Foi construído em 1912, pelo imigrante alemão Johann
Lindner e sua família, a partir do seu conhecimento sobre
arquitetura trazido da Alemanha. Está situado na Rua General Osório, 507,
Centro.
Os tijolos foram produzidos pela própria família, na beira do Rio
Fiúza, localizado acerca de 400 metros do Castelinho,
onde havia uma área úmida com muita argila. Portanto, os tijolos foram
produzidos de forma artesanal.
Nesta construção não foi usado cimento e sim barro. A
construção com barro é a tecnologia construtiva mais
velha e foi por séculos a tecnologia mais utilizada.
Os serviços com a madeira também foram realizados pela família.
Árvores havia em abundância, as quais
foram serradas e beneficiadas
artesanalmente.
Quanto ao seu estilo arquitetônico, manteve-se
eclético, seguindo os padrões em voga ou
conforme as preferências do proprietário.
A família, depois de árduo trabalho, residiu no Castelinho até 1923,
quando vendeu os lotes 13 e 14 para a família de Karl Beÿhl, este com 47 anos. Conforme Contrato de Compra e Venda de Terras, realizado no dia
29 de junho de 1923. Karl Beÿhl e sua segunda esposa,
Christine M. M. Schaible, passaram a residir no Castelinho, o qual era
usado para moradia e festas.
No dia 23 de março de 1927, Richard Saur casou-se com Frida Emma Schaible, filha da Sra. Christine, na sala do Castelinho. A noiva Frida era enteada do dono da casa e o
casal nubente herdou a mesma por volta de 1937/38,
mas não passou a residir neste local.
No ano de 1945, Richard Saur e sua esposa Frida trocaram o Castelinho
com o Sr. Gottfried Wolgien por tijolos, já que o futuro proprietário, até então, era dono de uma olaria,
na Linha Berlim, hoje Bairro Wolgien. Já o Sr. Richard fez o
negócio para construir um novo prédio para sua oficina, hoje Saur
Equipamentos S. A., na época situada na Rua Sete de Setembro,
utilizando os tijolos da troca do Castelinho.
Gottfried Wolgien realizou algumas reformas, entre elas o telhado, que estava podre. A troca de parte da madeira foi realizada pelo pai da senhora Gertrud Hesselmann Döwich,
imigrante alemão Josef Hesselmann, um construtor de barcos na Alemanha. Também foi retirada parte do beiral da
varanda de entrada.
O Sr. Gottfried ampliou a casa. Ao lado do antigo porão
construiu três peças. Assim, além do novo porão, o
Castelinho passou a contar com nove peças. Na casa moravam o casal e os filhos Any, Betram e Inge. Na década de 1950, eram inquilinos Roland Hemesath e
Manfred Döwich.
Durante 30 anos ocorreram encontros de corais e de um
Grupo de Teatro. Os expectadores assistiam as apresentações na sala e os
artistas ficavam na parte em formato de torre do
Castelinho.
As esquadrias internas e externas são originais, bem como, os lambris
de madeira que revestem a pequena saleta que se destaca
externamente do volume principal da construção
(PINTO, IPHAE, 2011) .
A família Wolgien cultuava o hábito da leitura. Esta era realizada na
parte da torre, e os livros estavam dispostos em um armário na sala de jantar. No mesmo local, na parte da torre, também ficava o pinheiro de
Natal enfeitado , onde eram entoados hinos até o dia 06 de janeiro, dia dos Reis Magos.
Todas as tardes, às 16h 30min, na sala de jantar e biblioteca, era
oferecido um café da tarde para os parentes que vinham do interior, pois a distância era expressiva e, muitas vezes, feita a cavalo ou até
mesmo a pé. Servia-se cuca de requeijão, pão com geleia, pão
comprado do padeiro, seu Göecks, que passava com uma charrete
puxada a cavalo. Dona Charlotte Wolgien fazia pães nos finais de
semana.
Dona Charllote Wolgien, irmã da Sra. Gertrud, saiu da casa
quando ficou viúva, no ano de 1987, indo morar em um apartamento no Edifício
Pindorama. Depois se mudou para São Leopoldo. A casa foi herdada pelo filho mais novo,
Bertram Theodoro Wolgien, que mora na Alemanha.
Em 1989, a Prefeitura Municipal de Panambi alugou o Castelinho para
ali localizar o Museu e Arquivo Histórico de Panambi, criado em 1968 e municipalizado em 08 de
novembro de 1989. O prédio passou por uma reforma que incluiu
pintura, rampa na escada que dá acesso ao prédio, com corrimão e
ajardinamento.
No dia 01 de março de 1990 foi inaugurado ali o novo espaço do
Museu. A cerimônia foi ao ar livre, em frente ao Castelinho, sob a
execução de músicas pela Banda do 17º BI - Batalhão Curupaiti. Na
oportunidade, foi homenageado o Diretor do Museu, Senhor Eugen Leitzke, o qual teve um trabalho significativo na coleta do acervo.
Em maio de 1992, ocorreu a grande enchente que
assolou o Município, que atingiu a Reserva Técnica do Museu (porão). Devido
a isso, viu-se a necessidade de transferir o Museu para
outro prédio.
A partir deste ano, o Castelinho passou a ser
novamente ocupado como casa de moradia, sendo alugado por algumas
famílias. Neste período, foram feitas alterações como a construção de uma lareira de alvenaria e um banheiro.
O Castelinho é uma das construções mais conhecidas em Panambi pelo seu estilo arquitetônico diferenciado. Tendo consciência do valor histórico e cultural
deste imóvel, no ano de 2009, a Prefeitura Municipal de Panambi
adquiriu esta propriedade e anexou-a a área do Parque Municipal. Além disso, o Castelinho foi tombado pelo Município através da Lei Municipal nº 2.953 de 24
de março de 2010 por tratar-se de Patrimônio Histórico e Arquitetônico.
Projeto de RestauroDesde 2010, iniciou-se
estudos sobre o restauro do Castelinho.
Em fevereiro de 2011 foi encaminhado para
Prefeitura Municipal de Panambi, o relatório técnico do IPHAE –
Instituto do Patrimônio Histórico Artístico do Estado, realizado pela Arquiteta Marília da
Lavra Pinto, após visita em 2010.
As colunas são de ordem clássica, apresentando capitéis estilizados e arcos plenos. Na base da coluna, pode-se observar os tijolos moldados
em curva (PINTO, IPHAE, 2011).
Os estudos continuaram pela Arquiteta e Urbanista Suzana V. de Oliveira,
pela arquiteta Natália Suarez e pelo Biólogo Markus Wilimzig, que atua na
avaliação de patologia de materiais.
No dia 13 de Abril de 2012, ocorreu um encontro sobre a função,
finalidade do Castelinho. Surgiram várias sugestões como sala para o Conselho Municipal da Cultura de Panambi, memorial da imigração,
local para sarau, centro de informações turísticas, sala de
reuniões com exposições temporárias e ou permanentes. Ainda neste ano
está proposto a iniciação da captação de recursos para o restauro.
Abrindo caminhos para a preservação da memória de um povo, que
está diretamente relacionada à conservação
de seu patrimônio cultural.