BASQUETEBOL – MÉTODOS E ESTRATÉGIAS DEFENSIVAS, ANALÍSE DO
COMPORTAMENTO DEFENSIVO
BASKETBALL – METHODS AND DEFENSIVE STRATEGY, DEFENSIVE
BEHAVIOR ANALYSIS
Diego Leonardo Silver de Andrade (1)
Orientador: Prof. Ms Henrique Barcelos Ferreira (1,2)
1 – Programa de Pós-Graduação Lato-Sensu da Universidade Gama Filho – Pedagogia do Esporte e Treinamento dos Jogos Desportivos Coletivos 2 – Faculdade de Educação Física da Universidade de Campinas
E-mail: [email protected] Rua: Paim, 235 – Apto.: 1404 Bela Vista – São Paulo/SP. CEP: 01306-010
São Paulo, Turma 3063, Entrega no dia 23/11/2013
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RESUMO
Em uma partida de basquetebol, o técnico/professor, pode fazer inúmeras substituições, e/ou trocas de sistemas defensivos, a fim de obter melhores resultados no jogo, sempre que um técnico encontra uma deficiência ele pode fazer alguma mudança em sua equipe. Este trabalho tem como objetivo uma reflexão dos comportamentos defensivos em partidas de basquetebol, assim como quando os sistemas defensivos sofrem alterações e os motivos dessas trocas. Foram coletados dados em áudio vídeo e estatísticas de quatro jogos do Campeonato Paulista Sub-16 Masculino. Refletindo sobre todas as informações passadas pela técnica da equipe, em todos os jogos se manteve os mesmos sistemas defensivos em pelo menos um dos quartos, ainda assim a opção do sistema defensivo sempre é justificada para os atletas ou pelo menos para a comissão técnica, das quatro partidas disputadas somente em duas em algum momento não houve mudanças no inicio dos quartos. A equipe enfrentou dificuldades em três delas com um elemento em comum, optando por sistemas defensivos individuais e combinados para parar a evolução desse elemento, também foi utilizado em uma das partidas o sistema defensivo zona pressão 2-1-2, em determinados momentos uma defesa mais agressiva era cobrada, sem falar do rebote defensivo que pela técnica da equipe era tido como fator importante para se obter a vitória. A pesquisa conseguiu com os dados obtidos justificar as alterações dos sistemas defensivos em uma partida de basquetebol, além do mais pode-se dizer que a excelência no jogo é obtida com as informações passadas pela comissão técnica visto que dessa forma se consolida uma filosofia de trabalho.
Palavras Chave Basquetebol, Sistemas Defensivos, Tempos Técnicos, Sistemas de Jogo
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ABSTRACT
In a Basketball Match, the head coach/teacher, can make numerous substitutions or changes in defensive systems, to obtain better results in the game, whenever a head coach finds a shortcoming he can make some changes in your team. This Research have was objective the reflexion of the defense behavior in basketball games, even as when the defensive systems as unchanged and the reasons of this changes. were collected data in audio video and statistics of the four games to the Men’s Championship Paulista Sub-16 (Campeonato Paulista Sub-16)? Reflexion about all the information passed by head coach, in all games they keep the same defensive systems at least one of the quarters, even so the option of the system always has informed from the team even so to your commission, the four matchs played just two in any moment don’t be a change at the beginning quarter. The Team faced difficulties with the same element in three times, choose for individual system and combined system to stop the evolution of this element, was also in the matches the 2-1-2 press zone system, in determined moments a aggressive defense was charged, was also charged defense rebounds by which the head coach was the important factor to winning games. This research obtain with data justify the changes in defensive systems in a basketball game, besides can say excellence in the game is obtained with the information past of the commission thus seen that consolidates the work philosophy.
KEYWORDS: Basketball, Defensive Systems, Game Systems, Timeout
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1 Introdução
O basquetebol criado em 1891 (Silver, 2011) manteve seu formato de jogo
ou esporte de equipe, invasão e oposição, onde duas equipes ocupam o mesmo
espaço em situações de ataque e defesa (Ferreira; de Rose Jr, 2010), ou seja, a
situações de defesa são presentes no jogo desde os primórdios da modalidade.
Por sua vez as situações de ataque e defesa foram organizadas e
sistematizadas, se transformando em sistemas de ataque ou defesa, em ambos os
casos a sistematização do jogo busca um melhor rendimento coletivo, Ferreira e De
Rose Jr (2010), definem sistema defensivo como ações táticas coletivas que visam a
melhora do rendimento defensivo e ainda ponderam que para o rendimento seja
alcançado os jogadores devem ter funções dentro do sistema.
Um sistema defensivo no basquetebol é baseado em seus princípios
defensivos que têm como objetivo a busca da recuperação da bola, tentativa de
dificultar ou impedir a progressão do adversário à cesta e na constante busca de
dificultar a organização do ataque adversário, visando à proteção da cesta,
objetivando não sofrer pontos (Paes, Montagner e Ferreira, 2009).
Em uma partida de basquetebol, o técnico/professor, pode fazer inúmeras
substituições, e/ou trocas de sistemas defensivos, a fim de obter melhores
resultados no jogo, então sempre que um técnico encontra uma deficiência ele pode
optar por fazer uma substituição em sua equipe.
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O presente trabalho tem como objetivo uma reflexão dos comportamentos
defensivos em partidas de basquetebol, assim como quando os sistemas defensivos
sofrem alterações e os motivos dessas trocas.
2 Objetivo
A atual pesquisa tem como objetivo uma reflexão sobre os comportamentos
defensivos em partidas de basquetebol, buscando relatar os momentos e motivos
das trocas dos sistemas defensivos.
3 Materiais e Métodos
Este estudo foi elaborado com base em dados coletados através de planilha
de coleta de dados estatísticos, gravações de vídeo das partidas e áudio das
conversas feitas entre a comissão técnica e atletas da equipe Sub-16 do Grêmio
Recreativo Barueri no Campeonato Paulista Sub-16 Masculino.
Foram coletados dados de 4 jogos, dois no centro de treinamento do Barueri
o Sportville, jogos contra E.C. Pinheiros e SESI-Franca, dois com mando de quadra
do adversário, sendo esses o jogo contra as equipes, Nosso Clube/Limeira e
Palmeiras. Todos contendo áudio e vídeo das partidas, o áudio capitado pelo
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aplicativo de celular voice recorder, já os vídeos capitados com uma Câmera Sony
Handycam.
As gravações foram utilizadas para a coleta de estatísticas dos índices
defensivos da partida, sendo eles: rebotes defensivos (Reb), como o próprio nome
diz todos os rebotes feitos pela equipe que está em sua meia quadra de defesa;
bolas recuperadas (Rec), são as bolas “roubadas” pelos jogadores, nesse item
foram consideradas somente bolas que foram roubadas e colocadas em jogo pelo
atleta ou jogadores da mesma equipe, ficando de fora da conta final, bolas em que o
jogador tenta roubar e que após a tentativa vão para a lateral da quadra; bloqueios
(Blc), os famosos “tocos”, foram considerados todos os bloqueios de arremessos;
Faltas (Fal), item que foi quantificado duas vezes, uma como estatística defensiva,
outro como um total de faltas do quarto, a falta sendo levada em consideração como
índice defensivo, era a falta tática, ou seja, a falta feita propositalmente para parar a
partida, podendo ser a pedido do técnico ou pelos jogadores do Barueri;
antecipações (Ant), são as bolas recuperadas por antecipação a algum passe;
Participações (Par), esse ultimo item foi um item utilizado especificamente para esse
trabalho, foi levado em consideração alguns momentos em que o jogador atacante
perde a bola por ser pressionado por um jogador, porem esse não é o jogador que
rretoma a posse de bola, mas aquele que, sem ele a ação defensiva não seria
completa; fora os índices defensivos foram apurados também a quantidade de
tempos técnicos pedidos por período, faltas cometidas por cada atleta, a fim de
quantificar o número de faltas por período de jogo, podendo ser esse um critério
para mudanças no sistema defensivo. Todos os índices foram apurados por quarto
de jogo e no total da partida, ainda assim sendo apurados das duas equipes.
7
4 Resultados
A primeira tabela apresenta os motivos e sistemas defensivos utilizados pela
equipe Sub-16 do Grêmio Recreativo Barueri, sendo esses sistemas ofensivos
modificados nos intervalos entre os quartos e antes das partidas, sendo esse o
sistema defensivo inicial da partida.
Tabela 01 – Alterações de Sistemas Defensivos na Preleção e Intervalos
Porque Análise
1º
Jogo
Preleção Evitar Arremessos de Longa
distância Match Up com Pressão Quadra toda 1.2.1.1 e Individual
Simples Meia Quadra
1º Interva Problemas com o arremessador Aproveitar possíveis rebotes e parar arremessos,
Sistema Defensivo Box One
2º Interva Problemas com o arremessador Aproveitar possíveis rebotes e parar arremessos,
Sistema Defensivo Box One
3º Interva Problemas com o arremessador Aproveitar possíveis rebotes e parar arremessos,
Sistema Defensivo Box One
2º
Jogo
Preleção Defesa Agressiva Sistema Defensivo Individual
1º Interva Aproveitamento Ofensivo Sem mudança no Sistema Defensivo, Individual Simples
2º Interva Evitar Arremessos de Longa
distância
Rotação do Sistema Importante, Sistema Defensivo Zona 2:3. Após Lance livre convertido pelo Barueri
Individual Simples Pressão
3º Interva Erros de Leitura Sistema Defensivo Individual
3º J
ogo
Preleção Grandes Arremessadores Pressionar arremessos, Sistema Individual Simples
1º Interva O Sistema defensivo não era o
problema Não houve mudança, sistema defensivo individual
simples.
2º Interva Evitar arremessos e passes em
profundidade Duas opções, Zona 2.3 e Sis. Def. Individual Simples
3º Interva Jogadores do Barueri com três faltas, falta de sincronismo na
Partida Jogadores Chave Adversário, Sis. Def. Individual Simples
4º J
ogo
Preleção Busca do Aproveitamento dos
Rebotes Sistema Defensivo Individual
1º Interva Erros no Jogo Todo, Atletas
abalados Sistema Defensivo Individual
2º Interva Pressão na Saída de Bola e atenção
ao tempo de bola Sistema Defensivo Zona Pressão 2.1.2
3º Interva Sem mudança no Sistema Defensivo, Sistema Defensivo
Zona Pressão 2.1.2
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Como se pode ver na tabela levando em consideração os momentos antes
do jogo e os intervalos entre os quartos, a técnica Rosana Garcia, em todos os jogos
manteve os sistemas defensivos em pelo menos um dos quartos, ainda assim a
opção do sistema defensivo sempre é justificada para os atletas ou pelo menos para
a comissão técnica.
Dentro dessa perspectiva o único jogo que não sofreu alterações foi o jogo
de número 3, onde a técnica sempre começou o período com o sistema defensivo
individual simples, apesar de trabalhar com os atletas as variações do sistema
individual, nesse jogo o sistema defensivo individual foi sempre o sistema utilizado
no inicio da partida.
Porém como podemos ver na tabela abaixo, nessa mesma partida durante o
jogo a equipe sofreu alterações em seu sistema defensivo. Porém essas mudanças
foram feitas durante os pedidos de tempo técnico, que por sua vez foram pedidos
tanto pela técnica do Barueri ou pela equipe adversária.
Tabela 02 - Alterações de Sistemas Defensivos por Tempos técnicos.
Barueri Adversário
Quando Quando Porque Análise
1º J
ogo
1º Quarto 0 1 Problemas com o
arremessador Aproveitar possíveis rebotes e parar
arremessos, Sistema Defensivo Box One
2º Quarto 1 1 Evitar contra ataques e ainda
parar o arremessador Match Up, Individual Quadra
Inteira+Box One
3º Quarto 1 0 Defesa Organizada
Sem Mudança no Sistema Defensivo, Box One
4º Quarto 2 1 Sistema Defensivo mais
apropriado Sem Mudança no Sistema Defensivo,
Box One
9
2
º Jo
go
1º Quarto 0 1 Erros Individuais apontados,
se impor na defesa Sem mudança no Sistema Defensivo,
Individual Simples
2º Quarto 2 0 Sistema Defensivo mais
apropriado Sem mudança no Sistema Defensivo,
Individual Simples
3º Quarto 1 2 Pressão na saída de Bola
Se pedido Sis. Def. Zona Pressão 1.2.1.1, se não Ind. Simples
4º Quarto 2 1 Pressionar saída de bola,
após lance livre Aproveitar as Traps, Sistema defensivo individual simples
3º
Jogo
1º Quarto 0 0
2º Quarto 2 0 Erros individuais influenciam
no sistema defensivo Sempre ao fazer cesta, Pressão
Quadra toda 1.2.1.1
3º Quarto 0 1
Orientação dos jogadores quanto aos seus marcadores
Defesa Combinada, Sistema Defensivo Pressão 1.2.1.1 com Individual
Simples
4º Quarto 2 2 Pressão o tempo todo
Sem mudança no Sistema defensivo individual simples
4º
Jogo
1º Quarto 1 0
2º Quarto 0 1 Marcações Organizadas
Sem mudança no Sistema Defensivo, Individual Simples
3º Quarto 1 0 Comunicação nas Trocas de
Marcação Sem mudança no Sistema Defensivo, Sistema Defensivo Zona Pressão 2.1.2
4º Quarto 2 0 Queda de Rendimento
Defensivo Buscar o controle do jogo, Sistema
Defensivo Pressão 1.2.1.1
Das quatro partidas disputadas somente em duas em algum momento não
houveram mudanças, sendo essas feitas dentro da quadra como se pode ver, a
técnica não utilizou o seu pedido de tempo no primeiro quarto do jogo 04, para
correções no sistema defensivo, sendo que também no primeiro quarto do jogo 03,
como não houve pedidos de tempo também não aconteceram mudanças no sistema
defensivo.
Nessa segunda tabela é possível identificar que por mais que no mesmo
jogo o sistema defensivo seja o mesmo o problema e a analise para a solução do
problema são diferentes, como por exemplo, o 2º jogo, onde em pelo menos três
quartos foi utilizado o Sistema defensivo individual.
10
Tabela 3 – Visão geral dos índices defensivos – Resumo do Jogo
Barueri
Pinheiros Índices Defensivos
Índices Defensivos
## Reb Rec Blc Fal Ant Par
## Reb Rec Blc Fal Ant Par
4 3 1 0 0 3 2
18 2 0 1 0 2 0
6 0 0 0 0 0 0
9 2 0 0 0 0 1
7 1 0 0 0 0 3
22 2 0 0 0 0 1
10 1 1 0 0 0 2
17 2 1 0 0 0 0
11 1 3 0 0 0 2
23 2 1 0 0 0 0
12 1 1 0 0 0 0
14 3 0 0 0 0 0
13 1 1 0 0 0 0
13 0 0 0 0 0 0
14 2 0 0 0 0 0
3 0 0 0 0 0
15 2 0 0 0 0 0
2 0 0 0 0 0
16 0 0 0 0 0 0
0 0 0 0 0 0
9 0 0 0 0 0 1
0 0 0 0 0 0
Totais 12 7 0 0 3 10
Totais 18 2 1 0 2 2
Tabela 4 – Visão geral dos índices defensivos – 1º Quarto do Jogo
Barueri Pinheiros Índices Defensivos Índices Defensivos
## Reb Rec Blc Fal Ant Par
## Reb Rec Blc Fal Ant Par
8 2 1 0 0 1 0
18 2 0 1 0 0 0
6 0 0 0 0 0 0
9 1 0 0 0 0 1
7 0 0 0 0 0 0
22 1 0 0 0 1
10 1 1 0 0 0 1
17 2 1 0 0 0 0
11 1 1 0 0 0 0
23 2 1 0 0 0 0
12 1 1 0 0 0 0
14 3 0 0 0 0 0
13 0 0 0 0 0 0
13 0 0 0 0 0 0
14 0 0 0 0 0 0
0 0 0 0 0 0
15 1 0 0 0 0 0
0 0 0 0 0 0
16 0 0 0 0 0 0
0 0 0 0 0 0
9 0 0 0 0 0 0
0 0 0 0 0 0
Totais 6 4 0 0 1 1
Totais 11 2 1 0 0 2
As tabelas três e quatro são referentes ao primeiro jogo dos quatro
apurados, a primeira tabela (Tabela e) é um resumo dos dados do jogo, a Tabela 4
contém os dados referentes ao primeiro quarto jogado.
11
Tabela 5 – Visão geral dos índices defensivos – Resumo do Jogo
Barueri Palmeiras Índices Defensivos
Índices Defensivos
## Reb Rec Blc Fal Ant Par
## Reb Rec Blc Fal Ant Par
4 4 0 0 0 3 2
4 0 0 0 0 1 0
6 1 0 0 0 1 1
5 0 0 0 0 0 0
7 4 1 0 0 0 3
6 4 1 0 0 0 1
10 0 0 0 0 0 3
7 4 1 0 1 1 2
11 3 2 1 0 0 4
8 0 0 0 0 0 0
12 1 1 0 0 1 2
9 5 0 3 0 0 0
13 3 1 0 0 0 0
10 5 1 1 0 1 0
14 0 1 0 0 1 0
11 0 0 0 0 2 1
15 0 0 0 0 0 1
12 2 1 0 0 0 0
16 0 0 0 0 0 0
13 0 0 0 0 0 0
Totais 16 6 1 0 6 16
14 4 2 2 0 0 1
16 1 0 1 0 0 0
Totais 25 6 7 1 4 5
Tabela 6 – Visão geral dos índices defensivos – 1º Quarto do Jogo
Barueri Palmeiras Índices Defensivos
Índices Defensivos
## Reb Rec Blc Fal Ant Par
## Reb Rec Blc Fal Ant Par
4 0 0 0 0 0 0
4 0 0 0 0 0 0
6 0 0 0 0 1 0
5 0 0 0 0 0 0
7 1 0 0 0 0 0
6 3 0 0 0 0 0
10 0 0 0 0 0 0
7 3 1 0 1 1 0
11 0 1 0 0 0 0
8 0 0 0 0 0 0
12 0 0 0 0 1 0
9 1 0 0 0 0 0
13 0 0 0 0 0 0
10 1 0 0 0 1 0
14 0 0 0 0 0 0
11 0 0 0 0 0 1
15 0 0 0 0 0 0
12 0 1 0 0 0 0
16 0 0 0 0 0 0
13 0 0 0 0 0 0
Totais 1 1 0 0 2 0
14 2 1 0 0 0 0
16 0 0 0 0 0 0
Totais 10 3 0 1 2 1
Legendas ## - Número do Atleta
Reb – Rebotes Defensivos Rec – Bolas Recuperadas
Blc – Bloqueios Fal – Faltas
Ant – Antecipações Par - Participação
12
As tabelas 5 e 6 são do quarto jogo dos quatro apurados, da mesma forma
que as tabelas 3 e 4, a primeira é referente ao resumo do jogo, ou seja, os quatro
quartos da partida, contendo somente os índices defensivos apurados, já a segunda
somente o primeiro quarto de jogo.
5 Discussão
Nas quatro partidas documentadas, a equipe enfrentou dificuldades em três
delas com um ou mais ‘arremessadores’, a fim de prevenir uma grande quantidade
de arremessos, a opção utilizada foi o Sistema Defensivo Individual Simples e suas
variações de acordo com momentos de leitura dos atletas e algumas correções de
posicionamentos defensivos feitos pela técnica Rosana Garcia. O citado sistema foi
utilizado em todas as partidas da equipe, e como opção para o bloqueio desses
arremessos outro sistema defensivo utilizado foi o Box One, onde o arremessador
da equipe adversária foi marcado individualmente e os demais jogadores marcando
em formato de caixa dentro da área restritiva.
Oliveira e Paes (2004) corroboram com a técnica da equipe do Barueri,
segundo os autores uma das vantagens dos sistemas defensivos individuais, é o
aumento da dificuldade de arremessos de média e longa distância, sendo que ainda
aumentam o desgaste dos atletas adversários, logo como um dos objetivos da
equipe era tentar parar os arremessadores adversários, o sistema foi bem aplicado.
13
Os autores supracitados também concordam com a técnica do GRB, quanto
à opção do Boxe One, já que a defesa combinada tem como principio a marcação
individual do principal pontuador e/ou atleta mais habilidoso da equipe adversária,
sendo o objetivo da equipe parar os arremessos do adversário.
Um fato que só aconteceu em uma das partidas foi a utilização do sistema
defensivo zona Pressão 2.1.2, empregado no terceiro e quarto períodos do quarto
jogo, ainda sendo empregado em proporções de quadra inteira. De forma mais
impar só foi um sistema passado para a equipe no intervalo entre o primeiro e o
segundo tempo e o intervalo do terceiro para o ultimo quarto, com o objetivo de
buscar a pressão nas saídas de bola e o equilíbrio defensivo, para não chegarem
atrasados nos jogadores após terem recebido algum passe em profundidade.
Para Paes, Montagner e Ferreira (2009), os sistemas defensivos pressão
têm como característica a ampliação da probabilidade da recuperação da posse de
bola e ainda desconfiguram o sistema ofensivo do adversário devido a configuração
da defesa dentro de quadra, sem contar que os ataques pressionados tem o ritmo
de ataque modificado, levando eles a cometer violações e até passes precipitados.
Na preleção do jogo 2, a técnica cobrou uma defesa mais agressiva de todos
os atletas da equipe, cobrando intensidade na defesa, por isso da opção por
Sistema Defensivo Individual.
Wissel citado por Reis (2008) aponta como primordial que a equipe
adversária enquanto estiver atacando seja pressionada pela defesa, essa pressão
defensiva diminui as possibilidades de tomada de decisão pela equipe adversária,
por consequência diminui a qualidade do ataque adversário. Reis ainda aponta que
14
é imprescindível que o defensor fique entre o atacante e a cesta, esse é outro ponto
cobrado pela técnica no terceiro jogo, assim como pressão o tempo todo.
Nos diálogos feitos nos intervalos e preleção, em dois jogos foi colocado
como fator importante o rebote defensivo, sendo esse o item apontado como
determinante naquele sistema defensivo. No jogo 1, a quantidade total de rebotes do
Barueri foi menor do que do adversário, sendo 12 x 18, como é possível visualizar
na tabela 3, no primeiro jogo a conversa com a cobrança sobre os rebotes
defensivos aconteceu no primeiro quarto de jogo, durante o tempo técnico pedido
pelos adversários, no primeiro quarto o resultado quanto a rebotes defensivo foi 6 x
11 para os adversários, como conta na tabela 4.
No quarto jogo o resultado não foi diferente, 16 x 25 (Tabela 5) para os
adversários, nesse jogo as instruções quanto a rebotes defensivos aconteceram na
preleção do jogo, nesse momento um resultado ainda mais discrepante, 1 x 10 para
os adversários, como apontado pela tabela 6.
Segundo Daiuto citado por Reis (2008), o rebote tem uma importância
crucial dentro de uma partida de basquetebol, já que é o modo mais provável para
se recuperar a posse de bola, sem contar situações de êxito do adversário. Para
Brandão, Janeira e Sampaio (2002) em uma analise de jogos de basquetebol o
Rebote defensivo está diretamente ligado ao sucesso nos jogos de basquetebol,
combinando os rebotes defensivos com os arremessos pode se dizer que equipes
com maior número de rebotes defensivos e um alto índice de arremessos têm
maiores chances de obter a vitória. Nas duas partidas citadas o GRB perdeu para os
adversários, pelos resultados 46 x 48 e 58 x 83, primeiro e quarto jogos
respectivamente (FPBa, Acesso 2013; FPBb, Acesso 2013).
15
Borin e Colaboradores (2005) apontam o ultimo quarto das partidas de
basquetebol como o com o maior número de paralisações, sendo elas falta ou
pedido de tempo. O que acontece também nos jogos investigados, a equipe do
Barueri nos 4 jogos disputados, fez 2 pedidos de tempo no ultimo quarto de jogo, o
único jogo com pedido de tempo no primeiro quarto foi o quarto jogo, sendo que
nesse momento não aconteceu nenhum tipo de alteração do sistema defensivo.
Fator também apontado pelos autores, já que no inicio da partida apesar do alto
volume de jogo, maior do que no segundo e terceiro quarto, até pelos jogadores
estarem descansados, a quantidade de paralisações é menor do que nos outros
períodos e em sua grande parte são paralisações por faltas. No geral a quantidade
de tempos técnicos pedidos pela equipe do Barueri é de 17 tempos técnicos
divididos nos 4 jogos, já seus adversários fizeram 11 pedidos de tempo técnico.
6 Conclusão
O presente trabalho teve como objetivo uma reflexão sobre os
comportamentos defensivos em partidas de basquetebol, buscando relatar os
momentos e motivos das trocas dos sistemas defensivos.
A pesquisa também através das informações obtidas conseguiu apurar que
a excelência no trabalho é obtida através das informações passadas pela comissão
técnica, sendo essas informações responsáveis pelo nível de imersão dos
elementos ao jogo.
16
Com isso foi possível através de pesquisa de campo e referência
bibliográfica pautar as justificativas para as alterações nos sistemas defensivos em
uma partida de basquetebol, porém, o sistema defensivo pode não sofrer alteração
direta, mas seus componentes podem sofrer alterações como substituições para que
o sistema defensivo se enquadre melhor dentro do contexto situacional do jogo.
17
REFERÊNCIAS
Borin J. P., Gonçalves A., Padovani C. R., Aragon F. F., Perfil da Intensidade de Esforço nas Ações e Nos Tempos do Jogo de Basquetebol de Alto Nível.
Salustiva. Bauru. Vol. 24 – Núm 3. 2005. p. 411-418.
Brandão E., Janeira M., Sampaio J. 6º Campeonato do Mundo de Juniores Masculinos de Basquetebol: a análise do sucesso realizada a partir das estatísticas do jogo. Efdeportes. Revista Digital. Buenos Aires, Ano 8 – Núm 45.
Fevereiro, 2002.
Ferreira A. E. X., De Rose Jr. D. Basquetebol: Técnicas e táticas - Uma abordagem didático-pedagógica. 2ª Ed. amp. e atu. São Paulo. EPU. 2010. P. 1-118.
FPBa – Federação Paulista de Basketball. Campeonato Estadual Sub-16 Masculino – Jogos Realizados. São Paulo, Acesso 17 Nov. 2013 < http://www.fpb.com.br/index.php?module=championship&action=realizados&codcampeonato=418&page=4 >
FPBb – Federação Paulista de Basketball. Campeonato Estadual Sub-16 Masculino – Jogos Realizados. São Paulo, Acesso 17 Nov. 2013 < http://www.fpb.com.br/index.php?module=championship&action=realizados&codcampeonato=418&page=3 >
Oliveira V., Paes R. R. Ciência do Basquetebol: Pedagogia e metodologia da iniciação à especialização. Londrina. Midiograf. 2004. p. 1-123.
Paes R. R., Montagner P. C., Ferreira H. B. Pedagogia do Esporte: Iniciação e Treinamento em Basquetebol. Rio de Janeiro. Guanabara Koogan. 2009. p. -1-175
Reis C. P. Ações e Termos Defensivos do Basquetebol. Efdeportes. Revista Digital. Buenos Aires, Ano 13 – Núm 126. Novembro, 2008.
18
Silver D. Como Surgiu o Basquetebol?! Arquivo Digital, 22 Dez. 2011. Acesso 07 Jul 2003. < http://arearestritiva.wordpress.com/2011/12/22/como-surgiu-o-basquetebol/ >
19
AGRADECIMENTOS
Sendo que a pesquisa em questão, só se tornou possível graças à visão
impar do Grêmio Recreativo Barueri-GRB, que autorizou a coleta de dados e a
inclusão do pesquisador como membro da comissão técnica da equipe com o intuito
único e exclusivo de coleta de dados, sem a menor interferência nas opções feitas
pela comissão técnica e equipe, assim como a orientação do Professor Doutorando
Henrique Barcelos Ferreira, que sem ele o trabalho não teria chegado em sua
versão final.