Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica
A Indústria Aeronáutica em Portugal
Projeto FEUP 2013/2014
Prof. Armando Sousa Prof. Teresa Duarte
Equipa 1M5_04:
Supervisor: Prof. Lucas Silva Monitor: João Ferreira
Autores:
Filipe Miguel Ferreira [email protected]
João Pedro Vendas Santos [email protected]
Rui Adriano Gomes Pinto [email protected]
Rui Miguel Pereira Mendes [email protected]
Novembro de 2013
A INDÚSTRIA AERONÁUTICA EM PORTUGAL Outubro de 2013
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto i
A INDÚSTRIA AERONÁUTICA EM PORTUGAL Outubro de 2013
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto ii
Resumo
No âmbito da unidade curricular “Projeto FEUP”, do 1º ano do curso de Mestrado
Integrado em Engenharia Mecânica, pretende-se apresentar neste trabalho a situação
atual da indústria aeronáutica em Portugal, com ênfase nas empresas que se destacam
neste setor.
A metodologia utilizada baseou-se no levantamento de informação relativa à indústria
aeronáutica em Portugal e no contacto via correio eletrónico com os principais atores da
indústria em análise. Procedeu-se ainda à recolha da opinião do professor Paulo Tavares
de Castro, membro da comissão científica do MIEM e do Programa Doutoral em
Engenharia Mecânica.
Os serviços prestados pela indústria aeronáutica portuguesa, os produtos
comercializados, o público-alvo da sua atividade, a cooperação com parceiros
internacionais, a conceção e/ou desenvolvimento de projetos, o volume de negócios das
empresas nacionais e a expressão do setor na economia nacional constituem o
enquadramento ao estudo efetuado.
O tecido industrial aeronáutico é dominado pelos Estados Unidos da América, Brasil
e por alguns países europeus, não tendo em Portugal expressão significativa na
economia nacional, facto este que advém, principalmente, do baixo desenvolvimento de
algumas regiões portuguesas, da reduzida dimensão do país e da falta de iniciativa do
próprio estado na criação de oportunidades e disponibilização de recurso. Contudo, tem-
se assistido, nos últimos anos, a uma evolução assinalável neste setor devido a um forte
investimento estrangeiro e a um programa de desenvolvimento industrial.
Palavras-Chave
Indústria Aeronáutica
Economia Nacional
Investimento Estrangeiro
Desenvolvimento Industrial
A INDÚSTRIA AERONÁUTICA EM PORTUGAL Outubro de 2013
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto iii
Agradecimentos
É com muita satisfação que expressamos aqui o mais profundo agradecimento a
todos aqueles que tornaram a realização deste projeto possível.
Ao Professor Lucas Silva, supervisor da turma 1M5 do “Projeto FEUP”, pelos
conhecimentos transmitidos, os quais se revelaram de crucial importância para a
conceção deste projecto.
Ao nosso monitor, João Ferreira, pela sua orientação, apoio e disponibilidade, total
colaboração no solucionar de dúvidas e problemas, pelas opiniões e críticas
fundamentais para melhorar o nosso trabalho.
Ao Professor Paulo Tavares de Castro, pela disponibilidade manifestada em nos
receber e conceder informações sobre o tema do trabalho, pelos seus valiosos
conhecimentos e esclarecimentos.
A entidades como a OGMA, IAPMEI e INE, as quais disponibilizaram informações
que possibilitaram a obtenção de dados atuais para a concretização deste projecto.
A INDÚSTRIA AERONÁUTICA EM PORTUGAL Outubro de 2013
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto iv
Conteúdos
Lista de tabelas……………………………………………………………………………….…..v
Lista de figuras…………………………………………………………………………………..vi
Lista de acrónimos……………………………………………………………………………..vii
1. Introdução……………………………………………………………………………………...1
2.OGMA…………………………………………………………………………………………...2
2.1 A empresa…………………………………………………………………………………2
2.2 Serviços Prestados………………………………………………………………………3
2.3 Destino de produção……………………………………………………………………..4
2.4 Volume de negócios………………………………………………………………...…...5
3. TAP Portugal……………………………………………………………………………..……6
3.1 A empresa………………………………………………………………………………...6
3.2 Serviços Prestados………………………………………………………………...…….7
3.3 Destino de produção……………………………………………………………………..7
3.4 Volume de negócios……………………………………………………………………..8
4. EMBRAER………………………………………………………………………………..……9
4.1 A empresa………………………………………………………………………………...9
4.2 Serviços Prestados……………………………………………………………………..10
4.3 Destino de produção……………………………………………………………….…..10
4.4 Volume de negócios…………………………………………………………………....11
5. Análise da indústria aeronáutica no contexto económico nacional ……………………12
6. Conclusão…………………………………………………………………………………….14
Referências ……………….…………………………………………………………………….15
Anexos…………………………………………………………………………………………...16
Anexo A………………………………………………………………………………………….16
Anexo B………………………………………………………………………………………….16
Anexo C………………………………………………………………………………………….17
Anexo D………………………………………………………………………………………….17
A INDÚSTRIA AERONÁUTICA EM PORTUGAL Outubro de 2013
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto v
Lista de tabelas
Tabela 1: Áreas de negócios da OGMA. [6] ..................................................................... 3
Tabela 2: Volume de negócios da TAP Portugal em milhões de Euros. [23] ..................... 8
Tabela 3: Exportações e importações. [37] ..................................................................... 13
A INDÚSTRIA AERONÁUTICA EM PORTUGAL Outubro de 2013
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto vi
Lista de figuras
Figura 1: Presença global da OGMA. [11] ......................................................................... 4
Figura 2: Desempenho financeiro da Ogma [14] ............................................................... 5
Figura 3: Estrutura accionista do Grupo TAP. [17] ............................................................ 6
Figura 4: Localização das unidades da EMBRAER. [31] ................................................. 10
Figura 5: Evolução anual da receita líquida -R$ Milhões. [33] ......................................... 11
Figura 6: Receita por Segmento. [34]…………………………………………………………12
Figura 7: Receita por Região. [35] .................................................................................. 12
Figura 8: Pessoal ao serviço das empresas por atividade económica. [38] ..................... 16
Figura 9: Volume de negócios das empresas por atividade económica. [39] .................. 16
Figura 10: Exportações de produtos industriais transformados, por grau de intensidade
tecnológica. [40] .............................................................................................................. 17
Figura 11: Importações de produtos industriais transformados, por grau de intensidade
tecnológica. [41] .............................................................................................................. 17
A INDÚSTRIA AERONÁUTICA EM PORTUGAL Outubro de 2013
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto vii
Lista de acrónimos e abreviaturas
AVIC
AWCS
CIS
EADS
EASA
EBIT
EMBRAER
EMPORDEF
EUA
FAA
GEE
HEAI
MRO
NATO
OEM
OGMA
PIB
PME
SGPS
TAP
VIP
Aviation Industry Corporation
Airborne Warning and Control System
Commonwealth of Independent States
European Aeronautic Defense and Space Company
European Aviation Safety Agency
Earnings Before Interest and Taxes
Empresa Brasileira Aeronáutica, SA
Empresa Portuguesa de Defesa, SGPS, S.A.
Estados Unidos da América
Federal Aviation Administration
Gabinete de Estratégia e Estudos
Harbin Embraer Aircraft Industry
Maintenance, repair, and overhaul
North Atlantic Treaty Organization
Original Equipment Manufacturer
Indústria Aeronáutica de Portugal
Produto Interno Bruto
Pequena e Média Empresa
Sociedade Gestora de Participações Sociais
Transportes Aéreos Portugueses
Very Important Person
A INDÚSTRIA AERONÁUTICA EM PORTUGAL Outubro de 2013
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto 1
1. Introdução
A integração de novos alunos na FEUP e a sua preparação para o trabalho
colaborativo, para a elaboração de relatórios e para a apresentação oral de projetos
estão na base da elaboração do presente relatório. Este aborda o tema A indústria
aeronáutica em Portugal, o qual foi proposto no sentido de cumprir com os objetivos
definidos para a unidade curricular “Projeto FEUP”.
A indústria aeronáutica é um setor muito exigente, tanto a nível tecnológico como a
nível de qualificação empresarial e pessoal. A necessidade de tecnologia avançada, de
infraestruturas adequadas, de colaboradores altamente qualificados e de um elevado
know-how, são requisitos fundamentais para alcançar sucesso e reconhecimento
internacional.
Pretende-se com este trabalho apresentar o estado da indústria aeronáutica em
Portugal e o seu contributo para o desenvolvimento social e económico do país. Assim,
através da identificação e caracterização das principais empresas do sector, da
especificação dos serviços por elas prestados, da identificação dos destinatários desses
serviços e da análise do desempenho financeiro das empresas em estudo, procuramos
demonstrar o seu nível de desenvolvimento. Far-se-á ainda a análise do impacto deste
setor industrial na economia nacional, procedendo-se com base nessa análise, a uma
breve referência aos aspetos passíveis de alteração na indústria aeronáutica em
Portugal.
A INDÚSTRIA AERONÁUTICA EM PORTUGAL Outubro de 2013
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto 2
2. OGMA
OGMA – Indústria Aeronáutica de Portugal S.A., sedeada em Alverca, é uma
empresa de capitais público-privados, líder no setor em Portugal.
2.1 A Empresa
A OGMA foi fundada no início do século XX (1918) passando, desde então, por
várias reestruturações sendo a privatização da quase totalidade do seu capital decisiva
para que se tornasse mais competitiva à escala mundial e para que se expandisse para
novos mercados. [1]
Originalmente, a OGMA prestava serviços de manutenção e fabricação no domínio
da defesa, em especial para a Força Aérea Portuguesa. Mais tarde, a empresa iniciou
atividades de manutenção e fabrico de aviação comercial, operando como centro de
assistência para alguns fabricantes. O essencial destas atividades encontrava-se
concentrado em Portugal. Depois de alguns anos com resultados aquém do esperado,
em 2005, a EMBRAER e EADS, através da empresa-comum Airholding, adquiriram 65%
das ações da OGMA, sendo os restantes 35% detidos pelo estado português (Empordef).
A privatização trouxe novo fôlego à OGMA, por outro lado, o facto de a empresa deixar
de ter controlo militar para passar a ser uma empresa com uma gestão dinâmica e que
fomenta a produtividade dos funcionários, através da distribuição de dividendos, contribui
igualmente para o seu sucesso. [2]
Nos últimos anos a OGMA tem realizado contratos de manutenção e fabrico de
componentes com empresas internacionais e tem estado envolvida em programas
importantes para o setor, como por exemplo, o Programa KC-390, projeto liderado pela
EMBRAER, que envolve o desenvolvimento de um novo avião avançado de transporte e
reabastecimento em voo. [3]
A OGMA é uma empresa qualificada no mercado da aviação civil e militar que
emprega mais de 1600 profissionais. Para além de se encontrar internacionalmente
certificada pelos organismos de supervisão de segurança aérea mais significativos, como
por exemplo a FAA e a EASA, está igualmente certificada como centro de serviços
autorizado da Lockheed Martin, da Europter, da Dassault Aviation, da EMBRAER, da
Rolls-Royce, entre outros fabricantes (OEM’s). [4]
A INDÚSTRIA AERONÁUTICA EM PORTUGAL Outubro de 2013
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto 3
2.2 Serviços prestados
A área de ação da OGMA abrange os serviços de manutenção, reparação, revisão
geral e upgrades de aeronaves, motores e componentes bem como de fabricação e
montagem de estruturas aeronáuticas complexas. [5]
A Tabela 1 mostra uma descrição das áreas de negócios da empresa.
Tabela 1: Áreas de negócios da OGMA. [6]
MRO Aeroestruturas
Aviação de defesa
Aviação comercial e executiva
Motores e componentes
Estruturas metálicas e em material
compósito
Fabrico de peças em material
compósito
Como prestador de serviços no campo da manutenção, reparação e revisão geral
(MRO), a OGMA dispõe de uma vasta experiencia em aviação de defesa e é
especializada em aeronaves militares da Lockheed Martin, da Airbus Military, da
Eurocopter, da Agusta Westland e da Embraer. [7]
Ainda como fornecedora de serviços de manutenção oferece soluções de serviço
completo de gestão de frota aos seus clientes como a EMBRAER, a Airbus e Dassault
Aviation. É ainda de salientar que os proprietários e operadores de aeronaves VIP,
Corporate Executive de todo o mundo, escolhem a OGMA para satisfazer os requisitos
de manutenção das suas aeronaves. [8]
Com uma longa experiência, a OGMA é atualmente uma empresa de MRO de
vanguarda na área de componentes, tendo conquistado um estatuto especial nos
principais setores de componentes hidráulicos e electromecânicos. Nesta área destaca-
se pela sua experiência em alguns componentes tais como motores Rolls-Royce, a
cabeça principal do rotor do Puma SA330, hélices, trens de aterragem travões, entre
outros. [9]
A OGMA é reconhecida, não só pela qualidade dos serviços prestados, mas também
pelo cumprimento dos requisitos de segurança, saúde e higiene nos diversos locais de
trabalho, assim como das normas ambientais. Neste sentido, a OGMA foi premiada, em
2008, com o Best European Independent Maintainance, Repair and Overhaul, pelos
compromissos da empresa “na prevenção ambiental e melhoria das condições de
trabalho”. [10]
A INDÚSTRIA AERONÁUTICA EM PORTUGAL Outubro de 2013
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto 4
2.3 Destino de produção
A OGMA possui um vasto leque de clientes nacionais e internacionais para os quais
presta serviços de MRO de aeronaves – comerciais, militares e executivas - e
aeroestruturas.
A Figura 1 mostra os principais clientes da OGMA a nível mundial.
Figura 1: Presença global da OGMA. [11]
Pode-se observar que sendo uma das maiores e melhores equipadas empresas da
Europa do setor, a OGMA tem capacidade para prestar os seus serviços em qualquer
parte do mundo.
Alguns do maiores clientes da empresa são: [12]
EMBRAER (Serviços de MRO e Aeroestruturas)
Airbus Military (Seviços MRO e Aeroestruturas)
Luxair (Serviços de MRO)
Lufthansa (Serviços de MRO)
Indian Border Security Force (Seviços MRO)
Pilatus (Aeroestruturas)
Agusta Westland ( Aeroestruturas)
Dassault Aviation (Aeroestruturas)
Lockneed Martin (Aeroestruturas)
A INDÚSTRIA AERONÁUTICA EM PORTUGAL Outubro de 2013
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto 5
2.4 Volume de negócios
Como já foi referido anteriormente, a OGMA tem vindo a registar um crescente
desenvolvimento desde 2005, altura em que o estado português vendeu 65% das acções
da empresa ao consórcio internacional Airholding, o que se reflete no seu desempenho
financeiro, o qual se pode verificar na Figura 2. [13]
Figura 2: Desempenho financeiro da OGMA [14]
Como se pode observar, o total de vendas da empresa aumentou progressivamente
de 2005 até 2009, registando-se uma queda em 2010. De assinalar que os anos de 2011
e 2012 foram aqueles em que se verificou um maior aumento no total de vendas.
Fazendo uma análise comparativa entre o EBIT e o total de vendas, conclui-se que o
mesmo acompanhou as vendas desde 2007 até 2009. Em 2010, apesar de se ter
verificado uma quebra no total de vendas em relação ao ano anterior, os lucros foram
superiores e em 2012, ano do maior pico de vendas registado desde 2005, o EBIT
diminuiu para valores inferiores aos de 2010. Note-se que 2010 foi um ano de grandes
investimentos a nível de infra-estruturas e equipamentos. [15]
Através da análise do gráfico podemos ainda verificar que os lucros da OGMA advêm
principalmente dos serviços prestados a nível de MRO.
A INDÚSTRIA AERONÁUTICA EM PORTUGAL Outubro de 2013
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto 6
3. TAP Portugal
A TAP Portugal iniciou a sua atividade em 1941 e transformou-se numa das
principais empresas do setor aeronáutica nacional. É membro da Star Alliance (principal
rede mundial de companhias aéreas) desde 14 de março de 2005 e recebeu várias
distinções, das quais se destacam: “Companhia Aérea Líder Mundial para a América do
Sul” (2009, 2010, 2011 e 2012); “Melhor Companhia Aérea” (2010);“Companhia Aérea
Líder Mundial para África” (2011 e 2012); “Melhor Companhia Aérea da Europa” (2011 e
2012) e “Melhor Companhia de Aviação” (2012). [16]
3.1 A Empresa
A TAP Portugal tem como principal atividade o transporte aéreo de passageiros e
mercadorias. No entanto, o grupo de empresas que a constitui, como se vê na Figura 3,
oferece um vasto número de serviços.
Figura 3: Estrutura accionista do Grupo TAP. [17]
Deste grupo destaca-se a TAP Manutenção e Engenharia. Esta possui a sua base
principal em Lisboa e emprega cerca de 4000 técnicos adequadamente treinados e
qualificados para prestar serviços de manutenção e engenharia em aviões, reatores e
componentes, com uma qualidade internacionalmente reconhecida, num mercado
extremamente exigente onde a segurança é um factor primordial.
A TAP M&E está devidamente certificada por várias autoridades aeronáuticas como a
FAA e a EASA. [18]
A INDÚSTRIA AERONÁUTICA EM PORTUGAL Outubro de 2013
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto 7
3.2 Serviços prestados
A TAP Manutenção e Engenharia é responsável pela manutenção da frota da
empresa, que conta neste momento com mais de 50 aviões, bem como pela manutenção
de aparelhos aeronáuticos de outras companhias. Alguns dos serviços que presta a
clientes externos estão relacionados com a manutenção de fuselagem das aeronaves, a
reparação/ revisão geral de motores, a reparação/ revisão geral de componentes e
sistemas, a calibração de equipamentos, ensaios não destrutivos, modificações nas
aeronaves, a definição e o controlo do plano de manutenção e o controlo de fiabilidade e
de componentes. [19]
A qualidade dos serviços da TAP Manutenção e Engenharia têm sido
internacionalmente reconhecida por clientes e fabricantes ao longo dos anos. Em 2005
foi convidada pela Airbus a integrar a primeira Rede de Organizações de Manutenção
(Airbus MRO Network) e dois anos mais tarde, esta secção da TAP Portugal recebeu um
diploma de reconhecimento como “Melhor Empresa de Manutenção de Base para
Reactores e Aviões do Programa NATO AWACS”. À semelhança dos anos precedentes,
a TAP Manutenção e Engenharia recebeu em 2012 o troféu Ordem dos Engenheiros – 75
anos e ganhou o prémio Silver de publicidade na categoria Airline Contract Maintenance,
da prestigiada revista Air Transport World.
Para além de garantir um nível superior de qualidade na prestação de serviços, a
TAP Portugal contribui igualmente para a manutenção de requisitos exigidos pela
indústria do setor, para salvaguardar as condições de segurança de pessoas e bens e
para a proteção do ambiente. [20]
3.3 Destino da produção
Os serviços prestados pela TAP Manutenção e Engenharia incidem tanto sobre a
frota da empresa como sobre clientes terceiros, neste último grupo incluímos empresas
como a Lufthansa, a S7 Airlines, a Europe Airpost; a Ural Airlines, a Airbus, a Boeing, a
Finnair, entre outras. [21]
A INDÚSTRIA AERONÁUTICA EM PORTUGAL Outubro de 2013
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto 8
3.4 Volume de negócios
Quanto ao volume de negócios, no final de 2012 a TAP Portuga registou um
resultado líquido no valor de -30,8 milhões de euros, melhorando 46 milhões face aos
resultados do ano anterior. Ao nível operacional, antes de gastos de financiamento e
impostos, a Empresa registou 34,4 milhões, refletindo uma melhoria de 52,5 milhões face
ao ano de 2011. De assinalar que a TAP tinha, no final de 2012, uma dimensão acima do
dobro da verificada em 2000, já que a sua oferta cresceu, neste período, cerca de 160%.
[22]
Segundo o relatório da TAP de 2012, “apesar da grave crise económica que atinge
uma série de países (…) o balanço relativo a 2012 mostra-se bastante positivo,
começando, agora, a denotar-se alguns sinais de recuperação da atividade de
manutenção.”
A Tabela 2 mostra o valor do volume de negócios da empresa nos vários setores.
Tabela 2: Volume de negócios da TAP Portugal em milhões de Euros. [23]
Verifica-se através da observação dos dados da tabela que a divisão de manutenção
e engenharia é uma das áreas de exploração mais rentáveis, tendo-se registado um
aumento nas vendas em relação ao ano de 2011 e que o trabalho prestado, em Portugal,
para o segmento de clientes terceiros, registou um aumento nas vendas de cerca de
25%.
2012 2011 Variação (%)
Transporte Aéreo 2 255,9 2 124,5 6,2
Manutenção:Assistência
a terceiros - Portugal
114,5 91,4 25,2
Manutenção:Assistência
a terceiros - Brasil
70,8 63,4 11,6
Lojas Francas 154,4 143,8 8,2
Catering 6,0 5,6 6,8
Outras actividades da
TAP, SGPS, SA
19,1 13,8 38,5
Total 2 620,7 2 441,5 7,3
A INDÚSTRIA AERONÁUTICA EM PORTUGAL Outubro de 2013
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto 9
4. EMBRAER
A EMBRAER é uma empresa estatal de capital misto com sede na cidade de São
José dos Campos, em São Paulo, no Brasil. É considerada a terceira maior empresa a
nível mundial de construção aeronáutica.
4.1 A Empresa
A EMBRAER iniciou a sua atividade em 1969 e transformou-se numa das maiores
empresas a nível mundial da indústria aeronáutica. Possui cinco unidades industriais com
atividades de engenharia, desenvolvimento e fabricação no Brasil e linhas de montagem
em vários locais do planeta. [24]
Com participação maioritária numa associação com a EADS, a Embraer controla
65% do capital da OGMA e possui também 51% do capital da HEAI, uma fábrica em
Harbin, China, em associação com a empresa estatal chinesa AVIC. [25]
A EMBRAER escolheu Évora para a construção de 2 fábricas: a EMBRAER
Metálicas, para produção de estruturas metálicas, e a EMBRAER Compósitos,
especializada em materiais compósitos. A escolha desta região alentejana deveu-se à
grande quantidade de trabalhadores qualificados existente no nosso país e ao incentivo
do governo português ao desenvolvimento tecnológico. Estas fábricas constituem um
importante papel para o investimento produtivo em Portugal e contribuem para a
formação e consolidação de um cluster aeronáutico em Portugal, potenciador de
excelência industrial, de desenvolvimento tecnológico e inovação e de qualificação de
empresas, especialmente PME. [26]
Quanto ao número de empregados efetivos em Portugal, este foi de 1486 em 2011,
estando previsto que a este número se acrescente cerca de 2200 na unidade portuguesa.
[27]
Como empresa reconhecida mundialmente, a EMBRAER foi, em 2013, classificada
como uma das 100 melhores empresas para trabalhar no Brasil, alcançou o 8º lugar nas
“Melhores Empresas para Trabalhar na América Latina” e foi eleita a “Melhor empresa
para se começar a carreira”. [28]
Acresce referir que, para além de promover a segurança e a saúde no trabalho, a
Embraer orienta as suas ações de modo a gerar um crescimento tecnológico e
económico sustentáveis, utilizando com esse objetivo o programa de desempenho
ambiental gri pr3, que adota uma abordagem em que existe uma preocupação com os
A INDÚSTRIA AERONÁUTICA EM PORTUGAL Outubro de 2013
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto 10
impactos ambientais na totalidade do ciclo de vida dos produtos e não apenas com os
impactos existentes na produção dos produtos. [29]
4.2 Serviços prestados
A EMBRAER, uma das maiores companhias exportadoras brasileiras, conta com três
unidades de negócio: aviação comercial, aviação executiva e defesa e segurança. Para
além de atuar, projetar, desenvolver, fabricar e comercializar aeronaves e sistemas,
fornece também suporte e serviços de pós-venda.
Atualmente é líder no fabrico de jatos comerciais até 120 lugares, com receita
crescente proveniente, também, dos negócios de aviação executiva e de defesa e
segurança. [30]
4.3 Destino da produção
A EMBRAER tem unidades no Brasil, na China, em Portugal, em França, em
Singapura e nos EUA, como se pode verificar através da Figura 4.
Figura 4: Localização das unidades da EMBRAER. [31]
A INDÚSTRIA AERONÁUTICA EM PORTUGAL Outubro de 2013
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto 11
Para além da sua influência nas zonas acima referidas, a EMBRAER ainda exporta
os seus produtos para o resto do mundo, atuando em 95 países, nos cinco continentes.
[32]
A EMBRAER tem como principais clientes a South African Airlink, a US Airways, a
Air Caraibes, a America Air, a Hong Kong Airways, a Air France, entre outros.
4.4 Volume de negócios
Sendo uma das maiores e mais globais produtora de componentes para aeronáutica
e de aviões integrais e prestadora de serviços de manutenção, a EMBRAER possui um
largo volume de negócios, como se pode ver na Figura 5.
Figura 5: Evolução anual da receita líquida -R$ Milhões. [33]
Ao longo de treze anos verificou-se uma evolução irregular nas receitas da empresa.
É de salientar que só a partir de 2007, com exceção dos anos de 2010 e 2011 o valor da
receita líquida aumentou em relação aos anos anteriores, atingindo o seu pico no ano de
2012.
A receita líquida do ano 2012 foi de R$ 12 201,7 milhões, valor 24% superior aos R$9
858,1 milhões registados em 2011.
A INDÚSTRIA AERONÁUTICA EM PORTUGAL Outubro de 2013
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto 12
Nas Figuras 6 e 7 pode-se observar a receita por segmento de negócio e por região.
Figura 6: Receita por Segmento. [34]
Figura 7: Receita por Região. [35]
Como se verifica, o segmento com maior receita líquida é o de aviação comercial e a
região onde os lucros da empresa atingem um volume de negócios maior é a Europa,
continente de que faz parte Portugal.
5. Análise da indústria aeronáutica no contexto
económico nacional
Com base nos dados de 2011 disponíveis pelo GEE observa-se que o número de
pessoas que estavam ao serviço das empresas portuguesas que se dedicavam ao
“fabrico de aeronaves, veículos espaciais e equipamento relacionado” e à “reparação e
manutenção de aeronaves e de veículos espaciais” era de 2017 (Anexo A), ou seja 0,06
% do total de trabalhadores. O volume de negócios era de 169 989 000 € (Anexo B), o
que representa 0,05 % do total da economia. Se tivermos em conta o número de pessoal
ao serviço (3 735 340) e o volume de negócios total do país (347 280 462 000 €)
constata-se que o contributo da indústria aeronáutica para a economia nacional era
diminuto.
A INDÚSTRIA AERONÁUTICA EM PORTUGAL Outubro de 2013
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto 13
Em 2012, e com base nos dados recolhidos na pesquisa efetuada, o número de
trabalhadores do setor aumentou significativamente, o que indicia um ponto de viragem
para a economia do país.
Ainda segundo os dados disponibilizados pelo GEE em 2013, observa-se que o valor
total das exportações no ano de 2012 foi de 42 771 201 000 €, sendo que 143 509 000 €,
0,3% do valor total das exportações, são referentes à indústria aeronáutica e
aeroespacial. (Anexo C)
Relativamente às importações, constata-se que 0,8% (338 093 000 €) do valor total
corresponde à indústria em estudo, uma vez que o valor total das importações nacionais
foi de 42 738 164 000 €. (Anexo D)
Tendo em conta os dados acima referidos, conclui-se que em 2012, a indústria
aeronáutica portuguesa teve um peso muito reduzido na economia nacional. De facto,
150 milhões de euros (valor total das exportações) é muito pouco do ponto de vista
macroeconómico, visto que o PIB foi cerca de 165 mil milhões de euros em 2012.
Contudo, do ponto de vista microeconómico já é considerado um valor significativo.
Ao comparar o número das exportações na indústria aeronáutica e aeroespacial de
janeiro a julho de 2012 com o período homólogo em 2013 (cf. Tabela 3), verifica-se um
crescimento das exportações de cerca de 11%. Por seu lado, as importações no mesmo
período cresceram 88%. Assim sendo, a indústria aeronáutica é um peso negativo sobre
o PIB, isto enquanto se mantiver a relação entre muito negativa e crescente das
exportações face ás importações.
Tabela 3: Exportações e importações. [37]
Valores em 1000€
Exportações Importações
Jan. – Jun. 2012
Jan. – Jun. 2013
Jan. – Jun. 2012
Jan. – Jun. 2013
Total das exportações/importações
na indústria 25 704 620 26 516 436 25 131 989 25 180 734
Total das exportações/importações na indústria aeronáutica
92 699 103 310 135 615 255 491
A INDÚSTRIA AERONÁUTICA EM PORTUGAL Outubro de 2013
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto 14
A indústria aeronáutica represente uma percentagem residual no total das
exportações /importações do país. Os bens exportados deste setor não chegam a 0,5%
do total da indústria e as importações aproximam-se dos 1%.
Assim sendo, variações negativas da balança comercial (exportações da indústria
aeronáutica – importações da industria aeronáutica), têm um peso negativo sobre o PIB,
apesar de não ser um impacto (no período em análise) muito significativo.
Em conclusão, o atual impacto residual negativo poderá ser invertido, se aumentar o
número de empresas nacionais no setor da aeronáutica e se o volume das exportações
se inverter ao ponto de mais do que duplicar face às importações de bens do setor.
6. Conclusão
A indústria aeronáutica portuguesa tem assistido a um progressivo desenvolvimento
cujos atores principais são empresas como a OGMA, a TAP Portugal e a EMBRAER, que
possuem um denominador comum – conceção e manutenção de aeronaves e
aeroestruturas, apostando no incremento tecnológico, social e económico.
Nos últimos anos tem-se assistido a um crescimento do setor, como se pode
verificar através do volume de negócios apresentado pelas empresas estudadas. Esse
crescimento deve-se principalmente a um grande investimento de infraestruturas,
equipamento e formação, à existência de mão de obra qualificada, ao desenvolvimento
tecnológico, ao forte investimento estrangeiro (caso da EMBRAER) e a um programa de
desenvolvimento industrial. No entanto, esse crescimento ainda não se reflete de forma
significativa na economia nacional. Pode-se mesmo dizer que o seu peso na economia é
residual.
A indústria aeronáutica é um setor de elevado interesse estratégico, sendo portanto,
de interesse nacional o seu desenvolvimento, não só por estar associada a uma cultura
industrial inovadora e competitiva, mas por começar a haver em termos de tecido
empresarial português, um conjunto de empresas, das quais destacamos a OGMA,
favoráveis à criação de um cluster nacional do setor.
A INDÚSTRIA AERONÁUTICA EM PORTUGAL Outubro de 2013
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto 15
Referências
[1] Portugal global, fevereiro/março 2010
[2]http://economico.sapo.pt/edicion/diarioeconomico/edicion_impresa/empresas/pt/desarrollo
/752825.html
[3] http://movv.org/2011/12/20/a-embraer-e-as-ogma-assinam-um-contrato-de-parceria-
para-a-fabricacao-do-kc-390/
[4] http://www.ogma.pt/certifications_pt.html
[5], [6], [7], [8], [9], [11], [12], [13], [14], [15] http://www.ogma.pt/pdf/pres_pt.pdf, jun 2013
[10] http://www.publico.pt/economia/noticia/governo-assina-contratos-de-manutenção-e-
contrapartidas-dos-eh101-da-forca-aerea-1337348
[16] http://www.tapportugal.com/Info/pt/sobre-tap/companhia/valores-missao
[17], [22], [23] TAP Portugal, Relatório Anual-2012
[18], [20] http://www.tapportugal.com/Info/pt/sobre-tap/grupo-tap/tap-manutencao-
engenharia
[19] O sector aeronáutico em Portugal.Relatório Territorial-Portugal, 2005.EADS-
Estratégias Territoriais no Sudeste Europeu)
[21] Jornal TAP, março 2013
[24], [27], [31], [33] http://www.embraer.com.br/pt-
BR/ConhecaEmbraer/EmbraerNumeros/Paginas/Home.aspx
[25] http://www1.embraer.com.br/hotsites/rao_2010/port/ra/05.htm
[26] http://www.portugalglobal.pt/PT/InvestirPortugal/CasosSucesso/Paginas/Embraer.aspx
[28] http://www.embraer.com.br/pt-BR/Pessoas/Paginas/default.aspx
[29] http://www.embraer.com.br/RelatorioAnual2011/port/ra/33.htm
[30], [34], [35] EMBRAER, Relatório anual 2012
[32] http://www.investe.sp.gov.br/setores/aeronautica
[36], [37], [38], [39], [40], [41] http://www.gee.min-economia.pt/
A INDÚSTRIA AERONÁUTICA EM PORTUGAL Outubro de 2013
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto 16
Anexos
Anexo A
Figura 8: Pessoal ao serviço das empresas por atividade económica. [38]
Anexo B
Figura 9: Volume de negócios das empresas por atividade económica. [39]
A INDÚSTRIA AERONÁUTICA EM PORTUGAL Outubro de 2013
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto 17
Anexo C
Figura 10: Exportações de produtos industriais transformados, por grau de intensidade
tecnológica. [40]
Anexo D
Figura 11: Importações de produtos industriais transformados, por grau de intensidade
tecnológica. [41]