UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE – UFS PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA - POSGRAP
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA – PROZOOTEC CURSO DE MESTRADO EM ZOOTECNIA
LISINA DIGESTÍVEL PARA SUÍNOS MACHOS CASTRADOS DOS 95 AOS
115 KG MANTIDOS EM ESTRESSE POR CALOR
DIOMAR CLAUDIO DOS SANTOS SOBRINHO
São Cristóvão/SE Março/2013
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LISINA DIGESTÍVEL PARA SUÍNOS MACHOS CASTRADOS DOS 95 AOS 115 KG MANTIDOS EM ESTRESSE POR CALOR
Dissertação apresentada à Universidade Federal de Sergipe, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, para obtenção do título de Magister Scientiae.
Orientadora: Prof. Drª. Márcia Nunes Bandeira Roner
Co-orientadora: Prof.Drª. Juciléia Aparecida de Morais
São Cristóvão/SE Março/2013
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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
Santos Sobrinho, Diomar Claudio dos
S237l Lisina digestível para suínos machos castrados dos 95 aos 115 kg mantidos em estresse por calor / Diomar Claudio dos Santos Sobrinho ; orientadora Márcia Nunes Bandeira Roner. – São Cristóvão, 2013. 40 f. : il. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) – Universidade Federal de Sergipe, 2013.
O 1. Suíno. 2. Suíno - Ambiente térmico. 3. Suíno -
Carcaça. 4. Aminoácidos. 5. Suíno – Carne – Qualidade. I. Roner, Márcia Nunes Bandeira, orient. II. Título
CDU 636.4.082.31
4
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AGRADECIMENTOS
À DEUS, pois sem o senhor nada proverá.
Aos meus pais, José Ailton dos Santos e Neide Ferreira dos Santos.
Aos meus irmãos.
À minha namorada, Aline, pela paciência, força e compreensão.
À Universidade Federal de Sergipe - UFS, pela oportunidade de realização de mais um
objetivo na vida.
Ao Departamento de Zootecnia do Centro de Ciências Agrárias da UFV, pelo apoio.
À professora Márcia Nunes Bandeira Roner, pela valorosa orientação na condução dos
trabalhos.
Ao professor, Jailson Lara Fagundes, pelas críticas, pelas sugestões e confiança.
Ao professor, Aloisio Soares Ferreira, pelo exemplo e pelas opiniões valiosas.
Aos membros da banca examinadora, professores Jodnes Vieira Sobreira, Irinéia Rosa
do Nascimento, pelo apoio e pela atenção.
Aos funcionários do Setor de Suinocultura, em especial José Alberto (Dedeco), pela
atenção durante todo o tempo de realização dos trabalhos.
Aos colegas que auxiliaram na condução dos trabalhos: Ana Paula, Barbara, Bruno,
Marcos, Melissa, Natália, Priscila.
Aos grandes amigos, Wilams e Gregório pela oportunidade, paciência e atenção quando
do surgimento de dúvidas.
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Sumário
CAPÍTULO 1 ........................................................................................................ 8
1. INTRODUÇÃO GERAL .................................................................................. 9
2. REVISÃO DE LITERATURA ....................................................................... 10
2.1. Exigência de lisina para suínos em terminação ........................................... 10
2.2. Lisina e características de carcaça e órgãos ................................................. 11
2.3. Efeito do sexo sobre a exigência de lisina ................................................... 12
2.4. Ambiente térmico e exigências de lisina de suínos em terminação ............. 13
2.5. Alterações fisiológicas decorrentes da elevação da temperatura ................. 15
Referências .......................................................................................................... 16
CAPITULO 2 ...................................................................................................... 22
Lisina digestível para suínos machos castrados submetidos a estresse por
calor dos 95 aos 115 kg ....................................................................................... 23
Resumo ................................................................................................................ 23
Summary ............................................................................................................. 24
Introdução ............................................................................................................ 24
Material e métodos .............................................................................................. 26
Resultados ........................................................................................................... 30
Discussão ............................................................................................................. 34
Referências bibliográficas ................................................................................... 37
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NÍVEIS LISINA DIGESTÍVEL PARA SUÍNOS MACHOS CASTRADOS DOS 95
AOS 115 KG MANTIDOS EM ESTRESSE POR CALOR
DIOMAR CLAUDIO DOS SANTOS SOBRINHO
8
CAPÍTULO 1
9
1. INTRODUÇÃO GERAL A procura pelo avanço na qualidade da carcaça tem motivado pesquisa para à
seleção e produção de suínos com alto potencial genético para desempenho, crescimento
de tecido muscular e menor percentual de gordura. Contudo, o ingresso desses
genótipos aumenta a preocupação com o ambiente onde os suínos vivem, uma vez que
essas linhagens modernas podem ser menos tolerantes quando expostos a temperaturas
acima da sua zona critica de conforto térmico, visto que a maior deposição de carne, que
tem sido associada a maior produção de calor metabólico, fazendo que o animal reduza a
ingestão de alimento e de outros nutrientes indispensáveis para produção.
A melhoria genética está entre os fatores que mais avançou na suinocultura
moderna. Entretanto, os animais expressam suas características até o limite máximo que
é determinado pela genética, quando este é alcançado efeitos indesejáveis como a
deposição de gordura pode vir ocorrer (BELLAVER & VIOLA, 1997). Além dessas
limitações impostas pelos fatores genéticos, torna-se necessário conhecer as exigências
nutricionais dos suínos, visto que para que estes possam expressar seu potencial
genético máximo é necessário que o aporte de aminoácidos, principalmente lisina, seja
suficiente.
A taxa de crescimento de tecido muscular é influenciada, por diversos fatores
como, genótipo, sexo, fase de desenvolvimento do animal e pelo consumo de ração, que
pode ser alterado pela ação do ambiente térmico. Dessa forma, suínos com altas taxas de
deposição de proteína têm exigências mais altas de aminoácidos para expressar seu
potencial genético de crescimento e eficiência para deposição de tecido muscular.
Assim, de acordo com fatores já mencionados anteriormente, o ambiente aos
quais os suínos são criados deve ser considerados para a determinação das exigências
nutricionais e na formulação de rações, uma vez que os animais homeotérmicos
necessitam de um ambiente dentro da zona termoneutralidade, e caso isso não ocorra o
consumo de ração pode ser alterado.
Sendo a lisina o primeiro aminoácido limitante em rações à base de milho e farelo
de soja para suínos em terminação, o desempenho e a composição de carcaça são
altamente influenciados pelo nível desse aminoácido na ração de tal modo, que a
determinação da exigência de lisina é necessária para determinar os padrões de
alimentação dos suínos (OLIVEIRA et al., 2003). Além disso, e considerando as
diferenças no consumo, na taxa de eficiência de crescimento entre as categorias animais
10
submetidas a altas temperaturas, é necessário estabelecer as exigências de lisina para
cada categoria animal.
As Tabelas Brasileiras para Aves e Suínos, Composição de Alimentos e
Exigências Nutricionais (ROSTAGNO et al., 2011), apresenta as exigências
nutricionais de lisina e dos outros nutrientes em animais geneticamente superiores sem
considerar os ambientes térmicos em que os animais são mantidos, demonstrando a
necessidade de mais pesquisas nessa área, pois as empresas de melhoramento genético
vêm, de forma dinâmica, conseguindo progressos nas características de desempenho e
carcaça dos suínos.
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. Exigência de lisina para suínos em terminação
Em função da lisina ser o aminoácido limitante em relação aos demais nas rações
formuladas a base de milho e farelo de soja para suínos em terminação, mais
diretamente, responsável pela deposição de tecido muscular, as respostas de
desempenho e qualidade de carcaça dos animais podem estar associadas ao nível de
lisina na dieta (OLIVEIRA et al., 2003). Entretanto as exigências de lisina podem sofrer
alterações por variações genotípicas, sexuais e no ambiente de criação.
Suínos com elevado potencial genéticos para produção de carne magra necessitam
de níveis diários mais elevados de lisina em relação aos animais de baixo e médio
potencial, para maximizar o desempenho e a taxa de deposição de proteína,
principalmente na fase de terminação (HAESES et al., 2011)
Na literatura, são encontrados diversos valores de exigência de lisina digestível
para suínos em terminação, Arouca et al. (2007), observaram que o nível ideal para
suínos selecionados para deposição de carne magra na carcaça é 0,72%. Porém, Oliveira
et al. (2003), identificaram o nível de 0,76%, para suínos com as mesmas características
que os autores anteriores, justificando que há necessidades de pesquisas para que seja
determinada a exigência do referido aminoácido.
Silva et al. (2011), relataram que os níveis de lisina digestível de 0,80%,
proporcionaram os melhores resultados de ganho de peso e deposição de carne,
11
enquanto o nível de 0,81% de lisina, proporcionou melhor conversão alimentar e o de
0,94%, promoveu maior deposição de carne e espessura de toucinho em suínos machos
castrados na fase dos 95 aos 125 kg, evidenciando que os valores de lisina digestível
0,66% proposto, por Rostagno et al. (2011), pode não responder as exigências dos
suínos modernos.
Como os aumentos na taxa de deposição proteica estão relacionados à maior
demanda de lisina, supõe- se que a exigência por este aminoácido se altere. Assim, as
mudanças metabólicas causadas pelo estresse por calor podem interferir nas exigências
nutricionais, evidenciando que o aumento no ganho de peso estaria relacionado com a
necessidade de um maior aporte nutricional de lisina nas dietas devido à relação direta
entre esse aminoácido e a deposição protéica (ANDRETTA et al., 2011 e APPLE et al.,
2004).
A suplementação com maiores níveis de lisina na dieta podem alterar as respostas
produtivas nos suínos. Entretanto, Almeida et al. (2010) alertam que o excesso de lisina
também pode restringir o benefício adquirido como, a deposição de carne na carcaça,
isso deve-se ao fato que este excesso pode proporcionar maior competição pelos sítios
de absorção. Dessa forma, é essencial que os níveis de lisina na dieta estejam adequados
para maximizar o ganho de peso dos animais.
Porém, os dados relatados foram obtidos de pesquisas realizadas em ambientes de
baixa temperatura ou de temperatura moderada. No entanto, sabe-se que a elevação da
temperatura afeta consideravelmente o desempenho dos animais. Estas situações
alteram as taxas metabólicas e a utilização de nutrientes, além de provocar redução na
conversão alimentar dos animais.
Visto que as mudanças no metabolismo ocasionam desvio de nutrientes, que
estariam disponíveis para produção, e reduzem a eficiência de crescimento porque parte
da energia é utilizada para manutenção da homeotermia, promovendo redução no
desempenho animal, na produção de carne e modifica as exigências nutricionais dos
animais (GATTÁS et al, 2012).
2.2. Lisina e características de carcaça e órgãos
Diferentes níveis de lisina às dietas melhoraram o índice de bonificação das
carcaças de suínos (CORASSA et al. 2010; MOREIRA et al. 2007) e as características
12
de carcaça (MARINHO et al., 2007; MOURA et al., 2011; PEREIRA et al., 2008;
KIEFER et al., 2009), o que torna viável o conhecimento das exigências nutricionais de
lisina em terminação, pois o mercado está cada vez mais exigente em relação a carnes
magras e consequentemente com menor deposição de gordura na carcaça.
Segundo Rodrigues et al. (2010), suínos em terminação submetidos ao estresse
calórico, lançam mão de ajustes anatômicos como, a diminuição do peso do trato
gastrointestinal e de vísceras, que são responsáveis por significativa parcela do calor
produzido pelo animal, contribuindo para a redução de calor endógeno (SANCHES et
al., 2010).
Corroborando, (KIEFER et al. 2009; MANNO et al. 2006), constataram que
animais sob estresse calórico reduziram o peso do fígado, rins, pulmão, baço, coração e
intestino delgado e observaram redução da eficiência de utilização de nutrientes. Isso
pode ser explicado, pois quando existe redução na superfície de contato no intestino
delgado haverá menor aproveitamento dos nutrientes das dietas.
2.3. Efeito do sexo sobre a exigência de lisina
Os animais em terminação podem ser classificados em machos castrados, machos
inteiros e fêmeas que diferem quanto ao desempenho, às exigências nutricionais e
características de carcaça.
A qualidade de carcaça e as medidas de rendimentos de carne diferem entre
machos castrados, inteiros e fêmeas. Essas diferenças podem estar associadas às
mudanças endócrinas ocorridas durante a fase de desenvolvimento sexual (BELLAVER
& VIOLA, 1997).
Coffey et al. (2000), confrontando características de carcaça de machos castrados
e fêmeas constataram maior área de olho de lombo e maior percentagem de músculo nas
fêmeas em relação aos machos castrados e estes apresentaram maior espessura de
toucinho. Corroborando, Bertol et al. (2001), em pesquisa realizada com machos e
fêmeas com peso inicial de 90 kg, observaram maior rendimento de carne magra e
quantidade de carne na carcaça nas fêmeas em relação aos machos castrados, resultado
também encontrado por (ALMEIDA et al., 2010), o que deixa claro que há necessidade
de pesquisas em relação aos níveis de lisina para cada categoria animal especificamente.
13
Em relação ao ganho de peso, os machos castrados em geral ganham peso mais
rápido, porém, acumulam mais gordura e menor deposição de proteica na carcaça, em
detrimento aos machos inteiros e fêmeas (XUE et al., 1997). Isso pode ser justificado
pelas alterações causadas pelo processo de castração onde haverá diminuição dos
agentes anabólicos testiculares (QUINIOU et al. 2001).
Guimarães et al. (2011), identificaram que os machos castrados apresentaram
valores de espessura de toucinho superiores em 3,5 e 20%, quando comparados às
fêmeas. Assim, machos castrados apresentam maior deposição de gordura subcutânea e
como consequência menor área de contato com o ambiente, aumentando o isolamento
térmico, o que dificulta a dissipação de calor por condução e convecção, tornando-os
menos eficientes na perda de calor que as fêmeas, afetando seu desempenho e suas
características de carcaça.
Fontes et al. (2005), trabalhando com fêmeas de alto potencial para ganho de
carne magra, determinaram o valor 1,02% como a exigência de lisina digestível, o que
representou uma exigência de 35% superior à recomendada pela Tabelas Brasileiras
para Aves e Suínos, Composição de Alimentos e Exigências Nutricionais (ROSTAGNO
et al., 2011) que é 0,66% de lisina digestível.
Deste modo, além das diferenças em exigências nutricionais atribuídas pelos
avanços no melhoramento genético, as novas estratégias nutricionais a serem
desenvolvidas devem considerar as diferenças entre os sexos, uma vez que os resultados
de desempenho e de características de carcaça entre as categorias sexuais são bem
definidos. Contudo, além dos fatores já mencionados a observância do ambiente de
criação é necessária, pois caso isso não ocorra, resultados de desempenho e de
característica de carcaça pode se prejudicado de forma irreversível.
2.4. Ambiente térmico e exigências de lisina de suínos em terminação
O menor consumo de ração em suínos mantidos em ambiente com altas
temperaturas determina reduções nas taxas de ganho de peso, aumentando o tempo para
chegarem a idade ao abate (RINALDO et al., 2000; WHITTE et al., 2000), fazendo
refletir em exigências nutricionais diferenciadas, de acordo com o ambiente térmico em
que os animais são mantidos.
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As recomendações nutricionais para suínos normalmente têm sido obtidas de
forma que a zona de conforto térmico em que os animais são mantidos é negligenciada.
Os poucos estudos sobre as exigências de suínos criados em ambientes com temperatura
elevada têm mostrado resultados contraditórios, o que pode justificar a necessidade de
mais pesquisas nessa área (ABREU et al., 2007). Entretanto, isolar o efeito da
temperatura em detrimento da restrição alimentar causada pelo desconforto térmico, tem
sido apontado como o fator conflitante entre os resultados de desempenho.
Em estudos realizados por White et al. (2000) e Ferguson et al. (2000) com
suínos de 90 a 126 kg mantidos em ambientes distintos (18 e 32ºC), identificaram que
os efeitos da lisina dietética sobre o desempenho dos animais foram independentes da
temperatura ambiental.
Schenk et al. (1992), avaliaram o efeito da interação ambiente × balanço de
aminoácidos em suínos e constataram que o desempenho dos animais mantidos em
ambiente quente alimentados com rações deficientes em aminoácidos foi inferior aos
daqueles mantidos em ambientes termoneutro e frio. Esses mesmos autores, estudando a
suplementação simultânea de lisina sintética e gordura às rações, constataram melhora
significativa no desempenho de suínos mantidos em ambientes com altas temperaturas
quando foram aumentados os níveis de lisina na ração.
De acordo com Noblet et al. (2001), em ambiente com temperatura elevada, a
deficiência de um aminoácido pode acentuar a redução do consumo alimentar e, por
consequência, aumentar a limitação de outro aminoácido.
Entretanto, níveis elevados de lisina na alimentação de suínos em ambiente com
alta temperatura pode aumentar os problemas do estresse por calor, causado pelo efeito
termogênico do alimento, que é relativamente alto, em virtude do metabolismo proteico
acentuado, o que resulta em redução do consumo de energia líquida, acentuando o
déficit de energia.
Stahly & Cromwell (1979), comprovaram que, em ambiente com temperatura
elevada, rações com altos níveis proteicos foram utilizadas menos eficientemente por
suínos em terminação mantidos em ambiente quente em detrimento as rações com
baixos níveis de proteína, suplementadas com lisina sintética, pois dietas com níveis
elevados de proteína bruta necessitará de maior gasto energético para sua
metabolização.
15
2.5. Alterações fisiológicas decorrentes da elevação da temperatura
O ambiente térmico das instalações onde os suínos são criados exerce importantes
efeitos sobre a fisiologia e o metabolismo dos animais, pois para que haja manutenção
da homeotermia quando há elevação da temperatura ambiente é necessário que o animal
faça ajustes fisiológicos para manter o balanço de calor produzido pelo animal e
ambiente (BAÊTA & SOUZA, 1997).
A temperatura retal tem sido considerada um parâmetro adequado para avaliar o
efeito da temperatura ambiente sobre o animal. ORLANDO et al., (2001); LOPEZ et al.
(1994), observaram maior temperatura retal em suínos mantidas em ambiente quente
(27,7 a 35,0ºC) em comparação àquelas mantidas em ambiente termoneutro (20ºC),
descrevendo dessa forma que, quando os suínos são expostos a temperatura de estresse
por calor, estes desencadeiam medidas de ajustes e a temperatura retal é facilmente
detectada como sinal de estresse por calor.
Tavares et al. (2000), observaram que a frequência respiratória de suínos machos
castrados mantidos em ambiente de calor 90 aos 105 kg foi 46,6% maior que aquela em
que os animais foram mantidos em conforto térmico ( 44 vs 82 mov/min.).
Fialho (1994) relatou que um dos principais mecanismos de controle do balanço
de calor em suínos pode acontecer pelas vias latentes, mais especificamente pelas vias
respiratórias. Em ambiente quente a frequência respiratória pode aumentar para
promover maior perda de calor, ocasionando redução no desempenho, em decorrência
da diminuição no consumo e no custo energético associado à dissipação do calor
(KIEFER et al., 2009 e 2010; MANNO et al., 2006; BORGES, 2003).
Segundo Yan & Yamamoto (2000) a frequência respiratória normal para suínos
adultos varia entre 15 a 25 movimentos por minuto. Em ambientes sob estresse ocorre
elevação das frequências respiratórias para aumentar as perdas de calor via latente.
Quando excede a 40 movimentos por minuto, pode indicar estresse térmico e a
frequência respiratória começa a elevar-se antes da temperatura retal (RODRIGUES et
al., 2010).
Tem sido constatado que animais sob estresse calórico sofrem aumento na
frequência respiratória que é dependente da intensidade e da duração do estresse a que
os animais são submetidos; esse aumento está relacionado às perdas de calor por meio
evaporativo para manter o equilíbrio térmico corporal (RODRIGUES et al., 2010).
16
Esse fato é particularmente importante nas atuais linhagens de suínos disponíveis
no mercado, que, por apresentarem maior deposição de tecido muscular, produz elevado
calor metabólico, quando comparados com os suínos de média e baixa deposição de
carne na carcaça, portanto, tornando-se mais susceptíveis ao estresse por calor
(BROWN-BRANDL et al., 2001).
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22
CAPITULO 2
ESTE ARTIGO FOI ELABORADO DE ACORDO COM AS NORMAS DA
REVISTA BRASILEIRA DE SAÚDE E PRODUÇÃO ANIMAL.
23
Lisina digestível para suínos machos castrados submetidos a estresse por calor dos 1
95 aos 115 kg 2
Digestible lysine levels for barrows keep under heat strees from 95 to 115 kg of live 3
weight 4
SOBRINHO, Diomar Claudio dos Santos1*, JÚNIOR, Gregório Murilo de Oliveira2, 5
RONER, Márcia Nunes Bandeira3, FEREIRA, Aloisio Soares4, GUIMARÃES, Aline 6
de Oliveira1, GOMES, Wilams dos Santos5, GOMIDE, Ana Paula Cardoso5, MORAES, 7
Juciléia Aparecida de 3 8
1-Discente,Universidade Federal de Sergipe, Núcleo de Pós Graduação em Zootecnia; 9 2- Docente,Universidade Federal do Mato Grasso; DZO; 10 3- Docente, Universidade Federal de Sergipe, DZO; 11 4- Docente, Universidade Federal de Viçosa, DZO; 12 5- Discente, Universidade Federal de Viçosa, DZO. 13
*Endereço para correspondência; [email protected] 14
15
Resumo – Com o objetivo de avaliar níveis de lisina digestível sobre o desempenho e a 16
composição de carcaça de suínos machos castrados mantidos em estresse térmico, 35 17
suínos com peso inicial de 95,6 ± 1,1kg, distribuídos em delineamento experimental de 18
blocos ao acaso. Os tratamentos foram cinco níveis de lisina digestível (0,66; 0,78; 0,90; 19
1,02 e 1,14%), sendo sete repetições e um animal por unidade experimental. O consumo 20
de ração foi restrito, realizado duas vezes ao dia, enquanto que a água foi fornecida à 21
vontade. O peso final, consumo médio de ração diário, espessura de toucinho, 22
profundidade de músculo, área de olho de lombo e percentual de carne na carcaça não 23
foram influenciados (P>0,05) pelos níveis de lisina digestível. Houve efeito quadrático 24
no ganho de peso (P=0,08) e sobre a conversão alimentar (P=0,05), os quais estimaram 25
níveis de 0,99 e 0,98% de LIS digestível, correspondentes aos consumos estimados de 26
23,04 e 26,21 g/dia de LIS digestível, respectivamente. O peso de carcaça quente 27
apresentou efeito quadrático (P<0,05) até o nível estimado de 0,95% de LIS digestível, 28
rendimento de carcaça apresentou efeito quadrático (P<0,05) até o nível estimado de 29
0,86% de LIS digestível. Houve redução linear (P<0,05) do peso relativo do intestino 30
24
delgado. O nível de lisina digestível para suínos machos castrados em terminação 1
mantido em estresse por calor é de 0,98 %. 2
Palavras-chaves: Ambiente térmico, aminoácido, carcaça, desempenho, qualidade de 3
carne 4
Summary- With the objective of assessing digestible lysine levels on performance and 5
carcass composition of castrated male pigs kept in thermal stress, 35 pigs with initial 6
weight ± 1 95.6, 1 kg, distributed in experimental design of randomized blocks. The 7
treatments were five levels of digestible lysine (0.66; 0.78; 0.90; 1.02 and 1.14%), seven 8
repetitions and one pet per experimental unit. Feed intake was restricted, held twice a 9
day, while the water was provided free. The final weight, average consumption of daily 10
ration, thickness of subcutaneous fat, muscle, depth loin eye area and percentage of 11
meat in the carcass were not influenced (P > 0.05) by digestible lysine levels. There was 12
quadratic effect on weight gain (P = 0.08) and feed conversion (P = 0.05), which 13
estimated levels of 0.98 and 0.99% of LIS digestible, corresponding to the estimated 14
consumptions of 23.04 and 26.21 g/day of LIS digestible, respectively. The hot carcass 15
weight was quadratic effect (P < 0.05) until the estimated level of 0.95% digestible, 16
carcass yield HIL showed quadratic effect (P < 0.05) until the estimated level of 0.86% 17
digestible LYS. Linear reduction (P < 0.05) of the relative weight of the small intestine. 18
The digestible lysine level for castrated male pigs in heat stress in termination is 0.98%. 19
Keywords: thermal environment, amino acid, casting, performance, quality of meat 20
Introdução 21
22
Com o objetivo de aumentar a percentagem de carne na carcaça e reduzir a 23
deposição de gordura, houve intenso melhoramento genético dos suínos nos últimos 24
anos (Batista et al., 2011). Entretanto, este aumento pode fazer com que os suínos se 25
tornem mais susceptíveis à elevação da temperatura, quando está acima da zona de 26
conforto 18 a 26°C, proposta como ideal para suínos em terminação (Kiefer et al., 27
2010). 28
25
Tem sido constatado que animais sob estresse calórico sofrem aumento na 1
frequência respiratória que é dependente da intensidade e da duração do estresse a que 2
os animais são submetidos, esse aumento está relacionado às perdas de calor por meio 3
evaporativo para manter o equilíbrio térmico corporal (Furlan & Macari, 2002). 4
Segundo Yan & Yamamoto (2000) a frequência respiratória normal para suínos 5
adultos varia entre 15 a 25 movimentos por minuto. Contudo, em ambientes de estresse 6
por calor este valor é elevado para aumentar as perdas de calor via latente. Quando 7
excede a 40 movimentos por minuto, pode indicar estresse térmico (Rodrigues et al., 8
2010). 9
Rodrigues et al. (2010) relataram, que a dissipação de calor pela respiração ocorre 10
na tentativa de evitar o aumento da temperatura interna que pode se refletir no aumento 11
da temperatura retal. Além disso, segundo estes mesmos autores, a temperatura retal é 12
usada, frequentemente, como índice de adaptação fisiológica ao ambiente quente e 13
foram avaliadas em uma série de experimentos com animais sob estresse térmico 14
(Kiefer et al., 2009 e 2010; Manno et al., 2005). 15
As temperaturas no Brasil tendem a se manter altas na maior parte do ano (Fialho 16
et al., 2001) e na tentativa de minimizar o estresse causado pelo calor, os suínos 17
utilizam de manobras fisiológicas como: alterações no peso dos órgãos, na frequência 18
respiratória (Manno et al., 2006) e temperatura retal (Patencie et al., 2005), e também 19
mudanças comportamentais como; redução do consumo alimentar e maior ingestão de 20
água, (kerr et al., 2003),o que pode acarretar em perdas qualitativas na carcaça 21
(Rodríguez-Sánchez et al., 2009). 22
Tais situações modificam as exigências nutricionais de acordo com o ambiente, e 23
estão associadas à piora no desempenho, principalmente pelas modificações metabólicas 24
26
ocasionadas pelo aumento da temperatura ambiental e pelo custo energético de 1
mantença (Rezende et al., 2006). 2
Entretanto, os suínos em terminação quando submetidos a estresse por calor 3
podem necessitar de maior nível de lisina digestível, quando comparados com suínos 4
que permanecem em temperatura ambiental dentro da zona de conforto térmico. Pois 5
aumentos na taxa de deposição proteica estão relacionados à maior demanda de lisina, 6
indicando que a exigência desse aminoácido seja alterada nessas condições ambientais 7
(Marinho et al., 2007). 8
Assim, as alterações metabólicas causadas pelo estresse por calor podem interferir 9
nas exigências nutricionais, proporcionando diminuição substancial no ganho de peso, o 10
que estaria relacionado com a necessidade de um maior aporte nutricional de lisina nas 11
dietas devido à relação direta entre esse aminoácido e a deposição proteica (Andretta et 12
al., 2011 e Apple et al., 2004). 13
Outro fator a considerar é a determinação do nível adequado de lisina digestível 14
que tem sido influenciada pelo consumo de ração (Almeida et al., 2010), o que pode 15
estar afetando outros parâmetros qualitativos das carcaças (Oliveira et al., 2003). 16
Neste contexto, objetivou-se com este experimento determinar o nível de lisina 17
digestível para suínos em terminação, mantidos em estresse por calor. 18
Material e métodos 19
20
Foram utilizados 35 suínos mestiços (Landrace x Large White) machos castrados, 21
em terminação, com peso inicial de 94,9 ± 1,6 kg e peso final de 115,3 ± 2,71 kg, 22
distribuídos em delineamento inteiramente casualizado, com cinco tratamentos (0,66, 23
27
078, 0,90, 1,02, 1,14% de lisina digestível na ração), sete repetições e um animal por 1
unidade experimental, mantidos em ambiente de alta temperatura (32ºC). 2
Os animais foram alojados em gaiolas metálicas suspensas, com piso ripados e 3
laterais teladas, providas de comedouro e bebedouro tipo chupeta, mantidas em sala de 4
alvenaria, com janelões de vidro tipo basculantes, teto com forro de madeira e telhas de 5
barro tipo francês. 6
A temperatura interna da sala foi mantida por meio de um conjunto de seis 7
campânulas elétricas, distribuídas em dois corredores da sala, a aproximadamente 40 cm 8
do piso, ligadas a um termostato regulado para temperatura de 32ºC. O ar no ambiente 9
interno era renovado diariamente por meio de dois exaustores localizados nas paredes 10
laterais da sala. 11
As condições internas no interior da sala foram monitoradas diariamente 12
utilizando-se termômetros de máxima e de mínima, de bulbo seco e bulbo úmido e de 13
globo negro, mantidos em uma gaiola vazia no centro da sala, à meia-altura do corpo do 14
animal. As leituras dos termômetros foram convertidas em um único valor (Índice de 15
Temperatura de Globo e Umidade - ITGU), para caracterizar o ambiente térmico ao 16
quais os animais foram submetidos. 17
As dietas experimentais (Tabela 1) foram formuladas seguindo-se as 18
recomendações contidas em Rostagno et al. (2011), exceto com relação à lisina 19
digestível e proteína cujo nível usado foi de 15,2%. 20
21
22
23
24
25
26
27
28
28
Tabela 1. Composições centesimais e calculadas das dietas experimentais 1
Ingredientes (%) Níveis de Lisina 0,66 0,78 0,90 1,02 1,14
Milho Grão (7,88%) 72.426 72.426 72.426 72.426 72.426 Farelo de Soja (45%) 20.566 20.565 20.565 20.565 20.565 Óleo Vegetal 2.799 2.799 2.799 2.799 2.799 Fosfato Bicálcico 1.277 1.277 1.277 1.277 1.277 Calcário 0.899 0.899 0.899 0.899 0.899 Sal 0.356 0.356 0.356 0.356 0.356 L-Lisina HCl - 0.154 0.308 0.462 0.615 DL-Metionina - - 0.071 0.144 0.217 L-treonina - 0.001 0.083 0.165 0.247 L-Triptofano - - 0.001 0.023 0.045 L-Valina - - - 0.050 0.137 Min-suíno1 0.100 0.100 0.100 0.100 0.100 Vit-suíno2 0.100 0.100 0.100 0.100 0.100 BHT 0.015 0.015 0.015 0.015 0.015 Caulim 1.462 1.307 0.999 0.618 0.200 Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 EM (kcal/kg) 3300 3300 3300 3300 3300 EL (kcal/kg) 2539 2539 2539 2539 2539 Proteína bruta (%) 15.3 15.3 15.3 15.3 15.3 Lisina dig, (%) 0.660 0.780 0.900 1.020 1.140 Met. + Cist. Dig.(%) 0.470 0.470 0.540 0.612 0.684 Treonina dig. (%) 0.522 0.523 0.603 0.683 0.764 Triptofano dig. (%) 0.161 0.161 0.162 0.184 0.205 Valina dig. (%) 0.657 0.657 0.657 0.704 0.787 P disponível (%) 0.325 0.325 0.325 0.325 0.325 Cálcio (%) 0.723 0.723 0.723 0.723 0.723 Sódio (%) 0.160 0.160 0.160 0.160 0.160
¹Fornecendo por kg de dieta: 100 mg de ferro; 10 mg de cobre; 1 mg de cobalto; 40 mg de manganês; 100 mg de zinco e 1,5 mg de 2 iodo. ²Fornecendo por kg de dieta: 8,000 UI de vit, A; 1,200 UI de vit, D3; 20 UI de vit, E; 2 mg de vit, K3 ; 1 mg de vit, B1; 4 mg de 3 vit, B2; 22 mg de ácido nicotínico; 16 mg de ácido pantotênico; 0,50 mg de vit, B6; 0,020 mg de vit B12; 0,4 mg de ácido fólico; 0,120 4 mg de biotina; 400 mg de colina e 30 mg de antioxidante. 5
Antes do inicio do experimento os animais permaneceram quatro dias de 6
adaptação, com alimentação e água à vontade. Após este período foram distribuídos de 7
forma aleatória dentro dos tratamentos experimentais. O fornecimento de ração foi 8
determinado pelo menor consumo aferido durante o período de adaptação, 9
permanecendo constante dentro de cada repetição em todo o experimento (21) dias, 10
sendo fornecida úmida em duas refeições diárias, as 07 e às 16 horas. 11
29
A temperatura retal foi aferida por meio de termômetro clínico veterinário, 1
introduzido no reto do animal durante um minuto, as 10 e às 15 horas a cada 5 dias. 2
Nesses mesmos dias e horários, também foi realizado o registro da frequência 3
respiratória, por meio da contagem dos movimentos do flanco do animal durante 30 4
segundos, multiplicando por duas vezes. 5
Foram coletados diariamente os resíduos de ração do chão, que foram somados às 6
sobras do comedouro ao final dos (21) dias, determinando-se, dessa forma, o consumo 7
diário de ração. 8
Os animais foram pesados no início e no final do experimento para a 9
determinação do ganho diário de peso e da conversão alimentar. 10
Ao término do experimento, os animais foram submetidos a jejum de sólidos por 11
24 horas. Previamente ao abate, os animais foram novamente pesados para determinar o 12
rendimento de carcaça e, em seguida, abatidos por insensibilização elétrica e sangria. 13
Posteriormente, procedeu-se a depilação, toalete e abertura da carcaça para a 14
evisceração. Ao final da linha de abate foram pesadas para a determinação do peso e o 15
rendimento de carcaça, em seguida foram divididas longitudinalmente ao meio, após 24 16
horas em câmara fria foi realizado corte na meia carcaça esquerda a altura da 13° 17
costela para a exposição do músculo longissimus dorsi e do toucinho para a 18
determinação da profundidade do músculo (PM) e da espessura de toucinho (ET), com 19
o auxílio de um paquímetro, de acordo com Bridi & Silva (2007). 20
Para determinação da área de olho-de-lombo, utilizou-se uma folha de 21
transparência, a qual foi colocada em cima do lombo, contornando-o com o auxílio de 22
uma caneta de retroprojetor de ponta fina. O desenho do músculo foi xerocopiado em 23
seguida recortados e pesados como sugerido, Teixeira et al., (2011). 24
30
Também foram medidos os comprimentos das carcaças, a partir do bordo cranial 1
da sínfese pubiana até o bordo cranial do atlas, com o auxílio de uma fita métrica. 2
Os órgãos (fígado, pulmões, estômago, rins, coração, baço e intestino delgado) 3
foram lavados e dependurados a sombra durante 15 minutos para o escorrimento da 4
água. Foram realizados cortes no fígado para melhorar o escorrimento do sangue. 5
Transcorridos 15 minutos, procedeu-se a pesagem dos órgãos e a medição do 6
comprimento do intestino delgado (Kiefer et al., 2009). 7
As variáveis avaliadas foram temperatura retal, frequência respiratória, ganho 8
diário de peso, consumo diário de ração, conversão alimentar, rendimento, espessura de 9
toucinho, percentual de carne magra, profundidade de músculo, área de olho-de-lombo e 10
comprimento de carcaça, pesos de fígado, pulmões, rins, baço, coração, intestino 11
delgado e comprimento de intestino delgado. 12
As análises estatísticas foram realizadas utilizando o programa Sistema de 13
Análises Estatísticas e Genéticas (SAEG - UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA 14
- UFV, versão 9,1). As estimativas do melhor nível de lisina digestível para os machos 15
castrados foram determinadas por meio de regressão linear. 16
Resultados 17
18
As médias das temperaturas máxima e mínima foram de 32,3 ± 1,2ºC e 28,9 ± 19
1,3ºC respectivamente, a umidade relativa média foi 78.3%, o ITGU calculado foi 81.8. 20
A temperatura retal média no período da manhã foi de 39,5º C e no período da tarde foi 21
de 39.9 ºC, a média da frequência respiratória no período da manhã foi de 66,7 e à tarde 22
foi de 76,6 mov./min., respectivamente. 23
31
O peso final dos animais não foi influenciado pelo aumento do nível de LIS 1
digestível (Tabela 2). Entretanto, o ganho de peso médio diário apresentou efeito 2
quadrático até o nível 0,99% de LIS digestível, com R2 de 0,91, (Figura 1), (P=0,08), o 3
que corresponde a consumo estimado de 25,34g/dia de LIS digestível. O consumo de 4
ração médio diário, não foi influenciado (P<0,10) pelos níveis de LIS digestível. 5
A conversão alimentar apresentou efeito quadrático (P=0,05) até o nível de 0,98% 6
de LIS digestível, com R2 de 0,96 (Figura 2), que corresponde a uma ingestão de 25,08 7
g/dia. 8
Tabela 2. Desempenho de machos castrados em fase de terminação sob estresse por 9
calor em função dos tratamentos 10
Variáveis Níveis de Lisina (%) Análises
estatísticas
0,66 0,78 0,90 1,02 1,14 P-L1 P-Q2 CV (%)
PI(kg) 96,44 94,40 94,50 94,38 94,90 Ns Ns 3,4 PF (kg) 112,50 110,98 113,27 113,24 112,65 Ns Ns 2,3 GPMD (g/dia) 764,7 789,5 893,8 898,0 845,2 Ns 0,08 12,8 CRMD (kg/dia) 2,58 2,53 2,56 2,57 2,57 Ns Ns 1,9 CA (g/g) 3,37 3,20 2,86 2,85 3,03 Ns 0,05 13,8 PI ( peso inicial), PF ( peso final), GPMD ( genho de peso médio diário), CRMD ( 11
consumo de ração médio diário), CA ( conversão alimentar) 12
Valor-P = L – linear; Q- quadrático 13
14
700
750
800
850
900
950
0.54 0.66 0.78 0.9 1.02 1.14 1.26
Gan
ho d
e Pe
so M
édio
Diá
rio (g
/dia
)
Níveis de Lisina Digestível (%)
0,99
Ŷ = -0,355 + 2,494Lis – 1,254Lis2
R2 = 0,91
32
Figura 1. Ganha de peso médio diário em função dos níveis de LIS digestível. 1
2
Figura 2. Conversão alimentar em função dos níveis de LIS digestível. 3
O peso da carcaça quente foi influenciado de forma quadrática (P=0,02) com o 4
aumento dos níveis de lisina, estimando 0,95% de LIS digestível, com R² de 0,67 5
(Tabela 3; Figura 3). 6
7
8
9
10
11
12
13
14
2.50
2.75
3.00
3.25
3.50
3.75
4.00
0.54 0.66 0.78 0.90 1.02 1.14 1.26
Conv
ersã
o Alim
entar
(g/g
)
Níveis de Lisina digestível (%)
0,98
Ŷ = -8,547 – 11,465Lis + 5,837Lis2
R2 = 0,96
33
Tabela 3. Características de carcaça e pesos relativos dos órgãos em função dos níveis 1
de lisina digestível 2
Variáveis Níveis de Lisina (%) Análises
estatísticas
0,66 0,78 0,90 1,02 1,14 P-L1 P-Q2 CV (%)
Carcaça Quente (kg) 90,5 90,8 92,8 93,3 91,2 Ns 0,02 1,8 Rendimento carcaça (%) 80,50 80,57 80,72 81,56 78,73 Ns 0,03 1,7 Espessura de toucinho(mm) 13,08 10,21 11,64 15,00 11,78 Ns Ns 27,5 Profundidade de músculo 53,83 52,25 53,00 53,67 54,00 Ns Ns 13,1 Carne na Carcaça 58,27 60,38 59,59 56,45 59,24 Ns Ns 6,4 Área de olho de lombo (cm2) 44,55 40,30 46,55 48,79 40,73 Ns Ns 17,9 Comprimento de carcaça (cm) 96,0 94,8 96,7 95,0 97,1 Ns Ns 5,6 Pesos relativos (%) Fígado 1,652 1,619 1,473 1,557 1,581 Ns Ns 12,6 Rins 0,287 0,284 0,273 0,230 0,304 Ns Ns 12,6 Coração 0,301 0,344 0,314 0,303 0,305 Ns Ns 11,5 Pulmão 0,544 0,643 0,543 0,505 0,544 Ns Ns 24,7 Baço 0,146 0,192 0,144 0,122 0,296 Ns Ns 61,1 Estômago 0,490 0,477 0,501 0,489 0,444 Ns Ns 14,0 Intestino Delgado 1,451 1,436 1,279 1,117 1,010 0,01 Ns 13,0
P-L1= linear; P-Q2= quadrático 3
4
Figura 3. Peso de carcaça quente em função dos níveis de LIS digestível. 5
O rendimento de carcaça foi influenciado quadraticamente (P=0,03) pelos LIS 6
digestível, estimando 0,86% de LIS digestível, com rendimento de carcaça R² de 0,55 7
(Figura 4). 8
89.0
89.5
90.0
90.5
91.0
91.5
92.0
92.5
93.0
93.5
94.0
0.56 0.68 0.8 0.92 1.04 1.16
Peso
da
Carc
aça Q
uent
e (k
g)
Níveis de Lisina Digestível (%)
0,95
Ŷ = - 64,9845 + 58,1036Lis - 30,4369Lis2
R2 = 0,67
34
1
Figura 4. Rendimento de carcaça em função dos níveis de LIS digestível. 2
Não houve efeito (P>0,10) dos níveis de LIS digestível sobre a espessura de 3
toucinho (ET) no ponto P2, profundidade de músculo (PM), área de olho de lombo 4
(AOL) e comprimento de carcaça (CC), o peso relativo do fígado, rins, coração, 5
pulmão, baço e estomago. Contudo, peso relativo do intestino delgado (ID), reduziu de 6
forma linear (P=0,01), à medida que se aumentou o nível de LIS digestível na dieta, 7
com R² de 0,83 (Tabela 3). 8
Discussão 9
10
Durante o período experimental as temperaturas médias máximas e mínimas, 11
permaneceram acima da zona de conforto térmico para suínos em terminação que está 12
entre 20 e 24ºC, como sugerido por Sampaio et al. (2004), caracterizando ambiente de 13
estresse para suínos em fase de terminação. Os valores do ITGU observado neste 14
estudo, corroboram com aqueles obtidos por Kiefer et al., (2009), os quais observaram 15
81,1 o que caracteriza o estresse por calor para suínos em terminação. 16
78.0
78.5
79.0
79.5
80.0
80.5
81.0
81.5
82.0
0.56 0.68 0.8 0.92 1.04 1.16
Ren
dim
ento
de C
arca
ça (%
)
Níveis de Lisina Digestível (%)
0,86
Ŷ = - 63,0537 + 42,1737Lis – 24,5302Lis2
R2 = 0,67
35
É possível que a elevação da temperatura ambiente seja responsável pelo aumento 1
da temperatura retal, os quais permaneceram acima daquela observada em animais 2
alojadas em condições de conforto térmico 39,31ºC, (Kiefer et al., 2009) que também 3
observaram aumento na temperatura retal em animais mantidos em ambiente de estresse 4
por calor (39,7°C). 5
Nesse mesmo sentido a frequência respiratória observada se manteve acima 6
daquela observadas em suínos mantidos em ambiente de conforto térmico, o que de 7
acordo com Yan et al. (2000) é de 15 a 25 movimentos por minuto. Diante de estresse 8
por calor os suínos iniciam ajustes fisiológicos como, a elevação da taxa respiratória que 9
possibilitará o aumento da dissipação de calor por evaporação através do trato 10
respiratório, o que associado à elevação da temperatura retal possibilita a manutenção 11
da homeostase. 12
O aumento dos níveis de LIS digestível possibilitou melhora de 14,8% no ganho 13
de peso médio dos animais (764,7 vs. 898,0 g/dia). 14
Como já era de se esperar o consumo de ração não foi influenciado pelos níveis de 15
LIS digestíveis, visto que este consumo foi controlado. Houve melhoria na conversão 16
alimentar até o nível de 0,98% de LIS digestível, uma vez que o ganho de peso foi 17
melhorado, o que possibilitou redução na conversão alimentar em 15,1% (3,37 vs. 18
2,86). 19
Corroborando, Batista et al. (2011), estudando o aumento dos níveis de LIS 20
digestível para suínos em crescimento mantidos em ambientes de estresse por calor, 21
determinou 1,05% de LIS digestível. Esta melhora possivelmente se dá pelo melhor 22
ganho de peso o qual possibilitou a máxima expressão gênica para esta característica, 23
(Souza et al., 2011). 24
36
Contudo, Almeida et al. (2010), avaliando níveis de lisina para suínos em fase de 1
terminação, não observaram diferença sobre a conversão alimentar estimando em 0,88% 2
LIS digestível, esta divergência encontrada pode ser explicada em função da melhoria 3
do potencial genético dos animais. 4
O maior rendimento de carcaça pode ser explicado pelo maior peso da carcaça 5
quente e também pela redução do peso do intestino delgado. Estes resultados 6
corroborando com aqueles obtidos por, Cantarelli et al. (2009); Almeida et al. (2010); 7
Moura et al. (2011); Souza et al. (2011). Resultados contrastantes, foram observados 8
por outros autores (Kill et al., 2003; Oliveira et al., 2003; Arouca et al., 2005), os quais 9
determinaram 0,90% de LIS digestível, estas diferenças possivelmente seja devido a 10
melhoria genética da linhagens dos suínos atuais, os quais apresentam maiores taxas de 11
crescimento evidenciando seu maior potencial genético para deposição de carne. 12
A ausência de diferenças na espessura de toucinho possivelmente seja explicado 13
devido estes animais estarem alojados em condições de estresse térmico o qual promove 14
maior consumo energético para manutenção das funções vitais, tal como a temperatura 15
corporal. 16
Moura et al. (2011), estudando suínos sobre estresse térmico observaram 17
resultados similares. Contudo, Santos et al. (2011), em trabalho realizado com machos 18
castrados dos 95 a 125 kg, em função dos níveis de LIS digestível não observaram os 19
mesmos efeitos. 20
Neste contexto, suínos machos castrados melhorados geneticamente para maior 21
deposição de carne magra em terminação tardia, expostos a temperatura de estresse por 22
calor, apresenta melhor ganho de peso e conversão alimentar quando alimentados com 23
dietas com nível de lisina digestível 0,98%. Entretanto, o peso de carcaça quente e 24
rendimento de carcaça apresentaram melhores resultados com os níveis de 0,95 e 25
0,86%, respectivamente. 26
37
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