Fragmentos Florestais
Um fragmento florestal pode ser definido
como uma área de vegetação natural
interrompida por barreiras antrópicas ou
naturais (ex.: estradas, povoados, culturas
agrícolas e florestais, pastagens,
montanhas, lagos, represas) capazes de
diminuir significativamente o fluxo de
animais, pólen e, ou, sementes (VIANA,
1990).
FRAGMENTOS FLORESTAIS -
A REALIDADE BRASILEIRA
Floresta amazônica - Manaus
Silva Jardim - RJ
Em três pequenos fragmentos (< 20ha)
naturais de Mata Atlântica de baixada
periodicamente alagada na REBIO Poço
das Antas (RJ), houve maior número de
árvores mortas em pé e de lianas tanto na
borda quanto no interior, quando
comparados com outros tipos de florestas
úmidas.
Fragmentos de Florestas tropicais
• Os estudos de fragmentação de habitats enfocamprincipalmente as mudanças na diversidade de espéciese composição da comunidade, tais como a taxa denascimento, taxa de extinção e os tipos de espécies quedesaparecem.
• Contudo podem se perder aspectos importantes dadinâmica de populações específicas. As populações quepermanecem nos fragmentos, continuam a flutuar comas mudanças nas condições ambientais. Em fragmentosonde a imigração é rara, algumas populações podem sedirigir à extinção.
• A diversidade de espécies tropicais dentro dedeterminada área, invariavelmente declina, após oisolamento, particularmente em fragmentos pequenos.
Fatores que afetam a dinâmica dos
fragmentos florestais. Viana & Pinheiro (1998)
1-Tamanho
2 - Forma – relação entre a área e o perímetro - O fator de forma é a
relação entre área de um fragmento florestal e o seu perímetro.
É um parâmetro útil para a análise da vulnerabilidade dos fragmentos a
perturbações, especialmente através do efeito de borda
3 - Grau de isolamento - O grau de isolamento afeta o fluxo gênico
entre fragmentos florestais e, portanto, a sustentabilidade de
populações naturais.
4 - Tipo de vizinhança
5 - Histórico de perturbação
http://www.ipef.br/publicacoes/stecnica/nr32/cap03.pdf
Distribuição dos fragmentos florestais da Região de Piracicaba, São Paulo por classes de
fator de forma. Cerca de 51,9% podem ser considerados .alongados. (0.8>fator de
forma>0.6). Cerca de 35% podem ser considerados muito alongados. (fator de forma <0.6),
mais sujeitos ao efeito de borda. Viana & Pinheiro (1998).
http://www.mma.gov.br/estruturas/chm/_arquivos/fragment1.pdf
Processos ecológicos afetados pela
fragmentação
1- distribuição de sementes e propágulos,
afetando o recrutamento, colonização e
regeneração.
2- a conectividade afeta o movimento dos
animais
3- bordas afetam o microclima
Efeito de borda
Água
Temperatura
Luz
Germinação de sementes
Diversidade
Concentração de nutrientes e poluentes
trazidos pelo vento*
*Concentração de nutrientes e poluentes nas
bordas dos fragmentos . Weathers et al 2002
(Conservation Biology)
• A deposição de enxofre nas bordas de florestas dos
EUA foi superior do que no interior. Aumentos que
variaram de 17 a 56% foram observados.
• A borda funcionaria como uma armadilha para o fluxo de
nutrientes e poluentes e teriam efeito na ciclagem de
nutrientes no solo, atividade microbiana, dominância de
plântulas e outros processos ecológicos perto da borda.
Review
The fate of Amazonian forest
fragments: A 32-year
investigation
Laurance et al 2011
Biological Conservation 144 (2011) 56–67http://people.duke.edu/~ksv2/articles/21_Laurance_etal_2011_BDFFP_32y_re
view.pdf
Fragmentação da Floresta pluvial mata as
árvores altas (Laurence et al 2000)
6.348 árvores morreram nas margens da amostragem
3.523 morreram no interior da amostragem
Os resultados indicaram que as árvores grandes morreram a uma taxa
3 vezes mais rápida (281%) nas margens da amostragem.
Existiriam pelo menos 3 razões pelas quais as árvores grandes são
usualmente vulneráveis em fragmentos:
1- Por causa da altura, da espessura e inflexibilidade do tronco, são
mais susceptíveis a serem arrancadas do solo, com ventos fortes.
2- Lianas, que podem reduzir a sobrevivência da árvore, são mais
abundantes nas bordas.
3- Suas copas são expostas a intensa luminosidade e evaporação e
mais sensíveis à dissecação nas bordas dos fragmentos.
Typical tree mortality and
damage near the margins
of Amazonian forest
fragments.
Nascimento and Laurance
(2004).
• Annual rates of tree mortality and damage in Amazonian rain forests
as a function of distance to the nearest forest edge. Only large
(≥10 cm diameter at breast height) trees are included in this
comparison ( Laurance et al., 1998b ).
Laurence et al 2000
Laurence et al 2000
Biomassa
• Segundo Laurence et al (1997), 10% da
biomassa foi perdida entre 2 e 4 anos de
isolamento.
• As espécies crescem mais rápido e
morrem mais jovens do que antes da
fragmentação. Em conseqüência, ocorre
aumento na perda de carbono.
Long-term carbon loss in fragmented Neotropical
forests
Pütz et al 2014
NATURE COMMUNICATIONS
Germinação de sementes em
fragmentos florestais (Bruna, 1999)
Heliconia acuminata
As sementes plantadas em florestas germinaram 3 a 7 vezes mais do que em fragmentos.
A luz, calor e seca afetaram a germinação.
Sementes plantadas em fragmentos florestais germinam menos do que as sementes plantadas em florestas contínuas.
Costa 2004 (Acta Amazonica)
Keuroghlland & Eaton (2008)
estudando catetos, Tayassu pecari
and T. tajacu de um fragmento
isolado da Mata Atlântica, indicam
que a diminuição da abundância e
diversidade de frutos, em função
da diminuição do tamanho do
fragmento, não suportam as
exigências energéticas das
populações de catetos.
Eles consomem frutos maduros ou
verdes e predam as sementes.
Jeriva ( Syagrus romanzoffiana)
seria uma das espécies chaves
como fonte de alimento. Euterpe
edulis seria outra espécie
preferencial.
Physalaemus soaresi (Perereca do PAC)
• Espécies brasileiras de anfíbios
ameaçadas de extinção segundo
a Lista Oficial da Fauna Brasileira
Ameaçada de Extinção
(Workshop realizado em 2002) e
da Avaliação Global de Anfíbios –
GAA (Workshop realizado em
2003). Silvano & Segalla 2005
....Physalaemus soaresi Izecksohn,
1965 was originally described from
Horto Florestal de Santa Cruz
(22°43’30” S, 43°43’10” W)
(Izecksohn 1965; Izecksohn 1971)
(now Floresta Nacional Mário
Xavier), municipality of Seropédica,
state of Rio de Janeiro, Brazil ......
Amphibia, Anura, Leiuperidae, Physalaemus soaresi Izecksohn, 1965:
New record, distribution extension and geographic distribution map
(Pontes et al 2010)
Geographic distribution of
Physalaemus soaresi Izecksohn,
1965. Yellow star – Floresta
Nacional Mario Xavier (type-
locality). Blue square – Barro
Branco, Duque de Caxias
(collection record) and red dot –
Serra do Mendanha (new
record).
Journal of Tropical Ecology (2010) 26:35–43.
Forest fragmentation reduces recruitment of large-seeded tree species
in a semi-deciduous tropical forest of southern Mexico
Felipe P. L. Melo et al
O tamanho do fragmento foi negativamente correlacionado com os
dispersores de sementes vertebrados médios a grande e com o
número de mudas de espécies com sementes grandes, mas não teve
influência na funcionalidade da comunidade adulta árvore.
Entre 41% a 61% de todas as mudas foram considerados como
imigrantes e as proporções de mudas de espécies imigrantes de
sementes grandes foi negativamente correlacionada com o tamanho
da floresta.
Os resultados sugerem que a defaunação tendenciosa em pequenos
fragmentos florestais pode reduzir seriamente o recrutamento de
espécies de sementes grandes de árvores (> 1,4 cm de comprimento)
dispersas por vertebrados, afetando negativamente as trajetórias
sucessionais de pequenos fragmentos florestais.
Figure 2. Mean (± SE) number of
seedlings per 27 m2 (a) and tree
stems per 400 m2 (b) per category of
seed size and dispersal mode at the
Ejido Palmar, southern Mexico.
Individual seedlings of:
small-seeded (<0.6cm in the longest
length);
medium-seeded (0.6–1.4 cm),
large-seeded (>1.4 cm) species.
A similar pattern was observed for
adult trees.
Figure 3. Relationship between
fragment size and mean number (SE
bars) of seedlings for small-seeded
(<0.6 cm in the longest length);
medium size seeded (0.6–1.4 cm) and
large-seeded (>1.4 cm) species at the
Ejido Palmar, southern Mexico.
NS = not significant.
A similar pattern was observed for the
mean number of species.
Lições da pesquisa sobre fragmentação:
aperfeiçoando políticas e diretrizes de
manejo para a conservação da
biodiversidade MARCELO TABARELLI e CLAUDE GASCON
http://www.conservation.org.br/publicacoes/
megadiversidade/24_Tabarelli_Gascon.pdf
Para auxiliar na formulação de políticas, os autores (Tabarelli e Gascon )
apresentam seis diretrizes, as quais, empiricamente, têm se mostrado
importantes para o manejo de paisagens fragmentadas:
(1) incorporar medidas de proteção como parte dos projetos de
desenvolvimento;
(2) proteger as áreas extensas e evitar a fragmentação das florestas contínuas
ainda existentes;
(3) manejar as bordas da floresta a partir do momento de criação dos
fragmentos;
(4) proteger as florestas de galeria para conectar fragmentos isolados de
floresta;
(5) controlar o uso do fogo e a introdução de espécies de plantas exóticas e
limitar o uso de biocidas em áreas adjacentes aos fragmentos florestais;
(6) promover o reflorestamento e a ampliação da cobertura florestal em áreas
críticas da paisagem.
Esse tipo de vínculo entre a ciência e a formulação de políticas pode resultar
em mudanças simples, mas drásticas, nos atuais padrões do uso da terra, com
efeitos positivos sobre a biodiversidade e os recursos naturais
Algumas alternativas para minimizar os
efeitos causados pela fragmentação
florestal• Reter ou plantar espécies para compor a vegetação ao lado de
córregos e rios e que servirão para melhorar a passagem da fauna silvestre.
• Plantar espécies arbóreas entre os fragmentos.
• Aumentar o tamanho do fragmento, plantando espécies ao redor e entre os fragmentos.
• Plantar espécies que compõem o sub-bosque se a regeneração não
estiver ocorrendo.• Reter árvores mortas dentro dos fragmentos, que servirão de
moradia para fungos, invertebrados e insetos, que servem de alimentos para outros animais.
• Árvores mortas em pé servem também como posto de observação ou poleiro para pássaros, oferecendo buracos para pássaros fazerem ninhos ou pouso para morcegos.
Paper para leitura
Rev. bras. Bot. vol.30 no.3 São Paulo July/Sept. 2007
Produção de serapilheira em floresta Atlântica
secundária numa paisagem fragmentada (Ibiúna, SP):
importância da borda e tamanho dos fragmentos
Mariana Morais Vidal; Vânia Regina Pivello*; Sérgio
Tadeu Meirelles; Jean Paul Metzger