“ Há uma grande diferença se fala um deus ou um herói; se um velho amadurecido ou um jovem impetuoso na flor da idade; se uma matrona autoritária ou uma ama dedicada; se um mercador errante ou um lavrador de pequeno campo fértil; se um colco ou um assírio; se um homem educado em Tebas ou em Argos.”
(Horácio, Arte poética, 119-
118)
Objeto de Investigação: Relação entre o mundo linguístico e o mundo social;
Sistema linguístico com funcionamento próprio
Busca por lugares de intersecção entre o mundo social e a dimensão linguística
A estrutura da língua é prévia ao momento da enunciação
Contexto = o lugar em que as dimensões social e geográfica se atualizam.
Teoria da Variação e MudançaEtnografia da Fala ou Sociolinguística
quantitativaSociologia da Linguagem
Discute de que maneira o sistema linguístico, no seu núcleo gramatical, é afetado pelas relações com a sociedade.
O foco central é o conhecimento das regras sociais que norteiam o emprego das formas linguísticas como parte do funcionamento social da comunidade
Busca-se entender como uma língua se espalha por uma determinada comunidade e quais as relações entre esse espalahamento e as estruturas de poder.
Variação – “duas ou mais formas alternativas de dizer a mesma coisa no mesmo contexto”.
Variável – “esforço do sociolinguísta por generalizações abstratas” “classe de variantes”
Variantes – generalizações abstratas(Camacho, 2000, p. 56)
Toda língua seria constituída de possibilidades formais diferentes para a mesma função comunicativa
Lugares de Variação
Definição de Labov(1972): conjunto de falantes que compartilham os mesmos valores com relação à língua.
Os falantes reconhecem o significado social das formas variantes
Prestígio x estigma
Linguagens especiais: subcomunidades linguísticas forma especial de atividade (científica, lúdica, etc.) – Jargões, gírias
Gírias – necessidade de sigilo (marginais) = exclusão – via linguagem (“linguagem de bandido”).
Variante padrão (ou de prestígio) X Variante não-padrão (ou estigmatizada)
Camacho (2000, p. 59): “As formas em variação adquirem valores em função do poder e da
autoridade que os falantes detêm nas relações econômicas e culturais”.
Dimensão Linguística •Fonética•Morfologia•Sintaxe•Semântica
Dimensão não-linguística •Plano espacial•Plano contextual•Plano social
A escolha do falante se dá em função da relação de interlocução em que é posto.
trecho de filme “Uma linda Mulher”
Dimensão Espacial: Dialetos definidos regionalmente Dialeto: o senso comum o considera
um desvio com relação à língua
Dimensão Temporal:
Dimensão Social:
Locutor Destinatário
Idade Menor que o destinatário
Maior que o locutor
Sexo Masculino
Feminino
Masculino
Feminino
Classe Social Alta
Trabalhadora
Alta
Trabalhadora
Pagotto: Dimensão linguística (unidades linguísticas) X Dimensão não-linguística (espacial, social, temporal)
Camacho: Natureza linguística X Natureza Extralinguística
Natureza linguística unidades linguísticas
Natureza Extralinguística:Em função da identidade social do emissor
dialetos/ variações geográfica/ sociológicas
Em função da identidade social do receptor Em função das condições sociais de produção
discursiva (contexto/lugar) (ii) e (iii) – registro estilístico
ANTES DA SOCIOLINGUÍSTICA – todas as unidades linguísticas (fones, fonemas, morfemas, sintagmas e orações) eram unidades de natureza invariante, discreta e qualitativa.
SOCIOLINGUÍSTICA – unidade de análise (língua) é variável, continua e quantitativa.
Variável – diferentes maneiras de expressão, conforme circunstâncias de uso.
Contínua – certas alternativas assumem valores sociais
Quantitativa – freqüência percentual assume valores sociais aos diferentes fatores que as condicionam.
Texto – Papos (Veríssimo)
Referencial exclusivo (variedade padão) ou Dialeto social (que o aprendiz domina de
acordo com a origem sociocultural)?
TRADICIONALMENTE...A pedagogia da língua elege o correto e o
incorreto.Resultado: cria danos irreversíveis (aversão
e resistência à língua-padrão, insegurança linguística, traumas sociais. Ex: nordestinos)
Deficiêcia verbal - compensar as supostas carências verbais.
Diferença verbal - despertar a consciência do aluno para a adequação das formas às circunstâncias do processo de comunicação.
ANÁLISE DO DISCURSO
PROPRÓSITO:
Analisar as relações estabelecidas entre a língua e os sujeitos que a empregam e as situações em que se desevolvem o dizer em relação à sua exterioridade.
OBJETOS DA ANÁLISE DO DISCURSO
SUJEITO (Ilusão subjetiva do sujeito)INSCRIÇÕES NA HISTÓRIACONDIÇÕES DE PRODUÇÃO DE
LINGUAGEM (Sujeito e Situação – fundamentais para
AD)
CONTEXTO HISTÓRICOFrança década de 60.Reflexão sobre texto e história.
Jean Dubois (linguísta e lexicólogo) e Michael Pechêux (filósofo envolvido em debates em torno do Marxismo, da psicanálise e da epistomologia)
Ambos são tomados pelo espaço do marxismo e da política partilhando convicções sobre a luta de classes, a história e o movimento social (nesse quadro comum a linguística torna-se o guia das pesquisas nas ciências humanas.
Jean Dubois x Michael Pêcheux
Dubois – Processo de estudos das palavras (léxico) para o estudo dos enunciados.
Pêcheux – Ruptura com a noção de ideoçogia, tem por obejtivo investigar as relações entre discurso, a ideologia e o sujeito.
CAMPO DA PSICANÁLISE
Psicanálise Lacaniana – Releitura de Freud. Buscando no estruturalismo para abordar o inconsciente.
Inconsciente – Estrutura como linguagem (cadeia de significantes), interfere no discurso efetivo/ produzido
Discurso Efetivo (Identidade, caráter de sujeito a partir do discurso inserido no inconsciente; discurso do Outro) X Discurso do Outro (Discurso do pai, da família, das leis... reproduzido no discurso efetivo)
Psicanálise Lacaniana -> AD: Sujeito levado a dizer considerando seu lugar social e processo histórico no qual está inserido
CAMPO DA LINGUÍSTICA
Núcleo Rígido (Conjunto de Regras) X Contornos Instáveis (Sentidos em relação as estratégias de interlocução, posições sociais ou históricas) – Maingueneau (1997)
Obs: AD – não excluindo o caráter formal
“Há vinte anos ele vivia fazendo sexo com a própria noiva x Há vinte anos ele vivia fazendo sexo com a noiva de Wood”.
Termos linguísticos – Ambiguidade pelo pronome possessivo de 1ª pessoa “minha”
O advérbio “também” incide em “também fazer com Bete Speed ou fazer sexo também com a sua própria esposa”.
Porque achamos graça quando Stock enuncia: “Eu também”?
Devido às condições de produção. Em que fazer sexo com a noiva de outro seria fora dos padrões e que de certa maneira traz a Wood um constrangimento, que nos gera riso.
O que gera a ambiguidade seria analisada pela semântica e pela pragmática, na analise do discurso, a pergunta mais cabível seria:
Qual o efeito dessa ambigüidade?Em outra sociedade, como a comunidade dos
esquimós em que se é normal oferecer a noiva aos visitantes com sinal de hospitalidade. Neste contexto a tira não teria o mesmo efeito de humor.
CAMPO SÓCIO-HISTÓRICO
DISCURSO“(...) O DISCURSO MAIS DO QUE TRANSMISSÃO
DE INFORMAÇÃO (MENSAGEM) É EFEITO DE SENTIDOS ENTRE LOCUTORES.”
Eni Orlandi. - Relação dos sujeitos dentro das circunstâncias
dadas.
- Sair da relação estímulo/ resposta (comportamentalismo) – circuito da comunicação (Orlandi)
CONDIÇÕES DE PRODUÇÃOSITUAÇÃO:Sentido Estrito: Contexto imediato
(circunstancias de enunciação)
Sentido Lato: Contexto Sócio-histórico, ideológico, mais amplo.
Contextos funcionam conjuntamente
EX: Sala de Aula;
SUJEITO:
Posição do Sujeito projetada no discurso. (Enuncionador e o Destinatário)
FORMAÇÕES IMAGINÁRIAS:
Ia (a) – A imagem que o sujeito faz dele mesmo Ia (b) – A imagem que o sujeito faz do seu interlocutor Ia (r) – A imagem que o sujeito faz do objeto do discurso. Ib (b) – A imagem que o interlocutor faz dele mesmo Ib (a) – A imagem que o interlocutor faz de quem lhe fala. Ib (r) – A imagem que o interlocutor faz do objeto do
discurso.
“Antecipação” – Locutor na posição do seu intelocutor.Ia (Ib (a)) – Imagem que o locutor faz da
imagem que o interlocutor tem dele.
Obs: As imagens que a sociedade produz.
RELAÇÕES DE SENTIDO: O que dizemos tem relação com outros dizeres.
RELAÇÕES DE FORÇA: Lugar social do qual falamos.
(SUJEITO) EX: professor, presidente, mãe...
CHARGE
TEXTOAnálise do Discurso tem como unidade o
texto discursivo.Não procura interpretar ou dar sentidoObjeto Discursivo: Compreender a relação
com as condições de produção e com as ideologias que determinam o tecto discursivo.
Texto tem textualidade – Função de relação do texto consigo mesmo e com a exterioridade, o funcionamento do texto.
A ANÁLISE DE TEXTO/ DISCURSOO texto em funcionamento (condições de
produção) produz sentido e está ligado a sua exterioridade.
ANALISTA:1º Material bruto linguistico (corpus, texto) e
o objeto discursico (material analisado)2º Processo Discursivo (Objeto discursivo
relacionando com as formações ideológicas).M. Pêcheux (1975) Sistema de relações de
substituição, parafrase, sinonimias etc.
FORMAÇÃO DISCURSIVA“Como diz Pecheux (1975) o sentido da
palavra, uma expressão, de uma proposição etc., não existe em si mesmo (isto é, em uma relação transparente com a literalidade) mas ao contrário é determinado pelas posições ideológicas que estão em jogo no processo sócio-histórico no qual as palavras, expressões,proposições são produzidas (isto é, reproduzidas). Elas mudam de sentido segundo as posições sustentadas por aqueles que as empregam.” Eni Orlandi (pg17)
É a projeção na língua das formações ideológicas.Palavras ou expressões diferentes podem ter o
mesmo sentido em uma formação discursiva, assim como podemos ter palavras ou expressões iguais com sentidos diferentes dada a formação discursiva distinta.
Exemplo: Salário (diferentes sentidos em diferentes fomrações discursivas: do empregado ou patrão)
Liberdade: pai ou filho.
INTERDISCURSO“É o saber, a memória discursiva. Aquilo que
preside todo dizer.” (Orlandi)Subordinação-assujeitamento ao Outro
MEMÓRIA DISCURSIVAÉ O DIZER JÁ DITO E ESQUECIDO QUE
ESTÁ NA SUA MEMÓRIA.Ex: Família – Significa além das intenções do
discurso proferido, mas “impregnado” pela memória que ela possui historicamente.
ESQUECIMENTO
Nº1 – Esquecimento ideológico e inconsciente.Nº2 – Esquecimento Enunciativo (?)
Fases da Análise do Discurso1º Momento – Discursos mais homogêneos
(Menos variação de sentido). Corpus Fechado Análise LingüísticaAnálise discursivaSUJEITO: Ideológico (Instituição, teoria,
ideologia etc)
Exemplo: Discurso Comunista
2º Momento - Discursos produzidos a partir de condições menos homogêneas.
Focault – Conceito de Formação DiscursivaEspaço Social atravessado por outras
Formações discursivas. Em que a FD em questão permanece com uma identidade.
SUJEITO: Ideológico Assujeitado - Diferentes papéis que assume em diferentes espaços interdiscursivos
Exemplo: Professor em sala de aula;
3º Momento – Discurso mais Heterogêneos:
SUJEITO: Heterogêneo, que oscila entre o consciente e o inconsciente (o Outro) para harmonizar as vozes do seu discurso, na busca da unidade, da singularidade.
*Temos duas Formações discursivas que se relacionam por meios das formações ideológicas que as acompanham. Um discurso só existe porque está ligado ao outro (porque o outro existe)
Formações Discursivas – Heterogêneas (Os sentidos podem ir se formando nos processos de constituição dos discursos).
CHARGE