5/10/2018 Centros Sociales - slidepdf.com
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EXTRA ● EXTRA ● P GINA 16 - Edição: 7/08/2011 - Impresso: 6/08/2011 — 20: 02 h
2ª EDIÇÃO ● Domingo 7 de agosto de 2011 ● EXTRA D 1 6
AZUL MAGENTA AMARELO PRETO
São João deMeri ti
População: 458.673
Orçamen to da Câmara:
R$ 9.000.000,00
Nº de vereadores: 18
Salário dos vereadores:
R$ 6.000,00
Ainda que apopulação sejabeneficiada, es-
sa práticaé nefas-
ta. Isso é compra devotos a nível em-presarial
Silvana Batini
Procuradora federal
Em 4 ‘UPAs’ improvisadas, parlamentares da Baixada prestam por ano 68.640 atendimentos na área de saúde
■ TEXTO:PRISCILLA SOUZA
■ FOTOS:FABIANO ROCHA E FÁBIO GUIMARÃES
■ Aos 81 anos, Terezinha Alves Rangelsofreu um derrame. Do médico, recebeua recomendação: deveria fazer fisiotera-pia. Mas onde?, pensou, aflita. Resolveubater à porta dos postos de saúde mu-nicipais de Vila União e Vilar dos Teles,perto de sua casa. Nada feito, lá não ha-
via aparelhos. Sem atendimento na redepública de São João de Meriti, na Bai-
xada Fluminense, decidiu recorrer à“UPA” do vereador Francisco da Costa(sem partido), no bairro Tomazinho.
Dona Terezinha não foi a primeira abuscar ajuda nas policlínicas improvisa-das montadas por políticos na região. Deacordo com o Ministério Público do Es-tado doRio deJaneiro, 56centrossociaisfuncionam na Baixada,e, apenas em qua-tro deles (em Meriti, Belford Roxo e No-
va Iguaçu) são realizados por ano 68.640atendimentos. O número é significativo:equivale a 22% do que é realizado nospostos de saúde municipais localizadosnas mesmas áreas dos chamados “pron-tos-socorros eleitorais”.
A partir de informações das Câmaras deVereadoresdos13 municípios quecompõem
a Baixada, o EXTRA chegou a Francisco daCosta e a outros 16 par-lamentares com maiornúmero de mandatos naregião. Destes, cinco es-tão à frente de centrossociais. Outros três tam-bém apostam no assis-tencialismo, de olho nopoder das urnas. Nocentro social de JoãoCarlos Julião, no Valedas Mangueiras, emBelford Roxo, depoisda identidade, alerta ocartaz na entrada, o tí-
tulo de eleitor é um dos “documentos ne-cessários para o atendimento”. O vereador,no entanto, nega exigir o título.
Hoje, os cinco veteranos que mantêmcentros sociais na Baixada ganhamentre R$5.400 e R$ 9.288. E, a julgar por Franciscoda Costa, eles são obrigados a fazer ma-labarismos para manter as instituições.
Semalvarádas prefeituras, autorização daVigilância Sanitária ou registronos conselhosregionais de medicina e odontologia, todas aspoliclínicas funcionavamaté julho semseremincomodadas. Apenas após ser procuradapelo EXTRA, a Prefeitura de Meriti resol-
veu multar e notificar a instituição.— Já seria nefasto se o serviço nestes
centrosfossede excelente qualidade, masnão. Em ações feitas pelo TRE, desco-brimos lotes de remédios fora da valida-de e outros desviados da rede pública —afirma a procuradora da República Sil-
vana Batini.Durantetrês meses, o EXTRA percor-
reu centros sociais mantidos por políti-cos, Câmaras de Vereadores e cartórios
para entender como funcionam estas ins-tituições. E entrevistou 60 pessoas — en-tre elas, a idosa de Vila União.
— Uma amigame indicou o centro so-cial. Meu filho votou no vereador. Porisso, vim para cá. Preferia fazer o trata-mentono postode saúde,que é maisper-to da minha casa, mas lá não tem apa-relho — disse, em 8 de julho, dona Te-rezinha, pouco antes de iniciar a sessãode fisioterapia na “UPA” de Tomazinho.
NO CENTRO
SOCIA L
mantido pelov er eador Fr ancisco daCosta, na RuaT aquesBitencour t1.040, emT omazinho,são r ealizadoscer ca de 500atendimentospor semananas ár eas declí nica médica,ginecologia,car diologia,pediatr ia,
f onoaudiologiae f isioter apia
’Nos postos, não há médicos’Moradora de Tomazinho compara vereador a Deus■Enquanto dona Terezinha faztratamento com eletrodos parafortalecer a musculatura dasmãos, em outra maca, ElizabethLourenço dos Santos, de 69anos, faz ultrassom para melho-rar as dores provocadas por es-porões no calcanhar.
Esse nãoé o primeirotratamen-to que ela faz no centro social: háum ano, a dona de casa faz acom-panhamento com a cardiologistaLetícia da Costa, de 28 anos, filhado vereadorFrancisco da Costa.
Moradora de Tomazinho, Eli-zabeth também já havia procu-
rado atendimento na rede públi-ca de saúde, sem sucesso:
— A gente vai nos postos deVila União e Vilar dos Teles, masnunca tem médico. Precisava depediatra para a minha neta, masnão tem. Isso aqui (o centro so-cial), nos vale muito. O FranciscoCosta é nosso Deus — elogia.
Multa e notificação A instituiçãorealiza cerca de 500
atendimentos por semana em clíni-ca médica, ginecologia, pediatria,fonoaudiologia, cardiologia e fisio-terapia — sem alvará da prefeitura
ou autorização da Vigilância. Alertada pelo EXTRA sobre a
situação irregular do centro social,a Prefeitura de Meriti informou,em 29 de julho, que Francisco daCosta seria multado em R$ 500 enotificado a legalizar a instituiçãono prazo de 15 dias. Além disso, o
vereador foi intimado a apresentarlicença sanitária para o centro so-cial em até 30 dias.
Sobre o fato de Costa recebersalário como professor do muni-cípio, mesmo afirmando estarafastado da função, a prefeituradisse que iria apurar o fato.
T EREZ INH A A LV ES f az se ssão de f isiot e r apia OU TR A IDOS A T A MBÉM faz sessão de fisio terapia em Tomazinho
ESPECIAL
5/10/2018 Centros Sociales - slidepdf.com
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EXTRA ● EXTRA ● P GINA 17 - Edição: 7/08/2011 - Impresso: 6/08/2011 — 00: 16 h
EXTRA ● Domingo 7 de agosto de 2011 S1 7 EXTRA ● Domingo 7 de agosto de 2011
S1 7
AZUL MAGENTA AMARELO PRETO
o vereador que mantem doiscentros sociais em Belford Roxo
Ana Paula Araripe | Apuração: Mariana Moreira (colaborou)
Flávio Rosa, Michelle Rodrigues e Vinícius Mitchell
Assista ao vídeo com imagensdo centro social de Meriti Amanhã, este tema está na pauta
do programa Roberto Canázio
F RA N C I S C O DA C O S TA (sem p ar tido )
M a n d a t o: 5º, sendo que, em 2008, foi o quar to vereador mais
vo tado em Meriti, com 4.133 vo tos. Passou por qua tro par tidos.
Foi con vidado a se re tirar do P V es te ano
P a t r i m o n i o: Não declarou bens há três anos, mas, nas
eleições de 2004, disse possuir casa em São Ma theus, em Meri ti,
um Gol 2003 e apartamen to na A venida Oceânica em Itaúna,
Saquarema
R e n d a : Além dos R$ 6 mil da Câmara, recebia a té fe vereiro
R$ 2.044,58 como pro fessor da Secre taria Es tadual de Educação.
E R$ 1.092,14 da Secre taria de Educação de Meri ti, apesar de
a firmar es tar a fas tado das salas de aula
O u t r o s d a d o s: Nascido em Bel ford Ro xo, o pro fessor de
Ensino Médio, de 58 anos, tem como seus redu tos elei torais os
bairros de São Ma theus e Tomazinho. Ele sonha em lançar a filha,
a cardiologis ta Le tícia da Cos ta, de 28 anos, na polí tica.
Ela trabalha no cen tro social dopai
07ci1680
ESPECIAL
Nome do v er eador f oi apagado da f achada do centr o social
IR A NILDO: “Nada a v er com isso”M A TOS: “Eu já tomei pro vidências”
DIV ULGA Ç Ã O / 28.04.2006
’Não faleideR$6milaR$10mil?’Parlamentar se atrapalha ao explicar gastos
com centro social em Tomazinho, Meriti
FRA NCISCOD A COST A no seu centro social
■ “O senhor disse que gasta entreR$ 10 mil e R$ 11 mil por mêspara manter o centro social...”,lembrou o EXTRA, no dia 27 de julho, a Francisco da Costa.
—NãofaleideR$6milaR$10mil?— perguntou o parlamentar.
— Não — rebateu o EXTRA.— É mais ou menos isso. O di-
nheiro é todo do meu salário. Nin-guém me dá um centavo — frisou.
Diante da afirmação,o EXTRA argumentou que com o salário de
vereador(RS 6 milbruto)não davapara mantero centro social.
— Tem meus cargos, pois souprofessor (do município e do es-tado) — afirmou o parlamentar.
Somados os três salários, Fran-ciscorecebiapor mês cercade R$9mil. Para manter o seu centro so-cial, eleprecisariafazer mágica. Se-gundo o parlamentar, cinco profis-sionais de fisioterapia são contra-tados com salários de R$ 2 mil,além de quatro médicos que rece-bem, em média, R$ 600 por mês.Pelas contas do vereador, apenascom pessoal são gastos R$ 12.400,R$1.400 a maisdoque ele afirmougastar como centro, numa das trêsentrevistas dadas ao EXTRA.
E asdespesas sãoainda maiores,considerandoos gastos com manu-tenção e o veículo usado no trans-porte de pacientes, além do inves-timento em equipamentos — esti-
mado em R$ 20 mil. A sala de fi-sioterapia tem aparelhos de ultras-som, ondas curtas e laser.
— O eletrocardiograma custouR$ 6 mil, pois é moderno. O pa-ciente vai sair com o laudo do exa-me — diz o parlamentar, acrescen-tando que a casa onde funciona ocentro pertencea seusogro.
O vereador afirmou morar lá,“numquartinho”, e pagar, por isso,aluguel de R$ 300. Apesar de, em2008, ter declarado ao TRE nãopossuirbens, da Costa está fazendoobras para ampliar seu “negócio”,de olho nas eleiçõesde 2012.
Centro socialéimportante. Oque o Estado
não faz, o políticotem que fazer
Francisco da Costa
D
Processado por abuso de poder político e econômico■Durante as eleições de 2010,fiscais do TRE-RJ vasculharamo centro social de Francisco daCosta. Resultado: o vereador es-tá sendo processadopeloMinis-tério Público Eleitoral (MPE)por abuso de poder político eeconômico.
Também são alvo da ação odeputado estadual IranildoCampos (PR); o deputado fe-deral Marcelo Matos (PDT); eo prefeito de São João de Me-riti, Sandro Matos (PR).
Fiscais apreenderam na ins-tituiçãoremédios, requisiçõesdeexames com o logotipo da pre-feitura e do SUS, laudos para
concessão de vale social do es-tado, além de formulários daDefensoria Pública, papel tim-bradoda Câmara, títulosde elei-
tor e material de campanha deIranildo e MarceloMatos.
A estreita relação entre a ins-tituição e a máquina pública foidescrita na ação do MPE, assimcomo o cunho eleitoreiro docentro social. As procuradorasMônicaRé e Silvana Batini afir-mam “que a principal fonte definanciamento do centro socialéo próprio poder público”.
O curioso é que Costa, queatéfevereirorecebia (como pro-fessor) pelo estado, e até hoje,pelo município, está sendo re-quisitado pelo gabinete de Ira-nildo Campos, na AssembleiaLegislativa do Rio.
— Ele me pediu para ficar àdisposiçãodo gabinete emjanei-ro, fevereiro. Disse que, se eleficasse, era para trabalhar pelo
menos três vezes por semana.Mas eledisse que três dias eramdemais. Então, pedi o cancela-mento da vinda dele — disse odeputado estadual.
Iranildo Campos também fa-lou sobre a açãodo MPE:
— Francisco apoiou a minhacampanha. Por isso, o materialestavano centrosocialdele. Masnão tenho nadaa ver com isso.
Já Marcelo Matos disse nãoconhecer o centro social:
— Nunca fiz campanha ba-seada em serviços sociais.
O prefeito de Meriti, SandroMatos, negou relação com ocentro social do vereador:
— A Justiça Eleitoral en-controu material da prefeituranocentro,masissonãoquerdi-zer que eu seja conivente.
■O letr eir o que indicav a “Ser v iço Social do V er . Fr ancisco Costa” f oi pintado. A mudança na f achada aconteceu após a ter ceir a entr ev ista com opar lamentar , no dia 27 de julho. E, também, após a Pr ef eitur a deMer iti ser questionada sobr e o alv ar á de f uncionamento do centr o e a autor izaçãoda V igilância Sanitár ia. Segundo oMinistér io Público Eleitor al, desde 89 o v er eador mantinha na Rua T aques Bittencour t o seu gabinete decampanha, tr ansf or mado em 2010 em centr o social.
5/10/2018 Centros Sociales - slidepdf.com
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EXTRA ● EXTRA ● P GINA 3 - Edição: 8/08/2011 - Impresso: 7/08/2011 — 20: 57 h
EXTRA ● Segunda-feira 8 de agosto de 2011 S3
EXTRA ● Segunda-feira 8 de agosto de 2011
S3
AZUL MAGENTA AMARELO PRETO
J OA O CA R L O S J U L IA O
p m d b
M a n d a t o: 5º, sendo que, em 2008, foi o
nono vereador mais vo tado em Belford Ro xo,
com 3.194 vo tos
P a t r i m o n i o: Ao TRE-RJ, declarou, em
2008, ter um pa trimônio de R$ 184.058,82.
Além de qua tro casas, sendo três em Bel ford
Ro xo e uma em São Pedro da Aldeia, disse
ter uma lo ja e um carro GM Classic Spirit
2005 (a tualmen te, o vereador circula num
Ford EcoSpor t). Ele mora no Lo te X V
R e n d a : O salário da Câmara dos
Vereadores (R$ 5.400 )
O u t r o s d a d o s: Pro fessor de
Con tabilidade, nascido em Bel ford Ro xo e pai
de qua tro filhos, o vereador, de 64 anos, foi
subsecre tário de Fazenda de Ca xias de
1986a 1988
os vereadores que mantêm centrossociais em Nova Iguaçu
Ana Paula Araripe
Flávio Rosa, Michelle Rodrigues e Vinícius Mitchell
Assista aos vídeos com imagensdos centros sociais de Belford Roxo Hoje, este tema está na pauta
do programa Roberto Canázio
Bel ford Ro x o
População: 469.332
Orçamen to da Câmara:
R$ 10.944.000,00
Nº de vereadores: 19
Salário dos vereadores:
R$ 5.400,00
ESPECIAL
Dorno joelho?ProcuraoJuliãoPosto de Saúde no ParqueAmorim, em Belford Roxo,
encaminha pacientes para
centro social de vereador
NO CEN TRO SOCIA L do Vale das Mangueiras, de João Carlos Julião, são realizadas
cerca de 200 consul tas odon tológicas. No car taz, o pedido do tí tulo de elei tor
DENT IST A A T ENDE no centr o social do V ale das Mangueir as: consultór iosdentár ios f uncionam sem r egistr o do C onselho Regional de Odontologia
■ TEXTO:PRISCILLASOUZA
■ FOTOS:FABIANOROCHA
■Com fortes doresno joelho, Maria Dolores, de 82anos, procurou o posto de saúde municipal no Par-que Amorim, emBelfordRoxo.Em vez deseraten-dida ou encaminhada a outra unidade pública desaúde, como esperava, a idosa foi orientada a pro-curaro centro socialdo vereador João CarlosJulião(PMDB), na Estrada do Ouvidor, lotes 2, 3 e 4,
quadra B, a cerca de 600 metros do posto mantidopela prefeitura.— Venhoduas vezes porsemanaao centrofazer
fisioterapia. Peguei en-caminhamento do pos-tode saúde, vimpara cáe comecei a ser atendi-da — explicou Maria,no dia 14de abril.
Numa das paredesdocentro,batizadocomo nome da mãe do ve-reador (Associação Be-neficente Elidia Julião),a foto do peemedebistaaparece em destaque.Segundo funcionários,no local são realizados320consultas odontoló-
gicas e 800 atendimentos de fisioterapiapor mês.
A estreita ligaçãoentreo serviçopúblicode saúdee o prestado pelo vereador é confirmada porJulião.Em entrevista ao EXTRA, no dia 26 de julho, eledisse que o caso de Dolores não é exceção:
— Isso acontece com frequência. À medidaque eles vão atendendo lá (no posto) e há ne-cessidade, vão encaminhando para o meu cen-tro social. Dentro do possível, atendo.
O prefeito de Belford Roxo, Alcides Rolim(PT), critica a prática assistencialista:
— No Parque Amorim, a prefeitura tem po-liclínica e posto 24h. Quem faz isso está na con-tramão da lei.
A prefeitura informou que enviaria fiscaisaos centros sociais, já que eles não têm alvaránem autorização da Vigilância Sanitária.
D
Receita paravingar napolítica■Na entradade outro centro social do ve-reador João Carlos Julião, no Vale dasMangueiras, também em Belford Roxo,um cartaz avisa: é necessário “xerox dotítulo de eleitor para o atendimento”. Sãoexigidosaindaidentidade, certidão de nas-cimento e comprovante de residência.
Apesar do papel na parede, o parla-mentar afirma que nunca solicitou o do-cumento às pessoas que batem à porta deseus centros sociais:
— Quem informou isso está mentin-do. Nós não pedimos título de eleitor a
quem quer que seja. Isso é uma levian-dade muito grande.
No entanto,o vereador admitequeoscentros sociais trazem dividendos polí-ticos e são lembrados pelos pacientes nahora em que eles vão às urnas:
— Na Baixada, o vereador não tem aimprensa e a Câmara fica longe da co-munidade. Como o vereador vaise man-ter? Se o vereador não criar uma carac-terística de trabalhar quevá ao encontrodo anseio da comunidade, não vinga napolítica.
D
‘Temmês que não consigofazer compra em casa’
NO CEN TRO do Parque A morim, fisioterapia e odontologia
■Para manter os serviços de saúde nosseus dois centros sociais, Julião afirmagastar cerca deR$ 4 mil noParqueAmo-rim e pouco mais de R$ 1 mil na outrainstituição, no Vale das Mangueiras.
Questionadosobreo fatode ganharR$ 5.400 por mês da Câmara de Bel-fordRoxo,ele afirmouque recebeaju-da de amigos — só não disse quais.
— Pego o meu salário todo e jogolá. Tem mês que não consigo fazercompra em casa. Tenho um grupo demantenedores que me ajuda. Mas atéonde as pessoas vão querer se expor?Elas não declaram isso no imposto derenda — afirma o vereador.
No cartório do 3º Ofício de Justiça deBelford Roxo, não constam registros dos
imóveis onde funcionam os centros so-ciais. Perguntado sobre o assunto, Julião justificou que as instituições estão loca-lizadas em áreas de posse.
Apesar de serem eleitos parafiscalizaro PoderExecutivo (osprefeitose seusse-cretários), elaborar e aprovar leis muni-cipais,os vereadoresda Baixada dedicamboa parte de seu tempo aos centros so-ciaise a seus outros negócios.
Julião, por exemplo, está toda segun-da-feira no centrosocialno ParqueAmo-rim. Já às quartas-feiras, atende no Valedas Mangueiras. Segundo uma funcioná-ria, neste último são realizados por mêscerca de 200consultas odontológicas e 30exames de vista, além de atividades es-portivas paraa terceira idade e jovens.
5/10/2018 Centros Sociales - slidepdf.com
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EXTRA ● EXTRA ● P GINA 3 - Edição: 9/08/2011 - Impresso: 8/08/2011 — 22: 42 h
EXTRA ● Terça-feira 9 de agosto de 2011 S3
EXTRA ● Terça-feira 9 de agosto de 2011
S3
AZUL MAGENTA AMARELO PRETO
Nov a IguaçuPopulação: 796.257Or çamento da Câmar a:R$ 13.000.000,00Nº de vereador e
s: 21Salário dos ver eadores:R$ 9.288,00
MARCOS ROCHA
PD TManda to: 4 º, sendo que, em 2008, foi o
quin to vereador mais vo tado em No va Iguaçu,
com 6.321 vo tos
Pa trimonio: Declarou, em 2008, ser dono
de apenas um carro (Ford EcoSpor t) financiado,
no valor de R$ 30 mil. No en tan to, ele a firma ser
proprie tário de um imó vel no Caonze, bairro
nobre de No va Iguaçu
Renda: O salário da Câmara dos Vereadores
(R$ 9.288 )
Ou tros dados: Nascido em No va Iguaçu
e pai de cinco filhos, o vereador, de 56 anos, já
trabalhou como jornaleiro, bancário e vendedor.
Seu redu to elei toral é formado pelos bairros
Pra ta, Parque Engenho Pequeno e Rancho
DANIEL DA PADARIAPDT
Mandato: 4º, sendo que, em 2008, foi o quartovereador mais votado em Nova Iguaçu, com 6.436 votos
Patrimonio: Ex-vendedor de bala, declarou, em2008, R$ 1,7 milhão. Dono de vários imóveis e lotes emNova Iguaçu, o vereador mora em Jardim Monte Castelo
Renda: Além do salário na Câmara, tem outrasfontes de renda. Em 2000, por exemplo, revelou ternove fontes pagadoras (Câmara, um mercadinho, seispadarias e uma drogaria). Versátil, entra e sai deempresas: hoje é dono de um posto de gasolina nobairro Botaf ogo, em Nova Iguaçu
Outros dados: Nascido em Mangaratiba, o
vereador, de 55 anos, passou pelo PTB, PDT e DEM.Os seus redutos eleitorais são Santa Rita, Vila de Cava,Corumbá, Adrianópolis e Monte Castelo
,
vereador amplia serviços oferecidosem centro social de Mesquita
Ana Paula Araripe | Apuração: Mariana Moreira (colaborou)
Flávio Rosa, Michelle Rodrigues e Vinícius Mitchell
Assista aos vídeos com imagensdos centros sociais de Nova Iguaçu Hoje, este tema está na pauta
do programa Roberto Canázio
ESPECIAL
NO NÚMERO 38 D A Rua Jari, funciona há no ve anos o cen t
ro social de
Daniel da Padaria. Lásão realizados cerca de
70 a tendimen tos pordia,
en tre sessões de fisio terapia e consul tas odon tológicas
NO CENTRO CULTURAL Santa Rita, mais de
600 alunos estão matriculados nas seisturmas do curso de informática
Primorico, primopobre.Osdoismantêmcentros sociaisDaniel é o Tio Patinhas de Nova Iguaçu e Rocha, homem de ‘um bem só’: eles apostam no assistencialismo
■ PRISCILLA SOUZA
■ FOTOS:FABIANOROCHA
■De ex-vendedor de balas a umbem-sucedido homem de negó-cios: Daniel Eduardo da Silva(PDT)é dono deum patrimôniodeclarado de R$ 1,7milhão. En-
quanto isso,o colega de plenárioe de partido Marcos Rocha de-clarou ao TRE-RJ, em 2008,possuir apenas um carro finan-ciadonovalordeR$30mil,ape-sar de morar em casa própria noCaonze, bairro sofisticado de
Nova Iguaçu,e admitirsero pro-prietário do imóvel. Segundo oConselhoRegional dos Correto-resde Imóveis (Creci-RJ),o pre-çode imóvelna rua onde moraoparlamentar pode variar de R$120 mil a R$150 mil.
— Não declarei, porque nãoestão registrados em cartório.
Quandodeclarar, te aviso — dis-se Rocha,aoser questionado so-bre o fatode não ter declarado àReceita Federal ser dono doimóvel — fato sujeitoà multa.
Embora separados por inú-meros cifrões, uma prática polí-
tica aproxima os dois vereadoresde Nova Iguaçu: o assistencialis-mo. Ambos mantêm centros so-ciais no segundo município maisricoda Baixada Fluminense.
Em maio, Daniel confirmouestar à frente da instituição.
— Eu tenho umcentrosocialem SantaRita.Temfisioterapia,
dentista e curso de informática.Depois, negou, mas o EX-TRA foi levado ao centro apósencontrar o vereador próximo àRua Jari. E ele indicar RenatoPessoa, seu funcionário, paraacompanhar a equipe ao centro.
Mesmo sem alvará da prefei-tura e autorização da VigilânciaSanitária,o CentroCulturalSan-ta Rita realiza cerca de 70 aten-dimentospor diade fisioterapiaeodontologia. Mais de 600 alunosestão matriculados nas seis tur-mas docurso deinformática.E olocal abriga ainda biblioteca, sa-
lão de festas e cozinha industrialpara curso de confeitaria.Já o centro de Rocha faz
300 atendimentos por mês emclínica geral, ginecologia e or-topedia, além de oferecer au-las de informática, artesanato
e assistência jurídica.Na sala de atendimento, re-
médiosestãoexpostos numa me-sa. Um dos medicamentos é oKóide D, amostra grátis.
— É corticóide com forteação antialérgica e anti-inflama-tória. Só deve ser usado comorientação — afirmou o presi-
dente do Sindicato dos Médicos,Jorge Darze.Procurado, o laboratório Eu-
rofarma — que fabrica o medi-camento — disse que as amos-tras grátis são distribuídas a mé-dicos por propagandistas.
D
’Os profissionais são voluntários’
D
’Peço doações aos meus amigos’
■ Apesar de admitir, emmaio, que o centro social daRua Jari, 38, era seu, o ve-reador Daniel da Padariadisse, no dia 2 de agosto,que a instituição não lhepertencia.
— O prédio é meu, masfiz concessão paraum grupode pessoas. Os profissionaissão voluntários, e eles mes-mos levam os equipamen-
tos. Nunca fui lá — afirmouo vereador.
Em maio, quem gerencia- va o centro era Renato Pes-soa, assessor do gabinete po-lítico do vereador na Estrada
Adrianópolis — localizadopróximo ao centro social. Se-gundo Daniel, Renato dei- xou, recentemente, a admi-nistração da instituição.
Além do trabalho na Câ-mara e no escritório político,Daniel também dedica partede seu tempo a outros negó-cios. Ele é dono de posto degasolina no bairro Botafogo.Funcionários da padaria Barra
Bonita,em Santa Rita, afirma-ram que o estabelecimentotambémé do vereador,embo-ra documento da Junta Co-mercial do Estado mostre queelesaiuda empresa em 2010.
Em 28 de maio do mesmoano, Daniel entrou como ad-ministradorda Drogaria Quin-zede Jaú e,dois meses depois,saiu da empresa. Situação se-melhante já havia ocorridoem2009, quando eleentrou comosócio do Mercadinho NovoSanta Rita, no dia 2 de abril, edeixou a sociedade em 17 de junho. Em oito anos, o verea-dor conseguiu multiplicar o
seupatrimônio por seis.— Se você estáprocurando
alguma coisa na minha partefinanceira, não vai achar nada.Tudo o que tenho é declaradono Imposto de Renda.
■O imóvel no Caonze não éo único que não foi declara-do por Marcos Rocha (PDT)ao TRE. O vereador tam-bém é dono de casa na RuaHilda Franco, no Parque En-genho Pequeno, onde fun-
ciona seu centro social —que não tem alvará da pre-feitura ou autorização da Vi-gilância.
Apesar de ter dito ao EX-TRA, em 5 de maio, mantero centro social, ao ser per-guntado sobre os custos dainstituição, no dia 27 de ju-lho, Rocha disse que amigos— não citou quais — o aju-
dam a mantê-lo:— Eu peço doações aosmeus amigos.
Segundo o parlamentar, o
médico queatendeno localé voluntário por serseu amigo.No entanto, ao ser pergun-tado sobre qual era o nomedo profissional, Rocha disseque “só sabia o apelido”.Questionado mais uma vez,
ele disse que não se lembra- va do apelido do “amigo”, epassaria a informação de-pois. Não passou.
5/10/2018 Centros Sociales - slidepdf.com
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EXTRA ● EXTRA ● P GINA 3 - Edição: 10/08/2011 - Impresso: 9/08/2011 — 22: h
EXTRA ● Quarta-feira 10 de agosto de 2011 S3
EXTRA ● Quarta-feira 10 de agosto de 2011
S3
AZUL MAGENTA AMARELO PRETO
nas Câmaras de Vereadores, eles têm pouco ou nenhuma produção
Ana Paula Araripe | Apuração: Mariana Moreira (colaborou)
Flávio Rosa, Michelle Rodrigues e Vinícius Mitchell
Assista ao vídeo com imagensdo centro social de Mesquita Hoje, este tema está na pauta
do programa Roberto Canázio
MesquitaPopulação: 168.376
Orçamen to da Câmara:
R$ 4.983.000,00
Nº de vereadores: 12
Salário dos vereadores:
R$ 6.192,00
ESPECIAL
Político social clubeVereador que em 4 anos quadruplicou patrimônio oferece judô e até sessões de auriculoterapia
OG A LP Ã O do vereador Nakan: cerca de 18 mil pessoas já passaram pelo centro social
Aparecida não é a única a pro-curar o centro social. Uma fila seformounacasaemfrenteaogalpãono fim de julho. Lá, no número 94,funcionao escritório da instituição,onde são feitos os agendamentosde consultas e exames, além do ca-dastro dos beneficiados.
Cansada de esperar por atendi-mento no posto de saúde de EdsonPassos,DivaAlvesdaSilva,de49anos,procurou o centro social. Há cerca deum ano, ela descobriu que sofria dehipertensão. Depois de uma consulta,conseguiu marcar para fazer um exa-me de sangue, para verificar as taxasde colesterol e glicose.
— É muito difícil conseguir aten-dimento no posto. A gente tem quedormir na fila. Aqui (no centro so-cial), não — afirmou Diva, que nãosabedeondeapalavravotoveio,massabe para onde ele vai em 2012.
■ PRISCILLA SOUZA
■ FOTOS DE FABIANOROCHA
■ A palavra voto — do latim votum
— significa manifestação da von-tadeou opinião individual a respei-to de alguma pessoa ou coisa. Nocasoda babá Aparecida Arruda,de31 anos, ele se transformou emmoeda de retribuição.
— Sempre voto no Nakan, porqueprocuro votar em quem cuidada saú-de — diza moradora de Mesquita.
Nakan, no caso, é Flavio Nakan-dakare (PT), o sétimo vereadormais votado nas eleições de 2008em Mesquita.
No dia 25 de julho, Aparecida saiudoGalpão daCidadania— centro so-cial mantido pelo vereador — comconsulta médica, exame de vista e atésessãode auriculoterapiamarcados.A última — uma novidade para a babá— nadamaisé doque técnicamilenarchinesa em que são aplicadas semen-tes nas orelhas para tratar problemasde saúde, entre eles, a obesidade.
Lá no galpão também eram ofe-recidos, em julho, ginecologia, clí-nicamédicapara idosos, homeopa-tia, além de eletrocardiograma eexames laboratoriais. Tudo issosem alvará da prefeitura e autori-zação da Vigilância Sanitária.
Faixa em frente à Câmara
Além do boca a boca, a divulgaçãodosserviços médicos contoucomumaantiga, porém eficiente estratégia demarketing:faixas espalhadaspela cida-de.Umadelasfoicolocadaem frenteàCâmaraMunicipaldeMesquita;outra,no muro onde funciona o Galpão daCidadania — na Rua Henrique Lus-sac, número95,em Edson Passos.
DI V A A L VESda Silva: e x ame marcado
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Serviçosde saúde suspensos■Questionado sobre osatendimentos médicosoferecidos no centro so-cial, o petista Nakan afir-mou, no dia 27 de julho,
que os serviços não são desua responsabilidade:
— O Galpão da Cida-dania é um espaço queaglutina várias ONGs e
umadelas promoveos ser- viços de saúde.
A Prefeiturade Mesqui-ta informou que o verea-dorserianotificado a regu-larizar a situação do centrosocial. Apesar das faixasespalhadas pela cidade(veja foto) anunciando osserviços de saúde e pacien-tes confirmarem terem si-do atendidosno GalpãodaCidadania, a prefeituradisseque fiscais da Vigilân-cia Sanitária estiveram naRua Henrique Lussac, masnão constataram serviçomédico. A cidade é atual-mente administrada peloprefeito Artur Messias,também do PT.NOMURO DOG A LP Ã O, f aix a com os ser v iços de saúde of er ecidos
■Em entrevista ao EX-
TRA,no dia 1º de junho,Nakan afirmou que oGalpãoda Cidadanianãotinha cunhoeleitoreiro.
— Emcidades peque-nas, o vereador acabasendo despachantede lu- xoe assistentesocial. Pro-curo não politizar o cen-tro social, embora meumandato esteja por trásde tudo — admitiu o ve-reador. O Galpão da Ci-dadania também oferece cursos pro-fissionalizantes, de arte e aulasde judô—carro-chefe dainstituição,quecom-pletou13 anos em 2011.
Diante da falta de
opções de lazer ofere-cidas pelopoder públi-co, Andreia Gióia co-memora a oportunida-de do filho praticar es-porte. A criança de 6anos está aprendendo judô com o professorJames — irmãode Na-kan.
— Fiz um cadastro.Eles pediram docu-mentos e foto. Meu fi-
lho está adorando — vibra Andreia.De acordo com estimativa do
próprio vereador, cerca de 18 milpessoas já passaram pelo galpão.
D
’Despachantede luxo’
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EXTRA ● EXTRA ● P GINA 3 - Edição: 12/08/2011 - Impresso: 11/08/2011 — 22: 27 h
EXTRA ● Sexta-feira 12 de agosto de 2011 S3 EXTRA ● Sexta-feira 12 de agosto de 2011
S3
AZUL MAGENTA AMARELO PRETO
Ana Paula Araripe | Apuração: Mariana Moreira (colaborou)
Flávio Rosa, Michelle Rodrigues e Vinícius Mitchell
Assista ao vídeo com imagensdos centros sociais em Caxias Hoje, este tema está na pauta
do programa Roberto Canázio
S E BA S T IA O F E R R E I RA DA S I L VA p t b
M a n d a t o: 5º, sendo o segundo vereador mais vo tado
de Ca xias, com 7.825 vo tos
P a t r i m o n i o: Em 2008, declarou um apar tamento na Barra da
Ti juca, no valor de R$ 500 mil
R e n d a : O pagamen to do salário na Câmara foi suspenso, já que o
vereador está de tido em Campo Grande, no Ma to Grosso do Sul
O u t r o s d a d o s: Preso em dezembro de 2010, na Operação Capa
Pre ta, Chiquinho, de 49 anos, é apon tado como um dos che fes da
milícia que a tuava em vários bairros de Ca xias. Quadrilha é acusada de
homicídios e de vender armas para tra fican tes do Comple xo do Alemão.
p t b
Barra da
, j que odo Sul
ação Capae fes da
ac ada de
s
J O N AS G O N C A L V E S D A S I L V A p p s Ma n d a t o : 1º , sendo o quint o v ereador maisv ot ado de Cax ias, c om 7.085 v ot os
P a t ri m o n i o : Em 2008, dec larou apenas umAst ra GM 2000, no v alor de R$ 20 mil
Re n d a : Não rec ebe mais da Câmar a
O u t ro s d a d o s : Soldado r eformado da P M e c it adona list a da CP I das Milí c ias, Jonas, de 54 anos, ganhouda Câmara de Cax ias o t í t ulo de benemér it o dac omunidade. A r esoluç ão, no entanto, foi r ev ogada.Em 2006, inaugur ou seu primeir o c entr o soc ial e, depoisde eleit o, c omeç ou a c onst ruir o segundo, no Mor ro doSossego, no bair r o P ant anal
Duque de Ca x ias
População: 855.048
Orçamen to da Câmara:
R$ 42.000.000,00
Nº de vereadores: 21
Salário dos vereadores:
R$ 9.260,00
ESPECIAL
AMIGOS, AMIGOS. NEGÓCIOS? NÃO, NÃO SÃO À PARTE
O CENTRO SOCI A L de Jonas é Nós, em Jardim Gramacho
NO PARQUE FLUMINENSE, faixa deapoio a Chiquinho e centrosocial do deputado Dica
Preso,mas todo-poderosoDenunciados por formação de quadrilha, vereadores continuam a controlar seus currais eleitorais em Caxias
CENTRO SOCIA L DE CHIQUINHO Grandão, no Parque Fluminense, em Cax ias, oferece exames de vista grátis e teste de alergia: vereador está preso em Mato Grosso do Sul
D
Pai e filho detidos na Operação Capa Preta
■ TEXTO:PRISCILLA SOUZA
■ FOTOS:FABIANO ROCHA
■Não é preciso ser um veteranona política ou bater ponto nasCâmaras Municipais para man-terum centro social funcionandoa pleno vapor. Até vereadoresque estão atrás das grades ofe-recem teste de alergia e examesde vista gratuitos em Caxias. É ocaso de Sebastião Ferreira da Sil- va (PTB) e Jonas Gonçalves da
Silva (PPS). Mais conhecidos co-mo Chiquinho Grandão e Jonasé Nós, eles são acusados de che-fiar milícia, e foram denunciadospelo Ministério Público por for-mação de quadrilha.
Apesarde estardetidono pre-sídio federal de Campo Grande(MS), Chiquinho, de 51 anos,mantém a Associação de Pais e Amigos do Parque Fluminense,na Estrada do China, onde sãooferecidos serviços médicos,odontológicos e cursos. O centro
chama a atenção pela sua gran-diosidade. E vive cheio.
Nãoéàtoaque,em2008,Chi-quinho foi o segundo vereadormais votado no município maisrico da Baixada. Não é poracasotambém que os procuradoresCarlosAntoniodaSilvaNavegae Antônio José Campos Moreiraafirmaram na denúncia — ofe-recida contra Chiquinho e outras33 pessoas — que “os votos (de-les) são oriundos de verdadeirocurral eleitoral, concentrado nos
bairros Parque Fluminense, SãoBento e Parque Muísa”.
Na última eleição municipal,Chiquinhoexpandiu seupoderio,ao ajudar a eleger o novato Jo-nas. O PM reformado tambémestá preso em Campo Grande.
Para garantir cadeira na Câ-mara, Jonas não poupou esfor-ços: segundo denúncias, ele “pa-gou R$ 30 aos moradores que,em troca, prometeram lhe des-tinar seus votos”.
De acordo com relatório da
CPI das Milícias da AssembleiaLegislativa do Rio, citado na de-núncia, na eleição de 2004, Chi-quinhoseelegeucom quase80%dos votos concentrados nos bair-roscontrolados pelaquadrilha.
— Todochefe de milícia é do-no de centro social. Isso é carac-terística das máfias. Mesmo pre-sos, eles mantêm o controle po-lítico e econômico na região.Issoé um absurdo — criticou o de-putado Marcelo Freixo (PSOL),que presidiua CPI das Milícias.
❁FAMÍLIA À FRENTE■O centro social de Chiquinho émantido por seus parentes. A in-formação é do advogado MárioCesarMachadoMonteiro:
— A família dele está man-tendo o centro para não decep-cionar as pessoas. Mas ele cami-
nha com dificuldade.Sobre a denúncia do Ministé-
rioPúblico, o advogado disse queseu cliente é inocente.
— Não se pode manter umapessoa presa por sete meses porformação de quadrilha, aindamais num presídio de segurança
máxima. Isso é um equívoco.Na Praça do Galo, próximo
ao centro de Chiquinho, fun-cionao centro do deputadoes-tadual Jorge Moreira Theodo-ro, o Dica (PMDB). Curiosa-mente, segundo Marcelo Frei- xo, o vizinho de Grandão foi o
responsável pela retirada donomedo vereador da lista finalda CPI das Milícias.
— O Dica apresentou umaemenda para retirar o nome doChiquinho Grandãoda lista.
O deputado responde àação do Ministério Público
Eleitoral por abuso de poderpolítico e econômico. Ele éacusadode usar o centro socialpara fazer propaganda naseleições de 2010. Procurado,Dica informou, através de suaassessoria, que não iria se ma-nifestar sobre o assunto.
■ A exemplo de Chiquinho Gran-dão, Jonas é Nós também man-tém um centro social, mesmo es-tando preso. No imóvel da RuaCosme Velho, lote 22, quadra 13,em Jardim Gramacho, o vereadoroferece serviços de clínica médi-ca, ginecologia, cardiologia, fisio-terapia, dentista, exame de vista,além de auriculoterapia.
Umaestudante— quenão quis seidentificar — disse que sai de SantaCruz da Serra para fazer tratamentoodontológico no centro social.
— Não tenhocondições de pagarpara fazer em outro lugar. Um ami-
go meu indicou, porque ele tambémse trata aqui — disse a jovem.O advogado do vereador, Luiz
Carlosda Silva Neto,disse desconhe-
cer o centro social de seu cliente.— Não posso responder como o
centroé mantido, porqueeunemsa-biaqueeletinhaum.Quantoaopro-cesso queele responde, ainda nãohádata para o julgamento. E ele estáem outro estado. Isso é uma violên-cia muito grande. Não há provascontraele — disse.
Segundo a PM, Jonas ingressouna corporação em 1991 e ainda re-cebe o soldo normalmente. A po-lícia não informou o valor do sa-lário, mas um soldado hoje na ativarecebe R$ 1.496, considerando osoldo e o auxílio-moradiapago aos
policiais casados. Na OperaçãoCapa Preta também foi preso o fi-lhode Jonas, o ex-PMÉderFábioGonçalves da Silva.
CHIQUINHO: nome r etirado da lista da CPI
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EXTRA ● EXTRA ● P GINA 14 - Edição: 14/08/2011 - Impresso: 13/08/2011 — 01: 04 h
Domingo 14 de agosto de 2011 ● EXTRA D 1 4
AZUL MAGENTA AMARELO PRETO
Atu almente , h á 156 centr os soci ai s em funcionamento no e st ado. Segundo o Ministério Público do
Estado do Rio de Janeiro* , a Baix ad a lidera o r anking com m ais centro s sociais (56 ). E m seguid a , vem a
ca pit al (54 ), o interior (26 ) e , por último, S ão Gonçalo (20 ). Tod as os centro s são lig ado s a políticos que
e xercem c ar gos no Legi sl ativ o, E xecutiv o ou c andid ato s re prov ado s n as urn a s. Algun s m antêm m ais de
um centro soci al. O m ape amento serv iu de b a se par a o TRE f iscali zar pr o pag and a irregular em 2010.
A s açõe s levaram 22 polí tico s a serem denunciados pelo Ministério Público E leitor al por abu so de poder
político e econômico e ca ptação ilícit a de votos.
* O lev ant amento do Ministério Público do E stado do Rio de J aneiro é atu ali zado con st antemente pelo 5º C entro de Apoio O peracion al à s Pr omotoria s E leitor ai s, medi ante
coleta de inf orm açõe s junto a v ári as in stituiçõe s , a fim de sub sidi ar o trab alho do s pr omotor es eleitorais. Os número s acim a foram fornecidos no dia 26 de julho pelo MP
56Baixada
Fluminense
54Capital
26Interior
20São Gonçalo
10
11
12
1 3
14 15
16 17
1 6 7 8
9
1 8
2
4 3 5
OS 56 CEN TROS SOCI AIS NA BA IXA D A
OS 26 CEN TROS SOCIA IS NO IN TERIOR
Duque de Cax ias: 22
Belford Rox o: 10
Nilópolis: 4
São João de Meriti: 5
Mesquita: 5
Nova Iguaçu: 4
Magé: 4
Queimados: 1
Seropédica: 1
Porciúncula: 1
Itaperuna: 1
São José de Ubá:1
Angra dos Reis: 5
Teresópolis: 4
Volta Redonda: 11
Barra Mansa: 1
Vassouras: 1
Saquarema: 1
10
1 1
12
13
14
1 5
1 6
17
18
1
2
3
4
5
6
7
8
9
VEREA DORESCapital
Duque de Cax ias
Volta Redonda
A ngra dos Reis
São João de Meriti
Magé
DEPU TA DOS ES T ADU A IS (titulares ou suplentes)
DEPU TA DOS FEDER AIS (titulares ou suplentes)
PREFEITO
VICE-PREFEITO
Deputados
Suplentes
Deputados
Suplentes
C ANDID ATOS QUEN Ã O FOR A M ELEITOS
21
42
8
5
3
2
1
17
14
5
8
1
1
Ana Paula Araripe | Apuração: Mariana Moreira (colaborou)
Flávio Rosa, Michelle Rodrigues e Vinícius MitchellAssista ao vídeo com entrevistas deautoridades e imagens dos centros Amanhã, este tema está na pauta
do programa Roberto Canázio
ESPECIAL
PRÁTICA CONDENADA NA BAIXADA
CEN TRO de Julião: aber to
AssistencialismoS.AMapeamento mostra que há 156 centros sociais no estado: MP promete ações inclusive contra o poder público
HIPÓLITO PEREIRA/15.01.2009
CL Á UDIO LOPES: “Centr os são atentado ao r egime democr ático”
■ TEXTO:PRISCILLA SOUZA [email protected]
■ FOTOS:FABIANO ROCHA
■Os vereadores da BaixadaFluminense mostrados na sériede reportagens publicada peloEXTRA, durante a última se-mana, não são osúnicosa man-terem centros sociais. De acor-do com levantamento do Mi-nistério Público Estadual, há156 centros em funcionamentono estado: 44 estão na mão dedeputados e 40, de vereadores.Na lista, há prefeito, vice-pre-feito e 42 candidatos queforamreprovados nas urnas.
O MP estuda ações paraobrigaro Poder Públicoa ofe-recer serviço de saúde paraquea populaçãonão dependada “caridade” dos políticos.
— Temos verificado, infe-lizmente, que políticos se be-neficiam eleitoralmente dasmazelas da população e deeventuais falhas do Estado,alimentando um ciclo viciosode clientelismo assistencial.
Convém, para eles, que o Es-tado continue falhando paraque supram essas lacunas.Por esse motivo, o MP temmonitorado o funcionamentodesses centros que visam aburlar a Lei Eleitoral, e queconstituem um atentado aoregime democrático — afir-mou o procurador-geral deJustiça, Cláudio Lopes.
O mapeamento dos centrossociais servirá de base para otrabalho de fiscalização duranteas eleições municipais do anoque vem. E essa não é a únicamedida adotada no cerco aospolíticos que apostam no assis-tencialismo. Os ministérios pú-blicos estadual e federal estãotrabalhando em conjunto paracoibir essa prática política.
❁Quandoeradeputadoestadual noRio,entre 1999e 2002, apresentei projeto que pretendiaproibir ovínculo de políticoscom centros sociais, mas a maioria dosdeputados tinhacentro, e o projetofoi engavetado.Como deputadofederal, jáapresenteitrês projetos sobre otema, mas nenhumfoi colocado em pauta.É absurdo, porquequem temqueoferecer essetipodeseviçonão éo parlamentar, é o poderpúblicoChicoAlencar Deputado federal (PSOL)
❁Cabe à Vigilância Sanitária e à Justiçatomarem atitude. OTRE tem que fechar esses centros, não só no períodoeleitoral,porqueelesutilizam material público para se beneficiar. Elese aproveitamde pessoas carentes,dãocadeira de rodas e, com isso, seelegempara o restoda vidaCidinha CamposDeputada estadual (PDT)
❁Comopresidenteda Alerj, ficodesconfortável emcomentarestasquestões.Masestamos tentando mudar a maneira defazer política no
estado Paulo MelloDeputado estadual (PMDB)
❁NOVA IGUAÇUOs centros sociais deMarcos Rocha (PDT) eDaniel da Padaria (PDT)estão fechados para, se-gundo os vereadores, re-gularização de docu-mentos. Na porta dasduas instituições, carta-zes avisam que os servi-ços estão suspensos.
❁BELFORD ROXOOs dois centros sociais
do vereador João CarlosJulião (PMDB) estavamna sexta-feira abertos.
❁DUQUE DE CAXIASO centro social do verea-dor Jonas É Nós (PPS) es-tava fechado na sexta-
feira. Já o do colega Chi-quinho Grandão (PTB),aberto. Os dois estãopresos em Campo Gran-de, no Mato Grosso doSul, acusados de forma-ção de quadrilha peloMinistério Público.
❁MERITIO centro social do verea-dor Francisco da Costa(sem partido) está aber-to, mas o letreiro com onome do parlamentar nafachada do imóvel foipintado.
❁MESQUITA A placa do Galpão da Ci-
dadania, centro socialdo vereador Nakan (PT),foi retirada.
D
Juízes eleitorais vão às instituições
ZV EITER: “ A LEGISL A ÇÃ O dev er ia definir a utilização desses centros”
■Na tentativa de frear o clien-telismo no estado, a Procurado-ria Regional Eleitoral vai com-partilhar informações como Mi-nistérioPúblico Estadual.
— Vamos fornecer materialsobre centros sociais, e os pro-motores vão verificar o que po-deserfeitoparacobrardo poderpúblico atendimento à popula-ção. Até porque, os centros nãopodem prestarserviços de saúdesemqualquerfiscalização— dis-se a procuradora regional elei-toral MônicaCampos de Ré.
Propaganda irregular A partirdeste mês, juízeselei-
torais vão percorrer centros so-ciais para alertar os políticos so-
bre a utilização das instituiçõesem propagandairregular.Segundo o presidente do
TRE-RJ, Luiz Zveiter, o tribu-
nal esbarra na legislação eleito-ral, que não proíbe os centros:
— A legislaçãodeveriadefinircomo o centropode serutilizado,
dando transparência ao funcio-namentodessas instituições.Já a procuradora regional da
República, Silvana Batini,defen-
de que a prática seja combatidacom as leisvigentes:
— É preciso que a JustiçaEleitoral interprete o uso desses
centros como abuso de poderpolítico e econômico. A legisla-çãoatualpodeseraplicada,mes-mo forado períodoeleitoral.