Anna Maria Marques Cintra
Maria de Fátima Gonçalves Moreira Tálamo
Marilda Lopes Ginez de Lara
Nair Yumiko Kobashi
Para entender as linguagens
documentárias
Esta obra apresenta os aspectos fundamen
tais das linguagens documentárias: sua nature
za, sua estrutura e suas funções. Aborda, de ma
neira especial, as questões lingüísticas e lógicas
que fundamentam sua elaboração. Incorpora,
nesta segunda edição, um novo item - a Intro
dução - em que se ressaltam o caráter sistêmico
das linguagens documentárias e seus aspectos
culturais. Além disso, foi inteiramente revista,
de modo a eliminar imperfeições.
Cada vez mais as linguagens documentárias
vêem se mostrando como importantes ferramen
tas de organização e distribuição de informação.
Elas já são hoje consideradas imprescindíveis
para agregar valor à informação especializada,
na medida em que, por seu intermédio, a tarefa
de organizar tematicamente a informação tor
na-se mais consistente.
Mas além de seu caráter organizacional, as
linguagens documentárias viabilizam o compar
tilhamento de informações produzidas por dife
rentes instituições. Decorre daí o fato de os sis
temas ou redes cooperativos de informação não
prescindirem de algum tipo de vocabulário con
trolado para a constituição de seus dispositivos
informacionais, sejam eles de uso local ou
disponibilizados para públicos amplos, através
de redes eletrônicas.
A utilização crescente de linguagens docu
mentárias baseia-se na evidência de que, sem
uma linguagem compartilhada, não é possível a
comunicação entre serviços de informação e seus
usuários. Em vista disso, as linguagens docu
mentárias se oferecem como instrumentos po
derosos de socialização da informação. E a in
fom1ação, na medida em que está diretamente
relacionada ao conhecimento, tem papel deci
sivo na mudança dos destinos da humanidade.
Espera-se que sua leitura contribua para apri
morar a formação daqueles que já atuam ou
atuarão profissionalmente no vasto campo da or
ganização e transferência da informação.
Anna Maria Marques Cintra Maria de Fátima Gonçalves Moreira Tálamo
Marilda Lopes Ginez de Lara Nair Yumiko Kobashi
1PARA ENTENDER
AS
LINGUAGENS
DOCUMENTARIAS
2J edição revista e an1pliada
! editora polis
2002
Copyright CD 2002 das autL)ras Capa: Ivone Cludzal 1/ustraçiio da capa: Ben Nicholson, Agosto de 1956 (Vaid'Orcia). Rcvi5,fo: N3.ir Yumiko Kobashi e Marcos Frederico Editoraç5.o eletrônica: Editora Pulis
Ficli,1 catalugr,ític;1
CI1'-:TR,\ .'\11,1 M,1ria t'l ;1[. Paril cnkmkr ns lingu;igc11s ducumrnt;íri;1s. 2cd r-cv. e ampl.. - 5:ill l',rnlo l'ulis, 2002.
ISBN 83-7228-00 12-X
1 Linguc1gcns ducurncnLíri;is. I. Título.
Direi tos rtscn·,1dos pcb EL)]TORA POLIS lTDA
CDD - 025.4 CDU - 025.4
Rua Car.1n1Lirll, 1196 - Sa(1dc - 04138-00:2 - Szio Pnulo SP Tcl.: ( 11 )5 :
""
Nt-7 6tl 7 e ( 11):275-7 5 tl6 - F,lX ( 11)l75- 75 8 6 e-mail: polis(éê cdi tom polis .com. \Jr
O .scnticlo Ili/Oi 11w1rn llln:1 eFiclência.
Ed,,v:1rJ Lopes
Sumário
Apresentação 9
Introdução 13
... � ..
1. Conhecimento, informação e linguagem 19
1.1 Conl1ecimcnto e informZJçiio 191 2 Linguagem: car.JclerísticZJs gcrZJis 26
2. Linguagens documentó.rias 3321 NZJtun-zZJ, especificicbde e fun\'Õcs 3.32 2 ConfigurZJçi'io d.Js linguagens documentárias 42
3. Sistem<.1 nocional 49
3.1 Rdüçõcs hierárquirns 55 3 .1. 1 Relaç,1o genérica 5 8 3 12 Rebçi'ío pürtitiva 61
3 2 Relações ni'ío-lmrárquicas ou seqi.lfnci.Jis 62
4. Relaçôes lingüísticas e docurnent,1ç,1o 6 7
4.1 PolisscmiZJ e ambigL1icbdc 704.2 Sinonímia 74
4.3 1-!iponírniJ 11
Bibliografia 8 7
7
Apresentação
O homem vive entre os c.:1mpos scmiológicos No seu
cotidiano, c1minha de um p,1r<1 oulro, consciente ou incons
cientemente. Enreda-se nas construções :1rquitetônic:1s, p:1s
Si1 por escull ums (Zis vezes sem ver), ouve "sons" perdidos
de músicas ou de grilos, restos de conversi.1S - agressiv,1s ou
c:irinliosos. C1da um desses campos pelos quais ele transiL1
diari,1mentc tem seu código específico. E ele trans-ita nu Sêll
lido primeiro: vüi através de (trans) um crnninho (ito) que
as gerações passadas conslruíram parn ele e que su,1 própria
condiçR.o de humano lhe pl:Tmi�e "receber" de v6rios mudos:
cm um dos pólos, não "percebendo" a cxlcnsZio do mundo
cm que vive; no oulro pólo, "pcrccbcm!o" tal cxtensZio, apro
priando-se dele e mm!ificmdo-o, construindo novo mundo,
novos mundos. Re-conslruinclo-sc no faur.
l:sscs Ci1mpos scmiológicos, com seus cóLhgos próprios,
muilos deles nZio-vcrbnis, cntrd.:.1çil111-se e manifcst:1111, na
vcrcbde, n conc!içfü> da sociedade naquele momento históri
co. Essa inter-rcbçiio cnlrc os c;_impos, essa "costura" é 1Ta
liz,1da pelo código vcrbill, pelo signo verld, pclzi p,1bvra Ou
SCJ<L os cnmpos semiológicos -;iiu m,111ifcst:1�:ões sócio
cul ur;ús de uma dacb sociedade. Emliorn com suas espe-
9
cificidzidcs, eles revelam a cu]t ura cbquela sociedade, n;:iquc
la et<1pa de desenvolvimento. E a culturn é lransmitidâ, pre
dominantemente, peln palnvra Por isso, só a palavrZJ lem ..1
condiç5o de penetrar lodos eles, de "interpenetr;í-los".
Esse é um cios motivos porque se afirma a import5ncizi
da pzilavra Su.:i condiç:io dt." plasticidade permite-lhe ser o
suporte do conhecimento. Sem conhecimento, o homem per
manece sempre muito próximo do pólo dos que não perce
bem a exlens.'io do mundo em qllc vivem, cm que circulnm.
E aí está um dos aspectos d.:i import."lnci.:i di.l informaçéfo.
Nesse sentido, parece que a infonnaç5o cumpre papel de
cisi1'0 na 111uclança lias clcst.irws da humanidade, uma Fez
que ela está clirctarnmtc li.gacía ao conhecimento e ao dc
scm•olvirncnto de cada wna elas áreas elo sabcr,já que todo
co11/1ecirncnto começa por algum tipo ele i1forrnaçiio e se
constitui cm i11formaçc'io ( .. )E para que o conhecimento ela
sociec/J.de não se perca e possa ser compartilhado, ele é re
gistrado num claclo suporte: l.ivm, imaw111, fulo, disco ele.
passanclo a se constituir num documento.
A informaç5.o n3o é \1111 e/ado. Ela se constrói no encon
tro de duas din5rnic.:1s: .:i din5mica de quem "emite", di: quem
"rrnmci.:i" (o cnunci,Hlor) e a din.Rrnic.:1 de quem "recebe" o
cnunci.:ido (o enunciütáriLl). Eb ocorre sempri: num espaço
onde as posições de quem "fob" e de qllem "ouvi:" s,10
intcrcambiadas, num jogo de forças perm;rnente.
Aí começa a linguagem clocumcntária. Corno conseguir
que o conhecimento �1eumuléiJo niio se perca, que se lenha
acesso .:i rlc, de tal modo que 11.10 seja necessó.rio "reinvent.1r
a roda" é:1 rnda gernç5o? A memória coletiva, a tr,msmissão
10
oral da cultura são aspectos fundament,lis, mas como, nas
nrcas científicas, fazer conhecer o conteúdo de aproximadn
mC'nte 60.000 revistas científicas e cerca de um milh5o de
artigos individu,1is? Esses dados, citados neste livro, rcvebrn
;:i estimativa de 1960. Certamente a produçi'io cienlífica é mui
to maior.
Ninguém ousaria pensar que é possível conhecer to(b �1
produçi'io de um;:i determinacb área cio so.ber. Mas é nccess.:í
rio, pelo menos, ter acesso ;:i seus o.v;:inços e po.rlir deles 110.
construçJo do novo conhecimento. Eis aí, de novo, ;:i lingua
gem documentária.
Os desafios s5o numerosos. Num mundo cm que, <10
(JllC parece, o homem "nJo diz", ,iprnns "é dito" pelas p,1la
vr;is; em que se tem, prcdomini.mtfmente, "a voz do dono"
f n."io o homem como "dono da voz"; cm qne os discurSl)S
ele rnúscar.:i circulam corno mcrc.:idori.J.s de maior valor, como
trabalkir zi linguagem clocumentúria? Afinzil, el;i pressupõe,
por nm ];:ido, a irnportf1ncia da divulgaçJo cb i1'.form<1ção
p;:irn que o homem assuma sua própria voz; por outro lado,
ela pressupõe o sujeito que v;Ji "püssür" o conhecimento
cirntífico, cbborndo na linguagem polissfrnic1, para outra -
a linguagem d.ocumc11tciria.
A pal,1v1'i1 carreg.:i J. próticJ social cb sociedadf, enfrixc1 os
valores de um determin;:1do momento histórico. É sub-n'/ll fria
Atuél, sem que tenhamos consciência de seu papel. Este s10eito
ri11e v,1i "!rndm:ir" o texto científico p:.ira c1 linguagem c/ocu-
111cntiÍria rnrrcga consigo essa formaçJo. T<1mbérn o stijeito
que cbborou o texto científico. N;_1 condiçJo de Sl�jeito, cad.:i
um tcri.'í seu universo de v,1lorcs, que lhe foi tr,msmiticlo peL1
culturJ. Como cvit.:ir os desvios nessa lr<1duçã.o?
1J
Como dizfm as autoras, de um sistema de relações que
se caracteriza pela virtualidude, a LN (Língua Nutural), usa
da pelo sqjcito do texto cirntífico e pelo sujcilo que f"ar:i. a
··trnduçifo" (e ;1indt1 pelo sujeito que "receber,/' a informaç/io,
é bom não esquecer) 1x1ss;1-sf para um sistema de rebçõcs
11.10-virt uni - a LD (Lingu,1gem D0cumenl.íri;1J
i\1Ias, cliferc11tcmc11le ela LN, o sistema ele relações elas LNs
niio € virtuaL hem como seus mecanismos ele articulaçiio
s,10 cxtrcma111c11tc precários, cmfncc claCJucles existentes nas
línguas, cm geral. Hcn, ao cont drio, elementos dessa li11gua
ge111 cspccí(ica são selecionados ele universos cletcnninilclos
e seu sistcnlél clt: rclilç6cs { construíâo, sendo inclispcns.ivd,
para ui i/iz;-í-la, a o:ist(;ncia de rt'gras cxplfcitns. Por esse
motirn, as LYs siio linguugrns CtJnstruíclas.
O mundo contemporâneo se dcsnucl.1 cm sua comple
xidade: todos os povos lutam paru ter vez e voz no concerto
das n,1çõcs. A constituiç.10 de ptJ]os hcgcmônicos consolida
se a partir uo conhecimento. [ ;1 linguagem clocwncntâria jogi..l
p;:_1pd decisivo nessa re.1lid,1dc.
O des,1fiu é grande. .r\s pi1bvrns, "suspensas no ,:ir", pu
rarn su,1 da11(,:;:_1. i\ll;1s ,1s ,1Llll)réls desse livro, com cifr1ei,1 e
cornpdfnciJ, top,1111 o dcsnl"io. E vcnctm. t ler p;1rn crer.
12
Alaria 1lparccida Bacce,ga Profrssora Livrc-d,.>ernll'
da E,,:ol,1 dt: Con1trnic;1çÕêS ,, ,·\t'les d;:i llnivcrsid, de (k São Pm!lo
Introducão )
Se no 1x1ss,Klo :1s diCcffntes form.1s de nomc,1r o �1rco-íris
entre povos, ou .:is rebções diversas entre língu:1s p:ir:1 dizer
"cu estou com dor de c1beç:1" eram percebidas como c,1sos par
t iculn rcs ou idiotismos, hoje, sJo en t endi(lé1s como 111�1-
nifrsL:içõcs naturais, gera(bs pelas diferenças de signific.:.mll' e
de subst.ínci:1 semJnlic.1, um.1 vez que o signifiG1do compôe,
indíssociavelmenle, i.1 tmid.1de numa cfod,1 língu:1
Com ef'cito, enq11,mto n:1 nossa cultura distinguimos
sele cores no :1 rco-íris, entre os brct:'ios e os gauleses esse
11(1mcro cai pJr.:.1 quntro, por exemplo, 11;1 zon:1 onde distin
guimos :1zul e verde, des idcnt ific:1111 ,1pcn:1s o ºgl:is" E, de
form:1 semelh:rnte ?1 noss.1 expressJo ''Eu tenho um:1 dor de
c:1bcç:1" correspondem cm fr:111cês ou em it:ili:1110 outr:1s rc-
1.:içõcs: "J'ai 111;:il ?! b U:te" ou "J'vli dt1olc il c:1po".
Ev1denlementc, cm muitos rnsos pode-se ter .1 ilus:'io de
mer:1 t r:rnsposiçiio de ncimcs ou t roc:1 de significan lcs, corno
cm "ciio: dog/chien". EntrcL111lo, a esses sig11ific.1 11tcs corres
pondem signific,1dos rcbcion:1clos ,1 tocb expcriêncin cultu
r:11 dos fol.:intes de c.:.1(1::! língun, o que Icv:ir:í, irrcmedi,1vcl-
111cnle, .1 signific1dos diferentes, portanto ,1 signos diferentes.
Pode-se, pois, dizer que cada língua néltural - LN - ana
lisa os dados da experiência segundo padrões que dependem
da trmliç.:'io culturéll e do momento social do povo que a fala.
Isso fziz com que possamos dizer que cada LN f, J. rigor, umé1
ilnálise da sociedade, cio homem particip.:i.nte de um grupo e
de suJ. cultura.
MJ.rtinet (1969) diz: "Urna línguu é um instrumento
de comunicação segundo o qual de modo vc1rióvel de comu
nicbcle p,ffél comunicbcle se anc1lis3 3 experiênciJ. hurnAnél em
unidzides provi<lc1s de conteúdo semâ.nlico e de expressão
fônica e em unidades clistintiv.:is sucessivas".
Mils isso n3o permite dizer que rn1rnél. mesmn comuni
cbde as cstruturéls lingüístic1s sc;jarn homogêneéls. focilmcntc
obscrvzt-sc que as pessoas de umi1 mesmél comunidade lin
gt"ríslica nno falam do mesmo modo. Entretanto, desde que
essc1s difrrcn�·as scjc1m tais que n3o impeço.ma comunicação,
dizemos q11e estamos diante de uma mesma língua.
Seguramente, se fizéssemos uma an6.lise cios sons pro
duzidos pelas pessoas de um grupo culturztlmente homogê
neo e de mesma língu:1, encontrnrí.Jmos inúmeré.lS difercn
ç.::is No entonto, essüs diferenças de timbre, de intcnsicL::ide,
de c1ltur:1 etc., n5o s3o, freqüentemente, sentidas nem pelo
emissor, nem pelo receptor, nem tampouco como impeditivas
de comunicnção.
/\ "posiç3o" rebtivc1 do signo explicitc1 a noção de valor.
O.llémdo dizemos que umc1 peça ele abbastro Vi1le x, dizemos
que cb pode ser trocada por um outro ol�jeto de nal ureza
diferente dinheiro, ouro ele. Portanto seu poder de trocc1 esló
condicionado a relações fixéls existcn tes entre ele e objetos dc1
14
mesma natureza, como outras peçns de nlabastro, prove
nientes de outros lugnres.
Na LN, o elemento ele troca é o signo lingüístico, que
associa um significante (imagem ncúslicJ.) a um significado
(conceito). Seu poder de troca esUí ligé!do ao falo de poder
servir para designilr urna realidade lingüística que lhe é es
tranha (reillidnde atingic!J. por intermédio de seu significado,
mas que n3.o é seu significado). Méls esle poder significativo
que constitui o signo é eslrilamenle condicionéldo pelas re
lações que o unem aos oulros signos da língua, de sorle que
n.10 se pode escolhê-lo sem o recolocilr numa rede de relações
intra-lingüísticas.
Com os limites próprios de umél linguagem construída,
as linguagens clocumenUirias � LDs � se valem de quase to
dos os conceitos apresentados para a LN, constituem sisternns
onde as unicb.des se organizam cm rel,1ç·õcs de dependência.
No entanto, n3.o se pode dizer que s�jil.m signos, urnn
vez que faltürn a suas unidades caraclerísticüs bi\sicas ele sig
no: significante e significado articulados segundo pmlrões
sócio-culturais com clisponibilidaclcs virtuais de significaç3.o.
Também n.'io dependem nem da lradiç3.o cultural, nem
do momento social e sim de convenções cstélbclccidas no cem
junto do próprio sistema que é, por isso, est:ílico e homogêneo.
N3.o se processa com essas Iinguügens uma cornunicél
ção no sentido estrilo. Processa-se, antes, urna decodificação
purél e simples, à rn,meira de códigos csUílicos.
Ivlas, a utilização de unidades retiradas da LN, dá às LDs
um carMer parlicubr que as lorna, de certa forma, diferen
tes dos sistemos esltilicos. Na sua utilizaçôo h;:í, como que
uma contnrninüção da mobilidade da LN, passnda via esco-
15
lbzis lexicais que se tr<1nsform<1m cm unidzidcs clocu
mcntárié.ls. Assim, JS LDs n5o se livrarn completamente de
interferências culturais que acahnm por exigir um trabalho
qu<'.1se permanente de atu,1lizaçiio.
O c.1rátcr sistémico fica garuntido com zi impossibilidade
de se ler uma unicbdc cm scpar;)do. De foto, c.:lll.1 unid;-1de só
pode ser ''lida" 11,1 sua relação com élS demziis unicbdcs com
ponentes do sistema.
Por serem sistemas cunstruíclos, ns LDs sfio cconômic.1s.
Só que 11;10 se trata da ,1plicaçZio cio princípio de cconomiu da
LN e sim de t1rn,1 r.1cion,1liz.:içJo de escollws e de procedimen
tos, que pcrrnit:1111 um,1 utilizac_:;.1.0 eficaz do sistcm.1.
;\s rcluçê5cs pé1r,1digrnáticas e sintagmáticil.s também
ocorrem, só que de forma basl:mtc rcstritn, especi,1lmentr
n;_is construçôes dos sinlélgm,1s.
No cnL:rnto, n.is LDs fic.:1 evidente o poder de troc.i di1S
unidades, num,1 posiçi'io bastante próxim,1 d,1 LN. Cad,1 uni
d;idc don1111cntária clcsign,1 t1m<1 re;:i]idadc drntro do sistema
construído, o que lornü. evidente o v.ilor e él possihilid,1de de
troca, de representação.
!)e toda fornw, as LDs sfio trihut,irias da LN, n;i rncdidd
cm que silo construíd.is a p;_irtir deb. Embora haja um esfor
Çl) de ncutraliz.içZio de tTi-lÇOS que fazem da LN um sistema
aberto, hetcrogrneo e multiforme, ,is l.Ds ac;1ham por assirni
J:cir nlgum;_1s particul.iridades, um:1 vez que se vokm de uni
dades chi l.N e sfio m:mipubd,1s, freqüentemente por seres que
têm nc1 LN c1lgo, nutur;1lrnc11tc. incorpora.do ci su,1 existência.
/\ funç;10 da I.D {: trnt;ir o conhecimento dispondo-o
como infornwç.'iu Em outr:1s p.il:nTns, compete i1s Ll)s trans
formar estoques ele conhecimentos cm informilções a.dcqu.1-
16
cbs nos diferentes segmentos sociais. É esse partilhamento que esló. na b.Jse do cm6.ter público da inforrnaçi'i:o e que não pode ser obtido nu a.usência de 11rna LD. De f,.1to, duranle muito tempo acreditou-se que a disponibilização dos estoques seria. suficiente pari1 .:1 sua socialização. Mas, allu:ilmenle, o fundamenl,11 é a existência de uma forma de org;rnizüção que güranta o partilk1rnento. Ess;:i org;:iniz.:1ç,10 é ,, LD.
Coya.ud (1972) c1ponti1va, na rebç:i.o entre a Lingüísti-ca e n Documentação, ilquilo que consider.wa ser 11111 gr;inde defeito: por 11111 belo, os teóricos cb Lingúíslirn ac1hav;im lrab;ill1,111do sobre questões ahstrnt;is, ficarnlo inlciramcnle ausentes inf'orrna�:õcs sobre as línguas concrct;is. A seu ver os lingüistas poderiam ser divididos cm dois grupos: os teóricos que pendiam pziri-1 ;i lógica, p,1r<1 a busca de L111ivl'Tsais dü li11g1wgem, ignor;indo mesmo i.lS línguas concretas; e os especialistas numu dada língua que ,1rnbarn por se fechar nclu e por força de um terminologia prôprÍ3 chcg�1Varn ao limite da inconrnnic;ibi!iclade, até mesmo com o grupo lcónco. Entre estes dois extremos 11,wia um v,1zio.
Evidentemente que esto quest}o nem é l,fo simples, nem li'io clara. De todn forma, parecem faltar lrahal11os de rnrálcr extcnsiLll1é11 que poss;:irn f.1zcr de for111a produtiv.:1 a lignçJo de teorias conlemporé1neas com prMicas soci,lis.
Conhecer primeiro os meandros cb linguc1gern p,1rcce ser pré-requisito, r;iúi.o pela qu;il fori1111 introduzidos nesse livro conceitos qur pcr111Íli1111 ;iprof'undar conhecírncnlos Ji.1 ,1c11mulaclos.
Oo ponto de vist;i cb lingu,1gcrn três aspectos rncrecnn dest;ique: ;i de111,1rc;içJo, a signific1çJo e a comunic.1ção. 5,°io
l 7
esses aspectos que, segundo Kristevo (1969:14), permitem
dizer que todas élS µr6.ticas human;_is sJo tipos de linguagens.
Quanto us linguagens documentários, é necessário que
scjJ.rn vislAs, simultJ.ne:uncnte, como sistemas e como prá
ticas sociois com lod;_is as suas implicações que vão de seu
aspecto moteriol, consubstanciado cm codeias ele unidades, ?!
sua 11::-ilurcz,1 comunicativa que pressupõe acordo entre su
jeitos que dela se valem. !\!esse sentido, urna LO n:'io se apre
sent<1 como uma construçil.o univcrsol, segue princípios (mi
cos, mas reflete práticas soci<1is distintas relacion;:ic!as 1150 só
às nccessicbdcs cspecífic<1s de informação dos v{trios scg
rn enlos sociais mas também aos vjrios consensos que os
rnracteriz:1m.
O livro orgonizil-sc, além d.1 Introcluçi:io, em quatro ca
pítulos O primeiro trnz considerações, como o título sin<1li
z<1, sobre conhecimento, informnção e linguilgcm vcrb.Jl ou
natural - LN. O segundo enfoca asµeclos importantes das
linguagens JocumenUírias - LDs. O terceiro discute relüções
intervenientes nas linguagens document.:írias e o qumto re
lomi:l conceitos de se111ilntic;1 lingüístirn que têm µapel f un
d<1rnenlal n<1 construçi'io de LDs.
18
1
Conhecimento, informação e linguagem
.. � ...
1 .1 CONHECIMENTO E INFORivl:\Çi\O
Em est:ido dicionário informação significa "aç3o ou efei
to de informar", "instruçâo", "indagélçJo", "investigc1ção",
"notícia".
O significêido de i1!formaç/ío implic.J a presençi-1 de serné.ls
que envolvem apresentaçJo, representação ou criação de idéia,
segundo uma forma. Em sumi1, a informação constitui, ela
mesmc1, um conhecimento potencialmente tro.nsmissível.
Sob outro ângulo, pode-se dizer que a i,formação rela
ciom1-se ,?i identifirnção de um ''sinal" e supõe umil "forma"
p;:1ssívrl de ser interprelé:1dé.1 como mensagem.
De outr;:i ótirn, ainda, sabe-se que a i,�formação se cons
titui, ni.l sociedade modern<1, em ingrediente indispensável do
dia-<1-dia dc1s pessoas, graças, de modo especial, aos veículos
de comunicação de mass<1
Entretanto, é em sentido específico de algum tipo de co
nhecimento produzido no nível do mundo científico e
tecnológico que interessa fazer considerações.
Dü mesma forma que a informação acontece nos dois
19
cxtn-mos do circuito da comunicnção, o conhecimento Jcon
tece no extremo do emissor, responsável peb criaçiio cm si e
no extremo do receptor, onde se e.ló. il recepção du inform<1ção
criach
Neste sentido, 1x.1rcce indiscutível que il infonnaç.io cum
pre p:ipel decisivo na mudanç:i dos destinos dü llllmanicbde,
uma vez que ela está, dirct1mcnte, ligada ao conhecimento e
;10 desenvolvimento ck cadn um.:i das ,Ín'as do saber, )<"i que
todo conhfcirnento começi.1 por algum tipo de infonn;1çôo e
se constitui em inforrnilçi'io.
A purtir da déc1cb de 1970, a noção de informaçiio, hem
como os lermos que ;1 represcntnm tomam vulto, seja 11;1
constituiçJ.o dos discursos, seja n.1 crinç.:io de disciplinas cs
pecífico1s. ;\credita-se mesmo que a sua expansifo represente,
na sociedade ocidt'nl�1l, um elos maiores sucessos de uma p:i
lavra no século XX.
i\ utilizaçJo rccorrrntt' da p<1bvra gerou, como é natu
ral, urn<.1 variaç5o conceit u<1l. Assim, fab-se do conceito de
informação em diferentes áreas de conhecimento, podendo a
rel<1ção infon11;1ção/conhecimento ser observadJ ;1 partir de
trfs aspectos que se complcmcnt;1m:
• engu;rnto o conhecimento é estruturado, coerente e
frcgiientemcnle univcrs,1!, il inforrn:1ção é atomizada,
fra.gmenladc1 e p,1rticular;
• cngu;mto o conhecimento é ele duração significc1.tiv.1,
a informação é lcrnporáriil, transitória, U1lvcz mes
mo efêmera;
• enquanto o Clll1hccimcnto é um estoque, �1 inforrné1-
ção t um fluxo de mensagens.
20
Com efeito, o estoque de conhecimentDs é alterado com
o input ele novas informações, em virtude ele adições, reestru
turnç·ões ou mudanç<1s.
l'vlas, para que o conhecimento <ln sociedade não se perc.1
e possa ser compartilhé!do, ele é registrado num do.do su
porte: livro, imagem, foto, disco etc., passando ;-1 se consti
tuir um documento.
O desenvolvimento científico e tecnológico tem
proporcionado ;'i sociccbde um.1 massn enorme de inforrn;-1-
1;:ôes ger,1doras de conhecimentos, portanto de documentos,
que precisam ser tratados ,1dequadamc11te para que h,�j;i n.io
só a sua divulgaçJo, como também .:.1 criaçJo de novos co
nhecimentos, cumprindo ;1ssim a rotina natur.:.11 d,1 própri.:.1
ciência.
Daí o papel fundilmcntal da {irea de documentuçiio,
respons;ívcl pela tri,1gem, orgzrnização e c011scrv.:.1çJo cb in
formaçc°io, bem como pela viabi!i7.élç:io a seu acesso.
Hé'í que se considerar que i'l massa considerável de docu
mentos em papel que constitui volume consider.ível vêm se
jtmLmdo, de forma t<1mbém crescente, documentos cm ou
tros suportes como disco, fotogr;if'i.1, fit.1 111;1gnétic1, vídeo etc.
Scgt111do Waddington (1975), é pr:1ticamcnte impossível
cbr uma imagem do mundo moderno, ciue chegue próxim.1
da cxzitidiio, cm termos Jc conhecimentos acunll!bdos. En
trel,mto, pode-se chegar a ter uma idéia parci,.1! do probk
n1:1, qunnclo se consideram os estudos sobre o crescimento
d:1 inlormziçJo científica e técnica nos últimos dois séculos,
;Jl r,1vés só das publicações Je rcvistc1s especializadas desses
,luis campos.
As dui.15 primeirns revistils inteiramente dedicadas ;'i ciên-
2]
eia começaram em 1665: The Philosophical Transactions of
thc Royal Society of London e Journal eles Sçavants (frança). A
partir de 1760, houve uma implcmcntaç5o de publicações
desta natureza que, pouco él pouco, prt1ticamcntc duplica
r,1m i1 cada quinze anos.
Sabe-se que ;:i.té meados da segunda metade do século
XX. for.::1111 fund.::idas mais de ·100.000 rcvistns cicniífirns. No
entanto, n5o se sabe qu;:inLJs dcsapareccr;im e, hoje, é pratiGl-
111.ente impossível dizer o número ddns. Para se ter uma idéia,
em 1938, c;ilculou-se ern 33.000 o número de revistas cien
tíficns publicadas, sendo que no final dos ;inos "J 960, ele atin
gi;i cerca de 60.000, com um milh5o de artigos in<lividun.is
por ,u10 Estimava-se, cm 1996, que havia 200 000 perió
dicos em circulação, número que continun crescendo pri11ci
p,.1lmentc <1 pürlir de sua difusão em formato eletrônico
Os cbdos s.'i:o, sem dúvidn, imprecisos, méls suficientes
para demonstrar a dimensão do probkrna ct�jo desdobra
mento pode ser observado por meio da criação de revist;:i.s
secundárias e terciárias, do fenômeno da "redcscoberlé1" cien
tífic1, da tendência.:) cspeci,1liz<1ção e d;i rApida obsolescência
da informaçno
Com efeito, i1 primeira revisla secundária, n�ja fun�·Jo
é resumir e sintetizar os artigos publicados nas revisL:is pri
mártas, surgiu na A.lcm,111ha em 1714. De b par<1 có, esse
tipo dr periódico veio aumcnt.:rndo, cheg,rndo mesmo é1 mul
tiplicar-se com, praticamente, ,1 mesma taxél exponencial d,1s
revistas prím:.irias. Em 1960, czilcu!ou-se em 1.900 o nú
mero desL1s revist.1s secumtirias.
O volume de revist<ts sccund.:í.rias levou à cri,içJo de re
visléls tercüírias que informavam sobre as revist<1s de sín-
22
tese. Sob essa mesmi'l perspectiva, criou-se o Sistema Uni
versal de lnformaçiio Científica (UNIS!ST), com o patrocínio
dé1s Nações Unidns, com .:, tarefa central de arm.:1zené1r toda
a informJção científirn em um comJmlJdor central, dotado
de um sistema de busca.
O terceiro desclobré1mento diz respeito il um frnômeno
muito comum hc�je: é mnis fócil redescobrir J.lgo que saber
se zilguérn jtí o descobriu antes. /\creditam alguns que este
fenômeno cb "rcdescobcrt:1" poss:1 tornar-se um dos princi
pais fotores limit:.H.lores da li.1xa de .:iv;_rnc,:o da ciênciil na so
ciedade contemporé'\nc:1. H;:í, por vezes, um dispêndio enor
me de recursos ln1111anos e materíélis p,1rzi drscohrir o j6
descoberto
/\ trndênciil fi rspccic1liJ;:.1dc constituiu um;_1 c.1r;_1eterís
tica muito presente 11,1s décad.:is p�1ss,1<las, chegando mesmo
:1 motivar filósofos e cduc1dorcs p,1r;_1 discutir ;1 questão da
intcrdisciplinaricbcle. Nos úllimos anos, embora oinda per
sista, com s;_1liência, esln c.:iracterística, assish:-sc a urna for
te reaçilo à alta especialidade, de modo pélrticular com os
movimentos denominados pós-modernos.
;\ velocicbde de procliH;,"ío ele inforrn.:içilo tem como con
scqiif'ncia quase imcdiat:1 ,1 obsolcscênciil de conhecimentos.
De .Soll:1 Pricc discutiu isto cm krrnos cio que ck chzunou de
coeficiente de irncdialismo: se ,1 qu;:mlicfade de infor111.1ç'i'10
dobra cm quinze anos, rb sCTin ,r\ no início deste período e
lA no fim do mesmo período O acdscimo de A é A e o
coeficiente de imecli<1tismo é i\./21\ = 1/2. lslo é, ao c.1bo de
quinze ;_mos, 50% chs i11forrn;1\·õrs disponíveis ser3o fruto
de descohcrL1s rcaliLi1cli1s durc111lc o pcríudo cm qucst.:io (Pricc,
·1965)
'.)� __ )
Não é difícil perceber que em áreas de awmço muito
veloz, como n computaç.10, o período de duplicaçJo não é
15 anos, mas muito menor, talvez 4, o que ampli,� b.1stante
o índice de obsolescfnci.J.
/\.ssim, cieiro esl{i que ninguém pode, nem mesmo numn
área de especiulidadc, avenl urar-se a "conhecer" ludo o que se
publica. f'vfas também é cbro que uma pessoa pode conseguir
informações p,nciais em níveis satisfolórios, gri..lps aos meios
desenvolvidos pnrn gu:irda e rccuperaç.10 e.la informaçiio.
As necessidades, 11.:üurülmrnte, v.:iriam de um domínio
parJ. outro, de um grupo para outro, segundo o eslé.Ígio de
Jcst'nvolvimenlo da .íreo., a n.:itureza cios usu.:ít·ios, seus ob
jetivos A.pesar dessas variações, é preciso que as informa
ções srj;:im confiAvcis, atuais e inwcfoltamcnle disponíveis.
Para se chrgar i.l isso é indispens,1vel um trabalho sistc
míltico que se compõe de um conjunto de opernções cm ca
dei,1, isto é, operações marcadas por íntima relação entre cada
urna das etapas: .:is últinrns oper;-1ções estão ligadas .:)s pri
meiras e as primeiras v.10 conduzindo às últimas.
Numa extrc111id�1de da rnciciJ. estJo os documentos que
seriio [ralados e, na outra, os resultados desse processo ex
pressos em produtos docume11l,írios cio tipo: rdcrêncii.ls, des
crições de documentos, publicações secuncli5ri.:is e terciéÍrias.
O processo começa peln opcraçi=io ele coleta Jc dados que
se constillli num procedimento ele alimcntaçi'io, por meio do
con1unto de documentos que p,1ss;1rn a intcgri1r umJ. unida
Jc ele informc.1çfio
A primeiri1 rJ.se que se decompõe em éllgumJ.s eli.1p�1s
sucessiv,1s (loc;ilizaçâo de documentos, triagem e escolha,
procedimentos de üquisiç<lo propriamente ditos) exige pro-·
24
fissionais atualizados em relação à evolução <lo conhecimento
e à produção no domínio considerado, o que supõe que a
unidndr dr informação esteja bem integra.da no circuito cien
tífico nacion:.11 e internacional, formal e informal.
Quando se trüta de publicações disponíveis no merca
do, a coktn npóia-sc em fontes identificáveis e acessíveis: dc
pósilo leg.Jl, bibliografias nacionais, G1ti.Í]ogos de editores, ou
c:1tólogos coletivos, índices, repertórios, bibliografids de toda
espécie. Mas, quando se trata de localizm um.:i lilerntura dita
sublcrrânca, é fund,1mcntdl que se poss.J dispor de umél rede
de perrnul;1 e de aquisição sistern.ítica, o que implica inte
gração no circuito científico da ,írc�1.
A scgundn fase do processo consiste cm opernções de
controle e registro do materi,11. Nesta fase, é frito o tratü
mcnto intelcctlwl dos documentos, por meio <le descriç,10 lii
bliogrófica. descrição do conteúdo, cstoc�1gem, busca e difu
são. Todüs essas opt.>rações visam cncontrnr, de imedi,ito, a
informnção necessúria pari1 responder à dcrnand,1.
i\ tmefo inicial consiste cm proceder à idrntific1ção do
documento, o que é feito por intermédio de urna dcscriç5o hi
bliogrMiG1 ou de u1Lílogo que explicita Slli.1S c:11-;_1cteríslicas for
m.:i.is: autor. título, fonte, formato, língua, data da ecliçJo etc.
Em scguicb, é frit:1 a descrição do conteúdo, dcnomina
cb análise clocumcnlária. Esta etap.:i. recobre oper<1ções de des
crição das informac,-õcs que trazem o documento, e i1 trndu
ç.3.o dessas informações 11u111<1 formubçâo aceiLí.vel pelo
sistema adolado.
Daí nasce il rclé1ção cb ciência da inforrnaçZín com a lin
guagem nnturnl, rclnr,10 que p1-ccisc1 ser ;111<1lis;1da do iln
gulo dil guarda e da recuperação dos documentos, por meio
25
de sistemas que fazem a representação dJ inform;:içiio que
veiculam conhecimento.
Não só o volume de documentos constituídos cm lin
guagem natural, corno também a nJ.turezJ. da linguagem
verbal, justificam um;i reflex."io e specífica
1.2 LINCUAGEM: CAR,-\CTERÍSTlCAS GERAIS
A linguagem, enquanto ol�jeto de reflexão, perde-se no
tempo; entrelirnto, enquanto objeto de uma ciência, é relati
vamente recente.
O rnrcJ.tcr científico deu à lingungem um.1 f"orp t"1l que,
hoje, pode-se dizer que da é tornadiJ como chave ele acesso
do home m moderno .:'is leis do funcionamento social
(Kristeva, 1969).
Embora, desde sempre, da tenha sido considcrad.:1 na
sué.l articulação hornt'm/socicd"1dc, hoje, busca-se um isola
mento metodológico na tentativa de vê-b corno ol�cto par
ticulJ.r em si mesmél. O homem como que se distancia, se
descola dn Jinguagrm que o constitui e obriga-se n "dizer o
modo como diz". (Kristeva, I 969, p. 14)
Neste esforço de m:lis e melhor conhecer .:1 lingw1gcm,
os primeiros aspectos que se sobressaem s3o ,1 dcrnarcaç.10,
a significação e .:1 comunic.:1ção.
Em primeiro lugar, é preciso dizer que todJ.s as pdti
c;:1s humanas s:io tipos dt' linglli1gcns, j;í qut' cbs têm :1 fun
ç5o de c.lcm,irc1r, significar e comunicar. Entrd:111to, como
c1ssi11:1b Barlhes (1964), C]lli1lqucr sistem:1 scmiológico repas
sa-se de linguagem verbal.
26
Ao longo <los tempos, a concepção <le linguagem foi se
modificando, à mercê do saber constituído e <la ideologia rei
nante. J\lé o século XVIII, predominou uma concepção teoló
gica que colocava cm primeiro plano sua origem e as regras
universais da sua lógica. O século XIX foi marc1do por uma
concepçô.o liisloricisla que via a linguagem como um pro
cesso cm cvoluç.:io alr.Jvés dos tempos. Hoje predominam as
concepções <la linguagem corno sistema ern funcionamento.
J\ prática da linguagem é marcc1dc1 por umc1 tendência
n.Jtural do homem: compreender, governar e modificar o
mundo. Com efeito, o homem busca, incansavelmente, e11-
ccmtr,1r um.:i ordem para as coisas, j.5. que um mundo caóti
co seria incompreensível, insuportável; por isso ele busca
encontrar, em meio n aparência caóliG1, uma ordem mesmo
que sul�jacenle, uma estruluré1 capaz de explicar JS coisns.
Nél sua busca ref1exiva, o homem trabalha com umn es
trutura que é, a um só tempo, estMica e dini'imica, isto é, que
permite .J fixaç.:io de cada c1parência dentro do esquema geral
de referência, ao mesmo tempo em que deixa esp,1ço para que
essa mesn1,1 aparência su1ja num outro ponto do quadro, a
partir de outras relações, repelindo o mesmo processo.
/\ssim, situa-se numa ponta a .:_1preensão e, na outra, a
compreensz"i.o O primuro esforço, o de fixaçô.o, equivale ,1
uma Céltalogaçô.o do mundo. O segundo, o de coordenação,
equivale a uma hierarquizaç.'io do mundo
E dentre :1s coisas a conhecer, provavelmente, seja a lin
gu.:1gem verbal uma das mais 111trigilntcs, jó. que ela se foz
presente no dia-,1-dia, de forma inalienável, participando do
processo e do produto deste conhecer.
Como é feita <le palavras, a grande maioria dos dados
27
de que o homem dispõe, daquilo que forma seu intelecto,
p.::in:cc importante pensar a p;:ilavrn, unidade recoberta por
inúmeras dificuldades, entre élS quais pode-se cit;:ir o fato de
nem todJs as línguas possuírem escrita e, portanto, ;:i idcn
tificaçiio da 1x1lavr;:i com o espaço em branco ser, cm alguns
cé:lsos, inviável.
f!usser (1963, p. 22) lenta atingir um nível de explirn
ção pélra a palavra, construimlo uma imagem que tenta ex
pressar él passogem das sensações para a lingu.::igern. Diz ck:
"Há, ap;_irenternente, um,1 insU\ncia entre sentido e intelec
to, que transforma dado cm p3!.:lVrél. O intelecto sensu stricto
é uma tecel<1gem que usa pabvr;:is como fios. O intelecto
smsu lato tem uma ante-s<1la n:1 qual funciona uma fü1çi-'io
que tr,rnsform,1 o.lgod.'io bruto (dados dos sentidos) em fios
(p,1lavras). A maioriz1 Uél m:1 téria-prima, porém, jA vem cm
forma de fios."
Para ele, :10 se dd"inir realid<1de como conjunto de dados,
se estéí concebendo que .1 vid.i do homem se passa numa du
pli:1 realidade: por um lado, ,� re.:1lid<1dc cbs palavrns; por ou
tro, a rei1lidack dos dac.los brutos ou imediatos. Co11siderc1ndo
que os e.lodos brutos oliqj;:im o intelecto nJ. forma de p,1la
vrJs, pode-se dizer que a rco.lidacJc se f;iz com p;1bvrns e p<1-
bvr.1s in statu nasccncli.
Na prcítica da linguilgcm !1é.llural, sabe-se que ;is p:1la
vras chegam até ,1s pessoo.s por intermédio cios sentidos de
forma org,rniz;i(b, isto é, si'io agrupadas ele acordo com re
gras preestahclecicJas, formando frnses.
De um bdo, entJo, ;1 língua pode ser vist;:i como um
sistema cuj;is unidades se articul:1m nu pbno da expressão e
do conteúdo, planos que se unificam como o ímico modo de
28
ser do pensamento, a sua realidade e a sua rc<1lizaçô.o. As
sim, a língua integra o universo mais amplo da linguagem e
atua corno elemento fundamental na comunicaç5o social.
Da mcsrnél forn,il que não há socied;-i<le sem linguagem,
nzio há sociedélde sem comunicação. "Tudo o que se produz
como linguagem tem lugm· nél trnc.:1 soci;1l para ser comuni
cado" (Flusser, 1963, p. 12).
Nél comunicação, ohserva-se que todo f,1Lmte assume
o cluplo pélpcl de destinador e destinaUírio Jc mensagem, pois
�10 mesmo tempo cm que é capaz de emiti-Ias, sabe decifrá
Lis. Ou sejél, na situação natur;1l de cornunicaçJ.o, o fa!.,mtc
n;:io emite mensagem que ele nôo sc:ja capaz ele decifrar.
Assim se introduz o fobntc no complexo domínio do
sL�jcito, isto é, no universo ela sua constituiçJ.o e da sua rrla
ç;fo com o outro. Na rclé1Çi10 consigo mesmo e com o outro
fabnlc, opera com o ato de nomrnr que é frito com ,1 língua,
exterior élo indivíduo e submissa a umél espécie de contrato
soci;1] firmado, n,:lluralmente, para garantir J comunicação .
.r\ língua é, pois, um sisternél de signos e regras com
binütórias que, de fato, nzi:o se rrnliza completamente na fola
ele nenhum sujeito. Ele, só existe completamente na massa,
no co11JU1lto de uma socied,1c!c. Mas t;imbérn é um sislemél
ele relações virtuais cm permanente disponibi!i(bclc para o
folante.
Enqu,mto realizaçzi:o, pode-se dizer que, qu.:mdo as pa
bvL1s s.'io percebidas, percebe-se uma realid,xle ordenada,
um cosmo, o que permite di7.er que a língua é também o
coi'.junto de frases percebidas e perceptíveis
Por outro lado, as p;1bvr;1s sJo aprccmlidas e compreen
didas como símbolos, isto é, como tendo significado, por-
29
que, por meio de um <lcordo entre vários contratantes, elas
substituem algo, apontam para algo, são "procuradoras" de
algo.
É, pois, <l partir de um acordo entre st�jeitos que os sinélis
são apreendidos e compreendidos, reJ.lizando, em sociedmle, o
GHi.'íter simbólico cl.J. língua, condição do pensamento.
Tradicionalmente, são distinguidéls as palavras él pü.rtir de seus significJ.dos em substantivos, acljetivos, verbos etc. A
mesma tradiçJ.o ensina que substantivos significam "subs-
15.ncias", que acljetivos signific.J.m "qualidades", que verbos signifirnm "processos modific.J.nclo substilnciéls", que prepo
sições e conjunções significam "relações" entre substâncias
Essa classif'irnç:ão, nJ.o obstante ser enfatizada, oferece
pontos de conflito muito evidentes. A.ntes de mais nada, ela
pressupõe umél realidade absolut<l, um universo uniforme
mente ordeno.do, urna estrutura rígida de mundo, e'.Spclhada na estrutura da língua. É mais ou menos como na concep
ção platônica em que o fenomen.J.l espelha a estrutura do
mundo cl<ls idéias.
Se <l realid.J.de rn,iis ampla mostrn línguas como o chinês
e, de resto, as língu;is ,iglutinadas f assil{1bicas onck esta divi
são não faz sentido, <l. presença mais imedi3ta da língu.J. m.J.
lern3 mostra reéllidades que põem cm cheque esta divisão.
Enquanto n<l. frase "Isto é uma caixa grande", "caixa" e
"grande" são expressões .J.utênticas, respectivamente, das sig-
11ifiu1ç:ões substâncii.l e qualidade, n,1 frnse "Isto é um cai
xão" a qualicl.J.de como que vem engolicl.J. pela substância. J{J
nil frase "Viver é luti.lr" observam-se processos assumidos
como substil.ncias.
Os exemplos poderiam ser multiplicados, 1jara mostrar
30
que a cla.ssifirnção absoluta n3o corresponde à re<1lidade. Entrclémto, é preciso éldmitir que a classificação tradicional,
mesmo com possíveis defeitos, oferece vantagens, na medi
da cm que e!J. permite ver a língua corno um sistema de símbolos apontando parél <1lgo, ou significando <1lgo. Na rez1lidade, a línguél não se constitui num cortjunto de símbo
los equivJkntcs, rnc1s, antes, num conjunto de símbolos hiern.rquicamcnte difcrenciJc!os. O signific<1clo de c;1cla sím
bolo só se torna compreensível dentro do conjunto do siste-1m1 inteiro.
A língua não é funçJo do sL0eito falante nem sucessão
de pé1lavr,1s correspondentes ü outras equiv,1lentcs. É um sistem,1-estrulura de valores e formns. Os sistcmJs de v.Jlores nfio sZío construções p<1rticubres de um indivíduo; s.10, ,mies, o resultado de todo um contexto socioh1stórico que deterrnin.:i ;.1s condições de produç.10 do discurso.
31
2 Linguagens documentárias
2. N:\TLIREZA, ESPECIFICIDADE E FLIN<_:ÔES
llrn rJpido retrospecto sohre a ií.re.i da documentaç,.fo
moslr,1 que, nas décadas de 1950 e 1960, com o crescimento
do conlwcirncnto científico e tecnológico, houve dificuldades
para arm.izenar e rccuper:ir informações. A soluç:'io foi en
contrada com uma mud:inça do enfoque e da nmccituaçJo
da recupcro.ç3o da informa1,::'io. Com efeito, foi 3.Jxrndonada
él JKrspecliva preferencial de rccuper.:içõ:o bibliogrófica e nor-
malização cli1ssiricatória e descritivo., buscando-se a cons
trução de linguagens próprias.
Vem dest.1 époc,1 a ulilizaç.'io de Linguagens Docu
rnent,írias - LDs, par:1 ,1 recupernçi'io Ja informaçZio. Essas
lingu,1gens sJo, pois, construícbs para indexaç:10, arma
ZfI1<1rnento e rccupcraç:'io da i11formdçiio e correspondem ,1
sistemas de símbolos destinados a "tu.1duzir" os conteúdos
dos documentos
Como decorrênciil destil 111 ucbn�·a de conu:il uaçZio da
6rea, houve grande concentraçJo cm cst udos de Lingüística
e de Eslillística, especi,1lmente para viabilizor ,1 ;mtomc1çi:i.o
do tratamento cfa informc1ç,10.
Com os estudos de Ling i.iístirn esprrava-se resolver pro-
33
blemas de vocabuljrio, tendo em vista a construçno de ins
trumentos nrnis adequndos Estes estudos lev.::m:im a an;'íli
ses de conteúdos e.la Linguagem N;:itural - LN, a buscas de
métodos de padronizaçõ.o relativos à pass<1gem d.1 LN p<1rn a
LlJ, ;.io estabelecimento de mecanismos para é1 est rut urciç3o
de campos scrn.5.nticos, df c;:impos associativos e de c.1tego
ri;_1s funcionc1is.
/\ EstAtística, por su;:i vez, foi tom.1dc1 como instrumento
de apoio, tendo cm vist.1 determinar freqüênciéls de descri
tores, mapeamento Jc ocorrências e <111iÍ!ise de citações, o que
levou élO desenvolvimento da Bibliomctria.
No .1mplo universo da linguagem, éls LDs possuem um
status muito p;:irticul,ir: por meio delas pode-se representar,
de 111z111cira sintética, as informações materiéilizacbs nos
textos.
Tal como a LN, as LDs são sistem,,s simbólicos instituí
dos que visam facilitélr a cornunicaç3o. Sua funçJo cnrnuni
Céltiv.:.i, entretanto, é restrita a contextos document;'írios, ou
sej.:i, ns L.Ds devem torn;_ir possível a comtmirnç5o usu,-írio
sistema.
Grande pc1rte das discussões teóricas sobré' LDs inserem
sr no 5mbito cb /\nólise Documrntjria que, por su,1 vez, se
define corno uma atividade mclodo!ógicé1 específicé1 no inte
rior d.1 Documcntaç5.o, que trata d.:.i análise, síntese e repre
scntaç.10 da inform.:içâo, com o objetivo de recuperá-la e
clisseminá-b.
Nesse contexto, as LDs são, pois, instrumentos inter
mediários, ou instrumentos de comutação, através dos quais
se realiza a "tr;.idução" d<.1 síntese dos textos e das perguntas
dos usuários. Estél "tradução" é feita em unidades infor-
34
macionais ou conjunto de unidades aptas a integrar sistemas documenti'írios. !\ formalização d<1s perguntas dos usuários é feitzi rn.1 linguagem do próprio sistema. É por esta ra
zão que as LDs podem ser concebidas como instrumentos de comutação documentária.
Ivl3s, diferentemente da LN, o sistema de relações das
LDs não é virtual, hem corno seus rneGmismos de articubçii:o s.10 extremamente precários, em frice daqueles existen
les nas língu.:is em geral. Bem uo contréÍrio, elementos dessa
linguagem específica sBo selecionados de universos determin.:1dos e seu sistema c.le rclaçües é construído, sendo indis
pens:i.wl, para utilizj-Ja, n existência de regras explícitas Por
esse motivo, as LDs são linguagens construídas. C.:ida LD específirn representa, por outro Indo, um pon
to de vist.1 p;:irticubr sobre a rcalidé1de. Como sistem.:i de
rclaçües construído, o signific1do c.le cada um de seus elementos vai estar direL'..1mente subordinado às definições cor
respondentes .:ios elementos colocados nas posições superiores do sistema.
Segundo Gardin, uma LO é um conjunto ele termos, pro
vidos mi n-10 de regras sintiitici.1s, utilizadas pnra representar conteúdos de documentos técnico-científicos com fins de clé1ssific.1ção ou busc;1 relrospectivn de inform.:içõcs (Gardin ct al, ]968).
Para o autor, umél. LD deve integrnr três ekrnentos b;isicos:
• um léxico, identificado como urna list.::i de elementos
descritores, devidnmente filtrados e depurndos;• urna rede paradigrn.:ítica pnra traduzir certzis relações
essenciais e, geralmente estáveis, entre descritores. Essa
35
rcclc lógico-sem5.ntirn, corresponde i'1 org;:mizaç3o clos
descritores numa forma que, lato sensu, poder-se-ia
chamar classificaçJo; e
• uma rede sint<1grn;Hiu-1 destinada a express.:ir as re!u
ções contingentes cntrc os descritores, rcluções que s<"i.o
v,ílidas no contexto particllbr onde aparecem. A cons
truç.:io de "sinlagm.1s" é feita por meio de regrns sin
táticas destinadas J. coorden.:ir os termos ciue dão conl,1
do tema.
Embora 11.1 LN haja diferl'nça conceitua] clara entre lé
xico, vocabul.írio, nomencblura e terminologia, observurn
se usos sinonírnicos dC' léxico e voc,1bul:.írio por um lado, e
nomencbt ura e lerminologi,1 por outro.
Nas LJJs, por sua vez, é bastante freqi"icntc o uso
inJiscriminziclo destas p,1lavr;1s, o que pode compromder o
próprio conceito ele reprcsent,içiio clocumcntária, na medida
cm que a cada lermo deveria corresponder urna funç.:io dife
rente dentro du linguagem.
Entret.1nto, cadél urna dess.:is pnlavras remele ,1 conceitos
específicos, o que nos permite dizer que cada umn tem
c;ir;iclcrísticJs e funções própri,1s, fator suficiente p;_ir�1 im
pedir sua lltilizé1çôo indiscriminadél.
Embor�1 mesmo nos L'St udos das ciênci.1s d.:i linguagem
h;�j;1, eventualmente, refcrênci..1 a léxico e vocahul,írio como
conjunto de pabvr,1s de uma língua CHI de um autor, de um,1
arte otl de um meio social, a rigor, léxico design,1 o conjunto
de unidades re.:iis e virtu,1is que formam a língua de uma
comtmid,HJc, algo como um depósito de dcrnentos cm C'sla
do irlua.l e dt' regras que permitem a construçi'io ck novas
unidmlcs, ncccssJri;1s para a atividade lrnm,rna da fala.
36
Já vocabulário refere-se ao conjunto de ocorrênciéJs que
integrom um determinado corpus discursivo, como uma
lista de unicbdes d.::i fzt!a (Duhois ct al., 1973) Assim, pode
se fribr no voc;ilnil,írio que encontr,1mos no trilbalho de
Cu11ha, rebtivc1mcntc i1s ocorrências rcgistmdas nos discur
sos sobre polílicn colonial de 1\driano J\11oreiro (Cunb.::i, 1990),
ou no vocabul6rio médico, a partir de lcva11larncnlo cm
dcterminacbs obras médirns, por exemplo.
Em termos de L!Js, nâo foz. sentido folar nC'm cm léxico,
nem cm vocabulário nas :1cepções d,1 Lingüístirn, uma vez
que esses ekmcntos s.10 específicos da LN. As LDs, lingu:1-
gcns construícbs que s:io, com finalidades espccffic1s de
rcprcscntaç:io Jocument;'iria, nJo sJo suíicicntcmcntc ,1rli
cubdns, 11cm se constituem cm unidades geradoras de no
vos elementos.
Também !l:i.o inlegr,rn1 vocabulírios propriamcnlc di
los porque suo formadas de 1x1bvr;1s preferenciais, comhi
n,1ndo pabvr�1s de vornbul,írios de dctermi11aclos domínios e
palavras utiliz:-icfas pelos us11Jrios. Desta forma, englolx11n
vúrios voc:ibul.írios, representativos ele vúrios discursos /\s
sim qu:rndo :1 p,1bvr�1 vocabutírio rdffr-sc ?t LD, eleve ser
entendida segundo esta úllim:1 :1cepçiio, que privilegi:1 um,1
constituição a partir de origens diferentes
Urna 11oml'ncliltura, por sua vez, como sugere ,1 própri;1
p,1l,1vra, diz respeito ú açZio de cl1arnm algo por seu nome.
,·\ssim, se constitui cm list:1 de nomrs que- st1põem biuní
vocidade dn rcbçJo significudo-signilic,rnte (Dubois ct ai.,
1973). T1lvez se poss,1 melhor car<.1ctcrizar uma nomencb
luri-1 como ctiquctils que dcsign;irn coisas ou conceitos pré
cxislcnlcs, como a nomcnclatur,1 d,1 QuímiG1, por exemplo,
37
fül qual, independentemente de um sistema nocional porti
cular, algo se cbamél ouro, nitrogênio ou potássio.
Diferentemente de um.1 nomenclatura, uma terminologia
refere-se élO conjunto de termos de um.1 área, termos rclacio
n.:1dos e definidos rigorosamente para designar as noções que
lhe são úteis (idem, ibidem). Assim, por exemplo, a terminologia da educação hrnsileira pode ser encontrada no Glossá
rio de termos em educaç3o (Br.1sil, Ministério da Edurnção e Cultura, 1980). Trata-se de um sisternél de termos orgt1nizc1-
dos a partir de noções particulares. É bom lembrar que todo conhecimento Lécnico-cienlí
fico desdobra-se num universo de linguzigem. ,\ linguagem condiciona o conhecimento objetivo, determina os limites e su.:1 formulação (Grangcr, 1974). As linguagens construídas exigem formulações rigoros,1s de sentido <"i medid.1 que a próprin ;:itividade se encontro subordinoda lt
articulação da linguagem. Desse modo, c1 atividade terminológica é parte constitutiva da ativid.1de lécnico-científirn
e diz respeito, dirct.J.mentc, a um conjunto de termos organizados.
Tod.Js as defi nições c1nalísadas anteriormente ifv,1111-
nos a concluir que as LDs nfío se confundem com léxicos,
vocc1bul6.rios, nomenclaturas e terminologias, embora incorporem elementos dl' todos eles. É importante que ess.J
difcrenciüção sejJ. feita, para melhor delimitélr suas carnctc
rístirns em f,1ce d.1 funçZio que devem desempcnl 1c1r 11;1 representação da informaçâo documentária.
A represenl<1çi'io documentári;i é obtida por meio de um
processo que se inici,1 pela éln,íli�e do texto, com o objdivo ele identific;.1r conteúdos pertinentes em função diJS finali-
38
dades do sistema - e da representação desses conteúdos -
numa forma sintética, padronizada e unívoca.
A síntfsf f i1 representnç3.o documentárias <1dvindas do
processo de .:mzilise podem apresent.:i.r-se, geralmente, sob
du:-is formas: o resumo, que é feito sem n intermcdiélÇJO de
um;_1 LD e o índice, que , para maior qualidade, deve ser ela
borado a partir de uma LD.
A opcr.:iç.10 de traduç3.o de textos cm LN para um.:1 LD
denomina-se indexaçJo. lnfrente .:io processo de index;içJo
c,t3.o oper.1çcJes de cbssificaç5o.
As várias Cases do processo an,1lítico apresent.:1111 uma
complexicfadc considerável, pois n.1.0 se trata de adquirir os
documentos e armazenéÍ-los numa ordem lógic;i /\ docu
mcnU1çZio é memória, seleção de idéias, reagrupamento de
noções e de conceitos, síntfse de dados Trata-se de tri,1r, de
av::1!i.Jr, de analisar, de "trnduzir", de encontrar respost;:is para
necessidades específicas.
A utilizaç3o da LN neste processo leva, seguri.lmente, ;'i
incompreensão e ?1 confus.10, devido a fenômenos nilturaís
como il redundânci.:i., a ;1mhigüidade, i1 polissemi;1 " ;1s va
riações idioletais.
A condiçZio p.:ira se obter resultados positivos na busc;1
de inf"ormaç,'io é que i1 pcrguntil e é1 resposta sejam /"ormub
lbs no mesmo sistema. J\ssirn, é neccssé'írio converter t1111,�
pergunta frita cm LN par.:i o sistcm.:i cm que foi traduzido o
conteúdo do documento, isto é, parn uma LD.
Dito de outro modo, uma LD é utilizadi1 na entrada do
sistema, quando o documento é analisado p<.1ra registro. Seu
conteúdo é idcntiricado e "trnduzido", de acordo com os ter
mos da LI) utilizada e segundo él política de indcx.Jçiio
39
estabelecida. É da mesma forma utilizado à saída do sistema, quando, a partir da solicit.1ção da informação pelo usuiírio,
é feita a reprcscnt .. 1çJo para busca. Assim, seu pedido é an.1-
lisat.lo, seu conteúdo identific.1do e devidamente "lr:1duzido"
nos termos cb l.D ulilizé1da.
Para realiwr lêlis funções de intermediaçi'io, as LDs de
vem ser construídas <lc tal forrn;1 qur seja possível o controle sobre o vocabulcírio. Tal controle é necess;_frio pnrJ que, ;1
rnda tmidé1de preferencial integrnda numa LD, correspondo
um conceito ou noçJo Essa correspondênci;1 só é assegurada por intermédio das terminologias de espcci.:1lid.::1Je.
Vale Jernbr<lr que, isolad.:1s, élS palavras nJo lrrn signifi
rndo ou lêm tod,)s os signiCirndos possíveis. É só no discurso, ou sc_:j;1, no uso, que as p;1bvrns .:1ssumcm signific1dos
p3rliculares. Como, vi,1 de regrn, os ckmcnlos das LDs sJo desvincubdos dos contextos omk ilj).lIYcem, pode-se correr o risco de que as p;1]avras que as inlegr;im ;1ssum.:.H11 todos
ou nenhum significado. Por meio das terminologias de espcc:i,1licfade, .is p,.1bvras pass,1rn a ser lermos, assumindo significados vincut1dos ;1 sistemas dt' conceitos delcrrnin,1dos.
CDnfrre-sc, desse modo, rdáênci.::i /is p,11Jvr:1s, CJlll' passam
a signilicnr segundo delcrmin.:idos sistemas nocion;lis, ,1.sscgur;1mlo interprcl,1ções pertinentes.
1\s LDs m;iis c,rnbecidas são os tcsauros e os sistemas
de cbssilirnç:êio lJihliogré'lfirn (Gomes, 1990). 1\s clifcrcnç;_1s cnt re esses dois tipos de l.Ds residem no 111:1ior ou menor
grau de reproduç5o das rebçõcs presentes nc1 LN e no uni
verso de conhccirncnlo que prclendem cobrir. Os pnmóros sistemas ck classific;1ç:êio bibliográfica co
nhecidos são de natureza enciclopéclico, corno a CDD - Dei-vcy
40
Decimal Class(fication, a CDU - Classificação Decimal Univer
sal C: él LC - Lilm.uy of Congrcss, f visam cohrir lodo o C:speclro
do conhccimcnlo. Sislcm;-is posteriores como ,is cbssificaçõcs
faccladas desenvolvidas a p.:irlir do CRG - Class1fication
Rcscarch Group, com base 11;1 Colon ClassU"ication, de R;-in
g,malhan, visam a domínios parlicubres. l)s les,1uros, por
seu lado, originaram-se de cbssificações fa.celadas com um;:i.
prcocupaç3o adicio11;1l: ;:i do controle Jo voc;1bulúrio.
Historicamenle, verifica-se conlínua progressão das L.Ds
a c,1minho dé1 cspeci,1lização. Conseqt"ienlcmenlc, ab;.rndona
se ,1 prelensii.o de cobrir lodo o universo do conhccimenlo
para vollnr-se a domínios c;.1da vez m;.1is específicos.
Todns as LDs, cnlrelanlo, si'io ulili1.adas para rcprcsen
ti1r o conlet'1do dos lcxlos, rn;-is 1130 os lexlos eks mC:smos.
A funçJo ele represcnl;1çJo deve ser entendida, neste conlcx
lo, como sendo de nalurezil eminenlemenle rcfcrenci.::il: ;is
unid;1dcs de umJ LD devem ser utilizadas como índices reb
livos a assunlos lr,1L1dos nos lcxtos, nJo lendo, porl;mto, ,1
funç.:io de subslituí-los.
Os produtos oblidos por meio d;i intcrmedia�:Jo d,1s LDs
s3o, desse modo, gcncr:díz,111lcs. 1"130 se rcprcscnla o texto
individual, 111,1s :1 cl:isse ck ;1ssu11lo Z1 qu,11 ele se refere. /\
m,iior ou menor espcciticid:1ck cio assunto a ser representado
depende cb m,iior ou menor correspondência d,1 Ln com o
sislcma nocional dos domínios de cspccialilbde. /\ssim, por
mlcrméclio de um sislem,1 de clnssificaç.:io enciclopédico, tC'x
los muito específicos sJn cbssificados cm classes de assunto
mais gcr,.1is; a rcprcse11t,1çiio cll cspecificidilclc dos assunlos
de L1is Lexlos é mais \'i,ívcl com o uso de uma UJ voltada,
cspccificomcntc, porn o domí1110 correspondcnlc.
41
Os estudos das LDs têm avançado progressivamente, nc1
direção dc1 definiç3o dos constil uintes e de sué:ls in terrebções,
ger;mdo vári.is lingu.igcns, de acordo com o domínio de es
pecialidade. lsto, por um bdo, permite que a :í.rca se libere
do monopólio das classificações universais; por outro, tem
mostrado inúmeros problemcJ.s ligados n falta de rigor na
construção de LDs. Tais problemas referem-se n clefiniç3o do
conjunto de termos que comporJo c1 lista de descritores; n
orgzrniznç:io dos termos nurn.1 rede pnradigrnátirn (úrvores
d.1ssificatórias ou refações vertic.Jis) péirél reunir descritores;
ao estabelecimento clé1 rrde sintagméltica (rclc1ções horizon
tais entre descritores e mecanismos de sintaxe) para permi
tir maior possibilidade de reprcsenlução de novos conceitos e
a agilizaç3o na recupcraç3o de assuntos; à definiç3o das cha
ves de acesso ao sistemo (compatibilizaçi:io ele linguc1gem
usuário/sistema).
2.2 CONFICUR!\C,:/\0 0/\S LINGUA.CENS D0CUJ'v1ENTÁRIA':i
1\s LDs mais consistentes para a representação docu
rncn Uiria dispõem de um vocahul;1rio que integra elementos,
de um bdo, d:1 linguagem de especicJ.lidade e das termino
logic1s e, lk outro, da LN que é a linguagem dos usuários.
Essas unicbdes, acornp;rnhadas ou n.:io de urna notação,
constituem o ''léxico" cbs LDs, denominadas, diferentemente,
conforme o sistema e a époccJ., corno: pabvrzis-cbavc, descri
tores, c.1beçzill10s de assunto etc.
O vocabul6rio Jocumenló.rio tem por objetivo reunir
unidades depuradas de tudo aquilo que possa obscurecer o
42
sentido: ambigüidade de vocábulo ou de construção, sinonímiél, pobreza informJ.tiva, redundâncizi etc. Além disso, ek é fixado de tal f'ormJ. que seu uso, hem como su;:is
relações estrut11r.:i.is szio codifirndos e não podem mudor ao sabor dos usuArios. Assim, chegJ.-se J. um instrumento rebtivamente est;.ívd.
Toda LD tem, também, uma sintJ.xe. Ela é bJ.stanle rudimentar nos sistem<1s de cbssifirnção bibliográfiG1 (/ldd notes, na CDD; uso ele + / , : na CDU, por exemplo) e m.iis desenvolvida nos tesauros, com 3 utilizaçzi.o de operc1dores boolcJ.nos. O esquema sintático de t1ma LO permite n delimiL1ção mais precisi.1 de um üssunto, por meio dzi combin.1-çAo de seus elementos.
Nos sistemas de classifiG1ç.10 convencionais, 11.1011,í gr.111-de preoctqx1çâo com o controle do voc.1b1116.rio. J� freqüente a utiliz.:içno de frnses, como ocorre, por exemplo, na CDU. J
(
í nos tcsauros, a funçé'1o de controle do vocabul.írio está m.iis presente. Par.:i este fim, as LDs incorporam procedimentos de normnlizaç.'io grc1m.:1tical e sem5ntic.:i.. A normalização grzimatirnl refere-se à forma de apresentaçi10 dos seus elementos quanto .:10 gêm:To (geralmente masculino), <10 número (uso de singular ou plural) e ,10 gr.:1t1 (Par.:i. rnnis informações, ver Comes, 1990) ;\ norm;_ilizc1çi'i.o scmântirn procura garantir a univocicbck na rqJresentnção dos conceitos de éÍrens dr cspeci:1lidade, pm meio d.:1s relaçl>cs lógico-scmântic1s.
O co1�junto noc:ion:11 b6sico é .:i.prcscntado cm hierarquias (na vertical), cm torno das quais se ngregam ;-1s unid.:idcs informacionais que se relacionam liorizont .. 1lmente. Nenhuma llnidzide pode figurar n11ma LD sem que est�ji.l relacionada a uma outrn unidade d.i mesma linguagem.
43
Nos t sauros, os dif'ercntes lipos de relações rnlrc as uni
dades sZio 111.:iis clar.::nnente .:1prcsentados enquanto sistemas
de classificaç.:io bibliogri.fficn, n5o raras vezes é1malgarnam,
numa mesma hierarquia, rebções de natureza diferente.
As varinçõrs na form,1 de ;1prcsent.1ção dns LDs devfm
se ,1 m;iior Oll menor incorpornçi10 dos difcrrntcs Lipos ele
rcbções existentes rntre .1s paléJvr:1s n;1 LN e rnlrc os termos
de espccialid;cick. T;ris v:iri,1çôes exprimem, télmbém, o llli.lÍl)r
Oll menor .:-1primornmento d.1 funç:io de reprcsenlaç5o
documcntúrio.
Algumas LDs foram construídas visimdo, principéllmcn
te, il organização dos documentos rn1s fstnntes, sendo que
sua funçJo de rcpresent.:içJo deve ser difcrenci:1da: a rcpre
senlação nesse caso (.kvc ser entendidü como ,1 identiricaçi'io
de documentos com cbsses genérirns de assuntos lradicio
tlillmentc reconhecidos.
A. estruturn b,ísic:1 de um.:1 LD é d:id:i por rebçõcs hie
r{irquirns, que podem ser gcnéric;is, específirns ou parlilivns.
( rebções genéricas r relações p.1rtit iv.1s Sfr.10 t rati::idas no Cil
pítu lo 3). O vértice de c:1cb liieLirquia é o gêmro ou o
todo A.s suhdivisües sucessivas 11�1 liier.:irqui,1 constituem os
rspécirs e/ou :1s p;1rlcs, qur podem, nov,1rncnle, se subdivi
dir. As rebçc>cs hier,írcp1iG1s provêem as unidéldcs supcror
Je11ndas e ,1s unidades subordin:1LL1s. Uni(bdcs subordinad,1s
,w mesmo vértice, quirndo no mesmo nível d.:i cadri,1, drno
rninam-sc coordcnad;1s.
Nos sistcmns de cbssific;1ção bibliogrMica, ,1 estrutura
hicr;írquicJ é d:i(b pela not;1çc10 (decirmil, no c.::iso cb CDD e
da CDU). O vértice d:is c;1deias hierJ.r(Juic,1s é constiluído J)l)l"
disciplinas cunvcncion:lis que se subdividem sucessivamen-
44
Nos lesauros, os diferentes tipos de rebções enlre as uni
dades são mais claramenlc apresent.1dos enquo.nlo sistemas
de cl;issifiG1ç3o bibliográfica, n:fo r;_iras vezes amalgam;1m,
num;_\ mesma hicr:irquia, rcbçõcs ele natureza difrrenle.
As variações na form;_1 de ;�presenlaçi'io das Ll)s devem
se ,1 m,1ior ou menor incorporação dos difrrentes tipos de
rcbçõcs cxistentes cnlre as palavras na LN e enlre os lermos
de cspeci;1lidade. ·1:lis variações exprimem, também, o maior
ou menor aprimor:1mcnlu da função de rcprcscnlaç.10
documenlóri,1.
Algum;_1s LDs for;1m conslruícbs visando, principzilmcn
h:, A urg,miz,1çô:o dos clucumcnlos n.is cslantcs, sendo que
sua funçôo de rcprcsentaç-:io deve ser dih:Tcnci,1da: ,1 rcpre
scnlaçJo nesse caso deve ser cnlendid,1 crnno ;1 idenlif"ic1çJo
ck documentos com classes genéric.is de assunlos lri1dicio
n,1lmcnle reconhecidos.
;\ e:=;trulura lxísic;1 de uma LIJ é daLb pur rebçôes hie
rárqlliG1s, que podem ser genériG1s, especffiG1s ou p;:irtitivas.
(rd,1ções gcnéricns e rel:1ções p;irlil1v;1s scri'io lr;Jt<1Lbs no ca
píl ulo 3). O vértice de cada liiernrquia é o gênero ou o
todo. i\S subdivisões sucessivas n;-i liier,1rquia constitt1cm ;1s
espécies e/ou ;:1s p,nles, que podem, ntJv;1rncnle, se subdivi
dir. i\S relaçêks 1I icr6rquirns provêcm ;1s unid,1dcs st1pcrnr
dcn�1di1s e as unicbdcs stliJordinndas. Unid;1des suhordin,Hbs
<10 mesmo vértice, quandu no mesmo nívL·I c..b cncki;1, deno
minam-se coordenadas
Nos sistemas de classificnç3o bibliogrMica, a cslrnlura
hier6rquica é dada pelei notaçzio (decimal, no caso d,1 CDD e
da (DU). O vértici.> c.bs c1dcias Iiicrárquic<1s é constituído por
disciplinas convencion;iis que se subdividem succssiv.imcn-
44
te. /\ indicação dos assuntos é feit;:i por meio ela notação nu
mérica ou ;:ilfa-numérica, conforme o tipo de sistema.
A organiz,1ção b6sica dos lesauros também é hicr:1rq11i
c;1, existindo l,mtos vértices, que cqLiivalem a cbsses, quantos
forem os aspectos escolhidos p.1ra org:mizar o domínio de
especi,1lic.bde. Nos tesauros mais modernos, tais vértices s?io
denornin<.1dos Top Tcrms e não constil uem descritores, mas
idcntific;1111 ,1s classes escolhicbs par,1 reunir os descritort's.
Vi:1 de regra, são utilizadas not;içôes numéricas :1pcn:1s p.:ira
apresentar as hiernrqui:1s b;isirns e suas princip;ús subdivi
sões. Ji1is notaçc"ies, entrclzmlo, rar<.1rnenlc s5o utilizad,1s [Klri.l
descrever o conteúdo dos textos 1\ lig<.1ç.°10 lógico-liicr:.írqui
rn fntre descritores é, no u1so dos tesauros, mais cLir:1, uma vez que é ide11tific1c.b pelos códigos TG crermo Genérico ou
·rtrmo Geral), T[ ('[ermo Específico). Alguns tes:1uros utili
zam, t1mhém, os códigos TCI' (Termo Genérico l\1rtitivo) e
T[P crermo Específico P;:irtitivo) para aprcsc11l.:.1r ,1s rebçõcs
hier,írquirns do tipo todo/1xirte.
As LDs ;1prescnt;1m, aincb, unidades que si.io rebcion;_1-
lbs ele form;1 n?io-liicrúrquic:1. As rcbções n::io-hinárquicas
são, norm:1lmente, de11orninad,1s ;issocialivJs, muilo cml)l)
r;i ni.io se poss:1 afirm:1r que :is rcl.içôes hier:'IrquiG1s também
n:io o sc_j;m1. É preciso kmbr;ir, enlrcl:rnto, que :1s relações
hier;írquic.1s representam :1ssociaçõcs m:iis esl:.íveis entre ti:T
mos, cnqu.into que .1s relações nôo-hicr:.írquicas ex pressam
outro gênero de proxirnic.bde entre os lermos Os rel;1cion:1-
mcntos não-hier,írquicos indicam ;1 ligaç,10 entre termos que
est?io cm campos semânticos distintos, porém próximos. Cacb
termo relacionado pode se constituir no ponto de partid<1 p,ir:1
uma fomíli:1 de lermos aparentados.
45
A porlir das noções de geral/particular e de todo/parte, él aniílisc e.li-is rel.:1.çôcs liier{irquirns mostra, pelo menos, três tipos característicos: as rel;:1çõcs genéricas, as relações específirns e é1S relações partitiv.1s que, como os nomes indic:un, marcam rebçõcs de oêncro llOrlanto o lohais ou ªL'r"i· c; 1·D_ t"> ' n t, n ., t:
laçôes ck espécie, logo parliculan."s e relações de parir de um todo.
i\s rel;ições genéricas definem-se como rebções liirr.:í.rquiG1s, basczidéls 11;1 idcnticbclc parci:11 do conjunto de Glracterístic.1s cbs noc,_·ões superorclenacbs e subordinadas 11el.1s envolvidas. O gênero, nesse sentido, é entcnclido como noção supcrordenada que cornporl;1 <-1s mesm,1s Cé1ractrríslic1s das noções subon!in,1d;is, a p:irlir dela.
. J ,í as rebções específicas definem-se como reL\:Ões liier,írquicas su!Jordinacbs que, rilém de comp.1.rtilli,1r UZ!s mesmas ciraclerístiG1s da noção que lhes f superorden;:ida, Ziprcscnt.1, pelo menos, uma rnré1cterística .1. mais que as diferencia.
l·\ noç,10 genfric1 impõe-se, portanto, como cortjunçJo de carnctcrístiG1s comuns, enqwmto que 3 noção espccffirn eslé1belece uma diajun�<fo, ,3 p,1rtir cb con_1t111çiio clé1da.
/\ noção espccífic;i é, port;-rnto, urn.1 noçi:io subordinada que indicé1 a existência de uma dífercnçZl, cm f;Ke de um conjunto de carncterístic;is comuns. /\o mesmo tempo, aprcscnt1 élS car,1Clcrísliu1s comuns e, pelo menos, um,1 rnr.:1cteríslica que a di/"crrnci,1 da noçJo gcnérirn
Assim, por exemplo, ;io subdividir o conjunto dos mélmíferos cm racion�1is e irrncil)n<1is, afirtné1-se, simultaneamente, a exislf'nci;1 de uma diferença. (r,3cion;1l e irr,1cional) sobre um plano comum ou semelhzmte (mamíferos)
52
A (marnikro)
Supcrordcnação 1
(so.:melhança) 1
h e
(racional) (irracio,wl)
,._ _______ ____.
Coordc.:n:içiio
Fig 2 - [squc111.1 iÍL' rel.içãv senérica.
NoçClO gen0rica
1 Subordinação (diferenças)
No�ões l:spccíficas
Na rebçiio genfric:1, a supcrordena�:.10 caminh;:i cbs di
ferenças para ,is semelhanças, ou sej,1, da espécie para o gê
nero e, invers.1.mcntc, ;i subordi11;1ç."io cami11k1 das semclhan-
v1s p;:ir;1 as diferenps, a partir d;:is primeiras, islo é, do gênero
JJi.lI\J éJS espécies.
Exemplificmdo: ;i noç5o de "embarcaçii.o" subclivide-se,
segundo o "tipo", cm noções mais cspecífirns como a de iate, jangada, canoél, navio, chata etc Em rclaçJu é1 essas últimé1s,
a noçJo específic1 "embarcação" é ;i noç3o s11perorclrn,1da. É
<1 p .. 1rlir dessas relé1ções que se pode afirmar que iate é uma espécie de "cmharrnção; que ·'embarcaç;:io" {: um gênero; e
que iate e canoa são noções coorden:id.is.
.1,í a rcbç}o p:irliliva é um lipo de rclaç,10 hicrárquirn,
n;:i qual a noção superordenada refere-se a um objeto consi
der:1do corno um todo e as noções subonlin,1das a o�jctos
consider,-1dos como suas pi1rles_ Em relaç.:io a "navio", a no
ç3o de "casco" é um.:i noçJo específic.1 1x1rtiliva, denotando
que n,1vio é umél noçfio rd"crentc ao Lodo (supcrorclenud.1.) e
quc ,;G1sco" é urn.1 noç.'Jn rcCcrl'nte o. parte (subordinad.1).
Do mesmo modo, él noç3o "convés" denota uma subdivisão
53
te. A. indico.ção dos o.ssuntos é feita por meio da notaç5o nu
mérica ou alfo-nurnérica, conforme o tipo de sistema.
J\ orgnnizaç5o b;.ísica dos tesauros também é hierúrqui
c,1, existindo t;mlos vértices, que equivalem a ci,Jsses, qu;rnlos
forem os aspectos escolhidos para orga.nizar o <lomínio de
CSJ)('Cié.1licbde. Nos tes;rnros mais modernos, tais vértices s:=io
denominados Top 'frrn1s e n5o constituem descritores, mos
ic.knlificam .:is cbsses escolhi<las para reunir os descritores.
Vi:i. de regra, são utilizadas notações numéricas apcn.is par.i
;1presrnlm as hier.irquias b.1sirns e stws principais su!Jdivi
sôcs. "fois notações, entretanto, r:1ramentc silo utilizadas para
descrever o conteúdo dos textos. J\ ligaçJo lógico-hier:irqui
GJ entre Jescritorcs é, no rnso dos tesü.uros, mc1is cbra, umél.
vez que é idcnlifiG1d.:.1 pelos códigos TG crermo Genérico ou
·1crmo Ccr:1!), TE (Termo Específico). Alguns lesauros tilili
z;im, li.m1bé111, os códigos TCP (Termo Genérico P.:.1rlitivo) e
TU' /Termo Específico Partitivo) 1x1ri.l aprcsenlm ,1s relnçôcs
hicr.:írquirns do tipo lodoip.:.1rtc.
As LDs aprrsenUun, c1inJa, unidades que s.iio relé1ciona
das de forma nzio-hierzírquica. As rebções n50-hicr.:1rquic;.1s
sã.o, norrn;:ilrnenlc, dcnomin<1cbs ;1ssoci.:.1Livas, muito cmho-
ra n5o se possa afirmar que ,1s relações hiedrquicas também
n:io o sej,1111. É prCL:iso km\Jr;1r, enlrcLrnto, que i!S rcbções
llicr.:irquic;1s representam .:1ssociac;ões mnis esti.Ívcis entre ler
mos, cnqu.1nlo que ,1s relações n.10-hierúrquic;is expressam
outro gênero de proximidmk entre os lermos. Os rcbcion.:1-
mcnlos n,10-liirr{irquicos indirnm a ligaçJo entre termos que
esl3o cm campos semânticos distintos, porém próximos C1eb
lermo relacionado pode se constituir no ponlo de partid,1 p�1r,1
uma fomília de lermos aparentados.
45
Nos sistemas de classificação bibliográfica, os relacionamentos não-hierárquicos, quando ocorrem, são erroneamente ''enrnixados" nas hierarqt1ias. É só nos tesauros que estas rebçõcs são explicitamente identificadas pelo código TR (Termo Relacionado).
Adicionalmente, é1S LDs apresentam relações de equiva
lência. Este tipo de relacionc1mento entre os termos permite a compatibilidade entre a linguagem do sistema e a do usu{i
rio, operando no nível da sinonímia. Desse modo, criam-se as remissivas, indicc1cbs nos tesc1.uros pelas expressões USE (Use) e l!P (Usado Para), quase inexistentes nos sistemas de cbssificziç3o bibliogr6fica. As relações de equivalência remetem o conjunto dos não-termos ou não-descritores para o conjunto dos termos ou descritores /\ finalidade dessas remissivas é encaminhar o usu(irio para os termos preferidos pelo sistem,1. Constitui-se, desse modo, um.1 chave de acesso ao sistema.
O co1"Dunto de relações que constitui a estrutura do tesauro é "um elemento importante para que ele possa cumprir sua funç3o: ela permite ao usu(irio (indexador ou consulente) encontrar o(s) tcrmo(s) mais adcquado(s), mesmo si::m Si.lbcr, de início, o nome específico pc:ir;1 representar a idéia ou o conceito que ele procura. A p;1rtir de um termo que o l1Sllé1rio conhece, o tesauro, através de sua estrutura, mostra diversos outros que podem ser ti'io oportunos ou mnis do que aquele que lhe veio à mente" (Gomes, 1990, p.16).
Vale ressaltar, ;1inda, que no uso das LDs, podem ser construídns novns relações entre os termos a partir do conjunto de operadores sintfiticos disponíveis, como, por exem-
46
pio, as adcl notes, na CDD; + / : ::, no caso da CDU; opera
dores booleanos, no caso dos tesauros.
Uma vez elaboradas e postas em uso, as LDs mais
desenvolvidas como os tcsa11ros, sJ:o permanentemente atuéJ
lizildils, mediante operações de supressão de termos em de
suso, re.:i.grupamento de descritores em funçiio ela existência
de palavras raramente utilizadas e/ou adiçi'io de termos no
vos. Só .:i.ssim as 1.Ds se rnJ.ntêm como instrumentos dinf\
rnicos capazes de incorporar os avanços do conhecimento e
as modific.Jções de significado de lermos jú existentes.
47
3
Sistema nocional
:\ todo e qualquer rnmpo de conhecimrnlo corresponde
um conjunto Jc noções que lhe é próprio i\s .:íreas cspe
cializad;is J,1 experiênci.1 humané:l elevem ler seu universo
nocional dcvicbmenle identificado J partir de um dado pon
to de vista, püra que seja possível organizó.-lo de forma sis
temMicé!, 011 s�ja, inler--relacionada. Só a organização no
cional de um;.1 5rrn permite ;:i ulilizaç5o de instrnrnentos
eficazes para o tratZimento e recupcrnç5o cb informê!ç.:'io.
A aus�ncio. de um sislemél de noções devidamente siste
m�1lizado, invi;::ibilizo. o empreendimento de dar formZI a um
conjunto de pahwms, nJ medida em que esharrn, neccss;::iria
mentc, cm dificuldades é!dvincbs cb folta de comprecnsiio ou
da compreensão incorretJ d�1s possibilicbdcs de relacionamen
to entre terrnüs.
Consickrzrnclo que as LDs, normalmente, funcionam a
partir do controle do "vocabulário" ela áreZI, pode-se facil
mente depreender que o sistemZI nocional de umcJ área cons
titui-se em um pur5metro básico, ou em umJ viga-meslrn
de sustentaçJo das LDs.
1\ssirn, na pró.tirn, êl aus0nciu de um sistema nocional
compromete não só a indexação, mas também, é) economia
49
da próprio ntivicbde documentiiria, fragmenl;:111do-a com q11estões relativils ao significado e à compreensão dos lermos. Além disso, nJo raro, as respostas às questões formu
ladas submetem-se a varinções, segundo o entendimento CJllC cada indexador lem da .:írea, ou segundo o humor no
morncnlo cbquek qt1e opera com a inforrnnçào, o que, fatalmente, introduz deformações, descaracteriznn<lo os inslrumentos docurnent.:írios.
Desta mancirc1, faz-se necessiirio estabelecer, a priori, que ,1 utilização ele qualquer LO supõe é1 explicitac,:Jo nocional da ;írca i1 que se refere e é1 su;i organiznç5o na f'orrnc1 de um sistema.
Segundo a norma ISO 108 7, um sislcma nocion;il ckfi-11e-sc como um '·conjunlo estrulurndo de noçôcs que rcflele as relações cslahclecidéls entre ,is noçôcs que o compõem e no qual cada noç5o é dctcrrninnda pela sua posiçào no sistema". Nii.o hast;i, porlnnto, recuperar as noções, enurnernndo-,1s. É preciso ir além e estc1beleccr suc1s posições relativas, o que se oblém por meio da cklerminaç5o dc1s relaçôes que.1.s associam.
J\ noção ou o co11ccito, por suo vez, define-se corno ·'unidade de pcns;imento constituído por propriedades comuns :1 um.:i cbssc de objetos"(ISO 108 7). Emborn n.10 estcj.:1rn lig .. 1déls é1 línguas específicas, ;is noções s5o express<1spor termos e símbolos, sendo influenci;idas pelo contextosócio-cultt1r.:il.
i\s noções, devidamente relacionadé1s, constituem, pois.
o :1rcabouço fundarnent:1! parn ;:i organiz:iç5o de uma áreé1,na medicb em que pl)ssihililam um ponto de vislé1 rnuteric1-lizmlo no sistemc1 de noções, para o trabalho documfntário.
50
As relações entre as noções materializam o sistema de noções, que se express;:im, documentariamente, em relações
hierárquicas e relações não-bierórquicJ.s.
As relações hierárquicas são aquelas que se definem en
tre noções subordinadas em um ou viírios níveis (]SO 108 7)
Dilo de outra forma, as relações bied.rquic;:1s são aquelas
que acontecem entre termos de um conjunto, onde cada termo é superior ao termo seguinte, por uma característica de
natureza normativa
No conjunto das relações hierárquicas, hú que se levar em conta o conceito de ordem e de subordinação i\ ordem
deve ser observnd;:i como urn;:i superordennçiio que consiste
na possibilid;:ide de subdivisão de uma noção hirr2írquica mais alla em um certo número de noções de nível inferior, chil
madas noções subordinadas. É este processo de subdivis.'io que se denomina subordinc1c;ão. Invers<1rnente, a noçiio subordinada é a noç5o que, num "sistem;i hierárquico", pode ser agrupada com uma cm mais noções do mesmo nível (no
ções coordenadas entre si), pi.lra formar urna noção de nível superior (ISO 108 7), ou seja, umc1 superordenação .
Supen>nknaç:10
r
. ·\
> l b f ..._. - - - - - - - _.,..
1 S" 'º"' ü,c,çáo
Fig 1 - Esqurma de rdaçôi:5 hierárquicas.
51
, \ 1'·" 111 .J.1:-. 11oi;ões de geral/pnrticular e de todo/parte,
a ,::mj!ise dns 1Tlações hicrúrquicas mostra, pelo menos, três
tipos c;1racterísticos: as relações genfricas, as relações espe
cífirns e as relações p<1rtitiw1s que, como os nomes indic.:un,
mé11rcam rcb<;ões de gênero, portanto glolx1is ou gerais, re
];1\·ôcs de espécie, logo particulares f relações de parte> de t1111
l\1du.
As relaçêSes genC'ricas definem-se como relações hier,ír
quicas, baseadíl.s na identid;1dc parcial do conjunto de carac
tfríslicas das noções supfrorden.:1d.1s f subordinadas nelas
envolvidds. O gênero, nesse sentido, é entendido como no
çJ.o superordcnada que comporta as mesmas carc1clerístic1s
dDs noçc"5cs subordin.:1das, i1 p,irtir dela
Jj as reiaç("5cs t?specíficas definem-si? como relações
hicrúrquirns subordina<l;:is que, .:ilém de cornpmti\11ar c_fas
mcsm.:is característic;1s da noçi.i.o que lhes é supcronlcnada,
e1prescnL:i, pelo menos, urna car,1ctcrística a mais que as
di fercncia.
J\ noç.'io genérica impõe-se, portanto, como conjunçJo
de car;1cteríslicas comuns, enqtwnlo que a noçJo espccífirn
esta!Jekce urna disjunç.'io, a partir d,1 co11il111çiio dada.
A noç,10 cspecífic1 é, pl)rtrn1 to, uma noção subordi nnda
que indica a cxislênciél de uma diferença, cm focc de um
corüunlo de características comuns. 1\0 mesmo tempo, ;.1prc
senta as características comuns e, pelo menos, uma caracte
rísticél que a di!crcnci,1 da noçi'io genérica.
Assim, por exemplo, ao subdividir o conjunto dos rna
mífcros cm racion:1is e irracionais, élfirmél-se, sirnultanca
mcnte, a existênci;i de uni;1 difcrenp (r;1cionc1I e irr,,cional)
sobre um plano comum ou scmclh.:rntc (mamíferos).
52
Supcrordcnação 1 scmel lwni;a) /\ (mamíkrn)
r (racional) (irracional) .-----------. Coordcnai;ão
Fig 2 - Es,1uc11w de rclaçiio genérica.
Noçiio genérica 1 Subordinação ( di fcrcnças)
Na relação genérica, a superordenação caminha d.1s diferenças para as semelhanças, ou seja, dil espécie pélr,1 o gênero e, inversamente, a subordinaçJo caminha das semelhanças pdra as diferenças, a partir das primeiras, isto é, do gênero para as espécies Exemplificando: a noçJo de "embarcaçJo" subdivide-se, segundo o "lipo", em noções m,lis específicas como a de iate,
jangada, canoa, navio, chata ele. Em relação a essas últimas, a noçJo específica "embarcação" é a noçJo superordenmb. É a p.Jrlir dessas relações que se pode afirmar que iate é uma espécie de "embarc1çJo; que "embJrcaçJo" (, um género; e que iate e canoa sã.o noções coordenadas .J,í a relação partitiva é um tipo de relação hier{irquirn, na qual a noç3o superordeno.da refere-se a um ol<jeto consider,1do como um todo e as noções subordinadas a objetos considerados como suas pürles. Em rclaçiío a "n,wio", a noi.·ão de "casco" é uma noção específica partitiva, denot.:rndo que n,wio é uma noçôo referente ao todo (superordcna(b) e que "casco" é 11111a noçJo referente Zi parle (subordinada). Do mesmo modo, a noção "convés" denota urna subdivisão 53
por partes da noção "navio". Relacionadas por coordenação,
as noções "convés" e "quilha" são denominaci.J.s noções
coordenadas.
Supc,rordcnaçJo
r
Navio
b e d quilha convc's maslio
,._ _______ _.
CDorcknação
Noçfio gcnL�rica partiliva
1 (todo) Subordinação
Noção partitiva
(partl'.S)
Fig, 3 - Esc1w·ma ele rclaç5o partitiva.
As relações não-hierárquicas, por sua vez, definem-se
pela neg;:üiva. Elas recobrem o conjunto de relações que nzi.o
são passíveis de serem descritas como hierárquicas.
É evidente a insuficiência dessa abordagem. No ent.:m
to, concretamente, pouco se pode a ela acrescentél.r. Se as re
lações hierárquicas supõem ordem e subordinação lógicas,
;is 11.10-hieré'írquicas não podem supor, ex;itél.menle, essas ca
racterísticas.
As relações que não se submetem a uma hierarquia são
aquelas que aprescntél.m entre si conligiiiclade espaciôl ou
temporal. Por esta razão, tais relações t.::imbém são chama
das de relações seqüenciais
Consideram-se relações sequenna1s as de oposiç5o, él.S
de Cilusa-efeito, as de contradição e outrns menos evidentes
como aquelas eslabelccid;is entre as etél.pas de um processo,
54
Exemplificando:
ANIMAIS
Mnmíferos
Aves
Répteis
Balráquios
Peixes
/\NUvlJ\15
Carnívoros
I lcrbívoros
Cada umél dess;:is construções delimita e conforma as
noções ou conceitos a serem representados, refletindo esco
lhas de determinadc1s propriedades, tal como numa árvore
de Porffrio. "O lwrnern é necessariamente mortal somente
numa éÍrvore de Porfírio pJ.rticularrnente fornhzadiJ. no pro
blenrn d;:i dur;:ição diJ. vidü" (Eco, 1984, p 51 ).
Refletindo Uiis princípios de organização, a configura
ção das LDs é fruto da organização empírica das proprieda
des das palavras (e não das coisas), est;mdo fundament;:ida
em postulados sócio-culturais. A.s cldsses, assim obtidas, re
presentmn, portanto, ponlos de vist[l determinados sobre os
JSSLmlos.
3.1. 1 Relaçc'io genfrica
lima rebçJo genérica supõe uma noç5o fundamental
que inclui noções específicas que, por suu vez, nrnntém com
ela rebções hierárquicas (Boutin-0.uesnel ct al., 1985).
Por exemplo, a noção de árFore agrupc1 noções mais es
pecífirns de folhas e de con(feras; por su;::i vez, as con(feras
são, segundo a persistência das folhas, caducas e não-caclu
cas (idem, ibiclcm).
Desse modo, "as relações genéricas indicam que todo
58
conceito que pertence à categoria do conceito específico (a
espécie) é parte da extensão do conceito [ltnplo (o gênero).
Um conceito específico possui todas as rnracterísticas do ccm
cei to mais amplo, mais, pelo menos, uma C[lrélcterística dis
tintiva adicional que serve para diferenciar conceitos especí
ficos no mesmo nível de élbstração" (ISO 704).
;\ extcnsZío ele urna noção corresponde ao ''conjunto de
indivíduos aos qu.:lis uma noção pode ser aplicada (Boutin
O.uesnel ct al., 1985) e diz respeito à "totalidc1de de todas as
espécies que pertencem ao mesmo nível de abstração ou à
totalidade dos objetos que têm todas as cü.racterísticas do
conceito"(ISO 704).
A noção de extensão vem sempre associada à de intcnsão
ou comprccnsc'i.o. lntensão de uma noção é o corüunto de rn
racterísticas que compõem esta noç3.o (Boutin-Quesnel d. al.,
1985 ). ;\ intens3.o de um conceito diz respeito 21 toL1lidade
das característirns deste conceito ( 150 704 ). Portanto, quan
to maior a intensão do conceito, menor sua extensão e vice
versa. Ou seja, qu.Jnto maior o número de características
que compõem um. conceito, menor é o número de objetos
que compdrtilhü.m destü.s características (lei dô correlação
reversa).
í\ validade de uma relaç.'io genéric.:i pode ser constat[lda
por meio de um esquema lógico do tipo "lodos,'ulguns".
INSETOS
/ ALGUNS sAo TODOSS/\0
�G,\Fi\NHOTOS
59
O esquema precedente (JB!CT, 1984, p. 26; ISO 2 788-1986, 1989, p. 605) indica que olguns membros da classe
''Insetos" szio conhecidos como "g::ifanhotos", enq uJ.nto que
todos os "gafanhotos" são "insetos", por definiç5o e inde
pendentemente do contexto. Isso porque a cbssificaç:io t em
por base as c<lracteríslicas que sZío necessárias e suficientes
paro distinguir noções. O co1�junto de objetos ao qual se ,:ll"ri
bui rnracteríslicas ou propriec.bdes comuns, ou sc:jél, ao qual
foi a plic.:i.da �1 mesma car<lcterístic;i de divisão, form;i a classe.
!'elo teste de cbsse, gMélnte-se que o lermo ''gafanhotos" não sejél indevic.lamrnte subordinado ;'i classe de ''prn
gas", conforme o esquemn abaixo:
PK/\G.'\S
/ �:\LCiUMAS sAo AI.GUNSS,\O
G1\FANHOTOS
Podem existir, tcxbvi.:i., casos especiais nos quais o cc1mpo "controle de prng.:1s" clctcrmin.:i. ,1 subordinnçi10 de "gaf.:i.nho
tos" .:i. "pr;igas", atmdcndo a objel ivos mui lo específicos (idem,
ibide111).
Conforme jj mrncion.:i.do, uma seqtiêncié! de conci:itos
subordinéldos forma uma si:qüênci,1 vertic.:i.l, enqu,rnto que
noções diferencia(bs no mesmo nível de abstração formam
uma seqi_'1ência horizontal, denornin,1da coordenação.
A coorden.:1ç.:io resulL1, pois, d;1 üSSl)CÍ:iç:io entre noções
obtidas por intermédio di.1 divisão J. partir de um.:1 mesma
60
rnr.:1cterístic.:1. São, portanto, coordenacbs às noções obtidas a partir de "máquina", resultante da subdivisão por tipo: má
quina de moer carne, de costura, de fresar, de macarrJo etc.
3.1.2 Relação partitiva
A rclilçii:o partitiva expressa i1 relaçfio entre o todo e su,1s
partes. É preciso observar que a relaçõ.o partitiva nõ.o se con
lunde com ;:i relaçõ.o genérica, embora geralmente elas sejam
representadas do mesmo modo.
Na relaç."ío partiliv:i, o conceito dé.1 parte deprnde do ccm
ceito do lodo e não pode ser definido previ,1menlc à ddiniçJo do conceito elo todo. Não podemos definir ·'um motor de au
tomóvel", ;mtcs de definirmos "um .Jutomóvel" (ISO 704). r\s direl rizes parc1 a clabor;:içôo de tesa uros da UNESCO
rcc()nhecem quatro tipos principc1is de cbsses que represen
lilm relücionamcnto todo/parte: sislern;:is e órgãos do cor
po, localidades gcogriificas, disciplinas ou ó1-e,1s de estudo e estruturos soci2is hier;::irquiz;:1d;_1s (IBICT, 1984)
Os conceitos que est.:io em urna relação partitiva podem
formar séries horizontais e verticilis similares às séries horizontais e verticais forméldas por relações genéricas (ISO 704),
como no exemplo:
SlSTt::M,\ NERVOSO .'ilSTEM,\ NE!Z\/050 CENTR,\L
Ct:REIWO
,\\EJJUL-\ ESPINHAL
1h111tc IHICT. "\',)�4. p . .'.:'J
No1:to g�n.'ric1 partiliva No,·õcs parlilivas
Tais relações i:stii.o presentes nos sistemas de cbssific1-ÇJO bibliogriífic:.i como a CDD e a CDU.
61
Também os relacionamentos enumerativos podem ser
considerados como uma modéllidade de relação partitivél, na
medida em que indicam "a conexão existente entre uma
categoria geral de objetos ou ;:icontccimentos expressos me
di.:mte um substzmtivo comum e um caso individu;:il de tal
rntegoria, que constitui um exemplo ou classe de um só
elemento, representado por um nome próprio", como em:
Fonte: (IS() 27HH)
REC!C)ES MONT:\i\'liOS:-\5
/\ndcs
1 lima laia
Neste c:1so, Andes e Himolaia são subordinodos hiernr
quicé1mente, porque, mesmo que não sejüm tipos nem par
tes de "regic1cs mont;:inlioszis", representam exemplos ou
casos específicos do termo genérico (idem, ibidem).
3 .2 REL\ÇÕES N:\0-HJERÁRO.UICAS OU SEQÜENC!1\IS
As reloçcJcs sequcnc1,:us sJo relações que apresentam,
como vimos, umd dependência resultante de um;:i conti
güidade espaci;:iJ ou tcmporc1! (13outin-O.ucsncl et a!., 1985),
do tipo causa/efeito, ;:mtes/depois, esquerdaídireita, acim;_1/
abaixo, produtor/produto, m;:iterial/produto
Tais re!J.ções podem, também, representar estágios de
um processo de desenvolvimento ou de produção, procedi
mentos legais, procedimentos odministrativos. Conceitos
deste tipo, com ;:ilgumo freqüência, representam ações que
62
podem ser subdivididas em ações partitiv;:is, tomando lugar
consecutivamente ou simult;:meamente (ISO 704).
/\ orande dificuld,:ide para definir as relações associativas LJ
não-hierárquicas provém do foto de que toc!J.s as pabvras,
termos ou conceitos podem se relacionar entre si em algum
momento. Isto porque élS ,:issociaçõcs dependem, em larga
medidél, do universo de referência considerado.
As ,:issoci,:ições entre termos pertencentes a c,:itcgorias
diferentes são dadas ,:i partir do universo de referência indivi
dual. Paro. o controle de vocabulário, entretanto, é essencial
conhecer e explicitar determinados universos de referência
Tais referências só podem estar asscntacfos em princí
pios funcionais, como reconhece Dahlbcrg, parn quem um
rebcionamcnto funcional é "aquele em que um termo que
denote éltividéldc ou operação se liga, conceitualmente, a
um;:i enticL:ide 011 propriedade" (apud IHJCJ, 1984, p. 31 ).
Assim sendo, zi delimitação das nssociüções entre os termos
deve se ligar à estrutura conceituai de domínios específicos,
operacionalizada pcln terminologia, n::i quéll os conceitos de
vcrJ.o estar mape;:1dos e definidos. Esrnpa-se, dcst:1 m,:ineirn,
do virtualicli.1de associativa passível de ser descnc1dcadn cm
IN; confere-se, por outro lado, consistência aos procedi
mentos pürél a dctcrminaçfio das ;1ssocinções cm domínios
específicos.
Como ressalt.:1 o documento do !BICT, '111,10 existe pes
quisa suficiente parn cleterminélr as bases teóric1s d,1s re
lações associativas" (IBICT, 1984, p. 31) Em foce desse pro
blema, a nrnior parte das recomencbções existentes nos
milnuais e normds par;i construçi"io de LDs s.:io resultantes
d;:i przítíc,:i (idem, ibidem).
63
q) CoisiJ/seu contra-agente:
INSETOS li'!SETICIDA5
r) .f\lividude/produto:
TEAR TECIDO
s) Pessoas ou coisns/suzis origens:
HR,.\SILEIROS BR:\SIL
:\UTOMÓVEL
t) Ass,>ei.1ç;io implícili1:
Hr\LANÇO DE PAG:-\J\IIENTO
li'!DL!STRL-\ AUTOMOHll .ÍST!Ct\
COivlÉRClO ll\:TERN.·\CION,\I.
Ohs.: Esl,1 .:issoci,1çiiu indt1i, segundo iV!ol la, lod,1s ,1qucl<1s que Jl;J() s,· conform;ir,1m ,1os l'Xl'lllplos ankriormcnk rcfrridos (idem, ibidem ).
u) Expressões sinc.1l cgorem6l ic.1s/subst.1ntivos nclos incluídos:
PEIXES fÓSSEIS PEIXES
FLORES DE P.Al'EL FLORES
v) lntcrfoccta:
NÍVEL DE ATJ\'IDADE ECO,\JÔivUCA POLÍTICA Iv!Oi\:ET.ÁR!A
Obs: l'ulític.:i tvlonctCtria (B) é- ;1ssl>ci,1d,1 ;i Nível de Alivid,1dc Económica (..-\) '·porque .\j�í liavi;1 sido ilssociado il B, prcvi.1mc11lc, pelo foto de,-\ ser lltnil d.:is c;.1r.1clcríslicils de B, e sem que B sc_ja, ncccssari;1111cnlc u111<1 d,1s ,·arad,rísl icis de .-\" (,\\olla, J 98 7, p. 49).
66
4
Relações lingüís ticas e documentacão
Urn.1 vez estabelecido um sistcmzi nocional, existem
condições para estabelecer relações entre termos. O rigor
com que tais relações se propõem determin.1 o grau de con
trole de uma linguagem construída. Dito de outro modo,
urna linguagem construída é produto de uma operação nas
pabvras que ilS tr;insforma em termos. De foto, d linguil
gem construída neutraliza as diferenças existentes na re
lação entre a pabvra e seus significados em LN. Nela n5o
podem coexistir, por exemplo, duas ou mais palavrns que
se refiram a um mesmo conceito, ou uma palavra para
designar vários conceitos, sem que o futo seja suficiente
mente registrado, e seja devic.bmente control<1do. Por essa
razão as linguagens document;_1rii.1S integram vornbuli.írios
controlados.
Para Girilcteriz<1r o que vem iJ ser o controle do voca
bulário, é preciso entender como se comporta a significaçõ.o.
Bilkhtin ( 1981) observa que, no plano ideológico, a palavra
é uma unicbde "neutra", isto é, apta a se .:idequar a dife
rentes padrões culturais. E isso ocorre, porque ela é por
tadora ele umi.1 gama de significação que a torna capaz ele
67
produto e produtor, instrumento e processo. É import<1nle salientar que tais relo.çõcs não podem ser definido.s em toda
sua cxlenSélO.
De certo modo, a difirnld.Jde de definir as relações n5o
hierórquicas encontra-se enunci,1da na sua denominação
usual: rdo.ções associativas. A. impropriedade do termo "as
sociação" deve-se, neste caso, c10 fato ele que qualquer que
sc:ja J. niJ.lureza da rebção, ela é, em certo grau, associo.livo.. O probkrno. cnl3.o continuarin: haveria relações associativos
hier.írquicas e rebções associativas n.10-hierárquicas
Por isso é preciso restabelecer o contexto que a v:11ide,
ou seja, irnbgo.r a sua naturez:1. O exemplo trcrnscrito .:1b:1i
xo, da Norma ISO 108 7, ilustr<1 este aspecto.
REL.·\(,':',0 ASSOCl1\TJV;\
DOENÇ,\ TR.·\:\"51\-\TTIJ);\ 5EXLl,\LME:s.'T[
Sífilis
Li11fngra11ulomalosr inguin,il
,\LI EN:\Ç".\O /\lENTAL 11\!CLI R,\VEl.
Demência
[sq11izofrc1iia
PsicoSl' 111,mbcn depressiva
Fig. 4 - MoliJ1os rm;iÍicos juridicam,'nlc aceitos para o c/i1.·ôrcio.
3.1 RF.LAÇÔE.S l llER:\RQUIC-\S
/\ m,1cro-organização d.:1 maior parte das LDs funda-se
na organização lógico-hierárquica de suas unidades. A delimito.çilo de classes de .issunto é feité1 .i pé1rtir de pontos de
vista determinJ.dos. Tais pontos de vista., por sué1 vez, eslJo
55
baseados em postulados df signifirndo ou cunvenções cul
turais e ideológicas.
Esse é o caso dos sistemas de cbssific.:1ç3o bibliogr.:ffic::i
corno él [)[\'VEY DECII'vlJ\L CLASSIFIC.,\TION, CDD e él CL,\551fl
CAÇ:\O DECIM.,\L UNIVERS.,\L, CDU. Esses sistcm.1.s secubres
s5o atualizados por ediçôes periódiec1s que buscam solucionJr
problemas d,1 conternpor.:.rneicbde, já que eles foram org;rni
z.:1dos, na sua form,1 inici;i.l cm 1 O cbsses principi.lis que co
briam, consensu.:1lmcnte, o conhccimc11to de entJo. Tais cbs
ses, por suzi vez, subdividem-se sucessivamente.
A organizaçJo lcígico-hierárquic:1 r t,1mbém .:1 base dJ
organizaç5o dos tcsauros. Corno jj mencion.:ido, os tesauros
têm sua origem llél Colon Classification de Ranganathan e nas
experiências posteriores dcscnvolvid.:is pelo Classification
Rcsearch Gruup, referentes à estruturação do conhccirncnl"o,
a pnrtir da noçJo de ''faceta", ou seja, dn noçiio que privile
gia determinados pontos de vista no arranjo dos domínios e
subdomínios porhcul.:ires, em função de objetivos específicos
do sistema document.:írio em questi1o. A fonte ele rderênci.:i
para a construção cbs hier:1rquizis, neste caso, é .:i estrut ur.:::i
leórico-concei t ual de domínios específicos, determinzinc..lo-se
cortjuntos de termos do domínio nuckar - n ,írea de especia
liz.::ição propriamente dila-, e domínios periféricos, ou é.Írcas
complernentzires, conforme necessidac..les ohjetiv.:is do siste
ma em questão.
No caso dos sistemas de classificaçzio e dos tes:1uros, é.l
organização dzi macro-hierarquia e das liier.:irquias subse
qüentes depende, porlémto, dos princípios ou carc1cterísticé.ls
de divisão :idoL1dos :1 L"ilUé.l passo, vnriando conforme objeti
vos dclerminzidos: a CDD e .:i CDU pretendem rcf crir-se .:io
56
universo global de conhecimento, tendo-se curvodo, para
tanto, ,'is referências post ubcbs por 13.:icon par.:::i a orgJniza
çào do conhecimento; já os tesauros voltam-se para domí
nios cmb vez m.:iis p:1rticubrrs, sendo construídos cm fun
c..·Jo de universos muito delerminmlos. SJo, por essa raz3.o,
mais flexíveis quanto Zl estruturaçJo do esquema classi
ficalório básico e rn;i.is ,1dequ,1dos ao :itendimcnto das neces
sidades i11formc1tiv.:1s de domínios especié.llizados.
;\ flexibilidade dos tcsauros vincub-se a um princípio
c.le utilicbde Desse modo, pode-se construir, pzira lll1l cam
po p.:irt icubr do conhecimento, tantos tesauros quantos fo
rem necess;írios. Cada um deles procurariÍ org.:mizar um dado
universo nocional, de .:1cordo com o ponto de vist:i que se
imprirne ao domínio, para responder a diferentes necessicb
dcs. Para a ISO 704, "um ol�jcto cspccífirn pode ser visto de
diferentes pontos de vist<.1 por disciplinas diferentes".
1\ssim, por exemplo, '·cm termodinfünirn as caracterís
tic.::1s essenciais do conceito 'líquidu' sõ.o aqueb.s que indirnm
que ele é 'umn substância cm cstaclv condensado, intermediário
entre sólido e gasoso"' (idem, ibidem)_ "Em hidrornecânica, as
rnractcrístic.:is rssrnci,1is do conceito 'líquido' s3o que ele é
uma subsU1ncia que é 'inco111press(vcl'1 'cle11sa e capaz ele.fluir'"
(idem, ibidem).
No exemplo d,1 ISO, .:is Glr�ictcrístic::is (propriecbdcs) pri
vilegiadas n:1 dcfi11içã.o de "líquido" em termoclinJ.mic.:i ou
em hidromecJnic.:i, determinnm .:i definiçJo, implicando, por
tanto, modos específicos de abordagem do .:::issunto e, conse
qüentemente, construção e.las hierarquias.
DcsL1 form.:i, é pussível construir t,rntas hiernrquias
quantas diferentes conjunções realiz.:::irmos entre as p.:11.:::ivras.
57
1 1•,,, 1d\ 1s • 111 pnst ulados de significado ou convenções cul-
l I ir,1is e ideológic.:is.
Esse é o Glso dos sistcrn<1s de classificaçJ'o bibliográfica
como a DEWEY DECIMAL CL\SSIFICATION, CDD e él CL\SSIFl
C.'\ÇÃO DECIJvtAL ll.NIVEJ:1.S;\L, CDU. Esses sislenrns secubres
s3o ,1tu<1liz<1dos por ediçõt:s pcriódic.1s que busrnm solucionar
problemas cb conlcrnpor,:meidadc, jó que eks foram orgc111i
zados, na sua formc1 inicial em 10 classes principais que co
briam, consensualmt:ntt:, o conhecimento de entJo. T.::iis clas
ses, por sua vez, subdividem-se succssiv.1menlc.
A organiz.-içJo lógico-hierárquica é larnbém a lx1se tb
organização dos tes;1uros. Como jó. mencionado, os tes;1uros
lêm su,1 origem n;i Co/011 Class(fication de �.mg�1natilan e nas
experiências posleriorcs dcsenvolvicbs pelo Class(fication
Rcscarch Grou 11, referentes c1 esln1l uraçno do conhecimento,
a p,:,rtir do noçJo de "faceta", ou s�jo., da noçiio qlle privile
gia determinados pontos de vista no c11-rc1njo dos domínios e
subdomínios p,1rticubres, em funç5o de objetivos específicos
do sislema document,írio em queslJo. A fonte de referência
parn a conslrução cbs biernrquias, neste ciso, é a estrulura
tcórico-conccitu.1.l de domínios específicos, dctermin,1ndo-se
coqjuntos de termos do domínio 11uclcc1r - ,1 círea de especi�1-
lizaç5o propri,1menlc Jit;i -, e domínios periféricos, 0t1 .ire.JS
complcment.:1res, conforme neccssicbdes ol�jetiv;:is do sisle
mn em questão.
No c1so dos sistemas de classific;1ç5o e dos tesat1ros, a
org.::mizaçâo dn m;:icro-hicrarquia e das liicrarqui;is subse
qücnlcs depende, port<1nlo, dos princípios ou características
de <livisiio adolados ,1 c:idn passo, variando conforrnc objeti
vos determino.dos: a CDD e a CDU pretendem referir-se <10
56
t m1vcrso global de conhecimento, tendo-se curvado, para
l .. mto, Zls referências postubdas por Bacon para a organiza
ç:1o do conhecimento; _j;í os tesauros voltam-se para domí
nios cada vez mais particulares, sendo construídos cm fun
ç:'ío de universos muito determinados. 55:o, por essa razJo,
mais f1cxívcis quanto à estruturação do esquema classi
ficatório b .. isico e mais adequndos ao ,1lcndimento das neces
sidades informativas de domínios especializados.
A f1exibilidade dos tesauros vincula-se a um princípio
de utilidéldc. Desse modo, pode-se construir, pélra um cam
po parlicular do cu11liccimcnlo, tanlos les�1uros quanlos fo
rem necessários. Cada um deles procurnrú organizar um dado
universo nocional, de acordo com o ponto de vista que se
imprime ao domínio, para responder él diferentes necessicb
clcs. Para a ISO 704, "um objeto específico pode ser visto de
difcrcntcs pontos de vista por disciplinas difcrcntes".
Assim, por exemplo, "cm tcrmodinfimica élS caractcrís
liG1s essenciais do conceito 'líquido' são aquelas que indico.m
que ele é 'umo. subst,focia cm estado conclensacio, intermecliário
entre sólido e gasoso"' (iclcm, ibidem). "Em hidromecfinica., as
caro.cterísticas essenciais do conceito 'líquido' sJo que ele é
uma subsUincia CJUe l 'incomprcss(i:eL 'c/cnsa e capaz defluir"'
(idem, ibiclcm).
No exemplo da 150, c1s características (propriedades) pri
vilcgiéldas na clefiniç3:o de ''líquido" cm tcrmodinJmica ou
cm hidromcdinica, determinam a dcfiniç.10, implicando, por
tanto, modos específicos de abordagem do assunto e, consc
qücntcmcntc, construçi'iu das hierarquias.
DcsL1 forma, é possível construir tantas hicrarquio.s
quantas diferentes conjunções rcalizo.rmos entre as palavras.
57
Exemplificando:
/\Nl1\1./\IS
Mnmífrros
J\ves
Répteis
Batráquios
Peixes
---
/\NIM1\IS
Carnívoros
l ierhívoros
Cnda um.::i clessns construções delimita e conforma as
noções ou conceitos u serem representados, refktindo esco
lhi.is de determinadas propriedades, tal como numa Jrvore
de Porfírio. "O homem é nccessarimnente mort.11 somente
num.1 árvore de Porfírio particularmente fornliz.:ida no pro
blema da dur;iç3.o da vida" (Eco, 1984, p. 51 ).
Refletindo tais princípios de organização, a conrig ura
ção das LDs é fruto do organizaç3.o empírica das proprieda
des das pabvr�1s (e n;io das coisas), est�mdo fundamentada
em postulados sócio-culturais. As classes, assim obtid;:is, re
presentam, portanto, pontos de vista determinados sobre os
assuntos.
3.1.1 Rclaçiio ,gcnéricc1
Uma rel.J.ção genérico supõe uma noção fundamental
que inclui noções cspecífic.:1s que, por sua vez, mantl'm com
ela relações hierjrquicas (Boutin-Ouesncl ct ai., 1985).
Por exemplo, a noção de úrvorc .::tgrupa noções mais es
pecíficas de folhas e de con(leras; por sua vez, as coníferas
são, segundo a persistência das folb.1s, caducas e não-cadu
cas (idem, ibiclcm)
Desse modo, "as rebções genéricas indicam que todo
58
conceito que pertence à rntegoria do conceito específico (aespécie) é parte da extensão do conceito amplo (o gênero).Um conceito específico possui todas as c.:iracterísticas do conceito mais amplo, mais, pelo menos, uma característica distintiva adicional que serve para diferenciar conceitos específicos no mesmo nível de abstração" (ISO 704).
A extcnsJo de urna 1wç,Io corresponde ao "coruunto deindivíduos .:ios quais uma noção pode ser aplicada (Boutin-0.uesnel ct al., 1985) e diz respeito à "totc1lidade de todas asespécies que pertencem ao mesmo nível de c1bstr;:1ção ou àtotalidade dos objetos que têm todas as característicc1s doconceito"(ISO 704).
A noção de extensão vem sempre associada à de intcnsão
ou compreensão. lntensão de uma noç3o é o conjunto de característiczis que compõem esta noção (Boutin-Quesnel ct al.,
1 985). A intensão de um conceito diz respeito ú totalidadedr1s características deste conceito (ISO 704). Portanto, quanto maior a intensão do conceito, menor sua extensão e viceversa. Ou se:jo, quanto maior o número de característicasque compõem um conceito, menor é o número de objetosque compartilham destas características (lei da correlaçãoreversa).
A validaJe dr umo relação genérica pode ser constatCidapor meio de um esquc111C1 lógico do tipo "Lodos/Cilguns".
INSF.TOS
/ ;\LCUNS si,o TODOS Si,O
�G,\lº/\NHOTOS
59
O esquema precedente (IBICT, 1984, p. 26; 150 2 788-1986, 1989, p. 605) indica que alguns membros da cbsse"Insetos" são conhecidos como "gafanhotos", cnqu;:into quetodos os ·' gafanhotos" são "insetos", por definiç3o e independentemente do contexto. Isso porque a classificaç.:10 tempor b;:isc> as caraclerístic.::1s que szio necessárias e suficirntespara distinguir noções. O conjunto de objetos ao qual se c1lribui cc1r;:ictcrísticas ou propriedades comuns, ou S('.j.'.1, ao qualfoi :1plicada a mesma célractc>ríslirn de divisão, formé1 é1 cbsse.
Pelo leste ele classe, garante-se que o lermo "g<1fonhotos" não seja indevicfamentc subordinado A classe de "prng::is", conforme o esquema abaixo:
PRAGAS
/ ALGU1vfAS SAO i\LGUNSS.'\O
�CiAl:,\NHOTOS
Podem existir, todaviél, rnsos especiais nos quais o campo"controle de prag.1s" cletcrminc1 :1 subordinaç:io ck "gnfanliotos" a "pragas", éltendemlo a ol�jelivos muito específicos (idem,ibidem).
Conforme jií mcncion:1do, umu seqi.1ência de conceitosst1bordinaclos forma 11111a seqüênci,1 vertic.11, cnqwmlo quenoções difrrenciad:1s no mesmo nível t.!e abslr.1ção Corrnarnurn.1 scqúência horizontal, clenomin:1clé1 coordenação.
A coorclcn;ição resulta, pois, da üssocic1ç:'io cntri.> noçõesobtidas por intermédio da divis3o a partir de umü mesma
60
;\ experiência na elaboração de LDs permitiu rnumernr
vários lipos de associação, segundo ü sua natureza. Entretan
to, a ocorrência e utilidade desta ou daquela .:lssociação depen
de do modo de org,rnização dos domínios de especi�1lidade. Confrontando-se ;:is recomend;-iç('5cs do IBJCT e aquelas
�1presrntadél.s por Lmcaster (1987) e por Molla ('] 987), ob
serv::i-sc grande v�iricdack de rcla1;:ôes mJ.rcadas por diferen
tes pontos de visL1. Abaixo estão reunidos exemplos dcsti
n<1dos a cscbrecer ns complexas relações entre termos, cuj.1
:1ssociaçiio resulla ele contigiiicl,1de temporal ou espacinl:
<1) RcbçJo de 1\tribui(io:
l::CONOMI,\ NÍVEL DE ,\Tl\'11):\DE ECONÔJ\·llC-\
b) Discíplinil ot1 c.1rnµo de csludot objetos ou fenêimcnos cs
tudi1dos:
ENTOMOLOGI,\
ESlÍ:TICA
PAClfJSMO
1;-...:snos
MELEZ.\
p,\Z
e) Processo ou opt'r;1çiio/seu ngentc ou instrumento:
CONTROLE DA T[MPERATUIU
ILUM[ 1r\(,\O
AUTOI·d .. ·\�:.�o
.\QUI:CíMENTO
POLÍTICA MONI:T.-\RL·\
c\J Relação de [nl1ui?ncia:
l'OLÍTJCA I\\ONET.-\RIA
e) ivL:itérié:l-prima,rproduto:
n:\LIXIT·\
f) Coiso, élplirnção
r\lt·\STECJ;\:\ENTO DE ,\CU-\
64
TERMOS.JAIOS
L: \PADA'i
COMJ'LIT·\DORE:i
COi\rnUSTÍVUS
L·\X\.'i DE JURO.'i
.-\LU '1ÍNIO
IRRIGAÇÃO
g) Aç3o/resultado da ação
TECELAGE1\l
PINTURA (Arte)
CR[SCIMENTO ECONé\v!ICO
TECIDOS
MURAIS
DESENVOLV!MEN·ro ECONÔ1vl!CO
h) C:n1s.1lidade ou cous,vconscqliência:
CRESCI1\lt.:i\:TC) ECON, M[CO
iJ Efrilo/c;1usa:
FEBRE
j) Ocpend[·nci;i c;1usol:
DOE 1 .r\5 PATOGÊ IJCr\S
kJ 1\tividade/,1gcntc:
·1:-\Br\GIS1V\O
1) Alividi1dc/propried:1de
COlffE
m) 1\livicbdes complementares:
COMPRA
n) Opnslos:
\'][");\
1:Ml'RECO
o) ;\ç:1o. seu paciente:
EXTRJ\l)IÇ-\0
l'ESC:\
DE5ENVOLVIMENTO EC01 'ÔMICO
JNFECÇ-\0
,\CENTES P.-\TOCÍ:N!COS
FUMO
LISJNr\BILlDADE
VENDA
;\lORT[
CRIJ\\INU505
PléSCADU
p) Coiso ou nlivicbde,suas propriedades ou agentes
VI.::NEi\'.05
CRL\f\(:\ Slll'EIWOT\D,-\
65
TOX!n\D[
l!SINA.BIUDADE
INTl:UCÊ1 1C!A
4
Relações lingüísticas e documentação
......
Uma \/ez estabelecido um sistema nocional, existem
condições parn. estabelecer relações entre termos. O rigor
com que tais rebções se propõem determina o grnu de con
trole de urna linguagem construídd. Dito de outro modo,
uma linguagem construícfa é produto de uma operaç5o m1s
palavras que as transforma em termos. De fato, a lingua
gem construída neutraliza as diferenças existentes na re
laç5o entre a palavra e seus significados em LN. Nela não
podem coexistir, por exemplo, duils ou mais palnvras que
se refiram a um mesmo conceito, ou uma p,1!J.vra para
designar vários conceitos, sem que o fato seja suficiente
mente registrado, e seja devidamente controlado. Por essa
rnz5o as linguagens document/irias integram vornbulé.hios
controlados.
Para rnracteriz<1r o que vem a ser o controle cio voca
bultirio, é preciso entender corno se comporta a significaçi.io.
Bakhtin ( 1981) observa que, no pbno ideológico, a palavra
é umd unidade "neutra", isto é, apta a se .Jdequélr a dife
rentes padrões culturilis. E isso ocorre, porque ela é por
tadorn de uma gama de significação que a torna capaz de
67
LD LN
Stc ... .. Sdo. Stc ... .. sdol
... .. sdo2
... .. sdo3
É preciso entender, port.1nto, que é intrínseco ií. p;:i_lavra
signifiGJr de 111,1neir:i própri;:i_ .1 c;:i_da ocorrênci.1. Esse n.'i.o e
lllll defeito. É ,rntes uma G1r.1etcrístic;:i_ irnporlimtíssimn p,1r;1 ,1 inlcrprcl<1ç.'i.o dl) mundo. Ni'io se pode exigir que a LN de
cline d:i su;-i funç.'i.o t:imbém inlcrprcL1liva e criildora para
e.xcrcil;:ir �1pc11:1s a runç.'io informativa. i\s LDs, ,10 contró.rio,porque s3o ebboracbs p:1ra o exercício estrito da funç.'i.o in
forrnntiv:1 , compreendem unicbdcs c.1pnzcs de representar
inforrnziçJo. ,\.!Jo é suficiente que l:iis unicbcks signifiquem.É ncccss,írio que ebs signifiquem de 111<1ncira determinillh
Portanto, qunndo se ,1firm:1 que ;:is lingu,1gcns documcnl,íri,1s supõem o controk do voca!Jul.írio, afirma-se, simultar 1carnc11tl':
,1) il exislêncii1 de mcc111isrnos inlnprclativos próprios,
uma vrz qur nJo se pode utilizar o mcc:1nismo
inlcrprcL1livo d,1 LN p:ira determinar significados Lbs unil!ddes dcsli11;1d,1s ,) reprcsenl,1çJo d,1 i11forrn<1çJo;
b) ;1 possibilil.bdc de se produzir linguagens de 11,llurcz,1 mcmossêmica que participam cb ebboraç3o de LDs.
Em Lice da nc1lurez�1 plurissl:'mica da LN, a elahora
ç3o de LDs supõe alterar ;:i fonte de significaç.10, istoé, alterar ;i possibilidade de significar, orientando-a
par,1 a necessid:idc de fix;:ir significados. Este processo
69
permite a transformação da unidade de significnç3o
em unidade de informaç3o;
c) a existêncio de um vornbulário próprio de uma LD
que comporta, prefcrenci.:ilmente, unidades de lingu::i
gens de especialidade, isto é, termos, também deno
minados "vocabulários especializados". O vocabulá
rio ger.:il que se compõe de palavrns, se, por um lado,
é mais rico que o primeiro, por outro, do ponto de
visla do tratamento da informoçâo, é m<1is limit<1do.
4.1 POL155Ei'v1IA E AMBIGÜJDADE
Par.J a Lingüístic.::i, a pabvra é sempre fonte de signifi
cação J\1J.s h6 que se distinguir a plurissignifirnç5o corno
[cnômeno geral, decorrente da organizaç5o sintático-semJ.n
tica de enunci::idos, e J. polissemia, fenômeno específico da
árc<1 vocabulo.r.
A ambigüidnde, por sun vez, é cntenclid�1 como i1 possi
bilidade de uma comunicaç3o lingi.iístirn prestar-se a mais
de uma interpretaç3o e ocorre em funç3o, tanto da pluris
signifie:1ç3o como da polissemia.
De [ato, a ambigiiidmk pode ser conseqüência, nél i'írea
vocabular, da polissemiJ ou da homonímia e, no pbno n1Z1is
geral, de deficiências na utiliz<1ção de példrões sintático
sem5nticos.
Peb polissemia, como foi mencionado élnteriormente,
observa-se que uma palavra pode comportar mais de um
significado, como em "I-Iojc trabnlhei muito conz ar-condicio
nado", onde o enunü:idor tanto pode estar dizendo que tra-
70
normalmente, com os mernnismos interpretativos habituais
e nos ncostumamos com signifirndos repetitivos. Isso diz
respeito .::i.os nossos h.:í.bitos e n5o uo sislcmn lingü[slico.
Por estarem num sistrma relacionnl, as p,-1lavrns de
vem ser ohservacl;is cm oposiçé'io um,1s ;)s outros. Em si
mesma, por exemplo, .:i palavra ''all:1'' pode ser incorrcla
mL'.11te interpret<1<.fo como ambígua, j;1 que pode estar nsso
ci:1eb .1 signifirnções difrrcn tes, como: crizmç�1 alta e mulher
alta. O mesmo pode-se :1firmAr cm rclaçé'io .1 pabvr,1 "b:1i
xo", um,1 vez que ''criança baixa" e "mulher baixa" ;iprc
scnb.1111 igu,1lrnente significações divcrs<1s A .:imbigi.iidade
(bs pal.:.1vr.1s inexiste se :1s observamos como oposiç::io. fic,1
evidente, desse mo<lo, que '·cri,mp b;:1ix;1"/"cri,111ça alta" é
11111n oposiçJo ,m,ílog:1 à oposiçZio '·nndher b:lixa"/''nrnlhcr
,11la". !\ signiCic-1ç;:io, nesse caso, denomin,1-sc oposicion,il e
possibilita delcrmin,1r o sentido, propondo limites par::i :1
indelerminaçJo original.
E.sl:imos diélnlc, cnt.::io, de dois fenômenos que devem
ser objeto Lbs opera�-t'5es de dabor�1çJo de linguagens doc11-
mcrll,1ri,1s: a polissemic1 e a monossemia. A polissemia é rcs
ponsúvcl pcb p:1ssagcm de umil significaç:io 3 outr,1, c..lc modo
que <1s u11id,1des scj,1111 G1p,11.es de represcnlnr ,1 informélçZio.
;\ infornuçJo, ao contrúrio di.l signific:ic)io geral, deve ser
dctcrminnd:1. Para que da o s�ja, <1 signifiu1çifo que a reprc
senl.:1 nfio pode ser de nat111Y2a polissi?mirn. í\ monossemizi,
por su,1 vez, desej:ivd n;1s LDs, é obtida por meio de redes
rcbcionélis e definições dos termos. Isto quer dizer que, :io
contré1rio dél LN, onde ;1 riquezil vincula-se él polisscmi,1, a
fix:1ç5o de rd,içõcs e definições prcc1s:1s é seu princípio
organizador ckment:ir e lx:ísico.
72
/\ssim, .:10 oper.ir com LDs, devemos .inalisá-las, tendo
t·m vista desvcnd.ir o modo pelo qu.:11 ncbs .is signiíic<1ções
siio orgilnizadas.
i\ rigor, n5o se destja que um termo se enriqueça. Exi
ge-se que ele expresse conceitos c.lcterminodos ... ·\ definiç3.o
deve propor um�1 cxprcssZío (sinl.:1gm:1 ou p<1hvra) sem<1nli
c.:1menle equiv,1lenle .� unidade a ser dcfiniclii. N,10 se deve
descrever, por exemplo, o objeto concreto ferro ou úgua, 111;1s
o f'tmcion<1rnenlo lingüíslico <lo lermo m1n1 sistema nocional
em quesliio, l;il como Fe e H_,O, respectivamente, p,1rn o vo
cabulário J.i Química
O turno, larnbém, define-se por suas relações com ou
lros termos. Extraindo o lermo do lug,11' que ocup,1, o qual
lhe confere sei I valor, privamo-nos do único meio possível par.:1
definir suzi cxistênci,1 li11giústic;1, rigoros;1 o suticicnle par.:1 ga
rantir seu f11ncion;_ime11lo como unidade <le inform<1çi10.
Sendo ;1ssim, Fc e 1120 pass:rn1 ,1 ler signifirndos fixa
dos e determinados Integram um vocaht1lário espcciillizado
(técnico ou científico) Seus corrcl,ll os ferro e {igu;.1 integram
o vocabu!.:í.rio geral d<1 LN, no qual podem ;1ssu111ir signifi
cações <.hvcrsas. Por exemplo, ferro, em relaçiio ,10 objeto, ;i
conceito etc
Por vezes , observ,1-se confus,}o cnlrL· ,1mbigi"iic!mlc e
polissemia A nrnbigiiidadc lcxic<1l impõe-se por rncío d,1
polisscmin e da hornonímio. Na lingu,1gcm uocumcnl,íria, a
:1mbigüidade {: Lrnlada com o auxílio de moc!ifirndores que
contexhwlizam o sentido. Ex.: planta (botJnica), planta (ar
quiteturéi); comp<1nlii.1. (empres:J), comp.inliia (1xssoa).
[rn princípio, cm LN, a ambigüicbde é focilrncntc resol
vida pelo contexto. O mesmo 11.10 ocorre com a polissemiJ.
7� _)
;\ visEio ingêmlé1 que identifiG1 ;:imbigüidade e polissemia,
acaba por acreditar que apenas a ambigüidade leva c1 inde
terminação do s,ntido. Ela é, ele fato, o fenômeno maisª!-'ª
rente e o menos grave. A armadilha é acreditar que J pa
lavr<1 tenha um único significé)do. Nega-se a polissemi<1 como
fenômeno global e estalielccem-se operé)dores de sentido que
pouco têm a ver com o rnrnpo nocional, isto é, substitui-se
o conceito ou a noçi'io própria dos vocabulários especializ;:idos
pelas indeterminações do vocabulário geral.
Para nn1tralizar c.1 polissemia, é preciso bnçm mão de
dois recursos: ebhoração de redes rebcion<1is e estabeleci
mento de definições e notas de escopo, srmpre que as redrs
sr mostri.lt-crn insuficientes para <1 interpretação tmívoca d3
significação. Té)is recursos impõem operadores de sentido,
isto é, elementos que conduzem o indexador a intcrprel.J.r
adequad.:uncnte, cm conformicléide com o sistema nocional
cm questão .
4.2 SINONÍMI1\
A sinonímia é uma relação de equivalênci.1 entre, ao me
nos, duas pJ.IAvras. Por meio clcb nJo st' afirma i1 identidade
entre L)S demcnlos envolvidos na relação. Isto é, x equivzile i1
y indica que x pode, cm detcrminaJo.s circunstJncias, subs
tituir '>1- i\. equivalência é um recurso norrnaliz;:idor impor
tante parü o. compreensão de uma linguagem documcntiíria.
De um lado, permite normalizar a polissemia, indicando que
várias pulavras, umn vez que compartilham signific1dos pró
ximos, expressam-sr por um mesmo descritor. De outro,
74
assumir sentidos ou valores diferentes, dependendo do conlexto.
/\ssirn, a despeito de seus semas básicos que constitunn
o que se poderia chamar de núcleo "duro" de significaç5o da
p;:ilavr,1, ela como que se amolda a cada realidade contfxtu,1!,
permitindo diferentes focalizações.
Desta forma, é impróprio dizer que um;:i cbda palavr;1 tem o significado y, embora s(-:ja viável, a p,1rtir de um sig
nific;:ido b:ísico, ,1í"irrn,ir que ela .1ssume vó.rios senlidos ou
v,1lores, dependendo de contextos. N?ío é por acaso, pois, que i1 LN se propõe como esp:1ço para o exercício dn li1)Cnbdc. O
sujeito folante nôo é ;:ipenas um reprodulur de sentido. A.o se
<1poss:1r dil linguagem, ele rxcrcila o ato de signif"ic1r, que supõe liberdade de escolh,1.
Esta é umn das riJZCJes pelas quais a L r se define, inv.J
riavclmente, pela Sllil dinarnicicbdc, jó. que, é1 cada momento, cb se lransform.J, evolui. É o instrumento de represen
taç5o da renlid,1de que deve ser carnctcrizodo corno mCilliplo e plurissigniíicalivo.
!\s unicbcles conslit ulivos das linguagens conslruídas, ilO conldrio, significam de m,111eir,1 precisa. Contrapõem-se,'is unidades ÔJ LN, jusléirnente por imporem significados fixos, de rnaneir;:i coercitiva. /\o contr,írio da pal,nT,1 polissêmic;:i do vou1bu]3rio geral d,1 LN, o lamo do voG1bul.írio especializado das linguagens construídas tende a se comportar de m,meira uniforme, com pequenos variZJções, isto é, nele as rebçõcs cnlre forma si0nificZJnte r sionifie1dc) l•"n-� . . V � �
demo ser unívocas. Diz-se, nesse caso, que o termo, ao ccrntr,írio do pabvra polissêmic1, é de naluru,1. monossêmica
Em diagram:1:
68
LO
Sle. .. Sdo. Stc ..
..
LN
selo!
sdo2
sdo3
t preciso entender, porlanto, qur é rnlrínscco i1 p;:ilé!vra
significar de m,111eira própria a cada ocorrênci,1. Esse 1150 e
um dcfeilo. t ,111tes uma caraeteríst ica impurL111tíssirn,1 p,1ri1 :1 inlcrprelaçJu do mundo. NJ.o se pode exigir que i1 LN de
cline d,1 su,1 funç:io tom!Jém i11lerpret,1liva e cri,1dora pnra
cxerciL1r apen,1s a funçôo inlormaliva. As LDs, ao conlri'írio, porque s:io cbbo1\1cbs para o exercício estrito da funçôo in
form,1liva, compreendem unidades capazes de representar
informaç5o. NJ.o é suf"icicnlc que tais unidades signifiquem. í:: nccess,írio que elas signifiquem de maneir,1 dctcrminé!d,1.
Port:mlo , qu,mdo se ,1firma que ;:is linguagens documcnliíriils supõem o conlrolc do voc;:ibul;írio, afirma-se, sim ui l :mc,1mcn te:
a) a cxislência de mcrnnismos inlcrprclalivos próprios,
uma vez que 11,10 se pode utilizar o mecanismo
inlcrprcL1livo cb LN p,1ra delerminar significados dasunidades dcslinacbs i1 reprcscntz1çJ.o da inform.:iç5o;
b) a possibilidade de se produzir linguagens de natureza rnonossêmica que p,irtic1p:1111 da ebburaç5o de LDs.
Em L1.ce da naturcz:1 plurissêmica da LN, a clahora
\·5o de LDs supõe alterar a fonte de signiíic:iç?i.o, isloé, alterar a possibilicLide ck significar, oricnl;imJo-�1
par,1 ,1. necessidade de fixar signií icados. Esle processo
69
permite a transformação da unidade de significação
em unidade de informuç5o;
c) a existência de um voc:1bulc1rio próprio de urna LDque comporl.i, JJrefcrcncialmente unidades de linoua-,
,·,
gens de especialidélde, isto é, lermos, também deno-minc1dos "vocabulzírios espccialin1dos". O vocabulário geral que se compõe de palavras, se, por um lado,é mais rico que o primeiro, por outro, do ponto devista do tratamento da inforrnZJ.ção, é mais limitado.
4.1 POLIS5EiV1I/\ E AJ\lBIGÜJD/\DE
Para a Lingiiística, a pZ1lavra é sempre fonte de signifi
caçi10. J\1c.1s hó que se distinguir a plurissignificaç5o como
fenômeno geral, decorrente da organização sintMico-semân
tica de enunciados, e a polissemia, fenômeno específico da
área vocabular.
A .:i.mbigüidadc, por su.:i. vez, é entendida como a possi
bilidade de uma comunicoçiio lingiiístic:1 prestar-se a mais
de urna interpretação e ocorre em função, tanto da pluris
significação como da polissemia
De fnto, a ambigüidade pode ser conseqüência, na área
voc;ibular, da polissemia ou da homonírnia e, no plano rnnis
ger.11, de deficiências na utilização de pzidrõcs sintMico
semânticos.
Pela polissemia, como foi mencionado anteriormente,
observa-se que uma palavra pode comporlnr mais de um
significado, como em "Hoje trabalhei muito conz ar-condicio
nado", onde o enunciador Urnto pode estar dizendo que tra-
70
balhou em aparelhos de ar-condicionado, quanto cm ;1111-
bienlc refrigerado ou aquecido por ar-condicionado. Ou 11él
fr.:1sc "O cachorro do meu vizinho uivou ;_1 noite toda", onde
ele pode estar dizendo que o cachorro pertence ao vizinho,
ou que o vizinho é um cachorro.
-n-1mbém a hornonímia, que consiste cm uma mesm.:1
formd significante remeter a duas realid.Jdes vocabulares di
versas, sej.:i.rn unidades com idcntid.:i.de ftmica (]10111ofonin)
ou identidade orMica (homoçzrafia), 1Jo<lc Qernr ambi{),üidn-u ,., ,...., e..
de. Por exemplo, num;i frase corno "O mestre entn:gou a ca
deira ao coleoa" o sionificanlc "cadeirn" t;:rnto lJOde remeter ..:-, , D
i\ palavra c;1deira = objeto para sentnr, quanto a cadeirn =
cátedra de um docente.
Pelas deficiências no uso de pdclrõcs sintáticos, eviden
ciam-se também :11nbigüidadcs, geralmente, resolvidas em
LN com modiriG1çõcs de colocaç:10, como em "Os juízes cn
c:1ravam os réus cnigrnMicos", onde tanto él signific;iç:10 pode
ser relélliva à atitude dos juízes, quanto ;_10 estzido dos réus.
;\ colocação dos sintagmzis, ou a seleção de padrões sintMi
cos pode, entretanto, des:1mbigüi7-.:1r a frase "Os JUÍ7-es cnig
mólicos encnravarn os réus" ou ''l)s juízes encaravam os réus
que eram (estavam) cnigm,ílicos.
Num,1 linguagem clocumcnt:íria, tanto a polissemia,
qu;_mlo a ambigüidade devem ser neutralizadas, par.:1 que
seja gnranlidn a rnonosscmi:1 entre a formd do significante e
a elo significado.
A ambigúid.1de evidencia, de maneira inequívoca, a di
veroêncin entre ,1 a1J,.1rência e a realidéldc cio sistema e nos " t
permite dizer que :1 aparênci:1 ni'io é sempre a pista inter-
1xctativa mais segura. Levados pela aparência, operamos,
71
A visão ingênua que identifica ambigüidade e polissemia, acaba por élcreditar que apenas a arnbigüidnde leva à inde
terminaçJo do sentido. Eb é, de frlto, o fenômeno mais aparente e o menos grave. /\ arn1adilha é acreditar que a pél
lavra tenha um único si!.?.nif'icado Ncaa-se a lJolissemia como �J V
fenômeno glob,11 e esL1belccem-se operadores de sentido que
pouco têm ;:i ver com o c.1111po nocional, isto é, substilui-se o conceito ou a noção própria elos vornbulúrios especié1lizados
pebs indeterminações do vocabulário geral
Para neutralizar a polissemi;:i, é preciso lançar m.:'io de dois recursos: clahornçi'io de redes relacionais e cst;:ibeleci
mento ele definições e notas de escopo, sempre que éJS redes se mostrnrcm insuficientes para a interpretaçZio unívorn da signific1.ção. Tais recursos impõem opcr;idorcs de sentido, isto é, elementos que conduzem o indexador a interpretar
c1dequadarncnle, em conformidade com o sistema nocion.11 em questão.
4.2 SINONÍMli\
:\ sinonímia é urna relação de equivalência entre, ao me
nos, duas palavras. Por meio dela não se élfirma a idcnticbdc entre os elementos envolvidos na relação. Isto é, x rquiv,1lc a
y indica que x pode, cm deterrnina(bs circunsUi.nci<1s, subs
tituir y. A equivnlência é um recurso normalizador importante para a compreensi.'io de tuna linguagem documentúria.
De um lado, permite normalizar a polissemi<1, indicando que
v.:irias p:1bvras, urn<1 vez que cornpmtilham significados próximos, expressam-se J)l)r um mesmo descritor. De oulro,
74
permite compatibilizar a linguagem dos usuários cu111 ,1 1111
guagem do sistema, funcionando, assim, como operador de
sentido. É importmte enlendê-la sempre como conseqüência do
contexto. Este folor caracteriza <1 equivalência como urna ope
raçi.'io relativamente arbilrária, mas isso é pouco importan
te, urna vez que a arbilrmie<lade esteja registrada.
De fato, ;:i transformaç5o da unidade de significaç5o cm
unidade de informação é .J carnclcrística fundamental do con
lrole ele vocabulário, jj que numa linguagem construída, a
cada unidade de informação deve corresponder um único
sentido referencial.
No entanlo, c1 existência Je sinônimos ou qu;:ise sinôni-
mos nos lcvJ a considerar rebções de equivalência para o
trabalho documcntiírio.
A arande irn1)ortância das relações de equivalênciaLJ
advém do falo que elas intensificüm o processo de controle
sohre a variaç.:io de signifirndo, permilindo maior rigor no
tratamento da informação e eficácia na sua recuperação.
Como os outros gêneros de rebções mencion�1das anlerior
mente, as relações de equivalênciu introduzem p;1rârnelros
pma o uso da linguagem determinadas por um gru po.
No sentido estrilo, a sinonímia pode sn definida corno
identidade de significaçJo entre elementos lexicais, porém, a
existência de sinonímia ;:ibsolut<1 é controversa, sendo G.1usa
de debates entre lexicólogos. Alguns alltorcs ;iclmitcm sua
existênci<1 para o caso da cqllivalência entre du.Js línguas f un
cionais, como cm gaivolas - nome popular/Larus - nome
científico; outros, <10 contrário, tratam tais equivalências
como quase-sinonímia
75
Entre lingüistas é mais freqüente n ;:iceit.1ção do concei
to de qu.1se-sinônimo, ou de para-sinônimo, uma vo. que
péirecc muilo pouco provável que, cm LN, dui.ls palavras
portadoras de exatamente o mesmo significado poss.:im so
b1Yvivcr.
Entre documenl.:ilislas, larnhérn, silo utilizados os ccm
ccilos de sinônimo e qw1se-sinônimo. Enquanto sinônimo
indica cad;i um dos termos de urn;1 lín"ll,1 dad,1 que desio-� . V
na1T1 urn,1 rncsma noçJo, 111;1s que se situ,1111 cm níveis da
língt1a ou de conccplu,1liz,1çJo clifcrentcs, ou que se empre
gam cm silunç-õcs de comunic.1(10 diferentes; qu,1sc-sin611i
mos cksign,1rn fonn;1s que nJo são inlcrc.1rnhiávcis cm to
dos os enunciados reblivos ;_1 um mesmo domínio
:\ v,1ri,1da g:1m,1 ck qu,1se-sinônirnos, talvez, poss;� ser
rcsumicb cm ;1lguns tipos:
pabvras pertrnccnles ,1 c.fr1ktos diferentes (dialetos
regionais, soci;iis, eLírios etc.), como pcsquis<1 (Br,1-
sil)/lnvcslig,1çJo (Porl ugal); aviJo/acroplnno;
- palavr,1s pcrlcncenlcs a diferentes estilos ou regis
tros, como dor de cahcç;1/ccfoléi;1; gnivoL1S/brídcos;
:kido clorídrico (química), ,ícic.lo muri:ítico (conslru
ç,10 civil);
p;:ibvrns que gu,1rcbm ,1pen,1s u111;1 difrrcnç;1 cmoliv;1
ou Vi.1lor:1tivd, como países cm vii.lS de dcsenvolvimcn
to/p,1Íses subdesenvolvidos;
- palavras que têm su,1 ocorrêncin limil:1cla, n,1 medida
cm que só aparecem com outr,1s, como "de lx1rbc,1r"
que vem com 15.minas: gilctcs/lfimin,1s de barbct.1r;
- p,1bvrns cujos s ignificados sJo. ele foto, muito pró-
76
ximos e se intcrsect;::im, co1T10 belo/bonito; casa/resi
dência; L::ilecimenlo lrnorl e.
Na claboraçZío de LDs é fundamental urn trabalho espe
cífico com sinônimos e quase-sinônimos, um;i vez que css:1s
lingu.:igcns lêm por funçifo compalihilizar pelo menos du;1s
oulr.1s linglwgcns: a de especialidade ou c.b litt:r,llur.:i em
questzio e i1 do usuário, por meio de Lermos preferenciais.
Num.:i accpçZío mé,is ampb, corno é o caso da sinonímia
utiliz,1d,1 né1 clabor,1ç3o de tes;:iuros, dois Lermos sJo sinôni
mos quando têm a possibilicbdc funcional de se suhslilt1í
rem um ao oulro, podendo comprccmlcr tanto :1 sinonímia
<1hsoluta (L)l110 i.l q11<1se-sinonímia. ;\ sinonírniü ni.ls I.Ds é de
c1rAter C'minenlcrnentc pref'rrcncial e visa n:meler o 11st1:.í.rio
de um lermo n3o-prcfercnci;il, p;1ra um lermo sdccion.:1do,
ou preferencial.
4.3 Hll'ONÍMI!\
Do ponto ele visla c.b Lingúíslic.1, a cslrill l!l·:1ç.'i.o llicri.'ir
quirn de t1rn voc1buli.Írio pode ser dacb sob dois modos: por
11111;1 rrbç:'í.o de liiponímia ot1 por meio d:1 rchç6o p;1rle 1lodo
No nível das relações de sentido o probkrn,1 lb signifi
l-,HJio pode ser vislo sob diversos ic"\11gulos, ou s\j,1, n p;1rtir
lk diversas categorias.
/\ categoria denominada hiponími;i opcrr1 com :1 no(JO
de ínclus.'io, a mcsm,1 noç.'io que per mite reunir lmicbdcs
11uma classe. r\ssim, rosa e cral'LJ esL'io incluíclas cm flor, ou
1•.ilo e lccfo csl.'i.o incluídos cm a11i111.-il, ou cscarlalt' csUí in-,,
1·\11íc.lo em vermelho.
77
Enh·c lingüistas é m<1is freqüente n aceitação do concei
to de quase-sinônimo, ou de para-sinônimo, uma vez que
parece muito pouco provável que, em LN, duas palélvras
portadoréJS de o:aL1mente o mesmo significado possam so
breviver.
Entre documcntJ!istJs, tan1bém, s.10 ulilizi'!dos os con
ceitos de sinônimo e quase-sinônimo. Enquanto sinônimo
indirn Cé1CÍí1 um dos termos de uma língu.:i dadu que desig
nam urna mesma noçJo, mas que se situam em níveis da
líng t1é1 ou de CO!lcept twlizé1ç5o difo-rentes, ou que se emprc
g�1m cm sit u::içocs de comunic;:1çiio diferentes; qu ,1se-sinôni
mos dcsign,1111 form.:is que n<':io sfío intcrcamhii-1vcis em to
dos os enunciados relativos a um mesmo domínio
A v,1r iad,1 g;im,1 de qu,1se-sinéinimos, til!vcz, possa ser
resumidn cm i!lguns tipos:
- 1x1!avras pertencentes a dialetos diferentes (dialetos
reg ionais, soci,1is, cL:irios etc.), como pesquisn (Bré1-
sil)/!nvestigaç;10 (Portug:1!); aviiio/c1eroplnno;
- p,1lilvras pertencentes ,1 diferentes estilos ou regis
t rns, como dor ele caheça/ceL1léi,1; gi1ivot,1s/brícleos;
,kido clorídrico (química). ,kido muri,ílico (constru
çJo civil);
- p:iL1vr,1s qu e gué!rdan1 apenas um;1 difcre11çé1 cmotiv,1
ou v;ilorativ:1, como p�1íses cm vias ele clesenvoJvirn cn
to/paísfs subdesenvolvidos;
pé!l,1vrns que têm su:1 ocorrência limit;1da, na medicb
t'l11 qul' só é1p,1reCt'rn com out rns, como "de b;irl icnr"
que vem com L1111i11<1s: gilctcs,: Jilmin:-1s de barbc�1r;
- p.1Javré1S cujos signifirndos são, de f.:ito, muito pró-
76
ximos e se intersectam, como belo/bonito; cas;i/rrsi
dência; falecimento/morle
Na eJabnra\·Jo de LDs é fundamenlc1l um tr.:1b.:1lho espe
cífico com sinônimos e qunsc-sinônimos, um;i vez que essas
linguagens têm por Cunçifo compatibíli1ar pelo rnt'nos duas
outrns linguagens: a de especialidade OLI da Jiteralnrn em
quest3o e c1 do usui.Írio, por me io de lermos prefcrencié1is.
Nu mil .:icepçi'io rnnis :1mpl.:i, como é o caso da sinonímia
ulilizilda na ebboraçôo de tcsauros, dois lermos s5o sinôni
mos qu,mdo têm a possibilid.:ide f uncion .. iJ ele se substituí
rem um :10 oul ro, podendo compreender tanlo a sinonímia
ilhsoluL1 como a qu;1se-sinonímic1. A sinonímia rn1s Ll)s é de
c::ir,:Hcr eminentemente preferencial e visa remeter o usu,.írio
de um lermo 11Zío-prcfere11ci<1l, para um termo selecionado,
ou preferencial.
4.3 Hll'ONÍiv1l/\
Do ponto de vista da Lingi1íslirn, a cstrul uraçJo llier.:ír
q11irn de um voc;ibul,hio poJe ser dada sob dois modos: por
um,1 rcbçi'io de hiponími:1 ou por meio dél rebção parle ·todo.
No nível dc1s rcbçõcs de sentido o problema d:1 sig nif'i
c;içc10 pode ser visto sob diversos ângulus, ou scj,1, a p�irtir
de clivers3s categorias.
/\. rnlcgoría denominada hiponímia opera com a no1;.-Jo
de inclusi'io, a mcsrn:1 noç<'fo que permite reunir unidades
nunrn classe. :\ssim, rosa e cranJ esU:io inclu ídas cm.flor, ou
,gato e lciio estilo incluídos em ,111i1na/1
ou escarlate estéi in
cluído cm l·'Cl'lllclho.
77
A inclusão tem a ver, pois, com a inserção de um dado
elemento numa classe. Isso dito de outra forma, indica que
a hiponímia expressa ";i relação existente entre um lexema
müis específico ou subordinüdo, e um lexema mais geral ou
superorden,1clo, tal como é exemplificacl.1 por 1x1res corno
'vaca': 'animal', 'rosa': 'flor' etc." (Lyons, 1977, p. 235).
Nesta reliição há que se consiclerélr dois termos: o supe
rior, denominado por Lyons ('! 9 77) Superordem1do, e o in
ferior, Hipônimo.
Os termos constitutivos de uma classe são, p01s, co
h1pô111mos. Entretanto, é necessário observm que nem toda
classe dispõe de um superordenado. E mais: él existênciél de
um superordenado encabeçando uma cbssc pode v.::iri<1r de
língua para língua.
I.yons menciona <l existênci,1, em grego clássico, de uma
form.:1 superordenada p.::ira abranger todus as profissões e ofí
cios, desde Si1patciro, médico, passando por tocador de flau
t.:1 e timoneiro. Em inglês e em português não há pi1bvra
que possa encabeçar conjunto tão v;:iriado. Neste caso, tem
se umn lacuna lcxico.l.
A hiponímia pode ser drfinida., também, em termos de
implirnç3o unilnter.:11 e representa uma rebção transitiva, de
tal modo que, se 'x' é hipônimo de \1' e 'y' é hipônimo de
'z', então 'x' é liipônim.o de 'z'.
Exemplo: vaca --........ � mü.mífero animal
v.ica -----1 ... � animal
;\ hiponímia é, ninda, uma propositur.::i analítica, sendo
que a leitura e compreensão do significüdo dos hipônimos
78
podem ser feitos segundo a fórmula 'x é um<1 espéne (ou
tipo) de y ': o gato é uma espécie de animal.
;\ relação de hiponímia/hiperonímia (ou subordinação/
superorden<1ção) permite verificar que um termo pertence,
ou suhordin<1-se a um outro mais geral, o gênero, mas não
permite identificar em que os termos subordinados se llíie-
renciam entre si.
Por outro lado, em virtude da polissemia, uma mesma
palavra pode aparecer em vúrios pontos da hicnirqui<1. Palmer
(1976) menciona corno exemplo .::i palavra c111imal que pode
ser usada cm três pontos cb cadeia:
1. em contraste com ''vegetc.11", incluindo, nrste caso aves1
peixes, insetos, mamíferos;
2. no sentido de "mamífero", contrapondo-se a ans, pci
xcs e insetos, mas incluindo seres humanos e bichos;
3. no sentido de "bicho", opondo-se <l sen:s humanos.
Assim, a palavra animal pockri.Í surgir três vezes na
classificação hierárquica da natureza, como mostra Pa.lmer
(p 91):
Cn111 l'iclo l-"S Se111 l'id"
;:we pei.,l": inseto wrinwl
humano wtiowl
Os cxrm pios poderiam ser mui ti plicados. No entanto,
parece ser suficiente levar em conta que, em r<1zão da
79
A inclusiio tem a ver, pois, com a inserção de um déldo
elemento numa cbsse. Isso dito de outra forma, indica que
a hiponímia expressa "a relação existente entre um lexema
nrnis específico ou subordinado, e um lexema mais geral ou
superordenado, tnl corno é exemplificada por pares como
'vaca': ';:mimai', 'roso': 'flor' etc." (Lyons, 1977, p. 235).
Nesta relação há que se considerar dois termos: o supe
rior, denominado por Lyons ( 19 77) Superorden;:ido, e o 111-
frrior, Hipônimo.
Os termos constitutivos ele uma classe são, pois, co
hipônimos. Entretanto, é necessário obscrvnr que nem toda
classe dispõe de um superordenndo. E mnis: a existência de
um superorden<1do encabeçando urna cbsse pode variar de
língua para líng11a.
Lyons mencionzi a existência, em grego clóssico, de uma
form.:1 supcrorclcnada p;:ira abranger tod.:1s as profissões e ofí
cios, desde snpatciro, m�dico, passando por tornclor de flau
to e timoneiro. Em inglês e cm português nJo há palavra
que possa encabeçJr co1""0unto tão variado. Neste caso, tem
se uma lacuna lexic;:11.
A hiponímia pode ser definida, também, em termos de
implicação unilateral e representa urna relação transitiva, de
tal modo que, se 'x' é hipônimo de 'y' e 'y' é hipônirno de
'z', então 'x' é hipônimo de 'z'.
Exn11plo: varn -----1... mi1mífero .. animal
VaCi1 __ ....,.... animal
A hiponímiil é, ninda, uma propositura analítica, sendo
que a leitura e compreensão cio significa.do dos hipônimos
78
podem ser feitos segundo a fórmula 'x é uma espécie (ou
tipo) de y': o galo é uma espécie de animal.
J\ relnçào de biponímin/hiperonímia (ou suborclinaç5o/
superordcnação) permite verificar que um termo pertence,
ou subordinél-se a um outro mais gernl, o gênero, mas não
permite identificar cm que os termos subordinados se dife-
rcncium entre si.
Por outro lado, em virtude da polissemia, uma mcsmi1
palavra pode aparecer cm v.:írios pontos da hierarquia. Palmer
( 1976) menciona como exemplo a pulavra animal que pode
ser usada em três pontos d;:i cadeia:
1. em contraste com ''vegetal", incluindo, neste caso él\'cS,
peixes, insetos, 111c1111ífcros;
1. 110 sentido de "mamífero", contrélpondo-se a aves, pei
xes e insetos, mi1S incluindo Sl'rcs lwmil!WS t' /Jichos;
3. no sentido de "bicho", opondo-se i1 seres liwnanos.
Assim, n palavra animal podcr.:í surgir três vezes na
cbssifiG1ção hierárquic1 da natureza, como mostra Palmer
(p. 92):
CuJ/1 t·idu
/� vcg(:t�I cminwl
\"S
��ave pc:ixc inseto wii11wl
humano <I/IÍ/11(1/
Sem ,·id(I
Os exemplos poderiam ser rnultiplirndos. No entanto,
parece ser suficiente levar em conta que, em razJo da
79
polissemia, um termo corno do pode, por ser o genérico da
cbsse, ser tomado como superonknado c corno hipônirno,
respeit:1dC1s, naturalmente, as situoções conlextuois.
Ci/,)
>�ceio n1del" Cflc/1orro
RcsL1 observar que além da noç:1 0 Je inclus5o, ,1
hiponírnio contém implíciL1, tnmbfo1, a rcbç::io lógica de ccm
seqi"iênci:1, j;,1 que i!O dizer "Isto é uma rosa", lcm-sc, ncccs
sariDmcnte, o pressuposto ''Jslo é uma flor". Ou scj:1, a fr,1se
que contém o liipônimo pressupõe, nccessari;1mentc, o
superorde1rndo. O inverso, cvidcnlcrncnte, nJo é venl.ldciro .
.Se os membros de uma clilsse s.'io cspccificndos com "lo
dos", ocorre o inverso: "Todas as flores s,10 belas" inclui
"Todas c1s rosas sfio belas", mas o inverso 11,10 é verdackiro .
Pode-se dizer que ;i rcfoç.'io de liiponímia representa um;i
op1:raçiio de conjunçiio cm foce do termo supcrorckn;ido, bem
como de disjun�·,10, tomando-se a série de lermos obtidos ;i
J)i.lrtir Ja divisJo n-:1liz;1d,1.
Como 11il LN, nzis LDs a s11pcrordcn,1ç,10/subordin,1ç5o
representa um c.1so de implicaçJo tmiblcral, onde o lermo
supcrordcnado implirn termos subordinzidos, denominados
liipônimos.
Em lermos do léxico, o sentido de um hipônimo (: pro
duto do sentido de um nome superordcnndo e de um
rnodificélJor :1qjetivé-1l IY,Jl ou potencial, que responde ;i per
gunlns do seguinte tipo: 'que espécie de .. !'; 'que tipo dr .. 7'.
80
Por exemplo: - "Que espécie de animal era?"
- "Ern um elefante."
Dito de outro modo, é\ resposta ;i perguntas desse gêne
ro - e oulT,1s similares, do tipo 'como .. ?', 'de que maneira
... ?' _ se dilo a partir da introdução de uma diferença, que
produz i.1S subclasses.
Os co-hipônimos - ou os termos coon.len;1dos que tor
mam uma mesma série - contrast.::i.m em sentido, sendo que
a naturcz,1 do contraste pode ser explicada em termos de di
ferentes modificações adjetivais (Lyons, 19 77).
Pode-se dizer que as modificações füijctiva1s no léxico
· .. t· ,' L · ou 1Jro1xied.:ides corresponde111, nas LDs, a ca1 c1C e, ts 1c;is
que rc:1liz.::i.m a indivic.luaçfio de termos. Do ponto do vista
extrnsion;_i], 05 termos que se subordinam a 11m s11peror
c.lenado contêm todas as rnractcrístirns que identific;im a
cl<1.sse, mais um;i que os distingue dos demais .
/\ rclaç;io de hiponímia colocadi1 pela lingiíístic.:i. permi
te explicar, nas LDs, v;írios tipos de rclacion.::imentos to111a
dos como hierúrquicos que não cabem cknlro da cl.:i.ss1hca-
ÇEio oênero ·'esJJécie (e t3o pouco nas relc1çõcs todo/parte, e:,
parte/pmte)
Há casos, por exemplo, em que dois ou mais termos
enconlrnm-se em conlr.:.1sle e nõ.o existem, no léxico, pala
vras (ou term.os, no c.:i.so das LDs) que lhes sej:_1111 superor
cknac.Jos e, a n.10 ser que se utilizem elernenll)S de natureza
diferente, provenientes de outras parles do discurso, não é
possível reuni-los.
cidade, médias � Tamanho das cidade,cidades pequenas � rncgalópolcs
81
polissemia, um termo como cão pode, por ser o genérico da clo.sse, ser tomado como superordenéldo e como hipônimo, respciL1d.is, na! uralmcnle, as situações contcxt lli.1Ís.
Cúo
Rcsl:1 observur gue il!Lçm da noç;'io de inclusJo, a hiponímia conlém implíciLJ, também, J rebç;1o lógica de conscqi'1ênci<1, _j;i que ,10 dizer ·'Islo é uma rosn", lcm-se, neccss<1riamcnle, o prcss11posto "lslo é ll111é1 flor". Ou scj;i, a fr,1sc que Cllntém o hipônimo prcssupõe, neccssari,1mentc, o superordenado O inverso, evidentemente, nJo é vcrd<1deiro.
Se os membros de uma classe siio especificados com '·todos", ocorre o invcrso: "1c)do.s :is flores sJo lxbs" inclui ""füdas �is rosas s,10 belas", 111,1s o inverso n.'io é verJildeiro.
Pode-se dizer qut: a rebçiio ele hiponímia representa um;i opcr:.iç.10 de corvunçiio cm face do lermo superordrnndo, bem corno de Lfi�junçJo, lomarnlo-se a série de termos o!Jtidos a p<1rlir da divisiio rcaliz;ich
Corno na L , n.is lDs a superordrnnç:1o,'subordinaçJo representa um ciso de i111plic.1çc10 unilateral. onde o lermo superordcn,1do implica termos subordinados, dl'nomin.:idos liipônimos.
Em lermos do kxico, o sentido de um liipônimo € prndu lo do se:ntido de um nome supcrordrn�1do e de um 111odifiG1dor a<.tjcliv,1! real ou potcncid!, que responde ,1 perguntas do seguinte lipo: ·que espécie de ... ?'; 'que tipo de ... ?'.
80
Por exemplo: - "Que espécie de animal era?" - "Era um elefante."
Dito de outro modo, a resposta a pcrgunt.:is desse gênero_ e outr;1s similares, do tipo 'como ... ?', 'de que maneira ... 7' _ se dão 3 p.:irt ir cb. introdução de uma difercnç.J, q uc produz as subclasses.
Os co-hipônimos - ou os t·ermos coordenados que J-orm,1m uma mesma série - contrastam em sentido, sendo que a natureza do contraste pode ser explicado. em lermos de diferentes modificações nqjetivo.is (Lyons, 1977).
Pode-se dizer que as modificações aqjelivnis no léxico · -- ct·e -'1s11·cíl.s ou 1no1)riedndescorrespondem, nas LDs, il caia 1 . , . .
. que rc.1lizi1m a individuaçôo de termos. Do ponto do vista.extcnsional, os termos que se subordinam a um superorclenado contêm todJs Js CJ.rJcterísticas que idcntificm1 a cbssc, mais uma que os distingue dos (km.1.is
J\ relaçi'io de hiponímia colocad.:i pela lingC1ístirn permite explirnr, nas LDs, v6rios tipos de rcbcionamentos to�1ndos corno hier:irquicos que não cnbem dentro da dass1f1caç;ío gênero'espécie (e tJo pouco n.1s relações todo;parte, pa.rtc/purte).
. IM casos, por exemplo, em que dois ou mms termos1:ncontram-se cm contraste e n5o existem, no léxico, p;:Jiavrc1s (ou termos, no c.:1so di!s LDs) que lhes se:jcim superorden:iJos e, iJ não ser que se utilizem elementos de nal urez;, diferente, provfnifntes de outras p.1rtes do discurso. n5o é possível rrnni-los.
cidades núlias --------=---- Tamanho das cidadescidade; pcquc11:1s � mcgalopoks
81
Este é um caso de relação quase-pJ.radigmática (ou uma
quase-hiponímia), uma vez que se utilizJ. um3 expressão
m;_iis geral ("tamzmho") pü.ra reunir os diferentes tipos de
cidil.de.
Aqui, entretanto, n3o é Véfüdu a aplicação du fórmula
"x é um gênero de y". A. frase obtida da sua aplicação não é
natural ou é inaceiUvel. A. estrut urnç3o do voczibulário,
neste cziso, é feita por outrns pülavrzis ou sintzigrnas que
desempenham o mesmo papel de "que gênero de .. " (ou que
espécie de ... ).
"Comparáveis ,'is questões Que gênero ele animal era?1 e
Era uma Faca ou outra espécie de ani111al?1
s3o Como é que ele
obteve isso -- comprando-o ou roubando-o? e Ele comprou isso
ou arranjou-o de algum outro modo?" (Lyons, 1977, p.237)
ou ainda, no caso ele aqjetivos "Quando clizes que o teu
vesticlu é carmim, queres dizer que é em tons de vermelho ou de
outra cor? i-'..ssim como podemos dizer /1 vaca é um animal
ele um certo g(�nero, também podemos dizer .. . Comprar algu
ma coisa (; obtê-la ele uma determinada maneira e Um objeto
camwn é um objeto vermelho de uma certa maneira" (iclcm,
ibidem).
Em resumo, responde-se, nestes casos, a perguntas do
tipo ''corno" e "de que maneira", muito emborn elas n.'io
possam, também, ser zimplamente empregadas com suces
so. A hiponímia, na verdade, pode manifestzir-se de muit3s
111dllC!ri1S.
Isto explica porque não é possível aplicar, muitas ve
zes, o esquema lógico "todos/alguns" sugerido pelos ma
nuais de elaborJ.ç3o de vornbuló.rios documentários.
82
O exemplo anteriormente mencionado:
INSETOS
/ � ALGUNS TODOS SÃO
� / GAFANHOTOS
sugere o esquema como meio para a validação de um rela
cionamento aenérico indicando que alguns membros da clas-ê) ,
se "insetos" são conhecidos como "gafanhotos", enquanto
que todos os "gafanhotos" são "insetos", por definição e in
dependentemente do contexto (IBICT, 1984, p. 26; ISO 2 788,
1986, 1989, p. 605).
Entretanto, ele n5o funcionariél no exemplo ;_mterior, re
lativo a 'cidades'. A língua, nn verdade, n3o é rigidamente
estruturada em termos lógicos.
As diferentes séries formadas a pzirtir de um mesmo
termo podem ser vistas como o resultado de diferentes mo
dos de rezilizar é1 coqjunção, oriunda dos diferentes pontos
tomados como orioem cb subdivis5o eiou das diferentes ca-i:)
racterísticas tom.1dZJ.s para .:1 construção de cadJ. hierarquia.
Esse aspecto relaciona-se com. a adoção das categorias
aristotélicas de predicuç5o - substância, modo, quuntidade,
qualidade etc. e suas Jtua!izZJ.ções nos seus desenvolvimen
tos subseqüentes. Em Documentação, por exemplo, Ranga
nathan utilizou cinco categorias para agrupm os assuntos:
personalidade, matéria, energia, espaço e tempo.
P;:ira i.l. úrea de Ciência e Tecnologia, o Classification
Rcscarch Group - CRG sugeriu que os termos fossem agrupa-
83
Este é um caso de relação quase-paradigmática (ou uma
qunse-hiponímia), uma vez que se utiliza umn expressão
mais geral ("t.:imanho") para reunir os diferentes tipos de
cid.1de.
Aqui, entreL:mto, nno é válida a aplicação da fórmula
"x é um gênero de y". A. frase obtidn da sun aplicação não é
nc1l ural ou é inilceitável. A. estruturnção do vocabulúrio,
neste rnso, é feita por outras pnbvras ou sintagrn3s que
desempenhéirn o mesmo papel de "que gênero de ... " (ou que
espécie de . )
"Comparáveis às questões Que gênero ele animal era.?, e
Era uma vaca ou outra espécie de animal?, são Co1110 é que ele
obtcFe isso - comprando-o ou roubando-o'? e Ele comprou isso
ou arranjou-o ele algum outro modo?" (Lyons, 1977, p.23 7)
... ou ilinda, no caso de .:1cijelivos "Quando clizes que o teu
vestido é carmim, c1ueres dizer que é em tons de vermelho ou ele
outra cor? Assim corno podemos dizer A vaca é um animal
de um certo gênero, também podemos dizer . . . Compr-ar algu
ma coisa é obtê-la de uma determinada maneira e Um ol�jeto
carmim é um objeto vermelho ele uma certa maneira" (iclem ,
ibidem).
Em resumo, responde-se, nesles casos, .:i perguntas do
tipo ''como" e ''de que mémeira", muito emborn elas nJo
possam, tnrnbém, ser J.mplamente empregadas com suces
so. ;\ hiponímia, na verdade, pode manifcsl,ir-se de muit.Js
maneiras.
lslo explica porque niio é possível aplicar, muitas ve
zes, o esq ucma lógico ··todos/Dlguns" sugrrido pelos ma
nuais de claboraç5o de vocabuL:írios documentários.
82
O exemplo anteriormente mencionado:
INSETOS
/ ALGUNS TODOS SÃO
� / GAFANHOTOS
sugere o esquema como meio parn a validação de um reb
cionnmento genérico, indicando que alguns membros da clé.1s
se "insetos" são conhecidos como "gafanhotos", enquanto
que todos os "gafanhotos" são "insetos", por definiç5o e in
dependentemente do contexto (IBICT, 1984, p. 26; ISO 2 788,
1986, 1989, p. 605).
Entfftanto, ele não funcionaria no exemplo anterior, re
lativo J. 'cidndcs'. i\ língua, na verdade, não é rigidomente
estruturada em termos lógicos.
As diferentes séries formadas a portir de um mesmo
termo podem ser vistas como o resultado de diferentes mo
dos de realizar a conjunção, oriunda dos diferentes pontos
tomados como origem da subdivisão e/ou das diferentes ca
racterísticas tomadas para a construção de cada hierarquié.1
Esse aspecto relaciona-se com a adoção das categorias
aristoté]iG1s ele predicaçJo - substância, modo, quantir.bdc,
qui1lidzic!e etc. e suas at uzilizações nos seus desenvolvimen
tos subseqüentes. Em Documentação, por exemplo, Ranga
nJ.than utilizou cinco G1tegorias para .:igrup.:ir os assuntos:
pcrsona.lidade, matéria, energia, espa.ço e tempo.
Para a área. de Ciênci�1 e Tecnologi.:i, o Class{fication
Research Group - CRC sugeriu que os termos fossem agrupa-
83
1 /1,, •,11 · 1 1 ide, .1s seguintes categoriéls fundamentais: substância
[1wud tlo), órgão, constituinte, estrutura, forma, propriedade,
objeto da ação (materi.:iis brutos, materiais não tratados),
ação, operação, procc-ssos, agente, cs1x1ço e tempo. Barbar;:i
Kylc, também integnrnle do CRG, distinguiu as artes, as ati
vidades, os objetivos, os objetos, as idéias, as abstroções.
J\imb na ,Írea de Documentação, Shera & Egan ( 1969)
propuseram as rntegori;is agente, aç5o, modo, objeto, o�jcto
de açâo, tempo, espaço e produto. Grolier (1962), por seu
lado, sugeriu categorias const.:rntes de tempo, espaço, aç.:io e
GltcQorias variáveis: subst.1.ncia ói-aão analítico sintético, \ ·' / t, f ,
propriedade, forma e organização.
Na ú1-c;1 da Lingüística vzile ress,1ltar os "casos concep
tuais" de Pottier (1974): c.1usalivo instrumental ziorntivo I • I ("} /
nominntivo, erg;itivo, ,1cusalivo, associ;:llivo, locativo, dativo,
Iieneficiativo, finalidnde.
De um modo ou outro, todas essas noções ou focel,1s
remonlnm às cl assificações ziristolélica e knntiana. /\
estruturação do vocabulário cm kÍreas distintas definir;-1 as
noções funcionais mais generalizantes a serem adotadzis Por
outro Indo, tal estruturziç.10, dada cm função ele relações de
hiponími;:i e quase-hiponímia, pode ser rcalizil.da por meio
de um peq11cno n(uncro ele lexemas (noções gencralizzinte s,
categorias, facetas) com sentido muito ger;:il.
Pode-se afirmzir, com Lyons, que nem sempre é possí
vel estrulur;u hierzirquiczimente os kxcmas em termos de
hiponímia, dé1cb zi ausência de kxiczilizoção, em algumas lín
guas. Não hó, em português, por exemplo, nenhum lexema
que seja superordenaclo zi todos os nomes abstr.:ilos, ou a
todos os nomes concretos. O que se encontr.1, ao contr:írio,
84
__ -___
são conjuntos de le.xemzis muito gerais - '"pessoa' (ou 'indi
víduo'), ',mimai', 'peixe', 'ave', 'inseto', 'coisa', 'lugar', 'subs
tâ.ncia', 'rn;itéria', 'qw,lidadc', 'cs tndo' etc. - que s5o
superorden,idos em rcbçfüi a subconjuntos maiores ou me
nores desU1s subclasses de nomes" (Lyons, 1977).
Em resumo, pzira o autor não existe ordenação bieu.í.r
quico a pzirtir de um lexema superordenndo único, foto que
se estende ;1 diversas parles do discurso, pois, além dos no
mes, isso se aplica oos verbos e aos ac\jetivos.
Entrclanlo, se nos casos de hiponímia pode-se élfir111<1r
que existe umzi relaçJo paradigmáticzi de sentido cnlre os
lexemas, na ausência de superordcnados pziradigmMicos p;irn
a reunião de lexemas pode ocorrer um.:i relzição qtwse
paradigmática (idem, ibidem).
/\ssirn, pmzi reunir os zidjctivos 'vermelho', 'nmzirelo',
'azul' etc., pode-se utilizar: 'cor'; para fobr de 'redondo',
quadrado', 'oblongo': 'forma'.
Mas h() casos cm que n.10 hi.Í, no vocabulário, lexemas
]Jélr<l oroanizar hicr;irquic.1mcnte os termos. Trat.:i-se dast"> ' /
''lacunds lcxirnis", dcvid;1s, na m<1ior parte cbs vezes, n fato-
1-cs culturais.
Urna !clcuna lexical pode ser descrita como um "buraco
no modelo", ou sejél, J. i.lUsêncii.l de um lexema num cbdo
lugar da estrutura ele um campo lexiczil" (Lyons, 1977)
A rcbção hiponímia/supcrordenac,'<'io corresponde, em
lóoicn ;) rebç.:i.o aênero/csJJfrie (ou esJJécie/Qêncro). O con-� , D
, . • .. J
junto desse tipo de relücionamento é denominado, via de re-
grJ., relacion,1rncnto genérico.
85
dos segundo as seguintes cntcgorias fundamentais: substânci<1
(produto), órgão, constituinte, estrutura, forma, propriedade,
oqjeto da ação (materiais brutos, materiais não tratados),
élÇifo, opcraç5o, processos, <1gcnte, espnço e tempo. Barbara
Kyle, também intcQrante do CRG dislinauiu as <1rtes as élti-..._., I LJ • • I
vidndes, os objetivos, os objetos, as idéias, as nbstrações.
J\jnda na área de Documentação, Shera & Egan (1969)
propuseram os categorias agente, �1ç3o, modo, objeto, objeto
de açi'io, tempo, espnço e produto. Crolier (1962), por seu
lado, sugeriu rntegorias constantes de tempo, esparo, aç5o e
categorias variáveis: subst<'lnci<1, órg5.o, <1nalítico, sintético,
propriedade, forma e organizaçi'io.
Na ,í.rea da Lingiiístic<1 vnle rrssaltar os "casos concep
tuais" de Pollier ( 1974): c.:rnsativo instrumental <1aenlivo , , i:"> ,
nominativo, erc:ativo, ncusalivo ossocialivo Iocotivo clativcJ 1...1 I • f 1 I
benefici<1tivo, finalidzide
De um modo ou outro, tocbs cssns noções ou facetns
remontam i'ts clnssificações aristotélica e kantiana. A
estruturação do vocabulário cm óreas distintas clefinir,í as
noções funcion;Jis mais gencrnlizanlcs a serem adot.:idas. Por
outro bdo, L:il estruturaçâo, dnda em funç5.o de relações de
liiponírnia e q11ase-hiponírnia, pode ser realizacb por meio
de um pequeno ní1mcrn de lexem:1s (noções gencr<1liz.111les,
calegori<1s, facetas) com sentido muito oer;:il. . � Pode-se afirmar, com Lyons, que nem sempre é possí
vel estrutur<1r hiernrquic;imenle os lexemas em termos de
hiponímii'l, dad.1 n ausência de IexicnlizaçJo, em algumas lín
guns. N,10 há, cm português, por exemplo, nenhum lexema
que seja supernrcknndo a todos os nomes abstratos, ou a
todos os nomes concretos. O que se encontra, no contrário,
84
sJo conjuntos de lexemas muito gerais - '"pessoa' (ou 'indi
víduo'), 'animal', 'peixe', 'ave', ' inseto', 'coisa', 'lugar', 'subs
t5.ncia', 'matéria', 'qualidade', 'estado' etc. - que sJo
superordenados em rebç5o a subconjuntos maiores ou me
nores clest1s subclasses de nomes" (Lyons, 1977) .
Em resumo, para o autor ni'io existe orden.1çi'io hieri.Í.r
quica a partir de um lexema superordenado único, foto que
se estende a diversas partes cio discurso, pois, além dos no
mes, isso se aplic.1 aos verbos e aos acUetivos.
Entrd.Jnlo, se nos casos de hiponímin pode-se afirmar
que existe uma relaçJo paradigméilirn de sentido entre os
lexemas, na ausência de superordenados p.1radigmáticos p;1ra
a reuni,10 de lexem::is pode ocorrer um.J relnç.'fo qu;ise-
lJaradiomiilica (idem, ibidem)."
Assim, pnr.::i reunir os adjetivos 'vermelho', 'amarelo',
'azul' ele., pode-se utilizar: 'cor'; para falar de 'redondo',
qtwdr<1do', 'oblongo': 'forma'.
Mas há casos em que niio há, no voc;1buJjrio, lexemas
para org,rnizar, hicr<1rquicamenle, os lermos Tralc1-se das
"lacunns lcxirnis", devidas, na moior pc1rte das vezes, a fato
res culturais.
Urna lncuna lexic1l pode ser descrita como um ''buraco
no modelo", ou seja, a m1sência de um lexema num dado
lugar da estrutura de um campo lexical" (Lyons, 1977)
J\ relnção hiponími.:i/superordenaç5o corresponde, em
Jóoirn à rebçzio aênero/es1Jécie (ou es1Jécie/Qênero) O cem-,:-, 1 Ô
LJ
junto desse tipo de rebcionamcnto é denominado, via de re-
erra relacionamento o.enérico. t-) I lJ
85
dos segundo as seguintes categorias fundamentais: substância
(produto), órgão, constituinte, estrutura, forma, propriedade,
objeto da Jção (materiais brutos, materiais não trntados),
ação, opcraçiio, processos, c1gente, espaço e tt>mpo. Bi.irb,1ra
Kyle, também integrante do CRG, distinguiu as artes, as iJti
vidades, os ol�jetivos, os ol�jetos, as idéias, as abstrações.
1\i11da n;i {1rea de DlKUmcntação, Shera & Eg:m ( 1969)
propuseram as categorias agente, üção, modo, objeto, objeto
de aç3o, tempo, esp,1ço e produto. Grolier (196'.2.), por seu
lüdo, sugrriu categori.1s const.:rntes de tempo, csp,1ço, ,1çJo e
rntegorias varióveis: suhstnncia, órgão, iJnalítico, sintético,
propric-d;-1de, forma e org.:rnização.
Na área du Lingüístirn vale ress3ltnr os "c3sos concep
tw1is" de Pottier (1974): causativo, instrumental, agentivo,
nomirn1livo, ergativo, ac11s3tivo, ;:issociativo, locativo, (lé.itivo,
beneficialivo, finalidade.
De 11m modo ou outro, todas essas noções ou focetas
remontam Às classificações aristotélica e Lrnt iana. /\
estrulurélção do vocabul{irio cm áreus distintas definirá él.S
noções funcion<1is mais generalizantes n serem adot..1das. Por
outro bdo, tal estrutur.:iç.'io, dada cm funç5o de relações de
hiponímia e quase-hiponírnia, pode ser rcalizod.:i por meio
de um pequeno número de lcxern:1s (noçoes generali7.é.ll1tcs,
Gitegorii1s, ÜJCetas) com senlido muito geral.
Pode-se .:ifirm<lr, com Lyons, que nem sempre é possí
vt'l estruturar hierarquicamente os lexern;is cm termos de
liiponírnia, d,1d.'l n ausência de lexic;1Iização, cm algumns lín
guas. Nifo há, em português, por exemplo, nenhum lexcmé.1
que sej.1 superorden<ldo a todos os nomt's abstr.:ltos, ou a
todos os nomes concretos. O que se encontrél, ao contrório,
84
são conjt1ntos de lexemas muito gerais - '"pessoa' (ou 'indi
víduo'), 'animal', 'peixe', 'i.1ve', 'inseto', 'coisa', 'lugiJr', 'subs
ti.1ncii1', 'm.:itérin', 'qualid.:ide', 'estado' etc. - que são
supcrorden<ldos em relaçJo a subconjuntos maiores ou me
nores destas subclasses de nomes" (Lyons. 1977).
Em resumo, para o ;rntor não existe ordenação hier!1r
quica n pürlir de um lexema supcrordcnado único, fato que
se estende a diversas p<lrtes do discurso, pois, além dos no
mes, isso se o.plica aos wrbos e aos adjetivos.
Enlrelanlo, se nos casos de hiponírnia pode-se afirmar
que existe urna rcl.:içJo p.::iri.!digmática de sentido entre os
lexemas, na ;rnsênci,1 de supcrorden.:1dos par<ldigrnfiticos par.:i
i.l reuniJo de lexem:-is pode ocorrer um.1 rclaç.'io qu:-ise
paradigrnMic.:i (idem, i/Jidcm).
Assim, p.:ir:-1 reunir os <ldjetivos 'vermelho', '3111,irelo',
'ilztil' etc., pode-se utiliz.:1r: 'cor'; para fobr de 'redondo',
quadr.::ic!o', 'oblongo': ·forma'.
Mas hú c3sos em que n3o h!1, no vocabulório, lexemas
para organizar, hierzirquicamcnte, os termos. Tr.::it.::1-se das
"l<-Kllni1s lcxicnis", devidas, na rno.ior parle d.:.is vezes, a fato
res cullur,1is.
Urna bcuna lcxirnl pode ser descrita como u111 "buraco
no modelo", ou seja, n ausência de um lexema num dado
lug.:1r da eslruturn ele um campo lexical" (Lyons, 'J 977).
A rebção hiponími.:i/superordenação corresponde, cm
I<wici1 ,'i relação ofnero/es•Jécie (ou es1Jécie/gê11cro). O con-;::, · 1 D t 1..
junto desse tipo de rcbcionarnento é drnornin<ldo, via de re-
nra rclacionamenlo Qenérico. C) I lJ
85
Bibliografia
........
;\ITCH!SON, J. & GILCHRJST, A J\1anual para construção ele
tcsauros. Rio de Janeiro: BNG/Brasi];irt, 1979.
BAKI-!TIN, M. ;\;Jarxismo e .filosofia da linguagem. São Paulo:
Hucitec, 1981.
13!\lv\NOVV, V G. Jlspectos lingiiísticos de linguagens ele
indcxaçii.o. ln: CONHRÊNCI/\ BR/\SILEIRA DE CL\SS!fl
C:i\ÇÃO BIBLIOGR.f\FICA.. 1\nais. Rio de .fonciro, IBICC v.1, p.295-310, 1979.
BARTHES, R. Elementos ele scmiologia. S.:io Paulo: Cultrix, 1971.
BOUTIN-OUESNEL, R et al. Vocabulairc systcmatiquc ele
tcr111i110/ogic O..uéhec: Puhlications du O.uéhfc, 1985.
BR/\S!L. 1vlinistério cb Educação e Culturn. Serviço de Esta
tística da EduG1çii:o. Gloss,frio ele termos utilizaclos na est.alís
t ica educacional. !. Rio de Janeiro: Fundaç.10 MUDES, l 980.
CDU - CL·\SS!FJC:\Ç,\O DECI1\!l/\L UNIVERSAL Ed. média
cm língua portuguesa. Brasília: IBICT 2v. (Publicação FID,
11665), 1987
CINTRA, A 1v\. M.; T:\LA.iVlO, M. F G. J\1; L\RI\, l\l\. L. G &
KOBASHI, N. Y Do termo cJ.o descritor: um estudo explorél-
87
Bibliografia
1-\ITCHISON, J _ & GILCHRlSl� A Manual para construção de tcsauros Rio de Janejro: GNG/Hr.1silé1rt, 1979.
B/\.KHTIN, rvl. A1arxismo e filos�fia da linguagem. 520 Paulo: I-lucitec, 1981.
B/\R/\NOW, V. G. Aspectos lingiiísticos ele linguagens ele
inclcxaç5o. ln: CONFERÊNCIA BRASILEIRA DE CLJ-\SSIFIC/\Ç-\0 BIBLIOGR,\FJCA Anais. Rio de Jnnciro, IB!Cl� v. 1,p.295-310, 1979.
BARTHES, R. Elementos de scmiologia. São Paulo: Cultrix, 1971.
BOUTIN-QUESNEL, R. ct ai. Vocaliulairc systcmatique de
tcrrninologic. Québcc: Publiciltions du Quéhcc, 1985.
BR/\SJL J'vlinistfrio dil Educilçi'io e Culturn. Serviço de Eslütística clJ Educaçi:io. Glossário ele termos utilizaclos na estatís
tica cclucacional. l. Rio de .J,:mciro: Fundnç.?io 1\r\UDES, 1980.
CDU - CU\SSIFIC-\Ç},O DECI1\il/\L UNIVERSAL. Ed. média cm línguo. portugucs2 BrasíliJ.: IBICT 2v. (Publicação FID,
11665), 1987
CINTR,\, A M. 1\,l.; Tr\U\IvlO, i\:\. F. G. M.; L1\IZ,,\ Jvl. L. G. &.
KOBA.SHl, N. Y Do termo i.lO descritor: um estudo explora-
87