ANA CRISTINA GOMES SANTOS
Demanda e necessidade de informao dos participantes do
Programa de Extenso UFRA na Reforma Agrria
Dissertao de mestrado
Maro de 2014
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIR - UFRJ
ESCOLA DE COMUNICAO - ECO
INSTITUTO BRASILEIRO DE INFORMAO EM CINCIA E TECNOLOGIA - IBICT
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM CINCIA DA INFORMAO- PPGCI
ANA CRISTINA GOMES SANTOS
Demanda e necessidade de informao dos participantes do Programa de
Extenso UFRA na Reforma Agrria
RIO DE JANEIRO
2014
ANA CRISTINA GOMES SANTOS
Demanda e necessidade de informao dos participantes do Programa de
Extenso UFRA na Reforma Agrria
Dissertao de Mestrado apresentada ao
Programa de Ps-Graduao em Cincia da
Informao convenio entre o Instituto
Brasileiro de Informao em Cincia e
Tecnologia e a Universidade Federal do Rio
de Janeiro/Escola de Comunicao, como
requisito parcial obteno do ttulo de
Mestre em Cincia da Informao.
Orientadora: Maria Nlida Gonzlez de Gmez
RIO DE JANEIRO
2014
S 237 Santos, Ana Cristina Gomes
Demanda e necessidade de informao dos participantes
do Programa de Extenso UFRA na Reforma Agrria/Ana
Cristina Gomes Santos. Rio de Janeiro, 2014.
107f. : il.
Dissertao (Mestrado em Cincia da Informao)-
Programa de Ps-Graduao em Cincia da Informao,
Instituto Brasileiro de Informao em Cincia e Tecnologia,
Universidade Federal do Rio de Janeiro/Escola de
Comunicao, Rio de Janeiro, 2014.
Orientadora: Maria Nlida Gonzlez de Gmez.
1. Regime de Informao 2. Aes de Informao 3.
Demanda de Informao 4. Aes Transversais de
Informao 5. Assentamento Rural; 6. Extenso Rural 7.
Cincia da Informao Tese I. Gonzlez de Gmez, Maria
Nlida (Orientadora) II. Universidade Federal Rural da
Amaznia III. Titulo.
CDU 001.5
ANA CRISTINA GOMES SANTOS
Demanda e necessidade de informao dos participantes do Programa de Extenso UFRA na
Reforma Agrria
Dissertao de Mestrado apresentada ao
Programa de Ps-Graduao em Cincia da
Informao convenio entre o Instituto
Brasileiro de Informao em Cincia e
Tecnologia e a Universidade Federal do Rio de
Janeiro/Escola de Comunicao, como
requisito parcial obteno do ttulo de Mestre
em Cincia da Informao.
Aprovado em 31 de Maro de 2014.
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________________
Prof Dra. Maria Nlida Gonzlez de Gomez (Orientadora)
PPGCI/IBICT - UFF
_________________________________________________
Prof Dra. Luisa Maria Gomes de Mattos Rocha (Co-orientadora)
Museu do Meio Ambiente do Instituto de pesquisas Jardim Botnico do Rio de Janeiro
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro UNIRIO
_________________________________________________
Prof Dra. Liz Rejane Issberner
PPGCI/IBICT - ECO/UFRJ
_________________________________________________
Prof Dra. Leonilde Servolo de Medeiros Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - CPDA/UFRRJ
Programa de Ps-graduao de C. Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade.
AGRADECIMENTOS
Agradecendo inicialmente a Deus pelo dom da vida.
A Superintendncia da Biblioteca da UFRA na pessoa de minha colega de trabalho e
amiga Suely Frana pela compreenso, esforo e confiana em conceder minha dispensa para
que pudesse me dedicar aos estudos, mesmo sabendo que teria que administrar a Biblioteca
com quadro reduzido de pessoal.
Aos demais colegas de trabalho que se desdobraram para dar conta de suas tarefas e
das minhas nesse perodo de afastamento.
Aos meus colegas de curso com quem troquei experincias para aperfeioamento
acadmico, pela amizade e companheirismo construdo, em especial as colegas de outros
Estados Elinelle Borges (MA) e Aline Vieira (CE) com quem dividi residncia, a parceria
incondicional de Milena Teles (SP) que formava o quarteto de Botafogo, a Solange e Fabiana
que nos acompanhavam nos momentos culturais que aliviava a solido da distancia de casa.
A Maria Urnia que me recebeu no Rio de Janeiro e entregou as chaves de sua casa
como se fosse minha para que eu tivesse um ambiente e familiar tranquilo para estudar.
A minha orientadora Professora Dra. Maria Nlida Gonzlez de Gomez pelos
conhecimentos, perspiccia e simplicidade que me orientou os caminhos a seguir.
A minha co-orientadora, Museloga e Professora Dra. Luisa Maria Gomes Rocha que
colaborou e incentivou em todos os momentos fornecendo dicas e sugestes importantssimas.
A todos os professores do IBICT que me possibilitaram enxergar mais longe e ampliar
meus conhecimentos.
Em especial a minha famlia que soube entender o afastamento, a meu marido Antonio
Miguel pelos incentivos, compromissos e responsabilidades no cuidado com nossos filhos
Adriano e Bruno, que me garantiu tranquilidade mesmo distante de casa.
A meu Pai Lourival Gomes que abdicou de parte de sua tranquilidade ribeirinha para
me levar, ainda menina, para cidade para que eu pudesse continuar meus estudos.
A equipe do Programa UFRA na Reforma Agrria, pelo acolhimento e incentivo, pela
oportunidade disponibilizada para alargar conhecimentos e pelo trabalho cansativo, porm
empolgante, que realizam e que me proporcionaram participar.
Por fim, a todos que direta ou indiretamente contriburam para que eu pudesse chegar
at aqui.
RESUMO
SANTOS, Ana Cristina Gomes. Demanda e necessidade de informao dos participantes
do Programa de Extenso UFRA na Reforma Agrria. Orientadora: Maria Nlida
Gonzlez de Gmez. Rio de Janeiro, 2014. 107 f. Dissertao (Mestrado em Cincia da
Informao). - Escola de Comunicao da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Programa
de Ps-Gradao em Cincia da Informao, Instituto Brasileiro de Informao Cincia e
Tecnologia, Rio de Janeiro, 2014.
Reflete sobre a necessidade e demanda de informao de grupos de pessoas do
Assentamento Abril Vermelho localizado no Municpio de Santa Brbara no Estado do Par,
e a relao que se estabelece no mbito de um programa de extenso universitria da
Universidade Federal Rural da Amaznia (UFRA) realizado nesse ambiente. Apresenta
histrico de mudana epistemolgica, poltica e informacional que passou o Ensino de
Cincias Agrrias na Amaznia e a Instituio at sua transformao em Universidade. O
estudo exploratrio vem pautado no referencial terico sociopoltico de Regime de
Informao, em aes e prticas que demandam no contexto informacional de interaes das
aes realizadas na extenso. As consideraes dessa interao so reportadas sob o ponto de
vista do olhar dos assentados participantes e das prticas que se estabelecem nesse elo, no
contexto do agricultor e os rgos responsveis pelo Assentamento e das aes da
Universidade. O estudo apontou os desafios interdisciplinares de acesso, uso e produo de
informao, o fluxo informacional e organizativo do Assentamento e tambm indicativos de
aes futuras para insero no Programa de Extenso da UFRA.
Palavras-chave: Regime de Informao. Aes de Informao. Demanda de Informao.
Aes Transversais de Informao. Assentamento Rural. Extenso Rural. UFRA
ABSTRACT
SANTOS, Ana Cristina Gomes. Demanda e necessidade de informao dos participantes
do Programa de Extenso UFRA na Reforma Agrria. Orientadora: Maria Nlida
Gonzlez de Gmez. Rio de Janeiro, 2014. 107 f. Dissertao (Mestrado em Cincia da
Informao). - Escola de Comunicao da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Programa
de Ps-Gradao em Cincia da Informao, Instituto Brasileiro de Informao Cincia e
Tecnologia, Rio de Janeiro, 2014.
Reflects on the need and demand for information from groups of people land
settlement Abril Vermelho located in Santa Barbara County in the state of Par, and the
relationship that is established within a university extension program of the Federal Rural
University of Amazonia (UFRA) performed in this environment. Presents historical
epistemological change, political and informational now the Teaching of Agricultural
Sciences in the Amazon and the Institution until its transformation in University. The
exploratory study has guided the theoretical framework of sociopolitical scheme info in
actions and practices that demand the informational context of interactions of actions
performed in the extension. The considerations of this interaction are reported from the point
of view of the gaze of the participants seated and practices that establish this link, in the
context of the farmer and the organs responsible for the actions of the land settlement and the
University. The study pointed to the interdisciplinary challenges of access, use and production
of information, the informational and organizational flow of the land settlement and also
indicative of future actions for inclusion in the Extension Program UFRA.
Keyword: Regimen Information. Actions Information. Demand for information. Transversal
Actions info. Land settlement. Rural Extension. UFRA.
SUMRIO
1 INTRODUO 9
1.1 Questo de pesquisa 12
1.2 Objetivos 13
1.3 Hiptese 14
2 UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZNIA: PRODUO E
COMPARTILHAMENTO DE CONHECIMENTO
15
2.1 Histrico 15
2.2 Ensino de Cincias Agrrias na Amaznia: mudana epistemolgica,
poltica e informacional a transformao em UFRA
15
2.2.1 Estruturao institucional epistemolgica: evoluo da estrutura orgnica 19
2.2.2 Faculdade de Cincias Agrrias do Par (FCAP) 21
2.2.2.1 Vinte e cinco anos de existncia: evoluo e lanamento de publicaes 23
2.3 As primeiras aes de extenso universitria na Instituio 27
2.4 Servios de Documentao e Informao (SDI) 28
2.5 Antecedentes de transio FCAP-UFRA: cooperao tcnica cientifica 30
2.5.1 Os Institutos Temticos 34
3 UM OLHAR DA CINCIA DA INFORMAO: AES
TRANSVERSAIS DE INFORMAO
38
3.1 Abordagens Scio-Pragmtica 40
3.2 Aes de Informao 43
3.3 Regimes de Informao 46
3.4 Aes Transversais de Informao 49
3.4.1 Entre reas de conhecimento 49
3.4.2 Entre a universidade e os atores locais que demandam de informao 49
4 RECONSTRUO DE DOMNIO TRANSVERSAL DE AES DE
INFORMAO
50
4.1 Extenso Universitria 50
4.2 Extenso Rural 54
4.3 Projetos de Assentamento 58
4.3.1 Assentamento PA Abril Vermelho 60
4.3.1.1 Reconstruo histrica do Assentamento PA Abril Vermelho 62
4.4 Programa UFRA na Reforma Agrria: Extenso Universitria para a
formao humanstica e cidad
66
4.4.1 Estruturao da metodologia aplicada no Assentamento 69
4.5 A extenso universitria e as aes de informao 73
4.5.1 Contedo 75
4.5.2 Acesso e uso 79
4.5.3 Gesto participativa da informao 80
5 O OLHAR INFORMACIONAL DOS ASSENTADOS 82
6 CONSIDERAES CONCLUSIVAS 95
REFERENCIAS 100
ANEXOS 106
9
1 INTRODUO
A Informao apresenta-se como insumo indispensvel para o desenvolvimento em
todos os campos, em todas as tarefas e iniciativa humanas, em funo de suas diferentes
demandas, configuraes sociais e regimes estabelecidos. preciso, porem, que as
informaes produzam sentido para os atores sociais envolvidos, de modo que aes de
informao e estratgias comunicacionais levem em considerao suas prticas, costumes e
contexto social.
Neste estudo, so analisadas aes de informao no contexto de um Programa de
Extenso da Universidade Federal Rural da Amaznia (UFRA).
O Ensino Superior no Brasil tem sido afetado em todo seu processo histrico pelas
polticas governamentais estabelecidas em cada momento sociopoltico, de modo que as
atividades de extenso tambm foram adaptando-se a cada modelo estabelecido pela nao.
Questes relacionadas ao extensionismo e, especificamente ao extensionismo rural, tambm
sofreram, ao longo da sua existncia no Brasil, diversas influncias e transformaes nos
objetivos e prticas. No incio, apresenta-se com um modelo utilitarista, segundo Minto
(2006). A seguir, segundo Tauk Santos (2012), assume um modelo difusionista, visando
difuso e a alocao de ideias novas, num movimento de transferncia de conhecimentos e
traos culturais, provenientes de ambientes considerados civilizados para outro que seria "no
civilizado". Nas ltimas dcadas, predominaram orientaes neoliberais, caracterizadas por
incentivar parcerias e programa de crdito para a reforma agrria e programa de apoio
agricultura familiar, finalmente, o estgio atual, o Estado regulador, com polticas voltadas
para o desenvolvimento sustentvel e ambientalmente correto.
Nesse contexto, o fluxo de informao estabelecido pela Universidade e Extenso
Rural, sempre foi um elo entre o mundo rural e o urbano que buscou levar ao campo a
civilizao e a modernizao, utilizando para isso metodologias e prticas de carter
sociopoltico e cultural. Apesar desse papel da informao, como insumo de conhecimentos e
de prticas, as atividades/aes de informao no esto sendo includas como tema ou como
questo diferenciada, nos estudos e projetos recentes da Extenso Rural.
Nos assentamentos rurais do Par, a assistncia tcnica1 uma atividade que traz em
seu bojo uma srie de problemas como a descontinuidade dos programas, a falta de
1 Segundo o INCRA a nova Assistncia Tcnica e Extenso Rural (ATER) e o Programa de Assessoria Tcnica, Social e Ambiental (ATES) devem estar comprometidos no emprego de mtodos participativos de diagnstico, planejamento e gesto de aes coletivas e
empreendimentos solidrios colocando a assessoria a servio dos projetos das famlias (INCRA, 2010). Como extensionista a UFRA (2012; 2012a) entende que enormes desafios so demandados para que esse modelo seja colocado em prtica no campo.
10
engajamento dos tcnicos com a reforma agrria, a complexidade de problemas existentes nos
projetos por eles desenvolvidos, a existncia de um pblico que nem sempre responde
positivamente s determinaes das polticas governamentais, os entraves burocrticos na
liberao de recursos, insatisfao e endividamento dos assentados entre outros. Em outros
casos, mesmo depois de vrios anos assentados, a assistncia tcnica ainda no se fez
presente, provocando inmeros problemas que se refletem no desmatamento desordenado, na
perda da produo, nos conflitos ideolgicos, chegando at ao abandono do lote.
A partir dos anos 1990, as mudanas polticas geraram novos sentidos de
desenvolvimento nos assentamentos, com a incluso de mltiplas dimenses, como a
tecnolgica, a econmica, a cultural, a poltico-institucional e a ambiental. Como metas
dessas polticas, esperava-se a integrao do desenvolvimento sustentvel e do
desenvolvimento local, conforme a nova concepo sobre o espao rural, a incorporar-se ao
urbano. Tais mudanas exigem do extensionista aes que favoream o acesso das pessoas
no apenas renda, mas tambm ao conhecimento, preservao ambiental, equidade
social, identidade cultural e ao atendimento de suas necessidades bsicas.
Neste sentido, a Universidade Federal Rural da Amaznia (UFRA), instituio
eminentemente agrria desde sua concepo, desenvolve, dentre os servios de extenso,
programas voltados para a extenso rural que lidam com os diversos setores rurais no Estado
do Par. Nos ltimos anos, mesmo no sendo uma instituio de assistncia tcnica, vem
desenvolvendo atividades nos assentamentos da reforma agrria onde, por um lado, assume o
compromisso de partilhar conhecimento e educao com a sociedade e, por outro, oferecer a
seus discentes uma oportunidade de formao da conscincia social e poltica vislumbrando o
profissional extensionista.
Este estudo tem-se por objetivo reunir referncias tericas e prticas acerca das
interaes comunicativas-informacionais que se estabelecem entre os participantes do
Programa de Extenso UFRA na Reforma Agrria, desenvolvido por uma equipe
multidisciplinar de professores e tcnicos da UFRA em atividades de extenso no
Assentamento Abril Vermelho, localizado no Municpio de Santa Barbara, Estado do Par.
Com essa finalidade, tentou-se reconstruir o comportamento informacional e as necessidades
de informao dos agricultores assentados participantes do Programa em sua relao com
algumas das aes de informao institucional desenvolvidas.
O referencial terico utilizado est pautado no aporte da Cincia da Informao,
principalmente a partir dos conceitos de aes transversais de informao e regimes de
informao. Para melhor construir a base conceitual da pesquisa, buscou-se a interlocuo
11
com alguns autores da Cincia da Informao que lidam com as mesmas ou prximas
questes.
Entre os autores tericos, Ekbia e Evans que abordam a informao na perspectiva de
busca do entendimento das condies para a sua transferncia eficaz entre os diferentes
sujeitos que a produzem e a utilizam, considera que as decises so tomadas a partir de
determinado regime de valor que esto incorporados a vrias fontes de informao, que
recebem tratamentos diferentes dependendo de onde ele vem, uma vez que pertencem a
diferentes contextos com diferentes regimes de valor, isto , as pessoas possuem diferentes
formas de avaliar dependendo, por exemplo, da atividade situada daqueles que usam a
informao. Ele adota e desenvolve uma compreenso de informao situada como algo que
criado na prtica, que promulgada. Wilson, outro pesquisador do comportamento de uso da
informao, postula uma fidelidade ao estudo do fenmeno tal como ele vivido o que
significa compreend-lo no contexto de interaes das pessoas numa situao concreta.
Tambm fazemos uso da concepo de Savolaine, que aborda a ao da informao em seu
comportamento na prtica, com finalidade de um construcionismo social buscando entender
como os usurios so ativos no processo de escolher, de determinar os sentidos e usar as
fontes de informao. Outros autores, como Bramann, Ekbia e Gonzlez de Gmez, utilizam
o conceito de regime de informao para analisar direes preferncias de gerao e
mobilizao de informaes, conforme aes e estratgias de atores coletivos, em diferentes
contextos sociais. Para alguns desses autores, os regimes de informao, em configuraes
contemporneas de prticas, meios e recursos informacionais, estariam condicionados pelas
estruturaes do poder estabelecidas. Na sesso trs (p.39 e ss.), estes aportes tericos e sua
relao com a proposta desta pesquisa, sero abordados de maneira especfica.
O trabalho se estrutura a partir da evoluo histrica de mudanas epistemolgicas,
polticas, estruturais e informacionas ocorrida na UFRA no contexto das Cincias Agrrias no
Par. Passando pelo olhar da Cincia da Informao focamos suas aes transversais de
informao entre reas de conhecimento, ancorados na Universidade e as demandas dos
agricultores assentados. Desta feita nos detemos nos domnios transversais de extenso
universitria e extenso rural numa perspectiva histrica. Para tal, nosso foco recai nos
programas e projetos desenvolvidos no Assentamento Abril Vermelho, numa tentativa de
identificar os contedos, o acesso, o uso e a gesto participativa da informao desenvolvida
no Programa UFRA na Reforma Agrria, culminando no olhar informacional do assentado
beneficirio da ao.
12
Espera-se que o resultado alcanado possa auxiliar na conduo de atividades prticas
de extenso e aes de informao dispensadas aos usurios no acadmicos de informao
agrria, alm de atividades especializadas nos cenrios da prtica de extenso da UFRA.
1.1 Questo de pesquisa
A informao como objeto de relao entre o espao agrrio e a UFRA traz consigo
desafios interdisciplinares e transdisciplinares que esbarram em plurais dimenses que
envolvem abordagens scio-pragmticas de acesso, uso e produo de informao.
Dimenses que por sua vez precisam ser observadas a partir dos diferentes regimes de valor
produzidos por cada tipo de usurio.
Desta forma, o presente estudo visa abordar as seguintes questes de investigao:
Qual a demanda e necessidade de informao dos participantes do Programa de
Extenso "UFRA na Reforma Agrria"?
Qual o papel da informao e quais questes informacionais surgem ou se
constituem no contexto das atividades de extenso rural na UFRA?
De que maneira, sob o ponto de vista do participante, os prprios assentados
percebem, produzem, buscam e transformam a informao, ou ainda como ajudam
a process-la para o melhoramento dos processos produtivos? Quais competncias
especficas so desenvolvidas?
Quais so os principais contextos relacionados misso de extenso da UFRA nos
quais as necessidades de informao so abordadas pelos assentados?
Quais so os principais constituintes desses contextos? Quais so os componentes
caracterizados como fatores que afetam a formao e satisfao de necessidades de
informao?
Que tipo de imagem relacionada estrutura institucional epistemolgica, aos
servios e recursos oferecidos os assentados concebem sobre a UFRA como fonte
de informao? No caso de necessidade informacional como e a quem ou a que
setor se reporta?
Que tipo de imagem da necessidade de informao pode ser retratada atravs da
anlise da natureza dos constituintes acima mencionados, que de alguma forma
interferem como fator de mudana para os produtores rurais assentados?
Para responder a estas questes principal ateno foi direcionada para os atores locais
e suas aes de gerao, busca e comunicao de informao nos contextos de suas
13
atividades. A partir dessas orientaes foram utilizados os recursos conceituais e
metodolgicos da abordagem scio-pragmtica para identificar e analisar as necessidades e
demandas informacionais consideradas sob o ponto de vista dos atores participantes do
Programa de Extenso e conceituada nos contextos de atividades dos grupos envolvidos.
A partir desses comportamentos buscamos identificar o acesso aos vrios tipos de
fontes disponveis utilizadas pelos assentados para suprir as suas necessidades de informao.
1. 2 Objetivos
Esta pesquisa visa descrever relaes entre as aes e fluxos de informao
constitudas no decurso das atividades do Programa de Extenso da UFRA e os objetivos do
programa, indagando se as aes institucionais de informao atendem necessidades e
demandas de informao do ponto de vista dos assentados participantes no programa.
Objetivo de extenso
1. Identificar que tipo de capacitao os beneficirios do Programa de Assentamento -
PA esto recebendo para o enfrentamento de oportunidades de negcio.
2. Identificar as vivncias de campo vinculadas extenso universitria oportunizada aos
estudantes da UFRA para fortalecer a formao humanstica preconizada pelo
programa UFRA na Reforma Agrria que possa favorecer o acesso informao aos
assentados.
Objetivo das aes de informao
Os objetivos da pesquisa esto pautados em nove objetivos especficos apresentados
pelo Programa de Extenso com o intuito de identificar quais aes de informao contidas
neles esto sendo realizadas.
1. Identificar como ocorre o processo informacional para o desenvolvimento do eixo
produtivo do PA atendido e como se promove ou se disponibiliza os elementos para
essa formao.
14
2. Identificar o tipo de ao de informao oferecida na capacitao da base agro-
ecolgica e de manejo de solo e o tipo de tecnologia ajustada ao perfil socioeconmico
das famlias atendidas.
3. Identificar o instrumento informacional utilizado para o fomento organizacional de
produo, comercializao e incluso no mercado institucional (Programa de
Aquisio de Alimentos -PAA e Programa Nacional de Alimentao Escolar - PNAE).
4. Identificar o tipo de informao voltada para a profissionalizao e empreendimentos
familiares solidrios promovidos para a consolidao do eixo produtivo do PA com
vista apropriao de renda pelas famlias atendidas.
5. Identificar o tipo de informao e instruo sobre programas governamentais de
desenvolvimento agrrio e outras oportunidades de financiamento, como PRONAF-A,
provido s famlias do PA.
6. Identificar o tipo de promoo de capacitao e informao sobre legislao ambiental
e outras elaboradas para atender os projetos de manejo e uso sustentvel das atividades
do PA.
7. Identificar o tipo de informao para a formao tcnica, humanstica e continuada
oferecido aos alunos que atuam na rea de assistncia tcnica no contexto do programa
UFRA na Reforma Agrria.
8. Identificar o tipo de transferncia de tecnologia oportunizado s famlias do
Assentamento para anlise de solo e planta, manejo e uso sustentvel dos recursos do
solo e gua.
9. Identificar os tipos de aes consolidadas na equipe multidisciplinar da UFRA que
fortalecem os processos pedaggicos participativos com nfase na extenso rural e da
incubadora tecnolgica de empreendimentos solidrios (ITES).
1.3 Hiptese
A principal hiptese levantada preconiza que, com a interveno da UFRA no
Assentamento PA Abril Vermelho, pode haver modificao no regime de informao vigente
dos produtores rurais assentados para o desenvolvimento de novas oportunidades de acesso
informao.
15
2 UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZNIA: PRODUO E
COMPARTILHAMENTO DE CONHECIMENTO
2.1 Histrico
A Universidade Federal Rural da Amaznia (UFRA) apresenta desde a sua formao
embrionria atitudes e aes voltadas para a formao profissional no atendimento da
demanda da Amaznia no contexto das questes rurais. Esteve, desde os primrdios, inclinada
a colaborar na construo das melhorias da produo e do abastecimento, sem esquecer o
trabalhador rural e das questes especficas desse ambiente.
A UFRA passou por vrias etapas de sua constituio cientfico-epistemolgica
comeando como Escola de Agronomia do Par (1918), depois Escola Superior de
Agricultura e Medicina Veterinria do Par (1931), mais tarde voltando ser Escola de
Agronomia do Par (1934), at que em 1943 perdeu a autorizao de funcionamento.
Em 1951, retomou oficialmente o seu funcionamento como Escola de Agronomia da
Amaznia (EAA). No ano de 1972, a Escola foi transformada em Faculdade de Cincias
Agrrias do Par, at a sua mais recente transformao em Universidade Federal Rural da
Amaznia (UFRA), no ano de 2003.
2.2 Ensino de Cincias Agrrias na Amaznia: mudana epistemolgica, poltica e
informacional transformao em UFRA
No Brasil, estudos sobre as polticas pblicas de Educao Superior indicam que as
polticas pblicas de educao e desenvolvimento sempre estiveram intrinsecamente ligadas
ao modelo de nao, institucionalizado atravs de documentos oficiais e textos da rea do
Direito, os quais definem o papel do Estado e suas determinaes constitucionais dentro do
Regime Representativo, a quem o povo outorga poder e do qual se espera polticas pblicas
coerentes e consistentes, inclusive para a Educao Superior.
O estudo da educao sistemtica e das polticas envolvidas utiliza-se de diferentes
fontes, alem da literatura especializada e dos documentos oficiais, tal como notcias e artigos
de jornais e revistas, para analisar a situao do ensino superior no Brasil. Lucchesi (2007),
entre outros, destaca os documentos do Banco Mundial com prescries para a Educao
Superior, que apontam as tendncias e desafios para a consolidao de uma perspectiva
16
democrtica de educao, capaz de contribuir para a incluso do social na discusso e soluo
dos problemas nacionais e locais. (LUCCHESI, 2007, p.2).
Sendo o Brasil pas de diversidades e condies regionais distintas, apresenta,
tambm, condies diversas para que uma regio possa ingressar e se desenvolver em todos
os setores, inclusive - principalmente - na rea da educao, cincia, tecnologia, informao e
constituio de capital humano.
Na Amaznia a construo de instituies de ensino superior foi marcada por esses
modelos de nao, mas facilmente observvel no contexto em que foi se desenvolvendo o
ensino de Cincias Agrrias.
As condies adversas da Amaznia como seu gigantismo territorial, pouca densidade
demogrfica, condies geogrficas e fsicas que provocam distanciamento do Centro-sul,
entre outras, constituram um universo particular e em parte desconhecido, ainda que nas
ltimas dcadas o desenvolvimento local da cincia tenha acelerado a sua atuao na tentativa
de aprofundar descobertas e lanar-se na divulgao de conhecimento. Se em outros ramos do
conhecimento humano vlida a importao de tecnologia e de tcnicos, o mesmo no
recomendado para o campo das agrrias, onde h que se ter a criatividade de idealizar
sistemas de produo que guardem estreita coerncia com as variveis dos ecossistemas
local. (FCAP, 1992, p.9).
No ano de 1918, o ensino de Cincias Agrrias no Par teve incio com a criao da
Escola de Agronomia do Par, que tinha como objetivo a educao profissional aplicada
agricultura, zootecnia, veterinria e indstrias rurais, mediante a difuso de conhecimentos
cientficos e prticos necessrios explorao econmica da propriedade agrcola, com
regimento registrado no Ministrio da Agricultura e auxilio financeiro das trs esferas
pblicas. Assim, a Escola seguia as regras da nova reforma educacional estabelecida em 1911,
que definia os critrios para o ensino superior. J em 1921, com novas instalaes, realiza
uma exposio agropecuria com o fim de mostrar o estado da agricultura regional e
demonstrar a utilidade e vantagens do ensino profissional agronmico e veterinrio na Regio
Amaznica.
No ano de 1931, por interveno federal, a Escola de Agronomia do Par passa a
denominar-se Escola Superior de Agricultura e Medicina Veterinria do Par. Em 1934, novo
decreto a transforma em duas unidades: Escola Superior de Agricultura do Par e Escola de
Medicina Veterinria do Par, ambas sob a jurisdio da Diretoria Geral da Agricultura e
Pecuria do Estado. Mais tarde, nova mudana a transforma em Escola de Agronomia do
Par, obedecendo ao regulamento da Escola Nacional de Agronomia. Nesse percurso
17
histrico, seu modelo foi baseado em cursos isolados que no possuam nenhum valor de
agregao de ensino, pesquisa e extenso.
Aps a Revoluo de 1930, a educao no Brasil comeou a ser tratada como uma
questo nacional, em particular onde o Governo detinha o controle educacional.
Nos governos oligrquicos, a economia era agroexportadora e no conseguia manter
posio poltica centralizada devido economia incerta. As camadas populares sofriam com a
falta de polticas pblicas sociais efetivas e, na Amaznia, esse sentimento se tornou mais
expoente devido distncia dos centros, as dificuldades de acesso e a escassez de
profissionais. Com efeito, as reformas Capanema2 da dcada de 1940 foram marcadas pela
contraposio entre ensino secundrio destinado s elites condutoras e ensino profissional
voltado para o povo conduzido, o que levou a Escola de Agronomia do Par a uma srie de
problemas inclusive da perda de autorizao de funcionamento, encerrando suas atividades
em 1943, apesar de ser um dos poucos estabelecimentos de ensino superior no Norte do
Brasil.
No perodo da II Guerra Mundial foi criado o Instituto Agronmico do Norte (IAN),
cuja misso era realizar levantamentos de solo, clima, flora e fauna. Acordos entre Brasil e os
Estados Unidos da Amrica (USA), os chamados acordos de Washington, trouxeram
pesquisadores americanos para realizar esses estudos no Brasil. Com o trmino da guerra, a
perspectiva de criao da Superintendncia do Plano de Valorizao da Amaznia (SPVEA),
a necessidade de formao de capital intelectual local e o retorno dos americanos a seu pas de
origem resultaram no esvaziamento e na perda das pesquisas, fatos que favoreceram a criao
da Escola de Agronomia da Amaznia (EAA) em 1945.
A EAA, instalada oficialmente em 1951 para atuar em colaborao com o Instituto
Agronmico do Norte, teve nos seus primeiros anos o esforo de mobilizao do corpo
tcnico e de bons pesquisadores para atender os objetivos firmados. A Escola j apresentava,
conforme manifesto no discurso proferido pelo representante do Ministrio da Agricultura e
registrado na ata de posse, a necessidade de transforma-se numa Universidade da Amaznia:
[...] congratulou-se e fez votos para que em breve seja instalada a Universidade Rural da
Amaznia. (FCAP, 1992, p.19).
2 Reforma Capanema foi o nome dado s transformaes projetadas no sistema educacional brasileiro em 1942,
durante a Era Vargas, liderada pelo ento Ministro da Educao e Sade, Gustavo Capanema, que ficou
conhecido pelas grandes reformas que promoveu, dentre elas a do ensino secundrio e o grande projeto da
reforma universitria que resultou na criao da Universidade do Brasil, hoje, Universidade Federal do Rio de
Janeiro.
18
Neste momento do Brasil as funes da universidade continuavam sendo a
transmisso de cultura, ensino de profisses e investigao dos novos homens de cincia
(ORTEGA Y GASSET, 1982 apud SANTOS, 1989) pouco se diferenciando das demais
instituies desse porte. Talvez aqui as peculiaridades amaznicas deslocassem para outros
objetivos como a integrao regional.
A emancipao s veio no momento em que o Brasil passava pela reforma de 1950 e a
expanso das Universidades trouxe, com o fim do Estado Novo e o comeo dos governos
populistas, um processo de ampliao do acesso ao ensino mdio, conduzindo tambm
ampliao da demanda por acesso ao ensino superior. Essa reforma transformou os
professores e funcionrios de Universidades vinculadas aos Estados e Unio em
funcionrios pblicos, com remunerao e privilgios idnticos aos da Universidade do Brasil
antes da Universidade Federal do Rio de Janeiro. (RAMOS, 2011, p.15).
No entanto, a autonomia necessria para crescimento institucional da EAA s foi
alcanada em 1960, com as presses e transformaes pelas quais passaram as universidades
brasileiras. Dentre as transformaes importantes encontram-se a unidade oramentria sob a
administrao da Unio, a autonomia didtica e disciplinar e a criao de cargos para o
quadro permanente do Ministrio da Agricultura.
A estrutura era composta de um (1) diretor e vinte (20) professores catedrticos, em
uma instalao prpria cedida pelo governo do Estado do Par. Essa fase de autonomia
consolida-se com aprovao pelo Conselho Federal de Educao, em 1963, do Regimento da
Escola de Agronomia da Amaznia.
2.2.1 Estruturao institucional epistemolgica: evoluo da estrutura orgnica
Na primeira etapa de existncia efetiva da Escola de Agronomia da Amaznia (EAA),
suas atividades estritas se resumiram consolidao institucional, das instalaes fsicas e da
afirmao de suas prprias essencialidades. Sua estrutura orgnica de pequena amplitude
concebida em forma de miniatura dos padres clssicos, cujo paradigma devia ser, por
indicao legal, a Escola Nacional de Agronomia da Universidade Rural do Brasil, era assim
composta:
Congregao: rgo mximo de administrao composta somente de professores
catedrticos, com poder de deciso de ltima instncia, com recursos nicos
hierarquia ministerial e presidencial.
Conselho Tcnico Administrativo: rgo consultivo e deliberativo, constitudo de
trs professores catedrticos escolhidos pela congregao, funcionando como
cmara de assessoramento presidido pelo diretor.
19
Diretor: o poder executivo apoiado pelo servio administrativo e escolar. (FCAP,
1992, p.22. Grifo nosso).
Em 1963 foram criados os Departamentos com a firme iniciativa de descentralizao
da atividade fim, de composio resumida em essencialidade, o que possibilitou melhorar o
processo e dinamizar as atividades. Essa nova organizao conduziu a entidade ao
deslocamento de grande parte das atribuies da Congregao para o Conselho
Departamental, que por sua composio em Chefes de Departamento dava ao rgo ndices
excepcionais de sensibilidade problemtica global e setorial em funo da familiaridade de
seus componentes com as nuances do cotidiano do ensino.
Em 1964, o Conselho Federal de Educao aprovou um segundo Regimento para a
EAA, que representava melhorias na organizao didtica e administrativa, mantendo como
rgo de administrao: Congregao, Conselho Tcnico Administrativo, Conselho
Departamental e Diretor, alterando a composio da Congregao que passou a contar, alm
dos catedrticos e representantes do corpo discente, com um (1) representante de cada classe
docente.
Nas dcadas de 50 a 70 criaram-se Universidades Federais em todo o Brasil, ao menos
uma em cada estado, alm de Universidades Estaduais, Municipais e Particulares. A
descentralizao do ensino superior foi a vertente seguida na Lei de Diretrizes e Bases da
Educao Nacional, em vigor a partir de 1961, o que tambm influenciou mudanas na EAA.
Em 1967, a EAA que desde os primrdios do ensino de agrrias esteve vinculada ao
Ministrio da Agricultura, por decreto, foi transferida para a jurisdio do Ministrio da
Educao e Cultura sendo inserida desse modo na estrutura desse Ministrio.
Os Decretos Federais que fixaram normas de organizao e funcionamento do Ensino
Superior no Brasil, bem como a Lei 5.539 (BRASIL, 1968) que modificou dispositivos do
Estatuto do Magistrio, determinaram modificaes profundas de carter didtico e
administrativo. Foram elas: a extino da ctedra, a criao do Conselho Curador e dos
Colegiados de Cursos, inovao no regime de trabalho do pessoal docente com regime de 40
horas e dedicao exclusiva, esta ltima visando profissionalizao do professor de ensino
superior.
O advento da Lei 5.539 de 1968 e de diplomas legais complementares possibilitou que
vrios integrantes do corpo docente da EAA optassem pelo regime de tempo integral e
dedicao exclusiva. Tal fator constitui-se em acontecimento determinante e transformador
nas atividades da Escola, com uma melhor estruturao e desempenho do ensino ao mesmo
20
tempo em que permitiu o inicio de outras atividades fim da Universidade: pesquisa e
extenso.
O contedo utilitarista e produtivista continua sendo a tnica da educao, mas ao
mesmo tempo cria-se uma multiplicidade de funes e um aumento considervel de discentes.
Nesse perodo a EAA recebeu notoriedade nacional e internacional que permitiu a
descentralizao do concurso de habilitao que passou a ser realizado tambm em So Lus
(MA), Manaus (AM), Rio Branco (AC), Boa Vista (RR), Porto Velho (RO), Macap (AM) e
estudantes da Amrica Latina, destacadamente a Venezuela. (FCAP, 1992, p.25, 59),
elegendo a EAA como instituio educacional de formao profissional.
Objetivando contemplar os ditames legais, em 1969 a EAA props modificaes no
seu Regimento extinguindo o Departamento Scio Econmico e passando as suas disciplinas
para o Departamento de Agricultura. A Diretoria tambm absorveu o cargo de Vice Diretor
permitindo dotar a gesto com mais um integrante para atender a demanda crescente desse
rgo, alm de um Conselho Curador que apresenta pela primeira vez o carter de
socializao das decises e que possibilita um impulso s prticas de ensino atendendo a
demanda local.
Quadro 1- Evoluo da estrutura orgnica da primeira etapa de existncia da EAA
1963 1964 1969
Congregao: composto de
professor catedrtico.
Congregao: composto de professor
catedrtico, representantes do corpo discente,
um representante de cada classe docente
Congregao: professores titulares (ex-
catedrtico), um representante de cada uma das
classes docente, um representante de cada classe
discente e um representante da comunidade
Conselho Tcnico
Administrativo:composto por
trs professores escolhidos pela
congregao, funcionando
como cmara de
assessoramento presidido pelo
diretor.
Conselho Tcnico Administrativo:
constitudo de trs professores catedrticos
escolhidos pela congregao, funcionando
como cmara de assessoramento presidido
pelo diretor.
Conselho Departamental: constitudo dos
Chefes e Subchefes dos Departamentos e um
representante do corpo discente
Diretor: o poder executivo
apoiado pelo servio
administrativo e escolares.
Conselho Departamental: constitudo pelos
chefes de Departamentos e um representante
de cada corpo discente
Diretoria: constitudo do Diretor e Vice Diretor
Diretor: o poder executivo apoiado pelo
servio administrativo e escolar.
Departamentos: constitudo de todos os docentes
em cada um deles lotado e um representante do
corpo discente.
Departamento de Agricultura Departamento de Agricultura
Departamento de Matemtica, Fsica e
Engenharia Rural
Departamento de Engenharia
Departamento de Defesa Sanitria Departamento Fitossanitrio
Departamento de Qumica, Tecnologia e
Solos
Departamento de Qumica
Departamento de Zootecnia Departamento de Zootecnia
Departamento Econmico Social Conselho Curador: constitudo de seis
representantes do Corpo docente, um
representante do corpo discente, um representante
da Comunidade e um representante do Ministrio
da Educao e Cultura
Fonte: Adaptao de FCAP (1992); UFRA (2012)
21
Cada novo Regimento aprovado provocava uma ruptura, mesmo que tmida, mais que
se fez sentir na organizao e na comunidade participante no que tange o deslocamento da
rigidez para um fluxo mais dinmico da informao e mais participao na administrao.
Vrios fatores conjunturais como a dedicao exclusiva do corpo docente e o incio
das atividades de pesquisa trouxeram a primeira reunio de carter internacional que
congregou administradores de universidades, faculdades e escolas de agronomia da Amrica
Tropical para discusso de problemas comuns e a tomada de posio para solues. Essa
projeo internacional foi caracterizada pela escolha para sediar a Secretaria Executiva do
Programa Cooperativo para o Desenvolvimento do Trpico Americano em 1970, subsidiado
pelo Instituto Interamericano de Cincias Agrrias (IICA) da Organizao dos Estados
Americanos (OEA).
Nesse evento o diretor de assuntos universitrios do Ministrio da Educao (MEC)
anunciou a incorporao do curso de Engenharia Florestal a ser realizado na EAA. Segundo
Souza (1991), a exploso do ensino superior no Brasil ocorreu somente nos anos 70.
Durante esta dcada, o nmero de matrculas subiu de 300.000 (1970) para um
milho e meio (1980). A concentrao urbana e a exigncia de melhor formao
para a mo-de-obra industrial e de servios foraram o aumento do nmero de vagas
e o Governo, impossibilitado de atender a esta demanda, permitiu que o Conselho
Federal de Educao aprovasse milhares de cursos novos. (SOUZA, 1991, p.5).
Nesse contexto nasce o Curso de Engenharia Florestal da EAA, em 1971. Tal projeto
alicerava-se na justificativa de que a Regio Amaznica, detentora de um potencial florestal
valiosssimo, enfrentava um problema da mais alta significao carncia de pessoal tcnico
habilitado no manejo de floresta tropical, para melhor aproveitamento dos recursos naturais
nela existentes, primordialmente os recursos madeireiros. (FCAP, 1992, p. 26).
Considerando o momento histrico nacional e regional naquela poca (dcada de 70)
concluiu-se ser necessrio aumentar os objetivos institucionais, para que seus preceitos
atendessem ao processo desenvolvimentista, abrindo perspectivas mais amplas na capacidade
criadora de formao diversificada de tcnicos. Atendendo sugesto do Ministrio da
Educao e Cultura, o governo encerrou as atividades da EAA e a transformou em Faculdade
de Cincias Agrrias do Par (FCAP), em 1972.
2.2.2 Faculdade de Cincias Agrrias do Par (FCAP)
No Brasil, nas dcadas de 50 e 60 do sculo XX, em que as manifestaes chegaram
carregadas de significados polticos e culturais impactantes, busca-se na educao respostas
22
que chegam com a reforma universitria de 1968, expresso bem acabada de respingos dessa
conjuntura mais ampla. (BOMENY, 1994, p.5).
A partir de meados da dcada de 60, os debates e reivindicaes em torno das questes
universitrias deixaram o mbito acadmico para atingir a opinio pblica; isso se deu pela
falta de absoro da demanda existente e da ausncia de uma variedade de cursos e programas
adequados diviso social do trabalho. As discusses no estavam mais confinadas
estruturao e organizao das universidades, mas diziam respeito ao papel que
desempenhavam os centros universitrios dentro da sociedade brasileira em
desenvolvimento. (FVERO, 1977, p.32).
A emancipao econmica e a consequente valorizao social da Amaznia
repousaram em grande parte na agropecuria, assim como no uso metodizado e inteligente do
ambiente e dos recursos naturais, inclusive os fluviais, lacustres e marinhos, da flora e da
fauna.
Tal assertiva levou concluso, e ainda hoje leva, de que no basta formar
Engenheiros Agrnomos e Florestais, torna-se tambm necessrio formar outros profissionais,
como veterinrios, zootecnistas, engenheiros de pesca, naturalistas e economistas rurais.
Assim justificou-se a transformao de EAA para Faculdade de Cincias Agrrias do Par
(FCAP).
Com maiores responsabilidade e organicidade entre ensino, pesquisa e extenso, a
FCAP possibilitou:
[...] alm da capacidade criadora na formao e especializao de pessoal tcnico
conduziu pesquisas no campo das Cincias Agrrias buscando respostas para a
resoluo de problemas da produo, promovendo a difuso da tcnica e da cultura
estendendo-se aos que dela necessitam, somando valores, com atividades sempre
voltadas a atender o desejo de valorizar a Amaznia, o homem e o meio, integrando-
os em definito a vida nacional. (FCAP, 1992, p.22).
Em decorrncia das mudanas estabelecidas pela reforma universitria, os
estabelecimentos isolados foram transformados em autarquias de regime especial com regime
jurdico das universidades, passando a possuir autonomia didtica, disciplinar, financeira e
administrativa. Isto possibilitou a criao em 1975 na FCAP, de uma Coordenadoria dos
Cursos de Graduao e trs unidades de apoio ao ensino, pesquisa e extenso, bem como
alguns rgos administrativos: Diviso de Pessoal, Diviso de Material, Diviso financeira e
de Contabilidade, Diviso de Servios Gerais. Vale destacar a organizao do Servio de
Documentao e Informao (SDI), que passa a desempenhar papel indispensvel no apoio
para o desempenho das atividades de ensino, pesquisa e extenso.
23
Antes da constituio do SDI, a instituio j organizava documentos de divulgao
do trabalho desenvolvido pelos tcnicos como os boletins, folhetos e informativos. Isto aponta
para a necessidade de existncia de uma equipe responsvel pela promoo e divulgao da
informao, percebido atravs das publicaes seriadas e/ou avulsas destinadas divulgao
da produo do conhecimento realizado na EAA/FCAP, comeando pelo Boletim. Os
primeiros resultados dos projetos de pesquisa realizados pela EAA/FCAP foram
transformados em nove (9) trabalhos publicados em seis (6) Boletins da EAA/FCAP entre
1971-73 o que refora a existncia de servios de informao mesmo antes de o servio ser
formalmente estruturado.
2.2.2.1 Vinte e cinco anos de existncia: evoluo e lanamento de publicaes
Em 1976, a primeira turma de Engenheiros Florestais foi diplomada e a Instituio
comemorou 25 anos, nessa segunda fase de existncia. Como marco dos festejos
comemorativos do jubileu de prata foi lanado a publicao Cincias Agrrias na
Amaznia, com o propsito de apresentar sociedade o conhecimento cientfico gerado e
aplicado pela instituio. Destaca-se tambm nesse ano a inaugurao do prdio da
Biblioteca, construdo em convnio com o Instituto Nacional de Colonizao e Reforma
Agrria (INCRA) que tinha como propsito dar suporte fsico ao Servio de Documentao e
Informao (SDI).
Como foi anteriormente apresentado no Quadro1, histrico da FCAP e seus
antecedentes, vale destacar alguns pontos evolutivos nesses 25 anos iniciais que a
impulsionam, bem como indicar a continua evoluo nas dcadas seguintes, conforme se
apresenta no Quadro 2, abaixo.
24
Quadro 2 - Pontos evolutivos da ao Institucional
Ano 1976 Dcada de 80 Dcada de 90
Passou a constituir autarquia de regime especial sob denominao de
Faculdade de Cincias Agrrias do Par com autonomia administrativa,
didtica e financeira com possibilidade de oferta de cursos profissionalizantes
de plena ou curta durao em cincias agrrias alm de Agronomia
originariamente precursora
Implantao de atividades de
pesquisa e extenso com maior
participao das Unidades de Apoio.
Continuidade na aquisio de
equipamentos tcnicos e de
informtica
Implantao de estrutura departamentalizada com organizao administrativa,
cientfica e de distribuio de pessoal
Inicio do Servio de Planejamento,
Avaliao e Controle
Grade curricular com contedo
acadmico e filosfico que norteia
sua ao no ensino, na pesquisa e na
extenso
Desvinculao dos cargos de magistrio de ramos especficos de
conhecimentos, respeitando as preocupaes cientfico-culturais dominantes
em cada docente
Construo da Estao de Biologia
Pesqueira e Piscicultura,
Gerenciamento de processamento de
controle de pessoal, controle
acadmico, controle de material e
patrimnio e o sistema de controle
bibliogrfico da Biblioteca.
Organizao de colegiado de cursos Aprovao de Plano Quinquenal da
FCAP para Capacitao de Recursos
Humanos na Amaznia; Plano
Diretor Fsico e Plano Diretor
Global.
Segundo Plano Diretor Global da
FCAP para o binio 1991-1993
Adoo de sistema integrado na administrao com participao dos membros
da comunidade e das categorias docentes e representantes dos discentes
Juno do Departamento de Qumica
com o de Tecnologia
Cursos vrios de extenso so
oferecidos ao pblico externo
Institudo o ciclo bsico comum a todos os cursos (Agronomia, Engenharia
Florestal e Medicina Veterinria)
Plano Diretor de Informtica Estgios de extenso
Substituio do regime seriado anual para regime de matricula semestral por
disciplina como critrio de pr-requisito
Iniciou a implantao do Centro de
Processamento de Dados
Criao da Fazenda Experimental de
Igarap-Au
Adoo de sistema de vestibular unificado para diversos cursos Iniciou aquisio de equipamentos de
informtica
Parcerias com a SUDAM e com a
EMATER/PA que possibilitaram
cursos de Educao ambiental para
vrios municpios
Descentralizao do curso vestibular no apenas em Belm, mas em outras
cidades da Amaznia Legal
Uma variedade de publicaes
voltadas para as atividades de
extenso
Editadas e distribudas Cartilhas
Didticas, que possibilitavam uma
comunicao entre o tcnico e o
25
produtor rural,
Profissionalizao da carreira de magistrio, mediante implantao progressiva
do regime de 40 horas semanais e dedicao exclusiva, preferencialmente
Criao do Centro Avanado em
Parauapebas (PA)
Investimento em qualificao de especializao e aperfeioamento dos
professores com incentivo para obteno do grau de mestre e doutor, alm de
curso didtico-pedaggico em funo da maior produtividade docente
Criao do Centro Avanado em
Capito Poo (PA),
Organizao dos setores administrativos, principalmente de pessoal, material,
financeiro, contabilidade, servios gerais e assistncia social, com vistas ao
apoio as atividades fim
Expanso da rea da Fazenda
Escola de Igarap-Au.
Organizao do Servio de Documentao e Informao (SDI) indispensvel
para o bom desempenho de ensino, pesquisa e extenso
Maximizou a utilizao de reas no
campus Belm do Ecossistema de
Vrzea
Desenvolvimento de atividades de apoio ao estudante com bolsas de ensino,
trabalho, monitoria alm de restaurante e assistncia mdico odontolgica
Ampliaes e melhoria
Departamento de Zootecnia
Desenvolvimento de programa de pesquisa cientfica Ampliou n de vagas ofertadas
Adoo de meios para assegurar a presena ativa dos discentes na vida
universitria inserindo-os nos processos decisrios
Implantou o curso de Engenharia de
Pesca e Zootecnia.
Extenso comunidade nas atividades de ensino, dos resultados de pesquisas,
bem como as atividades na forma de cursos e servios especiais e assistncia
social
Fuso da Unidade de Apoio
Pesquisa e o Ncleo de Ps
Graduao
Adoo de medidas gerais possveis de transformar a FCAP em comunidade
de trabalho de modo a participar eficazmente do processo global de reformas
sociais
Consolidao de seus cursos de
mestrado, implantao dos cursos
de ps-graduao em Medicina
Veterinria e Botnica Tropical e
Doutorado em Sistemas
Agroflorestais
Construo de novo prdio administrativo
Fonte: Adaptao de FCAP (1992); UFRA (2002)
26
Na dcada de 80 foram incrementadas as atividades de pesquisa e extenso com maior
participao das Unidades de Apoio. Nesse perodo ocorreu o incio do Servio de
Planejamento, Avaliao e Controle e a construo da Estao de Biologia Pesqueira e
Piscicultura, que funciona ainda hoje como laboratrio de aplicao para os alunos da
graduao e ps-graduao.
Na tentativa de se adaptar aos novos dispositivos legais foram aprovados trs
importantes documentos institucionais bsicos: Plano Quinquenal da FCAP para Capacitao
de Recursos Humanos na Amaznia, Plano Diretor Fsico e Plano Diretor Global.
Dentre as transformaes ocorridas entre 1982 e 1992, est a juno do Departamento
de Qumica com o de Tecnologia. Como consequncia natural de sua filosofia de ao,
consubstanciada no prprio contedo acadmico e filosfico que a norteia, a FCAP fez sentir
sua ao no ensino, na pesquisa e na extenso, consolidados na sua grade disciplinar, que, em
ltima instncia, contribui para o desenvolvimento cientfico, tecnolgico, cultural e social da
comunidade.
Dada a importncia que as Tecnologias de Informao (TI) ganham nesse momento, a
FCAP estabeleceu o Plano Diretor de Informtica e tambm iniciou com a aquisio de
equipamentos a implantao do Centro de Processamento de Dados, que tinha como objetivo
informatizar os sistemas de atividades meio e fim desenvolvidas pela instituio de forma a
dar maiores e melhores condies organizacionais aos processos de documentao e
informao dessas atividades. Dentre elas destacam-se: o processamento de controle de
pessoal, controle acadmico, controle de material e patrimnio e o sistema de controle
bibliogrfico da Biblioteca.
Nesse contexto de informatizao, de agilidade e visibilidade s aes institucionais
destacam-se a publicao da primeira dissertao de mestrado em Agropecuria Tropical e
Recursos Hdricos, fruto de parceria FCAP/EMBRAPA e o Seminrio FCAP em discusso,
avaliao e renovao institucional, que proporcionaram comunidade interna e de outras
instituies do setor pblico e privado reflexo sobre seus principais problemas e possveis
solues, visando seu crescimento institucional. Isto resultou no Segundo Plano Diretor
Global da FCAP para o binio 1991-1993, aprovado pelo Conselho Departamental. (FCAP,
1992, p. 36).
27
2.3 As primeiras aes de extenso universitria na Instituio
A Faculdade estende comunidade, sob a forma de cursos e servios especiais, as
atividades de ensino e os resultados das pesquisas por ela desenvolvidas. Cursos de extenso
so oferecidos ao pblico com o objetivo de divulgar conhecimento e tcnicas dos trabalhos
desenvolvidos, neste nterim...
Os servios so prestados sob forma diversas de atendimento de consultas, de
fornecimento de material bsico de reproduo e produtos agropecurios, realizao
de estudos, elaborao e orientao de projetos relacionados a assunto cientfico,
tcnico e educacional, assim como participao de docentes em projetos
desenvolvidos em campi avanados na Amaznia. (FCAP, 1992, p. 42).
Antes da mudana epistmica de Unidade de Apoio a Extenso, a programao,
coordenao, apoio e superviso das atividades de extenso desenvolvidas pelo Departamento
Didtico-cientfico se expandiram por diversos municpios do Estado do Par atravs do
programa de interiorizao. Este estimulava os alunos para atividades fora do campus da
Faculdade, orientando-os para a busca de autonomia intelectual e cientfica, dando-lhe a
segurana de poder assimilar conhecimento, no apenas na base do que ouvem ou leem a
respeito das coisas, mas sim, na base do que experimentaram e testaram no contato da
realidade no meio rural. (FCAP, 1992, p. 42).
Esse programa de extenso atendia especificamente o Nordeste Paraense e o Mdio
Amazonas Paraense mediante assistncia s comunidades rurais, oferecendo cursos
relacionados agropecuria, veterinria e florestal, [...] de repercusso imediata na evoluo
tcnico-cultural da comunidade. (FCAP, 1992, p. 160).
Seguindo esse pensamento, o programa oferecia tambm aos alunos estgios de
extenso que visavam um adequado processo de capacitao do discente, seja em
treinamento complementar que possibilita a adequada formao profissional, seja como meio
de intercambio de informao entre instituies de ensino e mercado de trabalho. (FCAP,
1992, p. 159).
Ainda na atividade extensionista a implantao da Fazenda Experimental de Igarap
Au desenvolvia a interao FCAP e Produtor Rural com assistncia tcnica de hortas, doao
de mudas, cursos de avicultura, associao de culturas intercaladas, arborizao de
municpios, distribuio de sementes e assistncia mdico veterinria. Essa interao rende
frutos visveis na produo de material informacional identificado no Servio de
Documentao e Informao. (FCAP, 1992, p. 154).
28
2.4 Servios de Documentao e Informao (SDI)
O Servio de Documentao e Informao (SDI), criado em 1975 tinha como principal
competncia o tratamento, guarda e disseminao da informao em Cincias Agrrias;
editorao e a difuso da informao agrria gerada na FCAP pela comunidade tcnico-
cientfica (FCAP, 1992, p. 47). Composta pela Biblioteca e pela Editora como aportes de
organizao da informao da Instituio.
Biblioteca
A Biblioteca especializada, constituda de acervo voltado para as Cincias Agrrias
tornou-se depositria das publicaes da Organizao das Naes Unidas para a Agricultura e
Alimentao (FAO) e do Instituto Internacional de Cooperao Agrcola (IICA). As
principais funes da Biblioteca eram organizar, manter atualizada e divulgar a
documentao bibliogrfica sobre assuntos ligados aos programas de ensino, pesquisa e
extenso; estabelecer e manter intercmbio documentrio com pessoas e instituies ligadas
aos interesses da FCAP. (FCAP, 1992, p. 47).
Como depositria das publicaes da FAO e do IICA, a biblioteca possibilita o acesso
da comunidade acadmica ao material bibliogrfico de alta qualidade algo que no seria fcil
caso no houvesse esse depsito legal.
A Biblioteca se integra ao Catlogo Coletivo Nacional de Publicaes Peridicas do
IBICT, objetivando reunir e utilizar dados referentes s colees de peridicos de Bibliotecas
Universitrias Brasileiras, o que possibilita a utilizao do acervo de peridicos das
Bibliotecas que fazem parte do referido catlogo atravs do COMUT. Alm disso, insere-se
como integrante do Centro Cooperante do Sistema Nacional de Informao e Documentao
Agrcola SNIDA e da Coordenao de Informao e Documentao Agrcola- CID, o que a
torna uma instituio integrada aos sistemas de informao mais relevantes da rea, insero
essa que lhe d visibilidade nacional para transmitir e receber informao documental de
Cincias Agrrias.
A Biblioteca tambm mantm intercmbio com outras instituies de cincias agrrias
e afins do pas e do exterior. Essa relao cria uma rede cientfica atravs das publicaes,
principal meio de comunicao do mundo acadmico, que representavam entrar nas
bibliotecas internacionais conectando a cincia feita na UFRA ao mundo atravs da
biblioteca.
29
O SDI era o setor responsvel pela editorao das publicaes geradas na FCAP
fossem elas peridicas, seriadas ou avulsas. Peridicas: Boletim da Faculdade de Cincias
Agrrias, O Trimestre, Sumrios de Peridicos (Cincias Agrcolas, Cincias Florestais,
Zootecnia e Veterinria); Informes Tcnicos: Informe Didtico, Informe de Extenso, Nota
Prvia; Avulsas: Livros e folhetos. (FCAP, 1992, p. 48).
A atividade de pesquisa se consolidou e progrediu medida que crescia o corpo
tcnico docente e se aperfeioava com os cursos promovidos pela instituio bem como com
o retorno dos professores com grau de mestre e doutor.
As atividades de extenso realizadas nas dcadas de 80 foram intensas demonstrando
vio e abrangncia das aes da FCAP, aes que foram ampliadas a partir de sugestes
apresentadas no Seminrio de Avaliao realizado nessa dcada.
No inicio dos anos 90, os projetos se ampliaram com parcerias com a SUDAM e com
a EMATER/PA que possibilitaram cursos de Educao ambiental para vrios municpios,
instalao de um Laboratrio de Anlise de Solos e Plantas, estudos de Espcies Florestais de
Capoeira, Demarcao de Terras e aes de Recuperao Ambiental em vrios municpios do
Par.
Dessas atividades extensionistas, desenvolvidas nesse perodo, foram organizadas,
editadas e distribudas quatorze (14) ttulos de Cartilhas Didticas, que possibilitavam, com
linguagem simples, uma comunicao entre o tcnico e o produtor rural, levava ao produtor
informaes tcnicas para melhoria da sua produo.
Alm das Cartilhas Didticas a FCAP editou outros documentos que tinham o intuito
de divulgar a produo cientfica da Instituio, dentre eles esto dezoito (18) Boletins, quinze
(15) Informes Tcnicos, onze (11) Informes Didticos, seis (6) Informes de Extenso,
quatorze (14) Notas Prvias, treze (13) Livros, dezesseis (16) Folhetos. (FCAP, 1992, p. 162-
173)
De acordo com o perfil histrico desta Instituio, at aqui apresentado, o sistema de
informao praticado pela EAAF e pela FCAP indica caractersticas que representam aspectos
vividos por outras instituies do mesmo porte e funo existentes entre 1975 a 2000. Numa
trajetria de avanos proporcionados pelo desenvolvimento das Tecnologias de Informao e
Comunicao (TIC), vemos a sua aplicao e insero nas prticas e processos de informao.
Depois da transformao jurdica e administrativa para UFRA algumas mudanas
foram sendo implementadas tambm na Biblioteca. O SDI foi absorvido pela
Superintendncia de Biblioteca, esta diretamente subordinada a Pr-Reitoria de Ensino
(PROEN), portanto alinhada com o programa poltico desta Pr-Reitoria no que diz respeito
30
aquisio de livros, peridicos e demais materiais, atendendo nova formulao prevista na
grade curricular elaborada a partir das mudanas estabelecidas nos programas aprovados pelo
MEC.
O acervo bibliogrfico especializado em Cincias Agrrias, na ultima dcada, a partir
da implantao de novos cursos promovidos pela Reestruturao das Universidades REUNI,
ampliou seu leque para incluir outras especialidades, inclusive as licenciaturas.
O quadro de servidores permaneceu estvel por dez anos, abrindo novas vagas para
ingresso de novos bibliotecrios somente em 2010, o que vem favorecendo novas aes de
informao. Quatro novos campi foram criados nas cidades de Parauapebas, Paragominas e
Capito Poo, sendo o mais recente de Capanema (2012). Cada um deles conta com o suporte
de uma biblioteca.
Com a contratao de novos bibliotecrios para atuar nas bibliotecas dos novos campi,
o trabalho com o processo tcnico e apoio aos usurios da comunidade acadmica local
possibilitaram uma maior equnime.
2.5 Antecedentes de transio FCAP-UFRA: cooperao tcnica cientifica
O Desenvolvimento e crescimento institucional da EAA/FCAP foram baseados na
busca incessante de encontrar a capacidade criadora de idealizar sistemas de produo tanto
para os ecossistemas como para o ensino, pesquisa e extenso que l se realizava. Nessa
busca, a Instituio manteve a cooperao tcnica-cientfica com diversas instituies
pblicas e privadas.
Os instrumentos legais deram carter normativo e definiram ao prticas
desenvolvidas durante os quarenta anos decorridos da existncia da EAA/FCAP 1951-1992.
No perodo que se sucede aos quarenta anos at a virada do sculo, a FCAP melhorou seus
indicadores de desempenho, aumentou a eficincia do quadro dos servidores atravs de
programas de qualificao, regularizou pendncias administrativas e financeiras de
patrimnio e material, expandiu o nmero de vagas ofertadas e implantou o curso de
Engenharia de Pesca e Zootecnia. (UFRA, 2011, p.41)
A Instituio tambm priorizou interesses eminentemente institucionais,
racionalizando a administrao com a fuso da Unidade de Apoio Pesquisa e o Ncleo de
Ps Graduao, o que permitiu mais agilidade nas aes de pesquisa e ps-graduao, a
consolidao de seus cursos de mestrado, e a implantao dos cursos de ps-graduao em
Medicina Veterinria e Botnica Tropical e o doutorado em Sistemas Agroflorestais.
31
A FCAP avanou no somente nos aspectos acadmicos, mas tambm fsico com a
criao do Centro Avanado em Parauapebas (PA), uma rea experimental em Salinpolis
(PA) e a expanso da rea da Fazenda Escola de Igarap Au (FCAP, 2002, p. 3-4). Da
mesma forma, maximizou a utilizao de reas do prprio campus em Belm, a exemplo da
utilizao do Ecossistema de Vrzea e ampliao e melhoria do Departamento de Zootecnia.
Na busca de parcerias para enfrentar desafios e evoluir conseguiu aprovao no ano de
2000 do Projeto de Fortalecimento Institucional da FCAP (Institutional Strengthening of
FCAP Brazil). A proposta esteve entre as muitas encaminhadas por instituies de diversos
pases ao Departamento para o Desenvolvimento Internacional (Department for Institutional
Development, DFID) em Londres. (FCAP, 2002, p. 5).
O Projeto apresentava a proposta de transformao curricular e crescimento qualitativo
da Instituio, conforme pode ser visto no editorial de encerramento de mandato do Diretor da
FCAP, em 2000, do Prof. Paulo Lus Contente:
O projeto prev para os prximos seis anos uma transformao completa da
Instituio, com a melhoria da qualidade de ensino e do profissional formado atravs
da qualificao do corpo docente, dos servidores e, especialmente pela realizao de
uma reforma curricular. O Projeto comea em 2001 e ser um marco referencial na
histria da FCAP, que com o apoio do DFID ter perspectiva muito mais promissora
para os prximos anos. (FCAP, 2002, p.5).
Santos (2005) aponta a crise de hegemonia e contradies por que passavam as
Instituies Universitrias, acirradas nessa fase de transio do sculo de um lado produo
de alta cultura, pensamento crtico e conhecimentos exemplares, cientficos e humansticos,
necessrios formao das elites e de outro lado padres culturais mdios e de
conhecimentos instrumental voltado para a qualificao, exigncia do capitalismo para
formar mo de obra. Era esta a contradio manifesta no atendimento s exigncias sociais e
polticas da democratizao em contraposio relao entre a hierarquizao dos saberes e
a restrio do acesso e as reivindicaes de autonomia na definio de valores e objetivos
da universidade, alm das presses a que foi submetida para obter a critrios de eficcia e
produtividade de natureza empresarial ou de responsabilidade social. (SANTOS, 2005, p. 5).
Essa abordagem faz-se necessria para lembrar que a crise maior enfrentada nesse
momento a da dependncia financeira do governo e a incapacidade que este apresenta para
resolver o problema, tendo em vista que o Estado resolveu reduzir seu compromisso poltico
com as universidades e com a educao em geral, o que levou ao sucateamento de muitas
instituies.
A FCAP tambm se ressentiu dessa crise e buscou alternativas para continuar
respondendo pela demanda criada e mantida em cinquenta anos de histria, que se deixa
32
refletir no Projeto de Fortalecimento Institucional da FCAP, citado anteriormente, e que,
com o financiamento do DFID, ajudou e estimulou a comunidade universitria a apresentar
sociedade uma proposta de transformao da FCAP em UFRA.
A transformao da Faculdade de Cincias Agrrias do Par (FCAP) em UFRA
ocorreu no mbito de um grande projeto denominado, inicialmente, Projeto de
Fortalecimento Institucional da Faculdade de Cincias Agrrias do Par
(PROFCAP), iniciado em 01/05/2002 e, com a transformao, em Projeto de
Fortalecimento Institucional da Universidade Federal Rural da Amaznia
(PROUFRA). O Projeto foi apoiado financeiramente pelo Department for
International Development (DFID), do Governo Ingls e contou com a colaborao
de duas universidades inglesas: as Universidades de Harper Adams e de
Wolverhampton, ambas com experincia nesse tipo de atividade. (UFRA, 2011,
p.10).
A transformao que se propunha no bojo do Programa no se encerrava apenas no
aspecto da formatao jurdico-institucional, embora nesse aspecto as mudanas tenham sido
extremamente importantes e vantajosas para nova Instituio. Ocorreram juntamente com a
transformao institucional da FCAP em UFRA mudanas significativas que envolveram
entre outras coisas a autoestima institucional que:
[...] levou servidores tcnico-administrativo, discentes e docentes a se debruarem
sobre um projeto comum de discutir e construir a universidade, at uma arrojada
poltica de expanso e participao do seu papel desde o cenrio local ao
internacional. O processo de transformao ocorreu, inicialmente, atravs de um
documento denominado Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), elaborado
pela equipe de colaboradores do ento candidato a Diretor da FCAP, que concorreu
s eleies para o perodo 20002004 e que encerrava a semente das propostas para
a transformao institucional. (UFRA, 2011, p. 11).
A busca pela transformao tomou carter amplo, abrangendo aspectos poltico-
institucionais, didtico-pedaggicos, e administrativos, levando a mudanas de posturas e
concepes individuais e coletivas (UFRA, 2011, p.11). Transformou-se, portanto, em um
projeto de construo coletiva de uma nova instituio de ensino superior, cujo papel e
responsabilidade seriam, mais tarde, definidos pelo Planejamento Estratgico em sua misso
Institucional.
O projeto de reestruturao certamente buscou se alinhar s estruturas das instituies
j conceituadas, bem como se adaptar para os moldes da realidade amaznica.
O pedido de transformao foi sancionado em 23 de dezembro de 2002, o que trouxe
consigo objetivos amplos no reprodutivos da instituio que ficava para trs, aspecto visvel
no texto abaixo:
Mas era necessrio consolidar essa transformao, ou ento a recm-criada
Universidade estaria condenada a to somente reproduzir a forma de atuao da
antiga faculdade sem promover um salto de qualidade, uma revoluo que
justificasse essa transformao. A maior parte ainda estaria por vir. Para possibilitar
as mudanas necessrias ao desempenho de sua misso, o Planejamento Estratgico
Institucional 2002-2007 definiu seis objetivos estratgicos. 1) Conduzir o ensino a
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padres mais elevados de qualidade, provendo aos estudantes habilidades
vocacionais e empreendedoras gerando competncias para o mercado de trabalho; 2)
Fortalecer a pesquisa de forma a alicerar o ensino e contribuir para o conhecimento,
compreenso e otimizao do setor rural na Amaznia; 3) Interagir com o setor
agrcola e promover a integrao com a indstria, o comrcio, o governo e outras
organizaes com interesses na Amaznia e articular discusses desenvolvendo
polticas peculiares a regio; 4) Envolver as populaes amaznicas,
profissionalizando-as para inclu-las no processo produtivo, melhorar sua qualidade
de vida e contribuir para o desenvolvimento sustentvel da regio; 5) Desenvolver e
apoiar os servidores e estudantes para construir uma instituio educacional forte na
conduo do desenvolvimento sustentvel da Amaznia; e, 6) Manter estratgias de
fortalecimento poltico e financeiro para garantir o sucesso contnuo da Instituio e
de seus objetivos. (UFRA, 2011, p.12).
Para alcanar os objetivos estratgicos estabeleceu-se um processo participativo
formado por Grupos de Interesse, a entendidos como todos aqueles atores sociais
individuais, coletivos e institucionais que, de alguma forma, estavam relacionados com o
papel e a atuao da UFRA. (UFRA, 2011, p.13).
Foi organizado um grupo de trabalho para estruturar um Programa de Reforma
Curricular em busca de uma nova proposta, com base nas Diretrizes Curriculares Nacionais,
que fosse possvel flexibilizar e contextualizar, de modo que se tornasse integrado e
compatvel com a misso institucional: Um currculo cuja matriz estaria formada no mais
por disciplinas estanques, mas por mdulos integrados compostos por disciplinas que
agrupam contedos programticos similares e complementares (UFRA, 2011, p.13).
Um Programa de Desenvolvimento Profissional dos Docentes foi criado para atender
s mudanas curriculares, com aes de capacitao para aplicao dos mtodos novos. Por
trs meses reuniu-se uma Assembleia Estatuinte paritria constituda por categorias de
representantes da comunidade institucional para construir o novo Estatuto da UFRA. O
mesmo foi realizado para a construo do seu Regimento Geral,
[...] documento que estabeleceu as normas de funcionamento da organizao
administrativa e acadmica da instituio foi elaborado atravs da convocao de
uma comisso paritria composta dos segmentos que representam a comunidade,
nos mesmos moldes da elaborao do Estatuto. As mudanas incorporadas no
Estatuto e Regimento revelaram uma nova concepo de Universidade com uma
estrutura mais leve, gil e adequada misso institucional, numa clara ruptura com
os modelos complexos e burocrticos das Instituies Federais de Ensino Superior
Brasileira. A antiga estrutura departamental, burocrtica e disciplinar cedeu
espao para uma nova estrutura, mais factvel com o exerccio da
interdisciplinaridade e da integrao de saberes. (UFRA, 2011, p.15. Grifo nosso).
A antiga formao departamental que compunha a estrutura organizacional da FCAP
favorecia a burocratizao, a compartimentalizao do conhecimento e o corporativismo.
(UFRA, 2011, p.16). A nova reestruturao propunha a ruptura de paradigma de organizao
e gesto, de forma a romper com a fragmentao, hierarquia verticalizada dos processos
decisrios e com o poder individualizado.
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Nessa perspectiva, os Departamentos foram substitudos por quatro Institutos
temticos que obedecem a novos paradigmas de organizao e funcionalidade, a saber:
Instituto de Cincias Agrrias (ICA); Instituto de Sade e Produo Animal (ISPA); Instituto
Socioambiental e dos Recursos Hdricos (ISARH) e o Instituto Cberespacial (ICIBE). Essa
nova estrutura permite repercusso no ensino e na misso da UFRA, conforme relatrio
enviado ao MEC. (UFRA, 2011; 2012a).
Cumprindo premissas estabelecidas no processo inicial construiu-se o Estatuto,
Regimento Geral e Plano Estratgico, a partir de processos democrticos e participativos,
registrados na histria da universidade.
2.5.1 Os Institutos Temticos
Os Departamentos foram transformados em quatro Institutos Temticos, que so as
unidades responsveis pela execuo do ensino, da pesquisa e da extenso e tem carter
inter, multi e transdisciplinar em reas do conhecimento. (UFRA, 2011, p.17). Estes so
constitudos por docentes, tcnicos administrativos e discentes que nele exercem suas
atividades. Cada um dos institutos atua em funes relacionadas aos seus campos do saber e
compactua entre si o objetivo de ensino, pesquisa e extenso adotando estratgias para seu
alcance.
a) No Instituto Socioambiental e de Recursos Hdricos (ISARH) - as estratgias
administrativas adotadas so:
Gesto Corporativa, Capital Social, Comunicao. No ensino tem acompanhado e
incentivado a reforma dos Currculos e planos didticos, a avaliao continuada,
criao de novos cursos de graduao e ps-graduao e investindo na melhoria da
infraestrutura e ambincia. Na pesquisa busca construir a sua identidade
institucional, centrada em equipes multidisciplinares e projetos estruturantes,
aprovao das linhas de pesquisa e o estabelecimento e fortalecimento dos grupos de
pesquisa. Os grupos de pesquisa que esto vinculados ao instituto so: Cadeia
Produtiva, Mercado e Desenvolvimento Sustentvel; Pesca e Avaliao de Recursos
Pesqueiros Tropicais; Biodiversidade da Amaznia; Projeto Vrzea; Biofauna;
Ecologia Aqutica Tropical; Ecologia e Tecnologia de Recursos Aquticos. Na
extenso a nfase nas aes de organizao e formao de capital social. (UFRA, 2011, p. 17 e 18. Grifo nosso).
Consolidar relaes interinstitucionais que aproximem a UFRA e rgos
governamentais ou no governamentais tem sido a busca constante desse Instituto para firmar
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apoio aos programas e projetos que favoream os pilares do ensino, pesquisa e extenso, entre
eles esto:
Prefeitura Municipal de Belm; SEMMA; SEMA; EMBRAPA; ELETRONORTE;
MPEG; UFV; FAPESPA; FUNPEA; SAGRI; IFPA; IPEA; CDP; SEBRAE;
TRAMONTINA; CIKEL; SECTEM; FETAGRI; ITERPA; REDE CELPA; Escola
Mario Barbosa; Escola Bosque; Escola Virglio Libonati; INCRA, UFPA; NMU;
WIU. Os municpios e comunidades tambm tem se constitudo em objeto de
interveno dos projetos do ISARH: ilha de Caratateua; Comunidade Bacuriteua;
Boa Vista; Santa Maria da Barreta; Monte Alegre; Ponta do Bom Jesus; So Joo do
Ramo; Santa Brbara do Par; So Bento; So Benedito; Tracuateua; Curua;
Bragana; So Caetano de Odivelas; Nova Timboteua; Tucurui. (UFRA, 2011, p.
18, grifo nosso).
Este instituto tem seus projetos desenvolvidos atravs de seu grupo de pesquisadores
vinculados a Cadeia Produtiva, Mercado e Desenvolvimento Sustentvel; Pesca e Avaliao
de Recursos Pesqueiros Tropicais; Biodiversidade da Amaznia; Projeto Vrzea; Biofauna;
Ecologia Aqutica Tropical; Ecologia e Tecnologia de Recursos Aquticos. (UFRA, 2011.
p.18). Estes so componentes intrinsecamente ligados ao Bioma Amaznico. Neste trabalho, o
campo de pesquisa participante eleito como base de observao um Programa de Extenso
proveniente deste Instituto, denominado Programa UFRA na Reforma Agrria e o Projeto
elencado o Desenvolvimento Produtivo do Assentamento Abril Vermelho, localizado em
Santa Brbara do Par.
b) O Instituto Ciberespacial (ICIBE) a unidade administrativa que recebe os
ltimos cursos aprovados pelo MEC principalmente na rea de licenciatura e
responsvel...
Pela execuo do ensino, pesquisa, extenso e desenvolvimento de tecnologia, com
carter interdisciplinar, multidisciplinar e transdisciplinar, nas reas de
conhecimentos da geomtica e no desenvolvimento de tecnologias na rea da cbero-
informtica e outras que lhe so afetos. (UFRA, 2011, p.18).
Atua nas reas de conhecimento da geomtica e no desenvolvimento de tecnologias no
ramo da cbero-informtica, cujo objetivo est focado em suprir a necessidade do mercado de
trabalho na rea de computao, com condies de desenvolver projetos educacionais com
tecnologias de informao e comunicao e metodologias especficas, oferecendo os meios,
orientaes e recursos pedaggicos e tecnolgicos necessrios.
Os projetos de extenso esto voltados para incubadoras tecnolgicas de
empreendimentos solidrios, redes de empreendimentos solidrios da cadeia de fruticultura do
Par, incluso scio digital de adolescentes dos municpios parceiros, aes educativas de
georeferenciamento de imveis rurais para pequenos produtores rurais e pequenos
proprietrios de terra. Alm disso, auxilia na regularizao fundiria e licenciamento
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ambiental, em parceria com governo do Estado do Par, no uso do computador no processo de
formao continuada de professores, no desenvolvimento de plano de negcio baseado na
plataforma moodle, alm de oferecer suporte tecnolgico e empreendedorismo no Programa
EMAUS sobre sustentabilidade, compartilhamento e colaborao em rede.
c) O Instituto de Cincias Agrrias (ICA), com foco na misso Institucional
est pautado na busca de estratgias administrativas para manter maior
interao entre gestores, docentes, discentes e tcnicos, coordenadores de
Curso, diretores de Institutos, Pr-Reitorias e Reitoria, alm de maximizao
do uso dos recursos para as atividades acadmicas de infraestrutura, dos
equipamentos, de pessoal e de apoio extenso rural.
Na pesquisa possui dez grupos e 55 projetos. Possui parceria com 25 instituies
(federais, estaduais e municipais), empresas privadas, universidades, etc. Na
extenso possui 19 Projetos, parceria com 15 Instituies (Federais, Estaduais e
Municipais), Empresas Privadas, Universidades, etc. Outras aes de extenso: 12
cursos de jardinagem, 08 cursos de Olericultura, convnio com 06 escolas estaduais
para arborizao e jardinagem, convenio com 06 municpios para colaborao na
arborizao, paisagismo e produo de mudas, participao em todas as feiras da
UFRA. (UFRA, 2011, p. 18).
d) O Instituto da Sade e Reproduo Animal (ISPA) atua nas reas da sanidade,
clnica mdica e cirrgica e da produo de animais domsticos e silvestres, no
controle, processamento e tecnologia dos produtos de origem animal, na
biotecnologia e melhoramento gentico dos animais domsticos e silvestres. Possui
estratgias administrativas que incluem a comunicao como elemento importante e
na pesquisa busca a construo de equipes multidisciplinares para sua consolidao
e crescimento, conforme aponta relatrio abaixo:
As estratgias administrativas adotadas so: Gesto Corporativa, Capital Social,
Comunicao. No ensino tem acompanhado e incentivado a reforma dos Currculos
e planos didticos, a avaliao continuada, criao de novos cursos de graduao e
ps-graduao e investindo na melhoria da infraestrutura e ambincia. Na pesquisa
busca construir a sua identidade institucional, centrada em equipes
multidisciplinares e projetos estruturantes, aprovao das linhas de pesquisa e o
estabelecimento e fortalecimento dos grupos de pesquisa. (UFRA, 2011, p.18).
Sua atuao est pautada em 13 linhas de pesquisa e 11 grupos de pesquisa (UFRA,
2011, p. 18). As aes na extenso so desenvolvidas em atividades como: Ao PET e
Projeto Carroceiro, desenvolvidos nos Municpios de Belm, Ananindeua, Algodoal e
Cotijuba, Hospital Veterinrio (HOVET), Projeto Vida Digna, Cursos sobre Tuberculose e
Brucelose, desenvolvidos em parceria com Ministrio da Agricultura Pecuria e
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Abastecimento (MAPA) e Agncia de Defesa Agropecuria do Estado do Par (ADEPAR),
Fazenda Escola de Igarap Au (FEIGA), Setor de Reproduo Animal e PET Veterinria.
Atravs do Hospital Veterinrio aceita para estgio curricular supervisionado discentes
de Medicina Veterinria e de cursos tecnolgicos na rea de diagnstico por imagem.
Absorvem estagirios provenientes da UFRA, UFPA, UFG alm de outras escolas de
formao tcnica do municpio de Belm.
Desde 2010, o Projeto Vida Digna promove aes de educao em sade, versando
principalmente o tema posse responsvel de animais, com palestras destinadas aos
proprietrios de ces e gatos que esclarecem dvidas e informam acerca das diversas doenas
de carter zoontico que so de importncia para a sade coletiva, alm do tema do controle
populacional destas espcies.
O HOVET tambm participa ativamente de atividades em conjunto com o ISPA,
dentre elas a Ao Pet, e projeto intitulado Amazoneidade e cidadania: UFRA
comunidade aprendendo e ensinando uma nova lio. De maneira geral, os servios
prestados a comunidade pelo HOVET so muito variados, abrangendo a clnica mdica e
cirrgica de animais de companhia, o diagnstico por imagem, a cardiologia, a anlises
clnicas, dermatologia, anestesiologia, patologia veterinria, reproduo animal, clnica
cirrgica de animais de produo at a inspeo de produtos de origem animal.
O ISPA mantm uma rede bem ampla com outras instituies e/ou entidades, dentre
elas: Bio Fauna, Polcia Militar, Exrcito Brasileiro, Polcia Ambiental, Carroc