JOO ue S PROAP / HARGREAVES ASSOCIATES
Edio realizada com o patrocn i o da
EI rt\D\C.\O
BI\COCOIIEHCI.II.I'OI{Tl (a ES
Uma homenagem ao Tejo ROLANDO BORGES MARTINS
Uma das cal'actersticas fundamentais do plano urbano pensado para toda a zona nascida da ExpO'98 foi o papel atribudo ao
espao no edificado . D e uma fOl'ma coerente e arroj ada, foi atribuda importncia decisiva ao tratamento do espao pblic o ,
considerado em p de igualdade com algumas das mais impressivas criaes arquitectnicas q u e alguma vez o pas tivera ocasio
de acolher,
Essa opo resultou de m o t ivaes prticas e de princpio . Por um lado , resultando a nova rea urbana de um grande evento
destinado a gl'andes massas de pblico , foi tida em conta a necessidade de uma nova ateno aos visitantes tanto nos perodos
em que eles percorriam contedos exposit ivos no interior de edifcios como em t odos os locais onde eles permaneciam apenas
para descansar ou contemplar a paisagem ou simplesmente nos percursos que eles faziam no acesso aos ncleos com maior
poder de atraco, POI' Outl'O , tal aposta no espao exterior resultou do p rprio modelo urbano adoptado para u ma rea de
330 hectares , desenhada no s para uma utilizao efmera de quatro meses e meio mas antes tendo em conta a aposta num
funcionamento de cidade e m que a importncia dos espaos exteriores fosse um bem sentido e vivido por todos quantos
usufruissem da habitao, dos escrit rios , do com rcio e dos equipamentos culturais e ldicos construdos,
Essa o rientao veio a dete rm inar que da rea total u rban izada, cerca de um tero viesse a ser ocupada p o r zonas verdes, numa
proporo invulgal' em opel'aes deste tipo, Ela expl'ime, todavia, o papel atribudo natureza e m territrio u rbano e completa
o novo relacionamento com o rio Tejo permitido por toda a reabilitao ambiental desta pal'cela da zona ol'iental de Lisboa,
Pea absolutamente esse ncial destes espaos verdes o Parque do Tej o, situado na metade norte do Parque das Naes e que
assum e um carcter simblico em toda a operao de reabilitao u rbana j que ele nasce n u ma rea antes o cupada pOI' uma
lixeira, t errenos baldios e por velhas instalaes de sucata e ferro -velho,
Com a sua capacidade de recepo de resduos praticamente esgotada, o AtelTo Sanitrio de Be iro las constitua u m verdadeiro
p roblema amb iental , o qual foi decididamente enfrentado pela Parque Expo ' 9 8 SA com a dinamizao do processo de cons
t ruo da inc ineradora da Valorsul , a par da selagem do vel h o depsito de l ixos situado na margem do rio,
Com essa medida foi p ossvel lanar um concurso para a concepo de um parque envolvendo o espao do ate rro e uma vasta
rea anexa, D esenvolvido em vrias fases, o Parque do Tejo rep resenta h oj e para a rea Metropolitana de Lisboa u m exemplo
de estrutura vel'de de n ova gerao - um espao natural , de amplo contacto com a natureza, mas possuindo equ ipamentos
capazes de at rair a sua maior o cupao e visita, em reforo da segurana, D este modo se presta talnb m uma verdadeira h o me
nagem ao rio Tejo onde a sua margem tocada pelo Tranco e de o nde ela avista , ao longe , a lezria ribatejana,
_6_
A questo da autoria "Creio que relat ivamente a espaos pblicos e parques deste gnero no faz mui to sentido invocar uma autoria, Esta situao
pouco comum porque este projecto nasce de um concurso l ilnitado , por convites, que ganho pela empl'esa norte-ameri-
cana Hargreaves Associates, em parceria connosco ePROAP), Esse concurso para o master plan do Parclue que, e de acordo
com os prprios termos do concurso , pretende dar u ma imagem que corresponda a um determinado programa que estava na
cabea dos promot ores, Nessa fase, clue termina em [994, h um claro protagonismo dos parceiros americanos, E termina com
um documento que no tem nada a ver com um plano de pOl'lnenor, apenas um conjunto de imagens , s imulaes mais ou
menos fantasiosas da imagem do Parque, clue pretendeln vincular uma topografia modelada, um sistema de percursos e uma
estratgia de desenvolvimento e implementao do Parque, estratgia essa relacionada precisamente com a libertao sucessiva
das reas e com os faseamentos de construo,"
_9_
"Segue-se uma fase de alguma indefinio, em que no se sabe se haver inteno de desenvolver de facto o Parque ou de ques-
t ionar o master plan, q uando, subitamente, j nos finais de 1995, surge a indicao de que haveria vontade por parte da Admi-
nistrao de nos entregar o desenvolvimento do projecto da primeira fase do Parque. Portanto, o master plan definia fases, A primeira fase do Parque
essas fases t inham sido mais ou menos q uestionadas nos seus limites, e aquilo q ue a Administrao da Parque ExpO'98 nos
p retende entregar um contrato que se l imita ao desenvolvimento da primei " a fase do Parque, ou seja, a zona entre a Torre
Vasco da Gama e a antiga zona do estaleiro sul da Ponte Vasco da Gama . Essa pr imeira fase foi desenvolvida pela PROAP , com
a assessoria da Ha rgreaves Associates , que prestou um acompanhamento ao nvel concept ual."
"Ent retanto, a Parque Expo'g8 t inha encomendado H i dl'otcnica um estudo para a reteno da marginal , como obra marA complexidade do contrato
t ima. Esta empresa tinha nos seus quadros um departamento de arqui tec t ura paisagista e desenvolve esse estu do e projecto de
execuo inclu indo propostas para a zona do Parque . H pela parte da Parque ExpO'98 a imposi o da H idrotcnica no
p rocesso e h , pela nossa parte, a imposio da pl'esena da H argreaves Associates . E ento elaborado um contrato que assi-
nado por um consrcio entre firmas (a PROAP e a H id rotcnica) , a H argreaves Associates aparece como consul tora da PROAP
e o autor formal seria eu. Portanto esta a figura complexa eln que a autoria do projecto aparece ."
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"Inicialmente houve a proposta de que se fizesse um estudo prvio global para O Parque, para todos os 90 hectares, porque entre-
tanto t inham surgido mui tos novos constrangimentos , as coisas estavam a avanar muito n'pidamente e as circunstncias eram
completamente diferentes daquelas q ue t inham orientado os pressupostos do master plano Depois desse estudo prvio global
iriam desenvolver-se projectos de execuo para as d i ferentes fases . N o foi esse o entendimento da Parque ExpO'98 e, portanto, Depender das outras obras
fomos trabalhando as reas que iam sendo l ibertadas pelas obras , a primeira dos qua is foi a Zona Tejo Sul e a Praa Sul. que
prat icamente a porta de entrada Sul no Parq ue, cJue confina com a Torre Vasco da Gama. Depois surgiu o Passeio do Tranco
e uma interveno efmera junto rotunda dos espelhos que fechava a lt ima rea construda cio Pal'que das N aes . "
_1_1 -
" :
Os factores externos e a vontade dos autores "Desde os primei ros momentos em que o Parque comeou a ser sonhado, aquilo que ns percebemos que contriburam para
a realizao daquilo clue neste momento existe uma quantidade enorme de factores externos vontade dos autores. H factores
que so to fortui tos e to pouco intencionais que, de facto, estar a defender que um projecto com estas ca ractersticas corres-
ponde imposio de uma vontade pessoal , quase que nos faz r ir."
l2
"Quando ns firmmos contrato para desenvolver o projecto deparITlO-nos com uma dificuldade extraordinria que foi , por
um lado , constatarmos que o master plan t inha sido, de facto, extremamente fantasioso em !'elao s !'eal idades fsicas do stio
- e em relao a todos os condicionamentos do stio - e que , por outro lado , a Adlninistrao t inha assumido, como ilnageln
pblica para aquele st io , uma quantidade de intenes que estavam claramente exp!'essas nessas ta is imagens que acompanhavam
o master plan e que as queria ve!' concretizadas. Essa t er sido, ta lvez, a p!' imeira gigantesca dificuldade do desenvolvimento do
projecto. Felizm ente, a linguagem do mast er plan t inha sido ap resentada de uma forma sufic ientemente vaga , para const i tui!'
mais um vocabulrio , um conjunto de palavras que deviam se!' usadas, do que uma linguagem definida , o que nos permi t ia
responder aos desafios que surgiam em cada dia e que !'esultavaln, pura e s implesmente , de u m conhecimen to mais aprofunA coragem do mas ter plan
dado do st io . No pretendo que se minimize a coragem do master p lan , enquanto p!'omoto!' de uma ideia ou de u m espri to
pa!'a o local . Acho que o cannho teve este bom !'esultado precisamente pelo facto do ITlaster plan ser extrelnalnente sonhador,
s const i tuiu uma desvantagem para quem teve depois de desenvolve!' o p rojecto mas, em relao linha a seguir , foi uma
vantagem pelo que evitou de diluio de intenes ."
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Um desafio irrecusvel "O que t o rnava este projecto ext remamente sedutor era a escala do p rprio t rabalh o . No s a escala em termos da d imenso
do Parque propriamente d i to como a escala do territrio q ue todo aquele trabalho iria influenciar, ou seja , todo um largo
universo de leitura que o p rojecto poderia transfonnar . Por outro lado, era estar a intervir numa paisagem que ia ter uma
mutao gl obal enorme. I ramos passar a ter uma lei tura medida do Mal' da Palha , enquanto at a tnhamos uma lei tura no
mensurvel. era uma distncia com uma percepo difcil de referir . E depois , com a Ponte Vasco da Gama , comeamos a ter
pilares, referncias mtricas e perspcticas. A p ossibilidade de intel'v ir numa paisagem (lue claramente se iria modi ficar tanto
e de estabelecer um conj unto de relaes com t o da essa transfo rmao era um aliciante extraordinr i o , um desafio que q ual-
quer pessoa que se interesse por paisagem no quereria perder, mesmo com t o dos os sacrifcios q ue implicava em termos de
p " azos e de exigncias con t ra tuais . "
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"Havia tambm a clara consc incia que t oda a Z,I . da ExpO ' 9 8 seria um territ" io de experimentao extrao rdinrio e a possi-
bil idade de aprender muitssim o , de pr em p"tica uma srie de situaes e ensinamentos de experincias semelhantes , em
termos de escala - e esto u a referir- me ao que tinha acontecido em Barcelona e na Expo de Sevi lha , que tinha seguido bastante
de perto po rque estudei em Ba " celona nessa a l tura e os temas eram j ustamente os erros e os sucessos dessas real izaes, em
complexidade de construo e de gesto , Tambm porque foi algo que , apesar de se nadar numa onda de algum pessimismo e
m vontade colectiv a , para u m g" ande grupo de pessoas a ExpO'98 era um projecto global em que se sentia que as autorias no Um projecto colectivo nacional
tinham uma importncia to grande como o alcanar de u m dete " minado objectivo colectivo, de uma determinada realizao,
e isso em Portugal m uito difcil . Creio que desde os Descobrimentos que no havia um projecto colectivo nacional e sentia-
- mo-nos levados por um esprito desse tipo, "
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Devolver o rio cidade "O pI'oj ecto el'a tambm mui to apelativo pelo Facto de ser uma traduo prt ica de algo de que, em Lisboa, j se falava h anos,
aquele chavo do 'devolver o r io c idade', Depois era um Parque com uma dimenso que excedia qualquer coisa que j alguma
vez se tenha Feito em Portugal - mesmo na Europa uma interveno muito signiFicativa, Apesar de , em tel'mos promocio-
nais , o Parque do Tejo nunca tel' s ido explOl'ado e ele haver a noo de que esta era uma obra para muitos anos e para uma rea
que j estava fora do recinto da Exposio, o projecto, felizmente , nunca foi abandonado,"
"A ideia de fazer o Parque por fases foi tomada logo no incio do proj ecto e ainda bem que no se tentou fazer mais a t empo
da Expo porclue seria fei to, concerteza, de forma a tabalhoada e numa alt ura em que os prprios empreite iros estavam j sobre-
carregados com uma sr i e de outras realizaes clu e , essas s im, t inham de estar prontas naquela dat a . Mesmo assim , para
cumprir o compromisso de terminar os primeiros 24 hectares, na zona imediatamente frent e da Vila Expo, acabmos pOI'
pagar uma fact ura bastante pesada , nomeadamente em relao a problemas de drenagem . Construir o Parque por fases
Neste momento a Primeira Fase encontra-se construda e consolidada. Em final izao de construo est a Segunda Fase,
correspondendo a toda a zona por baixo da Ponte Vasco da Gama, que vai desde o fim da Primeira Fase at Estao de Trata-
mento de guas Residuais e do AteITo . Essa fase encontrou um ritmo de construo e uma disciplina muito mais apurados ,
mesmo em t ermos do prprio desenho e da pormenorizao construt iva , houve alguma libertao de que resulta uma cons-
c incia maior dos volumes e da vibrao de sombras , que muito mais I'ica nessa zona do que na primeil'a, a complexidade da
topografia encontra tambm uma conscinc ia mais clara e ao mesmo tempo uma tranqu ilidade maior . Percebe-se que as coisas
so desenhadas com mais mat uridade do que na primeira fase . Obviamente , vive tambm da experimentao encontrada, quer
em termos de desenho quer em termos de construo. "
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" uma fase [Zona C entral] que eu considerava muito, muito difcil, quando se tinham desenvolvido as fases anteriores de ante-projecto e de estudo prvio. Foram fases muito deba t idas com o cl iente , em muitas situaes . Fizemos trs estudos prvios para
As relaes com a Ponte Vasco da Gama essa zona, cada um deles teve inmeras altera es, foi uma fase muito, muito complexa . Pu; relaes com a Ponte Vasco da Gama
eram complicadas, em tel'lnos de sOlnbras, em termos de presena dos pilares, em termos de presena da prpria ponte , do
tabule iro , do rudo . Por outro lado , a relao topogrfica com a prpria via perifrica do Parc[ue era tambm complexa porque
o Parque t eria de constituir a sada de drenagem superficial dessa via e o seu ponto mais baixo era precisamente a . Havia ainda
todo um dilogo com a Cmara Municipal de Lisboa pelos tratamentos relacionados com a p eriferia e eventual atravessamento
da zona da Estao de Tratamento de guas Residuais e um prot ocolo que acabou por no se verif icar da melhor forma . . . "
Mudanas de rumo "Tudo isso criava ambientes sempre diferentes, s i tuaes sempre novas, exigncias de rpida mudana de rum o , de rpida
resposta do desenho a essas novas s i tuaes . Para essa zona, sempre alm dos desenvolvimentos em master plan , que eram nessa
zona completamente fora da realidade , j numa fase de desenvolvimento projectual as t entativas, os dilogos, as crticas foram
muitas, e as respostas a esses dilogos foraln sempre m.uito produtivas, en, c[ue se avanava mais um bocadinho, em que se conse-
guia responder a qualquer coisa que at a no existia."
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"Com a estrutura ([ue neste momento existe esto duas fases pl'ontas , est em proj e cto de execuo uma terceira fase que
cOlTesponde fac e Sul e nascente do Ateno, que j fica para l da Ponte , e fica uma ltima fase em espera , que corresponde
concretizao das zonas onde inci de uma maior percentagem de reas a concessionar , sobretudo a rea de estacionalnento da O projecto do Centro Desportivo
zona Norte e o rebordo Norte e Poente da elevao do Aterro, nessas zonas ainda em projecto que nascero o Centro
D esportivo, que fica no contraforte poente do Aterro, e uma pista de atletismo e campo de futebol. Portanto, onde se concen-
tral'o todos os programas desportivos forma is na rea do Parc[ue, Isso constitui o assunto base d esta fase e, por razes de
discusso mais afinada e mais apurada deste programa - e nomeadamente de todo um d ilogo estabelecido com a Federao
Portuguesa de Atletismo, na tentativa de definio de critrios p,'ogramticos -, ficou suspenso em estudo prvio , enquanto
toda a outra fase correspondente encosta Norte , encosta Sul e Nascente do Aterro desenvolvemos um projecto de execuo
que se encontl'a praticamente final izado,"
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"
"A zona cen tral do Parq u e , q u e correspondia ao a ntigo estal eiro da Pon t e Vasco da Gama , teve algumas d i fi cu ldades de
construo decorr e ntes da n e cess idade que as p essoas sent iam de con t i n uaI' para Norte, onde j exist e m passad ios, ao Conciliar pblico e obras
longo do rio Tejo, e as pessoas i a m a correr, a passear ou de bicicleta e e n contravam a l i a obra, ([u e el'a uma barreira,
com movimento de mquinas pesadas, E houve se mpre essa d i ficuldade porque as pessoas ins i stiam em atravessar . Ou seja,
a inda an te s de estar concluda, aq uela zona j t in h a uma procura e nonne . "
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"Excluindo a rea que est j neste lnomento construda , as diferenas que se podem ver e ntre as fases que se encontravam n o Manter os mesmos elementos
ante-projecto e as fases e/ue se enco ntraln agora no novo projecto rev isto para a zona Nort e , bastante evidente a tentat iva de
manter a presena dos mesmos elementos mas , naturalme n te, h i ntenes que vo variando de acordo com o prprio desen-
volvimen t o do trabalho , da prpria clarificao das i ntenes para toda esta zo na, que se enco ntravam ainda bastante difusas .
At que , a certa al t ura , surge a clara noo de que o Pare/ue deveria conter um plo de rentabil idade, que deveria gerar rece i tas ,
e es ta ltima alterao ao proj ecto na zona None, i nclui ndo um centro 'ldico' comercial , surge n esse sent ido . "
"Esta zona surge tambm como u m contraponto a o Pare/ue das Naes, no extremo n orte d o Parque d o Tejo , era o st io mais
d istante , absolutamente fora de t udo e compreendia-se , j ao nvel do master pla n , que o Parque t inha de ter algum equil-
brio em termos de plos de atract iv idade . Desta co nstatao surgiu a configurao de uma frente co nstruda com provvel reuti-
l izao dos pavilhes dos pases part i cipantes , assoc iada ao Passe io do Tranco e que se e ncontra def i n ida nos documentos do
Plano de Pormenor 6 ( 1 9 9 9) . A implementao dessa ideia evoluiu n o sen t ido da cedncia ao modelo trazido pelos promo-
t ores encontrados e surge assim uma nova zona que ocupa muito mais rea, desde o Tranco at ao l imite do AteITo, sem
nenhuma lgica de i n corporao n o desen h o global. O Parque sobreviver necessariamen t e a este empree ndimento e presumo As estruturas comer';a;s e o Parque
que a l t ima fase do projecto ser desenhar e executar a fin alizao do Parq ue depois das estrut uras comerc iais estarem todas
removidas. O que provavelme nte acontecer daqui a quinze, v in te anos ."
Efeito de atraco
"Essa grande zona urbana no f im do Parque, junto ao Tranco, estava prevista desde o primeiro momento , at pelo e fei to
atractor que deveria representar em relao ao prprio Parque . Portanto seria um dest ino que duia algum sentido prpria
extenso do Parque , seria o ponto de atraco que jus t i ficaria grandes fluxos dentro do Parque , que seriam geridos atravs da
distribuio dos estacionamentos e portanto da necessidade de uma deslocao pedonal atravs do Parque, fluxos esses que
acabariam por c o rresponder ao n ico garante de segurana que o prprio Parque poderia oferecer . Prec isvamos sempre de
qualquer coisa que just ificasse um afluxo macio de pessoas naquele ponto junto ao Tranco . Por outro lado , por ser tambm
a zona mais distante e tambm a zona mais claramente relacionada COl1'1 essa estrutura viria de relacionamento com toda a rea
metropolitana, e menos directamente vinculada estrutura urbana mais local , era tambm onde faria sentido colocar as grandes
estruturas e os espaos de acolhimento de grande nmero de pessoas. D esde o princpio que essa rea estaria consagrada a esse
t ipo de usos . O que podel' ter sido alterado fo i a filosofia de dimensionar esses locais em funo das necessidades de manu-
t eno do Pal'que para um dimensionamento optimizador dessa receita por si s, independentemente da aval iao das neces-
s idades de manut eno do Parque ."
------- '
1'.
/ /
"A questo da gesto do Parque , de certa forma , complexa porque o Parque no propriamente um jardim. a transforO Parque no um jardim
mao de um territrio muito vasto, a sua recuperao - porque ele estava, de facto, doente -, e fazer com que seja um t erri -
trio n tegro e u m espao de lazer p l e n o , a o a r l ivre. Os e q u ipamen tos mais especficos surgem d e duas estra tgias
complementares: uma a de ter servi os que so necessrios funcionalidade do Parque e que reforam as in tenes do
proj ecto em termos de u t i l izao. E a sUl'gem os equipamentos de apoio bsicos, cafetal'ias, i nstalaes sani trias; depois h.
uma segunda perspect iva em relao programao dos equipamen tos, que se relaciona com um modelo global de gesto do
Parque , na procura de receitas que possam assegurar a sua manuteno . "
"O Puque tem custos de manuteno muito elevados e a perspec t iva que foi d iscut ida partia de um pressuposto: temos um
custo de manuteno que devemos cabril' [com as concesses dos espaos para servios], eve n tualmente no na totalidade, mas Custos de manuteno
temos de garant ir alguma rece ita, e portanto dentI'o daquele mbi to de act ividades que julgamos que so necessrias ao Parque
vamos concessionar ncleos de act ividade que gerem receita - e esses equipamentos podel' iam ser d imensionados em funo
da rece ita necessria, Esse modelo de gesto nunca foi implementado,"
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"O problema est a ser resolvido de uma maneira j n o to integrada. Como se o Parque tivesse entrado dentro de uma estru-
tura global e a despesa que esse Parque representa se inscl'eva numa determinada coluna dessa estrutul'a global , haven do a necesA autonomia do Parque
sidade de uma receita para uma outra coluna de receitas dessa mesma estrutura. Portanto no h uma relao dil'ecta que garanta
uma autonon"a em relao ao prprio Parque como nos pareceu a certa altul'a que seria a orientao adequada. E creio que
pena, porque torna a existncia do Parque muito mais frgil, pela perda de autonomia e pela d i luio dessa relao e n tre as
recei tas e as despesas geradas pelo prprio Parque, o que nos parece que era uma relao que assegurava, de alguma maneira ,
a sua continuidade ."
---..
--
...... -", - S' ..&J -' .A ..I, #
-- , .1-......
"Creio que este desenvolvimento todo parte um pouco de um equvoco . Aquilo que se prope no concurso clualquer coisa
clue aproxima a interveno p roposta para um Parque a uma interveno a rtst i ca , uma obra de art e , de uma interveno Inuito
virada para s i prpria , muito aut ista nesse sentido , mui t o exagerada nas relaes percept ivas e sensi t ivas que ir ia estabelecer e
portanto quase um exagero caricatural daquilo que seria , de fact o , possvel fazer . Creio que o desenvolvimento projectual subse-
quente acaba por consti tuir uma tomada de conscincia do papel que o Parque tem de encontrar em relao s pessoas, em
relao cidade , e nova zona da cidade, recm-construda , que reinterpreta essa dilnenso um pouco narcsi ca . Essa rea, ao
contrrio de ser vis ta como ulna exploso , com grande l iberdade , onde quase tudo p ossvel , passa a ser uma incluso nesse
sistema, com um papel claro em relao a esse s istema. Um papel que dado pela relao interfacial do prprio Parque, quer
em termos de relao natural, por estar ali beira da gua , p or estar numa zona onde a p rpria mar lhe d um sentido difuso
de ser terra ou de ser gua, de estar tambm numa si tuao de limite eln relao mancha urbana de interveno , de estar numa
s i tuao de limite po rque tem uma face extremamente urbana no dil ogo que estabelece com as novas estruturas da Exp o , uma
face extremamente p erifrica , me tropoli tana no dilogo que estabelece pelo outro lado , atravs das grandes vias de circula o O Porque como interveno artstico
e o grande alcance que lhe p ermi te . Portanto , consegue- se adquirir uma dimenso diferente para o Parque em que , no
esquecendo o propsi to da interveno artst ica , da interveno paisags t ica enquanto promotora de um conjunto de sensa-
es , de percepes para as p esso as , para o pbli c o , que po tenciam toda a essncia daquela paisagem, daquele st io , se retoma
uma dimenso muit o mais, digamos assim, urbanst ica, da proposta . "
3'
A sobrevivncia a longo prazo "O que nos perturba a p erda da ligao directa entre uma coisa e o u tra , a clara noo de que todo o processo de gesto do
Parque perde autonomia e se inscreve num processo de gesto maior , onde naturalmente o seu papel e a sua sobrevivncia se
encontram diludas numa sobrevivncia de escala maior . Provavelmente esta at ser a es trutura mais correc ta para assegurar a
sua sobrevivncia a longo prazo . Ao contrrio de uma estrutura comercial, que se paga a si pr pria num curto espao de
telTIpO, e elTI que o que interessa aproveitar urna determinada tendncia do mercado, oferecer-lhe o que ele quer e real izar
rapidamente uma receita e eventualnlent e , daqui a cinco ano s , se aquilo no interessar , desmontar e ir para o utro lado , com
um Parque , obviamente , mais difcil fazer isto. Um Parque qualquer coisa que ganha consistncia ao fim de quinze anos ,
pela prpria maturidade que a vegetao precisa de t er , p ela prpria cOlTeco de elTOS sucessivos que a prpria construo
precisa de ter , qualcjuer coisa que tem de ser vista de uma maneira um pouco menos empresar ial . "
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o polmico parque temtico "Pelo que conhecemos da proposta do parque temtico que ser construdo junto ao Tranco, ele est estrategicamente defi-
nido em termos de acessibi l i dade com o automvel . Tem um parque de estacionamento com uma capacidade fantst ica e
portanto a inteno de que esse plo de atraco pudesse servir para que o Parque fosse mais p ercorrido no est contemplada
na estratgia daquele desenvolviment o . Depois no me parece que o que est proposto tenha alguma inteno de se relacionar
com o Parque."
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Um projecto irreversvel "Tranquiliza-me o facto de o Parque j me parecer uma coisa irreversvel, as pessoas j o utilizam de uma forma macia. Os custos
de manuten o dificilmente iro justificar que se possa cortar gua ao Parque , porque politicamente j no aceitve l ."
"O Parque encerrou den t ro d e si pI'prio uma dupla personalidade . Aquilo que surge n o concurso qualquer coisa que , em-
bora tenha a mesma expresso fsica em t ermos de desenho, encont ra nas duas equipas - na da Hargreaves Associates e na da
PROAP - significados diferentes . Aquilo que para a parte americana da equipa corresponde a objectos mais ou menos desconDuas equipas, duas perspectivas
textualizados , que so sobrepostos a uma paisagem para obter um det el'mi nado efeito escultural perceptivo, no nosso ente nder
ganha uma componente de dilogo com a paisagem do stio e uma interpretao em termos exclusivamente micro-ecolgicos,
que me parece que lhe faz adquirir um sentido diferente e mais p rofundo . "
"Esta dupla personalidade o que e n1'iquece o projecto e o torna mais vivo . o facto d e a s coisas , tal como acontece n a Natu-
reza, no terem um nico vector de consequncias e mesmo as coisas que nos parecem dirigidas por uma inteno, casual ou
no, so sempre um conjugal' de pequenos acontecimen tos e de peque nos acasos, de peque nas coincidncias . No rio Tejo, na
sua bacia hidrogrfica, haver concerteza situaes em que o deslocar de uma pedra para um lado ou para o outro, ou o abril' A dupla personalidade do Parque
de um bUI'aco, podem ser significativas em relao ao seu curso e ao seu traado. E as coisas na Natureza so assim, so o soma-
trio de uma quan tidade de p equenos movimentos, de pequenas inte nes, de pequenos acasos que depois de somados e n con-
t ram uma corporizao que pode ser monstruosa ou belssima."
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"O que acontece n este caso precisamente isso , esse acumular de sucessivos bem-entendidos e mal- entendidos, de acasos e
contradies e de perspectivas d iferentes que acaba por ter um resultado que, no fundo, um resultado que no est ainda
acabado . O facto das i nte nes descl'itas nos pressupostos de manute no serem seguidas ou serem contrariadas ser determi-
nante no futuro do Parque . A imagem do Parque no est a inda acabada, quer dizer, ns n o sabemos o que que vai acon-
tecer daqui a v inte anos. Se calhar ser qualquer coisa que a inda uma reinterpretao de tudo aquilo, fe i ta pelas p essoas que
tomam conta del e , pelas p essoas que nele vivem, pelas tl'ansformaes clue eventualmente viro a ser necessrias para que ele O Parqw como ,er vivo
sob,'eviva . E n isso que ele se parece muito com um ser vivo . que ele vai-se transformando med ida que vai precisando para a sua sobrevivncia e para a sua pers istncia como ser . "
"Portanto. desde o primeiro momento h essa conscien t e e clara dualidade . Por um lado h urna descontext ual izao muito
grande na viso que trazida pelos nossos parceiros. por o utro lado h a interpretao de formas que so co mpostas com um
sent ido mais object ual. h a interpretao dessas formas com um sentido muito mais terr i torial. muito mais l igado ao prprio
fun cionaJnento da paisagelTl. E as coisas acontecem de uma maneira muito natural . Urna fonna que proposta com um sent ido
q uase gestual percebe-se que tem um potencial fsico e ecolgico notvel. e que de facto faz sent ido. e clue pode ser modificada
o suficiente para que esse sentido seja p otencial izado . As formas do t erreno surgem de uma co incidncia. que tem a ver com
o facto de. naquele processo. a certa altura. ser necessrio encon trar st io para guardar solos contaminados. Surge de UJna cons-
c incia clara de todas as p essoas envolvidas no processo de que aquele terri trio um territrio excessivam ente montono.
excessiva m e n t e plano. e que nat urabnente ser necessr io encontrar descont inu idades a l t imtricas p ara que se c onsiga A fragmentao do espao
fragmentar aquele espao em qualquer coisa de mais contido e mais organizado . S urge. por outro lado. pela imp osio de um
programa que vem criar funes nesse mesmo espao to dspares como um campo de golfe. um centro hpico . . . so coisas que
no tm nada a ver urnas COJn as outras e que portanto iro necessitar de uma estratgia qualquer de conteno e de fragmen-
tao do prprio espao . Surge da conscincia de que esse territrio mui to vasto e que ser necessrio encontrar o tal voc-
bulo extremamente expressivo que const i tua a impresso de uma vontade qualquer ao l ongo de t odo esse t erri tri o . De que.
se assim no for. a sua consistncia como ent idade hon"lognea e como entidade nica se perder inevitavelmente. pelas trans-
formaes que cada uma dessa s [unes acabaro por trazer ao prprio st io e pela dimenso em que todas essas transforma-
es acabaro pOJo o coner . "
37
"Tudo isto aponta no sentido da criao de um determinado elemento morfolgico que surge como sendo aquelas elevaes
de terreno. Essas elevaes podem ser vistas de muitas maneiras. Podem ser vistas como elementos escultricos, elementos muito Elevaes como elementos escultricos
obj ectualizveis , que podem ser transpostos dali para uma s ituao que no tem nada a ver com aquilo, no Colorado ou em
frica , e em que a nica coisa que persiste delas ser a sua geometria e, eventualmente , a relao que se estabelece entre elas e
a escala humana. Mas podem ser vistas como coisas que surgem de questes que so muito especficas daquele stio. D e um vento
que pl'ecisa de alguma deflexo e de alguma proteco ao nvel do solo para criar si tuaes de grande conforto; de uma expo-
sio que , no sentido longitudinal , pode ser trabalhada em sucessivos terraos com orientao Norte-Sul , criando portanto
si tuaes viradas a Sul com grande abrigo do vento e com um conforto muito grande em relao a uma zona que era clara-
mente uma zona desabrigada, muito agredida por ventos de Noroeste durante o Vero e que iria criar situaes de vivncia com
algum desconforto."
"A localizao das elevaes de terreno permitiria , por um lado, criar uma relao com a paisagem e com o Mal' da Palha muito
controlada, muito condicionada, em que de situaes de quase invisibilidade na parte de trs do Parque se passaria , sucessiva-
mente, para situaes gradualmente mais panormicas, at chegarmos a uma situao paralela ao primeiro passeio, em que todo
o rio estaria ali perto. A prpria morfologia do terreno iria traar a sucesso de sensaes de que nos iramos apercebendo
medida que nos aproximvamos do rio. Por outro lado, escala do objecto, digamos assim, e nas extenses que podem ser dadas Sucesso de sensaes
a esse sentido obj ectual quando se estabelecem as relaes com o territrio que o vai suportar - no h objectos na paisagem,
qualquer obj ecto que seja localizado numa paisagem estabelece imediatamente com ela relaes e comea a dialogal' com ela de
uma maneira profundssima, porque proj ecta sombra , porque modifica o caminho da gua, porque modifica os movimentos do
solo . . . nada fica indiferente depois de se aplicar o que quer que seja , onde quer que seja , em termos de pa isagem."
,,'<
_. _ ... -----
"Neste caso , ao colocarmos estes objectos, com aquela morfologia, naquela s it uao, encontramos assimetrias e ntre o lado Sul
e o lado Norte que em termos micro-ambientais, d igamos assim, so abissais . No lado Sul vamos ter um cl ima semelhant e ao Do Algarve a Guimares
que temos no Algarve, por exemplo , e no lado Norte vamos ter um micro-cl ima semelhante ao que telTIOS em Guimares.
Conseguimos obter com isto s i tuaes de onde emerge um desenho que se encontra por si s mui to mais bem defendido do
que qualquer desenho que dependa de grandes intenes de manuteno para ser cumprid o . Naquela crista, naquela aresta,
em que contrastam to visivelmente duas s i tuaes ecolgicas d i feren tes, exist ir sempre uma l inha, existir sempre uma sepa-
rao . Um lado ser sempre mais fri o, mais e nsombrado e mais ven t oso e o outro lado ser sempre mais pro tegido do vento,
mais exposto ao Sol, mais seco . . . E este contraste , se for exponenciado pela prpria utilizao da vegetao e pela prpria estra-
tgia de manuteno, nomeadamente as quantidades de rega aplicada e os t ipos de vegetao escolhida, poder potenciar essas
d iferenas, encontrando-se um princpio de desenho que mesmo que o Parc\ue seja comple tamente aband onado acabar por
se manifestar sempre . So d i ferenas que so obtidas na imagem a partir da manipulao das condi es que fazem surgir essa
imagem. So estas pequenas 'nuances' que surgem deste d ilogo entre perspectivas d iferentes sobre a mesma co isa que eu crei o
que enriquecem m u i t o aquela realizao . "
::.. .... - i!
"Concl'etamente, O que estava muito definido desde o princpio era este princpio, Eram princpios conceptuais , princpios Princpios conceptuais
fundamentais , e que transformaram este p" ocesso numa operao relativamente fc i l , embora, por vezes , penosa p elo jogo de
c intura que era preciso ir fazendo para contornarmos as dificuldades e as surpresas que iam acontecendo . Porque , no fundo ,
e stvamos a trabalhar com princpios muito claros e muito fortes e a essncia de tudo aquilo vivia de qualquer coisa que era
relat ivamente independente de questes formais ou de questes func ionai s . Era assim e, desde que se cumprissem aqueles
preceitos, il'amos obter uma imagem semelhante,"
I I
...
- -h]
"As rvores foram escol hidas a partir de uma int erpretao do que aquela pai sagem po deria ter sido . Percebemos que a mor[o-
logia do Parque iria criar uma s i t uao de alguma i nterioridade em relao ao rio, para a qual escolh emos como dominante o A escolha das rvores
sobreiro . Existiria uma faixa no ribeiri nha, no mesmo ju nto gua, mas que seguiria a l i nh a da gua com um afastamento
relativamente peq ueno, c[u e seria de p i nheiros mansos e (lue const i tu i , ia a primeira linha de abrigo de vento, a prime i,a l i nha
de resposta aos ventos de S ul, que so fundame ntalmente os ventos do tempo chuvoso, relat ivamente frequentes no Inverno .
No este t ipo de ventos que iria perturbar, em termos de co nforto, a vivncia do Parque, esses seriam de Noroeste, e em
relao a esses que tnhamos de nos preocupar porque seriam os que poderiam aco ntecer em d ias de Sol , em dias de Vero,
em dias em que estariam no Parque muitas pessoas."
"Temos em l inhas paralelas ao rio uma primeira faixa de vegetao ribeirinh a , choupos e freixos, que correspondem ao preen-
chimento de pequenas manchas em zonas topograficamente mais baixas , portanto uma l inha no contnua, marcada pela
singularidade ao longo de toda aquela margem. M a is para montante temos a l inha de p inheiros mansos que consti tu i , essa sim ,
uma l inha com caractersticas mais contnuas, atrs da qual, e s na zona em que a faixa de tratamento do Parque comea a ser
mais larga, se come a a encontrar um distanciamento em relao ao rio que justifica a introduo desses prime iros s inais de
alguma interioridade, comeamos a encontrar uma faixa que dominada pelo sobreiro . D entro destas manchas , e corresponCorredores verdes
dendo portanto aos elencos que sero aplicados nas faces Norte daquelas formas de modelao de terreno, toda a vegetao
arbustiva e sub-arbust iva que ser aplicada nessas faixas , ser a que corresponde a esse elemento arbreo dominante . Portanto
h uma relao entre a vegetao arbrea , arbustiva e h erbcea eUl todas estas zonas . "
"No foi fei to nenhum estudo relacionado com a fauna, com o t ipo de animais cjue poderiam a vir a habitar um Parque com
este tipo de vegetao. A nica preocupao foi a de conseguir , nas zonas de sapa l , reconstruir a vegetao do Esturio do Tejo Reconstruir o sapal
para que as espcies que o procuram consigam tamblu aqui encontl'ar o seu h ab i tat . Isso, COIU grande alegria nossa, foi um
processo que acabou por ocorrer de uma forma mui to mais rpida do que ns alguma vez pensmos . "
" O elemento faunstico pa,'a o qual ns dirigimos a nossa preocupao foi o Homem. Foi realmente para o seu conforto e para
a sua vivncia que este Parque foi, fundamentalmente , desenhado. evidente que com o Homem coexistem muitos outros
animais e os primeiros visitantes deste Parque foram realmente os passarinhos, que ocuparam as copas e comearam a chi lrear Os primeiros visitantes
nas rvores muito antes dos primeiros v isitantes percorrem esses caminhos, E isso foi qualquer coisa que nos encheu de alegria
porque correspondia de facto a uma aceitao - primeira aceitao - dacjui lo que t inhamos proposto, "
+3
" H a inteno com este desenho de propor uma paisagem claramente art ificial . No se pretende iludir o enorme ar t ifi cia-
lismo de tudo isto . O que se pretende at" avs desse art ificialismo reproduzi,' mecanismos que so mui to semelhantes, n o seu
funcionamento , aos mecanismos naturais . E reproduzi r uma lgica de funcionamento que encontre uma estabil idade muito
prxima da estab i l idade dos mecanismos naturais . Se isso corr esponde ou no reproduo de alguma t ipologia paisagst ica , Reproduzir mecanismos naturais
se assim se pode chamar, que se encontre noutro st i o , ser exclusivamente por coincidncia, porque evidentemente quando
ns escolhemos uma relao directa entre a vegetao arbrea e a vegetao arbustiva e he" bcea acabamo s por repe t i r uma
comunidade que exist i r onde essa espcie arbrea domine . Ser atravs da escolha dessa coluna vertebral botnica, feita at ravs
da determinao desse elenco arbreo, que cr iada alguma semelhana que no deve ser l ida como qualquer metfora em
relao a outras paisagens mas que deve se " l ida como a coexistncia mais lgica, mai s estvel e mais duradoura entre rvores e
o seu substrato arbust ivo e h erbceo . Onde de facto existiu a preocupao de repr e recuperar a vegetao o r iginal foi na zona
de contacto com a mar, na zona em que o Pa" que contacta di rectamen t e com O Esturio , sem nenhum elemento de conteno
construdo e, a s im, e at pelos p rprios condicionamentos da si tuao , interessava-nos reproduzir essa vegeta o . "
"No existiram problemas na implantao das rvores devidos ao passado de contaminao daquele solo porque todo o processo
de arborizao, excepo fei ta frente ribeirinha, fei to sobre as formas de modelao do terreno, portanto feito num subs-
trato completamente art ificial e completamente controlado pelo proj ecto, As nicas grandes dificuldades que se sentiram
foram as relacionadas com a utilizao de exemplares de grande porte, que podem sofrer mais crises no transplante, Felizmente, A adaptao das rvores
quase todas as rvores se adaptaram bem sua nova 'casa',"
- - - - ----------- - - - _ .
+5
"A nossa equipa no teve nenhuma int erveno no proj ec to de despoluio do Tranco. O que se tentou foi , de uma maneira
ainda fei ta sobretudo com base na f , acreditar que essas melhorias eram possveis , interpretar uma imagem e uma relao com A relao com o rio Tranco
o rio que nessa alt ura no exist ia - e estava muito longe de exist ir - e dialogar com essa expectativa. No fundo, estabelecer uma
relao muito prxima e muito directa com o rio Tranco , muito ldica, nada formal . "
4 7
"O Parque tambm tem uma inteno de pedagogia relat ivamente a estes processos todos. u t i lizado nas act ividades clue o Um bom exemplo
Centro de Interpretao Ambiental da ParqueExpo'98 promove, como percurso de passeio e de demonstrao que possvel
recuperar espaos poludos . Aqu i exist ia uma grande concentrao da indstria pesada , foi para aClu i que roi empurrada a
Estao de Tratamento de guas Residuais, e era para aqui que os esgotos e o l ixo de Lisboa eram transportados. Portanto a filo-
sof ia de base do Parque incorpora muitas dessas ideias , de ser possvel que um Aterro Sanitrio possa ter uma utilizao e possa
ser uma coisa vivida, no seja um territrio abandonado e abandonado exclusivamente quele uso. Tem tambm a inteno de
que a gua da ETAR, a gua de esg'oto, possa ser tratada e reaproveitada, e isso so ideias muito fortes desde o princpio."
" No , de forma nenhuma , compl icado trabalhar num projecto que leva tan tos anos a construir e que l evar muitos mais a
consolidar-se. Primeiro, extraordinrio clue O cliente no esteja ainda farto de ns e vice-versa. Por outro lado, a confiana
que esse c liente tem sucessivamente depositado em ns, faz com que isto acabe por fazer sentido. Tudo o que est desenhado
no Parque foi feito por ns e foi feito com as mesmas ideias, com os mesmos critrios, o que lhe d unidade . Mas de facto
raro encontrar um cl iente que tenha essa confiana e essa serenidade para que a coisa se possa ir desenvolvendo ao longo de Um projecto para muitos anos
tantos anos. J l vo sete anos e eventualmente sero ainda n1ulos mai s . "
A necessidade de tranquilidade "No existe desespero por no ver a obra acabada. Ela vai sendo acabada . Ns que trabalhamos neste ramo, em que uma rvore
demora vinte anos a crescer, ou conseguin10s ter a tranquil idade suficiente para no desesperar com esses imediat ismos ou ento
temos de ponderar mudar de profisso . "
"Ao longo destes anos de projecto, ap rendemos bastante . As realizaes da ExpO'98 fizeram com que , pOI' exemplo, o mercado
das rvores se t ivesse alargado de uma maneira excepcional, que a exigncia de qualidade do material arbreo tivesse enconContrariar o aspecto de obra acabada
trado nveis anteriormente no existentes . A certa altura houve a ideia de (Iue poderia ser possvel abrir o Parque ao pbl ico
a telnpo da Exposi o e havia a presso para que as coisas t ivessem um aspecto acabado, que desse a sensao de que as coisas
j l est avam h muito tempo. Houve sempre a tentat iva de conseguir encontrar aquele equilbrio que [az com que as planta-
es que se fizeram e as que estamos a fazer agora correspondam. a uma perspect iva de crescimento a mdio e a longo pl'azo.
o que tem de cont l'ariar essa vontade de apresentar as coisas com um aspecto def ini t ivo. As rvores reagem muito a essa
presso , tm de ser colocadas no terreno com uma i dade sufi ciente para que no sejam to fl'geis a ponto de no resist irem
s agresses do tempo mas que sejam suficientemente jovens para se adaptal'em s cond ies de terreno que lhes estamos a dar ."
+9
o Parque de todos "Somos relat ivamenle novos para podel'lnos dizer que este o projecto da nossa vida . Mas um Parque que marca, de fact o ,
uma era na nossa vida prof iss ional . Cosluma dizer-se q u e , n a vida, h q u e escrever u m l ivro , plantar uma rvore , t e r um fi lho .
evidenle que nos d uma alegTia muito grande ver uma quanl idade enorme de pessoas a brincar e a divert ir-se num s l io com
milhares de rvo res, um espao que ns vimos nascer no pape l . Mas no lemos esse sentido de posse, no o nosso Parqu e .
N o s e i se se passa d e maneira dife renle com u m edifcio mas eu n o consigo ler essa sensao de 'meu projec lo , m e u filho'.
o meu papel fo i mui to mai s o de ir conseguindo manler algum sentido num processo que fo i bombal'deado por todos os lados
do que propriamenle conduzir pela mo um sonho desde pequenino at dimenso dos 90 hectares de lerra. uma obra
complelamenle p blica , onde as pessoas podem assar sardinhas se quiserem, e andar de b iciclela e de patins , porlanlo a relao
eSl mu ilo longe de ser uma relao de contemplao espir i tual . Uma zona com estas caracte rsticas rel i ra aquela presunosa
relao do autol' com a obra ."
"
._ ... __ ...... _- 4it .. __ ........ _ -.,
Retratos RO LANDO B O RCES MARTINS
Rolando Borges Mar t ins nasceu em 1 9 6 0 .
l i ce n ciado em Adm i n is t rao e Gesto d e E m p re sas p e l a Fac uldade de C i n c ias H u manas da U n ivers idade Catl ica
Port uguesa , e obt eve o Mestrado (M BA) do Departamento de Gesto da Faculdade de Economia da Un iversidade N ova de
Lisboa .
A par t ir de 1 98 2 desempenhou diversas funes profissionais l igadas ao Market i ng, designadamente como Assessor da D ireco
de Market i ng na Jernimo Mart ins & F .o Lda . , como Marke t i ng Manager de Mart in i & Rossi Lda . , como Account Supe rvisor
ele ] . Walter Thompson Lda e como D i rector de M arketing In ternacio nal da Sogrape Vinhos de Port ugal SA .
Em 1 9 9 3 in ic iou runes na Parque Exp o ' 98 SA vindo a assu m i r sucessivam ente as funes de D i reco de rea d e Co ncepo
e tvlarketing, rea de Pro moo e Marke t i ng e rea Exp o .
D esde IVlaro de [ 9 9 9 , Adm inistrador Execut ivo d a Parc\ue Expo 9 8 SA tendo sido igualmente designado Presidente d o
Conselho d e Adm inistrao d o O ceanri o d e Lisboa SA.
Tem desenvolvido ac t iv idades lect ivas e m diversas ins t i t uies un iversitrias do pas e desempe nhado funes de consul toria e
de anlise econm ica e finance ira de projec tos .
E m 1 9 9 9 O Pres idente da Repblica condecoro u - o com o g,'au ele Grande O ricial da Ordem de Mri t o .
53
JOO FERREIRA N UNES
Joo Ferreira Nunes (Lisboa, 1960). Licenciatura em Arquitectul'a Paisagista 1985 (Instituto Superior de Agronomia -
U niversidade Tcnica de Lisboa), Mestrado em Arquitectura Paisagista 1996 (Escuela Tcnica Superior de Arquitectura
de Barcelona - Universidade Politcnica de Cataluna). Scio-gel'ente da PROAP Estudos e Projectos de Arquitectura Paisa
gista, Lda. que fundou em 1989. Docente do curso de Arquitectura Paisagista no Instituto Superior de Agl'Onomia.
Projectos recentes mais significativos: Parque do Tejo, Lisboa/Loures (ParqueExpo'98 SA); Jardim da Cordoaria, Porto
(Porto 2001 SA); Frente Marginal Algs-Jamor, Oeiras (APL); Parque da Qta. da Politeira e Parque da Qta. da Terrugem,
Oeiras (Cmara lvlunicipal de Oeiras); Jardim Almirante Reis, Funchal (Cmara Municipal do Funchal); Igreja da Santssima
Trindade - Espao Exterior, Ftima (Santurio de Ftima).
55
Produo
PATRC I A FONS ECA 1 0 0 4
Recolha de lexto
PATRC I A FONSECA
Des ign
HEN R I QU E CAYATTE
PAGINAO
FILIPA GREGRIO / 0 04
Pr- impresso
C RITR I O - PRODUO GRF I C A , LDA
I mpresso e acabamento
N O RPRINT, SA
Depsi to Legal 1 6 6 225/01
ISBN 9 7 2 - 8 r o 6 - 2 2 -X
PARQUE DAS NAES