeo formado de vaacuterios madeiros posto ao alto no
cadaste do navio e que se move para hum e outro lado por meio de huns gonzos fixos que
tem os machos fixos no mesmo pranchatildeo e encaixados nas fecircmeas que estatildeo fixas no cadaste
O ferro da dobradiccedila que encaixa no leme Fig Direcccedilatildeo Duas estrelas iguaes na
Constellaccedilacirco chamada Barca
______________________________________________________________________
rarrCunha leme sm‟aparelho usado na parte traseira do barco e do aviatildeo e que serve para lhes
dar direccedilatildeo‟ XV De origem obscura
rarrBluteau LEME Pao que anda junto do cadaſte que quebra amp aparta as ondas para huma
amp outra parte amp he o total governo da nao Dizem que Tiphys companheiro dos Argonautas
na expediccedilatildeo de Colchos inventagravera o leme pelo que obſervou no Minhoto quando voa alto
que troce a aza para lhe dar nelle o vento em poppa amp ſubir amp baixar como quer Outros
dizem que dos peixes que com cauda regulaotilde nas aguas ſeu caminho ſe tomou a invenccedilaatildeo do
leme Clavus i Ma Gubernaculum i Neut Cic No Commento da Oitava 74 do Canto 5
da Luſiada aonde diz Camotildees Esta pa logo o leve leme
rarrMoraes e Silva LEgraveME sm Governalho peccedila de madeira grossa plana de certa largura
que vai em gonzos no meyo da popa do navio e outros vasos de navegar d‟alto a baixo e
serve de os fazer voltar a proa a diversos rumos voltando ao lemesect O ferro da dobradiccedila que
se embebe no vatildeo da femea eacute sobre que joga a janella ou portasect Natildeo dar o navio pelo leme
ou natildeo obedecer ao leme se diz quando natildeo proeja ainda que manejem o leme e o virem
rarrLaudelino Freire LEME sm B lat limo Aparelho situado na parte traseira do barco e
que serve para lhe dar direccedilatildeo2 Ferro ou dobradiccedila que se embebe no vatildeo da fecircmea e socircbre
que joga a porta ou janela
rarrAureacutelio leme [De or obscura] s m 1Constr Nav Peccedila ou dispositivo instalado na popa
da embarcaccedilatildeo e que serve para lhe dar direccedilatildeo para governaacute-la 2Dispositivo instalado na
cauda do aviatildeo e que regula a direccedilatildeo do aparelho 3Ferro que se embebe no vatildeo da fecircmea e
sobre o qual se move a porta ou a janela 4Fig Direccedilatildeo governo governanccedila Leme de
direccedilatildeo 1 Aer Leme que governa o aviatildeo no plano horizontalLeme de fortuna 1 Marinh V
esparrela (4)Leme de loacute 1 Marinh Posiccedilatildeo do leme com sua porta voltada para barlavento
Leme de profundidade 1 Aer Leme que governa o aviatildeo no plano verticalLeme horizontal
1 Constr Nav Cada um dos lemes que governam o submarino no plano vertical
130
(profundidade) Leme vertical 1 Constr Nav Cada um dos lemes que governam o submarino
no plano horizontal (rumo)Perder o leme 1 Ficar atarantado sem saber o que fazer
desnortear-se desorientar-seTer o leme 1 Governar administrar dirigir
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Avistaratildeo esta Costa em 15 de Junho e por natildeo conhecerem a paragem que era a enseada de
Vasabarris lanccedilaratildeo ferro mas era tatildeo forte o vento Sul e correm alli tanto as agoas que se
quebraratildeo duas amarras e querendo entrar por conselho de hum Francez chamado
Honorato que veio aacute terra com dous Indios em huma jangada e lhes facilitou a entrada
tocou a naacuteu e deo tantas pancadas que lhe saltou o leme foacutera e arrombou pelo que alguns se
lanccedilaratildeo a nadar e se afogaratildeo em as ondas []
FREI VICENTE DE SALVADOR (1888) [1627] LIVRO QUARTO - DA HISTORIA DO
BRASIL DO TEMPO QUE O GOVERNOU MANOEL TELLES BARRETO ATHE A VINDA
DO GOVERNADOR GASPAR DE SOUZA - CAPITULO VIGESIMO QUARTO - DA
JORNADA QUE GABRIEL SOARES DE SOUZA FAZIA AacuteS MINAS DO SERTAtildeO QUE A
MORTE LHE ATALHOU [A00_2060 P 148]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam leme como termo naacuteutico Origem obscura
Ficha 106
Leva sf (T Naut) Acccedilatildeo de levantar ancora para fazer-se aacute vegravela Entre Militares
Conducccedilatildeo de recrutas
______________________________________________________________________
rarrCunha leva - LEVAR levar vb bdquotransportar retirar afastar induzir tirar roubar‟ XIII Do
lat lěvāre []
rarrBluteau LEVA (Termo Nautico) A acccedilatildeo de levantar as ancoras do porto para a partida
Anchorarum fublatio ou Navis egrave portu onis FemTocar a leva He dar aviſo com a trotildebeta
que ſe recolhatildeo os q eſtatildeo na praya quando o baxel eſtagrave para partir Dare tubacirc fignum
recipiendi in navem (Julio Ceſar farfallando na retirada dos ſoldados diz Milites figno
recipiendi dato non conftitehellip (Manda jagrave tocar a leva Ciabra Exhort Militar pag 26)
rarrMoraes e Silva LEVA sf O acto de levantar ancora para sair do porto vg ldquopeccedila de
leva a que se atira para fazer sinal de botar foacutera e que tocar leva com a trombeta para
acodirem a bordo os que hatildeo-de ir na naacuteo que estaacute para levantar ferro M Conq Vieira
rarrLaudelino Freire LEVA sf De levar O ato de levantar ferro o levantar da acircncora para
navegarNaacuteut Cabo folgado que passa por um furo do costado do navio e vai prender-se no
sapatilho dos arganeacuteus das portas5 Pop Andadura
rarrAureacutelio leva [Dev de levar] s f 1Ant Mar Ato de levantar acircncora para navegar
2Alistamento de tropa recrutamento []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam leva como termo naacuteutico Origem portuguesa
lt latina
131
Ficha 107
Liame sm (T Naut) Madeira das curvas com que seliatildeo por dentro as peccedilas do costado do
navio
______________________________________________________________________
rarrCunha liame sm bdquoaquilo que prende uma coisa a outra ligaccedilatildeo‟ XVIII Do lat ligamen -
ǐnis bdquolaccedilo fita‟ de ligāre
rarrBluteau LIAcircME A madeira das curvas com q por dentro ſe liatildeo os coſtados dos navios
Lignam quibus navium latera intus coagmentantur Joatildeo de Barros diz Liaccedilatildeo (Foy cortada
algūa liaccedilatildeo para galegraves Decada 2 fol39col4) (Na meſma Decada diz LiameContaratildeo-ſe
huma ſoma de madeiras da anaf para liames fol 12 col1) (os que fabricatildeo obra naval tiraotilde
della curvas amp liames Valcone Noticia do Braſil 259)
rarrMoraes e Silva LIAacuteME smt de Naut A madeira das curvas com que se ligatildeo e atatildeo as
peccedilas do costado dos navios Barros Ined IIIf506 ldquotavoados e liamerdquo
rarrLaudelino Freire LIAME sm Lat ligamen Liaccedilatildeo Naacuteut A madeira das curvas com que
se ligam e atam as peccedilas do costado dos navios Naacuteut Cordame de navio de vela
rarrAureacutelio liame (acirc) [Do lat ligamen] s m1Aquilo que prende ou liga uma coisa a outra
ligaccedilatildeo []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Nas varzeas de arecirca se datildeo outras arvores reaes a que os Indios chamam curuaacute as quaes se
parecem na feiccedilatildeo na folha na cocircr da madeira com carvalhos e acham-se alguns de vinte e
cinco a trinta palmos de roda de que se fazem gangorras mesas eixos virgens esteios e
outras obras miudas mas natildeo eacute muito fixo ao longo da terra a qual tambem serve para
liames de navios e barcos e para taboado e de pesado se vai ao fundo
GABRIEL SOARES DE SOUSA (1938) [1587] DAS ARVORES REAES E PAUS DE LEI
(PARTE SEGUNDA - TITULO 8) [A00_0184 p 243]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Soacute Aureacutelio natildeo apresenta liame como termo naacuteutico Origem portuguesa lt
latina
Ficha 108
Linguete sm (T Naut) Peccedila de pagraveo ou de ferro com que se tolhe que natildeo desande o
cabrestante embebendo-a nas mossas deste ______________________________________________________________________
rarrCunha linguete - LIacuteNGUA[] Do latlǐngŭaliacutegula sf [] Do it lingueta dimin de
liacutengua []
rarrBluteau LINGUETE ou lingoete (Termo de navio) He hum patildeo que encayxa nos cunhos
para ter matildeo do cabreſtante que natildeo ande depois que ſe tem levado a ancora ou algum fardo
Machin nautic
rarrMoraes e Silva LINGUEgraveTE smt de Naut Peccedila de paacuteo ou ferro que se embebe nas
mossas do cabrestante para que natildeo desande depois que se tem levado a ancora ou algum
132
fardo V Cunhos CUNHOS smpl t de Naut paacuteos pregados agrave roda do cabrestante com seus
dentes em que se pega o linguegravete e as amarras quando viratildeo
rarrLaudelino Freire LINGUETE sf De liacutengua Peccedila de ferro ou madeira que se embebe nas
rodas dentadas para que estas natildeo desandem
rarrAureacutelio- natildeo consta linguete consta lingueta lingueta (guecirc) [De liacutengua + -eta (ecirc) it
lingueta] Substantivo feminino1P us Liacutengua (1) pequena 2Qualquer objeto pequeno
semelhante a uma liacutengua3Fiel da balanccedila 4Peccedila chata e delgada que faz parte dalguns
instrumentos de sopro5Peccedila moacutevel de ferro das fechaduras que se encaixa quando movida
pela chave na chapatesta trancando a porta ou gaveta6Dispositivo moacutevel para fechar portas
sem o auxiacutelio da chave constatou [o serralheiro] que nada poderia fazer desde que a porta do
chuveiro natildeo dispunha propriamente de fechadura mas de uma simples lingueta (Fernando
Sabino Medo em Nova Iorque A Cidade Vazia p 118) 7Pedaccedilo de couro utilizado como
fecho em pastas valises malas etc 8Pedaccedilo de couro que no sapato de atacador protege o
peito do peacute 9Ladeira ou rampa em cais junto agrave qual atracam as embarcaccedilotildees 10Muacutes V
martinete4 (1) 11Bras PE Rampa natural que se inclina para o mar ou para o rio 12Ant
Rampa num cais para embarque e desembarque de passageiros
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Soacute Laudelino Freire natildeo apresenta linguete como termo naacuteutico Aureacutelio
apresenta lingueta Origem italiana
M
Ficha 109
Maccedilame sm Lastro de pedra e betume nas cisternas etc (T Naut) Cordoalha do navio __________________________________________________ rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau Maccedilame Termo Nautico He todo o encordoamento da nao aſſim dos Brandaes
como da Sirgideira Brioens Apagaſanaes amp toda a mais Enxaacutercia Funium velorum
aliorum ad regendam navim inſtrumentor apparatus (Domar onde hiatildeo os Marinheiros
da queda dos paos amp do Maccedilame Brito Relaccedilatildeo da viagem do Braſil 69)
rarrMoraes e Silva MACcedilAgraveME sm t de Naut Toda a cordoalha do apparelho de um navio
Brito
rarrLaudelino Freire natildeo consta
rarrAureacutelio natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Que lhes concede todos os mantimentos assi secos como molhados que tiuerem nos
almazens do Recife amp fortalezas pera se sentirem delles amp fazerem suas viagens largando
aos soldados os de que elles necessitarem pera seu sustento amp viagem mas nam lhes
outorga o maccedilame pera os nauios porque promete darlhos aprestados pera quando partirem
pera Olanda
NAtildeO TRAZ O NOME DO AUTOR MAS Eacute DO DR JOAtildeO DE MEDEIROS CORREcircA
SEGUNDO A OPINIAtildeO GERAL DOS BIBLIOGRAPHOS (1899) [1653] BREVE |
RELACcedilAM | DOS VLTIMOS | SVCESSOS DA GVERRA | DO BRASIL RESTITUICcedilAOtilde DA
CIDADE MAU- | RICIA FORTALEZAS DO RECIFE DE PER- | NAMBUCO amp MAIS
133
PRACcedilAS QUE OS | OLANDESES OCCUPAUAOtilde NA- | QUELLE ESTADO| [A00_1127 p
175]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Laudelino Freire e Aureacutelio natildeo apresentam o verbete maccedilame Origem natildeo
encontrada
Ficha 110
Madre sf Uacutetero Leito do rio Antigamente Matildei Titulo de Freiras (T Naut) Pagraveo que
atravessa a escotilha O madeiro principal do leme Cabo delgado que se enfia pelas lebres
dos enxertarios Madre-pia v Piamater
______________________________________________________________________ rarrCunha [] Do lat mater ndashtris []
rarrBluteau Madre (Termo de navio) He hum pao que atraveſſa a eſcotilha com ſeu encaixo
para aſſentar nos quarteis da meſma eſcotilha
rarrMoraes e Silva MAacuteDRE sf t de Naut paacuteo que atravessa a escotilha com seu encaixe
para assentar nos quarteis della sect Nas pontes de madeira satildeo os paacuteos que formatildeo o assento
para as estivas e assentatildeo nas asnas ao longo da ponte
rarrLaudelino Freire sf Lat mater matrem Naacuteut Pau que atravessa a escotilha com seu
encaixe para assentar nos quarteacuteis delaO madeiro principal agrave roda do qual ou socircbre o qual
se entalham outros menores ateacute perfazer o composto da grossura ou largura necessaacuteria para o
objeto que se exige como os mastros o leme etcO madeiro que prega na roda de proa e
socircbre o qual estaacute construiacutedo o beque O madeiro central do cabrestante agrave roda do qual se
entalham as mais peccedilas de que se compotildee e que forma o peatildeo ferrado socircbre o qual se move a
maacutequina O madeiro prolongado pelo cadaste que forma a parte principal do safratildeo onde se
pregam os machos e emecha a cana do lemeCada uma das peccedilas mais grossas de que se
formam os mastros quando natildeo satildeo feitos de um soacute pau
rarrAureacutelio madre [Do lat mater matildee] Substantivo feminino1Constr Nav A parte central
mais grossa de que se formam o mastro o cabrestante e outras partes do aparelho do navio
quando natildeo satildeo feitos de uma peccedila uacutenica2Marinh Cabo de fibra ou de algodatildeo em torno do
qual se cocham os cordotildees de um cabo calabroteado ou de um cabo metaacutelicoMadre do leme
Constr Nav 1 Eixo que penetra no casco do navio e transmite movimento ao leme 2 Parte
reforccedilada nos lemes de certas embarcaccedilotildees (antigas ou miuacutedas) agrave qual se prendem as
governaduras e que se prolonga acima da porta do leme para fixar-lhe a cana ou a meia-lua
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam madre como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Ficha 111
Majarrona sf (T Naut) Vela triangular de navio que do mastarro do velacho vem ter agrave
ponta do gurupegraves
______________________________________________________________________
134
rarrCunha bujarrona sf ldquo(Mar) tipo de vela‟ 1858 bdquoinsulto afronta1 1899 Do cast bujarroacuten
deriv do b lat Bŭlgărus bdquobuacutelgaro‟ empregado como insulto por tratar-se de hereges
pertencentes agrave Igreja ortodoxa grega Cp BUGRE
rarrBluteau Natildeo constam bujarrona bojarrona e majarrona
rarrMoraes e Silva MAJARROgraveNA sf t de Naut Vela de navio que vem da ponta do
mastareo do velacho a ponta do gorupecircs vulgo bojarrona talvez porque boacuteja muito quando
cheya
rarrLaudelino Freire MAJARRONA sf Corr De bujarronaBujarrona sf Naacuteut Vela latina
triangular que se iccedila agrave proa socircbre um pau proacuteprio Pau em que se iccedila essa vela rarrAureacutelio-
natildeo constam majarrona ou bojarrona Bujarrona S f 1Marinh Vela triangular iccedilada entre o
mastro de vante e o gurupeacutes ou a proa da embarcaccedilatildeo agrave vela A toalha de espuma rasgada
para um lado e para outro tufou ferveu subiu alcanccedilou parte do conveacutes molhou a bujarrona
(Josueacute Montelo Cais da Sagraccedilatildeo p 159) []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaristas remetem o termo majarrona a bujarrona ao universo
mariacutetimo Bluteau natildeo cita nem um nem outro Origem castelhana
Ficha 112
Malaqueta sf (T Naut) Pagraveo torneado mais grosso em huma de suas extremidades que
serve para dar vela aos cabos delgados da marcaccedilatildeo do navio Na roda do leme he huma como
manivela em que os homens que vatildeo ao leme fazem forccedila para o mover Dagrave-se tambem este
nome ao remate do pagraveo da bandeira e de outros ______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau MALAQUETAS Termo de navio Satildeo todo o patildeo em que ſe daacute volta a qualquer
cabo que ſeja
rarrMoraes e Silva MALAQUEgraveTA sf t de Naut Paacuteo em que se reata o cabo de corda do
navio para o fazer fixo eacute como um crescente e estaacute pregado pelo meyo
rarrLaudelino Freire MALAQUETA sf Ant Cavilha naacuteutica o mesmo que
malaguetaMALAGUETA s f Naacuteut Cavilha de pau torneado que se enfia nos fusos das
mesas do amurado e da meia nau para dar volta aos cabos de laborar Cada um dos cabos
salientes da roda do leme
rarrAureacutelio natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Aureacutelio natildeo cita o termo Para os demais autores malaqueta eacute termo de navio
Origem obscura (Houaiss 2001)
135
Ficha 113
Michelos sm plur (T Naut) Cabos que servem para segurar a amarra quando se leva
ancora
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau natildeo consta
rarrMoraes e Silva MICHEgraveLOS s f pl t de Naut As cordas aleacutem da amarra que servem de
levar a ancora
rarrLaudelino Freire MICHELOS s f pl Naacuteut Cabos pequenos terminados de um lado por
um olhal e de outro por um chicote que serve para conservar verticais as vecircrgas ou mastareacuteus
que tecircm de ser iccedilados ou arreados2 Cabos que se tomam nos andrabelos quando se iccedila
alguma peccedila do aparelho
rarrAureacutelio- natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente Moraes e Silva e Laudelino Freire arrolam o verbete michelos
Origem obscura (Houaiss 2001)
Ficha 114
Molhelha sf Especie de almofada de palha de que satildeo os mariolas ao pescosco para assentar
sobre ella a canga (T Naut) Troxa de fio de carreta e estopa que serve para afastar as
escotas da gaacutevea e velaxo
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo constam molhelha ou monelha
molhe sm bdquoparedatildeo construiacutedo no mar para servir de cais acostaacutevel ou para quebrar a
impetuosidade das vagas‟XVI mole XVI Provavelmente do cat molh e este talvez do lat
mōlēs bdquomassa‟
rarrBluteau MOLHELHA Hum tufo de palha que trazem os mariolas ao peſcoccedilo Collare
O adjectivo a um He de Propercio Quer dizer couſa de palha
rarrMoraes e Silva MOLHEgraveLHA sf Tufo de palha que os mariolas trazem no pescoccedilo e
sobre que assenta a canga para natildeo os molestar []
rarrLaudelino Freire MOLHELHAS sfpl Naacuteut Pedaccedilos de lona estofados com estocircpa que
se pregam nas peccedilas de madeira branda em que os cabos laboram para as tornar mais suaves
agraves encapeladuras
rarrAureacutelio molhelha (ecirc) [De or controversa] Substantivo feminino 1Lus Marinh
Monelha Monelha (ecirc) Substantivo feminino
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta _____________________________________________________________________________
136
Comentaacuterios Laudelino e Aureacutelio citam molhelha como termo naacuteutico Origem
controvertida (catalatildeo)
Ficha 115
Moucarratildeo -ona mf-otildees -onas no plur Muito mouco Moucarrotildees entre Nauticos satildeo
huns pagraveos que servem para empavezar o navio
______________________________________________________________________ rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau natildeo consta
rarrMoraes e Silva adj chulo Mũito mouco Eufr 35 Moucarrotildees smpl t de Naut Paacuteos
que estatildeo pelo bordo do navio que servem para o empavezar
rarrLaudelino Freire [] smpl Paus de empavesar o navio
rarrAureacutelio moucarratildeo [De mouco + -arratildeo] Adjetivo 1Muito mouco [Fem moucarrona]
Mouco [De or obscura] Adjetivo 1Que natildeo ouve ou que ouve pouco ou mal surdo 2Diz-
se do ouvido de quem eacute mouco (1) Palavras loucas ouvidos moucos (prov) s m 3Aquele
que eacute mouco (1) surdo [Aum moucarratildeo]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente Moraes e Silva e Laudelino Freire apontam moucarratildeo como termo
naacuteutico Origem obscura
N
Ficha 116
Nabo sm Hortaliccedila conhecida (T Naut) Peccedila de madeira furada e redonda que tem por
cima a chapeleta pregada
______________________________________________________________________
rarrCunha nabo sm bdquoplanta herbaacutecea da fam das cruciacuteferas‟ XIII Do lat nāpus []
rarrBluteau Nabo Palavra de navio He hum pagraveo redondo furado que em cima tem hum
couro pregado aq chamatildeo Chapeleta
rarrMoraes e Silva NABO sm t de Naut Peccedila de paacuteu redonda furada que tem por cima a
chapeleta nas bombas
rarrLaudelino Freire NABO do lat napus Naacuteut Peccedila de madeira ou bronze em forma de
tronco de cone com abertura no centro e vaacutelvula para regular a aspiraccedilatildeo da bomba
rarrAureacutelio nabo [Do lat napu] Substantivo masculino 1Bot Planta herbaacutecea da famiacutelia das
cruciacuteferas (Brassica napus) cultivada por suas raiacutezes comestiacuteveis arredondadas ou
pontiagudas roxas ou brancas conforme a variedade 2A raiz desenvolvida dessa
planta3Burl Pessoa ignorante neacutescia estuacutepida 4 Bras S A parte do mouratildeo da tranqueira
do poste ou do esteio que fica enterrada no solo[]
137
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente Aureacutelio eacute que natildeo aponta nabo como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Ficha 117
Nautico adj (T Naut) Pertencente agrave navegaccedilatildeo Que serve para dirigir a navegaccedilatildeo Que
entende da arte de navegar Homem do mar Nautica (como subst) A arte de navegar
______________________________________________________________________
rarrCunha nauta sm bdquomarinheiro navegador‟ 1572 Do lat nauta ndashae derivado do gr nauacutetes
naacuteutICA XVII naacuteutICO XVII Do lat nautǐcus ndasha[]
rarrBluteau NAUTICO Couſa concernente agrave nautica ou fabrica amp mariagem dos navios
Nauticus a umDeterminaotilde o nautico aparelho Camotildees Cant4 Oit 76 Agulha nautica
Agulha de marcar Vid Agulha (A agulha nautica buſcando o Norte Varella Num Vocal
463) Homem nautico Os homens do mar Os marinheiros Nautici orum Masc Plur Plin
(A que os naacuteuticos chamatildeo Meſ Tranccedila Epanaphor De D Franc Man 468)
rarrMoraes e Silva NAUTICO adj Que respeita aacute navegaccedilatildeo e serve para a dirigir vg
naacuteutico apparelho Arte agulha nauticasect Homem naacuteutico o que sabe a Arte de navegarsect Os
naacuteuticos os homens do mar Epanaph De D Franc Man
rarrLaudelino FreireNAacuteUTICO adj Lat nauticus Relativo agrave navegaccedilatildeo ldquoemprecircsa naacuteuticardquo
rarrAureacutelio naacuteutico[Do gr nautikoacutes pelo lat nauticu] Adjetivo1Relativo a marinheiro
navegante nauta espiacuterito naacuteutico termo naacuteutico 2Respeitante agrave navegaccedilatildeo processo
naacuteutico ~ V almanaque mdash carta mdasha e crepuacutesculo mdash
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Fazia toda a prevenccedilaotilde dos mantimentos para a viagem e de todos os aprestos para a
expediccedilaotilde quando na manhaatilde de hum claro dia por desattenccedilaotilde que houve em huma salva
se ateou o fogo em a nao Serea com taotilde irremediavel incendio que se naotilde pode extinguir
porque pegando logo nas amarras foy levando a nao para o meyo do golfo lanccedilando-se a
nado alguns Marinheiros e Officiaes nauticos que nella se achavaotilde
SEBASTIAtildeO DA ROCHA PITTA (1878) [1730] LIVRO OITAVO [A00_0574 p 344]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios consultados apresentam este termo como ldquoda marinhardquo
Origem portuguesa lt latina lt grega
O
Ficha 118
Orthodomia (T Naut) Entre nauticos derrota do navio que segue hum dos rumos da agulha
138
______________________________________________________________________
rarrCunha [] Ort(o)- elem Comp do gr orthoacutes bdquoreto direito‟ que se documenta em vocs
formados no proacuteprio grego como ortoeacutepia e em vaacuterios outros introduzidos na linguagem
cientiacutefica internacional a partir do seacutec XIX [] ortoDROMIAorthodromia 1844
rarrBluteau ORTHODROMIA (Termo Nautico) Derivaſe do Grego Orthos Direyto amp
Dromos curſo Val o meſmo que Derrota em linha reta Tal he o caminho que faz hum
navio ſeguindo hum dos trinta amp dous ventos apontados na carta de marear
rarrMoraes e Silva ORTHODOMIacuteA sft de Naut Derrota do navio que vai seguindo um
dos 32 rumos da agulha
rarrLaudelino Freire natildeo consta
rarrAureacutelio- Ortodromia [Do gr orthoacutedromos que corre em linha reta + -ia1] sf 1Naacuteut
Arco de ciacuterculo maacuteximo compreendido entre dois pontos da superfiacutecie da Terra e que eacute o
caminho mais curto para ir de um ao outro
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Soacute Moraes e Silva registra orthodomia os demais dicionaristas citam
ortodromia Origem grega
Ficha 119
Ostaes sm plr (T Naut) Cabos grossos que vem dos calcezes dos mastros fixar-se na proa
com seus cadernaes
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo constam ostais e ostaes Consta estai sm (Mar) bdquoqualquer dos cabos que
aguentam a mastreaccedilatildeo para vante‟ XVII Do antigo fr estaie (hoje eacutetai) de origem
germacircnica
rarrBluteau OSTAIS (Termo de Marinhagem) Saotilde hũs cabos groſſos que vem dos calces dos
maſtros a fazer fixo agrave proa com ſeus cadernaes o meſmo tem os maſtareos mas mais
ligeyrosRudentes agrave malo ad proram intenti Franciſco de Brito Freyre na relaccedilatildeo da ſua
viagem do Braſil diz Eſtay (Rebentando o eſtay mayor amp a ovencadura pag 67)Vid Eſtay
rarrMoraes e Silva OSTAacuteES sm pl t de Naut Cabos grossos que vem dos calcezes dos
mastros a fazer fixo na progravea com seus cadernaes CastL2f156 outros dizem Estaacutees como
Brito Guerra Brasil
rarrLaudelino Freire OSTAES natildeo consta Ostai sm Desc O mesmo que estai ESTAI ou
ESTAE sm Ingl stays Naacuteut 1- Cada um dos cabos grossos que fixos na proa firmam a
mastreaccedilatildeo 2 Designaccedilatildeo de outros cabos de navio ESTAI DA RABECA sm Cabo que
vai por cima da mezena a coser ante a reacute do calcecircs do mastro respectivo vindo o outro chicote
a passas a um sapatilho que se aguenta a uma alccedila cosida por ante-avante do mastro grande a
um tecircrccedilo pouco mais ou menos da sua altura e vai rondar a um olhal ao peacute decircste mastro
abotoando por uacuteltimo o dito chicote ao vivo
rarrAureacutelio- natildeo constam ostaes e ostais consta estai Estai- S m 1- Marinh Qualquer dos
cabos que aguentam a mastreaccedilatildeo para vante
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Laudelino Freire e Aureacutelio natildeo citam Ostai mas estai Origem francesa lt
germacircnica
139
Ficha 120
Ostagas sf plur (T naut) Cabos que sustentatildeo vergas nos moutotildees de coroa e vem por
cima da pega
______________________________________________________________________
rarrCunha ostaga sf bdquocabo com que se arria horizontalmente pelo terccedilo ao longo do mastro
uma verga de gaacutevea‟ XV Do cast ostaga de origem germacircnica
rarrBluteau OSTAGAS (Termo de Marinhagem) Saotilde hŭs cabos que ſuſtentatildeo vergas em
huns moutotildees que chamatildeo de coroa amp vem por cima da pega Funes quibus ligantur
antenn(Nos quebragraveraotilde ſubitamente as oſtagas da vela grande amp vindo a verga abayxo ampc
Peregr De Fern Mend Pinto fol262col1) []
rarrMoraes e Silva OSTAacuteGAS sfpl t de Naut Cabos que sustentatildeo as vergas em uns
moutotildees chamados de Coroa e vem por cima da pega Amaral7
rarrLaudelino Freire sf Cast ostaga Naacuteut Cabo grosso que vem por cima da pecircga e
sustenta as vecircrgas em seus moitotildees
rarrAureacutelio ostaga [Do esp ostaga] sf 1Marinh Cabo com que se arria horizontalmente pelo
terccedilo ao longo do mastro uma verga de gaacutevea
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Meteram de arribada e carregado o traquete acima e ferrada a mezena apertaram as
enxarcias atezaram os estaes para seguranccedila dos mastros e mastareacuteus E para seguranccedila das
vergas reforccedilaram as ostagas e passaram bossas em ajuda aos enxertaacuterios Tudo se fazia
necessaacuterio a respeito do vento que tatildeo furiosamente a suavizava pelas entenas que se queria
levar diante de si
JOSEacute ALVARES DE OLIVEIRA (1981) [nd] HISTOacuteRIA DO DISTRITO DO RIO DAS
MORTES SUA DESCRICcedilAtildeO DESCOBRIMENTO DAS SUAS MINAS CASOS NELE
ACONTECIDOS ENTRE PAULISTAS E EMBOABAS E CRIACcedilAtildeO DAS SUAS VILAS
[A00_0395 p 96]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaristas arrolam ostagas como termo naacuteutico ou da marinha
Origem castelhana
P
Ficha 121
Pairar vn (T Naut) entre os nauticos Andar o navio aacutes voltas sem fazer viagem v a
Soster demorar ______________________________________________________________________
rarrCunha pairar vb bdquoadejar voar vagarosamente‟ XV Do ant prov pairar e este
provavelmente do lat pariāre []
rarrBluteau PAIRAR (Termo Nautico) Ir a nao flutuando de hũa para outra ſem fazer
viagem Hine inde flutare e ou flu Plin Cic (Toda a noyte tinhaotilde pairado a arvore ſeca
H de Fern Mend Pinto 682) Joatildeo Hugo Lindrchotano 3 part India Oriental pag 28 diz
velis elatis integrum Mareacute fulcabamus quod (Pairou o General alguns dias Britto Relaccedilatildeo
140
da ſua viagem pag 64) Andar pairando Diz-ſe com metaphora Nautica de quem anda
buſcando ſubterfugios para evitar alguma couſa
rarrMoraes e Silva PAIRAacuteR vn t de Naut Parar no mar estar aacute capa natildeo surdir
CastL1c59edI natildeo podendo pairar andavatildeo aacutes voltas Albuq P4c2 com provisatildeo para
pairar toda calmariasect vat Soster soffrer vg pairar a tormenta sobre a amarra sect Pairar aacute
tormenta resistir-lhe aturar Lavanha Naufr da Naacuteo S Alberto f15sect Cruzar bordejar em
certa altura esperando outro navio Freire I pag17 Ed de Paris Sabio a comboyar as naacuteos
que se esperavatildeo da India e pairando na altura do seu regimento houve vista de hum
Corsario Francez
rarrLaudelino Freire PAIRAR vrv Naacuteut Estar agrave capa o navio cruzar bordejar (int) Pairo
sm Naacuteut Accedilatildeo de pairar2 Estado do navio quando paira e que consiste em ter as velas
estendidas as escotas socircltas ou conservar-se em aacutervore secircca atado o leme
rarrAureacutelio- pairar[Do lat pariare ser igual pelo provenccedil pairar aguentar suportar
pacientar] Verbo intransitivo 1Cruzar (uma embarcaccedilatildeo) em espaccedilo relativamente restrito
com pequeno seguimento[] 4Mover-se ou agitar-se com lentidatildeo no alto Pairam nuvens
espessasuma neacutevoa subtil pairava acima dos pacircntanos (Coelho Neto Treva p 322) Paira
no silecircncio do espaccedilo a alma das geraccedilotildees mortas (Afonso Arinos
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Ainda que a gente eſpalhada na terra ſe recolheo com brevidade aos navios houve detenccedila
com o de Ruy Diaz que eſteve ao largar quaſi perdido em hũa rogravecha natildeo arribando com o
pano da proa ategrave lhe cortarem a amarra que por deſcudo dos Officiaes hia arrojando a
ancora pelo fundo Ao Galleatildeo do Faleiro rebentou outra amp natildeo tendo outra talingada foi
preciſo fazerſe ao mar Como eſtava nelle Manuel Freyre que havia de acompanhar os
ultimos navios ſem ſaber a occaſiatildeo vẽdo-o aacute vella a que jaacute vinhatildeo nove com ſoacute o traquete
ſe pogravez a caminho a Capitana eſperando os que lhe ficavatildeo pela popa Mas tanto que o Meſtre
de Campo mareou na volta da terra para deſamarrar os que ainda eſtavatildeo ſurtos ferrando
outra veacutez o traquete tornou a pairar com a meſena
FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 09]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaristas apontam pairar tambeacutem como termo naacuteutico
Origem provenccedilal lt latim
Ficha 122
Palmejar sm (TNaut) As peccedilas de madeira que cingem o navio de poppa agrave proa por
dentro ______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau PALMEJAR Bater as palmas Vid Palma da matildeo
rarrMoraes e Silva PALMEJAacuteR smt de Naut O palmejar satildeo peccedilas de madeira que
cingem o navio de poupa aacute proa por dentro as quaes vatildeo endentadas como a madeira da
liaccedilatildeo ou liames Hist Naut I f 316 ldquono navio havia dous palmos de agua sobre o
palmejarrdquo
rarrLaudelino Freire PALMEJAR sm Prancha que reveste interiormente o arcabouccedilo do
navio
rarrAureacutelio- natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
141
Comentaacuterios Com exceccedilatildeo de Bluteau todos os dicionaristas apontam palmejar como termo
naacuteutico Origem portuguesa lt latina
Ficha 123
Palomas s f Cabos nas vergas onde se fixatildeo as pontas das ostagas
______________________________________________________________________
rarrCunha paloma sf ldquo(Naacuteut) cabo corda‟ 1813 Do it meridional paloma que corresponde
a parogravema em outras regiotildees palomAR palonbar XV palomEIRA XV
rarrBluteau PALOMAS Termo de marinhagem Saotilde hũs cabos que eſtaotilde nas vergas onde ſe
fazem fixas as pontas das oſtagas
rarrMoraes e Silva PALOgraveMAS sf t de Naut Cabos que estatildeo nas vergas onde se fazem
fixas as pontas das ostagas
rarrLaudelino Freire PALOMAS sf Cast paloma Espeacutecie de cabo naacuteutico
rarrAureacutelio paloma [Do esp paloma] s f 1 Bras Giacuter Meretriz 2 Ant Pomba (1)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Exceto Aureacutelio todos os dicionaristas apontam paloma como termo naacuteutico
Origem italiana
Ficha 124
Palomba sf Entre Nauticos Novello de mialhar ______________________________________________________________________
rarrCunha palomba sf bdquo(Naacuteut) cabo corda‟ 1813 Do it meridional paloma que corresponde
a parogravema em outras regiotildees [] palonbar XV []
rarrBluteau Natildeo consta
rarrMoraes e Silva PALOMBA sft de Naut Cabos que estatildeo nas vergas onde se fazem
fixas as pontas das ortagas Novelo de mealhar
rarrLaudelino Freire PALOMBA sf Lat palumba Naacuteut 1 Corda da vela do estai2 Fio
grosso com que se cose o cabo da tralha agraves orlas das velas fazendo passar os pontos pelas
cocircchas do mesmo cabo fio de palomba3 Novecirclo de mealhar de forma alongada4 Alccedila
para iccedilar no mastro a vecircrga de uma vela latina
rarrAureacuteliorarr palomba [Alter de paloma] s f Marinh 1Novelo de mialhar 2Espeacutecie de
ponto us para coser as tralhas das velas dos toldos etc ponto de palomba
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Exceto Bluteau (que natildeo apresenta o termo) todos os dicionaristas apontam
palomba como termo naacuteutico Origem italiana
Ficha 125
Patelha sf (T Naut) O couce do leme Encaixa na quilha no fundo do cadaste sobre que
joga o leme
142
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau PATELHA ou Patilha do leme por outro nome Couce he no fundo do cadaſte
hum encayxo na quilha ſobre que joga o leme
rarrMoraes e Silva PATEgraveLHA sf t de Naut O couce do leme e eacute no fundo do cadaste um
encaixe na quilha sobre que joga o leme
rarrLaudelino Freire PATELHA sf Parte inferior do leme e a parte saliente da quilha socircbre
que ecircle se move
rarrAureacuteliorarr natildeo consta patelha Patilha [Do esp patilla poss] s f 1Constr Nav
Prolongamento da quilha para reacute do cadaste sobre o qual se apoia o peacute da madre do leme nas
embarcaccedilotildees em que o leme tem de trabalhar afastado do cadaste (como p ex nas de uma soacute
heacutelice)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaristas apontam patelhapatilha como termo naacuteutico Origem
espanhola
Ficha 126
[] Pegrave de carneiro [T Naut) Paacuteos perpendiculares da coberta ategrave o poratildeo em que se sustenta
a coberta
______________________________________________________________________
rarrCunha peacute sm bdquoparte inferior da perna que se articula com esta assentado por completo no
chatildeo e que permite a postura vertical e o andar‟XIII pee XIIIDo lat pes pĕdis []
rarrBluteau Peacutes de carneyro Termo de navio Saotilde huns paos que eſtaotilde perpendicularmente
da cuberta ao poraotilde para ſuſtentar a meſma cuberta Os primeyros ſaotilde os do poraotilde amp ha
outros entre pontes
rarrMoraes e Silva Pes de carneiro t de Naut paacuteos perpendiculares da coberta ao poratildeo
para sustentar a coberta e talvez tem moacuteccedilas por onde os marujos descem
rarrLaudelino Freire PEacute sm T Naacuteut A ponta da corda com que se vira a vela Peacute de
carneiro sm Naacuteut Pau varatildeo ou prumo de suporte
rarrAureacutelio peacute- [Do lat pede] [] peacute de carneiro [De peacute + de + carneiro] Substantivo
masculino 1 Constr Nav Qualquer peccedila ou parte da estrutura de uma embarcaccedilatildeo que tenha
forma de coluna 2 Rolo peacute de carneiro [Pl peacutes de carneiro]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta peacute-de-carneiro como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam peacute de carneiro como termo naacuteutico
Origem portuguesa lt latina
Ficha 127
143
Pinccedilote sf Entre nauticos pagraveo pegado aacute ponta da cana do leme para o governar Tambeacutem a
bomba o tem
______________________________________________________________________
rarrCunha pinccedilote natildeo consta
rarrBluteau PINCcedilOTE Termo de navio He hum pao que pega na ponta da cana do leme amp
vem agrave cuberta da Timoneyra por hũ bolinete amp ſerve para governar o leme
rarrMoraes e Silva PINCcedilOacuteTE smt de Naut Paacuteo que pega na ponta da cana do leme e vem
agrave coberta da timoreira por um molinete e serve para governar o leme haacute tambeacutem pinccedilote da
bomba H Naut Tom3
rarrLaudelino Freire PINCcedilOTE sm Cast pinzote Naacuteut1 Alavanca de pau na extremidade
da cana do leme2 Corda delgada fixo por uma das extremidades agrave pena da vecircrga para
amarrar a esta uma vela quando fundeada a embarcaccedilatildeo de velas latinas
rarrAureacutelio 1Marinh Nas canas do leme constituiacutedas por duas peccedilas ligadas em cotovelo eacute
aquela em que o timoneiro segura [A outra eacute a cana]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam pinccedilote como termo naacuteutico Origem
espanhola Origem espanhola (Houaiss 2001)
Ficha 128
Pontal sm ponta de terra (T Naut) Altura do navio da quilha ateacute o convez
______________________________________________________________________
rarrCunha ponta sf bdquoa parte ou o ponto em que alguma coisa termina extremidade‟ XIII Do
lat puncta ndashae bdquoestocada‟ [] pontAL1 sm bdquo(Naacuteut) altura da embarcaccedilatildeo entre a quilha e o
conveacutes principal‟ XVI pontAL2 sm‟ ponta de terra‟ XVIII
rarrBluteau PONTAL (Termo de navio) He a altura que tem o navio da quilha ateacute primeyra
cuberta Navis altitudo agrave trabe [] Tambem em termos nauticos Pontal para avante amp
Pontal para a reacute he o que vay de altura de bordo da nao para a proa amp para a poppa entre as
duas cubertas chama-ſe tambem Pontal o que vay de huma cuberta a outra parece derivado
do Francez porque nos navios o que chamamos cuberta os Francezes lhe chamatildeo Ponte
rarrMoraes e Silva PONTAacuteL sm Altura do navio desde a quilha ateacute aacute primeira coberta Cast
L8f154col2 e B4614 sect it O que vai d‟uma coberta aacute outrasect Pontal para a vante ou para
a reacute eacute o que vai do bordo do navio para a progravea ou para a popasect Ponta de terra que sai do
mar vg o pontal de Cacilhas
rarrLaudelino Freire PONTAL sm De ponta Altura da embarcaccedilatildeo entre a quilha e a
primeira coberta 2 Ponta de terra ou da penedia que entra um pouco no mar acima do niacutevel
da aacutegua
rarrAureacuteliorarr [1Constr Nav Altura da embarcaccedilatildeo entre a quilha e o conveacutes principal2Ponta
de terra ou penedia que penetra um pouco no mar ou no rio []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam pontal como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
144
Ficha 129
Ponte sf Obra sobre arcos para passar rios Algumas ha de barcas e de madeira para fossos
A peccedila em que se volve a moenda no engenho de accedilucar Entre Nauticos a coberta do navio
______________________________________________________________________
rarrCunha ponte sf bdquoconstruccedilatildeo destinada a estabelecer a ligaccedilatildeo entre duas margens opostas
de um curso de aacutegua ou de outra superfiacutecie liacutequida qualquer‟ XIII Do lat pōns pontis []
rarrBluteau Ponte (Termo de navio) Ponte corrida he a cuberta do caſtello de Poppa ateacute a
proa Ponte na orelha he a cuberta do convez curva para que com brevidade ſe deſagoe o mar
que entrar nella Natildeo temos nomes proprios Latinos
rarrMoraes e Silva POgraveNTE sf t de Naut O mesmo que coberta do navio Cast L7c86
f133 col1 Amaral c2 Ponte nas galeacutes e navios obra feita para cima della se pelejar
B347 lanccedilar-lhe algumas panellas de poacutelvora sobre a ponte que levava foratildeo queimar
muitos Mouros que vinhatildeo debaixo parece que era obra levadiccedila Id 235 naacuteo com suas
arrombadas com ponte e redes a sua naacuteo levava sobre a ponte tecida huma rede ibid
rarrLaudelino Freire PONTE sf Lat pons pontem Mar Coberta ou sobrado estabelecido
em todo o comprimento do navio seja para cobrir o poratildeo e preservar as mercadorias seja
para dividir o navio em diversos andares como se divide uma casa de habitaccedilatildeo 2 Naacuteut
Pavimento acima da borda do navio na direccedilatildeo de bombordo a estibordo donde em viagem se
dirige a manobra
rarrAureacuteliorarr ponte [Do lat ponte] s f [] 2Ant Constr Nav Cada uma das cobertas de um
navio Ponte de vieacutes 1 Lus Ponte esconsa Ponte esconsa 1 Ponte (1) cuja direccedilatildeo eacute obliacutequa
agrave do curso de aacutegua que transpotildee [Sin lus ponte de vieacutes] []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam ponte como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Ficha 130
Porca s f A femea do porcoPaacuteo que atravessa os malhaes no lagar A obra de madeira
sobre o sino Entre Nauticos Nome de hum dos paacuteos que atravessatildeo o carro da poppa e vatildeo
145
acabar nos pegraves mancos Na atafona peccedila pregada na trave com hum ferratildeo onde anda o piatildeo
Peccedila dp parafuso onde elle embebe as suas espiras Na impressatildeo peccedila no someiro grande de
cima onde encaixa a arvore de ferro
______________________________________________________________________
rarrCunhaporcararr PORCO porco sm bdquomamiacutefero da ordem dos artiodaacutectilos natildeo ruminante
originaacuterio do javali poreacutem existente quase em toda parte como animal domeacutestico‟ XIII Do
lat pŏrcus -ī [] porcA1
sf bdquoa fecircmea do porco‟ XIII porcA2 sf bdquopeccedila em que se introduz o
parafuso‟ 1813 Segundo parece a relaccedilatildeo entre porca2 e porca
1 decorre da semelhanccedila que o
oacutergatildeo genital do porco apresenta com o parafuso
rarrBluteau Porcas (Termo de Navio) Saotilde hũs paos groſſos que atrave ſſaotilde o carro de
poppa amp vaotilde acabar em os peacutes mancos
rarrMoraes e Silva POacuteRCAS sfpl paacuteos grossos que atravessatildeo o carro da popa e vatildeo
acabar nos peacutes mancos
rarrLaudelino Freire PORCA sf Lat porca [] 3 Pau do largar que atravessa os malhais
Pau grosso que atravessa o carro da pocircpa
rarrAureacutelio Porca [Do lat porca] Substantivo feminino Pequena peccedila de ferro em geral
sextavada ou quadrada munida de furo em espiral que se atarraxa na extremidade de parafuso
ciliacutendrico
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam porca como termo naacuteutico exceto Aureacutelio
Origem portuguesa lt latina
Ficha 131
Proejar vn Navegar com certo rumo _____________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau PROEJAR (Termo Nautico) Por a proa vid Proa (Quem viſſe huma natildeo proejar
contra hũa alta ſerra Epanaphor De D Franc Man pag109)ſ
rarrMoraes e Silva PROEJAacuteR vn Navegar para certo rumo vg uma nau proejando contra
uma alta serra Epanaforas sect at Buscar com a proa demandar navegando ldquoproejando ao
Oriente tantas vezes requestadordquo ldquoproejaratildeo a uma calheta quem com a cerraccedilatildeo vararatildeo e
escorreratildeo ateacute que a mareacute de todo lhes faltourdquo
rarrLaudelino Freire PROEJAR v intr De proa Aproar dirigir-se navegar em determinada
direccedilatildeo
rarrAureacutelio proejar [De proa + -ejar] Verbo transitivo circunstancial 1P us Dirigir-se
navegar (em determinada direccedilatildeo) aproar O comandante proeja para nordesteAs galeacutes de
Castela sarparam tenderam velas e demandaram a barra proejando ao norte (Antero de
Figueiredo Leonor Teles p 229) [Conjug v pelejar]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam proejar como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
146
R
Ficha 132
Rabada sf o rabo do peixe Antigamente tranccedila para traz cheia de laccedilos de fitas (T naut)
Parte da poppa onde estagrave a cacircmara de cima
______________________________________________________________________
rarrCunha rabada rarr rabo rabo sm bdquocauda‟ bdquoprolongamento da coluna vertebral de certos
mamiacuteferos‟ XIII Do lat rāpum -ī bdquonabo‟[] rabADA XVI []
rarrBluteau RABADA Vid Tomo 7 Vocabulario Rabada termo de navio He o apoſento da
poppa no andar ſuperior do navio por cima da camera de modo que dos tres andares que ha
na poppa ao ſuperior he que chamaotilde Rabada ao do meyo camera e ao de baixo praccedila
d‟armas
rarrMoraes e Silva RABAacuteDA sf Do navio galeacute Couto 10105 poupa onde estaacute o
lemerdquopoz-lhe a proacutea pela rabada Couto 98
rarrLaudelino Freire RABADA sf De rabo O mesmo que rabadela 2 Pocircpa do navio
rarrAureacuteliorarr rabada [De rabo + -ada1] s f 1 V rabadilha (1) Rabadilha [De rabada + -
ilha] Substantivo feminino 1 A parte posterior do corpo das aves peixes e mamiacuteferos
rabada rabadela 2 A porccedilatildeo do peixe que o pescador destina a seu proacuteprio consumo em vez
de vender rabadela Rabada 1 Rabo de boi de porco ou de vitela sem pele nem pelos para
uso na alimentaccedilatildeo humana 2 Cul Iguaria preparada com rabada (2) 3 Rabicho (1) 4 Fig
O(s) uacuteltimo(s) numa corrida fila etc rabeira
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Embarcaccedilotildees de meia coberta Botes Igariteacutes e Balccedilas ou Jangadas que servem na
conducccedilatildeo da quarta Partida Hespanhola na foacuterma que se aprezentaram na Fronteira da
Tabatinga em 7 de Marccedilo de 1781 CAPITAINA Maria Luiza Barco de foacuterma de meia
coberta de nove remos por banda de um mastro armada aacute redonda remada de palamenta
ou de remo pequeno ordinario Tem uma formoza Camara em que cabem vinte pessoas seis
por banda nos aposentos lateraes e os mais na face da frente e fundos tem um camarim aacute
rabada muito proprio para escrever e outros exercicios privados tudo muito bem asseiado e
pintado com seu cortinado de Damasco de latilde carmezim tem tres janellas por banda e nove
palmos de peacute direito
ALEXANDRE RODRIGUES FERREIRA [nd] 2ordf PARTE BAIXO RIO NEGRO -
SUPLEMENTO Agrave PARTICIPACcedilAtildeO PRIMEIRA [A00_2236 p440]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Exceto Aureacutelio (que natildeo apresenta o termo) todos os dicionaristas apontam
rabada como termo naacuteutico Origem portuguesa lt latina
Ficha 133
Rabeca sf Instrumento musico de quatro cordas (T Naut) vela que vai entre o mastro
grande e a poppa atravessada Enxergatildeo pequeno de palha ______________________________________________________________________
147
rarrCunha rabeca sf bdquodesignaccedilatildeo antiquada do violino‟ bdquoutensiacutelio de ferreiro que serve para
fazer girar a broca‟ XVI Do fr rebec deriv do ant fr rebebe e este do ar rabāb []
rarrBluteau RABECA ou Rebeca Pequeno inſtrumento muſico de cordas Diriva ſe do
Arabico Rebab ou Rebaba que no Lexicon Coptico ſegundo os Interpretes he Lyra Outros
o derivatildeo do Hebraico Rebiac que ſignifica o inſtrumento a q os Latinos chamatildeo Siſtrum
outros finalmente o derivatildeo de Rebet que na linguagem Celtica val o meſmo que Rebeca
Conſta a Rabeca de quatro cordas amp tange-ſe com arco Os ſeus ſons agudos ſaotilde muytos
alegres amp deſpertatildeo o eſpirito O ſeu concerto he de quinta em quinta Natildeo temos em Latim
palavra propria Latina ſeragrave preciſo uſar das Comuas como vg Fides ium Plur Fem ou
Fidis is Fem do qual uſa Columella no ſingular ou Lyra ou Cithara e Fem Barbitus de
ordinario natildeo ſe acha ſenatildeo em verſo Natildeo ſerve acreſcentar a Fides nem a Lyra decumana
nem Primaria eſtes adjeξtivos natildeo eſtatildeo aqui no ſeu lugar
rarrMoraes e Silva RABEacuteCA sf Instrumento Musico de quatro cordas que se ferem com
hum arco de cerdas de cavallo
rarrLaudelino Freire RABECA sf Aacuter rabeb Instrumento muacutesico em forma de viola com
quatro cordas de tripa e de retroacutes afinada em quintas (sol reacute laacute mi) de que tiram os sons por
meio de um arco guarnecido de crinas e pregraveviamente passadas pela resina violino 2 Naacuteut
Uma das velas latinas que servem para estais
rarrAureacuteliorarrrabeca [Do aacuter rabatildeb pelo fr ant rebec ou pelo provenccedil ant rebec] Substantivo
feminino 1Designaccedilatildeo antiquada do violino [F paral rebeca var arrabeca] 2Utensiacutelio
de ferreiro que serve para fazer girar a broca sanfona 3Lus V fancho 4Bras Espeacutecie de
violino com quatro cordas de tripa e sonoridade fanhosa que se toca apoiando-o na altura do
coraccedilatildeo ou no ombro esquerdo mas sempre com a voluta para baixo
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente Laudelino Freire apresenta rabeca como termo naacuteutico Origem
francesa
Ficha 134
Resbordo sm (T Naut) O segundo solho do navio e o lugar onde elle se dobra mais
Rescaldar Escaldar muito ______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau RESBORDO Derivaſe do Francez Ribord que he a ſegunda ordem de taboas ou
o ſegundo ſolho do navio amp como cotovelo delle ou o lugar onde mais ſe dobra (na coſtura
da taboa do Resbordo Britto viagem do Braſil pag 86)
rarrMoraes e Silva RESBOacuteRDO sm Naut O segundo solho do navio e como cotovelo
delle ou o lugar onde mais se dobra Brito Viag ldquona costura da taboa do resbordordquo (rebord
em Francez he borda resaltada)
rarrLaudelino Freire RESBORDO sm De res + bordo Naacuteut Abertura feita no costado de
alguns navios na altura da primeira coberta para carga e descarga de carvatildeo ou de pequenos
artigos 2 Abertura na amurada para dar lugar agrave bocircca do canhatildeo
rarr AureacuteliorarrResbordo Substantivo masculino Constr Nav 1 A primeira fiada de chapas (ou
de taacutebuas nas embarcaccedilotildees de madeira) do forro exterior do casco de um e de outro lado da
quilha 2 Cisbordo Cisbordo (oacute) [De cis-1 + bordo] Substantivo masculino 1 Ant Constr
Nav Grande abertura com porta no costado de certos navios agrave altura de um pavimento para
embarque ou desembarque de objetos pesados ou de grandes dimensotildees resbordo
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
148
Recorriatildeo os altos os Calafates deſaparelhavatildeo as vergas os Marinheiros naotilde ſeccedilando as
bombas nem os baldes Cotilde que vencido o trabalho ficou legraveſto o navio amp eſtanque de hũa
batildeda para crenar ſobre ella em a manhatildeatilde ſeguinte que ſe tomou a agoa na coſtura da taboa
de resbordo
FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 17]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam resbordo como termo naacuteutico Origem
francesa
Ficha 135
Rumo sm A linha que denota hum dos ventos na agulha de marear A direcccedilatildeo que leva o
navio (T Naut) Palmo e polegada d‟agua entre os nauticos Fig Maneira de proceder A
rumo em boa ordem em termos de ter boa effeito ______________________________________________________________________
rarrCunha rumo sm bdquo(Naacuteut) cada uma das direccedilotildees marcadas na rosa-dos-ventos‟ bdquocaminho
direccedilatildeo vereda‟ rrumo XV Do cast rumbo deriv do lat rhombus e este do gr rhoacutembos
rumAR 1844
rarrBluteau Rumo na Roſa Nautica Index venti linea Fem (O numero dos graos amp ſuas
medidas ſegundo differentes Rumos Vieyra tom10 pag263) Vid Roſa
rarrMoraes e Silva RUacuteMO sm Na rosa Nautica a linha que denota hum dos 32 ventos sect A
direccedilatildeo que leva a proa do Navio por hum dos 32 rumos sect t Naut i eacute palmo e polegada de
agua de sorte que seis rumos ou palmos destes fazem sete ordinarios vg tem esta quilha
tantos rumosrdquo pegado (o monstro marinho) na quilha do galeatildeo por todo o comprimento
delle sendo de vinte e hum rumos que satildeo certo e cinco palmosrdquo B347 (por esta conta cada
rumo satildeo cinco palmos) ult Ediccedil Tom3 PI p462
rarrLaudelino Freire RUMO sm Ingl rhumb Cada uma das trinta e duas divisotildees ou linhas
da rosa dos ventos que representam as trinta e duas direccedilotildees mariacutetimas adotadas pelos
naacuteuticos 2 Direccedilatildeo do navio por estes rumos 3 Direccedilatildeo orientaccedilatildeo caminho 4
Antiga medida naacuteutica que equivalia pouco mais ou menos a cinco palmos 5 Meacutetodo
ordem de proceder norma
rarrAureacutelio rumo [Do esp rumbo] s m 1 Naacuteut Cada uma das direccedilotildees marcadas na rosa dos
ventos 2 Naacuteut Direccedilatildeo do movimento da embarcaccedilatildeo quando se estaacute navegando 3 Naacuteut
Acircngulo que a direccedilatildeo para onde aponta a proa da embarcaccedilatildeo faz com a direccedilatildeo do norte
verdadeiro (rumo verdadeiro) ou com a direccedilatildeo do norte magneacutetico (rumo magneacutetico) ou
ainda com a direccedilatildeo do norte da agulha (rumo da agulha) []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Segunda-feira 30 dias do mecircs de Janeiro tomei o sol e estava na altura do cabo de Santlsquo
Agostinho e iacuteamo-lo a demandar pelo rumo de loeste
PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE
SOUSA [A00_0078 p 38]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam rumo como termo naacuteutico Origem
castelhana
149
S
Ficha 136
Salamear va (T Naut) Fazer celeuma Cantar alternamente
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau SALAMEAR Termo de Marinheyro Fazer a Saloma ou Salema Vid Salema
Vid Fayna SALEMA Vozaria de Marinheyros He derivado da palavra Grego-Latina
Celeuma Vid Fayna (As Salemas ordinarias dos Marinheyros ſe fazem com taes vozes que
natildeo ſaotilde ouvidas muytas vezes Britto Viagē do Braſil pag 278)
rarrMoraes e Silva SALAMEAacuteR vn Naut Levantar ou cantar a celeuma Cast 280 escreve
ccedilalamear ldquosem as naos apitarem nem ccedilalamearem por natildeo serem sentidos dos Rumesrdquo
B384 ldquohomens do mar que ccedilalameatildeo para hum tempo pograverem toda a forccedila
CELEUMA sf A vozeria que faz a gente do mar quando trabalha CamLusII25 A
celeuma medonha se levanta No rumo marinheiro que trabalha
rarrLaudelino Freire natildeo consta
rarrAureacutelio natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios somente Bluteau e Moraes e Silva apontam salamear como termo naacuteutico Os
demais autores natildeo citam o termo Origem aacuterabe (Sousa amp Moura 1830)
Ficha 137
Salema sf Na Turquia cortesia feita com certas palavras em que entra a palavra Zalemaq
Nome de um peixe (T Naut) Entre os nauticos celeuma
Celeuma sf gritaria da gente do mar quando trabalha
______________________________________________________________________ rarrCunha salema sf bdquopeixe teleoacutesteo percomorfo da famiacutelia dos pomadasiacutedeos da costa
atlacircntica‟ 1874 De etimologia obscura [] celeuma sf bdquovozearia barulho algazarra‟ 1572
Do lat celeuma deriv do gr keacuteleuma bdquoordem‟ bdquocanto‟ bdquogrito‟
rarrBluteau SALEMA Vozaria de Marinheyros He derivado da palavra Grego-Latina
Celeuma Vid Fayna (As Salemas ordinarias dos Marinheyros ſe fazem com taes vozes que
natildeo ſaotilde ouvidas muytas vezes Britto Viagē do Braſil pag 278)
rarrMoraes e Silva SALEgraveMA sf V Celeuma nautsect t Turquesco cortezia acompanhada de
certas palavras entre as quaes vem Zalemaq Barrosrdquoque fosse a Corte do Badur a lhe fazer a
salemeardquoCELEUMA sf A vozeria que faz a gente do mar quando trabalha CamLusII25
A celeuma medonha se levanta No rumo marinheiro que trabalha
rarrLaudelino Freire SALEMA sfAacuter calam sf Naacuteut O mesmo que celeuma CELEUMA
sf Lat celeuma Vozearia de homens que trabalham juntos 2 Barulho algazarra 3
Canto ou vozes de barqueiros cantiga rude que entoa o marinheiro para estimular o trabalho
4 Alarma
rarrAureacutelio natildeo consta
150
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Exceto Aureacutelio ( que natildeo cita o termo) todos os demais dicionaristas apontam
salema como termo naacuteutico Origem obsura
Ficha 138
Sapatilhos sm (T Naut) Entre nauticos Ferros redondos em que se pegatildeo as poas ______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta sapatilhos consta sapato sapato sm bdquocalccedilado em geral de sola dura
que cobre o peacute‟XVI ccedila- XIII De origem duvidosa talvez do turco čabata sapatA XVI
[] sapatilho 1873
rarrBluteau SAPATILHOS Termo de navio Satildeo huns ferros redondos em que preacutegatildeo as
poas por ſe natildeo cortar a bolina o meſmo tem a eſteyra da vela em q os briois peacutegatildeo Vid
Sapato de ferro
rarrMoraes e Silva SAPATIacuteLHOS smpl Naut Ferros redondos em que se pegatildeo as poas
por se natildeo cortar a bolina haacute outros na esteira da vela em que os brioes pegatildeo
rarrLaudelino Freire SAPATILHO sm De sapato + ilho Naacuteut Aro de ferro forrado de
chapas com meia cana na parte exterior e que serve para se aguentar nos punhos das velas nos
chicotes dos cabos onde se introduzem os gatos etc
rarrAureacutelio sapatilho [De sapato + -ilho] s m 1 A primeira folha seca arrancada da cana-de-
accediluacutecar quando se limpa esta 2 Marinh Aro metaacutelico circular ou oval geralmente de ferro
zincado com a periferia goivada usado como berccedilo e proteccedilatildeo agraves matildeos [v matildeo (19)] que se
faz em cabos sobretudo nos cabos de arame
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaristas apresentam sapatilhos como termo naacuteutico Origem
duvidosa (turco)
Ficha 139
Sarpar va (T naut) Levantar
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta sarpar consta zarpar zarpar vb bdquolevantar acircncora fazer-se ao mar
partir‟ XVII Do cast zarpar deriv do a it sarpare (hoje salpare) deriv do lat tard
exharpare e este do gr exharpaacutezō
rarrBluteau SARPAR Termo Nautico He tomado do Italiano Salpare ou Sarpare que val o
meſmo que Levantar ferro Solvere portu ou solvere navem Cic C Vid Levantar (foy
tatildeo furioſa a tempeſtade que ſobreveyo a eſtas duas galeacutes Sarpando entre hŭas Ilhas
Vieyrtom5pag 326) (Poucos dias antes que Sarpaſſe a Armada Jacintho Freyre liv4 sect 83)
rarrMoraes e Silva SARPAacuteR vn naut Levantar vg sarpar a ancora
rarrLaudelino Freire SARPAR vrv Cast zarpar O mesmo que zarpar ldquoSarpou a corvetardquo
(Latino Coelho) ZARPAR vrv Cast zarpar Naacuteut O mesmo que sarpar (tr dir)2 Lus
Enganar abusar da boa feacute de em proveito proacuteprio (tr dir) 3 Fugir partir (intr)
rarrAureacutelio Sarpar Verbo intransitivoVerbo transitivo circunstancial 1Desus V zarpar As
galeacutes de Castela havia meses ancoradas no Tejo sarparam tenderam velas e demandaram a
barra (Antero de Figueiredo Leonor Teles p 229)Zarpar-[Do gr exarpaacutezein levantar
(acircncora) pelo lat exharpare e pelo it ant sarpare atual salpare] Verbo intransitivoVerbo
151
transitivo circunstancial 1Levantar acircncora fazer-se ao mar partir Quantas vezes em
pequeno ao contemplar o oceano e ao ver os navios que zarpavam barra afora senti o
impulso ardente de Sindbad o Mariacutetimo (Sousa Bandeira Evocaccedilotildees e Outros Escritos p
56) [Var (ant) sarpar] 2Bras V fugir (1 e 2) 3Bras Ir partir
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
E vendo o inimigo que todas as capitanias estavam juntas e tatildeo perto dacuteelles nos deitaram
aquella nojte aacutes 10 horas 3 navios de fogo um ficou sentado na arecirca que natildeo pocircde sahir e
os 2 sahiram mas quiz Deos que vimos vir uma vela e entendendo que fugiam comeccedilaacutemos
todos a sarpar []
desconhecido (1885) [1625] RELACcedilAtildeO VERDADEIRA DE TODO O SUCCEDIDO NA
RESTAURACcedilAtildeO DA BAHIA DE TODOS OS SANTOS DESDE O DIA EM QUE PARTIRAM
AS ARMADAS DE S M ATEacute O EM QUE EM A DITA CIDADE FORAM ARVORADOS SEUS
ESTANDARDES ETC [A00_0700 P 512]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaristas apresentam sarpar como termo naacuteutico Origem
espanhola lt francesa
Ficha 140
Sejar V Ciar (T Naut)
______________________________________________________________________
rarrCunha sejar natildeo consta
rarrBluteau Natildeo consta
rarrMoraes e Silva SEJAR v at Ceiar remar o navio de sorte que o faccedila voltar para hum
lado remando os remeiros de hum lado para vogarem aacute vante e outros para traz Vieira
ldquosaber vogar quando se haacute de ir a diante e sejar quando se haacute de dar voltardquo
rarrLaudelino Freire natildeo consta
rarrAureacutelio natildeo consta sejar consta ciar1 [Do esp ciar poss] Verbo intransitivo1Remar para
traacutes 2P ext Mover-se para traacutes [Cf siar e cear]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente Moraes apresenta sejar como termo que remete ao universo naacuteutico
Aureacutelio presenta ciar e natildeo sejar Origem natildeo encontrada
Ficha 141
Siar va Ciar (T Naut) Na Volateria Cerrar a ave as azas em aferrando a relegrave para baixar
com ella mais depressa
______________________________________________________________________
rarrCunha siar vb bdquofechar (as asas) para descer mais depressa‟ XVIII De origem obscura
rarr Bluteau SIAR ou CIAR Termo de alta volateria Siar as azas na autoridade que ſe
ſegue parece quer dizer Fechar a ave as azas para cahir (Eu vi hum Accedilor afferrado a hūa
Abetarda dependurarſe agrave terra amp Siar as azas para a fazer vir ao chatildeo Arte da Caccedila pag28)
rarrMoraes e Silva SIAacuteR vatde Volater Siar a ave as azas he cerralas depois de afferrar a
releacute para cair com ella mais depressasect V Ceiar e Ceiavoga
rarrLaudelino Freire SIAR vtr dir fechar (as asas) para descer mais ragravepidamente
152
rarrAureacutelio Siar Verbo transitivo direto 1Fechar (as asas) para descer mais depressa[Cf ciar
e cear]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Nenhum dos dicionaacuterios apresenta siar como termo naacuteutico Origem
obscura
Ficha 142
Sirgideiras sf plur (T Naut) Entre nauticos corda para atracar a enxarcia
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau SIRGIDEIRAS (Termo de navio) Cordas para atracar a enxaacutercia Saotilde huns cabos
com huns moutotildees pequenos que ſervem de apertar de huns ouvens a outros Ha mais outras
Sirgideyras por bayxo das gaveas que ſervem do meſmo Natildeo temos palavra propria Latina
rarrMoraes e Silva SIRGIDEgraveIRAS sf naut pl Cordas para atracar a enxarcia
rarrLaudelino Freire SIRGIDEIRAS sf De sirgir + deira Corda proacutepria para enxaacutercia 2
O mesmo que serzideira
rarrAureacutelio natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Bluteau Moraes e Silva e Laudelino Freire apontam sirgideiras como termo
naacuteutico Origem natildeo encontrada
Ficha 143
Sobrecevadeira sf (T Naut) A vela que fica sobre a cevadeira
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau SOBRECEVADEIRA Veacutela pequena que ſe potildeem ſobre outra a que chamaotilde
Cevadeyra Vid Cevadeyra (Largue hū galhardete na Sobrecevadeyra CEVADEIRA Vela
pequena que ſe potildeem na proa Proclinati ad proram mali velum
rarrMoraes e Silva SOBRECEVADEgraveIRA sf Naut vela pequena
rarrLaudelino Freire SOBRECEVADEIRA sf De socircbre + cevadeira Naacuteut Pequena vela de
navio socircbre a cevadeira CEVADEIRA s f de cevar + deira Naacuteut Pequena vela suspensa
de uma vecircrga que atravessa horizontalmente o gurupeacutes
rarrAureacutelio natildeo consta sobrecevadeira 1- Cevadeira [De cevada + -eira] sf [] 2Marinh
Ant Verga de cevadeira 3Marinh Ant Vela quadrangular que envergava na verga do
mesmo nome por baixo do gurupecircs [Cf sevadeira] []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaristas apontam sobrecevadeira como termo naacuteutico
Origem portuguesa lt latina
153
Ficha 144
Sobregata sf (T Naut) Entre nauticos Vela que fica sobre a gata
______________________________________________________________________
rarrCunhasobregata natildeo consta
rarrBluteau Natildeo consta GATA[]Gata nos navios he a vela de cima da mezena
rarrMoraes e Silva natildeo consta Consta GAacuteTA sf Femea do gatosect t de Naacuteutico Vela de
cima da mezena
rarrLaudelino Freire SOBREGATA sf De socircbre + gata Naacuteut 1 Segunda vela do mastro
de mezena 2 Vecircrga correspondente a essa vela
rarrAureacutelio 1- Sobregata [De sobr(e)- + gata] s f 1Marinh O joanete do mastro da gata[]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Laudelino Freire e Aureacutelio apresentam o termo sobregata Origem
portuguesa lt latina
Ficha 145
Socairo sm Cabo amarra Ao socairo ao abrigo Em seguimento Para traz (T Naut) Entre
nauticos A regrave pela poppa do navio
______________________________________________________________________
rarrCunha socairo1 sm bdquo(Marinh) parte de um cabo‟ XVI Do cat socaire bdquo o que estica uma
corda‟ com influecircncia de Cairo
rarrBluteau SOCAIRO Ao Socayro Termo Nautico antiquado Val o meſmo que ao longo Ir
ao ſocayro da Fortaleza com barco ou navio Arcem vel nave legere ou radere (Outras
fuſtas que eſtavatildeo ao Socairo da Fortaleza Barros 4 Dec pag650) (Se abrigou com a
Armada de remo ao Socairo da naacuteo amp do Galeaotilde Lemos Cercos de Malaca 15 verſ) A regrave
pela poppa do navio
rarrMoraes e Silva SOCAacuteIRO sm (composto de so ou sob e cairo no fig por amarra)sect
Amarra de pogravepa Castan L3f66 ldquoos que levavatildeo a toa soltaratildeo com medo o socairo e a naacuteo
dera a costa se outros natildeo acodissem a tomar o socairordquosect Ao socairo ieacute agrave reacute por detraz da
poupa do navio Lemos Cerco de Malaca Fig ao socairo da fortaleza ieacute emparado com
ella por traz della Barros ir ao socairo de alguem ieacute seguindo-o sect Poacutede-se derivar talvez
da palavra Irlandeza socair que significa em posto abrigado do vento (Bullet Memoires surla
Langue Cellique Tom2 artigo soucair) PPer LIf133 ldquoretirar-se ao socairo de huma ponta
de ilha ou reciferdquo para detraz dellasect
rarrLaudelino Freire SOCAIRO sm Naacuteut O cabo que vai sobejando e se vai colhendo
quando se ala qualquer braccedilo tirador etc o cabo de ala e larga que vai saindo do cabrestante
Pela popa do navio 2 Correia cujas pontas se prendem aos canzeacutes dos carros e que serve
para ajudar a sustecirc-los nas descidas
rarrAureacutelio socairo1 [Do cat socaire] Substantivo masculino1Marinh A parte de um cabo
que depois de dar volta a um cabrestante guincho cabeccedilo etc eacute aguentada agrave matildeo para ir
sendo colhida ou largada segundo as necessidades da manobra Pela popa do navio se faz a reacute
2Marinh A parte de um cabo que estaacute com volta em um cabeccedilo ou noutra peccedila fixa 3Correia
ou corda com que se sustecircm carros nas descidas
154
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Do porto de Olinda aacute ponta de Pero Cavarim satildeo quatro leguas Da ponta de Pero Cavarim
ao rio de Jaboatatildeo eacute uma legua em o qual entram barcos Do rio de Jaboatatildeo ao Cabo Santo
Agostinho satildeo quatro leguas o qual cabo estaacute em oito graacuteos e meio Ao socairo deste cabo
da banda do norte podem surgir naacuteos grandes quando cumprir onde tem boa abrigada Do
Cabo ateacute Pernambuco corre-se a costa norte sul
GABRIEL SOARES DE SOUSA (1938) [1587] ROTEIRO GERAL COM LARGAS
INFORMACcedilOtildeES DE TODA A COSTA DO BRASIL (PRIMEIRA PARTE - PROEMIO)
[A00_0176 p 30]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam socairo como termo naacuteutico Origem
castelhana
Ficha 146
Sumeas sf plu (T Naut) As taboas com que se repara o leme
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo constam Ximeas e Sumeas Chuacutemeas sfpl bdquopeccedilas de madeira com que se
consertam os mastros estalados‟1873 chuacutembeas 1813 Provavemente do aacuter jāmalsquoacirc na var
chuacutembeas deve ter havido influecircncia de CHUMBO
rarrBluteau SUMEAS de leme ou maſto
rarrMoraes e Silva SUMEAS sf pl Naut Taboas com que o leme se refaz e repara BPer
rarrLaudelino Freire SUacuteMEAS sf pl Naacuteut Peccedilas de madeira com que se conserta ou
fortifica o leme CHUacuteMEAS sfpl Naacuteut Pedaccedilo de madeira cavada em uma das faces que se
aplica ao longo de um mastro de uma verga etc para reforccedilaacute-lo por meio de braccediladeiras de
ferro ou de arreataduras
rarrAureacutelio Sumeas Substantivo feminino plural 1V chuacutemeasChuacutemeas [Do aacuter a(t) da raiz juntar agrupar] Substantivo feminino plural1Mar Peccedilas de
madeira com que se consertam os mastros estalados [Var chuacutembeas suacutemeas]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam sumeas como termo naacuteutico Origem
aacuterabe
T
Ficha 147
Tamborete sm Cadeira rasa Tamboretes (entre Nauticos) satildeo as peccedilas que fechatildeo os
mastros na coberta de cima
______________________________________________________________________
rarrCunha tambor sm bdquo(Muacutes) instrumento de percussatildeo‟XV atanbor XIII atambor XIV
Do ar attanbucircr tamborETE sm bdquo(Marinh) orig peccedila de madeira que arremata o mastro na
coberta de cima‟ XVI bdquoext banqueta‟ XVIII
155
rarrBluteau Tamboretes (Termo de navio) ſaotilde huns paos amp taboas que fechatildeo o maſtro na
cuberta de cima amp levaotilde dous paos a que antigamente chamavatildeo Poſquetes amp hoje Enoras
para atochar o maſtro
rarrMoraes e Silva TAMBORETES satildeo peccedilas de taboas que fechatildeo o mastro na coberta de
cima e levatildeo dois paacuteos ditos antigamente posquetes e hoje enoras de atochar o mastro
Couto 6921 ldquocortou-lhe o masto pelos tamboretesrdquo
rarrLaudelino Freire Tamboretes s m pl Naacuteut Conjunto de peccedilas destinadas a garantir a
seguranccedila e verticalidade dos mastros e a impedir que as aacuteguas se infiltrem por ecircsse conduto
rarrAureacutelio tamborete (ecirc) [Do fr tabouret com infl de tambor] Natildeo consta como termo
naacuteutico
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
arrebentou o masto do traquete pelos tamboretes de que sentimos muita fortuna e
amainaacutemos a vela e fomos correndo ao som do mar ateacute que foi de dia
PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE
SOUSA [A00_0078 p 33]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente o dicionaacuterio Aureacutelio natildeo apresenta tamborete como termo naacuteutico
Origem francesa lt aacuterabe
Ficha 148
Trinca sf Entre nauticos voltas de hum cabo que se faz fixo no talhamar do gurupes No
jogo da garatuza tres cartas do mesmo valor
______________________________________________________________________
rarrCunha Trincar vb bdquoapertar comprimir‟ bdquocortar com os dentes‟ bdquocomer mastigar‟ XVI
De origem incerta talvez alteraccedilatildeo do a fr tringler tingler bdquounir as taacutebuas de uma
embarcaccedilatildeo‟ deriv do a escandinavo tengja bdquounir atar‟trinca2
sf bdquocabo naacuteutico‟ XVI
trinca 3
sf bdquoarranhatildeo dentada‟ XX trinco sm bdquotranqueta com que se trancam portas‟ XVI
Dev de trincarTrecircs num bdquo3 III‟ Do lat trēs Do lat trēcěntos trinca1
sf bdquoreuniatildeo de trecircs
coisas semelhantes‟ XVI
rarrBluteau TRINCA (Termo de navio) Trincas ſaotilde as que atracatildeo o gurupeacutes amp vem a fazer
fixo ao talhamar Poacuter a nao agrave trinca ou porſe agrave trinca (Se puzeratildeo agrave Trinca Barros 4
Decpag 45) (Por conſelho do Piloto payrou agrave Trinca Lucena Vida de Xavier 67)
rarrMoraes e Silva TRIacuteNCA sf Naut Trincas do goropeacutes satildeo voltas de hum cabo que o
vem fazer fixo no talhamarsect Pograver a nau aacute trinca ou pograver-se a trinca pairar aacute trinca ieacute agrave capa
com a proa ao vento e as velas levantadas Couto 431 bdquose pozeratildeo agrave trinca batendo-a
rijamenterdquo Amaral c9 ldquopozeratildeo-se os inimigos agrave trinca para concertarem o galeatildeo ou lanccedilar
ferrordquo VF Mend c6r princip sect Na garatuza trinca satildeo 3 cartas do mesmo valor
rarrLaudelino Freire TRINCA sf Esp Trinca Mar Volta de cabo para fixar alguma peccedila
do navio
rarrAureacutelio trinca3 [Do esp trinca] s f 1Constr Nav Corrente ou cabo forte que prende o
gurupeacutes ao beque
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Fazendo negravevoa taotilde eʃpeʃʃa que ʃe naotilde vejatildeo os navios toquem os tambores deʃparem a
eʃpaccedilos algũs moʃquetes amp ʃiguaotilde o caminho que antes levava a Capitana Se ella durando a
negravevoa quiʃer virar tiraragrave huatilde peʃʃa amp os Galleoẽs do comboy faraacuteotilde o meʃmo em carregando
156
o leme antes de darem por davante Pondoʃe agrave trinca tirar agrave duas peszligas juntas a que
reʃponderagraveotilde tambem com duas os navios de guerra
FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 55]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam trinca como termo naacuteutico Origem
incerta
Ficha 149
Troccedila sf (T Naut) Entre nauticos Cabo com que se seguratildeo as entenas nos mastros
______________________________________________________________________
rarrCunha [] De origem obscura troccedila sf bdquozombaria‟ 1881 Dev de troccedilar []
rarrBluteau natildeo consta
rarrMoraes e Silva TROacuteCcedilA sf Cabo com que as entennas se seguratildeo no mastro
rarrLaudelino Freire TROCcedilA sf Mar Cabo que segura as antenas no mastro
rarrAureacutelio troccedila [Dev de troccedilar] s f1V zombaria 2V graccedila (6) 3Bras Pacircndega farra
4Bras Vida devassa5Pop Ajuntamento (de pessoas) multidatildeo
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente Moraes e Silva e Laudelino Freire apresentam troccedila como termo
naacuteutico Origem obscura
V
Ficha 150
Vela sf (T Naut) Entre nauticos O panno do navio que se abre ao vento para o fazer
navegar Rolo de cera espermacete ou cebo com pavio para alumiar Sentinellavigia Fig
Embarcaccedilatildeo
______________________________________________________________________ rarrCunha [] Do lat vēlumvelEIRO adj sm bdquodiz-se de ou navio que anda agrave vela‟
rarrBluteau Vela de navio Panno grande que preſo nas vergas amp aberto recebe o vento amp
faz andar o navio Velum i Neut Cic A vela meſtra ou a vela do maſto Grande Velum
fummi mali maximum caacutetion que alguns Autores de Diccionarios potildeesm neſte lugar natildeo ſe
acha em Autores Latinos amp Roberto Eſteves mostra que ateacute no Grego natildeo eſtagrave ce a
ſignificaccedilatildeo deſta palavra neſte ſentido []
rarrMoraes e Silva sf Vela do navio o panno de treu que se abre ao vento e serve para
impellir o navio communicando o impulso do vento aos mastros[]
rarrLaudelino Freire sf Lat velum Naacuteut Pano largo de linho ou de outro qualquer tecido
que se desfralda ao longo dos mastros ou das vergas para receber a accedilatildeo do vento em virtude
da qual eacute impelida a embarcaccedilatildeo2 Embarcaccedilatildeo movido por um conjunto decircsses panos []
157
rarrAureacutelio vela1
[Do lat vela pl de velu veacuteu] sf 1Marinh Peccedila de lona ou de brim
destinada a recebendo o sopro do vento impelir embarcaccedilotildees ou movimentar moinhos [Sin
no sing ou no pl pano] []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Saacutebado 10 dias do dito mecircs agraves quatro horas depois de meo-dia surgimos no porto da ilha da
Gomeira Em terra tomei o sol em 28 graos e um quarto Ali corregemos o leme 29-
A00_0078txtN 3^a feira 13 de Dezembro no quarto de alva nos fizemos agrave vela com vento
nordeste faziacuteamos o caminho do sul e a quarta do sudoeste 4^a feira 14 do dito mecircs ao
meo-dia tomei o sol em 26 graos e um quarto
PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE
SOUSA [A00_0078 p 29]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam vela como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Ficha 151
Vergueiro sm cabo de pagraveo das talhadeiras dos ferreiros (T Naut) Entre nauticos Cabo
dobrado no laiz com huns moutotildees que com huma volta em torno da pega grande finca os
moutotildees no bdquoagrave do‟ gavea Pedaccedilo de cabo com huma alccedila em cada chicote que serve no estaes
para algumas manobras Cadecirca de ferro que anda em hum arganegraveo do leme com hum pedaccedilo
de cabo grosso com que se atraca o leme quando se quebra a cana delle
______________________________________________________________________
rarrCunha verga sf bdquovara flexiacutevelXIII virga XIIIDo lat virga []verguEIRO sm
bdquovergasta‟ 1813
rarrBluteau Natildeo consta
rarrMoraes e Silva VERGUEgraveIRO sm Cabo de paacuteo em cujo extremo os ferreiros cravatildeo as
suas talhadeiras
rarrLaudelino Freire VERGUEIRO sm De vecircrga + eiro Vergasta verdasca vara 2
Cabo de pau que se crava nas talheiras rompedeiras e palmetas para natildeo se magoarem as matildeos
dos que trabalham com estes instrumentos Vergueiro da Peccedila sm Naacuteut Cabo grosso enfiado
nos olhais das falcas Vergueiros do Leme sm pl Naacuteut Cabos grossos ou cadeias de ferro
que prendem o leme pelos arganeacuteus do safatildeo Vergueiros do Pano sm pl Naacuteut Cabos
prolongados com as vecircrgas e encapelados nos laises
rarrAureacutelio vergueiro [De verga + -eiro] Substantivo masculino 1V verdasca 2Cabo de
madeira em alguns utensiacutelios de ferreiro 3Constr Nav Corrente ou cabo de arame que se
enfia nos balauacutestres da borda para resguardo da tripulaccedilatildeo 4Constr Nav Cabo de arame que
158
se enfia nos ferros de sustentaccedilatildeo do toldo ou vergalhatildeo preso ao longo de uma antepara ou
verga e no qual se amarram os fieacuteis do toldo ou do pano
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Moraes e Silva Laudelino Freire e Aureacutelio apresentam vergueiro como termo
naacuteutico Origem portuguesa lt latina
X
Ficha 152
Xaretas sfpl (T Naut) Entre nauticos redes de cordas aacute borda do navio para tolher a
entrada ao inimigo
______________________________________________________________________
rarrCunha xaretas sf bdquoant rede com que se cobria a tolda e o conveacutes das naus e galeotildees de
guerra‟ XVII Do aacuter vulg šarīta bdquocorda cinta‟ []
rarrBluteau XAcircRETA Vid Enxarcia (Pegados agraves Xaretas do bordo alto Oriente conquiſtado
part 2493) Deriva-ſe do Francez Charette que quer dizer Carro []
rarrMoraes e Silva XAREgraveTAS sf Naut Redes de corda que acompanhatildeo o bordo do navio
para impedir a entrada ao inimigo Amaral4
rarrLaudelino Freire XARETA sf Ar xarita Recircde com que se impede a abordagem de um
navio 2 Recircde de pescar
rarrAureacutelio xareta (ecirc) [Do aacuter (t) cordel]Substantivo feminino1Ant Mar G
Rede com que se cobriam a tolda e o conveacutes das naus e galeotildees de guerra por ocasiatildeo dos
combates para dificultar aos assaltantes a entrada a bordo nas abordagens2Rede de pescar
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam xareta como termo naacuteutico Origem aacuterabe
Ficha 153
Ximeas sf plur (TNaut) v Sumeas
Sumeas sf plu (T Naut) As taboas com que se repara o leme
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo constam Ximeas e Sumeas Chuacutemeas sfpl bdquopeccedilas de madeira com que se
consertam os mastros estalados‟1873 chuacutembeas 1813 Provavemente do aacuter jāmalsquoacirc na var
chuacutembeas deve ter havido influecircncia de CHUMBO
rarrBluteau XIMEA Couſa de navio( Neceſſitava a Capitania de Ximeas nos maſtos Britto
viagem do Braſil 160)
rarrMoraes e Silva XIMEA sf V Sumea T Naut SUMEAS sf pl Naut Taboas com que
o leme se refaz e repara BPer
rarrLaudelino Freire natildeo consta
rarrAureacutelio Natildeo constam Ximeas e Sumeas Chuacutemeas [Do aacuter a(t) da raiz juntar agrupar]Substantivo feminino plural 1Mar Peccedilas de madeira com que se consertam
os mastros estalados [Var chuacutembeas suacutemeas ximeas]
159
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios De todos os dicionaacuterios consultados soacute Laudelino Freire natildeo lista esse lexema
Os demais dicionaristas classificam o termo como naacuteutico ou mariacutetimo Origem duvidosa
(aacuterabe)
Apoacutes selecionar os termos naacuteuticos constituiacutemos 153 fichas lexicograacuteficas
elaboradas juntamente a consultas em 5 dicionaacuterios e ainda a 1 Banco de Dados referente ao
portuguecircs brasileiro da eacutepoca do Brasil Colocircnia Passemos no proacuteximo capiacutetulo agrave anaacutelise dos
dados
160
Capiacutetulo 5
161
Capiacutetulo 5 ndash Anaacutelise e discussatildeo dos dados
Apoacutes selecionarmos os termos naacuteuticos presentes no Diccionario de Lingua
Brasileira preenchermos as 153 fichas lexicograacuteficas ndash elaboradas junto agrave pesquisa em cinco
dicionaacuterios e em um banco de dados de liacutengua portuguesa do Projeto DHPB composto de
textos escritos nos seacuteculos XVI XVII e XVIII ndash acompanhadas de abonaccedilotildees classificaccedilotildees
gramaticais e comentaacuterios passemos agrave anaacutelise quantitativa e discussatildeo dos resultados
51 Quanto agrave classificaccedilatildeo gramatical dos termos
Conforme jaacute relatado organizamos um corpus de unidades lexicais do domiacutenio da
terminologia naacuteutica com 153 termos constituiacutedo de 117 substantivos 3 adjetivos 32 verbos
e 1 adveacuterbio que satildeo entradas no Diccionario de Lingua Brasileira editado por Luiz Maria da
Silva Pinto na cidade de Ouro Preto em 1832 Os substantivos se destacam com 7647 de
dados os adjetivos por sua vez totalizam 196 dessas entradas os verbos 2092 e o
adveacuterbio com 065 de nossos dados terminoloacutegicos Abaixo apresentamos em tabela a
distribuiccedilatildeo conforme a classificaccedilatildeo morfoloacutegica dos dados analisados
TABELA 1
Classificaccedilatildeo morfoloacutegica dos dados analisados
Classe Gramatical Nuacutemero de unidades lexicais Percentual
Substantivo 117 7647
Adjetivo 003 196
Verbo 032 2092
Adveacuterbio 001 065
TOTAL 153 10000
Destacam-se a seguir as unidades leacutexicas classificadas como
Substantivos rarr aba abotoadora accedilafratildeo alcaxas aldrope alforje almeida amura
amurada anrique arruelas avencadura barcolas barquilha bastardo beque
bigotas bolinete bombordo botalos braccedilo braga bragueiro brandaes briol
buccedilardas burra cabresto cacholascalabre calabrote calafeto calcez calma
calmaria carlinga carregadeiras cevadeira chapeleta chapiteo chaveta cheleira
cifa cinta clara colhedores contrapunho cordas cossouro costa cunho curva
curvatatildeo cutelo driccedila embono embornal encalamento enfrechadura enora
envergues escoa escoteira escotilha escouves estibordo estiva estribos estrinca
162
garrucha gaacutevea gio guinada lais leme leva liame linguete maccedilame madre
majarrona malaquetas michelos molhelha moucarrotildees nabo orthodomia ostaes
ostagas palomas palomba patelha pinccedilote pontal ponte porca rabada rabeca
resbordo rumo salema sapatilho sirgideiras sobrecevadeira sobregata socairo
sumeas trinca troccedila vela vergueiro xaretas ximea peacute dormentes tamboretes
estribordo
Adjetivos rarr banzeiro escatelado naacuteutico
Verbos rarr abroquelar agarruchar alestar arfar arriar barbear bracear canjar
ciar-se cifar cruzar desaferrar desancorar descahir dobrar embonar encapelar
encodar-se envergar escacear escorrer ferrar folgar guinar iccedilar pairar
palmejar proejar salamear sarpar sejar siar
Adveacuterbio rarr dlsquoavante
52 Quanto agrave forma e o gecircnero dos termos naacuteuticos do DLB
Em se tratando dos 117 substantivos o gecircnero masculino se sobressai com 55
ocorrecircncias o que corresponde a 47 dos dados presentes em nosso corpus O gecircnero
feminino aparece com 53 dos dados somando 62 ocorrecircncias
Todas as 3 unidades leacutexicas cujas classificaccedilotildees morfoloacutegicas indicam adjetivos
apresentam-se no gecircnero masculino correspondendo a 196 dos dados presentes em nosso
corpus
Tanto os substantivos quanto os adjetivos soacute ocorreram em sua forma simples A
quantificaccedilatildeo total dos dados quanto ao gecircnero eacute destacada na TABELA 2 apresentada a
seguir
TABELA 2
Classificaccedilatildeo do gecircnero dos dados analisados
Classe Gramatical Masculino Feminino
Substantivo 55 (47) 62 (53)
Adjetivo 03 (196) -----
163
53 Quanto ao nuacutemero de unidades lexicais presentes em obras de referecircncia
Verificamos que 152 das 153 unidades lexicais se encontram dicionarizadas em
pelo menos uma das obras escolhidas como base de referecircncia neste trabalho embora parte
delas natildeo tenha a marca terminoloacutegica ldquotermo naacuteutico A fim de termos ideia do nuacutemero de
vocaacutebulos que constam em cada um dos cinco dicionaacuterios pesquisados e ainda consultando o
nuacutemero de ocorrecircncias no banco de dados do Projeto DHPB fizemos um levantamento
quantitativo que eacute apresentado no graacutefico a seguir
111
134
152146
130
79
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
Cunha
Bluteau
Morais
Laudelino
Aureacutelio
DHPB
GRAacuteFICO 1 Nuacutemero de unidades lexicais encontradas em cada dicionaacuterio e no banco de dados
O GRAacuteFICO 1 mostra em nuacutemeros absolutos quantas unidades lexicais entre as
153 dicionarizadas constam em cada dicionaacuterio a) a barra azul mostra que 111 vocaacutebulos
foram encontrados no Dicionaacuterio Etimoloacutegico de Antocircnio Geraldo da Cunha o que
corresponde a 7254 dos 153 vocaacutebulos dicionarizados b) o dicionaacuterio de Raphael de
Bluteau representado em barra verde corresponde a 134 unidades lexicais entre aquelas
dicionarizadas o que representa 8758 desse total c) Antocircnio de Moraes e Silva
representado pela barra marrom eacute aquele que mais apresenta em suas paacuteginas unidades
lexicais constantes do grupo das dicionarizadas com 152 unidades lexicais o que representa
9934 do total de vocaacutebulos d) o dicionaacuterio de Laudelino Freire representado pela barra
amarela apresenta 146 unidades lexicais o que corresponde a 9542 do total analisado e) o
dicionaacuterio de Aureacutelio Buarque de Hollanda Ferreira apontado no graacutefico pela barra de cor
vermelha apresenta 130 unidades lexicais entre aquelas dicionarizadas o que representa um
percentual de 8496 Por uacuteltimo apoacutes exaustiva consulta ao Banco de Dados do Projeto
164
DHPB verificamos a presenccedila de 79 unidades leacutexicas (5163) correspondentes agravequelas
selecionadas em nosso corpus para esta pesquisa
No quadro que apresentamos abaixo podemos identificar quais satildeo as unidades
lexicais presentes em cada dicionaacuterio e tambeacutem no Banco de Dados do Projeto DHPB
TABELA 3
Quadro comparativo dos termos naacuteuticos39
Bluteau Moraes e Silva Laudelino Aureacutelio DHPB
aba aba aba aba aba
abotoadura abotoadura abotoadura abotoadura abotoadura
abroquelar abroquelar abroquelar abroquelar
accedilafratildeo accedilafratildeo accedilafratildeo accedilafratildeo accedilafratildeo
agarrochar agarruchar agarrochar agarruchar agarruchar
alcaxas alcaxas alcaxas
aldrope aldroacutepe aldrope aldrope
alestar alestar alestar
alforge alforge alforge alforge alforge
almeida almeida almeida almeida almeida
amugravera amura amura amura
amuradas amuraacuteda amurada amurada amurada
anrique anriacuteque anrique anrique
arfar arfar arfar arfar arfar
arriar arriar arriar arriar arriar
arruelas arrueacutellas arruela arruela arruela
avencadura avencadura avencadura avencadura
banzeiro banzegraveiro banzeiro banzeiro banzeiro
barbear barbeacutear barbear barbear barbear
barcolas barcoacutelas barcolas
barquiacutelha barquilha
bastardos bastaacuterdo bastardo bastardo bastardo
beque beque beque beque beque
bigota bigoacutetas bigotas bigota
bolinete bolinegravete bolinete bolinete bolinete
bombordo bombordo bombordo bombordo bombordo
botalos botaloacutes botaloacutes botaloacute
braceacutear bracear bracear
braga braga braga braga braga
bragueiro bragueiro bragueiro bragueiro
brandaes brandaes brandal brandal brandaes
brioes brioacutees briol briol
buccedilardas buccedilardas
burra buacuterra burra burra
39
Salientamos que os termos destacados em negrito satildeo encontrados nos dicionaacuterios mencionados poreacutem natildeo
apresentam acepccedilatildeo naacuteutica ou natildeo nos remetem ao universo mariacutetimo Os espaccedilos em branco representam
ausecircncia da unidade lexical no dicionaacuterio e no DHPB
165
cabresto cabregravesto cabrestos cabresto cabresto
cachoacutela cachogravela cachola cachola
calabre calaacutebre calabre calabre calabres
calabrote calabroacutete calabrote calabrote calabrotes
calafeto calafegraveto calafeto calafeto calafeto
calcecircz calcegravez calcecircs calcecircs
calma caacutelma calma calma calma
calmaria calmaria calmaria calmaria calmaria
canjaacuter canjar
carlinga carlinga carlinga carlinga
carregadeiras carregadeiras carregadeira carregadeira
cevadeira cevadegraveira cevadeira cevadeira cevadeira
chapeleta chapeleta chapeleta chapeleta
chapiteo chapiteo chapiteacuteu chapiteacuteo
chaveta chavegraveta chavecircta chaveta chavetas
cheleira cheleira
ciar ciar-se ciar ciar ciar
cifa cifa cifa
cifar cifaacuter cifar
cintas cinta cintas cinta
clara clara clara clara
colhedocircres colhedores colhedores colhedor
contrapunho contrapuacutenho contrapunho contrapunho
cordas cordas corda corda cordas
cossouros cossograveuros cossouro cossouro
costa coacutesta costa costa costa
cruzar cruzar cruzar cruzar cruzar
cunhos cunhos cunhos cunho
curva cuacutervas curva curva curvas
curvatatildeo curvatatildeo curvatatildeo curvatatildeo
cutelos cugravetelos cutelos cutelo
davante davante d‟avante
desaferrar desaferrar desaferrar desaferrar desaferrar
desancorar desancoraacuter desancorar desancorar
descahir descahir descair descair descahir
dobrar dobraacuter dobrar dobrar dobrar
dormentes dormegraventes dormente dormente dormentes
driccedila driccedila driccedila driccedila driccedilas
embocircno embograveno embono embono
embornal embornagravel embornal embornal embornaes
encalamentos encalamentos encalamento
encapellar encapellaacuter encapelar encapelar encapelar
encodaacuter-se encodaacuter-se
enfrechadura enfrechadura enfrechadura enfrechadura
enoras enograveras enora enora
envergar envergar envergar envergar
envergues enveacutergues envergues envergues
166
escacear escacear escassear escassear escacear
escatelado escatelaacutedo escatelado escatelarado
escoas escograveas escoa escoa escoas
escorrer escorrer escorrer escorrer escorrer
escoteiras escoteira escoteira escoteira escoteira
escotilha escotilha escotilha escotilha escotilha
escouves escouves escouves escouvem
estibordo estibordo estibordo estibordo estibordo
estiva estiva estiva estiva estiva
estribos estribos estribo estribo estribo
estribograverdo estribordo
estrinca estrinca
ferrar ferrar ferrar ferrar ferrar
folgar folgar folgar folgar folgar
garrucha garruacutecha garruchas garrocha
gaacutevea gaacutevea gaacutevea gaacutevea gaacutevea
gio gio gio gio
guinada guinada guinada guinada guinada
guinar guinar guinar guinar guinar
iccedilar iccedilar iccedilar iccedilar iccedilar
lais laacuteis lais lais lais
leme leme leme leme leme
leva leva leva leva
liame liame liame liame liame
linguete linguete linguete lingueta
maccedilame maccedilagraveme maccedilame
madre madre madre madre
majarrona majarrona majarrona
malaquetas malaqueta malaqueta
michegravelos michelos
molhelha molhelha molhelhas molhelha
moucarrotildees moucarrotildees moucarratildeo
nabo nabo nabo nabo
naacuteutico naacuteutico naacuteutico naacuteutico naacuteutico
orthodromia orthodomia ortodromia
ostais ostaacutees ostaes ostaes
ostagas ostaacutegas ostaga ostaga ostagas
pairar pairaacuter pairar pairar pairar
palmejar palmejar palmejar
palomas palomas palomas paloma
palomba palomba palomba
patelha pategravelha patelha patelha
pinccedilote pinccedilote pinccedilote pinccedilote
pontal pontal pontal pontal pontal
ponte ponte ponte ponte ponte
porca porca porca porca porca
proejar proejar proejar proejar
167
rabada rabada rabada rabada rabada
rabeca rabeca rabeca rabeca rabeca
resbordo resbordo resbordo resbordo resbordo
rumo rumo rumo rumo rumo
salamear salamear
salema salema salema
sapatilhos sapatilhos sapatilhos sapatilhos
sarpar sarpaacuter zarpar sarpar sarpar
sejar
siar siar siar siar
sirgideiras sirgideiras sirgideiras
sobrecevadeira sobrecevadegraveira sobrecevadeira
sobregata sobregata
socairo socairo socairo socairo socairo
sumeas suacutemeas suacutemeas sumeas
trinca trinca trinca trinca trinca
troacuteccedila troccedila troccedila
vela vela vela vela vela
verguegraveiro vergueiro vergueiro
xacircreta xaregravetas xareta xareta xareta
ximea ximea ximea
braccedilo braccedilo braccedilo braccedilo
peacute peacute peacute peacute peacute
tamboretes tamboretes tamboretes tamboretes tamboretes
embonar embonaacuter embonar embonar
168
54 Descriccedilatildeo e Comparaccedilatildeo de dados
Das unidades lexicais referentes aos termos naacuteuticos que compotildeem nosso corpus
encontramos correspondentes em vaacuterios dicionaacuterios como jaacute salientamos em 51 Dessas
apresentamos em nuacutemero no graacutefico seguinte as que se destacam como termo naacuteutico
50
123
146136
105
56
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
Cunha
Bluteau
Morais
Laudelino
Aureacutelio
DHPB
GRAacuteFICO 2 Nuacutemero de unidades lexicais destacadas como termo naacuteutico
a) Dos 153 termos que constituem nosso corpus o Dicionaacuterio Etimoloacutegico de Cunha registra
50 unidades leacutexicas como termo naacuteutico correspondendo a 3267 aldrope almeida amura
amurada beque barcola bigota bolinete bombordo brandal briol calabre calabrote
calcecircs calma calmaria carlinga ciar desancorar dormente embornal escatelado escoa
escoteira escotilha escouves estibordo estiva estribordo gaacutevea gio lais leme majarrona
naacuteutico ostaes ostaga paloma palomba pontal ponte rumo zarpar socairo sumeas
trinca vela xaretas peacute tamborete
b) O dicionaacuterio de Bluteau registra 123 dos termos naacuteuticos constantes no Diccionario da
Liacutengua Brasileira o que corresponde a 8039 a saber abotoadura accedilafratildeo alcaxas
aldrope almeida amura amuradas anrique arfar arriar arruelas avencadura banzeiro
barbear barcolas bastardos beque bigota bolinete bombordo botalos braccedilos braga
bragueiro brandaes brioes buccedilardas burra cabresto cacholas calabre calabrote calcez
calma calmaria carlinga carregadeiras cevadeira chapeleta chapiteo chaveta cifar
cintas clara colhedores contrapunho cordas cossouros costa cruzar cunhos curva
curvatatildeo cutelos davante desaferrar desancorar descair dobrar dormentes driccedila
embonar embono embornal encalamentos encapelar enfrechadura enoras envergues
169
escacear escatelado escoas escorrer escoteiras escotilha escouves estibordo estiva
estribos ferrar gaacutevea gio guinada guinar iccedilar lais leme leva liame linguete maccedilame
madre malaquetas nabo naacuteutico orthodromia ostais ostagas pairar palomas patelha
pinccedilote pontal ponte porca proejar rabada resbordo rumo salamear salema sapatilho
sarpar sirgideiras sobrecevadeira socairo suemas trinca vela xareta ximea peacute
tamboretes
c) Encontramos 146 unidades leacutexicas comuns ao nosso corpus dicionarizadas como termos
naacuteuticos na obra de Moraes e Silva correspondendo a 9542 abotoadura accedilafratildeo
agarruchar alcaxas aldrope alestar almeida amura amurada anrique arfar arriar
arruelas avencadura banzeiro barbear barcolas barquilha bastardo beque bigotas
bolinete bombordo botalos bracear braccedilo braga bragueiro brandaes brioacutees buccedilardas
burra cabresto cacholas calabre calabrote calafeto calcez calma calmaria canjar
carlinga carregadeiras cevadeira chapeleta chapiteo chaveta cheleira ciar-se cifa cifar
cinta clara colhedores contrapunho cordas cossouros costa cruzar cunhos curvas
curvatatildeo cutelo davante desaferrar desancorar descair dobrar dormentes driccedila
embonar embono embornal encalamentos encapelar encodar-se enfrechadura enora
envergar envergues escassear escatelado escoa escorrer escoteira escotilha escouves
estibordo estiva estribos estribordo estrinca ferrar folgar garrucha gaacutevea gio guinada
guinar iccedilar lais leme levaliame linguete maccedilame madre majarrona malaqueta
michelos moucarrotildees nabo naacuteutico orthodomia ostaes ostagas pairar palmejar
polomas palomba patelha pinccedilote pontal ponte porca proejar rabada resbordo rumo
salamear salema sapatilho sarpar sejar sirgideiras sobrecevadeira socairo sumeas
trinca troccedila vela vergueiro xaretas ximea peacute tamboretes
d) Entre as 153 unidades o dicionaacuterio de Laudelino Freire contabiliza 136 termos naacuteuticos o
que corresponde a 8888 abotoaduras abroquelar accedilafratildeo agarruchar alcaxas aldrope
alforjes almeida amura amurada anrique arfar arrear arruela avencadura banzeiro
barcolas barquilha bastardo beque bigotas bolinete bombordo botalos bracear braccedilo
braga bragueiro brandal briol burra cabrestos cachola calabre calabrote calafeto
calcez calma calmaria carlinga carregadeira cevadeira chapeleta chapiteacuteu chaveta
cheleira ciar cifar cintas clara colhedores contrapunho cossouro costa cruzar cunho
curvas curvatatildeo cutelos desaferrar desancorar descair dobrar dormente driccedila embonar
embono encalamento encapelar encodar-se enfrechadura enora envergar envergues
escassear escatelado escoa escorrer escoteira escotilha escouves estibordo estiva
estribo estribordo estrinca ferrar garruchas gaacutevea gio guinada guinar iccedilar lais leme
170
leva liame madre majarrona malaqueta michelos molhelhas moucarrotildees nabo naacuteutico
ostaes ostaga pairar palmejar palomas palomba patelha pinccedilote pontal ponte porca
proejar rabada rabeca resbordo rumo salemasapatilho sarpar sirgideiras
sobrecevadeira sobregata socairo sumeas trinca troccedila vela vergueiroxareta peacute
tamboretes
e) Dos 153 termos que constituem nosso corpus o Novo Dicionaacuterio Aureacutelio da Liacutengua
Portuguesa registra 105 unidades leacutexicas como termo naacuteutico correspondendo a 6862 dos
dados abotoaduras aldrope almeida amura amurada anrique arfar arriar banzeiro
barbear bastardo beque bigota bolinete bombordo botaloacute bracear braccedilo braga
brandal briol burro cabresto calabre calabrote calcecircs calma calmaria carlinga
carregadeira cevadeira chapeleta chaveta ciar cinta clara colhedor contrapunho corda
costa cruzar cunho curva curvatatildeo cutelodesancorar descair dobrar dormente driccedila
embonar embono embornal encapelar enfrechadura enora envergar envergues
escatelado escoa escoteira escotilha escouves estibordo estiva estribo ferrar garrocha
gaacutevea gio guinada guinar iccedilar lais leme leva linguete madre majarrona molhelha
nabo ortodromia ostaes ostaga pairar palomba patelha pinccedilote pontal ponte proejar
resbordo rumo sapatilho sarpar sobregata socairo sumeas trinca vela vergueiro
xareta ximea peacute tamboretes
f) O Banco de Dados do Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI
XVII XVIII registra 56 unidades leacutexicas (366) com significado que remetem ao mundo da
navegaccedilatildeo amuradas arfar arriar arruela avencadura banzeiro barbear beque
bombordo brandaes cabresto calabrecircs calabrotes calafeto calma calmarias cevadeira
chapiteo chavetas cordas ciar costa cruzar curvas dlsquoavante descahir dobrar
dormentes driccedilas embornaes encapelar escacear escoas escotilha estibordo estiva
ferrar gaacutevea guinada guinar iccedilar lais leme liames maccedilamenaacuteutico ostagas pairar
rabada resbordo rumo sarpar socairo vela tamboretes trinca
55 Sobre a marca de uso ldquotermo naacuteuticordquo
551 Variaccedilatildeo no Diccionario de Lingua Brasileira
As unidades do corpus em anaacutelise satildeo marcadas como (t naut) 117 ocorrecircncias
correspondendo a 765 dos dados (entre naacuteuticos) 21 ocorrecircncias ou 138 dos dados (t
naacuteutico) 9 ocorrecircncias contabilizando 59 (t nau) 1 ocorrecircncia o que correponde a 06
171
do total dos dados analisados Contabilizamos ainda 5 unidades lexicas ou 32 que natildeo
recebem marcas de uso mas vemos pela definiccedilatildeo que satildeo termos naacuteuticos a saber palomas
barquilha proejar naacuteutico vela
IMAGEM 9 Unidades lexicais natildeo marcadas como termo naacuteutico
552 Variaccedilatildeo em outros dicionaacuterios
Completada a verificaccedilatildeo da marca terminoloacutegica no Diccionario de Lingua
Brasileira resolvemos observar a terminologia naacuteutica adotada nos outros dicionaacuterios
utilizados nesta pesquisa como referecircncia As unidades do corpus satildeo marcadas nessas obras
como i) em Bluteau rarr termo de navegantes termo de navio termo de marinhagem termo
naacuteutico termo de barqueiros ii) em Moraes e Silva rarr termo de naacuteutica na naacuteutica termo
naacuteutico entre os nautas entre barqueiros iii) em Laudelino Freire rarr termo da naacuteutica
termo de navegaccedilatildeo termo de navegaccedilatildeo fluvial termo da marata ou marinha iv) em
Aureacutelio rarr termo da marinha (23 termos) termo da marinhagem (60 termos) termo naacuteutico
(01 termo) termo de construccedilatildeo naval (31 termos) Encontramos em todas essas obras
citadas algumas unidades que natildeo recebem marcas de uso mas vemos pela definiccedilatildeo que
pertencem ao universo naacuteutico
Como termo naacuteutico Aureacutelio marca somente a unidade lexical rumo Para esse
lexicoacutegrafo a marca terminoloacutegica marinhagem refere-se aos conhecimentos naacuteuticos
desenvolvidos e sistematizados pelos navegadores portugueses desde o Infante D Henrique
ateacute os fins do seacuteculo XVII Tais conhecimentos foram depois muito ampliados e
aprofundados e passaram a constituir a ciecircncia e a arte da navegaccedilatildeo sobre aacutegua denominada
172
naacuteutica De acordo com o mesmo dicionarista a marca terminoloacutegica marinha significa
ldquoaquilo que diz respeito ao serviccedilo de bordo dos navios agrave atividade de marinheiro agrave
navegaccedilatildeo por mar ou ainda conjunto de navios ou forccedilas navais ou por marrdquo Jaacute a marca
construccedilatildeo naval diz respeito agrave arte de construir navios e a marca naacuteutico eacute relativo a
marinheiro navegante e nauta por sua vez dizem respeito agrave navegaccedilatildeo Aureacutelio natildeo
classificou as unidades lexicais cruzar desancorar e sarpar e outras receberam mais de uma
classificaccedilatildeo
56 Quanto agrave origem
Para elucidar a origem dos termos como jaacute mencionamos no Capiacutetulo 3
consultamos o Dicionaacuterio Etimoloacutegico de A G Cunha poreacutem quando o termo natildeo constava
nesse dicionaacuterio lanccedilamos matildeo do Houaiss (2001) e se as palavras remetiam ao universo
aacuterabe do vocabulaacuterio de Sousa amp Moura intitulado Vestigios da Lingoa Arabica em Portugal
ou Lexicon Etymologico das palavras e nomes portuguezes que tem origem araacutebica
publicado em 1830 e impresso em ediccedilatildeo fac siacutemile em 2004
Quantificaccedilatildeo Total ndash quanto agrave origem dos termos naacuteuticos
a) Aacuterabe 07
b) Catalatildeo 02
c) Espanhol 16
d) Francecircs 23
e) Grego 01
f) Inglecircs 02
g) Italiano 11
h) Portuguesa 55
i) Provenccedilal 01
j) Onomatopaica 01
k) Incerta 28
l) Natildeo encontradas 06
173
a Termos de origem aacuterabe
Accedilafratildeo (do ar Az-zafaran cf Cunha 1982)
Alforge (do ar al-hurg cf Cunha 1982)
Almeida (Sousa amp Moura 1830)
Cifa (do ar satildeifa cf Cunha 1982)
Cifar (do ar satildeifacirc cf Cunha 1982)
Salamear (do ar salama cf Sousa amp Moura 1830)
Xaretas (do ar vulgar šarīta cf Cunha 1982)
b Termos de origem catalatilde
Brandaes (do catalatildeo brandal cf Cunha 1982)
Escoa (do catalatildeo escoa cf Cunha 1982)
c Termos de origem espanhola
Anrique (castelhano lt neerlandesa cf Cunha 1982)
Arriar (castelhano lt latim cf Cunha 1982)
Barcolas (espanhol lt latim cf Cunha 1982)
Barquilha (espanhol lt latim cf Cunha 1982)
Briol (castelhanoltfrancesa cf Cunha 1982)
Ciar-se (castelhano cf Cunha 1982)
Embonar (castelhano cf Cunha 1982)
Embono (castelhano cf Cunha 1982)
Garrucha (castelhano Cunha 1982)
MajarronaBujarrona (castelhano lt latim baacuterbaro cf Cunha 1982)
Ostagas (castelhano lt germacircnico cf Cunha 1982)
Patelha (espanhol cf Aureacutelio 2004)
Pinccedilote (castelhano cf Houaiss 2001)
Rumo (castelhano lt latim lt grego cf Cunha 1982)
Socairo (castelhano cf Cunha 1982)
Sarparzarpar (castelhano lt francesa lt latim tardio lt grego cf Cunha 1982)
d Termos de origem francesa
Abotoadura (do antigo francecircscf Cunha 1982)
Abroquelar (do antigo francecircscf Cunha 1982)
Arruela (do antigo francecircs lt latimcf Cunha 1982)
Avencadura (do antigo francecircs lt escandinavo antigo cf Cunha 1982)
Bastardo (do antigo francecircscf Cunha 1982)
174
Beque (do francecircs lt latimcf Cunha 1982)
Bolinete (do francecircs moulinet cf Cunha 1982)
Bombordo (do francecircs bacircbord lt neerlandecircs bakboord cf Cunha 1982)
Calabre (do antigo francecircs caable lt latim tardio cf Cunha 1982)
Calabrote (do antigo francecircs caable lt latim tardio cf Cunha 1982)
Carlinga (do francecircs carlingue lt escandinavo kerling cf Cunha 1982)
Chapeleta (lt antigo francecircs chapel cf Cunha 1982)
Escotilha (do antigo francecircs escoute (coute) derivado do goacutetico skautcf Cunha
1982)
Escoteira (do francecircs escoute lt goacutetico skaut cf Cunha 1982)
Enfrechadura (do francecircs fleche lt germacircnico cf Cunha 1982)
Estibordo (do francecircs antigo estribord lt neerlandecircs stierboord cf Cunha 1982)
Estribo (do antigo francecircs estriviegravere lt germacircnico cf Cunha 1982)
Estribordo (do francecircs antigo estribord lt neerlandecircs stierboord cf Cunha 1982)
Iccedilar (do francecircs hisser lt neerlandecircs hijsen cf Cunha 1982)
Ostaiestai (do antigo francecircs estaie lt germacircnico cf Cunha 1982)
Rabeca (do francecircs rebec lt antigo francecircs rebebe lt aacuterabe rābab cf Cunha 1982)
Resbordo (do francecircs ribord cf Cunha 1982)
Tamboretes (do francecircs tambouret cf Cunha 1982)
e Termos de origem grega
ortodromia
f Termos de origem inglesa
Aldrope (Do inglecircs guide-ropecf Cunha 1982)
Estrinca (Do inglecircs string cf Laudelino Freire 1949)
g Termos de origem italiana
Calma (lt latina cf Cunha 1982)
Calmaria (lt latina cf Cunha 1982)
Calafeto (aacuterabe lt latim vulgar cf Cunha 1982)
Calcez (latim tardio lt latim lt grego cf Cunha 1982)
Driccedila (lt francecircs cf Aureacutelio 2004)
Encodar-se (cf Moraes e Silva 1813)
Estiva (lt latim cf Cunha 1982)
Gaacutevea (lt latim cf Cunha 1982)
Linguete (lt latim cf Cunha 1982)
175
Palomas (do italiano meridional cf Cunha 1982)
Palomba (do italiano meridional cf Cunha 1982)
h Termos de origem portuguesa
Amura (ltlatina cf Cunha 1982)
Amurada (ltlatina cf Cunha 1982)
Banzeiro (ltlatina cf Cunha 1982)
Barbear (ltlatina cf Cunha 1982)
Bigotas (lt latina cf Cunha 1982)
Bracear (ltlatina cf Cunha 1982)
Braccedilo (ltlatina cf Cunha 1982)
Braga (ltlatina cf Cunha 1982)
Bragueiro (ltlatina cf Cunha 1982)
Burra (ltlatina cf Cunha 1982)
Cabresto (ltlatina cf Cunha 1982)
Carregadeiras (ltlatina cf Cunha 1982)
Cevadeira (ltlatina cf Cunha 1982)
Chaveta (ltlatina cf Cunha 1982)
Cinta (ltlatina cf Cunha 1982)
Clara (ltlatina cf Cunha 1982)
Colhedor (ltlatina cf Cunha 1982)
Contrapunho (ltlatina cf Cunha 1982)
Corda (latina lt grega cf Cunha 1982)
Costa (ltlatina cf Cunha 1982)
Cruzar (ltlatina cf Cunha 1982)
Cunho (ltlatina cf Cunha 1982)
Curva (ltlatina cf Cunha 1982)
Curvatatildeo (ltlatina cf Cunha 1982)
Cutelo (ltlatina cf Cunha 1982)
D‟avante (ltlatina cf Cunha 1982)
Desaferrar (ltlatina cf Cunha 1982)
Desancorar (latina lt grega cf Cunha 1982)
Descahir (ltlatina cf Cunha 1982)
Dobrar (ltlatina cf Cunha 1982)
Dormente (ltlatina cf Cunha 1982)
176
Encapelar (ltlatina cf Cunha 1982)
Enora (ltlatina cf Cunha 1982)
Envergar (ltlatina cf Cunha 1982)
Envergues (ltlatina cf Cunha 1982)
Escacear (ltlatina cf Cunha 1982)
Escorrear (ltlatina cf Cunha 1982)
Ferrar (ltlatina cf Cunha 1982)
Folgar (ltlatina cf Cunha 1982)
Leva (ltlatina cf Cunha 1982)
Liame (ltlatina cf Cunha 1982)
Madre (ltlatina cf Cunha 1982)
Naacuteutico (latina lt grega cf Cunha 1982)
Nabo (ltlatina cf Cunha 1982)
Palmejar (ltlatina cf Cunha 1982)
Pontal (ltlatina cf Cunha 1982)
Ponte (ltlatina cf Cunha 1982)
Porca (ltlatina cf Cunha 1982)
Proejar (ltlatina cf Cunha 1982)
Rabada (ltlatina) cf Cunha 1982
Sobrecevadeira (ltlatina cf Cunha 1982)
Sobregata (ltlatina cf Cunha 1982)
Vela (ltlatina cf Cunha 1982)
Vergueiro (ltlatina cf Cunha 1982)
Peacute (ltlatina cf Cunha 1982)
i Termos de origem provenccedilal
Pairar (lt latim cf Cunha 1982)
j Termo de origem onomatopaica
Botalos (Houaiss 2001)
k Termos de origens controvertida incerta duvidosa obscura
Aba (de origem duvidosa (latim) cf Cunha 1982)
Agarruchar (de origem duvidosa (ceacuteltico) cf Cunha 1982)
Alcaxas (de origem controvertida cf Houaiss 2001)
Alestar (de origem obscura cf Cunha 1982)
Arfar (de origem duvidosa (latim vulgar) cf Cunha 1982)
177
Buccedilardas (origem controvertida cf Bluteau 1712)
Cachola (origem duvidosa (latim vulgar) cf Cunha 1982)
Canjar (origem duvidosa (italiana) cf Houaiss 2001)
Cossouro (de origem obscura cf Cunha 1982)
Embornal (de origem incerta (italiana) cf Cunha 1982)
Escatelado (de origem controvertida cf Cunha 1982)
Escouves (de origem incerta (castelhana) cf Cunha 1982)
Gio (de origem obscura cf Cunha 1982)
Guinar (de origem obscura cf Cunha 1982)
Guinada (de origem obscura (anglo saxatildeo) cf Cunha 1982)
Lais (de origem obscura cf Cunha 1982)
Leme (de origem obscura cf Cunha 1982)
Malaqueta (de origem obscura cf Houaiss 2001)
Michelos (de origem obscura cf Houaiss2001)
Molhelha (de origem controvertida (catalatildeo) cf Aureacutelio 2004)
Moucarratildeo (de origem obscura cf Aureacutelio 2004)
Salema (de origem obscura cf Cunha 1982)
Sapatilhos (de origem duvidosa (turco) cf Cunha 1982)
Siar (de origem obscura cf Cunha 1982)
Sumeas (de origem duvidosa (aacuterabe) cf Cunha 1982)
Trinca (de origem incerta (antigo francecircs lt antigo escandinavo cf Cunha 1982)
Troccedila (de origem obscura cf Cunha 1982)
Ximeas (de origem duvidosa (aacuterabe) cf Cunha 1982)
l Termos de origens natildeo encontradas
Chapiteo
Cheleira
Maccedilame
Encalamentos
Sejar
Sirgideiras
Observando os resultados expostos acima vimos que a predominacircncia entre as
origens dos termos eacute Portuguecircs lt Latim com 55 unidades lexicais Isso corresponde a
3595 das ocorrecircncias totais Em segundo lugar destacam-se os termos de origem
178
controvertida incerta duvidosa e obscura satildeo 28 termos o que corresponde a 1831 do
total de dados Os nomes de origem francesa figuram em terceiro lugar com 23 ocorrecircncias
ou 1503 do total dos dados Em seguida em quarta posiccedilatildeo temos os nomes de origem
espanhola com 16 ocorrecircncias ou 1046 do total dos dados Os nomes de origem italiana
estatildeo em quinto lugar com 11 dados ou 719 do total dos termos analisados Os termos
aacuterabes contabilizam 07 ocorrecircncias ou 458 do total dos dados Em quantidade menor temos
os termos em catalatildeo (02 ocorrecircncias 130 do total de dados) em inglecircs (02 ocorrecircncias
130 do total de dados) em grego (01 ocorrecircncia 065 do total de dados) em provenccedilal
(01 ocorrecircncia 065 do total de dados) e de origem onomatopaica (01 ocorrecircncias 065
do total de dados) Alguns termos (06 ocorrecircncias 393 do total de dados) natildeo tiveram suas
origens apontadas por nenhuma obra que consultamos Satildeo eles chapiteo cheleira maccedilame
encalamentos sejar sirgideiras
Por se tratar de uma heranccedila portuguesa toda a terminologia naacuteutica presente no
Diccionario de Lingua Brasileira se restringe em sua maior parte como podemos ver a
termos oriundos da Europa
Passemos no proacuteximo capiacutetulo agraves Consideraccedilotildees finais
179
Capiacutetulo 6
180
Capiacutetulo 6 ndash Consideraccedilotildees finais
Esta dissertaccedilatildeo teve como objetivo realizar um estudo do leacutexico correspondente agrave
terminologia naacuteutica presente no Diccionario da Lingua Brasileira publicado por Luiz
Maria da Silva Pinto proprietaacuterio da Typografia de Silva na cidade mineira de Ouro Preto no
ano de 1832
Tivemos como objetivos especiacuteficos estudar as origens dos termos naacuteuticos
conferir se os termos selecionados se encontravam presentes em obras lexicograacuteficas de
referecircncia nos seacuteculos XVIII XIX XX e se os mesmos mantiveram seus significados e
ainda se constavam como ldquotermos naacuteuticosrdquo consultar o corpus do Projeto DHPB CNPq
(composto por documentos e textos da eacutepoca colonial) com o objetivo de verificar se os
termos constantes no Diccionario da Lingua Brasileira integraram no passado o nosso
leacutexico verificar se a terminologia naacuteutica presente no Diccionario da Lingua Brasileira
descreve a realidade brasileira nessa aacuterea ou se faz parte desse dicionaacuterio somente com o
objetivo de enriquecer nosso leacutexico apontar os termos naacuteuticos do dicionaacuterio Aureacutelio ndash seacuteculo
XXI comparar esses termos com o primeiro dicionaacuterio impresso no Brasil ou seja o
Diccionario da Lingua Brasileira verificando se houve manutenccedilatildeo expansatildeo ou mudanccedila
nesse leacutexico de especialidade contribuir para o desenvolvimento da investigaccedilatildeo histoacuterica na
aacuterea da Terminologia disponibilizando um estudo da aacuterea de especialidade devidamente
analisado
Nosso interesse em pesquisar a terminologia naacuteutica nesse dicionaacuterio que se
intitula o primeiro dicionaacuterio da liacutengua brasileira pautou-se nas seguintes questotildees i) Quais
seriam os primeiros termos que fizeram parte de um dicionaacuterio brasileiro ii) Eles se mantecircm
ainda na liacutengua ou seja satildeo dicionarizados Essa terminologia fazia parte realmente do leacutexico
brasileiro da eacutepoca ou era ldquoidealrdquo que fizesse
Aleacutem de termos naacuteuticos o DLB marca termo anatomico termo de bombeiros
termo de architectura termo de geometria termo meacutedico termo militar termo de artilheria
termo de fortificaccedilatildeo termo forense termo familiar termo juriacutedico termo methaphysico
termo mythologico termo de pintura termo plebeu termo vulgar termo baixo Nosso
interesse se voltou para os termos naacuteuticos por serem esses os de maiores ocorrecircncias na obra
estudada Analisamos 153 unidades leacutexicas terminoloacutegicas sendo 117 substantivos 3
adjetivos 32 verbos e 2 adveacuterbios
Apoacutes leitura da obra seleccedilatildeo de termos construccedilatildeo do corpus e anaacutelise dos dados
constatamos que os substantivos se destacam com 7647 dos dados os adjetivos com 196
181
e os adveacuterbios com 065 Surpreendeu-nos a quantificaccedilatildeo dos verbos 2092 em valores
numeacutericos 32 nuacutemero expressivo em se tratanto de leacutexico especializado Desses verbos o
Dicionaacuterio Aureacutelio Seacuteculo XXI traz somente 17 arfar arriar barbear bracear ciar-se
cruzar descair dobrar embonar encapelar envergar ferrar guinar iccedilar pairar proejar
sarpar Consultando o Banco de Dados do PDHPB contamos 14 desses verbos arrolados
arfar arriar barbear ciar cruzar descahir dobrar encapelarescacear ferrar guinar
iccedilar pairar sarpar Todos esses termos conforme podemos constatar dicionarizados
tambeacutem pelo Aureacutelio com exceccedilatildeo de bracear embonar envergar guinar proejar Isso nos
leva a pensar que em se tratando da realidade brasileira Silva Pinto apresentou um nuacutemero
bem maior de verbos com a marca de uso ldquonaacuteuticosrdquo
Interessante tambeacutem eacute observar que os termos naacuteuticos que satildeo inseridos na obra
de Luiz Maria da Silva Pinto satildeo muito superiores quase trecircs vezes ao nuacutemero que o Banco
de Dados consultado aponta 56 termos Contemporaneamente essa marca terminoloacutegica
tambeacutem eacute menor jaacute que o Aureacutelio registra 105 termos naacuteuticos Observamos ainda variaccedilotildees
na marca de uso ldquotermo naacuteuticosrdquo o que indica sub-especialidades nessa aacuterea jaacute na eacutepoca do
Brasil colocircnia Nossa anaacutelise mostra que a terminologia apontada por Silva Pinto natildeo
retratava satisfatoriamente a realidade da eacutepoca nem se manteacutem totalmente hoje
No que se refere agrave origem constatamos a predominacircncia de nomes de origem
portuguesa 3595 das ocorrecircncias totais Em se tratando de base europeia bastante
representativos tambeacutem foram os termos de origem francesa espanhola e italiana Em
segundo lugar contabilizamos os nomes de origens incerta controvertida duvidosa e obscura
com 1831 de ocorrecircncias Acreditamos que esse iacutendice alto de palavras de origem natildeo
identificada se deve ao fato de muitos desses termos que retratam equipamentos artefatos
processos ou teacutecnicas da navegaccedilatildeo terem sido cunhados em um paiacutes e usados em outros por
pessoas na maioria das vezes quase sem nenhuma escolaridade como eacute o caso de muitos
marinheiros Natildeo encontramos nenhum termo naacuteutico de origem americana de liacutenguas
indiacutegenas caribenhas ou preacute-colombianas natildeo encontramos tambeacutem termos hiacutebridos nem
africanos
Entatildeo em se tratando da terminologia naacuteutica como se justifica uma obra se
intitular Diccionario da Lingua Brasileira se natildeo identifica nem descreve os termos de sua
eacutepoca Conforme Biderman (1994 p 27) os dicionaacuterios devem ser uma espeacutecie de porta-
voz da sociedade falar em nome dela e reunir em sua nomenclatura o repertoacuterio lexical em
uso na sua sociedade e da forma pela qual ela usualmente se exprime Inserindo-nos no
periacuteodo histoacuterico da publicaccedilatildeo do dicionaacuterio isto eacute dez anos apoacutes a Independecircncia do Brasil
182
em uma sociedade que comeccedilava a discutir a questatildeo da ldquoliacutengua brasileirardquo acreditamos que
Luiz Maria da Silva Pinto brasileiro mas de formaccedilatildeo lusitana detentor de ideologias
historicamente contruiacutedas quis contribuir com a constituiccedilatildeo da sociedade brasileira
acreditando que fornecer um leacutexico de origem europeia ou ldquobem formadordquo era seu dever
como brasileiro culto e proprietaacuterio de uma tipografia Com base em nosso estudo podemos
dizer que seu dicionaacuterio eacute prescritivista
Neste ainda iniacutecio de seacuteculo quando a lexicografia contemporacircnea passou a ver
o dicionaacuterio de liacutengua sob outra oacutetica40
atribuindo isso ao reconhecimento de seu verdadeiro
papel que eacute o de registrar a norma lexical que impera em uma sociedade41
acreditamos que
os resultados de nossa anaacutelise trazem elementos para a histoacuteria da lexicografia e da
terminologia brasileira jaacute que passamos a conhecer um pouco mais o seu iniacutecio estudando
uma obra que como mostramos em 14 natildeo eacute o primeiro Diccionario da Lingua Brasileira
mas eacute o primeiro dicionaacuterio impresso no Brasil
40
BIDERMAN 1994 p 28 41
Ibidem
183
Referecircncias
184
Referecircncias
ARAUacuteJO P M B Hum diccionario sem auctor versus hum auctor com diccionario Rio de
Janeiro Non Edictandi 2009
BABINI M Do conceito agrave palavra os dicionaacuterios onomasioloacutegicos Satildeo Paulo Ciecircncia e
Cultura (SBPC) v 2 2006 p 38-42
BARROS L A Conhecimentos de terminologia geral e praacutetica tradutoacuteria Satildeo Paulo
NovaGraf 2007
BARROS L A Curso baacutesico de Terminologia Satildeo Joseacute do Rio Preto Editora UNESP
2009
BIDERMAN M T C A formaccedilatildeo e a consolidaccedilatildeo da norma lexical e lexicograacutefica no
Portuguecircs do Brasil in Histoacuteria do saber lexical e constituiccedilatildeo de um leacutexico brasileiro JH
NUNES e M PETTER (Org) Satildeo Paulo Humanitas Campinas Pontes 2002
BIDERMAN M T C A nomenclatura de um dicionaacuterio de liacutengua In Anais do Seminaacuterio
do Grupo de Estudos Linguiacutesticos (Gel) Satildeo Paulo v1 n23 24-42 1994
BIDERMAN M T C As Ciecircncias do Leacutexico In Ana Maria Pinto de Olveira Aparecida
Negri Isquerdo (Orgs) As Ciecircncias do Leacutexico Lexicologia Lexicografia Terminologia
Campo Grande Ed UFMS 1998
BIDERMAN M T C Dimensotildees da Palavra In Filologia e Linguiacutestica Portuguesa n 2 p
81-118 1981
BIDERMAN M T C Teoria Linguiacutestica teoria lexical e linguiacutesitica computacional Satildeo
Paulo Martins Fontes 2001
BIDERMAN M T C Unidades complexas do leacutexico In Rio-Torto G Figueiredo O M
Silva F (orgs) Estudos em Homenagem ao Professor Doutor Maacuterio Vilela 1ordf ed Porto
Portugal Faculdade de Letras da Universidade do Porto 2005 v II p 747-757 Disponiacutevel
em httplerletrasupptuploadsficheiros4603pdf
BIDERMAN MTC A estrutura mental do leacutexico In Estudos de Filologia Satildeo Paulo T A
QueirozEDUSP p131-145 1981
BIDERMAN Maria Teresa Camargo Leacutexico testemunho de uma cultura In Anais do XIX
Congresso internacional de Linguiacutestica e Filologia Romacircnica Santiago de Compostela 49
de setembro de 1978
BLUTEAU R Vocabulario Portuguez e Latino Coimbra Companhia de JESUS 1712
BOXER C R O Impeacuterio Mariacutetimo Portuguecircs Satildeo Paulo Companhia das Letras 2002
BUENO E Brasil Terra agrave vista Porto Alegre LGPM 2003
BYNON T Historical Linguistics London CUP 1977
185
CABREacute M T Importancia de la terminologiacutea en la fijacioacuten de la lengua Revista
internacional de liacutengua portuguesa Lisboa Editorial Notiacutecias n 15 jul 96 p9-24
CABREacute M T La terminologia Teoria Metodologia Aplicacio-nes Barcelona
AntaacutertidaEmpuacuteries 1993
CABREacute M T Lexicologia y variacioacuten hacia um modelo integrado In Simpoacutesio
Iberoamericano de Terminologia RITERM 1996
CABREacute M Teresa 1999 La terminologiacutea ndash representacioacuten y comunicacioacuten Barcelona
IULA Universitat Pompeu Fabra
CAacuteCERES F Histoacuteria do Brasil Satildeo Paulo Modernas 1993
COHEN M A A M A liacutengua do seacuteculo XVII e a liacutengua contemporacircnea In Anais do XI
Encontro Internacional da ALFAL Las Palmas (Gram Canaacuteria) 1996
CORREIA M Terminologia e morfologia marcas morfoloacutegicas da geacutenese do vocabulaacuterio da
Naacuteutica em portuguecircs Disponiacutevel em lthttpwwwiltecptpdfwpapers2004-mcorreia-
barcelonapdfgt Acesso em 20 Abr 2011
COSERIU E Sincronia diacronia e histoacuteria O problema da mudanccedila linguiacutestica Rio de
Janeiro Presenccedila Satildeo Paulo EDUSP 1979
COSTA FILHO M A Imprensa Mineira no Primeiro Reinado Rio de Janeiro [sn] 1955 62p (Tese apresentada ao VI Congresso Nacional de Jornalistas)
CUNHA A G da Dicionaacuterio Etimoloacutegico da Liacutengua Portuguesa 3ordf ediccedilatildeo 2ordf impressatildeo
Rio de Janeiro Lexikon Editora Digital 2007
CUNHA A G da Dicionaacuterio Etimoloacutegico Nova Fronteira da Liacutengua Portuguesa 2ordf ediccedilatildeo
Rio de JaneiroNova Fronteira 1987
DIAS L F BEZERRA M A Gramaacutetica e Dicionaacuterio In GUIMARAtildeES E
ZOPPIFONTANA (Orgs) Introduccedilatildeo agraves Ciecircncias da Linguagem ndash A Palavra e a Frase
Campinas Pontes Editores p 11-37 2006
ESQUADRA Disponiacutevel em lthttpwwwgooglecombrsearch3Fq3D2522Marinha
2BImperial2BBrasileiragt Acesso em 1 Abr 2011
ESQUIVEL F M C La lexicografia em las variedades no estaacutendar Jaeacuten- Espanha Editora
da Universidade de Jaeacuten 2001
FARACO C A Linguiacutestica histoacuterica Satildeo Paulo Aacutetica 1991
FAULSTICH E Princiacutepios formais e funcionais de variaccedilatildeo em terminologia Seminaacuterio de
Terminologia Teoacuterica Barcelona Espanha 28-29 de jan 1999
FERREIRA A B de H Novo Dicionaacuterio Eletrocircnico Aureacutelio versatildeo 50 Satildeo paulo Nova
Fronteira 2003 CD-ROM
186
FERREIRA A B de H Novo Dicionaacuterio Rio de Janeiro Nova Fronteira 1987
FINATTO M J B Introduccedilatildeo agrave Terminologia teoria e praacutetica Satildeo Paulo Contexto 2004
FREIRE L Grande e Noviacutessimo Dicionaacuterio da Liacutengua Portuguesa 1ordf ediccedilatildeo 1ordf impressatildeo
Rio de Janeiro Editocircra A Noite SA 1939 ∕ 1944
FREITAS M A Teixeira Os Serviccedilos Estatiacutesticos do Estado de Minas Gerais Revista
Brasileira de Estatiacutestica Ano I nordm 1 janmar 1940 p108-130
GUILBERT L La creativiteacute lexicalie Paris Larousse 1992
HAENSCH G WOLF L ETTINGER S WERNER R La lexicografia ndash de la linguiacutestica
teoacuterica a la lexicografia praacutectica Madrid Gredos 1982
HOUAISS A Dicionaacuterio Houaiss da liacutengua Portuguesa Rio de Janeiro Objetiva 2001
In OLIVEIRA Ana M P P de e ISQUERDO Aparecida N (orgs) As ciecircncias do leacutexico
lexicologia lexicografia terminologia Campo GrandeMS Editora da UFMS 1989 p 129-
149
ISQUERDO A N ALVES I M As ciecircncias do Leacutexico Lexicologia Lexicografia
Terminologia v3 Campo Grande Editora da UFMS 2007
KRIEGER M da G Do reconhecimento de terminologias entre o linguiacutestico e o textual In
IS QUERDO AN amp KRIEGER MG As Ciecircncias do Leacutexico 2 UFMS UFRGS Campo
GrandePorto Alegre 2006
KRIEGER M da G FINATTO Maria J B Introduccedilatildeo agrave Terminologia teoria amp praacutetica
Satildeo Paulo Contexto 2004
LEPSCHY J Leacutexico Enciclopeacutedia Einaudi linguagem e enunciaccedilatildeo v 2 Portugal
Imprensa Nacional-Casa da Moeda 1984
LORENTE M A lexicologia como ponto de encontro entre a gramaacutetica e a semacircntica In
ISQUERDO A N e KRIEGER MG As ciecircncias do leacutexico vol II Campo Grande Editora
UFMS 2004
MAPA Disponiacutevel em lthttpacademiagoianadeletrasorgmembroluiz-maria-da-silva-
pintogt Acesso em 1 abr 2011
MARINHA IMPERIAL Disponiacutevel em lthttpwwwmarmilbrdiversosArtigos_
selecionadosDocumentosmarinha_imperialpdfgt Acesso em 25 Abr 2011
MATOREacute G La meacutethode en lexicologie Domaine franccedilais Paris Didier 1953
MINEIRO A Uma abordagem lexical da Terminologia Naacuteutica no PE In Actas do IX
Simpoacutesio ibero-americano de Terminologia Barcelona Barcelona Espanha 2006
187
MURAKAWA C A (1998) Tradiccedilatildeo lexicograacutefica em liacutengua portuguesa Bluteau Moraes
e Vieira In OLIVEIRA AMPP amp ISQUERDO A N (orgs) As ciecircncias do leacutexico
lexicologia lexicografia terminologia v3 Campo Grande Editora da UFMS 2007
MURAKAWA C A A Dicionaacuterio Histoacuterico do Portuguecircs do Brasil um modelo de
dicionaacuterio Histoacuterico In ALVES Ieda Maria e Lino Maria Tereza (Org) Revista de
Filologia e Linguiacutestica Portuguesa Satildeo Paulo FFLCHUSP 2010 v 12 p 329-349
MURAKAWA C de A A Empreacutestimo linguiacutestico interno um estudo sobre o vocabulaacuterio
da naacuteutica portuguesa In Histoacuteria da Liacutengua e Histoacuteria da Gramaacutetica Actas do Encontro
Coleccedilacirco Poliedro 11 Braga Portugal Universidade do Minho Centro de Estudos
Humaniacutesticos 2002
MUSSALIM F BENTES A C (Orgs) Introduccedilatildeo agrave Linguiacutestica 6 ed Satildeo Paulo Cortez
2001 v 1-2
NAVEGACcedilOtildeES Disponiacutevel em lthttpwwwgooglecombrsearchhl=ptgt Acesso em 1
Abr 2011
NEIVA A Estudos da liacutengua nacional Satildeo Paulo Brasiliana 1940
NUNES J H Dicionaacuterios no Brasil anaacutelise e histoacuteria do seacuteculo XVI ao XIX Campinas
Pontes 2006
NUNES J H Discurso e Instrumentos Linguiacutesticos no Brasil dos Relatos de Viajantes aos
Primeiros Dicionaacuterios Campinas UNICAMP tese de doutorado 1996
NUNES J H e PETTER M (Orgs) Histoacuteria do saber lexical e constituiccedilatildeo de um leacutexico
brasileiro Satildeo Paulo Humanitas 2002 p 29-30
NUNES J H Histoire Epistemologie Langage Satildeo Paulo Humanitas 2006
OGDEN C K RICHARDS I A The Meaning of Meaning Londres Routledge amp Kegan
Paul 1923
OLIVEIRA A M P O portuguecircs do Brasil brasileirismos e regionalismos Tese de
Doutorado -UNESP Araraquara Satildeo Paulo 1999
ORGANISATION INTERNATIONALE DE NOTMALISATION Terminologie ndash
Vocabulaire Genebra ISO 1990 (Norme Internationale ISO 1087 1990)
ORLANDI E P O Estado a Gramaacutetica a Autoria Relatos n 4 jun Campinas UNICAMP
1997
PAVEL S NOLET D Manual de Terminologia Trad de FAULSTICH Enilde Disponiacutevel
em ltwwwURL wwwtranslationbureaugccagt
PERES D Histoacuteria dos descobrimentos portugueses Lisboa Comissatildeo executiva das
comemoraccedilotildees do Quinto Centenaacuterio da morte do Infante D Henrique 1959
188
PIGAFETTA A A primeira viagem ao redor do mundo o diaacuterio da expediccedilatildeo de Fernatildeo de
Magalhatildees Porto Alegre LampPM 1985
PINTO Luiz Maria da Silva Diccionario da Lingua Brasileira Ouro Preto Typographia de
Silva 1832
REY A (dir) Dictionnaire historique de la langue franccedilaise 2 vols Paris Le Robert 1992
REY Alan A terminologia entre a experiecircncia da realidade e o comando dos signos Satildeo
Paulo Humanitas 2007
RODRIGUES A D Liacutenguas indiacutegenas 500 anos de descobertas e perdas DELTA
vol9 n 1 pp 83-103 1993
SAUSSURE F ldquoNatureza do signo linguiacutesticordquo In Curso de Linguiacutestica Geral Satildeo Paulo
Cultrix 1970 pp 79-84
SEABRA Maria Cacircndida Trindade Costa (Org) O leacutexico em estudo Belo Horizonte Editora
FALEUFMG 2006
SEABRA Maria Cacircndida Trindade Costa Dom Joatildeo VI e o iniacutecio da imprensa no Brasil e
em Minas Gerais In Revista do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Minas Gerais Belo
Horizonte Santaclara volume XXXI julho de 2008
SILVA NETO Serafim da Introduccedilatildeo ao estudo da Liacutengua Portuguesa no Brasil 3 ed Rio
de Janeiro Presenccedila 1976
SILVA Antonio de Moraes e Diccionario da Lingua Portugueza 2ordf ediccedilatildeo Lisboa
Typographia Laceacuterdina 1813
SILVESTRE J P O Vocabulario Portuguez e Latino principais caracteriacutesticas da obra
lexicograacutefica de Rafael Bluteau Artigo disponiacutevel em lt
httpclpdlcuaptPublicacoesvocabulario_principais_caracteristicaspdfgt Acesso em 25
abr 2011
SOUSA F J de MOURA F J de S A Vestiacutegios da liacutengua araacutebica em Portugal Lisboa
Academia Real das Sciencias 1830 (ed Fac-simile Lisboa Alcalaacute 2004)
TAUNAY A Inopia cientiacutefica e vocabular dos grandes dicionarios portuguezes Satildeo
Paulo Imprensa Oficial 1932 182 p
THEODORO J Pensadores exploradores e mercadores dos mares oceanos e continentes
Satildeo Paulo Scipione 1994
ULLMANN S The Principles of Semantics Glasgow Jackson amp Oxford Blackwell 1957
VALE B Estrateacutegia poder mariacutetimo e a criaccedilatildeo da Marinha do Brasil In Revista Navigator
Rio de Janeiro Serviccedilo de Documentaccedilatildeo Geral da Marinha n 4 dezembro de 1971 p 10
189
VEIGA J P X da Efemeacuterides mineiras Ouro Preto [sn] 1897 p 47-52
VEIGA J P X da Palavras preliminares Revista do Arquivo Puacuteblico Mineiro Ouro Preto
ano 1 fasc I p III e IV janmar 1896
Dedico este trabalho
aos meus pais in memorian Oswaldo e Madalena seres muito especiais
ao Virgiacutelio cumplicidade e inspiraccedilatildeo
aos meus filhos Tomaacutes e Tuacutelio amores de minha vida
Agradecimentos
A Deus que tem cuidado dos meus caminhos tem me orientado e abenccediloado permitindo-me
alcanccedilar mais uma conquista
Aos meus pais que foram exemplos de vida para mim
Agrave Profordf Dra Maria Cacircndida Trindade Costa de Seabra orientadora na plena acepccedilatildeo da
palavra ao seu apoio incondicional constante e seguro com quem o estudo e o trabalho satildeo
experiecircncias gratificantes e extremamente enriquecedoras
Aos meus irmatildeos e irmatildes pela compreensatildeo e suporte durante toda a minha vida
Agraves minhas amigas itabiranas Ritinha Graccedila Andrade e Karine pela amizade e presenccedila o
meu carinho e gratidatildeo
Agrave Fernanda amiga querida a quem eu admiro pelo incentivo e confidecircncias nos momentos
difiacuteceis
Agrave Antocircnia pela presenccedila apoio disponibilidade e por cuidar dos meus filhos quando estive
ausente
Ao Paulo Araujo pessoa iacutempar que sempre atendeu com a maacutexima gentileza e
disponibilidade todas as solicitaccedilotildees que lhe fiz durante a pesquisa
Agrave Profordf Graccedila Lima pelo seu constante incentivo e abertura de horizontes intelectuais
Aos professores do Mestrado pelo profissionalismo sempre presente em todas as atividades
desenvolvidas
Meus agradecimentos especiais agrave Suely Perucci coordenadora do Museu dos Inconfidentes de
Ouro Preto e ao Dr Joseacute Mendonccedila Telles Coordenador do Centro de Cultura Goiana pela
disponibilidade e atenccedilatildeo as minhas solicitaccedilotildees
Agrave Elizabete e ao Joel por me acolherem carinhosamente em sua casa em Satildeo Joseacute do Rio
Preto ao participar do Seminaacuterio de Terminologia na UNESP
Enfim a todos vocecircs que fizeram diferenccedila nesta etapa de minha vida deixo registrado um
carinhoso muito obrigada
Chamam por mim as aacuteguas
Chamam por mim os mares
Chamam por mim levantando uma voz corpoacuterea os longes
As eacutepocas mariacutetimas todas sentidas no passado a chamar (Ode Mariacutetima Aacutelvaro de Campos)
Resumo
O presente trabalho tem como objetivo o estudo dos termos naacuteuticos constantes no
Diccionario da Lingua Brasileira (DLB) de Luiz Maria da Silva Pinto Publicado na cidade
de Ouro Preto Minas Gerais na Typografia Silva no ano de 1832 dez anos depois de
proclamada a independecircncia do Brasil esse dicionaacuterio eacute hoje considerado o primeiro
dicionaacuterio impresso nesse paiacutes De tamanho pequeno tem 1111 paacuteginas nos moldes atuais de
um ldquodicionaacuterio portaacutetilrdquo o DLB eacute um livro raro Para a realizaccedilatildeo desta pesquisa utilizamo-
nos do volume em formato digital da ediccedilatildeo microfilmada da obra realizada pelo Arquivo
Puacuteblico Mineiro localizado na capital mineira Belo Horizonte Inicialmente fizemos
levantamento das unidades leacutexicas que remetem ao mundo da navegaccedilatildeo observando as
ldquomarcas de usordquo que se referem agrave terminologia naacuteutica Partimos portanto de um corpus
dicionariacutestico de terminologia naacuteutica composto de 153 termos constituiacutedos de 117
substantivos 03 adjetivos 32 verbos e 1 adveacuterbio Em uma segunda etapa os dados foram
organizados em fichas lexicograacuteficas Para cada um dos termos construiacutemos uma ficha
lexicograacutefica que nos indica se o termo ocorreu ou natildeo no Brasil desde o periacuteodo colonial ateacute
os dias de hoje aleacutem de mostrar origens e outras informaccedilotildees importantes para anaacutelise
linguiacutestica Para os conceitos de leacutexico lexicologia apoiamo-nos em Haensch Biderman
Krieger e Finatto para a Terminologia em Barros Para a anaacutelise dos dados ao longo do
tempo tomamos como base norteadora a concepccedilatildeo de Linguiacutestica Histoacuterica tal como
apresentada por Bynon e Cohen Como partimos de um tema ou seja da terminologia
naacuteutica trabalhamos com o percurso ldquodo conceito agrave palavrardquo nos moldes do meacutetodo
onomasioloacutegico Em seguida estendemos nossa anaacutelise agrave palavra ou ao signo linguiacutestico -
percurso semasioloacutegico Nossa anaacutelise apontou uma terminologia de base europeia pouco
representativa da realidade mariacutetima brasileira pouco descritiva e bastante prescritiva
Palavras-chave Lexicografia Terminologia Liacutengua Brasileira Liacutengua Portuguesa
Minas Gerais
Abstract
This paper aims the study of nautical terms contained in the Brazilian Language Dictionary
(Diccionario da Lingua Brasileira) (DLB) Luiz Maria da Silva Pinto It was published in
Ouro Preto in Minas Gerais at Typography Silva in 1832 ten years after the proclamation of
the independence of Brazil This dictionary is now considered the first printed dictionary in
that country Its size is small but there are 1111 pages in the current pattern of a portable
dictionary The DLB is a rare book In the presented study we have used the volume in
digital format of the microfilm edition undertaken by the Arquivo Puacuteblico Mineiro that is
located in the capital of Minas Gerais Belo Horizonte At first we surveyed the lexical words
referring to the world of navigation noting the tags of use which refers to nautical
terminology We started the paper from a dicitionary corpus of nautical terminology
composed of 153 terms consisting of 117 nouns 03 adjectives 32 verbs and an adverb In a
second step the data were arranged in lexicographic forms In each of the words we wrote a
lexical form that shows us if the word was used or not in Brazil since the colonial era to the
present day besides showing the origins and other important information for linguistic
analysis We based ourselves on Haensch Biderman Krieger and Finatto for the concepts of
lexicon and lexicology and on Barros for the Terminology For data analysis we took as the
basis guiding the development of Historical Linguistics as presented by Cohen and Bynon As
we started from nautical terminology we worked towards ldquothe concept to word similar to the
method onomasiological Next we extended our analysis to the word or the sign language - a
route semasiology Our analysis revealed an European terminology and unrepresentative of
the Brazilian maritime context rather descriptive and prescriptive
Key-words Lexicography Terminology Language Brazilian Portuguese Minas Gerais
ABREVIATURAS E SIGLAS
Adj ndash adjetivo
Adv ndash adveacuterbio
Cf ndash Confira
DLB ndash Diccionario da Lingua Brasileira
DPB ndash Dicionaacuterio Portuguecircs-Brasiliano
LI ndash Liacutengua Indiacutegena
LP ndash Liacutengua Portuguesa
ne ndash natildeo encontrado
naacuteut ndash naacuteutico
p ndash Paacutegina
PDHPB ndash Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do Portuguecircs do Brasil
s ndash substantivo
sf substantivo feminino
sm ndash substantivo masculino
TN ndash Traduccedilatildeo nossa
v ndash verbo
VLB ndash Vocabulaacuterio na Liacutengua Brasiacutelica
lt ndash Procede de
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 ndash Classificaccedilatildeo morfoloacutegica dos dados analisados161
Tabela 2 ndash Classificaccedilatildeo do gecircnero dos dados analisados162
Tabela 3 ndash Quadro comparativo dos termos naacuteuticos164
LISTA DE GRAacuteFICOS
Graacutefico 1 ndash Unidades lexicais encontradas em dicionaacuterios e banco de dados163
Graacutefico 2 ndash Unidades lexicais destacadas como termo naacuteutico168
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 ndash Relaccedilatildeo Triaacutedica23
Figura 2 ndash Triacircngulo de Ogden e Richards adaptado por Biderman24
Figura 3 ndash Ficha lexicograacutefica57
Figura 4 ndash Ficha lexicograacutefica preenchida58
LISTA DE FOTOS
Foto 1 ndash Diccionario da Lingua Brasileira 32
Foto 2 ndash Detalhe da capa do Diccionario 33
Foto 3 ndash Casa de Silva Pinto em Ouro Preto35
Foto 4 ndash Localizaccedilatildeo da casa de Silva Pinto em Ouro Preto35
Foto 5 ndash Notiacutecia de Jornal37
Foto 6 ndash Diccionario Brasileiro (1832)38
Foto 7 ndash Prologo do Diccionario da Lingua Brasileira39
LISTA DE IMAGENS
Imagem 1 ndash Lista de abreviaturas proposta pelo Diccionario da Lingua Brasileira40
Imagem 2 ndash Primeira Esquadra brasileira46
Imagem 3 ndash Marinha Imperial48
Imagem 4 ndash Documentaccedilatildeo da obra digitalizada55
Imagem 5 ndash Obra consultada digitalizada pelo APM56
Imagem 6 ndash O Vocabulario de Bluteau60
Imagem 7 ndash O Diccionario de Moraes Silva61
Imagem 8 ndash Grande e Noviacutessimo Dicionaacuterio da Liacutengua Portuguesa de Laudelino Freire62
Imagem 9 ndash Unidades lexicais natildeo marcadas como termo naacuteutico171
LISTA DE MAPAS
Mapa 1 ndash As grandes navegaccedilotildees43
Mapa 2 ndash Terra Brasilis45
Sumaacuterio
Introduccedilatildeo 14
Capiacutetulo 1 ndash O Leacutexico em foco 17
11 Lexicologia 17
111 Leacutexico 19
1111 Leacutexico e Referecircncia 22
12 Lexicografia 25
121 Dicionaacuterio 26
1211 Os Dicionaacuterios na eacutepoca do Brasil Colocircnia 27
12111 Dicionaacuterios Bilingues29
12112 Dicionaacuterios Monolingues30
13 Terminologia 31
14 O Diccionario da Lingua Brasileira de Luiz Maria da Silva Pinto 32
Capiacutetulo 2 ndash Contextualizaccedilatildeo histoacuterica 42
21 As grandes navegaccedilotildees 42
22 As navegaccedilotildees na eacutepoca do Brasil Colocircnia 44
23 As navegaccedilotildees na eacutepoca do Brasil Impeacuterio 47
24 Consideraccedilotildees 48
Capiacutetulo 3 ndash Procedimentos Metodoloacutegicos 51
31 Objetivos 52
32 Caracteriacutesticas do Diccionario da Lingua Brasileira 54
33 Meacutetodos e Procedimentos 55
332 Fichas Lexicograacuteficas 57
332 Sobre os dicionaacuterios consultados 59
333 Sobre o Banco de Dados 63
Capiacutetulo 4 Apresentaccedilatildeo e descriccedilatildeo dos dados 65
Capiacutetulo 5 - Anaacutelise e discussatildeo dos resultados 161
51 Quanto agrave classificaccedilatildeo gramatical dos termos 161
52 Quanto agrave forma e gecircnero dos termos naacuteuticos do DLB 162
53 Quanto ao nuacutemero de unidades lexicais presentes em obras de referecircncia 163
54 Descriccedilatildeo e Comparaccedilatildeo dos Dados 168
55 Sobre a marca de uso termo naacuteutico 170
551 Variaccedilatildeo no Diccionario de Lingua Brasileira 170
552 Variaccedilatildeo em outros dicionaacuterios 171
56 Quanto agrave origem 172
Capiacutetulo 6 ndash Consideraccedilotildees Finais 180
Referecircncias 184
13
Introduccedilatildeo
14
Introduccedilatildeo
Conforme postulam Krieger e Finatto (2004 p 24) tomando como referecircncia
Rondeau (1984 p1) qualquer histoacuteria sobre as linguagens especializadas natildeo pode deixar de
lembrar que
A terminologia natildeo eacute um fenocircmeno recente Com efeito tatildeo longe quanto se
remonte na histoacuteria do homem desde que se manifesta a linguagem nos
encontramos em presenccedila de liacutenguas de especialidade eacute assim que se encontra a
terminologia dos filoacutesofos gregos a liacutengua de negoacutecios dos comerciantes cretas os
vocaacutebulos especializados da arte militar etc
Certamente a terminologia entendida como o leacutexico dos saberes teacutecnicos e
cientiacuteficos eacute uma praacutetica antiga Seu interesse deixa de estar restrito aos especialistas quando
as pessoas necessitam dominar o vocabulaacuterio especiacutefico de seus campos de competecircncia Isso
se daacute sobretudo em eacutepocas de grandes transaccedilotildees comerciais entre as naccedilotildees quando os
termos ultrapassam o acircmbito comercial expandindo-se para o mundo cientiacutefico tecnoloacutegico e
cultural
Integrando em uma proporccedilatildeo maior ou menor o cotidiano das pessoas esses
termos passam a ser inscritos em dicionaacuterios de liacutengua Consequentemente ampliam-se o
contato e o uso das terminologias mesmo com alteraccedilotildees denominativas e perdas conceituais
efeitos proacuteprios da divulgaccedilatildeo do conhecimento em grande escala
Todo esse conjunto de fatores sociais linguiacutesticos e culturais em torno do termo
despertou nosso interesse em pesquisar a terminologia naacuteutica no primeiro Diccionario da
Lingua Brasileira de Luiz Maria da Silva Pinto publicado na cidade mineira de Ouro Preto
no ano de 1832 Levaram-nos a propor esta pesquisa questotildees como i) quais seriam os
primeiros termos que fizeram parte de um dicionaacuterio que se intitula brasileiro ii) por que
eles seriam selecionados essa terminologia naacuteutica fazia parte realmente do leacutexico
brasileiro ou era ldquoidealrdquo que fizesse
Nossas discussotildees se dividiratildeo em 6 capiacutetulos
No capiacutetulo I intitulado O Leacutexico em foco abordaremos o estudo do leacutexico
como a aacuterea da liacutengua responsaacutevel por registrar o conhecimento do universo enfocando
principalmente os estudos realizados por Biderman Discorreremos acerca da lexicologia e da
lexicografia de seus pressupostos teoacutericos desenvolvidos por Matoreacute Haensch Biderman
Krieger e Finatto Discorreremos tambeacutem sobre os Dicionaacuterios na eacutepoca do Brasil Colocircnia
destacando as obras biliacutengues e monolingues A Terminologia seraacute enfocada neste capiacutetulo
15
com pressupostos definidos por Barros Ainda neste capiacutetulo trataremos do dicionaacuterio em
estudo e de seu impressor Luiz Maria da Silva Pinto
No capiacutetulo II Contextualizaccedilatildeo histoacuterica versaremos sobre as grandes
navegaccedilotildees destacando as navegaccedilotildees nas eacutepocas do Brasil Colocircnia e do Brasil Impeacuterio
No capiacutetulo III denominado Procedimentos metodoloacutegicos apresentaremos os
meacutetodos utilizados nas vaacuterias etapas do nosso estudo Enfocaremos os procedimentos
adotados para a coleta dos dados a construccedilatildeo do corpus a metodologia para a confecccedilatildeo das
fichas lexicograacuteficas que seratildeo apresentadas no capiacutetulo 4 e tambeacutem os criteacuterios empregados
para a seleccedilatildeo dos dicionaacuterios consultados Neste capiacutetulo baseando-nos em Murakawa
(2010) faremos um breve relato do Banco de Dados do Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do
Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI XVII XVIII base de dados usada como consulta neste
trabalho
No capiacutetulo IV intitulado Apresentaccedilatildeo e descriccedilatildeo dos dados apresentaremos
o nosso corpus referente agrave terminologia naacuteutica coletado na obra Diccionario da Lingua
Brasileira de Luiz Maria da Silva Pinto Os dados retirados do corpus seratildeo apresentados na
forma de fichas lexicograacuteficas contendo a) a transcriccedilatildeo do verbete selecionado b) registros
em dicionaacuterios c) abonaccedilatildeo do termo em Banco de Dados d) comentaacuterios e) origens Essas
informaccedilotildees serviratildeo de subsiacutedio para nossa anaacutelise linguiacutestica
No capiacutetulo V designado como Anaacutelise e discussatildeo dos resultados
apresentaremos anaacutelises quantitativas e discussatildeo de resultados
No capiacutetulo VI abordaremos algumas Consideraccedilotildees finais sobre nossa
pesquisa quando seratildeo relembrados nossos objetivos e as conclusotildees decorrentes das anaacutelises
propostas
16
Capiacutetulo 1
17
Capiacutetulo 1 ndash O Leacutexico em foco
Segundo Biderman (1998 p 11) o leacutexico de uma liacutengua constitui uma forma de
registrar o conhecimento do universo Atraveacutes de um processo criativo de organizaccedilatildeo o
homem rotula seres e objetos e os classifica simultaneamente identificando semelhanccedilas e
distinguindo traccedilos estruturando o mundo que o cerca Assim se processa a geraccedilatildeo do leacutexico
ou seja atraveacutes de atos sucessivos de cogniccedilatildeo da realidade e de categorizaccedilatildeo da
experiecircncia cristalizada em signos linguiacutesticos as palavras
Em vista disso o leacutexico que integra uma liacutengua conserva uma estreita relaccedilatildeo com
a histoacuteria soacutecio-cultural de uma comunidade jaacute que sintetiza a sua maneira de ver o mundo
recortando realidades e tambeacutem fatos de cultura Evidencia-se portanto como um espaccedilo de
produccedilatildeo de significaccedilatildeo articulado pelos elementos de ordem focircnica morfoloacutegica semacircntica
e gramatical como atesta Lepschy (1984 p 156) Todo o funcionamento da liacutengua em seus
vaacuterios niacuteveis parece constar de sistemas que giram agrave volta da palavra
Contemporaneamente em trecircs grandes aacutereas se divide o estudo da palavra ou o
estudo do leacutexico a Lexicologia a Lexicografia e a Terminologia De acordo com Biderman
(1998 p 7-8)
Embora complementares entre si essas aacutereas possuem objeto de estudo
metodologia e pressupostos teoacutericos distintos Enquanto a primeira ocupa-se dos
problemas teoacutericos que embasam o estudo do leacutexico a segunda estaacute voltada para as
teacutecnicas de elaboraccedilatildeo dos dicionaacuterios para o estudo da descriccedilatildeo da liacutengua feita
pelas obras lexicograacuteficas Jaacute a terceira aacuterea tem como objeto de estudo o termo a
palavra especializada os conceitos proacuteprios de diferentes aacutereas de especialidades
O notoacuterio desenvolvimento que se vem observando nessas duas uacuteltimas deacutecadas
nas aacutereas de lexicologia lexicografia e terminologia tem evidenciado a importacircncia das
pesquisas que estatildeo sendo empreendidas nesse campo bem como suscitado reflexotildees a
respeito de seus campos de atuaccedilatildeo
11 Lexicologia
A Lexicologia eacute consensualmente definida como o estudo cientiacutefico do leacutexico em
suas relaccedilotildees linguiacutesticas pragmaacuteticas discursivas histoacutericas e culturais conforme afirma
Finatto (2004 p44) Essa ciecircncia estaacute intimamente relacionada agrave complexidade bem como agrave
multiplicidade de facetas e abordagens que a palavra encerra e permite Por isso configura-se
como um campo de conhecimento de caraacuteter transdisciplinar dado que a palavra eacute um lugar de
encontro e interesse particular de muitas ciecircncias embora tenha sido na ciecircncia linguiacutestica
que essa aacuterea se estabeleceu
18
Haensch (1982 p 91) mostra que essa disciplina cientiacutefica inscrita na aacuterea da
linguiacutestica pode ser concebida de diversas maneiras por diversos autores desse modo
segundo ele torna-se legiacutetimo ser fiel a uma definiccedilatildeo ao tratar do objeto de estudo
Entretanto entre essas diversas definiccedilotildees existem pontos em comum jaacute que se define sempre
como leacutexicolsquo um conjunto de significantes verbais ou de signos (na concepccedilatildeo bilateral de
signo)1 Haensch (1982 p 92-93) chama de lexicologia a descriccedilatildeo do leacutexico que se ocupa
das estruturas e regularidades dentro da totalidade do leacutexico de um sistema individual ou de
um sistema coletivo2
Assim definida a lexicologia pode ter seu enfoque tanto a partir do leacutexico total de
um sistema individual quanto no leacutexico de um sistema coletivo examinando em ambos os
casos as estruturas e as regularidades que podem neles se encontrar
Nessa aacuterea conhecida como Lexicologia estrutural desenvolveram-se estudos
correlacionando leacutexico e sociedade Enquadram-se aqui as pesquisas desenvolvidas por
George Matoreacute (1953) inscritas na obra La meacutethode en lexicologie Para Matoreacute (1953 p37)
a palavra analisa e objetiva o pensamento individual assumindo um valor coletivo haacute uma
socialidade proacutepria da liacutengua A partir dessa obra os linguistas passam a considerar os
aspectos sociais no estudo do leacutexico o que fez com que a Lexicologia comeccedilasse a ser vista
como uma disciplina de caraacuteter socioloacutegico Defendia esse linguista como princiacutepio teoacuterico
que o leacutexico eacute testemunha de uma sociedade de uma eacutepoca seus elementos satildeo palavras-
testemunhas ndash mots teacutemoins elementos particularmente importantes em funccedilatildeo dos quais a
estrutura lexicoloacutegica se hierarquiza e se coordena3 (traduccedilatildeo nossa) Em sua abordagem
social da Lexicologia Matoreacute (1953) informa que
ao constatar a impossibilidade de dissociar na linguagem a forma do conteuacutedo a
Lexicologia se fundamentara natildeo sobre formas isoladas mas sobre conjuntos de
noccedilotildees a estrutura e as relaccedilotildees sendo explicadas pelos fatos sociais dos quais os
fatos do vocabulaacuterio satildeo ao mesmo tempo o reflexo e a condiccedilatildeo4 (TN)
1 [] se define siempre como bdquoleacutexico‟ um conjunto de significantes verbales o de signos (em la concepcioacuten
bilateral de signo) 2 [] a la descripcioacuten del leacutexico que se ocupa de latildes estructuras y regularidades dentro de la totalidad del leacutexico
de um sistema individual o de um sistema coectivo 3 [] des eacuteleacutements particuliegraverement importants em fonction desquels la structure lexicologique se hieacuterarchise et
se coordonne Nous proposons pour deacutesigner ces eacuteleacutements caracteacuteristiques l‟expression de mots-teacutemoins
(Matoreacute 1953 65) 4 [] constatant l‟impossibiliteacute de dissocier dans le langage la forme du contenu la lexicologie se fondera non
pas sur des formes isoleacutees mais sur des ensembles de notions la structure et les relation eacutetant espliqueacutees par les
faits sociaux dont les faits de vocabulaire sont agrave la fois le reflet et la condition (MATORE 1953 p 94)
19
Corroborando a afirmaccedilatildeo assumida por Matoreacute Biderman (1981 p 132)
acrescenta que
eacute pela palavra (pela nomeaccedilatildeo) que o homem exerce a sua capacidade de abstrair e de
generalizar o individual o subjetivo A palavra cristaliza o conceito resultante dessa
operaccedilatildeo mental possibilitando a sua transmissatildeo agraves geraccedilotildees seguintes
Sobre os limites e o alcance da Lexicologia muito se tem discutido Pergunta-se
i) quais deveriam ser os limites dessa disciplina cientiacutefica ii) quais as causas dos inuacutemeros
desencontros no que se refere agrave natureza da Lexicologia Satildeo questotildees bastante pertinentes
pois sendo o leacutexico o uacutenico domiacutenio da liacutengua que constitui um sistema aberto diversamente
dos demais que constituem sistema fechados (fonologia morfologia e sintaxe) eacute
reconhecidamente o niacutevel da liacutengua mais resistente agrave sistematizaccedilatildeo tendo em vista seu
caraacuteter dinacircmico
111 Leacutexico
Estudar o leacutexico de uma liacutengua eacute enveredar pela histoacuteria costumes haacutebitos de um
povo ou de uma sociedade Sem duacutevida as palavras podem ser consideradas como forte
elemento de coesatildeo social constituindo elos entre os indiviacuteduos dando-lhes consciecircncia de
que pertencem a uma comunidade (tambeacutem linguiacutestica)
Conforme afirmam Mussalim e Bentes ( 2001 p 21-47)
A relaccedilatildeo leacutexico e sociedade eacute mais profunda do que se imagina A proacutepria liacutengua
como sistema acompanha de perto a evoluccedilatildeo da sociedade e reflete de certo modo
os padrotildees de comportamento que variam em funccedilatildeo do tempo e do espaccedilo
Inversamente pode-se supor que certas atitudes sociais ou manifestaccedilotildees do
pensamento sejam influenciadas pelas caracteriacutesticas que a liacutengua da comunidade
apresenta
Um dos estudos mais antigos sobre o leacutexico remonta a Panini ao seacuteculo IV aC
na Iacutendia Em sua gramaacutetica Panini estudou o sacircnscrito e definiu elementos significativos
dessa liacutengua
No Ocidente devemos aos gregos as primeiras reflexotildees conhecidas sobre o
leacutexico Tivemos tambeacutem a contribuiccedilatildeo dos latinos Esses desenvolveram estudos
gramaticais mostrando a oposiccedilatildeo entre sistema (gramaacutetica da liacutengua) e norma (uso social
efetivo)
20
Do Renascimento ateacute o seacuteculo XVIII podemos dizer que o estudo do leacutexico se
desenvolveu basicamente em torno de dois eixos i) confecccedilatildeo de dicionaacuterios ii) estudo da
palavra numa perspectiva filosoacutefica
Com relaccedilatildeo aos primeiros apesar de existirem desde tempos remotos com as
antigas listas lexicais como ideogramas chineses lista de palavras aparentadas ou ainda
listas de palavras biliacutengues ndash as listas mais conhecidas satildeo o Appendix Probi (anocircnimo) o
glossaacuterio de Reicheneau (seacuteculo VII) o glossaacuterio de Caacutessel (seacuteculo IX) ndash foi no seacuteculo XVI
no Ocidente que sistematicamente se iniciam os estudos de descriccedilatildeo ordenada do leacutexico
Isso se daacute com a invenccedilatildeo da imprensa quando surgiram os dicionaacuterios monoliacutengues e
pluriliacutengues
Os estudos filosoacuteficos por sua vez acabaram por influenciar o pensamento dos
gramaacuteticos da eacutepoca que procuravam definir os fatores constitutivos da linguagem e das
liacutenguas
No seacuteculo XIX haacute mudanccedilas no foco de estudo da Lexicologia a palavra passa a
ser vista como uma forma cuja natureza foneacutetica e fonoloacutegica deveria ser observada Os
estudiosos da eacutepoca deixam de se preocupar com a relaccedilatildeo pensamento e palavra e o interesse
passa a ser a comparaccedilatildeo das formas linguiacutesticas marca predominantemente deste seacuteculo
Surge o meacutetodo da Gramaacutetica Comparada lanccedilado por Franz Bopp enquanto aumentam o
interesse pelos textos medievais despertados na eacutepoca do Romantismo
Nos finais desse seacuteculo com a marca triunfal da Geografia Linguiacutestica e
consequentemente o florescimento da Onomasiologia o interesse linguiacutestico passa pouco a
pouco da investigaccedilatildeo foneacutetica para o estudo dos problemas lexicais No VII Congresso
Internacional de Linguiacutestica em 1952 na cidade de Londres os conceitos linguiacutesticos gerais
satildeo elaborados sobre uma base fenomenoloacutegica significando um sistema de referecircncias
extralinguiacutestico Ateacute entatildeo os dicionaacuterios satildeo sistematizados sem relacionarem as definiccedilotildees
com os sinocircnimos existentes
A partir da deacutecada de 50 com a obra La meacutethode em lexicologie de Georges
Matoreacute (1953) seguindo a linha estruturalista os linguistas passam a considerar os aspectos
sociais no estudo do leacutexico enfocando a palavra natildeo como um objeto isolado mas como parte
de uma estrutura social responsaacutevel por nomear e exprimir o universo de uma sociedade
Postura que ateacute hoje encontra-se bastante recorrente nos estudos sobre a palavra conforme
mostra o dizer de Seabra (2006 p 7)
21
[] o leacutexico encontra-se arraigado na histoacuteria tradiccedilatildeo e costumes de um povo
estando por isso em constante processo de expansatildeo alteraccedilatildeo e contraccedilatildeo Devido
a essas caracteriacutesticas eacute considerado o subsistema mais dinacircmico da liacutengua
Podemos dizer que a histoacuteria da formaccedilatildeo do leacutexico natildeo corresponde a um
processo linear continuado Ela decorre de vaacuterios estados de produccedilatildeo do saber linguiacutestico e
das transformaccedilotildees sofridas pelas unidades lexicais ao longo dos processos histoacutericos as
palavras se submetem a bloqueios desvios apagamentos deslocamentos enquanto
constroem redes de memoacuteria e filiaccedilotildees soacutecio-histoacutericas Sem duacutevida alguma o movimento
de uma cultura leva ao movimento de palavras Essa eacute a maneira como a liacutengua se ajusta agrave
evoluccedilatildeo da sociedade
Biderman (1978 139) ao tratar de questotildees inerentes agrave relaccedilatildeo leacutexico e
sociedade argumenta que o universo semacircntico se estrutura em torno de dois polos opostos
o indiviacuteduo e a sociedade Dessa tensatildeo em movimento se origina o leacutexico De acordo com
essa linguista podemos ver o leacutexico como
o patrimocircnio social da comunidade por excelecircncia juntamente com outros
siacutembolos da heranccedila cultural Dentro desse acircngulo de visatildeo esse tesouro leacutexico eacute
transmitido de geraccedilatildeo para geraccedilatildeo como signos operacionais por meio dos quais
os indiviacuteduos de cada geraccedilatildeo podem pensar e exprimir seus sentimentos e ideias5
Atraveacutes do universo vocabular a liacutengua reflete a cultura da sociedade servindo de
meio de expressatildeo e interaccedilatildeo social para mundo que a cerca por isso o leacutexico se expande se
altera e agraves vezes se contrai Sobre essa questatildeo Biderman (2001 p 179) assim se
manifesta
As mudanccedilas sociais e culturais acarretam alteraccedilotildees nos usos vocabulares daiacute
resulta que unidades ou setores completos do Leacutexico podem ser marginalizados
entrar em desuso e vir a desaparecer Inversamente poreacutem podem ser ressuscitados
termos que voltam agrave circulaccedilatildeo geralmente com novas conotaccedilotildees Enfim novos
vocaacutebulos ou novas significaccedilotildees de vocaacutebulos jaacute existentes surgem para
enriquecer o Leacutexico
O leacutexico classifica de maneira uacutenica as experiecircncias humanas de uma cultura natildeo
apresentando deste modo apenas um conjunto de palavras mas uma espeacutecie de ponte entre
os falantes de uma liacutengua em suas condiccedilotildees reais de uso A criatividade lexical dos falantes
possibilita que eles criem e recriem de acordo com suas necessidades sociointeracionais
Guilbert6 ressalta que o leacutexico ao contraacuterio da gramaacutetica sofre transformaccedilotildees
muito mais raacutepidas visto que natildeo se constitui de natureza puramente linguiacutestica Para ele o
5 BIDERMAN 1981 p 132
6 GUILBERT 1992 p 30
22
leacutexico participa da estrutura linguiacutestica da liacutengua e tambeacutem espelha nessa liacutengua as
diversidades sociais e culturais
Predominantemente de origem latina a histoacuteria do leacutexico portuguecircs reflete
tambeacutem a histoacuteria da liacutengua portuguesa e os contatos de seus falantes com as mais
diversificadas realidades linguiacutesticas
1111 Leacutexico e Referecircncia
Caracteriza-se a liacutengua para Saussure como um produto social da faculdade da
linguagem isto eacute a liacutengua eacute um fato social no sentido de que eacute um sistema convencional
adquirido pelos indiviacuteduos no conviacutevio social Esse grande mestre da linguiacutestica estruturalista
concebe a liacutengua como um sistema de signos que por si soacute datildeo conta da significaccedilatildeo No
capiacutetulo ldquoImutabilidade e mutabilidade do signordquo da obra Cours Saussure afirma que a
comunidade linguiacutestica impotildee ao falante um significante e que o ldquosigno linguiacutestico escapa agrave
nossa vontaderdquo isto eacute seja qual for o momento histoacuterico em que focalizarmos o idioma a
liacutengua evidencia-se sempre como uma heranccedila de eacutepocas anteriores Ao conceituar o que eacute
signo ele deixa marcada a distinccedilatildeo entre entidades psiacutequicas (que constituiriam o signo) e
fiacutesicas (que lhe seriam estranhas)
Os termos implicados no signo linguiacutestico satildeo ambos psiacutequicos e estatildeo unidos em
nosso ceacuterebro por um viacutenculo de associaccedilatildeo [] O signo linguiacutestico une natildeo uma
coisa e um palavra mas um conceito e uma imagem acuacutestica Esta natildeo eacute o som
material coisa puramente fiacutesica mas a impressatildeo psiacutequica desse som a
representaccedilatildeo que dele nos daacute o testemunho de nossos sentidos [] O signo
linguiacutestico eacute pois uma entidade psiacutequica de duas faces [] Esses dois elementos
estatildeo intimamente unidos e um reclama o outro (SAUSSURE 1970 p 79-80)
Essa dicotomia saussuriana (significadosignificante) usada para distinguir as
duas faces psiacutequicas e indissociaacuteveis do signo linguiacutestico desde entatildeo foi analisada na
literatura linguiacutestica resultando na expansatildeo e substituiccedilatildeo pela forma triaacutedica formulada por
Charles K Ogden e Ivor A Richards
A figura triangular de Ogden e Richards (1956) ganhou respeito entre os
estudiosos por representar em um de seus veacutertices a figura do referente isto eacute da ldquocoisardquo
extralinguiacutestica que os autores distinguiam claramente de referecircncia (o conceito o
significado) e de signo (o nome a palavra o significante) Esse triacircngulo foi reaplicado por
Lyons (1977 p 85) sendo a partir dessa eacutepoca bastante utilizado em estudos lexicoloacutegicos e
semacircnticos A relaccedilatildeo triaacutedica sugerida pelos autores citados pode ser assim representada
23
FIGURA 1 Relaccedilatildeo triaacutedica7
As linhas que ligam o nome ao sentido e este uacuteltimo ao referente satildeo contiacutenuas
representando relaccedilotildees diretas Jaacute a linha pontilhada ligando o nome ao referente indica uma
relaccedilatildeo indireta que deve necessariamente ser mediada pelo sentido ou seja a identificaccedilatildeo
do referente passa pelo sentido do nome Cabe salientar que a presenccedila do referente foi
durante muito tempo ignorada pelos linguistas que se ocuparam fundamentalmente da
gramaacutetica e de questotildees sintaacuteticas Contudo o chamado ldquotriacircngulo da significaccedilatildeordquo reavivou
o interesse de inuacutemeros teoacutericos
A reformulaccedilatildeo do triacircngulo de Ogden e Richards (1956) adaptado por Biderman
(1998 p 116) busca ilustrar a dimensatildeo linguiacutestica da palavra ou seja evidenciando
justamente o lado direito do triacircngulo o lado em que se coloca o referente jaacute como uma
transformaccedilatildeo da realidade como parte integrante do signo linguiacutestico
7 Haacute discordacircncia entre vaacuterios autores quanto aos termos utilizados e tambeacutem quanto agraves definiccedilotildees para cada
termo Entretanto natildeo eacute objetivo deste trabalho entrar nessa questatildeo
24
FIGURA 2 Triacircngulo de Ogden e Richards adaptado por Biderman
Nesse quadro teoacuterico visto como modelo e modelador de cultura o estudo sobre
o leacutexico permite compreender conceitos e ocorrecircncias da vida cotidiana Eacute importante
ressaltar que agrave realidade (parte acrescentada por Biderman) diz respeito o ambiente e
tambeacutem a cultura herdada A transmissatildeo do repertoacuterio lexical de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo atraveacutes
da educaccedilatildeo informal e formal exerce papel importante na categorizaccedilatildeoconceptualizaccedilatildeo do
universo ao fornecer ao indiviacuteduo um estoque de nomes jaacute codificados nessa cultura
conforme bem mostra Biderman (1998 p 104)
Eacute preciso lembrar ainda que o vocabulaacuterio natildeo eacute criado (ou recriado) pelo indiviacuteduo
mas que ele eacute adquirido atraveacutes do processo social da educaccedilatildeo De fato atraveacutes do
processo de educaccedilatildeo social o homem adquire tanto a liacutengua da sua comunidade
como o seu vocabulaacuterio Nessa aprendizagem o falante-aprendiz recebe da sociedade
um produto acabado ndash a liacutengua ndash que vem a ser o produto da experiecircncia acumulada
historicamente na cultura da sua sociedade Essa cristalizaccedilatildeo da experiecircncia social
tanto cultural como linguiacutestica eacute o ponto de partida e o fundamento tanto do
pensamento como da linguagem individual
Liacutengua e cultura formam pois um todo indissociaacutevel que natildeo eacute ensinado em
nenhum lugar especial mas adquirido ao sabor dos acontecimentos cotidianos e o
vocabulaacuterio siacutembolo verbal da cultura perpetua a heranccedila cultural atraveacutes dos signos
verbais8
8 BIDERMAN 1998 p5
25
12 Lexicografia
As ciecircncias da linguagem constituiacutedas pelo saber linguiacutestico resultam do
aparecimento da escrita 3000 aC Segundo Nunes (1996 p 34) o advento da escrita
constitui a primeira grande revoluccedilatildeo tecnoloacutegica dessas ciecircncias A segunda revoluccedilatildeo seria
a da ldquogramatizaccedilatildeordquo isto eacute o processo pelo qual se descreve e se instrumenta uma liacutengua
atraveacutes de duas tecnologias9 ndash a gramaacutetica e o dicionaacuterio
Objeto de nossa pesquisa a palavra bdquodicionaacuterio‟ segundo Cunha (2007 p 263)
tem sua origem provavelmente do francecircs dictionnaire derivado do latim medieval
dictiōnārĭum de dictĭo-ōnis ou seja livro de dictiones ldquolivro de expressotildees e palavrasrdquo O
dicionaacuterio eacute visto geralmente como um objeto de consulta que apresenta os significados das
palavras com a certitude do saber de um especialista e eventualmente desse modo como uma
obra de referecircncia agrave disposiccedilatildeo dos leitores nos momentos de duacutevida e de desejo de saber
Se entendermos que todo o conhecimento humano estaacute condensado em palavras
entenderemos que essa necessidade de estruturaccedilatildeo do leacutexico eacute algo inerente ao espiacuterito ou
ceacuterebro humano que diante de um novo ser ou fato vecirc-se compelido a processar o novo a
partir daquilo que jaacute sabe ou conhece Nesse processo de categorizaccedilatildeo percepccedilatildeo e
comparaccedilatildeo do novo com referentes similares eacute que se daacute a nomeaccedilatildeo ndash o homem identifica
as propriedades distintivas e caracteriacutesticas do referente para nomeaacute-lo E na medida em que o
denomina sente tambeacutem que o domina Uma vez designado o referente passa a integrar ao
menos parcialmente o conjunto de nossos domiacutenios cognitivos possibilitando sua
apropriaccedilatildeo e transmissatildeo agraves geraccedilotildees seguintes
Por consistir nesse espaccedilo imaginaacuterio de certitude sustentado pela acumulaccedilatildeo e
pela repeticcedilatildeo o dicionaacuterio constitui um rico material para anaacutelise dos modos de dizer de uma
sociedade Nele as significaccedilotildees natildeo satildeo aquelas que se singularizam em um texto tomado
isoladamente mas sim as que se sedimentam e que se apresentam traccedilos significativos de uma
eacutepoca
De acordo com Krieger (2006 p 173-187)
o dicionaacuterio de liacutengua ndash a mais prototiacutepica das obras lexicograacuteficas ndash constitui-se no
uacutenico lugar que reuacutene de modo sistemaacutetico o conjunto dos itens lexicais criados e
utilizados por uma comunidade linguiacutestica permitindo que ela reconheccedila-se a
si mesma em sua histoacuteria e em sua cultura Aleacutem de se constituir em espelho da
memoacuteria social da liacutengua o dicionaacuterio desempenha o papel de legitimar o leacutexico
9 Entende-se neste texto tecnologia como conjunto de teacutecnicas especiacuteficas de determinado domiacutenio
26
E como tal alcanccedila o estatuto de um coacutedigo normativo que define paracircmetros
orientadores dos usos lexicais Converte-se portanto no testemunho por excelecircncia da
constituiccedilatildeo histoacuterica do leacutexico de um idioma bem como da identidade linguiacutestico-cultural de
comunidades Nessa medida atribui coesatildeo agraves sociedades e projeccedilatildeo agraves suas culturas10
121 Dicionaacuterio
Como disciplina linguiacutestica a Lexicografia contemporacircnea divide-se em duas
grandes aacutereas Lexicografia praacutetica e Lexicografia teoacuterica A primeira se ocupa da descriccedilatildeo
do leacutexico e tem como um de seus principais objetivos produzir obras de referecircncia como
dicionaacuterios vocabulaacuterios e glossaacuterios Jaacute a Lexicografia teoacuterica ou Metalexicografia dedica-
se a todas as questotildees ligadas aos dicionaacuterios como histoacuteria problemas de elaboraccedilatildeo
anaacutelise uso
Os dicionaacuterios podem registrar uma parcela maior ou menor do leacutexico total de
uma liacutengua ou podem se restringir a um determinado tema ou ainda se referir a uma
determinada regiatildeo ndash satildeo os dicionaacuterios regionais Podem se dedicar aos fraseologismos
(expressotildees idiomaacuteticas proveacuterbios etc) agrave liacutengua escrita agrave giacuteria agrave liacutengua falada Podem ser
descritivos registrando como os itens lexicais satildeo usados na realidade ou prescritivos ndash
determinando de que maneira palavras e expressotildees deveriam ser empregadas ou criticando
seu uso Podem ser monoliacutengues (uma soacute liacutengua) biliacutengues (duas liacutenguas) triliacutengues (trecircs
liacutenguas) ou multiliacutengues
Como trazem sempre informaccedilotildees que interessam ao consulente Biderman (1998
p 15) assinala a importacircncia do dicionaacuterio de liacutengua como porta-voz da norma lexical
corrente na sociedade jaacute que esses manuais fazem uma descriccedilatildeo do vocabulaacuterio da liacutengua em
questatildeo buscando registrar e definir os signos lexicais que referem os conceitos elaborados e
cristalizados na cultura Eacute fato que essas obras exercem desde eacutepocas antigas funccedilotildees
normativas e informativas na sociedade
Aleacutem de estabilizar conceitos o dicionaacuterio normativiza a liacutengua no que concerne agrave
ortografia e agraves variaccedilotildees morfossintaacuteticas Ele tambeacutem informa sentidos vocabulares
operados no seio de uma dada comunidade num dado periacuteodo de tempo ndash comporta portanto
a memoacuteria das sociedades de diferentes eacutepocas
10
LARA citado por KRIEGER 2006 p173-187
27
1211 Os dicionaacuterios na eacutepoca do Brasil Colocircnia
O saber lexicograacutefico se inicia no Brasil com os primeiros escritos sobre o paiacutes
Nesse sentido surge juntamente com a etnografia (conhecimento de povos indiacutegenas) a
economia (mercantilismo) e a geopoliacutetica (expansatildeo territorial das naccedilotildees europeias) Os
relatos de viajantes colonos e missionaacuterios estatildeo pontuados por citaccedilotildees de termos indiacutegenas
de modo que eacute formada uma constelaccedilatildeo de comentaacuterios lexicais Os comentaacuterios dos
viajantes se direcionam para as coisas do Novo Mundo de maneira que a questatildeo da
referecircncia torna-se importante Ao descrever as novidades do paiacutes esses falantes colocam em
evidecircncia os referentes Fala-se de lugares animais plantas nunca vistos fala-se de coisas
natildeo idecircnticas mas semelhantes constata-se a existecircncia ou inexistecircncia de coisas Nessas
circunstacircncias a organizaccedilatildeo dos espaccedilos lexicais estaacute intimamente relacionada com a
geografia e a economia com os interesses de conquista e de comeacutercio
Biderman (2002 p 65) acrescenta ainda que nos primeiros seacuteculos da
colonizaccedilatildeo processa-se lentamente a aculturaccedilatildeo dos nativos por meio do idioma portuguecircs
quando os jesuiacutetas ensinavam os iacutendios a falar portuguecircs Contudo nesses primeiros seacuteculos a
liacutengua portuguesa encontrara em terras brasileiras um forte concorrente o Tupi uma liacutengua
franca empregada em grande parte do territoacuterio brasileiro Essa liacutengua geral falada em toda
costa brasileira ldquoera simples e de reduzido material morfoloacutegico natildeo possuiacutea declinaccedilatildeo nem
conjugaccedilatildeordquo (SILVA NETO 1976 p 50) Os jesuiacutetas usaram-na como instrumento de
evangelizaccedilatildeo dos indiacutegenas Portanto o contexto brasileiro nesse periacuteodo eacute marcado pela
descriccedilatildeo de liacutenguas indiacutegenas nos iniacutecios da colonizaccedilatildeo11
Quanto agrave gramatizaccedilatildeo afirma Horta (2002 p 72)
[] nesse periacuteodo atingiu apenas trecircs liacutenguas indiacutegenas o tupinambaacute (ou tupi) que
era falado na costa o kariri e o manau aleacutem das chamadas liacutenguas gerais Destacam-
se as gramaacuteticas do tupi de Anchieta (1595) e de Figueira (1621) e do kariri de
Mamiani (1699) bem como o Vocabulaacuterio na Liacutengua Brasiacutelica Este uacuteltimo deve ter
sido composto durante a segunda metade do seacuteculo XVI e no iniacutecio do XVII
11
Ateacuteo fim do seacuteculo XVIII tinham sido publicado as duas gramaacuteticas e dois catecismos em tupinambaacute aleacutem de
observaccedilotildees gramaticais textos e palavras dessa mesma liacutengua em obras francesas e uma gramaacutetica e dois
catecismos em kariri liacutengua do interior da Bahia e SergipeSomente isso Ineacuteditos que natildeo se perderam incluem
um dicionaacuterio e outros documentos do tupinambaacute e um catecismo na liacutengua amazocircnica manau aleacutem de muitos
documentos sobre a Liacutengua Geral Amazocircnica e um sobre a Liacutengua Paulista (ambas formas do tupi antigo
assumidas no uso dos mesticcedilos) Perderam-se entretanto muitos escritos certamente importantes como os
dicionaacuterios das liacutenguas Maromimim (ou Guarulho) e kariri e os catecismos em sete liacutenguas amazocircnicas feitos
pelo Pe Antocircnio VieiraEm resumo em trecircs seacuteculos da colonizaccedilatildeo do Brasil soacute nos ficaram documentos sobre
trecircs liacutenguas nativas tupinambaacute kariri e manau (RODRIGUES 1993 v 8 p86)
28
Contudo a decadecircncia da liacutengua geral comeccedilara a intensificar-se nos setecentos
por causa de maciccedila imigraccedilatildeo de portugueses para o Brasil atraiacutedos pela descoberta das
minas gerais e tambeacutem em decorrecircncia das determinaccedilotildees e ordens do Marquecircs de Pombal
para que na Colocircnia soacute se falasse a liacutengua portuguesa
Ao longo de sua histoacuteria conforme afirma Krieger12
o Brasil jamais contou com
uma poliacutetica linguiacutestica que levasse agrave valorizaccedilatildeo de alguma obra lexicograacutefica a despeito do
projeto da Academia Brasileira de Letras De toda forma os primeiros dicionaacuterios que por
diferentes razotildees e interesses passam a contemplar a realidade linguiacutestica do Brasil
desempenharam tambeacutem o papel de fixar a unidade e a pluralidade do portuguecircs aqui falado
A identificaccedilatildeo das estrateacutegias lexicograacuteficas de fixaccedilatildeo de nosso leacutexico contribui para a
histoacuteria da identidade do Portuguecircs Brasileiro tema em torno do qual muita polecircmica jaacute se
estabeleceu
Eacute importante explicitar que entendemos o processo de dicionarizaccedilatildeo como a
descriccedilatildeo e instrumentaccedilatildeo de uma liacutengua no dicionaacuterio Nunes (2006 p 43) salienta que
Considerar o dicionaacuterio como um instrumento linguiacutestico implica concebecirc-lo com
uma alteridade para o sujeito falante alteridade que se torna uma injunccedilatildeo no
processo de identificaccedilatildeo nacional educaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de conhecimentos
linguiacutesticos [] Assim o dicionaacuterio se apresenta como uma exterioridade para o
sujeito e interfere na relaccedilatildeo que ele entreteacutem com a liacutengua em determinadas
conjunturas
Ressalta Nunes (2002 p100) que a compreensatildeo da historicidade da
dicionarizaccedilatildeo traz elementos para abordar questotildees de eacutetica e de poliacutetica linguiacutestica levando-
se em conta o processo de produccedilatildeo dos dicionaacuterios com os diversos fatores soacutecio-histoacutericos
aiacute envolvidos
Como aparece um saber dicionariacutestico no Brasil Esta questatildeo suscita uma seacuterie
de apontamentos conforme um ou outro criteacuterio Se considerarmos a unidade da palavra
conforme Biderman (2005 p47) desde os primeiros relatos de viajantes temos um saber que
se volta para os termos empregados no Brasil sejam as nomeaccedilotildees em liacutengua portuguesa
desde Caminha (1500) sejam termos indiacutegenas traduzidos e comentados desde Pigafeta em
1519 como aponta Neiva (1940) Se considerarmos a forma acabada do dicionaacuterio os
biliacutengues portuguecircs-tupi foram os primeiros a aparecer na Eacutepoca Colonial (seacutec XVI-XVII)
Segundo Horta (2002 p72) o processo de dicionarizaccedilatildeo brasileiro pode ser
visualizado nas seguintes etapas i) transcriccedilatildeo alfabeacutetica de termos indiacutegenas ii) citaccedilotildees
12
Alfa Satildeo Paulo 50 (2) 173-187 2006
29
comentaacuterios traduccedilotildees de termos indiacutegenas diaacutelogos iii) listas temaacuteticas de palavras LI-LP
(Liacutengua Indiacutegena e Liacutengua Portuguesa) e LP-LI iv) dicionaacuterios biliacutengues LP-LI v)
dicionaacuterios biliacutengues LI-LP vi) dicionaacuterios monoliacutengues de LP no Brasil
12111 Dicionaacuterios Biliacutengues
Os jesuiacutetas desde sua chegada em 1549 no Brasil estabeleceram uma orientaccedilatildeo
para os estudos de liacutengua indiacutegena com fins catequeacuteticos da qual resultou a triacuteade gramaacutetica-
dicionaacuterio-doutrina Satildeo portanto os primeiros dicionaacuterios alfabeacuteticos brasileiros concebidos
por missionaacuterios obras biliacutengues (portuguecircs-indiacutegena)
O Vocabulaacuterio na Liacutengua Brasiacutelica (VLB) anocircnimo circulou pelas missotildees e
coleacutegios jesuiacutetas do Brasil na segunda metade do seacuteculo XVI e nos seacuteculos XVII e XVIII Satildeo
conhecidos vaacuterios manuscritos desse dicionaacuterio que natildeo foi publicado integralmente senatildeo
em 1938 por Pliacutenio Ayrosa Essa obra traz a representaccedilatildeo de uma unidade do espaccedilo
linguiacutestico brasileiro a chamada ldquoliacutengua brasiacutelicardquo a que Anchieta se refere tambeacutem como ldquoa
liacutengua mais falada na costa do Brasilrdquo e foi elaborado com o interesse praacutetico de ensinar aos
missionaacuterios a liacutengua indiacutegena a fim de converter os nativos
Outro dicionaacuterio bastante importante na eacutepoca colonial eacute o Dicionaacuterio Portuguecircs-
Brasiliano (DPB) publicado em Lisboa em 1795 O percurso que vai desde o manuscrito do
DPB ateacute sua ediccedilatildeo reflete a substituiccedilatildeo da praacutetica jesuiacutetica banida do paiacutes em 1759 pela
praacutetica editorial e de arquivo que vem marcar o final do seacuteculo XVII e iniacutecio do XVIII Esta
acentuaria com a chegada da imprensa ao Brasil e com a poliacutetica linguiacutestica promovida pelo
Impeacuterio
Outro momento de destaque na histoacuteria dos dicionaacuterios biliacutengues no Brasil foi o
aparecimento do primeiro dicionaacuterio (liacutengua indiacutegena-liacutengua portuguesa) Ainda na forma
manuscrita encontram-se dois dicionaacuterios o manuscrito do Dicionaacuterio Brasiliano-Portuguecircs
(DBP) de Frei Veloso e o manuscrito do Vocabulaacuterio na Liacutengua Geral (VLG- Poranduba) de
Frei Prazeres do Maranhatildeo(1826)
Alguns estudiosos brasileiros (Gonccedilalves Dias Ferreira Franccedila Prazeres do
Maranhatildeo) e estrangeiros (Martius Platzman) realizaram compilaccedilotildees de dicionaacuterios dos
jesuiacutetas no Brasil acrescentando ou suprimindo termos atualizando o corpo dos verbetes
introduzindo comentaacuterios gramaticais ou mesmo reduzindo os dicionaacuterios de caraacuteter
enciclopeacutedico a glossaacuterios termo a termo Podemos incluir dentre as obras produzidas nesse
contexto a Chrestomathia da Liacutengua Brasiacutelica de Ferreira Franccedila (Leipzig 1859) e o
30
Dicionaacuterio da liacutengua geral Brasiacutelica portuguecircs e alematildeo inserido na Glossaria Linguarum
Brasiliensium de Martius (1863)
12112 Dicionaacuterios Monoliacutengues
Publicado em Lisboa pela Typographia Lacerdina o primeiro dicionaacuterio
monoliacutengue do portuguecircs o Dicionaacuterio da Liacutengua Portuguesa datado de 1789 elaborado
pelo brasileiro Antocircnio de Moraes Silva constitui um marco na histoacuteria da lexicografia
brasileira A obra de Moraes preencheu o horizonte metalinguiacutestico ao longo dos seacuteculos XIX
e XX como um verdadeiro siacutembolo natildeo soacute da lexicografia mas da liacutengua em geral e da
cultura portuguesa
Moraes tomou por base o Vocabulaacuterio Portuguecircs e Latino de Raphael Bluteau e
resumiu os oito volumes daquele a apenas dois mantendo a orientaccedilatildeo de seu antecessor de
exaltar os grandes autores de liacutengua portuguesa A obra teve oito reediccedilotildees no seacuteculo XIX
(1813 1823 1831 1844 1858 18771878 1891 9a ed sd)
Na segunda ediccedilatildeo de 1813 Moraes acrescenta nos textos introdutoacuterios uma
gramaacutetica filosoacutefica aos moldes da Gramaacutetica de Port Royal o que mostra a filiaccedilatildeo agraves
concepccedilotildees racionalistas da eacutepoca
Em 1922 recebeu uma ediccedilatildeo comemorativa do centenaacuterio da Independecircncia no
Brasil a qual reproduz a segunda ediccedilatildeo de 1813 a primeira em que Moraes inclui seu nome
como autor Uma ediccedilatildeo ampliada foi publicada pela Editora Confluecircncia em 1949-59
organizada por Augusto Moreno Cardoso Juacutenior e Joseacute Pedro Machado
O Dicionaacuterio da Liacutengua Portuguesa ou o Dicionaacuterio de Moraes eacute considerado
pelos lexicoacutegrafos uma obra fundadora da lexicografia de liacutengua portuguesa servindo de base
para a confecccedilatildeo de outros dicionaacuterios em Portugal e no Brasil
Na eacutepoca do Brasil Colocircnia no que diz respeito aos dicionaacuterios monolingues
referentes agrave Liacutengua Portuguesa a partir do seacuteculo XVIII aleacutem do dicionaacuterio de Moraes
(1789) satildeo considerados representativos o Novo Dicionaacuterio da Liacutengua Portugueza (1855) de
Eduardo de Faria o Diccionario Manual Etymologico da Lingua Portugueza de Francisco
Adolfo Coelho e o Diccionario Contemporaneo da Liacutengua Portugueza de Francisco Caldas
Aulete publicado em 1881
Em se tratando de obras consideradas brasileiras os estudiosos apontam os
primeiros dicionaacuterios datados do seacuteculo XIX a saber o Diccionario Brazileiro para Servir de
Complemento aos Diccionarios de Lingua Portugueza (1853) de Costa Rubim o Diccionario
31
Brazileiro da Lingua Portugueza (1888) de Macedo Soares e o Diccionario de Vocabulos
Brazileiros (1889) de Beaurepaire-Rohan
Em todas essas trecircs obras citadas acima observam-se palavras tiacutepicas do Brasil
chamadas ldquobrasileirismosrdquo Essas obras contribuiacuteram para se questionar ldquoo caraacuteter normativo
do dicionaacuterio dando-lhe uma caracteriacutestica mais descritivardquo13
13 Terminologia
A Terminologia pode ser definida segundo Barros (2007 p 11) como o estudo
cientiacutefico dos termos usados nas liacutenguas de especialidade ou melhor empregados em
discursos e textos de aacutereas teacutecnicas cientiacuteficas e especializadas
O termo eacute entendido como ldquodesignaccedilatildeo por meio de uma unidade linguiacutestica de
um conceito definido em uma liacutengua de especialidaderdquo (ISO 1087 1990 p5) O termo eacute
portanto uma unidade lexical que designa um conceito de um domiacutenio de especialidade Eacute
tambeacutem chamado de unidade terminoloacutegica O conjunto de termos de uma aacuterea especializada
chama-se conjunto terminoloacutegico ou terminologia
O campo de pesquisa proacuteprio da Terminologia satildeo as chamadas liacutenguas de
especialidade entendidas como ldquosistemas de comunicaccedilatildeo oral ou escrita usados por uma
comunidade de especialistas de uma aacuterea particular do conhecimentordquo (PAVEL NOLET apud
BARROS 2007 p11)
Apesar de a Terminologia ser a mais contemporacircnea das ciecircncias do leacutexico o
reconhecimento formal de vocabulaacuterios especiacuteficos de determinadas aacutereas de conhecimento
especializado datam de mais de trecircs seacuteculos quando jaacute vinham com ldquomarcas de usordquo em
dicionaacuterios de liacutengua
Obra monoliacutengue o denominado dicionaacuterio geral de liacutengua consiste na referecircncia
primeira do fazer lexicograacutefico na diversificada tipologia de obras dicionariacutesticas Tal tipo de
dicionaacuterio registra o leacutexico geral de um idioma reunindo seu conjunto de palavras e locuccedilotildees
da forma mais abrangente possiacutevel Alguns desses dicionaacuterios incluem tambeacutem terminologias
em seus repertoacuterios entendendo que essas integram o componente lexical das liacutenguas Nessas
obras entende-se por terminologia o conjunto de palavras marcadas pela temaacutetica de uma
aacuterea de especialidade por exemplo a terminologia da fiacutesica quacircntica da medicina da
informaacutetica a terminologia juriacutedica ou a terminologia naacuteutica ndash essa uacuteltima nosso objeto de
estudo
13
DIAS BEZERRA 2006 p 30
32
Usamos a liacutengua comum no dia-a-dia mas usamos a linguagem especializada
quando falamos sobre uma aacuterea do conhecimento e empregamos palavras que dentro dessa
aacuterea tecircm um significado particular Assim sendo para noacutes neste objeto de estudo os termos
satildeo acima de tudo unidades lexicais que tecircm a particularidade de ocorrer em discursos
especializados assumindo neles significaccedilotildees especiacuteficas e podendo em consequecircncia
denominar conceitos cientiacuteficos eou teacutecnicos
14 O Diccionario da Lingua Brasileira de Luiz Maria da Silva Pinto
Sobre os primoacuterdios da lexicografia brasileira voltamos nossos olhares para
aquela que teria sido a primeira obra escrita editada e impressa no Brasil ndash o Diccionario da
Lingua Brasileira de Luiz Maria da Silva Pinto
FOTO 1 Diccionario da Lingua Brasileira
Fonte acervo pessoal
Praticamente desconhecida dos pesquisadores ateacute fins do seacuteculo XX por
iniciativa do professor Joatildeo Mendonccedila Teles ndash do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico Brasileiro
ndash essa obra foi reeditada em ediccedilatildeo fac-siacutemile com patrociacutenio da Caixa Econocircmica Federal
pela Sociedade Goiana de Cultura e pelo Centro de Cultura Goiana da Universidade Catoacutelica
de Goiaacutes do qual Teles era coordenador em 1996
33
FOTO 2 Detalhe da capa do Diccionario
Fonte acervo pessoal
Sabemos que a histoacuteria da imprensa no Brasil tem seu iniacutecio oficial em 1808 com
a chegada da famiacutelia real portuguesa Antes dessa eacutepoca toda atividade de imprensa -
publicaccedilatildeo de jornais livros ou panfletos ndash era proibida conforme Carta Reacutegia de 1706 que
mandava sequestrar e destruir qualquer modalidade de atividade tipograacutefica que fosse
encontrada como tambeacutem punir seus proprietaacuterios Mesmo assim em caraacuteter clandestino
algumas impressotildees foram realizadas em Minas dentre elas citamos o poema laudatoacuterio
escrito por Diogo Pereira Ribeiro de Vasconcelos intitulado Canto Encomiaacutestico publicado
por Padre Viegas14
Padre Viegas ou o Padre Joaquim Viegas de Menezes em funccedilatildeo dos
conhecimentos especializados que possuiacutea dirigiu em 1820 em Ouro Preto juntamente com
o artiacutefice portuguecircs Manuel Joseacute Barbosa Pimenta e Sal e alguns operaacuterios a construccedilatildeo da
primeira tipografia mineira a Tyipografia Patriacutecia assim denominada em referecircncia agrave paacutetria
Daacute-se nessa tipografia o iniacutecio da imprensa perioacutedica em Minas Gerais com a circulaccedilatildeo do
jornal Compilador Mineiro em 13 de outubro de 182315
encerrada em 9 de janeiro de 1824
Apenas trecircs dias apoacutes o seu desaparecimento surgiu impresso na mesma tipografia e com o
objetivo expresso de substituir o Compilador o perioacutedico A Abelha do Itaculumy (1824-
1825)
Ainda nesse periacuteodo em 8 de abril de 1822 o goiano que residia em Ouro Preto
o major Luiz Maria da Silva Pinto propotildee a iniciativa de um plano para a instalaccedilatildeo da
primeira tipografia oficial do Estado aleacutem da publicaccedilatildeo de uma folha como porta-voz dos
atos governamentais Esse major foi o principal impressor de Ouro Preto durante vaacuterios anos
14
SEABRA 2008 p 151 15
COSTA FILHO A Imprensa Mineira no Primeiro Reinado
34
tornando-se o administrador do estabelecimento real A graacutefica real estreia tipos e prelos com
a produccedilatildeo dos impressos avulsos do poder oficial da Capitania e das diversas reparticcedilotildees
puacuteblicas aleacutem de papeis de encomenda particular
Luiz Maria da Silva Pinto nasceu em Pilar de Goiaacutes em 15 de marccedilo de 1775 e
faleceu em 20 de dezembro de 1869 em Vila Rica hoje Ouro Preto aos 94 anos de idade Era
filho de Joseacute Pinto da Silva e de Joaquina Maria Zunega Iniciou seus estudos em Goiaacutes
completando-os em Ouro Preto cidade para onde se transferiu em companhia de sua matildee e
irmatilde Em Ouro Preto eacute crismado por Tomaacutes Antocircnio Gonzaga e sob a proteccedilatildeo de Frei
Domingos da Encarnaccedilatildeo Pontevel Silva Pinto avanccedila em seus estudos Foi secretaacuterio do
Palaacutecio do Governo nomeado por Visconde de Barbacena e mais tarde por promoccedilatildeo ao
cargo de oficial-mor e logo em seguida major Foi tambeacutem Deputado Provincial
Procurador Fiscal da Mesa de Rendas de Minas tendo sido nomeado vice-diretor geral da
Instituiccedilatildeo Segundo Teixeira de Freitas16
Silva Pinto pode ser considerado o pai da
estatiacutestica geral mineira uma vez que quando secretaacuterio da Proviacutencia promoveu um
inqueacuterito estatiacutestico-cronograacutefico em 23 de julho de1825 aleacutem de um levantamento por ele
organizado em 1854 por ordem do Presidente de Proviacutencia Francisco D Pereira de
Vasconcellos Freitas afirma que vaacuterios satildeo os documentos que demonstram esforccedilos
repetidos da administraccedilatildeo mineira em prol da estatiacutestica geral17
Entre suas obras destaca-se
ainda O Mapa Geodeacutesio de Minas Gerais editado em 1825 Silva Pinto foi ainda membro
do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico Brasileiro patrono da cadeira nuacutemero 29 da Academia de
Letras de Goiaacutes18
16
Diretor Geral de Informaccedilotildees Estatiacutesticas e Divulgaccedilatildeo do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo em 1931 17
FREITAS 1940 18
MAPA Disponiacutevel em lthttpacademiagoianadeletrasorgmembroluiz-maria-da-silva-pintogt Acesso em 1
abr 2011
35
FOTO 3 Casa de Silva Pinto em Ouro Preto19
Fonte acervo pessoal
FOTO 4 Localizaccedilatildeo da casa de Silva Pinto em Ouro Preto -
Vista de Vila Rica 1820 de Armand Julien Palliegravere
Fonte acervo pessoal
Sobre as impressotildees causadas pelo Diccionario da Lingua Brasileira no meio
intelectual e ainda sobre seu autor o goiano Luiz Maria da Silva Pinto destacamos as vozes
de
a) Joseacute Pedro Xavier da Veiga ndash nas Efemeacuterides Mineiras em data de 19 de setembro de
1869 Xavier da Veiga registra o oacutebito de Luiacutes Maria da Silva Pinto consagrando-lhe uma
19
Localizada na Rua Claacuteudio Manuel nordm 129 Centro Atualmente Repuacuteblica Maracangalha propriedade da
Escola de Farmaacutecia e Bioquiacutemica de Ouro Preto UFOP
36
paacutegina biograacutefica em que aponta os seus relevantissimos serviccedilos agrave administraccedilatildeo puacuteblica de
Minas Gerais desde a uacuteltima fase do govecircrno colonial e durante meio seacuteculo Dizendo-o
homem muito inteligente extraordinariamente trabalhador e dotado de espiacuterito de organizaccedilatildeo
e de pesquisa Xavier da Veiga (1897 p 47-52) afirmando nunca ter visto o dicionaacuterio
disserta
Tambeacutem durante muitos anos o major Luiacutes Maria da Silva Pinto possuiu e dirigiu
oficinas tipograacuteficas em Ouro Precircto editando nelas muitos livros alguns bem
volumosos e em tempos difiacuteceis para a imprensa no interior do paiacutes Entre os
aludidos livros figura um dicionaacuterio portuguecircs de sua proacutepria composiccedilatildeo ao qual
deu o tiacutetulo de Dicionaacuterio da liacutengua brasileira e cujos exemplares satildeo hoje
rariacutessimos
b) Affonso E de Taunay20
ndash na obra Inopia cientiacutefica e vocabular dos grandes dicionarios
portuguezes (1932 p 147) Taunay destaca
Quarenta annos apoacutes o apparecimento do Diccionario de Moraes novo tentame de
igual natureza ao do lexicographo fluminense se daria no Brasil muito embora delle
resultase obra de mediocre valor hoje quasi totalmente esquecido o Diccionario da
Lingua Brasileira Pela terceira vez creio apparecia o nosso patronymico nacional aacute
portada dos diccionarios da lingua Fizera Bluteau garbo de que o seu tambem
[seria] brasilico entre numerosos outros predicados E Moraes como bom brasileiro
timbrara em lembrar que o seu lexico recolhera milhares de palavras de sua terra
Mas Silva Pinto fora adiante redigira um diccionario da lingua brasileira
Infelizmente poreacutem natildeo lhe correspondeu a obra aacute altissonacircncia do programma
constante do patriotico titulo Deve ter sido composto por homem inteligente e lido
que se valeu natildeo ha duvida e muito dos trabalhos de Moraes mas nem por isto
deixou de levantar em homenagem aacute riqueza vocabular da liacutengua luso-brasileira ateacute
hoje tatildeo deficiente tatildeo mesquinhamente invetariada Eacute um tanto obscura a
biographia deste nosso segundo diccionarista Luiz Maria da Silva Pinto
c) Eduardo Frieiro ndash no artigo um velho dicionaacuterio impresso em Minas21
(1955) destacamos
as impressotildees de Frieiro
Acham-se vinculados aos primeiros tempos da Tipografia em Minas trecircs nomes que
natildeo podem ser esquecidos o do mineiro Padre Viegas de Meneses o do portuguecircs
Manuel Joseacute Barbosa Pimenta e Sal e o do goiano Luiacutes Maria da Silva Pinto []
Administrava a oficina provincial o major Luis Maria da Silva Pinto que durante
vaacuterias deacutecadas foi o principal impressor de Ouro Precircto jaacute como gerente do
estabelecimento oficial jaacute como editor particular proprietaacuterio da Tipografia de
Silva cuja marca tenho encontrado em diversas obras dadas a lume de 1827 a 1848
Algumas eram de autoria do operoso Silva Pinto que chegou mesmo a publicar um
Diccionario da lingua brasileira portaacutetil de 1132 paacuteginas para remediar a penuacuteria
de vocabulaacuterios ocorrente na Proviacutencia Era o Dicionaacuterio uma compilaccedilatildeo apressada
feita pelo proacuteprio impressor que tambeacutem editou para uso das escolas de primeiras
letras numerosos voluminhos dos quais posso citar os tiacutetulos de alguns que possuo
a saber Ortografia ou Arte de escrever (1829) Aritmeacutetica ou Arte de contar (1831)
Princiacutepios da Moral cristatilde (1846) e Gramaacutetica brasileira ou Arte de falar conforme
20
TAUNAY 1932 p182 21
FRIEIRO 1955 p390-397
37
as regras da Manuel Borges Carneiro (1847) Embora se intitulasse Dicionaacuterio da
liacutengua brasileira nada tinha que ver com a fala dos aboriacutegenes nem com os
particularismos da liacutengua corrente no Brasil Era um pequeno leacutexico da liacutengua
portuguecircsa com alguns escassos brasileirismos colhidos provagravevelmenle em Moraes
Silva O caso eacute que naquela eacutepoca achando-se os Brasileiros ainda na lua de mel da
independecircncia nacional o espiacuterito nativista entatildeo muito alvoroccedilado natildeo se
contentava unicamente com a autonomia poliacutetica almejava romper todos os laccedilos
que ainda nos atavam agrave repudiada Metroacutepole inclusive o liame infrangiacutevel da liacutengua
materna Como natildeo era possiacutevel fabricar uma com peccedilas totalmente novas
chamava-se brasileira agrave liacutengua que sem deixar de ser portuguesa eacute de qualquer
forma tambeacutem a nossa
d) L G ndash que assina a nota do recorte do jornal22
(sem data) abaixo apresentado
FOTO 5 Notiacutecia de jornal
Fonte acervo pessoal
e) Paulo Mario Beserra de Araujo ndash neste iniacutecio de seacuteculo XX quando a ciecircncia linguiacutestica se
volta para a anaacutelise de dicionaacuterios e as versotildees digitais de obras se encontram disponibilizadas
na internet Araujo (2009) realizou um ldquoensaio metalexicograacutefico analiacutetico comparativo e
criacuteticordquo do Diccionario de Silva Pinto publicado com o tiacutetulo Um diccionario sem auctor
versus hum auctorlsquo com diccionario Esse pesquisador buscando estudar o que motivou
Silva Pinto a delimitar a macroestrutura de seu dicionaacuterio (cf Araujo 2009 p 9-10) mostra
inuacutemeras semelhanccedilas da obra desse autor ndash o Diccionario da Lingua Brasileira com a obra
22
Recorte encontrado na contra-capa do volume do Diccionario do Museu da Inconfidecircncia em Ouro Preto
poreacutem natildeo haacute informaccedilotildees sobre a autoria
38
ldquosem autor declarado pelo editor impressor e livreiro Francisco Rollandrdquo23
denominada
Novo Diccionario da Liacutengua Portugueza ediccedilatildeo de 1806 ldquodisponiacutevel desde 23 de fevereiro
de 2007 no website booksgoogle obtida do original existente na Taylor Institution Library
da Oxford University Oxford Inglaterrardquo24
Apoacutes um cuidadoso estudo Arauacutejo conclui que a
ldquoanaacutelise comparativa efetuada permite constatar que a semelhanccedila entre as duas obras estaacute
aleacutem do que pode ser classificado como compilaccedilatildeordquo25
Apresentamos a seguir a folha de rosto do Diccicionario da Liacutengua Brasileira
FOTO 6 Diccionario da Lingua Brasileira (1832) Fonte acervo pessoal
Diferentemente de seu colega editor responsaacutevel pela obra similar portuguesa
Silva Pinto assina a obra brasileira Com esse comportamento o consulente entende que cabe
a ele aleacutem da ediccedilatildeo a autoria do dicionaacuterio Entretanto no proacutelogo apresentado esse autor
se coloca como impressor natildeo como autor ndash ldquome suggerio o projecto de imprimir este
auxiliante da Grammatica e da Orthographiardquo deixa claro tambeacutem que a obra ao ser editada
jaacute contava com um nuacutemero de leitores ou ldquoassignantesrdquo mais do que suficientes para sua
confecccedilatildeo Isso nos leva a refletir que Silva Pinto realizou um trabalho de ediccedilatildeo de uma obra
portuguesa de faacutecil manuseio visando atender aos brasileiros Salientamos que apesar do
23
ARAUJO 2009 p 13 24
Ibidem p 10 25
Ibidem p 78
39
tiacutetulo se referir agrave variante do portuguecircs brasileiro esse dicionaacuterio tem um caraacuteter normativo
ateacute mesmo preconceituoso conforme podemos inferir no trecho do proacutelogo em que
destacamos a preocupaccedilatildeo do autor em mostrar que no nosso leacutexico havia palavras da liacutengua
portuguesa e natildeo somente dlsquoaquellas que proferem os Iacutendios Posiccedilatildeo conservadora sem
duacutevida
FOTO 7 Prologo do Diccionario da Lingua Brasileira
Fonte acervo pessoal
Mais do que descrever o leacutexico brasileiro dos primeiros anos dos oitocentos com
certeza o Diccionario da Lingua Brasileira do goiano Luiz Maria da Silva Pinto tinha como
objetivo ser prescritivista conduta bastante comum nessa eacutepoca
Publicado dez anos depois da Independecircncia do Brasil o dicionaacuterio nesse
contexto constitui-se como um instrumento de divulgaccedilatildeo da nova naccedilatildeo e da posiccedilatildeo
poliacutetica de seu editor diante dos acontecimentos histoacutericos Como homem respeitado na
sociedade local em um periacuteodo em que o Brasil acabava de ser tornar independente de
Portugal Silva Pinto se preocupava com os rumos que a liacutengua portuguesa poderia tomar e
40
como editor colocou-se como ldquoprotetorrdquo do portuguecircs lusitano ldquobem faladordquo em terras
brasileiras
A imagem que apresentamos a seguir destaca a paacutegina do dicionaacuterio que trata
das abreviaturas da obra com a inserccedilatildeo de vaacuterias terminologias dentre elas a terminologia
naacuteutica objeto de anaacutelise desta Pesquisa
IMAGEM 1 Lista de abreviaturas proposta pelo Diccionario da Lingua Brasileira
Dada a estreita relaccedilatildeo entre cultura e leacutexico abordaremos no proacuteximo capiacutetulo as
grandes navegaccedilotildees destacando a navegaccedilatildeo portuguesa em terras brasileiras
41
Capiacutetulo 2
42
Capiacutetulo 2 ndash Contextualizaccedilatildeo histoacuterica
21 As grandes navegaccedilotildees
A aventura mariacutetima portuguesa natildeo foi um marco isolado Ela se fez no contexto
de uma das maiores aventuras expansionistas empreendidas pelo homem e se tornou
conhecida como grandes navegaccedilotildees De costas para Castela e de frente para o mar a uacutenica
forma de Portugal expandir seus domiacutenios era enfrentar as aacuteguas desconhecidas
Desde 1385 com a ascensatildeo de D Joatildeo I ao trono apoacutes a Revoluccedilatildeo de Avis
antes de qualquer outro paiacutes europeu Portugal jaacute possuiacutea um Estado centralizado apoiado por
uma burguesia mercantil forte e disposta a investir na expansatildeo a fim de ampliar suas
possibilidades de lucros Construiacuteram caravelas principal meio de transporte mariacutetimo e
comercial do periacuteodo desenvolvidas com qualidade superior agraves de outras naccedilotildees Neste paiacutes
tambeacutem houve a preocupaccedilatildeo com os estudos naacuteuticos pois os portugueses chegaram a criar
ateacute mesmo um centro de estudos a Escola de Sagres Nesse centro o Infante Dom Henrique
filho do Rei Dom Joatildeo I reuniu numerosos pilotos cartoacutegrafos e astrocircnomos cujos trabalhos
favoreceram o avanccedilo da arte de navegar e impulsionaram a expansatildeo mariacutetima portuguesa A
partir daiacute com o aprimoramento da cartografia ndash em especial com o desenvolvimento das
cartas naacuteuticas ndash e com o avanccedilo das teacutecnicas de navegaccedilatildeo recorrendo ao que havia de mais
novo no campo cientiacutefico tais como a ampliaccedilatildeo dos conhecimentos sobre correntes
mariacutetimas o uso do astrolaacutebio e da buacutessola que permitia navegaccedilotildees mais seguras
privilegiando a situaccedilatildeo geograacutefica de seu paiacutes os portugueses partiram para as grandes
expediccedilotildees mariacutetimas
Entre os grandes obstaacuteculos vencidos para que fossem aleacutem do conhecido mar
Mediterracircneo estavam o medo e vaacuterias preacute-concepccedilotildees Foi necessaacuterio um longo processo de
mudanccedilas para que o povo europeu apostasse na teoria da esfericidade da Terra e se
ldquoconvencesserdquo de que havia alguma possibilidade de ir aleacutem das aacuteguas jaacute navegadas desde
muito tempo
Durante os seacuteculos XV e XVI os europeus principalmente portugueses e
espanhoacuteis lanccedilaram-se nos oceanos Paciacutefico Iacutendico e Atlacircntico com dois objetivos
principais descobrir uma nova rota mariacutetima para as Iacutendias e encontrar novas terras Este
periacuteodo ficou conhecido como a Era das Grandes Navegaccedilotildees e Descobrimentos Mariacutetimos
O iniacutecio da expansatildeo portuguesa deu-se em 1415 com a conquista da cidade de
Ceuta no norte da Aacutefrica na costa do atual Marrocos importante centro comercial da eacutepoca ndash
ponto de convergecircncia de caravanas de comerciantes aacuterabes Depois de Ceuta os portugueses
43
continuaram suas conquistas contornando a Aacutefrica em um trajeto conhecido como peacuteriplo
africano A expansatildeo portuguesa incluiu a ilha da Madeira os Accedilores Cabo Verde a
ultrapassagem do Cabo Bojador (grande obstaacuteculo para a continuaccedilatildeo da viagem e muito
temido pelos navegadores por causa das fortes ondas e dos nevoeiros comuns na regiatildeo)
Senegal e Serra Leoa
Durante o peacuteriplo africano os portugueses desenvolveram a caravela um tipo de
barco adaptado agrave navegaccedilatildeo em mar aberto e comeccedilaram a esboccedilar o audacioso plano de
contornar o sul da Aacutefrica e chegar agraves Iacutendias
MAPA 1 As grandes navegaccedilotildees26
A chegada dos portugueses ao litoral da Ameacuterica em 1500 foi portanto uma
consequecircncia da expansatildeo ultramarina anteriormente realizada em vaacuterios cantos do mundo
As grandes navegaccedilotildees transformaram Portugal em um impeacuterio respeitado em
toda agrave Europa o interesse despertado pelas viagens transoceacircnicas natildeo soacute permitiu a expansatildeo
dos conhecimentos naacuteuticos com o desenvolvimento da buacutessola do astrolaacutebio das
embarcaccedilotildees e de mapas rudimentares denominados portulanos mas tambeacutem por ser o
primeiro paiacutes europeu a iniciar a expansatildeo ultramarina teve seu comeacutercio ampliado dominou
povos e terras impocircs um sistema de colonizaccedilatildeo imprimindo aiacute sua soberania religiatildeo
cultura e liacutengua
26
NAVEGACcedilOtildeES Disponiacutevel em lthttpwwwgooglecombrsearchhl=ptgt Acesso em 1 Abr 2011
44
O desenvolvimento do comeacutercio europeu nos seacuteculos XV XVI e XVII
favorecido pelas praacuteticas mercantilistas das monarquias absolutistas foi tambeacutem chamado de
revoluccedilatildeo comercial A revoluccedilatildeo comercial caracterizou-se pela integraccedilatildeo da Ameacuterica
Aacutefrica e Aacutesia agrave economia europeia atraveacutes da navegaccedilatildeo pelo Oceano Atlacircntico pelo
aumento da circulaccedilatildeo de mercadorias e de moedas pela criaccedilatildeo de novos meacutetodos de
produccedilatildeo de manufaturas pela ampliaccedilatildeo dos bancos dos sistemas de creacutedito seguros e
demais operaccedilotildees financeiras O crescimento da agricultura da mineraccedilatildeo da metalurgia da
navegaccedilatildeo da divisatildeo do trabalho do comeacutercio colonial promoveu uma grande acumulaccedilatildeo
de capital preparando a Europa para avanccedilos importantes na produccedilatildeo o corridos a partir do
seacuteculo XVIII
22 As navegaccedilotildees na eacutepoca do Brasil Colocircnia
A primeira exploraccedilatildeo do litoral do territoacuterio descoberto foi feita pela proacutepria
esquadra de Cabral que seguiu paralelamente agrave costa em direccedilatildeo norte procurando um porto
onde os navios ficassem abrigados A partir daiacute nos primeiros trinta anos o contato com as
terras brasileiras ficou limitado ao envio de algumas expediccedilotildees de reconhecimento e defesa
do litoral e outras com o objetivo de explorar o pau-brasil uacutenico artigo que poderia ser
convertido em lucros para Portugal
Em 1530 Dom Joatildeo III enviou ao Brasil a expediccedilatildeo de Martim Afonso de Sousa
cujos principais objetivos eram verificar a existecircncia de metais preciosos explorar e patrulhar
o litoral e estabelecer os fundamentos da colonizaccedilatildeo do Brasil Martim Afonso percorreu
quase todo o litoral brasileiro de Pernambuco enviou dois barcos para explorar o litoral
norte organizou expediccedilotildees rumo ao sertatildeo partindo de Cabo Frio e de Cananeia chegou ateacute
a foz do rio da Prata e depois retornou ao litoral paulista onde fundou a vila de Satildeo Vicente
(1532) Ali se organizaram alguns povoados iniciou-se o plantio da cana e foram construiacutedos
os primeiros engenhos da colocircnia Comeccedilava assim a colonizaccedilatildeo efetiva do Brasil apoiada
inicialmente na produccedilatildeo de accediluacutecar para o mercado externo
O aproveitamento sistemaacutetico dos recursos da terra brasileira em benefiacutecio da
metroacutepole portuguesa permitiu a fixaccedilatildeo de populaccedilotildees europeias na regiatildeo o que contribuiu
para a incorporaccedilatildeo dos modelos sociais culturais e religiosos europeus no Novo Mundo
45
MAPA 2 ldquoTerra Brasilisrdquo27
A busca de colocircnias constituiacutea um dos principais objetivos dos paiacuteses
mercantilistas europeus As aacutereas coloniais eram um excelente mercado consumidor dos
manufaturados europeus e fornecedor de mateacuterias-primas e produtos agriacutecolas tropicais
As colocircnias eram vistas como instrumentos de poder das metroacutepoles Por isso a
produccedilatildeo foi organizada de acordo com a poliacutetica econocircmica do mercantilismo tendo como
objetivo o fortalecimento do Estado nacional e a acumulaccedilatildeo de riquezas monetaacuterias nas matildeos
das burguesias europeias Cada metroacutepole preocupava-se fundamentalmente e manter a posse
de suas colocircnias como bem mostra Caacuteceres (1993 p 19)
A administraccedilatildeo colonial estava centralizada na metroacutepole e tinha por finalidade
baacutesica garantir que as colocircnias gerassem produtos para a metroacutepole a baixos custos e
consumissem os manufaturados metropolitanos a preccedilos mais altos O elemento
mais importante desse sistema era o monopoacutelio comercial das metroacutepoles sobre as
colocircnias cuja economia girava em torno das necessidades econocircmicas
metropolitanas e de sua burguesia
Ateacute mesmo as formas de produccedilatildeo das colocircnias eram organizadas de acordo com
as necessidades metropolitanas No Brasil colocircnia por exemplo foi introduzida a escravidatildeo
a fim de se obter uma produccedilatildeo em larga escala necessaacuteria agrave economia europeia Essas
colocircnias em aacutereas tropicais que produziam para o mercado externo eram chamadas colocircnias
de exploraccedilatildeo28
Sua economia era baseada na grande propriedade na monocultura e no
trabalho compulsoacuterio isto eacute obrigatoacuterio
Com o estado portuguecircs no Brasil aumentaram tanto as exportaccedilotildees quanto as
importaccedilotildees e consequentemente a necessidade de um satisfatoacuterio transporte mariacutetimo
27
TERRA BRASILIS Disponiacutevel em lthttpswwwmarmilbrdhndhnhistoricohtmlgt Acesso em 1 Abr 2011 28
CAacuteCERES 1993 p 19
46
Durante o seacuteculo XVI e iniacutecio do seacuteculo XVII o Brasil tornou-se o maior produtor de accediluacutecar
do mundo e o responsaacutevel pela riqueza dos senhores de engenho da Coroa e de comerciantes
portugueses poreacutem foi soacute com a vinda da famiacutelia real portuguesa para o Brasil que a
navegaccedilatildeo brasileira se intensificou
A chegada ao Rio de Janeiro do Priacutencipe Regente D Joatildeo e da Rainha D Maria I
fugindo das guerras napoleocircnicas na Europa foi um marco na histoacuteria da marinha brasileira
Nessa eacutepoca a marinha portuguesa encontrava-se decadente mas sua capacidade foi ampliada
para poder apoiar a ldquoEsquadra Realrdquo e os navios estrangeiros jaacute que o fluxo aumentou
consideravelmente em virtude da abertura dos portos brasileiros ao comeacutercio com outras
naccedilotildees Podemos dizer que a transmigraccedilatildeo da Famiacutelia Real portuguesa foi fundamental para
que mais tarde ocorresse a independecircncia unificada de todo o territoacuterio de colonizaccedilatildeo
portuguesa na Ameacuterica A cidade do Rio de Janeiro tornou-se sede do governo portuguecircs o
que gerou um surto de progresso em vaacuterios setores da sociedade colonial
IMAGEM 2 Primeira esquadra brasileira29
Posteriormente com as tentativas das Cortes de fazer D Pedro regressar para a
Europa iniciou-se a cisatildeo da Marinha de Portugal Desde o princiacutepio de 1822 alguns
comandantes de navios passaram a obedecer somente ao Priacutencipe e o apoiaram nas ocasiotildees
em que houve ameaccedilas de uso de forccedila Comeccedilava nesse periacuteodo a se formar o embriatildeo da
marinha do Brasil
29
ESQUADRA Disponiacutevel em lthttpwwwgooglecombrsearch3Fq3D2522Marinha2BImperial
2BBrasileiragt Acesso em 1 Abr 2011
47
23 As navegaccedilotildees na eacutepoca do Brasil Impeacuterio
Com a independecircncia do Brasil o primeiro governo encontrou a difiacutecil tarefa de
unificar o extenso territoacuterio brasileiro em cujo litoral encontravam-se os principais centros
urbanos ou seja era emergencial que o Estado possuiacutesse uma Esquadra e estabelecimentos de
apoio para manter a unidade nacional Para eliminar os focos de resistecircncia interna agrave
autoridade do novo Imperador que eram mais fortes nas proviacutencias da Bahia Maranhatildeo
Gratildeo-Paraacute e Cisplatina e rechaccedilar qualquer tentativa de recolonizaccedilatildeo por parte da antiga
metroacutepole foi necessaacuterio o aprestamento de forccedilas terrestres e principalmente o preparo de
uma forccedila naval capaz de obter o domiacutenio do mar interceptar a vinda de reforccedilos portugueses
bloquear as posiccedilotildees inimigas e manter livres as comunicaccedilotildees mariacutetimas do novo Impeacuterio
garantindo a unidade nacional Era preciso aleacutem da Esquadra possuir a capacidade de reparar
os navios existentes e construir outros
Segundo Bittencourt30
em fins de 1822 ldquoo material flutuante ainda era muito
escasso com navios que tinham sua origem na Marinha de Portugal e que passaram a constituir o
primeiro nuacutecleo da Esquadra brasileira composto pelas Fragatas Uniatildeo e Real Carolina Corvetas
Maria da Gloacuteria e Liberal Brigue Real Pedro Brigue-Escuna Real 13 escunas ndash das quais sete
encontravam-se estacionadas no Prata ndash e de aproximadamente 20 navios-transportes e
canhoneiras Os outros navios estacionados no Rio de Janeiro somente trecircs eram utilizaacuteveis a
Nau Martins de Freitas a Fragata Sucesso e o Brigue Reino Unido os quais foram prontamente
reparados no Arsenal de Marinha A Nau Priacutencipe Real que trouxe D Joatildeo VI ao Brasil soacute pocircde
ser utilizada como navio-prisatildeo devido ao peacutessimo estado que se encontravardquo
De acordo com Vale (1971 p 10)
[] a princiacutepio parecia natildeo haver falta de oficiais para a nova Marinha 160 tinham se
estabelecido no Brasil desde 1808 mas a maioria era de portugueses e tornou-se
necessaacuterio verificar primeiro sua lealdade Com esta finalidade Cunha Moreira
estabeleceu uma comissatildeo em 5 de dezembro de 1822 para perguntar a cada oficial se
ele desejava servir ao Brasil ou voltar para Portugal Ficou logo claro que a grande
maioria aderia agrave causa brasileira e quando foram retirados os nomes dos mais velhos e
dos incapazes restou um total de 94 Era evidente que o Brasil tinha oficiais superiores
em nuacutemero suficiente mas a quantidade de oficiais inferiores dava apenas para
guarnecer os navios jaacute em comissatildeo nos estabelecimentos de guerra
Nesse periacuteodo a Marinha Imperial Brasileira possuiacutea em seus quadros
profissionais oriundos de diversos grupos sociais O engajamento e o recrutamento de pessoal
30
MARINHA IMPERIAL Disponiacutevel em lthttpwwwmarmilbrdiversosArtigos_selecionadosDocumentos
marinha_imperialpdfgt Acesso em 25 Abr 2011
48
para a marinhagem ocorriam de forma voluntaacuteria por contrato (geralmente estrangeiros) ou
pelo recrutamento agrave forccedila (vagabundos e criminosos) e posteriormente em decreto emitido
em fevereiro de 1823 permitiu-se a admissatildeo de escravos na Marinha Muitos eram oriundos
da Marinha de Portugal despertavam portanto desconfianccedila Outros tantos natildeo tinham
experiecircncia no mar Apesar desses problemas o governo imperial conseguiu unificar a
marinha brasileira da eacutepoca
IMAGEM 3 Marinha Imperial31
Eacute consenso que o instrumento decisivo para alcanccedilar a Independecircncia do Brasil
certamente foi a feliz decisatildeo do Governo Imperial de aprestar uma Esquadra capaz de
garantir o controle no mar negando-o aos portugueses possibilitar o deslocamento de tropas
de maneira mais raacutepida cortar as linhas de recebimento de suprimento e reforccedilo do inimigo
pelo mar
24 Consideraccedilotildees
Como se sabe os marinheiros envolvidos nas viagens mariacutetimas portuguesas
eram fundamentalmente gente do povo pouco instruiacuteda natildeo lhes sendo acessiacutevel portanto
o domiacutenio de uma terminologia muito elaborada Mesmo assim ela existe eacute dicionarizada e
merece ser estudada Podemos dizer que ao desenvolvimento das ciecircncias e teacutecnicas naacuteuticas
em Portugal correspondeu o florescimento de toda uma terminologia vernaacutecula herdada no
Brasil
31
MARINHA IMPERIAL Disponiacutevel em lt httpswwwmarmilbrmenu_hnoticias0609201002htmlgt
Acesso em 25 Abr 2011
49
Depois dessa breve exposiccedilatildeo acerca das grandes navegaccedilotildees que rudimentares
nos seacuteculos XIV e XV ultrapassaram o niacutevel da praacutetica rotineira jaacute nos primeiros anos do
seacuteculo XVI passamos a apresentar os procedimentos metodoloacutegicos adotados nesta pesquisa
50
Capiacutetulo 3
51
Capiacutetulo 3 ndash Procedimentos metodoloacutegicos
Como jaacute apontado na Introduccedilatildeo nossa pesquisa insere-se na aacuterea do leacutexico mais
especificamente do leacutexico especializado referente aos termos naacuteuticos Em nosso entender o
leacutexico especializado ou a terminologia e suas unidades ndash os termos ndash natildeo se separam
artificialmente do resto da liacutengua mas encaixam-se fazendo parte integrante dela Nessa
perspectiva natildeo concebemos a terminologia nem os termos seus objetos de anaacutelise como um
mundo agrave parte da realidade linguiacutestica de uma liacutengua Ao contraacuterio acreditamos que as
terminologias presentes em um dicionaacuterio satildeo constituiacutedas de subsistemas ndash tais como termos
meacutedicos termos da arquitetura termos naacuteuticos dentre muitos outros ndash que interagem dentro
de um sistema maior que eacute o leacutexico geral
Sobre esse tema Murakawa (2002 p 21) discorre
[] o leacutexico de uma liacutengua se compotildee de dois grupos de unidades lexicais num 1ordm
grupo as unidades satildeo compreendidas e empregadas do mesmo modo por todos os
membros da sociedade num 2ordm grupo as unidades satildeo apenas compreendidas e
empregadas por parte maior ou menor dessa sociedade e satildeo usadas no seu emprego
correto pelos membros de um grupo particular
De acordo com essa linguista por necessidade de se compor uma terminologia as
pessoas buscam na liacutengua comum unidades leacutexicas que passaratildeo a ter daiacute por diante um
significado especiacutefico
Nessa visatildeo seguimos as propostas teoacutericas defendidas por Cabreacute (1999) no
acircmbito da teoria comunicativa da terminologia Segundo essa terminoacuteloga os termos satildeo
unidades lexicais de fato que assumem significados especializados quando usadas em
determinados acircmbitos de especialidade Assim sendo podemos encontrar inuacutemeros termos
que tecircm por base unidades da liacutengua corrente que migram para registros linguiacutesticos
especializados como tambeacutem encontramos unidades lexicais terminoloacutegicas formadas por
estruturas morfoloacutegicas comuns agraves estruturas de palavras que encontramos no leacutexico da liacutengua
corrente
Sabemos que nos uacuteltimos anos os estudos terminoloacutegicos conheceram um
desenvolvimento notaacutevel com os avanccedilos da Linguiacutestica em geral e da lexicologia em
particular tendo-se hoje em dia uma visatildeo muito mais ampla da unidade lexical de uma
linguagem especializada
Neste estudo partimos de um tema ou de um ldquoassuntordquo ndash ou seja da terminologia
naacuteutica trabalhamos pois com o percurso ldquodo conceito agrave palavrardquo ou ldquoda ideia ao signordquo
nos moldes do meacutetodo onomasioloacutegico
52
Por onomasiologia entende-se um aspecto particular da pesquisa linguiacutestica que
partindo de uma determinada ideia examina as vaacuterias maneiras com as quais essa
ideia encontrou expressatildeo na palavra32
Em seguida estendemos nossa anaacutelise agrave palavra ou ao signo linguiacutestico ndash percurso
semasioloacutegico e voltamos ao onoma
Para os conceitos de leacutexico lexicologia lexicografia terminologia adotamos
como base teoacuterica Matoreacute (1953) Biderman (1978 1991 1998 1999 2001) Cabreacute (1999)
Barros (2007 2009) Krieger e Finatto (2004) Krieger (2006)
Para a anaacutelise dos dados ao longo do tempo tomamos como base norteadora a
concepccedilatildeo de Linguiacutestica Histoacuterica tal como apresentada por Bynon (1977 p 1-2) e Cohen
(1996 p3) que postulam
A Linguiacutestica Histoacuterica procura investigar e descrever a maneira pela qual as liacutenguas
mudam ou conservam suas estruturas atraveacutes do tempo seu domiacutenio eacute portanto a
liacutengua no seu aspecto diacrocircnico
As limitaccedilotildees do trabalho diacrocircnico satildeo tantas que natildeo se pode abrir matildeo de
informaccedilotildees que possam nos facilitar o acesso agrave liacutengua antiga
31 Objetivos
Nosso objetivo geral nesta pesquisa eacute realizar um estudo sincrocircnico e diacrocircnico
do leacutexico correspondente agrave terminologia naacuteutica presente no Diccionario da Lingua
Brasileira de Luiz Maria da Silva Pinto publicado na cidade de Ouro Preto no ano de 1832
Como objetivos especiacuteficos almejamos
1) estudar as origens dos termos naacuteuticos Sabemos que ao desenvolvimento das ciecircncias
e teacutecnicas naacuteuticas em Portugal correspondeu o florescimento de toda uma
terminologia vernaacutecula mas haacute outros termos provenientes de liacutenguas como o catalatildeo
o italiano e o aacuterabe
2) conferir se os termos selecionados se encontram presentes em obras lexicograacuteficas de
referecircncia nos seacuteculos XVIII XIX XX e se os mesmos mantiveram seus
significados e ainda se constam como ldquotermos naacuteuticosrdquo
3) consultar o corpus do Projeto DHPB CNPq com o objetivo de verificar se os termos
constantes no Diccionario da Lingua Brasileira integraram no passado o nosso
leacutexico e se havia variantes ortograacuteficas da palavra nos textos escritos dos seacuteculos
XVI XVII XVIII
4) o Brasil eacute composto por numerosas culturas que se vecircem refletidas em nossas escolhas
vocabulares atraveacutes do tempo inclusive no campo das liacutenguas de especialidade A
32
BERTOLDI citado por Babini 2006 p 38
53
exploraccedilatildeo econocircmica das terras americanas constitui um episoacutedio da Histoacuteria que se
refletiu de maneira significativa natildeo soacute na incorporaccedilatildeo de novas palavras no
Portuguecircs do Brasil mas na progressiva modificaccedilatildeo semacircntica e lexical de diversos
termos no fluir do tempo Assim temos como um dos objetivos analisar o repertoacuterio
textual concernente agrave navegaccedilatildeo econocircmica da colocircnia em documentos e textos
originais o que constitui uma das fontes primaciais para a compreensatildeo de nossa
proacutepria trajetoacuteria histoacuterica
5) verificar se a terminologia naacuteutica presente no Diccionario da Lingua Brasileira
descreve a realidade brasileira nessa aacuterea ou se faz parte desse dicionaacuterio somente com
o objetivo de enriquecer nosso leacutexico
6) apontar os termos naacuteuticos do dicionaacuterio Aureacutelio ndash seacuteculo XX Comparar esses termos
com o primeiro dicionaacuterio impresso no Brasil ou seja o Diccionario da Lingua
Brasileira verificando se houve manutenccedilatildeo expansatildeo ou mudanccedila nesse leacutexico de
especialidade
7) eacute notoacuterio que os marinheiros envolvidos nas viagens e na empresa dos
Descobrimentos eram fundamentalmente gente do povo gente simples que tripulava
os navios e executava a maioria das operaccedilotildees necessaacuterias agrave manobra do barco natildeo
lhes sendo acessiacutevel portanto o domiacutenio de uma terminologia elaborada Supomos
que a terminologia usada por estes profissionais teria de ser forccedilosamente simples (ou
simplificada) constituiacuteda por muitos termos provenientes da liacutengua corrente que lhes
permitissem conceitualizar realidades especializadas (como as relacionadas com a
navegaccedilatildeo com as manobras envolvidas neste processo com as partes do navio e com
os instrumentos que dele fazem parte) Esse leacutexico estaacute presente no Diccionario da
Lingua Brasileira e ou no Aureacutelio ndash seacuteculo XX
8) contribuir para o desenvolvimento da investigaccedilatildeo histoacuterica na aacuterea da Terminologia
disponibilizando um estudo da aacuterea de especialidade devidamente analisado
54
32 Caracteriacutesticas do Diccionario da Lingua Brasileira
Em termos de microestrutura o Diccionario da Lingua Brasileira apresenta
basicamente a entrada e a classe morfoloacutegica seguida da definiccedilatildeo Quando recebe ldquomarcas
de usordquo essas vecircm entre parecircnteses depois da classificaccedilatildeo morfoloacutegica e antes da definiccedilatildeo
se o vocaacutebulo soacute tem uma acepccedilatildeo como mostra o verbete em destaque
Poucas vezes o Diccionario da Lingua Brasileira apresenta duas acepccedilotildees como
em abotoadura raras vezes apresenta trecircs como em arruela e nunca apresenta abonaccedilotildees
Algumas vezes realiza pequenos comentaacuterios
Quando apresenta duas ou mais acepccedilotildees a ldquomarca de usordquo vem sempre antes de
cada definiccedilatildeo como eacute o caso do termo arruela que eacute definida pelo autor como termo de
armaria termo naacuteutico e termo de ourives
55
33 Meacutetodos e procedimentos
Para a realizaccedilatildeo deste trabalho utilizamo-nos do volume digital da ediccedilatildeo
microfilmada iniciada no ano de 1982 pelo Arquivo Puacuteblico Mineiro localizado na cidade
de Belo Horizonte Minas Gerais certificado pela documentaccedilatildeo apresentada a seguir
IMAGEM 4 Documentaccedilatildeo da obra digitalizada
Realizamos primeiramente a leitura do Diccionario da Lingua Brasileira e
fizemos o levantamento das unidades lexicais que remetem ao mundo da navegaccedilatildeo
Observamos inicialmente para proceder a essa seleccedilatildeo as ldquomarcas de usordquo que se referem agrave
terminologia naacuteutica Em uma segunda etapa lemos todos os outros verbetes uma vez que
temos consciecircncia de que muitas terminologias dentre elas a naacuteutica natildeo se encontram
marcadas Partimos portanto como jaacute mencionamos de um corpus dicionariacutestico referente agrave
terminologia naacuteutica que se intitula da liacutengua brasileira do iniacutecio do seacuteculo XIX e
posteriormente organizamos um corpus composto por 153 unidades leacutexicas constituiacutedo de
117 substantivos 3 adjetivos 32 verbos e 1 adveacuterbio
Feita a recolha os dados foram organizados em fichas lexicograacuteficas
56
IMAGEM 5 Obra utilizada digitalizada pelo APM
57
331 Fichas lexicograacuteficas
Para sistematizar e analisar os dados elaboramos uma ficha que chamamos de
lexicograacutefica para cada unidade leacutexica selecionada Nesta seccedilatildeo apresentaremos a
constituiccedilatildeo dessa ficha
(Nuacutemero da ficha)
Apresentaccedilatildeo do termo selecionado da obra em formato digital
Apresentaccedilatildeo do termo digitado
______________________________________________________________________
Registro em dicionaacuterios
rarrCunha
rarrBluteau
rarrMoraes e Silva
rarrLaudelino Freire
rarrAureacutelio
Abonaccedilatildeo do termo em Banco de Dados
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Origem
Figura 3 Ficha Lexicograacutefica
a) Do lado esquerdo na parte de cima apresentamos o nuacutemero da ficha lexicograacutefica em
negrito
b) Na primeira divisatildeo da ficha na parte superior destacamos a unidade lexical que seraacute
analisada colando natildeo soacute o termo mas todo o verbete copiado da versatildeo digital da
obra em seguida no lado esquerdo esse verbete eacute digitalizado objetivando desse
modo facilitar a leitura
c) Na segunda parte da ficha destacamos como cada um dos cinco dicionaacuterios consultados
definem o termo Quando isso natildeo ocorre ou seja quando um dos dicionaacuterios natildeo
registra o termo indicamos ldquonerdquo (natildeo-encontrado) no espaccedilo seguinte ao nome do
autor
d) Quando o termo eacute abonado pelo Banco de Dados do Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do
Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI XVII XVIII constituiacutedo por textos da eacutepoca do
Brasil Colocircnia copiamos a abonaccedilatildeo no espaccedilo abaixo da linha pontilhada
e) A uacuteltima parte da ficha eacute composta por comentaacuterios e aponta ainda a origem do termo
Por meio das fichas consultando os autores das obras lexicograacuteficas
correspondentes a periacuteodos diversos podemos visualizar se a unidade lexical em estudo eacute ou
natildeo dicionarizada por um ou mais autores ou por nenhum deles e tambeacutem podemos
conhecer sua origem A ficha aponta ainda se o termo ocorreu ou natildeo no Brasil no periacuteodo
58
colonial Aleacutem de analisar o termo coletado a ficha lexicograacutefica constitui uma boa
ferramenta para nos auxiliar no trabalho de quantificaccedilatildeo e comparaccedilatildeo dos dados
Segue o modelo de uma ficha preenchida
Ficha 43
Calmaria s f (T Naut) Falta de vento
______________________________________________________________________
rarrCunha calma sf bdquogrande calor atmosfeacuterico geralmente sem vento‟ XV bdquoserenidade
sossego‟ 1813 Do it calma derivado do latim tardio cauma e este do grego kauma bdquocalor
ardente chama‟ [] calmaria sf bdquocalma‟ XVI
rarrBluteau Calmaricirca Tanquilidade das aguas do mar Malacia amp Fem Amanheceo o dia
ſeguinte em huma terrivel Calmaria Queirograves Vida do Irmatildeo Baſto pag 351
rarrMoraes e Silva calmaria sf de Naut Tempo de calma no mar em que o navio natildeo surde
ldquoestar o mar em calmariardquo []
rarrLaudelino Freire sf De calma + aria Cessaccedilatildeo do vento e do movimento das ondas
[]
rarrAureacutelio [ De calma + aria] Sf 1 Ausecircncia de ventos eou do movimento das ondas
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
[] por cinco ou seis dias tivemos grandes calmarias trovoadas e chuveiros tatildeo escuros e
medonhos e tatildeo fortes ventos que era cousa despanto e no meio dia ficavamos numa noite
mui escura
PADRE FERNAtildeO CARDIM (1980) [1583] III - INFORMACcedilAtildeO DA MISSAtildeO DO P
CHRISTOVAtildeO GOUVEcircA AacuteS PARTES DO BRASIL - ANNO DE 83 - OU NARRATIVA
EPISTOLAR DE UMA VIAGEM E MISSAtildeO JESUIacuteTICA[A00_0751 p 142]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente Moraes e Silva define calmaria como termo naacuteutico mas todos os
outros dicionaacuterios em suas definiccedilotildees remetem o significado desse termo a tempo e
atmosfera Origem italiana lt latina
FIGURA 4 Ficha Lexicograacutefica preenchida
Nesta parte de construccedilatildeo das fichas nos apoiamos em dicionaacuterios e banco de
dados tomamos como referecircncia o dizer de Bluteau (1712 v1) quando afirma que
As palavras natildeo significam por sua natureza mas por instituiccedilam dos homens amp
cada Naccedilatildeo assim barbara como polida deu principio amp sentido agraves palavras de
que usa Daqui nace que natildeo temos outra prova da propriedade das palavras que o
uso dellas amp deste uso natildeo hatilde evidencia mais certa amp permanente que a q nos fica
nas obras dos Autores ou manuscritas ou impressas
59
332 Sobre os dicionaacuterios consultados
Para a anaacutelise das unidades leacutexicas coletadas contamos com obras lexicograacuteficas
consideradas de referecircncia a saber
a) Vocabulario Portuguez e Latino de autoria de P Raphael Bluteau (seacuteculo XVIII)
Selecionamos esse dicionaacuterio por ser uma obra que contempla grande parte do leacutexico
da liacutengua portuguesa ateacute iniacutecio do seacuteculo XVIII aumentando e atualizando
aproximadamente em cinco vezes o vocabulaacuterio ateacute entatildeo dicionarizado conforme
destaca Verdelho33
e principalmente por ser reconhecido pelos estudiosos da aacuterea
como uma obra de referecircncia nos estudos lexicograacuteficos de liacutengua portuguesa De
acordo com Murakawa (2007 p173) a obra de Bluteau ldquonatildeo eacute uma obra lexicograacutefica
que trata apenas das palavras mas tambeacutem trata de coisas e por isso deve ser
considerada um dicionaacuterio ou um vocabulaacuterio enciclopeacutedicordquo De acordo com a
mesma autora ldquona maioria das vezes a informaccedilatildeo enciclopeacutedica completa a
informaccedilatildeo linguiacutestica das entradas e neste aspecto o Vocabulario se transforma num
repositoacuterio da cultura portuguesa e tambeacutem da cultura universalrdquo34
Ainda sobre a
importacircncia de termos selecionado essa obra que se organiza em torno de um corpus
real de liacutengua apoiamo-nos dizeres em Murakawa (2007 p 187)
Entre os inuacutemeros e variados meacuteritos que o Vocabulario possui um deles merece ser
ressaltado o iniacutecio de uma lexicografia portuguesa baseada em um corpus de
referecircncia organizado a partir de obras dos seacuteculos XV ao XVIII pertencentes aacutes
mais diversas aacutereas de conhecimento do periacuteodo de setecentos e o registro dessas
obras acompanhando os exemplos no interior dos verbetes indicando volume
paacutegina paraacutegrafo foacutelio e quando existia ateacute mesmo a ediccedilatildeo consultada
A composiccedilatildeo do Vocabulario constituiu um longo e conturbado
empreendimento que ocupou quase 50 anos da vida de Rafael Bluteau Na dedicatoacuteria a D
Joatildeo V Bluteau lembra a necessidade de uma obra que fizesse justiccedila agrave grandeza da liacutengua
portuguesa de Portugal e sobretudo do seu rei ldquoobjectivos que conferem ao Vocabulario
uma dupla funccedilatildeo poliacutetica pois para aleacutem de contribuir para a afirmaccedilatildeo do portuguecircs no
panorama linguiacutestico europeu concorre para a construccedilatildeo da imagem de um monarca
ilustrado e mecenasrdquo35
33
VERDELHO 2002 p 23 34
MURAKAWA 2007 p 186-187 35
SILVESTRE 2001 p 2
60
IMAGEM 6 O Vocabulario de Bluteau
61
b) Diccionario da Liacutengua Portugueza de autoria de Antoacutenio de Moraes Silva (seacuteculo
XIX) Tomando como base o Vocabulaacuterio Portuguez e Latino Moraes constroi seu
dicionaacuterio utilizando-se tambeacutem de obras de vaacuterios autores acrescentando outros
mais que P Raphael Bluteau o que talvez por influecircncia do Tribunal do Santo Ofiacutecio
e ainda pela censura literaacuteria tenham sido deixadas por esse uacuteltimo conforme
destaca Murakawa36
Segundo ainda essa autora37
ldquoo Diccionario de Moraes pode
ser considerado como o primeiro dicionaacuterio de uso da liacutengua portuguesa porque os
que o antecederam natildeo podem ser classificados de tal maneirardquo Nesta pesquisa
utilizamos para consulta o volume digitalizado da ediccedilatildeo de 1813
IMAGEM 7 O Diccionario de Moraes Silva
36
MURAKAWA 2007 p31 37
Op cit p119
62
c) O Grande e Noviacutessimo Dicionaacuterio da Liacutengua Portuguesa de Laudelino Freire
(primeira metade do seacuteculo XX) foi escolhido como obra de referecircncia da primeira
metade do seacuteculo XX por tratar-se de um dicionaacuterio que apresenta grande riqueza
vocabular por incluir muitas locuccedilotildees expressotildees e brasileirismos Laudelino de
Oliveira Freire seu autor nasceu em Lagarto SE em 26 de janeiro de 1873 e faleceu
no Rio de Janeiro RJ em 18 de junho de 1937 Formou-se em Direito em 1902 Foi
advogado jornalista professor poliacutetico criacutetico e filoacutelogo Eleito em 1923 para a
Cadeira n 10 na sucessatildeo de Rui Barbosa como membro da Academia Brasileira de
Letras laacute organizou trabalhos em lexicografia tendo apresentado em 1924 um plano
de dicionaacuterio de liacutengua portuguesa A comissatildeo encarregada desse dicionaacuterio foi
dissolvida em 1934 A obra (1939-1944) eacute publicaccedilatildeo poacutestuma composta em cinco
volumes impressa pela editora A Noite com a colaboraccedilatildeo de J L de Campos Vasco
Lima e Antocircnio Soares Franco Juacutenior
IMAGEM 8 Grande e Noviacutessimo Dicionaacuterio da Liacutengua Portuguesa de Laudelino Freire
d) Novo Dicionaacuterio Aureacutelio da Liacutengua Portuguesa de Aureacutelio Buarque de Holanda
Ferreira (2004) Optamos por essa obra pelo fato de este ser considerado como um
dicionaacuterio padratildeo da sociedade brasileira apresentando um vasto repertoacuterio lexical
incluindo grande nuacutemero de brasileirismos Eacute um dicionaacuterio que embora conte com
limitaccedilotildees apresenta grande nuacutemero de abonaccedilotildees de obras variadas exemplificaccedilotildees
exemplos baseados em linguagem falada e escrita indicaccedilatildeo da variabilidade
linguiacutestica no territoacuterio nacional aleacutem de concisatildeo e clareza nas definiccedilotildees
e) Dicionaacuterio Etimoloacutegico Nova Fronteira da Liacutengua Portuguesa de autoria de Antocircnio
Geraldo da Cunha Consta em nossa ficha esse dicionaacuterio com o objetivo principal
esclarecer a origem dos vocaacutebulos e a dataccedilatildeo aproximada da sua entrada na liacutengua
63
portuguesa Outra finalidade da escolha desse dicionaacuterio foi a de identificar as formas
variantes que tais vocaacutebulos adquiriram ao longo do tempo podendo com isso verificar
se algumas dessas formas coincidiam com aquelas encontradas no nosso corpus
Apoacutes a consulta a essas obras visando constatar se os termos selecionados
encontravam-se ou natildeo presentes nelas observando ainda suas origens e as marcas de uso
passamos posteriormente a consultar o Banco de Dados do Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do
Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI XVII XVIII
333 Sobre o Banco de Dados
O Banco de Dados PDHPB CNPq integra o Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do
Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI XVII XVIII e eacute constituiacutedo por uma base informatizada
que reuacutene textos do portuguecircs do Brasil ou sobre o Brasil colonial dos mais variados gecircneros
escritos por autores brasileiros e portugueses radicados no paiacutes desde o seacuteculo XVI
O Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI XVII XVIII
(DHPB) do Programa Instituto do Milecircnio ndash CNPq com sede na Faculdade de Ciecircncias e
Letras da UNESP (Universidade Estadual Paulista) Campus de Araraquara foi idealizado e
construiacutedo pela linguista Maria Tereza Camargo Biderman e com seu falecimento em 2008
estaacute sendo coordenado pela tambeacutem linguista Clotilde de Almeida Azevedo Murakawa Eacute um
projeto de um dicionaacuterio histoacuterico diacrocircnico portanto documental que tem como objetivos
especiacuteficos
1) reunir numa obra de consulta o leacutexico da liacutengua portuguesa que no periacuteodo do
Brasil Colonial fixou um repertoacuterio lexical que veio a constituir o portuguecircs
brasileiro 2) registrar as unidades lexicais substantivos adjetivos e verbos que
compotildeem a nomenclatura do Dicionaacuterio Histoacuterico 3) extrair dos contextos
inseridos no banco de dados todas as acepccedilotildees que a palavra-entrada ou lema
possui acompanhadas do contexto e de completa informaccedilatildeo bibliograacutefica 4)
registrar a data mais antiga que a entrada apresenta no conjunto de todos os
documentos que compotildeem o banco de dados38
Utilizando dois programas computacionais ndash o Philologic e o UNITEX 20 o
Banco de Dados do DHPB foi construiacutedo no Laboratoacuterio de Lexicografia da UNESP sede do
Projeto estabelecido o ano de 1500 com a carta de Caminha a dataccedilatildeo documental mais
antiga e o ano de 1808 data da chegada da famiacutelia real ao Brasil sua dataccedilatildeo mais perto da
contemporacircnea
38
MURAKAWA 2010 p 331
64
Sobre os textos utilizados eles se constituem os mais variados possiacuteveis
conforme nos aponta Murakawa (2010 p334)
Com relaccedilatildeo agrave tipologia das obras escolhidas haacute que se ressaltar que tendo em vista
os objetivos especiacuteficos do DHPB elas foram as mais variadas possiacuteveis obras dos
missionaacuterios viajantes na sua maioria jesuiacutetas que vieram em missatildeo catequeacutetica e
no Brasil se fixaram diaacuterios de navegaccedilatildeo como o de Pero Lopes de Sousa irmatildeo
de Martim Afonso de Sousa cartas de sesmarias roteiros descritivos da flora e
fauna brasileiras descriccedilotildees geograacuteficas cartas e sermotildees do PeVieira pregados
aqui no Brasil e de outros oradores sacros que para aqui vieram obras e
documentos que tratam do Estado do Gratildeo Paraacute durante a era pombalina obras
sobre a nobiliarquia paulistana atos de cacircmaras municipais documentos cartoriais
autos de devassas feitos durante a Inconfidecircncia Mineira processos inventaacuterios
testamentos alvaraacutes posturas bandos atos de doaccedilotildees de terras casas e terrenos
cartas de ofiacutecio patentes cartas dos governadores gerais provisotildees documentos
forenses constituiccedilotildees dos bispados no Brasil regimentos militares obras sobre
medicina farmaacutecia agricultura etc e muitas outras num conjunto que pode ser
considerado ldquomonumentalrdquo para os fins a que foi proposto
Contando com aproximadamente 7 milhotildees e 500 mil ocorrecircncias esse Banco de
Dados por noacutes consultado permitiu que dele extraiacutessemos as unidades lexicais comuns aos
153 termos constantes no nosso corpus em estudo
A utilizaccedilatildeo do Banco de Dados do Projeto DHPB permitiu que conferiacutessemos se
os termos que compotildeem nosso corpus se encontram contextualizados em textos do periacuteodo
colonial brasileiro e ainda que observaacutessemos suas variaccedilotildees
Depois de explicitarmos as posiccedilotildees teoacutericas adotadas e os meacutetodos e
procedimentos de que lanccedilamos matildeo nesta pesquisa passemos no proacuteximo capiacutetulo agrave
descriccedilatildeo e anaacutelise dos dados catalogados em fichas lexicograacuteficas
65
Capiacutetulo 4
66
Capiacutetulo 4 ndash Apresentaccedilatildeo e Descriccedilatildeo dos Dados
Conforme jaacute relatado no Capiacutetulo 3 para cada um dos 153 termos marcados
como ldquotermo naacuteuticordquo no dicionaacuterio DLB construiacutemos uma ficha lexicograacutefica Essa ficha
nos daacute vaacuterias informaccedilotildees 1) transcreve o verbete selecionado do DLB 2) aponta sua origem
3) mostra se o dado selecionado eacute considerado ldquotermo naacuteuticordquo pelos lexicoacutegrafos a) Bluteau
(seacutec XVIII) b) Moraes e Silva (seacutec XIX) c) Laudelino Freire (seacutec XX) d) Aureacutelio (seacutec
XXI) 4) indica por meio de abonaccedilotildees se o termo em estudo ndash na forma apresentada pelo
dicionaacuterio em anaacutelise ou em suas variantes ortograacuteficas e foneacuteticas ndash consta no Banco de
Dados do Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI XVII XVIII
que reuacutene textos escritos por brasileiros ou sobre o Brasil durante o periacuteodo colonial 5)
realizam-se comentaacuterios com o objetivo de fornecer esclarecimentos para posterior anaacutelise
A seguir listamos essas fichas em ordem alfabeacutetica
A
Ficha 1
[]
rarrAba sf [] No plural (T naut) os lados dos machos e femeas em que gira o leme e que
estatildeo pregados no navio e no leme
________________________________________________________________ rarrCunha aba
1 sf bdquoparte pendente de um objeto‟l XIII abaa XIV l De origem duvidosa
talvez se filie ao lat ălăpa atraveacutes de uma forma ăpăla como se poderia depreender do port
ant abaa []
rarrBluteau Diz-ſe da extremidade ou de algum acrecentamento na extremidade de couſas
naturaes ou artificiaes como em obras de marcenaria carpintaria amp outras []
rarrMoraes e Silva natildeo consta com essa acepccedilatildeo
rarrLaudelino Freire sf [] 4 Os lados de uma cousa as metades as partes laterais as
bandas aba da focirclha da janela etc
rarrAureacutelio [] 3 Prolongamento ger dobraacutevel de tampo de mesa ou de outros moacuteveis []
8Fig Proteccedilatildeo amparo arrimo
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo existem ocorrecircncias de aba como termo
naacuteutico
_______________________________________________________________ Comentaacuterios nenhum dos dicionaacuterios define aba como termo naacuteutico Origem duvidosa
(latina)
67
Ficha 2
Abotoadura sf [] No plur (T naut) As peccedilas de ferro que estatildeo debaixo das mezas e
seguratildeo as enxarcias com suas bigotas Abotucaduras parece ser corrupccedilatildeo deste vocabulo ______________________________________________________________________
rarrCunha abotoado ndashadura -amento -ar rarr BOTAtildeO [] Do a francecircs AbotoADURA
1813 botoadura XIV
rarrBluteau Abotoadugravera (Termo de navio) Satildeo huns ferros que vem debaxo das mezas de
guarniccedilatildeo amp tem matildeo na enxarcia com ſuas bigotas
rarrMoraes e Silva abotoaduacuteras s f pl naut Peccedilas do navio de ferro que vem debaixo das
mezas de guarniccedilatildeo e tem matildeo na enxarcia com suas bigotas
rarrLaudelino Freire sf De abotoar + dura Ato de abotoar []Jocircgo de bototildees que se
tomam no aparelho do navio com linha alcatroada em forma de cruz etc ABOTOADURAS
sf pl O mesmo que abatocadurasABATOCADURAS sf pl De abatocar + dura ndash s Naacuteut
Nome geneacuterico que designa as cadeias chapas e cavilhas que seguram as mesas das enxaacutercias
reais contra o costado do navio Var morf Batocaduras
rarrAureacutelio [De abotoar + -dura] SF Marinh Conjunto de bototildees que ligam dois cabos ou
duas pernadas do mesmo cabo
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo existem ocorrecircncias de abotoadura
abotoaduras abotucaduras abatocaduras como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios consultados apresentam abotuadura(s) como termo
naacuteutico ou da marinha ou de navio Origem francesa
Ficha 3
Abroquelar va cobrir com broquel (T nau) Bracear por sota vento ao virar de bordo
depois de ter dado geito ao braccedilo do velaxo por barlavento
______________________________________________________________________
rarrCunha abroquelar BROQUEL sm bdquoescudo antigo redondo e pequeno‟bru- XVIDo a
francecircs bocler (hoje bouclier) de bocle bdquoguarniccedilatildeo de metal no centro do escudo‟ e este do
latim bŭcŭla dim de bucca bdquoboca‟ AbroquelAR XVII abru- XVI
rarrBluteau natildeo consta
rarrMoraes e Silva ABROQUELAacuteR vat Cobrir com broquel sect __se no f guardar-se
forrar-se emparar-se Arte de furtar p 322
rarrLaudelino Freire ABROQUELAR Naacuteut Bracear por sotavento ao virar de bordo depois
de ter dado jeito ao braccedilo do velacho por barlavento
rarrAureacutelio [De a-2 + broquel + -ar
2] [] 2 Resguardar ou cobrir com broquel ou escudo 3
Fig Proteger defender resguardar escudar []
68
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo existem ocorrecircncias de abroquelar como
termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios somente Laudelino Freire aponta abroquelar como termo naacuteutico Sua
definiccedilatildeo eacute idecircntica agrave do DLB Origem francesa
Ficha 4
[]
Accedilafratildeo sm ndashotildees no plur [] T Naut o largo do leme justo ao couce que serve para
facilitar o movimento delle
______________________________________________________________________
rarrCunha sm bdquoplanta da fam das iridaacuteceas‟ ccedilaffram XIV Do aacuterabe az-zafaran rarrBluteau AacuteCAFRAM [] do Arabico Zabafaran[] Accedilafratildeo (Termo de naacutevio) He o
largo do leme junto agrave patelha amp ſerve para facilitar o movimento do meſmo leme
rarrMoraes e Silva ACcedilAFRAtildeO sm t naut O largo do leme junto agrave patelha o qual serve
para facilitar o seu movimento
rarrLaudelino Freire ACcedilAFRAtildeO sm Aacuter Azzaferan Planta bulbosa da famiacutelia das iridaacuteceas
(Crocus sativus) Naacuteut Madeira exterior larga junto a palhecircta do leme ao qual facilita os
movimentos
rarrAureacutelio accedilafratildeo [Do aacuter az-zalsquofarăn do persa] Sm Bot Planta herbaacutecea da famiacutelia das
iridaacuteceas (Crocus sativus) de procedecircncia europeia e possuidora de um bolbo perene 2 Bot
A flor dessa planta accedilaflor 3 Bras V urucu1 (2)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo apresenta ocorrecircncia para accedilafratildeo como
termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Aureacutelio e Cunha soacute definem accedilafratildeo como nome de planta Os outros
dicionaacuterios apontam accedilafratildeo como 1) nome de planta 2) termo naacuteutico Origem aacuterabe
Ficha 5
Agarruchar va (T naut) atar com garruchas
______________________________________________________________________
rarrCunha Garrocha gt garra ceacuteltico
rarrBluteau AGARROCHAR Ferir com garrocha Jaculo figere transfigegravere transverberare
Vid Garrocha
rarrMoraes e Silva AGARRUCHAR v at Naut Apertar atar com garruchas [] mesuraratildeo
as velas e agarruchaacuteratildeo os papafigos
rarrLaudelino Freire AGARROCHAR v tr dir De a + garrocha + ar Ferir com garrocha
farpear Instigar excitar incitar estimular AGARRUCHADO adj p p de agarruchar1
Naacuteut Apertado com garruchas AGARRUCHAR [] Ant Naacuteut Atar ou apertar com
garruchas
rarrAureacutelio agarruchar [De a-2+ garrocha + -ar
2 ] V td 1 Apertar ou atar com garrucha (2)
[Cf agarrochar e agarrunchar] agarrochar [De a-2
+ garrocha + -ar2
] Vtd 1 Ferir ou
picar com garrocha garrochar 2 Incitar estimular 3 Atormentar mortificar []
agarrunchar [] Vtd Ligar com garruncho []
69
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo apresenta ocorrecircncia para agarruchar
como termo naacuteutico
_____________________________________________________________________
Comentaacuterios Moraes e Silva e Laudelino Freire apontam agarruchar como termo naacuteutico
Origem duvidosa (ceacuteltico)
Ficha 6
Alcaxas sf (T naut) Espaccedilo entre cinta e cinta do navio
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau T de navio He tomado o vatildeo entre cinta amp cinta da banda de fora da nao
rarrMoraes e Silva sf pl t naut O vatildeo entre cinta e cinta pelo costado do navio
rarrLaudelino Freire ALCAXAS sf O mesmo que alcaichaALCAIXA Naacuteut 1 Espaccedilo
entre as cintas e verdugas por fora dos navios 2 Faixa branca pintada na altura da bateria
pela parte exterior 3 Uma ou mais ordens de debrum branco no colarinho das camisas dos
marinheiros
rarrAureacutelio natildeo constam os lemas alcaicha alcaxa alcaixa alcaxas
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo apresenta o termo alcaxas e suas
variantes
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Bluteau Moraes e Laudelino apresentam alcaxas como termo naacuteutico
Origem controvertida (Houaiss 2001)
Ficha 7
Aldrope sm (T nautico) cabo que se ata agrave manga da bomba V Gualdrope
Gualdrope sm Cabo que se ata no extremo da cana do leme e nas amuradas para o governar
melhor
______________________________________________________________________
rarrCunha aldrope- sm bdquocabo com que se puxa a picota da bomba a bordo ou se auxilia o
governo do leme‟l aldrope XVI gualdrope XVIII l Do ing guide-rope provavelmente
rarrBluteau ALDROPE (Termo de navio) Vid Gualdrope Sem largarem os Aldropes das
bombas das matildeos de dia nem de noite
rarrMoraes e Silva ALDROacutePE sm Cabo que se ata aacute manga da bomba para augmentar a
forccedila ou para poderem zonchar mais pessoas Couto 415sect Talvez se toma poacutelo manuacutebrio ou
manga e seraacute o mesmo que Gualdrope cabo que se ata ao leme para o segurar melhor e
governa-lo Idem 7103
rarrLaudelino Freire ALDROPE sm O mesmo que galdropeGaldrope sm Naacuteut Cabo
com que se puxa a picota da bomba a bordo ou se auxilia o governo do leme
rarrAureacutelio aldrope- (Galdrope [Do ing guide rope]) Sm Constr Nav Ant V gualdrope
Gualdrope [Var De galdrope lt ingl guide-rope] Sm Const Nav 1 Corrente cadeia ou
cabo de arame que transmite agrave cana do leme os movimentos da roda do leme [] 2 Nas
embarcaccedilotildees miuacutedas cada um dos cabos presos agraves duas pontas da meia-lua do leme para
manobra deste
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo constam aldrope e suas variantes
______________________________________________________________________
70
Comentaacuterios Em todas as obras consultadas aldrope e gualdrope satildeo termos ligados a arte
de navegaccedilatildeo Origem inglesa
Ficha 8
Alestar va Por lesto Ter prestes ccedilafar entre os naacuteuticos
______________________________________________________________________
rarrCunha alestar natildeo consta Lesto de origem obscura
rarrBluteau LESTO O meſmo que leſtes Vid No ſeu lugar (De maneira que ficou leſto o
navio Britto Viagem do Braſil pag 85) LESTES amp preſtes Preparado poſto em ordem
couſa prompta para algum fim Paratus a um Cic Vid Preſtes
rarrMoraes e Silva ALEacuteSTAR vat fazer lesto desembaraccedilar Amaral f51v mandou alestar
as peccedilas do leme que vinhatildeo recolhidas ieacute ter prestes safar se natildeo eacute erro por assestar
rarrLaudelino Freire ALESTAR vrv De a + lesto + ar Tornar lesto pronto ou
desembaraccedilado (tr dir pr) ldquoAlestar os empregadosrdquo ldquoMinerva o enrija e alestardquo (Odorico
Mendes) ldquoAleste-se
rarrAureacutelio ALESTAR [De a-2 + lesto + -ar
2] []1 Tornar(-se) lesto apressar(-se) ativar(-
se)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Cinco dias se deteve a caravela em Cabo-Verde os quaes acabados levou ferro e se pocircz
lesta a seguir viagem aos 26 do mesmo Dezembro []
PADRE JOSEacute DE MORAES (1860) [1759] LIVRO III - ENTRADA DA COMPANHIA DE
JESUS NA CAPITANIA DO GRAtildeO-PARAacute - CAP X - FELIZ VIAGEM PARA A MISSAtildeO DO
MARANHAtildeO DO GRANDE PADRE ANTONIO VIEIRA GRANDE EMBARACcedilO QUE TEVE
ANTES DA SUA PARTIDA PODERES E MERCEcircS COM QUE O DESPEDIO O PIISSIMO E
SEMPRE AUGUSTO REI O SR D JOAtildeO IV [A00_0279 p 281]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios nenhum dos dicionaristas apontam alestar como termo naacuteutico embora
Bluteau e Moraes apresentem abonaccedilotildees indicando que esse lexema remete ao universo
mariacutetimo Origem obscura
Ficha 9
[]
Alforge sm [] Alforges no Navio he a parte da poppa nos encontros e a reacute com humas
janellas para os lados que lhe servem de ornato
______________________________________________________________________
rarrCunha alforje sm ldquoduplo saco fechado nos extremos e aberto no meio‟ 1899 alforge
XVI alforja 1871 l Do ar Al- hurğ
rarrBluteau ALFORGE ou Alforges he huma eſpecie de ſacola de couro ou de outra mateacuteria
dividida em duas algibeiras em que ſe mete alguma proviſaotilde neceſſaria para a jornada amp nas
beſtas ſe potildeem nas ancas ou de huma amp outra parte do arccedilaotilde da ſella amp na gente de pegrave ſe
carrega nos ombros co hua parte ao peito amp outra agraves coſtas Derivaſe Alforge do Araacutebico
Ahfodia amp do verbo Ahfad que valo meſmo que guardar porque no Alforge guarda o
viandante o que leva para o ſeu ſuſtento []
rarrMoraes e Silva Apresenta alforje mas natildeo como termo naacuteutico
71
rarrLaudelino Freire ALFORJE sm Ar Al-khurj [] ALFORJES s m pl Naacuteut Saliecircncias
nos dois cantos da pocircpa
rarrAureacutelio alforge ou alforje- s m [Do aacuter al-hurğ] 1 Duplo saco fechado nas extremidades
e aberto no meio formando como que dois bornais que se enchem equilibradamente sendo a
carga transportada no lombo de cavalgaduras ou ao ombro de pessoas []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo apresenta ocorrecircncias para alforje alforge
como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios dentre os dicionaristas consultados somente Laudelino Freire aponta alforjes
(na forma plural) como termo naacuteutico Origem aacuterabe
Ficha 10
Almeida sm (T naut) O vatildeo por onde entra a cana do leme acima do cadaste
______________________________________________________________________
rarrCunha almeida sf bdquoabertura por onde entra a cana do leme‟ XVI De origem controvertida
rarrBluteau Almeida do leme ou almeida da nao He por onde entra a cana do leme por cima
do cadaſte Naotilde ſei que tenha nome proprio latino Calcule pella Almeida da nao abaixo em
bergantim Barros Decad 2 fol68 col2
rarrMoraes e Silva ALMEIDA sft de Naut O vatildeo por onde entra a cana do leme por cima
do cadaste A almeida do leme Barros
rarrLaudelino Freire ALMEIDA s f Ar Almayda Naacuteut Abertura ou vatildeo por onde entra a
cana do leme acima do cadaste parte cocircncava da popa do navio
rarr Aureacutelioalmeida S f Constr Nav 1 Parte curva do costado dos antigos navios de popa
quadrada logo abaixo do painel da popa e que com este forma acircngulo obtuso ou uma
curvatura
rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo apresenta ocorrecircncias para almeida como
termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todas as obras indicam almeida como termo naacuteutico Origem aacuterabe (Sousa
amp Moura)
Ficha 11
Amura sf (T naut) cabo grosso que prende nos punhos das vegravelas e se fixatildeo na amurada
______________________________________________________________________
rarrCunha muro sm Amura sf bdquotipo de cabo naacuteutico‟ XVI Der Regress De amurada
rarrBluteau Amugravera Termo de navio He hum cabo groſſo que vai do punho da vela grande amp
do traquete a borda da nao para eſtender as velas quando o vento he eſcaſſo Naotilde tem palavra
propria latina
rarrMoraes e Silva AMURA s f t naut A quadra de proa nas embarcaccedilotildees Cast 2 c 101 sect
it Cabo que prende em uma ponta da vela grande e a vem fixar na borda ou amurada da naacuteo
rarrLaudelino AMURA s f Cabo com que se mareiam os papafigos e as velas menores
cutelos e varredouras 2 Quadra da proa
rarrAureacutelio amura [Der regress de amurada] S f 1 Constr Nav Bochecha (3) 2Marinh
Cabo com que se puxa para vante o punho de barlavento de uma vela redonda de modo que
ela receba bem o vento 3 MarinhCabo com que se prende ao mastro ou na direccedilatildeo da proa
o punho da amura de uma vela latina
72
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo conteacutem o termo amura Origem
portuguesa lt latina
Ficha 12
Amurada s f (T naut) A parte exterior e interior do navio onde se fixatildeo as amuras
______________________________________________________________________
rarrCunha amura -ada ndash MURO sm bdquoparede forte que circunda um recinto ou separa um
lugar do outro‟ fig defesa proteccedilatildeo XIII Do latim murus ndashi Amura sf 1tipo de cabo
naacuteutico‟ XVI Der Regress de AmurADA sf 1face interna do costado de uma embarcaccedilatildeo‟
XVI []
rarrBluteau AMURADAS da nao caravela ou outra Embarcaccedilaotilde Saotilde mais altos da parte de
dentro Latera navis interiora Nas Amuradas das caravellas Damiaotilde de Goes Fol 70 col 3
rarrMoraes e Silva AMURAacuteDA s f A parte mais alta dos bordos da natildeo onde se fixatildeo as
amuras Goacutees Cron Man 70 sect O costado do navio pola parte de dentro ldquo encostar-se nas
amuradasrdquo correu o canhatildeo contra a amurada de bombordordquo
rarrLaudelino Freire AMURADA s f De amura + ada Prolongamento do costado do navio
acima da parede interna do casco
rarr Aureacutelio [F subst de amurado]S f 1 Constr Nav Face interna do costado de uma
embarcaccedilatildeo2 Constr Nav Prolongamento do costado da embarcaccedilatildeo acima do conveacutes
descoberto borda da embarcaccedilatildeo 3 P ext Muro de arrimo paredatildeo
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Muito conʃiderada ʃeragrave a eleiccedilatildeo dos Cabos para aʃsiʃtir agrave polvora trazer cartuxos apagar
fogo cudado da artelharia do arpeo amp ronda das amuradas com lenternas em vigia das
balas ao lume da agoa para as tomarem por dentro
FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR () [A00_2496 p 61]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todas as obras consultadas apresentam amurada ou amuradas como termo
naacuteutico Origem portuguesa lt latina
Ficha 13
Anrique sm (T naut) Corda em que a boia se prende aacute ancora
______________________________________________________________________
rarrCunha consta ourinque sm bdquoespeacutecie de espinhel‟ l XVI ourinquis pl XV l O voc port
talvez se relacione com o cast orinque o a cat orri e o fr orin todos derivados do neerl
ooring bdquoanel que sutenta o cabo das embarcaccedilotildees‟
rarrBluteau ANRIQUE da Anchora He huma corda que ſe amarra na unha da Anchora amp
vem acima da agoa amp na ponta ſe lhe potildeem huma boya Serve paraq cortandoſe a amarra
com que a nagraveo eſta amarrada ſe vacirc depois buſcar a Ancora Naotilde tem palavra proacutepria latina Na
Historia de Fern Mendes Pinto fol 262 col2 eſta erradamente Ourique em lugar de
Anrique
rarrMoraes e Silva ANRIacuteQUE s m t de Naut Corda com que se prende a boya aacute unha da
ancora
rarrLaudelino Freire ANRIQUE s m Corda com que se prende a boacuteia agrave unha da acircncora
rarrAureacutelio arinque1 [Var de ourinque (q v)]Sm Marinh1Linha que prende o ferro a uma
boacuteia para indicar a posiccedilatildeo daquele quando se encontra fundeado ourinque anrique arinque2
S m Bras SC 1 Espeacutecie de espinhel
73
rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo conteacutem o termo anrique
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam anrique como termo naacuteutico Origem
castelhana (orinque) lt neerlandesa (ooring)
Ficha 14
Arfar va (T Naut) Metter o navio hora a proa hora a poppa
______________________________________________________________________
rarrCunha arfar vb bdquorespirar com dificuldade ansiar ofegar‟ XVI Talvez do lat vulg
arefāre (claacutess arefacegravere bdquosecar‟) arfANTE 1899
rarrBluteau ARFAR (Termo Nautico) Arfar a naacuteo Levantar a naacuteo com alternadas agitaccediloens
a popa amp a proa Arfa a nao [] A grande capitania que recebe Com aproa ogroſſo mar que
Arfando (bebePereira Ulyſſca Cant 5 oit 16Arfar []
rarrMoraes e Silva ARFAR v n Balancear erguendo-se e tombando ou pendendo a naacuteo
Euf 25 B 3 7 sect Arfar o cavalo empinar-se por-se em femeas sect fig Restituir-se a cima a
coisa elastica acurvada v g as tranccedilas da palmeira arfatildeo com algum peso
rarrLaudelino Freire ARFAR v r v Naacuteut Balancear ou oscilar o navio abaixando ora a
popa ora a proa jogar (intr) ldquoNo oceano arfam trecircs caravelasrdquo (Pocircrto Alegre) ldquoQue importa
a borrasca se a nau tem a prende-la os rijos dentes de ferro da acircncora
rarrAureacutelio arfar [Do lat vulg arefare ltlat arefacere secar poss] [] 4Mar Balouccedilar
oscilar (a embarcaccedilatildeo) no sentido longitudinal erguendo a proa []
rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq
As naus entre montanhas de mar ainda quando arfavam mal se viam
JOSEacute ALVARES DE OLIVEIRA (1981) [nd] HISTOacuteRIA DO DISTRITO DO RIO DAS
MORTES SUA DESCRICcedilAtildeO DESCOBRIMENTO DAS SUAS MINAS CASOS NELE
ACONTECIDOS ENTRE PAULISTAS E EMBOABAS E CRIACcedilAtildeO DAS SUAS
VILAS[A00_0395p95]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam arfar tambeacutem como termo naacuteutico
Origem duvidosa (latim vulgar)
Ficha 15
Arriar v a (T Naacuteutico) Abaixar ou alargar a vela a bandeira etc
____________________________________________________________________
rarrCunha arriar vb bdquoabaixar descer ( o que estava suspenso ou levantado)‟ XVI Do cast
arriar deriv Do lat arrēdāre ldquopreparar dispor‟ Cp ARREAR
rarrBluteau ARRIAR ou Arrear (Termo Nautico) Alargar abater amp Arriar a eſcota He
alargar a ditta corda paraque naotilde tome a vela tanto vento Verjoriam laxare Arrias velas V
Amainar O que eſtiver de ſotavento Arrie o velacho Britto Viagem do Brazil pag 268
Arriar a bandeira Abaxalla Bellicum vexilium demittere (mitto ) pondolhe a proa com
a bandeira que Arriaracirc amp iſſaracirc com eſpaccedilo Britto Viagem do Braſil paacuteg 269
rarrMoraes e Silva ARRIAacuteR v at Abater amainar vg arriar as bandeiras velassect
Afroixar vg arriar as escotas para que a veacutela natildeo vaacute tatildeo enfunada sect Arriar-se segurar-se a
cabo para se alar para algum posto Cast 2 157
rarrLaudelino Freire ARRIAR vr 2ordf- Arriar eacute abaixar e em sua origem tecircrmo naacuteutico
Arriar a vela ( ad-retro ad-retrare cf francecircs cognato arriegravere)
74
rarrAureacutelioarriar [Do cat arriar] Verbo transitivo direto1Abaixar descer (o que estava
suspenso ou levantado) [] 4Marinh Deixar correr pouco a pouco (um cabo que aguenta um
peso)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
O que deʃcubrir vellas amp natildeo forem das noʃʃas tiraragrave hũa peʃʃa ʃeguindo-as com o farol aʃezo
para o acompanharem os mais Se as eʃtrangeiras paʃʃarem de duas tantas vezes como forem
as embarcaccedilotildees iʃʃaragrave amp arriaragrave hum farol de correr junto ao principal para advertirʃe que
eʃte movimento natildeo he do mar amp deʃparando hũa peʃʃa a Capitana volte aviʃala
FRACISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 59]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterio apesentam arriar entre outras acepccedilotildees como termo do
universo mariacutetimo acima consultados Origem castelhana
Ficha 16
[]
Arruella sf [] (T Nautico) Argolinhas de ferro
_____________________________________________________________________
rarrCunha arruela sf bdquochapa com furo circular pelo qual se introduz o parafuso a fim de que a
porca natildeo desgaste a peccedila que vai ser aparafusada‟ XV rroela XIV Do ant fr roelle (hoje
rouelle) deriv Do lat tard rotella dim De rǒta bdquoroda‟
rarrBluteau ARRUELAS Arruelas (Termo de Navio) Saotilde humas argolinhas de ferro que ſe
metem nas cavilhas ate ajuſtar o buraco para ſe lhe meter a chaveta Naotilde tem termo proprio
Latino
rarrMoraes e Silva (arrueacutella) [] t de Naut Arruellas satildeo argolinhas de ferro que se mettem
na cavilha ate ajustar o buraco para se lhe metter a chaveta aninas lhe chamatildeo nos engenhos
d‟assucar
rarrLaudelino Freire ARRUELA sf Fr Ant roele Circunferecircncia em forma de moeda em
escudos heraacuteldicos 3 Pedaccedilo redondo de prata que se obteacutem vazando a prata fundida no
tijolo 4 Chapa de ferro na ponta da cavilha 5 Arco de ferro para apertar ou reforccedilar
usado em construccedilotildees navais
rarrAureacutelio arruela [De ar-4 + ruela
2] sf 1Chapa redonda de accedilo com furo circular na qual
se mete o parafuso a fim de que a porca natildeo desgaste a peccedila que vai ser aparafusada 2Heraacuteld
Besante de brasatildeo roel 3Pedaccedilo de prata lavrado em tijolo
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
As aſpas da Roda larga amp grande ſuſtentaotilde aos arcos o
interior da meſma Roda entre os dous arcos della aſſegurados cotilde muitas cavilhas de ferro amp
com ſuas arruellas amp chavetas meti
ſuas voltas ſegura
ANDREacute JOAtildeO ANTONIL (1711) [1711] LIVRO II - CAPITVLO I - DA EſCOLHA DA
TERRA PARA PLANTAR CANNAS DE AſſUCAR amp PARA OS MANTIMENTOS
NECEſſARIOS amp PROVIMENTO DO ENGENHO [A00_2577 P 48]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios de todos os dicionaacuterios acima consultados soacute o Aureacutelio natildeo apresenta arruela
como termo naacuteutico Origem francesa
75
Ficha 17
Avencadura ou Ovencadura (T naut) Enxarcia real
______________________________________________________________________
rarrCunha Natildeo constam avencadura e ovencadura Consta oveacutem sm bdquo(Marinh) cordas
grossas de navio‟ 1813 Do a fr hobent (ou hobenc) deriv do escandinavo ant houmlfuđbendur
(pl de houmlfuđbenda) de benda bdquocorda‟ e houmlfuđ bdquocabeccedila‟
rarrBluteau AVENCADURA Avenccediladugravera (Termo de Marinhagem) Chamaotilde-lhe outros
Enxarcia Real Vid Ovencadura Qual voltando pela Avencadura Na antena mayor contra a
procella A vela grande quer ver amainada Inful De Man Thomas livro 2 oit 86
rarrMoraes e Silva AVENCADURA V Ovencadura Enxarcia real T de Naut
OVENCADUacuteRA (ovencaduacutera) s f t de Naut A enxarcia real o feixe ou totalidade dos
ovens OVEacuteM (oveacutem) s m t de Naut Nome commum a todo cabo que serve de ter matildeo nos
mastros descendo das gargantas dlsquoelles ate aacutes mesas de guarniccedilatildeo
rarrLaudelino Freire AVENCADURA s f Ant O mesmo que ovencadura
OVENCADURA s f Naacuteut Conjunto de oveacutens a enxarcia real OVEacuteM s m Antfr hauban
Naacuteut Cada um dos cabos que aguentam os mastros para a borda
rarrAureacutelio natildeo constam avencadura e ovencadura Consta oveacutem Oveacutem [Do escand ant
houmlfudbendur pelo fr ant hobent ou hobene] Substantivo masculino 1Constr Nav Cada
uma das pernadas da enxaacutercia Desarmam o toldo de lona agrave proa [] colhem os guardins as
enxaacutercias os oveacutens os brandais todo o cordame em suma capaz de ser tocado pela ramaria
do arvoredo debruccedilado na calha (Raimundo Moraes Na Planiacutecie Amazocircnica p 77)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Que experimentamos jaacute quando noutra jornada do Braſil padecernos nelle hum horrivel
naufragio De preſente pela forccedila com que jugava ſurto na Ilha da Madeira abrio o calcegraves
por duas partes rebentando o eſtay mayor amp muita avencadura
FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 14]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios de todos os dicionaacuterios acima consultados soacute o Aureacutelio natildeo apresenta
avencadura ovencadura Os outros apresentam esse lexema como termo naacuteutico Origem
francesa
B Ficha 18
Banzeiro adj (T Naut) Diz-se do mar quando natildeo faz grandes ondas e do jogo que anda
igual para os parceiros
______________________________________________________________________
rarrCunha banzar bdquoespantar pasmar surpreender‟ 1813 Do lat bilanceare de bilancia
bdquobalanccedila‟ Do significado primitivo de bdquooscilar mover-se como balanccedila‟ passaria ao de
ondear‟ de que resultaria o de bdquoficar estonteado‟ [] banzeiro XVI
rarrBluteau BANZEIRO Inquieto Mal ſeguro Mar banzeiro nem quieto nem tormentoſo
[] Mas como o mar com a calamaria andave Banzeiro Barros I Decfol27colI []
rarrMoraes e Silva BANZEgraveIRO adj t de Naut Diz-se do mar que natildeo tem ondas mas que se
agita vagarosamente []
76
rarrLaudelino Freire banzeiro adj Diz-se do mar quando faz pequenas ondas e se agita
vagarosamente []
rarrAureacutelio Adjetivo 1 Diz-se do mar que se agita vagarosamente e em pequenas ondas []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Os mesmos remos padeceratildeo tantas falhas no seu exerciacutecio quantas forem as inconstacircncias
assim no mar como dos navios inquietos e inclinados jaacute para um e para outro lado nos
mares banzeiros e muito mais nos alterados e assim muitas e muitas vezes natildeo chegaratildeo a
aacutegoa e circularatildeo em seco apontando os ares mas natildeo virando os mares
PADRE JOAtildeO DANIEL (1976) [1757] PARTE SEXTA - DO TESOURO DESCUBERTO NO
RIO MAXIMO AMAZONAS - CONTEacuteM INVENTOS UacuteTEIS E CURIOSOS PARA A MELHOR
FAZENDO NAVEGACcedilAtildeO PROacuteSPEROS TODOS OS VENTOS AINDA OS MAIS
PONTEIROS E CONTRAacuteRIOS E PARA FAZER NAS CALMARIAS BOA VIAGEM COM
NOVA INVENCcedilAtildeO DE REPRESAR AS MAREacuteS PARA MOEREM FAacuteBRICAS E INGENHOS
DE MOTO CONTIacuteNUO ACCRESCEM ALGUMAS OUTRAS IDEacuteAS DE INGENHOS
MANUAES PARA SERRAR MADEIRA FAZER ACcedilUacuteCAR E MUITOS OUTROS NAtildeO
MENOS CURIOSOS QUE UacuteTEIS A VIDA HUMANA - CAP 2deg - SOBRE A MESMA
MATEacuteRIA DO PRIMEIRO INVENTO [A00_1965 p 393]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterio apesentam banzeiro entre outras acepccedilotildees como termo do
universo mariacutetimo Origem portuguesa lt latina
Ficha 19
Barbear va Fazer as barbas a algueacutem vn (T Naut) Estar prezo
______________________________________________________________________
rarrCunha barba ndash sf bdquocabelos do rosto do homem‟ XIII Do lat barba ndashae []
rarrBluteau BARBEAR Fazer a barba Cic Barbear (Termo Nautico) Barbeando os navios
ſobre as amarras trinta amp outo dias Britto Viagem do Braſil pag 180
rarrMoraes e Silva BARBEacuteAR vat Fazer as barbas a alguemsect vnt de Naut estar
abarbado preso vg barbeando os navios sobre a amarra Brito Viag
rarrLaudelino Freire BARBEAR vrv De barba + ear Fazer ou talhar as barbas a (tr dir
pr) [] 2 Abarbar (o cavalo) para medir a alccedilada (tr dir) [] 3Amarrar (tr dir)
rarr Aureacutelio barbear [De barba + -ear2] Verbo transitivo direto 1Fazer a barba a Verbo
pronominal2Fazer a proacutepria barba []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Depois que com ſingular felicidade eſtiveratildeo ſem nenhum dano tantos navios barbeando
ſobre a amarra trinta amp oito dias no perigoſo ſurgidouro da Coſta do Recife aacute terccedila feira da
Semana Santa onze de Abril principiamos noſſa derrota
FRACISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR () [A00_2496 p 36]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Bluteau e Moraes e Silva apresentam barbear como termo naacuteutico
significando ldquoprender estar presordquo Na 3ordf acepccedilatildeo desse verbo Laudelino Freire define-o
como amarrar mas natildeo o classifica como termo naacuteutico Origem portuguesa lt latina
77
Ficha 20
Barcolas sf plur (T Naut) As bordas onde encaixatildeo os quarteis de fechar as escotilhas
______________________________________________________________________
rarrCunha barc∙ o -ola rarr BARCA - bdquotipo de embarcaccedilatildeo‟ XIII Do lat tard barca de
origem hispacircnica [] barcOLA 1899
rarrBluteau BARCOLAS Barcocirclas (Termo de navio) Saotilde humas bordas mais altas em que
encaxatildeo os quarteis com que ſe cobrem as eſcotilhas amp deſpois ſe paſſa hum varatildeo ou cadeu
de ferro em que ficaotilde fechadas Naotilde temos palavras propria Latina
rarrMoraes e Silva BARCOacuteLAS (barcoacutelas) s f plur T de Naut As bordas onde encaxatildeo os
quarteis de fechar as escoltilhas
rarrLaudelino Freire BARCOLAS sf pl Naacuteut Bordas em que se encaixam os quarteacuteis de
fechar as escotilhas
rarrAureacutelio natildeo consta
rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Aureacutelio natildeo apresenta o lexema barcola Em todos os outros dicionaacuterios esse
lexema eacute apresentado como termo naacuteutico Origem hispacircnica lt latina
Ficha 21
Barquilha sf Peccedila atada a hum cordel comprido com que os navegantes medem o espaccedilo
que o navio vence com certo vento
______________________________________________________________________
rarrCunha barca ndash do latim tardio barca de origem hispacircnica
rarrBluteau natildeo consta barquilha mas barquinha ndash [] He como um barco de pescar ordinario
mas com quilha alta amp torre por baixo que vem de proa ateacute popa amp os furos por onde vai a
corda com facilidade []
rarrMoraes e Silva BARQUIacuteLHA (barquiacutelha) s f t Naut Peccedila de madeira da feiccedilatildeo de um
quarto de circulo atada a um longo cordel a qual se lanccedila por popa e dando-se-lhe corda por
tempo medido pela ampolheta se recolhe para saber-se o espaccedilo que o navio vinga com certo
vento em certo tempo e isto pouco mais ou menos outros dizem barquinha
rarrLaudelino Freire BARQUILHA s f De barca + ilha Mar Peccedila de madeira de forma
triangular ou dum quadrante precircsa a um cordel que se lanccedila da pocircpa dum navio para avaliar a
velocidade da sua marcha barquinha
rarrAureacutelio natildeo consta barquilha consta barquinha ndash [Dim de barca] Substantivo
feminino[] 4Ant Naacuteut Dispositivo com que na eacutepoca dos descobrimentos mariacutetimos do
seacutec XV se determinava a velocidade do navio
rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq
A praacutetica que usam os navegantes sobre a navegaccedilatildeo de Leste a Oeste eacute ordinariamente a
que chamam barquinha que eacute uma taboinha no fim de um comprido cordatildeo enrodilhado em
um rodiacutezio a qual taboinha largam sobre o mar da popa abaixo tendo na matildeo uma
ampulheta e segundo a velocidade com que o peso da barquinha levada das aacutegoas
desenrola o cordel do seu rodiacutezio inferem a velocidade ou andadura do navio para o que o
cordel tem sua conta que regulam pela ampulheta e dela foram seus caacutelculos e destes suas
ideacuteas de quanto anda em cada minuto em cada quarto em cada hora e em cada sangradura
78
Quatildeo sujeita seja a erros esta barquinha se pode logo inferir do seu cocircmputo e caacutelculo que
natildeo eacute outra cousa mais que uma conjectura ou estimativa tatildeo irregular e diversa como a
diversidade dos pilotos e navegantes
PADRE JOAtildeO DANIEL (1976) [1757] PARTE SEXTA - DO TESOURO DESCUBERTO NO
RIO MAXIMO AMAZONAS - CONTEacuteM INVENTOS UacuteTEIS E CURIOSOS PARA A MELHOR
FAZENDO NAVEGACcedilAtildeO PROacuteSPEROS TODOS OS VENTOS AINDA OS MAIS
PONTEIROS E CONTRAacuteRIOS E PARA FAZER NAS CALMARIAS BOA VIAGEM COM
NOVA INVENCcedilAtildeO DE REPRESAR AS MAREacuteS PARA MOEREM FAacuteBRICAS E INGENHOS
DE MOTO CONTIacuteNUO ACCRESCEM ALGUMAS OUTRAS IDEacuteAS DE INGENHOS
MANUAES PARA SERRAR MADEIRA FAZER ACcedilUacuteCAR E MUITOS OUTROS NAtildeO
MENOS CURIOSOS QUE UacuteTEIS A VIDA HUMANA - CAP 4deg - DE ALGUAS OUTRAS
ADVERTEcircNCIAS SOBRE A NAVEGACcedilAtildeO [A00_1967]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Moraes e Silva e Laudelino Freire classificam barquilha como termo naacuteutico
Aureacutelio na 4ordf acepccedilatildeo para o lexema barquinha apresenta esse termo como naacuteutico
indicando ainda ser termo antigo No Banco de Dados consultado soacute encontramos a variante
barquinha Origem hispacircnica lt latina
Ficha 22
Bastardo sm Nome de huma uva Moeda que houve na Iacutendia de 10 soldos [T Nautico]
Cabo que se mette por meio das lebres e coccedilonros para atracar as vergas aos mastros
______________________________________________________________________
rarrCunha bastardo adj sm bdquoque nasceu fora do matrimocircnio‟ bdquodegenerado da espeacutecie a que
pertence‟ XIV Do a fr bastard hoje bacirctard [] AbastardAR vb bdquoalterar corromper‟ 1813
rarrBluteau Baſtardos (Termo de navio) Satildeo huns cabos que ſe metem pello meyo das lebres
amp coccedilouros com que ſe atra Atraccedilatildeo as vergas aos mattos [] Ficou a Galeacute Pheniz fem
Baſtardo Malaca conquiſt livro 1oit32
rarrMoraes e Silva BASTAacuteRDO (bastaacuterdo) s m [] Bastardos t de Naut Cabos que se
mettem por meyo das lebres e coccedilouros com que se atraccedilaotilde as vergas aos mastrossect Parece
ser veacutela que se mettia nas galeacutes quando queriaotilde fazer forccedila de veacutela B 4 107 e mettendo os
bastardos por o alcanccedilar
rarrLaudelino Freire BASTARDO adj Fr bacirctard [] 3 Cabo naacuteutico de atracar vecircrgas nos
mastros 4 Naacuteut Vela triangular de pequenas embarcaccedilotildees
rarrAureacutelio bastardo [Do fr ant bastart] [] 10Marinh Cada um dos cabos de que se
compotildeem os enxertaacuterios das vergas de gaacutevea 11Marinh Pequeno cabo munido de caccediloilos e
destinado a aguentar a boca de lobo da carangueja ou retranca de encontro ao mastro 12Mar
V vela de bastardo
rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Aleacutem do significado mais conhecido todos os dicionaacuterios indicam bastardo e
bastardos tambeacutem como termo naacuteutico Origem francesa
79
Ficha 23
Beque sm (T naut) A extremidade da proa
______________________________________________________________________
rarrCunha beque1 sm bdquoestrutura saliente que forma a parte alta da proa dos navios antigos‟
XVI Do fr bec deriv do lat beccus bdquobico‟
rarrBluteau BEQUE Begraveque He na Proa do Baxel a ultima obra de madeira em que de
ordinario aſſenta a figura de algum animal ou monſtro marinho []
rarrMoraes e Silva BEacuteQUE (beacuteque) s m t de Naut A extremidade da proa onde o ordinario
vaacutei alguma figura Viriato 1720 O mar Tyrrbeno os beques vatildeo rasgando
rarrLaudelino Freire BEQUE s m Fr bec Extremidade superior da proa em forma de bico
2 Pop Nariz grande 3 Pop Parte posterior dos vestidos das mulheres Ant Giacuter Bocircca
rarrAureacutelio beque1 [Do fr bec us no fr ant em vez de avant] Substantivo masculino
1Constr Nav Estrutura saliente em geral inclinada para fora que forma a parte alta da proa
dos navios antigos a fim de servir de apoio ao gurupeacutes 2Pop V narigatildeo (2)
rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq
As antigas tem como temos dito na circunferecircnc
bem largas e para se segurarem nas cavernas natildeo seratildeo necessaacuterios mais pregos do que as
de casco logo nesta parte ficaraacute quasi o mesmo poreacutem como estas taacutebuas vatildeo a rematar no
beque e fazer a proa ali poupam toda a ferramenta que levam de mais os cascos com o
accrescentamento das conchas e bochecas e nesta parte levam as taacuteboas menos pregos
PADRE JOAtildeO DANIEL (1976) [1757] QUINTA PARTE - DO TESOURO DESCUBERTO
NO RIO MAXIMO AMAZONAS - CONTEacuteM UM NOVO MEacuteTODO PARA A SUA
AGRICULTURA UTILIacuteSSIMA PRAXE PARA A SUA POVOACcedilAtildeO NAVEGACcedilAtildeO
AUGMENTO E COMEacuteRCIO ASSIM DOS IacuteNDIOS COMO EUROPEOS - CAP 9deg - DE
MELHOR MEacuteTODO PARA A FACTURA DAS CANOAS DO AMAZONAS [A00_1959 p
363]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios indicam beque como termo naacuteutico Origem francesa
Ficha 24
Bigotas sm plur (T Nautico) Satildeo como huns moitotildees com trecircs furos pelo meiochatos e
sem roldanas por onde se enfiatildeo os colhedores das velas
______________________________________________________________________
rarrCunha bigota ndash BIGA sf bdquocarro romano de duas ou quatro rodas puxado por dois
cavalos‟ 1844 Do lat bīga bigota sf bdquoantiga peccedila de embarcaccedilatildeordquo 1813
rarrBluteau BIGOTA de navio Bigocirctas (Termo de navio) ſaotilde huns paos redondos mas
chatos com tres buracos por onde paſſaotilde os colhedores para fazer a enxarcia
rarrMoraes e Silva BIGOacuteTAS (bigoacutetas) s f pl t de Naut Moitotildees chatos sem roldanas
aburacados pelo meyo com furos por onde passatildeo colhedores de veacutelas
rarrLaudelino Freire BIGOTAS s f Naacuteut Montatildeo chato sem roldana furado pelo meio para
dar passagem aos colhedores das velas e a cabos da enxaacutercia
rarrAureacutelio bigota [Do it bigotta] Substantivo feminino 1Marinh Ant Poleame surdo de
madeira de forma lenticular biconvexa com uma goivadura na orla para receber uma alccedila de
80
fixaccedilatildeo e trecircs furos de face a face usado aos pares com um colhedor ligando-os empregado
para tesar oveacutens brandais estais etc
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Fazem-se igualmente vigotas de 25 palmos de comprido e hum de grosso e seu preccedilo he de
500 atheacute 400 rs
LUIZ DOS SANTOS VILHENA (1921) [1801] CARTA VIGESIMA [A00_0846]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios indicam bigota como termo naacuteutico No Banco de Dados
consultado consta a variante vigotas Origem latina
Ficha 25
Bolinete sm (T Naut) He o paacuteo roliccedilo com hum vatildeo por onde joga o pinccedilote e fixo na
coberta de sorte que se move de bombordo a estibordo
______________________________________________________________________
rarrCunha molinete bdquoespeacutecie de cabrestante que sustenta a acircncora em navios pequenos‟
bdquomovimento giratoacuterio raacutepido que se faz com a espada com um pau etc‟ XVI Do fr Moulinet
bdquomoinho pequeno‟ []
rarrBluteau BOLINETE Bolinegravete (Termo de navio) He hum patildeo roliccedilo que eſtacirc fixo na
cuberta de maneira que ſe mova redondamente de Bombordo para Eſtibordo Tem hum
buraco por onde paſſa amp joga o Pinccedilote Natildeo temos palavra propria Latina
rarrMoraes e Silva BOLINEgraveTE (bolinegravete) s m t de Naut Paacuteo roliccedilo que estaacute fixo na
coberta de maneira que se mova e borneye de bombordo a estribordo tem um vatildeo por onde
joga o Pinccedilote
rarrLaudelino Freire BOLINETE s m Cilindro de madeira na coberta do navio o qual
serve de cabrestante para a manobra2 Bateia
rarrAureacutelio bolinete (ecirc) [De molinete (ecirc) poss] Substantivo masculino 1Constr Nav
Molinete 2Vaso de madeira para lavagem das areias auriacuteferas [Cf bulinete]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo constam bolinete molinete com a acepccedilatildeo
naacuteutica
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios indicam bolinete como termo naacuteutico ou referente a navio
Origem francesa
Ficha 26
Bombordo sm (T Naut) O lado esquerdo da nagraveo olhando da popa para a proa
______________________________________________________________________
rarrCunha bombordo sm bdquo(Mar) o lado esquerdo da embarcaccedilatildeo considerando-se a proa
como a sua frente‟ XVI babordo XV Do fr bacircbord deriv do neerl bakboord Com
visiacutevel influecircncia de BOM
rarrBluteau BOMBORDO (Termo de navio) He a parte eſquerda da natildeo eſtando huma peſſoa
com a cara para a proa Siniſtrum latus navis Faz tal pendor para Bombordo Queirograves Vida do
Irmaotilde Baſto fol 124 col1
81
rarrMoraes e Silva BOMBOacuteRDO (bomboacuterdo) s m t de Naut O lado da naacuteo opposto a
estriboacuterdo Naufr De Sep73
rarrLaudelino Freire BOMBORDO s m De bom + bordo Naacuteut 1- Lado esquerdo do navio
olhando-se para a proa 2 Tudo o que fica ao lado esquerdo do navio
rarrAureacutelio bombordo [Do neerl bak boord bordo das costas do dorso (do timoneiro
quando o governo da embarcaccedilatildeo se fazia com um comprido remo colocado a estibordo) pelo
fr babord talvez com infl de bom] S m 1Mar O lado esquerdo da embarcaccedilatildeo
considerando-se a proa como a sua frente [v estibordo e boreste]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Da banda de bombordo me arrebataram os aparelhos com o jogar da nao
PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE
SOUSA [A00_0078 p 55]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios indicam bombordo como termo naacuteutico ou referente a
mariacutetimo Origem francesa
Ficha 27
Botalograves sm (T naut) Paacuteos que tem nas pontas ferros de tres bicos e segundo a sua grossura
servem para largar ou os cutellos ou as varredouras ou para afastar o navio que vem
abordar
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau BOTALOS Botacirclos (Termo de Navio) Satildeo huns paos com huns ferros nas
pontas com tres bicos que ſe botatildeo pelos coſtados dos navios para ſe largarē os cutellos
para que com mais preſſa ſe chegue ao navio a que ſe dagrave caccedila E embaixo no coſtado ſe botatildeo
outros botalos mais groſſos em que ſe largatildeo outras velas a que chamatildeo Barredouras amp eſtes
Botalos ſervem tambeacutem para ſe fincarem no coſtado de outro navio para afaſtar para fora
Natildeo tem nome proprio Latino
rarrMoraes e Silva (botaloacutes) s m pl t de Naut Paacuteos com ferros de tres bicos nas pontas
que servem para se largarem os cutellos e sendo botaloacutes mais grossos para largar as
varredouras que vatildeo polo lados os botaloacutes afastam tambem o navio que vem abordar
rarrLaudelino Freire BOTALOacuteS (botaloacutes) s m pl Naacuteut Paus com ferros de trecircs bicos nas
pontas para vaacuterios serviccedilos a bordo
rarrAureacutelio botaloacute [De botar1 + a
3 + loacute
1] Substantivo masculino Mar 1Ant Pontalete com
que os navios afastavam os inimigos que tentassem abordaacute-los 2Pau que sai pela popa de
embarcaccedilatildeo de vela que usa catita para caccedilaacute-la
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta o termo botaloacutes
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios indicam botalos como termo naacuteutico ou mariacutetimo
Origemonomatopaica - ldquoetim voc trissilaacutebico oxiacutetono formado de todo um segmento
fonoloacutegico que representava a oraccedilatildeo imperativa bota a loacute isto eacute bdquobota a vela da embarcaccedilatildeo
virada para captar o vento‟rdquo (Houaiss 2001)
82
Ficha 28
Bracear v n Mover os braccedilos v a (T Naut) Marear as velas _____________________________________________________________________________
rarrCunha bracear- consta no verbete de braccedilo - sm bdquocada um dos membros superiores do
corpo humano‟ XIII Do lat brac(c) hĭum [] bracEAR XVII
rarrBluteau Natildeo consta
rarrMoraes e Silva BRACEAacuteR (braceaacuter) v at Mover os braccedilossect t de Naut Bracear as
veacutelas H Naut Tom 3 mareaacute-las por meyo dos braccedilos []
rarrLaudelino Freire BRACEAR vrv De braccedilo + ear O mesmo que bracejar (intr) 2
Naacuteut Movimentar horizontalmente (as vecircrgas) em tocircrno do mastro por meio de cabos
chamados braccedilos (tr dir) ldquoAacuterduos penoacuteis braceia rebraceia teacute que o socircpro agrave feiccedilatildeo lhe
enfuna as velasrdquo (Odorico Mendes)
rarrAureacutelio bracear [De braccedilo + -ear2] Verbo transitivo direto 1Marinh Fazer girar (a verga)
no plano horizontal alando pelos braccedilos [v braccedilo (21)] para que a vela fique
convenientemente disposta em relaccedilatildeo ao vento []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Bluteau natildeo dicionariza bracear Todos os outros dicionaristas indicam
bracear como termo naacuteutico ou remete ao universo naacuteutico Origem portuguesa lt latina
Ficha 29
Braccedilo sm membro do corpo humano desde o hombro ateacute a matildeo Pernas dianteiras do
cavallo e outros quadrupedes A parte do instrumento de cordas onde estas se titiliatildeo A peccedila
que atravessa o arco da cruz Peccedila da cadeira onde encosta os braccedilos quem estagrave sentado nelle
Porccedilatildeo de mar entre duas costas pouco apariadas No plur (T Naut) Cabos que vem da ponta
da verga e servem para marear de hum para outro bordo _____________________________________________________________________________
rarrCunha braccedilo sm bdquocada um dos membros superiores do corpo humano‟ XIII Do lat
brac(c)hĭum []
rarrBluteau Braccedilos (Outro termo de navio) ſatildeo huns cabos que vem da ponta da verga com
que ſe marea a hum bordo amp outro ſe poderagrave exprimir em Latim com circumlocuccedilatildeo
rarrMoraes e Silva BRAacuteCcedilO (braacuteccedilo) t de Naut Satildeo os pegatildeo em cavernas para levantar o
grosso navio e estes satildeo braccedilos primeiros sect Braccedilos segundos satildeo as ultimas partes que botatildeo
cavernas da quilha para cima sect Braccedilos satildeo cabos que vem da ponta da verga em que se
mareya de um bordo a outro quando braceyatildeo
rarrLaudelino Freire BRACcedilO s m Lat brachium Naacuteut Cabos fixos agraves extremidades das
vecircrgas e que servem para as fazer girar em tocircrno do mastro
83
rarrAureacutelio braccedilo [Do gr brachiacuteon pelo lat brachiu] Substantivo masculino Marinh Cada
um dos cabos singelos ou dobrados que presos aos laises das vergas redondas se destinam a
dar-lhes movimento no sentido horizontal e a aguentaacute-las para reacute ~ V braccedilos Braccedilo da
acircncora 1 Marinh Cada uma das duas partes recurvadas da acircncora no extremo inferior da
haste que formam a cruz e terminam pelas patas
Braccedilo da verga 1 Marinh Cada um dos cabos ou teques presos agraves extremidades da verga e
que servem para fazecirc-la girar no plano horizontal [Cf amantilho (2)]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta braccedilo como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaristas indicam braccedilo tambeacutem como termo naacuteutico ou da
marinha Origem portuguesa lt latina
Ficha 30
Braga sf Argola com cadea de ferro com que se prende alguem pela perna (T Naut) Cabo
de alar pipas e outras cousas No plur Calccedilas largas
______________________________________________________________________
rarrCunha braga sf ldquocalccedilatildeo geralmente curto e largo que se usava outrora‟ XV bdquogrilheta‟
XVI Do lat braccedila []
rarrBluteau Braga Argola de ferro que prende na perna com huma cadca que prende por
cima Pocircr a braga a hum negro Servo catenas injicere E para que experimente a ſujeiccedilaotilde
pezada lhe lanccedila a dura Braga carregada Lobo o Deſengan Paacuteg 135 Braga chamaotilde nos
navios a huma corbalas quando embarcatildeo []
rarrMoraes e Silva BRAacuteGA (braacutega) Cabo do navio com que alatildeo caixas pipas e outras
coisas pesadas [] sect Braga no sing Cast 5 c 59 ldquoLanccedilou-se a gente na agua que lhe dava
pela bragardquo
rarrLaudelino Freire BRAGA s f Lat braccedila Argola de ferro que cingia a parte inferior da
perna do condenado a trabalhos forccedilados prendendo-o a uma corrente de ferro atada agrave cintura
do mesmo ou agrave argola de outro condenado grilheta 2 Caacutelerea com que se iccedilam cousas
pesadas como caixas pipas etc 3 Cabo que serve para sustar o recuo de um canhatildeo 4
Muro que servia de tranqueira nas antigas fortificaccedilotildees 5 Lus Casta laia qualidade
BRAGAS s f pl Ant Calccedilas largas e curtas calccedilotildees 2 Lus Ceroulas
rarrAureacutelio braga [Do lat braca] Substantivo feminino Marinh Gato de escape ou manilha
com que se prende o chicote da amarra agrave paixatildeo2 (q v) no paiol da amarra
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta braga como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaristas indicam braga tambeacutem como termo naacuteutico ou da
marinha Origem portuguesa lt latina
84
Ficha 31
Bragueiro sm Funda de que usa o que he quebrado Especie de manteo para cobrir os
genitaes (T Naut) Cabo que atravessa o leme para segurallo na falta das femeas Cabo
encostado ao Castello da proa fixo em huma argola e com huma bigota de hum furo na ponta
e serve para impedir que natildeo se afaste nem corte a escota no costado Cabo de amarrar
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau Bragueiro (Outro termo de navio) He hum cabo fixo em huma argola encoſtado
ao caſtello da proa que tem na ponta hum bigota de hum olho amp ſerve paraque ſe natildeo a faſte
nem corte a eſcota no coſtado []
rarrMoraes e Silva BRAGUEacuteIRO (braguegraveiro) s m [] sect t de Naut Cabo que atravessa o
leme pelo meyom para que faltando as fecircmeas se natildeo perca F M G Tambeacutem se chama assim
outro cabo fixo em uma argola encostado ao Castello da proa que tem na ponta uma bigota
de um olho e serve para que natildeo affaste nem corte a escota no costado
rarrLaudelino Freire BRAGUEIRO sm De braga + eiro Cabo que atravessa o leme para o
segurar no caso de se quebrarem as fecircmeas2Braga de segurar a artilharia ou cousas
pesadas3 Cabo de atracar []
rarrAureacutelio bragueiro [De braga + -eiro] Substantivo masculino 1Cinta ou funda para
heacuternias e rupturas 2Cueiro fralda
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta o termo bragueiro
______________________________________________________________________
Comentaacuterios De todos os dicionaacuterios analisados soacute Aureacutelio natildeo apresenta bragueiro como
termo naacuteutico Origem portuguesa lt latina
Ficha 32
Brandaes sm (T Naacuteutico) Especie de cabos os grandes passatildeo da enxarcia dos mastareos
pelas gaveas e vem a fazer fixo nos ouvens da enxarcia grande Os de gavea vem das pontas
dos mastereos a fazer fixo no costado do navio
______________________________________________________________________
rarrCunha brandal sm bdquotipo de cabo usado a bordo‟ l ndashdaacutees pl 1813 l Do cat brandal
rarrBluteau BRANDAES (Termo de navio) Brandaes grandes ſaotilde huns cabos que paſſaotilde da
enxarcia dos maſtarcos pellas gaveas amp vem a fazer fixos ao redor dos ſouvēs da enxarcia
85
grande Brandaes da Gavea ſaotilde huns cabos que vem das pontas dos maſtarcos a fazer fixo ao
coſtado da nao Natildeo temos palavra propria Latina
rarrMoraes e Silva BRANDAacuteES splmasc t de Naut Brandaes grandes uns cabos que
passatildeo da enxaacutercia dos mastareacuteos pelas gaacuteveas e vem a fazer fixo ao redor dos ouvens da
enxaacutercia grandesect Brandaes da Gaacutevea cabos que vem das pontas dos mastareacuteos a fazer fixo
ao costado das naacuteos
rarrLaudelino Freire BRANDAL s m De brando + al Naacuteut Cada um dos cabos que
aguentam os mastareacuteus para a borda
rarr Aureacutelio brandal [Do cat brandal poss] Substantivo masculino Marinh 1Cada um dos
cabos que aguentam os mastareacuteus para um e outro bordo e um pouco para reacute 2Cada um dos
cabos que aguentam os mastros de embarcaccedilatildeo miuacuteda para um e outro bordo e um pouco para
reacute [Cf estai] ESTAI [Do fr ant estai estay (atual eacutetai)] Substantivo masculino 1Marinh
Qualquer dos cabos que aguentam a mastreaccedilatildeo para vante 2Marinh Qualquer cabo
destinado a suportar em posiccedilatildeo vertical um turco chamineacute balauacutestre ou qualquer outra peccedila
do equipamento da embarcaccedilatildeo 3Bras Constr Nav Haste metaacutelica geralmente ciliacutendrica
que serve para manter em posiccedilatildeo qualquer parte ou peccedila da embarcaccedilatildeo [Cf brandal]
rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq
Por 5 Brandaes de 2 libras a 640 []
LUIZ DOS SANTOS VILHENA (1921) [1802] CARTA PRIMEIRA [A00_0404 p 71]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios analisados apresentam brandal brandaes como termo
naacuteutico ou da marinha Origem catalatilde
Ficha 33
Briol sm (T naut) Corda para ferrar e colher as velas
______________________________________________________________________
rarrCunha briol sm bdquotipo de cabo usado nas embarcaccedilotildees a vela‟ 1813 Do cast briol deriv
do a fr braivel (hoje breuil) dim de braie bdquobraga‟
rarrBluteau BRIOES (Termo de marinagem) Satildeo huns cabos com que ſe colhem as velas
quando ſe querem ferrar Funes contrabendis ou colligendis velis
rarrMoraes e Silva BRIOacuteES sm pl t de Naut Cordas que servem para ferrar e colher as
veacutelas (briyoes)
rarrLaudelino Freire BRIOL s m Cast briol Naacuteut Cabo de ferrar as velas 2 Giacuter Vinho
de qualidade inferior BRIOL adj Lus Becircbado eacutebrio
rarrAureacutelio briol [Do esp briol] Substantivo masculino 1Marinh Cada um dos cabos fixos
nas esteiras das velas redondas destinados a carregar o pano de encontro agraves vergas respectivas
[]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta o termo briol
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios analisados apresentam briol como termo naacuteutico ou da
marinha Origem castelhana lt francesa
Ficha 34
Buccedilardas sf (T Naut) pagraveos que atravessatildeo a roda da proa para reforccedilal-a
______________________________________________________________________
86
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau BUCARDAS Buccedilardas (Termo de navio) Satildeo huns paacuteos tortos que atraveſſaotilde a
roda de proa pella banda de dentro para fortificar amp em navios pequenos nellas aſſenta o
maſtro do traquete Naotilde tem palavra propria Latina
rarrMoraes e Silva BUCcedilAacuteRDAS sfpl t de Naut Satildeo uns paacuteos tortos que atravessatildeo a roda
de proa pela banda de dentro para a reforccedilarem sect Nos navios pequenos o mastro do traquete
assenta sobre as buccedilardas
rarrLaudelino Freire natildeo consta
rarrAureacutelio natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
__________________________________________________________________
Comentaacuterios Soacute Bluteau e Moraes apresentam o verbete buccedilardas e o indicam como termo
naacuteutico ou da marinha Origem controvertida
Ficha 35
Burra sf A femea do burro Cofre para dinheiro (T familiar) Nome de uma corda da mezena
[ T Naut ]
______________________________________________________________________
rarrCunha burro ndash do latim burrus bdquoruccedilo vermelho‟
rarrBluteau Burra de Mezena He huma corda que ſerve na vela da popa
rarrMoraes e Silva BUacuteRRA s f Jumenta a femea do burro sect famil Cofre para dinheiro
ordinariamente chapeado e forrado sect Uma corda de mezena t de Naut
rarrLaudelino Freire BURRA s f Fecircmea do burro jumenta 2 Naacuteut Cabo de mezena []
rarrAureacutelio Burro [] Mar Cada uma das pequenas talhas engatadas nos lais da retranca e nas
alhetas do navio uma por bordo e destinadas a aguentaacute-la quando a vela estiver caccedilada []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam burra burro tambeacutem como termo ligado agrave
vida mariacutetima Origem portuguesa lt latina
C Ficha 36
Cabresto sm Corda para prender as bestas na estribaria e que serve na falta de freio O freio
do prepucio No plr (T Naut) Cabos que vem do ldquoguropezrdquo a fazer fixo no costado em
humas argolas agrave proa
______________________________________________________________________
rarrCunha cabresto sm bdquoarreio freio‟ l XIII -bestro XIV l Do lat capĭstrum []
87
rarrBluteau Cabreſto (Termo de Mariagem) ſaotilde huns cabos que vem da ponta do gurupez a
fazer fixo em humas argolas que eſtaotilde no coſtado da nao agrave proa A falta do termo proprio
latino deſculparagrave aos que‟ fallarem por circumlocuccedilaotilde
rarrMoraes e Silva CABREgraveSTO s m [] t de Naut Cabos que vem da ponta do gurupeacutes a
fazer fixo em umas argolas que estatildeo no costado da naacuteo aacute proa []
rarrLaudelino Freire CABRESTOS s m Lat capistrum [] 2 Naacuteut Cabo grosso que
segura o gurupeacutes a argolas fixas no costado do navio 3 Corrente correia ou corda que
prende o cabeccedilalho agrave canga socairo
rarrAureacutelio cabresto (ecirc) [Do lat capistru com metaacutetese] Substantivo masculino Constr
Nav Cada uma das correntes de ferro que aguentam o gurupeacutes para a roda de proa Bras
Reforccedilo de linha ou de arame fino aplicado na extremidade da vara ou caniccedilo de pesca Bras
NE Ligamento de cordas que prendem os bancos agrave jangada []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
[] chegada a occasiatildeo de levar acircncora se lhe prende o cabresto e se larga ou solta a roda
a qual quanto mais tesa estiver tanto mais forccedila poraacute no cabresto e quando por si soacute natildeo
seja suficiente para a levantar o faraacute com muita brevidade ajudada com alguns poucos
serventes porque as cordas como violentadas hatildeo de buscar o seu natural
PADRE JOAtildeO DANIEL (1976) [1757] PARTE SEXTA - DO TESOURO DESCUBERTO NO
RIO MAXIMO AMAZONAS - CONTEacuteM INVENTOS UacuteTEIS E CURIOSOS PARA A MELHOR
FAZENDO NAVEGACcedilAtildeO PROacuteSPEROS TODOS OS VENTOS AINDA OS MAIS
PONTEIROS E CONTRAacuteRIOS E PARA FAZER NAS CALMARIAS BOA VIAGEM COM
NOVA INVENCcedilAtildeO DE REPRESAR AS MAREacuteS PARA MOEREM FAacuteBRICAS E INGENHOS
DE MOTO CONTIacuteNUO ACCRESCEM ALGUMAS OUTRAS IDEacuteAS DE INGENHOS
MANUAES PARA SERRAR MADEIRA FAZER ACcedilUacuteCAR E MUITOS OUTROS NAtildeO
MENOS CURIOSOS QUE UacuteTEIS A VIDA HUMANA - CAP 4deg - DE ALGUAS OUTRAS
ADVERTEcircNCIAS SOBRE A NAVEGACcedilAtildeO () [A00_1967 p 402]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios analisados apresentam cabresto como termo naacuteutico ou
de marinhagem Origem portuguesa lt latina
Ficha 37
Cachola sf (T baixo) Cabeccedila Fig Juizo Touticcedilo No plur (T naut) Pagraveos posticcedilos sobre o
calcez para engrossallo
______________________________________________________________________
rarrCunha cacho ndash provavelmente do latim vulgar cacculus [] cachOLA sf bdquopop Cabeccedila‟
XVIII []
rarrBluteau CACHOacuteLAS Cacholas (Termo de navio) Satildeo huns posticcedilos em cima do calcez
para o engroſſar quando naotilde tem groſſura proporcionada ao Navio Naotilde temos palavra propria
Latina
rarrMoraes e Silva CACHOgraveLAS t de Naut Paacuteos posticcedilos sobre o calcez para o engrossar
[]
rarrLaudelino Freire CACHOLA s f Mar Taacutebua que se prega no tocircpo do calcecircs de um
mastro afim de que a aacutegua se natildeo introduza entre os encaixes do madeiro2 Cavidade na
cabeccedila do leme onde se introduz a cana []
rarrAureacutelio [De cacho2 + -ola
1 poss] Substantivo feminino 1Pop V cabeccedila []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo foram encontradas ocorrecircncias
______________________________________________________________________
88
Comentaacuterios Soacute Aureacutelio natildeo apresenta cachola como termo naacuteutico
Origemcontrovertida
Ficha 38
Calabre sm (T Naut) corda grossa
______________________________________________________________________
rarrCunha calabre cabre sm bdquo(Marinh) amarra de cabo‟ l cabre XVI caaure XIV l Do ant
port caabre deriv Do a fr caable e este provavelmente do lat tard capŭlum bdquocorda‟
rarrBluteau Calabre que ſe ata agrave ancora Funis ancorarius Cœfar Calabre com que ſe ata bdquoa
verga ao maſto Anquina œ Fem Penult long []
rarrMoraes e Silva CALAacuteBRE ( calaacutebre) smt de Naut Corda grossa amarreta para varios
usos
rarrLaudelino Freire CALABRE s m Corda grossa feita de piaccedilaba a que se prendem os
alcatruzes das noras 2 Naacuteut Cabo grosso amarra
rarrAureacutelio calabre [Do port ant caabre (v cabre) poss com infl do port ant calabre
catapulta] S m 1Corda grossa Diz Cristo que eacute mais faacutecil entrar um calabre pelo fundo
de a agulha que entrar um avarento no Reino do Ceacuteu (Pe Antocircnio Vieira Sermotildees II p
259) 2Marinh Amarra de cabo cabre 3Constr Cabo2 (4)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Acham-se alguns de tal grossura que servem de calabres e amarras de embarcaccedilotildees
FRANCISCO XAVIER RIBEIRO DE SAMPAIO (1872) [1642] RELACcedilAtildeO GEOGRAPHICA
HISTORICA DO RIO BRANCO DA AMERICA PORTUGUEZA COMPOSTA PELO
BACHAREL FRANCISCO XAVIER RIBEIRO DE SAMPAIO () [A00_0713 p 262]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios analisados apresentam calabre como termo naacuteutico ou da
marinha Origem francesa lt latina
Ficha 39
Calabrote sm (T Naut) Calabre menos grosso Accediloute feito de hum pedaccedilo de calabrote
______________________________________________________________________
rarrCunha calabre cabre sm(Marinh) amarra de cabo‟ l cabre XVI caaure XIV l Do ant
port caabre deriv Do a fr caable e este provavelmente do lat tard capŭlum bdquocorda‟
calabrETE XV calabrOTE 1813
rarrBluteau CALABROTE Calabrocircte Vid Calabre Calabre pouco groſſo Com que a nao ſe
amarra em terra Com hum calabrote forte Jacinto Freire mihi pag 198 []
rarrMoraes e Silva CALABROacuteTE s m t de Naut Sorte de calabre menos grosso de um
pedaccedilo delle se faz accediloite donde se toma calabrote por accediloite de que usa o comitre ou
mestre para castigar a maruja
rarrLaudelino Freire CALABROTE s m De calabre + ote Calabre pouco grosso 2
Ponta de cabo de accediloute
rarrAureacutelio calabrote [De calabre + -ote1] Substantivo masculino 1Corda de pequena
grossura 2Marinh Cabo2 (6) de pequena bitola Atraacutes dos soldados chegaram marujos a
brandir calabrotes e chuccedilos (Xavier Marques O Sargento Pedro p 135)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
89
Mandarʃeha aos Meʃtres que cinjatildeo a enxarʃea levem area para as cubertas tomem boccedilas
nas vergas nas ancoras nas eʃcotas contra-eʃtais amp os bateis pela popa com dous
calabrotes hum mais baganagraveo do que outro
FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR () [A00_2496 p 61]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios analisados remetem calabrote a calabro ndash termo naacuteutico
ou de marinhagem Origem francesa lt latina
Ficha 40
Calafeto sm (T Naut) A estopa e breo com que se calafeta Acccedilatildeo de calafetar
______________________________________________________________________
rarrCunha Calafetar vb‟tapar vedar‟ XIII Do it calafatare provavelmente do ar qaacutelfat De
origem incerta o voc aacuterabe talvez derive do lat vulg calefare (claacutess calefacĕre‟) bdquoaquecer‟
por ser a operaccedilatildeo de derreter o alcatratildeo submetendo-o ao fogo uma das mais importantes
que pratica o calafate []
rarrBluteauCALAFETO Calafeto Couſa que ſe uſa para calafetar como eſtopa amp outra
couſa ſemelhante ou a acccedilaotilde de calafetar []
rarrMoraes e Silva CALAFEgraveTO s m t de Naut A estopa e breu com que se calafeta o
navio vg ldquo o navio cospia o calafetordquo A acccedilatildeo de calafetar
rarrLaudelino Freire s m De calafetar O mesmo que calafetagem [] 2 Estocircpa ou outra
substacircncia com que se calafeta calafecircto CALAFETAR v r v Ital Calafatare MarTapar
com estocircpa introduzida agrave forccedila (as junturas buracos ou fendas de uma embarcaccedilatildeo) e
embebendo de pez alcatratildeo para velar a aacutegua (tr Direto) ldquoEspalma as naves calafeta as
fendas repara as bordas o massame as velasrdquo (Pocircrto Alegre)
rarrAureacutelio calafeto (ecirc) [Dev de calafetar] Substantivo masculino1Calafetagem (2) [Pl
calafetos (ecirc) Cf calafeto do v calafetar] CALAFETAR [Do cat calafatar calafetar pelo
esp ant calafetar] Verbo transitivo direto 1Vedar com estopa alcatroada (as junturas
buracos ou fendas de uma embarcaccedilatildeo) 2Tapar vedar com pano papel massa etc (fenda ou
buraco de toneacuteis assoalhos tabiques etc) []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
E natildeo cause estranheza o calafetar das canoas porque pocircsto que aqui se fazem de um soacute pau
como no Brasil satildeo poreacutem abertas pela proa e pela pocircpa e acrescentadas pela borda com
falcas para ficarem mais altas e possantes e assim as costuras destas como os escudos ou
rodelas com que se fecham a proa e pocircpa necessitam de calafeto
ANTOacuteNIO VIEIRA (1925) [1654] CARTA LXV - AO PADRE PROVINCIAL DO BRASIL
1654 ()[A00_0157 p 373]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Moraes e Silva apresenta calafeto como termo naacuteutico Laudelino Freire e
Aureacutelio apresentam acepccedilotildees que remetem ao universo da marinha Bluteau natildeo faz nenhuma
referecircncia Origem italiana
Ficha 41
Calcez sm (T naut) O pescoccedilo do mastro onde encapella a enxarcia real
______________________________________________________________________
90
rarrCunha calcecircs bdquo(Const Nav) parte da seccedilatildeo retangular no extremo superior de um mastro
ou mastareacuteu‟ l ndashceses pl XVI l Do it calceacutese deriv do lat tardio calcēse adaptaccedilatildeo do lat
carchēsium e este do gr karchēsion bdquovaso para beber‟ parte superior do mastro cesto da
gaacutevea‟
rarrBluteau CALCEZ Calcecircz (Termo de Navio) he o peſcoccedilo do maſtro para riba aonde
encapella a Enxarcia Real Falta palavra propria Latina Pela muita forccedila o Maſtareo abrio o
Calcez por duas partes BritoViagem ao Braſil pag 67 []
rarrMoraes e Silva CALCEgraveZ s m t de Naut O pescoccedilo do mastro para riba onde encapella
a enxarcia real F Mend c 7
rarrLaudelino Freire CALCEZ ou CALCEcircS s m Lat carchesium Naacuteut Parte quadrada do
mastro ou mastareacuteu desde a romatilde para cima e na qual encapela a enxaacutercia real
rarrAureacutelio calcecircs [Do it calcese lt lat vulg calcese lt lat claacutess carchesiu] Substantivo
masculino 1Marinh Parte de seccedilatildeo retangular no extremo superior de um mastro ou
mastareacuteu logo acima da romatilde [Pl calceses (ecirc)]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios analisados apresentam calcez como termo naacuteutico ou da
marinha Origem italiana
Ficha 42
Calma sf calor causado pelo sol (T naut) Falta de vento
______________________________________________________________________
rarrCunha calma sf bdquogrande calor atmosfeacuterico geralmente sem vento‟ XV bdquoserenidade
sossego‟ 1813 Do it calma deriv Do lat tardio cauma e este do gr kauma bdquocalor ardente
chama‟ []
rarrBluteau calma borralho Phraſe Nautica Emparelhado onde elle participa da outra linha da
coſta tranſversal [] Bonanccedila Por em calma ao mar Mare tranquillarem placare fedare
Vid Abonanccedilar Seus alterados mares punha em Calma Inful De Man Thomas liv 2
Oit69
rarrMoraes e Silva CAacuteLMA s f t de Naut tempo em que natildeo haacute a menor aragem nenhum
vento sect Calma entre os Nautas falta de vento calmarialdquo cahir em calma ldquoficar em
calmariardquo
rarrLaudelino Freire CALMA s f B lat cauma do gr kauma Hora do dia em que haacute mais
calor 2 Falta de vento cessaccedilatildeo de agitaccedilatildeo no mar bonanccedila calmaria []
rarrAureacutelio calma [Do gr kaucircma calor ardente pelo lat tard cauma] SF 1Grande calor
atmosfeacuterico em geral sem vento calmaria [] 3V calmaria (1) 4Fig Serenidade de acircnimo
sossego tranquilidade calmaria malacia []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Este dia todo nom ventou vento senam choveo muita aacutegua e fazia tam grande calma que nom
se podia soportar
PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE
SOUSA () [A00_0078 p 35]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Nem todos os dicionaacuterios citam o termo como naacuteutico mas todos eles abonam
ou exemplificam o termo como relativo ao mar Origem italiana lt latina
91
Ficha 43
Calmaria s f (T Naut) Falta de vento
______________________________________________________________________
rarrCunha calma sf bdquogrande calor atmosfeacuterico geralmente sem vento‟ XV bdquoserenidade
sossego‟ 1813 Do it calma derivado do latim tardio cauma e este do grego kauma bdquocalor
ardente chama‟ [] calmaria sf bdquocalma‟ XVI
rarrBluteau CALMARIA Calmaricirca Tanquilidade das aguas do mar Malacia amp Fem []
Amanheceo o dia ſeguinte em huma terrivel Calmaria Queirograves Vida do Irmatildeo Baſto pag
351colI
rarrMoraes e Silva calmaria sf de Naut Tempo de calma no mar em que o navio natildeo surde
ldquoestar o mar em calmariardquo []
rarrLaudelino Freire sf De calma + aria Cessaccedilatildeo do vento e do movimento das ondas
[]
rarrAureacutelio [ De calma + aria] Sf 1 Ausecircncia de ventos eou do movimento das ondas []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
[] por cinco ou seis dias tivemos grandes calmarias trovoadas e chuveiros tatildeo escuros e
medonhos e tatildeo fortes ventos que era cousa despanto e no meio dia ficavamos numa noite
mui escura
PADRE FERNAtildeO CARDIM (1980) [1583] III - INFORMACcedilAtildeO DA MISSAtildeO DO P
CHRISTOVAtildeO GOUVEcircA AacuteS PARTES DO BRASIL - ANNO DE 83 - OU NARRATIVA
EPISTOLAR DE UMA VIAGEM E MISSAtildeO JESUIacuteTICA[A00_0751 p 142]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente Moraes e Silva define calmaria como termo naacuteutico mas todos os
outros dicionaacuteriosem suas definiccedilotildees remetem a tempo e atmosfera Origem italiana lt
latina
Ficha 44
Canjar vs (T Naut) Ir avante
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau natildeo consta
rarrMoraes e Silva CANJAacuteR vr t de Naut Surdir aacute vante ldquo os ventos ponteiros faziatildeo
desandar o que o navio tinha canjadordquo i eacute os ventos abatiatildeo o que o navio tinha surdido
vingado Freire
rarrLaudelino Freire CANJAR v intran Ant Trocar de cocircr ou de rumo cambiar Canjar s
m Aacuter kandjar Espeacutecie de punhal de lacircmina comprida afiada dos dois lados alfanje
rarrAureacutelio natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente Moraes e Silva apresenta canjar como termo naacuteutico Origem
duvidosa (italiana) (Houaiss 2001)
92
Ficha 45
Carlinga sf (T Naut) He hum encaixe onde na sobrequilha da nagraveo ou navio assenta o pegrave
do mastro grande e do traquete por outro nome pia
______________________________________________________________________
rarrCunha carlinga sf bdquo(Constr Nav) ant forte peccedila de madeira fixa agrave sobrequilha com um
encaixe onde entra a mecha do peacute do mastro real‟ XVI (Aeron) cabina XX Do fr carlingue
deriv do a escand kerling bdquomulher‟ bdquocarlinga‟ por uma comparaccedilatildeo de ordem sexual
rarrBluteau CARLINGA (Termo de navio) He na ſobrequilha hum encaixo ou covaſinha
onde aſſentaotilde o maſto grande amp agraves vezes o do traquete Por outro nome chamotildelhe PiaO Padre
Filiberto Monet com termos Grego-Latinos chama a Carlinga Hiftodoche es Fem amp
Hiftopus odis Mafe O peacute do maſto ſe encaixa em hum buraco quadrado da Carlinga Pterna
mali ou peacutes mau ou talus mali inditur ftatuitur in quadro biftodoches cavo A Carlinga
ſerve de de baze ao maſto amp a quilha de pedeſtal Hiftodoche feumodius bafin dyrochus verograve
ftylobaten navali malo fubminiftratA agoa que a nao fazia era pola Carlinga Comentar De
Affonſo d‟Albuquerque pag 22
rarrMoraes e Silva CARLIacuteNGA s f t de Naut Na sobrequilha dos navios eacute um encaxe onde
assenta o peacute do mastro grande e do traquete aliaacutes se diz pia Comment dlsquo Albuq P22 Couto
6921
rarrLaudelino Freire CARLINGA s f Naacuteut Peccedila fixada na sobrequilha ou abertura nesta
praticada e em que encaixam os mastros sobrequilha 2 Aeron Lugar onde fica o pilocircto
3 Tabuleta com furos em baixo do banco da vela da jangada e na qual se prende o peacute do
mastro mudando-se de um furo para o outro conforme a conveniecircncia da ocasiatildeo carninga
rarrAureacutelio carlinga [Do fr carlingue] Substantivo feminino 1Ant Constr Nav Forte peccedila
de madeira fixa agrave sobrequilha e em cuja face superior haacute um encaixe de seccedilatildeo quadrangular
onde entra a mecha do peacute do mastro real 2Constr Nav Gola metaacutelica fixa no conveacutes (quando
o mastro natildeo vai ateacute agrave quilha) e onde se apoia o peacute do mastro As meias arrendadas foram
atiradas agrave carlinga do mastro (Xavier Marques Jana e Joel p 173) 3Cabina (3) 4Bras
NE Tabuleta com furos embaixo do banco da vela de uma jangada e na qual se prende o peacute
do mastro mudando-se de um furo para o outro segundo a conveniecircncia da ocasiatildeo [Var
carninga]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam carlinga como termo naacuteutico Origem
francesa
Ficha 46
Carregadeiras por outro nome Sirgideiras Sf plr (T Naut) Cabos delgados para colher ou
carregar as velas Dous moitotildees com cabo fixo no enxertario para arriar a verga
______________________________________________________________________
rarrCunha do latim carrus ndash carregadeira 1813
93
rarrBluteau CARREGADEIRAS ou Sirgideiras (Termo de Marinhagem) Carregadeiras da
mezena ſaotilde huns cabos delgados cotilde que ſe carrega a vela amp ſe colhe colligendo velo
poftico Carregadeiras (Outro termo de marinhagem) Satildeo dous moutoens com hũ cabo fixo
no enxertario que ſerve para arriar a verga a baixo quando faz tempo
rarrMoraes e Silva CARREGADEIRAS s f pl t de Naut ou Sirgideiras cabos delgados
com que se colhem ou carregatildeo as velassect Dois moitotildees com cabo fixo no enxertario para
arriar a verga quando faz tempo
rarr Laudelino Freire s f pl Lus Giacuter As pernas CARREGADEIRA s f De carregar +
deixara Cabo delgado com que se carregam ou colhem as velas dos navios []
rarrAureacutelio carregadeira [De carregar + -deira] Substantivo feminino 1Marinh Cabo
delgado com que se carregam ou colhem as velas []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo constam carregadeiras nem sirgideiras
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam carregadeiras como termo naacuteutico de
marinhagem ou do mar Origem portuguesa lt latina
Ficha 47
Cevadeira sf (T Naut) vela pequena agrave proa do navio Alforge de comida
______________________________________________________________________
rarrCunha do latim cibare
rarrBluteau CEVADEIRA Vela pequena que ſe potildeem na proa Proclinati ad proram mali
velum
rarrMoraes e Silva CEVAgraveDEIRA s f vela pequena de proa t de Naut sect Alforge de comer
Couto 5113 natildeo levatildeo mais que suas armas e cevadeiras com farinha de trigo Cont de
Trancoso sect Homem da minha cevadeira i eacute da minha conversaccedilatildeo Eufr 51 Hist Naut 1
456 ldquoSem alforge e cevadeirardquo os Apoacutestolos despedidos por J Christo Feo Sem De Nossa
Senhora das Neves p115 ldquoRumecan General com 7 ou 8 mil de cavallo da sua cevadeira
Couto 495
rarrLaudelino Freire CEVADEIRA s f de cevar + deira Naacuteut Pequena vela suspensa de
uma vecircrga que atravessa horizontalmente o gurupeacutes
rarrAureacutelio cevadeira [De cevada + -eira] Substantivo feminino 1Saco que se adapta ao
focinho das cavalgaduras para lhes dar a cevada ou outro alimento bornal embornal
2Marinh Ant Verga de cevadeira 3Marinh Ant Vela quadrangular que envergava na
verga do mesmo nome por baixo do gurupecircs [Cf sevadeira]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Apartados os dous navios da ſombra da terra deſcubrioſe entatildeo da Armada que rendido o
noſſo do Pirata o levava aacute toa E metendolhe breviſlimamente vellas de eſtay cutellos
joanetes barredouras (aacutelem da meſena amp ſevadeira que lhe faltou) adiantava grande
caminho em pouco tempo fugindo a hum cortar para ſervirlhe o vento a todo pano o vento
a todo pano
FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 42]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam cevadeira como termo naacuteutico ou relativo ao
mar Origem portuguesa lt latina
94
Ficha 48
Chapeleta sf (T Naut) Couro pregado sobre o pagraveo chamado de nabo O salto da pedra
atirada agrave superficie da agua
______________________________________________________________________
rarrCunha do a f chapel
rarrBluteau CHAPELETA Chapeleta (Termo de navio) He hum couro pregado em cima de
hum pagraveo redondo que chamaotilde Nabo Coriaceum tegumentum i Neut
rarrMoraes e Silva CHAPELETA s f t de Naut Coiro pregado sobre o paacuteo a que os
Nauticos chamatildeo Nabo da Bomba de esgotar o fundo dos navios
rarrLaudelino Freire CHAPELETA s f Cast chapelete Chapelinho 2 Vaacutelvula nas
bombas que se usam a bordo
rarrAureacutelio [De chapeacuteu1 (lt fr ant chapel) + -eta (ecirc) seg o padratildeo erudito] Substantivo
feminino 1V chapeacuteu1 (1) 2Vaacutelvula de bola (q v) usada nas bombas [v bomba (4)] 3V
ricochete (1) 4Mancha de rubor nas faces chapeacuteu1 [Do fr ant chapel atual chapeau]
Substantivo masculino 1Peccedila de feltro palha etc com copa e abas e destinada a cobrir a
cabeccedila [Aum chapelatildeo chapeiratildeo dim irreg chapelete chapeleta Sin (bras giacuter) tampa
e penante] Marinh A parte superior do cabrestante
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Embora natildeo conste em todos os dicionaacuterios como termo naacuteutico as definiccedilotildees
apresentadas remetem a esse termo Origem portuguesa lt francesa
Ficha 49
Chapiteo sm (T Naut) O remate mais alto da popa e proa No edifiacutecio Chapitel he o
rematte delle
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau CHAPITEO Chapiteo (Termo de navio Por quanto hum homem podia diviſar do
Chapiteo da naacuteo Barr 2 Dec pag 186col2
rarrMoraes e Silva CHAPITEO Chapiteacutel V Chapiteacuteo Palm 3111Chapiteacuteo s m t de
Naut o chapiteacuteo da naacuteo Barros 2186 quanto um homem podia divisar do chapiteacuteo da naacuteo
Amaral 2 Eacute a parte mais alta em que se remata a popa e proa onde frequentemente havia
castellos e entatildeo o Chapiteo rematava os castellos bem como na arquitectura civil os
chapiteacuteis rematatildeo os edificios Seg Cerco de Diu f157 ―chapiteacuteos da Igreja M Pinto
6214
rarrLaudelino Freire CHAPITEacuteU s m De capitel A parte mais elevada da proa e da pocircpa
do navio
rarrAureacutelio natildeo constam chapiteacuteo chapiteacuteu
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Era tam grande o mar que agrave entrada da baiacutea em 9 braccedilas de fundo me deu o mar por riba
do chapiteacuteo e veo quebrar no conveacutes
PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE
SOUSA [A00_0078 p 107]
95
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Aureacutelio natildeo lista chapiteo em seu dicionaacuterio Para os demais autores
consultados chapiteo eacute um termo de navio Origem natildeo encontrada
Ficha 50
Chaveta sf (T Naut) Ferro com que se bdquore em‟ as cavilhas fechando por cima das arruelas
Ferro no eixo que natildeo deixa saacutelvio o que estagrave enfiado nelle
_____________________________________________________________________
rarrCunha chaveta - do latim clavem
rarrBluteau CHAVETA Chaveta (Termo de navio) Chapa de ferro da largura de dous dedos
eſtreita para a ponta fecha por cima das arruelas para que ſe naotilde poacuteſſaotilde tirar as cavilhas
Clavorum retinaculum i Neut
rarrMoraes e Silva CHAVEgraveTA s f t de Naut Peccedila de ferro que fecha por cima das
arruellas para reter as cavilhas ou se mette no extremo de algum eixo paranatildeo sair o que estaacute
enfiado nelle
rarrLaudelino Freire CHAVEcircTA s f De chave Peccedila de ferro na extremidade de um eixo
para natildeo deixar sair as rodas ou peccedila que segura uma cavilha 2 Cavilha 3 Haste em que
jogam as dobradiccedilas 4 Lus O mesmo que chavelha
rarrAureacutelio chaveta (ecirc) [De chave + -eta (ecirc)] Substantivo feminino 1Peccedila na extremidade
dum eixo para fixar as rodas2Peccedila para segurar a cavilha 3Haste em que jogam as
dobradiccedilas 4Bras SP Peccedila de madeira que prende a canga agrave tiradeira [Pl chavetas (ecirc) Cf
chaveta e chavetas do v chavetar]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
[] e estas fontes como outros tantos Cyfoens enchem delivel com aagoa dorio aquellas
praccedilas logo que amachina se interrompe machina ha destas q consta de quatro centas
chapas deferro ecada chapa de oito Libras fora as cavilhas e chavetas do mesmo metal
[]
ANTONIO PIRES DA SILVA PONTES LEME (1896) [nd] MEMORIAS SOBRE A
EXTRACCcedilAtildeO DO OURO NA CAPITANIA DE MINAS GERAES () [A00_0761 P 420]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam o termo chaveta ligado ao mundo mariacutetimo
Origem portuguesa lt latina
Ficha 51
Cheleira sf (T naut) peccedila de madeira nas nagraveos junto aacutes portinholas com vatildeos onde se
mettem as balas
_____________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau natildeo consta
rarrMoraes e Silva CHELEgraveIRA s f Nas naacuteos de guerra eacute peccedila de madeira que corre ao
longo do costado junto aacutes portinholas e onde estatildeo as ballas vi uns vatildeos feitos para isso nas
cheleiras (do Inglez Shelf) Exame de Artilheiros
96
rarrLaudelino Freire CHELEIRA s f Lugar em que empilham as balas na bateria de um
navio 2 Peccedila de madeira em que a bordo se encaixam baldes
rarrAureacutelio natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Em suas acepccedilotildees os dicionaacuterios de Moraes e Silva e Laudelino Freire
apontam o termo como do universo naacuteutico Os demias dicionaristas natildeo citam o termo
Origem natildeo encontrada
Ficha 52
Ciar se va refl Ter ciumes (T Naut) vn Remar para traz em quanto outros rematildeo ao
contrario para voltar o baixel
______________________________________________________________________
rarrCunha ciar vb bdquoremar para traacutes‟ l cear XVI l Do cast ciacutear talvez deriv de cia bdquoquadril‟
pelo esforccedilo que faz esta parte do corpo ao ciar
rarrBluteau CIAR ou ciarſe ter ciumes Emulari Vid Ciume amp Ciofo Pois ſe Chriſto ſe Cia
tanto de morrer algum hoacutemem antes que elle morra pelos homens OP Ant Vieira
rarrMoraes e Silva CIAR-SE t de Naut Remar para traz ao tempo que os outros remeiros do
lado opposto rematildeo para diante para voltar a galeacute V Ciavoga Cast 2161 V Cear como
escrevem Barros e Castanheda CIAVOacuteGA s f t de Naut Volta em redondo que se daacute aacute
galeacute remando os de um lado e ciando os do outro Cast
rarrLaudelino FreireCIAR v intr Naacuteut Remar no sentido contraacuterio ao andamento para
recuar ou para voltar a embarcaccedilatildeo vogando a direito os remeiros do outro lado 2 Mover-
se para traacutesrdquo Cia a igara e reparte um silvo extensordquo (Pocircrto Alegre)
rarrAureacutelio ciar1 [Do esp ciar poss] Verbo intransitivo 1Remar para traacutes 2P ext Mover-se
para traacutes [Cf siar e cear]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Vista jaacute posto que em sombras a pintura do corpo natural desta Regiatildeo a benevolecircncia do
seu clima a fermosura dos seus Astros a distancia das suas costas o curso cia sua
navegaccedilatildeo o movimento dos seus mares objectos que mereciaotilde mais vivos e dilatados
rascunhos []
SEBASTIAtildeO DA ROCHA PITTA (1878) [1730] LIVRO PRIMEIRO [A00_0567 p 13]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Dentre os dicionaacuterios consultados somente o de Bluteau natildeo cita o termo ciar-
se como naacuteutico Origem castelhana
Ficha 53
Cifa sf Assim chamatildeo os ourives a aregravea de que enchem os frascos de moldar e vasar as
peccedilas (T Naut) untura que se dagrave nas embarcaccedilotildees
______________________________________________________________________
rarrCunha cifa sf bdquoareia que os ourives empregam para moldar‟ 1813 Do arsatildeifacirc
97
rarrBluteau natildeo consta
rarrMoraes e Silva CIFA sf eacute untura que se daacute aos navios feita de gordura ou azeite de
peixes ampc B 4816 ldquodaria 100 quintaacutees de Cifa ( que eacute azeite de peixe) ―Couto V de Lima
6 16 lhe mandassem municcedilotildees remos cifa cotonias []
rarrLaudelino Freire sf aacuter saifa Areia de que os ourives enchem os frascos de moldar e
vazar as peccedilas que eles depois tecircm de lavar
rarrAureacutelio cifa [Do aacuter sayf espada areia fina (sentido metafoacuterico)] Substantivo feminino
1Areia que os ourives empregam para moldar
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente Moraes e Silva abona o termo cifa como naacuteutico Origem aacuterabe
Ficha 54
Cifar va (T Naut) Dar cifa
______________________________________________________________________
rarrCunha de cifa sf bdquoDo arsatildeifacirc
rarrBluteau CIFAR Termo Nautico Mandou logo Cifar amp baſtecer trinta navios Jacinto
Freire mihi 322 Cinco navios varados amp Cifados para ſe lanccedilarem ao mar Couto 8 Dic 129
col1
rarrMoraes e Silva CIFAacuteR v at De Naut Dar cifa aos navios ldquocifar e alimpar os naviosrdquo
Cron F III P 3 c 77 mandou cifar e bastecer trinta navios Freire cinco navios varados e
cifados para se lanccedilarem ao mar Cast 8 fol I col I ldquocifados e ensevados os navios para
que ficassem mais ligeirosrdquo e a f 250 como as embarcaccedilotildees estavatildeo cifadas e enseyadas
prendeo logo o fogo nellas V Cifa
rarrLaudelino Freire CIFAR v tr dir De cifa + ar Ant Untar com cifa (os navios) 2
Aparelhar ou abastecer (embarcaccedilatildeo) para se lanccedilar agrave aacutegua
rarrAureacutelio natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Dos dicionaacuterios consultados natildeo citam o termo as obras de Aureacutelio e Cunha
Origem aacuterabe
Ficha 55
Cinta sf Faixa de apertar o corpo Cintura onde se aperta a cinta Peccedila das culumnas e
pedestaes (T Naut) Pagraveos de reforccedilar o forro do costado de popa agrave proa
______________________________________________________________________
rarrCunha cinta sf bdquofaixa para apertar a cintura‟ XIII Do lat cĭncta part De cĭngĕre cintAR
1881 cinto1
adj bdquocingido‟ XIV Do lat cinctus ndashūs part De cĭngĕre cinto2
sm bdquofaixa ou
tira que cinge o meio do corpo com uma soacute volta‟ XIII Do lat cinctus -ŭs cintura sf bdquoa
parte meacutedia do tronco humano situada abaixo do peito e acima dos quadris‟ l ccedilin- XIV ccedilim-
XV l Do lat cinctūra cintURAtildeO sm bdquocinto grande‟ 1813
rarrBluteau Cintas (Termo de navio) Saotilde huns paacuteos que cingem o navio da popa ateacute a proa
pela parte de fora abraccedilando toda aquella madeira em diſtancia huma da outra de palmo amp
meyo ou dous palmos de largo ou ſaotilde huns paacuteos q coacuterrem davante a Reacute ſobre as eſtacas que
ellas foraotilde correndo ao longo das Cintas do coſtados []
98
rarrMoraes e Silva [] t de Naut Paacuteos que vatildeo por fora do costado de popa aacute proa e servem
de reforccedilo ao taboado ou forro do costado Barros
rarrLaudelino Freire CINTAS s f pl Taacutebuas pregadas aos caibros junto agrave cumieira e
paralelas a esta de dois em dois metros mais ou menos para dar firmeza aos planos do
madeiramento 2 Pranchotildees que cingem o navio da pocircpa agrave proa
rarrAureacutelio cinta [Do lat cincta fem do part pass de cingere] Substantivo feminino
Constr Nav Fiada de chapas mais grossas dispostas de proa agrave popa no forro exterior do
costado de navios de ferro agrave altura do conveacutes da borda-livre com o fim de aumentar a
resistecircncia do casco e do proacuteprio costado cintado []1 Bras Mar G Dispositivo instalado
numa embarcaccedilatildeo de casco de ferro ou de accedilo e que atenua ou neutraliza a deformaccedilatildeo que o
magnetismo da embarcaccedilatildeo causa nas linhas de forccedila do magnetismo terrestre assim
reduzindo muito a eficaacutecia das minas e torpedos eletromagneacuteticos que se possam encontrar na
rota Cinta couraccedilada 1 Constr Nav Cinta de chapas de couraccedila para proteger navio
encouraccedilado e que se estende desde abaixo da sua linha de flutuaccedilatildeo ateacute pouco acima dela
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam cinta como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Ficha 56
Clara s f O branco glutinoso do ovo (T Naut) No beque do navio he hum pagraveo que vai por
baixo da curva e por cima do talhamar
______________________________________________________________________
rarrCunhaclara - Claro adj bdquoorig luminoso brilhante iluminado‟ fig niacutetido inteligiacutevel
manifesto‟ XIII Do lat clarus []
rarrBluteau [] Clara do Beque Palavra de Navio He hum paacuteo que vay por cima do
Talhamar amp por baxo da curva Chamaſe Clara porque tem ſeus vatildeos para por ella paſſar o
mar
rarrMoraes e Silva CLARA sf [] Clara do beque pao que vai por cima do talhamar e por
baixo da curva t de Naut
rarrLaudelino Freire CLARA sf [] 4 Abertura em algumas peccedilas do navio
rarrAureacutelio clara [F subst do adj claro] s f 4Mar V aberta (9) 5Constr Nav Designaccedilatildeo
comum a algumas aberturas existentes no casco ou no aparelho das embarcaccedilotildees []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todas as obras apontam clara como termo de navio entre outras acepccedilotildees
Origem portuguesa lt latina
99
Ficha 57
Colhedor sm Que colhe as frutas das aacutervores No plur(T Naut) Cabos que para fortificar
os mastros passatildeo pelas bigotas fixas nas pontas dos bdquoovens‟ da enxarcia e nas que estatildeo fixas
na abotoadura
______________________________________________________________________
rarrCunha colhedor ndash de colher Do latim colligere
rarrBluteau Colhedocircres (Termo de navio) Saotilde huns cabos que paſſaotilde pelas bigotas que
eſtaotilde fixas nas pontas dos ovens da Enxarcia como tambem por aquellas que eſtaotilde fixas na
abotocadura para fortificar os maſtos Demandaotilde toda a forccedila amp vaotilde a poder de muyto cabo
[]
rarrMoraes e Silva sm [] t de Naut cabos que passatildeo pelas bigotas fixas nas pontas dos
ovens da enxaacutercia e por outras fixas na abotoadura para fortificar os mastros
rarrLaudelino Freire COLHEDOR adj E sm De colher + dor O que colhe o que recebe
Colhedores s m pl Cabos delgados que enfiando pelos buracos de duas bigotas ou sapatos
servem para tesar os oveacutens estais
rarrAureacutelio [De colher (ecirc) + -dor] Adjetivo Marinh Cabo com que se tesa um estai um
oveacutem etc e que gorne em um par de bigotas uma das quais eacute presa no chicote do cabo a
tesar e a outra num ponto apropriado do conveacutes do costado de um mastro etc
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam colhedor como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Ficha 58
Contrapunho sm [T Naut] cabo pegado na ponta da vela grande e do traquete para ajudar
a amarra
______________________________________________________________________
rarrCunha contra (latim) +punho (latim)
rarrBluteau (Termo de navio) He hum cabo que eſtaacute pegado na ponta da vella grande amp do
traquete que ſerve de ajudar a amarra Naotilde tem nome proprio Latino
rarrMoraes e Silva CONTRAPUacuteNHO s m t de Naut Cabo pegado na ponta da vela grande
e do traquete para ajudar a amarra
rarrLaudelino Freire CONTRAPUNHO s m De contra + punho Naacuteut Cabo fixo na ponta
da vela grande e do traquete para auxiliar a manobra
rarrAureacutelio contrapunho [De contra- + punho] Substantivo masculino 1Marinh Cabo ligado
agrave ponta da vela grande e do traquete e que serve para auxiliar a manobra
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam contrapunho como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
100
Ficha 59
Corda sf fios torcidos de estopa etc entre si de diversas grossuras e para diversos usos Nos
Instrumentos musicos he de intestinos de animaes ou de arame No relogio he de accedilo
Cordilheria Extremidade do muscolo No plr (T Naut) Chapas de lata que vatildeo davante agrave regrave
nas cobertas
______________________________________________________________________
rarrCunha corda sf bdquocabo de fios vegetais unidos e torcidos uns sobre os outros‟ bdquofios de
vibra em alguns instrumentos‟ XIII Do lat chŏrda deriv Do gr chordē bdquotripa corda musical
feita com tripas‟ []
rarrBluteau CORDA Corda de navio Funis nauticus i Maſe Rudens tis Maſe Plauto faz
eſte nome do genero feminino mas melhor he fazelo do genero maſculino agrave imitaccedilaotilde de
Catullo Virgilio Oviacutedio Lucano Silio Italico amp Juvenal Vid Ancora Vid Calabre Cordas
com que ſe governaotilde as antenas Funes opiferi Corda com que ſe atta a antena ao maſto
Anquina e Fem Cinna Corda que puxa agrave firga []
rarrMoraes e Silva COacuteRDAS sf pl t de Naut Satildeo umas latas davante a re em todas as
cobertas
rarrLaudelino Freire CORDA s f Lat chorda Peccedila de fios unidos e torcidos uns socircbre os
outros e que serve para prender ou apertar[]
rarrAureacutelio corda [Do lat chorda] Substantivo feminino Constr Nav Ant Cada uma das
vigas longitudinais que nas naus galeotildees etc juntamente com os vaus e as latas aguentavam
os pavimentos 10Marinh Pedaccedilo de cabo ligado ao badalo do sino de bordo [Eacute este a bordo
o uacutenico cabo que tem o nome de corda Cf sicorda]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Falta soacute a induacutestria de as ir puxando para diante para cada vez irem avanccedilando e eacute faacutecil
pondo na ponta de cada pao alguma roda ou reacutegoa entesada em cordas
um calabre cujas pontas vatildeo prender na extremidade dos acircngulos que seguram
PADRE JOAtildeO DANIEL (1976) [1757] PARTE SEXTA - DO TESOURO DESCUBERTO NO
RIO MAXIMO AMAZONAS - CONTEacuteM INVENTOS UacuteTEIS E CURIOSOS PARA A MELHOR
FAZENDO NAVEGACcedilAtildeO PROacuteSPEROS TODOS OS VENTOS AINDA OS MAIS
PONTEIROS E CONTRAacuteRIOS E PARA FAZER NAS CALMARIAS BOA VIAGEM COM
NOVA INVENCcedilAtildeO DE REPRESAR AS MAREacuteS PARA MOEREM FAacuteBRICAS E INGENHOS
DE MOTO CONTIacuteNUO ACCRESCEM ALGUMAS OUTRAS IDEacuteAS DE INGENHOS
MANUAES PARA SERRAR MADEIRA FAZER ACcedilUacuteCAR E MUITOS OUTROS NAtildeO
MENOS CURIOSOS QUE UacuteTEIS A VIDA HUMANA - CAP 12deg - DOS OUTROS TREcircS
MODOS DE SERRAR MADEIRA COM INGENHO PORTAacuteTIL [A00_1975 p 431]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam corda como termo naacuteutico exceto Laudelino
Origem portuguesa lt latina lt grega
101
Ficha 60
Cossouro sm (T Naut] bola de ferro furada no meio onde se mette o mastro Na espora he
a roda com dentes
______________________________________________________________________
rarrCunha cossouro sm bdquoroseta de espora‟ 1813 De origem obscura
rarrBluteau COSSOUROS do navio Saotilde humas bolas de ferro furadas no meyo em que ſe
mete o maſto Servem para os Enxertarios []
rarrMoraes e Silva COSSOgraveUROS s m pl t de Naut Bolas de ferro furadas no meyo em
que se mette o mastro servem para os enxertarios sect Cossouro da espora roda que estaacute na puacutea
rarrLaudelino Freire COSSOURO s m Bola de ferro com orifiacutecio ao centro onde se embebe
o mastrosect 2 Roseta de espora
rarrAureacutelio cossouro [De or obscura] SM 1Roseta de espora [F paral cossoiro]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios remetem o significado do termo cossouro ao mundo
naacuteutico Origem obscura
Ficha 61
[]
Costa sf Terreno que se levanta em ladeira Terra junta ao mar No plr costelas do corpo
(T Naut] curvas e outras peccedilas que sostecircm o costado []Dar aacute costa naufragar encalhar
[]
______________________________________________________________________
rarrCunha costa sf bdquo(no pl) espaacuteduas‟ XIII bdquocostela‟ XIII bdquolitoral‟ XIV Do lat cŏsta
bdquocostela ilharga lado flanco‟ []
rarrBluteau COSTA do mar ( chamada porque de ordinario he amp coſtumamos dizer A
coſta do monte ou porque a terra junto ao mar de ordinario he curva a modo de Correr a
coſta Navali excursione oram Deſpois de corrida toda a coſta Proximo laure Tacito
fallatildedo em huma armada Navegar coſta a coſta Luttus radere Vr V CoſtearDar agrave coſta
Allidi ad eram ou ad oram maritimam Com naacuteos deſtroccediladas tem quaſi agrave Coſta Chagas
Cart Eſpirit Tom 291 Fez fazer mytos navios para guardar a coſta Varias naves ad oram
maritimam tuendam
rarrMoraes e Silva COacuteSTA s f Terreno que se vaacutei erguendo e fazendo ladeira sect Ir coacutesta a
riba i eacute debaixo para cima e fig com difficuldadesect Correr a costa ir ao longo perto della
e assim navegar costa a costa sem se empeacutegar nem emmarar sect Dar agrave costa vir encalhar ou
naufragar nella com tormenta ou varar nella de proposito vg deu este navio aacute costa o tempo
forte deu elle aacute costardquo naacuteos lanccediladas aacute costardquo B 453
rarrLaudelino Freire COSTA s f Ant Anat Costela 2 Regiatildeo proacutexima do mar borda
do mar litoral praia 3 Porccedilatildeo de mar proacutexima da terra
102
rarr Aureacutelio [] 2Litoral (2) 3Porccedilatildeo de mar proacutexima da terra 4A costa da Aacutefrica em geral
[Nesta acepccedil figura em vaacuterios vocaacutebulos ou expressotildees como p ex pano da costa e sabatildeo-
da-costa] 5Encosta declive Dar agrave costa 1 Mar Encalhar (a embarcaccedilatildeo) no litoral por
acidente ou maacute visibilidade ou impelida por tormenta ir agrave costa 2 Fig Perder-se arruinar-se
Ir agrave costa 1 Mar Dar agrave costa (1)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
mar quebrar na costa
preto
PERO VAZ DE CAMINHA (1964) [1500] CARTA DE PERO VAZ DE CAMINHA
[A00_0335 p 01]
Sesta-feira 2 dias de Novembro veo a gente que tinha mandada em busca de Martim Afonso
e me disseram como a nao capitaina dera agrave costa por falta de amarras e que Martim Afonso
com toda a gente se salvaram todos a nado (sogravemente morreram sete pessoas seis afogados e
um que morreo de pasmo) e que o bragantim dera tambeacutem agrave costa e poreacutem que lhe nom
fizera nojo e o batel do galeam e da capitaina tinhatildeo satildeos []
PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE
SOUSA] [A00_0078 p 73]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todas as obras indicam costas dentre outras acepccedilotildees como termo ligado agrave
vida mariacutetima Como termo naacuteutico o DLB apresenta tambeacutem a expressatildeo dar agrave costa
Origem portuguesa lt latina
Ficha 62
Cruzar va Por em forma de cruz Atravessar pelo meio Fig Sobmetter-se conformar-se (T
Naut) Pairar
______________________________________________________________________
rarrCunha cruzarrarr CRUZ [] Do lat crux crǔcis [] cruzAR vb bdquofazer cruzada‟ XIII
bdquopercorrer atravessar‟ XVII []
rarrBluteau CRUZAR Andar atraveſſando de huma parte a outra Cruzar o mar aſſi
como diz Cicero Andatildeo os Piratas cruzando o mar Pirate mareacute inſeſtum havent Ex Cicer
ou mareacute navibus interclu ou claufum tenent Outras duas velas Cruzaratildeo largo tempo o mar
Britt Viagem ao Braſil pag 56 Dos que Nos Eſtreytos do mar ſe levantatildeo as ondas
amp andatildeo os mares Cruzados Vieir Tom 6 pag 481
rarrMoraes e Silva CRUZAacuteR v at Pograver em cruz v g cruzatildeo as vergas Mousinho Afonso
Afric sect Andar bordejando pairar Brito Viag Braacutes P56 duas velas cruzaacuteratildeo largo tempo o
mar Vieira andatildeo os homens cruzando as cortes atravessando daqui para alli no mesmo
lugar Cruza este terreiro a cavalo cruza os mares
rarrLaudelino Freire CRUZAR v r v De cruz + ar Ocupar ou vigiar certa extensatildeo do mar
percorrendo-a em tocircdas as direccedilotildees (intr tr ind com prep em) ldquoAs esquadras federais
cruzaram veratildeo e inverno durante anosrdquo (Rui) ldquoUma esquadra destinada a cruzar no
Baacutelticordquo (Aulete)
rarrAureacutelio cruzar [De cruz + -ar2][]3Cortar atravessar A Avenida Rio Branco cruza a
Presidente VargasCruzam o firmamento as estrelas cadentes (Martins Fontes Veratildeo p
154) 4Passar por percorrer atravessar Lembrava-se bem do tempo em que cruzara aquelas
estradas5Transpor penetrar Saiu dizendo que jamais voltaria a cruzar aqueles
umbrais6Percorrer em diversos sentidos cruzar os mares cruzar estradas []
8Encontrar-se vindo em direccedilotildees opostascruzara com um caboclo espadauacutedo e rijo
(Herman Lima Garimpos p 142) [] 10Percorrer o mar em direccedilotildees diversas11Estar
103
atravessado colocar-se de traveacutes 12Encontrar-se vindo em direccedilotildees opostas cruzar-se []
Cruzar (16) Os navios cruzaram-se em pleno equador []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Em que se declara o clima da Bahia como cruzam os ventos na sua costa e correm as aguas
GABRIEL SOARES DE SOUSA (1938) [1587] DESCRIPCcedilAtildeO TOPOGRAPHICA DA BAHIA
(PARTE SEGUNDA -TITULO 2) [A00_0178 p 133]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Os dicionaacuterios consultados apresentam abonaccedilotildees que remetem ao termo
cruzar na acepccedilatildeo de mariacutetimo Origem portuguesa lt latina
Ficha 63
Cunho sm Instrumento com que se marca a moeda ou medalha Fig Uso pronunciaccedilatildeo
sentido que se daacute agraves palavras (T Naut) Pagraveos em torno do cabrestante com seus dentes em
que pegatildeo o linguete e as amarras Sem cruzes nem cunhos famil sem caracter certo vario
______________________________________________________________________
rarrCunha cunho sm ldquoplaca de ferro para marcar moedas medalhas etcrdquo XV Do lat cŭněus
ndashī
rarrBluteau Cunhos (Palavra de navio) Satildeo huns paacuteos pregados agrave roda do cabreſtante por
baxo com ſeus dentes em que pega o linguete amp as amarras quando viraotilde Natildeo temos
palavra propria Latina
rarrMoraes e Silva CUNHO Cunhos t de Naut paacuteos pregados aacute roda do cabrestante com
seus dentes em que pega o linguete e as amarras quando viratildeo
rarrLaudelino Freire CUNHO Cunhos s m pl Naacuteut Espaccedilo junto ao lais tendo aberto
perpendicularmente um gorne onde passam certos cabos que manobram a vela que lhes fica
superior 2 Naacuteut Paus pregados em tocircrno do cabrestante nos quais pelo linguete 3
Pedaccedilos de pau curtos pregados no lugar conveniente e que servem para dar volta aos cabos de
mareaccedilatildeo
rarrAureacutelio cunho [Do lat cuneu] Substantivo masculino1Constr Nav Peccedila de metal
incudiforme que se fixa na amurada das embarcaccedilotildees nos turcos ou nos lugares por onde
possam passar cabos de laborar para dar-lhes volta2Tip Cada uma das peccedilas de metal que
com o auxiacutelio de chave servem para apertar a focircrma na rama [Sin nesta acepccedil aperto e
(desus) cunha V enviesado]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam cunho como termo de navio Origem
portuguesa lt latina
Ficha 64
104
Curva sf A parte interior do joelho No pl (T Naut) Os pagraveos curvos que pegatildeo na quilha e
onde se pregatildeo as taboas
______________________________________________________________________ rarrCunha curv ˙a -ado -ar -atura rarr CURVO Curva sf bdquoqualquer linha ou superfiacutecie curva‟
1500 bdquo(Geom) lugar geomeacutetrico de um ponto que se desloca no espaccedilo com um uacutenico grau de
liberdade‟ 1844curvADO-bado XIV Do lat curvātus part de curvāre []
rarrBluteau Curva (Termo de Navio) Curvas de cotildevez ſaotilde as chaves da naacuteo que fortificatildeo os
lados Parece que ſaotilde o que Plinio chama Navium coft amp arum Fem Plur Curva do falcatildeo
do Beque he huma curva particular em que prega o Talhamar A quilha eſtava podre podres
as Curvas ou cavernas Vieira Tom 10220 E dando entre duas ondas impetuoſas Taboas
rendeo amp as Curvas mais forccediloſas Malaca conquiſt livro 1 oit 35
rarrMoraes e Silva CUacuteRVA Curvas t de Naut as costas ou peccedilas de paacuteo curvas que
nascem da quilha nas quaes se pregatildeo as taacuteboas do costado cavernas Vieira sect Curva do
falcatildeo do beque eacute uma curva onde se prega o talhamar
rarrLaudelino Freire CURVAS sf pl Mar Madeiros arqueados que partem do costado do
navio
rarrAureacutelio curva [F subst de curvo] SF 1Geom Lugar geomeacutetrico de um ponto que se
desloca num espaccedilo com um uacutenico grau de liberdade linha curva [O conceito pode abranger
como caso particular a linha reta] Curva de giraccedilatildeo 1 Lus Mar Curva de giro (q v)
Curva de giro 1 Bras Mar A que o centro de gravidade duma embarcaccedilatildeo descreve quando
se manteacutem o leme carregado para um dos bordos curva de giraccedilatildeo
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
A madeira eacute leve mas muito liada que natildeo fende de que se tiram curvas para barcos e que
se fazem vasos de sellas e destas folhas podem manter bichos de seda e os levarem a estas
partes
GABRIEL SOARES DE SOUSA (1938) [1587] DAS ARVORES MEANS COM
DIFFERENTES PROPRIEDADES DOS CIPOacuteS E FOLHAS UTEIS (PARTE SEGUNDA -
TITULO 9) [A00_0185 p 252]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaristas apresentam curva como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Ficha 65
Curvatatildeo sm ndashotildees no plr (T Naut) Vatildeo onde assenta a gavea Entre os Ferreiros satildeo dous
pagraveos do folle onde se prega a bdquoperada‟
______________________________________________________________________
rarrCunha curvo Do latim curvus
rarrBluteau CURVATAM Curvataotilde (Palavra de Navio) Curvatatildeo do gurupez he donde ſe
poem o vatildeo para aſſentar a gavea Carchefij fulcimentum i Neut Curvatoens tambem ſaotilde
huns paacuteos fortes em que ſe pregatildeo as perchas do beque Curvatoens do folle em officina de
fundidor ſaotilde dous paacuteos em que ſe prega huma taacuteboa de madeyra a que chamaotilde Perada
rarrMoraes e Silva CURVATAtildeO s m t de Naut No Curvatatildeo do gurupeacutes estaacute o vatildeo para
assentar a gaacutevea sectCurvatotildees do folle de ferreiro satildeo dois paacuteos onde se prega uma taacuteboa
chamada perada
rarrLaudelino Freire CURVATAtildeO Curvatotildees s m pl Naacuteut Duas peccedilas do mastro acima
da romatilde nas quais assentam os vaus reais
rarrAureacutelio curvatatildeo [Do esp curvatoacuten lt cat corbatoacute] Substantivo masculino 1Constr Nav
Ant Cada uma das duas fortes peccedilas de madeira presas agrave romatilde do mastro ou mastareacuteu e sobre
as quais assenta o cesto da gaacutevea
105
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaristas apresentam curvatatildeo como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Ficha 66
Cutegravelo sm Alfange Instrumento semi-circular de ferro de que servem os curtidores [T
Naut] Vela pequena que se ajunta as gaveas No plr Pennas da extremidade das azas do
falcatildeo
______________________________________________________________________
rarrCunhacutelo sm bdquofaca‟ coitello XIII coytelo XIII Do lat cŭltěllus []
rarrBluteau Cutelos (Termo de navio) Armando-lhe joanetes amp Cutelos que natildeo trazia
Britto Viagem do Braſil pag 120
rarrMoraes e Silva CUTEgraveLO s m Alfange [] Velas pequenas que se ajuntatildeo quando haacute
bom vento Britto Viagem Metter cutelos e varreduras
rarrLaudelino Freire CUTELOS s m pl Mar Pequenas velas quadrangulares que servem de
suplemento agraves outras e se desfraldam quando o vento eacute favoraacutevel 2 Pedaccedilos de lona ou
brim que saem do painel das velas quando estas se cortam
rarrAureacutelio cutelo1 [Do lat cultellu faquinha] S m 3Ant Marinh Cada uma das velas
suplementares quadrangulares caccediladas junto agraves testas do velacho e da gaacutevea quando o vento
era de feiccedilatildeo para aumentar a superfiacutecie do pano vela de cutelo
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaristas apresentam cutelo como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
D
Ficha 67
Drsquoavante adv (T naut-) por diante
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta dlsquoavante poreacutem haacute avante adj bdquoadiante para frente‟ XIII Do lat tard
ǎbantě [] auantal XIV vante sf bdquoa metade dianteira da embarcaccedilatildeo‟ XVI
rarrBluteau DAVANTE Em praſe Nautica vai tanto como por diante Fez tomar o navio por
Davante Barros Dec 4 fol 57 Saltaraotilde no Caſtello Davante Barros 1 Dec 116 col2
Antes de darem por Davante Britto Viagem do Braſil 284
rarrMoraes e Silva D‟AVANTE adv tde Naut V Avante Barros Surdir obedecer ao leme
ou governo e mareaccedilatildeo que se faz para fazer cabeccedila e navegar
rarrLaudelino Freire natildeo constad‟avante AVANTE sm Despor O mesmo que atacante
Avante Interj Voz que exprime incitamento e equivale a ldquovamos para dianterdquo Prossigamos
rarrAureacutelio natildeo consta d‟avante consta avante [Do lat vulg abante] Adveacuterbio 1Adiante
Mais avante comeccedilava a selva2Para adiante para a frente Marchemos avante
106
Interjeiccedilatildeo 3Para a frente rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Quinta-feira no quarto de alva me deu por davante o vento sudoeste levando as velas cheas
do vento nordeste que foi a mor afronta que nesta viajem noacutes tiacutenhamos visto E com o vento
sudoeste lanccedilaacutemos as naos ao pairo
PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE
SOUSA [A00_0078 p 65]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios somente Bluteau e Moraes e Silva indicam dlsquoavante como termo naacuteutico
Origem portuguesa lt latina
Ficha 68
Desaferrar va Soltar cousa preza com ferro ou a ferro Soltar largar o que estava prezo
Fig Tirar a forccedila das matildeos das unhas etc (T naut) Levantar ancora
______________________________________________________________________
rarrCunha des˙a˙ferr˙ar -olhar - FERRO sf bdquometal maleaacutevel e tenaz de numerosas aplicaccedilotildees
na induacutestria e na arte‟ XIII Do lat ferrum ndashi [] DESAferrAR XVI []
rarrBluteau DESAFERRAR Tirar alguma couſa do ferro com que eſtaacute preſo Aliquid ferreo
vinculo exfolvere Deſaferrar da maotilde dos dentes das garras unhas ampc he tirar por forccedila que
as ditas couſas tem aferrado Aliquid egrave manibus dentibus unguibus avellere evellere
revellere (vello vulfi vullere evellere revellere (vello vulfi vulfum) Ex Cic Deſaterrar do
Porto Levantar ferro Solvere egrave portu ou folvere navem Cic Deſpois de Deſaferrar do
Porto Ancoris folutis Cic Nem aſſi quizeraotilde Deſaferrar do Porto Jacinto Freyre mihi pag
27
rarrMoraes e Silva DESAFERRAR v at Soltar alguma coisa do ferro a que estava presa v
g desaferraratildeo a embarcaccedilatildeo inimiga a preza te desaferro Lobo Egl7 sect Desaferrar do
porto levantar ferro ancora
rarrLaudelino Freire DESAFERRAR v r v De des + aferrar Levantar ferro ou acircncora (o
navio) (intr tr ind com prep de) ldquo O navio desaferrourdquo ldquoA primeira esquadra agraves ordens de
Lencastre desaferrou do pocircrto de Woolwichrdquo (Rebecirclo da Silva)
rarrAureacutelio desaferrar [De des- + aferrar] Verbo transitivo direto 1Soltar (o que estava
aferrado preso com ferro) 2Soltar (o que estava seguro) Verbo transitivo direto e indireto
3Fazer desistir dissuadir Natildeo conseguimos desaferraacute-lo daquela ideia
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todas as acepccedilotildees exceto as apresentadas por Aureacutelio remetem ao universo
naacuteutico Origem portuguesa lt latina
Ficha 69
Desancorar va (T naut) Levantar ancora
______________________________________________________________________
rarrCunha Do lat ancōra deriv do gr aacutegkyra
rarrBluteau DESANCORAR Levantar a ancora Anchoras toliere Vid Ancora
rarrMoraes e Silva DESANCORAacuteR v at Levantar a ancora o ferro do navio sect vn
Desaferrar
107
rarrLaudelino FreireDESANCORAR vrv De des + ancorar Levantar a acircncora de (tr dir)
2 Levantar acircncora (intr)
rarrAureacutelio desancorar [De des- + ancorar] Verbo td Desus 1Levantar a acircncora de
desancorar um barcoVerbo intransitivo 2Levantar acircncora desaferrar do porto
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam desancorar como termo naacuteutico Aureacutelio
acrescenta ldquotermo em desuso Origem portuguesa lt latina lt grego
Ficha 70
Descahir v n [T naut] Apartar-se do rumo por causa da corrente etc Soffrer decadencia de
bens de valimento etc Ir a mal o que estava bem Declinar
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta descair consta cair cair vb bdquocorresponder a tocar a‟ bdquoir ao chatildeo‟
XIV caer XIII Do lat caděre cadente adj 2g bdquoque vai caindo‟ bdquocadenciado ritmado‟
XVIII Do lat cadens -ēntis bdquoque tomba que cai‟ caIacuteDO 1572 -hi- XVI caIMENTO
-hi- XVIII DEcaIacuteDO decau- XIII DEcaiMENTO -cay- XV Decair XIII
DEScaIacuteDA -hi- 1813 DEScaIacuteDO XVI DEScaIMENTO XVI DEScair XVI
descayr XV queda sf bdquobaque tombo‟[]
rarrBluteau DESCAHIacuteR (Termo Nautico) He nas viagens por mar cotilde a forccedila do vento das
mares ou das correntes perder o rumo amp ſahir da derrota que ſe tem tomado itinere
ventorum ou aquarum vi de (Fleto flexi flexum) Como pairava podia Deſcahir com o
vento Britto viagem do Braſil 37 O Galeaotilde foy Deſcahindo com a correnteQueyros Vida do
Irmatildeo Baſto 311 col2 Deſcahir do valimento In principis offenſionem incurrere ou cadere
Cic
rarrMoraes e Silva DESCAHIR v n t de Naut Apartar-se do rumo por forccedila do vento
contrario de aguagens ou correntes B145 ldquonatildeo querendo o navio fazer cabeccedila (por tomar
vento d‟avante) comeccedilou de ir descahindo sobre hum baixo
rarrLaudelino Freire DESCAIR vrv De des+cair Naacuteut Desviar-se do rumo ou direccedilatildeo
derivar (intr) Abrandar amainar (intr) ldquoO vento comeccedila a descairrdquo (Aulete)
rarrAureacutelio [De des- + cair] V t d[] 4Mudar de rumo derivar (embarcaccedilatildeo) [] 9Estar
inclinado em (certa direccedilatildeo) []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
[] quando voltou encontrara huma armada de vinte naacuteos Hollandezes que lhe impediratildeo o
poder lanccedilar da sua gente a que pretendia no porto de Tamandareacute e por descahir muito com
as correntezas apenas podera tomar o porto dos Touros onde fizera dezembarcar o Mestre
de Campo Andreacute Vidal de Negreiros []
LUIZ DOS SANTOS VILHENA (1921) [1802] CARTA UNDECIMA [A00_0832 p 401]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam descahir como termo naacuteutico ou remete ao
universo mariacutetimo Origem portuguesa lt latina
108
Ficha 71
[]
Dobrar va voltar parte de alguma cousa sobre outra Fazer girar sobre o eixo fallando de
hum sino e de hum cabo (T Naut) Passar alem delle Curvar commover mover alguem
Amansar Accrescentar outro tanto Dobrar-se figldquoAugmentar-serdquo em dobro vnVoltar
______________________________________________________________________
rarrCunhadobrar vb‟duplicar aumentar tornar mais completo mais extenso‟‟curvar abater
domar‟ bdquomodificar passar aleacutem de torneando‟ XIII Do lattardio duplārede duplus
bdquodobro‟derivde duo bdquodois‟ []
rarrBluteauDOBRAR Dobrar hum cabo (Termo nautico) []
rarrMoraes e Silva DOBRAacuteR v at Voltar a porccedilatildeo ou parte de uma coisa sobre outra parte
v g um ramo do panno sobre outro a parte de uma folha de papel sobre outra a ponta de um
prego ou arame sobre o maissect Dobrar o Cabo t de Naut passar aleacutem delle navegando fig
ao dobrar de huma assomada Lobo Egl 5
rarrLaudelino Freire DOBRAR v r v Lat duplicare Passar aleacutem dando volta costeando ou
torneando (tr dir) ldquoAs primeiras navegaccedilotildees regulam-se pelas balizas que deixaram os
predecessores e pelos mesmos cabos que ecircles dobravamrdquo (Latino Coelho)
rarrAureacutelio dobrar [Do lat duplare] Verbo transitivo direto 1Tornar duas vezes maior
duplicar As chuvas dobraram o volume de aacutegua da represa4Voltar ou virar (um objeto) de
modo que uma ou mais partes dele se sobreponham a outra(s) Apoacutes a cerimocircnia os soldados
dobraram a bandeira5Fazer vergar curvar flexionar flectir dobrar os joelhos Ao redor de
noacutes o vento selvagem que dobra vergocircnteas ondeia cidreiras e despetala flores (Maacuterio da
Silva Brito Conversa Vai Conversa Vem p 12) 6Passar aleacutem de circundando Vasco da
Gama dobrou o cabo da Boa Esperanccedila em 1498 7Teatr Interpretar dois ou mais papeacuteis
numa mesma peccedila 8Vergar-se curvar-se 9Ceder transigir 10Pocircr-se (o Sol) 11Bras
Gorjear cantar (paacutessaro) 12Bras PA Proceder a uma dobraccedilatildeo (2) Verbo pronominal
13Tornar-se maior aumentar(-se) 14Curvar-se inclinar-se vergar15Afrouxar(-se) ceder
[Pres ind dobro etc Cf dobro (ocirc) s m]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
O vento era sueste que nos era escasso pera dobrar(e)mos o cabo de Santlsquo Agostinho As
aacuteguas nesta paragem correm a loeste com muita forccedila
PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE
SOUSA () [A00_0078 P 36]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Bluteau e Moraes e Silva apontam dobrar como termo naacuteutico Laudelino
Freire e Aureacutelio natildeo o fazem mas apresentam abonaccedilotildees que mostram o termo como do
universo mariacutetimo Origem portuguesa lt latina
109
Ficha 72
Dormenteadj Adormecido Entorpecido Que estaacute fixa fullando de huma ponte No pl (T
Naut) Diz-se de huns pagraveos que vatildeo fechar nas buccedilardas da proa e em que se assenta a coberta
Na atafona satildeo dois pagraveos em que descanccedilatildeo os emparamentos sobre que anda a moacute
______________________________________________________________________
rarrCunha dormente rarr DORMIR Dormir vb bdquodeixar de estar acordado descansar no sono‟
XIII Do lat dormīre AdormENTAR XIII dormentar XIVAdormir XIII dormEcircNCIA
XX dormENTE1
adj bdquoaquele que dorme‟ bdquodiz-se das plantas cujas folhas se enrolam ou se
desdobram de noite‟ bdquoentorpecido‟ bdquoque estaacute assentado firme‟ XIV Do lat dorm(i)ens ndash
(i)entis part pres de dormīre dormENTE2
sm bdquocada um dos paus da coberta de um navio‟
bdquotravessas em que se assentam os trilhos da linha feacuterrea‟ XVI O termo comeccedila a usar-se
nestas acepccedilotildees como oposto a elevadiccedilo moacutevel natildeo-fixo Assim ponte dormente eacute aquela
que eacute fixa em oposiccedilatildeo a ponte elevadiccedila daiacute o uso substantivado e sua expansatildeo
rarrBluteau Dormentes (Termo de navio) Saotilde os em que ſe forma a cobertaa amp vaotilde a fechar
em buccedilardas da Proa
rarrMoraes e Silva DORMEgraveNTES s m pl t de Naut Satildeo paacuteos em que se foacuterma a coberta e
vatildeo fechar nas buccedilardas da proa sect na Atafona Satildeo 2 paacuteos em que se descanccedilatildeo os
emparamentos nos Engenhos de assucar paacuteos em que assenta a ponte da moendasect Os Sete
Dormentes V C Flos Sanct De Fr Diogo do Rosario que traz a sua histoacuteria curiosamente
ldquoacordaratildeo os dormentesrdquo P d‟Aveiro c 91
rarrLaudelino Freire DORMENTE sm Naacuteut Cada um dos paus com que se forma a coberta
e que vatildeo fechar nas buccedilardas da proa2 Uma das peccedilas da atafona 3 cada uma das
travessas em que assentam os carriacutes das linhas feacuterreas
rarrAureacutelio dormente [De dormir + -ente] Substantivo masculino 1Peccedila fixa de marcenaria
ou de serralharia assim chamada em contraposiccedilatildeo a outras do mesmo tipo ou aparecircncia
poreacutem moacuteveis 2Peccedila da atafona 3Cada uma das peccedilas de madeira em que se pregam as
taacutebuas do soalho 4Constr Nav Cada uma das fortes vigas de madeira que correm de proa agrave
popa sobre o topo das balizas e sobre as quais se apoiam os topos dos vaus 5Constr Nav
Cada uma das vigas de madeira que correm de proa agrave popa presas agraves cavernas de embarcaccedilatildeo
miuacuteda um pouco abaixo do alcatrate e sobre as quais se apoiam as bancadas dos
remadores[]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
[ -
inconveniente no Amazonas por abundar tanto nele e nas suas matas a madeira mas ainda
que esta seja muita e esteja agrave escolha sempre custa a cortar e a conduzir e a lavrar de
sorte que chamando-se embarcaccedilotildees de um soacute pao inteiriccedilas necessitam de muitos mais
paos do que as embarcaccedilotildees ordinaacuterias um pao para fazer o casco outros dous paos para
tirar as duas cavernas outros dous para os dous talabardotildees e todos esses satildeos paos
grandes 4 paos famosos para construir as duas bochecas e as duas conchas da proa sem
falar nos muitos outros paos para dormentes bancos mastros e mais requisitos E por
ventura satildeo estas embarcaccedilotildees mais fortes e duraacuteveis que as ordinaacuterias
110
PADRE JOAtildeO DANIEL (1976) [1757] PARTE QUINTA - EM QUE MOSTRA UM NOVO E
FAacuteCIL MEacuteTODO DA SUA AGRICULTURA O MEIO MAIS UacuteTIL PARA EXTRAIR AS SUAS
RIQUEZAS E O MODO MAIS BREVE PARA DESFRUTAR OS SEUS HAVERES PARA
MAIS BREVE E MAIS FACILMENTE SE EFEITUAR A SUA POVOACcedilAtildeO E COMEacuteRCIO -
TRATADO 4deg - DA FACTURA DAS CANOAS OU EMBARCACcedilOtildeES DO AMAZONAS - CAP
2deg - DOS MUITOS INCONVENIENTES QUE TEM ESTA PRAXE DAS CANOAS [A00_1923
P 193]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios aprsentam dormente como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Ficha 73
Driccedila sf (T Naut) Corda de iccedilar e marear as velas
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau DRICA Corda de roldana ou cabo com que ſe levantaotilde amp abaixaotilde as vergas
dos navios []
rarrMoraes e Silva DRICcedilA s f t de Naut Corda de iccedilar e marear as velas Couto 836
cortou a driccedila da vela Epanaforas H Naut 2134 enxarcea e driccedila fizeratildeo de huma linha de
pescar
rarrLaudelino Freire DRICcedilA s f ital drizza Corda com que se iccedilam pavilhotildees vecircrgas de
navio etc adriccedila ADRICcedilA s f De a + ital drizza Naacuteut Cabo para iccedilar velas ou bandeiras
nos mastros dos navios
rarrAureacutelio driccedila [Do it drizza pela f driccedila] S f 1Marinh Ant Adriccedila Adriccedila [De a-5 +
it drizza pela f ant driccedila] 1Marinh Cabo de laborar utilizado para iccedilar bandeira flacircmula
roupa maca e determinadas vergas e velas driccedila De improviso flutuaram todas [as canoas]
com rangidos de adriccedilas e palpitaccedilotildees do velame que o vento encopava e propelia (Xavier
Marques Jana e Joel p 53) A meia adriccedila 1 Marinh Diz-se de bandeira iccedilada ateacute 23 da
distacircncia vertical que vai do lais da verga ou do tope do mastro ao local de onde foi iccedilada a
meio 2 Mar Giacuter Um tanto embriagado tocado
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Do entrecasco de duas qualidades que ha de Imbira se fazem rijissimas cordas e ainda
amarras escotas driccedilas etc para as embarcaccediloens que navegatildeo pella costa e reconcavo
asim como estocircpa para calafates e outros uzos
LUIZ DOS SANTOS VILHENA (1921) [1801] CARTA VIGESIMA [A00_0846 p 762]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam driccedila como termo naacuteutico Origem italiana
E
Ficha 74
Embonar va (T Naut) Accrescentar o costado da embarcaccedilatildeo para ter mais bojo
______________________________________________________________________
rarrCunha em˙bon˙ar -o - bom boa adj bdquoque tem as qualidades adequadas agrave sua natureza ou
funccedilatildeo‟ bdquobeneacutevolo bondoso benigno‟ [] EMbonAR 1813 Do cast embonar EMbono
1813 Do cast embono
111
rarrBluteau (Termo Nautico) Embonar hum navio He ſobre o proprio madeyro com taboas
groſſas ou com novos madeyros amp com novo taboado dar bojo a hum navio que por falta
delle naotilde ſuſtenta a vela Navis latera lignis tabuliſque novis veſtire []
rarrMoraes e Silva EMBONAacuteR vatt de Naut |Acrescentar o costado do navio que fique
mais bojudo para aguentar melhor o panno
rarrLaudelino Freire EMBONAR v tr dir De embono + ar Naacuteut Reforccedilar exteriormente o
costado de (um navio)
rarrAureacutelio Embonar [Do esp embonar] Verbo transitivo direto 1Constr Nav Colocar
embono em (uma embarcaccedilatildeo)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam embonar como termo naacuteutico ou naval
Origem castelhana
Ficha 75
Embono sm [T naut] Accrescentamento de bojo ao costado do navio
______________________________________________________________________
rarrCunha em˙bon˙o - BOM bom boa adj bdquoque tem as qualidades adequadas agrave sua natureza
ou funccedilatildeo‟ bdquobeneacutevolo bondoso benigno‟ [] EMbono 1813 Do cast embono
rarrBluteau Embocircno (Termo Nautico) Hagrave dous generos de embono Embono que ſe faz
ſobre o proprio madeyro deſcozendo o coſtado amp pondo o coſtado ſobre o embono Outro
embono faz ſobre o proprio coſtado com taboado groſſo Vid Embonar
rarrMoraes e Silva EMBOgraveNO s m Augmento de bojo que se daacute o costado do navio para
que possa aguentar melhor o panno faz-se sobre o antigo costado pondo-lhe outro
rarrLaudelino Freire EMBONO s m Naacuteut O bocircjo ou saliecircncia do costado de qualquer navio
embonado embonada EMBONOS s m pl Naacuteut Madeiras que servem para embonar o
navio2 Paus que fixam socircbre o costado para facilitar o desembarque
rarrAureacutelio [Do esp embono] S m 1Ant Constr Nav Revestimento de madeira aplicado
sobre o casco de embarcaccedilatildeo desde o fundo ateacute agrave linha-daacutegua quando ela mostra grande
tendecircncia para se inclinar 2Ant Constr Nav Revestimento suplementar com estrutura
celular que em navios metaacutelicos corria a um e outro bordo ao longo do costado desde um
pouco acima da linha-daacutegua ateacute certa profundidade e destinado a melhorar a proteccedilatildeo do
navio contra as explosotildees de torpedos ou minas contracarena [Cf nesta acepccedil coacuteferdatilde (2)]
3Bras N NE Grande viga de pau de jangada ou de outra madeira leve presa ao longo da
borda de algumas embarcaccedilotildees de boca estreita com o fim de aumentar-lhes a estabilidade e
amortecer-lhes o balanccedilo lateral
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam embono como termo naacuteutico Origem
castelhana
112
Ficha 76
Embornal sm O saco com cevada ou milho em que se mette o focinho da besta (T Naut)
Buracos no costado do navio para escovar a agua que cahe na coberta
______________________________________________________________________
rarrCunha embornal - bornal sm bdquosaco de pano utilizado para transportar provisotildees
ferramentas etc‟ 1813 De origem incerta Embornal 1813 Embornais sm Pl ldquo(Const Nav
) abertura que se faz no costado de embarcaccedilatildeo rente com o conveacutes para escoamento das
aacuteguas da baldeaccedilatildeo ou da chuva‟ 1813 Do it imbrunali
rarrBluteau Embornagravees (Termo de Navio) Saotilde huns buracos nos coſtados da naacuteo junto das
cubertas donde ſahe a lagoa dellas para o mar [] Haacute outros Embornaes nos Trin da
cuberta por onde a agoa vay para o poratildeo donde deſpois ſe tira com a bomba
rarrMoraes e Silva EMBORNAacuteL ou Ambornal s m Saco em que se daacute cevada ou milho aacutes
bestas mettendo-lho no focinhosect Embornaacutees t de Naut buracos no costado do navio ao livel
das cobertas por onde se escogravea a agua que caacutei nellas tem umas angas de pano alcatroado ou
oleado pelas taes se saacutei foacutera a agua Amaral 51 V orndes
rarrLaudelino Freire EMBORNAL s m De em + bornal Saco em que se daacute cevada ou
milho agraves becircstas para o que se lhe prende em tocircrno da bocircca cevadeirardquoEu vi vocecirc uma
bichinha cabia num embornal estaacute ouvindordquo (C Neto)
rarrAureacutelio embornal2 [Do cat ant embrunal poss pelo esp embornal] Substantivo
masculino 1Constr Nav Abertura que se faz no costado de embarcaccedilatildeo rente com o conveacutes
para escoamento das aacuteguas da baldeaccedilatildeo ou da chuva
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Eraotilde valeroſos ambos os Commandantes e tratando jaacute como deſempenho da ſua honra a
occaſiaotilde a que ella meſma os conduzia foy tanta a forccedila que pozeraotilde nos remos e fizeraotilde de
veacutela que na noite logo do dia 9 ſe meteraotilde de baixo das baterias inimigas com hum tal
deſprezo de chuveiros de balas que quando os Hollandezes ſe conſideravaotilde ſoacute acomettidos ſe
viraotilde entrados mas recobrando-ſe do primeiro ſuſto empenharaotilde de ſorte toda a ſua
conſtancia na oppoſiccedilaotilde da furia dos golpes que jaacute corria o ſangue pelos embornaes de hum
e outro bordo
BERNARDO PEREIRA DE BERREDO (1749) [1718] ANNAES HISTORICOS DO ESTADO
DO MARANHAOtilde - LIVRO V [A00_2517 p 183]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios De todos os dicionaacuterios consultados somente o Laudelino Freire natildeo apresenta
embornal como termo naacuteutico Origem incerta (italiana)
Ficha 77
Encalamentos s m plur (T Naut) Peccedilas de madeira que atravessatildeo os braccedilos do navio para
o segurar
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau ENCALAMENTOS (Termo de navio) Satildeo os que atraveſſaotilde os braccedilos amp as
poſturas do navio para fortificar []
113
rarrMoraes e Silva ENCALAMEgraveNTOS s m pl t de Naut Peccedilas de madeira que atravessatildeo
os braccedilos e posturas do navio para as fortificar
rarrLaudelino Freire ENCALAMENTO s m Naacuteut Peccedila de madeira que fortalece o navio
atravessando-lhe os braccedilos
rarrAureacutelio natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente o Aureacutelio natildeo apresenta o termo naacuteutico encalamento Origem natildeo
encontrada
Ficha 78
Encapellar va Levantar a onda e fazella dobrar sobre si Vn (T Naut) vir caindo sobre a
calcez ategrave descanccedilar nos vatildeos
______________________________________________________________________
rarrCunha encapelar ndash CAPELO - sm bdquocapacete da armadura‟ XIII Do lat vulg cappěllus
ENcapelADO sm em- XV ENcapelAR -llar XIX
rarrBluteau Encapellar (Termo de Mariagem) Diz-ſe da enxarcia ou cordas que vem cahindo
pelo calcegravez ou peſcoccedilo do masto ateacute aſſentarem em cima dos vatildeos amp quando ſe tiratildeo diz-ſe
Deſencapellar
rarrMoraes e Silva ENCAPELLAacuteR v at Levantar encrespar e fazer dobrar o apice ou
lingua da onda sobre si mesma como succede andando o mar mui grosso o mar encapella as
ondas Mansinho f 35 sect ldquoassombrar as terras encapella os mares Barreto v do Evangelho
sect Encapellar n t de Naut vir caindo a enxarcia ou cordas pelo calcez ateacute assentarem sobre
os vatildeos []
rarrLaudelino Freire ENCAPELAR ou ENCAPELLAR vrv De em + capela + ar Naacuteut Ir
introduzindo a encapeladura da enxarcia alccedila etc pelo calcecircs ou lais de qualquer mastro
mastareacuteu ou vecircrga ateacute ficar assente socircbre os vaus ou cunhos dos madeiros (intr) 2 Agitar-
se e amontoar-se formando serras (falando do mar ou das ondas) (intr pr) ldquoVentos sopraram
o mar encapelourdquo Suacutebito encapelam-se as ondasrdquo (Paranapiacaba) 3 Levantar
encrespar (tr dir pr) ldquoO oceano encapelava as ondasrdquo (Pocircrto Alegre)
rarrAureacutelio encapelar2 [De en-
2 + capelo
1 + -ar
2] Verbo trans Dir [] 2Levantar erguer
encrespar (o mar as ondas etc)Verbo intransitivo 3Encrespar-se agitar-se (o mar as
ondas) encapelar-se 4Marinh Introduzir no calcecircs ou lais a enxaacutercia a alccedila etc Verbo
pronominal [] 6Encapelar (3) E as vagas do oceano que ameaccedilava tragaacute-los encapelavam-
se aos peacutes deles (A Herculano Lendas e Narrativas I p 147)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Qual sereno mar que num instante As ondas sobre as ondas encapela
TOMAacuteS ANTOcircNIO GONZAGA (2000) [1863] CARTA 3a [A00_1215 p84]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam encapelar como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Ficha 79
Encodar-se va refl [T Naut] Prender-se de poppa ou ficar com ella debaixo d‟agua
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
114
rarrBluteau Natildeo consta
rarrMoraes e Silva ENCODAacuteR-SE v recipr t de Naut Encodar-se a naacuteo pender a popa ou
ficar com ella debaixo da agua (de coda Italiano) Cast 2 f 161
rarrLaudelino Freire ENCODAacuteR-SE v pr De em + coda + ar Inclinar a pocircpa ou metecirc-la
debaixo de aacutegua (o navio)
rarrAureacutelio natildeo consta encodar ou encodar-se Consta encodeamento [De encodear + -mento]
Substantivo masculino 1Accedilatildeo de encodear2Crosta cocircdea
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Moraes e Silva e Laudelino Freire apresentam encodar-se como termo naacuteutico
Origem italiana
Ficha 80
Enfrechadura sf (TNaut) Cabos que atravessatildeo os covens como escadas
______________________________________________________________________
rarrCunha [] do fr fleche de origem germacircnica [] frechal 1813
rarrBluteau Enfrechadugravera (Termo de Marianhagem) Satildeo huns cabos que atraveſſaotilde os ouveins
a modo de eſcadas formacirc transſverſa Scal nautic arum Fem Plur Virgilio lhe chama
Pontes Neſte ſentido entendem os Commentadores eſte verſo do livro da Eneida []
rarrMoraes e Silva ENFRECHADUacuteRA s f t de Naut Satildeo cabos que atravessatildeo os oveis a
modo de escadas
rarrLaudelino Freire ENFRECHADURA s f O mesmo que enfrechateEnfrechate s m De
enfrechar Naacuteut Cada um dos cabos paralelos e horizontais nos oveacutens das enxarcias
Enfrechar v tr De en + frecha + ar Naacuteut Pocircr enfrechates em
rarrAureacutelio enfrechadura s f1Constr Nav O conjunto de enfrechates duma enxaacutercia
Enfrechate s m1Constr Nav Cada um dos degraus feitos de cabo madeira ou ferro presos
aos oveacutens formando escada para que por ela possa subir ao mastro o pessoal empregado na
manobra de um veleiro
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam enfrechadura como termo naacuteutico Origem
francesa lt germacircnica
Ficha 81
Enora sm (T Naut] Pagraveo de atochar o mastro
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau ENORAS (Termo de Navio) Saotilde dous paos a que antigamente chamavaotilde
Poſquetes ſervem de atochar o maſto
rarrMoraes e Silva ENOacuteRAS s f pl t de Naut Paacuteos de atochar o mastro V
PosquetesPosquegravetes s m pl t de Naut antiq V Enoras
rarrLaudelino Freire ENORA s f lat ora Naacuteut 1 Abertura nos vaacuterios pavimentos do
navio por onde os mastros vatildeo assentar na carlinga 2 Abertura circular no conveacutes agrave reacute por
onde se enfia a cabeccedila da madre do leme 3 Peccedila de madeira com que se atocha o mastro
rarrAureacutelio [De en-2 + lat ora extremidade cabo amarra] S f 1Constr Nav Abertura
feita num conveacutes e por onde enfurna um mastro ou eixo de um cabrestante
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
115
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam enora como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Ficha 82
Envergar va ndashguei (T Naut) Enrolar as velas com os envergues nas vergas Vergar
______________________________________________________________________
rarrCunha en˙ver˙ado -adura -ar - VERGA verga sf bdquovara flexiacutevel‟XIII virga XIIIDo
lat virgaENvergADO XVIIENvergADU˙RA 1844 ENvergAR XVII []
rarrBluteau natildeo consta
rarrMoraes e Silva ENVERGAacuteR v at t de Naut Atar e enrolar as velas nas vergas com os
envergues Couto 6921sect V Vergar vg envergar um prego sect Cobrir tapar com vergas
rarrLaudelino Freire ENVERGAR vrv De en +vergar Mar Enrolar e atar com os
envergues (as velas) nas vergas (tran dir) Ligar (o pano) agraves vergas ou aos estais para
servirem na manobra (tr dir)
rarrAureacutelio Envergar [De en-2 + verga + -ar
2] Verbo transitivo direto1Marinh Atar (vela) a
uma verga ou a um estai2Curvar arquear Envergou o bambu3Vestir trajar envergar um
fraqueVerbo intransitivoVerbo pronominal 4Vergar-se curvar-se [Conjug v largar]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam envergar como termo naacuteutico exceto Bluteau
onde o termo natildeo foi encontrado Origem portuguesa lt latina
Ficha 83
Envergues sm plr (T Naut) Os cabos que atatildeo a vela por huns ilhograves aacute verga
______________________________________________________________________
rarrCunha verga sf bdquovara flexiacutevel‟XIII virga XIIIDo lat virgaENvergADO
XVIIENvergADU˙RA 1844 ENvergAR XVII []
rarrBluteau ENVERGUES (Termo de marinhagem) Saotilde huns cabos que fazem fixos ilhograves
com as vergas no gorotil Fumes quibus concraEtum velum alligatur ad antennas
rarrMoraes e Silva ENVEacuteRGUES s m pl t de Naut Cabos que fazem fixos e atatildeo as velas
por uns ilhoacutes aacutes vergas V Gorotil
rarrLaudelino Freire ENVERGUES s m pl de envergar Mar Amarrilhos gaxetas fixas nos
ilhoses do guratil das velas que as atam contra as suas vecircrgas ou vergueiros
rarrAureacutelio envergues [Dev de envergar] Substantivo masculino plural 1Marinh Cabos ou
cordas que prendem a vela agrave verga
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam envergues como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
116
Ficha 84
Escacear vn (T Naut) Ir faltando ou diminuindo va Dar com escaceza [ No primeiro
sentido se toma tambem figuradamente)
______________________________________________________________________
rarrCunha escasso adj bdquoparco avaro raro‟ XIII Do lat excarpsus part De excerpěre
escassEAR escacear XVI []
rarrBluteau ESCACEAR (Termo Nautico) Ir faltando Eſcacear o vento Remiffius flure
ventum O vento eſcacea Ventus remittit ou ſe remittit Por lhe Eſcacear o vento as naotilde
ſeguio Damiaotilde de Goes 221 Eſcacear Dizſe de outras que ſem largueza amp com
difficuldade ſe comunicaotilde Vendo a ambiccedilaotildecom que As chamas ſe arroja o peito Eſcacearaotilde
as luzes Por naotilde honrar nos reflexos Crift Dalma 117 Vid Eſcaſſear
rarrMoraes e Silva ESCACEAacuteR vnt de Naut Escacear os ventos natildeo os aproveitar
mettendo todas as velas ou levando-as enrisadas ou de outro modo que o vento natildeo faccedila
vingar o navio quanto pudera se fosse todo aproveitado H naut t 398
rarrLaudelino Freire ESCASSEAR vrv De escasso + ear Naacuteut Natildeo aproveitar toda a accedilatildeo
de (o vento) diminuindo o pano (tr dir)
rarrAureacutelio escassear [De escasso + -ear2] Verbo transitivo diretoVerbo transitivo direto e
indireto 1Dar com escassez com parcimocircnia natildeo prodigalizar Natildeo escasseia presentes S
M natildeo escasseia mercecircs aos que o servemVerbo intransitivo 2Fazer-se escasso tornar-se
diminuto minguar rarear []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Deixa esta ilha entre si e o morro de Tinhareacute outra bahia mui grande com fundo e porto em
que poacutedem entrar naacuteos de todo o porte e tem grande ancoradouro e abrigada aacute sombra do
morro de que se aproveitam muitas vezes as naacuteos que vem do reino quando lhe escacea o
vento e natildeo podem entrar na bahia da ilha para dentro
GABRIEL SOARES DE SOUSA (1938) [1587] DA ENSEADA DA BAHIA SUAS ILHAS
RECONCAVOSRIBEIROS E ENGENHOS (PARTE SEGUNDA - TITULO 3) [A00_0179 p
146]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Dos dicionaacuterios consultados soacute Aureacutelio natildeo apresenta o verbo escacear como
termo naacuteutico Origem portuguesa lt latina
Ficha 85
Escatelado adj (T naut) Furado na ponta
______________________________________________________________________
rarrCunha escatelADO 1881 sm bdquo(Constr Nav) fenda ou furo na extremidade de uma
cavilha para receber chaveta que natildeo a deixe sair do lugar‟ De origem controversa
rarrBluteau ESCATELADO (Termo de Navio) Cavilha Eſcatelada quer dizer furada na ponta
depois de paſſada a Abita amp a curva para ſe fechar atraveſſſandolhe a chaveta em cima de
huma arruela
rarrMoraes e Silva ESCATELAacuteDO adj T de Naut Cavilha escatelada furada na ponta
depois de passada a abita e a curva para se fechar com a chaveta em cima de uma arruella
rarrLaudelino Freire ESCATELADO v tr dir De escatel + ar Fechar (a cavilha) com a
chaveta em cima da arruela2 Furar na extremidade (a cavilha)
rarrAureacutelio escatelar [De escatel + -ar2] Verbo trans dir Constr Nav1Abrir escatel em (uma
cavilha) 2Introduzir a chaveta no escatel de (uma cavilha) Escatel [De or obscura] S
117
m1Constr Nav Fenda ou furo na extremidade de uma cavilha para receber chaveta que natildeo
a deixe sair do lugar [Pl escateacuteis]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios consultados apresenta esse termo como naacuteutico
Origem cotrovertida
Ficha 86
Escoas sf plur (T Naut) Peccedilas que fortificatildeo as cavernas d‟avante a regrave pela parte de
dentro
______________________________________________________________________
rarrCunha escoa sf bdquo(Const Nav) cada uma das carreiras de tabuado do forro interior do
navio de maior espessura destinadas a consolidar os pontos fracos das balizas‟ XVII Do cat
escoa deriv de escosa particiacutepio do antigo verbo escondre
rarrBluteau Eſcoas (Termo da carpintaria de humanao) Saotilde aſque fortificaotilde as cavernas
davante arepella parte de dentro Fundamentorumnavis interiorra munimenta or um Plur
Neut
rarrMoraes e Silva ESCOgraveAS sf pl t de Naut Peccedilas que fortificatildeo as cavernas por dentro
d‟avante aacute reacute H Naut I 320
rarrLaudelino Freire ESCOA sf Cada uma das peccedilas que fortificam interiormente as
cavernas de uma embarcaccedilatildeo Obs Usado mais no pl
rarrAureacutelio escoa(ocirc) [Do cat escoa] s f Constr Nav1Cada uma das carreiras de tabuado
do forro interior do navio de maior espessura destinadas a consolidar a ligaccedilatildeo dos braccedilos agraves
cavernas [Em geral satildeo trecircs ou quatro carreiras colocadas ateacute junto agrave sobrequilha] 2Cada
uma das cantoneiras longitudinais dispostas paralelamente agrave sobrequilha e assentes nos pontos
onde as cavernas comeccedilam a subir para consolidaccedilatildeo interna da ossada do navio
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Sapucaya he madeira de muita duraccedilatildeo e rijeza a natureza das sapucayas he serem direitas e
monstruozas em altura e grossura pello que dellas se fazem quilhas para naacuteos do maior
poacuterte sobre quilhas cadastes vaacuteos cintas dormentes escoas alem do que em terra se fazem
dormentes ou grandes vigas para os corpos de Engenhos e armazens do maior comprimento
e grossura
LUIZ DOS SANTOS VILHENA (1921) [1801] CARTA VIGESIMA [A00_0846 p 739]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios consultados indicam escoa como termo naacuteutico
Origem catalatilde
Ficha 87
Escorrer va Fazer correr o liquido vn correr o liquido (T Naut) va Passar alecircm sem
tomar nem avistar porto
______________________________________________________________________
rarrCunha escorrer - CORRER vb [] Do lat cǔrrěre corrED˙EIRA sf bdquotrecho de rio
onde as aacuteguas correm ceacuteleres‟ 1844 EScorrer XVI Do lat ex-cǔrrěre []
rarrBluteau Eſcorrer (Termo Nautico) Eſcorrer huma terra huma proviacutencia Paſſar alě
navegandoſem deſcobrilla [] Porque com o eſcuro da noite lhe naotilde ſuccedeſſe Eſcorrer a
118
terra (aſſim dizem aſeu deſencontro os marinheiros) D Franc Man Epan 3 pag pag 319
Dobrou o Cabo de Bon Eſperanccedila Eſcorreo a Ethiopia paſſou a Arabia Vieira Tom 2140
rarrMoraes e Silva ESCORREgraveR at t de Naut Passar alegravem sem tomar ou ver algum Porto
ou Terra onde queriatildeo ir ou que se havia de encontrar Vieira ldquoescorreu a Ethiopiardquo Albuq
41 F Mendes c6b277
rarrLaudelino Freire ESCORRER vrv De es + correr Naacuteut Ant Correr ao longo da
costa de costear (tr dir)
rarrAureacutelio escorrer [Do lat excurrere] Verbo trans Dir 1Fazer correr ou esgotar (o
liacutequido) 2Tirar a (alguma coisa) o liacutequido com que se achava misturada fazendo-o correr
gota a gota 3Deixar sair deitar verter O ferimento escorria um liacutequido sanguinolentoVerbo
intransitivo []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente o Aureacutelio natildeo apresenta escorrer como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Ficha 88
Escoteira sf (T Naut) A peccedila onde se fixa a escota
______________________________________________________________________
rarrCunha - escota sf bdquo(Mar) cabo para governar as velas do navio‟ XV Do ant fr escoute
(hoje eacute coute) deriv do goacutetico skaut escotEIRA XVI escotILHA XV
rarrBluteau ESCOTEIRAS (Termo de navio) Saotilde huns paos onde ſe fazem fixas as eſcotas
da gavea Ligna quibus superiores navis verfori firmantur
rarrMoraes e Silva ESCOTEgraveIRAS s f pl t de Naut Peccedilas de navio onde se fixatildeo as
escogravetas Goes Cron Man 4c78 a escoteira no sing Couto 47II ldquodas escoteirasrdquo
rarrLaudelino Freire ESCOTEIRA s f Naacuteut Peccedila por onde passam as escotas
rarrAureacutelio escoteira [De escota + -eira] s f 1Ant Constr Nav Armaccedilatildeo constituiacuteda de
duas colunas fixas no conveacutes por ante a vante dos mastros ligadas por um travessatildeo no qual se
enfiavam malaguetas onde davam volta as escotas das gaacuteveas escotel Escota (ocirc) [Do fr ant
escoute (atual eacutecoute) poss do goacutet skaut] s f1Marinh Cabo de laborar fixo no punho da
escota (q v) e que permite caccedilar o pano i e estender a vela pelo punho respectivo de modo
que apresente ao vento toda a sua superfiacutecie [A escota iraacute mais ou menos folgada ou entrada
de acordo com a mareaccedilatildeo Nas velas redondas haacute duas escotas uma por barlavento e outra
por sota-vento nas latinas apenas uma]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam escoteira como termo naacuteutico
Origem francesa lt goacutetica
Ficha 89
Escotilha sf (T Naut] espeacutecie de alccedilapatildeo no convez do navio por onde se desce para as
cobertas
_____________________________________________________________________
rarrCunhaescotilha - escota sf bdquo(Mar) cabo para governar as velas do navio‟ XV Do ant fr
escoute (hoje eacute coute) deriv do goacutetico skaut
119
rarrBluteau ESCOTILHA Eſpecie de alccedilapaotilde no convez do navio por onde ſe decĕ as
mercaneiras amp os mantimentos para eſtarem debaixo de cuberta Eſcotilha grande he a porta
principal da nao por onde ſe metem as couſas de mayor volume Eſcotilhas[] Os ouviraotilde no
ar ir eſparzidos Pella Eſcotilha dentro derribados []
rarrMoraes e Silva ESCOTIacuteLHA s f t de Naut Especie de alccedilapatildeo com que se fecha a
entrada para as cobertas e poratildeo do navio usatildeo-se nos tablados da scena theatral
rarrLaudelino Freire ESCOTILHA sf Cast escotilha Naacuteut Alccedilapatildeo ou abertura nas
cobertas e poratildeo do navio2 Lus Abertura na parte superior do tonel para limpeza da
vasilha e entrada de uvas ou bagaccedilo
rarrAureacutelio escotilha [Do esp escotilla fonte tb do fr ant escoutille (atual eacutecoutille)]
Substantivo feminino1Constr Nav Abertura de grande ou meacutedio tamanho feita em qualquer
pavimento de uma embarcaccedilatildeo para tracircnsito de pessoal aeraccedilatildeo ou iluminaccedilatildeo das cobertas
ou passagem de carga []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
O ignorante Capitatildeo paſſado de hum chuccedilo pelos peitos cahio da eſcotilha abaixo
FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 41]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam escotilha como termo naacuteutico
Origem francesa
Ficha 90
Escouves sm ult l-ezes no plr (T Naut) Buraco na proa da embarcaccedilatildeo por onde sahe a
amarra
______________________________________________________________________
rarrCunha sm bdquo(Const Nav) tubo ou manga de ferro por onde passa a amarra da acircncora para
ir do conveacutes ao costado de onde desce ao mar‟escouvē XVI de origem incerta
rarrBluteau ESCOVENS ou Eſcouves (Termo de navio) Saotilde na proa huns buracos redondos
por onde ſahem as amarras []
rarrMoraes e Silva ESCOgraveUVES s m pl t de Naut Buracos na progravea dos navios por onde
saacuteem as amarras Alburq P I f 8 escouves
rarrLaudelino Freire ESCOUVES ESCOUVEacuteM Lat excubiœ Abertura para a passagem da
amarra no costado do navio
rarrAureacutelio escovem [De or incerta poss do cat escobenc lt cat escova] Substantivo
masculino 1Constr Nav Tubo ou manga de ferro por onde passa a amarra da acircncora para ir
do conveacutes ao costado de onde desce ao mar [Cf escovem do v escovar]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam escouves como termo naacuteutico
Origem incerta (castelhana)
Ficha 91
Estibordo sm (T Naut) O lado direito do navio olhando da poppa para a proa
______________________________________________________________________
rarrCunha estibordo sm ldquo(Mar) o lado direito da embarcaccedilatildeo considerando-se a proa como
a sua frente‟ 1813 estribordo XV Do fr ant estribord (hoje tribord apoacutecope de
120
estribord) deriv do neerl stierboord boreste 1884 de estibordo (com supressatildeo da uacuteltima
siacutelaba e colocaccedilatildeo da penuacuteltima no priciacutepio) Neologismo atribuiacutedo ao almirante brasileiro
Saldanha da Gama O aviso de 14021884 do Ministeacuterio da Marinha do Impeacuterio do Brasil
mandou substitur estibordo por boreste para evitar confusatildeo entre bombordo e estibordo
rarrBluteau ESTIBORDO Querem alguns que ſeja de Dextribordo He o lado do navio para
quem eſtaacute na popa com a cara voltada para a proa []
rarrMoraes e SilvaESTIBOacuteRDO smt de Naut Para quem estaacute na popa da naacuteo como rosto
para a proa eacute o lado direito ( de Stribord Inglez)
rarrLaudelino Freire ESTIBORDO sm Din Styrbord Lado do navio agrave direitos de quem
olha da popa para a proa
rarrAureacutelio estibordo[Do port arc estribordo (lt fr ant estribord [atual tribord] neerl
stierboord poss) com dissi-milaccedilatildeo] Substantivo masculino1Mar O lado direito da
embarcaccedilatildeo considerando-se a proa como a sua frente [Cf bombordo e boreste]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
E quando menos conta faziam das vidas do cesto da gaacutevea gritou o gajeiro terra pela proa e
como o temporal os ia empurrando para o rolo da costa por falta de governo desfizeram os
bolsos do traquete e braceando por estibordo foram costeando a dita terra e dando vista de
um abra e uma entrada puseram proa a ela e a todo o risco sem sondar a entraram e fixas as
amarras na habita desabossadas as acircncoras deram fundo
JOSEacute ALVARES DE OLIVEIRA (1981) [nd] HISTOacuteRIA DO DISTRITO DO RIO DAS
MORTES SUA DESCRICcedilAtildeO DESCOBRIMENTO DAS SUAS MINAS CASOS NELE
ACONTECIDOS ENTRE PAULISTAS E EMBOABAS E CRIACcedilAtildeO DAS SUAS VILAS
[A00_0395 p 97]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam estibordo como termo naacuteutico
Origem francesa lt neerlandesa
Ficha 92
Estiva sf (T naut) Contrapeso para o navio ir em equilibrio Grades de pagraveo no poratildeo por
baixo da carga A primeira carga que vai sobre ella Grades de patildeo estreitas na estribaria para
escoarem por baixo dellas a ourina dos cavallosEspecie de registro em que se taxa o preccedilo do
patildeo azeite etc
______________________________________________________________________
rarrCunha estiva sf bdquoa primeira porccedilatildeo do navio‟ bdquoarmaccedilatildeo do tabuleiro duma ponte de
madeira‟ estiba XV Do it stiva estivADOR 1858 estivAR XVI Do it stivare deriv
do lat stipāre
rarr Bluteau ESTIVA Eſtiva Termo Nautico He palavra Italiana ou ſe deriva do Franceacutez
Eſtive He o contrapeſo da carga do navio que ſe daacute a cada lado delle para o ter em equiliacutebrio
Nas ſuas cartas pag362 Uſa D Franciſco Manoel deiſa dicccedilaotilde no ſentido moral Vemos que
a naacuteo da India ſe carrega por conto amp eſta Eſtiva do que leva a paciencia do homem naotilde a
ſabe outro homem que lha carrega de injurias cujo exceſſo do homem naotilde a ſabe outro
homem cujo exceſſo permitte a providencia por caſtigallos a ambos eſte com a ſua fraqueza
aquelle cotilde a ſua tyrannia Vid Equilibrio Vid contrapeſo Vid Eſtivar
rarrMoraes e Silva ESTIacuteVA sf t de Naut O contrapeso que se potildee ao navio para ir em
equiliacutebrio se vai mais carregado de alguma parte sect Grades de paacuteos que no poratildeo vatildeo por
baixo da carga para que natildeo assente no costado e receba alguma humidade sect Grades de paacuteo
121
mūi estreitas com que se pavimentatildeo estrebarias para que a urina se escoe por ellassect Especie
de registo em que se taxa o preccedilo do patildeo azeite palha ampc pelos officiaacutees competentes Leis
de 1765sect A carga primeira que se carrega no navio
rarrLaudelino Freire ESTIVA sf Lat stiva Mar Todo o fundo interno de um navio da
pocircpa agrave proa 2 Mar A primeira camada de carga que se mete em um navio e que eacute
ordinagraveriamente a mais pesada o contrapecircso que se potildee ao navio para o equilibrar e natildeo descair
para o lado mais carregado3 Mar Grade de pau assente no poratildeo do navio socircbre o qual se
arruma a primeira carga para o isolar da umidade
rarrAureacutelio estiva [Do it stiva] Substantivo feminino1A primeira porccedilatildeo de carga do navio
2Bras Mar Merc Serviccedilo de movimentaccedilatildeo de carga a bordo dos navios nos portos o qual
compreende a retirada e a arrumaccedilatildeo desta nos porotildees e nos conveses [Cf nesta acepccedil
resistecircncia (16)] 3Bras P ext O conjunto dos estivadores [v estivador (2)]4Bras Os
gecircneros que formam a base do comeacutercio de secos e molhados especialmente os gecircneros em
grosso5Pesagem dos gecircneros ou mercadorias estivadas 6Bras N Ponte feita de um soacute pau
sobre forquilhas em terrenos alagadiccedilos ou pantanosos [Cf nesta acepccedil estivado
(2)]7Bras MG RS Ponte tosca feita de varas ou paus atravessados sobre um coacuterrego
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Provido do que lhe foi necessario sahiu Thomaz de Souza Villa Real do porto da foz do
Ferreiro no Rio Vermelho em 22 de Dezembro do anno passado ficando aquelle porto
quatorze leguas abaixo da villa o mais proximo della que permitte navegaccedilatildeo mesmo a
pequenos botes com
este rio pouco rico de aguas e por ser o seu fundo em partes de pedra que ainda oppondo
g
estivas sobre que se
poderatildeo arrastar as canocircas []
JOAQUIM MARIA NASCENTES DE AZAMBUJA (1891) [1797] VIAGEM DE THOMAZ DE
SOUZA VILLA REAL PELOS RIOS TOCANTINS ARAGUAYA E VERMELHO
ACOMPANHADA DE IMPORTANTES DOCUMENTOS OFFICIAES RELATIVOS Aacute MESMA
NAVEGACcedilAtildeO [A00_0710 p 47]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam estiva como termo naacuteutico Origem
italiana
Ficha 93
Estribo sm Peccedila em que firmatildeo os pegraves para montar a cavallo ou entrar no Coche etc No
plr (T Naut) Os primeiros cabos que na enfreixadura servem de degragraveos Perder os estribos
fig Perturbar-se natildeo saber onde firmar-se ou em quem confiar
______________________________________________________________________
rarrCunha estriborarr ESTRIBEIRA estribeira sf bdquoestribo de montar agrave gineta‟-eyra XIII
estrebeyra XIII etcDo a fr estriviegravere de origem germacircnica estribAR XV estribO
estrybo XV
122
rarrBluteau Estribos (Termo de mariagem) Saotilde os primeiros cabos que ſervem como de
degraos aacute enfrechadura Vid Enfrechadura
rarrMoraes e Silva ESTRIacuteBO s m Peccedila de madeira (V Caccedilanbas) onde metal em que o
Cavalleiro mette as pontas dos peacutes e se firma para montarsect Nos coches obra feita para se
subir por ella aos cochassect Estribos t de Naut primeiros cabos que servem como de degraos
a enfrexadura
rarrLaudelino Freire ESTRIBO sm Germ streup Naacuteut Cabo brando agrave maneira de sanefa
encapelados nas vecircrgas para servir de apoio aos peacutes dos marinheiros quando ferram o pano
rarrAureacutelio estribo- sm [] 1Marinh Cabo cujos chicotes satildeo presos aos laises de uma
verga e cujo seio eacute a espaccedilos aguentado agrave verga por meio de pedaccedilos de cabos denominados
andorinhos Serve de apoio aos peacutes dos marinheiros que trabalham na verga [Tb o pau da
bujarrona e por vezes a retranca tecircm estribo] 2Peccedila de accedilo colocada transversalmente a uma
armadura longitudinal num concreto para mantecirc-la em posiccedilatildeo ou para resistir a certos
esforccedilos 3Fig Arrimo apoio esteio
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam estribo como termo naacuteutico
Origem francesa lt germacircnica
Ficha 94
Estribordo (T Naut) v Estibordo
______________________________________________________________________
rarrCunha estibordo sm ldquo(Mar) o lado direito da embarcaccedilatildeo considerando-se a proa como
a sua frente‟ 1813 estribordo XV Do fr ant estribord (hoje tribord apoacutecope de
estribord) deriv do neerl stierboord boreste 1884 de estibordo (com supressatildeo da uacuteltima
siacutelaba e colocaccedilatildeo da penuacuteltima no princiacutepio) Neologismo atribuiacutedo ao almirante brasileiro
Saldanha da Gama O aviso de 14021884 do Ministeacuterio da Marinha do Impeacuterio do Brasil
mandou substitur estibordo por boreste para evitar confusatildeo entre bombordo e estibordo
rarrBluteau natildeo consta
rarrMoraes e Silva ESTRIBOacuteRDO V Estibordo Cast Ined 11 536 opposto a babordo
vulgo bombordo ESTIBOacuteRDO smt de Naut Para quem estaacute na popa da naacuteo como rosto
para a proa eacute o lado direito ( de Stribord Inglez)
rarrLaudelino Freire ESTRIBORDO sm Ant O mesmo que estibordo ESTIBORDO sm
Din Styrbord Lado do navio agrave direitos de quem olha da popa para a proa
rarrAureacutelio natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta estribordo soacute estibordo
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Exceto Bluteau e Aureacutelio todos os demais dicionaacuterios apresentam o lema
estribordo mas remetem para o termo estibordo Origem francesa lt neerlandesa
Ficha 95
Estrinca sf (T Naut) Especie de escotilha nas embarcaccedilotildees por onde sobe a amarra
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau natildeo consta
123
rarrMoraes e Silva ESTRIacuteNCA sft de Naut Especie de escotilha nos navios HNaut
2f222 por ella saacutei a amarra donde estaacute envolta e daiacute tem o nome (strinca corda em
Italiano)
rarrLaudelino Freire ESTRINCA sf Ingl string Espeacutecie de escotilha por onde passa a
amarra
rarrAureacutelio natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente Moraes e Silva e Laudelino Freire apresentam estrinca Origem
inglesa
F
Ficha 96
Ferrar va Pregar ferradura Foxerir ferratildeo ou remate de ferro Marcar com ferrete
Guarnecer de cintas ou chapas de ferro Cravar Segurar com harpegraveo ou ferir com elle (T
Naut) Colher as velas Lanccedilar ancora Fig Tomar porto (T de Marcineiro) Metter porcas
Ferrar no sono adormecer
______________________________________________________________________
rarrCunha ferrarrarr FERRO ferro sf bdquometal maleaacutevel e tenaz de numerosas aplicaccedilotildees na
induacutestria e na arte‟ XIII Do lat ferrum ndashi AferrAR XVI AferrO sm XVIII [] Do lat
ferramenta nom pl de ferramentum bdquoinstrumento ou utensiacutelio de ferro‟ ferrAtildeO 1813
ferrAR XIII ferrARIA XIIIferrEIRO XIII ferrENHO XVI feacuterrEO 1572
rarrBluteau Ferrar (Termo Nautico) Ferrar velas ou ferrar o panno Vela colliger Vendoſe em
perigo Ferrara todo panno Britto viagem do Braſil 277 A naacuteo ditoſa Ferrava a vela
Barretto vida do Evang 21377
rarrMoraes e Silva FERRAR v at t naut Colher vg ferrar a vela o pannosect Lanccedilar ferro
ou ancora f tomar portovg ferraratildeo o porto de Coulatildeo Vieira-Freire ferrou a barra
rarrLaudelino Freire FERRAR vrv De ferro + ar Naacuteut Colhecircr amarrar (tr
dir)rdquoTrabalhados de perigos lanccedilai nautas nos nossos portos ferro ferrai velasrdquo (Filinto
Eliacutesio) 118 Atracar (a embarcaccedilatildeo) (trdir) Colhecircr (as velas) (tr dir intr) ldquoferrar as
velasrdquo ldquonunca as ondas tormenta resolveu mais arriscada Ferra ferra (bradou) que eacute enorme
o perigordquo (Filinto Eliacutesio) Deitar o navio ferro (intr) Folgar
rarrAureacutelio ferrar [De ferro + -ar2] Verbo transitivo direto [] 5Marinh Colher (vela ou
toldo) atando-os com amarrilhos a uma verga estai ou vergueiro navegou terra a terra agrave
sombra da costa ferrou panos e fundeou sobre virotes (Galpi Narrativas Militares p
23)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
[] mas natildeo sei se com este vento se com outro que lhe deo nas velas quando ia jaacute pera a
ferrar pendeo tanto a sua naacuteu que tomou agoa pelas portinholas da artilharia e calando-se
pelas escotilhas que iatildeo abertas foi entrando tanta que em continenti se foi ao fundo com
seu dono []
FREI VICENTE DE SALVADOR (1888) [1627] LIVRO QUINTO - DA HISTORIA DO
BRASIL DO TEMPO QUE O GOVERNOU GASPAR DE SOUZA ATHEacute A VINDA DO
124
GOVERNADOR DIOGO LUIZ DE OLIVEIRA - CAPITULO SEXTO - DE COMO O
CAPITAtildeO BALTHAZAR DE ARAGAtildeO SAHIO DA BAHIA COM HUMA ARMADA CONTRA
OS FRANCEZES E SE PERDEO [A00_2084 p 195]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam ferrar como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Folgar vn Cessar de trabalhar Alegrar-se ter gosto de alguma cousa va (T Naut) Alargar
______________________________________________________________________
rarrCunha folgar vbrdquodescansar ter aliacutevio desapertar‟XIII follegar XVDo lat fotildellǐcārě
bdquorespirar como fole‟ deriv de fotildellis focirclegoXIII folgoXVIDeverbal do a port
folegarfolgafolgua XVfolgADIO XV folgADO XIII folgANCcedilA-cia
XIIIfolgAZAtildeO folgasatildeo 1813 folguEDO XVI RESfolegar XVII
rarrBluteau FOLGAR Coſſar do trabalho Deſcanccedilar Andar ocioſoOtiari (or atus fum) Cic
Como foſſe agrave Cidade de Syracuſa para folgar amp naotilde para trabalhar Cum ſe Syracuſas otiandi
non negotiandi
rarrMoraes e Silva FOacuteLGAR vat Largar ou alargar vg folgar o leme t nautsect vn Cessar
do trabalho
rarrLaudelino Freire FOLGAR descansar (intr trind com prep em) ldquoOs piratas folgando
em grupos se dispersamrdquo (Paranapiacaba) 3 Ter prazer alegrar-se regozijar-se (intr
trindcom prep com de em)ldquoDesabe o firmamento socircbre a Terra tudo pereccedila Folgaraacute
minh‟almardquo (Paranapiacaba) ldquoFolgo muito em ver-terdquo
rarrAureacutelio folgar [Do lat tard follicare] Verbo transitivo direto1Dar folga ou descanso a
[] 2Tornar largo desajustar desapertar folgar a roupa 3Tornar menos penoso tornar
leve suave folgado []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta folgar como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente Moraes e Silva apresenta folgar como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
G
Ficha 98
Garrucha sf Antigamente era o mesmo que Albarda Poleacute de dar tratos (T Naut) Cabo que
se mette na relinga por entre chicotes
______________________________________________________________________
rarrCunha garrucha sf bdquoorig pau curto com que se armavam as bestas‟guarrucha XV
bdquopistola de carregar pela boca‟ XX Do cast garrucha
rarrBluteau GARRUCHA He palavra Caſtelhana VID Poleacute de tormento amp tratos de poleacute
As cataſtas as Garruchas as fogucigueiras Vieira Tom 1076col1
rarrMoraes e Silva sft naut Garruchas satildeo ou eratildeo cabos que se mettem nas relingas por
entre os chicotes donde se fazem as puas das bolinas daqui vem agarruchar ampc
125
rarrLaudelino Freire GARRUCHAS sm pl Naacuteut 1 Argola de ferro pregadas no garotil das
velas latinas 2 Cabos que se metem nas relingas por entre chicotes
rarrAureacutelio Garrocha [Do esp garrocha] []Marinh Poleame de laborar constituiacutedo de duas
caixas sobrepostas a topo e com os eixos das suas rodas dispostos paralelamente ou
perpendicularmente um em relaccedilatildeo ao outro
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Moraes e Silva Laudelino Freire apresentam garrucha com termo naacuteutico
Aureacutelio daacute como termo naacuteutico garrocha Origem castelhana
Ficha 99
Gavea sf (T Naut) Armaccedilatildeo de taboa com feiccedilatildeo de grade do cimo dos mastros Vela que
toma o nome da gavea sobre que anda
______________________________________________________________________
rarrCunha gaacutevea sf bdquo(Naacuteut) espeacutecie de tabuleiro ou plataforma a certa altura de um
mastro‟gauea 1572Do lat med gabia (claacutess cavěa) com provaacutevel interferecircncia do it
gagravebbia ESgaivAR XXgaiva sf bdquojaula fosso‟ 1813gaivEL 1899 gajeiro sm bdquomarinheiro
que vigia da gaacutevea‟-geiro 1813 Do it gagraveggia e este do genovecircs gagravegia deriv Do lat cavěa
rarrBluteau Gaacutevea (Termo Nautico) He huma eſpecie de gayola ou guarita aſſentada em
huma roda de taboas no alto dos matos ſerve para recolher as velas quando as ferraotilde
Carchefium ij Naut Catull Mali corbita e Fem
rarrMoraes e Silva sf naut Eacute armaccedilatildeo de taboas como uma meza com bordas na ponta do
mastro
rarrLaudelino Freire GAVEA sf Lat cavea Naacuteut Espeacutecie de gaiola tabuleiro plataforma
ou guarita assente em uma rodas de taacutebuas no alto dos mastros e atravessada por ecircle 2 Vela
que ocupa o lugar imediatamente superior agrave grande GAacuteVEAS sfpl Conjunto das trecircs velas
das galeras 2 A gaacutevea e o velacho nos brigues
rarrAureacutelio [Do lat gavia por cavea gaiola] s f Marinh 1Cada um dos mastareacuteus que
espigam logo acima dos mastros reais [Nos navios de trecircs mastros denominam-se a partir de
vante mastareacuteu do velacho mastareacuteu da gaacutevea e mastareacuteu da gata] 2Mastareacuteu que espiga
logo acima do mastro real grande 3Cada uma das vergas que cruzam nos mastareacuteus de gaacutevea
[Nos navios de trecircs mastros chamam-se a partir de vante verga do velacho verga da gaacutevea e
verga da gata Antigamente chamavam-se traquetes sendo a partir de vante traquete de proa
ou de vante tranquete da gaacutevea e traquete da gata] 4Verga que cruza no mastareacuteu de gaacutevea
grande 5Cada uma das velas que envergam nas vergas de gaacutevea [Nos navios de trecircs mastros
denominam-se a partir de vante vela do velacho vela da gaacutevea e vela da gata Antigamente
chamavam-se traquetes] 6Vela que enverga na verga de gaacutevea grande 7Mar Cesto de
gaacutevea
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Com as vellas que anoitecer a Capitana ha de navegar ategrave que aclare o dia Succedendo
largar mais pano aʃcenderagrave dous faroes na popa amp hum na gavea
FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR () [A00_2496 p 57]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam gaacutevea como termo naacuteutico Origem italiana
Ficha 100
126
Gio sm (T Naut) O travessatildeo sobre que a cana do leme anda e sobre que se formatildeo as
obras chamadas mortas da poppa
______________________________________________________________________
rarrCunha gio sm bdquo(Naacuteut) peccedila que entalha no contracadaste do navio‟ 1813 De origem
obscura
rarrBluteau GIO (Termo da carpintaria de huatilde nao) He hum traveſſaotilde ſobreque anda a cana
do leme amp ſobre o qual ſe formaotilde as obras mortas da popa Lignea compages in puppi
tranſverſa
rarrMoraes e Silva GIacuteO sm naut Travessatildeo sobre que anda a cana do leme e sobre que se
foacutermatildeo as obras mortas da popa
rarrLaudelino Freire GIO sm Naacuteut Nome de duas peccedilas curvas de madeira que formam
angula entalhando-se entre si e no contracadaste
rarrAureacutelio gio [De or obscura] Substantivo masculino1Constr Nav Nas popas quadradas
cada uma das peccedilas dispostas horizontalmente entalhadas e cavilhadas no contracadaste
constituindo assim como que as cavernas de tais popas
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam gio como termo naacuteutico Origem obscura
Ficha 101
Guinada sf (T Naut) Acccedilatildeo de guinar Gargalhada fallando de riso
______________________________________________________________________
rarrCunha guinar vb bdquobordejar desviar-se rapidamente‟ XVI De origem obscura guinADA
XVI
rarrBluteau GUINADA Guinaacuteda amp Guinar ſaotilde termos Nauticos Vid Guinar
rarrMoraes e Silva GUIacuteNADA sf O acto de guinar t naut ldquode duas guinadas que deu (com
a sua naacuteo) sobre duas galeacutes ambas se despejaratildeo deixando os cascos vasiosrdquo (remettidas
para as ababroar) B236 Amaral
rarrLaudelino Freire GUINADA sf Angl-sax winan Naacuteut Desvio que o navio faz da sua
esteira bordejando2 salto que o cavalo daacute para furtar o corpo ao castigo do cavaleiro
rarrAureacutelio guinada [De guinar + -ada1] Substantivo feminino 1Mar Desvio da proa para
um ou outro bordo que afasta o navio deliberadamente ou por forccedila das circunstacircncias do
rumo em que vinha Havia um torvelinhar surdo e vago de coisas no tombadilho eram as
ondas que agraves vezes agrave menor guinada apesar de todo o cuidado no leme embarcavam pelo
traveacutes pela alheta (Virgiacutelio Vaacuterzea Nas Ondas p 45)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Como saiacuteo a lua se fez o vento leacutes-nordeste e ventou com tanta forccedila que nom podiacuteamos com
a vela Indo assi corre guinada e em preparando de
loacute nos arrebentou o masto do traquete pelos tamboretes de que sentimos muita fortuna e
amainaacutemos a vela e fomos correndo ao som do mar ateacute que foi de dia
127
PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE
SOUSA () [A00_0078 p 33]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam guinada como termo naacuteutico Origem obscura
(anglo saxatildeo)
Ficha 102
Guinar vn (T Naut) Desviar-se do caminho da esteira que leva Diz-se do navio e
propriamente fallando sograve tem terceiras pessoas
______________________________________________________________________
rarrCunha guinar vb bdquobordejar desviar-se rapidamente‟ XVI De origem obscura guinADA
XVI
rarrBluteau Guinar (Termo Nautico) He quando o navio ſe deſvia alguma couſa hora de
huma hora de outra parte ſeguindo ſempre o meſmo rumo Conftanti ſempre curſa de via
aliquantum deſle
rarrMoraes e Silva GUINAacuteR vn naut Desviar-se o navio um pouco da esteira que leva
hora a um bordo hora a outro mas seguindo sempre o mesmo rumo Amaral 6 Fomos
guinados a elas Fern Mend c5
rarrLaudelino Freire GUINAR vrv Mover-se agraves guinadas desviar-se (a embarcaccedilatildeo da sua
esteira) (intr)
rarrAureacutelio guinar [Da mesma or incerta que o esp guintildear poss da raiz gin- de criaccedilatildeo
expressiva] Verbo intransitivoVerbo transitivo circunstancial1Mover-se agraves guinadas
oscilar Becircbado guinava agrave direita e agrave esquerda2Mar Desviar (a embarcaccedilatildeo) de propoacutesito
ou por forccedila das circunstacircncias a proa do rumo que vem seguindo para outro rumo dar uma
guinada (1)3P ext Dar guinada (3) Desorientado o ciclista guinava a torto e a
direito4Desviar-se com rapidezVerbo transitivo direto 5Desviar com rapidez ou
repentinamente Guinou a embarcaccedilatildeo para natildeo se chocar com o rochedo
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
A ruindade desta barra consiste principalmente em ser muito estreito o seu canal e dar este
uma volta pelo meio dos dous baixos que o rodeatildeo e promettem naufragio infallivel se a
embarcaccedilatildeo guinar para algum dos lados
FREI GASPAR DA MADRE DE DEUS (1920) [1767] MEMORIAS PARA A HISTORIA DA
CAPITANIA DE S VICENTE HOJE CHAMADA DE S PAULO [A00_0169 P 123]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam guinar como termo naacuteutico Origem obscura
I Ficha 103
Iccedilar va (T Naut) Levantar as vergas e vegravelas para o navio navegar
______________________________________________________________________
128
rarrCunha iccedilar vb bdquoerguer levantar‟ XVIII Do fr hisser e este do neerl hijsen ou do baixo
al hissen iccedilAMENTO XX
rarrBluteau ICAR (Termo Nautico) Levantar as velas Vella attollere Na bonanccedila Iccedilar ateacute os
topos Vieira Tom3pag76 Iccedilaraotilde de gaacutevea perdendo ancoras amp amarras Ciabra Exhortaccedil
Militar24 verſ As velas Iccediladas nos palancos Jacinto Freyre 259
rarrMoraes e Silva ICcedilAacuteR vat Levantar as vergas e as velas para navegar Freire
rarrLaudelino Freire ICcedilAR vrv Al hissen Levantar erguer alccedilar (tr dir bitr com prep a
com)rdquoIccedilar o cordamerdquo ldquoVia-se entre homens armados que a arrebatavam iccedilando-a agrave garupa
de ginete socircfregordquo (C Neto) ldquoCom taacuteureas cordas brancas velas iccedilamrdquo (Odorico Mendes)
rarrAureacutelio iccedilar [Do fr hisser] Verbo td 1Erguer alccedilar levantar iccedilar velasApenas o
vapor comeccedilou a enfrentar o Feliz este iccedilou a bandeira brasileira saudando-o (Virgiacutelio
Vaacuterzea Nas Ondas p 150) [Conjug v laccedilar Pres ind iccedilo etc pret perf icei etc pres
subj ice icem Cf isso issei o top Iceacutem e o v inccedilar]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Fizeram-se primeiro que tudo cabos poreacutem o arbusto foi cortado foacutera de tempo e o linho
cortido por pessoas imperitas e que natildeo sabiam o tempo que se devia gastar no cortimento
nem o modo com que se deviam separar a capa do linho e os fabricantes dos mesmos cabos
natildeo soacute pouco habeis em fazerem o fio mas ignorando mais o modo de lhe dar o alcatratildeo
beneficio essencialissimo para perfeiccedilatildeo dos mesmos cabos poreacutem assim mesmo me servi
logo de alguns ainda que poucos nas embarcaccedilotildees da esquadra aonde serviram tatildeo bem
como os outros que tinham as embarcaccedilotildees de sorte que um delles serviu muito tempo ao
cabrestante para iccedilar a aguada e mantimentos do navio Santo Antonio e depois de soffrer
todo aquelle trabalho sem quebrar o applicaram ao ministerio da guingorra aonde durou
muito tempo
MARQUEZ DO LAVRADO (1863) [1799] RELATORIO DO MARQUEZ DE LAVRADIO
VICE-REI DO RIO DE JANEIRO ENTREGANDO O GOVERNO A LUIZ DE
VASCONCELLOS E SOUSA QUE O SUCCEDEU NO VICE-REINADO [A00_0851 p 471]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam iccedilar como termo naacuteutico Origem francesa
L
Ficha 104
Lais sm (T Naut) A ponta verga
______________________________________________________________________
rarrCunha lais sm bdquo(Naacuteut) a ponta da vergardquo lays XVI De origem obscura
rarrBluteau Lais Chamatildeo os marinheiros agrave ponta das vergas a da Mezena ſe chama penna
LAIZ (Termo nautico) Extremidades das vergas Cornu antemnarum Virgilio diz Cornua
antemn (Enforcaſſe no Laiz da verga Decad 1 de Barr Paacuteg 110col4)
rarrMoraes e Silva LAacuteIS sm tnaut A ponta da verga Barros o lais da verga
rarrLaudelino Freire LAIS sm Naacuteut Ponta da verga
Lais de Guia sm Naacuteut Noacute que se daacute no seio do cabo com um dos chicotes para formar
bocirclso
rarrAureacutelio lais [De or obscura] s m Marinh1Cada uma das extremidades de uma verga
Os [marinheiros] que ofereciam resistecircncia nas abordagens ou davam combate eram iccedilados
depois no lais das vergas (Virgiacutelio Vaacuterzea Mares e Campos p 103)2Extremidade oposta
ao peacute num pau de surriola [Pl laises Cf Laiacutes antr f menos boa poreacutem usual de Lais]
Lais de guia 1 Marinh Noacute que se daacute no chicote de um cabo formando uma alccedila ou balso e
serve para encapelaacute-lo ou para fazer um laccedilo de correr
129
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Querendo a Capitana fallar aos navios no lays da verga grande ʃotavento largaragrave huatilde
flamula tirar agrave a huatilde peʃʃa por ʃehaacute agrave capa
FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 55]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam lais como termo naacuteutico Origem obscura
Ficha 105
Leme sm Entre Nauticos he hum pranchatildeo formado de vaacuterios madeiros posto ao alto no
cadaste do navio e que se move para hum e outro lado por meio de huns gonzos fixos que
tem os machos fixos no mesmo pranchatildeo e encaixados nas fecircmeas que estatildeo fixas no cadaste
O ferro da dobradiccedila que encaixa no leme Fig Direcccedilatildeo Duas estrelas iguaes na
Constellaccedilacirco chamada Barca
______________________________________________________________________
rarrCunha leme sm‟aparelho usado na parte traseira do barco e do aviatildeo e que serve para lhes
dar direccedilatildeo‟ XV De origem obscura
rarrBluteau LEME Pao que anda junto do cadaſte que quebra amp aparta as ondas para huma
amp outra parte amp he o total governo da nao Dizem que Tiphys companheiro dos Argonautas
na expediccedilatildeo de Colchos inventagravera o leme pelo que obſervou no Minhoto quando voa alto
que troce a aza para lhe dar nelle o vento em poppa amp ſubir amp baixar como quer Outros
dizem que dos peixes que com cauda regulaotilde nas aguas ſeu caminho ſe tomou a invenccedilaatildeo do
leme Clavus i Ma Gubernaculum i Neut Cic No Commento da Oitava 74 do Canto 5
da Luſiada aonde diz Camotildees Esta pa logo o leve leme
rarrMoraes e Silva LEgraveME sm Governalho peccedila de madeira grossa plana de certa largura
que vai em gonzos no meyo da popa do navio e outros vasos de navegar d‟alto a baixo e
serve de os fazer voltar a proa a diversos rumos voltando ao lemesect O ferro da dobradiccedila que
se embebe no vatildeo da femea eacute sobre que joga a janella ou portasect Natildeo dar o navio pelo leme
ou natildeo obedecer ao leme se diz quando natildeo proeja ainda que manejem o leme e o virem
rarrLaudelino Freire LEME sm B lat limo Aparelho situado na parte traseira do barco e
que serve para lhe dar direccedilatildeo2 Ferro ou dobradiccedila que se embebe no vatildeo da fecircmea e socircbre
que joga a porta ou janela
rarrAureacutelio leme [De or obscura] s m 1Constr Nav Peccedila ou dispositivo instalado na popa
da embarcaccedilatildeo e que serve para lhe dar direccedilatildeo para governaacute-la 2Dispositivo instalado na
cauda do aviatildeo e que regula a direccedilatildeo do aparelho 3Ferro que se embebe no vatildeo da fecircmea e
sobre o qual se move a porta ou a janela 4Fig Direccedilatildeo governo governanccedila Leme de
direccedilatildeo 1 Aer Leme que governa o aviatildeo no plano horizontalLeme de fortuna 1 Marinh V
esparrela (4)Leme de loacute 1 Marinh Posiccedilatildeo do leme com sua porta voltada para barlavento
Leme de profundidade 1 Aer Leme que governa o aviatildeo no plano verticalLeme horizontal
1 Constr Nav Cada um dos lemes que governam o submarino no plano vertical
130
(profundidade) Leme vertical 1 Constr Nav Cada um dos lemes que governam o submarino
no plano horizontal (rumo)Perder o leme 1 Ficar atarantado sem saber o que fazer
desnortear-se desorientar-seTer o leme 1 Governar administrar dirigir
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Avistaratildeo esta Costa em 15 de Junho e por natildeo conhecerem a paragem que era a enseada de
Vasabarris lanccedilaratildeo ferro mas era tatildeo forte o vento Sul e correm alli tanto as agoas que se
quebraratildeo duas amarras e querendo entrar por conselho de hum Francez chamado
Honorato que veio aacute terra com dous Indios em huma jangada e lhes facilitou a entrada
tocou a naacuteu e deo tantas pancadas que lhe saltou o leme foacutera e arrombou pelo que alguns se
lanccedilaratildeo a nadar e se afogaratildeo em as ondas []
FREI VICENTE DE SALVADOR (1888) [1627] LIVRO QUARTO - DA HISTORIA DO
BRASIL DO TEMPO QUE O GOVERNOU MANOEL TELLES BARRETO ATHE A VINDA
DO GOVERNADOR GASPAR DE SOUZA - CAPITULO VIGESIMO QUARTO - DA
JORNADA QUE GABRIEL SOARES DE SOUZA FAZIA AacuteS MINAS DO SERTAtildeO QUE A
MORTE LHE ATALHOU [A00_2060 P 148]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam leme como termo naacuteutico Origem obscura
Ficha 106
Leva sf (T Naut) Acccedilatildeo de levantar ancora para fazer-se aacute vegravela Entre Militares
Conducccedilatildeo de recrutas
______________________________________________________________________
rarrCunha leva - LEVAR levar vb bdquotransportar retirar afastar induzir tirar roubar‟ XIII Do
lat lěvāre []
rarrBluteau LEVA (Termo Nautico) A acccedilatildeo de levantar as ancoras do porto para a partida
Anchorarum fublatio ou Navis egrave portu onis FemTocar a leva He dar aviſo com a trotildebeta
que ſe recolhatildeo os q eſtatildeo na praya quando o baxel eſtagrave para partir Dare tubacirc fignum
recipiendi in navem (Julio Ceſar farfallando na retirada dos ſoldados diz Milites figno
recipiendi dato non conftitehellip (Manda jagrave tocar a leva Ciabra Exhort Militar pag 26)
rarrMoraes e Silva LEVA sf O acto de levantar ancora para sair do porto vg ldquopeccedila de
leva a que se atira para fazer sinal de botar foacutera e que tocar leva com a trombeta para
acodirem a bordo os que hatildeo-de ir na naacuteo que estaacute para levantar ferro M Conq Vieira
rarrLaudelino Freire LEVA sf De levar O ato de levantar ferro o levantar da acircncora para
navegarNaacuteut Cabo folgado que passa por um furo do costado do navio e vai prender-se no
sapatilho dos arganeacuteus das portas5 Pop Andadura
rarrAureacutelio leva [Dev de levar] s f 1Ant Mar Ato de levantar acircncora para navegar
2Alistamento de tropa recrutamento []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam leva como termo naacuteutico Origem portuguesa
lt latina
131
Ficha 107
Liame sm (T Naut) Madeira das curvas com que seliatildeo por dentro as peccedilas do costado do
navio
______________________________________________________________________
rarrCunha liame sm bdquoaquilo que prende uma coisa a outra ligaccedilatildeo‟ XVIII Do lat ligamen -
ǐnis bdquolaccedilo fita‟ de ligāre
rarrBluteau LIAcircME A madeira das curvas com q por dentro ſe liatildeo os coſtados dos navios
Lignam quibus navium latera intus coagmentantur Joatildeo de Barros diz Liaccedilatildeo (Foy cortada
algūa liaccedilatildeo para galegraves Decada 2 fol39col4) (Na meſma Decada diz LiameContaratildeo-ſe
huma ſoma de madeiras da anaf para liames fol 12 col1) (os que fabricatildeo obra naval tiraotilde
della curvas amp liames Valcone Noticia do Braſil 259)
rarrMoraes e Silva LIAacuteME smt de Naut A madeira das curvas com que se ligatildeo e atatildeo as
peccedilas do costado dos navios Barros Ined IIIf506 ldquotavoados e liamerdquo
rarrLaudelino Freire LIAME sm Lat ligamen Liaccedilatildeo Naacuteut A madeira das curvas com que
se ligam e atam as peccedilas do costado dos navios Naacuteut Cordame de navio de vela
rarrAureacutelio liame (acirc) [Do lat ligamen] s m1Aquilo que prende ou liga uma coisa a outra
ligaccedilatildeo []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Nas varzeas de arecirca se datildeo outras arvores reaes a que os Indios chamam curuaacute as quaes se
parecem na feiccedilatildeo na folha na cocircr da madeira com carvalhos e acham-se alguns de vinte e
cinco a trinta palmos de roda de que se fazem gangorras mesas eixos virgens esteios e
outras obras miudas mas natildeo eacute muito fixo ao longo da terra a qual tambem serve para
liames de navios e barcos e para taboado e de pesado se vai ao fundo
GABRIEL SOARES DE SOUSA (1938) [1587] DAS ARVORES REAES E PAUS DE LEI
(PARTE SEGUNDA - TITULO 8) [A00_0184 p 243]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Soacute Aureacutelio natildeo apresenta liame como termo naacuteutico Origem portuguesa lt
latina
Ficha 108
Linguete sm (T Naut) Peccedila de pagraveo ou de ferro com que se tolhe que natildeo desande o
cabrestante embebendo-a nas mossas deste ______________________________________________________________________
rarrCunha linguete - LIacuteNGUA[] Do latlǐngŭaliacutegula sf [] Do it lingueta dimin de
liacutengua []
rarrBluteau LINGUETE ou lingoete (Termo de navio) He hum patildeo que encayxa nos cunhos
para ter matildeo do cabreſtante que natildeo ande depois que ſe tem levado a ancora ou algum fardo
Machin nautic
rarrMoraes e Silva LINGUEgraveTE smt de Naut Peccedila de paacuteo ou ferro que se embebe nas
mossas do cabrestante para que natildeo desande depois que se tem levado a ancora ou algum
132
fardo V Cunhos CUNHOS smpl t de Naut paacuteos pregados agrave roda do cabrestante com seus
dentes em que se pega o linguegravete e as amarras quando viratildeo
rarrLaudelino Freire LINGUETE sf De liacutengua Peccedila de ferro ou madeira que se embebe nas
rodas dentadas para que estas natildeo desandem
rarrAureacutelio- natildeo consta linguete consta lingueta lingueta (guecirc) [De liacutengua + -eta (ecirc) it
lingueta] Substantivo feminino1P us Liacutengua (1) pequena 2Qualquer objeto pequeno
semelhante a uma liacutengua3Fiel da balanccedila 4Peccedila chata e delgada que faz parte dalguns
instrumentos de sopro5Peccedila moacutevel de ferro das fechaduras que se encaixa quando movida
pela chave na chapatesta trancando a porta ou gaveta6Dispositivo moacutevel para fechar portas
sem o auxiacutelio da chave constatou [o serralheiro] que nada poderia fazer desde que a porta do
chuveiro natildeo dispunha propriamente de fechadura mas de uma simples lingueta (Fernando
Sabino Medo em Nova Iorque A Cidade Vazia p 118) 7Pedaccedilo de couro utilizado como
fecho em pastas valises malas etc 8Pedaccedilo de couro que no sapato de atacador protege o
peito do peacute 9Ladeira ou rampa em cais junto agrave qual atracam as embarcaccedilotildees 10Muacutes V
martinete4 (1) 11Bras PE Rampa natural que se inclina para o mar ou para o rio 12Ant
Rampa num cais para embarque e desembarque de passageiros
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Soacute Laudelino Freire natildeo apresenta linguete como termo naacuteutico Aureacutelio
apresenta lingueta Origem italiana
M
Ficha 109
Maccedilame sm Lastro de pedra e betume nas cisternas etc (T Naut) Cordoalha do navio __________________________________________________ rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau Maccedilame Termo Nautico He todo o encordoamento da nao aſſim dos Brandaes
como da Sirgideira Brioens Apagaſanaes amp toda a mais Enxaacutercia Funium velorum
aliorum ad regendam navim inſtrumentor apparatus (Domar onde hiatildeo os Marinheiros
da queda dos paos amp do Maccedilame Brito Relaccedilatildeo da viagem do Braſil 69)
rarrMoraes e Silva MACcedilAgraveME sm t de Naut Toda a cordoalha do apparelho de um navio
Brito
rarrLaudelino Freire natildeo consta
rarrAureacutelio natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Que lhes concede todos os mantimentos assi secos como molhados que tiuerem nos
almazens do Recife amp fortalezas pera se sentirem delles amp fazerem suas viagens largando
aos soldados os de que elles necessitarem pera seu sustento amp viagem mas nam lhes
outorga o maccedilame pera os nauios porque promete darlhos aprestados pera quando partirem
pera Olanda
NAtildeO TRAZ O NOME DO AUTOR MAS Eacute DO DR JOAtildeO DE MEDEIROS CORREcircA
SEGUNDO A OPINIAtildeO GERAL DOS BIBLIOGRAPHOS (1899) [1653] BREVE |
RELACcedilAM | DOS VLTIMOS | SVCESSOS DA GVERRA | DO BRASIL RESTITUICcedilAOtilde DA
CIDADE MAU- | RICIA FORTALEZAS DO RECIFE DE PER- | NAMBUCO amp MAIS
133
PRACcedilAS QUE OS | OLANDESES OCCUPAUAOtilde NA- | QUELLE ESTADO| [A00_1127 p
175]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Laudelino Freire e Aureacutelio natildeo apresentam o verbete maccedilame Origem natildeo
encontrada
Ficha 110
Madre sf Uacutetero Leito do rio Antigamente Matildei Titulo de Freiras (T Naut) Pagraveo que
atravessa a escotilha O madeiro principal do leme Cabo delgado que se enfia pelas lebres
dos enxertarios Madre-pia v Piamater
______________________________________________________________________ rarrCunha [] Do lat mater ndashtris []
rarrBluteau Madre (Termo de navio) He hum pao que atraveſſa a eſcotilha com ſeu encaixo
para aſſentar nos quarteis da meſma eſcotilha
rarrMoraes e Silva MAacuteDRE sf t de Naut paacuteo que atravessa a escotilha com seu encaixe
para assentar nos quarteis della sect Nas pontes de madeira satildeo os paacuteos que formatildeo o assento
para as estivas e assentatildeo nas asnas ao longo da ponte
rarrLaudelino Freire sf Lat mater matrem Naacuteut Pau que atravessa a escotilha com seu
encaixe para assentar nos quarteacuteis delaO madeiro principal agrave roda do qual ou socircbre o qual
se entalham outros menores ateacute perfazer o composto da grossura ou largura necessaacuteria para o
objeto que se exige como os mastros o leme etcO madeiro que prega na roda de proa e
socircbre o qual estaacute construiacutedo o beque O madeiro central do cabrestante agrave roda do qual se
entalham as mais peccedilas de que se compotildee e que forma o peatildeo ferrado socircbre o qual se move a
maacutequina O madeiro prolongado pelo cadaste que forma a parte principal do safratildeo onde se
pregam os machos e emecha a cana do lemeCada uma das peccedilas mais grossas de que se
formam os mastros quando natildeo satildeo feitos de um soacute pau
rarrAureacutelio madre [Do lat mater matildee] Substantivo feminino1Constr Nav A parte central
mais grossa de que se formam o mastro o cabrestante e outras partes do aparelho do navio
quando natildeo satildeo feitos de uma peccedila uacutenica2Marinh Cabo de fibra ou de algodatildeo em torno do
qual se cocham os cordotildees de um cabo calabroteado ou de um cabo metaacutelicoMadre do leme
Constr Nav 1 Eixo que penetra no casco do navio e transmite movimento ao leme 2 Parte
reforccedilada nos lemes de certas embarcaccedilotildees (antigas ou miuacutedas) agrave qual se prendem as
governaduras e que se prolonga acima da porta do leme para fixar-lhe a cana ou a meia-lua
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam madre como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Ficha 111
Majarrona sf (T Naut) Vela triangular de navio que do mastarro do velacho vem ter agrave
ponta do gurupegraves
______________________________________________________________________
134
rarrCunha bujarrona sf ldquo(Mar) tipo de vela‟ 1858 bdquoinsulto afronta1 1899 Do cast bujarroacuten
deriv do b lat Bŭlgărus bdquobuacutelgaro‟ empregado como insulto por tratar-se de hereges
pertencentes agrave Igreja ortodoxa grega Cp BUGRE
rarrBluteau Natildeo constam bujarrona bojarrona e majarrona
rarrMoraes e Silva MAJARROgraveNA sf t de Naut Vela de navio que vem da ponta do
mastareo do velacho a ponta do gorupecircs vulgo bojarrona talvez porque boacuteja muito quando
cheya
rarrLaudelino Freire MAJARRONA sf Corr De bujarronaBujarrona sf Naacuteut Vela latina
triangular que se iccedila agrave proa socircbre um pau proacuteprio Pau em que se iccedila essa vela rarrAureacutelio-
natildeo constam majarrona ou bojarrona Bujarrona S f 1Marinh Vela triangular iccedilada entre o
mastro de vante e o gurupeacutes ou a proa da embarcaccedilatildeo agrave vela A toalha de espuma rasgada
para um lado e para outro tufou ferveu subiu alcanccedilou parte do conveacutes molhou a bujarrona
(Josueacute Montelo Cais da Sagraccedilatildeo p 159) []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaristas remetem o termo majarrona a bujarrona ao universo
mariacutetimo Bluteau natildeo cita nem um nem outro Origem castelhana
Ficha 112
Malaqueta sf (T Naut) Pagraveo torneado mais grosso em huma de suas extremidades que
serve para dar vela aos cabos delgados da marcaccedilatildeo do navio Na roda do leme he huma como
manivela em que os homens que vatildeo ao leme fazem forccedila para o mover Dagrave-se tambem este
nome ao remate do pagraveo da bandeira e de outros ______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau MALAQUETAS Termo de navio Satildeo todo o patildeo em que ſe daacute volta a qualquer
cabo que ſeja
rarrMoraes e Silva MALAQUEgraveTA sf t de Naut Paacuteo em que se reata o cabo de corda do
navio para o fazer fixo eacute como um crescente e estaacute pregado pelo meyo
rarrLaudelino Freire MALAQUETA sf Ant Cavilha naacuteutica o mesmo que
malaguetaMALAGUETA s f Naacuteut Cavilha de pau torneado que se enfia nos fusos das
mesas do amurado e da meia nau para dar volta aos cabos de laborar Cada um dos cabos
salientes da roda do leme
rarrAureacutelio natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Aureacutelio natildeo cita o termo Para os demais autores malaqueta eacute termo de navio
Origem obscura (Houaiss 2001)
135
Ficha 113
Michelos sm plur (T Naut) Cabos que servem para segurar a amarra quando se leva
ancora
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau natildeo consta
rarrMoraes e Silva MICHEgraveLOS s f pl t de Naut As cordas aleacutem da amarra que servem de
levar a ancora
rarrLaudelino Freire MICHELOS s f pl Naacuteut Cabos pequenos terminados de um lado por
um olhal e de outro por um chicote que serve para conservar verticais as vecircrgas ou mastareacuteus
que tecircm de ser iccedilados ou arreados2 Cabos que se tomam nos andrabelos quando se iccedila
alguma peccedila do aparelho
rarrAureacutelio- natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente Moraes e Silva e Laudelino Freire arrolam o verbete michelos
Origem obscura (Houaiss 2001)
Ficha 114
Molhelha sf Especie de almofada de palha de que satildeo os mariolas ao pescosco para assentar
sobre ella a canga (T Naut) Troxa de fio de carreta e estopa que serve para afastar as
escotas da gaacutevea e velaxo
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo constam molhelha ou monelha
molhe sm bdquoparedatildeo construiacutedo no mar para servir de cais acostaacutevel ou para quebrar a
impetuosidade das vagas‟XVI mole XVI Provavelmente do cat molh e este talvez do lat
mōlēs bdquomassa‟
rarrBluteau MOLHELHA Hum tufo de palha que trazem os mariolas ao peſcoccedilo Collare
O adjectivo a um He de Propercio Quer dizer couſa de palha
rarrMoraes e Silva MOLHEgraveLHA sf Tufo de palha que os mariolas trazem no pescoccedilo e
sobre que assenta a canga para natildeo os molestar []
rarrLaudelino Freire MOLHELHAS sfpl Naacuteut Pedaccedilos de lona estofados com estocircpa que
se pregam nas peccedilas de madeira branda em que os cabos laboram para as tornar mais suaves
agraves encapeladuras
rarrAureacutelio molhelha (ecirc) [De or controversa] Substantivo feminino 1Lus Marinh
Monelha Monelha (ecirc) Substantivo feminino
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta _____________________________________________________________________________
136
Comentaacuterios Laudelino e Aureacutelio citam molhelha como termo naacuteutico Origem
controvertida (catalatildeo)
Ficha 115
Moucarratildeo -ona mf-otildees -onas no plur Muito mouco Moucarrotildees entre Nauticos satildeo
huns pagraveos que servem para empavezar o navio
______________________________________________________________________ rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau natildeo consta
rarrMoraes e Silva adj chulo Mũito mouco Eufr 35 Moucarrotildees smpl t de Naut Paacuteos
que estatildeo pelo bordo do navio que servem para o empavezar
rarrLaudelino Freire [] smpl Paus de empavesar o navio
rarrAureacutelio moucarratildeo [De mouco + -arratildeo] Adjetivo 1Muito mouco [Fem moucarrona]
Mouco [De or obscura] Adjetivo 1Que natildeo ouve ou que ouve pouco ou mal surdo 2Diz-
se do ouvido de quem eacute mouco (1) Palavras loucas ouvidos moucos (prov) s m 3Aquele
que eacute mouco (1) surdo [Aum moucarratildeo]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente Moraes e Silva e Laudelino Freire apontam moucarratildeo como termo
naacuteutico Origem obscura
N
Ficha 116
Nabo sm Hortaliccedila conhecida (T Naut) Peccedila de madeira furada e redonda que tem por
cima a chapeleta pregada
______________________________________________________________________
rarrCunha nabo sm bdquoplanta herbaacutecea da fam das cruciacuteferas‟ XIII Do lat nāpus []
rarrBluteau Nabo Palavra de navio He hum pagraveo redondo furado que em cima tem hum
couro pregado aq chamatildeo Chapeleta
rarrMoraes e Silva NABO sm t de Naut Peccedila de paacuteu redonda furada que tem por cima a
chapeleta nas bombas
rarrLaudelino Freire NABO do lat napus Naacuteut Peccedila de madeira ou bronze em forma de
tronco de cone com abertura no centro e vaacutelvula para regular a aspiraccedilatildeo da bomba
rarrAureacutelio nabo [Do lat napu] Substantivo masculino 1Bot Planta herbaacutecea da famiacutelia das
cruciacuteferas (Brassica napus) cultivada por suas raiacutezes comestiacuteveis arredondadas ou
pontiagudas roxas ou brancas conforme a variedade 2A raiz desenvolvida dessa
planta3Burl Pessoa ignorante neacutescia estuacutepida 4 Bras S A parte do mouratildeo da tranqueira
do poste ou do esteio que fica enterrada no solo[]
137
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente Aureacutelio eacute que natildeo aponta nabo como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Ficha 117
Nautico adj (T Naut) Pertencente agrave navegaccedilatildeo Que serve para dirigir a navegaccedilatildeo Que
entende da arte de navegar Homem do mar Nautica (como subst) A arte de navegar
______________________________________________________________________
rarrCunha nauta sm bdquomarinheiro navegador‟ 1572 Do lat nauta ndashae derivado do gr nauacutetes
naacuteutICA XVII naacuteutICO XVII Do lat nautǐcus ndasha[]
rarrBluteau NAUTICO Couſa concernente agrave nautica ou fabrica amp mariagem dos navios
Nauticus a umDeterminaotilde o nautico aparelho Camotildees Cant4 Oit 76 Agulha nautica
Agulha de marcar Vid Agulha (A agulha nautica buſcando o Norte Varella Num Vocal
463) Homem nautico Os homens do mar Os marinheiros Nautici orum Masc Plur Plin
(A que os naacuteuticos chamatildeo Meſ Tranccedila Epanaphor De D Franc Man 468)
rarrMoraes e Silva NAUTICO adj Que respeita aacute navegaccedilatildeo e serve para a dirigir vg
naacuteutico apparelho Arte agulha nauticasect Homem naacuteutico o que sabe a Arte de navegarsect Os
naacuteuticos os homens do mar Epanaph De D Franc Man
rarrLaudelino FreireNAacuteUTICO adj Lat nauticus Relativo agrave navegaccedilatildeo ldquoemprecircsa naacuteuticardquo
rarrAureacutelio naacuteutico[Do gr nautikoacutes pelo lat nauticu] Adjetivo1Relativo a marinheiro
navegante nauta espiacuterito naacuteutico termo naacuteutico 2Respeitante agrave navegaccedilatildeo processo
naacuteutico ~ V almanaque mdash carta mdasha e crepuacutesculo mdash
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Fazia toda a prevenccedilaotilde dos mantimentos para a viagem e de todos os aprestos para a
expediccedilaotilde quando na manhaatilde de hum claro dia por desattenccedilaotilde que houve em huma salva
se ateou o fogo em a nao Serea com taotilde irremediavel incendio que se naotilde pode extinguir
porque pegando logo nas amarras foy levando a nao para o meyo do golfo lanccedilando-se a
nado alguns Marinheiros e Officiaes nauticos que nella se achavaotilde
SEBASTIAtildeO DA ROCHA PITTA (1878) [1730] LIVRO OITAVO [A00_0574 p 344]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios consultados apresentam este termo como ldquoda marinhardquo
Origem portuguesa lt latina lt grega
O
Ficha 118
Orthodomia (T Naut) Entre nauticos derrota do navio que segue hum dos rumos da agulha
138
______________________________________________________________________
rarrCunha [] Ort(o)- elem Comp do gr orthoacutes bdquoreto direito‟ que se documenta em vocs
formados no proacuteprio grego como ortoeacutepia e em vaacuterios outros introduzidos na linguagem
cientiacutefica internacional a partir do seacutec XIX [] ortoDROMIAorthodromia 1844
rarrBluteau ORTHODROMIA (Termo Nautico) Derivaſe do Grego Orthos Direyto amp
Dromos curſo Val o meſmo que Derrota em linha reta Tal he o caminho que faz hum
navio ſeguindo hum dos trinta amp dous ventos apontados na carta de marear
rarrMoraes e Silva ORTHODOMIacuteA sft de Naut Derrota do navio que vai seguindo um
dos 32 rumos da agulha
rarrLaudelino Freire natildeo consta
rarrAureacutelio- Ortodromia [Do gr orthoacutedromos que corre em linha reta + -ia1] sf 1Naacuteut
Arco de ciacuterculo maacuteximo compreendido entre dois pontos da superfiacutecie da Terra e que eacute o
caminho mais curto para ir de um ao outro
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Soacute Moraes e Silva registra orthodomia os demais dicionaristas citam
ortodromia Origem grega
Ficha 119
Ostaes sm plr (T Naut) Cabos grossos que vem dos calcezes dos mastros fixar-se na proa
com seus cadernaes
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo constam ostais e ostaes Consta estai sm (Mar) bdquoqualquer dos cabos que
aguentam a mastreaccedilatildeo para vante‟ XVII Do antigo fr estaie (hoje eacutetai) de origem
germacircnica
rarrBluteau OSTAIS (Termo de Marinhagem) Saotilde hũs cabos groſſos que vem dos calces dos
maſtros a fazer fixo agrave proa com ſeus cadernaes o meſmo tem os maſtareos mas mais
ligeyrosRudentes agrave malo ad proram intenti Franciſco de Brito Freyre na relaccedilatildeo da ſua
viagem do Braſil diz Eſtay (Rebentando o eſtay mayor amp a ovencadura pag 67)Vid Eſtay
rarrMoraes e Silva OSTAacuteES sm pl t de Naut Cabos grossos que vem dos calcezes dos
mastros a fazer fixo na progravea com seus cadernaes CastL2f156 outros dizem Estaacutees como
Brito Guerra Brasil
rarrLaudelino Freire OSTAES natildeo consta Ostai sm Desc O mesmo que estai ESTAI ou
ESTAE sm Ingl stays Naacuteut 1- Cada um dos cabos grossos que fixos na proa firmam a
mastreaccedilatildeo 2 Designaccedilatildeo de outros cabos de navio ESTAI DA RABECA sm Cabo que
vai por cima da mezena a coser ante a reacute do calcecircs do mastro respectivo vindo o outro chicote
a passas a um sapatilho que se aguenta a uma alccedila cosida por ante-avante do mastro grande a
um tecircrccedilo pouco mais ou menos da sua altura e vai rondar a um olhal ao peacute decircste mastro
abotoando por uacuteltimo o dito chicote ao vivo
rarrAureacutelio- natildeo constam ostaes e ostais consta estai Estai- S m 1- Marinh Qualquer dos
cabos que aguentam a mastreaccedilatildeo para vante
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Laudelino Freire e Aureacutelio natildeo citam Ostai mas estai Origem francesa lt
germacircnica
139
Ficha 120
Ostagas sf plur (T naut) Cabos que sustentatildeo vergas nos moutotildees de coroa e vem por
cima da pega
______________________________________________________________________
rarrCunha ostaga sf bdquocabo com que se arria horizontalmente pelo terccedilo ao longo do mastro
uma verga de gaacutevea‟ XV Do cast ostaga de origem germacircnica
rarrBluteau OSTAGAS (Termo de Marinhagem) Saotilde hŭs cabos que ſuſtentatildeo vergas em
huns moutotildees que chamatildeo de coroa amp vem por cima da pega Funes quibus ligantur
antenn(Nos quebragraveraotilde ſubitamente as oſtagas da vela grande amp vindo a verga abayxo ampc
Peregr De Fern Mend Pinto fol262col1) []
rarrMoraes e Silva OSTAacuteGAS sfpl t de Naut Cabos que sustentatildeo as vergas em uns
moutotildees chamados de Coroa e vem por cima da pega Amaral7
rarrLaudelino Freire sf Cast ostaga Naacuteut Cabo grosso que vem por cima da pecircga e
sustenta as vecircrgas em seus moitotildees
rarrAureacutelio ostaga [Do esp ostaga] sf 1Marinh Cabo com que se arria horizontalmente pelo
terccedilo ao longo do mastro uma verga de gaacutevea
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Meteram de arribada e carregado o traquete acima e ferrada a mezena apertaram as
enxarcias atezaram os estaes para seguranccedila dos mastros e mastareacuteus E para seguranccedila das
vergas reforccedilaram as ostagas e passaram bossas em ajuda aos enxertaacuterios Tudo se fazia
necessaacuterio a respeito do vento que tatildeo furiosamente a suavizava pelas entenas que se queria
levar diante de si
JOSEacute ALVARES DE OLIVEIRA (1981) [nd] HISTOacuteRIA DO DISTRITO DO RIO DAS
MORTES SUA DESCRICcedilAtildeO DESCOBRIMENTO DAS SUAS MINAS CASOS NELE
ACONTECIDOS ENTRE PAULISTAS E EMBOABAS E CRIACcedilAtildeO DAS SUAS VILAS
[A00_0395 p 96]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaristas arrolam ostagas como termo naacuteutico ou da marinha
Origem castelhana
P
Ficha 121
Pairar vn (T Naut) entre os nauticos Andar o navio aacutes voltas sem fazer viagem v a
Soster demorar ______________________________________________________________________
rarrCunha pairar vb bdquoadejar voar vagarosamente‟ XV Do ant prov pairar e este
provavelmente do lat pariāre []
rarrBluteau PAIRAR (Termo Nautico) Ir a nao flutuando de hũa para outra ſem fazer
viagem Hine inde flutare e ou flu Plin Cic (Toda a noyte tinhaotilde pairado a arvore ſeca
H de Fern Mend Pinto 682) Joatildeo Hugo Lindrchotano 3 part India Oriental pag 28 diz
velis elatis integrum Mareacute fulcabamus quod (Pairou o General alguns dias Britto Relaccedilatildeo
140
da ſua viagem pag 64) Andar pairando Diz-ſe com metaphora Nautica de quem anda
buſcando ſubterfugios para evitar alguma couſa
rarrMoraes e Silva PAIRAacuteR vn t de Naut Parar no mar estar aacute capa natildeo surdir
CastL1c59edI natildeo podendo pairar andavatildeo aacutes voltas Albuq P4c2 com provisatildeo para
pairar toda calmariasect vat Soster soffrer vg pairar a tormenta sobre a amarra sect Pairar aacute
tormenta resistir-lhe aturar Lavanha Naufr da Naacuteo S Alberto f15sect Cruzar bordejar em
certa altura esperando outro navio Freire I pag17 Ed de Paris Sabio a comboyar as naacuteos
que se esperavatildeo da India e pairando na altura do seu regimento houve vista de hum
Corsario Francez
rarrLaudelino Freire PAIRAR vrv Naacuteut Estar agrave capa o navio cruzar bordejar (int) Pairo
sm Naacuteut Accedilatildeo de pairar2 Estado do navio quando paira e que consiste em ter as velas
estendidas as escotas socircltas ou conservar-se em aacutervore secircca atado o leme
rarrAureacutelio- pairar[Do lat pariare ser igual pelo provenccedil pairar aguentar suportar
pacientar] Verbo intransitivo 1Cruzar (uma embarcaccedilatildeo) em espaccedilo relativamente restrito
com pequeno seguimento[] 4Mover-se ou agitar-se com lentidatildeo no alto Pairam nuvens
espessasuma neacutevoa subtil pairava acima dos pacircntanos (Coelho Neto Treva p 322) Paira
no silecircncio do espaccedilo a alma das geraccedilotildees mortas (Afonso Arinos
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Ainda que a gente eſpalhada na terra ſe recolheo com brevidade aos navios houve detenccedila
com o de Ruy Diaz que eſteve ao largar quaſi perdido em hũa rogravecha natildeo arribando com o
pano da proa ategrave lhe cortarem a amarra que por deſcudo dos Officiaes hia arrojando a
ancora pelo fundo Ao Galleatildeo do Faleiro rebentou outra amp natildeo tendo outra talingada foi
preciſo fazerſe ao mar Como eſtava nelle Manuel Freyre que havia de acompanhar os
ultimos navios ſem ſaber a occaſiatildeo vẽdo-o aacute vella a que jaacute vinhatildeo nove com ſoacute o traquete
ſe pogravez a caminho a Capitana eſperando os que lhe ficavatildeo pela popa Mas tanto que o Meſtre
de Campo mareou na volta da terra para deſamarrar os que ainda eſtavatildeo ſurtos ferrando
outra veacutez o traquete tornou a pairar com a meſena
FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 09]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaristas apontam pairar tambeacutem como termo naacuteutico
Origem provenccedilal lt latim
Ficha 122
Palmejar sm (TNaut) As peccedilas de madeira que cingem o navio de poppa agrave proa por
dentro ______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau PALMEJAR Bater as palmas Vid Palma da matildeo
rarrMoraes e Silva PALMEJAacuteR smt de Naut O palmejar satildeo peccedilas de madeira que
cingem o navio de poupa aacute proa por dentro as quaes vatildeo endentadas como a madeira da
liaccedilatildeo ou liames Hist Naut I f 316 ldquono navio havia dous palmos de agua sobre o
palmejarrdquo
rarrLaudelino Freire PALMEJAR sm Prancha que reveste interiormente o arcabouccedilo do
navio
rarrAureacutelio- natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
141
Comentaacuterios Com exceccedilatildeo de Bluteau todos os dicionaristas apontam palmejar como termo
naacuteutico Origem portuguesa lt latina
Ficha 123
Palomas s f Cabos nas vergas onde se fixatildeo as pontas das ostagas
______________________________________________________________________
rarrCunha paloma sf ldquo(Naacuteut) cabo corda‟ 1813 Do it meridional paloma que corresponde
a parogravema em outras regiotildees palomAR palonbar XV palomEIRA XV
rarrBluteau PALOMAS Termo de marinhagem Saotilde hũs cabos que eſtaotilde nas vergas onde ſe
fazem fixas as pontas das oſtagas
rarrMoraes e Silva PALOgraveMAS sf t de Naut Cabos que estatildeo nas vergas onde se fazem
fixas as pontas das ostagas
rarrLaudelino Freire PALOMAS sf Cast paloma Espeacutecie de cabo naacuteutico
rarrAureacutelio paloma [Do esp paloma] s f 1 Bras Giacuter Meretriz 2 Ant Pomba (1)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Exceto Aureacutelio todos os dicionaristas apontam paloma como termo naacuteutico
Origem italiana
Ficha 124
Palomba sf Entre Nauticos Novello de mialhar ______________________________________________________________________
rarrCunha palomba sf bdquo(Naacuteut) cabo corda‟ 1813 Do it meridional paloma que corresponde
a parogravema em outras regiotildees [] palonbar XV []
rarrBluteau Natildeo consta
rarrMoraes e Silva PALOMBA sft de Naut Cabos que estatildeo nas vergas onde se fazem
fixas as pontas das ortagas Novelo de mealhar
rarrLaudelino Freire PALOMBA sf Lat palumba Naacuteut 1 Corda da vela do estai2 Fio
grosso com que se cose o cabo da tralha agraves orlas das velas fazendo passar os pontos pelas
cocircchas do mesmo cabo fio de palomba3 Novecirclo de mealhar de forma alongada4 Alccedila
para iccedilar no mastro a vecircrga de uma vela latina
rarrAureacuteliorarr palomba [Alter de paloma] s f Marinh 1Novelo de mialhar 2Espeacutecie de
ponto us para coser as tralhas das velas dos toldos etc ponto de palomba
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Exceto Bluteau (que natildeo apresenta o termo) todos os dicionaristas apontam
palomba como termo naacuteutico Origem italiana
Ficha 125
Patelha sf (T Naut) O couce do leme Encaixa na quilha no fundo do cadaste sobre que
joga o leme
142
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau PATELHA ou Patilha do leme por outro nome Couce he no fundo do cadaſte
hum encayxo na quilha ſobre que joga o leme
rarrMoraes e Silva PATEgraveLHA sf t de Naut O couce do leme e eacute no fundo do cadaste um
encaixe na quilha sobre que joga o leme
rarrLaudelino Freire PATELHA sf Parte inferior do leme e a parte saliente da quilha socircbre
que ecircle se move
rarrAureacuteliorarr natildeo consta patelha Patilha [Do esp patilla poss] s f 1Constr Nav
Prolongamento da quilha para reacute do cadaste sobre o qual se apoia o peacute da madre do leme nas
embarcaccedilotildees em que o leme tem de trabalhar afastado do cadaste (como p ex nas de uma soacute
heacutelice)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaristas apontam patelhapatilha como termo naacuteutico Origem
espanhola
Ficha 126
[] Pegrave de carneiro [T Naut) Paacuteos perpendiculares da coberta ategrave o poratildeo em que se sustenta
a coberta
______________________________________________________________________
rarrCunha peacute sm bdquoparte inferior da perna que se articula com esta assentado por completo no
chatildeo e que permite a postura vertical e o andar‟XIII pee XIIIDo lat pes pĕdis []
rarrBluteau Peacutes de carneyro Termo de navio Saotilde huns paos que eſtaotilde perpendicularmente
da cuberta ao poraotilde para ſuſtentar a meſma cuberta Os primeyros ſaotilde os do poraotilde amp ha
outros entre pontes
rarrMoraes e Silva Pes de carneiro t de Naut paacuteos perpendiculares da coberta ao poratildeo
para sustentar a coberta e talvez tem moacuteccedilas por onde os marujos descem
rarrLaudelino Freire PEacute sm T Naacuteut A ponta da corda com que se vira a vela Peacute de
carneiro sm Naacuteut Pau varatildeo ou prumo de suporte
rarrAureacutelio peacute- [Do lat pede] [] peacute de carneiro [De peacute + de + carneiro] Substantivo
masculino 1 Constr Nav Qualquer peccedila ou parte da estrutura de uma embarcaccedilatildeo que tenha
forma de coluna 2 Rolo peacute de carneiro [Pl peacutes de carneiro]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta peacute-de-carneiro como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam peacute de carneiro como termo naacuteutico
Origem portuguesa lt latina
Ficha 127
143
Pinccedilote sf Entre nauticos pagraveo pegado aacute ponta da cana do leme para o governar Tambeacutem a
bomba o tem
______________________________________________________________________
rarrCunha pinccedilote natildeo consta
rarrBluteau PINCcedilOTE Termo de navio He hum pao que pega na ponta da cana do leme amp
vem agrave cuberta da Timoneyra por hũ bolinete amp ſerve para governar o leme
rarrMoraes e Silva PINCcedilOacuteTE smt de Naut Paacuteo que pega na ponta da cana do leme e vem
agrave coberta da timoreira por um molinete e serve para governar o leme haacute tambeacutem pinccedilote da
bomba H Naut Tom3
rarrLaudelino Freire PINCcedilOTE sm Cast pinzote Naacuteut1 Alavanca de pau na extremidade
da cana do leme2 Corda delgada fixo por uma das extremidades agrave pena da vecircrga para
amarrar a esta uma vela quando fundeada a embarcaccedilatildeo de velas latinas
rarrAureacutelio 1Marinh Nas canas do leme constituiacutedas por duas peccedilas ligadas em cotovelo eacute
aquela em que o timoneiro segura [A outra eacute a cana]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam pinccedilote como termo naacuteutico Origem
espanhola Origem espanhola (Houaiss 2001)
Ficha 128
Pontal sm ponta de terra (T Naut) Altura do navio da quilha ateacute o convez
______________________________________________________________________
rarrCunha ponta sf bdquoa parte ou o ponto em que alguma coisa termina extremidade‟ XIII Do
lat puncta ndashae bdquoestocada‟ [] pontAL1 sm bdquo(Naacuteut) altura da embarcaccedilatildeo entre a quilha e o
conveacutes principal‟ XVI pontAL2 sm‟ ponta de terra‟ XVIII
rarrBluteau PONTAL (Termo de navio) He a altura que tem o navio da quilha ateacute primeyra
cuberta Navis altitudo agrave trabe [] Tambem em termos nauticos Pontal para avante amp
Pontal para a reacute he o que vay de altura de bordo da nao para a proa amp para a poppa entre as
duas cubertas chama-ſe tambem Pontal o que vay de huma cuberta a outra parece derivado
do Francez porque nos navios o que chamamos cuberta os Francezes lhe chamatildeo Ponte
rarrMoraes e Silva PONTAacuteL sm Altura do navio desde a quilha ateacute aacute primeira coberta Cast
L8f154col2 e B4614 sect it O que vai d‟uma coberta aacute outrasect Pontal para a vante ou para
a reacute eacute o que vai do bordo do navio para a progravea ou para a popasect Ponta de terra que sai do
mar vg o pontal de Cacilhas
rarrLaudelino Freire PONTAL sm De ponta Altura da embarcaccedilatildeo entre a quilha e a
primeira coberta 2 Ponta de terra ou da penedia que entra um pouco no mar acima do niacutevel
da aacutegua
rarrAureacuteliorarr [1Constr Nav Altura da embarcaccedilatildeo entre a quilha e o conveacutes principal2Ponta
de terra ou penedia que penetra um pouco no mar ou no rio []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam pontal como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
144
Ficha 129
Ponte sf Obra sobre arcos para passar rios Algumas ha de barcas e de madeira para fossos
A peccedila em que se volve a moenda no engenho de accedilucar Entre Nauticos a coberta do navio
______________________________________________________________________
rarrCunha ponte sf bdquoconstruccedilatildeo destinada a estabelecer a ligaccedilatildeo entre duas margens opostas
de um curso de aacutegua ou de outra superfiacutecie liacutequida qualquer‟ XIII Do lat pōns pontis []
rarrBluteau Ponte (Termo de navio) Ponte corrida he a cuberta do caſtello de Poppa ateacute a
proa Ponte na orelha he a cuberta do convez curva para que com brevidade ſe deſagoe o mar
que entrar nella Natildeo temos nomes proprios Latinos
rarrMoraes e Silva POgraveNTE sf t de Naut O mesmo que coberta do navio Cast L7c86
f133 col1 Amaral c2 Ponte nas galeacutes e navios obra feita para cima della se pelejar
B347 lanccedilar-lhe algumas panellas de poacutelvora sobre a ponte que levava foratildeo queimar
muitos Mouros que vinhatildeo debaixo parece que era obra levadiccedila Id 235 naacuteo com suas
arrombadas com ponte e redes a sua naacuteo levava sobre a ponte tecida huma rede ibid
rarrLaudelino Freire PONTE sf Lat pons pontem Mar Coberta ou sobrado estabelecido
em todo o comprimento do navio seja para cobrir o poratildeo e preservar as mercadorias seja
para dividir o navio em diversos andares como se divide uma casa de habitaccedilatildeo 2 Naacuteut
Pavimento acima da borda do navio na direccedilatildeo de bombordo a estibordo donde em viagem se
dirige a manobra
rarrAureacuteliorarr ponte [Do lat ponte] s f [] 2Ant Constr Nav Cada uma das cobertas de um
navio Ponte de vieacutes 1 Lus Ponte esconsa Ponte esconsa 1 Ponte (1) cuja direccedilatildeo eacute obliacutequa
agrave do curso de aacutegua que transpotildee [Sin lus ponte de vieacutes] []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam ponte como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Ficha 130
Porca s f A femea do porcoPaacuteo que atravessa os malhaes no lagar A obra de madeira
sobre o sino Entre Nauticos Nome de hum dos paacuteos que atravessatildeo o carro da poppa e vatildeo
145
acabar nos pegraves mancos Na atafona peccedila pregada na trave com hum ferratildeo onde anda o piatildeo
Peccedila dp parafuso onde elle embebe as suas espiras Na impressatildeo peccedila no someiro grande de
cima onde encaixa a arvore de ferro
______________________________________________________________________
rarrCunhaporcararr PORCO porco sm bdquomamiacutefero da ordem dos artiodaacutectilos natildeo ruminante
originaacuterio do javali poreacutem existente quase em toda parte como animal domeacutestico‟ XIII Do
lat pŏrcus -ī [] porcA1
sf bdquoa fecircmea do porco‟ XIII porcA2 sf bdquopeccedila em que se introduz o
parafuso‟ 1813 Segundo parece a relaccedilatildeo entre porca2 e porca
1 decorre da semelhanccedila que o
oacutergatildeo genital do porco apresenta com o parafuso
rarrBluteau Porcas (Termo de Navio) Saotilde hũs paos groſſos que atrave ſſaotilde o carro de
poppa amp vaotilde acabar em os peacutes mancos
rarrMoraes e Silva POacuteRCAS sfpl paacuteos grossos que atravessatildeo o carro da popa e vatildeo
acabar nos peacutes mancos
rarrLaudelino Freire PORCA sf Lat porca [] 3 Pau do largar que atravessa os malhais
Pau grosso que atravessa o carro da pocircpa
rarrAureacutelio Porca [Do lat porca] Substantivo feminino Pequena peccedila de ferro em geral
sextavada ou quadrada munida de furo em espiral que se atarraxa na extremidade de parafuso
ciliacutendrico
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam porca como termo naacuteutico exceto Aureacutelio
Origem portuguesa lt latina
Ficha 131
Proejar vn Navegar com certo rumo _____________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau PROEJAR (Termo Nautico) Por a proa vid Proa (Quem viſſe huma natildeo proejar
contra hũa alta ſerra Epanaphor De D Franc Man pag109)ſ
rarrMoraes e Silva PROEJAacuteR vn Navegar para certo rumo vg uma nau proejando contra
uma alta serra Epanaforas sect at Buscar com a proa demandar navegando ldquoproejando ao
Oriente tantas vezes requestadordquo ldquoproejaratildeo a uma calheta quem com a cerraccedilatildeo vararatildeo e
escorreratildeo ateacute que a mareacute de todo lhes faltourdquo
rarrLaudelino Freire PROEJAR v intr De proa Aproar dirigir-se navegar em determinada
direccedilatildeo
rarrAureacutelio proejar [De proa + -ejar] Verbo transitivo circunstancial 1P us Dirigir-se
navegar (em determinada direccedilatildeo) aproar O comandante proeja para nordesteAs galeacutes de
Castela sarparam tenderam velas e demandaram a barra proejando ao norte (Antero de
Figueiredo Leonor Teles p 229) [Conjug v pelejar]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam proejar como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
146
R
Ficha 132
Rabada sf o rabo do peixe Antigamente tranccedila para traz cheia de laccedilos de fitas (T naut)
Parte da poppa onde estagrave a cacircmara de cima
______________________________________________________________________
rarrCunha rabada rarr rabo rabo sm bdquocauda‟ bdquoprolongamento da coluna vertebral de certos
mamiacuteferos‟ XIII Do lat rāpum -ī bdquonabo‟[] rabADA XVI []
rarrBluteau RABADA Vid Tomo 7 Vocabulario Rabada termo de navio He o apoſento da
poppa no andar ſuperior do navio por cima da camera de modo que dos tres andares que ha
na poppa ao ſuperior he que chamaotilde Rabada ao do meyo camera e ao de baixo praccedila
d‟armas
rarrMoraes e Silva RABAacuteDA sf Do navio galeacute Couto 10105 poupa onde estaacute o
lemerdquopoz-lhe a proacutea pela rabada Couto 98
rarrLaudelino Freire RABADA sf De rabo O mesmo que rabadela 2 Pocircpa do navio
rarrAureacuteliorarr rabada [De rabo + -ada1] s f 1 V rabadilha (1) Rabadilha [De rabada + -
ilha] Substantivo feminino 1 A parte posterior do corpo das aves peixes e mamiacuteferos
rabada rabadela 2 A porccedilatildeo do peixe que o pescador destina a seu proacuteprio consumo em vez
de vender rabadela Rabada 1 Rabo de boi de porco ou de vitela sem pele nem pelos para
uso na alimentaccedilatildeo humana 2 Cul Iguaria preparada com rabada (2) 3 Rabicho (1) 4 Fig
O(s) uacuteltimo(s) numa corrida fila etc rabeira
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Embarcaccedilotildees de meia coberta Botes Igariteacutes e Balccedilas ou Jangadas que servem na
conducccedilatildeo da quarta Partida Hespanhola na foacuterma que se aprezentaram na Fronteira da
Tabatinga em 7 de Marccedilo de 1781 CAPITAINA Maria Luiza Barco de foacuterma de meia
coberta de nove remos por banda de um mastro armada aacute redonda remada de palamenta
ou de remo pequeno ordinario Tem uma formoza Camara em que cabem vinte pessoas seis
por banda nos aposentos lateraes e os mais na face da frente e fundos tem um camarim aacute
rabada muito proprio para escrever e outros exercicios privados tudo muito bem asseiado e
pintado com seu cortinado de Damasco de latilde carmezim tem tres janellas por banda e nove
palmos de peacute direito
ALEXANDRE RODRIGUES FERREIRA [nd] 2ordf PARTE BAIXO RIO NEGRO -
SUPLEMENTO Agrave PARTICIPACcedilAtildeO PRIMEIRA [A00_2236 p440]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Exceto Aureacutelio (que natildeo apresenta o termo) todos os dicionaristas apontam
rabada como termo naacuteutico Origem portuguesa lt latina
Ficha 133
Rabeca sf Instrumento musico de quatro cordas (T Naut) vela que vai entre o mastro
grande e a poppa atravessada Enxergatildeo pequeno de palha ______________________________________________________________________
147
rarrCunha rabeca sf bdquodesignaccedilatildeo antiquada do violino‟ bdquoutensiacutelio de ferreiro que serve para
fazer girar a broca‟ XVI Do fr rebec deriv do ant fr rebebe e este do ar rabāb []
rarrBluteau RABECA ou Rebeca Pequeno inſtrumento muſico de cordas Diriva ſe do
Arabico Rebab ou Rebaba que no Lexicon Coptico ſegundo os Interpretes he Lyra Outros
o derivatildeo do Hebraico Rebiac que ſignifica o inſtrumento a q os Latinos chamatildeo Siſtrum
outros finalmente o derivatildeo de Rebet que na linguagem Celtica val o meſmo que Rebeca
Conſta a Rabeca de quatro cordas amp tange-ſe com arco Os ſeus ſons agudos ſaotilde muytos
alegres amp deſpertatildeo o eſpirito O ſeu concerto he de quinta em quinta Natildeo temos em Latim
palavra propria Latina ſeragrave preciſo uſar das Comuas como vg Fides ium Plur Fem ou
Fidis is Fem do qual uſa Columella no ſingular ou Lyra ou Cithara e Fem Barbitus de
ordinario natildeo ſe acha ſenatildeo em verſo Natildeo ſerve acreſcentar a Fides nem a Lyra decumana
nem Primaria eſtes adjeξtivos natildeo eſtatildeo aqui no ſeu lugar
rarrMoraes e Silva RABEacuteCA sf Instrumento Musico de quatro cordas que se ferem com
hum arco de cerdas de cavallo
rarrLaudelino Freire RABECA sf Aacuter rabeb Instrumento muacutesico em forma de viola com
quatro cordas de tripa e de retroacutes afinada em quintas (sol reacute laacute mi) de que tiram os sons por
meio de um arco guarnecido de crinas e pregraveviamente passadas pela resina violino 2 Naacuteut
Uma das velas latinas que servem para estais
rarrAureacuteliorarrrabeca [Do aacuter rabatildeb pelo fr ant rebec ou pelo provenccedil ant rebec] Substantivo
feminino 1Designaccedilatildeo antiquada do violino [F paral rebeca var arrabeca] 2Utensiacutelio
de ferreiro que serve para fazer girar a broca sanfona 3Lus V fancho 4Bras Espeacutecie de
violino com quatro cordas de tripa e sonoridade fanhosa que se toca apoiando-o na altura do
coraccedilatildeo ou no ombro esquerdo mas sempre com a voluta para baixo
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente Laudelino Freire apresenta rabeca como termo naacuteutico Origem
francesa
Ficha 134
Resbordo sm (T Naut) O segundo solho do navio e o lugar onde elle se dobra mais
Rescaldar Escaldar muito ______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau RESBORDO Derivaſe do Francez Ribord que he a ſegunda ordem de taboas ou
o ſegundo ſolho do navio amp como cotovelo delle ou o lugar onde mais ſe dobra (na coſtura
da taboa do Resbordo Britto viagem do Braſil pag 86)
rarrMoraes e Silva RESBOacuteRDO sm Naut O segundo solho do navio e como cotovelo
delle ou o lugar onde mais se dobra Brito Viag ldquona costura da taboa do resbordordquo (rebord
em Francez he borda resaltada)
rarrLaudelino Freire RESBORDO sm De res + bordo Naacuteut Abertura feita no costado de
alguns navios na altura da primeira coberta para carga e descarga de carvatildeo ou de pequenos
artigos 2 Abertura na amurada para dar lugar agrave bocircca do canhatildeo
rarr AureacuteliorarrResbordo Substantivo masculino Constr Nav 1 A primeira fiada de chapas (ou
de taacutebuas nas embarcaccedilotildees de madeira) do forro exterior do casco de um e de outro lado da
quilha 2 Cisbordo Cisbordo (oacute) [De cis-1 + bordo] Substantivo masculino 1 Ant Constr
Nav Grande abertura com porta no costado de certos navios agrave altura de um pavimento para
embarque ou desembarque de objetos pesados ou de grandes dimensotildees resbordo
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
148
Recorriatildeo os altos os Calafates deſaparelhavatildeo as vergas os Marinheiros naotilde ſeccedilando as
bombas nem os baldes Cotilde que vencido o trabalho ficou legraveſto o navio amp eſtanque de hũa
batildeda para crenar ſobre ella em a manhatildeatilde ſeguinte que ſe tomou a agoa na coſtura da taboa
de resbordo
FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 17]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam resbordo como termo naacuteutico Origem
francesa
Ficha 135
Rumo sm A linha que denota hum dos ventos na agulha de marear A direcccedilatildeo que leva o
navio (T Naut) Palmo e polegada d‟agua entre os nauticos Fig Maneira de proceder A
rumo em boa ordem em termos de ter boa effeito ______________________________________________________________________
rarrCunha rumo sm bdquo(Naacuteut) cada uma das direccedilotildees marcadas na rosa-dos-ventos‟ bdquocaminho
direccedilatildeo vereda‟ rrumo XV Do cast rumbo deriv do lat rhombus e este do gr rhoacutembos
rumAR 1844
rarrBluteau Rumo na Roſa Nautica Index venti linea Fem (O numero dos graos amp ſuas
medidas ſegundo differentes Rumos Vieyra tom10 pag263) Vid Roſa
rarrMoraes e Silva RUacuteMO sm Na rosa Nautica a linha que denota hum dos 32 ventos sect A
direccedilatildeo que leva a proa do Navio por hum dos 32 rumos sect t Naut i eacute palmo e polegada de
agua de sorte que seis rumos ou palmos destes fazem sete ordinarios vg tem esta quilha
tantos rumosrdquo pegado (o monstro marinho) na quilha do galeatildeo por todo o comprimento
delle sendo de vinte e hum rumos que satildeo certo e cinco palmosrdquo B347 (por esta conta cada
rumo satildeo cinco palmos) ult Ediccedil Tom3 PI p462
rarrLaudelino Freire RUMO sm Ingl rhumb Cada uma das trinta e duas divisotildees ou linhas
da rosa dos ventos que representam as trinta e duas direccedilotildees mariacutetimas adotadas pelos
naacuteuticos 2 Direccedilatildeo do navio por estes rumos 3 Direccedilatildeo orientaccedilatildeo caminho 4
Antiga medida naacuteutica que equivalia pouco mais ou menos a cinco palmos 5 Meacutetodo
ordem de proceder norma
rarrAureacutelio rumo [Do esp rumbo] s m 1 Naacuteut Cada uma das direccedilotildees marcadas na rosa dos
ventos 2 Naacuteut Direccedilatildeo do movimento da embarcaccedilatildeo quando se estaacute navegando 3 Naacuteut
Acircngulo que a direccedilatildeo para onde aponta a proa da embarcaccedilatildeo faz com a direccedilatildeo do norte
verdadeiro (rumo verdadeiro) ou com a direccedilatildeo do norte magneacutetico (rumo magneacutetico) ou
ainda com a direccedilatildeo do norte da agulha (rumo da agulha) []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Segunda-feira 30 dias do mecircs de Janeiro tomei o sol e estava na altura do cabo de Santlsquo
Agostinho e iacuteamo-lo a demandar pelo rumo de loeste
PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE
SOUSA [A00_0078 p 38]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam rumo como termo naacuteutico Origem
castelhana
149
S
Ficha 136
Salamear va (T Naut) Fazer celeuma Cantar alternamente
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau SALAMEAR Termo de Marinheyro Fazer a Saloma ou Salema Vid Salema
Vid Fayna SALEMA Vozaria de Marinheyros He derivado da palavra Grego-Latina
Celeuma Vid Fayna (As Salemas ordinarias dos Marinheyros ſe fazem com taes vozes que
natildeo ſaotilde ouvidas muytas vezes Britto Viagē do Braſil pag 278)
rarrMoraes e Silva SALAMEAacuteR vn Naut Levantar ou cantar a celeuma Cast 280 escreve
ccedilalamear ldquosem as naos apitarem nem ccedilalamearem por natildeo serem sentidos dos Rumesrdquo
B384 ldquohomens do mar que ccedilalameatildeo para hum tempo pograverem toda a forccedila
CELEUMA sf A vozeria que faz a gente do mar quando trabalha CamLusII25 A
celeuma medonha se levanta No rumo marinheiro que trabalha
rarrLaudelino Freire natildeo consta
rarrAureacutelio natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios somente Bluteau e Moraes e Silva apontam salamear como termo naacuteutico Os
demais autores natildeo citam o termo Origem aacuterabe (Sousa amp Moura 1830)
Ficha 137
Salema sf Na Turquia cortesia feita com certas palavras em que entra a palavra Zalemaq
Nome de um peixe (T Naut) Entre os nauticos celeuma
Celeuma sf gritaria da gente do mar quando trabalha
______________________________________________________________________ rarrCunha salema sf bdquopeixe teleoacutesteo percomorfo da famiacutelia dos pomadasiacutedeos da costa
atlacircntica‟ 1874 De etimologia obscura [] celeuma sf bdquovozearia barulho algazarra‟ 1572
Do lat celeuma deriv do gr keacuteleuma bdquoordem‟ bdquocanto‟ bdquogrito‟
rarrBluteau SALEMA Vozaria de Marinheyros He derivado da palavra Grego-Latina
Celeuma Vid Fayna (As Salemas ordinarias dos Marinheyros ſe fazem com taes vozes que
natildeo ſaotilde ouvidas muytas vezes Britto Viagē do Braſil pag 278)
rarrMoraes e Silva SALEgraveMA sf V Celeuma nautsect t Turquesco cortezia acompanhada de
certas palavras entre as quaes vem Zalemaq Barrosrdquoque fosse a Corte do Badur a lhe fazer a
salemeardquoCELEUMA sf A vozeria que faz a gente do mar quando trabalha CamLusII25
A celeuma medonha se levanta No rumo marinheiro que trabalha
rarrLaudelino Freire SALEMA sfAacuter calam sf Naacuteut O mesmo que celeuma CELEUMA
sf Lat celeuma Vozearia de homens que trabalham juntos 2 Barulho algazarra 3
Canto ou vozes de barqueiros cantiga rude que entoa o marinheiro para estimular o trabalho
4 Alarma
rarrAureacutelio natildeo consta
150
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Exceto Aureacutelio ( que natildeo cita o termo) todos os demais dicionaristas apontam
salema como termo naacuteutico Origem obsura
Ficha 138
Sapatilhos sm (T Naut) Entre nauticos Ferros redondos em que se pegatildeo as poas ______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta sapatilhos consta sapato sapato sm bdquocalccedilado em geral de sola dura
que cobre o peacute‟XVI ccedila- XIII De origem duvidosa talvez do turco čabata sapatA XVI
[] sapatilho 1873
rarrBluteau SAPATILHOS Termo de navio Satildeo huns ferros redondos em que preacutegatildeo as
poas por ſe natildeo cortar a bolina o meſmo tem a eſteyra da vela em q os briois peacutegatildeo Vid
Sapato de ferro
rarrMoraes e Silva SAPATIacuteLHOS smpl Naut Ferros redondos em que se pegatildeo as poas
por se natildeo cortar a bolina haacute outros na esteira da vela em que os brioes pegatildeo
rarrLaudelino Freire SAPATILHO sm De sapato + ilho Naacuteut Aro de ferro forrado de
chapas com meia cana na parte exterior e que serve para se aguentar nos punhos das velas nos
chicotes dos cabos onde se introduzem os gatos etc
rarrAureacutelio sapatilho [De sapato + -ilho] s m 1 A primeira folha seca arrancada da cana-de-
accediluacutecar quando se limpa esta 2 Marinh Aro metaacutelico circular ou oval geralmente de ferro
zincado com a periferia goivada usado como berccedilo e proteccedilatildeo agraves matildeos [v matildeo (19)] que se
faz em cabos sobretudo nos cabos de arame
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaristas apresentam sapatilhos como termo naacuteutico Origem
duvidosa (turco)
Ficha 139
Sarpar va (T naut) Levantar
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta sarpar consta zarpar zarpar vb bdquolevantar acircncora fazer-se ao mar
partir‟ XVII Do cast zarpar deriv do a it sarpare (hoje salpare) deriv do lat tard
exharpare e este do gr exharpaacutezō
rarrBluteau SARPAR Termo Nautico He tomado do Italiano Salpare ou Sarpare que val o
meſmo que Levantar ferro Solvere portu ou solvere navem Cic C Vid Levantar (foy
tatildeo furioſa a tempeſtade que ſobreveyo a eſtas duas galeacutes Sarpando entre hŭas Ilhas
Vieyrtom5pag 326) (Poucos dias antes que Sarpaſſe a Armada Jacintho Freyre liv4 sect 83)
rarrMoraes e Silva SARPAacuteR vn naut Levantar vg sarpar a ancora
rarrLaudelino Freire SARPAR vrv Cast zarpar O mesmo que zarpar ldquoSarpou a corvetardquo
(Latino Coelho) ZARPAR vrv Cast zarpar Naacuteut O mesmo que sarpar (tr dir)2 Lus
Enganar abusar da boa feacute de em proveito proacuteprio (tr dir) 3 Fugir partir (intr)
rarrAureacutelio Sarpar Verbo intransitivoVerbo transitivo circunstancial 1Desus V zarpar As
galeacutes de Castela havia meses ancoradas no Tejo sarparam tenderam velas e demandaram a
barra (Antero de Figueiredo Leonor Teles p 229)Zarpar-[Do gr exarpaacutezein levantar
(acircncora) pelo lat exharpare e pelo it ant sarpare atual salpare] Verbo intransitivoVerbo
151
transitivo circunstancial 1Levantar acircncora fazer-se ao mar partir Quantas vezes em
pequeno ao contemplar o oceano e ao ver os navios que zarpavam barra afora senti o
impulso ardente de Sindbad o Mariacutetimo (Sousa Bandeira Evocaccedilotildees e Outros Escritos p
56) [Var (ant) sarpar] 2Bras V fugir (1 e 2) 3Bras Ir partir
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
E vendo o inimigo que todas as capitanias estavam juntas e tatildeo perto dacuteelles nos deitaram
aquella nojte aacutes 10 horas 3 navios de fogo um ficou sentado na arecirca que natildeo pocircde sahir e
os 2 sahiram mas quiz Deos que vimos vir uma vela e entendendo que fugiam comeccedilaacutemos
todos a sarpar []
desconhecido (1885) [1625] RELACcedilAtildeO VERDADEIRA DE TODO O SUCCEDIDO NA
RESTAURACcedilAtildeO DA BAHIA DE TODOS OS SANTOS DESDE O DIA EM QUE PARTIRAM
AS ARMADAS DE S M ATEacute O EM QUE EM A DITA CIDADE FORAM ARVORADOS SEUS
ESTANDARDES ETC [A00_0700 P 512]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaristas apresentam sarpar como termo naacuteutico Origem
espanhola lt francesa
Ficha 140
Sejar V Ciar (T Naut)
______________________________________________________________________
rarrCunha sejar natildeo consta
rarrBluteau Natildeo consta
rarrMoraes e Silva SEJAR v at Ceiar remar o navio de sorte que o faccedila voltar para hum
lado remando os remeiros de hum lado para vogarem aacute vante e outros para traz Vieira
ldquosaber vogar quando se haacute de ir a diante e sejar quando se haacute de dar voltardquo
rarrLaudelino Freire natildeo consta
rarrAureacutelio natildeo consta sejar consta ciar1 [Do esp ciar poss] Verbo intransitivo1Remar para
traacutes 2P ext Mover-se para traacutes [Cf siar e cear]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente Moraes apresenta sejar como termo que remete ao universo naacuteutico
Aureacutelio presenta ciar e natildeo sejar Origem natildeo encontrada
Ficha 141
Siar va Ciar (T Naut) Na Volateria Cerrar a ave as azas em aferrando a relegrave para baixar
com ella mais depressa
______________________________________________________________________
rarrCunha siar vb bdquofechar (as asas) para descer mais depressa‟ XVIII De origem obscura
rarr Bluteau SIAR ou CIAR Termo de alta volateria Siar as azas na autoridade que ſe
ſegue parece quer dizer Fechar a ave as azas para cahir (Eu vi hum Accedilor afferrado a hūa
Abetarda dependurarſe agrave terra amp Siar as azas para a fazer vir ao chatildeo Arte da Caccedila pag28)
rarrMoraes e Silva SIAacuteR vatde Volater Siar a ave as azas he cerralas depois de afferrar a
releacute para cair com ella mais depressasect V Ceiar e Ceiavoga
rarrLaudelino Freire SIAR vtr dir fechar (as asas) para descer mais ragravepidamente
152
rarrAureacutelio Siar Verbo transitivo direto 1Fechar (as asas) para descer mais depressa[Cf ciar
e cear]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Nenhum dos dicionaacuterios apresenta siar como termo naacuteutico Origem
obscura
Ficha 142
Sirgideiras sf plur (T Naut) Entre nauticos corda para atracar a enxarcia
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau SIRGIDEIRAS (Termo de navio) Cordas para atracar a enxaacutercia Saotilde huns cabos
com huns moutotildees pequenos que ſervem de apertar de huns ouvens a outros Ha mais outras
Sirgideyras por bayxo das gaveas que ſervem do meſmo Natildeo temos palavra propria Latina
rarrMoraes e Silva SIRGIDEgraveIRAS sf naut pl Cordas para atracar a enxarcia
rarrLaudelino Freire SIRGIDEIRAS sf De sirgir + deira Corda proacutepria para enxaacutercia 2
O mesmo que serzideira
rarrAureacutelio natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Bluteau Moraes e Silva e Laudelino Freire apontam sirgideiras como termo
naacuteutico Origem natildeo encontrada
Ficha 143
Sobrecevadeira sf (T Naut) A vela que fica sobre a cevadeira
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau SOBRECEVADEIRA Veacutela pequena que ſe potildeem ſobre outra a que chamaotilde
Cevadeyra Vid Cevadeyra (Largue hū galhardete na Sobrecevadeyra CEVADEIRA Vela
pequena que ſe potildeem na proa Proclinati ad proram mali velum
rarrMoraes e Silva SOBRECEVADEgraveIRA sf Naut vela pequena
rarrLaudelino Freire SOBRECEVADEIRA sf De socircbre + cevadeira Naacuteut Pequena vela de
navio socircbre a cevadeira CEVADEIRA s f de cevar + deira Naacuteut Pequena vela suspensa
de uma vecircrga que atravessa horizontalmente o gurupeacutes
rarrAureacutelio natildeo consta sobrecevadeira 1- Cevadeira [De cevada + -eira] sf [] 2Marinh
Ant Verga de cevadeira 3Marinh Ant Vela quadrangular que envergava na verga do
mesmo nome por baixo do gurupecircs [Cf sevadeira] []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaristas apontam sobrecevadeira como termo naacuteutico
Origem portuguesa lt latina
153
Ficha 144
Sobregata sf (T Naut) Entre nauticos Vela que fica sobre a gata
______________________________________________________________________
rarrCunhasobregata natildeo consta
rarrBluteau Natildeo consta GATA[]Gata nos navios he a vela de cima da mezena
rarrMoraes e Silva natildeo consta Consta GAacuteTA sf Femea do gatosect t de Naacuteutico Vela de
cima da mezena
rarrLaudelino Freire SOBREGATA sf De socircbre + gata Naacuteut 1 Segunda vela do mastro
de mezena 2 Vecircrga correspondente a essa vela
rarrAureacutelio 1- Sobregata [De sobr(e)- + gata] s f 1Marinh O joanete do mastro da gata[]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Laudelino Freire e Aureacutelio apresentam o termo sobregata Origem
portuguesa lt latina
Ficha 145
Socairo sm Cabo amarra Ao socairo ao abrigo Em seguimento Para traz (T Naut) Entre
nauticos A regrave pela poppa do navio
______________________________________________________________________
rarrCunha socairo1 sm bdquo(Marinh) parte de um cabo‟ XVI Do cat socaire bdquo o que estica uma
corda‟ com influecircncia de Cairo
rarrBluteau SOCAIRO Ao Socayro Termo Nautico antiquado Val o meſmo que ao longo Ir
ao ſocayro da Fortaleza com barco ou navio Arcem vel nave legere ou radere (Outras
fuſtas que eſtavatildeo ao Socairo da Fortaleza Barros 4 Dec pag650) (Se abrigou com a
Armada de remo ao Socairo da naacuteo amp do Galeaotilde Lemos Cercos de Malaca 15 verſ) A regrave
pela poppa do navio
rarrMoraes e Silva SOCAacuteIRO sm (composto de so ou sob e cairo no fig por amarra)sect
Amarra de pogravepa Castan L3f66 ldquoos que levavatildeo a toa soltaratildeo com medo o socairo e a naacuteo
dera a costa se outros natildeo acodissem a tomar o socairordquosect Ao socairo ieacute agrave reacute por detraz da
poupa do navio Lemos Cerco de Malaca Fig ao socairo da fortaleza ieacute emparado com
ella por traz della Barros ir ao socairo de alguem ieacute seguindo-o sect Poacutede-se derivar talvez
da palavra Irlandeza socair que significa em posto abrigado do vento (Bullet Memoires surla
Langue Cellique Tom2 artigo soucair) PPer LIf133 ldquoretirar-se ao socairo de huma ponta
de ilha ou reciferdquo para detraz dellasect
rarrLaudelino Freire SOCAIRO sm Naacuteut O cabo que vai sobejando e se vai colhendo
quando se ala qualquer braccedilo tirador etc o cabo de ala e larga que vai saindo do cabrestante
Pela popa do navio 2 Correia cujas pontas se prendem aos canzeacutes dos carros e que serve
para ajudar a sustecirc-los nas descidas
rarrAureacutelio socairo1 [Do cat socaire] Substantivo masculino1Marinh A parte de um cabo
que depois de dar volta a um cabrestante guincho cabeccedilo etc eacute aguentada agrave matildeo para ir
sendo colhida ou largada segundo as necessidades da manobra Pela popa do navio se faz a reacute
2Marinh A parte de um cabo que estaacute com volta em um cabeccedilo ou noutra peccedila fixa 3Correia
ou corda com que se sustecircm carros nas descidas
154
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Do porto de Olinda aacute ponta de Pero Cavarim satildeo quatro leguas Da ponta de Pero Cavarim
ao rio de Jaboatatildeo eacute uma legua em o qual entram barcos Do rio de Jaboatatildeo ao Cabo Santo
Agostinho satildeo quatro leguas o qual cabo estaacute em oito graacuteos e meio Ao socairo deste cabo
da banda do norte podem surgir naacuteos grandes quando cumprir onde tem boa abrigada Do
Cabo ateacute Pernambuco corre-se a costa norte sul
GABRIEL SOARES DE SOUSA (1938) [1587] ROTEIRO GERAL COM LARGAS
INFORMACcedilOtildeES DE TODA A COSTA DO BRASIL (PRIMEIRA PARTE - PROEMIO)
[A00_0176 p 30]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam socairo como termo naacuteutico Origem
castelhana
Ficha 146
Sumeas sf plu (T Naut) As taboas com que se repara o leme
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo constam Ximeas e Sumeas Chuacutemeas sfpl bdquopeccedilas de madeira com que se
consertam os mastros estalados‟1873 chuacutembeas 1813 Provavemente do aacuter jāmalsquoacirc na var
chuacutembeas deve ter havido influecircncia de CHUMBO
rarrBluteau SUMEAS de leme ou maſto
rarrMoraes e Silva SUMEAS sf pl Naut Taboas com que o leme se refaz e repara BPer
rarrLaudelino Freire SUacuteMEAS sf pl Naacuteut Peccedilas de madeira com que se conserta ou
fortifica o leme CHUacuteMEAS sfpl Naacuteut Pedaccedilo de madeira cavada em uma das faces que se
aplica ao longo de um mastro de uma verga etc para reforccedilaacute-lo por meio de braccediladeiras de
ferro ou de arreataduras
rarrAureacutelio Sumeas Substantivo feminino plural 1V chuacutemeasChuacutemeas [Do aacuter a(t) da raiz juntar agrupar] Substantivo feminino plural1Mar Peccedilas de
madeira com que se consertam os mastros estalados [Var chuacutembeas suacutemeas]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam sumeas como termo naacuteutico Origem
aacuterabe
T
Ficha 147
Tamborete sm Cadeira rasa Tamboretes (entre Nauticos) satildeo as peccedilas que fechatildeo os
mastros na coberta de cima
______________________________________________________________________
rarrCunha tambor sm bdquo(Muacutes) instrumento de percussatildeo‟XV atanbor XIII atambor XIV
Do ar attanbucircr tamborETE sm bdquo(Marinh) orig peccedila de madeira que arremata o mastro na
coberta de cima‟ XVI bdquoext banqueta‟ XVIII
155
rarrBluteau Tamboretes (Termo de navio) ſaotilde huns paos amp taboas que fechatildeo o maſtro na
cuberta de cima amp levaotilde dous paos a que antigamente chamavatildeo Poſquetes amp hoje Enoras
para atochar o maſtro
rarrMoraes e Silva TAMBORETES satildeo peccedilas de taboas que fechatildeo o mastro na coberta de
cima e levatildeo dois paacuteos ditos antigamente posquetes e hoje enoras de atochar o mastro
Couto 6921 ldquocortou-lhe o masto pelos tamboretesrdquo
rarrLaudelino Freire Tamboretes s m pl Naacuteut Conjunto de peccedilas destinadas a garantir a
seguranccedila e verticalidade dos mastros e a impedir que as aacuteguas se infiltrem por ecircsse conduto
rarrAureacutelio tamborete (ecirc) [Do fr tabouret com infl de tambor] Natildeo consta como termo
naacuteutico
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
arrebentou o masto do traquete pelos tamboretes de que sentimos muita fortuna e
amainaacutemos a vela e fomos correndo ao som do mar ateacute que foi de dia
PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE
SOUSA [A00_0078 p 33]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente o dicionaacuterio Aureacutelio natildeo apresenta tamborete como termo naacuteutico
Origem francesa lt aacuterabe
Ficha 148
Trinca sf Entre nauticos voltas de hum cabo que se faz fixo no talhamar do gurupes No
jogo da garatuza tres cartas do mesmo valor
______________________________________________________________________
rarrCunha Trincar vb bdquoapertar comprimir‟ bdquocortar com os dentes‟ bdquocomer mastigar‟ XVI
De origem incerta talvez alteraccedilatildeo do a fr tringler tingler bdquounir as taacutebuas de uma
embarcaccedilatildeo‟ deriv do a escandinavo tengja bdquounir atar‟trinca2
sf bdquocabo naacuteutico‟ XVI
trinca 3
sf bdquoarranhatildeo dentada‟ XX trinco sm bdquotranqueta com que se trancam portas‟ XVI
Dev de trincarTrecircs num bdquo3 III‟ Do lat trēs Do lat trēcěntos trinca1
sf bdquoreuniatildeo de trecircs
coisas semelhantes‟ XVI
rarrBluteau TRINCA (Termo de navio) Trincas ſaotilde as que atracatildeo o gurupeacutes amp vem a fazer
fixo ao talhamar Poacuter a nao agrave trinca ou porſe agrave trinca (Se puzeratildeo agrave Trinca Barros 4
Decpag 45) (Por conſelho do Piloto payrou agrave Trinca Lucena Vida de Xavier 67)
rarrMoraes e Silva TRIacuteNCA sf Naut Trincas do goropeacutes satildeo voltas de hum cabo que o
vem fazer fixo no talhamarsect Pograver a nau aacute trinca ou pograver-se a trinca pairar aacute trinca ieacute agrave capa
com a proa ao vento e as velas levantadas Couto 431 bdquose pozeratildeo agrave trinca batendo-a
rijamenterdquo Amaral c9 ldquopozeratildeo-se os inimigos agrave trinca para concertarem o galeatildeo ou lanccedilar
ferrordquo VF Mend c6r princip sect Na garatuza trinca satildeo 3 cartas do mesmo valor
rarrLaudelino Freire TRINCA sf Esp Trinca Mar Volta de cabo para fixar alguma peccedila
do navio
rarrAureacutelio trinca3 [Do esp trinca] s f 1Constr Nav Corrente ou cabo forte que prende o
gurupeacutes ao beque
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Fazendo negravevoa taotilde eʃpeʃʃa que ʃe naotilde vejatildeo os navios toquem os tambores deʃparem a
eʃpaccedilos algũs moʃquetes amp ʃiguaotilde o caminho que antes levava a Capitana Se ella durando a
negravevoa quiʃer virar tiraragrave huatilde peʃʃa amp os Galleoẽs do comboy faraacuteotilde o meʃmo em carregando
156
o leme antes de darem por davante Pondoʃe agrave trinca tirar agrave duas peszligas juntas a que
reʃponderagraveotilde tambem com duas os navios de guerra
FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 55]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam trinca como termo naacuteutico Origem
incerta
Ficha 149
Troccedila sf (T Naut) Entre nauticos Cabo com que se seguratildeo as entenas nos mastros
______________________________________________________________________
rarrCunha [] De origem obscura troccedila sf bdquozombaria‟ 1881 Dev de troccedilar []
rarrBluteau natildeo consta
rarrMoraes e Silva TROacuteCcedilA sf Cabo com que as entennas se seguratildeo no mastro
rarrLaudelino Freire TROCcedilA sf Mar Cabo que segura as antenas no mastro
rarrAureacutelio troccedila [Dev de troccedilar] s f1V zombaria 2V graccedila (6) 3Bras Pacircndega farra
4Bras Vida devassa5Pop Ajuntamento (de pessoas) multidatildeo
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente Moraes e Silva e Laudelino Freire apresentam troccedila como termo
naacuteutico Origem obscura
V
Ficha 150
Vela sf (T Naut) Entre nauticos O panno do navio que se abre ao vento para o fazer
navegar Rolo de cera espermacete ou cebo com pavio para alumiar Sentinellavigia Fig
Embarcaccedilatildeo
______________________________________________________________________ rarrCunha [] Do lat vēlumvelEIRO adj sm bdquodiz-se de ou navio que anda agrave vela‟
rarrBluteau Vela de navio Panno grande que preſo nas vergas amp aberto recebe o vento amp
faz andar o navio Velum i Neut Cic A vela meſtra ou a vela do maſto Grande Velum
fummi mali maximum caacutetion que alguns Autores de Diccionarios potildeesm neſte lugar natildeo ſe
acha em Autores Latinos amp Roberto Eſteves mostra que ateacute no Grego natildeo eſtagrave ce a
ſignificaccedilatildeo deſta palavra neſte ſentido []
rarrMoraes e Silva sf Vela do navio o panno de treu que se abre ao vento e serve para
impellir o navio communicando o impulso do vento aos mastros[]
rarrLaudelino Freire sf Lat velum Naacuteut Pano largo de linho ou de outro qualquer tecido
que se desfralda ao longo dos mastros ou das vergas para receber a accedilatildeo do vento em virtude
da qual eacute impelida a embarcaccedilatildeo2 Embarcaccedilatildeo movido por um conjunto decircsses panos []
157
rarrAureacutelio vela1
[Do lat vela pl de velu veacuteu] sf 1Marinh Peccedila de lona ou de brim
destinada a recebendo o sopro do vento impelir embarcaccedilotildees ou movimentar moinhos [Sin
no sing ou no pl pano] []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Saacutebado 10 dias do dito mecircs agraves quatro horas depois de meo-dia surgimos no porto da ilha da
Gomeira Em terra tomei o sol em 28 graos e um quarto Ali corregemos o leme 29-
A00_0078txtN 3^a feira 13 de Dezembro no quarto de alva nos fizemos agrave vela com vento
nordeste faziacuteamos o caminho do sul e a quarta do sudoeste 4^a feira 14 do dito mecircs ao
meo-dia tomei o sol em 26 graos e um quarto
PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE
SOUSA [A00_0078 p 29]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam vela como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Ficha 151
Vergueiro sm cabo de pagraveo das talhadeiras dos ferreiros (T Naut) Entre nauticos Cabo
dobrado no laiz com huns moutotildees que com huma volta em torno da pega grande finca os
moutotildees no bdquoagrave do‟ gavea Pedaccedilo de cabo com huma alccedila em cada chicote que serve no estaes
para algumas manobras Cadecirca de ferro que anda em hum arganegraveo do leme com hum pedaccedilo
de cabo grosso com que se atraca o leme quando se quebra a cana delle
______________________________________________________________________
rarrCunha verga sf bdquovara flexiacutevelXIII virga XIIIDo lat virga []verguEIRO sm
bdquovergasta‟ 1813
rarrBluteau Natildeo consta
rarrMoraes e Silva VERGUEgraveIRO sm Cabo de paacuteo em cujo extremo os ferreiros cravatildeo as
suas talhadeiras
rarrLaudelino Freire VERGUEIRO sm De vecircrga + eiro Vergasta verdasca vara 2
Cabo de pau que se crava nas talheiras rompedeiras e palmetas para natildeo se magoarem as matildeos
dos que trabalham com estes instrumentos Vergueiro da Peccedila sm Naacuteut Cabo grosso enfiado
nos olhais das falcas Vergueiros do Leme sm pl Naacuteut Cabos grossos ou cadeias de ferro
que prendem o leme pelos arganeacuteus do safatildeo Vergueiros do Pano sm pl Naacuteut Cabos
prolongados com as vecircrgas e encapelados nos laises
rarrAureacutelio vergueiro [De verga + -eiro] Substantivo masculino 1V verdasca 2Cabo de
madeira em alguns utensiacutelios de ferreiro 3Constr Nav Corrente ou cabo de arame que se
enfia nos balauacutestres da borda para resguardo da tripulaccedilatildeo 4Constr Nav Cabo de arame que
158
se enfia nos ferros de sustentaccedilatildeo do toldo ou vergalhatildeo preso ao longo de uma antepara ou
verga e no qual se amarram os fieacuteis do toldo ou do pano
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Moraes e Silva Laudelino Freire e Aureacutelio apresentam vergueiro como termo
naacuteutico Origem portuguesa lt latina
X
Ficha 152
Xaretas sfpl (T Naut) Entre nauticos redes de cordas aacute borda do navio para tolher a
entrada ao inimigo
______________________________________________________________________
rarrCunha xaretas sf bdquoant rede com que se cobria a tolda e o conveacutes das naus e galeotildees de
guerra‟ XVII Do aacuter vulg šarīta bdquocorda cinta‟ []
rarrBluteau XAcircRETA Vid Enxarcia (Pegados agraves Xaretas do bordo alto Oriente conquiſtado
part 2493) Deriva-ſe do Francez Charette que quer dizer Carro []
rarrMoraes e Silva XAREgraveTAS sf Naut Redes de corda que acompanhatildeo o bordo do navio
para impedir a entrada ao inimigo Amaral4
rarrLaudelino Freire XARETA sf Ar xarita Recircde com que se impede a abordagem de um
navio 2 Recircde de pescar
rarrAureacutelio xareta (ecirc) [Do aacuter (t) cordel]Substantivo feminino1Ant Mar G
Rede com que se cobriam a tolda e o conveacutes das naus e galeotildees de guerra por ocasiatildeo dos
combates para dificultar aos assaltantes a entrada a bordo nas abordagens2Rede de pescar
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam xareta como termo naacuteutico Origem aacuterabe
Ficha 153
Ximeas sf plur (TNaut) v Sumeas
Sumeas sf plu (T Naut) As taboas com que se repara o leme
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo constam Ximeas e Sumeas Chuacutemeas sfpl bdquopeccedilas de madeira com que se
consertam os mastros estalados‟1873 chuacutembeas 1813 Provavemente do aacuter jāmalsquoacirc na var
chuacutembeas deve ter havido influecircncia de CHUMBO
rarrBluteau XIMEA Couſa de navio( Neceſſitava a Capitania de Ximeas nos maſtos Britto
viagem do Braſil 160)
rarrMoraes e Silva XIMEA sf V Sumea T Naut SUMEAS sf pl Naut Taboas com que
o leme se refaz e repara BPer
rarrLaudelino Freire natildeo consta
rarrAureacutelio Natildeo constam Ximeas e Sumeas Chuacutemeas [Do aacuter a(t) da raiz juntar agrupar]Substantivo feminino plural 1Mar Peccedilas de madeira com que se consertam
os mastros estalados [Var chuacutembeas suacutemeas ximeas]
159
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios De todos os dicionaacuterios consultados soacute Laudelino Freire natildeo lista esse lexema
Os demais dicionaristas classificam o termo como naacuteutico ou mariacutetimo Origem duvidosa
(aacuterabe)
Apoacutes selecionar os termos naacuteuticos constituiacutemos 153 fichas lexicograacuteficas
elaboradas juntamente a consultas em 5 dicionaacuterios e ainda a 1 Banco de Dados referente ao
portuguecircs brasileiro da eacutepoca do Brasil Colocircnia Passemos no proacuteximo capiacutetulo agrave anaacutelise dos
dados
160
Capiacutetulo 5
161
Capiacutetulo 5 ndash Anaacutelise e discussatildeo dos dados
Apoacutes selecionarmos os termos naacuteuticos presentes no Diccionario de Lingua
Brasileira preenchermos as 153 fichas lexicograacuteficas ndash elaboradas junto agrave pesquisa em cinco
dicionaacuterios e em um banco de dados de liacutengua portuguesa do Projeto DHPB composto de
textos escritos nos seacuteculos XVI XVII e XVIII ndash acompanhadas de abonaccedilotildees classificaccedilotildees
gramaticais e comentaacuterios passemos agrave anaacutelise quantitativa e discussatildeo dos resultados
51 Quanto agrave classificaccedilatildeo gramatical dos termos
Conforme jaacute relatado organizamos um corpus de unidades lexicais do domiacutenio da
terminologia naacuteutica com 153 termos constituiacutedo de 117 substantivos 3 adjetivos 32 verbos
e 1 adveacuterbio que satildeo entradas no Diccionario de Lingua Brasileira editado por Luiz Maria da
Silva Pinto na cidade de Ouro Preto em 1832 Os substantivos se destacam com 7647 de
dados os adjetivos por sua vez totalizam 196 dessas entradas os verbos 2092 e o
adveacuterbio com 065 de nossos dados terminoloacutegicos Abaixo apresentamos em tabela a
distribuiccedilatildeo conforme a classificaccedilatildeo morfoloacutegica dos dados analisados
TABELA 1
Classificaccedilatildeo morfoloacutegica dos dados analisados
Classe Gramatical Nuacutemero de unidades lexicais Percentual
Substantivo 117 7647
Adjetivo 003 196
Verbo 032 2092
Adveacuterbio 001 065
TOTAL 153 10000
Destacam-se a seguir as unidades leacutexicas classificadas como
Substantivos rarr aba abotoadora accedilafratildeo alcaxas aldrope alforje almeida amura
amurada anrique arruelas avencadura barcolas barquilha bastardo beque
bigotas bolinete bombordo botalos braccedilo braga bragueiro brandaes briol
buccedilardas burra cabresto cacholascalabre calabrote calafeto calcez calma
calmaria carlinga carregadeiras cevadeira chapeleta chapiteo chaveta cheleira
cifa cinta clara colhedores contrapunho cordas cossouro costa cunho curva
curvatatildeo cutelo driccedila embono embornal encalamento enfrechadura enora
envergues escoa escoteira escotilha escouves estibordo estiva estribos estrinca
162
garrucha gaacutevea gio guinada lais leme leva liame linguete maccedilame madre
majarrona malaquetas michelos molhelha moucarrotildees nabo orthodomia ostaes
ostagas palomas palomba patelha pinccedilote pontal ponte porca rabada rabeca
resbordo rumo salema sapatilho sirgideiras sobrecevadeira sobregata socairo
sumeas trinca troccedila vela vergueiro xaretas ximea peacute dormentes tamboretes
estribordo
Adjetivos rarr banzeiro escatelado naacuteutico
Verbos rarr abroquelar agarruchar alestar arfar arriar barbear bracear canjar
ciar-se cifar cruzar desaferrar desancorar descahir dobrar embonar encapelar
encodar-se envergar escacear escorrer ferrar folgar guinar iccedilar pairar
palmejar proejar salamear sarpar sejar siar
Adveacuterbio rarr dlsquoavante
52 Quanto agrave forma e o gecircnero dos termos naacuteuticos do DLB
Em se tratando dos 117 substantivos o gecircnero masculino se sobressai com 55
ocorrecircncias o que corresponde a 47 dos dados presentes em nosso corpus O gecircnero
feminino aparece com 53 dos dados somando 62 ocorrecircncias
Todas as 3 unidades leacutexicas cujas classificaccedilotildees morfoloacutegicas indicam adjetivos
apresentam-se no gecircnero masculino correspondendo a 196 dos dados presentes em nosso
corpus
Tanto os substantivos quanto os adjetivos soacute ocorreram em sua forma simples A
quantificaccedilatildeo total dos dados quanto ao gecircnero eacute destacada na TABELA 2 apresentada a
seguir
TABELA 2
Classificaccedilatildeo do gecircnero dos dados analisados
Classe Gramatical Masculino Feminino
Substantivo 55 (47) 62 (53)
Adjetivo 03 (196) -----
163
53 Quanto ao nuacutemero de unidades lexicais presentes em obras de referecircncia
Verificamos que 152 das 153 unidades lexicais se encontram dicionarizadas em
pelo menos uma das obras escolhidas como base de referecircncia neste trabalho embora parte
delas natildeo tenha a marca terminoloacutegica ldquotermo naacuteutico A fim de termos ideia do nuacutemero de
vocaacutebulos que constam em cada um dos cinco dicionaacuterios pesquisados e ainda consultando o
nuacutemero de ocorrecircncias no banco de dados do Projeto DHPB fizemos um levantamento
quantitativo que eacute apresentado no graacutefico a seguir
111
134
152146
130
79
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
Cunha
Bluteau
Morais
Laudelino
Aureacutelio
DHPB
GRAacuteFICO 1 Nuacutemero de unidades lexicais encontradas em cada dicionaacuterio e no banco de dados
O GRAacuteFICO 1 mostra em nuacutemeros absolutos quantas unidades lexicais entre as
153 dicionarizadas constam em cada dicionaacuterio a) a barra azul mostra que 111 vocaacutebulos
foram encontrados no Dicionaacuterio Etimoloacutegico de Antocircnio Geraldo da Cunha o que
corresponde a 7254 dos 153 vocaacutebulos dicionarizados b) o dicionaacuterio de Raphael de
Bluteau representado em barra verde corresponde a 134 unidades lexicais entre aquelas
dicionarizadas o que representa 8758 desse total c) Antocircnio de Moraes e Silva
representado pela barra marrom eacute aquele que mais apresenta em suas paacuteginas unidades
lexicais constantes do grupo das dicionarizadas com 152 unidades lexicais o que representa
9934 do total de vocaacutebulos d) o dicionaacuterio de Laudelino Freire representado pela barra
amarela apresenta 146 unidades lexicais o que corresponde a 9542 do total analisado e) o
dicionaacuterio de Aureacutelio Buarque de Hollanda Ferreira apontado no graacutefico pela barra de cor
vermelha apresenta 130 unidades lexicais entre aquelas dicionarizadas o que representa um
percentual de 8496 Por uacuteltimo apoacutes exaustiva consulta ao Banco de Dados do Projeto
164
DHPB verificamos a presenccedila de 79 unidades leacutexicas (5163) correspondentes agravequelas
selecionadas em nosso corpus para esta pesquisa
No quadro que apresentamos abaixo podemos identificar quais satildeo as unidades
lexicais presentes em cada dicionaacuterio e tambeacutem no Banco de Dados do Projeto DHPB
TABELA 3
Quadro comparativo dos termos naacuteuticos39
Bluteau Moraes e Silva Laudelino Aureacutelio DHPB
aba aba aba aba aba
abotoadura abotoadura abotoadura abotoadura abotoadura
abroquelar abroquelar abroquelar abroquelar
accedilafratildeo accedilafratildeo accedilafratildeo accedilafratildeo accedilafratildeo
agarrochar agarruchar agarrochar agarruchar agarruchar
alcaxas alcaxas alcaxas
aldrope aldroacutepe aldrope aldrope
alestar alestar alestar
alforge alforge alforge alforge alforge
almeida almeida almeida almeida almeida
amugravera amura amura amura
amuradas amuraacuteda amurada amurada amurada
anrique anriacuteque anrique anrique
arfar arfar arfar arfar arfar
arriar arriar arriar arriar arriar
arruelas arrueacutellas arruela arruela arruela
avencadura avencadura avencadura avencadura
banzeiro banzegraveiro banzeiro banzeiro banzeiro
barbear barbeacutear barbear barbear barbear
barcolas barcoacutelas barcolas
barquiacutelha barquilha
bastardos bastaacuterdo bastardo bastardo bastardo
beque beque beque beque beque
bigota bigoacutetas bigotas bigota
bolinete bolinegravete bolinete bolinete bolinete
bombordo bombordo bombordo bombordo bombordo
botalos botaloacutes botaloacutes botaloacute
braceacutear bracear bracear
braga braga braga braga braga
bragueiro bragueiro bragueiro bragueiro
brandaes brandaes brandal brandal brandaes
brioes brioacutees briol briol
buccedilardas buccedilardas
burra buacuterra burra burra
39
Salientamos que os termos destacados em negrito satildeo encontrados nos dicionaacuterios mencionados poreacutem natildeo
apresentam acepccedilatildeo naacuteutica ou natildeo nos remetem ao universo mariacutetimo Os espaccedilos em branco representam
ausecircncia da unidade lexical no dicionaacuterio e no DHPB
165
cabresto cabregravesto cabrestos cabresto cabresto
cachoacutela cachogravela cachola cachola
calabre calaacutebre calabre calabre calabres
calabrote calabroacutete calabrote calabrote calabrotes
calafeto calafegraveto calafeto calafeto calafeto
calcecircz calcegravez calcecircs calcecircs
calma caacutelma calma calma calma
calmaria calmaria calmaria calmaria calmaria
canjaacuter canjar
carlinga carlinga carlinga carlinga
carregadeiras carregadeiras carregadeira carregadeira
cevadeira cevadegraveira cevadeira cevadeira cevadeira
chapeleta chapeleta chapeleta chapeleta
chapiteo chapiteo chapiteacuteu chapiteacuteo
chaveta chavegraveta chavecircta chaveta chavetas
cheleira cheleira
ciar ciar-se ciar ciar ciar
cifa cifa cifa
cifar cifaacuter cifar
cintas cinta cintas cinta
clara clara clara clara
colhedocircres colhedores colhedores colhedor
contrapunho contrapuacutenho contrapunho contrapunho
cordas cordas corda corda cordas
cossouros cossograveuros cossouro cossouro
costa coacutesta costa costa costa
cruzar cruzar cruzar cruzar cruzar
cunhos cunhos cunhos cunho
curva cuacutervas curva curva curvas
curvatatildeo curvatatildeo curvatatildeo curvatatildeo
cutelos cugravetelos cutelos cutelo
davante davante d‟avante
desaferrar desaferrar desaferrar desaferrar desaferrar
desancorar desancoraacuter desancorar desancorar
descahir descahir descair descair descahir
dobrar dobraacuter dobrar dobrar dobrar
dormentes dormegraventes dormente dormente dormentes
driccedila driccedila driccedila driccedila driccedilas
embocircno embograveno embono embono
embornal embornagravel embornal embornal embornaes
encalamentos encalamentos encalamento
encapellar encapellaacuter encapelar encapelar encapelar
encodaacuter-se encodaacuter-se
enfrechadura enfrechadura enfrechadura enfrechadura
enoras enograveras enora enora
envergar envergar envergar envergar
envergues enveacutergues envergues envergues
166
escacear escacear escassear escassear escacear
escatelado escatelaacutedo escatelado escatelarado
escoas escograveas escoa escoa escoas
escorrer escorrer escorrer escorrer escorrer
escoteiras escoteira escoteira escoteira escoteira
escotilha escotilha escotilha escotilha escotilha
escouves escouves escouves escouvem
estibordo estibordo estibordo estibordo estibordo
estiva estiva estiva estiva estiva
estribos estribos estribo estribo estribo
estribograverdo estribordo
estrinca estrinca
ferrar ferrar ferrar ferrar ferrar
folgar folgar folgar folgar folgar
garrucha garruacutecha garruchas garrocha
gaacutevea gaacutevea gaacutevea gaacutevea gaacutevea
gio gio gio gio
guinada guinada guinada guinada guinada
guinar guinar guinar guinar guinar
iccedilar iccedilar iccedilar iccedilar iccedilar
lais laacuteis lais lais lais
leme leme leme leme leme
leva leva leva leva
liame liame liame liame liame
linguete linguete linguete lingueta
maccedilame maccedilagraveme maccedilame
madre madre madre madre
majarrona majarrona majarrona
malaquetas malaqueta malaqueta
michegravelos michelos
molhelha molhelha molhelhas molhelha
moucarrotildees moucarrotildees moucarratildeo
nabo nabo nabo nabo
naacuteutico naacuteutico naacuteutico naacuteutico naacuteutico
orthodromia orthodomia ortodromia
ostais ostaacutees ostaes ostaes
ostagas ostaacutegas ostaga ostaga ostagas
pairar pairaacuter pairar pairar pairar
palmejar palmejar palmejar
palomas palomas palomas paloma
palomba palomba palomba
patelha pategravelha patelha patelha
pinccedilote pinccedilote pinccedilote pinccedilote
pontal pontal pontal pontal pontal
ponte ponte ponte ponte ponte
porca porca porca porca porca
proejar proejar proejar proejar
167
rabada rabada rabada rabada rabada
rabeca rabeca rabeca rabeca rabeca
resbordo resbordo resbordo resbordo resbordo
rumo rumo rumo rumo rumo
salamear salamear
salema salema salema
sapatilhos sapatilhos sapatilhos sapatilhos
sarpar sarpaacuter zarpar sarpar sarpar
sejar
siar siar siar siar
sirgideiras sirgideiras sirgideiras
sobrecevadeira sobrecevadegraveira sobrecevadeira
sobregata sobregata
socairo socairo socairo socairo socairo
sumeas suacutemeas suacutemeas sumeas
trinca trinca trinca trinca trinca
troacuteccedila troccedila troccedila
vela vela vela vela vela
verguegraveiro vergueiro vergueiro
xacircreta xaregravetas xareta xareta xareta
ximea ximea ximea
braccedilo braccedilo braccedilo braccedilo
peacute peacute peacute peacute peacute
tamboretes tamboretes tamboretes tamboretes tamboretes
embonar embonaacuter embonar embonar
168
54 Descriccedilatildeo e Comparaccedilatildeo de dados
Das unidades lexicais referentes aos termos naacuteuticos que compotildeem nosso corpus
encontramos correspondentes em vaacuterios dicionaacuterios como jaacute salientamos em 51 Dessas
apresentamos em nuacutemero no graacutefico seguinte as que se destacam como termo naacuteutico
50
123
146136
105
56
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
Cunha
Bluteau
Morais
Laudelino
Aureacutelio
DHPB
GRAacuteFICO 2 Nuacutemero de unidades lexicais destacadas como termo naacuteutico
a) Dos 153 termos que constituem nosso corpus o Dicionaacuterio Etimoloacutegico de Cunha registra
50 unidades leacutexicas como termo naacuteutico correspondendo a 3267 aldrope almeida amura
amurada beque barcola bigota bolinete bombordo brandal briol calabre calabrote
calcecircs calma calmaria carlinga ciar desancorar dormente embornal escatelado escoa
escoteira escotilha escouves estibordo estiva estribordo gaacutevea gio lais leme majarrona
naacuteutico ostaes ostaga paloma palomba pontal ponte rumo zarpar socairo sumeas
trinca vela xaretas peacute tamborete
b) O dicionaacuterio de Bluteau registra 123 dos termos naacuteuticos constantes no Diccionario da
Liacutengua Brasileira o que corresponde a 8039 a saber abotoadura accedilafratildeo alcaxas
aldrope almeida amura amuradas anrique arfar arriar arruelas avencadura banzeiro
barbear barcolas bastardos beque bigota bolinete bombordo botalos braccedilos braga
bragueiro brandaes brioes buccedilardas burra cabresto cacholas calabre calabrote calcez
calma calmaria carlinga carregadeiras cevadeira chapeleta chapiteo chaveta cifar
cintas clara colhedores contrapunho cordas cossouros costa cruzar cunhos curva
curvatatildeo cutelos davante desaferrar desancorar descair dobrar dormentes driccedila
embonar embono embornal encalamentos encapelar enfrechadura enoras envergues
169
escacear escatelado escoas escorrer escoteiras escotilha escouves estibordo estiva
estribos ferrar gaacutevea gio guinada guinar iccedilar lais leme leva liame linguete maccedilame
madre malaquetas nabo naacuteutico orthodromia ostais ostagas pairar palomas patelha
pinccedilote pontal ponte porca proejar rabada resbordo rumo salamear salema sapatilho
sarpar sirgideiras sobrecevadeira socairo suemas trinca vela xareta ximea peacute
tamboretes
c) Encontramos 146 unidades leacutexicas comuns ao nosso corpus dicionarizadas como termos
naacuteuticos na obra de Moraes e Silva correspondendo a 9542 abotoadura accedilafratildeo
agarruchar alcaxas aldrope alestar almeida amura amurada anrique arfar arriar
arruelas avencadura banzeiro barbear barcolas barquilha bastardo beque bigotas
bolinete bombordo botalos bracear braccedilo braga bragueiro brandaes brioacutees buccedilardas
burra cabresto cacholas calabre calabrote calafeto calcez calma calmaria canjar
carlinga carregadeiras cevadeira chapeleta chapiteo chaveta cheleira ciar-se cifa cifar
cinta clara colhedores contrapunho cordas cossouros costa cruzar cunhos curvas
curvatatildeo cutelo davante desaferrar desancorar descair dobrar dormentes driccedila
embonar embono embornal encalamentos encapelar encodar-se enfrechadura enora
envergar envergues escassear escatelado escoa escorrer escoteira escotilha escouves
estibordo estiva estribos estribordo estrinca ferrar folgar garrucha gaacutevea gio guinada
guinar iccedilar lais leme levaliame linguete maccedilame madre majarrona malaqueta
michelos moucarrotildees nabo naacuteutico orthodomia ostaes ostagas pairar palmejar
polomas palomba patelha pinccedilote pontal ponte porca proejar rabada resbordo rumo
salamear salema sapatilho sarpar sejar sirgideiras sobrecevadeira socairo sumeas
trinca troccedila vela vergueiro xaretas ximea peacute tamboretes
d) Entre as 153 unidades o dicionaacuterio de Laudelino Freire contabiliza 136 termos naacuteuticos o
que corresponde a 8888 abotoaduras abroquelar accedilafratildeo agarruchar alcaxas aldrope
alforjes almeida amura amurada anrique arfar arrear arruela avencadura banzeiro
barcolas barquilha bastardo beque bigotas bolinete bombordo botalos bracear braccedilo
braga bragueiro brandal briol burra cabrestos cachola calabre calabrote calafeto
calcez calma calmaria carlinga carregadeira cevadeira chapeleta chapiteacuteu chaveta
cheleira ciar cifar cintas clara colhedores contrapunho cossouro costa cruzar cunho
curvas curvatatildeo cutelos desaferrar desancorar descair dobrar dormente driccedila embonar
embono encalamento encapelar encodar-se enfrechadura enora envergar envergues
escassear escatelado escoa escorrer escoteira escotilha escouves estibordo estiva
estribo estribordo estrinca ferrar garruchas gaacutevea gio guinada guinar iccedilar lais leme
170
leva liame madre majarrona malaqueta michelos molhelhas moucarrotildees nabo naacuteutico
ostaes ostaga pairar palmejar palomas palomba patelha pinccedilote pontal ponte porca
proejar rabada rabeca resbordo rumo salemasapatilho sarpar sirgideiras
sobrecevadeira sobregata socairo sumeas trinca troccedila vela vergueiroxareta peacute
tamboretes
e) Dos 153 termos que constituem nosso corpus o Novo Dicionaacuterio Aureacutelio da Liacutengua
Portuguesa registra 105 unidades leacutexicas como termo naacuteutico correspondendo a 6862 dos
dados abotoaduras aldrope almeida amura amurada anrique arfar arriar banzeiro
barbear bastardo beque bigota bolinete bombordo botaloacute bracear braccedilo braga
brandal briol burro cabresto calabre calabrote calcecircs calma calmaria carlinga
carregadeira cevadeira chapeleta chaveta ciar cinta clara colhedor contrapunho corda
costa cruzar cunho curva curvatatildeo cutelodesancorar descair dobrar dormente driccedila
embonar embono embornal encapelar enfrechadura enora envergar envergues
escatelado escoa escoteira escotilha escouves estibordo estiva estribo ferrar garrocha
gaacutevea gio guinada guinar iccedilar lais leme leva linguete madre majarrona molhelha
nabo ortodromia ostaes ostaga pairar palomba patelha pinccedilote pontal ponte proejar
resbordo rumo sapatilho sarpar sobregata socairo sumeas trinca vela vergueiro
xareta ximea peacute tamboretes
f) O Banco de Dados do Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI
XVII XVIII registra 56 unidades leacutexicas (366) com significado que remetem ao mundo da
navegaccedilatildeo amuradas arfar arriar arruela avencadura banzeiro barbear beque
bombordo brandaes cabresto calabrecircs calabrotes calafeto calma calmarias cevadeira
chapiteo chavetas cordas ciar costa cruzar curvas dlsquoavante descahir dobrar
dormentes driccedilas embornaes encapelar escacear escoas escotilha estibordo estiva
ferrar gaacutevea guinada guinar iccedilar lais leme liames maccedilamenaacuteutico ostagas pairar
rabada resbordo rumo sarpar socairo vela tamboretes trinca
55 Sobre a marca de uso ldquotermo naacuteuticordquo
551 Variaccedilatildeo no Diccionario de Lingua Brasileira
As unidades do corpus em anaacutelise satildeo marcadas como (t naut) 117 ocorrecircncias
correspondendo a 765 dos dados (entre naacuteuticos) 21 ocorrecircncias ou 138 dos dados (t
naacuteutico) 9 ocorrecircncias contabilizando 59 (t nau) 1 ocorrecircncia o que correponde a 06
171
do total dos dados analisados Contabilizamos ainda 5 unidades lexicas ou 32 que natildeo
recebem marcas de uso mas vemos pela definiccedilatildeo que satildeo termos naacuteuticos a saber palomas
barquilha proejar naacuteutico vela
IMAGEM 9 Unidades lexicais natildeo marcadas como termo naacuteutico
552 Variaccedilatildeo em outros dicionaacuterios
Completada a verificaccedilatildeo da marca terminoloacutegica no Diccionario de Lingua
Brasileira resolvemos observar a terminologia naacuteutica adotada nos outros dicionaacuterios
utilizados nesta pesquisa como referecircncia As unidades do corpus satildeo marcadas nessas obras
como i) em Bluteau rarr termo de navegantes termo de navio termo de marinhagem termo
naacuteutico termo de barqueiros ii) em Moraes e Silva rarr termo de naacuteutica na naacuteutica termo
naacuteutico entre os nautas entre barqueiros iii) em Laudelino Freire rarr termo da naacuteutica
termo de navegaccedilatildeo termo de navegaccedilatildeo fluvial termo da marata ou marinha iv) em
Aureacutelio rarr termo da marinha (23 termos) termo da marinhagem (60 termos) termo naacuteutico
(01 termo) termo de construccedilatildeo naval (31 termos) Encontramos em todas essas obras
citadas algumas unidades que natildeo recebem marcas de uso mas vemos pela definiccedilatildeo que
pertencem ao universo naacuteutico
Como termo naacuteutico Aureacutelio marca somente a unidade lexical rumo Para esse
lexicoacutegrafo a marca terminoloacutegica marinhagem refere-se aos conhecimentos naacuteuticos
desenvolvidos e sistematizados pelos navegadores portugueses desde o Infante D Henrique
ateacute os fins do seacuteculo XVII Tais conhecimentos foram depois muito ampliados e
aprofundados e passaram a constituir a ciecircncia e a arte da navegaccedilatildeo sobre aacutegua denominada
172
naacuteutica De acordo com o mesmo dicionarista a marca terminoloacutegica marinha significa
ldquoaquilo que diz respeito ao serviccedilo de bordo dos navios agrave atividade de marinheiro agrave
navegaccedilatildeo por mar ou ainda conjunto de navios ou forccedilas navais ou por marrdquo Jaacute a marca
construccedilatildeo naval diz respeito agrave arte de construir navios e a marca naacuteutico eacute relativo a
marinheiro navegante e nauta por sua vez dizem respeito agrave navegaccedilatildeo Aureacutelio natildeo
classificou as unidades lexicais cruzar desancorar e sarpar e outras receberam mais de uma
classificaccedilatildeo
56 Quanto agrave origem
Para elucidar a origem dos termos como jaacute mencionamos no Capiacutetulo 3
consultamos o Dicionaacuterio Etimoloacutegico de A G Cunha poreacutem quando o termo natildeo constava
nesse dicionaacuterio lanccedilamos matildeo do Houaiss (2001) e se as palavras remetiam ao universo
aacuterabe do vocabulaacuterio de Sousa amp Moura intitulado Vestigios da Lingoa Arabica em Portugal
ou Lexicon Etymologico das palavras e nomes portuguezes que tem origem araacutebica
publicado em 1830 e impresso em ediccedilatildeo fac siacutemile em 2004
Quantificaccedilatildeo Total ndash quanto agrave origem dos termos naacuteuticos
a) Aacuterabe 07
b) Catalatildeo 02
c) Espanhol 16
d) Francecircs 23
e) Grego 01
f) Inglecircs 02
g) Italiano 11
h) Portuguesa 55
i) Provenccedilal 01
j) Onomatopaica 01
k) Incerta 28
l) Natildeo encontradas 06
173
a Termos de origem aacuterabe
Accedilafratildeo (do ar Az-zafaran cf Cunha 1982)
Alforge (do ar al-hurg cf Cunha 1982)
Almeida (Sousa amp Moura 1830)
Cifa (do ar satildeifa cf Cunha 1982)
Cifar (do ar satildeifacirc cf Cunha 1982)
Salamear (do ar salama cf Sousa amp Moura 1830)
Xaretas (do ar vulgar šarīta cf Cunha 1982)
b Termos de origem catalatilde
Brandaes (do catalatildeo brandal cf Cunha 1982)
Escoa (do catalatildeo escoa cf Cunha 1982)
c Termos de origem espanhola
Anrique (castelhano lt neerlandesa cf Cunha 1982)
Arriar (castelhano lt latim cf Cunha 1982)
Barcolas (espanhol lt latim cf Cunha 1982)
Barquilha (espanhol lt latim cf Cunha 1982)
Briol (castelhanoltfrancesa cf Cunha 1982)
Ciar-se (castelhano cf Cunha 1982)
Embonar (castelhano cf Cunha 1982)
Embono (castelhano cf Cunha 1982)
Garrucha (castelhano Cunha 1982)
MajarronaBujarrona (castelhano lt latim baacuterbaro cf Cunha 1982)
Ostagas (castelhano lt germacircnico cf Cunha 1982)
Patelha (espanhol cf Aureacutelio 2004)
Pinccedilote (castelhano cf Houaiss 2001)
Rumo (castelhano lt latim lt grego cf Cunha 1982)
Socairo (castelhano cf Cunha 1982)
Sarparzarpar (castelhano lt francesa lt latim tardio lt grego cf Cunha 1982)
d Termos de origem francesa
Abotoadura (do antigo francecircscf Cunha 1982)
Abroquelar (do antigo francecircscf Cunha 1982)
Arruela (do antigo francecircs lt latimcf Cunha 1982)
Avencadura (do antigo francecircs lt escandinavo antigo cf Cunha 1982)
Bastardo (do antigo francecircscf Cunha 1982)
174
Beque (do francecircs lt latimcf Cunha 1982)
Bolinete (do francecircs moulinet cf Cunha 1982)
Bombordo (do francecircs bacircbord lt neerlandecircs bakboord cf Cunha 1982)
Calabre (do antigo francecircs caable lt latim tardio cf Cunha 1982)
Calabrote (do antigo francecircs caable lt latim tardio cf Cunha 1982)
Carlinga (do francecircs carlingue lt escandinavo kerling cf Cunha 1982)
Chapeleta (lt antigo francecircs chapel cf Cunha 1982)
Escotilha (do antigo francecircs escoute (coute) derivado do goacutetico skautcf Cunha
1982)
Escoteira (do francecircs escoute lt goacutetico skaut cf Cunha 1982)
Enfrechadura (do francecircs fleche lt germacircnico cf Cunha 1982)
Estibordo (do francecircs antigo estribord lt neerlandecircs stierboord cf Cunha 1982)
Estribo (do antigo francecircs estriviegravere lt germacircnico cf Cunha 1982)
Estribordo (do francecircs antigo estribord lt neerlandecircs stierboord cf Cunha 1982)
Iccedilar (do francecircs hisser lt neerlandecircs hijsen cf Cunha 1982)
Ostaiestai (do antigo francecircs estaie lt germacircnico cf Cunha 1982)
Rabeca (do francecircs rebec lt antigo francecircs rebebe lt aacuterabe rābab cf Cunha 1982)
Resbordo (do francecircs ribord cf Cunha 1982)
Tamboretes (do francecircs tambouret cf Cunha 1982)
e Termos de origem grega
ortodromia
f Termos de origem inglesa
Aldrope (Do inglecircs guide-ropecf Cunha 1982)
Estrinca (Do inglecircs string cf Laudelino Freire 1949)
g Termos de origem italiana
Calma (lt latina cf Cunha 1982)
Calmaria (lt latina cf Cunha 1982)
Calafeto (aacuterabe lt latim vulgar cf Cunha 1982)
Calcez (latim tardio lt latim lt grego cf Cunha 1982)
Driccedila (lt francecircs cf Aureacutelio 2004)
Encodar-se (cf Moraes e Silva 1813)
Estiva (lt latim cf Cunha 1982)
Gaacutevea (lt latim cf Cunha 1982)
Linguete (lt latim cf Cunha 1982)
175
Palomas (do italiano meridional cf Cunha 1982)
Palomba (do italiano meridional cf Cunha 1982)
h Termos de origem portuguesa
Amura (ltlatina cf Cunha 1982)
Amurada (ltlatina cf Cunha 1982)
Banzeiro (ltlatina cf Cunha 1982)
Barbear (ltlatina cf Cunha 1982)
Bigotas (lt latina cf Cunha 1982)
Bracear (ltlatina cf Cunha 1982)
Braccedilo (ltlatina cf Cunha 1982)
Braga (ltlatina cf Cunha 1982)
Bragueiro (ltlatina cf Cunha 1982)
Burra (ltlatina cf Cunha 1982)
Cabresto (ltlatina cf Cunha 1982)
Carregadeiras (ltlatina cf Cunha 1982)
Cevadeira (ltlatina cf Cunha 1982)
Chaveta (ltlatina cf Cunha 1982)
Cinta (ltlatina cf Cunha 1982)
Clara (ltlatina cf Cunha 1982)
Colhedor (ltlatina cf Cunha 1982)
Contrapunho (ltlatina cf Cunha 1982)
Corda (latina lt grega cf Cunha 1982)
Costa (ltlatina cf Cunha 1982)
Cruzar (ltlatina cf Cunha 1982)
Cunho (ltlatina cf Cunha 1982)
Curva (ltlatina cf Cunha 1982)
Curvatatildeo (ltlatina cf Cunha 1982)
Cutelo (ltlatina cf Cunha 1982)
D‟avante (ltlatina cf Cunha 1982)
Desaferrar (ltlatina cf Cunha 1982)
Desancorar (latina lt grega cf Cunha 1982)
Descahir (ltlatina cf Cunha 1982)
Dobrar (ltlatina cf Cunha 1982)
Dormente (ltlatina cf Cunha 1982)
176
Encapelar (ltlatina cf Cunha 1982)
Enora (ltlatina cf Cunha 1982)
Envergar (ltlatina cf Cunha 1982)
Envergues (ltlatina cf Cunha 1982)
Escacear (ltlatina cf Cunha 1982)
Escorrear (ltlatina cf Cunha 1982)
Ferrar (ltlatina cf Cunha 1982)
Folgar (ltlatina cf Cunha 1982)
Leva (ltlatina cf Cunha 1982)
Liame (ltlatina cf Cunha 1982)
Madre (ltlatina cf Cunha 1982)
Naacuteutico (latina lt grega cf Cunha 1982)
Nabo (ltlatina cf Cunha 1982)
Palmejar (ltlatina cf Cunha 1982)
Pontal (ltlatina cf Cunha 1982)
Ponte (ltlatina cf Cunha 1982)
Porca (ltlatina cf Cunha 1982)
Proejar (ltlatina cf Cunha 1982)
Rabada (ltlatina) cf Cunha 1982
Sobrecevadeira (ltlatina cf Cunha 1982)
Sobregata (ltlatina cf Cunha 1982)
Vela (ltlatina cf Cunha 1982)
Vergueiro (ltlatina cf Cunha 1982)
Peacute (ltlatina cf Cunha 1982)
i Termos de origem provenccedilal
Pairar (lt latim cf Cunha 1982)
j Termo de origem onomatopaica
Botalos (Houaiss 2001)
k Termos de origens controvertida incerta duvidosa obscura
Aba (de origem duvidosa (latim) cf Cunha 1982)
Agarruchar (de origem duvidosa (ceacuteltico) cf Cunha 1982)
Alcaxas (de origem controvertida cf Houaiss 2001)
Alestar (de origem obscura cf Cunha 1982)
Arfar (de origem duvidosa (latim vulgar) cf Cunha 1982)
177
Buccedilardas (origem controvertida cf Bluteau 1712)
Cachola (origem duvidosa (latim vulgar) cf Cunha 1982)
Canjar (origem duvidosa (italiana) cf Houaiss 2001)
Cossouro (de origem obscura cf Cunha 1982)
Embornal (de origem incerta (italiana) cf Cunha 1982)
Escatelado (de origem controvertida cf Cunha 1982)
Escouves (de origem incerta (castelhana) cf Cunha 1982)
Gio (de origem obscura cf Cunha 1982)
Guinar (de origem obscura cf Cunha 1982)
Guinada (de origem obscura (anglo saxatildeo) cf Cunha 1982)
Lais (de origem obscura cf Cunha 1982)
Leme (de origem obscura cf Cunha 1982)
Malaqueta (de origem obscura cf Houaiss 2001)
Michelos (de origem obscura cf Houaiss2001)
Molhelha (de origem controvertida (catalatildeo) cf Aureacutelio 2004)
Moucarratildeo (de origem obscura cf Aureacutelio 2004)
Salema (de origem obscura cf Cunha 1982)
Sapatilhos (de origem duvidosa (turco) cf Cunha 1982)
Siar (de origem obscura cf Cunha 1982)
Sumeas (de origem duvidosa (aacuterabe) cf Cunha 1982)
Trinca (de origem incerta (antigo francecircs lt antigo escandinavo cf Cunha 1982)
Troccedila (de origem obscura cf Cunha 1982)
Ximeas (de origem duvidosa (aacuterabe) cf Cunha 1982)
l Termos de origens natildeo encontradas
Chapiteo
Cheleira
Maccedilame
Encalamentos
Sejar
Sirgideiras
Observando os resultados expostos acima vimos que a predominacircncia entre as
origens dos termos eacute Portuguecircs lt Latim com 55 unidades lexicais Isso corresponde a
3595 das ocorrecircncias totais Em segundo lugar destacam-se os termos de origem
178
controvertida incerta duvidosa e obscura satildeo 28 termos o que corresponde a 1831 do
total de dados Os nomes de origem francesa figuram em terceiro lugar com 23 ocorrecircncias
ou 1503 do total dos dados Em seguida em quarta posiccedilatildeo temos os nomes de origem
espanhola com 16 ocorrecircncias ou 1046 do total dos dados Os nomes de origem italiana
estatildeo em quinto lugar com 11 dados ou 719 do total dos termos analisados Os termos
aacuterabes contabilizam 07 ocorrecircncias ou 458 do total dos dados Em quantidade menor temos
os termos em catalatildeo (02 ocorrecircncias 130 do total de dados) em inglecircs (02 ocorrecircncias
130 do total de dados) em grego (01 ocorrecircncia 065 do total de dados) em provenccedilal
(01 ocorrecircncia 065 do total de dados) e de origem onomatopaica (01 ocorrecircncias 065
do total de dados) Alguns termos (06 ocorrecircncias 393 do total de dados) natildeo tiveram suas
origens apontadas por nenhuma obra que consultamos Satildeo eles chapiteo cheleira maccedilame
encalamentos sejar sirgideiras
Por se tratar de uma heranccedila portuguesa toda a terminologia naacuteutica presente no
Diccionario de Lingua Brasileira se restringe em sua maior parte como podemos ver a
termos oriundos da Europa
Passemos no proacuteximo capiacutetulo agraves Consideraccedilotildees finais
179
Capiacutetulo 6
180
Capiacutetulo 6 ndash Consideraccedilotildees finais
Esta dissertaccedilatildeo teve como objetivo realizar um estudo do leacutexico correspondente agrave
terminologia naacuteutica presente no Diccionario da Lingua Brasileira publicado por Luiz
Maria da Silva Pinto proprietaacuterio da Typografia de Silva na cidade mineira de Ouro Preto no
ano de 1832
Tivemos como objetivos especiacuteficos estudar as origens dos termos naacuteuticos
conferir se os termos selecionados se encontravam presentes em obras lexicograacuteficas de
referecircncia nos seacuteculos XVIII XIX XX e se os mesmos mantiveram seus significados e
ainda se constavam como ldquotermos naacuteuticosrdquo consultar o corpus do Projeto DHPB CNPq
(composto por documentos e textos da eacutepoca colonial) com o objetivo de verificar se os
termos constantes no Diccionario da Lingua Brasileira integraram no passado o nosso
leacutexico verificar se a terminologia naacuteutica presente no Diccionario da Lingua Brasileira
descreve a realidade brasileira nessa aacuterea ou se faz parte desse dicionaacuterio somente com o
objetivo de enriquecer nosso leacutexico apontar os termos naacuteuticos do dicionaacuterio Aureacutelio ndash seacuteculo
XXI comparar esses termos com o primeiro dicionaacuterio impresso no Brasil ou seja o
Diccionario da Lingua Brasileira verificando se houve manutenccedilatildeo expansatildeo ou mudanccedila
nesse leacutexico de especialidade contribuir para o desenvolvimento da investigaccedilatildeo histoacuterica na
aacuterea da Terminologia disponibilizando um estudo da aacuterea de especialidade devidamente
analisado
Nosso interesse em pesquisar a terminologia naacuteutica nesse dicionaacuterio que se
intitula o primeiro dicionaacuterio da liacutengua brasileira pautou-se nas seguintes questotildees i) Quais
seriam os primeiros termos que fizeram parte de um dicionaacuterio brasileiro ii) Eles se mantecircm
ainda na liacutengua ou seja satildeo dicionarizados Essa terminologia fazia parte realmente do leacutexico
brasileiro da eacutepoca ou era ldquoidealrdquo que fizesse
Aleacutem de termos naacuteuticos o DLB marca termo anatomico termo de bombeiros
termo de architectura termo de geometria termo meacutedico termo militar termo de artilheria
termo de fortificaccedilatildeo termo forense termo familiar termo juriacutedico termo methaphysico
termo mythologico termo de pintura termo plebeu termo vulgar termo baixo Nosso
interesse se voltou para os termos naacuteuticos por serem esses os de maiores ocorrecircncias na obra
estudada Analisamos 153 unidades leacutexicas terminoloacutegicas sendo 117 substantivos 3
adjetivos 32 verbos e 2 adveacuterbios
Apoacutes leitura da obra seleccedilatildeo de termos construccedilatildeo do corpus e anaacutelise dos dados
constatamos que os substantivos se destacam com 7647 dos dados os adjetivos com 196
181
e os adveacuterbios com 065 Surpreendeu-nos a quantificaccedilatildeo dos verbos 2092 em valores
numeacutericos 32 nuacutemero expressivo em se tratanto de leacutexico especializado Desses verbos o
Dicionaacuterio Aureacutelio Seacuteculo XXI traz somente 17 arfar arriar barbear bracear ciar-se
cruzar descair dobrar embonar encapelar envergar ferrar guinar iccedilar pairar proejar
sarpar Consultando o Banco de Dados do PDHPB contamos 14 desses verbos arrolados
arfar arriar barbear ciar cruzar descahir dobrar encapelarescacear ferrar guinar
iccedilar pairar sarpar Todos esses termos conforme podemos constatar dicionarizados
tambeacutem pelo Aureacutelio com exceccedilatildeo de bracear embonar envergar guinar proejar Isso nos
leva a pensar que em se tratando da realidade brasileira Silva Pinto apresentou um nuacutemero
bem maior de verbos com a marca de uso ldquonaacuteuticosrdquo
Interessante tambeacutem eacute observar que os termos naacuteuticos que satildeo inseridos na obra
de Luiz Maria da Silva Pinto satildeo muito superiores quase trecircs vezes ao nuacutemero que o Banco
de Dados consultado aponta 56 termos Contemporaneamente essa marca terminoloacutegica
tambeacutem eacute menor jaacute que o Aureacutelio registra 105 termos naacuteuticos Observamos ainda variaccedilotildees
na marca de uso ldquotermo naacuteuticosrdquo o que indica sub-especialidades nessa aacuterea jaacute na eacutepoca do
Brasil colocircnia Nossa anaacutelise mostra que a terminologia apontada por Silva Pinto natildeo
retratava satisfatoriamente a realidade da eacutepoca nem se manteacutem totalmente hoje
No que se refere agrave origem constatamos a predominacircncia de nomes de origem
portuguesa 3595 das ocorrecircncias totais Em se tratando de base europeia bastante
representativos tambeacutem foram os termos de origem francesa espanhola e italiana Em
segundo lugar contabilizamos os nomes de origens incerta controvertida duvidosa e obscura
com 1831 de ocorrecircncias Acreditamos que esse iacutendice alto de palavras de origem natildeo
identificada se deve ao fato de muitos desses termos que retratam equipamentos artefatos
processos ou teacutecnicas da navegaccedilatildeo terem sido cunhados em um paiacutes e usados em outros por
pessoas na maioria das vezes quase sem nenhuma escolaridade como eacute o caso de muitos
marinheiros Natildeo encontramos nenhum termo naacuteutico de origem americana de liacutenguas
indiacutegenas caribenhas ou preacute-colombianas natildeo encontramos tambeacutem termos hiacutebridos nem
africanos
Entatildeo em se tratando da terminologia naacuteutica como se justifica uma obra se
intitular Diccionario da Lingua Brasileira se natildeo identifica nem descreve os termos de sua
eacutepoca Conforme Biderman (1994 p 27) os dicionaacuterios devem ser uma espeacutecie de porta-
voz da sociedade falar em nome dela e reunir em sua nomenclatura o repertoacuterio lexical em
uso na sua sociedade e da forma pela qual ela usualmente se exprime Inserindo-nos no
periacuteodo histoacuterico da publicaccedilatildeo do dicionaacuterio isto eacute dez anos apoacutes a Independecircncia do Brasil
182
em uma sociedade que comeccedilava a discutir a questatildeo da ldquoliacutengua brasileirardquo acreditamos que
Luiz Maria da Silva Pinto brasileiro mas de formaccedilatildeo lusitana detentor de ideologias
historicamente contruiacutedas quis contribuir com a constituiccedilatildeo da sociedade brasileira
acreditando que fornecer um leacutexico de origem europeia ou ldquobem formadordquo era seu dever
como brasileiro culto e proprietaacuterio de uma tipografia Com base em nosso estudo podemos
dizer que seu dicionaacuterio eacute prescritivista
Neste ainda iniacutecio de seacuteculo quando a lexicografia contemporacircnea passou a ver
o dicionaacuterio de liacutengua sob outra oacutetica40
atribuindo isso ao reconhecimento de seu verdadeiro
papel que eacute o de registrar a norma lexical que impera em uma sociedade41
acreditamos que
os resultados de nossa anaacutelise trazem elementos para a histoacuteria da lexicografia e da
terminologia brasileira jaacute que passamos a conhecer um pouco mais o seu iniacutecio estudando
uma obra que como mostramos em 14 natildeo eacute o primeiro Diccionario da Lingua Brasileira
mas eacute o primeiro dicionaacuterio impresso no Brasil
40
BIDERMAN 1994 p 28 41
Ibidem
183
Referecircncias
184
Referecircncias
ARAUacuteJO P M B Hum diccionario sem auctor versus hum auctor com diccionario Rio de
Janeiro Non Edictandi 2009
BABINI M Do conceito agrave palavra os dicionaacuterios onomasioloacutegicos Satildeo Paulo Ciecircncia e
Cultura (SBPC) v 2 2006 p 38-42
BARROS L A Conhecimentos de terminologia geral e praacutetica tradutoacuteria Satildeo Paulo
NovaGraf 2007
BARROS L A Curso baacutesico de Terminologia Satildeo Joseacute do Rio Preto Editora UNESP
2009
BIDERMAN M T C A formaccedilatildeo e a consolidaccedilatildeo da norma lexical e lexicograacutefica no
Portuguecircs do Brasil in Histoacuteria do saber lexical e constituiccedilatildeo de um leacutexico brasileiro JH
NUNES e M PETTER (Org) Satildeo Paulo Humanitas Campinas Pontes 2002
BIDERMAN M T C A nomenclatura de um dicionaacuterio de liacutengua In Anais do Seminaacuterio
do Grupo de Estudos Linguiacutesticos (Gel) Satildeo Paulo v1 n23 24-42 1994
BIDERMAN M T C As Ciecircncias do Leacutexico In Ana Maria Pinto de Olveira Aparecida
Negri Isquerdo (Orgs) As Ciecircncias do Leacutexico Lexicologia Lexicografia Terminologia
Campo Grande Ed UFMS 1998
BIDERMAN M T C Dimensotildees da Palavra In Filologia e Linguiacutestica Portuguesa n 2 p
81-118 1981
BIDERMAN M T C Teoria Linguiacutestica teoria lexical e linguiacutesitica computacional Satildeo
Paulo Martins Fontes 2001
BIDERMAN M T C Unidades complexas do leacutexico In Rio-Torto G Figueiredo O M
Silva F (orgs) Estudos em Homenagem ao Professor Doutor Maacuterio Vilela 1ordf ed Porto
Portugal Faculdade de Letras da Universidade do Porto 2005 v II p 747-757 Disponiacutevel
em httplerletrasupptuploadsficheiros4603pdf
BIDERMAN MTC A estrutura mental do leacutexico In Estudos de Filologia Satildeo Paulo T A
QueirozEDUSP p131-145 1981
BIDERMAN Maria Teresa Camargo Leacutexico testemunho de uma cultura In Anais do XIX
Congresso internacional de Linguiacutestica e Filologia Romacircnica Santiago de Compostela 49
de setembro de 1978
BLUTEAU R Vocabulario Portuguez e Latino Coimbra Companhia de JESUS 1712
BOXER C R O Impeacuterio Mariacutetimo Portuguecircs Satildeo Paulo Companhia das Letras 2002
BUENO E Brasil Terra agrave vista Porto Alegre LGPM 2003
BYNON T Historical Linguistics London CUP 1977
185
CABREacute M T Importancia de la terminologiacutea en la fijacioacuten de la lengua Revista
internacional de liacutengua portuguesa Lisboa Editorial Notiacutecias n 15 jul 96 p9-24
CABREacute M T La terminologia Teoria Metodologia Aplicacio-nes Barcelona
AntaacutertidaEmpuacuteries 1993
CABREacute M T Lexicologia y variacioacuten hacia um modelo integrado In Simpoacutesio
Iberoamericano de Terminologia RITERM 1996
CABREacute M Teresa 1999 La terminologiacutea ndash representacioacuten y comunicacioacuten Barcelona
IULA Universitat Pompeu Fabra
CAacuteCERES F Histoacuteria do Brasil Satildeo Paulo Modernas 1993
COHEN M A A M A liacutengua do seacuteculo XVII e a liacutengua contemporacircnea In Anais do XI
Encontro Internacional da ALFAL Las Palmas (Gram Canaacuteria) 1996
CORREIA M Terminologia e morfologia marcas morfoloacutegicas da geacutenese do vocabulaacuterio da
Naacuteutica em portuguecircs Disponiacutevel em lthttpwwwiltecptpdfwpapers2004-mcorreia-
barcelonapdfgt Acesso em 20 Abr 2011
COSERIU E Sincronia diacronia e histoacuteria O problema da mudanccedila linguiacutestica Rio de
Janeiro Presenccedila Satildeo Paulo EDUSP 1979
COSTA FILHO M A Imprensa Mineira no Primeiro Reinado Rio de Janeiro [sn] 1955 62p (Tese apresentada ao VI Congresso Nacional de Jornalistas)
CUNHA A G da Dicionaacuterio Etimoloacutegico da Liacutengua Portuguesa 3ordf ediccedilatildeo 2ordf impressatildeo
Rio de Janeiro Lexikon Editora Digital 2007
CUNHA A G da Dicionaacuterio Etimoloacutegico Nova Fronteira da Liacutengua Portuguesa 2ordf ediccedilatildeo
Rio de JaneiroNova Fronteira 1987
DIAS L F BEZERRA M A Gramaacutetica e Dicionaacuterio In GUIMARAtildeES E
ZOPPIFONTANA (Orgs) Introduccedilatildeo agraves Ciecircncias da Linguagem ndash A Palavra e a Frase
Campinas Pontes Editores p 11-37 2006
ESQUADRA Disponiacutevel em lthttpwwwgooglecombrsearch3Fq3D2522Marinha
2BImperial2BBrasileiragt Acesso em 1 Abr 2011
ESQUIVEL F M C La lexicografia em las variedades no estaacutendar Jaeacuten- Espanha Editora
da Universidade de Jaeacuten 2001
FARACO C A Linguiacutestica histoacuterica Satildeo Paulo Aacutetica 1991
FAULSTICH E Princiacutepios formais e funcionais de variaccedilatildeo em terminologia Seminaacuterio de
Terminologia Teoacuterica Barcelona Espanha 28-29 de jan 1999
FERREIRA A B de H Novo Dicionaacuterio Eletrocircnico Aureacutelio versatildeo 50 Satildeo paulo Nova
Fronteira 2003 CD-ROM
186
FERREIRA A B de H Novo Dicionaacuterio Rio de Janeiro Nova Fronteira 1987
FINATTO M J B Introduccedilatildeo agrave Terminologia teoria e praacutetica Satildeo Paulo Contexto 2004
FREIRE L Grande e Noviacutessimo Dicionaacuterio da Liacutengua Portuguesa 1ordf ediccedilatildeo 1ordf impressatildeo
Rio de Janeiro Editocircra A Noite SA 1939 ∕ 1944
FREITAS M A Teixeira Os Serviccedilos Estatiacutesticos do Estado de Minas Gerais Revista
Brasileira de Estatiacutestica Ano I nordm 1 janmar 1940 p108-130
GUILBERT L La creativiteacute lexicalie Paris Larousse 1992
HAENSCH G WOLF L ETTINGER S WERNER R La lexicografia ndash de la linguiacutestica
teoacuterica a la lexicografia praacutectica Madrid Gredos 1982
HOUAISS A Dicionaacuterio Houaiss da liacutengua Portuguesa Rio de Janeiro Objetiva 2001
In OLIVEIRA Ana M P P de e ISQUERDO Aparecida N (orgs) As ciecircncias do leacutexico
lexicologia lexicografia terminologia Campo GrandeMS Editora da UFMS 1989 p 129-
149
ISQUERDO A N ALVES I M As ciecircncias do Leacutexico Lexicologia Lexicografia
Terminologia v3 Campo Grande Editora da UFMS 2007
KRIEGER M da G Do reconhecimento de terminologias entre o linguiacutestico e o textual In
IS QUERDO AN amp KRIEGER MG As Ciecircncias do Leacutexico 2 UFMS UFRGS Campo
GrandePorto Alegre 2006
KRIEGER M da G FINATTO Maria J B Introduccedilatildeo agrave Terminologia teoria amp praacutetica
Satildeo Paulo Contexto 2004
LEPSCHY J Leacutexico Enciclopeacutedia Einaudi linguagem e enunciaccedilatildeo v 2 Portugal
Imprensa Nacional-Casa da Moeda 1984
LORENTE M A lexicologia como ponto de encontro entre a gramaacutetica e a semacircntica In
ISQUERDO A N e KRIEGER MG As ciecircncias do leacutexico vol II Campo Grande Editora
UFMS 2004
MAPA Disponiacutevel em lthttpacademiagoianadeletrasorgmembroluiz-maria-da-silva-
pintogt Acesso em 1 abr 2011
MARINHA IMPERIAL Disponiacutevel em lthttpwwwmarmilbrdiversosArtigos_
selecionadosDocumentosmarinha_imperialpdfgt Acesso em 25 Abr 2011
MATOREacute G La meacutethode en lexicologie Domaine franccedilais Paris Didier 1953
MINEIRO A Uma abordagem lexical da Terminologia Naacuteutica no PE In Actas do IX
Simpoacutesio ibero-americano de Terminologia Barcelona Barcelona Espanha 2006
187
MURAKAWA C A (1998) Tradiccedilatildeo lexicograacutefica em liacutengua portuguesa Bluteau Moraes
e Vieira In OLIVEIRA AMPP amp ISQUERDO A N (orgs) As ciecircncias do leacutexico
lexicologia lexicografia terminologia v3 Campo Grande Editora da UFMS 2007
MURAKAWA C A A Dicionaacuterio Histoacuterico do Portuguecircs do Brasil um modelo de
dicionaacuterio Histoacuterico In ALVES Ieda Maria e Lino Maria Tereza (Org) Revista de
Filologia e Linguiacutestica Portuguesa Satildeo Paulo FFLCHUSP 2010 v 12 p 329-349
MURAKAWA C de A A Empreacutestimo linguiacutestico interno um estudo sobre o vocabulaacuterio
da naacuteutica portuguesa In Histoacuteria da Liacutengua e Histoacuteria da Gramaacutetica Actas do Encontro
Coleccedilacirco Poliedro 11 Braga Portugal Universidade do Minho Centro de Estudos
Humaniacutesticos 2002
MUSSALIM F BENTES A C (Orgs) Introduccedilatildeo agrave Linguiacutestica 6 ed Satildeo Paulo Cortez
2001 v 1-2
NAVEGACcedilOtildeES Disponiacutevel em lthttpwwwgooglecombrsearchhl=ptgt Acesso em 1
Abr 2011
NEIVA A Estudos da liacutengua nacional Satildeo Paulo Brasiliana 1940
NUNES J H Dicionaacuterios no Brasil anaacutelise e histoacuteria do seacuteculo XVI ao XIX Campinas
Pontes 2006
NUNES J H Discurso e Instrumentos Linguiacutesticos no Brasil dos Relatos de Viajantes aos
Primeiros Dicionaacuterios Campinas UNICAMP tese de doutorado 1996
NUNES J H e PETTER M (Orgs) Histoacuteria do saber lexical e constituiccedilatildeo de um leacutexico
brasileiro Satildeo Paulo Humanitas 2002 p 29-30
NUNES J H Histoire Epistemologie Langage Satildeo Paulo Humanitas 2006
OGDEN C K RICHARDS I A The Meaning of Meaning Londres Routledge amp Kegan
Paul 1923
OLIVEIRA A M P O portuguecircs do Brasil brasileirismos e regionalismos Tese de
Doutorado -UNESP Araraquara Satildeo Paulo 1999
ORGANISATION INTERNATIONALE DE NOTMALISATION Terminologie ndash
Vocabulaire Genebra ISO 1990 (Norme Internationale ISO 1087 1990)
ORLANDI E P O Estado a Gramaacutetica a Autoria Relatos n 4 jun Campinas UNICAMP
1997
PAVEL S NOLET D Manual de Terminologia Trad de FAULSTICH Enilde Disponiacutevel
em ltwwwURL wwwtranslationbureaugccagt
PERES D Histoacuteria dos descobrimentos portugueses Lisboa Comissatildeo executiva das
comemoraccedilotildees do Quinto Centenaacuterio da morte do Infante D Henrique 1959
188
PIGAFETTA A A primeira viagem ao redor do mundo o diaacuterio da expediccedilatildeo de Fernatildeo de
Magalhatildees Porto Alegre LampPM 1985
PINTO Luiz Maria da Silva Diccionario da Lingua Brasileira Ouro Preto Typographia de
Silva 1832
REY A (dir) Dictionnaire historique de la langue franccedilaise 2 vols Paris Le Robert 1992
REY Alan A terminologia entre a experiecircncia da realidade e o comando dos signos Satildeo
Paulo Humanitas 2007
RODRIGUES A D Liacutenguas indiacutegenas 500 anos de descobertas e perdas DELTA
vol9 n 1 pp 83-103 1993
SAUSSURE F ldquoNatureza do signo linguiacutesticordquo In Curso de Linguiacutestica Geral Satildeo Paulo
Cultrix 1970 pp 79-84
SEABRA Maria Cacircndida Trindade Costa (Org) O leacutexico em estudo Belo Horizonte Editora
FALEUFMG 2006
SEABRA Maria Cacircndida Trindade Costa Dom Joatildeo VI e o iniacutecio da imprensa no Brasil e
em Minas Gerais In Revista do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Minas Gerais Belo
Horizonte Santaclara volume XXXI julho de 2008
SILVA NETO Serafim da Introduccedilatildeo ao estudo da Liacutengua Portuguesa no Brasil 3 ed Rio
de Janeiro Presenccedila 1976
SILVA Antonio de Moraes e Diccionario da Lingua Portugueza 2ordf ediccedilatildeo Lisboa
Typographia Laceacuterdina 1813
SILVESTRE J P O Vocabulario Portuguez e Latino principais caracteriacutesticas da obra
lexicograacutefica de Rafael Bluteau Artigo disponiacutevel em lt
httpclpdlcuaptPublicacoesvocabulario_principais_caracteristicaspdfgt Acesso em 25
abr 2011
SOUSA F J de MOURA F J de S A Vestiacutegios da liacutengua araacutebica em Portugal Lisboa
Academia Real das Sciencias 1830 (ed Fac-simile Lisboa Alcalaacute 2004)
TAUNAY A Inopia cientiacutefica e vocabular dos grandes dicionarios portuguezes Satildeo
Paulo Imprensa Oficial 1932 182 p
THEODORO J Pensadores exploradores e mercadores dos mares oceanos e continentes
Satildeo Paulo Scipione 1994
ULLMANN S The Principles of Semantics Glasgow Jackson amp Oxford Blackwell 1957
VALE B Estrateacutegia poder mariacutetimo e a criaccedilatildeo da Marinha do Brasil In Revista Navigator
Rio de Janeiro Serviccedilo de Documentaccedilatildeo Geral da Marinha n 4 dezembro de 1971 p 10
189
VEIGA J P X da Efemeacuterides mineiras Ouro Preto [sn] 1897 p 47-52
VEIGA J P X da Palavras preliminares Revista do Arquivo Puacuteblico Mineiro Ouro Preto
ano 1 fasc I p III e IV janmar 1896
Agradecimentos
A Deus que tem cuidado dos meus caminhos tem me orientado e abenccediloado permitindo-me
alcanccedilar mais uma conquista
Aos meus pais que foram exemplos de vida para mim
Agrave Profordf Dra Maria Cacircndida Trindade Costa de Seabra orientadora na plena acepccedilatildeo da
palavra ao seu apoio incondicional constante e seguro com quem o estudo e o trabalho satildeo
experiecircncias gratificantes e extremamente enriquecedoras
Aos meus irmatildeos e irmatildes pela compreensatildeo e suporte durante toda a minha vida
Agraves minhas amigas itabiranas Ritinha Graccedila Andrade e Karine pela amizade e presenccedila o
meu carinho e gratidatildeo
Agrave Fernanda amiga querida a quem eu admiro pelo incentivo e confidecircncias nos momentos
difiacuteceis
Agrave Antocircnia pela presenccedila apoio disponibilidade e por cuidar dos meus filhos quando estive
ausente
Ao Paulo Araujo pessoa iacutempar que sempre atendeu com a maacutexima gentileza e
disponibilidade todas as solicitaccedilotildees que lhe fiz durante a pesquisa
Agrave Profordf Graccedila Lima pelo seu constante incentivo e abertura de horizontes intelectuais
Aos professores do Mestrado pelo profissionalismo sempre presente em todas as atividades
desenvolvidas
Meus agradecimentos especiais agrave Suely Perucci coordenadora do Museu dos Inconfidentes de
Ouro Preto e ao Dr Joseacute Mendonccedila Telles Coordenador do Centro de Cultura Goiana pela
disponibilidade e atenccedilatildeo as minhas solicitaccedilotildees
Agrave Elizabete e ao Joel por me acolherem carinhosamente em sua casa em Satildeo Joseacute do Rio
Preto ao participar do Seminaacuterio de Terminologia na UNESP
Enfim a todos vocecircs que fizeram diferenccedila nesta etapa de minha vida deixo registrado um
carinhoso muito obrigada
Chamam por mim as aacuteguas
Chamam por mim os mares
Chamam por mim levantando uma voz corpoacuterea os longes
As eacutepocas mariacutetimas todas sentidas no passado a chamar (Ode Mariacutetima Aacutelvaro de Campos)
Resumo
O presente trabalho tem como objetivo o estudo dos termos naacuteuticos constantes no
Diccionario da Lingua Brasileira (DLB) de Luiz Maria da Silva Pinto Publicado na cidade
de Ouro Preto Minas Gerais na Typografia Silva no ano de 1832 dez anos depois de
proclamada a independecircncia do Brasil esse dicionaacuterio eacute hoje considerado o primeiro
dicionaacuterio impresso nesse paiacutes De tamanho pequeno tem 1111 paacuteginas nos moldes atuais de
um ldquodicionaacuterio portaacutetilrdquo o DLB eacute um livro raro Para a realizaccedilatildeo desta pesquisa utilizamo-
nos do volume em formato digital da ediccedilatildeo microfilmada da obra realizada pelo Arquivo
Puacuteblico Mineiro localizado na capital mineira Belo Horizonte Inicialmente fizemos
levantamento das unidades leacutexicas que remetem ao mundo da navegaccedilatildeo observando as
ldquomarcas de usordquo que se referem agrave terminologia naacuteutica Partimos portanto de um corpus
dicionariacutestico de terminologia naacuteutica composto de 153 termos constituiacutedos de 117
substantivos 03 adjetivos 32 verbos e 1 adveacuterbio Em uma segunda etapa os dados foram
organizados em fichas lexicograacuteficas Para cada um dos termos construiacutemos uma ficha
lexicograacutefica que nos indica se o termo ocorreu ou natildeo no Brasil desde o periacuteodo colonial ateacute
os dias de hoje aleacutem de mostrar origens e outras informaccedilotildees importantes para anaacutelise
linguiacutestica Para os conceitos de leacutexico lexicologia apoiamo-nos em Haensch Biderman
Krieger e Finatto para a Terminologia em Barros Para a anaacutelise dos dados ao longo do
tempo tomamos como base norteadora a concepccedilatildeo de Linguiacutestica Histoacuterica tal como
apresentada por Bynon e Cohen Como partimos de um tema ou seja da terminologia
naacuteutica trabalhamos com o percurso ldquodo conceito agrave palavrardquo nos moldes do meacutetodo
onomasioloacutegico Em seguida estendemos nossa anaacutelise agrave palavra ou ao signo linguiacutestico -
percurso semasioloacutegico Nossa anaacutelise apontou uma terminologia de base europeia pouco
representativa da realidade mariacutetima brasileira pouco descritiva e bastante prescritiva
Palavras-chave Lexicografia Terminologia Liacutengua Brasileira Liacutengua Portuguesa
Minas Gerais
Abstract
This paper aims the study of nautical terms contained in the Brazilian Language Dictionary
(Diccionario da Lingua Brasileira) (DLB) Luiz Maria da Silva Pinto It was published in
Ouro Preto in Minas Gerais at Typography Silva in 1832 ten years after the proclamation of
the independence of Brazil This dictionary is now considered the first printed dictionary in
that country Its size is small but there are 1111 pages in the current pattern of a portable
dictionary The DLB is a rare book In the presented study we have used the volume in
digital format of the microfilm edition undertaken by the Arquivo Puacuteblico Mineiro that is
located in the capital of Minas Gerais Belo Horizonte At first we surveyed the lexical words
referring to the world of navigation noting the tags of use which refers to nautical
terminology We started the paper from a dicitionary corpus of nautical terminology
composed of 153 terms consisting of 117 nouns 03 adjectives 32 verbs and an adverb In a
second step the data were arranged in lexicographic forms In each of the words we wrote a
lexical form that shows us if the word was used or not in Brazil since the colonial era to the
present day besides showing the origins and other important information for linguistic
analysis We based ourselves on Haensch Biderman Krieger and Finatto for the concepts of
lexicon and lexicology and on Barros for the Terminology For data analysis we took as the
basis guiding the development of Historical Linguistics as presented by Cohen and Bynon As
we started from nautical terminology we worked towards ldquothe concept to word similar to the
method onomasiological Next we extended our analysis to the word or the sign language - a
route semasiology Our analysis revealed an European terminology and unrepresentative of
the Brazilian maritime context rather descriptive and prescriptive
Key-words Lexicography Terminology Language Brazilian Portuguese Minas Gerais
ABREVIATURAS E SIGLAS
Adj ndash adjetivo
Adv ndash adveacuterbio
Cf ndash Confira
DLB ndash Diccionario da Lingua Brasileira
DPB ndash Dicionaacuterio Portuguecircs-Brasiliano
LI ndash Liacutengua Indiacutegena
LP ndash Liacutengua Portuguesa
ne ndash natildeo encontrado
naacuteut ndash naacuteutico
p ndash Paacutegina
PDHPB ndash Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do Portuguecircs do Brasil
s ndash substantivo
sf substantivo feminino
sm ndash substantivo masculino
TN ndash Traduccedilatildeo nossa
v ndash verbo
VLB ndash Vocabulaacuterio na Liacutengua Brasiacutelica
lt ndash Procede de
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 ndash Classificaccedilatildeo morfoloacutegica dos dados analisados161
Tabela 2 ndash Classificaccedilatildeo do gecircnero dos dados analisados162
Tabela 3 ndash Quadro comparativo dos termos naacuteuticos164
LISTA DE GRAacuteFICOS
Graacutefico 1 ndash Unidades lexicais encontradas em dicionaacuterios e banco de dados163
Graacutefico 2 ndash Unidades lexicais destacadas como termo naacuteutico168
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 ndash Relaccedilatildeo Triaacutedica23
Figura 2 ndash Triacircngulo de Ogden e Richards adaptado por Biderman24
Figura 3 ndash Ficha lexicograacutefica57
Figura 4 ndash Ficha lexicograacutefica preenchida58
LISTA DE FOTOS
Foto 1 ndash Diccionario da Lingua Brasileira 32
Foto 2 ndash Detalhe da capa do Diccionario 33
Foto 3 ndash Casa de Silva Pinto em Ouro Preto35
Foto 4 ndash Localizaccedilatildeo da casa de Silva Pinto em Ouro Preto35
Foto 5 ndash Notiacutecia de Jornal37
Foto 6 ndash Diccionario Brasileiro (1832)38
Foto 7 ndash Prologo do Diccionario da Lingua Brasileira39
LISTA DE IMAGENS
Imagem 1 ndash Lista de abreviaturas proposta pelo Diccionario da Lingua Brasileira40
Imagem 2 ndash Primeira Esquadra brasileira46
Imagem 3 ndash Marinha Imperial48
Imagem 4 ndash Documentaccedilatildeo da obra digitalizada55
Imagem 5 ndash Obra consultada digitalizada pelo APM56
Imagem 6 ndash O Vocabulario de Bluteau60
Imagem 7 ndash O Diccionario de Moraes Silva61
Imagem 8 ndash Grande e Noviacutessimo Dicionaacuterio da Liacutengua Portuguesa de Laudelino Freire62
Imagem 9 ndash Unidades lexicais natildeo marcadas como termo naacuteutico171
LISTA DE MAPAS
Mapa 1 ndash As grandes navegaccedilotildees43
Mapa 2 ndash Terra Brasilis45
Sumaacuterio
Introduccedilatildeo 14
Capiacutetulo 1 ndash O Leacutexico em foco 17
11 Lexicologia 17
111 Leacutexico 19
1111 Leacutexico e Referecircncia 22
12 Lexicografia 25
121 Dicionaacuterio 26
1211 Os Dicionaacuterios na eacutepoca do Brasil Colocircnia 27
12111 Dicionaacuterios Bilingues29
12112 Dicionaacuterios Monolingues30
13 Terminologia 31
14 O Diccionario da Lingua Brasileira de Luiz Maria da Silva Pinto 32
Capiacutetulo 2 ndash Contextualizaccedilatildeo histoacuterica 42
21 As grandes navegaccedilotildees 42
22 As navegaccedilotildees na eacutepoca do Brasil Colocircnia 44
23 As navegaccedilotildees na eacutepoca do Brasil Impeacuterio 47
24 Consideraccedilotildees 48
Capiacutetulo 3 ndash Procedimentos Metodoloacutegicos 51
31 Objetivos 52
32 Caracteriacutesticas do Diccionario da Lingua Brasileira 54
33 Meacutetodos e Procedimentos 55
332 Fichas Lexicograacuteficas 57
332 Sobre os dicionaacuterios consultados 59
333 Sobre o Banco de Dados 63
Capiacutetulo 4 Apresentaccedilatildeo e descriccedilatildeo dos dados 65
Capiacutetulo 5 - Anaacutelise e discussatildeo dos resultados 161
51 Quanto agrave classificaccedilatildeo gramatical dos termos 161
52 Quanto agrave forma e gecircnero dos termos naacuteuticos do DLB 162
53 Quanto ao nuacutemero de unidades lexicais presentes em obras de referecircncia 163
54 Descriccedilatildeo e Comparaccedilatildeo dos Dados 168
55 Sobre a marca de uso termo naacuteutico 170
551 Variaccedilatildeo no Diccionario de Lingua Brasileira 170
552 Variaccedilatildeo em outros dicionaacuterios 171
56 Quanto agrave origem 172
Capiacutetulo 6 ndash Consideraccedilotildees Finais 180
Referecircncias 184
13
Introduccedilatildeo
14
Introduccedilatildeo
Conforme postulam Krieger e Finatto (2004 p 24) tomando como referecircncia
Rondeau (1984 p1) qualquer histoacuteria sobre as linguagens especializadas natildeo pode deixar de
lembrar que
A terminologia natildeo eacute um fenocircmeno recente Com efeito tatildeo longe quanto se
remonte na histoacuteria do homem desde que se manifesta a linguagem nos
encontramos em presenccedila de liacutenguas de especialidade eacute assim que se encontra a
terminologia dos filoacutesofos gregos a liacutengua de negoacutecios dos comerciantes cretas os
vocaacutebulos especializados da arte militar etc
Certamente a terminologia entendida como o leacutexico dos saberes teacutecnicos e
cientiacuteficos eacute uma praacutetica antiga Seu interesse deixa de estar restrito aos especialistas quando
as pessoas necessitam dominar o vocabulaacuterio especiacutefico de seus campos de competecircncia Isso
se daacute sobretudo em eacutepocas de grandes transaccedilotildees comerciais entre as naccedilotildees quando os
termos ultrapassam o acircmbito comercial expandindo-se para o mundo cientiacutefico tecnoloacutegico e
cultural
Integrando em uma proporccedilatildeo maior ou menor o cotidiano das pessoas esses
termos passam a ser inscritos em dicionaacuterios de liacutengua Consequentemente ampliam-se o
contato e o uso das terminologias mesmo com alteraccedilotildees denominativas e perdas conceituais
efeitos proacuteprios da divulgaccedilatildeo do conhecimento em grande escala
Todo esse conjunto de fatores sociais linguiacutesticos e culturais em torno do termo
despertou nosso interesse em pesquisar a terminologia naacuteutica no primeiro Diccionario da
Lingua Brasileira de Luiz Maria da Silva Pinto publicado na cidade mineira de Ouro Preto
no ano de 1832 Levaram-nos a propor esta pesquisa questotildees como i) quais seriam os
primeiros termos que fizeram parte de um dicionaacuterio que se intitula brasileiro ii) por que
eles seriam selecionados essa terminologia naacuteutica fazia parte realmente do leacutexico
brasileiro ou era ldquoidealrdquo que fizesse
Nossas discussotildees se dividiratildeo em 6 capiacutetulos
No capiacutetulo I intitulado O Leacutexico em foco abordaremos o estudo do leacutexico
como a aacuterea da liacutengua responsaacutevel por registrar o conhecimento do universo enfocando
principalmente os estudos realizados por Biderman Discorreremos acerca da lexicologia e da
lexicografia de seus pressupostos teoacutericos desenvolvidos por Matoreacute Haensch Biderman
Krieger e Finatto Discorreremos tambeacutem sobre os Dicionaacuterios na eacutepoca do Brasil Colocircnia
destacando as obras biliacutengues e monolingues A Terminologia seraacute enfocada neste capiacutetulo
15
com pressupostos definidos por Barros Ainda neste capiacutetulo trataremos do dicionaacuterio em
estudo e de seu impressor Luiz Maria da Silva Pinto
No capiacutetulo II Contextualizaccedilatildeo histoacuterica versaremos sobre as grandes
navegaccedilotildees destacando as navegaccedilotildees nas eacutepocas do Brasil Colocircnia e do Brasil Impeacuterio
No capiacutetulo III denominado Procedimentos metodoloacutegicos apresentaremos os
meacutetodos utilizados nas vaacuterias etapas do nosso estudo Enfocaremos os procedimentos
adotados para a coleta dos dados a construccedilatildeo do corpus a metodologia para a confecccedilatildeo das
fichas lexicograacuteficas que seratildeo apresentadas no capiacutetulo 4 e tambeacutem os criteacuterios empregados
para a seleccedilatildeo dos dicionaacuterios consultados Neste capiacutetulo baseando-nos em Murakawa
(2010) faremos um breve relato do Banco de Dados do Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do
Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI XVII XVIII base de dados usada como consulta neste
trabalho
No capiacutetulo IV intitulado Apresentaccedilatildeo e descriccedilatildeo dos dados apresentaremos
o nosso corpus referente agrave terminologia naacuteutica coletado na obra Diccionario da Lingua
Brasileira de Luiz Maria da Silva Pinto Os dados retirados do corpus seratildeo apresentados na
forma de fichas lexicograacuteficas contendo a) a transcriccedilatildeo do verbete selecionado b) registros
em dicionaacuterios c) abonaccedilatildeo do termo em Banco de Dados d) comentaacuterios e) origens Essas
informaccedilotildees serviratildeo de subsiacutedio para nossa anaacutelise linguiacutestica
No capiacutetulo V designado como Anaacutelise e discussatildeo dos resultados
apresentaremos anaacutelises quantitativas e discussatildeo de resultados
No capiacutetulo VI abordaremos algumas Consideraccedilotildees finais sobre nossa
pesquisa quando seratildeo relembrados nossos objetivos e as conclusotildees decorrentes das anaacutelises
propostas
16
Capiacutetulo 1
17
Capiacutetulo 1 ndash O Leacutexico em foco
Segundo Biderman (1998 p 11) o leacutexico de uma liacutengua constitui uma forma de
registrar o conhecimento do universo Atraveacutes de um processo criativo de organizaccedilatildeo o
homem rotula seres e objetos e os classifica simultaneamente identificando semelhanccedilas e
distinguindo traccedilos estruturando o mundo que o cerca Assim se processa a geraccedilatildeo do leacutexico
ou seja atraveacutes de atos sucessivos de cogniccedilatildeo da realidade e de categorizaccedilatildeo da
experiecircncia cristalizada em signos linguiacutesticos as palavras
Em vista disso o leacutexico que integra uma liacutengua conserva uma estreita relaccedilatildeo com
a histoacuteria soacutecio-cultural de uma comunidade jaacute que sintetiza a sua maneira de ver o mundo
recortando realidades e tambeacutem fatos de cultura Evidencia-se portanto como um espaccedilo de
produccedilatildeo de significaccedilatildeo articulado pelos elementos de ordem focircnica morfoloacutegica semacircntica
e gramatical como atesta Lepschy (1984 p 156) Todo o funcionamento da liacutengua em seus
vaacuterios niacuteveis parece constar de sistemas que giram agrave volta da palavra
Contemporaneamente em trecircs grandes aacutereas se divide o estudo da palavra ou o
estudo do leacutexico a Lexicologia a Lexicografia e a Terminologia De acordo com Biderman
(1998 p 7-8)
Embora complementares entre si essas aacutereas possuem objeto de estudo
metodologia e pressupostos teoacutericos distintos Enquanto a primeira ocupa-se dos
problemas teoacutericos que embasam o estudo do leacutexico a segunda estaacute voltada para as
teacutecnicas de elaboraccedilatildeo dos dicionaacuterios para o estudo da descriccedilatildeo da liacutengua feita
pelas obras lexicograacuteficas Jaacute a terceira aacuterea tem como objeto de estudo o termo a
palavra especializada os conceitos proacuteprios de diferentes aacutereas de especialidades
O notoacuterio desenvolvimento que se vem observando nessas duas uacuteltimas deacutecadas
nas aacutereas de lexicologia lexicografia e terminologia tem evidenciado a importacircncia das
pesquisas que estatildeo sendo empreendidas nesse campo bem como suscitado reflexotildees a
respeito de seus campos de atuaccedilatildeo
11 Lexicologia
A Lexicologia eacute consensualmente definida como o estudo cientiacutefico do leacutexico em
suas relaccedilotildees linguiacutesticas pragmaacuteticas discursivas histoacutericas e culturais conforme afirma
Finatto (2004 p44) Essa ciecircncia estaacute intimamente relacionada agrave complexidade bem como agrave
multiplicidade de facetas e abordagens que a palavra encerra e permite Por isso configura-se
como um campo de conhecimento de caraacuteter transdisciplinar dado que a palavra eacute um lugar de
encontro e interesse particular de muitas ciecircncias embora tenha sido na ciecircncia linguiacutestica
que essa aacuterea se estabeleceu
18
Haensch (1982 p 91) mostra que essa disciplina cientiacutefica inscrita na aacuterea da
linguiacutestica pode ser concebida de diversas maneiras por diversos autores desse modo
segundo ele torna-se legiacutetimo ser fiel a uma definiccedilatildeo ao tratar do objeto de estudo
Entretanto entre essas diversas definiccedilotildees existem pontos em comum jaacute que se define sempre
como leacutexicolsquo um conjunto de significantes verbais ou de signos (na concepccedilatildeo bilateral de
signo)1 Haensch (1982 p 92-93) chama de lexicologia a descriccedilatildeo do leacutexico que se ocupa
das estruturas e regularidades dentro da totalidade do leacutexico de um sistema individual ou de
um sistema coletivo2
Assim definida a lexicologia pode ter seu enfoque tanto a partir do leacutexico total de
um sistema individual quanto no leacutexico de um sistema coletivo examinando em ambos os
casos as estruturas e as regularidades que podem neles se encontrar
Nessa aacuterea conhecida como Lexicologia estrutural desenvolveram-se estudos
correlacionando leacutexico e sociedade Enquadram-se aqui as pesquisas desenvolvidas por
George Matoreacute (1953) inscritas na obra La meacutethode en lexicologie Para Matoreacute (1953 p37)
a palavra analisa e objetiva o pensamento individual assumindo um valor coletivo haacute uma
socialidade proacutepria da liacutengua A partir dessa obra os linguistas passam a considerar os
aspectos sociais no estudo do leacutexico o que fez com que a Lexicologia comeccedilasse a ser vista
como uma disciplina de caraacuteter socioloacutegico Defendia esse linguista como princiacutepio teoacuterico
que o leacutexico eacute testemunha de uma sociedade de uma eacutepoca seus elementos satildeo palavras-
testemunhas ndash mots teacutemoins elementos particularmente importantes em funccedilatildeo dos quais a
estrutura lexicoloacutegica se hierarquiza e se coordena3 (traduccedilatildeo nossa) Em sua abordagem
social da Lexicologia Matoreacute (1953) informa que
ao constatar a impossibilidade de dissociar na linguagem a forma do conteuacutedo a
Lexicologia se fundamentara natildeo sobre formas isoladas mas sobre conjuntos de
noccedilotildees a estrutura e as relaccedilotildees sendo explicadas pelos fatos sociais dos quais os
fatos do vocabulaacuterio satildeo ao mesmo tempo o reflexo e a condiccedilatildeo4 (TN)
1 [] se define siempre como bdquoleacutexico‟ um conjunto de significantes verbales o de signos (em la concepcioacuten
bilateral de signo) 2 [] a la descripcioacuten del leacutexico que se ocupa de latildes estructuras y regularidades dentro de la totalidad del leacutexico
de um sistema individual o de um sistema coectivo 3 [] des eacuteleacutements particuliegraverement importants em fonction desquels la structure lexicologique se hieacuterarchise et
se coordonne Nous proposons pour deacutesigner ces eacuteleacutements caracteacuteristiques l‟expression de mots-teacutemoins
(Matoreacute 1953 65) 4 [] constatant l‟impossibiliteacute de dissocier dans le langage la forme du contenu la lexicologie se fondera non
pas sur des formes isoleacutees mais sur des ensembles de notions la structure et les relation eacutetant espliqueacutees par les
faits sociaux dont les faits de vocabulaire sont agrave la fois le reflet et la condition (MATORE 1953 p 94)
19
Corroborando a afirmaccedilatildeo assumida por Matoreacute Biderman (1981 p 132)
acrescenta que
eacute pela palavra (pela nomeaccedilatildeo) que o homem exerce a sua capacidade de abstrair e de
generalizar o individual o subjetivo A palavra cristaliza o conceito resultante dessa
operaccedilatildeo mental possibilitando a sua transmissatildeo agraves geraccedilotildees seguintes
Sobre os limites e o alcance da Lexicologia muito se tem discutido Pergunta-se
i) quais deveriam ser os limites dessa disciplina cientiacutefica ii) quais as causas dos inuacutemeros
desencontros no que se refere agrave natureza da Lexicologia Satildeo questotildees bastante pertinentes
pois sendo o leacutexico o uacutenico domiacutenio da liacutengua que constitui um sistema aberto diversamente
dos demais que constituem sistema fechados (fonologia morfologia e sintaxe) eacute
reconhecidamente o niacutevel da liacutengua mais resistente agrave sistematizaccedilatildeo tendo em vista seu
caraacuteter dinacircmico
111 Leacutexico
Estudar o leacutexico de uma liacutengua eacute enveredar pela histoacuteria costumes haacutebitos de um
povo ou de uma sociedade Sem duacutevida as palavras podem ser consideradas como forte
elemento de coesatildeo social constituindo elos entre os indiviacuteduos dando-lhes consciecircncia de
que pertencem a uma comunidade (tambeacutem linguiacutestica)
Conforme afirmam Mussalim e Bentes ( 2001 p 21-47)
A relaccedilatildeo leacutexico e sociedade eacute mais profunda do que se imagina A proacutepria liacutengua
como sistema acompanha de perto a evoluccedilatildeo da sociedade e reflete de certo modo
os padrotildees de comportamento que variam em funccedilatildeo do tempo e do espaccedilo
Inversamente pode-se supor que certas atitudes sociais ou manifestaccedilotildees do
pensamento sejam influenciadas pelas caracteriacutesticas que a liacutengua da comunidade
apresenta
Um dos estudos mais antigos sobre o leacutexico remonta a Panini ao seacuteculo IV aC
na Iacutendia Em sua gramaacutetica Panini estudou o sacircnscrito e definiu elementos significativos
dessa liacutengua
No Ocidente devemos aos gregos as primeiras reflexotildees conhecidas sobre o
leacutexico Tivemos tambeacutem a contribuiccedilatildeo dos latinos Esses desenvolveram estudos
gramaticais mostrando a oposiccedilatildeo entre sistema (gramaacutetica da liacutengua) e norma (uso social
efetivo)
20
Do Renascimento ateacute o seacuteculo XVIII podemos dizer que o estudo do leacutexico se
desenvolveu basicamente em torno de dois eixos i) confecccedilatildeo de dicionaacuterios ii) estudo da
palavra numa perspectiva filosoacutefica
Com relaccedilatildeo aos primeiros apesar de existirem desde tempos remotos com as
antigas listas lexicais como ideogramas chineses lista de palavras aparentadas ou ainda
listas de palavras biliacutengues ndash as listas mais conhecidas satildeo o Appendix Probi (anocircnimo) o
glossaacuterio de Reicheneau (seacuteculo VII) o glossaacuterio de Caacutessel (seacuteculo IX) ndash foi no seacuteculo XVI
no Ocidente que sistematicamente se iniciam os estudos de descriccedilatildeo ordenada do leacutexico
Isso se daacute com a invenccedilatildeo da imprensa quando surgiram os dicionaacuterios monoliacutengues e
pluriliacutengues
Os estudos filosoacuteficos por sua vez acabaram por influenciar o pensamento dos
gramaacuteticos da eacutepoca que procuravam definir os fatores constitutivos da linguagem e das
liacutenguas
No seacuteculo XIX haacute mudanccedilas no foco de estudo da Lexicologia a palavra passa a
ser vista como uma forma cuja natureza foneacutetica e fonoloacutegica deveria ser observada Os
estudiosos da eacutepoca deixam de se preocupar com a relaccedilatildeo pensamento e palavra e o interesse
passa a ser a comparaccedilatildeo das formas linguiacutesticas marca predominantemente deste seacuteculo
Surge o meacutetodo da Gramaacutetica Comparada lanccedilado por Franz Bopp enquanto aumentam o
interesse pelos textos medievais despertados na eacutepoca do Romantismo
Nos finais desse seacuteculo com a marca triunfal da Geografia Linguiacutestica e
consequentemente o florescimento da Onomasiologia o interesse linguiacutestico passa pouco a
pouco da investigaccedilatildeo foneacutetica para o estudo dos problemas lexicais No VII Congresso
Internacional de Linguiacutestica em 1952 na cidade de Londres os conceitos linguiacutesticos gerais
satildeo elaborados sobre uma base fenomenoloacutegica significando um sistema de referecircncias
extralinguiacutestico Ateacute entatildeo os dicionaacuterios satildeo sistematizados sem relacionarem as definiccedilotildees
com os sinocircnimos existentes
A partir da deacutecada de 50 com a obra La meacutethode em lexicologie de Georges
Matoreacute (1953) seguindo a linha estruturalista os linguistas passam a considerar os aspectos
sociais no estudo do leacutexico enfocando a palavra natildeo como um objeto isolado mas como parte
de uma estrutura social responsaacutevel por nomear e exprimir o universo de uma sociedade
Postura que ateacute hoje encontra-se bastante recorrente nos estudos sobre a palavra conforme
mostra o dizer de Seabra (2006 p 7)
21
[] o leacutexico encontra-se arraigado na histoacuteria tradiccedilatildeo e costumes de um povo
estando por isso em constante processo de expansatildeo alteraccedilatildeo e contraccedilatildeo Devido
a essas caracteriacutesticas eacute considerado o subsistema mais dinacircmico da liacutengua
Podemos dizer que a histoacuteria da formaccedilatildeo do leacutexico natildeo corresponde a um
processo linear continuado Ela decorre de vaacuterios estados de produccedilatildeo do saber linguiacutestico e
das transformaccedilotildees sofridas pelas unidades lexicais ao longo dos processos histoacutericos as
palavras se submetem a bloqueios desvios apagamentos deslocamentos enquanto
constroem redes de memoacuteria e filiaccedilotildees soacutecio-histoacutericas Sem duacutevida alguma o movimento
de uma cultura leva ao movimento de palavras Essa eacute a maneira como a liacutengua se ajusta agrave
evoluccedilatildeo da sociedade
Biderman (1978 139) ao tratar de questotildees inerentes agrave relaccedilatildeo leacutexico e
sociedade argumenta que o universo semacircntico se estrutura em torno de dois polos opostos
o indiviacuteduo e a sociedade Dessa tensatildeo em movimento se origina o leacutexico De acordo com
essa linguista podemos ver o leacutexico como
o patrimocircnio social da comunidade por excelecircncia juntamente com outros
siacutembolos da heranccedila cultural Dentro desse acircngulo de visatildeo esse tesouro leacutexico eacute
transmitido de geraccedilatildeo para geraccedilatildeo como signos operacionais por meio dos quais
os indiviacuteduos de cada geraccedilatildeo podem pensar e exprimir seus sentimentos e ideias5
Atraveacutes do universo vocabular a liacutengua reflete a cultura da sociedade servindo de
meio de expressatildeo e interaccedilatildeo social para mundo que a cerca por isso o leacutexico se expande se
altera e agraves vezes se contrai Sobre essa questatildeo Biderman (2001 p 179) assim se
manifesta
As mudanccedilas sociais e culturais acarretam alteraccedilotildees nos usos vocabulares daiacute
resulta que unidades ou setores completos do Leacutexico podem ser marginalizados
entrar em desuso e vir a desaparecer Inversamente poreacutem podem ser ressuscitados
termos que voltam agrave circulaccedilatildeo geralmente com novas conotaccedilotildees Enfim novos
vocaacutebulos ou novas significaccedilotildees de vocaacutebulos jaacute existentes surgem para
enriquecer o Leacutexico
O leacutexico classifica de maneira uacutenica as experiecircncias humanas de uma cultura natildeo
apresentando deste modo apenas um conjunto de palavras mas uma espeacutecie de ponte entre
os falantes de uma liacutengua em suas condiccedilotildees reais de uso A criatividade lexical dos falantes
possibilita que eles criem e recriem de acordo com suas necessidades sociointeracionais
Guilbert6 ressalta que o leacutexico ao contraacuterio da gramaacutetica sofre transformaccedilotildees
muito mais raacutepidas visto que natildeo se constitui de natureza puramente linguiacutestica Para ele o
5 BIDERMAN 1981 p 132
6 GUILBERT 1992 p 30
22
leacutexico participa da estrutura linguiacutestica da liacutengua e tambeacutem espelha nessa liacutengua as
diversidades sociais e culturais
Predominantemente de origem latina a histoacuteria do leacutexico portuguecircs reflete
tambeacutem a histoacuteria da liacutengua portuguesa e os contatos de seus falantes com as mais
diversificadas realidades linguiacutesticas
1111 Leacutexico e Referecircncia
Caracteriza-se a liacutengua para Saussure como um produto social da faculdade da
linguagem isto eacute a liacutengua eacute um fato social no sentido de que eacute um sistema convencional
adquirido pelos indiviacuteduos no conviacutevio social Esse grande mestre da linguiacutestica estruturalista
concebe a liacutengua como um sistema de signos que por si soacute datildeo conta da significaccedilatildeo No
capiacutetulo ldquoImutabilidade e mutabilidade do signordquo da obra Cours Saussure afirma que a
comunidade linguiacutestica impotildee ao falante um significante e que o ldquosigno linguiacutestico escapa agrave
nossa vontaderdquo isto eacute seja qual for o momento histoacuterico em que focalizarmos o idioma a
liacutengua evidencia-se sempre como uma heranccedila de eacutepocas anteriores Ao conceituar o que eacute
signo ele deixa marcada a distinccedilatildeo entre entidades psiacutequicas (que constituiriam o signo) e
fiacutesicas (que lhe seriam estranhas)
Os termos implicados no signo linguiacutestico satildeo ambos psiacutequicos e estatildeo unidos em
nosso ceacuterebro por um viacutenculo de associaccedilatildeo [] O signo linguiacutestico une natildeo uma
coisa e um palavra mas um conceito e uma imagem acuacutestica Esta natildeo eacute o som
material coisa puramente fiacutesica mas a impressatildeo psiacutequica desse som a
representaccedilatildeo que dele nos daacute o testemunho de nossos sentidos [] O signo
linguiacutestico eacute pois uma entidade psiacutequica de duas faces [] Esses dois elementos
estatildeo intimamente unidos e um reclama o outro (SAUSSURE 1970 p 79-80)
Essa dicotomia saussuriana (significadosignificante) usada para distinguir as
duas faces psiacutequicas e indissociaacuteveis do signo linguiacutestico desde entatildeo foi analisada na
literatura linguiacutestica resultando na expansatildeo e substituiccedilatildeo pela forma triaacutedica formulada por
Charles K Ogden e Ivor A Richards
A figura triangular de Ogden e Richards (1956) ganhou respeito entre os
estudiosos por representar em um de seus veacutertices a figura do referente isto eacute da ldquocoisardquo
extralinguiacutestica que os autores distinguiam claramente de referecircncia (o conceito o
significado) e de signo (o nome a palavra o significante) Esse triacircngulo foi reaplicado por
Lyons (1977 p 85) sendo a partir dessa eacutepoca bastante utilizado em estudos lexicoloacutegicos e
semacircnticos A relaccedilatildeo triaacutedica sugerida pelos autores citados pode ser assim representada
23
FIGURA 1 Relaccedilatildeo triaacutedica7
As linhas que ligam o nome ao sentido e este uacuteltimo ao referente satildeo contiacutenuas
representando relaccedilotildees diretas Jaacute a linha pontilhada ligando o nome ao referente indica uma
relaccedilatildeo indireta que deve necessariamente ser mediada pelo sentido ou seja a identificaccedilatildeo
do referente passa pelo sentido do nome Cabe salientar que a presenccedila do referente foi
durante muito tempo ignorada pelos linguistas que se ocuparam fundamentalmente da
gramaacutetica e de questotildees sintaacuteticas Contudo o chamado ldquotriacircngulo da significaccedilatildeordquo reavivou
o interesse de inuacutemeros teoacutericos
A reformulaccedilatildeo do triacircngulo de Ogden e Richards (1956) adaptado por Biderman
(1998 p 116) busca ilustrar a dimensatildeo linguiacutestica da palavra ou seja evidenciando
justamente o lado direito do triacircngulo o lado em que se coloca o referente jaacute como uma
transformaccedilatildeo da realidade como parte integrante do signo linguiacutestico
7 Haacute discordacircncia entre vaacuterios autores quanto aos termos utilizados e tambeacutem quanto agraves definiccedilotildees para cada
termo Entretanto natildeo eacute objetivo deste trabalho entrar nessa questatildeo
24
FIGURA 2 Triacircngulo de Ogden e Richards adaptado por Biderman
Nesse quadro teoacuterico visto como modelo e modelador de cultura o estudo sobre
o leacutexico permite compreender conceitos e ocorrecircncias da vida cotidiana Eacute importante
ressaltar que agrave realidade (parte acrescentada por Biderman) diz respeito o ambiente e
tambeacutem a cultura herdada A transmissatildeo do repertoacuterio lexical de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo atraveacutes
da educaccedilatildeo informal e formal exerce papel importante na categorizaccedilatildeoconceptualizaccedilatildeo do
universo ao fornecer ao indiviacuteduo um estoque de nomes jaacute codificados nessa cultura
conforme bem mostra Biderman (1998 p 104)
Eacute preciso lembrar ainda que o vocabulaacuterio natildeo eacute criado (ou recriado) pelo indiviacuteduo
mas que ele eacute adquirido atraveacutes do processo social da educaccedilatildeo De fato atraveacutes do
processo de educaccedilatildeo social o homem adquire tanto a liacutengua da sua comunidade
como o seu vocabulaacuterio Nessa aprendizagem o falante-aprendiz recebe da sociedade
um produto acabado ndash a liacutengua ndash que vem a ser o produto da experiecircncia acumulada
historicamente na cultura da sua sociedade Essa cristalizaccedilatildeo da experiecircncia social
tanto cultural como linguiacutestica eacute o ponto de partida e o fundamento tanto do
pensamento como da linguagem individual
Liacutengua e cultura formam pois um todo indissociaacutevel que natildeo eacute ensinado em
nenhum lugar especial mas adquirido ao sabor dos acontecimentos cotidianos e o
vocabulaacuterio siacutembolo verbal da cultura perpetua a heranccedila cultural atraveacutes dos signos
verbais8
8 BIDERMAN 1998 p5
25
12 Lexicografia
As ciecircncias da linguagem constituiacutedas pelo saber linguiacutestico resultam do
aparecimento da escrita 3000 aC Segundo Nunes (1996 p 34) o advento da escrita
constitui a primeira grande revoluccedilatildeo tecnoloacutegica dessas ciecircncias A segunda revoluccedilatildeo seria
a da ldquogramatizaccedilatildeordquo isto eacute o processo pelo qual se descreve e se instrumenta uma liacutengua
atraveacutes de duas tecnologias9 ndash a gramaacutetica e o dicionaacuterio
Objeto de nossa pesquisa a palavra bdquodicionaacuterio‟ segundo Cunha (2007 p 263)
tem sua origem provavelmente do francecircs dictionnaire derivado do latim medieval
dictiōnārĭum de dictĭo-ōnis ou seja livro de dictiones ldquolivro de expressotildees e palavrasrdquo O
dicionaacuterio eacute visto geralmente como um objeto de consulta que apresenta os significados das
palavras com a certitude do saber de um especialista e eventualmente desse modo como uma
obra de referecircncia agrave disposiccedilatildeo dos leitores nos momentos de duacutevida e de desejo de saber
Se entendermos que todo o conhecimento humano estaacute condensado em palavras
entenderemos que essa necessidade de estruturaccedilatildeo do leacutexico eacute algo inerente ao espiacuterito ou
ceacuterebro humano que diante de um novo ser ou fato vecirc-se compelido a processar o novo a
partir daquilo que jaacute sabe ou conhece Nesse processo de categorizaccedilatildeo percepccedilatildeo e
comparaccedilatildeo do novo com referentes similares eacute que se daacute a nomeaccedilatildeo ndash o homem identifica
as propriedades distintivas e caracteriacutesticas do referente para nomeaacute-lo E na medida em que o
denomina sente tambeacutem que o domina Uma vez designado o referente passa a integrar ao
menos parcialmente o conjunto de nossos domiacutenios cognitivos possibilitando sua
apropriaccedilatildeo e transmissatildeo agraves geraccedilotildees seguintes
Por consistir nesse espaccedilo imaginaacuterio de certitude sustentado pela acumulaccedilatildeo e
pela repeticcedilatildeo o dicionaacuterio constitui um rico material para anaacutelise dos modos de dizer de uma
sociedade Nele as significaccedilotildees natildeo satildeo aquelas que se singularizam em um texto tomado
isoladamente mas sim as que se sedimentam e que se apresentam traccedilos significativos de uma
eacutepoca
De acordo com Krieger (2006 p 173-187)
o dicionaacuterio de liacutengua ndash a mais prototiacutepica das obras lexicograacuteficas ndash constitui-se no
uacutenico lugar que reuacutene de modo sistemaacutetico o conjunto dos itens lexicais criados e
utilizados por uma comunidade linguiacutestica permitindo que ela reconheccedila-se a
si mesma em sua histoacuteria e em sua cultura Aleacutem de se constituir em espelho da
memoacuteria social da liacutengua o dicionaacuterio desempenha o papel de legitimar o leacutexico
9 Entende-se neste texto tecnologia como conjunto de teacutecnicas especiacuteficas de determinado domiacutenio
26
E como tal alcanccedila o estatuto de um coacutedigo normativo que define paracircmetros
orientadores dos usos lexicais Converte-se portanto no testemunho por excelecircncia da
constituiccedilatildeo histoacuterica do leacutexico de um idioma bem como da identidade linguiacutestico-cultural de
comunidades Nessa medida atribui coesatildeo agraves sociedades e projeccedilatildeo agraves suas culturas10
121 Dicionaacuterio
Como disciplina linguiacutestica a Lexicografia contemporacircnea divide-se em duas
grandes aacutereas Lexicografia praacutetica e Lexicografia teoacuterica A primeira se ocupa da descriccedilatildeo
do leacutexico e tem como um de seus principais objetivos produzir obras de referecircncia como
dicionaacuterios vocabulaacuterios e glossaacuterios Jaacute a Lexicografia teoacuterica ou Metalexicografia dedica-
se a todas as questotildees ligadas aos dicionaacuterios como histoacuteria problemas de elaboraccedilatildeo
anaacutelise uso
Os dicionaacuterios podem registrar uma parcela maior ou menor do leacutexico total de
uma liacutengua ou podem se restringir a um determinado tema ou ainda se referir a uma
determinada regiatildeo ndash satildeo os dicionaacuterios regionais Podem se dedicar aos fraseologismos
(expressotildees idiomaacuteticas proveacuterbios etc) agrave liacutengua escrita agrave giacuteria agrave liacutengua falada Podem ser
descritivos registrando como os itens lexicais satildeo usados na realidade ou prescritivos ndash
determinando de que maneira palavras e expressotildees deveriam ser empregadas ou criticando
seu uso Podem ser monoliacutengues (uma soacute liacutengua) biliacutengues (duas liacutenguas) triliacutengues (trecircs
liacutenguas) ou multiliacutengues
Como trazem sempre informaccedilotildees que interessam ao consulente Biderman (1998
p 15) assinala a importacircncia do dicionaacuterio de liacutengua como porta-voz da norma lexical
corrente na sociedade jaacute que esses manuais fazem uma descriccedilatildeo do vocabulaacuterio da liacutengua em
questatildeo buscando registrar e definir os signos lexicais que referem os conceitos elaborados e
cristalizados na cultura Eacute fato que essas obras exercem desde eacutepocas antigas funccedilotildees
normativas e informativas na sociedade
Aleacutem de estabilizar conceitos o dicionaacuterio normativiza a liacutengua no que concerne agrave
ortografia e agraves variaccedilotildees morfossintaacuteticas Ele tambeacutem informa sentidos vocabulares
operados no seio de uma dada comunidade num dado periacuteodo de tempo ndash comporta portanto
a memoacuteria das sociedades de diferentes eacutepocas
10
LARA citado por KRIEGER 2006 p173-187
27
1211 Os dicionaacuterios na eacutepoca do Brasil Colocircnia
O saber lexicograacutefico se inicia no Brasil com os primeiros escritos sobre o paiacutes
Nesse sentido surge juntamente com a etnografia (conhecimento de povos indiacutegenas) a
economia (mercantilismo) e a geopoliacutetica (expansatildeo territorial das naccedilotildees europeias) Os
relatos de viajantes colonos e missionaacuterios estatildeo pontuados por citaccedilotildees de termos indiacutegenas
de modo que eacute formada uma constelaccedilatildeo de comentaacuterios lexicais Os comentaacuterios dos
viajantes se direcionam para as coisas do Novo Mundo de maneira que a questatildeo da
referecircncia torna-se importante Ao descrever as novidades do paiacutes esses falantes colocam em
evidecircncia os referentes Fala-se de lugares animais plantas nunca vistos fala-se de coisas
natildeo idecircnticas mas semelhantes constata-se a existecircncia ou inexistecircncia de coisas Nessas
circunstacircncias a organizaccedilatildeo dos espaccedilos lexicais estaacute intimamente relacionada com a
geografia e a economia com os interesses de conquista e de comeacutercio
Biderman (2002 p 65) acrescenta ainda que nos primeiros seacuteculos da
colonizaccedilatildeo processa-se lentamente a aculturaccedilatildeo dos nativos por meio do idioma portuguecircs
quando os jesuiacutetas ensinavam os iacutendios a falar portuguecircs Contudo nesses primeiros seacuteculos a
liacutengua portuguesa encontrara em terras brasileiras um forte concorrente o Tupi uma liacutengua
franca empregada em grande parte do territoacuterio brasileiro Essa liacutengua geral falada em toda
costa brasileira ldquoera simples e de reduzido material morfoloacutegico natildeo possuiacutea declinaccedilatildeo nem
conjugaccedilatildeordquo (SILVA NETO 1976 p 50) Os jesuiacutetas usaram-na como instrumento de
evangelizaccedilatildeo dos indiacutegenas Portanto o contexto brasileiro nesse periacuteodo eacute marcado pela
descriccedilatildeo de liacutenguas indiacutegenas nos iniacutecios da colonizaccedilatildeo11
Quanto agrave gramatizaccedilatildeo afirma Horta (2002 p 72)
[] nesse periacuteodo atingiu apenas trecircs liacutenguas indiacutegenas o tupinambaacute (ou tupi) que
era falado na costa o kariri e o manau aleacutem das chamadas liacutenguas gerais Destacam-
se as gramaacuteticas do tupi de Anchieta (1595) e de Figueira (1621) e do kariri de
Mamiani (1699) bem como o Vocabulaacuterio na Liacutengua Brasiacutelica Este uacuteltimo deve ter
sido composto durante a segunda metade do seacuteculo XVI e no iniacutecio do XVII
11
Ateacuteo fim do seacuteculo XVIII tinham sido publicado as duas gramaacuteticas e dois catecismos em tupinambaacute aleacutem de
observaccedilotildees gramaticais textos e palavras dessa mesma liacutengua em obras francesas e uma gramaacutetica e dois
catecismos em kariri liacutengua do interior da Bahia e SergipeSomente isso Ineacuteditos que natildeo se perderam incluem
um dicionaacuterio e outros documentos do tupinambaacute e um catecismo na liacutengua amazocircnica manau aleacutem de muitos
documentos sobre a Liacutengua Geral Amazocircnica e um sobre a Liacutengua Paulista (ambas formas do tupi antigo
assumidas no uso dos mesticcedilos) Perderam-se entretanto muitos escritos certamente importantes como os
dicionaacuterios das liacutenguas Maromimim (ou Guarulho) e kariri e os catecismos em sete liacutenguas amazocircnicas feitos
pelo Pe Antocircnio VieiraEm resumo em trecircs seacuteculos da colonizaccedilatildeo do Brasil soacute nos ficaram documentos sobre
trecircs liacutenguas nativas tupinambaacute kariri e manau (RODRIGUES 1993 v 8 p86)
28
Contudo a decadecircncia da liacutengua geral comeccedilara a intensificar-se nos setecentos
por causa de maciccedila imigraccedilatildeo de portugueses para o Brasil atraiacutedos pela descoberta das
minas gerais e tambeacutem em decorrecircncia das determinaccedilotildees e ordens do Marquecircs de Pombal
para que na Colocircnia soacute se falasse a liacutengua portuguesa
Ao longo de sua histoacuteria conforme afirma Krieger12
o Brasil jamais contou com
uma poliacutetica linguiacutestica que levasse agrave valorizaccedilatildeo de alguma obra lexicograacutefica a despeito do
projeto da Academia Brasileira de Letras De toda forma os primeiros dicionaacuterios que por
diferentes razotildees e interesses passam a contemplar a realidade linguiacutestica do Brasil
desempenharam tambeacutem o papel de fixar a unidade e a pluralidade do portuguecircs aqui falado
A identificaccedilatildeo das estrateacutegias lexicograacuteficas de fixaccedilatildeo de nosso leacutexico contribui para a
histoacuteria da identidade do Portuguecircs Brasileiro tema em torno do qual muita polecircmica jaacute se
estabeleceu
Eacute importante explicitar que entendemos o processo de dicionarizaccedilatildeo como a
descriccedilatildeo e instrumentaccedilatildeo de uma liacutengua no dicionaacuterio Nunes (2006 p 43) salienta que
Considerar o dicionaacuterio como um instrumento linguiacutestico implica concebecirc-lo com
uma alteridade para o sujeito falante alteridade que se torna uma injunccedilatildeo no
processo de identificaccedilatildeo nacional educaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de conhecimentos
linguiacutesticos [] Assim o dicionaacuterio se apresenta como uma exterioridade para o
sujeito e interfere na relaccedilatildeo que ele entreteacutem com a liacutengua em determinadas
conjunturas
Ressalta Nunes (2002 p100) que a compreensatildeo da historicidade da
dicionarizaccedilatildeo traz elementos para abordar questotildees de eacutetica e de poliacutetica linguiacutestica levando-
se em conta o processo de produccedilatildeo dos dicionaacuterios com os diversos fatores soacutecio-histoacutericos
aiacute envolvidos
Como aparece um saber dicionariacutestico no Brasil Esta questatildeo suscita uma seacuterie
de apontamentos conforme um ou outro criteacuterio Se considerarmos a unidade da palavra
conforme Biderman (2005 p47) desde os primeiros relatos de viajantes temos um saber que
se volta para os termos empregados no Brasil sejam as nomeaccedilotildees em liacutengua portuguesa
desde Caminha (1500) sejam termos indiacutegenas traduzidos e comentados desde Pigafeta em
1519 como aponta Neiva (1940) Se considerarmos a forma acabada do dicionaacuterio os
biliacutengues portuguecircs-tupi foram os primeiros a aparecer na Eacutepoca Colonial (seacutec XVI-XVII)
Segundo Horta (2002 p72) o processo de dicionarizaccedilatildeo brasileiro pode ser
visualizado nas seguintes etapas i) transcriccedilatildeo alfabeacutetica de termos indiacutegenas ii) citaccedilotildees
12
Alfa Satildeo Paulo 50 (2) 173-187 2006
29
comentaacuterios traduccedilotildees de termos indiacutegenas diaacutelogos iii) listas temaacuteticas de palavras LI-LP
(Liacutengua Indiacutegena e Liacutengua Portuguesa) e LP-LI iv) dicionaacuterios biliacutengues LP-LI v)
dicionaacuterios biliacutengues LI-LP vi) dicionaacuterios monoliacutengues de LP no Brasil
12111 Dicionaacuterios Biliacutengues
Os jesuiacutetas desde sua chegada em 1549 no Brasil estabeleceram uma orientaccedilatildeo
para os estudos de liacutengua indiacutegena com fins catequeacuteticos da qual resultou a triacuteade gramaacutetica-
dicionaacuterio-doutrina Satildeo portanto os primeiros dicionaacuterios alfabeacuteticos brasileiros concebidos
por missionaacuterios obras biliacutengues (portuguecircs-indiacutegena)
O Vocabulaacuterio na Liacutengua Brasiacutelica (VLB) anocircnimo circulou pelas missotildees e
coleacutegios jesuiacutetas do Brasil na segunda metade do seacuteculo XVI e nos seacuteculos XVII e XVIII Satildeo
conhecidos vaacuterios manuscritos desse dicionaacuterio que natildeo foi publicado integralmente senatildeo
em 1938 por Pliacutenio Ayrosa Essa obra traz a representaccedilatildeo de uma unidade do espaccedilo
linguiacutestico brasileiro a chamada ldquoliacutengua brasiacutelicardquo a que Anchieta se refere tambeacutem como ldquoa
liacutengua mais falada na costa do Brasilrdquo e foi elaborado com o interesse praacutetico de ensinar aos
missionaacuterios a liacutengua indiacutegena a fim de converter os nativos
Outro dicionaacuterio bastante importante na eacutepoca colonial eacute o Dicionaacuterio Portuguecircs-
Brasiliano (DPB) publicado em Lisboa em 1795 O percurso que vai desde o manuscrito do
DPB ateacute sua ediccedilatildeo reflete a substituiccedilatildeo da praacutetica jesuiacutetica banida do paiacutes em 1759 pela
praacutetica editorial e de arquivo que vem marcar o final do seacuteculo XVII e iniacutecio do XVIII Esta
acentuaria com a chegada da imprensa ao Brasil e com a poliacutetica linguiacutestica promovida pelo
Impeacuterio
Outro momento de destaque na histoacuteria dos dicionaacuterios biliacutengues no Brasil foi o
aparecimento do primeiro dicionaacuterio (liacutengua indiacutegena-liacutengua portuguesa) Ainda na forma
manuscrita encontram-se dois dicionaacuterios o manuscrito do Dicionaacuterio Brasiliano-Portuguecircs
(DBP) de Frei Veloso e o manuscrito do Vocabulaacuterio na Liacutengua Geral (VLG- Poranduba) de
Frei Prazeres do Maranhatildeo(1826)
Alguns estudiosos brasileiros (Gonccedilalves Dias Ferreira Franccedila Prazeres do
Maranhatildeo) e estrangeiros (Martius Platzman) realizaram compilaccedilotildees de dicionaacuterios dos
jesuiacutetas no Brasil acrescentando ou suprimindo termos atualizando o corpo dos verbetes
introduzindo comentaacuterios gramaticais ou mesmo reduzindo os dicionaacuterios de caraacuteter
enciclopeacutedico a glossaacuterios termo a termo Podemos incluir dentre as obras produzidas nesse
contexto a Chrestomathia da Liacutengua Brasiacutelica de Ferreira Franccedila (Leipzig 1859) e o
30
Dicionaacuterio da liacutengua geral Brasiacutelica portuguecircs e alematildeo inserido na Glossaria Linguarum
Brasiliensium de Martius (1863)
12112 Dicionaacuterios Monoliacutengues
Publicado em Lisboa pela Typographia Lacerdina o primeiro dicionaacuterio
monoliacutengue do portuguecircs o Dicionaacuterio da Liacutengua Portuguesa datado de 1789 elaborado
pelo brasileiro Antocircnio de Moraes Silva constitui um marco na histoacuteria da lexicografia
brasileira A obra de Moraes preencheu o horizonte metalinguiacutestico ao longo dos seacuteculos XIX
e XX como um verdadeiro siacutembolo natildeo soacute da lexicografia mas da liacutengua em geral e da
cultura portuguesa
Moraes tomou por base o Vocabulaacuterio Portuguecircs e Latino de Raphael Bluteau e
resumiu os oito volumes daquele a apenas dois mantendo a orientaccedilatildeo de seu antecessor de
exaltar os grandes autores de liacutengua portuguesa A obra teve oito reediccedilotildees no seacuteculo XIX
(1813 1823 1831 1844 1858 18771878 1891 9a ed sd)
Na segunda ediccedilatildeo de 1813 Moraes acrescenta nos textos introdutoacuterios uma
gramaacutetica filosoacutefica aos moldes da Gramaacutetica de Port Royal o que mostra a filiaccedilatildeo agraves
concepccedilotildees racionalistas da eacutepoca
Em 1922 recebeu uma ediccedilatildeo comemorativa do centenaacuterio da Independecircncia no
Brasil a qual reproduz a segunda ediccedilatildeo de 1813 a primeira em que Moraes inclui seu nome
como autor Uma ediccedilatildeo ampliada foi publicada pela Editora Confluecircncia em 1949-59
organizada por Augusto Moreno Cardoso Juacutenior e Joseacute Pedro Machado
O Dicionaacuterio da Liacutengua Portuguesa ou o Dicionaacuterio de Moraes eacute considerado
pelos lexicoacutegrafos uma obra fundadora da lexicografia de liacutengua portuguesa servindo de base
para a confecccedilatildeo de outros dicionaacuterios em Portugal e no Brasil
Na eacutepoca do Brasil Colocircnia no que diz respeito aos dicionaacuterios monolingues
referentes agrave Liacutengua Portuguesa a partir do seacuteculo XVIII aleacutem do dicionaacuterio de Moraes
(1789) satildeo considerados representativos o Novo Dicionaacuterio da Liacutengua Portugueza (1855) de
Eduardo de Faria o Diccionario Manual Etymologico da Lingua Portugueza de Francisco
Adolfo Coelho e o Diccionario Contemporaneo da Liacutengua Portugueza de Francisco Caldas
Aulete publicado em 1881
Em se tratando de obras consideradas brasileiras os estudiosos apontam os
primeiros dicionaacuterios datados do seacuteculo XIX a saber o Diccionario Brazileiro para Servir de
Complemento aos Diccionarios de Lingua Portugueza (1853) de Costa Rubim o Diccionario
31
Brazileiro da Lingua Portugueza (1888) de Macedo Soares e o Diccionario de Vocabulos
Brazileiros (1889) de Beaurepaire-Rohan
Em todas essas trecircs obras citadas acima observam-se palavras tiacutepicas do Brasil
chamadas ldquobrasileirismosrdquo Essas obras contribuiacuteram para se questionar ldquoo caraacuteter normativo
do dicionaacuterio dando-lhe uma caracteriacutestica mais descritivardquo13
13 Terminologia
A Terminologia pode ser definida segundo Barros (2007 p 11) como o estudo
cientiacutefico dos termos usados nas liacutenguas de especialidade ou melhor empregados em
discursos e textos de aacutereas teacutecnicas cientiacuteficas e especializadas
O termo eacute entendido como ldquodesignaccedilatildeo por meio de uma unidade linguiacutestica de
um conceito definido em uma liacutengua de especialidaderdquo (ISO 1087 1990 p5) O termo eacute
portanto uma unidade lexical que designa um conceito de um domiacutenio de especialidade Eacute
tambeacutem chamado de unidade terminoloacutegica O conjunto de termos de uma aacuterea especializada
chama-se conjunto terminoloacutegico ou terminologia
O campo de pesquisa proacuteprio da Terminologia satildeo as chamadas liacutenguas de
especialidade entendidas como ldquosistemas de comunicaccedilatildeo oral ou escrita usados por uma
comunidade de especialistas de uma aacuterea particular do conhecimentordquo (PAVEL NOLET apud
BARROS 2007 p11)
Apesar de a Terminologia ser a mais contemporacircnea das ciecircncias do leacutexico o
reconhecimento formal de vocabulaacuterios especiacuteficos de determinadas aacutereas de conhecimento
especializado datam de mais de trecircs seacuteculos quando jaacute vinham com ldquomarcas de usordquo em
dicionaacuterios de liacutengua
Obra monoliacutengue o denominado dicionaacuterio geral de liacutengua consiste na referecircncia
primeira do fazer lexicograacutefico na diversificada tipologia de obras dicionariacutesticas Tal tipo de
dicionaacuterio registra o leacutexico geral de um idioma reunindo seu conjunto de palavras e locuccedilotildees
da forma mais abrangente possiacutevel Alguns desses dicionaacuterios incluem tambeacutem terminologias
em seus repertoacuterios entendendo que essas integram o componente lexical das liacutenguas Nessas
obras entende-se por terminologia o conjunto de palavras marcadas pela temaacutetica de uma
aacuterea de especialidade por exemplo a terminologia da fiacutesica quacircntica da medicina da
informaacutetica a terminologia juriacutedica ou a terminologia naacuteutica ndash essa uacuteltima nosso objeto de
estudo
13
DIAS BEZERRA 2006 p 30
32
Usamos a liacutengua comum no dia-a-dia mas usamos a linguagem especializada
quando falamos sobre uma aacuterea do conhecimento e empregamos palavras que dentro dessa
aacuterea tecircm um significado particular Assim sendo para noacutes neste objeto de estudo os termos
satildeo acima de tudo unidades lexicais que tecircm a particularidade de ocorrer em discursos
especializados assumindo neles significaccedilotildees especiacuteficas e podendo em consequecircncia
denominar conceitos cientiacuteficos eou teacutecnicos
14 O Diccionario da Lingua Brasileira de Luiz Maria da Silva Pinto
Sobre os primoacuterdios da lexicografia brasileira voltamos nossos olhares para
aquela que teria sido a primeira obra escrita editada e impressa no Brasil ndash o Diccionario da
Lingua Brasileira de Luiz Maria da Silva Pinto
FOTO 1 Diccionario da Lingua Brasileira
Fonte acervo pessoal
Praticamente desconhecida dos pesquisadores ateacute fins do seacuteculo XX por
iniciativa do professor Joatildeo Mendonccedila Teles ndash do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico Brasileiro
ndash essa obra foi reeditada em ediccedilatildeo fac-siacutemile com patrociacutenio da Caixa Econocircmica Federal
pela Sociedade Goiana de Cultura e pelo Centro de Cultura Goiana da Universidade Catoacutelica
de Goiaacutes do qual Teles era coordenador em 1996
33
FOTO 2 Detalhe da capa do Diccionario
Fonte acervo pessoal
Sabemos que a histoacuteria da imprensa no Brasil tem seu iniacutecio oficial em 1808 com
a chegada da famiacutelia real portuguesa Antes dessa eacutepoca toda atividade de imprensa -
publicaccedilatildeo de jornais livros ou panfletos ndash era proibida conforme Carta Reacutegia de 1706 que
mandava sequestrar e destruir qualquer modalidade de atividade tipograacutefica que fosse
encontrada como tambeacutem punir seus proprietaacuterios Mesmo assim em caraacuteter clandestino
algumas impressotildees foram realizadas em Minas dentre elas citamos o poema laudatoacuterio
escrito por Diogo Pereira Ribeiro de Vasconcelos intitulado Canto Encomiaacutestico publicado
por Padre Viegas14
Padre Viegas ou o Padre Joaquim Viegas de Menezes em funccedilatildeo dos
conhecimentos especializados que possuiacutea dirigiu em 1820 em Ouro Preto juntamente com
o artiacutefice portuguecircs Manuel Joseacute Barbosa Pimenta e Sal e alguns operaacuterios a construccedilatildeo da
primeira tipografia mineira a Tyipografia Patriacutecia assim denominada em referecircncia agrave paacutetria
Daacute-se nessa tipografia o iniacutecio da imprensa perioacutedica em Minas Gerais com a circulaccedilatildeo do
jornal Compilador Mineiro em 13 de outubro de 182315
encerrada em 9 de janeiro de 1824
Apenas trecircs dias apoacutes o seu desaparecimento surgiu impresso na mesma tipografia e com o
objetivo expresso de substituir o Compilador o perioacutedico A Abelha do Itaculumy (1824-
1825)
Ainda nesse periacuteodo em 8 de abril de 1822 o goiano que residia em Ouro Preto
o major Luiz Maria da Silva Pinto propotildee a iniciativa de um plano para a instalaccedilatildeo da
primeira tipografia oficial do Estado aleacutem da publicaccedilatildeo de uma folha como porta-voz dos
atos governamentais Esse major foi o principal impressor de Ouro Preto durante vaacuterios anos
14
SEABRA 2008 p 151 15
COSTA FILHO A Imprensa Mineira no Primeiro Reinado
34
tornando-se o administrador do estabelecimento real A graacutefica real estreia tipos e prelos com
a produccedilatildeo dos impressos avulsos do poder oficial da Capitania e das diversas reparticcedilotildees
puacuteblicas aleacutem de papeis de encomenda particular
Luiz Maria da Silva Pinto nasceu em Pilar de Goiaacutes em 15 de marccedilo de 1775 e
faleceu em 20 de dezembro de 1869 em Vila Rica hoje Ouro Preto aos 94 anos de idade Era
filho de Joseacute Pinto da Silva e de Joaquina Maria Zunega Iniciou seus estudos em Goiaacutes
completando-os em Ouro Preto cidade para onde se transferiu em companhia de sua matildee e
irmatilde Em Ouro Preto eacute crismado por Tomaacutes Antocircnio Gonzaga e sob a proteccedilatildeo de Frei
Domingos da Encarnaccedilatildeo Pontevel Silva Pinto avanccedila em seus estudos Foi secretaacuterio do
Palaacutecio do Governo nomeado por Visconde de Barbacena e mais tarde por promoccedilatildeo ao
cargo de oficial-mor e logo em seguida major Foi tambeacutem Deputado Provincial
Procurador Fiscal da Mesa de Rendas de Minas tendo sido nomeado vice-diretor geral da
Instituiccedilatildeo Segundo Teixeira de Freitas16
Silva Pinto pode ser considerado o pai da
estatiacutestica geral mineira uma vez que quando secretaacuterio da Proviacutencia promoveu um
inqueacuterito estatiacutestico-cronograacutefico em 23 de julho de1825 aleacutem de um levantamento por ele
organizado em 1854 por ordem do Presidente de Proviacutencia Francisco D Pereira de
Vasconcellos Freitas afirma que vaacuterios satildeo os documentos que demonstram esforccedilos
repetidos da administraccedilatildeo mineira em prol da estatiacutestica geral17
Entre suas obras destaca-se
ainda O Mapa Geodeacutesio de Minas Gerais editado em 1825 Silva Pinto foi ainda membro
do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico Brasileiro patrono da cadeira nuacutemero 29 da Academia de
Letras de Goiaacutes18
16
Diretor Geral de Informaccedilotildees Estatiacutesticas e Divulgaccedilatildeo do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo em 1931 17
FREITAS 1940 18
MAPA Disponiacutevel em lthttpacademiagoianadeletrasorgmembroluiz-maria-da-silva-pintogt Acesso em 1
abr 2011
35
FOTO 3 Casa de Silva Pinto em Ouro Preto19
Fonte acervo pessoal
FOTO 4 Localizaccedilatildeo da casa de Silva Pinto em Ouro Preto -
Vista de Vila Rica 1820 de Armand Julien Palliegravere
Fonte acervo pessoal
Sobre as impressotildees causadas pelo Diccionario da Lingua Brasileira no meio
intelectual e ainda sobre seu autor o goiano Luiz Maria da Silva Pinto destacamos as vozes
de
a) Joseacute Pedro Xavier da Veiga ndash nas Efemeacuterides Mineiras em data de 19 de setembro de
1869 Xavier da Veiga registra o oacutebito de Luiacutes Maria da Silva Pinto consagrando-lhe uma
19
Localizada na Rua Claacuteudio Manuel nordm 129 Centro Atualmente Repuacuteblica Maracangalha propriedade da
Escola de Farmaacutecia e Bioquiacutemica de Ouro Preto UFOP
36
paacutegina biograacutefica em que aponta os seus relevantissimos serviccedilos agrave administraccedilatildeo puacuteblica de
Minas Gerais desde a uacuteltima fase do govecircrno colonial e durante meio seacuteculo Dizendo-o
homem muito inteligente extraordinariamente trabalhador e dotado de espiacuterito de organizaccedilatildeo
e de pesquisa Xavier da Veiga (1897 p 47-52) afirmando nunca ter visto o dicionaacuterio
disserta
Tambeacutem durante muitos anos o major Luiacutes Maria da Silva Pinto possuiu e dirigiu
oficinas tipograacuteficas em Ouro Precircto editando nelas muitos livros alguns bem
volumosos e em tempos difiacuteceis para a imprensa no interior do paiacutes Entre os
aludidos livros figura um dicionaacuterio portuguecircs de sua proacutepria composiccedilatildeo ao qual
deu o tiacutetulo de Dicionaacuterio da liacutengua brasileira e cujos exemplares satildeo hoje
rariacutessimos
b) Affonso E de Taunay20
ndash na obra Inopia cientiacutefica e vocabular dos grandes dicionarios
portuguezes (1932 p 147) Taunay destaca
Quarenta annos apoacutes o apparecimento do Diccionario de Moraes novo tentame de
igual natureza ao do lexicographo fluminense se daria no Brasil muito embora delle
resultase obra de mediocre valor hoje quasi totalmente esquecido o Diccionario da
Lingua Brasileira Pela terceira vez creio apparecia o nosso patronymico nacional aacute
portada dos diccionarios da lingua Fizera Bluteau garbo de que o seu tambem
[seria] brasilico entre numerosos outros predicados E Moraes como bom brasileiro
timbrara em lembrar que o seu lexico recolhera milhares de palavras de sua terra
Mas Silva Pinto fora adiante redigira um diccionario da lingua brasileira
Infelizmente poreacutem natildeo lhe correspondeu a obra aacute altissonacircncia do programma
constante do patriotico titulo Deve ter sido composto por homem inteligente e lido
que se valeu natildeo ha duvida e muito dos trabalhos de Moraes mas nem por isto
deixou de levantar em homenagem aacute riqueza vocabular da liacutengua luso-brasileira ateacute
hoje tatildeo deficiente tatildeo mesquinhamente invetariada Eacute um tanto obscura a
biographia deste nosso segundo diccionarista Luiz Maria da Silva Pinto
c) Eduardo Frieiro ndash no artigo um velho dicionaacuterio impresso em Minas21
(1955) destacamos
as impressotildees de Frieiro
Acham-se vinculados aos primeiros tempos da Tipografia em Minas trecircs nomes que
natildeo podem ser esquecidos o do mineiro Padre Viegas de Meneses o do portuguecircs
Manuel Joseacute Barbosa Pimenta e Sal e o do goiano Luiacutes Maria da Silva Pinto []
Administrava a oficina provincial o major Luis Maria da Silva Pinto que durante
vaacuterias deacutecadas foi o principal impressor de Ouro Precircto jaacute como gerente do
estabelecimento oficial jaacute como editor particular proprietaacuterio da Tipografia de
Silva cuja marca tenho encontrado em diversas obras dadas a lume de 1827 a 1848
Algumas eram de autoria do operoso Silva Pinto que chegou mesmo a publicar um
Diccionario da lingua brasileira portaacutetil de 1132 paacuteginas para remediar a penuacuteria
de vocabulaacuterios ocorrente na Proviacutencia Era o Dicionaacuterio uma compilaccedilatildeo apressada
feita pelo proacuteprio impressor que tambeacutem editou para uso das escolas de primeiras
letras numerosos voluminhos dos quais posso citar os tiacutetulos de alguns que possuo
a saber Ortografia ou Arte de escrever (1829) Aritmeacutetica ou Arte de contar (1831)
Princiacutepios da Moral cristatilde (1846) e Gramaacutetica brasileira ou Arte de falar conforme
20
TAUNAY 1932 p182 21
FRIEIRO 1955 p390-397
37
as regras da Manuel Borges Carneiro (1847) Embora se intitulasse Dicionaacuterio da
liacutengua brasileira nada tinha que ver com a fala dos aboriacutegenes nem com os
particularismos da liacutengua corrente no Brasil Era um pequeno leacutexico da liacutengua
portuguecircsa com alguns escassos brasileirismos colhidos provagravevelmenle em Moraes
Silva O caso eacute que naquela eacutepoca achando-se os Brasileiros ainda na lua de mel da
independecircncia nacional o espiacuterito nativista entatildeo muito alvoroccedilado natildeo se
contentava unicamente com a autonomia poliacutetica almejava romper todos os laccedilos
que ainda nos atavam agrave repudiada Metroacutepole inclusive o liame infrangiacutevel da liacutengua
materna Como natildeo era possiacutevel fabricar uma com peccedilas totalmente novas
chamava-se brasileira agrave liacutengua que sem deixar de ser portuguesa eacute de qualquer
forma tambeacutem a nossa
d) L G ndash que assina a nota do recorte do jornal22
(sem data) abaixo apresentado
FOTO 5 Notiacutecia de jornal
Fonte acervo pessoal
e) Paulo Mario Beserra de Araujo ndash neste iniacutecio de seacuteculo XX quando a ciecircncia linguiacutestica se
volta para a anaacutelise de dicionaacuterios e as versotildees digitais de obras se encontram disponibilizadas
na internet Araujo (2009) realizou um ldquoensaio metalexicograacutefico analiacutetico comparativo e
criacuteticordquo do Diccionario de Silva Pinto publicado com o tiacutetulo Um diccionario sem auctor
versus hum auctorlsquo com diccionario Esse pesquisador buscando estudar o que motivou
Silva Pinto a delimitar a macroestrutura de seu dicionaacuterio (cf Araujo 2009 p 9-10) mostra
inuacutemeras semelhanccedilas da obra desse autor ndash o Diccionario da Lingua Brasileira com a obra
22
Recorte encontrado na contra-capa do volume do Diccionario do Museu da Inconfidecircncia em Ouro Preto
poreacutem natildeo haacute informaccedilotildees sobre a autoria
38
ldquosem autor declarado pelo editor impressor e livreiro Francisco Rollandrdquo23
denominada
Novo Diccionario da Liacutengua Portugueza ediccedilatildeo de 1806 ldquodisponiacutevel desde 23 de fevereiro
de 2007 no website booksgoogle obtida do original existente na Taylor Institution Library
da Oxford University Oxford Inglaterrardquo24
Apoacutes um cuidadoso estudo Arauacutejo conclui que a
ldquoanaacutelise comparativa efetuada permite constatar que a semelhanccedila entre as duas obras estaacute
aleacutem do que pode ser classificado como compilaccedilatildeordquo25
Apresentamos a seguir a folha de rosto do Diccicionario da Liacutengua Brasileira
FOTO 6 Diccionario da Lingua Brasileira (1832) Fonte acervo pessoal
Diferentemente de seu colega editor responsaacutevel pela obra similar portuguesa
Silva Pinto assina a obra brasileira Com esse comportamento o consulente entende que cabe
a ele aleacutem da ediccedilatildeo a autoria do dicionaacuterio Entretanto no proacutelogo apresentado esse autor
se coloca como impressor natildeo como autor ndash ldquome suggerio o projecto de imprimir este
auxiliante da Grammatica e da Orthographiardquo deixa claro tambeacutem que a obra ao ser editada
jaacute contava com um nuacutemero de leitores ou ldquoassignantesrdquo mais do que suficientes para sua
confecccedilatildeo Isso nos leva a refletir que Silva Pinto realizou um trabalho de ediccedilatildeo de uma obra
portuguesa de faacutecil manuseio visando atender aos brasileiros Salientamos que apesar do
23
ARAUJO 2009 p 13 24
Ibidem p 10 25
Ibidem p 78
39
tiacutetulo se referir agrave variante do portuguecircs brasileiro esse dicionaacuterio tem um caraacuteter normativo
ateacute mesmo preconceituoso conforme podemos inferir no trecho do proacutelogo em que
destacamos a preocupaccedilatildeo do autor em mostrar que no nosso leacutexico havia palavras da liacutengua
portuguesa e natildeo somente dlsquoaquellas que proferem os Iacutendios Posiccedilatildeo conservadora sem
duacutevida
FOTO 7 Prologo do Diccionario da Lingua Brasileira
Fonte acervo pessoal
Mais do que descrever o leacutexico brasileiro dos primeiros anos dos oitocentos com
certeza o Diccionario da Lingua Brasileira do goiano Luiz Maria da Silva Pinto tinha como
objetivo ser prescritivista conduta bastante comum nessa eacutepoca
Publicado dez anos depois da Independecircncia do Brasil o dicionaacuterio nesse
contexto constitui-se como um instrumento de divulgaccedilatildeo da nova naccedilatildeo e da posiccedilatildeo
poliacutetica de seu editor diante dos acontecimentos histoacutericos Como homem respeitado na
sociedade local em um periacuteodo em que o Brasil acabava de ser tornar independente de
Portugal Silva Pinto se preocupava com os rumos que a liacutengua portuguesa poderia tomar e
40
como editor colocou-se como ldquoprotetorrdquo do portuguecircs lusitano ldquobem faladordquo em terras
brasileiras
A imagem que apresentamos a seguir destaca a paacutegina do dicionaacuterio que trata
das abreviaturas da obra com a inserccedilatildeo de vaacuterias terminologias dentre elas a terminologia
naacuteutica objeto de anaacutelise desta Pesquisa
IMAGEM 1 Lista de abreviaturas proposta pelo Diccionario da Lingua Brasileira
Dada a estreita relaccedilatildeo entre cultura e leacutexico abordaremos no proacuteximo capiacutetulo as
grandes navegaccedilotildees destacando a navegaccedilatildeo portuguesa em terras brasileiras
41
Capiacutetulo 2
42
Capiacutetulo 2 ndash Contextualizaccedilatildeo histoacuterica
21 As grandes navegaccedilotildees
A aventura mariacutetima portuguesa natildeo foi um marco isolado Ela se fez no contexto
de uma das maiores aventuras expansionistas empreendidas pelo homem e se tornou
conhecida como grandes navegaccedilotildees De costas para Castela e de frente para o mar a uacutenica
forma de Portugal expandir seus domiacutenios era enfrentar as aacuteguas desconhecidas
Desde 1385 com a ascensatildeo de D Joatildeo I ao trono apoacutes a Revoluccedilatildeo de Avis
antes de qualquer outro paiacutes europeu Portugal jaacute possuiacutea um Estado centralizado apoiado por
uma burguesia mercantil forte e disposta a investir na expansatildeo a fim de ampliar suas
possibilidades de lucros Construiacuteram caravelas principal meio de transporte mariacutetimo e
comercial do periacuteodo desenvolvidas com qualidade superior agraves de outras naccedilotildees Neste paiacutes
tambeacutem houve a preocupaccedilatildeo com os estudos naacuteuticos pois os portugueses chegaram a criar
ateacute mesmo um centro de estudos a Escola de Sagres Nesse centro o Infante Dom Henrique
filho do Rei Dom Joatildeo I reuniu numerosos pilotos cartoacutegrafos e astrocircnomos cujos trabalhos
favoreceram o avanccedilo da arte de navegar e impulsionaram a expansatildeo mariacutetima portuguesa A
partir daiacute com o aprimoramento da cartografia ndash em especial com o desenvolvimento das
cartas naacuteuticas ndash e com o avanccedilo das teacutecnicas de navegaccedilatildeo recorrendo ao que havia de mais
novo no campo cientiacutefico tais como a ampliaccedilatildeo dos conhecimentos sobre correntes
mariacutetimas o uso do astrolaacutebio e da buacutessola que permitia navegaccedilotildees mais seguras
privilegiando a situaccedilatildeo geograacutefica de seu paiacutes os portugueses partiram para as grandes
expediccedilotildees mariacutetimas
Entre os grandes obstaacuteculos vencidos para que fossem aleacutem do conhecido mar
Mediterracircneo estavam o medo e vaacuterias preacute-concepccedilotildees Foi necessaacuterio um longo processo de
mudanccedilas para que o povo europeu apostasse na teoria da esfericidade da Terra e se
ldquoconvencesserdquo de que havia alguma possibilidade de ir aleacutem das aacuteguas jaacute navegadas desde
muito tempo
Durante os seacuteculos XV e XVI os europeus principalmente portugueses e
espanhoacuteis lanccedilaram-se nos oceanos Paciacutefico Iacutendico e Atlacircntico com dois objetivos
principais descobrir uma nova rota mariacutetima para as Iacutendias e encontrar novas terras Este
periacuteodo ficou conhecido como a Era das Grandes Navegaccedilotildees e Descobrimentos Mariacutetimos
O iniacutecio da expansatildeo portuguesa deu-se em 1415 com a conquista da cidade de
Ceuta no norte da Aacutefrica na costa do atual Marrocos importante centro comercial da eacutepoca ndash
ponto de convergecircncia de caravanas de comerciantes aacuterabes Depois de Ceuta os portugueses
43
continuaram suas conquistas contornando a Aacutefrica em um trajeto conhecido como peacuteriplo
africano A expansatildeo portuguesa incluiu a ilha da Madeira os Accedilores Cabo Verde a
ultrapassagem do Cabo Bojador (grande obstaacuteculo para a continuaccedilatildeo da viagem e muito
temido pelos navegadores por causa das fortes ondas e dos nevoeiros comuns na regiatildeo)
Senegal e Serra Leoa
Durante o peacuteriplo africano os portugueses desenvolveram a caravela um tipo de
barco adaptado agrave navegaccedilatildeo em mar aberto e comeccedilaram a esboccedilar o audacioso plano de
contornar o sul da Aacutefrica e chegar agraves Iacutendias
MAPA 1 As grandes navegaccedilotildees26
A chegada dos portugueses ao litoral da Ameacuterica em 1500 foi portanto uma
consequecircncia da expansatildeo ultramarina anteriormente realizada em vaacuterios cantos do mundo
As grandes navegaccedilotildees transformaram Portugal em um impeacuterio respeitado em
toda agrave Europa o interesse despertado pelas viagens transoceacircnicas natildeo soacute permitiu a expansatildeo
dos conhecimentos naacuteuticos com o desenvolvimento da buacutessola do astrolaacutebio das
embarcaccedilotildees e de mapas rudimentares denominados portulanos mas tambeacutem por ser o
primeiro paiacutes europeu a iniciar a expansatildeo ultramarina teve seu comeacutercio ampliado dominou
povos e terras impocircs um sistema de colonizaccedilatildeo imprimindo aiacute sua soberania religiatildeo
cultura e liacutengua
26
NAVEGACcedilOtildeES Disponiacutevel em lthttpwwwgooglecombrsearchhl=ptgt Acesso em 1 Abr 2011
44
O desenvolvimento do comeacutercio europeu nos seacuteculos XV XVI e XVII
favorecido pelas praacuteticas mercantilistas das monarquias absolutistas foi tambeacutem chamado de
revoluccedilatildeo comercial A revoluccedilatildeo comercial caracterizou-se pela integraccedilatildeo da Ameacuterica
Aacutefrica e Aacutesia agrave economia europeia atraveacutes da navegaccedilatildeo pelo Oceano Atlacircntico pelo
aumento da circulaccedilatildeo de mercadorias e de moedas pela criaccedilatildeo de novos meacutetodos de
produccedilatildeo de manufaturas pela ampliaccedilatildeo dos bancos dos sistemas de creacutedito seguros e
demais operaccedilotildees financeiras O crescimento da agricultura da mineraccedilatildeo da metalurgia da
navegaccedilatildeo da divisatildeo do trabalho do comeacutercio colonial promoveu uma grande acumulaccedilatildeo
de capital preparando a Europa para avanccedilos importantes na produccedilatildeo o corridos a partir do
seacuteculo XVIII
22 As navegaccedilotildees na eacutepoca do Brasil Colocircnia
A primeira exploraccedilatildeo do litoral do territoacuterio descoberto foi feita pela proacutepria
esquadra de Cabral que seguiu paralelamente agrave costa em direccedilatildeo norte procurando um porto
onde os navios ficassem abrigados A partir daiacute nos primeiros trinta anos o contato com as
terras brasileiras ficou limitado ao envio de algumas expediccedilotildees de reconhecimento e defesa
do litoral e outras com o objetivo de explorar o pau-brasil uacutenico artigo que poderia ser
convertido em lucros para Portugal
Em 1530 Dom Joatildeo III enviou ao Brasil a expediccedilatildeo de Martim Afonso de Sousa
cujos principais objetivos eram verificar a existecircncia de metais preciosos explorar e patrulhar
o litoral e estabelecer os fundamentos da colonizaccedilatildeo do Brasil Martim Afonso percorreu
quase todo o litoral brasileiro de Pernambuco enviou dois barcos para explorar o litoral
norte organizou expediccedilotildees rumo ao sertatildeo partindo de Cabo Frio e de Cananeia chegou ateacute
a foz do rio da Prata e depois retornou ao litoral paulista onde fundou a vila de Satildeo Vicente
(1532) Ali se organizaram alguns povoados iniciou-se o plantio da cana e foram construiacutedos
os primeiros engenhos da colocircnia Comeccedilava assim a colonizaccedilatildeo efetiva do Brasil apoiada
inicialmente na produccedilatildeo de accediluacutecar para o mercado externo
O aproveitamento sistemaacutetico dos recursos da terra brasileira em benefiacutecio da
metroacutepole portuguesa permitiu a fixaccedilatildeo de populaccedilotildees europeias na regiatildeo o que contribuiu
para a incorporaccedilatildeo dos modelos sociais culturais e religiosos europeus no Novo Mundo
45
MAPA 2 ldquoTerra Brasilisrdquo27
A busca de colocircnias constituiacutea um dos principais objetivos dos paiacuteses
mercantilistas europeus As aacutereas coloniais eram um excelente mercado consumidor dos
manufaturados europeus e fornecedor de mateacuterias-primas e produtos agriacutecolas tropicais
As colocircnias eram vistas como instrumentos de poder das metroacutepoles Por isso a
produccedilatildeo foi organizada de acordo com a poliacutetica econocircmica do mercantilismo tendo como
objetivo o fortalecimento do Estado nacional e a acumulaccedilatildeo de riquezas monetaacuterias nas matildeos
das burguesias europeias Cada metroacutepole preocupava-se fundamentalmente e manter a posse
de suas colocircnias como bem mostra Caacuteceres (1993 p 19)
A administraccedilatildeo colonial estava centralizada na metroacutepole e tinha por finalidade
baacutesica garantir que as colocircnias gerassem produtos para a metroacutepole a baixos custos e
consumissem os manufaturados metropolitanos a preccedilos mais altos O elemento
mais importante desse sistema era o monopoacutelio comercial das metroacutepoles sobre as
colocircnias cuja economia girava em torno das necessidades econocircmicas
metropolitanas e de sua burguesia
Ateacute mesmo as formas de produccedilatildeo das colocircnias eram organizadas de acordo com
as necessidades metropolitanas No Brasil colocircnia por exemplo foi introduzida a escravidatildeo
a fim de se obter uma produccedilatildeo em larga escala necessaacuteria agrave economia europeia Essas
colocircnias em aacutereas tropicais que produziam para o mercado externo eram chamadas colocircnias
de exploraccedilatildeo28
Sua economia era baseada na grande propriedade na monocultura e no
trabalho compulsoacuterio isto eacute obrigatoacuterio
Com o estado portuguecircs no Brasil aumentaram tanto as exportaccedilotildees quanto as
importaccedilotildees e consequentemente a necessidade de um satisfatoacuterio transporte mariacutetimo
27
TERRA BRASILIS Disponiacutevel em lthttpswwwmarmilbrdhndhnhistoricohtmlgt Acesso em 1 Abr 2011 28
CAacuteCERES 1993 p 19
46
Durante o seacuteculo XVI e iniacutecio do seacuteculo XVII o Brasil tornou-se o maior produtor de accediluacutecar
do mundo e o responsaacutevel pela riqueza dos senhores de engenho da Coroa e de comerciantes
portugueses poreacutem foi soacute com a vinda da famiacutelia real portuguesa para o Brasil que a
navegaccedilatildeo brasileira se intensificou
A chegada ao Rio de Janeiro do Priacutencipe Regente D Joatildeo e da Rainha D Maria I
fugindo das guerras napoleocircnicas na Europa foi um marco na histoacuteria da marinha brasileira
Nessa eacutepoca a marinha portuguesa encontrava-se decadente mas sua capacidade foi ampliada
para poder apoiar a ldquoEsquadra Realrdquo e os navios estrangeiros jaacute que o fluxo aumentou
consideravelmente em virtude da abertura dos portos brasileiros ao comeacutercio com outras
naccedilotildees Podemos dizer que a transmigraccedilatildeo da Famiacutelia Real portuguesa foi fundamental para
que mais tarde ocorresse a independecircncia unificada de todo o territoacuterio de colonizaccedilatildeo
portuguesa na Ameacuterica A cidade do Rio de Janeiro tornou-se sede do governo portuguecircs o
que gerou um surto de progresso em vaacuterios setores da sociedade colonial
IMAGEM 2 Primeira esquadra brasileira29
Posteriormente com as tentativas das Cortes de fazer D Pedro regressar para a
Europa iniciou-se a cisatildeo da Marinha de Portugal Desde o princiacutepio de 1822 alguns
comandantes de navios passaram a obedecer somente ao Priacutencipe e o apoiaram nas ocasiotildees
em que houve ameaccedilas de uso de forccedila Comeccedilava nesse periacuteodo a se formar o embriatildeo da
marinha do Brasil
29
ESQUADRA Disponiacutevel em lthttpwwwgooglecombrsearch3Fq3D2522Marinha2BImperial
2BBrasileiragt Acesso em 1 Abr 2011
47
23 As navegaccedilotildees na eacutepoca do Brasil Impeacuterio
Com a independecircncia do Brasil o primeiro governo encontrou a difiacutecil tarefa de
unificar o extenso territoacuterio brasileiro em cujo litoral encontravam-se os principais centros
urbanos ou seja era emergencial que o Estado possuiacutesse uma Esquadra e estabelecimentos de
apoio para manter a unidade nacional Para eliminar os focos de resistecircncia interna agrave
autoridade do novo Imperador que eram mais fortes nas proviacutencias da Bahia Maranhatildeo
Gratildeo-Paraacute e Cisplatina e rechaccedilar qualquer tentativa de recolonizaccedilatildeo por parte da antiga
metroacutepole foi necessaacuterio o aprestamento de forccedilas terrestres e principalmente o preparo de
uma forccedila naval capaz de obter o domiacutenio do mar interceptar a vinda de reforccedilos portugueses
bloquear as posiccedilotildees inimigas e manter livres as comunicaccedilotildees mariacutetimas do novo Impeacuterio
garantindo a unidade nacional Era preciso aleacutem da Esquadra possuir a capacidade de reparar
os navios existentes e construir outros
Segundo Bittencourt30
em fins de 1822 ldquoo material flutuante ainda era muito
escasso com navios que tinham sua origem na Marinha de Portugal e que passaram a constituir o
primeiro nuacutecleo da Esquadra brasileira composto pelas Fragatas Uniatildeo e Real Carolina Corvetas
Maria da Gloacuteria e Liberal Brigue Real Pedro Brigue-Escuna Real 13 escunas ndash das quais sete
encontravam-se estacionadas no Prata ndash e de aproximadamente 20 navios-transportes e
canhoneiras Os outros navios estacionados no Rio de Janeiro somente trecircs eram utilizaacuteveis a
Nau Martins de Freitas a Fragata Sucesso e o Brigue Reino Unido os quais foram prontamente
reparados no Arsenal de Marinha A Nau Priacutencipe Real que trouxe D Joatildeo VI ao Brasil soacute pocircde
ser utilizada como navio-prisatildeo devido ao peacutessimo estado que se encontravardquo
De acordo com Vale (1971 p 10)
[] a princiacutepio parecia natildeo haver falta de oficiais para a nova Marinha 160 tinham se
estabelecido no Brasil desde 1808 mas a maioria era de portugueses e tornou-se
necessaacuterio verificar primeiro sua lealdade Com esta finalidade Cunha Moreira
estabeleceu uma comissatildeo em 5 de dezembro de 1822 para perguntar a cada oficial se
ele desejava servir ao Brasil ou voltar para Portugal Ficou logo claro que a grande
maioria aderia agrave causa brasileira e quando foram retirados os nomes dos mais velhos e
dos incapazes restou um total de 94 Era evidente que o Brasil tinha oficiais superiores
em nuacutemero suficiente mas a quantidade de oficiais inferiores dava apenas para
guarnecer os navios jaacute em comissatildeo nos estabelecimentos de guerra
Nesse periacuteodo a Marinha Imperial Brasileira possuiacutea em seus quadros
profissionais oriundos de diversos grupos sociais O engajamento e o recrutamento de pessoal
30
MARINHA IMPERIAL Disponiacutevel em lthttpwwwmarmilbrdiversosArtigos_selecionadosDocumentos
marinha_imperialpdfgt Acesso em 25 Abr 2011
48
para a marinhagem ocorriam de forma voluntaacuteria por contrato (geralmente estrangeiros) ou
pelo recrutamento agrave forccedila (vagabundos e criminosos) e posteriormente em decreto emitido
em fevereiro de 1823 permitiu-se a admissatildeo de escravos na Marinha Muitos eram oriundos
da Marinha de Portugal despertavam portanto desconfianccedila Outros tantos natildeo tinham
experiecircncia no mar Apesar desses problemas o governo imperial conseguiu unificar a
marinha brasileira da eacutepoca
IMAGEM 3 Marinha Imperial31
Eacute consenso que o instrumento decisivo para alcanccedilar a Independecircncia do Brasil
certamente foi a feliz decisatildeo do Governo Imperial de aprestar uma Esquadra capaz de
garantir o controle no mar negando-o aos portugueses possibilitar o deslocamento de tropas
de maneira mais raacutepida cortar as linhas de recebimento de suprimento e reforccedilo do inimigo
pelo mar
24 Consideraccedilotildees
Como se sabe os marinheiros envolvidos nas viagens mariacutetimas portuguesas
eram fundamentalmente gente do povo pouco instruiacuteda natildeo lhes sendo acessiacutevel portanto
o domiacutenio de uma terminologia muito elaborada Mesmo assim ela existe eacute dicionarizada e
merece ser estudada Podemos dizer que ao desenvolvimento das ciecircncias e teacutecnicas naacuteuticas
em Portugal correspondeu o florescimento de toda uma terminologia vernaacutecula herdada no
Brasil
31
MARINHA IMPERIAL Disponiacutevel em lt httpswwwmarmilbrmenu_hnoticias0609201002htmlgt
Acesso em 25 Abr 2011
49
Depois dessa breve exposiccedilatildeo acerca das grandes navegaccedilotildees que rudimentares
nos seacuteculos XIV e XV ultrapassaram o niacutevel da praacutetica rotineira jaacute nos primeiros anos do
seacuteculo XVI passamos a apresentar os procedimentos metodoloacutegicos adotados nesta pesquisa
50
Capiacutetulo 3
51
Capiacutetulo 3 ndash Procedimentos metodoloacutegicos
Como jaacute apontado na Introduccedilatildeo nossa pesquisa insere-se na aacuterea do leacutexico mais
especificamente do leacutexico especializado referente aos termos naacuteuticos Em nosso entender o
leacutexico especializado ou a terminologia e suas unidades ndash os termos ndash natildeo se separam
artificialmente do resto da liacutengua mas encaixam-se fazendo parte integrante dela Nessa
perspectiva natildeo concebemos a terminologia nem os termos seus objetos de anaacutelise como um
mundo agrave parte da realidade linguiacutestica de uma liacutengua Ao contraacuterio acreditamos que as
terminologias presentes em um dicionaacuterio satildeo constituiacutedas de subsistemas ndash tais como termos
meacutedicos termos da arquitetura termos naacuteuticos dentre muitos outros ndash que interagem dentro
de um sistema maior que eacute o leacutexico geral
Sobre esse tema Murakawa (2002 p 21) discorre
[] o leacutexico de uma liacutengua se compotildee de dois grupos de unidades lexicais num 1ordm
grupo as unidades satildeo compreendidas e empregadas do mesmo modo por todos os
membros da sociedade num 2ordm grupo as unidades satildeo apenas compreendidas e
empregadas por parte maior ou menor dessa sociedade e satildeo usadas no seu emprego
correto pelos membros de um grupo particular
De acordo com essa linguista por necessidade de se compor uma terminologia as
pessoas buscam na liacutengua comum unidades leacutexicas que passaratildeo a ter daiacute por diante um
significado especiacutefico
Nessa visatildeo seguimos as propostas teoacutericas defendidas por Cabreacute (1999) no
acircmbito da teoria comunicativa da terminologia Segundo essa terminoacuteloga os termos satildeo
unidades lexicais de fato que assumem significados especializados quando usadas em
determinados acircmbitos de especialidade Assim sendo podemos encontrar inuacutemeros termos
que tecircm por base unidades da liacutengua corrente que migram para registros linguiacutesticos
especializados como tambeacutem encontramos unidades lexicais terminoloacutegicas formadas por
estruturas morfoloacutegicas comuns agraves estruturas de palavras que encontramos no leacutexico da liacutengua
corrente
Sabemos que nos uacuteltimos anos os estudos terminoloacutegicos conheceram um
desenvolvimento notaacutevel com os avanccedilos da Linguiacutestica em geral e da lexicologia em
particular tendo-se hoje em dia uma visatildeo muito mais ampla da unidade lexical de uma
linguagem especializada
Neste estudo partimos de um tema ou de um ldquoassuntordquo ndash ou seja da terminologia
naacuteutica trabalhamos pois com o percurso ldquodo conceito agrave palavrardquo ou ldquoda ideia ao signordquo
nos moldes do meacutetodo onomasioloacutegico
52
Por onomasiologia entende-se um aspecto particular da pesquisa linguiacutestica que
partindo de uma determinada ideia examina as vaacuterias maneiras com as quais essa
ideia encontrou expressatildeo na palavra32
Em seguida estendemos nossa anaacutelise agrave palavra ou ao signo linguiacutestico ndash percurso
semasioloacutegico e voltamos ao onoma
Para os conceitos de leacutexico lexicologia lexicografia terminologia adotamos
como base teoacuterica Matoreacute (1953) Biderman (1978 1991 1998 1999 2001) Cabreacute (1999)
Barros (2007 2009) Krieger e Finatto (2004) Krieger (2006)
Para a anaacutelise dos dados ao longo do tempo tomamos como base norteadora a
concepccedilatildeo de Linguiacutestica Histoacuterica tal como apresentada por Bynon (1977 p 1-2) e Cohen
(1996 p3) que postulam
A Linguiacutestica Histoacuterica procura investigar e descrever a maneira pela qual as liacutenguas
mudam ou conservam suas estruturas atraveacutes do tempo seu domiacutenio eacute portanto a
liacutengua no seu aspecto diacrocircnico
As limitaccedilotildees do trabalho diacrocircnico satildeo tantas que natildeo se pode abrir matildeo de
informaccedilotildees que possam nos facilitar o acesso agrave liacutengua antiga
31 Objetivos
Nosso objetivo geral nesta pesquisa eacute realizar um estudo sincrocircnico e diacrocircnico
do leacutexico correspondente agrave terminologia naacuteutica presente no Diccionario da Lingua
Brasileira de Luiz Maria da Silva Pinto publicado na cidade de Ouro Preto no ano de 1832
Como objetivos especiacuteficos almejamos
1) estudar as origens dos termos naacuteuticos Sabemos que ao desenvolvimento das ciecircncias
e teacutecnicas naacuteuticas em Portugal correspondeu o florescimento de toda uma
terminologia vernaacutecula mas haacute outros termos provenientes de liacutenguas como o catalatildeo
o italiano e o aacuterabe
2) conferir se os termos selecionados se encontram presentes em obras lexicograacuteficas de
referecircncia nos seacuteculos XVIII XIX XX e se os mesmos mantiveram seus
significados e ainda se constam como ldquotermos naacuteuticosrdquo
3) consultar o corpus do Projeto DHPB CNPq com o objetivo de verificar se os termos
constantes no Diccionario da Lingua Brasileira integraram no passado o nosso
leacutexico e se havia variantes ortograacuteficas da palavra nos textos escritos dos seacuteculos
XVI XVII XVIII
4) o Brasil eacute composto por numerosas culturas que se vecircem refletidas em nossas escolhas
vocabulares atraveacutes do tempo inclusive no campo das liacutenguas de especialidade A
32
BERTOLDI citado por Babini 2006 p 38
53
exploraccedilatildeo econocircmica das terras americanas constitui um episoacutedio da Histoacuteria que se
refletiu de maneira significativa natildeo soacute na incorporaccedilatildeo de novas palavras no
Portuguecircs do Brasil mas na progressiva modificaccedilatildeo semacircntica e lexical de diversos
termos no fluir do tempo Assim temos como um dos objetivos analisar o repertoacuterio
textual concernente agrave navegaccedilatildeo econocircmica da colocircnia em documentos e textos
originais o que constitui uma das fontes primaciais para a compreensatildeo de nossa
proacutepria trajetoacuteria histoacuterica
5) verificar se a terminologia naacuteutica presente no Diccionario da Lingua Brasileira
descreve a realidade brasileira nessa aacuterea ou se faz parte desse dicionaacuterio somente com
o objetivo de enriquecer nosso leacutexico
6) apontar os termos naacuteuticos do dicionaacuterio Aureacutelio ndash seacuteculo XX Comparar esses termos
com o primeiro dicionaacuterio impresso no Brasil ou seja o Diccionario da Lingua
Brasileira verificando se houve manutenccedilatildeo expansatildeo ou mudanccedila nesse leacutexico de
especialidade
7) eacute notoacuterio que os marinheiros envolvidos nas viagens e na empresa dos
Descobrimentos eram fundamentalmente gente do povo gente simples que tripulava
os navios e executava a maioria das operaccedilotildees necessaacuterias agrave manobra do barco natildeo
lhes sendo acessiacutevel portanto o domiacutenio de uma terminologia elaborada Supomos
que a terminologia usada por estes profissionais teria de ser forccedilosamente simples (ou
simplificada) constituiacuteda por muitos termos provenientes da liacutengua corrente que lhes
permitissem conceitualizar realidades especializadas (como as relacionadas com a
navegaccedilatildeo com as manobras envolvidas neste processo com as partes do navio e com
os instrumentos que dele fazem parte) Esse leacutexico estaacute presente no Diccionario da
Lingua Brasileira e ou no Aureacutelio ndash seacuteculo XX
8) contribuir para o desenvolvimento da investigaccedilatildeo histoacuterica na aacuterea da Terminologia
disponibilizando um estudo da aacuterea de especialidade devidamente analisado
54
32 Caracteriacutesticas do Diccionario da Lingua Brasileira
Em termos de microestrutura o Diccionario da Lingua Brasileira apresenta
basicamente a entrada e a classe morfoloacutegica seguida da definiccedilatildeo Quando recebe ldquomarcas
de usordquo essas vecircm entre parecircnteses depois da classificaccedilatildeo morfoloacutegica e antes da definiccedilatildeo
se o vocaacutebulo soacute tem uma acepccedilatildeo como mostra o verbete em destaque
Poucas vezes o Diccionario da Lingua Brasileira apresenta duas acepccedilotildees como
em abotoadura raras vezes apresenta trecircs como em arruela e nunca apresenta abonaccedilotildees
Algumas vezes realiza pequenos comentaacuterios
Quando apresenta duas ou mais acepccedilotildees a ldquomarca de usordquo vem sempre antes de
cada definiccedilatildeo como eacute o caso do termo arruela que eacute definida pelo autor como termo de
armaria termo naacuteutico e termo de ourives
55
33 Meacutetodos e procedimentos
Para a realizaccedilatildeo deste trabalho utilizamo-nos do volume digital da ediccedilatildeo
microfilmada iniciada no ano de 1982 pelo Arquivo Puacuteblico Mineiro localizado na cidade
de Belo Horizonte Minas Gerais certificado pela documentaccedilatildeo apresentada a seguir
IMAGEM 4 Documentaccedilatildeo da obra digitalizada
Realizamos primeiramente a leitura do Diccionario da Lingua Brasileira e
fizemos o levantamento das unidades lexicais que remetem ao mundo da navegaccedilatildeo
Observamos inicialmente para proceder a essa seleccedilatildeo as ldquomarcas de usordquo que se referem agrave
terminologia naacuteutica Em uma segunda etapa lemos todos os outros verbetes uma vez que
temos consciecircncia de que muitas terminologias dentre elas a naacuteutica natildeo se encontram
marcadas Partimos portanto como jaacute mencionamos de um corpus dicionariacutestico referente agrave
terminologia naacuteutica que se intitula da liacutengua brasileira do iniacutecio do seacuteculo XIX e
posteriormente organizamos um corpus composto por 153 unidades leacutexicas constituiacutedo de
117 substantivos 3 adjetivos 32 verbos e 1 adveacuterbio
Feita a recolha os dados foram organizados em fichas lexicograacuteficas
56
IMAGEM 5 Obra utilizada digitalizada pelo APM
57
331 Fichas lexicograacuteficas
Para sistematizar e analisar os dados elaboramos uma ficha que chamamos de
lexicograacutefica para cada unidade leacutexica selecionada Nesta seccedilatildeo apresentaremos a
constituiccedilatildeo dessa ficha
(Nuacutemero da ficha)
Apresentaccedilatildeo do termo selecionado da obra em formato digital
Apresentaccedilatildeo do termo digitado
______________________________________________________________________
Registro em dicionaacuterios
rarrCunha
rarrBluteau
rarrMoraes e Silva
rarrLaudelino Freire
rarrAureacutelio
Abonaccedilatildeo do termo em Banco de Dados
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Origem
Figura 3 Ficha Lexicograacutefica
a) Do lado esquerdo na parte de cima apresentamos o nuacutemero da ficha lexicograacutefica em
negrito
b) Na primeira divisatildeo da ficha na parte superior destacamos a unidade lexical que seraacute
analisada colando natildeo soacute o termo mas todo o verbete copiado da versatildeo digital da
obra em seguida no lado esquerdo esse verbete eacute digitalizado objetivando desse
modo facilitar a leitura
c) Na segunda parte da ficha destacamos como cada um dos cinco dicionaacuterios consultados
definem o termo Quando isso natildeo ocorre ou seja quando um dos dicionaacuterios natildeo
registra o termo indicamos ldquonerdquo (natildeo-encontrado) no espaccedilo seguinte ao nome do
autor
d) Quando o termo eacute abonado pelo Banco de Dados do Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do
Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI XVII XVIII constituiacutedo por textos da eacutepoca do
Brasil Colocircnia copiamos a abonaccedilatildeo no espaccedilo abaixo da linha pontilhada
e) A uacuteltima parte da ficha eacute composta por comentaacuterios e aponta ainda a origem do termo
Por meio das fichas consultando os autores das obras lexicograacuteficas
correspondentes a periacuteodos diversos podemos visualizar se a unidade lexical em estudo eacute ou
natildeo dicionarizada por um ou mais autores ou por nenhum deles e tambeacutem podemos
conhecer sua origem A ficha aponta ainda se o termo ocorreu ou natildeo no Brasil no periacuteodo
58
colonial Aleacutem de analisar o termo coletado a ficha lexicograacutefica constitui uma boa
ferramenta para nos auxiliar no trabalho de quantificaccedilatildeo e comparaccedilatildeo dos dados
Segue o modelo de uma ficha preenchida
Ficha 43
Calmaria s f (T Naut) Falta de vento
______________________________________________________________________
rarrCunha calma sf bdquogrande calor atmosfeacuterico geralmente sem vento‟ XV bdquoserenidade
sossego‟ 1813 Do it calma derivado do latim tardio cauma e este do grego kauma bdquocalor
ardente chama‟ [] calmaria sf bdquocalma‟ XVI
rarrBluteau Calmaricirca Tanquilidade das aguas do mar Malacia amp Fem Amanheceo o dia
ſeguinte em huma terrivel Calmaria Queirograves Vida do Irmatildeo Baſto pag 351
rarrMoraes e Silva calmaria sf de Naut Tempo de calma no mar em que o navio natildeo surde
ldquoestar o mar em calmariardquo []
rarrLaudelino Freire sf De calma + aria Cessaccedilatildeo do vento e do movimento das ondas
[]
rarrAureacutelio [ De calma + aria] Sf 1 Ausecircncia de ventos eou do movimento das ondas
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
[] por cinco ou seis dias tivemos grandes calmarias trovoadas e chuveiros tatildeo escuros e
medonhos e tatildeo fortes ventos que era cousa despanto e no meio dia ficavamos numa noite
mui escura
PADRE FERNAtildeO CARDIM (1980) [1583] III - INFORMACcedilAtildeO DA MISSAtildeO DO P
CHRISTOVAtildeO GOUVEcircA AacuteS PARTES DO BRASIL - ANNO DE 83 - OU NARRATIVA
EPISTOLAR DE UMA VIAGEM E MISSAtildeO JESUIacuteTICA[A00_0751 p 142]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente Moraes e Silva define calmaria como termo naacuteutico mas todos os
outros dicionaacuterios em suas definiccedilotildees remetem o significado desse termo a tempo e
atmosfera Origem italiana lt latina
FIGURA 4 Ficha Lexicograacutefica preenchida
Nesta parte de construccedilatildeo das fichas nos apoiamos em dicionaacuterios e banco de
dados tomamos como referecircncia o dizer de Bluteau (1712 v1) quando afirma que
As palavras natildeo significam por sua natureza mas por instituiccedilam dos homens amp
cada Naccedilatildeo assim barbara como polida deu principio amp sentido agraves palavras de
que usa Daqui nace que natildeo temos outra prova da propriedade das palavras que o
uso dellas amp deste uso natildeo hatilde evidencia mais certa amp permanente que a q nos fica
nas obras dos Autores ou manuscritas ou impressas
59
332 Sobre os dicionaacuterios consultados
Para a anaacutelise das unidades leacutexicas coletadas contamos com obras lexicograacuteficas
consideradas de referecircncia a saber
a) Vocabulario Portuguez e Latino de autoria de P Raphael Bluteau (seacuteculo XVIII)
Selecionamos esse dicionaacuterio por ser uma obra que contempla grande parte do leacutexico
da liacutengua portuguesa ateacute iniacutecio do seacuteculo XVIII aumentando e atualizando
aproximadamente em cinco vezes o vocabulaacuterio ateacute entatildeo dicionarizado conforme
destaca Verdelho33
e principalmente por ser reconhecido pelos estudiosos da aacuterea
como uma obra de referecircncia nos estudos lexicograacuteficos de liacutengua portuguesa De
acordo com Murakawa (2007 p173) a obra de Bluteau ldquonatildeo eacute uma obra lexicograacutefica
que trata apenas das palavras mas tambeacutem trata de coisas e por isso deve ser
considerada um dicionaacuterio ou um vocabulaacuterio enciclopeacutedicordquo De acordo com a
mesma autora ldquona maioria das vezes a informaccedilatildeo enciclopeacutedica completa a
informaccedilatildeo linguiacutestica das entradas e neste aspecto o Vocabulario se transforma num
repositoacuterio da cultura portuguesa e tambeacutem da cultura universalrdquo34
Ainda sobre a
importacircncia de termos selecionado essa obra que se organiza em torno de um corpus
real de liacutengua apoiamo-nos dizeres em Murakawa (2007 p 187)
Entre os inuacutemeros e variados meacuteritos que o Vocabulario possui um deles merece ser
ressaltado o iniacutecio de uma lexicografia portuguesa baseada em um corpus de
referecircncia organizado a partir de obras dos seacuteculos XV ao XVIII pertencentes aacutes
mais diversas aacutereas de conhecimento do periacuteodo de setecentos e o registro dessas
obras acompanhando os exemplos no interior dos verbetes indicando volume
paacutegina paraacutegrafo foacutelio e quando existia ateacute mesmo a ediccedilatildeo consultada
A composiccedilatildeo do Vocabulario constituiu um longo e conturbado
empreendimento que ocupou quase 50 anos da vida de Rafael Bluteau Na dedicatoacuteria a D
Joatildeo V Bluteau lembra a necessidade de uma obra que fizesse justiccedila agrave grandeza da liacutengua
portuguesa de Portugal e sobretudo do seu rei ldquoobjectivos que conferem ao Vocabulario
uma dupla funccedilatildeo poliacutetica pois para aleacutem de contribuir para a afirmaccedilatildeo do portuguecircs no
panorama linguiacutestico europeu concorre para a construccedilatildeo da imagem de um monarca
ilustrado e mecenasrdquo35
33
VERDELHO 2002 p 23 34
MURAKAWA 2007 p 186-187 35
SILVESTRE 2001 p 2
60
IMAGEM 6 O Vocabulario de Bluteau
61
b) Diccionario da Liacutengua Portugueza de autoria de Antoacutenio de Moraes Silva (seacuteculo
XIX) Tomando como base o Vocabulaacuterio Portuguez e Latino Moraes constroi seu
dicionaacuterio utilizando-se tambeacutem de obras de vaacuterios autores acrescentando outros
mais que P Raphael Bluteau o que talvez por influecircncia do Tribunal do Santo Ofiacutecio
e ainda pela censura literaacuteria tenham sido deixadas por esse uacuteltimo conforme
destaca Murakawa36
Segundo ainda essa autora37
ldquoo Diccionario de Moraes pode
ser considerado como o primeiro dicionaacuterio de uso da liacutengua portuguesa porque os
que o antecederam natildeo podem ser classificados de tal maneirardquo Nesta pesquisa
utilizamos para consulta o volume digitalizado da ediccedilatildeo de 1813
IMAGEM 7 O Diccionario de Moraes Silva
36
MURAKAWA 2007 p31 37
Op cit p119
62
c) O Grande e Noviacutessimo Dicionaacuterio da Liacutengua Portuguesa de Laudelino Freire
(primeira metade do seacuteculo XX) foi escolhido como obra de referecircncia da primeira
metade do seacuteculo XX por tratar-se de um dicionaacuterio que apresenta grande riqueza
vocabular por incluir muitas locuccedilotildees expressotildees e brasileirismos Laudelino de
Oliveira Freire seu autor nasceu em Lagarto SE em 26 de janeiro de 1873 e faleceu
no Rio de Janeiro RJ em 18 de junho de 1937 Formou-se em Direito em 1902 Foi
advogado jornalista professor poliacutetico criacutetico e filoacutelogo Eleito em 1923 para a
Cadeira n 10 na sucessatildeo de Rui Barbosa como membro da Academia Brasileira de
Letras laacute organizou trabalhos em lexicografia tendo apresentado em 1924 um plano
de dicionaacuterio de liacutengua portuguesa A comissatildeo encarregada desse dicionaacuterio foi
dissolvida em 1934 A obra (1939-1944) eacute publicaccedilatildeo poacutestuma composta em cinco
volumes impressa pela editora A Noite com a colaboraccedilatildeo de J L de Campos Vasco
Lima e Antocircnio Soares Franco Juacutenior
IMAGEM 8 Grande e Noviacutessimo Dicionaacuterio da Liacutengua Portuguesa de Laudelino Freire
d) Novo Dicionaacuterio Aureacutelio da Liacutengua Portuguesa de Aureacutelio Buarque de Holanda
Ferreira (2004) Optamos por essa obra pelo fato de este ser considerado como um
dicionaacuterio padratildeo da sociedade brasileira apresentando um vasto repertoacuterio lexical
incluindo grande nuacutemero de brasileirismos Eacute um dicionaacuterio que embora conte com
limitaccedilotildees apresenta grande nuacutemero de abonaccedilotildees de obras variadas exemplificaccedilotildees
exemplos baseados em linguagem falada e escrita indicaccedilatildeo da variabilidade
linguiacutestica no territoacuterio nacional aleacutem de concisatildeo e clareza nas definiccedilotildees
e) Dicionaacuterio Etimoloacutegico Nova Fronteira da Liacutengua Portuguesa de autoria de Antocircnio
Geraldo da Cunha Consta em nossa ficha esse dicionaacuterio com o objetivo principal
esclarecer a origem dos vocaacutebulos e a dataccedilatildeo aproximada da sua entrada na liacutengua
63
portuguesa Outra finalidade da escolha desse dicionaacuterio foi a de identificar as formas
variantes que tais vocaacutebulos adquiriram ao longo do tempo podendo com isso verificar
se algumas dessas formas coincidiam com aquelas encontradas no nosso corpus
Apoacutes a consulta a essas obras visando constatar se os termos selecionados
encontravam-se ou natildeo presentes nelas observando ainda suas origens e as marcas de uso
passamos posteriormente a consultar o Banco de Dados do Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do
Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI XVII XVIII
333 Sobre o Banco de Dados
O Banco de Dados PDHPB CNPq integra o Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do
Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI XVII XVIII e eacute constituiacutedo por uma base informatizada
que reuacutene textos do portuguecircs do Brasil ou sobre o Brasil colonial dos mais variados gecircneros
escritos por autores brasileiros e portugueses radicados no paiacutes desde o seacuteculo XVI
O Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI XVII XVIII
(DHPB) do Programa Instituto do Milecircnio ndash CNPq com sede na Faculdade de Ciecircncias e
Letras da UNESP (Universidade Estadual Paulista) Campus de Araraquara foi idealizado e
construiacutedo pela linguista Maria Tereza Camargo Biderman e com seu falecimento em 2008
estaacute sendo coordenado pela tambeacutem linguista Clotilde de Almeida Azevedo Murakawa Eacute um
projeto de um dicionaacuterio histoacuterico diacrocircnico portanto documental que tem como objetivos
especiacuteficos
1) reunir numa obra de consulta o leacutexico da liacutengua portuguesa que no periacuteodo do
Brasil Colonial fixou um repertoacuterio lexical que veio a constituir o portuguecircs
brasileiro 2) registrar as unidades lexicais substantivos adjetivos e verbos que
compotildeem a nomenclatura do Dicionaacuterio Histoacuterico 3) extrair dos contextos
inseridos no banco de dados todas as acepccedilotildees que a palavra-entrada ou lema
possui acompanhadas do contexto e de completa informaccedilatildeo bibliograacutefica 4)
registrar a data mais antiga que a entrada apresenta no conjunto de todos os
documentos que compotildeem o banco de dados38
Utilizando dois programas computacionais ndash o Philologic e o UNITEX 20 o
Banco de Dados do DHPB foi construiacutedo no Laboratoacuterio de Lexicografia da UNESP sede do
Projeto estabelecido o ano de 1500 com a carta de Caminha a dataccedilatildeo documental mais
antiga e o ano de 1808 data da chegada da famiacutelia real ao Brasil sua dataccedilatildeo mais perto da
contemporacircnea
38
MURAKAWA 2010 p 331
64
Sobre os textos utilizados eles se constituem os mais variados possiacuteveis
conforme nos aponta Murakawa (2010 p334)
Com relaccedilatildeo agrave tipologia das obras escolhidas haacute que se ressaltar que tendo em vista
os objetivos especiacuteficos do DHPB elas foram as mais variadas possiacuteveis obras dos
missionaacuterios viajantes na sua maioria jesuiacutetas que vieram em missatildeo catequeacutetica e
no Brasil se fixaram diaacuterios de navegaccedilatildeo como o de Pero Lopes de Sousa irmatildeo
de Martim Afonso de Sousa cartas de sesmarias roteiros descritivos da flora e
fauna brasileiras descriccedilotildees geograacuteficas cartas e sermotildees do PeVieira pregados
aqui no Brasil e de outros oradores sacros que para aqui vieram obras e
documentos que tratam do Estado do Gratildeo Paraacute durante a era pombalina obras
sobre a nobiliarquia paulistana atos de cacircmaras municipais documentos cartoriais
autos de devassas feitos durante a Inconfidecircncia Mineira processos inventaacuterios
testamentos alvaraacutes posturas bandos atos de doaccedilotildees de terras casas e terrenos
cartas de ofiacutecio patentes cartas dos governadores gerais provisotildees documentos
forenses constituiccedilotildees dos bispados no Brasil regimentos militares obras sobre
medicina farmaacutecia agricultura etc e muitas outras num conjunto que pode ser
considerado ldquomonumentalrdquo para os fins a que foi proposto
Contando com aproximadamente 7 milhotildees e 500 mil ocorrecircncias esse Banco de
Dados por noacutes consultado permitiu que dele extraiacutessemos as unidades lexicais comuns aos
153 termos constantes no nosso corpus em estudo
A utilizaccedilatildeo do Banco de Dados do Projeto DHPB permitiu que conferiacutessemos se
os termos que compotildeem nosso corpus se encontram contextualizados em textos do periacuteodo
colonial brasileiro e ainda que observaacutessemos suas variaccedilotildees
Depois de explicitarmos as posiccedilotildees teoacutericas adotadas e os meacutetodos e
procedimentos de que lanccedilamos matildeo nesta pesquisa passemos no proacuteximo capiacutetulo agrave
descriccedilatildeo e anaacutelise dos dados catalogados em fichas lexicograacuteficas
65
Capiacutetulo 4
66
Capiacutetulo 4 ndash Apresentaccedilatildeo e Descriccedilatildeo dos Dados
Conforme jaacute relatado no Capiacutetulo 3 para cada um dos 153 termos marcados
como ldquotermo naacuteuticordquo no dicionaacuterio DLB construiacutemos uma ficha lexicograacutefica Essa ficha
nos daacute vaacuterias informaccedilotildees 1) transcreve o verbete selecionado do DLB 2) aponta sua origem
3) mostra se o dado selecionado eacute considerado ldquotermo naacuteuticordquo pelos lexicoacutegrafos a) Bluteau
(seacutec XVIII) b) Moraes e Silva (seacutec XIX) c) Laudelino Freire (seacutec XX) d) Aureacutelio (seacutec
XXI) 4) indica por meio de abonaccedilotildees se o termo em estudo ndash na forma apresentada pelo
dicionaacuterio em anaacutelise ou em suas variantes ortograacuteficas e foneacuteticas ndash consta no Banco de
Dados do Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI XVII XVIII
que reuacutene textos escritos por brasileiros ou sobre o Brasil durante o periacuteodo colonial 5)
realizam-se comentaacuterios com o objetivo de fornecer esclarecimentos para posterior anaacutelise
A seguir listamos essas fichas em ordem alfabeacutetica
A
Ficha 1
[]
rarrAba sf [] No plural (T naut) os lados dos machos e femeas em que gira o leme e que
estatildeo pregados no navio e no leme
________________________________________________________________ rarrCunha aba
1 sf bdquoparte pendente de um objeto‟l XIII abaa XIV l De origem duvidosa
talvez se filie ao lat ălăpa atraveacutes de uma forma ăpăla como se poderia depreender do port
ant abaa []
rarrBluteau Diz-ſe da extremidade ou de algum acrecentamento na extremidade de couſas
naturaes ou artificiaes como em obras de marcenaria carpintaria amp outras []
rarrMoraes e Silva natildeo consta com essa acepccedilatildeo
rarrLaudelino Freire sf [] 4 Os lados de uma cousa as metades as partes laterais as
bandas aba da focirclha da janela etc
rarrAureacutelio [] 3 Prolongamento ger dobraacutevel de tampo de mesa ou de outros moacuteveis []
8Fig Proteccedilatildeo amparo arrimo
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo existem ocorrecircncias de aba como termo
naacuteutico
_______________________________________________________________ Comentaacuterios nenhum dos dicionaacuterios define aba como termo naacuteutico Origem duvidosa
(latina)
67
Ficha 2
Abotoadura sf [] No plur (T naut) As peccedilas de ferro que estatildeo debaixo das mezas e
seguratildeo as enxarcias com suas bigotas Abotucaduras parece ser corrupccedilatildeo deste vocabulo ______________________________________________________________________
rarrCunha abotoado ndashadura -amento -ar rarr BOTAtildeO [] Do a francecircs AbotoADURA
1813 botoadura XIV
rarrBluteau Abotoadugravera (Termo de navio) Satildeo huns ferros que vem debaxo das mezas de
guarniccedilatildeo amp tem matildeo na enxarcia com ſuas bigotas
rarrMoraes e Silva abotoaduacuteras s f pl naut Peccedilas do navio de ferro que vem debaixo das
mezas de guarniccedilatildeo e tem matildeo na enxarcia com suas bigotas
rarrLaudelino Freire sf De abotoar + dura Ato de abotoar []Jocircgo de bototildees que se
tomam no aparelho do navio com linha alcatroada em forma de cruz etc ABOTOADURAS
sf pl O mesmo que abatocadurasABATOCADURAS sf pl De abatocar + dura ndash s Naacuteut
Nome geneacuterico que designa as cadeias chapas e cavilhas que seguram as mesas das enxaacutercias
reais contra o costado do navio Var morf Batocaduras
rarrAureacutelio [De abotoar + -dura] SF Marinh Conjunto de bototildees que ligam dois cabos ou
duas pernadas do mesmo cabo
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo existem ocorrecircncias de abotoadura
abotoaduras abotucaduras abatocaduras como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios consultados apresentam abotuadura(s) como termo
naacuteutico ou da marinha ou de navio Origem francesa
Ficha 3
Abroquelar va cobrir com broquel (T nau) Bracear por sota vento ao virar de bordo
depois de ter dado geito ao braccedilo do velaxo por barlavento
______________________________________________________________________
rarrCunha abroquelar BROQUEL sm bdquoescudo antigo redondo e pequeno‟bru- XVIDo a
francecircs bocler (hoje bouclier) de bocle bdquoguarniccedilatildeo de metal no centro do escudo‟ e este do
latim bŭcŭla dim de bucca bdquoboca‟ AbroquelAR XVII abru- XVI
rarrBluteau natildeo consta
rarrMoraes e Silva ABROQUELAacuteR vat Cobrir com broquel sect __se no f guardar-se
forrar-se emparar-se Arte de furtar p 322
rarrLaudelino Freire ABROQUELAR Naacuteut Bracear por sotavento ao virar de bordo depois
de ter dado jeito ao braccedilo do velacho por barlavento
rarrAureacutelio [De a-2 + broquel + -ar
2] [] 2 Resguardar ou cobrir com broquel ou escudo 3
Fig Proteger defender resguardar escudar []
68
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo existem ocorrecircncias de abroquelar como
termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios somente Laudelino Freire aponta abroquelar como termo naacuteutico Sua
definiccedilatildeo eacute idecircntica agrave do DLB Origem francesa
Ficha 4
[]
Accedilafratildeo sm ndashotildees no plur [] T Naut o largo do leme justo ao couce que serve para
facilitar o movimento delle
______________________________________________________________________
rarrCunha sm bdquoplanta da fam das iridaacuteceas‟ ccedilaffram XIV Do aacuterabe az-zafaran rarrBluteau AacuteCAFRAM [] do Arabico Zabafaran[] Accedilafratildeo (Termo de naacutevio) He o
largo do leme junto agrave patelha amp ſerve para facilitar o movimento do meſmo leme
rarrMoraes e Silva ACcedilAFRAtildeO sm t naut O largo do leme junto agrave patelha o qual serve
para facilitar o seu movimento
rarrLaudelino Freire ACcedilAFRAtildeO sm Aacuter Azzaferan Planta bulbosa da famiacutelia das iridaacuteceas
(Crocus sativus) Naacuteut Madeira exterior larga junto a palhecircta do leme ao qual facilita os
movimentos
rarrAureacutelio accedilafratildeo [Do aacuter az-zalsquofarăn do persa] Sm Bot Planta herbaacutecea da famiacutelia das
iridaacuteceas (Crocus sativus) de procedecircncia europeia e possuidora de um bolbo perene 2 Bot
A flor dessa planta accedilaflor 3 Bras V urucu1 (2)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo apresenta ocorrecircncia para accedilafratildeo como
termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Aureacutelio e Cunha soacute definem accedilafratildeo como nome de planta Os outros
dicionaacuterios apontam accedilafratildeo como 1) nome de planta 2) termo naacuteutico Origem aacuterabe
Ficha 5
Agarruchar va (T naut) atar com garruchas
______________________________________________________________________
rarrCunha Garrocha gt garra ceacuteltico
rarrBluteau AGARROCHAR Ferir com garrocha Jaculo figere transfigegravere transverberare
Vid Garrocha
rarrMoraes e Silva AGARRUCHAR v at Naut Apertar atar com garruchas [] mesuraratildeo
as velas e agarruchaacuteratildeo os papafigos
rarrLaudelino Freire AGARROCHAR v tr dir De a + garrocha + ar Ferir com garrocha
farpear Instigar excitar incitar estimular AGARRUCHADO adj p p de agarruchar1
Naacuteut Apertado com garruchas AGARRUCHAR [] Ant Naacuteut Atar ou apertar com
garruchas
rarrAureacutelio agarruchar [De a-2+ garrocha + -ar
2 ] V td 1 Apertar ou atar com garrucha (2)
[Cf agarrochar e agarrunchar] agarrochar [De a-2
+ garrocha + -ar2
] Vtd 1 Ferir ou
picar com garrocha garrochar 2 Incitar estimular 3 Atormentar mortificar []
agarrunchar [] Vtd Ligar com garruncho []
69
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo apresenta ocorrecircncia para agarruchar
como termo naacuteutico
_____________________________________________________________________
Comentaacuterios Moraes e Silva e Laudelino Freire apontam agarruchar como termo naacuteutico
Origem duvidosa (ceacuteltico)
Ficha 6
Alcaxas sf (T naut) Espaccedilo entre cinta e cinta do navio
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau T de navio He tomado o vatildeo entre cinta amp cinta da banda de fora da nao
rarrMoraes e Silva sf pl t naut O vatildeo entre cinta e cinta pelo costado do navio
rarrLaudelino Freire ALCAXAS sf O mesmo que alcaichaALCAIXA Naacuteut 1 Espaccedilo
entre as cintas e verdugas por fora dos navios 2 Faixa branca pintada na altura da bateria
pela parte exterior 3 Uma ou mais ordens de debrum branco no colarinho das camisas dos
marinheiros
rarrAureacutelio natildeo constam os lemas alcaicha alcaxa alcaixa alcaxas
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo apresenta o termo alcaxas e suas
variantes
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Bluteau Moraes e Laudelino apresentam alcaxas como termo naacuteutico
Origem controvertida (Houaiss 2001)
Ficha 7
Aldrope sm (T nautico) cabo que se ata agrave manga da bomba V Gualdrope
Gualdrope sm Cabo que se ata no extremo da cana do leme e nas amuradas para o governar
melhor
______________________________________________________________________
rarrCunha aldrope- sm bdquocabo com que se puxa a picota da bomba a bordo ou se auxilia o
governo do leme‟l aldrope XVI gualdrope XVIII l Do ing guide-rope provavelmente
rarrBluteau ALDROPE (Termo de navio) Vid Gualdrope Sem largarem os Aldropes das
bombas das matildeos de dia nem de noite
rarrMoraes e Silva ALDROacutePE sm Cabo que se ata aacute manga da bomba para augmentar a
forccedila ou para poderem zonchar mais pessoas Couto 415sect Talvez se toma poacutelo manuacutebrio ou
manga e seraacute o mesmo que Gualdrope cabo que se ata ao leme para o segurar melhor e
governa-lo Idem 7103
rarrLaudelino Freire ALDROPE sm O mesmo que galdropeGaldrope sm Naacuteut Cabo
com que se puxa a picota da bomba a bordo ou se auxilia o governo do leme
rarrAureacutelio aldrope- (Galdrope [Do ing guide rope]) Sm Constr Nav Ant V gualdrope
Gualdrope [Var De galdrope lt ingl guide-rope] Sm Const Nav 1 Corrente cadeia ou
cabo de arame que transmite agrave cana do leme os movimentos da roda do leme [] 2 Nas
embarcaccedilotildees miuacutedas cada um dos cabos presos agraves duas pontas da meia-lua do leme para
manobra deste
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo constam aldrope e suas variantes
______________________________________________________________________
70
Comentaacuterios Em todas as obras consultadas aldrope e gualdrope satildeo termos ligados a arte
de navegaccedilatildeo Origem inglesa
Ficha 8
Alestar va Por lesto Ter prestes ccedilafar entre os naacuteuticos
______________________________________________________________________
rarrCunha alestar natildeo consta Lesto de origem obscura
rarrBluteau LESTO O meſmo que leſtes Vid No ſeu lugar (De maneira que ficou leſto o
navio Britto Viagem do Braſil pag 85) LESTES amp preſtes Preparado poſto em ordem
couſa prompta para algum fim Paratus a um Cic Vid Preſtes
rarrMoraes e Silva ALEacuteSTAR vat fazer lesto desembaraccedilar Amaral f51v mandou alestar
as peccedilas do leme que vinhatildeo recolhidas ieacute ter prestes safar se natildeo eacute erro por assestar
rarrLaudelino Freire ALESTAR vrv De a + lesto + ar Tornar lesto pronto ou
desembaraccedilado (tr dir pr) ldquoAlestar os empregadosrdquo ldquoMinerva o enrija e alestardquo (Odorico
Mendes) ldquoAleste-se
rarrAureacutelio ALESTAR [De a-2 + lesto + -ar
2] []1 Tornar(-se) lesto apressar(-se) ativar(-
se)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Cinco dias se deteve a caravela em Cabo-Verde os quaes acabados levou ferro e se pocircz
lesta a seguir viagem aos 26 do mesmo Dezembro []
PADRE JOSEacute DE MORAES (1860) [1759] LIVRO III - ENTRADA DA COMPANHIA DE
JESUS NA CAPITANIA DO GRAtildeO-PARAacute - CAP X - FELIZ VIAGEM PARA A MISSAtildeO DO
MARANHAtildeO DO GRANDE PADRE ANTONIO VIEIRA GRANDE EMBARACcedilO QUE TEVE
ANTES DA SUA PARTIDA PODERES E MERCEcircS COM QUE O DESPEDIO O PIISSIMO E
SEMPRE AUGUSTO REI O SR D JOAtildeO IV [A00_0279 p 281]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios nenhum dos dicionaristas apontam alestar como termo naacuteutico embora
Bluteau e Moraes apresentem abonaccedilotildees indicando que esse lexema remete ao universo
mariacutetimo Origem obscura
Ficha 9
[]
Alforge sm [] Alforges no Navio he a parte da poppa nos encontros e a reacute com humas
janellas para os lados que lhe servem de ornato
______________________________________________________________________
rarrCunha alforje sm ldquoduplo saco fechado nos extremos e aberto no meio‟ 1899 alforge
XVI alforja 1871 l Do ar Al- hurğ
rarrBluteau ALFORGE ou Alforges he huma eſpecie de ſacola de couro ou de outra mateacuteria
dividida em duas algibeiras em que ſe mete alguma proviſaotilde neceſſaria para a jornada amp nas
beſtas ſe potildeem nas ancas ou de huma amp outra parte do arccedilaotilde da ſella amp na gente de pegrave ſe
carrega nos ombros co hua parte ao peito amp outra agraves coſtas Derivaſe Alforge do Araacutebico
Ahfodia amp do verbo Ahfad que valo meſmo que guardar porque no Alforge guarda o
viandante o que leva para o ſeu ſuſtento []
rarrMoraes e Silva Apresenta alforje mas natildeo como termo naacuteutico
71
rarrLaudelino Freire ALFORJE sm Ar Al-khurj [] ALFORJES s m pl Naacuteut Saliecircncias
nos dois cantos da pocircpa
rarrAureacutelio alforge ou alforje- s m [Do aacuter al-hurğ] 1 Duplo saco fechado nas extremidades
e aberto no meio formando como que dois bornais que se enchem equilibradamente sendo a
carga transportada no lombo de cavalgaduras ou ao ombro de pessoas []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo apresenta ocorrecircncias para alforje alforge
como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios dentre os dicionaristas consultados somente Laudelino Freire aponta alforjes
(na forma plural) como termo naacuteutico Origem aacuterabe
Ficha 10
Almeida sm (T naut) O vatildeo por onde entra a cana do leme acima do cadaste
______________________________________________________________________
rarrCunha almeida sf bdquoabertura por onde entra a cana do leme‟ XVI De origem controvertida
rarrBluteau Almeida do leme ou almeida da nao He por onde entra a cana do leme por cima
do cadaſte Naotilde ſei que tenha nome proprio latino Calcule pella Almeida da nao abaixo em
bergantim Barros Decad 2 fol68 col2
rarrMoraes e Silva ALMEIDA sft de Naut O vatildeo por onde entra a cana do leme por cima
do cadaste A almeida do leme Barros
rarrLaudelino Freire ALMEIDA s f Ar Almayda Naacuteut Abertura ou vatildeo por onde entra a
cana do leme acima do cadaste parte cocircncava da popa do navio
rarr Aureacutelioalmeida S f Constr Nav 1 Parte curva do costado dos antigos navios de popa
quadrada logo abaixo do painel da popa e que com este forma acircngulo obtuso ou uma
curvatura
rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo apresenta ocorrecircncias para almeida como
termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todas as obras indicam almeida como termo naacuteutico Origem aacuterabe (Sousa
amp Moura)
Ficha 11
Amura sf (T naut) cabo grosso que prende nos punhos das vegravelas e se fixatildeo na amurada
______________________________________________________________________
rarrCunha muro sm Amura sf bdquotipo de cabo naacuteutico‟ XVI Der Regress De amurada
rarrBluteau Amugravera Termo de navio He hum cabo groſſo que vai do punho da vela grande amp
do traquete a borda da nao para eſtender as velas quando o vento he eſcaſſo Naotilde tem palavra
propria latina
rarrMoraes e Silva AMURA s f t naut A quadra de proa nas embarcaccedilotildees Cast 2 c 101 sect
it Cabo que prende em uma ponta da vela grande e a vem fixar na borda ou amurada da naacuteo
rarrLaudelino AMURA s f Cabo com que se mareiam os papafigos e as velas menores
cutelos e varredouras 2 Quadra da proa
rarrAureacutelio amura [Der regress de amurada] S f 1 Constr Nav Bochecha (3) 2Marinh
Cabo com que se puxa para vante o punho de barlavento de uma vela redonda de modo que
ela receba bem o vento 3 MarinhCabo com que se prende ao mastro ou na direccedilatildeo da proa
o punho da amura de uma vela latina
72
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo conteacutem o termo amura Origem
portuguesa lt latina
Ficha 12
Amurada s f (T naut) A parte exterior e interior do navio onde se fixatildeo as amuras
______________________________________________________________________
rarrCunha amura -ada ndash MURO sm bdquoparede forte que circunda um recinto ou separa um
lugar do outro‟ fig defesa proteccedilatildeo XIII Do latim murus ndashi Amura sf 1tipo de cabo
naacuteutico‟ XVI Der Regress de AmurADA sf 1face interna do costado de uma embarcaccedilatildeo‟
XVI []
rarrBluteau AMURADAS da nao caravela ou outra Embarcaccedilaotilde Saotilde mais altos da parte de
dentro Latera navis interiora Nas Amuradas das caravellas Damiaotilde de Goes Fol 70 col 3
rarrMoraes e Silva AMURAacuteDA s f A parte mais alta dos bordos da natildeo onde se fixatildeo as
amuras Goacutees Cron Man 70 sect O costado do navio pola parte de dentro ldquo encostar-se nas
amuradasrdquo correu o canhatildeo contra a amurada de bombordordquo
rarrLaudelino Freire AMURADA s f De amura + ada Prolongamento do costado do navio
acima da parede interna do casco
rarr Aureacutelio [F subst de amurado]S f 1 Constr Nav Face interna do costado de uma
embarcaccedilatildeo2 Constr Nav Prolongamento do costado da embarcaccedilatildeo acima do conveacutes
descoberto borda da embarcaccedilatildeo 3 P ext Muro de arrimo paredatildeo
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Muito conʃiderada ʃeragrave a eleiccedilatildeo dos Cabos para aʃsiʃtir agrave polvora trazer cartuxos apagar
fogo cudado da artelharia do arpeo amp ronda das amuradas com lenternas em vigia das
balas ao lume da agoa para as tomarem por dentro
FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR () [A00_2496 p 61]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todas as obras consultadas apresentam amurada ou amuradas como termo
naacuteutico Origem portuguesa lt latina
Ficha 13
Anrique sm (T naut) Corda em que a boia se prende aacute ancora
______________________________________________________________________
rarrCunha consta ourinque sm bdquoespeacutecie de espinhel‟ l XVI ourinquis pl XV l O voc port
talvez se relacione com o cast orinque o a cat orri e o fr orin todos derivados do neerl
ooring bdquoanel que sutenta o cabo das embarcaccedilotildees‟
rarrBluteau ANRIQUE da Anchora He huma corda que ſe amarra na unha da Anchora amp
vem acima da agoa amp na ponta ſe lhe potildeem huma boya Serve paraq cortandoſe a amarra
com que a nagraveo eſta amarrada ſe vacirc depois buſcar a Ancora Naotilde tem palavra proacutepria latina Na
Historia de Fern Mendes Pinto fol 262 col2 eſta erradamente Ourique em lugar de
Anrique
rarrMoraes e Silva ANRIacuteQUE s m t de Naut Corda com que se prende a boya aacute unha da
ancora
rarrLaudelino Freire ANRIQUE s m Corda com que se prende a boacuteia agrave unha da acircncora
rarrAureacutelio arinque1 [Var de ourinque (q v)]Sm Marinh1Linha que prende o ferro a uma
boacuteia para indicar a posiccedilatildeo daquele quando se encontra fundeado ourinque anrique arinque2
S m Bras SC 1 Espeacutecie de espinhel
73
rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo conteacutem o termo anrique
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam anrique como termo naacuteutico Origem
castelhana (orinque) lt neerlandesa (ooring)
Ficha 14
Arfar va (T Naut) Metter o navio hora a proa hora a poppa
______________________________________________________________________
rarrCunha arfar vb bdquorespirar com dificuldade ansiar ofegar‟ XVI Talvez do lat vulg
arefāre (claacutess arefacegravere bdquosecar‟) arfANTE 1899
rarrBluteau ARFAR (Termo Nautico) Arfar a naacuteo Levantar a naacuteo com alternadas agitaccediloens
a popa amp a proa Arfa a nao [] A grande capitania que recebe Com aproa ogroſſo mar que
Arfando (bebePereira Ulyſſca Cant 5 oit 16Arfar []
rarrMoraes e Silva ARFAR v n Balancear erguendo-se e tombando ou pendendo a naacuteo
Euf 25 B 3 7 sect Arfar o cavalo empinar-se por-se em femeas sect fig Restituir-se a cima a
coisa elastica acurvada v g as tranccedilas da palmeira arfatildeo com algum peso
rarrLaudelino Freire ARFAR v r v Naacuteut Balancear ou oscilar o navio abaixando ora a
popa ora a proa jogar (intr) ldquoNo oceano arfam trecircs caravelasrdquo (Pocircrto Alegre) ldquoQue importa
a borrasca se a nau tem a prende-la os rijos dentes de ferro da acircncora
rarrAureacutelio arfar [Do lat vulg arefare ltlat arefacere secar poss] [] 4Mar Balouccedilar
oscilar (a embarcaccedilatildeo) no sentido longitudinal erguendo a proa []
rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq
As naus entre montanhas de mar ainda quando arfavam mal se viam
JOSEacute ALVARES DE OLIVEIRA (1981) [nd] HISTOacuteRIA DO DISTRITO DO RIO DAS
MORTES SUA DESCRICcedilAtildeO DESCOBRIMENTO DAS SUAS MINAS CASOS NELE
ACONTECIDOS ENTRE PAULISTAS E EMBOABAS E CRIACcedilAtildeO DAS SUAS
VILAS[A00_0395p95]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam arfar tambeacutem como termo naacuteutico
Origem duvidosa (latim vulgar)
Ficha 15
Arriar v a (T Naacuteutico) Abaixar ou alargar a vela a bandeira etc
____________________________________________________________________
rarrCunha arriar vb bdquoabaixar descer ( o que estava suspenso ou levantado)‟ XVI Do cast
arriar deriv Do lat arrēdāre ldquopreparar dispor‟ Cp ARREAR
rarrBluteau ARRIAR ou Arrear (Termo Nautico) Alargar abater amp Arriar a eſcota He
alargar a ditta corda paraque naotilde tome a vela tanto vento Verjoriam laxare Arrias velas V
Amainar O que eſtiver de ſotavento Arrie o velacho Britto Viagem do Brazil pag 268
Arriar a bandeira Abaxalla Bellicum vexilium demittere (mitto ) pondolhe a proa com
a bandeira que Arriaracirc amp iſſaracirc com eſpaccedilo Britto Viagem do Braſil paacuteg 269
rarrMoraes e Silva ARRIAacuteR v at Abater amainar vg arriar as bandeiras velassect
Afroixar vg arriar as escotas para que a veacutela natildeo vaacute tatildeo enfunada sect Arriar-se segurar-se a
cabo para se alar para algum posto Cast 2 157
rarrLaudelino Freire ARRIAR vr 2ordf- Arriar eacute abaixar e em sua origem tecircrmo naacuteutico
Arriar a vela ( ad-retro ad-retrare cf francecircs cognato arriegravere)
74
rarrAureacutelioarriar [Do cat arriar] Verbo transitivo direto1Abaixar descer (o que estava
suspenso ou levantado) [] 4Marinh Deixar correr pouco a pouco (um cabo que aguenta um
peso)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
O que deʃcubrir vellas amp natildeo forem das noʃʃas tiraragrave hũa peʃʃa ʃeguindo-as com o farol aʃezo
para o acompanharem os mais Se as eʃtrangeiras paʃʃarem de duas tantas vezes como forem
as embarcaccedilotildees iʃʃaragrave amp arriaragrave hum farol de correr junto ao principal para advertirʃe que
eʃte movimento natildeo he do mar amp deʃparando hũa peʃʃa a Capitana volte aviʃala
FRACISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 59]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterio apesentam arriar entre outras acepccedilotildees como termo do
universo mariacutetimo acima consultados Origem castelhana
Ficha 16
[]
Arruella sf [] (T Nautico) Argolinhas de ferro
_____________________________________________________________________
rarrCunha arruela sf bdquochapa com furo circular pelo qual se introduz o parafuso a fim de que a
porca natildeo desgaste a peccedila que vai ser aparafusada‟ XV rroela XIV Do ant fr roelle (hoje
rouelle) deriv Do lat tard rotella dim De rǒta bdquoroda‟
rarrBluteau ARRUELAS Arruelas (Termo de Navio) Saotilde humas argolinhas de ferro que ſe
metem nas cavilhas ate ajuſtar o buraco para ſe lhe meter a chaveta Naotilde tem termo proprio
Latino
rarrMoraes e Silva (arrueacutella) [] t de Naut Arruellas satildeo argolinhas de ferro que se mettem
na cavilha ate ajustar o buraco para se lhe metter a chaveta aninas lhe chamatildeo nos engenhos
d‟assucar
rarrLaudelino Freire ARRUELA sf Fr Ant roele Circunferecircncia em forma de moeda em
escudos heraacuteldicos 3 Pedaccedilo redondo de prata que se obteacutem vazando a prata fundida no
tijolo 4 Chapa de ferro na ponta da cavilha 5 Arco de ferro para apertar ou reforccedilar
usado em construccedilotildees navais
rarrAureacutelio arruela [De ar-4 + ruela
2] sf 1Chapa redonda de accedilo com furo circular na qual
se mete o parafuso a fim de que a porca natildeo desgaste a peccedila que vai ser aparafusada 2Heraacuteld
Besante de brasatildeo roel 3Pedaccedilo de prata lavrado em tijolo
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
As aſpas da Roda larga amp grande ſuſtentaotilde aos arcos o
interior da meſma Roda entre os dous arcos della aſſegurados cotilde muitas cavilhas de ferro amp
com ſuas arruellas amp chavetas meti
ſuas voltas ſegura
ANDREacute JOAtildeO ANTONIL (1711) [1711] LIVRO II - CAPITVLO I - DA EſCOLHA DA
TERRA PARA PLANTAR CANNAS DE AſſUCAR amp PARA OS MANTIMENTOS
NECEſſARIOS amp PROVIMENTO DO ENGENHO [A00_2577 P 48]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios de todos os dicionaacuterios acima consultados soacute o Aureacutelio natildeo apresenta arruela
como termo naacuteutico Origem francesa
75
Ficha 17
Avencadura ou Ovencadura (T naut) Enxarcia real
______________________________________________________________________
rarrCunha Natildeo constam avencadura e ovencadura Consta oveacutem sm bdquo(Marinh) cordas
grossas de navio‟ 1813 Do a fr hobent (ou hobenc) deriv do escandinavo ant houmlfuđbendur
(pl de houmlfuđbenda) de benda bdquocorda‟ e houmlfuđ bdquocabeccedila‟
rarrBluteau AVENCADURA Avenccediladugravera (Termo de Marinhagem) Chamaotilde-lhe outros
Enxarcia Real Vid Ovencadura Qual voltando pela Avencadura Na antena mayor contra a
procella A vela grande quer ver amainada Inful De Man Thomas livro 2 oit 86
rarrMoraes e Silva AVENCADURA V Ovencadura Enxarcia real T de Naut
OVENCADUacuteRA (ovencaduacutera) s f t de Naut A enxarcia real o feixe ou totalidade dos
ovens OVEacuteM (oveacutem) s m t de Naut Nome commum a todo cabo que serve de ter matildeo nos
mastros descendo das gargantas dlsquoelles ate aacutes mesas de guarniccedilatildeo
rarrLaudelino Freire AVENCADURA s f Ant O mesmo que ovencadura
OVENCADURA s f Naacuteut Conjunto de oveacutens a enxarcia real OVEacuteM s m Antfr hauban
Naacuteut Cada um dos cabos que aguentam os mastros para a borda
rarrAureacutelio natildeo constam avencadura e ovencadura Consta oveacutem Oveacutem [Do escand ant
houmlfudbendur pelo fr ant hobent ou hobene] Substantivo masculino 1Constr Nav Cada
uma das pernadas da enxaacutercia Desarmam o toldo de lona agrave proa [] colhem os guardins as
enxaacutercias os oveacutens os brandais todo o cordame em suma capaz de ser tocado pela ramaria
do arvoredo debruccedilado na calha (Raimundo Moraes Na Planiacutecie Amazocircnica p 77)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Que experimentamos jaacute quando noutra jornada do Braſil padecernos nelle hum horrivel
naufragio De preſente pela forccedila com que jugava ſurto na Ilha da Madeira abrio o calcegraves
por duas partes rebentando o eſtay mayor amp muita avencadura
FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 14]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios de todos os dicionaacuterios acima consultados soacute o Aureacutelio natildeo apresenta
avencadura ovencadura Os outros apresentam esse lexema como termo naacuteutico Origem
francesa
B Ficha 18
Banzeiro adj (T Naut) Diz-se do mar quando natildeo faz grandes ondas e do jogo que anda
igual para os parceiros
______________________________________________________________________
rarrCunha banzar bdquoespantar pasmar surpreender‟ 1813 Do lat bilanceare de bilancia
bdquobalanccedila‟ Do significado primitivo de bdquooscilar mover-se como balanccedila‟ passaria ao de
ondear‟ de que resultaria o de bdquoficar estonteado‟ [] banzeiro XVI
rarrBluteau BANZEIRO Inquieto Mal ſeguro Mar banzeiro nem quieto nem tormentoſo
[] Mas como o mar com a calamaria andave Banzeiro Barros I Decfol27colI []
rarrMoraes e Silva BANZEgraveIRO adj t de Naut Diz-se do mar que natildeo tem ondas mas que se
agita vagarosamente []
76
rarrLaudelino Freire banzeiro adj Diz-se do mar quando faz pequenas ondas e se agita
vagarosamente []
rarrAureacutelio Adjetivo 1 Diz-se do mar que se agita vagarosamente e em pequenas ondas []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Os mesmos remos padeceratildeo tantas falhas no seu exerciacutecio quantas forem as inconstacircncias
assim no mar como dos navios inquietos e inclinados jaacute para um e para outro lado nos
mares banzeiros e muito mais nos alterados e assim muitas e muitas vezes natildeo chegaratildeo a
aacutegoa e circularatildeo em seco apontando os ares mas natildeo virando os mares
PADRE JOAtildeO DANIEL (1976) [1757] PARTE SEXTA - DO TESOURO DESCUBERTO NO
RIO MAXIMO AMAZONAS - CONTEacuteM INVENTOS UacuteTEIS E CURIOSOS PARA A MELHOR
FAZENDO NAVEGACcedilAtildeO PROacuteSPEROS TODOS OS VENTOS AINDA OS MAIS
PONTEIROS E CONTRAacuteRIOS E PARA FAZER NAS CALMARIAS BOA VIAGEM COM
NOVA INVENCcedilAtildeO DE REPRESAR AS MAREacuteS PARA MOEREM FAacuteBRICAS E INGENHOS
DE MOTO CONTIacuteNUO ACCRESCEM ALGUMAS OUTRAS IDEacuteAS DE INGENHOS
MANUAES PARA SERRAR MADEIRA FAZER ACcedilUacuteCAR E MUITOS OUTROS NAtildeO
MENOS CURIOSOS QUE UacuteTEIS A VIDA HUMANA - CAP 2deg - SOBRE A MESMA
MATEacuteRIA DO PRIMEIRO INVENTO [A00_1965 p 393]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterio apesentam banzeiro entre outras acepccedilotildees como termo do
universo mariacutetimo Origem portuguesa lt latina
Ficha 19
Barbear va Fazer as barbas a algueacutem vn (T Naut) Estar prezo
______________________________________________________________________
rarrCunha barba ndash sf bdquocabelos do rosto do homem‟ XIII Do lat barba ndashae []
rarrBluteau BARBEAR Fazer a barba Cic Barbear (Termo Nautico) Barbeando os navios
ſobre as amarras trinta amp outo dias Britto Viagem do Braſil pag 180
rarrMoraes e Silva BARBEacuteAR vat Fazer as barbas a alguemsect vnt de Naut estar
abarbado preso vg barbeando os navios sobre a amarra Brito Viag
rarrLaudelino Freire BARBEAR vrv De barba + ear Fazer ou talhar as barbas a (tr dir
pr) [] 2 Abarbar (o cavalo) para medir a alccedilada (tr dir) [] 3Amarrar (tr dir)
rarr Aureacutelio barbear [De barba + -ear2] Verbo transitivo direto 1Fazer a barba a Verbo
pronominal2Fazer a proacutepria barba []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Depois que com ſingular felicidade eſtiveratildeo ſem nenhum dano tantos navios barbeando
ſobre a amarra trinta amp oito dias no perigoſo ſurgidouro da Coſta do Recife aacute terccedila feira da
Semana Santa onze de Abril principiamos noſſa derrota
FRACISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR () [A00_2496 p 36]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Bluteau e Moraes e Silva apresentam barbear como termo naacuteutico
significando ldquoprender estar presordquo Na 3ordf acepccedilatildeo desse verbo Laudelino Freire define-o
como amarrar mas natildeo o classifica como termo naacuteutico Origem portuguesa lt latina
77
Ficha 20
Barcolas sf plur (T Naut) As bordas onde encaixatildeo os quarteis de fechar as escotilhas
______________________________________________________________________
rarrCunha barc∙ o -ola rarr BARCA - bdquotipo de embarcaccedilatildeo‟ XIII Do lat tard barca de
origem hispacircnica [] barcOLA 1899
rarrBluteau BARCOLAS Barcocirclas (Termo de navio) Saotilde humas bordas mais altas em que
encaxatildeo os quarteis com que ſe cobrem as eſcotilhas amp deſpois ſe paſſa hum varatildeo ou cadeu
de ferro em que ficaotilde fechadas Naotilde temos palavras propria Latina
rarrMoraes e Silva BARCOacuteLAS (barcoacutelas) s f plur T de Naut As bordas onde encaxatildeo os
quarteis de fechar as escoltilhas
rarrLaudelino Freire BARCOLAS sf pl Naacuteut Bordas em que se encaixam os quarteacuteis de
fechar as escotilhas
rarrAureacutelio natildeo consta
rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Aureacutelio natildeo apresenta o lexema barcola Em todos os outros dicionaacuterios esse
lexema eacute apresentado como termo naacuteutico Origem hispacircnica lt latina
Ficha 21
Barquilha sf Peccedila atada a hum cordel comprido com que os navegantes medem o espaccedilo
que o navio vence com certo vento
______________________________________________________________________
rarrCunha barca ndash do latim tardio barca de origem hispacircnica
rarrBluteau natildeo consta barquilha mas barquinha ndash [] He como um barco de pescar ordinario
mas com quilha alta amp torre por baixo que vem de proa ateacute popa amp os furos por onde vai a
corda com facilidade []
rarrMoraes e Silva BARQUIacuteLHA (barquiacutelha) s f t Naut Peccedila de madeira da feiccedilatildeo de um
quarto de circulo atada a um longo cordel a qual se lanccedila por popa e dando-se-lhe corda por
tempo medido pela ampolheta se recolhe para saber-se o espaccedilo que o navio vinga com certo
vento em certo tempo e isto pouco mais ou menos outros dizem barquinha
rarrLaudelino Freire BARQUILHA s f De barca + ilha Mar Peccedila de madeira de forma
triangular ou dum quadrante precircsa a um cordel que se lanccedila da pocircpa dum navio para avaliar a
velocidade da sua marcha barquinha
rarrAureacutelio natildeo consta barquilha consta barquinha ndash [Dim de barca] Substantivo
feminino[] 4Ant Naacuteut Dispositivo com que na eacutepoca dos descobrimentos mariacutetimos do
seacutec XV se determinava a velocidade do navio
rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq
A praacutetica que usam os navegantes sobre a navegaccedilatildeo de Leste a Oeste eacute ordinariamente a
que chamam barquinha que eacute uma taboinha no fim de um comprido cordatildeo enrodilhado em
um rodiacutezio a qual taboinha largam sobre o mar da popa abaixo tendo na matildeo uma
ampulheta e segundo a velocidade com que o peso da barquinha levada das aacutegoas
desenrola o cordel do seu rodiacutezio inferem a velocidade ou andadura do navio para o que o
cordel tem sua conta que regulam pela ampulheta e dela foram seus caacutelculos e destes suas
ideacuteas de quanto anda em cada minuto em cada quarto em cada hora e em cada sangradura
78
Quatildeo sujeita seja a erros esta barquinha se pode logo inferir do seu cocircmputo e caacutelculo que
natildeo eacute outra cousa mais que uma conjectura ou estimativa tatildeo irregular e diversa como a
diversidade dos pilotos e navegantes
PADRE JOAtildeO DANIEL (1976) [1757] PARTE SEXTA - DO TESOURO DESCUBERTO NO
RIO MAXIMO AMAZONAS - CONTEacuteM INVENTOS UacuteTEIS E CURIOSOS PARA A MELHOR
FAZENDO NAVEGACcedilAtildeO PROacuteSPEROS TODOS OS VENTOS AINDA OS MAIS
PONTEIROS E CONTRAacuteRIOS E PARA FAZER NAS CALMARIAS BOA VIAGEM COM
NOVA INVENCcedilAtildeO DE REPRESAR AS MAREacuteS PARA MOEREM FAacuteBRICAS E INGENHOS
DE MOTO CONTIacuteNUO ACCRESCEM ALGUMAS OUTRAS IDEacuteAS DE INGENHOS
MANUAES PARA SERRAR MADEIRA FAZER ACcedilUacuteCAR E MUITOS OUTROS NAtildeO
MENOS CURIOSOS QUE UacuteTEIS A VIDA HUMANA - CAP 4deg - DE ALGUAS OUTRAS
ADVERTEcircNCIAS SOBRE A NAVEGACcedilAtildeO [A00_1967]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Moraes e Silva e Laudelino Freire classificam barquilha como termo naacuteutico
Aureacutelio na 4ordf acepccedilatildeo para o lexema barquinha apresenta esse termo como naacuteutico
indicando ainda ser termo antigo No Banco de Dados consultado soacute encontramos a variante
barquinha Origem hispacircnica lt latina
Ficha 22
Bastardo sm Nome de huma uva Moeda que houve na Iacutendia de 10 soldos [T Nautico]
Cabo que se mette por meio das lebres e coccedilonros para atracar as vergas aos mastros
______________________________________________________________________
rarrCunha bastardo adj sm bdquoque nasceu fora do matrimocircnio‟ bdquodegenerado da espeacutecie a que
pertence‟ XIV Do a fr bastard hoje bacirctard [] AbastardAR vb bdquoalterar corromper‟ 1813
rarrBluteau Baſtardos (Termo de navio) Satildeo huns cabos que ſe metem pello meyo das lebres
amp coccedilouros com que ſe atra Atraccedilatildeo as vergas aos mattos [] Ficou a Galeacute Pheniz fem
Baſtardo Malaca conquiſt livro 1oit32
rarrMoraes e Silva BASTAacuteRDO (bastaacuterdo) s m [] Bastardos t de Naut Cabos que se
mettem por meyo das lebres e coccedilouros com que se atraccedilaotilde as vergas aos mastrossect Parece
ser veacutela que se mettia nas galeacutes quando queriaotilde fazer forccedila de veacutela B 4 107 e mettendo os
bastardos por o alcanccedilar
rarrLaudelino Freire BASTARDO adj Fr bacirctard [] 3 Cabo naacuteutico de atracar vecircrgas nos
mastros 4 Naacuteut Vela triangular de pequenas embarcaccedilotildees
rarrAureacutelio bastardo [Do fr ant bastart] [] 10Marinh Cada um dos cabos de que se
compotildeem os enxertaacuterios das vergas de gaacutevea 11Marinh Pequeno cabo munido de caccediloilos e
destinado a aguentar a boca de lobo da carangueja ou retranca de encontro ao mastro 12Mar
V vela de bastardo
rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Aleacutem do significado mais conhecido todos os dicionaacuterios indicam bastardo e
bastardos tambeacutem como termo naacuteutico Origem francesa
79
Ficha 23
Beque sm (T naut) A extremidade da proa
______________________________________________________________________
rarrCunha beque1 sm bdquoestrutura saliente que forma a parte alta da proa dos navios antigos‟
XVI Do fr bec deriv do lat beccus bdquobico‟
rarrBluteau BEQUE Begraveque He na Proa do Baxel a ultima obra de madeira em que de
ordinario aſſenta a figura de algum animal ou monſtro marinho []
rarrMoraes e Silva BEacuteQUE (beacuteque) s m t de Naut A extremidade da proa onde o ordinario
vaacutei alguma figura Viriato 1720 O mar Tyrrbeno os beques vatildeo rasgando
rarrLaudelino Freire BEQUE s m Fr bec Extremidade superior da proa em forma de bico
2 Pop Nariz grande 3 Pop Parte posterior dos vestidos das mulheres Ant Giacuter Bocircca
rarrAureacutelio beque1 [Do fr bec us no fr ant em vez de avant] Substantivo masculino
1Constr Nav Estrutura saliente em geral inclinada para fora que forma a parte alta da proa
dos navios antigos a fim de servir de apoio ao gurupeacutes 2Pop V narigatildeo (2)
rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq
As antigas tem como temos dito na circunferecircnc
bem largas e para se segurarem nas cavernas natildeo seratildeo necessaacuterios mais pregos do que as
de casco logo nesta parte ficaraacute quasi o mesmo poreacutem como estas taacutebuas vatildeo a rematar no
beque e fazer a proa ali poupam toda a ferramenta que levam de mais os cascos com o
accrescentamento das conchas e bochecas e nesta parte levam as taacuteboas menos pregos
PADRE JOAtildeO DANIEL (1976) [1757] QUINTA PARTE - DO TESOURO DESCUBERTO
NO RIO MAXIMO AMAZONAS - CONTEacuteM UM NOVO MEacuteTODO PARA A SUA
AGRICULTURA UTILIacuteSSIMA PRAXE PARA A SUA POVOACcedilAtildeO NAVEGACcedilAtildeO
AUGMENTO E COMEacuteRCIO ASSIM DOS IacuteNDIOS COMO EUROPEOS - CAP 9deg - DE
MELHOR MEacuteTODO PARA A FACTURA DAS CANOAS DO AMAZONAS [A00_1959 p
363]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios indicam beque como termo naacuteutico Origem francesa
Ficha 24
Bigotas sm plur (T Nautico) Satildeo como huns moitotildees com trecircs furos pelo meiochatos e
sem roldanas por onde se enfiatildeo os colhedores das velas
______________________________________________________________________
rarrCunha bigota ndash BIGA sf bdquocarro romano de duas ou quatro rodas puxado por dois
cavalos‟ 1844 Do lat bīga bigota sf bdquoantiga peccedila de embarcaccedilatildeordquo 1813
rarrBluteau BIGOTA de navio Bigocirctas (Termo de navio) ſaotilde huns paos redondos mas
chatos com tres buracos por onde paſſaotilde os colhedores para fazer a enxarcia
rarrMoraes e Silva BIGOacuteTAS (bigoacutetas) s f pl t de Naut Moitotildees chatos sem roldanas
aburacados pelo meyo com furos por onde passatildeo colhedores de veacutelas
rarrLaudelino Freire BIGOTAS s f Naacuteut Montatildeo chato sem roldana furado pelo meio para
dar passagem aos colhedores das velas e a cabos da enxaacutercia
rarrAureacutelio bigota [Do it bigotta] Substantivo feminino 1Marinh Ant Poleame surdo de
madeira de forma lenticular biconvexa com uma goivadura na orla para receber uma alccedila de
80
fixaccedilatildeo e trecircs furos de face a face usado aos pares com um colhedor ligando-os empregado
para tesar oveacutens brandais estais etc
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Fazem-se igualmente vigotas de 25 palmos de comprido e hum de grosso e seu preccedilo he de
500 atheacute 400 rs
LUIZ DOS SANTOS VILHENA (1921) [1801] CARTA VIGESIMA [A00_0846]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios indicam bigota como termo naacuteutico No Banco de Dados
consultado consta a variante vigotas Origem latina
Ficha 25
Bolinete sm (T Naut) He o paacuteo roliccedilo com hum vatildeo por onde joga o pinccedilote e fixo na
coberta de sorte que se move de bombordo a estibordo
______________________________________________________________________
rarrCunha molinete bdquoespeacutecie de cabrestante que sustenta a acircncora em navios pequenos‟
bdquomovimento giratoacuterio raacutepido que se faz com a espada com um pau etc‟ XVI Do fr Moulinet
bdquomoinho pequeno‟ []
rarrBluteau BOLINETE Bolinegravete (Termo de navio) He hum patildeo roliccedilo que eſtacirc fixo na
cuberta de maneira que ſe mova redondamente de Bombordo para Eſtibordo Tem hum
buraco por onde paſſa amp joga o Pinccedilote Natildeo temos palavra propria Latina
rarrMoraes e Silva BOLINEgraveTE (bolinegravete) s m t de Naut Paacuteo roliccedilo que estaacute fixo na
coberta de maneira que se mova e borneye de bombordo a estribordo tem um vatildeo por onde
joga o Pinccedilote
rarrLaudelino Freire BOLINETE s m Cilindro de madeira na coberta do navio o qual
serve de cabrestante para a manobra2 Bateia
rarrAureacutelio bolinete (ecirc) [De molinete (ecirc) poss] Substantivo masculino 1Constr Nav
Molinete 2Vaso de madeira para lavagem das areias auriacuteferas [Cf bulinete]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo constam bolinete molinete com a acepccedilatildeo
naacuteutica
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios indicam bolinete como termo naacuteutico ou referente a navio
Origem francesa
Ficha 26
Bombordo sm (T Naut) O lado esquerdo da nagraveo olhando da popa para a proa
______________________________________________________________________
rarrCunha bombordo sm bdquo(Mar) o lado esquerdo da embarcaccedilatildeo considerando-se a proa
como a sua frente‟ XVI babordo XV Do fr bacircbord deriv do neerl bakboord Com
visiacutevel influecircncia de BOM
rarrBluteau BOMBORDO (Termo de navio) He a parte eſquerda da natildeo eſtando huma peſſoa
com a cara para a proa Siniſtrum latus navis Faz tal pendor para Bombordo Queirograves Vida do
Irmaotilde Baſto fol 124 col1
81
rarrMoraes e Silva BOMBOacuteRDO (bomboacuterdo) s m t de Naut O lado da naacuteo opposto a
estriboacuterdo Naufr De Sep73
rarrLaudelino Freire BOMBORDO s m De bom + bordo Naacuteut 1- Lado esquerdo do navio
olhando-se para a proa 2 Tudo o que fica ao lado esquerdo do navio
rarrAureacutelio bombordo [Do neerl bak boord bordo das costas do dorso (do timoneiro
quando o governo da embarcaccedilatildeo se fazia com um comprido remo colocado a estibordo) pelo
fr babord talvez com infl de bom] S m 1Mar O lado esquerdo da embarcaccedilatildeo
considerando-se a proa como a sua frente [v estibordo e boreste]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Da banda de bombordo me arrebataram os aparelhos com o jogar da nao
PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE
SOUSA [A00_0078 p 55]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios indicam bombordo como termo naacuteutico ou referente a
mariacutetimo Origem francesa
Ficha 27
Botalograves sm (T naut) Paacuteos que tem nas pontas ferros de tres bicos e segundo a sua grossura
servem para largar ou os cutellos ou as varredouras ou para afastar o navio que vem
abordar
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau BOTALOS Botacirclos (Termo de Navio) Satildeo huns paos com huns ferros nas
pontas com tres bicos que ſe botatildeo pelos coſtados dos navios para ſe largarē os cutellos
para que com mais preſſa ſe chegue ao navio a que ſe dagrave caccedila E embaixo no coſtado ſe botatildeo
outros botalos mais groſſos em que ſe largatildeo outras velas a que chamatildeo Barredouras amp eſtes
Botalos ſervem tambeacutem para ſe fincarem no coſtado de outro navio para afaſtar para fora
Natildeo tem nome proprio Latino
rarrMoraes e Silva (botaloacutes) s m pl t de Naut Paacuteos com ferros de tres bicos nas pontas
que servem para se largarem os cutellos e sendo botaloacutes mais grossos para largar as
varredouras que vatildeo polo lados os botaloacutes afastam tambem o navio que vem abordar
rarrLaudelino Freire BOTALOacuteS (botaloacutes) s m pl Naacuteut Paus com ferros de trecircs bicos nas
pontas para vaacuterios serviccedilos a bordo
rarrAureacutelio botaloacute [De botar1 + a
3 + loacute
1] Substantivo masculino Mar 1Ant Pontalete com
que os navios afastavam os inimigos que tentassem abordaacute-los 2Pau que sai pela popa de
embarcaccedilatildeo de vela que usa catita para caccedilaacute-la
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta o termo botaloacutes
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios indicam botalos como termo naacuteutico ou mariacutetimo
Origemonomatopaica - ldquoetim voc trissilaacutebico oxiacutetono formado de todo um segmento
fonoloacutegico que representava a oraccedilatildeo imperativa bota a loacute isto eacute bdquobota a vela da embarcaccedilatildeo
virada para captar o vento‟rdquo (Houaiss 2001)
82
Ficha 28
Bracear v n Mover os braccedilos v a (T Naut) Marear as velas _____________________________________________________________________________
rarrCunha bracear- consta no verbete de braccedilo - sm bdquocada um dos membros superiores do
corpo humano‟ XIII Do lat brac(c) hĭum [] bracEAR XVII
rarrBluteau Natildeo consta
rarrMoraes e Silva BRACEAacuteR (braceaacuter) v at Mover os braccedilossect t de Naut Bracear as
veacutelas H Naut Tom 3 mareaacute-las por meyo dos braccedilos []
rarrLaudelino Freire BRACEAR vrv De braccedilo + ear O mesmo que bracejar (intr) 2
Naacuteut Movimentar horizontalmente (as vecircrgas) em tocircrno do mastro por meio de cabos
chamados braccedilos (tr dir) ldquoAacuterduos penoacuteis braceia rebraceia teacute que o socircpro agrave feiccedilatildeo lhe
enfuna as velasrdquo (Odorico Mendes)
rarrAureacutelio bracear [De braccedilo + -ear2] Verbo transitivo direto 1Marinh Fazer girar (a verga)
no plano horizontal alando pelos braccedilos [v braccedilo (21)] para que a vela fique
convenientemente disposta em relaccedilatildeo ao vento []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Bluteau natildeo dicionariza bracear Todos os outros dicionaristas indicam
bracear como termo naacuteutico ou remete ao universo naacuteutico Origem portuguesa lt latina
Ficha 29
Braccedilo sm membro do corpo humano desde o hombro ateacute a matildeo Pernas dianteiras do
cavallo e outros quadrupedes A parte do instrumento de cordas onde estas se titiliatildeo A peccedila
que atravessa o arco da cruz Peccedila da cadeira onde encosta os braccedilos quem estagrave sentado nelle
Porccedilatildeo de mar entre duas costas pouco apariadas No plur (T Naut) Cabos que vem da ponta
da verga e servem para marear de hum para outro bordo _____________________________________________________________________________
rarrCunha braccedilo sm bdquocada um dos membros superiores do corpo humano‟ XIII Do lat
brac(c)hĭum []
rarrBluteau Braccedilos (Outro termo de navio) ſatildeo huns cabos que vem da ponta da verga com
que ſe marea a hum bordo amp outro ſe poderagrave exprimir em Latim com circumlocuccedilatildeo
rarrMoraes e Silva BRAacuteCcedilO (braacuteccedilo) t de Naut Satildeo os pegatildeo em cavernas para levantar o
grosso navio e estes satildeo braccedilos primeiros sect Braccedilos segundos satildeo as ultimas partes que botatildeo
cavernas da quilha para cima sect Braccedilos satildeo cabos que vem da ponta da verga em que se
mareya de um bordo a outro quando braceyatildeo
rarrLaudelino Freire BRACcedilO s m Lat brachium Naacuteut Cabos fixos agraves extremidades das
vecircrgas e que servem para as fazer girar em tocircrno do mastro
83
rarrAureacutelio braccedilo [Do gr brachiacuteon pelo lat brachiu] Substantivo masculino Marinh Cada
um dos cabos singelos ou dobrados que presos aos laises das vergas redondas se destinam a
dar-lhes movimento no sentido horizontal e a aguentaacute-las para reacute ~ V braccedilos Braccedilo da
acircncora 1 Marinh Cada uma das duas partes recurvadas da acircncora no extremo inferior da
haste que formam a cruz e terminam pelas patas
Braccedilo da verga 1 Marinh Cada um dos cabos ou teques presos agraves extremidades da verga e
que servem para fazecirc-la girar no plano horizontal [Cf amantilho (2)]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta braccedilo como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaristas indicam braccedilo tambeacutem como termo naacuteutico ou da
marinha Origem portuguesa lt latina
Ficha 30
Braga sf Argola com cadea de ferro com que se prende alguem pela perna (T Naut) Cabo
de alar pipas e outras cousas No plur Calccedilas largas
______________________________________________________________________
rarrCunha braga sf ldquocalccedilatildeo geralmente curto e largo que se usava outrora‟ XV bdquogrilheta‟
XVI Do lat braccedila []
rarrBluteau Braga Argola de ferro que prende na perna com huma cadca que prende por
cima Pocircr a braga a hum negro Servo catenas injicere E para que experimente a ſujeiccedilaotilde
pezada lhe lanccedila a dura Braga carregada Lobo o Deſengan Paacuteg 135 Braga chamaotilde nos
navios a huma corbalas quando embarcatildeo []
rarrMoraes e Silva BRAacuteGA (braacutega) Cabo do navio com que alatildeo caixas pipas e outras
coisas pesadas [] sect Braga no sing Cast 5 c 59 ldquoLanccedilou-se a gente na agua que lhe dava
pela bragardquo
rarrLaudelino Freire BRAGA s f Lat braccedila Argola de ferro que cingia a parte inferior da
perna do condenado a trabalhos forccedilados prendendo-o a uma corrente de ferro atada agrave cintura
do mesmo ou agrave argola de outro condenado grilheta 2 Caacutelerea com que se iccedilam cousas
pesadas como caixas pipas etc 3 Cabo que serve para sustar o recuo de um canhatildeo 4
Muro que servia de tranqueira nas antigas fortificaccedilotildees 5 Lus Casta laia qualidade
BRAGAS s f pl Ant Calccedilas largas e curtas calccedilotildees 2 Lus Ceroulas
rarrAureacutelio braga [Do lat braca] Substantivo feminino Marinh Gato de escape ou manilha
com que se prende o chicote da amarra agrave paixatildeo2 (q v) no paiol da amarra
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta braga como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaristas indicam braga tambeacutem como termo naacuteutico ou da
marinha Origem portuguesa lt latina
84
Ficha 31
Bragueiro sm Funda de que usa o que he quebrado Especie de manteo para cobrir os
genitaes (T Naut) Cabo que atravessa o leme para segurallo na falta das femeas Cabo
encostado ao Castello da proa fixo em huma argola e com huma bigota de hum furo na ponta
e serve para impedir que natildeo se afaste nem corte a escota no costado Cabo de amarrar
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau Bragueiro (Outro termo de navio) He hum cabo fixo em huma argola encoſtado
ao caſtello da proa que tem na ponta hum bigota de hum olho amp ſerve paraque ſe natildeo a faſte
nem corte a eſcota no coſtado []
rarrMoraes e Silva BRAGUEacuteIRO (braguegraveiro) s m [] sect t de Naut Cabo que atravessa o
leme pelo meyom para que faltando as fecircmeas se natildeo perca F M G Tambeacutem se chama assim
outro cabo fixo em uma argola encostado ao Castello da proa que tem na ponta uma bigota
de um olho e serve para que natildeo affaste nem corte a escota no costado
rarrLaudelino Freire BRAGUEIRO sm De braga + eiro Cabo que atravessa o leme para o
segurar no caso de se quebrarem as fecircmeas2Braga de segurar a artilharia ou cousas
pesadas3 Cabo de atracar []
rarrAureacutelio bragueiro [De braga + -eiro] Substantivo masculino 1Cinta ou funda para
heacuternias e rupturas 2Cueiro fralda
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta o termo bragueiro
______________________________________________________________________
Comentaacuterios De todos os dicionaacuterios analisados soacute Aureacutelio natildeo apresenta bragueiro como
termo naacuteutico Origem portuguesa lt latina
Ficha 32
Brandaes sm (T Naacuteutico) Especie de cabos os grandes passatildeo da enxarcia dos mastareos
pelas gaveas e vem a fazer fixo nos ouvens da enxarcia grande Os de gavea vem das pontas
dos mastereos a fazer fixo no costado do navio
______________________________________________________________________
rarrCunha brandal sm bdquotipo de cabo usado a bordo‟ l ndashdaacutees pl 1813 l Do cat brandal
rarrBluteau BRANDAES (Termo de navio) Brandaes grandes ſaotilde huns cabos que paſſaotilde da
enxarcia dos maſtarcos pellas gaveas amp vem a fazer fixos ao redor dos ſouvēs da enxarcia
85
grande Brandaes da Gavea ſaotilde huns cabos que vem das pontas dos maſtarcos a fazer fixo ao
coſtado da nao Natildeo temos palavra propria Latina
rarrMoraes e Silva BRANDAacuteES splmasc t de Naut Brandaes grandes uns cabos que
passatildeo da enxaacutercia dos mastareacuteos pelas gaacuteveas e vem a fazer fixo ao redor dos ouvens da
enxaacutercia grandesect Brandaes da Gaacutevea cabos que vem das pontas dos mastareacuteos a fazer fixo
ao costado das naacuteos
rarrLaudelino Freire BRANDAL s m De brando + al Naacuteut Cada um dos cabos que
aguentam os mastareacuteus para a borda
rarr Aureacutelio brandal [Do cat brandal poss] Substantivo masculino Marinh 1Cada um dos
cabos que aguentam os mastareacuteus para um e outro bordo e um pouco para reacute 2Cada um dos
cabos que aguentam os mastros de embarcaccedilatildeo miuacuteda para um e outro bordo e um pouco para
reacute [Cf estai] ESTAI [Do fr ant estai estay (atual eacutetai)] Substantivo masculino 1Marinh
Qualquer dos cabos que aguentam a mastreaccedilatildeo para vante 2Marinh Qualquer cabo
destinado a suportar em posiccedilatildeo vertical um turco chamineacute balauacutestre ou qualquer outra peccedila
do equipamento da embarcaccedilatildeo 3Bras Constr Nav Haste metaacutelica geralmente ciliacutendrica
que serve para manter em posiccedilatildeo qualquer parte ou peccedila da embarcaccedilatildeo [Cf brandal]
rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq
Por 5 Brandaes de 2 libras a 640 []
LUIZ DOS SANTOS VILHENA (1921) [1802] CARTA PRIMEIRA [A00_0404 p 71]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios analisados apresentam brandal brandaes como termo
naacuteutico ou da marinha Origem catalatilde
Ficha 33
Briol sm (T naut) Corda para ferrar e colher as velas
______________________________________________________________________
rarrCunha briol sm bdquotipo de cabo usado nas embarcaccedilotildees a vela‟ 1813 Do cast briol deriv
do a fr braivel (hoje breuil) dim de braie bdquobraga‟
rarrBluteau BRIOES (Termo de marinagem) Satildeo huns cabos com que ſe colhem as velas
quando ſe querem ferrar Funes contrabendis ou colligendis velis
rarrMoraes e Silva BRIOacuteES sm pl t de Naut Cordas que servem para ferrar e colher as
veacutelas (briyoes)
rarrLaudelino Freire BRIOL s m Cast briol Naacuteut Cabo de ferrar as velas 2 Giacuter Vinho
de qualidade inferior BRIOL adj Lus Becircbado eacutebrio
rarrAureacutelio briol [Do esp briol] Substantivo masculino 1Marinh Cada um dos cabos fixos
nas esteiras das velas redondas destinados a carregar o pano de encontro agraves vergas respectivas
[]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta o termo briol
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios analisados apresentam briol como termo naacuteutico ou da
marinha Origem castelhana lt francesa
Ficha 34
Buccedilardas sf (T Naut) pagraveos que atravessatildeo a roda da proa para reforccedilal-a
______________________________________________________________________
86
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau BUCARDAS Buccedilardas (Termo de navio) Satildeo huns paacuteos tortos que atraveſſaotilde a
roda de proa pella banda de dentro para fortificar amp em navios pequenos nellas aſſenta o
maſtro do traquete Naotilde tem palavra propria Latina
rarrMoraes e Silva BUCcedilAacuteRDAS sfpl t de Naut Satildeo uns paacuteos tortos que atravessatildeo a roda
de proa pela banda de dentro para a reforccedilarem sect Nos navios pequenos o mastro do traquete
assenta sobre as buccedilardas
rarrLaudelino Freire natildeo consta
rarrAureacutelio natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
__________________________________________________________________
Comentaacuterios Soacute Bluteau e Moraes apresentam o verbete buccedilardas e o indicam como termo
naacuteutico ou da marinha Origem controvertida
Ficha 35
Burra sf A femea do burro Cofre para dinheiro (T familiar) Nome de uma corda da mezena
[ T Naut ]
______________________________________________________________________
rarrCunha burro ndash do latim burrus bdquoruccedilo vermelho‟
rarrBluteau Burra de Mezena He huma corda que ſerve na vela da popa
rarrMoraes e Silva BUacuteRRA s f Jumenta a femea do burro sect famil Cofre para dinheiro
ordinariamente chapeado e forrado sect Uma corda de mezena t de Naut
rarrLaudelino Freire BURRA s f Fecircmea do burro jumenta 2 Naacuteut Cabo de mezena []
rarrAureacutelio Burro [] Mar Cada uma das pequenas talhas engatadas nos lais da retranca e nas
alhetas do navio uma por bordo e destinadas a aguentaacute-la quando a vela estiver caccedilada []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam burra burro tambeacutem como termo ligado agrave
vida mariacutetima Origem portuguesa lt latina
C Ficha 36
Cabresto sm Corda para prender as bestas na estribaria e que serve na falta de freio O freio
do prepucio No plr (T Naut) Cabos que vem do ldquoguropezrdquo a fazer fixo no costado em
humas argolas agrave proa
______________________________________________________________________
rarrCunha cabresto sm bdquoarreio freio‟ l XIII -bestro XIV l Do lat capĭstrum []
87
rarrBluteau Cabreſto (Termo de Mariagem) ſaotilde huns cabos que vem da ponta do gurupez a
fazer fixo em humas argolas que eſtaotilde no coſtado da nao agrave proa A falta do termo proprio
latino deſculparagrave aos que‟ fallarem por circumlocuccedilaotilde
rarrMoraes e Silva CABREgraveSTO s m [] t de Naut Cabos que vem da ponta do gurupeacutes a
fazer fixo em umas argolas que estatildeo no costado da naacuteo aacute proa []
rarrLaudelino Freire CABRESTOS s m Lat capistrum [] 2 Naacuteut Cabo grosso que
segura o gurupeacutes a argolas fixas no costado do navio 3 Corrente correia ou corda que
prende o cabeccedilalho agrave canga socairo
rarrAureacutelio cabresto (ecirc) [Do lat capistru com metaacutetese] Substantivo masculino Constr
Nav Cada uma das correntes de ferro que aguentam o gurupeacutes para a roda de proa Bras
Reforccedilo de linha ou de arame fino aplicado na extremidade da vara ou caniccedilo de pesca Bras
NE Ligamento de cordas que prendem os bancos agrave jangada []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
[] chegada a occasiatildeo de levar acircncora se lhe prende o cabresto e se larga ou solta a roda
a qual quanto mais tesa estiver tanto mais forccedila poraacute no cabresto e quando por si soacute natildeo
seja suficiente para a levantar o faraacute com muita brevidade ajudada com alguns poucos
serventes porque as cordas como violentadas hatildeo de buscar o seu natural
PADRE JOAtildeO DANIEL (1976) [1757] PARTE SEXTA - DO TESOURO DESCUBERTO NO
RIO MAXIMO AMAZONAS - CONTEacuteM INVENTOS UacuteTEIS E CURIOSOS PARA A MELHOR
FAZENDO NAVEGACcedilAtildeO PROacuteSPEROS TODOS OS VENTOS AINDA OS MAIS
PONTEIROS E CONTRAacuteRIOS E PARA FAZER NAS CALMARIAS BOA VIAGEM COM
NOVA INVENCcedilAtildeO DE REPRESAR AS MAREacuteS PARA MOEREM FAacuteBRICAS E INGENHOS
DE MOTO CONTIacuteNUO ACCRESCEM ALGUMAS OUTRAS IDEacuteAS DE INGENHOS
MANUAES PARA SERRAR MADEIRA FAZER ACcedilUacuteCAR E MUITOS OUTROS NAtildeO
MENOS CURIOSOS QUE UacuteTEIS A VIDA HUMANA - CAP 4deg - DE ALGUAS OUTRAS
ADVERTEcircNCIAS SOBRE A NAVEGACcedilAtildeO () [A00_1967 p 402]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios analisados apresentam cabresto como termo naacuteutico ou
de marinhagem Origem portuguesa lt latina
Ficha 37
Cachola sf (T baixo) Cabeccedila Fig Juizo Touticcedilo No plur (T naut) Pagraveos posticcedilos sobre o
calcez para engrossallo
______________________________________________________________________
rarrCunha cacho ndash provavelmente do latim vulgar cacculus [] cachOLA sf bdquopop Cabeccedila‟
XVIII []
rarrBluteau CACHOacuteLAS Cacholas (Termo de navio) Satildeo huns posticcedilos em cima do calcez
para o engroſſar quando naotilde tem groſſura proporcionada ao Navio Naotilde temos palavra propria
Latina
rarrMoraes e Silva CACHOgraveLAS t de Naut Paacuteos posticcedilos sobre o calcez para o engrossar
[]
rarrLaudelino Freire CACHOLA s f Mar Taacutebua que se prega no tocircpo do calcecircs de um
mastro afim de que a aacutegua se natildeo introduza entre os encaixes do madeiro2 Cavidade na
cabeccedila do leme onde se introduz a cana []
rarrAureacutelio [De cacho2 + -ola
1 poss] Substantivo feminino 1Pop V cabeccedila []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo foram encontradas ocorrecircncias
______________________________________________________________________
88
Comentaacuterios Soacute Aureacutelio natildeo apresenta cachola como termo naacuteutico
Origemcontrovertida
Ficha 38
Calabre sm (T Naut) corda grossa
______________________________________________________________________
rarrCunha calabre cabre sm bdquo(Marinh) amarra de cabo‟ l cabre XVI caaure XIV l Do ant
port caabre deriv Do a fr caable e este provavelmente do lat tard capŭlum bdquocorda‟
rarrBluteau Calabre que ſe ata agrave ancora Funis ancorarius Cœfar Calabre com que ſe ata bdquoa
verga ao maſto Anquina œ Fem Penult long []
rarrMoraes e Silva CALAacuteBRE ( calaacutebre) smt de Naut Corda grossa amarreta para varios
usos
rarrLaudelino Freire CALABRE s m Corda grossa feita de piaccedilaba a que se prendem os
alcatruzes das noras 2 Naacuteut Cabo grosso amarra
rarrAureacutelio calabre [Do port ant caabre (v cabre) poss com infl do port ant calabre
catapulta] S m 1Corda grossa Diz Cristo que eacute mais faacutecil entrar um calabre pelo fundo
de a agulha que entrar um avarento no Reino do Ceacuteu (Pe Antocircnio Vieira Sermotildees II p
259) 2Marinh Amarra de cabo cabre 3Constr Cabo2 (4)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Acham-se alguns de tal grossura que servem de calabres e amarras de embarcaccedilotildees
FRANCISCO XAVIER RIBEIRO DE SAMPAIO (1872) [1642] RELACcedilAtildeO GEOGRAPHICA
HISTORICA DO RIO BRANCO DA AMERICA PORTUGUEZA COMPOSTA PELO
BACHAREL FRANCISCO XAVIER RIBEIRO DE SAMPAIO () [A00_0713 p 262]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios analisados apresentam calabre como termo naacuteutico ou da
marinha Origem francesa lt latina
Ficha 39
Calabrote sm (T Naut) Calabre menos grosso Accediloute feito de hum pedaccedilo de calabrote
______________________________________________________________________
rarrCunha calabre cabre sm(Marinh) amarra de cabo‟ l cabre XVI caaure XIV l Do ant
port caabre deriv Do a fr caable e este provavelmente do lat tard capŭlum bdquocorda‟
calabrETE XV calabrOTE 1813
rarrBluteau CALABROTE Calabrocircte Vid Calabre Calabre pouco groſſo Com que a nao ſe
amarra em terra Com hum calabrote forte Jacinto Freire mihi pag 198 []
rarrMoraes e Silva CALABROacuteTE s m t de Naut Sorte de calabre menos grosso de um
pedaccedilo delle se faz accediloite donde se toma calabrote por accediloite de que usa o comitre ou
mestre para castigar a maruja
rarrLaudelino Freire CALABROTE s m De calabre + ote Calabre pouco grosso 2
Ponta de cabo de accediloute
rarrAureacutelio calabrote [De calabre + -ote1] Substantivo masculino 1Corda de pequena
grossura 2Marinh Cabo2 (6) de pequena bitola Atraacutes dos soldados chegaram marujos a
brandir calabrotes e chuccedilos (Xavier Marques O Sargento Pedro p 135)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
89
Mandarʃeha aos Meʃtres que cinjatildeo a enxarʃea levem area para as cubertas tomem boccedilas
nas vergas nas ancoras nas eʃcotas contra-eʃtais amp os bateis pela popa com dous
calabrotes hum mais baganagraveo do que outro
FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR () [A00_2496 p 61]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios analisados remetem calabrote a calabro ndash termo naacuteutico
ou de marinhagem Origem francesa lt latina
Ficha 40
Calafeto sm (T Naut) A estopa e breo com que se calafeta Acccedilatildeo de calafetar
______________________________________________________________________
rarrCunha Calafetar vb‟tapar vedar‟ XIII Do it calafatare provavelmente do ar qaacutelfat De
origem incerta o voc aacuterabe talvez derive do lat vulg calefare (claacutess calefacĕre‟) bdquoaquecer‟
por ser a operaccedilatildeo de derreter o alcatratildeo submetendo-o ao fogo uma das mais importantes
que pratica o calafate []
rarrBluteauCALAFETO Calafeto Couſa que ſe uſa para calafetar como eſtopa amp outra
couſa ſemelhante ou a acccedilaotilde de calafetar []
rarrMoraes e Silva CALAFEgraveTO s m t de Naut A estopa e breu com que se calafeta o
navio vg ldquo o navio cospia o calafetordquo A acccedilatildeo de calafetar
rarrLaudelino Freire s m De calafetar O mesmo que calafetagem [] 2 Estocircpa ou outra
substacircncia com que se calafeta calafecircto CALAFETAR v r v Ital Calafatare MarTapar
com estocircpa introduzida agrave forccedila (as junturas buracos ou fendas de uma embarcaccedilatildeo) e
embebendo de pez alcatratildeo para velar a aacutegua (tr Direto) ldquoEspalma as naves calafeta as
fendas repara as bordas o massame as velasrdquo (Pocircrto Alegre)
rarrAureacutelio calafeto (ecirc) [Dev de calafetar] Substantivo masculino1Calafetagem (2) [Pl
calafetos (ecirc) Cf calafeto do v calafetar] CALAFETAR [Do cat calafatar calafetar pelo
esp ant calafetar] Verbo transitivo direto 1Vedar com estopa alcatroada (as junturas
buracos ou fendas de uma embarcaccedilatildeo) 2Tapar vedar com pano papel massa etc (fenda ou
buraco de toneacuteis assoalhos tabiques etc) []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
E natildeo cause estranheza o calafetar das canoas porque pocircsto que aqui se fazem de um soacute pau
como no Brasil satildeo poreacutem abertas pela proa e pela pocircpa e acrescentadas pela borda com
falcas para ficarem mais altas e possantes e assim as costuras destas como os escudos ou
rodelas com que se fecham a proa e pocircpa necessitam de calafeto
ANTOacuteNIO VIEIRA (1925) [1654] CARTA LXV - AO PADRE PROVINCIAL DO BRASIL
1654 ()[A00_0157 p 373]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Moraes e Silva apresenta calafeto como termo naacuteutico Laudelino Freire e
Aureacutelio apresentam acepccedilotildees que remetem ao universo da marinha Bluteau natildeo faz nenhuma
referecircncia Origem italiana
Ficha 41
Calcez sm (T naut) O pescoccedilo do mastro onde encapella a enxarcia real
______________________________________________________________________
90
rarrCunha calcecircs bdquo(Const Nav) parte da seccedilatildeo retangular no extremo superior de um mastro
ou mastareacuteu‟ l ndashceses pl XVI l Do it calceacutese deriv do lat tardio calcēse adaptaccedilatildeo do lat
carchēsium e este do gr karchēsion bdquovaso para beber‟ parte superior do mastro cesto da
gaacutevea‟
rarrBluteau CALCEZ Calcecircz (Termo de Navio) he o peſcoccedilo do maſtro para riba aonde
encapella a Enxarcia Real Falta palavra propria Latina Pela muita forccedila o Maſtareo abrio o
Calcez por duas partes BritoViagem ao Braſil pag 67 []
rarrMoraes e Silva CALCEgraveZ s m t de Naut O pescoccedilo do mastro para riba onde encapella
a enxarcia real F Mend c 7
rarrLaudelino Freire CALCEZ ou CALCEcircS s m Lat carchesium Naacuteut Parte quadrada do
mastro ou mastareacuteu desde a romatilde para cima e na qual encapela a enxaacutercia real
rarrAureacutelio calcecircs [Do it calcese lt lat vulg calcese lt lat claacutess carchesiu] Substantivo
masculino 1Marinh Parte de seccedilatildeo retangular no extremo superior de um mastro ou
mastareacuteu logo acima da romatilde [Pl calceses (ecirc)]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios analisados apresentam calcez como termo naacuteutico ou da
marinha Origem italiana
Ficha 42
Calma sf calor causado pelo sol (T naut) Falta de vento
______________________________________________________________________
rarrCunha calma sf bdquogrande calor atmosfeacuterico geralmente sem vento‟ XV bdquoserenidade
sossego‟ 1813 Do it calma deriv Do lat tardio cauma e este do gr kauma bdquocalor ardente
chama‟ []
rarrBluteau calma borralho Phraſe Nautica Emparelhado onde elle participa da outra linha da
coſta tranſversal [] Bonanccedila Por em calma ao mar Mare tranquillarem placare fedare
Vid Abonanccedilar Seus alterados mares punha em Calma Inful De Man Thomas liv 2
Oit69
rarrMoraes e Silva CAacuteLMA s f t de Naut tempo em que natildeo haacute a menor aragem nenhum
vento sect Calma entre os Nautas falta de vento calmarialdquo cahir em calma ldquoficar em
calmariardquo
rarrLaudelino Freire CALMA s f B lat cauma do gr kauma Hora do dia em que haacute mais
calor 2 Falta de vento cessaccedilatildeo de agitaccedilatildeo no mar bonanccedila calmaria []
rarrAureacutelio calma [Do gr kaucircma calor ardente pelo lat tard cauma] SF 1Grande calor
atmosfeacuterico em geral sem vento calmaria [] 3V calmaria (1) 4Fig Serenidade de acircnimo
sossego tranquilidade calmaria malacia []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Este dia todo nom ventou vento senam choveo muita aacutegua e fazia tam grande calma que nom
se podia soportar
PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE
SOUSA () [A00_0078 p 35]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Nem todos os dicionaacuterios citam o termo como naacuteutico mas todos eles abonam
ou exemplificam o termo como relativo ao mar Origem italiana lt latina
91
Ficha 43
Calmaria s f (T Naut) Falta de vento
______________________________________________________________________
rarrCunha calma sf bdquogrande calor atmosfeacuterico geralmente sem vento‟ XV bdquoserenidade
sossego‟ 1813 Do it calma derivado do latim tardio cauma e este do grego kauma bdquocalor
ardente chama‟ [] calmaria sf bdquocalma‟ XVI
rarrBluteau CALMARIA Calmaricirca Tanquilidade das aguas do mar Malacia amp Fem []
Amanheceo o dia ſeguinte em huma terrivel Calmaria Queirograves Vida do Irmatildeo Baſto pag
351colI
rarrMoraes e Silva calmaria sf de Naut Tempo de calma no mar em que o navio natildeo surde
ldquoestar o mar em calmariardquo []
rarrLaudelino Freire sf De calma + aria Cessaccedilatildeo do vento e do movimento das ondas
[]
rarrAureacutelio [ De calma + aria] Sf 1 Ausecircncia de ventos eou do movimento das ondas []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
[] por cinco ou seis dias tivemos grandes calmarias trovoadas e chuveiros tatildeo escuros e
medonhos e tatildeo fortes ventos que era cousa despanto e no meio dia ficavamos numa noite
mui escura
PADRE FERNAtildeO CARDIM (1980) [1583] III - INFORMACcedilAtildeO DA MISSAtildeO DO P
CHRISTOVAtildeO GOUVEcircA AacuteS PARTES DO BRASIL - ANNO DE 83 - OU NARRATIVA
EPISTOLAR DE UMA VIAGEM E MISSAtildeO JESUIacuteTICA[A00_0751 p 142]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente Moraes e Silva define calmaria como termo naacuteutico mas todos os
outros dicionaacuteriosem suas definiccedilotildees remetem a tempo e atmosfera Origem italiana lt
latina
Ficha 44
Canjar vs (T Naut) Ir avante
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau natildeo consta
rarrMoraes e Silva CANJAacuteR vr t de Naut Surdir aacute vante ldquo os ventos ponteiros faziatildeo
desandar o que o navio tinha canjadordquo i eacute os ventos abatiatildeo o que o navio tinha surdido
vingado Freire
rarrLaudelino Freire CANJAR v intran Ant Trocar de cocircr ou de rumo cambiar Canjar s
m Aacuter kandjar Espeacutecie de punhal de lacircmina comprida afiada dos dois lados alfanje
rarrAureacutelio natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente Moraes e Silva apresenta canjar como termo naacuteutico Origem
duvidosa (italiana) (Houaiss 2001)
92
Ficha 45
Carlinga sf (T Naut) He hum encaixe onde na sobrequilha da nagraveo ou navio assenta o pegrave
do mastro grande e do traquete por outro nome pia
______________________________________________________________________
rarrCunha carlinga sf bdquo(Constr Nav) ant forte peccedila de madeira fixa agrave sobrequilha com um
encaixe onde entra a mecha do peacute do mastro real‟ XVI (Aeron) cabina XX Do fr carlingue
deriv do a escand kerling bdquomulher‟ bdquocarlinga‟ por uma comparaccedilatildeo de ordem sexual
rarrBluteau CARLINGA (Termo de navio) He na ſobrequilha hum encaixo ou covaſinha
onde aſſentaotilde o maſto grande amp agraves vezes o do traquete Por outro nome chamotildelhe PiaO Padre
Filiberto Monet com termos Grego-Latinos chama a Carlinga Hiftodoche es Fem amp
Hiftopus odis Mafe O peacute do maſto ſe encaixa em hum buraco quadrado da Carlinga Pterna
mali ou peacutes mau ou talus mali inditur ftatuitur in quadro biftodoches cavo A Carlinga
ſerve de de baze ao maſto amp a quilha de pedeſtal Hiftodoche feumodius bafin dyrochus verograve
ftylobaten navali malo fubminiftratA agoa que a nao fazia era pola Carlinga Comentar De
Affonſo d‟Albuquerque pag 22
rarrMoraes e Silva CARLIacuteNGA s f t de Naut Na sobrequilha dos navios eacute um encaxe onde
assenta o peacute do mastro grande e do traquete aliaacutes se diz pia Comment dlsquo Albuq P22 Couto
6921
rarrLaudelino Freire CARLINGA s f Naacuteut Peccedila fixada na sobrequilha ou abertura nesta
praticada e em que encaixam os mastros sobrequilha 2 Aeron Lugar onde fica o pilocircto
3 Tabuleta com furos em baixo do banco da vela da jangada e na qual se prende o peacute do
mastro mudando-se de um furo para o outro conforme a conveniecircncia da ocasiatildeo carninga
rarrAureacutelio carlinga [Do fr carlingue] Substantivo feminino 1Ant Constr Nav Forte peccedila
de madeira fixa agrave sobrequilha e em cuja face superior haacute um encaixe de seccedilatildeo quadrangular
onde entra a mecha do peacute do mastro real 2Constr Nav Gola metaacutelica fixa no conveacutes (quando
o mastro natildeo vai ateacute agrave quilha) e onde se apoia o peacute do mastro As meias arrendadas foram
atiradas agrave carlinga do mastro (Xavier Marques Jana e Joel p 173) 3Cabina (3) 4Bras
NE Tabuleta com furos embaixo do banco da vela de uma jangada e na qual se prende o peacute
do mastro mudando-se de um furo para o outro segundo a conveniecircncia da ocasiatildeo [Var
carninga]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam carlinga como termo naacuteutico Origem
francesa
Ficha 46
Carregadeiras por outro nome Sirgideiras Sf plr (T Naut) Cabos delgados para colher ou
carregar as velas Dous moitotildees com cabo fixo no enxertario para arriar a verga
______________________________________________________________________
rarrCunha do latim carrus ndash carregadeira 1813
93
rarrBluteau CARREGADEIRAS ou Sirgideiras (Termo de Marinhagem) Carregadeiras da
mezena ſaotilde huns cabos delgados cotilde que ſe carrega a vela amp ſe colhe colligendo velo
poftico Carregadeiras (Outro termo de marinhagem) Satildeo dous moutoens com hũ cabo fixo
no enxertario que ſerve para arriar a verga a baixo quando faz tempo
rarrMoraes e Silva CARREGADEIRAS s f pl t de Naut ou Sirgideiras cabos delgados
com que se colhem ou carregatildeo as velassect Dois moitotildees com cabo fixo no enxertario para
arriar a verga quando faz tempo
rarr Laudelino Freire s f pl Lus Giacuter As pernas CARREGADEIRA s f De carregar +
deixara Cabo delgado com que se carregam ou colhem as velas dos navios []
rarrAureacutelio carregadeira [De carregar + -deira] Substantivo feminino 1Marinh Cabo
delgado com que se carregam ou colhem as velas []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo constam carregadeiras nem sirgideiras
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam carregadeiras como termo naacuteutico de
marinhagem ou do mar Origem portuguesa lt latina
Ficha 47
Cevadeira sf (T Naut) vela pequena agrave proa do navio Alforge de comida
______________________________________________________________________
rarrCunha do latim cibare
rarrBluteau CEVADEIRA Vela pequena que ſe potildeem na proa Proclinati ad proram mali
velum
rarrMoraes e Silva CEVAgraveDEIRA s f vela pequena de proa t de Naut sect Alforge de comer
Couto 5113 natildeo levatildeo mais que suas armas e cevadeiras com farinha de trigo Cont de
Trancoso sect Homem da minha cevadeira i eacute da minha conversaccedilatildeo Eufr 51 Hist Naut 1
456 ldquoSem alforge e cevadeirardquo os Apoacutestolos despedidos por J Christo Feo Sem De Nossa
Senhora das Neves p115 ldquoRumecan General com 7 ou 8 mil de cavallo da sua cevadeira
Couto 495
rarrLaudelino Freire CEVADEIRA s f de cevar + deira Naacuteut Pequena vela suspensa de
uma vecircrga que atravessa horizontalmente o gurupeacutes
rarrAureacutelio cevadeira [De cevada + -eira] Substantivo feminino 1Saco que se adapta ao
focinho das cavalgaduras para lhes dar a cevada ou outro alimento bornal embornal
2Marinh Ant Verga de cevadeira 3Marinh Ant Vela quadrangular que envergava na
verga do mesmo nome por baixo do gurupecircs [Cf sevadeira]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Apartados os dous navios da ſombra da terra deſcubrioſe entatildeo da Armada que rendido o
noſſo do Pirata o levava aacute toa E metendolhe breviſlimamente vellas de eſtay cutellos
joanetes barredouras (aacutelem da meſena amp ſevadeira que lhe faltou) adiantava grande
caminho em pouco tempo fugindo a hum cortar para ſervirlhe o vento a todo pano o vento
a todo pano
FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 42]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam cevadeira como termo naacuteutico ou relativo ao
mar Origem portuguesa lt latina
94
Ficha 48
Chapeleta sf (T Naut) Couro pregado sobre o pagraveo chamado de nabo O salto da pedra
atirada agrave superficie da agua
______________________________________________________________________
rarrCunha do a f chapel
rarrBluteau CHAPELETA Chapeleta (Termo de navio) He hum couro pregado em cima de
hum pagraveo redondo que chamaotilde Nabo Coriaceum tegumentum i Neut
rarrMoraes e Silva CHAPELETA s f t de Naut Coiro pregado sobre o paacuteo a que os
Nauticos chamatildeo Nabo da Bomba de esgotar o fundo dos navios
rarrLaudelino Freire CHAPELETA s f Cast chapelete Chapelinho 2 Vaacutelvula nas
bombas que se usam a bordo
rarrAureacutelio [De chapeacuteu1 (lt fr ant chapel) + -eta (ecirc) seg o padratildeo erudito] Substantivo
feminino 1V chapeacuteu1 (1) 2Vaacutelvula de bola (q v) usada nas bombas [v bomba (4)] 3V
ricochete (1) 4Mancha de rubor nas faces chapeacuteu1 [Do fr ant chapel atual chapeau]
Substantivo masculino 1Peccedila de feltro palha etc com copa e abas e destinada a cobrir a
cabeccedila [Aum chapelatildeo chapeiratildeo dim irreg chapelete chapeleta Sin (bras giacuter) tampa
e penante] Marinh A parte superior do cabrestante
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Embora natildeo conste em todos os dicionaacuterios como termo naacuteutico as definiccedilotildees
apresentadas remetem a esse termo Origem portuguesa lt francesa
Ficha 49
Chapiteo sm (T Naut) O remate mais alto da popa e proa No edifiacutecio Chapitel he o
rematte delle
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau CHAPITEO Chapiteo (Termo de navio Por quanto hum homem podia diviſar do
Chapiteo da naacuteo Barr 2 Dec pag 186col2
rarrMoraes e Silva CHAPITEO Chapiteacutel V Chapiteacuteo Palm 3111Chapiteacuteo s m t de
Naut o chapiteacuteo da naacuteo Barros 2186 quanto um homem podia divisar do chapiteacuteo da naacuteo
Amaral 2 Eacute a parte mais alta em que se remata a popa e proa onde frequentemente havia
castellos e entatildeo o Chapiteo rematava os castellos bem como na arquitectura civil os
chapiteacuteis rematatildeo os edificios Seg Cerco de Diu f157 ―chapiteacuteos da Igreja M Pinto
6214
rarrLaudelino Freire CHAPITEacuteU s m De capitel A parte mais elevada da proa e da pocircpa
do navio
rarrAureacutelio natildeo constam chapiteacuteo chapiteacuteu
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Era tam grande o mar que agrave entrada da baiacutea em 9 braccedilas de fundo me deu o mar por riba
do chapiteacuteo e veo quebrar no conveacutes
PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE
SOUSA [A00_0078 p 107]
95
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Aureacutelio natildeo lista chapiteo em seu dicionaacuterio Para os demais autores
consultados chapiteo eacute um termo de navio Origem natildeo encontrada
Ficha 50
Chaveta sf (T Naut) Ferro com que se bdquore em‟ as cavilhas fechando por cima das arruelas
Ferro no eixo que natildeo deixa saacutelvio o que estagrave enfiado nelle
_____________________________________________________________________
rarrCunha chaveta - do latim clavem
rarrBluteau CHAVETA Chaveta (Termo de navio) Chapa de ferro da largura de dous dedos
eſtreita para a ponta fecha por cima das arruelas para que ſe naotilde poacuteſſaotilde tirar as cavilhas
Clavorum retinaculum i Neut
rarrMoraes e Silva CHAVEgraveTA s f t de Naut Peccedila de ferro que fecha por cima das
arruellas para reter as cavilhas ou se mette no extremo de algum eixo paranatildeo sair o que estaacute
enfiado nelle
rarrLaudelino Freire CHAVEcircTA s f De chave Peccedila de ferro na extremidade de um eixo
para natildeo deixar sair as rodas ou peccedila que segura uma cavilha 2 Cavilha 3 Haste em que
jogam as dobradiccedilas 4 Lus O mesmo que chavelha
rarrAureacutelio chaveta (ecirc) [De chave + -eta (ecirc)] Substantivo feminino 1Peccedila na extremidade
dum eixo para fixar as rodas2Peccedila para segurar a cavilha 3Haste em que jogam as
dobradiccedilas 4Bras SP Peccedila de madeira que prende a canga agrave tiradeira [Pl chavetas (ecirc) Cf
chaveta e chavetas do v chavetar]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
[] e estas fontes como outros tantos Cyfoens enchem delivel com aagoa dorio aquellas
praccedilas logo que amachina se interrompe machina ha destas q consta de quatro centas
chapas deferro ecada chapa de oito Libras fora as cavilhas e chavetas do mesmo metal
[]
ANTONIO PIRES DA SILVA PONTES LEME (1896) [nd] MEMORIAS SOBRE A
EXTRACCcedilAtildeO DO OURO NA CAPITANIA DE MINAS GERAES () [A00_0761 P 420]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam o termo chaveta ligado ao mundo mariacutetimo
Origem portuguesa lt latina
Ficha 51
Cheleira sf (T naut) peccedila de madeira nas nagraveos junto aacutes portinholas com vatildeos onde se
mettem as balas
_____________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau natildeo consta
rarrMoraes e Silva CHELEgraveIRA s f Nas naacuteos de guerra eacute peccedila de madeira que corre ao
longo do costado junto aacutes portinholas e onde estatildeo as ballas vi uns vatildeos feitos para isso nas
cheleiras (do Inglez Shelf) Exame de Artilheiros
96
rarrLaudelino Freire CHELEIRA s f Lugar em que empilham as balas na bateria de um
navio 2 Peccedila de madeira em que a bordo se encaixam baldes
rarrAureacutelio natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Em suas acepccedilotildees os dicionaacuterios de Moraes e Silva e Laudelino Freire
apontam o termo como do universo naacuteutico Os demias dicionaristas natildeo citam o termo
Origem natildeo encontrada
Ficha 52
Ciar se va refl Ter ciumes (T Naut) vn Remar para traz em quanto outros rematildeo ao
contrario para voltar o baixel
______________________________________________________________________
rarrCunha ciar vb bdquoremar para traacutes‟ l cear XVI l Do cast ciacutear talvez deriv de cia bdquoquadril‟
pelo esforccedilo que faz esta parte do corpo ao ciar
rarrBluteau CIAR ou ciarſe ter ciumes Emulari Vid Ciume amp Ciofo Pois ſe Chriſto ſe Cia
tanto de morrer algum hoacutemem antes que elle morra pelos homens OP Ant Vieira
rarrMoraes e Silva CIAR-SE t de Naut Remar para traz ao tempo que os outros remeiros do
lado opposto rematildeo para diante para voltar a galeacute V Ciavoga Cast 2161 V Cear como
escrevem Barros e Castanheda CIAVOacuteGA s f t de Naut Volta em redondo que se daacute aacute
galeacute remando os de um lado e ciando os do outro Cast
rarrLaudelino FreireCIAR v intr Naacuteut Remar no sentido contraacuterio ao andamento para
recuar ou para voltar a embarcaccedilatildeo vogando a direito os remeiros do outro lado 2 Mover-
se para traacutesrdquo Cia a igara e reparte um silvo extensordquo (Pocircrto Alegre)
rarrAureacutelio ciar1 [Do esp ciar poss] Verbo intransitivo 1Remar para traacutes 2P ext Mover-se
para traacutes [Cf siar e cear]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Vista jaacute posto que em sombras a pintura do corpo natural desta Regiatildeo a benevolecircncia do
seu clima a fermosura dos seus Astros a distancia das suas costas o curso cia sua
navegaccedilatildeo o movimento dos seus mares objectos que mereciaotilde mais vivos e dilatados
rascunhos []
SEBASTIAtildeO DA ROCHA PITTA (1878) [1730] LIVRO PRIMEIRO [A00_0567 p 13]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Dentre os dicionaacuterios consultados somente o de Bluteau natildeo cita o termo ciar-
se como naacuteutico Origem castelhana
Ficha 53
Cifa sf Assim chamatildeo os ourives a aregravea de que enchem os frascos de moldar e vasar as
peccedilas (T Naut) untura que se dagrave nas embarcaccedilotildees
______________________________________________________________________
rarrCunha cifa sf bdquoareia que os ourives empregam para moldar‟ 1813 Do arsatildeifacirc
97
rarrBluteau natildeo consta
rarrMoraes e Silva CIFA sf eacute untura que se daacute aos navios feita de gordura ou azeite de
peixes ampc B 4816 ldquodaria 100 quintaacutees de Cifa ( que eacute azeite de peixe) ―Couto V de Lima
6 16 lhe mandassem municcedilotildees remos cifa cotonias []
rarrLaudelino Freire sf aacuter saifa Areia de que os ourives enchem os frascos de moldar e
vazar as peccedilas que eles depois tecircm de lavar
rarrAureacutelio cifa [Do aacuter sayf espada areia fina (sentido metafoacuterico)] Substantivo feminino
1Areia que os ourives empregam para moldar
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente Moraes e Silva abona o termo cifa como naacuteutico Origem aacuterabe
Ficha 54
Cifar va (T Naut) Dar cifa
______________________________________________________________________
rarrCunha de cifa sf bdquoDo arsatildeifacirc
rarrBluteau CIFAR Termo Nautico Mandou logo Cifar amp baſtecer trinta navios Jacinto
Freire mihi 322 Cinco navios varados amp Cifados para ſe lanccedilarem ao mar Couto 8 Dic 129
col1
rarrMoraes e Silva CIFAacuteR v at De Naut Dar cifa aos navios ldquocifar e alimpar os naviosrdquo
Cron F III P 3 c 77 mandou cifar e bastecer trinta navios Freire cinco navios varados e
cifados para se lanccedilarem ao mar Cast 8 fol I col I ldquocifados e ensevados os navios para
que ficassem mais ligeirosrdquo e a f 250 como as embarcaccedilotildees estavatildeo cifadas e enseyadas
prendeo logo o fogo nellas V Cifa
rarrLaudelino Freire CIFAR v tr dir De cifa + ar Ant Untar com cifa (os navios) 2
Aparelhar ou abastecer (embarcaccedilatildeo) para se lanccedilar agrave aacutegua
rarrAureacutelio natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Dos dicionaacuterios consultados natildeo citam o termo as obras de Aureacutelio e Cunha
Origem aacuterabe
Ficha 55
Cinta sf Faixa de apertar o corpo Cintura onde se aperta a cinta Peccedila das culumnas e
pedestaes (T Naut) Pagraveos de reforccedilar o forro do costado de popa agrave proa
______________________________________________________________________
rarrCunha cinta sf bdquofaixa para apertar a cintura‟ XIII Do lat cĭncta part De cĭngĕre cintAR
1881 cinto1
adj bdquocingido‟ XIV Do lat cinctus ndashūs part De cĭngĕre cinto2
sm bdquofaixa ou
tira que cinge o meio do corpo com uma soacute volta‟ XIII Do lat cinctus -ŭs cintura sf bdquoa
parte meacutedia do tronco humano situada abaixo do peito e acima dos quadris‟ l ccedilin- XIV ccedilim-
XV l Do lat cinctūra cintURAtildeO sm bdquocinto grande‟ 1813
rarrBluteau Cintas (Termo de navio) Saotilde huns paacuteos que cingem o navio da popa ateacute a proa
pela parte de fora abraccedilando toda aquella madeira em diſtancia huma da outra de palmo amp
meyo ou dous palmos de largo ou ſaotilde huns paacuteos q coacuterrem davante a Reacute ſobre as eſtacas que
ellas foraotilde correndo ao longo das Cintas do coſtados []
98
rarrMoraes e Silva [] t de Naut Paacuteos que vatildeo por fora do costado de popa aacute proa e servem
de reforccedilo ao taboado ou forro do costado Barros
rarrLaudelino Freire CINTAS s f pl Taacutebuas pregadas aos caibros junto agrave cumieira e
paralelas a esta de dois em dois metros mais ou menos para dar firmeza aos planos do
madeiramento 2 Pranchotildees que cingem o navio da pocircpa agrave proa
rarrAureacutelio cinta [Do lat cincta fem do part pass de cingere] Substantivo feminino
Constr Nav Fiada de chapas mais grossas dispostas de proa agrave popa no forro exterior do
costado de navios de ferro agrave altura do conveacutes da borda-livre com o fim de aumentar a
resistecircncia do casco e do proacuteprio costado cintado []1 Bras Mar G Dispositivo instalado
numa embarcaccedilatildeo de casco de ferro ou de accedilo e que atenua ou neutraliza a deformaccedilatildeo que o
magnetismo da embarcaccedilatildeo causa nas linhas de forccedila do magnetismo terrestre assim
reduzindo muito a eficaacutecia das minas e torpedos eletromagneacuteticos que se possam encontrar na
rota Cinta couraccedilada 1 Constr Nav Cinta de chapas de couraccedila para proteger navio
encouraccedilado e que se estende desde abaixo da sua linha de flutuaccedilatildeo ateacute pouco acima dela
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam cinta como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Ficha 56
Clara s f O branco glutinoso do ovo (T Naut) No beque do navio he hum pagraveo que vai por
baixo da curva e por cima do talhamar
______________________________________________________________________
rarrCunhaclara - Claro adj bdquoorig luminoso brilhante iluminado‟ fig niacutetido inteligiacutevel
manifesto‟ XIII Do lat clarus []
rarrBluteau [] Clara do Beque Palavra de Navio He hum paacuteo que vay por cima do
Talhamar amp por baxo da curva Chamaſe Clara porque tem ſeus vatildeos para por ella paſſar o
mar
rarrMoraes e Silva CLARA sf [] Clara do beque pao que vai por cima do talhamar e por
baixo da curva t de Naut
rarrLaudelino Freire CLARA sf [] 4 Abertura em algumas peccedilas do navio
rarrAureacutelio clara [F subst do adj claro] s f 4Mar V aberta (9) 5Constr Nav Designaccedilatildeo
comum a algumas aberturas existentes no casco ou no aparelho das embarcaccedilotildees []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todas as obras apontam clara como termo de navio entre outras acepccedilotildees
Origem portuguesa lt latina
99
Ficha 57
Colhedor sm Que colhe as frutas das aacutervores No plur(T Naut) Cabos que para fortificar
os mastros passatildeo pelas bigotas fixas nas pontas dos bdquoovens‟ da enxarcia e nas que estatildeo fixas
na abotoadura
______________________________________________________________________
rarrCunha colhedor ndash de colher Do latim colligere
rarrBluteau Colhedocircres (Termo de navio) Saotilde huns cabos que paſſaotilde pelas bigotas que
eſtaotilde fixas nas pontas dos ovens da Enxarcia como tambem por aquellas que eſtaotilde fixas na
abotocadura para fortificar os maſtos Demandaotilde toda a forccedila amp vaotilde a poder de muyto cabo
[]
rarrMoraes e Silva sm [] t de Naut cabos que passatildeo pelas bigotas fixas nas pontas dos
ovens da enxaacutercia e por outras fixas na abotoadura para fortificar os mastros
rarrLaudelino Freire COLHEDOR adj E sm De colher + dor O que colhe o que recebe
Colhedores s m pl Cabos delgados que enfiando pelos buracos de duas bigotas ou sapatos
servem para tesar os oveacutens estais
rarrAureacutelio [De colher (ecirc) + -dor] Adjetivo Marinh Cabo com que se tesa um estai um
oveacutem etc e que gorne em um par de bigotas uma das quais eacute presa no chicote do cabo a
tesar e a outra num ponto apropriado do conveacutes do costado de um mastro etc
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam colhedor como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Ficha 58
Contrapunho sm [T Naut] cabo pegado na ponta da vela grande e do traquete para ajudar
a amarra
______________________________________________________________________
rarrCunha contra (latim) +punho (latim)
rarrBluteau (Termo de navio) He hum cabo que eſtaacute pegado na ponta da vella grande amp do
traquete que ſerve de ajudar a amarra Naotilde tem nome proprio Latino
rarrMoraes e Silva CONTRAPUacuteNHO s m t de Naut Cabo pegado na ponta da vela grande
e do traquete para ajudar a amarra
rarrLaudelino Freire CONTRAPUNHO s m De contra + punho Naacuteut Cabo fixo na ponta
da vela grande e do traquete para auxiliar a manobra
rarrAureacutelio contrapunho [De contra- + punho] Substantivo masculino 1Marinh Cabo ligado
agrave ponta da vela grande e do traquete e que serve para auxiliar a manobra
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam contrapunho como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
100
Ficha 59
Corda sf fios torcidos de estopa etc entre si de diversas grossuras e para diversos usos Nos
Instrumentos musicos he de intestinos de animaes ou de arame No relogio he de accedilo
Cordilheria Extremidade do muscolo No plr (T Naut) Chapas de lata que vatildeo davante agrave regrave
nas cobertas
______________________________________________________________________
rarrCunha corda sf bdquocabo de fios vegetais unidos e torcidos uns sobre os outros‟ bdquofios de
vibra em alguns instrumentos‟ XIII Do lat chŏrda deriv Do gr chordē bdquotripa corda musical
feita com tripas‟ []
rarrBluteau CORDA Corda de navio Funis nauticus i Maſe Rudens tis Maſe Plauto faz
eſte nome do genero feminino mas melhor he fazelo do genero maſculino agrave imitaccedilaotilde de
Catullo Virgilio Oviacutedio Lucano Silio Italico amp Juvenal Vid Ancora Vid Calabre Cordas
com que ſe governaotilde as antenas Funes opiferi Corda com que ſe atta a antena ao maſto
Anquina e Fem Cinna Corda que puxa agrave firga []
rarrMoraes e Silva COacuteRDAS sf pl t de Naut Satildeo umas latas davante a re em todas as
cobertas
rarrLaudelino Freire CORDA s f Lat chorda Peccedila de fios unidos e torcidos uns socircbre os
outros e que serve para prender ou apertar[]
rarrAureacutelio corda [Do lat chorda] Substantivo feminino Constr Nav Ant Cada uma das
vigas longitudinais que nas naus galeotildees etc juntamente com os vaus e as latas aguentavam
os pavimentos 10Marinh Pedaccedilo de cabo ligado ao badalo do sino de bordo [Eacute este a bordo
o uacutenico cabo que tem o nome de corda Cf sicorda]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Falta soacute a induacutestria de as ir puxando para diante para cada vez irem avanccedilando e eacute faacutecil
pondo na ponta de cada pao alguma roda ou reacutegoa entesada em cordas
um calabre cujas pontas vatildeo prender na extremidade dos acircngulos que seguram
PADRE JOAtildeO DANIEL (1976) [1757] PARTE SEXTA - DO TESOURO DESCUBERTO NO
RIO MAXIMO AMAZONAS - CONTEacuteM INVENTOS UacuteTEIS E CURIOSOS PARA A MELHOR
FAZENDO NAVEGACcedilAtildeO PROacuteSPEROS TODOS OS VENTOS AINDA OS MAIS
PONTEIROS E CONTRAacuteRIOS E PARA FAZER NAS CALMARIAS BOA VIAGEM COM
NOVA INVENCcedilAtildeO DE REPRESAR AS MAREacuteS PARA MOEREM FAacuteBRICAS E INGENHOS
DE MOTO CONTIacuteNUO ACCRESCEM ALGUMAS OUTRAS IDEacuteAS DE INGENHOS
MANUAES PARA SERRAR MADEIRA FAZER ACcedilUacuteCAR E MUITOS OUTROS NAtildeO
MENOS CURIOSOS QUE UacuteTEIS A VIDA HUMANA - CAP 12deg - DOS OUTROS TREcircS
MODOS DE SERRAR MADEIRA COM INGENHO PORTAacuteTIL [A00_1975 p 431]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam corda como termo naacuteutico exceto Laudelino
Origem portuguesa lt latina lt grega
101
Ficha 60
Cossouro sm (T Naut] bola de ferro furada no meio onde se mette o mastro Na espora he
a roda com dentes
______________________________________________________________________
rarrCunha cossouro sm bdquoroseta de espora‟ 1813 De origem obscura
rarrBluteau COSSOUROS do navio Saotilde humas bolas de ferro furadas no meyo em que ſe
mete o maſto Servem para os Enxertarios []
rarrMoraes e Silva COSSOgraveUROS s m pl t de Naut Bolas de ferro furadas no meyo em
que se mette o mastro servem para os enxertarios sect Cossouro da espora roda que estaacute na puacutea
rarrLaudelino Freire COSSOURO s m Bola de ferro com orifiacutecio ao centro onde se embebe
o mastrosect 2 Roseta de espora
rarrAureacutelio cossouro [De or obscura] SM 1Roseta de espora [F paral cossoiro]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios remetem o significado do termo cossouro ao mundo
naacuteutico Origem obscura
Ficha 61
[]
Costa sf Terreno que se levanta em ladeira Terra junta ao mar No plr costelas do corpo
(T Naut] curvas e outras peccedilas que sostecircm o costado []Dar aacute costa naufragar encalhar
[]
______________________________________________________________________
rarrCunha costa sf bdquo(no pl) espaacuteduas‟ XIII bdquocostela‟ XIII bdquolitoral‟ XIV Do lat cŏsta
bdquocostela ilharga lado flanco‟ []
rarrBluteau COSTA do mar ( chamada porque de ordinario he amp coſtumamos dizer A
coſta do monte ou porque a terra junto ao mar de ordinario he curva a modo de Correr a
coſta Navali excursione oram Deſpois de corrida toda a coſta Proximo laure Tacito
fallatildedo em huma armada Navegar coſta a coſta Luttus radere Vr V CoſtearDar agrave coſta
Allidi ad eram ou ad oram maritimam Com naacuteos deſtroccediladas tem quaſi agrave Coſta Chagas
Cart Eſpirit Tom 291 Fez fazer mytos navios para guardar a coſta Varias naves ad oram
maritimam tuendam
rarrMoraes e Silva COacuteSTA s f Terreno que se vaacutei erguendo e fazendo ladeira sect Ir coacutesta a
riba i eacute debaixo para cima e fig com difficuldadesect Correr a costa ir ao longo perto della
e assim navegar costa a costa sem se empeacutegar nem emmarar sect Dar agrave costa vir encalhar ou
naufragar nella com tormenta ou varar nella de proposito vg deu este navio aacute costa o tempo
forte deu elle aacute costardquo naacuteos lanccediladas aacute costardquo B 453
rarrLaudelino Freire COSTA s f Ant Anat Costela 2 Regiatildeo proacutexima do mar borda
do mar litoral praia 3 Porccedilatildeo de mar proacutexima da terra
102
rarr Aureacutelio [] 2Litoral (2) 3Porccedilatildeo de mar proacutexima da terra 4A costa da Aacutefrica em geral
[Nesta acepccedil figura em vaacuterios vocaacutebulos ou expressotildees como p ex pano da costa e sabatildeo-
da-costa] 5Encosta declive Dar agrave costa 1 Mar Encalhar (a embarcaccedilatildeo) no litoral por
acidente ou maacute visibilidade ou impelida por tormenta ir agrave costa 2 Fig Perder-se arruinar-se
Ir agrave costa 1 Mar Dar agrave costa (1)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
mar quebrar na costa
preto
PERO VAZ DE CAMINHA (1964) [1500] CARTA DE PERO VAZ DE CAMINHA
[A00_0335 p 01]
Sesta-feira 2 dias de Novembro veo a gente que tinha mandada em busca de Martim Afonso
e me disseram como a nao capitaina dera agrave costa por falta de amarras e que Martim Afonso
com toda a gente se salvaram todos a nado (sogravemente morreram sete pessoas seis afogados e
um que morreo de pasmo) e que o bragantim dera tambeacutem agrave costa e poreacutem que lhe nom
fizera nojo e o batel do galeam e da capitaina tinhatildeo satildeos []
PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE
SOUSA] [A00_0078 p 73]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todas as obras indicam costas dentre outras acepccedilotildees como termo ligado agrave
vida mariacutetima Como termo naacuteutico o DLB apresenta tambeacutem a expressatildeo dar agrave costa
Origem portuguesa lt latina
Ficha 62
Cruzar va Por em forma de cruz Atravessar pelo meio Fig Sobmetter-se conformar-se (T
Naut) Pairar
______________________________________________________________________
rarrCunha cruzarrarr CRUZ [] Do lat crux crǔcis [] cruzAR vb bdquofazer cruzada‟ XIII
bdquopercorrer atravessar‟ XVII []
rarrBluteau CRUZAR Andar atraveſſando de huma parte a outra Cruzar o mar aſſi
como diz Cicero Andatildeo os Piratas cruzando o mar Pirate mareacute inſeſtum havent Ex Cicer
ou mareacute navibus interclu ou claufum tenent Outras duas velas Cruzaratildeo largo tempo o mar
Britt Viagem ao Braſil pag 56 Dos que Nos Eſtreytos do mar ſe levantatildeo as ondas
amp andatildeo os mares Cruzados Vieir Tom 6 pag 481
rarrMoraes e Silva CRUZAacuteR v at Pograver em cruz v g cruzatildeo as vergas Mousinho Afonso
Afric sect Andar bordejando pairar Brito Viag Braacutes P56 duas velas cruzaacuteratildeo largo tempo o
mar Vieira andatildeo os homens cruzando as cortes atravessando daqui para alli no mesmo
lugar Cruza este terreiro a cavalo cruza os mares
rarrLaudelino Freire CRUZAR v r v De cruz + ar Ocupar ou vigiar certa extensatildeo do mar
percorrendo-a em tocircdas as direccedilotildees (intr tr ind com prep em) ldquoAs esquadras federais
cruzaram veratildeo e inverno durante anosrdquo (Rui) ldquoUma esquadra destinada a cruzar no
Baacutelticordquo (Aulete)
rarrAureacutelio cruzar [De cruz + -ar2][]3Cortar atravessar A Avenida Rio Branco cruza a
Presidente VargasCruzam o firmamento as estrelas cadentes (Martins Fontes Veratildeo p
154) 4Passar por percorrer atravessar Lembrava-se bem do tempo em que cruzara aquelas
estradas5Transpor penetrar Saiu dizendo que jamais voltaria a cruzar aqueles
umbrais6Percorrer em diversos sentidos cruzar os mares cruzar estradas []
8Encontrar-se vindo em direccedilotildees opostascruzara com um caboclo espadauacutedo e rijo
(Herman Lima Garimpos p 142) [] 10Percorrer o mar em direccedilotildees diversas11Estar
103
atravessado colocar-se de traveacutes 12Encontrar-se vindo em direccedilotildees opostas cruzar-se []
Cruzar (16) Os navios cruzaram-se em pleno equador []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Em que se declara o clima da Bahia como cruzam os ventos na sua costa e correm as aguas
GABRIEL SOARES DE SOUSA (1938) [1587] DESCRIPCcedilAtildeO TOPOGRAPHICA DA BAHIA
(PARTE SEGUNDA -TITULO 2) [A00_0178 p 133]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Os dicionaacuterios consultados apresentam abonaccedilotildees que remetem ao termo
cruzar na acepccedilatildeo de mariacutetimo Origem portuguesa lt latina
Ficha 63
Cunho sm Instrumento com que se marca a moeda ou medalha Fig Uso pronunciaccedilatildeo
sentido que se daacute agraves palavras (T Naut) Pagraveos em torno do cabrestante com seus dentes em
que pegatildeo o linguete e as amarras Sem cruzes nem cunhos famil sem caracter certo vario
______________________________________________________________________
rarrCunha cunho sm ldquoplaca de ferro para marcar moedas medalhas etcrdquo XV Do lat cŭněus
ndashī
rarrBluteau Cunhos (Palavra de navio) Satildeo huns paacuteos pregados agrave roda do cabreſtante por
baxo com ſeus dentes em que pega o linguete amp as amarras quando viraotilde Natildeo temos
palavra propria Latina
rarrMoraes e Silva CUNHO Cunhos t de Naut paacuteos pregados aacute roda do cabrestante com
seus dentes em que pega o linguete e as amarras quando viratildeo
rarrLaudelino Freire CUNHO Cunhos s m pl Naacuteut Espaccedilo junto ao lais tendo aberto
perpendicularmente um gorne onde passam certos cabos que manobram a vela que lhes fica
superior 2 Naacuteut Paus pregados em tocircrno do cabrestante nos quais pelo linguete 3
Pedaccedilos de pau curtos pregados no lugar conveniente e que servem para dar volta aos cabos de
mareaccedilatildeo
rarrAureacutelio cunho [Do lat cuneu] Substantivo masculino1Constr Nav Peccedila de metal
incudiforme que se fixa na amurada das embarcaccedilotildees nos turcos ou nos lugares por onde
possam passar cabos de laborar para dar-lhes volta2Tip Cada uma das peccedilas de metal que
com o auxiacutelio de chave servem para apertar a focircrma na rama [Sin nesta acepccedil aperto e
(desus) cunha V enviesado]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam cunho como termo de navio Origem
portuguesa lt latina
Ficha 64
104
Curva sf A parte interior do joelho No pl (T Naut) Os pagraveos curvos que pegatildeo na quilha e
onde se pregatildeo as taboas
______________________________________________________________________ rarrCunha curv ˙a -ado -ar -atura rarr CURVO Curva sf bdquoqualquer linha ou superfiacutecie curva‟
1500 bdquo(Geom) lugar geomeacutetrico de um ponto que se desloca no espaccedilo com um uacutenico grau de
liberdade‟ 1844curvADO-bado XIV Do lat curvātus part de curvāre []
rarrBluteau Curva (Termo de Navio) Curvas de cotildevez ſaotilde as chaves da naacuteo que fortificatildeo os
lados Parece que ſaotilde o que Plinio chama Navium coft amp arum Fem Plur Curva do falcatildeo
do Beque he huma curva particular em que prega o Talhamar A quilha eſtava podre podres
as Curvas ou cavernas Vieira Tom 10220 E dando entre duas ondas impetuoſas Taboas
rendeo amp as Curvas mais forccediloſas Malaca conquiſt livro 1 oit 35
rarrMoraes e Silva CUacuteRVA Curvas t de Naut as costas ou peccedilas de paacuteo curvas que
nascem da quilha nas quaes se pregatildeo as taacuteboas do costado cavernas Vieira sect Curva do
falcatildeo do beque eacute uma curva onde se prega o talhamar
rarrLaudelino Freire CURVAS sf pl Mar Madeiros arqueados que partem do costado do
navio
rarrAureacutelio curva [F subst de curvo] SF 1Geom Lugar geomeacutetrico de um ponto que se
desloca num espaccedilo com um uacutenico grau de liberdade linha curva [O conceito pode abranger
como caso particular a linha reta] Curva de giraccedilatildeo 1 Lus Mar Curva de giro (q v)
Curva de giro 1 Bras Mar A que o centro de gravidade duma embarcaccedilatildeo descreve quando
se manteacutem o leme carregado para um dos bordos curva de giraccedilatildeo
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
A madeira eacute leve mas muito liada que natildeo fende de que se tiram curvas para barcos e que
se fazem vasos de sellas e destas folhas podem manter bichos de seda e os levarem a estas
partes
GABRIEL SOARES DE SOUSA (1938) [1587] DAS ARVORES MEANS COM
DIFFERENTES PROPRIEDADES DOS CIPOacuteS E FOLHAS UTEIS (PARTE SEGUNDA -
TITULO 9) [A00_0185 p 252]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaristas apresentam curva como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Ficha 65
Curvatatildeo sm ndashotildees no plr (T Naut) Vatildeo onde assenta a gavea Entre os Ferreiros satildeo dous
pagraveos do folle onde se prega a bdquoperada‟
______________________________________________________________________
rarrCunha curvo Do latim curvus
rarrBluteau CURVATAM Curvataotilde (Palavra de Navio) Curvatatildeo do gurupez he donde ſe
poem o vatildeo para aſſentar a gavea Carchefij fulcimentum i Neut Curvatoens tambem ſaotilde
huns paacuteos fortes em que ſe pregatildeo as perchas do beque Curvatoens do folle em officina de
fundidor ſaotilde dous paacuteos em que ſe prega huma taacuteboa de madeyra a que chamaotilde Perada
rarrMoraes e Silva CURVATAtildeO s m t de Naut No Curvatatildeo do gurupeacutes estaacute o vatildeo para
assentar a gaacutevea sectCurvatotildees do folle de ferreiro satildeo dois paacuteos onde se prega uma taacuteboa
chamada perada
rarrLaudelino Freire CURVATAtildeO Curvatotildees s m pl Naacuteut Duas peccedilas do mastro acima
da romatilde nas quais assentam os vaus reais
rarrAureacutelio curvatatildeo [Do esp curvatoacuten lt cat corbatoacute] Substantivo masculino 1Constr Nav
Ant Cada uma das duas fortes peccedilas de madeira presas agrave romatilde do mastro ou mastareacuteu e sobre
as quais assenta o cesto da gaacutevea
105
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaristas apresentam curvatatildeo como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Ficha 66
Cutegravelo sm Alfange Instrumento semi-circular de ferro de que servem os curtidores [T
Naut] Vela pequena que se ajunta as gaveas No plr Pennas da extremidade das azas do
falcatildeo
______________________________________________________________________
rarrCunhacutelo sm bdquofaca‟ coitello XIII coytelo XIII Do lat cŭltěllus []
rarrBluteau Cutelos (Termo de navio) Armando-lhe joanetes amp Cutelos que natildeo trazia
Britto Viagem do Braſil pag 120
rarrMoraes e Silva CUTEgraveLO s m Alfange [] Velas pequenas que se ajuntatildeo quando haacute
bom vento Britto Viagem Metter cutelos e varreduras
rarrLaudelino Freire CUTELOS s m pl Mar Pequenas velas quadrangulares que servem de
suplemento agraves outras e se desfraldam quando o vento eacute favoraacutevel 2 Pedaccedilos de lona ou
brim que saem do painel das velas quando estas se cortam
rarrAureacutelio cutelo1 [Do lat cultellu faquinha] S m 3Ant Marinh Cada uma das velas
suplementares quadrangulares caccediladas junto agraves testas do velacho e da gaacutevea quando o vento
era de feiccedilatildeo para aumentar a superfiacutecie do pano vela de cutelo
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaristas apresentam cutelo como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
D
Ficha 67
Drsquoavante adv (T naut-) por diante
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta dlsquoavante poreacutem haacute avante adj bdquoadiante para frente‟ XIII Do lat tard
ǎbantě [] auantal XIV vante sf bdquoa metade dianteira da embarcaccedilatildeo‟ XVI
rarrBluteau DAVANTE Em praſe Nautica vai tanto como por diante Fez tomar o navio por
Davante Barros Dec 4 fol 57 Saltaraotilde no Caſtello Davante Barros 1 Dec 116 col2
Antes de darem por Davante Britto Viagem do Braſil 284
rarrMoraes e Silva D‟AVANTE adv tde Naut V Avante Barros Surdir obedecer ao leme
ou governo e mareaccedilatildeo que se faz para fazer cabeccedila e navegar
rarrLaudelino Freire natildeo constad‟avante AVANTE sm Despor O mesmo que atacante
Avante Interj Voz que exprime incitamento e equivale a ldquovamos para dianterdquo Prossigamos
rarrAureacutelio natildeo consta d‟avante consta avante [Do lat vulg abante] Adveacuterbio 1Adiante
Mais avante comeccedilava a selva2Para adiante para a frente Marchemos avante
106
Interjeiccedilatildeo 3Para a frente rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Quinta-feira no quarto de alva me deu por davante o vento sudoeste levando as velas cheas
do vento nordeste que foi a mor afronta que nesta viajem noacutes tiacutenhamos visto E com o vento
sudoeste lanccedilaacutemos as naos ao pairo
PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE
SOUSA [A00_0078 p 65]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios somente Bluteau e Moraes e Silva indicam dlsquoavante como termo naacuteutico
Origem portuguesa lt latina
Ficha 68
Desaferrar va Soltar cousa preza com ferro ou a ferro Soltar largar o que estava prezo
Fig Tirar a forccedila das matildeos das unhas etc (T naut) Levantar ancora
______________________________________________________________________
rarrCunha des˙a˙ferr˙ar -olhar - FERRO sf bdquometal maleaacutevel e tenaz de numerosas aplicaccedilotildees
na induacutestria e na arte‟ XIII Do lat ferrum ndashi [] DESAferrAR XVI []
rarrBluteau DESAFERRAR Tirar alguma couſa do ferro com que eſtaacute preſo Aliquid ferreo
vinculo exfolvere Deſaferrar da maotilde dos dentes das garras unhas ampc he tirar por forccedila que
as ditas couſas tem aferrado Aliquid egrave manibus dentibus unguibus avellere evellere
revellere (vello vulfi vullere evellere revellere (vello vulfi vulfum) Ex Cic Deſaterrar do
Porto Levantar ferro Solvere egrave portu ou folvere navem Cic Deſpois de Deſaferrar do
Porto Ancoris folutis Cic Nem aſſi quizeraotilde Deſaferrar do Porto Jacinto Freyre mihi pag
27
rarrMoraes e Silva DESAFERRAR v at Soltar alguma coisa do ferro a que estava presa v
g desaferraratildeo a embarcaccedilatildeo inimiga a preza te desaferro Lobo Egl7 sect Desaferrar do
porto levantar ferro ancora
rarrLaudelino Freire DESAFERRAR v r v De des + aferrar Levantar ferro ou acircncora (o
navio) (intr tr ind com prep de) ldquo O navio desaferrourdquo ldquoA primeira esquadra agraves ordens de
Lencastre desaferrou do pocircrto de Woolwichrdquo (Rebecirclo da Silva)
rarrAureacutelio desaferrar [De des- + aferrar] Verbo transitivo direto 1Soltar (o que estava
aferrado preso com ferro) 2Soltar (o que estava seguro) Verbo transitivo direto e indireto
3Fazer desistir dissuadir Natildeo conseguimos desaferraacute-lo daquela ideia
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todas as acepccedilotildees exceto as apresentadas por Aureacutelio remetem ao universo
naacuteutico Origem portuguesa lt latina
Ficha 69
Desancorar va (T naut) Levantar ancora
______________________________________________________________________
rarrCunha Do lat ancōra deriv do gr aacutegkyra
rarrBluteau DESANCORAR Levantar a ancora Anchoras toliere Vid Ancora
rarrMoraes e Silva DESANCORAacuteR v at Levantar a ancora o ferro do navio sect vn
Desaferrar
107
rarrLaudelino FreireDESANCORAR vrv De des + ancorar Levantar a acircncora de (tr dir)
2 Levantar acircncora (intr)
rarrAureacutelio desancorar [De des- + ancorar] Verbo td Desus 1Levantar a acircncora de
desancorar um barcoVerbo intransitivo 2Levantar acircncora desaferrar do porto
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam desancorar como termo naacuteutico Aureacutelio
acrescenta ldquotermo em desuso Origem portuguesa lt latina lt grego
Ficha 70
Descahir v n [T naut] Apartar-se do rumo por causa da corrente etc Soffrer decadencia de
bens de valimento etc Ir a mal o que estava bem Declinar
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta descair consta cair cair vb bdquocorresponder a tocar a‟ bdquoir ao chatildeo‟
XIV caer XIII Do lat caděre cadente adj 2g bdquoque vai caindo‟ bdquocadenciado ritmado‟
XVIII Do lat cadens -ēntis bdquoque tomba que cai‟ caIacuteDO 1572 -hi- XVI caIMENTO
-hi- XVIII DEcaIacuteDO decau- XIII DEcaiMENTO -cay- XV Decair XIII
DEScaIacuteDA -hi- 1813 DEScaIacuteDO XVI DEScaIMENTO XVI DEScair XVI
descayr XV queda sf bdquobaque tombo‟[]
rarrBluteau DESCAHIacuteR (Termo Nautico) He nas viagens por mar cotilde a forccedila do vento das
mares ou das correntes perder o rumo amp ſahir da derrota que ſe tem tomado itinere
ventorum ou aquarum vi de (Fleto flexi flexum) Como pairava podia Deſcahir com o
vento Britto viagem do Braſil 37 O Galeaotilde foy Deſcahindo com a correnteQueyros Vida do
Irmatildeo Baſto 311 col2 Deſcahir do valimento In principis offenſionem incurrere ou cadere
Cic
rarrMoraes e Silva DESCAHIR v n t de Naut Apartar-se do rumo por forccedila do vento
contrario de aguagens ou correntes B145 ldquonatildeo querendo o navio fazer cabeccedila (por tomar
vento d‟avante) comeccedilou de ir descahindo sobre hum baixo
rarrLaudelino Freire DESCAIR vrv De des+cair Naacuteut Desviar-se do rumo ou direccedilatildeo
derivar (intr) Abrandar amainar (intr) ldquoO vento comeccedila a descairrdquo (Aulete)
rarrAureacutelio [De des- + cair] V t d[] 4Mudar de rumo derivar (embarcaccedilatildeo) [] 9Estar
inclinado em (certa direccedilatildeo) []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
[] quando voltou encontrara huma armada de vinte naacuteos Hollandezes que lhe impediratildeo o
poder lanccedilar da sua gente a que pretendia no porto de Tamandareacute e por descahir muito com
as correntezas apenas podera tomar o porto dos Touros onde fizera dezembarcar o Mestre
de Campo Andreacute Vidal de Negreiros []
LUIZ DOS SANTOS VILHENA (1921) [1802] CARTA UNDECIMA [A00_0832 p 401]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam descahir como termo naacuteutico ou remete ao
universo mariacutetimo Origem portuguesa lt latina
108
Ficha 71
[]
Dobrar va voltar parte de alguma cousa sobre outra Fazer girar sobre o eixo fallando de
hum sino e de hum cabo (T Naut) Passar alem delle Curvar commover mover alguem
Amansar Accrescentar outro tanto Dobrar-se figldquoAugmentar-serdquo em dobro vnVoltar
______________________________________________________________________
rarrCunhadobrar vb‟duplicar aumentar tornar mais completo mais extenso‟‟curvar abater
domar‟ bdquomodificar passar aleacutem de torneando‟ XIII Do lattardio duplārede duplus
bdquodobro‟derivde duo bdquodois‟ []
rarrBluteauDOBRAR Dobrar hum cabo (Termo nautico) []
rarrMoraes e Silva DOBRAacuteR v at Voltar a porccedilatildeo ou parte de uma coisa sobre outra parte
v g um ramo do panno sobre outro a parte de uma folha de papel sobre outra a ponta de um
prego ou arame sobre o maissect Dobrar o Cabo t de Naut passar aleacutem delle navegando fig
ao dobrar de huma assomada Lobo Egl 5
rarrLaudelino Freire DOBRAR v r v Lat duplicare Passar aleacutem dando volta costeando ou
torneando (tr dir) ldquoAs primeiras navegaccedilotildees regulam-se pelas balizas que deixaram os
predecessores e pelos mesmos cabos que ecircles dobravamrdquo (Latino Coelho)
rarrAureacutelio dobrar [Do lat duplare] Verbo transitivo direto 1Tornar duas vezes maior
duplicar As chuvas dobraram o volume de aacutegua da represa4Voltar ou virar (um objeto) de
modo que uma ou mais partes dele se sobreponham a outra(s) Apoacutes a cerimocircnia os soldados
dobraram a bandeira5Fazer vergar curvar flexionar flectir dobrar os joelhos Ao redor de
noacutes o vento selvagem que dobra vergocircnteas ondeia cidreiras e despetala flores (Maacuterio da
Silva Brito Conversa Vai Conversa Vem p 12) 6Passar aleacutem de circundando Vasco da
Gama dobrou o cabo da Boa Esperanccedila em 1498 7Teatr Interpretar dois ou mais papeacuteis
numa mesma peccedila 8Vergar-se curvar-se 9Ceder transigir 10Pocircr-se (o Sol) 11Bras
Gorjear cantar (paacutessaro) 12Bras PA Proceder a uma dobraccedilatildeo (2) Verbo pronominal
13Tornar-se maior aumentar(-se) 14Curvar-se inclinar-se vergar15Afrouxar(-se) ceder
[Pres ind dobro etc Cf dobro (ocirc) s m]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
O vento era sueste que nos era escasso pera dobrar(e)mos o cabo de Santlsquo Agostinho As
aacuteguas nesta paragem correm a loeste com muita forccedila
PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE
SOUSA () [A00_0078 P 36]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Bluteau e Moraes e Silva apontam dobrar como termo naacuteutico Laudelino
Freire e Aureacutelio natildeo o fazem mas apresentam abonaccedilotildees que mostram o termo como do
universo mariacutetimo Origem portuguesa lt latina
109
Ficha 72
Dormenteadj Adormecido Entorpecido Que estaacute fixa fullando de huma ponte No pl (T
Naut) Diz-se de huns pagraveos que vatildeo fechar nas buccedilardas da proa e em que se assenta a coberta
Na atafona satildeo dois pagraveos em que descanccedilatildeo os emparamentos sobre que anda a moacute
______________________________________________________________________
rarrCunha dormente rarr DORMIR Dormir vb bdquodeixar de estar acordado descansar no sono‟
XIII Do lat dormīre AdormENTAR XIII dormentar XIVAdormir XIII dormEcircNCIA
XX dormENTE1
adj bdquoaquele que dorme‟ bdquodiz-se das plantas cujas folhas se enrolam ou se
desdobram de noite‟ bdquoentorpecido‟ bdquoque estaacute assentado firme‟ XIV Do lat dorm(i)ens ndash
(i)entis part pres de dormīre dormENTE2
sm bdquocada um dos paus da coberta de um navio‟
bdquotravessas em que se assentam os trilhos da linha feacuterrea‟ XVI O termo comeccedila a usar-se
nestas acepccedilotildees como oposto a elevadiccedilo moacutevel natildeo-fixo Assim ponte dormente eacute aquela
que eacute fixa em oposiccedilatildeo a ponte elevadiccedila daiacute o uso substantivado e sua expansatildeo
rarrBluteau Dormentes (Termo de navio) Saotilde os em que ſe forma a cobertaa amp vaotilde a fechar
em buccedilardas da Proa
rarrMoraes e Silva DORMEgraveNTES s m pl t de Naut Satildeo paacuteos em que se foacuterma a coberta e
vatildeo fechar nas buccedilardas da proa sect na Atafona Satildeo 2 paacuteos em que se descanccedilatildeo os
emparamentos nos Engenhos de assucar paacuteos em que assenta a ponte da moendasect Os Sete
Dormentes V C Flos Sanct De Fr Diogo do Rosario que traz a sua histoacuteria curiosamente
ldquoacordaratildeo os dormentesrdquo P d‟Aveiro c 91
rarrLaudelino Freire DORMENTE sm Naacuteut Cada um dos paus com que se forma a coberta
e que vatildeo fechar nas buccedilardas da proa2 Uma das peccedilas da atafona 3 cada uma das
travessas em que assentam os carriacutes das linhas feacuterreas
rarrAureacutelio dormente [De dormir + -ente] Substantivo masculino 1Peccedila fixa de marcenaria
ou de serralharia assim chamada em contraposiccedilatildeo a outras do mesmo tipo ou aparecircncia
poreacutem moacuteveis 2Peccedila da atafona 3Cada uma das peccedilas de madeira em que se pregam as
taacutebuas do soalho 4Constr Nav Cada uma das fortes vigas de madeira que correm de proa agrave
popa sobre o topo das balizas e sobre as quais se apoiam os topos dos vaus 5Constr Nav
Cada uma das vigas de madeira que correm de proa agrave popa presas agraves cavernas de embarcaccedilatildeo
miuacuteda um pouco abaixo do alcatrate e sobre as quais se apoiam as bancadas dos
remadores[]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
[ -
inconveniente no Amazonas por abundar tanto nele e nas suas matas a madeira mas ainda
que esta seja muita e esteja agrave escolha sempre custa a cortar e a conduzir e a lavrar de
sorte que chamando-se embarcaccedilotildees de um soacute pao inteiriccedilas necessitam de muitos mais
paos do que as embarcaccedilotildees ordinaacuterias um pao para fazer o casco outros dous paos para
tirar as duas cavernas outros dous para os dous talabardotildees e todos esses satildeos paos
grandes 4 paos famosos para construir as duas bochecas e as duas conchas da proa sem
falar nos muitos outros paos para dormentes bancos mastros e mais requisitos E por
ventura satildeo estas embarcaccedilotildees mais fortes e duraacuteveis que as ordinaacuterias
110
PADRE JOAtildeO DANIEL (1976) [1757] PARTE QUINTA - EM QUE MOSTRA UM NOVO E
FAacuteCIL MEacuteTODO DA SUA AGRICULTURA O MEIO MAIS UacuteTIL PARA EXTRAIR AS SUAS
RIQUEZAS E O MODO MAIS BREVE PARA DESFRUTAR OS SEUS HAVERES PARA
MAIS BREVE E MAIS FACILMENTE SE EFEITUAR A SUA POVOACcedilAtildeO E COMEacuteRCIO -
TRATADO 4deg - DA FACTURA DAS CANOAS OU EMBARCACcedilOtildeES DO AMAZONAS - CAP
2deg - DOS MUITOS INCONVENIENTES QUE TEM ESTA PRAXE DAS CANOAS [A00_1923
P 193]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios aprsentam dormente como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Ficha 73
Driccedila sf (T Naut) Corda de iccedilar e marear as velas
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau DRICA Corda de roldana ou cabo com que ſe levantaotilde amp abaixaotilde as vergas
dos navios []
rarrMoraes e Silva DRICcedilA s f t de Naut Corda de iccedilar e marear as velas Couto 836
cortou a driccedila da vela Epanaforas H Naut 2134 enxarcea e driccedila fizeratildeo de huma linha de
pescar
rarrLaudelino Freire DRICcedilA s f ital drizza Corda com que se iccedilam pavilhotildees vecircrgas de
navio etc adriccedila ADRICcedilA s f De a + ital drizza Naacuteut Cabo para iccedilar velas ou bandeiras
nos mastros dos navios
rarrAureacutelio driccedila [Do it drizza pela f driccedila] S f 1Marinh Ant Adriccedila Adriccedila [De a-5 +
it drizza pela f ant driccedila] 1Marinh Cabo de laborar utilizado para iccedilar bandeira flacircmula
roupa maca e determinadas vergas e velas driccedila De improviso flutuaram todas [as canoas]
com rangidos de adriccedilas e palpitaccedilotildees do velame que o vento encopava e propelia (Xavier
Marques Jana e Joel p 53) A meia adriccedila 1 Marinh Diz-se de bandeira iccedilada ateacute 23 da
distacircncia vertical que vai do lais da verga ou do tope do mastro ao local de onde foi iccedilada a
meio 2 Mar Giacuter Um tanto embriagado tocado
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Do entrecasco de duas qualidades que ha de Imbira se fazem rijissimas cordas e ainda
amarras escotas driccedilas etc para as embarcaccediloens que navegatildeo pella costa e reconcavo
asim como estocircpa para calafates e outros uzos
LUIZ DOS SANTOS VILHENA (1921) [1801] CARTA VIGESIMA [A00_0846 p 762]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam driccedila como termo naacuteutico Origem italiana
E
Ficha 74
Embonar va (T Naut) Accrescentar o costado da embarcaccedilatildeo para ter mais bojo
______________________________________________________________________
rarrCunha em˙bon˙ar -o - bom boa adj bdquoque tem as qualidades adequadas agrave sua natureza ou
funccedilatildeo‟ bdquobeneacutevolo bondoso benigno‟ [] EMbonAR 1813 Do cast embonar EMbono
1813 Do cast embono
111
rarrBluteau (Termo Nautico) Embonar hum navio He ſobre o proprio madeyro com taboas
groſſas ou com novos madeyros amp com novo taboado dar bojo a hum navio que por falta
delle naotilde ſuſtenta a vela Navis latera lignis tabuliſque novis veſtire []
rarrMoraes e Silva EMBONAacuteR vatt de Naut |Acrescentar o costado do navio que fique
mais bojudo para aguentar melhor o panno
rarrLaudelino Freire EMBONAR v tr dir De embono + ar Naacuteut Reforccedilar exteriormente o
costado de (um navio)
rarrAureacutelio Embonar [Do esp embonar] Verbo transitivo direto 1Constr Nav Colocar
embono em (uma embarcaccedilatildeo)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam embonar como termo naacuteutico ou naval
Origem castelhana
Ficha 75
Embono sm [T naut] Accrescentamento de bojo ao costado do navio
______________________________________________________________________
rarrCunha em˙bon˙o - BOM bom boa adj bdquoque tem as qualidades adequadas agrave sua natureza
ou funccedilatildeo‟ bdquobeneacutevolo bondoso benigno‟ [] EMbono 1813 Do cast embono
rarrBluteau Embocircno (Termo Nautico) Hagrave dous generos de embono Embono que ſe faz
ſobre o proprio madeyro deſcozendo o coſtado amp pondo o coſtado ſobre o embono Outro
embono faz ſobre o proprio coſtado com taboado groſſo Vid Embonar
rarrMoraes e Silva EMBOgraveNO s m Augmento de bojo que se daacute o costado do navio para
que possa aguentar melhor o panno faz-se sobre o antigo costado pondo-lhe outro
rarrLaudelino Freire EMBONO s m Naacuteut O bocircjo ou saliecircncia do costado de qualquer navio
embonado embonada EMBONOS s m pl Naacuteut Madeiras que servem para embonar o
navio2 Paus que fixam socircbre o costado para facilitar o desembarque
rarrAureacutelio [Do esp embono] S m 1Ant Constr Nav Revestimento de madeira aplicado
sobre o casco de embarcaccedilatildeo desde o fundo ateacute agrave linha-daacutegua quando ela mostra grande
tendecircncia para se inclinar 2Ant Constr Nav Revestimento suplementar com estrutura
celular que em navios metaacutelicos corria a um e outro bordo ao longo do costado desde um
pouco acima da linha-daacutegua ateacute certa profundidade e destinado a melhorar a proteccedilatildeo do
navio contra as explosotildees de torpedos ou minas contracarena [Cf nesta acepccedil coacuteferdatilde (2)]
3Bras N NE Grande viga de pau de jangada ou de outra madeira leve presa ao longo da
borda de algumas embarcaccedilotildees de boca estreita com o fim de aumentar-lhes a estabilidade e
amortecer-lhes o balanccedilo lateral
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam embono como termo naacuteutico Origem
castelhana
112
Ficha 76
Embornal sm O saco com cevada ou milho em que se mette o focinho da besta (T Naut)
Buracos no costado do navio para escovar a agua que cahe na coberta
______________________________________________________________________
rarrCunha embornal - bornal sm bdquosaco de pano utilizado para transportar provisotildees
ferramentas etc‟ 1813 De origem incerta Embornal 1813 Embornais sm Pl ldquo(Const Nav
) abertura que se faz no costado de embarcaccedilatildeo rente com o conveacutes para escoamento das
aacuteguas da baldeaccedilatildeo ou da chuva‟ 1813 Do it imbrunali
rarrBluteau Embornagravees (Termo de Navio) Saotilde huns buracos nos coſtados da naacuteo junto das
cubertas donde ſahe a lagoa dellas para o mar [] Haacute outros Embornaes nos Trin da
cuberta por onde a agoa vay para o poratildeo donde deſpois ſe tira com a bomba
rarrMoraes e Silva EMBORNAacuteL ou Ambornal s m Saco em que se daacute cevada ou milho aacutes
bestas mettendo-lho no focinhosect Embornaacutees t de Naut buracos no costado do navio ao livel
das cobertas por onde se escogravea a agua que caacutei nellas tem umas angas de pano alcatroado ou
oleado pelas taes se saacutei foacutera a agua Amaral 51 V orndes
rarrLaudelino Freire EMBORNAL s m De em + bornal Saco em que se daacute cevada ou
milho agraves becircstas para o que se lhe prende em tocircrno da bocircca cevadeirardquoEu vi vocecirc uma
bichinha cabia num embornal estaacute ouvindordquo (C Neto)
rarrAureacutelio embornal2 [Do cat ant embrunal poss pelo esp embornal] Substantivo
masculino 1Constr Nav Abertura que se faz no costado de embarcaccedilatildeo rente com o conveacutes
para escoamento das aacuteguas da baldeaccedilatildeo ou da chuva
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Eraotilde valeroſos ambos os Commandantes e tratando jaacute como deſempenho da ſua honra a
occaſiaotilde a que ella meſma os conduzia foy tanta a forccedila que pozeraotilde nos remos e fizeraotilde de
veacutela que na noite logo do dia 9 ſe meteraotilde de baixo das baterias inimigas com hum tal
deſprezo de chuveiros de balas que quando os Hollandezes ſe conſideravaotilde ſoacute acomettidos ſe
viraotilde entrados mas recobrando-ſe do primeiro ſuſto empenharaotilde de ſorte toda a ſua
conſtancia na oppoſiccedilaotilde da furia dos golpes que jaacute corria o ſangue pelos embornaes de hum
e outro bordo
BERNARDO PEREIRA DE BERREDO (1749) [1718] ANNAES HISTORICOS DO ESTADO
DO MARANHAOtilde - LIVRO V [A00_2517 p 183]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios De todos os dicionaacuterios consultados somente o Laudelino Freire natildeo apresenta
embornal como termo naacuteutico Origem incerta (italiana)
Ficha 77
Encalamentos s m plur (T Naut) Peccedilas de madeira que atravessatildeo os braccedilos do navio para
o segurar
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau ENCALAMENTOS (Termo de navio) Satildeo os que atraveſſaotilde os braccedilos amp as
poſturas do navio para fortificar []
113
rarrMoraes e Silva ENCALAMEgraveNTOS s m pl t de Naut Peccedilas de madeira que atravessatildeo
os braccedilos e posturas do navio para as fortificar
rarrLaudelino Freire ENCALAMENTO s m Naacuteut Peccedila de madeira que fortalece o navio
atravessando-lhe os braccedilos
rarrAureacutelio natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente o Aureacutelio natildeo apresenta o termo naacuteutico encalamento Origem natildeo
encontrada
Ficha 78
Encapellar va Levantar a onda e fazella dobrar sobre si Vn (T Naut) vir caindo sobre a
calcez ategrave descanccedilar nos vatildeos
______________________________________________________________________
rarrCunha encapelar ndash CAPELO - sm bdquocapacete da armadura‟ XIII Do lat vulg cappěllus
ENcapelADO sm em- XV ENcapelAR -llar XIX
rarrBluteau Encapellar (Termo de Mariagem) Diz-ſe da enxarcia ou cordas que vem cahindo
pelo calcegravez ou peſcoccedilo do masto ateacute aſſentarem em cima dos vatildeos amp quando ſe tiratildeo diz-ſe
Deſencapellar
rarrMoraes e Silva ENCAPELLAacuteR v at Levantar encrespar e fazer dobrar o apice ou
lingua da onda sobre si mesma como succede andando o mar mui grosso o mar encapella as
ondas Mansinho f 35 sect ldquoassombrar as terras encapella os mares Barreto v do Evangelho
sect Encapellar n t de Naut vir caindo a enxarcia ou cordas pelo calcez ateacute assentarem sobre
os vatildeos []
rarrLaudelino Freire ENCAPELAR ou ENCAPELLAR vrv De em + capela + ar Naacuteut Ir
introduzindo a encapeladura da enxarcia alccedila etc pelo calcecircs ou lais de qualquer mastro
mastareacuteu ou vecircrga ateacute ficar assente socircbre os vaus ou cunhos dos madeiros (intr) 2 Agitar-
se e amontoar-se formando serras (falando do mar ou das ondas) (intr pr) ldquoVentos sopraram
o mar encapelourdquo Suacutebito encapelam-se as ondasrdquo (Paranapiacaba) 3 Levantar
encrespar (tr dir pr) ldquoO oceano encapelava as ondasrdquo (Pocircrto Alegre)
rarrAureacutelio encapelar2 [De en-
2 + capelo
1 + -ar
2] Verbo trans Dir [] 2Levantar erguer
encrespar (o mar as ondas etc)Verbo intransitivo 3Encrespar-se agitar-se (o mar as
ondas) encapelar-se 4Marinh Introduzir no calcecircs ou lais a enxaacutercia a alccedila etc Verbo
pronominal [] 6Encapelar (3) E as vagas do oceano que ameaccedilava tragaacute-los encapelavam-
se aos peacutes deles (A Herculano Lendas e Narrativas I p 147)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Qual sereno mar que num instante As ondas sobre as ondas encapela
TOMAacuteS ANTOcircNIO GONZAGA (2000) [1863] CARTA 3a [A00_1215 p84]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam encapelar como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Ficha 79
Encodar-se va refl [T Naut] Prender-se de poppa ou ficar com ella debaixo d‟agua
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
114
rarrBluteau Natildeo consta
rarrMoraes e Silva ENCODAacuteR-SE v recipr t de Naut Encodar-se a naacuteo pender a popa ou
ficar com ella debaixo da agua (de coda Italiano) Cast 2 f 161
rarrLaudelino Freire ENCODAacuteR-SE v pr De em + coda + ar Inclinar a pocircpa ou metecirc-la
debaixo de aacutegua (o navio)
rarrAureacutelio natildeo consta encodar ou encodar-se Consta encodeamento [De encodear + -mento]
Substantivo masculino 1Accedilatildeo de encodear2Crosta cocircdea
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Moraes e Silva e Laudelino Freire apresentam encodar-se como termo naacuteutico
Origem italiana
Ficha 80
Enfrechadura sf (TNaut) Cabos que atravessatildeo os covens como escadas
______________________________________________________________________
rarrCunha [] do fr fleche de origem germacircnica [] frechal 1813
rarrBluteau Enfrechadugravera (Termo de Marianhagem) Satildeo huns cabos que atraveſſaotilde os ouveins
a modo de eſcadas formacirc transſverſa Scal nautic arum Fem Plur Virgilio lhe chama
Pontes Neſte ſentido entendem os Commentadores eſte verſo do livro da Eneida []
rarrMoraes e Silva ENFRECHADUacuteRA s f t de Naut Satildeo cabos que atravessatildeo os oveis a
modo de escadas
rarrLaudelino Freire ENFRECHADURA s f O mesmo que enfrechateEnfrechate s m De
enfrechar Naacuteut Cada um dos cabos paralelos e horizontais nos oveacutens das enxarcias
Enfrechar v tr De en + frecha + ar Naacuteut Pocircr enfrechates em
rarrAureacutelio enfrechadura s f1Constr Nav O conjunto de enfrechates duma enxaacutercia
Enfrechate s m1Constr Nav Cada um dos degraus feitos de cabo madeira ou ferro presos
aos oveacutens formando escada para que por ela possa subir ao mastro o pessoal empregado na
manobra de um veleiro
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam enfrechadura como termo naacuteutico Origem
francesa lt germacircnica
Ficha 81
Enora sm (T Naut] Pagraveo de atochar o mastro
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau ENORAS (Termo de Navio) Saotilde dous paos a que antigamente chamavaotilde
Poſquetes ſervem de atochar o maſto
rarrMoraes e Silva ENOacuteRAS s f pl t de Naut Paacuteos de atochar o mastro V
PosquetesPosquegravetes s m pl t de Naut antiq V Enoras
rarrLaudelino Freire ENORA s f lat ora Naacuteut 1 Abertura nos vaacuterios pavimentos do
navio por onde os mastros vatildeo assentar na carlinga 2 Abertura circular no conveacutes agrave reacute por
onde se enfia a cabeccedila da madre do leme 3 Peccedila de madeira com que se atocha o mastro
rarrAureacutelio [De en-2 + lat ora extremidade cabo amarra] S f 1Constr Nav Abertura
feita num conveacutes e por onde enfurna um mastro ou eixo de um cabrestante
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
115
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam enora como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Ficha 82
Envergar va ndashguei (T Naut) Enrolar as velas com os envergues nas vergas Vergar
______________________________________________________________________
rarrCunha en˙ver˙ado -adura -ar - VERGA verga sf bdquovara flexiacutevel‟XIII virga XIIIDo
lat virgaENvergADO XVIIENvergADU˙RA 1844 ENvergAR XVII []
rarrBluteau natildeo consta
rarrMoraes e Silva ENVERGAacuteR v at t de Naut Atar e enrolar as velas nas vergas com os
envergues Couto 6921sect V Vergar vg envergar um prego sect Cobrir tapar com vergas
rarrLaudelino Freire ENVERGAR vrv De en +vergar Mar Enrolar e atar com os
envergues (as velas) nas vergas (tran dir) Ligar (o pano) agraves vergas ou aos estais para
servirem na manobra (tr dir)
rarrAureacutelio Envergar [De en-2 + verga + -ar
2] Verbo transitivo direto1Marinh Atar (vela) a
uma verga ou a um estai2Curvar arquear Envergou o bambu3Vestir trajar envergar um
fraqueVerbo intransitivoVerbo pronominal 4Vergar-se curvar-se [Conjug v largar]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam envergar como termo naacuteutico exceto Bluteau
onde o termo natildeo foi encontrado Origem portuguesa lt latina
Ficha 83
Envergues sm plr (T Naut) Os cabos que atatildeo a vela por huns ilhograves aacute verga
______________________________________________________________________
rarrCunha verga sf bdquovara flexiacutevel‟XIII virga XIIIDo lat virgaENvergADO
XVIIENvergADU˙RA 1844 ENvergAR XVII []
rarrBluteau ENVERGUES (Termo de marinhagem) Saotilde huns cabos que fazem fixos ilhograves
com as vergas no gorotil Fumes quibus concraEtum velum alligatur ad antennas
rarrMoraes e Silva ENVEacuteRGUES s m pl t de Naut Cabos que fazem fixos e atatildeo as velas
por uns ilhoacutes aacutes vergas V Gorotil
rarrLaudelino Freire ENVERGUES s m pl de envergar Mar Amarrilhos gaxetas fixas nos
ilhoses do guratil das velas que as atam contra as suas vecircrgas ou vergueiros
rarrAureacutelio envergues [Dev de envergar] Substantivo masculino plural 1Marinh Cabos ou
cordas que prendem a vela agrave verga
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam envergues como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
116
Ficha 84
Escacear vn (T Naut) Ir faltando ou diminuindo va Dar com escaceza [ No primeiro
sentido se toma tambem figuradamente)
______________________________________________________________________
rarrCunha escasso adj bdquoparco avaro raro‟ XIII Do lat excarpsus part De excerpěre
escassEAR escacear XVI []
rarrBluteau ESCACEAR (Termo Nautico) Ir faltando Eſcacear o vento Remiffius flure
ventum O vento eſcacea Ventus remittit ou ſe remittit Por lhe Eſcacear o vento as naotilde
ſeguio Damiaotilde de Goes 221 Eſcacear Dizſe de outras que ſem largueza amp com
difficuldade ſe comunicaotilde Vendo a ambiccedilaotildecom que As chamas ſe arroja o peito Eſcacearaotilde
as luzes Por naotilde honrar nos reflexos Crift Dalma 117 Vid Eſcaſſear
rarrMoraes e Silva ESCACEAacuteR vnt de Naut Escacear os ventos natildeo os aproveitar
mettendo todas as velas ou levando-as enrisadas ou de outro modo que o vento natildeo faccedila
vingar o navio quanto pudera se fosse todo aproveitado H naut t 398
rarrLaudelino Freire ESCASSEAR vrv De escasso + ear Naacuteut Natildeo aproveitar toda a accedilatildeo
de (o vento) diminuindo o pano (tr dir)
rarrAureacutelio escassear [De escasso + -ear2] Verbo transitivo diretoVerbo transitivo direto e
indireto 1Dar com escassez com parcimocircnia natildeo prodigalizar Natildeo escasseia presentes S
M natildeo escasseia mercecircs aos que o servemVerbo intransitivo 2Fazer-se escasso tornar-se
diminuto minguar rarear []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Deixa esta ilha entre si e o morro de Tinhareacute outra bahia mui grande com fundo e porto em
que poacutedem entrar naacuteos de todo o porte e tem grande ancoradouro e abrigada aacute sombra do
morro de que se aproveitam muitas vezes as naacuteos que vem do reino quando lhe escacea o
vento e natildeo podem entrar na bahia da ilha para dentro
GABRIEL SOARES DE SOUSA (1938) [1587] DA ENSEADA DA BAHIA SUAS ILHAS
RECONCAVOSRIBEIROS E ENGENHOS (PARTE SEGUNDA - TITULO 3) [A00_0179 p
146]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Dos dicionaacuterios consultados soacute Aureacutelio natildeo apresenta o verbo escacear como
termo naacuteutico Origem portuguesa lt latina
Ficha 85
Escatelado adj (T naut) Furado na ponta
______________________________________________________________________
rarrCunha escatelADO 1881 sm bdquo(Constr Nav) fenda ou furo na extremidade de uma
cavilha para receber chaveta que natildeo a deixe sair do lugar‟ De origem controversa
rarrBluteau ESCATELADO (Termo de Navio) Cavilha Eſcatelada quer dizer furada na ponta
depois de paſſada a Abita amp a curva para ſe fechar atraveſſſandolhe a chaveta em cima de
huma arruela
rarrMoraes e Silva ESCATELAacuteDO adj T de Naut Cavilha escatelada furada na ponta
depois de passada a abita e a curva para se fechar com a chaveta em cima de uma arruella
rarrLaudelino Freire ESCATELADO v tr dir De escatel + ar Fechar (a cavilha) com a
chaveta em cima da arruela2 Furar na extremidade (a cavilha)
rarrAureacutelio escatelar [De escatel + -ar2] Verbo trans dir Constr Nav1Abrir escatel em (uma
cavilha) 2Introduzir a chaveta no escatel de (uma cavilha) Escatel [De or obscura] S
117
m1Constr Nav Fenda ou furo na extremidade de uma cavilha para receber chaveta que natildeo
a deixe sair do lugar [Pl escateacuteis]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios consultados apresenta esse termo como naacuteutico
Origem cotrovertida
Ficha 86
Escoas sf plur (T Naut) Peccedilas que fortificatildeo as cavernas d‟avante a regrave pela parte de
dentro
______________________________________________________________________
rarrCunha escoa sf bdquo(Const Nav) cada uma das carreiras de tabuado do forro interior do
navio de maior espessura destinadas a consolidar os pontos fracos das balizas‟ XVII Do cat
escoa deriv de escosa particiacutepio do antigo verbo escondre
rarrBluteau Eſcoas (Termo da carpintaria de humanao) Saotilde aſque fortificaotilde as cavernas
davante arepella parte de dentro Fundamentorumnavis interiorra munimenta or um Plur
Neut
rarrMoraes e Silva ESCOgraveAS sf pl t de Naut Peccedilas que fortificatildeo as cavernas por dentro
d‟avante aacute reacute H Naut I 320
rarrLaudelino Freire ESCOA sf Cada uma das peccedilas que fortificam interiormente as
cavernas de uma embarcaccedilatildeo Obs Usado mais no pl
rarrAureacutelio escoa(ocirc) [Do cat escoa] s f Constr Nav1Cada uma das carreiras de tabuado
do forro interior do navio de maior espessura destinadas a consolidar a ligaccedilatildeo dos braccedilos agraves
cavernas [Em geral satildeo trecircs ou quatro carreiras colocadas ateacute junto agrave sobrequilha] 2Cada
uma das cantoneiras longitudinais dispostas paralelamente agrave sobrequilha e assentes nos pontos
onde as cavernas comeccedilam a subir para consolidaccedilatildeo interna da ossada do navio
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Sapucaya he madeira de muita duraccedilatildeo e rijeza a natureza das sapucayas he serem direitas e
monstruozas em altura e grossura pello que dellas se fazem quilhas para naacuteos do maior
poacuterte sobre quilhas cadastes vaacuteos cintas dormentes escoas alem do que em terra se fazem
dormentes ou grandes vigas para os corpos de Engenhos e armazens do maior comprimento
e grossura
LUIZ DOS SANTOS VILHENA (1921) [1801] CARTA VIGESIMA [A00_0846 p 739]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios consultados indicam escoa como termo naacuteutico
Origem catalatilde
Ficha 87
Escorrer va Fazer correr o liquido vn correr o liquido (T Naut) va Passar alecircm sem
tomar nem avistar porto
______________________________________________________________________
rarrCunha escorrer - CORRER vb [] Do lat cǔrrěre corrED˙EIRA sf bdquotrecho de rio
onde as aacuteguas correm ceacuteleres‟ 1844 EScorrer XVI Do lat ex-cǔrrěre []
rarrBluteau Eſcorrer (Termo Nautico) Eſcorrer huma terra huma proviacutencia Paſſar alě
navegandoſem deſcobrilla [] Porque com o eſcuro da noite lhe naotilde ſuccedeſſe Eſcorrer a
118
terra (aſſim dizem aſeu deſencontro os marinheiros) D Franc Man Epan 3 pag pag 319
Dobrou o Cabo de Bon Eſperanccedila Eſcorreo a Ethiopia paſſou a Arabia Vieira Tom 2140
rarrMoraes e Silva ESCORREgraveR at t de Naut Passar alegravem sem tomar ou ver algum Porto
ou Terra onde queriatildeo ir ou que se havia de encontrar Vieira ldquoescorreu a Ethiopiardquo Albuq
41 F Mendes c6b277
rarrLaudelino Freire ESCORRER vrv De es + correr Naacuteut Ant Correr ao longo da
costa de costear (tr dir)
rarrAureacutelio escorrer [Do lat excurrere] Verbo trans Dir 1Fazer correr ou esgotar (o
liacutequido) 2Tirar a (alguma coisa) o liacutequido com que se achava misturada fazendo-o correr
gota a gota 3Deixar sair deitar verter O ferimento escorria um liacutequido sanguinolentoVerbo
intransitivo []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente o Aureacutelio natildeo apresenta escorrer como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Ficha 88
Escoteira sf (T Naut) A peccedila onde se fixa a escota
______________________________________________________________________
rarrCunha - escota sf bdquo(Mar) cabo para governar as velas do navio‟ XV Do ant fr escoute
(hoje eacute coute) deriv do goacutetico skaut escotEIRA XVI escotILHA XV
rarrBluteau ESCOTEIRAS (Termo de navio) Saotilde huns paos onde ſe fazem fixas as eſcotas
da gavea Ligna quibus superiores navis verfori firmantur
rarrMoraes e Silva ESCOTEgraveIRAS s f pl t de Naut Peccedilas de navio onde se fixatildeo as
escogravetas Goes Cron Man 4c78 a escoteira no sing Couto 47II ldquodas escoteirasrdquo
rarrLaudelino Freire ESCOTEIRA s f Naacuteut Peccedila por onde passam as escotas
rarrAureacutelio escoteira [De escota + -eira] s f 1Ant Constr Nav Armaccedilatildeo constituiacuteda de
duas colunas fixas no conveacutes por ante a vante dos mastros ligadas por um travessatildeo no qual se
enfiavam malaguetas onde davam volta as escotas das gaacuteveas escotel Escota (ocirc) [Do fr ant
escoute (atual eacutecoute) poss do goacutet skaut] s f1Marinh Cabo de laborar fixo no punho da
escota (q v) e que permite caccedilar o pano i e estender a vela pelo punho respectivo de modo
que apresente ao vento toda a sua superfiacutecie [A escota iraacute mais ou menos folgada ou entrada
de acordo com a mareaccedilatildeo Nas velas redondas haacute duas escotas uma por barlavento e outra
por sota-vento nas latinas apenas uma]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam escoteira como termo naacuteutico
Origem francesa lt goacutetica
Ficha 89
Escotilha sf (T Naut] espeacutecie de alccedilapatildeo no convez do navio por onde se desce para as
cobertas
_____________________________________________________________________
rarrCunhaescotilha - escota sf bdquo(Mar) cabo para governar as velas do navio‟ XV Do ant fr
escoute (hoje eacute coute) deriv do goacutetico skaut
119
rarrBluteau ESCOTILHA Eſpecie de alccedilapaotilde no convez do navio por onde ſe decĕ as
mercaneiras amp os mantimentos para eſtarem debaixo de cuberta Eſcotilha grande he a porta
principal da nao por onde ſe metem as couſas de mayor volume Eſcotilhas[] Os ouviraotilde no
ar ir eſparzidos Pella Eſcotilha dentro derribados []
rarrMoraes e Silva ESCOTIacuteLHA s f t de Naut Especie de alccedilapatildeo com que se fecha a
entrada para as cobertas e poratildeo do navio usatildeo-se nos tablados da scena theatral
rarrLaudelino Freire ESCOTILHA sf Cast escotilha Naacuteut Alccedilapatildeo ou abertura nas
cobertas e poratildeo do navio2 Lus Abertura na parte superior do tonel para limpeza da
vasilha e entrada de uvas ou bagaccedilo
rarrAureacutelio escotilha [Do esp escotilla fonte tb do fr ant escoutille (atual eacutecoutille)]
Substantivo feminino1Constr Nav Abertura de grande ou meacutedio tamanho feita em qualquer
pavimento de uma embarcaccedilatildeo para tracircnsito de pessoal aeraccedilatildeo ou iluminaccedilatildeo das cobertas
ou passagem de carga []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
O ignorante Capitatildeo paſſado de hum chuccedilo pelos peitos cahio da eſcotilha abaixo
FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 41]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam escotilha como termo naacuteutico
Origem francesa
Ficha 90
Escouves sm ult l-ezes no plr (T Naut) Buraco na proa da embarcaccedilatildeo por onde sahe a
amarra
______________________________________________________________________
rarrCunha sm bdquo(Const Nav) tubo ou manga de ferro por onde passa a amarra da acircncora para
ir do conveacutes ao costado de onde desce ao mar‟escouvē XVI de origem incerta
rarrBluteau ESCOVENS ou Eſcouves (Termo de navio) Saotilde na proa huns buracos redondos
por onde ſahem as amarras []
rarrMoraes e Silva ESCOgraveUVES s m pl t de Naut Buracos na progravea dos navios por onde
saacuteem as amarras Alburq P I f 8 escouves
rarrLaudelino Freire ESCOUVES ESCOUVEacuteM Lat excubiœ Abertura para a passagem da
amarra no costado do navio
rarrAureacutelio escovem [De or incerta poss do cat escobenc lt cat escova] Substantivo
masculino 1Constr Nav Tubo ou manga de ferro por onde passa a amarra da acircncora para ir
do conveacutes ao costado de onde desce ao mar [Cf escovem do v escovar]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam escouves como termo naacuteutico
Origem incerta (castelhana)
Ficha 91
Estibordo sm (T Naut) O lado direito do navio olhando da poppa para a proa
______________________________________________________________________
rarrCunha estibordo sm ldquo(Mar) o lado direito da embarcaccedilatildeo considerando-se a proa como
a sua frente‟ 1813 estribordo XV Do fr ant estribord (hoje tribord apoacutecope de
120
estribord) deriv do neerl stierboord boreste 1884 de estibordo (com supressatildeo da uacuteltima
siacutelaba e colocaccedilatildeo da penuacuteltima no priciacutepio) Neologismo atribuiacutedo ao almirante brasileiro
Saldanha da Gama O aviso de 14021884 do Ministeacuterio da Marinha do Impeacuterio do Brasil
mandou substitur estibordo por boreste para evitar confusatildeo entre bombordo e estibordo
rarrBluteau ESTIBORDO Querem alguns que ſeja de Dextribordo He o lado do navio para
quem eſtaacute na popa com a cara voltada para a proa []
rarrMoraes e SilvaESTIBOacuteRDO smt de Naut Para quem estaacute na popa da naacuteo como rosto
para a proa eacute o lado direito ( de Stribord Inglez)
rarrLaudelino Freire ESTIBORDO sm Din Styrbord Lado do navio agrave direitos de quem
olha da popa para a proa
rarrAureacutelio estibordo[Do port arc estribordo (lt fr ant estribord [atual tribord] neerl
stierboord poss) com dissi-milaccedilatildeo] Substantivo masculino1Mar O lado direito da
embarcaccedilatildeo considerando-se a proa como a sua frente [Cf bombordo e boreste]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
E quando menos conta faziam das vidas do cesto da gaacutevea gritou o gajeiro terra pela proa e
como o temporal os ia empurrando para o rolo da costa por falta de governo desfizeram os
bolsos do traquete e braceando por estibordo foram costeando a dita terra e dando vista de
um abra e uma entrada puseram proa a ela e a todo o risco sem sondar a entraram e fixas as
amarras na habita desabossadas as acircncoras deram fundo
JOSEacute ALVARES DE OLIVEIRA (1981) [nd] HISTOacuteRIA DO DISTRITO DO RIO DAS
MORTES SUA DESCRICcedilAtildeO DESCOBRIMENTO DAS SUAS MINAS CASOS NELE
ACONTECIDOS ENTRE PAULISTAS E EMBOABAS E CRIACcedilAtildeO DAS SUAS VILAS
[A00_0395 p 97]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam estibordo como termo naacuteutico
Origem francesa lt neerlandesa
Ficha 92
Estiva sf (T naut) Contrapeso para o navio ir em equilibrio Grades de pagraveo no poratildeo por
baixo da carga A primeira carga que vai sobre ella Grades de patildeo estreitas na estribaria para
escoarem por baixo dellas a ourina dos cavallosEspecie de registro em que se taxa o preccedilo do
patildeo azeite etc
______________________________________________________________________
rarrCunha estiva sf bdquoa primeira porccedilatildeo do navio‟ bdquoarmaccedilatildeo do tabuleiro duma ponte de
madeira‟ estiba XV Do it stiva estivADOR 1858 estivAR XVI Do it stivare deriv
do lat stipāre
rarr Bluteau ESTIVA Eſtiva Termo Nautico He palavra Italiana ou ſe deriva do Franceacutez
Eſtive He o contrapeſo da carga do navio que ſe daacute a cada lado delle para o ter em equiliacutebrio
Nas ſuas cartas pag362 Uſa D Franciſco Manoel deiſa dicccedilaotilde no ſentido moral Vemos que
a naacuteo da India ſe carrega por conto amp eſta Eſtiva do que leva a paciencia do homem naotilde a
ſabe outro homem que lha carrega de injurias cujo exceſſo do homem naotilde a ſabe outro
homem cujo exceſſo permitte a providencia por caſtigallos a ambos eſte com a ſua fraqueza
aquelle cotilde a ſua tyrannia Vid Equilibrio Vid contrapeſo Vid Eſtivar
rarrMoraes e Silva ESTIacuteVA sf t de Naut O contrapeso que se potildee ao navio para ir em
equiliacutebrio se vai mais carregado de alguma parte sect Grades de paacuteos que no poratildeo vatildeo por
baixo da carga para que natildeo assente no costado e receba alguma humidade sect Grades de paacuteo
121
mūi estreitas com que se pavimentatildeo estrebarias para que a urina se escoe por ellassect Especie
de registo em que se taxa o preccedilo do patildeo azeite palha ampc pelos officiaacutees competentes Leis
de 1765sect A carga primeira que se carrega no navio
rarrLaudelino Freire ESTIVA sf Lat stiva Mar Todo o fundo interno de um navio da
pocircpa agrave proa 2 Mar A primeira camada de carga que se mete em um navio e que eacute
ordinagraveriamente a mais pesada o contrapecircso que se potildee ao navio para o equilibrar e natildeo descair
para o lado mais carregado3 Mar Grade de pau assente no poratildeo do navio socircbre o qual se
arruma a primeira carga para o isolar da umidade
rarrAureacutelio estiva [Do it stiva] Substantivo feminino1A primeira porccedilatildeo de carga do navio
2Bras Mar Merc Serviccedilo de movimentaccedilatildeo de carga a bordo dos navios nos portos o qual
compreende a retirada e a arrumaccedilatildeo desta nos porotildees e nos conveses [Cf nesta acepccedil
resistecircncia (16)] 3Bras P ext O conjunto dos estivadores [v estivador (2)]4Bras Os
gecircneros que formam a base do comeacutercio de secos e molhados especialmente os gecircneros em
grosso5Pesagem dos gecircneros ou mercadorias estivadas 6Bras N Ponte feita de um soacute pau
sobre forquilhas em terrenos alagadiccedilos ou pantanosos [Cf nesta acepccedil estivado
(2)]7Bras MG RS Ponte tosca feita de varas ou paus atravessados sobre um coacuterrego
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Provido do que lhe foi necessario sahiu Thomaz de Souza Villa Real do porto da foz do
Ferreiro no Rio Vermelho em 22 de Dezembro do anno passado ficando aquelle porto
quatorze leguas abaixo da villa o mais proximo della que permitte navegaccedilatildeo mesmo a
pequenos botes com
este rio pouco rico de aguas e por ser o seu fundo em partes de pedra que ainda oppondo
g
estivas sobre que se
poderatildeo arrastar as canocircas []
JOAQUIM MARIA NASCENTES DE AZAMBUJA (1891) [1797] VIAGEM DE THOMAZ DE
SOUZA VILLA REAL PELOS RIOS TOCANTINS ARAGUAYA E VERMELHO
ACOMPANHADA DE IMPORTANTES DOCUMENTOS OFFICIAES RELATIVOS Aacute MESMA
NAVEGACcedilAtildeO [A00_0710 p 47]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam estiva como termo naacuteutico Origem
italiana
Ficha 93
Estribo sm Peccedila em que firmatildeo os pegraves para montar a cavallo ou entrar no Coche etc No
plr (T Naut) Os primeiros cabos que na enfreixadura servem de degragraveos Perder os estribos
fig Perturbar-se natildeo saber onde firmar-se ou em quem confiar
______________________________________________________________________
rarrCunha estriborarr ESTRIBEIRA estribeira sf bdquoestribo de montar agrave gineta‟-eyra XIII
estrebeyra XIII etcDo a fr estriviegravere de origem germacircnica estribAR XV estribO
estrybo XV
122
rarrBluteau Estribos (Termo de mariagem) Saotilde os primeiros cabos que ſervem como de
degraos aacute enfrechadura Vid Enfrechadura
rarrMoraes e Silva ESTRIacuteBO s m Peccedila de madeira (V Caccedilanbas) onde metal em que o
Cavalleiro mette as pontas dos peacutes e se firma para montarsect Nos coches obra feita para se
subir por ella aos cochassect Estribos t de Naut primeiros cabos que servem como de degraos
a enfrexadura
rarrLaudelino Freire ESTRIBO sm Germ streup Naacuteut Cabo brando agrave maneira de sanefa
encapelados nas vecircrgas para servir de apoio aos peacutes dos marinheiros quando ferram o pano
rarrAureacutelio estribo- sm [] 1Marinh Cabo cujos chicotes satildeo presos aos laises de uma
verga e cujo seio eacute a espaccedilos aguentado agrave verga por meio de pedaccedilos de cabos denominados
andorinhos Serve de apoio aos peacutes dos marinheiros que trabalham na verga [Tb o pau da
bujarrona e por vezes a retranca tecircm estribo] 2Peccedila de accedilo colocada transversalmente a uma
armadura longitudinal num concreto para mantecirc-la em posiccedilatildeo ou para resistir a certos
esforccedilos 3Fig Arrimo apoio esteio
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam estribo como termo naacuteutico
Origem francesa lt germacircnica
Ficha 94
Estribordo (T Naut) v Estibordo
______________________________________________________________________
rarrCunha estibordo sm ldquo(Mar) o lado direito da embarcaccedilatildeo considerando-se a proa como
a sua frente‟ 1813 estribordo XV Do fr ant estribord (hoje tribord apoacutecope de
estribord) deriv do neerl stierboord boreste 1884 de estibordo (com supressatildeo da uacuteltima
siacutelaba e colocaccedilatildeo da penuacuteltima no princiacutepio) Neologismo atribuiacutedo ao almirante brasileiro
Saldanha da Gama O aviso de 14021884 do Ministeacuterio da Marinha do Impeacuterio do Brasil
mandou substitur estibordo por boreste para evitar confusatildeo entre bombordo e estibordo
rarrBluteau natildeo consta
rarrMoraes e Silva ESTRIBOacuteRDO V Estibordo Cast Ined 11 536 opposto a babordo
vulgo bombordo ESTIBOacuteRDO smt de Naut Para quem estaacute na popa da naacuteo como rosto
para a proa eacute o lado direito ( de Stribord Inglez)
rarrLaudelino Freire ESTRIBORDO sm Ant O mesmo que estibordo ESTIBORDO sm
Din Styrbord Lado do navio agrave direitos de quem olha da popa para a proa
rarrAureacutelio natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta estribordo soacute estibordo
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Exceto Bluteau e Aureacutelio todos os demais dicionaacuterios apresentam o lema
estribordo mas remetem para o termo estibordo Origem francesa lt neerlandesa
Ficha 95
Estrinca sf (T Naut) Especie de escotilha nas embarcaccedilotildees por onde sobe a amarra
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau natildeo consta
123
rarrMoraes e Silva ESTRIacuteNCA sft de Naut Especie de escotilha nos navios HNaut
2f222 por ella saacutei a amarra donde estaacute envolta e daiacute tem o nome (strinca corda em
Italiano)
rarrLaudelino Freire ESTRINCA sf Ingl string Espeacutecie de escotilha por onde passa a
amarra
rarrAureacutelio natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente Moraes e Silva e Laudelino Freire apresentam estrinca Origem
inglesa
F
Ficha 96
Ferrar va Pregar ferradura Foxerir ferratildeo ou remate de ferro Marcar com ferrete
Guarnecer de cintas ou chapas de ferro Cravar Segurar com harpegraveo ou ferir com elle (T
Naut) Colher as velas Lanccedilar ancora Fig Tomar porto (T de Marcineiro) Metter porcas
Ferrar no sono adormecer
______________________________________________________________________
rarrCunha ferrarrarr FERRO ferro sf bdquometal maleaacutevel e tenaz de numerosas aplicaccedilotildees na
induacutestria e na arte‟ XIII Do lat ferrum ndashi AferrAR XVI AferrO sm XVIII [] Do lat
ferramenta nom pl de ferramentum bdquoinstrumento ou utensiacutelio de ferro‟ ferrAtildeO 1813
ferrAR XIII ferrARIA XIIIferrEIRO XIII ferrENHO XVI feacuterrEO 1572
rarrBluteau Ferrar (Termo Nautico) Ferrar velas ou ferrar o panno Vela colliger Vendoſe em
perigo Ferrara todo panno Britto viagem do Braſil 277 A naacuteo ditoſa Ferrava a vela
Barretto vida do Evang 21377
rarrMoraes e Silva FERRAR v at t naut Colher vg ferrar a vela o pannosect Lanccedilar ferro
ou ancora f tomar portovg ferraratildeo o porto de Coulatildeo Vieira-Freire ferrou a barra
rarrLaudelino Freire FERRAR vrv De ferro + ar Naacuteut Colhecircr amarrar (tr
dir)rdquoTrabalhados de perigos lanccedilai nautas nos nossos portos ferro ferrai velasrdquo (Filinto
Eliacutesio) 118 Atracar (a embarcaccedilatildeo) (trdir) Colhecircr (as velas) (tr dir intr) ldquoferrar as
velasrdquo ldquonunca as ondas tormenta resolveu mais arriscada Ferra ferra (bradou) que eacute enorme
o perigordquo (Filinto Eliacutesio) Deitar o navio ferro (intr) Folgar
rarrAureacutelio ferrar [De ferro + -ar2] Verbo transitivo direto [] 5Marinh Colher (vela ou
toldo) atando-os com amarrilhos a uma verga estai ou vergueiro navegou terra a terra agrave
sombra da costa ferrou panos e fundeou sobre virotes (Galpi Narrativas Militares p
23)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
[] mas natildeo sei se com este vento se com outro que lhe deo nas velas quando ia jaacute pera a
ferrar pendeo tanto a sua naacuteu que tomou agoa pelas portinholas da artilharia e calando-se
pelas escotilhas que iatildeo abertas foi entrando tanta que em continenti se foi ao fundo com
seu dono []
FREI VICENTE DE SALVADOR (1888) [1627] LIVRO QUINTO - DA HISTORIA DO
BRASIL DO TEMPO QUE O GOVERNOU GASPAR DE SOUZA ATHEacute A VINDA DO
124
GOVERNADOR DIOGO LUIZ DE OLIVEIRA - CAPITULO SEXTO - DE COMO O
CAPITAtildeO BALTHAZAR DE ARAGAtildeO SAHIO DA BAHIA COM HUMA ARMADA CONTRA
OS FRANCEZES E SE PERDEO [A00_2084 p 195]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam ferrar como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Folgar vn Cessar de trabalhar Alegrar-se ter gosto de alguma cousa va (T Naut) Alargar
______________________________________________________________________
rarrCunha folgar vbrdquodescansar ter aliacutevio desapertar‟XIII follegar XVDo lat fotildellǐcārě
bdquorespirar como fole‟ deriv de fotildellis focirclegoXIII folgoXVIDeverbal do a port
folegarfolgafolgua XVfolgADIO XV folgADO XIII folgANCcedilA-cia
XIIIfolgAZAtildeO folgasatildeo 1813 folguEDO XVI RESfolegar XVII
rarrBluteau FOLGAR Coſſar do trabalho Deſcanccedilar Andar ocioſoOtiari (or atus fum) Cic
Como foſſe agrave Cidade de Syracuſa para folgar amp naotilde para trabalhar Cum ſe Syracuſas otiandi
non negotiandi
rarrMoraes e Silva FOacuteLGAR vat Largar ou alargar vg folgar o leme t nautsect vn Cessar
do trabalho
rarrLaudelino Freire FOLGAR descansar (intr trind com prep em) ldquoOs piratas folgando
em grupos se dispersamrdquo (Paranapiacaba) 3 Ter prazer alegrar-se regozijar-se (intr
trindcom prep com de em)ldquoDesabe o firmamento socircbre a Terra tudo pereccedila Folgaraacute
minh‟almardquo (Paranapiacaba) ldquoFolgo muito em ver-terdquo
rarrAureacutelio folgar [Do lat tard follicare] Verbo transitivo direto1Dar folga ou descanso a
[] 2Tornar largo desajustar desapertar folgar a roupa 3Tornar menos penoso tornar
leve suave folgado []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta folgar como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente Moraes e Silva apresenta folgar como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
G
Ficha 98
Garrucha sf Antigamente era o mesmo que Albarda Poleacute de dar tratos (T Naut) Cabo que
se mette na relinga por entre chicotes
______________________________________________________________________
rarrCunha garrucha sf bdquoorig pau curto com que se armavam as bestas‟guarrucha XV
bdquopistola de carregar pela boca‟ XX Do cast garrucha
rarrBluteau GARRUCHA He palavra Caſtelhana VID Poleacute de tormento amp tratos de poleacute
As cataſtas as Garruchas as fogucigueiras Vieira Tom 1076col1
rarrMoraes e Silva sft naut Garruchas satildeo ou eratildeo cabos que se mettem nas relingas por
entre os chicotes donde se fazem as puas das bolinas daqui vem agarruchar ampc
125
rarrLaudelino Freire GARRUCHAS sm pl Naacuteut 1 Argola de ferro pregadas no garotil das
velas latinas 2 Cabos que se metem nas relingas por entre chicotes
rarrAureacutelio Garrocha [Do esp garrocha] []Marinh Poleame de laborar constituiacutedo de duas
caixas sobrepostas a topo e com os eixos das suas rodas dispostos paralelamente ou
perpendicularmente um em relaccedilatildeo ao outro
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Moraes e Silva Laudelino Freire apresentam garrucha com termo naacuteutico
Aureacutelio daacute como termo naacuteutico garrocha Origem castelhana
Ficha 99
Gavea sf (T Naut) Armaccedilatildeo de taboa com feiccedilatildeo de grade do cimo dos mastros Vela que
toma o nome da gavea sobre que anda
______________________________________________________________________
rarrCunha gaacutevea sf bdquo(Naacuteut) espeacutecie de tabuleiro ou plataforma a certa altura de um
mastro‟gauea 1572Do lat med gabia (claacutess cavěa) com provaacutevel interferecircncia do it
gagravebbia ESgaivAR XXgaiva sf bdquojaula fosso‟ 1813gaivEL 1899 gajeiro sm bdquomarinheiro
que vigia da gaacutevea‟-geiro 1813 Do it gagraveggia e este do genovecircs gagravegia deriv Do lat cavěa
rarrBluteau Gaacutevea (Termo Nautico) He huma eſpecie de gayola ou guarita aſſentada em
huma roda de taboas no alto dos matos ſerve para recolher as velas quando as ferraotilde
Carchefium ij Naut Catull Mali corbita e Fem
rarrMoraes e Silva sf naut Eacute armaccedilatildeo de taboas como uma meza com bordas na ponta do
mastro
rarrLaudelino Freire GAVEA sf Lat cavea Naacuteut Espeacutecie de gaiola tabuleiro plataforma
ou guarita assente em uma rodas de taacutebuas no alto dos mastros e atravessada por ecircle 2 Vela
que ocupa o lugar imediatamente superior agrave grande GAacuteVEAS sfpl Conjunto das trecircs velas
das galeras 2 A gaacutevea e o velacho nos brigues
rarrAureacutelio [Do lat gavia por cavea gaiola] s f Marinh 1Cada um dos mastareacuteus que
espigam logo acima dos mastros reais [Nos navios de trecircs mastros denominam-se a partir de
vante mastareacuteu do velacho mastareacuteu da gaacutevea e mastareacuteu da gata] 2Mastareacuteu que espiga
logo acima do mastro real grande 3Cada uma das vergas que cruzam nos mastareacuteus de gaacutevea
[Nos navios de trecircs mastros chamam-se a partir de vante verga do velacho verga da gaacutevea e
verga da gata Antigamente chamavam-se traquetes sendo a partir de vante traquete de proa
ou de vante tranquete da gaacutevea e traquete da gata] 4Verga que cruza no mastareacuteu de gaacutevea
grande 5Cada uma das velas que envergam nas vergas de gaacutevea [Nos navios de trecircs mastros
denominam-se a partir de vante vela do velacho vela da gaacutevea e vela da gata Antigamente
chamavam-se traquetes] 6Vela que enverga na verga de gaacutevea grande 7Mar Cesto de
gaacutevea
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Com as vellas que anoitecer a Capitana ha de navegar ategrave que aclare o dia Succedendo
largar mais pano aʃcenderagrave dous faroes na popa amp hum na gavea
FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR () [A00_2496 p 57]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam gaacutevea como termo naacuteutico Origem italiana
Ficha 100
126
Gio sm (T Naut) O travessatildeo sobre que a cana do leme anda e sobre que se formatildeo as
obras chamadas mortas da poppa
______________________________________________________________________
rarrCunha gio sm bdquo(Naacuteut) peccedila que entalha no contracadaste do navio‟ 1813 De origem
obscura
rarrBluteau GIO (Termo da carpintaria de huatilde nao) He hum traveſſaotilde ſobreque anda a cana
do leme amp ſobre o qual ſe formaotilde as obras mortas da popa Lignea compages in puppi
tranſverſa
rarrMoraes e Silva GIacuteO sm naut Travessatildeo sobre que anda a cana do leme e sobre que se
foacutermatildeo as obras mortas da popa
rarrLaudelino Freire GIO sm Naacuteut Nome de duas peccedilas curvas de madeira que formam
angula entalhando-se entre si e no contracadaste
rarrAureacutelio gio [De or obscura] Substantivo masculino1Constr Nav Nas popas quadradas
cada uma das peccedilas dispostas horizontalmente entalhadas e cavilhadas no contracadaste
constituindo assim como que as cavernas de tais popas
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam gio como termo naacuteutico Origem obscura
Ficha 101
Guinada sf (T Naut) Acccedilatildeo de guinar Gargalhada fallando de riso
______________________________________________________________________
rarrCunha guinar vb bdquobordejar desviar-se rapidamente‟ XVI De origem obscura guinADA
XVI
rarrBluteau GUINADA Guinaacuteda amp Guinar ſaotilde termos Nauticos Vid Guinar
rarrMoraes e Silva GUIacuteNADA sf O acto de guinar t naut ldquode duas guinadas que deu (com
a sua naacuteo) sobre duas galeacutes ambas se despejaratildeo deixando os cascos vasiosrdquo (remettidas
para as ababroar) B236 Amaral
rarrLaudelino Freire GUINADA sf Angl-sax winan Naacuteut Desvio que o navio faz da sua
esteira bordejando2 salto que o cavalo daacute para furtar o corpo ao castigo do cavaleiro
rarrAureacutelio guinada [De guinar + -ada1] Substantivo feminino 1Mar Desvio da proa para
um ou outro bordo que afasta o navio deliberadamente ou por forccedila das circunstacircncias do
rumo em que vinha Havia um torvelinhar surdo e vago de coisas no tombadilho eram as
ondas que agraves vezes agrave menor guinada apesar de todo o cuidado no leme embarcavam pelo
traveacutes pela alheta (Virgiacutelio Vaacuterzea Nas Ondas p 45)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Como saiacuteo a lua se fez o vento leacutes-nordeste e ventou com tanta forccedila que nom podiacuteamos com
a vela Indo assi corre guinada e em preparando de
loacute nos arrebentou o masto do traquete pelos tamboretes de que sentimos muita fortuna e
amainaacutemos a vela e fomos correndo ao som do mar ateacute que foi de dia
127
PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE
SOUSA () [A00_0078 p 33]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam guinada como termo naacuteutico Origem obscura
(anglo saxatildeo)
Ficha 102
Guinar vn (T Naut) Desviar-se do caminho da esteira que leva Diz-se do navio e
propriamente fallando sograve tem terceiras pessoas
______________________________________________________________________
rarrCunha guinar vb bdquobordejar desviar-se rapidamente‟ XVI De origem obscura guinADA
XVI
rarrBluteau Guinar (Termo Nautico) He quando o navio ſe deſvia alguma couſa hora de
huma hora de outra parte ſeguindo ſempre o meſmo rumo Conftanti ſempre curſa de via
aliquantum deſle
rarrMoraes e Silva GUINAacuteR vn naut Desviar-se o navio um pouco da esteira que leva
hora a um bordo hora a outro mas seguindo sempre o mesmo rumo Amaral 6 Fomos
guinados a elas Fern Mend c5
rarrLaudelino Freire GUINAR vrv Mover-se agraves guinadas desviar-se (a embarcaccedilatildeo da sua
esteira) (intr)
rarrAureacutelio guinar [Da mesma or incerta que o esp guintildear poss da raiz gin- de criaccedilatildeo
expressiva] Verbo intransitivoVerbo transitivo circunstancial1Mover-se agraves guinadas
oscilar Becircbado guinava agrave direita e agrave esquerda2Mar Desviar (a embarcaccedilatildeo) de propoacutesito
ou por forccedila das circunstacircncias a proa do rumo que vem seguindo para outro rumo dar uma
guinada (1)3P ext Dar guinada (3) Desorientado o ciclista guinava a torto e a
direito4Desviar-se com rapidezVerbo transitivo direto 5Desviar com rapidez ou
repentinamente Guinou a embarcaccedilatildeo para natildeo se chocar com o rochedo
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
A ruindade desta barra consiste principalmente em ser muito estreito o seu canal e dar este
uma volta pelo meio dos dous baixos que o rodeatildeo e promettem naufragio infallivel se a
embarcaccedilatildeo guinar para algum dos lados
FREI GASPAR DA MADRE DE DEUS (1920) [1767] MEMORIAS PARA A HISTORIA DA
CAPITANIA DE S VICENTE HOJE CHAMADA DE S PAULO [A00_0169 P 123]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam guinar como termo naacuteutico Origem obscura
I Ficha 103
Iccedilar va (T Naut) Levantar as vergas e vegravelas para o navio navegar
______________________________________________________________________
128
rarrCunha iccedilar vb bdquoerguer levantar‟ XVIII Do fr hisser e este do neerl hijsen ou do baixo
al hissen iccedilAMENTO XX
rarrBluteau ICAR (Termo Nautico) Levantar as velas Vella attollere Na bonanccedila Iccedilar ateacute os
topos Vieira Tom3pag76 Iccedilaraotilde de gaacutevea perdendo ancoras amp amarras Ciabra Exhortaccedil
Militar24 verſ As velas Iccediladas nos palancos Jacinto Freyre 259
rarrMoraes e Silva ICcedilAacuteR vat Levantar as vergas e as velas para navegar Freire
rarrLaudelino Freire ICcedilAR vrv Al hissen Levantar erguer alccedilar (tr dir bitr com prep a
com)rdquoIccedilar o cordamerdquo ldquoVia-se entre homens armados que a arrebatavam iccedilando-a agrave garupa
de ginete socircfregordquo (C Neto) ldquoCom taacuteureas cordas brancas velas iccedilamrdquo (Odorico Mendes)
rarrAureacutelio iccedilar [Do fr hisser] Verbo td 1Erguer alccedilar levantar iccedilar velasApenas o
vapor comeccedilou a enfrentar o Feliz este iccedilou a bandeira brasileira saudando-o (Virgiacutelio
Vaacuterzea Nas Ondas p 150) [Conjug v laccedilar Pres ind iccedilo etc pret perf icei etc pres
subj ice icem Cf isso issei o top Iceacutem e o v inccedilar]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Fizeram-se primeiro que tudo cabos poreacutem o arbusto foi cortado foacutera de tempo e o linho
cortido por pessoas imperitas e que natildeo sabiam o tempo que se devia gastar no cortimento
nem o modo com que se deviam separar a capa do linho e os fabricantes dos mesmos cabos
natildeo soacute pouco habeis em fazerem o fio mas ignorando mais o modo de lhe dar o alcatratildeo
beneficio essencialissimo para perfeiccedilatildeo dos mesmos cabos poreacutem assim mesmo me servi
logo de alguns ainda que poucos nas embarcaccedilotildees da esquadra aonde serviram tatildeo bem
como os outros que tinham as embarcaccedilotildees de sorte que um delles serviu muito tempo ao
cabrestante para iccedilar a aguada e mantimentos do navio Santo Antonio e depois de soffrer
todo aquelle trabalho sem quebrar o applicaram ao ministerio da guingorra aonde durou
muito tempo
MARQUEZ DO LAVRADO (1863) [1799] RELATORIO DO MARQUEZ DE LAVRADIO
VICE-REI DO RIO DE JANEIRO ENTREGANDO O GOVERNO A LUIZ DE
VASCONCELLOS E SOUSA QUE O SUCCEDEU NO VICE-REINADO [A00_0851 p 471]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam iccedilar como termo naacuteutico Origem francesa
L
Ficha 104
Lais sm (T Naut) A ponta verga
______________________________________________________________________
rarrCunha lais sm bdquo(Naacuteut) a ponta da vergardquo lays XVI De origem obscura
rarrBluteau Lais Chamatildeo os marinheiros agrave ponta das vergas a da Mezena ſe chama penna
LAIZ (Termo nautico) Extremidades das vergas Cornu antemnarum Virgilio diz Cornua
antemn (Enforcaſſe no Laiz da verga Decad 1 de Barr Paacuteg 110col4)
rarrMoraes e Silva LAacuteIS sm tnaut A ponta da verga Barros o lais da verga
rarrLaudelino Freire LAIS sm Naacuteut Ponta da verga
Lais de Guia sm Naacuteut Noacute que se daacute no seio do cabo com um dos chicotes para formar
bocirclso
rarrAureacutelio lais [De or obscura] s m Marinh1Cada uma das extremidades de uma verga
Os [marinheiros] que ofereciam resistecircncia nas abordagens ou davam combate eram iccedilados
depois no lais das vergas (Virgiacutelio Vaacuterzea Mares e Campos p 103)2Extremidade oposta
ao peacute num pau de surriola [Pl laises Cf Laiacutes antr f menos boa poreacutem usual de Lais]
Lais de guia 1 Marinh Noacute que se daacute no chicote de um cabo formando uma alccedila ou balso e
serve para encapelaacute-lo ou para fazer um laccedilo de correr
129
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Querendo a Capitana fallar aos navios no lays da verga grande ʃotavento largaragrave huatilde
flamula tirar agrave a huatilde peʃʃa por ʃehaacute agrave capa
FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 55]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam lais como termo naacuteutico Origem obscura
Ficha 105
Leme sm Entre Nauticos he hum pranchatildeo formado de vaacuterios madeiros posto ao alto no
cadaste do navio e que se move para hum e outro lado por meio de huns gonzos fixos que
tem os machos fixos no mesmo pranchatildeo e encaixados nas fecircmeas que estatildeo fixas no cadaste
O ferro da dobradiccedila que encaixa no leme Fig Direcccedilatildeo Duas estrelas iguaes na
Constellaccedilacirco chamada Barca
______________________________________________________________________
rarrCunha leme sm‟aparelho usado na parte traseira do barco e do aviatildeo e que serve para lhes
dar direccedilatildeo‟ XV De origem obscura
rarrBluteau LEME Pao que anda junto do cadaſte que quebra amp aparta as ondas para huma
amp outra parte amp he o total governo da nao Dizem que Tiphys companheiro dos Argonautas
na expediccedilatildeo de Colchos inventagravera o leme pelo que obſervou no Minhoto quando voa alto
que troce a aza para lhe dar nelle o vento em poppa amp ſubir amp baixar como quer Outros
dizem que dos peixes que com cauda regulaotilde nas aguas ſeu caminho ſe tomou a invenccedilaatildeo do
leme Clavus i Ma Gubernaculum i Neut Cic No Commento da Oitava 74 do Canto 5
da Luſiada aonde diz Camotildees Esta pa logo o leve leme
rarrMoraes e Silva LEgraveME sm Governalho peccedila de madeira grossa plana de certa largura
que vai em gonzos no meyo da popa do navio e outros vasos de navegar d‟alto a baixo e
serve de os fazer voltar a proa a diversos rumos voltando ao lemesect O ferro da dobradiccedila que
se embebe no vatildeo da femea eacute sobre que joga a janella ou portasect Natildeo dar o navio pelo leme
ou natildeo obedecer ao leme se diz quando natildeo proeja ainda que manejem o leme e o virem
rarrLaudelino Freire LEME sm B lat limo Aparelho situado na parte traseira do barco e
que serve para lhe dar direccedilatildeo2 Ferro ou dobradiccedila que se embebe no vatildeo da fecircmea e socircbre
que joga a porta ou janela
rarrAureacutelio leme [De or obscura] s m 1Constr Nav Peccedila ou dispositivo instalado na popa
da embarcaccedilatildeo e que serve para lhe dar direccedilatildeo para governaacute-la 2Dispositivo instalado na
cauda do aviatildeo e que regula a direccedilatildeo do aparelho 3Ferro que se embebe no vatildeo da fecircmea e
sobre o qual se move a porta ou a janela 4Fig Direccedilatildeo governo governanccedila Leme de
direccedilatildeo 1 Aer Leme que governa o aviatildeo no plano horizontalLeme de fortuna 1 Marinh V
esparrela (4)Leme de loacute 1 Marinh Posiccedilatildeo do leme com sua porta voltada para barlavento
Leme de profundidade 1 Aer Leme que governa o aviatildeo no plano verticalLeme horizontal
1 Constr Nav Cada um dos lemes que governam o submarino no plano vertical
130
(profundidade) Leme vertical 1 Constr Nav Cada um dos lemes que governam o submarino
no plano horizontal (rumo)Perder o leme 1 Ficar atarantado sem saber o que fazer
desnortear-se desorientar-seTer o leme 1 Governar administrar dirigir
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Avistaratildeo esta Costa em 15 de Junho e por natildeo conhecerem a paragem que era a enseada de
Vasabarris lanccedilaratildeo ferro mas era tatildeo forte o vento Sul e correm alli tanto as agoas que se
quebraratildeo duas amarras e querendo entrar por conselho de hum Francez chamado
Honorato que veio aacute terra com dous Indios em huma jangada e lhes facilitou a entrada
tocou a naacuteu e deo tantas pancadas que lhe saltou o leme foacutera e arrombou pelo que alguns se
lanccedilaratildeo a nadar e se afogaratildeo em as ondas []
FREI VICENTE DE SALVADOR (1888) [1627] LIVRO QUARTO - DA HISTORIA DO
BRASIL DO TEMPO QUE O GOVERNOU MANOEL TELLES BARRETO ATHE A VINDA
DO GOVERNADOR GASPAR DE SOUZA - CAPITULO VIGESIMO QUARTO - DA
JORNADA QUE GABRIEL SOARES DE SOUZA FAZIA AacuteS MINAS DO SERTAtildeO QUE A
MORTE LHE ATALHOU [A00_2060 P 148]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam leme como termo naacuteutico Origem obscura
Ficha 106
Leva sf (T Naut) Acccedilatildeo de levantar ancora para fazer-se aacute vegravela Entre Militares
Conducccedilatildeo de recrutas
______________________________________________________________________
rarrCunha leva - LEVAR levar vb bdquotransportar retirar afastar induzir tirar roubar‟ XIII Do
lat lěvāre []
rarrBluteau LEVA (Termo Nautico) A acccedilatildeo de levantar as ancoras do porto para a partida
Anchorarum fublatio ou Navis egrave portu onis FemTocar a leva He dar aviſo com a trotildebeta
que ſe recolhatildeo os q eſtatildeo na praya quando o baxel eſtagrave para partir Dare tubacirc fignum
recipiendi in navem (Julio Ceſar farfallando na retirada dos ſoldados diz Milites figno
recipiendi dato non conftitehellip (Manda jagrave tocar a leva Ciabra Exhort Militar pag 26)
rarrMoraes e Silva LEVA sf O acto de levantar ancora para sair do porto vg ldquopeccedila de
leva a que se atira para fazer sinal de botar foacutera e que tocar leva com a trombeta para
acodirem a bordo os que hatildeo-de ir na naacuteo que estaacute para levantar ferro M Conq Vieira
rarrLaudelino Freire LEVA sf De levar O ato de levantar ferro o levantar da acircncora para
navegarNaacuteut Cabo folgado que passa por um furo do costado do navio e vai prender-se no
sapatilho dos arganeacuteus das portas5 Pop Andadura
rarrAureacutelio leva [Dev de levar] s f 1Ant Mar Ato de levantar acircncora para navegar
2Alistamento de tropa recrutamento []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam leva como termo naacuteutico Origem portuguesa
lt latina
131
Ficha 107
Liame sm (T Naut) Madeira das curvas com que seliatildeo por dentro as peccedilas do costado do
navio
______________________________________________________________________
rarrCunha liame sm bdquoaquilo que prende uma coisa a outra ligaccedilatildeo‟ XVIII Do lat ligamen -
ǐnis bdquolaccedilo fita‟ de ligāre
rarrBluteau LIAcircME A madeira das curvas com q por dentro ſe liatildeo os coſtados dos navios
Lignam quibus navium latera intus coagmentantur Joatildeo de Barros diz Liaccedilatildeo (Foy cortada
algūa liaccedilatildeo para galegraves Decada 2 fol39col4) (Na meſma Decada diz LiameContaratildeo-ſe
huma ſoma de madeiras da anaf para liames fol 12 col1) (os que fabricatildeo obra naval tiraotilde
della curvas amp liames Valcone Noticia do Braſil 259)
rarrMoraes e Silva LIAacuteME smt de Naut A madeira das curvas com que se ligatildeo e atatildeo as
peccedilas do costado dos navios Barros Ined IIIf506 ldquotavoados e liamerdquo
rarrLaudelino Freire LIAME sm Lat ligamen Liaccedilatildeo Naacuteut A madeira das curvas com que
se ligam e atam as peccedilas do costado dos navios Naacuteut Cordame de navio de vela
rarrAureacutelio liame (acirc) [Do lat ligamen] s m1Aquilo que prende ou liga uma coisa a outra
ligaccedilatildeo []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Nas varzeas de arecirca se datildeo outras arvores reaes a que os Indios chamam curuaacute as quaes se
parecem na feiccedilatildeo na folha na cocircr da madeira com carvalhos e acham-se alguns de vinte e
cinco a trinta palmos de roda de que se fazem gangorras mesas eixos virgens esteios e
outras obras miudas mas natildeo eacute muito fixo ao longo da terra a qual tambem serve para
liames de navios e barcos e para taboado e de pesado se vai ao fundo
GABRIEL SOARES DE SOUSA (1938) [1587] DAS ARVORES REAES E PAUS DE LEI
(PARTE SEGUNDA - TITULO 8) [A00_0184 p 243]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Soacute Aureacutelio natildeo apresenta liame como termo naacuteutico Origem portuguesa lt
latina
Ficha 108
Linguete sm (T Naut) Peccedila de pagraveo ou de ferro com que se tolhe que natildeo desande o
cabrestante embebendo-a nas mossas deste ______________________________________________________________________
rarrCunha linguete - LIacuteNGUA[] Do latlǐngŭaliacutegula sf [] Do it lingueta dimin de
liacutengua []
rarrBluteau LINGUETE ou lingoete (Termo de navio) He hum patildeo que encayxa nos cunhos
para ter matildeo do cabreſtante que natildeo ande depois que ſe tem levado a ancora ou algum fardo
Machin nautic
rarrMoraes e Silva LINGUEgraveTE smt de Naut Peccedila de paacuteo ou ferro que se embebe nas
mossas do cabrestante para que natildeo desande depois que se tem levado a ancora ou algum
132
fardo V Cunhos CUNHOS smpl t de Naut paacuteos pregados agrave roda do cabrestante com seus
dentes em que se pega o linguegravete e as amarras quando viratildeo
rarrLaudelino Freire LINGUETE sf De liacutengua Peccedila de ferro ou madeira que se embebe nas
rodas dentadas para que estas natildeo desandem
rarrAureacutelio- natildeo consta linguete consta lingueta lingueta (guecirc) [De liacutengua + -eta (ecirc) it
lingueta] Substantivo feminino1P us Liacutengua (1) pequena 2Qualquer objeto pequeno
semelhante a uma liacutengua3Fiel da balanccedila 4Peccedila chata e delgada que faz parte dalguns
instrumentos de sopro5Peccedila moacutevel de ferro das fechaduras que se encaixa quando movida
pela chave na chapatesta trancando a porta ou gaveta6Dispositivo moacutevel para fechar portas
sem o auxiacutelio da chave constatou [o serralheiro] que nada poderia fazer desde que a porta do
chuveiro natildeo dispunha propriamente de fechadura mas de uma simples lingueta (Fernando
Sabino Medo em Nova Iorque A Cidade Vazia p 118) 7Pedaccedilo de couro utilizado como
fecho em pastas valises malas etc 8Pedaccedilo de couro que no sapato de atacador protege o
peito do peacute 9Ladeira ou rampa em cais junto agrave qual atracam as embarcaccedilotildees 10Muacutes V
martinete4 (1) 11Bras PE Rampa natural que se inclina para o mar ou para o rio 12Ant
Rampa num cais para embarque e desembarque de passageiros
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Soacute Laudelino Freire natildeo apresenta linguete como termo naacuteutico Aureacutelio
apresenta lingueta Origem italiana
M
Ficha 109
Maccedilame sm Lastro de pedra e betume nas cisternas etc (T Naut) Cordoalha do navio __________________________________________________ rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau Maccedilame Termo Nautico He todo o encordoamento da nao aſſim dos Brandaes
como da Sirgideira Brioens Apagaſanaes amp toda a mais Enxaacutercia Funium velorum
aliorum ad regendam navim inſtrumentor apparatus (Domar onde hiatildeo os Marinheiros
da queda dos paos amp do Maccedilame Brito Relaccedilatildeo da viagem do Braſil 69)
rarrMoraes e Silva MACcedilAgraveME sm t de Naut Toda a cordoalha do apparelho de um navio
Brito
rarrLaudelino Freire natildeo consta
rarrAureacutelio natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Que lhes concede todos os mantimentos assi secos como molhados que tiuerem nos
almazens do Recife amp fortalezas pera se sentirem delles amp fazerem suas viagens largando
aos soldados os de que elles necessitarem pera seu sustento amp viagem mas nam lhes
outorga o maccedilame pera os nauios porque promete darlhos aprestados pera quando partirem
pera Olanda
NAtildeO TRAZ O NOME DO AUTOR MAS Eacute DO DR JOAtildeO DE MEDEIROS CORREcircA
SEGUNDO A OPINIAtildeO GERAL DOS BIBLIOGRAPHOS (1899) [1653] BREVE |
RELACcedilAM | DOS VLTIMOS | SVCESSOS DA GVERRA | DO BRASIL RESTITUICcedilAOtilde DA
CIDADE MAU- | RICIA FORTALEZAS DO RECIFE DE PER- | NAMBUCO amp MAIS
133
PRACcedilAS QUE OS | OLANDESES OCCUPAUAOtilde NA- | QUELLE ESTADO| [A00_1127 p
175]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Laudelino Freire e Aureacutelio natildeo apresentam o verbete maccedilame Origem natildeo
encontrada
Ficha 110
Madre sf Uacutetero Leito do rio Antigamente Matildei Titulo de Freiras (T Naut) Pagraveo que
atravessa a escotilha O madeiro principal do leme Cabo delgado que se enfia pelas lebres
dos enxertarios Madre-pia v Piamater
______________________________________________________________________ rarrCunha [] Do lat mater ndashtris []
rarrBluteau Madre (Termo de navio) He hum pao que atraveſſa a eſcotilha com ſeu encaixo
para aſſentar nos quarteis da meſma eſcotilha
rarrMoraes e Silva MAacuteDRE sf t de Naut paacuteo que atravessa a escotilha com seu encaixe
para assentar nos quarteis della sect Nas pontes de madeira satildeo os paacuteos que formatildeo o assento
para as estivas e assentatildeo nas asnas ao longo da ponte
rarrLaudelino Freire sf Lat mater matrem Naacuteut Pau que atravessa a escotilha com seu
encaixe para assentar nos quarteacuteis delaO madeiro principal agrave roda do qual ou socircbre o qual
se entalham outros menores ateacute perfazer o composto da grossura ou largura necessaacuteria para o
objeto que se exige como os mastros o leme etcO madeiro que prega na roda de proa e
socircbre o qual estaacute construiacutedo o beque O madeiro central do cabrestante agrave roda do qual se
entalham as mais peccedilas de que se compotildee e que forma o peatildeo ferrado socircbre o qual se move a
maacutequina O madeiro prolongado pelo cadaste que forma a parte principal do safratildeo onde se
pregam os machos e emecha a cana do lemeCada uma das peccedilas mais grossas de que se
formam os mastros quando natildeo satildeo feitos de um soacute pau
rarrAureacutelio madre [Do lat mater matildee] Substantivo feminino1Constr Nav A parte central
mais grossa de que se formam o mastro o cabrestante e outras partes do aparelho do navio
quando natildeo satildeo feitos de uma peccedila uacutenica2Marinh Cabo de fibra ou de algodatildeo em torno do
qual se cocham os cordotildees de um cabo calabroteado ou de um cabo metaacutelicoMadre do leme
Constr Nav 1 Eixo que penetra no casco do navio e transmite movimento ao leme 2 Parte
reforccedilada nos lemes de certas embarcaccedilotildees (antigas ou miuacutedas) agrave qual se prendem as
governaduras e que se prolonga acima da porta do leme para fixar-lhe a cana ou a meia-lua
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam madre como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Ficha 111
Majarrona sf (T Naut) Vela triangular de navio que do mastarro do velacho vem ter agrave
ponta do gurupegraves
______________________________________________________________________
134
rarrCunha bujarrona sf ldquo(Mar) tipo de vela‟ 1858 bdquoinsulto afronta1 1899 Do cast bujarroacuten
deriv do b lat Bŭlgărus bdquobuacutelgaro‟ empregado como insulto por tratar-se de hereges
pertencentes agrave Igreja ortodoxa grega Cp BUGRE
rarrBluteau Natildeo constam bujarrona bojarrona e majarrona
rarrMoraes e Silva MAJARROgraveNA sf t de Naut Vela de navio que vem da ponta do
mastareo do velacho a ponta do gorupecircs vulgo bojarrona talvez porque boacuteja muito quando
cheya
rarrLaudelino Freire MAJARRONA sf Corr De bujarronaBujarrona sf Naacuteut Vela latina
triangular que se iccedila agrave proa socircbre um pau proacuteprio Pau em que se iccedila essa vela rarrAureacutelio-
natildeo constam majarrona ou bojarrona Bujarrona S f 1Marinh Vela triangular iccedilada entre o
mastro de vante e o gurupeacutes ou a proa da embarcaccedilatildeo agrave vela A toalha de espuma rasgada
para um lado e para outro tufou ferveu subiu alcanccedilou parte do conveacutes molhou a bujarrona
(Josueacute Montelo Cais da Sagraccedilatildeo p 159) []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios todos os dicionaristas remetem o termo majarrona a bujarrona ao universo
mariacutetimo Bluteau natildeo cita nem um nem outro Origem castelhana
Ficha 112
Malaqueta sf (T Naut) Pagraveo torneado mais grosso em huma de suas extremidades que
serve para dar vela aos cabos delgados da marcaccedilatildeo do navio Na roda do leme he huma como
manivela em que os homens que vatildeo ao leme fazem forccedila para o mover Dagrave-se tambem este
nome ao remate do pagraveo da bandeira e de outros ______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau MALAQUETAS Termo de navio Satildeo todo o patildeo em que ſe daacute volta a qualquer
cabo que ſeja
rarrMoraes e Silva MALAQUEgraveTA sf t de Naut Paacuteo em que se reata o cabo de corda do
navio para o fazer fixo eacute como um crescente e estaacute pregado pelo meyo
rarrLaudelino Freire MALAQUETA sf Ant Cavilha naacuteutica o mesmo que
malaguetaMALAGUETA s f Naacuteut Cavilha de pau torneado que se enfia nos fusos das
mesas do amurado e da meia nau para dar volta aos cabos de laborar Cada um dos cabos
salientes da roda do leme
rarrAureacutelio natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Aureacutelio natildeo cita o termo Para os demais autores malaqueta eacute termo de navio
Origem obscura (Houaiss 2001)
135
Ficha 113
Michelos sm plur (T Naut) Cabos que servem para segurar a amarra quando se leva
ancora
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau natildeo consta
rarrMoraes e Silva MICHEgraveLOS s f pl t de Naut As cordas aleacutem da amarra que servem de
levar a ancora
rarrLaudelino Freire MICHELOS s f pl Naacuteut Cabos pequenos terminados de um lado por
um olhal e de outro por um chicote que serve para conservar verticais as vecircrgas ou mastareacuteus
que tecircm de ser iccedilados ou arreados2 Cabos que se tomam nos andrabelos quando se iccedila
alguma peccedila do aparelho
rarrAureacutelio- natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente Moraes e Silva e Laudelino Freire arrolam o verbete michelos
Origem obscura (Houaiss 2001)
Ficha 114
Molhelha sf Especie de almofada de palha de que satildeo os mariolas ao pescosco para assentar
sobre ella a canga (T Naut) Troxa de fio de carreta e estopa que serve para afastar as
escotas da gaacutevea e velaxo
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo constam molhelha ou monelha
molhe sm bdquoparedatildeo construiacutedo no mar para servir de cais acostaacutevel ou para quebrar a
impetuosidade das vagas‟XVI mole XVI Provavelmente do cat molh e este talvez do lat
mōlēs bdquomassa‟
rarrBluteau MOLHELHA Hum tufo de palha que trazem os mariolas ao peſcoccedilo Collare
O adjectivo a um He de Propercio Quer dizer couſa de palha
rarrMoraes e Silva MOLHEgraveLHA sf Tufo de palha que os mariolas trazem no pescoccedilo e
sobre que assenta a canga para natildeo os molestar []
rarrLaudelino Freire MOLHELHAS sfpl Naacuteut Pedaccedilos de lona estofados com estocircpa que
se pregam nas peccedilas de madeira branda em que os cabos laboram para as tornar mais suaves
agraves encapeladuras
rarrAureacutelio molhelha (ecirc) [De or controversa] Substantivo feminino 1Lus Marinh
Monelha Monelha (ecirc) Substantivo feminino
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta _____________________________________________________________________________
136
Comentaacuterios Laudelino e Aureacutelio citam molhelha como termo naacuteutico Origem
controvertida (catalatildeo)
Ficha 115
Moucarratildeo -ona mf-otildees -onas no plur Muito mouco Moucarrotildees entre Nauticos satildeo
huns pagraveos que servem para empavezar o navio
______________________________________________________________________ rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau natildeo consta
rarrMoraes e Silva adj chulo Mũito mouco Eufr 35 Moucarrotildees smpl t de Naut Paacuteos
que estatildeo pelo bordo do navio que servem para o empavezar
rarrLaudelino Freire [] smpl Paus de empavesar o navio
rarrAureacutelio moucarratildeo [De mouco + -arratildeo] Adjetivo 1Muito mouco [Fem moucarrona]
Mouco [De or obscura] Adjetivo 1Que natildeo ouve ou que ouve pouco ou mal surdo 2Diz-
se do ouvido de quem eacute mouco (1) Palavras loucas ouvidos moucos (prov) s m 3Aquele
que eacute mouco (1) surdo [Aum moucarratildeo]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente Moraes e Silva e Laudelino Freire apontam moucarratildeo como termo
naacuteutico Origem obscura
N
Ficha 116
Nabo sm Hortaliccedila conhecida (T Naut) Peccedila de madeira furada e redonda que tem por
cima a chapeleta pregada
______________________________________________________________________
rarrCunha nabo sm bdquoplanta herbaacutecea da fam das cruciacuteferas‟ XIII Do lat nāpus []
rarrBluteau Nabo Palavra de navio He hum pagraveo redondo furado que em cima tem hum
couro pregado aq chamatildeo Chapeleta
rarrMoraes e Silva NABO sm t de Naut Peccedila de paacuteu redonda furada que tem por cima a
chapeleta nas bombas
rarrLaudelino Freire NABO do lat napus Naacuteut Peccedila de madeira ou bronze em forma de
tronco de cone com abertura no centro e vaacutelvula para regular a aspiraccedilatildeo da bomba
rarrAureacutelio nabo [Do lat napu] Substantivo masculino 1Bot Planta herbaacutecea da famiacutelia das
cruciacuteferas (Brassica napus) cultivada por suas raiacutezes comestiacuteveis arredondadas ou
pontiagudas roxas ou brancas conforme a variedade 2A raiz desenvolvida dessa
planta3Burl Pessoa ignorante neacutescia estuacutepida 4 Bras S A parte do mouratildeo da tranqueira
do poste ou do esteio que fica enterrada no solo[]
137
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente Aureacutelio eacute que natildeo aponta nabo como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Ficha 117
Nautico adj (T Naut) Pertencente agrave navegaccedilatildeo Que serve para dirigir a navegaccedilatildeo Que
entende da arte de navegar Homem do mar Nautica (como subst) A arte de navegar
______________________________________________________________________
rarrCunha nauta sm bdquomarinheiro navegador‟ 1572 Do lat nauta ndashae derivado do gr nauacutetes
naacuteutICA XVII naacuteutICO XVII Do lat nautǐcus ndasha[]
rarrBluteau NAUTICO Couſa concernente agrave nautica ou fabrica amp mariagem dos navios
Nauticus a umDeterminaotilde o nautico aparelho Camotildees Cant4 Oit 76 Agulha nautica
Agulha de marcar Vid Agulha (A agulha nautica buſcando o Norte Varella Num Vocal
463) Homem nautico Os homens do mar Os marinheiros Nautici orum Masc Plur Plin
(A que os naacuteuticos chamatildeo Meſ Tranccedila Epanaphor De D Franc Man 468)
rarrMoraes e Silva NAUTICO adj Que respeita aacute navegaccedilatildeo e serve para a dirigir vg
naacuteutico apparelho Arte agulha nauticasect Homem naacuteutico o que sabe a Arte de navegarsect Os
naacuteuticos os homens do mar Epanaph De D Franc Man
rarrLaudelino FreireNAacuteUTICO adj Lat nauticus Relativo agrave navegaccedilatildeo ldquoemprecircsa naacuteuticardquo
rarrAureacutelio naacuteutico[Do gr nautikoacutes pelo lat nauticu] Adjetivo1Relativo a marinheiro
navegante nauta espiacuterito naacuteutico termo naacuteutico 2Respeitante agrave navegaccedilatildeo processo
naacuteutico ~ V almanaque mdash carta mdasha e crepuacutesculo mdash
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Fazia toda a prevenccedilaotilde dos mantimentos para a viagem e de todos os aprestos para a
expediccedilaotilde quando na manhaatilde de hum claro dia por desattenccedilaotilde que houve em huma salva
se ateou o fogo em a nao Serea com taotilde irremediavel incendio que se naotilde pode extinguir
porque pegando logo nas amarras foy levando a nao para o meyo do golfo lanccedilando-se a
nado alguns Marinheiros e Officiaes nauticos que nella se achavaotilde
SEBASTIAtildeO DA ROCHA PITTA (1878) [1730] LIVRO OITAVO [A00_0574 p 344]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios consultados apresentam este termo como ldquoda marinhardquo
Origem portuguesa lt latina lt grega
O
Ficha 118
Orthodomia (T Naut) Entre nauticos derrota do navio que segue hum dos rumos da agulha
138
______________________________________________________________________
rarrCunha [] Ort(o)- elem Comp do gr orthoacutes bdquoreto direito‟ que se documenta em vocs
formados no proacuteprio grego como ortoeacutepia e em vaacuterios outros introduzidos na linguagem
cientiacutefica internacional a partir do seacutec XIX [] ortoDROMIAorthodromia 1844
rarrBluteau ORTHODROMIA (Termo Nautico) Derivaſe do Grego Orthos Direyto amp
Dromos curſo Val o meſmo que Derrota em linha reta Tal he o caminho que faz hum
navio ſeguindo hum dos trinta amp dous ventos apontados na carta de marear
rarrMoraes e Silva ORTHODOMIacuteA sft de Naut Derrota do navio que vai seguindo um
dos 32 rumos da agulha
rarrLaudelino Freire natildeo consta
rarrAureacutelio- Ortodromia [Do gr orthoacutedromos que corre em linha reta + -ia1] sf 1Naacuteut
Arco de ciacuterculo maacuteximo compreendido entre dois pontos da superfiacutecie da Terra e que eacute o
caminho mais curto para ir de um ao outro
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Soacute Moraes e Silva registra orthodomia os demais dicionaristas citam
ortodromia Origem grega
Ficha 119
Ostaes sm plr (T Naut) Cabos grossos que vem dos calcezes dos mastros fixar-se na proa
com seus cadernaes
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo constam ostais e ostaes Consta estai sm (Mar) bdquoqualquer dos cabos que
aguentam a mastreaccedilatildeo para vante‟ XVII Do antigo fr estaie (hoje eacutetai) de origem
germacircnica
rarrBluteau OSTAIS (Termo de Marinhagem) Saotilde hũs cabos groſſos que vem dos calces dos
maſtros a fazer fixo agrave proa com ſeus cadernaes o meſmo tem os maſtareos mas mais
ligeyrosRudentes agrave malo ad proram intenti Franciſco de Brito Freyre na relaccedilatildeo da ſua
viagem do Braſil diz Eſtay (Rebentando o eſtay mayor amp a ovencadura pag 67)Vid Eſtay
rarrMoraes e Silva OSTAacuteES sm pl t de Naut Cabos grossos que vem dos calcezes dos
mastros a fazer fixo na progravea com seus cadernaes CastL2f156 outros dizem Estaacutees como
Brito Guerra Brasil
rarrLaudelino Freire OSTAES natildeo consta Ostai sm Desc O mesmo que estai ESTAI ou
ESTAE sm Ingl stays Naacuteut 1- Cada um dos cabos grossos que fixos na proa firmam a
mastreaccedilatildeo 2 Designaccedilatildeo de outros cabos de navio ESTAI DA RABECA sm Cabo que
vai por cima da mezena a coser ante a reacute do calcecircs do mastro respectivo vindo o outro chicote
a passas a um sapatilho que se aguenta a uma alccedila cosida por ante-avante do mastro grande a
um tecircrccedilo pouco mais ou menos da sua altura e vai rondar a um olhal ao peacute decircste mastro
abotoando por uacuteltimo o dito chicote ao vivo
rarrAureacutelio- natildeo constam ostaes e ostais consta estai Estai- S m 1- Marinh Qualquer dos
cabos que aguentam a mastreaccedilatildeo para vante
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Laudelino Freire e Aureacutelio natildeo citam Ostai mas estai Origem francesa lt
germacircnica
139
Ficha 120
Ostagas sf plur (T naut) Cabos que sustentatildeo vergas nos moutotildees de coroa e vem por
cima da pega
______________________________________________________________________
rarrCunha ostaga sf bdquocabo com que se arria horizontalmente pelo terccedilo ao longo do mastro
uma verga de gaacutevea‟ XV Do cast ostaga de origem germacircnica
rarrBluteau OSTAGAS (Termo de Marinhagem) Saotilde hŭs cabos que ſuſtentatildeo vergas em
huns moutotildees que chamatildeo de coroa amp vem por cima da pega Funes quibus ligantur
antenn(Nos quebragraveraotilde ſubitamente as oſtagas da vela grande amp vindo a verga abayxo ampc
Peregr De Fern Mend Pinto fol262col1) []
rarrMoraes e Silva OSTAacuteGAS sfpl t de Naut Cabos que sustentatildeo as vergas em uns
moutotildees chamados de Coroa e vem por cima da pega Amaral7
rarrLaudelino Freire sf Cast ostaga Naacuteut Cabo grosso que vem por cima da pecircga e
sustenta as vecircrgas em seus moitotildees
rarrAureacutelio ostaga [Do esp ostaga] sf 1Marinh Cabo com que se arria horizontalmente pelo
terccedilo ao longo do mastro uma verga de gaacutevea
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Meteram de arribada e carregado o traquete acima e ferrada a mezena apertaram as
enxarcias atezaram os estaes para seguranccedila dos mastros e mastareacuteus E para seguranccedila das
vergas reforccedilaram as ostagas e passaram bossas em ajuda aos enxertaacuterios Tudo se fazia
necessaacuterio a respeito do vento que tatildeo furiosamente a suavizava pelas entenas que se queria
levar diante de si
JOSEacute ALVARES DE OLIVEIRA (1981) [nd] HISTOacuteRIA DO DISTRITO DO RIO DAS
MORTES SUA DESCRICcedilAtildeO DESCOBRIMENTO DAS SUAS MINAS CASOS NELE
ACONTECIDOS ENTRE PAULISTAS E EMBOABAS E CRIACcedilAtildeO DAS SUAS VILAS
[A00_0395 p 96]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaristas arrolam ostagas como termo naacuteutico ou da marinha
Origem castelhana
P
Ficha 121
Pairar vn (T Naut) entre os nauticos Andar o navio aacutes voltas sem fazer viagem v a
Soster demorar ______________________________________________________________________
rarrCunha pairar vb bdquoadejar voar vagarosamente‟ XV Do ant prov pairar e este
provavelmente do lat pariāre []
rarrBluteau PAIRAR (Termo Nautico) Ir a nao flutuando de hũa para outra ſem fazer
viagem Hine inde flutare e ou flu Plin Cic (Toda a noyte tinhaotilde pairado a arvore ſeca
H de Fern Mend Pinto 682) Joatildeo Hugo Lindrchotano 3 part India Oriental pag 28 diz
velis elatis integrum Mareacute fulcabamus quod (Pairou o General alguns dias Britto Relaccedilatildeo
140
da ſua viagem pag 64) Andar pairando Diz-ſe com metaphora Nautica de quem anda
buſcando ſubterfugios para evitar alguma couſa
rarrMoraes e Silva PAIRAacuteR vn t de Naut Parar no mar estar aacute capa natildeo surdir
CastL1c59edI natildeo podendo pairar andavatildeo aacutes voltas Albuq P4c2 com provisatildeo para
pairar toda calmariasect vat Soster soffrer vg pairar a tormenta sobre a amarra sect Pairar aacute
tormenta resistir-lhe aturar Lavanha Naufr da Naacuteo S Alberto f15sect Cruzar bordejar em
certa altura esperando outro navio Freire I pag17 Ed de Paris Sabio a comboyar as naacuteos
que se esperavatildeo da India e pairando na altura do seu regimento houve vista de hum
Corsario Francez
rarrLaudelino Freire PAIRAR vrv Naacuteut Estar agrave capa o navio cruzar bordejar (int) Pairo
sm Naacuteut Accedilatildeo de pairar2 Estado do navio quando paira e que consiste em ter as velas
estendidas as escotas socircltas ou conservar-se em aacutervore secircca atado o leme
rarrAureacutelio- pairar[Do lat pariare ser igual pelo provenccedil pairar aguentar suportar
pacientar] Verbo intransitivo 1Cruzar (uma embarcaccedilatildeo) em espaccedilo relativamente restrito
com pequeno seguimento[] 4Mover-se ou agitar-se com lentidatildeo no alto Pairam nuvens
espessasuma neacutevoa subtil pairava acima dos pacircntanos (Coelho Neto Treva p 322) Paira
no silecircncio do espaccedilo a alma das geraccedilotildees mortas (Afonso Arinos
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Ainda que a gente eſpalhada na terra ſe recolheo com brevidade aos navios houve detenccedila
com o de Ruy Diaz que eſteve ao largar quaſi perdido em hũa rogravecha natildeo arribando com o
pano da proa ategrave lhe cortarem a amarra que por deſcudo dos Officiaes hia arrojando a
ancora pelo fundo Ao Galleatildeo do Faleiro rebentou outra amp natildeo tendo outra talingada foi
preciſo fazerſe ao mar Como eſtava nelle Manuel Freyre que havia de acompanhar os
ultimos navios ſem ſaber a occaſiatildeo vẽdo-o aacute vella a que jaacute vinhatildeo nove com ſoacute o traquete
ſe pogravez a caminho a Capitana eſperando os que lhe ficavatildeo pela popa Mas tanto que o Meſtre
de Campo mareou na volta da terra para deſamarrar os que ainda eſtavatildeo ſurtos ferrando
outra veacutez o traquete tornou a pairar com a meſena
FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 09]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaristas apontam pairar tambeacutem como termo naacuteutico
Origem provenccedilal lt latim
Ficha 122
Palmejar sm (TNaut) As peccedilas de madeira que cingem o navio de poppa agrave proa por
dentro ______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau PALMEJAR Bater as palmas Vid Palma da matildeo
rarrMoraes e Silva PALMEJAacuteR smt de Naut O palmejar satildeo peccedilas de madeira que
cingem o navio de poupa aacute proa por dentro as quaes vatildeo endentadas como a madeira da
liaccedilatildeo ou liames Hist Naut I f 316 ldquono navio havia dous palmos de agua sobre o
palmejarrdquo
rarrLaudelino Freire PALMEJAR sm Prancha que reveste interiormente o arcabouccedilo do
navio
rarrAureacutelio- natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
141
Comentaacuterios Com exceccedilatildeo de Bluteau todos os dicionaristas apontam palmejar como termo
naacuteutico Origem portuguesa lt latina
Ficha 123
Palomas s f Cabos nas vergas onde se fixatildeo as pontas das ostagas
______________________________________________________________________
rarrCunha paloma sf ldquo(Naacuteut) cabo corda‟ 1813 Do it meridional paloma que corresponde
a parogravema em outras regiotildees palomAR palonbar XV palomEIRA XV
rarrBluteau PALOMAS Termo de marinhagem Saotilde hũs cabos que eſtaotilde nas vergas onde ſe
fazem fixas as pontas das oſtagas
rarrMoraes e Silva PALOgraveMAS sf t de Naut Cabos que estatildeo nas vergas onde se fazem
fixas as pontas das ostagas
rarrLaudelino Freire PALOMAS sf Cast paloma Espeacutecie de cabo naacuteutico
rarrAureacutelio paloma [Do esp paloma] s f 1 Bras Giacuter Meretriz 2 Ant Pomba (1)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Exceto Aureacutelio todos os dicionaristas apontam paloma como termo naacuteutico
Origem italiana
Ficha 124
Palomba sf Entre Nauticos Novello de mialhar ______________________________________________________________________
rarrCunha palomba sf bdquo(Naacuteut) cabo corda‟ 1813 Do it meridional paloma que corresponde
a parogravema em outras regiotildees [] palonbar XV []
rarrBluteau Natildeo consta
rarrMoraes e Silva PALOMBA sft de Naut Cabos que estatildeo nas vergas onde se fazem
fixas as pontas das ortagas Novelo de mealhar
rarrLaudelino Freire PALOMBA sf Lat palumba Naacuteut 1 Corda da vela do estai2 Fio
grosso com que se cose o cabo da tralha agraves orlas das velas fazendo passar os pontos pelas
cocircchas do mesmo cabo fio de palomba3 Novecirclo de mealhar de forma alongada4 Alccedila
para iccedilar no mastro a vecircrga de uma vela latina
rarrAureacuteliorarr palomba [Alter de paloma] s f Marinh 1Novelo de mialhar 2Espeacutecie de
ponto us para coser as tralhas das velas dos toldos etc ponto de palomba
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Exceto Bluteau (que natildeo apresenta o termo) todos os dicionaristas apontam
palomba como termo naacuteutico Origem italiana
Ficha 125
Patelha sf (T Naut) O couce do leme Encaixa na quilha no fundo do cadaste sobre que
joga o leme
142
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau PATELHA ou Patilha do leme por outro nome Couce he no fundo do cadaſte
hum encayxo na quilha ſobre que joga o leme
rarrMoraes e Silva PATEgraveLHA sf t de Naut O couce do leme e eacute no fundo do cadaste um
encaixe na quilha sobre que joga o leme
rarrLaudelino Freire PATELHA sf Parte inferior do leme e a parte saliente da quilha socircbre
que ecircle se move
rarrAureacuteliorarr natildeo consta patelha Patilha [Do esp patilla poss] s f 1Constr Nav
Prolongamento da quilha para reacute do cadaste sobre o qual se apoia o peacute da madre do leme nas
embarcaccedilotildees em que o leme tem de trabalhar afastado do cadaste (como p ex nas de uma soacute
heacutelice)
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaristas apontam patelhapatilha como termo naacuteutico Origem
espanhola
Ficha 126
[] Pegrave de carneiro [T Naut) Paacuteos perpendiculares da coberta ategrave o poratildeo em que se sustenta
a coberta
______________________________________________________________________
rarrCunha peacute sm bdquoparte inferior da perna que se articula com esta assentado por completo no
chatildeo e que permite a postura vertical e o andar‟XIII pee XIIIDo lat pes pĕdis []
rarrBluteau Peacutes de carneyro Termo de navio Saotilde huns paos que eſtaotilde perpendicularmente
da cuberta ao poraotilde para ſuſtentar a meſma cuberta Os primeyros ſaotilde os do poraotilde amp ha
outros entre pontes
rarrMoraes e Silva Pes de carneiro t de Naut paacuteos perpendiculares da coberta ao poratildeo
para sustentar a coberta e talvez tem moacuteccedilas por onde os marujos descem
rarrLaudelino Freire PEacute sm T Naacuteut A ponta da corda com que se vira a vela Peacute de
carneiro sm Naacuteut Pau varatildeo ou prumo de suporte
rarrAureacutelio peacute- [Do lat pede] [] peacute de carneiro [De peacute + de + carneiro] Substantivo
masculino 1 Constr Nav Qualquer peccedila ou parte da estrutura de uma embarcaccedilatildeo que tenha
forma de coluna 2 Rolo peacute de carneiro [Pl peacutes de carneiro]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta peacute-de-carneiro como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam peacute de carneiro como termo naacuteutico
Origem portuguesa lt latina
Ficha 127
143
Pinccedilote sf Entre nauticos pagraveo pegado aacute ponta da cana do leme para o governar Tambeacutem a
bomba o tem
______________________________________________________________________
rarrCunha pinccedilote natildeo consta
rarrBluteau PINCcedilOTE Termo de navio He hum pao que pega na ponta da cana do leme amp
vem agrave cuberta da Timoneyra por hũ bolinete amp ſerve para governar o leme
rarrMoraes e Silva PINCcedilOacuteTE smt de Naut Paacuteo que pega na ponta da cana do leme e vem
agrave coberta da timoreira por um molinete e serve para governar o leme haacute tambeacutem pinccedilote da
bomba H Naut Tom3
rarrLaudelino Freire PINCcedilOTE sm Cast pinzote Naacuteut1 Alavanca de pau na extremidade
da cana do leme2 Corda delgada fixo por uma das extremidades agrave pena da vecircrga para
amarrar a esta uma vela quando fundeada a embarcaccedilatildeo de velas latinas
rarrAureacutelio 1Marinh Nas canas do leme constituiacutedas por duas peccedilas ligadas em cotovelo eacute
aquela em que o timoneiro segura [A outra eacute a cana]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam pinccedilote como termo naacuteutico Origem
espanhola Origem espanhola (Houaiss 2001)
Ficha 128
Pontal sm ponta de terra (T Naut) Altura do navio da quilha ateacute o convez
______________________________________________________________________
rarrCunha ponta sf bdquoa parte ou o ponto em que alguma coisa termina extremidade‟ XIII Do
lat puncta ndashae bdquoestocada‟ [] pontAL1 sm bdquo(Naacuteut) altura da embarcaccedilatildeo entre a quilha e o
conveacutes principal‟ XVI pontAL2 sm‟ ponta de terra‟ XVIII
rarrBluteau PONTAL (Termo de navio) He a altura que tem o navio da quilha ateacute primeyra
cuberta Navis altitudo agrave trabe [] Tambem em termos nauticos Pontal para avante amp
Pontal para a reacute he o que vay de altura de bordo da nao para a proa amp para a poppa entre as
duas cubertas chama-ſe tambem Pontal o que vay de huma cuberta a outra parece derivado
do Francez porque nos navios o que chamamos cuberta os Francezes lhe chamatildeo Ponte
rarrMoraes e Silva PONTAacuteL sm Altura do navio desde a quilha ateacute aacute primeira coberta Cast
L8f154col2 e B4614 sect it O que vai d‟uma coberta aacute outrasect Pontal para a vante ou para
a reacute eacute o que vai do bordo do navio para a progravea ou para a popasect Ponta de terra que sai do
mar vg o pontal de Cacilhas
rarrLaudelino Freire PONTAL sm De ponta Altura da embarcaccedilatildeo entre a quilha e a
primeira coberta 2 Ponta de terra ou da penedia que entra um pouco no mar acima do niacutevel
da aacutegua
rarrAureacuteliorarr [1Constr Nav Altura da embarcaccedilatildeo entre a quilha e o conveacutes principal2Ponta
de terra ou penedia que penetra um pouco no mar ou no rio []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam pontal como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
144
Ficha 129
Ponte sf Obra sobre arcos para passar rios Algumas ha de barcas e de madeira para fossos
A peccedila em que se volve a moenda no engenho de accedilucar Entre Nauticos a coberta do navio
______________________________________________________________________
rarrCunha ponte sf bdquoconstruccedilatildeo destinada a estabelecer a ligaccedilatildeo entre duas margens opostas
de um curso de aacutegua ou de outra superfiacutecie liacutequida qualquer‟ XIII Do lat pōns pontis []
rarrBluteau Ponte (Termo de navio) Ponte corrida he a cuberta do caſtello de Poppa ateacute a
proa Ponte na orelha he a cuberta do convez curva para que com brevidade ſe deſagoe o mar
que entrar nella Natildeo temos nomes proprios Latinos
rarrMoraes e Silva POgraveNTE sf t de Naut O mesmo que coberta do navio Cast L7c86
f133 col1 Amaral c2 Ponte nas galeacutes e navios obra feita para cima della se pelejar
B347 lanccedilar-lhe algumas panellas de poacutelvora sobre a ponte que levava foratildeo queimar
muitos Mouros que vinhatildeo debaixo parece que era obra levadiccedila Id 235 naacuteo com suas
arrombadas com ponte e redes a sua naacuteo levava sobre a ponte tecida huma rede ibid
rarrLaudelino Freire PONTE sf Lat pons pontem Mar Coberta ou sobrado estabelecido
em todo o comprimento do navio seja para cobrir o poratildeo e preservar as mercadorias seja
para dividir o navio em diversos andares como se divide uma casa de habitaccedilatildeo 2 Naacuteut
Pavimento acima da borda do navio na direccedilatildeo de bombordo a estibordo donde em viagem se
dirige a manobra
rarrAureacuteliorarr ponte [Do lat ponte] s f [] 2Ant Constr Nav Cada uma das cobertas de um
navio Ponte de vieacutes 1 Lus Ponte esconsa Ponte esconsa 1 Ponte (1) cuja direccedilatildeo eacute obliacutequa
agrave do curso de aacutegua que transpotildee [Sin lus ponte de vieacutes] []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam ponte como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Ficha 130
Porca s f A femea do porcoPaacuteo que atravessa os malhaes no lagar A obra de madeira
sobre o sino Entre Nauticos Nome de hum dos paacuteos que atravessatildeo o carro da poppa e vatildeo
145
acabar nos pegraves mancos Na atafona peccedila pregada na trave com hum ferratildeo onde anda o piatildeo
Peccedila dp parafuso onde elle embebe as suas espiras Na impressatildeo peccedila no someiro grande de
cima onde encaixa a arvore de ferro
______________________________________________________________________
rarrCunhaporcararr PORCO porco sm bdquomamiacutefero da ordem dos artiodaacutectilos natildeo ruminante
originaacuterio do javali poreacutem existente quase em toda parte como animal domeacutestico‟ XIII Do
lat pŏrcus -ī [] porcA1
sf bdquoa fecircmea do porco‟ XIII porcA2 sf bdquopeccedila em que se introduz o
parafuso‟ 1813 Segundo parece a relaccedilatildeo entre porca2 e porca
1 decorre da semelhanccedila que o
oacutergatildeo genital do porco apresenta com o parafuso
rarrBluteau Porcas (Termo de Navio) Saotilde hũs paos groſſos que atrave ſſaotilde o carro de
poppa amp vaotilde acabar em os peacutes mancos
rarrMoraes e Silva POacuteRCAS sfpl paacuteos grossos que atravessatildeo o carro da popa e vatildeo
acabar nos peacutes mancos
rarrLaudelino Freire PORCA sf Lat porca [] 3 Pau do largar que atravessa os malhais
Pau grosso que atravessa o carro da pocircpa
rarrAureacutelio Porca [Do lat porca] Substantivo feminino Pequena peccedila de ferro em geral
sextavada ou quadrada munida de furo em espiral que se atarraxa na extremidade de parafuso
ciliacutendrico
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam porca como termo naacuteutico exceto Aureacutelio
Origem portuguesa lt latina
Ficha 131
Proejar vn Navegar com certo rumo _____________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau PROEJAR (Termo Nautico) Por a proa vid Proa (Quem viſſe huma natildeo proejar
contra hũa alta ſerra Epanaphor De D Franc Man pag109)ſ
rarrMoraes e Silva PROEJAacuteR vn Navegar para certo rumo vg uma nau proejando contra
uma alta serra Epanaforas sect at Buscar com a proa demandar navegando ldquoproejando ao
Oriente tantas vezes requestadordquo ldquoproejaratildeo a uma calheta quem com a cerraccedilatildeo vararatildeo e
escorreratildeo ateacute que a mareacute de todo lhes faltourdquo
rarrLaudelino Freire PROEJAR v intr De proa Aproar dirigir-se navegar em determinada
direccedilatildeo
rarrAureacutelio proejar [De proa + -ejar] Verbo transitivo circunstancial 1P us Dirigir-se
navegar (em determinada direccedilatildeo) aproar O comandante proeja para nordesteAs galeacutes de
Castela sarparam tenderam velas e demandaram a barra proejando ao norte (Antero de
Figueiredo Leonor Teles p 229) [Conjug v pelejar]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam proejar como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
146
R
Ficha 132
Rabada sf o rabo do peixe Antigamente tranccedila para traz cheia de laccedilos de fitas (T naut)
Parte da poppa onde estagrave a cacircmara de cima
______________________________________________________________________
rarrCunha rabada rarr rabo rabo sm bdquocauda‟ bdquoprolongamento da coluna vertebral de certos
mamiacuteferos‟ XIII Do lat rāpum -ī bdquonabo‟[] rabADA XVI []
rarrBluteau RABADA Vid Tomo 7 Vocabulario Rabada termo de navio He o apoſento da
poppa no andar ſuperior do navio por cima da camera de modo que dos tres andares que ha
na poppa ao ſuperior he que chamaotilde Rabada ao do meyo camera e ao de baixo praccedila
d‟armas
rarrMoraes e Silva RABAacuteDA sf Do navio galeacute Couto 10105 poupa onde estaacute o
lemerdquopoz-lhe a proacutea pela rabada Couto 98
rarrLaudelino Freire RABADA sf De rabo O mesmo que rabadela 2 Pocircpa do navio
rarrAureacuteliorarr rabada [De rabo + -ada1] s f 1 V rabadilha (1) Rabadilha [De rabada + -
ilha] Substantivo feminino 1 A parte posterior do corpo das aves peixes e mamiacuteferos
rabada rabadela 2 A porccedilatildeo do peixe que o pescador destina a seu proacuteprio consumo em vez
de vender rabadela Rabada 1 Rabo de boi de porco ou de vitela sem pele nem pelos para
uso na alimentaccedilatildeo humana 2 Cul Iguaria preparada com rabada (2) 3 Rabicho (1) 4 Fig
O(s) uacuteltimo(s) numa corrida fila etc rabeira
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Embarcaccedilotildees de meia coberta Botes Igariteacutes e Balccedilas ou Jangadas que servem na
conducccedilatildeo da quarta Partida Hespanhola na foacuterma que se aprezentaram na Fronteira da
Tabatinga em 7 de Marccedilo de 1781 CAPITAINA Maria Luiza Barco de foacuterma de meia
coberta de nove remos por banda de um mastro armada aacute redonda remada de palamenta
ou de remo pequeno ordinario Tem uma formoza Camara em que cabem vinte pessoas seis
por banda nos aposentos lateraes e os mais na face da frente e fundos tem um camarim aacute
rabada muito proprio para escrever e outros exercicios privados tudo muito bem asseiado e
pintado com seu cortinado de Damasco de latilde carmezim tem tres janellas por banda e nove
palmos de peacute direito
ALEXANDRE RODRIGUES FERREIRA [nd] 2ordf PARTE BAIXO RIO NEGRO -
SUPLEMENTO Agrave PARTICIPACcedilAtildeO PRIMEIRA [A00_2236 p440]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Exceto Aureacutelio (que natildeo apresenta o termo) todos os dicionaristas apontam
rabada como termo naacuteutico Origem portuguesa lt latina
Ficha 133
Rabeca sf Instrumento musico de quatro cordas (T Naut) vela que vai entre o mastro
grande e a poppa atravessada Enxergatildeo pequeno de palha ______________________________________________________________________
147
rarrCunha rabeca sf bdquodesignaccedilatildeo antiquada do violino‟ bdquoutensiacutelio de ferreiro que serve para
fazer girar a broca‟ XVI Do fr rebec deriv do ant fr rebebe e este do ar rabāb []
rarrBluteau RABECA ou Rebeca Pequeno inſtrumento muſico de cordas Diriva ſe do
Arabico Rebab ou Rebaba que no Lexicon Coptico ſegundo os Interpretes he Lyra Outros
o derivatildeo do Hebraico Rebiac que ſignifica o inſtrumento a q os Latinos chamatildeo Siſtrum
outros finalmente o derivatildeo de Rebet que na linguagem Celtica val o meſmo que Rebeca
Conſta a Rabeca de quatro cordas amp tange-ſe com arco Os ſeus ſons agudos ſaotilde muytos
alegres amp deſpertatildeo o eſpirito O ſeu concerto he de quinta em quinta Natildeo temos em Latim
palavra propria Latina ſeragrave preciſo uſar das Comuas como vg Fides ium Plur Fem ou
Fidis is Fem do qual uſa Columella no ſingular ou Lyra ou Cithara e Fem Barbitus de
ordinario natildeo ſe acha ſenatildeo em verſo Natildeo ſerve acreſcentar a Fides nem a Lyra decumana
nem Primaria eſtes adjeξtivos natildeo eſtatildeo aqui no ſeu lugar
rarrMoraes e Silva RABEacuteCA sf Instrumento Musico de quatro cordas que se ferem com
hum arco de cerdas de cavallo
rarrLaudelino Freire RABECA sf Aacuter rabeb Instrumento muacutesico em forma de viola com
quatro cordas de tripa e de retroacutes afinada em quintas (sol reacute laacute mi) de que tiram os sons por
meio de um arco guarnecido de crinas e pregraveviamente passadas pela resina violino 2 Naacuteut
Uma das velas latinas que servem para estais
rarrAureacuteliorarrrabeca [Do aacuter rabatildeb pelo fr ant rebec ou pelo provenccedil ant rebec] Substantivo
feminino 1Designaccedilatildeo antiquada do violino [F paral rebeca var arrabeca] 2Utensiacutelio
de ferreiro que serve para fazer girar a broca sanfona 3Lus V fancho 4Bras Espeacutecie de
violino com quatro cordas de tripa e sonoridade fanhosa que se toca apoiando-o na altura do
coraccedilatildeo ou no ombro esquerdo mas sempre com a voluta para baixo
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente Laudelino Freire apresenta rabeca como termo naacuteutico Origem
francesa
Ficha 134
Resbordo sm (T Naut) O segundo solho do navio e o lugar onde elle se dobra mais
Rescaldar Escaldar muito ______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau RESBORDO Derivaſe do Francez Ribord que he a ſegunda ordem de taboas ou
o ſegundo ſolho do navio amp como cotovelo delle ou o lugar onde mais ſe dobra (na coſtura
da taboa do Resbordo Britto viagem do Braſil pag 86)
rarrMoraes e Silva RESBOacuteRDO sm Naut O segundo solho do navio e como cotovelo
delle ou o lugar onde mais se dobra Brito Viag ldquona costura da taboa do resbordordquo (rebord
em Francez he borda resaltada)
rarrLaudelino Freire RESBORDO sm De res + bordo Naacuteut Abertura feita no costado de
alguns navios na altura da primeira coberta para carga e descarga de carvatildeo ou de pequenos
artigos 2 Abertura na amurada para dar lugar agrave bocircca do canhatildeo
rarr AureacuteliorarrResbordo Substantivo masculino Constr Nav 1 A primeira fiada de chapas (ou
de taacutebuas nas embarcaccedilotildees de madeira) do forro exterior do casco de um e de outro lado da
quilha 2 Cisbordo Cisbordo (oacute) [De cis-1 + bordo] Substantivo masculino 1 Ant Constr
Nav Grande abertura com porta no costado de certos navios agrave altura de um pavimento para
embarque ou desembarque de objetos pesados ou de grandes dimensotildees resbordo
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
148
Recorriatildeo os altos os Calafates deſaparelhavatildeo as vergas os Marinheiros naotilde ſeccedilando as
bombas nem os baldes Cotilde que vencido o trabalho ficou legraveſto o navio amp eſtanque de hũa
batildeda para crenar ſobre ella em a manhatildeatilde ſeguinte que ſe tomou a agoa na coſtura da taboa
de resbordo
FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 17]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam resbordo como termo naacuteutico Origem
francesa
Ficha 135
Rumo sm A linha que denota hum dos ventos na agulha de marear A direcccedilatildeo que leva o
navio (T Naut) Palmo e polegada d‟agua entre os nauticos Fig Maneira de proceder A
rumo em boa ordem em termos de ter boa effeito ______________________________________________________________________
rarrCunha rumo sm bdquo(Naacuteut) cada uma das direccedilotildees marcadas na rosa-dos-ventos‟ bdquocaminho
direccedilatildeo vereda‟ rrumo XV Do cast rumbo deriv do lat rhombus e este do gr rhoacutembos
rumAR 1844
rarrBluteau Rumo na Roſa Nautica Index venti linea Fem (O numero dos graos amp ſuas
medidas ſegundo differentes Rumos Vieyra tom10 pag263) Vid Roſa
rarrMoraes e Silva RUacuteMO sm Na rosa Nautica a linha que denota hum dos 32 ventos sect A
direccedilatildeo que leva a proa do Navio por hum dos 32 rumos sect t Naut i eacute palmo e polegada de
agua de sorte que seis rumos ou palmos destes fazem sete ordinarios vg tem esta quilha
tantos rumosrdquo pegado (o monstro marinho) na quilha do galeatildeo por todo o comprimento
delle sendo de vinte e hum rumos que satildeo certo e cinco palmosrdquo B347 (por esta conta cada
rumo satildeo cinco palmos) ult Ediccedil Tom3 PI p462
rarrLaudelino Freire RUMO sm Ingl rhumb Cada uma das trinta e duas divisotildees ou linhas
da rosa dos ventos que representam as trinta e duas direccedilotildees mariacutetimas adotadas pelos
naacuteuticos 2 Direccedilatildeo do navio por estes rumos 3 Direccedilatildeo orientaccedilatildeo caminho 4
Antiga medida naacuteutica que equivalia pouco mais ou menos a cinco palmos 5 Meacutetodo
ordem de proceder norma
rarrAureacutelio rumo [Do esp rumbo] s m 1 Naacuteut Cada uma das direccedilotildees marcadas na rosa dos
ventos 2 Naacuteut Direccedilatildeo do movimento da embarcaccedilatildeo quando se estaacute navegando 3 Naacuteut
Acircngulo que a direccedilatildeo para onde aponta a proa da embarcaccedilatildeo faz com a direccedilatildeo do norte
verdadeiro (rumo verdadeiro) ou com a direccedilatildeo do norte magneacutetico (rumo magneacutetico) ou
ainda com a direccedilatildeo do norte da agulha (rumo da agulha) []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Segunda-feira 30 dias do mecircs de Janeiro tomei o sol e estava na altura do cabo de Santlsquo
Agostinho e iacuteamo-lo a demandar pelo rumo de loeste
PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE
SOUSA [A00_0078 p 38]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam rumo como termo naacuteutico Origem
castelhana
149
S
Ficha 136
Salamear va (T Naut) Fazer celeuma Cantar alternamente
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau SALAMEAR Termo de Marinheyro Fazer a Saloma ou Salema Vid Salema
Vid Fayna SALEMA Vozaria de Marinheyros He derivado da palavra Grego-Latina
Celeuma Vid Fayna (As Salemas ordinarias dos Marinheyros ſe fazem com taes vozes que
natildeo ſaotilde ouvidas muytas vezes Britto Viagē do Braſil pag 278)
rarrMoraes e Silva SALAMEAacuteR vn Naut Levantar ou cantar a celeuma Cast 280 escreve
ccedilalamear ldquosem as naos apitarem nem ccedilalamearem por natildeo serem sentidos dos Rumesrdquo
B384 ldquohomens do mar que ccedilalameatildeo para hum tempo pograverem toda a forccedila
CELEUMA sf A vozeria que faz a gente do mar quando trabalha CamLusII25 A
celeuma medonha se levanta No rumo marinheiro que trabalha
rarrLaudelino Freire natildeo consta
rarrAureacutelio natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios somente Bluteau e Moraes e Silva apontam salamear como termo naacuteutico Os
demais autores natildeo citam o termo Origem aacuterabe (Sousa amp Moura 1830)
Ficha 137
Salema sf Na Turquia cortesia feita com certas palavras em que entra a palavra Zalemaq
Nome de um peixe (T Naut) Entre os nauticos celeuma
Celeuma sf gritaria da gente do mar quando trabalha
______________________________________________________________________ rarrCunha salema sf bdquopeixe teleoacutesteo percomorfo da famiacutelia dos pomadasiacutedeos da costa
atlacircntica‟ 1874 De etimologia obscura [] celeuma sf bdquovozearia barulho algazarra‟ 1572
Do lat celeuma deriv do gr keacuteleuma bdquoordem‟ bdquocanto‟ bdquogrito‟
rarrBluteau SALEMA Vozaria de Marinheyros He derivado da palavra Grego-Latina
Celeuma Vid Fayna (As Salemas ordinarias dos Marinheyros ſe fazem com taes vozes que
natildeo ſaotilde ouvidas muytas vezes Britto Viagē do Braſil pag 278)
rarrMoraes e Silva SALEgraveMA sf V Celeuma nautsect t Turquesco cortezia acompanhada de
certas palavras entre as quaes vem Zalemaq Barrosrdquoque fosse a Corte do Badur a lhe fazer a
salemeardquoCELEUMA sf A vozeria que faz a gente do mar quando trabalha CamLusII25
A celeuma medonha se levanta No rumo marinheiro que trabalha
rarrLaudelino Freire SALEMA sfAacuter calam sf Naacuteut O mesmo que celeuma CELEUMA
sf Lat celeuma Vozearia de homens que trabalham juntos 2 Barulho algazarra 3
Canto ou vozes de barqueiros cantiga rude que entoa o marinheiro para estimular o trabalho
4 Alarma
rarrAureacutelio natildeo consta
150
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Exceto Aureacutelio ( que natildeo cita o termo) todos os demais dicionaristas apontam
salema como termo naacuteutico Origem obsura
Ficha 138
Sapatilhos sm (T Naut) Entre nauticos Ferros redondos em que se pegatildeo as poas ______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta sapatilhos consta sapato sapato sm bdquocalccedilado em geral de sola dura
que cobre o peacute‟XVI ccedila- XIII De origem duvidosa talvez do turco čabata sapatA XVI
[] sapatilho 1873
rarrBluteau SAPATILHOS Termo de navio Satildeo huns ferros redondos em que preacutegatildeo as
poas por ſe natildeo cortar a bolina o meſmo tem a eſteyra da vela em q os briois peacutegatildeo Vid
Sapato de ferro
rarrMoraes e Silva SAPATIacuteLHOS smpl Naut Ferros redondos em que se pegatildeo as poas
por se natildeo cortar a bolina haacute outros na esteira da vela em que os brioes pegatildeo
rarrLaudelino Freire SAPATILHO sm De sapato + ilho Naacuteut Aro de ferro forrado de
chapas com meia cana na parte exterior e que serve para se aguentar nos punhos das velas nos
chicotes dos cabos onde se introduzem os gatos etc
rarrAureacutelio sapatilho [De sapato + -ilho] s m 1 A primeira folha seca arrancada da cana-de-
accediluacutecar quando se limpa esta 2 Marinh Aro metaacutelico circular ou oval geralmente de ferro
zincado com a periferia goivada usado como berccedilo e proteccedilatildeo agraves matildeos [v matildeo (19)] que se
faz em cabos sobretudo nos cabos de arame
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaristas apresentam sapatilhos como termo naacuteutico Origem
duvidosa (turco)
Ficha 139
Sarpar va (T naut) Levantar
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta sarpar consta zarpar zarpar vb bdquolevantar acircncora fazer-se ao mar
partir‟ XVII Do cast zarpar deriv do a it sarpare (hoje salpare) deriv do lat tard
exharpare e este do gr exharpaacutezō
rarrBluteau SARPAR Termo Nautico He tomado do Italiano Salpare ou Sarpare que val o
meſmo que Levantar ferro Solvere portu ou solvere navem Cic C Vid Levantar (foy
tatildeo furioſa a tempeſtade que ſobreveyo a eſtas duas galeacutes Sarpando entre hŭas Ilhas
Vieyrtom5pag 326) (Poucos dias antes que Sarpaſſe a Armada Jacintho Freyre liv4 sect 83)
rarrMoraes e Silva SARPAacuteR vn naut Levantar vg sarpar a ancora
rarrLaudelino Freire SARPAR vrv Cast zarpar O mesmo que zarpar ldquoSarpou a corvetardquo
(Latino Coelho) ZARPAR vrv Cast zarpar Naacuteut O mesmo que sarpar (tr dir)2 Lus
Enganar abusar da boa feacute de em proveito proacuteprio (tr dir) 3 Fugir partir (intr)
rarrAureacutelio Sarpar Verbo intransitivoVerbo transitivo circunstancial 1Desus V zarpar As
galeacutes de Castela havia meses ancoradas no Tejo sarparam tenderam velas e demandaram a
barra (Antero de Figueiredo Leonor Teles p 229)Zarpar-[Do gr exarpaacutezein levantar
(acircncora) pelo lat exharpare e pelo it ant sarpare atual salpare] Verbo intransitivoVerbo
151
transitivo circunstancial 1Levantar acircncora fazer-se ao mar partir Quantas vezes em
pequeno ao contemplar o oceano e ao ver os navios que zarpavam barra afora senti o
impulso ardente de Sindbad o Mariacutetimo (Sousa Bandeira Evocaccedilotildees e Outros Escritos p
56) [Var (ant) sarpar] 2Bras V fugir (1 e 2) 3Bras Ir partir
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
E vendo o inimigo que todas as capitanias estavam juntas e tatildeo perto dacuteelles nos deitaram
aquella nojte aacutes 10 horas 3 navios de fogo um ficou sentado na arecirca que natildeo pocircde sahir e
os 2 sahiram mas quiz Deos que vimos vir uma vela e entendendo que fugiam comeccedilaacutemos
todos a sarpar []
desconhecido (1885) [1625] RELACcedilAtildeO VERDADEIRA DE TODO O SUCCEDIDO NA
RESTAURACcedilAtildeO DA BAHIA DE TODOS OS SANTOS DESDE O DIA EM QUE PARTIRAM
AS ARMADAS DE S M ATEacute O EM QUE EM A DITA CIDADE FORAM ARVORADOS SEUS
ESTANDARDES ETC [A00_0700 P 512]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaristas apresentam sarpar como termo naacuteutico Origem
espanhola lt francesa
Ficha 140
Sejar V Ciar (T Naut)
______________________________________________________________________
rarrCunha sejar natildeo consta
rarrBluteau Natildeo consta
rarrMoraes e Silva SEJAR v at Ceiar remar o navio de sorte que o faccedila voltar para hum
lado remando os remeiros de hum lado para vogarem aacute vante e outros para traz Vieira
ldquosaber vogar quando se haacute de ir a diante e sejar quando se haacute de dar voltardquo
rarrLaudelino Freire natildeo consta
rarrAureacutelio natildeo consta sejar consta ciar1 [Do esp ciar poss] Verbo intransitivo1Remar para
traacutes 2P ext Mover-se para traacutes [Cf siar e cear]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente Moraes apresenta sejar como termo que remete ao universo naacuteutico
Aureacutelio presenta ciar e natildeo sejar Origem natildeo encontrada
Ficha 141
Siar va Ciar (T Naut) Na Volateria Cerrar a ave as azas em aferrando a relegrave para baixar
com ella mais depressa
______________________________________________________________________
rarrCunha siar vb bdquofechar (as asas) para descer mais depressa‟ XVIII De origem obscura
rarr Bluteau SIAR ou CIAR Termo de alta volateria Siar as azas na autoridade que ſe
ſegue parece quer dizer Fechar a ave as azas para cahir (Eu vi hum Accedilor afferrado a hūa
Abetarda dependurarſe agrave terra amp Siar as azas para a fazer vir ao chatildeo Arte da Caccedila pag28)
rarrMoraes e Silva SIAacuteR vatde Volater Siar a ave as azas he cerralas depois de afferrar a
releacute para cair com ella mais depressasect V Ceiar e Ceiavoga
rarrLaudelino Freire SIAR vtr dir fechar (as asas) para descer mais ragravepidamente
152
rarrAureacutelio Siar Verbo transitivo direto 1Fechar (as asas) para descer mais depressa[Cf ciar
e cear]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Nenhum dos dicionaacuterios apresenta siar como termo naacuteutico Origem
obscura
Ficha 142
Sirgideiras sf plur (T Naut) Entre nauticos corda para atracar a enxarcia
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau SIRGIDEIRAS (Termo de navio) Cordas para atracar a enxaacutercia Saotilde huns cabos
com huns moutotildees pequenos que ſervem de apertar de huns ouvens a outros Ha mais outras
Sirgideyras por bayxo das gaveas que ſervem do meſmo Natildeo temos palavra propria Latina
rarrMoraes e Silva SIRGIDEgraveIRAS sf naut pl Cordas para atracar a enxarcia
rarrLaudelino Freire SIRGIDEIRAS sf De sirgir + deira Corda proacutepria para enxaacutercia 2
O mesmo que serzideira
rarrAureacutelio natildeo consta
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Bluteau Moraes e Silva e Laudelino Freire apontam sirgideiras como termo
naacuteutico Origem natildeo encontrada
Ficha 143
Sobrecevadeira sf (T Naut) A vela que fica sobre a cevadeira
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo consta
rarrBluteau SOBRECEVADEIRA Veacutela pequena que ſe potildeem ſobre outra a que chamaotilde
Cevadeyra Vid Cevadeyra (Largue hū galhardete na Sobrecevadeyra CEVADEIRA Vela
pequena que ſe potildeem na proa Proclinati ad proram mali velum
rarrMoraes e Silva SOBRECEVADEgraveIRA sf Naut vela pequena
rarrLaudelino Freire SOBRECEVADEIRA sf De socircbre + cevadeira Naacuteut Pequena vela de
navio socircbre a cevadeira CEVADEIRA s f de cevar + deira Naacuteut Pequena vela suspensa
de uma vecircrga que atravessa horizontalmente o gurupeacutes
rarrAureacutelio natildeo consta sobrecevadeira 1- Cevadeira [De cevada + -eira] sf [] 2Marinh
Ant Verga de cevadeira 3Marinh Ant Vela quadrangular que envergava na verga do
mesmo nome por baixo do gurupecircs [Cf sevadeira] []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaristas apontam sobrecevadeira como termo naacuteutico
Origem portuguesa lt latina
153
Ficha 144
Sobregata sf (T Naut) Entre nauticos Vela que fica sobre a gata
______________________________________________________________________
rarrCunhasobregata natildeo consta
rarrBluteau Natildeo consta GATA[]Gata nos navios he a vela de cima da mezena
rarrMoraes e Silva natildeo consta Consta GAacuteTA sf Femea do gatosect t de Naacuteutico Vela de
cima da mezena
rarrLaudelino Freire SOBREGATA sf De socircbre + gata Naacuteut 1 Segunda vela do mastro
de mezena 2 Vecircrga correspondente a essa vela
rarrAureacutelio 1- Sobregata [De sobr(e)- + gata] s f 1Marinh O joanete do mastro da gata[]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Laudelino Freire e Aureacutelio apresentam o termo sobregata Origem
portuguesa lt latina
Ficha 145
Socairo sm Cabo amarra Ao socairo ao abrigo Em seguimento Para traz (T Naut) Entre
nauticos A regrave pela poppa do navio
______________________________________________________________________
rarrCunha socairo1 sm bdquo(Marinh) parte de um cabo‟ XVI Do cat socaire bdquo o que estica uma
corda‟ com influecircncia de Cairo
rarrBluteau SOCAIRO Ao Socayro Termo Nautico antiquado Val o meſmo que ao longo Ir
ao ſocayro da Fortaleza com barco ou navio Arcem vel nave legere ou radere (Outras
fuſtas que eſtavatildeo ao Socairo da Fortaleza Barros 4 Dec pag650) (Se abrigou com a
Armada de remo ao Socairo da naacuteo amp do Galeaotilde Lemos Cercos de Malaca 15 verſ) A regrave
pela poppa do navio
rarrMoraes e Silva SOCAacuteIRO sm (composto de so ou sob e cairo no fig por amarra)sect
Amarra de pogravepa Castan L3f66 ldquoos que levavatildeo a toa soltaratildeo com medo o socairo e a naacuteo
dera a costa se outros natildeo acodissem a tomar o socairordquosect Ao socairo ieacute agrave reacute por detraz da
poupa do navio Lemos Cerco de Malaca Fig ao socairo da fortaleza ieacute emparado com
ella por traz della Barros ir ao socairo de alguem ieacute seguindo-o sect Poacutede-se derivar talvez
da palavra Irlandeza socair que significa em posto abrigado do vento (Bullet Memoires surla
Langue Cellique Tom2 artigo soucair) PPer LIf133 ldquoretirar-se ao socairo de huma ponta
de ilha ou reciferdquo para detraz dellasect
rarrLaudelino Freire SOCAIRO sm Naacuteut O cabo que vai sobejando e se vai colhendo
quando se ala qualquer braccedilo tirador etc o cabo de ala e larga que vai saindo do cabrestante
Pela popa do navio 2 Correia cujas pontas se prendem aos canzeacutes dos carros e que serve
para ajudar a sustecirc-los nas descidas
rarrAureacutelio socairo1 [Do cat socaire] Substantivo masculino1Marinh A parte de um cabo
que depois de dar volta a um cabrestante guincho cabeccedilo etc eacute aguentada agrave matildeo para ir
sendo colhida ou largada segundo as necessidades da manobra Pela popa do navio se faz a reacute
2Marinh A parte de um cabo que estaacute com volta em um cabeccedilo ou noutra peccedila fixa 3Correia
ou corda com que se sustecircm carros nas descidas
154
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Do porto de Olinda aacute ponta de Pero Cavarim satildeo quatro leguas Da ponta de Pero Cavarim
ao rio de Jaboatatildeo eacute uma legua em o qual entram barcos Do rio de Jaboatatildeo ao Cabo Santo
Agostinho satildeo quatro leguas o qual cabo estaacute em oito graacuteos e meio Ao socairo deste cabo
da banda do norte podem surgir naacuteos grandes quando cumprir onde tem boa abrigada Do
Cabo ateacute Pernambuco corre-se a costa norte sul
GABRIEL SOARES DE SOUSA (1938) [1587] ROTEIRO GERAL COM LARGAS
INFORMACcedilOtildeES DE TODA A COSTA DO BRASIL (PRIMEIRA PARTE - PROEMIO)
[A00_0176 p 30]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam socairo como termo naacuteutico Origem
castelhana
Ficha 146
Sumeas sf plu (T Naut) As taboas com que se repara o leme
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo constam Ximeas e Sumeas Chuacutemeas sfpl bdquopeccedilas de madeira com que se
consertam os mastros estalados‟1873 chuacutembeas 1813 Provavemente do aacuter jāmalsquoacirc na var
chuacutembeas deve ter havido influecircncia de CHUMBO
rarrBluteau SUMEAS de leme ou maſto
rarrMoraes e Silva SUMEAS sf pl Naut Taboas com que o leme se refaz e repara BPer
rarrLaudelino Freire SUacuteMEAS sf pl Naacuteut Peccedilas de madeira com que se conserta ou
fortifica o leme CHUacuteMEAS sfpl Naacuteut Pedaccedilo de madeira cavada em uma das faces que se
aplica ao longo de um mastro de uma verga etc para reforccedilaacute-lo por meio de braccediladeiras de
ferro ou de arreataduras
rarrAureacutelio Sumeas Substantivo feminino plural 1V chuacutemeasChuacutemeas [Do aacuter a(t) da raiz juntar agrupar] Substantivo feminino plural1Mar Peccedilas de
madeira com que se consertam os mastros estalados [Var chuacutembeas suacutemeas]
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam sumeas como termo naacuteutico Origem
aacuterabe
T
Ficha 147
Tamborete sm Cadeira rasa Tamboretes (entre Nauticos) satildeo as peccedilas que fechatildeo os
mastros na coberta de cima
______________________________________________________________________
rarrCunha tambor sm bdquo(Muacutes) instrumento de percussatildeo‟XV atanbor XIII atambor XIV
Do ar attanbucircr tamborETE sm bdquo(Marinh) orig peccedila de madeira que arremata o mastro na
coberta de cima‟ XVI bdquoext banqueta‟ XVIII
155
rarrBluteau Tamboretes (Termo de navio) ſaotilde huns paos amp taboas que fechatildeo o maſtro na
cuberta de cima amp levaotilde dous paos a que antigamente chamavatildeo Poſquetes amp hoje Enoras
para atochar o maſtro
rarrMoraes e Silva TAMBORETES satildeo peccedilas de taboas que fechatildeo o mastro na coberta de
cima e levatildeo dois paacuteos ditos antigamente posquetes e hoje enoras de atochar o mastro
Couto 6921 ldquocortou-lhe o masto pelos tamboretesrdquo
rarrLaudelino Freire Tamboretes s m pl Naacuteut Conjunto de peccedilas destinadas a garantir a
seguranccedila e verticalidade dos mastros e a impedir que as aacuteguas se infiltrem por ecircsse conduto
rarrAureacutelio tamborete (ecirc) [Do fr tabouret com infl de tambor] Natildeo consta como termo
naacuteutico
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
arrebentou o masto do traquete pelos tamboretes de que sentimos muita fortuna e
amainaacutemos a vela e fomos correndo ao som do mar ateacute que foi de dia
PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE
SOUSA [A00_0078 p 33]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente o dicionaacuterio Aureacutelio natildeo apresenta tamborete como termo naacuteutico
Origem francesa lt aacuterabe
Ficha 148
Trinca sf Entre nauticos voltas de hum cabo que se faz fixo no talhamar do gurupes No
jogo da garatuza tres cartas do mesmo valor
______________________________________________________________________
rarrCunha Trincar vb bdquoapertar comprimir‟ bdquocortar com os dentes‟ bdquocomer mastigar‟ XVI
De origem incerta talvez alteraccedilatildeo do a fr tringler tingler bdquounir as taacutebuas de uma
embarcaccedilatildeo‟ deriv do a escandinavo tengja bdquounir atar‟trinca2
sf bdquocabo naacuteutico‟ XVI
trinca 3
sf bdquoarranhatildeo dentada‟ XX trinco sm bdquotranqueta com que se trancam portas‟ XVI
Dev de trincarTrecircs num bdquo3 III‟ Do lat trēs Do lat trēcěntos trinca1
sf bdquoreuniatildeo de trecircs
coisas semelhantes‟ XVI
rarrBluteau TRINCA (Termo de navio) Trincas ſaotilde as que atracatildeo o gurupeacutes amp vem a fazer
fixo ao talhamar Poacuter a nao agrave trinca ou porſe agrave trinca (Se puzeratildeo agrave Trinca Barros 4
Decpag 45) (Por conſelho do Piloto payrou agrave Trinca Lucena Vida de Xavier 67)
rarrMoraes e Silva TRIacuteNCA sf Naut Trincas do goropeacutes satildeo voltas de hum cabo que o
vem fazer fixo no talhamarsect Pograver a nau aacute trinca ou pograver-se a trinca pairar aacute trinca ieacute agrave capa
com a proa ao vento e as velas levantadas Couto 431 bdquose pozeratildeo agrave trinca batendo-a
rijamenterdquo Amaral c9 ldquopozeratildeo-se os inimigos agrave trinca para concertarem o galeatildeo ou lanccedilar
ferrordquo VF Mend c6r princip sect Na garatuza trinca satildeo 3 cartas do mesmo valor
rarrLaudelino Freire TRINCA sf Esp Trinca Mar Volta de cabo para fixar alguma peccedila
do navio
rarrAureacutelio trinca3 [Do esp trinca] s f 1Constr Nav Corrente ou cabo forte que prende o
gurupeacutes ao beque
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Fazendo negravevoa taotilde eʃpeʃʃa que ʃe naotilde vejatildeo os navios toquem os tambores deʃparem a
eʃpaccedilos algũs moʃquetes amp ʃiguaotilde o caminho que antes levava a Capitana Se ella durando a
negravevoa quiʃer virar tiraragrave huatilde peʃʃa amp os Galleoẽs do comboy faraacuteotilde o meʃmo em carregando
156
o leme antes de darem por davante Pondoʃe agrave trinca tirar agrave duas peszligas juntas a que
reʃponderagraveotilde tambem com duas os navios de guerra
FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 55]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam trinca como termo naacuteutico Origem
incerta
Ficha 149
Troccedila sf (T Naut) Entre nauticos Cabo com que se seguratildeo as entenas nos mastros
______________________________________________________________________
rarrCunha [] De origem obscura troccedila sf bdquozombaria‟ 1881 Dev de troccedilar []
rarrBluteau natildeo consta
rarrMoraes e Silva TROacuteCcedilA sf Cabo com que as entennas se seguratildeo no mastro
rarrLaudelino Freire TROCcedilA sf Mar Cabo que segura as antenas no mastro
rarrAureacutelio troccedila [Dev de troccedilar] s f1V zombaria 2V graccedila (6) 3Bras Pacircndega farra
4Bras Vida devassa5Pop Ajuntamento (de pessoas) multidatildeo
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Somente Moraes e Silva e Laudelino Freire apresentam troccedila como termo
naacuteutico Origem obscura
V
Ficha 150
Vela sf (T Naut) Entre nauticos O panno do navio que se abre ao vento para o fazer
navegar Rolo de cera espermacete ou cebo com pavio para alumiar Sentinellavigia Fig
Embarcaccedilatildeo
______________________________________________________________________ rarrCunha [] Do lat vēlumvelEIRO adj sm bdquodiz-se de ou navio que anda agrave vela‟
rarrBluteau Vela de navio Panno grande que preſo nas vergas amp aberto recebe o vento amp
faz andar o navio Velum i Neut Cic A vela meſtra ou a vela do maſto Grande Velum
fummi mali maximum caacutetion que alguns Autores de Diccionarios potildeesm neſte lugar natildeo ſe
acha em Autores Latinos amp Roberto Eſteves mostra que ateacute no Grego natildeo eſtagrave ce a
ſignificaccedilatildeo deſta palavra neſte ſentido []
rarrMoraes e Silva sf Vela do navio o panno de treu que se abre ao vento e serve para
impellir o navio communicando o impulso do vento aos mastros[]
rarrLaudelino Freire sf Lat velum Naacuteut Pano largo de linho ou de outro qualquer tecido
que se desfralda ao longo dos mastros ou das vergas para receber a accedilatildeo do vento em virtude
da qual eacute impelida a embarcaccedilatildeo2 Embarcaccedilatildeo movido por um conjunto decircsses panos []
157
rarrAureacutelio vela1
[Do lat vela pl de velu veacuteu] sf 1Marinh Peccedila de lona ou de brim
destinada a recebendo o sopro do vento impelir embarcaccedilotildees ou movimentar moinhos [Sin
no sing ou no pl pano] []
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq
Saacutebado 10 dias do dito mecircs agraves quatro horas depois de meo-dia surgimos no porto da ilha da
Gomeira Em terra tomei o sol em 28 graos e um quarto Ali corregemos o leme 29-
A00_0078txtN 3^a feira 13 de Dezembro no quarto de alva nos fizemos agrave vela com vento
nordeste faziacuteamos o caminho do sul e a quarta do sudoeste 4^a feira 14 do dito mecircs ao
meo-dia tomei o sol em 26 graos e um quarto
PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE
SOUSA [A00_0078 p 29]
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam vela como termo naacuteutico Origem
portuguesa lt latina
Ficha 151
Vergueiro sm cabo de pagraveo das talhadeiras dos ferreiros (T Naut) Entre nauticos Cabo
dobrado no laiz com huns moutotildees que com huma volta em torno da pega grande finca os
moutotildees no bdquoagrave do‟ gavea Pedaccedilo de cabo com huma alccedila em cada chicote que serve no estaes
para algumas manobras Cadecirca de ferro que anda em hum arganegraveo do leme com hum pedaccedilo
de cabo grosso com que se atraca o leme quando se quebra a cana delle
______________________________________________________________________
rarrCunha verga sf bdquovara flexiacutevelXIII virga XIIIDo lat virga []verguEIRO sm
bdquovergasta‟ 1813
rarrBluteau Natildeo consta
rarrMoraes e Silva VERGUEgraveIRO sm Cabo de paacuteo em cujo extremo os ferreiros cravatildeo as
suas talhadeiras
rarrLaudelino Freire VERGUEIRO sm De vecircrga + eiro Vergasta verdasca vara 2
Cabo de pau que se crava nas talheiras rompedeiras e palmetas para natildeo se magoarem as matildeos
dos que trabalham com estes instrumentos Vergueiro da Peccedila sm Naacuteut Cabo grosso enfiado
nos olhais das falcas Vergueiros do Leme sm pl Naacuteut Cabos grossos ou cadeias de ferro
que prendem o leme pelos arganeacuteus do safatildeo Vergueiros do Pano sm pl Naacuteut Cabos
prolongados com as vecircrgas e encapelados nos laises
rarrAureacutelio vergueiro [De verga + -eiro] Substantivo masculino 1V verdasca 2Cabo de
madeira em alguns utensiacutelios de ferreiro 3Constr Nav Corrente ou cabo de arame que se
enfia nos balauacutestres da borda para resguardo da tripulaccedilatildeo 4Constr Nav Cabo de arame que
158
se enfia nos ferros de sustentaccedilatildeo do toldo ou vergalhatildeo preso ao longo de uma antepara ou
verga e no qual se amarram os fieacuteis do toldo ou do pano
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Moraes e Silva Laudelino Freire e Aureacutelio apresentam vergueiro como termo
naacuteutico Origem portuguesa lt latina
X
Ficha 152
Xaretas sfpl (T Naut) Entre nauticos redes de cordas aacute borda do navio para tolher a
entrada ao inimigo
______________________________________________________________________
rarrCunha xaretas sf bdquoant rede com que se cobria a tolda e o conveacutes das naus e galeotildees de
guerra‟ XVII Do aacuter vulg šarīta bdquocorda cinta‟ []
rarrBluteau XAcircRETA Vid Enxarcia (Pegados agraves Xaretas do bordo alto Oriente conquiſtado
part 2493) Deriva-ſe do Francez Charette que quer dizer Carro []
rarrMoraes e Silva XAREgraveTAS sf Naut Redes de corda que acompanhatildeo o bordo do navio
para impedir a entrada ao inimigo Amaral4
rarrLaudelino Freire XARETA sf Ar xarita Recircde com que se impede a abordagem de um
navio 2 Recircde de pescar
rarrAureacutelio xareta (ecirc) [Do aacuter (t) cordel]Substantivo feminino1Ant Mar G
Rede com que se cobriam a tolda e o conveacutes das naus e galeotildees de guerra por ocasiatildeo dos
combates para dificultar aos assaltantes a entrada a bordo nas abordagens2Rede de pescar
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico
______________________________________________________________________
Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam xareta como termo naacuteutico Origem aacuterabe
Ficha 153
Ximeas sf plur (TNaut) v Sumeas
Sumeas sf plu (T Naut) As taboas com que se repara o leme
______________________________________________________________________
rarrCunha natildeo constam Ximeas e Sumeas Chuacutemeas sfpl bdquopeccedilas de madeira com que se
consertam os mastros estalados‟1873 chuacutembeas 1813 Provavemente do aacuter jāmalsquoacirc na var
chuacutembeas deve ter havido influecircncia de CHUMBO
rarrBluteau XIMEA Couſa de navio( Neceſſitava a Capitania de Ximeas nos maſtos Britto
viagem do Braſil 160)
rarrMoraes e Silva XIMEA sf V Sumea T Naut SUMEAS sf pl Naut Taboas com que
o leme se refaz e repara BPer
rarrLaudelino Freire natildeo consta
rarrAureacutelio Natildeo constam Ximeas e Sumeas Chuacutemeas [Do aacuter a(t) da raiz juntar agrupar]Substantivo feminino plural 1Mar Peccedilas de madeira com que se consertam
os mastros estalados [Var chuacutembeas suacutemeas ximeas]
159
rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta
______________________________________________________________________
Comentaacuterios De todos os dicionaacuterios consultados soacute Laudelino Freire natildeo lista esse lexema
Os demais dicionaristas classificam o termo como naacuteutico ou mariacutetimo Origem duvidosa
(aacuterabe)
Apoacutes selecionar os termos naacuteuticos constituiacutemos 153 fichas lexicograacuteficas
elaboradas juntamente a consultas em 5 dicionaacuterios e ainda a 1 Banco de Dados referente ao
portuguecircs brasileiro da eacutepoca do Brasil Colocircnia Passemos no proacuteximo capiacutetulo agrave anaacutelise dos
dados
160
Capiacutetulo 5
161
Capiacutetulo 5 ndash Anaacutelise e discussatildeo dos dados
Apoacutes selecionarmos os termos naacuteuticos presentes no Diccionario de Lingua
Brasileira preenchermos as 153 fichas lexicograacuteficas ndash elaboradas junto agrave pesquisa em cinco
dicionaacuterios e em um banco de dados de liacutengua portuguesa do Projeto DHPB composto de
textos escritos nos seacuteculos XVI XVII e XVIII ndash acompanhadas de abonaccedilotildees classificaccedilotildees
gramaticais e comentaacuterios passemos agrave anaacutelise quantitativa e discussatildeo dos resultados
51 Quanto agrave classificaccedilatildeo gramatical dos termos
Conforme jaacute relatado organizamos um corpus de unidades lexicais do domiacutenio da
terminologia naacuteutica com 153 termos constituiacutedo de 117 substantivos 3 adjetivos 32 verbos
e 1 adveacuterbio que satildeo entradas no Diccionario de Lingua Brasileira editado por Luiz Maria da
Silva Pinto na cidade de Ouro Preto em 1832 Os substantivos se destacam com 7647 de
dados os adjetivos por sua vez totalizam 196 dessas entradas os verbos 2092 e o
adveacuterbio com 065 de nossos dados terminoloacutegicos Abaixo apresentamos em tabela a
distribuiccedilatildeo conforme a classificaccedilatildeo morfoloacutegica dos dados analisados
TABELA 1
Classificaccedilatildeo morfoloacutegica dos dados analisados
Classe Gramatical Nuacutemero de unidades lexicais Percentual
Substantivo 117 7647
Adjetivo 003 196
Verbo 032 2092
Adveacuterbio 001 065
TOTAL 153 10000
Destacam-se a seguir as unidades leacutexicas classificadas como
Substantivos rarr aba abotoadora accedilafratildeo alcaxas aldrope alforje almeida amura
amurada anrique arruelas avencadura barcolas barquilha bastardo beque
bigotas bolinete bombordo botalos braccedilo braga bragueiro brandaes briol
buccedilardas burra cabresto cacholascalabre calabrote calafeto calcez calma
calmaria carlinga carregadeiras cevadeira chapeleta chapiteo chaveta cheleira
cifa cinta clara colhedores contrapunho cordas cossouro costa cunho curva
curvatatildeo cutelo driccedila embono embornal encalamento enfrechadura enora
envergues escoa escoteira escotilha escouves estibordo estiva estribos estrinca
162
garrucha gaacutevea gio guinada lais leme leva liame linguete maccedilame madre
majarrona malaquetas michelos molhelha moucarrotildees nabo orthodomia ostaes
ostagas palomas palomba patelha pinccedilote pontal ponte porca rabada rabeca
resbordo rumo salema sapatilho sirgideiras sobrecevadeira sobregata socairo
sumeas trinca troccedila vela vergueiro xaretas ximea peacute dormentes tamboretes
estribordo
Adjetivos rarr banzeiro escatelado naacuteutico
Verbos rarr abroquelar agarruchar alestar arfar arriar barbear bracear canjar
ciar-se cifar cruzar desaferrar desancorar descahir dobrar embonar encapelar
encodar-se envergar escacear escorrer ferrar folgar guinar iccedilar pairar
palmejar proejar salamear sarpar sejar siar
Adveacuterbio rarr dlsquoavante
52 Quanto agrave forma e o gecircnero dos termos naacuteuticos do DLB
Em se tratando dos 117 substantivos o gecircnero masculino se sobressai com 55
ocorrecircncias o que corresponde a 47 dos dados presentes em nosso corpus O gecircnero
feminino aparece com 53 dos dados somando 62 ocorrecircncias
Todas as 3 unidades leacutexicas cujas classificaccedilotildees morfoloacutegicas indicam adjetivos
apresentam-se no gecircnero masculino correspondendo a 196 dos dados presentes em nosso
corpus
Tanto os substantivos quanto os adjetivos soacute ocorreram em sua forma simples A
quantificaccedilatildeo total dos dados quanto ao gecircnero eacute destacada na TABELA 2 apresentada a
seguir
TABELA 2
Classificaccedilatildeo do gecircnero dos dados analisados
Classe Gramatical Masculino Feminino
Substantivo 55 (47) 62 (53)
Adjetivo 03 (196) -----
163
53 Quanto ao nuacutemero de unidades lexicais presentes em obras de referecircncia
Verificamos que 152 das 153 unidades lexicais se encontram dicionarizadas em
pelo menos uma das obras escolhidas como base de referecircncia neste trabalho embora parte
delas natildeo tenha a marca terminoloacutegica ldquotermo naacuteutico A fim de termos ideia do nuacutemero de
vocaacutebulos que constam em cada um dos cinco dicionaacuterios pesquisados e ainda consultando o
nuacutemero de ocorrecircncias no banco de dados do Projeto DHPB fizemos um levantamento
quantitativo que eacute apresentado no graacutefico a seguir
111
134
152146
130
79
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
Cunha
Bluteau
Morais
Laudelino
Aureacutelio
DHPB
GRAacuteFICO 1 Nuacutemero de unidades lexicais encontradas em cada dicionaacuterio e no banco de dados
O GRAacuteFICO 1 mostra em nuacutemeros absolutos quantas unidades lexicais entre as
153 dicionarizadas constam em cada dicionaacuterio a) a barra azul mostra que 111 vocaacutebulos
foram encontrados no Dicionaacuterio Etimoloacutegico de Antocircnio Geraldo da Cunha o que
corresponde a 7254 dos 153 vocaacutebulos dicionarizados b) o dicionaacuterio de Raphael de
Bluteau representado em barra verde corresponde a 134 unidades lexicais entre aquelas
dicionarizadas o que representa 8758 desse total c) Antocircnio de Moraes e Silva
representado pela barra marrom eacute aquele que mais apresenta em suas paacuteginas unidades
lexicais constantes do grupo das dicionarizadas com 152 unidades lexicais o que representa
9934 do total de vocaacutebulos d) o dicionaacuterio de Laudelino Freire representado pela barra
amarela apresenta 146 unidades lexicais o que corresponde a 9542 do total analisado e) o
dicionaacuterio de Aureacutelio Buarque de Hollanda Ferreira apontado no graacutefico pela barra de cor
vermelha apresenta 130 unidades lexicais entre aquelas dicionarizadas o que representa um
percentual de 8496 Por uacuteltimo apoacutes exaustiva consulta ao Banco de Dados do Projeto
164
DHPB verificamos a presenccedila de 79 unidades leacutexicas (5163) correspondentes agravequelas
selecionadas em nosso corpus para esta pesquisa
No quadro que apresentamos abaixo podemos identificar quais satildeo as unidades
lexicais presentes em cada dicionaacuterio e tambeacutem no Banco de Dados do Projeto DHPB
TABELA 3
Quadro comparativo dos termos naacuteuticos39
Bluteau Moraes e Silva Laudelino Aureacutelio DHPB
aba aba aba aba aba
abotoadura abotoadura abotoadura abotoadura abotoadura
abroquelar abroquelar abroquelar abroquelar
accedilafratildeo accedilafratildeo accedilafratildeo accedilafratildeo accedilafratildeo
agarrochar agarruchar agarrochar agarruchar agarruchar
alcaxas alcaxas alcaxas
aldrope aldroacutepe aldrope aldrope
alestar alestar alestar
alforge alforge alforge alforge alforge
almeida almeida almeida almeida almeida
amugravera amura amura amura
amuradas amuraacuteda amurada amurada amurada
anrique anriacuteque anrique anrique
arfar arfar arfar arfar arfar
arriar arriar arriar arriar arriar
arruelas arrueacutellas arruela arruela arruela
avencadura avencadura avencadura avencadura
banzeiro banzegraveiro banzeiro banzeiro banzeiro
barbear barbeacutear barbear barbear barbear
barcolas barcoacutelas barcolas
barquiacutelha barquilha
bastardos bastaacuterdo bastardo bastardo bastardo
beque beque beque beque beque
bigota bigoacutetas bigotas bigota
bolinete bolinegravete bolinete bolinete bolinete
bombordo bombordo bombordo bombordo bombordo
botalos botaloacutes botaloacutes botaloacute
braceacutear bracear bracear
braga braga braga braga braga
bragueiro bragueiro bragueiro bragueiro
brandaes brandaes brandal brandal brandaes
brioes brioacutees briol briol
buccedilardas buccedilardas
burra buacuterra burra burra
39
Salientamos que os termos destacados em negrito satildeo encontrados nos dicionaacuterios mencionados poreacutem natildeo
apresentam acepccedilatildeo naacuteutica ou natildeo nos remetem ao universo mariacutetimo Os espaccedilos em branco representam
ausecircncia da unidade lexical no dicionaacuterio e no DHPB
165
cabresto cabregravesto cabrestos cabresto cabresto
cachoacutela cachogravela cachola cachola
calabre calaacutebre calabre calabre calabres
calabrote calabroacutete calabrote calabrote calabrotes
calafeto calafegraveto calafeto calafeto calafeto
calcecircz calcegravez calcecircs calcecircs
calma caacutelma calma calma calma
calmaria calmaria calmaria calmaria calmaria
canjaacuter canjar
carlinga carlinga carlinga carlinga
carregadeiras carregadeiras carregadeira carregadeira
cevadeira cevadegraveira cevadeira cevadeira cevadeira
chapeleta chapeleta chapeleta chapeleta
chapiteo chapiteo chapiteacuteu chapiteacuteo
chaveta chavegraveta chavecircta chaveta chavetas
cheleira cheleira
ciar ciar-se ciar ciar ciar
cifa cifa cifa
cifar cifaacuter cifar
cintas cinta cintas cinta
clara clara clara clara
colhedocircres colhedores colhedores colhedor
contrapunho contrapuacutenho contrapunho contrapunho
cordas cordas corda corda cordas
cossouros cossograveuros cossouro cossouro
costa coacutesta costa costa costa
cruzar cruzar cruzar cruzar cruzar
cunhos cunhos cunhos cunho
curva cuacutervas curva curva curvas
curvatatildeo curvatatildeo curvatatildeo curvatatildeo
cutelos cugravetelos cutelos cutelo
davante davante d‟avante
desaferrar desaferrar desaferrar desaferrar desaferrar
desancorar desancoraacuter desancorar desancorar
descahir descahir descair descair descahir
dobrar dobraacuter dobrar dobrar dobrar
dormentes dormegraventes dormente dormente dormentes
driccedila driccedila driccedila driccedila driccedilas
embocircno embograveno embono embono
embornal embornagravel embornal embornal embornaes
encalamentos encalamentos encalamento
encapellar encapellaacuter encapelar encapelar encapelar
encodaacuter-se encodaacuter-se
enfrechadura enfrechadura enfrechadura enfrechadura
enoras enograveras enora enora
envergar envergar envergar envergar
envergues enveacutergues envergues envergues
166
escacear escacear escassear escassear escacear
escatelado escatelaacutedo escatelado escatelarado
escoas escograveas escoa escoa escoas
escorrer escorrer escorrer escorrer escorrer
escoteiras escoteira escoteira escoteira escoteira
escotilha escotilha escotilha escotilha escotilha
escouves escouves escouves escouvem
estibordo estibordo estibordo estibordo estibordo
estiva estiva estiva estiva estiva
estribos estribos estribo estribo estribo
estribograverdo estribordo
estrinca estrinca
ferrar ferrar ferrar ferrar ferrar
folgar folgar folgar folgar folgar
garrucha garruacutecha garruchas garrocha
gaacutevea gaacutevea gaacutevea gaacutevea gaacutevea
gio gio gio gio
guinada guinada guinada guinada guinada
guinar guinar guinar guinar guinar
iccedilar iccedilar iccedilar iccedilar iccedilar
lais laacuteis lais lais lais
leme leme leme leme leme
leva leva leva leva
liame liame liame liame liame
linguete linguete linguete lingueta
maccedilame maccedilagraveme maccedilame
madre madre madre madre
majarrona majarrona majarrona
malaquetas malaqueta malaqueta
michegravelos michelos
molhelha molhelha molhelhas molhelha
moucarrotildees moucarrotildees moucarratildeo
nabo nabo nabo nabo
naacuteutico naacuteutico naacuteutico naacuteutico naacuteutico
orthodromia orthodomia ortodromia
ostais ostaacutees ostaes ostaes
ostagas ostaacutegas ostaga ostaga ostagas
pairar pairaacuter pairar pairar pairar
palmejar palmejar palmejar
palomas palomas palomas paloma
palomba palomba palomba
patelha pategravelha patelha patelha
pinccedilote pinccedilote pinccedilote pinccedilote
pontal pontal pontal pontal pontal
ponte ponte ponte ponte ponte
porca porca porca porca porca
proejar proejar proejar proejar
167
rabada rabada rabada rabada rabada
rabeca rabeca rabeca rabeca rabeca
resbordo resbordo resbordo resbordo resbordo
rumo rumo rumo rumo rumo
salamear salamear
salema salema salema
sapatilhos sapatilhos sapatilhos sapatilhos
sarpar sarpaacuter zarpar sarpar sarpar
sejar
siar siar siar siar
sirgideiras sirgideiras sirgideiras
sobrecevadeira sobrecevadegraveira sobrecevadeira
sobregata sobregata
socairo socairo socairo socairo socairo
sumeas suacutemeas suacutemeas sumeas
trinca trinca trinca trinca trinca
troacuteccedila troccedila troccedila
vela vela vela vela vela
verguegraveiro vergueiro vergueiro
xacircreta xaregravetas xareta xareta xareta
ximea ximea ximea
braccedilo braccedilo braccedilo braccedilo
peacute peacute peacute peacute peacute
tamboretes tamboretes tamboretes tamboretes tamboretes
embonar embonaacuter embonar embonar
168
54 Descriccedilatildeo e Comparaccedilatildeo de dados
Das unidades lexicais referentes aos termos naacuteuticos que compotildeem nosso corpus
encontramos correspondentes em vaacuterios dicionaacuterios como jaacute salientamos em 51 Dessas
apresentamos em nuacutemero no graacutefico seguinte as que se destacam como termo naacuteutico
50
123
146136
105
56
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
Cunha
Bluteau
Morais
Laudelino
Aureacutelio
DHPB
GRAacuteFICO 2 Nuacutemero de unidades lexicais destacadas como termo naacuteutico
a) Dos 153 termos que constituem nosso corpus o Dicionaacuterio Etimoloacutegico de Cunha registra
50 unidades leacutexicas como termo naacuteutico correspondendo a 3267 aldrope almeida amura
amurada beque barcola bigota bolinete bombordo brandal briol calabre calabrote
calcecircs calma calmaria carlinga ciar desancorar dormente embornal escatelado escoa
escoteira escotilha escouves estibordo estiva estribordo gaacutevea gio lais leme majarrona
naacuteutico ostaes ostaga paloma palomba pontal ponte rumo zarpar socairo sumeas
trinca vela xaretas peacute tamborete
b) O dicionaacuterio de Bluteau registra 123 dos termos naacuteuticos constantes no Diccionario da
Liacutengua Brasileira o que corresponde a 8039 a saber abotoadura accedilafratildeo alcaxas
aldrope almeida amura amuradas anrique arfar arriar arruelas avencadura banzeiro
barbear barcolas bastardos beque bigota bolinete bombordo botalos braccedilos braga
bragueiro brandaes brioes buccedilardas burra cabresto cacholas calabre calabrote calcez
calma calmaria carlinga carregadeiras cevadeira chapeleta chapiteo chaveta cifar
cintas clara colhedores contrapunho cordas cossouros costa cruzar cunhos curva
curvatatildeo cutelos davante desaferrar desancorar descair dobrar dormentes driccedila
embonar embono embornal encalamentos encapelar enfrechadura enoras envergues
169
escacear escatelado escoas escorrer escoteiras escotilha escouves estibordo estiva
estribos ferrar gaacutevea gio guinada guinar iccedilar lais leme leva liame linguete maccedilame
madre malaquetas nabo naacuteutico orthodromia ostais ostagas pairar palomas patelha
pinccedilote pontal ponte porca proejar rabada resbordo rumo salamear salema sapatilho
sarpar sirgideiras sobrecevadeira socairo suemas trinca vela xareta ximea peacute
tamboretes
c) Encontramos 146 unidades leacutexicas comuns ao nosso corpus dicionarizadas como termos
naacuteuticos na obra de Moraes e Silva correspondendo a 9542 abotoadura accedilafratildeo
agarruchar alcaxas aldrope alestar almeida amura amurada anrique arfar arriar
arruelas avencadura banzeiro barbear barcolas barquilha bastardo beque bigotas
bolinete bombordo botalos bracear braccedilo braga bragueiro brandaes brioacutees buccedilardas
burra cabresto cacholas calabre calabrote calafeto calcez calma calmaria canjar
carlinga carregadeiras cevadeira chapeleta chapiteo chaveta cheleira ciar-se cifa cifar
cinta clara colhedores contrapunho cordas cossouros costa cruzar cunhos curvas
curvatatildeo cutelo davante desaferrar desancorar descair dobrar dormentes driccedila
embonar embono embornal encalamentos encapelar encodar-se enfrechadura enora
envergar envergues escassear escatelado escoa escorrer escoteira escotilha escouves
estibordo estiva estribos estribordo estrinca ferrar folgar garrucha gaacutevea gio guinada
guinar iccedilar lais leme levaliame linguete maccedilame madre majarrona malaqueta
michelos moucarrotildees nabo naacuteutico orthodomia ostaes ostagas pairar palmejar
polomas palomba patelha pinccedilote pontal ponte porca proejar rabada resbordo rumo
salamear salema sapatilho sarpar sejar sirgideiras sobrecevadeira socairo sumeas
trinca troccedila vela vergueiro xaretas ximea peacute tamboretes
d) Entre as 153 unidades o dicionaacuterio de Laudelino Freire contabiliza 136 termos naacuteuticos o
que corresponde a 8888 abotoaduras abroquelar accedilafratildeo agarruchar alcaxas aldrope
alforjes almeida amura amurada anrique arfar arrear arruela avencadura banzeiro
barcolas barquilha bastardo beque bigotas bolinete bombordo botalos bracear braccedilo
braga bragueiro brandal briol burra cabrestos cachola calabre calabrote calafeto
calcez calma calmaria carlinga carregadeira cevadeira chapeleta chapiteacuteu chaveta
cheleira ciar cifar cintas clara colhedores contrapunho cossouro costa cruzar cunho
curvas curvatatildeo cutelos desaferrar desancorar descair dobrar dormente driccedila embonar
embono encalamento encapelar encodar-se enfrechadura enora envergar envergues
escassear escatelado escoa escorrer escoteira escotilha escouves estibordo estiva
estribo estribordo estrinca ferrar garruchas gaacutevea gio guinada guinar iccedilar lais leme
170
leva liame madre majarrona malaqueta michelos molhelhas moucarrotildees nabo naacuteutico
ostaes ostaga pairar palmejar palomas palomba patelha pinccedilote pontal ponte porca
proejar rabada rabeca resbordo rumo salemasapatilho sarpar sirgideiras
sobrecevadeira sobregata socairo sumeas trinca troccedila vela vergueiroxareta peacute
tamboretes
e) Dos 153 termos que constituem nosso corpus o Novo Dicionaacuterio Aureacutelio da Liacutengua
Portuguesa registra 105 unidades leacutexicas como termo naacuteutico correspondendo a 6862 dos
dados abotoaduras aldrope almeida amura amurada anrique arfar arriar banzeiro
barbear bastardo beque bigota bolinete bombordo botaloacute bracear braccedilo braga
brandal briol burro cabresto calabre calabrote calcecircs calma calmaria carlinga
carregadeira cevadeira chapeleta chaveta ciar cinta clara colhedor contrapunho corda
costa cruzar cunho curva curvatatildeo cutelodesancorar descair dobrar dormente driccedila
embonar embono embornal encapelar enfrechadura enora envergar envergues
escatelado escoa escoteira escotilha escouves estibordo estiva estribo ferrar garrocha
gaacutevea gio guinada guinar iccedilar lais leme leva linguete madre majarrona molhelha
nabo ortodromia ostaes ostaga pairar palomba patelha pinccedilote pontal ponte proejar
resbordo rumo sapatilho sarpar sobregata socairo sumeas trinca vela vergueiro
xareta ximea peacute tamboretes
f) O Banco de Dados do Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI
XVII XVIII registra 56 unidades leacutexicas (366) com significado que remetem ao mundo da
navegaccedilatildeo amuradas arfar arriar arruela avencadura banzeiro barbear beque
bombordo brandaes cabresto calabrecircs calabrotes calafeto calma calmarias cevadeira
chapiteo chavetas cordas ciar costa cruzar curvas dlsquoavante descahir dobrar
dormentes driccedilas embornaes encapelar escacear escoas escotilha estibordo estiva
ferrar gaacutevea guinada guinar iccedilar lais leme liames maccedilamenaacuteutico ostagas pairar
rabada resbordo rumo sarpar socairo vela tamboretes trinca
55 Sobre a marca de uso ldquotermo naacuteuticordquo
551 Variaccedilatildeo no Diccionario de Lingua Brasileira
As unidades do corpus em anaacutelise satildeo marcadas como (t naut) 117 ocorrecircncias
correspondendo a 765 dos dados (entre naacuteuticos) 21 ocorrecircncias ou 138 dos dados (t
naacuteutico) 9 ocorrecircncias contabilizando 59 (t nau) 1 ocorrecircncia o que correponde a 06
171
do total dos dados analisados Contabilizamos ainda 5 unidades lexicas ou 32 que natildeo
recebem marcas de uso mas vemos pela definiccedilatildeo que satildeo termos naacuteuticos a saber palomas
barquilha proejar naacuteutico vela
IMAGEM 9 Unidades lexicais natildeo marcadas como termo naacuteutico
552 Variaccedilatildeo em outros dicionaacuterios
Completada a verificaccedilatildeo da marca terminoloacutegica no Diccionario de Lingua
Brasileira resolvemos observar a terminologia naacuteutica adotada nos outros dicionaacuterios
utilizados nesta pesquisa como referecircncia As unidades do corpus satildeo marcadas nessas obras
como i) em Bluteau rarr termo de navegantes termo de navio termo de marinhagem termo
naacuteutico termo de barqueiros ii) em Moraes e Silva rarr termo de naacuteutica na naacuteutica termo
naacuteutico entre os nautas entre barqueiros iii) em Laudelino Freire rarr termo da naacuteutica
termo de navegaccedilatildeo termo de navegaccedilatildeo fluvial termo da marata ou marinha iv) em
Aureacutelio rarr termo da marinha (23 termos) termo da marinhagem (60 termos) termo naacuteutico
(01 termo) termo de construccedilatildeo naval (31 termos) Encontramos em todas essas obras
citadas algumas unidades que natildeo recebem marcas de uso mas vemos pela definiccedilatildeo que
pertencem ao universo naacuteutico
Como termo naacuteutico Aureacutelio marca somente a unidade lexical rumo Para esse
lexicoacutegrafo a marca terminoloacutegica marinhagem refere-se aos conhecimentos naacuteuticos
desenvolvidos e sistematizados pelos navegadores portugueses desde o Infante D Henrique
ateacute os fins do seacuteculo XVII Tais conhecimentos foram depois muito ampliados e
aprofundados e passaram a constituir a ciecircncia e a arte da navegaccedilatildeo sobre aacutegua denominada
172
naacuteutica De acordo com o mesmo dicionarista a marca terminoloacutegica marinha significa
ldquoaquilo que diz respeito ao serviccedilo de bordo dos navios agrave atividade de marinheiro agrave
navegaccedilatildeo por mar ou ainda conjunto de navios ou forccedilas navais ou por marrdquo Jaacute a marca
construccedilatildeo naval diz respeito agrave arte de construir navios e a marca naacuteutico eacute relativo a
marinheiro navegante e nauta por sua vez dizem respeito agrave navegaccedilatildeo Aureacutelio natildeo
classificou as unidades lexicais cruzar desancorar e sarpar e outras receberam mais de uma
classificaccedilatildeo
56 Quanto agrave origem
Para elucidar a origem dos termos como jaacute mencionamos no Capiacutetulo 3
consultamos o Dicionaacuterio Etimoloacutegico de A G Cunha poreacutem quando o termo natildeo constava
nesse dicionaacuterio lanccedilamos matildeo do Houaiss (2001) e se as palavras remetiam ao universo
aacuterabe do vocabulaacuterio de Sousa amp Moura intitulado Vestigios da Lingoa Arabica em Portugal
ou Lexicon Etymologico das palavras e nomes portuguezes que tem origem araacutebica
publicado em 1830 e impresso em ediccedilatildeo fac siacutemile em 2004
Quantificaccedilatildeo Total ndash quanto agrave origem dos termos naacuteuticos
a) Aacuterabe 07
b) Catalatildeo 02
c) Espanhol 16
d) Francecircs 23
e) Grego 01
f) Inglecircs 02
g) Italiano 11
h) Portuguesa 55
i) Provenccedilal 01
j) Onomatopaica 01
k) Incerta 28
l) Natildeo encontradas 06
173
a Termos de origem aacuterabe
Accedilafratildeo (do ar Az-zafaran cf Cunha 1982)
Alforge (do ar al-hurg cf Cunha 1982)
Almeida (Sousa amp Moura 1830)
Cifa (do ar satildeifa cf Cunha 1982)
Cifar (do ar satildeifacirc cf Cunha 1982)
Salamear (do ar salama cf Sousa amp Moura 1830)
Xaretas (do ar vulgar šarīta cf Cunha 1982)
b Termos de origem catalatilde
Brandaes (do catalatildeo brandal cf Cunha 1982)
Escoa (do catalatildeo escoa cf Cunha 1982)
c Termos de origem espanhola
Anrique (castelhano lt neerlandesa cf Cunha 1982)
Arriar (castelhano lt latim cf Cunha 1982)
Barcolas (espanhol lt latim cf Cunha 1982)
Barquilha (espanhol lt latim cf Cunha 1982)
Briol (castelhanoltfrancesa cf Cunha 1982)
Ciar-se (castelhano cf Cunha 1982)
Embonar (castelhano cf Cunha 1982)
Embono (castelhano cf Cunha 1982)
Garrucha (castelhano Cunha 1982)
MajarronaBujarrona (castelhano lt latim baacuterbaro cf Cunha 1982)
Ostagas (castelhano lt germacircnico cf Cunha 1982)
Patelha (espanhol cf Aureacutelio 2004)
Pinccedilote (castelhano cf Houaiss 2001)
Rumo (castelhano lt latim lt grego cf Cunha 1982)
Socairo (castelhano cf Cunha 1982)
Sarparzarpar (castelhano lt francesa lt latim tardio lt grego cf Cunha 1982)
d Termos de origem francesa
Abotoadura (do antigo francecircscf Cunha 1982)
Abroquelar (do antigo francecircscf Cunha 1982)
Arruela (do antigo francecircs lt latimcf Cunha 1982)
Avencadura (do antigo francecircs lt escandinavo antigo cf Cunha 1982)
Bastardo (do antigo francecircscf Cunha 1982)
174
Beque (do francecircs lt latimcf Cunha 1982)
Bolinete (do francecircs moulinet cf Cunha 1982)
Bombordo (do francecircs bacircbord lt neerlandecircs bakboord cf Cunha 1982)
Calabre (do antigo francecircs caable lt latim tardio cf Cunha 1982)
Calabrote (do antigo francecircs caable lt latim tardio cf Cunha 1982)
Carlinga (do francecircs carlingue lt escandinavo kerling cf Cunha 1982)
Chapeleta (lt antigo francecircs chapel cf Cunha 1982)
Escotilha (do antigo francecircs escoute (coute) derivado do goacutetico skautcf Cunha
1982)
Escoteira (do francecircs escoute lt goacutetico skaut cf Cunha 1982)
Enfrechadura (do francecircs fleche lt germacircnico cf Cunha 1982)
Estibordo (do francecircs antigo estribord lt neerlandecircs stierboord cf Cunha 1982)
Estribo (do antigo francecircs estriviegravere lt germacircnico cf Cunha 1982)
Estribordo (do francecircs antigo estribord lt neerlandecircs stierboord cf Cunha 1982)
Iccedilar (do francecircs hisser lt neerlandecircs hijsen cf Cunha 1982)
Ostaiestai (do antigo francecircs estaie lt germacircnico cf Cunha 1982)
Rabeca (do francecircs rebec lt antigo francecircs rebebe lt aacuterabe rābab cf Cunha 1982)
Resbordo (do francecircs ribord cf Cunha 1982)
Tamboretes (do francecircs tambouret cf Cunha 1982)
e Termos de origem grega
ortodromia
f Termos de origem inglesa
Aldrope (Do inglecircs guide-ropecf Cunha 1982)
Estrinca (Do inglecircs string cf Laudelino Freire 1949)
g Termos de origem italiana
Calma (lt latina cf Cunha 1982)
Calmaria (lt latina cf Cunha 1982)
Calafeto (aacuterabe lt latim vulgar cf Cunha 1982)
Calcez (latim tardio lt latim lt grego cf Cunha 1982)
Driccedila (lt francecircs cf Aureacutelio 2004)
Encodar-se (cf Moraes e Silva 1813)
Estiva (lt latim cf Cunha 1982)
Gaacutevea (lt latim cf Cunha 1982)
Linguete (lt latim cf Cunha 1982)
175
Palomas (do italiano meridional cf Cunha 1982)
Palomba (do italiano meridional cf Cunha 1982)
h Termos de origem portuguesa
Amura (ltlatina cf Cunha 1982)
Amurada (ltlatina cf Cunha 1982)
Banzeiro (ltlatina cf Cunha 1982)
Barbear (ltlatina cf Cunha 1982)
Bigotas (lt latina cf Cunha 1982)
Bracear (ltlatina cf Cunha 1982)
Braccedilo (ltlatina cf Cunha 1982)
Braga (ltlatina cf Cunha 1982)
Bragueiro (ltlatina cf Cunha 1982)
Burra (ltlatina cf Cunha 1982)
Cabresto (ltlatina cf Cunha 1982)
Carregadeiras (ltlatina cf Cunha 1982)
Cevadeira (ltlatina cf Cunha 1982)
Chaveta (ltlatina cf Cunha 1982)
Cinta (ltlatina cf Cunha 1982)
Clara (ltlatina cf Cunha 1982)
Colhedor (ltlatina cf Cunha 1982)
Contrapunho (ltlatina cf Cunha 1982)
Corda (latina lt grega cf Cunha 1982)
Costa (ltlatina cf Cunha 1982)
Cruzar (ltlatina cf Cunha 1982)
Cunho (ltlatina cf Cunha 1982)
Curva (ltlatina cf Cunha 1982)
Curvatatildeo (ltlatina cf Cunha 1982)
Cutelo (ltlatina cf Cunha 1982)
D‟avante (ltlatina cf Cunha 1982)
Desaferrar (ltlatina cf Cunha 1982)
Desancorar (latina lt grega cf Cunha 1982)
Descahir (ltlatina cf Cunha 1982)
Dobrar (ltlatina cf Cunha 1982)
Dormente (ltlatina cf Cunha 1982)
176
Encapelar (ltlatina cf Cunha 1982)
Enora (ltlatina cf Cunha 1982)
Envergar (ltlatina cf Cunha 1982)
Envergues (ltlatina cf Cunha 1982)
Escacear (ltlatina cf Cunha 1982)
Escorrear (ltlatina cf Cunha 1982)
Ferrar (ltlatina cf Cunha 1982)
Folgar (ltlatina cf Cunha 1982)
Leva (ltlatina cf Cunha 1982)
Liame (ltlatina cf Cunha 1982)
Madre (ltlatina cf Cunha 1982)
Naacuteutico (latina lt grega cf Cunha 1982)
Nabo (ltlatina cf Cunha 1982)
Palmejar (ltlatina cf Cunha 1982)
Pontal (ltlatina cf Cunha 1982)
Ponte (ltlatina cf Cunha 1982)
Porca (ltlatina cf Cunha 1982)
Proejar (ltlatina cf Cunha 1982)
Rabada (ltlatina) cf Cunha 1982
Sobrecevadeira (ltlatina cf Cunha 1982)
Sobregata (ltlatina cf Cunha 1982)
Vela (ltlatina cf Cunha 1982)
Vergueiro (ltlatina cf Cunha 1982)
Peacute (ltlatina cf Cunha 1982)
i Termos de origem provenccedilal
Pairar (lt latim cf Cunha 1982)
j Termo de origem onomatopaica
Botalos (Houaiss 2001)
k Termos de origens controvertida incerta duvidosa obscura
Aba (de origem duvidosa (latim) cf Cunha 1982)
Agarruchar (de origem duvidosa (ceacuteltico) cf Cunha 1982)
Alcaxas (de origem controvertida cf Houaiss 2001)
Alestar (de origem obscura cf Cunha 1982)
Arfar (de origem duvidosa (latim vulgar) cf Cunha 1982)
177
Buccedilardas (origem controvertida cf Bluteau 1712)
Cachola (origem duvidosa (latim vulgar) cf Cunha 1982)
Canjar (origem duvidosa (italiana) cf Houaiss 2001)
Cossouro (de origem obscura cf Cunha 1982)
Embornal (de origem incerta (italiana) cf Cunha 1982)
Escatelado (de origem controvertida cf Cunha 1982)
Escouves (de origem incerta (castelhana) cf Cunha 1982)
Gio (de origem obscura cf Cunha 1982)
Guinar (de origem obscura cf Cunha 1982)
Guinada (de origem obscura (anglo saxatildeo) cf Cunha 1982)
Lais (de origem obscura cf Cunha 1982)
Leme (de origem obscura cf Cunha 1982)
Malaqueta (de origem obscura cf Houaiss 2001)
Michelos (de origem obscura cf Houaiss2001)
Molhelha (de origem controvertida (catalatildeo) cf Aureacutelio 2004)
Moucarratildeo (de origem obscura cf Aureacutelio 2004)
Salema (de origem obscura cf Cunha 1982)
Sapatilhos (de origem duvidosa (turco) cf Cunha 1982)
Siar (de origem obscura cf Cunha 1982)
Sumeas (de origem duvidosa (aacuterabe) cf Cunha 1982)
Trinca (de origem incerta (antigo francecircs lt antigo escandinavo cf Cunha 1982)
Troccedila (de origem obscura cf Cunha 1982)
Ximeas (de origem duvidosa (aacuterabe) cf Cunha 1982)
l Termos de origens natildeo encontradas
Chapiteo
Cheleira
Maccedilame
Encalamentos
Sejar
Sirgideiras
Observando os resultados expostos acima vimos que a predominacircncia entre as
origens dos termos eacute Portuguecircs lt Latim com 55 unidades lexicais Isso corresponde a
3595 das ocorrecircncias totais Em segundo lugar destacam-se os termos de origem
178
controvertida incerta duvidosa e obscura satildeo 28 termos o que corresponde a 1831 do
total de dados Os nomes de origem francesa figuram em terceiro lugar com 23 ocorrecircncias
ou 1503 do total dos dados Em seguida em quarta posiccedilatildeo temos os nomes de origem
espanhola com 16 ocorrecircncias ou 1046 do total dos dados Os nomes de origem italiana
estatildeo em quinto lugar com 11 dados ou 719 do total dos termos analisados Os termos
aacuterabes contabilizam 07 ocorrecircncias ou 458 do total dos dados Em quantidade menor temos
os termos em catalatildeo (02 ocorrecircncias 130 do total de dados) em inglecircs (02 ocorrecircncias
130 do total de dados) em grego (01 ocorrecircncia 065 do total de dados) em provenccedilal
(01 ocorrecircncia 065 do total de dados) e de origem onomatopaica (01 ocorrecircncias 065
do total de dados) Alguns termos (06 ocorrecircncias 393 do total de dados) natildeo tiveram suas
origens apontadas por nenhuma obra que consultamos Satildeo eles chapiteo cheleira maccedilame
encalamentos sejar sirgideiras
Por se tratar de uma heranccedila portuguesa toda a terminologia naacuteutica presente no
Diccionario de Lingua Brasileira se restringe em sua maior parte como podemos ver a
termos oriundos da Europa
Passemos no proacuteximo capiacutetulo agraves Consideraccedilotildees finais
179
Capiacutetulo 6
180
Capiacutetulo 6 ndash Consideraccedilotildees finais
Esta dissertaccedilatildeo teve como objetivo realizar um estudo do leacutexico correspondente agrave
terminologia naacuteutica presente no Diccionario da Lingua Brasileira publicado por Luiz
Maria da Silva Pinto proprietaacuterio da Typografia de Silva na cidade mineira de Ouro Preto no
ano de 1832
Tivemos como objetivos especiacuteficos estudar as origens dos termos naacuteuticos
conferir se os termos selecionados se encontravam presentes em obras lexicograacuteficas de
referecircncia nos seacuteculos XVIII XIX XX e se os mesmos mantiveram seus significados e
ainda se constavam como ldquotermos naacuteuticosrdquo consultar o corpus do Projeto DHPB CNPq
(composto por documentos e textos da eacutepoca colonial) com o objetivo de verificar se os
termos constantes no Diccionario da Lingua Brasileira integraram no passado o nosso
leacutexico verificar se a terminologia naacuteutica presente no Diccionario da Lingua Brasileira
descreve a realidade brasileira nessa aacuterea ou se faz parte desse dicionaacuterio somente com o
objetivo de enriquecer nosso leacutexico apontar os termos naacuteuticos do dicionaacuterio Aureacutelio ndash seacuteculo
XXI comparar esses termos com o primeiro dicionaacuterio impresso no Brasil ou seja o
Diccionario da Lingua Brasileira verificando se houve manutenccedilatildeo expansatildeo ou mudanccedila
nesse leacutexico de especialidade contribuir para o desenvolvimento da investigaccedilatildeo histoacuterica na
aacuterea da Terminologia disponibilizando um estudo da aacuterea de especialidade devidamente
analisado
Nosso interesse em pesquisar a terminologia naacuteutica nesse dicionaacuterio que se
intitula o primeiro dicionaacuterio da liacutengua brasileira pautou-se nas seguintes questotildees i) Quais
seriam os primeiros termos que fizeram parte de um dicionaacuterio brasileiro ii) Eles se mantecircm
ainda na liacutengua ou seja satildeo dicionarizados Essa terminologia fazia parte realmente do leacutexico
brasileiro da eacutepoca ou era ldquoidealrdquo que fizesse
Aleacutem de termos naacuteuticos o DLB marca termo anatomico termo de bombeiros
termo de architectura termo de geometria termo meacutedico termo militar termo de artilheria
termo de fortificaccedilatildeo termo forense termo familiar termo juriacutedico termo methaphysico
termo mythologico termo de pintura termo plebeu termo vulgar termo baixo Nosso
interesse se voltou para os termos naacuteuticos por serem esses os de maiores ocorrecircncias na obra
estudada Analisamos 153 unidades leacutexicas terminoloacutegicas sendo 117 substantivos 3
adjetivos 32 verbos e 2 adveacuterbios
Apoacutes leitura da obra seleccedilatildeo de termos construccedilatildeo do corpus e anaacutelise dos dados
constatamos que os substantivos se destacam com 7647 dos dados os adjetivos com 196
181
e os adveacuterbios com 065 Surpreendeu-nos a quantificaccedilatildeo dos verbos 2092 em valores
numeacutericos 32 nuacutemero expressivo em se tratanto de leacutexico especializado Desses verbos o
Dicionaacuterio Aureacutelio Seacuteculo XXI traz somente 17 arfar arriar barbear bracear ciar-se
cruzar descair dobrar embonar encapelar envergar ferrar guinar iccedilar pairar proejar
sarpar Consultando o Banco de Dados do PDHPB contamos 14 desses verbos arrolados
arfar arriar barbear ciar cruzar descahir dobrar encapelarescacear ferrar guinar
iccedilar pairar sarpar Todos esses termos conforme podemos constatar dicionarizados
tambeacutem pelo Aureacutelio com exceccedilatildeo de bracear embonar envergar guinar proejar Isso nos
leva a pensar que em se tratando da realidade brasileira Silva Pinto apresentou um nuacutemero
bem maior de verbos com a marca de uso ldquonaacuteuticosrdquo
Interessante tambeacutem eacute observar que os termos naacuteuticos que satildeo inseridos na obra
de Luiz Maria da Silva Pinto satildeo muito superiores quase trecircs vezes ao nuacutemero que o Banco
de Dados consultado aponta 56 termos Contemporaneamente essa marca terminoloacutegica
tambeacutem eacute menor jaacute que o Aureacutelio registra 105 termos naacuteuticos Observamos ainda variaccedilotildees
na marca de uso ldquotermo naacuteuticosrdquo o que indica sub-especialidades nessa aacuterea jaacute na eacutepoca do
Brasil colocircnia Nossa anaacutelise mostra que a terminologia apontada por Silva Pinto natildeo
retratava satisfatoriamente a realidade da eacutepoca nem se manteacutem totalmente hoje
No que se refere agrave origem constatamos a predominacircncia de nomes de origem
portuguesa 3595 das ocorrecircncias totais Em se tratando de base europeia bastante
representativos tambeacutem foram os termos de origem francesa espanhola e italiana Em
segundo lugar contabilizamos os nomes de origens incerta controvertida duvidosa e obscura
com 1831 de ocorrecircncias Acreditamos que esse iacutendice alto de palavras de origem natildeo
identificada se deve ao fato de muitos desses termos que retratam equipamentos artefatos
processos ou teacutecnicas da navegaccedilatildeo terem sido cunhados em um paiacutes e usados em outros por
pessoas na maioria das vezes quase sem nenhuma escolaridade como eacute o caso de muitos
marinheiros Natildeo encontramos nenhum termo naacuteutico de origem americana de liacutenguas
indiacutegenas caribenhas ou preacute-colombianas natildeo encontramos tambeacutem termos hiacutebridos nem
africanos
Entatildeo em se tratando da terminologia naacuteutica como se justifica uma obra se
intitular Diccionario da Lingua Brasileira se natildeo identifica nem descreve os termos de sua
eacutepoca Conforme Biderman (1994 p 27) os dicionaacuterios devem ser uma espeacutecie de porta-
voz da sociedade falar em nome dela e reunir em sua nomenclatura o repertoacuterio lexical em
uso na sua sociedade e da forma pela qual ela usualmente se exprime Inserindo-nos no
periacuteodo histoacuterico da publicaccedilatildeo do dicionaacuterio isto eacute dez anos apoacutes a Independecircncia do Brasil
182
em uma sociedade que comeccedilava a discutir a questatildeo da ldquoliacutengua brasileirardquo acreditamos que
Luiz Maria da Silva Pinto brasileiro mas de formaccedilatildeo lusitana detentor de ideologias
historicamente contruiacutedas quis contribuir com a constituiccedilatildeo da sociedade brasileira
acreditando que fornecer um leacutexico de origem europeia ou ldquobem formadordquo era seu dever
como brasileiro culto e proprietaacuterio de uma tipografia Com base em nosso estudo podemos
dizer que seu dicionaacuterio eacute prescritivista
Neste ainda iniacutecio de seacuteculo quando a lexicografia contemporacircnea passou a ver
o dicionaacuterio de liacutengua sob outra oacutetica40
atribuindo isso ao reconhecimento de seu verdadeiro
papel que eacute o de registrar a norma lexical que impera em uma sociedade41
acreditamos que
os resultados de nossa anaacutelise trazem elementos para a histoacuteria da lexicografia e da
terminologia brasileira jaacute que passamos a conhecer um pouco mais o seu iniacutecio estudando
uma obra que como mostramos em 14 natildeo eacute o primeiro Diccionario da Lingua Brasileira
mas eacute o primeiro dicionaacuterio impresso no Brasil
40
BIDERMAN 1994 p 28 41
Ibidem
183
Referecircncias
184
Referecircncias
ARAUacuteJO P M B Hum diccionario sem auctor versus hum auctor com diccionario Rio de
Janeiro Non Edictandi 2009
BABINI M Do conceito agrave palavra os dicionaacuterios onomasioloacutegicos Satildeo Paulo Ciecircncia e
Cultura (SBPC) v 2 2006 p 38-42
BARROS L A Conhecimentos de terminologia geral e praacutetica tradutoacuteria Satildeo Paulo
NovaGraf 2007
BARROS L A Curso baacutesico de Terminologia Satildeo Joseacute do Rio Preto Editora UNESP
2009
BIDERMAN M T C A formaccedilatildeo e a consolidaccedilatildeo da norma lexical e lexicograacutefica no
Portuguecircs do Brasil in Histoacuteria do saber lexical e constituiccedilatildeo de um leacutexico brasileiro JH
NUNES e M PETTER (Org) Satildeo Paulo Humanitas Campinas Pontes 2002
BIDERMAN M T C A nomenclatura de um dicionaacuterio de liacutengua In Anais do Seminaacuterio
do Grupo de Estudos Linguiacutesticos (Gel) Satildeo Paulo v1 n23 24-42 1994
BIDERMAN M T C As Ciecircncias do Leacutexico In Ana Maria Pinto de Olveira Aparecida
Negri Isquerdo (Orgs) As Ciecircncias do Leacutexico Lexicologia Lexicografia Terminologia
Campo Grande Ed UFMS 1998
BIDERMAN M T C Dimensotildees da Palavra In Filologia e Linguiacutestica Portuguesa n 2 p
81-118 1981
BIDERMAN M T C Teoria Linguiacutestica teoria lexical e linguiacutesitica computacional Satildeo
Paulo Martins Fontes 2001
BIDERMAN M T C Unidades complexas do leacutexico In Rio-Torto G Figueiredo O M
Silva F (orgs) Estudos em Homenagem ao Professor Doutor Maacuterio Vilela 1ordf ed Porto
Portugal Faculdade de Letras da Universidade do Porto 2005 v II p 747-757 Disponiacutevel
em httplerletrasupptuploadsficheiros4603pdf
BIDERMAN MTC A estrutura mental do leacutexico In Estudos de Filologia Satildeo Paulo T A
QueirozEDUSP p131-145 1981
BIDERMAN Maria Teresa Camargo Leacutexico testemunho de uma cultura In Anais do XIX
Congresso internacional de Linguiacutestica e Filologia Romacircnica Santiago de Compostela 49
de setembro de 1978
BLUTEAU R Vocabulario Portuguez e Latino Coimbra Companhia de JESUS 1712
BOXER C R O Impeacuterio Mariacutetimo Portuguecircs Satildeo Paulo Companhia das Letras 2002
BUENO E Brasil Terra agrave vista Porto Alegre LGPM 2003
BYNON T Historical Linguistics London CUP 1977
185
CABREacute M T Importancia de la terminologiacutea en la fijacioacuten de la lengua Revista
internacional de liacutengua portuguesa Lisboa Editorial Notiacutecias n 15 jul 96 p9-24
CABREacute M T La terminologia Teoria Metodologia Aplicacio-nes Barcelona
AntaacutertidaEmpuacuteries 1993
CABREacute M T Lexicologia y variacioacuten hacia um modelo integrado In Simpoacutesio
Iberoamericano de Terminologia RITERM 1996
CABREacute M Teresa 1999 La terminologiacutea ndash representacioacuten y comunicacioacuten Barcelona
IULA Universitat Pompeu Fabra
CAacuteCERES F Histoacuteria do Brasil Satildeo Paulo Modernas 1993
COHEN M A A M A liacutengua do seacuteculo XVII e a liacutengua contemporacircnea In Anais do XI
Encontro Internacional da ALFAL Las Palmas (Gram Canaacuteria) 1996
CORREIA M Terminologia e morfologia marcas morfoloacutegicas da geacutenese do vocabulaacuterio da
Naacuteutica em portuguecircs Disponiacutevel em lthttpwwwiltecptpdfwpapers2004-mcorreia-
barcelonapdfgt Acesso em 20 Abr 2011
COSERIU E Sincronia diacronia e histoacuteria O problema da mudanccedila linguiacutestica Rio de
Janeiro Presenccedila Satildeo Paulo EDUSP 1979
COSTA FILHO M A Imprensa Mineira no Primeiro Reinado Rio de Janeiro [sn] 1955 62p (Tese apresentada ao VI Congresso Nacional de Jornalistas)
CUNHA A G da Dicionaacuterio Etimoloacutegico da Liacutengua Portuguesa 3ordf ediccedilatildeo 2ordf impressatildeo
Rio de Janeiro Lexikon Editora Digital 2007
CUNHA A G da Dicionaacuterio Etimoloacutegico Nova Fronteira da Liacutengua Portuguesa 2ordf ediccedilatildeo
Rio de JaneiroNova Fronteira 1987
DIAS L F BEZERRA M A Gramaacutetica e Dicionaacuterio In GUIMARAtildeES E
ZOPPIFONTANA (Orgs) Introduccedilatildeo agraves Ciecircncias da Linguagem ndash A Palavra e a Frase
Campinas Pontes Editores p 11-37 2006
ESQUADRA Disponiacutevel em lthttpwwwgooglecombrsearch3Fq3D2522Marinha
2BImperial2BBrasileiragt Acesso em 1 Abr 2011
ESQUIVEL F M C La lexicografia em las variedades no estaacutendar Jaeacuten- Espanha Editora
da Universidade de Jaeacuten 2001
FARACO C A Linguiacutestica histoacuterica Satildeo Paulo Aacutetica 1991
FAULSTICH E Princiacutepios formais e funcionais de variaccedilatildeo em terminologia Seminaacuterio de
Terminologia Teoacuterica Barcelona Espanha 28-29 de jan 1999
FERREIRA A B de H Novo Dicionaacuterio Eletrocircnico Aureacutelio versatildeo 50 Satildeo paulo Nova
Fronteira 2003 CD-ROM
186
FERREIRA A B de H Novo Dicionaacuterio Rio de Janeiro Nova Fronteira 1987
FINATTO M J B Introduccedilatildeo agrave Terminologia teoria e praacutetica Satildeo Paulo Contexto 2004
FREIRE L Grande e Noviacutessimo Dicionaacuterio da Liacutengua Portuguesa 1ordf ediccedilatildeo 1ordf impressatildeo
Rio de Janeiro Editocircra A Noite SA 1939 ∕ 1944
FREITAS M A Teixeira Os Serviccedilos Estatiacutesticos do Estado de Minas Gerais Revista
Brasileira de Estatiacutestica Ano I nordm 1 janmar 1940 p108-130
GUILBERT L La creativiteacute lexicalie Paris Larousse 1992
HAENSCH G WOLF L ETTINGER S WERNER R La lexicografia ndash de la linguiacutestica
teoacuterica a la lexicografia praacutectica Madrid Gredos 1982
HOUAISS A Dicionaacuterio Houaiss da liacutengua Portuguesa Rio de Janeiro Objetiva 2001
In OLIVEIRA Ana M P P de e ISQUERDO Aparecida N (orgs) As ciecircncias do leacutexico
lexicologia lexicografia terminologia Campo GrandeMS Editora da UFMS 1989 p 129-
149
ISQUERDO A N ALVES I M As ciecircncias do Leacutexico Lexicologia Lexicografia
Terminologia v3 Campo Grande Editora da UFMS 2007
KRIEGER M da G Do reconhecimento de terminologias entre o linguiacutestico e o textual In
IS QUERDO AN amp KRIEGER MG As Ciecircncias do Leacutexico 2 UFMS UFRGS Campo
GrandePorto Alegre 2006
KRIEGER M da G FINATTO Maria J B Introduccedilatildeo agrave Terminologia teoria amp praacutetica
Satildeo Paulo Contexto 2004
LEPSCHY J Leacutexico Enciclopeacutedia Einaudi linguagem e enunciaccedilatildeo v 2 Portugal
Imprensa Nacional-Casa da Moeda 1984
LORENTE M A lexicologia como ponto de encontro entre a gramaacutetica e a semacircntica In
ISQUERDO A N e KRIEGER MG As ciecircncias do leacutexico vol II Campo Grande Editora
UFMS 2004
MAPA Disponiacutevel em lthttpacademiagoianadeletrasorgmembroluiz-maria-da-silva-
pintogt Acesso em 1 abr 2011
MARINHA IMPERIAL Disponiacutevel em lthttpwwwmarmilbrdiversosArtigos_
selecionadosDocumentosmarinha_imperialpdfgt Acesso em 25 Abr 2011
MATOREacute G La meacutethode en lexicologie Domaine franccedilais Paris Didier 1953
MINEIRO A Uma abordagem lexical da Terminologia Naacuteutica no PE In Actas do IX
Simpoacutesio ibero-americano de Terminologia Barcelona Barcelona Espanha 2006
187
MURAKAWA C A (1998) Tradiccedilatildeo lexicograacutefica em liacutengua portuguesa Bluteau Moraes
e Vieira In OLIVEIRA AMPP amp ISQUERDO A N (orgs) As ciecircncias do leacutexico
lexicologia lexicografia terminologia v3 Campo Grande Editora da UFMS 2007
MURAKAWA C A A Dicionaacuterio Histoacuterico do Portuguecircs do Brasil um modelo de
dicionaacuterio Histoacuterico In ALVES Ieda Maria e Lino Maria Tereza (Org) Revista de
Filologia e Linguiacutestica Portuguesa Satildeo Paulo FFLCHUSP 2010 v 12 p 329-349
MURAKAWA C de A A Empreacutestimo linguiacutestico interno um estudo sobre o vocabulaacuterio
da naacuteutica portuguesa In Histoacuteria da Liacutengua e Histoacuteria da Gramaacutetica Actas do Encontro
Coleccedilacirco Poliedro 11 Braga Portugal Universidade do Minho Centro de Estudos
Humaniacutesticos 2002
MUSSALIM F BENTES A C (Orgs) Introduccedilatildeo agrave Linguiacutestica 6 ed Satildeo Paulo Cortez
2001 v 1-2
NAVEGACcedilOtildeES Disponiacutevel em lthttpwwwgooglecombrsearchhl=ptgt Acesso em 1
Abr 2011
NEIVA A Estudos da liacutengua nacional Satildeo Paulo Brasiliana 1940
NUNES J H Dicionaacuterios no Brasil anaacutelise e histoacuteria do seacuteculo XVI ao XIX Campinas
Pontes 2006
NUNES J H Discurso e Instrumentos Linguiacutesticos no Brasil dos Relatos de Viajantes aos
Primeiros Dicionaacuterios Campinas UNICAMP tese de doutorado 1996
NUNES J H e PETTER M (Orgs) Histoacuteria do saber lexical e constituiccedilatildeo de um leacutexico
brasileiro Satildeo Paulo Humanitas 2002 p 29-30
NUNES J H Histoire Epistemologie Langage Satildeo Paulo Humanitas 2006
OGDEN C K RICHARDS I A The Meaning of Meaning Londres Routledge amp Kegan
Paul 1923
OLIVEIRA A M P O portuguecircs do Brasil brasileirismos e regionalismos Tese de
Doutorado -UNESP Araraquara Satildeo Paulo 1999
ORGANISATION INTERNATIONALE DE NOTMALISATION Terminologie ndash
Vocabulaire Genebra ISO 1990 (Norme Internationale ISO 1087 1990)
ORLANDI E P O Estado a Gramaacutetica a Autoria Relatos n 4 jun Campinas UNICAMP
1997
PAVEL S NOLET D Manual de Terminologia Trad de FAULSTICH Enilde Disponiacutevel
em ltwwwURL wwwtranslationbureaugccagt
PERES D Histoacuteria dos descobrimentos portugueses Lisboa Comissatildeo executiva das
comemoraccedilotildees do Quinto Centenaacuterio da morte do Infante D Henrique 1959
188
PIGAFETTA A A primeira viagem ao redor do mundo o diaacuterio da expediccedilatildeo de Fernatildeo de
Magalhatildees Porto Alegre LampPM 1985
PINTO Luiz Maria da Silva Diccionario da Lingua Brasileira Ouro Preto Typographia de
Silva 1832
REY A (dir) Dictionnaire historique de la langue franccedilaise 2 vols Paris Le Robert 1992
REY Alan A terminologia entre a experiecircncia da realidade e o comando dos signos Satildeo
Paulo Humanitas 2007
RODRIGUES A D Liacutenguas indiacutegenas 500 anos de descobertas e perdas DELTA
vol9 n 1 pp 83-103 1993
SAUSSURE F ldquoNatureza do signo linguiacutesticordquo In Curso de Linguiacutestica Geral Satildeo Paulo
Cultrix 1970 pp 79-84
SEABRA Maria Cacircndida Trindade Costa (Org) O leacutexico em estudo Belo Horizonte Editora
FALEUFMG 2006
SEABRA Maria Cacircndida Trindade Costa Dom Joatildeo VI e o iniacutecio da imprensa no Brasil e
em Minas Gerais In Revista do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Minas Gerais Belo
Horizonte Santaclara volume XXXI julho de 2008
SILVA NETO Serafim da Introduccedilatildeo ao estudo da Liacutengua Portuguesa no Brasil 3 ed Rio
de Janeiro Presenccedila 1976
SILVA Antonio de Moraes e Diccionario da Lingua Portugueza 2ordf ediccedilatildeo Lisboa
Typographia Laceacuterdina 1813
SILVESTRE J P O Vocabulario Portuguez e Latino principais caracteriacutesticas da obra
lexicograacutefica de Rafael Bluteau Artigo disponiacutevel em lt
httpclpdlcuaptPublicacoesvocabulario_principais_caracteristicaspdfgt Acesso em 25
abr 2011
SOUSA F J de MOURA F J de S A Vestiacutegios da liacutengua araacutebica em Portugal Lisboa
Academia Real das Sciencias 1830 (ed Fac-simile Lisboa Alcalaacute 2004)
TAUNAY A Inopia cientiacutefica e vocabular dos grandes dicionarios portuguezes Satildeo
Paulo Imprensa Oficial 1932 182 p
THEODORO J Pensadores exploradores e mercadores dos mares oceanos e continentes
Satildeo Paulo Scipione 1994
ULLMANN S The Principles of Semantics Glasgow Jackson amp Oxford Blackwell 1957
VALE B Estrateacutegia poder mariacutetimo e a criaccedilatildeo da Marinha do Brasil In Revista Navigator
Rio de Janeiro Serviccedilo de Documentaccedilatildeo Geral da Marinha n 4 dezembro de 1971 p 10
189
VEIGA J P X da Efemeacuterides mineiras Ouro Preto [sn] 1897 p 47-52
VEIGA J P X da Palavras preliminares Revista do Arquivo Puacuteblico Mineiro Ouro Preto
ano 1 fasc I p III e IV janmar 1896