Alterações da Percepção (e Sensação) - 1ª Parte
Antes de falarmos sobre as alterações da percepção é preciso conceituar sensação e percepção.
A sensação é o fenômeno psíquico elementar,que resulta da ação da luz, do som, do calor, etc. sobre nossos orgãos sensoriais. Pode ser divida em: sensações internas e externas.
As sensações internas são aquelas que refletem os movimentos de partes isoladas do nosso corpo e o estado de orgãos internos e manifestam-se sob a forma de sede, fome, fadiga, mal ou bem-estar .
As sensações externas se originam nos orgãos dos sentidos; neste grupo incluem-se as sensações olfativas, gustativas, táteis, auditivas e visuais.
A percepção é a decodificação das informações obtidas através das sensações. A diferenciação ou a soma do que são as cores, formas, tons, ruídos, a impressão de duro mole, liso, rugoso, quente ou frio. No ato perceptivo há a apreensão de uma situação ou elemento, que foi decomposto e recomposto pelas sensações.
As patologias das sensações são:
Hiperestesia: aumento da intensidade das sensações; elevação da sensibilidade fisiológica do indíviduo aos vários estímulos sensoriais e um aumento do ritmo dos processo psíquicos.
Hipoestesia: É a diminuição da sensibilidade especial, uma lentidão dos processos psíquicos. É relativamente comum nos casos de depressão.
Anestesia: É a ausência, a abolição de toda forma de sensibilidade. Nos casos de anestesia histérica, é possível verificar que a sensibilidade não é generalizada, mas sim, seletiva e associada a ação de fatores afetivos.
Analgesia: é a perda da sensibilidade á dor, preservando-se ás outras formas de sensibilidade (tátil, térmica e discriminatória). Observa-se a presença de analgesia em casos de paralisia geral, catatonia, histeria e no estupor.
Alterações da Percepção (e Sensação) - 2ª ParteAs alterações da percepção são:
AgnosiasSão falhas na diferenciação das sensações elementares, em seu reconhecimento e integração. Na agnosia visual o paciente se mostra incapacitado para identificar o objeto ou a forma através da esfera óptica, podendo descrever cor, formato, densidade, mas não consegue sintetizar estas informações.Na agnosia tátil percebe-se a incapacidade para reconhecer objetos mediante o sentido do tato.Na agnosia auditiva o enfermo ouve sons e ruídos, mas não consegue identificar o que são; não os compreende.
Alterações da Síntese Perceptiva São alterações primitivas na percepção dos objetos e fenômenos do mundo exterior e do próprio corpo. Em casos assim, nota-se além da deformação do objeto, modificação nas relações espaciais.
IlusãoTrata-se de uma percepção deformada de um objeto real e presente.
Aberrações PerceptivasQuando objetos comuns adotam, sob a ótica do enfermo, cores inusitadas e/ou brilhantes, atraindo sua atenção de forma inusitada. O mesmo acontece com efeitos de luz e sombra.
Alterações das Representações - 1ª Parte São conhecidas como representações as imagens mentais de objetos e fenômenos de experiências passadas e que podem ser evocados de forma voluntária ou involuntária. O que chamamos de "imagens mentais" não são a reprodução exata da realidade, mas sim a reprodução das sensações e percepções que a pessoa teve ao entrar em contato com esta realidade.
As imagens tendem a conservar os elementos mais importantes dos objetos, abandonando caracteres secundários, não essenciais e são mesclados pelo significado afetivo dado a estes, pela pessoa que vivenciou determinada situação.
Abaixo irei definir os tipos de imagens existentes:
Imagem visual: as imagens visuais são projetadas num campo visual imaginário, que não coincide com o campo visual real e atual. Podem representar cenas, quadros fixos, paisagens ou objetos que são descritos sob aspectos diferenciados: o colorido (tons chamativos ou salientes) ou a forma, a linha, o contorno.
Imagem auditiva: Nas imagens auditivas a pessoa revive memórias auditivas experimentadas no passado. É importante perceber que as palavras podem ter um significado diferente do real, particular e relativo ao sujeito.
Imagens gustativas e olfativas: Estas imagens se manifestam na consciência com perfeita nitidez sensorial; seus conteúdos tem importante associação afetiva.
Alterações das Representações - 2ª ParteImagens cinestésicas: são oriundas das percepções das sensibilidades proprioceptivas, que dão a pessoa consciência do movimento do seu corpo em seu todo ou de suas partes distintas ou em conjunto. Adquirimos hábitos que se tornam automáticos como andar, nadar, dirigir veículos. A imagem cinestésica é a memória corporal destes hábitos.
Imagens cenestésicas: As sensações cenestésicas proporcionam as sensações e sentimentos de existência do nosso corpo. A existência destas imagens é contestada por profissionais da área da saúde mental, que questionam sua existência.
Imagem visual intuitiva: Tipo de imagem visual subjetiva, com tal riqueza de detalhes que se assemelha a uma percepção de fato. A descrição é tão precisa como se fosse produto de percepção. Fatores afetivos interferem no resultado deste tipo de imagem, que sempre é agradável ao sujeito e isenta de detalhes anti-estéticos ou desagradáveis.
Imagem consecutiva: É a consequência do estímulo sensorial intenso e duradouro, após cessado o estímulo. Tende a perder sua intensidade progressivamente perdendo sua nitidez até desaparecer por completo.
Imagem fantástica: Não corresponde a nenhuma experiência sensorial concreta. É um produto livre da imaginação e fantasia da pessoa. O aparecimento deste tipo de imagem acompanha a sensação de estar frente a algo novo e fantástico, talvez como produto da atividade intelectual.
Alucinações"Alucinações são imagens representativas ou fantásticas que têm características de sensoriedade, sendo aceitas pelo juízo como realidade preveniente do mundo exterior." Ou seja a alucinação é uma falsa percepção, onde a pessoa percebe objetos, pessoas,animais, etc, com todas as características sensoriais, mas na ausência de um estímulo sensorial.
As alucinações não são frequentes, mas podem estar presente em várias doenças mentais, inclusive no alcoolismo e drogadição.
O valor emocional dado a ela é variável: o paciente pode ficar indiferente, enraivecido, assustado, etc.
Segue abaixo uma resenha dos tipos de alucinações que podemos diagnosticar:
Alucinações visuais: A pessoa vê pessoas, objetos ou mesmo cenas completas. As imagens podem ter perspectiva e movimento, adquirindo ainda mais características que a assemelham de uma percepção. A descrição de imagens fortemente coloridas e animadas estão, na maioria das vezes, associada a estados de excitação ou exaltação.
Alucinações liliputianas: Trata-se de um tipo de alucinação visual diferente, onde o enfermo vê pequenos personagens animados (animais, pessoas, seres místicos como fadas ou doendes), isolados ou em grupo.
Alucinações autoscópica: O enfermo vê uma imagem de si á sua frente, tal qual um espelho, um desdobramento do eu.
Alucinações extracampinas: O paciente "vê" cenas fora do seu campo de visão, ou seja, atrás de sua cabeça. Pode perceber pessoas inteiras ou rostos caricatos.
Alucinações auditivas: São as alucinações mais frequentes e mais importantes. O enfermo ouve: ruídos, zumbidos, murmúrios, estalos, chiados, vozes que comandam ou ameçam. O paciente pode ouvir apenas a repetição de uma palavra, de frases inteiras ou conversas. As vozes podem ser masculinas, femininas, infantis e vir de toda e qualquer direção.
Cabe aqui apontar três tipos frequentes de alucinações auditivas: asonorização do pensamento - onde o enfermo escuta seu próprio pensamento; a audição de vozes sob a forma de diálogo e a audição de vozes que interferem na própria atividade, vozes que transmitem ordens e comandos ao enfermo e os quais ele não consegue ou pode recusar, mesmo que seja contra sua vontade.
Alucinações - Parte 2
Alucinações Táteis: As alucinações táteis são comuns nas psicoses tóxicas (alcoolismo e drogadição, com enfâse no uso da cocaína e ses derivados). Neste tipo de alucinação o enfermo sente e percebe animais, insetos ou vermes que percorrem sua pele.
Alucinações de Contato: Em sua maioria são localizadas nas zonas erógenas e aparecem com mais frequência no sexo feminino. As enfermas queixam-se que são vítimas de defloramento, relações sexuais, de masturbação.
Alucinações Olfativas e gustativas: São relativamente raras e seu conteúdo é normalmente desagradável. Os enfermos sentem cheiro de carne putrefada, queimado, lixo, mofo,etc. Podem acreditar que o cheiro é do ambiente externo ou que ele surge de seu próprio corpo, tornando a experiência ainda mais negativa. Podem sentir gosto estranho e persistente em alimentos e bebidas, podendo associar a "venenos" ali colocados.
Alucinações - Parte 3
Alucinações cinestésicas: Esta alucinações se relacionam a movimentos , ao senso de equilíbrio. O enfermo sente que seu corpo ou parte dele realiza movimentos fora de sua vontade. São diagnosticadas em pacientes neurológicos e em algumas ocasiões, na esquizofrenia.
Alucinações cenestésicas: São sensações anormais dentro de partes do corpo. Há relatos de que os olhos estão saltados fora das órbitas, que o cérebro esta queimando ou que o sangue esta congelado dentro das veias. Comumente há associação com as zonas erógenas de enfermos do sexo feminino.Somando-se a presença de vivências de influência física, torna-se um sintoma importante no diagnóstico da esquizofrenia.
Alucinações psíquicas: Estas alucinações são de difícil interpretação e não tem um verdadeiro caráter objetivo.Há descrições de palavras sem som, vozes sem ruídos e linguagem dos espíritos, por exemplo.
FUNÇÕES PSÍQUICAS1- Consciência2- Orientação Funções Primárias3-
Atenção4- Memória5- Sensopercepção6- Pensamento7- Afeto8- Linguage
m9- CondutaAlterações da consciência
A consciência é que faz de nós mesmos seres psíquicosvincula-
dos à realidade. É através dela que nos damos conta de nossas sensações,
percepções,de nosso ser. Sua alteração apresenta várias formas.O
delírio é uma alteração transitória na qual o paciente não consegue
reter, fixar e evocar informações, a atividade mental organizada é reduzida. O
ciclo sono-vigília geralmente édesorganizado, pois tende a oscilar
durante o dia e ser mais marcante à noite, isto é dorme e logoapós acorda em
crise de delírio.A despersonalização e desrealização acontecem quando o indivíduo
não reconhece a si eo que o rodeia, perdendo a sensação de familiaridad
e, deixando de reconhecer a própriaidentidade. Já quando
apresenta estranhamento ou não reconhecimento de partes do própri
ocorpo denomina-se alterações da consciência corporal, como no
caso de uma jovem que aoser questionada quem era sua acompanhan
te, respondeu: “Ela diz que é minha mãe”.Nos estados crepusculare
s, o paciente pode aparentar estar em pleno domínio de su
aconsciência, mas há um estreitamento da mesma. É como se o paciente estivesse
totalmentevoltado “para dentro”. Mostra-se psiquicamente ausente, age “no
automático” e sem objetivosclaramente definidos. Muito comum em
pessoas com epilepsia, em mo- mentos que antecedemà crise.Quand
o o indivíduo não consegue ter uma percepção globalizada
das situações, havendogeralmente considerável diminuição no padrão de
sensopercepção, pouquíssimo entendimentodas impressões sensoriais e
lentidão da compreensão denominaram de obnubilação.Normalment
e, a pessoa mostra-se confusa.No estado de confusão, o indivíduo não
consegue falar nem pensar “coisa com coisa”, nãoconsegue integrar
coerentemente o que está vivendo, e a ligação que faz entre o que vê, ouve,fala
sente e pensa, ocorre de forma muito estranha.Já no estupor o indivíduo
entra em um estado de profunda alteração sensorial, ondepraticament
e não se consegue estimulá-lo, sendo somente possível mediante
estímulos muitopotentes. O coma é a falta total de consciência.A
hipervigília caracteriza-se por um aumento do estado de vigília, o que dá uma
sensaçãode “estar ligado”, porém não quer dizer que haja aumento de
atenção. Na maioria das vezesocorre o oposto.
Alterações da atenção
e da orientação
Atenção é quando se focaliza seletivament
ealgumas partes da realidade. Para que aconteça, é necessário que o
indivíduo esteja em estado dealerta (desperto). Como alterações
mais comuns, podemos citar a dificuldade de concentraçã
oou inatenção e a mudança constante de focos de atenção ou
distração, que podem vir aacontecer nos casos em que estamos sob
efeito do sono ou de alguma droga, sem que com issose configure
em uma alteração duradoura. Orientação é a capacidade de integrar informações
arespeito de dados que nos localizem, principalmente, no tempo e no
espaço (dados estes quedependem também da memória, atenção e
percepção). Como alterações podemos citar adesorientaçã
o, onde o paciente é incapaz de relacionar os dados a fim de perceber onde e
emque época se encontra, e a dupla orientação, onde o indivíduo
oscila entre uma orientaçãoadequada e uma inadequada, misturando
os dados, como um paciente que sabe que mudou deséculo, mas continua
afirmando estar em 1959.Alterações da memória
Por memória podemos entender todas as lembranças existentesna
consciência. Suas alterações podem ser quantitativas ou qualitativas
.A hipermnésia é alteração em que há clareza excessiva de alguns dados
da memória. Deforma contrária, a amnésia é a impossibilidade de recordar total
ou parcialmente fatos ocorridosantes do início do transtorno
(amnésia retrógrada), após o seu início (amnésia anterógrada) oufatos
isolados (amnésia lagunar). A amnésia pode ainda se dar como uma defesa,
suprimindo damemória fatos muito carregados afetivamente (amnésia afetiva).Já a
paramnésia constitui-se de distorções dos dados da memória. Pode
ocorrer umfalseamento na recordação de determinado
s fatos (paramnésia da recordação), ou ainda aolançar mão
dos dados da memória para reconhecer alguém, alguma coisa ou
lugar (paramnésiade reconhecimento).Alterações da
sensopercepção
Sensopercepção é a capacidade que
desenvolvemos deformar uma síntese de todas as sensações e percepções
que temos a cada mo- mento e comela formarmos uma idéia do nosso
próprio corpo e de tudo o que está à nossa volta. Para isso,fazemos uso de todos
os nossos órgãos dos sentidos.As alucinações, típicas dos estados psicóticos,
não costumam constituir um nome estranho,especialmente para quem
trabalha em um setor de psiquiatria, mas, às vezes, são confundidascom outras
alterações. As alucinações são sensações ou percepções em que o
objeto não existe,mas que é extremamente real para o paciente, e ele não pode
controlá-las pois independem desua vontade. Assim, numa alucin
ação auditiva, o paciente não dirá “parece que ouço vozes”, esim “as
vozes voltaram e estão me dizendo para não escutar o que você diz”. As
alucinaçõespodem ser auditivas, visuais, gustativas, olfativas, táteis,
sinestésicas e das relações e funçõescorporais.Nas ilusões, ao contrário
das alucinações, o objeto percebido existe, mas sua percepção
éfalseada, deformada. O paciente pode, por exemplo, estar convencido
que o teto está baixando eque poderá esmagá-lo.Alterações
do pensamento
Pensamento é o processo pelo qual associamos
ecombinamos
os conhecimentos que já adquirimos no mundo e
chegamos a uma conclusão ou a uma novaidéia. Inicia-se com uma
sensação (visão, olfato, paladar, audição e tato) e conclui-se
com oraciocínio, que é caracterizado pela associação de
idéias.Podem ser classificadas de acordo com a direção ou com o
conteúdo do pensamento.a) Alterações da direção do
pensamento
Na inibição do pensamento, este
seapresenta lentificado, pouco produtivo, com pobreza de temas. O indivíduo
costuma falar emvoz baixa e fica “ruminando” sempre as mesmas idéias. É
uma alteração típica dos quadrosdepressivos.Ao contrário da
alteração anterior, na fuga de idéias o indivíduo tem um aporte tão
grandede idéias que não consegue concluí-las. Em geral possui boa
fluência verbal e possui grandedificuldade de interromper o fluxo do
seu pensamento, que é contínuo. O indivíduo “emenda”um
assunto no outro de tal maneira que torna difícil sua compreensão. Bastan
te típico dosquadros maníacos.Quando o indivíduo constrói sentenças
corretas, muitas vezes até rebuscadas, mas sem umsentido compreensív
el, fazendo associações estranhas, tem-se a alteração de desagregação
dopensamento, que é típica da esquizofrenia. Um bom exemplo é
a seguinte frase “se você nãogostava de jaca porque roubou minha
bicicleta?”b) Alterações do conteúdo do pensamento
As idéias sobrevalorizadas eobsessivas apresentam-se como
idéias que assumem papel central no pensamento do indivíduo
.Ele mantém um discurso circular, retornando a elas por mais que se tente diversificar o
assunto.Já as idéias delirantes são idéias que não correspondem à
realidade, mas que para oindivíduo são a mais pura verdade.
Tais idéias assumem a característica de serem indiscutíveismesmo
com a mais pro- funda lógica, pois o indivíduo fundamenta-as em uma lógica à
parte.Alterações da afetividade
Muito resumidame
nte, podemos dizer que afetivida deconstitui-se na capacidade
de experimentar sentimentos e emoções. Dentre suas alterações
,podemos citar a labilidade afetiva em que ocorre mudança dos estados
afetivos sem causaexterna aparente. Por exemplo, o paciente
pode mudar da mais profunda tristeza para a maisestrondosa
alegria em segundos, alternando estes estados.Na tristeza patológica, a pess
oa sente profundo abatimento, baixa auto-estima,geralmente acompanhad
os de tendência para o isolamento, choro fácil, inibição psicomotora
,sendo característica da depressão. Na alegria patológica, o paciente mostra-se
eufórico,agitado, com elevada auto-estima, verborréia, grande desinibição, sendo car
acterística deepisódios de mania.Alterações da linguagem
Podem se tratar de alterações na articulação da linguagem
ou nouso da mesma. A logorréia é a fala acelerada e compulsiva; a gagueira é
a repetição de sílabas,com dificuldade para dar início e prossegui-
mento à fala. Naecolalia há repetição, como emeco, das últimas palavras pro-
feridas por alguém; naglossolalia, o paciente usa a linguagem defor- ma
estranha e incorreta, muitas vezes com a criação de novos termos,
incompreensíveis(neologismos).
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O júbilo não é contudo
um estado afetivo constante, é muito lábil e podealternar-se
facilmente com a irritabilidade. Na exaltação há um intenso
júbiloacompanhado de uma atitude de grandeza. Uma outra alteração
da afetividade é oextase na qual o paciente se identifica com um
poder cósmico imenso; sente-sedesprendido das coisas
externas, acompanhado de um sentimento de haver nascidode novo.
b) Depressão:A depressão pode variar, desde uma
ligeira indisposição até o estupor;em suas formas mais leves
o paciente está infeliz, tem um sentimento deincapacidade, desânimo,
inutilidade, e perde o interesse por todas as atividadeshabituais. Na
depressão um pouco mais intensa existe um estado de tensãodesa
gradável; tudo é dificil; pode estar temeroso, ansioso ou agitado; a
dorescorporais, como cefaléias, inapetência, etc., são muito comuns; a
insônia,especialmente a caracterizada por um acordar cedo, é
quase a regra, a idéia desuicidio é muito freqüente.c) Tensão:
É uma manifestação de angustia, o paciente tem um sentimento
deinquietação, insatisfação; apresenta uma expressão facial tensa,
os dedos estãotrêmulos e todos os movimentos que executa
são agitados. Pode experimentar certadificuldade de
concentração e queixar-se de opressão na cabeça.
d) Angústia:Assim se designa um estado exaltado de tensão
acompanhado de umsentimento vago, mas muito inquietante, de perigo
imediato. A angustia se expressatambém no plano orgânico através de
taquicardias, palpitações, constipação,diarréias, extrassístoles,
distúrbios vasomotores, dificuldade respiratória, etc. Asmãos e
as faces transpiram, há uma intranquilidade das mãos e dos
pés, a voz pode
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ser entrecortada e forçada; a pessoa
está inquieta, dorme muito mal e tem sonhosperturbantes.
Os autores propõem uma diferença entre medo e angústia dizendoque
medo é a resposta a um perigo externo, real, presente e desaparece
quando asituação que lhe deu origem se elimina. A angústia com seu
persistente sentimentode pavor e de desastre eminente, é uma reação provocada
por conflitosinconscientes.A angústia ocupa um dos lugares mais
importantes na dinâmica da vidamental. Serve primeirame
nte como sinal de conflito e é também utilizada pelo egocomo
um agente de reforço dos mecanismos de defesa. Como
dissemos naintrodução, todo sintoma em última análise, pode ser
considerado, uma defesacontra a angústia, segundo FREUD ao
nascer o organismo emerge de um ambienterelativamente quieto,
entra num estado de estimulação opressiva com um mínimo deproteção
contra estes estímulos. Esta enchente de excitações
sem aparelho dedefesa adequado é de, acordo com FREUD,
um modelo de todas as angustiasposteriores. Se chama culpa e angustia do
ego em face do superego.e) Pânico:O pânico não é só
um grau mais acentuado de angustia, se não, umaangústi
a prolongada com clímax súbito caracterizado por temor,
insegurançaextrema. Nesse estado há falsas interpretações,
seguidas de projeções que podemtomar a forma de
alucinações ou delírios persecutórios.f) Afeto inadequado:
É um embotamento emocional em forma de indiferença
ou apatia. É umtranstorno frequente da atividade que se caracteriza
por uma sensibilidadeinadequada às experiências que normalment
e proporcionam prazer ou dor. Estaausência de resposta
emocional faz o paciente parecer sem contato com
arealidade. Denomina-se também congelamento afetivo ou ainda
rigidez afetiva.g) - Ambivalencia:Partindo do princípio
que cada característica da personalidade tem umduplo aspecto,
isto é, cada impulso encontra-se intimamente conectado com o
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oposto, BLEURER introduziu no pensamento psiquiátrico
o conceito deambivalência. Na ambivalência afetiva há sentimentos
contraditórios, simultâneosem relação há um mesmo objeto.
h) Despersonalização:O sentimento de irrealidade,
conhecido como síndrome dedespersonalização, pode ser definido
como um transtorno afetivo no qual um dossintomas principais é o
sentimento de irrealidade ou de modificação dapersonalidade. Os
sintomas de irrealidade podem ser de dois tipos: os sentimento
sde modificação da personalidade, e os sentimentos de que o
mundo externo é irreal.O paciente sente que já não é o mesmo,
mas não sente que não se transformou emoutro diferenciando-se
assim do que se chama transformação da personalidade;
opaciente experimenta uma perda total das respostas afetivas
para qualquerexperiência. Os sentimentos da irrealidade
costumam ser observados nasdepressões, nos estados obsessivos,
nas histerias e em algumas esquizofrenias.
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Calpe, Madrid, 1924.(2) - DOYLE, I. Introdução a Medicina Psicológica,
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Psiquiatria Psicoanalitica, Ed.Beta, Buenos Aires, 1.949.