UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL
OSTECTOMIA PARCIAL BILATERAL DOS OSSOS METACARPIANOS II E IV, EM EQÜINOS
Autor: Meryonne Moreira
Orientador: Prof. Dr. Luiz Antônio Franco da Silva
GOIÂNIA 2005
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
(GPT/BC/UFG)
Moreira, Meryonne. M561o Ostectomia parcial bilateral dos ossos metacarpianos II e IV, em eqüinos / Meryonne Moreira. - Goiânia, 2005. viii, 63 f. : il. color. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Goiás, Escola de Veterinária, 2005. Bibliografia: f. 55. Anexos
1. Eqüinos – Cirurgia veterinária 2. Eqüinos – Ossos - Cirurgia veterinária I. Universidade Federal de Goiás. Escola de Veterinária II. Título CDU: 619:636.1
1 INTRODUÇÃO
Os eqüinos, no Brasil e em outros países, indiscutivelmente,
apresentam importância destacada nas atividades bélicas, econômicas,
esportivas, como meio de transporte, eqüoterapia, tração e lazer, sendo
protagonistas da história ao lado do homem. O Brasil conta atualmente com cinco
milhões e oitocentos mil eqüinos cadastrados, segundo o ANUÁRIO DA
ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DE EPIZOOTIAS (2004), numero este que
reflete a importância desta espécie em nosso país. Apesar da grande diversidade
de usos, a importância dessa espécie animal é ainda maior nos países em
desenvolvimento, onde são utilizados, especialmente, como animais de tração.
Nesses países, o elevado custo das máquinas agrícolas, a manutenção difícil,
especializada e onerosa, o alto valor dos combustíveis e o tamanho reduzido das
propriedades produtoras, geralmente inviabilizam o uso de tecnologias mais
avançadas.
Independente das atividades que o cavalo possa desempenhar, em
qualquer uma delas é de se esperar que manifestem, periodicamente,
enfermidades que diminuem o desempenho do animal ou mesmo o impedem de
trabalhar, resultando em prejuízo, em razão dos altos custos de tratamentos e ao
descarte prematuro de animais valiosos. Dependendo da atividade, o eqüino pode
apresentar lesões nos ossos, músculos, tendões e articulações tais como fraturas,
osteites, exostoses, miosites, luxações, entorses, desmites, tendinites,
osteocondrites, sinovites, capsulites, tendosinovites e osteoartroses, que podem
ou não desencadear claudicações. As claudicações que têm origem nos
processos traumáticos dos membros e, mais especificamente as fraturas, que não
são raras, geralmente causam interrupção no treinamento ou trabalho dos
eqüinos, onerando ainda mais a atividade.
As fraturas dos ossos metacarpianos acessórios, geralmente causam
claudicação de moderada a acentuada e podem afastar o eqüino de suas
atividades por longos períodos. Um grande complicador dessa modalidade de
fratura é a desmite suspensora que, freqüentemente, apresenta-se associada à
fratura e, não muito raro, é a responsável pela manutenção da claudicação. O
diagnóstico dessas fraturas é realizado por meio de exame clínico minucioso e
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confirmado por exame radiográfico. O tratamento não invasivo deve ser
recomendado quando não há claudicação ou desmite associada e, cirúrgico, que
é indicado quando ocorre o agravamento dos sintomas. Neste caso, a literatura
recomenda a remoção parcial do metacarpiano fraturado seguido de repouso e
pós-operatório dirigido.
No Primeiro Regimento de Cavalaria de Guardas – Dragões da
Independência - (1º RCG), em Brasília-DF, existem cerca de 550 eqüinos, atletas
em diversas modalidades de esporte e trabalho, sendo as fraturas nos ossos
metacarpianos acessórios, acompanhados ou não por desmite suspensora, uma
observação constante. Nestes casos, não é raro encontrar aderências
ligamentosas no local da fratura, as quais estão, geralmente, correlacionadas com
a extensão das lesões. Outra constatação relevante é que alguns animais, após o
procedimento cirúrgico de remoção do osso fraturado, têm apresentado, num
curto espaço de tempo, fratura no osso acessório remanescente, sendo
necessário novo procedimento cirúrgico, onerando substancialmente o tratamento.
A equipe de cirurgiões veterinários, que atende no centro cirúrgico do 1º RCG,
tem realizado, então, amputações de ambos os ossos acessórios, durante o
mesmo procedimento, além de remover as aderências localizadas entre o
ligamento interósseo e osso metacarpiano principal. Uma questão ainda muito
discutida é a inclusão de antibacterianos no protocolo terapêutico pós-operatório.
Para muitos cirurgiões, o uso desses agentes pode favorecer o retorno do animal,
em menor tempo, às suas atividades, o que é de interesse para todos os
envolvidos. Estas observações, associadas aos resultados positivos, obtidos com
o tratamento cirúrgico instituído, acrescidas da grande casuística verificada,
certamente constituíram-se em motivos sólidos que alicerçaram o
desenvolvimento deste estudo e que poderão ser consideradas como uma
alternativa viável para o tratamento das fraturas dos ossos metacarpianos
acessórios dos eqüinos.
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2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Considerações anatômicas
2.1.1 Ossos metacarpianos
Três ossos metacarpianos estão presentes no cavalo: segundo (MTC
II), terceiro (MTC III) e quarto (MTC IV) metacarpianos. Destes, somente o terceiro
é completamente desenvolvido e suporta um dedo. Os outros dois, o segundo e o
quarto, são muito reduzidos e, por este motivo, denominados ossos
metacarpianos acessórios ou rudimentares. O terceiro metacarpiano é um dos
mais potentes ossos do esqueleto. Sua substância compacta é espessa, dorsal e
medialmente. A cavidade medular se estende mais para ambas as extremidades,
se comparado a maioria dos ossos longos do cavalo e, deste modo, existe menos
substância esponjosa. O segundo e o quarto metacarpianos estão situados,
respectivamente, medial e lateralmente na face palmar do MTC III. Cada um deles
consiste de um corpo e duas extremidades. O corpo ou diáfise possui três lados e
afunila-se para a extremidade distal, curvando-se com a convexidade voltada para
a linha média do membro. A face de inserção é aplanada e rugosa e está inserida
ao grande metacarpiano por um ligamento interósseo, exceto próximo a sua
extremidade distal. A face dorsal é lisa e arredondada transversalmente na parte
proximal e sulcada distalmente. A face palmar é lisa e côncava de uma
extremidade a outra, exceto distalmente, onde é arredondada. A base ou
extremidade proximal é larga e, no caso do MTC II, apresenta duas facetas,
proximalmente, que suportam o segundo e o terceiro ossos carpianos. O MTC IV
ou lateral apresenta uma única faceta para articulação com o quarto osso
carpiano. Cada um deles apresenta duas facetas para articulação com o MTC III e
no restante de sua extensão é rugoso para inserção de ligamentos e músculos.
Ocasionalmente a curvatura é muito pronunciada, de tal modo que a extremidade
distal causa uma projeção saliente (GETTY, 1986; KÖNIG & LIEBICH, 2002).
Existem dois pequenos músculos interósseos que se originam nos ossos
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metacarpianos II e IV, com tendões finos e fortes, os quais terminam na fáscia da
articulação metacarpofalangeana (STASHAK, 1994).
2.1.2 Ligamento suspensório do boleto
É também denominado músculo interósseo e situa-se, em grande
parte, no sulco metacárpico, onde tem a forma de uma larga e espessa fáscia.
Está proximalmente inserido na parte proximal da superfície palmar do terceiro
osso metacarpiano e na fileira distal dos ossos cárpicos. No quarto distal do
metacarpo, ele divide-se em dois ramos divergentes. Cada ramo passa para a
face abaxial do sesamóide correspondente, no qual uma parte considerável está
inserida. O restante continua oblíqua, distal e dorsalmente para a superfície dorsal
da falange proximal, onde se une com o tendão extensor digital. Há uma bolsa
entre este ramo extensor e a extremidade proximal da falange proximal. Este
ligamento possui considerável elasticidade e é, na verdade, o músculo interósseo
modificado. Consiste de tecido tendinoso, mas contém uma quantidade variável
de tecido muscular estriado, especialmente nos animais jovens e em sua parte
profunda. Sua principal função é sustentar a articulação metacarpofalangeana,
evitando a excessiva flexão da mesma quando o peso recai sobre o membro. Os
ramos que se unem ao tendão extensor digital comum limitam a flexão palmar das
articulações interfalangeanas em determinadas fases do movimento (GETTY,
1986; KÖNIG & LIEBICH, 2002).
A estrutura do músculo interósseo, no cavalo, é muito modificada e é
notável a diminuição da quantidade de fibras musculares e a variação em sua
distribuição nas diferentes partes do músculo (DYSON et al., 1995; NATALI et al.,
1999).
Em seus estudos, ALLEN & WHITE (1987) e SÁ & FRANÇA (2004)
concluiram que a causa principal de claudicação em eqüinos acometidos de
fraturas nos ossos metacarpianos acessórios, foi a ocorrência de desmite
suspensora e que a cirurgia reparadora é o tratamento de escolha nestes casos.
VERSCHOOTEN et al. (1984) realizaram um estudo experimental e
clínico para investigar a etiologia de fraturas distais dos ossos metacarpianos
acessórios e concluiram que a flexão do boleto resultou no deslocamento externo
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das extremidades distais dos ossos MTC acessórios. Sugeriu-se, então, que a
desmite do ligamento suspensório pode predispôr a fraturas por avulsão nas
extremidades destes ossos,. Nesse estudo, ao menos em 70% dos cavalos com
fraturas nos MTC acessórios, a desmite suspensora estava presente.
KRIEG & HERTSCH (1998) concluiram que as fraturas por avulsão
nas extremidades distais dos ossos metacarpianos acessórios estão relacionadas
ao excesso de exercício e a patologias do aparelho suspensório, sendo um evento
secundário a estes.
STASHAK (1994) relatou que existe uma relação entre desmite do
ligamento suspensório, sesamoidite e artrite, sugerindo ainda, que fibrose
exuberante no ligamento suspensório diminui a capacidade do boleto de absorver
impactos e cria uma massa que ocupa espaço, podendo causar fratura e posterior
deslocamento dos ossos metacarpianos acessórios fraturados. O autor comentou
que é muito difícil discernir se a ocorrência de desmite do ligamento suspensório é
resultante de uma fratura dos ossos metacarpianos acessórios ou, inversamente,
se o ligamento suspensório inflamado pode provocar essas fraturas. Qualquer que
seja o caso, é notada maior incidência de desmite do ligamento suspensório no
membro torácico em associação com tais fraturas.
De acordo com NATALI et al. (1999), a irrigação do músculo
interósseo é feita pelo arco palmar profundo, que é formado pela artéria radial e
ramos palmares da artéria mediana e pela artéria nutrícia do osso metacarpiano
III. Esta última se origina na artéria metacarpiana palmar II ou, algumas vezes na
artéria metacarpiana palmar III. A inervação do músculo interósseo é feita pelos
nervos metacarpianos palmares medial e lateral (GETTY, 1986; STASHAK, 1994).
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2.2 Centro de gravidade do cavalo
O centro de gravidade é uma particularidade que deve ser conhecida
pelo clínico quando da elaboração do diagnóstico, pois é onde a massa do cavalo
está centrada. Apesar de variar com a conformação do cavalo, o centro de
gravidade está normalmente localizado, espacialmente, no meio do gradil costal,
imediatamente caudal à linha que separa os terços cranial e médio do corpo.
Devido a essa localização ser mais cranial, os membros torácicos suportam de
60% a 65% do peso do corpo, provocando uma carga maior sobre esses
membros, resultando em uma maior incidência de lesões nos mesmos
(STASHAK, 1994).
De acordo com STASHAK (1994) e ROSE & HODGSON (1995), 80%
das claudicações ocorrem nos membros torácicos e, deste total, 90% estão
localizadas entre o carpo e a extremidade distal do membro.
2.3 Dinâmica da locomoção
Anatômica e funcionalmente, os membros dos eqüinos formam um
conjunto perfeitamente harmônico com participação ativa de cada componente. O
esqueleto é o arcabouço de todo o corpo e é o alicerce para o sistema de
alavanca que as articulações exercem. Os músculos atuam como transmissores
da cinética do movimento aos tendões, possibilitando a movimentação de todas as
estruturas que formam e mantêm a estabilidade das articulações. Sob o comando
do sistema nervoso central (SNC), esse complexo estrutural é capaz de realizar
movimentos de flexão, extensão, adução, abdução, pronação, supinação e
rotação, criando condições para o cavalo se locomover. Uma disfunção em
qualquer desses componentes acarretará desvios no padrão normal de
locomoção, o que deve ser investigado na fase de elaboração do diagnóstico
(THOMASSIAN, 1996).
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2.4 Andaduras do cavalo
Segundo BUENO (1996), andadura é a expressão que significa modo
de andar ou de caminhar de uma espécie animal. De acordo com THOMASSIAN
(1996), o conhecimento das andaduras do cavalo é de extrema importância para
que as condições locomotoras do animal sejam avaliadas, pois alguns grupos de
enfermidades que acometem os membros dos eqüinos só se manifestam em
determinada andadura, podendo ficar mascarados em outras. Para que se possa
elaborar um diagnóstico de claudicação, é de extrema necessidade o
entendimento das quatro andaduras naturais do cavalo: 1) passo - caracterizado
como uma andadura látero-diagonal, a quatro tempos, onde pode-se ouvir quatro
batidas no solo. A seqüência de toques no solo é: membro torácico direito (MTD)
– membro pélvico esquerdo (MPE) – membro torácico esquerdo (MTE) e membro
pélvico direito (MPD); 2) trote - é uma andadura por bípedes diagonais associados
a dois tempos, onde do elevar ao apoiar de um bípede, ouvem-se duas batidas ao
solo. A seqüência é MTD e MPE em conjunto, seguidos de MTE e MPD; 3)
galope - caracterizado por assimetria e se desenvolve a três tempos: MPD - MTD
e MPE (ao mesmo tempo) – MTE; 4) Salto - é um deslocamento súbito do corpo
para cima e para frente, podendo ser classificado em salto em altura e salto em
distância, respectivamente, que se insere automaticamente na sucessão das
pisadas do galope. O salto é um tipo de movimento importante, pois este trabalho
predispõe a problemas traumáticos, principalmente na região distal do membro.
2.5 Graduação das claudicações
De acordo com O’CONNOR (1952) e STASHAK (1994), a claudicação
pode ser graduada, quanto à intensidade, em: a) grau 1 - ao trote se observa
movimentos de cabeça leve, mas evidentes; nos membros pélvicos ocorre
pequena assimetria de glúteos; b) grau 2 - ao passo, o eqüino claudica, porém os
movimentos de cabeça são pouco evidentes; ao trote, os movimentos de cabeça e
pescoço são evidentes e, nos membros pélvicos, ocorre uma maior assimetria dos
glúteos; c) grau 3 - ao trote e ao passo os movimentos de cabeça e pescoço são
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evidentes ou a assimetria de glúteos é muito grande e d) grau 4 - animal não
suporta o peso do membro afetado.
2.6 Classificação das claudicações
De acordo com O’CONNOR (1952), STASHAK (1994) e ROSE &
HODGSON (1995), a claudicação pode ser classificada quanto à natureza ou
quanto à sua evolução:
2.6.1 Quanto à natureza da mesma:
a) Claudicação de apoio: manifesta-se quando o membro apoia no solo recebendo
a carga de peso. Essa claudicação é mais intensa nos terrenos duros. No membro
torácico, o animal abaixa a cabeça quando toca o membro saudável no solo e
levanta a cabeça quando toca o afetado, isto para deslocar o centro de gravidade
e aliviar o movimento. No membro pélvico, o eqüino levanta mais a garupa
correspondente ao membro afetado. Esse tipo de claudicação, normalmente
ocorre quando há afecções no casco, ossos, articulações, ligamentos colaterais
ou nervos motores.
b) Claudicação de elevação: é evidente quando o membro está em movimento. A
elevação do membro é mais lenta e difícil ou impossível. A lesão, nesses casos,
está associada a enfermidades nas massas musculares ou bainhas tendíneas e é
chamada de lesão alta.
c) Claudicação mista: é evidente tanto quando o membro está apoiado, quanto
está em movimento. Pode compreender associação de enfermidades em
estruturas afetadas na claudicação de apoio e de elevação.
d) Claudicação complementar ou no membro contralateral: a patologia em um
membro vai fazer com que o outro membro seja sobrecarregado, causando
alteração neste também.
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2.6.2 Quanto à evolução:
a) Agudas: são aquelas de aparecimento súbito.
b) Crônicas: a percepção da claudicação é feita lentamente.
c) Recidivantes: nesse tipo de claudicação ocorrem alternância de melhora
seguidos de períodos com claudicação, se tornando um ciclo.
2.7 Fraturas
2.7.1 Aspectos fisiopatológicos das fraturas
Toda fratura conduz a uma lesão tecidual que compromete o osso e
as parte moles adjacentes. Imediatamente após a fratura e durante a reparação,
observa-se distúrbios circulatórios locais, inflamação, dor e imobilização reflexa.
Os três primeiros fatores: distúrbio circulatório, inflamação e dor, como resultado
da disfunção de articulações e músculos, levam à denominada doença de fratura
(MÜLLER et al., 1993; STASHAK, 1994). Essa enfermidade é causada por dois
fatores patogênicos principais: dor e ausência de desafio fisiológico ao complexo
osso-músculo, pelo movimento e alterações da carga mecânica. Nos membros,
isso significa ausência de sustentação de peso e de trabalho muscular normal. A
doença de fratura é, portanto, um estado clínico manifestado por edema crônico,
atrofia dos tecidos moles e osteoporose em focos. O edema como tal, induz
fibrose intermuscular e atrofia muscular. Esses processos fibróticos fazem com
que os músculos desenvolvam aderências não fisiológicas ao osso e fáscia e,
portanto, levam à rigidez das articulações adjacentes. Essas seqüelas, se
completamente desenvolvidas, muitas vezes não são satisfatoriamente corrigidas
pela fisioterapia a longo prazo, mantendo o paciente afastado das atividades por
semanas ou meses (MÜLLER et al., 1993).
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2.7.2 Aspectos epidemiológicos das fraturas
Segundo BUTLER et al. (2000), as fraturas no segundo e quarto
metacarpianos são freqüentemente associadas à desmite do ligamento
suspensório do boleto ou também podem resultar de trauma externo.
De acordo com STASHAK (1994), KRIEG & HERTSCH (1998) e
BUTLER et al. (2000), o ferrageamento algumas vezes incorreto, os aprumos nem
sempre regulares, o exercício exagerado ou falta de condicionamento físico e as
contingências de seguidos treinamentos e esforços repetitivos foram relacionados
como agentes causais das fraturas nos ossos metacarpianos acessórios.
STASHAK (1994) correlaciona ainda, as fraturas ao tipo de atividade esportiva a
que o cavalo é exposto, concluindo que, em cavalos de corrida, há uma maior
prevalência dessas fraturas no quarto metacarpiano do membro esquerdo e
segundo metacarpiano do membro direito, ocasionados pelo fato de que as
corridas se realizam no sentido anti-horário, sobrecarregando esses ossos.
SÁ & FRANÇA (2004) verificaram a alta incidência de desmite do
ligamento suspensório em animais de pólo que apresentavam fraturas de segundo
ou quarto metacarpianos e, também, que não há predileção por membro
acometido, relacionando esse achado ao fato de que os animais se deslocam em
todos os sentidos dentro do campo de pólo.
2.7.3 Diagnóstico das fraturas de ossos metacarpianos acessórios
a) Anamnese
Segundo STASHAK (1994), ROSE & HODGSON (1995) e
JOHNSTON (2001), a anamnese é o primeiro passo na formulação do diagnóstico
e deve ser explorada com bastante atenção. Algumas questões devem ser
sempre formuladas na tentativa de se delimitar uma provável causa para a
claudicação: Há quanto tempo notou-se a claudicação? Qual a atividade do
animal? O animal foi ferrado? Quando? Estava em repouso? Desde quando?
Exercitou-se além do previsto? Quem trabalha o animal? O cavalo participou de
alguma prova? Em qual tipo de piso o animal se encontra trabalhando? Houve
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mudanças? Há possibilidade de ter pisado em objeto perfurante? Estava sendo
tratado? Desde quando e qual o tratamento? Existe um programa profilático?
b) Exame clínico
O exame clínico para o diagnóstico das claudicações é a avaliação
mais comumente efetuada para o sistema músculo-esquelético do cavalo e deve
ser bem planejado, consistente e abrangente. Os objetivos do exame são: (1)
determinar qual ou quais os membros afetados; (2) diferenciar entre claudicação
de sustentação (apoio) ou impulso (elevação) e (3) estabelecer os componentes
músculo-esqueléticos e/ou neurológicos produtores da claudicação (KENT LOYD,
1993).
De acordo com STASHAK (1994), DYSON et al. (1995), ROSE &
HODGSON (1995) e JOHNSTON (2001), a pessoa que conduz o cavalo durante o
exame, tem um papel importante em auxiliar o veterinário no diagnóstico, pois, em
geral, os cavalos devem ser conduzidos bem soltos, com a cabeça centralizada
em linha com o corpo e exercitados tão lentamente quanto possível. Os mesmos
autores sugeriram que se deve observar o cavalo pela frente, por trás, pelos
lados, ao passo, ao trote, em linha reta e em círculo, no piso duro e macio, ao
cabresto e à guia, para se verificar, inicialmente, se a claudicação é de apoio ou
elevação e em qual membro está se manifestando.
b.1) Inspeção do animal em repouso
De acordo com STASHAK (1994), DENOIX (1994) e JOHNSTON
(2001), um exame visual cuidadoso, do cavalo em repouso, deve ser realizado.
Primeiramente à distância e, então, de perto, observando-se o cavalo em todos os
ângulos. À distância, além da conformação, são notadas as alterações na postura,
distribuição de peso e a posição dos membros. Caso o cavalo apresente o carpo
para frente e os talões levantados, o carpo, a face palmar da articulação
metacarpofalangeana e os talões, devem ser examinados de perto. Se o cavalo
posiciona o dígito afetado extendido cranialmente, pode ser indicativo de doença
do navicular ou uma fratura no processo extensor da falange distal. Quando um
membro torácico é mantido mais caudal, com o carpo flexionado e a pinça
apontada para o solo, o ombro desse lado deve ser considerado no diagnóstico.
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Quando o membro locomotor está elevado, fraturas, perfurações por pregos,
torções graves, artrite séptica ou flegmão devem ser considerados. Na avaliação
de perto, cada membro é observado criticamente e comparado ao membro
contralateral. Os cascos são observadas em busca de desgaste anormal,
rachaduras e contração dos bulbos dos talões. Todas as articulações, tendões e
músculos dos membros, dorso e lombo são inspecionados em busca de
alterações. Cada anormalidade encontrada deve ser explorada como possível
causa da claudicação, durante exercícios e no exame de palpação.
b.2) Inspeção durante o movimento
Após realizar o exame clínico em repouso, as características do
movimento de todos os membros devem ser observadas à distância. Na maioria
dos casos é vantajoso observar primeiro os membros torácicos e, depois, os
pélvicos. Uma vez que o veterinário seja capaz de observar os membros em
conjunto e, depois, cada membro individualmente, o diagnóstico da claudicação
pode ficar simplificado. O objetivo principal em exercitar o cavalo é identificar a
incoordenação do movimento, o membro afetado e o grau de claudicação. Para se
conseguir isso, o cavalo é observado ao passo, trote e, então, em alguns casos,
ao galope na guia. Um exame adequado inclui a observação do cavalo de frente,
de perfil e por trás. Em geral, as claudicações nos membros torácicos são melhor
visualizadas de frente e de perfil e as claudicações nos membros pélvicos são
melhor observadas de perfil e por trás. O examinador deve estar atento para os
balanços de cabeça, déficit no andar, alterações na altura do arco de suspensão
da úngula, fases do passo, ângulos de flexão das articulações, colocação das
úngulas e simetria na duração e elevação dos glúteos. Para identificar essas
alterações no andar, é melhor observar o cavalo à distância. A inspeção orienta
uma suspeita clínica, sendo uma das etapas mais importantes na formulação do
diagnóstico, pois nada substitui o senso clínico (DENOIX, 1994; STASHAK, 1994;
ROSE & HODGSON,1995; JOHNSTON, 2001).
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b.3) Palpação
De acordo com relatos de STASHAK (1994), durante o exame clínico
deve-se realizar testes manuais, desde o bulbo dos talões até a coluna vertebral,
sempre no sentido solo – coluna, utilizando palpação, flexão, torção, extensão,
pressão e avaliando a presença de pulso digital. Deve ser feita uma avaliação
detalhada dos ossos metacarpianos principal e acessórios, ligamento frenador
inferior ou check ligament, tendões flexores e ligamento interósseo ou
suspensório, pressionando e observando acúmulo de líquidos, corpos estranhos,
sinais de infecção ou suspeita de fraturas nos ossos da canela.
Segundo SPEIRS (1999), lesões visíveis na região do metacarpo
incluem engrossamentos ósseos - envolvendo os aspectos proximais dos
metacarpianos II e IV (splints) e aspecto dorsal do metacarpiano III - e tumefações
dos tecidos moles, envolvendo os tendões flexores e os ligamentos suspensórios.
Toda a extensão dos tendões flexores e ligamentos interósseos deve ser
minuciosamente palpada. A palpação é realizada com o membro sustentando o
peso e, após, com o membro elevado. Quando elevado, os tecidos moles não
estão sob tensão e podem ser melhor examinados. Tumefações ósseas devem
ser palpadas firmemente para verificar se são dolorosas. Uma resposta positiva
indica que inflamação ativa (periostite) ou fratura (MTC II ou IV) estão,
provavelmente, presentes.
c) Avaliação geral Para DENOIX (1994), STASHAK (1994), ROSE & HODGSON (1995),
JOHNSTON (2001) e RANNER et al. (2002), o diagnóstico dos distúrbios
locomotores é trabalhoso, algumas vezes marcado por erros pela limitação das
técnicas empregadas e muitas vezes tardio em relação à evolução das lesões,
uma vez que os sintomas radiográficos se manifestam em geral muitas semanas
ou meses após o início da evolução das lesões. Para DENOIX (1994), o
diagnóstico da claudicação exige um conhecimento detalhado de anatomia,
fisiologia da movimentação do membro e uma avaliação de desenho geométrico e
forças resultantes.
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d) Meios auxiliares no diagnóstico
d.1) Bloqueios anestésicos
Técnica de baixo custo e bastante útil na elaboração do diagnóstico,
pois além de ser de fácil acesso, não exige instalações especializadas. Fornece
subsídios ao clínico, que devem ser investigados através de Raios-X ou por outros
métodos de diagnóstico (MASSONE, 2003). De acordo com MUIR III et al. (2001)
e RADOSTITS et al. (2002), as injeções peri-lesionais podem ser feitas quando há
suspeita de desmite suspensora e fratura dos metacarpianos acessórios. Deve-se
obedecer aos princípios básicos para reduzir o risco de contaminação, como
tricotomia, sala livre de poeira, assepsia local, utilização de luvas cirúrgicas,
seringas e agulhas descartáveis e não aproveitamento de frascos já utilizados do
agente anestésico. Algumas considerações quanto ao procedimento são: 1) o
volume de anestésico a ser aplicado deve ser adequado e 2) deve-se observar
intervalo de tempo suficiente, para um máximo de efeito, entre o bloqueio
anestésico e o exame.
d.2) Exame radiográfico
Segundo DENOIX (1994), STASHAK (1994) e BUTLER (2000), o
exame radiográfico é o exame mais rotineiro na clínica veterinária e deve ser
realizado por técnico especializado e interpretado com bastante atenção. Em
muitas situações, esse exame permite que seja feito um diagnóstico específico
quando as manifestações clínicas são inespecíficas. Os autores relataram que
para avaliar, radiograficamente, os ossos metacarpianos II e IV, as melhores
incidências são a dorso-medial pálmaro-lateral oblíqua e a dorso-lateral pálmaro-
medial oblíqua, respectivamente.
Alguns princípios e regras devem ser observados ao formular-se uma
tabela técnica para exames radiográficos dos membros dos eqüinos. Os principais
são: 1) o tempo de exposição deve ser o mais curto possível, para limitar os
artefatos de movimentação na radiografia; 2) a miliamperagem (mA) deve ser tão
alta quanto possível, quando se está usando aparelhos de mA baixa; quando se
está usando aparelhos portáteis ou móveis será, geralmente, a maior mA no
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controle do aparelho; 3) a faixa de kilovoltagem (kV) deve estar entre 70 e 90 kV
para a maioria dos exames (STASHAK, 1994; BUTLER, 2000).
O exame radiográfico, por se tratar de um meio auxiliar de diagnóstico,
deverá ter suas informações analisadas juntamente com aquelas obtidas na
anamnese e exame clínico. Os achados radiográficos, por mais significativos que
sejam, não bastam para a formação do diagnóstico, uma vez que diversas
patologias, além de não apresentarem sinais radiográficos patognomônicos,
mostram, no seu desenvolvimento, imagens similares entre si. O exame
radiográfico simples é considerado a fase inicial dos procedimentos radiográficos
na busca de maiores informações para a formação do diagnóstico clínico e é
obtido sem a interferência de nenhum outro agente que não os Raios-X
(CARAPETO et al., 1996).
2.7.4 Tratamento das fraturas de ossos metacarpianos acessórios
a) Clínico
O tratamento das fraturas tem como finalidade precípua a recuperação
completa e precoce da função do membro. Portanto, a união sólida em forma
anatômica apropriada constitui o objetivo básico (MÜLLER et al., 1993).
A relação entre fratura de ossos metacarpianos acessórios e
enfermidades envolvendo o músculo interósseo (MI) tem sido objeto de estudos
recentes (VAN DEN BELT et al., 1994; DYSON et al., 1995; NATALI et al., 1999).
Em um estudo de dois anos de duração, as enfermidades do MI do membro
torácico foram mais freqüentes que as dos músculos flexores digitais em cavalos
Puro Sangue Holandeses (VAN DEN BELT et al., 1994). Tanto para o tratamento
quanto para a recuperação das enfermidades do MI, a irrigação arterial tem um
papel muito importante (ASHEIM, 1964; NILSSON & BJORCK, 1969;
FACKELMAN, 1991).
Segundo STASHAK (1994), o tratamento clínico das claudicações
envolvendo fraturas de MTC II ou IV fundamenta-se em um diagnóstico bem feito,
que é elaborado por meio de exame clínico, bloqueios anestésicos e exame
radiográfico. Nas fraturas onde não se observa envolvimento do ligamento
suspensório, portanto, sem desmite, pode-se tentar apenas o tratamento
16
conservador, constituído de antinflamatórios não esteróides (AINES),
corticosteróides e dimetilsulfóxido, além de ultra-sonografia terapêutica e
diatermia, ambos após a fase aguda dos processos. Qualquer que seja a
extensão da fratura, um período de repouso será obrigatório.
VIANA (2003) e TARANTO (2002) consideraram que os AINES
constituem fármacos usados comumente em eqüinos que podem causar
ulcerações na mucosa glandular, por provocarem redução na produção de
prostaglandina E2, devendo ser usados com muita cautela. Segundo os mesmos
autores, os principais efeitos de proteção da mucosa realizados pela
prostaglandina E2 incluem supressão de HCl (ácido clorídrico) e indução de
secreção de bicarbonato e muco pela mucosa. Seguindo-se as dosagens
recomendadas de AINES, no entanto, dificilmente o problema irá ocorrer, embora
seja sabido que alguns cavalos são extremamente sensíveis aos efeitos colaterais
do AINES, podendo desenvolver lesões mesmo quando se utiliza a dosagem
recomendada.
Em ordem decrescente, o potencial para provocar úlcera dos AINES
inicia-se com a fenilbutazona seguido do flunixin meglumine e, por último, o
cetoprofeno (MaCALLISTER,1993). O dimetilsulfóxido (DMSO) é utilizado em
inflamações agudas de tendões e ligamentos, porque a particularidade hidrofílica
da droga se manifesta mais intensamente onde há maior presença de água
(ALVES, 1998). Nas tendinites e desmites, os AINES devem ser utilizados
somente para controlar a inflamação e não para aliviar a claudicação, pois o uso
prolongado induz ulceração gastro-intestinal e lesão renal (HENNINGER, 1994).
Os fármacos AINES constituem preciosa ajuda na terapia das claudicações em
eqüinos. Entretanto, devem ser utilizados de maneira racional, devendo ser
acompanhados de programa de restabelecimento individualizado (STASHAK,
1994).
MADISON et al. (1996) e DYSON (1998) sugeriram que o exercício
controlado é importante na maturação da cicatriz do ligamento ou tendão,
devendo proporcionar tensão suficiente para permitir a reorganização das fibras
de colágeno durante a cicatrização. Entretanto, o exercício não deve ser forte a
ponto de levar a recidiva da lesão. Os mesmos autores recomendaram que um
programa de exercício para cavalos com inflamações nos tendões e ligamentos
17
deve se iniciar com repouso em baias, seguido de passeios de pequena duração
em piquete pequeno, iniciando um exercício leve após três a quatro meses. O
retorno aos treinos bem leves é sugerido entre o quinto e sétimo mês e somente
aos nove meses é que o animal é liberado para treinos fortes e competições.
Conforme STASHAK (1994) e DENOIX (1994), o objetivo da
fisioterapia é a restauração da função e promoção da cura tecidual, auxiliando os
processos fisiológicos. São exemplos de métodos de fisioterapia: frio, calor,
massagem, exercício, luz e manipulação.
Entre os recursos para melhorar a qualidade do tecido cicatricial, os
agentes físicos como o laser e o ultra-som têm sido utilizados por seus efeitos
anti-inflamatórios e como promotores da cicatrização (MORCOS & ASWAD, 1978;
HARMAN, 1997; MACHADO, 1999).
b) Cirúrgico
b.1) Considerações gerais
De acordo com HICKMAN (1976), quaisquer fraturas dos
metacarpianos acessórios são solucionadas com o tempo e é muito improvável
que o calo ósseo afete o ligamento interósseo. Em muitos casos, porém, a
exérese cirúrgica do fragmento distal à fratura, permite um retorno muito mais
rápido ao trabalho, pois os casos tratados de maneira conservadora podem
desenvolver uma união fibrosa assintomática ou defeituosa, que pode afetar o
ligamento interósseo e os tendões flexores. Nesse procedimento cirúrgico, a
incisão é feita na pele sobre a borda palmar do MTC II ou IV, sendo a fáscia
incindida ao longo da face palmar do osso. Com um osteótomo, se faz uma
incisão oblíqua no osso, proximalmente à fratura. O fragmento distal, então, é
separado do terceiro metacarpiano, seccionando-se o ligamento interósseo.
Depois da síntese, aplica-se uma bandagem e o animal deve repousar na baia por
seis semanas, retornando ao treinamento um mês após esta fase. Já DENNY
(1992), relatou que as fraturas podem complicar-se com desmites do ligamento
interósseo, o que piora o prognóstico e que a maioria das fraturas dos ossos
metacarpianos acessórios, são transversas e fechadas, sendo os metacarpianos
mediais os mais afetados. O tratamento inicial consiste em repouso, compressas
18
frias e bandagens compressivas. Se a fratura for aberta, deve-se adotar a terapia
antibacteriana.
O tratamento cirúrgico visa restabelecer, no mais curto espaço de
tempo possível, as condições físicas ideais de trabalho do eqüino portador de
fratura de ossos metacarpianos acessórios e desmite associada, dentro de uma
estratégia previamente estabelecida (AUER, 1992; DENNY, 1992; STASHAK,
1994; TURNER & McILWRAITH, 2002).
JONES & FESSLER (1977) relataram que 75,3% de 34 cavalos com
fraturas distais sem desmites, voltaram aos mesmos níveis de competição que
antes da operação e que 50% dos eqüinos com fraturas e desmites se
recuperaram totalmente após a cirurgia. Estes autores recomendam a secção
longitudinal do ligamento suspensório para melhorar a porcentagem de
recuperação. PALMER (1997) relatou que em cavalos de corrida, o tratamento
não cirúrgico das fraturas distais, de osso metacarpiano acessório,
frequentemente, causa um atraso na calcificação.
KNECHT et al. (1985); AUER (1992); DENNY (1992); STASHAK
(1994) e TURNER & McILWRAITH, 2002), indicaram a amputação dos ossos
metacarpianos acessórios quando os mesmos encontrarem-se fraturados, sendo,
usualmente, a metade distal do osso, o local da fratura. A claudicação ocasionada
pela fratura destes ossos normalmente é moderada podendo até ser um achado
acidental de um exame radiográfico. Nos cavalos de velocidade e agilidade, a
desmite suspensora pode acompanhar a fratura. Neste caso, será a desmite que
poderá limitar o prognóstico de retorno às atividades. Ocasionalmente, as fraturas
não deslocadas dos ossos metacarpianos acessórios consolidam-se após um bom
período de descanso, mas a movimentação no local da fratura geralmente resulta
na não união com o aparecimento de calosidade. A decisão a respeito da cirurgia
corretiva (amputação) é, muitas vezes, controversa. Se houver a necessidade de
amputação de mais que dois terços do osso, deve-se optar pela colocação de um
parafuso no fragmento proximal, unindo este ao metacarpiano principal,
favorecendo, desta maneira, a sua estabilização.
Quando se deseja amputar os dois ossos (MTC II e IV) no mesmo
procedimento, é descrito o decúbito dorsal como sendo vantajoso, porém alguns
cirurgiões utilizam o decúbito lateral (TURNER & McILWRAITH, 2002).
19
A inflamação do periósteo é citada como uma das sequelas das
cirurgias corretivas, podendo ser tratada com corticosteróides e hialuronato de
sódio (ALVES et al., 2002).
Relatos de DENNY (1992) e STASHAK (1994) sugerem que é grande
a casuística de animais com fraturas nos ossos metacarpianos acessórios que
desenvolvem desmite no aparelho suspensório. Em alguns casos, mesmo após a
amputação do osso, a desmite persiste, levando ocasionalmente a outra fratura,
desta feita no osso anteriormente sem alteração.
MILNE & TURNER (1987) relataram que deve-se tomar cuidado na
remoção da porção distal do MTC II para não seccionar acidentalmente o músculo
interósseo que se localiza numa posição caudomedial em relação a ele. Na
dissecção da porção mais distal do MTC II livre da fáscia circundante, o pequeno
músculo interósseo é seccionado ou afastado, pois ele passa sobre a extremidade
distal do MTC II.
b.2) Planejamento pré-operatório
O procedimento operatório proposto deve sempre ser planejado de tal
modo que a cirurgia possa ser efetuada de forma suave e o menos traumática
possível . Os objetivos do planejamento são: em primeiro lugar, determinar o
resultado final desejado e, em segundo, desenvolver a tática cirúrgica, que define
os tempos operatórios e a sua ordem (MÜLLER et al., 1993). Para DENNY (1992),
com o objetivo de reduzir o tempo cirúrgico, é essencial um bom planejamento
pré-operatório. Quanto mais tempo o animal ficar anestesiado, maior será o risco
de uma miosite pós-anestésica e de uma infecção da ferida cirúrgica. Os passos
do planejamento são: a) ter em mãos boas radiografias; b) realizar a tricotomia um
dia antes, para reduzir o tempo de anestesia; c) administrar o antibacteriano
(ampicilina intravenosa) uma hora antes da cirurgia; d) colocar uma almofada
entre os membros torácicos; e) retirar as ferraduras, lavar as extremidades do
membro e cobrir o casco com uma luva; f) colocação de bandagem de Esmarch
(borracha) e um torniquete de látex, na tentativa de diminuir o sangramento no
campo operatório; g) limpeza do campo operatório com PVPI e h) antes de colocar
os panos de campo, fazer uma outra aplicação de solução de PVPI.
20
b.3) Material necessário adicional
Segundo KNECHT et al. (1985), AUER (1992), DENNY (1992),
MÜLLER et al. (1993), STASHAK (1994) e TURNER & McILWRAITH (2002), o
seguinte material adicional é necessário na cirurgia de ostectomia parcial dos
metacarpianos II e/ou IV: a) boas radiografias; b) negatoscópio e aparelho de
Raios-X na sala de cirurgia; c) martelo ortopédico; d) cinzel – chanfrado em uma
face; e) osteótomo – chanfrado nas duas faces e f) cureta de Hugues.
b.4) Técnica cirúrgica
KNECHT et al. (1985), AUER (1992), DENNY (1992), STASHAK
(1994) e TURNER & McILWRAITH (2002) praticaram incisão de comprimento
variável diretamente sobre o metacarpiano acessório, estendendo-se dois
centímetros proximalmente ao local da amputação até um centímetro além da
extremidade distal do osso mencionado. A fáscia subcutânea foi seccionada ao
longo da mesma linha de incisão, porém não atravessando o periósteo. A
extremidade distal do osso afetado foi escavada com o auxílio de dissecação,
liberando-a da fáscia circundante e de suas conexões com o MTC III e daí,
pinçada e removida. O periósteo foi separado com um elevador próprio e, em
seguida, empregaram um osteótomo para seccionar o metacarpiano acessório,
proximalmente à fratura. A extremidade proximal foi curetada e aparada evitando-
se deixar borda aguda ou esquírola óssea. Após a amputação da extremidade
óssea, o tecido subcutâneo foi reconstituído empregando-se sutura absorvível
sintética. Na dermorrafia empregou-se sutura inabsorvível monofilamentar em
padrão simples separado. Aplicaram sobre a ferida cirúrgica, curativo não
aderente revestido por bandagem de algodão e atadura.
b.5) Conduta pós-operatória
De acordo com MÜLLER et al. (1993), 12 a 18 horas após a cirurgia,
um hematoma pode se tornar excelente meio de cultura para bactérias,
justificando a necessidade de serem evacuados tão logo seja possível, já que
diferentes investigações bacteriológicas mostraram que até 20% dos hematomas
pós-operatórios são contaminados. A esse respeito, TURNER & McILWRAITH
(2002), afirmaram que, apesar da hemostasia cuidadosa, a cirurgia é geralmente
21
acompanhada de hemorragia, sendo sensato trocar o curativo no primeiro ou
segundo dia após a cirurgia. Após esse período, os curativos compressivos são
trocados a cada cinco a sete dias e mantidos por três a quatro semanas,
associados à aplicação de soro antitetânico e, ainda, antibacterianos,
principalmente quando houver suspeita de osteíte ou osteomielite. Caso estejam
sendo usados drenos de Penrose, esses deverão ser removidos no segundo ou
terceiro dia após a cirurgia. A remoção dos pontos de pele deve ocorrer entre dez
e quatorze dias após a cirurgia.
b.6) Uso profilático de Antimicrobianos em cirurgia
O uso profilático de antimicrobianos, ou antibacterianos, em cirurgia
tem a finalidade de reduzir a ocorrência de infecções associadas a procedimentos
cirúrgicos. A profilaxia antimicrobiana em cirurgia passou por modificações
recentes que objetivam torná-la mais eficaz e menos onerosa, devendo o
antimicrobiano ser usado no momento correto e pelo menor tempo possível. Dada
a predominância de germes gram-positivos nas infecções de ferida operatória, os
antimicrobianos escolhidos devem ter boa eficácia e baixa toxicidade. Os
conhecimentos acerca da farmacocinética dos fármacos, especialmente quanto às
concentrações do antimicrobiano no sítio de infecção potencial, bem como, os
efeitos adversos e os custos também devem ser considerados (BARROS et al.,
2001).
KNECHT et al. (1985), AUER (1992) e TURNER & McILWRAITH
(2002) relataram que os antimicrobianos nunca devem ser usados para acobertar
falhas das técnicas cirúrgicas e que, no entanto, jovens cirurgiões muitas vezes
são tentados em utilizá-los de forma profilática. Para estes autores, o que se deve
buscar é a formulação de uma consciência cirúrgica, que consiste em: dissecar ao
longo dos planos dos tecidos, manipulação cuidadosa dos tecidos, hemostasia
adequada, discernir sobre qual a melhor conduta, escolha adequada do material
de sutura, fechamento dos espaços mortos e tentar diminuir o tempo da anestesia
e da cirurgia.
Segundo TURNER & McILWRAITH (2002), as cirurgias podem ser
classificadas em: a) limpas – onde os aparelhos gastrintestinal, urinário ou
respiratório não estão envolvidos; b) contaminada limpa – é aquela que envolve o
22
trato gatrointestinal, respiratório ou urinário, mas não há contaminação
significativa do campo operatório; c) contaminada – é aquela onde ocorre um
derrame grosseiro de conteúdo contaminado ou existe uma inflamação aguda e d)
cirurgia suja – aquela onde há presença de conteúdo purulento ou perfuração de
uma víscera. Esta classificação pode auxiliar o cirurgião a decidir quanto ao uso
ou não de antimicrobianos. As ostectomias de metacarpianos acessórios são
classificadas como cirurgias limpas.
b.7) Feridas cirúrgicas
A cicatrização pode ser feita por primeira e por segunda intenção
(MAGALHÃES, 1983; ROBBINS et al., 1984; BAXTER, 1988). A cicatrização é
denominada primária ou por primeira intenção, quando as superfícies das bordas
da ferida estão estreitamente ajustadas umas às outras, podendo, com o mínimo
de formação tecidual, unirem-se, fechando a mesma (LINDSAY, 1988). Este é o
objetivo de se promover, cirurgicamente, o fechamento de feridas, segundo
critérios de assepsia e antissepsia (MAGALHÃES, 1983).
De acordo com STASHAK (1994 b), a cicatrização em membros de
eqüinos tem de ser avaliada sob dois aspectos. O primeiro é a grande facilidade
que esta espécie tem em formar granulomas, devido, principalmente, as
diferenças na velocidade da divisão celular ocorridas no tecido conjuntivo e tecido
epitelial. O outro aspecto considerado é que o tecido conjuntivo, presente na
região metacarpiana, quantitativamente, é quase nulo, sendo mais fácil o controle
de possíveis granulomas.
b.8) Complicações pós-operatórias
AUER (1992), DENNY (1992), STASHAK (1994) e TURNER &
McILWRAITH (2002) citaram que as complicações pós-operatórias mais
freqüentes nesse tipo de procedimento são relacionadas a infecções, exostoses,
deiscência de feridas, edema de membro, granulomas e necrose local, devendo
ser tratadas de acordo com a gravidade da manifestação e com a sintomatologia
apresentadas.
23
b.9) Controvérsias no tratamento
Há várias controvérsias quando se considera o tratamento cirúrgico
das fraturas dos ossos metacarpianos acessórios, entre elas: necessidades ou
não de se operar, correlação com desmite suspensora, utilização ou não de
terapia antimicrobiana no pós-operatório, tipo de decúbito na mesa cirúrgica,
técnica operatória e momento sugerido de retorno ao trabalho (AUER, 1992;
DENNY, 1992; STASHAK, 1994; TURNER & McILWRAITH, 2002).
24
3 OBJETIVOS
3.1 Gerais
Estabelecer a freqüência, aspectos epidemiológicos, o diagnóstico e
um protocolo terapêutico para fraturas de ossos metacarpianos acessórios em
eqüinos.
3.2 Específicos
1. Observar a prevalência de fraturas de ossos metacarpianos
acessórios em eqüinos.
2. Realizar o diagnóstico de fraturas dos ossos metacarpianos
acessórios em eqüinos, empregando os exames clínico e radiográfico.
3. Avaliar a eficácia da ostectomia parcial bilateral dos ossos
metacarpianos acessórios, associada à remoção de aderências do ligamento
interósseo, no tratamento de fraturas dos ossos metacarpianos II ou IV, em
eqüinos.
4. Comparar a evolução clínica de feridas cirúrgicas, após ostectomia
parcial dos ossos metacarpianos II e IV em eqüinos, empregando, ou não, terapia
antibacteriana parenteral no pós-operatório.
25
4 MATERIAL E MÉTODOS Para melhor adequação da metodologia empregada, estabelecer os
parâmetros a serem avaliados e utilização racional dos resultados obtidos, optou-
se pelo desenvolvimento da pesquisa em duas etapas.
4.1 Primeira etapa do experimento
Essa etapa foi conduzida no período compreendido entre janeiro de
2001 e fevereiro de 2002, utilizando-se 16 eqüinos, sendo dez machos e seis
fêmeas de várias raças, com idade entre quatro e quinze anos e pesos variados.
Oito desses animais, após a confirmação do diagnóstico de fratura do segundo ou
do quarto osso metacarpiano (MTC II ou IV), foram submetidos à remoção,
apenas, da extremidade distal do osso fraturado. Nos demais, removeu-se além
da extremidade comprometida, um fragmento equivalente do osso metacarpiano
acessório saudável, do mesmo membro. Independente de se remover um ou
ambos os ossos metacarpianos, procedeu-se o afastamento do ligamento
interósseo de suas aderências ao terceiro osso metacarpiano, no lado
correspondente.
Após as intervenções cirúrgicas, todos os animais foram submetidos,
mensalmente, a avaliações clínicas, por um período de onze meses, com a
finalidade de observar possíveis complicações pós-operatórias e acompanhar o
desempenho dos animais em suas atividades.
Paralelamente, foram anotados dados relacionados a possíveis
fatores predisponentes envolvidos na etiopatogenia do processo (raça, atividade
física, tipo de esporte ou trabalho, exercício exacerbado e incorreções nos
aprumos ou ferrageamento). Esses dados, associados ao número de casos
atendidos, permitiram avaliar alguns aspectos epidemiológicos relacionados às
fraturas dos ossos metacarpianos acessórios e a ocorrência do problema em
eqüinos empregados, tanto em esporte quanto no trabalho diário de diferentes
criatórios.
26
Após a avaliação desses resultados, estabeleceu-se a metodologia
que foi aplicada na segunda etapa deste trabalho.
4.2 Segunda etapa do experimento
4.2.1 Local
O trabalho foi desenvolvido nas dependências do Hospital Veterinário
do 1º Regimento de Cavalaria de Guardas, localizado em Brasília-DF, entre os
meses de março de 2002 e dezembro de 2004.
4.2.2 Animais e manejo geral
Foram empregados, nessa etapa, 28 eqüinos de esporte e trabalho,
de diferentes raças e pesos, com idade entre quatro e treze anos, estabelecida
pela cronologia dentária (GETTY, 1986; PURINA, 1987; AAEP, 1988; DE
CICCO,1999), portadores de fratura unilateral do segundo ou quarto osso
metacarpiano e de desmite do ligamento interósseo, confirmados por meio de
exame clínico e radiográfico. Durante todo o período de pré e pós-operatório, os
animais receberam, diariamente, 1,5 kg de ração comercial destinada a eqüinos
para cada 100 kg de peso corporal; 0,8 a 1,0 kg de feno de capins coast-cross e
typhton por 100 kg de peso corporal e sal mineralizado específico para eqüinos,
oferecido ad libitum em cocho coberto. A água foi oferecida em cochos individuais,
à vontade. Os animais permaneceram, durante todo o período pré e pós-
operatório, em baias individuais e só saiam delas nos momentos de serem
submetidos a exercícios, curativos e/ou avaliações clínicas ou, ainda, para que se
procedesse a higienização do animal e do ambiente.
27
4.2.3 Anamnese e diagnóstico
Com os animais em repouso, foram realizados exames visuais
cuidadosos, observando-se os mesmos por todos os ângulos. Após o exame em
repouso, procedeu-se ao exame em movimento, cujo objetivo principal foi
identificar o membro afetado e o grau de claudicação, quando existia. Para isso,
os cavalos foram observados ao passo e ao trote, pela frente, de perfil e por trás,
segundo DENOIX (1994), STASHAK (1994), ROSE & HODGSON (1995) e
JOHNSTON (2001).
Os animais que, à inspeção, mostraram qualquer grau de claudicação
e que, à palpação do ligamento interósseo, evidenciaram sensibilidade moderada
ou intensa, foram diagnosticados como portadores de desmite interóssea.
Para que o diagnóstico clínico fosse conclusivo, todos os animais
foram submetidos ao exame radiográfico. As incidências utilizadas foram a dorso-
medial pálmaro-lateral oblíqua e a dorso-lateral pálmaro-medial oblíqua, buscando
uma melhor visualização dos ossos metacarpianos II e IV, respectivamente
(figuras 1 e 2).
Após a confirmação do diagnóstico e da decisão pelo tratamento
cirúrgico, os proprietários foram consultados para que pudessem manifestar o
interesse pelo protocolo terapêutico indicado e, naqueles casos onde houve
aquiescência dos mesmos, foi realizada a anamnese, com o intuito de se
enumerar os possíveis fatores epidemiológicos relacionados. Nesse
procedimento, foram anotados dados referentes à raça do animal, esporte que
praticavam, duração do trabalho, as condições do local onde exerciam suas
atividades, as condições de alimentação e o nível de competição que
participavam, quando se tratava de animais de esporte. Verificou-se também as
condições de ferrageamento e a existência de lesões antigas ocorridas com os
animais.
Após esses procedimentos, os eqüinos foram tratados com vermífugo,
pesados e submetidos a novas avaliações clínicas. Aqueles animais que não
tinham sido anteriormente imunizados contra tétano, influenza e encefalomielite, o
foram assim que houve a decisão pelo tratamento (Vacina Tri-equi - Laboratório
28
Hertape - Belo Horizonte-MG). Somente após adotar esses procedimentos, foi
agendado o procedimento cirúrgico.
4.2.4 Distribuição dos grupos e tratamentos
Os eqüinos foram distribuídos, equitativamente, nos grupos, de acordo
com a ordem de encaminhamento ao tratamento cirúrgico. A distribuição se
efetivou em quatro grupos de sete animais cada. Grupo I: animais submetidos a
ostectomia parcial dos ossos metacarpianos II e IV, associado a liberação de
aderências entre o ligamento interósseo e estruturas adjacentes. Nesse grupo, os
animais foram submetidos a terapia antimicrobiana no pós-operatório,
empregando-se o seguinte protocolo: 20.000 UI/kg de peso corporal de uma
associação de Penicilina G-Benzatina, G-Potássica, G-Procaína e Estreptomicina
(Septipen - Laboratório Vallée - Montes Claros-MG), a cada 48 horas, pela via
FIGURA 1-Ilustração de exame radiográfico mostrando a angulação entre aparelho e chassi, para visualizar o MTC II do membro torácico esquerdo
FIGURA 2-Resultado de exame radiográfico mostrando, no círculo, fratura na extremidade distal do MTC II, do membro torácico esquerdo
29
intramuscular (IM), até completar quatro aplicações. Grupo II: animais submetidos
a ostectomia parcial dos ossos metacarpianos II e IV, com a remoção das
aderências entre o ligamento interósseo e estruturas adjacentes sem, entretanto,
submetê-los a terapia antibacteriana sistêmica. Grupo III: animais submetidos a
ostectomia parcial dos ossos metacarpianos II e IV, sem a liberação de aderências
entre o ligamento interósseo e estruturas adjacentes, recebendo o mesmo
protocolo de terapia antibacteriana já descrito para o grupo I. Grupo IV: animais
submetidos a ostectomia parcial dos ossos metacarpianos II e IV, sem se remover
as aderências e sem receber terapia antibacteriana no pós-operatório.
4.2.5 Pré-operatório
Aproximadamente 24 horas antecedendo o procedimento cirúrgico, foi
providenciada a antissepsia prévia do membro a ser operado, utilizando-se, para
isto, higienização com água e sabão e solução degermante de iodo polivinil
pirrolidona – PVPI (Riodeine - Laboratório Rioquímica, São José do Rio Preto-SP).
Os animais foram submetidos a jejum alimentar por 12 horas e hídrico por seis
horas, permanecendo em baias de alvenaria. No dia da cirurgia, a tricotomia foi
realizada, antes da indução anestésica, desde o terço proximal do osso
metacarpiano até a articulação interfalangeana distal . Finda essa etapa, os
animais foram encaminhados à sala de anestesia.
Os procedimentos cirúrgicos ocorreram com os animais sob anestesia
geral inalatória, obedecendo ao seguinte protocolo: medicação pré-anestésica
com acepromazina, na dose de 0,04 mg/kg de peso corporal (Acepran 1% -
Laboratório Univet, São Paulo - SP); indução com diazepam, empregando-se 0,04
mg/kg de peso corporal (Diazepan – Agener União, Embu-Guaçu – SP) e
cetamina, na dose de 2,0 mg/kg de peso corporal (Ketamina - Agener União,
Embu-Guaçu - SP). Em todos os eqüinos, aplicou-se a acepromazina,
respeitando-se um intervalo entre dez e quinze minutos para se aplicar o
diazepam e, em seguida, a cetamina. Para a administração destes três agentes,
utilizou-se a via intravenosa (IV). Assim que o animal apresentava-se em decúbito,
introduzia-se a sonda orotraqueal e o mesmo era encaminhado para o centro
cirúrgico, onde procedia-se a conexão da sonda ao circuito anestésico (Aparelho
30
Big Conquest – HB, São Paulo-SP) contendo halotano (Fluothane - Astra Zêneca,
Cotia-SP). A concentração do anestésico inalatório variou, inicialmente, entre
4,0% e 5,0%, diminuindo conforme o animal alcançasse o estágio e o plano
anestésico esperados. Durante o procedimento cirúrgico, os parâmetros
fisiológicos foram permanentemente avaliados e a pressão arterial média aferida,
empregando-se esfigmomanômetro, por técnica invasiva, utilizando-se a artéria
facial (MASSONE, 2003).
Com o animal já sob efeito da anestesia, aplicou-se sobre o membro a
ser operado, a bandagem de Esmarch, seguida por garroteamento com tubo de
látex de um centímetro de diâmetro, imediatamente cranial à articulação carpiana.
Procedeu-se, então, a antissepsia final com solução degermante de PVPI, seguida
de solução a 0,2 % de PVPI em soro fisiológico, sendo este último, com o
propósito de remover o excesso de antisséptico. A extremidade do membro foi
limpa e calçada com luva de látex, sendo em seguida, coberta com um pano de
campo estéril. O local da incisão foi isolado por meio de panos de campo estéreis,
obedecendo critérios de antissepsia recomendados por KNECHT et al. (1985),
AUER (1992), DENNY (1992), MÜLLER et al. (1993), STASHAK (1994) e
TURNER & McILWRAITH (2002).
4.2.6 Procedimento cirúrgico
Seguindo as recomendações de KNECHT et al. (1985), AUER (1992),
DENNY (1992), STASHAK (1994) e TURNER & McILWRAITH (2002), praticou-se
uma incisão cutânea longitudinal de aproximadamente 12 centímetros (cm) de
extensão, sobre o osso metacarpiano acessório fraturado, iniciando-se a dois cm,
proximalmente ao ponto da amputação e estendendo-se até cerca de um cm,
distalmente à extremidade distal do osso mencionado. O periósteo foi separado
empregando-se um elevador de periósteo e em seguida, após a exposição do
osso, sua extremidade distal foi segura com pinça hemostática com dentes e de
tamanho médio (Ochsner). Na manobra subseqüente, a extremidade foi
ligeiramente tracionada para facilitar a divulsão e, conseqüentemente, a
31
separação de suas ligações com o terceiro metacarpiano. Nessa ação, utilizou-se,
também, uma tesoura de Mayo, romba curva. Para finalizar esse procedimento
empregou-se um osteótomo, um cinzel e um martelo, os quais foram usados para
seccionar o metacarpiano acessório, a aproximadamente 15 milímetros (mm),
proximalmente à fratura. Após a remoção do fragmento, uma cureta para osso foi
empregada com o intuito de remover possíveis facetas ósseas cortantes,
resultantes da amputação.
Nos animais pertencentes aos grupos I e II, as aderências entre o
tendão interósseo e as estruturas adjacentes foram desfeitas por meio de divulsão
romba. Nos eqüinos que compuseram os grupos III e IV essa manobra não foi
empregada. Na reconstituição do tecido subcutâneo empregou-se fio absorvível
de categute simples 2-0 (Cat gut – Ethicon, Johnson & Johnson, São José dos
Campos - SP), em padrão colchoeiro e na dermorrafia utilizou-se fio de nylon 2-0
(Mononylon 2-0 Ethilon – Ethicon, Johnson & Johnson, São José dos Campos-
SP), intercalado com nylon 1-0 artesanal e sutura em padrão simples separado
(KNECHT et al., 1985; DENNY, 1992).
Após a dermorrafia, os animais foram posicionados em decúbito
oposto ao que estavam inicialmente, para que se procedesse a remoção parcial
do outro osso metacarpiano acessório saudável, do mesmo membro, utilizando-se
manobra cirúrgica semelhante, removendo-se, então, fragmento simétrico ao do
osso fraturado.
A figura 3 mostra fraturas de metacarpianos acessórios, bem como o
que se apresenta após a cirurgia e também a radiografia de região metacarpiana
de um animal que teve os metacarpianos acessórios amputados, de acordo com a
manobra cirúrgica descrita neste estudo.
32
A B
C D
Figura 3-Peças anatômicas onde se visualiza fraturas de ossos metacarpianos e resultado de exame radiográfico. A: fratura na extremidade distal de osso metacarpiano acessório. B: fratura do MTC II e extremidade do MTC IV já removida. C: no detalhe, ossos MTC II e IV amputados e simétricos. D: resultado de exame radiográfico após a remoção dos ossos MTC II e IV.
33
4.2.7 Pós-operatório
Imediatamente após concluir a sutura de pele, em todos os animais,
foi aplicado um curativo obedecendo os seguintes passos: a) limpeza da ferida
cirúrgica com solução 0,2% de iodo povidona em solução fisiológica a 0,9%; b)
colocação de retalhos de gaze estéril sobre a ferida cirúrgica; c) aplicação de
algodão ortopédico, algodão hidrófilo e ataduras de crepon e d) proteção com
bandagem elástica impermeável autoadesiva. Após a aplicação desse curativo, a
sonda orotraqueal foi desconectada do sistema anestésico e o animal conduzido à
sala de recuperação de anestesia. A remoção da sonda orotraqueal só se efetuou
no momento em que o animal mostrou reflexo de deglutição. O referido curativo
permaneceu, em todos os eqüinos, até o sétimo dia sem que houvesse troca.
Aplicou-se 1 mg/kg de peso corporal de diclofenaco sódico (Vetflogin,
Laboratório Vallée, Montes Claros-MG), em todos os animais, durante quatro dias
consecutivos, pela via IV. Para os eqüinos pertencentes aos grupos I e III foi
adotado o protocolo de terapia antibacteriana já descrito. Entre o término da
cirurgia e o sétimo dia, todos os animais permaneceram com a mesma bandagem,
sem haver troca do curativo. No sétimo dia foi realizado um novo curativo da ferida
cirúrgica, idêntico ao realizado ao final do procedimento cirúrgico, que
permaneceu até o décimo dia, sendo removido, nessa ocasião, definitivamente.
Desse dia até o momento da remoção dos pontos, o curativo foi diário e constou
de limpeza com solução a 0,2% de iodo povidona em solução fisiológica. A
remoção dos pontos ocorreu no 13º dia do pós-operatório, em todos os animais.
Nos primeiros 15 dias após o procedimento cirúrgico, os animais
permaneceram alojados em baias, sem praticar qualquer exercício físico. A
retirada destes da baia, somente ocorreu para proceder a limpeza diária dos
mesmos e do ambiente e, também, nos dias de trocas de bandagens e curativos.
Após esse período, permaneceram em baias mas foram submetidos a dois
passeios diários de dez minutos cada, conduzidos ao cabresto. A partir do 30º dia,
esses passeios aumentaram para 20 minutos cada, em ruas de superfície plana.
Do 45º dia em diante, o tempo de passeio aumentou para 30 minutos cada.
34
a) Avaliação da evolução clínica da ferida cirúrgica
As feridas cirúrgicas foram avaliadas aos sete dias, por ocasião da
troca da bandagem e aos treze, no momento da remoção dos pontos,
observando-se a presença ou não de exsudato purulento e deiscência da mesma.
No quesito cicatrização, levando-se em consideração a coaptação de bordas e o
aspecto macroscópico da ferida, foram estabelecidos escores de acordo com a
extensão da mesma, a saber: escore um, cicatrização de até 25% da ferida;
escore dois, até 50%; escore três, até 75% e escore quatro, acima de 75% de
cicatrização da ferida.
b) Avaliação radiográfica
Decorridos 60 dias da intervenção cirúrgica, os animais foram
novamente radiografados com o intuito de se acompanhar uma possível reação
inflamatória no periósteo local, exostoses ou mesmo uma osteomielite. As
exposições radiográficas foram realizadas sob as seguintes incidências: dorso-
medial pálmaro-lateral oblíqua e dorso-lateral pálmaro-medial oblíqua, em
conformidade com STASHAK (1994), CARAPETO et al. (1996) e BUTLER (2000)
(Figuras 1, 2 e 3D).
c) Avaliação clínica final dos animais
A avaliação clínica final dos animais foi realizada no 60º dia de pós-
operatório. Empregou-se nesse exame as técnicas de palpação e inspeção,
analisando-se os seguintes parâmetros: sensibilidade local à pressão digital sobre
o ligamento interósseo e graduação da claudicação, caso a mesma estivesse
presente. Este exame foi empregado como critério de liberação ou não, para que
os animais iniciassem trabalho montados e foi conduzido por um único
examinador.
c.1) Avaliação da sensibilidade à pressão digital sobre o ligamento interósseo
Essa avaliação ocorreu em duas oportunidades, aos 30 e aos 60 dias
decorridos do procedimento cirúrgico e foi realizada com o membro avaliado
suspenso, estando a articulação carpiana flexionada e a região metacarpiana
apoiada em uma das mãos do examinador. Com a outra mão era realizada a
35
pressão digital sobre o ligamento. Nesse exame, a sensibilidade foi classificada
como ausente, moderada ou intensa, de acordo com o seguinte critério: a)
considerou-se como ausência de sensibilidade, quando o animal não esboçava
qualquer reação ao estímulo digital; b) o grau moderado foi considerado, quando o
eqüino apresentava um pequeno movimento reflexo ao estímulo sem, no entanto,
retirar o membro examinado da mão do examinador e c) o grau de sensibilidade
classificado como intenso foi considerado quando o eqüino retirava, bruscamente,
das mãos do examinador, o membro examinado, chegando a se desequilibrar.
c.2) Avaliação da claudicação
Esta avaliação ocorreu aos 60 dias, onde todos os eqüinos, antes de
serem liberados para o trabalho, foram inspecionados em repouso e em
movimento - ao passo e ao trote em linha reta e em círculos à direita e à
esquerda. Procurou-se verificar a presença ou não de claudicação, com sede
nos membros operados, graduando-se a mesma de zero (quando não havia
claudicação) a quatro (quadro mais grave) conforme sugeriram O’CONNOR
(1952) e STASHAK (1994).
d) Liberação dos animais para o trabalho montado
Os animais que, após o exame realizado aos 60 dias, não apresentaram
sensibilidade à pressão digital sobre o ligamento interósseo, cujo exame radiográfico
não mostrou alterações ósseas, bem como, não apresentaram qualquer grau de
claudicação, com sede no membro em questão, foram liberados para início de
trabalho montado, logo após esse exame. Os demais somente o foram após ter sido
constatada a ausência de sensibilidade e de claudicação, aos 80 ou 130 dias após o
procedimento cirúrgico.
36
4.2.8 Procedimentos estatísticos
Os dados da avaliação clínica da cicatrização da ferida cirúrgica, da
presença ou não de sensibilidade à pressão digital sobre o ligamento interósseo,
da avaliação da presença ou não de claudicação e da avaliação radiográfica,
foram anotados e comparados dentro e entre os grupos. Os dados foram
analisados estatisticamente empregando-se, para isto, o teste da diferença entre
duas proporções (AYRES et al., 2000).
A hipótese testada foi a seguinte: não há diferença entre os grupos
quanto à aplicação de antimicrobiano e quanto à remoção das aderências entre o
ligamento interósseo e tecidos adjacentes. Para testar tal hipótese, os parâmetros
avaliados foram: sensibilidade à pressão digital sobre o ligamento interósseo e
grau de claudicação, observados ao exame clínico.
37
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO A primeira etapa deste estudo, empregando 16 eqüinos, serviu como
diretriz para o trabalho aqui desenvolvido, especialmente, porque por meio dele
foi possível identificar alguns aspectos epidemiológicos envolvidos na
etiopatogenia do processo. O pré-experimento serviu, também, como treinamento
dos métodos de diagnóstico e tratamento e, possibilitou ainda, acompanhar a
evolução do pós-operatório. Nessa etapa, uma constatação que chamou a
atenção, esteve relacionada com as ocorrências de fratura no osso metacarpiano
contralateral do mesmo membro, subseqüente à amputação daquele fragmento
fraturado, após a liberação dos animais para a prática do exercício. Na ocasião,
de 16 eqüinos operados, oito (50%) tiveram somente o osso fraturado amputado
e, dentre estes, cinco animais (62,5%) apresentaram nova fratura no osso não
removido. Este achado pode ser explicado, muito provavelmente, pela fragilização
local decorrente da desmite do ligamento interósseo associado à sobrecarga do
exercício. KRIEG & HERTSCH (1998) afirmaram que fraturas por avulsão nas
extremidades distais dos ossos metacarpianos acessórios estão relacionadas ao
exercício exagerado e a patologias do aparelho suspensório, sendo um evento
secundário a estes. Estas informações reforçam, em parte, a etiopatogenia aqui
defendida. Nos outros oito animais, onde se optou pela amputação dos dois
ossos, durante o mesmo procedimento cirúrgico, não voltou a ocorrer desmite ou
claudicação relacionada durante o período de estudo preliminar, dando subsídios
para que se adotasse esta conduta, no estudo subseqüente. Esta observação
reforça a teoria de que a estabilidade provocada pela amputação bilateral,
diminui a predisposição natural de ocorrência de uma nova enfermidade em
qualquer das estruturas envolvidas, pois as forças presentes, durante o
movimento, se dividem por igual.
A importância do estudo de protocolos mais adequados de tratamento
de enfermidades locomotoras de eqüinos é indiscutível pois durante o período do
desenvolvimento experimental o número de eqüinos atendidos foi de,
aproximadamente, 3.000, de acordo com as fichas de tratamento existentes no
HOVET 1º RCG. Deste total, 1.400 (46,67%) apresentavam algum tipo de
claudicação e dentre estes, em setenta e cinco (5,36%), chegou-se ao diagnóstico
38
de fratura em ossos metacarpianos acessórios, evidenciando-se também algum
comprometimento do aparelho suspensório.
Dentre os 75 eqüinos com diagnóstico positivo de fratura dos ossos
metacarpianos acessórios, 32 (42,67%) eram utilizados na prática de pólo, 16
(21,33%) no hipismo, 12 (16%) destinados ao trabalho, especialmente instrução e
cerimonial militar, nove (12%) empregados em provas de tambor e apartação, três
(4%) em vaquejada e três (4%) utilizados na prática de enduro eqüestre. Essa
distribuição, de acordo com a atividade envolvida, indicou que as fraturas dos
ossos metacarpianos acessórios, podem ocorrer independentemente da
especialidade, aptidão e também da raça do animal (Anexo 2).
Fazendo uma avaliação considerando a raça (Anexo 2), verificou-se
que de um total de 75 eqüinos, diagnosticados como portadores de fratura nos
ossos metacarpianos acessórios, 23 (30,67%) eram Puro Sangue Ingleses (PSI),
23 (30,67%) sem raça definida (SRD), 14 (18,67%) da raça Quarto de Milha, seis
animais (8%) pertenciam à raça Puro Sangue Árabe, cinco (6,67%) à raça
Brasileiro de Hipismo (BH) e quatro (5,33%) eram da raça Mangalarga. Levando-
se em consideração a raça e a atividade desenvolvida, verificou-se que, dentre os
32 eqüinos que praticavam pólo e que foram acometidos pela enfermidade, 13
(40,62%) eram SRD, 12 (37,5%) pertenciam à raça PSI, dois (6,25%) à raça
Quarto de Milha, dois (6,25%) eram da raça BH e três (9,38%) da raça
Mangalarga. Em virtude das atividades desenvolvidas serem consideradas de
risco, é muito provável que estes aspectos possam ter contribuído para a
manifestação do problema. STASHAK (1994), KRIEG & HERTSCH (1998) e
BUTLER et al. (2000) acrescentaram que o ferrageamento algumas vezes
incorreto, os aprumos nem sempre regulares, o exercício exagerado ou falta de
condicionamento físico e as contingências de seguidos treinamentos e impactos
constantes, podem ser apontados como agentes predisponentes às fraturas nos
ossos metacarpianos acessórios. Como neste estudo trabalhou-se com eqüinos
empregados em diversas atividades, não foi possível estabelecer uma predileção
por determinado membro, como foi relatado por DENNY (1992) e STASHAK
(1994), em seus trabalhos com cavalos de corrida.
Ao analisar os possíveis aspectos epidemiológicos relacionados com a
ocorrência das fraturas dos ossos metacarpianos, nos eqüinos do presente
39
estudo, a modalidade de esporte, desmite primária, sobrecarga nos exercícios,
ferrageamento incorreto - ocasionado desmites e/ou tendinites e traumatismos
diretos provocados pela atividade, foram os fatores presentes, identificados em na
maioria dos casos atendidos.
DENNY (1992) e STASHAK (1994) relataram a maior ocorrência
dessas fraturas em determinado membro dos eqüinos, especialmente animais da
raça PSI. Como na presente pesquisa, a maioria dos animais atendidos era
praticante de pólo e, por ser este esporte, marcado por constantes mudanças de
direção, seguidos de galopes em alta velocidade e paradas bruscas, além da
troca, a cada tento assinalado, do lado do campo a ser defendido, é possível
ocorrer problemas em ambos os ossos de qualquer um dos membros. Constatou-
se neste estudo a íntima relação entre fraturas de ossos metacarpianos
acessórios e a desmite, o que está de acordo com as observações de
VERSCHOOTEN et al. (1984).
Nos casos em que o tratamento cirúrgico foi indicado e, quando houve
a aquiescência do proprietário, elaborou-se ficha de acompanhamento clínico dos
mesmos, seguindo recomendações de STASHAK (1994), ROSE & HODGSON
(1995) e JOHNSTON (2001). Conforme constatado neste estudo, estes autores
também ressaltaram a importância da anamnese na formulação do diagnóstico,
devendo esta etapa iniciar-se com perguntas dirigidas e um questionamento
epidemiológico, no sentido de se caracterizar os possíveis agentes causadores da
enfermidade em questão.
Outro aspecto observado e de grande relevância, foi a necessidade de
se trabalhar sempre com uma equipe cirúrgica coesa e sabedora da rotina de um
centro cirúrgico, além das atribuições individuais antes, durante e após o ato
cirúrgico, fatores estes que, indiscutivelmente, implicam no tempo cirúrgico e, por
conseqüência, na diminuição de problemas relacionados à contaminação e
comprometimento do estado geral do animal. TURNER & McILWRAITH (2002) já
destacaram a importância do tempo em cirurgias e as implicações da má
utilização do mesmo, às vezes gerando complicações irreversíveis.
Constatou-se, na primeira etapa deste estudo, que um dos pontos
críticos, observados no trans-operatório, era exatamente o tempo dispendido na
colocação do animal na mesa e no momento da alteração do decúbito, pois, em
40
alguns casos se perdeu mais de dez minutos para executar tais manobras. Esse
aspecto foi corrigido, havendo treinamento e conscientização dos envolvidos, no
sentido de agilizar o trabalho. Essa conduta contribuiu para a redução no tempo
cirúrgico, amenizando, conseqüentemente, os custos com o procedimento e, por
conseguinte, as chances de contaminação, aspectos esses já considerados por
MÜLLER et al. (1993) e por TURNER & McILWRAITH (2002).
Em todos os animais se empregou a faixa de Esmarch, também
recomendada por TURNER & McILWRAITH (2002), na hemostasia preventiva,
sendo portanto, considerado um método eficaz neste quesito, melhorando,
sobremaneira, a visualização do campo operatório e permitindo que todas as
manobras, realizadas pela equipe cirúrgica, se completassem em períodos
reduzidos de tempo. Segundo MÜLLER et al. (1993), o controle da hemorragia no
trans-operatório diminui as chances de erros médicos, reduzindo o tempo cirúrgico
e, conseqüentemente, auxiliando na prevenção de proliferação de agentes
infecciosos na ferida, uma vez que o sangue é um excelente meio de cultura.
Dentre os 28 animais empregados neste estudo, cinco (17,86%)
animais apresentaram exostose no sítio anatômico da cirurgia, sendo um (3,57%)
do grupo I, um (3,57%) do grupo II, dois (7,14%) do grupo III e um (3,57%) do
grupo IV. Este achado pode estar relacionado a uma possível sensibilização do
periósteo no transcorrer do processo inflamatório, mas não foi detectada relação
com o grau de sensibilidade local ou claudicação. Entretanto, não se verificou, em
nenhum dos animais a ocorrência de osteomielite, confirmando a necessidade de
se prevenir a contaminação do campo operatório. O efeito dessa medida pôde ser
constatado no presente trabalho, pois essa complicação não foi detectada no pós-
operatório.
TURNER & McILWRAITH (2002) sugeriram que o curativo pós-
cirúrgico seja trocado no primeiro ou segundo dia após a cirurgia, troca esta,
motivada pela possível presença de hemorragia, mesmo quando se tenha obtido
uma boa hemostasia. Entretanto, no presente estudo, a permanência da
bandagem pós-cirúrgica (Figura 5) por uma semana sem ser substituída, não
resultou em comprometimento da ferida cirúrgica, pois no momento da troca da
bandagem e no dia da remoção dos pontos, as feridas se apresentavam em bom
aspecto clínico, o que é mostrado na figura 4. Justifica-se essa conduta pelo fato
41
de que, por mais higiênico que seja o local onde o animal permanece internado,
hospital ou haras, o simples fato de se trocar todos os dias a bandagem
compressiva, já estaria expondo a ferida aos germes presentes no ambiente,
concomitante ao processo inflamatório local, que também pode favorecer a
instalação de uma infecção. Adiciona-se a isso o fato de que quando se promove
a limpeza de uma ferida cirúrgica, está se expondo a lesão a respingos de água,
urina ou fezes, pela sua proximidade com o solo. Como o primeiro curativo foi
realizado ainda no centro cirúrgico, em tese, houve menor probabilidade da ferida
ter se contaminado por um agente patogênico.
A terapia antibacteriana, empregada no pós-operatório dos animais
deste estudo, objetivou finalidade de reduzir a ocorrência de infecções.
Entretanto, como os resultados dos diferentes protocolos terapêuticos envolvendo
antibacterianos são variados, o assunto tem recebido especial atenção e,
atualmente, modificações estão sendo estudadas no sentido de torná-la mais
FIGURA 5-Animal no sétimo dia de pós-operatório, após a troca da bandagem
FIGURA 4-Aspecto da ferida cirúrgica sete dias após a cirurgia, no momento da da troca da bandagem
42
eficaz e menos onerosa, devendo, portanto, o antimicrobiano ser usado no
momento correto e pelo menor tempo possível. Essa afirmação encontra respaldo
nos relatos de BARROS et al. (2001), os quais afirmaram que, em razão da
predominância de germes gram-positivos nas infecções de ferida operatória, os
antimicrobianos escolhidos devem ter boa eficácia e baixa toxicidade e, que
mesmo quando houver, potencialmente, a presença de uma microbiota variada,
não é necessário estender a cobertura a todos eles.
Embora STASHAK (1994) e TURNER & McILWRAITH (2002) tenham
considerado o risco potencial de infecções neste tipo de procedimento, essa
ocorrência não foi observada no presente estudo, pois no momento da troca da
bandagem, aos sete dias (Figura 4), dos 28 animais empregados no estudo, em
apenas dois (7,14%) notou-se a presença de exsudato purulento, entretanto no
13º dia, quando da remoção dos pontos, este fato não foi observado em nenhum
animal. Ressalta-se que esses dois animais pertenciam ao grupo IV, que não foi
submetido à remoção de aderências e no qual, também não se empregou
antibacterianos.
Quanto à cicatrização, todos os animais (100%) pertencentes aos
grupos I e II, seis animais (85,71%) pertencentes ao grupo III e cinco (71,43%)
que constituiram o grupo IV, apresentaram escore quatro no dia da remoção
definitiva dos pontos. Nessa mesma ocasião a um animal (14,29%) pertencente
ao grupo III e a dois (28,57%) do grupo IV, foi atribuído escore três, sugerindo que
a cicatrização da ferida cirúrgica ocorreu dentro da normalidade (Quadro 1). Como
no presente estudo não se detectou diferença significativa (p>0,05) entre os
grupos de eqüinos que receberam e os que não receberam terapia antimicrobiana,
denota-se então, ser mais importante realizar antissepsia prévia correta, seguindo
rigorosamente, as orientações pertinentes ao pré, trans e pós-operatório,
dispensando-se, em conseqüência, a utilização daqueles produtos. Nesse
aspecto, o presente estudo encontrou respaldo em KNECHT et al. (1985), AUER
(1992) e TURNER & McILWRAITH (2002), segundo os quais, os antimicrobianos
não devem ser usados para corrigir falhas do cirurgião ou prevenir infecções e
como esse tipo de procedimento é classificado como cirurgia limpa, não se
justificaria a obrigatoriedade de tal uso.
43
QUADRO 1-Avaliação da evolução clínica da ferida cirúrgica de eqüinos, submetidos a ostectomia parcial dos metacarpianos II e IV, de acordo com os grupos e o escore de cicatrização da ferida cirúrgica, no momento da troca da bandagem, aos sete dias e na remoção dos pontos, aos treze dias após o procedimento cirúrgico, no 1º RCG, em Brasília-DF, no período compreendido entre março de 2002 a dezembro de 2004
Evolução clínica da ferida cirúrgica Grupos Animal sete dias treze dias Escore de cicatrização Escore de cicatrização 1 3 4 2 3 4 I 3 4 4 4 3 4 5 3 4 6 3 4 7 3 4 8 3 4 9 4 4 II 10 3 4 11 3 4 12 4 4 13 4 4 14 4 4 15 4 4 16 3 4 III 17 3 3 18 4 4 19 3 4 20 3 4 21 3 4 22 3 4 23 2 3 IV 24 3 4 25 3 4 26 3 4 27 3 4 28 3 3
44
Durante o desenvolvimento da presente pesquisa, ficou evidente a
importância de se ter um conhecimento sólido em anatomia da região
metacarpiana do eqüino, tanto no estabelecimento do diagnóstico como no trans-
operatório. Portanto, ao se considerar esse aspecto, preocupou-se,
paralelamente, em estudar as funções e relações dos ossos metacarpianos com
os ligamentos interósseos, bem como, o papel desempenhado por cada uma
destas estruturas durante a locomoção, facilitando, conseqüentemente, a
execução do protocolo terapêutico adotado. A importância deste conhecimento
anatômico foi ressaltada por THOMASSIAN (1996), quando afirmou que os
músculos atuam como transmissores da cinética do movimento aos tendões,
possibilitando a movimentação de todas as estruturas que formam e mantêm a
estabilidade das articulações, sendo o esqueleto, o alicerce para o sistema de
alavanca que essas articulações exercem. Uma disfunção em qualquer desses
componentes acarretaria desvios no padrão normal de locomoção, o que deve ser
investigado na fase de elaboração do diagnóstico.
Uma revisão consistente sobre a mecânica da locomoção foi de
extrema importância na tomada de decisão. Como a distribuição do peso dos
cavalos não é uniforme, com o centro de gravidade localizando-se mais
cranialmente, os membros torácicos recebem, por conseguinte, uma maior
sobrecarga, predispondo-os à diversos tipos de alterações na sua fisiologia.
Baseando-se em afirmações de STASHAK (1994) e TURNER & McILWRAITH
(2002), optou-se por manter os animais operados em baias individuais durante o
período de convalescença, evitando-se com isso, que os animais fossem
submetidos a caminhadas forçadas, saltos e outros exercícios, o que poderia
interferir na recuperação dos mesmos.
Ao final do estudo, avaliou-se os quesitos presença de claudicação
(Quadro 3) e sensibilidade local à pressão digital (Quadro 2), relacionando-os à
utilização de antibacterianos e à remoção de aderências do ligamento interósseo.
Desta maneira, constatou-se que entre os grupos onde se promoveu a remoção
de tais aderências (grupos I e II) não houve diferença significativa (p>0,05). A
tabela 1 mostra a comparação entre os grupos e o que se observou é que entre
os grupos I e II não existe diferença, o mesmo sendo observado entre os grupos
III e IV, pois não houve diferença significativa (p>0,05). Porém quando se
45
comparou os resultados dos grupos I e II com os dos grupos III e IV, notou-se
uma grande diferença (p<0,05), pois seis animais (85,71%), de cada um destes
grupos não apresentaram claudicação ou sensibilidade à pressão digital sobre o
ligamento interósseo (Figuras 6, 7, 10 e 11). Dois animais do grupo III e dois do
grupo IV (28,57%) não apresentaram claudicação ou sensibilidade (Quadros 2 e
3, Figuras 8, 9, 12 e 13). Desta maneira, concluiu-se que a aplicação ou não de
antibacteriano não esteve relacionada com a sensibilidade ou claudicação, ao
passo que nos grupos onde houve a remoção de aderências entre o ligamento
interósseo e tecidos adjacentes, a resposta clínica foi superior à dos outros
grupos, demonstrando a importância de se promover a separação dos tecidos no
trans-operatório e não somente, a remoção das extremidades fraturadas (Anexo
1). Os animais que não apresentaram sensibilidade à pressão digital e também
não mostraram claudicação ao exame clínico realizado ao final do tempo previsto
(60 dias), foram liberados para retornarem ao treinamento ou para o trabalho para
os quais eram destinados. Para se realizar a análise estatística desses dados,
utilizou-se o Teste da diferença entre duas proporções, onde procurou-se,
inicialmente, verificar a diferença entre as freqüências relativas (proporções) de
cada um dos parâmetros avaliados em seus respectivos grupos, em dois tempos
distintos (antes do procedimento cirúrgico e após 60 dias). Quando se comparou
o grupo I com o grupo II, notou-se que as freqüências eram iguais, o mesmo
acontecendo quando se comparou o grupo III com o grupo IV, o que possibilitou
agrupar os resultados em dois grandes grupos com um “n” igual a 14 em ambos
(Anexo 1). Foram comparados então, os grupos I e II com os grupos III e IV, onde
se pode observar que o uso de antibacterianos não fez diferença. Entretanto, a
remoção das aderências entre o ligamento interósseo e os tecidos adjacentes foi
significativa (p<0,05).
46
QUADRO 2-Distribuição dos eqüinos de acordo com os grupos, submetidos a ostectomia parcial dos metacarpianos II e IV, em relação ao grau de sensibilidade à pressão digital sobre o ligamento interósseo, antes e após o procedimento cirúrgico, no 1º RCG, em Brasília-DF, no período compreendido entre março de 2002 a dezembro de 2004
Avaliação da sensibilidade local
Grupo Animal Antes da cirurgia
30 dias após a cirurgia
60 dias após a cirurgia
A M I A M I A M I
1 X X X 2 X X X 3 X X X I 4 X X X 5 X X X 6 X X X 7 X X X 8 X X X 9 X X X 10 X X X II 11 X X X 12 X X X 13 X X X 14 X X X 15 X X X 16 X X X 17 X X X III 18 X X X 19 X X X 20 X X X 21 X X X 22 X X X 23 X X X 24 X X X IV 25 X X X 26 X X X 27 X X X 28 X X X
Legenda: A = ausente M = moderada I = intensa
47
TABELA 1-Resultados do Teste da diferença entre duas proporções, entre os grupos* I, II, III e IV, para avaliação da sensibilidade dolorosa à pressão digital sobre o ligamento interósseo, antes e após 60 dias dos eqüinos serem submetidos à ostectomia parcial bilateral e à remoção de aderências entre esse ligamento e estruturas adjacentes. Teste com 95% de confiança
p1** – p2*** Limite superior Poder
0,57 0,30 0,05
*grupos já identificados em 4.2.2; ** p1 corresponde à proporção de ausência de sensibilidade nos grupos I e II; p2 corresponde à mesma proporção nos grupos III e IV
Embora as fraturas de ossos metacarpianos acessórios tenham sido
objeto de estudo clínico de vários autores (JONES & FESSLER, 1977;
VERSCHOOTEN et al., 1984; MILNE e TURNER, 1987; AUER, 1992; DENNY,
1992; STASHAK, 1994; DYSON et al., 1995), a técnica cirúrgica, recomendada
por TURNER & McILWRAITH (2002), tem sido adotada pela maioria dos
cirurgiões, sem qualquer modificação. Neste estudo, tomou-se o cuidado de
seguir o procedimento cirúrgico sugerido pelos autores porém acrescentando-se a
remoção do outro metacarpiano acessório e promovendo-se o afastamento das
aderências entre o ligamento interósseo e o terceiro metacarpiano. Entretanto,
essa variação, adotada na presente pesquisa, não foi descrita pelos autores
consultados.
Ao proceder a remoção cirúrgica das extremidades distais dos dois
ossos metacarpianos acessórios, pela simetria conseguida entre os dois cotos
ósseos remanescentes, é possível que se tenha diminuído a probabilidade de que
uma hiper-extensão do aparelho suspensório do boleto, associada a uma
inflamação do mesmo, desencadeasse uma nova fratura por avulsão na
extremidade de um dos ossos metacarpianos acessórios. Autores como DENNY
(1992) e STASHAK (1994) afirmaram que, em muitos eqüinos, após a remoção do
segmento fraturado de qualquer um dos ossos metacarpiano acessórios, a
desmite suspensora poderia permanecer ou ser iniciada, contribuindo para que
ocorresse fratura no outro osso, justificando, portanto, a conduta adotada no
48
presente estudo. Outro aspecto observado foi o econômico, pois nos casos em
que ocorre recidiva, os custos com uma nova intervenção e um novo período de
convalescença tornariam ainda mais onerosa a atividade eqüestre. Acrescente-se
que a nova extremidade resultante desses ossos, localiza-se proximalmente à
articulação metacarpofalangeana, portanto, fixa ao terço médio do terceiro
metacarpiano, tornando-as menos vulneráveis à fraturas. Este procedimento
fundamentou-se no princípio de que a remoção manual das aderências favorece a
reorganização tecidual local, diminuindo, posteriormente, os efeitos da carga e,
possivelmente, a avulsão sobre o aparelho suspensório.
Os 15 animais (53,57%) que, após o exame realizado aos 60 dias, não
apresentaram sensibilidade dolorosa à pressão digital sobre o ligamento
interósseo, cujo exame radiográfico não mostrou alterações ósseas evidentes,
bem como, não apresentaram qualquer grau de claudicação, com sede no
membro em questão, foram liberados para início de trabalho montados, logo após
este exame (Quadros 2 e 3). Do restante dos animais, sete (25%) foram liberados
aos 80 dias e seis (21,43%) somente aos 130 dias após o procedimento cirúrgico
(Anexo 3).
Finalmente, o sucesso da intervenção dependeu, em grande parte, do
diagnóstico correto, do estabelecimento de um planejamento pré-operatório
eficiente, onde se procurou avaliar as condições clínicas dos animais, da correta
exploração dos conhecimentos em anestesia de eqüinos e do trabalho
desenvolvido em equipe. Além do mais, a correção, rapidez nas manobras
cirúrgicas, um planejamento pós-operatório seguido em sua plenitude e o
cumprimento de um programa controlado de exercícios antes do retorno às
atividades normais, contribuíram para que os bons resultados da pesquisa fossem
alcançados.
49
Grupo I
0
4
6
23
1
5
0 001234567
zero 30 60 dias
anim
ais Ausente
Moderada
Intensa
FIGURA 6-Avaliação dos eqüinos do grupo I, submetidos a ostectomia
parcial dos metacarpianos II e IV, de acordo com o grau de sensibilidade dolorosa à pressão digital sobre o ligamento interósseo, no dia zero, aos 30 e 60 dias após o procedimento cirúrgico, no 1º RCG, em Brasília-DF, no período compreendido entre março de 2002 e dezembro de 2004
FIGURA 7-Avaliação dos eqüinos do grupo II, submetidos a ostectomia parcial dos metacarpianos II e IV, de acordo com o grau de sensibilidade dolorosa à pressão digital sobre o ligamento interósseo, no dia zero, aos 30 e 60 dias após o procedimento cirúrgico, no 1º RCG, em Brasília-DF, no período compreendido entre março de 2002 e dezembro de 2004
Grupo II
0
4
6
23
1
5
0 001234567
zero 30 60 dias
anim
ais Ausente
ModeradaIntensa
50
Grupo III
01
22
43
5
2 2
01234567
zero 30 60 dias
anim
ais Ausente
ModeradaIntensa
FIGURA 8-Avaliação dos eqüinos do grupo III, submetidos a ostectomia
parcial dos metacarpianos II e IV, de acordo com o grau de sensibilidade dolorosa à pressão digital sobre o ligamento interósseo, no dia zero, aos 30 e 60 dias após o procedimento cirúrgico, no 1º RCG, em Brasília-DF, no período compreendido entre março de 2002 e dezembro de 2004
Grupo IV
01
23 3 3
43
2
01234567
zero 30 60 dias
anim
ais Ausente
ModeradaIntensa
FIGURA 9-Avaliação dos eqüinos do grupo IV, submetidos a ostectomia
parcial dos metacarpianos II e IV, de acordo com o grau de sensibilidade dolorosa à pressão digital sobre o ligamento interósseo, no dia zero, aos 30 e 60 dias após o procedimento cirúrgico, no 1º RCG, em Brasília-DF, no período compreendido entre março de 2002 e dezembro de 2004
51
QUADRO 3-Distribuição dos eqüinos de acordo com os grupos, submetidos a ostectomia parcial dos metacarpianos II e IV, de acordo com o grau de claudicação, antes e aos 60 dias após o procedimento cirúrgico, no 1º RCG, em Brasília-DF, no período compreendido entre março de 2002 e dezembro de 2004
Avaliação do grau de claudicação nos animais*
Grupo Animal antes da cirurgia 60 dias após a cirurgia 1 2 0 2 1 0 I 3 3 1 4 1 0 5 2 0 6 2 0 7 1 0 8 3 0 9 1 0 II 10 2 0 11 2 0 12 2 1 13 1 0 14 2 0 15 2 2 16 3 1 III 17 2 0 18 3 1 19 2 2 20 2 1 21 2 2 22 2 2 23 2 1 IV 24 3 2 25 2 0 26 2 2 27 2 1 28 1 0
* Grau de claudicação variando de 0 (zero) a 4 (quatro)
52
FIGURA 10-Evolução da claudicação em eqüinos, pertencentes ao grupo I, submetidos a ostectomia parcial dos metacarpianos II e IV, antes do procedimento cirúrgico e 60 dias após o mesmo, no 1º RCG, em Brasília-DF, no período compreendido entre março de 2002 e dezembro de 2004
FIGURA 11-Evolução da claudicação em eqüinos, pertencentes ao grupo II, submetidos a ostectomia parcial dos metacarpianos II e IV, antes do procedimento cirúrgico e 60 dias após o mesmo, no 1º RCG, em Brasília-DF, no período compreendido entre março de 2002 e dezembro de 2004
g rup o II
3
1
2 2 2
1
2
0 0 0 0
1
0 00
1
2
3
4
8 9 1 0 1 1 1 2 1 3 1 4 a n im a is
grau
s de
cla
udic
ação
a n tes d a c iru rg ia 6 0 d ia s a p ó s a c iru rg ia
g rup o I
2
1
3
1
2 2
1
0 0
1
0 0 0 00
1
2
3
4
1 2 3 4 5 6 7a n im a is
grau
s de
cla
udic
ação
a n te s d a c iru rg ia 6 0 d ia s a p ó s a c iru rg ia
53
FIGURA 12-Evolução da claudicação em eqüinos, pertencentes ao grupo III, submetidos a ostectomia parcial dos metacarpianos II e IV, antes do procedimento cirúrgico e 60 dias após o mesmo, no 1º RCG, em Brasília-DF, no período compreendido entre março de 2002 e dezembro de 2004
FIGURA 13-Evolução da claudicação em eqüinos, pertencentes ao grupo IV, submetidos a ostectomia parcial dos metacarpianos II e IV, antes do procedimento cirúrgico e 60 dias após o mesmo, no 1º RCG, em Brasília-DF, no período compreendido entre março de 2002 e dezembro de 2004
grupo III
2
3
2
3
2 2 22
1
0
1
2
1
2
0
1
2
3
4
15 16 17 18 19 20 21anim ais
grau
s de
cla
udic
ação
antes da c irurgia 60 dias após c irurgia
grupo IV
2 2
3
2 2 2
1
2
1
2
0
2
1
00
1
2
3
4
22 23 24 25 26 27 28 anim ais
grau
s de
cla
udic
ação
antes da cirurgia 60 dias após a cirurgia
54
6 CONCLUSÕES
1. Existem evidências de que a modalidade de esporte praticado e o
grau de intensidade desta atividade estão relacionados com a etiopatogenia das
fraturas dos ossos metacarpianos acessórios, em eqüinos.
2. O exame clínico específico e o exame radiográfico simples,
possibilitaram a conclusão dos diagnósticos da desmite inteóssea e das fraturas
dos ossos metacarpianos acessórios em eqüinos.
3. A ostectomia parcial bilateral dos ossos metacarpianos acessórios,
associada à remoção de aderências do ligamento interósseo, mostrou-se eficaz
no tratamento de fraturas dos ossos metacarpianos II ou IV, em eqüinos.
4. Mostrou-se dispensável a utilização de terapia antibacteriana, no
pós-operatório de eqüinos submetidos à ostectomia parcial bilateral dos ossos
metacarpianos acessórios, desde que se obedeça critérios rigorosos de assepsia
e antissepsia durante os procedimentos cirúrgicos.
55
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59. VERSCHOOTEN, F.; GASTHUYS, F.; DE MOOR, A. Distal splint bone
fractures in the horse: an experimental and clinical study. Equine Veterinary Journal, v. 16, p. 532-536, 1984.
60.VIANA, F. A. B. Guia terapêutico veterinário. Belo Horizonte: Gráfica e Editora Cem, 2003, 320 p.
60
ANEXO 1 Teste da diferença entre duas proporções
A hipótese Ho é de que todos os grupos são iguais e não há diferença
na aplicação de antibiótico e na separação dos ligamentos.
1. O primeiro passo da análise foi verificar as diferenças de freqüências
relativas (ou proporções) de animais com sensibilidade à pressão digital
sobre o ligamento interósseo antes da cirurgia e após 60 dias.
2. O segundo passo foi computar as proporções de indivíduos que
apresentaram sensibilidade ou não aos 60 dias decorridos da cirurgia.
3. Como as proporções dos dois grupos são iguais podemos considerá-los
iguais para fins do teste. Neste caso, já assumimos que os grupos I e II são
iguais e III e IV também, portanto n = 14 para ambos os grupos.
Para 60 dias:
Ho: p1 = p2 onde p1 = 0,86 e p2 = 0,29
H1: p1 # p2
p1 corresponde a proporção de ausência de sensibilidade dos grupos I
e II.
p2 corresponde a proporção de ausência de sensibilidade dos grupos III
e IV.
Se estas forem iguais estatisticamente, a diferença p1 - p2 = 0, não
existindo, neste caso, diferença entre estes quatro grupos.
Como p1 - p2 = 0,57
então p´1 - p´2 > 0,57 para que p1 = p2
onde p´1 = p1 estimado e p´2 = p2 estimado
61
a) Usando o modelo para diferença de duas proporções, então para
95% de confiança:
1,96 x raiz {p1(1 - p1)/n1 + p2(1 - p2)/n2} = 0,30
Como 0,57 > 0,30, rejeita-se a hipótese, com 95% de confiança,
portanto pode-se afirmar que existe diferença entre estes grupos ( I e II é diferente
de III e IV).
b) Usando programa BIOSTAT 2:
Tamanho nº de sucessos Z p1 p2 p-valor* poder*
(0,05)
3,06 0,86 0,29 0,023 0,91
Amostra 1(I+II) 14 12
Amostra 2(III+IV) 14 4
*Bilateral. Fonte: AYRES et al. (2000)
Conclusão:
Os grupos I e II são iguais (como é óbvio) e os grupos III e IV são
iguais, porém são diferentes os grupos I e II dos grupos III e IV.
Neste caso a aplicação ou não de antibiótico não faz diferença para a
sensibilidade, entretanto existe diferença significativa entre se realizar ou não a
divulsão ou afastamento do ligamento interósseo quando se analisa a
sensibilidade do mesmo à pressão digital no pós-operatório.
62
Anexo 2
SRD 23 PSI 23 QM 14 PSA 6 BH 5 MANGALARGA 4
Pólo 13 12 2 2 3 Hipismo 6 7 3 Trabalho 4 4 3 1 Tambor/apart 9 Vaquejada 3 Enduro 3