sa
Caracterização das paisagens sonoras em três
jardins/parques de Lisboa
Ricardo António Rodrigues
Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em
Engenharia do Ambiente
Orientador: Professor Doutor José Luís Bento Coelho
Júri
Presidente: Professor Doutor Ramiro Joaquim de Jesus Neves
Orientador: Professor Doutor José Luís Bento Coelho
Vogal: Professor Doutor Diogo Gonçalo Franco Falcão Osório de Alarcão
Julho de 2015
ii
iii
Agradecimentos
Ao Professor Doutor José Luís Bento Coelho pela supervisão e orientação e disponibilidade no
decorrer deste trabalho académico.
Ao Engenheiro Carlos Fafaiol pela indispensável ajuda nos trabalhos laboratoriais realizadas na
camara anecoica do CAPS.
Ao Engenheiro Alexandre Pereira pela ajuda demonstrada aquando do início dos trabalhos de campo
e na parte computacional referente à elaboração dos mapas de ruído.
Ao arquiteto António Lobo Soares pelo acompanhamento nos trabalhos de campo, pela partilha do
conhecimento e pela amizade demonstrada.
Deixo também expresso o meu agradecimento ao Centro de Análise e Processamento de Sinais, pela
cedência dos equipamentos e espaço, essenciais para a concretização do presente trabalho.
À minha família e aos meus amigos pelo apoio e amizade demonstrados.
iv
Resumo
O ruído é um problema característico das cidades, sendo resultante da urbanização e da
industrialização afetando a saúde humana e o bem-estar das pessoas. Os espaços verdes urbanos
são locais que permitem ao cidadão, o contato com a natureza. Para além destes espaços
proporcionarem um ambiente sonoro mais agradável e a manter o equilíbrio ecológico no tecido
urbano, também enriquecem a cidade proporcionando dinamismo e diversidade. O presente trabalho
foi desenvolvido no tema da paisagem sonora dos jardins/parques de Lisboa, pretendendo fazer uma
caracterização acústica objetiva e subjetiva. Esta última subdividiu-se na realização de inquéritos e na
medição dos níveis de mascaramento das fontes sonoras em laboratório.
Os resultados da caracterização acústica objetiva dos jardins mostraram que de uma forma geral os
níveis sonoros encontram-se acima do limite imposto pela legislação nacional. Os locais de medição
onde se registaram os valores mais elevados foram junto do perímetro do parque junto às estradas,
confirmando a influência dos sons associados ao trafego rodoviário na paisagem sonora destes
espaços públicos. Pelo contrário os níveis sonoros mais baixos foram registados em locais interiores
centrais dos jardins.
Os resultados dos inquéritos mostraram que de uma forma global, os visitantes encontram-se
satisfeitos com os elementos visuais e com os sons das fontes sonoras localizadas nos jardins
contrastando com o desagrado mostrado em relação ao ruído associado aos transportes.
Os testes de mascaramento permitiram perceber de forma global, o fenómeno do mascaramento
auditivo, realçando a dificuldade em mascarar fontes sonoras com características tonais.
Palavras-chave: Acústica, Espaços verdes, Paisagem sonora, Mascaramento
v
Abstract
Noise is a characteristic problem of cities due to the urbanization and industrialization, thus affecting
human health and people’s well-being. The urban green spaces are places that allow the citizen to
contact with nature. In addition to fact that these spaces provide a more pleasant sound environment
and maintaining ecological balance in the urban tissue, they also enrich the city providing dynamism
and diversity. This work was developed on the theme of soundscape of public parks in Lisbon,
intending to make an objective acoustic characterization and subjective one. The latter subdivided in
surveys and measurement of masking levels of sound sources in the anechoic chamber.
The results of acoustic characterization of the parks showed that in general the sound levels are
above the limit imposed by national law. The measuring points which were registered the highest
sound levels were along the park's perimeter, next to the roads, showing the impact of road traffic
noise in the soundscape of these public spaces. On the contrary, the lowest sound levels were
measured in central areas inside the parks.
The survey results showed that in a comprehensive manner, the visitors are satisfied with the visual
aspects and the sounds emanated inside the parks contrasting with the displeasure shown to
transport noise.
Masking tests allowed a better understanding of the phenomenon of auditory masking, highlighting the
difficulty in masking sound sources with tonal characteristics.
Keywords: Acoustics, Green spaces, Masking, Soundscape
vi
Lista de abreviaturas
CAPS – Centro de Análise e Processamento de Sinais
f0 – Frequência central de uma banda de frequência
fH – Frequência limite superior de uma banda de frequência
fL - Frequência limite superior de uma banda de frequência
IST – Instituto Superior Técnico
JPR – Jardim do Príncipe Real
JE – Jardim da Estrela
JFCG – Jardim da Fundação Calouste Gulbenkian
Leq – Nível sonoro contínuo equivalente
LAeq – Nível sonoro contínuo equivalente, ponderado A
Lden – Indicador de ruído diurno
Le – Indicador de ruído de entardecer
Ln – Indicador de ruído noturno
Lden – Indicador de ruído diurno-entardecer-noturno
LMask – Nível sonoro de mascaramento
LMask Médio – Nível médio de mascaramento
QUADMAP – QUiet Areas Definition and Management in Action Plans
R.E.M. – Rapid eye movement
WG – Working Group
vii
Índice geral
Agradecimentos .................................................................................................................................................... iii
Resumo .................................................................................................................................................................. iv
Abstract ................................................................................................................................................................... v
Lista de abreviaturas............................................................................................................................................ vi
Lista de figuras ..................................................................................................................................................... ix
Lista de tabelas .................................................................................................................................................... xii
1. Introdução ......................................................................................................................................................... 1
1.1 Motivação ................................................................................................................................................... 1
1.2 Objetivos ..................................................................................................................................................... 3
1.3 Estrutura da dissertação .......................................................................................................................... 3
2. Conceitos básicos de acústica ....................................................................................................................... 5
2.1 O som .......................................................................................................................................................... 5
2.2 O fenómeno da perceção sonora humana ............................................................................................ 8
2.2 A problemática do ruido ......................................................................................................................... 13
2.3 Enquadramento legal .............................................................................................................................. 14
3. Paisagens sonoras ........................................................................................................................................ 16
3.1 O conceito de paisagem sonora ........................................................................................................... 16
3.2 A Paisagem sonora urbana ................................................................................................................... 17
3.4 Os espaços verdes no ambiente urbano ............................................................................................. 18
3.5 Experiencia internacional – Casos de estudo ..................................................................................... 20
4. Metodologia .................................................................................................................................................... 27
4.1 Metodologia geral .................................................................................................................................... 27
4.2 Análise acústica objetiva ........................................................................................................................ 27
4.3 Análise subjetiva ...................................................................................................................................... 28
4.3.1 Inquéritos ................................................................................................................................................... 28
4.3.2 Níveis de Mascaramento ......................................................................................................................... 30
5. Análise acústica objetiva dos parques ........................................................................................................ 36
5.1. Jardim do Príncipe Real ........................................................................................................................ 36
5.2. Jardim da Estrela ................................................................................................................................... 40
5.3. Jardim da Gulbenkian ............................................................................................................................ 45
6. Análise subjetiva dos parques ..................................................................................................................... 52
6.1. Inquéritos ................................................................................................................................................. 52
6.1.1. Jardim do Príncipe Real ......................................................................................................................... 52
6.1.2. Jardim da Estrela .................................................................................................................................... 61
6.1.3. Jardim da Fundação Calouste Gulbenkian ......................................................................................... 70
viii
6.2. Níveis de mascaramento ...................................................................................................................... 79
7. Discussão dos resultados ............................................................................................................................. 80
8. Conclusões ..................................................................................................................................................... 82
8.1. Conclusões.............................................................................................................................................. 82
8.2. Trabalhos futuros ................................................................................................................................... 83
Bibliografia ........................................................................................................................................................... 84
Anexos ................................................................................................................................................................. 90
Anexo 1 - Inquérito Socio-Acústico ............................................................................................................. 91
Anexo 2 – Mapas dos percursos (gravações binaurais) nos jardins estudados .................................. 94
Anexo 3 – Nível de mascaramento das fontes sonoras nos jardins estudados ................................... 96
ix
Lista de figuras
Figura 2.1: O fenómeno ondulatório ........................................................................................................ 5
Figura 2.2: Limites da audibilidade humana............................................................................................ 7
Figura 2.3: Curvas de Ponderação ......................................................................................................... 7
Figura 2.4: O sistema auditivo periférico ................................................................................................. 8
Figura 2.5: Efeito da concentração da energia do tímpano para janela oval (Pocock et al.,2013) ........ 8
Figura 2.6: O sistema auditivo central ..................................................................................................... 9
Figura 2.7: A cóclea desenrolada e a membrana basilar (Benson, 2008) ............................................ 10
Figura 2.8: A membrana basilar (Benson, 2008) .................................................................................. 11
Figura 2.9: Excitação da membrana basilar (Benson, 2008) ................................................................ 11
Figura 2.10: Experiência de mascaramento sonoro realizada por Fletcher (Scharf, 1976) ................. 12
Figura 2.11: Mascaramento temporal ................................................................................................... 13
Figura 3.1: Resultado dos questionários para os seis locais (Schulte-Fortkamp et al., 2014) ............. 22
Figura 3.2: Projeto de intervenção na praça Piazza Danti (Schulte-Fortkamp et al., 2014) ................. 23
Figura 3.3: Coeficientes de correlação entre a impressão geral e os contextos (Yeon, 2009) ............ 25
Figura 3.4: Agrupamento dos marcos sonoros (Yeon, 2009) ............................................................... 26
Figura 5.1: Locais das medições acústicas no jardim do Príncipe Real ............................................... 36
Figura 5.2: Local de medição 1 ............................................................................................................. 37
Figura 5.3: Local de medição 2 ............................................................................................................. 38
Figura 5.4: Mapa do ambiente sonoro do jardim do Príncipe Real (1:2000) ........................................ 39
Figura 5.5: Locais das medições acústicas no jardim da Estrela ......................................................... 40
Figura 5.6: Local de medição 2 ............................................................................................................. 41
Figura 5.7: Loca de medição 4 .............................................................................................................. 42
Figura 5.8: Local de medição 5 ............................................................................................................. 43
Figura 5.9: Mapa do ambiente sonoro do jardim da Estrela (Escala 1:2000) ....................................... 44
Figura 5.10: Locais das medições acústicas ......................................................................................... 45
Figura 5.11: Local de medição 3 ........................................................................................................... 46
Figura 5.12: Local de medição 4 ........................................................................................................... 47
Figura 5.13: Local de medição 5 ........................................................................................................... 48
Figura 5.14: Local de medição 6 ........................................................................................................... 49
Figura 5.15: Local de medição 7 ........................................................................................................... 50
Figura 5.16: Mapa do ambiente sonoro do jardim da Fundação Calouste Gulbenkian (1:6000) ......... 51
Figura 6.1: Respostas à questão referente ao género dos inquiridos (JPR) ........................................ 52
Figura 6.2: Respostas à questão referente à idade dos inquiridos (JPR) ............................................ 52
Figura 6.3: Respostas á questão referente à ocupação dos inquiridos (JPR) ...................................... 53
x
Figura 6.4: Respostas à questão referente à escolaridade inquiridos (JPR) ........................................ 53
Figura 6.5: Respostas à questão referente ao local de residência dos inquiridos (JPR) ..................... 54
Figura 6.6: Resposta à questão sobre a frequência das visitas (JPR) ................................................. 54
Figura 6.7: Respostas à questão referente ao tempo de permanência (JPR) ...................................... 55
Figura 6.8: Respostas à questão referente ao motivo da visita (JPR) .................................................. 55
Figura 6.9: Respostas à questão referente à qualidade das infraestruturas e instalações (JPR) ........ 56
Figura 6.10: Respostas à questão referente à beleza estética do jardim (JPR)................................... 56
Figura 6.11: Respostas à questão sobre os aspetos agradáveis (JPR) ............................................... 57
Figura 6.12: Respostas à questão sobre os aspetos desagradáveis (JPR) ......................................... 57
Figura 6.13: Resposta à questão sobre a predominância dos sons ouvidos (JPR) ............................. 57
Figura 6.14: Respostas à questão sobre a preferência dos sons agradáveis (JPR) ............................ 58
Figura 6.15: Respostas à questão sobre a preferência dos sons desagradáveis (JPR) ...................... 58
Figura 6.16: Respostas à questão sobre o volume de som ouvido (JPR) ............................................ 59
Figura 6.17: Respostas à questão relativo à incomodidade do volume de som (JPR) ........................ 59
Figura 6.18: Respostas à questão referente à tranquilidade do jardim (JPR) ...................................... 60
Figura 6.19: Respostas à questão sobre a mudança da qualidade sonora (JPR) ............................... 60
Figura 6.20: Respostas à questão referente ao género dos inquiridos (JE) ......................................... 61
Figura 6.21: Respostas à referente à idade dos inquiridos (JE) ........................................................... 61
Figura 6.22: Respostas à referente à ocupação dos inquiridos (JE) .................................................... 62
Figura 6.23: Respostas à questão referente à escolaridade dos inquiridos (JE) ................................. 62
Figura 6.24: Respostas à questão referente ao local de residência dos inquiridos (JE) ...................... 63
Figura 6.25: Respostas à questão referente à frequência de visita ao jardim (JE) .............................. 63
Figura 6.26: Respostas à questão referente ao tempo de permanência no jardim (JE) ...................... 64
Figura 6.27: Respostas à questão referente ao motivo da visita ao jardim (JE) .................................. 64
Figura 6.28: Respostas à questão referente às infraestruturas e instalações (JE) .............................. 65
Figura 6.29: Respostas à questão referente à beleza estética do jardim (JE) ..................................... 65
Figura 6.30: Respostas à questão sobre os aspetos agradáveis do jardim (JE).................................. 66
Figura 6.31: Respostas à questão sobre os aspetos desagradáveis do jardim (JE) ............................ 66
Figura 6.32: Respostas à questão sobre a predominância dos sons ouvidos (JE) .............................. 66
Figura 6.33: Respostas à questão sobre a preferência dos sons agradáveis (JE) .............................. 67
Figura 6.34: Respostas à questão sobre a preferência dos sons dos sons desagradáveis (JE) ......... 67
Figura 6.35: Respostas à questão sobre o volume de som ouvido (JE) .............................................. 68
Figura 6.36: Respostas à questão relativo à incomodidade do volume de som (JE) ........................... 68
Figura 6.37: Respostas à questão referente à tranquilidade do jardim (JE) ......................................... 69
Figura 6.38: Respostas à questão sobre a mudança da qualidade sonora (JE) .................................. 69
Figura 6.39: Respostas à questão referente ao género dos inquiridos (JFCG) ................................... 70
Figura 6.40: Respostas à questão referente à idade dos inquiridos (JFCG) ........................................ 70
Figura 6.41: Respostas à questão referente à ocupação dos inquiridos (JFCG) ................................. 71
Figura 6.42: Respostas à questão referente à escolaridade dos inquiridos (JFCG) ............................ 71
Figura 6.43: Respostas à questão referente ao local de residência dos inquiridos (JFCG) ................. 72
xi
Figura 6.44: Respostas à questão referente à frequência de visita ao jardim (JFCG) ......................... 72
Figura 6.45: Respostas à questão referente ao tempo de permanência no jardim (JFCG) ................. 73
Figura 6.46: Respostas à questão referente ao motivo da visita ao jardim (JFCG) ............................. 73
Figura 6.47: Respostas à questão referente às infraestruturas e instalações (JFCG) ......................... 74
Figura 6.48: Respostas à questão referente à beleza estética do jardim (JFCG) ................................ 74
Figura 6.49: Respostas à questão sobre os aspetos agradáveis do jardim (JFCG) ............................ 75
Figura 6.50: Respostas à questão sobre os aspetos desagradáveis do jardim (JFCG) ...................... 75
Figura 6.51: Respostas à questão sobre a predominância dos sons ouvidos (JFCG) ......................... 75
Figura 6.52: Respostas à questão sobre a preferência dos sons agradáveis (JFCG) ......................... 76
Figura 6.53: Respostas à questão sobre a preferência dos sons desagradáveis (JFCG) ................... 76
Figura 6.54: Respostas à questão sobre o volume de som ouvido (JFCG) ......................................... 77
Figura 6.55: Respostas à questão relativa à incomodidade do volume de som (JFCG) ...................... 77
Figura 6.56: Respostas à questão referente à tranquilidade do jardim (JFCG) ................................... 78
Figura 6.57: Respostas à questão sobre a mudança da qualidade sonora (JFCG) ............................. 78
Figura A1: Mapa dos percursos para a realização das gravações binaurais no jardim do Príncipe Real
....................................................................................................................................................... 94
Figura A2: Mapa dos percursos para a realização das gravações binaurais no jardim da Estrela ...... 95
Figura A3: Mapa dos percursos para a realização das gravações binaurais no jardim da Fundação
Calouste Gulbenkian ..................................................................................................................... 95
xii
Lista de tabelas
Tabela 2.1: Valores de exposição ao ruído em função da classificação da zona .................................... 15
Tabela 2.2: Indicadores de ruido e períodos de referência ......................................................................... 15
Tabela 5.1: Níveis sonoros medidos no jardim do Príncipe Real ............................................................... 36
Tabela 5.2: Predominância dos sons no local de medição 1 ...................................................................... 37
Tabela 5.3: Predominância dos sons no local de medição 2 ...................................................................... 38
Tabela 5.4: Níveis sonoros e descrição das medições no jardim da Estrela ............................................ 40
Tabela 5.5: Predominância dos sons no local de medição 2 ...................................................................... 41
Tabela 5.6: Predominância dos sons do local da medição 4 ...................................................................... 42
Tabela 5.7: Predominância dos sons no local de medição 5 ...................................................................... 43
Tabela 5.8: Níveis sonoros e descrição das medições no jardim da Fundação Calouste Gulbenkian. 45
Tabela 5.9: Predominância dos sons no local de medição 3 ...................................................................... 46
Tabela 5.10: Predominância dos sons no local de medição 4 .................................................................... 47
Tabela 5.11: Predominância dos sons no local de medição 5 .................................................................... 48
Tabela 5.12: Predominância dos sons no local de medição 6 .................................................................... 49
Tabela 5.13: Predominância dos sons no local de medição 7 .................................................................... 50
Tabela A1: Nível de mascaramento obtidos para o jardim do Príncipe Real (19/05/2015) .................... 96
Tabela A2: Nível de mascaramento das fontes sonoras para o jardim do Príncipe Real (19/05/2015) 97
Tabela A3: Nível de mascaramento das fontes sonoras para o jardim da Estrela (22/05/2015) ........... 98
Tabela A4: Nível de mascaramento das fontes sonoras para o jardim da Fundação Calouste
Gulbenkian (25/05/2015) .......................................................................................................................... 99
Tabela A5: Nível de mascaramento das fontes sonoras para o jardim da Fundação Calouste
Gulbenkian (25/05/2015) ........................................................................................................................ 100
1
1. Introdução
1.1 Motivação
O ruido é um problema característico das cidades. A etimologia da palavra ruído significa "náusea",
implicando som indesejado ou desagradável. O ruído encontra-se associado às atividades humanas
resultantes da urbanização e industrialização sendo considerado como um poluente (Singh & Davar,
2004). Segundo o relatório recentemente publicado pela Agência Europeia do Ambiente “Noise in
Europe 2014” (EEA, 2014), ficou demonstrado que o tráfego rodoviário é a fonte de ruído que
apresenta maior dominância, com um número estimado de 125 milhões de pessoas afetadas por
níveis de ruído superiores a 55 decibéis dados pelo indicador de ruido diurno-entardecer-noturno Lden,
confirmando o estatuto da segunda forma de poluição mais perigosa para a saúde humana sendo
apenas suplantado pela poluição atmosférica. Os custos sociais do ruído do tráfego rodoviário e
ferroviário em toda a União Europeia foram estimados em 40 mil milhões de euros por ano, dos quais
90% estão relacionados com o tráfego rodoviário. Este valor representa cerca de 0,4% do produto
interno bruto total da União Europeia (den Boer & Schroten, 2007)
Atualmente para a gestão do ruido é utilizada a abordagem clássica. Esta abordagem tem como
objetivo principal, a redução dos níveis de ruído na cidade. Os engenheiros acústicos desempenham
um papel crucial no estabelecimento de planos e definir soluções para redução de ruído e seu
controlo. As medidas de redução do ruído são definidas na origem da fonte, no caminho de
propagação e nos recetores (Bento Coelho, 2015). A eficácia das soluções é maximizada quando as
mesmas são aplicadas junto da fonte sonora. Os custos são também um fator crucial a ter em conta
na gestão do ruído. Com o aumento da complexidade dos projetos torna-se viável a implementação
de várias de soluções aplicadas quer fonte e nas vias de transmissão. No entanto poderão existir
casos em que a aplicação de medidas de redução do ruído poder-se-ão revelar inadequadas ou
inviáveis em termos de análise custo-benefício e consequentemente não levam necessariamente à
melhoria das condições de vida e de satisfação das pessoas (Bento Coelho, 2015).
Nos meados da década de 1960 teve início, mais precisamente na Universidade de Simon Frasier,
um movimento com o foco direcionado para o encontro de soluções para uma paisagem sonora
ecologicamente equilibrada, onde a relação entre a comunidade humana e o ambiente sonoro fosse
harmoniosa. O projeto foi denominado World Soundscape Project sendo liderado pelo compositor
canadiano Murray Schafer (Westerkamp & Morita, 1990). Schafer considerava os métodos clássicos
de redução do ruido como uma abordagem negativa. A sua opinião encontra-se expressa no livro “A
afinação do Mundo” onde segue um excerto do mesmo.
2
Noise pollution results when man does not listen carefully. Noises are the sounds we have learned to
ignore. Noise pollution today is being resisted by noise abatement. This is a negative approach. We
must seek a way to make environmental acoustics a positive study program. Which sounds do we
want to preserve, encourage, multiply?
R. Murray Schafer, 1977
Com o passar dos anos desde a introdução do conceito de paisagens sonoras proposto por Schafer
que a progressão nas pesquisas relativas a este tema estavam a ser barradas devido à falta de uma
visão compartilhada e clara do conceito de paisagens sonoras devido à ambiguidade da mesma
(Schomer et al, 2010). Isto levou a um grupo de investigadores inseridos no grupo de trabalho WG54
unissem esforços na redefinição normativa do conceito de paisagem sonora.
Segundo Bento Coelho (2015), paisagem sonora pode ser considerada como uma estrutura
complexa de sons percebidos, num contexto específico onde as diferentes componentes sonoras
sejam eles de origem natural ou tecnológica são ouvidas e compreendidas acordo com as suas
topologias.
A gestão da paisagem sonora, na qual os sons ambientais são considerados como um recurso,
permite a promoção de um modelo de cidade ecologicamente mais equilibrado. A abordagem das
paisagens sonoras representa uma mudança do paradigma, destacando o papel estratégico dos
espaços verdes no tecido urbano no que diz respeito à atenuação dos níveis de ruído, à preservação
e promoção das paisagens sonoras naturais (Feliciano et al., 2013).
A necessidade da inclusão dos espaços verdes nas cidades surgiu na era da revolução industrial.
Vários autores têm evidenciado os benefícios da inserção dos espaços verdes em contextos urbanos
(Tzoulas et al., 2007; Baycan & Levent et al., 2009; James et al., 2009). Entre os benefícios, são
apontados por exemplo a atenuação do ruído, a purificação da atmosfera envolvente, a amenização
local da temperatura, designadamente e a atenuação do fenómeno da ilha de calor urbano. Os
espaços verdes urbanos desempenham também funções sociais e culturais, promovendo o contacto
das pessoas com a natureza, contribuindo para a saúde física e mental e para o bem-estar geral. Os
espaços verdes urbanos são ainda apreciados pela sua contribuição para a valorização da imagem
da cidade.
Para além do que é visível, os espaços urbanos encontram-se preenchidos por sons, aromas e
sensações. Segundo Bento Coelho (2014), o conceito de conforto sonoro de um espaço urbano é
complexo, sendo resultante da perceção do cidadão que nele se move e o utiliza. A nossa perceção
do ambiente sonoro não resulta somente da composição sonora, da presença de sons agradáveis. A
experiência sensorial num determinado local é adquirido através de um processo cognitivo complexo
onde as diversas sensações são integradas, processadas e interpretadas (Bento Coelho, 2014).
No que diz respeito ao som, torna-se necessário melhorar o ambiente sonoro das cidades e em
particular os espaços verdes, pois para além de aumentar a qualidade de vida das pessoas, permite
melhorar, juntamente com os restantes sentidos, a experiência vivida pelos cidadãos.
3
1.2 Objetivos
Dada a importância em termos sonoros que os espaços verdes têm para o bem-estar das pessoas,
torna-se relevante compreender como as mesmas percebem os sons que compõem a paisagem
sonora dos jardins e parques.
A presente dissertação tem por isso, o objetivo de caracterizar a paisagem sonora de três jardins
públicos de Lisboa sendo eles o jardim do Príncipe Real, o jardim da Estrela e o jardim da Fundação
Calouste Gulbenkian. Estes jardins públicos partilham algumas características físicas mas são os
aspetos que conferem a sua identidade. Do ponto de vista social, estes espaços desempenham a
mesma função. Pelo fato da amostra ser constituída por de três jardins e não por um, permite obter
uma maior fiabilidade nos resultados.
Primeiramente foi realizado uma análise acústica objetiva para cada jardim cuja sua concretização
consistiu na realização de medições acústicas em locais estratégicos, para serem representativos das
fontes sonoras localizadas. Também foram englobadas as medições efetuadas na proximidade das
estradas envolventes aos jardins com vista a caracterização do ruído de tráfego rodoviário.
Como segundo objetivo da presente dissertação foi realizada uma análise subjetiva para cada jardim
baseado na realização de inquéritos direcionados aos visitantes.
Para além dos objetivos supracitados, foram efetuados testes de mascaramento das fontes sonoras,
que para a sua concretização envolveu uma componente de trabalho de campo e uma componente
laboratorial.
1.3 Estrutura da dissertação
No Capítulo 2 será feita uma abordagem aos conceitos base da acústica, ao fenómeno da perceção
sonora dando destaque ao fenómeno psicoacústico do mascaramento sonoro. É dado destaque à
problemática do ruido nas cidades destacando os seus efeitos na saúde e no bem-estar humano. É
também dada uma breve descrição do enquadramento legal do ruido, com base na legislação
portuguesa.
No Capitulo 3 será abordado o conceito de paisagem sonora, as paisagens sonoras urbanas e a
importância dos espaços verdes no meio urbano. Será também apresentada uma revisão da literatura
no que diz respeito aos casos de estudo em que foi aplicada a abordagem das paisagens sonoras.
O Capítulo 4 é dedicado à descrição da metodologia aplicada a cada um dos objetivos propostos para
a presente dissertação.
No capítulo 5, são descritos os resultados da caracterização acústica dos jardins estudados.
4
No capítulo 6 são apresentados os resultados dos inquéritos e dos testes de mascaramento das
fontes sonoras que compõem a paisagem sonora dos jardins.
O capítulo 7 é dedicado à discussão dos resultados.
No capítulo 8 serão apresentadas as conclusões do presente trabalho mencionando também a
importância do mesmo para a realização de trabalhos futuros.
5
2. Conceitos básicos de acústica
2.1 O som
Acústica é a ciência interdisciplinar que trata do estudo de todas as ondas mecânicas em gases,
líquidos e sólidos, incluindo temas como a vibração. O som, necessita de um meio físico, seja ele
sólido, líquido ou gasoso, para se propagar. Quando uma fonte sonora produz uma vibração, esta é
transmitida, por choque, aos corpúsculos mais próximos. Esta vibração é comunicada aos
corpúsculos seguintes através dos choques entre eles. Estes movimentos de vibração (em torno das
suas posições de equilíbrio) provocam no meio de propagação zonas de compressão e de rarefação.
Figura 2.1: O fenómeno ondulatório
As zonas de compressão (maior pressão) são representadas visualmente por uma crista de onda e
uma rarefação (menor pressão) por um vale dessa onda. É esta variação de pressão que será
transmitida ao recetor do som (como o ouvido) transmitindo informação. As ondas sonoras são ondas
longitudinais, ou seja, a variação da pressão é feita ao longo da direção de propagação do sinal
sonoro.
A gama de pressão sonora audível é bastante extensa. Uma escala linear para caracterizar a
amplitude da pressão sonora cuja variação entre o valor mínimo e máximo assume a ordem de
grandeza dos milhões é pouco prática e pouco representativa da resposta do ouvido humano aos
estímulos sonoros. O sistema auditivo humano tem a característica de responder aos estímulos
sonoros de forma não linear. A resposta percetual do ouvido é aproximadamente logarítmica, tanto na
distinção de frequências como na distinção da intensidade sonora. Assim, surge o Bel, definido como
o logaritmo da razão entre duas quantidades. Para evitar uma escala demasiado comprimida ao
6
longo da gama de sensibilidade do ouvido, é introduzido um fator de 10, dando origem ao decibel
(Hansen, 2001). O nível de pressão sonora é calculado pela seguinte expressão:
(1)
Onde p representa a pressão sonora eficaz e p0 é a pressão de referência que corresponde aos zero
decibéis (p0 = 20 µPa). A duração de um evento sonoro é variável podendo ser instantâneo ou
perdurar por longos períodos de tempo. É portanto necessário haver parâmetros que tenham em
conta o fator tempo aquando das medições da pressão sonora.
O nível sonoro contínuo equivalente (Leq) é um descritor frequentemente utilizado em acústica
ambiental que é definido como o nível de pressão sonora constante que, quando integrado no tempo
de análise considerado (T), apresenta a mesma energia sonora do que o sinal em análise, variável no
tempo. Este descritor é cumulativo, ou seja, combina a energia sonora com duração e com o número
total de eventos acústicos num determinado intervalo de tempo (Bento Coelho & Ferreira, 2009). O
seu cálculo é descrito pela seguinte expressão (2):
(2)
Uma das características fundamentais de um sinal sonoro é a sua frequência. Esta característica,
medida em Hertz define a taxa de ocorrência de número de ciclos completos por segundo. Na
acústica, é habitual dividir a gama de frequências em três grupos: a gama das frequências graves (20
a 400 Hz), a gama das frequências médias (400 a 1600 Hz) e a gama das frequências agudas (1600
a 20000 Hz).
Um ouvido humano saudável tem a capacidade de percecionar sons com frequências dentro da gama
dos 20 Hz aos 20.000 Hz. O sistema auditivo humano apresenta maior sensibilidade na gama de
frequências compreendida entre os 1 kHz e os 5 kHz. No que diz respeito à amplitude da pressão
sonora, o ouvido humano capta pressões entre os 20x10-6
N/m2, correspondente ao limiar da audição,
e os 200 N/m2, que ultrapassa o valor do limiar da dor (Pires, 2012). Os sinais acústicos infra-sónicos,
caracterizados pela frequência abaixo dos 20 Hz são inaudíveis mas sentidos, assumindo que a
amplitude das vibrações seja suficientemente grande. Os ultra-sons, cuja sua frequência excede os
20 kHz poderão ser audíveis por jovens.
Pelo facto da gama de frequências audíveis ser bastante extensa, uma análise pormenorizada de
frequências de sinais acústicos seria uma tarefa árdua e onerosa. Torna-se mais prático na análise
de sinais sonoros, a utilização de bandas de frequências. Estas bandas de largura percentual
constante são caracterizadas pela sua frequência central (f0). Cada banda possui um limite inferior (fL)
e um limite superior (fH), onde a frequência central é obtida pela raiz quadrada do produto dos dois
limites.
7
Figura 2.2: Limites da audibilidade humana
Existe uma divergência na forma como os equipamentos de medição do som e o ouvido humano
percebem as variações da pressão sonora. Esta divergência é devido à sensibilidade variável do
sistema auditivo humano em relação às frequências. Por isso recorre-se à curva de ponderação A, na
tentativa de simular a reação do ouvido humano em função das frequências. Devido a esta
característica, esta malha ou curva de ponderação é frequentemente utilizada em questões de
controlo do ruido, cujo os níveis de pressão sonora são medidos em dB(A).
Figura 2.3: Curvas de Ponderação
8
2.2 O fenómeno da perceção sonora humana
O sistema auditivo é o sistema sensorial para o sentido da audição. Neste sistema estão incluídos o
sistema auditivo central e periférico. O sistema auditivo periférico é constituído pelo ouvido externo,
médio e interno. O ouvido externo é constituído pelo canal auditivo e pelo tímpano.
Figura 2.4: O sistema auditivo periférico
As ondas sonoras atravessam o canal auditivo, atingindo e fazendo vibrar o tímpano. O ouvido médio
é um espaço localizado atrás do tímpano, onde estão localizados os ossículos (martelo, bigorna e
estribo). Esta cadeia de pequenos ossos está ligada nas suas extremidades ao tímpano e à janela
oval. Dada esta interconexão, as vibrações da membrana timpânica são replicadas para a janela oval
(Alberti, 2001). A concentração de energia desde o tímpano para a janela oval é explicada pela ação
de alavanca (proporcionado pelos ossículos) e pela diferença de área superficial. A figura 2.5 ilustra a
transmissão da energia sonora entre a membrana timpânica e a janela oval. As equações seguintes
demonstram essa concentração de energia onde P1 e P2 representam respetivamente a pressão
recebida no tímpano e na janela oval.
(3)
Figura 2.5: Efeito da concentração da energia do tímpano para janela oval (Pocock et al.,2013)
9
É no ouvido interno, mais precisamente na cóclea onde as vibrações timpânicas, transmitidas pelos
ossículos fazem vibrar a membrana basilar que por sua vez estimula o órgão de corti ao envio de
impulsos nervosos para cérebro através do nervo coclear.
Fazem parte do sistema auditivo central (figura 2.6), os núcleos cocleares (dorsal e ventral), o
complexo olivar superior, o lemnisco lateral, o colículo inferior, o corpo geniculado medio, o córtex
auditivo (Donkelaar & Kaga, 2011).
Figura 2.6: O sistema auditivo central
A primeira fase do processamento central ocorre nos núcleos cocleares, onde a informação que sai
destes núcleos (dorsal e ventral) visam vários alvos. Um destes alvos é o complexo olivar superior,
onde são interagidas as informações a partir dos dois ouvidos. O processamento das pistas iniciais
para a localização do som no espaço são realizados tanto no complexo olivar superior como no
lemnisco lateral (Purves et al., 2001). A localização de sons no espaço é efetuada de duas maneiras,
dependendo da sua frequência. Para baixas frequências, os ouvidos não são ativados ao mesmo
tempo (diferença de tempo interaural). Para os sons de alta frequência os ouvidos são ativados com
intensidades um pouco diferentes (diferença de intensidade interaural) (Donkelaar & Kaga, 2011).
O colículo inferior é uma estrutura com três núcleos (central, pericentral e externo). O núcleo central é
responsável pelo processamento das características físicas do som para a perceção sonora. As
funções dos restantes dois núcleos não estão totalmente claras, mas pensa-se que os mesmos
10
assumam funções relacionadas com a interação entre a informação auditiva e o sistema motor
(Donkelaar & Kaga, 2011; Purves et al., 2001).
O corpo geniculado médio é uma estrutura com três divisões (central, ventral e dorsal) constituídas
por neurónios multipolares, estando localizado na superfície dorso-lateral inferior do tálamo. As
funções desta estrutura estão relacionadas com a atenção auditiva, com a codificação da frequência
e intensidade do som. Os neurónios são sensíveis tanto à estimulação binaural como às diferenças
de intensidade interaural (Roeser et al., 2007).
A meta final do processamento das informações auditivas é realizada no córtex auditivo. Embora o
córtex auditivo seja uma estrutura com subdivisões, pode ser feita uma distinção ampla entre uma
área primária e secundária ou periférica (Purves et al., 2001).
O córtex auditivo primário está localizado no giro temporal superior e recebe ponto-a-ponto a
informação proveniente da divisão ventral do corpo geniculado medio. Esta estrutura está organizada
tonotopicamente, sendo essencial para as funções auditivas básicas tais como discriminação da
frequência, da localização dos sons no espaço e desempenha um papel importante no
processamento dos sons de comunicação intraespecíficos (Purves et al., 2001).
O córtex auditivo secundário recebe as conexões do córtex auditivo primário e das áreas de
associação do tálamo, adjacentes ao corpo geniculado médio (Nazaré, 20009). Esta área de
periférica do córtex auditivo possui uma organização tonotópica menos rigorosa processando no
entanto os sons complexos, como aqueles que mediam a comunicação (Purves et al., 2001)
Um aspeto interessante da perceção sonora ocorre numa estrutura dentro da cóclea denominada
membrana basilar. Esta estrutura encontra-se separada por dois tubos cheios de líquido que correm
ao longo da cóclea. A rigidez desta membrana aumenta no sentido da zona basal.
Figura 2.7: A cóclea desenrolada e a membrana basilar (Benson, 2008)
A vibração da janela oval induz a formação de ondas de pressão que se propagam no fluido coclear.
A velocidade destas ondas numa determinada zona da cóclea depende não só da frequência da
vibração mas também da área da secção transversal da cóclea e da densidade da membrana basilar.
11
Figura 2.8: A membrana basilar (Benson, 2008)
A membrana basilar quando estimulada atua como uma onda plana (figura 2.9), onde os sons de
baixa frequência fazem vibrar um segmento da membrana basilar próxima da zona apical. Pelo
contrário, a excitação da membrana basilar por sinais de frequência elevada ocorrem próximo da
zona basal.
Figura 2.9: Excitação da membrana basilar (Benson, 2008)
O fenómeno psicoacústico do mascaramento auditivo está relacionado com as vibrações da
membrana basilar. Este fenómeno é um processo pelo qual o limiar de deteção de um som aumenta
na presença de um outro som, a máscara. Um som pode então tornar-se inaudível na presença de
outro som. Experiências realizadas por Fletcher em 1940, consistiram na medição do limiar de
deteção de um sinal sinusoidal como função da largura de banda do ruído mascarante (Scharf, 1971).
Para tal, o ruido foi centrado na frequência do sinal e com uma densidade espectral constante. Como
ilustra a figura 2.10, o limiar de deteção do sinal incrementa com o aumento da largura de banda do
ruido até um determinado valor de aproximadamente 75 dB. Um aumento da largura de banda do
ruído mascarante não altera de forma significativa o limiar de deteção do sinal.
12
Figura 2.10: Experiência de mascaramento sonoro realizada por Fletcher (Scharf, 1976)
Fletcher então sugere que o sistema auditivo periférico comporta-se como tivesse uma série de filtros
passa banda sobrepostos. Ao largura de banda partir do qual o limiar de deteção do sinal deixa de
aumentar, Fletcher designou-a de banda crítica (Sharf, 1976). As bandas críticas modelam como o
ouvido e o cérebro realizam a análise espectral. O cérebro descodifica mais facilmente as
informações recebidas na zona apical da membrana basilar onde frequências mais baixas são
descodificadas. Devido a isto as bandas críticas são mais estreitas para as baixas frequências (Nylén,
2000).
O mascaramento sonoro é um fenómeno que ocorre no domínio da frequência. Experiencias
realizadas em 1987 por Alfred Meyer mostraram que um som com elevada intensidade de baixa
frequência diminui a audibilidade dos sons agudos (altas frequências) de baixa intensidade. No
entanto, um som intenso de alta frequência não impede de perceber um som grave de baixa
intensidade. Para chegar ao lugar de ressonância, o um sinal de baixa frequência te de passar pelos
locais de ressonância mais sensíveis às altas frequências (Benson, 2008). Esta interferência afeta a
perceção dos sons de alta frequência. Conclui-se então que os sons de baixa frequência mascaram
melhor os sons de alta frequência.
Para além da frequência, o efeito de máscara ocorre também no domínio do tempo. O mascaramento
temporal ocorre quando o limiar auditivo de deteção de um sinal piora na presença de outro estímulo
sonoro que o precede ou segue, ou seja, a ocorrência deste tipo de mascaramento verifica-se pela
dessincronização temporal da apresentação dos dois sinais (figura 2.11).
O efeito do mascaramento antecipado (forward masking) ocorre quando a máscara precede o sinal.
Este mascaramento pode ocorrer se o intervalo temporal entre a apresentação dos dois sinais for de
20 a 30 ms (Nazaré, 2009).
O efeito do mascaramento atrasado (backward masking) ocorre quando a máscara segue o sinal.
Este sinal pode ser mascarado caso a máscara se inicie em alguns milissegundos até aos 10 ms.
Outros autores referem que este tipo de mascaramento ocorre para intervalos de 50 ms, entre a
13
apresentação dos dois sinais. No entanto a partir dos 25 ms verifica-se uma redução do efeito de
mascaramento (Nazaré, 2009).
Figura 2.11: Mascaramento temporal
2.2 A problemática do ruido
A perceção dos sons no dia-a-dia assume uma grande importância para o bem-estar humano. Os
sons associados à comunicação através da fala, sons de crianças brincando, música, os sons
naturais em jardins são todos exemplos de sons essenciais para a satisfação emocional do ser
humano. Os efeitos adversos do ruído são traduzidos pela mudança morfológica e fisiológica de um
organismo que resulta na redução da capacidade funcional, da capacidade para compensar um
eventual stress adicional e no aumento da suscetibilidade desse mesmo organismo ser afetado pelos
efeitos nocivos associados ao ruído.
A exposição ao ruído proveniente de fontes antropogénicas tais como o ruído associado aos
transportes e às atividades industriais podem levar a uma série de problemas de saúde onde se
incluem a perturbação do sono, a irritabilidade e aumento dos riscos de problemas cardiovasculares.
Deficiência Auditiva: Os danos ao sistema auditivo estão relacionados com a duração e intensidade
do ruído. As consequências fisiológicas resultantes da diminuição da capacidade auditiva traduzem-
se pela paracusia e pelo tinittus. A deficiência auditiva pode trazer consequências sociais
nomeadamente pela incapacidade de perceber discursos (WHO, 1999).
Perturbações do sono: O sono ininterrupto é conhecido por ser um pré-requisito para um bom
funcionamento mental em indivíduos saudáveis. O ruído ambiental é uma das principais causas de
distúrbios do sono. Os distúrbios do sono traduzem-se pela dificuldade em adormecer, a ocorrência
de despertar frequentes e alterações nos estágios do sono (WHO, 1999), especialmente a redução
do sono R.E.M., associado ao movimento rápido dos olhos (Goines & Hagler, 2007).
14
Interferência na comunicação: A poluição sonora interfere com a capacidade para compreender o
discurso normal, podendo originar deficiências pessoais e mudanças comportamentais. Estas incluem
os problemas de concentração, fadiga, a incerteza, a falta de autoconfiança e a irritação (WHO, 1999)
Distúrbios Cardiovasculares: O ruído pode ser um fator de risco para doenças cardiovasculares. A
exposição ao ruido ativam respostas hormonais e nervosas, levando ao aumento da pressão arterial
e da frequência cardíaca. (WHO, 1999).
Distúrbios na saúde mental: Segundo a organização mundial da saúde (WHO), não existe uma
relação de causalidade direta entre o ruido e os distúrbios mental, mas presume-se que o ruído
contribua para a desenvolvimento e intensificação de transtornos mentais. Os distúrbios mentais
traduzem-se pela histeria, neuroses e psicoses (WHO, 1999).
Diminuição da capacidade de execução de tarefas: Os efeitos do ruido no desempenho de tarefas
têm sido alvo de bastantes estudos. A poluição sonora prejudica o desempenho de execução de
tarefas, aumento a frequência dos erros e a consequente diminuição da motivação (WHO, 1999).
2.3 Enquadramento legal
A prevenção e controlo do ruído visando a salvaguarda do bem-estar e a saúde humana constitui
tarefa do estado, nos termos da Constituição da República e da Lei de Bases do Ambiente,
promulgada no ano de 1987. Desde esse ano esta matéria se encontra regulada no ordenamento
jurídico português através da Lei de Bases do Ambiente. A transposição para a legislação nacional da
diretiva europeia nº 2002/49/CE visando a avaliação e gestão do ruído ambiente trouxe implicações
para a legislação nacional onde esta foi sujeita a alterações e ajustamentos de modo a estar
harmonizada com as orientações presentes na diretiva europeia (DL 9/2007).
O regulamento geral do ruído é aplicável às atividades ruidosas temporárias e permanentes, ao ruido
de vizinhança e às fontes de ruído suscetíveis de causar incomodidade. Neste mesmo regulamento é
atribuída a competência aos municípios no que diz respeito à elaboração de planos de ordenamento
do território, à classificação e delimitação das zonas mistas e sensíveis (DL 9/2007).
De acordo com o regulamento geral do ruído, uma zona sensível é descrita como uma “área definida
em plano municipal de ordenamento do território como vocacionada para uso habitacional, ou para
escolas, hospitais ou similares, ou espaços de lazer, existentes ou previstos, podendo conter
pequenas unidades de comércio e de serviços destinados a servir a população local tais como cafés
e outros estabelecimentos de restauração, papelarias e outros estabelecimentos de comercio
tradicional sem funcionamento no período noturno”. Em contraste, uma zona mista é uma “área
definida em plano de ordenamento do território, cuja ocupação seja afeta a outros usos, existentes ou
previstos, para além dos referidos na definição de zona sensível” (DL 9/2007). Os valores limite de
15
exposição ao ruído variam de acordo com a classificação da zona e com a existência ou não na
proximidade de uma grande infraestrutura de transporte.
Tabela 2.1: Valores de exposição ao ruído em função da classificação da zona
Classificação da zona Lden Ln
dB(A)
Zona sensível 55 45
Zona mista 65 55
Os valores acima tabelados são na sua essência, indicadores de ruído para diferentes períodos de
referência. Estes períodos definem o intervalo de tempo associado ao indicador de ruído.
Tabela 2.2: Indicadores de ruído e períodos de referência
Indicador de ruído Período de
referência Início Término
Ld Diurno 7h 20h
Le Entardecer 20h 23h
Ln Noturno 23h 7h
O indicador Lden quantifica o incómodo global associado ao ruído e é calculado pela expressão:
(4)
16
3. Paisagens sonoras
3.1 O conceito de paisagem sonora
Os estudos das paisagens sonoras tiveram início nos finais dos anos 60 (Schafer, 1977). O grupo de
pesquisa World Soundscape Project liderado por Murray Schafer dedicou-se ao estudo do ambiente
sonoro e à influência da tecnologia nas paisagens sonoras (Westerkamp & Morita, 1991).
É no livro “The Tuning of the World”, publicado em 1977 que Schafer define o conceito de paisagens
sonoras. Segundo o autor, a paisagem sonora define como o conjunto de sons ouvidos, englobando
os sons de natureza agradável ou desagradável (Schafer, 1977). Como músico e compositor, os
primeiros trabalhos de Schafer basearam-se relações entre o ouvido, as pessoas e os ambientes
sonoros (Kang, 2007). Segundo Schafer (1977), a análise da paisagem sonora permite “aperfeiçoar a
orquestração”, ou seja, somente uma apreciação global do ambiente acústico dá-nos a possibilidade
e sentido de responsabilidade de melhorar o ambiente acústico que nos rodeia.
As paisagens sonoras podem ser classificadas com base num conceito largamente aplicado na área
das telecomunicações que é a razão sinal/ruído (Schafer, 1977). Esta razão pode ser favorável ou
desfavorável quando para uma determinada potência de sinal, a potência do ruido de fundo é
respetivamente menor ou maior quando comparada com a anterior, ou seja, uma razão superior a 1:1
indica literalmente mais sinal que ruído. A partir deste conceito, Schafer (1977) relacionou-o com as
paisagens sonoras atribuindo a classificação de hi-fi e lo-fi. Uma paisagem sonora é hi-fi quando as
diferentes componentes sonoras podem ser distinguidas devido ao baixo ruído ambiental. Pelo
contrário, quando é impossível separar as componentes sonoras do ambiente acústico estamos
perante uma paisagem sonora lo-fi. Schafer (1977) se dedicou a estudar as mais diferentes
paisagens sonoras, tornando-se um crítico da poluição sonora da sociedade industrializada. Schafer
(1986) adverte que todos os sons compõem as possibilidades de abrangência da música, sugerindo
uma "escuta pensante" para tornar os ambientes sonoros menos poluídos e mais agradáveis
Segundo Brown (2011), central ao termo de paisagem sonora encontra-se a perceção e
compreensão do ambiente acústico pelo individuo ou sociedade. A paisagem sonora existe através
perceção humana, mas sempre dentro de um contexto de um determinado momento, lugar ou
atividade (Brown, 2011). Com base na definição de paisagem estabelecida pela Convenção Europeia
da Paisagem, Brown (2011) sugere uma nova definição efetiva para a paisagem sonora onde esta
representa o ambiente acústico de um lugar ou de uma área, percebido pelas pessoas e cujo caráter
é o resultado da ação e interação de fatores naturais e humanos.
17
3.2 A Paisagem sonora urbana
As cidades são espaços onde existe uma diversidade de eventos sonoros. Entre os sons que
dominam a paisagem sonora urbana, os sons em vias de extinção e os sons desaparecidos, as
cidades incluem um infindável conjunto de sonoridades (Fortuna, 1999). No meio da entropia sonora
urbana, os sons caracterizam-se pela ambiguidade, efemeridade e sem identidade única mas antes
com várias identificações (Fortuna, 1999).
Do ponto de vista global e local, as paisagens sonoras urbanas estão relacionadas no espaço e no
tempo (Raimbault & Dubois,2005). Elas evoluem ao longo da história e ao longo do dia. Em termos
históricos, na era da revolução industrial houve uma transição na qualidade sonora das cidades,
dando originando à perda dos sons da natureza ou da vida pré urbana sendo estes substituídos por
sons artificiais gerados pelas indústrias. Ao longo do dia, o ambiente sonoro citadino pode ser mais
agitado nos períodos de ponta ou mais calmo nos períodos noturnos.
Cada país ou cidade tem a sua própria paisagem sonora (Bento Coelho, 2010). Em cidades onde o
ambiente sonoro prima pela tranquilidade pode ser interpretada como monótona e desinteressante
por parte de cidades cujo clima seja mais quente ou ameno. Apesar do ruído ser parte integrante da
composição sonora das cidades, é também interpretado como um indicador de poder económico
(Schafer, 1977; Bento Coelho, 2010). No entanto isto pode ser subjetivamente interpretado pelos
cidadãos como um fator positivo e não negativo da paisagem sonora pelo fato do ruído estar também
associado a uma cidade ativa, próspera e dinâmica.
Dado que as paisagens sonoras das cidades são singulares, Amphoux (1993) desenvolveu o
conceito de assinatura sonora definida como um som ou conjunto de sons que caracterizam um
determinado espaço ou tempo e de certa maneira conferem-lhe “autenticidade”. Segundo Amphoux
(1993), existem três tipos de assinatura sonora que são o Emblema Sonoro, o Som Cliché e o Som
Postal. O Emblema Sonoro refere-se a um conjunto de sons que, codificados socialmente, são
reconhecidos por toda a gente. O Som Cliché encontra-se referente ao som ou a um conjunto de
sons que implicam uma codificação coletiva e estão associados a um grupo social particular sendo
somente reconhecidos pelos habitantes locais. O Som Postal refere-se a uma organização complexa
de sons, dos quais as características dão a sensação de tocar na essência da cidade (Amphoux,
1993).
18
3.4 Os espaços verdes no ambiente urbano
A necessidade de espaços verdes é uma consequência da evolução que as cidades têm sofrido ao
longo do tempo. Foi a partir da era da revolução industrial, que surgiu o conceito de espaço verde
urbano definido como um espaço com o objetivo de replicar a presença da natureza no meio urbano
(Magalhães, 1992). Posteriormente, nas cidades mais industrializadas surge o conceito de pulmão
verde, ou seja, o espaço verde com uma dimensão para produzir o oxigénio suficiente para
compensar as atmosferas poluídas (Magalhães, 1992).
Nos primórdios do seculo XX surgiu a teoria do continuum naturale, baseada na necessidade da
penetração da paisagem natural na cidade, assumindo diversas formas e funções (Nigro & Carvalho,
1993). A concretização da teoria supracitada traduz-se pela criação de novos espaços verdes, na
reabilitação e recuperação das mesmas e estabelecendo a ligação entre esses espaços através de
“corredores verdes”. Esta lógica é ainda hoje mantida. Cada vez mais, os espaços verdes urbanos
assumem uma maior importância nas políticas municipais, procurando uma lógica de perpetuação do
dinamismo e vivacidade de todo o tecido urbano (Nigro & Carvalho, 1993).
São bem conhecidas as funções dos espaços verdes urbanos e alguns autores reconhecem a sua
importância (Bilgili & Gokyer, 2012; Balogh & Takács, 2011). Os espaços verdes urbanos na qual
estão inseridos os jardins e parques púbicos desempenham diversas funções que atuam no ambiente
e na sociedade de forma positiva. Habitualmente associada às áreas verdes é a função social e
recreativa onde se incluem a atividade física, jogos, caminhada e a contemplação do ambiente
natural que estes espaços proporcionam (Gonçalves & Carvalho, 2008). No que diz respeito às
funções culturais e pedagógicas, os espaços verdes desempenham um papel fundamental na
disseminação e estimulação do contato da população com a biodiversidade. A contemplação da
vegetação urbana existente nos espaços verdes pelos visitantes possibilita a perceção da evolução
das estações que se traduzem pela queda de folhas, na alteração das cores das folhas, entre outros
(Carvalho, 2009).
As principais funções dos espaços verdes urbanos a nível ambiental consistem na regulação do clima
local (Bolund & Hunhammar, 1999; Baró et al., 2014) e na regulação da concentração de poluentes
atmosféricos (Ali, 2013; McPherson, 1998; Nowak et al., 2006).No entanto a capacidade da regulação
da poluição atmosférica está dependente das características da vegetação existente (Bolund &
Hunhammar, 1999). Em relação à regulação da temperatura, espaços verdes desempenham um
papel na amenização da temperatura ao intervir na convecção de calor, na transmissão da radiação e
na infiltração do ar (Carvalho, 2009). Dadas as propriedades termorreguladoras, estes espaços
desfavorecem a intensificação do efeito da “ilha de calor urbano” (Bolund & Hunhammar, 1999).
É importante realçar o contributo destes espaços para a redução dos níveis de ruído provenientes do
trafego rodoviário e de atividades ruidosas (Andersson et. al, 1984). A vegetação atua com uma
barreira acústica atenuando o ruído. A capacidade que a vegetação tem na redução do ruido está no
entanto dependente da sua extensão, densidade e altura. (Cook & Haverbeke, 1977). A interação
19
entre as características visuais e acústicas da vegetação urbana, poderão ser importantes
determinantes na resposta humana ao ruído característico das cidades. (Andersson et al., 1984).
Menos evidentes mas importantes são os benefícios económicos proporcionados pelos espaços
verdes urbanos (Fonseca et al., 2010). Pela presença destes espaços, surgem benefícios diretos
como as mais-valias fundiárias, consequentes da valorização ambiental (Fonseca et al., 2010). Os
benefícios indiretos são complexos de quantificar e corresponde ao impacto económico das funções
ambiental e social. Estes benefícios quando comparados com os benefícios diretos, produzem
resultados infinitamente mais importantes para o homem (Hildebrand, 2001).
Os espaços verdes são de extrema importância pois valorizam de forma estética, ambiental e cultural
o espaço urbano. As diferentes alterações que a vegetação sofre durante o ano enriquecem a cidade
proporcionando dinamismo e diversidade,
20
3.5 Experiência internacional – Casos de estudo
Planeamento sonoro urbano em Brighton & Hove
Este estudo realizado por Easteal et al. (2014) visou a implementação de algumas das estratégias
locais para o planeamento sonoro urbano, implementado pelo conselho municipal de Brighton &
Hove. Neste estudo são apresentados cinco casos práticos.
No projeto de Valley Gardens, o som foi utilizado como um recurso e não como um resíduo de áreas
mal concebidas. Este projeto procurou minimizar o ruído intrusivo e indesejado e ao mesmo tempo
introduzir novos sons agradáveis.
A zona de West Street foi premiada devido a iniciativas relacionadas com a segurança. No entanto
havia a necessidade de abordar o aspeto do ruído, tendo o cuidado de não prejudicar a atmosfera
apreciada pelos visitantes dessa zona da cidade. Para tal, foram encomendados estudos de arte
sónica. Este projeto envolveu um esforço conjunto entre o conselho municipal, os artistas, os
residentes locais e os responsáveis da área do ambiente. O projeto piloto consistiu numa paisagem
sonora imersiva em 3D para melhorar o comportamento e segurança pública na zona de West Street.
Para o projeto de Brighton Beach Tunnel foi testada a viabilidade de fazer uma intervenção baseada
na música no período noturno. A par desta intervenção, foram recolhidos dados preliminares sobre o
efeito que música tem nos comportamentos sociais. Um sistema de reprodução de música foi
instalado dentro do túnel, bem como três câmaras de vigilância. No final da experiência, não foram
verificados atos de vandalismo nos equipamentos.
O projeto de Bartholomew Square Alleyway partiu para combinar a tecnologia de som e luz para
melhorar o ambiente e aumentar a segurança. Este beco encontrava-se em mau estado de
conservação. No âmbito do presente projeto, o local foi então sujeito a uma completa remodelação. A
iluminação foi concebida para eliminar áreas escondidas e foi também instalado uma “escada de
luzes”. Esta escada tem a característica única de ser definida para iluminar a área com uma
determinada intensidade e incorporar sensores que intensificam a luz e "seguem" uma pessoa
percorrendo o túnel. Foi também instalado um sistema de altifalantes projetando uma diversidade de
géneros musicais. Os resultados de quatro anos após a remodelação deste local mostraram que este
é raramente vandalizado e atrai comentários positivos por parte dos residentes locais.
Para a zona de Providence Gardens foi elaborado um projeto denominado “Common Room”. Neste
projeto são fornecidos uma série de mudanças físicas e ambientais. Estas mudanças tiveram como
objetivo a preservação da tranquilidade do espaço, criando oportunidades para a interação social.
Foram realizadas por equipas da câmara de Brighton dois estudos sobre a paisagem sonora do local
em estudo referentes aos anos de 2011 e 2012. A redução dos veículos automóveis na área após a
introdução de restrições de peso e a suspensão do estacionamento teve um impacto significativo na
redução dos níveis de ruído. Dado que o estudo de 2011 centrou-se fortemente sobre o ruído de
21
tráfego rodoviário, o estudo de 2012 concedeu a este aspeto um menor destaque. Em parte do
resultado do ruído de tráfego rodoviário reduzido, no estudo de 2012 foi observado um maior nível de
sons associados à atividade humana, sendo apreciados de forma positiva por parte dos cidadãos.
As experiências práticas realizadas mostraram como a abordagem de paisagem sonora pode ajudar
a mitigar o comportamento antissocial e promover a segurança bem como a qualidade de vida
através da sua capacidade de causar um impacto positivo no bem-estar psicológico e fisiológico dos
cidadãos. Segundo os autores do presente estudo, há uma necessidade de complementar a
abordagem atual para a avaliação do ambiente acústico com o planeamento sonoro urbano.
Planeamento este que reconhece os aspetos positivos do ambiente acústico.
Os jardins sónicos de Itália
O estudo elaborado por Licitra et al. (2010), foi baseado nas experiências relacionadas com o
melhoramento das paisagens sonoras dos jardins e parques públicos, com base na instalação de
sistemas áudio inteligentes e interativos, capazes de mascarar o ruído. O sistema de geração sonora
artificial compreende fontes de som (altifalantes) inovadoras capazes de suportar, as condições hostis
ao ar livre.
A primeira etapa consistiu na análise da paisagem sonora dos locais em estudo, envolvendo a
participação de diferentes profissionais tais como urbanistas, especialistas em acústica, psicólogos e
sociólogos. O plano de ação foi baseado na geração de sons artificiais positivos, capazes de
restaurar e reconstruir as paisagens sonoras degradadas pelo ruído. As colunas de som foram
especificamente desenvolvidas e produzidas para se tornarem parte integrante contexto existente, do
ponto de vista paisagístico e arquitetural.
No que diz respeito à geração artificial de sons, o software utilizado processa em tempo real, as
faixas sonoras. Estas são escolhidas de modo a maximizar a eficácia do mascararamento do ruído. O
software não funciona como um processo de controlo ativo de ruído, mas adiciona uma pequena
quantidade de energia para o ambiente sonoro existente fazendo aumentar o nível sonoro e
reduzindo a irritação percebida em relação ao ruído. Os princípios aplicados para a geração dos sons
artificiais são o mascaramento espectral e informativo. As faixas sonoras inseridas no banco de
dados são específicas para um determinado local. Esta especificação foi baseada numa
caracterização prévia das áreas em estudo.
Os resultados da avaliação da experiência realizada no jardim sonoro de "La Limonaia
dell'Imperialino" foram significativos na demonstração e validação do aumento do conforto acústico
nas áreas em que foram empregados os sons artificiais. Foram realizados inquéritos destinados aos
visitantes do jardim de que confirmaram a agradabilidade e o melhoramento do conforto acústico.
As experiências recentes mostram que existe um grande potencial para a abordagem da paisagem
sonora artificial como ferramenta para restaurar locais acusticamente degradados.
22
Da paisagem sonora para o redesenho arquitetural de um espaço público
Num estudo realizado por Schulte-Fortkamp et al. (2014) foi aplicada a abordagem da paisagem
sonora com o objetivo de contribuir para a regeneração de áreas urbanas. O mesmo estudo aborda
um caso prático realizado na zona histórica da cidade de Perugia, em Itália.
A primeira etapa do estudo foi dedicada à avaliação da paisagem sonora do centro histórico da
cidade de Perugia. Para a realização do passeio sonoro, foram criados dois grupos constituídos por
seis pessoas. Estes grupos fizeram o percurso em sentidos opostos. Durante o passeio sonoro, os
participantes pararam em determinados locais pré estabelecidos e foram convidados a examinar a
paisagem sonora local, anotando, in situ, as suas impressões e avaliações.
Para além da do passeio sonoro foram realizadas nos locais de paragem, gravações binaurais de três
minutos. Durante esses minutos, os participantes tiveram que ficar em silêncio tentando focar nos
sons do ambiente envolvente. Foram também tiradas fotografias panorâmicas nesses locais, a fim de
obter uma imagem representativa da atividade realizada pelos participantes.
A figura seguinte sintetiza os resultados dos inquéritos realizados pelos participantes.
Figura 3.1: Resultado dos questionários para os seis locais (Schulte-Fortkamp et al., 2014)
As fontes de sonoras indicadas pelos participantes foram agrupadas em três categorias principais
(sons mecânica, sons humanos e sons naturais). Verificou-se que o local mais silencioso, mais
relaxante e menos irritante é Giardini Carducci, onde se registou o menor nível de pressão sonora. Os
locais de Corso Vannucci e Piazza IV Novembre foram considerados os locais mais agradáveis e
vibrantes, apesar dos níveis de pressão sonora atingirem 64 dB(A). O local de Piazza Fortebraccio foi
avaliado como a praça com o nível de pressão sonora e com o parâmetro psicoacústico “Loudness”
mais elevado.
23
Piazza Danti foi local escolhido para o projeto dentro do centro histórico da cidade de Perugia. Esta
praça não constitui um dos seis locais onde foram relizadas as gravações binaurais, apesar de estar
inserido no caminho do passeio sonoro. A seleção deste local foi baseado nos resultados do projeto
"Magica Bula", realizado pelo Município de Perugia, que visa definir estratégias de intervenção e
planeamento para melhorar a habitabilidade do centro histórico da cidade através da opinião dos
cidadãos. Alguns dos problemas que este local apresentava eram os os barulhos durante a noite,
especialmente no verão devido à presença de bares e lojas. A circulação dos veículos era fortemente
afetada, principalmente no verão e nos feriados, quando a praça estava cheia. Por fim a má utilização
do espaço público e a falta de atenção para as estradas secundárias do centro tornaram-se locais de
tráfico de drogas e vandalismo.
Foram realizados levantamentos arquitetónicos que permitiram capturar todos os elementos da praça.
As medições acústicas foram realizadas por meio um sonómetro instalado numa caixa na praça de
Piazza Danti durante um fim-de-semana primaveril.
Os resultados mostraram a legitimidade das queixas expressas no projeto "Magica Bula". Os níveis
sonoros durante a noite chegam a atingir um nível de pressão sonora na ordem dos 75-78 dB(A),
maioritariamente gerados pelas vozes das pessoas que frequentam os bares e clubes da praça.
Com base nos constrangimentos detetados, as estratégias de intervenção visaram conceção de uma
nova configuração para praça, dando enfase ao design do sistema do mobiliário, à integração da
paisagem sonora atual com novos sons de acordo com a nova função da praça e á proteção dos
residentes de sons indesejados durante o período noturno. A praça foi dividida em quatro áreas
distintas com diferentes propósitos (Figura 3.2).
Figura 3.2: Projeto de intervenção na praça Piazza Danti (Schulte-Fortkamp et al., 2014)
Quer os resultados e a metodologia aplicada no presente estudo mostraram a importância papel do
planeamento integrado e da participação pública, cuja interação torna-se extremamente importante
nos processos recentes de desenvolvimento urbano. Segundo os autores do estudo, o projeto
acústico deve ser incluído nas abordagens de gestão integrada do planeamento urbano.
24
As paisagens sonoras dos parques públicos da cidade de Belém
Um estudo realizado por Bento Coelho e Lobo Soares (2011), visou a investigação da paisagem
sonora de quatro parques públicos na cidade de Belém. Os quatro parques foram estudados durante
a semana e aos fins-de-semana, a fim de identificar variações nas suas paisagens sonoras. Foram
realizadas medições de acústicas juntamente com a medição dos parâmetros meteorológicos, tais
como temperatura, a humidade e a velocidade do vento. Foram também realizadas passeios sonoros
em todos os parques, quer nos dias úteis quer aos fins-de-semana.
No jardim Rodrigues Alves, o ruído do tráfego das ruas envolventes foi dominante nos locais onde
foram realizadas as medições tanto nos dias de úteis como nos fins-de-semana. Os sons dos insetos
e de pequenos pássaros urbanos destacaram-se na paisagem sonora global do jardim.
No parque Zoobotânico, para além do ruído do tráfego rodoviário, ouviram-se sons das sirenes das
ambulâncias, dos bombeiros e da polícia, bem como os sons associados às obras de construção. Os
marcos sonoros deste parque eram os sons produzidos pela maquinaria utilizada nas obras de
construção. Verificou-se que os grupos escolares que visitam o jardim emitiam níveis sonoros mais
elevados que os sons produzidos pelos animais.
Praça da República a paisagem sonora é dominada pelo ruído do tráfego rodoviário. Aos domingos,
esta praça recebe muitos visitantes para fins de lazer.
Na praça Batista Campos, verificou-se a dominância do ruído de trafego rodoviário. Nos fins-de-
semana, aparecem outras componentes sonoras associadas aos sons humanos (crianças a brincar)
e sons tecnológicos (festivais de musica eletrónica) As áreas melhor insonorizadas em relação ao
ruido estão localizadas sob as árvores localizadas perto das fontes de água.
Este estudo permitiu concluir que os quatro parques são afetados por ruído de tráfego rodoviário. Foi
verificado que os níveis de ruído excedem os valores recomendados pela legislação brasileira. A
presença sons associados aos serviços de manutenção efetuados nos jardins contribuíram de forma
negativa para paisagem sonora dos jardins. Concluiu-se que a parede exterior do parque Zoobotânico
com de 3 a 4 metros de altura, funciona como uma barreira acústica eficaz. Os resultados mostraram
que os níveis de ruído no perímetro dos parques são muito mais elevados que nas áreas centrais. A
vegetação densa e a presença de animais selvagens em cativeiro atraem muitos pássaros urbanos,
aumentando assim a qualidade do ambiente acústico. Também a presença de elementos naturais
nos parques contribui para reduzir a perceção do ruído de tráfego rodoviário, criando ambientes
sonoros mais agradáveis.
Contextos dominantes que afetam a perceção da paisagem sonora
Um estudo social realizado por Yeon (2009), teve como objetivo o aprofundamento dos
conhecimentos em relação aos fatores dominantes que afetam a perceção das paisagens sonoras
25
urbanas. Para este estudo foram selecionados dez locais onde cada um apresentava características
distintas em relação à configuração das estradas, à disposição das edificações, à vegetação, entre
outros.
Foram estudadas as paisagens sonoras urbanas de cada local com base em inquéritos para a
avaliação do ambiente sonoro e da paisagem visual. A primeira secção do inquérito visava a
obtenção da impressão geral e da preferência das condições físicas da paisagem sonora. A segunda
parte do inquérito pretendia que os participantes descrevessem o marco sonoro bem como a escolha
do som preferido (baseado nos sons audíveis no local). Na terceira parte do inquérito foram utilizadas
doze escalas semânticas para descrever a qualidade da paisagem sonora. Na quarta e última secção
do inquérito visou a descrição do próprio participante (idade, género), a frequência com que visitam o
local e a sensibilidade ao ruído.
Um total de 300 pessoas participaram neste estudo. A maior proporção etária dos participantes
situou-se entre os 30 e os 40 anos. Em relação à impressão geral, verificou-se que os locais 4, 7 e 9
mostraram classificações mais elevadas. Somente o local 8 apresentou a classificação mais baixa. O
local 9 mostrou a mais elevada classificação para o conforto acústico e o local 7 foi avaliado como a
paisagem sonora urbana com o menor conforto acústico. Foram medidos para cada local, os níveis
de pressão sonora com uma duração uniforme de três minutos. Estas medições mostraram elevada
correlação com o conforto acustico mas pelo contrário verificou-se uma baixa correlção entre os
níveis sonoros e a impressão geral indicando que a percepção da sonoridade urbana é independente
do nível de pressão sonora, mas é afectada pelos contextos visuais.
Com base nos reultados obtidos foi relizado um agrupamentos hierárquicos das paisagens sonoras.
Do ponto de vista sonoro, o grupo A foi considerada como a paisagem sonora concebida. O grupo B
foi considerado como “Projeto Alvo” e o Grupo C foi designado como monumento natural.
Em termos de correlação com a impressão geral, para o grupo A, o conforto acústico, a iluminação
natural e a imagem visual estiveram correlacionados com a impressão geral. Somente conforto
acústico e a iluminação natural estiveram correlacionados com impressão geral no caso do grupo B.
A impressão geral do Grupo C foi correlacionado apenas com iluminação natural.
Figura 3.3: Coeficientes de correlação entre a impressão geral e os contextos (Yeon, 2009)
Foi efetuado uma organização dos marcos sonoros com base na sua natureza. Em relação ao grupo
A, os marcos sonoros são de origem tecnológica, correspondendo aos sons do tráfego rodoviário. Os
marcos sonoros presentes no grupo B também foram de natureza artificial onde predominaram os
sons do tráfego rodoviário. No grupo C, o marco sonoro dominante foi o vento.
26
Figura 3.4: Agrupamento dos marcos sonoros (Yeon, 2009)
A análise e agrupamento dos marcos soros mostraram que as características daa classificação dos
grupos pode ser explicada pelos seus marcos sonoros.
Em relação aos resultados do teste semântico das paisagens sonoras foram obtidos doze adjetivos
agrupados por análise fatorial. O primeiro grupo (Component 1) continha os adjetivo relacionados
com o conforto, variação temporal e com a altura do som (loudness). Os adjetivos do segundo grupo
(Component 2) encontravam se relacionadas com os aspetos espaciais. A variância total foi explicada
respetivamente em 64% e 15% pelos grupos 1 e 2.
Os resultados do estudo mostraram que as paisagens sonoras podem ser classificadas de acordo
com a avaliação dos contextos e pelos marcos sonoros.
27
4. Metodologia
4.1 Metodologia geral
Para melhor compreender a influência das fontes sonora que compõem a paisagem sonora e também
para ver se os níveis sonoros dos parques são elevados ou não, foram efetuadas medições acústicas
nos jardins.
A paisagem sonora dos espaços verdes encontra-se carregada de informação. A perceção dessa
informação por parte dos visitantes é subjetiva. Para perceber como a informação sonora e visual
afetam a perceção pessoas, foram realizados inquéritos direcionados aos visitantes dos jardins.
É sabido que certos sons podem baixar o limiar de audibilidade de outros sons. Para compreender
melhor este fenómeno e para testar de forma subjetiva a metodologia desenvolvida por Boubezari et
al. (2011) com vista a mapear a paisagem sonora. Para tal foram realizados testes de mascaramento
das fontes sonoras audíveis nos jardins.
4.2 Análise acústica objetiva
Os equipamentos utilizados no trabalho de campo relativos às medições acústicas nos jardins
constaram de um:
- Sonómetro da Brüel & Kjær, modelo 2260 Investigator, classe de exactidão 1.
- Tripé da Manfrotto, modelo 190XPROB.
O procedimento adotado para as medições acústicas foram os seguintes:
- Foram tomadas em consideração as condições meteorológicas, sendo impossível a
realização das medições acústicas em dias de precipitação pelo fato da chuva dar origem a ruídos
espúrios. Pela mesma razão optou-se também pela não realização das medições em dias com
elevada intensidade do vento.
- Devido à sazonalidade diária em termos da emissão de determinadas fontes sonoras
localizadas dos jardins, as medições acústicas foram realizadas no período compreendido entre as
11:00h e as 17:00h.
- Para todos os jardins, todas medições acústicas foram sujeitas a um levantamento
fotográfico para memória futura e descrição.
- No decorrer de todas as medições acústicas, foram registados por escrito todos os eventos
sonoros que foram ouvidos.
28
- Para todas as medições acústicas o sonómetro, assente sobre o tripé, foi posicionado a 1,5
metros acima do solo pelo fato do valor referido corresponder à altura média do ouvido humano. Foi
tida em consideração a colocação do tripé de modo não prejudicar a circulação dos visitantes.
- Os locais de medição foram escolhidos estrategicamente, com vista a medir os sons de
determinadas fontes sonoras existentes nos jardins (parque infantil, fonte de água, entre outros).
As medições acústicas foram pausadas aquando da passagem dos aviões pelo fato do ruído
emitido pelas aeronaves mascararem de forma parcial ou total as fontes sonoras localizadas dos
jardins.
Com base nas medições acústicas e na contagem de veículos, foram elaborados mapas de ruído
com o auxílio do software de cálculo e modelação acústica CadnaA. A metodologia para a elaboração
dos mapas seguiu as recomendações do documento “Directrizes para elaboração de mapas de ruido”
de 2011 elaborada pela Agência Portuguesa do Ambiente.
Aquando da modelação computacional, o método de cálculo utilizado para fontes sonoras pontuais foi
baseada na norma ISO 9613-2. Para fontes sonoras cilíndricas como é o caso do trafego rodoviário
foi utilizado o método de cálculo francês «NMPB-Routes-96». Para o cálculo foi estipulado uma malha
de 2x2 metros e uma altura do ponto de avaliação de 1,5 metros. Os níveis sonoros estão
legendados por cores sendo ligeiramente diferente em relação ao exemplo que consta no documento
supracitado elaborado pela Agência Portuguesa do Ambiente.
4.3 Análise subjetiva
4.3.1 Inquéritos
Um inquérito é uma ferramenta para a recolha e registo de informações sobre um determinado
assunto de interesse. É composta principalmente de uma lista de perguntas, mas também deve incluir
instruções claras e espaço para as respostas. Existem dois tipos de perguntas que são normalmente
empregues nos questionários que são as perguntas de resposta aberta e fechada.
Estas diferenciam em várias características, especialmente no que diz respeito ao papel dos
inquiridos no momento de responder a essas questões.
As perguntas de resposta fechada limitam o inquirido a um conjunto de respostas fornecidas
enquanto que as perguntas de resposta aberta permitem que o inquirido tenha liberdade de resposta,
sem a influência do investigador (Reja et al., 2003). Dentro das questões de resposta fechada,
existem as questões de resposta dicotómica, que apresentam apenas duas opções de resposta, de
caráter bipolar.
As vantagens das perguntas de resposta aberta incluem a possibilidade de obter respostas
espontâneas, evitando o enviesamento causado por respostas sugeridas. Estas perguntas também
29
têm as suas desvantagens tais como a onerosidade e a dificuldade em sistematizar a informação
(Chagas, 2000).
As perguntas de resposta fechada apresentam maior objetividade e facilidade na sistematização da
informação (Chagas, 2000). Para as respostas de perguntas fechadas existe a possibilidade incluir
escalas de avaliação que poderão ser numéricas ou verbais. As escalas verbais são necessárias
quando se pretende uma maior clareza e transparência na comunicação. As escalas numéricas são
aplicadas para o controlo da consistência da resposta do inquirido num assunto importante (Dias,
2012). A escala Likert é um tipo de escala psicrométrica utilizada em questionários. A utilização desta
escala permite aferir o grau de concordância do inquirido em relação a um determinado assunto.
Foi utilizado um sistema de entrevistas individuais e pessoais nos três jardins onde o processo de
seleção dos entrevistados foi aleatório, não tendo sido realizadas entrevistas a menores de 18 anos e
a turistas. Não existe uma sincronização temporal entre medições acústicas e a realização dos
inquéritos socio-acústicos. Para garantir a representatividade dos resultados, todas as entrevistas
foram realizadas no mesmo período horário das medições acústicas. Devido à disponibilidade dos
próprios entrevistadores as entrevistas foram realizadas de forma independente. Os entrevistados
foram abordados durante a sua estadia no jardim, sendo-lhes solicitado para que voluntariassem e
contribuíssem para pesquisa. Precedendo ao início de cada inquérito foi informado ao entrevistado
que a pesquisa pretendia analisar a qualidade geral do jardim evitando assim, respostas induzidas
(Szeremeta, 2010). Pelo fato do termo ruído dotar de uma conotação negativa, este foi substituído
pelas palavras som e sons de modo a preservar a neutralidade das respostas dos entrevistados.
Estruturalmente o questionário encontra-se dividido em três partes distintas. A primeira parte é
constituída três questões de resposta fechada, dedicada ao estudo da frequência de visita, do tempo
de permanência e o motivo com que as pessoas visitam o jardim.
a) Com que frequência você utiliza este parque?
b) Quanto tempo você costuma permanecer no parque?
c) Qual o motivo da sua visita/estadia?
A segunda parte do inquérito visou estudar a qualidade geral do jardim. Esta secção contempla no
total quatro questões que se dividem em duas perguntas de resposta fechada (1,2) e duas perguntas
de resposta aberta (3,4).
1 - Em termos de infraestrutura e instalações, como você avalia este parque?
2 - Em termos de beleza (estética visual), como você avalia a paisagem deste parque?
3 - Qual o aspeto mais agradável deste Parque?
4 - Qual o aspeto mais desagradável deste Parque?
30
A terceira parte do questionário teve como objetivo o estudo da perceção sonora da parte dos
visitantes do jardim. Esta secção é constituída por sete questões onde seis destas são de resposta
fechada (5,6,7,8,9,10) e uma questão mista (11).
5 - Até que ponto você ouve os cinco tipos de sons presentes neste parque:
6 - Quais desses sons você considera agradáveis
7 - Quais desses sons você considera desagradáveis?
8 - Como você avalia o ambiente deste parque em termos de volume do som?
9 - Este volume lhe incomoda?
10 - Como você avalia o ambiente deste parque em termos de tranquilidade?
11 - A qualidade sonora muda no momento em que você entra ou sai do Parque? Em que
aspeto?
A última secção do questionário é dedicada à identificação do entrevistado onde são requisitadas
informações relativo ao género, à ocupação (Estudante, Trabalhador, Outros), à escolaridade
(Primaria (P), Secundária (S) e Universitária (U)), á idade e ao local de residência. A secção em
questão foi colocada de propósito na parte final do questionário para evitar a rejeição antecipada dos
inquiridos.
4.3.2 Níveis de Mascaramento
4.3.2.1 Testes preliminares dos gravadores digitais
Foram realizados no dia 20 de Março de 2015, testes preliminares com dois gravadores digitais
estéreos da marca Tascam, modelo DR-08, nos jardins do Infantário do Instituto Superior Técnico e
na Avenida Rovisco Pais.
Figura 4.1: Gravador de som Tascam DR-08
O objetivo destes testes consistiu na identificação da melhor configuração para os equipamentos,
tendo em conta as gravações nos jardins. Foram verificados aspetos como o formato mais adequado
no que diz respeito à qualidade, a taxa de amostragem (sampling rate), a posições dos microfones
31
para melhor captação do som ambiente e o nível de sensibilidade (controle do ganho) do pré
amplificador dos equipamentos.
Foram efetuadas nestes espaços 10 gravações de 30 segundos cada, as quais foram transferidas
para o computador e em seguida analisadas no laboratório do CAPS. As melhores respostas
comparadas apontaram para a seguinte configuração dos gravadores.
- Gravação na configuração PCM (Pulse code modulation);
- Posição do microfone direito e esquerdo, abertos;
- Controlo do ganho do pré amplificador na posição “High”;
- Taxa de amostragem definida em 96 kHz;
4.3.2.1 Calibração dos gravadores digitais em laboratório
Definidas as configurações ideais, partiu-se para a calibração dos mesmos na câmara anecóica do
laboratório do CAPS / IST, visando estabelecer um valor de referência em decibéis, para posterior
comparação com os resultados obtidos nas gravações nos parques.
Na calibração realizada na câmara anecóica no dia 24.03.2015, o valor de referência foi arbitrado em
60 dB(A), pelo fato de ser esta a média encontrada nos parques em investigações anteriores (Lobo
Soares & Bento Coelho, 2011; Lobo Soares et al., 2012). Para realização desta experiência foram
utilizados os seguintes equipamentos:
- um sonómetro da Bruel&Kjaer modelo Investigator 2260;
- um gravador de som da Tascam, modelo DR-08;
- dois tripés da Manfrotto, modelo 190XPROB;
- um amplificador de potencia Luxman, modelo MQ830;
- uma coluna de som da Acutron;
- um gerador de sinais da Krohn-Hite, modelo 1400A;
O procedimento constou da emissão e elevação da intensidade de um sinal sinusoidal de 1KHz até o
momento em que o sonómetro registou o valor instantâneo do nível de pressão sonora de 60dB(A).
Quando foi atingido esse valor, foi efetuada uma gravação com uma duração de 30 segundos. Ambos
os equipamentos (gravador e sonómetro) estavam alinhados a 1,2 metros de distância das colunas
de som.
32
4.3.2.2 Gravações sonoras
As gravações foram efetuadas com o gravador de som referenciado. Antecedendo às gravações in
situ, foram definidos percursos para os três jardins. Para o estabelecimento dos mesmos foram tidos
em conta os caminhos pedestres existentes e as diferentes componentes sonoras localizadas dos
jardins.
As gravações não só contemplam os pontos origem e destino mas também os vários pontos
intermédios com vista a captar as diferentes fontes sonoras. Somente os percursos para o jardim m
do Príncipe Real foram tidos em conta os critérios já supracitados e um estudo realizado por
Boubezari et al. (2011). Para todos os percursos foram feitas gravações estáticas e dinâmicas onde
as ultimas não foram utilizadas para os testes de mascaramento. As figuras que se seguem ilustram
os percursos e os locais de gravação (uma versão ampliada dos mapas dos percursos podem ser
consultados em anexo).
Figura 4.2: Mapa dos percursos do jardim do Príncipe Real
Figura 4. 3: Mapa dos percursos do jardim da Estrela
33
Figura 4.4: Mapa dos percursos do jardim da Fundação Calouste Gulbenkian
4.3.2.3 Mascaramento das fontes sonoras em laboratório
Esta experiência foi realizada entre 13 e 25 de maio de 2015 e teve como referência os trabalhos
realizados por Boubezari & Bento Coelho (2004, 2005ab) e Boubezari et al. (2011). Para sua
realização, foram organizados os equipamentos quer da cadeia de emissão (ruído branco e sons
obtidos nos parques) e de medição (nível de mascaramento). Para cada uma delas foram utilizados
os seguintes equipamentos da propriedade do CAPS/IST.
Cadeia de emissão Cadeia de medição
- 1 gerador de ruído (Bruel&Kjaer Type 1405); - 1 sonómetro (Bruel&Kjaer 2260);
- 1 amplificador de medida (Bruel&Kjaer Type 2408); - 1 tripé (Manfrotto 190XPROB);
- 2 colunas de som (M-Studio BX5 D2);
- 1 computador portátil;
A organização dos equipamentos na câmara e sua conexão com outros equipamentos externos a ela
encontram-se representados conforme o seguinte esquema (figura 4.5). Os equipamentos colocados
dentro da câmara anecoica encontram-se dentro do retângulo, onde os números 1 e 2 correspondem
respetivamente ao sonómetro e às duas colunas de som. Os equipamentos externos à câmara
anecoica constaram do gerador de ruído (3), do amplificador de medida (4) e do computador portátil
(5). Os auditores sentados, ambos com a mesma altura (1,8m), tinham seus centros auditivos
posicionados a 1,20m do piso da câmara.
34
Figura 4.5: Representação esquemática da organização dos equipamentos
Para a organização dos equipamentos foram aplicados os seguintes procedimentos:
- O sonómetro ficou posicionado 10 cm acima da cabeça dos auditores sentados, ou seja, a
1,45m do piso da câmara;
- As colunas foram dispostas uma ao lado da outra para maior estabilidade sobre um banco
de madeira;
- O centro das colunas ficou posicionado a 90 cm do piso da câmara;
- As colunas foram separadas entre si e em relação ao banco por esponjas de modo a reduzir
a transmissão de vibrações.
4.3.2.4 Calibração da cadeia de emissão
Para calibrar o sistema de emissão dos sons das gravações efetuadas foram adotados os seguintes
procedimentos:
- Emissão do sinal de referência de 60 dB para ajuste dos equipamentos envolvidos, em
relação ao controle de amplificação e possíveis distorções;
- Pelo fato da amplificação fornecida pelo computador e pela coluna de som revelar-se
insuficiente, foi necessária a introdução de um amplificador de medida marca Bruel&Kjaer, modelo
2608;
- Este amplificador teve o atenuador de entrada na posição +90dB e o de saída na posição -
10dB;
- O ajuste do volume do som do computador ficou em 20%;
35
- O ajuste do volume da coluna de emissão de ruído branco ficou na posição intermediária;
- O ajuste do volume da coluna de emissão para os sons dos parques na posição ficou entre
os pontos 4 e 5;
- Calibrado o sistema, todos os equipamentos foram preservados nas mesmas configurações
durante toda a experiência.
4.3.2.5 Testes de mascaramento
O procedimento de escuta e controle do sistema foi efetuado com a ajuda de outro investigador do
CAPS. Enquanto o auditor estava dentro da câmara a testar (interpretar e mascarar) os sinais, o outro
controlava a cadeia de emissão do lado de fora. A comunicação entre ambos foi efetuada por meio de
equipamentos de intercomunicação da marca Microtalk.
Após a definição da fonte sonora a ser mascarada, colocavam-se os sons de cada gravação nos
parques e, de forma gradual, era introduzido o ruído branco. O nível de mascaramento era alcançado
quando o ruído branco não permitia mais a identificação pelo auditor da fonte sonora definida. Neste
instante, ele avisava o controlador que ia realizar a medição do nível de mascaramento no sonómetro
em dB(A). Feita a medição, o auditor comunicava o resultado obtido ao controlador fora da câmara
que o registava. Na sequência, invertiam-se as posições entre auditor e controlador para a mesma
gravação analisada.
O mesmo procedimento foi adotado nos testes de cada gravação nos parques e os resultados
apresentados correspondem à média aritmética dos valores obtidos por cada um dos auditores.
36
5. Análise acústica objetiva dos parques
5.1. Jardim do Príncipe Real
As medições acústicas do ambiente sonoro do jardim da Príncipe Real tiveram realização no mês de
Novembro em condições de céu pouco nublado. Para a análise objetiva deste jardim foram efetuadas
no total 5 medições. As medições realizadas fora do jardim visaram apenas a caracterização do ruído
de tráfego rodoviário das estradas que envolvem o jardim. Serão descritas as medições
representativas das fontes sonoras localizadas do jardim.
Figura 5.1: Locais das medições acústicas no jardim do Príncipe Real
Tabela 5.1: Níveis sonoros medidos no jardim do Príncipe Real
Local de medição LAeq
(dB(A)) Descrição
1 56,8 Sons da fonte de água
2 66,3 Ruído de tráfego rodoviário
3 60,3 Ruído de tráfego rodoviário
4 61,3 Sons provenientes do parque infantil
5 56,4 Ruído de tráfego rodoviário
37
Local de medição 1:
Esta medição foi realizada junto à única fonte de água existente no jardim. A fonte encontra-se
inserida no centro de num lago circular no centro do jardim.
Figura 5.2: Local de medição 1
O nível de pressão sonora obtido foi de 56,8 dB(A) tendo a medição durado sete minutos. Ao longo
da medição existiram alguns eventos sonoros que contribuíram para o resultado obtido. Dado a
pequena dimensão do jardim, o ruído de tráfego rodoviário proveniente da rua da Escola Politécnica
foi audível durante todo o período de medição. Também foram ouvidos alguns sons humanos
correspondentes a gritos proferidos pelas crianças e pela conversa das pessoas. O chilrear dos
passarinhos também foi audível.
Tabela 5.2: Predominância dos sons no local de medição 1
Predominância Tipologia sonora
Elevada Fonte de água
Média Tráfego rodoviário; Passarinhos
Baixa Trafego aéreo
38
Local de medição 2:
Esta medição foi realizada junto ao parque infantil visando medir os sons das brincadeiras das
crianças nesse espaço.
Figura 5.3: Local de medição 2
O nível de pressão sonora obtido foi de 61,3 dB(A) tendo a duração de sete minutos. Ao longo da
medição existiram alguns eventos sonoros que contribuíram para o resultado obtido. Pela pequena
dimensão do jardim, o ruído de tráfego rodoviário proveniente da rua da Escola Politécnica foi audível
durante toda a extensão da medição. Também foram ouvidos alguns sons humanos correspondentes
a gritos proferidos pelas crianças presentes no parque infantil e pela conversa das pessoas junto a
esse mesmo espaço.
Tabela 5.3: Predominância dos sons no local de medição 2
Predominância Tipologia sonora
Elevada Gritos das crianças
Média Tráfego rodoviário; Animais
Baixa Fonte de àgua
39
O ambiente sonoro do jardim do Príncipe Real apresenta-se algo monótono devido ao trafego
rodoviário. No que toca este tipo de ao ruido, o jardim encontra-se envolvido pela praça do Príncipe
Real. A praça do Príncipe Real, que circunda o jardim apresenta pouco movimento de trafego
rodoviário ao longo do dia uma vez que os condutores que circulam nela vêm com o objetivo de
arranjar estacionamento. Por outro lado, a rua da escola politécnica apresenta uma elevada
intensidade de tráfego fazendo com que parte da praça do Príncipe Real com ligação às ruas da
Escola Politécnica e Dom Pedro V esteja congestionada ao longo do dia. Devido a esse mesmo
congestionamento é frequente ouvir os sons das buzinas dos veículos. O ruído associado ao
transporte rodoviário é audível em todo o jardim. Realça-se que a maior intensidade de trânsito e, por
conseguinte o ruido de tráfego atinge o pico nas horas de ponta. Ainda relacionado com os
transportes, a passagem dos aviões é sentida de forma razoável, onde as rotas de navegação
passam perto do jardim
Os animais que podem ser encontrados no jardim são maioritariamente pássaros. Os sons
associados a estes animais ouvem-se com melhor clareza na zona do jardim mais afastada da rua da
Escola Politécnica. Para além dos pássaros, os animais domésticos (cães) são quase uma presença
constante no jardim. Os sons associados aos cães resumem-se aos latidos dos mesmos.
Existem no jardim três esplanadas próximas da rua da Escola Politécnica e da Rua de onde o pico da
exploração verifica-se ao final do dia. Devido à proximidade das esplanadas para com a estrada, os
sons humanos são praticamente mascarados pelo ruído de tráfego rodoviário.
É de seguida apresentado o mapa do ambiente sonoro do jardim do Príncipe Real.
Figura 5.4: Mapa do ambiente sonoro do jardim do Príncipe Real (1:2000)
> -99.0 dB
> 35.0 dB
> 40.0 dB
> 45.0 dB
> 50.0 dB
> 55.0 dB
> 60.0 dB
> 65.0 dB
> 70.0 dB
> 75.0 dB
> 80.0 dB
> 85.0 dB
40
5.2. Jardim da Estrela
As medições acústicas relativas ao ambiente sonoro do jardim da Estrela tiveram realização no mês
de Novembro em condições de céu limpo a ligeiramente nublado. Para a análise objetiva deste jardim
foram efetuadas no total 5 medições acústicas. As medições realizadas fora do jardim visaram
apenas a caracterização do ruido de tráfego rodoviário das estradas que envolvem o jardim. Serão
descritas as medições representativas das fontes sonoras localizadas do jardim.
Figura 5.5: Locais das medições acústicas no jardim da Estrela
Tabela 5.4: Níveis sonoros e descrição das medições no jardim da Estrela
Local de medição LAeq (dB(A)) Descrição
1 67,5 Sons das atividades desportivas juvenis (corrida)
2 59,5 Sons da fonte de água e dos animais
3 65,1 Sons das brincadeiras das crianças
4 59,0 Sons da fonte de água e das conversas dos idosos
5 58,2 Sons do parque infantil
6 73,0 Ruido de tráfego rodoviário
7 66,6 Ruido de tráfego rodoviário
41
Local de medição 2:
Esta medição foi realizada na esplanada junto ao lago perto da entrada principal do jardim da Estrela,
visando obter o nível sonoro proveniente de uma fonte de água, bem como a fauna presente no lago.
Figura 5.6: Local de medição 2
O valor medido do nível sonoro LAeq foi de 59.5 dB(A) tendo a medição durado sete minutos. Ouviu-se
bem o ruido de tráfego rodoviário proveniente da praça e da rua da Estrela. No entanto, ouvia-se com
maior intensidade o ruido proveniente da rua da Estrela devido ao fato da rua apresentar uma
pendente. A fauna do lago era variada, constituída maioritariamente por patos e cisnes, onde alguns
dos sons produzidos por estes animais contribuíram para o resultado obtido. Ouviu-se também os
sons do chilrear dos passarinhos. Foi audível o som da buzina dos elétricos que circulam na praça da
Estrela e os sons dos sinos da Basílica da Estrela.
Tabela 5.5: Predominância dos sons no local de medição 2
Nível de predominância Tipologia sonora
Elevada Fonte de água
Média Tráfego rodoviário; Animais; Tráfego Aéreo
Baixa Sinos da Basílica; Buzinas dos elétricos
42
Local de medição 4:
Esta medição foi realizada junto a um pequeno lago com uma fonte de água associada, visando a
obtenção do nível sonoro da própria fonte e da fauna presente nesse lago.
Figura 5.7: Loca de medição 4
O valor medido do nível sonoro LAeq foi de 59.0 dB(A) tendo a medição durado sete minutos. Pela
proximidade deste pequeno ecossistema à rua da Estrela e á rua de São Jorge fez com que o ruido
associado ao trafego rodoviário fosse o mais predominante. Pela existência de um pequeno espaço
de convívio adjacente ao lago na qual costuma ser frequentado maioritariamente por idosos para
convívio e jogos de mesa ouviram-se sons associados essas mesmas atividades. Fez-se notar o som
dos sinos da Basílica da Estrela.
Tabela 5.6: Predominância dos sons do local da medição 4
Nível de predominância Tipologia sonora
Elevada Tráfego rodoviário
Média Animais; Conversa
Baixa Sinos da Basílica
43
Local da medição 5:
Esta medição foi realizada junto ao parque infantil do jardim visando a obtenção preferencial do nível
sonoro correspondente à brincadeira das crianças nesse mesmo espaço.
Figura 5.8: Local de medição 5
O valor obtido do nível sonoro LAeq foi de 58.2 dB(A) tendo a medição durado sete minutos. Ouviu-se
algum ruido associado ao tráfego rodoviário proveniente da rua Anastácio Rosa e da rua de São
Bernardo. Ouviram-se os sons associados à brincadeira das crianças sendo que no momento da
medição encontravam-se no parque infantil dezasseis indivíduos onde metade deste valor eram
crianças. Pelo fato de haver bastantes árvores em volta do parque infantil ouviu-se o chilrear dos
pássaros.
Tabela 5.7: Predominância dos sons no local de medição 5
Nível de predominância Tipologia sonora
Elevada Crianças, Pássaros
Média Tráfego rodoviário
Baixa ---
44
O ambiente sonoro do jardim da Estrela é muito dinâmico. No que toca ao ruido de tráfego rodoviário,
o jardim encontra-se envolvido por quatro ruas. As ruas de São Jorge e da Estrela em comparação
com a rua de São Bernardo evidenciam uma maior quantidade de veículos em circulação. Na praça
da Estrela o fluxo de veículos encontra-se em linha com as ruas da Estrela e de São Jorge. Nos
períodos correspondentes às horas de ponta, o ruido de trafego rodoviário é praticamente audível em
todo o jardim. Fora destes períodos a diferença é particularmente notória no centro do jardim.
Salienta-se na praça da Estrela a existência de vias de circulação e uma paragem junto à Basílica da
Estrela dedicada aos elétricos. Os sons associados a este tipo de transporte ouvidos no jardim
resumem-se aos sons das buzinas.
O ruido do trafego aéreo é uma componente sonora quase permanente no jardim. As rotas de
aterragem e descolagem do aeroporto de Lisboa relativos aos aviões comerciais passam perto e às
vezes chegam a sobrevoar o jardim.
Os animais que podem ser encontrados nos lagos existentes no jardim são os patos-reais, os cisnes
e gansos. O som associado a estes animais torna-se mais evidente nos lagos existentes quando os
utilizadores do jardim vêm com o propósito de alimentá-los. Em quase todo o jardim são audíveis os
sons dos pássaros nomeadamente de periquitos.
Existem no jardim duas esplanadas onde o pico da exploração verifica-se ao final do dia. Os sons
humanos (conversa) são audíveis na proximidade destas esplanadas.
Os sinos da Basílica da Estrela fazem-se ouvir periodicamente de hora em hora e de meia em meia
hora. Com base nas medições acústicas realizadas e na contagem de veículos, foi obtido o seguinte
mapa do ambiente sonoro do jardim.
Figura 5.9: Mapa do ambiente sonoro do jardim da Estrela (Escala 1:2000)
> -99.0 dB
> 35.0 dB
> 40.0 dB
> 45.0 dB
> 50.0 dB
> 55.0 dB
> 60.0 dB
> 65.0 dB
> 70.0 dB
> 75.0 dB
> 80.0 dB
> 85.0 dB
45
5.3. Jardim da Gulbenkian
As medições acústicas do ambiente sonoro do jardim da Gulbenkian tiveram realização no mês de
Novembro em condições de céu limpo. Para a análise objetiva deste jardim foram efetuadas no total
nove medições acústicas. As medições realizadas fora do jardim visam apenas a caracterização do
ruido de tráfego rodoviário das estradas que envolvem o jardim. Serão descritas as medições
representativas das fontes sonoras localizadas do jardim.
Figura 5.10: Locais das medições acústicas
Tabela 5.8: Níveis sonoros e descrição das medições no jardim da Fundação Calouste Gulbenkian
Local de
medição LAeq dB(A) Descrição
1 73,2 Ruído de tráfego da Avenida de Berna
2 69,1 Ruído de tráfego da Avenida António Augusto de Aguiar
3 66,8 Fonte de água
4 64,3 Fonte e passagem de água
5 65,5 Ruído de equipamentos de ventilação
6 54,6 Sons provenientes da esplanada
7 53,2 Sons provenientes da esplanada
8 67,3 Ruído de tráfego da rua Marquês Sá da Bandeira
9 67,4 Ruído de tráfego da rua Marquês Sá da Bandeira
46
Local de medição 3:
Esta medição foi realizada na esplanada junto ao Centro de Arte Moderna visando obter o nível
sonoro proveniente de uma fonte de água. Esta fonte possui três bicas posicionadas horizontalmente
e uniformemente espaçadas.
Figura 5.11: Local de medição 3
O valor medido do nível sonoro LAeq foi de 66,8 dB(A) tendo a medição durado dois minutos. No início
da medição havia poucos patos na base da fonte onde batiam as asas na água ou mergulhavam a
cabeça. O som associado a essas ações traduziu-se em pequenas variações no nível sonoro. Os
sons provenientes do tráfego rodoviário da avenida António Augusto de Aguiar eram fracamente
audíveis.
Tabela 5.9: Predominância dos sons no local de medição 3
Nível de predominância Tipologia sonora
Elevada Fonte de água
Média Animais, Aviões
Baixa Tráfego rodoviário
47
Local de medição 4:
Esta medição foi realizada no Percurso de Luz e Sombra, junto ao Centro de Arte Moderna visando
obter o nível sonoro proveniente de uma fonte e passagem de água. Esta fonte artificial encontra-se
visualmente enquadrada com os elementos naturais do jardim.
Figura 5.12: Local de medição 4
O valor obtido do nível sonoro LAeq foi de 64,3 dB(A) tendo a medição durado sete minutos. O ruído
do tráfego rodoviário proveniente da rua Marquês Sá da Bandeira fez sentir pontualmente pela
passagem de veículos pesados e motociclos. O som da água a correr pelo curso foi perfeitamente
audível e predominou em toda a extensão da medição.
Tabela 5.10: Predominância dos sons no local de medição 4
Predominância Tipologia sonora
Elevada Fonte/Passagem de água
Média Tráfego aéreo; Animais
Baixa Trafego rodoviário
48
Local de medição 5:
Esta medição foi realizada junto do aos equipamentos de ventilação com o objetivo de medir em
particular os sons emitidos pelos equipamentos de ventilação.
Figura 5.13: Local de medição 5
O valor obtido do nível sonoro LAeq foi de 65,5 dB(A) tendo a medição durado sete minutos. Foram
audíveis, os sons provenientes do tráfego rodoviário em particular de veículos pesados, provenientes
da rua Marquês Sá da Bandeira.
Tabela 5.11: Predominância dos sons no local de medição 5
Nível de predominância Tipologia sonora
Elevada Ventiladores
Média Tráfego rodoviário
Baixa Sons humanos, Tráfego Aéreo
49
Local de medição 6:
Esta medição foi realizada junto do Centro Interpretativo Gonçalo Ribeiro Telles visando obter o nível
sonoro representativo de uma esplanada adjacente ao Centro.
Figura 5.14: Local de medição 6
O valor obtido do nível sonoro LAeq foi de 54,6 dB(A) tendo a medição durado sete minutos. No
momento da medição estavam esplanada 6 pessoas mas os sons humanos foram ouvidos com
alguma dificuldade. Dada a proximidade com a rua Marquês Sá da Bandeira, os sons provenientes do
tráfego rodoviário (ruido de rolamento e buzinas) foram audíveis. Foi também audível o chilrear dos
passarinhos
Tabela 5.12: Predominância dos sons no local de medição 6
Nível de predominância Tipologia sonora
Elevada Tráfego rodoviário
Média Animais
Baixa Sons humanos
50
Local de medição 7:
Esta medição foi realizada na perto da esplanada junto ao grande auditório com o objetivo de medir o
nível sonoro do local.
Figura 5.15: Local de medição 7
O valor obtido do nível sonoro LAeq foi de 53.2 dB(A) tendo a medição durado sete minutos. Pela
proximidade do lago e da vegetação esta medição contempla os sons dos animais (pássaros e
patos). Apesar das infraestruturas onda estão inseridos o Grande auditório funcionarem como uma
barreira acústica, os sons do tráfego rodoviário proveniente da Avenida de Berna eram fracamente
audíveis. Os sons associados ao trafego aéreo eram particularmente intensos quando os aviões
sobrevoavam o jardim.
Tabela 5.13: Predominância dos sons no local de medição 7
Predominância Tipologia sonora
Elevada Animais, Tráfego aéreo
Média Tráfego rodoviário
Baixa Sons humanos
51
O ambiente sonoro do jardim da Gulbenkian apresenta alguma variedade onde maioritariamente o
ruído de trafego aéreo e rodoviário representam os sons não naturais que afetam negativamente a
qualidade do ambiente sonoro.
Nas horas de ponta verifica-se que o fluxo de veículos na avenida de Berna e na Avenida Augusto de
Aguiar apresentam maior intensidade em relação à rua Marquês Sá da Bandeira e à rua Doutor
Nicolau Bettencourt. O ruído de tráfego é audível em quase todos os locais do jardim embora o nível
sonoro desta componente diminui à medida que o ouvinte caminha em direção às traseiras do
Grande Auditório. Fora das horas de ponta há uma redução no trafego rodoviário nas estradas que
envolvem o jardim. O ruido do trafego aéreo é uma componente sonora quasi-permanente no jardim.
Independentemente das condições meteorológicas, as rotas de aterragem e descolagem na pista
21/03 do aeroporto de Lisboa sobrevoam o jardim da Gulbenkian. Esporadicamente passam por cima
do jardim, aviões militares que se destinam ao Complexo Militar de Alverca ou ao Centro Militar de
Alcochete.
Os sons provenientes da fauna existente no jardim enriquecem o ambiente sonoro e dão vida ao
jardim. Junto ao grande lago e nos percursos existentes, os sons dos patos faz se sentir com maior
intensidade quando os utilizadores do jardim vêm com o propósito de alimentá-los. Em quase todo o
jardim são audíveis os sons do chilrear dos pássaros devido à extensa vegetação.
Existem no jardim três esplanadas onde a exploração atinge o pico ao final do dia. Pelo fato de haver
uma grande densidade da flora, os sons humanos (conversa) são audíveis somente na proximidade
das esplanadas.
Com base nas medições acústicas realizadas e na contagem dos veículos, foi obtido o seguinte mapa
do ambiente sonoro do jardim.
Figura 5.16: Mapa do ambiente sonoro do jardim da Fundação Calouste Gulbenkian (1:6000)
> -99.0 dB
> 35.0 dB
> 40.0 dB
> 45.0 dB
> 50.0 dB
> 55.0 dB
> 60.0 dB
> 65.0 dB
> 70.0 dB
> 75.0 dB
> 80.0 dB
> 85.0 dB
52
6. Análise subjetiva dos parques
6.1. Inquéritos
6.1.1. Jardim do Príncipe Real
Numa amostra com um universo de 20 inquiridos, foi verificado que a maioria dos visitantes do jardim
do Príncipe Real pertence ao género masculino (65%) (figura 6.1).
Figura 6.1: Respostas à questão referente ao género dos inquiridos (JPR)
Em relação à faixa etária verificou-se que a maioria dos inquiridos encontra-se na faixa etária dos 40-
49 anos e maiores de 60 anos (figura 6.2).
Figura 6.2: Respostas à questão referente à idade dos inquiridos (JPR)
65%
35%
Masculino
Feminino
0% 5% 5%
20%
30%
15%
25%
15 - 19
20 - 24
25 – 29
30 – 39
40 - 49
50 - 59
≥ 60
53
Em relação à ocupação dos inquiridos (figura 6.3), verifica-se que 45% da amostra pertence à classe
trabalhadora. A classe estudantil constitui 15% da amostra. Os restantes 40% correspondem aos
inquiridos que não pertencem a nenhuma das classes supracitadas.
Figura 6.3: Respostas á questão referente à ocupação dos inquiridos (JPR)
No que diz respeito à escolaridade (figura 6.4), a maioria da amostra (40%) é titular de escolaridade
secundária. Os restantes 35% e 25% da amostra são titulares de escolaridade universitária e primária
respetivamente.
Figura 6.4: Respostas à questão referente à escolaridade inquiridos (JPR)
15%
45%
40% Estudante
Trabalhador
Outros
25%
40%
35% Primária
Secundária
Universitária
54
Na figura 6.5 é representada a distribuição do local de morada dos inquiridos. Verificou-se que 90%
da amostra moram em Lisboa. Os restantes 10% da amostra residem fora de Lisboa.
Figura 6.5: Respostas à questão referente ao local de residência dos inquiridos (JPR)
Quando questionados sobre a frequência com que visitam o jardim (figura 6.6), 65% da amostra visita
o jardim entre duas a sete vezes por semana. Dos restantes 35% da amostra, 5% responderam que
visita o jardim uma vez por semana e 30% responderam que visitam o jardim uma vez por mês.
Figura 6.6: Resposta à questão sobre a frequência das visitas (JPR)
Quando questionados sobre o tempo de permanência das visitas no jardim (figura 6.7), verificou-se
que 40% dos inquiridos permanecem no jardim em períodos inferiores a uma hora. Dos restantes
60% da amostra, 30% responderam que permanecem no jardim entre uma a duas horas e os
restantes 30% responderam que permanecem no jardim em períodos superiores a duas horas.
90%
10% 0%
Lisboa
Cidades próximas
Outros Países
30%
5% 65%
1 vez ao mês
1 vez na semana
2 a 7 vezes na semana
55
Figura 6.7: Respostas à questão referente ao tempo de permanência (JPR)
No que diz respeito ao motivo da visita aos jardins (figura 6.8), a maioria dos entrevistados
responderam na opção “Lazer”.
Figura 6.8: Respostas à questão referente ao motivo da visita (JPR)
Em relação à questão sobre a qualidade das infraestruturas e instalações, a maioria da amostra
(55%) respondeu que estavam satisfeitos, 25% mostraram-se muito satisfeitos, 15% responderam a
opção Neutro e somente 10% reponderam que se encontravam insatisfeitos (figura 6.9).
40%
30%
30%
Menos de uma hora
De 1 a 2 horas
Mais de 2 horas
0% 0%
60%
0%
15%
0% 5%
15%
5% Atividade física
Contemplativa
Lazer
Educativa
Encontro
Manutenção/Limpeza
Comércio
Serviço
Outros
56
Figura 6.9: Respostas à questão referente à qualidade das infraestruturas e instalações (JPR)
Quando questionados sobre a beleza estética do jardim, a maioria da amostra (60%) mostrou-se
satisfeita. Os restantes 40% da amostra responderam na opção “Muito Satisfeito” (figura 6.10).
Figura 6.10: Respostas à questão referente à beleza estética do jardim (JPR)
Pegando nas respostas dos inquiridos em relação à questões 3 e 4, foi elaborada uma nuvem de
etiquetas (tag cloud). O tamanho de letra maior indica que uma elevada repetição de um determinado
aspeto respondido pelo inquirido. Pelo contrário um tamanho de letra menor indica uma baixa
repetição de um determinado aspeto.
Na nuvem de etiquetas associadas ao aspeto agradável (figura 6.11), a maioria dos inquiridos acha
agradável o jardim no seu todo.
0%
20%
40%
60%
80%
100% Muito insatisfeito
Insatisfeito
Neutro Satisfeito
Muito satisfeito
0%
20%
40%
60%
80%
100% Muito insatisfeito
Insatisfeito
Neutro Satisfeito
Muito satisfeito
57
Figura 6.11: Respostas à questão sobre os aspetos agradáveis (JPR)
Em relação aos aspetos desagradáveis do jardim (figura 6.12), a nuvem de etiquetas indica que a
maioria dos inquiridos mostra o seu desagrado em relação ao ruido de tráfego rodoviário.
Figura 6.12: Respostas à questão sobre os aspetos desagradáveis (JPR)
A figura 6.13 ilustra a percentagem dos sons ouvidos pelos inquiridos em diferentes locais do jardim.
Os sons naturais e humanos bem como o ruído de máquinas e equipamentos revelaram ser
predominantes
Figura 6.13: Resposta à questão sobre a predominância dos sons ouvidos (JPR)
Ruído de tráfego
Ruídos de maquinas e equipamentos
Outros ruídos
Sons humanos
Sons naturais
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Não escuta Escuta pouco Escuta algum Escuta muito Domina completamente
58
Quando questionados sobre a preferência dos sons agradáveis, 63% da amostra preferiram os sons
naturais, enquanto que os restantes 37% responderam na opção dos sons humanos (6.14).
Figura 6.14: Respostas à questão sobre a preferência dos sons agradáveis (JPR)
Quando questionados sobre a preferência dos sons desagradáveis, 66% da amostra optaram pelos
“Sons do tráfego”, 28% responderam na opção dos “Sons de máquinas e equipamentos”, 3% da
amostra respondeu na opção de “Outros sons” e 3% responderam na opção dos “Sons naturais”
(6.15).
Figura 6.15: Respostas à questão sobre a preferência dos sons desagradáveis (JPR)
0%
20%
40%
60%
80%
100% Ruído de tráfego
Ruído de máquinas e equipamentos
Outros ruídos Sons humanos
Sons naturais
0%
20%
40%
60%
80%
100% Ruído de tráfego
Ruído de máquinas e equipamentos
Outros ruídos
Sons humanos
Sons naturais
Nenhum / Não há!
59
Quando questionados sobre o volume dos sons que ouviam (figura 6.16), a maioria da amostra (60%)
considerou esse volume como normal.
Figura 6.16: Respostas à questão sobre o volume de som ouvido (JPR)
Quando questionados sobre a incomodidade do volume dos sons que ouviam (figura 6.17), a metade
da amostra (50%) considerou esse volume não lhes incomodava. Dos restantes 50% da amostra,
25% responderam que o volume dos sons lhes incomodava um pouco, 5% responderam que o
volume era muito incómodo. Somente 20% da amostra manifestou-se neutra em relação à
incomodidade do volume de sons ouvido.
Figura 6.17: Respostas à questão relativo à incomodidade do volume de som (JPR)
0%
20%
40%
60%
80%
100% Nem tinha percebido
Baixo
Normal
Alto
0%
20%
40%
60%
80%
100% Não
Um pouco
Neutro Bastante
Muito
60
Quando questionados sobre a tranquilidade do jardim (figura 6.18), 40% da amostra mostrou-se
satisfeita. Dos restantes 60% da amostra, 15% revelaram estar muito satisfeitos, 25% mostraram-se
neutros e 20% mostraram-se insatisfeitos.
Figura 6.18: Respostas à questão referente à tranquilidade do jardim (JPR)
Em relação à questão 11 (figura 6.19), pouco mais de metade dos inquiridos (55%) respondeu que a
qualidade sonora muda quando se entra ou sai do jardim.
Figura 6.19: Respostas à questão sobre a mudança da qualidade sonora (JPR)
Nesta mesma pergunta, os inquiridos responderam que ao entrar para o jardim, ouve-se menos o
ruído do trafego rodoviário mas pelo contrário, ouvem-se mais os sons naturais e humanos.
0%
20%
40%
60%
80%
100% Muito insatisfeito
Insatisfeito
Neutro Satisfeito
Muito satisfeito
55%
45% Sim
Não
61
6.1.2. Jardim da Estrela
Numa amostra com um universo de 20 inquiridos, foi verificado que a maioria (70%) dos visitantes do
jardim da Estrela pertence ao género masculino (figura 6.20).
Figura 6.20: Respostas à questão referente ao género dos inquiridos (JE)
Em relação à faixa etária verificou-se que a maioria dos inquiridos tem idade superior a 50 anos
(figura 6.21).
Figura 6.21: Respostas à referente à idade dos inquiridos (JE)
70%
30%
Masculino
Feminino
0% 5% 5%
20%
10%
30%
30%
15 - 19
20 - 24
25 – 29
30 – 39
40 - 49
50 - 59
≥ 60
62
Em relação à ocupação dos inquiridos (figura 6.22), verifica-se que 35% da amostra pertence à
classe trabalhadora. A classe estudantil constitui 15% da amostra. Os restantes 50% correspondem
aos inquiridos que não pertencem a nenhuma das classes supracitadas.
Figura 6.22: Respostas à referente à ocupação dos inquiridos (JE)
No que diz respeito à escolaridade (figura 6.23), a maioria da amostra (45%) é titular de escolaridade
secundária. Dos restantes 55%, 25% da amostra são titulares de escolaridade universitária e 30 %
possuem escolaridade primária.
Figura 6.23: Respostas à questão referente à escolaridade dos inquiridos (JE)
15%
35%
50%
Estudante
Trabalhador
Outros
30%
45%
25%
Primária
Secundária
Universitária
63
Na figura 6.24 é representada o local de morada dos inquiridos. Verificou-se que 85% da amostra
moram em Lisboa sendo que os restantes 15% da mesma residem fora de Lisboa. Dos 15% dos
inquiridos que residem fora de Lisboa, 5% possuem residência fora de Portugal continental.
Figura 6.24: Respostas à questão referente ao local de residência dos inquiridos (JE)
Quando questionados sobre a frequência com que visitam o jardim (figura 6.25), a maioria (70%) da
amostra visita o jardim entre duas a sete vezes por semana. Dos restantes 30% da amostra, 10%
responderam que visita o jardim uma vez por semana e 20% responderam que visitam o jardim uma
vez por mês.
Figura 6.25: Respostas à questão referente à frequência de visita ao jardim (JE)
85%
10% 5%
Lisboa
Cidades próximas
Outros Países
20%
10%
70%
1 vez ao mês
1 vez na semana
2 a 7 vezes na semana
64
Quando questionados sobre o tempo de permanência das visitas no jardim (figura 6.26), verificou-se
que 45% dos inquiridos permanecem no jardim em períodos inferiores a uma hora. Dos restantes
55% da amostra, 30% responderam que permanecem no jardim entre uma a duas horas e 25%
responderam que permanecem no jardim em períodos superiores a duas horas.
Figura 6.26: Respostas à questão referente ao tempo de permanência no jardim (JE)
Quando questionados em relação ao motivo pela qual frequentam o jardim, a maioria da amostra
(70%) responderam na opção “Lazer” (6.27).
Figura 6.27: Respostas à questão referente ao motivo da visita ao jardim (JE)
Em relação à questão sobre a qualidade das infraestruturas e instalações, a maioria da amostra
(60%) respondeu que estavam satisfeitos, 30% responderam que se encontravam muito satisfeitos,
45%
30%
25%
Menos de uma hora
De 1 a 2 horas
Mais de 2 horas
10%
25%
45%
0% 0% 5%
0% 0%
15%
Atividade Fisica
Contemplativa
Lazer
Educativa
Encontro
Manutenção/Limpeza
Comércio
Serviço
Outros
65
5% responderam a opção Neutro e os restantes 5% reponderam que se encontravam insatisfeitos
(6.28).
Figura 6.28: Respostas à questão referente às infraestruturas e instalações (JE)
Quando questionados sobre a beleza estética do jardim (figura 6.29), a maioria da amostra (50%)
encontrava-se satisfeita. Dos restantes 50% da amostra, 45% mostraram-se muito satisfeitos e 5%
mostraram-se neutros
Figura 6.29: Respostas à questão referente à beleza estética do jardim (JE)
Na nuvem de etiquetas associadas ao aspetos agradáveis (figura 6.30), a maioria dos inquiridos acha
agradável o jardim no seu todo, a vivacidade e os animais.
0%
20%
40%
60%
80%
100% Muito insatisfeito
Insatisfeito
Neutro Satisfeito
Muito satisfeito
0%
20%
40%
60%
80%
100% Muito insatisfeito
Insatisfeito
Neutro Satisfeito
Muito satisfeito
66
Figura 6.30: Respostas à questão sobre os aspetos agradáveis do jardim (JE)
Em relação aos aspetos desagradáveis do jardim (figura 6.31), a nuvem de etiquetas indica que a
maioria dos inquiridos mostra o seu desagrado em relação ao ruido de tráfego rodoviário.
Figura 6.31: Respostas à questão sobre os aspetos desagradáveis do jardim (JE)
A figura 6.32 ilustra a percentagem dos sons ouvidos pelos inquiridos em diferentes locais do jardim.
Figura 6.32: Respostas à questão sobre a predominância dos sons ouvidos (JE)
Quando questionados sobre a preferência dos sons agradáveis (figura 6.33), 61% da amostra
mostraram a sua preferência pelos sons naturais, enquanto que os restantes 35% responderam na
opção dos sons humanos.
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Sons do tráfego
Sons de máquinas e equipamentos
Outros sons
Sons humanos
Sons naturais
Não escuta Escuta pouco Escuta algum Escuta muito Domina completamente
67
Figura 6.33: Respostas à questão sobre a preferência dos sons agradáveis (JE)
Quando questionados sobre a preferência dos sons desagradáveis, 62% da amostra optaram pelos
“Sons do tráfego”, 4% responderam na opção dos “Sons de máquinas e equipamentos”, 15% da
amostra respondeu na opção de “Outros sons” e 8% responderam na opção dos “Sons humanos”,
4% responderam na opção “Sons naturais” e 8% responderam na opção “Nenhum” (6.34).
Figura 6.34: Respostas à questão sobre a preferência dos sons dos sons desagradáveis (JE)
Quando questionados sobre o volume dos sons que ouviam (figura 6.35), a maioria da amostra (80%)
considerou esse volume como normal. Dos restantes 20% da amostra, 15% consideraram o volume
de som alto e 5% optaram pela opção “Baixo”.
0%
20%
40%
60%
80%
100% Ruído de tráfego
Ruído de máquinas e equipamentos
Outros ruídos Sons humanos
Sons naturais
0%
20%
40%
60%
80%
100% Ruído de tráfego
Ruído de máquinas e equipamentos
Outros ruídos
Sons humanos
Sons naturais
Nenhum
68
Figura 6.35: Respostas à questão sobre o volume de som ouvido (JE)
Quando questionados sobre a incomodidade do volume dos sons que ouviam (figura 6.36), 70% da
amostra considerou esse volume não lhes incomodava. Dos restantes 30% da amostra, 20%
responderam que o volume dos sons lhes incomodava um pouco, 5% manifestaram-se neutros em
relação à incomodidade do volume de sons ouvido. Os restantes 5% mostraram-se bastante
incomodados com o volume de som.
Figura 6.36: Respostas à questão relativo à incomodidade do volume de som (JE)
Quando questionados sobre a tranquilidade do jardim (figura 6.37), 60% da amostra mostrou-se
satisfeito. Dos restantes 40% da amostra, 20% revelaram estar muito satisfeitos, 15% mostraram-se
neutros e 5% mostraram-se insatisfeitos.
0%
20%
40%
60%
80%
100% Nem tinha percebido
Baixo
Normal
Alto
0%
20%
40%
60%
80%
100% Não
Um pouco
Neutro Bastante
Muito
69
Figura 6.37: Respostas à questão referente à tranquilidade do jardim (JE)
Em relação à questão 11 (figura 6.38), grande parte dos inquiridos (90%) respondeu que a qualidade
sonora muda quando se entra ou sai do jardim.
Figura 6.38: Respostas à questão sobre a mudança da qualidade sonora (JE)
Nesta mesma pergunta, os inquiridos responderam que ao entrar para o jardim, ouve-se menos o
ruído do trafego rodoviário mas pelo contrário, ouvem-se mais os sons naturais, realçando a
agradabilidade dos mesmos.
0%
20%
40%
60%
80%
100% Muito insatisfeito
Insatisfeito
Neutro Satisfeito
Muito satisfeito
90%
10%
Sim
Não
70
6.1.3. Jardim da Fundação Calouste Gulbenkian
Numa amostra com um universo de 20 inquiridos, foi verificado que a maioria dos visitantes do jardim
da Fundação Calouste Gulbenkian pertence ao género masculino (75%) (figura 6.39).
Figura 6.39: Respostas à questão referente ao género dos inquiridos (JFCG)
Em relação à faixa etária (figura 6.40) verificou-se que a maioria dos inquiridos encontra-se na faixa
etária dos 30 aos 49 anos.
Figura 6.40: Respostas à questão referente à idade dos inquiridos (JFCG)
75%
25%
Masculino
Feminino
5% 5%
15%
35%
20%
5%
15% 15 - 19
20 - 24
25 – 29
30 – 39
40 - 49
50 - 59
≥ 60
71
Em relação à ocupação dos inquiridos (figura 6.41), verifica-se que 55% da amostra pertence à
classe trabalhadora. A classe estudantil constitui 20% da amostra. Os restantes 25% correspondem
aos inquiridos que não pertencem a nenhuma das classes supracitadas.
Figura 6.41: Respostas à questão referente à ocupação dos inquiridos (JFCG)
No que diz respeito à escolaridade (figura 6.42), a maioria da amostra (55%) é titular de escolaridade
secundária. Os restantes 35% e 10% da amostra são titulares de escolaridade universitária e primária
respetivamente.
Figura 6.42: Respostas à questão referente à escolaridade dos inquiridos (JFCG)
20%
55%
25%
Estudante
Trabalhador
Outros
10%
55%
35%
Primária
Secundária
Universitária
72
Na figura 6.43 é representada o local de morada dos inquiridos. Verificou-se que 85% da amostra
moram em Lisboa sendo os restantes 15% da mesma residem fora de Lisboa.
Figura 6.43: Respostas à questão referente ao local de residência dos inquiridos (JFCG)
Quando questionados sobre a frequência com que visitam o jardim (figura 6.44), metade (50%) da
amostra visita o jardim entre duas a sete vezes por semana. Dos restantes 50% da amostra, 20%
responderam que visita o jardim uma vez por semana e 30% responderam que visitam o jardim uma
vez por mês.
Figura 6.44: Respostas à questão referente à frequência de visita ao jardim (JFCG)
85%
15% 0%
Lisboa
Cidades próximas
Outros Países
30%
20%
50%
1 vez ao mês
1 vez na semana
2 a 7 vezes na semana
73
Quando questionados sobre o tempo de permanência das visitas no jardim (figura 6.45), verificou-se
que 45% dos inquiridos permanecem no jardim em períodos inferiores a uma hora. Dos restantes
55% da amostra, 30% responderam que permanecem no jardim entre uma a duas horas e 25%
responderam que permanecem no jardim em períodos superiores a duas horas.
Figura 6.45: Respostas à questão referente ao tempo de permanência no jardim (JFCG)
Quando questionados sobre o motivo da visita ao jardim (figura 6.46), 45% dos inquiridos
responderam na opção “Lazer”.
Figura 6.46: Respostas à questão referente ao motivo da visita ao jardim (JFCG)
Em relação à questão sobre a qualidade das infraestruturas e instalações, 50% dos inquiridos
respondeu que estavam muito satisfeitos, 45% responderam que se encontravam satisfeitos, e 5%
dos inquiridos mostraram-se insatisfeitos (6.47).
45%
30%
25%
Menos de uma hora
De 1 a 2 horas
Mais de 2 horas
0% 15%
45% 5%
5% 0%
15%
15% Atividade Física
Contemplativa
Lazer
Educativa
Encontro
Comércio
Serviço
Outros
74
Figura 6.47: Respostas à questão referente às infraestruturas e instalações (JFCG)
Quando questionados sobre a beleza estética do jardim (figura 6.48), a maioria da amostra (70%)
encontrava-se muito satisfeita. Os restantes 30% da amostra mostraram-se satisfeitos.
Figura 6.48: Respostas à questão referente à beleza estética do jardim (JFCG)
Na nuvem de etiquetas associadas ao espeto agradável (figura 6.49), a maioria dos inquiridos acha
agradável o jardim no seu todo.
0%
20%
40%
60%
80%
100% Muito insatisfeito
Insatisfeito
Neutro Satisfeito
Muito satisfeito
0%
20%
40%
60%
80%
100% Muito insatisfeito
Insatisfeito
Neutro Satisfeito
Muito satisfeito
75
Figura 6.49: Respostas à questão sobre os aspetos agradáveis do jardim (JFCG)
Em relação aos aspetos desagradáveis do jardim (figura 6.50), a nuvem de etiquetas indica que a
maioria dos inquiridos não salienta nenhum aspeto negativo.
Figura 6.50: Respostas à questão sobre os aspetos desagradáveis do jardim (JFCG)
A figura 6.51 ilustra a percentagem dos sons ouvidos pelos inquiridos em diferentes locais do jardim.
Nota-se alguma predominância dos sons naturais.
Figura 6.51: Respostas à questão sobre a predominância dos sons ouvidos (JFCG)
Quando questionados sobre a preferência dos sons agradáveis, 66% da amostra optaram por
responderam sons naturais, enquanto que os restantes 34% responderam na opção dos sons
humanos (6.52).
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Ruído de tráfego
Ruídos de máquinas e equipamentos
Outros ruídos
Sons humanos
Sons naturais
Não escuta Escuta pouco Escuta algum Escuta muito Domina completamente
76
Figura 6.52: Respostas à questão sobre a preferência dos sons agradáveis (JFCG)
.
Quando questionados sobre a preferência dos sons desagradáveis (figura 6.53), 42% da amostra
optaram pelo “Ruído de tráfego”, 3% responderam na opção dos “Sons de máquinas e
equipamentos”, 39% da amostra respondeu na opção de “Outros sons”, 3% responderam na opção
dos “Sons naturais” e 9% responderam a opção “Nenhum”.
Figura 6.53: Respostas à questão sobre a preferência dos sons desagradáveis (JFCG)
Quando questionados sobre o volume dos sons que ouviam (figura 6.54), a maioria da amostra (60%)
considerou esse volume como normal.
0%
20%
40%
60%
80%
100% Ruído de tráfego
Ruído de máquinas e equipamentos
Outros ruídos Sons humanos
Sons naturais
0%
20%
40%
60%
80%
100% Ruído de tráfego
Ruído de máquinas e equipamentos
Outros ruídos
Sons humanos
Sons naturais
Nenhum
77
Figura 6.54: Respostas à questão sobre o volume de som ouvido (JFCG)
Quando questionados sobre a incomodidade do volume dos sons que ouviam (figura 6.55), a maioria
da amostra (75%) considerou esse volume não lhes incomodava. Dos restantes 25% da amostra,
20% responderam que o volume dos sons lhes incomodava um pouco e 5% manifestaram-se
neutros.
Figura 6.55: Respostas à questão relativa à incomodidade do volume de som (JFCG)
Quando questionados sobre a tranquilidade do jardim (figura 6.56), 55% da amostra mostrou-se
satisfeita. Os restantes 45% da amostra revelaram estar muito satisfeitos.
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Nem tinha percebido
Baixo
Normal
Alto
0%
20%
40%
60%
80%
100% Não
Um pouco
Neutro Bastante
Muito
78
Figura 6.56: Respostas à questão referente à tranquilidade do jardim (JFCG)
Em relação à questão 11 (figura 6.57), toda a amostra (100%) respondeu que a qualidade sonora
muda quando se entra ou sai do jardim.
Figura 6.57: Respostas à questão sobre a mudança da qualidade sonora (JFCG)
Nesta mesma pergunta, a maioria os inquiridos responderam que ao entrar para o jardim, ouve-se
pouco o ruído do tráfego rodoviário, contrastando com a maior prevalência dos sons naturais.
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Muito insatisfeito
Insatisfeito
Neutro Satisfeito
Muito satisfeito
100%
0%
Sim
Não
79
6.2. Níveis de mascaramento
Os testes de mascaramento para posterior elaboração de mapas de limite de audibilidade serviram
apenas para testar a metodologia. No entanto o objetivo desta experiência cingiu somente à
determinação dos níveis de mascaramento das fontes sonoras, que encontram-se em anexo.
80
7. Discussão dos resultados
Os resultados da caracterização acústica objetiva dos jardins indicam que de uma forma geral os
níveis sonoros das medições acústicas realizadas encontram-se acima do limite imposto pela
legislação. Foram nos jardins da Estrela e da Fundação Calouste Gulbenkian que se registaram os
níveis sonoros mais elevados, onde os mesmos atingiram valores acima dos 70 dB(A). Os locais de
medição onde se registaram os valores mais elevados nestes jardins situam-se no perímetro do
parque, mais próximos das estradas, confirmando a influência dos sons associados ao tráfego
rodoviário na paisagem sonora destes espaços públicos.
De uma forma geral, as medições acústicas mostraram que os níveis sonoros medidos no perímetro
dos jardins são mais elevados do que aqueles verificados nos locais centrais, como se pode verificar
pelos mapas de ruído dos três jardins. Um caso interessante da variação foi verificado no jardim da
Fundação Calouste Gulbenkian, onde a essa mesma variação foi a mais elevada dos três jardins. As
medições realizadas no exterior do jardim, que visaram caracterizar o ruído do tráfego rodoviário da
Avenida Augusto Aguiar, da Avenida de Berna e da Rua Marquês Sá da Bandeira fora medidos
respetivamente em 69,1 dB(A), em 73,2 dB(A) e em 67,4 dB(A). Para estes valores e para o menor
nível sonoro medido dentro do jardim (LAeq=53,2 dB(A)), verifica-se que a diferença entre os mesmos
variam entre os 14,2 dB(A) e os 20 dB(A). O maior valor desta variação é devido não só à distância
entre os dois locais de medição mas da presença das infraestruturas da Fundação Calouste
Gulbenkian que atuam como uma barreira acústica.
A presença de elementos naturais nos parques, tais como fontes de água ou de aves, bem como
áreas interiores mais silenciosos, contribuir para reduzir a perceção do ruido associado às dinâmicas
urbanas e criando ambientes sonoros mais agradáveis. Isto corrobora com o objetivo da utilização
dos jardins e parque públicos, que funcionam como locais de refúgio para as pessoas descansarem e
encontrar o equilíbrio e a restauração psicológica (Bento Coelho & Lobo Soares, 2011).
Pelo fato da análise acústica cingir somente à medição física do som, os resultados da perceção dos
visitantes em relação à qualidade sonora dos jardins mostraram que a perceção dos sons por parte
dos visitantes não é limitada somente pela sua intensidade.
Sobre o perfil dos visitantes, de forma global, os resultados mostraram que os jardins são
frequentados maioritariamente por uma população com idade superior a 30 anos com residência em
Lisboa.
A maioria dos inquiridos visita os jardins com alguma frequência (2 a 7 vezes por semana) por
períodos inferiores a 1 hora. Isto pode sugerir que as pessoas para ir de um local para outro, prefiram
utilizar os caminhos de maior circulação dos jardins pelo fato destes proporcionarem um ambiente
mais agradável não só a nível visual mas também ao nível sonoro.
Importa também realçar os resultados das respostas às questões relacionadas com aspetos visuais,
uma vez que a perceção da qualidade dos jardins resulta da interpretação dos diferentes sentidos
81
(audição e visão). Apesar de terem sidos observados alguns sinais de falta de manutenção e
vandalismo nos jardins passiveis de influenciar a perceção da estética visual dos jardins, a maioria
dos inquiridos mostrou-se satisfeito com qualidade das infraestruturas e com a beleza estética. Estes
resultados poderão indicar que a presença dos sinais observados, a perceção do ambiente visual por
parte dos visitantes dos jardins não foi severamente afetada.
Para os três jardins foi dado destaque ao ruído dos transportes como um aspeto desagradável. Este
desagrado poderá estar relacionado com a dominância que esta fonte sonora tem na paisagem
sonora dos jardins. Estes resultados corroboram com as conclusões retiradas dos resultados da
análise acústica. Da mesma forma, os sons naturais assumiram uma conotação positiva por parte dos
inquiridos mostrando a preferência dos visitantes pelos sons naturais.
Em termos globais, no que diz respeito ao volume de som, a maioria dos inquiridos considerou-o
normal, mostrando-se pouco incomodados com esse volume. Isto pode indicar alguma conformidade
por parte dos visitantes em relação ao volume dos sons ouvido, independentemente da tipologia
sonora.
Os resultados sobre a questão da avaliação da tranquilidade dos jardins mostraram que os visitantes
estão satisfeitos. No entanto estes resultados podem ser incoerentes com base na definição de
tranquilidade, cujo significado encontra-se relacionada com a serenidade, pacatez e o sossego. Esta
falta de coerência poderá estar no entanto associada pela baixa especificidade e pela forma como foi
abordada a questão presente no questionário.
A maioria dos visitantes sentiu que qualidade sonora muda quando se entra ou sai dos jardins. Esta
mudança poderá estar relacionada pelo fato da presença de determinadas fontes sonoras
(passarinhos, fontes e passagens de água) possam mascarar de forma parcial ou total os ruídos que
diminuem a qualidade da paisagem sonora.
Os testes de mascaramento para posterior elaboração de mapas de limite de audibilidade serviram
apenas para testar a metodologia. No entanto o objetivo da experiência do mascaramento sonoro
cingiu somente à determinação dos níveis de mascaramento das fontes sonoras, não tendo sido dado
continuidade à elaboração dos mapas de limite de audibilidade pelo fato deste estar fora do âmbito da
presente dissertação.
Em relação aos níveis de mascaramento das fontes sonoras, foi notada a dificuldade em mascarar
sinais com características tonais. Esta dificuldade foi sentida particularmente no mascaramento das
fontes sonoras do jardim da Estrela, nomeadamente os sons do pavão, das crianças e dos sinos da
Basílica da Estrela.
82
8. Conclusões
8.1. Conclusões
No espaço urbano, a redução dos níveis de ruído tem vindo a ser concretizada através da aplicação
de medidas preventivas e corretivas mas no entanto esta estratégia nem sempre é viável, não
garantindo uma melhor qualidade de vida aos cidadãos. A abordagem da paisagem sonora
representa uma mudança de paradigma, dando ênfase ao papel estratégico dos espaços verdes na
preservação e promoção das paisagens sonoras naturais no meio urbano.
Dada a importância do aspeto sonoro dos espaços verdes, esta dissertação teve o objetivo de
caracterizar a paisagem sonora de três parques públicos representativos da cidade de Lisboa sendo
eles o jardim do Príncipe Real, o jardim da Estrela e o jardim da Fundação Calouste Gulbenkian. O
trabalho efetuado permitiu uma caracterização da paisagem sonora em parques representativos da
cidade de Lisboa, de forma objetiva e subjetiva, respetivamente através das medições acústicas in
situ e da realização de inquéritos visando os visitantes dos parques permitindo avaliar a perceção da
paisagem sonora por parte dos mesmos. Este trabalho permitiu chegar a algumas conclusões
interessantes.
De uma forma geral foi concluído que os ruídos dominantes encontrados nos três jardins estão
associados ao ruido dos transportes. Realça-se também que de uma forma global,
independentemente da tipologia sonora, os níveis sonoros dos parques estudados são elevados. Os
níveis sonoros mais baixos foram registados em locais centrais dos jardins contrastando com as
medições realizadas no perímetro dos parques cujo os níveis sonoros foram os mais elevados.
A análise dos inquéritos permitiu concluir que de uma forma global, os inquiridos estão satisfeitos com
a qualidade visual e sonora dos jardins. Realçando o aspeto sonoro, os inquiridos mostraram a sua
preferência para com os sons naturais e mostrando a sua incomodidade perante os sons associados
aos transportes.
Foi também concluído que a presença de elementos naturais nos parques tais como fontes de água,
animais e parques infantis, contribuem para mascarar ou reduzir a perceção do ruído associado aos
transportes melhorando assim a paisagem sonora.
Quer os resultados da caracterização acústica e dos inquéritos mostraram-se consistentes com
alguns estudos internacionais também desenvolvidos em torno da paisagem sonora dos parques
públicos.
A engenharia do ambiente integra as ciências e princípios de engenharia para melhorar o ambiente
em que nós vivemos. O ruído é um poluente invisível que afeta negativamente ambiente sonoro
trazendo consequências para saúde e o bem-estar das pessoas. Torna-se relevante gerir o ambiente
sonoro complementando abordagem negativa (controlo do ruído) e positiva (paisagens sonoras). Isto
83
enquadra-se perfeitamente no âmbito da engenharia ambiental. Na acústica ambiental, o engenheiro
do ambiente deve assumir o papel de consultor, dando as recomendações necessárias para as
autoridades competentes (administração local, arquitetos e responsáveis do planeamento urbano) a
fim de melhorar o ambiente sonoro das cidades.
8.2. Trabalhos futuros
A realização da presente dissertação sobre a paisagem sonora de jardins e parques públicos permitiu
chegar a resultados e conclusões interessantes, que poderão ser relevantes para o desenvolvimento
futuros estudos.
Um ponto interessante da análise acústica a ter em conta na realização de futuros estudos está
relacionado com as alterações que a paisagem sonora dos jardins e parques públicos sofrem com a
mudança da estação do ano. Cada estação tem as suas características e influenciam a paisagem do
ponto de vista visual e sonoro. Será que a qualidade da paisagem sonora altera entre o
Outono/Inverno e a Primavera/Verão? Com o aumento dos visitantes (jovens e turistas) no Verão,
será que a perceção do ambiente sonoro pelos visitantes mais frequentes é afetada? Também seria
relevante perceber a influência das fontes sonoras sejam elas de origem natural e artificial na
paisagem sonora dos jardins durante os dias úteis e aos fins-de-semana.
As considerações supracitadas poderão também ser aplicadas nos inquéritos para o estudo da
perceção da qualidade dos jardins. No entanto isto implica a realização de inquéritos mais extensos e
pormenorizados.
Os níveis de mascaramento das fontes sonoras poderão ser úteis ao nível da modelação da
paisagem sonora. Esta modelação poderá servir como uma ferramenta auxiliar para os arquitetos e
responsáveis da área do planeamento urbano no que diz respeito à conceção dos espaços verdes
dando a oportunidade de melhorar a qualidade sonora e otimizar a integração do aspeto sonoro com
os elementos visuais e olfativos destes espaços.
Os resultados obtidos no presente trabalho no que diz respeito à caracterização acústica e os
inquéritos poderão servir de referência para o projeto QUADMAP (QUiet Areas Definition and
Management in Action Plans). Este projeto co-financiado pela Comissão Europeia sob o programa
Life+ visa o desenvolvimento de uma metodologia harmonizada para a seleção, avaliação
(combinando parâmetros quantitativos e qualitativos) e gestão (atenuação do ruído) das zonas
urbanas tranquilas na qual os parques públicos estão incluídos.
84
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90
Anexos
91
Anexo 1 - Inquérito Socio-Acústico
QUESTIONÁRIO (Percepção da Paisagem Sonora …..….……………….. (Data:.…/…./….)
Parte I
a) Com que frequência você utiliza este Parque?
( ) 1 vez ao mês ( ) 1 vez na semana ( ) 2 a 7 vezes na semana
b) Quanto tempo você costuma permanecer no Parque?
( ) menos de 1 hora ( ) de 1 a 2 horas ( ) mais de 2 horas
c) Qual o motivo da sua visita/estadia?
( )Ativ. Física ( )Contemplativa ( )Lazer ( ) Educativa ( )Encontro
( )Manutenção/limpeza ( )Comércio ( )Serviço ( ) Outros ………………………
Parte II
1 - Em termos de infraestrutura e instalações, como você avalia este parque?
1 Muito insatisfeito ( )
2 Insatisfeito ( )
3 Neutro, nem insatisfeito nem satisfeito ( )
4 Satisfeito ( )
5 Muito satisfeito ( )
2 - Em termos de beleza (estética visual), como você avalia a paisagem deste parque?
1 Muito insatisfeito ( )
2 Insatisfeito ( )
3 Neutro, nem insatisfeito nem satisfeito ( )
4 Satisfeito ( )
5 Muito satisfeito ( )
3 - Qual o aspecto mais agradável deste Parque? ………………………………………………..
……………………………………………………………………………………………………………
4 - Qual o aspecto mais desagradável deste Parque? ………………………………………...…
……………………………………………………………………………………………………………
Parte III
92
5 - Até que ponto você ouve os cinco tipos de sons presentes neste Parque:
Não escuta A Escuta
pouco
B Escuta
algum
C Escuta
Muito
D Domina
Completamente
E
A B C D E
1 Sons de trafego
2 Sons de máquinas e equipamentos (ventoína, ventilador, etc.)
3 Outros sons
4 Sons humanos (conversa, grito, passo, criança, bicicleta, etc.)
5 Sons naturais (pássaro, cão, sapo, inseto, vento, água corrente, etc.)
6 - Quais destes sons acima você considera agradáveis? ..……………………………………
7 - Quais destes sons acima você considera desagradáveis? …………………………………
8 - Como você avalia o ambiente deste parque em termos de volume do som?
1 Nem tinha percebido ( )
2 Baixo ( )
3 Normal ( )
4 Alto ( )
9 - Este volume lhe incomoda?
1 Não ( )
2 Um pouco ( )
3 Neutro, nem pouco nem muito ( )
4 Bastante ( )
5 Muito ( )
10 - Como você avalia o ambiente deste parque em termos de tranquilidade?
1 Muito insatisfeito ( )
2 Insatisfeito ( )
3 Neutro, nem insatisfeito nem satisfeito ( )
4 Satisfeito ( )
5 Muito satisfeito ( )
11 – A qualidade sonora muda no momento em que você entra ou sai deste Parque?
Sim ( ) Não ( )
Em que aspecto?
……………………………………………………………………………………………………
93
………………………………………………………………………………………………………………………
……………………………………………………
12 – Observações Complementares:
……………………………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………………………………………………
Sexo: M( ) F( ) Estudante( ) Trabalhador( ) Outros( ) Escolaridade: P( ) S( ) U( )
Ano Nasc./Idade: ………. Local de morada:………………………………………………………...
……………………………………………………………………………………………………………
Entrevistador
94
Anexo 2 – Mapas dos percursos (gravações binaurais) nos jardins estudados
Figura A1: Mapa dos percursos para a realização das gravações binaurais no jardim do Príncipe Real
95
Figura A2: Mapa dos percursos para a realização das gravações binaurais no jardim da Estrela
Figura A3: Mapa dos percursos para a realização das gravações binaurais no jardim da Fundação Calouste Gulbenkian
96
Anexo 3 – Nível de mascaramento das fontes sonoras nos jardins estudados
Tabela A1: Nível de mascaramento obtidos para o jardim do Príncipe Real (19/05/2015)
Nº Local Caminho Ficheiro
Fonte
sonora
Mascarada
LMask
dB(A) Auditor
LMask Médio
dB(A)
1 --- --- 0234 Tráfego 65,6 R 64,9
2 --- --- 0234 Tráfego 64,2 A
3 1 B-C 187 Tráfego 63,0 R 63,0
4 4 B-C 193 Fonte D’água 52,4 R 48,4
5 4 B-C 193 Fonte D’água 44,4 A
6 5 B-C 195 Fonte D’água 52.2 R 51,6
7 5 B-C 195 Fonte D’água 51,0 A
8 6 B-C 197 Fonte D’água 56,1 R 53,2
9 6 B-C 197 Fonte D’água 50,2 A
10 7 B-C 199 Tráfego 63,1 R 58,4
11 7 B-C 199 Tráfego 53,7 A
12 9 B-C 204 Tráfego 47,0 R 46,8
13 9 B-C 204 Tráfego 46,6 A
14 10 B-C 206 Tráfego 57,5 R 54,2
15 10 B-C 206 Tráfego 50,9 A
16 11 B-C 208 Tráfego 70,2 R 68,6
17 11 B-C 208 Tráfego 66,9 A
97
Tabela A2: Nível de mascaramento das fontes sonoras para o jardim do Príncipe Real (19/05/2015)
Nº Local Caminho Arquivo Fonte sonora
Mascarada
LMask
dB(A) Auditor
LMask Médio
(dB(A))
1 1 A-C 209 Tráfego 48 R 49,5
2 1 A-C 209 Tráfego 50,9 A
3 3 A-C 213 Fonte D’água 39,8 R 39,8
4 3 A-C 213 Fonte D’água 43,7 A
5 3 A-C 213 Crianças
Parque 71,4 R
71,0
6 3 A-C 213 Crianças
Parque 70,6 A
7 4 A-C 215 Fonte D’água 51,4 R 50,1
8 4 A-C 215 Fonte D’água 48,7 A
9 5 A-C 218 Fonte D’água 44,7 R 44,2
10 5 A-C 218 Fonte D’água 43,6 A
11 6 A-C 220 Fonte D’água 51,6 R 49,6
12 6 A-C 220 Fonte D’água 47,5 A
13 7 A-C 222 Fonte D’água 44,2 R 44,1
14 7 A-C 222 Fonte D’água 44 A
15 9 A-C 226 Maq. Refrig. 56,8 R 56,9
16 9 A-C 226 Maq. Refrig. 56,9 A
17 10 A-C 228 Tráfego 55,3 R 54,9
18 10 A-C 228 Tráfego 54,5 A
19 11 A-C 230 Tráfego 54,9 R 55,8
20 11 A-C 230 Tráfego 56,7 A
98
Tabela A3: Nível de mascaramento das fontes sonoras para o jardim da Estrela (22/05/2015)
Nº Local Caminho Arquivo Fonte sonora
Mascarada
LMask
dB(A) Auditor
LMask Médio
(dB(A))
1 1 A-C 281 Tráfego 65,5 R 63,9
2 1 A-C 281 Tráfego 62,3 A
3 2 A-C 283 Vozes 66,9 R 66,9
4 2 A-C 283 Vozes 66,9 A
5 3 A-C 285 Tráfego 47,7 R 48,6
6 3 A-C 285 Tráfego 49,4 A
7 4 A-C 287 Pavão 69,8 R 70,8
8 4 A-C 287 Pavão 71,7 A
9 5 A-C 289 Pavão 75,3 R 75,9
10 5 A-C 289 Pavão 76,4 A
11 6 A-C 291 Crianças Parque 64,5 R 65,9
12 6 A-C 291 Crianças Parque 67,3 A
13 7 A-C 293 Crianças Parque 65 R 63,9
14 7 A-C 293 Crianças Parque 62,7 A
15 7 A-C 293 Pavão 77,1 R 76,9
16 7 A-C 293 Pavão 76.6 A
17 8 A-C 295 Crianças Parque 70,4 R 70,3
18 8 A-C 295 Crianças Parque 70,1 A
19 9 A-C 297 Vozes Esplanada 62,1 R 61,6
20 9 A-C 297 Vozes Esplanada 61,1 A
21 10 A-C 299 Tráfego 68,6 R 68,0
22 10 A-C 299 Tráfego 67,4 A
23 7 D-B 300 Tráfego 56,3 R 56,1
24 7 D-B 300 Tráfego 58,9 A
25 3 D-B 48 Fonte D’água 45,6 R 46,2
26 3 D-B 48 Fonte D’água 46,7 A
27 2 D-B 49 Tráfego 48 R 49,7
28 2 D-B 49 Tráfego 51,4 A
29 1 D-B 38 Sino 74,3 R 74
30 1 D-B 38 Sino 73,7 A
31 1 D-B 51 Tráfego 64,1 R 62,7
32 1 D-B 51 Tráfego 61,3 A
33 1 A-C 281 Passarinhos 53,1 R 53,1
34 3 A-C 285 Passarinhos 71,4 R 71,4
35 5 A-C 289 Passarinhos 65,3 R 65,3
36 6 A-C 291 Passarinhos 55,8 R 55,8
99
37 7 A-C 293 Passarinhos 65,3 R 65,3
Tabela A4: Nível de mascaramento das fontes sonoras para o jardim da Fundação Calouste
Gulbenkian (25/05/2015)
Nº Local Caminho Ficheiro Som Mascarado LMask
dB(A) Auditor
LMask Médio
(dB(A))
1 1 A-B 236 Tráfego 64,9 R 65,4
2 1 A-B 236 Tráfego 65,8 A
3 2 A-B 238 Passarinhos 54,4 R 50,9
4 2 A-B 238 Passarinhos 47,4 A
5 2 A-B 238 Tráfego 49,9 R 50,5
6 2 A-B 238 Tráfego 51 A
7 3 A-B 240 Passarinhos 69,2 R 68,7
8 3 A-B 240 Passarinhos 68,2 A
9 3 A-B 240 Ventiladores 51,5 R 52,7
10 3 A-B 240 Ventiladores 53,9 A
11 4 A-B 242 Ventiladores 53,7 R 54,3
12 4 A-B 242 Ventiladores 54,8 A
13 5 A-B 244 Córrego Pedras 50,5 R 48,6
14 5 A-B 244 Córrego Pedras 46,7 A
15 5 A-B 244 Passarinhos 68,5 R 68,6
16 5 A-B 244 Passarinhos 68,7 A
17 6 A-B 246 Patos 50,2 R 48,7
18 6 A-B 246 Patos 47,2 A
19 7 A-B 249 Fonte D’água 3b 44,9 R 43,8
20 7 A-B 249 Fonte D’água 3b 42,6 A
21 7 A-B 249 Passarinhos 65,4 R 64,4
22 7 A-B 249 Passarinhos 63,4 A
23 8 A-B 251 Fonte D’água 3b 41,5 R 42,6
24 8 A-B 251 Fonte D’água 3b 43,7 A
25 9 A-B 254 Tráfego 49,2 R 48,3
26 9 A-B 254 Tráfego 47,4 A
27 9 A-B 254 Passarinhos 56,2 R 55,4
28 9 A-B 254 Passarinhos 54,6 A
29 11 A-B 259 Tráfego 46,3 R 48,4
30 11 A-B 259 Tráfego 50,4 A
31 11 A-B 259 Passarinhos 60,3 R 58,4
32 11 A-B 259 Passarinhos 56,4 A
100
33 12 A-B 261 Tráfego 61,9 R 61,0
34 12 A-B 261 Tráfego 60,1 A
Tabela A5: Nível de mascaramento das fontes sonoras para o jardim da Fundação Calouste
Gulbenkian (25/05/2015)
Nº Local Caminho Arquivo Fonte sonora
Mascarada
LMask
dB(A) Auditor
LMask Médio
(dB(A))
1 1 262 C-D Córrego Pedras 1 49,9 R 50,6
2 1 262 C-D Córrego Pedras 1 51,2 A
3 1 262 C-D Passarinhos 62,2 R 60,5
4 1 262 C-D Passarinhos 58,7 A
5 2 264 C-D Córrego Pedras 1 44,8 R 47,3
6 2 264 C-D Córrego Pedras 1 49,7 A
7 3 266 C-D Córrego Pedras 1 43 R 43,3
8 3 266 C-D Córrego Pedras 1 43,5 A
9 3 266 C-D Passarinhos 54,7 R 52,9
10 3 266 C-D Passarinhos 51,1 A
11 4 268 C-D Córrego Pedras 1 38,8 R 39,3
12 4 268 C-D Córrego Pedras 1 39,7 A
13 5 271 C-D Córrego Pedras 2 40,8 R 41,7
14 5 271 C-D Córrego Pedras 2 42,6 A
15 5 271 C-D Passarinhos 53,8 R 52,2
16 5 271 C-D Passarinhos 50,5 A
17 6 273 C-D Córrego Pedras 2 49,3 R 49,3
18 6 273 C-D Córrego Pedras 2 49,3 A
19 7 275 C-D Córrego Pedras 2 48,3 R 50,3
20 7 275 C-D Córrego Pedras 2 52,2 A
21 7 275 C-D Passarinhos 52,8 A 53,5
22 7 275 C-D Passarinhos 54,2 R