Comunicação Digital / Cibercultura
Prof. Dr. Andre Stangl
https://ambientedigitalpuc.wordpress.com/
“A Internet é, acima de tudo, uma criação cultural.” (GI, p.32)
Galáxia da Internet (2001)
“Os Sistemas tecnológicos são socialmente produzidos.
A produção social é estruturada culturalmente. A Internet não é exceção.” (p34) -
“A cultura da Internet é a cultura (crenças e valores) dos criadores da Internet.”(p34)
A Rede é formada por dois grandes grupos:produtores/usuários e consumidores/usuários
Existem quatro tipos de produtores/usuários:Tecnoelites (cp.01), Hackers (cap.02), Comunidades virtuais (cap. 04)e Empresários (cap. 03)
01- As tecnoelites
“trata-se de uma cultura da crença no bem inerente ao desenvolvimento científico e tecnológico como um elemento decisivo no progresso da humanidade.” (p.36)
A produção de conhecimento específico aplicado ao artefato técnico/global (Internet).
A história de Alan Turing (1912-54)
02- Hackers - “são atores na transição de um ambiente de inovação acadêmica, institucionalmente construído, para o surgimento de redes auto-organizadas que escapam a um controle organizacional.” (p.: 38).
A ética hacker é a característica cultural da sociedade informacional.
A cultura Hacker é um esforço de cooperação coletiva livre e informal. Uma cultura do dom (doação) – dar para receber.
Hacker x Cracker >> Chaveiro x Arrombador
03- Comunidades virtuais – surgem do vazio deixado pela falência das comunidades alternativas nos anos 70.
No inicio o debate sobre a sociabilidade no ciberespaço baseava-se em um restrito número de usuários on-line, o que gerou a falsa impressão de um padrão de comportamento anti-social.
A Internet reforça laços sociais que já existem, facilitando a manutenção do contato com pessoas que estão distantes. Mas não torna as pessoas nem mais, nem menos sociáveis.
A experimentação identitária na Internet é parte da cultura do jovem contemporâneo. A representação de papéis é uma experiência social válida, mas não constitui uma proporção significativa da interação na Internet hoje (2001).
No mundo contemporâneo a crise do patriarcalismo, a desestruturação da família nuclear, o fim do moralismo, a ética utilitária, a urbanização, a descrença política, o materialismo simbólico e a velocidade do consumo construíram as bases do individualismo em rede.
Na Internet a tendência à selecionar os elos de sua rede de relações a partir de seus interesses imediatos, alimentando laços sociais fracos em detrimento do risco do envolvimento social ilustra o paradoxo da vida social contemporânea entre egoísmo e medo, carência e necessidade.
04- Empresários - criam dinheiro a partir de ideias, e mercadorias a partir do dinheiro, tornando o capital e a produção dependentes do poder da mente.
“Os empresários da Internet são, ao mesmo tempo, artistas, profetas e ambiciosos, uma vez que escondem seu autismo social por trás de suas proezas tecnológicas.”
“O fundamento dessa cultura empresarial é a capacidade de transformar know-how tecnológico e visão comercial em valor financeiro, depois embolsar parte desse valor para tornar a visão, de alguma maneira, realidade.”
Seu ideal “é a fabricação do futuro, e não sua troca por poupanças precavidas”.
Seu objetivo é o consumo imediato, numa proporção nunca vista antes.
A regra do individualismo – destruição criativa e criação destrutiva.
A Internet está transformando a prática das empresas em sua relação com fornecedores e compradores, em sua administração, em seu processo de produção e em sua cooperação com outras firmas, em seu financiamento e na avaliação de ações em mercados financeiros.
Ao usar a Internet como um meio fundamental de comunicação e processamento de informação, a empresa adota a rede como sua forma organizacional.
...que se interconectam no tempo de duração de dado projeto empresarial, reconfigurando suas redes para a implementação de cada projeto.”
“A essência do negócio eletrônico está na conexão em rede, interativa, baseada na Internet, entre produtores, consumidores e prestadores de serviços.”
Movimentos sociais em rede
Os movimentos sociais em rede, ações coletivas deliberadas que visam a transformação de valores e instituições da sociedade, manifestam-se na e pela Internet (p.114).
O ciberespaço tornou-se uma ágora eletrônica global em que a diversidade da divergência humana explode numa cacofonia de sotaques (p. 115). O movimento operário (séc. XIX) constitui-se a partir da estrutura social das fábricas e pubs. Os movimentos sociais de hoje adotam a estrutura das redes sociais com a ajuda da Internet.
Os movimentos sociais na era da informação são essencialmente mobilizados em torno de valores culturais. Apesar de herdeiros dos movimentos anteriores, atualmente, estes movimentos não se limitam apenas aos interesses de uma classe, nem se estruturam de forma hierarquizada.
Os movimentos sociais de hoje, pretendem conquistar poder sobre a mente (noopolitik), não sobre o Estado (realpolitk). (Zapatistas, Falung Gong, MST, Movimento anti-globalização, Cyberpunks, etc.) – (p. 117)
Hoje, age-se globalmente, pensando localmente. As principais ações são pelos direitos humanos, direitos das mulheres, pelo trabalho, pelo ambiente, pela liberdade religiosa e pela paz. (p.118)
Movimentos sociais em rede:
a) os movimentos sociais em rede são conectados de forma multimodal;
b) são simultaneamente globais e locais;
c) são espontâneos, derivados de uma centelha de indignação;
d) os movimentos sociais em rede são virais;
e) deliberam o espaço de autonomia, reduzindo a necessidade de liderança formal;
f) são profundamente autorreflexivos,
g) raramente são programáticos (suas maiores contribuições ocorrem na mudança de valores da sociedade).
Bibliografa
CASTELLS, Manuel. A Galáxia da Internet: Refexões sobre a internet, os negócios e a sociedade. Rio de Janeiro: Zahar, 2003.
CASTELLS, Manuel. Redes de indignação e esperança: movimentos sociais na era da internet. Rio de Janeiro: Zahar, 2013.