8/14/2019 A Web 3.0 e a Teoria Integral do Conhecimento
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A WEB SEMNTICA E A TEORIA
INTEGRAL DO CONHECIMENTO
Prof. Alexandre Duarte
Mestrado em Comunicao & Imagem
Instituto de Artes Visuais, Design e Marketing
Fevereiro 2009
RESUMO:A internet, enquanto espao pblico e livre de publicao
e partilha de informao partiu sempre do bvio e elementar
princpio de que essa troca se faria sempre e apenas entre seres
humanos. Foi dessa permissa que ela se desenvolveu ao longo dos
tempos e foi tambm por isso que, de alguma forma, ela estagnou
na sua evoluo. No que esta tenha sido lenta ou sequer sofrido
algum revs, longe disso, mas ao ritmo que estvamos a ficar
habituados, digamos que ela no deu o to esperado salto. E
talvez o maior obstculo se deva exactamente ao facto da
informao ser, ainda hoje, produzida apenas para consumo
humano. Apesar de existirem j inmeras bases de dados com
significaes bastante definidas, a verdade que uma mquina
no consegue ainda navegar na web. Independentemente da
inteligncia artificial, que no agora chamada para caso, o futuro
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da internet passa pelo desenvolvimento de linguagens que
exprimam a informao de uma forma que as mquinas a possam
ler e processar e organizar. Este o princpio no qual assenta a
chamada web 3.0 ou web semntica, que iremos detalhar de
seguida.
Palavras-chave: internet; futuro; web semntica; comunicao:
interaco; transmisso de informao; conhecimento; teoria
integral; objectividade e subjectividade; quadrantes; linhas de
desenvolvimento;
Introduo: Como facilmente se percebe, o tema que aqui
resolvemos abordar no pacfico. Ainda bem. preciso provocar
sistematicamente a confuso. Isso gera Criatividade j dizia
Salvador Dali.
No pacfico, dizamos, desde logo porque se trata de um
assunto intangvel, imaterial, invisvel e depois, para piorar: de um
assunto do futuro. Ou seja, no apenas no se v, no se sente, no
se pode tocar, como existe apenas na base de suposies, de
previses, de tendncias, de ideias imaginadas.
Daqui, decorre imediatamente a questo da subjectividade vs.
objectividade devido anlise e deduo pessoal, individual, e
obrigatoriamente enviesada do autor, versus a interpretao,
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felizmente subjectiva, e dificilmente coerente e uniforme dos vrios
leitores.
Consequentemente, e porque a transmisso e, mais
importante, a interpretao da informao nunca , como sabemos,
tarefa simples e linear, dela resultam ou emergem constantemente
novas abordagens que importam aqui analisar.
Depois, porque a prxima gerao da internet, chamada de
web semntica, e sendo a Semntica a parte da lingustica que estuda o
significado das palavras e a evoluo do seu sentido, parece-nos particularmente
pertinente o seu estudo luz das temticas expostas nesta Unidade Curricular.
E finalmente, como corolrio desta j longa introduo,
porque afinal informao conhecimento, luz da Teoria Integral
do Conhecimento que analisaremos esta problemtica, e
tentaremos levantar um pouco o manto do ignorncia sobre esta
matria to pouco consensual.
Desenvolvimento: Quando, em 2006, num artigo publicado no
mundialmente famoso New York Times, o jornalista John Markoff
utilizou pela primeira vez o termo Web 3.0, apesar de
imediatamente compreendido e absorvido, esta expresso foi, com
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igual ou pior ardor, imediatamente rejeitada pela comunidade
virtual, principalmente pela blogosfera. Como refere o popular site
Wikipdia: () nos dirios virtuais de especialistas detratores, a
crtica mais comum a de que Web 3.0 nada mais do que a
tentativa de incutir nos internautas num termo de fcil assimilao
para definir algo que ainda nem existe. Alis, crticas idnticas j se
faziam Web 2.0.()
Mas mais importante que a questo da nomenclatura, o
tema de fundo: afinal, o que isso da web 3.0 ou web semntica?
Para o pai da World Wide Web, Tim Berners-Lee, um modo de
descrever coisas de maneira a que um computador possa perceber.Se a web 1.0
foi a internet meramente informativa e a actual web 2.0, a internet
participativa, a web 3.0 a internet inteligente, isto , uma forma de
internet baseada numa maior capacidade dos diversos softwares
disponveis para interpretar os contedos em rede, devolvendo
resultados cada vez mais objectivos e personalizados a cada nova
pesquisa do utilizador.
Naturalmente que o que est por trs lgica e no compreenso.
No entanto, a pergunta impe-se: estaremos ento perante uma
forma de inteligncia artificial mecnica, automatizada, capaz de
interpretar de forma lgica as diversas informaes?
Para Tim Berners-Lee, novamente, a resposta, simples: as
pginas actuais da Internet esto construdas para serem lidas
pelas pessoas, mas no por mquinas.Como consequncia,
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qualquer que seja a pesquisa, mais ou menos complexa, os
computadores devolvem resultados, mas so as pessoas que tm
sempre, em ltima anlise, de proceder filtragem da informao
devolvida, porque s elas que tem a capacidade para o fazer.
Com a web semntica, as pessoas e os computadores passam
a cooperar na explorao e atribuio de significado aos contedos
publicados na Internet e no desenvolvimento de tecnologias e
linguagens que colocam esse significado ao alcance das mquinas.
(no fundo, a web 3.0 afigura-se como a melhor soluo para ordenar o caos que
caracteriza actualmente a informao existente na net.)
Com isso, no ser de estranhar que os computadores
possam, num futuro prximo, ser instrudos para pesquisar e obter
resultados to complexos como apresentar a listagem de preos das
gasolineiras com mais de 8 postos de abastecimento, lavagem
automtica e cafetaria com Donuts recheados num raio de 5 Kms de
um determinado ponto e abertos 24 horas por dia, so para dar um
exemplo exagerado.
aqui que entra a segunda questo: a web 3.0 agregar
ento todo o conhecimento? Ou dito por outras palavras, incluir
verdadeiramente tudo? Mais: assume que todos os contedos
podem ser registados de maneira a serem compreendidos,
interpretados e processados por determinadas entidades complexas
de software, (capazes de actuar com um elevado grau de autonomia
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para realizar tarefas em nome do seu utilizador), as quais procuram,
partilham e integram a informao disponvel de uma forma to
eficiente que tornam as pesquisas numa verdadeiro ouputintegrado
de dados com significao?
E a ser assim, esse tudo poderia aspirar a abarcar toda a
imensido e plenitude do conceito grego de Kosmos, em todas as
suas 5 dimenses: fsica, biolgica, psicolgica, teolgica e
mstica???
Estaremos ento em condies, ou seremos sequer capazes de construir esta
ponte, este paralelismo entre esta nova forma de organizao do conhecimento global,
(entendido aqui sob uma forma abstrata, imaterial) e a conscincia humana, com os
seus nveis ou memes de desenvolvimento?
E se sim, onde poderamos colocar, segundo a Dinmica da Espiral, a fase de
desenvolvimento previsvel da web que aqui temos abordado? Na primeira camada,
num nvel, ainda que elevado, de subsistncia? Ou uma segunda? J numa fase
superior do nvel do ser e do pensamento? E em que meme? Laranja? Afinal,
podemos organizar toda a informao de uma forma perfeitamente racional, estrutur-
-la segundo as mais elementares regras e leis da lgica, perfeitamente orientada para
os resultados, com os recursos a serem manipulados para benefcio prprios (ainda
que sem qualquer julgamento tico ou reprovador), mas numa lgica de ganhos de
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eficincia, de tempo, de praticidade.
Ou ser que deveramos coloc-lo, nesta lgica de paralelismo, num meme
superior? No verde, por exemplo. Tambm no menos verdade que esta forma de
organizao de informao democrtica, no competitiva, harmoniosa, afinal todos
teremos acesso s mesmas informaes (mais uma vez, eliminemos da equao - por
uma questo meramente acadmica -as desigualdades sociais, o acesso informao e
as relaes de poder que, como sabemos, deturpam a verdade dos factos, e cinjamo-
-nos lgica abstrata do tema que aqui abordamos.) nfase na partilha, na troca, nos
valores, nas relaes humanas. Nada aqui, neste meme, choca tambm com o tema.
Antes pelo contrrio: pluralismo, liberdade, igualdade, anti-hierarquia.
Ento mas se a web semntica no mais do que a criao e implantao de
padres (standards) tecnolgicos que permitem a interao e partilha dos dados de
uma maneira geral, provavelmente estaremos ento num nvel mais elevado da
conscincia, numa segunda camada.
Ou seja: a verdade que a web semntica a web do conhecimento, mas num
sentido organizativo e no da produo de novos contedos, i.e., a web 3.0 no trar
conhecimento novo, mas antes uma nova forma de estruturao que permitir que o
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conhecimento (explcito) nela presente seja mais bem aproveitado, no apenas por
pessoas, mas principalmente, pelas mquinas.
Se quisermos usar uma metfora, comparemos a web a uma biblioteca repleta
de obras. Actualmente, essa biblioteca, embora cheia de livros, no tem praticamente
nenhuma forma coerente de organizao os livros esto todos espalhados, e para se
procurar algo, tem de se ler todos at se encontrar o que se quer.
J a web semntica uma biblioteca estruturada, onde cada obra est
organizada por assunto, autor, ano, editora, etc. Ou seja, cada livro contm um
conjunto de informaes extras (as chamadas meta-informaes), que no sendo
contedo novo, diz respeito a informaes estruturadas segundo um padro formal e
bem definido, tornando possvel que as mquinas sejam capazes, por si s, de
processar seu contedo de forma muito mais eficaz e eficiente.
Esta capacidade globalizante, transcendente, se quisermos, permite-nos ento,
sem esforo, colocar a web 3.0 no patamar superior uma vez que para a sua
funcionalidade necessria, mais que a compreenso, a utilizao de todas as formas
de conhecimento at aqui experimentadas.
A maioria de ns j aprendemos alguns truques do Google, utilizando
expresses ou acrescentando palavras que nos permitem refinar a pesquisa, mas o que
estamos aqui a falar completamente diferente. A web semntica pesquisa pelo
sentido (daa semntica) das frases e no pelos termos que inserimos.
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Exemplo: como os motores de busca funcionam por indexao das palavras
que vo encontrando na web, se procurarmos, suponhamos, a palavra webdesign os
resultados apresentados so diferentes daqueles que obtemos se pesquisarmos por
web design ou, muito mais distintos ainda se procurarmos design de sites quando,
no entanto, todos estes termos tm o mesmo significado.
Resumindo: ao indexar, organizar e apresentar a informao de forma
sistematizada e inteligente a web semntica reconhece a importncia de todas as
formas anteriores de conhecimento, nomeadamente dos dados, sem os quais o seu
trabalho seria impossvel.
No entanto, nova dvida se levanta: que, aceite-se ou no, esta nova forma de
organizao da informao no espao virtual, apesar de reconhecer a importncia das
anteriores, assume-se como o passo seguinte, o futuro, e sobreleva a sua
importncia s demais. Desta forma, auto-exclui-se desta plenitude de evoluo de
segunda camada que percepciona, pela sua prpria definio, todos os anteriores
estdios numa viso holstica. Quer dizer, continua a pensar que a sua viso a
postura certa e correcta, tendendo mesmo a rejeitar as anteriores.
Claro que mesmo na web 3.0, e mantendo esta tentativa de paralelismo com a
conscincia humana (apesar de, como Ken Wilber assume nas primeiras pginas do
seu livro Uma Teoria de Tudo, tambm esta nossa tentativa, como as demais, ser
sempre, obrigatoriamente marcada pelas suas diversas formas de falhar) ainda
assim, podemos continuar a exercitar esta linha de raciocnio e imaginar que, mesmo
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na web 3.0 podemos recorrer a impulsos do vermelho, em caso de ajuda numa
situao de emergncia, exigir a ordem do azul, nesta tentativa de organizao plena e
interligada, da viso empreendedora do laranja, para evoluir e melhorar ou mesmo,
para a conjugao de todos estes meta-dados, dos impulsos do verde.
Avanando na nossa anlise, Ken Wilber defende, a pginas tantas, que todo
o percurso de desenvolvimento humano pode ser visto como um declnio do
egocentrismo. E que o desenvolvimento envolve uma diminuio do narcisismo e
um aumento da conscincia, ou a capacidade de ter em conta outras pessoas, lugares
e coisas e, dessa forma, estender progressivamente a sua solicitude a cada uma
delas.
Aplicando a frmula da comparao que temos vindo a utilizar, diramos que a
web 3.0 tem correspondncia precisamente com o estdio da solicitude universal, uma
vez que grande parte da emergncia deste estdio passa pela justia e integridade
universal (ao tratar os dados e a informao de forma equilitria).
Mas quando tentamos aplicar esta problemtica no mapa dos quadrantes,
numa prespectiva de anlise integral que o tema assume toda a sua complexidade e,
por ventura, o seu encanto enquanto objecto de estudo e interpretao. Se no,
vejamos: e partindo do pressuposto de que o nosso hlon a prpria web semntica.
O quadrante superior esquerdo, correspondente ao eu seria o equivalente
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conscincia desta nova forma de interaco e de comunicao virtual, sua
existncia individual e subjectiva, no fundo, a forma como esta se identica, como se
v, como se situa nas diversas linhas de desenvolvimento.
O quadrante imediatamente ao lado, no lado superior direito do mapa,
colocaramos a objectividade dos programas, dos softwares, dos agentes responsveis
por essa indexao, organizao e apresentao de resultados da forma at aqui
explicada. Ou seja, a parte fsicado mecanismo, o que permite a este hlon
funcionar de determinada maneira especfica.
E para o mapa ser verdadeiramente integral fica a faltar-nos a parte plural, a
parte de grupo, de todo, de interao e agregao com os restantes elementos que
compom o mundo, quer da parte subjectiva quer objectiva.
E novamente teramos no quadrante inferior esquerdo, a que chamaremos, de
forma simplista e por uma questo e praticidade, de cultura, todos os elementos,
padres, valores, prticas sistemas e conexes, enre outros, partilhados por todos
quantos se encontram intrinsecamente ligados a este sub-cultura dos meios
tecnolgicos, da comunicao interactiva, da realidade virtual, da internet se assim
lhe podemos chamar.
No quadrante paralelo do lado direito encontramos as estruturas sociais que
permitem quer os estilos, quer o mbito, quer as modalidades de transferncias de
informao que, sendo objectivas, reflectem o lado externo, a 3 pessoa, a
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sociedade em si onde estamos inseridos e nos permite ou no, aceita ou no,
comporta ou no determinados comportamentos e atitudes genericamente aceites por
todos.
O quadrante do colectivo subjectivo , parece-nos, o mais interessante do
ponto de vista acadmico de analisar no caso do hlon a que nos propusemos
interpretar: a web 3.0.
E agora o momento, j focados neste enquadramento de cultura e viso do
mundo, neste quadrante inferior esquerdo que devemos voltar ao incio destepappere
recapitular na linha de nveis de desenvolvimento que esbomos, o ponto onde
situaramos o estado de evoluo da web semntica, se assim for possvel.
De novo, recorrendo s correlaes entre a Dinmica da Espiral e as suas 8
ondas de desenvolvimento analisadas num esquema de vises do mundo vs. conceitos
do eu, situaramos a web 3.0 num estdio ps-racional, e pr-integral, talvez
pluralista, situado algures entre o meme laranja e o verde, antes da segunda camada de
desenvolvimento, precisamente por entendermos que, ao assumir-se como o novo
paradigma da internet, a web 3.0 no consegue ainda aceitar, (apesar de as integrar)
de forma verdadeiramente holstica, a importncia de todas as anteriores, a que
corresponde, num plano auto-identitrio, fase individualista, embora quase
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autnoma, apesar de precisar sempre da interveno humana no pedido ou busca
inical.
Concluso: Se fosse possvel comparar um facto abstrato,
impalpvel e futurista com os nveis de desenvolvimento da
conscincia humana teramos, por ventura, uma interpretao
muito prxima da que aqui apresentamos. Independentemente da
elevada carga subjectiva inerente a uma anlise deste tipo, resta-
nos, em jeito de concluso reforar as 2 ideias centrais que
julgamos serem as mais fortes e importantes a retirar destepapper:
tal como a conscincia humana, tambm a web evolui e avana ao
longo dos diversos nveis de desenvolvimento; e, por outro lado,
luz de uma teoria integral do conhecimento, tudo pode ser
analisado e interpretado, como aqui se tentou provar. Deixamos,
obviamente, ao critrio do leitor, concordar ou no com a nossa
interpretao, sendo que, qualquer que seja a sua opinio, desde
j por ns aceite, entendida e respeitada.
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Referncias:
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