I – Visão geral dos relacionamentos Mantidos entre empresas vendedoras e compradoras, entre empresas e bancos e entre bancos Nesta apostila, trataremos de alguns tipos de relacionamentos entre empresas, entre
empresas e bancos e entre bancos. Utilizando um esquema como aquele retratado na figura
1, podemos mostrar todos os relacionamentos de nosso interesse simultaneamente. Todavia,
por razões óbvias, deveremos explicá-los em seqüência. É isto que estaremos fazendo ao
longo das próximas páginas.
O primeiro relacionamento a considerar é o de compra e venda estabelecido entre duas
empresas. Embora, como pessoas, estejamos mais acostumados com organizações que
realizam vendas para consumidores individuais, muitas empresas vendem apenas para
outras empresas, que compram matérias primas, produtos acabados, instalações
suprimentos e serviços. Na verdade, mais dinheiro está envolvido nas vendas a
compradores industriais que a consumidores individuais. Um comprador industrial é uma
organização que adquire bens ou serviços para usar na produção de outros produtos ou
serviços que serão posteriormente vendidos, alugados ou fornecidos a terceiros. Por
exemplo, para produzir e vender um simples par de sapatos, abatedouros vendem o couro
aos curtidores, que o vendem às fábricas de calçados, que os negociam com os varejistas,
que, finalmente, os vendem aos consumidores finais. A este encadeamento de empresas que
compram, produzem e revendem partes que irão, ao final, constituir um produto ou serviço
acabado, chamamos de cadeia produtiva. Além da cadeia calçadista, existem inúmeras
outras, como as cadeias automobilística, eletroeletrônica, alimentícia, de seguros, de
assistência médica etc. Uma vez que cada membro de uma cadeia produtiva tem de
comprar muitos outros bens e serviços, além daqueles diretamente vinculados aos seu
negócio principal, entendemos porque há mais compras industriais que compras
individuais.
O relacionamento entre empresas compradoras e vendedoras chama-se fluxo mercantil ou
também fluxo comercial e compra e venda – mercantil ou comercial porque envolve o
comércio de mercadorias – e estão retratados na banda intermediária da figura 1.
Em linhas muito gerais, o relacionamento mercantil envolve:
1) a negociação das condições de transação, incluindo cotação de preço, especificações
técnicas, quantidades, prazos de entrega, condições de pagamento e critérios de
devolução; e
2) o pedido propriamente dito.
Do lado do vendedor, o relacionamento mercantil é responsabilidade da área comercial,
ficando a cargo do setor de compras na empresa compradora.
Concluída a negociação, são providenciados o faturamento ou emissão da nota fiscal da
mercadoria comercializada e a entrega do pedido no local definido pelo comprador. Isto é,
por intermédio de serviços prestados por transportadoras. Antes do embarque, a maior parte
das empresas efetua o seguro dos bens que serão transportados. Os relacionamentos com
transportadoras e seguradoras ocupam a banda superior da figura 1.
Feita a entrega, cabe ao comprador providenciar o pagamento da mercadoria recebida. A
partir deste ponto entram em cena os fluxos financeiros, mostrados na banda inferior da
figura 1.
Quando tratamos de fluxos financeiros a discussão deve iniciar-se pela cobrança bancária.
Após faturar o cliente, o fornecedor remete a um banco de sua preferência um documento,
chamado duplicata, contendo alguns dos dados descritos na nota fiscal que acompanhou a
mercadoria enviada ao comprador. Com base nas informações da duplicata o banco
imprime um outro documento, conhecido como boleto de cobrança. O boleto é remetido
pelo banco ao cliente do fornecedor. Na linguagem utilizada nos relacionamentos de
cobrança, o fornecedor é denominado cedente e o comprador é conhecido como sacado.
Tendo recebido o boleto de cobrança, o sacado pode iniciar o fluxo de pagamento. Primeiro
ele confronta os dados do boleto com os dados da nota fiscal recebida quando da entrega da
mercadoria ou prestação do serviço pelo fornecedor. Após confirmar a correção dos dados
da cobrança, o sacado remete o boleto ao seu banco, que providenciará a liquidação deste
pagamento.
O banco pagador liquida o boleto debitando a conta corrente do sacado e creditando a conta
corrente do cedente. Em outras palavras, ele retira dinheiro da conta do comprador e
deposita na conta corrente do vendedor.
Contudo, a situação mais comum é o sacado realizar o pagamento em um banco e o cedente
adotar outro banco para efetuar suas cobranças. Temos assim dois bancos envolvidos, o
banco cobrador e o banco pagador. Como, então, debitar o sacado e creditar o cedente? Esta
transferência é feita por intermédio do fluxo de compensação, também mostrado na parte
inferior da figura 1. Através de uma entidade denominada câmara de compensação, o banco
pagador envia o boleto de cobrança quitado ao banco cobrador. Com base no boleto, o
banco cobrador credita a conta corrente do cedente, pelo valor correspondente à mercadoria
ou serviço vendido ao seu cliente. Neste ponto é fechado o ciclo iniciado com a negociação
comercial realizada entre vendedor e comprador.
Apresentada essa visão geral, estamos prontos para discutir o fluxo mercantil com um
pouco mais de detalhes.
II – Fluxo mercantil de Compra e Venda de Mercadorias e Serviços
As rotinas de compra e venda executadas por duas empresas que negociam entre si são
bastante mais complexas e demoradas que aquelas com as quais estamos acostumados
quando adquirimos algo para atender nossas necessidades pessoais.
A primeira coisa importante a ser compreendida é que, a não ser em organizações muito
pequenas, as tarefas de compra e venda envolvem diversas áreas, que se encarregam de
etapas específicas do processo e têm objetivos e necessidades próprias.
Hoje em dia, uma necessidade crítica das empresas é abreviar o ciclo envolvido nos fluxos
mercantil e financeiro de compra, venda e pagamento de mercadorias e serviços, isto é, o
tempo decorrido desde a solicitação de uma compra até a liberação para o vendedor dos
recursos referentes ao pagamento feito pelo comprador. Como você verá, este ciclo engloba
número elevado de passos, incluindo negociação, elaboração do pedido de compra pelo
vendedor, conferência do crédito do cliente, programação de estoque e produção,
faturamento e o crédito correspondente para o fornecedor. Quanto maior for este ciclo,
menor será a margem de rentabilidade do vendedor e, provavelmente, menor será a
satisfação do comprador.
Talvez por estes motivos as empresas, principalmente em outros países, vêm obtendo,
graças ao emprego de computadores e telecomunicações, grande progresso na aceleração
dos fluxos mercantis e financeiros. A General Electric, por exemplo, opera um sistema
orientado por computador que recebe o pedido do cliente, verifica a posição do seu crédito,
identifica se e onde os itens estão estocados ou se devem ser produzidos. O computador
emite ainda uma ordem de embarque, a nota fiscal, atualiza o estoque, encaminha uma
ordem de produção e remete uma mensagem para o vendedor avisando que seu pedido está
sendo atendido. Tudo em menos de 15 segundos.
Você imagina que papel a Finnet pode desempenhar ajudando a viabilizar esquemas como
os descritos acima? Esperamos que a leitura desta apostila lhe ajude a vislumbrar tais
respostas.
Na discussão feita a seguir são enfocadas as áreas integrantes do fluxo mercantil, as
principais rotinas que executam e o significado dos documentos mercantis mais comuns.
Áreas participantes do fluxo mercantil na empresa compradora
Área Usuária
A área usuária é aquela em nome da qual a compra era feita. O processo de aquisição e o
próprio fluxo mercantil começam quando o funcionário de algum setor qualquer na
empresa tem uma necessidade que pode ser atendida pela aquisição de determinado bem ou
serviço. A necessidade pode decorrer de diversas causas:
- a organização decide desenvolver um novo produto e a sua fabricação requer materiais e
equipamentos;
- uma máquina quebra e requer substituição ou peças novas;
- o material comprado é devolvido por não satisfazer às exigências e a empresa procura
outro fornecedor.
Como parte do processo de solicitação de compra, a área usuária precisa descrever as
características gerais e a quantidade do item que necessita. Para bens ou serviços
padronizados, essa é uma tarefa simples. No caso de itens complexos exige-se muitas vezes
a descrição de especificações técnicas detalhadas. Eventualmente o próprio usuário pode
indicar alguns fornecedores de sua preferência.
Área de Compras
Em muitas empresas existe um setor com a missão específica de realizar as compras de
todos os bens e serviços requisitados pelas áreas usuárias. O departamento de compras tem
como missão atender as necessidades do solicitante interno, mas deve também zelar pelos
interesses da organização como um todo, buscando condições financeiras e comerciais
favoráveis no relacionamento com os fornecedores. Por exemplo, quando dois fabricantes
oferecem produtos similares, mesmo que a área usuária prefira um deles, se o outro está
negociando com melhores condições, compras provavelmente optará por este segundo.
Podemos resumir os objetivos das áreas de compras em cindo itens:
• garantir que o produto ou serviço requisitado esteja disponível no momento e no
local solicitados pelo setor usuário;
• assegurar que a oferta adquirida esteja consistente com as especificações do usuário;
• obter o preço mínimo sem sacrifício da disponibilidade e das especificações;
• obter serviços adicionados, como crédito, treinamento, assistência técnica e pós-
venda, que maximizem o valor da oferta para a empresa;
• manter relações de longo prazo com os fornecedores existentes e buscar
constantemente o desenvolvimento de novos fornecedores;
Entre as atividades executadas pelo setor de compras incluem-se:
• especificar rotina de compras;
• identificar, selecionar e qualificar fornecedores;
• preparar e enviar solicitações de propostas de venda, nas quais os fornecedores
especificam preços, condições de pagamento, prazos de entrega etc.;
• analisar e negociar as condições relacionadas nas propostas recebidas e selecionar o
fornecedor;
• fechar e acompanhar o contrato de fornecimento;
• fazer o pedido;
• solicitar o pagamento da compra.
Recepção
Podemos pensar na Recepção como área ou como atividade. Imaginemos uma grande
indústria metalúrgica. Nela, os carregamentos de matéria-prima, como o aço, são entregues
numa área que existe somente para recebê-las e inspecioná-las. No caso de unidades fabris
muito grandes, o setor de compras em geral está distante do local onde o pedido é entregue.
O escritório e a fábrica podem mesmo situar-se em cidades diferentes.
Numa outra situação, se uma papelaria estiver entregando alguns pacotes de papel
xerográfico, é possível que ela o faça diretamente junto à área usuária. O setor d cópias do
escritório, por exemplo.
Naquele primeiro caso, o trabalho de recepção é claramente mais complexo. Independente
destas diferenças, em ambas as situações o encarregado do recebimento é responsável por:
• verificar se a mercadoria recebida ou serviço prestado corresponde ao pedido feito;
• conferir a mercadoria contra os dados da nota fiscal mercantil ou de serviços;
• apontar as divergências identificadas nas duas verificações anteriores e adotar ação
corretiva apropriada conforme os procedimentos em vigor dentro da empresa, tais
como comunicar a ocorrência ao setor de Compras e devolver parte ou a totalidade
das mercadorias.
Área Fiscal-Contábil e Estoque
As empresas compram mercadorias ou serviços que são incorporados no conjunto de
máquinas e instalações necessárias à operação do negócio ou são utilizadas como matérias-
primas no processo produtivo. Nas duas circunstâncias, há necessidade de envolvimento
das áreas Contábil-Fiscal e de Controle de Estoques.
O departamento fiscal e contábil realiza a escrituração dos impostos vinculados às compras
feitas pela empresa (cálculo de ICMS a ressarcir, por exemplo) e executa as rotinas
contábeis apropriadas, como a apuração de custos.
Já a área de estoques atualiza seus registros a partir da entrada das mercadorias compradas,
informa aos usuários sobre a disponibilidade e acompanha a demanda dos itens até o
momento do próximo pedido de reposição.
Áreas participantes do fluxo mercantil na empresa vendedora
Vendas
A área de vendas é o elo entre a empresa e seus clientes. Por menor que seja a organização,
ela provavelmente contará com uma área comercial que cuida das tarefas vinculadas ao
desenvolvimento e à manutenção do relacionamento com seu mercado alvo. Embora o
emprego de venda pessoal continue sendo muito utilizado, o alto custo deste esquema
estimula as organizações a substituírem os vendedores por outros métodos de
comercialização como Telemarketing e vendas por catálogos. De qualquer modo, as
responsabilidades de vendas costumam englobar os seguintes pontos:
• Prospecção e manutenção. Os vendedores identificam, cultivam e conquistam novos
clientes e, muito importante, mantêm os clientes já conquistados;
• Definição do cliente alvo. Eles decidem como alocar o seu tempo, sempre escasso,
entre clientes potenciais e ativos;
• Comunicação. Os funcionários de venda comunicam aos consumidores informações
sobre as ofertas da empresa;
• Prestação de serviços. Eles prestam vários serviços aos clientes, tais como
consultoria, assistência técnica e orientação sobre condições de venda;
• Coleta de informações. Eles pesquisam o mercado e resumem informações em seus
relatórios de visitas;
• Venda. Por fim e, talvez, o mais importante, os vendedores devem denominar a
“arte da venda”, o elenco de conhecimentos e habilidades que cobrem desde a
abordagem, apresentação, argumentação e resposta a objeções até o fechamento do
negócio.
Área de Crédito
Vender é bom! Vender é ótimo! Mas, tão importante quanto vender é receber – velho
provérbio chinês. Como forma de diminuir a inadimplência, ou o não pagamento das
mercadorias vendidas, as empresas, pelo menos as mais organizadas, mantêm áreas de
crédito e cobrança. Outra razão para montar esta área reside no fato que muitas empresas, a
fim de conservar os clientes atuais e atrair outros, julgam necessário oferecer crédito, isto é,
conceder financiamento aos compradores que comercializa. A função de crédito
compreende duas grandes atividades: a definição dos padrões de crédito e a análise de
crédito dos clientes.
Os padrões de crédito da empresa definem os critérios mínimos para concessão de crédito
a um cliente. Por intermédio destes padrões, procura-se responder à seguinte pergunta: qual
é o volume financeiro de vendas que podem ser realizadas com um cliente e as condições
desta venda? Na elaboração dos padrões de crédito que direcionam a análise do cliente
podem-se adotar esquemas de classificação de crédito, referências de crédito, períodos
médios de pagamento e índices financeiros e contábeis.
Tendo definido os padrões de crédito, o fornecedor precisa em seguida coletar as
informações que permitirão avaliar e enquadrar seus clientes dentro dos padrões em vigor.
Esta atividade chama-se análise de crédito. A análise tem como objetivo determinar a
capacidade financeira e a credibilidade de um cliente e, como conseqüência, estimar o valor
de crédito a ser concedido ao cliente. Feito isto, dispõem-se de condições mais objetivas
para estabelecer uma linha de crédito, especificando o montante total que o comprador
poderá dever à empresa a qualquer época. Definem-se ainda as condições de reembolso
deste crédito, cobrindo o prazo de liquidação, os descontos que podem ser concedidos e os
prazos de desconto. São estabelecidas linhas de crédito que eliminam a necessidade de
verificar o crédito de clientes sempre que eles comprem a prazo. As informações utilizadas
pelo fornecedor da análise de crédito de seus clientes costumam incluir demonstrações
financeiras, dados fornecidos por instituições especializadas, como a SERASA, e cadastros
bancários.
Produção
Não basta vender, tem de entregar! É o que nos ensina um outro velho provérbio chinês. O
melhor vendedor do mundo não conseguirá um segundo pedido se o cliente não receber o
que lhe prometeram. Agora entra em cena a área de produção, com a tarefa de fabricar o
que foi vendido, garantindo a qualidade e os prazos ao comprador.
Faturamento
A área de faturamento providencia a emissão das notas fiscais, discriminando detalhes da
mercadoria ou serviço, que serão remetidas ao cliente. Junto com as notas fiscais são
também emitidas faturas e duplicatas. Com freqüência o faturamento é feito por um setor
dentro do departamento financeiro da empresa.
Despacho
A tarefa da área de despacho ou expedição é cuidar do embarque e da entrega das
mercadorias vendidas. O setor de despacho deve selecionar e negociar com transportadores
que atendam os requisitos operacionais da empresa. As decisões tomadas a este respeito
afetam o preço do produto, a pontualidade da remessa e as condições físicas da entrega dos
bens. Todos aspectos que afetam a satisfação do cliente. Ao despachar produtos, o
fornecedor pode escolher entre cinco modos de transporte: ferroviário, aéreo, rodoviário,
fluvial ou marítimo. Os encarregados pela expedição consideram critérios como velocidade,
freqüência, capacidade, disponibilidade e custo do meio de transporte. O meio rodoviário, o
mais utilizado no Brasil, apresenta um bom compromisso entre estes vários critérios. Os
responsáveis pela expedição estão cada vez mais combinando dois ou mais modos de
transporte, num sistema conhecido como intermodal.
Ao escolher os meios de transporte, as empresas podem decidir entre o transporte próprio, o
sob contrato e o comum. No primeiro caso a empresa possui frota própria. No segundo, a
transportadora, a transportadora contratada é uma organização independente que presta
serviços segundo bases contratuais em vigor por prazo específico. Uma transportadora
comum fornece serviços entre pontos pré-determinados em base programada e está
disponível a todos os usuários potenciais cobrando fretes padronizados.
Por todos os pontos discutidos, as decisões da área de expedição devem considerar as
complexas vantagens e desvantagens dos vários modos de transporte, procurando sempre
otimizar seu esquema de distribuição e entrega de mercadorias.
Transportadoras
Como vimos, o transporte pe um elo vital da cadeia que liga o vendedor ao comprador. No
caso de serviços prestados por transportadoras independentes, estas funcionam como
organizações que também participam do relacionamento mercantil entre vendedor e
comprador. Obviamente, os objetivos do transportador independente precisam contemplar
as necessidades de seus usuários.
É importante destacar que ocorre um grande fluxo de informações entre empresas usuárias
e transportadores, contemplando dados referentes a pedidos de transporte, posições de
transporte, conhecimentos de frete e notas fiscais de transporte, por exemplo.
Seguradoras
O comprador reconhece sua dívida a partir do momento em que a mercadoria adquirida é
entregue no local indicado em conformidade com o especificado no pedido de compra.
Portanto, até a entrega dos produtos em seu destino, a responsabilidade e o risco durante
correm por conta do vendedor. Entende-se assim a importância da utilização dos serviços
de seguradoras para cobertura das mercadorias em trânsito. Em geral, não são feitos de
seguros para cada carga, mas fecham-se contratos por períodos específicos cobrindo todos
os transportes realizados durante a sua vigência. Deste modo, não devemos esquecer da
participação das seguradoras no fluxo mercantil de compra e venda.
Documentos utilizados no Fluxo Mercantil
Nota fiscal
Compreende-se a nota fiscal como o documento escrito pelo vendedor e entregue ao
comprador, no momento em que faz a operação de compra, seja a crédito ou a dinheiro. A
nota fiscal discrimina o objeto da transação mercantil, isto é, especifica a mercadoria ou
serviço comercializado. Como o nome sugere, seu objetivo é o registro das transações
comerciais para efeitos fiscais e tributários. Mais especificamente, a Nota Fiscal é o
documento exigido pela legislação fiscal para controle de operações que direta ou
indiretamente se relacionem com a obrigação de pagar impostos. A Nota Fiscal tem,
portanto, a finalidade de registrar e, desta forma, tornar possível o controle das operações
comerciais que constituam fato gerador de tributo, ou que possam de qualquer forma ter
alguma relevância para a fiscalização tributária.
Exatamente por estes motivos a utilização das notas fiscais é normatizada por órgãos
fazendários competentes. Os estados, através da legislação do ICMS (Imposto sobre
Circulação de Mercadorias e Serviços) regulam a emissão das Notas Fiscais de
Mercadorias. Os municípios, a quem é devido o ISS (Imposto sobre Serviços), definem as
regras para emissão das Notas Fiscais de Serviço.
Existe extenso e complicado conjunto de normas referentes ao uso das Notas Fiscais. Por
exemplo, o regulamento do ICMS no Estado de São Paulo determina as indicações que a
Nota Fiscal de Produto deve conter, entre as quais destacamos:
• A denominação Nota Fiscal;
• O número de ordem, a série, subsérie e o número da via;
• A natureza da operação da qual decorrerá a Nota: venda, transferência, devolução,
consignação, remessa (para demonstração, para industrialização etc.);
• A data de emissão;
• O nome do titular, o endereço e os números de inscrição estadual e do CGC do
estabelecimento emitente;
• O nome do titular, o endereço e os números de inscrição estadual e do CGC do
estabelecimento destinatário;
• A data da saída efetiva da mercadoria do estabelecimento emitente;
• A descrição da mercadoria: quantidade, marca, tipo, modelo, espécie, qualidade e
demais elementos que permitam sua perfeita identificação;
• A classificação fiscal do produto fixada pela legislação do IPI (Imposto sobre
Produtos Industrializados), quando for o caso;
• Os valores, unitário e total, das mercadorias, outros valores cobrados a qualquer
título e o total da operação;
• A alíquota e o valor do IPI, quando for o caso;
• A base do cálculo do IPI e do ICMS incidente na operação;
• Os seguintes dados relacionados com o transportador:
a) a placa do veículo e, se for o caso, da carreta e o nome do motorista, no caso
de transporte rodoviário, ou outros elementos identificativos, nos demais
casos;
b) as condições do transporte (próprio ou por terceiros);
c) em se tratando de veículo de terceiro, além dos demais requisitos, o nome da
empresa transportadora e a condição do frete: pago ou a pagar (CIF ou
FOB);
d) em se tratando de transportador autônomo, a menção, também, dessa
circunstância e do seu endereço.
• A forma de acondicionamento dos produtos, bem como a marca, a numeração, a
quantidade, a espécie e o peso dos volumes.
Como você já começou a perceber, quando o assunto é Nota Fiscal existem mais regras
entre o céu e a terra do que imagina a nossa vã filosofia. De fato, existem, por exemplo,
vários tipos de Notas Fiscais de Produtos: Notas Fiscais Simples, Nota Fiscal-Fatura,
NF de Venda a Consumidor, Cupom Fiscal e Cupom Fiscal PDV (ponto de venda), NF
de Entrada, NF de Produtos, Nota Fiscal/Conta de Energia Elétrica etc. Também
existem várias modalidades de Notas Fiscais de Serviço: NF de Serviços – Tributados
ou Isentos, NF de Serviços – Remessa ou Devolução, NF – Fatura de Serviços etc.
Fatura
Na terminologia jurídico-comercial o termo fatura é empregado para indicar a relação
de mercadorias vendidas com os respectivos preços de venda, quantidade e
demonstrações acerca de sua quantidade e espécie, extraída pelo vendedor e remetida
por ele ao comprador. Na técnica comercial, a fatura se distingue da nota fiscal, pois ela
é o documento representativo da venda já consumada ou concluída, mostrando-se o
meio pelo qual o vendedor vai exigir do comprador o pagamento correspondente, se já
não foi paga e leva o correspondente recibo de quitação.
A Nota Fiscal poderá servir como fatura quando feita na fatura a inclusão dos elementos
necessários, caso em que sua denominação passará a ser Nota Fiscal – Fatura.
Por exigências das leis fiscais brasileiras, todas as faturas comerciais, de produtos ou
serviços, quando não liquidadas ou pagas à vista, resultam na extração da duplicata
mercantil contra o comprador. Deste modo é na fatura que se fundamenta a duplicata
que, por sua vez, irá ser o título ou documento utilizado pelo credor para receber do
comprador o preço de venda nela discriminado.
Duplicata
A duplicata é um título de crédito originado em conseqüência de venda mercantil,
quando a transação entre comprador e vendedor é realizada para pagamento a prazo.
Como dissemos, a emissão da duplicata deriva de uma venda mercantil realizada em
território brasileiro, desde que seja feita a crédito e já se tenha como totalmente
concluída em razão da entrega de mercadorias.
Sob o ponto de vista jurídico, a duplicata, geralmente conhecida como duplicata
mercantil, é título de crédito similar à letra de câmbio, à nota promissória e ao cheque.
Isto significa que ela existe para documentar a promessa de pagamento a prazo ao preço
acertado para a transação mercantil. Por sua natureza, a duplicata obedece às regras
legais instituídas para os títulos de crédito no que diz respeito a endosso, aval, protesto,
exigibilidade etc.
Os requisitos necessários estabelecidos pela lei para elaboração da duplicata são os
seguintes:
• Denominação duplicata, data e número de ordem;
• Número da fatura originária, número do copiador e respectiva folha;
• Importância da fatura a que corresponde, por extenso e em algarismos;
• Nomes e domicílios do vendedor e do comprador;
• Data do vencimento, com a determinação do dia certo ou com a declaração de
dar-se a tantos dias da data de apresentação da duplicata ou de ser à vista;
• Reconhecimento de sua exatidão e a obrigação de pagá-la, firmada pelo
comprador ou por seu mandatário especial;
• Cláusula à ordem;
• Local onde deve ser paga, entendendo-se, na ausência desta declaração, que o
pagamento se fará no domicílio do devedor.
Uma vez emitida, a duplicata é enviada ao comprador para o reconhecimento. E
este, nos prazos regulamentares, deve devolvê-la ao vendedor ou à pessoa por ele
encarregada da cobrança do título. A duplicata é protestável por falta de
reconhecimento e devolução e por falta de pagamento.
Embora estes sejam os preceitos tal como definidos na legislação pertinente, alguns
procedimentos geralmente adotados pelo mercado não correspondem exatamente ao
que prescrevem as normas legais. Este distanciamento nem sempre significa que as
empresas operam de maneira ilegal, mas indicam tão somente novas interpretações
e possibilidades que são criadas e aplicadas ao longo do tempo, em decorrência de
necessidades das partes envolvidas nos fluxos mercantis.
III - Fluxos financeiros de Cobrança, Pagamento, Compensação,
Conta Corrente e Administração de Caixa
Apresentadas as entidades participantes e o funcionamento do fluxo mercantil,
estamos prontos para focalizar os fluxos financeiros. Algumas rotinas financeiras
existem com a finalidade de completar as transações mercantis, como é o caso da
cobrança de duplicatas, do seu pagamento e da compensação dos bloquetes de
cobrança. Outras não estão diretamente relacionadas às relações mercantis, como
por exemplo o fluxo de conta corrente. Não é conveniente, contudo, separar um
grupo do outro, pois na prática todos estão estreitamente relacionados, de maneira
que a tentativa de discuti-los isoladamente acabaria criando mais confusão que
entendimento.
Iniciamos a seção tratando do papel das principais entidades participantes dos
fluxos financeiros de cobrança, pagamentos, compensação e conta corrente, a saber:
o contas a pagar, o contas a receber, o banco cobrador, o banco pagador e a câmara
de compensação. Depois são explicados os conceitos que permitem compreender
aqueles quatro fluxos.
Áreas participantes dos Fluxos Financeiros
Contas a Receber
Logo em seguida ao despacho da mercadoria, o vendedor deve providenciar a
cobrança do valor devido pelo comprador, referente à transação mercantil realizada
entre eles. A tarefa básica da área de Contas a Receber é planejar, executar e
controlar os procedimentos necessários ao recebimento em dia das vendas
realizadas pela empresa. Como veremos, o volume e a diversidade das tarefas
executadas são tais que exigem a organização de um setor exclusivamente dedicado
a elas.
Embora a missão do Contas a Receber seja assegurar o recebimento dos
compromissos que os clientes contraíram com a empresa, ela precisa ser comprida
com cautela. Assim, se o Contas a Receber for demasiadamente agressivo em seus
esforços de cobrança, os clientes podem irritar-se e sair em busca de outro
fornecedor. Quando os compromissos não forem liquidados no vencimento, a
empresa deve aguardar algum tempo antes de recorrer a procedimentos mais duros
de cobrança.
O Contas a Receber pode optar por diversos métodos de cobrança. Ao decidir qual
utilizar, ele precisa novamente conciliar os interesses da empresa com as
necessidades dos clientes. Por exemplo, não se deve exigir o pagamento em carteira,
no qual o comprador quita o compromisso dirigindo-se ao escritório do fornecedor,
se o Contas a Pagar do cliente estiver situado em Manaus e o depto. de cobrança do
fornecedor localizar-se em São Paulo.
Resumindo, é sempre conveniente que as decisões do Contas a Receber tomem em
consideração os interesses e objetivos tanto do credor como do devedor.
Outro ponto a destacar refere-se ao emprego cada vez mais comum de
computadores na automação das rotinas de faturamento e cobrança. O computador é
usado na emissão de faturas, duplicatas e cobranças eletrônicas. Os pagamentos
recebidos são registrados no computador, que também está programado para
controlar periodicamente as duplicatas a receber que permanecem aguardando
liquidação. Ocorrendo atrasos no pagamento, procedimentos adequados são
acionados, como o envio da duplicata a cartório. A partir do advento da cobrança
bancária eletrônica, o computador tem possibilitado reduzir cada vez mais o
trabalho burocrático manual exigido pelos departamentos de Contas a Receber, a
ponto de permitir drástica redução no número de funcionários destes setores.
Os principais métodos de recebimento de duplicatas à disposição da área de Contas
a Receber são a cobrança em carteira, a cobrança bancária, as empresas de cobrança
e a cobrança em cartório. Os quatro são tratados na seção dedicada ao fluxo de
cobrança.
Deixamos para o fim uma consideração importantíssima que figura entre as
prioridades dos gerentes responsáveis pelo Contas a Receber, a necessidade de
executar os recebimentos com os menores custos operacionais possíveis. Numa
época como a atual, em que margens de lucro das empresas são cada vez mais
estreitas, o controle rígido de todos os custos assume caráter vital. Esta preocupação
aplica-se igualmente às atividades da área de Contas a Pagar, que veremos a seguir.
Contas a Pagar
Como você, que é uma pessoa inteligente, já deve ter concluído, se existe uma área
que realiza recebimentos, certamente encontraremos nas empresas um setor que
cuida dos pagamentos. Afinal, de um lado alguém cobra e do outro alguém paga.
Também como poderíamos esperar, o trabalho de pagamento apresenta diversas
similaridades com o que é feito por Contas a Receber. Assim, a tarefa fundamental
da área de Contas a Pagar é planejar, executar e controlar as rotinas necessárias à
quitação em dia das compras que a empresa realizou.
Outro paralelo reside na decisão de postergar pagamentos como estratégia de
administração de caixa. Sugere-se, às vezes, que as empresas retardem o pagamento
de seus compromissos como forma de incrementar a eficiência do gerenciamento do
caixa. Mas tal como no recebimento, devemos considerar os interesses da outra
parte, neste caso o fornecedor, que deseja receber seu crédito em dia. Deste modo, o
adiamento dos pagamentos, embora algumas vezes financeiramente atraente,
levanta uma importante questão de prática e ética, uma vez que pode levar a
empresa compradora a violar um acordo com seu fornecedor. Obviamente o
fornecedor não terá consideração por um cliente que adiou propositadamente o
pagamento que lhe era devido. Em certas circunstâncias, recomendamos não irritar
seu fornecedor. Por exemplo, se você confecciona biquínis e sungas em lycra, é
melhor não atrasar os pagamentos dessa matéria-prima à Du Pont.
Enquanto a área de recebimentos preocupa-se com as duplicatas resultantes das
vendas realizadas, Contas a Pagar cuida de um conjunto bem mais diversificado de
tipos de pagamentos,que podem se referir a:
• Pequenas compras feitas em dinheiro;
• Salários e honorários;
• Aluguéis e royalties;
• Encargos sociais, impostos e taxas;
• Aquisição de equipamentos, matérias-primas e ativos;
• Amortização de empréstimos e pagamentos de juros;
• Resgates de ações e pagamento de dividendos.
Como o pagamento de cada uma destas obrigações demanda procedimentos
particulares, eles acabam tornando a tarefa de Contas a Pagar bem mais complicada
que o trabalho de cobrança.
A variedade de rotinas de pagamentos explica porque, ao contrário dos setores de
Contas a Receber que conseguiram empregar em larga escala os computadores para
automatizar suas rotinas, as áreas de Contas a Receber trabalham hoje de modo
muito similar ao de 20 anos atrás, isto é, com a execução manual da maior parte do
trabalho burocrático. Comparados ao Contas a Receber, os procedimentos de
pagamentos consomem proporcionalmente muito mais mão-de-obra, estão sujeitos a
um número maior de erros, tomam muito tempo e sua automatização avança com
dificuldade. Automatizar os procedimentos de pagamentos é um dos grandes
desafios que as gerências financeiras estarão enfrentando nos próximos anos.
A pergunta importante que deve ser feita agora é: como as empresas pagam seus
compromissos? A experiência de uma importante van atuante no mercado, depois
de conversar com vários clientes, indica que a despeito de pequenas variações e
particularidades, as rotinas de pagamentos executadas por diferentes organizações
são razoavelmente similares entre si. Nesse contato com as empresas, ficou ainda
evidente que os pagamentos de pequeno valor, devido aos elevados volumes físicos,
ao grande número de fornecedores e ao pequeno porte dos mesmos, são os que
geram maior trabalho nas áreas de Contas a Pagar. Estes fatores também criam
grandes obstáculos à implantação de esquemas eletrônicos de pagamentos.
Relação entre empresas e bancos
É fato que há muito tempo quando se fala em dinheiro tem sempre um banco por
perto – mesmo que o assunto seja roubo a bancos. De uma maneira ou de outra, o
relacionamento com bancos tornou-se essencial à vida das empresas, por várias
razões. Aqui, estamos particularmente interessados nos serviços bancários de
cobrança, de pagamentos e de contas corrente, mas antes de chegarmos lá é útil
investirmos algum tempo conhecendo a relação, de amor e ódio, entre empresas e
bancos. Como retorno saberemos um pouco mais sobre os fatores que pesam na
escolha pela empresa dos bancos com os irá quais trabalhar.
Para muitas organizações, a manutenção de bons relacionamentos bancários é
objetivo de grande importância. Os bancos oferecem muitos serviços aos clientes
pessoas jurídicas, incluindo produtos de crédito e serviços. Geralmente, as grandes
empresas escolhem uns poucos bancos – muitas vezes apenas um – para manterem
relacionamento mais estreito. Eles são conhecidos como banqueiros da empresa.
Eles ainda estabelecem vínculos com outros bancos utilizando-os com apoio ao
relacionamento principal. As pequenas empresas, em razão da menor capacidade
financeira, são obrigadas a trabalharem com um menor número de bancos. Como é
uma relação vital e freqüentemente implica em compromissos de longo prazo, a
escolha de um banco precisa ser criteriosa. As empresas costumam contemplar os
seguintes fatores em suas decisões:
• Solidez. Se você viveu no Brasil entre 94 e 96 sabe o significado deste
critério. A solidez de um banco depende do volume do patrimônio, da
qualidade de ativos e passivos e do gabarito de seus administradores. A
combinação desses elementos traduz-se na capacidade de sobrevivência do
banco mesmo diante de circunstâncias excepcionalmente adversas, como foi
o caso do cenário econômico brasileiro após a implantação do Plano Real.
• Crédito. No passado, as empresas escolhiam um banco quase
exclusivamente em função do valor dos créditos que poderiam conseguir.
Ou seja, de quanto dinheiro o banco estava disposto a emprestá-las. É claro,
pesavam também as taxas de juros e os prazos de amortização. Na verdade,
tomar dinheiro de quem tem e emprestá-lo a quem não tem, a chamada
intermediação financeira, sempre foi a função primordial dos bancos.
• Serviços. A diversificação e sofisticação das necessidades dos clientes, bem
como a redução das margens de lucro com a intermediação financeira,
levaram os bancos a desenvolver serviços não relacionados à captação e ao
empréstimo de dinheiro. São inúmeros os serviços oferecidos pelos bancos:
o Conta corrente, para manutenção de numerário, através de cheques
e documentos de ordem de crédito;
o Pagamento de contas e outros compromisso;
o Cobrança de duplicatas e outros títulos;
o Arrecadação de tributos federais, estaduais e municipais;
o Custódia de valores; prestação de avais e fianças; seguros;
o Corretagens de câmbio e de títulos e valores mobiliários;
o Operações de underwriting de ações e debêntures.
• Preço. Conforme discutimos acima, o preço dos serviços bancários é crucial
num contexto que exige total atenção das empresas sobre seus gastos.
• Cobertura geográfica. Este é um critério importante, em especial quando
estamos preocupados com as cobranças e os pagamentos das empresas.
Talvez seja necessário receber uma venda feita a um cliente de Manaus e
pagar um compromisso junto a um fornecedor de Porto Alegre. No Brasil,
os grandes bancos comerciais possuem centenas de agências espalhadas pelo
país que facilitam tremendamente a rápida movimentação financeira mesmo
entre as localidades mais distantes.
• Tecnologia. Um número crescente de empresas valoriza os bancos que
agregam tecnologia de ponta aos serviços que prestam. Home-banking, EDI
e sistemas integrados de gerenciamento de caixa constituem elementos que
não podem mais faltar no elenco de ofertas do setor bancário.
• Considerações políticas. Uma empresa pode escolher um banco por razões
políticas. Por exemplo, se um de seus grandes clientes relaciona-se com
determinado banco.
• Confiança e integridade. Por fim, o grau de confiança existente entre
empresa e banco, além da integridade do relacionamento entre eles, são
preponderantes na seleção do relacionamento bancário.
Com tantas considerações a serem feitas, é mais fácil entender porque não existe um
banco com participação de mercado absolutamente dominante. Em vista da
variedade de critérios envolvidos, é virtualmente impossível que todas as empresas
decidam trabalhar com um mesmo banco. Convenhamos, um único banco jamais
conseguirá ou mesmo terá interesse em atender ao conjunto completo destas
necessidades para grupos muito distintos de clientes.
Este raciocínio é importante porque ajuda a compreender a complexidade do
relacionamento das empresas com os bancos e explica porque, com grande
freqüência, as empresas vendedora e compradora utilizam serviços de cobrança e de
pagamentos prestados por bancos distintos.
Banco cobrador
Se decidirem manter as duplicatas de sua emissão em carteira, isto é, em poder do
próprio Contas a Receber, as empresas arcarão com o custo de uma equipe de
cobradores. Quando existem escritórios regionais de vendas, eles também
costumam ser utilizados como centros de cobrança. Neste caso, os pagamentos
recebidos, normalmente em cheques, deverão ser depositados diariamente na
agência bancária local. Todavia, a compensação bancária dos cheques depositados e
o lançamento na conta central movimentada pela Tesouraria da empresa prolongam
o prazo decorrido entre o depósito e a efetiva liberação dos recursos. Ademais, o
Contas a Receber precisa ainda utilizar as informações dos depósitos para
determinar quais clientes liquidaram suas obrigações em dia e quais estão em atraso.
O problema é que a informação disponível no extrato de conta corrente quase nunca
facilita essa tarefa.
Procurando simplificar, agilizar e baratear as soluções proprietárias de recebimentos
das empresas, os bancos oferecem serviços de cobrança de duplicatas. Tratam-se de
uma forma de terceirização na qual os bancos recebem as duplicatas em nome dos
cedentes assumindo parte substancial do Contas a Receber. Em um país de grandes
dimensões como o Brasil, o serviço prestado pelos bancos permite às empresas
cobrar os sacados em praticamente todo o território nacional sem que para tanto elas
precisem manter uma dispendiosa rede própria de escritórios regionais. A cobrança
bancária proporciona ainda a diminuição do tempo decorrido entre a liquidação feita
pelo devedor e a liberação dos recursos financeiros para a empresa.
Atualmente, praticamente todos os bancos contam com serviços sofisticados de
cobrança, incluindo recebimento e protesto de duplicatas na maior parte das cidades
brasileiras, troca eletrônica de arquivos, aplicação automática e remunerada dos
fundos resultantes das liquidações e desconto e caução de títulos.
Em especial, a introdução da cobrança eletrônica ou escritural há mais de 10 anos,
iniciou um notável e contínuo processo de modernização e melhoria do trabalho
realizado pelas áreas de Contas a Receber. As empresas de maior porte
desenvolveram sistemas automatizados de recebimentos que alavancam as
características dos serviços dos bancos, procurando aumentar ainda mais a eficácia
do processo. Atualmente, as rotinas e os sistemas informatizados de bancos e
empresas funcionam de maneira bastante integrada. Em conseqüência, o grau de
dependência entre eles é de tal ordem que modificações no sistema de cobrança é
muito difícil e, quando acontece, a mudança é sempre revolucionária.
Um último e não menos importante benefício gerado pela cobrança bancária é a
intermediação feita pelo banco. O papel de um cobrador independente e a própria
figura da cobrança contribuem para amenizar os efeitos de um relacionamento
muitas vezes cheio de atritos e pressões entre comprador e vendedor.
Banco pagador
Como dissemos, é grande a variedade de situações originadoras de compromissos a
serem pagos pela empresa. Recordando, vejamos quais eram:
• Salários e honorários;
• Aluguéis e royalties;
• Encargos sociais, impostos e taxas;
• Aquisição de equipamentos, matéria-prima e ativos;
• Amortização de empréstimos e pagamento de juros
• Resgates de ações e pagamento de dividendos.
Agora, imagine o trabalho que o processamento destes compromissos exige. Alguns
fornecedores utilizam a cobrança bancária, logo a empresa deve providenciar a
quitação do boleto de cobrança. Se o pagamento for realizado após o vencimento, o
boleto somente poderá ser quitado numa agência do banco cobrador. Outros
fornecedores preferem cobrança de duplicata em carteira. Neste caso é necessário
providenciar o depósito em conta corrente ou a emissão de cheque ou a remessa de
documento de ordem de crédito. O pagamento de dividendos costuma exigir a
emissão de um cheque nominal ao acionista. No pagamento de juros e amortizações
de empréstimo a conta corrente da empresa é debitada. O mesmo ocorre no
recolhimento de impostos. Exigem-se autenticações bancárias em boletos e guias de
arrecadação de impostos. Como se tudo isso não bastasse é preciso controlar as
datas de vencimento dos compromissos, evitando pagamentos antecipados, que se
traduzem em maiores custos financeiros, e atrasos, que geralmente resultam em
juros e pesadas multas.
Este quadro indica porque praticamente todas as empresas recorrem ao banco para
processamento de seus compromissos. Na verdade, já há muito tempo os bancos
prestadores de serviços de pagamentos substituíram boa parte antes feito pelo
Contas a Pagar das empresas. Mas é importante ressaltar que os serviços oferecidos
pelos bancos aos seus clientes são basicamente os mesmos, incluindo:
• Recebimento de instruções e documentos a serem liquidados;
• Controle de vencimentos;
• Preparação de cheques, ordens de pagamento, doc’s, quitação de boletos e
transferências entre contas;
• Remessa para a empresa dos documentos quitados.
Buscando diferenciação desta oferta básica, alguns bancos desenvolveram soluções
eletrônicas de pagamentos. Em virtude do volume necessário de mão-de-obra, a idéia de
automatizar o Contas a Pagar desperta grande interesse em empresas e bancos. Entretanto,
pesquisas de mercado feitas por uma grande van indicaram que um número muito pequeno
de Contas a Pagar encontram-se em estágio adiantado de eletronização. São empresas de
grande porte que iniciaram esforços neste sentido há mais de dois anos. Por outro lado,
considerando os serviços bancários, pouquíssimos deles oferecem soluções bem
desenvolvidas de pagamentos eletrônicos que possam ser implantadas com rapidez e pouco
esforço em grande número de empresas.
Câmara de Compensação
Vamos resumir o que foi visto até agora. Duas empresas realizam uma transação mercantil.
Como resultado, quem vendeu assume a condição de credor e quem comprou, a de devedor.
Para receber seu crédito o fornecedor utiliza os serviços de um banco cobrador. Por seu
lado, o comprador liquida seu compromisso utilizando um banco pagador. Todavia, existem
razões que quase sempre levam fornecedor e comprador a trabalharem com bancos
diferentes. Como então viabilizar a transferência do dinheiro entre a conta corrente do
devedor, num banco, e a conta corrente do credor, noutro banco? O serviço de
compensação é a resposta.
Oficialmente denominado de Serviço de Compensação de Cheques e Outros papéis, o
sistema foi concebido pelo Banco Central com a finalidade de proporcionar um meio que
permitisse a troca de documentos compensáveis e dos correspondentes valores financeiros
entre bancos funcionando no Brasil. Através de decreto-lei, o BC atribuiu ao Banco do
Brasil a responsabilidade pelo gerenciamento da compensação, o que é feito de comum
acordo com a FEBRABAN (Federação Brasileira de Bancos). Na condição de gestor, o
Banco do Brasil normatiza, opera e fiscaliza o funcionamento do serviço de compensação e
pode, em conseqüência, advertir e punir os bancos que não cumprirem as normas em vigor.
Como parte de suas responsabilidades, o BB administra as câmaras de compensação. A
câmara é um espaço geralmente situados em prédios pertencentes ao BB nos quais os
bancos participantes do sistema efetuam a troca física dos documentos compensáveis. Já
existiram mais de 100 câmaras de compensação regionais espalhados pelo país. Este
número vem diminuindo progressivamente em virtude das ações de racionalização do
sistema, da necessidade de reduzir custos e da expansão da compensação eletrônica.
Voltando agora à nossa pergunta inicial. Utilizando o serviço de compensação, o banco
pagador envia ao banco cobrador um documentos chamado bloquete de cobrança. Ao
recebê-lo, o banco do fornecedor tem condições de creditar sua conta corrente pelo valor
correspondente à venda que originou fluxo de cobrança.
Fluxo de Cobrança: conceitos
Apresentadas as partes envolvidas nos fluxos financeiros podemos agora descrevê-los com
mais detalhes. O primeiro relacionamento financeiro a ser visto é a cobrança ou, mais
precisamente, a cobrança bancária de duplicatas a receber.
Iniciamos a seção descrevendo o (grande) número de conceitos englobados na cobrança
feita por intermédio dos bancos.
Certamente um dos fluxos financeiros com o maior número de rotinas. A seguir destacamos
os três principais tipos de cobrança.
O terceiro tópico relaciona as atividades básicas executadas no fluxo padrão de cobrança
eletrônica simples. Finalizamos explicando as operações de crédito mais comuns que
podem ser realizadas com duplicatas, a saber, a caução, o desconto e o factoring.
Cedente
O cedente “cede” ao banco suas duplicatas para serem cobradas junto ao compradores. Ou
seja, o cedente é o vendedor das mercadorias ou serviços que originaram a duplicata que é
enviada ao banco para cobrança. Então temos que:
• fornecedor = vendedor = credor = titular da duplicata = cedente
Sacado
O sacado é a empresa contra o qual a duplicata foi emitida. Isto equivale dizer que o sacado
é o comprador da mercadoria ou serviço que originou a duplicata. Então temos que:
• cliente = comprador = devedor = sacado
Bloquete de Cobrança
Bloquete de cobrança é o documento originado pelo banco com base nos dados de cada
duplicata recebida para cobrança. Assim, a um título corresponde um bloquete. Ele é
remetido ao sacado, que o utiliza para liquidação de seu compromisso com o cedente.
Além do termo bloquete, você também pode utilizar bloqueto, boleto, boleta, bolete,
chacrete ?!! Não importa qual seja a escolha, quase sempre seu interlocutor vai
compreender o que você está querendo dizer, principalmente se ele já tem alguma
experiência com cobrança bancária.
As dimensões e o conteúdo do bloquete de cobrança são definidos por normas do Banco
Central do Brasil. Segundo as especificações, o bloquete pode conter até 4 vias.
Atualmente, a maior parte dos bancos utiliza impressoras laser na emissão dos boletos,
(como aquele mostrado na figura 4), de modo que não existem realmente as quatro vias mas
apenas uma, que é destacada em três partes (isto é, quando você ou o caixa consegue
separar as três partes sem destruir o formulário). As quatro vias do bloqueto são:
• 1ª via – aceite (não obrigatória).
• 2ª via – compensação.
• 3ª via – recibo do sacado.
• 4ª via – comprovante de caixa.
O bloquete de cobrança relaciona grande número de informações em seus vários campos.
As mais importantes são boleto.
• Cedente. Nome da empresa emitente da duplicata.
• Sacado. Nome do devedor da duplicata
• Sacador. Exitem situações onde o cedente vende a duplicata a uma outra empresa
(veja a discussão sobre operações de factoring mais à frente). A empresa que
comprou o título passa a ser o cedente, enquanto o emitente da duplicata assume a
condição de sacador avalista. Após a venda, o valor referente ao pagamento do
título deverá ser creditado ao comprador do título, isto é, o novo cedente.
• Número do documento. Número que identifica o documento enviado para
cobrança. Na maior parte das vezes, este campo relaciona o número da duplicata
que , por sua vez, corresponde ao número da nota fiscal objeto da transação de
compra e venda que originou a cobrança. O número de documento também é
conhecido como seu número.
• Nosso número. É o número atribuído pelo banco a cada título colocado em
cobrança. Funciona como referência utilizada pelo banco para identificar cada
cobrança em seu sistema.
• Valor. Valor do título a ser pago no vencimento.
• Moeda. Moeda em que o título está sendo cobrado.
• Data de vencimento. Data limite para pagamento do título. Em geral, a liquidação
após o vencimento é feita mediante o pagamento de juros. Ademais, é importante
lembrar, após a data de vencimento o título pode ser pago por compensação,
mas apenas as agências do banco cobrador ficam autorizadas a quitar o boleto.
• Data de emissão. Data da emissão da duplicata.
• Desconto. Especifica, quando concedido, o montante para redução do valor do
título no pagamento.
• Mora. Define o valor dos juros a serem cobrados do sacado na liquidação feita após
a data de vencimento do título.
O Banco do Brasil opera um sistema eletrônico de compensação de cobrança. Nele não há
troca física dos bloquetes mas apenas o intercâmbio entre os bancos dos dados dos títulos
liquidados. Para facilitar a leitura ou captura das informações necessárias à compensação
eletrônica, existem no bloquete dois conjuntos de dados, o código de barras e a linha
digitável.
• Código de Barras. O código de barras é um método de formatação e gravação de
dados que possibilita a sua captura por intermédio de equipamentos de leitura ótica,
denominados scanners de código de barras. Os scanners de leitura assumem a forma
de canetas ou de equipamentos fixos. A grande vantagem do emprego do código de
barras é facilitar e acelerar a rotina de captura dos dados utilizados no processo de
compensação eletrônica do bloquete. Na figura 4, o código de barras aparece na
parte inferior esquerda da via de compensação.
• Linha digitável. A linha digitável contém os mesmos dados registrados no código
de barras. Ela é impressa no bloquete por medida de segurança. Se o dispositivo de
leitura ótica não capturar as informações do código de barras, os dados para
compensação eletrônica podem lidos e cadastrados pelo funcionário no sistema a
partir da linha digitável.
Borderô de Cobrança
Borderô corresponde a uma carta remessa e títulos preenchida e enviada pelo cedente ao
banco, capeando as duplicatas que estão sendo remetidas para cobrança. O borderô é um
formulário padrão de cada banco especificando as condições contratuais para a cobrança de
títulos. A empresa preenche alguns dados, como o número e o valor total das duplicatas
anexadas, e assina o documento manifestando acordo com as condições nele descritas.
Cobrança Escritural ou Cobrança Eletrônica
Há até 10 anos as empresas cedentes reuniam suas duplicatas em lotes, preenchiam o
borderô de cobrança, discriminando os títulos anexados, e enviavam duplicatas mais
borderô ao banco. Um dia, alguém, por alguma razão, indagou: se temos computadores, por
que precisamos de duplicatas impressas no papel? Nasceu nesse momento a Cobrança
Escritural.
Na cobrança escritural, ou eletrônica, o cedente não imprime as duplicatas. Ele gera um
arquivo em computador contendo os dados das duplicatas. O arquivo é então remetido por
meio eletrônico ao banco, utilizando, por exemplo, o EDI.
Como resultado, hoje devemos distinguir a cobrança manual, com duplicatas impressas,
da cobrança eletrônica, na qual as duplicatas são registradas em arquivos magnéticos e
enviadas eletronicamente ao banco.
Arquivo Remessa e Arquivo Retorno
O arquivo de remessa de cobrança é enviado eletronicamente ao banco. Nele estão
registrados em meio magnético os dados das duplicatas que estão sendo colocadas em
cobrança. Com base nestes dados o banco imprime os bloquetes de cobrança. O arquivo de
remessa também pode conter instruções de cobrança alterando dados das duplicatas
enviadas anteriormente ao banco.
Após recebimento do arquivo de remessa de cobrança, o banco verifica o seu conteúdo em
busca de eventuais problemas ou inconsistências nos dados das duplicatas remetidas.
Concluída a conferência, é gerado o arquivo de retorno de cobrança, também enviado
por via eletrônica ao cedente. O arquivo de retorno relaciona as duplicatas que foram
aceitas para cobrança pelo banco. Neste caso há uma confirmação da entrada da cobrança,
bem como a duplicatas rejeitadas.
Arquivos CNAB
Os arquivos eletrônicos de cobrança trocados entre cedente e banco cobrador – o de
remessa, o de retorno e o de retorno de liquidações – observam um padrão para formatação
de seus dados. O padrão utilizado foi definido pela Febraban através de seu órgão de
assessoria Centro Nacional de Automação Bancária (CNAB). Embora teoricamente
exista um único padrão, na prática verificamos a existência de diferenças entre os arquivos
CNAB de cada banco. E o pior: as distinções entre eles costumam ser significativas.
Alegações
Alegações de cobrança são notificações originadas pelo sacado sobre as condições de
cobrança que o banco lhe enviou. O sacado pode remeter alegações diretamente ao cedente
por meio de telefone, fax ou carta, ou enviá-las ao banco cobrador. Neste caso, os bancos
costumam notificar o cedente sobre o conteúdo da manifestação do sacado. Assinala-se que
o banco cobrador não altera qualquer dado da cobrança a partir da alegação do sacado.
Somente instruções do cedente podem alterar as condições de um título em cobrança no
banco.
Vejamos alguns dos motivos que levam os sacados a gerarem alegações:
• Problemas nas mercadorias recebidas. Na recepção das mercadorias compradas,
o sacado identifica um lote de itens danificados que são imediatamente devolvidos.
Mas como você deve lembrar, logo após a emissão da nota fiscal é também emitida
a duplicata que em seguida é remetida ao banco cobrador. Algumas vezes o
bloquete de cobrança chega ao Contas a Pagar quase ao mesmo tempo em que a
mercadoria está sendo entregue. Logo, como houve devolução da mercadoria, o
valor cobrado é superior ao valor efetivamente devido. O Contas a Pagar notifica
então o cedente ou o banco cobrador alegando devolução da mercadoria e
solicitando abatimento no valor cobrado.
• Atraso na entrega das mercadorias. Se houver atraso na entrega do bem ou
serviço, o sacado pode solicitar a prorrogação da data de vencimento da duplicata.
• Divergência nas condições de venda. Durante a etapa de negociação, vendedor e
comprador fixam as condições de pagamento, estipulando por exemplo o
vencimento em 30 dias e desconto financeiro de 5% para pagamento em 15 dias. Ao
receber o bloquete de cobrança, o Contas a Pagar, que decidiu antecipar o
pagamento para aproveitar a redução no valor do título, percebe que a condição de
desconto não consta no bloquete recebido. Temos aí outro evento que deve gerar
uma alegação de cobrança.
Instruções ou Ocorrências
Instruções ou ocorrências são ordens emitidas pelo cedente determinando ao banco
alterações nas condições de uma duplicata em cobrança. O banco processa a instrução
alterando os dados em seu sistema de cobrança e, em geral, remete uma notificação ao
sacado informando as novas condições do título. O envio das instruções ao banco pode ser
realizado por meio de carta, telefone, faz ou EDI (no arquivo de remessa de cobrança).
Entre as instruções mais comuns incluem-se:
• Prorrogação. O cedente solicita prorrogação do vencimento do título ou de um
desconto concedido. Por exemplo, a mercadoria foi entregue com atraso obrigando
ao adiamento da data de liquidação da dívida pelo sacado.
• Abatimento ou cancelamento do abatimento. O cedente solicita a concessão de
um abatimento no valor do título ou cancela um abatimento anteriormente
concedido. Por exemplo, parte do lote de mercadoria foi devolvida pelo comprador
porque os itens estavam em desacordo com as especificações da compra.
• Baixa. O cedente pede ao banco a baixa do título em aberto. Por exemplo, o sacado
liquidou sua dívida efetuando um depósito na conta corrente do cedente. Portanto a
cobrança bancária d a respectiva duplicata deve ser cancelada.
• Protestar ou sustar protesto. Decorrido algum tempo após o vencimento da
duplicata, o cedente descobre que o sacado não efetuou o pagamento e decide enviar
duplicata para ser cobrada e cartório. Mediante o recebimento da instrução, o banco
providencia a colocação do título em cartório. Pressionado, o sacado entra em
acordo com o cedente, acertando nova data de pagamento. Em conseqüência, o
cedente solicita ao banco a sustação do protesto, ou seja, a retirada do título de
cartório.
Liquidação
A Liquidação ou pagamento do bloquete de cobrança pode ser feita de três formas:
• Pagamento por compensação. Até a data do vencimento impressa no bloquete é
possível pagar o título em qualquer banco, que se encarrega de transferir o valor ao
banco cobrador por intermédio da câmara de compensação. Para o sacado o
pagamento por compensação é mais cômodo, se considerarmos que o seu banco
pagador é diferente do banco cobrador. Assim, as duplicatas são enviadas ao banco
pagador junto com todos os demais pagamentos que a empresa estiver liquidando
no dia, tais como recolhimentos de impostos, reembolso de funcionários etc.
• Pagamento no caixa do banco cobrador. Após a data do vencimento, o título
precisa ser pago na rede de agências do banco cobrador. Na câmara de compensação
não circulam bloquetes vencidos. O motivo é simples: invariavelmente a liquidação
após o vencimento implica no pagamento de juros de mora, isto é, encargos pelo
atraso na quitação do compromisso. É responsabilidade exclusiva do banco
cobrador o cálculo destes juros, que são acrescidos ao valor original do título antes
do pagamento.
• Pagamento em cartório de protestos. Transcorrido determinado prazo após o
vencimento – este prazo varia de cedente para cedente – se o sacado não tiver
liquidado o bloquete, o cedente instrui o banco a enviar o título para cobrança em
cartório. Tendo recebido o título, o cartório envia certo número de avisos ao sacado
solicitando seu comparecimento para quitação da dívida. Ele tem então uma última
possibilidade de honrar a dívida contraída com o fornecedor. Em caso de
pagamento, o cartório repassa o valor ao banco que, por sua vez, credita o cedente.
Não ocorrendo o pagamento, o título é protestado, fato que permite ao cedente
iniciar o processo de cobrança judicial.
Extrato de Liquidações (francesinha) e Arquivo Retorno de Liquidações
Ao final do expediente bancário e após o recebimento das remessas de bloquetes enviadas à
câmara de compensação, o banco cobrador procede à baixa, nas contas de cobrança de cada
cedente, dos títulos liquidados naquele dia. Em seguida, ele informa seu cliente quais foram
os pagamentos realizados. Para tanto, dois meios podem ser empregados:
• Extrato de liquidações (francesinha). O extrato é um documento impresso nos
quais são relacionados os dados dos títulos pagos num dado período. As
informações incluem nome do sacado, nosso número, seu número, valor do título,
juros (se houver), condição de pagamento (compensação, caixa, cartório), entre
outras. Francesinha é o apelido dado ao extrato de liquidações de cobrança.
• Arquivo retorno de liquidações. Para os clientes que trocam dados de cobrança
por meios eletrônicos o banco gera um arquivo de liquidações contendo os mesmos
dados da francesinha. O arquivo de retorno de liquidações é então transmitido
eletronicamente ao cedente.
Baixa de Cobrança
De posse do extrato de liquidações enviado pelo banco, o Contas a Receber localiza os
títulos correspondentes em seu sistema de cobrança e efetua a baixa de cada um. Portanto, a
baixa de cobrança, feita pelo cedente, significa apontar que o sacado já pagou o título.
A agilidade na baixa de cobrança é de grande importância em virtude dos níveis de crédito
definidos pela empresa para seus clientes. Imagine que um comprador realizou compras até
o limite do crédito disponível. Isto significa que novas compras somente poderão ser feitas
após liquidação dos compromissos em aberto. É freqüente, por exemplo, que pedidos
prontos para despacho fiquem retidos nos armazéns do fornecedor aguardando a
informação de que os compromissos devidos pelo destinatário do pedido já tenham sido
quitados. Como a rapidez no giro dos estoques influencia a lucratividade da maior parte das
empresas, podemos compreender como o atraso no fluxo da informação de pagamento tem
a capacidade e prejudicar o desempenho financeiro do fornecedor.
Banco Correspondente
Um banco com um pequeno número de agências pode expandir a cobertura geográfica de
sua cobrança utilizando serviços de outro banco, conhecido como banco correspondente,
que permite enviar bloquetos para sacados localizados onde o banco cobrador de pequeno
porte não possui filiais.
De forma simplificada o esquema funciona da seguinte maneira: o cedente envia suas
duplicatas ao banco cobrador. Este remete os títulos ao banco correspondente, que imprime
e entrega o bloquete ao sacado. O banco correspondente conta com uma agência na praça
de compensação que cobre o endereço de cobrança do sacado. Após o pagamento, o
correspondente repassa o valor recebido ao banco cobrador para crédito ao cedente.
Banco Conveniado
Por intermédio de convênio a rede de agências do banco conveniado habilita-se a receber
bloquetes vencidos emitidos pelo banco cobrador. Assim como no caso do banco
correspondente, este arranjo aumenta a comodidade e facilidade para o sacado, que passa a
contar com maior número de agências para pagamento do título após o vencimento, quando
já não é mais possível utilizar o sistema de compensação.
Métodos de Cobrança
Existem algumas possibilidades à disposição da empresa que precisa receber suas
duplicatas. Primeiro, ela pode decidir fazer a cobrança por conta própria e manter as
duplicatas em carteira. Se considerar essa alternativa trabalhosa, é possível encarregar os
bancos de cobrar os títulos. As instituições bancárias oferecem inúmeras variações a partir
do serviço básico de cobrança. Em certas circunstâncias é mais conveniente contratar os
serviços prestados por empresas de cobrança. Por fim, é usual no mercado enviar a cartório
as duplicatas sacadas contra devedores que, por qualquer razão, demorar a honrar seus
compromissos. Os tópicos abaixo discutem então estes quatro métodos de cobrança: em
carteira, cobrança bancária, empresas de cobrança e cobrança em cartório.
Cobrança em Carteira
Neste caso, as duplicatas em aberto são mantidas na carteira de recebíveis. O cliente
providencia a liquidação do compromisso por intermédio de um depósito na conta corrente
do fornecedor, do envio de um cheque ao Contas a Receber ou até mesmo usando cheque
em espécie. Como já observado, em virtude do volume de trabalho que exige, a cobrança
em carteira é trabalhosa e dispendiosa para os fornecedores, fato que leva a grande maioria
deles a utilizar os serviços prestados pelos bancos.
Cobrança Bancária
O cliente tem sempre razão! Eis aí uma máxima na qual os gerentes do produto cobrança
sempre acreditaram. Somente ela pode explicar a incrível variedade de tipos de cobrança
bancária criados ao longo do tempo com o objetivo e atender às mais diversas necessidades
do mercado. Mas as diferenças entre as diversas modalidades de cobrança oferecidas pelos
bancos não são lá muito grandes. Na maior parte das vezes, resumem-se a pequenas
adaptações nos modelos gerais de cobrança, introduzidas em resposta a demandas de um
único cliente ou de grupos específicos de cedentes.
Por esse motivo, o mais importante é conhecer os modelos genéricos e mais comuns de
cobrança. O domínio dos tipos descritos a seguir fornece uma base que permite a rápida
compreensão das modalidades mais específicas que os criativos gerentes de cobrança
costumam desenvolver.
Mas, antes de continuarmos, uma pergunta importante: qual é a relação entre as
modalidades descritas abaixo e as cobranças eletrônica e manual? Esquema eletrônico ou
manual, como já explicamos, refere-se ao modo de a empresa remeter os dados das
duplicatas ao banco, enquanto os de cobrança simples e direta, por exemplo, indicam várias
outras características que vão além da forma de remessa desta cobrança ao banco. Além
disso, os modos eletrônico e manual de remessa podem perfeitamente conviver com os
diferentes tipos de cobrança. Por exemplo, nada impede a um banco processar cobrança
simples eletrônica para alguns clientes e cobrança simples manual para outros.
Cobrança Simples
Também chamado de cobrança tradicional. Como seus nomes sugerem, é a modalidade
mais comum e utilizada pelas empresas. As duplicatas, impressas ou eletrônicas, são
remetidas ao banco para cobrança. Os títulos são registrados no sistema de cobrança do
banco e os boletos são impressos e remetidos ao sacado. Após liquidação, no caixa, por
compensação ou em cartório, o banco realiza a baixa do título em seu sistema, envia o
extrato de liquidação para o cedente e credita sua conta corrente pelo valor recebido.
Cobrança Direta
Também conhecida como cobrança de curto prazo. Na cobrança direta o próprio cedente
providencia a impressão do bloquete e a sua entrega ao sacado. Ao substituir o banco na
realização destas duas rotinas, o cedente consegue reduzir o tempo decorrido entre a
emissão da nota fiscal e a entrega do bloquete sacado. Em alguns casos o bloquete
acompanha a nota fiscal, sendo entregue junto com a mercadoria. Isto explica porque é
denominada cobrança de curto prazo.
Após imprimir o bloquete, o cedente pode ou não enviar ao banco os dados do título para
registro no sistema de cobrança. Se houver remessa, teremos uma cobrança direta com
registro (no banco). Em caso de não envio ao banco, teremos a cobrança direta sem
registro (no banco).
Cobrança Caucionada
Esta modalidade refere-se a títulos em cobrança que foram entregues pelo cedente ao banco
em garantia de um empréstimo (veja as explicações adicionais na próxima seção,
“Operações com Duplicatas a Receber”).
Cobrança Eletrônica
Como já dissemos, na cobrança eletrônica não há impressão das duplicatas, cujos dados são
enviados eletronicamente ao banco cobrador.
Empresa de Cobrança
Algumas vezes, ao invés de bancos, o Contas a Receber utiliza os serviços de empresas
especializadas em cobrança. Costuma-se lançar mão destes serviços em casos de cobranças
difíceis. A empresa chega a utilizar cobradores que visitam pessoalmente o devedor,
procurando persuadi-lo a efetuar o pagamento. É uma alternativa mais adequada à cobrança
de somas menores junto a pessoas físicas ou pequenas empresas.
Cobrança em cartório
Cartório é denominação dada ao lugar ou local em que se guardam e arquivam cartas,
documentos importantes, processos etc. É o escritório dos escrivães e tabeliães. Os
cartórios são constituídos mediante as regras estabelecidas das Leis de Organização
Judiciária e podem ser judiciais ou extrajudiciais, funcionando como auxiliares da justiça.
Aqui, nosso interesse reside nos cartórios de protesto de títulos.
A cobrança em cartório é a opção mais severa entre os métodos de cobrança, adotada
quando já se esgotaram todas as demais alternativas de recebimento e o fornecedor
pretende, como última instância, efetuar a cobrança judicial do crédito concedido ao
comprador. Uma vez em cartório, se o devedor não liquidar a duplicata, ela poderá ser
protestada, abrindo caminho para a cobrança feita através da justiça, que pode culminar
com o pedido de concordata do cliente e até mesmo a decretação de sua falência. Apesar de
ser um recurso extremo, muitos fornecedores enviam duplicatas a cartório como forma de
pressionar compradores “indolentes”. Por sua vez, muitas experimentam dificuldades
financeiras e adotam a política de efetuar o pagamento de seus compromissos somente em
cartório. Um artifício que permite prolongar o prazo de pagamento e evita juros de mora e
as multas, muitas vezes elevadíssimas, fixadas pelo fornecedor.
Operações com Duplicatas a Receber
As duplicatas de uma empresa representam créditos a serem recebidos de seus clientes. Ou,
com outras palavras, as duplicatas são documentos mercantis que caracterizam uma dívida
entre duas partes, indicam o valor que uma delas deve à outra e a data da liquidação desta
dívida. Em razão destas características, muitas empresas obtêm financiamento de curto
prazo utilizando suas duplicatas a receber. As modalidades mais comuns são a caução, o
desconto e o factoring de duplicatas.
Caução
A caução de duplicatas significa entregá-las a uma instituição financeira em garantia de
um empréstimo. Uma vez que as duplicatas normalmente apresentam boa liquidez, isto é,
serão facilmente convertidas em dinheiro, os bancos as consideram um instrumento
satisfatório de garantia a financiamentos. Tanto os bancos comerciais como as financeiras
concedem empréstimo mediante caução de duplicatas.
As duplicatas são caucionadas numa base seletiva. O credor analisa o histórico de
pagamentos passados das duplicatas com o objetivo de determinar quais duplicatas
representam garantia aceitável para empréstimos. Um credor geralmente adiantará dinheiro
apenas contra duplicatas que ele considera riscos aceitáveis de crédito.
Costuma-se caucionar duplicatas sem notificação ao sacado. Isto quer dizer que o cliente da
empresa que caucionou os títulos não é notificado da operação e prossegue efetuando seus
pagamentos normalmente.
Quase sempre a caução de duplicatas é usada como fonte contínua de garantias a
empréstimos realizadas pela empresa. À medida que as duplicatas são liquidadas, o valor
pago é transferido ao cedente mediante a entrega de novas duplicatas a vencer em
substituição às antigas. É um arranjo que permite a empresa manter um saldo devedor
relativamente constante com o agente financiador.
Desconto
O desconto de duplicatas é uma operação de financiamento realizada tipicamente com
bancos comerciais. Ela compreende o recebimento de um montante de dinheiro em troca de
duplicatas que são entregues ao banco. Ao descontar o título, a empresa recebe um valor
menor do que o seu valor de face, isto é, a quantia nele impressa, correspondente à
importância da transação mercantil que lhe deu origem. Este desconto caracteriza a
cobrança antecipada de serviços, juros e Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
No desconto de duplicatas costuma-se exigir o endosso do título em favor do banco e,
algumas vezes, o aval do cedente ou a prestação de fiança de terceiros. No vencimento, o
banco que concedeu o desconto cobra o sacado. Se este não efetuar o pagamento, o valor do
título é debitado na conta corrente do cedente. Sendo largamente utilizadas para
financiamento do capital de giro, as operações de desconto de duplicatas podem ser
realizadas de modo esporádico ou permanente, este sob a forma de desconto rotativo.
A caução e o desconto são operações quase similares. A empresa recebe adiantada uma
importância em troca da entrega de suas duplicatas à instituição financeira. Nas duas o
cedente recebe uma importância em adiantamento. Mas na caução os valores resultantes da
liquidação das duplicatas pelo sacado são creditados numa conta bloqueada, aberta em
nome do cedente, denominada como caução. Os valores creditados na conta caução são
liberados para o cliente mediante o envio de novas duplicatas em substituição às anteriores,
já pagas. Por outro lado, no desconto, o banco retém o valor pago pelo sacado.
Factoring
O factoring de duplicatas implica na venda direta de duplicatas a uma instituição financeira.
Não se trata, exatamente, de um empréstimo, embora envolva o levantamento de fundos a
partir de negociação com as duplicatas. Um factor é a instituição financeira que compra
duplicatas a receber. Alguns bancos comerciais e financeiras também fazem factoring de
duplicatas. O factor geralmente aceita todos os riscos de crédito associados às duplicatas
negociadas.
Não importa se o factoring é feito por um factor, um banco comercial ou uma financeira, os
termos do negócio são bastante semelhantes. Redige-se um contrato de factoring
declarando as condições, taxas e procedimento exatos para o factoring. Entre os aspectos
contemplados em tais contratos devemos destacar:
• Procedimento de seleção. Um factor, como um credor que cauciona duplicatas,
seleciona aquelas cujo risco de crédito lhe parece aceitável.
• Notificação. O factoring em geral pe feito com notificação ao sacado. Visto que o
factor está comprando as duplicatas, os pagamentos deverão ser feitos a ele.
Todavia, os sacados cujas duplicatas foram vendidas poderão não ser informados
desta negociação.Seja qual for a estratégia utilizada para camuflar o factoring, é
comum o factor receber o pagamento direto do comprador. O grau de sigilo em
relação ao contrato depende muito das expectativas do cedente referente à maneira
como seus clientes poderão reagir ao saberem que os títulos sacados contra eles
foram negociados.
• Impossibilidade de recurso. A maioria das vendas de duplicatas a um factor são
feitas com base na inexistência de recurso. Isto significa que o factor concorda em
aceitar todos os riscos de crédito. Se as duplicatas compradas forem incobráveis, ele
irá arcar com o prejuízo. Em raras ocasiões os contratos de factoring são feitos com
cláusula de recurso. Cauções e os descontos das duplicatas, ao contrário, podem ser
considerados acordos com recurso, pois se o sacado falir, o banco que concedeu o
desconto ou o empréstimo com caução reserva-se o direito de cobrar o crédito junto
ao cedente.
Fluxo de Pagamentos: conceitos
Nesta seção tratamos dos conceitos e atividades o Contas a Pagar. Grande parcela dos
pagamentos das empresas é feita por meio da liquidação dos bloquetes. Há, portanto,
estreito vínculo entre o fluxo de cobrança e de pagamentos. Além desta, também
abordaremos outras formas de pagamentos como, por exemplo, a emissão de documentos
de ordem de crédito e de ordens de pagamentos e o crédito em conta corrente.
Comparativamente ao processo de cobrança, o número de conceitos a serem analisados no
fluxo de pagamentos é menor. Todavia, o volume de trabalho realizado pelo Contas a Pagar
nas empresas é sempre mais elevado do que no setor de Recebimentos. O maior esforço é
conseqüência da variedade de tipos de pagamentos realizados e do baixo nível de
automação.
De fato, a função de pagamentos é o calcanhar de Aquiles dos departamentos financeiros
no que diz respeito à informatização. Apesar dos esforços empreendidos por empresas e
bancos, a maior parte do trabalho ainda é feita manualmente. Embora certos bancos
anunciem soluções de pagamentos eletrônicos, as ofertas disponíveis apresentam inúmeras
limitações que impossibilitam a substituição de boa parte do serviço manual. Estas razões
fazem do Contas a Pagar uma área de grandes oportunidades de economia de tempo e mão-
de-obra com implantação de sistemas automatizados e relacionamentos eletrônicos.
Passemos agora aos conceitos de nosso interesse.
Solicitação de Pagamento
A solicitação de pagamento é o documento originado pela área de compras ou pela
recepção e pedidos e remetido ao Contas a Pagar informando a aquisição de um bem ou
serviço, descrevendo o conteúdo e as condições da compra e requisitando o seu pagamento.
Nas empresas que utilizam sistemas automatizados de contas a pagar, Compras cadastra a
encomenda no sistema e este mesmo cadastro funciona como solicitação de pagamento.
Favorecido
Favorecido ou beneficiário é a empresa ou pessoa para a qual o pagamento é realizado.
Instrumentos de Pagamento
O crédito para liquidação de pagamento pode ser feito de muitas formas diferentes. A
escolha entre as alternativas possíveis depende da relação entre a organização pagadora e o
beneficiário. Por exemplo, já sabemos que uma empresa paga seus fornecedores via
quitação dos bloquetes de cobrança. Mas o pagamento dos salários dos funcionários
costuma ser feita por meio de crédito em conta corrente. Os instrumentos de pagamentos
reúnem os vários procedimentos de crédito à disposição da empresa para liquidação de seus
compromissos. Os mais comuns são:
• Liquidação de cobrança bancária
• Reversão de Cobrança Bancária
• Crédito em Conta Corrente
• Documento de Ordem de Crédito (DOC)
• Ordem de Pagamento (OP)
• Cheque Administrativo (cheque ADM)
• Cheque de Emissão da Própria Empresa
• Cartão de Saque
• Dinheiro
Liquidação de Cobrança Bancária
O compromisso é quitado enviando ao banco pagador os bloquetes recebidos dos bancos
cobradores. O banco pagador autentica os bloquetes e remete o crédito via compensação
para o banco cobrador.
Reversão de Cobrança Bancária
É uma situação particular de liquidação de cobrança. Ela acontece quando:
1) o banco opera sistema de contas a pagar eletrônico; e
2) o cedente coloca as duplicatas para cobrança no mesmo banco em que o sacado efetua
seus pagamentos.
Após registrar na carteira de cobrança as duplicatas enviadas pelo cedente, o banco
identifica que o sacado apontado em alguns destes títulos é usuário do sistema de
pagamentos eletrônicos. As duplicatas assim identificadas são selecionadas e
disponibilizadas no sistema de pagamentos. É este o procedimento conhecido como
reversão de cobrança. Assim que acessa o sistema do banco, o Contas a Pagar encontra as
duplicatas sacadas contra a empresa. Ele então realiza as verificações de rotina e autoriza o
pagamentos dos títulos disponibilizados. Observe que não há fluxo físico do bloquete de
cobrança do banco para o sacado. Além disso, a autorização do pagamento é feita no
próprio sistema. A reversão é oferecida por um grupo muito reduzido de bancos.
Crédito em Conta Corrente
Refere-se a um lançamento feito diretamente a crédito da corrente do beneficiário. Esta
modalidade de pagamento costuma caracterizar situações em que as contas debitadas e
creditadas estão no mesmo banco. O exemplo mais ilustrativo é crédito de salários, no qual
as contas da empresa e dos funcionários estão no mesmo banco.
Documento de Ordem de Crédito (DOC)
O documento de ordem de crédito é empregado nas transferências de fundos entre dois
bancos através da câmara de compensação. Aqui, portanto, credita-se a conta corrente do
beneficiário mantida em banco diferente daquele utilizado pela empresa pagadora, sendo
que a transferência do crédito é viabilizada pela compensação do DOC. Assim como o
bloquete de cobrança, o DOC é normatizado pelo Banco Central, que define suas
dimensões e campos.
Ordem de Pagamento (OP)
A ordem de pagamento é uma ordem de crédito nominal ao beneficiário emitida pelo banco
pagador a pedido do Contas a Pagar. Após sua emissão, a OP permanece aguardando
comparecimento do favorecido à agência para receber em dinheiro o valor correspondente.
Alguns bancos emitem ordens de pagamento compensáveis, isto é, o beneficiário pode
depositar a ordem em sua própria conta corrente.
Cheque Administrativo (cheque ADM)
O cheque administrativo é um cheque do próprio banco emitido em favor de um
beneficiário indicado pelo Contas a Pagar. Em algumas transações os credores exigem que
a liquidação da dívida seja feita através de cheque ADM. A sua vantagem é a garantia do
seu pagamento, pois trata-se de cheque de um banco e não de uma empresa. É raro que
algum banco deixe de honrar o cheque ADM. Se o fizer, ele pode abalar a confiança do
mercado na sua saúde financeira ou na idoneidade de seus dirigentes e, ainda, abre espaço
para ações punitivas conduzidas pelo Banco Central. O cheque ADM tem um custo
superior ao da ordem de pagamento.
Cheque de Emissão da Própria Empresa
A empresa pode utilizar cheques sacados contra sua própria conta corrente para pagamento
de compromissos. As duas grandes desvantagens do cheque próprio são o preenchimento e
o inconveniente da coleta da assinaturas, pois em geral somente alguns funcionários,
sempre muito ocupados, como diretores e gerentes, podem assinar os cheques da empresa.
Em virtude do tempo e trabalho exigidos, muitas organizações preferem restringir ao
máximo o uso de cheque próprio.
Cartão de Saque
O cartão de saque é uma modalidade recente de pagamentos oferecida por alguns bancos. O
banco emite cartões magnéticos em favor de funcionários indicados pela empresa. O
funcionário realiza despesas em suas atividades de trabalho e apresenta a solicitação de
reembolso ao Contas a Pagar. O Contas a Pagar processa o reembolso efetuando um débito
na conta corrente da empresa e um crédito na conta corrente movimentada pelo cartão de
saque em poder do empregado. Algumas empresas têm utilizado os cartões de saque no
pagamento de fornecedores de baixo preço e de compra freqüente, como material de
papelaria. O cartão de saque barateia e simplifica bastante o pagamento de pequenos
valores, que representam o maior volume físico dos compromissos processados pelo Contas
a Pagar e, em conseqüência, a maior quantidade de trabalho.
Dinheiro
Dinheiro?!? Isso ainda existe? Embora a maior parte das organizações mantenha uma
caixinha com numerário para pequenas despesas – por exemplo, pagar um táxi para um
contínuo – o pagamento de fornecedores em dinheiro é um procedimento muito raro.
Estes são, portanto, os principais instrumentos de pagamentos à disposição das empresas.
Vejamos agora outros conceitos importantes.
Captura do Código de Barras
Já explicamos que um subconjunto dos dados do bloquete de cobrança encontram-se
também registrados no código de barras impresso no formulário emitido pelo banco
cobrador. Alguns sistemas automatizados de contas a pagar, desenvolvidos por empresas ou
bancos, possuem dispositivos de reconhecimento ótico, normalmente uma cante especial,
que realizam a leitura das informações contidas no conjunto de barras. Este procedimento
denomina-se captura do código de barras. As informações assim obtidas são utilizadas no
processamento dos bloquetes de cobrança pelo Contas a Pagar.
Conciliação de Bloquete X Nota Fiscal
De um lado, o Contas a Pagar dispõe de informações das notas fiscais referentes às
mercadorias ou serviços entregues pelos fornecedores à empresa. De outro, recebe os
bloquetes enviados pelos bancos para cobrança daquelas mercadorias ou serviços.
Antes que o pagamento seja autorizado, o Contas a Pagar precisa comprovar a
correspondência entre a cobrança bancária recebida e a mercadoria ou o serviço adquirido.
Do contrário, existirá o risco de realizar um pagamento indevido.
O processo de cruzamento dos dados da nota fiscal com os dados do bloquete de cobrança é
denominado conciliação de pagamentos. As informações utilizadas na conciliação
costumam incluir o CNPJ do fornecedor, número da nota fiscal, valor e vencimento da
cobrança. Para verificar se o valor e o vencimento estão corretos, é necessário utilizar ainda
informações do cadastro da compra ou da solicitação de compra, que descrevem as
condições da negociação fechada pela área de compras.
A conciliação é uma rotina trabalhosa por dois motivos principais. Primeiro, o volume de
pagamentos envolvidos. Muitas organizações processam mensalmente milhares de
liquidações de cobrança. Segundo, o elevado número de divergências encontradas entre os
dados da compra, da nota fiscal e do bloquete de cobrança. É comum existirem no Contas a
Pagar de grandes empresas um ou dois funcionários exclusivamente dedicados ao
esclarecimento dessas divergências.
Alçada
Iniciemos esta definição recorrendo a um exemplo. Imagine que em determinado dia exista
um compromisso com pequeno fornecedor a ser pago pela empresa, no valor de três mil
reais. O borderô de pagamentos é preparado e assinado. No dia seguinte, a empresa deve
liquidar uma parcela de um empréstimo externo que totaliza três milhões de reais.
Novamente o borderô de pagamentos é preparado, assinado e enviado ao banco. Agora,
responda: você não concorda que as pessoas que assinam o borderô no segundo caso devem
ter muito mais autoridade e responsabilidade do que os funcionários que assinaram no
primeiro dia? As empresas definitivamente pensam que sim. É quase certo que o presidente
e o diretor financeiro tenham assinado o borderô de três milhões. Já o primeiro pode ter
recebido a autorização apenas do gerente financeiro.
A alçada são os limites formais de autoridade atribuída a uma função ou pessoa. No nosso
caso, estamos preocupados com os limites de alçada para autorização de pagamentos
realizados pela organização a terceiros. Os níveis específicos de alçada variam entre as
empresas, mas a idéia é que o poder para autorização de pagamentos é tanto maior quanto
mais elevada é a posição hierárquica. Os níveis de alçada variam entre as empresas, mas a
idéia básica é que o poder para autorização de pagamentos é tanto maior quanto mais
elevada é a posição hierárquica. Ademais, costuma-se exigir a assinatura de pelo menos
dois funcionários nos cheques e outros documentos que impliquem em desembolsos de
caixa. Um possível esquema de alçadas seria:
• Despesas até 5 mil reais: assinatura do gerente financeiro ou assinaturas de dois
procuradores;
• Despesas até 30 mil reais: assinaturas do gerente financeiro e de um procurador;
• Despesas até 60 mil reais: assinaturas do diretor financeiro e do gerente financeiro;
• Despesas até 100 mil reais: assinaturas do diretor financeiros e outro diretor;
• Despesas acima de 100 mil reais: assinaturas do diretor presidente e do diretor
financeiro.
Borderô de Pagamentos
O borderô é uma carta remessa relacionando os pagamentos que estão sendo enviados ao
banco e instruindo a liquidação desses compromissos. Como o borderô representa uma
autorização de débito na conta corrente, ele é assinado por funcionários da empresa
pagadora com nível de alçada compatível com o valor a ser desembolsado.
Fluxo de Compensação
ocumentos Compensáveis
Banco Central, podem transitar na câmara de compensação
nça. É o documento compensável de transferência de crédito
• umento de transferência de débito entre o banco sacador
• ento de Ordem de Crédito (DOC). É o documento de transferência de
ompensação Manual e Eletrônica
pensáveis entre si por intermédio de dois tipos de
rre a troca física dos documentos entre os
participantes do sistema. Assim, o banco A leva à câmara os cheques do banco B
recebidos em seus caixas. O banco B faz o mesmo com o banco A em relação aos
D
De acordo com as normas do
três tipos de documentos:
• Bloquete de cobra
entre o banco no qual o bloquete foi quitado, ou banco recebedor, e o banco
cobrador. A compensação dos bloquetes ocorre no período noturno que segue a
cada expediente bancário.
Cheque. O cheque é o doc
(a instituição financeira onde o cheque foi depositado ou dado em pagamento) e o
banco sacado (instituição onde o emitente do cheque mantém sua conta corrente). A
compensação de cheques é feita em duas etapas. Na primeira são trocados os
cheques de valores superiores ao maior valor de referência (uma determinada
quantia em reais fixada pelo Banco do Brasil). A compensação de maior valor
ocorre no período noturno que segue cada expediente bancário. Na segunda, são
trocados os cheques de valores inferiores ao maior valor de referência. A
compensação de menor valor é realizada na manhã posterior ao expediente bancário
base.
Docum
crédito entre a conta pertencente ao correntista do banco originador do DOC e a
conta do beneficiário que mantém conta no banco do destinatário do DOC. A
compensação de doc’s ocorre no período noturno que segue a cada expediente
bancário.
C
Os bancos trocam os documentos com
compensação: a convencional e a eletrônica.
• Na compensação convencional oco
seus cheques. Representantes dos bancos A e B encontram-se na sessão de
compensação e trocam cheques entre si.
Na compensação eletrônica os dados dos documentos compensáveis são primeiro
capturados e registrados em arquivos magnéticos. Em seguida, os bancos
transmitem eletronicamente para o Ban
•
co do Brasil o conteúdo dos arquivos de
Tarifa
Ima quete
obrado contra você pelo banco B. Pois bem, o caixa do banco A recebe seu cheque e
o boleto. Agora ele precisa capturar as informações gravadas no
Com
sação enviada refere-se aos cheques, bloquetes e doc’s que um banco remete a
utros bancos através da compensação. Compensação recebida identifica a situação
tos compensáveis enviadas a um banco pelos demais
compensação. Numa terceira etapa cada banco conecta-se novamente ao Banco do
Brasil para receber os arquivos que lhe foram remetidos pelos demais bancos.
Interbancária
gine que você foi ao banco A, onde mantém uma conta corrente, pagar um blo
c
autentica as vias d
código de barras do bloquete, preparar um arquivo de compensação com os dados
capturados, enviar o arquivo ao Banco do Brasil, arquivar o bloquete durante alguns
dias e, finalmente, contabilizar a transação. Trabalhoso, não? De certa forma, o banco A
prestou um serviço ao banco B. Afinal, o crédito pertence ao cedente que utilizou a
cobrança de B. Pergunta: o banco trabalha de graça? Nem pensar. A tarifa
interbancária destina-se a ressarcir os bancos pelo tipo de serviço que descrevemos.
Ao banco que recebeu um bloquete ou um cheque em seu caixa é devido o pagamento
da tarifa interbancária pelo banco cobrador ou sacado respectivamente. O banco que
emitiu um DOC deve o pagamento da tarifa interbancária ao banco beneficiário do
crédito.
pensação Enviada e Recebida
Compen
o
inversa, as remessas de documen
participantes da compensação.
Reservas Bancárias
Assim como os indivíduos e as organizações abrem contas correntes nos bancos, cada
banco também possui uma conta corrente aberta e operada pelo Banco do Brasil. São as
bancária. As reservas são recursos financeiros que um banco deve
mpréstimo destinado a cobrir sua necessidade de reservas. Eles
Gra
baixo:
o de reais em bloquetes ao banco B, então a conta de reservas
nviou 1 milhão de reais em doc’s ao banco C, então a conta de reserva de A
• serva de A
Por sua ve do documentos compensáveis
para A e
realizado p partir das transações lançadas
contas de reserva
manter junto ao Banco do Brasil para fazer frente às suas necessidades diárias de caixa.
O valor das reservas é definido pelo Banco Central em função do patrimônio da
instituição financeira.
A conta de reserva nunca pode permanecer negativa, o que significa que o banco está
com o caixa negativo. Se houver possibilidade de a conta apresentar saldo negativo, o
banco precisa tomar e
podem recorrer aos empréstimos interbancários ou à linha de redesconto do Banco
Central.
As contas de reserva dos banco são movimentadas diariamente em função dos fluxos de
valores ocorridos na compensação, conforme sistemática explicada no tópico seguinte.
de de Compensação
Agora suponhamos que na compensação o banco A realizou as três movimentações
a
• Enviou 1 milhã
bancárias de A deve ser debitada e a de B, ser creditada nesse valor;
• E
deve ser debitada e a de C, creditada nesse valor;
Enviou 1 milhão de reais em cheques ao banco D, então a conta de re
deve ser creditada e a de D debitada nesse valor.
z, os bancos B, C e D também podem ter envia
, g rando débitos e créditos correspondentes. A grade de compensação é o registro,
elo Banco do Brasil, de todas essas operações. A
na grade de compensação, o Banco do Brasil apura os saldos devidos entre os bancos e
efetua os lançamentos a crédito ou a débito nas contas de reserva das instituições que
participaram da câmara de compensação.
Fluxo de Conta Corrente e Administração do Caixa
Administração do Caixa
O caixa da empresa compõe-se de dinheiro em espécie, ou numerário, saldos bancários de
livre movimentação e aplicações financeiras de curto prazo. São os valores disponíveis que
podem ser utilizados a qualquer momento para atendimento das necessidades financeiras
cotidianas da organização. Os recursos de caixa também são denominados de
disponibilidades. A Tesouraria é a área que executa o gerenciamento do caixa.
A manutenção das disponibilidades de caixa visa atender três finalidades principais:
1. efetuar os pagamentos programados;
2. formar reserva de segurança contra imprevistos;
3. aproveitar oportunidades.
No primeiro caso, o caixa é utilizado na liquidação das compras realizadas pela empresa no
curso normal de suas atividades.
Manter parte do caixa como precaução contra imprevistos é uma atitude prudente. Imagine
se um cliente insatisfeito não paga uma fatura de 1 milhão de reais quando a empresa
contava com esse dinheiro para cobrir a folha de salários?
Por fim, empresários oportunistas podem manter algum dinheiro disponível na expectativa
de realizar negócios de ocasião em condições muito favoráveis. Esta última finalidade
costuma equivaler à especulação.
Face à natureza e função do caixa, percebemos que o tesoureiro responsável pela
administração dos recursos encontra-se diante de duas alternativas conflitantes. Vejamos
porquê. Se as disponibilidades forem mantidas m níveis muito baixos haverá
comprometimento da capacidade de solvência da empresa, isto é, a habilidade de honrar
seus compromissos em dia. Por outro lado, o excesso de disponibilidade prejudica a
rentabilidade, uma vez que recursos estacionados ou aplicados em investimentos de curto
prazo não são remunerados ou os rendimentos obtidos são baixos. O dilema resume-se nas
seguintes composições:
elevar o caixa
re
menor risco de insolvênci
↓
duzir o caixa
↓
a Χ
maior risco de insolvência
mentos e
qüente
des e caixa. De qualquer forma, o instrumento
fun previsões de fluxo de caixa.
as de recursos constituem instrumento imprescindível na
ão possível vis-à-vis o montante
agamentos futuros pode ser determinado com relativa
ferentes aos saldos disponíveis nas contas correntes e às aplicações
nanceiras. A posse de previsões cobrindo todas as entradas e saídas de caixa permite então
montagem do fluxo de caixa previsto. O quadro na próxima página exemplifica uma
lanilha diária de previsão de fluxo de caixa.
↓ ↓
menor rentabilidade maior rentabilidade
O objetivo da administração de caixa é justamente buscar o equilíbrio entre o excesso e a
falta de disponibilidades, através do gerenciamento dos fluxos de paga
recebimentos da empresa. Trata-se de tarefa complexa em virtude do fre
casamento entre as entradas e saídas d
damental para gerenciamento do fluxo de caixa são as
Previsão de Fluxo de Caixa
As projeções das entradas e saíd
administração do caixa. É fundamental conhecer antecipadamente qual será o montante de
recursos que irá sobrar ou faltar a cada dia. Ocorrendo valores de caixa excedentes no dia,
o tesoureiro se encarregará de identificar a melhor aplicaç
disponível e o prazo conveniente. Em caso de falta de recursos a tesouraria definirá a
alternativa adequada para obtenção dos recursos necessários à zeragem do caixa.
O volume de desembolsos ou p
precisão, que só não é total em decorrência dos eventos inesperados que sempre ocorrem na
vida de qualquer empresa. A maior dificuldade, todavia, reside na incerteza associada às
entradas de recursos devido ao fluxo de recebimentos, cobrindo em especial as vendas à
vista e a cobrança de duplicatas. Vale assinalar que esta é outra ótima razão reforçando a
necessidade de a empresa analisar criteriosamente os créditos que concede a seus clientes
para compras a prazo.
Além das expectativas dos pagamentos e recebimentos, a previsão do fluxo de caixa
utiliza as informações re
fi
a
p
Fluxo de Conta Corrente
A conta corrente para movimentação de recursos financeiros é o serviço básico oferecido
pelos bancos aos seus clientes. Através da conta-movimento transitam os valores
correspondentes aos produtos e serviços bancários que a empresa utiliza. A conta corrente
reflete todas as transações que a empresa realiza com o banco ou com terceiros por
intermediação do banco. Ela é o pronto para onde convergem, por exemplo, os fluxos
financeiros de cobrança e de pagamentos. Como resultado das transações efetuadas entre
banco e empresa, são registrados na conta corrente lançamentos a crédito e a débito.
• Lançamentos a crédito aumentam o saldo da conta corrente e correspondem a
depósitos, documentos de ordem de crédito, resgates de investimentos, cobrança
bancária, empréstimos recebidos etc.
• Lançamentos a débito reduzem o saldo da conta corrente e resultam de cheques
sacados, aplicações financeiras, pagamentos, amortizações de empréstimos, juros,
imposto sobre operações financeiras, cobrança de tarifas pelo banco etc.
Uma vez que as contas correntes refletem a vida financeira da empresa, as movimentações
nelas registradas são acompanhadas de perto pela Tesouraria. O procedimento de controle
mais comum é a retirada diária, em geral via eletronic banking ou canal eletrônico, dos
extratos relacionando todos os lançamentos a crédito e a débito realizados na conta no dia
anterior. Como já dissemos, o saldo final em conta corrente é um dos insumos para
montagem do fluxo de caixa. O extrato de conta corrente servirá ainda para duas rotinas
adicionais, as conciliações financeira e contábil.
Conciliação Financeira
Diariamente a Tesouraria precisa verificar se a previsão de fluxo de caixa anteriormente
elaborada para aquela data estava correta. A conciliação financeira envolve a comparação
entre as projeções de entrada e saída de recursos e o que de fato ocorreu. Se a margem de
erro entre previsão e realidade for elevada, o tesoureiro precisa identificar as causas do
problema e melhorar a qualidade das estimativas de entradas e saídas de recursos. A
conciliação financeira realiza comparações aproximadas entre os valores do extrato e
valores previstos. Por exemplo, se o Contas a Receber estimou entradas de um milhão de
ais, quando de fato o total das cobranças liquidadas totalizou um milhão e dez mil reais, é re
provável que o tesoureiro se dê por satisfeito com a previsão fornecida pelo gerente de
ontábil
tod o
empres
finance e o valor apresentado no extrato corresponda
exatam
banco a
cinqüen no extrato
cobrança.
Conciliação Contábil
As movimentações em conta corrente retratam o fluxo de dinheiro. Ora, qualquer
empresário, por menos organizado que seja, terá todo o interesse em comprovar se os
lançamentos apontados no extrato bancário estão corretos e são devidos. Trata-se de um
procedimento básico para resguardar o patrimônio da empresa. Na conciliação c
os s lançamentos em contas correntes são verificados contra os registros, mantidos pela
a, originadores dos débitos e créditos nas contas. Ao contrário da conciliação
ira, no confronto contábil é exigido qu
ente ao do documento que lhe deu origem. Por exemplo, se um borderô autorizou o
efetuar pagamentos no valor de dois milhões, trezentos e cinqüenta e seis reais e
ta e sete centavos, é precisamente este o valor do débito que deve constar
para que ocorra a conciliação contábil do lançamento.
A figura seguinte resume nossas discussões anteriores, mostrando a conta corrente como
ponto de convergência das diferentes transações bancárias, a retirada do extrato pela
empresa via canal eletrônico e o emprego destas informações na montagem do fluxo de
caixa e nos procedimentos de reconciliação contábil e financeira.
Remuneração de Serviços Bancários: Tarifas e Float Discutimos neste trabalho três modalidades de serviços prestados pelos bancos às
empresas: cobrança, pagamentos e conta corrente. Como vimos, o volume de rotinas que os
bancos executam para processamento destas três ofertas é muito elevado. Além disso, as
instituições bancárias têm investido enormes volumes de recursos em infra-estrutura de
informática e telecomunicações que viabiliza a sofisticação e agilidade dos serviços que
prestam. Obviamente, os bancos cobram as empresas pelo trabalho que fazem. Os serviços
e produtos bancários são cobrados segundo dois esquemas: tarifas e float.
Tarifas
Em inglês denominada de fee, a tarifa é um esquema segundo o qual o banco fixa um valor
para cada tipo de oferta. O cliente é cobrado pelo número de transações realizadas
envolvendo o serviço ou produto vezes o valor da tarifa correspondente. É importante
lembrar que não existe tabelamento oficial para o valor das tarifas, de maneira que acabam
existindo grandes variações entre valores estabelecidos por diferentes bancos para os
mesmos serviços. Exemplos:
• Tarifa de cobrança: R$ 3,00 por duplicata recebida para cobrança
• Tarifa de DOC: R$ 8,00 por DOC remetido
Float
Caiu na rede é peixe! Isto é, os bancos conseguem gerar receitas, por menor que sejam,
com qualquer dinheiro que dê um passo para dentro do “cofre”.
Dito de um modo mais técnico, o float corresponde às receitas geradas pelos banqueiros a
partir da aplicação do dinheiro dos correntistas que permanece em trânsito dentro dos
bancos. Por exemplo, se o saldo de um correntista de um dia para o outro é de um milhão
de reais, parte desse total será recolhido ao Banco Central e o restante irá compor as
isponibilidades do próprio banco, que serão investidos e receberão alguma remuneração. É
mum que, pressionados por duras negociações e pela concorrência, os bancos repassem
s clientes parte do float produzido com os recursos em trânsito.
d
co
ao
Exemplo:
• Crédito de liquidação de cobrança em D+1 com o banco pagando à empresa
90% do CDI. Nesta situação, os créditos referentes às liquidações de cobrança do
cliente permanecem bloqueados por um dia pelo banco, que utiliza estes recursos.
No expediente seguinte os valores são liberados para utilização pelo cedente,
acrescidos de um montante que corresponde à aplicação de 90% da taxa do
certificado de depósito interbancário (CDI) sobre o total estacionado no banco no
dia anterior.
O Diferencial FINNET
A i
apr
com
ban
arq
caução de duplicatas etc. Além disso, precisamos reconhecer, o banco desempenha
apel moderador das tensões resultantes do relacionamento nem sempre fácil entre
liente e fornecedor. Paralelamente, muitas empresas desenvolveram sistemas
utomatizados de contas a receber que alavancaram as características dos serviços dos
ancos, como a troca eletrônica de dados, para aumentar ainda mais a eficácia do
rocesso de recebimentos.
área de Contas a Pagar, ao contrário, ainda trabalha de modo muito similar ao de 20
nos atrás. Vários bancos tentaram, sem verdadeiro sucesso, modificar este cenário.
odavia, com o ambiente de estabilização da economia, no qual é imperiosa a busca
cansável de ganhos operacionais, o foco de ineficiências no processo de pagamentos
esperta, mais que nunca, preocupação nas diretorias financeiras das empresas.
tapa fundamental do trabalho de modernização do Contas a Pagar é a troca eletrônica
e dados de cobrança e pagamentos entre cliente, fornecedores e bancos. Através de
us serviços e produtos, a nossa empresa participa dos fluxos de informações que estas
rganizações mantêm entre si.
om nossa equipe de profissionais e nossos produtos e serviços, acreditamos que
odemos contribuir ativamente na expansão do emprego de soluções eletrônicas de
agamentos a fornecedores e conseqüente diminuição do trabalho manual aí envolvido.
ntrodução da cobrança escritural, há mais de 10 anos, iniciou um longo processo de
imoramento do trabalho realizado pela área de Contas a Receber das empresas. Hoje,
o vimos, quase todos os grandes bancos oferecem serviços sofisticados de cobrança
cária, incluindo cobrança e protesto em todo o território nacional, troca eletrônica de
uivos e títulos, aplicação automática e remunerada das liquidações, desconto e
p
c
a
b
p
A
a
T
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