CET 0305 - 2011VISITA TÉCNICA
O SAUDOSO JEQUITIBA ROSA
Prof. Hiroshi Paulo Yoshizane
Site do docente: www.professorhiroshi.com.br
Faculdade de TecnologiaCampus 1 - Limeira
HIROSHI P. YOSHIZANE 1
JEQUITIBÁ ROSANome científico: Cariniana legalis Kuntze
Família: Lecythidaceae
FAZENDA MORRO AZUL – Iracemápolis - SPÁRVORE CENTENÁRIA (600 anos), segundo o Curador da Fazenda Morro Azul Carlos Celso Orcesi da Costa
(Professor da Fundação Getúlio Vargas)
Em decorrência de um vento forte partiu-se e deixou de existir em Abril de 2006
Era uma árvore que eu sempre olhava mesmo que de longeMas ela deixou irmãs e filhas !
Foto do Jequitibá : Autoria do curador da Fazenda Morro Azul
Carlos Celso Orcesi da CostaHIROSHI P. YOSHIZANE 5
Nomes populares:
Jequitibá-rosa,
jequitibá-vermelho,
jequitibá-cedro,
jequitibá-de- agulheiro,
estopa,
jequitibá – grande,
pau-caixão,
pau-carga,
Caixão.
Imagens fonte:http://www.vivaterra.org.br/arvores_nativas_2.htm
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Ocorrência:
Espírito Santo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e Mato Grasso do Sul, tanto na floresta pluvial atlântica como na latifoliada semidecídua da bacia do Paraná.
Características gerais:
Árvore semicaducifólia(derruba parte de suas folhas no inverno), com 10 a 25 m de altura e 60 a 100cm de DAP, podendo atingir excepcionalmente 60m de altura e 400cm de DAP, na idade adulta. Possui tronco reto, cilíndrico e colunar.
Características Silviculturais:
O jequitibá-rosa é uma espécie semi-heliófila, que tolera sombreamento durante os primeiros anos; não é tolerante a baixas temperaturas quando jovem. Possui crescimento monopodia com galhos finos e boa forma de fuste (cilindro),independente do espaçamento. Apresenta boa desrama natural, com galhos finos e boa cicatrização.
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Madeira:Moderadamente densa ( 0,50 a 0,65g/cm3), macia ao corte, grã-direita, textura média, de baixa resistência ao ataque de organismos xilófagos quando exposta em condições adversas.
Utilidade:A madeira é própria para construção civil, obras internas para contraplacados, folhas faqueadas, móveis, para confecção de brinquedos, salto de calçados, lápis, cabos de vassouras, etc. A árvore é exuberante e muito ornamental, podendo ser empregada no paisagismo de parques e praças públicas. Esta árvore é tão monumental e admirada que emprestou seu nome a cidades, ruas, palácios, parques, etc. Como planta tolerante à luz direta é excelente para plantios mistos
Fonte: http://www.tropicalflora.com.br/tropicalflora/pt/ajxDetTexto.php?codtexto=41&codcategoria=25
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Fibras medulares
Imagem foto por Prof. Hiroshi P. YoshizaneCâmera Sonny – Cyber-shot - 1080HIROSHI P. YOSHIZANE 9
SISTEMA SEMENTE(pito de macaco)
Imagem foto por Prof. Hiroshi P. YoshizaneCâmera Sonny – Cyber-shot - 1080
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Pito de macaco e sementes
Imagem foto por Prof. Hiroshi P. YoshizaneCâmera Sonny – Cyber-shot - 1080
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Pito de macaco e sementes
Imagem foto por Prof. Hiroshi P. YoshizaneCâmera Sonny – Cyber-shot - 1080
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Pito de macaco ;sementes e lasca
Imagem foto por Prof. Hiroshi P. YoshizaneCâmera Sonny – Cyber-shot - 1080
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Professor Hiroshi Paulo YoshizaneDiligência : coleta de dados físicos da árvore em 02 de Abril de 2006
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Professor Hiroshi Paulo YoshizaneDiligência : coleta de dados físicos da árvore em 02 de Abril de 2006
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Professor Hiroshi Paulo YoshizaneDiligência : coleta de dados físicos da árvore em 02 de Abril de 2006
7,33 metros de perímetro
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Era uma das mais belas e frondosas árvores vistas na paisagem do município de Iracemápolis – SP.
A catástrofe ocorreu em abril do ano de 2006 devido à um vendaval
Imagem foto por Prof. Hiroshi P. YoshizaneCâmera kodak
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Estrutura medular em forma longitudinal com fibras paralelas,Avermelhada e de pouca resistência à compressão axial e baixa resistência à flexão.
Quando seca, trata-se de madeira muito leve.
Caracterização feita pelo autor
através de ensaios mecânicos.
Se trabalhada artesanalmente, com acabamento liso (lixada),e pintada com verniz, torna-se muito bonito visualmente.
É de conhecimento que já fora aplicado como forro de madeira em igrejas e residências.
Percebe-se na lasca, o quanto a
estrutura é fibrosa
Imagem foto por Prof. Hiroshi P. YoshizaneCâmera kodak
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Professor Hiroshi Paulo Yoshizane
Diligência : coleta de dados físicos da árvore em 02 de Abril de 2006.
MEDULA COM BURACO E NOTÓRIA
DESESTABILIZAÇÃO COM NECROSIAMENTO,
SERVINDO COMO TOCA DE NINHO DE PÁSSAROS
( MARITACAS )
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Aula de campo – turma CET 0305 – FT-UNICAMP – 2011 – Prof. Hiroshi Paulo YoshizaneMata ciliar e reserva florestal da Faz. Morro Azul
Imagem foto por Júlio Cesar T. SantosCâmera Sonny – Cyber-shot – 1080 – 17/09/2011
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Imagem em 17 de setembro de 2011Visita técnica CET0305
Turma 2011- FT-UNICAMP
Imagem foto por Júlio Cesar T. SantosCâmera Sonny – Cyber-shot - 1080
Como ela era
Como ela é e está hoje
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Aula de campo – turma CET 0305 – FT-UNICAMP – 2011 – Prof. Hiroshi Paulo YoshizaneMata ciliar e reserva florestal da Faz. Morro Azul
Imagem foto por Júlio Cesar T. SantosCâmera Sonny – Cyber-shot – 1080 em 17/09/2011
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REMANESCENTES NA FAZENDA MORRO AZUL EM 2011
Imagem foto por Hiroshi Paulo YoshizaneCâmera Sonny – Cyber-shot – 1080 em 20/09/2011
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REMANESCENTES NA FAZENDA MORRO AZUL EM 2011
SÃO DUAS FRONDOSAS COM PORTE IGUAL À QUE DEIXOU DE EXISTIR
Existem ainda diversos jequitibás na nossa região
Mas uma espécie desse porte não se recomenda plantar em áreas urbanas, devido ao seu porte.
Imagem foto por Hiroshi Paulo YoshizaneCâmera Sonny – Cyber-shot – 1080 em 20/09/2011HIROSHI P. YOSHIZANE 27
A MORTE DO JEQUITIBÁCarlos Celso Orcesi da Costa *
600 anos de idade! Um raio rasgou ao meio o jequitibá da Fazenda Morro Azul. Faz muito tempo não acontecia no Brasil notícia mais triste. Nada comparável aos atentados, rebeliões e CPIs. cujo roteiro ao menos é conhecido. Segundo estimativa do Prof. Tomaselli da Escola Agrícola Luiz de Queirós, a árvore teria de 500 a 600 anos. O arrastão que na semana passada devastou a região de Piracicaba e Limeira, matou o jovem rei do resto da Mata Atlântica da fazenda. Deu de passagem na Gazeta de Limeira, com a rapidez do jornalismo, muitos terão lido e se lamentado, mas poucos terão compreendido a dimensão da perda.
Gostava de dizer, arredondando 100 anos a menos, que o jequitibá brotara na terra roxa do Morro Azul “na mesma época em que Pedro Álvares Cabral chegava ao Brasil”. Do ano de 1500 para cá, a árvore assistiu a todos nossos momentos gloriosos: a chegada dos jesuítas e a partida dos bandeirantes, a forca de Tiradentes e o grito de Pedro I, o Império e a República. As vitórias na Copa do Mundo de futebol, nós os únicos a vencer cinco vezes a mais difícil competição da terra. Para não falar dos podres, dos golpes de Estado e ao Estado. Dirão alguns... paciência, 600 anos, “ele já estava velhinho”! Não, os jequitibás vivem mais de 2.000 anos, de modo que numa comparação com os humanos, teria 25 anos de idade.
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Gostava de pensar que “meu” jequitibá-rosa era mais belo que o Vassununga e outros poucos sobreviventes da devastação florestal porque era mais copado, belo e másculo, erguendo-se a 40 metros, com 7,30 metros na base e diâmetro de 2,20 metros de tronco, esparramando seus ramos como senhor feudal da floresta, déspota e feitor, gigolo de todas as putas, essas “pobres outras árvores”! Avô de todas as seivas vegetais. Na verdade a comparação egoísta era inconseqüente bravata, a meio-termo entre o maior orgulho e a correspondente humildade: “Meu jequitibá”! Hoje triste confesso: “menti; sequer conheço o Vassununga”, perto de Santa Rita do Passa Quatro, próximo à Rodovia Washington Luis. Agora a comparação é ainda mais irrelevante, seja porque não é possível comparar o que depende de gosto (por exemplo cidades: Rio, Paris ou Roma?), seja principalmente porque um deles morreu.
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O arrastão do vendaval seria obra dos homens? Será comum o queacontece com nosso clima? O estúpido lá da casa branca daria de ombrospor essa morte irrelevante. Ele está preocupado em evitar a bomba doIrã e o incêndio dos gasodutos no Iraque. E só, não exijam dele que cuidetambém dos náufragos de Nova Orleans. O fato de vetar o Tratado deKyoto não torna Bush culpado de todos os males, apenas revela aomundo sua ignorância, semelhante a dos predadores de moto-serra daAmazônia. Com a diferença de que estes lutam pela sobrevivência, semavaliar o efeito de suas queimadas. Seu veto ecoou por aí como aval paratodas as agressões: “sou um caipira texano que acha essa merda toda deefeito estufa conversa de pederastas ecológicos”.
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Ou foi obra de Deus? Mas que Deus insensível faria isso? Logo agora que, apesar das explicações científicas cada vez mais técnicas, estava me convencendo de Sua existência! Há para tudo uma explicação, menos o começo de tudo: como explicar a beleza de um... jequitibá-rosa! Ademais, o que ele tem a ver com minhas crenças e dúvidas? Aliás a árvore sequer era minha, antes sim fora de Manoel Jordão que, lá por volta de 1806, teve o mérito de parar a devastação bem na sua frente. Foi também de meu tio-avô Luiz Bueno de Miranda, que nas Semanas Santas dos anos 1910, levava 7 amigas para abraçar a base do tronco de mãos abertas. E de minha tia-avó Laura Sá Leite BM, que em torno de 1960 colocou moradores para impedir o saque de madeira de lei. Era sim muito minha, eu cuidador ou curador do Morro Azul, embora também de todos nós, como o Prof. Hiroshi, do coordenador da Defesa Civil de Iracemápolis Nivaldo Conti, de Ione e alguns poucos que choraram a sua morte.
E por favor me poupem do tradicional “isso acontece”! Não me venham consolar com essa conversinha fiada. Foram 600 anos de tempestades, 7.200 meses de raios, 2 milhões e seiscentos mil dias, para tudo acabar bem na minha frente! O que foi feito da probabilidade estatística? Por que exatamente agora, sob meus cuidados? Eu que sequer divulgava, como devia, sua existência aos olhos do mundo, imaginando com isso protege-lo, deixa-lo ficar ventando e buscando o sol como há tantos séculos.
Estará mesmo mudando o clima do planeta? Não haverá neve nas estações de esqui em 2050? Subirão os mares alguns centímetros, inundando praias e cidades? Nada disso importa: não moro no litoral, paro de esquiar em Aspen e deixarei de visitar Veneza! Dançar no plenário, roubar do erário, deferir liminares, dirigir licitações, essa sujeira toda é irrelevante perto da morte do jequitibá. Até dos humanos nos cadeiões infectos, para nem dizer dos curdos e surdos, da contínua vingança no Oriente Médio, de nós miseráveis da América Latina, nem as mortes por balas perdidas, híbridas de crime e acidente, doeram-me mais do que a morte da árvore. Hoje quero que se lixem os iraquianos e texanos, fundamentalistas por religião ou por dinheiro. E também os indiferentes que ‘curtem’ o namoro das vaquinhas das revistas ou choram na TV por mais uma criança arregimentada pelo tráfico. Entristeço-me sim com as dezenas de árvores raras que o vendaval sacrificou da própria Luiz de Queirós.
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Em resumo, dezenas de mortes humanas não me chocaram tanto quanto a morte de apenas um jequitibá. Alguns não gostam da sinceridade? Paciência; não estou sequer feliz comigo mesmo. O que era possível fazer e não foi feito? Estou de mal com a vida. Sim, mas quem sou eu; também não valho nada. Estou pior que os ‘sem teto’ e os ‘sem terra’, estou ‘sem-emoção’. Não seguirei o conselho de Montaigne que recomendava contar até dez para domar as emoções. Não há remédio para seiscentos...! Hoje enfim quero que morram todos os texanos e os não texanos. É certo que todo esse lamento não devolverá sua vida, mas ao menos quero que saibam que esse maldito raio rasgou ao meio muito mais do que o jequitibá.
Professor da Fundação Getúlio Vargas. Curador da Fazenda Morro Azul. Cidadão Iracemapolense.
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