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AUTOR TRABALHO
ADALTO MOREIRA BRAZ CARTOGRAFIA DE PAISAGENS E O ZONEAMENTO DOPOTENCIAL TURÍSTICO NO MUNICÍPIO DE MINEIROS/GO1
ASSUNÇÃO ANDRADE DEBARCELOS
CONCENTRAÇÃO DE COLIFORMES NAS ÁGUAS DA BACIA DOCÓRREGO SUCURI1
DAIANE FERREIRA BATISTA QUALIDADE DAS ÁGUAS DE BACIAS HIDROGÁFICAS
DANILO SOUZA MELO
(RE)CRIAÇÃO CAMPONESA NOS TERRITÓRIOS RURAISPARQUE DAS EMAS/GO E DO BOLSÃO/MS: CONTRIBUIÇOES ELIMITES DA POLÍTICA DE ESTADO DE DESENVOLVIMENTOTERRITORIAL
JORDANA REZENDE SOUZALIMA
SIMULAÇÃO DO USO DA AGRICULTURA SINTRÓPICA NARECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS E PRODUÇÃO DEALIMENTO EM PROJETOS DE ASSENTAMENTOS RURAIS NOMUNICÍPIO DE JATAÍ (GO)1
JOSIE MELISSA ACELOAGRICOLA
GÊNERO E LUTA NO CERRADO GOIANO: OS SABERES DASMULHERES CERRADEIRAS E SUAS RESISTÊNCIAS DIANTE DAEXPANSÃO CAPITALISTA
MAINARA DA COSTABENINCA
ANÁLISE DO PROGRAMA “PRODUTOR DE ÁGUA” NO MUNICÍPIODE RIO VERDE-GO
REILA CAMPOS GUIMARÃESDE ARAÚJO
PERFIL CLÍNICO DE PACIENTES ATENDIDOS NO SERVIÇO DEATENDIMENTO MÓVEL DE URGÊNCIA: REGIÃO SUDOESTE I DEGOIÁS, ANO 2015
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CARTOGRAFIA DE PAISAGENS E O ZONEAMENTO DO POTENCIAL TURÍSTICO NO MUNICÍPIO DE MINEIROS/GO1
BRAZ, Adalto Moreira2; OLIVEIRA, Ivanilton José de3; CAVALCANTI, Lucas Costa de Souza4
Palavras-chave: Cartografia de Paisagens, Geografia do Turismo, Geossistema, Geotecnologias
Introdução: A cartografia das paisagens é apontada como uma metodologia capaz
de depreender sobre as interações dos processos sociais e ambientais (atropo-
ambientais) a partir de uma abordagem sistêmica e, portanto, integrada dos elementos
que constituem as paisagens. O conceito de paisagem adotado neste trabalho foi
proposto por Rodriguez, Silva e Cavalcanti (2010, p. 18), que definem a paisagem
como um “conjunto inter-relacionado de formações naturais e antroponaturais”,
podendo ser considerada em três situações que se complementam, sendo “um
sistema que contém e reproduz recursos”, “um meio de vida e da atividade humana”
e “um laboratório natural e fonte de percepções estéticas”. Na proposta de Sochava
(1978) o autor se aproxima do campo da cartografia das paisagens ao evidenciar a
importância de se sistematizar o parcelamento do meio natural, sendo este ato
requisito indispensável à solução de muitos problemas geográficos, tais como a
elaboração de cartas de paisagens (landschaft). Nas considerações de Cavalcanti e
Corrêa (2016), a adoção da abordagem sistêmica aplicada ao conceito de paisagem
permitiu a Sochava resolver alguns entraves da geografia física. Foi a partir da fusão
da teoria geral dos sistemas com a geografia, que Sochava ampliou o campo da
análise espacial das paisagens e a sua compreensão temporal. A paisagem é um bem
que pode ser aproveitado como qualquer outro recurso, no entanto é preciso estar
ciente de que qualquer decisão tomada sobre um território que tenha uma ocorrência
1 Resumo revisado pelo orientador e coorientador do bolsista. O orientador é coordenador do Projeto de Pesquisa – código PI0861-2016: Cartografia das Paisagens Turísticas das Savanas Brasileiras e Moçambicanas. (Coordenador: Ivanilton José de Oliveira). 2 Bolsista CAPES. Programa de Pós-Graduação em Geografia. Universidade Federal de Goiás/Regional Jataí – e-mail: [email protected] 3 Orientador. Programa de Pós-Graduação em Geografia. Universidade Federal de Goiás/Instituto de Estudos Socioambientais – e-mail: [email protected] 4 Coorientador. Universidade Federal de Pernambuco/Departamento de Ciências Geográficas – e-mail: [email protected]
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Anais do Congresso de Ensino, Pesquisa e Extensão - CONEPE (2017) . -
espacial irá fazer parte e transformar a paisagem. Uma oportunidade de estudo da
paisagem à vista destas transformações, se dá através da cartografia da paisagem,
que pode fornecer bases para elaboração de um plano de conservação para as
paisagens estudadas. Isto proporcionará uma maneira de evitar e prever a magnitude
das transformações do ambiente natural, com base num sistema espacialmente
desenvolvido, capaz de mapear as paisagens e propor medidas de conservação da
natureza (COMUNIDAD DE MADRID, 2003; KUZMENKO, 2010). O município de
Mineiros/GO apresenta uma dinâmica de uso e cobertura da terra diversificada e se
manifesta em diferentes unidades de paisagens. O município integra a região definida
como agroecológica pelo plano estadual do turismo do Estado de Goiás e recebe a
classificação como município diamante (GOIÁS, 2008; 2010). Mineiros apresenta um
potencial turístico que é explorado principalmente em relação ao Parque Nacional das
Emas. Com uma baixa densidade populacional, acredita-se que a área de estudo
apresente importantes elementos naturais com potencial turístico subaproveitado e
que, por meio do zoneamento, possam vir a compor um roteiro em turismo de
natureza.
Objetivos: O objetivo principal é o desenvolvimento de uma proposta metodológica
de zoneamento turístico das paisagens do Cerrado, tendo o município de Mineiros
como área de estudo.
Procedimentos Técnicos: A técnica a ser utilizada será a cartografia da paisagem,
fundamentada no instrumento do zoneamento da paisagem, tendo como ferramenta
o Sistema de Informações Geográficas (SIG), para processamento de um banco de
dados contendo as informações para o estudo das paisagens e seu zoneamento
turístico. A priori são reconhecidos diferentes procedimentos para se cartografar as
paisagens. Nesta proposta apropria-se de um conjunto de três procedimentos gerais
propostos por Lysanova, Semenov e Sorokovoi (2011) para a cartografia das
paisagens, sendo: 1) Compilação de informações topográficas e setoriais do espaço
proposto como objeto de pesquisa; 2) Generalização dos dados e mapas em média
escala; e 3) Investigações de campo (rota, estação e transectos da paisagem).
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A seguir são colocadas quatro etapas que representam os procedimentos para a
elaboração da tese e do zoneamento turístico da paisagem, sendo: 1) Trabalhos
introdutórios e delineamento da pesquisa; 2) Aplicação das geotecnologias e estrutura
do banco de dados; 3) Mapeamento das paisagens; e 4) Zoneamento turístico das
paisagens.
Resultados Esperados: O mapeamento e a caracterização das paisagens serão
elaborados na escala municipal e o zoneamento turístico das paisagens será
construído a partir de uma concepção teórica e metodológica da geografia e
cartografia de síntese desenvolvida na Geografia Russo-Soviética. Analisando a atual
situação das paisagens no município de Mineiros e sua possível relação com as
potencialidades turísticas, a proposta poderá contribuir com uma base completa de
mapeamentos do município. Trata-se da cartografia inédita das unidades de
paisagens e o zoneamento turístico da paisagem para fins de planejamento destas
atividades no município. Portanto, será possível avançar quanto ao mapeamento das
paisagens e técnicas de cartografia para estes fins numa região do Cerrado brasileiro,
que ainda apresenta poucos estudos advindos dessa concepção teórica. O
zoneamento turístico das paisagens irá qualificar a discussão sobre atividades
turísticas no Cerrado e embasar o planejamento do turismo, do ambiente e do
território.
Conclusões: A proposta envolve a realização de um zoneamento turístico das
paisagens para o município de Mineiros/GO, como um instrumento que deverá auxiliar
nas decisões quanto aos diferentes conjuntos naturais (unidades de paisagens)
considerando suas potencialidades ao desenvolvimento de atividades turísticas. O
zoneamento deverá ser capaz de identificar áreas (zonas) que tenham pertinências
ou restrições ao turismo e, desta forma, permitir seu planejamento no município.
Agradecimentos: O autor agradece a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior (CAPES) pela concessão da bolsa de estudos em nível de
doutorado.
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Referências:
CAVALCANTI, L. C. S.; CORRÊA, A. C. B. Geossistemas e Geografia no Brasil. Revista Brasileira de Geografia (IBGE), Rio de Janeiro, v. 61, n. 2, p. 3-33, jul./dez., 2016.
COMUNIDAD DE MADRID. Cartografía del Paisaje. Madrid: Consejería de Medio Ambiente y Ordenación del Territorio, 2003. 17 p.
GOIÁS. Plano Estadual do Turismo (2008-2011). Goiânia: GOIÁS TURISMO – Agência Estadual de Turismo, 2008
______. Classificação dos Municípios Prioritários para o Desenvolvimento do Turismo em Goiás. Goiânia: GOIÁS TURISMO – Agência Estadual de Turismo, 2010.
KUZMENKO, E. I. Structural-dynamical mapping of landscapes as exemplified by the Kazymskoye plateau (Western Siberia). Geography and Natural Resources, vol. 31, p. 74–78, 2010.
LYSANOVA, G. I.; SEMENOV, Yu. M.; SOROKOVO, I, A. A. Geosystems of the Upper Yenisei Basin. Geography and Natural Resources, vol. 32, N. 4, p. 357-362, 2011.
SOCHAVA, V. B. Por uma teoria de classificação dos geossistemas de vida terrestre. Biogeografia. São Paulo, n. 14, 1978.
RODRIGUEZ, J. M. M.; SILVA, E. V.; CAVALCANTI, A. P. B. Geoecologia das Paisagens: uma visão geossistêmica da análise ambiental. 3ª ed. Fortaleza: Edições UFC, 2010. 222 p.
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CONCENTRAÇÃO DE COLIFORMES NAS ÁGUAS DA BACIA DO CÓRREGO
SUCURI1
BARCELOS, Assunção Andrade de2; RAMALHO, Fernanda Luísa3; CABRAL, João
Batista Pereira4; SANTOS, Ana Karoline Ferreira dos5; BIRRO, Sheyla Olivia Groff6.
ROCHA, Isabel Rodrigues7
Palavras-chave: Qualidade da água, Resolução Conama nº357/2005.
Introdução: Na maior parte das vezes, a preocupação com a qualidade das águas é
voltada principalmente para aquela destinada ao consumo humano. Porém, quase
1 Resumo revisado pelo orientador João Batista Pereira Cabral.
2 Discente Doutorando do Programa de Pós-graduação em geografia da Universidade Federal de Goiás/Regional Jataí, e-mail: [email protected].
3 Mestre em Geografia e Voluntária do Laboratório de Geociências Aplicadas da Universidade Federal de Goiás/Regional Jataí, e-mail: [email protected].
4 Professor doutor, do curso de geografia da Universidade Federal de Goiás/Regional Jataí, e-mail: [email protected].
5 Discente Mestranda e bolsista CAPES no Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Goiás/Regional Jataí, e-mail: [email protected].
6 Discente Mestranda e bolsista CAPES no Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Goiás/Regional Jataí, e-mail: [email protected].
7 Doutoranda em Geografia PPGEO/IESA - Universidade Federal de Goiás - UFG, e-mail: [email protected].
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Anais do Congresso de Ensino, Pesquisa e Extensão - CONEPE (2017) 7 - 11
não há a preocupação com a qualidade hídrica destinada a dessedentação animal,
podendo acarretar a má qualidade de vida dos mesmos e provocar doenças.
Os métodos de saneamento são mecanismos para proporcionar uma
melhoria da saúde ambiental, segundo a Política Federal de Saneamento Básico,
estabelecida pela Lei Nº 11.445/07, o saneamento básico é um conjunto de serviços,
bases de instalações operacionais de abastecimento de água potável; esgotamento
sanitário, manejo de resíduos sólidos, drenagens de águas pluviais urbanas
(BRASIL, 2007). Dentre as diretrizes presentes no art. 48, da Lei supracitada,
destaca-se o inciso VII, que garante meios adequados para o atender a população
rural, até mesmo a emprego de soluções ajustadas com características econômicas
peculiares e sociais (BRASIL, 2007). Segundo Von Sperling (1996), os coliformes
termotolerantes, são os principais indicadores de contaminação fecal, é um dos
parâmetros que proporcionam maior significância na estimativa da qualidade
sanitária do ambiente aquático, sendo, portanto, um bom indicador de contaminação
por efluentes.
Em razão de provocar riscos graves à saúde humana, se faz indispensável o
tratamento da água para o consumo humano, de modo a torná-la potável. Assim,
está contido em lei que um dos principais objetivos do tratamento é de ordem
sanitária, visando a remoção e inativação dos organismos patogênicos e
substâncias químicas que representam riscos à saúde, além do tratamento da
estética organoléptica, isto é, de remoção de turbidez, cor, gosto e odor. (BRASIL,
2006).
Determinar a concentração dos coliformes termotolerantes é de grande
importância, possibilitando a indicação de possibilidade da existência de micro-
organismos patogênicos, responsáveis pela transmissão de doenças de veiculação
hídrica, tais como cólera, febre tifoide dentre outras (OKURA; SIQUEIRA, 2005).
Objetivos: Diante da carência de estudos relacionados a qualidade da água dos rios
e córregos presentes em meio rural, objetivou-se avaliar o nível de coliformes
termotolerantes nos dois principais cursos d’água da bacia do córrego Sucuri, por
ser um afluente do reservatório da Usina Hidrelétrica de Barra dos Coqueiros.
Material e métodos: O córrego Sucuri está localizado no município de Caçu, no
Sudoeste do estado de Goiás, com área aproximada de 74km² (mapa 1). O clima da
área de estudo segundo a classificação de Koopen é do tipo Aw, isto é, duas
estações bem definidas, uma seca de abril a setembro e ou úmida de outubro a
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março, com precipitação média anual que varia de 1400 a 1600 mm, os meses de
dezembro a março são os meses que apresentam maior concentração de
precipitação, de maio a agosto apresenta o período mais seco, com baixo índice de
precipitação. A temperatura média anual varia entre 22 e 23ºC. (SCOPEL, 2001;
NOVELIS, 2005; LIMA e MARIANO, 2014). Mapa 1 – localização da bacia do córrego Sucuri no Sudoeste de Goiás.
Fonte: SIEG (2016). Organizador: Santos (2016).
Para avaliar a concentração de coliformes termotolerantes nos principais
corpos d’água da bacia do córrego Sucuri, foram selecionados 5 pontos, de modo a
abranger a influência dos diversos tipos de uso e ocupação das terras da bacia do
córrego. As campanhas de coletas seguiram um intervalo de três meses iniciando no
mês de junho de 2015 e termino em março de 2016.
As amostras foram coletadas em recipientes de vidro de 100 ml estéreos,
acondicionado em caixa de térmica com gelo e ao abrigo da luz até a finalização do
transporte ao Laboratório de Geociências Aplicadas, na Universidade Federal de
Goiás- Regional Jataí. Os procedimentos de coleta e preservação das amostras
foram realizados de acordo com o Guia Nacional de Coleta e Preservação de
Amostras (CETESB; ANA 2011).
Para definir a concentração de colônias usou-se a técnica da membrana
filtrante. Os materiais utilizados foram luvas estéreas, autoclave, copo, bomba de
sucção à vácuo, bico de bunsen, gás, membrana de 47 mm de diâmetro e 45 µm de
porosidade, placa de Petri com meio de cultura, pinça e estufa microbiológica. Para
procedimento as amostras da água foram filtradas, e os filtros foram colocados no
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meio de cultura e levada para estufa deixando para incubar por 24 horas a 36ºC,
com o termino da incubação usou-se o contador de colônias de bactérias.
Resultados e Discussão: Os coliformes totais avaliados na bacia do córrego
Sucuri, apresentam tendência de sazonalidade (Gráfico 1), isto é, variam de acordo
com as estações do ano, a coleta do mês de março de 2016, período considerado
chuvoso para região, apresentou mais coliformes em relação ao mês de junho de
2015, período seco. Essa maior concentração de coliformes no período úmido pode
estar associado com o escoamento superficial, que promove o transporte de mais
sedimentos para os cursos d’água.
Gráfico 1 – sazonalidade dos coliformes totais do corpo hídrico da bacia do Sucuri-GO.
Fonte: produção do autor 2017.
Para os valores encontrados de coliformes nas águas da bacia do córrego Sucuri,
segundo a Resolução CONAMA 357/2005, as águas podem ser consideradas de
classe 2. Notou-se que os resultados do ponto 1, foram os que mais contribuíram
para esse enquadramento, o mesmo está relacionado com o uso do solo, por sua
área ser ocupada por assentamentos rurais, contribuindo para o maior uso do
córrego, com as características de proximidade entre os assentamentos, onde a
água é destinada ao uso para residências e a dessedentação animal, consistindo
também quanto ao ponto de coleta ser presente em área onde se apresentam várias
rodas d’água.
Conclusão:
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Segundo a Resolução vigente as águas foram classificadas como de classe 2,
podendo ser destinadas ao abastecimento para consumo humano após tratamento
convencional, além de poder ser usufruídas para atividades aquáticas, como de
recreação de contato primário, irrigação de hortaliças, aquicultura e atividade de
pesca.
Referências
ANA - Agencia Nacional das Águas. Indicadores da qualidade da água. Disponível em: <http://pnqa.ana.gov.br/IndicadoresQA/IndiceQA.aspx>. Acesso em: Jan. 2016 BRASIL. Lei 11.445 de 5 de Janeiro de 2007. Estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico. Presidência da República Casa Civil. BRASIL. Lei Federal nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989. Brasília, DF, 1997. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Vigilância e controle da qualidade da água para consumo humano/ Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em saúde – Brasília: Ministério da Saúde, 2006. CETESB- Companhia Ambiental Do Estado De São Paulo, ANA- Agencia Nacional das Águas, 2011. Guia nacional de coleta e preservação de amostras: água, sedimento, comunidades aquáticas e efluentes líquidas. CETESB, São Paulo, ANA, Brasília. 326pp ITURRINO, R.P.S.; MASSOLI, V.M.C.B.; DELPHINO, T.P.C.; DAMASCENO, P.R. Clostridium perfringens em rações e águas fornecidos a frangos de corte em granjas avícolas do interior paulista – Brasil. Revista Ciência Rural, v.40 n.1, p. 197-199, 2010. MAGALHÃES, Y. A., et al. Qualidade microbiológica e físico-química da água dos açudes urbanos utilizados na dessedentação animal em Sobral, Ceará. Revista da Universidade Vale do Rio Verde, v. 12, n. 2, p. 141-148, 2014. Disponível em: < file:///C:/Users/Açãogeo/Desktop/1417-5105-1-PB%20(3).pdf>. Acesso em: 20 ago. 2017. OKURA, M. H.; SIQUEIRA, K. B. Enumeração de coliformes totais e coliformes termotolerantes em água de abastecimento e de minas. Revista Higiene Alimentar, São Paulo, v. 19, n. 135, p. 86-91, set. 2005. VON SPERLING, M. Introdução a Qualidade das Águas e ao Tratamento de Esgotos. 2ª Ed. - Belo Horizonte: Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental; Universidade Federal de Minas Gerais, 1996, 243 p.
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QUALIDADE DAS ÁGUAS DE BACIAS HIDROGÁFICAS
BATISTA, Daiane Ferreira¹; CABRAL, João Batista Pereira²; ROCHA, Thiago³; NASCIMENTO, Elvis Souza4, BARBOSA, Gustavo Rodrigues5
Palavras-chave: bacia hidrográfica, parâmetro, preservação ambiental.
Introdução
O Brasil é considerado uma grande potência em recursos hídricos, por possuir rios
caudalosos e grandes bolsões subterrâneos de água doce. Por estas características, os estudos
ambientais de punho cientifico e acadêmicos vem a cada dia se aprimorando e ganhando mais
atenção. Tundisi (2005) explica que a água é um dos elementos essenciais para a sobrevivênc ia
e desenvolvimento da vida no planeta, com isso é de fundamental importância que sua
qualidade seja analisada.
Cabral et al. (2013) diz que os avanços no ramo agrícola, provocam alterações no
ecossistema aquático e terrestre, por meio da grande expansão de lavouras e áreas destinada a
pecuária (muitas vezes sem fiscalização), que necessariamente corrobora a retirada da
vegetação nativa, oferecendo significativas quantidades de resíduos a natureza que alteram o
habitat natural de espécies.
Estas são algumas informações que demostram a necessidade da preservação
ambiental, visto que a água é o recurso natural mais importante para sobrevivência das espécies,
e, hoje, apresenta-se ameaçado (REBOUÇAS et al. 2002; ANA, 2005).
_________________________________________
Resumo revisado por: Prof. João Batista Pereira Cabral (42234 - Analise integrada em bacias hidrográficas: estudos comparativos os distintos usos de ocupação do solo). 1Programa de Pós-Graduação em Geografia UFG Regional Jataí – Doutoranda: [email protected] 2Programa de Pós-Graduação em Geografia UFG Regional Jataí – Docente:
[email protected] 3Programa de Pós-Graduação em Geografia UFG Regional Jataí – Mestrando:
[email protected] 4Programa de Pós-Graduação em Geografia UFG Regional Jataí – Mestre: [email protected] 5Programa de Pós-Graduação em Geografia UFG Regional Jataí – Doutorando: [email protected]
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Anais do Congresso de Ensino, Pesquisa e Extensão - CONEPE (2017) 12 - 1
Para isto, o presente trabalho traz conceitos sobre parâmetros que auxiliam na
averiguação da qualidade das águas em bacias hidrográficas, e a importância de análise dos
mesmos.
Objetivo
Este trabalho teve como objetivo geral apresentar conceitos de 4 parâmetros que
auxiliam na detecção de contaminação das águas em rios de águas doces de bacias
hidrográficas.
Metodologia
Diante do proposto, foi realizado revisões bibliográficas utilizando artigos científicos,
dissertações, livros e teses que descrevem a importância da averiguação destes parâmetros para
conservação de recursos hídricos.
Resultado e discussão
Oxigênio dissolvido (OD)
A regularidade de oxigênio dissolvido em corpos hídricos é fundamental para o
desenvolvimento de organismos aeróbicos, sendo este o parâmetro mais importante para a
dinâmica aquática. Von Sperling (1996) e Esteves (1998) confirmam que ao ocorrer ausência
deste elemento nas águas, afeta o odor e pontual a presença de poluição.
Por ser um elemento indispensável para as funções vitais do metabolismo dos micro -
organismos aeróbicos, as águas naturais necessitam apresentar quantidades controladas do
mesmo (KLEEREKOPER, 1990). Um dos fatores que podem alterar a quantidade de oxigênio
dissolvido nas águas é a temperatura e pressão atmosférica, ambos resultam em redução da
dissolubilidade deste elemento.
Corpos hídricos que recebem elevadas quantidade de matéria orgânica estão sujeitos
ao processo de eutrofização, alterando a qualidade das águas e prejudicando o consumo humano
(MERCANTE et al., 2014). Segundo a CETESB (2014) os peixes, não sobrevivem em
ambientes aquáticos com taxa de oxigênio dissolvido inferior a 4,0 mg/L.
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Souza, Bacicurinski e Silva (2010) analisaram a qualidade da água do rio Paraíba do
Sul, no município de Taubaté-SP. Os resultados para OD variaram entre 6,67 mg/L e 7,32 mg/L,
valores considerados bons pela Resolução CONAMA 357/2005.
Potenciais hidrogeniônicos (pH)
O pH é considerado um dos parâmetros mais importantes para a avaliação da qualidade
das águas em bacias hidrográficas. Esteves (1998) diz que a interpretação deste parâmetro é
uma das mais complexas, pois vários fatores levam à sua alteração. Os valores de pH variam
de 0 a 14; em condições ácidas, o valor da solução é <7, para ser considerada neutra deve ser
=7 e as soluções chamam-se alcalinas quando ultrapassam 7 (KLEEREKOPER, 1990).
Esteves (1998) ainda diz que, altos valores de pH podem ser encontrados em regiões
que possuem balanço hídrico negativo, como é na região nordeste e no pantanal sul-mato-
grossense do Brasil; já em algumas regiões continentais, a média permanece entre 6 e 8. Outro
fator importante que pode levar a alteração deste parâmetro é a própria geologia da região,
devido a deterioração de rochas, ou mesmo a oxidação da matéria orgânica.
A CETESB (2013) explica que o controle do pH em água que são fontes abastecedoras
em redes públicas devem ocorrer periodicamente, pois a partir do momento em que constam
alterações, as estruturas de instalações hidráulicas são sujeitas a corrosão.
Fósforo total
O fósforo é um elemento que pode ser originado pelo transporte laminar de áreas mais
elevadas (que o possuam) até os mananciais, e como isto libera fosfato para a coluna d’água
pelo consumo da biota e precipitação antigênica por meio de desorção, dissolução, reações
orgânicas e absorção de partículas (LEBO, 1991).
Esteves (1998) diz que por este parâmetro ser um contribuinte direto no metabolismo
dos seres vivos, e por sua elevada quantificação proporcionar aceleramento no processo de
eutrofização dos rios, sua avaliação se torna essencial para quantificar a qualidade das águas
em bacias hidrográficas.
Os esgotos domésticos, detergentes superfosfatados, os efluentes industriais, materiais
agrícolas como fertilizantes, laticínios, frigoríficos e abatedouros, juntamente com os poluentes
agropecuários pela drenagem pluvial, são as principais fontes artificiais de fósforo. Em termos
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naturais tem-se a própria composição rochosa e a decomposição de organismo de origem
alóctone (CETESB, 2004)
Um exemplo da constatação deste elemento pode ser demostrado no trabalho realizado
por Coletti et al. (2010) no Rio das Pedras (SP), onde foram encontraram valores como 0,41
mg/L que afirma a baixa qualidade das águas. Os autores destacam que o resultado esteve
relacionado às atividades agrícolas da região, sendo elas a responsável pela alteração da
qualidade hídrica.
Conclusão
A água é indispensável para a sobrevivência das espécies no planeta, seu monitoramento
é fundamental em todas as instancias. Os trabalhos relacionados a qualidade das águas em
bacias hidrográficas são referências a órgão gestores para a avaliação e controle da qualidade
hídrica de regiões inteiras, como também auxiliar a recuperação de áreas degradadas.
Deste modo, é possível concluir que a avaliação da qualidade das águas deve ser
realizada de maneira meticulosa, levando em consideração vários fatores, como: - o uso e
ocupação das terras da bacia hidrográfica analisada, - a escolha adequada para os parâmetros a
serem analisados, - o conhecimento específico e científico de cada parâmetro escolhido, entre
outros.
O conhecimento dos parâmetros descritos neste trabalho, é de grande relevância, ao
considerar analisar a qualidade das águas, pois, o oxigênio dissolvido, potencial hidrogeniônico
e fósforo, são destaques em processos de eutrofização das águas doces de bacias hidrográficas,
e devem ser analisados minuciosamente.
Referências
CABRAL, J. B. P. [et al.]. Diagnóstico Hidrossedimentológico do Reservatório da UHE Caçu - GO. Revista Geofocus (Madrid), v. 13, 2013.
CETESB. Companhia Ambiental do Estado de São Paulo. Variáveis de qualidade das águas, 2013.
CETESB, Relatório de qualidade das águas interiores do estado de São Paulo 2003 – São Paulo (Série Relatórios / Secretaria de Estado do Meio Ambiente, ISSN 0103-4103), 2 v.: il.;
30 cm, 2004.
15
COLETTI, C. [et al.]. Water quality index using multivariate factorial analysis. Rev. bras. eng.
agríc. ambient. [online], vol.14, n.5, pp. 517-522. ISSN 1807-1929, 2010.
ESTEVES, F. A. Fundamentos de Limnologia. Rio de Janeiro: Editora Interciência, 1998.
LEBO, M. E. Particle-bound phosphorus along an urbanized coastal plain estuary. Marine
Chemistry 1991.
KLEEREKOPER, H. Introdução ao estudo da Limnologia. Ed. da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul – UFRGS, 1990.
MERCANTE, C. [et al.]. Bullfrog (Lithobates catesbeianus) farming system: water quality and
environmental changes. Revista Acta Limnologica Brasiliensia. [online]. vol.26, n.1, pp. 9-17. ISSN 2179-975X – 2014.
REBOUÇAS, A. C. [et al.]. Água Doce no Mundo e no Brasil. In: Águas Doces no Brasil – capital ecológico, uso e conservação. (Org.). São Paulo, SP. 2 eds. 2002.
SOUZA, C. F.; BACICURINSKI, I.; SILVA, Ê. F. de F. Avaliação da qualidade da água do rio
Paraíba do Sul no município de Taubaté-SP. Revista Biociências, UNITAU. Volume 16, número 1, 2010.
TUNDISI, J. G. Água do Século XXI: enfrentando a escassez. S Carlos: RIMA 2ed, 2005.
VON SPERLING, M. Introdução a Qualidade das Águas e ao Tratamento de Esgotos. 2ª Ed. - Belo Horizonte: Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental; Universidade Federal de Minas Gerais, 1996.
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(RE)CRIAÇÃO CAMPONESA NOS TERRITÓRIOS RURAIS PARQUE DAS
EMAS/GO E DO BOLSÃO/MS: contribuições e limites da política de estado de
desenvolvimento territorial1
MELO, Danilo Souza2. NARDOQUE, Sedeval3.
Palavras-chave: Campesinato, Cerrado, Políticas Públicas, Questão Agrária.
Justificativa/Base teórica: Partimos do pressuposto teórico de desenvolvimento
desigual do capitalismo no espaço (SMITH, 1988) e da existência de uma questão
agrária, motivada pelo desenvolvimento do capital no campo brasileiro, e que,
segundo Oliveira (1991; 2004; 2010), ocorre de maneira desigual, combinada e
contraditória, ou seja, o capital ao reproduzir suas relações capitalistas, promove, ao
mesmo tempo, relações não tipicamente capitalistas, o campesinato.
O campesinato, assim, é parte das contradições do desenvolvimento desigual
do capitalismo no campo. No entanto, o campesinato é mais que uma contradição, é
uma classe social que luta diariamente para conquistar e se manter na terra
(ALMEIDA, 2006).
O campesinato estrutura-se na tríade terra, trabalho e família, assim “[...] não
se pensa a terra sem pensar a família e o trabalho, assim como não se pensa o
trabalho sem pensar a terra e a família” (WOORTMANN, 1990, p. 23), logo esta tríade
é fundamental para analisar reprodução desse modo de vida (SHANIN, 1980). Essa
classe social (re)inventa formas de resistência para reprodução e manutenção da
tríade. Assim, para os camponeses [...] sua reprodução e sua luta diária são feitas tendo como base a manutenção de valores considerados tradicionais: família, terra e trabalho. Esse parece ser o limite, mas também o seu possível, uma vez que tem sido capaz, nessa luta, de (re)inventar novas formas de enfrentamento, um novo jeito de lutar, o que tem garantido sua reprodução para muito além das determinações do capital (ALMEIDA, 2006, p. 108).
1 Resumo revisado pelo orientador associado ao Projeto de Pesquisa e coordenador do Projeto de Pesquisa. Projeto PI01518-2016 coordenado pelo professor Dr. Evandro C. Clemente. 2 Bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa de Goiás (FAPEG). Aluno em nível de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Geografia Campus Avançado de Jataí/GO (CAJ). Email: [email protected]. 3 Professor Doutor na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, campus de Três Lagoas/MS. Email: [email protected].
17
Anais do Congresso de Ensino, Pesquisa e Extensão - CONEPE (2017) 17 - 21
O campesinato, para muitos estudiosos marxistas, como Kautsky e Lênin,
estaria fadado ao desaparecimento diante do desenvolvimento do capitalismo
(PAULINO, ALMEIDA, 2010). Apesar das análises contrárias, esta classe continua
existindo, resultado do próprio capitalismo.
Assim, o debate acerca do campesinato e sua recriação no contexto do
desenvolvimento do capital no campo são fundamentais para compreendermos a
realidade do campo brasileiro. A (re)criação do campesinato ocorre no contexto de
controle do território pelo capital via agricultura capitalista/agronegócio subsidiado
pelo Estado. Nesse sentido, há a necessidade de compreender o papel do Estado e
das políticas públicas destinadas ao campesinato e agricultura
capitalista/agronegócio.
A partir de 2003 o estado brasileiro passa a adotar a perspectiva territorial para
as políticas públicas, criando assim o Programa dos Territórios Rurais. Os recursos
destinados aos territórios rurais têm por objetivo o desenvolvimento rural sustentável
como “[...] uma estratégia de concertação social sobre formas de produção,
distribuição e utilização dos ativos de uma região numa direção que permita a geração
de riquezas com inclusão social. ” (BRASIL, 2005, p.18).
As críticas a respeito da política de desenvolvimento territorial indagam a
proposta de desenvolvimento e combate à pobreza por meio de integração ao capital,
ou seja, o campesinato (relação não capitalista) para se desenvolver deve se integrar
ao mercado capitalista. Assim, o desenvolvimento territorial pode promover a
manutenção da subalternidade camponesa ao invés de sua emancipação.
[...] o desenvolvimento local e a operacionalização da pequena agricultura como um “agronegócio familiar” visam fazer dos camponeses – e sua tradicional insurgência a esquemas opressores – sujeitos submissos, inofensivos e dóceis agentes da ordem mercadológica, construída a partir da dimensão local. (FABRINI, 2011, p.99).
Desta maneira esta pesquisa se assenta no referencial teórico sobre a questão
agrária, (re)criação camponesa e sobre as políticas públicas de desenvolvimento
territorial.
Localizados no Cerrado do Centro-Oeste brasileiro, em meio ao contexto da
questão agrária, os territórios rurais Parque das Emas/GO e do Bolsão/MS, são
resultantes da política pública brasileira de desenvolvimento territorial
18
No contexto de dominação do território por meio da agricultura capitalista e das
grandes empresas, há a presença da agricultura camponesa que se reproduz por
meio de diferentes estratégias. No Território Rural do Bolsão há 8 assentamentos de
reforma agrária, com 730 famílias segundo os dados da Secretaria de
Desenvolvimento Territorial (SDT). Ainda segundo a SDT, há no Território Rural
Parque das Emas 16 assentamentos da Reforma Agrária, com 680 famílias.
Nestes territórios, o campesinato enfrenta problemas na política de Reforma
Agrária, principalmente ligados à falta de infraestrutura e assistência técnica. Diante
do abandono do Estado, indagamos a efetividade das políticas públicas destinadas a
agricultura camponesa.
Objetivo: Analisar as estratégias de (re)criação camponesa nos Território Rurais do
Bolsão (MS) e Parque das Emas (GO) e a relação com a efetividade da política do
Estado brasileiro de desenvolvimento territorial com ênfase no Programa dos
Territórios Rurais.
Metodologia: A pesquisa se inicia com a revisão bibliográfica a respeito da questão
agrária brasileira, incluindo nesta, a luta pela terra, recriação do campesinato,
movimentos sociais e políticas territoriais. Buscaremos, em diferentes trabalhos,
compreender o processo de apropriação capitalista da terra nos territórios rurais
estudados. Este procedimento metodológico será recorrido diversas vezes durante a
pesquisa, pois permitirá a análise sobre o atual contexto da questão agrária no Brasil
e nos territórios estudados, sobretudo a propriedade, a posse e o uso da terra.
Em sequência, realizaremos análise de dados por meio fontes como o Instituto
Brasileiro de Geografia, Estatística (IBGE) entre outros. O objetivo desta análise é
compreender a dinâmica da agricultura (produção e estrutura fundiária) na última
década censitária e a participação das políticas públicas nesse processo. Esse
procedimento permitirá a produção de quadros, tabelas e mapas. Estas informações
balizarão os trabalhos de campo.
O trabalho de campo acontecerá nos municípios, distritos, comunidades rurais
e assentamentos dos territórios rurais Parque das Emas (GO) e do Bolsão (MS). Outro
local de trabalho de campo será nas plenárias dos territórios rurais, onde são
discutidas pelos colegiados territoriais editais e projetos.
19
Em campo, realizaremos entrevistas com camponeses, integrantes dos
movimentos sociais, representantes do poder público, membros do NEDET e dos
colegiados territoriais. No trabalho de campo será possível compreender as
estratégias de recriação camponesa, bem como, a participação das políticas públicas
nesse processo. Pretendemos ainda estudar as diferentes formas de acesso à terra
pelo campesinato e se estas influenciam nas estratégias de recriação do seu modo
de vida.
O conjunto de dados e informações obtidos, por meio destes procedimentos
metodológicos explicitados, permitirão a análise dialética das estratégias da
(re)criação camponesa nos Territórios Rurais do Bolsão (MS) e Parque das Emas
(GO). Adotamos o método dialético nesta pesquisa por compreendermos que este
nos permite analisar as contradições da realidade atual em especial, as causadas pelo
desenvolvimento do capitalismo do campo brasileiro.
Nesse sentido, utilizaremos a teoria do desenvolvimento desigual, contraditório
e combinado do capitalismo no campo produzida por Oliveira (1991) como teoria
central da pesquisa. Os conceitos chave elegidos para esta pesquisa são: Território,
Espaço e Campesinato.
Resultados/discussão: Esperamos que, por meio desta pesquisa, seja possível
conhecer, mapear e compreender as diferentes estratégias de (re)criação do
campesinato nos Territórios Rurais do Bolsão (MS) e Parque das Emas (GO). Outro
resultado está ligado à importância ou não das políticas públicas, em especial as
ligadas ao desenvolvimento territorial rural, para o campesinato em sua (re)criação no
Cerrado brasileiro. Esperamos, desta maneira, contribuir para a discussão de novas
políticas públicas para o campesinato e de novas abordagens para o desenvolvimento
do campo brasileiro.
Os resultados desta pesquisa serão divulgados por meio de artigos científicos,
capítulos de livros e mapas que serão publicados em anais de eventos e revistas
científicas. O conjunto dos resultados serão publicados na tese.
Conclusões: Destarte, esta pesquisa se torna relevante pela necessidade de estudos
que contribuam na construção de políticas públicas para a recriação do campesinato
e, consequentemente, na produção de alimentos de qualidade e combate às
desigualdades sociais no campo brasileiro.
20
Referências:
ALMEIDA, Rosemeire Aparecida de. (Re) criação do campesinato, identidade e
distinção: a luta pela terra e o habitus de classe. São Paulo: UNESP, 2006.
BRASIL. Ministério Do Desenvolvimento Agrário - MDA. Marco Referencial para
Apoio ao Desenvolvimento de Territórios Rurais. Brasília: SDT-MDA. 2005.
FABRINI, João. TERRITÓRIO, CLASSE E MOVIMENTOS SOCIAIS NO CAMPO.
Revista da ANPEGE. v. 7, n. 7, p. 97-112, jan./jul. 2011.
OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino de. A agricultura camponesa no Brasil. São Paulo:
Contexto, 1991.
______. Barbárie e modernidade: as transformações no campo e o
agronegócio no Brasil.Revista Terra Livre, São Paulo: AGB, ano 19, v. 2, n. 21, p.
113-156, jul./dez., 2003.
_______.Geografia agrária: perspectivas no início do século XXI. In: OLIVEIRA,
Ariovaldo U. de; MARQUES, Marta Inês Medeiros (Org.). O campo no século XXI:
território de vida, de luta e de construção da justiça social. São Paulo: Casa amarela;
Paz e Terra, 2004, p.27-64.
_______. Agricultura e Indústria no Brasil. Campo-Território: revista de geografia
agrária, v.5, n.10, p. 5-64, ago. 2010.
_______. A mundialização da agricultura brasileira. Actas: XII Colóquios de
Geocrítica. Disponível em:<http://www.ub.edu/geocrit/coloquio2012/actas/14-A-
Oliveira.pdf>. 2012. Acesso em: 22 fev. 2014.
PAULINO, Eliane Tomiasi; ALMEIDA, Rosemeire Aparecida. Terra e território: a
questão camponesa no capitalismo. São Paulo: Expressão Popular, 2010.
_______. Capitalismo rentista e luta pela terra: a fragilidade do parâmetro de renda
monetária no estudo dos assentamentos rurais. Revista Nera, Presidente Prudente,
ano 9, n. 8, p. 52-73, jul./dez. 2006.
SMITH, Neil. Desenvolvimento desigual. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,1988.
SHANIN, Teodor. A definição de camponês: conceituação e desconceituação-o
velho e o novo em uma discussão marxista. Estudos Cebrap, Petrópolis, n. 26,
p.43-79, 1980.
WOORTMANN, Klass. Com parente não se neguceia. – O campesinato como
ordem Moral. In: Anuário Antropológico. Ed. UNB- tempo brasileiro, 1990. 71 p.
21
SIMULAÇÃO DO USO DA AGRICULTURA SINTRÓPICA NA RECUPERAÇÃO DE
ÁREAS DEGRADADAS E PRODUÇÃO DE ALIMENTO EM PROJETOS DE
ASSENTAMENTOS RURAIS NO MUNICÍPIO DE JATAÍ (GO)1
LIMA, Jordana Rezende Souza2; ASSUNÇÃO, Hildeu Ferreira da3.
Palavras-chave: Agricultura sintrópica, áreas degradadas, assentamentos rurais.
Justificativa/base teórica: Para o desenvolvimento econômico e expansão das
fronteiras agrícolas em áreas de Cerrado, as ações antrópicas tem interferido nessa
dinâmica ambiental, e consequentemente todas as suas ações impactam o ambiente
seja de forma negativa ou positiva. Portanto frente aos impactos ambientais que
geram a degradação ambiental torna-se necessário promover a recuperação da área
afetada. Entretanto, o que se vê, são áreas degradadas largadas ao abandono, como
por exemplo, grandes extensões de terras pertencentes a latifúndios que devido ao
manejo inadequado tornam-se improdutivas, áreas essas que tem sido destinadas a
reforma agrária. Os projetos de assentamentos rurais implantados em áreas com
sinais aparentes de degradação ambiental, os quais dificultam a produção dos
assentados, que carecem de conhecimento e suporte técnico, bem como recursos
financeiros para promover a recuperação dessas áreas afim de que as tornem
produtivas.
1
Resumo revisado pelo orientador e coordenador do Projeto de Pesquisa - código PI01181-2014: (Coordenador: Hildeu Ferreira da Assunção).2
Discente do Programa de Pós-Graduação em Geografia, nível de Doutorado, vinculado aUnidade Acadêmica Especial de Estudos Geográficos (UAEEGeo), da Universidade Federal de Goiás(UFG) / Regional Jataí. Bolsista CAPES. E-mail: [email protected]
Professor Doutor da UAEEGeo/UFG. Email: [email protected]
22
Anais do Congresso de Ensino, Pesquisa e Extensão - CONEPE (2017) 22 - 2
De maneira geral os sujeitos que integram um assentamento de reforma agrária
possuem uma ligação forte com a terra, herdada das gerações anteriores, e
considera-se que os mesmos detêm um conhecimento peculiar sobre o ambiente
onde estão inseridos. Almeida (2005) afirma que os povos cerradeiros detêm um rico
conhecimento sobre as plantas, animais, tipos de solo, clima, os quais quando
associados às mudanças de estação, fases lunares, ciclos hidrológicos e outros
fatores, permite utilizar os espaços ecológicos de maneira complementar, bem como
gerar estratégias de uso múltiplo e integrado dos recursos bióticos. As populações
tradicionais juntamente com aqueles que entendem a natureza a partir de uma
perspectiva holística, ou seja, enxergam a natureza em sua totalidade, não separam o homem do ambiente, mas compreende que se deve manter um incessante diálogo
que vai assegurar a vida plena e a sua permanência na terra. Considerando a estreita
ligação dos assentados com a terra e do conhecimento que eles detêm, bem como da
necessidade de conservação do Cerrado para a qualidade de vida da mesma, se faz
necessário propor a adaptação da produção dentro das unidades produtivas nos
assentamentos, para tecnologias com bases agroecológicas que propiciem o cultivo
de alimento, madeira, trato animal, forragem, entre outros gêneros. Diante desse
contexto percebe-se que a agricultura sintrópica tem alcançado sucesso nos aspectos
ambientais e socioeconômicos, pois é um modo de produção regenerador que visa o
equilíbrio do ambiente, no qual os cultivos são múltiplos e de forma sucessional,
formando uma verdadeira floresta de alimentos. Ernst Gotsch, agricultor e
pesquisador suíço que migrou para o Brasil no começo da década de 80, se
estabeleceu em uma fazenda na zona cacaueira do sul da Bahia e, desde então, vem
desenvolvendo técnicas de recuperação de solos por meio de métodos de plantio que
mimetizam a regeneração natural de florestas (AGENDA GOTSCH, 2017). Como
hipótese da pesquisa, presume-se que a melhoria e/ou adaptações das práticas
cotidianas dos assentados na lida com a terra trará diversidade de produção, e
consequentemente das fontes de renda, bem como a conservação do solo e da água.
Objetivo: Identificar e mapear o potencial produtivo da agricultura sintrópica em
Goiás, bem como simular o seu uso na recuperação de prováveis áreas degradadas
em projetos de assentamento rurais no município de Jataí (GO) com base no
diagnóstico socioambiental.
23
Materiais e métodos: A presente pesquisa será realizada em dois momentos: o
primeiro identificando e mapeando os agricultores sintrópicos em Goiás; e segundo,
nos projetos de assentamentos rurais de reforma agrária no município de Jataí (GO).
Os procedimentos metodológicos serão realizados em três etapas. A primeira etapa
consistirá em identificar e mapear os agricultores sintrópicos, ou seja, que adotam
práticas agroecológicas em suas propriedades e que estejam localizadas na área de
abrangência do Cerrado. Será realizado um Diagnóstico Rural Rápido (DRR), onde
os mesmos possam ser entrevistados, e sua produção possa ser registrada por meio
de fotografias. Para tal levantamento será utilizado o banco de dados do Núcleo de
Estudos da Agricultura Familiar (NEAF) da Universidade Federal de Goiás/ Regional
Jataí (UFG). A segunda etapa, consiste na realização do diagnóstico ambiental das
unidades produtivas dos assentamentos selecionados para o estudo com o objetivo
de averiguar o uso da terra, a aptidão agrícola e o potencial de perda de solo das
unidades produtivas utilizando a Equação Universal de Perda de Solo (EUSP) ou
Revised Universal Soil Loss Equation (RUSLE) (WISHMEIER; SMITH, 1978). Em
seguida pretende-se comparar o uso da terra atual com o potencial de uso,
identificando as áreas mais suscetíveis a erosão. Também será realizado com os
assentados um Diagnóstico Rural Rápido (DRR), utilizando como técnicas a
observação participante e entrevistas estruturadas com os moradores da comunidade
assentada. As entrevistas serão precedidas pela identificação do pesquisador e uma
breve explanação sobre a pesquisa e respectivos objetivos. Nessa etapa pretende-se
coletar dados socioeconômicos e ambientas, bem como o levantamento de
informações precisas para a análise da realidade dos sujeitos. Busca-se viabilizar uma
abordagem fiel sobre as práticas de apropriação, produção e comercialização dos
produtos agrícolas; das condições socioculturais e práticas conservacionistas no
espaço rural estudado. Ainda com o intuito de desenvolver esse diagnóstico local,
serão realizadas turnês-guiadas pelos sujeitos, com a finalidade de identificar e
caracterizar as áreas degradadas e identificar os aspectos físicos, bióticos e abióticos
do local. Durante as turnês também serão realizadas observações diretas, que
segundo Albuquerque et al. (2008) consiste da observação e registro livre dos
fenômenos observados em campo.
Resultados Parciais: Foram identificados até o momento, dez agricultores
sintrópicos em Goiás, estando eles nos municípios de Chapadão do Céu, Mineiros,
24
Serranópolis, Rio Verde, Niquelândia, Hidrolândia, Porangatu e São Luís do Norte. Os
agricultores de Chapadão do Céu e Mineiros já foram visitados, realizou-se o DRR, e
procedeu-se com o registro fotográfico de suas respectivas áreas de produção,
totalizam três agricultores nesses municípios. A produção é realizada por meio de
sistemas agroflorestais. O diagnóstico ambiental dos assentamentos no município de
Jataí já está sendo realizado, sendo que dos sete assentamentos, o PA Santa Rita já
está finalizado. Segundo o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
(INCRA, 2016), a área total do PA Santa Rita é de 961,2 ha, sendo que 195 ha constitui
a Reserva Legal comunitária, possui capacidade para vinte e três famílias, a
implantação do assentamento ocorreu em 18 de julho de 1998. A área desse
assentamento segundo projeto RADAM Brasil (1983) é composto por dois tipos de
solos, sendo o Neossolos Quartzarênicos e Latossolos Vermelhos Escuros
Distróficos. Apresenta áreas que possuem vulnerabilidades à dinâmica erosiva
associadas ao baixo e médio curso dos córregos três córregos: Guerobinha,
Barreirinho e Vertente, ocorrendo distinções entre eles conforme a diferenciação da
declividade. De maneira geral prevalece a baixa e média suscetibilidade erosiva.
Entretanto a concentração dessa suscetibilidade ocorre em áreas de solos arenosos
e a ausência da vegetação ou um manejo inadequado da agricultura, podem
desencadear diversos fenômenos erosivos. A erosão ocorre de forma diferenciada em
cada tipo de solo, mesmo que as condições de declividade, chuva, cobertura vegetal
e práticas de manejo sejam semelhantes, portanto essa diferença, é denominada
erodibilidade (fator K), conhecida também como suscetibilidade à erosão (BERTONI;
LOMBARDI NETO, 1990). Considerando os parâmetros de Giboshi (2005), o grau de
limitação devido a erodibilidade é classificado como muito forte para 70%, e ligeiro
para 30% da área total. Quanto ao uso e cobertura da terra, nota-se intensa e
predominante atividade pecuária nesse assentamento, áreas remanescentes de
Cerrado que abrange a reserva legal e áreas de APPs. Os lotes 14 e 15 apresentam
a maior parte dos focos potenciais de erosão do solo. Entretanto, de maneira geral,
em toda a área do assentamento encontra-se múltiplos focos de perda de solo acima
de 200 ton/ha/ano. Comparando uso e cobertura do solo com o potencial de erosão,
percebe-se que os focos sobrepõem as áreas de solo descoberto, e estão localizados
nas áreas de maior suscetibilidade a fenômenos erosivos conforme o fator topográfico.
Referências:
25
AGENDA GOTSCH. Website. Disponível em: <http://agendagotsch.com/pt/syntropy>. Acesso em: 15 jan. 2017.
ALBUQUERQUE, U. P. Etnobotânica aplicada para a conservação da biodiversidade. In: ALBUQUERQUE, U. P. de; LUCENA, R. F. P. de; CUNHA, L. V. F. C. da. Métodos e técnicas na pesquisa etnobotânica. 2. ed. Recife: ComunigrafEditora, 2008. p. 227-240.
ALMEIDA, M. G. de. A captura do cerrado e a precarização de territórios: um olhar sobre os sujeitos excluídos. In: ALMEIDA, M. G. de. Tantos cerrados. Goiânia: Editora Vieira, 2005. p. 321-347.
BERTONI, J.; LOMBARDI NETO, F. Conservação do solo. 3. ed. São Paulo: Ícone, 1990. 355 p.
CHAVEIRO, E. F. Símbolos das paisagens do Cerrado Goiano. In: ALMEIDA, M. G. de. Tantos cerrados. Goiânia: Editora Vieira, 2005. p. 47-62.
GIBOSHI, M. L. Desenvolvimento de um sistema especialista para determinar a capacidade de uso da terra. 1999. 77 f. Dissertação (Mestrado em Planejamento e Produção Agropecuária) – Faculdade de Engenharia Agrícola, Universidade Estadual de Campinas, 1999.
INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZACAO E REFORMA AGRARIA (INCRA). Relatório de Projetos de Assentamentos Rurais. Disponível em: <http://www.incra.gov.br/index.php/reforma-agraria-2/projetos-e-programas-do-incra/relacao-de-projetos-de-reforma-agraria/file/1115-relacao-de-projetos-de-reforma-agraria>. Acesso em 27 mar. 2016.
RADAMBRASIL. Levantamento de recursos naturais, geologia, geomorfologia, pedologia, vegetação e uso potencial da Terra. Rio de Janeiro: MME. 1983, v. 31. Disponível em: <http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv17157.pdf> Acesso em: 10 ago. 2016.
WISCHMEIER, W.H.; SMITH, D.D. Predicting rainfall erosion losses: a guide to conservation planning. Washington: USDA, 1978. 57p. (Agricultural Handbook, 537)
26
GÊNERO E LUTA NO CERRADO GOIANO: OS SABERES DAS
MULHERES CERRADEIRAS E SUAS RESISTÊNCIAS DIANTE DA EXPANSÃO
CAPITALISTA¹1
AGRICOLA, Josie Melissa Acelo². CLEMENTE, Evandro César³.
Palavras – Chave: Práticas culturais, Sentimentos de pertencimento eempoderamento, Território Cerradeiro.
Introdução: O Cerrado constitui-se numa fração do território que abriga povos que
utilizam dos elementos que ele fornece para a produção de alimentos, artesanatos,
remédios, práticas de rezas e curas, criação de animais e festas religiosas. Os
denominados povos Cerradeiros seguem (re)criando/(re)inventando estratégias,
práticas e costumes que se estruturam e se fundamentam nas tradições culturais
construídas e realizadas na interação com os elementos do Cerrado e que, apesar da
expansão da agricultura capitalista, ainda são mantidas e utilizadas nas rotinas diárias
dessas famílias. Refletir sobre os saberes e fazeres das mulheres do Cerrado, seus
cuidados com a terra, a busca por sua soberania e empoderamento, a manutenção
dos conhecimentos e práticas culturais, mesmo diante do sistema capitalista, fortalece
sua relação com o bioma, divulga a importância desses conhecimentos e promove
condições de alcance do empoderamento dessas mulheres, historicamente
marginalizadas e reprimidas pela comunidade e pela família tradicionalmente
patriarcal. Essas práticas integram o quadro geral de saberes e fazeres socialmente
desenvolvidos, sendo as mulheres de fundamental importância para a manutenção
dessas tradições e transmissão destes, uma vez que esses saberes são
tradicionalmente reproduzidos e praticados no interior e nos arredores das
residências, na esfera familiar.
Objetivos: Esta pesquisa possui como objetivo geral identificar e analisar as variadas
práticas desempenhadas pelas mulheres que vivem no Cerrado da Microrregião
Geográfica do Sudoeste de Goiás que ainda resistem nas mais distintas esferas, como
1 ¹ O resumo foi revisado pelo orientador e coordenador Prof. Evandro César Clemente. Projeto cadastrado sob o código PI 01699-2016. ² Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Goiás – Regional Jataí. E-mail [email protected]. ³ Docente dos cursos de Graduação e Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Goiás – Regional Jataí. E-mail [email protected].
27
Anais do Congresso de Ensino, Pesquisa e Extensão - CONEPE (2017) 27 - 1
na cultural, material, bastante relevantes para a reprodução sociocultural da vida e da
família sob a perspectiva cultural, simbólica e identitária.
Material e Métodos: Estão sendo investigadas mulheres residentes nos meios rural
e urbano. A primeira fase deste trabalho de pesquisa, que deve perdurar até que todo
o trabalho esteja findado, é um levantamento teórico com a finalidade de organizar,
revisar, e conhecer os estudos que abordam gênero, saberes e fazeres cotidianos,
território, Cerrado e trabalho, visando o suporte necessário para a coleta e análise dos
dados a serem obtidos com a pesquisa de campo e, posteriormente a análise de
dados. A segunda etapa é a coleta de dados de fonte primária junto às mulheres. São
investigadas mulheres que vivem e convivem com o bioma Cerrado, acompanhando
seus cotidianos e observando suas práticas e conhecimentos em suas rotinas.
Pretendemos acompanhar 20 mulheres residentes nos meios rural e urbano do
município de Jataí-GO. Esse acompanhamento já se iniciou, e 06 mulheres já
participaram da pesquisa, sendo que temos 04 mulheres agendadas. A seleção das
mulheres a serem investigadas está partindo de conhecimentos prévios e indicações
por parte de grupos locais de sujeitas que desempenham práticas tradicionais. Cada
mulher foi visitada em sua residência. Passamos o dia com elas e acompanhamos
suas rotinas. As atividades observadas foram registradas conforme ocorrendo.
Utilizamos gravadores, fotografias e anotações em diário de campo. Foram realizadas
entrevistas que seguiram um roteiro pré-elaborado. Além disso, registradas as
narrativas de vida como possibilidades de conhecer os saberes e fazeres vividos por
essas mulheres. Durante o período de estadia com a pesquisada, foi pedido que ela
fizesse um mapa mental indicando como ela se vê na sua rotina diária, como ela
demonstra o local onde ela vive e trabalha, com a intenção de perceber como se
consolida o sentimento de pertencimento e empoderamento de cada mulher. Após as
visitas, foram realizadas as transcrições das entrevistas e narrativas e a tabulação dos
dados, para posteriormente procedermos com sua organização, análise e
apresentação.
Resultados e Discussão: Após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP),
demos início à Pesquisa de campo. Partimos de conhecimento prévio das mulheres
investigadas, além de indicações de pessoas próximas. Já temos 06 participantes
efetivas e contato feito para que outras 04 sejam entrevistadas nos próximos dias.
Temos indicação de um casal de mulheres assentadas que trabalham, entre outros
saberes, com hidroponia; famílias de um quilombola em Mineiros já se dispuseram a
28
participar de nossa pesquisa; além de estarmos tentando contato com mulheres que
realizam a multimistura da Pastoral da Criança. Os dados já coletados estão sendo
organizado para depois realizarmos uma análise sistematizada destes. A tabela 01
nos conta um pouco do que foi encontrado até o momento.
Tabela 1 – Saberes das Mulheres Pesquisadas. Nº Nome Saberes
01 Livertina Chás, remédios, plantio de ervas, criação de animais domésticos para alimentação, benzição.
02 Zenaide Raizeira, criação de animais, produção de alimentos advindos de frutos do cerrado, plantio de alimentos e hortas.
03 Devoir Plantio e manuseio do fumo, tecelã, plantio de ervas e confecção de remédios.
04 Sônia Plantio e manuseio do fumo, tecelã, plantio de ervas e confecção de remédios.
05 Juliana Benzedeira, parteira, plantio de ervas para remédios.
06 Maria Eloá Autodidata, poetisa e artesã.
07 Sebastiana (agendada)
Benzedeira, plantio de ervas e alimentos, extração e cultivo de orquídeas.
08 Clarinda (agendada)
Tecelã, fiandeira.
09 Dirce (agendada)
Produz alimentos derivados do Pequi.
10 ? (agendada) Extrativistas de Pequi.
Fonte: Pesquisa de Campo, 2017. Elaboração: A autora
O mosaico de fotografias apresenta alguns registros realizados até o momento.
Identifica variados saberes em mulheres de diferentes condições sociais, mas que
ainda mantem suas atividades aprendidas no passado com elementos do Cerrado e
que ainda resistem em suas rotinas.
29
Figura 01 – Mosaico de fotografias
Fonte: Pesquisa de Campo, 2017. Elaboração: A autora Conclusões: As práticas acompanhadas conferem às mulheres investigadas uma
identidade camponesa tradicional, marcada pela luta contra a expropriação sofrida
com o avanço da agricultura capitalista, privação econômica e vulnerabilidade, pela
inventividade na busca de alternativas para essa condição e resistência ao modo
econômico hegemônico vigente. A importância dessa pesquisa está em buscar dentre
essas práticas, saberes e fazeres, quais são mantidos e desenvolvidos, sua relação
com o empoderamento das mulheres Cerradeiras e as formas com que esses
conhecimentos foram aprendidos e transmitidos. Além disso, a investigação e reflexão
sobre as razões pelas quais esses conhecimentos resistem à força do sistema
capitalista. Existe a necessidade de construir e fortalecer pesquisas geográficas que
permitam a reflexão sobre as relações sociais de gênero nas atividades cotidianas
das mulheres e a importância dos saberes e fazeres da mulher na luta pela conquista
do seu empoderamento, à medida que esta se constitui no ser que cuida e dá à luz,
alimenta e acalenta, ao mesmo tempo em que se dedica ao trabalho com a terra. Em
muitas situações, mesmo estando fora da terra, ela busca manter os laços com suas
práticas tradicionais e, consequentemente, com o Cerrado. Algumas famílias vivem
ainda entre chapadões e vales, outras estão na cidade entre cimento e carros. Em
alguns a tradição se foi, junto com a alegria de viver entre cheiros e sombras. Em
outros a tradição persiste, talvez não com tantas alegrias, mas com boas lembranças.
Muitas vezes é nítido durante as entrevistas que as mulheres estão a assistir a um
30
filme antigo, o filme de suas vidas. Seus olhos fixam-se em um ponto e o que se
percebe é que somente seu corpo está ali. Sua mente viaja para um passado que foi
feliz e com uma delas mesmo disse: “farturento” indicando que depois dali muita falta
passou.
Referências:
LIMA, Sélvia Carneiro de; CHAVEIRO, Eguimar Chaveiro. O Cerrado Goiano sob Múltiplas Dimensões: um território perpassado por conflitos. Espaço em Revista. UFG. vol. 12 nº 2 jul/dez. 2010 páginas: 66 – 83. MAZZETTO SILVA. Carlos Eduardo. Lugar-habitat e Lugar-mercadoria: territorialidades em tensão no domínio do Cerrado. In: ZHOURI, Andréa, LASCHEFSKI, Klemens e PEREIRA, Doralice (orgs.). A Insustentável Leveza da Política Ambiental: desenvolvimento e conflitos socioambientais. Belo Horizonte: Editora Autêntica, 2005, p. 217 a 244. MAZZETTO SILVA, Carlos Eduardo. Os Cerrados e a sustentabilidade: Territorialidades em Tensão. 2006. Tese. (Doutorado em Geografia) Programa de Pós-Graduação em Ordenamento Territorial e Ambiental. Universidade Federal Fluminense – RJ, 2006. MENDONÇA, Marcelo Rodrigues. A urdidura do capital e do trabalho no capital do Sudoeste goiano. 2004. Tese (Doutorado em Geografia) – Programa de Pós- Graduação em Geografia - UNESP - Presidente Prudente - SP, 2004. OLIVEIRA, Adriano Rodrigues de; CLEMENTE, Evandro César. Desenvolvimento Territorial em Questão: Análise das políticas públicas voltadas ao campo brasileiro. Revista da Anpege, v. 8, n. 10, p. 17-32, ago./dez. 2012. PELÁ, Márcia; MENDONÇA, Marcelo Mendonça. Cerado Goiano: encruzilhada de tempos e territórios em disputa. In: PELÁ, Márcia; CASTILHO, Dênis. (orgs.). Cerrados: perspectivas e olhares. Goiânia, Editora Vieira, 2010. PORTO-GONÇALVES, Carlos Walter. (2002). Da Geografia ás Geo-grafias: um Mundo em busca de novas territorialidades. In: CECEÑA, Ana Esther e SADER, Emir (coords.). La Guerra Infinita: hegemonia y terror mundial. Buenos Aires: CLACSO. SALES, Celecina de Maria Veras. Mulheres rurais: tecendo novas relações e reconhecendo direitos. Estudos Feministas. Florianópolis, p. 437-443, ago. 2007. (2002). Território e Dinheiro. In: Território Territórios. Niterói: Programa de Pós-Graduação em Geografia-PPGEO-UFF/AGB, p. 9 a 15. SANTOS, Rodrigo dos; MENDONÇA, Marcelo Rodrigues. Antes de tudo um forte: a existência e (re)existência dos povos Cerradeiros frente as tramas do capital. Niteroi-RJ. 2009. Disponível em: <http://www.uff.br/vsinga/trabalhos/Trabalhos%20Completos/Rodrigo%20dos%20Santos.pdf> Acesso em 28 de maio de 2017.
31
ANÁLISE DO PROGRAMA “PRODUTOR DE ÁGUA” NO MUNICÍPIO DE RIO
VERDE-GO1
2BENINCA, Mainara da Costa; 3CLEMENTE, Evandro César
Palavras-chave: Produtor de Água, Desenvolvimento, Sustentabilidade.
Justificativa/Base: Expressivos são os debates acerca do uso e ocupação de terras
no Brasil, principalmente nas últimas décadas, com a forte expansão da produção
monocultora em moldes capitalistas, que tem levado a uma série de impactos
ambientais, ocasionando considerável degradação ambiental, bem como também
deletérios efeitos sociais. Advindo deste processo, outra preocupação tem sido em
relação à manutenção da qualidade dos recursos hídricos, que vem sendo
comprometida diante de nefastas ações antrópicas que tendem a degradá-las, tendo
em vista que o manejo agrícola inadequado reduz a infiltração de água no solo,
provoca assoreamentos dos cursos d`água, erosões, compactação, dentre outros,
associados à retirada parcial ou completa de mata ciliar. Na Microrregião Geográfica
do Sudoeste de Goiás, inserida no cenário nacional/mundial a partir da expansão da
agricultura capitalista para o cultivo de monoculturas para exportação por meio de
processos altamente uniformizados e com a utilização de intensa tecnologia, tem
ocorrido desdobramentos e efeitos perversos deste padrão produtivo nas esferas
ambiental e social. No caso do estado de Goiás, com a construção de Brasília,
inaugurada no ano de 1960, consolidou-se a sua interligação, por meio de rodovias
ao restante do Brasil, facilitando o escoamento da produção e o deslocamento de
pessoas, o que marcou uma nova configuração territorial, com a transformação das
antigas áreas de pastagens e de agricultura para o autoconsumo, atividades
predominantes na região até a década de 1970, em extensas áreas de lavouras
uniformes (monoculturas), com um dinamismo econômico até então desconhecido
pela população local, fortalecendo e consolidando a agricultura capitalista (BENINCÁ,
1O Resumo foi revisado pelo orientador e coordenador Professor Evandro César Clemente do Projetocadastrado sob o código: PI01518-20162 Bolsista Capes – Doutorado. Acadêmica do Programa de Pós-Graduação em Geografia daUniversidade Federal de Goiás – Regional Jataí. E-mail de contato: [email protected] Docente dos cursos de Graduação e Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Goiás– Regional Jataí. E-mail de contato: [email protected]
32
Anais do Congresso de Ensino, Pesquisa e Extensão - CONEPE (2017) 32 - 36
2014). De acordo com Ribeiro (2005), o desmatamento progressivo, o manejo
inadequado de solos frágeis, a contaminação de solos e águas, bem como outros
aspectos foram trazidos à tona, tornando necessário rever a noção que prevê a
intensificação constante da pressão antrópica, por meio da implantação de
monocultoras agrícolas no Sudoeste de Goiás. Partindo dessa problemática, estão
sendo buscados caminhos visando atingir a sustentabilidade ambiental, como a
proposta da Agência Nacional de Água (ANA), que procura estimular a adequada
gestão e o uso racional e sustentável dos recursos hídricos por meio do programa
“Produtor de Água”, de modo a reduzir erosões e assoreamentos dos mananciais nas
áreas rurais. De acordo com ANA (2012), o programa de adesão voluntária prevê o
apoio técnico e financeiro para a execução de ações de conservação da água e do
solo, como por exemplo, a construção de terraços e bacias de infiltração, a
readequação de estradas vicinais, a recuperação e proteção de nascentes, o
reflorestamento de áreas de proteção permanente e constituição e manutenção das
Áreas de Reserva Legal, o saneamento ambiental, etc. Prevê também o pagamento
de incentivos (ou uma espécie de compensação financeira) aos produtores rurais que,
comprovadamente, contribuem para a proteção e recuperação de mananciais,
gerando benefícios para a bacia e a população. Esse projeto tem como público alvo
proprietários rurais que pretendem atender às normas e à legislação ambiental, tendo
como principal preocupação adequar o manejo do solo e da água. Existem vários
projetos destes ativos e espalhados pelo Brasil, sendo um deles no Município de Rio
Verde (GO), mais especificamente na Microbacia Hidrográfica do Ribeirão Abóboras.
Objetivos: o principal objetivo da Tese, a qual se apresenta neste resumo é analisar
o programa “Produtor de Água” no município de Rio Verde-Goiás, de forma a averiguar
em que medida este tem contribuído para garantir condições de reprodução social e
manutenção dos agricultores familiares no campo e na promoção do desenvolvimento
rural sustentável para o município.
Material e Métodos: Este trabalho faz parte da pesquisa de Doutorado do Programa
de Pós-Graduação em Geografia da Regional Jataí e está em fase de elaboração. A
área de estudo da pesquisa compreende a Bacia do Ribeirão das Abóboras, local de
atuação do programa, que se localiza no Município de Rio Verde-GO e situa-se na
porção oeste do referido município, conforme o Mapa 01.
33
Mapa 01 – Microbacia do Ribeirão das Abóboras no Município de Rio Verde-GO.
Fonte: SIEG, 2010; IBGE, 2012.
O Município de Rio Verde é um importante produtor de arroz, soja, milho,
algodão, sorgo e conta ainda com um importante plantel bovino, avícola e suíno. Nos
últimos anos, tem se consolidado como um dos principais polos agroindustriais de
Goiás, pela forte inter-relação entre os segmentos produtivos da agropecuária e da
agroindústria, com emprego de novas tecnologias, que, de certo modo, têm tornado
esta relação bastante competitiva (ALMEIDA, 2014).
Desse modo, como estratégia metodológica, foi realizado em um primeiro
momento, o levantamento teórico com base na compreensão de conceitos em torno
da questão agrária, do desenvolvimento rural sustentável e das questões ambientais.
Essa pesquisa será baseada em teorias de diferentes autores, como: Clemente
(2011), Dupas (2008), Ehlers (1999), Graziano (1999), Hespanhol (1997), Schneider
(2004), dentre outros.
Em um segundo momento, a aquisição de dados secundários, junto à Agência
Nacional de Águas (ANA), ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ao
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e à Prefeitura Municipal
de Rio Verde (Secretarias de Meio Ambiente e Agricultura). Estes dados tornaram
possível caracterizar a estrutura fundiária do município, a população e o programa
Produtor de Água.
Posteriormente, realizou-se um levantamento a campo para a obtenção de
dados de fonte primária, com entrevistas semiestruturadas junto aos representantes
34
do poder público, instituições particulares, empresas rurais e responsáveis pelo
programa. Para levantamento do perfil socioeconômico dos produtores participantes
do programa, foram aplicados formulários com vinte e um produtores da Microbacia
do Ribeirão das Abóboras, tendo em vista que os mesmos proporcionam um contato
direto entre o pesquisador e o informante, de modo a compreender os reflexos do
mesmo para o fortalecimento do campo e para o desenvolvimento rural sustentável
do município.
Resultados e Discussão: Com base nas informações levantadas sobre o programa,
pode-se dizer que o mesmo se apresenta como positivo nos aspectos ambientais,
tendo em vista a recuperação de nascentes, o controle dos assoreamentos, o
aumento de disponibilidade de água e contenções de erosões. Nos aspectos
econômicos, identifica-se um aspecto positivo, o pagamento por serviços ambientais
enquanto instrumento para a promoção do desenvolvimento sustentável e da justiça
socioambiental.
Porém, a promoção do desenvolvimento rural sustentável se contradiz com à
realidade do município, tendo em vista que o programa da ANA está consolidado em
uma área de monoculturas, onde o agronegócio está efetivado, sendo um grande
desafio assegurar o desenvolvimento socioeconômico e ambiental, fortalecer o
agricultor e a agroecologia, dar suporte para a melhoria de vida da população e
promover desse modo um uso consciente dos recursos ambientais.
Conclusões: Apesar de o programa trazer diretrizes avançadas, por tentar alcançar
o desenvolvimento rural sustentável por meio de medidas na esfera ambiental e na
socioeconômica, o programa tem uma atuação em escala muito pontual e restrita do
ponto de vista espacial. De modo que , está “cercado” pela produção agrícola nos
moldes capitalistas, ou seja, a promoção da agricultura capitalista tem se dado e se
fortalecido nas variadas escalas geográficas e, por suas características, tende a gerar
degradação ambiental, o que pode, inclusive, afetar as medidas que o programa vem
implementando para atenuar a degradação ambiental e assegurar garantia da
qualidade da água, já que a proximidade geográfica e as inter-relações entre os
elementos da bacia hidrográfica tendem a estabelecer relações entre si. A dinâmica
econômica estabelecida pela agricultura capitalista tende a não respeitar o equilíbrio
e a integração entre os elementos naturais da bacia hidrográfica.
35
Referências;
AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS – ANA. Programa Produtor de Água. Disponível em: <www.ana.gov.br> Acesso em: 25 set. 2015. ALMEIDA, F. B. Efetividade social do programa bolsa família na segurança alimentar das famílias rurais no município de Rio Verde (GO). 2014. 134 f. Dissertação (Mestrado em Agronegócio) – Programa de Pós-Graduação em Agronegócio, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2014. BENINCÁ, M. C. A percepção de natureza e as práticas produtivas dos camponeses dos Assentamentos Santa Rita e Três Pontes (GO). 2014. 134 f. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Programa de Pós-Graduação em Geografia, Universidade Federal de Goiás, Jataí, 2014. CLEMENTE, E. C. O Programa de microbacias no contexto do desenvolvimento rural da região de Jales-SP. 2011. 339 f. Tese (Doutorado em Geografia) - Faculdade de Ciências e Tecnologia/UNESP, Presidente Prudente, 2011. DUPAS, G. Meio ambiente e crescimento econômico: tensões estruturais. São Paulo: Editora UNESP, 2008. 298 p. EHLERS, E. Agricultura sustentável: origens e perspectivas de um novo paradigma. 2. ed. Guaíba, RS: Agropecuária, 1999. 157 p. HESPANHOL, A. N. Agricultura, desenvolvimento e sustentabilidade. In: MARAFON, M.J.; RUA, J.; RIBEIRO, M.A. (Orgs.) Abordagens teórico-metodológicas em geografia agrária. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2007. p.179-198. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Censo Agropecuário. Disponível em:<http://www.ibge.gov.br>. Acesso em: 10 mar. 2016. MATOS, P. F. de; PESSÔA, V. L. S. Observação e entrevista: construção de dados para a pesquisa qualitativa em geografia agrária. In: RAMIRES, J. C. de L.; PESSÔA, V. L. S. (Orgs.) Geografia e pesquisa qualitativa: nas trilhas da investigação. Uberlândia: Assis Editora, 2009. p. 279-291. RIBEIRO, D. D. Agricultura “caificada” no Sudoeste de Goiás: do bônus econômico ao ônus socioambiental. 2005. 317 f. Tese (Doutorado em Geografia) – Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2005. SCHNEIDER, S. et al. (orgs). Políticas Públicas e Participação Social no Brasil Rural. Porto Alegre: UGRGS Editora, 2004.
36
PERFIL CLÍNICO DE PACIENTES ATENDIDOS NO SERVIÇO DE ATENDIMENTO
MÓVEL DE URGÊNCIA: REGIÃO SUDOESTE I DE GOIÁS, ANO 20151
ARAÚJO2, Reila Campos Guimarães de; COSTA3, Nilce Maria da Silva Campos
GALES4, João Paulo Nunes; SILVA5, Gleydson Alves; NETO, Omar Pereira de
Almeida6.
Palavras – chave: Ambulância; Primeiros Socorros; Serviço de Saúde
Justificativa/Base teórica: No Brasil, com o crescente desenvolvimento
tecnológico, o campo da saúde também sofreu mudanças, sendo uma delas em
relação ao serviço de urgência e emergência por meio do atendimento pré-hospitalar
móvel. Esse serviço está implantado no território brasileiro desde a década de 1990
e atende a população em casos de emergência. A Portaria nº 1863/GM de 29 de
setembro de 2003 juntamente com a Política Nacional de Atendimento às Urgências
(BRASIL, 2003) define que o serviço de socorro deve ser acessado por chamadas
telefônicas com número discado 192. O SAMU é dividido em duas equipes: Unidade
de Suporte Básico (USB) e Unidade de Suporte Avançado (USA) (BRASIL, 2002).
Indicadores mostram que os principais agravos à saúde no país são por acidentes
(causas externas), entre eles, os traumas e as doenças crônicas. De acordo com
pesquisa de indicadores brasileiros, as doenças crônicas são responsáveis por 70%
1 Resumo revisado pela Professora Orientadora do Programa de Doutorado em Ciências da Saúde daUFG – unidade Goiânia
2 Enfermeira. Doutoranda em Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação, Universidade Federalde Goiás (UFG), Professora Mestra, Curso de Enfermagem, Universidade Federal de Goiás (UFG) –Regional Jataí. Rio Verde (GO), Brasil. E-mail: [email protected]
3 Professora Doutora da Faculdade de Nutrição /UFG. E-mail: [email protected]
4 Enfermeiro. Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) – COLABORADOR - SecretariaMunicipal de Saúde de Santa Helena de Goiás, Brasil. E-mail: [email protected]
5 Profissional de Educação Física. Especialização em Saúde Pública, Programa de Pós Graduaçãoda Escola Estadual de Saúde Pública Cândido Santiago (GO). Assistente Técnico em Saúde,Secretaria da Saúde do Estado de Goiás- Regional Sudoeste I. COLABORADOR. Rio Verde (GO),Brasil. E-mail: [email protected]
6 Enfermeiro. Doutorando em Atenção à Saúde Enfermagem pela Universidade Federal do TriânguloMineiro - UFTM. Professor Mestre, Curso de Enfermagem, Universidade Federal de Goiás (UFG) –Regional Jataí. Jataí (GO), Brasil. E-mail:[email protected]
37
Anais do Congresso de Ensino, Pesquisa e Extensão - CONEPE (2017) 37 - 42
das mortes na população brasileira. Existe diferença por sexo, a morte por causa
externa é menos frequente entre as mulheres e existem diferenças regionais. As
doenças crônicas representam impacto importante nos indicadores e, como causa
de morte, reforça a necessidade de manter o foco em seus fatores de risco (BRASIL,
2014). Esses dados reforçam a necessidade de reduzir a violência, reponsável
pelos principais motivos de mortalidade e incapacidade, causando impacto nos
países desenvolvidos, ocasionando consequências sociais, econômicas e
individualizadas para a saúde pública (CARVALHO; SARAIVA, 2015). O Caderno de
Indicadores 2016 aponta que a relevância do Indicador para proporção de acesso
hospitalar, deve “medir a suficiência e eficiência da Atenção prestada à vítima antes
e após chegada ao hospital” (BRASIL, 2017). O SAMU atende no seu âmbito
ocorrências clínicas, traumáticas, obstétricas, psiquiátricas e atendimentos de
usuários já em óbitos. A maior parte dos chamados, entretanto, são para ocorrências
traumáticas (JULIEN; ARAUJO, 2017). As principais ocorrências traumáticas
ocorrem por meio de acidentes automobilísticos ou colisões, quando as pessoas não
fazem o uso correto dos equipamentos de segurança e/ou dirigem sob efeito de
álcool ou drogas. Esse cenário é mais comum entre a população jovem (NETA et al.,
2012). As vítimas do sexo feminino, na maioria das vezes, acionam ocorrências com
características clínicas, como por exemplo: aborto, cefaleia, vertigens e doenças
crônicas. Pode-se destacar a prevalência na população acima de 59 anos de idade
no sexo feminino para os chamados de trauma, ocasionados por quedas, dentre
inúmeros fatores característicos dessa faixa etária, que contribuem para a
ocorrência demecanismos de trauma (CAVALCANTE et al., 2015). As causas
externas e as doenças e agravos não transmissíveis (DANT) são responsáveis pela
elevação nos indicadores de saúde brasileira, haja vista a relação entre os
determinantes e condicionantes que impactam diretamente na qualidade de vida dos
indivíduos afetados.
Objetivo: Este estudo teve como objetivo conhecer o perfil clínico dos pacientes
atendidos no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência na unidade USA e na
unidade USB, por meio do banco de dados das principais ocorrências acionadas.
Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo-exploratório, quantitativo, realizado
na Base do SAMU localizado na região Sudoeste I em Rio Verde - GO, no período
38
de outubro de 2016 a junho de 2017. Foram inclusos no estudo os dados extraídos
das fichas digitadas no Programa SR SAMU, no ano de 2015, referente aos
atendimentos do município de Santa Helena de Goiás (GO) pertencente à Base de
Rio Verde (GO), tendo sido excluídas as fichas incompletas digitalizadas no sistema.
Esta pesquisa foi aprovada no Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Rio
Verde, sob o parecer número 1.955.333/2017.
Resultados/discussão: No período compreendido entre março e maio de 2017
foram analisadas 1743 fichas de ocorrências acionadas. Abaixo, segue a
caracterização das ocorrências atendidas:
OCORRÊNCIAS NA USA EM 2015
SEXO MASCULINO: 257 ocorrências SEXO FEMININO: 186 ocorrências
CLINICO MASCULINO: 169 FEMININO: 166
TRAUMA MASCULINO: 88 FEMININO: 20
OCORRÊNCIAS NA USB EM 2015
SEXO MASCULINO: 666 ocorrências SEXO FEMININO: 634 ocorrências
CLINICO MASCULINO: 479 FEMININO: 511
TRAUMA MASCULINO: 187 FEMININO: 123
Os resultados obtidos pela pesquisa apontaram um total de 443 ocorrências no ano
de 2015 na USA, sendo divididos em clínicas ou traumáticas. Para os chamados do
tipo clínico, quase não há diferença entre os sexos, mas para as ocorrências
relacionadas à traumas, a diferença apresenta-se significativa com 88 chamados
masculinos e 20 femininos. Desse total, para a variável gênero, o sexo masculino
representou 257 chamados, enquanto que o sexo feminino representou 186
ocorrências. Os achados deste estudo vão de encontro aos estudos realizados
sobre Serviço de Atendimento Móvel de Urgência no Brasil (GONSAGA et al., 2013).
A maior taxa de mortalidade brasileira é no sexo masculino, até mesmo a taxa de
esperança de vida se demonstra nesse gênero. Além disso, vale ressaltar que essa
taxa elevada de acidentes ocorre devido a utilização de transportes como meio de
trabalho. Em estatística simples, observa-se que 19,86% dos homens envolvem-se
39
em acidentes. Para a unidade USB, foram registradas 1300 ocorrências, sendo que
51% dos chamados foram para o sexo masculino e 48% para o sexo feminino. Ao
comparar as duas unidades de suporte USA e USB, verifica-se que os chamados
clínicos predominam para o sexo feminino . Foram 677 ocorrências clínicas, sendo
166 na USA e 511 na USB. É importante ressaltar que este resultado é sensível aos
chamados clínicos para o sexo masculino que recebeu 648 atendimentos, sendo
169 deles na unidade USA e 479 na unidade USB. Em relação às ocorrências por
trauma o que se pode observar foi que o sexo masculino predominou sobre o
feminino. Ao todo foram 418 ocorrências por trauma, sendo 108 na USA e 310 na
unidade de suporte básico. O sexo masculino representou 65,78% das ocorrências
traumáticas. Ao comparar essas ocorrências pelo tipo de suporte, se básico ou
avançado, 88 dos chamados foram atendidos pela USA e 187 dos chamados
atendidos pela USB. A pesquisa aponta predominância do índice de ocorrências na
modalidade clínica, ou seja, para os chamados traumáticos houve menor número de
ocorrências, com prevalência para o sexo feminino na região estudada. A maior
parte das ocorrências é por doenças não transmissíveis, levando em consideração a
elevação dos chamados clínicos.
Conclusões: O SAMU desenvolve ações de saúde que visam minimizar a taxa de
morbimortalidade na população e, em Santa Helena de Goiás, o perfil geral das
vítimas atendidas corresponde a mais chamados para ocorrências clínicas. Este fato
nos leva à percepção de que, para reduzir a taxa de morbimortalidade e melhorar os
indicadores de saúde, seria necessário o fortalecimento da atenção básica como
porta prioritária de atendimento à população, minimizando as ocorrências por
chamados clínicos advindas por complicações de doenças e agravos não
transmissíveis (DANT). Quanto ao perfil de trauma, os acidentes de trânsito e a
violência elevam e afetam principalmente a população masculina jovem e
economicamente ativa. Acredita-se que há necessidade de maior investimento,
infraestrutura e execução de políticas públicas efetivas voltadas para a promoção e
prevenção em saúde além de redução dos números de acidentes de trânsito, da
violência e, consequentemente, da morbimortalidade.
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria nº 1863, de 29 desetembro de 2003. Institui a Política Nacional de Atenção às Urgências, a ser
40
implantada em todas as unidades federadas, respeitadas as competências das três esferas de gestão. Disponível em http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2003/prt1863_26_09_2003.html. Acesso em 10 de setembro de 2016.
BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria 2048 de 05 de novembro de 2002. Aprova o Regulamento Técnico dos Sistemas Estaduais deUrgência e Emergência. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2002/prt2048_05_11_2002.html Acesso em 22 de outubro de 2016
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GONSAGA, R. A. T.; BRUGUGNOLLI, I. D.; ZANUTTO, T. A.; GILIOLI, J. P.; SILVA, L. F. C.; FRAGA, G. P. Características dos atendimentos realizados peloServiço de Atendimento Móvel de Urgência no município de Catanduva, Estado de São Paulo, Brasil, 2006 a 2012. EPIDEMIOL. SERV. SAÚDE, Brasília, 22(2):317-324, abr-jun 2013
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